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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE ENGENHARIA DE ILHA SOLTEIRA
PÓS GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA
COMPORTAMENTO DE CLONES DE SERINGUEIRA QUANTO AO
ATAQUE DE Tenuipalpus heveae BAKER (ACARI: TENUIPALPIDAE)
E POTENCIAL DE Euseius citrifolius DENMARK & MUMA (ACARI:
PHYTOSEIIDAE) COMO SEU PREDADOR
Maria de Souza Monteverde
(Bióloga)
Orientadora: Profª Drª Marineide Rosa Vieira
Dissertação apresentada à Faculdade
de Engenharia de Ilha Solteira da
Universidade Estadual Paulista –
UNESP, como parte das exigências
para obtenção do Título de Mestre em
Agronomia. Área de concentração:
Sistemas de Produção.
ILHA SOLTEIRA - SP
SÃO PAULO - BRASIL
AGOSTO – 2006
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Dedico
Aos meus pais,
Julio Monteverde e Joana Vitorino de Souza, pelo amor, pela dedicação e por tudo
que fizeram até hoje por mim, eu os agradeço.
Ao meu namorado,
Reinaldo Aparecido Duarte Cardoso, por todos os dias que esteve ao meu lado,
sendo companheiro em todos os momentos da minha vida, eu o agradeço.
A minha irmã,
Solange Sousa da Mata, pelo companheirismo.
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AGRADECIMENTOS
A Profª. Drª Marineide Rosa Vieira, por sua orientação, pela paciência, apoio e conduta
durante a condução do projeto.
Aos meus pais, Julio Monteverde e Joana Vitorino de Souza, por serem a base da minha
vida, durante todos os momentos.
Ao meu namorado Reinaldo Aparecido Duarte Cardoso, que sempre me ajudou em tudo,
indo para o laboratório me fazer companhia durante as longas madrugadas que lá passei, indo para a
Fazenda da UNESP coletar folhas, tendo paciência comigo, enfim sendo companheiro sempre e em
todo lugar.
Ao Prof. Dr. João Antônio da Costa Andrade, pela sua colaboração nas análises estatístas
desse projeto.
Aos amigos Helder Adriano de Souza da Silva e Janayna Corrêa Figueira pela colaboração
decisiva nesse trabalho e pela ótima amizade que se criou entre nós.
Aos técnicos, Cristiane Gabas Negrão M. Souza e José Antônio Agustini, pela ajuda
decisiva na elaboração desse projeto.
A todos os guardas da guarita que me trataram sempre com muito respeito e amizade, na
hora de pegar a chave para trabalhar no laboratório.
A todos os professores do Curso de pós-graduação em Agronomia (Sistemas de Produção),
especialmente aos professores Alcebíades Ribeiro Campos, Carlos Alberto H. Flechtmann e Ana
Maria Cassiolato, pela atenção e ensinamentos.
Às amigas Fabiana Queiroz Garcia, Liliam Sílvia Cândido e Larissa Cardoso de Lima por
estarem sempre ao meu lado nos momentos alegres e tristes e pelo companheirismo ao longo destes
anos e às amigas Viviane Garcia e Leandra, que apesar de estarem longe sempre foram minhas
amigas.
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Às amigas de república Fabiana Queiroz Garcia, Fabiana Garcia Azevedo e Silvia Galdino
pela amizade e ótimo convívio na casa e a pequena Geovanna Garcia que é a alegria da nossa casa e
com quem aprendi a ser tia.
À FAPESP, pela concessão de bolsa de estudos.
A todos aqueles que, de uma forma ou de outra, contribuíram para que este trabalho fosse
realizado e, acima de tudo, a DEUS.
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NA SEARA DA LUZ
Não percas tempo no caminho da vida, porque o dia responderá pelos minutos.
Não te esqueças do poder do trabalho.
Não desistas de aprender, convencido de que nada se perde.
Não hostilizes criatura alguma, porque o ódio começa onde termina a simpatia.
Não fujas à escravidão do dever, para que a tua liberdade seja digna.
Não amasses o pão de tua alegria nas lágrimas dos semelhantes.
Não esperes pelo dia de amanhã, a fim de praticar o bem ou ensiná-lo.
Não gastes somente com tua vida o que poderia servir para sustentar dez outras.
Não reclames exclusivamente em teu favor, em caso algum.
Não uses a verdade apenas para exibir a tua superioridade ou pelo simples prazer de ferir.
Não imponhas restrições ao bem de todos, para que o bem possa contar realmente contigo.
Não elogies a ti mesmo.
Não clames contra a ausência dos outros, porque provavelmente os outros esperam por teu concurso.
Não abras a tua janela na direção do pântano.
Não duvides da vitória final do bem.
Médium: Francisco Cândido Xavier
Livro: Cartas do Coração
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Monteverde, Maria de Souza. Comportamento de clones de seringueira quanto ao ataque de
Tenuipalpus heveae Baker (Acari: Tenuipalpidae) e potencial de Euseius citrifolius Denmark &
Muma (Acari: Phytoseiidae) como seu predador. Ilha Solteira, 2006. 86p. Dissertação (Mestrado
em Agronomia – Sistema de Produção) – Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira, Universidade
Estadual Paulista, Ilha Solteira, 2006.
RESUMO
O cultivo da seringueira [Hevea brasiliensis (Willd. ex Adr. de Juss.) Müell. Arg.] em
sistema de monocultura tem favorecido o desenvolvimento de várias espécies de insetos e ácaros,
entre eles, o ácaro-vermelho, Tenuipalpus heveae Baker que pode provocar intenso desfolhamento.
Entre os ácaros predadores que têm sido coletados nos seringais paulistas, Euseius citrifolius
Denmark & Muma tem sido registrado com freqüência e abundância. Para os produtores, o
conhecimento sobre a resistência dos clones ao ataque de insetos e ácaros pode ser muito
importante para o estabelecimento de estratégias de controle. O presente trabalho teve por objetivos:
1 – comparar o comportamento de clones de interesse econômico para o Estado de São Paulo,
quanto ao desenvolvimento populacional de T. heveae e à reação ao seu ataque; 2 – avaliar a
atividade predatória de E. citrifolius sobre as fases de desenvolvimento do ácaro-vermelho. Para o
experimento de clones foram utilizadas mudas ensacadas, de RRIM 600, PB 235, PR 255, RRIM
937, RRIM 938 e PB 350, infestadas artificialmente com fêmeas de T. heveae. As avaliações foram
feitas no período de dez a sessenta dias após a infestação, a cada dez dias, para contagem do número
de ovos, larvas, ninfas e adultos. A intensidade dos sintomas observados nos folíolos e nas mudas
foi avaliada através de uma escala de notas. Para a atividade predatória os testes foram realizados
em placas de Petri contendo uma camada de algodão umedecido e sobre ela um disco de folha de
seringueira de 2,5 cm de diâmetro. Três testes foram conduzidos, um para cada fase de
desenvolvimento biológico de E. citrifolius a saber: larvas, ninfas e fêmeas adultas, alimentando-se
7
de cada fase do ciclo biológico de T. heveae. As avaliações foram realizadas após 24 horas da
exposição do predador com a presa, para larvas e ninfas e após 24, 48 e 72 horas para as fêmeas
adultas do predador. O clone PB 235 foi o mais suscetível a T. heveae e os clones PR 255, RRIM
937 e RRIM 600 foram menos favoráveis ao desenvolvimento desse ácaro. Larvas e ninfas de E.
citrifolius tiveram preferência por larvas de T. heveae, enquanto fêmeas adultas preferiram larvas e
ninfas. Fêmeas do predador ao final de 72 horas, predaram, em média, 14,9 larvas, 14,2 ninfas, 6,3
adultos e 1,9 ovos. Assim, pôde-se concluir que o ácaro-vermelho é aceito por E. citrifolius, que
apresenta preferência pelas fases de larva e ninfa.
Termos de indexação: controle biológico, Hevea brasiliensis, predador, resistência,
suscetibilidade.
8
Monteverde, Maria de Souza. Response of rubber tree clones to Tenuipalpus heveae Baker
(Acari: Tenuipalpidae) attack and Euseius citrifolius Denmark & Muma (Acari: Phytoseiidae)
as its potential predator. Ilha Solteira, 2006. 86p. Dissertação (Mestrado em Agronomia – Sistema
de Produção) – Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira, Universidade Estadual Paulista, Ilha
Solteira, 2006.
Abstract – Rubber tree crops [Heveae brasiliensis (Willd. Ex Adr. de Juss.) Müell. Arg.] under
monoculture practice has contributed to the development of many insect and mite species, amongst
which, the red mite, Tenuipalpus heveae Baker, which can cause intense defoliation. Concerning
the predator mites which have been collected in the rubber tree crops in São Paulo state, Euseius
citrifolius Denmark & Muma has often been recorded in great numbers. The knowledge of the
clones’ resistance to the insects and mites attacks can be of great importance to the use of control
strategies. This study has the following objectives: 1 – to compare the development of T. heveae on
the likely clones for São Paulo state and their response to this mite attack; 2 – to evaluate the
predatory activity of E. citrifolius concerning the red mite life stages. For the clones experiment,
seedlings of RRIM 600, PB 235, PR 255, RRIM 937, RRIM 938 and PB 350, artificially infested
with T. heveae females have been used. The evaluations were done within the period of ten to sixty
days after infestation, every ten days, for eggs, larvae, nymphs and adults count. The severity of the
observed symptoms on leaflets and seedlings was evaluated according to a rating scale. The
predatory activity tests were conducted in Petri dishes with a piece of wet cotton inside on which
laid a circular piece of rubber tree leaf with a 2.5-cm diameter. Three tests were carried out, one for
each of the E. citrifolius life stages to be studied: larvae, nymphs and adult females, feeding on the
different life stages of T. heveae. The evaluations were performed after 24 hours of prey exposure to
the predator larvae and nymphs, and after 24, 48 and 72 hours when observing the predator adult
females. The PB 235 clone has been proved to be the most susceptible to T. heveae and the PR 255,
RRIM 937 and RRIM 600 clones, the least susceptible ones. E. citrifolius larvae and nymphs
9
preferred T. heveae larvae, while adult females preferred larvae and nymphs. After 72 hours, the
predator females preyed upon an average of 14.9 larvae, 14.2 nymphs, 6.3 adults and 1.9 eggs.
Therefore, the red mite is accepted by E. citrifolius, which prefers larva and nymph stages.
Index terms: biological control, Hevea brasiliensis, predator, resistance, susceptibility.
10
LISTA DE TABELAS
CAPÍTULO 2
Página
Tabela 1. Médias
1
do número total de Tenuipalpus heveae em clones de seringueira. Ilha
Solteira, SP-2005.
46
Tabela 2. Médias
1
das notas de sintomas de danos causados por Tenuipalpus heveae em
folíolos clones de seringueira. Ilha Solteira-SP, 2005.
49
11
LISTA DE FIGURAS
CAPÍTULO 2
Página
Figura 1. Número médio de ovos de Tenuipalpus heveae em clones de seringueira. Ilha
Solteira-SP, 2005.
44
Figura 2. Número médio de larvas de Tenuipalpus heveae em clones de seringueira. Ilha
Solteira-SP, 2005.
44
Figura 3. Número médio de ninfas de Tenuipalpus heveae em clones de seringueira. Ilha
Solteira-SP, 2005.
45
Figura 4. Número médio de adultos de Tenuipalpus heveae em clones de seringueira. Ilha
Solteira-SP, 2005.
46
Figura 5. Médias do número total de Tenuipalpus heveae em clones de seringueira. Ilha
Solteira-SP, 2005.
47
Figura 6. Médias do número total de Tenuipalpus heveae em clones de seringueira. Ilha
Solteira-SP, 2005.
48
Figura 7. Médias das notas atribuídas aos folíolos em relação à intensidade de sintomas
causados por Tenuipalpus heveae em clones de seringueira. Ilha Solteira-SP,
2005.
49
Figura 8. Médias das notas atribuídas aos sintomas de Tenuipalpus heveae nas mudas de
clones de seringueira. Ilha Solteira-SP, 2005.
50
Figura 9. Notas atribuídas aos sintomas de Tenuipalpus heveae nas mudas de clones de
seringueira. Ilha Solteira-SP, 2005.
51
Figura 10. Números de folíolos amarelados com T. heveae e C. heveae em mudas de clones
de seringueira. Ilha Solteira-SP, 2005.
53
12
Figura 11. Número de folíolos com C. heveae em mudas de clones de seringueira. Ilha
Solteira-SP, 2005.
53
Figura 12. Clones PB 235 (à direita) praticamente sem folhas e PB 350 (à esquerda), ainda
enfolhado.
54
Figura 13. Clone RRIM 938 com sintomas de amarelecimento.
54
Figura 14. Clones PB 235 (com folíolos amarelados), RRIM 600 (atrás, à direita) e PR 255
(atrás, à esquerda) enfolhados.
55
Figura 15. Clone RRIM 937 com poucos folíolos amarelados.
55
13
LISTA DE FIGURAS
CAPÍTULO 3
Página
Figura 1. Potes plásticos de criação de E. citrifolius.
65
Figura 2. Placa de Petri onde foram realizados os experimentos.
65
Figura 3. Fêmea de E. citrifolius se alimentando de pólen de T. angustifolia (à esquerda) e
ninfa se alimentando de uma larva de T. heveae com coloração avermelhada (à
direita).
66
Figura 4. Número médio de ovos, larvas, ninfas e adultos de T. heveae predados por
larvas (A), ninfas (B) e fêmeas adultas (C) de E. citrifolius durante 24 horas.
Ilha Solteira-SP, 2005.
69
Figura 5. Número médio de T. heveae predados por fêmeas adultas de E. citrifolius durante
24, 48 e 72 h. Ilha Solteira – SP, 2005.
70
14
LISTA DE TABELAS
CAPÍTULO 5
Página
ANEXO 1
Figura 16. Dados climáticos. Em cada data, o valor apresentado representa a média (para
temperatura e umidade relativa do ar) ou o total (para precipitação) registrados
nos três dias anteriores. Ilha Solteira-SP, 2005.
85
ANEXO 2
Tabela 3. Número de folíolos amarelados com presença de Tenuipalpus heveae e média do
número de ovos e ácaros encontrados na superfície total dos folíolos. Ilha Solteira-
SP, 2005.
86
ANEXO 3
Tabela 4. Número de folíolos amarelados com presença de C. heveae e média do número de
exúvias e ácaros encontrados na superfície total dos folíolos. Ilha Solteira-SP,
2005.
87
15
SUMÁRIO
Página
CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS ....................................................................... 17
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 17
2. REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................................. 20
2.1. A cultura da seringueira .................................................................................................. 20
2.2. Ácaros da seringueira ...................................................................................................... 22
2.2.1. Espécies fitófagas ................................................................................................... 22
2.2.2. Espécies predadoras ............................................................................................... 24
2.3. Tenuipalpus heveae ......................................................................................................... 26
2.4. Euseius citrifolius ............................................................................................................ 27
2.4.1. Ocorrência .............................................................................................................. 27
2.4.2. Dados biológicos .................................................................................................... 28
2.4.3. Predação ................................................................................................................. 29
2.5. Resistência de clones de seringueira a ácaros fitófagos .................................................. 31
2.6. Características dos clones utilizados no trabalho ............................................................ 32
CAPÍTULO 2 ............................................................................................................................ 36
COMPORTAMENTO DE CLONES DE SERINGUEIRA QUANTO AO ATAQUE DE
Tenuipalpus heveae BAKER (ACARI: TENUIPALPIDAE) ...................................................
36
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 36
2. MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................................. 39
3. RESULTADOS ..................................................................................................................... 43
4. DISCUSSÃO ........................................................................................................................ 56
5. CONCLUSÕES .................................................................................................................... 60
CAPÍTULO 3 ............................................................................................................................ 61
ATIVIDADE PREDATÓRIA DE Euseius citrifolius DENMARK & MUMA (ACARI:
PHYTOSEIIDAE) SOBRE O ÁCARO-VERMELHO DA SERINGUEIRA Tenuipalpus
heveae BAKER (ACARI: TENUIPALPIDAE) ........................................................................
61
16
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 61
2. MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................................. 64
3. RESULTADOS ..................................................................................................................... 68
4. DISCUSSÃO ....................................................................................................................... 71
CAPÍTULO 4 ............................................................................................................................ 73
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................ 73
CAPÍTULO 5 ............................................................................................................................ 84
ANEXOS .................................................................................................................................. 84
17
CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS
1. INTRODUÇÃO
A borracha natural é feita do látex extraído da seringueira [Hevea brasiliensis (Willd. ex
Adr. de Juss.) Müell. Arg.], planta pertencente à família Euphorbiaceae (SILVA, 1972). Essa
cultura possui inúmeras vantagens, mas a principal delas é de ordem econômica. Ao contrário da
maioria das culturas que necessitam ser colhidas, armazenadas e possuem tempo certo para serem
comercializadas e consumidas, esta não requer nenhum desses quesitos. Se o preço estiver baixo, ou
se houver muita borracha no mercado, o produtor deixa de sangrar e a própria árvore se incumbe de
armazenar sua matéria-prima (CORTEZ et al., 2003).
Essa cultura foi implantada na Amazônia Brasileira pela Companhia Ford (Fordlândia) em
1927, onde se pretendia plantar 30.000 hectares de seringais. Naquele local, o mal-das-folhas
manifestou-se de forma violenta e o êxito da heveicultura no Brasil somente foi alcançado com o
plantio em regiões onde as condições climáticas dificultaram a ocorrência, em forma epidêmica, do
seu agente etiológico, o fungo Microcyclus ulei (P. Henn.) v. Arx. (PINHEIRO et al., 2003). Nas
regiões Sudeste e Centro-Oeste do Brasil a seringueira encontrou condições edafoclimáticas
adequadas, particularmente nos estados de São Paulo, Goiás, Mato Grosso, Bahia e Espírito Santo.
18
Além disso, nessas regiões, há mão-de-obra especializada e maior volume de capital para
investimento (ROSSMANN et al., 2006).
O Brasil ocupa a 8ª posição no mercado mundial de borracha natural tendo produzido em
2003, 156 mil toneladas de borracha seca, 50,65% das quais, saídas dos seringais paulistas (NEHMI
et al., 2006; TSUNECHIRO; MARTINS, 2006).
Essa cultura é comumente atacada por diversas espécies de insetos e ácaros nas áreas onde é
cultivada, sendo algumas dessas espécies consideradas pragas de importância econômica, com
destaque no Estado de São Paulo, para os ácaros e o percevejo-de-renda (Leptopharsa heveae Drake
& Poor) (GALLO et al., 2002; BENESI, 1999). Entre os ácaros fitófagos, os de maior importância
econômica são Calacarus heveae Feres e Tenuipalpus heveae Baker (HERNANDES; FERES,
2006).
O ácaro-vermelho-da-seringueira T. heveae foi primeiramente descrito por Baker (1945) em
folhas de seringueira em Belterra, no Estado do Pará. Atualmente esse ácaro é registrado em grande
abundância no Estado de São Paulo e Mato Grosso (FERES et al., 2002; FERLA, 2001). Em áreas
atacadas por T. heveae tem-se observado intensa desfolha precoce das plantas (VIEIRA; GOMES,
2003).
Levantamentos populacionais recentes realizados na cultura da seringueira têm registrado
uma grande quantidade de espécies de ácaros predadores, com destaque para a família Phytoseiidae.
Entre elas, E. citrifolius Denmark & Muma tem sido coletado com freqüência e em abundância em
seringais dos Estados de São Paulo e Mato Grosso (FERES et al., 2002; BELLINI et al., 2005a; VIS
et al., 2006). Esse ácaro é uma espécie de ocorrência comum em cultura de citros no Estado de São
Paulo, onde é considerado um importante predador do ácaro-da-leprose, Brevipalpus phoenicis
Geijskes, espécie próxima à T. heveae, uma vez que também pertence à família Tenuipalpidae
(GRAVENA, 2000; FLECHTMANN; ARLEU, 1984). Sua capacidade de predação já foi avaliada
para o ácaro-da-leprose e para o ácaro da mandioca, Mononychellus tanajoa (Bondar) (GRAVENA
et al., 1994; FURTADO; MORAES, 1998).
19
De grande interesse para os heveicultores são informações sobre o comportamento
fitossanitário dos clones em produção e principalmente daqueles que poderão vir a ser
recomendados para possíveis expansões da cultura. Na implementação de novos plantios, a escolha
correta de clones é o fator mais importante, os quais devem apresentar produtividade, resistência a
pragas e doenças, precocidade, qualidade da borracha e adaptação do clone à região (BENESI,
1999; SOARES, 2000). Dentro da perspectiva do manejo integrado de pragas, o uso de material
resistente pode ser uma importante estratégia de controle, reduzindo os custos de produção e os
riscos ambientais.
Considerando-se a importância crescente do ácaro T. heveae para a cultura da seringueira, o
presente trabalho teve como um de seus objetivos avaliar o comportamento de clones de interesse
econômico quanto ao ataque dessa espécie. Uma vez que, E. citrifolius é uma espécie freqüente e
abundante na cultura e considerado um predador importante de outro tenuipalpídeo, o ácaro-da-
leprose de citros, o segundo objetivo foi avaliar a sua atividade predatória sobre as fases de
desenvolvimento de T. heveae.
20
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. A cultura da seringueira
A seringueira é uma planta de clima tropical, com excepcionais condições de rusticidade e
capacidade de adaptação a diferentes padrões climáticos e edáficos (BENESI, 1999). Dela se extrai
o látex para obtenção da borracha natural, matéria prima imprescindível para a manufatura de
grande variedade de produtos de uso humano e industrial, considerada estratégica ao lado do
petróleo e do aço (CORTEZ et al., 2003). Também pode funcionar como corredor ecológico entre
fragmentos de mata nativa e representa uma alternativa à utilização de uma fonte não-renovável – o
petróleo, usado na fabricação de borracha sintética, sendo forte candidata ao mercado de créditos de
carbono (ROSSMANN et al., 2006).
No período de 1827 a 1912, o Brasil teve hegemonia no mercado mundial da borracha. A
partir de então, surgiram como fortes competidores os países do Sudeste Asiático, que, com a coleta
de semente na Amazônia pelos ingleses, desenvolveram o cultivo de seringueira com sucesso, dado
que a região não era fonte do fungo causador do mal das folhas, M. ulei. Assim, a partir de 1912, as
exportações brasileiras de borracha natural foram sendo substituídas continuamente até
praticamente serem paralisadas no final da década de 40. Com a intensificação do desenvolvimento
industrial do País, na década de 50, cresceu a demanda por borracha natural que somente seria
21
atendida pelas importações, iniciadas em 1951. Nos anos setenta e oitenta o País investiu mais de
US$1,00 bilhão objetivando viabilizar a cultura na região amazônica, mas sem sucesso, em função
do efeito devastador do fungo M. ulei. Apenas os seringais formados fora da região amazônica se
viabilizaram e entre eles os do Estado de São Paulo, em função do clima seco no período de troca
das folhas, junho a setembro, desfavorável ao fungo (PINO et al., 2000).
A produção nacional, estagnada na década de 70, cresceu graças à incorporação de áreas de
cultivo em regiões fora da Amazônia, nos Estados de Mato Grosso, Bahia, Goiás, Mato Grosso do
Sul, Pernambuco, Maranhão, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Paraná, Minas Gerais e São Paulo
(CORTEZ et al., 2003). Da produção total do país em 2003, de 156 mil toneladas de borracha seca,
o Estado de São Paulo participou com 81 mil toneladas, seguido por Mato Grosso (25 mil
toneladas), Bahia (22 mil toneladas) e Espírito Santo (7 mil toneladas) (NEHMI et al., 2006).
A demanda mundial de borracha vem aumentando ano a ano e já se pode observar uma certa
escassez do produto natural, que tende a se agravar nos próximos anos, levando à substituição da
borracha natural pela sintética, elevação dos preços dos pneus, dentre outras conseqüências que
podem afetar o cotidiano das pessoas (EDITORIAL, 2004a).
De 1970 a 2001 o consumo de borracha natural no Brasil cresceu à taxa anual de 5,77%
enquanto a produção teve aumentos anuais de 3,88%. Essa diferença foi coberta com importações
de borracha seca cujo crescimento foi de 7,97% ao ano. Para que o país possa ser auto-suficiente em
borracha natural considerando-se o crescimento do consumo em 2,2% ao ano e uma produtividade
média de 1200 kg/ha, deveriam ser plantados cerca de 160 mil hectares nos próximos dez anos para
atender a totalidade da demanda (MORCELLI, 2002). A expansão da área plantada no Estado de
São Paulo é um dos objetivos dos técnicos do setor, o que pode ser comprovado pelo aumento
ocorrido no período de 1998 a 2003, de 2453 UPAs (Unidades de Produção Agropecuária) para
2550 UPAs, que corresponde a 20,3 milhões de pés distribuídos em 44 mil ha. (EDITORIAL,
2004a; FRANCISCO et al., 2004).
22
Os seringais paulistas apresentam uma produtividade média superior a 1200kg/ha por ano,
chegando a valores acima de 1500kg/ha onde há maior conhecimento tecnológico. Esses índices,
comparados com as médias dos tradicionais países produtores (Tailândia com 1100kg/ha, Indonésia
com 700kg/ha e Malásia com 1000kg/ha), colocam o Estado de São Paulo entre as regiões mais
produtivas do mundo (GONÇALVES, 2002).
Os três maiores produtores respondem por 70,1% da produção mundial de borracha natural
(EDITORIAL, 2004b). O Brasil permaneceu na oitava posição no mercado mundial de borracha
natural em 2004, sendo que os maiores produtores mundiais foram, respectivamente, Tailândia
(2.959 mil t), Indonésia (2.066 mil t), Malásia, Índia e China (1175, 743 e 486 mil t) (NEHMI et al.,
2006).
O Estado de São Paulo detém 50,65% da produção brasileira de borracha seca, seguido pelo
Estado do Mato Grosso (16,97%), Bahia (15,4%) e Espírito Santo (5,0%) (TSUNECHIRO;
MARTINS, 2006).
2.2. Ácaros da seringueira
2.2.1. Espécies fitófagas
A seringueira é comumente atacada por diversas espécies de insetos e ácaros nas áreas onde
é cultivada (GALLO et al., 2002). Segundo Benesi (1999) os ácaros e o percevejo-de-renda-da-
seringueira foram as principais pragas da cultura na década de 90.
O primeiro estudo realizado para se conhecer a acarofauna de seringueiras foi feito por Silva
(1972) que relacionou 49 espécies de artrópodes em seringueiras do Estado de São Paulo, incluindo
cinco espécies de ácaros: Allonychus brasiliensis (McGregor), Eutetranychus banksi (McGregor),
Tetranychus mexicanus (McGregor), Polyphagotarsonemus latus (Banks) e Tydeus sp. Flechtmann;
Arleu (1984) relataram a ocorrência de seis espécies em seringueiras do Estado do Espiríto Santo:
Oligonychus coffeae (Nietner), T. heveae, Brevipalpus phoenicis Geijskes, Lorryia sp. (Tydeidae) e
Iphiseiodes sp. (Phytoseiidae).
23
A partir de material coletado no nordeste de São Paulo foi descrito o ácaro eriofídeo C.
heveae, sendo o primeiro ácaro da família Eriophyidae atacando essa cultura (FERES, 1992a).
Phyllocoptruta seringueirae Feres e Schevtchenkella petiolula Feres foram descritos posteriormente
(FERES, 1998).
Na década de 90, em estudos realizados com material proveniente de dez clones de H.
brasiliensis e de outras cinco espécies de Hevea, cultivados nos Estados de Minas Gerais, Mato
Grosso, Mato Grosso do Sul e São Paulo, Feres (2000) encontrou 28 espécies pertencentes a 24
gêneros de 11 famílias.
Para o Estado de Mato Grosso, Ferla (2001) estudando a flutuação populacional das espécies
acarinas em seringais localizados nos municípios de Itiquira e Pontes e Lacerda, registrou a
presença de 41 espécies distintas. Entre as fitófagas, as mais abundantes foram o ácaro vermelho T.
heveae, os eriofídeos C. heveae e P. seringueirae, Oligonychus gossypii (Zacher) e T. mexicanus.
No Estado de São Paulo, para os municípios de Cedral, Pindorama e Taquaritinga, Feres et al.
(2002) registraram a ocorrência de 22 espécies com predomínio, entre as fitófagas, de C. heveae e
T. heveae, seguidas de E. banksi e P. seringueirae.
O. gossypii foi relatado pela primeira vez nos municípios de Rio Branco e Manaus, ocorrendo
no período seco do ano, após a maturação dos folíolos. Como conseqüência de seu ataque houve um
bronzeamento avermelhado nas duas faces dos folíolos (FAZOLIN; PEREIRA, 1989).
Avaliando a fauna de ácaros em dois cultivos de seringueira (consorciados com gariroba e
monocultivo) Bellini et al. (2005a) no noroeste paulista encontraram as mesmas espécies fitófagas
tanto num cultivo quanto em outro, sendo as mais abundantes C. heveae, T. heveae, P. seringueirae
e E. banksi. O tipo de vegetação presente próximo ao seringal pode afetar a acarofauna da cultura.
Assim, Demite; Feres (2005), em seringal delimitado de um lado por um fragmento de mata natural
e de outro por uma área de pastagem, relataram para C. heveae, a maior abundância em seringueiras
no meio do seringal e a menor, nas da borda, próximas à área de mata, enquanto E. banksi foi
24
abundante nas seringueiras próximas à pastagem. Os dois casos podem estar associados ao maior
número de possíveis predadores registrados próximo ao fragmento de mata.
Para a região de Piracicaba, Estado de São Paulo, em área com o clone RRIM 600, Vis et al.
(2006) coletaram 84.850 ácaros pertencentes a 38 espécies de 34 gêneros e 16 famílias, sendo as
famílias mais abundantes: Eriophyidae, Tenuipalpidae e Tydeidae. Os maiores níveis populacionais
dos ácaros praga C. heveae e T. heveae ocorreram no final da estação chuvosa.
Os ácaros C. heveae e T. heveae são os de maior importância para a seringueira, apresentando
os sintomas mais significativos nas áreas de cultivo comercial (HERNANDES; FERES, 2006).
C. heveae é uma espécie da família Eriophyidae descrita por Feres (1992a) em material
coletado no município de José Bonifácio-SP, desenvolvendo-se na página superior das folhas
maduras. Em conseqüência de seu ataque, as folhas perdem o brilho e apresentam um
amarelecimento progressivo de sua superfície, intercalado com áreas verdes normais, lembrando o
sintoma de mosaico provocado por vírus em diferentes culturas (VIEIRA et al., 2000). Plantas
atacadas podem perder até 75% das suas folhas, um ou dois meses antes da desfolha natural
(VIEIRA; GOMES, 1999).
2.2.2. Espécies predadoras
Levantamentos populacionais recentes têm revelado a grande quantidade de espécies de
ácaros predadores presentes na cultura da seringueira.
Os ácaros das famílias Phytoseiidae e Stigmaeidae são os mais comuns em cultivos no
sudeste e centro-oeste do Brasil, sendo a maior diversidade apresentada pelos fitoseídeos (FERES,
2000). Ferla (2001) e Feres et al. (2002) registraram as espécies de ácaros predadores em seringais
dos Estados de Mato Grosso e São Paulo, respectivamente. No primeiro caso, Ferla (2001)
registraram a ocorrência de quinze espécies de Phytoseiidae, entre elas E. citrifolius, mas com
grande predomínio de Euseius concordis (Chant) e Neoseiulus anonymus (Chant & Baker). Além
dessas, Agistemus floridanus Gonzalez da família Stigmaeidae e Pseudobonzia sp. da família
25
Cunaxidae, também apresentaram níveis populacionais significativos. Para o Estado de São Paulo,
Feres et al. (2002) observaram 22 espécies de ácaros, pertencentes a 20 gêneros de 10 famílias.
Entre os predadores os mais abundantes foram E. citrifolius e Iphiseiodes zuluagai Denmark &
Muma da família Phytoseiidae, espécies freqüentes e abundantes na cultura de citros (GRAVENA,
2000). No levantamento realizado, a primeira espécie foi encontrada em maior abundância em
Taquaritinga e a segunda somente nesse local, que encontra-se cercado por pomares de citros, o que
possivelmente permitiu um deslocamento desses predadores entre os cultivos vizinhos, fato que
deve ser levado em consideração em programas de manejo integrado de pragas para essas áreas.
Para a região de Piracicaba Vis et al. (2006) registraram, em RRIM 600, a maior abundância de
Metaseiulus camelliae (Chant & Yoshida-Shaul), Amblyseius compositus Denmark & Muma e E.
citrifolius.
Bellini et al. (2005a) no noroeste paulista avaliaram a fauna de ácaros em dois cultivos de
seringueira [consorciados com gariroba (Syagrus oleracea (Mart) Becc.) e monocultivo] registrando
que nenhum dos predadores abundantes em seringueira (Zetzellia aff. yusti, E. citrifolius,
Pronematus sp. e Spinibdella sp.) foi abundante em gariroba, que desta forma, não se constitui em
um reservatório adequado dos ácaros predadores mais importantes para a cultura. Espécies vegetais
ocorrendo naturalmente nos seringais podem servir de refúgio para ácaros predadores, o que já foi
observado para Cecropia sp (Cecropiaceae) que pode ser considerada como reservatório desses
inimigos naturais (BELLINI et al., 2005b). Euforbiáceas herbáceas nativas também podem exercer
esse papel, como demonstrado por Feres; Nunes (2001) em seringais do noroeste paulista, nos
municípios de Cedral, Pindorama e Taquaritinga, que registraram a presença nessas plantas de onze
espécies predadoras, quatro consideradas abundantes: I. zuluagai, E. citrifolius, Amblyseius
chiapensis De Leon e Pronematus sp. A proximidade com áreas de mata natural também pode
propiciar a maior ocorrência de predadores, como relatado por Demite; Feres (2005) que coletaram
E. citrifolius, Zetzellia quasagistemas Hernandes & Feres e Pronematus sp. em maior abundância
26
em seringueiras situadas no limite com a borda de um fragmento de mata. Esses dados sugerem a
ocorrência de deslocamento desses predadores entre a vegetação vizinha e o seringal.
2.3. Tenuipalpus heveae
O ácaro-vermelho da seringueira foi descrito primeiramente por Baker (1945) em
seringueiras no Estado do Pará. Posteriormente, Flechtmann; Arleu (1984) relataram a presença
desse ácaro no Estado do Amazonas.
Para o Estado de São Paulo, nos municípios de Cedral, Pindorama e Taquaritinga, Feres et
al. (2002) observaram que das espécies fitófagas T. heveae foi a segunda espécie mais abundante
em Cedral e Pindorama e a mais abundante em Taquaritinga. Esse ácaro também está associado a
três espécies de euforbiáceas herbáceas nativas em áreas de cultivo de seringueiras na região
noroeste paulista (FERES; NUNES, 2001). Em levantamentos realizados no Estado de Mato
Grosso, T. heveae foi a espécie mais abundante no município de Pontes e Lacerda e tão abundante
quanto C. heveae em Itiquira (FERLA, 2001).
As populações de T. heveae instalam-se na face inferior das folhas medianas e mais velhas
da seringueira e quando bastante elevadas podem passar para a face superior (FLECHTMANN;
ARLEU, 1984). Localizam-se ao longo das nervuras, onde pode-se observar grande quantidade de
ácaros, ovos e exúvias e um escurecimento do tecido vegetal em correspondência aos locais de
alimentação com posterior amarelecimento e queda das folhas (VIEIRA; GOMES, 2003).
O ácaro-vermelho, espécie da família Tenuipalpidae, é um ácaro plano, achatado dorso
ventralmente, de coloração alaranjada quando jovem (inclusive ovos) e avermelhada na fase adulta,
passando, em seu ciclo biológico, pelas fases de ovo, larva, protoninfa, deutoninfa e adulto (fêmea e
macho) (VIEIRA; GOMES, 2003; PONTIER et al., 2000).
Os ovos são depositados principalmente ao longo da nervura ou em lugares protegidos na
face abaxial da folha e parecem ser colados à sua superfície. Durante a incubação, os ovos são
inicialmente avermelhados, se tornando pálidos apenas antes da eclosão. A larva é hexápoda,
27
laranja-avermelhada quando recentemente emergida, se tornando laranja opaco apenas antes da
muda (PONTIER; FLECHTMANN, 2000).
T. heveae, em folhas de seringueira do clone PB 260, sob condições de laboratório a 28° C
na fase clara (12 h), 25° C na fase escura e 70 ± 10% RH., completou o período de ovo a adulto em
30 dias (PONTIER et al. 2000). O ovo foi a fase mais longa com duração de quatorze dias, larvas e
protoninfas apresentaram duração de aproximadamente cinco dias cada e a fase de deutoninfa, seis
dias. As fêmeas corresponderam a 85% da população e apresentaram fecundidade média de 34 ovos
por fêmea.
Segundo Pontier; Flechtmann (1999) a sua reprodução é sexuada e durante seu acasalamento
o macho rasteja para baixo da fêmea, curva o opistossoma para cima num ângulo de pelo menos
135°, até a inclinação alcançar um contato com a parte posterior do opistossoma da fêmea.
2.4. Euseius citrifolius
2.4.1. Ocorrência
E. citrifolius é um ácaro potencialmente útil no controle de ácaros fitófagos (GRAVENA,
2000). Ele foi descrito primeiramente por Denmark; Muma (1970) citados por Moraes; McMurtry
(1981) como Amblyseius citrifolius no Paraguai. No Brasil ele foi registrado por Moraes; McMurtry
(1981) em citros no município de Tatuí – SP em 1975. Em seringueira, Bergmann et al. (1991)
registraram esse predador no município de Bálsamo - SP, assim como Feres (1992b) no município
de Ibitinga – SP.
Para o Estado de São Paulo, este predador é o fitoseído mais comumente encontrado em
seringueira, em várias plantas presentes em fragmentos de mata natural e em euforbiáceas nativas
vegetando em seringais (HERNANDES; FERES, 2006, FERES; MORAES, 1998, FERES; BUOSI,
2003, FERES; NUNES, 2001).
E. citrifolius também ocorre em outras espécies de importância econômica. Na cultura do
cafeeiro no Estado de Minas Gerais foram identificados vários ácaros predadores da família
28
Phytoseiidae, entre eles, Iphiseiodes zuluagai Denmark & Muma, E. citrifolius, E. concordis,
Euseius alatus (DeLeon) (PALLINI FILHO et al., 1992). Moreira (1993) em Jaboticabal-SP,
observou que E. citrifolius foi a segunda espécie de predador de maior ocorrência em pomar de
laranja, com o maior nível populacional em abril, correspondendo a 8,1% dos fitoseídeos. Também
em citros, Sato et al. (1994) em levantamento realizado no município de Presidente Prudente-SP,
encontraram seis espécies, sendo as de maior abundância I. zuluagai, E. citrifolius e E. concordis,
representando respectivamente, 47,3, 26,5 e 25,7% dos ácaros coletados. A maior incidência de
espécies de Euseius foi constatada no período de outubro a janeiro.
Em seringueira, E. citrifolius foi uma das espécies mais abundantes encontradas por Feres et
al. (2002) nos municípios de Cedral, Pindorama e Taquaritinga, neste último em área vizinha a
pomar de citros onde também é espécie freqüente e abundante (GRAVENA, 2000). Sua ocorrência
em níveis significativos também foi registrada em seringais de Olímpia-SP, em que Cecropia sp.,
espécie de ocorrência natural na área, revelou-se um bom local de refúgio para essa espécie
(BELLINI et al., 2005b). Em Piracicaba, SP, E. citrifolius está entre os predadores mais abundantes
em seringueira (VIS et al., 2006). Em seringais de Mato Grosso, sua ocorrência também foi
registrada em Itiquira (FERLA, 2001).
2.4.2. Dados biológicos
O ciclo biológico de E. citrifolius, como de todos os fitoseídeos, apresenta as fases de ovo,
larva, protoninfa, deutoninfa e adulto (PONTIER et al. 2000).
Moraes; McMurtry (1981) observaram que o desenvolvimento de ovo a adulto com o
predador se alimentando de Tetranychus pacificus McGregor foi completado em 19,7; 7,7; 5,0 e 3,6
dias a 15, 20, 25 e 30ºC, respectivamente. Nessas temperaturas, a fecundidade média foi de 31,3;
40,9; 49,7 e 41,3 ovos por fêmea, respectivamente. Furtado; Moraes (1998) relataram um período
de ovo a adulto de 6,1 dias em temperatura de 25 ± 1ºC, com o predador se alimentando de
Mononychellus tanajoa (Bondar).
29
Alimentado com pólen de mamona à 24 ± 1ºC, E. citrifolius teve um período de ovo a adulto
de 5,7 dias com viabilidade de 87,7%. Quando alimentados com o ácaro-da-leprose de citros, a
viabilidade foi de 97,6% para a fase de ovos e 100% para as demais (MOREIRA, 1993). As larvas
alimentadas com B. phoenicis, passaram a exibir a coloração avermelhada dessa espécie. Feres;
Nunes (2001) também observaram que quando o predador alimenta-se da presa pode passar a exibir
a sua coloração, sendo que E. citrifolius apresenta coloração branca translúcida em vida.
2.4.3. Predação
Ácaros da família Phytoseiidae apresentam grande potencial como agentes de controle
biológico de ácaros fitófagos. Os ácaros dessa família apresentam quatro tipos de estilos de vida
baseados em diferenças de alimentação, sendo que o tipo 1 engloba predadores especializados de
Tetranychus spp.; o tipo 2, predadores seletivos de ácaros tetraniquídeos, podendo se alimentar de
outros grupos; o tipo 3, predadores generalistas e o tipo 4, predadores generalistas e especializados
em alimentação com pólen, este último incluindo as espécies de Euseius. Esse gênero engloba mais
de 200 espécies descritas, encontradas principalmente em habitats arbóreos nos trópicos e
subtrópicos. Normalmente são polífagas, mas o potencial reprodutivo de muitas delas é maior com
pólen, podendo apresentar um desenvolvimento inadequado com uma dieta apenas de ácaros,
exigindo a presença de alimentos suplementares. Esses ácaros são ativos forrageando ambos os
lados das folhas, especialmente em sombra ou escuridão, alimentando-se em grãos de pólen ou
outros alimentos e parecem ter um complexo relacionamento com suas plantas hospedeiras
(MCMURTRY; CROFT, 1997).
Alguns generalistas preferem as partes lisas das plantas, mas usam as áreas pilosas de
domácias para esconderijo e locais de oviposição, enquanto outros preferem folhas completamente
cobertas com pêlos. Quase todas as espécies de Euseius são generalistas tipo 4, por exemplo,
Euseius hibisci (Chant) e Euseius tularensis Congdon podem aumentar a altos níveis durante o
período de florescimento das plantas na ausência aparente de qualquer presa artrópode satisfatória.
30
Predadores generalistas, pela possibilidade de uso de outros tipos de alimento, podem persistir no
ambiente mesmo depois do controle da presa, enquanto os especialistas têm um rápido declínio
(CROFT et al., 2004).
Em cafeeiro, os indivíduos da família Phytoseiidae, inclusive E. citrifolius, podem abrigar-se
sob teias tecidas por um inseto da ordem Psocoptera (Psocidae), que é comumente encontrado na
página inferior das folhas. Esses predadores normalmente se reproduzem sob teias, mas é possível
encontrar seus ovos, também em outras partes da folha que diferem daqueles postos por ácaros
fitófagos e outros, devido ao seu tamanho maior (PALLINI FILHO et al., 1992).
Apesar dessa condição de predadores generalistas, espécies de Euseius têm se revelado
como potenciais predadores de ácaros fitófagos.
Gravena et al. (1994) avaliaram a predação de E. citrifolius sobre o ácaro-da-leprose em
citros e observaram que o estágio adulto foi o menos atacado, os estágios de ovo e ninfas foram
considerados intermediários e iguais estatisticamente, enquanto o estágio larval de B. phoenicis foi
claramente preferido por larvas, ninfas e adultos de E. citrifolius, sendo o estágio mais predado pelo
mesmo.
Avaliando a atividade predatória dos ácaros fitoseídos E. alatus e I. zuluagai sobre as fases
de desenvolvimento do ácaro da mancha-anular do cafeeiro B. phoenicis, Reis et al. (2000),
observaram que as fases de larvas, ninfas e machos adultos de E. alatus alimentaram-se mais de
larvas de B. phoenicis, enquanto as fêmeas adultas preferiram ovos e larvas. Fêmeas adultas foram
as mais eficientes no consumo de todas as fases da presa. Para E. concordis alimentado com o
ácaro-da-leprose, a fase adulta foi a que mais atacou a presa e todas as fases do ácaro predador
preferiram as formas jovens e os ovos da presa (KOMATSU; NAKANO, 1988).
Furtado; Moraes (1998) avaliando a biologia de E. citrifolius sobre diferentes alimentos,
com o objetivo de determinar a adequação de M. tanajoa como fonte alimentar para esse predador
puderam observar que, embora M. tanajoa não tenha sido o alimento preferido, o predador pôde se
desenvolver e se reproduzir sobre essa presa, constituindo-se em uma espécie promissora para o uso
31
no controle biológico de M. tanajoa. Quando alimentado com pólen de taboa (Typha angustifolia),
E. citrifolius teve um período de ovo a adulto significativamente mais curto do que quando
alimentado com T. urticae e M. tanajoa.
2.5. Resistência de clones de seringueira a ácaros fitófagos
Dentro da perspectiva do manejo integrado de pragas, o uso de material resistente pode ser
uma importante estratégia de controle e pode trazer muitos benefícios à heveicultura, por reduzir os
custos de produção e os riscos ambientais, mantendo a população dos agentes de controle natural e
reduzindo as possibilidades de contaminação do ambiente.
O fator que normalmente influencia a produtividade de um seringal é o material a ser
plantado. Os programas de melhoramento da seringueira têm procurado avaliar produção, vigor,
crescimento do caule durante a sangria, espessura da casca virgem, boa regeneração de casca,
tolerância à queda pelo vento, tolerância à seca do painel e resistência às principais doenças da
região (GONÇALVES, 1999). A resistência a pragas, insetos e ácaros, não têm sido contemplada
nos programas de melhoramento.
A literatura nacional registra dois trabalhos relativos ao desempenho de clones de
seringueira frente ao ataque de ácaros. Furquim (1994) avaliou a presença de ácaros e seus sintomas
em dez clones de seringueira: RRIM 600, RRIM 701, PB 235, GT 1, IAN 873, LCB 510, RRIM
526, RRIM 527, PR 255 e PR 261 em área da UNESP, Campus de Jaboticabal, relatando ocorrência
de E. banksi, L. formosa, P. latus, B. phoenicis e apenas C. heveae em alta infestação. As maiores
infestações desse eriofídeo foram observadas em PB 235, RRIM 701, PR 261 e PR 255, enquanto
as menores foram registradas em RRIM 600, IAN 873 e GT 1. Quanto aos sintomas, PB 235, RRIM
526 e LCB 510 foram os clones que desfolharam mais precocemente, enquanto IAN 873 e PR 255,
mantiveram-se enfolhados por mais tempo. Foram observadas altas infestações de C. heveae em PR
255, indicando a presença de fatores de resistência por tolerância. Para o Estado do Mato Grosso,
em levantamentos realizados nos clones IAN 873, IAN 713, RRIM 600, FX 3864, PB 260 e PR
32
255, Ferla (2001) observou que as menores infestações de C. heveae ocorreram nos clones IAN 873
e FX 3864 e as maiores nos clones PB 260 e PR 255. O ácaro-vermelho apresentou a menor
infestação nos clones PR 255, FX 3864 e RRIM 600 e a maior em PB 260. Nos clones PB 260 e PR
255 a flutuação populacional do predador A. floridanus coincidiu com as de C. heveae e T. heveae,
indicando existir uma relação de predação entre eles.
Para Mato Grosso, município de Santa Terezinha, Pinheiro et al. (2003) relataram a
ocorrência de danos severos em PB 235 devido ao ataque de C. heveae ao lado de uma quadra de
RRIM 600 que não apresentou nenhum dano.
2.6. Características dos clones utilizados no trabalho
O clone RRIM 600 é um clone secundário desenvolvido pelo Rubber Research Institute of
Malaysia - RRIM, cujos parentais são os clones primários Tjir 1 e PB 86. Suas árvores são altas,
com caule vertical e de rápido crescimento quando jovem. Os ramos aparecem tardiamente e
formam grossas bifurcações que acarretam grande peso para a base das plantas e, em caso de
ocorrência de vento, poderá haver quebra, provocando o aparecimento de clareiras no seringal. No
Estado de São Paulo esse clone é considerado suscetível ao vento; a copa é estreita e a folhagem
esparsa, apresentando folhas pequenas verde-claras. O vigor, se comparado antes e após a entrada
em sangria é considerado médio. A casca por ser fina, torna-o um pouco delicado à prática de
sangria; em compensação, a renovação é boa e a alta produção é seu ponto de destaque
(GONÇALVES et al., 2001).
Em plantios comerciais de São Paulo, sua média de produção nos primeiros cinco anos de
sangria foi superior a 1.540 kg/ha/ano e em experimentos de Presidente Prudente foi de 2.100
kg/ha/ano. Esse clone exibe uma tendência de produção crescente, que em geral é média no início,
mas nas sangrias subseqüentes torna-se muito alta. A produção durante a senescência também é alta
e demonstra tolerância à seca do painel, salvo quando é submetido à sangria intensiva
(GONÇALVES, 1999).
33
O clone RRIM 600 é o clone mais plantado na região do Planalto do Estado de São Paulo,
por apresentar bom desempenho no que tange à produção e vigor, estando amplamente
disseminado, com presença em mais de 80% dos seringais paulistas (GONÇALVES, 1999;
GONÇALVES, 2002).
Esse material é suscetível à rubelose, como observado nos municípios de Garça e Barretos,
onde a doença provocou desgalhamento intenso e mesmo morte de algumas plantas (MEDRADO;
COSTA, 1989; FURTADO; SILVA, 1999). Entretanto, apresenta resistência à antracnose do painel
sendo que Gonçalves et al. (1994) sugeriram o uso desse clone como fonte de resistência a essa
doença em programas de melhoramento.
O clone PB 235 é um clone secundário, originário da Malásia, resultante do cruzamento dos
clones primários PB 5/51 x PBS/72. A árvore possui caule muito reto, regular e boa
compatibilidade com relação ao enxerto e porta-enxerto. Quando jovem, possui, na base, muitos
galhos pequenos, dispostos horizontalmente e as árvores adultas revelam formação de galhos bem
homogêneos ocorrendo, entre os seis e os dez anos, um desbaste natural, que proporciona o
aparecimento de novos ramos mestres situados muito altos e com ângulo bem definido. As folhas
são de coloração verde bem acentuada. A casca virgem é lisa, espessa, tenra, não apresentando
problemas na sangria. Em Marília-SP, tem demonstrado estrutura e permeabilidade de copas
tolerantes ao vento (GONÇALVES et al., 2001). Esse clone caracteriza-se principalmente por entrar
em produção muito rápido, favorecido por sua grande homogeneidade. É altamente produtivo com a
média de produção nos cinco primeiros anos de sangria variando de 1.648 kg/ha/ano a 1.834
kg/ha/ano, dependendo do local e do sistema de sangria. (GONÇALVES, 1999). Para o Estado de
Mato Grosso, em experimentos de competição de clones realizados no município de Santa
Terezinha, Pinheiro et al. (2003) relataram que o clone PB 235 foi um dos destaques, com produção
de 251%, quando comparado percentualmente com a produção da testemunha RRIM 600, arbitrada
em 100%.
34
Esse material tem um período de queda das folhas antecipado em relação ao clone RRIM
600 e do ponto de vista fitossanitário, em relação a outros clones, tem se mostrado mais suscetível
ao oídio, a C. heveae e ao ácaro vermelho T. heveae (MORENO et al., 1999; FURTADO; SILVA,
1999; GONÇALVES, 1999; SOUZA, 2003; FURQUIM, 1994; PINHEIRO et al., 2003; VIEIRA;
GOMES, 2003).
O clone GT 1 é um clone primário desenvolvido no seringal Gondang Tapen, em Java,
Indonésia. As árvores jovens são altas e tendem a entortar quando a formação dos galhos é tardia.
Durante o período de imaturidade, as folhas são grandes, verde-escuras e brilhantes, e menores
quando a árvore atinge a fase adulta. A casca virgem é média, muito tenra, e se renova
imediatamente, não apresentando problemas à sangria (GONÇALVES et al., 2001). O vigor,
expresso pelo crescimento do perímetro do caule até a abertura do painel de sangria, no Estado de
São Paulo, é razoável, tornando-se lento após a sangria normal, mas, em compensação, é um clone
muito homogêneo e considerado de boa produção. Em Presidente Prudente sua média de produção
nos primeiros cinco anos foi de 1.679 kg/ha/ano. A produção tem um pequeno declínio durante a
senescência. Apresenta caracteres secundários desejáveis, pois a resistência à quebra pelo vento é
de média para boa e a ocorrência de seca do painel é pouco notada, salvo quando submetido à
sangria intensiva. Esse clone demonstra uma tendência de aumentar a produção de látex com o
passar do tempo. Por ser precoce e pela sua rusticidade e qualidades agronômicas, deve ser
recomendado para pequenos heveicultores do Planalto Paulista (GONÇALVES, 1999).
O clone PR 255 recomendado para plantio em grande escala no Estado de São Paulo,
apresentou em experimentos realizados, produção muito boa nos primeiros anos de sangria, boa
produção durante a senescência, boa resposta à estimulação, média a boa resistência à seca do
painel, boa resistência ao vento, média resistência à antracnose e ao frio, bom formato de copa, boa
espessura da casca virgem e boa renovação de casca (GONÇALVES, 1999). Em experimentos de
larga escala, esse clone destacou-se dos demais, apresentando produção acumulada nos primeiros
sete anos de sangria superior ao RRIM 600 e, além disso, superou os outros clones com bom vigor
35
na época de abertura do painel e como deficiência, apresentou alta suscetibilidade ao oídio
(MEDRADO; COSTA, 1989).
Os clones RRIM 937, RRIM 938 e PB 350 são originários da Malásia, os dois primeiros
tendo como parentais PB5/51 e RRIM 703 e o último, os clones RRIM 600 e PB 235
(GONÇALVES et al., 2001). Esses três materiais são recomendados para plantio em escala
experimental em grandes propriedades (GONÇALVES, 1999; GONÇALVES et al., 2001).
36
CAPÍTULO 2
COMPORTAMENTO DE CLONES DE SERINGUEIRA QUANTO AO ATAQUE DE
Tenuipalpus heveae BAKER (ACARI: TENUIPALPIDAE)
1. INTRODUÇÃO
A heveicultura caracteriza-se por ser um cultivo agrícola ecologicamente “limpo”, pouco
consumidor de defensivos, protetor do solo e dos mananciais hídricos, empregador de mão-de-obra
especializada e fornecedor de madeira de qualidade. A borracha natural obtida da seringueira
[Hevea brasiliensis (Willd. ex Adr. de Juss) Müell Arg], constitui importante matéria prima agrícola,
fundamental para a manufatura de grande variedade de produtos de uso humano e industrial
(CORTEZ et al., 2003).
O Estado de São Paulo apresenta regiões com características edafoclimáticas favoráveis para
o desenvolvimento e a produção de borracha, atingindo produtividades médias de até 1.500 kg/ha
de borracha seca, uma das maiores do mundo (GONÇALVES, 2002). Da produção total do país em
2003, o Estado de São Paulo participou com 81 mil toneladas, seguido por Mato Grosso (25 mil
toneladas), Bahia (22 mil toneladas) e Espírito Santo (7 mil toneladas) (NEHMI et al., 2006). O
37
Plano de Expansão da Cultura da Seringueira no Estado de São Paulo tem como meta plantar 250
mil hectares até o ano de 2020 (ROSSMANN et al., 2006).
O cultivo da seringueira com a utilização de grandes áreas em sistema de monocultura tem
favorecido o desenvolvimento de várias espécies de insetos e ácaros (TANZINI, 1999). Para o
Estado de São Paulo, Feres et al. (2002) registraram a ocorrência de 22 espécies, nos municípios de
Cedral, Pindorama e Taquaritinga, com predomínio, entre as fitófagas, de Calacarus heveae Feres e
Tenuipalpus heveae Baker, seguidas de Eutetranychus banksi McGregor e Phyllocoptruta
seringueirae Feres. C. heveae e T. heveae são as de maior importância, em função de provocarem
intenso desfolhamento (HERNANDES; FERES, 2006; VIEIRA; GOMES, 2003).
O ácaro-vermelho T. heveae ocorre na face inferior das folhas, localizando-se ao longo das
nervuras, onde pode-se observar grande quantidade de ácaros, ovos e exúvias. Nesses locais
observa-se um escurecimento do tecido vegetal em correspondência aos locais de alimentação, com
posterior amarelecimento e queda das folhas (VIEIRA; GOMES, 2003). Em Pontes e Lacerda –
MT, Pontier et al. (2000) registraram grandes infestações desse ácaro, causando considerável
ferrugem nas folhas e desfolhamento das plantas.
De grande interesse para os heveicultores são informações sobre o comportamento
fitossanitário dos clones em produção e principalmente daqueles que poderão vir a ser
recomendados para possíveis expansões da cultura.
Para o Estado do Mato Grosso, em levantamentos realizados nos clones IAN 873, IAN 713,
RRIM 600, FX 3864, PB 260 e PR 255, Ferla (2001) observou para o ácaro C. heveae que as
menores infestações ocorreram nos clones IAN 873 e FX 3864 e as maiores nos clones PB 260 e PR
255. O ácaro-vermelho T. heveae apresentou a menor infestação nos clones PR 255, FX 3864 e
RRIM 600 e a maior em PB 260. Nos clones PB 260 e PR 255 a flutuação populacional do
predador Agistemus floridanus Gonzalez (família Stigmaeidae) coincidiu com a flutuação de C.
heveae e T. heveae, indicando existir uma relação de predação entre eles. Em Jaboticabal – SP, a
avaliação populacional realizada nos clones RRIM 600, RRIM 701, PB 235, GT 1, IAN 873, LCB
38
510, RRIM 526, RRIM 527, PR 255 e PR 261, registrou as maiores infestações de C. heveae em PB
235, RRIM 701, PR 261 e PR 255, com as menores em RRIM 600, IAN 873 e GT 1 (FURQUIM,
1994). Maiores estudos sobre a interação entre clones e ácaros são necessários para fundamentar as
estratégias de manejo fitossanitário da cultura.
Assim, com base na importância econômica do ácaro-vermelho T. heveae para a cultura da
seringueira e na necessidade de informações sobre a sua interação com diferentes clones, este
trabalho teve por objetivo comparar o comportamento de clones de interesse econômico para o
Estado de São Paulo, quanto à adequação para o desenvolvimento populacional de T. heveae e à
reação ao ataque dessa espécie, contribuindo assim para o estabelecimento de estratégias para o
manejo do ácaro-vermelho na cultura.
39
2. MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado em área do Departamento de Fitossanidade, Engenharia Rural e
Solos, da UNESP, Campus de Ilha Solteira, no período de março a maio de 2005.
Na sua condução foi utilizado um abrigo para cultivo protegido com orientação leste-oeste
com dimensões de 5,4 x 9,0 m, pé direito de eucalipto tratado com 2,3 m de altura e cobertura em
forma de arco, construída com canos de aço galvanizado de 27 mm de diâmetro, coberta com filme
de polietileno transparente de 100 µm de espessura. Sobre o polietileno foi colocada uma tela de
sombreamento de 30% e as laterais foram protegidas com tela de sombreamento de 50% para evitar
o calor excessivo e fornecer um ambiente mais próximo do encontrado pelos ácaros em condições
naturais. Uma das extremidades do abrigo foi fechada com plástico de 100 µm para evitar a entrada
de água da chuva.
O experimento foi realizado com mudas de seringueira cultivadas em sacos plásticos com
capacidade de 5 litros, adquiridas em viveiro comercial. Na instalação do ensaio as mudas
apresentavam apenas o primeiro lançamento de folhas. Os clones estudados foram RRIM 600, PB
235, PR 255, RRIM 937, RRIM 938 e PB 350, utilizando-se um delineamento em blocos
casualizados com seis tratamentos (clones) e seis repetições, no esquema em parcelas subdivididas
40
no tempo. Cada repetição foi constituída de uma muda, da qual foram selecionados seis folíolos que
receberam dez fêmeas de T. heveae cada um.
Os ácaros foram obtidos de folíolos naturalmente infestados, coletados de seringal, no
campo, trazidos da Fazenda de Ensino e Pesquisa da UNESP, Campus de Ilha Solteira, no
município de Selvíria – MS. No processo de transferência dos ácaros para as mudas foram
confeccionados discos de folhas de 2,5 cm de diâmetro, colocando-se em cada um, dez fêmeas de T.
heveae. Cada disco foi colocado sobre um folíolo e preso por um alfinete. Para evitar a fuga dos
ácaros, na base de cada folíolo, ao redor do pecíolo, foi colocada uma camada de cola (“tanglefoot”)
e os folíolos que tocavam nos folíolos marcados foram eliminados.
As avaliações foram feitas no período de 10 a 60 dias após a infestação e a cada dez dias.
Em cada uma delas retirou-se um dos folíolos infestados de cada muda contando-se, em laboratório,
os números de ovos, larvas, ninfas e adultos.
Após a contagem, a intensidade dos sintomas de danos observados nos folíolos foram avaliados
com base em uma escala visual de notas:
0 - sem sintomas
1 - folíolo verde, pontuações escuras decorrentes da alimentação dos ácaros
2 - áreas escurecidas ao longo das nervuras, início de amarelecimento
3 - áreas escurecidas ao longo das nervuras, folíolos amarelados
Os ácaros dos folíolos infestados artificialmente acabaram por contaminar outros folíolos
levados pelo vento ou por contato entre folhas. Desse modo, avaliou-se, em cada data, o estado
geral da muda como um todo, em termos de número de folíolos com sintomas de danos causados
por T. heveae, mesmo que apenas necroses iniciais, com o uso de uma escala visual de notas:
0 - sem sintomas
1 - 0 – 25% de folíolos com sintomas
2 - 26 – 50% de folíolos com sintomas
41
3 - 51 – 75% de folíolos com sintomas
4 - 76 – 100% de folíolos com sintomas
Essas avaliações das mudas foram realizadas com um espelho para evitar tocar nos folíolos
infestados artificialmente. Os outros folíolos das mudas, não infestados artificialmente, mas que
tiveram contaminação de T. heveae durante o experimento, foram virados para observação da face
abaxial.
Os folíolos não infestados artificialmente, mas que amarelaram durante as avaliações foram
cortados antes da queda e conduzidos ao laboratório para contagem dos números de ovos e ácaros
de T. heveae em toda a face abaxial.
Uma vez que o abrigo utilizado para os testes era uma estrutura aberta, coberta com plástico e
cercada com sombrite, houve a ocorrência natural de C. heveae nas mudas estudadas. Assim, nos
folíolos infestados artificialmente e naqueles que amarelaram também foi avaliada a ocorrência
natural de C. heveae contando-se o número de exúvias e ácaros em toda a superfície adaxial, a
preferida dessa espécie.
Para os resultados de contagem de T. heveae em folíolos infestados artificialmente, notas
atribuídas à intensidade de sintomas nesses folíolos e notas atribuídas às mudas, em função do
número de folíolos atacados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo
teste de Duncan a 5% de probabilidade. A análise estatística foi realizada com os dados
transformados em log (x + 1) para os números de ovos, larvas, ninfas, adultos e número total de
ácaros e com os dados transformados em 1+x para notas de sintomas nos folíolos e nas mudas.
Na Estação Meteorológica da área de Hidráulica e Irrigação do Departamento de
Fitossanidade, Engenharia Rural e Solos, localizada na Fazenda de Ensino, Pesquisa e Extensão da
UNESP, Campus de Ilha Solteira, no município de Ilha Solteira (área do Pomar) foram obtidos os
dados de temperatura, umidade relativa do ar e precipitação. Para esses dados foram calculadas as
médias para cada período de três dias, entre 28/03 e 21/05/05.
42
Decorridos 30 dias do final das avaliações, em 19/06/05 as mudas foram fotografadas para
registro dos sintomas apresentados.
43
3. RESULTADOS
A média do número de ovos depositados nos folíolos do clone PR 255 (Figura 1) foi
significativamente diferente da observada nos outros materiais (F = 6,72; p = 0,0006). Os clones PB
235, RRIM 938 e PB 350 apresentaram as maiores médias para essa variável, com RRIM 600 e
RRIM 937 em posição intermediária.
Com relação ao número de larvas (Figura 2), as maiores médias foram observadas nos clones
PB 235, RRIM 938 e PB 350 (F = 4,32; p = 0,0059) e as menores nos clones RRIM 600, RRIM 937
e PR 255, este último, com o menor valor numérico, embora não diferindo dos outros dois.
44
Figura 1. Número médio de ovos (± EPM) de Tenuipalpus heveae em clones de seringueira. Ilha
Solteira-SP, 2005.
Figura 2. Número médio de larvas (± EPM) de Tenuipalpus heveae em clones de seringueira. Ilha
Solteira-SP, 2005.
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
RRIM 937 PB 235 RRIM 938 PR 255 PB 350 RRIM 600
Clones
Número de ovos
a
a
a
b
b
c
0
50
100
150
200
250
RRIM 937 PB 235 RRIM 938 PR 255 PB 350 RRIM 600
Clones
Número de larvas
a
a
a
b
b
b
45
Para a fase de ninfa, a maior média foi obtida para o clone RRIM 938, (F = 2,59; p =
0,0506), estatisticamente igual aos clones RRIM 937, PB 235 e PB 350 (Figura 3). No clone PR
255, observou-se a menor média, não diferindo do encontrado em RRIM 600.
Figura 3. Número médio de ninfas (± EPM) de Tenuipalpus heveae em clones de seringueira. Ilha
Solteira-SP, 2005.
Maiores números médios de adultos (Figura 4) foram observados nos clones RRIM 938 e
PB 350, (F = 3,78; p = 0,0101), semelhantes ao registrado em PB 235. Nos clones RRIM 937 e PR
255 foram observadas as menores médias para essa variável.
Considerando-se o número total de T. heveae (larvas, ninfas e adultos), pode-se observar que
na média de todo o experimento (Tabela 1; Figura 5), os clones PR 255 e RRIM 937 apresentaram
as menores populações, (F = 3,80; p = 0,0107), este último, sem diferir significativamente do clone
RRIM 600. Nos clones RRIM 938 e PB 350 foram registradas as maiores populações, não diferindo
significativamente do clone PB 235.
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
RRIM 937 PB 235 RRIM 938 PR 255 PB 350 RRIM 600
Clones
Número de ninfas
ab
ab
ab
bc
a
c
46
Figura 4. Número médio de adultos (± EPM) de Tenuipalpus heveae em clones de seringueira. Ilha
Solteira-SP, 2005.
Tabela 1. Médias
1
do número total de Tenuipalpus heveae em clones de seringueira. Ilha Solteira,
SP-2005.
Datas de avaliação
Clones
28/03 07/04 17/04 27/04 07/05 19/05
Médias
PR 255 5,2 29,5 20,7 220,5 105,0 552,2
155,5 c
RRIM 600 9,5 50,8 63,3 325,3 418,5 285,8
192,2 bc
RRIM 937 6,0 55,2 49,8 414,0 217,2 280,8
170,5 c
RRIM 938 9,8 97,8 166,3 480,7 814,8 735,0
384,1 a
PB 235 7,5 82,5 89,8 556,3 811,5 589,5
356,2 ab
PB 350 9,3 132,5 137,0 452,0 463,3 897,8
348,7 a
Médias 7,9 C 74,7 B 87,8 B 418,1 A 471,7 A 556,8 A
1
Médias originais. Análise estatística realizada com os dados transformados em log de (x + 1). CV = 29,0%. As médias seguidas
por letras diferentes, minúsculas na vertical e maiúsculas na horizontal, diferem entre si pelo teste de Duncan a 5%.
0
20
40
60
80
100
120
RRIM 937 PB 235 RRIM 938 PR 255 PB 350 RRIM 600
Clones
Número de adultos
a
a
ab
bc
cd
d
47
Figura 5. Médias do número total de Tenuipalpus heveae (± EPM) em clones de seringueira. Ilha
Solteira-SP, 2005.
No clone PR 255 até o dia 07/05, as médias apresentaram a tendência de serem as menores,
mas em 19/05 registrou-se um grande aumento populacional (Figura 6; Tabela 1). Dessa forma o
desenvolvimento populacional nesse clone foi mais lento, atingindo um nível intermediário na
última avaliação. A mesma tendência de crescimento na última avaliação foi observada para o clone
PB 350, que nessa data apresentou o maior número de ácaros.
Para todos os materiais, observou-se um significativo aumento populacional no dia 27/04,
coincidindo com a maior ocorrência de precipitações e o aumento nos valores de umidade relativa
do ar (Anexo 1).
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
RRIM 937 PB 235 RRIM 938 PR 255 PB 350 RRIM 600
Clones
mero de ácaros
a
a
ab
bc
c
c
48
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
28/mar 7/abr 17/abr 27/abr 7/mai 19/mai
Datas de avaliação
Número de ácaros
RRIM 937
PB 235
RRIM 938
PR 255
PB 350
RRIM 600
Figura 6. Médias do número total de Tenuipalpus heveae em clones de seringueira. Ilha Solteira-SP,
2005.
Em termos de intensidade de sintomas nos folíolos avaliados (Tabela 2; Figura 7) pode-se
observar que no clone PR 255 registrou-se os menores sintomas, mas sem diferir significativamente
do clone RRIM 600 (F = 7,78; p = 0,0003). Comportamento semelhante ao observado em RRIM 600
foi observado para os clones PB 350 e RRIM 937. Por outro lado, o clone PB 235 obteve as maiores
notas de sintomas de danos diferindo de todos os outros.
No clone RRIM 938 os sintomas de danos mantiveram-se em níveis baixos até a avaliação
de 07/05 (Tabela 2; Figura 7), tornando-se mais evidentes na última avaliação, de 19/05, ficando na
média com uma posição intermediária entre os clones.
49
Tabela 2. Médias
1
das notas de sintomas de danos causados por Tenuipalpus heveae em folíolos
clones de seringueira. Ilha Solteira-SP, 2005.
Datas de avaliação
Clones
28/03 07/04 17/04 27/04 07/05 19/05
Médias
PR 255 0,0 aB 0,7 aA 0,7 aA 0,8 bA 1,0 abA 0,8 aA
0,7 d
RRIM 600 0,0 aB 1,0 aA 1,0 aA 1,2 abA 0,8 bA 0,8 aA
0,8 cd
RRIM 937 0,0 aD 0,6 aC 1,2 aB 1,8 abA 1,0 abAB 1,2 aB
1,0 bc
RRIM 938 0,0 aC 0,8 aB 1,2 aB 1,3 abB 1,0 abB 2,2 aA
1,1 b
PB 235 0,0 aD 0,8 aC 1,7 aB 2,5 aA 2,2 aAB 1,7 aB
1,5 a
PB 350 0,0 aB 1,0 aA 1,0 aA 1,0 abA 1,3 abA 1,3 aA
0,9 bc
Médias
0,0 D 0,8 C 1,1 B 1,4 A 1,2 AB 1,3 AB
1
Médias originais. Análise estatística realizada com os dados transformados em raiz de (x + 1). CV = 13,7%. Médias
seguidas por letras diferentes, minúsculas na vertical e maiúsculas na horizontal, diferem entre si pelo teste de Duncan
a 5%.
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
28/mar 7/abr 17/abr 27/abr 7/mai 19/mai
Datas de avaliação
Notas de sintomas nos folíolos
RRIM 937
PB 235
RRIM 938
PR 255
PB 350
RRIM 600
Figura 7. Médias das notas atribuídas aos folíolos em relação à intensidade de sintomas causados
por Tenuipalpus heveae em clones de seringueira. Ilha Solteira-SP, 2005.
Quanto aos sintomas observados nas mudas (Figura 8), nos clones RRIM 937, RRIM 600 e
PR 255 o número de folíolos atingidos foi menor (F = 2,16; p = 0,0902), com o clone PB 350 e PB
50
235 em posição intermediária. Ao longo do período o clone RRIM 937 apresentou as menores
médias em todas as avaliações. Nos clones PB 235 e RRIM 938 o número de folíolos atingidos
aumentou significativamente a cada avaliação (Figura 9), o mesmo ocorrendo no clone PB 350 a
partir de 27/04.
Figura 8. Médias das notas atribuídas aos sintomas (± EPM) de Tenuipalpus heveae nas mudas de
clones de seringueira. Ilha Solteira-SP, 2005.
Durante o experimento, muitos folíolos das mudas tornaram-se amarelados, sendo que alguns
haviam sido infestados com T. heveae e outros acabaram contaminados em função do vento ou do
contato com folíolos infestados. O maior número de folíolos amarelados foi observado no clone PB
235 (Figura 10), não sendo registrado nenhum folíolo amarelado em PR 255. Desses folíolos
amarelados, todos apresentaram T. heveae em quantidades variáveis.
No período de 17/04 a 07/05 houve um grande aumento no número de folíolos amarelados no
clone PB 235 (Anexo 2) em função do aumento populacional registrado (Figura 6) e que deve ter
sido influenciado pelo aumento da umidade relativa do ar (Anexo 1).
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1,6
1,8
RRIM 937 PB 235 RRIM 938 PR 255 PB 350 RRIM 600
Clones
Notas de mudas
ab
a
ab
bc
bc
c
51
0
0,5
1
1,5
2
2,5
28/mar 7/abr 17/abr 27/abr 7/mai 19/mai
Datas de avaliação
notas de sintomas nas mudas
RRIM 937
PB 235
RRIM 938
PR 255
PB 350
RRIM 600
Figura 9. Notas atribuídas aos sintomas de Tenuipalpus heveae nas mudas de clones de seringueira.
Ilha Solteira-SP, 2005.
Uma vez que o abrigo utilizado para os testes era uma estrutura aberta, coberta com plástico e
cercada com sombrite, houve a ocorrência natural de C. heveae, a qual manifestou-se de forma
diferenciada entre os clones (Figura 11). Em parte dos folíolos amarelados foi registrada a presença
de C. heveae em quantidades variáveis (Figura 10). A presença de C. heveae nos folíolos também
aumentou significativamente a partir de 27/04 (Anexo 3) indicando que este ácaro também foi
favorecido pelo aumento da umidade verificada no período (Anexo 1).
Nos folíolos amarelados dos clones PR 255 e RRIM 600 não foi registrada a presença de C.
heveae e em RRIM 937 ela foi muito pequena (Figura 10), significando que nesses materiais os
sintomas observados devem-se ao ácaro vermelho. Por outro lado, em PB 235 o amarelecimento dos
folíolos deve representar o resultado associado de T. heveae e C. heveae. Apesar disso, na avaliação
de sintomas nos folíolos que foram infestados artificialmente com T. heveae (Tabela 2) o resultado
observado foi devido apenas ao ácaro vermelho, uma vez que de 36 folíolos avaliados durante o
52
experimento (seis em cada data; seis datas de avaliação) nove tornaram-se amarelados e destes em
apenas um havia C. heveae.
Nos clones RRIM 938 e PB 350, dos 36 folíolos infestados artificialmente com T. heveae
houve o amarelecimento de quatro e dois folíolos respectivamente, sendo que destes seis, C. heveae
foi registrado em apenas 1 folíolo, em RRIM 938 e portanto, as notas atribuídas (Tabela 2)
representam os sintomas do ácaro vermelho. Mesmo assim, o amarelecimento observado nas mudas
como um todo deve ser atribuído à ação conjunta dos dois ácaros, principalmente em RRIM 938 em
que metade dos folíolos apresentaram as duas espécies (Figura 10).
Pelas fotografias realizadas em 19/06/05 pode-se observar diferenças quanto ao nível de
sintomas atingido em cada material (Figuras 12, 13, 14 e 15), com PB 235 e RRIM 938 apresentando
poucos folíolos nas mudas e em estágio avançado de amarelecimento, PB 350, RRIM 937, RRIM
600 e PR 255 ainda com folíolos verdes.
53
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
RRIM
937
PB 235 RRIM
938
PR 255 PB 350 RRIM
600
Clones
Nº de folíolos amarelados
Nº de folíolos
amarelados
Nº de folíolos
amarelados com T.
heveae
Nº de folíolos
amarelados com C.
heveae
Figura 10. Números de folíolos amarelados com T. heveae e C. heveae em mudas de clones de
seringueira. Ilha Solteira-SP, 2005.
0
5
10
15
20
25
30
35
RRIM 937 PB 235 RRIM 938 PR 255 PB 350 RRIM 600
Clones
Número de folíolos
Figura 11. Número de folíolos com C. heveae em mudas de clones de seringueira. Ilha Solteira-SP,
2005.
54
Figura 12. Clones PB 235 (à direita) praticamente sem folhas e PB 350 (à esquerda), ainda
enfolhado.
Figura 13. Clone RRIM 938 com sintomas de amarelecimento.
Clone RRIM 938
– estágio
avançado de
amarelecimento
Clone PB 350
ainda com
folhas verdes
Clone PB 235
praticamente
sem folhas no 1°
lançamento
(onde foi feito o
experimento).
Clone PB 350
ainda com
folhas verdes
Clone PB 350
ainda com
folhas verdes
Clone PB 235
praticamente
sem folhas no 1°
lançamento
(onde foi feito o
experimento).
Clone PB 235
praticamente
sem folhas no 1°
lançamento
(onde foi feito o
experimento).
Clone PB 350
ainda com
folhas verdes
Clone PB 350
ainda com
folhas verdes
Clone PB 235
praticamente
sem folhas no 1°
lançamento
(onde foi feito o
experimento).
55
Clone RRIM 937 pouco
amarelecimento
Figura 14. Clones PB 235 (com folíolos amarelados), RRIM 600 (atrás, à direita) e PR 255 (atrás, à
esquerda) enfolhados.
Figura 15. Clone RRIM 937 com poucos folíolos amarelados.
Clone RRIM 600
sem folhas
amareladas
Clone PB 235 com
folhas amareladas
Clone PR 255 sem
folhas amareladas
56
4. DISCUSSÃO
Com relação ao nível de infestação, as maiores populações foram registradas nos clones
RRIM 938, PB 235 e PB 350 e as menores em PR 255, RRIM 937 e RRIM 600.
No clone PB 235 foram registradas as maiores notas para intensidade de sintomas nos
folíolos e número de folíolos atacados nas mudas, além do maior número de folíolos amarelados e a
maior ocorrência natural de C. heveae. Esse clone apesar de ser o segundo mais plantado nas
unidades de produção agropecuária (25% das UPAs), ser recomendado para o planalto para plantio
em pequenas e grandes propriedades em larga escala e atingir alta produtividade com um média de
produção, nos cinco primeiro anos de sangria, de 1.834 kg/ha/ano, apresenta vários problemas
fitossanitários (CORTEZ et al., 2003; GONÇALVES, 1999).
Para o Estado de São Paulo, é considerado o clone mais sensível ao ataque de oídio e com
maior tendência à seca do painel (BACCHIEGA, 1999; GONÇALVES et al., 2000). Com relação
aos ácaros tem sido observado intenso desfolhamento precoce das plantas quando atacadas por T.
heveae e C. heveae (VIEIRA; GOMES, 2003; FURQUIM, 1994; PINHEIRO et al., 2003). Em
19/06/05, as mudas de PB 235 apresentavam intenso amarelecimento dos folíolos (Figura 12).
No clone RRIM 938 a intensidade dos sintomas nos folíolos embora baixa até 07/05
apresentou um aumento acentuado em 19/05. Na avaliação dos sintomas de T. heveae nas mudas,
57
observou-se um aumento progressivo no número de folíolos atacados à semelhança do que ocorreu
com o clone PB 235 (Figura 9). Apesar disso, até 19/05, esses sintomas eram iniciais e levaram a um
número de folíolos amarelados inferior ao observado em PB 235. Após essa data houve um avanço
significativo nos sintomas o que resultou no intenso amarelecimento registrado na fotografia de
19/06 (Figura 13). Esses dados demonstram que RRIM 938 apresenta um desenvolvimento mais
lento dos sintomas o que entretanto, não é suficiente para evitar o amarelecimento dos folíolos.
No clone PB 350 apesar das altas populações, não houve a mesma suscetibilidade observada
em PB 235. Esse material apresentou valores intermediários para as variáveis estudadas. Assim,
apesar da média do número de espécimes ter sido praticamente igual ao observado em PB 235, as
notas de sintomas nos folíolos avaliados foram semelhantes ao registrado em RRIM 600 (Tabela 2),
que apresentou uma média de ácaros 45% menor (Tabela 1).
Na metodologia deste trabalho, as notas atribuídas à intensidade de sintomas nos folíolos,
seguiram uma escala de 0 a 3, a nota 1 indicando folíolo ainda verde, apenas com pontuações
escuras nos locais de alimentação e a nota 2 representando presença de áreas escurecidas ao longo
das nervuras e início de amarelecimento. No clone PB 350, os sintomas foram leves até 27/04 com
um pequeno aumento (nota 1,3) em 07/05 e 19/05 (Tabela 2, Figura 7). Nas fotografias realizadas
em 19/06/05, o clone PB 350 ainda apresentava folíolos verdes (Figura 12). Esses resultados revelam
que esse material apresenta certo nível de tolerância à presença de T. heveae, o que também pode ser
verdadeiro para C. heveae em função da pequena ocorrência registrada (Figura 11).
Em PR 255 registrou-se o menor valor para a média do número de espécimes de T. heveae,
embora sem diferir estatisticamente de RRIM 937 e RRIM 600. Nesse material houve a menor
intensidade de sintomas nos folíolos avaliados (Tabela 2; Figura 7) e o número de folíolos nas mudas
semelhante ao registrado em RRIM 600 e RRIM 937 (Figuras 8 e 9). Não houve o registro de
nenhum folíolo amarelado e a ocorrência de C. heveae foi muito pequena (Figuras 10 e 11). Nesse
clone, a nota 1 para intensidade de sintomas nos folíolos não foi ultrapassado em nenhuma avaliação
58
(Tabela 2). Em 19/06/05, quando foram feitas as fotografias, as mudas de PR 255 ainda
apresentavam os folíolos verdes (Figura 14).
Entre os clones testados, PR 255 foi considerado o mais resistente. Para o Estado de São
Paulo esse material é recomendado para plantio em grande escala, tendo apresentado em
experimentos realizados, produção muito boa nos primeiros anos de sangria, boa produção durante a
senescência, boa resposta à estimulação, boa resistência à seca do painel, boa resistência ao vento,
média resistência à antracnose e ao frio, bom formato de copa, boa espessura da casca virgem e boa
renovação de casca (GONÇALVES, 1999). Em experimentos de larga escala, esse clone destacou-se
dos demais, apresentando produção acumulada nos primeiros sete anos de sangria superior ao RRIM
600 e, além disso, superou os outros clones com bom vigor na época de abertura do painel e como
deficiência, apresentou alta suscetibilidade ao oídio (MEDRADO; COSTA, 1989).
Quanto aos ácaros, Furquim (1994) observou alta infestação de C. heveae em experimentos
realizados em Jaboticabal-SP, mas apesar dela, as plantas de PR 255 permaneceram enfolhados por
mais tempo, evidenciando a presença de fatores de resistência por tolerância. Para Mato Grosso, nos
municípios de Itiquira e Pontes e Lacerda, Ferla (2001) observou, nesse clone, pequenas populações
de T. heveae, semelhante ao registrado em RRIM 600 (5,0 ácaros/folha) e inferior aos valores
registrados em IAN 873 (10 ácaros/folha) e PB 260 (25 ácaros/folha).
RRIM 937 apresentou intensidade média de sintomas nos folíolos (Tabela 2; Figura 7)
ultrapassando o limite da nota 1 em três avaliações, notadamente em 27/04 (Figura 7). Entretanto,
esse clone apresentou o menor número de folíolos atingidos nas mudas (Figuras 8 e 9) e pequena
ocorrência de folíolos amarelados e de C. heveae (Figuras 10 e 11). Em 19/06/05 as mudas de RRIM
937 apresentavam pouco amarelecimento (Figura 15).
O clone RRIM 600 utilizado neste experimento como testemunha por ser o mais plantado no
Estado de São Paulo, cultivado em 71% das UPAs, apresentou bons resultados (CORTEZ et al.,
2003). Nele, o desenvolvimento populacional de T. heveae (Tabela 1, Figuras 5 e 6) e a intensidade
de sintomas nos folíolos (Tabela 2, Figura 7) estiveram entre os menores. O número de folíolos
59
amarelados e a ocorrência de C. heveae também foram pequenos (Figuras 10 e 11). Nesse clone, o
limite da nota 1 para intensidade de sintomas nos folíolos foi ultrapassado apenas na avaliação de
27/04, evidenciando nesse material, pequenas populações que resultaram em baixo nível de sintomas
(Tabela 2).
Recomendado para o planalto em pequenas e grandes propriedades, em grande escala, o
clone RRIM 600 está entre os mais produtivos, podendo chegar a uma média de produção nos
primeiros cinco anos de sangria de 1.540 kg/ha/ano (GONÇALVES, 1999). Esse material é
suscetível à rubelose, como observado nos municípios de Garça e Barretos, onde a doença provocou
desgalhamento intenso e mesmo morte de algumas plantas (MEDRADO; COSTA, 1989;
FURTADO; SILVA, 1999). Entretanto, apresenta resistência à antracnose do painel sendo que
Gonçalves et al. (1994) sugeriram o uso desse clone como fonte de resistência a essa doença em
programas de melhoramento.
Em relação aos ácaros, Furquim (1994) registrou as menores infestações de C. heveae nesse
clone e Pinheiro et al. (2003) relataram a ausência de danos desse eriofídeo em Codeara-MT, em
uma quadra localizada ao lado de uma área de PB 235 altamente danificada.
60
5. CONCLUSÕES
Nas condições em que foi desenvolvido o presente trabalho, pode-se concluir que:
O clone PB 235 foi o mais suscetível a T. heveae e o que apresentou maior ocorrência
natural de C. heveae.
Os clones PR 255, RRIM 937 e RRIM 600 foram menos favoráveis ao desenvolvimento
populacional de T. heveae, cujo ataque resultou em menor manifestação de sintomas.
Em PR 255 não houve registro de folíolos amarelados
Nos clones PB 350 e RRIM 938 T. heveae atingiu elevadas populações
O clone PB 350 apresentou tolerância ao ataque de T. heveae com pouca manifestação de
sintomas
O clone RRIM 938 apresentou um desenvolvimento mais lento dos sintomas, o que não foi
suficiente para evitar o amarelecimento dos folíolos
61
CAPÍTULO 3
ATIVIDADE PREDATÓRIA DE Euseius citrifolius DENMARK & MUMA (ACARI:
PHYTOSEIIDAE) SOBRE O ÁCARO-VERMELHO DA SERINGUEIRA
Tenuipalpus heveae BAKER (ACARI: TENUIPALPIDAE)
1. INTRODUÇÃO
O cultivo da seringueira [Hevea brasiliensis (Willd. ex. Adr. de Juss.) Müell. Arg.], com a
utilização de grandes áreas em sistema de monocultura, tem favorecido o desenvolvimento de várias
espécies de insetos e ácaros, sendo algumas delas consideradas pragas de importância econômica,
com destaque para os ácaros e o percevejo-de-renda no Estado de São Paulo (TANZINI, 1999;
BENESI, 1999). Entre os ácaros fitófagos dessa cultura, os de maior importância são Calacarus
heveae Feres e Tenuipalpus heveae Baker (HERNANDES; FERES, 2006).
O ácaro-vermelho T. heveae é uma espécie da família Tenuipalpidae, que ocorre na face
inferior das folhas, localizando-se ao longo das nervuras, onde pode-se observar grande quantidade
de ácaros, ovos e exúvias. Nesses locais observa-se um escurecimento do tecido vegetal em
correspondência aos locais de alimentação, com posterior amarelecimento e queda das folhas
62
(VIEIRA; GOMES, 2003). Levantamentos populacionais realizados em São Paulo e Mato Grosso
têm demonstrado a sua ocorrência freqüente e abundante (FERES et al., 2002; FERLA, 2001).
Na cultura da seringueira podem ser encontradas muitas espécies de ácaros predadores, com
destaque para as das famílias Phytoseiidae e Stigmaeidae, que são as mais comuns em folhas de
seringueira no sudeste e centro-oeste do Brasil, sendo a maior diversidade apresentada pelos
fitoseídeos (FERES, 2000).
Muitos fitoseídeos são usados como agentes de controle biológico em vários ecossistemas
agrícolas e são fatores importantes em sistemas de manejo integrado de pragas (CHANT, 1985).
Euseius citrifolius Denmark & Muma é um ácaro predador potencialmente útil no controle
de ácaros fitófagos, sendo comumente encontrado em citros e seringueira (GRAVENA, 2000;
MOREIRA, 1993; SATO et al., 1994). Esse predador foi uma das espécies mais abundantes
coletadas em seringais dos municípios de Cedral, Pindorama e Taquaritinga; neste último, em área
vizinha a pomar de citros onde também é espécie freqüente e abundante (FERES et al., 2002;
GRAVENA, 2000). Sua ocorrência em níveis significativos também foi registrada em seringais de
Olímpia-SP e Piracicaba-SP, onde está entre os predadores mais comuns (BELLINI et al., 2005b;
VIS et al., 2006). Essa espécie é o fitoseídeo mais freqüente em seringais do Estado de São Paulo
(HERNANDES; FERES, 2006).
Embora E. citrifolius seja um predador tipo 4, generalista com preferência por pólen,
alguns trabalhos têm demonstrado o seu potencial como predador de ácaros fitófagos
(MCMURTRY; CROFT, 1997). Sua atividade predatória já foi avaliada para o ácaro-da-leprose de
citros, Brevipalpus phoenicis (Geijskes), da família Tenuipalpidae, registrando-se uma efetiva
predação com preferência pela fase larval da presa (GRAVENA et al., 1994).
Assim, considerando-se a ocorrência com freqüência e abundância de E. citrifolius em
seringueira no Estado de São Paulo, o seu registro como predador de outro tenuipalpídeo, o ácaro-
da-leprose de citros, e a importância crescente do ácaro T. heveae para a cultura, o presente trabalho
teve por objetivo avaliar a atividade predatória de E. citrifolius sobre as fases de desenvolvimento
63
do ácaro-vermelho, gerando informações que possam contribuir para o manejo dos ácaros na cultura
da seringueira.
64
2. MATERIAL E MÉTODOS
O experimento, constituído de três testes, foi realizado no laboratório de Acarologia da
UNESP, Campus de Ilha Solteira, no período de maio a agosto de 2005.
Os ácaros utilizados, das duas espécies, foram obtidos de folhas de seringueira coletadas na
Fazenda de Ensino e Pesquisa da UNESP, Campus de Ilha Solteira, no município de Selvíria - MS.
Para a criação de E. citrifolius foram utilizados potes plásticos retangulares, com
aproximadamente 23 cm de largura por 13 cm de comprimento e 5 cm de profundidade. O fundo de
cada pote foi revestido com uma camada de espuma de náilon com espessura de 1 cm colocando-se
sobre ela uma placa plástica utilizada como piso (tipo Paviflex, com a parte rugosa para cima) de
forma semelhante ao desenvolvido por Komatsu & Nakano (1988) para estudos com Euseius
concordis Chant. Os bordos da placa de piso foram recobertos por uma camada de algodão hidrófilo
e, tanto ela quanto a espuma foram umedecidas diariamente com água destilada. Sobre a placa
colocaram-se alguns fios de algodão recobertos com uma lamínula (20 x 20 mm) para servir de
abrigo aos ácaros e uma lamínula com pólen de taboa (T. angustifolia) servindo de alimento. Os
recipientes foram fechados, sendo que em cada tampa recortou-se uma abertura de 6 cm x 4 cm para
evitar a condensação de vapor de água (Figura 1). Os ácaros foram transportados das folhas de
seringueira para o recipiente com o uso de um pincel de poucos pêlos.
65
Figura 1. Potes plásticos de criação de E. citrifolius.
Para os testes foram utilizadas placas de Petri de 9 cm de diâmetro contendo uma camada de
algodão umedecido com água destilada. Em cada uma delas, colocou-se um disco de folha de
seringueira, recortado com vazador de 2,5 cm de diâmetro, obtido de folhas naturalmente infestadas
no campo com T. heveae (Figura 2). Com o auxílio de um estilete, retirou-se o excesso de ovos e
ácaros, deixando-se apenas a quantidade de vinte espécimes para cada uma das fases do ciclo.
Figura 2. Placa de Petri onde foram realizados os experimentos.
Três testes foram conduzidos, um para cada fase de desenvolvimento biológico de E.
citrifolius, a saber: larvas, ninfas e fêmeas adultas. Em cada um deles foram utilizadas vinte placas
de Petri para cada fase do ciclo biológico de T. heveae (presa). Logo após o preparo, cada placa
recebeu um espécime de E. citrifolius na fase a ser avaliada. Cada placa foi considerada uma
repetição, constituindo-se três testes com delineamento inteiramente casualizado, totalizando quatro
tratamentos (fases presa) e vinte repetições, com vinte indivíduos (T. heveae) por repetição.
No teste com fêmeas adultas de E. citrifolius, os predadores utilizados foram deixados sem
alimentação por vinte e quatro horas, antes de serem transferidos para as arenas, evitando-se assim a
66
possibilidade de interferência da alimentação dada anteriormente aos mesmos (pólen de taboa),
enquanto para larvas e ninfas, a transferência foi realizada logo após o seu surgimento.
Para a obtenção das larvas de E. citrifolius foram feitos cinco recipientes para criação
idênticos aos descritos anteriormente, sendo colocadas em cada um, 50 fêmeas retiradas da criação
estoque. Essas fêmeas depositaram os ovos que no dia seguinte deram origem às larvas. Após o
preparo das placas com ovos, larvas, ninfas e adultos de T. heveae, as larvas de E. citrifolius
eclodidas foram transferidas, uma para cada placa. O grande número de fêmeas (50) colocadas nos
recipientes foi necessário devido à alta mortalidade das larvas na água das caixas de criação.
Para o teste de ninfas, estas foram retiradas diretamente das criações de E. citrifolius com o
uso de um pincel de poucos pêlos.
As placas foram mantidas em laboratório à temperatura de 25,0 ± 2,0º C, umidade relativa
de 65,0 ± 10,0% e intensidade de luz variando de 0 a 30 lux (penumbra). As avaliações foram feitas
após 24 horas para larvas e ninfas do predador e após 24, 48 e 72 horas para os adultos, contando-se
o número de ácaros vivos, mortos naturalmente, mortos na água e predados. A cor do predador,
branco sem alimentação e avermelhado após ingerir a presa foi um forte indicativo da predação
(Figura 3).
Figura 3. Fêmea de E. citrifolius se alimentando de pólen de T. angustifolia (à esquerda) e ninfa se
alimentando de uma larva de T. heveae com coloração avermelhada (à direita).
67
No caso de ninfas e adultos, após a avaliação, os predadores foram montados em lâmina de
microscopia para confirmação da fase do ciclo. No caso de larvas esse cuidado não foi necessário,
porque nessa fase os ácaros têm apenas três pares de pernas o que não permite confundí-los.
Os dados de número de ovos, larvas, ninfas e adultos predados, transformados em 1+x ,
foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Duncan a 5%.
68
3. RESULTADOS
Para larvas (F = 26,78; p < 0,0001; CV = 24,2%) e ninfas (F = 28,46; p < 0,0001; CV =
30,6%) de E. citrifolius, a fase mais predada de T. heveae foi a de larva, seguida pela de ninfa e
depois ovos e adultos, estatisticamente iguais (Figura 4). Larvas do predador predaram em média
7,9 larvas e 4,4 ninfas do ácaro-vermelho, enquanto para as ninfas registraram-se as médias de 11,2
e 6,3 espécimes predados, respectivamente. Para fêmeas adultas do predador o número médio de
larvas e ninfas predadas nas primeiras 24 horas foi semelhante (F = 17,09; p < 0,0001; CV =
36,2%), seguido pela fase adulta e de ovos, estes, os menos predados (Figura 4). A fase adulta
predou, em média, 8,6 larvas e 6,5 ninfas.
69
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
ovos larvas ninfas adultos
Fases de
T. heveae
Número de ovos e ácaros predados
0
2
4
6
8
10
12
14
ovos larvas ninfas adultos
Fases de
T. heveae
Número de ovos e ácaros predados
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
ovos larvas ninfas adultos
Fases de
T. heveae
Número de ovos e ácaros predados
Figura 4. Número médio de ovos, larvas, ninfas e adultos de T. heveae predados por larvas (A),
ninfas (B) e fêmeas adultas (C) de E. citrifolius durante 24 horas. Ilha Solteira-SP,
2005.
Fêmeas adultas de E. citrifolius, avaliadas durante um período de 72 horas, apresentaram
maior predação de larvas e ninfas (F = 28,02; p < 0,0001; CV = 18,3%), totalizando predação
média de 14,9 larvas (74,7%), 14,2 ninfas (70,8%), 6,3 adultos (31,7%) e 1,9 ovos (9,6%) (Figura
5).
c
a
b
c
c
a
b
c
c
a
a
b
A
B
C
70
0
2
4
6
8
10
12
14
16
ovos larvas ninfas adultos
Fases de
T. heveae
Número de ovos e ácaros predados
24 horas
48 horas
72 horas
Figura 5. Número médio de T. heveae predados por fêmeas adultas de E. citrifolius durante 24, 48 e
72 h. Ilha Solteira – SP, 2005.
c
a
a
b
c
c
a
a
a
a
b
b
71
4. DISCUSSÃO
Embora E. citrifolius possa ser classificado como um predador tipo 4, ou seja, generalista
com preferência por pólen, alguns trabalhos têm demonstrado o seu potencial como predador de
ácaros fitófagos (MCMURTRY; CROFT, 1997; GRAVENA et al., 1994; MOREIRA, 1993;
FURTADO; MORAES, 1998).
No presente trabalho, a aceitação de T. heveae como fonte alimentar, indica que esse
predador pode estar desempenhando um papel de agente de controle biológico do ácaro-vermelho
no ecossistema da seringueira.
Larvas e ninfas de E. citrifolius apresentaram preferência por larvas de T. heveae, enquanto
as fêmeas adultas preferiram larvas e ninfas. Esse comportamento também foi verificado por
Gravena et al. (1994) que registraram a maior predação de larvas de B. phoenicis por larvas, ninfas
e adultos desse predador. Moraes; McMurtry (1981) observaram que entre ovos e larvas de
Tetranychus pacificus McGregor, as fases jovens de E. citrifolius preferiram a fase larval da presa,
aparentemente pela dificuldade de perfurar os ovos. Essa talvez possa ser uma explicação para a
menor preferência pela fase de ovo, observada no presente trabalho. Euseius concordis (Chant)
alimentado com B. phoenicis mostrou preferência por ovos e formas jovens, com pequena predação
da fase adulta (KOMATSU; NAKANO, 1988).
72
Em um período de 24 horas, ninfas de E. citrifolius predaram uma maior quantidade de
larvas (11,2) de T. heveae do que as fêmeas adultas do predador (8,6 larvas). Entretanto, essa fase
do desenvolvimento (protoninfa e deutoninfa consideradas em conjunto) tem duração curta em
relação à longevidade das fêmeas. Quando alimentadas com Tetranychus urticae Koch, por
exemplo, ninfas apresentaram a duração de 3,5 dias enquanto a longevidade de fêmeas foi em
média de 14,7 dias (FURTADO; MORAES, 1998). Dessa forma, a maior importância na predação
deve ser atribuída aos adultos, e entre eles, às fêmeas em função da maior capacidade predatória e
da maior longevidade, 31,2 dias, em média, em relação à dos machos, de 7,11 dias, quando
alimentados com pólen de mamona (GRAVENA et al., 1994; MOREIRA, 1993).
Ao longo de 72 horas, fêmeas adultas predaram, em média, 14,9 larvas e 14,2 ninfas.
Fêmeas adultas de Euseius alatus De Leon avaliadas quanto à predação de B. phoenicis
apresentaram maior capacidade de predação, atacando, em média, 17,7 larvas e 10,3 ninfas em 24
horas (REIS et al., 2000). Essa espécie também predou, no mesmo período, 18,2 ovos e apenas 0,5
adulto. E. concordis na fase adulta (fêmeas e machos considerados em conjunto) predou em um
período de 24 horas, 26,3 ovos, 17,7 formas jovens e 1,4 adultos de B. phoenicis (KOMATSU;
NAKANO, 1988).
Alimentadas com M. tanajoa, fêmeas de E. citrifolius, à 25°C, apresentaram longevidade
média de 11,6 dias e com T. urticae, 14,7 dias. Considerando-se os resultados do presente trabalho,
de uma ingestão de 14,9 larvas a cada 3 dias, 5 por dia ou 14,2 ninfas, 4,7 diariamente, cada fêmea
de E. citrifolius poderia predar no total, 70 larvas ou 65,8 ninfas de T. heveae, para uma
longevidade de 14 dias.
Com base nos resultados obtidos pode-se concluir que o ácaro-vermelho da seringueira é
uma presa aceita por E. citrifolius, que apresenta maior preferência pelas fases de larva e ninfa.
Assim, é provável que esse predador esteja atuando no ecossistema da seringueira como um dos
fatores de controle populacional de T. heveae.
73
CAPÍTULO 4
REFERÊNCIAS
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Londrina, v. 35, n. 1, p. 112-120, 2006.
84
CAPÍTULO 5
ANEXOS
85
ANEXO 1
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
28/3 31/3 3/4 6/4 9/4 12/4 15/4 18/4 21/4 24/4 27/4 30/4 3/5 6/5 9/5 12/5 15/5 18/5
Dias
Temperatura (°C) e Umidade Relativa (%)
0
5
10
15
20
25
30
Precipitação (mm)
PRECIPITAÇÃO MÉDIA TEMPERATURA MÉDIA UMIDADE RELATIVA MÉDIA
Figura 16. Dados climáticos. Em cada data, o valor apresentado representa a média (para
temperatura e umidade relativa do ar) ou o total (para precipitação) registrados nos três
dias anteriores. Ilha Solteira-SP, 2005.
86
ANEXO 2
Tabela 3. Número de folíolos amarelados com presença de Tenuipalpus heveae e média do número
de ovos e ácaros encontrados na superfície total dos folíolos. Ilha Solteira-SP, 2005.
Número de folíolos amarelados e média do número de ovos e
ácaros
Clones
28/03 07/04 17/04 27/04 07/05 19/05
Total de
folíolos e
média de
ovos e
ácaros/folíolo
infestado
PR 255 - - - - - -
-
RRIM
600
-
1
43 ovos e
53 ácaros
-
1
1688 ovos e
782 ácaros
-
1
117 ovos e
12 ácaros
3
616 ovos e
282,3 ácaros
RRIM
937
-
1
118 ovos
e 110
ácaros
1
48 ovos e
28 ácaros
3
1413,3 ovos
e 563,7
ácaros
1
262 ovos e
281 ácaros
1
1197 ovos
e 441
ácaros
7
607,7 ovos e
284,7 ácaros
RRIM
938
- -
4
187,5 ovos
e 33 ácaros
1
1347 ovos e
769 ácaros
2
142,5 ovos
e 5 ácaros
5
1514 ovos e
659,2
ácaros
12
797,7 ovos e
366,5 ácaros
PB 235 - -
2
243 ovos
e 61,5
ácaros
8
694,4 ovos e
261,9 ácaros
24
329 ovos e
211,4
ácaros
5
810 ovos e
433,6
ácaros
39
519,1 ovos e
242,1 ácaros
PB 350 -
1
153 ovos
e 148
ácaros
-
1
508 ovos e
300 ácaros
8
194,6 ovos
e 96,7
ácaros
3
359 ovos e
133,7
ácaros
13
303,6 ovos e
169,6 ácaros
87
ANEXO 3
Tabela 4. Número de folíolos amarelados com presença de C. heveae e média do número de exúvias
e ácaros encontrados na superfície total dos folíolos. Ilha Solteira-SP, 2005.
Número de folíolos amarelados e média do número de exúvias e
ácaros
Clones
28/03 07/04 17/04 27/04 07/05 19/05
Total de
folíolos e
média de
exúvias e
ácaros/folíolo
infestado
PR 255 - - - - - -
-
RRIM
600
- - - - - -
-
RRIM
937
- - -
1
1429 exúvias
e 274 ácaros
- -
1
1429 exúvias e
274 ácaros
RRIM
938
- -
3
61 exúvias
e 1 ácaro
-
1
157 exúvias
e 13 ácaros
2
663
exúvias e
154 ácaros
6
293,7 exúvias
e 56 ácaros
PB 235 - - -
5
530,2
exúvias e 112
ácaros
18
654,6
exúvias e
71,5 ácaros
4
210,7
exúvias e
28,7 ácaros
27
465,2 exúvias
e 70,7 ácaros
PB 350 - - - -
4
410,5
exúvias e
73,7 ácaros
-
4
410,5 exúvias
e 73,7 ácaros
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