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DANIELLE DAHER PEREIRA DE SOUSA
Consumo de produtos lácteos informais, um perigo para a
saúde pública. Estudo dos fatores relacionados a esse
consumo no município de Jacareí - SP
São Paulo
2005
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DANIELLE DAHER PEREIRA DE SOUSA
Consumo de produtos lácteos informais, um perigo para a
saúde pública. Estudo dos fatores relacionados a esse
consumo no município de Jacareí - SP
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
graduação em Epidemiologia Experimental e
Aplicadas às Zoonoses da Faculdade de
Medicina Veterinária e Zootecnia da
Universidade de São Paulo para obtenção do
título de Mestre em Medicina Veterinária
Departamento:
Medicina Veterinária Preventiva e Saúde
Animal
Área de concentração:
Epidemiologia Experimental e Aplicadas às
Zoonoses
Orientadora:
Profa. Dra. Evelise Oliveira Telles
São Paulo
2005
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Autorizo a reprodução parcial ou total desta obra, para fins acadêmicos, desde que citada a fonte.
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO-NA-PUBLICAÇÃO
(Biblioteca da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo)
T.1580 Sousa, Danielle Daher Pereira de
FMVZ Consumo de produtos lácteos infomais, um perigo para a
saúde pública. Estudo dos fatores relacionados a esse consumo
no município de Jacareí – SP / Danielle Daher Pereira de Sousa.
– São Paulo : D. D. P. Sousa, 2005.
114 f. : il.
Dissertação (mestrado) - Universidade de São Paulo.
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia. Departamento de
Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Animal, 2005.
Programa de Pós-graduação: Epidemiologia Experimental e
Aplicadas às Zoonoses.
Área de concentração: Epidemiologia Experimental e
Aplicadas às Zoonoses.
Orientador: Profa. Dra. Evelise Oliveira Telles.
1. Leite informal. 2. Derivados informais. 3. Saúde pública.
4. Doenças transmitidas por alimentos. 5. Consumidor. I. Título.
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome: SOUSA, Danielle Daher Pereira de
Título: Consumo de produtos lácteos informais, um perigo para a saúde pública.
Estudo dos fatores relacionados a esse consumo no município de Jacareí - SP
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
graduação em Epidemiologia Experimental e
Aplicada às Zoonoses da Faculdade de Medicina
Veterinária e Zootecnia da Universidade de São
Paulo para obtenção do título de Mestre em
Medicina Veterinária.
Data:____/____/____
Banca Examinadora
Prof. Dr. _______________________________ Instituição: ___________________
Assinatura: _____________________________ Julgamento: __________________
Prof. Dr. _______________________________ Instituição: ___________________
Assinatura: _____________________________ Julgamento: __________________
Prof. Dr. _______________________________ Instituição: ___________________
Assinatura: _____________________________ Julgamento: __________________
Eduardo e Barbara,
Sem vocês, para mim, a felicidade não seria possível.
Dedico essa conquista aos dois.
Eduardo, agradeço-o pela paciência, apoio e carinho em todos os momentos.
Uma vida sem amor é como árvores sem flores e sem frutos. E um amor sem
beleza é como flores sem perfume. Vida, amor, beleza: eis a minha trindade.”
Gibran, Temporais
Evelise,
Agradeço-a pela orientação segura, confiança e amizade.
“O que faz andar o barco não é a vela enfunada, mas o vento que não se vê.”
Platão
Professora Maria Izabel Simões Germano,
Agradeço-a pela dedicação, auxílio e todas as preciosas sugestões durante o
transcorrer deste trabalho.
“O talento limita-se a indicar a profundidade do caráter numa certa direção.”
Henry Thoreau
AGRADECIMENTOS
Ao meu cunhado Emílio Augusto Iazbeck Zamae pela colaboração nas horas mais
difíceis.
À minha mãe Noemi Teresinha Daher Pereira pelo carinho, compreensão e ajuda.
Ao meu pai, Duntalmo Pereira, pela confiança.
Às minhas irmãs Luciana e Ingrid pelo auxílio durante a execução deste trabalho.
Aos auxiliares de pesquisa Emiliane Daher Pereira e Renan Monsanto pelo
excelente trabalho realizado, entrevistando os consumidores de produtos lácteos e
viabilizando a consecução desta pesquisa.
Ao médico veterinário Rodrigo Guimarães, profissional admirável, pela amizade,
pelas fotografias e pelo auxílio durante a pesquisa.
Ao professor Dr. José César Panetta, pelas valiosas sugestões na análise do projeto
deste estudo.
Ao professor Dr. Ricardo Augusto Dias pela preciosa ajuda na execução das
análises estatísticas.
À professora Dra. Sônia Regina Pinheiro, pelas sugestões e atenção na fase de
elaboração do instrumento desta pesquisa.
Aos médicos veterinários Carlos Maurício Leal e Vera Lígia Dias Bonafé, do Serviço
de Inspeção do Estado de São Paulo, por toda a preciosa atenção e auxílio, em
todos os momentos.
Ao gerente do departamento de agricultura de Jacareí, José Felipe Cristino Júnior,
pela compreensão e apoio durante a realização desta pesquisa.
Ao diretor do departamento de vigilância à saúde da prefeitura de Jacareí, Ricardo
Buchaul, pelo estímulo para a realização deste estudo.
Às bibliotecárias Elza e Fátima pela paciência e atenção em examinar este estudo.
A todos que direta ou indiretamente tornaram possível a realização deste trabalho.
RESUMO
SOUSA, D. D. P. de Consumo de produtos lácteos informais, um perigo
para a saúde pública. Estudo dos fatores relacionados a esse consumo no
município de Jacareí – SP [Consumption of informal dairy products, a hazard
for public health. Study of factors related to this consumption at the city of
Jacareí – SP]. 2005. 115 f. Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária) –
Faculdade De Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo,
São Paulo, 2005.
Com o objetivo de estabelecer associações entre as características dos
consumidores de produtos lácteos com a preferência pelo produto lácteo formal
ou informal, as razões para essa preferência, o hábito de fervura do leite dentre
os consumidores de informal, os principais produtos lácteos consumidos, o
conhecimento sobre as doenças transmitidas pelo leite e derivados e o
significado do carimbo do Serviço de Inspeção, para que pudessem servir de
base para ações futuras de intervenção para a redução do consumo de
informais, realizou-se um levantamento utilizando um questionário semi-
estruturado, com 29 questões, aplicado a 465 consumidores em diferentes
pontos comerciais do município de Jacareí, no período de novembro de 2004 a
fevereiro de 2005. Os resultados mostraram associação entre o consumo do
produto informal e as características: sexo masculino, local de moradia zona
rural, renda familiar acima de R$ 1.040,00, mais de 4 pessoas morando no
domicílio, compra de ambulantes, compra na zona rural e o conhecimento
sobre a possibilidade do produto lácteo poder causar doenças. Associada ao
consumo de produtos formais esteve apenas a variável compra em
supermercado.Os produtos lácteos informais mais consumidos foram o leite
fluido, queijo minas frescal, manteiga e iogurte. Dos consumidores de leite
fluido 7,4% consomem leite informal sem ferver. As principais razões para o
consumo do informal foram: ser mais puro, mais fresco, mais barato, mais forte,
ter confiança em quem vende o produto, não ter diferença do industrializado,
ser mais saudável e mais saboroso. Para os derivados formais, obteve-se
primeiro a praticidade, seguida pela segurança ou procedência, higiene, não
encontrarem do produtor, ser tratado ou testado, o costume, o sabor e o preço.
Aproximadamente 17% dos consumidores alegaram procurar pelos carimbos
da Inspeção na embalagem ao comprar leite ou derivados, no entanto nenhum
consumidor se lembrou dos carimbos quando perguntados o que observavam
na embalagem no ato da compra de produtos industrializados. Os meios de
divulgação de informação escolhidos, em ordem de freqüência, foram: TV,
rádio e através das escolas do ensino fundamental. Conclui-se que o consumo
de produto lácteo informal independe de qualquer das variáveis estudadas,
embora haja maior freqüência de consumo de informais entre homens, entre as
pessoas que moram na zona rural, famílias com renda mais alta, maior número
de pessoas por domicílio, quando há compra de ambulantes ou na zona rural e
entre as pessoas que alegam ter conhecimento de que o leite transmite
doenças; 7,4% dos entrevistados estão expostos ao risco de contrair alguma
zoonose ou outra doença pelo consumo de leite cru sem ferver. A população
precisa ser esclarecida sobre as reais diferenças entre os produtos
industrializados e os informais, bem como sobre os órgãos que atestam a
qualidade dos alimentos. A redução do risco será alcançada quando governo e
indústria trabalharem, sistemática e continuamente, para mudar paradigmas e
motivar mudança de hábitos.
Palavras-chave: Leite informal. Derivados informais. Saúde pública. Doenças
transmitidas por alimentos. Consumidor.
ABSTRACT
SOUSA, D. D. P. Consumption of informal dairy products, a hazard for
public health. Study of factors related to this consumption at the city of
Jacareí – SP [Consumo de produtos lácteos informais, um perigo para a saúde
pública. Estudo dos fatores relacionados a esse consumo no município de
Jacareí – SP] . 2005. 115 f. Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária) –
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo,
São Paulo, 2005.
Intending to establish associations between dairy product consumers’
characteristics and the preference for a formal or informal dairy product, the
reasons for this preference, the habit of boiling the milk among the informal
product’s consumers, the main consumed dairy products, knowledge about milk
and dairy product borne diseases and the meaning of the Inspection Service’s
seal, so they could be a base for future intervention actions to reduce informal
product consumption, a survey was carried out using a 29-question semi-
structured questionnaire applied to 465 consumers at different points of sale in
the city of Jacareí-SP-Brazil from November 2004 to February 2005. The results
showed an association between the consumption of the informal product and
the following characteristics: male, rural area residence, family income above
R$ 1,040.00, more than 4 residents, purchase from street vendors, purchase in
the rural area and knowledge that the dairy product can cause diseases. Only
the supermarket purchase variable was associated to formal product
consumption. The most consumed informal dairy products were: liquid milk,
fresh white cheese, butter and yogurt. 7.4% of the liquid milk consumers
consume raw milk without boiling it. The main reasons for consuming the
informal dairy product were: for being purer, fresher, cheaper, stronger, for
trusting who sells the product, for not being different from the industrialized
product and for being healthier and tastier. For the formal dairy products, first
came practicality, then safety or origin, hygiene, not finding from the producer,
being treated or tested, custom, taste and price. About 17% of the consumers
said they look for the Inspection seals on the package when they buy milk or
dairy products; however no consumer remembered the seal when asked what
they observed on the package upon buying industrialized products. The chosen
disclosure means, in order of frequency were: TV, radio and through middle
schools. The conclusion is that the consumption of informal dairy products does
not depend on any of the studied variables, although there is a higher frequency
of informal dairy product consumption among men, among those who live in the
rural area, families with higher income, higher number of residents per house,
when purchased from street vendors and in the rural area and among people
who say they know that milk spreads diseases; 7.4% of those interviewed are
exposed to the risk of getting some zoonosis or other disease by consuming
raw not-boiled milk. The population must be informed about the real differences
between industrialized and informal dairy products, as well as about the
authorities that certify food quality. Risk reduction will be reached when the
government and industry systematically and continuously work to change
paradigms and motivate habit changes.
Keywords: Informal milk. Informal dairy products. Public health. Food borne
diseases. Consumer.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO
...........................................................................................................
15
1.1 O LEITE COMO IMPORTANTE FONTE DE ALIMENTO..........................................
18
1.2 LEGISLAÇÃO............................................................................................................
19
1.3 O MERCADO INFORMAL DE LEITE NO BRASIL....................................................
23
1.4 O COMÉRCIO DE LEITE INFORMAL NO MUNICÍPIO DE JACAREÍ......................
27
1.5 ASPECTOS RELACIONADOS À PROMOÇÃO DA SAÚDE.....................................
27
1.6 RISCO ASSOCIADO AO CONSUMO DE ALIMENTOS DE QUALIDADE
INSATISFATÓRIA............................................................................................................
30
1.7 PREJUÍZOS DEVIDOS AOS SURTOS DE DOENÇAS DE ORIGEM ALIMENTAR.
47
1.8 A EDUCAÇÃO COMO CHAVE PARA DIMINUIR OS RISCOS À SAÚDE................
49
1.8.1 Fatores que influenciam o comportamento do consumidor em relação à
segurança alimentar......................................................................................................
49
1.8.2 A educação em segurança alimentar é fundamental e se justifica..................
53
1.8.3 Elementos chaves para um plano de educação em saúde para a segurança
do consumo de produtos lácteos.................................................................................
56
1.8.4 Público alvo para um programa de educação em segurança alimentar.........
60
1.9 PROPOSTA PARA OS PRODUTORES E COMERCIANTES DE LEITE
INFORMAL: INVESTIR EM ALIMENTAÇÃO DE MELHOR QUALIDADE E MENOS
DISPENDIOSA PARA O GADO E ENTREGAR PARA AS FÁBRICAS DE
LATICÍNIOS, OU PASTEURIZAR E LEGALIZAR O LEITE.............................................
63
2 OBJETIVOS..................................................................................................................
68
3 MATERIAL E MÉTODOS.............................................................................................
69
3.1 AMOSTRA.................................................................................................................
69
3.2 INSTRUMENTO DE PESQUISA...............................................................................
70
3.3 PRÉ-TESTE DO INSTRUMENTO DE PESQUISA....................................................
70
3.4 TREINAMENTO DOS AUXILIARES DE PESQUISA.................................................
71
3.5 COLETA DE DADOS.................................................................................................
72
3.6 ANÁLISE E PROCESSAMENTO DE DADOS...........................................................
73
4 RESULTADOS e DISCUSSÃO....................................................................................
74
5 CONCLUSÃO...............................................................................................................
99
REFERÊNCIAS............................................................................................................
102
APÊNDICES.................................................................................................................
109
15
1 INTRODUÇÃO
Muitos casos de doenças transmitidas por alimentos (DTAs), se não a maioria,
poderiam ser prevenidos e muitas vidas salvas se os manipuladores de
alimentos fossem melhor educados e treinados em manipulação segura de
alimentos e os consumidores fossem melhor informados na escolha dos
alimentos.
Em 9 de abril de 1985, a Assembléia Geral das Nações Unidas adotou as
diretrizes para a proteção do consumidor, nas quais encorajava os países,
particularmente os em desenvolvimento, a desenvolverem programas de
educação ao consumidor. A proteção do consumidor de riscos à saúde e
segurança, seu acesso à informação adequada para capacitá-lo a fazer
escolhas acertadas de acordo com suas necessidades e desejos, e sua
educação são princípios dessas diretrizes (WHO, 2000).
Em 1992, a Conferencia Internacional de Nutrição, ocorrida em Roma, sugeriu
que os governos dos diversos países, em cooperação com grupos
interessados, deveriam apoiar a educação ao consumidor estimulando práticas
seguras em casa, participação comunitária e associações ativas de
consumidores. A 46
a
Assembléia Mundial de Saúde advertiu os países
membros para conter e reduzir o ritmo em que a prevalência de doenças
relacionadas à alimentação e das condições a elas relacionadas vem
crescendo (WHO, 2000).
Apesar do reconhecimento, tem sido dada pouca prioridade à segurança
alimentar e, em particular, à educação dos consumidores e manipuladores de
alimento nos programas nacionais de saúde. Além do mais, a importância da
“Os nossos conhecimentos são a
reunião do raciocínio e experiência de
numerosas mentes”
Ralph Emerson
16
segurança alimentar não tem sido levada em consideração nos programas para
a prevenção de diarréia.
A prevenção de DTAs requer empenho multissetorial do governo, indústria
alimentícia, comércio e consumidor. A estratégia de prevenção compreende
medidas regulamentares, atividades educacionais, vigilância de DTAs e
monitoramento dos contaminantes (WHO, 2000).
Numa revisão de 67 artigos que descreveram e avaliaram programas de
educação em saúde nos países em desenvolvimento, a Organização Mundial
de Saúde (OMS) constatou que nenhum dos estudos foi designado a educar
consumidores e manipuladores de alimento em segurança alimentar. Embora
tenha aumentado o reconhecimento da importância da segurança alimentar,
sua negligência no passado tem perpetuado a alta prevalência de doenças
diarréicas. Muitos programas de educação em higiene para a prevenção de
doenças diarréicas não foram muito efetivos uma vez que a questão da
segurança alimentar não foi abordada (WHO, 2000).
Um dos fatores que contribui para a atenção deficiente a esse assunto, talvez,
seja a informação insuficiente dos que elaboram a política de saúde, assim
como dos profissionais da área, sobre as conseqüências à saúde da
contaminação alimentar e da ligação de muitas doenças aos alimentos (WHO,
2000).
A magnitude e conseqüências das DTAs são, com freqüência, subestimadas
pelas autoridades de saúde pública. Apenas em anos recentes, como
conseqüência de surtos ameaçadores de DTAs, a informação sobre a
importância dessas doenças para a saúde pública aumentou em alguns países.
Exceto em relação a algumas doenças como botulismo, brucelose e listeriose,
17
as DTAs são quase sempre vistas como brandas e auto-limitantes. Apesar
desta constatação poder ser verdadeira, em muitos casos, as conseqüências à
saúde podem ser sérias e até ameaçar a vida. A falsa percepção tem
contribuído, em parte, para a falta de atenção dada a este problema (WHO,
2000).
A mortalidade por diarréia infantil tem diminuído nos países em
desenvolvimento, todavia, este decréscimo deve-se, principalmente, à melhoria
do manejo clínico de casos ao invés da efetividade das medidas preventivas.
As crianças, salvas por sais de reidratação oral, devem continuar a sofrer de
doenças diarréicas e associada má nutrição, tornando-se cada vez mais fracas,
até morrerem de outro tipo de infecção. A cada ano ocorrem,
aproximadamente, 1,5 bilhões de casos de diarréia em crianças abaixo de 5
anos e mais de 3 milhões delas morrem como resultado direto. Indiretamente,
muitos milhões mais morrem do efeito combinado de diarréia e má nutrição
(WHO, 2000).
Muitos países, particularmente os industrializados, têm uma extensa
infraestrutura para o controle dos alimentos, incluindo legislação de alimentos,
a qual é atualizada regularmente, e mecanismos eficientes de execução da
mesma. A experiência desses países mostra que um sistema regulamentar,
mesmo que completo e bem fundamentado, isoladamente, não pode prevenir
doenças transmitidas por alimentos. O aumento da incidência de DTAs, em
países industrializados, é evidência disso. Por outro lado, sempre que medidas
legislativas e educacionais foram combinadas, provaram ser eficientes na
redução de DTAs (WHO, 2000).
18
Infelizmente, exemplos de combinações de medidas educativas e legislativas
são escassos. Muitos países, ainda, acreditam somente na abordagem
regulamentar para a prevenção dessas doenças. Em locais onde a maior parte
dos alimentos é preparada nos domicílios, ou em casos de pessoas que
habitam a zona rural, a abordagem regulamentar é bastante limitada. Sob tais
condições, a educação do público, e particularmente dos manipuladores
domésticos de alimentos, toma uma importância, ainda, maior para a
prevenção de DTAs (WHO, 2000)
1.1 O LEITE COMO IMPORTANTE FONTE DE ALIMENTO
Desde a antiguidade o leite vem sendo utilizado como alimento para o homem.
Atualmente seu consumo apresenta taxa de crescimento constante,
principalmente de produtos derivados como iogurtes e queijos. Trata-se de
alimento altamente perecível pois tem as condições ideais para a multiplicação
de diversos microrganismos, dentre os quais se encontram os patogênicos. É
um produto que ocupa posição representativa na alimentação de crianças,
idosos e pessoas imunocomprometidas.
O leite sempre representou um risco para o consumidor. Após incansáveis
pesquisas, foram desenvolvidos diversos métodos para sua conservação e
eliminação de patógenos como a pasteurização, a desidratação, o leite
condensado e o processamento em diferentes sub-produtos. Entretanto, até
nos dias de hoje, produtos lácteos inseguros, elaborados a partir de leite cru
são encontrados à venda em todo o território nacional ameaçando a saúde da
19
população de uma maneira geral, e principalmente dos imunologicamente mais
frágeis como são as crianças, idosos e imunocomprometidos, que podem mais
facilmente vir a óbito caso este produto não tenha segurança.
1.2 LEGISLAÇÃO
No Brasil, a primeira lei do setor sanitário data de 1808 (coincidindo com a
vinda da Família Real). A legislação sobre alimentos inicia-se em 1906, com a
criação do Ministério dos Negócios da Agricultura, Indústria e Comércio, o qual
tinha como objetivo primordial o estudo e a normatização de todo e qualquer
assunto relacionado à indústria de produtos de origem animal. O marco
histórico mais significativo do Serviço de Inspeção Federal foi a promulgação
da Lei nº 1.283, em 18 de dezembro de 1950 e sua regulamentação em 1952
(GERMANO; GERMANO, 2001).
Já em 1969, o Decreto Lei Federal nº 923, de 10 de outubro, proibia a venda
de leite cru para consumo direto da população, em todo o território nacional,
podendo ser permitida, em caráter revogável, nas localidades que não
pudessem ser abastecidas, permanentemente, com leite beneficiado. O
Decreto Federal nº 66.183, de 5 de novembro de 1970, que regulamenta o
referido Decreto Lei, dispõe que a autoridade local competente inutilizará para
consumo humano o leite cru cuja distribuição contrariar suas normas, sem
prejuízo das sanções penais aplicáveis ao infrator.
A Lei Federal nº 7.889, promulgada em 23 de novembro de 1989, delega
competência à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios para a
20
realização da prévia inspeção sanitária e industrial dos produtos de origem
animal de que trata a Lei 1.283 (18/12/1950), nos termos do artigo 23, inciso II,
da Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1989).
No âmbito do Município de Jacareí, a Lei Municipal nº 3.771, de 18 de abril de
1996, cria o Serviço de Inspeção Municipal – SIM, que tem por objetivo a prévia
inspeção e a fiscalização dos produtos de origem animal delegando aos
departamentos municipais de agricultura e saúde a coibição da produção,
industrialização e comércio de produtos de origem animal clandestinos
podendo, para tanto, requisitar força policial (JACAREÍ, 1996).
A lei 9.712, de 20 de novembro de 1998, determina que a inspeção industrial e
sanitária de produtos de origem vegetal e animal será gerida de maneira que
os procedimentos e a organização da inspeção se façam por métodos
universalizados e aplicados, eqüitativamente, em todos os estabelecimentos
inspecionados, podendo ser adotados os métodos de análises de riscos e
pontos críticos de controle. Como parte do Sistema Unificado de atenção à
Sanidade Agropecuária, será constituído um sistema brasileiro de inspeção de
produtos de origem animal.
A Constituição Federal de 1988 define que é de competência comum da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios cuidar da saúde e
assistência públicas, determina que saúde é direito de todos e dever do Estado,
garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do
risco de doença, e de outros agravos, e ao acesso universal e igualitário às
ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. No artigo 198,
fica ressaltada a prioridade para as atividades preventivas (BRASIL, 1988).
21
Na Lei Orgânica da Saúde (Lei Federal n° 8.080/1990), a vigilância sanitária é
definida como um conjunto de ações capazes de eliminar, diminuir ou prevenir
riscos à saúde. Já a vigilância epidemiológica é definida como um conjunto de
ações que proporcionam o conhecimento, a detecção ou prevenção de
qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde
individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de
prevenção e controle das doenças ou agravos (BRASIL, 1990).
O artigo 15 da Lei 8.080 atribui à administração da União, Estados, Distrito
Federal e Municípios a promoção da articulação com os órgãos de fiscalização
do exercício profissional e outras entidades representativas da sociedade civil
para a definição e controle dos padrões éticos para pesquisa, ações e serviços
de saúde. O Estado de São Paulo, num modelo de atitude contra o comércio
de produtos de origem animal informais, criou a Resolução Conjunta entre as
Secretarias de Agricultura e Saúde, a SAA/SS n° 1, de 17 de novembro de
1999, para a atuação conjunta dos médicos veterinários da Coordenadoria de
Defesa Agropecuária com autoridade sanitária competente (no caso a
Vigilância Sanitária) para a fiscalização dos produtos e subprodutos cárneos
nos mercados de consumo (BRASIL, 1990; SÃO PAULO, 1999).
O Código de Defesa do Consumidor (BRASIL, 1990) tem por objetivo o
atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade,
saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria de
sua qualidade de vida, bem como, a transferência e harmonia das relações de
consumo atendendo certos princípios dos quais destaca-se a educação e
informação de fornecedores e consumidores, quanto aos seus direitos e
22
deveres, com vistas à melhoria do mercado de consumo. Garante como
direitos básicos do consumidor a proteção da vida, saúde e segurança contra
os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços
considerados perigosos ou nocivos; a educação e divulgação sobre o consumo
adequado dos produtos e serviços.
O Código de Defesa do Consumidor também refere que o fornecedor não
poderá colocar no mercado de consumo, produto ou serviço que sabe ou
deveria saber apresentar alto grau de nocividade ou periculosidade à saúde ou
segurança e determina que, sempre que tiverem conhecimento de
periculosidade de produtos ou serviços à saúde ou segurança dos
consumidores, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão
informá-los a respeito. (BRASIL, 1990)
Cabe ao Departamento Nacional de Defesa do Consumidor informar,
conscientizar e motivar o consumidor através dos diferentes meios de
comunicação; incentivar, inclusive com recursos financeiros e outros
programas especiais, a formação de entidades de defesa do consumidor pela
população e pelos órgãos públicos estaduais e municipais. (BRASIL, 1990)
O Código Penal brasileiro prevê reclusão de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa
por falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de substância ou produtos
alimentícios destinados a consumo, tornando-os nocivos à saúde ou reduzindo-
lhes o valor nutritivo. Incorre nas penas deste artigo quem fabrica, vende,
expõe à venda, importa, tem em depósito para vender ou, de qualquer forma,
distribui ou entrega a consumo a substância alimentícia ou o produto
23
falsificado, corrompido ou adulterado (se o crime é culposo, detenção de um a
dois anos, e multa). (BRASIL, 1940)
No entanto, existem diversos estudos relatando o vasto comércio de produtos
de origem animal, tanto cárneos quanto lácteos, informalmente produzidos e,
via de regra, em condições higiênico-sanitárias questionáveis, podendo expor a
saúde pública a elevados riscos de contrair doenças (BADINI et al., 1996;
FARINA, 2000; GERMANO, 1991; OLIVAL et al., 2002; PONSANO et al., 2001;
SANTOS; VILELA, 2000).
A responsabilidade pela fiscalização das propriedades rurais, das indústrias e
do transporte dos produtos de origem animal está a cargo das divisões
responsáveis pela agricultura na União, nos Estados e nos Municípios,
enquanto que a fiscalização nas casas atacadistas e nos estabelecimentos
varejistas é de competência dos órgãos da Saúde, ou seja, dos departamentos
responsáveis pela Vigilância Sanitária. Nenhum estabelecimento industrial ou
entreposto de produtos de origem animal pode funcionar, no país, sem que
seja previamente registrado no órgão competente para a fiscalização de sua
atividade (BRASIL, 1989).
1.3 O MERCADO INFORMAL DE LEITE NO BRASIL
Atualmente, existe no mercado nacional leite beneficiado que pode ser
armazenado em temperatura ambiente, por períodos até quatro meses (leite
UAT – Ultra Alta Temperatura), o que permite o abastecimento de qualquer
mercado consumidor. No entanto, observa-se que mesmo no estado de São
24
Paulo, tido como o mais rico e industrializado, o leite cru e seus derivados são
vendidos informalmente.
Nero et al (2004) afirmam que, apesar de ilegal, a venda de leite cru, no Brasil,
representa uma importante alternativa de comércio uma vez que existe uma
demanda bem estabelecida para o leite não pasteurizado no país.
Ainda hoje, por questões culturais, existe a crença de que os produtos
“caseiros”, “diretos da roça”, ou “artesanais” são mais frescos, fortes, nutritivos,
saborosos, saudáveis e isentos de produtos químicos. Sabe-se, no entanto,
que a qualidade do produto depende do status sanitário da matéria-prima e das
boas práticas durante fabricação, transporte e armazenamento. Inúmeras
pesquisas discutem os motivos para a permanência desses produtos informais
no mercado, destacando os de ordem cultural, econômica e a falta de
fiscalização.
Ponsano et al (2001) se admiram com o fato de uma população, cada vez mais
consciente de seus direitos como consumidora e exigente com relação à
qualidade dos produtos industrializados, perpetuar o hábito de adquirir e
consumir produtos como o “leite de carrocinha”, acreditando que ele seja mais
saudável por ser natural e isento de produtos químicos.
Por parte dos produtores que realizam o comércio deste tipo de produto, além
do desconhecimento técnico e da falta de recursos financeiros para investir nos
precários estabelecimentos, existe a elevação nos lucros adquirida mediante o
mecanismo de fraude fiscal, que também assegura 100% de aproveitamento
dos alimentos passíveis à condenação pela inspeção veterinária (GERMANO,
1991).
As figuras 1 e 2 mostram utensílios utilizados na fabricação de queijo informal.
25
Figuras 1 e 2 - Formas de queijos usadas por um produtor de queijo artesanal:
falta de higiene e uso de madeira, proibida nos
estabelecimentos industriais
26
Segundo Farina et al. (2000), vários estudos têm apontado o mercado informal
como um dos fatores que dificultam a modernização do sistema agroindustrial
do leite, no Brasil, afetando negativamente a sua competitividade, exacerbando
um comportamento oportunista, quebrando relações contratuais estáveis,
comprometendo o preço final do leite, e permitindo uma concorrência desleal.
Os autores alertam, ainda, que a produção informal não tem compromisso com
o consumidor, nem com seus fornecedores. Sua vantagem competitiva está
calcada em vantagens de custo advindas de baixos investimentos em controle
de qualidade e da sonegação fiscal. De acordo com seus cálculos, o mercado
informal representaria quase um terço da produção total de leite do país.
Chabaribery (2003) considera impressionante a persistência do leite informal
no mercado, cuja produção estimada caiu só 0,9% entre 1997 e 2002,
representando ainda 38% do volume total de leite produzido no Brasil, em
2002.
Santos e Vilela (2000) comentam que a produção informal é, extremamente,
resistente a crises por ter um mercado consumidor bastante fiel, mas, por outro
lado, tem enormes dificuldades de se desenvolver e, ainda, retarda o
desenvolvimento da produção formal. De acordo com seus dados, no ano de
1998, o leite informal representou 43,5% da produção total de leite no Brasil.
Costa (1999) e Faria e Mattos (1999) citam uma proporção maior: quase 50%,
vendido diretamente ao consumidor, sem qualquer tipo de fiscalização.
27
1.4 O COMÉRCIO DE LEITE INFORMAL NO MUNICÍPIO DE JACAREÍ
Situada a 78 km da capital de São Paulo e com área territorial de 463 km dos
quais 370 são zona rural, no ano de 2004, Jacareí teve sua população
estimada em 205.360 pessoas pelo IBGE (JACAREÍ, 2005; IBGE, 2005).
A venda de leite cru e de queijo feito com leite cru no município ocorre nas
propriedades rurais, quando os consumidores vão até elas busca-los; em
domicílios por vendedores ambulantes que vão inclusive em locais de trabalho,
sendo que estes últimos incluem até departamentos da prefeitura municipal
como o paço municipal, a secretaria de educação e esporte e até o
departamento de vigilância sanitária; e estabelecimentos comerciais, podendo
ser encontrados mesmo em açougues.
O departamento de saúde municipal não possui dados concretos sobre os
tipos, prevalências, estatísticas e epidemiologias de DTAs ocorridas em
Jacareí.
1.5 ASPECTOS RELACIONADOS À PROMOÇÃO DA SAÚDE
Santos e Vilela (2000) questionam a lentidão das instituições públicas na
promoção de ações capazes de atualizar a legislação para estabelecer novos
padrões de qualidade para o leite e eliminar a venda de leite não inspecionado.
Segundo Germano (1991), dentre as principais ações para o controle do
comércio clandestino de alimentos, além da elaboração de uma legislação mais
racional, e uma política fiscal mais equilibrada, estão, com fundamental
importância, as campanhas de educação em saúde, que visam mudar a
conduta dos consumidores e produtores. Silveira (2002) afirma que os
28
percentuais de produtos de origem animal consumidos no Brasil, sem nenhuma
inspeção, são bastante expressivos, contrastando muito com a situação dos
produtos destinados ao mercado externo, a autora sugere a elaboração de
políticas que conduzam à solução deste grave problema.
Farina et al. (2000), também, ressaltam a necessidade de informar ao
consumidor dos riscos a que está exposto. Ponsano et al. (2001) salientam
que, sendo o comércio informal de leite um problema de saúde pública, faz-se
necessário o estabelecimento de programas de orientação ao pequeno
produtor de leite e aos consumidores, bem como, a intensificação das
atividades de fiscalização desse comércio, uma vez que a melhoria da
qualidade do leite só pode ser obtida através da conscientização e atuação
conjunta de produtores, beneficiadores, técnicos, autoridades competentes e
do consumidor.
Dornelles (2004) afirma ser necessário ao poder público acompanhar o
dinamismo da iniciativa privada que vem adotando Boas Práticas de
Fabricação (BPF) e Análise dos Perigos e Pontos Críticos de Controle
(APPCC). Segundo o autor, é urgente a necessidade de regulamentação da Lei
nº 9.712, de 20 de novembro de 1998, que prevê a reorganização e articulação
dos serviços oficiais, pois, dentro do modelo administrativo burocrático atual,
eles não apresentam a coordenação necessária à potencialização dos recursos
e à dinamização das ações. É evidente a necessidade de coordenar e integrar
os serviços de fiscalização que atuam nos diversos elos da cadeia agro-
alimentar objetivando a qualidade e a credibilidade dos produtos brasileiros no
mercado interno e externo.
29
Germano (2003) ao ponderar sobre o conceito de saúde afirma que a
consecução do objetivo de saúde para toda a humanidade está comprometida
pela falta de vontade política, condições sócio-econômicas desfavoráveis, falta
de educação e de informação para que os indivíduos tomem decisões
acertadas no que diz respeito à própria saúde, à de sua família e à de sua
comunidade. A autora relata que a proposta de “Saúde para todos no ano
2000” disseminou-se a partir de reunião realizada na antiga União das
Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), sob o patrocínio da Organização
Mundial de Saúde (OMS) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância
(UNICEF), em 1978, em Alma-Ata, quando os 134 países participantes
endossaram esta proposta, a qual reconhecia atenção primária à saúde como a
chave para atingir um nível aceitável de saúde para a população mundial,
baseada nos princípios de eqüidade e justiça social. A atenção primária à
saúde enfatiza 8 pontos dos quais destaca-se o primeiro: “educação visando a
prevenção e o controle dos problemas de saúde”.
Germano (2003) define promoção da saúde como o fortalecimento das
pessoas para exercerem seus direitos e responsabilidades, modelando
ambientes, sistemas e políticas que conduzam à saúde e bem estar. A autora
alerta constituir papel do Estado emitir leis, fiscalizar e educar, assim como,
cabe às organizações privadas instituir programas e implantar sistemas que
atendam à legislação e propiciem a melhoria da qualidade, com ênfase nas
atividades de capacitação de recursos humanos. Ela salienta, contudo, que as
ações promotoras da saúde vêm se concretizando com rapidez aquém da
desejada, sendo praticamente inexistente em áreas de importância como no
caso dos alimentos. Cita que o homem precisa de água e alimento para viver,
30
em quantidade suficiente para suprir suas necessidades básicas de nutrientes
e com qualidade higiênico-sanitária satisfatória; porém, anualmente, milhares
de pessoas morrem pela ingestão de alimentos contaminados. Afirma ser
urgente trazer a discussão sobre os alimentos para o âmbito das ações
promotoras da saúde, agilizando atividades educativas que contemplem esta
temática, sobretudo no âmbito das organizações.
1.6 RISCO ASSOCIADO AO CONSUMO DE ALIMENTOS DE QUALIDADE
INSATISFATÓRIA
Os países em desenvolvimento são afetados por uma grande variedade de
DTAs. Com sistemas pobres ou inexistentes de notificação na maioria deles,
estatísticas confiáveis dessas doenças não estão disponíveis, sendo, portanto,
difícil estimar sua magnitude. Todavia, a gravidade da situação pode ser
apreciada pela alta prevalência de doenças diarréicas em recém-nascidos e
crianças.
Muitos episódios de DTAs ocorrem como resultado do consumo de alimentos
de risco como frutos do mar crus, produtos de origem animal crus ou mal
cozidos, ou alimentos contaminados com toxinas de ocorrência natural como
cogumelos tóxicos e fungos. Algumas vezes, a cultura e a tradição encorajam
tais práticas. Em muitos países, existe uma predileção pelo consumo de frutos
do mar crus (sushi, sashimi e ostras). Rituais e crenças culturais, também, têm
grande influência na preparação de alimentos (WHO, 2000).
31
Diversos casos de doenças transmitidas pelo leite ocorreram devido ao
consumo de leite cru por crianças em visitas da escola à fazenda. Infelizmente,
a tendência ao consumo dos chamados “alimentos saudáveis” já induziu muitas
pessoas a consumir leite cru, sem saber dos riscos que estavam correndo.
(WHO, 2000)
Entre os anos de 1990 e 1999, a produção de leite informal no Brasil aumentou
150%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
e CNA/ LEITE Brasil (TETRA PAK, 2001).
Nero et al. (2004) afirmam que os dados a respeito das DTAs causadas pelo
leite cru, no país, são inconsistentes e que pouca informação está disponível
sobre a ocorrência de patógenos no leite cru brasileiro, assim como,
desconhece-se seu envolvimento em surtos de doenças transmitidas pelo leite.
Soma-se a isto o fato das más práticas no uso de inseticidas e pesticidas nos
locais de produção, colocando em risco a saúde do consumidor.
De acordo com o relatório da 13ª Reunião Interamericana, ao Nível Ministerial,
sobre Saúde e Agricultura ocorrida em maio de 2003, cerca de 70% dos casos
de doença diarréica aguda são causados pelo consumo de água e/ou
alimentos contaminados e, conforme o resumo das informações
proporcionadas nos nove anos anteriores a 2003, dos 1.169 surtos de DTAs
ocorridos na América do Sul, 11% foram devidos aos alimentos lácteos, que
ocuparam o terceiro lugar entre os alimentos que mais causaram surtos.
As infecções pelas linhagens patogênicas da Escherichia coli são,
provavelmente, a causa mais comum de diarréia, nos paises em
desenvolvimento. Elas são responsáveis por mais de 25% dos casos de
diarréia em crianças e recém-nascidos. A contaminação freqüente dos
32
alimentos com E. coli e outros patógenos de origem fecal, significa a
contaminação dos alimentos com matéria fecal. Conseqüentemente, qualquer
patógeno transmitido pela via fecal-oral pode ser transmitido através da comida
(WHO, 2000).
Em vários paises latino-americanos, como Brasil, Cuba e Venezuela,
intoxicações por Staphylococcus aureus foram as líderes como causa de surtos
de DTAs, nos anos 1980. Na América Latina como em qualquer outro lugar,
vendedores ambulantes têm desempenhado importante papel na transmissão
de cólera. Alguns estudos demonstram que a comida possui um papel ainda
maior que o da água na transmissão dessa infecção. Muitos alimentos
sustentam o crescimento do Vibrio cholerae até níveis causadores de doença
e, também, protegem o agente da acidez estomacal. (WHO, 2000)
A OMS comprovou a existência de sete enfermidades viróticas básicas e de 16
bacterianas veiculadas pelo leite (BADINI et al., 1996). Isto se deve aos
valiosos componentes nutritivos presentes no leite, pois ele representa um
excelente meio de cultura para muitos microrganismos causadores de
alterações e de enfermidades de origem alimentar, inclusive zoonóticas.
Os microrganismos patogênicos mais, freqüentemente, encontrados no leite e
derivados podem provir de fêmeas ordenhadas portadoras do agente, dos
maus hábitos de higiene por parte dos manipuladores durante a ordenha,
transporte, fabricação de derivados ou distribuição, dos manipuladores
portadores de agentes infecciosos, do meio ambiente, da água utilizada ou dos
utensílios contaminados.
Ponsano et al. (2001) citam que, no Brasil, de modo geral, o leite é obtido em
más condições higiênico-sanitárias, apresentando contagens elevadas de
33
microrganismos, o que constitui um risco à saúde pública, principalmente
quando consumido cru. Eles consideram, também, o modo como a
comercialização é feita, em carroças, sem qualquer forma de proteção ou
refrigeração e sem cuidado higiênico. Além disso, ocorre manipulação da jarra-
medida que, após ser introduzida manualmente no latão de leite por ocasião de
uma venda, é transportada na alça do mesmo e novamente utilizada na venda
seguinte, sem higienização, contribuindo para o aumento e para a
diversificação da carga microbiana do produto distribuído.
Além de uma gama de doenças causadas por microrganismos contaminantes
do leite, que estão entre as diversas enfermidades passíveis de serem
adquiridas pela população consumidora desses produtos informais, ainda,
existe a falsificação do leite com água contaminada ou urina, para aumentar a
quantidade “produzida”, constituindo outra fonte de risco para a introdução de
agentes patogênicos neste tipo de alimento (GERMANO, 1991). Ponsano et al.
(2001) relatam, também, que, com o propósito de melhorar o aspecto do
produto ou de mascarar falhas, alguns produtores cometem outras fraudes no
leite como a adição de conservantes, espessantes e neutralizantes, além da
retirada da gordura, alterando sua composição físico-química e
comprometendo seu valor nutricional.
De um modo geral, os microrganismos patogênicos não sintetizam,
expressivamente, as enzimas responsáveis pelas alterações nas
características sensoriais e na composição do leite e, por isso, não causam
comprometimento aparente da qualidade (FONSECA; SANTOS, 2000).
Os consumidores julgam, com freqüência, a segurança de um item alimentício
por sua aparência e odor. Eles entendem que alimentos de qualidades
34
sensoriais aceitáveis, também, são seguros, ignorando o fato de que muitos
agentes patogênicos podem existir, crescer e produzir toxinas sem alterar a
qualidade sensorial do alimento. Em Jacareí, o queijo minas meia cura,
tradicionalmente vendido sem embalagem, tem uma boa aceitação pelo público
que escolhe os queijos pegando-os, diretamente, com as mãos. Esse queijo é
um potencial causador de intoxicação estafilocócica (SOUSA et al. 2005).
Em sua tese, Queiroz (1995) divide as doenças transmitidas pelo leite em:
viróticas, bacterianas e rickettsioses, salientando que, além dos agentes
abordados por ele, ainda existem fungos patogênicos, como o Micoplasma, e
outros microrganismos capazes de contaminar o leite e produzir doença no
homem.
Dentre as enfermidades viróticas, Queiroz (1995) refere os adenovírus como
passíveis de serem veiculados pelo leite, pois sua via usual de transmissão é a
respiratória. Com relação aos enterovírus, ressalta a importância da veiculação
dos da poliomielite, os vírus Coxsackie e os vírus Echo, relembrando alguns
surtos desta grave doença os quais tiveram origem na ingestão do leite
contaminado. O vírus da hepatite infecciosa pode contaminar o leite, através
das mãos dos manipuladores ou da utilização de água de má qualidade. O
vírus da encefalite transmitida por carrapatos (arbovírus grupo B), também,
pode infectar o homem por via oral, sobretudo pela ingestão de leite cru
procedente de cabras infectadas.
No grupo das rickettsioses, destaca-se a Coxiella burnetii, agente etiológico da
febre Q, excretada no leite de vacas, ovelhas e cabras infectadas que a
eliminam por um período aproximado de 200 dias, através da glândula
mamária (QUEIROZ, 1995).
35
Por outro lado, as bactérias, principais microrganismos envolvidos na
contaminação do leite, possuem um grupo bem maior de agentes patogênicos.
O bacilo da tuberculose encontrado no leite, normalmente, é de origem bovina,
o Mycobacterium bovis, responsável por infecções tuberculosas, no homem,
com localizações as mais variadas. Na criança, provoca a escrufulose, que é a
tuberculose dos gânglios cervicais. O bacilo da tuberculose humana pode ser
encontrado no leite contaminado maciçamente por escarro, uma vez que o M.
tuberculosis não se multiplica neste meio.
Quanto à brucelose, três de suas seis espécies podem ser veiculadas, sendo
elas: Brucella abortus, B. suis e B. mellitensis. A B. abortus chega a sobreviver
por seis dias em leites fermentados, cerca de quatro meses em creme e
manteiga conservados a 10º C e, até seis meses, em queijos, sendo que o
animal portador pode eliminar a bactéria juntamente com o leite, durante sete
anos consecutivos. A transmissão do Bacillus anthracis, através de ingestão
de leite cru é rara, apesar do bacilo poder ser encontrado no leite de animais
curados. A tão temida toxina produzida pelo Clostridium botulinum, embora
raramente, também, pode ser encontrada em derivados de leite (QUEIROZ,
1995) enlatados e queijos, bem como, em produtos fermentados. (GERMANO;
GERMANO, 2001).
O Clostridium perfringens, comumente presente no leite, após um
aquecimento inadequado, pode multiplicar-se rapidamente, provocando um
quadro de gastrenterite nas pessoas que o consumirem. Algumas cepas de
Staphylococcus aureus, podem produzir uma enterotoxina termoestável capaz
de causar no homem um quadro de gastrenterite aguda, este patógeno é
considerado como um dos mais freqüentes causadores de surtos de
36
toxinfecção em saúde pública, em particular devido ao papel desempenhado
pelos manipuladores, sendo freqüentemente encontrado em leite e derivados
(GERMANO; GERMANO, 2001). A enterotoxina estafilocócica resiste à
ebulição por 30 minutos, sem que sua atividade seja reduzida (QUEIROZ,
1995).
O potencial para causar intoxicação estafilocócica não pode ser assegurado
somente por elevados números de S. aureus no alimento, uma vez que a
simples determinação populacional do mesmo, para se estabelecer a presença
ou ausência de enterotoxina é de valor limitado, devido à toxina ser
termoestável e uma vez produzida, persiste em alimentos aquecidos ou
fermentados mesmo em queijos elaborados a partir de leite pasteurizado,
enquanto que as células viáveis declinam em número atingindo níveis não
detectáveis (WENDPAP; ROSA, 1993).
O leite é o segundo maior veiculador das febres tifóide e paratifóide, atrás
apenas da água. Como as Salmonella typhi, S. paratyphi, S. chottmuelleri e S.
hirschfeld se multiplicam no leite à temperatura ambiente, uma pequena
contaminação inicial (direta, por um portador humano, ou indireta, através de
água, moscas, vasilhames, entre outros) pode dar lugar a concentrações
perigosas de germes, inclusive após a diluição do alimento. Salienta-se que é
suficiente um número bem pequeno de células destas bactérias para provocar
infecção no homem (QUEIROZ, 1995). Além das espécies de salmonelas
causadoras das febres tifóide e paratifóide, as quais são espécies específicas
do homem, ainda, existem outros sorotipos capazes de contaminar o leite e
causar doença no homem como as S. dublin e S. typhimurium, principais
37
causadoras de infecções no rebanho bovino e em outros animais. (GERMANO;
GERMANO, 2001).
Infecções estreptocócicas, também, podem ser adquiridas pela ingestão do
leite cru. Streptococcus agalactiae e S.uberis são, comumente,
responsabilizados por mastites bovinas e, embora este tipo de infecção por S.
pyogenes seja rara, ordenhadores que portem este agente podem transmiti-lo
ao gado. Ponsano et al (2001) lembram que S. agalactiae pode ser agente
etiológico de pneumonia e endocardite no homem e Queiroz (1995) afirma que
S. pyogenes pode ser responsável por tipos distintos de doenças humanas,
sendo que a origem de muitas epidemias de angina séptica e escarlatina foi
atribuída ao consumo de leite de vacas infectadas.
Ainda, dentro do grupo de agentes bacterianos capazes de contaminar o leite e
produzir toxinfecção, Germano e Germano (2001) citam o Bacillus cereus, o
Campylobacter spp, a Escherichia coli, a Listeria monocytogenes, a Shigella
spp e a Yersinia enterocolitica. E. coli O 157 e Cryptosporidium (WHO, 2000).
Queiroz (1995) ressalta que outras doenças veiculadas pela água como cólera,
leptospirose, difteria e pasteurelose, também, de origem bacteriana, podem ser
veiculadas pelo leite.
Germano e Germano (2001) destacam que dentre as pesquisas realizadas
com queijos tipo frescal, pasteurizados e não pasteurizados, os níveis de
contaminação por agentes microbianos patogênicos para o homem são mais
elevados nos produzidos com leite cru. Análises realizadas com queijo Minas
têm permitido o isolamento de inúmeros patógenos de importância em saúde
pública sendo o S. aureus o de maior ocorrência, secundado pelos coliformes
fecais, diversos sorogrupos de E. coli e L. monocytogenes.
38
Silva et al. (2005) pesquisando sobre a percepção e atitudes dos consumidores
em áreas periurbanas de Juiz de Fora – MG encontraram em 71,5% das
residências entrevistadas pessoas que responderam já ter ouvido falar que o
leite transmite alguma doença microbiana. Destas, 46,2% não se lembraram de
nenhum nome de doença, sendo aftosa, vermes, contaminação (bactérias e
fungos), tuberculose, brucelose, infecção digestiva e diarréia os nomes mais
freqüentes apontados em 27,7%, 3,22%, 2,25%, 1,9%, 1,6%, 1,6 e 1,29% das
residências, respectivamente.
Ritter et al (2001) analisaram 30 amostras de queijo colonial elaborado por
pequenos agricultores do Rio Grande do Sul, a partir de leite não pasteurizado
e encontraram 26 que apresentaram número mais provável (NMP) de
coliformes totais e fecais maior que 110 por grama de produto. Uma amostra
apresentou NMP de 110/g, uma 46/g, uma 24/g e a outra amostra apresentou
NMP menor que 0,3/g, sendo que este queijo apresentava-se muito seco e
endurecido, assemelhando-se a um queijo parmesão, devido ao elevado
período decorrido desde sua fabricação (6 meses), e à sua conservação à
temperatura ambiente, que favoreceu a perda de umidade. Das 30 amostras,
27 apresentaram índices de bolores e leveduras maiores que 10
4
UFC/g de
queijo, chegando a haver 18 amostras com valores na casa de 10
6
UFC/g.
Colônias de Staphylococcus aureus foram encontradas em 11 amostras e
Salmonella spp e Clostridium sulfito-redutores não foram encontrados em
nenhuma das amostras de queijo.
Ao avaliar amostras de queijos tipo minas frescal (12) e minas meia-cura (31)
informais, à venda no Município de Jacareí, Sousa et al. (2005) encontraram,
em todas as amostras submetidas à avaliação da atividade de água (Aw),
39
resultados (entre 0,83 e 0,96) que possibilitariam a multiplicação de S. aureus e
Listeria monocytogenes. Das amostras submetidas à pesquisa de Salmonella
spp, 30% (3/10) resultaram positivas; 96,8% (30/31) das amostras de queijo
minas meia-cura foram consideradas impróprias para o consumo por
apresentarem coliformes fecais e/ou estafilococos acima do limite máximo
permitido. Quanto ao minas frescal, 66% (8/12) foram consideradas impróprias
para o consumo por exceder o limite tolerável para coliformes fecais e/ou
estafilococos e as restantes 4 amostras apresentaram contagens de coliformes
fecais 2,4 x 103, sugerindo que todas as amostras deste tipo de queijo seriam
impróprias, uma vez que o limite legal é de 5 x 10
3
. A figura 3 mostra os queijos
meia cura vendidos no mercado municipal. Segundo Agridata (2005), o queijo
meia cura constitui um queijo que não possui padrões legais.
Em blitz feitas pela vigilância sanitária municipal, em parceria com o serviço de
inspeção do estado, foram apreendidos diversos produtos de origem animal
informais à venda em estabelecimentos comerciais de Jacareí (DIÁRIO DE
JACAREÍ, 2003). Contudo, o comércio informal persiste, pois o consumidor,
desavisado, chega a pedir aos comerciantes que voltem a comercializar
aqueles produtos.
40
Figura 3 - Queijo meia cura informal apreendido em blitz e analisado: 96% impróprio
por conter coliformes fecais e/ou estafilococos acima dos limites permitidos
Rodrigues e Silva (2005) analisaram 28 amostras de queijo minas frescal
artesanal coletadas em uma feira-livre na cidade de Uberlândia, Minas Gerais
(MG), e encontraram 20 (71,43%) fora dos padrões especificados para
coliformes fecais, sugeriram então aos pequenos produtores de queijos
artesanais que procurassem contar com a assistência de órgãos como o
Serviço de Inspeção Municipal (SIM), as Secretarias de Agricultura Estaduais,
associação de produtores rurais e universidades para obterem orientações sob
os aspectos higiênicos fundamentais para a produção de alimentos seguros.
Constatou-se a ocorrência de E. coli enteropatogênica em 9,8% e de E. coli
enteroinvasora em 5,9% das amostras submetidas à pesquisa bacteriológica
em Ouro Preto – MG. Germano e Germano (2001) ressaltam que pode haver
até triplicação do número de bactérias durante a fabricação e maturação, até o
sétimo dia, do queijo Minas frescal, quando passa a haver decréscimo do
41
processo. Foi relatada a ocorrência de L .monocytogenes em até 65% das
amostras de queijos moles elaborados com leite cru.
Peresi et al. (2001) avaliaram 30 amostras de queijo tipo minas frescal
artesanal comercializadas em 10 feiras-livres de São José do Rio Preto, São
Paulo (SP) e 30 amostras de queijo industrial, coletadas em supermercados.
Os resultados microbiológicos revelaram 07 (23,3%) das amostras industriais e
23 (76,7%) artesanais em desacordo com os padrões previstos na legislação
vigente, causados principalmente pela presença de coliformes fecais e/ou
estafilococos coagulase positiva em níveis elevados. Não foi encontrada L.
monocytogenes em nenhuma das amostras analisadas, enquanto que,
Salmonella foi detectada em 02 (6,7%) amostras artesanais. Das cepas de
estafilococos coagulase positiva isoladas, em 22 do total de amostras
analisadas, 11 (50%) foram resistentes à penicilina, 01 (4,5%) à tetraciclina e 1
(4,5%) a ambas. Quanto aos resultados microscópicos, 20 (63,3%) amostras
artesanais continham matérias estranhas externas e internas, sendo os
fragmentos de insetos e pêlos de animais, as mais freqüentes. Em relação às
industriais, 08 (26,7%) apresentaram matérias estranhas internas, sendo a
totalidade delas contaminada apenas por fragmentos de insetos.
Ponsano et al. (2001) pesquisaram 18 amostras de leite cru coletadas em
diferentes pontos de comercialização distribuídos no município de Araçatuba
(SP), dentre as quais 66,66% apresentaram contagem de microrganismos
aeróbios estritos e facultativos viáveis, igual ou superior a 10
5
UFC/ml (unidade
formadora de colônia por mililitro). Das amostras, 15 (83,33%) apresentaram
contagens iguais ou superiores a 110 coliformes totais /ml. Esses resultados
evidenciaram a carência de procedimentos higiênicos durante a obtenção do
42
leite, bem como, de cuidados pós-ordenha, tal como a refrigeração, que age
retardando o desenvolvimento da microbiota normal e/ou contaminantes do
produto. Sete amostras (38,88%) apresentaram coliformes fecais, com
contagens que variam de 0,3 a >110/ml, indicando o contato com material de
origem fecal, durante algum estágio da produção ou da manipulação do leite.
Nove amostras, analisadas nesta pesquisa (50%), apresentaram tempos de
redução do azul de metileno (prova da redutase) inferior ao mínimo de 2 horas
e 30minutos, estabelecido para o leite tipo C.
Ponsano et al. (2001) inferem que, dentre os microrganismos causadores de
mastite, alguns são patogênicos para o homem. Das suas 18 mostras, 6
(33,33%) apresentaram reação positiva para mastite subclínica na prova de
Whiteside (WS). Uma amostra apresentou reação positiva no Ring Test e,
sendo a brucelose uma zoonose transmitida principalmente pela ingestão de
leite cru, onde pode o agente permanecer viável por meses, o fato de 5,55% ter
apresentado reação positiva revela o grande risco a que a população está
sendo submetida. A brucelose humana é uma doença febril crônica e
recidivante, caracterizada por perda de peso, fraqueza, anorexia, sudorese
noturna e desenvolvimento de inflamação granulomatosa do sistema retículo-
endotelial, ossos e outros tecidos.
Quanto às provas físico-químicas, realizadas na pesquisa de Ponsano et al.
(2001), na prova do alizarol, duas amostras (11,11%) mostraram acidez de
21ºD, acima dos valores normais (máximo 20ºD). Das 18 amostras analisadas,
quatro (22,22%) apresentaram teor de gordura inferior aos 3% exigidos pela
legislação brasileira, sugerindo o desnatamento como causa da fraude. Na
pesquisa, a autora encontrou, também, uma amostra com extrato seco total
43
(EST) abaixo do mínimo legal, em decorrência do desnatamento e, embora não
tivesse sido encontrado nenhum caso de aguagem, 50% das amostras
encontravam-se fora do valor mínimo de -0,55ºC (+/- 0,01) na determinação do
índice crioscópico, atribuindo esse resultado ao clima, à alimentação e ao
consumo de água pelos animais, ou à mastite das vacas. Sete amostras
(38,88%) apresentaram densidade a 15ºC superior a 1,033g/ml, o que seria
esperado em casos de desnatamento, porém os teores de gordura
encontrados, para tais amostras, estavam normais. Como em apenas uma
dessas amostras foi detectada a presença de sacarose, sugeriu-se a existência
de outros espessantes não pesquisados que mascarariam a aguagem (os
espessantes pesquisados foram sacarose e amido). As enzimas fosfatase e
peroxidase estavam presentes em todas as amostras de leite, demonstrando a
ausência de tratamento térmico.
Carvalho et al. (2003) realizaram análises físico-químicas de 10 amostras de
leite informal, coletadas de 10 diferentes produtores, comercializadas no centro
do Município de Medianeira, Paraná (PR). Dessas, 1 amostra foi reprovada
pela prova da redutase e duas amostras estavam com o teor de gordura abaixo
de 3% (2,7% e 2,9%). Ao pesquisarem o pH, encontraram mais de 50% das
amostras com valores acima do permitido, sugerindo alta prevalência de
mastite. Quanto ao índice crioscópico, encontraram 40% das amostras acima
do limite permitido, sugerindo aguagem ou ação de outros fatores, conforme
citaram Ponsano et al. (2001). Analisando a acidez, encontraram 30% das
amostras com valores acima dos limites estabelecidos. Quanto ao teor de
gordura, em média, as amostras apresentaram teor de gordura superior ao
44
padrão estabelecido, justificando a preferência do consumidor por esse tipo de
leite.
Badini et al. (1996) verificaram que, dentre as 60 amostras de leite cru
comercializado, informalmente, nos Municípios de Botucatu (SP) e de São
Manuel (SP), 41 (68,3%) apresentaram contagens de microrganismos
mesófilos acima de 300.000 UFC/ml, valor este estabelecido como sendo o
limite máximo permitido pelos padrões do Ministério da Saúde (MS), para o
leite pasteurizado tipo C (contagem máxima permitida para um leite exposto ao
consumo no Brasil). Observaram, ainda, que a média aritmética das referidas
contagens foi de 97.498.700 UFC/ml.
Quanto ao número mais provável (NMP) de coliformes totais, 50 (83,3%) das
amostras situaram-se acima de 5/ml, valor este estabelecido como sendo o
limite máximo permitido pelos padrões do MS. Seus dados revelaram a
ocorrência de 11 (18,3%) amostras contaminadas por bactérias pertencentes
ao grupo dos coliformes fecais e 30 (50,0%) amostras contaminadas por
Staphylococcus coagulase positiva (o M.S. determina a ausência destes
microrganismos em amostras de leite pasteurizado tipo C) sendo que a média
aritmética, destes últimos microrganismos, foi de 9.885 UFC/ml. Os autores
citam, ainda, que apenas 5 amostras de leite cru (8,3%) apresentaram-se com
características microbiológicas dentro dos padrões legais estabelecidos pelo
MS para o leite pasteurizado tipo C.(BADINI et al., 1996)
Pesquisando queijo Minas artesanal comercializado em feiras livres de
Uberlândia (MG), Rezende et al. (2005) observaram que as condições de
comercialização eram sempre muito ruins: os queijos ficavam expostos ao
ambiente, diretamente nas bancas, sem refrigeração ou proteção e os
45
comerciantes os manipulavam diretamente com as mãos. Nenhuma das 23
amostras possuía embalagem original e, portanto, não possuíam indicação de
origem, composição, temperatura de conservação, data de fabricação ou
validade. Das amostras analisadas, 65,2% estavam impróprias para o consumo
por excederem os limites legais para a presença de coliformes totais e/ou
fecais. Esses dados contrastaram com os de Azevedo et al. (2004) que
analisaram queijos minas artesanais produzidos por 9 produtores do Alto
Paranaíba (MG), que eram cadastrados e assistidos pela EMATER (Empresa
de Assistência técnica e Extensão Rural) e constataram que todos os queijos
apresentaram contagens dentro dos padrões legais para coliformes fecais,
indicando a importância do controle sanitário e adoção de boas práticas de
fabricação na manufatura de alimentos.
Fernadez et al. (2005) pesquisaram duas marcas de queijo Minas frescal sob
Serviço de Inspeção Federal (SIF) e duas marcas de fabricação clandestina ,
sendo 4 amostras de cada marca e totalizando 16 amostras analisadas,
fazendo a contagem de bactérias aeróbias mesófilas, coliformes totais e fecais
e análise sensorial (cor, odor, sabor e aparência). Apenas uma amostra sob
regime SIF foi aprovada para o consumo e as demais foram condenadas com
resultados microbiológicos insatisfatórios, quanto ao padrão regulamentar
vigente. Nas análises sensoriais os resultados foram favoráveis para os
atributos analisados não havendo diferença expressiva, segundo o Serviço de
Inspeção Higiênico-Sanitária.
Pinto e Bergmann (2005), compilando os dados coletados pela Secretaria de
Saúde do Estado do Rio Grande do Sul (RS), encontraram a Salmonella spp
(33,63%) e o S. aureus (13,61%) como os 2 agentes mais freqüentes
46
causadores de surtos de enfermidades de origem alimentar. Silva et al. (2004)
coletando os dados da agência de vigilância sanitária do Município de Cascavel
(PR), do período de 2000 a 2003, encontraram o S. aureus em 37,2% de todos
os casos notificados pela Vigilância Sanitária, e que atingiram, também, o
maior número de indivíduos (63,4%) e os produtos de origem animal
representaram 48,8% de todas as notificações acometendo, igualmente, o
maior número de pessoas (72%). Salienta-se que neste último trabalho, as
residências foram responsáveis pelo maior número de notificações nos anos de
2000 e 2001. Estudos realizados no estado do Paraná relatam que dos 1.781
surtos registrados, entre 1978 e 1999, 52,1% das ocorrências tiveram origem
em domicílios, enfatizando a necessidade de concientização de donas de casa
e familiares sobre os cuidados nos preparos, armazenamento e higiene das
refeições para a prevenção de DTAs.
Nero et al. (2004) pesquisaram o leite de 210 produtores de leite dos 4 estados
brasileiros que ocupam maior importância na produção leiteira nacional (MG,
SP, RS e PR) todas as amostras foram negativas para Salmonella, L.
monocytogenes e cloro, contudo, antimicrobianos foram detectados em 11,5%
das amostras e inseticidas (organofosforados e organoclorados) o foram em
74,4%. Em 80,4% das amostras, os coliformes estavam fora dos padrões
aceitáveis. Em 66% das propriedades selecionadas, a ordenha era manual; em
33% a ordenha era semi automática (balde ao pé); e, em apenas 1% a ordenha
era automática (circuito fechado).
47
1.7 PREJUÍZOS DEVIDOS AOS SURTOS DE DOENÇAS DE ORIGEM
ALIMENTAR
Discorrendo sobre as principais perdas econômicas devidas à qualidade
insatisfatória dos alimentos, Germano (2003) e Who (1989) ressaltam sobre a
grande geração de gastos para o país no que concerne a maior utilização do
sistema de saúde, quando da ocorrência de surtos de origem alimentar
(despesas com médicos e equipes, hospitalizações, medicamentos e outros
fatores, além dos gastos com investigação e testes laboratoriais realizados),
há, ainda, o prejuízo nas exportações por não atendimento aos padrões de
exigência de qualidade dos alimentos; e. da manutenção da saúde do rebanho
nacional uma vez que os produtores informais têm poucos cuidados, no que
concerne às campanhas de controle de zoonoses e doenças exclusivas do
gado; no turismo pela propaganda negativa atrelada a surtos de toxinfecções
alimentares; na produção do país que é diminuída devido ao absenteísmo de
funcionários; e, também, na ocorrência de processos judiciais gerando custos
com honorários e indenizações.
Germano (2003) cita que nenhum país é capaz de promover dados acurados
sobre a incidência e prevalência das DTAs. Naqueles em que existem
programas de vigilância epidemiológica, colhem-se dados pouco
representativos da parcela de casos, não sendo possível fornecer uma
estimativa global sobre a real magnitude do problema. Onde há sistema de
notificação, pequena proporção de episódios recebe a atenção das autoridades
de saúde pública: nos países industrializados menos de 10% da real incidência
48
e, nos em desenvolvimento, menos de 1%. Nos Estados Unidos da América
(EUA), onde existem dados epidemiológicos melhor organizados, estima-se
que ocorram mais de 1 milhão de casos de DTAs por ano, com um custo de 5
bilhões de dólares e associado a 10 mil mortes/ano.
Estudos realizados em países industrializados estimam que, anualmente, 5% a
10% da população sofre DTAs, sendo que nos últimos anos esta porcentagem
tem aumentado. Alguns dados divulgados pela Organização Mundial de Saúde
(OMS) relatam que, no Canadá, as doenças bacterianas acometeram 1 milhão
de indivíduos e o gasto foi superior a 1 milhão de dólares; nos EUA, os casos
de diarréia em quase 100 milhões de pessoas tiveram um custo de 23 milhões
de dólares, e somando-se os casos de hepatite A, listeriose, campylobacteriose
e de E. coli O157:H7 obtém-se a cifra gigantesca de 2 bilhões de dólares
despendidos e uma incidência de, aproximadamente, 2,6 milhões de casos.
(Germano 2003; WHO, 2000)
Germano (2003) ressalta, contudo, que a diarréia constitui a maior causa de
morbidade e mortalidade em recém-nascidos e em crianças até cinco anos.
Nos países em desenvolvimento, estas sofrem em média 2 a 3 episódios por
ano. Mais de 70% destes casos são atribuídos a alimentos contaminados e,
entre 25% e 30% deles, devem-se a E. coli e afetam, diretamente, o sistema
imunológico e nutricional destas crianças. Este quadro torna-se ainda mais
grave devido à má absorção de nutrientes e à queda de resistência,
favorecendo outras infecções, sobretudo as respiratórias. As crianças, nestas
circunstâncias entram em um círculo vicioso de má nutrição e infecção, sendo
que aproximadamente 13 milhões de crianças, abaixo de 5 anos, morrem,
anualmente.
49
1.8 A EDUCAÇÃO COMO CHAVE PARA DIMINUIR OS RISCOS À SAÚDE
A idéia de que o alimento não processado possui qualidade nutricional maior
tem levado consumidores a consumir leite cru, expondo-se a patógenos
transmitidos pelo leite. (WHO, 2000)
1.8.1 Fatores que influenciam o comportamento do consumidor em
relação à segurança alimentar
Especialistas e o público em geral, freqüentemente, diferem em sua percepção
de risco. Enquanto que os especialistas julgam os riscos com base no processo
científico de avaliação de risco, o público, em geral, baseia seu julgamento em
outros fatores, não científicos, como crenças tradicionais, cultura, experiência
pessoal e Influência da mídia. Mesmo quando as pessoas têm informação, elas
podem ser subjetivas ou não realistas sobre isto, elas podem ser
superotimistas sobre adoecer. Freqüentemente, observa-se que, apesar do
conhecimento do risco de se comer produtos de origem animal crus, as
pessoas o fazem devido a hábitos culturais arraigados ou devido a uma
resistência em abdicar de algo que elas vêem como prazeroso (WHO, 2000).
As figuras 4, 5 e 6 mostram queijos informais, feitos com leite cru, à venda na
Rodovia dos Tamoios, em Paraibuna, próxima à Jacareí: (SP) muito apreciados
pelos viajantes.
50
Figuras 4 e 5 - queijos informais à venda na Rodovia dos Tamoios
51
Figura 6 - queijos informais à venda na Rodovia dos Tamoios
No que diz respeito aos produtos informais, é muito preocupante o hábito de
consumo do queijo, uma vez que este é um alimento pronto para o consumo.
Observa-se nos locais de venda dos queijos informais que os tipos minas meia
cura e provolone são vendidos muitas vezes sem embalagem e que os
consumidores habituaram-se não apenas a observá-los, mas a pegá-los
diretamente com as mãos desprotegidas e a cheirá-los. Foi, também,
informado por uma comerciante o hábito de virar e lavar os queijos meia cura
de tempos em tempos para que se complete o processo de maturação deste
produto já no comércio. A figura 7 mostra os queijos meia cura à venda em um
Box do mercado municipal de Jacareí.
52
Figura 7 - Queijos meia cura em Box do mercado municipal de Jacareí
Deve-se refletir sobre os comportamentos, em relação aos consumidores e
manipuladores de alimentos, que necessitam de treinamento e educação. É
difícil mudar padrões de comportamento e isso só deve ser tentado se um
efeito claro e positivo na saúde puder ser esperado (WHO, 2000).
Para entender o que motiva as pessoas a adotar certos comportamentos, é
importante combinar a informação técnica, coletada através da abordagem que
identifica os fatores de risco com dados de estudos antropológicos e
comportamentais que investigam conhecimento, prática e compulsão das
pessoas (WHO, 2000).
O comportamento é influenciado por um número de fatores culturais,
socioeconômicos e ambientais, assim como, por características pessoais,
como, por exemplo, o conhecimento. Fatores predisponentes
são aqueles que
antecedem o comportamento e fornecem o fundamento lógico ou motivação
53
para o comportamento (exemplo: conhecimento, crenças, valores, atitudes,
confianças, habilidades). Fatores habilitantes são as condições no ambiente
que habilitam a motivação a ser realizada. Eles podem ser disponibilidade,
acessibilidade a facilidades para a preparação de alimentos, ou infraestrutura
legal. Fatores de consolidação
são fatores que seguem um comportamento.
Eles fornecem uma recompensa ou incentivo contínuo para o comportamento e
contribuem para sua persistência ou repetição. No programa de educação em
saúde é importante considerar a influencia desses três tipos de fatores (WHO,
2000).
Em países como o Kenya, onde 90% do leite consumido é de produção
informal estudos demonstraram que a entrega conveniente em domicílio e os
preços mais baixos são considerados pelos consumidores desses produtos
como os melhores benefícios (OMORE et al. 2002) .
1.8.2 A educação em segurança alimentar é fundamental e se justifica
A estratégia para a prevenção de DTAs deve envolver melhoria da qualidade
higiênica dos alimentos crus na agricultura, pecuária e aqüicultura, aplicação
de tecnologia de processamento de alimentos que controlem os contaminantes,
e educação dos consumidores e manipuladores de alimentos. A educação do
consumidor é de fundamental importância uma vez que este, bem informado e
exigente, pode estreitar o círculo de cobrança proporcionando melhor eficiência
no controle de DTAs na cadeia dos alimentos. O maior incentivo para a
indústria alimentícia treinar seus funcionários em segurança alimentar e exigir
54
matéria-prima de boa qualidade é a reação do consumidor relutante em
comprar alimento de locais que estão sem higiene ou que têm má reputação
em segurança alimentar (WHO, 2000).
Nos países em desenvolvimento, muitos esforços para a prevenção de
doenças diarréicas têm sido focados na melhoria dos suprimentos de água e
saneamento. Lamentavelmente, em muitos casos, a provisão de água e
saneamento tem sido a única ação, não sendo combinados com um programa
educacional eficiente em manipulação higiênica de alimentos, incluindo a água.
Uma revisão crítica do impacto de suprimento de água e esgoto melhorados,
no controle de doenças diarréicas entre crianças pequenas, mostrou que,
mesmo sob as condições mais favoráveis, a taxa de morbidade teve sua
redução em apenas 27%. Já que tais medidas são inquestionavelmente
essenciais para a segurança alimentar e para a saúde, sua eficiência em
reduzir doenças diarréicas seria muito aumentada se elas fossem combinadas
a um programa de educação em segurança alimentar que incluísse educação
em armazenamento e uso seguros da água e lavagem das mãos antes da
preparação dos alimentos (WHO, 2000).
Segurança alimentar significa que o alimento consumido não contenha
contaminantes em níveis causadores de doenças. Todas as pessoas,
independentemente, se elas preparam alimentos ou apenas os consomem,
fazem parte da cadeia alimentícia. Portanto, elas dividem responsabilidade com
o governo, a indústria alimentícia e o comércio na garantia da segurança dos
alimentos. Todavia, as pessoas só podem se responsabilizar pela segurança
alimentar se elas receberem conselho profissional sobre os riscos que certos
alimentos ou práticas impõem à sua saúde (WHO, 2000).
55
As autoridades de controle de alimentos não podem intervir em todos os
domicílios. Além disso, a inspeção dos estabelecimentos de serviço alimentício
não é tão freqüente para garantir a segurança dos alimentos. Portanto,
educação e treinamento em segurança alimentar são as opções mais
importantes e eficientes para a prevenção de DTAs (WHO, 2000).
A experiência de programas educacionais em outras áreas da saúde, como
nutrição e higiene dentária mostrou que a educação, desde que bem projetada
e implementada, constitui um meio viável e custo-efetivo de melhoria no status
de saúde. Comparada com outras formas de intervenção, a educação em
saúde é relativamente barata, mas produz uma mudança de longa duração no
comportamento relacionado dos grupos alvos (WHO, 2000).
A queda na incidência de DTAs, observada em alguns países latino-
americanos, após o surto epidêmico de cólera no início dos anos 1990,
também, pode ser atribuída, em grande parte, às intensas atividades
educacionais que surgiram devido à epidemia (WHO, 2000).
Nos países aonde o controle dos alimentos é fraco, devido à falta de recursos,
a educação dos consumidores em segurança alimentar lhes dá conhecimento
para serem seletivos ao escolher alimentos e recusarem alimento de qualidade
higiênica duvidosa. Uma atitude discriminada dos consumidores pode ser
efetiva em encorajar boas práticas de fabricação para alimentos produzidos
comercialmente, e pode ter importante atuação na melhoria dos padrões de
segurança alimentar (WHO, 2000).
56
1.8.3 Elementos chaves para um plano de educação em saúde para a
segurança do consumo de produtos lácteos
Um dos princípios fundamentais dos cuidados básicos com a saúde é a
participação da comunidade em todos os estágios. Para seus membros
estarem inteligentemente envolvidos, eles precisam ter acesso fácil ao tipo
certo de informação a respeito de sua situação de saúde e como eles mesmos
podem ajudar a melhorá-la. Os cuidados básicos com a saúde devem incluir ao
menos educação em relação aos problemas básicos de saúde e os métodos de
identificá-los, preveni-los e controlá-los. (WHO, 2000).
A OMS sugere que a educação em saúde para a segurança alimentar deve ser
especifica para cada cultura. Ela, também, deve corresponder aos estados
econômicos, sociais, tecnológicos e de saúde que prevalecem na sociedade de
interesse. A intervenção ou programa educacional em segurança alimentar
deve levar em conta problemas e necessidades que são específicos dos
grupos alvos. Deve, portanto, ser baseada numa combinação de dois tipos de
informação: informação técnica dos problemas de segurança alimentar e
práticas que geram doenças transmitidas por alimentos, levando-se em conta
os fatores socioculturais e econômicos que influenciam a segurança alimentar
(WHO, 2000).
O programa educacional deve, ainda, levar em conta os recursos disponíveis e
a característica da população alvo, os quais influenciam as estratégias para a
implementação do programa. Nos locais onde os dados não estão disponíveis,
pesquisas devem ser realizadas, antes do planejamento e implementação do
programa. Vários tipos de informação serão necessários. A avaliação da
57
situação de segurança alimentar deve incluir coleção de dados técnicos de
doenças transmitidas por alimentos, contaminação alimentar, hábitos dietéticos
e práticas de preparação de alimentos. Estatísticas de doenças transmitidas
por alimentos, incluindo morbidade e mortalidade são necessárias para
determinar a natureza e magnitude das doenças e suas implicações na saúde
e na economia. Tais dados são importantes para priorizar DTAs e determinar
as medidas que serão necessárias.
Dados epidemiológicos de surtos de DTAs, também, aumentam o
entendimento dos fatores de risco que levam às doenças e ajudam na
identificação das práticas, operações e alimentos de alto risco. Tais dados
devem ser obtidos através dos programas de vigilância das DTAs, onde eles
existem. Os dados coletados através dos programas de monitoramento de
contaminação alimentar podem ser usados para saber se o alimento em
questão deve apresentar risco para a população ou para subgrupos.
A educação só poderá ser efetiva quando as condições permitirem a
implementação dos conselhos e recomendações. É essencial que a mensagem
ou intervenção seja adaptada às condições da população alvo. Existe, é claro,
um limite de extensão ao qual a educação pode ser adaptada às condições
locais. Deve estar bem claro que a educação em saúde não pode substituir
serviços essenciais. Políticos, também, devem levar em consideração as
implicações de todas as políticas que podem, direta ou indiretamente,
influenciar a segurança alimentar.
Para que a educação em saúde em segurança alimentar tenha qualquer
chance de sucesso, é imperativo que as medidas para melhorar as políticas e
58
serviços relacionados estejam integrados em todo o programa de segurança
alimentar.
Conhecimento apenas é muito importante, mas às vezes não é suficiente. A
educação em saúde sempre é baseada em assumir que o conhecimento leva à
atitude correta, que então resulta em práticas seguras de saúde. Isto,
infelizmente, é uma afirmativa incorreta. Durante os anos de 1995 e 1996, a
Organização Panamericana de Saúde (PAHO) conduziu um estudo para
avaliar a contaminação microbiológica de alimentos vendidos por ambulantes
em oito cidades da América Latina. Identificou-se que muito do esforço feito
para treinar vendedores ambulantes de alimentos não produziu mudanças
significativas na contaminação do alimento por eles preparado. A maioria dos
procedimentos higiênicos ensinados para esses manipuladores de alimentos,
como usar roupas limpas ou especiais, lavar as mãos com freqüência, e usar
utensílios descartáveis criavam custos adicionais que deveriam ser repassados
ao consumidor. Como os consumidores, geralmente, não são informados dos
benefícios de se comprar de vendedores treinados, e não podem identificá-los
com facilidade, eles tendem a escolher o alimento pelo preço. Como
conseqüência, os vendedores treinados logo retornaram às suas práticas
anteriores.
Programas de segurança alimentar em paises industrializados, durante anos,
proveram conhecimento em procedimentos simples de higiene, tais como, a
necessidade de lavar as mãos após ir ao banheiro, o que previne a
contaminação alimentar. Entretanto, a observação das práticas atuais de
manipulação de alimentos e relatos de investigações epidemiológicas,
seguindo incidentes de DTAs, continuam a mostrar que hábitos deficientes
59
persistem entre manipuladores de alimentos. Para conseguir uma mudança no
comportamento, portanto, é importante entender as razões por trás desse
comportamento e os fatores socioculturais que os influenciam. Isto aponta para
a importância das pesquisas sociais e antropológicas e integração dos achados
no programa ou intervenção educacional.
É importante lembrar que a educação em saúde não deve ser baseada apenas
na provisão de conhecimento, mas deve visar criar atividades que encorajem o
indivíduo a QUERER ser saudável, SABER como se manter saudável, FAZER
o que puder individual e coletivamente para manter a saúde e PROCURAR
ajuda quando preciso.
As pessoas têm um número de necessidades. O comportamento deve
depender dessas necessidades, particularmente se elas forem necessidades
sentidas. Ao descrever suas necessidades, as pessoas determinam uma
hierarquia – algumas são mais importantes que outras e algumas devem estar
relacionadas à sua própria percepção de risco. Muito freqüentemente, as
necessidades que as pessoas sentem diferem das suas reais necessidades, as
quais têm base nos riscos de saúde, como as vistas pelas autoridades de
saúde. O desafio para os profissionais da saúde e cientistas do comportamento
é criar uma atmosfera educacional na qual a real necessidade (baseada na
prevenção de um risco de saúde) se torne uma necessidade sentida.
A educação em saúde deve ser baseada na epidemiologia das doenças e dos
patógenos, nos comportamentos, e nos fatores sociais e culturais que geram
esses comportamentos. A seleção do comportamento a ser modificado deve
basear-se em fatos científicos. Modificá-lo deve causar um impacto significativo
na saúde.
60
1.8.4 Público alvo para um programa de educação em segurança
alimentar
Em áreas aonde se sabe que alimentos de risco constituem uma importante
parte da dieta, a população deveria ser informada e educada em como se
proteger.
Crianças em idade escolar são um ótimo grupo alvo para a educação em
saúde e um canal para a educação das outras pessoas. Quanto mais cedo o
treinamento e educação começarem, mais fácil é de se influenciar o
comportamento. Portanto, até no jardim de infância dever-se-ia ensinar regras
básicas de higiene com os alimentos a começar por ensinar a lavar as mãos
antes de tocar nos alimentos.Como um futuro adulto, a criança é um potencial
manipulador de alimento podendo inclusive vir a interferir na política. Hábitos
saudáveis adquiridos nos primeiros anos serão aplicados por toda a vida.
Muitas práticas relacionadas à alimentação são hábitos culturais e a respectiva
mudança é mais facilmente conseguida nos primeiros anos de vida. (WHO,
2000)
Os professores podem conseguir um poderoso impacto encorajado tais
mudanças. Crianças em idade escolar são um canal efetivo de comunicação de
mensagens de segurança alimentar a seus pais e a outras crianças. Pais ou
crianças serão mais receptivos a tais mensagens vindas de seus amigos ou
familiares do que de estranhos.Outra razão para focar a criança é que muitas
crianças mais velhas cujas mães trabalham fora tomam conta das mais novas
(WHO, 2000).
61
A abordagem professores-crianças-pais já foi usada em alguns países com o
propósito de educação em saúde. Educação de criança a criança também é um
meio eficiente de disseminação de informação entre as crianças, dentro e fora
da escola. Crianças e adolescentes são altamente influenciáveis por seus
colegas. A abordagem de criança a criança já foi usada com sucesso nuns 70
países, em numerosas áreas da saúde incluindo nutrição e prevenção de
diarréia através de suprimento seguro de água e sanitização.
Lamentavelmente, poucos países aplicaram essa abordagem para educação
em segurança alimentar (WHO, 2000).
Um dos principais constrangimentos em ensinar segurança alimentar para os
alunos na escola é que os próprios professores não têm informação nem
material sobre este assunto (WHO, 2000).
Clínicas e hospitais pediátricos e obstétricos são alvos importantes para um
programa de prevenção de DTAs. Estes centros são visitados por mulheres
gestantes e mães de bebês e crianças pequenas, as quais são as primeiras
vítimas da contaminação alimentar. Como as mães geralmente são motivadas
a proteger seus filhos, elas serão receptivas a mensagens de segurança
alimentar (WHO, 2000).
Hospitais, clínicas, centros de atenção básica à saúde e profissionais de saúde
têm um papel muito importante na educação em saúde uma vez que eles estão
em contato com toda a população desde crianças até idosos e, em particular,
com os grupos de alto risco (WHO, 2000).
Informação epidemiológica de doenças transmitidas por alimentos são
importantes para o planejamento e avaliação das atividades educacionais,
assim como para detectar e controlar surtos de DTAs. Portanto, além de
62
advertir o público, os centros de saúde deveriam participar ativamente na
vigilância de DTAs e colaborar com as autoridades providenciando informações
sobre incidência e surtos de DTAs e suas possíveis origens mas isto, no Brasil,
é incomum. Também e infelizmente, não é pouco freqüente que profissionais
da saúde não estejam atualizados com a epidemiologia de certas doenças
como a cólera, shigelose e outras doenças diarréicas. Como conseqüência,
eles não estão em posição de informar os pacientes e o público em geral.
Universidades, faculdades e institutos de pesquisa poderiam providenciar
treinamento para estes grupos e considerar a introdução da segurança
alimentar em seus currículos (WHO, 2000).
Hotéis, restaurantes e outros estabelecimentos que trabalham com alimentos
podem ter um duplo papel na educação em saúde para a segurança alimentar:
eles podem treinar seus manipuladores de alimentos e fornecer informação a
seu público para tomar decisões acertadas na escolha de seus alimentos
(WHO, 2000).
As vistorias dos inspetores de alimentos podem ser a única oportunidade para
aprendizado de alguns manipuladores de alimentos nos países em
desenvolvimento como vendedores ambulantes e varejistas. Estes inspetores
deveriam providenciar programas de treinamento específico para este grupo
alvo (WHO, 2000).
A mídia, incluindo rádio, televisão, jornais, revistas e outros tipos de materiais
impressos têm enorme influência em moldar a opinião pública. Em locais cujos
governos querem disseminar mensagens na área de saúde, o uso da mídia,
embora dispendioso, tem efeito máximo. Histórias em quadrinhos são
63
particularmente atraentes para crianças e adolescentes e podem ser usadas
com eficiência para a educação destes grupos alvos (WHO, 2000).
Outros meios inovadores de comunicação em segurança alimentar incluem o
teatro, telemarketing, músicas, jogos e a internet. Na Finlândia, um baralho
com mensagens em cada carta foi produzido para educar pessoas em
segurança alimentar enquanto elas jogam.
1.9 PROPOSTA PARA OS PRODUTORES E COMERCIANTES DE LEITE
INFORMAL: INVESTIR EM ALIMENTAÇÃO DE MELHOR QUALIDADE E
MENOS DISPENDIOSA PARA O GADO E ENTREGAR PARA AS
FÁBRICAS DE LATICÍNIOS, OU PASTEURIZAR E LEGALIZAR O LEITE
Ritter et al (2001) consideram que a proibição da comercialização de queijo
colonial no Rio Grande do Sul por pequenos produtores pode acarretar
problemas sociais nas regiões onde existem agricultores que dependem dessa
atividade para sua sobrevivência, ou então para aumentar a sua renda mensal.
Em contrapartida, o município de Alfenas-MG conseguiu uma conquista
histórica na coibição da venda de leite sem controle sanitário. Foram decisivas
as atuações do Presidente da Cooperativa Agropecuária do município, da
Vigilância Sanitária, da Promotoria de Direito do Consumidor e da Gestão de
Extensão da Universidade de Alfenas, que ensinou aos leiteiros a importância
das boas práticas na exploração da pecuária leiteira. A ação da ONG
(organização não governamental) Láctea Brasil em levar um programa
educativo aos 12.500 estudantes do ensino fundamental foi de suma
64
importância para o sucesso dessa conquista pois eles passaram a exigir em
casa a compra do leite formal, como havia sido ensinado na escola, com o uso
de cartilhas, adesivos, concursos de slogans, redações, poesias, degustação
de lácteos, sites educativos, prêmios, pesquisa de opinião e outros
mecanismos de divulgação (Panetta, 2003).
Os leiteiros de Alfenas passaram a entregar o leite cru na cooperativa que após
analisado, pasteurizado e empacotado é devolvido para o leiteiro que paga
uma pequena taxa e vende ao consumidor o leite, agora pasteurizado, como
fazia antes com o leite cru (Panetta, 2003). As figuras 8 e 9, mostram o leite
“Legal”, marca registrada dos leiteiros de Alfenas que anteriormente vendiam
leite cru diretamente ao consumidor e agora vendem leite pasteurizado.
Figura 8 - Ex-vendedor de leite informal em Alfenas-MG, agora vende leite
pasteurizado.
65
Figura 9 - ex-vendedor de leite informal em Alfenas-MG, agora vende leite pasteurizado.
Na cidade de Marília-SP a prefeitura, após diversas tentativas falhas de
fiscalizar a comercialização de leite cru, a qual contava com o apoio da
população, deflagrou uma campanha educativa de caráter permanente contra o
comércio informal. Essa campanha, que teve o apoio da faculdade de medicina
veterinária da universidade de Marília, consiste de spot de rádio, outdoor, peça
infantil, palestras, distribuição de folhetos informativos em escolas e pontos
comerciais. Os resultados alcançados em curto prazo são animadores, alguns
produtores que efetuavam este comércio deixaram de fazê-lo: 03 venderam os
animais, 03 voltaram a entregar nas cooperativas e 1 adquiriu equipamento de
pasteurização e solicitou o registro da mini-usina. (POLEGATO et al. 1998)
66
Projetos que viabilizam a redução dos custos de produção e aumentam os
lucros na atividade leiteira de pequenos produtores trazem excelente auxílio à
cadeia de produção formal uma vez que sustentam o comércio desses
produtores com clientes que oferecem garantia de pagamento como são as
cooperativas e as fábricas de laticínios já que no comércio informal os clientes
são incertos e eles obtêm com isso muita inadimplência. No projeto agricultura
familiar da Embrapa Pecuária do Sudeste, de São Carlos - SP, em parceria
com várias entidades, está se trabalhando com uma lotação mínima de10
vacas por hectare, utilizando áreas de tamanho reduzido, trabalhando com
pequenos produtores e provando-se, em cada exemplo, como a atividade
leiteira pode ser lucrativa. As lotações são obtidas mediante o uso intenso e
racional de fertilizantes orgânicos e inorgânicos e também da água, com a
irrigação, para que o período de uso das pastagens seja ampliado para algo
próximo de 9 meses por ano (de agosto a abril). A produtividade ultrapassa 100
litros de leite por hectare por dia (CHINELATO, 2004).
A maioria das DTAs são preveníveis. Medidas para o controle da maioria dos
riscos são conhecidas. Elas são simples e podem ser aplicadas pelos próprios
consumidores ou manipuladores de alimentos. Para muitas enfermidades
alimentares, a educação em saúde para a segurança alimentar é a opção mais
importante para a prevenção. Portanto, como a educação em saúde
desempenha um papel muito importante na prevenção de DTAs, ela deveria
ser vista como parte de uma abordagem maior para a promoção da saúde. Isto
requer a participação de muitos setores envolvidos na cadeia do alimento e o
desenvolvimento de políticas públicas pragmáticas, ambientes adequados de
apoio e comunidades informadas. É lamentável e até irresponsável por parte
67
daqueles que estão numa posição de mudar ou influenciar a situação, deixar
vidas correrem risco porque medidas adequadas para informar e educar os
consumidores, ou treinar manipuladores de alimentos, não foram tomadas
(WHO, 2000).
Tendo em vista que a fiscalização isolada não tem conseguido acabar com o
comércio informal de alimentos no município de Jacareí; que esse comércio
persiste com o apoio da população; que um programa para reduzir o consumo
de produtos informais e, conseqüentemente do risco associado, deve embasar-
se na motivação que mantém o hábito naquela comunidade específica, esse
trabalho propôs-se a estudar os consumidores de produtos lácteos do
município de Jacareí. Através de entrevista semi-estruturada, buscou-se
informação sobre o consumo de produtos lácteos informais ou industrializados,
o perfil socioeconômico, tipo de produto consumido, percepção de risco
associado ao produto informal, reconhecimento do produto inspecionado
(“carimbo”) e do papel dos órgãos de inspeção de alimentos, afim de que
pudessem servir de base para ações futuras de intervenção para a redução do
consumo de informais, e conseqüentemente do risco à saúde pública.
68
2 OBJETIVOS
Verificar se existe associação entre o consumo de produtos lácteos formais
(industrializados) e informais (clandestino, direto do produtor) e as seguintes
características do consumidor: perfil socioeconômico, locais de compra,
conhecimento sobre os produtos lácteos como veículo de transmissão de
doenças, percepção da segurança do produto inspecionado e do papel dos
órgãos de inspeção.
Identificar os produtos lácteos informais mais consumidos.
Levantar as razões para a escolha do formal ou do informal.
Avaliar a freqüência de consumidores de leite informal que fervem o produto
antes do consumo.
Averiguar os principais meios de informação à população em programas para a
redução de consumo de produtos informais.
Só sabemos com exatidão quando sabemos pouco; à
medida que vamos adquirindo conhecimentos, instala-se a
dúvida.” Johann Goethe
69
3 MATERIAL E MÉTODOS
Realizou-se um estudo analítico-descritivo das características dos
consumidores de produtos lácteos formais (industrializados) e informais
(clandestinos) empregando-se, como instrumento para coleta dos dados, um
questionário, previamente testado.
3.1 AMOSTRA
Foram realizadas 502 entrevistas com pessoas presentes em 13 pontos
comerciais do município de Jacareí, sendo eles: 1 mercado municipal (o único),
6 feiras (uma feira amostrada nos 6 bairros que ela percorre durante a semana)
e 6 supermercados (os 6 maiores estabelecimentos). Dos entrevistados, 465
eram consumidores de produtos lácteos.
A amostragem realizada nessa pesquisa foi a de conveniência, uma vez que
apenas as pessoas que se dispunham a responder o questionário foram
entrevistadas.
70
3.2 INSTRUMENTO DE PESQUISA
Foi utilizado como instrumento para a entrevista um questionário semi-
estruturado composto por 28 questões fechadas, semi-fechadas e abertas,
conforme apêndice 3.
As entrevistas foram realizadas por 2 auxiliares de pesquisa (graduandos dos
cursos de Medicina Veterinária e de Farmácia) os quais foram treinados,
conforme Germano (2002), para fazer as perguntas da mesma maneira para
cada entrevistado. Com a finalidade de garantir essa padronização, foram
utilizadas fichas para orientar as questões 11, 12, 20, 22 e 27 (pêndices 4 e 5).
Para não causar viés, tomou-se o cuidado de não se questionar as respostas
dos entrevistados.
3.3 PRÉ-TESTE DO INSTRUMENTO DE PESQUISA
O instrumento de pesquisa foi testado previamente por meio de 40 entrevistas,
realizadas pela pesquisadora responsável, no mercado municipal de Jacareí.
Após esse teste, o questionário sofreu algumas alterações pertinentes, como a
modificação da ordem de algumas questões para não causar a indução de
respostas, o acréscimo de algumas perguntas e a retirada da palavra
“inspecionado”, que constava nos “carimbos” dos serviços de inspeção os
quais foram exibidos aos entrevistados.
71
3.4 TREINAMENTO DOS AUXILIARES DE PESQUISA
Dois estudantes foram treinados para a realização das entrevistas nos
seguintes aspectos:
1. Ética da pesquisa com seres humanos (BRASIL, 1996);
2. Sigilo das informações recebidas e anonimato dos entrevistados;
3. Objetivos da pesquisa;
4. Metodologia para a realização das entrevistas:
9 Mostrar e ler para cada entrevistado o Termo de
Responsabilidade do Pesquisador (Apêndice 1);
9 Ler o rapport (Apêndice 2);
9 Fazer as perguntas do questionário;
9 Ler a pergunta e imediatamente preencher a resposta no
questionário;
9 Preencher o questionário com letra legível;
9 Usar exatamente as mesmas palavras que o entrevistado;
9 Se o entrevistado não entender a questão, ler novamente;
9 Se mesmo assim não entender, deixar em branco;
9 Ter cuidado para não deixar os questionários com muitas
respostas em branco
5. Leitura do questionário em conjunto: pesquisadora e auxiliares;
72
6. Simulação da entrevista entre os auxiliares: cada um aplicou o
questionário e o respondeu uma vez;
7. Esclarecimento de dúvidas;
8. Realização de 10 entrevistas em conjunto (pesquisadora e
auxiliares) no mercado municipal de Jacareí.
9. Acordo referente à remuneração para os auxiliares sobre cada
entrevista realizada e sobre o contato que deveriam fazer com a
pesquisadora caso surgissem quaisquer dúvidas durante a execução
da pesquisa.
A cada 40 entrevistas realizadas, os questionários respondidos foram
devolvidos e examinados pela pesquisadora.
3.5 COLETA DE DADOS
As entrevistas foram realizadas no período de dezembro de 2004 a fevereiro de
2005 das 7 às 18 horas. Houve o compromisso de não se identificar os
entrevistados, que responderam aos questionários individualmente.
Foram entrevistadas 502 pessoas ao acaso e selecionadas apenas as
entrevistas das pessoas que consumiam algum produto lácteo, totalizando 465
entrevistas de consumidores de lácteos.
73
3.6 ANÁLISE E PROCESSAMENTO DE DADOS
Para análise das questões abertas, após estudo detalhado as respostas foram,
quando possível, agrupadas por conteúdos semelhantes. Quando explicitada
mais de uma resposta, foram consideradas todas elas. Os dados foram
armazenados em planilha de Microsoft Excel e analisados no programa SPSS
versão 9.
Nas respostas das questões 13 e 14 do questionário obtém-se a informação se
o entrevistado tem ou não preferência pelo produto informal. Para verificar se
existia associação entre a preferência pelo produto informal e as respostas das
demais questões, foi empregado o teste do Qui Quadrado ou o teste exato de
Fisher, ambos com nível de significância de 95%, procurando-se estabelecer o
perfil do consumidor de produto informal.
74
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nesta pesquisa foi realizada uma amostragem de conveniência, portanto não
se pretende extrapolar os dados obtidos para o universo dos consumidores de
produtos lácteos do município de Jacareí-SP, mas sim colher informações
consistentes sobre as características socioeconômicas desse grupo de
consumidores, as razões alegadas para a escolha do produto formal ou do
informal, o conhecimento sobre os produtos lácteos como veículo de
transmissão de doenças, a percepção da segurança do produto inspecionado e
do papel dos órgãos de inspeção.
Das 502 entrevistas realizadas, 465 (92,6%) eram de consumidores de
produtos lácteos e 37 (7,4%) daqueles que não os consumiam por diferentes
motivos, que variaram desde alergia/intolerância, falta de costume, até por não
gostar ou pelo custo. Como o objetivo da pesquisa era a obtenção de dados
sobre os consumidores de produtos lácteos, a seguir, os dados apresentados
referem-se ao total desse grupo (465 entrevistados).
Para a apresentação de resultados não será obedecida a ordem da realização
das perguntas durante a entrevista já que as questões 13 e 14 são o filtro da
pesquisa.
Algumas perguntas (especificamente as de número 12, 13, 14, 15, 17, 19, 20,
21, 24, 27e 28 do questionário) davam margens a respostas múltiplas,
portanto, nessas questões, como todas as respostas foram consideradas, o
número delas pode ser superior ao número de respondentes.
“All Truths are easy to understand once they are
discovered. The point is to discover them.”
Galileu Galilei
75
Neste trabalho foram considerados consumidores de produtos informais tanto
os entrevistados que responderam consumir apenas produtos do produtor
quanto os que responderam consumir do produtor e industrializado, nas
questões 13 e 14.
Dos 465 consumidores de produtos lácteos entrevistados, 329 (70,7%)
consomem apenas lácteos industrializados enquanto 136 (29,3%) consomem
algum produto (leite e/ou derivados) de origem informal. Esses dados estão em
conformidade com Olival et al (2002) que encontraram 24% de consumidores
de queijo minas frescal e 15% de consumidores de leite fluido, ambos
informais, dentre os habitantes do município de Pirassununga-SP.
Com relação ao local da realização da entrevista, 110 (67,1%), 115 (71,4%) e
104 (74,3%) consumidores responderam, no mercado municipal, feira e
supermercado, respectivamente, que consomem apenas produtos lácteos
formais, enquanto que, para os consumidores de informais, o número foi de 54
(32,9%), 46 (28,6%) e 36 (25,7%), respectivamente. Observa-se certa
homogeneidade na distribuição de consumidores de formais e informais, em
relação à variável local de realização da entrevista, que foi evidenciada pela
não significância da associação entre essas variáveis.
Quanto ao sexo do entrevistado (questão 1), 63,6% (296/465) eram mulheres e
36,4% (169/465) eram homens. Observou-se uma associação (p=0,004) entre
sexo masculino e o consumo de leite fluido informal. Das mulheres, 26,7%
(79/296) responderam ter preferência por algum tipo de produto informal. Já
dentre os homens, a proporção foi maior, 33,7% (57/169) disseram ter
preferência pelo produto lácteo informal.
76
Quando a variável considerada foi a faixa etária (questão 2), os 465
entrevistados foram classificados em: até 20 anos (18), de 21 a 40 anos (172),
de 41 a 60 anos (194) e mais de 60 anos (81). Deles, 66,7% (11/18), 68,6%
(118/172), 72,7% (140/194) e 74,1% (60/81), respectivamente, relataram
consumir apenas produtos industrializados, enquanto que 33,3% (7/18), 31,4%
(54/172), 27,3% (54/194) e 25,9% (21/81) respectivamente disseram ter
preferência pelo produto informal. A variável idade não demonstrou associação
com a preferência pelo produto formal ou informal.
No que diz respeito à fonte de renda (questões 3, 4, e 5), não houve
associação estatisticamente significante entre as populações economicamente
ativa ou inativa e a preferência pelo produto formal ou informal. O gráfico 1
sumariza os resultados de consumidores de produtos formais e informais,
segundo a fonte de renda. Ressalta-se que o n para essa pergunta foi de 464,
pois uma pessoa não a respondeu.
Gráfico 1 - Caracterização dos entrevistados sobre consumo de produtos lácteos
formais (industrializados) ou informais e suas fontes de renda - Jacareí-
SP- dez 2004 - fev 2005
57
24
15
20
12 12
11
4
0
90
81
28
10
15
4
7
4
3
11
35
28
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
P
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o
s
Consome leite e/ou derivados lácteos industrializados Consome leite e/ou derivados lácteos informais
77
Dos 465 consumidores de produtos lácteos, 462 responderam o
questionamento sobre escolaridade (questão 7). Desses, 14 (3%) eram
analfabetos, 119 (25,8%) tinham até a quarta série do ensino fundamental
(completa ou incompleta), 127 (27,5%) tinham o ensino fundamental (completo
ou incompleto), 135 (29,2%) o ensino médio (completo ou incompleto) e 67
(14,5%) o superior completo ou incompleto. Deles, 78,6% (11/14), 69,7%
(83/119), 68,5% (87/127), 71,1% (96/135) e 74,6% (50/67), respectivamente,
alegaram comprar apenas os produtos industrializados. Enquanto que
respectivos 21,4% (3/14), 30,3% (36/119), 31,5% (40/127), 28,9% (39/135) e
25,9% (17/67) compram os produtos informais. Não houve associação
significativa entre o grau de escolaridade e a preferência por produto formal ou
informal.
Poder-se-ia supor que indivíduos com nível de escolaridade mais elevado
tivessem maior noção dos problemas à saúde que pode causar o consumo de
leite não pasteurizado, e que isso os levaria a não consumir o produto informal.
Todavia o que se observou foi uma homogenia na distribuição de
consumidores de lácteos formais e informais, em relação à variável
escolaridade, e que justamente os indivíduos analfabetos tiveram a maior
proporção de preferência pelo produto industrializado. Embora o conceito de
pasteurização seja incluído no conteúdo do ensino fundamental, talvez as
pessoas não saibam do risco associado ao consumo do produto informal e/ou
são otimistas quanto ao resultado pois, como declararam alguns consumidores
de informal, “sempre comi e nunca aconteceu nada comigo”. Isso reforça a
idéia de que a simples transmissão de informação não basta para gerar a
mudança de hábito.
78
Como poderia ser esperado, o local de moradia (questão 8) zona rural estava
significativamente associado ao consumo de leite fluido informal (p = 0,032) e
de derivados de leite informais (p = 0,024) e, portanto, ao consumo de leite e/ou
derivados informais. Esse fato talvez possa ser decorrente da proximidade
entre consumidor e produto, e maior dificuldade de aquisição e transporte de
produtos industrializados que precisam de refrigeração e de compra freqüente,
embora esteja disponível no mercado o leite UAT (ultra alta temperatura), que
não precisa de refrigeração até ser aberto e tem um prazo de validade de 4
meses.
As freqüências de consumo para produtos informais foram de 48,6% (17/35)
dentre os habitantes da zona rural, 44,4% (4/9) dentre os habitantes de outros
municípios, 27,6% (77/279) entre os que informaram morar na periferia de
Jacareí e 26,6% (37/139) entre os moradores do centro da cidade. Para o
consumo de produto industrializado, as respectivas freqüências foram 51,4%
(18/35), 55,6% (5/9), 72,4% (202/279) e 26,6%(37/139).
Diferentemente do que encontraram Olival et al. (2002) em Pirassununga, em
Jacareí não houve associação entre moradia na periferia do município e
consumo de produto informal. Salienta-se que esta diferença também pode ter
ocorrido devido às desigualdades entre os estudos, já que esses autores
realizaram entrevistas em domicílios, nos diversos clusters (centro, centro
expandido e periferia), podendo ter mais contatos com pessoas que preferem
fazer suas compras de vendedores ambulantes ao invés de ir até uma zona
comercial, e a presente pesquisa foi desenvolvida nos pontos comerciais do
município de Jacareí.
79
Segundo a OMS (WHO, 2000), especialmente em relação aos habitantes da
zona rural, a abordagem regulamentar para a prevenção de doenças
transmitidas por alimentos é limitada e a educação do público, e
particularmente dos manipuladores domésticos de alimentos, toma uma
importância, ainda, maior para a prevenção de DTAs.
Quando a variável considerada foi a renda familiar (questão 9), o consumo de
derivados de leite informais estava associado (p=0,009) à renda mais elevada
(ou seja, acima de R$ 1.040,00, valor médio), mas não o consumo de leite
fluido informal, que não teve associação com nenhuma faixa de renda. Esse
valor de “p” muito pequeno, e que evidencia a elevada associação entre renda
elevada e o consumo de derivados de leite informal, influenciou a associação
(p=0,043) da renda elevada com consumo de leite e/ou derivados de leite
informal. Isso pode sugerir a preferência dos indivíduos economicamente mais
favorecidos pelo produto de fabricação artesanal. De acordo com a
Organização Mundial de Saúde, a tendência ao consumo dos chamados
“alimentos saudáveis” já induziu muitas pessoas a consumir leite cru, sem
saber dos riscos que estavam correndo, ocorreram inclusive diversos casos de
doenças transmitidas pelo leite devido ao consumo de leite cru por crianças em
visitas da escola à fazenda (WHO, 2000). Salienta-se que, dos 58
consumidores de produto informal que tinham renda acima de R$ 1.040,00,
apenas 4 moram na zona rural.
Olival et al. (2002) não encontraram significância estatística entre renda e
consumo de leite informal.
O gráfico 2 sumariza os resultados de consumidores de produtos formais e
informais, segundo a renda familiar.
80
15
52
131
79
40
12
4
20
40
46
12
14
0
20
40
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80
100
120
140
Até R$
260,00
Entre R$
261,00 e
R$ 520,00
Entre R$
521,00 e
R$
1.040,00
Entre R$
1.041,00 e
R$ 2000,00
Acima de
2.000,00
Não
informou
Consome leite e/ou derivadoscteos industrializados
Consome leite e/ou derivados lácteos informais
Gráfico 2 - Caracterização dos entrevistados sobre consumo de produtos
lácteos formais (industrializados) ou informais e suas rendas
familiares - Jacareí-SP- dez 2004 - fev 2005
No que diz respeito ao número de pessoas por domicílio (questão 10), foi
encontrada uma associação entre o consumo dos produtos informais e a
presença de mais de 4 pessoas morando na residência. Os valores de “p”
foram p = 0,02 para o consumo de leite fluido informal, p = 0,034 para o
consumo de derivados de leite informais e p = 0,018 para o consumo de leite
e/ou derivados informais. Levando-se em conta que, quanto maior o número de
pessoas no domicílio, mais necessária se faz a otimização da renda familiar,
que pode ser alcançada com a aquisição de produtos mais baratos. Em Jacareí
o leite informal é encontrado à venda por valores entre R$ 1,00 e R$ 1,20 e o
leite tipo”C” a partir de R$ 1,10. Já o queijo minas frescal informal pode ser
encontrado por R$ 7,00 o quilo e o formal a partir de R$ 10,00.
A tabela 1 resume os dados da questão 10 quanto ao número de pessoas por
domicílio e as respectivas preferências por tipo de leite (formal ou informal).
Esses dados sugerem que um número elevado de pessoas está sob risco.
81
Tabela 1 -
Caracterização dos entrevistados sobre consumo de produtos lácteos formais
(industrializados) ou informais e a quantidade de pessoas que moram em seus
domicílios - Jacareí-SP- dez 2004 - fev 2005
Número de
pessoas no
domicílio
Prefere leite e/ou
derivados lácteos
industrializados
Prefere leite e/ou
derivados lácteos
informais
Total
Até 3 168/225(74,66%) 57/225(25,34%) 225/465(48,38%)
De 4 a 6 145/221 (65,62%) 74/221 (33,48%) 221/465 (47,53%)
Mais de 6 9/19 (47,37%) 10/19 (52,63%) 19/465 (4,09%)
Na tabela 2, os entrevistados estão relacionados quanto à freqüência de
consumo (questão 11) de produtos informais. Do total de consumidores de
produtos lácteos, 22,4% (104/465) consomem leite fluido informal ou ambos
(industrializado e informal). Desses, 90,4% (25/104 + 69/104) consomem o leite
informal ao menos uma vez ao dia.
Quando questionados sobre o hábito de fervura do leite (questão 16 – gráfico
3), 41,3% (43/104) dos consumidores de leite informal responderam consumir
esse leite sem ferver ou ambos (com e sem fervura).
Quando considerados apenas os entrevistados que preferem leite fluido do
produtor (e não formal e informal), 31,7% (33/104) consomem esse leite cru,
embora alguns consumidores relatem que eventualmente o fervam. Ambas as
freqüências (41,3% e 31,7%) são preocupantes, já que a fervura do leite cru
minimiza o risco de transmissão de patógenos. Porém, apesar de a fervura
eliminar a microbiota vegetativa patogênica, eventualmente presente, a
distribuição do calor pode não atingir tempo/temperatura de maneira uniforme,
comprometendo a eficiência do processo; além disso, em função do abuso do
tempo em que, normalmente, o leite fica exposto na temperatura ambiente até
82
esfriar, há a possibilidade de que eventuais microrganismos sobreviventes e
contaminantes se multipliquem.
149
108
59
7
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33
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0
0
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160
Ferve o ferve Ambos Outro (leite em
pó)
Consome leite e/ou derivados lácteos industrializados
Consome leite e/ou derivados lácteos informais
Gráfico 3 - Caracterização dos entrevistados sobre consumo de produtos lácteos
formais (industrializados) ou informais e o modo de consumo do leite
(fervido ou sem ferver) - Jacareí-SP- dez 2004 - fev 2005.
Dos 465 entrevistados, 444 são consumidores de leite fluido; desses, 33 (7,4%)
consomem apenas leite informal (só do produtor) sem ferver. Olival et al.
(2002) detectaram 2% de consumidores de leite informal sem ferver dentre os
habitantes de Pirassununga.
Tabela 2 - Número de pessoas que consomem leite e derivados informais ou ambos (formal e
informal) e as respectivas freqüências de consumo por produto - Jacareí-SP- dez
2004 - fev 2005
Mais de uma
vez ao dia
Diária Semanal quinzenal mensal TOTAL
Leite 25 69 7 2 1 104
Queijo Minas Frescal 1 37 30 12 7 87
Queijo Minas Meia Cura 0 2 11 3 5 21
Queijo Mozarela 0 21 42 3 14 80
Queijo Provolone 0 2 2 7 4 15
Iogurte 4 39 23 4 10 80
Manteiga 9 69 2 2 0 82
Coalhada 1 6 4 3 6 20
83
Também são alarmantes as altas freqüências de consumo dos derivados
lácteos informais: o queijo minas frescal é consumido mais de uma vez ao dia
por 43,7% (38/87) daqueles que informaram consumir queijo minas frescal
informal, o iogurte por 53,7% (43/80), a manteiga por 95% (78/82) e a coalhada
por 35% (7/20). O queijo minas meia cura é consumido ao menos uma vez por
semana por 61,9% (13/21) dos consumidores de informais que informaram
comer esse queijo. Ressalta-se que, por serem informais, não há como garantir
que a matéria prima tenha sido adequadamente tratada pelo calor para garantir
sua pasteurização.Todos esses derivados aqui citados não têm, na tecnologia
de produção, uma etapa em que haja eliminação ou mesmo redução da
microbiota patogênica eventualmente presente na matéria-prima. Há, ainda, a
possibilidade de contaminação do derivado, devido às práticas inadequadas de
fabricação, e multiplicação microbiana durante o armazenamento desses
produtos, incorrendo em risco desconhecido, mas potencialmente alto, à saúde
do consumidor. A figura 10 mostra queijos informais à venda em temperatura
ambiente em feira do município de Jacareí.
Figura 10 - Queijos informais vendidos na feira “1” em Jacareí
84
Quando questionados (pergunta 12) sobre qual o local de compra de leite e
derivados 71,9% (419/583) das respostas foram referentes ao supermercado,
7,9% (46/583) aos ambulantes, 7,2% (42/583) à padaria, 7,1% (41/583) ao
mercado municipal, 2,7% (16/583) à feira, 1,2% (7/583) à mercearia, 1,2%
(7/583) à zona rural e 0,8% (5/583) a outros locais. Salienta-se que, conforme
alertado nas considerações preliminares, a questão 12 dava margem a
respostas múltiplas e por isso o número de respostas (583) é superior ao
número de respondentes (465).
Existe associação entre a compra de leite e derivados em supermercados e o
consumo dos produtos lácteos formais: leite (p=0,001), derivados (p=0,001) e
leite e/ou derivados (p<0,001). A associação foi ainda maior entre a compra de
ambulantes e o consumo dos informais (p<0,001 para as 3 variáveis).
Igualmente associado está o consumo de informais com a compra dos
produtos na zona rural (para o leite p= 0,002 e para derivados e leite e/ou
derivados, p<0,001). Esses dados reforçam a veracidade da declaração do
entrevistado como consumidor de produtos lácteos formais ou informais
(perguntas-filtro da pesquisa, números 13 e 14).
No gráfico 4 são apresentados os dados sobre os locais de compra de leite e
derivados mais citados pelos entrevistados.
85
309
3
24
23
11
4
0
2
110
43
18 18
5
3
7
3
0
50
100
150
200
250
300
350
Supe
r
m
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rc
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Mercado municipal
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Consome leite e/ou derivados lácteos industrializados
Consome leite e/ou derivados lácteos informais
Gráfico 4 - Caracterização dos entrevistados sobre consumo de produtos
lácteos formais (industrializados) ou informais e os respectivos
locais de compra - Jacareí-SP- dez 2004 - fev 2005
Em Jacareí, existem alguns estabelecimentos que comercializam derivados
lácteos formais e informais, o que reforça a necessidade de fiscalização pela
vigilância sanitária, uma vez que estabelecimentos comerciais não poderiam
vender produtos informais. A figura 11 mostra queijos minas frescais informais
à venda em um pequeno mercado de Jacareí.
86
Figura 11 - Queijos minas frescal formais e informais vendidos lado a lado em um
mercado em Jacareí
Quanto aos motivos alegados para a preferência pelo produto, dos
consumidores de leite fluido informal (questão 13, de respostas múltiplas), 29
consideram esse leite mais puro, 13 o consideram mais forte, 10 mais
saudável, 9 mais fresco e 9 mais saboroso. Ou seja, dão atributos de qualidade
a esse produto. Treze pessoas o consomem pois não encontram diferença
alguma entre o leite cru e o industrializado e seis porque confiam em quem lhes
faz a entrega. A praticidade foi alegada por 7 desses entrevistados, que
provavelmente compram de vendedores ambulantes, e o simples costume de
consumo desse leite foi alegado por 3. O preço mais baixo foi citado não só por
14 pessoas consumidoras de leite informal, mas também por 11 pessoas
consumidoras de leite formal. Em países como o Kenya, onde 90% do leite
consumido é informal, estudos demonstraram que a entrega conveniente em
87
domicílio e os preços mais baixos são considerados pelos consumidores
desses produtos como os melhores benefícios (OMORE et al., 2002).
Com exceção do sabor, todos os outros atributos mencionados poderiam ser
abrangidos num programa de educação em saúde contra o consumo de leite
informal.
Já das pessoas que consomem leite fluido industrializado, 134 referiram a
praticidade, 14 o sabor, 14 as variedades do produto, 9 o costume e 6 a
durabilidade como os principais argumentos para a compra desse leite.
Pertencentes a um grupo mais consciente, 84 pessoas referiram a segurança
ou qualidade do produto, 23 a higiene, 21 a pasteurização, 12 o tratamento ou
testes aos quais esse leite é submetido, 5 a fiscalização e 5 que é um produto
mais saudável que o informal.
O que prende a atenção dentre os consumidores de leite formal é o fato de 22
pessoas consumirem-no apenas por não encontrarem leite informal para
comprar, isto quer dizer que se houvesse a oferta, provavelmente o
consumiriam. Quatro pessoas, também consumidoras de formal, consideram
que o leite industrializado não é diferente do leite cru e 11 compram o
industrializado apenas pelo menor preço, geralmente encontrado em
hipermercados.
Em relação aos derivados de leite informais (questão 14), 23 pessoas
atribuíram a eles as qualidades de serem mais puros, 21 de serem mais
frescos, 12 de mais baratos 9 de mais saudáveis, 9 de mais saborosos e 2 de
mais fortes. Treze pessoas informaram adquiri-lo porque confiam em quem
lhes vende esse produto, 12 por praticidade pois provavelmente compram de
vendedores ambulantes, 14 consideram que ele não tem nada de diferente do
88
industrializado e 4 simplesmente porque estão acostumados a esse tipo de
queijo.
Os atributos mais sugeridos pelos consumidores de derivados lácteos formais
foram praticidade (114), sabor (11), preço (8), mais variedades (7) e maior
durabilidade (4). Noventa e quatro pessoas disseram que eles têm melhor
segurança, procedência ou qualidade, 42 que têm mais higiene, 12 que é
tratado ou testado, 5 que é fiscalizado, 5 que é pasteurizado e 4 que é mais
saudável. Representativas 30 pessoas informaram que só consomem
derivados lácteos industrializados por não encontrarem alguém que venda
diretamente do produtor, 11 por estarem acostumadas ao produto
industrializado e 5 por considerarem-no igual ao informal.
Sobre o questionamento “onde compra direto do produtor” na questão 15 aos
consumidores de produtos informais, dos 122 respondentes, 43 (35,2%)
disseram que compram de vendedores ambulantes, 30 (24,6%) comentaram
que às vezes é difícil encontrar o produto, 25 (20,5%) informaram adquirir o
produto em outro município, 13 (10,7%) na zona rural, 11 (9%) no mercado
municipal de Jacareí e 5 (4,1%) deram outras respostas como de amigos,
vizinhos ou parentes
. A figura 12 exibe queijos informais à venda no mercado
municipal de Jacareí.
89
Figura 12 - Queijos informais vendidos no mercado municipal em Jacareí.
Analisando os resultados da primeira parte da questão 17, que trata do
conhecimento do consumidor sobre a possibilidade do leite transmitir doenças,
curiosamente a freqüência entre os que utilizam produto informal - derivados
(p=0,026) e leite e/ou derivados (p=0,02) - foi maior e, por isso, houve
associação.
A OMS sugere que, diferentemente de especialistas, o público, em geral,
baseia seu julgamento em outros fatores, como crenças tradicionais, cultura,
experiência pessoal e Influência da mídia. Mesmo quando as pessoas têm
informação, elas podem ser subjetivas ou não realistas sobre isto, elas podem
ser superotimistas sobre adoecer. Freqüentemente, observa-se que, apesar do
conhecimento do risco de se comer produtos de origem animal crus, as
90
pessoas o fazem devido a hábitos culturais arraigados ou devido a uma
resistência em abdicar de algo que elas vêem como prazeroso (WHO, 2000).
Dos 465, apenas 189 (40,7%) reconheceram que os lácteos podem causar
doenças. Desses, 36% (68/189) tinham preferência pelo produto informal e
64% (121/189) pelo produto formal. Silva et al. (2005) encontraram uma
proporção bem maior (71,5% - 303/428) de entrevistados, nas residências de
Juiz de Fora – MG, que responderam já ter ouvido falar que o leite transmite
alguma doença microbiana. No entanto, nessa pesquisa 46,2% (140/303) das
pessoas não se lembraram de nenhum nome de doença. Já no presente
estudo, essa proporção foi menor, de 28% (56/200).
Quanto às doenças citadas na segunda parte da questão 17, obteve-se 10,5%
(21/200) que se referiram à “aftosa”, 10% (20/200) à “diarréia ou dor de
barriga”, 7,5% (15/200) a “doenças transmitidas pelo animal”, 5% (10/200) a
“viroses”, 5% (10/200) ao “aumento no colesterol”, 4,5% (9/200) às
verminoses”, 4,5% (9/200) a “doenças intestinais”, 4% (8/200) a “doenças
bacterianas”, 3,5% (7/200) à “intoxicação”, 2,5% (5/200) à “tuberculose” e 1%
(2/200) à brucelose. Outras doenças como “excesso de cálcio”, “pedras nos
rins”, “diabetes” e “infecção da urina da vaca” foram mencionadas em 14%
(28/200) das respostas e 56 pessoas (28% das respostas) não souberam dizer
que doenças o leite poderia transmitir. O gráfico 5 apresenta esses dados
distribuídos segundo respostas dos consumidores de lácteos formais ou
informais.
No estudo de Silva et al. (2005) aftosa, vermes, contaminação (bactérias e
fungos), tuberculose, brucelose, infecção digestiva e diarréia foram os nomes
mais freqüentes apontados em 27,7%, 3,22%, 2,25%, 1,9%, 1,6%, 1,6 e 1,29%
91
das residências respectivamente. Ressalta-se que em Jacareí ocorreu uma
representativa proporção de respostas de pessoas que lembraram que o leite e
seus derivados podem ser veículos da transmissão de zoonoses (doenças
transmitidas por animais - 7,5%).
Observa-se no gráfico 5 que o número de pessoas que consomem produto
informal e citaram a aftosa como passível de ser transmitida pelo leite foi maior
do que o número dos consumidores de produto industrializado que também o
fizeram, apesar de o grupo que representa o total de consumidores de informal
ser menor do que o de consumidores de formal. Ocorrência semelhante pode
ser observada em relação às respostas “viroses” e “aumento no colesterol”,
quando os valores para ambos os grupos foram iguais. Esses fatos
provavelmente estão contribuindo para a associação entre consumo de produto
informal e o “conhecimento” das doenças.
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20
8
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6
8
7
6
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Não sabe
Outras
Afto
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dor de barriga
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Brucelos
e
consome leite e/ou derivados lácteos industrializados
consome leite e/ou derivados lácteos informais
Gráfico 5 - Caracterização dos entrevistados sobre consumo de produtos
lácteos formais (industrializados) ou informais e a opinião sobre
quais doenças podem ser veiculadas pelo leite - Jacareí-SP- dez
2004 - fev 2005
92
A aftosa foi a primeira colocada no ranking das respostas sobre quais doenças
o leite poderia transmitir, embora ela seja considerada uma zoonose, o homem
raramente se infecta e adoece.
A brucelose, que é uma zoonose importante tanto para a saúde pública quanto
para a saúde animal, e que é alvo de um programa nacional para seu controle
e erradicação, só foi lembrada por duas pessoas, consumidoras de produtos
formais. Segundo Queiroz (1995), a B. abortus chega a sobreviver por seis dias
em leites fermentados, cerca de quatro meses em creme e manteiga
conservados a 10º C e, até seis meses, em queijos, sendo que o animal
portador pode eliminar a bactéria juntamente com o leite, durante sete anos
consecutivos. Na pesquisa de Ponsano et al. (2001), uma das 18 amostras de
leite cru comercializado informalmente apresentou reação positiva no Ring
Test. Sendo a brucelose uma zoonose transmitida principalmente pela ingestão
de leite cru, a reação positiva revela o grande risco a que a população está
sendo submetida.
A tuberculose, também alvo do Programa Nacional de Controle e Erradicação
de Brucelose e Tuberculose, é uma zoonose de importância em saúde pública
e veterinária que foi mencionada por apenas 5 pessoas, sendo 3 consumidoras
de produto formal e 2 de informal.
Dos 460 que responderam à questão 18, 92,4% (425/460) informaram que na
família nunca ninguém adoeceu por causa do leite -sendo 303 consumidores
de industrializados e 122 de informal. Dos 7,6% (35/460) informantes de que
algum familiar já ficou doente, 23 (65,7%) consumiam apenas produto formal e
12 (34,29%) informal. Dentre os produtos considerados por essas pessoas
como responsáveis pelo mal, o “leite cru” apareceu em primeiro lugar com
93
43,7% (14/32) das respostas, seguido pelo “leite” 40,6% (13/32), “queijo” 6,25%
(2/32), “qualquer derivado do leite” 6,25% (2/32) e “não lembro” 3,13% (1/32). A
tabela 3 divide esses dados entre os consumidores de formais e informais.
Tabela 3 - Caracterização dos entrevistados sobre consumo de produtos
lácteos formais (industrializados) ou informais e os alimentos
responsabilizados, por eles, como causadores de enfermidade em
algum familiar - Jacareí-SP- dez 2004 - fev 2005.
Alimentos lácteos
responsabilizados
Consome leite e/ou
derivados lácteos
industrializados
Consome leite e/ou
derivados lácteos
informais
Total
Leite cru 8/14 (57,14%) 6/14 (42,86%) 14/32 (43,75%)
Leite 8/13 (61,54%) 5/13 (38,46%) 13/32 (40,62%)
Queijo 2/2 (100%) 0/2 (0%) 2/32 (6,25%)
Qualquer derivado 0/2 (0%) 2/2 (100%) 2/32 (6,25%)
Não lembra 1/1 (100%) 0/1 (0%) 1/32 (3,13%)
Os sintomas mais comuns relatados pelas pessoas como conseqüências da
enfermidade causada pelo leite foram: diarréia em 21,7% (13/60) das
respostas, dor de barriga em 20,0% (12/60), vômito em 16,7% (10/60), cólica
em 11,7% (7/60), dor de cabeça em 8,3% (5/60), úlceras ou aftas em 8,3%
(5/60) alergia em 5% (3/60) e febre em 1,7% (1/60) das respostas. Outras
respostas como catarro no peito, ponte de safena, gastrite e indisposição foram
dadas por 6,6% (4/60) desses respondentes. Não houve associação
significante entre reconhecimento dos sintomas devido ao consumo de lácteos
e o consumo de lácteos formais ou informais.
Sobre o questionamento observação da embalagem, 10,4% (48/463) dos
consumidores relataram não observá-la e 89,6% (415/463) disseram que a
observam.
94
A data de validade foi citada em 73,8% (377/511) das respostas. Os aspectos
como amassada, suja, rasgada e a cor do produto foram referidos em 11,7%
(60/511); os dados do fabricante em 4,9% (25/511); a composição nutricional
em 4,5% (23/511); o rótulo por 2,7% (14/511) e outras respostas como “tudo” ,
“não sei”, etc foram dadas por 2,3% dos entrevistados. Nenhuma das pessoas
se lembrou do registro do produto em órgão de fiscalização.
Na questão 22, os carimbos dos serviços de inspeção federal, estadual e
municipal foram exibidos aos entrevistados sem a palavra “inspecionado”, da
maneira como consta no apêndice 4, e foi perguntado se a pessoa conhecia
alguma sigla.
Dos 462 que responderam, 304 (65,8%) não conhecem nenhum dos 3
carimbos, 9 (1,9%) já viram algum dos 3 símbolos e 149 (32,2%) disseram que
conhecem pelo menos um deles. Não houve associação estatística significante,
contudo é interessante observar no gráfico como a proporção de consumidores
de produtos lácteos informais que afirmaram conhecer os carimbos foi maior
em relação ao total de consumidores de informal, ou seja, 44,1% dos
consumidores de produto informal e 30,1% dos consumidores de produto
formal conhecem os carimbos da inspeção.
95
228
93
5
76
56
4
0
50
100
150
200
250
Não conhece Conhece Já viu
consome produtocteo industrializado consome produto lácteo informal
Gráfico 6 - Caracterização dos entrevistados sobre consumo de produtos
lácteos formais (industrializados) ou informais e o reconhecimento
dos carimbos dos serviços de inspeção - Jacareí-SP- dez 2004 -
fev 2005
Em resposta à pergunta 23 “Você sabe o que o carimbo do SIF/SISP/SIM
indica sobre o produto?”, 72,3% (318/440) dos consumidores responderam que
não, enquanto que 27,7% (122/440) responderam que sim. Desses, 42,6%
(52/122) disseram que indica que o produto é inspecionado/fiscalizado. Os
demais 57,3% (70/122) deram respostas como “é garantido”, “tem origem”,
“tem procedência”, “tem validade”, “tem qualidade”, e “inmetro”. Não houve
associação significante entre essas respostas e o consumo de produto formal
ou informal.
As siglas dos serviços de inspeção foram apontadas por 32,3% (149/462) dos
entrevistados (questão 24). Deles, 80,5% (120/149) selecionaram apenas uma
sigla, 7,4% (11/149) selecionaram duas e 12,1% (18/149) selecionaram as três.
Apenas 15 pessoas acertaram o significado de uma das 3 siglas; 2 pessoas
acertaram o significado de duas das siglas e 4 pessoas acertaram o das três,
respectivamente 10,1%, 2,0% e 2,7%. As demais respostas foram “ministério
96
da agricultura”, que estava escrito no carimbo do SIF exibido, “inmetro”,
“ministério da fazenda” e “não sei”.
Dos participantes da pesquisa, 82,5% (382/463) responderam, na pergunta de
número 25, que não procuram pelos carimbos dos serviços de inspeção na
embalagem ao comprar leite e derivados e 17,3% (80/463) disseram que
procuram. Uma pessoa (0,3%) disse que não sabia se procurava.
Embora 17,3% dos consumidores aleguem procurar os carimbos na
embalagem, esse aspecto parece ser de menor importância pois nenhum
consumidor se lembrou dos carimbos quando perguntados, na questão 21, o
que observavam na embalagem quando compra produtos industrializados.
Esses dados demonstram um grande desconhecimento, por parte da
população, das atividades que são desenvolvidas pelo governo, em esforço
conjunto com a indústria, para assegurar produtos inócuos aos consumidores.
Em resposta a questão 26, 96,8% (446/461) das pessoas acham que o
governo deve fazer campanha educativa sobre os riscos para a saúde devido
ao consumo de alimentos, 1,5% (7/461) acham que não e 1,7% (8/461) não
sabem.
Quanto aos meios de comunicação (questão 27), a televisão ficou em primeiro
lugar na preferência dos consumidores para receber informações das
campanhas de saúde do governo com 39,3% (410/1044) das respostas de
múltipla escolha. Em seguida vieram o rádio com 18,3% (191/1044), a
apresentação do assunto nas escolas do ensino fundamental com 17%
(177/1044), a palestra com 13,1% (137/1044), os folhetos com 10,9%
97
(114/1044), os jornais com 1,1% e outros locais como igrejas e reuniões
comunitárias obtiveram 0,3% (3/1044) dos votos.
É interessante observar que as freqüências de aceitação do rádio e das
escolas como veículos para um programa educativo são muito próximas.
Se houver uma adequação do currículo de ciências, de forma que essas
informações sejam sistematizadas e continuadas, pode-se alcançar bons
resultados em conhecimento e mudança de hábito em longo prazo (WHO,
2000), se comparados aos de programas pontuais no rádio e na TV.
O gráfico divide os resultados da questão 27 entre os consumidores de
produtos formais e informais. A associação entre as variáveis “meios de
comunicação” e a preferência por tipo de produto formal ou informal não foi
estatisticamente significante.
Gráfico 7 - Caracterização dos entrevistados sobre consumo de produtos
lácteos formais (industrializados) ou informais e a preferência
pelos meios de comunicação para receber informação sobre
educação em saúde - Jacareí-SP- dez 2004 - fev 2005
307
138
119
92
77
8
1
103
53
58
45
37
4
2
0
50
100
150
200
250
300
350
TV dio Básico
escolar
Palestra Folheto Jornal Outro
consome leite e/ou derivados formais consome leite e/ou derivados informais
98
O gráfico 8 resume as respostas dos consumidores de lácteos quanto à
preferência por qual rádio (questão 28). No cenário atual, as principais rádios
para a veiculação de informação ao consumidor em Jacareí são a Jovem Pan,
Mensagem, Band e Transcontinental.
Gráfico 8 - Caracterização dos entrevistados sobre consumo de produtos
lácteos formais (industrializados) ou informais e a preferência
pelas rádios que operam no município - Jacareí-SP- dez 2004 -
fev 2005
Em relação à questão 29, 69% (320/464) dos entrevistados disseram que não
têm interesse em receber as informações resultantes da presente pesquisa,
enquanto que 31% (144/464) afirmaram que têm. Essas pessoas receberão
uma versão simplificada dos resultados e conclusões obtidos.
62
47
48
31
32
33
16 16
18
13 13
77
4
21
25
13
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9
5
2
7
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7
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2
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10
20
30
40
50
60
70
Jo
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em Pan
Outras
Mensag
e
m
Band
Transcontinental
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e
o vale
Tupi
Globo
Gos
p
el
Piratininga
Terra
RD 90
consome produtos lácteos formais consome produtos lácteos informais
99
5 CONCLUSÃO
O consumo de produto lácteo informal ocorre, em maior ou menor freqüência,
independentemente do sexo, idade, fonte de renda, escolaridade, local de
moradia, renda familiar e do número de pessoas no domicílio.
Esse consumo de produtos informais é estatisticamente mais freqüente entre
os homens (leite fluido), entre pessoas que moram na zona rural (leite e/ou
derivados), entre famílias com renda acima de R$ 1.040,00 (derivados e leite
e/ou derivados), em domicílios com mais de 4 pessoas (leite, leite e derivados
e leite e/ou derivados), entre os que compram de ambulantes (leite, derivados e
leite e/ou derivados) e entre os que compram na zona rural (leite, derivados e
leite e/ou derivados).
O conhecimento de que o produto lácteo pode transmitir doenças ao homem
não é motivo suficiente para mudar o hábito de consumo de lácteos informais;
nesse estudo, o consumo de informais (derivados e leite e/ou derivados) foi
mais freqüente ente as pessoas que alegaram ter conhecimento sobre a
possibilidade do produto lácteo poder causar doenças. Isso mostra claramente
que qualquer estratégia de intervenção para redução de risco passa pela
mudança de paradigmas e motivação para mudança de hábitos.
A freqüência de consumo de produtos formais foi estatisticamente maior entre
as pessoas que disseram realizar compra em supermercado (leite, derivados e
leite e/ou derivados).
Os pequenos atos que se executam são
melhores que todos aqueles que se
planejam” George C. Marshall
100
Os produtos lácteos informais mais consumidos (leite fluido, queijo minas
frescal, manteiga e iogurte) são aqueles cuja inocuidade é dependente da
pasteurização do leite (não há outra etapa que elimine ou reduza o perigo a
níveis aceitáveis) e das Boas Práticas de Fabricação, embalagem e
armazenamento; isso indica que a população consumidora está exposta a um
risco tão desconhecido quanto inaceitável.
Sete vírgula quatro por cento (7,4%) estão expostos ao risco de contrair
zoonoses pelo consumo de leite cru, pois não têm o hábito de utilizarem-se da
fervura.
A população estudada reconhece nos produtos informais atributos de qualidade
como: ser mais puro, mais forte, mais saudável, mais saboroso, mais prático,
mais fresco e ter confiança em quem vende.É imperioso que as autoridades
sanitárias, juntamente com o setor industrial, deflagrem uma campanha de
esclarecimento sobre as diferenças reais entre o leite e seus derivados
industrializados e aqueles ditos “diretos do produtor”, desmistificando esse
conhecimento.
Algumas razões de consumidores que preferem o produto formal se mostram
pouco consistentes e, sugerem, que em outro contexto, podem migrar para o
consumo do informal (ex: praticidade, porque não encontram do produtor para
comprar, pelas variedades, costume); apenas os que alegaram: segurança do
produto, higiene, ser tratado ou testado e ser pasteurizado fazem uma escolha
baseada numa decisão de prevenção à saúde.
Há um grande desconhecimento entre os consumidores sobre os órgãos
responsáveis pela segurança dos alimentos; embora 17% tenham alegado que
procuram os carimbos da Inspeção na embalagem, nenhum se lembrou dos
101
carimbos quando perguntados o que observavam na embalagem no ato da
compra de produtos industrializados e, ao lhe serem mostrados os carimbos
SIF, SISP, SIM, apenas 4,5% (21/465) acertaram o significado de pelo menos
um deles.
Há, em suma, uma grande defasagem de comunicação de risco à população,
responsabilidade compartilhada entre governo e indústria. Os principais meios
de divulgação de informação escolhidos, em ordem de freqüência, foram: TV,
rádio e através das escolas do ensino fundamental.
102
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<http://www.agridata.mg.gov.br/pesquisas/tecnologia_queijo/patecfaqueijo.htm
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Aprova o novo Regulamento da Inspeção Industial e Sanitária de Produtos de
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Dispõe sobre a inspeção sanitária e industrial dos produtos de origem animal, e
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(INPPAZ), 2004-2005. Washington, DC, 2003. Disponível em:
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SALOTTI, B. M. Qualidade microbiológica de queijo tipo minas frescal
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2005. Encarte eletrônico. Trabalho apresentado ao 2
o
Congresso Latino-
americano e 8
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Congresso Brasileiro de Higienistas de Alimentos, Búzios, 12 a
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Alimentar, v. 19, n. 130, 2005. Encarte eletrônico. Trabalho apresentado ao 2
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108
Congresso Latino-americano e 8
o
Congresso Brasileiro de Higienistas de
Alimentos, Búzios, 12 a 15 de abril de 2005.
SOUSA, D. D. P; GUIMARÃES, R.; VILLELA, F. R. M. A.; MENDES, H. M. F.;
OLIVEIRA, N. P.; TUCCI, T. M.; BRAGA, M. C.; BALIAN, S. C.; TELLES, E. O.
Pesquisa de coliformes fecais, Staphylococcus coagulase positivo, Salmonella
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informais à venda em Jacareí – SP. Revista de Vigilância Sanitária. São
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WHO. A training guide for managers of food service establishments.
Geneva, 1989.
109
APÊNDICE 1
TERMO DE RESPONSABILIDADE DO PESQUISADOR
Eu, Danielle Daher Pereira de Sousa, aluna de Pós-graduação da Faculdade de
Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo, sob orientação da
Professora Doutora Evelise Oliveira Telles, comprometo-me a manter confidenciais
todas as informações fornecidas pelas pessoas que concordarem em ser
entrevistadas e garantir o total anonimato dos respondentes.
Coloco-me à disposição para esclarecer quaisquer dúvidas nos seguintes endereços
e telefone:
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia
Departamento de Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Animal
Avenida prof. Dr. Orlando Marques de Paiva, 87
CEP 05508 - 270 São Paulo – SP
Casa da Agricultura de Jacareí
Departamento Municipal de Agricultura
Praça Raul Chaves, 82
CEP 12.308 - 011 Jacareí - SP
Tel.: (12) 3951.99.11
Às pessoas que, voluntariamente, aceitarem participar desta pesquisa, será
garantido o direito de responder apenas às questões que desejarem. Não há
necessidade de nenhum tipo de identificação (nome, endereço, ou assinatura).
Danielle Daher Pereira de Sousa
Pesquisadora Responsável
110
APÊNDICE 2
RAPPORT
Prezado(a) Senhor(a),
Bom dia/Boa tarde,
Estou pesquisando sobre consumo de leite, como parte de meus estudos, na
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo.
Após a análise dos dados, os resultados dessa pesquisa serão divulgados para as
comunidades científicas e profissionais interessados neste tema.
Sua participação nesta pesquisa é voluntária. Caso você não queira participar, ou
prefira deixar de responder a alguma pergunta, você tem plena liberdade.
Posso garantir que suas respostas serão mantidas em segredo, assim como sua
identidade.
Agradeço, antecipadamente, sua atenção.
Danielle Daher Pereira de Sousa
111
APÊNDICE 3- ENTREVISTA
DATA_____________
LOCAL DA ENTREVISTA________________________________________N°____
1. Sexo: Masculino [ ] Feminino [ ]
2. Idade em anos completos: ______ anos.
3. Trabalha? Sim [ ] Não [ ] outro ___________________________
4. Em caso positivo: O que faz?_______________________________
5. Em caso negativo. Como se mantém? _______________________
6. É alfabetizado? Sim [ ] Não [ ]
7. Até que série estudou (anos concluídos)? ________
8. Local em que mora:
zona urbana central de Jacareí [ ]
zona urbana periférica de Jacareí [ ]
zona rural de Jacareí [ ]
outro[ ] ____________________
9.Qual a renda familiar?____________(em reais ou salários mínimos)
10. Quantas pessoas moram na sua casa? _______
11. Vocês costumam consumir leite e/ou derivados do leite? Sim [ ] Não [ ]
Em caso negativo, por quê? ___________________________________________
Em caso positivo, quais e com que freqüência?
(Mostrar a tabela de leite e derivados[1] e, depois, daqueles que a pessoa
responder que consome e o entrevistador marcar, mostrar a tabela [2] e
perguntar a freqüência)
X Mais de 1 vez ao dia diária semanal quinzenal mensal Outra
LEITE
QUEIJO MINAS FRESCAL
QUEIJO MINAS MEIA CURA
QUEIJO MUSSARELA
QUEIJO PROVOLONE
IOGURTE
MANTEIGA
COALHADA
OUTRO________________
12. Onde você compra estes produtos? (mostrar ficha com locais de compra [3])
Supermercado [ ] mercado municipal [ ] feira [ ] padaria [ ] vendedor ambulante
[ ] outros[ ] _________________________________________________________
13. Você prefere comprar leite do produtor ou industrializado?
Industrializado [ ] Por quê? __________________________________________
Do produtor [ ] Por quê? ____________________________________________
Ambos [ ] Por quê? ________________________________________________
14.Você prefere comprar os derivados de leite direto do produtor ou
industrializados?
Industrializado [ ] Por quê? ____________________________________________
Do produtor [ ] Por quê? ______________________________________________
Ambos [ ] Por quê? _________________________________________________
15. Onde compra direto do produtor?___________________________________
16. Você consome o leite fervido ou sem ferver?
fervido [ ] sem ferver [ ] ambos [ ] outro[ ]______________________________
17. Na sua opinião o consumo de leite e derivados pode causar doenças?
Sim [ ] Não [ ] Não sabe [ ]
Em caso positivo. Que doenças? _______________________________________
112
18. Você ou alguém da sua casa já ficou doente após tomar leite ou comer
derivados do leite?
Sim [ ] Não [ ] Não sei [ ] outros[ ]____________________
19. Qual o produto?_____________________________________
20. Quais os sintomas? (mostrar ficha com sintomas[4])
Dor de barriga [ ]
Cólica [ ]
Vômito [ ]
Dor de cabeça [ ]
Diarréia [ ]
Febre [ ]
Outro(s)? ___________________________
21. Quando você compra produtos industrializados você observa a
embalagem?
Sim [ ] Não [ ] não sei [ ] outros[ ] __________________________________
Em caso positivo. O que observa? ______________________________________
22.Você conhece a sigla SIF/SISP/SIM? (mostrar os símbolos[5])
Sim [ ] Não [ ] outro [ ] _____________________________________________
23. Você sabe o que o carimbo do SIF / SISP / SIM indica sobre o produto?
Sim [ ] indica que o produto____________________________________________
Não [ ]
Outros [ ] ___________________________________________________________
24.Em caso positivo (22)
, qual delas conhece e qual o significado da sigla?
[ ] SIF _______________ [ ] SISP _________________ [ ] SIM_______________
25. Você procura por esses carimbos na embalagem ao comprar leite e
derivados?
Sim [ ] Não [ ] outro [ ] ___________________________________________
26. Você acha que o governo deve fazer campanha educativa sobre os riscos
para a saúde do consumo de alimentos?
Sim [ ] Não [ ] outro [ ] ___________________________________________
27. Por qual meio de comunicação você prefere receber informações das
campanhas de saúde do governo?
(mostrar ficha com mecanismos de comunicação[6])
( ) TV ( ) outro _______________________________
( ) Rádio
( ) folheto
( ) palestra
( ) nas escolas do ensino fundamental
28.Qual a rádio que você mais ouve? ___________________________________
29. Você quer receber o resultado desse estudo?
[ ] não
[ ] sim (em caso afirmativo, completar um dos endereços abaixo)
[ ] Por correio: Rua______________________________________________,nº___
Bairro________________ Cidade______________________CEP______________
[ ] Por e-mail _______________________________________________________
(para envio das informações: avise que isso se dará apenas daqui há uns 6 a 8
meses mais ou menos. )
113
APÊNDICE 4
FICHAS:
[1] EXEMPLOS DE PRODUTOS:
[2] EXEMPLOS DE FREQÜÊNCIAS:
MAIS DE UMA VEZ AO DIA
UMA VEZ AO DIA
DIA SIM DIA NÃO
2 VEZES POR SEMANA
1 VEZ POR SEMANA
OUTRA:______________________
RESPOSTAS MÚLTIPLAS (PODEM SER ESCOLHIDAS MAIS DE UMA ALTERNATIVA)
[3] EXEMPLOS DE LOCAIS DE COMPRA:
SUPERMERCADO
MERCADO MUNICIPAL
FEIRA
PADARIA
VENDEDOR AMBULANTE
OUTROS
_____________________________________________________________
RESPOSTAS MÚLTIPLAS (PODEM SER ESCOLHIDAS MAIS DE UMA ALTERNATIVA)
LEITE
QUEIJO MINAS FRESCAL
QUEIJO MINAS MEIA CURA
QUEIJO MUSSARELA
QUEIJO PROVOLONE
IOGURTE
MANTEIGA
COALHADA
OUTRO(S)? _________________________
RESPOSTAS MÚLTIPLAS (PODEM SER ESCOLHIDAS MAIS DE UMA ALTERNATIVA)
114
[4] EXEMPLOS DE SINTOMAS:
DOR DE BARRIGA
CÓLICA??
VÔMITO
DOR DE CABEÇA
DIARRÉIA
FEBRE
OUTRO(S)?
__________________________________________________________
RESPOSTAS MÚLTIPLAS (PODEM SER ESCOLHIDAS MAIS DE UMA ALTERNATIVA)
[5]
[6] EXEMPLOS DE MECANISMOS DE COMUNUCAÇÃO:
TV
RÁDIO
FOLHETO
PALESTRA
NAS ESCOLAS DO ENSINO FUNDAMENTAL
OUTRO
_______________________________________________________________
RESPOSTAS MÚLTIPLAS (PODEM SER ESCOLHIDAS MAIS DE UMA ALTERNATIVA)
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