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YURY VASHCHENKO
CARACTERIZAÇÃO DA TRILHA E O IMPACTO DO
MONTANHISMO NOS
PICOS CAMAPUÃ E TUCUM – CAMPINA GRANDE DO SUL – PR
Dissertação apresentada como requisito
parcial à obtenção do grau de Mestre em
Ciência do Solo, Curso de Pós-
Graduação em Ciência do Solo, Setor de
Ciências Agrárias, Universidade Federal
do Paraná.
Orientadora: Prof
a
Nerilde Favaretto
Co-orientador: Prof. Glaucio Roloff
CURITIBA
2006
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Vashchenko, Yury
Caracterização da trilha e o impacto do montanhismo nos
Picos Camapuã e Tucum - Campina Grande do Sul - PR / Yury
Vashchenko.—Curitiba, 2006.
ix, 96 f.
Orientador: Nerilde Favaretto.
Dissertação (Mestrado em Ciência do Solo) – Setor de Ciências
Agrárias, Universidade Federal do Paraná.
1. Impacto ambiental. 2. Montanhismo. I. Título.
CDU 577.43:796.6
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Dedico à Oksana, Alexander e Yulian
4
AGRADECIMENTOS
Aos professores
Daniela Biondi, Nerilde Favaretto e Glaucio Roloff,
que fizeram parte da comissão orientadora.
Ao professor Marcelo Ricardo de Lima
pela colaboração.
Aos técnicos
dos Laboratórios de Física do Solo, de Fertilidade e Mineralogia
que contribuíram nas análises.
Aos amigos e colegas,
Paulo Dias, Paulo César, Rogério, Jean,
Marcelo, Osíris, Igor, Edgar, Ricardo, Brasil,
Felipe, Alexandre, Lorena e Aline
que colaboraram nos levantamentos de campo.
Aos montanhistas
que colaboraram nas entrevistas.
Ao jornalista Hélio Ribas Micheleto
pela revisão.
À Sue Ellen.
5
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS......................................................................................................................... vii
LISTA DE FIGURAS ........................................................................................................................ viii
LISTA DE SIGLAS............................................................................................................................ viii
RESUMO ...............................................................................................................................................ix
ABSTRACT............................................................................................................................................x
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................1
2 REVISÃO DE LITERATURA ..........................................................................................................3
2.1 O TURISMO EM ÁREAS NATURAIS............................................................................................3
2.1.1 O Montanhismo...............................................................................................................................4
2.2 IMPACTOS EM ÁREAS NATURAIS .............................................................................................4
2.2.1 Compactação do Solo......................................................................................................................8
2.2.2 Erosão hídrica................................................................................................................................10
2.3 A FRAGILIDADE AMBIENTAL...................................................................................................12
3 MATERIAL E MÉTODOS..............................................................................................................16
3.1 A SERRA DO MAR ....................................................................................................................................... 16
3.2 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ................................................................................................... 17
3.2.1 Localização da Trilha....................................................................................................................18
3.3 CARACTERIZAÇÃO DOS PICOS CAMACUÃ, CAMAPUÃ E TUCUM..................................18
3.3.1 Geologia e Geomorfologia............................................................................................................18
3.3.2 Clima.............................................................................................................................................19
3.3.3 Relevo ...........................................................................................................................................19
3.3.4 Solos..............................................................................................................................................20
3.3.5 Vegetação......................................................................................................................................21
3.3.6 Fragilidade Ambiental...................................................................................................................21
3.4 MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DA TRILHA ..............................................................23
3.4.1 Mapeamento da Trilha ..................................................................................................................23
3.4.2 Caracterização das Condições da Trilha .......................................................................................23
3.4.2.1 Declividade ................................................................................................................................23
3.4.2.2 Profundidade e largura da trilha.................................................................................................24
3.4.2.3 Extensão da trilha.......................................................................................................................24
3.4.2.4 Tipo da cobertura do solo na superfície do leito ........................................................................24
3.4.2.5 Formação de degraus..................................................................................................................24
3.4.2.6 Formação de sulcos....................................................................................................................24
3.4.2.7 Exposição do solo na superfície do leito....................................................................................25
3.4.2.8 Exposição de raízes na superfície do leito..................................................................................25
3.4.2.9 Exposição de rochas na superfície do leito ................................................................................25
3.4.3 Intensidade de Erosão....................................................................................................................25
3.4.4 Densidade Aparente (Da) e Porosidade Total (Pt)........................................................................26
3.5 A INTENSIDADE DE USO............................................................................................................27
3.6 RELAÇÃO DAS CONDIÇÕES FÍSICAS DO SOLO NA TRILHA COM A INTENSIDADE
DE USO .................................................................................................................................................28
3.6.1 Relação entre Intensidade de Erosão e a Intensidade de Uso........................................................28
3.6.2 Relação entre Densidade Aparente (Da) e Porosidade Total (Pt) e a Intensidade de Uso ............29
3.7 ALTERNATIVAS PARA MANEJO E MITIGAÇÃO DOS IMPACTOS .....................................29
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................................................30
4.1 CARACTERIZAÇÃO DOS PICOS CAMACUÃ, CAMAPUÃ E TUCUM..................................30
4.1.1 Geologia e Geomorfologia ...........................................................................................................30
4.1.2 Clima.............................................................................................................................................31
4.1.3 Relevo ...........................................................................................................................................32
6
4.1.4 Solos..............................................................................................................................................35
4.1.4.1 Cambissolos ..............................................................................................................................37
A) CAMBISSOLO HÁPLICO Ta Distrófico lítico...............................................................................38
B) CAMBISSOLO HÁPLICO Ta Distrófico léptico (CXvd) ...............................................................38
4.1.4.2 Neossolos ...................................................................................................................................38
A) NEOSSOLO LITÓLICO Hístico típico (RLi)..................................................................................39
B) NEOSSOLO LITÓLICO Húmico típico (RLh)................................................................................39
C) NEOSSOLO LITÓLICO Distrófico típico (RLd).............................................................................39
4.1.5 Vegetação......................................................................................................................................40
4.1.5.1 A Floresta Ombrófila Mista .......................................................................................................44
4.1.5.2 A Floresta Ombrófila Densa ......................................................................................................44
A) A Floresta Ombrófila Densa Montana..............................................................................................44
B) A Floresta Ombrófila Densa Altomontana........................................................................................45
4.1.5.3 O Refúgio Vegetacional.............................................................................................................45
4.1.5.4 O sistema secundário da vegetação............................................................................................45
4.1.6 Fragilidade Ambiental...................................................................................................................46
4.1.6.1 Fragilidade potencial..................................................................................................................46
4.1.6.2 Fragilidade emergente................................................................................................................48
4.2 INTENSIDADE DE USO................................................................................................................50
4.3 CARACTERIZAÇÃO GERAL DA TRILHA.................................................................................54
4.3.1 Trecho 01 ......................................................................................................................................54
4.3.2 Trecho 02 ......................................................................................................................................59
4.3.3 Trecho 03 ......................................................................................................................................60
4.3.4 Trecho 04 ......................................................................................................................................61
4.3.5 Comparação entre os Trechos .......................................................................................................62
4.3.1 Densidade Aparente (Da) e Porosidade Total (Pt)........................................................................64
4.4 RELAÇÃO DAS CONDIÇÕES FÍSICAS DO SOLO NA TRILHA COM A INTENSIDADE
DE USO .................................................................................................................................................66
4.4.1 Relação entre Intensidade de Erosão e a Intensidade de Uso........................................................66
4.4.2 Relação entre Densidade Aparente (Da) e Porosidade Total (Pt) e a Intensidade de Uso ............68
4.4.2.1 Comparação entre Da de acordo com a posição (na trilha e fora da trilha) por classe de
solo e número de passagem....................................................................................................................68
4.4.2.2 Comparação entre a Da na trilha de acordo com a declividade e o número de passagem em
cada solo ................................................................................................................................................70
4.4.2.3 Comparação entre Pt de acordo coma posição (na trilha e fora da trilha) por classe de solo
e número de passagem............................................................................................................................72
4.5 AS ALTERNATIVAS PARA MANEJO E MITIGAÇÃO DOS IMPACTOS ...............................74
4.5.1 Considerações Gerais....................................................................................................................74
4.5.2 As Alternativas..............................................................................................................................75
5 CONCLUSÕES .................................................................................................................................77
REFERÊNCIAS...................................................................................................................................78
APÊNDICES.........................................................................................................................................83
vii
LISTA DE TABELAS
TABELA 01 – FORMAS MAIS COMUNS DOS IMPACTOS RECREATIVOS EM ÁREAS
NATURAIS.....................................................................................................................5
TABELA 02 – RELAÇÃO ENTRE AS PROPRIEDADES DO SOLO E A
VULNERABILIDADE DO LOCAL À RECREAÇÃO .................................................7
TABELA 03 – CLASSES DE FRAGILIDADE DOS SOLOS .............................................................13
TABELA 04 – CLASSES DE FRAGILIDADE DE ACORDO COM A DECLIVIDADE..................13
TABELA 05 – GRAU DE PROTEÇÃO DE ACORDO COM O TIPO DE COBERTURA
VEGETAL.....................................................................................................................14
TABELA 06 – MATRIZ DA FRAGILIDADE POTENCIAL: SOLO VERSUS DECLIVIDADE
PARA OS PICOS CAMACUÃ, CAMAPUÃ E TUCUM............................................22
TABELA 07 – MATRIZ DA FRAGILIDADE EMERGENTE PARA OS PICOS CAMACUÃ,
CAMAPUÃ E TUCUM ................................................................................................22
TABELA 08 – VALORES DO IMPACTO PARA OS PARÂMETROS PROFUNDIDADE DO
LEITO DA TRILHA E FORMAÇÃO DE DEGRAUS/SULCOS E CLASSES DE
INTENSIDADE DE EROSÃO NA TRILHA PARA OS PICOS CAMAPUÃ E
TUCUM.........................................................................................................................26
TABELA 09 – QUESTIONÁRIO APLICADO AOS GRUPOS DE VISITANTES
ENCONTRADOS NO PERCURSO DA TRILHA PARA OS PICOS CAMAPUÃ
E TUCUM .....................................................................................................................28
TABELA 10 – PRECIPITAÇÃO MÉDIA PARA MESES DE DEZEMBRO DE 2004 A
NOVEMBRO DE 2005 NOS PICOS CAMACUÃ, CAMAPUÃ E TUCUM..............32
TABELA 11 – ÁREA OCUPADA POR CADA CLASSE DE DECLIVIDADE NOS PICOS
CAMACUÃ,CAMAPUÃ E TUCUM...........................................................................32
TABELA 12 – ÁREA OCUPADA POR CADA CLASSE DE SOLO NOS PICOS CAMACUÃ,
CAMAPUÃ E TUCUM ................................................................................................37
TABELA 13 – EXTENSÃO DA TRILHA PARA OS PICOS CAMAPUÃ E TUCUM EM
CADA TIPO DE SOLO ................................................................................................37
TABELA 14 – ÁREA OCUPADA PELA VEGETAÇÃO ATUAL NOS PICOS CAMACUÃ,
CAMAPUÃ E TUCUM ................................................................................................41
TABELA 15 – EXTENSÃO DA TRILHA PARA OS PICOS CAMAPUÃ E TUCUM EM
CADA FORMAÇÃO VEGETACIONAL ....................................................................41
TABELA 16 – ÁREA OCUPADA POR CADA CLASSE DA FRAGILIDADE POTENCIAL
NOS PICOS CAMACUÃ, CAMAPUÃ E TUCUM.....................................................46
TABELA 17 – ÁREA OCUPADA POR CADA CLASSE DA FRAGILIDADE EMERGENTE
NOS PICOS CAMACUÃ, CAMAPUÃ E TUCUM.....................................................48
TABELA 18 – ENTREVISTAS REALIZADAS NO PERÍODO DE UM ANO (DEZEMBRO DE
2004 A NOVEMBRO DE 2005) NA TRILHA PARA OS PICOS CAMAPUÃ E
TUCUM.........................................................................................................................50
TABELA 19 – RESULTADOS OBTIDOS NAS ENTREVISTAS REALIZADAS NO
PERÍODO DE UM ANO (DEZEMBRO DE 2004 A NOVEMBRO DE 2005) NA
TRILHA PARA OS PICOS CAMAPUÃ E TUCUM...................................................51
TABELA 20 – NÚMERO DE VISITANTES ENCONTRADOS EM CADA MÊS DURANTE
UM ANO NA TRILHA PARA OS PICOS CAMAPUÃ E TUCUM...........................52
TABELA 21 – NÚMERO DE VISITANTES ENTREVISTADOS EM CADA DIA DE
SEMANA E ESTIMATIVA DO NÚMERO DE VISITANTES PARA CADA
DIA DE SEMANA E PARA O PERÍODO DE UM ANO NA TRILHA PARA OS
PICOS CAMAPUÃ E TUCUM....................................................................................53
TABELA 22 – NÚMERO TOTAL E ESTIMATIVA PARA UM ANO DE PASSAGEM DE
VISITANTES EM CADA TRECHO DA TRILHA PARA OS PICOS
CAMAPUÃ E TUCUM ................................................................................................53
viii
TABELA 23 – PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS OBSERVADAS NA TRILHA PARA OS
PICOS CAMAPUÃ E TUCUM....................................................................................56
TABELA 24 – INTENSIDADE DE EROSÃO, VALOR DO IMPACTO PARA A FORMAÇÃO
DE DEGRAUS/SULCOS E PARA A PROFUNDIDADE DO LEITO, DE
ACORDO COM O TIPO DE SOLO, DECLIVIDADE E NÚMERO DE
PASSAGEM NA TRILHA PARA OS PICOS CAMAPUÃ E TUCUM......................58
TABELA 25 – MÉDIAS DA DENSIDADE APARENTE (Mg m
-3
) FORA DA TRILHA POR
TRECHO EM RELAÇÃO A CADA CLASSE DE SOLO...........................................65
TABELA 26 – DECLIVIDADE (%) OBSERVADA EM CAMPO E RESPECTIVA
INTENSIDADE DE EROSÃO PARA CADA CLASSE DE SOLO E NÚMERO
DE PASSAGEM NA TRILHA PARA OS PICOS CAMAPUÃ E TUCUM ...............66
TABELA 27 – MÉDIAS DA DENSIDADE APARENTE (Mg m
-3
) EM RELAÇÃO À
POSIÇÃO, PARA OS DIFERENTES SOLOS E NÚMEROS DE PASSAGEM
NA TRILHA PARA OS PICOS CAMAPUÃ E TUCUM............................................69
TABELA 28 – MÉDIAS DA DENSIDADE APARENTE NA TRILHA PARA OS PICOS
CAMAPUÃ E TUCUM COM RELAÇÃO À DECLIVIDADE, PARA OS
DIFERENTES SOLOS E NÚMEROS DE PASSAGEM.............................................71
TABELA 29 – MÉDIAS DE POROSIDADE TOTAL (%) NA TRILHA E FORA DELA, POR
TIPO DE SOLO E NÚMERO DE PASSAGEM EM CADA TRECHO DA
TRILHA PARA OS PICOS CAMAPUÃ E TUCUM...................................................73
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 01 – LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO..................................................................17
FIGURA 02 – MAPA PLANIALTIMÉTRICO DOS PICOS CAMACUÃ, CAMAPUÃ E TUCUM .33
FIGURA 03 – MAPA DE DECLIVIDADE DA ÁREA DOS PICOS CAMACUÃ, CAMAPUÃ E
TUCUM.........................................................................................................................34
FIGURA 04 – MAPA DE SOLOS DOS PICOS CAMACUÃ, CAMAPUÃ E TUCUM.....................36
FIGURA 05 – MAPA DA VEGETAÇÃO ORIGINAL DOS PICOS CAMACUÃ, CAMAPUÃ E
TUCUM.........................................................................................................................42
FIGURA 06 – MAPA DA VEGETAÇÃO ATUAL DOS PICOS CAMACUÃ, CAMAPUÃ E
TUCUM.........................................................................................................................43
FIGURA 07 – MAPA DA FRAGILIDADE POTENCIAL DOS PICOS CAMACUÃ, CAMAPUÃ E
TUCUM.........................................................................................................................47
FIGURA 08 – MAPA DA FRAGILIDADE EMERGENTE DOS PICOS CAMACUÃ, CAMAPUÃ E
TUCUM.........................................................................................................................49
FIGURA 09 – RELAÇÃO ENTRE A PRECIPITAÇÃO E O NÚMERO DE VISITANTES EM
CADA MÊS NO PERÍODO DE DEZEMBRO DE 20004 A NOVEMBRO DE 2005
NA TRILHA PARA OS PICOS CAMAPUÃ E TUCUM............................................52
FIGURA 10 – CORRELAÇÃO ENTRE DENSIDADE APARENTE E POROSIDADE TOTAL NA
TRILHA PARA OS PICOS CAMAPUÃ E TUCUM ..................................................73
LISTA DE SIGLAS
CXvd – CAMBISSOLO HÁPLICO Ta Distrófico léptico
RLh – NEOSSOLO LITÓLICO Húmico típico
RLd – NEOSSOLO LITÓLICO Distrófico típico
RLi – NEOSSOLO LITÓLICO Hístico típico + AFLORAMENTO DE ROCHA
Da – Densidade aparente (Mg m
-3
)
Pt – Porosidade total (%)
ix
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi caracterizar e avaliar as condições, bem como propor
alternativas que possam promover o uso sustentável de uma trilha localizada nos picos
Camapuã e Tucum, município de Campina Grande do Sul, PR. Na área de abrangência
dos picos realizou-se o levantamento da geologia, geomorfologia, clima, declividade,
solos, vegetação e fragilidade ambiental. A trilha foi mapeada utilizando um GPS,
sendo esta dividida em quatro trechos. Em cada trecho avaliou-se a declividade,
profundidade, largura e extensão da trilha, bem como o tipo de cobertura do solo, a
formação de degraus e sulcos e a exposição do solo, raízes e rocha. Determinou-se
também a densidade aparente e a porosidade total dentro e fora da trilha. A intensidade
de erosão na trilha foi calculada considerando os fatores profundidade do leito e
formação de degraus ou sulcos. A intensidade de uso foi avaliada através de
amostragem com determinação do número de passagem de visitantes em cada trecho
da trilha. A geologia, o relevo e o clima definiram os solos da área de estudo, sendo
estes pouco desenvolvidos, rasos e com alto teor de matéria orgânica. Os solos por sua
vez definiram a vegetação original, a qual em 19% da área foi alterada pelo uso
agrícola. A fragilidade potencial em 92% da área total foi classificada como muito
alta, enquanto que 54% e 40% da área apresentaram a fragilidade emergente média e
alta, respectivamente. Sob as florestas, a maior intensidade de uso causou uma maior
largura da trilha e uma maior exposição de raízes, enquanto que sob o refúgio
vegetacional causou uma maior exposição de solo e de rocha. A intensidade de erosão
aumentou com a declividade e com o número de passagem. A declividade de 15% foi
considerada o limite máximo para não ocorrer erosão na trilha. A densidade aparente
na trilha aumentou com o número de passagem, enquanto a porosidade total diminuiu.
Para os neossolos, a densidade aparente na trilha aumentou com a declividade, porém
nos cambissolos a declividade não interferiu. Estima-se que durante o período de um
ano 647 pessoas passaram pela trilha e que o número de passagem foi 1023, 868, 711 e
141 nos trechos 01, 02, 03 e 04, respectivamente, com concentração de visitas no
inverno. A maioria dos visitantes entrevistados possuem alto nível educacional e
experiência em atividades de montanhismo. Como alternativas de manejo e mitigação
dos impactos, sugere-se a reabertura de uma antiga trilha que passava pelo pico
Camacuã, a alteração do traçado da trilha atual, tornando-o transversal à pendente,
com declividade não superior a 15% e o monitoramento dos impactos e da visitação.
x
ABSTRACT
The objective of this work was to characterize and to evaluate the conditions as well as
to propose alternatives to promote the sustainable use of a trail located in the peaks
Camapuã and Tucum, city of Campina Grande do Sul, Parana, Brazil. A survey of the
geology, geomorphology, climate, slope, soil, vegetation, and environmental fragility
was carried out in the area involving the peaks. The trail, divided in four sections, was
delimited using a GPS. In each section it was evaluated the slope, depth, width, and
extension of the trail as well as the type of soil covering, the formation of steps and rill
erosion and the exposition of the soil, root, and rock. It was also determined the bulk
density and the total porosity in and out of the trail. The erosion intensity in the trail
was calculated considering the depth of the trial and the formation of steps or rill
erosion. The use intensity was evaluated through sampling with determination of the
number of visitors in each section of the trail. The geology, slope and climate
influenced the soil type of the study area, being low developed soils with low depth
and high level of organic matter. On the other hand, the soil influenced the original
vegetation, which in 19% of the area was modified by the agricultural use. The
potential environmental fragility in 92% of the total area was classified as very high,
while that 54% and 40% of the total area presented the medium and high emergent
environmental fragility, respectively. Under the forests, the greatest visitation caused a
greatest width of the trail and root exposition, while under the montane grassland
caused a greatest soil and rock exposition. The erosion intensity increased with the
slope and the number of walked by. The 15% slope was considered the maximum limit
to avoid erosion in the trail. The bulk density in the trail increased with the walked by
number, while the total porosity decreased. For the “neossolos”, the bulk density in the
trail increased with the slope, however with the “cambissolos” the slope did not affect.
It was estimated that during the one year period 647 people had passed for the trail and
that the walked by number was 1023, 868, 711 and 141 in section 01, 02, 03 and 04,
respectively, with concentration of visitors in the winter. The majority of the
interviewed had high educational degree and experience in climbing mountain. To
reduce the impacts in the trails, it is suggested to reopen one old track that passed for
the peak Camacuã, to modify the current trail, becoming it transversal the slope, with
15% the limit slope, and to monitor the impacts and the visitation.
1
1 INTRODUÇÃO
O processo de industrialização, iniciado no século XVIII, transformou o modo
de vida das pessoas no mundo inteiro. Famílias migraram do campo para as cidades,
trocando o modo de vida rural pelo urbano, dando assim, origem aos grandes centros
urbanos. Em conseqüência, surgiram alguns problemas ambientais como a poluição do
ar, da água, sonora e visual. Devido a isto, muitas pessoas estão buscando áreas
silvestres onde exista ar puro, silêncio e propiciem um contato com a natureza.
Esta busca, cada vez maior pela natureza, está dando impulso ao turismo em
áreas silvestres, que dependendo das atividades praticadas pode ser chamado de
ecoturismo, turismo de aventura, turismo rural, histórico-cultural ou técnico-científico.
As atividades em regiões montanhosas fazem parte do turismo de aventura e são
denominadas de montanhismo. No estado do Paraná a Serra do Mar é muito procurada
para essa prática que consiste em alcançar os cumes das montanhas por meio de
escaladas ou caminhadas.
A Serra do Mar é formada por vários blocos de montanhas. O maior deles é o
bloco mais conhecido como Ibitiraquire, onde está localizado o ponto culminante da
região sul do Brasil, o Pico Paraná com 1.887 m de altitude.
Neste bloco, também se encontram os Picos Camacuã, Camapuã e Tucum que
possuem 1.550 m, 1.706 m e 1.736 m de altitude, respectivamente. Eles possuem uma
característica muito peculiar, seus cumes são arredondados, com afloramento de
rochas e cobertos por vegetação herbácea, os chamados campos de altitude e formam
provavelmente a maior área contínua de campos de altitude da Serra do Mar.
A ocorrência de impactos em áreas naturais é conseqüência do uso, seja ele
realizado com objetivos educacionais ou recreativos. Todos os visitantes, inclusive os
mais conscientes, deixam pegadas (BARROS, 2003).
No que se refere à prática do montanhismo, esta envolve a formação de trilhas,
as quais passam pelas mais diversas situações de relevo, solo e vegetação. A pressão
exercida pela prática de caminhadas causa um impacto diferenciado dependendo da
condição existente. Por exemplo, algumas plantas são mais resistentes ao pisoteio que
2
outras e solos menos desenvolvidos resistem menos ao processo de compactação e à
erosão.
A primeira conseqüência na formação de uma trilha é a eliminação da cobertura
vegetal, que protege o solo do impacto direto das gotas da chuva e do escorrimento
superficial, causando alterações nas propriedades físicas do solo.
Em relação aos impactos causados nas propriedades físicas do solo, pode-se
observar o aumento da densidade aparente com conseqüente diminuição da porosidade
total, caracterizando o processo de compactação do solo. De acordo com BERTONI &
LOMBARDI (1990) a perda da porosidade total está associada à redução do teor de
matéria orgânica e ao efeito do impacto das gotas da chuva, diminuindo
conseqüentemente a permeabilidade. Um solo pouco permeável ou com baixa
capacidade de infiltração de água e sem vegetação, propicia o aumento do
escorrimento superficial da água das chuvas, o que causa a erosão.
Por estes motivos, conhecer as características ambientais da área de interesse e
suas limitações é de extrema importância, para que a partir destas informações sejam
tomadas decisões em relação ao manejo da trilha, incluindo medidas mitigadoras para
os impactos causados pelo seu uso.
Assim, o objetivo geral do presente trabalho, foi caracterizar e avaliar as
condições da trilha para os picos Camapuã e Tucum, propondo alternativas que
possam promover o uso sustentável.
Para isso, os objetivos específicos foram:
a) Caracterizar a área dos picos Camacuã, Camapuã e Tucum quanto ao clima,
à geologia, à geomorfologia, ao relevo, aos solos, à vegetação e à fragilidade
ambiental;
b) Mapear e caracterizar a trilha;
c) Avaliar a intensidade de uso relacionando-a com as condições físicas do
solo na trilha;
d) Propor alternativas de manejo para a trilha, assim como para a mitigação dos
impactos causados pelo uso.
3
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 O TURISMO EM ÁREAS NATURAIS
SEMA (2000) define o turismo em áreas naturais como “um segmento do
turismo que utiliza o patrimônio natural e cultural, de forma sustentável, com
intercâmbio sob diferentes formas entre o homem e a natureza, para promover a
conservação dos recursos locais (físicos e humanos), otimizando os custos e ganhos
ambientais, culturais, econômicos e sociais, orientado por planejamentos
participativos”. O turismo em áreas naturais é dividido em tipos de acordo com
atividades principais, porém estes tipos interagem entre si e muitas vezes se
confundem.
De acordo com SEMA (1996) e SEMA (2000) os tipos de turismo em áreas
naturais podem ser definidos como:
a) Ecoturismo: é um tipo de atividade turística que utiliza, de forma sustentável,
o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma
consciência ambiental através da interpretação do ambiente, estimulando o
desenvolvimento cio-econômico das populações envolvidas, sendo praticado:
caminhadas curtas (hiking), caminhadas longas (trekking), observação de flora e fauna,
turismo científico e turismo espeleológico. O ecoturismo compreende ainda a adoção
de construções simples, o uso de energias alternativas, o tratamento dos dejetos, a
coleta seletiva do lixo e banhos sem produtos químicos.
b) Turismo Rural: é o turismo integrado às atividades produtivas ou não na zona
rural, sendo dividido em agroturismo e turismo eqüestre.
c) Turismo Histórico-Cultural: é o turismo, no qual as pessoas buscam
conhecimentos arqueológicos e pré-históricos.
d) Turismo de Aventura: é o turismo, no qual as pessoas atuam como
protagonistas, desenvolvendo atividades participativas de menor ou maior intensidade,
necessitando, no segundo caso, de equipamentos e serviços especializados. As
atividades compreendem também expedições em busca de lugares isolados de baixa
4
freqüência, exigindo trabalho de equipe na maioria das vezes. Várias o as atividades
que se enquadram no turismo de aventura, sendo elas terrestres, náuticas, aéreas e
montanhismo.
2.1.1 O Montanhismo
O montanhismo recebe várias definições, porém sempre envolvem atividades
em montanhas. Para GOIDANICH & MOLETTA (2000), o montanhismo é um
conjunto de atividades em regiões montanhosas como, caminhadas e acampamentos. A
caminhada consiste em andar por trilhas ou não, o turista carrega seu próprio
equipamento em mochilas especiais. O acampamento trata-se de um ou vários
pernoites, geralmente em barracas.
Segundo SEMA (1996), o montanhismo compreende as práticas adotadas para
vencer percursos e obstáculos em elevações como escarpas, montes, morros e
montanhas, sendo elas: escalada, canionismo e rapel. Escaladas são as subidas,
transpondo obstáculos e altitudes. Quando praticadas em locais íngremes, com
inclinações maiores que 45
o
podem ser técnica ou solo, quando praticadas em locais de
aclives e campos com inclinações menores que 45º sendo possível percorrê-los a
sem qualquer equipamento são chamadas caminhadas. A escalada a técnica é com uso
de equipamentos e equipe treinada, enquanto a escalada solo é sem o uso de
equipamentos e sem o auxílio de equipe. Canionismo o descidas e escaladas
praticadas em cachoeiras com duas cordas de segurança, e rapel são descidas com
cordas em escarpas retas ou negativas.
2.2 IMPACTOS EM ÁREAS NATURAIS
Solo, flora, fauna e água são os principais elementos do ecossistema em que as
atividades recreativas podem causar impactos, podendo ser diretos ou indiretos
(LEUNG & MARION, 2000). Na TABELA 01 estão listadas as formas mais comuns
dos impactos recreativos em áreas naturais.
5
TABELA 01 – FORMAS MAIS COMUNS DOS IMPACTOS RECREATIVOS EM
ÁREAS NATURAIS
Componente Ecológico
Solo Flora Fauna Água
Efeitos
diretos
Compactação
do solo
Perda da
serrapilheira
Perda do solo
mineral
Redução da altura e
vigor
Perda da cobertura
vegetal do solo
Perda de espécies
frágeis
Perda de árvores e
arbustos
Danificação do
tronco das árvores
Introdução de
espécies exóticas
Alteração do
habitat
Perda de habitats
Introdução de
espécies exóticas
Distúrbios à fauna
Modificação do
comportamento
Substituição da
alimentação, água e
abrigo
Introdução de
espécies exóticas
Aumento da turbidez
Aumento na entrada
de nutrientes
Aumento de bactérias
patogênicas
Alteração na
qualidade da água
Efeitos
indiretos
Redução da
umidade
Redução da
porosidade
Aceleração da
erosão do solo
Alteração das
atividades
microbianas
Mudança na
composição
Alteração do
microclima
Aceleração da
erosão do solo
Redução do vigor
Redução na taxa de
reprodução
Aumento da
mortalidade
Mudança na
composição
Redução do vigor dos
ecossistemas
aquáticos
Mudança na
composição
Crescimento
excessivo de algas
FONTE: LEUNG & MARION (2000)
Em relação à fauna, para ANDRADE (2003), pode haver a alteração no número
de indivíduos de cada espécie, isto é, um aumento no caso de espécies tolerantes à
presença humana e uma diminuição para aquelas mais sensíveis. O fato de haverem
restos de comida, deixados por visitantes, por exemplo, pode vir a alterar hábitos
alimentares de certas espécies que podem substituir seus hábitos (SIQUEIRA, 2004).
Em relação à vegetação, o pisoteio constante na trilha acaba destruindo as
plantas por impacto mecânico direto e pela compactação do solo. Além do efeito do
pisoteio, os visitantes também, trazem novas espécies para dentro do ecossistema,
principalmente gramíneas e plantas daninhas em geral (ANDRADE, 2003).
6
O pisoteio pode ainda esmagar, machucar, remover ou expor as raízes. As
plantas dos locais pisoteados podem sofrer redução na altura, no comprimento dos
galhos, na área foliar, na produção de flores e sementes e na reserva de carboidratos.
Os locais que recebem intensa visitação podem ficar entremeados por trilhas
secundárias e ainda, neste processo, grandes áreas podem ficar desprovidas de
vegetação, devido ao corte de arbustos e árvores para lenha ou para criar novas
clareiras (COLE, 1993).
O efeito do pisoteio em diferentes tipos de cobertura foi avaliado por COLE
(1995) envolvendo o tipo de calçado, o peso dos visitantes e o número de passagem.
Os resultados indicaram que o tipo de calçado causou maior efeito na perda da
cobertura vegetal que na redução da altura da vegetação, enquanto que o peso dos
visitantes causou maior efeito na redução da altura da vegetação. Ainda em relação ao
tipo de calçado, observou que botas logo após o pisoteio, causaram uma maior redução
na cobertura vegetal que nis. Este mesmo estudo após um ano de avaliação, mostrou
que a cobertura vegetal relativa variou significativamente de acordo com o número de
passagem e tipo de vegetação, mas o com o tipo de calçado. Em relação ao peso, o
efeito após um ano foi maior que logo após a passagem, sendo que quanto maior o
peso dos visitantes menor a altura da vegetação.
No solo, o pisoteio causa a alteração de todos os seus componentes, sendo estes,
a matéria mineral, a água, o ar, a matéria orgânica morta e os organismos vivos. A
matéria orgânica morta concentra-se na superfície do solo, formando o chamado
horizonte orgânico, no qual ocorrem as atividades biológicas. O horizonte orgânico
aumenta a capacidade de absorção de água do solo e diminui a enxurrada e protege os
horizontes minerais abaixo dele, os quais são mais vulneráveis à compactação e ao
efeito erosivo da chuva. Um horizonte orgânico é geralmente menos vulnerável que
um horizonte mineral, porém se a matéria orgânica for pulverizada ou removida pelo
pisoteio, ele também será erodido e o horizonte mineral ficará exposto (COLE, 1993).
Para ANDRADE (2003), o efeito do pisoteio produz um impacto mecânico
direto, que resulta na exposição das raízes das árvores, causando riscos de doenças e
7
quedas, e na diminuição da capacidade de retenção de ar e absorção de água, alterando
a capacidade do solo de sustentar a vida vegetal e animal associada.
A intensidade destes impactos está relacionada diretamente com as
características do local sendo influenciada pela duração bem como pela intensidade e
tipo de uso deste local, por estes motivos observa-se uma maior perda da cobertura
vegetal e maior exposição de solo e de raízes nos locais mais freqüentados (MCEWEN
et al., 1996). As propriedades do solo do local, principalmente, definem a sua
vulnerabilidade à recreação, sendo que na maioria dos casos, o nível de
vulnerabilidade é baixo quando a textura, a matéria orgânica, a umidade e a fertilidade
são médias (TABELA 02) (COLE, 1993).
TABELA 02 – RELAÇÃO ENTRE AS PROPRIEDADES DO SOLO E A
VULNERABILIDADE DO LOCAL À RECREAÇÃO
Nível de Vulnerabilidade à Recreação
Propriedade do solo Baixo Médio Alto
Textura
Matéria orgânica
Umidade
Fertilidade
Profundidade
Média (silte)
Média
Média
Média
Nenhuma
Grossa (areia)
Baixa
Baixa
Alta
Profundo
Fina (argila)
Alta
Alta
Baixa
Raso
FONTE: COLE (1993)
Estudos realizados para avaliar os impactos no solo, causados pela recreação,
apontam alguns indicadores de qualidade do solo que podem ser facilmente medidos.
No Parque Nacional do Iguaçu – PR, BOÇÓN (2002) utilizou como indicadores
físicos do solo a porosidade, microporosidade, densidade aparente, condutividade
elétrica e conteúdo de carbono. TAKAHASHI (1998) definiu como principais
indicadores, no Parque Estadual do Marumbi PR, a porosidade de aeração, a
microporosidade, resistência do solo à penetração na superfície entre 5 10 cm e a
densidade do solo, enquanto que na Reserva Salto Morato PR os principais
8
indicadores definidos foram à resistência do solo à penetração entre 5 10 cm, a
microporosidade, a porosidade de aeração e o conteúdo de carbono.
2.2.1 Compactação do Solo
A compactação do solo é definida como diminuição do volume do solo
ocasionado por compressão, causando um rearranjamento mais denso das partículas do
solo e conseqüente redução da porosidade (CURI, 1993).
COLE (1993) cita que o pisoteio compacta o horizonte mineral, principalmente
quando este possui pouca matéria orgânica, causando uma redução na aeração e na
disponibilidade de água e dificultando a penetração das raízes.
A espessura da camada orgânica reduz os efeitos das forças compactadoras e
fornece material orgânico para incorporação no solo mineral, portanto reduzindo seu
potencial de compactação. Devido ao uso intenso a taxa de perda do horizonte
orgânico pode exceder a deposição anual, havendo exposição de solo, porém estes
impactos podem ser minimizados através da redução do uso recreativo (MARION &
MERRIAN, 1985).
A possibilidade de compactação de um solo depende dentre outros fatores da
estabilidade de agregados. A estabilidade de agregados é a medida da sua resistência à
uma força destrutiva, que não depende apenas de si mesmo, mas também do grau da
força e a maneira que a força é aplicada. De acordo com HILLEL (1982) solos
diferentes têm resistências diferentes às forças destrutivas a eles aplicadas. Um solo
com menor estabilidade de agregados tem sua densidade aumentada mais rapidamente
que um solo com uma maior estabilidade.
Como exposto anteriormente, o processo de compactação do solo é o
resultado do aumento de sua densidade aparente. A densidade aparente é a relação
entre a massa de solo seco a 110
O
C e a soma dos volumes ocupados pelas partículas e
pelos poros (PREVEDELLO, 1996). Quanto maior a densidade aparente do solo,
menor sua porosidade total e maior será a compactação (HILLEL, 1982). A porosidade
total de um solo pode ser definida como sendo o volume de vazios ou ainda o espaço
9
do solo não ocupado pelo conjunto dos componentes orgânicos e inorgânicos
(PREVEDELLO, 1996).
CARVALHO et al. (2000), ao avaliarem a influência do pisoteio nas
propriedades físicas do solo na trilha da Praia Sul do Parque Estadual da Ilha Anchieta,
norte de São Paulo, constataram que a densidade aparente e porosidade total
encontrada na profundidade de 0 a 5 cm expressam o estado de compactação do solo,
sendo significativa à diferença entre os valores médios para estes parâmetros, dentro e
fora da trilha. Estes autores observaram no cambissolo, um acréscimo de 31% na
densidade aparente e um decréscimo de 22% na porosidade total na trilha em relação a
fora da trilha.
TAKAHASHI (1998) observou que a densidade aparente média sob cambissolo
nas clareiras (locais de acampamento) existentes no Parque Estadual do Marumbi, PR
foi igual a 0,98 Mg m
-3
, enquanto fora das clareiras a densidade aparente foi igual a
0,81 Mg m
-3
, resultando em um acréscimo de 21% na densidade aparente, devido ao
uso recreativo. na Reserva Salto Morato, esta mesma autora, observou que a média
da densidade aparente em cambissolo na trilha foi igual a 1,26 Mg m
-3
, enquanto que
fora da trilha a média foi igual a 1,13 Mg m
-3
, havendo então um acréscimo de 11%. A
diferença entre os resultados de densidade aparente, possivelmente, se deve ao fato de
que no Parque Marumbi o teor de carbono no solo foi maior que na Reserva Morato,
sendo igual a 32 g dm
-3
e 19 g dm
-3
, respectivamente.
VALLIM et al. (2006) ao avaliarem duas trilhas no maciço Gericinó-Mendanha,
na região metropolitana do Rio de Janeiro, observaram que a densidade aparente na
trilha da Cachoeira, onde houve a maior visitação, chegou a 1,4 Mg m
-3
. Esta
compactação foi associada a dois fatores, primeiro, pela perda da cobertura vegetal
viva e da serrapilheira expondo o solo à ação da erosão, e segundo, pela perda do
horizonte A, deixando exposto o horizonte B, o qual apresentava maior densidade
aparente. No leito da trilha dos Caçadores, onde ocorreu a menor visitação, o valor de
densidade aparente foi de 0,80 Mg m
-3
, valor semelhante ao que foi encontrado fora da
trilha, demonstrando uma maior conservação do solo nesta trilha. Estes autores
10
observaram, também, uma maior presença de rochas expostas em locais com maior
declividade.
2.2.2 Erosão hídrica
O processo de erosão envolve a desagregação, transporte e deposição de
partículas do solo (primárias ou agregados) e ocorre pela ação dos agentes erosivos, os
quais, na erosão hídrica pluvial, são as gotas da chuva e o escoamento superficial da
água sobre o solo (CASSOL & LIMA, 2003).
Quando a chuva e enxurrada associadas agem contra o solo provocam o
movimento das partículas de solo. O que significa realização de trabalho. A chuva
realiza trabalho erosivo pela ação do impacto das gotas diretamente sobre a superfície
do solo e a enxurrada realiza trabalho erosivo pela ação de cisalhamento diretamente
sobre o solo (COGO & BERTOL, 1998).
De acordo com TROEH et al. (1999) a erosão hídrica afeta o solo de três
maneiras: 1 a perda de solo geralmente expõe um subsolo menos permeável; 2 as
gotas da chuva desintegram os agregados da superfície e criam uma crosta compacta; 3
a percolação da água da chuva carrega as partículas de solo suspensas, fechando os
poros e reduzindo a taxa de infiltração e permeabilidade. Estas mudanças causam o
aumento da enxurrada, a qual aumenta a erosão e reduz a quantidade de água
armazenada. Este processo é acentuado na superfície das trilhas, devido ao pisoteio.
A causa fundamental da erosão hídrica do solo é que a chuva age sobre o solo.
Segundo COGO & BERTOL (1998) ao efeito da chuva denomina-se de erosividade e
ao efeito das condições do solo denomina-se de erodibilidade.
A erosividade refere-se à capacidade potencial da chuva em causar erosão. As
características físicas da chuva que determinam sua erosividade são a forma, o
tamanho e a distribuição das gotas. Estas, associadas à resistência do ar, determinam à
velocidade terminal de queda das gotas que, por sua vez, associada à duração da
chuva, determina a intensidade e a quantidade total de chuva. Quanto maiores o
11
volume e a intensidade da chuva, mais energia cinética para realizar trabalho erosivo
(COGO & BERTOL, 1998).
Erodibilidade refere-se à susceptibilidade do solo à erosão, que depende de suas
características intrínsecas, da topografia e da cobertura do solo e das práticas
conservacionistas. As características intrínsecas do solo o as características físicas,
químicas e biológicas. Quanto à topografia o que mais influencia é o comprimento,
grau e forma do declive. Quanto maiores o comprimento e o declive, maior o volume
da enxurrada, porém a erosão é mais influenciada pelo grau de declividade que pelo
comprimento da pendente. A forma do declive também influencia a erosão hídrica,
sendo que as perdas de solo são maiores nos declives convexos, intermediárias nos
uniformes e menores nos côncavos (COGO & BERTOL, 1998).
O manejo do solo e da cultura esassociado às práticas conservacionistas e à
cobertura do solo, têm como objetivo diminuir a suscetibilidade do solo à erosão
(COGO & BERTOL, 1998).
O aumento da erosão hídrica com o aumento da declividade do terreno se deve
ao aumento da capacidade da enxurrada em desagregar e transportar as partículas,
decorrente do aumento de sua velocidade e de seu volume, especialmente quando o
solo é intensamente mobilizado e apresenta baixa cobertura superficial, ficando sujeito
à formação de sulcos, selos e, ou, crostas, os quais dificultam a infiltração de água no
solo e favorecem o escoamento superficial, principalmente quando a enxurrada fica
concentrada e direcionada no sentido da pendente do terreno (COGO et al., 2003).
Na superfície das trilhas a vegetação, limita a ação erosiva das gotas da chuva
sobre o solo, interceptando-as e diminuindo a enxurrada. Porém o pisoteio, elimina a
vegetação, deixando o solo exposto e sem obstáculos, o que facilita a formação de
enxurrada e erosão (TROEH et al., 1999).
A erosão hídrica causada pelo derretimento da neve, em uma trilha no Parque
Nacional de Daisetsuzan, localizado em Hokkaido Central Japão, foi estudada
durante sete anos por YODA & WATANABE (2000). Uma parte desta trilha estava
sob vegetação composta por arbustos e plantas herbáceas e a outra estava sob solo
descoberto. Estes autores
observaram que quanto maior a declividade maior a erosão e
12
também, que sob a vegetação a erosão foi maior, devido ao fato da vegetação ter sido
encontrada, geralmente, no meio ou na base da rampa, local onde a área de captação da
água do degelo era maior. Outro fator que também contribuiu para isto foi à
declividade, que variou de 1 a 25%, enquanto que sob solo descoberto, a declividade
variou de 1 a 13%, sendo a perda média de solo pela erosão na seção transversal da
trilha sob a vegetação igual a 3.770 cm
2
, enquanto que sob o solo descoberto foi igual
a 2.000 cm
2
.
2.3 A FRAGILIDADE AMBIENTAL
Os sistemas ambientais, face às intervenções humanas, apresentam maior ou
menor fragilidade em função de suas características “genéticas”. Qualquer alteração
nos diferentes componentes da natureza (relevo, solo, vegetação, clima e recursos
hídricos) acarreta o comprometimento da funcionalidade do sistema, quebrando o seu
estado de equilíbrio dinâmico. Estas variáveis tratadas de forma integrada possibilitam
obter um diagnóstico das diferentes categorias hierárquicas da fragilidade dos
ambientes naturais. Estes estudos relativos às fragilidades dos ambientes são de
extrema importância ao Planejamento Ambiental. A identificação dos ambientes
naturais e suas fragilidades potenciais e emergentes proporcionam uma melhor
definição das diretrizes e ações a serem implementadas no espaço físico-territorial,
servindo de base para o zoneamento e fornecendo subsídios à gestão do território
(SPÖRL & ROSS, 2004).
Segundo ROSS (1994) as unidades de fragilidade dos ambientes naturais devem
ser resultantes dos levantamentos básicos de geomorfologia, solos, cobertura
vegetal/uso da terra e clima. Esses elementos tratados de forma integrada possibilitam
obter um diagnóstico das diferentes categorias hierárquicas da fragilidade dos
ambientes naturais.
Para avaliar a fragilidade ambiental de uma área, segundo ROSS (1994), deve
ser realizada a análise da fragilidade potencial e da fragilidade emergente. A
fragilidade potencial é obtida através da análise dos tipos de solos e da declividade
13
enquanto que a fragilidade emergente depende da fragilidade potencial e cobertura
vegetal. Ambas as fragilidades são classificadas de 1 a 5, sendo 1 muito baixa e 5
muito alta. A fragilidade dos solos podem ser classificada de 1 a 5, sendo 1 muito
baixa e 5 muito alta (TABELA 03). Devido ao vigor dos processos erosivos, dos riscos
de escorregamentos ou deslizamentos e inundações freqüentes, as declividades são
classificadas de 1 a 5, sendo 1 muito baixa e 5 muito alta (TABELA 04). Baseado em
perda de solo por tipo de cultivo ROSS (1994) estabeleceu o grau de proteção aos
solos pela cobertura vegetal, obedecendo em ordem decrescente da capacidade de
proteção, sendo 1 muito alta e 5 muito baixa (TABELA 05).
TABELA 03 – CLASSES DE FRAGILIDADE DOS SOLOS
Classe de fragilidade Tipo de solo
Muito baixa
Baixa
Média
Forte
Muito forte
Latossolo Roxo, Latossolo Vermelho escuro e Vermelho amarelo
textura argilosa
Latossolo Amarelo e Vermelho amarelo textura média/argilosa
Latossolo Vermelho amarelo, Terra Roxa, Terra Bruna, Podzólico
Vermelho-amarelo textura média/argilosa
Podzólico Vermelho-amarelo textura média/arenosa. Cambissolos
Podzolizados com cascalho, Litólico e Areias Quartzosas
FONTE: ROSS (1994)
TABELA 04 – CLASSES DE FRAGILIDADE DE ACORDO COM A
DECLIVIDADE
Classe de fragilidade Declividade (%)
Muito fraca
Fraca
Média
Forte
Muito forte
0 a 6
6 a 12
12 a 20
20 a 30
> 30
FONTE: ROSS (1994)
14
TABELA 05 – GRAU DE PROTEÇÃO DE ACORDO COM O TIPO DE
COBERTURA VEGETAL
Grau de proteção Tipo de cobertura vegetal
Muito alta
Alta
Média
Baixa
Muito baixa
Florestas/Matas narutais, florestas cultivadas com biodiversidade.
Formações arbustivas naturais com estrato herbáceo denso, formações
arbustivas densas, floresta secundária, cerrado denso, capoeira densa,
plantio de pinus denso, pastagem cultivada com baixo pisoteio de gado,
cultivo de ciclo longo.
Cultivo de ciclo longo em curvas de nível/terraceamento, pastagens com
baixo pisoteio, plantio de eucaliptos com sub-bosque de nativas.
Cultura de ciclo longo com baixa densidade, culturas de ciclo curto com
cultivo em curvas de nível/terraceamento.
Áreas desmatadas e queimadas recentemente, solo exposto por
arado/gradeação, solo exposto ap longo de caminhos e estradas,
terraplenagens, culturas de ciclo curto sem práticas conservacionistas.
FONTE: ROSS (1994)
Ao avaliar a fragilidade ambiental da bacia do rio Xaxim em Morretes PR,
GHEZZI (2003) observou um predomínio das classes baixa e média tanto para a
fragilidade potencial quanto para a fragilidade emergente, devido à baixa declividade
predominante e os solos mais resistentes ao processo erosivo. Porém, nos locais de
maior declividade, acima de 30%, com presença de Cambissolos e Neossolos a
fragilidade potencial foi classificada como muito alta. Os resultados também mostram
que a ocupação humana em áreas de maior declividade a fragilidade emergente variou
de média a muito alta.
ALMEIDA (2003) ao analisar a fragilidade ambiental no município de
Colombo PR, também observou que nos locais sob cambissolos e com maior
declividade a fragilidade potencial é muito alta. E os locais utilizados para agricultura
e mineração foram classificados como fragilidade emergente alta e muito alta,
respectivamente, ou seja, as atividades humanas aumentaram a fragilidade ambiental,
devido a retirada ou diminuição da cobertura vegetal.
FLORIANI (2003) utilizando a metodologia de ROSS (1994) para avaliar as
microbacias hidrográficas de Fervida e de Rio das Onças localizadas em Colombo
PR, encontrou como predominante para a fragilidade potencial as classes muito alta e
alta, enquanto que para a fragilidade emergente as classes predominantes encontradas
15
foram média e muito alta. Estas classes de fragilidade emergente se devem ao uso
agrícola da área, que conferiu ao solo um grau de proteção muito baixo. em relação
a fragilidade potencial o que definiu a classe alta foi o predomínio de Cambissolos em
um relevo ondulado com declividades de 8 a 20%, enquanto que a classe muito alta foi
definida pelo predomínio Neossolos localizados sob relevo montanhoso, com
declividades de 45 a 75%, e sob planície aluvial.
Com base nas observações destes autores pode-se dizer que o pouco
desenvolvimento e a alta declividade propicia ao solo uma maior fragilidade potencial
e as atividades humanas de uso do solo propiciam uma maior fragilidade emergente.
16
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 A SERRA DO MAR
A Serra do Mar constitui um sistema montanhoso que se estende desde o
Espírito Santo até o sul de Santa Catarina. No Estado do Paraná é a zona limítrofe
entre o litoral e o primeiro planalto, formando serras marginais descontínuas, que se
elevam de 500 m a 900 m acima do nível do planalto, sendo mais escarpada do lado do
Atlântico que do continental e dotada de taludes íngremes e vertentes vigorosas. Sua
configuração generalizada é de um grande arco, com cavidade voltada para leste,
subparalelo à linha da costa (BIGARELLA, 1978).
A Serra do Mar é composta por diversos blocos de montanhas que recebem as
seguintes denominações: Serra da Virgem Maria, Serra do Capivari Grande, Serra dos
Órgãos ou Ibitiraquire (Serra Verde) onde se encontram as maiores elevações da Serra
do Mar, Serra da Graciosa, maciço Marumbi, maciço Iquererim e Serra da Prata
(MAACK,1981).
A floresta que cobre a escarpa da Serra do Mar é constituída por arvoretas
cobertas por epífitas, pequenas bromeliáceas, musgos, pteridófitas e orquídeas. Esta
floresta é seguida por uma formação de campos de altitude, com isolados arbustos de
compostas, ericáceas e melastomatáceas, semelhantes à savana. São compostos por
ciperáceas e gramíneas e também por extensas áreas de bambusáceas anãs (Chusquea
pinnifolia), chamadas de caratuvas (MAACK, 1981).
TRAMUJAS (2000) cita que as áreas de Refúgio Vegetacional (Campos de
Altitude) são assim definidas por serem circundadas por regiões clímax da Floresta
Ombrófila Densa, das quais se diferenciam completamente, devido à altitude (acima
de 1000 m), podendo apresentar as fisionomias herbácea e/ou arbustiva de acordo com
o hábito dos principais elementos destas formações.
17
3.2 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
No Estado do Paraná, parte da Serra do Mar compõe a Área Especial de
Interesse Turístico (AEIT) do Marumbi, que engloba diversas serras. Nos municípios
de Antonina e Campina Grande do Sul está localizada a Serra Ibitiraquire (Serra Verde
em Tupi). Na parte que compreende o município de Campina Grande do Sul, na
localidade denominada Terra Boa estão localizados os picos Camacuã, Camapuã e
Tucum que possuem 1.550 m, 1.706 m e 1.736 m de altitude, respectivamente
(BRASIL, 1971 e IBGE, 1992a) (FIGURA 01).
O acesso é feito pela rodovia BR 116, saindo de Curitiba e percorrendo
aproximadamente 50 km até a localidade Terra Boa, onde se percorre cerca de 5 km
em uma estrada chegando a uma chácara (chácara do Milani), onde a trilha de acesso
aos picos tem início.
A trilha para os Picos Camapuã e Tucum foi escolhida como local de estudo
devido à proximidade, à facilidade de acesso, às características peculiares da região, ao
significante número de visitantes, e por apresentar trechos com níveis diferenciados de
degradação, possibilitando um estudo comparativo.
FIGURA 01 – LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
18
3.2.1 Localização da Trilha
Inicialmente a trilha percorre o vale do ribeirão Samambaia, acompanhando
suas margens, no sentido sudeste, cruzando-o seis vezes e em uma parte percurso, o
leito da trilha se torna o próprio leito do Samambaia (trecho 01).
Chegando à parte mais alta do vale do ribeirão Samambaia a trilha bifurca,
seguindo em frente chega-se no pico Ciririca, enquanto que tomando à esquerda,
subindo pela face sul, acompanhando o divisor de águas (parte mais alta do relevo que
separa dois rios) chega-se no pico Camapuã (trecho 02).
Seguindo para sudeste a partir do pico Camapuã e acompanhando outro divisor
de águas chega-se no pico Tucum (trecho 03).
A partir daí acompanhando um outro divisor com sentido nordeste (trecho 04)
chega-se no vale do rio do Meio, ponto considerado final da trilha (para o estudo),
continuando em frente chega-se no pico Cerro Verde.
3.3 CARACTERIZAÇÃO DOS PICOS CAMACUÃ, CAMAPUÃ E TUCUM
Para caracterizar os picos Camacuã, Camapuã e Tucum foi realizado o
levantamento da geologia, da geomorfologia, do clima, dos solos, da vegetação e da
fragilidade ambiental, sendo gerados mapas planialtimétrico, de declividade, de solos,
da vegetação original e atual e da fragilidade ambiental os quais serão apresentados
como figuras com escala 1:25.000, projeção UTM e datum SAD-69. Os mapas foram
gerados no programa “ArcView GIS 3.2” e as metodologias para obtenção destes
resultados serão apresentados a seguir.
3.3.1 Geologia e Geomorfologia
As informações sobre a geologia foram obtidas a partir de consulta e
interpretação das cartas: Geologia da Folha de Morretes, escala 1:75.000
19
(CORDINARI & GIRARDI, 1967), Folha Geológica do Rio Capivari com escala
1:70.000 (UFPR, 1970) e observações em campo, verificando as rochas expostas.
A geomorfologia foi descrita baseada em MURATORI (2004), a partir da
interpretação destas mesmas cartas geológicas citadas acima, e dos mapas
planialtimétricos da Represa do Capivari com escala 1:50.000 (BRASIL, 1971) e de
Morretes com escala 1:50.000, (IBGE, 1992a) e de observações em campo verificando
as características do relevo.
3.3.2 Clima
O clima foi identificado a partir das Cartas Climáticas do Estado do Paraná de
1994 (IAPAR, 1994) e consulta em MAACK (1981).
3.3.3 Relevo
O relevo foi obtido a partir da interpretação dos mapas planialtimétricos da
Represa do Capivari, escala 1:50.000 (BRASIL, 1971) e de Morretes, escala 1:50.000
(IBGE, 1992a) e observações do relevo em campo.
Com a utilização de um “scanner” as informações destes mapas
planialtimétricos foram passadas para o meio digital em forma de arquivos TIFF. Estes
arquivos foram georreferenciados no programa “ENVI 3.2”. No programa “ArcView
GIS 3.2”, foi realizada a digitalização das curvas de nível e da drenagem, sendo então
gerado o mapa planialtimétrico da área.
A partir do mapa planialtimétrico foi elaborado o mapa de declividade no
programa SPRING 4.1, utilizando a ferramenta “LEGAL” (Linguagem Espacial de
Geoprocessamento Algébrico). A declividade foi dividida nas seguintes classes 0 a
6%, 6 a 12%, 12 a 20%, 20 a 30% e > 30% de acordo com ROSS (1994).
20
3.3.4 Solos
Os solos foram classificados de acordo com EMBRAPA (1999) a partir de
levantamento de campo e análise em laboratório.
Ao longo da trilha foram efetuadas tradagens, aleatoriamente, com um trado
holandês para a delimitação preliminar do tipo de solo, cruzando os diversos padrões
de relevo, drenagem e vegetação. E ainda, foram coletadas 10 amostras de solo por
horizonte, as quais originaram uma amostra composta para cada horizonte encontrado
em cada classe de solo. Estas amostras foram utilizadas para a realização de análise
química, granulométrica e dispersão de argila em água.
Após a delimitação preliminar das classes de solo efetuou-se a abertura de uma
trincheira para cada solo, a qual foi utilizada para a descrição geral do perfil e
morfológica dos horizontes de acordo com LEMOS & SANTOS (1996).
A análise química foi realizada no Laboratório de Fertilidade do Solo do
Departamento de Solo e Engenharia Agrícola da Universidade Federal do Paraná,
conforme as metodologias descritas em MARQUES & MOTTA (2003).
A análise granulométrica e a dispersão de argila em água foram realizadas no
Laboratório de Física do Solo do Departamento de Solo e Engenharia Agrícola da
Universidade Federal do Paraná conforme as metodologias descritas em EMBRAPA
(1997). A granulometria e a fração argila dispersa em água foram determinadas pelo
método do densímetro, sendo que antes de aferir a análise granulométrica houve a
queima de matéria orgânica nas amostras com alto teor de carbono.
O mapa de solos da área dos picos Camacuã, Camapuã e Tucum foi gerado
levando em consideração as classes obtidas a partir das tradagens e abertura das
trincheiras e os limites da vegetação. Cada classe de solo foi delimitada pelo tipo de
vegetação original, devido à alta relação entre ambos, portanto os limites das classes
de solo e de vegetação original serão os mesmos nos respectivos mapas apresentados
neste trabalho.
21
3.3.5 Vegetação
O mapeamento da vegetação foi realizada a partir do mapa digital da vegetação
obtido de SEMA (2002) com classificação de acordo com IBGE (1992b), da
interpretação de fotografias aéreas da área tiradas em 1980, com escala 1:30.000 e do
reconhecimento em campo através da observação das características fisionômicas da
vegetação ao longo da trilha.
A partir deste referencial geraram-se dois mapas, um da vegetação original e
um da vegetação atual. O mapa da vegetação original refere-se ao período anterior a
ocupação humana, para fins agrícolas ou pastoris, enquanto que o mapa da vegetação
atual mostra os remanescentes da vegetação original e as fases da sucessão secundária,
ou seja, a floresta depois da ocupação humana.
A vegetação secundária foi classificada conforme os critérios para identificar os
estágios sucessionais das formações florestais do Estado do Paraná, contidos em
SEMA (1998). Estes critérios também foram utilizados para descrever as
características fisionômicas da vegetação nativa em relação ao diâmetro das árvores, à
existência de epífitas ou lianas, à altura das árvores do dossel e ao número de estratos
arbóreos.
3.3.6 Fragilidade Ambiental
A fragilidade ambiental foi determinada conforme a metodologia de ROSS
(1994), baseada na declividade, solo e vegetação atual.
Foram geradas duas tabelas matrizes, sendo uma para a fragilidade potencial
(TABELA 06) e outra para a fragilidade emergente (TABELA 07). Para a fragilidade
potencial foram utilizadas as seguintes variáveis: solo e declividade, enquanto que para
a fragilidade emergente as variáveis foram: vegetação atual (grau de proteção) e
fragilidade potencial.
22
TABELA 06 – MATRIZ DA FRAGILIDADE POTENCIAL: SOLO VERSUS
DECLIVIDADE PARA OS PICOS CAMACUÃ, CAMAPUÃ E
TUCUM
Declividade
Solo
0 a 6% 6 a 12% 12 a 20% 20 a 30% > 30%
1 (MB) 2 (B) 3 (M) 4 (A) 5 (MA)
CAMBISSOLO HAPLICO Ta
Distrófico lítico
4
(A)
(2,5) 3 (3) 3 (3,5) 4 (4) 4 (4,5) 5
NEOSSOLO LITÓLICO
Distrófico típico
5
(MA)
(3) 3 (3,5) 4 (4) 4 (4,5) 5 (5) 5
CAMBISSOLO HAPLICO Ta
Distrófico léptico
5
(MA)
(3) 3 (3,5) 4 (4) 4 (4,5) 5 (5) 5
NEOSSOLO LITÓLICO
Hístico típico +
AFLORAMENTO DE ROCHA
5
(MA)
(3) 3 (3,5) 4 (4) 4 (4,5) 5 (5) 5
FONTE: Adaptado de ROSS (1994)
NOTA: Fragilidade em relação à declividade e solo: (MB) muito baixa, (B) baixa, (M) média,
(A) alta, (MA) muito alta. Fragilidade Potencial: 3 Média, 4 alta, 5 Muito alta. Em números
decimais efetuou-se o arredondamento para cima em função da alta fragilidade dos solos. O
CAMBISSOLO HAPLICO Ta Distrófico léptico foi considerado mais restritivo que o CAMBISSOLO
HAPLICO Ta Distrófico lítico devido à inclusão do NEOSSOLO LITÓLICO Húmico típico.
TABELA 07 – MATRIZ DA FRAGILIDADE EMERGENTE PARA OS PICOS
CAMACUÃ, CAMAPUÃ E TUCUM
Fragilidade Potencial Vegetação Atual
Grau de proteção
3 (Média) 4 (Alta) 5 (Muito Alta)
Floresta Ombrófila Densa
Montana
1 (Muito Alto) (2) 2 (2,5) 2 (3) 3
Floresta Ombrófila Mista
Montana
1 (Muito Alto) (2) 2 (2,5) 2 (3) 3
Floresta Ombrófila Densa
Altomontana
1 (Muito Alto) (2) 2 (2,5) 3 (3) 3
Refúgio Vegetacional 2 (Alto) (2,5) 2 (3) 3 (3,5) 4
Sucessão secundária inicial 2 (Alto) (2,5) 2 (3) 3 (3,5) 4
Sucessão secundária intermediária
2 (Alto) (2,5) 2 (3) 3 (3,5) 4
FONTE: Adaptado de ROSS (1994)
NOTA: Fragilidade Emergente: 2 Baixa, 3 Média e 4 alta. Foi considerado o Em meros
decimais efetuou-se o arredondamento para cima na fragilidade maior que 3 e para baixo na
fragilidade menor que 3.
Para elaborar os mapas de fragilidade potencial e emergente utilizaram-se as
TABELAS 06 e 07 e a ferramenta “LEGAL” do programa SPRING 4.1, onde se
efetuou o cruzamento dos mapas de declividade, solo e vegetação atual, o cruzamento
23
do mapa da declividade com o mapa de solos gerou o mapa de fragilidade potencial e
o cruzamento do mapa da fragilidade potencial com o mapa da vegetação atual gerou o
mapa de fragilidade emergente.
3.4 MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DA TRILHA
3.4.1 Mapeamento da Trilha
A trilha foi mapeada utilizando um GPS da marca Garmim, modelo Etrex Vista,
com a configuração “South America 69”, correspondente ao datum SAD-69, que
forneceu as coordenadas geográficas em latitude e longitude. As coordenadas obtidas
sob floresta tiveram a precisão média de 20 m, enquanto as coordenadas obtidas sob
campo (Refúgio Vegetacioanal) tiveram uma precisão média de 8 m.
Os dados obtidos com o GPS foram acessados no programa “GPS Track Maker
PRO 3.7”, no qual as coordenadas geográficas foram convertidas em coordenadas
UTM em metros. No programa “ArcView GIS 3.2” os pontos obtidos com o GPS
deram origem ao traçado da trilha, que foi apresentado em todos os mapas.
3.4.2 Caracterização das Condições da Trilha
Na caracterização da trilha determinou-se a declividade, a profundidade, a
largura e a extensão. Em seguida descreveu-se a trilha indicando o tipo de cobertura do
solo na superfície do leito, a formação de degraus, a formação de sulcos, a exposição
do solo, de raízes e de rochas na superfície do leito. A descrição da trilha foi realizada
visualmente, considerando a situação predominante nos vários segmentos da trilha.
3.4.2.1 Declividade
A declividade foi obtida através do clinômetro.
24
3.4.2.2 Profundidade e largura da trilha
A profundidade e a largura foram determinadas com uma trena.
3.4.2.3 Extensão da trilha
A extensão aproximada da trilha e de cada segmento foi obtida com a utilização
do programa ArcView GIS 3.2, com o qual mediu-se a distância entre os pontos
obtidos com o GPS, os quais deram origem ao traçado da trilha.
3.4.2.4 Tipo da cobertura do solo na superfície do leito
O tipo de cobertura do solo na superfície do leito foi classificado conforme o
tipo de material vegetal sobre o leito da trilha: serrapilheira, quando matéria morta
(folhas, galhos, etc.) ou vegetação, quando plantas vivas.
3.4.2.5 Formação de degraus
O termo formação de degraus foi utilizado para representar a trilha quando esta
apresentava um aspecto parecido como uma escada. Esta característica ocorria nas
maiores declividades, em conseqüência, principalmente, do pisoteio. A formação de
degraus foi classificada como ausente, quando não observado nenhum degrau; pouco
presente, quando observados degraus ocasionais; e muito presente, quando observados
degraus contínuos em todo o segmento.
3.4.2.6 Formação de sulcos
A descrição de sulco foi usada quando visualmente pôde ser constatado que o
aprofundamento do leito foi conseqüência de enxurradas, sendo observada esta
ocorrência nas maiores declividades. A formação de sulcos foi classificada como
25
ausente, quando não observado nenhum sulco; pouco presente, quando observados
sulcos ocasionais e muito presente, quando observados sulcos contínuos em todo o
segmento.
3.4.2.7 Exposição do solo na superfície do leito
A exposição do solo na superfície do leito da trilha foi classificada utilizando a
seguinte classificação nenhuma, rara, pouca ou muita, as quais correspondem a 0%, 1
a 10%, 11 a 50% e > 50% de solo exposto na extensão avaliada.
3.4.2.8 Exposição de raízes na superfície do leito
A exposição de raízes de espécies arbóreas na superfície do leito da trilha no leito
da trilha foi classificada utilizando a seguinte classificação nenhuma, rara, pouca ou
muita, as quais correspondem a 0%, 1 a 10%, 11 a 50% e > 50% de raízes expostas na
extensão avaliada.
3.4.2.9 Exposição de rochas na superfície do leito
A exposição de rocha na superfície do leito da trilha foi classificada utilizando a
seguinte classificação nenhuma, rara, pouca ou muita, as quais correspondem a 0%, 1
a 10%, 11 a 50% e > 50% de rocha exposta na extensão avaliada.
3.4.3 Intensidade de Erosão
A Intensidade de Erosão foi gerada a partir dos seguintes parâmetros: formação
de degraus, formação de sulcos e a profundidade do leito da trilha.
Os parâmetros utilizados na obtenção da Intensidade de Erosão receberam
valores de impacto de 1 a 5 de acordo com a TABELA 08. O valor de Intensidade de
Erosão foi obtido pela média aritmética dos valores de impacto referentes a estes
26
parâmetros, gerando as classes de Intensidade de Erosão, as quais variam de 1 a 5 ,
sendo muito baixa e muito alta, respectivamente (TABELA 08).
TABELA 08 – VALORES DO IMPACTO PARA OS PARÂMETROS FORMAÇÃO
DE DEGRAUS/SULCOS E PROFUNDIDADE DO LEITO DA
TRILHA E CLASSES DE INTENSIDADE DE EROSÃO NA
TRILHA
PARA OS PICOS CAMAPUÃ E TUCUM
Formação de degraus/Formação de sulcos Profundidade do leito Intensidade de Erosão
Descrição
Valor de
impacto
Profundidade
(cm)
Valor de
impacto
Classe Valor
ausente/ausente 1 0 a 5 1 Muito Baixa 1
pouco presente/ausente 2 0 a 10 2 Baixa 2
muito presente/ausente 3 0 a 15 3 Média 3
Pouco presente/pouco presente ou
ausente/ pouco presente
4 0 a 20 4 Alta 4
pouco presente/muito presente ou
ausente/muito presente
5 0 a > 25 5 Muito Alta 5
3.4.4 Densidade Aparente (Da) e Porosidade Total (Pt)
Para determinação da densidade aparente e porosidade total, coletou-se
amostras indeformadas de solo na profundidade de coleta dos anéis de 0 a 5 cm,
utilizando-se um anel volumétrico, com 4,6 cm de diâmetro e 3,4 cm de altura.
A amostras foram efetuadas em três pontos em cada classe de solo, sendo
coletados em cada ponto três repetições (anéis volumétricos) no leito da trilha, local
com forte influência humana (solo degradado) e três ao lado da trilha, local sem
influência humana (solo não degradado), totalizando nove amostras na trilha e nove
fora da trilha por classe de solo.
Estas amostras foram analisadas no Laboratório de Física do Solo do
Departamento de Solos e Engenharia Agrícola da Universidade Federal do Paraná,
com relação as densidades aparente e de partículas, seguindo as metodologias descritas
em EMBRAPA (1997). A porosidade total foi calculada a partir dos valores de
densidade aparente e de partículas (EMBRAPA, 1997).
27
3.5 A INTENSIDADE DE USO
A intensidade de uso (número de freqüentadores) foi avaliada através de
entrevistas de uma a duas vezes por mês durante o período de um ano. Os dias para a
realização das entrevistas foram escolhidos aleatoriamente e o tempo de permanência
para a realização das entrevistas variou de dois a três dias, sendo um dia de semana e
um ou dois dias de final de semana ou feriado.
O modelo do questionário utilizado para entrevistar os grupos de visitantes está
apresentado na
TABELA
09. Algumas entrevistas foram realizadas durante o percurso
da trilha, porém o cume do pico Camapuã foi utilizado como ponto estratégico para a
realização das entrevistas.
A questão chave do questionário foi referente ao roteiro utilizado pelos
montanhistas, indicando qual trecho da trilha foi mais freqüentado e quantas vezes o
grupo passou em cada trecho, podendo ser duas vezes, quando ida e volta pelo mesmo
caminho ou uma vez quando a tomada de um caminho para ida e outro para volta. A
partir destas informações foi determinado o número de passagem de visitantes
(intensidade de uso) em cada trecho, sendo definido ainda quantas passagens foram
realizadas em cada dia da semana, considerando-se: sábado, domingo, feriado e dia
útil.
O número de passagem de visitantes durante um ano, para cada trecho da trilha,
foi estimado a partir dos dados coletados a campo. A média de passagens para cada dia
da semana foi obtida dividindo-se o número de passagem total ocorrido em cada dia da
semana pelo número total desses dias em que foram realizadas as entrevistas. O valor
do número de passagem de visitantes foi obtido multiplicando-se a média de passagens
para cada dia da semana com o número total desses dias, ocorridos durante um ano
(dezembro de 2004 a novembro de 2005).
Além do roteiro utilizado pelos visitantes o questionário continha outras
perguntas (TABELA 09), as quais foram efetuadas com o objetivo de obter
28
informações para auxiliar na proposta de manejo da trilha, mitigação dos impactos e
ainda para a recepção dos visitantes.
TABELA 09 – QUESTIONÁRIO APLICADO AOS GRUPOS DE VISITANTES
ENCONTRADOS NO PERCURSO DA TRILHA PARA OS PICOS
CAMAPUÃ E TUCUM
Data chegada: __/__/__ Data retorno: __/__/__
Clima: Ensolarado ( ) Chuvoso ( ) Nublado ( )
Meio de acesso: carro ( ) a pé/ônibus ( ) moto ( )
Procedência: ______________________________________________________________
Indivídual ( ) Grupo ( )
Número de integrantes do grupo: masculino: __ Idade (cada um):____________________
Feminino: __ Idade (cada um):____________________
Instrução (enumerado conforme ocorrência no grupo):
Fundamental ( ) Médio ( ) Superior ( ) Pós-graduação ( )
Roteiro realizado (enumerado conforme a seqüência realizada):
Camacuã ( ) Camapuã ( ) Tucum ( ) Cerro Verde ( )
Ciririca ( ) Itapiroca ( ) Outros:___________________ ( )
Experiência (enumerado conforme ocorrência no grupo):
Primeira vez ( ) de 02 a 05 vezes ( ) mais de 05 vezes ( )
Conhecimento de outros picos:
Um ( ) de 02 a 05 ( ) mais de 05 ( )
3.6 RELAÇÃO DAS CONDIÇÕES FÍSICAS DO SOLO NA TRILHA COM A
INTENSIDADE DE USO
A relação entre as condições físicas do solo na trilha com a intensidade de uso
foi obtida através da comparação desta com a intensidade de erosão, a densidade
aparente e a porosidade total.
3.6.1 Relação entre Intensidade de Erosão e a Intensidade de Uso
Para discutir a relação entre intensidade de erosão e a intensidade de uso
elaborou-se uma tabela, na qual foram indicados o número de passagem (intensidade
29
de uso), a classe de solo, as declividades encontradas em campo e as respectivas
classes de intensidade de erosão. A interpretação desses dados foi baseada na
comparação entre os valores de intensidade de erosão correspondente a cada
declividade, classe de solo e número de visitantes (intensidade de uso).
3.6.2 Relação entre Densidade Aparente (Da) e Porosidade Total (Pt) e a Intensidade
de Uso
A análise de variância (ANOVA) dos valores de Da e Pt foi realizado
utilizando-se o Delineamento Inteiramente Casualizado e o programa “Analyse-it for
Microsoft Excel” (ANALYSE-IT, 2005) e para comparação entre as médias utilizou-
se o teste de Duncan ao nível de 10%.
3.7 ALTERNATIVAS PARA MANEJO E MITIGAÇÃO DOS IMPACTOS
As alternativas para o manejo da trilha e a mitigação dos impactos foram
propostas com base nos resultados da avaliação da fragilidade ambiental, da relação
entre a intensidade de erosão com a intensidade de uso e da relação entre densidade
aparente com a intensidade de uso e declividade. Além do embasamento nestes
resultados, utilizou-se a combinação de algumas das informações, direta ou
indiretamente, obtidas nas entrevistas com os visitantes, as quais foram a data de
chegada e de retorno (tempo de permanência), o clima, o meio de acesso, o roteiro
realizado, o grau de instrução e a experiência dos visitantes.
30
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 CARACTERIZAÇÃO DOS PICOS CAMACUÃ, CAMAPUÃ E TUCUM
4.1.1 Geologia e Geomorfologia
A área de estudo encontra-se sobre um bloco granítico, constituído pelo Granito
Graciosa, rocha intrusiva originada a mais de 600 milhões de anos, no Pré-cambriano.
Este granito exibe sempre cores claras, branco, cinza claro, creme ou levemente
avermelhado. Esse bloco granítico é retalhado por sistemas de fendas, diáclases e
falhamentos. A direção principal das linhas de fraturamento é NW SE, havendo
outras que variam entre N – S, relacionáveis a falhamentos possivelmente antigos, mas
reativos em diversas oportunidades (CORDANI & GIRARDI, 1967).
A disposição de materiais na crosta terrestre é denominada de estrutura que está
relacionada com as forças internas da crosta exercidas sobre o material e sua
resistência a estas forças (MURATORI, 2004). O Granito Graciosa em resposta às
forças internas, originou um relevo de falhas, sendo este muito acidentado com
altitudes que variam entre 900 e 1.800 m e apresentando inclinações que ultrapassam
45º (BRASIL, 1971) e (IBGE, 1992a). Este relevo é denominado localmente de Serra
Ibitiraquire, que faz parte de unidade maior denominada regionalmente de Serra do
Mar.
Em campo observou-se que, devido à resistência da rocha aos processos
geomorfológicos, a estrutura geológica define a evolução do relevo, entretanto,
modificada pela erosão causada pelas chuvas, determinando topos arredondados e
drenagem com vales profundos.
Constatou-se através da observação a campo também que a intemperização do
Granito Graciosa é muito lenta, prevalecendo, então, o processo geomorfológico sobre
o processo pedológico, definindo solos pouco desenvolvidos, que são caracterizados
pela pequena espessura, que muitas vezes não ultrapassa 50 cm, conforme será
apresentado posteriormente no item 4.1.4.
31
4.1.2 Clima
Segundo a classificação de Köppen, o clima é temperado - Cfb - caracterizado
por temperatura média no mês mais frio abaixo de 18
o
C (mesotérmico), com verões
frescos, temperatura média no mês mais quente abaixo de 22
o
C e sem estação seca
definida (IAPAR, 1994).
Na Serra do Mar as temperaturas médias anuais são inferiores a 14
o
C. Segundo
os princípios da teoria mecânica do calor, o ar “seco” ascendente esfria 1
o
C a cada
100 m de altitude em conseqüência do aumento de volume. Entretanto, tratando-se de
ar saturado com vapor d’água, o resfriamento é consideravelmente menor.
Considerando-se a umidade relativa do ar, o índice de resfriamento por 100 m de
altitude é de aproximadamente 0,5
o
C. Durante o inverno, o ar frio das maiores
altitudes escoa sobre o primeiro planalto através de linhas topográficas
predeterminadas, acumulando-se nos vales, principalmente à noite. Estas linhas de
deslize formam-se pela inversão da temperatura durante a noite. Após o aquecimento
máximo ao meio-dia, o solo se esfria com maior rapidez que o ar e origina-se uma
camada de ar frio acima do solo. Enquanto durante o dia o calor diminui com aumento
da altitude, porque o solo não pode emitir as radiações de calor com suficiente rapidez
para as camadas superiores do ar, e mesmo porque com a ascensão o ar esfria, nota-se
que durante a noite que este processo se inverte. Com o aumento da altitude, a
temperatura do ar também aumenta nas camadas inferiores. O ar frio, que se forma
acima do solo, esfriando mais rapidamente nas chapadas, espigões ou cristas de serras,
acompanha determinadas linhas topográficas do terreno e desliza para os vales. Por
esta razão, as regiões mais altas são mais quentes durante a noite (MAACK, 1981).
Ao observar a TABELA 10 nota-se que a precipitação é abundante na região.
As maiores precipitações ocorram no verão e as menores no inverno, chegando à
precipitação média anual, durante o estudo, de 2.010 mm.
32
TABELA 10 – PRECIPITAÇÃO MÉDIA PARA MESES DE DEZEMBRO DE 2004
A NOVEMBRO DE 2005 NOS PICOS CAMACUÃ, CAMAPUÃ E
TUCUM
D J F M A M J J A S O N Total
Precipitação
(mm)
320 280
127,5
212,5
210
85 62,5
82,5
80 270
167,5
112,5
2010
FONTE: IAPAR (2005)
Esta alta precipitação define uma alta erosividade na região, o que favorece os
processos geomorfológicos, mantendo, então, os solos com pequena profundidade,
devido à erosão natural promovida por esta alta precipitação.
Em campo, além da pequena profundidade dos solos pôde-se observar que uma
alta intensidade de erosão em função, dentre outros fatores, desta elevada precipitação,
como será apresentado posteriormente.
4.1.3 Relevo
Ao observar as FIGURAS 02 e 03 nota-se que trata-se de um relevo
montanhoso, sendo que 71% da área possui declividade acima de 30% (
TABELA
11). A
altitude variou de 880 a 1.736 m.
Em campo observou-se que nas declividades, a partir de 30%, houve a
formação de sulcos na trilha, conforme será apresentado posteriormente. Isto
demonstra que este relevo promove o aumento do volume e da velocidade da
enxurrada favorecendo assim ocorrência da erosão.
TABELA 11 – ÁREA OCUPADA POR CADA CLASSE DE DECLIVIDADE NOS
PICOS CAMACUÃ,CAMAPUÃ E TUCUM
Classe de Declividade (%) Área (ha) %
0 a 6 16 2,0
6 a 12 13 1,6
12 a 20 35 4,4
20 a 30 166 20,6
> 30 575 71,4
Total 805 100,0
35
4.1.4 Solos
Na área foram identificadas cinco classes de solo, sendo três pertencentes ao
grupamento dos Neossolos e dois ao grupamento dos Cambissolos. Na FIGURA 04
podem ser observados distintamente dois Cambissolos e dois Neossolos. O terceiro
Neossolo classificado como NEOSSOLO LITÓLICO Húmico típico, que foi
encontrado no fundo do vale acompanhando o ribeirão Samambaia, não pôde ser
mapeado devido à impossibilidade de definir seus limites em campo, considerando-o,
então, como inclusão no CAMBISSOLO HÁPLICO Ta Distrófico léptico e no
NEOSSOLO LITÓLICO Distrófico típico.
Na TABELA 12 observa-se que 77,5% da área são ocupados por Neossolos
enquanto que apenas 22,5% são ocupados por Cambissolos, sendo o NEOSSOLO
LITÓLICO Distrófico típico predominante, com 49,7% da área total.
A relação entre a geologia, o relevo e a precipitação definiu a formação,
localização e características destes solos. Em campo pôde ser notado que os Neossolos
ocorreram nas altitudes acima dos 1.000 m, enquanto que os Cambissolos ocorreram
nas altitudes abaixo dos 1.000 m. O NEOSSOLO LITÓLICO Hístico típico foi
observado nos topos dos picos e nas partes convexas das encostas, enquanto que o
NEOSSOLO LITÓLICO Distrófico típico foi observado nas partes côncavas das
encostas e nos vales dos rios, o NEOSSOLO LITÓLICO Húmico típico foi
encontrado no fundo dos vales às margens dos rios. Os CAMBISSOLOS HÁPLICO
Ta Distrófico léptico e lítico foram localizados na base dos picos, onde se inicia o
planalto. A profundidade dos Neossolos chegou até 25 cm, enquanto que a dos
Cambissolos chegou a ultrapassar os 50 cm. A profundidade dos horizontes em cada
solo oscilou muito, em alguns pontos passando de 20 cm, e em outros sendo menor
que 10 cm. Isto possivelmente ocorreu devido ao relevo e a precipitação abundante,
fatores que interferem na formação do solo.
37
TABELA 12 – ÁREA OCUPADA POR CADA CLASSE DE SOLO NOS PICOS
CAMACUÃ, CAMAPUÃ E TUCUM
Área
Classificação do solo (EMBRAPA, 1999)
Absoluta
(ha)
Relativa
(%)
CAMBISSOLO HÁPLICO Ta Distrófico lítico
CAMBISSOLO HÁPLICO Ta Distrófico léptico (CXvd)
NEOSSOLO LITÓLICO Distrófico típico (RLd)
NEOSSOLO LITÓLICO Hístico típico (RLi) + AFLORAMENTO
DE ROCHA
75
105
400
224
9,4
13,0
49,7
27,8
Total 805 100,0
Com relação ao tipo de solo na trilha, observa-se que 84% da extensão total da
trilha passam por Neossolos e apenas 16% por Cambissolos, e que 46% da extensão
total estão apenas sob o NEOSSOLO LITÓLICO Hístico típico com Afloramento de
Rocha (TABELA 13).
TABELA 13 – EXTENSÃO DA TRILHA PARA OS PICOS CAMAPUÃ E TUCUM
EM CADA TIPO DE SOLO
Extensão da trilha
Classificação do solo (EMBRAPA, 1999)
Absoluta
(m)
Relativa
(%)
CAMBISSOLO HÁPLICO Ta Distrófico lítico
CAMBISSOLO HÁPLICO Ta Distrófico léptico (CXvd)
NEOSSOLO LITÓLICO Húmico típico (RLh)
NEOSSOLO LITÓLICO Distrófico típico (RLd)
NEOSSOLO LITÓLICO Hístico típico (RLi) + AFLORAMENTO
DE ROCHA
223
570
923
874
2.220
4,6
11,8
19,2
18,2
46,2
Total 4.810 100,0
4.1.4.1 Cambissolos
São solos pouco desenvolvidos com horizonte B incipiente. A pedogênese é
pouco avançada, evidenciada pelo desenvolvimento da estrutura do solo, ausência ou
38
quase ausência da estrutura da rocha, apresentando croma mais forte, e matizes mais
vermelhos (EMBRAPA, 1999).
A) CAMBISSOLO HÁPLICO Ta Distrófico lítico
Este solo apresenta os horizontes A, B e C com 10, 10 e 20 cm de espessura e
27, 22 e 12 g kg
-1
de carbono orgânico, respectivamente. E possui argila de atividade
igual a 27,39 cmol
c
kg
-1
de argila, saturação por bases (V %) igual a 17,32% e contato
lítico a 40 cm da superfície do solo. As descrições geral e morfológica e as análises
química e granulométrica podem ser observadas no perfil 01 (APÊNDICE 01).
B) CAMBISSOLO HÁPLICO Ta Distrófico léptico (CXvd)
Este solo apresenta os horizontes O, A, B e C com 10, 17, 17 e 19 cm de
espessura, respectivamente. O horizonte O é constituído apenas por folhas não
decompostas (matéria orgânica), enquanto que os horizontes A, B e C são constituídos
por matéria orgânica decomposta e inorgânica, com e 75, 40 e 26 g kg
-1
de carbono
orgânico, respectivamente. E possui argila de atividade igual a 55,39 cmol
c
kg
-1
de
argila, saturação por bases (V %) igual a 24,52% e contado lítico a 54 cm da superfície
do solo. As descrições geral e morfológica e as análises química e granulométrica
podem ser observadas no perfil 02 (APÊNDICE 02).
4.1.4.2 Neossolos
São solos pouco evoluídos, pois estão em via de formação, seja pela reduzida
atuação dos processos pedogenéticos ou por características inerentes ao material
originário e com ausência de horizonte B diagnóstico (EMBRAPA, 1999).
39
A) NEOSSOLO LITÓLICO Hístico típico (RLi)
Este solo possui horizonte O hístico, camada superficial de material orgânico
com teor de carbono (C %) igual a 15%, com 14 cm de espessura e está sobre contato
lítico. As descrições geral e morfológica e as análises química e granulométrica podem
ser observadas no perfil 03 (APÊNDICE 03).
B) NEOSSOLO LITÓLICO Húmico típico (RLh)
A definição deste solo baseou-se na descrição de dois perfis, a princípio abertos
para caracterizar dois solos aparentemente distintos tanto quanto nas características
morfológicas, como nas químicas e granulométricas, porém no final resultaram em
uma mesma classificação. O perfil 04 apresentou o horizonte A com de espessura 20
cm de espessura, valor 3, croma 3, saturação por bases igual a 11,73% e teor de
carbono igual a 56,67g kg
-1
, enquanto que o perfil 05 apresentou o horizonte A com 23
cm de espessura, valor 3, croma 4, saturação por bases (V %) igual a 27,86% e teor de
carbono igual a 37,34 g kg
-1
. Ambos os perfis apresentaram o horizonte O, constituído
por folhas não decompostas, sendo a espessura deste horizonte no perfil 04 igual 5 cm,
enquanto que no perfil 05 foi de 2 cm. As descrições geral e morfológica e as análises
química e granulométrica podem ser observadas nos perfis 04 e 05 (APÊNDICES 04 e
05).
C) NEOSSOLO LITÓLICO Distrófico típico (RLd)
Este solo apresenta horizonte O, constituído apenas por folhas não
decompostas, com 10 cm de espessura e o horizonte A mineral, também, com 10 cm
de espessura, assentado diretamente sobre a rocha, e possui 3,3% de saturação por
bases (V %). As descrições geral e morfológica e as análises química e granulométrica
podem ser observadas no perfil 06 (APÊNDICE 06).
40
4.1.5 Vegetação
A área de estudo é coberta por duas florestas distintas, a Floresta Ombrófila
Densa, também conhecida como Floresta Atlântica e a Floresta Ombrófila Mista,
também conhecida como Floresta com Araucária. Na FIGURA 05 está apresentada a
cobertura original de cada formação, sendo que ocorre apenas a formação Montana na
Floresta Ombrófila Mista e as formações Montana, Altomontana na Floresta
Ombrófila Densa. Além das Florestas Ombrófila Densa e Mista, a área apresenta os
Refúgios Vegetacionais, os quais estão localizados nos topos.
Em campo observou-se uma alta relação entre o solo e a vegetação, sendo, que,
possivelmente, a vegetação seja reflexo das classes de solo existentes, sendo que
quanto mais desenvolvido o solo, mais desenvolvida a vegetação sobre este. Sob o
NEOSSOLO LITÓLICO Hístico típico encontram-se os Refúgios Vegetacionais
(campos de altitude), enquanto que sob NEOSSOLO LITÓLICO Distrófico típico
encontra-se a Floresta Ombrófila Densa Altomontana. A Floresta Ombrófila Densa
Montana e a Floresta Ombrófila Mista Montana encontra-se sob o CAMBISSOLO
HÁPLICO Ta Distrófico léptico e sob CAMBISSOLO HÁPLICO Ta Distrófico lítico,
respectivamente. Como o NEOSSOLO LITÓLICO Húmico típico aparece apenas
como inclusão, aparentemente este não influi na vegetação, no entanto, apesar de não
estar no mapa, observou-se a existência da Floresta Ombrófila Densa Montana e da
Floresta Ombrófila Densa Altomontana sobre este solo.
Na FIGURA 06 apresenta-se a vegetação atual, podendo ser observado o
remanescente da vegetação original e as áreas de vegetação secundária, que ocorrem
principalmente no vale do ribeirão Samambaia, onde ocorre tanto a fase de sucessão
secundária inicial, quanto à sucessão secundária intermediária na Floresta Ombrófila
Mista Montana e na Floresta Ombrófila Densa.
Ainda na FIGURA 06 pode-se observar que quase toda a vegetação localizada
no vale do ribeirão Samambaia e parte da encosta sul do pico Camapuã, encontra-se no
estágio intermediário da sucessão secundária, a qual caracteriza-se pela presença de
árvores adultas entremeadas por grandes maciços de taquaras, demonstrando que a
41
floresta nativa foi derrubada total ou parcialmente, isto foi constado após comparar as
fotografias aéreas de 1980 e com a situação atual.
A sucessão secundária cobre apenas 19% da área, sendo que 81% da área
permanecem cobertos pela vegetação original. A Floresta Ombrófila Densa
Altomontana cobre a maior parte da área, sendo que sua área corresponde a 44% da
área total (TABELA 14). Detalhes da vegetação podem ser observados no APÊNDICE
07.
TABELA 14 – ÁREA OCUPADA PELA VEGETAÇÃO ATUAL NOS PICOS
CAMACUÃ, CAMAPUÃ E TUCUM
Vegetação Atual Área (ha) %
Sucessão Secundária Intermediária 79 9,8
Sucessão Secundária Inicial 78 9,7
Floresta Ombrófila Mista Montana 13 1,6
Floresta Ombrófila Densa Montana 57 7,1
Floresta Ombrófila Densa Altomontana 352 43,7
Refúgio Vegetacional 226 28,1
Total 805 100,0
Em relação ao tipo de vegetação, ao percorrer da trilha, observou-se que a
maior parte da extensão total da trilha (46,2%) está sob o Refúgio Vegetacional
(
TABELA 15).
TABELA 15 – EXTENSÃO DA TRILHA PARA OS PICOS CAMAPUÃ E TUCUM
EM CADA FORMAÇÃO VEGETACIONAL
Extensão da trilha
Vegetação Atual
Absoluta (m) Relativa (%)
Sucessão Secundária Inicial
Sucessão Secundária Intermediária
Floresta Ombrófila Mista Montana
Floresta Ombrófila Densa Montana
Floresta Ombrófila Densa altomontana
Refúgio Vegetacional
122
824
223
914
507
2.220
2,6
17,1
4,6
19,0
10,5
46,2
Total 4.810 100,0
44
4.1.5.1 A Floresta Ombrófila Mista
Em campo observou-se que esta formação florestal ocorreu até,
aproximadamente 950 m de altitude. Porém, o segmento desta floresta, por onde passa
a trilha encontra-se na fase intermediária da sucessão secundária, contrariando o que
foi indicado no mapa obtido de SEMA (2002). Neste segmento de floresta não foi
observada a espécie clímax desta floresta, o pinheiro-do-paraná (Araucaria
angustifolia), os diâmetros das árvores eram pequenos, dificilmente ultrapassando os
50 cm, não havendo portanto, amplitude diamétrica, ou seja as árvores possuíam
diâmetros com valores parecidos, a altura das árvores do dossel era de
aproximadamente 12 m e observou-se poucas epífitas (bromélias e orquídeas), e lianas
(cipós) com pequenos diâmetros (ver detalhe APÊNDICE 07, a).
4.1.5.2 A Floresta Ombrófila Densa
A) A Floresta Ombrófila Densa Montana
Observou-se que esta formação ocorreu entre 930 e 1.420 m de altitude. A
fisionomia desta formação era caracterizada por árvores eretas cobertas por epífitas,
como bromélias, orquídeas e musgos, sendo que aproximadamente 90% destas epífitas
eram bromélias. As lianas também eram marcantes nesta formação, sendo que as
lianas herbáceas eram raras, enquanto que as lianas lenhosas eram abundantes. Outra
característica marcante era a presença de palmeiras no sub-bosque da floresta, o que
não ocorreu na Floresta Ombrófila Mista e nem na Floresta Ombrófila Densa
Altomontana (ver detalhes APÊNDICE 07, b e c).
Nos remanescentes desta floresta, ocorreram o dossel, o sub-bosque e um
estrato intermediário, sendo que a altura das árvores do dossel era de
aproximadamente 30 m e a amplitude diamétrica era grande, ocorrendo indivíduos
com mais de 1,0 m de diâmetro.
45
B) A Floresta Ombrófila Densa Altomontana
Foi observado em campo que floresta Ombrófila Densa Altomontana ocorreu
entre 1.060 e 1.700 m de altitude. A fisionomia desta formação caracterizou-se por
árvores tortuosas cobertas por epífitas, sendo aproximadamente 90% briófitas. A altura
das árvores diminuiu conforme aumentou a altitude, sendo inicialmente 20 m
diminuindo até 05 m, havendo dois estratos arbóreos: o dossel e o sub-bosque, onde os
diâmetros das árvores variaram entre 10 e 40 cm (ver detalhe APÊNDICE 07, e).
4.1.5.3 O Refúgio Vegetacional
Observou-se em campo que esta formação ocorreu a partir dos 1.040 m de
altitude até chegando aos topos dos picos Camacuã (1.550 m), Camapuã (1.706 m) e
Tucum (1.736 m). A fisionomia era caracterizada por plantas herbáceas, que chegavam
até 50 cm de altura, entre estas plantas eram encontrados bromélias e arbustos
isolados, tendo, portanto, uma fisionomia totalmente diferente da encontrada nas
florestas (ver detalhes APÊNDICE 07, g e h).
4.1.5.4 O sistema secundário da vegetação
Conforme observado nas fotografias aéreas de 1980, houve exploração
agrossilvopastoril até a década de 1980. Em conseqüência, observa-se atualmente a
ocorrência de dois estágios da sucessão secundária: o inicial e o intermediário.
No estágio intermediário observou-se dois estratos arbóreos: o dossel e o sub-
bosque, sendo que a altura das árvores do dossel era de, aproximadamente, 12 m e os
diâmetros das árvores variaram de 10 a 40 cm. Neste estágio ocorreram poucas epífitas
e lianas herbáceas, porém raras lianas lenhosas e observou-se a regeneração (mudas)
de algumas árvores do dossel. Além destas características observou-se a presença de
taquaras (Bambu spp), formando grandes maciços, os taquarais, os quais evidenciaram
a remoção da floresta original (ver detalhes APÊNDICE 07, d e f).
46
no estágio inicial ocorreu apenas um estrato arbóreo, o dossel, sendo sua
altura aproximada de 10 m e sua amplitude diamétrica, pequena, variando de 05 a 15
cm, havendo rara presença de epífitas (bromélias, orquídeas e musgos), enquanto que
herbáceas e gramíneas eram abundantes.
4.1.6 Fragilidade Ambiental
4.1.6.1 Fragilidade potencial
Como pode ser visto na FIGURA 07 as classes de fragilidade potencial
definidas para a área de estudo foram: dia (3), Alta (4) e Muito Alta (5). Devido à
declividade, que em 71% da área foi maior que 30% (TABELA 11) e às classes de
solo, constituídas pelos Neossolos e pelos Cambissolos (FIGURA 04), a fragilidade
potencial de 92% da área foi classificada como muito alta, sendo o restante
classificado como alta e média (TABELA 16). Estes dados estão de acordo com
GHEZZI (2003), ALMEIDA (2003) e FLORIANI (2003). Estes autores também
observaram que nos locais onde ocorreram declividades acima de 30% e presença de
Cambissolos e Neossolos, a fragilidade potencial foi muito alta.
TABELA 16 – ÁREA OCUPADA POR CADA CLASSE DA FRAGILIDADE
POTENCIAL NOS PICOS CAMACUÃ, CAMAPUÃ E TUCUM
Fragilidade Potencial Área (há) %
3 (Média) 28 3,5
4 (Alta) 35 4,3
5 (Muito Alta) 742 92,2
Total 805 100,0
48
4.1.6.2 Fragilidade emergente
Como podem ser observadas na FIGURA 08 as classes da fragilidade
emergente para área de estudo foram: Baixa (2), Média (3) e Alta (4), as quais são
produtos da fragilidade potencial e do grau de proteção dado ao solo pela vegetação
atual.
Cada tipo de vegetação protege de maneira diferente o solo, quanto mais
desenvolvida e mais densa essa vegetação melhor a proteção do solo. Assim as
Florestas Ombrófila Densa Montana, Ombrófila Mista Montana e Floresta Ombrófila
Densa Altomontana apresentam o grau de proteção 1 (Muito Alta), enquanto o
Refúgio Vegetacional e as fases inicial e intermediária da Sucessão Secundária
apresentam o grau de proteção 2 (Alta). A vegetação nesta área, por apresentar alto
grau de proteção amenizou a fragilidade potencial.
Como existe o predomínio da Floresta Ombrófila Densa Altomontana a maior
parte da área (54%) foi classificada como fragilidade emergente média (3), enquanto
que 40% da área foram classificadas como alta e apenas 6% como baixa (TABELA
17).
Nos trechos 02 e 03 da trilha sob o Refúgio Vegetacional, onde ocorrem as
maiores declividades, observou-se que não existe cobertura vegetal sobre o solo, então
nestes pontos a fragilidade emergente é muito alta (FIGURA 08), o que foi
demonstrado pela formação de sulcos e exposição de rocha. Isso confirma que as
atividades humanas aumentaram a fragilidade ambiental, devido a retirada ou
diminuição da cobertura vegetal, como observaram GHAZZI (2003), ALMEIDA
(2003) e FLORIANI (2003).
TABELA 17 – ÁREA OCUPADA POR CADA CLASSE DA FRAGILIDADE
EMERGENTE NOS PICOS CAMACUÃ, CAMAPUÃ E TUCUM
Fragilidade Emergente Área (ha) %
2 (Baixa) 45 5,6
3 (Média) 437 54,3
4 (Alta) 323 40,1
Total 805 100,0
50
4.2 INTENSIDADE DE USO
Durante o período de dezembro de 2004 a novembro de 2005 foram
entrevistadas 109 pessoas distribuídas em 35 grupos, sendo 80 pessoas do sexo
masculino e apenas 29 do sexo feminino, correspondendo a 73% e 27% do total de
entrevistados, respectivamente (TABELA 18).
A idade dos homens variou de 09 a 56 anos, sendo a média de 29 anos,
enquanto a idade das mulheres variou de 17 a 32 anos, sendo a média 26 anos, como
pode ser observado na TABELA 18.
TABELA 18 – ENTREVISTAS REALIZADAS NO PERÍODO DE UM ANO
(DEZEMBRO DE 2004 A NOVEMBRO DE 2005) NA TRILHA
PARA OS PICOS CAMAPUÃ E TUCUM
N
o
. de entrevistados Idade dos entrevistados Realização das
entrevistas
N
o
. de
entrevistas
realizadas
N
o
. total de
entrevistados
Feminino Masculino
Feminino Masculino
Sábado 11 35 11 24 17 a 43 09 a 56
Domingo 13 41 12 29 19 a 32 20 a 47
Dia útil 3 10 1 9 22 21 a 40
Feriado 8 23 5 18 26 a 32 21 a 53
Média - - - - 26,2 28,8
Total 35 109 29 80 - -
Conforme a TABELA 19, o principal roteiro realizado foi percorrer a trilha até
o pico Tucum (50%) passando antes pelo pico Camapuã, sendo que a maioria dos
visitantes (62%) pernoitou, escolhendo o pico Camapuã como o principal local de
acampamento, enquanto que 38% voltaram no mesmo dia.
Estas visitas ocorreram nos finais de semana, feriados e dias úteis de recesso
escolar, geralmente sexta-feira sendo quinta-feira, feriado, em dias úteis normais não
foram encontrados visitantes, sendo que a maior parte dos visitantes chegou aos
sábados (44%) e feriados (25%), com preferência nos dias ensolarados (66%)
(TABELA 19).
Ainda na TABELA 19 observa-se um alto nível educacional entre os
entrevistados, sendo que a maioria (63%) possuía curso superior completo ou estava
51
cursando, e observa-se ainda, uma considerável experiência no montanhismo, visto
que 38% dos entrevistados visitaram o local mais de 05 vezes e a maioria (75%)
conhece mais de 05 picos e que estas pessoas utilizaram carro (88%) como principal
meio de acesso.
TABELA 19 RESULTADOS OBTIDOS NAS ENTREVISTAS REALIZADAS NO
PERÍODO DE UM ANO (DEZEMBRO DE 2004 A NOVEMBRO DE
2005) NA TRILHA PARA OS PICOS CAMAPUÃ E TUCUM
Questões Respostas Quantidade Porcentagem
Sábado 48 44
Domingo 23 21
Dia útil 11 10
Dia de chegada
Feriado 27 25
Ensolarado 72 66
Chuvoso 0 0
Condição climática
Nublado 37 34
Carro 96 88
A pé/ônibus 11 10
Meio de acesso
Moto 2 2
Feminino 29 27
Sexo
Masculino 80 73
Fundamental 3 3
Médio 25 23
Superior 69 63
Grau de instrução
Pós-graduação 12 11
Camapuã 35 32
Camapuã/Tucum 55 50
Ciririca 5 5
Tucum/Ciririca 4 4
Tucum/Cerro Verde 5 5
Pico do Luar/Tucum 2 1
Roteiro
Tucum/Itapiroca 3 3
Diária 41 38
Pernoite 68 62
Primeira vez 37 34
De 02 a 05 vezes 31 28
Experiência
(conhecimento da trilha)
Mais de 05 vezes 41 38
Um 3 3
De 02 a 05 19 17
Conhecimento de outros
picos
Mais de 05 82 75
52
TABELA 20 NÚMERO DE VISITANTES ENCONTRADOS EM CADA MÊS
DURANTE UM ANO NA TRILHA PARA OS PICOS CAMAPUÃ
E TUCUM
Mês
Visitantes
D J F M A M J J A S O N
Total
Total 10 0 8 0 9 26 8 25 7 16 0 0 109
% 9 0 7 0 8 24 7 23 6 16 0 0 100
O período em que foram encontrados mais visitantes foi o mês de maio,
correspondendo a 24% dos visitantes encontrados (TABELA 20). A explicação deste
resultado pode ser vista na FIGURA 09, que mostra que nos meses de maior
precipitação a visitação foi menor e nos meses de menor precipitação a visitação foi
maior, como as entrevistas foram realizadas uma vez por mês em alguns meses do ano
não foram encontrados visitantes, devido ao clima, isto não quer dizer que realmente
não tenha havido visitação, mas que foi menor que nos outros meses.
FIGURA 09 – RELAÇÃO ENTRE A PRECIPITAÇÃO E O NÚMERO DE
VISITANTES EM CADA MÊS NO PERÍODO DE DEZEMBRO DE
2004 A NOVEMBRO DE 2005 Na trilha para OS PICOS CAMAPUÃ
E TUCUM
0
50
100
150
200
250
300
350
D J F M A M J J A S O N
Mês
Precipitação (mm)
0
5
10
15
20
25
30
Visitantes
Precipitação Visitantes
Estimou-se que durante o período de um ano 647 pessoas passaram pela trilha
(TABELA 21), sendo que cada trecho da trilha teve uma intensidade de uso diferente,
sendo decrescente do trecho 01 para o trecho 04. No trecho 01, o mais freqüentado,
53
foram estimadas 1023 passagens, enquanto no trecho 02 foram 868, no trecho 03
foram 711 e apenas 141 passagens no trecho 04 (TABELA 22).
TABELA 21 – NÚMERO DE VISITANTES ENTREVISTADOS EM CADA DIA
DE SEMANA E ESTIMATIVA DO NÚMERO DE VISITANTES
PARA CADA DIA DE SEMANA E PARA O PERÍODO DE UM
ANO NA TRILHA PARA OS PICOS CAMAPUÃ E TUCUM
Dia
Quantidade
no ano
N
o
de visitantes
que chegaram
em cada dia
N
o
de dias
amostrados
Média de
visitantes por
dia
Estimativa anual
de visitantes
Sábado 48 48 10 4,80 230
Domingo 49 23 10 2,30 113
Útil 258 11 12 0,92 237
Feriado 10 27 4 6,75 68
Total 365 109 33 - 647
TABELA 22 – NÚMERO TOTAL E ESTIMATIVA PARA UM ANO DE
PASSAGEM DE VISITANTES EM CADA TRECHO DA TRILHA
PARA OS PICOS CAMAPUÃ E TUCUM
Trecho Número de dias do ano Dias avaliados
Número de
passagem nos
dias avaliados
Estimativa da
passagem anual
1 215 1023
2 199 868
3 142 711
4
365 41
19 141
Devido a maior parte dos visitantes possuir experiência na prática do
montanhismo e possuir alto nível de escolaridade os impactos no ambiente são baixos,
por mais que não tenha sido feito levantamento, raramente foram encontrados lixo,
restos de fogueira e sinais de vandalismos em árvores ou rochas, então, o principal
impacto observado é a degradação do solo na trilha, principalmente nos trechos 01 e
02 onde ocorreu o maior número de passagem de visitantes.
54
4.3 CARACTERIZAÇÃO GERAL DA TRILHA
Conforme descrito no material e métodos, a discussão da trilha foi dividida em
quatro trechos de acordo com a intensidade de uso, possibilitando assim a comparação
dos dados (TABELAS 23 e 24). Os detalhes das principais características avaliadas
podem ser observados no APÊNDICE 08.
Além da TABELA 23, os dados de solos, vegetação e declividade podem ser
observados nos respectivos mapas, pois o traçado da trilha encontra-se em todos eles.
Na TABELA 24 pode ser observado os valores de intensidade de erosão em
cada segmento da trilha, de acordo com a declividade e número de passagem de
visitantes.
A seguir serão apresentadas as principais características (TABELA 23) e a
intensidade de erosão (TABELA 24) observadas na trilha, correlacionando-as quando
possível com a intensidade de uso, para cada trecho e uma comparação entre os
resultados encontrados em cada trecho e também será apresentada uma breve
caracterização da densidade aparente (Da) e porosidade total (Pt) encontradas fora da
trilha em cada trecho da trilha.
4.3.1 Trecho 01
Neste trecho o mero de passagem de visitantes foi igual a 1023 e é
constituído por três formações florestais (Floresta Ombrófila Mista Montana, Floresta
Ombrófila Densa Montana e Floresta Ombrófila Densa Altomontana), dois tipos de
sucessão secundária (inicial e intermediária) e quatro classes de solo (CAMBISSOLO
HÁPLICO Ta Distrófico lítico, CAMBISSOLO HÁPLICO Ta Distrófico léptico e
NEOSSOLO LITÓLICO Húmico típico e NEOSSOLO LITÓLICO Distrófico típico).
A declividade variou de 01 e 35%, sendo predominante uma declividade de 15%. O
solo do leito da trilha era coberto por uma fina camada de serrapilheira que devido ao
maior pisoteio (1023 passagens), em alguns pontos de maior declividade ocorreu à
formação de sulcos ou degraus. Apesar do maior pisoteio não houve exposição do solo
55
ou rocha no leito da trilha, entretanto houve rara exposição de raízes das árvores (01 a
10% da extensão deste trecho com raízes expostas). A largura média da trilha neste
trecho foi de 50 cm, não havendo valores muito maiores ou menores que este e a
profundidade do leito da trilha variou de 0 a 50 cm, predominado profundidades de 0 a
5 cm (TABELA 23).
Sob o CAMBISSOLO HÁPLICO Ta Distrófico léptico (CXvd), a intensidade
de erosão foi classificada de muito baixa a baixa, com a declividade variando de 0 a
35% (TABELA 24) (ver detalhe APÊNDICE 08, a).
O NEOSSOLO LITÓLICO mico típico (RLh), com a mesma variação de
declividade mostrou-se mais suscetível que o CXvd, sendo que a intensidade de erosão
foi classificada como muito baixa na declividade entre 0 e 19%, de baixa à muito baixa
na declividade de 23% e muito alta na declividade de 35%. Na declividade entre 0 e
19% não houve formação de sulcos ou degraus e a profundidade do leito variou de 0 a
5 cm. No entanto, a partir dos 23% de declividade ocorreu a formação de degraus e a
partir dos 35% houve a formação de degraus e de sulcos chegando a 50 cm de
profundidade, situação mais evidente da ocorrência da erosão hídrica (TABELA 24).
Estas características também foram observadas por YODA & WATANABE (2000), e
possivelmente ocorreram devido à localização deste solo em fundo de vale, local com
maior concentração de enxurrada associada a uma maior declividade (ver detalhe
APÊNDICE 08, b).
Para o NEOSSOLO LITÓLICO Distrófico pico (RLd), a declividade variou
de 4 a 34%. Na declividade de 4% a intensidade de erosão foi classificada como
média, enquanto que com 34% de declividade, a erosão foi classificada como alta,
havendo a formação de degraus com 50 cm de profundidade (TABELA 24).
56
TABELA 23 – PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS OBSERVADAS NA TRILHA PARA OS PICOS CAMAPUÃ E TUCUM
continua
Exposição
Trecho
(n
o
de
passagem)
Solo Vegetação
Declividade
(%)
Formação de
degraus
Formação de
sulcos
Cobertura
do solo na
trilha
Solo Raíz Rocha
Largura
da trilha
(cm)
Profundidade
do leito (cm)
Extensão
(m)
CAMBISSOLO
HÁPLICO Ta
Distrófico lítico
Floresta
Ombrófila Mista
Montana
12 Ausente ausente rara rara rara 0 a 5 223
10 ausente ausente nenhuma
rara rara 0 a 5 338
CAMBISSOLO
HÁPLICO Ta
Distrófico léptico
(CXvd)
35 ausente ausente nenhuma
rara rara 0 a 15 86
23 ausente ausente nenhuma
rara nenhuma
0 a 5 195
NEOSSOLO
LITÓLICO HÚMICO
típico (RLh)
19 ausente ausente nenhuma
rara nenhuma
0 a 5 149
CAMBISSOLO
HÁPLICO Ta
Distrófico léptico
(CXvd)
Floresta
Ombrófila Densa
Montana
35 ausente ausente nenhuma
rara rara 0 a 5 146
4 ausente ausente nenhuma
rara nenhuma
0 a 25 118
NEOSSOLO
LITÓLICO Distrófico
típico (RLd)
Floresta
Ombrófila Densa
Altomontana
34 muito presente ausente nenhuma
pouca
nenhuma
0 a 50 51
1 ausente ausente rara 0 a 5 91
23 muito presente ausente rara 0 a 5 93
35 muito presente pouco presente
rara 0 a 25 163
Sucessão
Secundária
Intermediária
35 muito presente pouco presente
nenhuma
rara
nenhuma
0 a 50 111
17 ausente ausente nenhuma
rara nenhuma
0 a 5 33
1
(1023)
NEOSSOLO
LITÓLICO HÚMICO
típico (RLh)
Sucessão
Secundária
Inicial
0 ausente ausente
serrapilheira
nenhuma
rara nenhuma
50
0 a 5 89
35 muito presente muita
0 a 20 59
70 muito presente muita
0 a 50 72
35 muito presente muita
0 a 20 97
3 ausente pouca
0 a 15 59
45 muito presente muita
0 a 15 37
Sucessão
Secundária
Intermediária
40 muito presente
ausente serrapilheira
nenhuma
muita
nenhuma
0 a 10 43
14 ausente ausente
serrapilheira
nenhuma
pouca
nenhuma
0 a 10 48
2
(868)
NEOSSOLO
LITÓLICO Distrófico
típico (RLd)
Floresta
Ombrófila Densa
Altomontana
44 muito presente ausente
serrapilheira
nenhuma
muita
rara
50
0 a 30 93
57
TABELA 23 – PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS OBSERVADAS NA TRILHA PARA OS PICOS CAMAPUÃ E TUCUM
conclusão
Exposição
Trecho
(n
o
de
passagem)
Solo Vegetação
Declividade
(%)
Formação de
degraus
Formação de
sulcos
Cobertura
do solo na
trilha
Solo Raíz Rocha
Largura
da trilha
(cm)
Profundidade
do leito (cm)
Extensão
(m)
25 ausente ausente muita pouca 0 a 10 118
55 pouco presente muito presente
pouca muita 0 a 10 115
35 pouco presente ausente pouca nenhuma
0 a 20 67
35 pouco presente muito presente
Rara muita 0 a 25 455
2
(868)
NEOSSOLO
LITÓLICO
HÍSTICO típico
(RLi)
Refúgio
Vegetacional
11 ausente ausente
vegetação
pouca
nenhuma
nenhuma
25
0 a 10 63
15 ausente ausente Rara nenhuma
0 a 10 34
3 ausente ausente Rara nenhuma
0 120
10 ausente ausente Rara nenhuma
0 a 5 95
30 ausente pouco presente
pouca pouca 0 a 20 31
60 pouco presente muito presente
pouca muita 0 a 20 21
14 ausente ausente pouca nenhuma
0 a 10 95
56 pouco presente muito presente
nenhuma
muita 0 a 20 44
15 ausente ausente pouca nenhuma
0 a 5 40
51 pouco presente muito presente
muita muita 0 a 30 43
30 pouco presente ausente pouca rara 0 a 25 51
65 pouco presente ausente muita nenhuma
0 a 30 60
26 pouco presente ausente muita rara 0 a 20 27
52 pouco presente ausente muita rara 0 a 30 42
3
(711)
NEOSSOLO
LITÓLICO
HÍSTICO típico
(RLi)
Refúgio
Vegetacional
20 pouco presente ausente
vegetação
Rara
nenhuma
pouca
25
0 a 10 95
23 pouco presente ausente Rara nenhuma
0 50
14 ausente ausente nenhuma
nenhuma
0 49
5 muito presente ausente nenhuma
nenhuma
0 104
78 pouco presente pouco presente
muita rara 0 a 10 89
23 ausente ausente nenhuma
nenhuma
0 131
55 pouco presente ausente pouca nenhuma
0 a 10 86
NEOSSOLO
LITÓLICO
HÍSTICO típico
(RLi)
Refúgio
Vegetacional
105 pouco presente pouco presente
vegetação
Rara
nenhuma
nenhuma
25
0 a 25 96
72 pouco presente 0 a 15 28
55 pouco presente Ausente 0 a 15 61
4
(141)
NEOSSOLO
LITÓLICO
Distrófico típico
(RLd)
Floresta
Ombrófila Densa
Altomontana
45 ausente
serrapilheira
nenhuma
nenhuma
nenhuma
25
0 a 5 109
58
TABELA 24 – INTENSIDADE DA EROSÃO, VALOR DO IMPACTO PARA A
FORMAÇÃO DE DEGRAUS/SULCOS E PARA A
PROFUNDIDADE DO LEITO, DE ACORDO COM O TIPO DE
SOLO, DECLIVIDADE E NÚMERO DE PASSAGEM
NA TRILHA
PARA OS PICOS CAMAPUÃ E TUCUM
continua
Valor do impacto
Solo
(n
o
de passagem)
Declividade
(%)
Foração de degraus/Formação
de sulcos
Profundidade
do leito (cm)
Formação de
degraus/sulcos
Profundidade
do leito
Intensidade
de Erosão
CAMBISSOLO
HÁPLICO Ta
Distrófico lítico
(1023)
12 ausente/ausente 0 a 5 1 1 1
10 ausente/ausente 0 a 5 1 1 1
35 ausente/ausente 0 a 15 1 3 2
CAMBISSOLO
HÁPLICO Ta
Distrófico
léptico (CXvd)
(1023)
35 ausente/ausente 0 a 5 1 1 1
4 ausente/ausente 0 a 25 1 5 3
NEOSSOLO
LITÓLICO
Distrófico típico
(RLd)
(1023)
34 muito presente/ausente 0 a 50 3 5 4
0 ausente/ausente 0 a 5 1 1 1
1 ausente/ausente 0 a 5 1 1 1
17 ausente/ausente 0 a 5 1 1 1
19 ausente/ausente 0 a 5 1 1 1
23 muito presente/ausente 0 a 5 3 1 2
23 ausente/ausente 0 a 5 1 1 1
35 pouco presente/muito presente 0 a 25 5 5 5
NEOSSOLO
LITÓLICO
Húmico típico
(RLh)
(1023)
35 pouco presente/muito presente 0 a 50 5 5 5
3 ausente/ausente 0 a 15 1 3 2
14 ausente/ausente 0 a 10 1 2 2
35 muito presente/ausente 0 a 20 3 4 4
35 muito presente/ausente 0 a 20 3 4 4
40 muito presente/ausente 0 a 10 3 2 3
44 muito presente/ausente 0 a 30 3 5 4
45 muito presente/ausente 0 a 15 3 3 3
NEOSSOLO
LITÓLICO
Distrófico típico
(RLd)
(868)
70 muito presente/ausente 0 a 50 3 5 4
11 ausente/ausente 0 a 10 1 2 2
25 ausente/ausente 0 a 10 1 2 2
35 pouco presente/pouco presente 0 a 20 4 4 4
35 pouco presente/muito presente 0 a 25 5 5 5
NEOSSOLO
LITÓLICO
Hístico típico
(RLi)
(868)
55 pouco presente/muito presente 0 a 10 5 2 4
59
TABELA 24 – MATRIZ DE INTENSIDADE DA EROSÃO, VALOR DO IMPACTO
PARA A FORMAÇÃO DE DEGRAUS/SULCOS E PARA A
PROFUNDIDADE DO LEITO, DE ACORDO COM O TIPO DE
SOLO, DECLIVIDADE E NÚMERO DE PASSAGEM NA TRILHA
PARA OS PICOS CAMAPUÃ E TUCUM
conclusão
Valor do impacto
Solo
(n
o
de passagem)
Declividade
(%)
Formação de degraus/Formação
de sulcos
Profundidade
do leito (cm)
Formação de
degraus/sulcos
Profundidade
do leito
Intensidade
de Erosão
3 ausente/ausente 0 1 1 1
10 ausente/ausente 0 a 5 1 1 1
14 ausente/ausente 0 a 10 1 2 2
15 ausente/ausente 0 a 5 1 1 1
15 ausente/ausente 0 a 10 1 2 2
20 pouco presente/ausente 0 a 10 2 2 2
26 pouco presente/ausente 0 a 20 2 4 3
30 ausente/muito presente 0 a 20 5 4 5
30 pouco presente/ausente 0 a 25 2 5 4
51 pouco presente/muito presente 0 a 30 5 5 5
52 pouco presente/ausente 0 a 30 2 5 4
56 pouco presente/muito presente 0 a 20 5 4 5
60 pouco presente/muito presente 0 a 20 5 4 5
NEOSSOLO
LITÓLICO
HÍSTICO típico
(RLi)
(711)
65 pouco presente/ausente 0 a 30 2 5 4
5 ausente/ausente 0 1 1 1
14 ausente/ausente 0 1 1 1
23 pouco presente/ausente 0 2 1 2
23 ausente/ausente 0 1 1 1
55 pouco presente/ausente 0 a 10 2 2 2
78 pouco presente/pouco presente 0 a 10 4 2 3
NEOSSOLO
LITÓLICO
HÍSTICO típico
(RLi)
(141)
105 pouco presente/pouco presente 0 a 25 4 5 5
45 ausente/ausente 0 a 5 1 1 1
55 pouco presente/ausente 0 a 15 2 3 3
NEOSSOLO
LITÓLICO
Distrófico típico
(RLd)
(141)
72 pouco presente/ausente 0 a 15 2 3 3
NOTA: A intensidade de erosão foi obtida pela media do valor de impacto referente à formação de
degraus/sulcos e profundidade do leito.
4.3.2 Trecho 02
No trecho 02 ocorreram 868 passagens, sendo a maior declividade foi igual a
70%. Este trecho passa pela Floresta Ombrófila Densa Altomontana e pelo Refúgio
Vegetacional que estão sobre o NEOSSOLO LITÓLICO Distrófico típico e a
Associação do NEOSSOLO LITÓLICO Hístico típico (RLi) com AFLORAMENTO
DE ROCHA, respectivamente (TABELA 23).
60
Sob a Floresta Ombrófila Densa Altomontana o solo da trilha era coberto por
uma fina camada de serrapilheira, não ocorrendo exposição do solo e de rocha no leito
da trilha, porém apresentando muita exposição de raízes (> 50% da extensão). A
largura da trilha era de 50 cm e a profundidade do leito variou de 0 a 50 cm com
declividade de 3 a 70% (TABELA 23).
Em relação à intensidade de erosão, esta foi classificada como baixa até 14% de
declividade, enquanto que nas declividades entre 35 e 70% a erosão foi classificada
como alta. Não houve a formação de sulcos, porém houve a formação de degraus a
partir dos 35% de declividade (TABELA 24) (ver detalhe APÊNDICE 08, c).
Sob o Refúgio Vegetacional, a largura da trilha era de 25 cm, a profundidade
variou de 0 a 25 cm, sendo predominante de 0 a 15 cm e a declividade mínima
encontrada foi de 11% e a máxima foi de 55% (TABELA 22). Neste tipo de vegetação
não havia queda de folhas na trilha, portanto, nos segmentos de menor declividade, a
proteção do solo era feita apenas pelas plantas que cresciam no leito da trilha.
No que se refere à intensidade de erosão, até 25% de declive, esta foi
classificada como baixa, sendo a profundidade do leito da trilha de 10 cm, porém, a
partir dos 35% de declive a erosão foi classificada como muito alta, apresentando
sulcos na maior parte de sua extensão, ficando a rocha matriz exposta, pois a
profundidade do solo não passou de 10 cm na maior parte do trecho. A formação de
degraus ocorreu nos pontos com maior profundidade do solo e sem exposição de rocha
(TABELA 24) (ver detalhe APÊNDICE 08, d e e).
4.3.3 Trecho 03
O trecho 03 passa apenas pelo Refúgio Vegetacional, sob a Associação do
NEOSSOLO LITÓLICO Hístico típico com AFLORAMENTO DE ROCHA, com
declividade variando de 0 a 65% e número de passagem igual a 711 (TABELA 23).
Neste trecho observa-se muita exposição do solo e de rocha nas maiores
declividades, enquanto que nas menores declividades o houve exposição de solo,
61
raízes ou rocha. A largura da trilha foi de 25 cm e a profundidade variou de 0 a 30 cm,
sendo predominante de 0 a 5 cm (TABELA 23).
Com relação à intensidade de erosão, observou-se que até 10% de declividade
esta foi classificada como muito baixa, com crescimento de plantas sobre o leito da
trilha e rara exposição de solo (TABELA 24). entre 14 e 20% a intensidade de
erosão foi baixa, ocorrendo à formação de degraus chegando a uma profundidade do
leito de até 10 cm. Nos 26% de declividade a intensidade de erosão foi classificada
como média, ocorrendo à formação de degraus. A partir 30% de declividade a
intensidade de erosão foi classificada como muito alta, ocorrendo a formação de sulcos
e degraus (TABELA 24) (ver detalhe APÊNDICE 08, f).
4.3.4 Trecho 04
Este trecho da trilha apresentou o menor número de passagem de visitantes,
141, e passa pelo Refúgio Vegetacional e pela Floresta Ombrófila Densa Altomontana
os quais estavam sobre a Associação do NEOSSOLO LITÓLICO stico típico (RLi)
com AFLORAMENTO DE ROCHA e sobre NEOSSOLO LITÓLICO Distrófico
típico (RLd), respectivamente. A declividade variou de 5 a 105% e a superfície do
leito apresentou degraus em alguns pontos. Sob o Refúgio Vegetacional, o leito da
trilha era coberto pela vegetação nativa, enquanto na Floresta Ombrófila Densa
Altomontana era coberta por uma espessa camada de serrapilheira. Praticamente não
havia exposição de solo, raízes ou rocha neste trecho. A largura da trilha não passou de
25 cm e a profundidade variou de 0 a 15 cm (TABELA 23).
No RLi a intensidade de erosão até os 5% de declividade foi classificada como
muito baixa e de 5 e 23% foi classificada como baixa (TABELA 23). Nesta situação
não se constatou a exposição do solo e nem o aprofundamento do leito, observou-se
um crescimento normal das plantas, havendo apenas uma marca de passagem,
caracterizada por plantas amassadas. Já na declividade de 55% apareceu a formação de
degraus chegando até 10 cm de profundidade, sendo a intensidade de erosão
classificada como média. A partir dos 78% de declividade ocorreu à formação de
62
sulcos. Nesta declividade a intensidade de erosão foi classificada como alta e a
profundidade do leito foi de 10 cm, havendo a exposição de solo. Nos 105% de
declividade a intensidade de erosão foi classificada como muito alta, e a profundidade
do leito chegou a 25 cm, porém não ocorrendo a exposição de rocha (TABELA 24)
(ver detalhes APÊNDICE 08, g, h e i).
No RLd a declividade variou de 45% a 72%, sendo na declividade de 45% a
profundidade do leito da trilha chegou a 5 cm e o houve a exposição de raízes
(TABELA 22). A intensidade de erosão foi classificada como muito baixa (TABELA
24). A partir dos 55% de declive houve a formação de degraus e a profundidade do
leito chegou a 15 cm. Nesta condição, também, não houve a exposição de raízes e a
intensidade de erosão foi classificada como média (TABELA 24) (ver detalhe
APÊNDICE 08, j).
4.3.5 Comparação entre os Trechos
Ao comparar os resultados encontrados no trecho 04 com os trechos avaliados
anteriormente (01, 02 e 03) percebe-se nitidamente que quanto maior a intensidade de
uso maior o impacto, como citaram MCEWEN et al. (1996). Analisando os trechos 01
e 02 sob floresta, os quais apresentaram maior intensidade de uso (1023 e 868,
respectivamente), observa-se que a largura da trilha foi de 50 cm, a espessura média da
cobertura do solo no leito pela serrapilheira foi de 01 cm e houve a exposição de
raízes, enquanto que no trecho 04 com menor intensidade de uso (141 passagens) a
largura da trilha foi de 25 cm e a espessura da cobertura do solo no leito pela
serrapilheira foi de 10 cm, sendo que praticamente não houve a exposição de raízes.
Ainda neste sentido observa-se que sob o Refúgio Vegetacional, nos trechos com
maior intensidade de uso (trecho 02 e 03) houve maior exposição de solo e rocha.
Estas observações confirmam a citação de MARION & MERRIAN (1985) que devido
o uso intenso a taxa de perda do horizonte orgânico pode exceder a deposição anual,
havendo exposição de solo.
63
Ao comparar o trecho 03 com o trecho 02, considerando o mesmo solo,
observou-se que, devido à intensidade de uso menor no trecho 03 em relação ao trecho
02 (711 x 868 passagens), houve a manutenção da vegetação na trilha nos pontos com
declividade menor e ausência da exposição de rocha no leito da trilha, mesmo nas
maiores declividades.
As propriedades do solo, profundidade e matéria orgânica, como citou COLE
(1993), afetam a vulnerabilidade do solo à recreação. De maneira geral, os Neossolos
com maior quantidade de matéria orgânica (de 81 a 258 g kg
-1
) e menor profundidade
(até 25 cm) apresentaram maior degradação em relação aos Cambissolos com menor
matéria orgânica ( 47 e 129 g kg
-1
) e maior profundidade (até 55 cm) (APÊNDICES 01
a 06).
Numa análise geral, independente da intensidade de uso, constatou-se que
quanto maior a declividade maior a perda de solo, caracterizada por uma maior
profundidade do leito da trilha (TABELA 23). YODA & WATANABE (2000), ao
medirem a seção transversal da trilha, também observaram uma maior perda de solo
conforme o aumento da declividade.
No que se refere à intensidade de erosão houve diferença de acordo com o tipo
de cobertura vegetal, como observou COLE (1995). Ao comparar os trechos 01 e 02, a
intensidade de erosão foi maior sob o Refúgio Vegetacional seguida pela Floresta
Ombrófila Densa Altomontana e Floresta Ombrófila Densa Montana. O predomínio de
intensidade de erosão muito alta no Refúgio Vegetacional, ocorreu devido à formação
de sulcos classificada como muito presente, enquanto que na Floresta Ombrófila
Densa Altomontana predominou a intensidade de erosão alta, devido à formação de
degraus classificada como muito presente. Na Floresta Ombrófila Densa Montana o
que predominou a intensidade de erosão baixa, caracterizada pela ausência de degraus
e sulcos (TABELAS 23 e 24).
Em relação à suscetibilidade à erosão o CXvd, no trecho 01, pareceu ser o
menos suscetível à erosão, em relação aos outros solos avaliados, com o mesmo
número de passagem ou menor. Este solo apresentou apenas o aprofundamento do
leito, que não passou de 15 cm, sendo, provavelmente, conseqüência apenas da
64
compactação. Entretanto, o RLi, no trecho 02, apresentou-se mais suscetível à erosão,
não em relação ao RLd localizado no trecho 02, mas também aos outros solos
encontrados no trecho 01, possivelmente por estar sob o Refúgio Vegetacional, que
após a eliminação das plantas do leito da trilha pelo pisoteio não apresentou mais
nenhuma proteção, contra à ação do impacto direto das gotas da chuva e da enxurrada,
favorecendo o processo erosivo a formação de sulcos.
Em relação à formação de degraus e sulcos, no trecho 01 observou-se que nos
locais mais íngremes a formação de degraus foi conseqüência de um pisoteio
concentrado em alguns pontos na trilha, onde os caminhantes procuram firmar-se para
não escorregarem. Constata-se ainda que a formação de degraus foi conseqüência
principal do processo de compactação e do deslocamento do solo, devido ao pisoteio.
Por outro lado, no trecho 02, sob a Floresta Ombrófila Densa Altomontana não houve
formação de sulcos, porém houve formação de degraus, provavelmente devido a esta
formação florestal, a qual apresenta maior grau de proteção. Neste tipo de vegetação as
árvores são de menor porte e crescem mais próximas umas das outras, existindo muitas
raízes no solo, que devido ao pisoteio constante ficaram expostas formando os
degraus. Esta situação diminui consideravelmente o escorrimento da enxurrada, não
havendo então a formação de sulcos. Entretanto, no trecho 04 a formação de degraus e
sulcos provavelmente ocorreu devido à enxurrada, pois o número de passagem de
visitantes foi muito pequeno, apenas 141, e possivelmente teve pouca influência.
4.3.1 Densidade Aparente (Da) e Porosidade Total (Pt)
Os solos presentes na área de estudo, como já descritos anteriormente são pouco
desenvolvidos apresentando muita variação na espessura dos horizontes, no entanto
não ultrapassando 25 cm de profundidade. Este fator, aliado a enorme quantidade de
raízes espessas e superficiais no solo, quando sob floresta bem como a grande variação
de profundidade do solo, quando sob campo de altitude, dificultou a coleta dos anéis
volumétricos, ora não havendo onde inserir o anel, devido às raízes, ora encontrando
uma raiz ou rocha devido a pouca espessura do solo. Esta explicação torna-se
65
importante, pois possibilita o entendimento da variabilidade encontrada.
De maneira geral observou-se que uma baixa Da nos solos avaliados, sendo em
média 0,54, 0,63 e 0,35 Mg m
-3
, fora da trilha, para o CXvd, RLd e RLi,
respectivamente (TABELA 24). Estes baixos valores possivelmente ocorreram devido
ao alto teor de carbono encontrado e a profundidade de coleta (0 a 5 cm). Os
horizontes superficiais (O ou A), apresentaram um alto teor de matéria orgânica, sendo
em média 129, 122 e 278 g kg
-1
no CXvd, RLd e RLi, respectivamente (APÊNDICE
01 ao 06). Esta relação entre alto teor de matéria orgânica do solo e baixa densidade do
solo também foi observada por outros autores.
VALLIM et al. (2006) encontraram em uma trilha localizada no Maciço
Gericinó-Mendanha RJ uma Da de 0,80 Mg m
-3
em solo com 90 g kg
-1
de matéria
orgânica e uma Da de 1,4 Mg m
-3
para solo com 10 g kg
-1
de matéria orgânica,
TAKAHASHI et al. (2005) encontraram, em uma área (testemunha) com teor de
matéria orgânica de 55 g dm
-3
no pico Marumbi PR, uma Da de 0,81 Mg m
-3
. Estes
valores de Da e matéria orgânica, também foram encontrados em região montanhosa
coberta pela Floresta Ombrófila Densa, porém em solos diferentes dos encontrados nos
picos Camacuã, Camapuã e Tucum.
TABELA 25 – MÉDIAS DA DENSIDADE APARENTE
(Mg m
-3
)
FORA DA TRILHA
POR TRECHO EM RELAÇÃO A CADA CLASSE DE SOLO
Trecho
Solo
01
02 03 04
P
CAMBISSOLO HÁPLICO Ta
Distrófico léptico (CXvd)
0,54 - - - -
NEOSSOLO LITÓLICO Distrófico
típico (RLd)
- 0,52a - 0,73b 0,005
NEOSSOLO LITÓLICO Hístico
típico (RLi)
- 0,29a 0,59b 0,43ab 0,030
NOTA: Médias seguidas pela mesma letra dentro da linha são iguais pelo teste de Duncan ao nível de
10%. P = valor da ANOVA.
Em relação a Da fora da trilha, e portanto sem a interferência da intensidade de
uso, no mesmo solo observa-se diferenças entre os trechos (TABELA 25). Esta
diferença ocorre, possivelmente, em função da posição no relevo. No trecho 02 que
está localizado na fase sul, o qual apresenta-se mais úmido, encontrou-se as menores
66
médias de Da, tanto para o RLd, quanto para o RLi.
4.4 RELAÇÃO DAS CONDIÇÕES FÍSICAS DO SOLO NA TRILHA COM A
INTENSIDADE DE USO
4.4.1 Intensidade de Erosão
Na TABELA 26 podem ser observadas, resumidamente, quais as declividades
encontradas em campo e suas respectivas intensidades de erosão, para cada classe de
solo e número de passagem (intensidade de uso). Nota-se que a intensidade de erosão é
influenciada pela intensidade de uso, pela declividade e pelo solo.
TABELA 26 – DECLIVIDADE (%) OBSERVADA EM CAMPO E RESPECTIVA
INTENSIDADE DE EROSÃO PARA CADA CLASSE DE SOLO E
NÚMERO DE PASSAGEM NA TRILHA PARA OS PICOS
CAMAPUÃ E TUCUM
Intensidade de Erosão
Muito
Baixa
Baixa Média Alta
Muito
Alta
Número
de
passagem
Solo
1 2 3 4 5
CAMBISSOLO HÁPLICO Ta
Distrófico lítico
12%
CAMBISSOLO HÁPLICO Ta
Distrófico léptico (CXvd)
10% 35%
NEOSSOLO LITÓLICO
Distrófico típico (RLd)
4% 34%
1023
NEOSSOLO LITÓLICO
HÚMICO típico (RLh)
0 a 19% 23%
35%
NEOSSOLO LITÓLICO
Distrófico típico (RLd)
3 a 14%
35 a 70%
868
NEOSSOLO LITÓLICO
HÍSTICO típico (RLi)
11 a 25%
35 a 55%
711
NEOSSOLO LITÓLICO
HÍSTICO típico (RLi)
3 a 10% 14 a 20% 26%
30 a 65%
NEOSSOLO LITÓLICO
HÍSTICO típico (RLi)
5 a 14% 23 a 55% 78%
105%
141
NEOSSOLO LITÓLICO
Distrófico típico (RLd)
45%
55 a 72%
Ao comparar uma intensidade de uso em uma mesma declividade, verifica-se
que a intensidade de erosão aumenta conforme a ordem: CXvd < RLd < RLh < RLi,
67
sendo a menor no CXvd e a maior no RLi. No trecho 01 com 1023 passagens,
considerando a declividade de 35%, as intensidades de erosão para os solos CXvd,
RLd e RLh foram igual a 2 (baixa), 4 (alta) e 5 (muito alta), respectivamente. No
trecho 02 com 868 passagens, considerando a declividade de 35% observa-se que para
o RLd a intensidade de erosão é 4 (alta), enquanto que para o RLi é 5 (muito alta)
(TABELA 26).
Segundo COLE (1993) a maior vulnerabilidade do solo à recreação se deve à
alta quantidade de matéria orgânica, à baixa profundidade e à baixa fertilidade do solo.
Esta afirmação pode ser comprovada ao comparar o CXvd com o RLi, sendo que o
CXvd apresentou 129 g kg
-1
de matéria orgânica, 54 cm de profundidade, 38% de
saturação de base, enquanto que o RLi apresentou 278 g kg
-1
de matéria orgânica, 14
cm de profundidade e 5% de saturação de base (APÊNDICES 02 e 03).
Considerando uma mesma classe de solo, quanto menor o número de passagem,
maior é a declividade de ocorrência de certa intensidade de erosão. A intensidade de
erosão 3 (média), no RLd com 1023 passagens, ocorreu na declividade de 04%,
enquanto que com 141 passagens, esta intensidade de erosão, ocorreu na declividade
de 55 a 72%. No RLi a intensidade de erosão 5 (muito alta) ocorreu nas declividades
de 35 a 55%, 30 a 65% e 105%, de acordo com os números de passagem 868, 711 e
141, respectivamente (TABELA 26).
Observando-se a TABELA 26, constata-se, também, que em uma mesma
intensidade de uso e classe de solo, quanto maior a declividade, maior a intensidade de
erosão. Isto também foi observado por YODA & WATANABE (2000). Para o RLh,
com 1023 passagens, nas declividades de 0 a 19%, 23% e 35% as intensidades de
erosão foram igual a 1 (muito baixa), 2 (baixa) e 5 (muita alta), respectivamente, Já
para o CXvd, nas declividades de 10% e 35%, as intensidades de erosão foram 1
(muito baixa) e 2 (baixa), respectivamente (TABELA 26).
Comparando-se a intensidade de erosão com a cobertura do solo (TABELAS 23
e 26) observa-se no RLi, em uma mesma intensidade de uso, a ausência da cobertura
68
vegetal nas maiores declividades, enquanto que nas menores declividades observa-se a
presença da cobertura vegetal (TABELA 23). A eliminação da cobertura vegetal nas
maiores declividades se deve, possivelmente, pela maior pressão exercida pelo pisoteio
dos visitantes, pois foi observado que no momento da descida, os caminhantes
pisavam com maior força, devido a altura dos degraus ou porque desciam correndo.
Esta maior força aplicada sobre o solo não contribuiu para a eliminação da
cobertura vegetal, mas também para a formação dos degraus e para o aumento da Da.
A ocorrência das maiores intensidades de erosão nas maiores declividades,
como observado no presente trabalho (TABELA 26) pode ser explicada pela
eliminação da cobertura vegetal, pelo selamento superficial causado pelas gotas da
chuva e pela maior velocidade e volume da enxurrada, fatores que interferem o
processo erosivo conforme descrito por COGO et al. (2003).
Na TABELA 26 observa-se que a intensidade de erosão varia conforme a classe
de solo, declividade e mero de passagem. Com o objetivo de estabelecer um valor
de declividade para ser utilizado como referência para o manejo da trilha a fim de
evitar a erosão, observou-se em quais declividades ocorreram às intensidades de
erosão muito baixa e baixa, e para ser mais restritivo ao uso, optou-se ainda, pela
menor declividade. Partindo deste princípio observou-se que em 10 e 14% de
declividade a intensidade de erosão foi igual a muito baixa e baixa, respectivamente.
Baseado nesta análise estabeleceu-se a declividade de 15% como sendo o valor limite
a ser considerado na discussão de alternativas para o manejo da trilha e para a
mitigação dos impactos causados pelo uso.
4.4.2 Densidade Aparente (Da) e Porosidade Total (Pt)
4.4.2.1 Comparação entre Da de acordo com a posição (na trilha e fora da trilha) por
classe de solo e número de passagem
Com relação a Da dentro e fora da trilha, observa-se que para o CXvd, trecho
01, com 1023 passagens, houve diferença estatística entre as médias de Da dentro e
69
fora da trilha. A Da encontrada na trilha foi de 0,76 Mg m
-3
enquanto que fora da
trilha foi 0,54 Mg cm
-3
(TABELA 27), sendo que a Da na trilha foi 41% maior que
fora, demonstrando que houve compactação devido ao pisoteio.
No RLd, trecho 02, com 868 passagens e trecho 04, com 141 passagens as
médias de Da dentro e fora da trilha não tiveram diferença significativa (TABELA 27).
TABELA 27 – MÉDIAS DA DENSIDADE APARENTE
(Mg m
-3
)
EM RELAÇÃO À
POSIÇÃO, PARA OS DIFERENTES SOLOS E NÚMEROS DE
PASSAGEM NA TRILHA PARA OS PICOS CAMAPUÃ E TUCUM
Posição
Trecho
Número de
Passagem
Solo
Na trilha Fora da trilha
P
1 1023
CAMBISSOLO HÁPLICO
Ta Distrófico léptico (CXvd)
0,76b 0,54a 0,0004
2 868
NEOSSOLO LITÓLICO
Distrófico típico (RLd)
0,44 0,52 0,31
2 868
NEOSSOLO LITÓLICO
Hístico típico (RLi)
0,50b 0,29a 0,08
3 711
NEOSSOLO LITÓLICO
Hístico típico (RLi)
0,83 0,58 0,12
4 141
NEOSSOLO LITÓLICO
Hístico típico (RLi)
0,48 0,43 0,74
4 141
NEOSSOLO LITÓLICO
Distrófico típico (RLd)
0,70 0,73 0,71
NOTA: Médias seguidas pela mesma letra dentro da linha são iguais pelo teste de Duncan ao nível de
10%. P = valor da ANOVA.
Para o RLi, no trecho 02, com 868 passagens, as médias de Da considerando a
posição tiveram diferença significativa, sendo que na trilha a Da foi 72% maior que
fora da trilha. Entretanto no trecho 03, com 711 passagens, não se verificou diferença
estatística, mas o valor P de 0,12 mostra uma tendência de maior densidade na trilha.
Ainda referindo-se ao RLi, no trecho 04, com 141 passagens, não houve diferença
entre as médias de Da dentro e fora da trilha (TABELA 27).
Baseado nestes resultados pode-se afirmar que quanto maior a intensidade de
uso maior é a Da na trilha, e portanto o pisoteio interfere na compactação do solo. Nos
trechos 01 e 02 houve compactação do solo na trilha e nos trechos 03 e 04 não houve
compactação, caracterizando uma maior conservação do solo, principalmente no
trecho 04, com 141 passagens.
Estes resultados estão de acordo com VALLIM et al. (2006), os quais
70
observaram que na trilha com maior visitação, a Da foi maior (1,4
Mg m
-3
),
enquanto
que na trilha, com menor visitação, a Da foi menor (0,80
Mg m
-3
)
, este último valor foi
semelhante ao encontrado fora da trilha, e representa um estado conservação da Da do
solo na trilha, enquanto que o primeiro valor representa o aumento da Da, devido ao
pisoteio.
A possibilidade de compactação de um solo depende dentre outros fatores da
estabilidade de agregados. De acordo com HILLEL (1982) solos diferentes têm
resistências diferentes às forças destrutivas a eles aplicadas. Sob o CXvd, com 1023
passagens, o aumento da Da na trilha foi de 41%, enquanto que no RLi, com 868
passagens, o aumento da Da foi de 72%. Estes valores confirmam a afirmação de
HILLEL (1982), sendo que o CXvd resiste mais ao pisoteio que o RLi.
O uso recreativo, através do pisoteio, age sobre a estrutura do solo, diminuindo
sua porosidade e aumentando sua densidade aparente. O que foi confirmado pelos
resultados apresentados na TABELA 27 e de acordo com TAKAHASHI (1998),
CARVALHO et al. (2000), BOÇÓN (2002) e VALLIM et al. (2006).
4.4.2.2 Comparação entre a Da na trilha de acordo com a declividade e o número de
passagem em cada solo
De maneira geral, a TABELA 28 demonstra que a declividade influencia a Da
na trilha sob os neossolos, sendo a Da menor onde a declividade é menor. no
cambissolo não se observa esta interferência.
Em relação à declividade, observa-se que no CXvd com 1023 passagens, não
houve diferença estatística entre as médias de Da na trilha, isto quer dizer que a
declividade não influenciou a Da neste solo (TABELA 28).
Ao comparar os valores Da do RLd, encontrados nos trechos 02 e 04, com 868
e 141 passagens, respectivamente, observa-se que no trecho 02 houve diferença
significativa entre as médias de Da na trilha de acordo com a declividade, sendo a Da
menor nas menores declividades. Enquanto que no trecho 04 com 141 passagens, não
houve diferença significativa (TABELA 28). Pode-se afirmar, com estes resultados,
71
que o número de passagens não influenciou a Da no trecho 04.
E ao comparar os valores de Da do RLi, encontrados nos trechos 02, 03 e 04,
com 868, 711 e 141 passagens, respectivamente, constata-se que houve diferença
estatística entre as médias de Da na trilha nos trechos 02 e 03, sendo que os menores
valores de Da ocorreram nas menores declividades, enquanto que no trecho 04, com a
menor intensidade de uso, apenas 141 passagens, não houve diferença estatística as
médias de Da. (TABELA 28).
TABELA 28 – MÉDIAS DA DENSIDADE APARENTE NA TRILHA PARA OS
PICOS CAMAPUÃ E TUCUM COM RELAÇÃO À DECLIVIDADE,
PARA OS DIFERENTES SOLOS E NÚMEROS DE PASSAGEM
Trecho
Número de
Passagem
Solo Declividade
Da na trilha
(Mg m
-3
)
P
1 0,74
34 0,75
1 1023
CAMBISSOLO HÁPLICO Ta
Distrófico léptico (CXvd)
35 0,80
0,87
3 0,31a
14 0,36a
2 868
NEOSSOLO LITÓLICO
Distrófico típico (RLd)
70 0,64b
0,05
11 0,17a
25 0,54b
2 868
NEOSSOLO LITÓLICO Hístico
típico (RLi)
35 0,79c
0,003
3 0,44a
20 0,83b
3 711
NEOSSOLO LITÓLICO Hístico
típico (RLi)
65 1,21c
0,005
5 0,46
55 0,40
4 141
NEOSSOLO LITÓLICO Hístico
típico (RLi)
78 0,57
0,82
45 0,68
55 0,80
4 141
NEOSSOLO LITÓLICO
Distrófico típico (RLd)
72 0,63
0,45
NOTA: Médias seguidas pela mesma letra dentro da coluna no trecho são iguais pelo teste de Duncan
ao nível de 10%. P = valor da ANOVA.
As maiores médias de Da nas maiores declividades em relação às menores
declividades, nos Neossolos, se devem possivelmente à eliminação da cobertura
vegetal e à maior perda de matéria orgânica, as quais ocorreram devido à maior
pressão exercida no solo pelo pisoteio, como descrito anteriormente, sendo observado
que no momento da descida, os caminhantes pisavam com maior força, devido a altura
dos degraus ou porque desciam correndo. De acordo com HILLEL (1982), a
72
possibilidade de compactação de um solo o depende de sua resistência a uma
força destrutiva, mas também do grau da força e a maneira que é aplicada e ainda
segundo MARION & MERRIAN (1985), a espessura da camada orgânica reduz os
efeitos das forças compactadoras e fornece material orgânico para incorporação no
solo mineral, portanto reduzindo seu potencial de compactação. No presente trabalho
observou-se a perda do material orgânico nas maiores declividades, a qual contribuiu,
portanto, na maior compactação do solo.
Observando que não houve diferença significativa nas médias de Da do RLi e
do RLd localizados no trecho 04, onde houve apenas 141 passagens, pode se dizer que
este baixo número de passagem não afetou Da na trilha e portanto houve manutenção
da qualidade do solo neste trecho.
4.4.2.3 Comparação entre Pt de acordo coma posição (na trilha e fora da trilha) por
classe de solo e número de passagem
Na TABELA 29 observa-se que as médias da Pt apresentam o mesmo
comportamento que a Da (TABELA 27), sendo que, de maneira geral, nos trechos com
maior número de passagem a Pt fora da trilha foi maior que a Pt na trilha,
demonstrando que quanto menor a Da maior a Pt do solo.
A FIGURA 10 demonstra a forte correlação (P < 0,0001) entre a Da e a Pt, o
que deveria acontecer que a porosidade foi obtida a partir da densidade aparente e
densidade de partículas.
73
TABELA 29 – MÉDIAS DE POROSIDADE TOTAL (%) NA TRILHA E FORA
DELA, POR TIPO DE SOLO E NÚMERO DE PASSAGEM EM
CADA TRECHO DA TRILHA PARA OS PICOS
CAMAPUÃ E
TUCUM
Porosidade total (%)
Trecho
Número
de
Passagem
Solo
Na trilha Fora da trilha
P
1 1023
CAMBISSOLO HÁPLICO Ta
Distrófico léptico (CXvd)
65,48b 75,51a 0,0004
2 868
NEOSSOLO LITÓLICO
Distrófico típico (RLd)
79,46 75,64 0,25
2 868
NEOSSOLO LITÓLICO Hístico
típico (RLi)
75,27b 84,67a 0,08
3 711
NEOSSOLO LITÓLICO Hístico
típico (RLi)
62,72b 73,51a 0,09
4 141
NEOSSOLO LITÓLICO Hístico
típico (RLi)
78,36 80,25 0,75
4 141
NEOSSOLO LITÓLICO Hístico
típico (RLi)
67,94 66,40 0,68
NOTA: Médias seguidas pela mesma letra dentro da linha são iguais pelo teste de Duncan ao nível de
10%. P = valor da ANOVA.
FIGURA 10 – CORRELAÇÃO ENTRE DENSIDADE APARENTE E
POROSIDADE TOTAL NA TRILHA PARA OS PICOS CAMAPUÃ
E TUCUM
45
50
55
60
65
70
75
80
85
90
95
0 0,5 1
Da (g/cm3)
Pt (%)
74
4.5 AS ALTERNATIVAS PARA MANEJO E MITIGAÇÃO DOS IMPACTOS
4.5.1 Considerações Gerais
A fragilidade potencial é determinada pelo tipo de solo e declividade, sendo
diminuída pela presença da cobertura vegetal. Neste sentido, como a trilha encontra-se
sobre um ambiente muito frágil (fragilidade potencial muito alta) deve-se evitar ao
máximo a remoção da vegetação. Desta forma, a trilha deve ser manejada a fim de não
permitir a perda da cobertura vegetal da superfície do solo.
No mapa da fragilidade emergente (FIGURA 07) observa-se que quase toda
extensão da trilha está sob a classe alta, correspondendo ao Refúgio Vegetacional e a
Sucessão Secundária Intermediária, com exceção do trecho que passa pelas Florestas
Ombrófila Densa Montana e Altomontana, sendo este classificado como fragilidade
emergente média, havendo exposição do solo estas classes passam a ser muito alta e
alta , respectivamante.
Em relação à intensidade de erosão observou-se que esta aumentou com o
número de passagem (intensidade de uso) e com a declividade. De acordo com os
dados discutidos anteriormente, definiu-se como 15% de declividade o valor máximo
para evitar a erosão. Isto sugere para o número atual de visitantes, que a trilha passe
apenas por locais com declividades menores que 15%.
Ao comparar a intensidade de erosão com a intensidade de uso, sob o
NEOSSOLO LITÓLICO Hístico típico com declividade em torno de 53%, observou-
se que com o número de passagem igual a 868, 711 e 141, a intensidade de erosão foi
igual a 5, 4 e 2, respectivamente, ou seja, diminuindo a intensidade de uso diminui a
intensidade de erosão.
Em relação à densidade aparente, observou-se que esta aumentou com número
de passagem (intensidade de uso) e em Neossolos observou-se que Da na trilha
aumentou com a declividade. O aumento da Da reflete numa diminuição da porosidade
75
total e conseqüentemente numa menor capacidade de infiltração e de retenção de água,
o que acarreta a diminuição da capacidade de infiltração e de retenção de água,
havendo, então, mais água para escorrer na superfície da trilha.
4.5.2 As Alternativas
Uma opção para a diminuição do impacto no solo causado pelo pisoteio na
trilha para os picos Camapuã e Tucum seria a reabertura de uma antiga trilha que tinha
início, também na chácara do Milani e que subia a encosta do Camacuã até chegar a
seu cume e depois seguia para o Camapuã. Esta trilha serviria para diminuir a
intensidade de uso apenas nos trechos 01 e 02, os de maior intensidade de uso. Porém,
além da abertura desta trilha acredita-se que seria necessário o controle do mero de
passagem. Entretanto, como permaneceriam segmentos dos trechos 01 e 02 com
declividade alta, nestes pontos, a erosão continuaria agindo, como foi observado no
trecho 04, que mesmo com o mero de passagem pequeno, ocorreu à formação de
degraus e sulcos no leito da trilha, sendo então necessário implantar barreiras com
rochas ou galhos para diminuir a enxurrada e conter as partículas de solo.
A existência de duas trilhas até o Camapuã é uma opção muito interessante,
pois propiciaria uma alternância de uso (abertura e fechamento do trecho 01 e 02 da
trilha), possibilitando a recuperação de segmentos degradados destes trechos,
principalmente no trecho 02 sob Refúgio Vegetacional, o mais degradado.
Outra alternativa para evitar a erosão de forma mais eficaz, é a alteração do
traçado da trilha. Conforme apresentado anteriormente o ideal é que a trilha passe por
relevos com declividades menores que 15%. Atualmente as declividades
predominantes são superiores a este valor e o traçado atual da trilha segue o sentido da
pendente. Sugere-se que o traçado da trilha seja transversal a pendente e que a
declividade não ultrapasse os 15%. Por mais que isto aumente a extensão da trilha, o
impacto no solo será menor e a caminhada será menos exaustiva para os visitantes, que
passarão por ser um caminho com relevo mais suave, devido a menor declividade. Este
novo traçado da trilha não foi apresentado em um mapa, devido à escala do mapa base,
76
cuja eqüidistância entre as curvas de nível é de 20 m, não possuindo então uma
resolução que permita este detalhamento, o traçado deve ser definido no local
percorrendo a trilha atual e com o auxílio de clinômetro.
Durante ou após precipitações aconselha-se que seja proibida a ascensão aos
cumes, por mais que poucas pessoas tenham transitado pela trilha nestes períodos, foi
observada uma maior remoção de serrapilheira e de solo do leito da trilha nos trechos
01 e 02, devido ao pisoteio após precipitações. Por mais que sejam poucos visitantes, é
necessária à existência de locais apropriados para que estes possam acampar na base
dos picos nos dias em que não seja permitida a subida, visto que a maioria dos
visitantes entrevistados acampou.
Sugere-se ainda a construção de uma estrutura para a recepção dos visitantes, na
base dos picos, onde os visitantes possam deixar seus veículos e receberem
informações sobre a trilha e outras de relevância ecológica ou não.
Atualmente a maior visitação ocorre nos finais de semana, e nos períodos mais
secos (inverno) e as pessoas que freqüentam a área o praticantes do montanhismo
que em princípio possuem uma visão de conservação da natureza. Se estas
características mudarem, poderá mudar a intensidade dos impactos atuais, então,
recomenda-se o monitoramento dos impactos e da visitação, para observar mudanças
no número de visitantes e suas atitudes e nos impactos causados ao longo do tempo.
O ideal é a utilização integrada destes procedimentos para o manejo da trilha
permitindo assim uma redução dos impactos no solo causados pelo uso recreativo.
77
5 CONCLUSÕES
A geologia, o relevo e o clima definiram os solos da área de estudo, sendo estes
pouco desenvolvidos, rasos e com alto teor de matéria orgânica. Os solos por sua vez
definiram a vegetação original, a qual em 19% da área foi alterada pelo uso agrícola.
A fragilidade potencial em 92% da área total foi classificada como muito alta,
enquanto que 54% e 40% da área apresentaram a fragilidade emergente média e alta,
respectivamente.
Sob as florestas, a maior intensidade de uso causou uma maior largura da trilha
e uma maior exposição de raízes, enquanto que sob o refúgio vegetacional causou uma
maior exposição de solo e de rocha.
Em relação aos visitantes constatou-se que o objetivo da maioria foi alcançar o
pico Tucum (50%) e pernoitar (62%), sendo, porém o pico Camapuã o principal local
de acampamento. O principal dia de chegada foi o sábado (44%), sendo preferido os
dias ensolarados. Observou-se que a maioria dos visitantes possuía um elevado nível
educacional, sendo que 63% possuíam curso superior ou estavam cursando e com
experiência nas atividades do montanhismo, sendo que 38% visitaram a área mais
de cinco vezes e 75% conhecem mais de cinco picos.
O maior número de visitas ocorreu nos meses mais secos, no inverno. Estimou-
se que 647 pessoas freqüentaram a trilha no período de um ano e o número de
passagem estimado para este período foi de 1023, 868, 711 e 141 para os trechos 01,
02, 03 e 04, respectivamente.
A intensidade de erosão aumentou com o número de passagem e com a
declividade, sendo 15% considerado o limite máximo de declividade para não ocorrer
erosão na trilha. Em relação aos solos a intensidade de erosão é maior conforme a
seqüência: CXvd < RLd < RLh < RLi.
A densidade aparente na trilha aumentou com o mero de passagem, enquanto
a porosidade total diminuiu. Nos neossolos a densidade aparente na trilha aumentou e
a porosidade total diminuiu com a declividade, porém no cambissolo a declividade o
interferiu.
78
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83
APÊNDICE 01 – PERFIL 01
Classificação: CAMBISSOLO HÁPLICO Ta Distrófico lítico
Localização, coordenadas, município, estado: Aproximadamente 5 km da BR
116, próximo ao ribeirão Samambaia, Terra Boa, Campina Grande do Sul, PR.
Situação, declive e cobertura vegetal: Descrito e coletado ao lado da trilha,
19% de declive, sob capoeira.
Altitude: 900 m
Litologia: Granito Graciosa
Cronologia: Pré-Cambriano
Material originário: Produto de alteração da rocha supracitada
Pedregosidade: Não pedregosa
Rochosidade: Moderadamente rochosa
Relevo local: Ondulado
Relevo regional: Montanhoso
Erosão: Sem erosão
Drenagem: Bem drenado
Vegetação primária: Floresta Ombrófila Mista
Uso atual: Pastagem abandonada
Clima: Cfb, segundo Köppen
Raízes: Pivotantes e fasciculadas
Descrito e coletado por: Brasil A. V. D. A. Holsbach, Ricardo P. Piovesan, Yury
Vashchenko
Composição Granulométrica da Terra Fina (dag kg
-1
) Horizonte Profundidade
(cm)
Areia
grossa
Areia fina Argila
Silte
Argila dispersa
em água
g kg
-1
Grau de
floculação
g kg
-1
pH em
CaCl
2
Índice
SMP
P
mg kg
-1
C orgânico
g kg
-1
Matéria
orgânica
g kg
-1
A
B
C
0 – 10
10 – 20
20 – 40
42
41
40
8
9
10
33
35
33
17
15
17
0
333
400
1000
667
600
3,9
3,9
4,0
5,2
5,3
5,2
4,2
3,9
4,6
27,53
21,60
12,12
47,3
37,1
21,2
Ca Mg Na K Al H + Al S CTC ef CTC pot CTC argila V Sat. Al Sat. Na
cmol
c
kg
-1
cmol
c
kg
-1
de argila %
1,0
1,0
1,2
0,6
0,8
0,7
0,06
0,04
0,04
0,14
0,13
0,11
2,0
1,9
1,8
10,3
9,4
9,9
1,8
1,98
2,03
3,75
3,89
3,8
12,13
11,41
11,96
30,32
27,39
29,90
14,85
17,32
16,97
51,99
49,13
46,51
0,47
0,39
0,37
A 0-10 cm; bruno-amarelado-escuro (10YR 3/6,úmido); franco-argilo-arenosa; fraca média granular; solta, não plástica e ligeiramente pegajosa; transição abrupta
e plana
Bi 10-20 cm; bruno-amarelado (10YR 5/6); franco-argilo-arenosa; fraca grande blocos subangulares; solta, não plástica e ligeiramente pegajosa; transição abrupta
e plana
C 20-40 cm; bruno-amarelado-escuro (10YR 4/6); franco-argilo-arenosa; fraca grande colunar; solta, não plástica e ligeiramente pegajosa, transição abrupta e
plana
R 40
+
Rocha não intemperizada, Granito Graciosa
84
APÊNDICE 02 – PERFIL 02
Classificação: CAMBISSOLO HÁPLICO Ta Distrófico léptico
Localização, coordenadas, município, estado: Aproximadamente 5 km da BR
116, próximo ao ribeirão Samambaia, Terra Boa, Campina Grande do Sul, PR.
Situação, declive e cobertura vegetal: Descrito e coletado ao lado da trilha,
09% de declive, sob floresta.
Altitude: 1.077 m
Litologia: Granito Graciosa
Cronologia: Pré-Cambriano
Material originário: Produto de alteração da rocha supracitada
Pedregosidade: Não pedregosa
Rochosidade: Não rochosa
Relevo: Suave ondulado
Relevo regional: Montanhoso
Erosão: Não visível
Drenagem: Bem drenado
Vegetação primária: Floresta Ombrófila Densa Montana
Uso atual: Vegetação secundária
Clima: Cfb, segundo Köppen
Raízes: Pivotantes
Descrito e coletado por: Ricardo P. Piovesan e Yury Vashchenko
Composição Granulométrica da Terra Fina (dag kg
-1
) Horizonte
Profundidade
(cm)
Areia
grossa
Areia fina Argila
Silte
Argila dispersa
em água
g kg
-1
Grau de
floculação
g kg
-1
pH em
CaCl
2
Índice
SMP
P
mg kg
-1
C orgânico
g kg
-1
Matéria
orgânica
g kg
-1
Oo
A
B
C
10 – 0
0 – 17
17 – 34
34 – 55
-
45
39
52
-
9
8
7
-
18
27
20
-
27
26
21
-
182
250
83
-
818
750
917
-
4,0
4,0
4,2
-
4,9
4,8
5,0
-
8,4
5,1
5,3
-
75,00
40,36
26,63
-
129
69,5
45,7
Ca Mg Na K Al H + Al S CTC ef CTC pot CTC argila V Sat. Al Sat. Na
cmol
c
kg
-1
cmol
c
kg
-1
de argila %
-
7,2
2,5
1,1
-
2,2
1,6
0,9
-
0,06
0,05
0,04
-
0,63
0,33
0,25
-
2,4
2,0
1,6
-
16,7
13,9
11,4
-
10,14
4,53
2,25
-
12,50
6,48
3,88
-
26,82
18,46
13,66
-
107,26
55,39
51,21
-
37,81
24,52
16,47
-
18,89
30,20
42,02
-
0,22
0,25
0,32
Oo 10 – 0 cm; folhas não decompostas
A 0-17 cm; bruno-escuro (10YR 3/3,úmido); l: franco-arenosa; pequena, sem estrutura granular; solta, não plástica e ligeiramente pegajosa; transição abrupta e plana
B 17-34 cm; bruno-amarelado-escuro (10 YR 3/4); franco-argilo-arenosa; pequena, sem estrutura granular; solta, não plástica e ligeiramente pegajosa; transição
abrupta e plana
C 34-55 cm; bruno-avermelhado-escuro (10YR 3/6); franco-argilo-arenosa; fraca, grande subangular; friável, não plástica e ligeiramente pegajosa; transição abrupta
e plana
R 55+ Rocha não intemperizada, Granito Graciosa
85
APÊNDICE 03 – PERFIL 03
Classificação: NEOSSOLO LITÓLICO Hístico típico
Localização, coordenadas, município, estado: Aproximadamente 7 km da BR
116, topo do pico Camapuã, Terra Boa, Campina Grande do Sul, PR.
Situação, declive e cobertura vegetal: Descrito e coletado ao lado da trilha,
08% de declive, sob vegetação nativa.
Altitude: 1.700 m
Litologia: Granito Graciosa
Cronologia: Pré-Cambriano
Material originário: Produto de alteração da rocha supracitada
Pedregosidade: Não pedregosa
Rochosidade: Rochosa
Relevo local: Suave ondulado
Relevo regional: Montanhoso
Erosão: Sem erosão
Drenagem: Bem drenado
Vegetação primária: Refúgio Vegetacional
Uso atual: Reserva da vegetação nativa
Clima: Cfb, segundo Köppen
Raízes: Fasciculadas
Descrito e coletado por: Ricardo P. Piovesan e Yury Vashchenko
Composição Granulométrica da Terra
Fina (dag kg
-1
)
Horizonte Profundidade
(cm)
Areia
grossa
Areia
fina
Argila
Silte
Argila dispersa
em água
g kg
-1
Grau de
floculação g
kg
-1
pH em
CaCl
2
Índice
SMP
P
mg kg
-1
C orgânico
g kg
-1
Matéria
orgânica
g kg
-1
Od
0 – 14
53
5
3
38
0
1000
3,6
4,3
9,2
149,74
257,5
Ca Mg Na K Al H + Al S CTC ef CTC pot CTC argila V Sat. Al Sat. Na
cmol
c
kg
-1
cmol
c
kg
-1
de argila %
0,8
0,6
0,14
0,34
6,7
36,1
1,93
8,67
38,07
280,98
5,06
77,78
0,38
Od 0-14 cm; bruno-acinzentado-escuro (10YR 3/2,úmido); franco-arenosa; moderada e pequena bloco subangular; firme, não plástica e ligeiramente pegajosa ;
transição abrupta e irregular
R 14+ Rocha não intemperizada, Granito Graciosa
86
APÊNDICE 04 – PERFIL 04
Classificação: NEOSSOLO LITÓLICO Húmico típico
Localização, coordenadas, município, estado: Aproximadamente 7 km da BR
116, encosta do pico Camapuã, Terra Boa, Campina Grande do Sul, PR.
Situação, declive e cobertura vegetal: Descrito e coletado ao lado da trilha, 01
% de declive, fundo de vale, sob vegetação secundária.
Altitude: 1.270 m
Litologia: Granito Graciosa
Cronologia: Pré-Cambriano
Material originário: Produto de alteração da rocha supracitada
Pedregosidade: Não pedregosa
Rochosidade: Não rochosa
Relevo local: Plano
Relevo regional: Montanhoso
Erosão: Sem erosão
Drenagem: Bem drenado
Vegetação primária: Floresta Ombrófila Densa Altomontana
Uso atual: Vegetação secundária
Clima: Cfb, segundo Köppen
Raízes: Pivotantes
Descrito e coletado por: Yury Vashchenko
Composição Granulométrica da Terra Fina (dag kg
-1
) Horizonte Profundidade
(cm)
Areia
grossa
Areia fina Argila
Silte
Argila dispersa
em água
g kg
-1
Grau de
floculação
g kg
-1
pH em
CaCl
2
Índice
SMP
P
mg kg
-1
C orgânico
g kg
-1
Matéria
orgânica
(%)
Oo
A
5 – 0
0 – 23
-
49
-
4
-
23
-
24
-
0
-
1000
-
3,6
-
4,5
-
5,3
-
56,66
-
97,5
Ca Mg Na K Al H + Al S CTC ef CTC pot CTC argila V Sat. Al Sat. Na
cmol
c
kg
-1
cmol
c
kg
-1
de argila %
-
1,4
-
1,1
-
0,04
-
0,26
-
3,7
-
20,6
-
2,74
-
6,40
-
23,34
-
75,07
-
11,73
-
57,20
-
0,17
Oo 5-0 cm; folhas não decompostas
A 0-23 cm; bruno-escuro (10YR 3/3,úmido); franco-argilo-arenosa; moderada, pequena bloco subangular; firme, não plástica e ligeiramente pegajosa; transição
abrupta e irregular
R 23+ Rocha não intemperizada, Granito Graciosa
87
APÊNDICE 05 - PERFIL 05
Classificação: NEOSSOLO LITÓLICO Húmico típico
Localização, coordenadas, município, estado: Aproximadamente 7 km da BR
116, encosta do pico Camapuã, Terra Boa, Campina Grande do Sul, PR.
Situação, declive e cobertura vegetal: Descrito e coletado ao lado da trilha,
próximo ao ribeirão Samambaia, fundo de vale, 08% de declive, sob
vegetação nativa.
Altitude: 1.080 m
Litologia: Granito Graciosa
Cronologia: Pré-Cambriano
Material originário: Produto de alteração da rocha supracitada
Pedregosidade: Não pedregosa
Rochosidade: Não rochosa
Relevo local: Ondulado
Relevo regional: Montanhoso
Erosão: Sem erosão
Drenagem: Bem drenado
Vegetação primária: Floresta Ombrófilaa Densa Montana
Uso atual: Reserva da vegetação nativa
Clima: Cfb, segundo Köppen
Raízes: Pivotantes
Descrito e coletado por: Yury Vashchenko
Composição Granulométrica da Terra Fina (dag kg
-1
) Horizonte Profundidade
(cm)
Areia
grossa
Areia fina Argila
Silte
Argila dispersa
em água
g kg
-1
Grau de
floculação
g kg
-1
pH em
CaCl
2
Índice
SMP
P
mg kg
-1
C orgânico
g kg
-1
Matéria
orgânica
g kg
-1
Oo
A
2 – 0
0 – 20
-
52
-
10
-
25
-
13
-
0
-
1000
-
4,1
-
4,7
-
5,0
-
37,34
-
64,2
Ca Mg Na K Al H + Al S CTC ef CTC pot CTC argila V Sat. Al Sat. Na
cmol
c
kg
-1
cmol
c
kg
-1
de argila %
-
3,5
-
1,7
-
0,05
-
0,42
-
1,5
-
14,8
-
5,71
-
7,18
-
20,50
-
64,73
-
27,86
-
20,44
-
0,22
Oo 2-0 cm; folhas não decompostas
A 0-20 cm; bruno-amarelado-escuro (10YR 3/4,úmido); franco-argilo-arenosa; moderada, pequena bloco subangular; firme, não plástica e ligeiramente pegajosa;
transição abrupta e irregular
R 20+ Rocha não intemperizada, Granito Graciosa
88
APÊNDICE 06 – PERFIL 06
Classificação: NEOSSOLO LITÓLICO Distrófico típico
Localização, coordenadas, município, estado: Aproximadamente 7 km da BR
116, terço médio da encosta do pico Camapuã, Terra Boa, Campina Grande
do Sul, PR.
Situação, declive e cobertura vegetal: Descrito e coletado ao lado da trilha,
45% de declive, sob vegetação nativa.
Altitude: 1.400 m
Litologia: Granito Graciosa
Cronologia: Pré-Cambriano
Material originário: Produto de alteração da rocha supracitada
Pedregosidade: Não pedregosa
Rochosidade: Não rochosa
Relevo local: Forte ondulado
Relevo regional: Montanhoso
Erosão: Sem erosão
Drenagem: Bem drenado
Vegetação primária: Floresta Ombrófila Densa Altomontana
Uso atual: Vegetação secundária
Clima: Cfb, segundo Köppen
Raízes: Pivotantes e fasciculadas
Descrito e coletado por: Ricardo P. Piovesan e Yury Vashchenko
Composição Granulométrica da Terra Fina (dag kg
-1
) Horizonte Profundidade
(cm)
Areia
grossa
Areia fina Argila
Silte
Argila dispersa
em água
g kg
-1
Grau de
floculação
g kg
-1
pH em
CaCl
2
Índice
SMP
P
mg kg
-1
C orgânico
g kg
-1
Matéria
orgânica
g kg
-1
Oo
A
10 – 0
0 – 10
-
51
-
3
-
25
-
21
-
0
-
1000
-
3,4
-
4,0
-
5,0
-
70,94
-
122,02
Ca Mg Na K Al H + Al S CTC ef CTC pot CTC argila V Sat. Al Sat. Na
cmol
c
kg
-1
cmol
c
kg
-1
de argila %
-
0,4
-
0,4
-
0,09
-
0,13
-
9,9
-
31,4
-
1,07
-
32,51
-
3,30
-
98,71
-
3,3
-
90,20
-
0,26
Oo 10-0 cm; folhas não decompostas
A 0-10 cm; cor: bruno-muito-escuro (7,5 YR 2,5/2,úmido); franco-argilo-arenosa; bloco subangular, média e sem estrutura; friável, plástica e ligeiramente
pegajosa; transição abrupta e irregular
R 10+ Rocha não intemperizada, Granito Graciosa
89
APÊNDICE 07 – DETALHES DA VEGETAÇÃO ENCONTRADA NA TRILHA PARA OS PICOS CAMAPUÃ E TUCUM
continua
a b
c d
Nota: a) Floresta Ombrófila Mista Montana; b) Floresta Ombrófila Densa Montana; c) Palmeira característica da Floresta Ombrófila Densa; d) Taquaral que
indica sucessão secundária intermediária da Floresta Ombrófila Densa Montana.
90
APÊNDICE 07 – DETALHES DA VEGETAÇÃO ENCONTRADA NA TRILHA PARA OS PICOS CAMAPUÃ E TUCUM
conclusão
e f
g h
NOTA: e) Floresta Ombrófila Densa Altomontana; f) Taquaral que indica sucessão secundária intermediária da Floresta Ombrófila Densa Altomontana; g)
Refúgio Vegetacional; h) Refúgio Vegetacional com afloramento de rocha.
91
APÊNDICE 08 – SITUAÇÕES ENCONTRADAS EM CADA TRECHO DA TRILHA PARA OS PICOS CAMAPUÃ E TUCUM
continua
a b c
d e f
NOTA: a) trecho 01 sob floresta, cambissolo sem formação de sulcos ou degraus; b) trecho 01 sob floresta, neossolo com formação de sulcos e degraus; c)
trecho 02 sob floresta, formação de degraus, devido às raízes; d) trecho 02 sob campo, formação de sulcos e exposição de rocha; e) idem item d; f) trecho 03
sob campo, formação de degraus.
92
APÊNDICE 08 – SITUAÇÕES ENCONTRADAS EM CADA TRECHO DA TRILHA PARA OS PICOS CAMAPUÃ E TUCUM
conclusão
g h i
j
NOTA: g) trecho 04 sob campo, leito da trilha coberto pela vegetação; h) trecho 04 sob campo, declividade de 105%; i) trecho 04 sob campo, formação de
sulcos e degraus; j) trecho 04 sob floresta, sem formação de sulcos ou degraus.
93
APÊNDICE 09 – PESO E VOLUME DAS AMOSTRAS E VOLUME DE ÁLCOOL POR
PONTO DE COLETA, VALORES DE DENSIDADE APARENTE,
DENSIDADE DE PARTÍCULAS, POROSIDADE TOTAL
continua
Densidade de Partículas
Na trilha Fora da trilha
Ponto
Declive
Repetição
peso
(g)
álcool
(ml)
Dp
peso
(g)
volume
(cm3)
Da Pt (%)
peso
(g)
volume
(cm3)
Da Pt (%)
35 1 47,289 56,503 0,837
64,43 32,984 56,503 0,584
75,19
35 2 36,649 56,503 0,649
72,43 35,868 56,503 0,635
73,02
1
35 3
20,00 41,5 2,35
51,791 56,503 0,917
61,04 26,269 56,503 0,465
80,24
34 1 34,832 56,503 0,616
70,72 32,275 56,503 0,571
72,87
34 2 38,705 56,503 0,685
67,46 29,187 56,503 0,517
75,46 2
34 3
20,00 40,5 2,11
53,239 56,503 0,942
55,24 29,767 56,503 0,527
74,98
1 1 50,960 56,503 0,902
58,51 26,222 56,503 0,464
78,65
1 2 33,868 56,503 0,599
72,43 33,906 56,503 0,600
72,40 3
1 3
20,00 40,8 2,17
40,437 56,503 0,716
67,08 28,524 56,503 0,505
76,78
70 1 29,484 56,503 0,522
76,52 30,513 56,503 0,540
75,70
70 2 34,460 56,503 0,610
72,56 35,376 56,503 0,626
71,83 4
70 3
20,00 41,0 2,22
44,799 56,503 0,793
64,32 33,721 56,503 0,597
73,14
3 1 21,346 56,503 0,378
80,54 23,332 56,503 0,413
78,73
3 2 15,151 56,503 0,268
86,19 14,401 56,503 0,255
86,87 5
3 3
20,00 39,7 1,94
16,159 56,503 0,286
85,27 30,644 56,503 0,542
72,07
14 1 32,652 56,503 0,578
73,42 32,158 56,503 0,569
73,82
14 2 14,919 56,503 0,264
87,85 32,559 56,503 0,576
73,49 6
14 3
20,00 40,8 2,17
14,113 56,503 0,250
88,51 30,599 56,503 0,542
75,09
25 1 25,006 56,503 0,443
78,31 34,605 56,503 0,612
69,99
25 2 23,805 56,503 0,421
79,36 15,943 56,503 0,282
86,17 7
25 3
20,00 40,2 2,04
43,391 56,503 0,768
62,37 32,238 56,503 0,571
72,04
35 1 45,829 56,503 0,811
63,10 4,530 56,503 0,080
96,35
35 2 49,118 56,503 0,869
60,45 12,576 56,503 0,223
89,87 8
35 3
20,00 40,9 2,20
38,252 56,503 0,677
69,20 7,145 56,503 0,126
94,25
11 1 10,982 56,503 0,194
86,39 11,362 56,503 0,201
85,92
11 2 7,602 56,503 0,135
90,58 9,342 56,503 0,165
88,43 9
11 3
10,00 43,0 1,43
9,939 56,503 0,176
87,69 16,966 56,503 0,300
78,98
3 1 24,178 56,503 0,428
73,90 12,195 56,503 0,216
86,83
3 2 24,627 56,503 0,436
73,41 9,343 56,503 0,165
89,91 10
3 3
10,00 43,9 1,64
18,000 56,503 0,319
80,57 8,035 56,503 0,142
91,33
3 1 24,947 56,503 0,442
77,26 29,941 56,503 0,530
72,71
3 2 29,007 56,503 0,513
73,56 19,94 56,503 0,353
81,83 11
3 3
20,00 39,7 1,94
19,774 56,503 0,350
81,98 11,068 56,503 0,196
89,91
65 1 56,662 56,503 1,003
55,88 44,477 56,503 0,787
65,36
65 2 76,809 56,503 1,359
40,19 40,175 56,503 0,711
68,71 12
65 3
20,00 41,2 2,27
71,684 56,503 1,269
44,18 52,501 56,503 0,929
59,12
94
APÊNDICE 09 – PESO E VOLUME DAS AMOSTRAS E VOLUME DE ÁLCOOL POR
PONTO DE COLETA, VALORES DE DENSIDADE APARENTE,
DENSIDADE DE PARTÍCULAS, POROSIDADE TOTAL
conclusão
Densidade de Partículas
Na trilha Fora da trilha
Ponto
Declive
Repetição
peso
(g)
Álcool
(ml)
Dp
peso
(g)
volume
(cm3)
Da
Pt
(%)
peso
(g)
volume
(cm3)
Da Pt (%)
20 1 42,6 56,503 0,754 67,20
31,074
56,503 0,550 76,08
20 2 61,803
56,503 1,094 52,42
44,668
56,503 0,791 65,61
13
20 3
20,00
41,3 2,30
36,638
56,503 0,648 71,79
23,065
56,503 0,408 82,24
5 1 8,696 56,503 0,154 92,92
6,968 56,503 0,123 94,33
5 2 28,399
56,503 0,503 76,88
45,405
56,503 0,804 63,04 14
5 3
20,00
40,8 2,17
41,284
56,503 0,731 66,39
40,193
56,503 0,711 67,28
78 1 21,837
56,503 0,386 82,42
16,601
56,503 0,294 86,63
78 2 15,652
56,503 0,277 87,40
22,013
56,503 0,390 82,27
15
78 3
20,00
40,9 2,20
58,739
56,503 1,040 52,70
23,303
56,503 0,412 81,23
55 1 17,133
56,503 0,303 86,35
32,581
56,503 0,577 74,05
55 2 10,607
56,503 0,188 91,55
7,354 56,503 0,130 94,14 16
55 3
20,00
41,0 2,22
39,420
56,503 0,698 68,61
25,994
56,503 0,460 79,30
72 1 30,728
56,503 0,544 75,53
44,337
56,503 0,785 64,69
72 2 36,739
56,503 0,650 70,74
39,653
56,503 0,702 68,42 17
72 3
20,00
41,0 2,22
38,573
56,503 0,683 69,28
24,663
56,503 0,436 80,36
55 1 42,211
56,503 0,747 66,76
33,986
56,503 0,601 73,23
55 2 52,075
56,503 0,922 58,99
33,201
56,503 0,588 73,85 18
55 3
20,00
41,1 2,25
41,446
56,503 0,734 67,36
46,116
56,503 0,816 63,68
45 1 54,149
56,503 0,958 54,00
49,661
56,503 0,879 57,81
45 2 26,813
56,503 0,475 77,22
47,413
56,503 0,839 59,72
19
45 3
20,00
40,4 2,08
33,448
56,503 0,592 71,59
51,984
56,503 0,920
55,84
NOTA: peso = peso da amostra; álcool = volume de álcool gasto para determinar Dp; Dp = densidade de
partículas (Mg m
-3
); volume = volume do anel volumétrico; Da = densidade aparente (Mg m
-3
); Pt = porosidade
total.
95
APÊNDICE 10 – ANÁLISE DE VARIÂNCIA (ANOVA) DA DENSIDADE APARENTE NA TRILHA PARA OS PICOS CAMAPUÃ E
TUCUM, CONSIDERANDO OS FATORES NÚMERO DE PASSAGEM, TIPO DE SOLO, POSIÇÃO E DECLIVIDADE
continua
Comparação: Da fora da trilha x trecho, sob RLd Comparação: Da fora da trilha x trecho , sob RLi Comparação: Da x posição, sob RLi (868)
Fontes de
variação
Graus de
Liberdade
Soma dos
Quadrados
Quadrado
Médio
F P
Fontes de
variação
Graus de
Liberdade
Soma dos
Quadrados
Quadrado
Médio
F P
Fontes de
variação
Graus de
Liberdade
Soma dos
Quadrados
Quadrado
Médio
F P
Posição
1 0,2019 0,2019 10,41
0,005
Solos
2 0,4031 0,2016 4,08
0,03
Posição
1 0,2076 0,2076 3,46 0,081
Erro
16 0,3101 0,0194
Erro
24 1,1851 0,0494
Erro
16 0,9591 0,0599
Total
17 0,5120
Total
26 1,5882
Total
17 1,1667
Comparação: Da x posição, sob RLi (711) Comparação: Da x posição, sob RLi (141)
Comparação: Da x posição, sob CXvd (1023)
Fontes de
variação
Graus de
Liberdade
Soma dos
Quadrados
Quadrado
Médio
F P
Fontes de
variação
Graus de
Liberdade
Soma dos
Quadrados
Quadrado
Médio
F P
Fontes de
variação
Graus de
Liberdade
Soma dos
Quadrados
Quadrado
Médio
F P
Posição
1 0,2633 0,2633 2,72 0,119
Posição
1 0,0079 0,0079 0,11
0,74
Posição
1 0,2213 0,2213 19,78
0,0004
Erro
16 1,5506 0,0969
Erro
16 1,1421 0,0714
Erro
16 0,1790 0,0112
Total
17 1,8139
Total
17 1,1500
Total
17 0,4002
Comparação: Da x posição, sob RLd (868 passagens) Comparação: Da x posição, sob RLd (141 passagens) Comparação: Da t x declividade, sod CXvd (1023 passagens)
Fontes de
variação
Graus de
Liberdade
Soma dos
Quadrados
Quadrado
Médio
F P
Fontes de
variação
Graus de
Liberdade
Soma dos
Quadrados
Quadrado
Médio
F P
Fontes de
variação
Graus de
Liberdade
Soma dos
Quadrados
Quadrado
Médio
F P
Posição
1 0,0281 0,0281 1,10 0,310
Posição 1 0,0038 0,0038 0,15
0,70
Declividade
2 0,0067 0,0033 0,14 0,872
Erro
16 0,4091 0,0256
Erro 16 0,4132 0,0258 Erro
6 0,1434 0,0239
Total
17 0,4373
Total 17 0,4170 Total
8 0,1501
Comparação: Da x declividade, sob RLd (868 passagens) Comparação: Da x declividade, sob RLd (141 passagens) Comparação: Da x declividade, sob RLi (868 passagens)
Fontes de
variação
Graus de
Liberdade
Soma dos
Quadrados
Quadrado
Médio
F P
Fontes de
variação
Graus de
Liberdade
Soma dos
Quadrados
Quadrado
Médio
F P
Fontes de
variação
Graus de
Liberdade
Soma dos
Quadrados
Quadrado
Médio
F P
Declividade
2 0,1894 0,0947 4,99 0,053
Posição
2 0,0489 0,0245 0,92
0,45
Posição
2 0,5810 0,2905 18,00
0,003
Erro
6 0,1139 0,0190
Erro
6 0,1599 0,0267
Erro
6 0,0968 0,0161
Total
8 0,3033
Total
8 0,2089
Total
8 0,6778
96
APÊNDICE 10 – ANÁLISE DE VARIÂNCIA (ANOVA) DA DENSIDADE APARENTE NA TRILHA PARA OS PICOS CAMAPUÃ E
TUCUM, CONSIDERANDO OS FATORES NÚMERO DE PASSAGEM, TIPO DE SOLO, POSIÇÃO E DECLIVIDADE
conclusão
Comparação: Da x declividade, sob RLi (711 passagens) Comparação: Da x declividade, sob RLi (141 passagens) Comparação: Pt x posição, sob CXvd (1023 passagens)
Fontes
de
variação
Graus de
Liberdade
Soma dos
Quadrados
Quadrado
Médio
F P
Fontes
de
variação
Graus de
Liberdade
Soma dos
Quadrados
Quadrado
Médio
F P
Fontes
de
variação
Graus de
Liberdade
Soma dos
Quadrados
Quadrado
Médio
F P
Posição
2 0,9019 0,4510 14,2 0,005
Posição
2 0,0449 0,0224 0,21 0,82
Posição
1 452,348 452,348 20,01 0,0004
Erro
6 0,1904 0,0317
Erro
6 0,6517 0,1086
Erro
16 361,770 22,611
Total
8 1,0923
Total
8 0,6966
Total
17 814,117
Comparação: Pt x posição, sob RLd (868 passagens) Comparação: Pt x posição, sob RLd (141 passagens) Comparação: Pt x posição, sob RLi (868 passagens)
Fontes
de
variação
Graus de
Liberdade
Soma dos
Quadrados
Quadrado
Médio
F P
Fontes
de
variação
Graus de
Liberdade
Soma dos
Quadrados
Quadrado
Médio
F P
Fontes
de
variação
Graus de
Liberdade
Soma dos
Quadrados
Quadrado
Médio
F P
Posição
1 65,879 65,879 1,44 0,25
Posição
1 10,658 10,658 0,17 0,68
Posição
1 397,299 397,299 3,55 0,08
Erro
16 732,176 45,761
Erro
16 984,210 61,513
Erro
16 1790,074 111,880
Total
17 798,055
Total
17 994,868
Total
17 2187,374
Comparação: Pt x posição, sob RLi (711 passagens) Comparação: Pt x posição, sob RLi (141 passagens)
Fontes
de
variação
Graus de
Liberdade
Soma dos
Quadrados
Quadrado
Médio
F P
Fontes
de
variação
Graus de
Liberdade
Soma dos
Quadrados
Quadrado
Médio
F P
Posição
1 523,981 523,981 3,24 0,09
Posição
1 16,169 16,169 0,11 0,7463
Erro
16 2587,276 161,705
Erro
16 2388,074 149,255
Total
17 3111,257
Total
17 2404,243
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