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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS
CÂMPUS BOTUCATU
ESTUDOS DE ALGUNS ASPECTOS DE GERMINAÇÃO E BIOQÍMICOS DE
SEMENTES DE Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud., SOB DIFERENTES CONDIÇÕES
DE ARMAZENAMENTO
Marina Seiffert Sanine
Tese apresentada ao Instituto de Biociências de
Botucatu, da Universidade Estadual Paulista -
UNESP, para obtenção do título de Doutor em
Ciências Biológicas (Botânica), Área de
Concentração: Fisiologia Vegetal
BOTUCATU-SP
2006
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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS
CÂMPUS BOTUCATU
ESTUDOS DE ALGUNS ASPECTOS DE GERMINAÇÃO E BIOQÍMICOS DE
SEMENTES DE Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud., SOB DIFERENTES CONDIÇÕES
DE ARMAZENAMENTO
Marina Seiffert Sanine
Profa. Dra. Ana Catarina Cataneo
Orientadora
Dra. Bárbara França Dantas
Co-orientadora
Tese apresentada ao Instituto de Biociências de
Botucatu, da Universidade Estadual Paulista -
UNESP, para obtenção do título de Doutor em
Ciências Biológicas (Botânica), Área de
Concentração: Fisiologia Vegetal
BOTUCATU-SP
2006
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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA SEÇÃO TÉCNICA DE AQUISIÇÃO E TRATAMENTO
DA INFORMAÇÃO
DIVISÃO TÉCNICA DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - CAMPUS DE BOTUCATU - UNESP
Bibliotecária responsável: Selma Maria de Jesus
Seiffert-Sanine, Marina.
Estudos de alguns aspectos de germinação e bioquímicos de sementes de
Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud., sob diferentes condições de
armazenamento/ Marina Seiffert Sanine. – 2006.
Tese (doutorado) Universidade Estadual Paulista, Instituto de
Biociências de Botucatu 2006.
Orientador: Ana Catarina Cataneo
Co-orientador: Bárbara França Dantas
Assunto CAPES: 20303009
1. Fisiologia vegetal 2. Sementes
CDD 581.1
Palavras-chave: Amilase; Curva de absorção de água; Quebra de Dormência;
Propagação; Mororó
SUMÁRIO
Dedicatória...................................................................................................................................I
Agradecimentos..........................................................................................................................II
Prefácio.....................................................................................................................................III
Resumo.....................................................................................................................................IV
Abstract......................................................................................................................................V
CAPÍTULO I Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud. (Fabaceae): Uma revisão..........................01
Resumo.......................................................................................................................02
Abstract......................................................................................................................02
Introdução..................................................................................................................02
Características gerais..................................................................................................04
Germinação e dormência...........................................................................................07
Armazenamento de sementes.....................................................................................13
Conclusões.................................................................................................................16
Referências Bibliográficas.........................................................................................17
CAPÍTULO II: Efeito de escarificação química e da temperatura na germinação de sementes
de Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud. (Fabaceae)..................................................................23
Resumo.......................................................................................................................24
Abstract......................................................................................................................24
Introdução..................................................................................................................25
Material e Métodos....................................................................................................27
Resultados e Discussão..............................................................................................28
Conclusões.................................................................................................................31
Referências bibliográficas..........................................................................................32
Figura 1......................................................................................................................36
Figura 2......................................................................................................................37
CAPÍTULO III: Influência das condições de armazenamento na qualidade fisiológica de
sementes de Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud. (Fabaceae)...................................................38
Resumo.......................................................................................................................39
Abstract......................................................................................................................39
Introdução..................................................................................................................40
Material e Métodos....................................................................................................43
Resultados e Discussão..............................................................................................46
Conclusões.................................................................................................................54
Referências bibliográficas..........................................................................................55
Considerações Finais.................................................................................................................59
I
Se Deus quiser um dia viro semente, e quando a chuva molhar o jardim,
ah eu fico contente e na primavera vou brotar na terra
e tomar banho de sol, banho de sol banho de sol....sol.....
(Roberto de Carvalho)
Aos meus protetores
Dedico
II
AGRADECIMENTOS
A todos que contribuíram de maneira direta e indireta para realização desse trabalho
Muito obrigada!!!!!!!!!!
III
PREFÁCIO
Capítulo I Revisão de literatura sobre o gênero Bauhinia cheilantha abordando a fisiologia
e armazenamento de sementes, visando a manutenção da espécie em estudo, redigido de
acordo com as normas da Revista Caatinga.
Capítulo II Obter informações sobre a quebra de dormência e o efeito da temperatura na
germinação de sementes de Bauhinia cheilantha, redigido segundo as normas da Acta
Botânica Brasilica; o trabalho foi enviado para publicação em junho de 2005 e registrado na
revista com o nº 100/05.
Capítulo III Determinação de períodos e condições de armazenamento mais adequado para
manutenção da qualidade fisiológica de sementes de Bauhina cheilantha, redigido conforme
as normas da Revista Caatinga.
IV
SEIFFERT-SANINE, M. ESTUDOS DE ALGUNS ASPECTOS DE GERMINAÇÃO E
BIOQUÍMICOS DE SEMENTES DE Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud., SOB
DIFERENTES CONDIÇÕES DE ARMAZENAMENTO. 2006. 67 p. Tese (Doutorado)
Instituto de Biociências, UNESP - Universidade Estadual Paulista, Botucatu.
RESUMO Para o estabelecimento de espécies nativas da caatinga, independente de sua
finalidade, sendo econômica ou ecológica, é necessário o conhecimento prévio de suas
características fisiológicas e suas exigências ambientais. Diante disso, o presente trabalho teve
como objetivos: a) levantar as principais utilizações populares de mororó (Bauhinia
cheilantha) e trabalhos relacionados à fisiologia e armazenamento de suas sementes; b) obter
informações sobre o efeito da superação de dormência e da temperatura na porcentagem e
velocidade de germinação de mororó, neste experimento as sementes foram submetidas a
escarificação pela imersão em ácido sulfúrico p.a durante diferentes períodos (0, 5, 10, 15, 30
e 45 minutos) e temperaturas de germinação (20, 25, 30 e 35ºC); c) verificar a influência das
condições e períodos ideais de armazenamento de sementes de mororó, estas foram
submetidas a duas condições de ambiente e câmara fria durante diferentes períodos (0, 3, 6, 9
e 12 meses) e ao tratamento pela imersão em acido sulfúrico p.a., tendo como testemunha
sementes intactas. Foram determinadas curvas de absorção de água, o número de sementes
germinadas, IVG, além dos teores de açúcares solúveis totais e a atividade da amilase em
ambas condições, nos cinco períodos de armazenamento. O levantamento bibliográfico
evidenciou que o mororó (B. cheilantha) é muito utilizado como forrageira na época de seca e
de grande importância para os produtores na caatinga, porém não existem informações sobre a
germinação e armazenamento de suas sementes. Foi determinado que o armazenamento das
sementes em ambiente é o mais adequado para manutenção do potencial germinativo. A
escarificação química e a temperatura de 25ºC são condições adequadas para se obter sucesso
na germinação desta espécie.
Palavras-chave: Amilase; Curvas de absorção de água; Dormência; Germinação; Mororó.
V
SEIFFERT-SANINE, M. STUDY ON SOME GERMINATION AND BIOCHEMICAL
ASPECTS OF Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud. SEEDS UNDER DIFFERENT
STORAGE CONDITIONS. 2006. 67 p. Thesis (Doctorate) Institute of Biosciences,
UNESP – Paulista State University, Botucatu.
ABSTRACT In order to establish caatinga native species, with economical or ecological
purpose, it’s necessary the previous knowledge of their physiological characteristics and
environmental requirements. In face of this, the present research aimed at: a) to search the
main popular uses of mororó (Bauhinia cheilantha) and researches related to physiology and
storage of their seeds; b) to get information about the effect of dormancy break and
temperature in the mororó germination’s percentage and speed. In this experiment, seeds were
submitted to scarification through immersion in p.a. sulphuric acid at several germination
periods (0, 5, 10, 15, 30 and 45 minutes) and temperatures (20, 25, 30 and 35ºC); c) to verify
the influence of ideal conditions and periods of mororó seed storage, which were submitted to
two conditions of environment and cold chamber at several periods (0, 3, 6, 9 and 12 months)
and treatment by immersion in p.a. sulphuric acid, with intact seeds as control. It were
determined water uptake curves, number of germinated seeds, GSI, besides total soluble sugar
levels and amylase activity in both conditions, at five storage periods. The bibliographic
research made evident that mororó (B. cheilantha) has been too used as forage in the dry grow
season and it is very important for producers in caatinga. However, there isn’t information
about germination and storage of their seeds. It was determined that seed storage in
environment is the most suitable for germinative potential maintenance. Chemical
scarification and temperature at 25°C are suitable conditions for getting success in the
germination of this species.
Key words: Amylase; Dormancy; Germination; Mororó; Water uptake curves.
1
CAPÍTULO I
2
Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud. (Fabaceae): Uma revisão
RESUMO Bauhinia cheilantha, é uma espécie pertencente a família Fabaceae,
popularmente chamada de mororó, encontrada no nordeste brasileiro, na região da caatinga.
Forrageira arbustiva que desempenham importante papel na manutenção dos rebanhos na
época da seca por apresentar alto teor protéico. Muitas espécies do gênero Bauhinao
utilizadas na medicina popular na forma de chás por provocarem redução dos teores de
glicose do sangue. O objetivo da presente revisão foi levantar as principais utilizações
populares de mororó (Bauhinia cheilantha), bem como trabalhos relacionados à fisiologia e
armazenamento de sementes, visando a manutenção da espécie.
Palavras-chave: armazenamento; caatinga; dormência; germinação; mororó.
Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud. (Fabaceae): A review
ABSTRACT Bauhinia cheilantha is a species that belongs to Fabaceae family, popularly
known as mororó and found in north-eastern Brazilian, in the region of caatinga. It’s a
shrubby forage which plays an important role in the flock maintenance in dry growing season
for presenting high protein level. Several Bauhinia species have been used in the popular
medicine as teas for decreasing the blood glucose levels. The aim of the present review was to
search the main popular uses of mororó (Bauhinia cheilantha), as well as researches related to
physiology and storage of seeds, which aims at maintenance of the species.
Key words: caantiga; dormancy; germination; mororó, storage.
INTRODUÇÃO
O bioma caatinga é o maior e mais importante ecossistema existente na região do nordeste
do Brasil, ocupando praticamente 70% (800.000 km
2
) de sua área, estendendo-se pelo
domínio de climas semi-áridos, numa área que chega a 11,67% do território nacional. A
caatinga está compreendida entre os paralelos de 2º54’S a 17º21’S e envolve áreas dos
estados da Bahia, Ceará, Paraíba, Alagoas, Sergipe, Piauí, Pernambuco, Maranhão, Rio
3
Grande do Norte e uma pequena porção ao norte de Minas Gerais (Lima, 1996; Drummond et
al. 2000; Andrade et al. 2005).
A caatinga é marcada pelo clima semi-árido, com altas temperaturas e duas estações bem
definidas, uma seca e quente e outra seca e úmida. Solo alcalino, pedregoso e raso
dificultando a agricultura, sendo possível cultivar café e algumas frutíferas com uma boa
correção e irrigação do solo. A vegetação xerófilas e algumas espécies perdem suas folhas nas
épocas mais quente para evitar a perda de água e a agricultura se caracteriza como
extrativista.
A caatinga, ecorregião semi-árida única no mundo, é provavelmente o bioma mais
ameaçado e transformado pela ação humana e encontrando-se reduzida, atualmente, em
menos de 50%. Por várias décadas, vem sofrendo forte pressão antrópica, notadamente, pelo
modelo exclusivamente extrativista, sendo que sua cobertura vegetal apresenta-se como um
mosaico de diferentes estágios sucessionais.
Esse ecossistema pode ser considerado, também, uma relíquia vegetacional, por apresentar
peculiaridades florísticas, fisionômicas e ecológicas. As forrageiras arbustivas e arbóreas, que
fazem parte da constituição florística desse bioma, desempenham importante papel na
manutenção dos rebanhos de animais domésticos por ocasião das secas prolongadas (Mendes,
1997), como é o caso de mororó (Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud.) espécie pertencente à
família Fabaceae. Ela possui potencial forrageiro (Araújo Filho et al. 2002) e medicinal (Silva
& Cechinel Filho, 2002; Silva & Albuquerque, 2005) principalmente nas pequenas
propriedades onde ocorre uma grande demanda por recursos florestais e que cada vez mais, as
árvores assumem um importante papel na economia rural.
Para impedir o desaparecimento dessas espécies e para a recuperação de áreas degradadas
é necessário a implantação e manejo de espécies florestais nativas. Para compreender melhor
4
os mecanismos de regeneração de um ecossistema florestal deve-se dispor de maior número
de informações sobre o ciclo biológico das espécies e de programas econômicos e ecológicos,
com vista à racionalização de seu uso e paralelamente, métodos de armazenamento de
sementes, que garantam sua conservação, distribuição e regeneração, para sua disponibilidade
no futuro.
O presente trabalho teve como objetivos levantar as principais utilizações de B.
cheilantha, assim como discutir sobre a fisiologia e armazenamento de suas sementes.
Características gerais
A Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud., popularmente conhecida como mororó, pertence à
família Fabaceae e a sub família Cercideae (Souza & Lorenzi, 2005) é uma espécie
comumente encontrada no nordeste brasileiro. Possui folhas fendidas com lóbulos
arredondados, típicas de espécies de Bauhinias, cuja morfologia um rastro de pata de bovinos.
As inflorescências são parciais, muitas vezes com três flores ou vestígios destas, de coloração
branca, pétalas obovadas a lanceoladas com margens fimbriadas (Figura 1 A). A propagação
de mororó pode ser a partir de sementes que medem entre 5 e 15 mm de comprimento por 3,5
a 11 mm de largura (Figura 1 B) ou por transplante de plântulas, mas a manutenção dos
exemplares em cultivo ainda requer estudos adicionais (Lorenzi & Matos, 2002; Vaz & Tozzi,
2003).
5
Figura 1. Aspecto geral das folhas e flor de Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud. (Lorenzi & Matos, 2002)
(A) e de suas sementes (B)
O gênero Bauhinia possui fruto do tipo legume, as valvas sofrem uma leve torção
tornando–se espiraladas em todo seu comprimento, para liberação das sementes (Barroso et
al. 1999), que medem aproximadamente 10 X 5 mm .
O primeiro estudo com Bauhinias, datado de 1929, com ensaio clínico feito com B.
forficata, concluiu a existência de atividade hipoglicemiante em pacientes diabéticos, o que
foi confirmado em outras pesquisas posteriores. No entanto é na B. forficata a espécie que
apresenta maior número de estudos quanto à atividade hipoglicemiante, sendo considerada,
muitas vezes pela comunidade rural, como pata-de-vaca verdadeira, sendo muito usada na
forma de chás e outras preparações fitoterápicas, sendo esta planta está disponível no
mercado farmacêutico e validado para uso clínico de diabetes tipo II (Paula et al. 2002; Silva
& Cechinel Filho, 2002; Lino et al. 2004).
O uso medicinal das plantas pertencentes ao gênero Bauhinia pela população de diferentes
partes do mundo tem encontrado respaldo nos estudos científicos, que comprovam a eficácia
destas plantas em vários modelos experimentais. Neste contexto, alguns efeitos biológicos,
farmacológicos, como antifúngicos, antibacterianos, analgésicos, antiinflamatórios e
especialmente antidiabéticos são relatados na literatura, comprovando e justificando o uso
10
mm
A
B
6
destas espécies na medicina popular (Silva & Cechinel Filho 2002; Sosa et. al. 2002);
Oliveira et al 2001; Lino et al. 2004).
Segundo Lima et al. (1987), a B. cheilantha revelou-se um suporte forrageiro bastante
importante em época da seca na caatinga, participando em até 75% da dieta animal, podendo
ser utilizada na alimentação da pecuária bovina, caprina e/ou ovina ou mesmo das três em
associação, que tem sido responsável em grande parte pela fixação do homem no semi-árido,
onde, cada vez mais, as árvores assumem um importante papel na economia rural. Portanto, a
caatinga é de extrema importância para a sobrevivência do produtor, que depende das
espécies de uso múltiplo presentes nesse bioma.
A Bauhinia cheilantha é também considerada uma das melhores espécies para feno,
quando comparada com outras espécies desse bioma, por seu alto valor protéico e
digestibilidade associado com baixos teores de tanino e lignina durante a sua fase vegetativa
(Nascimento et al. 2002; Araújo Filho et al. 2002). No entanto a redução de taninos
condensados nas folhas de mororó (B cheilantha), pode melhorar a qualidade da alimentação
animal (Guimarães- Beelen et al. 2006).
Segundo Drumond et al. (2000), não existe um relato completo nas espécies da caatinga,
no entanto, em trabalhos realizados sobre sua flora e vegetação, foram registradas quase 600
espécies arbóreas e arbustivas, sendo 180 endêmicas. Apesar de sua importância biológica e
das ameaças à sua integridade, somente 3,56% da caatinga está protegida como Unidades de
Conservação Federais, sendo apenas 0,87% em unidades de uso indireto, como parques
nacionais, reservas biológicas e estações (The Nature Conservancy do Brasil & Associação
Caatinga, 2000). Como conseqüência da degradação ambiental e da falta de consciência na
preservação, muito já se perdeu em biodiversidade da caatinga.
7
A Biodiversitas (2001) cita que para esta formação vegetal, 19 espécies ameaçadas, das
quais 18 são consideradas como vulneráveis e uma em risco de extinção. A legislação
brasileira, através das Portarias do IBAMA n
o
83 (26/09/91) e n
o
. 37-N (3/04/1992), lista
várias espécies da flora e fauna da caatinga, como ameaçadas de extinção. Segundo a
International Union for Conservation of Nature and Natural Resources, várias espécies
brasileiras encontram-se na lista das espécies ameaçadas (Hilton-Taylor, 2000).
Germinação e dormência
A semente é um órgão que contém a miniatura de uma planta, provida de reservas que a
sustentará até que se torne um organismo autotrófico estabelecido, onde o embrião é
protegido por uma cobertura, tendo sua atividade metabólica extremamente baixa até que um
estimulo ambiental particular para cada espécie seja expressado originando um novo
indivíduo. A disseminação e perpetuação da espécie são garantidas pelas sementes, através de
algumas propriedades fisiológicas e bioquímicas, distribuindo a germinação no tempo
(dormência) e espaço (dispersão) (Carvalho & Nakagawa, 2000; Ferreira & Borghetti. 2004).
A germinação é considerada um dos mais importantes estádios do biociclo vegetal,
caracterizada pela retomada das atividades anabólicas e catabólicas, incluindo a respiração,
síntese de proteínas e mobilização das reservas após a absorção da água, possibilitando o
crescimento do eixo embrionário, culminando com a protrusão da radícula. No
desenvolvimento vegetal, a germinação é considerada uma fase crítica e está relacionada a
aspectos fisiológicos e bioquímicos associados a fatores ambientais (natureza extrínsecas) e
da própria semente (natureza intrínsecas) (Bewley,1997; Desai et al. 1997; Welbaum et al.
1998; Carvalho & Nakagawa, 2000; Ferreira & Borghetti. 2004).
8
O ambiente exerce um papel fundamental na fisiologia da germinação. A sensibilidade à
luz, temperatura e disponibilidade de água, dentre outros, são fatores determinantes na
germinação. Para que ocorra a germinação é necessário que as sementes absorvam água,
desencadeando os processos metabólicos. Esta absorção geralmente se dá em três fases,
classicamente definidas como fase I, fase II e fase III (Carvalho & Nakagawa, 2000).
As três fases de absorção estão ilustradas na Figura 2. A fase I se caracteriza por ser um
processo físico, em que a entrada de água ocorre pela diferença de potencial osmótico entre a
semente e o substrato, ligado à composição química da semente, da permeabilidade do
tegumento à água e da presença da água na forma líquida ou gasosa, no meio de germinação.
Esta fase é presente tanto em sementes viáveis quanto nas inviáveis. A fase II é caracterizada
pela total hidratação das sementes, havendo uma estabilização e equilíbrio na absorção de
água pela semente em relação ao meio. A maioria dos eventos metabólicos que fazem parte na
preparação da germinação ocorre nesta fase, como a biossíntese “de novo” e ativação de
enzimas, hidrólise de reservas e início da translocação dos produtos da hidrólise, ocorrendo o
transporte ativo das substâncias hidrolizadas dos tecidos de reserva para os meristemas. Com
a retomada de crescimento do eixo embrionário, inicia-se a fase III, com a protrusão da
radícula, sendo que alguns aspectos estão envolvidos nesta fase, como o potencial osmótico
das células do embrião, propriedades da parede celular embrionária em resposta ao turgor
interno e a resistência dos tecidos externos presentes, impedindo a expansão do embrião
(García-Agustín & Primo–Millo, 1993; Kigel & Galili, 1995; Desai et al. 1997; Bewley,
1997; Welbaum et al. 1998; Ferreira & Borghetti. 2004).
9
Fonte: Adaptado do Capítulo 9: Embebição e reativação do metabolismo. Castro, Bradford , & Hilhonst,/Germinação: Do básico ao
aplicado/ Ferrerira & Borghetti, 2004.
Figura 2. Representação esquemática do padrão trifásico de absorção de água durante a embebição de
sementes, em relação aos conteúdos aproximados de água em que os diferentes eventos do processo germinativo
são iniciados. (1) Respiração e acúmulo de ATP. (2) Síntese de mRNA e reparo de DNA. (3) Ativação de
polissomos. (4) Síntese de proteínas a partir de mRNAs recentemente sintetizados. (5) Síntese e duplicação de
DNA. (6) Inicio da degradação de reservas. (7) As lulas da radícula alongam-se. (8) Protrusão radicular. (9)
Mitose. Potencial matricial (Ψm); Potencial osmótico (Ψπ); Potencial de pressão (Ψp)
A duração dessas fases depende das propriedades da semente. As três fases foram
descritas em seqüências por razões didáticas, contudo, elas podem ocorrer simultaneamente.
O estudo destas fases é de grande importância, pois, desde que o processo de germinação se
inicia, as sementes apresentam gradualmente uma fase de tolerância à dessecação, a partir da
fase I. Dessa maneira, a desidratação durante esta etapa não provoca injúrias definitivas ao
embrião, de modo que o fornecimento subseqüente de água permite a continuidade da
germinação. No entanto, a partir da transição entre as fases II e III, os danos provocados pela
10
deficiência hídrica são irreparáveis (García-Agustín & Primo–Millo, 1993; Kigel & Galili,
1995).
Tecidos envolvendo o embrião manifestam-se como forças impedindo a capacidade de seu
crescimento. Com o acúmulo de solutos, aumenta o turgor embrionário, enfraquecendo os
tecidos externos, podendo alterar o balanço das forças presentes, permitindo assim a expansão
do embrião. O início do crescimento embrionário ocorre quando o resultado da absorção da
água no turgor celular excede a restrição mecânica da parede celular embrionária e dos
tecidos que envolvem o embrião. Cada uma dessas hipóteses pode ocorrer, dependendo da
anatomia e fisiologia da semente (Bewley, 1997; Welbaum et al., 1998.; Ferreira et al. 2004).
A temperatura influi no processo de germinação, especialmente, por alterar a velocidade
de absorção de água e modificar a velocidade das reações químicas enzimáticas que irão
acionar o desdobramento, o transporte de reservas e a ressíntese de substâncias e
conseqüentemente percentagem final de germinação. A temperatura ótima para a maioria das
espécies adaptadas ao clima tropical se encontra na faixa entre 15 e 30ºC, sendo definida
geneticamente em função das condições fisiológicas da semente (Carvalho & Nakagawa,
1980; García-Agustín & Primo–Millo, 1993; Bewley & Black, 1994).
Estudando o efeito de temperaturas constantes de 25 e 30ºC e alternada de 20-30ºC na
geminação de Bauhinia forficata, foi verificado que a 30ºC obteve-se maiores percentagens
de germinação (Pereira, 1992). Trabalhando também com Bauhinia forficata Rosa & Ferreira
(2001) verificaram alta germinabilidade, tanto no escuro como na luz em temperaturas
constantes ou alternadas entre 15 e 30ºC, ocorrendo inibição de germinação quando essas
foram submetidas a temperatura de 10ºC.
A capacidade das sementes em adiar a sua germinação até que as condições lhes sejam
favoráveis constitui em importante mecanismo de sobrevivência das plantas. Determinadas
11
espécies caracterizam-se por apresentarem sementes viáveis que, ao serem colocadas sob
condições consideradas favoráveis, não germinam, sendo estas sementes consideradas
dormentes. Ao contrário, quando apresentam condições internas normais e permanecem em
repouso, devido à ausência de condições externas propícias, estas encontram-se em estado de
quiescência (Carvalho & Nakagawa, 1980; Bewley & Black, 1994; Eira & Caldas, 2000;
Ferreira & Borghetti. 2004).
Com base nos mecanismos provavelmente envolvidos, a dormência de sementes pode ser
classificada em dois grandes grupos: endógena e exógena. Dormência endógena é causada por
algum bloqueio à germinação relacionada ao próprio embrião, mas que eventualmente pode
envolver tecidos extra-embrionários, podendo ser dividida em: fisiológica (mecanismos
inibitórios envolvendo processos metabólicos e o controle do desenvolvimento), morfológica
(embrião não-diferenciado) e morfofisiológica. A dormência exógena é causada
primariamente pelo tegumento, pelo endocarpo, pelo pericarpo e/ou órgãos extraflorais,
podendo ser dividida em: física (impermeabilidade dos tecidos da semente e/ou do fruto a
difusão parcial ou total de água ou gases), química (inibidores presentes nas sementes e /ou no
fruto) e mecânica (estrutura lenhosa/pétrea do endocarpo ou mesocarpo, cuja rigidez impede a
expansão do embrião) (Carvalho & Nakagawa, 1980; Baskin & Baskin, 1998).
A casca espessa e/ou impermeável é responsável pelo impedimento da absorção de água,
sendo bastante comum entre as espécies da família Fabaceae. A entrada de água pode ser
bloqueada por várias partes dos envoltórios, como, por exemplo, uma cutícula cerosa, a
suberina, o tecido paliçadico e as camadas de macroesclereídes. Bewley & Black (1994)
ressaltam a presença das estruturas como o hilo, a micrópila e o estrofíolo na casca das
sementes pertencentes à família Fabaceae. A micrópila é aparentemente permeável em
algumas espécies, mas não em outras. Desta forma, a casca é um tecido muito eficiente no
12
bloqueio à entrada de água. A compreensão das características anatômicas e físicas do
tegumento permite, em curto prazo, aplicação do melhor tratamento para promover a
germinação das sementes e, em longo prazo, à manipulação, por meio de cruzamento entre
espécies de diferentes procedências, tão bem como a alteração das características dos
envoltórios das sementes Ferreira & Borghetti. 2004).
A escarificação mecânica é uma técnica empregada para sobrepor os efeitos de uma
cobertura impermeável à água e aos gases, como verificado em Bauhinia racemosa (Prassad
& Nautiyal, 1996) e Bauhinia divaricata (Alves et al. 2004), onde notaram-se que após a
escarificação na região da micrópila, a germinação foi mais rápida e uniforme.
Segundo Alves et al. (2000), a causa mais evidente da dormência em B. ungulata e B
monandra é a impermeabilidade do tegumento. Os tratamentos mais eficientes para superar a
dormência das sementes são escarificação mecânica, desgastando o lado oposto da micrópila
(B. ungulata) e química, em ácido sulfúrico por 20 minutos (B. monandra).
A dormência tegumentar também pode ser removida com o emprego de tratamentos com
ácidos provocando a remoção da cutícula, facilitando a absorção de água essencial para
germinação, como verificado em sementes de B. racemosa (Zopade, 1991) e B. purpurea
(Kumar & Tade, 1991) imersas por 30 minutos em ácido sulfúrico, tratamento suficiente para
atingirem altas porcentagens de germinação, enquanto que para B. ungulata apenas 20
minutos foi suficiente para a quebra de dormência (Souza & Silva, 1999).
Toral & Gonzáles, (1999) verificaram aumento na porcentagem de germinação em
sementes de B. acuminata pela imersão por 2 minutos em água a 80ºC, onde possivelmente, a
alta temperatura e água amoleceram o tegumento.
13
Armazenamento de sementes
A preservação da qualidade fisiológica das sementes durante o armazenamento, ou seja,
da colheita até a semeadura é um aspecto fundamental a ser considerado no processo
produtivo. O comportamento das sementes em relação ao armazenamento pode classificá-las
como recalcitrantes ou ortodoxas. De maneira geral, grupos de sementes que são
relativamente tolerantes à extrema dessecação e sobrevivem em estado desidratado por um
período maior sob condições adequadas de armazenamento, são denominadas de ortodoxas.
No entanto, as sementes classificadas como recalcitrantes, quando submetidas à dessecação,
são danificadas, podendo ser sensíveis à condições de baixas temperaturas e a períodos longos
de armazenamento (Roberts, 1973, apud Pammenter & Berjak, 1999). Entretanto, existem
sementes que exibem comportamento intermediário entre as recalcitrantes e ortodoxas, sendo
assim, relativamente tolerantes à dessecação; todavia, não resistem à perda de água em níveis
menores que as ortodoxas (Ellis et al. 1990).
Vários processos ou mecanismos têm sido sugeridos como protetores das conseqüências
geradas pela perda de água das sementes. Dentre eles, ressaltam-se algumas características
físicas intracelulares, como acúmulo e a natureza das reservas insolúveis, grau de redução do
vacúolo, conformação do DNA, cromatina e arquitetura nuclear, de-diferenciação intracelular,
presença e eficiência de sistemas antioxidantes, acúmulo de substâncias supostamente
protetoras, como, por exemplo, as proteínas LEA (late abundant embryogenesis), sacarose,
certos oligossacarídeos e a presença de sistemas operacionais de reparo dos sistemas de
membranas durante a reidratação. A ausência ou a ineficiência de um ou mais desses
mecanismos podem determinar o grau de sensibilidade à dessecação para cada espécie
(Pammenter & Berjak, 1999).
14
Trabalhando com o efeito de secagem na qualidade fisiológica de sementes de B.
purpurea, Isai (2003) constatou que essas mantiveram sua viabilidade e germinação mesmo
com teor de água variando entre 5 e 3,5%, considerando-as como ortodoxas.
Muitas vezes, o teor de água apresentado pelas sementes recém colhidas não é adequado
para o armazenamento, necessitando de secagem. O alto teor de água apresentado pelas
sementes na colheita constitui uma das principais causas da perda do seu poder germinativo
durante o armazenamento, causando aumento na taxa respiratória e favorecendo ação de
microrganismos (Desai et al. 1997). A deterioração das sementes envolve uma série de
alterações fisiológicas, bioquímicas e físicas, onde a queda do poder germinativo e do vigor
das sementes é a manifestação mais acentuada da deterioração.
A longevidade da semente é bastante influenciada pelas condições de armazenamento,
sobretudo pelo teor de água e temperatura ambiental (Ferreira & Borghetti, 2004). O
verdadeiro período de longevidade das sementes só seria determinado se fosse possível
colocá-las em condições ideais de armazenamento, o que, na prática, é difícil. É possível,
porém, determinar a viabilidade, que é o período de vida da semente dentro de determinada
condição ambiental (Carvalho & Nakagawa, 2000). De acordo com estes autores, a
viabilidade das sementes resulta de vários fatores: características genéticas da espécie, vigor
das plantas progenitoras, condições climáticas predominantes durante a maturação das
sementes, grau de dano mecânico e condições ambientais de armazenamento.
Sementes de B. variegata armazenadas por 24 meses em ambiente e em câmara fria a
4ºC, mantiveram sua germinação nos primeiros 90 dias de armazenamento, porém, no final de
experimento notou-se decréscimo na germinação em ambas as condições chegando a 0% para
as mantidas em ambiente (Aguiar & Figliolia, 1996).
15
Estudando o efeito do armazenamento de sementes de B. purpurea em refrigerador
(3-5ºC) e condições de 20-40ºC durante 7 anos, verificou-se que para sementes da espécies
em estudo armazenadas a 3-5ºC manteve-se sua viabilidade durante todo o período
experimental, no entanto sementes expostas às condições ambientais perderam sua viabilidade
rapidamente (Kanak, 1999).
16
Conclusões
Na presente revisão foi relatada a evolução de estudos referentes às utilizações populares
de B. cheilantha. Constatou-se seu importante uso como forrageira e na medicina popular na
caatinga. Tendo em vista a escassez absoluta de informações sobre a germinação de B.
cheilantha, bem como sobre o armazenamento de suas sementes, é de grande necessidade
estudos nesta área, com a finalidade de fornecer informações indispensáveis para a
manutenção da espécie.
17
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23
CAPÍTULO II
24
Efeito da escarificação química e da temperatura na germinação de sementes de
Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud. (Fabaceae)
RESUMO
- (Efeito da escarificação química e da temperatura na germinação de sementes de
Bauhinia cheilantha (Bong) Steud.). O presente trabalho teve como objetivo obter
informações sobre a superação de dormência e o efeito da temperatura na porcentagem e
velocidade de germinação em sementes de Bauhinia cheilantha (mororó), espécie nativa de
uso múltiplo. As sementes foram submetidas a escarificação pela imersão em ácido sulfúrico
p.a durante seis períodos (0, 5, 10, 15, 30 e 45 minutos) e ao teste de germinação em quatro
temperaturas (20, 25, 30 e 35ºC). Foram avaliados os efeitos dos tratamentos pelo percentual
de germinação e índice de velocidade de germinação (IVG) das sementes. Os resultados
indicaram que a porcentagem de germinação e o IVG de sementes de B. cheilantha (mororó)
foram favorecidos com a escarificação química no período de 45 minutos e a germinação na
temperatura de 25ºC.
Palavras – chave: Bauhinia cheilantha; Caatinga; Dormência; Germinação.
ABSTRACT
(Effect of chemical scarification and temperature on Bauhinia cheilantha
(Bong) Steud. seed germination). The present research aimed at to get information about
dormancy break and temperature effect in the percentage and germination speed in Bauhinia
cheilantha (mororó) seeds, a multiple use native species. Seeds were submitted to
scarification by immersion in p.a. sulphuric acid at six periods (0, 5, 10, 15, 30 and 45
minutes) and germination test at for temperatures (20, 25, 30 and 35ºC). It were evaluated the
treatment effects through germination percentage and germination speed index (GSI) of seeds.
The results indicated that germination percentage and GSI of B. cheilantha (mororó) seeds
were favored by the chemical scarification at period of 45 minutes and germination at
temperature of 25ºC.
Key-words: Bauhinia cheilantha; Dormancy; Caatinga; Germination.
25
Introdução
Segundo Casteleti et al. (2003), a caatinga cobre uma porção significativa do
território nacional, perfazendo 11,67% do mesmo, a se considerar as áreas de transição para
outros biomas. Além de ser exclusivamente brasileira e única ecoregião semi-árida no mundo,
é o bioma brasileiro mais ameaçado e transformado pela ação humana. Necessitando da
regeneração deste ambiente para conservação da biodiversidade e a revegetação de espécies
de uso múltiplo, torna-se relevante a compreensão dos processos e das condições propícias
para a germinação das mesmas.
As forrageiras arbustivas e arbóreas, que fazem parte da constituição florística da
caatinga, desempenham importante papel na manutenção dos rebanhos de animais
domésticos, por ocasião das secas prolongadas (Mendes 1997). Entre elas, encontra-se a
Bauhinia cheilantha (mororó), espécie pertencente à família Fabaceae e subfamília Cercideae
(Souza & Lorenzi, 2005), que possui potencial forrageiro pelo seu alto teor de proteína
(Araújo Filho et al. 2002) e medicinal por sua ação hipoglicemiante e analgésica (Silva &
Cechinel Filho 2002; Silva & Albuquerque 2005).
A disponibilização de informações sobre a propagação de espécies forrageiras e
medicinais pode proporcionar aos agricultores maior facilidade para o cultivo destas plantas.
Nos últimos anos tem-se intensificado o interesse na propagação de espécies florestais
nativas, devido à ênfase atual nos problemas ambientais, ressaltando–se a necessidade de
recuperação de áreas degradadas e recomposição da paisagem. Entretanto não
conhecimento disponível para o manejo e análise das sementes da maioria dessas espécies, de
modo a fornecer dados que possam caracterizar seus atributos físicos e fisiológicos. Há
necessidade de se obter informações básicas sobre a germinação, cultivo e potencialidade
dessas espécies nativas, visando sua utilização para os mais diversos fins (Pinã-Rodrigues &
Jesus 1992; Araújo Neto et al. 2003).
Muitas espécies possuem sementes que, embora sendo viáveis e tendo todas as
condições normalmente consideradas adequadas, deixam de germinar; tais sementes são
consideradas dormentes e precisam de tratamentos especiais para que o processo germinativo
se inicie (Carvalho & Nakagawa 2000). A dormência pode ocorrer devido a vários fatores,
tais como, impermeabilidade do tegumento à água e aos gases, embriões imaturos ou
rudimentares, exigências especiais de luz ou temperatura, presença de substâncias promotoras
26
ou inibidoras de crescimento, entre outras (Torres & Santos 1994; Carvalho & Nakagawa
2000).
No gênero Bauhinia já foi demonstrado que suas sementes apresentam dormência
tegumentar (Alves et al. 2000). Conforme a revisão de Reis & Martins (1989), essa
característica é de ocorrência comum em muitas espécies e constitui um dos fatores de
importância fundamental para a permanência da espécie em campo, sob condições de
adversidade climática. As sementes com tegumento impermeável a água, comumente
denominadas sementes duras, podem permanecer viáveis no solo durante longo período de
tempo, constituindo o banco de sementes. Algumas dessas sementes mantidas no solo podem,
em determinadas situações, absorver água e germinarem em intervalos sucessivos, quando as
condições ambientais tornarem-se favoráveis. casos em que as sementes, se coletadas com
frutos novos, podem não apresentar dormência, como foi verificado em Bauhinia forficata
Link (Rosa & Ferreira 2001).
A busca de metodologia para análise de sementes florestais desempenha papel
fundamental dentro da pesquisa científica e de interesse diversificado, onde o conhecimento
dos principais processos envolvidos na germinação de sementes de espécies nativas é de vital
importância para a preservação das espécies ameaçadas de extinção, também como para a
multiplicação dessas e das demais em programas de reflorestamento (Smiderla & Souza
2003). Portanto, diversos métodos laboratoriais são empregados para superação da dormência,
entre os quais pode–se destacar a escarificação mecânica e química. Contudo, a aplicação e
eficiência desses tratamentos depende da causa e do grau de dormência, que é variável entre
as espécies (Lima & Garcia 1996).
A escarificação química com ácido sulfúrico concentrado tem sido empregada como
tratamento pré-germinativo em várias espécies, obtendo-se elevados índices de germinação,
como em Cássia javanica, C. speciosa e C. bicapsularis (Rodrigues et al. 1990), Bauhinia
ungulata (Souza & Silva 1999), Bauhinia monandra (Alves et al. 2000), Caesalpinia ferrea
Mart. (Crepaldi et al. 1998) e Senna occidentalis – Cesalpinaceae (Delachiave & Pinho
2003).
A germinação e o crescimento são programados geneticamente dependendo da
espécie, podendo ser modificados pelas condições do meio. A temperatura é uma importante
variável que altera a velocidade de absorção de água e das reações químicas que acionam o
desdobramento e o transporte das reservas para a plântula (Bewley & Black 1994). A ação da
temperatura se faz presente nas reações bioquímicas que regulam o metabolismo do processo
27
germinativo e conseqüentemente, na porcentagem final e na velocidade de germinação. A
temperatura ótima para a germinação da maioria das espécies adaptadas ao clima tropical se
encontra na faixa entre 15 e 30ºC, no entanto, existem espécies que necessitam de alternância
de temperatura, simulando as flutuações térmicas ocorridas na natureza (Ferreira & Lopez
2000).
Considerando a espessura do tegumento e a dureza das sementes de mororó, além da
escassez de informações sobre a espécie, o presente trabalho teve como objetivo obter
informações sobre o tempo adequado de escarificação pela imersão em ácido sulfúrico e o
efeito de diferentes temperaturas no processo germinativo das sementes de mororó.
Material e métodos
Foram utilizadas sementes de mororó obtidas de frutos coletados manualmente em
julho de 2003 de 50 matrizes da região da caatinga de Petrolina–PE, cedidas pela Embrapa
Semi–Árido.
O gênero Bauhinia possui fruto do tipo legume, as valvas sofrem uma leve torção
tornando–se espiraladas em todo seu comprimento, para liberação das sementes (Barroso et
al. 1999), que medem aproximadamente 10 X 5 mm .
Os ensaios foram desenvolvidos no Laboratório de Xenobióticos do Departamento
de Química e Bioquímica do Instituto de Biociências, UNESP, Botucatu-SP. O teor de água
das sementes por ocasião do início dos testes encontrava-se em torno de 13%.
Efeito da quebra de dormência - As sementes foram submetidas a escarificação pela
imersão em ácido sulfúrico p.a. durante cinco períodos: 5, 10, 15, 30 e 45 minutos,
considerando como testemunha sementes sem escarificação (0 minutos). Posteriormente, as
sementes foram lavadas abundantemente em água corrente para a completa remoção do ácido
sulfúrico. Em seguida, as sementes foram colocadas para germinar em caixas plásticas
transparentes (11 x 11 x 3,5 cm), contendo duas folhas de papel de germiteste”, umedecidas
com água destilada na quantidade (em mL) equivalente a duas vezes e meia o peso (em
gramas) do papel seco. As sementes foram cobertas com uma folha de papel “germiteste”
umedecida com água destilada da mesma maneira anterior. As caixas contendo as sementes
foram mantidas em câmara de germinação (BOD) a temperatura de 25 ± 2ºC, na presença de
luz (Rosa & Ferreira 2001). Considerou sementes germinadas aquelas que apresentaram
28
protrusão da radícula. As avaliações de germinação foram realizadas diariamente, para
determinação do índice de velocidade de germinação (IVG).
Efeito da temperatura na germinação - A partir dos resultados obtidos nos testes de
superação de dormência adotou-se o tempo de escarificação pela imersão durante 45 minutos
em ácido sulfúrico p.a. Posteriormente as sementes foram transferidas para as caixas
“gerbox”, contendo papel de germinação umedecidos como no ensaio anteriormente descrito.
As temperaturas de germinação testadas foram 20, 25, 30 e 35
o
C em condições de presença de
luz, em câmara de germinação (BOD). As avaliações de germinação foram realizadas
diariamente, durante 20 dias para determinação do IVG.
O índice de velocidade de germinação foi calculado de acordo com a fórmula
descrita por Maguire (1962):
IVG =Σ G
n
/N
n
(G é número de sementes germinadas e N o número de dias após a
semeadura).
O experimento foi inteiramente casualizado, consistindo de oito repetições de 25
sementes em ambos os testes. Os resultados referentes à porcentagem de germinação e IVG
das sementes expostas à diferentes períodos de escarificação em ácido sulfúrico foram
ajustados considerando o modelo:
Y= a*(1- b * exp(-c*t))
Nesse modelo o Y representa a percentagem de germinação e o IVG e: t é o período
de imersão em ácido sulfúrico em minutos.
Resultados e discussão
De acordo com os resultados apresentados na Fig. 1A, foi observado que o tempo
mínimo necessário para escarificação por ácido sulfúrico das sementes de mororó é de 10
minutos, o suficiente para a completa germinação (100%). Porém, o maior IVG (6,5) foi
obtido quando as sementes foram imersas para escarificação durante 45 minutos (Fig. 1B).
Isso mostra que as sementes de mororó apresentam um certo grau de dormência por
impermeabilidade tegumentar, como observado pelos resultados obtidos nas sementes intactas
(0 minuto, Fig. 1 A e B).
Esses resultados mostram, de acordo com Bewley & Black (1994), que essas
sementes apresentam dormência tegumentar, dificultando a absorção de água, a qual atua
29
como um fator limitante para a germinação em condições naturais, requerendo o uso de
métodos para superação da dormência.
Para sementes de Bauhinia ungulata, 20 minutos é o tempo suficiente de imersão em
ácido sulfúrico para atingir o maior número de sementes germinadas (Souza & Silva 1999),
porém para B. purpurea (Kumar & Tade 1991) e B. racemosa (Zopade 1991) são necessários
30 minutos de escarificação química. Teketay (1998), utilizando sementes de Acacia sp,
obteve resultados favoráveis quando realizou escarificação química durante 60 minutos.
Crepaldi et al. (1998) estudando o efeito da escarificação química em sementes de pau-ferro
(Caesalpinia ferrea) obteve elevados índices de germinação quando estas foram imersas
durante 15 e 30 minutos em ácido sulfúrico.
Em Senna occidentalis (Delachiave & Pinho 2003) e Bixa orellana L. (Amaral et al.
1995) o tratamento das sementes com ácido sulfúrico durante 15 e 20 minutos proporcionou
elevadas porcentagens de germinação e IVG. Em Senna macranthera (Lemos-Filho et al.
1997) e Bauhinia monandra (Alves et al. 2000) a escarificação química durante 12 e 20
minutos, respectivamente, foi suficiente para superar a dormência tegumentar.
De acordo com Eira & Caldas (2000), essas diferenças entre as espécies, em relação
a superação da dormência, é dada por um mecanismo próprio da semente. Podendo ser
induzido durante o desenvolvimento ou após a dispersão e consiste de diversos mecanismos,
que bloqueiam qualquer etapa necessária para germinação.
Em todas as temperaturas testadas foram detectadas diferenças significativas na
porcentagem de germinação e IVG entre sementes intactas e escarificadas (Fig. 2). Os
melhores resultados de porcentagem de germinação (Fig. 2A) foram obtidos nas temperaturas
de 20 e 25ºC (95,5% e 92%, respectivamente) para sementes escarificadas e 25 e 30ºC (60 e
62%, respectivamente) para sementes intactas. Também foi observada uma queda tanto na
porcentagem de germinação, como no IVG nas temperaturas de 30 e 35
º
C para as sementes
escarificadas, e somente a 35ºC para sementes intactas. Os resultados encontrados no presente
trabalho foram concordantes com pesquisas relacionadas ao efeito de diferentes temperaturas
sobre a germinação de Bauhinia forficata, Pereira (1992), relatou a temperatura de 30º C
como a mais adequada para a germinação, porém, Rosa & Ferreira (2001) verificaram elevada
germinabilidade (mais de 80%) tanto na luz, como no escuro, em temperaturas constantes ou
alternadas entre 15 e 30º C.
A temperatura da caatinga é elevada na maioria dos meses do ano, no entanto a
germinação de sementes de Bauhinia cheilantha não é favorecida sob estas condições, fato
30
este verificado pela baixa porcentagem de germinação e IVG na temperatura de 35ºC, mas
não afetando a viabilidade das sementes. Porém, é de relevância ressaltar que condições
ambientais desfavoráveis à germinação mantêm o banco de sementes no solo, que é um fator
de extrema importância para o sucesso do estabelecimento da espécie neste bioma.
31
Conclusões
Os resultados sugerem que para a superação de dormência de sementes de mororó, a
escarificação química durante no mínimo 10 minutos em ácido sulfúrico é adequada para
obtenção de maiores porcentagens e velocidade de germinação. Quanto à temperatura, alta
porcentagem e velocidade de germinação podem ser obtidas a 25ºC para sementes
escarificadas e entre 25 e 30ºC para sementes intactas.
32
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36
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
período de imersão em ácido sulfúrico p.a. (minutos)
% de germinação
valores observados valores calculados
A
0
1
2
3
4
5
6
7
8
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
período de imersão em ácido sulfúrico p.a. (minutos)
IVG
valores observados valores calculados
B
Figura 1. Efeito do período de imersão de sementes de mororó em ácido sulfúrico
p.a. sobre a porcentagem de germinação (A) e sobre o índice de velocidade de
germinação-IVG (B).
Y= 100(1-0,394438 e
(
-
0,233446t)
)
R
2
= 0,980
Y= 6,1215(1-05235 e
(
-
0,16386t)
)
R
2
= 0,963
37
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
20 25 30 35
temperatura (
O
C)
% de germinação
testemunha escarificada
A
B
Figura 2: Efeito de diferentes temperaturas sobre a porcentagem germinação (A) e o
índice de velocidade de germinação-IVG (B) de sementes de mororó.
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
20 25 30 35
temperarura (
O
C)
IVG
testemunha escarificada
38
CAPÍTULO III
39
Influência das condições de armazenamento sob algumas alterações bioquímicas, e na
qualidade fisiológica de sementes Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud. (Fabaceae)
RESUMO
Considerando o uso múltiplo de Bauhinia cheilantha (mororó), e a escassez de
informações sobre as condições ideais de armazenamento destas sementes, os objetivos deste
trabalho foram determinar: o efeito do período de armazenamento na viabilidade das
sementes; a condição mais adequada de armazenamento e a interferência da escarificação
química na germinação e no índice de velocidade de germinação (IVG). As sementes foram
submetidas a duas condições de armazenamento (ambiente e câmara fria) durante diferentes
períodos (0, 3, 6, 9 e 12 meses) e ao tratamento pela imersão em acido sulfúrico p.a. por 45
minutos, tendo como testemunha sementes intactas. Foram determinadas curvas de absorção
de água, o número de sementes germinadas IVG, além dos teores de açúcares solúveis totais e
a atividade da amilase em ambas condições, nos cinco períodos de armazenamento. Os
resultados indicaram que o armazenamento até 12 meses não afetou a capacidade de
germinação de sementes intactas armazenadas em ambiente e que a porcentagem de
germinação e o IVG de sementes de B. cheilantha (mororó) foram favorecidos com a
escarificação.
Palavras – chave: Amilase; Curva de absorção de água; Germinação; Mororó.
Influence of storage conditions under some biochemical alterations and physiological
quality of Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud. (Fabaceae) seeds
ABSTRACT Due to multiple use of Bauhinia cheilantha (mororó) and few information
about ideal storage conditions of these seeds, the aims of this research were to determine: the
effect of storage period on seed viability; the most suitable storage condition and interference
of chemical scarification on germination and germination speed index (GSI). Seeds were
submitted to two storage conditions (environment and cold chamber) at several periods (0, 3,
6, 9 and 12 months) and treatment through immersion in p.a. sulphuric acid for 45 minutes,
with intact seeds as control. It were determined water uptake curves, number of germinated
seeds, GSI, besides total soluble sugar levels and amylase activity in both conditions, at five
storage periods. The results indicated that storage until 12 months didn’t affect germination
capacity of intact seeds stored in environment and germination percentage and GSI of B.
cheilantha (mororó) seeds were favored by scarification.
Key-words: Amylase; Germination; Mororó; Water uptake curve.
40
INTRODUÇÃO
O Brasil possui 385 milhões de hectares de florestas nativas (IPEF, 2000), sendo que o
bioma caatinga ocupa cerca de 800 mil km
2
, totalizando 11% do território nacional e 70% do
território nordestino, abrangendo os estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba,
Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Bahia, sul e leste do Piauí e norte de Minas Gerais (Lima,
1996).
O interesse na propagação de espécies florestais nativas aumentou nos últimos anos
devido aos problemas ambientais, ressaltando–se a necessidade de recuperação de áreas
degradadas, recomposição de paisagem e proteção dos recursos hídricos e edáficos. Isto
serviu de justificativa fundamental para a elaboração de um conjunto de leis visando a
proteção e a recomposição das florestas nativas brasileiras.
Na caatinga existe uma grande demanda por recursos florestais em pequenas
propriedades, onde cada vez mais as árvores assumem um importante papel na economia
rural. Desta forma, é importante a utilização de espécies de uso múltiplo, isto é, cultivadas ou
manejadas para mais de uma finalidade. Segundo Drummond et al. (2000), são várias as
espécies da caatinga que possuem essas características, entre elas, a Bauhinia cheilantha
(mororó), uma espécie da família Fabaceae, que possui potencial forrageiro pelo seu elevado
teor de proteína (Araújo Filho et al. 2002) e medicinal por sua ação hipoglicemiante e
analgésica (Silva & Cechinel Filho, 2002; Silva & Albuquerque, 2005). Em face das
utilidades como forrageira e medicinal, além do extrativismo da B. cheilantha, esta vem sendo
explorada de forma irracional, o que vem comprometendo sua existência natural.
Para impedir a extinção dessa espécie, previsto para as próximas décadas, faz-se
necessário o estabelecimento de programas econômicos e ecológicos, com vista à
racionalização de seu uso e paralelamente, métodos de armazenamento de sementes, que
garantam sua conservação, distribuição e regeneração para sua disponibilidade no futuro.
41
O comportamento fisiológico das sementes deve ser estudado para que se possa
estabelecer o melhor todo de armazenamento, visando mínima perda de viabilidade. Em
algumas espécies florestais nativas é comum a rápida perda de vigor, mesmo quando
armazenadas adequadamente. Entretanto, pouco se conhece sobre o comportamento
fisiológico destas (Borges et al. 1992). Segundo Ferraz & Sampaio (1996), a falta de estudos
sobre técnicas de armazenamento que possibilitem manter a viabilidade e o vigor das
sementes por um maior período é fator limitante para a produção de mudas durante o ano.
O primeiro grande desafio para a recuperação de áreas degradadas é a definição de qual
espécie utilizar. Existem poucas informações silviculturais a respeito de espécies arbóreas
nativas e as espécies comumente utilizadas para atender à produção industrial, geralmente não
são as mais adequadas para produção em grande escala ou proteção ambiental (Kageyama,
1990). Para compreender melhor os mecanismos de regeneração de um determinado
ecossistema é necessário dispor de maior número de informações sobre o ciclo biológico das
espécies (Chaves & Davide, 1996).
A produção de mudas, em quantidade e qualidade, é um das etapas mais importantes nos
programas de reflorestamento (Caldeira et al. 2000). Quando se produz mudas a partir de
sementes, o cuidado com a qualidade dessas é indispensável, pois o baixo vigor eleva os
custos de produção, pela necessidade de maior quantidade a ser utilizada, além de diminuir o
vigor das mudas produzidas (Jesus, 1997).
Um dos fatores básicos para o sucesso do reflorestamento, é a escolha de espécies
adequadas, como também a utilização de sementes de boa qualidade. Dentro da análise de
sementes florestais, o teste de germinação é o suporte para as demais análises e experimentos
(Silva et al. 1995).
42
O processo germinativo tem início com a absorção de água, provocando a hidrólise dos
compostos armazenados nas sementes. As reservas insolúveis de elevado peso molecular
presentes nas sementes, como lipídios, proteínas e açúcares, são degradadas e convertidas a
formas solúveis, que são em seguida transportadas aos tecidos em crescimento e utilizadas em
reações de síntese ou de produção de energia (Ferreira & Borghetti. 2004). As modificações
metabólicas que ocorrem nesses estádios são resultado da atividade de várias enzimas
envolvidas em reações de hidrólise e transferência e podem expressar a qualidade fisiológica
das sementes, sendo que a velocidade de utilização das reservas pode variar conforme a
espécie e o ambiente. Para que o amido de reserva seja degradado e passível de utilização no
metabolismo, é necessário que seja transformado em estruturas menores, como maltose e a
glucose, com atuação das enzimas ά e β-amilase e amido fosforilase (Ferreira et al. 2004;
Welbaum et al. 1998; Bewley 1997; Garcia-Augustín & Primo-Millo, 1993).
A germinação e vigor são dois dos principais parâmetros para avaliar a qualidade
fisiológica das sementes e garantir uma boa produtividade da cultura. A avaliação correta
desses parâmetros é imprescindível para se estimar o potencial de desempenho das sementes
em campo. De acordo com Marcos Filho (1999) os testes de vigor têm como objetivos
detectar diferenças na qualidade fisiológica de sementes com o mesmo índice de germinação,
distinguir com segurança lotes de diferentes vigor, além de diferenciar seu potencial genético,
de maneira proporcional ao comportamento quanto à resistência ao transporte, potencial de
armazenamento e emergência em campo. Testes de vigor são baseados na velocidade de
germinação, nas características de crescimento das plântulas, na sobrevivência e germinação
em condições estressantes, nos parâmetros físicos, em características bioquímicas e nos níveis
de danos mecânicos (Ferreira et al. 2004; Steiner et al. 1989).
43
Considerando o uso múltiplo de Bauhinia cheilantha, espécie utilizada de maneira
extrativista e a escassez de informações sobre a influência do armazenamento na qualidade
fisiológica das sementes, os objetivos deste trabalho foram determinar:
a) o efeito do período de armazenamento na viabilidade das sementes e a condição
mais adequada de armazenamento;
b) a interferência da escarificação química na germinação e no índice de velocidade
de germinação (IVG).
MATERIAL E MÉTODOS
Foram utilizadas sementes de mororó obtidas de frutos coletados manualmente em
setembro de 2004 de 50 matrizes da região da caatinga de Petrolina–PE, cedidas pela
Embrapa Semi–Árido.
O gênero Bauhinia possui fruto do tipo legume, as valvas sofrem uma leve torção
tornando–se espiraladas em todo seu comprimento, para liberação das sementes (Barroso et
al. 1999), que medem aproximadamente 10 X 5 mm .
Os ensaios foram desenvolvidos no Laboratório de Xenobióticos do Departamento de
Química e Bioquímica do Instituto de Biociências, UNESP, Botucatu-SP.
As sementes de mororó foram armazenadas em duas condições:- em embalagens de papel,
mantidas em ambiente de laboratório monitorado por um termohigrógrafo (~23ºC e 61% UR),
e em sacos plásticos (espessura de 0,06 mm) mantidos em câmara fria a +10
o
C. As sementes
embaladas nas duas condições foram armazenadas por diferentes períodos (0, 3, 6, 9 e 12
meses).
Foi determinado o teor de água das sementes antes e após os períodos de armazenamento,
através da secagem em estufa a 70ºC até peso constante, utilizando 3 repetições de 30
sementes.
44
Curvas de absorção de água e germinação Avaliados nos períodos de 0, 3, 6, 9 e 12
meses, em ambas condições de armazenamento (ambiente e em câmara fria), em sementes
intactas (testemunha-T) e submetidas à escarificação pela imersão das sementes em ácido
sulfúrico concentrado p.a. durante 45 minutos (escarificadas–E). O período de imersão para
escarificação foi estabelecido em testes preliminares.
As sementes,após determinadas suas massas, foram colocadas em caixas plásticas
transparente“gerbox”, contendo duas folhas de papel germiteste, umedecidas com água
destilada na quantidade (em mL) equivalente a duas vezes e meia a massa (em gramas) do
papel seco. As sementes foram cobertas com uma nova folha de papel germiteste umedecida
com água destilada da mesma maneira anterior. As caixas “gerbox” contendo as sementes
foram mantidas em câmara de germinação (BOD) a temperatura de 25 ± 2ºC, na presença de
luz (Rosa & Ferreira 2001). A massa das sementes foram determinadas nos períodos de 0, 2,
4, 8, 10, 14, 16, 24, 28 e 48 horas de embebição.
As avaliações de germinação foram realizadas por período de 11 dias à partir da
instalação do teste de determinação da curva de absorção de água das sementes. Foram
também determinados os índices de velocidade de germinação IVG, de acordo com a
fórmula descrita por Maguire (1962):
IVG =Σ G
n
/N
n
(G é número de sementes germinadas e N o número de dias após a
semeadura).
As sementes não germinadas foram submetidas ao teste de tetrazólio, onde os embriões
removidos cuidadosamente foram submersos em solução de 2,3,5 trifenil cloreto de tetrazólio
(0,75%) por 2 horas a 25ºC no escuro e a avaliação foi baseada na coloração dos tecidos
(Teste de viabilidade TV). A concentração da solução de 2,3,5 trifenil cloreto de tetrazólio
foi estabelecida através de testes preliminares.
45
O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado em esquema fatorial 2
x 2 x 5 sendo: 2 condições de armazenamento (ambiente e câmara fria), 2 tratamentos
(sementes intactas e escarificadas) e 5 períodos de armazenamento (0, 3, 6, 9, e 12 meses)
com 3 repetições e parcelas de 50 sementes Os resultados referentes às curvas de absorção
foram ajustados inicialmente considerando o modelo matemático Y= a*(1- b * exp(-c*x)) e
posteriormente os polinomiais e linear. Nestes modelos Y representa a matéria fresca em
gramas, e x o tempo de absorção de água.
Quantificação de açúcares solúveis totais e determinação da atividade amilolítica durante
a germinação - A partir da curva de absorção de água, foram estabelecidos períodos para a
coleta de amostras de sementes escarificadas para a avaliação dos teores de açúcares solúveis
totais e determinação da atividade da amilase. A fim de se obter mais homogeneidade das
amostras foram coletadas somente sementes escarificadas. Os intervalos escolhidos para a
coleta das sementes foram entre o início da embebição e a protrusão da raiz: 0, 24 e 48 h após
as sementes terem sido colocadas para germinar.
As sementes coletadas foram primeiramente congeladas em nitrogênio líquido e em
seguida foram armazenadas em freezer a –20
0
C para posterior determinação de açúcares
solúveis totais e atividade da amilase.
Na obtenção do extrato enzimático para a determinação da atividade de amilase foi
utilizado tampão fosfato de sódio 0,1 mmol.L
-1
, pH 7,5 contendo polivinilpolipirrolidona
(PVPP) na proporção de 7,5% (peso/volume) (Sharma & Sengupta,1987).
As sementes desprovidas de tegumento foram homogeneizadas em 10 mL do tampão de
extração gelado, utilizando-se almofariz gelado, contendo pequena quantidade de areia lavada
e esterilizada. O homogeneizado obtido foi então centrifugado a 14000g a 4ºC durante 30
minutos por duas vezes e o sobrenadante utilizado como extrato enzimático. A atividade da
46
amilase foi expressa em mg de açúcares redutores (Nelson, 1944) produzidos pela degradação
de amido, por mg de proteína, por minuto. A determinação de proteínas solúveis no extrato
foi realizada de acordo com Lowry et al. (1951), utilizando a albumina sérica bovina (BSA)
como proteína padrão.
Para a determinação dos açúcares solúveis totais (método de Dubois et al.1956) foi
utilizado o extrato enzimático obtido para determinação de amilase. O delineamento
experimental foi inteiramente casualizado em esquema fatorial de 2 x 5 sendo: 2 condições de
armazenamento (ambiente e câmara fria) e 5 períodos de armazenamento (0, 3, 6, 9, e 12
meses) consistindo de 4 repetições de 30 sementes cada.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Figura 1 verifica-se que o teor de água inicial do lote das sementes de moro foi
11,7%. O armazenamento causou perda de água pelas sementes, sendo maior sob condições
de câmara fria, provavelmente por as sementes alcançarem a água de equilíbrio de acordo
com as características do local de armazenamento. De acordo com Carvalho & Nakagawa
(2000), mudanças na temperatura e água relativa do ar provocam constantes ajustes no teor de
água das sementes armazenadas.
0
2
4
6
8
10
12
0 3 6 9 12
meses de armazenamento
% de água
Ambiente Câmara fria
Figura 1. Porcentagem de água de sementes de mororó armazenadas em diferentes períodos (0, 3, 6, 9, 12
meses), sob duas condições (ambiente e câmara fria)
47
Isai (2003) estudando a tolerância à dessecação de sementes de Bauhinia purpurea
verificou que essas suportam até 5% de teor água, não afetando sua germinação e viabilidade,
considerando-as como ortodoxas.
É importante ressaltar que sementes que apresentam tegumento duro, como é o caso de B.
cheilantha, podem ser armazenadas por períodos mais longos, comparativamente às sementes
com tegumento brando. Sementes imaturas geralmente sofrem maior redução de qualidade do
que sementes maduras no mesmo período de tempo de armazenamento. A longevidade da
semente é bastante influenciada pelas condições de armazenamento, sobretudo pelo teor de
água e pela temperatura ambiental. Regras empíricas indicam que a longevidade da semente é
duplicada a cada 1% de diminuição no seu teor de água (válido para teores de água de 5 a
15%) ou a cada 5,5ºC de diminuição na temperatura (válido para temperaturas de 0 a 40ºC)
(Ferreira & Borghetti, 2004).
De acordo com os resultados apresentados na Figura 2 e Tabela 1 pode ser verificado que
sob condições de armazenamento em câmara fria (Figura 2 B) ocorreu menor absorção de
água pelas sementes, em comparação com aquelas armazenadas em ambiente (Figura 2 A). É
relevante observar que a diminuição na absorção de água não foi proporcional ao tempo de
armazenamento das sementes.
48
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
5,5
6,0
0 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40 44 48
tempo (horas)
matéria fresca (g)
3 meses 6 meses 9 meses 12 meses 0 meses
A
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
5,5
6,0
0 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40 44 48
tempo (horas)
matéria fresca (g)
3 meses 6 meses 9 meses 12 meses 0 meses
B
Figura 2. Curvas de absorção de água a 25ºC de sementes intactas (sem escarificação) de mororó,
armazenadas previamente por diferentes períodos (3; 6; 9; 12 e 0 meses), sob condições de ambiente (A) e
câmara fria (B). Os símbolos indicam dados observados e as linhas os dados calculados
Tabela 1. Modelos matemáticos ajustados a partir dos dados observados nas curvas de absorção de água de
sementes intactas de mororó armazenadas previamente em ambiente e mara fria por diferentes períodos de
armazenamento, ilustradas na Figura 2
Modelo R
2
Meses Ambiente
0 MF=4,549*(1-0,173*exp(-0,0798*x)) 0,998
3 MF=4,878*(1-0,302*exp(-0,0325*x)) 0,982
6 MF=4,984*(1-0,302*exp(-0,0590*x)) 0,996
9 MF=6,342*(1-0,416*exp(-0,0158*x)) 0,994
12 MF=6,290*(1-0,429*exp(-0,0152*x)) 0,990
Câmara Fria
0 MF=4,549*(1-0,173*exp(-0,0798*x)) 0,998
3 MF=3,819*(1-0,146*exp(-0,0723*x)) 0,991
6 MF=1E-05x
3
-0,0009x
2
+0,0242x+3,0937 0,995
9 MF=0,0111x+3,5097 0,984
12 MF=0,0092x3,6203 0,986
Em ambas condições de armazenamento, não foi verificada distinção entre as fases I e II
de absorção de água até 48 horas de embebição, período onde teve início o processo
germinativo (fase III). Pode ser constatado que o armazenamento das sementes causou atraso
49
na germinação, pois nas sementes que não foram armazenadas, a germinação teve início às 24
horas de embebição.
As sementes intactas de mororó armazenadas em câmara fria (Figura 2 B) tiveram seus
teores de água reduzidos a aproximadamente 4%, influenciando no ganho de peso, que para
essas foi em torno de 15% durante as 48 horas de embebição, enquanto que para as sementes
armazenadas em ambiente (Figura 2 A) o ganho de peso foi em torno de 40%. Neiva (1997)
estudando a velocidade de embebição de Caesalpinia pyramidalis Tull., Caesalpinia ferrea
Mart ex Tull., Senna martiana (Benth.) e Senna spectabilis (D. C.), espécies ocorrentes na
caatinga, armazenadas por seis meses em câmara fria (15ºC e 40% UR), verificou que após 12
horas de embebição apenas as sementes de Caesalpinia pyramidalis atingiram 61,4% de
aumento de peso, embora as demais espécies o aumento de peso não ultrapassou 30%. No
entanto, em sementes de Bauhinia variegata o ganho de peso foi de 90, 127 e 132% nos
períodos de 8, 16 e 24 horas de embebição, respectivamente, ocorrendo 100% de germinação
(Das et al. 2003). Porém, após um ano de armazenamento, apesar de não ter ocorrido
germinação, o ganho de peso aumentou somente nos períodos de 16 e 24 horas de embebição,
atingindo os valores de 137 e 147%, respectivamente.
A escarificação das sementes de mororó, através da imersão em ácido sulfúrico causou
maior embebição, visto pela curva de absorção de água ilustrada na Figura. 3 A e B e Tabela
2. Em ambas condições de armazenamento nota-se uma rápida absorção de água ao redor de 8
horas de embebição (fase I), seguido de uma estabilização na absorção até as 24 horas (fase
II), onde ocorreu a germinação, exceto para as sementes armazenadas durante 6 meses, cuja
germinação ocorreu às 48 horas. A fase II caracterizou-se como uma fase relativamente curta,
possivelmente porque as sementes encontravam-se totalmente hidratadas, havendo
mobilização das substâncias desdobradas na fase I da região de reserva para os tecidos
50
meristemáticos. Esta fase está relacionada com o turgor e afrouxamento da parede celular do
embrião, que culmina com a germinação da semente (Ferreira & Borghetti, 2004; Welbaum et
al. 1998; Bewley 1997; Garcia-Agustín & Primo-Millo, 1993).
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
5,5
6,0
6,5
7,0
7,5
8,0
8,5
9,0
0 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40 44 48
tempo (horas)
matéria fresca (g)
3 meses 6 meses 9 meses 12 meses 0 meses
A
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
5,5
6,0
6,5
7,0
7,5
8,0
8,5
9,0
0 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40 44 48
tempo (horas)
matéria fresca (g)
3 meses 6 meses 9 meses 12 meses 0 meses
B
Figura 3. Curvas de absorção de água de sementes de mororó escarificadas, armazenadas previamente por
diferentes períodos de (0, 3, 6, 9 e 12 meses), sob condições de ambiente (A) e câmara fria (B). Os mbolos
indicam dados observados e as linhas os dados calculados
Tabela 2. Modelos matemáticos ajustados a partir dos dados observados nas curvas de absorção de água de
sementes de mororó escarificadas armazenadas previamente em ambiente e mara fria por diferentes períodos
de armazenamento, ilustradas na Figura 3
Modelo R
2
Meses Ambiente
0 MF=7,928*(1-0,534*exp(-0,221*x)) 0,999
3 MF=7,627*(1-0,485*exp(-0,245*x)) 0,995
6 MF=6,802*(1-0,532*exp(-0,201*x)) 0,998
9 MF=7,058*(1-0,529*exp(-0,243*x)) 0,999
12 MF=6,938*(1-0,526* exp(-0,242*x)) 0,996
Câmara Fria
0 MF=7,928*(1-0,534*exp(-0,221*x)) 0,999
3 MF=7,164*(1-0,506*exp(-0,323*x)) 0,995
6 MF=7,041*(1-0,549*exp(-0,211*x)) 0,998
9 MF=6,814*(1-0,540*exp(-0,329*x)) 0,991
12 MF=6,736*(1-0,530*exp(-0,337*x)) 0,989
51
Porém, pode ser verificado que quando as sementes foram escarificadas, os períodos e
condições de armazenamento não afetaram a absorção de água.
Diante dos resultados relativos aos efeitos das condições e duração do armazenamento,
pode-se considerar que para sementes intactas armazenadas em câmara fria, a absorção de
água é afetada, porém, esse processo é revertido com a escarificação.
Visando a utilização de sementes de mororó armazenadas durante o ano, com manutenção
do potencial de germinação, para produção de mudas, o armazenamento em ambiente é o
mais indicado, como observado nas Figuras 4 A-D. Pode ser verificado que o armazenamento
durante 12 meses em câmara fria causou redução de germinação na ordem de 36% nas
sementes intactas (Figura 4 A). Todavia o IVG diminuiu durante o período de armazenamento
(60% de redução), porém não diferiu entre as condições de armazenamento (Figura 4 B).
Quando as sementes foram escarificadas após os períodos de armazenamento, em
ambiente e câmara fria, ocorreu redução do percentual de germinação (28 e 31%,
respectivamente) e do IVG (45 e 44%, respectivamente) (Figura 4 C; D).
Em adição, a viabilidade das sementes intactas também foi afetada pelo armazenamento,
alcançando ao redor de 80% em ambiente e 60% em câmara fria (dados não mostrados).
52
0
30
60
90
120
150
0 3 6 9 12
armazenamento (meses)
n º d e s em en tes g erm in ad as
Ambiente mara fria
A
0
20
40
60
80
100
120
0 3 6 9 12
armazenamento (meses)
IV G
Ambiente Câmara fria
B
0
30
60
90
120
150
0 3 6 9 12
armazenamento (meses)
n º d e s em e n tes g erm in ad as
Ambiente
mara fria
C
0
20
40
60
80
100
120
0 3 6 9 12
armazenamento (meses)
IV G
Ambiente Câmara fria
D
Figura 4. Germinação e IVG de sementes de mororó intactas (A; B) e escarificadas (C; D) submetidas a
condições de ambiente e câmara fria, em diferentes períodos de armazenamento (0, 3, 6, 9 e 12 meses)
De fato, foi observada uma tendência na diminuição da atividade da amilase (Figuras 5 B
e D), assim como, na formação de açúcares totais (Figura 5 A e C) nos períodos e condições
de armazenamento analisado.
Sementes de Bauhinia forficata mantiveram sua viabilidade acima de 90% quando
armazenadas em câmara fria a 5ºC ou em ambiente (22+2ºC) (Rosa & Ferreira, 2001),
enquanto que sementes de Bauhinia variegata armazenadas por um ano perderam sua
viabilidade e atingiram 0% de germinação (Das et al. 2003).
Por outro lado, Kanak (1999) e Gonzáles (2003) verificaram que para Bauhinia purpurea
a viabilidade e a germinação foram mantidas quando estas foram armazenadas em
53
refrigerador (3-5ºC), enquanto em condições de ambiente tiveram essas características
perdidas rapidamente.
0
1
2
3
4
5
6
0 24 48
tempo de embebição (h)
% acúcares soveis totais
0 meses 3 meses 6 meses 9 meses 12 meses
A
0
1
2
3
4
5
6
0 24 48
tempo de embebição (h)
% de açúcares soveos totais
0 meses 3 meses 6 meses 9 meses 12 meses
B
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
0 24 48
tempo de embebição (h)
ug de glicose/ mg de proteína/ minuto
0 meses 3 meses 6 meses 9 meses 12 meses
C
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
0 24 48
tempo de embebição (h)
ug de glicose/ mg de proteína/ minuto
0 meses 3 meses 6 meses 9 meses 12 meses
D
Figura 5. Teores de açúcares solúveis totais (A; B) e atividade da amilase g de glicose/ mg de proteína/
minuto) (C; D), de sementes escarificadas de mororó, armazenadas em ambiente (A; C) e em câmara fria (B; D)
por 0, 3, 6, 9,e 12 meses
54
CONCLUSÕES
Diante dos resultados apresentados pode ser concluído que para sementes de mororó:-
a) a redução do teor de água até 4% e o armazenamento por até 12 meses não altera a
capacidade de germinação.
b) O armazenamento em ambiente (~23ºC e 61% UR) é mais adequado do que em câmara
fria.
c) A escarificação é um método eficaz para o aumento da germinação. Embora o IVG
tenha diminuído no decorrer do período de armazenamento.
55
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59
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os estudos relacionados à fisiologia de germinação e armazenamento de sementes
são de fundamental importância para a manutenção de espécies nativas de múltiplo uso.
Assim, a realização de cada capítulo desta tese possibilitou verificar o
comportamento fisiológico de sementes de moro (Bauhinia cheilantha) e suas alterações
quando submetidas ao armazenamento.
A revisão de literatura apresentada evidenciou a escassez de trabalhos realizados,
relacionados à germinação e armazenamento de sementes de B. cheilantha.
O armazenamento das sementes de B. cheilantha em ambiente é o mais adequado
para manutenção do potencial germinativo. A escarificação química e a temperatura de 25ºC
são condições indicadas para se obter sucesso na germinação.
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