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CARACTERIZAÇÃO GEOAMBIENTAL E PROPOSTA PARA A
RECUPERAÇÃO DE UM SÍTIO DE MATA ATLÂNTICA NO MUNICÍPIO DE
SÃO SEBASTIÃO/SP: MEDIDAS PARA EVITAR O ESCORREGAMENTO DA
ENCOSTA.
MARCO ANTONIO ALVES GARCIA
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RESUMO
Este estudo foi realizado em uma clareira, um fragmento de Mata Atlântica
de 4,8 hectares localizado no município de São Sebastião SP, de propriedade da
Universidade São Marcos, com o objetivo de fornecer subsídios sobre as atividades
de sua recomposição vegetal, de modo que possa prevenir e/ou reduzir os riscos de
escorregamentos na encosta. As metodologias disponíveis e mais adequadas para
diagnóstico de áreas frágeis e com risco de escorregamento foram expressas em
Cartas Geotécnicas. Outro aspecto metodológico que mereceu destaque refere-se à
análise dos elementos (fisiográficos e antrópicos) que compõem o terreno
analisado. Para a etapa de compartimentação do terreno existem duas abordagens
básicas: a paramétrica e a fisiográfica. Na primeira foram feitas associações de
temas representados em mapas específicos (por exemplo, mapas de relevo,
geológico, geomorfológico). A abordagem fisiográfica foi avaliada quanto a
suscetibilidade à ocorrência de movimentos de massa. A modelagem para o
reflorestamento é o plantio heterogêneo, que consiste na prática de se plantar o
conjunto de diferentes espécies numa mesma área, recriando condições, mais
próximos possível da mata atual. Assim, foi realizado um levantamento
fitossociológico no fragmento de entorno da clareira à fim de subsidiar a seleção de
espécies para a recomposição vegetal. A seleção de espécies (50% de crescimento
rápido) foi feita visando a interrupção do processo de erosão e, conseqüentemente,
como medida de prevenção ao escorregamento da encosta. Com a proposta aqui
realizada pretende-se ainda que, o modelo resulte como potencial de extrapolação
para outras áreas de Floresta Ombrófila Densa de encosta.
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1. INTRODUÇÃO
No Brasil os vetores de crescimento econômico como a agricultura, a pecuária, a
mineração, a urbanização e a industrialização nem sempre buscaram caminhos
compatíveis com a preservação ambiental. A partir dessa visão, a Mata Atlântica,
domínio onde se concentra 2/3 da população brasileira e os principais pólos econômicos
do país, não poderia ter destino diferente do que hoje se comprova.
O município de São Sebastião, localizado no Litoral Norte do Estado de São
Paulo, tem como característica fisiográfica mais marcante a presença da Serra do Mar
ao longo de toda a sua extensão, com desníveis em torno de 600 a 1.000 m.
Dessa forma, a Serra do Mar sempre constituiu uma barreira natural para a
expansão urbana de São Sebastião, dificultando, no passado, a comunicação da cidade
com as demais regiões do Estado. Em parte, isso contribuiu para a preservação parcial
da Mata Atlântica no trecho da serra, atualmente protegida como unidade de
conservação.
Entretanto, o crescimento das atividades econômicas relacionadas ao turismo,
principalmente a partir da década de oitenta, somadas às já existentes relativas ao porto
e ao Terminal Marítimo da Petrobrás, resultaram em maior demanda de mão de obra,
acarretando aumento da migração para a região. Essa população, na sua maioria de
baixa renda, não podendo se estabelecer nas áreas litorâneas valorizadas pelos
empreendimentos imobiliários, passaram a ocupar setores das vertentes da Serra do
Mar. A ocupação destas vertentes naturalmente instáveis, sem a execução de obras de
proteção adequadas, ocasionou o surgimento de áreas de risco geológico.
Assim, a ocupação de encostas em domínio de Mata Atlântica, no município de
São Sebastião, começou a afetar de maneira expressiva, a cidade como um todo. A
derrubada indiscriminada da vegetação que protege os morros expõe o solo a processos
erosivos.
Os estudos técnico-científicos (Bragança, 1987; Magro, 1995; Instituto
Geológico, 1996;) que foram desenvolvidos na região apontam concretamente para a
possibilidade crescente de eventos catastróficos, como função direta do incremento do
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uso e ocupação desordenados e que não levam em conta as características geológico-
geotécnicas locais.
De acordo com Dias & Griffith (1994), a recuperação de áreas degradadas pode
ser conceituada como um conjunto de ações idealizadas e executadas por especialistas
das diferente áreas de conhecimento que visam proporcionar o restabelecimento de
condições de equilíbrio e sustentabilidade existentes em um sistema natural.
Dessa forma, para evitar a evolução de processos erosivos em áreas degradadas é
de extrema importância o desenvolvimento de programas de recuperação da cobertura
florestal, uma vez que as áreas acima mencionadas são suscetíveis à erosão, devido ao
alto índice pluviométrico da área e da topografia acidentada.
A degradação de ambientes ocorre por meio da erosão e perda de solo,
deslizamento de encostas, assoreamento de cursos d’água, enchentes e perda de
mananciais de água potável. Significam perda de paisagens de alta importância cultural
e turística, e mais grave ainda, a perda, por vezes irreversível, da diversidade biológica e
do patrimônio genético do país. Esses elementos são fundamentais e insubstituíveis
para o desenvolvimento brasileiro e a qualidade de vida de populações atuais e futuras.
A recuperação de áreas degradadas trata idealmente de criar condições para o
restabelecimento de complexas redes de relações ecológicas entre solo, plantas, animais
e clima que permitam o reequilíbrio dinâmico da natureza em áreas hoje desprovidas
dessas condições.
Baseado nesta preocupação, esta pesquisa caracteriza os meios físico, biótico e
antrópico, que consiste no primeiro passo de um processo de recuperação ambiental. A
pesquisa descreve a estrutura das plântulas da clareira da área de estudo e a compara
com o fragmento de mata do entorno para orientar o modelo de recuperação através das
seguintes perguntas: 1) Está havendo regeneração natural da clareira a partir do
fragmento? 2) É possível que a regeneração da clareira aconteça sem o manejo,
levando-se em consideração a questão da recolonização da cobertura vegetal pela
pressão do entorno?
O interesse em analisar a estrutura de plântulas e de indivíduos jovens está
associado ao fato de que este representa o potencial regenerativo da comunidade arbórea
adulta (Oliveira, 1999). A probabilidade de qualquer espécie estabelecer-se, conforme a
regeneração avança, depende do quanto seus membros resistem aos riscos de
mortalidade, impostos por um ambiente que muda com o desenvolvimento das plantas
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do estágio de semente à estágios posteriores do ciclo de vida (Martinez-Ramos & Soto-
Castro, 1993).
Presume-se que, quanto maior é a diversidade encontrada no conjunto de
plântulas, maior será a probabilidade de ocorrer substituições hetero-específicas, sendo,
portanto, um fator importante na manutenção da diversidade da vegetação (Matínez-
Ramos, 1991).
A implantação e o sucesso de um projeto de recuperação de área degradada pode
ser avaliado por meio de indicadores de recuperação (Rodrigues & Gandolfi, 1998;
Martins, 2001). Através destes indicadores, é possível definir se determinado projeto
necessita sofrer interferências, ou até mesmo, ser redirecionado visando acelerar o
processo de sucessão e de restauração das funções da vegetação a ser implantada
(Martins, 2001).
Plântulas e sementes são um importante indicador, pois no ecossistema florestal,
podem apresentar distribuições distintas, que implicam, em última análise, na
disposição dos futuros adultos e na dinâmica da comunidade (Harper, 1977).
Para subsídio à recuperação da área de estudo, foi realizado, também, um
levantamento fitossociológico no entorno da clareira, de modo que, dados como a
proporção entre espécies, associados com a respectiva classificação sucessional,
tornem-se essenciais para um modelo adequado e específico para a proposta na área em
análise.
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2 - OBJETIVOS
A presente pesquisa tem como objetivo propor um plano de recomposição vegetal
para um sítio de Mata Atlântica, no município de São Sebastião, com o intuito de
subsidiar diretrizes para prevenir e/ou reduzir os riscos de deslizamentos em suas
encostas.
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3- BASE TEÓRICA
3.1 – A Cartografia Geotécnica
Segundo Vedovello (2000), a Cartografia Geotécnica constitui importante
instrumento aplicado ao planejamento e à gestão ambiental através do qual o
conhecimento geológico é utilizado para caracterizar geotecnicamente o meio físico.
Essa caracterização é feita em relação às propriedades dos materiais que constituem o
meio sico (rochas, solos, água, entre outros), em relação aos processos geodinâmicos
naturais e/ou induzidos, e em relação ao comportamento geomecânico desses materiais
diante das solicitações requeridas pelas atividades humanas.
Desenvolvida no âmbito da Geologia de Engenharia, área aplicada da Geologia, a
Cartografia Geotécnica no Brasil teve seu desenvolvimento inicial, a partir
principalmente dos anos 1960, voltado para subsidiar a implantação de grandes obras de
engenharia, e objetivava garantir a segurança e a estabilidade das obras. Nesse período,
a cartografia geotécnica sofreu grande influência da abordagem tecnológica utilizada na
Engenharia.
Um primeiro marco de transformação da Geologia de Engenharia e,
conseqüentemente, na cartografia geotécnica ocorreu nos anos 1970. De acordo com
Oliveira et al. (1995), no período dos anos 70, a consolidação da Geologia de
Engenharia favoreceu duas tendências que marcaram os anos seguintes: o resgate da
Geologia como sua base científica, e a diversificação das suas áreas de atuação. Esta
diversificação possibilitou à Geologia de Engenharia transcender as obras civis e ser
aplicada à mineração, e aos problemas de uso e ocupação do solo... Entretanto, neste
processo, a Geologia de Engenharia não abandonou seu acervo tecnológico conquistado,
junto com a Mecânica dos Solos e das Rochas, durante sua fase anterior de consolidação
na Engenharia.
Paralelamente à diversificação de atuação da Geologia de Engenharia nos anos
1970, a preocupação com problemas ambientais ganha grande expressão em termos
mundiais. Esse contexto faz com que, a partir já dos anos 80, os profissionais de
Geologia de Engenharia passem a se preocupar não em subsidiar a viabilização
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técnica das atividades humanas, mas também em prever, analisar e minimizar impactos
das atividades sobre o meio ambiente, mais especificamente sobre o meio físico.
Em conseqüência, a cartografia geotécnica aplicada à implantação das atividades
humanas passa a considerar a questão de impactos ambientais. Além disso, começam a
surgir, em quantidades cada vez maiores, cartas geotécnicas destinadas a subsidiar ações
de planejamento territorial e urbano. Começam a ser produzidas, também, cartas
geotécnicas voltadas para subsidiar a resolução de problemas ambientais específicos
como por exemplo, a definição de áreas adequadas para disposição de resíduos.
Na forma atual de encarar a função da Geologia de Engenharia é que se
enquadram as mais recentes conceituações propostas para o termo como, por exemplo, a
de Santos (1989). Este autor apresenta definição minuciosa, que termina sintetizando:
“o escopo moderno e geral da Geologia de Engenharia está em viabilizar tecnicamente a
harmonização das mais diversas formas de uso e ocupação do solo com as
características e os processos geológicos naturais e induzidos, de forma que as ões
humanas dessa ordem sejam inteligentes e provedoras da qualidade da vida no planeta”.
em artigo do Jornal da ABGE (Associação Brasileira de Geologia de
Engenharia, 1990) notificando a proposta de novo estatuto da IAEG (International
Association of Engineering Geology) observa-se a seguinte definição: “Geologia de
Engenharia é a ciência dedicada à investigação, estudo e solução de problemas de
Engenharia e Meio Ambiente, decorrentes da interação entre a Geologia da Terra e os
trabalhos e atividades do homem, bem como à previsão e desenvolvimento de medidas
preventivas ou reparadoras de acidentes geológicos”.
A Cartografia Geotécnica tem sido definida por diversos autores considerando seu
aspecto mais amplo e atual, ou seja, aplicada tanto às obras de engenharia e demais
atividades modificadoras do meio físico, como ao planejamento territorial e ambiental.
Assim, encontram-se definições para Cartografia Geotécnica como as que se
seguem:
“...representação da distribuição e relações espaciais dos componentes importantes
à geotecnia (características de solos e rochas, hidrogeologia, geomorfologia e processos
geodinâmicos), refletindo a história e a dinâmica de desenvolvimento das condições
geotécnicas, de forma a tornar possível a previsão e o prognóstico da interação entre a
obra e ambiente” (Internacional Association of the Engineering Geologist
IAEG,1970).
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“... processo que tem por finalidade básica levantar, avaliar e analisar os atributos
que compõem o meio físico, sejam geológicos, hidrogeológicos, hidrológicos e outros;
tais informações deverão ser manipuladas de maneira tal que possam ser utilizadas para
fins de engenharia, planejamento, agronomia, saneamento e outros. As informações
devem ser manipuladas através de processos de seleção, generalização, adição e
transformação, para que possam ser relacionadas, correlacionadas, interpretadas e no
final representadas em mapas, cartas e anexos descritivos, sempre respeitando os
princípios básicos que regem a execução do mapeamento geotécnico conforme proposto
por Thomas (1970)” (Zuquette, 1987).
“... importante mecanismo de estudo ambiental, o qual consiste de uma rie de
procedimentos que envolvem fotointerpretação, inventário, trabalhos de campo, entre
outros, executados com o objetivo de se obter informações de caráter geotécnico, as
quais possam ser apresentadas de forma a constituírem subsídio para fins de
planejamento, ocupação e monitoramento do meio físico, bem como à implementação
de obras de engenharia civil, mineração e zoneamento agro-silvo-pastoril.” (Vedovello
& Mattos,1990).
Nesse contexto, a Cartografia Geotécnica constitui importante mecanismo de
obtenção de informações geotécnicas, e básico para estudos de análise ambiental.
O planejamento territorial e as atividades humanas são processos dinâmicos que
exigem contínuo acompanhamento, estudos e intervenções de forma a minimizar os
impactos negativos decorrentes da interação entre a dinâmica ambiental natural e as
ações e modificações impostas ao meio pelo homem.
Para isso, existem diversos instrumentos e mecanismos que se aplicam aos
estudos, análises e gerenciamento do meio ambiente, e que diferem entre si pelo
objetivo a que se destinam e pelo elemento ambiental (geologia, biologia, clima, entre
outros) que se está analisando.
Em relação ao “meio físico geológico”, o instrumento mais adequado para
subsidiar o planejamento do uso e ocupação territorial, bem como a implantação de
obras de engenharia e demais atividades humanas, é denominado “carta geotécnica”.
De acordo com o Instituto Geológico (1996), o objetivo das cartas geotécnicas é
harmonizar a interação entre as atividades humanas e o meio físico através da definição
de diretrizes e recomendações que visam minimizar prejuízos sociais, financeiros e
ambientais .
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Em função do uso a que se destinam, as cartas geotécnicas podem ser
classificadas em: a) de uso geral, cuja informação é obtida e representada de forma a ser
utilizada como subsídio às mais diversas atividades humanas, e b) de uso específico, em
que a informação obtida é representada de forma a subsidiar determinado tipo de
atividade ou questão geológico-geotécnica. Além disso, as cartas geotécnicas são
obtidas em diferentes escalas, o que implica, o apenas a variação do detalhe das
informações representadas, mas, principalmente, a maior ou menor adequação da carta
aos níveis de abordagem desejados pelos usuários (Instituto Geológico, 1996).
Um dos temas comumente abordados pela cartografia geotécnica refere-se à
questão dos riscos geológicos. Como risco geológico considera-se:
“Circunstância ou situação de perigo, perda ou dano, social ou econômico, devida
a uma condição geológica ou a uma possibilidade de ocorrência de processo geológico,
induzido ou não” (Augusto Filho et al., 1990).
Essa definição se aplica bem à questão dos movimentos de massa (rastejos,
escorregamentos, quedas de blocos, entre outros).
Assim, o termo risco é empregado sempre que existir a possibilidade de
determinado processo geológico (movimento de massa) causar prejuízos. Quando se
fizer referência apenas à possibilidade de ocorrer um determinado processo, sem se
caracterizar a possibilidade de perdas e danos associados, será utilizado o termo
suscetibilidade.
Outro aspecto a ser destacado sobre a cartografia geotécnica é a possibilidade de
encará-la não como produto único e definitivo, mas sim como um processo dinâmico de
estudo e/ou avaliação do meio físico. Nesse processo os dados e informações devem ser
constantemente atualizados e retrabalhados, visando ao acompanhamento das alterações
ambientais e sócio-econômicas que interferem no tema estudado na carta, à utilização
dos dados e informações já obtidos para outras finalidades ou temas, e, ainda, ao
detalhamento e/ou extensão da cartografia para novas etapas de abordagem e/ou
intervenção pelo usuário.
Os elementos componentes do meio físico normalmente analisados para a
obtenção de propriedades e características geotécnicas são as rochas, o relevo e os
materiais inconsolidados (incluindo solos e sedimentos). A análise desses elementos
considera aspectos relacionados respectivamente a: litologia e estruturas; formas de
relevo e vertente, declividade e feições de processos geológico-geomorfológicos;
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espessura, composição e perfil intempérico. Eventualmente, a vegetação também é
analisada.
Um dos procedimentos adotados em parte desses trabalhos contempla a
identificação das formas de topos e encostas em imagens fotográficas. A inferência
baseia-se na análise dos perfis típicos de encostas (Figura 1) e permite associações
como as ilustradas na Tabela 3.1 adaptada por Okida (1996) a partir dos trabalhos de
Vedovello (1993).
Figura 1 – Perfis típicos de encostas.
Fonte: Vedovello (1993)
Tabela 3.1 - Tipos de Topos e Encostas
Tipos de Topos e Encostas
Convexa-convexa
Convexa-
côncava
Côncavo-
convexa
Convexa-
retilínea-
côncava
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Grau de
alterabilidade
Muito alta
Alta
dia
Baixa
Material de
alteração
Argiloso, coesivo,
plástico
Arenoso, semi -
coesivo,
ligeiramente
plástico
Areno-argiloso,
não coesivo,
não plástico
Arenoso
(siltoso),
coesivo, não
plástico
Espessura do
manto de
alteração
Muito espesso
Moderadamente
espesso
Pouco espesso
Delgado
Fonte: Vedovello (1993)
Outro procedimento refere-se à identificação de “trend” de fraturamento, os quais
determinam zonas de fraqueza do terreno. Assim, a instalação de obras e modificações
na geometria original do relevo, especialmente quando perpendiculares à esses “trends”,
favorecem a ocorrência de processos erosivos e movimentos gravitacionais de massa.
Além dos dados geotécnicos discorridos acima, associados aos materiais
inconsolidados e estruturas geológicas, encontra-se na literatura levantamentos de
propriedades e características geotécnicas tais como: alterabilidade, estanqueidade,
permeabilidade, declividade, entre outros. Exemplos podem ser encontrados nos
trabalhos de Vedovello (1993), Cecarelli et al. (1994), Theodorovicz (1994).
A escolha dos elementos de análise citados (rochas, relevo, materiais
inconsolidados) se deve ao fato de que as condições geotécnicas de uma dada área são
determinadas pelas diferentes formas com que se apresentam.
3.2 - A Geomorfologia
Os fundamentos da Geomorfologia, da Geologia, bem como da Geografia Física,
segundo Gregory (1992), estão ligados à influência da Theory of the Earth, de James
Hutton (1975) e que deu início à escola do Uniformitarismo, na qual se pressupunha a
contínua uniformidade dos processos existentes como a chave para a compreensão da
história da Terra.
O Uniformitarismo substituiu as idéias catastróficas que vigoravam até então em
relação às transformações das paisagens e firmou o Princípio do Atualismo, com a
afirmativa de que “O Presente é a chave do Passado”. Charles Lyell contribuiu para a
aceitação dos princípios de Hutton através dos Principles of Geology em 1830, vindo a
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ser considerado o pai do Uniformitarismo. Assim, verifica-se que as origens da
Geomorfologia estão intimamente ligadas ao desenvolvimento da Geologia.
Outra grande revolução nas ciências do final da década de 1850 foi a obra de
Charles Darwin. A Origem das Espécies, publicada em 1859, foi considerada por
Gregory (1992) como responsável pela total transformação do conjunto da Geografia
Física. Posteriormente, a idéia da evolução extrapolou a esfera biológica para a física,
social e mental, tendo influenciado na proposição do enunciado do ciclo de erosão de
Davis (1885). O impacto das teorias evolucionistas sobre a Geografia foi analisada por
Stoddart (1966, apud Gregory, 1992), que considerou a idéia da mudança através do
tempo um dos componentes dos princípios de Darwin, fundamental para a noção de
evolução no estudo das formas de relevo, influenciando Davis na proposição do “ciclo
de erosão”.
Registra-se, no entanto, que os primeiros estudos considerados geomorfológicos
surgiram em 1841, quando Surrell avaliou ação das torrentes nos Alpes. Neste trabalho,
Surrell caracterizou os mecanismos de escoamento das águas nas vertentes e a
organização das bacias de drenagem, definindo as primeiras leis da geomorfologia
referentes à morfologia fluvial (Abreu, 1982; Ross, 1990).
Na América do Norte, o precursor da geomorflogia foi Gilbert (1877) com seu
trabalho Report on the Geology of the Henry Mountains. A ênfase deste trabalho era o
estudo das formações geológicas da região, porém, através dele, Gilbert estabeleceu três
leis geomorfológicas relacionadas à Declividade, à Estrutura e aos Divisores. A Lei da
Declividade refere-se à relação da velocidade do fluxo da água com a inclinação dos
segmentos de vertentes e a conseqüente capacidade erosiva das águas pluviais, enquanto
a lei dos Divisores estabelece que as maiores declividades estão mais próximas dos
topos e que o perfil das vertentes de uma montanha desenha uma curva côncava para
fora. A Lei da Estrutura mostra que a esculturação do relevo sofre influência da
variação litológica, quanto à constituição e ao arranjo estrutural (Ross,1992).
A linha epistemológica anglo-americana, segundo Abreu (1983), caracteriza-se
por ter-se fundamentado, a a II Guerra Mundial, basicamente na teoria do ciclo de
erosão proposta por Davis, desenvolvida ao longo das últimas duas décadas do século
XIX e sistematizada em 1899 no Geographycal Cycle, no qual o relevo era entendido
como função da estrutura geológica, dos processos operantes e do tempo, em um
modelo que valorizava o aspecto histórico.
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Segundo Ross (1990), o modelo teórico de Davis tem concepção finalista, onde
todo o relevo tem começo, meio e fim, podendo, porém, recomeçar com um processo de
rejuvenescimento. Desse modo, a evolução do modelado se faria por ciclos que passam
pela juventude, maturidade e senilidade, e posteriormente o relevo poderia retornar à
juventude através de um novo soerguimento tectônico. Este modelo valoriza a
influência estrutural ao considerar que cada novo ciclo é reativado pelo soerguimento
tectônico, que passa a ser submetido à erosão fluvial denominada por Davis de erosão
normal, capaz de transformar relevos montanhosos em peneplanos ou peneplanícies.
Apesar da ampla aceitação pelos países de língua inglesa e francesa e uma longa
permanência, pelo menos até 1950, atestada pela obra de Martonne, o paradigma de
Davis recebeu, desde o início, algumas críticas, especialmente dos estudiosos
germânicos, com quem Davis conviveu durante sua estada na Alemanha.
A corrente alemã, que engloba a geomorfologia do centro leste europeu, tem
como primeira referência von Richthofen, com a publicação de um guia para
observações de campo intitulado Führer für Forschungsreisende, em 1886. A. Penck foi
outro autor que teve importante contribuição no avanço da geomorfologia alemã, com a
publicação, em 1894, do trabalho Morphologie der Erdoberfläche (Morfologia da
Superfície da Terra) no qual sistematizava teorias e formas de relevo, tornando-se um
clássico da Geografia. Estes dois autores são freqüentemente citados como os “pais” da
geomorfologia alemã. Deve-se lembrar que von Richtofen e A. Penck tiveram como
predecessores um conjunto de autores que eram, antes de mais nada, naturalistas e que
tinham Göethe e Humboldt como referências (Abreu, 1983).
“As posturas naturalistas valorizadas pela herança de Göethe e Humboldt,
imprimiram um direcionamento mais para a observação e análise dos fenômenos em um
contexto onde a geomorfologia se relacionava de maneira mais intensa principalmente
com a petrografia, química do solo, hidrologia e climatologia. Logo no início, a
cartografia é mobilizada como um dos instrumentos fundamentais para o pesquisador, o
qual tem na observação o centro de seu interesse.” (Abreu,1983).
Em 1924 é publicado, postumamente, o trabalho de Walther Penck “Die
Morphologische Analyse. Ein Kapitel der physikalischen Geologie” (Análise
Morfológica. Contribuição à Geologia Física), no qual estabelece que a fase, a natureza
e o princípio da análise geomorfológica devem-se apoiar em três elementos: os
processos exogenéticos; os processos endogenéticos; e os que resultam dos dois
anteriores, e que podem ser chamados de feições atuais da morfologia. Concebida com
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o objetivo de contribuir com a geologia na elucidação dos movimentos crustais, por
meio da geomorfologia, esta obra tornou-se um paradigma alternativo ao de Davis,
consistindo em grande avanço da geomorfologia, principalmente pela formalização de
depósito correlativo. (Abreu, 1983).
“W. Penck foi extremamente criticado, não pelo próprio Davis, mas
principalmente pelos seguidores deste e uma boa exposição dessas objeções está
claramente formulada por Leuzinger (1948). Todavia a publicação, em 1953, da versão
inglesa de seu trabalho iniciou um processo de revisão conceitual e teve o mérito de
levar alguns autores norte-americanos, interessados no estudo de vertentes e processos,
a reverem suas opiniões em relação à proposta penckiana.”(Abreu,1983).
Verifica-se assim que, somente após a publicação da versão em inglês, a obra de
W. Penck alcança o reconhecimento da sua grande contribuição ao entendimento da
evolução geomorfológica, tendo influenciado diversos autores, principalmente do leste
europeu e da antiga União Soviética.
A linha teórica e metodológica a ser adotada nesta pesquisa também fundamenta-
se na concepção de Penck (1953), tendo como princípio o entendimento de que as
formas de relevo são resultantes da ação de duas forças antagônicas, dos processos
endógenos provenientes do interior da crosta terrestre e dos processos exógenos
causados pela ação do clima.
Os processos endógenos manifestam-se de duas maneiras. Uma delas representada
pela dinâmica da crosta terrestre através dos abalos sísmicos, vulcanismo, dobramentos,
soerguimentos e falhamentos decorrentes da movimentação das placas tectônicas. A
outra, que é passiva, manifesta-se através da constituição litológica e seu arranjo
estrutural que oferecem resistências diferenciadas à ação dos processos de intemperismo
(exógenos).
Os processos exógenos envolvem o intemperismo, a erosão e o transporte do
material rochoso, através da ação química e mecânica da água, do gelo, do vento e da
variação térmica. Estes processos agem continuamente, porém variando ao longo do
tempo e do espaço, devido às mudanças e características climáticas, regionais ou zonais.
A ação destes processos sobre o material rochoso é que determina as formas do relevo.
Com base nos princípios de Penck, das forças endógenas e exógenas como
geradoras das formas de relevo, Mescerjakov (1968) e Guerasimov (1946, apud
Mescerjakov,1968) propuseram os conceitos de morfoestrutura e morfoescultura.
Entendendo-se morfoestruturas como as formas do relevo de origem
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predominantemente tectônica, que podem ter sido em maior ou menor grau,
modificados por processos exógenos, e, a morfoescultura como sendo derivada do
predomínio da ação climática (fatores exógenos) sobre o relevo.
A análise morfodinâmica proposta por Tricart (1977) para estudos do meio
ambiente do ponto de vista ecológico, é fundamental na realização de um diagnóstico
ambiental para subsidiar a gestão de um território, seja na sua organização ou na sua
reorganização.
Segundo este autor, o estudo morfodinâmico deve-se iniciar com uma definição
do quadro regional em seus aspectos climáticos e morfoestruturais. O clima regional
pode ser caracterizado a partir dos dados disponíveis, isto é, daqueles fornecidos pela
rede climatológica.
No quadro morfoestrutural, consideram-se, basicamente, dois componentes: a
tectônica, que engloba ao mesmo tempo as deformações recentes e atuais que podem
causar instabilidade morfodinâmica, e a evolução tectônica ao longo do tempo, que
atende a estrutura do relevo; e a litologia, que, em função de suas propriedades, interfere
nas manifestações da dinâmica externa (alteração, morfogênese e pedogênese).
De acordo com o estudo ao nível de síntese empreendido por Ross & Moroz
(1997), que estabelece uma tipologia de relevos, a área do município de São Sebastião
está inserida em duas unidades morfoestruturais que são:
Cinturão Orogênico do Atlântico, com a unidade morfoescultural do Planalto
Atlântico (Escarpa/Serra do Mar e Morros Litorâneos), cujas formas de relevo
dominantes são as escarpas e cristas com altimetria entre 100 e 1.000 m
(predominam 700-800m). As rochas dominantes o os granitos, migmatitos e
micaxistos. O nível de fragilidade potencial é muito alto, formas de dissecação
muito intensa, com vales de entalhamento pequeno e densidade de drenagem alta, ou
vales muitos entalhados, com alta densidade de drenagem, áreas sujeitas a processos
erosivos agressivos, inclusive com movimento gravitacionais de massa.
Bacias Sedimentares Cenozóicas/Depressões Tectônicas, com unidades
morfoestruturais de planícies litorânea de Bertioga e Litoral Norte, cujas formas de
relevo dominantes são as Planícies marinha/fluvial com altimetria entre 0 e 20m. O
solo dominante é Spodossolo, com litologia dominante os sedimentos marinhos
inconsolidados e sedimentos fluviais inconsolidados (areias, argilas e cascalho). O
nível de fragilidade potencial é muito alta, áreas sujeitas a inundações periódicas, o
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lençol freático é pouco profundo. Sedimentos inconsolidados sujeitos a
acomodações.
3.3 - Agentes e processos morfodinâmicos de vertente
O estudo dos processos morfodinâmicos de vertentes é um dos campos que mais
se desenvolveu na Geomorfologia, desde que, por volta da década de 1950, verificou-se
a deficiência de conhecimento dos processos envolvidos na evolução das vertentes.
Ultimamente, segundo Rodrigues (1997), estes estudos estão mais direcionados aos
processos atuais do que propriamente às mudanças das formas ao longo do tempo.
O estudo dos processos morfodinâmicos de vertentes neste trabalho, está baseado
nos seguintes autores: Selby (1982) para o conjunto de processos que envolvem
principalmente a ação da água, como os de escoamento superficial, bem como as
considerações gerais sobre os processos de vertente; e Guidicini & Nieble (1984) para
os processos de movimentos de massa em que predomina a atuação da gravidade.
Na abordagem da teoria de sistemas, a vertente é considerada como um sistema
aberto, que recebe energia, transformando o material rochoso em partículas
transportáveis e transferindo esses materiais para fora do sistema. Selby (1982)
considera que a energia fornecida aos processos de vertente é proveniente de três fontes:
a radiação solar, a gravidade e as forças endogenéticas. A ação direta da radiação solar
atua no intemperismo, mas sua ação mais efetiva é como a “força motora” da circulação
da água entre a atmosfera, a pedosfera, a litosfera e o oceano, compondo o ciclo
hidrológico. A força da gravidade faz com que as gotas de chuva alcancem o solo,
possibilita o fluxo da água superficial e subsuperficial, e provoca a queda e rolamento
de blocos rochosos ao longo da vertente. A energia endogenética (pode ser gerada
também pela radioatividade dos isótopos naturais na forma de calor), é fornecida,
principalmente pela atividade vulcânica e pelas forças liberadas em terremotos. Como
esta última fonte de energia tem ação localizada, pode-se considerar que a energia
motora da quase totalidade dos processos geomórficos superficiais o fornecidas pela
radiação solar e pela gravidade.
O intemperismo e o transporte de rocha e solo na vertente não o processos
uniformes ao longo do tempo e do espaço, são episódicos e dependem tanto da
disponibilidade de energia como do meio de transporte. Afloramentos de rochas
maciças e duras produzem material apenas a longos intervalos. Vertentes de solos em
18
clima tropical úmido podem fornecer solutos quase continuamente, mas os sólidos por
processos de escorregamentos são muito menos freqüentes. Portanto, cada processo tem
sua própria magnitude e freqüência de operação que o controlados pela resistência da
rocha e do solo na vertente, e pela intensidade dos processos denudacionais.
3.3.1 - Processos derivados da ação da água na vertente
As vertentes com cobertura de solos são submetidas a uma grande variedade de
processos: intemperismo, pedogênese, erosão do solo, movimento de massa e
deposição. A energia que gera estes processos é proveniente da gravidade e da radiação
solar, e o agente das transformações é, quase invariavelmente, a água. A ação da água e
as suas modificações através da vegetação, do solo, da declividade da vertente, e da
superfície do relevo constituem os pontos enfocados pelos estudos de processos de
vertentes.
O ciclo hidrológico nas vertentes se quando a água alcança o solo por meio da
queda a partir das nuvens, como chuva, neve, granizo, ou por condensação de orvalho
ou nevoeiro, que são denominados coletivamente de precipitação.
Nas regiões úmidas, grande parte da precipitação pode ser interceptada pela
vegetação, uma parte da água interceptada evapora-se, retornando para a atmosfera, e
outra parte cai entre as plantas ou goteja das folhas para o solo, podendo ser absorvida
pelas plantas.
A água que infiltra no solo primeiro preenche os vazios e, se o solo é
impermeável, o excesso de água escoa pela superfície como fluxos superficiais. Mas, se
as propriedades do perfil do solo permitirem, a água subsuperficial pode fluir
lateralmente como fluxo interno, ou mover-se verticalmente para baixo, tornando-se
parte da água subterrânea. Tanto o fluxo interno como a água subterrânea podem,
eventualmente, alcançar os rios nos fundos de vales. As águas dos rios escoam para os
oceanos, onde são novamente evaporadas e condensadas em gotículas nas nuvens,
voltando a se precipitar sobre o continente. Este sistema de circulação da água entre a
atmosfera, a terra e os oceanos é chamado de ciclo hidrológico.
3.3.1.1- Erosão pelas gotas de chuva e pelo escoamento em vertentes.
19
Erosão é termo que abrange ou inclui o destacamento e a remoção de solo e de
rocha pela ação do escoamento da água, vento, ondas, fluxo de gelo e movimentos de
massa. Na maior parte do mundo, os processos dominantes nas vertentes são devidos à
ação das gotas de chuva, ao escoamento superficial da água, ao fluxo subsuperficial de
água e aos movimentos de massa.
Clima e geologia o os mais importantes fatores que influem na erosão, pois as
características do solo e da vegetação dependem de ambos e da interrelação entre os
mesmos. A rede de relações entre os fatores que influem na erosão é extremamente
complexa. A vegetação, por exemplo, depende do clima, especialmente da chuva e da
temperatura, bem como do solo que é derivado do intemperismo da rocha que delimita a
topografia. A vegetação, por sua vez, tem influência sobre o solo através da ação das
raízes, retirando nutrientes, fornecendo matéria orgânica e proteção ao solo contra a
erosão. A importância desse feedback é mais evidente quando a cobertura vegetal é
insuficiente para proteger o solo, e os solos erodidos não podem suportar cobertura
vegetal densa.
A erosão é função do potencial erosivo das chuvas (erosividade), do escoamento
superficial, dos deslizamentos ou fluxos de massas terrosas, e a erodibilidade do solo,
ou:
Erosão = f (erosividade, erodibilidade)
Erosividade é o potencial de um processo em causar erosão, para uma determinada
condição de solo e vegetação. Uma chuva intensa pode ser comparada
quantitativamente com outra, podendo se estabelecer uma escala numérica de
valores de erosividade.
Erodibilidade é a vulnerabilidade à erosão de um solo para uma determinada
condição de chuva, que pode ser comparada quantitativamente com outro e se
definir uma escala numérica de erodibilidade.
A erodibilidade do solo depende de dois fatores principais: a) as características do
solo, tais como a sua composição química e física; b) a maneira de se tratar (manejo) o
solo sob um determinado uso (pastagem, cultivos ou florestas) e gestão (práticas
conservacionistas).
A erosão causada pela chuva é determinada pela quantidade, intensidade e
duração da chuva. Um valor elevado no total de chuva pode não causar muita erosão se
20
a intensidade for baixa, e da mesma forma, chuva intensa de pequena duração pode
causar pequena erosão porque a quantidade é pequena. Quando ambas, intensidade e
quantidade de chuva são altas, a erosão é pida. O poder erosivo da chuva pode ser
minimizado se uma cobertura vegetal impedir que a chuva atinja o solo.
3.3.1.2 - Erosão laminar
A erosão laminar é causada pelo fluxo superficial laminar ou em lençol, que
ocorre quando a superfície da vertente é plana ou lisa (sem saliências), formando um
contínuo filme d’água. Em terrenos ligeiramente mais acidentados, forma-se uma série
de filetes, conectando pequenas depressões cheias de água com outras. Sobre uma
vertente coberta por gramíneas, o escoamento laminar é transformado em inúmeros
filetes de água passando ao redor das touceiras. Em florestas onde grossa
serrapilheira, o fluxo superficial pode ser virtualmente ocultado abaixo das folhas e
galhos finos.
O fluxo laminar é usualmente muito raso em direção ao topo de um morro, mas a
espessura do fluxo de água aumenta à medida que desce a vertente, incrementando o
potencial erosivo. Partículas de solos são destacadas e transportadas pelo efeito “splash”
do impacto da gota de chuva, mesmo em fluxos muito rasos e em vertentes de baixo
ângulo. (Moss et al., 1975 apud Selby, 1982).
3.3.1.3 – Escoamento superficial concentrado em sulcos
O escoamento laminar passa rapidamente a concentrado pois a água, ao desviar de
obstáculos, forma pequenos canais ou sulcos. O maior escoamento na baixa vertente
origem a um canal que passa a ter mais água e, eventualmente, o principal sulco torna-
se a cabeceira de uma drenagem efêmera que pode capturar os escoamentos vizinhos,
eliminando os sinais dos sulcos originais. Este conjunto de processos é observado em
vertentes cultivadas durante um temporal.
As medidas corretivas baseiam-se no fato de que o escoamento é incrementado
com o aumento do comprimento e da declividade da vertente. Uma das medidas de
conservação de solos adotadas comumente é a redução da extensão das vertentes pela
divisão da mesma, utilizando faixas de gramíneas, cercas vivas, muros, valas rasas para
drenagem, terraços e outros, ao longo de curvas de nível. A declividade da vertente é
21
reduzida também por terraceamento, que divide a vertente em pequenas seções mais
suaves separadas por um muro de terraço.
3.3.1.4 - Ravinamentos
Quando um sulco se aprofunda e alarga, seu canal passa a ser classificado como
uma ravina. Define-se a ravina como um canal de drenagem recentemente formado que
transmite fluxo efêmero e que tem as margens íngremes, bem como escarpa ou talude
da cabeceira vertical ou de alta declividade, com dimensões de largura maior que 0,3 m
e de profundidade maior que 0,6 m (Brice, 1966 apud Selby, 1982).
Ravinas podem se formar também em algumas rupturas de declividade ou quando
quebras na cobertura vegetal e o material do substrato é mecanicamente frágil ou
inconsolidado. Ravinas são mais comuns em materiais como loess, cinza vulcânica,
alúvios, colúvios, conglomerados, areias parcialmente consolidadas e em depósitos de
detritos de movimentos de massa.
Devido ao desenvolvimento muito rápido destas formas erosionais, as ravinas não
são usualmente consideradas como feições de erosão normal, mas o resultado de
mudanças no ambiente, tais como: falhamentos, queima da vegetação, pastagens
degradadas pelo excesso de pastoreio, mudanças climáticas afetando a vegetação,
temporais de extrema intensidade, ou alguma outra causa de supressão da vegetação que
deixa o solo desprotegido.
A erosão por ravinas quase sempre começa com o incremento na quantidade de
água do escoamento ou pela diminuição da capacidade dos cursos d’água devido ao
assoreamento. A causa mais comum no incremento do escoamento ou da diminuição da
estabilidade do canal são as mudanças na cobertura vegetal, especialmente quando
remoção da mata, aumento na proporção de terras cultivadas, excessivas queimadas da
vegetação ou excesso de pastoreio ou uma mudança climática com variações na
periodicidade e intensidade das chuvas.
3.3.2 – Processos de movimentos de massa
Os movimentos de massa envolvendo solos e rochas têm sido estudados nas mais
diferentes regiões, devido não apenas à sua importância na evolução das formas de
22
relevo, mas principalmente nas conseqüências econômicas e sociais destes processos
(Guidicini & Nieble, 1984).
Selby (1982) define movimentos de massa como sendo o movimento do solo ou
material rochoso ao longo da vertente sob a influência da gravidade. Água e gelo, quase
sempre, são envolvidos em movimentos de massa pela redução da resistência dos
materiais de vertente e contribuem para o comportamento plástico e fluído dos solos.
A grande variedade de materiais e processos envolvidos em movimentos de massa
produz, conseqüentemente, grande variedade de tipos de movimentos. Para se distinguir
estes diversos tipos é necessário considerar pelo menos os seguintes critérios:
velocidade e mecanismo do movimento; material; modo de deformação; geometria da
massa mobilizada; e conteúdo de água (Selby, 1982).
Os movimentos de massa ou movimentos coletivos de solo e rocha são
classificados por Freire (1965) apud Guidicini & Nieble (1984) em três tipos
fundamentais: escoamentos, escorregamentos e subsidências.
Escoamentos: correspondem a uma deformação, ou movimento contínuo, com ou
sem superfície definida de movimentação: estão classificados, segundo as
características do movimento em dois tipos: corrida (escoamento fluido-viscoso) e
rastejo ou reptação (escoamento plástico).
Escorregamentos (strictu sensu): correspondem a um deslocamento finito ao longo
de superfície definida de deslizamento, preexistente ou de neoformação;
classificam-se também em dois subtipos, segundo haja predomínio de rotação
(escorregamentos rotacionais) ou de translação (escorregamentos translacionais).
Subsidências: correspondem a um deslocamento finito ou deformação contínua de
direção essencialmente vertical; encontram-se classificadas em três tipos:
subsidências propriamente ditas (em que o movimento consiste essencialmente em
uma deformação contínua), recalques (em que por expulsão de um fluído, verifica-
se uma deformação global do solo, produzida pelos deslocamentos ou rearranjos das
partículas individuais) e, finalmente, os desabamentos (que consistem em um
deslocamento finito vertical, geralmente rápido).
Guidicini & Nieble (1984) consideraram a sistematização de Freire (1965) como a
mais adequada e utilizaram-na como base para o desenvolvimento do texto específico
que produziram sobre este tema. Os autores introduziram algumas modificações na
classificação de Freire, como redistribuição das classes de escorregamentos
translacionais e abordagem diversa dos agentes e causas dos movimentos de massa.
23
Nos itens a seguir serão abordadas a conceituação e a descrição dos mecanismos
dos movimentos de massa; a identificação dos agentes e das causas desses movimentos
e os fatores geológicos e geomecânicos significativos, considerados por Guidicini &
Nieble (1984). Dentre os processos de movimentos de massa não serão tratados os de
subsidência e corridas que, em geral, tem ocorrência mais localizada e não estão
presentes na área objeto deste estudo.
3.3.2.1 – Escoamentos
Escoamentos em definição ampla, são representados por deformações ou
movimentos contínuos estando ou não presentes uma superfície definida ao longo da
qual a movimentação ocorra. O conceito de escoamento não es associado ao fator
velocidade, englobando seja movimentos lentos (rastejos), seja movimentos rápidos
(corridas). O termo é pouco usado, por seu caráter amplo.
Rastejos
Rastejos são movimentos lentos e contínuos de material de encostas com limites,
via de regra, indefinidos. Envolvem, muitas vezes, grandes volumes de solos, sem que
apresente uma diferenciação visível entre o material em movimento e o estacionário.
A causa da movimentação nos rastejos é a ação da gravidade, associada também
aos efeitos das variações de temperatura e umidade. O processo de expansão e contração
da massa de material, devido à variação térmica, provoca o movimento, vertente abaixo.
Isso ocorre em uma espessura atingida pela variação térmica sendo que, abaixo dessa
profundidade, o rastejo ocorre basicamente por ação da gravidade, com movimentação
constante. A este tipo de movimento, Terzaghi (1967) denominou-o rastejo constante, e
ao mais superficial, rastejo periódico ou sazonal.
Segundo Terzaghi (1967), os rastejos podem apresentar comportamento
complexo, movendo-se com velocidade variável, aos pulsos, ou ainda passar a
escorregamento e este, novamente ser seguido por rastejo do material retirado do talude.
Os rastejos, como os demais movimentos de massa, podem mobilizar qualquer
tipo de material, solo, rocha ou a mistura dos dois.
Nas regiões tropicais úmidas reconhecem-se três tipos principais de rastejo:
rastejo de solo (soil creep), rastejo de detritos de talus (talus creep) e rastejo de rocha
(rock creep).
24
3.3.2.2 – Escorregamentos
Escorregamentos (strictu sensu) são movimentos rápidos, de duração
relativamente curta, de massas de terreno geralmente bem definidas quanto ao volume,
cujo centro de gravidade se desloca para baixo e para fora do talude.
A velocidade de um escorregamento cresce de quase zero a mais ou menos 0,30 m
por hora (Terzaghi, 1967), decrescendo em seguida, até se estabilizar. Pode atingir
velocidades maiores, da ordem de alguns metros por segundo.
Em termos gerais, um escorregamento ocorre quando a relação entre a resistência
ao cisalhamento do material e a tensão de cisalhamento na superfície potencial de
movimentação decresce até atingir uma unidade, no momento do escorregamento. Este
decréscimo geralmente é gradual, com deformação progressiva da massa de material
situada acima da superfície potencial de escorregamento.
Rupturas por cisalhamento ao longo de superfície de escorregamento estão
associadas à diminuição da resistência ao cisalhamento. Desta forma, na primeira fase
do escorregamento, a massa em movimento avança com velocidade acelerada, e, ao
acontecer o escorregamento, diminuem as forças que determinaram o movimento e a
massa vai se estabilizando. Assim o movimento cessa, ou assume caráter de rastejo.
A velocidade máxima do movimento depende da inclinação da superfície de
escorregamento, da causa inicial de movimentação e da natureza do terreno. Os
movimentos mais bruscos ocorrem em terrenos relativamente homogêneos, que
combinam coesão com atrito interno elevado e nos quais a superfície de escorregamento
é mais inclinada.
Escorregamentos Rotacionais
São escorregamentos em que a massa mobilizada tem a forma de uma cunha, com
o plano de escorregamento em superfície circular cilíndrica.
Em rochas e solos, bem como em qualquer outro material, a ruptura segue o
caminho de menor resistência. Isso significa que o plano de escorregamento ao longo do
qual a cunha de material se desloca é o que oferece a menor resistência à separação
desta cunha, em relação a qualquer outro plano. Em material coesivo, mais ou menos
homogêneo, como por exemplo, em algumas argilas, a superfície de ruptura se
aproxima realmente de uma superfície circular cilíndrica (Guidicini & Nieble, 1984).
25
O escorregamento rotacional de solo é fenômeno freqüente nas encostas
brasileiras, mobilizando geralmente o manto de alteração. É processo que pode se tornar
catastrófico, causado pelo deslizamento súbito do solo residual que recobre a rocha, ao
longo de uma superfície qualquer de ruptura, ou ao longo da própria superfície da rocha.
Escorregamentos Translacionais
São movimentos associados a anisotropias acentuadas presentes nos solos e/ou
rochas. Os escorregamentos em tais materiais, em geral, apresentam planos de
movimentação condicionados a tais anisotropias.
As características gerais dos escorregamentos translacionais modificados,
conforme Freire (1965) apud Guidicini & Nieble (1984), são descritas a seguir:
Escorregamentos translacionais de rocha
Tratam-se de movimentos de massas rochosas ao longo de descontinuidades, ou
planos de fraqueza preexistentes. São movimentos que ocorrem nas mais variadas
escalas, desde o deslocamento de um bloco isolado de pequenas dimensões até a
movimentação de grandes massas em vertentes montanhosas. A movimentação se dá em
superfícies associadas à estrutura geológica que podem ser: planos de estratificação,
xistosidade, gnaissificação, acamamento, diaclasamento, falhas, juntas de alívio de
tensões, fendas preenchidas por materiais de alteração, contatos de camadas.
Escorregamentos translacionais de solo
São movimentos ao longo de uma superfície plana condicionada à alguma feição
estrutural do substrato. O material mobilizado apresenta, via de regra, forma tabular. Em
geral, o movimento é de curta duração, de velocidade elevada e grande poder de
destruição. Os escorregamentos translacionais associados com maior quantidade de
água podem passar a corridas, ou a rastejo após a acumulação do material movimentado
no pé da vertente.
Geralmente, os escorregamentos translacionais ocorrem dentro do manto de
alteração ou regolito, com espessuras que dependem da natureza das rochas, do clima,
da drenagem e da declividade. Na prática, observa-se que a superfície de ruptura ocorre
com mais freqüência nos horizontes arenosos do perfil de alteração que, na região da
Serra do Mar, correspondem ao horizonte C e ao saprolito (rocha muito alterada). Os
26
horizontes B e A do solo são normalmente deslocados como um todo, consistindo na
parte superior da massa escorregada.
No Brasil, o freqüentes os casos de escorregamentos translacionais,
principalmente na Serra do Mar. Grande parte dos movimentos ocorridos nas serras de
Caraguatatuba e das Araras em 1967, são consideradas translacionais.
Em geral, os escorregamentos translacionais de solo, em perfis de alteração como
os da Serra do Mar, não transportam apenas materiais terrosos, mas envolvem também
blocos rochosos mais ou menos alterados. A definição do termo refere-se à
predominância de solo na massa transportada, bem como à ocorrência da superfície de
ruptura dentro de horizontes de solo, ou ao longo dos planos de contato solo-rocha,
planos esses, que segundo Kanji (1972 apud Guidicini & Nieble, 1984), o os que
apresentam os mais baixos índices de resistência.
Escorregamentos translacionais de solo e de rocha
Denominação adotada quando a massa transportada pelo escorregamento
translacional apresenta volume de rocha significativo. O que melhor representa tais
movimentos são aqueles compostos pelas massas de tálus. Os depósitos de tálus, em
geral, encontram-se nos sopés das escarpas, originados principalmente por efeito da
gravidade. Os materiais constituintes dispõem-se de maneira caótica, sem estrutura de
acamamento. Geralmente, os blocos rochosos apresentam-se envolvidos por matriz
terrosa, proveniente do mesmo processo de acumulação ou de alteração dos próprios
blocos.
“As leis que presidem o comportamento de tais massas, perante a movimentação,
são complexas, pois não se sabe até que ponto é mobilizada a resistência
exclusivamente em solo, em trechos de contato solo-rocha e contato rocha-rocha, ao
longo do plano de escorregamento. Esse fato se reflete nas formas de combate à
movimentação de corpo de tálus que se baseia freqüentemente no método
observacional, fugindo, geral, a qualquer tentativa de lculo e previsão” (Guidicini &
Nieble, 1984).
Exemplos deste tipo de escorregamento também são encontradas na Serra do Mar.
“Deve-se entender que a Serra do Mar, escarpa de constituição predominantemente
granito-gnáissica, originada por processo de falhamento de caráter regional, apresenta,
por toda parte, os efeitos de movimentos de massa do espesso manto de decomposição
que resultaram nas atuais formas topográficas de detalhe. As atuais formas de relevo
27
são, assim, o produto de um intenso e longo processo de erosão diferencial que
acumulou, ao longo do tempo, grandes volumes de detritos nas encostas e em seu sopé.
Quando o homem dela se aproxima, e pretende efetuar qualquer tipo de obra, as
massas de detritos, em condições precárias de estabilidade, se movimentam à procura de
uma nova condição de equilíbrio” (Guidicini & Nieble, 1984).
3.4 – Clima
Segundo Monteiro (1973), o clima é fundamental na compreensão do espaço,
tanto como insumo de energia no sistema, quanto como regulador dos processos a ele
inerentes. Na dinâmica da paisagem o clima é o principal insumo de energia.
Segundo Serra & Ratisbona (1942) “o regime climático da região de São
Sebastião é nitidamente tropical e dominado permanentemente pela massa de ar
tropical-atlântica, com interferências, ainda marítimas da circulação polar atlântica e,
em menor escala, das influências continentais. Estas últimas se manifestam pelo vento
quente e seco de noroeste que, principalmente nos meses de inverno, costuma soprar
com violência durante curtos períodos, descendo e agitando a superfície do mar. As
direções predominantes dos ventos são as de sul e sudeste, o que expõe as encostas
voltadas para o mar às descargas provenientes da atmosfera úmida do atlântico
brasileiro, tornando a região uma das mais chuvosas do país, em torno de 2000 mm
anuais – embora com índices pluviométricos inferiores aos de outras áreas montanhosas
do litoral paulista.”
A região sudeste do Brasil, e por conseguinte, a área do município de São
Sebastião, possui um dos alinhamentos orográficos mais significativos do território
brasileiro. As serras do Mar e da Mantiqueira dispõem-se paralelamente à linha da
costa, contrapondo-se a ação umidificadora dos ventos oceânicos, o que contribui para
os elevados índices pluviométricos registrados na área.
Fica claro na área que a orografia age até de modo a constituir barreiras que
intensificam a ação umidificadora do oceano e dos fluxos atmosféricos do quadrante sul
à barlavento, acontecendo o inverso à sotavento. Segundo Monteiro (1973), Conti
(1975) e Sant Anna Neto (1990) a gênese pluvial da zona costeira paulista está
condicionada a forte influência das seqüências da frontogênese na produção de chuvas.
No verão (janeiro, fevereiro, março) e outono (abril, maio e junho) esse índices são
sempre superiores a 1500 mm, enquanto no inverno (julho, agosto e setembro) e
28
primavera (outubro, novembro e dezembro) esses índices o sempre superiores a 1300
mm.
A classificação climática do território paulista realizada por Monteiro (1973),
constitui o principal estudo de caracterização da dinâmica climática e da gênese das
chuvas no estado de São Paulo. A Zona Costeira foi reconhecida como área diferenciada
do estado, dividida em dois climas zonais, a saber: ao sul da Serra do Juqueriquerê,
controlado por massas tropicais e polares, e ao norte controlado por massas equatoriais e
tropicais. As características da dinâmica atmosférica regional permitiram subdividir a
Zona Costeira em três subunidades (Monteiro, 1973):
Litoral Norte área compreendida entre São Sebastião e Ubatuba, controlada por
massas equatoriais e tropicais, com clima úmido das encostas expostas à Massa Tropical
Atlântica, sujeitas à uma menor participação das massas polares (PA), com cerca de
30% a 40%, menos sujeita às invasões de frio. A posição da Serra do Mar bem próxima
à encosta é responsável pela acentuada pluviosidade (1700 mm), por efeito orográfico,
mesmo no inverno.
Litoral Central – de Maresias a Itanhaém, controlada por massas tropicais e polares, de
clima úmido na face oriental e subtropical, com aumento da participação das massas
polares. Quando a serra se aproxima da costa, no sentido aproximado oeste-leste,
confrontando às correntes perturbadas do sul, a orografia intensifica a pluviosidade,
tornando esta área uma das mais úmidas do Brasil.
Litoral Sul de Peruíbe à Cananéia, área controlada por massas tropicais e polares,
com maior variação da pluviosidade em relação ao Litoral Central, que o afastamento
da Serra de Paranapiacaba da linha de costa, alterna planícies e maciços isolados,
condicionando temporal e espacialmente a distribuição quantitativa das chuvas
(Monteiro,1973).
Conforme Monteiro (1973), a faixa de transição entre os tipos climáticos zonais,
estaria na altura da Ilha de São Sebastião, separando Maresias ao Sul e São Sebastião ao
Norte, ambos sem um período de estiagem significativo.
Sant’Anna Neto (1990) analisou a gênese das chuvas na Zona Costeira Paulista,
cujos resultados, relacionados ao município de São Sebastião, são a seguir apresentados.
No Litoral Norte, compreendida pela área entre a Serra de Juqueriquerê e a Serra
de Parati, na divisa com o estado do Rio de Janeiro, há predomínio dos sistemas
tropicais e maior atividade frontal, com enfraquecimento das evoluções das frentes e
aumento das precipitações em função das frentes estacionárias. Neste estudo, o autor
29
acima citado, distinguiu três subáreas: - área costeira entre a Praia de Maranduba em
Caraguatatuba e Ponta da Trindade em Ubatuba, com pluviosidade total média anual
entre 2.000 e 2.500 mm; 2ª - da enseada de Caraguatatuba até São Sebastião e Ilha Bela,
com pluviosidade total dia anual bem menor, em torno de 1700 mm, constitui área
de “sombra de chuvas”; - as vertentes da Serra do Mar na área que se contrapõem às
correntes atmosféricas de sul e sudeste e pelo efeito orográfico, apresentam considerável
aumento na pluviosidade total média anual, ultrapassando 3.000 mm (Sant’Anna
Neto,1990).
O Litoral Central, que abrange a área entre o município de Peruíbe e a Praia de
Maresias em São Sebastião, constitui uma área de transição entre os setores norte e sul
da Zona Costeira, com comportamento mais complexo. Nesta área ocorrem frentes
estacionárias quando o Anticiclone Tropical marítimo se apresenta mais vigoroso e
bloqueia as passagens frontais, aumentando a intensidade das precipitações. A área
compreendida entre o município de Bertioga e a Praia de Maresias (São Sebastião) é a
mais chuvosa do litoral central, devido à orientação leste-oeste da Serra do Mar,
dispondo-se de maneira frontal às frentes polares (Sant’Anna Neto,1990).
3.5 – Meio Antrópico
A década de 1970 representou um período de intensa urbanização em todo o
Estado de São Paulo, fruto do contexto regional do desenvolvimento sócio-econômico.
Em São Sebastião - SP, o reflexo desse desenvolvimento começou a ser sentido a partir
de meados da década de 1970, com a realização de obras de melhoria na rodovia dos
Tamoios (SP-99) e a construção da rodovia Rio-Santos (BR-101). Isso favoreceu o
aumento da implantação de casas de veraneio, principalmente na região norte do
município. A porção sul ainda tinha acesso dificultado pelas condições precárias de suas
estradas. Com a conclusão e melhoria da BR-101, no início da década de 1980, a
viagem ao litoral sul do município tornou-se mais rápida e segura, incrementando a
exploração turística e estimulando o crescimento dos setores imobiliários e da
construção civil. Intervenções no meio físico resultantes da construção de casas de
veraneio tornaram-se freqüentes, assim como as intervenções provenientes de moradias
para a população de baixa renda, a qual constituía e constitui a mão de obra utilizada na
construção civil e na prestação de serviços da atividade turística. Junta-se a isso, a
situação fundiária do município, onde os terrenos mais adequados à ocupação estão
30
destinados ao uso turístico. Conseqüentemente, as camadas mais pobres da população
são induzidas a ocuparem terrenos inadequados, onde as intervenções potencializam,
com maior freqüência, a ocorrência de eventos de movimentos de massa e inundação
(Instituto Geológico, 1996).
Dessa forma, a ocupação de áreas de encostas no município de São Sebastião – SP
vem representando, nas últimas décadas, uma das poucas opções, principalmente, para a
população que não dispõe de recursos para adquirir moradia próxima ao mar, onde os
terrenos são mais caros. Este tipo de ocupação requer atenção especial porque, em geral,
ocorre em áreas sujeitas a deslizamentos de terra.
A Foto 1 ilustra a ocupação na encosta de São Sebastião na divisa com o
município de Caraguatatuba.
31
Foto 1 – Ocupação antrópica na encosta da Mata Atlântica em São Sebastião.
Fonte: Funcate (2001)
Escala:1:8000
3.6 - Meio biótico
As características de formação da Mata Atlântica devem-se à altitude e ao
conseqüente aumento de chuvas e diminuição da temperatura, além da posição
topográfica. Ao longo da crista da serra, junto da serra abundante, a neblina é freqüente,
32
mesmo na estação seca (Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo SMA–
SP,1998).
Segundo a SMA-SP (1998), o dossel é mais baixo, em média, do que o da floresta
sempre verde, mas as espécies são essencialmente as mesmas, e, quando em plena
folhagem, o dossel é completamente fechado e o chão totalmente sombreado.
As caracterizações bióticas a seguirem baseiam-se em Secretaria do Meio
Ambiente do Estado de São Paulo (1990).
A vegetação de Mata Atlântica é bastante densa, com predomínio de árvores,
abundância de trepadeiras e de bromélias e orquídeas epíflitas, que revestem os troncos
e entrelaçam os ramos, tornando escassa a luz que atinge o solo. As plantas de sombra,
como as marantas, helicônias, begônias, samambaias e musgos, sobrevivem porque
conseguem aproveitar de modo eficiente a pequena quantidade de raios solares
disponíveis.
Árvores como figueiras (Fícus),guapuruvus (Schizolobium), jequitibás Cariniana)
e algumas palmeiras (Euterpe, Syagrus) crescem acima das copas de outras plantas para
aproveitar o máximo de luminosidade de que necessitam para sua sobrevivência.
Por outro lado, o rápido crescimento em altura, para dominar as árvores vizinhas,
pode ocorrer de forma a afetar a robustez dos troncos, sua resistência e firmeza, o que
em parte é compensado pela presença, em certas espécies, de raízes-escora, como nas
embaúbas (Cecropia), ou de raízes tabulares, no caso das figueiras (Fícus).
A floresta atlântica, em comparação com a vegetação amazônica, possui grande
biodiversidade e múltipla setorização altitudinal e latitudinal. É mais baixa: suas árvores
não ultrapassam os 20 ou 30 metros; os caules são grossos e as copas mais frondosas,
em razão da influência do relevo. Tal fato decorre da distribuição escalonada da
vegetação atlântica sobre vertentes, em geral muito íngremes, propiciando maior acesso
à iluminação. Em função do espaço disponível entre as copas de árvores ou da luz
filtrada através delas, variam os tipos de trepadeiras e epífitas, bem como sua
distribuição.
A vegetação atlântica é tão rica e variada, senão mais, que a floresta amazônica.
Essa característica, aliada à capacidade de desenvolver-se rápida e ininterruptamente, é
útil às plantas quando m que lutar pela sua sobrevivência ao explorarem o mesmo
espaço limitado. Quando uma árvore cai, arrancada às vezes por fortes ventos ou
enxurradas violentas, forma-se uma clareira que, em tempo relativamente curto,
33
recompõe naturalmente a vegetação, pelo desenvolvimento acelerado de plântulas e
plantas jovens de espécies arbóreas.
As árvores da mata destacam-se, principalmente, pelas folhas sempre verdes que
persistem por tempo relativamente longo. Elas podem apresentar adaptações para clima
extremamente chuvoso, como folhas lisas com pontas em forma de goteira para
escoamento da água, ou então, adaptações para eventuais períodos de seca, como
estruturas que acumulam água e mecanismos fisiológicos encontrados em certas
epífitas, para evitar a perda d’água.
A vegetação primitiva foi substituída, em maior ou menor escala, por vegetação
secundária, na escarpa da Serra do Mar e nos morros da Baixada Santista. Assim,
plantas típicas de matas secundárias como embaúbas (Cecropia), jacatirões (Miconia),
manacás e quaresmeiras (Tibouchina) aparecem abundantemente no local.
Na região de São Sebastião - SP, as matas preservadas de encosta caracterizam-se
pela presença das espécies arbóreas, tais como pau-pombo (Tapirira guianensis),
guatambu (Aspidosperma olivaceum), caroba-da-mata (Jacarandá semiserrata),
carobão (Jacaranda heptaphyla), noz-moscada-do-brasil (Cryptocaria moschata),
olho-de-cabra (Ormosia arborea), guapuruvu (Schizolobium parahyba) e outras das
famílias das leguminosas, além de melastomatáceas, meliáceas, sapindáceas e rubiáceas.
Algumas palmeiras como a guaricanga (Geonoma) e palmeiras com espinhos como a
brejaúva (Astrocaryum aculeatissimum) e a tucum (Bactris setosa) também fazem parte
da sinúsia arbórea.
A Foto 2 mostra a vista aérea de um fragmento de Mata Atlântica em São
Sebastião na divisa com Caraguatatuba - SP.
34
Foto 2 – Mata Atlântica: vegetação densa e diversificada.
Fonte: Funcate (2001)
Escala: 1:8000
À semelhança de Paranapiacaba, predominam no estrato de epífitas, as bromélias
e orquídeas (bromeliáceas e orquidáceas) e no de ervas, imbê, filodentro (aráceas),
begônias (begoniáceas), dentre outras. Outro fato interessante, que lembra o ambiente
úmido da Reserva Biológica, é a grande quantidade de samambaias, lianas, e,
finalmente, alguns musgos e liquens.
35
3.7 - A vegetação como agente estabilizador de encostas
Existe consenso generalizado de que “as florestas desempenham um importante
papel na proteção do solo e o desmatamento (ou abertura de clareiras) pode promover
não somente a erosão, mas também movimentos de massa” (Gray, 1973).
Sternberg (1949) refere-se aos estudos de Bailley que, medindo o máximo ângulo
de repouso das encostas, ora revestidas, ora despidas de vegetação, afirma que, para um
mesmo solo, derivado da mesma rocha matriz, o ângulo máximo de repouso é da ordem
de 60°, no caso de haver revestimento vegetal, e de aproximadamente 36°, no caso de
ausência de vegetação. A vegetação, concluiu Bailley, é a chave da estabilidade das
encostas.
Se bem que a relação entre escorregamentos e períodos de alta pluviosidade seja
um fato inegável, o desmatamento e outras formas de interferência antrópica têm sido
reconhecidos como processos desencadeadores de tais fenômenos. A respeito dos
escorregamentos ocorridos nas encostas do Rio de Janeiro de janeiro/1966 a
fevereiro/1967, Coimbra Filho (1973) afirma que “nas vertentes ainda protegidas por
denso manto florestal, como na Tijuca (RJ) e Serra dos Órgãos (RJ), os deslocamentos
de terra foram de pouca monta e, assim mesmo, ocorreram somente em escarpas
rochosas desequilibradas e muito íngremes ou ao longo de cortes de estradas”.
Quanto aos eventos catastróficos de Maranguape (CE) ocorridos em 1974, “pode-
se considerar tais fatos” (desmatamento...) “como catalisadores e aceleradores locais de
evolução natural das encostas, consoante às condições geológicas do maciço e eventos
pluviométricos importantes” (Soares et al., 1975).
A cobertura vegetal tem sido considerada como fator de estabilização de encostas
não só em relação à consumação de grandes escorregamentos, como também em relação
a movimentos lentos (“creep”). Assim, se registra que a aceleração do “creep” em
encosta desmatada no Oregon estava fortemente correlacionada com a precipitação. O
mesmo não ocorria em áreas florestadas ao mesmo local” (Gray, 1973).
36
3.8 – Fundamentos para a recuperação vegetal de áreas degradadas
3.8.1- O controle da erosão
Um solo sob condições normais se apresenta protegido pela vegetação natural e
exibe, neste caso, um perfil completo, isto é, conta com horizontes dispostos em
seqüência natural e inter-relacionados com o meio ambiente.
Submetido à agricultura o solo passa a comportar-se de modo diferente sofrendo
desgaste e empobrecimento causado pela retirada de nutrientes pela colheita, lixiviação,
decomposição da matéria orgânica e pela erosão.
Devido ao seu efeito devastador a erosão precisa ser enfrentada de imediato pois
seus danos podem tornar difícil e até mesmo impossível a recuperação das terras. Este
problema torna-se mais grave ainda em encostas com a possibilidade de ocorrências de
deslizamentos de terra e rolamentos de blocos.
3.8.2 – A diversidade das espécies
Segundo a Secretaria de Estado de Meio Ambiente de São Paulo (2000), o
primeiro fator a ser considerado para a recuperação de áreas degradadas é a diversidade
de espécies associada à fragmentação das florestas e à extinção de espécies animais e
vegetais. Esta fragmentação ocorre com freqüência nas diversas regiões do país,
transformando grandes extensões de habitats em numerosas porções de vegetação bem
menores e isoladas umas das outras.
Uma das principais características das florestas tropicais é a presença de poucos
indivíduos de uma espécie por unidade de área, o que confere a alta diversidade nestas
formações. Por outro lado, a diversidade é, invariavelmente, reduzida pelas
modificações causadas no processo de fragmentação.
Assim, as práticas de repovoamento vegetal a serem adotadas nestas regiões
devem considerar que, tanto a alta diversidade, como os polinizadores e dispersores,
devem estar presentes para que seja garantida a continuidade da floresta implantada com
o passar dos anos.
37
3.8.3 – A dinâmica das florestas tropicais
Dinâmica de uma floresta tropical é processo pelo qual as espécies se regeneram e
se desenvolvem após a queda natural de árvores, com formação de clareiras que,
seqüencialmente, vão sendo ocupadas por novos indivíduos de diferentes espécies
(Barbosa, 2000).
A ocorrência de clareiras naturais causadas pela queda de árvores e ramos é,
assim, um dos principais agentes de perturbação em florestas tropicais e, por isso
mesmo, têm-se estabelecido uma relação entre as clareiras e a geração ou a manutenção
da diversidade de árvores nestas florestas. O tamanho, a forma e a idade das clareiras
podem proporcionar condições ambientais particulares, compatíveis com as exigências
de estabelecimento de árvores e arbustos, cujas histórias de vida estão relacionadas com
a colonização destes ambientes. Segundo a Secretaria de Estado de Meio Ambiente de
São Paulo (2000), existem espécies especialistas em clareiras pequenas e aquelas que
somente colonizam as grandes. Desta forma, diferentes tamanhos de clareiras, além de
produzir situações diferentes quanto à intensidade de luz recebida, alteram o microclima
possibilitando que diferentes grupos de espécies se estabeleçam, em geral também em
épocas diferentes, o que também deve ser complementado com interações faunísticas.
Assim, os trabalhos de recuperação vegetal devem considerar, como modelo
básico a ser seguido, o estabelecimento de formas de plantio e misturas de espécies a
serem utilizadas, tendo como referência os levantamentos fitossociológicos em
remanescentes florestais da região, a existência de clareiras e o conhecimento prévio da
biologia das espécies a serem utilizadas tem como as relações de fauna e flora, de forma
a proporcionar a auto-renovação de uma floresta implantada (Secretaria de Estado de
Meio Ambiente de São Paulo, 2000).
3.8.4 – Implantação da recuperação vegetal
Segundo a Secretaria de Estado de Meio Ambiente de São Paulo (2000), de modo
geral, recomenda-se como primeiro passo para recuperação de área degradada, a
realização de um diagnóstico envolvendo levantamento de dados primários, como o uso
atual e a caracterização dos solos. Dados climáticos de precipitação pluviométrica e
análise do relevo ou fator topográfico devem também ser contemplados. A interação
38
destes dados, através de modelos para a caracterização do risco de erosão quantitativo,
permite até o estabelecimento da capacidade de uso sustentado do solo.
De acordo com a situação, uma outra recomendação é a utilização de técnicas de
sensoriamento em nível orbital para a coleta de informações de uso da terra/cobertura
vegetal, mesmo em pequenas áreas. Para complementar as recomendações sobre o
reflorestamento heterogêneo, são fundamentais considerações sobre os seguintes
aspectos:
tecnologia adequada para a colheita de sementes e produção de mudas;
desenvolvimento das mudas;
cobertura do solo (sombreamento dos indivíduos arbóreos);
regeneração natural;
fisionomia;
diversidade;
sucessão secundária.
Desta forma, cinco componentes são apontados como capazes de garantir o
sucesso de programas de implantação de mata ciliar:
conhecimento amplo das áreas (diagnóstico);
definição de metas para a recuperação vegetal;
entendimento dos processos e da dinâmica de recuperação;
facilidades práticas;
compromissos de pessoas e organizações.
Na prática, a escolha ou seleção das espécies para a recuperação das áreas
degradadas ou a implantação de matas ciliares deve, antes de mais nada, responder às
seguintes perguntas (Rodrigues & Gandolfi, 1998):
quantas e quais são as espécies a serem utilizadas?
quantos indivíduos de cada espécie devem ser implantados?
qual a melhor distribuição a ser implantada?
Desta forma, para cada situação tem-se uma realidade, sendo desejável o
estabelecimento de modelos, que incluam também a formação florestal predominante na
região próxima à área a ser reflorestada.
39
3.8.5 – A sucessão secundária
A sucessão secundária é um processo ecológico caracterizado por substituições
que se sucedem em um ecossistema depois de uma perturbação natural ou antrópica, até
chegar a um estádio estável (Gomes-Pompa & Wiechers, 1979).
A maior parte da vegetação das zonas tropicais do mundo é constituída por
vegetação secundária, devido ao intenso ritmo de devastação das áreas primárias. Este
ritmo o é acompanhado pelos estudos realizados sobre estas áreas, por isso existem
poucas informações sobre os mecanismos de sucessão em florestas tropicais úmidas
(Gomez-Pompa & Wiechers, 1979).
Observando a dinâmica das florestas tropicais pode-se perceber que a queda de
grandes árvores ou deslizamentos de solo provocam a abertura de clareiras nas florestas.
Estas clareiras possuem condições ambientais diferentes daquelas existentes no
interior da floresta. Bazzaz & Picket (1980), em revisão bibliográfica, levantam que nas
clareiras há aumento de luz, temperatura do ar, temperatura do solo, precipitação,
disponibilidade de nutrientes e alteração do grau de umidade relativa do ar. Pode-se
acrescentar a esta lista a intemperização da matéria orgânica.
Macedo (1993) cita que o fator principal que influencia a colonização das
clareiras é a luz. Algumas espécies são bastante tolerantes à sombra e têm seu
crescimento inibido quando expostas a níveis elevados de luz. Outras espécies adaptam-
se à plena luz, enquanto outro grupo exige luz somente em determinado estádio de seu
ciclo de vida.
Diferentes espécies arbóreas, adaptadas às condições ambientais das clareiras,
começam a colonizar estes espaços. Inicialmente, as espécies que toleram luz e calor
com maior intensidade (pioneiras). À medida que estas espécies crescem, passam a
produzir sombra e a mudar as condições ambientais da antiga clareira, proporcionado, a
outros grupos de espécies, condições ambientais diferenciadas. Assim, num segundo
estádio da sucessão, começam a aparecer as plantas de sombra (não pioneiras).
Com o tempo, portanto, passa a ocorrer progressiva mudança na composição
florística daquela área aberta, de maneira que a floresta que está se instalando vai
transformando-se e tomando a forma mais adequada às condições ambientais em
mudança (mais luz menos luz), até a volta, depois de longo período, às condições
primitivas.
40
À mudança de estrutura e composição de uma floresta ao ocupar uma área
alterada dá-se o nome de sucessão secundária que, segundo Gomez-Pompa (1971), é a
estratégia que a floresta adota para renovar-se, cicatrizando as clareiras que ocorrem em
diferentes pontos da mata.
De acordo com Richards (1996), geralmente as florestas secundárias são mais
baixas que as primárias, sendo o dossel muito mais regular. Nos primeiros momentos da
sucessão forma-se um stand de árvores com predominância de poucas espécies (não
sendo raro uma única), que geralmente não duram mais que uma geração e não
regeneram em sua própria sombra. Quando estas árvores morrem, são repostas por uma
mistura de árvores de crescimento mais lento, mais tolerantes à sombra e mais longevas.
Em último estádio desenvolve-se uma estrutura similar a uma floresta primária.
Segundo Richards (1996), as espécies típicas de florestas secundárias apresentam
como principais características intolerância à sombra, sementes pequenas e leves, que
mantêm sua viabilidade por muito tempo no banco de sementes no solo, demandando
luz para germinação; crescimento rápido; madeira mole pouco densa e clara e folhas
mais moles com cor mais clara.
De acordo com as respostas que as espécies o à situação de clareira, estas
podem ser separadas em diferentes grupos ecológicos. Diversos autores ocuparam-se
desta classificação (Budowski, 1965, 1970; Whitmore, 1975; Denslow, 1980; Martinez-
Ramos et al, 1989).
Macedo (1993) apresenta uma simplificação da classificação proposta por
Budowski (1965, 1960) aplicável a projetos de recuperação de matas ciliares:
Grupo das pioneiras: espécies com rápido crescimento, germinam e se desenvolvem
em pleno sol, produzem precocemente muitas sementes pequenas, normalmente
com dormência, as quais são predominantemente dispersadas por animais. São
também denominadas de especialistas de grandes clareiras (maiores que 200 m²). Na
floresta tropical ocorrem em pequeno número de espécies, com um grande número
de indivíduos.
As principais espécies no Estado de São Paulo que têm sido usadas em projetos de
recuperação são: Trema micrantha, Cecropia sp, Croton floribundus,Cróton urucurana,
Mimosa scabrella, Miconia cinamomipholia, Solanum sp, Mimosa bimucronata,
Cytarexilum mirianthum, Ingá sp, Senna multijuga, Guazuma ulmifolia, Schizolobium
parahyba.
41
Grupo das secundárias: também denominadas de especialistas de pequenas clareiras,
oportunistas, nômades ou intermediárias. Essas espécies apresentam como principal
característica a capacidade de suas sementes germinarem à sombra, mas requerendo
a presença de luz para seu desenvolvimento. São espécies características do dossel
ou do estado emergente. Na floresta tropical ocorrem em grande número de
espécies, mas com baixo número de indivíduos por área. São as secundárias as
responsáveis pela alta diversidade das florestas.
Neste grupo destacam-se, entre outras, as espécies: Cariniana legalis, Cabralea
canjerana, Cedrela fissilis, Tabebuia sp, Balfourodendron riedelianum, Centrolobium
tomentosum, Astronium urundeuva, Jacaratia spinosa, Chorisia speciosa.
Grupo das climácicas: espécies com crescimento lento, germinam e se desenvolvem
à sombra e produzem sementes grandes, normalmente sem dormência. Ocorrem no
sub-bosque ou no dossel da floresta. O número de espécies deste grupo é alto, porém
ocorrem com baixa densidade nas florestas.
Em São Paulo, são climácicas características: Esenbeckia leiocarpa, Copaifera
langsdorffii, Hymenaea stilbocarpa, Securinega guaraiuva, Ilex paraguariensis,
Enterolobium contortisiliquum, entre outras.
Loefgren (1898) apud Pompéia (1990), caracterizou os estádios sucessionais do
ponto de vista fisionômico e também florístico (carrascal, capoeira, capoeirão, mata
primitiva) da Mata Atlântica de encosta.
Segundo Apremavi (2000), o carrascal para a Mata Atlântica de encosta surge
logo após o abandono de uma área agrícola ou de uma pastagem. Este estádio
geralmente vai até seis anos, podendo em alguns casos durar a10 anos em função do
grau de degradação do solo ou da escassez de sementes.
No carrascal geralmente existem grandes quantidades de capins e samambaias de
chão. Predominam também grandes quantidades de exemplares de árvores pioneiras
poucas espécies, a exemplo das vassouras e vassourinhas. A altura média das árvores
em geral não passa dos 4 metros e o diâmetro de 8 centímetros.
No estádio de capoeira, a vegetação em regeneração natural geralmente alcança o
estádio dio depois dos seis anos de idade, durando aos quinze anos. Neste estádio
as árvores atingem altura média de 12 metros e diâmetro de 15 centímetros.
Nas capoeiras a diversidade biológica aumenta, mas ainda predominância de
espécies de árvores pioneiras como, as capororocas, ingás e aroeiras. A presença de
capins e samambaias diminui, mas em muitos casos resta grande presença de cipós e
42
taquaras. Nas regiões com altitude inferior a 600 metros do vel do mar os palmitieros
começam a aparecer (Apremavi, 2000).
O estádio de capoeirão inicia-se geralmente depois dos quinze anos de
regeneração natural da vegetação, podendo levar de sessenta a duzentos anos para
alcançar novamente o estádio semelhante à floresta primária. A diversidade biológica
aumenta gradualmente à medida que o tempo passa e que existam remanescentes
primários para fornecer sementes. A altura média das árvores é superior a 12 metros e o
diâmetro médio é superior a 14 centímetros.
A Figura 2 ilustra o esquema de sucessão secundária na Mata Atlântica de
encosta.
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FLORESTA
DE
ENCOSTA
CAPOEIRÃO
Mata alta
secundária
CAPOEIRA
Mata baixa
secundária
CAMPO
Continuamente
Pastado ou
cortado
TERRENO
ROÇADO
CAMPO
CULTIVADO
CARRASCAL
Arbustos e
ervas da 1
a
. fase
de sucessão
Figura 2 - Esquema de sucessão secundária da vegetação da Mata Atlântica de encosta.
Fonte: Pompéia (1990)
Neste estádio os capins e samambaias de chão não são mais característicos.
Começam a emergir espécies de árvores nobres, como as canelas, cedros, sapucaias e
imbuias. Nas regiões abaixo de 600 metros do nível do mar os palmiteiros aparecem
com freqüência. Os cipós e taquaras passam a crescer em equilíbrio com as árvores
(Apremavi, 2000).
Para Kageyama (1987), uma vez que o processo é contínuo, é difícil estabelecer
claramente uma fisionomia e composição florística para a Mata Atlântica de encosta,
44
que as etapas de sucessão e espécies envolvidas coexistem em praticamente todo o
processo. A simplificação do processo sucessional tem um caráter mais didático.
Apesar disso, é possível verificar que, ao longo da sucessão secundária, espécies
heliófilas de rápido crescimento (pioneiras) vão dando lugar às espécies tolerantes ao
sombreamento, de crescimento mais lento. Segundo Kageyama (1987), características
da polinização e da dispersão e germinação das sementes encontram-se coadaptadas
para o processo sucessional, garantindo a estabilidade genética das espécies ao longo
desse estádio.
Para Kellman (1980), as principais fontes de propágulos para a regeneração da
vegetação em regiões tropicais, são: o banco de sementes de solo, a chuva de sementes,
os tocos de raízes.
Dentre as espécies envolvidas na formação de capoeiras, destacam-se as plantas
arbóreas da família Melastomatáceas, especialmente dos gêneros Tibouchina e Miconia,
que apresentam algumas características marcantes como: longevidade das sementes, em
torno de um ano em condições ambientais normais (Martins et al., 1990), peso
extremamente reduzido (inferior a 0,10 mg), dispersão pelo vento e aves a longas
distâncias (Pradella et al., 1989) e intensa produção de sementes. Estas características
garantem aporte permanente de sementes viáveis em grande extensões o que,
juntamente com seu caráter tipicamente pioneiro, tornam as espécies destes gêneros as
mais importantes na formação de capoeiras.
O solo, segundo Pompéia (1990), é colonizado por diversas briófitas
(Campylopus, Dicranella) e líquens. Quase que, simultaneamente, surgem protalos de
pteridófitas (Blechnum, Pteridium, Nephrolepis) e, dependendo da época do ano,
plântulas de Melastomatáceas, compostas (Eupathorium, Mikania) e gramíneas. Alguns
meses depois é possível observar-se a colonização por Boehmeria (em locais mais
úmidos), Fícus, Cecropia e Piper, além de outras espécies ruderais. Nos primeiros anos
as espécies arbóreas de Melastomatáceas, assim como, Cecropia, Trema e algumas
palmeiras, apresentam crescimento acentuado. Paralelamente, espécies arbustivas como
Piper, Solanum, Boehmeria, Leandra, Clidemia e outras Melastomatáceas, cobrem o
solo exposto.
45
3.8.6 – Modelos para revegetação
A partir do final da década de 1980 a metodologia de revegetação de matas
ciliares procurou imitar a natureza, tendo, portanto, a sucessão secundária como diretriz
importante para a revegetação de qualquer espaço alterado por uso antrópico, sem que
este seja, necessariamente, uma clareira dentro da floresta.
Rodrigues e Gandolfi (2000) afirmam que os projetos de recuperação de
formações ciliares devem pressupor o conhecimento dos fenômenos ecológicos naturais
e dos processos relacionados à estruturação e manutenção destes ecossistemas. Afirmam
ainda que são importantes para o sucesso da implantação de projetos de recuperação:
a sua inserção no contexto da paisagem,
a coerência entre a metodologia proposta e
os objetivos da recuperação e a correta escolha de espécies.
Kageyama et al. (1989) alertam para que a recomposição da diversidade deveria
considerar a recomposição florística, fitossociológica e genética, além da necessidade de
se observar a dinâmica da sucessão secundária.
Gomez-Pompa & Burley (1991) acreditam que a melhor maneira de garantir o
sucesso em processos induzidos de regeneração é usar tanta diversidade (de espécies e
genética) quanto possível e colocam que a necessidade de selecionar as espécies que
devem ser plantadas, protegidas e encorajadas são a principal atividade em todos os
métodos de regeneração.
A divisão das espécies em grupos relacionados ao estádio sucessional e à sua
resposta à intensidade de luz, para distribuição em áreas de recuperação foi proposta por
Durigan & Nogueira (1990).
Kageyama et al. (1992) destacaram a importância do conceito da sucessão
secundária, tanto para atividades de manejo, quanto para as de recuperação florestal,
afirmando que a sucessão secundária parece ser o conceito mais apropriado a ser
utilizado na regeneração artificial de florestas mistas, já que é o processo pelo qual as
espécies se regeneram na floresta natural”.
Crestana et al. (1993) sugerem que o reflorestamento observando a sucessão
possibilita a formação de florestas com características fisionômicas próximas da
vegetação original.
46
Kageyama et. al. (1990) alertam para a necessidade de compatibilizar, em projetos
de revegetação, conjuntos de espécies com diferentes características de requerimento de
luz.
Neste período, a partir de 1980, iniciou-se o desenvolvimento de técnicas que
previam o arranjo espacial das espécies de diferentes grupos ecológicos, de forma que
espécies tolerantes à luz, de rápido crescimento e de arquitetura de copa adequada,
fossem plantadas provendo sombra àquelas menos tolerantes, além de prover a riqueza
de espécies desejável num primeiro momento da recuperação (Barbosa et al., 1993;
Macedo, 1993; Botelho et al., 1995; Ferreti et al., 1995).
A este arranjo espacial denominou-se “modelo de revegetação”. Cada situação
específica encontrada nas áreas degradadas demanda um arranjo ou modelo específico.
É importante salientar que a elaboração dos modelos deve considerar também as
características silviculturais de cada espécie, tais como adaptabilidade ao solo,
velocidade de crescimento e arquitetura de copa.
Como se trata de área de conhecimento muito nova, vários modelos ainda estão
sendo testados, e alguns deles com resultados que indicam sucesso nos resultados
alcançados.
3.8.7- O monitoramento e os indicadores de avaliação
Rodrigues & Gandolfi (1998) mostram o pouco que tem sido feito acerca do
monitoramento de áreas em recuperação e sugerem indicadores de avaliação, quais
sejam: desenvolvimento das mudas, cobertura do solo, regeneração natural, fisionomia e
diversidade.
Mantovani (1998) apresenta questões gerais sobre a avaliação de projetos de
restauração e lista as características que determinam o sucesso de programas de
restauração, quais sejam: a sustentabilidade (capacidade de perpetuar-se); a resistência à
invasão de organismos exóticos ao ecossistema; a obtenção de produtividade
semelhante ao ecossistema original; o estabelecimento de alta capacidade de retenção de
nutrientes no sistema e o estabelecimento das interações bióticas.
Rodrigues & Gandolfi (2000), analisando a necessidade de estabelecimento de
indicadores para o monitoramento de projetos de restauração em matas ciliares, citam
alguns sugeridos pela literatura, como presença e estrutura de fauna e parâmetros
47
vegetacionais, mas ressalvam a dificuldade de estabelecimento de critérios e indicadores
de uso universal.
Reunidos no Workshop “Recuperação de áreas degradadas da Serra do Mar e
formações florestais litorâneas” pesquisadores de universidades e institutos de pesquisa
do Estado de São Paulo, entre outros assuntos correlatos, discutiram a definição de
indicadores para a avaliação e monitoramento de áreas restauradas (Barbosa, 2000). Foi
estabelecido que os indicadores devem estar relacionados aos objetivos da recuperação,
que devem ser ecológicos (tanto bióticos, quanto abióticos), e que devem ser
estabelecidos indicadores distintos para diferentes períodos temporais após a
implantação do projeto, devendo ainda ser hierarquizados em função de sua importância
relativa para os objetivos da recuperação.
Lazarini et al. (2001) recomendam que “para o sucesso dos plantios, um
acompanhamento técnico eficiente, associado a atividades de educação ambiental, deve
ser feito pelo menos por três anos, a que as áreas em recuperação estejam
implantadas e estabelecidas no processo de dinâmica natural”.
Souza (2000) afirma que os trabalhos de avaliação do sucesso dos
reflorestamentos de restauração ainda são escassos e apresenta avaliação de três projetos
com diferentes idades e em diferentes modelos de plantio realizados no Vale do Rio
Paranapanema, São Paulo.
Gisler (2000) comparou fitossociologia, ambiente luz, decomposição de
serapilheira e parâmetros físicos e químicos do solo de uma área implantada com três
anos para recuperação de mata ciliar com área de mata remanescente adjacente. A
autora conclui que a mata implantada apresentou características de ser secundária
inicial, com potencial para alcançar a maturidade e que o fator tempo seria o elemento
mais importante para que a mesma apresente estrutura e funções comparáveis à mata
natural.
Silveira (2001) observa que a avaliação dos diferentes modelos quem sido
implantados é dificultada pela falta de critérios e indicadores claros e de fácil aplicação
e que um protocolo de avaliação da efetividade dos plantios de restauração será
ferramenta extremamente útil para os órgãos de fiscalização ambiental. O autor
apresenta avaliação de quatro modelos distintos de recuperação de matas ciliares,
implantados no município de Tarumã e ainda sugere a adoção de diferentes parâmetros
indicadores de sucesso dos reflorestamentos, em função de sua aplicabilidade e
precisão.
48
4. MATERIAL E MÉTODOS
4.1 – Caracterização da área de estudo
O município de São Sebastião - SP, onde se localiza a área de estudo, está situado
a sudeste do Estado de São Paulo, no Litoral Norte. Ocupa aproximadamente 410 km²,
dos quais, cerca de 70% estão inseridos no Parque Estadual da Serra do Mar. Limita-se
a norte com o Município de Caraguatatuba, a oeste-noroeste, com o Município de
Salesópolis e a oeste, com o Município de Bertioga. É banhado pelo Oceano Atlântico
em todo o setor sul e a leste-nordeste pelo Canal de São Sebastião.
A área em estudo é um fragmento de Mata Atlântica de 4,8 hectares,
compreendida entre as latitudes 45º 25’ 30’’ - 45º 25’ 37” e longitudes 23º 44’ 10” - 23º
44’ 19” , entre as cotas 105 e 235 (a partir da cota 200 faz parte do Parque Estadual da
Serra do Mar), de propriedade da Universidade São Marcos, denominado sítio São
Benedito e, tem como objetivo promover no local um centro de estudos ambientais.
Embora tenha-se pesquisado fotos aéreas da área de 20, 30 e 40 anos atrás, as
escalas das mesmas não estavam compatíveis ao tamanho da área de estudo. Assim,
para o levantamento histórico de degradação da área de pesquisa procedeu-se à
entrevistas com três moradores da região: Sr. Deolino, 63 anos, morador do local
aproximadamente 13 anos, Sr. Pedro Bispo, 50 anos e Sra. Letícia Bispo, 73 anos, os
dois últimos sempre foram moradores locais e vizinhos à área.
A região está habitada mais de 100 anos, sendo que no início foi marcada por
invasões de terra e posterior regularização pela prefeitura local. Essas invasões se deram
com o crescimento do município pela construção/ampliação do porto e estradas que
tornaram o local mais acessível.
A população era composta por estrangeiros, nativos e ex-escravos, sendo esta de
baixa renda e com poucas oportunidades de emprego.
49
A vegetação original da área em questão era composta pela mesma que a margeia,
classificada como Floresta Ombrófila Densa (Veloso et al, 1991). Constantemente era
observado na região vários animais silvestres como porcos do mato, quatis, lagartos,
pacas, e diversas aves.
O início da degradação começou aproximadamente 40
anos de forma lenta e
progressiva, pelos próprios moradores locais com a exploração do palmito, pela
necessidade da madeira para construções e consumo diário, além e principalmente, pela
necessidade de espaço para a agricultura de subsistência.
As culturas implantadas no local foram temporárias, não havendo exploração
constante do solo, sendo culturas de café, milho, mandioca e banana, esta, ainda
existente no local. Houve a tentativa de implantação nos últimos 5 anos de um pequeno
pasto para o uso doméstico. Não houve relatos do uso de adubos, pesticidas e
agrotóxicos nas culturas implantadas.
Atualmente, a população nativa esconscientizada da importância do equilíbrio
ecológico, pois a mesma notou grandes diferenças no meio após a retirada da vegetação,
sendo uma das grandes preocupações a escassez de água que, o abastecimento local
está amplamente ligado as nascentes que circundam a área.
Nota-se também preocupação por parte dos moradores quanto à diminuição da
flora e fauna, podendo este fato estar relacionado ao desenvolvimento e aumento da
população que cada vez mais vem ocupando áreas próximas à encosta florestal. Este
fato não agrada os moradores nativos, pois cada vez mais vem-se perdendo o contato
pessoal por se tratarem de pessoas com costumes diferentes dos seus e pelos mesmos
não apresentarem afeição sentimental pela biodiversidade local.
A Figura 3 mostra a localização do município de São Sebastião no Estado de São
Paulo e da área de estudo no município, enquanto a Foto 3 é ilustrada com uma aérea do
sítio São Benedito (Base de Pesquisa).
50
Figura 3 – Localização da área de trabalho no município de São Sebastião no Estado de São Paulo.
51
Foto 3 – Foto aérea da área de 4,8 ha do sítio São Benedito da Universidade São Marcos.
Fonte: Funcate (2001)
Escala: 1:8000
52
4.2 – Caracterização Geológica e Clima
Foi definida uma abordagem de estudo de modo que os dados e informações
fornecessem um conhecimento global dos condicionantes e da distribuição dos
principais processos causadores de risco na área estudada.
Foram estudados alguns temas básicos que condicionam e/ou interferem na
questão do risco à movimentos de massa. A relevância e o formato de cada um desses
produtos seguem especificados abaixo, baseado em Pereira (2000):
A Figura 4, Geologia da área de estudo obtido em escala 1:50.000, apresenta os
tipos litologia que constituem o terreno daquela região. Para a área de estudo
ressalta-se a litologia, segundo IPT (1981a): Embasamento Cristalino (Arqueano
Complexo Costeiro: rochas Gnáissica-Migmatíticas de estruturas diversas,
notadamente estromatítica exibindo dobras de fluxo e enclaves metabásicos).
A Figura 5, Tipos de relevo, e Figura 6, Geomorfologia, obtidos em escala 1:50.000,
identificam e caracterizam os diferentes tipos de relevo existentes. A Figura 6,
Geomorfologia, fornece, ainda, informações sobre a dinâmica superficial, ou seja, a
maneira como ocorrem os processos que atuam modificando o relevo (erosão,
movimentos gravitacionais de massa, transporte fluvial).
A Figura 7 Suscetibilidade aos processos potencializadores de risco à movimentos
de massa, foi determinado e estruturado de forma a representar, em escala 1:50.000,
uma compartimentação do território, onde a área estudada está avaliada quanto à
suscetibilidade de ocorrência de processos de movimentos de massa.
53
MAPA DA GEOLOGIA DA REGIÃO
Figura 4
54
RELEVO
Figura 5
55
GEOMORFOLÓGICO
Figura 6
56
SUSCEPTIBILIDADE Á MOVIMENTOS DE MASSA
Figura 7
57
As atividades de campo visaram a uma caracterização geológica expedita do meio
físico da referida área, considerando seus aspectos litológicos, geomorfológicos e
geotécnicos.
As atividades consistiram no mapeamento geológico sistemático: escolha do ponto
de observação, sua localização, descrição da litologia e das principais características do
meio físico, coleta de amostras de rochas quando necessário para posterior análise e
descrição de sua estrutura, textura e composição mineralógica. Foram utilizadas como
ferramentas: martelo, lupa (usuais no mapeamento geológico), câmera fotográfica e um
aparelho GPS (Geographic Position System). Para a confecção do mapa de declividade,
utilizou-se uma base cartográfica na escala 1:2000, fornecida por levantamento
topográfico, a partir do mapa base do Instituto Geográfico e Cartográfico (1978). Com
um ábaco construído e calculando-se a distância entre duas cotas em função da relação
da diferença de cotas e o ângulo de inclinação entre elas, foram estabelecidos diversos
setores que correspondem à variação das declividades do terreno.
Para a execução da sondagem e trincheiras de simples reconhecimento, os
trabalhos de campo consistiram na execução de uma sondagem a trado manual e
levantamento de duas trincheiras, utilizadas para reconhecimento pedológico e coleta de
amostras deformadas de solo para execução de ensaios granulométricos.
Principais características litológicas e mineralógicas
Durante o mapeamento expedito foram observados blocos e matacões imersos em
meio ao manto de alteração, tratando-se provavelmente do horizonte B de alteração.
Estes blocos variam em tamanho, geralmente métrico, sendo que o maior, situado na
parte central da área, apresenta dimensões de 4 x 5 metros. São rochas gnáissicas com
estruturas migmatíticas (veios e bolsões leucocráticos) tipo leucossoma. Estes
leucossomas apresentam granulometria grossa-média e são compostos por quartzo,
feldspato e muscovita, sendo observadas concentrações de granada centimétrica.
Apresentam ainda concentração de biotita nas bordas, melanossoma.
O neossoma aparentemente é composto por uma rocha gnáissica com cerca de
20% em máficos, biotita, estrutura granolepidoblástica fina-média e bandamento fino
difuso. Além de biotita esta rocha é composta por quartzo (30%), feldspato (40%),
muscovita e granada em quantidades inferiores a 10%.
58
A mineralogia observada sugere tratar-se de uma seqüência gnáissica migmatítica
de caráter aluminoso.
Não foi observada na área a ocorrência de afloramentos de rochas in situ, ou seja,
corpos rochosos que não sofreram deslocamentos de sua área de origem. Dessa forma, a
análise mineralógica foi realizada a partir de alguns blocos dispersos pela área,
sobretudo na porção sul. Tais blocos, oriundos das áreas de maior altitude, são
representantes da litologia dominante naquela região da Serra do Mar.
Assim, a descrição litológica/mineralógica pode ser extrapolada para a
caracterização litológica local, o que não pode ser feito com algumas estruturas
geológicas como acamamentos, falhas, sistemas de juntas e fraturas, cujas medidas de
suas respectivas orientações não fazem sentido se as amostras de rocha não estiverem
em seu local de origem.
Principais características geomorfológicas
A área em estudo (Fotos 4 e 5) está inserida em uma vertente da Serra do Mar
voltada para norte e, conforme a Carta Geomorfológica do Estado de São Paulo (IPT,
1981), trata-se de “escarpas com espigões digitados, compostas por grandes espigões
lineares sub-paralelos, topos angulosos e vertentes com perfis retilíneos. A drenagem é
de alta densidade, padrão paralelo-pinulado, com vales fechados”.
A área esinserida numa vertente retilínea, mas no trecho estudado predomina a
forma convexa, delimitada por vales encaixados (Foto 6). Nas altitudes inferiores ocorre
um corpo de tálus, que apresenta grande quantidade de blocos superficiais e sub-
superficiais de diversas dimensões (Foto 7).
59
Foto 4 – Foto mostrando a vertente localizada à leste da área de estudo. Foto do autor, out
(2003)
Foto 5 - Foto mostrando a vertente localizada à oeste da área de estudo. Foto do autor,
out (2003).
60
Foto 6 - Foto mostrando a forma convexa da vertente da área de estudo. Foto do autor, out
(2003).
Foto 7 Foto mostrando a ocorrência de corpos de tálus da área de estudo. Foto do autor,
out (2003).
61
Clima
A análise pluviométrica é fator importante na avaliação e estudo do risco
geológico. Tal fato se explica em função de que a chuva é o principal agente deflagrador
dos eventos de movimentos de massa e inundação.
Pereira & Nunes (1997) analisando os dados de um período de 25 anos (1970-
1994), efetuaram a compartimentação pluviométrica do Município de São Sebastião.
Identificaram três áreas relativamente distintas quanto aos totais de chuva, como se
pode verificar na distribuição das isoietas médias anuais na Figura 8, e que são as
seguintes:
Área 1 - área situada à oeste-sudoeste do município, compreendida entre Boracéia e
Maresias, é a mais chuvosa com média de 2.219mm. Apresenta pequena amplitude
pluviométrica, de 5%, entre os postos.
Área 2 setor a norte da área urbana, aproximadamente, ao limite com o município
de Caraguatatuba. Alcança média de 1.702mm, com pequena amplitude de 3%. É onde
se encontra a área de estudo.
Área 3 - corresponde a área urbana de São Sebastião e entorno, registra os índices mais
baixos de chuva com média de 1.463mm, com amplitude pouco maior que as outras
duas áreas, de aproximadamente 9%.
62
Figura 8 - Mapa de distribuição de pluviosidade média anual de São Sebastião– SP.
Fonte: Pereira & Nunes (1997)
4.3 – Caracterização dos solos
Para a análise química do solo, o primeiro passo foi a divisão da área em três
glebas homogêneas de acordo com a vegetação e topografia. A Figura 9 mostra a
divisão da área em glebas, assim como, os pontos onde foram feitas as amostragens.
Topo: Essa gleba é a parte mais alta da área, o solo é coberto por gramíneas como o
capim-gordura e alguns arbustos bem esparsos, há também, vegetação nativa bem
próxima da gleba, assim sendo notado um solo mais escuro pela deposição de matéria
orgânica proveniente da mata nativa.
Meio: É chamado de meio a gleba entre a parte mais alta da área e a parte mais baixa. A
vegetação que cobre o solo é constituída de gramíneas e quase nenhum arbusto. O solo é
um pouco mais claro que o topo por estar mais afastado da mata nativa, e mais
degradado.
63
Base: Essa a gleba do ponto mais baixo da área. A cobertura do solo é também de
gramíneas, porém com alguns pontos de solo mais exposto, possui um solo um pouco
mais claro que as demais glebas, provavelmente, por ser uma área também com
declividade acentuada e com pouca cobertura do solo, onde as perdas por erosão
reduzem a disponibilidade de nutrientes e o teor de matéria orgânica.
A amostragem foi realizada por meio de trado, retirando-se 15 amostras simples
com a profundidade de 0-20cm e 15 amostras simples de 20-40cm de profundidade por
gleba. Cada uma das 15 amostras simples foi misturada, de modo que, ficasse bem
homogênea para a formação de uma amostra composta. Assim, em cada gleba foram
tiradas duas amostras compostas com profundidades diferentes (0-20cm e 20-40cm),
sendo o total de 6 amostras compostas na área total.
As amostras homogeneizadas foram devidamente etiquetadas e enviadas ao
Laboratório de Fertilidade do Solo da Faculdade Integral Cantareira (anexo A), no
município de São Paulo SP, para a caracterização química quanto aos teores
disponíveis de P (resina), B, Cu, Fe, Mn e Zn (DTPA), trocáveis de K
+
, Ca
+2
, Mg
2+
e
Al
3+
(extração pela resina trocadora de íons), matéria orgânica, valores de pH em CaCl
2
e acidez potencial (acetato de cálcio a pH 7,0).
64
Figura 9 - Amostragem dos solos
65
Para a análise física do solo, os trabalhos “in situ” e as amostragens foram
definidos de modo a se investigar os horizontes de solo mais representativos das
condições do local. A avaliação textural, por intermédio de análise granulométrica, foi
efetuada na sondagem ST-1 (P1) e nas trincheiras T-1 (P2) e T-2 (P3A; P3B; P3C).
As descrições dos perfis pedológicos, contendo as características morfológicas
dos horizontes dos solos, como espessura, cor, textura e mineralogia, foram executadas
através de caminhamentos associados às sondagens, utilizando o trado manual e estudos
em trincheiras, e se orientaram no “Manual de descrição e coleta de solo no campo”
(Lemos & Santos, 1984).
Foram efetuados cinco ensaios granulométricos em amostras deformadas de solo.
As análises granulométricas foram realizadas no laboratório de Física dos Solos da
Divisão de Geologia do Instituto de Pesquisas Tecnológicas – IPT, (anexo B).
A classificação textural adotada é a definida pela EMBRAPA (1999), a qual
apresenta os seguintes limites: 0 a 14% de argila, textura arenosa; 15 a 34% de argila,
textura dia; 35 a 60% de argila, textura argilosa; > 60% de argila, textura muito
argilosa.
Os levantamentos de campo demonstraram que a área de estudo constitui-se de
Cambissolos, ou seja, solos pouco desenvolvidos com horizonte B incipiente (Oliveira
et al, 1999).
De maneira geral, três horizontes foram reconhecidos: horizonte A com maior
teor de matéria orgânica, menor que 20cm; horizonte B de textura média; e, horizonte
C, formado por material saprolítico com fragmentos da rocha alterada.
4.4- Caracterização fitossociológica
4.4.1- Caracterização da clareira da área de estudo
Para a amostragem das espécies, o estrato das plântulas compreendeu o conjunto
de plantas vasculares com altura de até 20cm. Portanto representantes de várias sinúsias,
que nas fases iniciais do ciclo de vida coexistem no mesmo estrato (Richards, 1996),
foram incluídas na amostragem. Este critério foi adotado por Oliveira (1999), Penhalber
(1995) e por Cersósimo (1993), em estudos realizados em Floresta Mesófila no Estado
de São Paulo.
66
O estrato foi amostrado utilizando-se oito transectos de 2X50 metros, contendo
cada um, 10 subparcelas fixas de 0,5X1,0m sorteadas. Cada subparcela foi demarcada
com estacas de madeira unidas por fita plástica.
Foto 8 Foto mostrando transecto-subparcela na área de clareira. Foto do autor, set
(2004).
67
Foto 9 – Foto mostrando transecto-subparcela na mata. Foto do autor, set (2004).
Cada transecto foi distribuído de maneira pareada, ou seja, para cada transecto na
clareira tem um correspondente no interior da mata, conforme Figura 10.
68
FIGURA 10 - TRANSECTO
69
Realizou-se uma avaliação momentânea do estrato das plântulas da clareira para
compará-la com o estrato de plântula da mata, de acordo com Bazzaz & Pickett (1980).
Dessa maneira, foi feita uma única coleta onde todos os indivíduos com até 20cm de
altura foram coletados de cada subparcela.
A coleta consistiu na retirada do indivíduo completo e da porção aparentemente
independente, quando se tratava de plantas estoloníferas. Após a coleta, todos os
indivíduos foram marcados, prensados e secos em estufa a 60
o
C por quatro dias e, no
laboratório, foram contados e separados em morfo-espécies, sob estereomicroscópio.
Cada indivíduo recebeu uma etiqueta com número do transecto e subparcela em que foi
coletado.
A identificação foi realizada principalmente por comparação com indivíduos em
fases ontogenéticas mais avançadas, coletados e observados ao redor dos transectos, ou
com materiais depositados no Herbário do Instituto de Botânica de São Paulo, tendo
como referências principais o trabalho de Oliveira (1999) e a Flora Fanerogâmica da
Serra da Juréia. Para a confirmação da identificação foram consultados especialistas das
famílias. Outros trabalhos como a chave de caracteres vegetativos de Gentry (1993) e os
trabalhos sobre desenvolvimento e morfologia de plântula de Duke (1965 e 1969),
foram utilizados para identificação, principalmente nos níveis de família.
Após a identificação os indivíduos foram classificados quanto à forma de vida
segundo Ferri et al. (1981), em arbórea (incluindo palmeiras de grande porte e fetos
arborescentes), arbustiva (incluindo palmeiras de pequeno porte), herbácea, epífita
(incluindo hemi-epífitas), liana e saprófita (plantas aclorofiladas da decomposição de
detritos orgânicos).
4.4.2 – Caracterização da área de entorno
Os dados relevantes para a elaboração do modelo objetivando o subsídio para a
recomposição vegetal da clareira incluem uma listagem de espécies arbóreas nativas, a
densidade de cada espécie, e, secundariamente, informações sobre a freqüência e o porte
das árvores. O método selecionado para se obter tais informações foi o de quadrantes-
centrados, muito comum em estudos fitossociológicos. A coleta de dados e todo seu
processamento posterior contou com a colaboração da MSc Sonia Aragaki, bióloga e
especialista em estudos com vegetação.
70
Foram lançados 50 pontos amostrais em trechos de floresta ombrófila densa
Montana, sendo 30 pontos em área com dossel fechado, 10 pontos na borda da mata e
10 em área próxima a uma das drenagens da área (Fotos 10 e 11). Desta forma,
contemplou-se as variações fisionômicas presentes na área de estudo e seu entorno,
procurando-se amostrar o maior número de espécies da vegetação nativa. Os pontos
possuíam uma distância mínima de 20m entre eles, garantindo-se que um mesmo
indivíduo não fosse amostrado duas vezes. Em cada ponto, a cruzeta era girada
aleatoriamente, incluindo-se a árvore mais próxima do centro da cruzeta em cada
quadrante. Foram amostrados indivíduos com circunferência a 1,30m de altura do solo
(CAP) maior ou igual a 15,5cm (~ DAP > 5cm). Indivíduos ramificados foram incluídos
quando, pelo menos, um dos ramos possuía o critério adotado, medindo-se todas as
ramificações. Para cada árvore, foram registradas a circunferência (CAP) e a altura
(estimada) e coletados ramos para identificação botânica.
Os materiais botânicos foram coletados com auxilio de tesoura de poda manual e
de alta poda acoplada a varas telescópicas. Os materiais botânicos eram acondicionados
em sacos plásticos e, posteriormente, prensados e colocados em estufa.
Foto 10 Levantamento fitossociológico: o círculo 1 indica a área dos 30 pontos
amostrados na área em dossel fechado, enquanto o círculo 2 a dos dez pontos amostrados
na borda da mata. Foto do autor, jan (2004).
71
Foto 11 Levantamento fitossociológico: a foto mostra a drenagem, onde também foram
amostrados dez pontos. Foto do autor, jan (2004).
Classificação taxonômica e dados ecológicos
A identificação foi feita mediante bibliografia pertinente, comparações com
materiais depositados em herbários e consultas a especialistas; a classificação adotada
para as angiospermas foi a de Cronquist (1981), excetuando as Leguminosae. Foi gerada
uma listagem florística, indicando-se a família, gênero, espécie e nome popular.
A partir dessa relação de espécies, foram obtidas informações secundárias na literatura,
sobre síndromes de dispersão (anemocórica, autocórica e zoocórica) e classificação
sucessional (pioneira e não pioneira).
72
Organização dos dados numéricos
Os dados numéricos foram organizados em planilhas eletrônicas. Dentre os vários
dados quantitativos fornecidos pelo método de quadrantes-centrados, selecionaram-se
apenas aqueles que contribuem diretamente na elaboração do modelo de recomposição
vegetal. Desta forma, para cada espécie foram obtidos: número de indivíduos
amostrados, número de ocorrência e área basal.
O número de indivíduos corresponde ao número de árvores da mesma espécie
amostrados; também foi calculado o percentual sobre o total (200 indivíduos).
O número de ocorrências refere-se ao número de vezes que a espécie ocorreu,
considerando-se os pontos amostrais; neste caso também foi calculado o percentual
sobre o total (50 pontos).
A área basal é um estimador da ocupação espacial horizontal da árvore (está
associado ao seu porte), sendo seu cálculo obtido a partir do diâmetro do tronco da
árvore a 1,30m do solo. A área basal apresentada por espécie refere-se à somatória de
seus indivíduos; neste caso também foi calculado o percentual sobre o total.
Foram calculados também a densidade, freqüência e dominância relativas e
absolutas para as espécies (Muller-Dombois & Ellenberg, 1974), valor de importância
(VI), (Müller-Dombois & Ellenberg, 1974; Matteucci & Colma, 1982), densidade e área
basal por hectare (anexo C). Todos os cálculos foram feitos com o auxílio do programa
Fitopac, versão 2.0 (Shepherd, 1996).
73
5 – RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 - Caracterização geológica
Conforme as informações obtidas a partir do mapa de declividade e das
observações de campo calculou-se os valores numéricos dos atributos morfométricos da
área, os quais estão reunidos na Tabela 5.1. A partir desses dados, as formas do relevo
puderam ser classificadas segundo os critérios, relacionados na Tabela 5.2.
Tabela 5.1 - Valores numéricos dos atributos morfométricos da área de estudo.
Índices Perfil longitudinal
Altitude do topo 215 m
Altitude do talvegue 110 m
Amplitude 260 m
Comprimento da rampa 280 m
Declividade média 25º
Tabela 5.2 - Classificação das formas de relevo da área de estudo
Critérios Classificação
Quanto ao tipo de perfil e de processos
superficiais operantes (Troeh, 1965 em
Bloom, 1970)
Encosta de rastejamento e distribuidora de
água
Quanto à amplitude (Kudrnovská, 1948 e
1969 em Demeck, 1972)
Morro dissecado
Quanto à declividade (Demeck, 1972) Íngreme
Quanto à amplitude e gradiente (IPT, 1981) Morro
Conforme a Carta Geotécnica do Estado de São Paulo (IPT,1994), que
compartimenta o Estado em unidades quanto aos processos do meio sico importantes
para a previsão do comportamento geotécnico dos terrenos ante o seu uso, a área de
estudo se enquadra nos domínios caracterizados pela alta suscetibilidade à erosão nos
74
solos subsuperficiais e muito alta suscetibilidade a escorregamentos (naturais e
induzidos).
Segundo Tatizana et al, 1987, “a suscetibilidade de escorregamentos é muito
variável em cada setor da Serra do Mar, sendo reflexo da variação dos condicionantes
de escorregamentos...”, os quais segundo os mesmos autores são geologia,
geomorfologia, declividade, cobertura vegetal e regime pluviométrico.
Os dois primeiros condicionantes citados foram aqui abordados. Quanto à
cobertura vegetal aqueles autores escrevem que “a vegetação exerce papel fundamental
na manutenção da estabilidade das encostas, principalmente nas porções mais íngremes,
onde o solo é pouco espesso. A ação da cobertura vegetal se dá, diretamente, através do
travamento mecânico do solo pelas raízes e, indiretamente, inibindo ações indesejáveis
das águas pluviais”. Quanto ao regime pluviométrico, escrevem que “o regime
pluviométrico é um fator extrínseco às encostas, agindo diretamente na deflagração dos
escorregamentos e indiretamente, contribuindo na transformação de outros
condicionantes”.
Face à reconhecida realidade das instabilizações de encostas naquela região, bem
como à vasta bibliografia a respeito e às características litológicas/geomorfológicas
observadas na área, constatou-se que os riscos geológicos presentes referem-se aos
escorregamentos em encostas e ao rolamento de blocos. Dessa forma, a declividade foi
o principal parâmetro para a avaliação da estabilidade geotécnica.
Macedo (2001), no seu Roteiro de Cadastro Emergencial de Risco de
Escorregamentos aponta que a inclinação da encosta ou corte é um dos parâmetros para
a caracterização geotécnica do local. A determinação da inclinação de terrenos no
campo, sem o auxílio de inclinômetros ou bússolas, tem se mostrado um problema, que
envolve não pessoal sem formação técnica, mas também, técnicos especializados.
Para evitar problemas com essa determinação, já que a inclinação é reconhecidamente
um dos principais parâmetros para a determinação da estabilidade de uma área, foram
desenhadas as rias situações considerando como inclinações-tipo os ângulos de 90,
60, 30, 17 e 10. O ângulo de 17º é mencionado na Lei 6766/79 (Lei Lehman –
Brasil,1979) como referência para os planejadores municipais. Existem sérias restrições
legais para a ocupação de áreas acima desta inclinação”. Assim, à partir desses
intervalos de inclinação estabelecido no roteiro, foram calculados as distâncias entre as
cotas, estabelecendo-se os vários setores na área, mostrados na Figura 11.
75
A área de estudo é recoberta por pastagens estando, porém, cercada pela vegetação
nativa, tanto nas vertentes laterais quanto à montante, onde domina a as maiores
altitudes. A mudança do padrão de vegetação acelerou o processo de erosão laminar,
aumentando o aporte de sedimentos nas regiões mais inferiores, como observado no
preenchimento do entorno do matacão localizado quase ao centro da área, o qual
representa um risco geológico não-iminente (risco definido em Macedo, 2001),
lembrando a presença de algumas casas alguns metros abaixo e do loteamento no
sopé da vertente.
76
Figura 11- declividade
77
5.2 – Caracterização dos solos
De maneira geral, ao contrário do esperado, observou-se um nível de fertilidade
ligeiramente superior para o topo da encosta. Este resultado, possivelmente, seja
conseqüência da existência da vegetação arbórea estável naquela posição, promovendo
maior acúmulo de matéria orgânica e ciclagem de nutrientes. Este resultado reforça a
importância da vegetação na mitigação dos processos erosivos, bem como, da
recuperação de áreas de preservação como o topo das encostas.
O teor mais elevado de matéria orgânica observado para essa amostra,
possivelmente, decorra da proximidade da área em relação ao fragmento florestal,
possibilitando o aporte de matéria vegetal. O acúmulo de matéria orgânica resulta na
maior presença de cargas negativas no solo, aumentando sua capacidade de troca de
cátions, justificando os bons teores de Ca
2+
e Mg
2+
, observados na Tabela 5.3.
A Tabela 5.3 mostra os resultados da análise química do solo da área de estudo.
78
Tabela 5.3 – Características químicas das amostras de solo coletadas na área experimental de São Sebastião – SP
Posução Profundidade pH MO Presina H+Al K
+
Ca
2+
Mg
2+
SB Al
3+
CTC V B Cu Fe Mn Zn
CTC
efet
m
cm CaCl
2
g/Kg mg/l ….…………….. …. mmolc/dm
3
.. ………………. % ……... mg/dm
3
………… mmol
c
/dm
3
%
Topo 0-20 5,3 29 6 29 1,9 27 13 42 1 71 59 0,32 2,4 52 30 1,6 42 2,4
0-40 4,8 8 1 28 1,5 11 8 21 2 49 42 0,27 1,7 37 20 0,5 23 8,7
Meio 0-20 4,8 26 2 32 2,6 11 9 23 2 55 41 0,25 1,5 45 18 0,7 21 9,5
0-40 4,5 3 1 30 1,6 6 6 14 2 44 31 0,23 1,1 30 14 0,4 21 9,5
Base 0-20 4,6 10 1 36 2,2 10 9 21 3 57 37 0,19 2,4 52 12 0,5 14 21,4
0-40 4,7 4 1 28 1,5 10 8 20 2 48 41 0,40 1,4 30 5 0,2 20 10,0
(MO = Matéria Orgânica, S.B. = Soma de Bases, CTC = Capacidade de Troca de Cátions, V% = Saturação por base, m = saturação por alumínio)
SB = Ca
2+
+ Mg
2+
+ K
+
; CTC = SB + (H + Al); V% = SB/CTC x 100
79
De acordo com as análises químicas realizadas com as demais amostras do solo,
observou-se o caráter distrófico do mesmo. Tanto para as amostras da meia encosta,
como da base, foram observados baixos teores disponíveis de fósforo e níveis médios e
elevados de acidez ativa. Já os teores de potássio, cálcio e magnésio trocáveis podem ser
considerados como dios a bons, porém insuficientes para atingirem o valor de 50%
de saturação das bases (Tabela 5.3).
Apesar do caráter distrófico do solo, os teores médios de K
+
, Ca
2+
e Mg
2+
permitem que para o plantio seja feita apenas a adubação com NPK. Desta maneira, a
recomendação é de que no momento do plantio sejam aplicados 100 g de P
2
O
5
( na
forma de termofosfato ou de fosfato natural de maior reatividade) na cova de plantio
(30x30x40cm). Cerca de 30 a 60 dias após o plantio, ainda no período chuvoso,
recomenda-se a aplicação, em cobertura e na forma de coroamento, de 60 g de N e 50 g
de K
2
O por planta, na forma de sulfato de amônio e cloreto de potássio,
respectivamente.
Para a caracterização granulométrica do solo foram retiradas cinco amostras
diferenciadas. As amostras foram retiradas no furo de sondagem ST-1 (0 0,6m), na
trincheira T-1 correspondente ao horizonte B incipiente (0,2 0,7m) e trincheira T-2 (0
– 0,1m; 0,3 – 0,6m e 0,6 – 0,9m), conforme Figura 24.
As Figuras 13, 14 e 15 mostram as representações gráficas para as amostras
coletadas.
80
N
S
Escala vertical 1:100; Escala horizontal 1:2000
Horizonte A proeminente a moderado
Horizonte B incipiente
Horizonte C saprolito
Rocha alterada
Depósito de talus
ST-1
T-1
T-2
Figura 12: Perfil N-S da área de estudo ressaltando as estruturas pedológicas
0m
0,5m
. . . . . . . . .
. . . . . . . . .
. . . . . . . . .
. . . . . . . . .
. . . . . . . . .
. . . . . . . . .
. . . . . . . . .
. . . . . . . . .
. . . . . . . . .
Horizonte B areno-argiloso com quartzo, micas (muscovita e biotita),
cor amarela, homogêneo e textura média.
1,0m
1,6m
. . . . . . . . .
. . . . .o . . .
. . . . . . . . .
. o. . . . . . .
. . . . . . . . .
. . . . .o . . .
. . . . . . . . .
. .o . . . . . .
. . . . . . . . .
. . . . . . .
Horizonte C heterogêneo, areno-argiloso com quartzo, micas
(muscovita e biotita) e predomínio de quartzo e caulinita, preserva
feições estruturais da rocha.
Figura 13: Representação Gráfica: ST-1 (Coordenadas UTM – 0456573 E; 7374700 N)
81
0m x x x x x x
Horizonte A proeminente cor escura
0,5m
. . . . . . . . .
. . . . . . . . .
. . . . . . . . .
. . . . . . . . .
. . . . . . . . .
. . . . . . . . .
. .
Horizonte B areno-argiloso com quartzo, micas (muscovita e biotita),
homogêneo e textura argilosa
1,0m
1,5m
. . . .o . . . .
. . . . . . . .
o. . . . . . . .
. . . . .o . . .
. . . . . . . .
.o. . . . . . .
. . . . .
Horizonte C heterogêneo, areno-argiloso com quartzo, micas
(muscovita e biotita) predomínio de quartzo e biotita, preserva
fragmentos e bandamento estrutural da rocha (saprolito).
Figura 14: Representação Gráfica: T-1 (Coordenadas UTM - 0456580 E; 7374787 N)
0m
. . . . . . .
. . . . . . .
Horizonte B areno-argiloso homogêneo com quartzo e micas, cor
amarelo claro e textura média.
0,5m
x x x x x
x x x x x
x x x x x
Horizonte A orgânico, homogêneo, cor marrom escuro, granulação
média grossa e textura média.
1,5m
. . . . . . .
. . . . . . . .
. . . . . . . .
. . . . . . . .
. . . . . o. .
. . . . . . . .
o . . . . . .
. . . . o . .
. . . . . . .
. . . . . . . .
Horizonte B areno-argiloso, homogêneo, cor marrom clara, preserva
horizontes com fragmentos da rocha de origem e apresenta textura
média.
Figura 15: Representação Gráfica: T - 2 (Coordenadas UTM - 0456557 E; 7374810 N)
A Tabela 5.4 apresenta os resultados das análises granulométricas realizadas na
área de estudo.
82
Tabela 5.4 – Resultados das análises granulométricas realizadas na área de estudo
Areia
Amostra
Prof.
(m)
Argila
%
Silte
%
MG
%
G
%
M
%
F
%
MF
%
Total
%
Cascalho
%
ST-01
0,0-0,6
20
18
12
16
11
7
4
50
10
T-01
0,2-0,7
40
11
7
16
10
8
4
45
3
T-02/1
0,0-0,1
21
17
9
18
16
7
6
56
6
T-02/2
0,3-0,6
25
14
9
19
13
11
5
57
4
T-02/3
0,6-0,9
23
13
7
20
14
10
6
57
6
MG – média-grossa; G – grossa; M – média; F – fina; MF – média-fina)
Com base nas análises granulométricas efetuadas, constatou-se que na área de
estudo predomina a textura média, com exceção da trincheira T-1 (0,2-0,7m) que
apresentou valores acima de 40% de argila (textura argilosa). O cascalho apresentou-se
abaixo de 10%, e de maneira geral, a coloração do solo é bruno alaranjada.
A mineralogia predominante são grãos angulosos de quartzo de granulação média
a grossa, com micas, principalmente muscovita e biotita, também de granulação média.
De maneira geral, mais que 5% são minerais primários e o horizonte C saprolítico
apresenta estruturação em bandas de leucossoma pegmatóide. É possível, ainda,
reconhecer no horizonte B incipiente, fragmentos da rocha alterada e bolsões de biotita
alterada.
Conforme o Mapa Pedológico do Estado de São Paulo (Oliveira et. al, 1999),
escala 1:500.000, na região em estudo, predomina a seguinte associação de solo:
CX10 - Cambissolo Háplico distrófico A moderado e proeminente, com relevo forte
ondulado e montanhoso, mais Latossolos Vermelho-Amarelo distrófico A moderado,
em relevo forte ondulado e montanhoso, ambos com textura argilosa.
Na sondagem ST-1 (topo da vertente) o horizonte A não está presente, o horizonte
B apresentou espessuras em torno de 60cm e o restante formado por solo residual
saprolítico.
83
Nas trincheiras T-1 e T-2 são reconhecidos três horizontes distintos, o horizonte A
com espessura inferior a 20cm, horizonte B incipiente com espessura em torno de 60
70cm, que repousa sobre o horizonte saprolítico.
A Foto 12 ilustra os horizontes na Trincheira T-1.
Foto 12 – Foto mostrando os três horizontes na Trincheira T-1. Foto do autor, nov (2004).
A trincheira T-2, em relação a todos os perfis, foi a que apresentou maior
espessura do horizonte A, no entanto, curiosamente, este horizonte se apresenta
encoberto por uma camada de cerca de 20cm e textura média.
A Foto 13 mostra o horizonte A encoberto por uma camada do horizonte B, na
Trincheira T-2.
84
Foto 13 Foto mostrando o horizonte A encoberto por uma camada do horizonte B. Foto
do autor, nov (2004).
É possível apresentar as seguintes observações:
- a caracterização morfológica caracterizou três horizontes na área estudada: (a)
horizonte superficial A moderado; (b) horizonte B incipiente; e, (c) horizonte C
saprolítico;
- a Trincheira T-1 mostra o contato irregular do horizonte B incipiente com o horizonte
C saprolítico, além da pequena espessura (<10cm) do horizonte A. um aumento
significativo da fração argila e silte para o horizonte B incipiente, em comparação com
os demais;
- é possível observar na Trincheira T-2 que existe uma camada arenosa de cor
amarelada sobre um horizonte de cor escura. No entanto, o é possível verificar, pela
análise granulométrica, uma relação significativa entre os dois horizontes, que são
distintos pela cor. Tem havido a ocorrência de processos erosivos recentes, com
sedimentação residual de material arenoso do topo da vertente, que apresenta o mesmo
aspecto de cor e granulação, principalmente no ponto T-2, que por situar-se em de
encosta, tem recebido um aporte sedimentar do topo da vertente.
- o perfil ST-1 do topo da vertente apresenta-se homogêneo com textura dia, de cor
amarela;
85
- a mineralogia do solo apresenta mais de 5% de minerais primários, com predomínio de
quartzo, muscovita e biotita, sendo que os demais são hidróxidos não distintos a olho
nu.
5.3 - Caracterização fitossociológica
5.3.1- Caracterização da clareira da área de estudo
Foram amostradas 266 indivíduos distribuídos em 40m
2
, estes foram separados
em 73 morfo-espécies. Destas, 46 (63,0%) foram identificadas em nível de espécie, 21
(28,77%) de gênero, 6 (8,23%) de família.
As espécies identificadas pertencem a 41 famílias e 5 formas de vida, como
mostra a Tabela 5.5.
Tabela 5.5 - Lista de espécies amostradas no estrato das plântulas, classificadas quanto à
forma de vida
Família/Espécie
Forma de vida
Acanthaceae
Acanthaceae sp herbácea
Aphelandra ornata herbácea
Justicia sp. herbácea
Teliostachya diffusa herbácea
Annonaceae
Duguetia lanceolata Arbórea
Guatteria australis Arbórea
Arecaceae
Anthurium penthaphyllum Epífita
Anthurium sp. Epífita
Euterpe edulis Arbórea
Aspleniaceae
Asclepiadaceae sp1. Liana
Asplenium sp. Epífita
Eupatorium sp Arbustiva
Vernonia discolor Arbustiva
Bignoniaceae
Tabebuia cassinoides Arbórea
Bombacaceae
Pseudobombax grandiflorum
Arbórea
Chrysobalanaceae
Licania sp.
Arbórea
Continua …
86
Continuação
Commelinaceae
Commelina sp. Herbácea
Dichorisandra thyrsiflora Herbácea
Compositae
Mikania sp. Liana
Concolvulaceae
Ipomoea sp Liana
Cyperaceae
Scleria plusiophylla Herbácea
Dioscoreaceae
Dioscora multiflora Liana
Euphorbiaceae
Alchornea glandulosa Arbórea
Hyeronima alchorneoides Arbórea
Gesneriaceae
Codonante devosiana Epífita
Lauraceae
Nectandra grandiflora Arbórea
Nectandra oppositifolia Arbórea
Ocotea dispersa Arbórea
Lecythidaceae
Cariniana legalis Arbustiva
Leguminosae
Albizia hassleri Arbórea
Hymenaea sp. Arbórea
Inga marginata Arbórea
Piptadenia gonoacantha Arbórea
Loganiaceae
spigelia beyrichiana Herbácea
Magnoliaceae
Talauma ovata Arbórea
Malpighiaceae
Tetrapterys sp. Liana
Malvaceae
Pavonia schiedeana Arbustiva
Continua …
87
Continuação
Maranthaceae
Maranta bicolor Herbácea
Maranta divaricata Herbácea
Maranthaceae sp. Herbácea
Marcgraviaceae
Maregravia polyatha
Melastomataceae
Liana
Miconia sp. Arbórea
Tibouchina estrellensis Arbórea
Meliaceae
Guarea macrophylla Arbórea
Trichilia pallens Arbórea
Mircinaceae
Myrcia richardiana Arbórea
Myrcia rostrata Arbórea
Monmiaceae
Mollinedia uleana Arbórea
Moraceae
Ficus enormis Arbórea
Myrtaceae
Calypthrantes grandiflora Arbórea
Calypthrantes lucida Arbórea
Eugenia cerasiflora Arbórea
Eugenia sp. 1 Arbórea
Gomidesia sp. 1 Arbórea
Orchidaceae
Orchidaceae 1 Epífita
Orchidaceae 2 Epífita
Piperaceae
Peperomia sp. Epífita
Piper sp. 2 Arbustiva
Piper sp.1 Arbórea
Poaceae
Melitis minutiflora Herbácea
Rubiaceae
Coccocypselum cordifolium Herbácea
Malanea forsteronioides Liana
Psycotria cf sessilis Arbustiva
Rubiaceae 1 Herbácea
Rudgea sp. Arbórea
Continua…
88
Continuação
Rutaceae
Pillocarpus sp. Arbórea
Sapindaceae
Cupania oblongifolia Arbórea
Paullinia cf. trigona Liana
Serjania sp. Liana
Sapotaceae
Chrysophyllum inornatum Arbórea
Pouteria sp.
Arbórea
Smilacaceae
Smilax sp.
Liana
Solanaceae
Solanum pseudo-quina Arbórea
As famílias mais ricas foram Myrtaceae e Rubiaceae com 5 espécies de cada
família, representados principalmente, por indivíduos arbóreos e herbáceos. A maioria
das famílias esteve representada por uma ou duas espécies correspondendo a 58,3% do
total.
Quatro espécies, Melitis minutiflora, Scleria plusiophylla, Maranthaceae sp.,
Calyptrantes grandiflora e representaram 36,84% do total dos registros, onde Melitis
minutiflora teve a maior porcentagem de ocorrência (19,55%), e representa uma
importante invasora da clareira.
A Figura 16 mostra a distribuição do número de indivíduos por unidade amostral
e ilustra a diferença numérica entre as unidades amostrais instaladas no interior do
fragmento (em verde), e na clareira (em amarelo). Esta diferença é ainda maior quando
a análise é feita em diversidade de espécies.
89
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
1 2 3 4 5 6 7 8
Unidades amostrais
Figura 16 - Número de indivíduos (barra cheia) e espécies (barra branca) por unidade
amostral. Laranja unidades amostrais instaladas na clareira. Verde unidades
amostrais instaladas no interior do fragmento florestal.
O número médio de indivíduos nas unidades instaladas na clareira é de 2,1
indivíduos por unidade, e nas unidades instaladas na mata é de 3,25 indivíduos por
unidade amostral, porém, em diversidade, 77,8% das espécies amostradas encontram-se
nas unidades amostrais do interior da mata e, somente 22,2% foram encontradas nas
unidades amostrais instaladas na clareira. A espécie responsável por tal diferença é a
Melitis minutiflora que teve 52 indivíduos amostrados, todos na área de clareira.
O número de espécies determinadas somente até ao vel de gênero e família foi
condicionado pelo escasso material de descrição e taxonomia de plântulas, e a grande
diferença que estes indivíduos apresentam dos indivíduos adultos.
O grande número e espécies herbáceas e pioneiras na área de clareira é explicado
por La Cruz & Dirzo (1987) que mostraram em seu trabalho que a tendência de plantas
de vida curta, isto é, herbáceas e pioneiras, terem maior quantidade de danos que
aquelas de vida longa, como as secundárias e climáxicas. Folhas de plantas pioneiras
são consumidas 6 vezes mais pido, pois são menos fibrosas, tem menor concentração
de tanino e maior valor nutricional para os herbívoros (Coley, 1987). Grande parte dos
danos em plântulas algo em torno de 80% - é provocado por insetos, principalmente
formigas (Dirzo, 1987; La Cruz & Dirzo, 1987).
A diferença de diversidade de espécies entre a clareira e o interior do fragmento
florestal sugere que espécies com hábito invasor, como Melitis minutiflora e Scleria
plusiophylla, podem impedir a penetração da chuva de sementes e dificultar a
90
germinação das sementes que, eventualmente, conseguem chegar a o solo. Para a
recuperação da clareira, a ausência de manejo pode retardar o processo de revegetação
que pode acontecer naturalmente, porém de maneira muito lenta.
A presença abundante de formigas na clareira pode ser outro fator que esteja
impedindo a germinação de sementes. Estudos de Reis et al. (1999) mostram que a
predação por formigas é um importante fator da o germinação de sementes do banco
de sementes de clareiras em processo de regeneração.
Portanto, tanto o manejo de Melitis minutiflora e Scleria plusiophylla como um
estudo que direcione o manejo das formigas na clareira são altamente recomendados
para acelerar o processo de recuperação vegetal da clareira em questão.
5.3.2- Caracterização da área de entorno
Foram amostrados 200 indivíduos, distribuídos em 29 famílias, 55 gêneros e 73
espécies (Tabela 5.6). As famílias que apresentaram maiores riquezas em espécies
foram: foram Myrtaceae (14 espécies), Leguminosae (8) e Lauraceae (6), totalizando
38,4% das espécies amostradas. A Tabela 5.7 mostra os dados numéricos das espécies
amostradas no estudo fitossociológico.
Estas famílias são bem característica para as florestas no Estado de São Paulo; a
riqueza,porém, varia
conforme a formação considerada, grau de perturbação e
estrato considerado.
De uma maneira geral, Leguminosae e Lauraceae são típicas do dossel e
emergentes; Rubiaceae, Myrtaceae e Melastomataceae m destaque no sub-bosque;
Euphorbiaceae e Sapindaceae participam dos dois estratos e Solanaceae é freqüente em
áreas perturbadas, em bordas de matas (Mantovani, 1993).
Para a floresta ombrófila densa montana (Mata Atlântica), Sapotaceae,
Vochysiaceae, Apocynaceae, Elaeocarpaceae, Moraceae, Chrysobalanaceae e
Arecaceae acrescentam-se a este grupo, formando as famílias mais representativas deste
tipo de vegetação. Segundo Mantovani (1993), estas famílias tm se destacado em áreas
preservadas da floresta ombrófila densa no estado de São Paulo. Neste trabalho não
foram amostrados indivíduos de Vochysiaceae, Apocynaceae e Elaeocarpaceae.
91
Em nível de gênero, destacaram-se Nectandra e Eugenia com 5 espécies cada, e
Myrcia (3). Estes gêneros foram citados por Mantovani (1993) como possuidores de
riqueza alta de espécies para as florestas da encosta atlântica.
Tabela 5.6 - Espécies amostradas no estudo fitossociológico realizado na Base de Pesquisa
da Universidade São Marcos (São Sebastião - SP), utilizando-se o método de quadrantes-
centrados. Categoria sucessional (CS): P=pioneira, NP= não pioneira; síndrome de
dispersão (SD):ANE=anemocórica, AUT=autocórica, ZOO=zoocórica
Família Espécie
CS SD Nome popular
Annonaceae
Duguetia lanceolata A. St.- Hil. P ZOO araticum
Guatteria australis A. St.- Hil. NP ZOO araticum
Rollinia sericea R. E. Fries NP ZOO pindaíba
Arecaceae
Bactris setosa Mart. NP ZOO tucum
Euterpe edulis Mart. NP ZOO palmito, jussara
Asteraceae
Vernonia discolor (Spreng.) Less. P ANE vassourão
Bignoniaceae
Jacarandá micrantha (Aubl.) A. DC. NP ANE jacarandá
Tabebuia cassinoides (Lam) DC. P ANE caixeta
Bombacaceae
Pseudobombax
grandiflorum
(Cav.) A. Rob. NP ANE imbiruçú
Caricaceae
Jacaratia spinosa A. DC. P ZOO fruta-de-veado
Chrysobalanaceae
Licania hoehnei Pilger NP ZOO
Licania sp. NP ZOO
Euphorbiaceae
Alchornea glandulosa Poepp. & Endl. P ZOO tapiá
Hyeronima alchorneoides Fr. All. NP ZOO aricurana
Flacourtiaceae
Casearia sylvestris Sw. P ZOO guaçatonga
Lauraceae
Licaria armeniaca (Nees) Koesterm. NP ZOO
Nectandra grandiflora Nees & Mart. ex Nees NP ZOO canela
Nectandra membranaceae (Swartz) Griseb. NP ZOO canela
Nectandra oppositifolia H.B.K. NP ZOO canela
Nectandra puberula Nees NP ZOO canela
Ocotea dispersa (Nees) Mez NP ZOO canela
Continua …
92
Continuação
Lecythidaceae
Cariniana legalis (Mart.) Kuntze NP ANE jequitibá
Continuação
Leguminosae
Albizia hassleri Hoehne P ANE farinha-seca
Dahlstedtia pinatta (Benth.) Malme NP ANE
Holocalyx balansae Mich. NP ANE alecrim-de-
campinas
Hymenaea sp. NP ZOO
Inga edwalli Willd. P ZOO ingá
Inga marginata Cham. P ANE in
Piptadenia gonoacantha (Mart.) Macbr. P ANE pau-jaca
Schizolobium parahyba (Vell.) Blake P ANE guapuruvu, ficheira
Magnoliaceae
Talauma ovata A. St.- Hil. NP ZOO pinha-d'água
Meliaceae
Guarea macrophylla Vahl. NP ZOO marinheiro
Trichila silvatica DC. NP ZOO
Trichilia pallens C. DC. NP ZOO
Melastomataceae
Miconia latecrenata Perkins P ZOO pixirica
Miconia sp. P ZOO
Tibouchina estrellensis (Raddi) Cogn. P ZOO
Myristicaceae
Virola oleifera (Schott) A. C. Smith NP ZOO
Monimiaceae
Mollinedia uleana Miq. NP ZOO
Moraceae
Ficus enormis (Mart. ex Miq.) Miq. NP ZOO
Myrtaceae
Calypthrantes grandiflora O. Berg. NP ZOO murta
Calypthrantes lucida Mart. ex DC. NP ZOO murta
Campomanesia xantocarpa O. Berg. NP ZOO murta
Eugenia cerasiflora Kurtz NP ZOO murta
Eugenia cf. multicostata Legrand NP ZOO murta
Eugenia sp. 1 NP ZOO murta
Eugenia sp. 2 NP ZOO murta
Eugenia veriflora NP ZOO murta
Gomidesia sp. 1 NP ZOO murta
Gomidesia sp. 2 NP ZOO murta
Marlierea parviflora Naud. NP ZOO murta
Myrcia cf. pubipetala Miq. NP ZOO murta
Myrcia richardiana DC. NP ZOO murta
Continua …
93
Continuação
Myrcia rostrata
DC.
NP
ZOO
murta
Nyctaginaceae
Guapira opposita Vell. NP ZOO maria-mole
Piperaceae
Piper miquelianum C. DC. NP ZOO
Piper sp. NP ZOO
Rubiaceae
Alibertia myrcifolia (Spruce ex Schumann)
Schumann
NP ZOO marmelo
Coussarea contracta (Walp.) Benth. & Hook. ex
Muell. Arg.
NP ZOO
Psychotria mapoureoides DC. NP ZOO
Rudgea sp. NP ZOO
Rutaceae
Conchocarpus fontanesianus
NP ZOO
Pillocarpus sp. NP ZOO
Sapindaceae
Allophyllus edulis (A. St. Hil.) Radlk NP ZOO chau-chau
Cupania oblongifolia Mart. NP ZOO cuvatã
Sapotaceae
Chrysophyllum inornatum Mart. NP ZOO aguaí
Ecclinusa ramiflora Mart. NP ZOO
Pouteria sp. NP ZOO
Solanaceae
Solanum argenteum Dunal P ZOO
Solanum pseudo-quina A. St.- Hil. P ZOO joá-de-árvore
Symplocaceae
Symplocos celastrinea Mart. ex Miq. NP ZOO
Urticaceae
Urera baccifera (L.) Gaudich. P ZOO Urtiga
94
Tabela 5.7 - Dados numéricos das espécies amostradas no estudo fitossociológico realizado
na Base de Pesquisa da Universidade São Marcos, São Sebastião (SP), utilizando-se o
método de quadrantes-centrados. NI: número de indivíduos; NO: número de ocorrências;
AB: área basal
Espécie NI % NO % AB (m
2
) %
Guapira opposita 20 10,0 15 30 0,3523 4,94
Trichilia pallens 11 5,5 6 12 0,1090 1,53
Guatteria australis 8 4,0 3 6 0,7408 10,39
Guarea macrophylla 8 4,0 5 10 0,0896 1,26
Piptadenia gonoacantha 7 3,5 5 10 0,4956 6,95
Nectandra puberula 6 3,0 5 10 0,8322 11,67
Symplocos celastrinea 6 3,0 4 8 0,3417 4,79
Calypthrantes grandiflora 5 2,5 4 8 0,1122 1,57
Tabebuia cassinoides 5 2,5 5 10 0,0412 0,58
Talauma ovata 5 2,5 3 6 0,0696 0,98
Inga edwalli 5 2,5 2 4 0,0445 0,62
Eugenia sp. 2 4 2,0 4 8 0,3114 4,37
Pseudobombax grandiflorum 4 2,0 4 8 0,0332 0,47
Hymenaea sp. 4 2,0 4 8 0,0288 0,40
Solanum argenteum 4 2,0 3 6 0,0481 0,67
Licaria armeniaca 4 2,0 3 6 0,0259 0,36
Licania hoehnei 4 2,0 2 4 0,0419 0,59
Schizolobium parahyba 3 1,5 3 6 1,0061 14,11
Solanum pseudo-quina 3 1,5 2 4 0,1678 2,35
Trichila silvatica 3 1,5 3 6 0,0721 1,01
Marlierea parviflora 3 1,5 3 6 0,0714 1,00
Eugenia sp. 1 3 1,5 3 6 0,0260 0,36
Conchocarpus fontanesianus 3 1,5 2 4 0,0543 0,76
Eugenia cerasiflora 3 1,5 2 4 0,0473 0,66
Calypthrantes lucida 3 1,5 2 4 0,0207 0,29
Piper sp. 3 1,5 2 4 0,0174 0,24
Hyeronima alchorneoides 2 1,0 2 4 0,1575 2,21
Alchornea glandulosa 2 1,0 2 4 0,1273 1,79
Cariniana legalis 2 1,0 2 4 0,1242 1,74
Cupania oblongifolia 2 1,0 2 4 0,0772 1,08
Piper miquelianum 2 1,0 2 4 0,0526 0,74
Ecclinusa ramiflora 2 1,0 2 4 0,0514 0,72
Pouteria sp. 2 1,0 2 4 0,0176 0,25
Vernonia discolor 2 1,0 1 2 0,0623
0,87
Miconia sp. 2 1,0 2 4 0,0122 0,17
Euterpe edulis 2 1,0 2 4 0,0112 0,16
Chrysophyllum inornatum 2 1,0 2 4 0,0093 0,13
Ocotea dispersa 2 1,0 2 4 0,0088 0,12
Duguetia lanceolata 2 1,0 2 4 0,0081 0,11
Inga marginata 2 1,0 1 2 0,0247 0,35
Myrcia rostrata 2 1,0 1 2 0,0153 0,21
Pillocarpus sp. 2 1,0 1 2 0,0062 0,09
Ficus enormis 1 0,5 1 2 0,5801 8,14
Albizia hassleri 1 0,5 1 2 0,1387 1,95
Myrcia cf, pubipetala 1 0,5 1 2 0,0796 1,12
Virola oleifera 1 0,5 1 2 0,0562 0,79
Rollinia sericea 1 0,5 1 2 0,0460 0,65
Contnua…
95
Continuação
Eugenia cf. multicostata
1
0,5
1
2
0,0368
0,52
Eugenia veriflora 1 0,5 1 2 0,0368 0,52
Nectandra membranacea 1 0,5 1 2 0,0287 0,40
Psychotria mapoureoides 1 0,5 1 2 0,0199 0,28
Tibouchina estrellensis 1 0,5 1 2 0,0191 0,27
Jacaratia spinosa 1 0,5 1 2 0,0140 0,20
Nectandra oppositifolia 1 0,5 1 2 0,0140 0,20
Licania sp. 1 0,5 1 2 0,0103 0,14
Bactris setosa 1 0,5 1 2 0,0103 0,14
Casearia sylvestris 1 0,5 1 2 0,0097 0,14
Holocalyx balansae 1 0,5 1 2 0,0087 0,12
Campomanesia xantocarpa 1 0,5 1 2 0,0087 0,12
Rudgea sp. 1 0,5 1 2 0,0087 0,12
Nectandra grandiflora 1 0,5 1 2 0,0050 0,07
Jacaranda micrantha 1 0,5 1 2 0,0042 0,06
Urera baccifera 1 0,5 1 2 0,0038 0,05
Dahlstedtia pinatta 1 0,5 1 2 0,0032 0,04
Myrcia richardiana 1 0,5 1 2 0,0029 0,04
Coussarea contracta 1 0,5 1 2 0,0029 0,04
Miconia latecrenata 1 0,5 1 2 0,0023 0,03
Mollinedia uleana 1 0,5 1 2 0,0023 0,03
Indeterminada 1 0,5 1 2 0,0023 0,03
Gomidesia sp. 1 1 0,5 1 2 0,0020 0,03
Gomidesia sp. 2 1 0,5 1 2 0,0020 0,03
Alibertia myrcifolia 1 0,5 1 2 0,0020 0,03
Allophyllus edulis 1 0,5 1 2 0,0018 0,03
Total
200
100
100
100,0
A priori, todas as 73 espécies podem ser indicadas para a recomposição de áreas
degradadas do local. É interessante a instalação de um viveiro de mudas, pois nessa
mata e nas outras situadas próximas, existem árvores que podem servir de matrizes.
Poderão ser feitas coletas de sementes e frutos, observando-se a fenologia dessas
espécies. Para boa parte das espécies amostradas, já existem informações técnicas
suficientes para se obter mudas a partir de sementes. Para as demais serão necessários
estudos fisiológicos, incluindo, por exemplo, a quebra de dormência.
Categoria sucessional
Considerando-se a exigência de luz e grau de tolerância à sombra nas fases de
germinação, crescimento e desenvolvimento das plantas, as espécies foram classificadas
em dois grupos: pioneiras e não pioneiras. Esta classificação auxilia na seleção de
96
espécies a serem indicadas para a recomposição vegetal, pois muitos modelos fazem
distinção das espécies, considerando-se, no mínimo, esses dois grupos.
Neste trabalho foram amostradas 17 espécies pioneiras (24%) e 55 (76%) o
pioneiras. Entre as pioneiras, podemos destacar o pau-jacaré (Piptadenia gonoacantha),
joá-de-árvore (Solanum argenteum), o guapuruvu (Schizolobium parahyba), o
vassourão (Vernonia discolor) e pixiricas (Miconia spp.), todas muito comuns e
características de matas em estágios iniciais de regeneração e também nas clareiras e
bordas de mata.
Considerando-se o total de indivíduos amostrados (200), 43 árvores ou 21,5%
pertencem ao grupo das pioneiras enquanto que 157 ou 78,5% pertencem ao grupo das
não pioneiras. Isto nos permite classificar esta vegetação em estágio médio/avançado de
regeneração secundária.
Síndromes de dispersão
O tipo de dispersão dos frutos e das sementes também deve ser considerado no
momento da seleção das espécies para a recomposição vegetal. Os frutos e as sementes
são importantes como recursos alimentares para a fauna local, ao mesmo tempo que esta
promove a dispersão dos mesmos.
Do total de espécies amostradas, 61 (84,7%) são zoocóricas e 11 (15,3%)
anemocóricas. Entre as espécies zoocóricas, podemos destacar o palmito (Euterpe
edulis), murtas (Eugenia spp., Myrcia spp.), canelas (Nectandra spp.), pixirica (Miconia
spp.) e chau-chau (Allophyllus edulis). Entre as anemocóricas têm-se o guapuruvu
(Schizolobium parahyba), o pau-jacaré (Piptadenia gonoacantha) e o vassourão
(Vernonia discolor); essas são pioneiras, sendo importantes na ocupação/regeneração de
áreas abertas, onde a fauna é escassa.
97
Estrutura
A vegetação analisada possui diâmetro de 16 ± 14,10cm e altura de 8,9 ± 6,25m.
Os altos valores para o desvio-padrão revela tratar-se de uma vegetação bastante
heterogênea em termos de porte das árvores. A distância média entre árvores é de 2,36m
e a área equivalente amostrada é de 0,111ha; a densidade total é de 1797,1 indivíduos
por ha. A área basal total foi de 7,13m
2
e o volume total de 137,14m
3
.
O Índice de Shannon (H’) foi de 3,938 nats/indivíduo e a equabilidade (J) foi de
0,918. O índice H’ obtido foi alto comparando-se com outros estudos em formações
similares, explicado porém, por abranger várias fisionomias (estudo em gradientes). O
valor para a equabilidade aproximando-se de 1, indica uma falta de dominância de
espécies, ou seja, uma distribuição razoavelmente equilibrada entre o número de
espécies e o de indivíduos. Os dois índices apontam uma diversidade média a alta para a
área analisada, esperada para uma região de Mata Atlântica (Melo, 1994).
Tabela 5.8 - Parâmetros fitosssociológicos das espécies amostradas no estudo realizado na
Base de Pesquisa da Universidade São Marcos, São Sebastião (SP), utilizando-se o método
de quadrantes-centrados, ordenadas segundo o VI (valor de importância); NI (número de
indivíduos); NO (número de ocorrências); AB (área basal); DR (densidade relativa); FR
(freqüência relativa); DoR (dominância relativa); VC (valor de cobertura)
Espécie
NI
NO
AB DR FR DoR VC
Guapira opposita
20
15
0,3523
10,00
9,49
4,94
24,43
Nectandra puberula 6 5 0,8322 3,0 3,16 11,67 17,84
Schizolobium parahyba 3 3 1,0061 1,5 1,90 14,11 17,51
Guatteria australis 8 3 0,7408 4,0 1,90 10,39 16,29
Piptadenia gonoacantha 7 5 0,4956 3,5 3,16 6,95 13,62
Trichilia pallens 11 6 0,1090 5,5 3,80 1,53 10,83
Symplocos celastrinea 6 4 0,3417 3,0 2,53 4,79 10,32
Ficus enormis 1 1 0,5801 0,5 0,63 8,14 9,27
Eugenia sp. 2 4 4 0,3114 2,0 2,53 4,37 8,90
Guarea macrophylla 8 5 0,0896 4,0 3,16 1,26 8,42
Calypthrantes grandiflora 5 4 0,1122 2,5 2,53 1,57 6,60
Tabebuia cassinoides 5 5 0,0412 2,5 3,16 0,58 6,24
Talauma ovata 5 3 0,0696 2,5 1,90 0,98 5,37
Solanum pseudo-quina 3 2 0,1678 1,5 1,27 2,35 5,12
Pseudobombax grandiflorum 4 4 0,0332 2,0 2,53 0,47 5,00
Hymenaea sp. 4 4 0,0288 2,0 2,53 0,40 4,94
Solanum argenteum 4 3 0,0481 2,0 1,90 0,67 4,57
Hyeronima alchorneoides 2 2 0,1575 1,0 1,27 2,21 4,48
Trichila silvatica 3 3 0,0721 1,5 1,90 1,01 4,41
Marlierea parviflora 3 3 0,0714 1,5 1,90 1,00 4,40
Inga edwalli 5 2 0,0445 2,5 1,27 0,62 4,39
Continua
98
Continuação
Licaria armeniaca
Alchornea glandulosa
4
2
3
2
0,0259
0,1273
2,0
1,0
1,90
1,27
0,36
1,79
4,26
4,05
Cariniana legalis 2 2 0,1242 1,0 1,27 1,74 4,01
Licania hoehnei 4 2 0,0419 2,0 1,27 0,59 3,85
Eugenia sp. 1 3 3 0,0260 1,5 1,90 0,36 3,76
Conchocarpus fontanesianus 3 2 0,0543 1,5 1,27 0,76 3,53
Eugenia cerasiflora 3 2 0,0473 1,5 1,27 0,66 3,43
Cupania oblongifolia 2 2 0,0772 1,0 1,27 1,08 3,35
Albizia hassleri 1 1 0,1387 0,5 0,63 1,95 3,08
Calypthrantes lucida 3 2 0,0207 1,5 1,27 0,29 3,06
Piper sp. 3 2 0,0174 1,5 1,27 0,24 3,01
Piper miquelianum 2 2 0,0526 1,0 1,27 0,74 3,01
Ecclinusa ramiflora 2 2 0,0514 1,0 1,27 0,72 2,99
Pouteria sp. 2 2 0,0176 1,0 1,27 0,25 2,51
Vernonia discolor 2 1 0,0623 1,0 0,63 0,87 2,51
Miconia sp. 2 2 0,0122 1,0 1,27 0,17 2,44
Euterpe edulis 2 2 0,0112 1,0 1,27 0,16 2,42
Chrysophyllum inornatum 2 2 0,0093 1,0 1,27 0,13 2,40
Ocotea dispersa 2 2 0,0088 1,0 1,27 0,12 2,39
Duguetia lanceolata 2 2 0,0081 1,0 1,27 0,11 2,38
Myrcia cf. pubipetala 1 1 0,0796 0,5 0,63 1,12 2,25
Inga marginata 2 1 0,0247 1,0 0,63 0,35 1,98
Virola oleifera 1 1 0,0562 0,5 0,63 0,79 1,92
Myrcia rostrata 2 1 0,0153 1,0 0,63 0,21 1,85
Rollinia sericea 1 1 0,0460 0,5 0,63 0,64 1,78
Pillocarpus sp. 2 1 0,0062 1,0 0,63 0,09 1,72
Eugenia cf, multicostata 1 1 0,0368 0,5 0,63 0,52 1,65
Eugenia veriflora 1 1 0,0368 0,5 0,63 0,52 1,65
Nectandra membranacea 1 1 0,0287 0,5 0,63 0,40 1,53
Psychotria mapoureoides 1 1 0,0199 0,5 0,63 0,28 1,41
Tibouchina estrellensis 1 1 0,0191 0,5 0,63 0,27 1,40
Jacaratia spinosa 1 1 0,0140 0,5 0,63 0,20 1,33
Nectandra oppositifolia 1 1 0,0140 0,5 0,63 0,20 1,33
Licania sp. 1 1 0,0103 0,5 0,63 0,14 1,28
Bactris setosa 1 1 0,0103 0,5 0,63 0,14 1,28
Casearia sylvestris 1 1 0,0097 0,5 0,63 0,14 1,27
Holocalyx balansae 1 1 0,0087 0,5 0,63 0,12 1,25
Campomanesia xantocarpa 1 1 0,0087 0,5 0,63 0,12 1,25
Rudgea sp. 1 1 0,0087 0,5 0,63 0,12 1,25
Nectandra grandiflora 1 1 0,0050 0,5 0,63 0,07 1,20
Jacaranda micrantha 1 1 0,0042 0,5 0,63 0,06 1,19
Urera baccifera 1 1 0,0038 0,5 0,63 0,05 1,19
Dahlstedtia pinatta 1 1 0,0032 0,5 0,63 0,04 1,18
Myrcia richardiana 1 1 0,0029 0,5 0,63 0,04 1,17
Coussarea contracta 1 1 0,0029 0,5 0,63 0,04 1,17
Miconia latecrenata 1 1 0,0023 0,5 0,63 0,03 1,17
Mollinedia uleana 1 1 0,0023 0,5 0,63 0,03 1,17
Indeterminada 1 1 0,0023 0,5 0,63 0,03 1,17
Gomidesia sp. 1 1 1 0,0020 0,5 0,63 0,03 1,16
Gomidesia sp. 2 1 1 0,0020 0,5 0,63 0,03 1,16
Alibertia myrcifolia 1 1 0,0020 0,5 0,63 0,03 1,16
Allophyllus edulis 1 1 0,0018 0,5 0,63 0,03 1,16
99
Os dados numéricos relevantes que podem subsidiar o projeto de recomposição
vegetal são: número de indivíduos por espécie, número de ocorrência da espécie nos
pontos amostrais (freqüência) e área basal (área calculada a partir do diâmetro do tronco
a 1,30m do solo). A seguir têm-se comentários das espécies que se destacaram em um
desses estimadores relacionadas com a Tabela 5.8, conforme relatado por Lorenzi
(1998).
A maria-mole (Guapira opposita) destacou-se em relação ao número de
indivíduos amostrados e freqüência na área. Trata-se de uma espécie heliófita até
ciófita, freqüente nas matas pluviais da encosta Atlântica e da restinga. É considerada
uma árvore ótima para a composição de reflorestamentos mistos destinados à
recuperação de áreas degradadas e os pássaros procuram muito pelo seus frutos,
auxiliando em sua disseminação.
Trichilia pallens e Guarea macrophylla (marinheiro) o espécies características
de ambientes úmidos, solos hidromórficos, com alta densidade em matas ripárias.
Dependendo do nível de encharcamento do solo, chegam a ser dominantes nas matas.
Nectandra puberula (canela) apresenta indivíduos de grande porte, sendo
representativo no dossel da mata. É heliófita até ciófita, apresenta copa frondosa e frutos
com receptáculo avermelhado, chamando a atenção de pássaros. Pode ser utilizada na
arborização de parques e grandes jardins, e também, no reflorestamento misto.
O araticum (Guatteria australis) é uma espécie ciófita, indiferente às condições de
solo. É também indicada para reflorestamentos mistos e arborização urbana. Seus frutos
nigrescentes são avidamente procurada por pássaros.
A figueira (Ficus enormis) destaca-se pelo seu porte, altura e área basal do tronco
bastante expressiva (um único indivíduo com 0,5801 m
2
), sendo importante fonte de
recursos alimentares, além de proporcionar sombreamento. É heliófita até mesófita,
característica da mata pluvial Atlântica. Ocorre predominantemente em formações
secundárias, principalmente sobre fendas de pedras, onde desenvolve imenso sistema
radicular.
O guapuruvu (Schizolobium parahyba) é decídua, heliófita e pioneira,
característica da mata pluvial Atlântica. É freqüente nas planícies aluviais ao longo de
rios e nas depressões das encostas chega a formar densos agrupamentos. Prefere as
matas abertas e capoeiras. É uma das plantas de mais rápido crescimento, sendo
bastante indicada para reflorestamentos.
100
O pau-jacaré (Piptadenia gonoacantha) é semi-decídua, heliófita. Ocorre quase
sempre em associações secundárias como capoeiras e capoeirões. Como posssui
crescimento pido é indispensável nos reflorestamentos mistos destinados à
recomposição de áreas degradadas.
5.4 – Proposta para a recuperação da área de estudo
A proposta para a recuperação da área de estudo visa evitar a evolução de
processos erosivos, de modo que, os riscos à movimentos de massa e rolamento de
blocos possam ser minimizados e/ou evitados. A recomposição vegetal com espécies
nativas do local, permitirá também as interações ecológicas, contribuindo assim, para o
restabelecimento de outros elementos importantes à sustentabilidade do sistema como
os microrganismos, a fauna silvestre, a recuperação da paisagem, entre outros.
Para efeitos de recuperação da área, acrescenta-se também, o fato de que a Base
de Pesquisa está inserida em Área de Preservação Permanente, de acordo com a Lei
7.803 de 18/07/1989 (Brasil,1989) do Código Florestal, conforme os seus artigos e
10º:
Artigo - Consideram-se de preservação permanente, as florestas e demais formas de
vegetação natural situadas:
a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d’água desde o seu nível mais alto em
faixa marginal cuja largura mínima será:
1) de 30 metros para os cursos d’água de menos de 10 (dez) metros de
largura.
Artigo 10º - o é permitida a derrubada de florestas, situadas em áreas de inclinação
entre 25º a 45º, sendo nelas toleradas a extração de toros, quando em regime de
utlização racional, que vise a rendimentos permanentes.
Assim, tendo-se em vista que, para o combate à erosão é necessário que se tenha
uma cobertura rápida do solo e, segundo a Secretaria de Meio Ambiente de São Paulo
(2000), pode-se adotar, nesses casos, espaçamentos que permitam 2.000 plantas por
hectare (2,5 x 2,0 metros), o modelo adotado para o reflorestamento será de 80 espécies;
sendo 40 espécies denominadas pioneiras (PI), correspondentes a 4800 mudas; e 40
espécies, denominadas não-pioneiras (NP), correspondentes a 4800 mudas,
representando cerca de 9600 mudas plantadas na área. Dando continuidade ao programa
de reflorestamento, na fase posterior (90 dias após o início da recuperação) deverá haver
101
o aprimoramento deste reflorestamento com a substituição das mudas que não
vingaram.
A composição das espécies propostas nos modelos sucessionais pode ser
facilitada quando os parâmetros são extremos (PI ou NP), característica esta que,
também, motivou a escolha das espécies para o modelo proposto, pois os funcionários
da Universidade São Marcos que irão trabalhar com as mudas apresentam baixa
escolaridade, facilitando assim, para aqueles empregados, o trato com as essências. Em
outras palavras, facilidades práticas.
No levantamento fitossociológico realizado no entorno da área de estudo, 73
espécies diferentes foram identificadas, entre pioneiras e não-pioneiras. Entretanto, a
escolha de 80 espécies para o modelo proposto está baseada na Resolução da Secretaria
de Meio Ambiente do Estado de São Paulo (SMA/47-São Paulo,2003) em que fixa
orientação para o reflorestamento heterogêneo de áreas degradadas, entre as quais:
- as espécies escolhidas deverão contemplar os dois grupos ecológicos: pioneiras
(pioneiras e secundárias iniciais) e não-pioneiras (secundárias tardias e
climácicas), considerando-se o limite mínimo de 40% para qualquer dos grupos;
- com relação ao número de indivíduos por espécie, nenhuma espécie pode
ultrapassar o limite máximo de 20% do total do plantio;
- a recuperação florestal de áreas degradadas nas formações de floresta ombrófila,
será efetivada mediante o plantio de mudas de, no mínimo, 80 espécies arbóreas
das formações vegetais de ocorrência regional.
Dessa forma, o reflorestamento deverá ser executado através de plantio de mudas,
produzidas em viveiros, com espécies nativas da Mata Atlântica do Litoral Norte.
A Figura 17 ilustra o modelo proposto para o reflorestamento da área de estudo.
Modelo proposto por Macedo, 1993. PI= Pioneiras e NP = Não-Pioneiras
Figura 17 – Modelo em linha proposto para o reflorestamento.
PI NP PI NP PI NP PI NP PI
NP PI NP PI NP PI NP PI NP
PI NP PI NP PI NP PI NP PI
NP PI NP PI NP PI NP PI NP
PI NP PI NP PI NP PI NP PI
NP PI NP PI
NP PI NP PI NP
102
As espécies propostas para o reflorestamento da área de estudo estão descritas nas
Tabelas 5.9 e 5.10.
Tabela 5.9 - Espécies propostas para o reflorestamento da área de estudo
Classe Sucessional Pioneira
Família-Espécie
SD
Nome popular
Quantidade de mudas
Annonaceae
Duguetia lanceolata ZOO
articum 120
Anacardiaceae
Tapirira guianensis ZOO
peito-de-pomba 120
Annonaceae
Annona cacans aracaticum 120
Aquifoliaceae
Ilex paraguariensis erva-mate 120
Araliaceae
Dendropanax cuneatum maria-mole 120
Arecaceae
Sygrus romanzoffiana jerivá 120
Asteraceae
Veronia discolor ANE
vassourão 120
Bignoniaceae
Tabebuia cassinoides ANE
caixeta 120
Boraginaceae
Cordia sellowiana chá-de-bugre 120
Caricaceae
Jacaratia spinosa ZOO
fruta-de-veado 120
Cecropiaceae
Cecropia pachystachya embaúba 120
Euphorbiaceae
Alchornea glandulosa ZOO
tapiá 120
Mabea fistulifera canudo-de-pito 120
Pêra glabrata tamanqueira 120
Sapium glandulatum pau-de-leite 120
Flacourtiaceae
Casearia sylvestris ZOO
guaçatonga 120
Lauraceae
Ocotea puberula ZOO
canela 120
Leg. Caesalpinioideae
Acacia polyphylla ANE
monjoleiro 120
Albizia hassleri ANE
farinha-seca 120
Anadenanthera colubrina ZOO
angico-branco 120
Inga edwalli ANE
ingá 120
Inga marginata ANE
ingá 120
Continua …
103
Continuação
Piptadenia gonoacantha
ANE
pau-jacaré
120
Schizolobium parahiba
ANE
guapuruvu, ficheira
120
Senna multijuga 120
Leg. Mimosoideae
Lonchocarpus muehlbergianus
bico-de-pato 120
Machaerium nyctitans bico-de-pato 120
Melastomataceae
Mia latecrenata 120
Miconia sp ZOO
120
Tibouchina estrellensis ZOO
120
Tibouchina mutabilis manacá-da-serra 120
Tibouchina pulchra manacá-da-serra 120
Myrsinaceae
Rapanea ferruginea capororoca 120
Solanaceae
Solanum argentum ZOO
120
Solanum pseudo-quina ZOO
joá-deárvore 120
Sterculiaceae
Guazuma ulmifolia mutamba-preta 120
Ulmaceae
Trema micrantha crindiuva 120
Verbenaceae
Citharexylum myrianthum pau-de-viola 120
Vitex polygama tarummã 120
Urticaceae
Urera baccifera ZOO
urtiga 120
Total
4800
104
Tabela 5.10 - Espécies propostas para o reflorestamento da área de estudo
Classe Sucessional Não-Pioneira
Família – Espécie
SD Nome popular
Quantidade de mudas
Annonaceae
Guatteria australis
Rollinia sericea
ZOO araticum
aracaticum-alvádio
272
34
Arecaceae
Bactris setosa
Euterpe edulis
Bombacaceae
palmeira-coco-de-
natal
palmito-juçara
34
68
Pseudobombax grandiflorum ANE imbiruçú 136
Chrysobalanaceae
Licania hoehnei
Licania sp
ZOO 136
34
Euphorbiaceae
Hyeronima alchorneoides
68
Lauraceae
Licaria armeniaca
Nectandra membranaceae
ZOO
136
34
Nectandra puberula
Nectandra oppositifolia
ZOO Canela
Canela-amarela
204
34
0Lecythidaceae
Cariniana legalis ANE 68
Leguminosae
Hymenaea sp. ZOO 136
Magnoliaceae
Talauma ovata ZOO pinha-d'água 170
Meliaceae
Guarea macrophylla ZOO marinheiro 272
Trichila silvatica ZOO 103
Trichilia pallens ZOO 374
Moraceae
Ficus enormis
Myrtaceae
figueira-da-pedra
34
Calypthrantes grandiflora ZOO murta 170
Calypthrantes lucida ZOO murta 103
Eugenia cerasiflora ZOO murta 103
Eugenia sp. 1 ZOO murta 103
Coninua …
105
Continuação
Eugenia sp. 2
ZOO
murta
136
Marlierea parviflora
Myrcia cf. multicostata
Myrcia richardiana
Myrcia rostrata
Myristicaceae
Virola oleifera
ZOO murta
guamirim-de-
folha-seca
bicuíba
103
34
34
68
34
Nyctaginaceae
Guapira opposita ZOO maria-mole 680
Piperaceae
Piper miquelianum ZOO 68
Piper sp.
Rubiaceae
ZOO 103
Alibertia myrcifolia
Psychotria mapoureoides
34
34
Rutaceae
Conchocarpus fontanesianus
Pillocarpus sp
ZOO 102
68
Sapindaceae
Cupania oblongifolia
ZOO
68
Sapotaceae
Crysophyllum inornatum
68
Ecclinusa ramiflora ZOO 68
Pouteria sp. ZOO 68
Symplocaceae
Symplocos celastrinea ZOO 204
Total
4800
A escolha das espécies para a composição deste modelo obedeceu ao seguinte
critério:
Pioneiras: no levantamento fitossociológico realizado no entorno da área foram
amostradas 17 espécies pioneiras; as 23 espécies restantes que complementam o modelo
para as espécies pioneiras estão baseadas em uma listagem de espécies arbóreas nativas,
elaborada pela Secretaria de Meio Ambiente de São Paulo (2001), que ocorrem na Mata
Atlântica do Litoral Norte do Estado de São Paulo.
Não-Pioneiras: das 55 espécies amostradas de espécies não-pioneiras, o modelo
proposto está baseado proporcionalmente no número de indivíduos (NI), da Tabela 5.7,
para as 40 espécies que mais ocorreram.
106
A opção pelo plantio heterogêneo de espécies na área de estudo está baseada na
prática de se plantar o conjunto de diferentes espécies numa mesma área, recriando
condições, mais próximo possível, das florestas naturais. Para avaliar o potencial de
repovoamento vegetal e acelerar o processo de sucessão secundária na área de estudo
para a recuperação, vários modelos poderão ser implantados de acordo com a adequação
à situação local. Entre os aspectos abordados para o modelo adotado, ênfase deve ser
dada aos aspectos relacionados à sucessão secundária; à disponibilidade de sementes do
local (banco de sementes) e da região (fonte de sementes); à implantação de viveiros
florestais e utilização de cnicas adequadas para a produção de mudas; à seleção das
espécies a serem utilizadas nos diferentes estágios de sucessão vegetal; às suas
características ecofisiológicas e seus habitats naturais (Secretaria de Meio Ambiente de
São Paulo, 2000).
A recomendação para este modelo é de que as espécies pioneiras (com
comportamento heliófilo, de rápido crescimento, ciclo de vida efêmero, com sementes
pequenas) que apresentam rápido estabelecimento proteja o solo rapidamente dos
efeitos da erosão, propiciem condições de desenvolvimento, através do sombreamento,
para as espécies dos demais estágios sucessionais (secundários e climácicos). Na
formação vegetal definitiva deverão permanecer, predominantemente, as espécies
climácicas conferindo alta diversidade à floresta, como também acontece naturalmente
nas florestas tropicais.
Apesar desta proposta, os conceitos para caracterização das espécies nos grupos
ecológicos ou estádios sucessionais ainda estão longe de consenso entre os
pesquisadores. Contudo, existe bom número de espécies classificadas da mesma forma
nos trabalhos de diferentes autores. Tal fato é compreensível, que a classificação de
cada um, em geral, é baseada em poucos aspectos, como a disponibilidade de luz, ou o
tipo de crescimento. Além disso, são resultados obtidos regionalmente ou até em sítios
específicos de observação. Um fato que precisa ser ressaltado é que pode ocorrer
comportamento diferenciado de uma mesma espécie quando plantada em locais
diferentes, em função da variação de alguma característica específica do sítio. Isto em
geral está ligado à existência da interação entre o genótipo e o ambiente, razão pela qual
não se recomenda a generalização das informações sobre o comportamento das espécies
de um local ou região para outra (Secretaria de Meio Ambiente de São Paulo, 2000).
Apesar destas dificuldades, muitos resultados de pesquisas têm mostrado o
comportamento da maioria das espécies como pioneiras ou como climácicas. A grande
107
dificuldade ocorre entre as secundárias, razão pela qual vários trabalhos têm proposto
modelos que consideram apenas a divisão das espécies em heliófilas ou pioneiras (PI) e
umbrófilas ou não pioneiras (NP), entre outros, o que tem propiciado várias listagens
com a classificação coincidente para a maioria das espécies. É preciso lembrar, no
entanto que, a essência destes modelos é a distribuição territorial das espécies, de
acordo com o grupo sucessional, de modo que cada uma cumpra sua função ecológica
levando à formação de floresta. Neste sentido, o modelo proposto pode ainda ser
adaptado quanto ao espaçamento e à composição, visando atender a situação desejada.
Espaçamentos mais adensados, como o de 2.500 plantas por hectare, têm propiciado
bons resultados, até em áreas mais degradadas; ou 3,0 x 3,0 metros (1.100
plantas/hectare), para o caso de cobertura mais lenta (Secretaria de Meio Ambiente de
São Paulo, 2000).
Apesar de existirem muitos modelos de repovoamento florestal heterogêneo com
espécies nativas para recuperação de áreas degradadas, nenhum deles pode ser
considerado ideal para todos os casos, face ao grande número de variáveis possíveis de
interferir no desempenho das espécies em um determinado local ou modelo.
5.5 - O monitoramento e a avaliação para a área de estudo
Para as fases pós-implantação, o monitoramento e a avaliação para a recuperação
da área de estudo deverão ser levados em conta os seguintes pontos (Rodrigues &
Gandolfi, 1998):
a) Desenvolvimento das mudas: esse desenvolvimento pode ser avaliado considerando
parâmetros como o diâmetro na base do caule, que expressa a área basal; a altura
total e do fuste, que permite identificar o volume; estado fitossanitário da muda,
entre outros. Esses dados devem ser considerados individualmente por espécie, em
face do desenvolvimento diferencial das espécies, em função do estágio sucessional;
b) Cobertura do solo: esse parâmetro deverá ser avaliado considerando a forma e
dimensões da copa. Deverá ser considerado ainda, na cobertura do solo, a produção
de serapilheira, que efetivará o o controle da erosão superficial, como todo o
processo de dinâmica florestal. Essa serapilheira pode ser avaliada quantitativa e
qualitativamente (porções de folhas, ramos e partes reprodutivas, como flores, frutos
108
e sementes), usando para isso coletas instantâneas de serapilheira, com posterior
separação e pesagem (peso seco), ou coletadores de serapilheira (caixas teladas de
1x1m, a 10cm do solo), que permitirão coletas regulares de serapilheira para
avaliação, ou apenas a serapilheira acumulada;
c) Regeneração natural: o uso de coletores ou a avaliação da produção de serapilheira
permitem, ainda, avaliar a chegada de sementes ao solo, oriundas da própria
restauração ou de outros remanescentes no entorno. Nos coletores, a quantificação
da chegada de sementes é direta, podendo-se inclusive identificá-las ao nível
específico, com auxílio de especialistas. Essa avaliação permite a obtenção de dados
sobre a regeneração natural ao longo do tempo, que, somados aos dados de
ocorrência de plântulas e indivíduos jovens, vão definir a sustentabilidade da área
revegetada;
d) Fisionomia: neste item os aspectos usados para avaliação e monitoramento poderão
ser:
Estruturação dos estratos: presença de dossel contínuo ou irregular, de subosque, de
indivíduos emergentes, entre outros.
Formas de vida: formas de vida ocorrentes (dominantes, em desequilíbrio),
ocorrência de clareiras (tamanhos e origens), alinhamentos dos indivíduos
(alinhamento de plantio já mascarado ou não) e outros.
e) Diversidade: está diretamente correlacionada com a regeneração natural e constitui-
se no mais importante instrumento de avaliação e monitoramento de projetos de
recuperação, que o sucesso deste projeto é de correlação estreita com a evolução
da diversidade na área revegetada. Essa migração de espécies poderá ser
periodicamente estimada, usando para isso métodos de avaliação de diversidade,
como o de caracterização estrutural, mas considerando aqui todas as formas de
vida, e não só a arbustivo-arbórea.
109
6. CONCLUSÃO
A caracterização da área de estudo em relação à suscetibilidade aos processos
erosivos e quanto às características da vegetação existente conduziu a opção de
revegetação com espécies nativas como alternativa mitigadora de processos erosivos. À
fim de atender a resolução 47 da Secretaria Estadual de Meio Ambiente do Estado de
São Paulo (SMA/47), foram indicadas 80 espécies para o processo de revegetação. A
seleção das espécies a serem indicadas foi baseada em levantamento fitossociológico
realizado no entorno da área. Desta maneira, optou-se por espécies com maior potencial
de adaptação às condições edafoclimáticas locais, visando a otimização da revegetação.
Assim, com a implantação do plano de revegetação, busca-se uma forma mais
rápida para a recuperação da área face à regeneração natural, tendo-se em vista que o
processo de erosão laminar, observado com o furo de sondagem e trincheiras, pode
evoluir para processos mais impactantes como erosão em ravinas, voçorocas ou
escorregamentos.
Com relação ao processo de regeneração natural, apesar de existir uma boa
resiliência (principalmente em função de seu entorno), a possibilidade de rápida
formação de uma floresta secundária é pequena devido a baixa diversidade com que o
processo vem ocorrendo, não pela necessidade de manejo de espécies invasoras não
desejáveis (gramíneas), como também pela presença antrópica (cultivo de bananeiras e
café) e de animais que buscam áreas de pastejo.
Tem-se claro que o plantio heterogêneo de espécies nativas, de diferentes
características quanto a taxa de crescimento, porte e tolerância à radiação solar, pode
resultar em comportamento diferenciado daquele esperado em indivíduos isolados ou na
floresta. Neste sentido, considerou-se tal projeto como um campo experimental onde,
pesquisas futuras poderão resultar em significativo avanço no conhecimento das
espécies implantadas.
110
Este trabalho procura alertar técnicos e autoridades para a importância de uma boa
caracterização da área, de maneira a subsidiar a elaboração do plano de revegetação,
indicado neste trabalho, como alternativa de solução à problemas relativos à
conservação do solo e flora. Alternativa que, além de contribuir na recuperação do
patrimônio natural envolve um custo social dos mais baixos comparativamente a caras e
sofisticadas obras de engenharia tradicionais.
Finalizando, pretende-se ainda que, o modelo resulte como potencial de
extrapolação para outras áreas de Floresta Ombrófila Densa de encosta, onde as
variáveis inclinação e altitudes sejam semelhantes à da área de estudo.
111
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121
ANEXOS
122
ANEXO A - ANÁLISE QUÍMICA DOS SOLOS DA ÁREA DE ESTUDO
123
ANEXO B - CARACTERÍSTICA FÍSICA DOS SOLOS DA ÁREA DE ESTUDO
124
ANEXO C - FORMULÁRIO
125
FORMULÁRIO
Parâmetros fitossociológicos (Müller-Dombois & Ellenberg, 1974; Matteucci & Colma,
1982):
Densidade absoluta (DA) = número de indivíduos da espécie i
área
Densidade relativa (DR) = n
0
de indivíduos da espécie i X 100
n
0
total de indivíduos
Freqüência absoluta (FA) = n
0
de ocorrências da espécie i
número total de unidades amostrais
Freqüência relativa (FR) = freqüência absoluta da espécie i X 100
somatória das freqüências absolutas
de todas as espécies
Dominância absoluta (DoA) = área basal da espécie i
área
Dominância relativa (DoR) = dominância absoluta da espécie i X 100
somatória das dominâncias absolutas
de todas as espécies
VI (índice de valor de importância) = (DR + FR + DoR)
diâmetro = perímetro / π
área basal (ab) = (perímetro)
2
÷ 4π = π (diâmetro ÷ 2)
2
= π
(diâmetro
2
÷ 4)
No caso da ocorrência de vários ramos (troncos) num mesmo indivíduo: 1) tira-se a
medida do C
AP separadamente; 2) calcula-se a área basal de cada ramo (tronco), referente a cada
medida tomada; 3) a área basal do indivíduo é dada pela somatória da áreas basais
do ramos.
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