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Mestrado em Educação
A Produção sobre Educação Ambiental nos Mestrados
em Educação de Seis Universidades Fluminenses no
Período 1995-2005
SÉRGIO CÂNDIDO DE OSCAR
Dissertação de Mestrado
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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PETRÓPOLIS
A Produção sobre Educação Ambiental nos Mestrados
em Educação de Seis Universidades Fluminenses no
Período 1995-2005
Sérgio Cândido de Oscar
Dissertação Final de Pós-graduação Strictu sensu
submetida ao departamento de Educação da
Universidade Católica de Petrópolis como requisito
para obtenção do título de mestre em Educação.
Orientadora: Profª Drª Marlene Alves de Oliveira
Carvalho.
Petrópolis, RJ – Brasil
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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PETRÓPOLIS
Faculdade de Educação
Curso de Mestrado em Educação
“A produção sobre educação ambiental nos Mestrados em Educação de
seis universidades fluminenses no período 1995-2005
Mestrando: Sérgio Cândido de Oscar
Orientadora: Profª Drª Marlene Alves de Oliveira Carvalho
Petrópolis, 02 de Agosto de 2006.
Banca Examinadora:
____________________________________________________________
Profª Drª Marlene Alves de Oliveira Carvalho – Orientadora
___________________________________________________________
Prof. Dr. Antonio Maurício Castanheira das Neves
___________________________________________________________
Prof. Dr. Carlos Frederico Bernardo Loureiro
9
Dedico este trabalho à Juliana, por seu apoio
incondicional; a todos os professores do curso de
Mestrado em Educação da UCP e especialmente à Profª
Drª Marlene Carvalho por sua preciosa orientação.
10
RESUMO
O objetivo desta pesquisa foi mapear e analisar a produção acadêmica sobre
Educação Ambiental, nos Programas de Mestrado em Educação do Estado do Rio
de Janeiro reconhecidos pela CAPES. Argumenta-se que a Educação Ambiental tem
importante papel social a cumprir dentro e fora da escola e que a realização de
pesquisas pode ser um dos caminhos para alcançar o lugar que lhe cabe. Buscou-se
identificar as correntes teóricas presentes nas dissertações examinadas, para traçar
um retrato desta produção acadêmica no Estado do Rio de Janeiro, no período de
1995 a 2005. O recorte temporal justifica-se porque neste intervalo de tempo a
produção sobre o tema educação ambiental cresceu sensivelmente nos Mestrados
em Educação. A análise das dissertações fundamentou-se nos trabalhos de SAUVÉ
(2005), LOUREIRO (2004), REIGOTA (2005) e PELIZZOLI (2002) que
estabeleceram as definições das correntes teóricas presentes no campo de
conhecimento. Foram analisadas 21 (vinte e uma) dissertações produzidas nos
programas de Mestrado em Educação da Universidade Federal Fluminense,
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Pontifícia Universidade Católica do Rio de
Janeiro, Universidade Católica de Petrópolis e Universidade Estácio de Sá.
Concluiu-se que do ponto de vista teórico metodológico as dissertações filiam-se às
correntes crítica, holística, preservacionista, socioambiental e cartesiana. A
classificação de cada dissertação em determinada corrente foi realizada levando-se
em consideração os argumentos defendidos pelo respectivo autor para fundamentar
e justificar seu trabalho. Constatou-se que alguns dos autores adotam uma posição
eclética, empregando argumentos e conceitos de diferentes correntes teóricas.
Espera-se que este estudo possa oferecer aos professores em geral e aos
pesquisadores em educação ambiental, em particular, uma pequena amostra do
atual estágio de conhecimento que este campo oferece.
Palavras chave
Educação ambiental / correntes teórico-metodológicas/ meio ambiente
11
ABSTRACT
The purpose of this research was to map and analyze the academic
production on Environmental Education at CAPES recognized Masters Degrees
Programs in Education at Rio de Janeiro State.
Environmental Education has an important social role inside and outside
schools. Researches on this issue may be a way to reach its right place.
This study aimed to identify theoretical currents on examined dissertations and
design a profile of this academic production at Rio de Janeiro State, from 1995 to
2005.
The temporal scope is justified because production on Environmental
Education sensibly increased in Masters Programs in Education.
The dissertation analyses were based on SAUVÉ (2005), LOUREIRO (2004),
REIGOTA (2005) and PELIZZOLI (2002). These authors defined theoretical
tendencies present in this knowledge field. It was analyzed 21 dissertations produced
in Education Masters Programs at Universidade Federal Fluminense, Universidade
Federal do Rio de Janeiro, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro,
Universidade Católica de Petrópolis and Universidade Estácio de Sá.
From the theoretical-methodological point of view the dissertation were
classified as criticist, holistic, preservationist, socio-environmentalist and cartesianist.
The classification was established taking into account argumentation defended
by authors for foundation and justification of their studies.
Some authors adopted an eclectic position, using arguments and concepts of
distinct theoretical currents.
We expect that this study may offer to teachers and researchers on
Environmental Education, particularly, a little sample of present state of art of this
knowledge field.
Keywords: Environmental education, theoretical-methodological currents, environment.
12
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO..........................................................................................................13
1. A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL .........................................................19
1.1. A Educação Ambiental no Brasil.....................................................................25
1.1.1 Os Primórdios ...........................................................................................25
1.1.2 Os Parâmetros Curriculares Nacionais.....................................................26
2. EDUCAÇÃO AMBIENTAL: CORRENTES E TENDÊNCIAS.................................28
2.1. Sauvé e a Cartografia das Correntes em EA..................................................29
2.2. Loureiro e as Trajetórias e Fundamentos da EA ............................................33
2.3. Reigota e o Estado da Arte da EA no Brasil...................................................37
2.4. Correntes da Ética Ambiental Segundo Pelizzoli............................................40
2.5. Refletindo Sobre as Diversas Vertentes.........................................................44
3. ANÁLISE DAS DISSERTAÇÕES..........................................................................48
3.1 As Pesquisas...................................................................................................49
3.2 Objeto e Objetivos da Pesquisa.......................................................................51
3.3 Metodologia.....................................................................................................53
3.3. As Dissertações..............................................................................................54
CONCLUSÕES.........................................................................................................84
BIBLIOGRAFIA .........................................................................................................93
ANEXOS ...................................................................................................................96
13
INTRODUÇÃO
Desde o início de minha trajetória acadêmica no Curso de Geografia da
Universidade Federal de Juiz de Fora tive muito interesse em estudar as questões
ambientais relacionadas com a Educação. Neste campo do conhecimento, o
trabalho do educador é, sem dúvida, um dos mais importantes e urgentes, pois
vários dos desequilíbrios ambientais são hoje provocados por condutas humanas
geradas por apelos consumistas que incentivam o desperdício, e pelo uso
inadequado dos recursos naturais, como os solos, as águas e as florestas.
Tendo concluído a licenciatura em Geografia, comecei a trabalhar como
professor de ensino fundamental em escolas públicas do Município de Juiz de Fora.
Ali pude constatar que não bastam a formulação de propostas teóricas, a aprovação
de leis, a introdução de novas diretrizes curriculares e orientações didáticas nos
sistemas educacionais, nem a produção e distribuição de material pedagógico. É
necessário que haja mais apoio aos professores, e mais acompanhamento do que
acontece nas escolas, no espaço das salas de aula. É ali que a educação formal se
concretiza e que as ações planejadas transformam-se em realidade. A partir da
compreensão das diferentes situações do espaço escolar, pode-se estabelecer
condutas adequadas para facilitar o entendimento do mundo natural e cultural.
Uma de minhas experiências docentes mais marcantes aconteceu na Escola
Municipal Núbia Pereira Magalhães, localizada na periferia do Município de Juiz de
Fora. encontrei ambiente propício para apresentar um projeto de educação
14
ambiental, pois é uma escola municipal com características diferenciadas das
demais, que funciona em horário semi-integral e possui um sistema de oficinas para
atendimento dos alunos. Neste contexto, tínhamos possibilidade de contar com uma
jornada escolar mais longa para professores e alunos, o que facilitava a realização
de reuniões de planejamento.
O projeto de educação ambiental que apresentei contava com o apoio da
direção e inicialmente foi abraçado pela maioria do corpo docente, porém no
desenrolar das atividades surgiram algumas questões, entre elas uma pergunta que
se relaciona com esta dissertação: afinal, que tipo de educação ambiental estava
sendo proposta em nosso trabalho? Não impus orientação teórica, ao contrário,
deixei que cada grupo escolhesse e tomasse seu próprio caminho. O resultado foi
que o projeto fragmentou-se e tomou diferentes rumos nos ciclos da escola, ou seja,
o primeiro ciclo de educação infantil, para crianças de oito anos; o segundo ciclo,
para alunos de nove a onze anos e o terceiro, para os de doze a quatorze anos.
A fragmentação do projeto foi produtiva, possibilitando que cada grupo
efetivasse a seleção e organização de diferentes atividades, consideradas
apropriadas para a compreensão e discussão das questões ambientais. Alunos e
professores envolveram-se em atividades de teatro, danças, oficinas de reciclagem
de lixo, música, e palestras. O objetivo comum era colocar em prática ações
consideradas saudáveis, procurando incorporá-las ao cotidiano da escola e das
famílias dos alunos, promovendo a reflexão sobre a conduta dos seres humanos em
relação às questões ambientais, com vistas à formação de indivíduos capazes de
agir, individual e coletivamente, na busca por um ambiente mais equilibrado. Foi um
ano muito intenso e rico de aprendizagens.
15
No ano seguinte a escola adotou o tema sexualidade como foco dos projetos.
A questão ambiental foi deixada de lado e muito daquilo que havia sido desenvolvido
acabou caindo no esquecimento. No entanto, observei que o comportamento da
comunidade escolar ainda deixava a desejar, pois persistiam problemas como o
desperdício de água, luz e material escolar. Embora o projeto tivesse terminado,
restava ainda havia muito a alcançar em matéria de Educação Ambiental.
Esta experiência profissional me fez refletir sobre a complexidade da prática
da educação ambiental na escola. Comecei a me aprofundar neste campo de
conhecimento e a verificar que, na verdade, existiam diferentes formas de
abordá-lo.
Ao iniciar o mestrado em educação da UCP, optei por uma pesquisa que
respondesse à minha necessidade de conhecer mais sobre as correntes que
caracterizam a educação ambiental em nosso país. Parti para a formulação do
projeto de pesquisa, direcionando o olhar para o que os programas de Mestrado em
Educação estão produzindo sobre educação ambiental, no estado do Rio de Janeiro.
A pesquisa justifica-se pelo interesse em compreender o que se produz no
campo da educação ambiental dos nossos dias e descobrir em que medida o que
está sendo pesquisado pode fornecer subsídios para o trabalho na escola. Embora
perceba que no Brasil ainda existe uma grande distância entre a academia e a
escola de ensino fundamental e médio, reconheço a importância da aproximação
destes setores, e espero que minha dissertação venha a ser uma modesta
contribuição neste sentido.
Este trabalho tem dois objetivos principais, sendo um de cunho pessoal e
outro acadêmico. O primeiro aquele que alimenta a vontade de realizar pesquisa
é a vontade de descobrir, de aprender e apreender, de ter a oportunidade de ler uma
16
grande quantidade de trabalhos sobre educação ambiental para mergulhar no
universo de posições e questionamentos deste complexo campo do conhecimento.
Um pesquisador que tem a oportunidade de ter contato com uma grande quantidade
de trabalhos sai enriquecido, amplia seus horizontes sobre o tema e tem combustível
para alimentar os debates sobre educação ambiental nas escolas onde atua. Este
objetivo pessoal foi fundamental para definir o projeto de pesquisa.
O objetivo acadêmico é o de identificar as correntes da educação ambiental
presentes nos mestrados em educação, para oferecer aos professores em geral e
aos pesquisadores em educação ambiental, em particular, uma pequena amostra
das diversas vertentes que este campo oferece.
Definidos os objetivos e o objeto da pesquisa, busquei torná-la exeqüível
dentro dos limites de tempo e espaço a mim impostos pelas circunstâncias de ser
um mestrando-professor, em plena atividade profissional.
Conhecendo a importância da CAPES como instituição que regula, normatiza
e incentiva a produção científica na pós-graduação, verifiquei que no Estado do Rio
de Janeiro sete programas de Mestrado em Educação reconhecidos por essa
instituição e nestes decidi realizar a pesquisa. Após a definição dos limites
geográficos da pesquisa, optei por um recorte temporal de dez anos, ou seja, a
produção acadêmica de 1995 a 2005. Este recorte justifica-se pela constatação de
que neste período a pesquisa em educação ambiental teve um sensível crescimento,
conforme podemos verificar nos quadros abaixo (REIGOTA, 2005, p.5 e 6):
17
Quadro 1 – Produção sobre educação ambiental (EA) nos anos 90
ANO DE DEFESA
MESTRADO DOUTORADO LIVRE-DOCÊNCIA
1990 3 1 -
1991 5 - -
1992 8 2 -
1993 10 1 -
1994 11 1 -
1995 26 3 -
1996 14 - -
1997 23 3 -
1998 29 7 -
1999 30 6 -
TOTAL 159 24 -
Quadro 2 – Produção sobre EA nos primeiros anos do século XXI
ANO DE DEFESA
MESTRADO DOUTORADO LIVRE-DOCÊNCIA
2000 49 5 1
2001 20 9 -
2002 11 1 -
TOTAL 80 15 1
um aumento significativo do número de trabalhos na segunda metade da
década de 1990, o qual salta de 11, em 1994, para 26 no ano de 1995. Cai para 14
trabalhos em 1996, mas fica acima de 20 trabalhos anuais até 2001. No ano de 2002
são registrados 11 trabalhos sobre o tema. É importante destacar que na pesquisa
realizada por Reigota foram computados os trabalhos sobre educação ambiental
apresentados em diferentes programas de s-graduação, e não apenas em
18
educação, legitimando e expandindo a identidade multi, inter e transdisciplinar deste
camp. Segundo o autor:
Embora se destaque a produção dos Programas de s-graduação
em Educação, Educação Ambiental, Ecologia, Saúde Pública,
Desenvolvimento e Meio Ambiente e Psicologia, outros programas
mostram-se aptos para o tema. Entre eles destacamos os de
Comunicações e Artes, Engenharia, Serviço Social, Geografia, assim
como os de Tecnologia, Filosofia e Saúde Mental. (REIGOTA, 2005).
A constatação deste crescimento coloca a década de 1990 como um divisor
de águas para a educação ambiental. É nesta década que a pesquisa neste campo
do conhecimento começa a despertar maior interesse dos pesquisadores em
educação no Brasil e este fato justifica o recorte temporal deste trabalho.
Esta dissertação é um estudo de natureza bibliográfica, dividido em quatro
capítulos. O primeiro aborda a história da educação ambiental, particularizando
como se desenvolveu este campo do conhecimento no Brasil.
O segundo capítulo aborda correntes e tendências em educação ambiental,
segundo o ponto de vista dos autores que fornecem o quadro teórico da dissertação,
a saber, Sauvé, que desenha a cartografia das correntes em EA; Loureiro, que
analisou trajetórias e fundamentos da EA; Reigota, autor de um estado da arte”
sobre EA no Brasil e Pelizzoli, cujo foco principal são as correntes da ética
ambiental. O segundo capítulo termina com reflexões sobre as diversas vertentes
examinadas.
No terceiro capítulo estão especificados o objeto e objetivos do estudo, e a
metodologia. As dissertações que constituem o corpus de dados do presente
trabalho ali são descritas e classificadas segundo a corrente teórica a que estão
filiadas.
As conclusões são apresentadas no quarto capítulo.
19
1. A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Conhecer a História e os diversos contextos em que o processo histórico se
desenrola é fundamental para compreender o que acontece hoje. As questões
relativas ao Meio Ambiente se relacionam aos novos problemas que surgem no
mundo pós-industrial.
O começo dessas preocupações com as questões ambientais surgiu na
história recente com a necessidade de mudanças de atitude em relação às novas
formas de vida e às suas influencias no meio em que vivemos.
No final da década de 40 e na década de 50 tiveram início as preocupações
com as questões ambientais através da fundação da União Internacional para a
Proteção da Natureza (IUPN), por um grupo de cientistas ligados às Nações Unidas,
com o objetivo de proteger a natureza, desenvolver pesquisas e fazer campanhas de
divulgação e educação.
Na década de 60 a jornalista Rachel Carson escreveu o livro Primavera
Silenciosa, demonstrando a crescente perda de qualidade de vida causada pelo uso
indiscriminado de produtos químicos. Nesta época foram criadas as primeiras
organizações ambientais, como a World Wildlife Fund (WWF), a primeira
organização não governamental de ação mundial. Em 1971 foi fundado o
GREENPEACE.
Em 1965, na conferência de Educação da Universidade de Keele, na Grã
Bretanha, a expressão Educação Ambiental foi utilizada pela primeira vez, ao
20
mesmo tempo que se fazia a proposta de transformar este tema em parte essencial
da educação de todos os cidadãos. Reconhecendo a precariedade em que se
encontravam os sistemas naturais que sustentavam a vida do planeta, nasceu o
“Clube de Roma”
1
, com o objetivo de debater a crise ambiental.
Em 1972 aconteceu a primeira Conferência sobre Meio Ambiente Humano,
convocada pela ONU, durante a qual governos buscavam avaliar as questões
ambientais e encontrar soluções conjuntas. Surge, pela primeira vez, a preocupação
“oficial” de realizar um trabalho educativo que procurasse sensibilizar as pessoas
para as questões ambientais. A conferência gerou a “Declaração sobre o meio
ambiente humano” da qual constava um Programa de Educação Ambiental, que
visava a educar o cidadão para compreender e combater a crise ambiental mundial.
Assim, surgiu em Estocolmo a expressão Educação Ambiental, acompanhada de um
Programa de Educação, cujos objetivos eram aqueles definidos acima.
Fruto desse evento, em 1975 a UNESCO realizou em Belgrado um encontro
internacional sobre Educação Ambiental (EA), na qual se propôs que esta deveria
ser contínua, interdisciplinar, integrada a diferenças regionais e voltada para os
interesses nacionais. Deste encontro saiu a Carta de Belgrado. Este documento, que
continua sendo um marco conceitual no tratamento das questões ambientais,
estabeleceu as metas e princípios da Educação Ambiental. Tamm propunha que a
Educação Ambiental deveria ser contínua, multidisciplinar, integrada às diferenças e
voltada para os interesses nacionais.
A Recomendação 96 da conferência de Belgrado nomeia o desenvolvimento
da Educação Ambiental como um dos elementos críticos para combater rapidamente
1
O Clube de Roma é uma organização internacional cuja missão é "agir como um catalisador de
mudanças globais, livre de quaisquer interesses poticos, econômicos, ou ideológicos". A
organização busca analisar os problemas chave da humanidade. Seus trabalhos, como a publicação
em 1972 do notório "Limits to growth", possuem significativo impacto no cenário político internacional.
21
a crise ambiental do mundo. Esta nova Educação Ambiental deve ser baseada nos
princípios básicos delineados na Declaração das Nações Unidas.
Em 1977, celebrou-se em Tbilisi, ex-URSS, a Conferência Intergovernamental
sobre educação ambiental, que constitui até hoje o ponto culminante do Programa
Internacional de Educação Ambiental. Nessa conferência foram definidos os
objetivos e as estratégias pertinentes, em vel nacional e internacional. Postulou-se
que a Educação Ambiental é um elemento essencial para a educação global,
orientada para a resolução dos problemas, em favor do bem-estar da comunidade
humana. Acrescentou-se aos princípios básicos da Carta de Belgrado que a
Educação Ambiental deve ajudar a descobrir os sintomas e as causas reais dos
problemas ambientais, deve desenvolver o senso crítico e as habilidades
necessárias para resolver problemas, utilizar diversos ambientes educativos e uma
ampla gama de métodos para a aquisição de conhecimentos, sem esquecer da
necessidade de realização de atividades práticas e de experiências pessoais,
reconhecendo o valor dos conhecimentos prévios dos estudantes.
O avanço a ser destacado a partir dessa conferência é a relevância dada às
relações natureza-sociedade, à importância de desenvolver, através da divulgação
de informações (por meio de livros, filmes e outros meios de comunicação), a
sensibilidade diante das questões ambientais, principalmente entre as populações
mais ricas e com maior vel de educação. Ao lado disso, as organizações não-
governamentais desempenharam tamm um importante papel para a ampliação da
compreensão dos problemas ambientais.
A década de 80 foi marcada internacionalmente como um período de grandes
acidentes ambientais de efeitos desastrosos, como o da usina nuclear de Chernobyl.
Nesse mesmo período, foi criada pela ONU a Comissão sobre Meio Ambiente e
22
Desenvolvimento que inicia a relação entre Educação Ambiental e Desenvolvimento
Sustentável.
Vinte anos após Estocolmo e quinze depois de Tbilisi, ocorreu a Conferência
das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92), que se
transformou num momento especial também para a evolução da Educação
Ambiental. Além dos debates oficiais, dois, dentre os incontáveis eventos paralelos,
foram marcantes: a "1ª Jornada Internacional de Educação Ambiental", um dos
encontros do Fórum Global atraiu cerca de 600 educadores do mundo todo; e o
"Workshop sobre Educação Ambiental" organizado pelo Ministério de Educação e
Cultura (MEC).
Nesta conferência nasceu a agenda do Rio que visava a busca de meios de
cooperação entre as nações para lidar com problemas ambientais globais como
poluição, mudança climática, destruição da camada de ozônio, uso e gestão dos
recursos marinhos e de água doce, desmatamento, desertificação e degradação do
solo, resíduos perigosos, e a perda da diversidade biológica. A conferência culminou
na elaboração da Agenda 21, um programa pioneiro de ação internacional sobre
questões ambientais e desenvolvimentistas, voltado à cooperação internacional e ao
desenvolvimento de políticas para o Século XXI. Suas recomendações incluíram
novas formas de educação, preservação de recursos naturais e participação no
planejamento de uma economia sustentável.
Dez anos após a realização da Rio 92, as Nações Unidas novamente
patrocinaram, em agosto de 2002, uma reunião global em Johanesburg, África do
Sul. A Cúpula Mundial daquele ano, batizada de Rio+10, proporcionou aos líderes
mundiais a oportunidade histórica de estabelecer um novo acordo para um mundo
social, ambiental e economicamente sustentável. Neste encontro tamm foi
23
avaliada a implementação das propostas da Agenda 21, tendo sido verificados
grandes atrasos. Esta conferência pretendeu buscar um consenso na avaliação
geral das condições atuais e nas prioridades para ações futuras. As decisões
pretendiam reforçar compromissos de todas as partes para que os objetivos da
Agenda 21 fossem alcançados.
Analisando a história da EA a partir dos meados do século XX, é possível
perceber o interesse crescente pelo debate sobre fatores sociais, econômicos,
políticos e tecnológicos, entre outros, que afetam a saúde das populações e a
qualidade do meio ambiente. Ao mesmo tempo, é importante notar o quanto a
educação em geral, e a educação ambiental em particular, foram influenciadas pelo
movimento do Pós-Modernismo.
As tendências da Educação na pós-modernidade permitem e provocam
diferentes leituras e formas de interação com os espaços naturais e culturais que até
então eram reprimidas. Tomás Tadeu Silva (1999) considera que o pós-modernismo
anuncia um novo momento histórico. O autor aponta que as tendências da
Educação na pós-modernidade são dinâmicas e múltiplas. Verificam-se, na ótica
pós-moderna, novas manifestações sociais e ações políticas, atos de grupos e de
sujeitos que buscam expor e discutir questões
2
de gênero, raça e sexualidade. Junto
a estas manifestações tamm surgem movimentos ligados à saúde que defendem
ações educativas para diminuir a violência no trânsito, ações pró-educação
ambiental, a luta pela extinção do tabagismo e das drogas, a prevenção a DST e a
AIDS, a participação de ações contra a fome e a eliminação do analfabetismo.
2
A maioria destas demandas, principalmente as ligadas ao meio ambiente e a saúde, são tidas por
cientistas, políticos e jornalistas entre outros, como emergenciais, pois estão diretamente
relacionadas com a vida humana.
24
Nessa abertura à liberdade de expressão, em que se apóia a pós-
modernidade, fortalecem-se os movimentos ambientalistas
3
que acabam por se
refletir na Educação. A Educação Ambiental surge então como o “algodão entre os
cristais”, pois, nascida de uma reivindicação pós-moderna que denuncia a
incompetência da sociedade moderna-industrial para resolver questões como a
intolerância às diferenças, degradação do planeta ou a fome, ao mesmo tempo
apresenta em algumas de suas vertentes uma perspectiva metodológica
objetificante, instaurada pela epistemologia cartesiana. A propósito, Mauro Grün
afirma:
A distinção entre sujeito e objeto legitimará todo o procedimento
metodológico das ciências naturais. Hoje, praticamente todas as
pesquisas realizadas nas universidades são ainda sustentadas pelo
procedimento objetificante presente na lógica interna do dualismo
cartesiano. (GRÜN, 2002).
Este impasse alimentou e ainda alimenta o debate entre as diversas
tendências que se desenvolveram em relação à Educação Ambiental nas últimas
décadas, e entre elas a identificação de diferentes posturas éticas atreladas a
diferentes interpretações e formas de educação que são buscadas para análise e
estudo.
3
Para uma melhor compreensão deste movimento, ver LOUREIRO, Carlos F. B. O movimento
Ambientalista e o Pensamento Crítico: Uma abordagem política. Rio de Janeiro: Quartet, 2003.
25
1.1. A Educação Ambiental no Brasil
1.1.1 Os Primórdios
Na década de 50, foi criada a Fundação Brasileira para Conservação da
Natureza (FBCN), em 70 a AGAPAN (Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente
Natural). Em 73 surgiu a Secretaria Especial de Meio Ambiente (SEMA) no Distrito
Federal.
Na década de 80, houve um aumento do número de projetos de EA em todo
país, porém nenhum destes movimentos foi de grande expressão.
Em 1988, surgiram grandes avanços em relação a questão ambiental através
da Constituição Federal, cujo capítulo V é dedicado a este tema. Merecem destaque
os seguintes aspectos:
- Promoção da educação ambiental em todos os níveis de ensino e a
conscientização pública para a preservação do meio ambiente;
- Direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum
do povo e essencial à sadia qualidade de vida.
No ano seguinte, 1989, foi criado o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e
Recursos Renováveis (IBAMA), órgão responsável por executar o controle e
fiscalização ambiental nos âmbitos regional e nacional.
Em 1992, o Brasil sediou a Conferência Mundial de Meio Ambiente
organizada pela ONU ECO 92 –, com a participação das ONG’s do Brasil no
Fórum de ONG’s e na redação do Tratado de Educação Ambiental para Sociedades
Sustentáveis. Destacou-se o papel da Educação Ambiental na construção da
26
Cidadania Ambiental. Como foi dito, nasceu desta conferência a Agenda 21, um
programa de ações ligadas à questão ambiental, que foram recomendadas para
todos os países, a serem colocadas em prática a partir da data de sua aprovação
14 de junho de 1992 e ao longo de todo século 21. No capítulo referente à
educação, a Agenda 21 propôs um esforço global para fortalecer atitudes, valores e
ações ambientalmente saudáveis e que apóiem o desenvolvimento sustentável por
meio do ensino, da conscientização e do treinamento:
O ensino, o aumento da consciência pública e o treinamento
estão vinculados virtualmente a todas as áreas de programa da
Agenda 21 e ainda mais próximas das que se referem à
satisfação das necessidades básicas, fortalecimento
institucional e técnico, dados e informações, ciência e papel
dos principais grupos. (...) A Declaração e as Recomendações
da Conferência Intergovernamental de Tbilisi sobre Educação
Ambiental, organizada pela UNESCO e o PNUMA e celebrada
em 1977, ofereceram os princípios fundamentais para as
propostas deste documento. (Capítulo 36 da Agenda 21).
1.1.2 Os Parâmetros Curriculares Nacionais
Em 1995, foram iniciados os trabalhos de elaboração dos Parâmetros
Curriculares Nacionais a partir de estudos das propostas curriculares de estados e
de municípios brasileiros. Foram analisados dados sobre os alunos do ensino
fundamental que serviram de base para a elaboração da proposta curricular.
Lançados em 1996 pelo Ministério da Educação, os parâmetros trouxeram
sugestões, objetivos, conteúdos e fundamentação teórica dentro de cada área, com
o intuito de subsidiar o trabalho docente.
27
Enquanto as diversas áreas trabalhadas no ensino fundamental eram tratadas
de forma específica, em relação ao tema Meio Ambiente optou-se por um tratamento
interdisciplinar, junto a outros temas como ética, saúde, orientação sexual e
pluralidade cultural. Todos esses temas são considerados transversais.
Docentes de todo o país tiveram acesso a pias do documento que, na
prática, propõe que as questões ambientais (inclusive o estudo do ambiente escolar
e do local onde as crianças moram) permeiem os objetivos, conteúdos e orientações
didáticas em todas as disciplinas, no período da escolaridade obrigatória. Por
exemplo, nesta perspectiva, o aluno pode estudar os processos de ocupação do
espaço urbano nas aulas de Geografia, mas pode também, nas aulas de Português,
escrever o que vê neste espaço; nas aulas de Artes, trabalhar com música e pintura,
usar sucata para fabricar brinquedos, enfim desenvolver atividades que gerem
conhecimentos, valores e atitudes de cidadania. Assim, os PCN’s recomendam que
o tema meio ambiente seja trabalhado como linha orientadora do projeto pedagógico
da escola e, por conseqüência, do trabalho dos professores, que devem se adaptar
à realidade local bem como à faixa etária dos alunos.
Mesmo sendo incontestável que em todo o mundo e especificamente no
Brasil foram vividas grandes transformações em relação às questões ambientais,
ainda um imenso caminho a percorrer em busca de melhores condições de vida
para todos os seres deste planeta. Acredito que conhecer a evolução destes
acontecimentos até o momento permite uma maior compreensão e a possibilidade
de melhor planejar as ações futuras.
28
2. EDUCAÇÃO AMBIENTAL: CORRENTES E TENDÊNCIAS
Descrever as correntes e tendências da educação ambiental tornou-se uma
tarefa árdua, principalmente após o crescimento da pesquisa sobre esta área no
Brasil na segunda metade da década de 1990.
Para Sauvé (2005), a noção de corrente refere-se à perspectiva teórico-
metodológica, ou seja, uma maneira geral de conceber e praticar educação
ambiental. Nas palavras da autora:
A noção de corrente refere-se aqui a uma maneira geral de conceber
e de praticar a educação ambiental. Podem se incorporar, a uma
mesma corrente, uma pluralidade de e uma diversidade de
proposições. Por outro lado, uma mesma proposição pode
corresponder a duas ou três correntes, segundo o ângulo sob o qual
é analisada. Finalmente, embora cada uma das correntes apresente
um conjunto de características específicas que a distingue das
outras, as correntes não são, no entanto, mutuamente excludentes
em todos os planos: certas correntes compartilham características
comuns. (SAUVÉ, 2005, p. 17).
As correntes podem ser identificadas com maior clareza na literatura
especializada, quais sejam, as correntes preservacionista, ecossocialista, holística
ou socioambiental.
Muito recentemente surgiram alguns estudos elaborados com a intenção de
mapear as correntes da educação ambiental e a preocupação de organizar um
quadro teórico do pensamento da educação ambiental. Dentre os autores que
possuem esta preocupação, destacam-se nomes de expressão neste campo do
conhecimento no Brasil e no mundo como Pelizzoli (2003), Loureiro (2004),
29
Sauvé (2005) e Reigota (2005). Apresento a seguir uma breve explanação sobre
suas idéias, buscando destacar seus objetivos e como denominam as correntes,
bem como indicar as categorias utilizadas nas análises por eles realizadas.
2.1. Sauvé e a Cartografia das Correntes em EA
Em seu artigo Uma cartografia das correntes em educação ambiental”,
Sauvé busca classificar os trabalhos realizados em educação ambiental por
diferentes autores, chegando a identificar quinze variações de correntes.
A respeito das diferentes maneiras de conceber e praticar a educação
ambiental, Sauvé destaca algumas das perplexidades diante do campo do
conhecimento:
Agora, como o encontrar-se em tal diversidade de preposições?
Como caracterizar cada uma delas, para identificar aquelas que mais
convêm ao nosso contexto de intervenção, e escolher as que
saberão inspirar a nossa própria prática? (SAUVÉ, 2005, p. 17).
Na tentativa de sistematização, Sauvé divide as correntes da educação
ambiental em dois grupos. De um lado, as correntes naturalista, conservacionista/
recursista, resolutiva, sistêmica, científica, humanista, moral/ética, como sendo as
mais tradicionais e utilizadas com mais intensidade nas décadas de 1970 e 1980. No
segundo grupo, inclui as mais recentes, a saber, as correntes holística,
biorregionalista, práxica, crítica, feminista, etnográfica, da ecoeducação e da
sustentabilidade.
30
Reproduzimos abaixo o quadro elaborado pela autora para apresentar de
maneira sintética as diferentes correntes, destacando as quatro categorias que usou
para defini-las: a concepção dominante do meio ambiente, o principal objetivo
educativo, os enfoques e as estratégias dominantes. (SAUVÉ, 2005, p. 40-42).
Quadro 3 – Cartografia das Correntes em Educação Ambiental
CORRENTES
CONCEPÇÕES
DO MEIO
AMBIENTE
OBJETIVOS
DA EA
ENFOQUES
DOMINANTES
EXEMPLOS
DE
ESTRATÉGIA
Corrente
naturalista
Natureza Reconstruir
uma ligação
com a natureza
Sensorial,
experiencial,
Afetivo,
cognitivo,
criativo/
estético
Imersão,
Interpretação,
Jogos sensori-
ais, Atividades
de descoberta
Corrente con-
servacionista/
recursista
Recurso Adotar com-
porta
mento de
conservação.
Desenvolver
habilidades
relativas à
gestão ambi-
ental
Cognitivo
pragmático
Guia ou códi-
gos de com-
portamentos;
“Auditoria” am-
biental; projeto
de gestão/
conservação
Corrente
resolutiva
Problema Desenvolver
habilidades de
resolução de
problemas
(RP): do
diagnóstico à
ação
Cognitivo
Pragmático
Estudos de
caso: análise
de situações
problema
Experiência de
RP associada
a um projeto.
Corrente
sistêmica
Sistema Desenvolver o
pensamento
sistêmico: aná-
lise e síntese
para uma visão
global.
Compreender
as realidades
ambientais,
tendo em vista
decisões apro-
priadas.
Cognitivo Estudos de
casos: análise
de sistemas
ambientais.
Corrente
científica
Objeto de
estudos
Adquirir
conhecimentos
em ciências
Cognitivo
experimental
Estudo de
fenômenos
Observação
31
ambientais.
Desenvolver
habilidades
relativas à
experiência
científica
Demonstração
Experimenta-
ção
Atividade de
pesquisa
hipotético-de-
dutivo.
Corrente
humanista
Meio de vida Conhecer seu
meio de vida e
conhecer-se
melhor em re-
lação a ele.
Desenvolver
um sentimento
de pertença.
Sensorial
Cognitivo
Afetivo
Experimental
Criativo/ Esté-
tico
Estudo do
Meio
Itinerário
ambiental
Leitura de
paisagem
Corrente
Moral/ ética
Objeto de
valores
Dar prova de
ecocivismo.
Desenvolver
um sistema
ético.
Cognitivo
Afetivo
Moral
Análise de
valores
Definição de
valores
Critica de
valores sociais
Corrente
holística
Total
Todo
O Ser
Desenvolver as
múltiplas
dimensões de
seu ser em
interação com
o conjunto de
dimensões do
meio ambiente.
Desenvolver
um conheci-
mento “orgâ-
nico” do mundo
e um atuar
participativo
em e com o
meio ambiente.
Holístico
Orgânico
Intuitivo
Criativo
Exploração
livre
visualização
Oficinas de
criação
Integração de
estratégias
complementa-
res
Corrente
biorregionalista
Lugar de
pertença
Projeto comu-
nitário
Desenvolver
competências
em ecodesen-
volvimento
comunitário,
local ou regio-
nal.
Cognitivo
Afetivo
Experiencial
Pragmático
Criativo
Exploração do
meio
Projeto comu-
nitário
Criação de
ecoempresas
Corrente
práxica
Cadinho de
ação/ reflexão
Aprend
er em,
para e pela
ação.
Desenvolver
competências
Práxico Pesquisa-ação
32
de reflexão.
Corrente crítica
Objeto de
transformação,
lugar de eman-
cipação
Desconstruir
as realidades
socioambien-
tais visando
transformar o
que causa pro-
blemas
Práxico
Reflexivo
Dialogístico
Análise de
discurso
Estudo de
casos
Debates
Pesquisa-ação
Corrente
feminista
Objeto de
solicitude
Integrar os
valores femi-
nistas à rela-
ção com o
meio ambiente
Intuitivo
Afetivo
Simbólico
Espiritual
Criativo/
Estético
Estudos de
caso
Imersão
Oficinas de
criação
Atividades de
intercâmbio, de
comunicação
Corrente
Etnográfica
Território
Lugar de
identidade
Natureza/
cultura
Reconhecer a
estreita ligação
entre natureza
e cultura.
Aclarar sua
própria cos-
mologia.
Valorizar a di-
mensão cultu-
ral de sua rela-
ção com o
meio ambiente.
Experiencial
Intuitivo
Afetivo
Simbólico
Espiritual
Criativo/
estético
Contos, narra-
ções e lendas
Estudos de
casos
Imersão
Modelização
Corrente da
ecoeducação
Pólo de
interação para
a formação
pessoal
Cadinho de
identidade
Experimentar o
meio ambiente
para experi-
mentar-
se e
formar-
se em e
pelo meio
ambiente.
Constituir uma
melhor relação
com o mundo.
Experiencial
Sensorial
Intuitivo
Afetivo
Simbólico
Criativo
Relato de vida
Imersão
Exploração
Introspecção
Escuta sensí-
vel
Alternância
subjetiva/ ob-
jetiva
Brincadeiras
Projeto de de-
senvolvimento
sustentável
Recursos para
o desenvolvi-
mento econô-
mico
Recursos
compartilhados
Promover um
desenvolvi-
mento econô-
mico respei-
toso dos as-
pectos sociais
e do meio am-
biente.
Contribuir para
esse desenvol-
vimento.
Pragmático
Cognitivo
Estudo de
casos
Experiência de
resolução de
problemas
Projeto de de-
senvolvimento
de sustentação
e sustentável.
33
Extensa e detalhada, a classificação de Sauvé traz uma importante
contribuição para a pesquisa em educação ambiental. No entanto, algumas das
correntes sugeridas poderiam ser condensadas sem perda do objetivo da
classificação. Na conceituação organizada pela autora, as concepções atribuídas a
algumas correntes, como a naturalista e a conservacionista, ou a científica e a do
desenvolvimento sustentável, são muito próximas. Além disso, muitas das correntes,
como a própria autora afirma, possuem objetivos que se sobrepõem.
2.2. Loureiro e as Trajetórias e Fundamentos da EA
Carlos Frederico Bernardo Loureiro defende a educação ambiental crítica e
emancipatória. Uma das suas preocupações é discutir os problemas causados pela
educação ambiental que ainda reproduz fundamentos definidos na década de 1970.
Para o autor,
A ilusão que propicia este tipo de consenso produzido pela baixa
problematização teórico prática é a de que todos os educadores
ambientais se pautam em uma visão única de mundo, falam a
mesma coisa, possuem os mesmos objetivos no tratamento da
“questão ambiental”, mudando apenas o setor social em que atuam
(escolas, comunidades, unidades de conservação, meios de
comunicação, empresas etc.). Esse é um falso consenso que precisa
ser explicitado, analisado e superado. (LOUREIRO, 2004, p. 19).
Loureiro manifesta-se a favor de uma educação ambiental crítica que permita
o debate democrático em torno de questões relevantes do ponto de vista político e
social. (LOUREIRO, 2004, p. 21), partindo de uma matriz que considera a educação
como elemento de transformação social, sistematizada nas vertentes da pedagogia
34
histórico-crítica e pedagogia libertária, as quais hoje se desdobram em novas
concepções e tendências. Na vertente da pedagogia libertária, o autor dá ênfase
especial às contribuições de Paulo Freire, destacando algumas de suas idéias, que
mesmo sem intenção explicita, apresentam fortes implicações para a educação
ambiental. Um exemplo desta apropriação de Loureiro é a utilização do conceito de
educação “bancária” proposto por Paulo Freire:
Estabelecer a Educação ambiental sob premissas ‘bancárias’ é
favorecer uma educação tecnocrática e conservadora, que
serve para ajustar condutas e adaptar aqueles que estão ‘fora
da norma’ a aceitarem a sociedade tal como ela é, procurando
fazer com que os social e economicamente excluídos vivam
melhor sem problematizar a realidade, ou seja, uma educação
que procura ‘transformar a mentalidade dos oprimidos e não a
situação que os oprime’ (Freire, 1987: 60) o famoso mudar
para manter do jeito que está. (LOUREIRO, 2004, p. 27).
Loureiro demonstra de forma convincente a desigualdade causada pelo
sistema capitalista e os diferentes níveis de contribuição à degradação ambiental
causados pela espécie humana:
Afinal, quando dizemos que entre 20% e 40% da energia solar é
consumida por uma única espécie, o Homo sapiens, num percentual
muito superior ao de qualquer outra, é preciso entender que isso se
dentro de um determinado modo de produção, de acesso e de
uso desigual do patrimônio natural, tornando imprecisa a
generalização e impossível se equiparar o modo de vida de um
norte-americano com o de um africano. (LOUREIRO, 2004, p. 38).
Esta desigualdade irrefutável, porém, não impede a existência de blocos
hegemônicos que, por possuírem posição privilegiada, apresentam propostas de
mudança sem questionamentos profundos sobre a estrutura societária em que se
deu a degradação ambiental.
35
Acreditam que a crise ambiental não é determinada por uma crise
societária que marca a história contemporânea, assim, as dimensões
morais, comportamentais e tecnológicas, numa matriz instrumental,
passam a ser determinantes para se obter a sustentabilidade,
mesmo que no marco do capitalismo globalizado e suas leis de
mercado. (LOUREIRO, 2004, p. 40).
O pragmatismo na tomada de decisões e estabelecimento de políticas é
outro aspecto criticado por este pesquisador. Assim, as questões ambientais,
consideradas por diversos setores da sociedade como sendo questões “emergentes”
e “urgentes”, levam determinados grupos a tratá-las com ações rápidas e práticas.
Ações estas que muitas das vezes excluem aquelas ciências que não podem dar
resultados e respostas com a presteza necessária. Esta condição reflete um fazer
desconectado de reflexões mais profundas:
A supremacia do fazer sem articulá-lo ao pensar teorizado e à
compreensão dos diferentes modos de apropriação material que
resultam em percepções distintas do que é o risco e a vida; o
deslocamento da reflexão da ação instrumental; a fusão de
metodologias e técnicas de campos científicos distintos para resolver
problemas sem a explicitação de seus fundamentos; e a pregação da
ação conjunta de todos como se ssemos sujeitos inespecíficos e
atemporais levam a uma perigosa simplificação da “questão
ambiental” e à busca de soluções paliativas, imediatas, que são
válidas em determinadas conjunturas, mas que não alteram
substantivamente a lógica da sociedade, nem, em particular, da
racionalidade científica. (LOUREIRO, 2004, p. 42).
Quanto à questão da ética na educação ambiental, Loureiro a entende como
sendo o juízo que fazemos dentro de certas condições culturais nas quais nos
inserimos” (LOUREIRO, 2004, p. 49). Partindo desta visão, o autor conclui que:
Logo, não é a ética que determina unidirecionalmente o modo de
vida. Tal afirmação recai no idealismo (supremacia das idéias sobre
a dinâmica da vida e a realidade objetiva) e na dicotomização ao
colocar a vida material como uma expressão direta dos valores. Isso
é de extrema relevância destacar, pois é um erro central e recorrente
entre educadores ambientais que colocam a possibilidade de
36
mudança global como sendo um desdobramento “natural” das
transformações psicológicas e dos valores éticos pessoais, como se
estes estivessem fora da complexidade da vida, decidindo o modo
como agimos. (LOUREIRO, 2004, p. 49).
Loureiro reforça este argumento, ressaltando que:
Não mudança ética possível que ignora a sociedade em que se
move, recriando-a e sendo transformada por esta. Valores não são
um simples reflexo da estrutura econômica, mas se definem a partir
de condições históricas espeficas, influenciando tais condições pela
capacidade humana de ir além do existente, num movimento
dialético de mútua constituição de objetividade e subjetividade. Como
nos diz Morin, a ética do gênero humano está no desenvolvimento
conjunto da consciência individual para além da individualidade, da
participação comunitária e do sentimento de pertencimento a uma
espécie, num todo indivisível entre indivíduo/ sociedade/ espécie.
(LOUREIRO, 2004, p. 50).
Neste sentido, Loureiro uma importante contribuição para o debate sobre
as correntes éticas da educação ambiental, ao apontar a necessidade de ir além do
debate ético, reconhecendo os complexos processos históricos que estão por trás
das atuais conjunturas em que pretendemos trabalhar com educação ambiental. É
necessário compreender que estes processos pelos quais passou e ainda passa
nossa sociedade foram e são marcados pelas desigualdades socioeconômicas.
Assim é importante aprofundar o debate sobre este tema, uma vez que, ao buscar a
generalização de procedimentos, corremos o risco de cair em um reducionismo
improdutivo e incoerente.
37
2.3. Reigota e o Estado da Arte da EA no Brasil
Marcos Reigota, em "O Estado da Arte da Educação Ambiental no Brasil",
identifica os primórdios da pesquisa em educação ambiental no país e a sua
evolução ao longo das décadas de 1980 e 1990. Analisando o crescimento da
pesquisa e divulgação deste campo do conhecimento nas últimas décadas, sua
pesquisa objetivou colocar em evidência a cartografia desta ciência e suas principais
características pedagógicas e políticas.
Diferentemente da minha opção de trabalhar apenas com a produção dos
programas de pós-graduação stricto sensu em educação, a pesquisa de Reigota é
bem mais abrangente, incluindo trabalhos de programas nas áreas de Ecologia,
Psicologia, Engenharia e Geociências, entre outras.
Em uma pesquisa exploratória, com base em documentos de domínio público,
seu trabalho objetivou enforcar os aspectos pedagógicos e políticos da educação
ambiental, presentes nas teses e dissertações sobre EA defendidas universidades
brasileiras ou por pesquisadores/as brasileiros/as no exterior. Os dados foram
obtidos através do anúncio do projeto nas redes de EA e entre colegas da área.
Foram consultados bancos de dados, como o Prossiga do CNPq, catálogos de
programas de pós-graduação, bibliografia de artigos, livros, documentos diversos,
além das teses e dissertações que o autor examinou enquanto membro de bancas.
No total, o autor identificou uma tese de livre docência, 40 teses de doutorado e 246
dissertações. As categorias definidas pelo autor para definir os trabalhos como
sendo de EA foram os seguintes:
38
1. Trazem no título:
a) Educação ambiental e palavras-chave: meio ambiente, ensino,
práticas pedagógicas ou similares.
2. Abordam temáticas ambientais defendidas em Programas de Pós-
graduação em Educação.
3. Abordam temáticas educacionais e ambientais defendidas em Programas
de Pós-graduação como Saúde Pública, Ecologia, Psicologia, Sociologia,
etc.
4. Os/as pesquisadores/as são conhecidos publicamente como sendo
educadores/as ambientais, embora o título de seus trabalhos universitários
não explicite necessariamente suas relações com a educação ambiental.
5. Os/as pesquisadores/as não explicitam no tulo dos seus trabalhos
nenhuma relação com a educação ambiental, mas, quando consultados/as,
identificam sua pesquisa como sendo de educação ambiental.
Após o levantamento das dissertações e teses de acordo com as categorias
acima definidas pelo autor, o mesmo realizou uma análise de conteúdo a partir do
título das mesmas, estabelecendo como referencial teórico-metodológico os
seguintes itens:
Temática ambiental;
Características pedagógicas;
Contexto teórico-metodológico;
Características políticas.
Por fim, Reigota conclui relatando sua surpresa com a quantidade e a
diversidade temática abordada nas teses e dissertações defendidas em vários
39
programas de pós-graduação, no Brasil e no exterior. Destaca também o domínio
dos programas em educação deste tipo de produção, com cerca de 55% do total da
produção examinada por ele.
O autor enfatiza a importância de levar à frente este tipo de pesquisa:
Apesar de nossa pesquisa procurar ser a mais ampla possível,
sabemos que a mesma encontra-se longe de ser conclusiva e que
não esgotamos o assunto. Possivelmente estamos apenas iniciando
o processo de análise dos fundamentos políticos e pedagógicos da
produção brasileira. (REIGOTA, 2005, p. 15).
A pesquisa de Reigota é um marco importante na educação ambiental
brasileira, confirmando que este campo vem crescendo no Brasil nas últimas
décadas, principalmente a partir da segunda metade da cada de 1990. Sua
pesquisa tamm demonstra, que devido a este grande crescimento da produção
acadêmica, necessidade de estudá-la para entender seus caminhos e para uma
melhor divulgação e utilização de seus achados. Reigota propõe a ampliação e o
aprofundamento de seu trabalho com a constituição de um banco de dados
específicos, que poderá auxiliar futuras pesquisas com base nos fundamentos e
categorias.
Ressalta que sua pesquisa aponta para a necessidade de se ampliar,
estimular e diversificar a pesquisa em educação ambiental nos Programas de Pós-
graduação de todas as áreas. Aponta tamm para a necessidade de intensificar os
intercâmbios internacionais por meios dos quais os pesquisadores brasileiros
possam dialogar com os seus pares e conhecer outros contextos políticos, culturais,
sociais, educacionais e ecológicos.
Para o autor, a difusão da produção brasileira deve ser estimulada, para que
os/as pesquisadores possam ampliar a sua participação e influência (inter)nacional
40
na definição de políticas públicas para a educação ambiental, linhas de pesquisa e
docência sobre o tema.
2.4. Correntes da Ética Ambiental Segundo Pelizzoli
Marcelo Pelizzoli aborda o tema “Correntes da ética ambiental” descrevendo
algumas destas. Pelizolli inicia seu estudo informando que a base de sua temática
está na Filosofia: “Esta temática, em primeiro lugar, remete à área de Filosofia, Ética
e Ética Aplicada, tamm à Bioética e a uma filosofia práxica, contendo várias
interfaces”. (PELIZZOLI, 2002, p.11).
Dentre as correntes éticas apresentadas, aparece o Paradigma Cartesiano. O
autor destaca que a revolução científica, um dos marcos da modernidade no século
XVII, foi uma das causas da queda da enorme importância que se atribuía na idade
média às questões relativas a Deus, à alma e a ética, passando a vigorar a noção do
mundo como uma máquina. Neste período vigoram o mecanicismo e o materialismo
físico. “Diante disso tudo, o antigo conceito da Terra Mãe nutriente cai literalmente
“por terra”. O olhar sobre a vida torna-se rígido e mecanicista”. (PELIZZOLI, 2002,
p.20).
A seguir, o autor aborda a moral neoliberal, segundo a qual a liberdade é o
valor supremo. Nesta moral estão amparados os valores da ciência, da revolução
industrial, do avanço da tecnologia e da política liberal de mercado do sistema
capitalista.
41
A “ética” pressuposta nos defensores do mundo liberal e neoliberal
parte do princípio de que todos os homens buscam a felicidade
própria e não a da sociedade como um todo; aqueles que lutam
mais, galgam melhores postos e bens, até porque “as pessoas são
diferentes”, e com capacidades diferentes, e isso é que prevalece.
(PELIZZOLI, 2002, p.23 e 24).
Esta ética possui ainda características utilitaristas pois o valor do indivíduo se
realiza pela propriedade de bens. A partir de uma posição conservadora, afirma que
os problemas ambientais não são considerados graves e a tecnologia dará conta de
resolvê-los.
As perspectivas de uma ética ecossocialista são postas pelo autor como uma
crítica ao capitalismo, ou seja, ...o capitalismo teria uma base ideológica que se
conjuga num duplo processo de exploração: o homem explorando o homem e o
homem explorando a natureza” (PELIZZOLI, 2002, p.39). Assumindo tal ponto de
vista, argumenta que a sociedade não pode se estruturar cegamente a partir da
globalização econômica, em que a economia é entendida como “técnica de
produção ilimitada de riqueza” pela exploração dos “recursos” da natureza e da
intervenção tecnológica. Uma solução seria repensar os valores e estilos de vida que
seguem as demandas de mercado no capitalismo. Pelizzoli critica destacada a
questão ambiental no socialismo real:
Os impactos ambientais do socialismo real (na ex-URSS) e do
capitalismo não diferem muito, pois ambos estão baseados na noção
de progresso e de ciência e de ser humano vindas da Revolução
Científica e Industrial. (PELIZZOLI, 2002, p.41).
A ética holística apresentada pelo autor tem como um dos seus maiores
defensores o físico austríaco Fritjof Capra. Esta corrente parte de uma visão
integradora (holística), numa construção ou até re-ligação da harmonia humana em
conjunção com o ambiente vivo. Capra parte da identificação de uma crise para
42
propor soluções. A propósito, Pelizzoli afirma: “O primeiro passo de Capra é mostrar
que estamos vivendo uma crise profunda, complexa, multidimensional, que afeta a
todos os níveis de nossa vida...” (2002, p.52). Desta forma, uma das conclusões de
Capra é a de que “se a crise é profunda, demanda-se mudanças igualmente
profundas nas estruturas e instituições sociais...” (2002, p.53).
Pelizzoli analisa as relações do cristianismo com a ética ambiental,
mencionando pontos polêmicos como os levantados pelo teólogo brasileiro
Leonardo Boff, em: “Ecologia: Grito da Terra, grito dos pobres”. Nesta obra, Boff
levanta pontos de conotação anti-ecológica na tradição judeu-cristã: “Patriarcalismo:
os valores masculinos ocupam os primeiros espaços sociais. Deus mesmo é
apresentado como pai e senhor absoluto...” (2002, p.79). O antropocentrismo: para
Boff o texto bíblico é revelador ao dizer: “sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a
Terra e submetei-a; dominai sobre os peixes do mar, as aves do céu”[...] (Gn 1, 28)
[...](BOFF, 1995. p. 125 apud PELIZZOLI, 2002, p.79).
O cristianismo sustenta a crença na queda da natureza, conforme Boff no
texto bíblico: maldita seja a Terra por tua causa” (Gn 3,17). A idéia de que a Terra
com tudo que nela existe e se move seja castigada por causa do pecado humano
remete a um antropocentrismo sem medida. Esta demonização da natureza [...]
amargurou a vida, pois colocou sob suspeita o prazer, realização da plenitude,
advindos do trato e da fruição da natureza. (BOFF apud PELIZZOLI, 2002, p.80).
Segundo o autor, Boff propõe que:
Enquanto o ser humano não se sentir e não se assumir, com
jovialidade e leveza, na solidariedade cósmica e na comunidade dos
viventes em processo aberto, em maturação e em transformação
também pela morte e assim religado a tudo, ele se isolara, se
dominado pelo medo e usará o poder contra a natureza, rompendo a
aliança de paz e amor para com ela. (PELIZZOLI, 2002, p.80).
43
Na ética da compaixão e co-responsabilidade, são levantados alguns
aspectos das influencias orientais, através do budismo. Pelizzoli destaca o
pensamento de Dalai Lama, reconhecido na atualidade como a figura de maior
destaque neste meio e chama a atenção para a afirmação do líder religioso: “Em
ética para um novo milênio afirma que a insatisfação das pessoas, fruto do egoísmo,
apego e desejo, estão na origem da destruição ecológica e desintegração social”.
(PELIZZOLI, 2002, p.87).
Na interpretação de Pelizzoli, Dalai Lama ainda critica o incessante
crescimento econômico, a infelicidade causada e vivida pelos ricos, a desigualdade
e injustiça causada nas relações norte-sul. (PELIZZOLI, 2002, p.87).
Outra corrente destacada nesse estudo é a do princípio da responsabilidade,
do filósofo e ecólogo Hans Jonas. Este afirma a vulnerabilidade da natureza,
acompanhada da complexidade e da consciência de que já efeitos atuais de
causas antigas não previstas. Agora, é toda a biosfera que entra em cena e está em
jogo. Jonas afirma ainda que:
Não se trata apenas de defender a Natureza por que senão nós
padeceremos inevitavelmente, mas pensar em ética e direito próprio
da Natureza [...] em nosso caso de crise socioambiental atual, o
saber adquire novo peso e responsabilidade, ‘um dever urgente’,
jamais pensado e exigido: ‘o saber de ser de igual escala que a
extensão causal de nossa ação. O reconhecimento da ignorância
será pois, o reverso do dever de saber e, deste modo, será uma
parte da ética [...]’ (JONAS, 1995, p.35 apud PELIZZOLI, 2002. p.99).
Finalmente é mencionada, nesta obra, a ética da alteridade do filósofo e
fenomenólogo Emmanuel vinas, que apesar de não ter em sua obra um foco
direto nas questões ambientais traz uma importante contribuição, como observa
Pelizzoli:
44
(...) a questão da Natureza, do ambientalismo, é uma questão de
(eco) ética, ambiental no sentido profundo, o que significa que se
trata de modos de relação, de concepções de mundo ligadas a
concepção de ser humano e, em especial, de alteridade, do sentido
que damos àquilo que nos ultrapassa mas diz respeito, de Outrem
em sua diferença. A operação aqui é aproximar a abordagem da
Natureza do conceito de Outro, interligar a ela o estatuto da
alteridade, ou seja, ela é mais do que posso conhecer/dominar; ela
tem vida própria, e deve ser acolhida em sua dignidade. (PELIZZOLI,
2002, p.110).
2.5. Refletindo Sobre as Diversas Vertentes
Os quatro autores aqui discutidos, além de apresentarem grandes
contribuições para o avanço da pesquisa em educação ambiental, são as
referências mais recentes deste tipo de estudo no Brasil. Seus trabalhos sustentam
reflexões e expressam desconfiança em relação a trabalhos ingênuos que apenas
reproduzem antigos discursos, proferidos nos primeiros encontros sobre as
questões ambientais no início da década de 1970.
Nos estudos aqui apresentados, fica claro que não existe apenas um método,
apenas uma estratégia ou apenas uma forma de pensar e realizar a educação
ambiental no Brasil. O planejamento de um trabalho em educação ambiental envolve
uma análise das correntes existentes e da realidade vivida por professores,
pesquisadores
4
, escolas, alunos e comunidades. Realidade esta que está sujeita a
diversos fatores como o socioeconômico, o histórico e cultural, entre outros.
Na obra de Pelizzoli, verificamos uma atenção especial à questão ética.
Reconhecemos a ética como um ponto que não pode ser desprezado. Nas grandes
cidades brasileiras podemos constatar que a relação ser humano/ natureza ainda é
4
Durante a realização da análise das dissertações, ficou claro que a pesquisa em educação
ambiental sofre grandes influências da formação do autor e da realidade vivida pelo mesmo.
45
dicotômica. Antes mesmo de verificarmos a dicotomia entre os seres humanos e a
natureza, verificamos a separação existente entre os próprios seres humanos e
entre as classes sociais. Não é possível pensar um mundo livre das ameaças de
escassez de ar e a água limpa, sem a poluição da atmosfera, da destruição da
camada de ozônio, ou da extinção de algumas espécies animais, sem antes
resolvermos os problemas que assolam a própria humanidade que está longe de
compreender a si própria e de resolver seus conflitos sociais.
Esta compreensão envolve sem duvida a ética. Como pensar na deterioração
do planeta como uma injustiça para com a nossa geração e, maior ainda, para com
as gerações futuras, dos nossos descendentes, sem estarmos sendo éticos? E será
que quando voltamos nossos olhos para a humanidade e verificamos que mazelas
como a fome, a insegurança, o desemprego e outras tantas que assolam a nossa
sociedade, não nos vem à mente que estas poderiam ter um encaminhamento mais
frutífero se tivéssemos uma postura ética para solucioná-las?
Muitas das correntes éticas apresentadas por Pelizzoli oferecem elementos
para encarar os desafios impostos pelo cruel sistema de relações sociais em que
vivemos. Não culpamos somente o capitalismo, mas também o sistema político-
administrativo que imprime um distanciamento entre governo e população e que
torna cada vez mais frias as relações humanas, diminuindo a credibilidade no
sistema político. O resultado é uma população de homens e mulheres
desacreditados e sem esperança no próprio futuro. Neste cenário, trabalhar as
questões ambientais é um desafio que se torna cada vez mais complexo. Aprender a
escrever, a dominar operações básicas da Matemática ou conhecimentos de História
e Geografia, por terem um desdobramento prático, ainda pode despertar o interesse
daqueles que enxergam no caminho da educação uma saída para alcançar
46
melhores condições de vida e posições na sociedade, mesmo que não tenham
preocupação com o futuro de seus semelhantes. a educação ambiental, muitas
das vezes não apresenta vantagens visíveis e nem traz para o indivíduo resultados
imediatos. Seus resultados estão quase sempre localizados no futuro de médio e
longo prazo. EA é um campo do conhecimento associado a valores culturais e
sociais.
Pelizzoli nos apresenta várias correntes da ética ambiental, algumas das
quais envolvem até mesmo aspectos de cunho religioso. Acreditamos que todas
podem ser significativas dentro das diferentes realidades encontradas no território
brasileiro.
O trabalho de Loureiro é mais contundente na crítica contra o sistema
capitalista que submete as camadas mais pobres da nossa população. O autor se
opõe aos trabalhos que dão respostas às questões ambientais sem problematizá-las
suficientemente, deixando a impressão de que a maioria dos educadores ambientais
possui a mesma visão de mundo. Esta posição vai ao encontro do que pensamos,
pois, reconhecemos e aceitamos a existência de diferentes éticas a respeito das
questões ambientais, apesar de ainda verificarmos no discurso de muitos
educadores, que se dizem estudiosos da questão ambiental, argumentos que pouco
evoluíram desde os anos 1970.
A pedagogia freriana defendida por Loureiro ajusta-se a uma posição ética
libertadora e emancipadora que possibilidade, através da educação, para que os
indivíduos das camadas populares tenham uma chance de libertação das forças
opressoras que concentram as riquezas nas mãos dos capitalistas. Esta chance de
libertação porém é limitada pelo sistema que reproduz a desigualdade. A educação
ambiental pode ser uma opção para a quebra deste sistema.
47
O trabalho de Sauvé é bastante amplo. A autora realiza uma classificação na
qual nos apoiamos para definir os parâmetros de análise de nosso trabalho.
Conforme podemos verificar na tabela anteriormente reproduzida, sua classificação
toma como base concepções do meio ambiente, objetivos da EA, enfoques
dominantes e estratégias. Em nosso trabalho vamos optar por uma classificação
mais restrita, buscando condensar as (15) quinze correntes sugeridas em um menor
número.
A contribuição de Marcos Reigota também é fundamental para nosso
trabalho. Em uma tentativa de conhecer melhor a pesquisa em educação ambiental
no Brasil, o autor buscou em programas de pesquisa de diversas áreas as
dissertações de mestrado e teses de doutorado sobre o tema.
Foi possível com seu trabalho ter uma idéia geral sobre a educação ambiental
no Brasil, principalmente no aspecto quantitativo. Os dados analisados por Reigota
restringem-se apenas ao título e resumo das obras. Acreditamos que este trabalho
deve ser continuado, como o próprio autor sugere. Este tamm é o nosso objetivo
aqui: realizar uma pesquisa mais aprofundada, analisando as obras selecionadas
por inteiro, lendo integralmente os trabalhos acadêmicos em pauta.
48
3. ANÁLISE DAS DISSERTAÇÕES
Antes de apresentar a análise dos trabalhos selecionados, é importante
explicitar os pressupostos em que me baseio a respeito do campo do conhecimento
denominado educação ambiental (EA). Entendo que a educação ambiental deve ter
como objetivo a valorização de todas as formas de vida, mas principalmente a
valorização da vida humana. A partir daí é possível pensar nas relações entre as
pessoas, entre os grupos sociais e o meio natural.
Acredito que a educação ambiental deve contribuir para o desenvolvimento de
ações críticas tendo em vista as relações entre os grupos humanos e a natureza.
Para isso, deve apoiar-se em preposições teóricas que ultrapassem a ingenuidade
da concepção preservacionista/ conservacionista, e superem a lógica formal dos
conceitos cartesianos, buscando uma postura crítica em face do mundo, sua
evolução sociohistórica, e as particularidades de cada conjuntura. Aos pressupostos
de organização do mundo natural e social pré-estabelecidos (pela natureza e pela
razão), a dialética contrapõe o movimento construído pelos sujeitos históricos.
Para Loureiro:
A defesa de uma racionalidade dialética que afirma, não
romanticamente ou idealmente, mas com base na compreensão
histórica e seu movimento contraditório, a possibilidade de mudança
global das relações sociais que definem diferentes tipos de
sociedade, é indispensável para que se possa vislumbrar a
realização de um projeto ambientalista emancipatório. Somente
podemos pretender um mundo novo se temos a convicção de que
este pode ser construído pela ação consciente dos sujeitos, que são
49
multidimensionais e que se realizam em determinados contextos.
(LOUREIRO, 2004, p. 117).
Considerando que a Educação Ambiental é parte da educação como um todo
e indissociável da mesma, acredito que deve contribuir para o desenvolvimento dos
indivíduos e de suas relações com a natureza e com os outros seres humanos. Seu
objetivo deve ser potencializar a atividade humana, tornando-a mais plena. Para isso
é necessário o desenvolvimento de uma metodologia de EA que organize os
processos de transmissão/apropriação crítica de conhecimentos, atitudes e valores
políticos, sociais e históricos. A EA deve articular teoria e prática e mediar a
apropriação, pelos sujeitos, das qualidades e capacidades necessárias à ação
transformadora e responsável do mundo em que vivemos.
3.1 As Pesquisas
Constatou-se que o percentual de pesquisas sobre EA, em relação ao total de
pesquisas desenvolvidas na área de Educação no Brasil, praticamente triplicou entre
as décadas de 1980 e 1990. Este recente crescimento, verificado na produção
acadêmica brasileira, pode ser entendido como reflexo da importância que as
questões ambientais ganharam e ainda vêm ganhando no cenário nacional e
internacional.
O aumento não foi apenas quantitativo; houve também avanço qualitativo
revelado por novas abordagens e propostas de pesquisa em EA. Estas propostas
são encontradas tanto nas dissertações de mestrado e teses de doutorado, como
tamm na literatura específica. Cresceu a publicação de livros de Educação
50
Ambiental no Brasil e surgiram diversas correntes ligadas a este campo,
principalmente a partir da segunda metade da cada de 1990. Algumas destas
correntes e muitos dos pesquisadores que as defendem vieram a público a partir de
tentativas de realizar a EA nas escolas. Encontram-se, nas entrelinhas destes
trabalhos, o reflexo das contradições de um país gigantesco e multicultural como o
Brasil, além da influência da literatura estrangeira, que penetra no país.
Com base nas obras de Pelizzoli (2003), Loureiro (2004), Sauvé (2005) e
Reigota (2005) apresentadas e discutidas no capítulo anterior –, defini algumas
posições teórico-metodológicas e selecionei seis correntes como as mais presentes
nas obras analisadas. O quadro abaixo apresenta uma síntese das seis correntes
com seus princípios e argumentos.
Quadro 4 – Síntese de seis correntes
CORRENTE PRINCÍPIOS/ARGUMENTOS
1
Crítica
Muito próxima dos Ecossocialistas, esta
corrente é identificada na obra de
importantes pesquisadores/autores da
educação ambiental brasileira como
Loureiro (2004).
2
Preservacionista/
Conservacionista
Bastante presente nos países do nort
e, mas
tamm no Brasil, organiza-se em torno da
preocupação de preservar os recursos
naturais, mantê-los intocados, protegendo a
flora e a fauna do contato humano e da
degradação.
51
3 Holística
Reconhece a interdependência fundamental
de todos os fenômenos e o perfeito
entrosamento dos indivíduos e das
sociedades nos processos cíclicos da
natureza. Tem como seu principal ícone o
ecólogo norte-americano Fritjof Capra.
4 Socioambiental
Destaca a estreita relação dos problemas
sociais com o atual estado de degradação
ambiental do Planeta.
5 Ecosofia
Pressupõe articulação éticopolítica entre as
três ecologias: meio ambiente, relações
sociais e subjetividade humana.
(GUATTARI, 1993).
6 Cartesiana
Defende que todos os impactos ambientais
serão minimizados ou bloqueados pelo
desenvolvimento da ciência matemática e
tecnológica e não pela educação.
3.2 Objeto e Objetivos da Pesquisa
Conforme anteriormente exposto, a pesquisa teve como objetivo mapear as
correntes hoje existentes na educação ambiental (EA), tal qual aparecem nas
dissertações de mestrado em Educação. Para isto, buscou-se identificar posições
teóricas, conceitos e argumentos defendidos pelos autores em seus trabalhos.
52
Ao realizar o levantamento dos programas de Mestrado em Educação no
estado do Rio de janeiro, constatou-se a existência de sete universidades com
programas reconhecidos pela CAPES e um total de vinte e três dissertações sobre
EA defendidas nessas instituições no período de 1995 a 2005, conforme quadro
abaixo:
Quadro 5 – Trabalhos defendidos nos programas de Mestrado do estado do Rio de
Janeiro reconhecidos pela CAPES entre os anos de 1995-2005.
Universidade Nº Trabalhos 1995 – 2005/1º Sem
A 5
B 5
C 7
D 3
E 1
F 2 (não localizados)
G 0
TOTAL 23
Fonte: Pesquisa do autor.
Das sete instituições, uma o tem ainda nenhum trabalho específico sobre
educação ambiental; trata-se de programa bastante recente, que formou poucos
alunos. Por outro lado, não foi possível ter acesso aos trabalhos da Universidade “F “
que se encontrava em greve de professores e funcionários, no período em que a
pesquisa de campo foi realizada. Várias tentativas de conseguir acesso ao material
foram feitas, mas resultaram infrutíferas, pois a greve prolongou-se por muitos
meses. Para não prejudicar o cumprimento do cronograma de pesquisa, optou-se
por excluir esta instituição, na qual, aliás, só foram identificadas duas dissertações.
53
3.3 Metodologia
Visitando as bibliotecas das instituições contempladas, selecionei os trabalhos
de educação ambiental, identificando os mesmos através dos títulos e/ ou palavras-
chave que traziam os termos Educação Ambiental, Meio Ambiente ou termos
similares. Passei à leitura integral dos trabalhos encontrados destacando os
seguintes aspectos: autor, orientador, título, Universidade, objeto, objetivo,
argumento(s), metodologia, conclusões e correntes.
A classificação das dissertações segundo as diversas correntes constituiu o
maior desafio deste trabalho. Em primeiro lugar, porque muitas das vezes a linha ou
fronteira que divide certas correntes é muito nue; em segundo lugar, porque
trabalhos em que os autores assumem uma posição eclética, defendendo princípios
de mais de uma corrente. Assim, para fazer a classificação dos trabalhos, organizei
estas informações em grades de análise, que resumem os dados coletados (Anexos
1 a 21). Numa segunda leitura, destaquei nos textos os argumentos utilizados pelos
autores, procurando extrair afirmações pontuais que justificassem enquadrá-los em
determinada corrente.
Por questões éticas, optei por manter o anonimato dos autores. Os nomes
das instituições foram representados por letras e os nomes dos autores e autoras e
dos orientadores e orientadoras por letras e números. O orientador é designado pela
letra O e autor, pela letra A, sem distinção de gênero. Por exemplo: A Universidade
A com cinco trabalhos apresenta o Autor A1, A2, A3, A4 e A5 e os orientadores O1,
O2, O3, O4 e O5. Nas instituições em que dois ou mais trabalhos foram orientados
pela mesma pessoa, o número de orientadores é menor que o número de autores.
54
3.3. As Dissertações
Para chegar a esta fase do trabalho foram lidas as 21 (vinte e uma)
dissertações, que oferecem um rico material para os estudiosos de EA.
Segue-se uma análise mais detalhada dos trabalhos selecionados,
apresentados separadamente, por Universidade. Ao final, os dados estão
consolidados através de gráficos e quadros.
Trabalhos da Universidade A:
Os 5 trabalhos defendidos nesta Universidade foram orientados por 4
professores, sendo as dissertações número 4 e 5 orientadas pelo mesmo docente do
programa de pós-graduação (AO4). A seguir, apresento uma descrição sucinta e
uma breve análise dos trabalhos desta Universidade.
Quadro 6 – Trabalhos da Universidade A.
AUTOR ORIENTADOR
DEFESA
TÍTULO
01
AA1 AO1 1995 Educação Ambiental na Escola: Para
Além das disciplinas
02
AA2 AO2 1996 A representação social da fauna –
Uma contribuição à Educação
Ambiental
03
AA3 AO3 1996 Educação Ambiental: Consensos e
Embates
04
AA4 AO4 2000 Concepções de Meio Ambiente: Um
55
olhar sobre um curso de Licenciatura
em Ciências Biológicas
05
AA5 AO4 2002 A Educação Ambiental nos
Contextos Escolares: Para além da
limitação compreensiva e da
incapacidade discursiva
Trabalho 01: Educação Ambiental na Escola: Para Além das Disciplinas
O autor AA1 define como objeto de pesquisa a sua trajetória de experiências
em educação ambiental. Busca contextualizá-las estabelecendo quatro eixos de
análise:
eixo: Percurso de vida e processos de formação: Justifica-se afirmando que
“...Uma análise do percurso de vida faz-se necessária porque permite-nos visualizar
a articulação existente entre a vida pessoal e a vida profissional” (p. 57), e
argumenta que a influência que recebemos em nosso percurso profissional
atravessa uma geração de professores.
eixo: Condições de trabalho: Neste eixo, AA1 discute a forma como os
aspectos materiais ao longo de sua carreira profissional possibilitaram ou
dificultaram o seu desenvolvimento.
eixo: dinâmica do conceito de educação: Aqui o autor, embasado no conceito
de ecosofia
5
, ou das três ecologias (Meio ambiente, relações social e subjetividade
5
GUATTARI, Félix. As Três Ecologias. Campinas: Cortez, 1993.
56
humana), faz uma classificação da representatividade de cada um desses três
registros ecogicos em oitos de suas experiências em educação ambiental.
eixo: Uso do espaço-tempo curricular e o desenvolvimento organizacional
da escola: Neste eixo o autor pretendeu analisar, cada uma de suas experiências e
observar como elas se relacionaram com a estrutura organizacional da escola, de
caráter obrigatório ou opcional; se intradisciplinares ou extradisciplinares; caso
fossem intradisciplinares, numa única disciplina ou em mais de uma. Cotidianas ou
esporádicas.
A metodologia aplicada é um misto de “história de vida” e autobiografia, que
possibilita localizar o ator social dentro de um contexto sócio-histórico, analisando as
relações entre acontecimentos individuais e processos histórico-sociais, levando em
consideração o vivido no seu próprio cotidiano.
Com relação às conclusões, o trabalho aponta a necessidade da escola
desenvolver, através de “novos componentes curriculares” (como a Educação
Ambiental), dimensões humanas que têm sido historicamente interditadas. Para isso
deve-se trabalhar dialeticamente subjetividade e racionalidade.
Nesse trabalho o autor explicita sua ligação com a corrente “ecosofia”
(GUATARRI, 1993):
o conceito desenvolvido por Guatarri conhecido como ecosofia, no
qual ele defende uma articulação ético-política, entre as três
ecologias: a do meio ambiente, a das relações sociais e a da
subjetividade humana, tornou-se a referência teórica básica da
concepção de educação ambiental presente neste trabalho. (AA1,
1995, p.11).
57
Para o autor existe uma práxis educativa que é humana, da intrínseca relação
que possuímos com o meio físico e social.
Trabalho 02: A representação social da fauna Uma contribuição a Educação
Ambiental
O autor AA2 define como objeto de pesquisa a representação que crianças de
escolas públicas do ensino fundamental têm sobre a fauna. Seus objetivos o:
identificar as representações de fauna; verificar se as crianças conhecem a fauna
brasileira e estrangeira e alertar os educadores sobre a realidade dos dados.
Segundo o autor “é necessário conhecer para preservar”. Ele acredita que a
formação de uma “consciência” ambiental está relacionada com a possibilidade de
oferecer às pessoas a oportunidade de conhecer noções básicas sobre natureza,
suas leis, seus princípios fundamentais.
Trata-se de um estudo exploratório de natureza qualitativa, tendo como
instrumentos quatro tipos de testes, sendo dois sobre conhecimentos sobre animais,
um teste misto (exploração) e um teste associativo
6
.
O autor conclui que a fauna exótica de grande porte, com destaque para a
africana, é mais conhecida e de maior apelo para os sujeitos pesquisados do que a
fauna brasileira. Comenta que tanto a literatura estrangeira quanto a brasileira
utilizam a fauna africana com mais freqüência. Constatou o desconhecimento sobre
a fauna brasileira por parte dos sujeitos da pesquisa. O desconhecimento sobre a
6
Teste 1: Sondagem inicial sobre conhecimento da fauna: Associação de fotografias de animais a nome de
animais; Teste 2: Cartões fotográficos: apresentação de quarenta e cinco cartões fotográficos e a formulação de
quatro perguntas para cada cartão, sendo que dez eram relativas a animais estrangeiros e as demais a animais
brasileiros; Teste 3: Associação livre: Foram dadas dez “palavras-chave” aos sujeitos da pesquisa que deveriam
escrever três outras palavras referentes as idéias que formassem; Teste 4: Questionário: apresentou perguntas
diretamente formuladas com o objetivo de verificar a existência de dois conceitos entre os sujeitos (conceitos de
animal silvestre e animal em extinção).
58
espécie Eira barbara (irara), chega ao extremo, com zero acertos entre os
entrevistados. Também constatou a falta de “sentimento nativista” mais consolidado
na população brasileira, que, de modo geral, tende a valorizar aspectos exteriores à
vida brasileira é a cultura do importado. A pesquisa escolar abrangeu crianças de
classe média baixa (escola pública) a classe média alta (escola particular), não
tendo sido registradas diferenças entre os estratos sociais pesquisados.
O trabalho é nitidamente filiado à corrente da conservação e preservação; o
autor reafirma seu argumento de “conhecer para preservar”. Em um trecho de seu
trabalho esta posição fica ainda mais explicita: “O objetivo da educação para a
conservação da natureza é, basicamente, o de mudar a atitude das pessoas, de tal
modo que resultem comportamentos de conservação e não de destruição” (AA2,
1996, p.29).
Trabalho 03: Educação Ambiental: Consensos e Embates
Este trabalho teve como metodologia observações emricas e coleta de
depoimentos, com o objetivo de identificar os pontos consensuais e contraditórios no
campo da Educação Ambiental.
Baseando-se no argumento de que a crise ambiental é reflexo da crise do
modelo de sociedade urbano-industrial, o autor afirma a “necessidade de uma
proposta de Educação Ambiental crítica que aponte para as transformações da
sociedade em direção a paradigmas de justiça social e qualidade ambiental”.
Trata-se de uma enquete, por meio de aplicação de questionário, à qual se
somou a revisão bibliográfica.
Nas conclusões o autor destaca a perda do caráter crítico da Educação
ambiental, permitindo assim a manutenção do "status quo" determinado pelos
59
interesses da indústria capitalista. No discurso ecológico presente na sociedade,
cabe ao educador escolher a concepção de educação que referenciará a prática
educativa.
Para este autor é necessária uma proposta de educação ambiental crítica,
pois a abordagem conservadora de EA é diretamente comprometida com o atual
modelo societário. Esta posição é defendida em todas as fases de seu trabalho,
conforme constatamos no trecho abaixo:
Endossando as teses anteriormente expostas, chega-se ao
encaminhamento seguinte: necessidade de uma proposta de
educação ambiental progressista, ou como prefiro, uma educação
ambiental crítica que aponte para as transformações da sociedade
em direção a paradigmas de justiça social e qualidade ambiental.
(AA3, 1996, p.29).
Trabalho 04: Educação Ambiental: Concepções de Meio Ambiente: Um olhar
sobre um curso de Licenciatura em Ciências Biológicas.
Esta pesquisa baseou-se nos depoimentos de estudantes do curso de
licenciatura em Ciências Biológicas de uma universidade fluminense, objetivando
compreender as dimensões da formação dos futuros professores de Biologia, no que
se refere à questão ambiental.
O autor destaca a necessidade de os educadores conquistarem condições de
trabalho que permitam refletir acerca daquilo que os alunos vivenciam no seu
cotidiano.
Trata-se de um estudo de caso em que o autor optou por uma análise
qualitativa dos dados obtidos nos depoimentos dos alunos e professores do curso de
Ciências Biológicas.
Na conclusão, sugere que questões como pobreza, saneamento básico, falta
de políticas preventivas devem ser ponto de partida para diversas disciplinas do
60
curso de Ciências Biológicas. Os conhecimentos dos conteúdos da Biologia devem
estar situados em uma perspectiva que contemple tamm aspectos sociais,
políticos e econômicos. Considera que faltam aos alunos do curso de licenciatura em
Ciências Biológicas condições de desenvolver projetos de Educação Ambiental.
O autor posicionou-se na corrente Socioambiental, ao defender uma maior
preocupação com os aspectos sociais, diferentemente do que o curso de Biologia
oferece, ou seja, uma formação em que o meio ambiente é reconhecido apenas
como uma área natural, desassociado das relações sociais:
...é imperativo que as condições sociais em que vive a população
sejam levadas em consideração. Isto deve ser o ponto de partida
para discussões nas aulas das diversas disciplinas do curso d
licenciatura de Ciências Biológicas. (AA4, 2000, p.150).
Trabalho 05: A Educação Ambiental nos Contextos Escolares: Para além da
limitação compreensiva e da incapacidade discursiva.
Os dados utilizados neste trabalho foram coletados em uma escola pública
federal, na cidade do Rio de Janeiro, com professores e alunos do primeiro ciclo da
educação básica, a partir de observações (dos encontros pedagógicos e das aulas),
entrevistas e vídeo-gravação de uma excursão realizada no Jardim Botânico.
O objetivo do trabalho foi compreender a complexidade dos fenômenos
ambientais e buscar as relações existentes entre o discurso escolar e a
compreensão destes fenômenos.
Para o autor, o entendimento das relações auxilia na superação das
limitações compreensivas que apresentamos diante dos problemas ambientais.
A metodologia do trabalho é descrita por AA5 como “estudo metadisciplinar”
ou seja, segundo o autor, no tratamento dos dados, buscou-se encontrar as ligações
61
existentes entre as teorias utilizadas no trabalho, não ocultando as realidades
globais.
Conclui afirmando que, para compreendermos a realidade em toda a sua
complexidade, devemos conceber a realidade que é tecida em cada momento
histórico, como única e irreproduzível. Defende a necessidade da visão de mundo
cartesiana-newtoniana que impregna o currículo escolar. Posiciona-se na corrente
holística, defendendo a necessidade de tentar conceber e compreender a realidade
de forma mais ampla:
Devemos compreender que, para concebermos a realidade em toda
a sua complexidade, precisamos começar a conceber a realidade
que é tecida em cada momento histórico, como única e
irreproduzível; precisamos conceber que esta realidade é tecida a
partir de cada um dos elementos-acontecimentos que a compõem e
que participam de sua organização. (AA5, 2002, p.153).
Neste grupo de trabalhos da Universidade A predominou a pesquisa
relacionada ao ambiente escolar, sendo que três tiveram como cenário a escola e
como sujeitos, alunos e professores. Também em três destes trabalhos verifica-se a
crítica ao currículo escolar. Para os autores os atuais currículos escolares não são
eficazes para o desenvolvimento da EA.
Cabe aqui destacar aqui o estudo de caso realizado pelo autor AA4. Neste
trabalho verificamos a preocupação de iniciar as mudanças a partir da formação do
professor. No caso deste estudo o pesquisador propõe uma quebra da visão
cartesiana do biólogo, abrindo a visão deste profissional para as questões sociais
que também estão ligadas a EA.
Trabalhos da Universidade B:
Nesta Universidade tamm foram encontrados cinco trabalhos:
62
Quadro 7 – Trabalhos da Universidade B.
AUTOR ORIENTADOR
DEFESA
TÍTULO
01
BA1 BO1
1998
A educação Ambiental na formação
do professor para o ensino
fundamental em Porto Velho - RO
02
BA2 BO2
2002
Parâmetros Curriculares Nacionais e
Educação Ambiental: a
transversalidade na prática -
Uma
experiência em Rio Branco - AC
03
BA3 BO3
1999
Concepções de Meio ambiente:
Bases para o estudo ambiental nas
escolas
04
BA4 BO4
1996
O compromisso do Professor de
Enfermagem com a qualidade de
vida dos alunos
05
BA5 BO4
1999
O conhecimento da eletroquímica
industrial e sua interação no
processo educativo, visando
estabelecer conceitos nos processos
industriais e no meio ambiente
Os trabalhos defendidos nesta Universidade foram orientados por 5
professores diferentes, como veremos a seguir.
63
Trabalho 01: A educação Ambiental na formação do professor para o ensino
fundamental em Porto Velho - RO
O autor BA1 define como objeto de pesquisa a Implantação da temática
educação ambiental no curso de formação de professores para as quatro primeiras
séries do ensino fundamental, tendo como objetivo verificar como ocorreu este
processo.
O autor defendeu o argumento que a educação, em sua ação mediadora, é
chamada a desencadear a luta pela formação da consciência crítica e ambiental.
Para isso a inserção da educação ambiental no currículo escolar é fundamental.
A metodologia aplicada foi o estudo de caso, através da uma abordagem
qualitativa. O pesquisador realizou a coleta de dados no período de agosto a
dezembro de 1997, tendo como campo de estudo uma escola da rede estadual e
uma escola da rede municipal de Porto Velho, Rondônia. As escolas escolhidas
eram as únicas do município a oferecerem a modalidade de ensino normal sendo,
portanto, as responsáveis pela inserção no sistema escolar de grande parte dos
professores de ensino fundamental.
O autor constatou que a temática educação ambiental não estava presente
nos cursos analisados, embora tenha sido abordada de forma marginal por alguns
professores do curso. Constatou também a ausência de contextualização dos
conteúdos e a falta de ligação entre as disciplinas e o ambiente social.
Deixa clara sua posição crítica ao afirmar que a inserção da Educação
Ambiental no currículo de formação dos professores deve centrar-se na prática e na
reflexão dessa prática, de modo que os conhecimentos adquiridos possam ser
transformados em crescimento intelectual, social, político e participativo, fornecendo
subsídios para a condução do processo crítico-analítico das questões sócio-
64
ambientais: A educação em sua ação mediadora é chamada a desencadear a luta
pela formação da conscncia crítica e ambiental, inserindo no currículo escolar o
componente educação ambiental” (BA1, 1998, p.15).
Trabalho 02: Parâmetros Curriculares Nacionais e Educação Ambiental: a
transversalidade na prática - Uma experiência em Rio Branco - AC
Este trabalho teve como objeto a Implantação do tema transversal Meio
Ambiente, presente nos PCN's, em uma escola da rede pública estadual na cidade
de Rio Branco-Acre. O objetivo é analisar como esta implantação foi realizada,
buscando: explicar o significado teórico, político, econômico e cultural do Tema
Transversal Meio Ambiente no currículo e evidenciar relações e conflitos que
aproximam e distanciam o currículo prescrito nos PCN’s do currículo vivenciado nas
escolas.
O autor concebe educação e currículo como partes integrantes das relações
sociais, políticas e culturais vigentes, as quais são profundamente marcadas pelas
desigualdades e contradições inerentes ao sistema capitalista.
A opção metodológica foi pelo estudo de caso, utilizando-se da cnica de
análise de conteúdo das entrevistas. Do total de 79 (setenta e nove) escolas
públicas estaduais localizadas em Rio Branco, foi escolhida de modo intencional a
escola apontada pela Secretaria de Educação como pioneira no trabalho com o meio
ambiente.
O autor conclui pela necessidade de conscientização coletiva de todos os
sujeitos envolvidos nas práticas educativas e pela necessidade de capacitação e
instrumentalização dos professores. Considera que trabalhar com educação
ambiental exige um processo de sensibilização dos professores/as e alunos/as e a
65
construção de um projeto político pedagógico das escolas a partir de pressupostos
teóricos indissociáveis da prática da Educação Ambiental como interdisciplinaridade,
participação e sensibilização. Para o autor o entendimento e aplicação destes
conceitos podem possibilitar a construção de uma Educação ambiental crítica,
corrente com a qual se identifica, conforme verificamos no trecho citado a seguir:
“Abraçar a causa da educação ambiental crítica implica abraçar a causa dos que
lutam pelo fim da opressão e das relações dicotômicas homem-natureza. É lutar
para ser sujeito da história” (BA2, 1998, p.153).
Trabalho 03: Concepções de Meio Ambiente: Bases para o estudo ambiental
nas escolas.
O objetivo do trabalho é identificar as concepções de meio ambiente de
alunos do 1º segmento do ensino fundamental das escolas da rede pública de
Nitei. O material empírico analisado são entrevistas e desenhos.
O autor defende que a educação ambiental, a partir de uma base de
representação social do meio pelas crianças, remete a um processo que envolve um
vigoroso esforço de reformulação de comportamentos, de criação de valores e de
reflexão sobre a vida.
Trata-se de um estudo descritivo de natureza qualitativa, realizado no
município de Niterói, em escolas da rede municipal, ligadas à Fundação Pública
Municipal de Educação de Niterói. As escolas escolhidas para amostra
representaram as 5 (cinco) Regiões de Planejamento definidas pelo plano diretor do
município. Em cada escola, e, em cada rie, foi selecionada uma turma com maior
número de alunos.
66
O autor conclui que as concepções de meio ambiente das crianças são
impregnadas de cenas de violência, poluição, acidentes e problemas sociais próprios
dos contextos pesquisados. Na maioria dos casos, o que as crianças disseram não
foi ouvido nem aprendido na escola, mas sim na mídia. O autor considera que,
quando conhecemos as concepções de meio ambiente das crianças, podemos
caracterizar suas formas de relacionamento com este tema, sinalizando pistas para
alternativas de ações pedagógicas mais significativas, dentro de um enfoque político
da Educação Ambiental e de análise do cotidiano como espaço de intervenção
direta. Argumenta o autor que a Educação Ambiental enquanto tema transversal no
currículo pode constituir-se como projeto pedagógico, construído a partir do estudo
das concepções dos alunos, trazendo para a escola a questão ambiental emergente
bem como a discussão da realidade social existente, com suas desigualdades e
injustiças, rompendo com o olhar ingênuo e com o conformismo. Na sua visão a
Educação Ambiental deve ser crítica:
A educação ambiental enquanto tema transversal no currículo pode
constituir-se como projeto pedagógico, construído a partir do estudo
das concepções dos alunos, trazendo para a escola a questão
ambiental emergente bem como a discussão da realidade social
existente, com suas desigualdades e injustiças, rompendo com o
olhar ingênuo e com o conformismo diante dele. (BA3, 1998, p.51).
Trabalho 04: O compromisso do Professor de Enfermagem com a qualidade de
vida dos alunos
O autor buscou neste trabalho perceber se os professores de enfermagem,
em atuação no nível médio, têm algum compromisso com a qualidade de vida dos
seus alunos.
67
Segundo o autor, o processo educativo que abrange a relação de dois ou
mais seres humanos, em um determinado momento, tem que ser mediado por
compromissos de ambas as partes.
A população escolhida abrangeu professores e licenciados de Enfermagem
que estavam exercendo atividades de docência na área de estudo e alunos dos
cursos técnicos e auxiliares de enfermagem. Foram aplicados questionários e
realizadas entrevistas.
O autor conclui que os professores entrevistados possuem pouca experiência.
Porém, pequena parcela dos alunos preocupa-se com o fato do professor ser
competente ou experiente. Argumenta que é necessário o mínimo de vivência nas
disciplinas que se propõe a ensinar e critica a falta de vocação encontrada nos
professores entrevistados.
Este estudo enquadra-se em uma posição crítica quando o autor destaca que
o professor mudará sua relação com o ambiente que o cerca quando se dispuser
a utilizar o seu conhecimento de vida (e não somente o dos bancos acadêmicos),
auxiliando o aluno a crescer enquanto ser humano localizado no mundo e na
história, como cidadão participante e profissional consciente. No fragmento abaixo,
sua posição crítica é destacada: “A educação precisa demonstrar as contradições
que existem dentro da sociedade e que existem também em seu próprio interior,
oportunizando aos indivíduos a capacidade de perceber o que existe ao seu redor”.
(BA4, 1996, p.17).
68
Trabalho 05: O conhecimento da eletroquímica industrial e sua interação no
processo educativo, visando estabelecer conceitos nos processos industriais
e no meio ambiente.
O trabalho objetivou analisar o conhecimento de eletroquímica já adquirido
por alunos do ensino fundamental e depoimentos de alunos dos cursos de
engenharia Química e Química industrial sobre o ensino-aprendizagem da
eletroquímica industrial. Propõe uma abordagem curricular e um programa para a
disciplina eletroquímica industrial, com uma visão ambiental dirigida aos cursos de
engenharia química, de química industrial e de engenharia metalúrgica.
O autor argumenta que o processo de construção do conhecimento na
eletroquímica industrial converge na formação da consciência técnica crítica em
eletroquímica, na elaboração de tecnologias limpas, e conseqüentemente, na
preservação ambiental. Utilizou-se a técnica das entrevistas semi-estruturadas, com
o objetivo de garimpar conhecimentos de eletroquímica adquiridos por alunos do
ensino fundamental e por pessoas comuns, que lidam, sabendo ou não, com
objetos, instrumentos e/ou equipamentos baseados nas técnicas de eletroquímica. A
metodologia utilizada para analisar os depoimentos foi a análise de conteúdo.
O autor conclui que a eletroquímica será a cnica do terceiro milênio, tanto
na produção de metais, produtos inorgânicos e orgânicos, quanto no tratamento de
efluentes industriais. A crença de que a ciência exata é a principal saída para os
problemas ambientais vividos pela humanidade enquadra esta obra na corrente
Cartesiana, conforme o trecho: “As pesquisas cruzadas das áreas-chaves, que
proverão a base de tecnologia do futuro, apontam a tecnologia eletroquímica
como vetor de deslocamento de várias tecnologias tradicionais”. (BA5, 1998, p.232).
69
Verifica-se que neste grupo de trabalhos da Universidade B tamm a escola
é o principal cenário de pesquisa, bem como os alunos são os sujeitos que mais
aparecem. A maioria dos pesquisadores desta instituição posicionaram-se na
corrente crítica, com exceção do autor BA5 que se posicionou de forma bastante
contundente na corrente denominada cartesiana.
Cabe destacar o trabalho do autor BA1 que demonstra preocupação com a
inserção do tema educação ambiental na formação de professores do ensino
fundamental e do autor BA2 que verifica na prática a deficiência na formação dos
professores ao analisar a implantação do tema meio ambiente em uma escola
pública conforme orientação dos PCN’s. Concordo com o autor, pois considero
deficiente a formação dos professores que chegam as escolas e que esta deficiência
reflete-se no desenvolvimento da educação ambiental nas escolas.
Trabalhos da Universidade C:
Nesta Universidade também foram defendidas sete dissertações durante o
período analisado:
Quadro 8 – Trabalhos da Universidade C.
AUTOR ORIENTADOR
DEFESA
TÍTULO
01
CA1 CO1
1998
Coleta seletiva de lixo nas escolas e
parceria com empresa: Relato crítico
de uma experiência
02
CA2 CO2
2003
A Escola vai ao Jardim e o Jardim vai
à Escola: A dimensão Educativa do
Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
70
03
CA3 CO1
1997
Poder, Cultura e sustentabilidade: a
educação ambiental em uma unidade
de conservação
04
CA4 CO3
1998
Trilhas da natureza: jogo de percurso
e reencantamento
05
CA5 CO1
2002
Os saberes das docentes que
trabalham em educação ambiental:
considerações de uma professora
06
CA6 CO1
2003
O papel das representações sociais
na Educação Ambiental
07
CA7 CO1
2001
Meio ambiente e Educação: O que
pensam os formadores de opinião
Os sete trabalhos concluídos sobre o tema Educação ambiental, foram
orientados por apenas três professores. Cinco trabalhos são orientados por um
mesmo professor. Segue uma análise detalhada dos trabalhos desta Universidade.
Trabalho 01: Coleta seletiva de lixo nas escolas e parceria com empresa:
Relato crítico de uma experiência
O objetivo deste trabalho foi analisar os programas de coleta seletiva
implantados em escolas públicas de Juiz de Fora, buscando evidenciar as
contradições existentes no desenvolvimento de parcerias escola/empresa.
O autor defende que a educação Ambiental não é neutra, mas ideológica e
que os programas de coleta seletiva partem uma ideologia utilitarista.
71
Trata-se de uma pesquisa qualitativa, cujos instrumentos foram entrevistas
semi-estruturadas e análise documental. O trabalho foi realizado em escolas e
empresas envolvidas em projetos de reciclagem. As escolas foram selecionadas a
partir de um contato com a Secretaria Municipal de Educação de Juiz de Fora, que
indicou 10 (dez) estabelecimentos que realizaram continuamente a coleta seletiva
em parceria com a indústria de reciclagem durante os anos de 1994/1996.
Entre suas conclusões o autor destaca que as empresas geralmente possuem
uma postura menos política e mais ligada às técnicas de gestão (Reciclagem). O
consumismo ainda impera. As escolas reproduzem o discurso empresarial e falta
uma postura crítica aos coordenadores da campanha, embora algumas escolas
tenham adotado esta postura.
O autor afirma que a sociedade de consumo, principalmente dos países ricos,
vem sendo marcada por um estilo de vida baseado em altos padrões de produção e
consumo. O consumo desnecessário e a produção crescente de bens contribuem
para o esgotamento e a contaminação dos recursos naturais e a perpetuação das
condições de pobreza dos países periféricos. Considera que a proposta de um novo
estilo de vida exige a libertação do consumidor das necessidades artificialmente
impostas pela sociedade de consumo e isso requer um processo de aprendizado,
uma conscientização, sendo que a contribuição da educação nesse processo é
fundamental. O trabalho pertence à corrente crítica da EA, devido a seus princípios
críticos de questionamento dos paradigmas vigentes na sociedade industrial de
consumo:
A escola, ao reproduzir o discurso da empresa dando ênfase à
reciclagem, reforça o discurso oficial defendido por atores vinculados
aos governos e instituições financeiras multilaterais sobre as
mudanças de pades de consumo que vêem também na reciclagem
a solução prioritária para o problema do lixo. (CA1, 1998, p. 77).
72
Trabalho 02: A Escola vai ao Jardim e o Jardim vai a Escola: A dimensão
Educativa do Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
Este trabalho teve como objeto a dimensão educativa do Jardim Botânico,
com o objetivo de examinar as relações do Jardim Botânico do Rio de Janeiro com o
público escolar, através de práticas educativas desenvolvidas na Universidade.
Para o autor, conhecer os encontros e desencontros que acontecem nas
relações da Universidade com seu público ajuda a entender o desenvolvimento da
função educativa do Jardim Botânico.
A metodologia utilizada foi a pesquisa qualitativa, priorizando a perspectiva
dos professores de escolas públicas de educação infantil e ensino fundamental. A
pesquisa de campo foi feita em dois momentos, observando o treinamento de
professores e as visitas escolares e visitando escolas, onde foram entrevistados 25
(vinte e cinco) professores que haviam passado por atividades no Jardim Botânico.
Entre suas conclusões o autor destaca que Jardins Botânicos (JB) se
reestruturam em termos de identidade e estratégias. Foi percebida uma demanda
crescente das escolas solicitando o constante acompanhamento dos agentes do JB
durante as visitas. Existe falta de preparo (ou formação específica) dos agentes do
JB para interagir com o público escolar, assim como a dificuldade de acesso dos
professores às pesquisas realizadas pelo JB. Os professores que visitam o JB são
experientes, acreditam na realização de um trabalho dinâmico, suas experiências
pessoais estão ligadas aos programas de visitas. O treinamento dado pelo JB aos
professores é considerado interessante pelos mesmos, porém insuficiente.
O autor destaca a importância de se reconhecer o papel preferencial dos
Jardins Botânicos para possibilitar vivências e diálogos que aproximem sociedade e
natureza, visando conscientizar para a necessidade da conservação biológica.
73
Porém, afirma sua postura crítica ao destacar que é fundamental expandir os
objetivos conscientizantes da visão comportamental, restrita a mudanças de atitudes
e inseri-los na perspectiva na qual conscientizar-se implica no movimento dialético
entre o desvelamento crítico da realidade e ação social. Em relação às relações
entre o Jardim Botânico e os professores, o autor coloca que:
A ampliação no enfoque de parceria com os professores, da forma
como aparece nos projetos do setor educativo, pode se mostrar uma
contribuição mais efetiva, onde o componente reflexivo-crítico seja
mais contemplado, articulando mundo natural e social numa
perspectiva ampla e relacionada ao exercício da cidadania (CA2,
2003. p.119).
Trabalho 03: Poder, Cultura e sustentabilidade: a educação ambiental em uma
unidade de conservação.
O objeto deste trabalho foi o processo de implantação de uma Área de
Proteção Ambiental (APA) no estado do Rio de Janeiro com o objetivo de discutir
como construir, através de relações sociais, uma interação mais saudável entre
homem e natureza.
Para o autor, a tendência atual de algumas unidades de conservação é
integrar as populações humanas ao projeto de conservação.
A metodologia utilizada foi o estudo de caso. O autor apresenta e discute as
mudanças que ocorreram em Serrinha do Alambari, desde o período de área
agrícola até o projeto de criação e implementação da APA.
O autor conclui que a questão ética ganha espaço no plano das relações
humanas e políticas. Não existe uma receita pronta para construir uma nova cultura
e uma nova mentalidade. Considera que num período mais recente da história surge
a mesma necessidade que o homem urbano do início do século sentia de retornar
ao mundo natural”. O desejo de alternar o estilo de vida urbano com mergulhos na
74
natureza tem origem nas evocações nostálgicas de um passado rural de abundância
e felicidade, um complexo o resolvido de apegos e imagens que entrelaçam a
relação do homem urbano com o campo e a natureza. O trabalho enquadra-se na
corrente preservacionista, conforme verificamos no trecho: “O retorno às fontes
naturistas representa uma tentativa, ainda que não aprofunde suas críticas aos
problemas do projeto moderno, de reorganização da vida social”. (CA3, 1997, p.69).
Trabalho 04: Trilhas da natureza: jogo de percurso e reencantamento.
O objeto de estudo deste trabalho foram as atividades de caminhada por
trilhas, realizadas com crianças de 7 a 14 anos no Parque Nacional da Floresta da
Tijuca nos anos de 1994 a 1997. O objetivo foi desvelar a estrutura dinâmica da
atividade, seu universo simbólico, à luz dos estudos sobre o ato de brincar, jogos de
percurso e representação do meio ambiente.
O autor sustentou o argumento de que existe necessidade de ampliar o
conhecimento sobre as contribuições oferecidas pelo jogo na Educação ambiental.
A metodologia utilizada foi a análise compreensivo-interpretativa de trabalho
de campo. Segundo o autor, para atender o princípio da homogeneidade, um único
roteiro de caminhadas, dentre os vários que eram realizados, foi definido como
unidade de análise. Durante três anos foram acompanhados que realizaram este
roteiro. A observação participante foi a principal ferramenta utilizada para a coleta de
dados que contou, tamm, com o apoio do registro em vídeo e foto e com o
depoimento de responsáveis: país e professores.
Dentre suas conclusões o autor destaca que existe um esforço humano em
encontrar regras e correspondências no universo cíclico e natural. A educação
holística privilegia todas as dimensões humanas.
75
O autor adota uma posição holística ao destacar que a natureza é
preexistente e, ao mesmo tempo, humanamente concebida, pertinente ao mundo
interno e à realidade externa. Nessa trilha, pertencente à realidade compartilhada
pelo mundo interno e externo, é que se desenrola o grande jogo de percurso da
humanidade. A tentativa de desfazer a dicotomia existente entre ser humano e
natureza rompe com a possibilidade da humanidade de sentir-se integrada ao todo
e, portanto, exercer-se de forma plena, criativa e harmônica e, mais que isso, pode
conduzir ao próprio colapso da existência humana:
O discurso de uma educação holística está atualmente presente nos
principais documentos que tratam a educação escolar; desde a
legislação a um simples plano de aula. No entanto, a ptica
educacional muito pouco tem se modificado, pois não se trata
apenas de uma mudança de discurso mas sim, de uma mudança de
atitude e, quando entramos nessa seara não é possível
desconsiderar o universo simbólico do sujeito. Muito menos esquecer
que o educador também é sujeito neste processo, para o qual traz
seu próprio universo simbólico. (CA4, 1998, p.148).
Trabalho 05: Os saberes das docentes que trabalham em educação ambiental:
considerações de uma professora.
O objeto de estudo deste trabalho são os saberes dos docentes que
trabalham com Educação Ambiental, objetivando conhecer como são construídos,
transformados e mobilizados tais saberes.
O autor percebe a escola como um espaço de transformação, construção e
circulação de saberes e os professores como agentes desse processo.
A metodologia utilizada foi a análise de base etnográfica, através da
observação das narrativas e ações dos professores em sala de aula.
O autor conclui que o “habitus” formado a partir da história de vida dos
professores é fator fundamental na formação da identidade profissional. Tamm a
76
influência da formação acadêmica é percebida no comportamento dos professores.
É deficiente a formação dos professores quanto à Educação Ambiental, porque
existe interesse de grupos hegemônicos em manter a EA desconhecida. Considera
que a pesquisa-ação deve ser vista como uma prática positiva da Educação
Ambiental na escola.
O autor segue a corrente socioambiental, afirmando que a educação coloca
os seres humanos em contato uns com os outros, e o ensino se assemelha a uma
atividade política e social.
Esta posição pode ser confirmada no trecho a seguir:
A escola é historicamente o espaço do saber humano e, portanto, aí
ele pode ser construído, transformado e transmitido com e na ação
humana. Ação que nos a característica da pluralidade, que nos
informa que apesar de sermos todos humanos, somos singulares.
Ação que requer a participação consciente de cada um dos sujeitos
que vivem o processo. Portanto, ação integrada, articulada pelo
sujeito que age, num espaço e num tempo, estabelecendo uma
relação social (CA5, 2002, p.91).
Trabalho 06: O papel das representações sociais na Educação Ambiental.
O objeto de estudo foi a prática em meio ambiente de jornalistas e
educadores ambientais. Buscou-se identificar as representações de meio ambiente,
educação e informação que mobilizam a prática de educadores e jornalistas
ambientais e a forma como isso ocorre.
O autor defende que compreender como se estruturam as representações
sobre meio ambiente de educadores e jornalistas ambientais contribui para pensar
possíveis estratégias para formação continuada.
A metodologia utilizada foi a análise de conteúdo do depoimento dos
entrevistados.
77
O autor conclui que entender as dinâmicas que formam as representações
sociais pode ajudar tanto em propostas de educação ambiental (e outras políticas
ambientais) como na formação inicial e continuada de profissionais que lidarão com
questões ambientais e suas interfaces. Este trabalho enquadrou-se na corrente
Socioambiental, como podemos verificar no fragmento abaixo:
O papel das representações na educação e na educação ambiental é
o de conduzir a prática humana, seja profissional ou amadora, em
relação ao ambiente. Estudar representações, por exemplo, de
“sociedade”, “trabalhoou “cidadania”, nos permitiriam entender de
que modo elas atuam sobre as práticas ambientais. (CA6, 2003,
p.161)
Trabalho 07: Meio ambiente e Educação: O que pensam os formadores de
opinião.
O objeto de estudo foi o discurso sobre meio ambiente dos formadores de
opinião com formação e atividades diferentes. Buscou-se compreender as
concepções de meio ambiente, educação e educação ambiental que permeiam as
idéias de ambientalistas e seus interlocutores e as relações existentes entre elas.
O autor considera que compreender as idéias dos formadores de opinião
sobre esses assuntos pode ser fundamental para definir metas e estratégias de
desenvolvimento de projetos em meio ambiente e educação ambiental.
A metodologia utilizada foi a análise de conteúdo, inspirada nos trabalhos de
Crespo e Leitão (1993). Utilizou-se um roteiro aberto para as entrevistas, com oito
questões divididas em três blocos (A) relação com as questões ambientais, (B)
educação e (C) Educação Ambiental.
O autor conclui que não existe uma razão ou um fator específico que garanta
o interesse pelo meio ambiente. O interesse pelo meio ambiente pode ocorrer em
qualquer momento da vida, independente da formação acadêmica, política ou
78
ambiental. Afirma que a capacidade de auto-reciclagem do planeta, sugerida pelos
que são contrários à teoria do aquecimento global e outras de proteção ambiental,
não será capaz de levar o planeta à condição anterior. O autor defende uma visão
crítica da Educação Ambiental:
Não consigo entender educação ambiental como um fator diferente
da educação. Principalmente por não se tratar de uma prática que
visa apenas a transmissão de valores ambientais, visa também a
transformação de valores e paradigmas sociais. (CA7, 2001, p.74)
Trabalhos da Universidade D:
Nesta Universidade foram encontrados três trabalhos:
Quadro 9 – Trabalhos da Universidade D.
AUTOR ORIENTADOR
DEFESA
TÍTULO
01
DA1 DO1
2003
Educação Ambiental através da
arte no ensino fundamental
02
DA2 DO1
2003
Educação Ambiental no programa
de despoluição da Baía de
Guanabara
03
DA3 DO1
2002
Educação Ambiental em Unidades
de Conservação: O caso do
Parque Nacional da Tijuca
Os três trabalhos defendidos nesta Universidade foram orientados pelo
mesmo professor. Segue uma análise detalhada dos trabalhos desta Universidade.
79
Trabalho 01: Educação Ambiental através da arte no ensino fundamental.
O objeto de estudo deste trabalho foram as aulas de arte de uma turma do
terceiro ano do ensino fundamental com o objetivo de construir e aplicar, em
conjunto com o professor, uma proposta de abordagem da temática ambiental
através da arte.
O autor defende necessidade de desenvolvimento ambiental sustentável,
pautado na justiça social e na superação da alienação inerente ao modo de
produção capitalista.
A metodologia utilizada foi a de pesquisa-ação. As observações foram
registradas num diário de campo.
O autor destaca a importância da educação ambiental crítica como
possibilidade para mudanças da situação atual quanto ao nível de conscientização.
A prática educativa voltada para a conscientização manifestou-se por meio de
motivação, dinamismo e engajamento dos alunos. A Arte possibilitou experiências
ricas, facilitou a compreensão e visualização de conceitos de difícil entendimento
para os alunos.
O autor tamm defende que é possível empreender meios que contribuam
para ampliar a aprendizagem. O processo criativo permite ao aluno descobrir através
da prática e promove uma Educação Ambiental crítica:
O desenvolvimento da transversalidade e mais especificamente do
Meio ambiente através de uma educação ambiental Crítica assinala
para a possibilidade de vislumbrarmos mudanças da situação atual
quanto ao nível de conscientização das importantes questões que
envolvem este tema (DA1, 2003. p.126).
80
Trabalho 02: Educação Ambiental no programa de despoluição da Baía de
Guanabara.
Este estudo focalizou o Projeto de Educação Ambiental do Programa de
despoluição da Baía de Guanabara, visando analisar as concepções de meio
ambiente e de educação ambiental e verificar como a articulação entre a teoria e a
prática é abordada nos cursos de educação para gestão ambiental oferecidos pelo
Programa de Educação Ambiental (PEA) e Programa de Despoluição da Baía de
Guanabara (PDBG).
O autor argumenta que o desenvolvimento sustentável deve estar pautado na
justiça social (eqüidade); entende a educação ambiental em uma perspectiva crítico
transformadora, como "educação para democracia", uma tematização de valores
que visa à formação omnilateral (isto é, a formação que contempla as condições
humanas, físicas, mentais, afetivas, estéticas e lúdicas) dos seres humanos.
A metodologia utilizada foi a pesquisa-ação. A análise de documentos oficiais,
entrevistas com alunos, professores e coordenadores e a observação (sala de aula,
reuniões com a comunidade envolvida e visitas técnicas), foram os instrumentos de
coleta de dados.
O autor conclui que o curso de capacitação é importante na medida em que
promove a sensibilização da população e desperta o interesse pela temática
ambiental. Considera necessária a formação com fundamentação teórica em
diferentes áreas do conhecimento, o desenvolvimento de pesquisas e ações na
comunidade para promover mudanças radicais na sociedade. Entre os obstáculos
para implementação de um programa de Educação Ambiental, a violência existente
na região foi destacada como um dos mais graves pelos alunos do PEA.
81
Sob a perspectiva da Educação Ambiental crítica, reconhece o embate entre
diferentes interesses que afetam o gerenciamento dos problemas ambientais:
Através de uma visão crítica, pautada numa concepção
socioambiental do meio ambiente e de ações coletivas capazes de
transformações profundas no modo de produção, consumo e
organização social, o homem torna-se um sujeito histórico, construtor
de um novo modelo de sociedade(DA2, 2003, p.83).
Trabalho 03: Educação Ambiental em Unidades de Conservação: O caso do
Parque Nacional da Tijuca.
O objetivo do trabalho foi estudar as concepções de educação ambiental
presentes no Parque Nacional da Tijuca, analisando-as a partir de uma perspectiva
crítica ou socioambiental.
Para o autor, a Educação Ambiental deve ser entendida como o resultado da
orientação e articulação de diversas disciplinas e experiências educativas que
facilitam a percepção integrada de Meio ambiente.
A metodologia utilizada foi a de estudo de caso. Foram realizadas entrevistas
com os funcionários responsáveis pela gerência das unidades de conservação e
com os responsáveis pelas atividades de Educação ambiental no Parque Nacional
da Tijuca. Tamm foram entrevistados professores de algumas escolas que
realizaram o curso de capacitação, visando a avaliar os desdobramentos das
atividades de formação na comunidade escolar.
Conclui o autor que as atividades de Educação Ambiental em parques
nacionais precisam evitar o enfoque naturalista relacionado a problemas específicos
locais de uma Unidade de Conservação. Os parques ambientais possuem condições
de colaborar para a conscientização dos problemas sociambientais decorrentes do
modelo econômico em que vivemos e contribuir para a criação de novos valores e
82
comportamentos. O autor ainda reforça sua posição afirmando que “As Unidades de
Conservação podem contribuir na formação de um ser humano crítico” (DA3, 2002,
p.104).
O trabalho adotou uma abordagem crítica, procurando explicitar as dimensões
social, política, econômica, ética e cultural envolvidas nos problemas ambientais:
(DA3, 2002, p.15).
Quadro 10 – Trabalhos da Universidade E.
AUTOR ORIENTADOR
DEFESA
TÍTULO
01
EA1 EO1
2005
Educação Ambiental:Um caminho
para o desenvolvimento
sustentável - Uma pesquisa
realizada com alunos e
professores do ensino médio da
Rede Pública de Petrópolis, RJ.
Nesta Universidade encontrou-se apenas um trabalho sobre a Educação
Ambiental. Segue uma análise detalhada do mesmo.
Trabalho 01: Educação Ambiental: Um caminho para o desenvolvimento
sustentável - Uma pesquisa realizada com alunos e professores do ensino
médio da Rede Pública de Petrópolis, RJ.
O objetivo do trabalho é compreender como a Educação Ambiental está
sendo abordada atualmente nas escolas da rede pública de PETRÓPOLIS e
desenvolver uma metodologia para a real apreensão do valor do meio ambiente
através da Educação Ambiental.
83
O autor acredita que a Educação, em sua expressão ambiental, será a
qualquer tempo a ferramenta hábil para a modificação do processo social,
começando por um trabalho de sensibilização do homem e, por extensão, da
sociedade.
Trata-se de pesquisa exploratória e descritiva, realizada por meio de
entrevistas dirigidas e questionários distribuídos para cento e cinqüenta e um alunos
e vinte e cinco professores.
Considera importante que o professor trabalhe com o objetivo de desenvolver
nos alunos uma postura crítica diante das informações e valores veiculados pela
mídia e pela família. Conclui que professores e alunos desconhecem o conceito de
desenvolvimento sustentável; o requisito básico para a prática da Educação
Ambiental é a busca da conscientização crítica dos indivíduos para a construção de
uma cidadania plena.
O autor considera que desenvolvimento econômico e preservação ambiental
podem caminhar juntos, desde que haja engajamento pessoal e coletivo no
processo das transformações sociais. O trabalho enquadrou-se na corrente crítica,
conforme o argumento abaixo:
É importante tarefa do professor (...) o reconhecimento de fatores
que produzam real bem estar, que desenvolvam um espírito crítico
as induções do consumismo, que o despertem para o senso de
responsabilidade e de solidariedade no uso de bens comuns e
recursos naturais... (AE1, 2004, p.105-106).
84
CONCLUSÕES
Sintetizando os achados, cabe esclarecer que não me foi possível examinar a
totalidade dos trabalhos sobre EA nos Mestrados em Educação das universidades
fluminenses, porém tive acesso a um percentual bastante expressivo desta
produção, ou seja, aproximadamente 91,30% do total de dissertações em pauta no
período por mim delimitado.
Das cinco dissertações defendidas na Universidade A, foram identificadas as
correntes Ecosófica (Teoria de Guattari), Ecossocialista, Preservacionista, Holística
e Socioambiental, ou seja, cada um dos trabalhos oriundos desta Universidade
seguiu uma corrente diferente. Esta variação pode ser explicada pela diversidade de
posições teóricas dos respectivos orientadores.
Gráfico 1: Correntes da Universidade A.
0
1
2
3
4
5
6
Total
preser
v
ac
i
o
ni
s
ta
Ecossocialista
85
Na Universidade B, tamm foram produzidas cinco dissertações,
identificadas com as correntes Crítica, Socioambiental e Cartesiana, conforme
gráfico abaixo. portanto menos variação teórico-metodológica do que na
Universidade A.
Gráfico 2: Correntes da Universidade B.
0
1
2
3
4
5
6
Total
S
oc
ioambi
enta
l
Car
tes
iana
A Universidade C destacou-se por ser a que mais apresentou trabalhos sobre
a Educação Ambiental no período estudado, no total de sete dissertações.
Constatou-se que os trabalhos distribuiram-se pelas correntes Crítica,
Socioambiental e Holística conforme o gráfico a seguir:
Gráfico 3: Correntes da Universidade C.
0
1
2
3
4
5
6
7
8
T
otal
preser
v
ac
i
on
i
s
ta
S
oci
oa
mbien
tal
86
a Universidade D, produziu apenas três dissertações. Nesta Universidade
estiveram presentes apenas duas correntes, mas verifica-se que um dos trabalhos
apresentados nesta Universidade pode ser classificado ao mesmo tempo na
corrente crítica e na socioambiental.
Gráfico 4: Correntes da Universidade D.
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
Total Ctica Socioambiental
A Universidade E produziu um único trabalho sobre Educação ambiental,
tendo o mesmo seguido a corrente crítica.
Como se pode constatar, existe uma ampla variação de correntes dentro de
uma mesma Universidade, refletindo a diversidade teórica que caracteriza o campo
de conhecimento. Nota-se no entanto que as correntes preservacionista e holística,
com duas dissertações cada uma, estão presentes apenas nas instituições A e C.
A corrente crítica foi a mais presente na pesquisa estando representada em
todas as instituições além de fazer parte de onze dos vinte um trabalhos analisados:
87
Gráfico 5: Correntes de todos os trabalhos analisados.
0
5
10
15
20
25
T
otal
Pr
es
er
v
aci
oni
sta
S
ocioambienta
l
Ecosofia
Car
t
esiana
Por outro lado, a corrente Ecosófica está representada em apenas um
trabalho da Universidade A; tamm a corrente cartesiana aparece em apenas uma
dissertação da universidade B.
Concluída esta síntese quantitativa dos achados, permito-me esboçar
algumas reflexões sobre os trabalhos examinados.
A primeira e mais simples constatação é que do conjunto de 21 (vinte e um)
trabalhos aqui analisados, onze deles estudaram a educação ambiental tendo como
cenário de pesquisa a escola, em diferentes níveis de ensino: fundamental, médio e
superior.
Gráfico 6: Cenários de pesquisa dos trabalhos analisados:
0
5
10
15
20
25
Total Escola Parques Outros
88
Gráfico 7: Níveis de ensino dos trabalhos realizados na escola:
0
2
4
6
8
10
12
Total
Fundamental
Supe
r
i
o
r
Estes trabalhos relacionados com a escola, principalmente ligados ao ensino
fundamental conforme verificamos nos gráficos 6 e 7, expressam um variado leque
de preocupações: as dificuldades de realização de ações educativas voltadas a
educação ambiental, a perspectiva dos professores em relação ao significado da EA,
a identificação das representações que os alunos diferentes níveis e ambientes
escolares pesquisados possuem sobre o meio ambiente e a educação ambiental, a
incorporação da educação ambiental nas disciplinas e o próprio papel da escola
diante da problemática ambiental.
Esta conexão íntima entre a problemática ambiental e o universo escolar
permite visualizar a escola como um campo de construção e ao mesmo tempo de
anulação dos saberes sobre educação ambiental.
Os saberes produzidos na escola recebem a influência dos sentidos
atribuídos por professores e alunos à educação ambiental, dos mitos e símbolos que
envolvem este tema. Estes sentidos são diferentes, assim como o são as culturas, o
que pode provocar embates que permitem a construção de alguns saberes e a
anulação de outros. Dentro de uma concepção otimista, os seres humanos
melhoram, eticamente, por uma lenta e efetiva transformação das sensibilidades
89
alimentada pelo diálogo e, não, pela argumentação em torno de princípios éticos
racionais que buscam impor uma conscientização.
O diálogo é o encontro entre os homens, mediatizados pelo mundo,
para designá-lo. Se ao dizer suas palavras, ao chamar ao mundo, os
homens o transformam, o diálogo impõe-se como o caminho pelo
qual os homens encontram seu significado enquanto homens; o
diálogo é, pois, uma necessidade existencial. E que o diálogo é o
encontro no qual a reflexão e a ação, inseparáveis daqueles que
dialogam, orientam-se para o mundo que é preciso transformar e
humanizar, este diálogo não pode reduzir-se a depositar idéias em
outros. Não pode também converter-se num simples intercâmbio de
idéias, idéias a serem consumidas pelos permutantes. Não é também
uma discussão hostil, polêmica entre homens que não estão
comprometidos nem em chamar ao mundo pelo seu nome, nem na
procura da verdade, mas na imposição de sua própria verdade...O
diálogo não pode existir sem um profundo amor pelo mundo e pelos
homens. Designar o mundo, que é ato de criação e de recriação, não
é possível sem estar impregnado de amor. (FREIRE, 1979, p. 43)
A grande maioria dos trabalhos pautados na escola parte do pressuposto que
é possível a “moldar” dos alunos através da Educação Ambiental, à qual atribuem a
condição de força transformadora dos sentidos, das representações e dos valores,
reforçando a crença implícita na educação como força transformadora. Será que
realmente é assim? A educação oferece infinitas possibilidades mas tem também
suas limitações. Argumento que é necessário um certo policiamento para que o
educador não se julgue onipotente e não ignore o direto e a liberdade que tem o
indivíduo de se expressar e construir o seu próprio conhecimento.
Neste sentido, a educação libertadora, problematizadora, já não pode
ser o ato de se depositar, ou de narrar, ou de transferir, ou de
transmitir “conhecimentos” e valores aos educandos, meros
pacientes, à maneira da educação “bancária”, mas um ato
cognoscente. Como situação cognosiológica, em que o objeto
cognoscível em lugar de ser o término do ato cognoscente de um
sujeito, é o mediatizador de sujeitos cognoscentes, educador, de um
lado, educandos, de outro, a educação problematizadora coloca,
desde logo, a exigência da superação da contradição educador-
educandos. Sem esta não é possível a relação dialógica,
90
indispensável a cognoscibilidade dos sujeitos cognoscentes, em
torno do mesmo objeto cognoscível. (FREIRE, 1987, p. 39).
Constatada a primazia da escola como espaço privilegiado para a prática da
educação ambienta, cabe lançar o olhar para trabalhos realizados em espaços não
escolares, onde se verificou a tentativa de articular a educação ambiental com a
“busca pelo verde”. Nesta linha, foram realizados trabalhos sobre o Parque Nacional
da Tijuca, Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Programa de Despoluição da Baía de
Guanabara e Plano de Criação da Área de Proteção Ambiental do Estado do Rio de
Janeiro (APA-RJ). Uma característica comum destas dissertações foi a estreita
relação entre a história de vida dos autores e a escolha do tema que pesquisaram.
Todos os pesquisadores que investiram nestes trabalhos são funcionários dos
parques ou fazem parte das equipes responsáveis pelos programas estudados.
Na minha opinião, as iniciativas de sair do ambiente escolar são positivas,
porém é necessário que as mesmas façam parte de um projeto consistente, estejam
alinhadas ou que sejam coerentes com o trabalho realizado nas escolas. Trabalhos
isolados, eventuais, esporádicos, dificilmente poderão contribuir para a construção
do conhecimento em EA.
No conjunto de dissertações analisadas, aparecem propostas de trabalho
com EA a partir de atividades recreativas, jogos e através da arte. Nestes trabalhos
verificou-se um grande apelo à transversalidade que se torna fundamental na
execução de projetos dentro e fora do ambiente escolar. Verifica-se tamm que
estas atividades renovam as relações existentes entre professores e alunos por
despertarem o engajamento de todos através da motivação e dinamismo presentes
na arte e na recreação. No cotidiano da vida escolar, principalmente no cotidiano da
escola pública, verifica-se que estas raras oportunidades de trabalho recreativo
91
muitas vezes ainda estão presas a corrente conservacionista de EA. Nos trabalhos
analisados, alguns dos pesquisadores destacaram a importância de uma visão
crítica.
Um terço dos trabalhos analisados lida com as representações, concepções
ou idéias dos sujeitos de suas pesquisas. Considerando os resultados de uma
maneira geral, afirmo que as concepções da maioria destes sujeitos sobre meio
ambiente e educação ambiental indicam que o ambientalismo se difunde pelo país
mais como “defesa da natureza” do que como desenvolvimento social e formação
crítica do cidadão. Esta perspectiva deve estar presente na elaboração de projetos
ou planejamento de trabalhos com educação ambiental em qualquer nível, pois é
fundamental conhecer a realidade de cada público e com ele planejar as atividades
de EA que melhor se adaptam a sua cultura.
A educação ambiental tem, sobretudo, um papel social a cumprir e a pesquisa
pode ser um dos grandes caminhos. Não há receitas a serem seguidas, cada
trabalho é um universo que representa os saberes, as convicções, as experiências e
a criatividade de seus autores.
Concluindo, constato que além do aprendizado específico que buscava sobre
Educação Ambiental, pude conhecer uma grande variedade de pesquisas, métodos
e formas de registro. Essas informações relevantes para mim possivelmente o serão
para outros profissionais, sejam professores e/ou pesquisadores. Este trabalho
tamm gerou uma oportunidade de resgatar trabalhos produzidos há muitos anos,
e nem sempre divulgados entre os interessados.
Com o objetivo de avaliar e enquadrar estes trabalhos nas correntes hoje
existentes em EA, arrisquei-me em uma difícil trajetória passível de críticas. Não
tenho a intenção de esgotar as possibilidades, até porque a produção acadêmica
92
não pára de crescer e continuará a ser analisada. Acredito que aqui fiz apenas os
primeiros passos de uma caminhada, a ser continuada por outros pesquisadores.
93
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consecutivo de la revista), aun cuando apareció en el 2005. pp. 49-62
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95
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Juiz de Fora: FEME, 2002.
96
ANEXOS
ANEXO 1 – Educação Ambiental na Escola: Para Além das Disciplinas
ANEXO 2 – A Representação Social da Fauna: uma Contribuição a Educação
Ambiental
ANEXO 3 – Educação Ambiental: Consensos e Embates
ANEXO 4 Concepções de Meio Ambiente: um Olhar sobre o Curso de Licenciatura
em Ciências Biológicas
ANEXO 5 A Educação Ambiental nos Contextos Escolares: para Além da
Limitação Compreensiva e da Incapacidade Discursiva
ANEXO 6 A Educação Ambiental na Formação do Professor para o Ensino
Fundamental em Porto Velho – RO
ANEXO 7 Parâmetros Curriculares Nacionais e Educação Ambiental: a
Transversalidade na Prática – uma Experiência em Rio Branco - AC
ANEXO 8 Concepções de Meio Ambiente: Bases para o Estudo Ambiental nas
escolas
ANEXO 9 O Compromisso do Professor de Enfermagem com a Qualidade de Vida
dos Alunos
ANEXO 10 O Conhecimento da Eletroquímica Industrial e sua Interação no
Processo Educativo, Visando Estabelecer Conceitos nos Processos Industriais e no
Meio Ambiente
ANEXO 11 Coleta Seletiva de Lixo nas Escolas e Parceria com Empresa:
Relato Crítico de uma Experiência
ANEXO 12 A Escola vai ao Jardim e o Jardim vai a Escola: a Dimensão Educativa
do Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
ANEXO 13 Poder, Cultura e Sustentabilidade: a Educação Ambiental em uma
Unidade de Conservação
ANEXO 14 – Trilhas da Natureza: Jogo de Percurso e Reencantamento
ANEXO 15 Os Saberes das Docentes que Trabalham em Educação Ambiental:
Considerações de uma Professora
97
ANEXO 16 – O Papel das Representações Sociais na Educação Ambiental
ANEXO 17 – Meio Ambiente e Educação: o que Pensam os Formadores de Opinião
ANEXO 18 – Educação ambiental através da Arte no Ensino Fundamental
ANEXO 19 Educação Ambiental no Programa de Despoluição da Baía de
Guanabara
ANEXO 20 Educação Ambiental em Unidades de Conservação: o Caso do Parque
Nacional da Tijuca
ANEXO 21 Educação Ambiental: um Caminho para o Desenvolvimento
Sustentável uma Pesquisa Realizada com Alunos e Professores do Ensino Médio
da Rede Pública de Petrópolis, RJ
7
ANEXO 1 – EDUCÃO AMBIENTAL NA ESCOLA: PARA ALÉM DAS DISCIPLINAS
TÍTULO AUTOR ORIENTADOR INSTITUIÇÃO OBJETO OBJETIVO ARGUMENTO METODOLOGIA CONCLUSÕES
TENDÊNCIAS OU
CORRENTES
Educação ambiental
na Escola: para além
das disciplinas
AA1 AO1 A
Autobiografia:
Trajetória de
experiências
em educação
ambiental da
autora
Analisar esta
trajetória,
contextualizando-
a no espaço e no
tempo
As disciplinas
em si não se
bastam: é
necessário a
criação de
outros lugares
dentro do
cotidiano escolar
História de vida
Necessidade da escola
desenvolver através de "novos
componentes curriculares"
dimensões humanas que têm sido
historicamente interditadas.
Ecosofia (Guattari,
1993): articulação
éticopolítica entre
as três ecologias:
meio ambiente,
relações sociais e
subjetividade
humana.
8
ANEXO 2 – A REPRESENTAÇÃO SOCIAL DA FAUNA: UMA CONTRIBUIÇÃO A EDUCÃO AMBIENTAL
TÍTULO AUTOR ORIENTADOR INSTITUIÇÃO OBJETO OBJETIVO ARGUMENTO METODOLOGIA CONCLUSÕES
TENDÊNCIAS OU
CORRENTES
A Representação
social da Fauna: Uma
contribuição a
Educação Ambiental
AA2 AO2
A
Representação
de crianças do
Ensino
fundamental
de Escolas
Públicas sobre
a fauna
Identificar a
representação de
fauna, Verificar
se as crianças
conhecem a
fauna, alertar
educadores sobre
a realidade dos
dados
É necessário
conhecer para
preservar
Estudo
exploratório de
natureza
qualitativa,
tendo como
instrumentos
testes de
conhecimentos
sobre animais,
testes mistos
(extrapolação) e
teste
associativo.
Conhecimento da fauna africana;
desconhecimento da fauna
brasileira; falta de sentimento
nativista, cultura do importado; não
foi registrado disparidade entre os
estratos sociais pesquisados.
Preservacionista
9
ANEXO 3 – EDUCAÇÃO AMBIENTAL: CONSENSOS E EMBATES
TÍTULO AUTOR ORIENTADOR INSTITUIÇÃO OBJETO OBJETIVO ARGUMENTO METODOLOGIA CONCLUSÕES
TENDÊNCIAS OU
CORRENTES
Educação Ambiental:
Consensos e
embates.
AA3 AO3 A
Pontos
consensuais e
contraditórios
no campo da
Educação
Ambiental
Identificar
consensos e
embates entre a
teoria e a prática
da Educação
Ambiental
A crise
ambiental é
reflexo da crise
do modelo de
sociedade
urbano-
industrial,
necessidade de
uma proposta de
EA crítica.
enquete-
aplicação de
questionário
Perda do caráter crítico da EA,
manutenção do "status quo";
Dentro da generalização do
discurso ecológico presente na
sociedade, escolher a concepção
de educação que referenciará a
prática educativa é uma decisão
eminentemente política, do
educador.
Ecossocialista,
crítica
10
ANEXO 4 – CONCEPÇÕES DE MEIO AMBIENTE: UM OLHAR SOBRE O CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS
BIOLÓGICAS
TÍTULO AUTOR ORIENTADOR INSTITUIÇÃO OBJETO OBJETIVO ARGUMENTO METODOLOGIA CONCLUSÕES
TENDÊNCIAS OU
CORRENTES
Concepções de Meio
Ambiente: Um olhar
sobre o curso de
licenciatura em
ciências biológicas
AA4 AO4 A
Depoimento de
estudantes do
curso de
licenciatura em
ciências
biológicas da
UFRRJ
Entender a partir
do depoimento
dos estudantes
quais são as
dimensões da
formação desses
futuros
professores no
que se refere a
questão
ambiental
necessidade dos
educadores
viabilizarem
condições de
trabalho que
permitam uma
reflexão acerca
daquilo que os
alunos
vivenciam no
seu cotidiano;
questões
ambientais
devem ser
ensinadas
Estudo de caso
Questões como pobreza,
saneamento básico, falta de
políticas preventivas devem ser
ponto de partida para diversas
disciplinas do curso de ciências
biológicas; conhecimento de
conteúdos da Biologia devem estar
dentro de uma concepção que
contemple também aspectos
sociais, políticos e econômicos;
alunos egressos do curso de
licenciatura em ciências biológicas
não tem condições de desenvolver
projetos de EA.
Socioambiental
11
ANEXO 5 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NOS CONTEXTOS ESCOLARES: PARA ALÉM DA LIMITAÇÃO COMPREENSIVA E DA
INCAPACIDADE DISCURSIVA
TÍTULO AUTOR ORIENTADOR INSTITUIÇÃO OBJETO OBJETIVO ARGUMENTO METODOLOGIA CONCLUSÕES
TENDÊNCIAS OU
CORRENTES
A Educação
ambiental nos
contextos escolares:
para além da
limitação
compreensiva e da
incapacidade
discursiva
AA5 AO4
A
Excursão
realizada por
uma turma de
estudantes da
1º série do
primário
Compreender a
complexidade dos
fenômenos
ambientais e
buscar as
relações
existentes entre o
discurso escolar
e a compreensão
destes
fenômenos
A partir da
compreensão
das complexas
relações
ambientais,
pode-se transpor
as limitações
compreensivas
que
apresentamos
diante dos
problemas
ambientais
Estudo
metadisciplinar
(Morin)
Para concebermos a realidade em
toda a sua complexidade, devemos
conceber a realidade que é tecida
em cada momento histórico, como
única e irreproduzível;
Necessidade da visão de mundo
cartesiana-newtoniana que
impregna o currículo escolar.
Holística
12
ANEXO 6 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR PARA O ENSINO FUNDAMENTAL
EM PORTO VELHO - RO
TÍTULO AUTOR ORIENTADOR INSTITUIÇÃO OBJETO OBJETIVO ARGUMENTO METODOLOGIA CONCLUSÕES
TENDÊNCIAS OU
CORRENTES
A educação
Ambiental na
formação do
professor para o
ensino fundamental
em Porto Velho - RO
BA1 BO1 B
Implantação da
temática
educação
ambiental no
curso de
formação de
professores
para as quatro
primeiras
séries do
ensino
fundamental.
Verificar como
ocorreu o
processo de
implantação
A educação em
sua ação
mediadora é
chamada a
desencadear a
luta pela
formação da
consciência
crítica e
ambiental,
inserindo no
currículo escolar
o componente
educação
ambiental.
Estudo de Caso
A temática educação ambiental não
está inserida nos cursos
estudados; a temática tem sido
abordada de forma marginal por
alguns professores do curso; falta
contextualização com o ambiente
extra-escolar e entre as disciplinas
Crítica
13
ANEXO 7 – PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS E EDUCAÇÃO AMBIENTAL: A TRANSVERSALIDADE NA
PRÁTICA – UMA EXPERIÊNCIA EM RIO BRANCO - AC
TULO AUTOR ORIENTADOR INSTITUIÇÃO OBJETO OBJETIVO ARGUMENTO METODOLOGIA CONCLUSÕES
TENDÊNCIAS OU
CORRENTES
Parâmetros
Curriculares
Nacionais e Educação
Ambiental: a
transversalidade na
prática - Uma
experiência em Rio
Branco - AC
BA2 BO2 B
Implantação do
tema
transversal
Meio
Ambiente,
presente nos
PCN's, em
uma escola da
rede pública
Estadual na
cidade de Rio
Branco-Acre.
Analisar como
esta implantação
tem sido feita
Concebe-se a
educação e o
currículo como
partes
integrantes das
relações sociais,
políticas e
culturais
vigentes, as
quais são
profundamente
marcadas pelas
desigualdades e
contradições
inerentes ao
sistema
capitalista.
Estudo de caso
Necessidade de conscientização
coletiva de todos os sujeitos
envolvidos nas práticas educativas;
Necessidade de capacitação e
instrumentalização dos
professores.
Crítica
14
ANEXO 8 – CONCEPÇÕES DE MEIO AMBIENTE: BASES PARA O ESTUDO AMBIENTAL NAS ESCOLAS
TÍTULO AUTOR ORIENTADOR INSTITUIÇÃO OBJETO OBJETIVO ARGUMENTO METODOLOGIA CONCLUSÕES
TENDÊNCIAS OU
CORRENTES
Concepções de Meio
ambiente: Bases para
o estudo ambiental
nas escolas
BA3 BO3 B
desenhos e
entrevistas
Identificar as
concepções de
meio ambiente de
alunos do 1º
segmento do
ensino
fundamental das
escolas da rede
pública de
Niterói.
A educação
ambiental, a
partir de uma
base d e
representação
social do meio
pelas crianças,
remete a um
processo que
envolve um
vigoroso esforço
de reformulação
de
comportamentos
de criação de
valores e de
reflexão do
destino da vida.
Estudo
descritivo de
natureza
qualitativa
As concepções de meio ambiente
das crianças são impregnadas de
cenas de violência, poluição,
acidentes e problemas sociais
próprios das realidades
pesquisadas; A maioria dos fatos
relatados pelas crianças não foi
ouvida nem aprendida na escola, e
, sim, atribuídos principalmente à
dia; Conhecendo as concepções
de meio ambiente das crianças,
podemos caracterizar suas formas
de relacionamento com este tema,
sinalizando pistas para alternativas
de ações pedagógicas mais
significativas, dentro de um
enfoque político da Educação
Ambiental e de análise do cotidiano
como espaço de intervenção direta.
Socioambiental
15
ANEXO 9 – O COMPROMISSO DO PROFESSOR DE ENFERMAGEM COM A QUALIDADE DE VIDA DOS ALUNOS
TÍTULO AUTOR ORIENTADOR
INSTITUIÇÃO
OBJETO OBJETIVO ARGUMENTO METODOLOGIA CONCLUSÕES
TENDÊNCIAS OU
CORRENTES
O compromisso do
Professor de
Enfermagem com a
qualidade de vida dos
alunos
BA4 BO4 B
Percepção dos
professores de
enfermagem
quanto a seu
compromisso
em relação à
qualidade de
vida dos seus
alunos
perceber se os
professores de
enfermagem, em
atuação no nível
médio, têm algum
compromisso com
a qualidade de
vida dos seus
alunos.
O processo
educativo que
abrange a
relação de dois
ou mais seres
humanos, em
um determinado
momento, seja
ele qual for, tem
que ser mediado
por
compromissos
de ambas as
partes.
Estudo
descritivo
Professores entrevistados possuem
pouca experiência; É necessário o
mínimo de vivência nas disciplinas
que se propõe a ensinar; falta de
vocação encontrada nos
professores entrevistados; pequena
parcela dos alunos preocupa-se
com o fato do professor ser
competente ou experiente.
Crítica
16
ANEXO 10 O CONHECIMENTO DA ELETROQUÍMICA INDUSTRIAL E SUA INTERAÇÃO NO PROCESSO EDUCATIVO,
VISANDO ESTABELECER CONCEITOS NOS PROCESSOS INDUSTRIAIS E NO MEIO AMBIENTE
TÍTULO AUTOR ORIENTADOR INSTITUIÇÃO OBJETO OBJETIVO ARGUMENTO METODOLOGIA CONCLUSÕES
TENDÊNCIAS OU
CORRENTES
O conhecimento da
eletroquímica
industrial e sua
interação no processo
educativo, visando
estabelecer conceitos
nos processos
industriais e no meio
ambiente
BA5 BO4 B
Conhecimento
de
eletroquímica
já adquirido
por alunos do
curso
fundamental e
depoimento de
alunos dos
cursos de
engenharia
Química e
Química
industrial sobre
o ensino-
aprendizagem
da
eletroquímica
industrial.
Propor uma
abordagem
curricular e um
programa para a
disciplina
eletroquimica
industrial, com
uma visão
ambiental dirigida
aos cursos de
engenharia
química, de
química industrial
e de engenharia
metalúrgica.
O processo de
construção do
conhecimento
na eletroquímica
industrial
converge na
formação da
consciência
técnica crítica
em
eletroquímica,
na elaboração
de tecnologias
limpas, e
conseqüenteme
nte, na
preservação
ambiental.
análise de
conteúdo
A eletroquímica será a técnica do
terceiro milênio, tanto na produção
de metais, produtos inorgânicos e
orgânicos, quanto no tratamento de
efluentes industriais.
Cartesiana
17
ANEXO 11 – COLETA SELETIVA DE LIXO NAS ESCOLAS E PARCERIA COM EMPRESA:
RELATO CRÍTICO DE UMA EXPERIÊNCIA
TÍTULO AUTOR ORIENTADOR INSTITUIÇÃO OBJETO OBJETIVO ARGUMENTO METODOLOGIA CONCLUSÕES
TENDÊNCIAS OU
CORRENTES
Coleta seletiva de lixo
nas escolas e
parceria com
empresa: Relato
crítico de uma
experiência
CA1 CO1 C
Programas de
coleta seletiva
implantados
em Escolas
Públicas de
Juiz de Fora
Evidenciar as
contradições
existentes no
desenvolvimento
de parcerias
Escola/Empresa
A educação
Ambiental não é
neutra, mas
ideológica;
Ideologia
utilitarista dos
programas de
coleta seletiva.
Pesquisa
qualitativa-
Entrevistas
(roteiro semi-
estruturado) e
análise
documental.
Postura menos política e mais
ligada as técnicas de Gestão
(Reciclagem) por parte das
empresas; consumismo; Escolas
reproduzindo o discurso
Empresarial; Falta de postura
crítica dos Coordenadores da
Campanha; Algumas escolas
adotaram uma postura Crítica.
Crítica
18
ANEXO 12 A ESCOLA VAI AO JARDIM E O JARDIM VAI A ESCOLA: A DIMENSÃO EDUCATIVA DO JARDIM BOTÂNICO
DO RIO DE JANEIRO.
TÍTULO AUTOR ORIENTADOR INSTITUIÇÃO OBJETO OBJETIVO ARGUMENTO METODOLOGIA CONCLUSÕES
TENDÊNCIAS OU
CORRENTES
A Escola vai ao
Jardim e o Jardim vai
a Escola: A dimensão
Educativa do Jardim
Botânico do Rio de
Janeiro.
CA2 CO2 C
Dimensão
educativa do
Jardim
Botânico
Examinar as
relações do
Jardim Botânico
do Rio de Janeiro
com o público
escolar, através
de práticas
educativas
desenvolvidas na
instituição, e de
entrevistas
realizadas nas
escolas, com
professores que
levam suas
turmas para
visitas ao Jardim.
Conhecer os
encontros e
desencontros
que acontecem
nas relações da
instituição com
seu público,
ajuda a entender
o
desenvolvimento
da função
educativa do
Jardim Botânico.
Pesquisa
qualitativa,
priorizando a
perspectiva dos
professores.
Utilizou-se como
instrumentos a
observação de
visitas e
entrevistas com
os Professores.
Jardins Botânicos se reestruturam
em termos de identidade e
estratégias; Demanda crescente
das escolas pressionando o
constante acompanhamento dos
JB; Falta de preparo (ou formação
específica) dos agentes do JB para
interagir com o público escolar;
Dificuldade de acesso dos
professores às pesquisas
realizadas pelo JB; Os professores
que visitam o JB são experientes,
acreditam na realização de um
trabalho dinâmico, suas
experiências pessoais estão
ligadas aos programas de visitas;
Treinamento dado pelo JB aos
Professores é considerado
interessante pelos mesmos, porém
insuficiente.
Crítica
19
ANEXO 13 – PODER, CULTURA E SUSTENTABILIDADE: A EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM UMA UNIDADE DE
CONSERVAÇÃO
TÍTULO AUTOR ORIENTADOR
INSTITUIÇÃO
OBJETO OBJETIVO ARGUMENTO METODOLOGIA CONCLUSÕES
TENDÊNCIAS OU
CORRENTES
Poder, Cultura e
sustentabilidade: a
educação ambiental
em uma unidade de
conservação
CA3 CO1
C
Implantação de
uma Área de
Proteção
ambiental
(APA) no
estado do Rio
de Janeiro
Discutir como
construir através
de relações
sociais, uma
interação mais
saudável entre
homem e
natureza
A tendência
atual de
algumas
unidades de
conservação é
integrar as
populações
humanas ao
projeto de
conservação.
Estudo de caso
A questão ética ganha espaço no
plano das relações humanas e
políticas; Não existe uma receita
pronta para construir uma nova
cultura e uma nova mentalidade.
Preservacionista
20
ANEXO 14 – TRILHAS DA NATUREZA: JOGO DE PERCURSO E REENCANTAMENTO
TÍTULO AUTOR ORIENTADOR INSTITUIÇÃO OBJETO OBJETIVO ARGUMENTO METODOLOGIA CONCLUSÕES
TENDÊNCIAS OU
CORRENTES
Trilhas da natureza:
jogo de percurso e
reencantamento
CA4 CO3 C
Atividade de
caminhada por
trilhas,
realizadas com
crianças de 7 a
14 anos no
PNFT-94/97
Desvelar a
estrutura
dinâmica da
atividade, seu
universo
simbólico a luz
dos estudos
sobre o ato de
brincar, jogos de
percurso e
representação do
meio ambiente
Necessidade de
ampliar o
conhecimento
sobre as
contribuições
oferecidas pelo
jogo na EA
Análise
compreensivo-
interpretativa de
trabalho de
campo
Existe um esforço humano em
encontrar regras e
correspondências no universo
cíclico e natural; a educação
holística privilegia todas as
dimensões humanas
Holística
21
ANEXO 15 OS SABERES DAS DOCENTES QUE TRABALHAM EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL:
CONSIDERAÇÕES DE UMA PROFESSORA
TÍTULO AUTOR ORIENTADOR INSTITUIÇÃO OBJETO OBJETIVO ARGUMENTO METODOLOGIA CONCLUSÕES
TENDÊNCIAS OU
CORRENTES
Os saberes das
docentes que
trabalham em
educação ambiental:
considerações de
uma professora
CA5 CO1 C
Narrativas e
ações de
professoras em
sala de aula
conhecer como
são construídos,
transformados e
mobilizados os
saberes dos
docentes que
trabalham com
Educação
Ambiental
A escola como
um espaço de
transformão,
construção e
circulação e os
professores
como agentes
desse processo
constroem
saberes
profissionais
Análise de base
etnográfica,
através da
observação das
narrativas e
ações dos
professores em
sala de aula
Habitus formado a partir da história
de vida dos professores é fator
fundamental na formação da
identidade profissional; influência
da formação acadêmica; falta de
formação dos professores em EA;
interesse de grupos hegemônicos
em manter a EA desconhecida;
pesquisa-ação como uma prática
positiva da EA na escola.
Socioambientalista
22
ANEXO 16 – O PAPEL DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS NA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
TÍTULO AUTOR ORIENTADOR INSTITUIÇÃO OBJETO OBJETIVO ARGUMENTO METODOLOGIA CONCLUSÕES
TENDÊNCIAS OU
CORRENTES
O papel das
representações
sociais na Educação
Ambiental
CA6 CO1 C
A prática em
meio ambiente
de Jornalistas
e educadores
ambientais
Identificar as
representações
de meio
ambiente,
educação e
informação que
mobilizam a
prática de
educadores e
jornalistas
ambientais e a
forma como isso
ocorre
Entender como
se estruturam as
representações
sobre meio
ambiente de
educadores e
jornalistas
ambientais
contribui para
pensar possíveis
estratégias para
formação
continuada
Análise de
conteúdo
Entender as dinâmicas que formam
as representações sociais pode
ajudar tanto em propostas de
educação ambiental (e outras
políticas ambientais) como na
formação preparatória e continuada
de profissionais que lidarão com
questões ambientais e suas
interfaces.
Socioambiental
23
ANEXO 17 – MEIO AMBIENTE E EDUCAÇÃO: O QUE PENSAM OS FORMADORES DE OPINO
TÍTULO AUTOR ORIENTADOR
INSTITUIÇÃO
OBJETO OBJETIVO ARGUMENTO METODOLOGIA CONCLUSÕES
TENDÊNCIAS OU
CORRENTES
Meio ambiente e
Educação: O que
pensam os
formadores de opinião
CA7 CO1 C
Discurso sobre
meio ambiente
dos
formadores de
opinião com
formação e
atividades
diferentes
Conhecer e
compreender um
pouco das
concepções de
meio ambiente,
educação e
educação
ambiental que
permeiam as
idéias de
ambientalistas e
seus
interlocutores e
as relações
existentes entre
elas
Conhecer a as
idéias dos
formadores de
opinião sobre
esses assuntos
pode ser
fundamental
para definir
metas e
estratégias de
desenvolvimento
de projetos em
meio ambiente e
educação
ambiental.
Análise de
conteúdo
Não existe uma razão ou um fator
específico que garanta o interesse
pelo meio ambiente; OI interesse
pelo meio ambiente pode ocorrer
em qualquer momento da vida,
independente da formação
acadêmica, política ou ambiental
Crítica
24
ANEXO 18 – EDUCAÇÃO AMBIENTAL ATRAVÉS DA ARTE NO ENSINO FUNDAMENTAL
TÍTULO AUTOR ORIENTADOR INSTITUIÇÃO OBJETO OBJETIVO ARGUMENTO METODOLOGIA CONCLUSÕES
TENDÊNCIAS OU
CORRENTES
Educação Ambiental
através da arte no
ensino fundamental
DA1 DO1 D
Aulas de arte
de uma turma
do terceiro ano
do ensino
fundamental
Construir e
aplicar em
conjunto com o
professor,
proposta de
abordagem da
temática
ambiental através
da arte, numa
perspectiva das
relações e do
trabalho
pedagógico.
Necessidade de
um
desenvolvimento
ambiental
sustentável,
pautado na
justiça social e
na superação na
alienação
inerente ao
modo de
produção
capitalista.
Pesquisa-ação
Transversalidade e mais
especificamente do Meio Ambiente
através de uma educação
ambiental crítica como
possibilidade para mudanças da
situação atual quanto ao nível de
conscientização; prática educativa
voltada para a conscientização
manifesta-se em forma de
motivação, dinamismo e
engajamento dos alunos; Arte
possibilitou experiências ricas,
facilitou a compreensão e
visualização de conceitos de difícil
entendimento para os alunos.
Crítica
25
ANEXO 19 – EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO PROGRAMA DE DESPOLUIÇÃO DA BAÍA DE GUANABARA
TÍTULO AUTOR ORIENTADOR
INSTITUIÇÃO
OBJETO OBJETIVO ARGUMENTO METODOLOGIA CONCLUSÕES
TENDÊNCIAS OU
CORRENTES
Educação Ambiental
no programa de
despoluição da Baía
de Guanabara
DA2 DO1 D
Projeto de
educação
ambiental do
Programa de
despoluição da
Baía de
Guanabara
Analisar as
concepções de
meio ambiente e
de educação
ambiental e a
forma como a
articulação entre
a teoria e a
prática é
abordada nos
cursos de
educação para
gestão ambiental
oferecidos pelo
PEA/PDBG
O
desenvolvimento
sustentável deve
estar pautado na
justiça social
(eqüidade);
entendendo a
educação
ambiental em
uma perspectiva
crítico
transformadora,
como uma
"educação para
democracia",
uma tematização
de valores que
visa a formação
omnilateral dos
seres humanos.
Estudo de caso
O curso de capacitação é
importante na medida em que
promove a sensibilização da
população e desperta o interesse
pela temática ambiental; è
necessária uma formação com uma
fundamentação teórica em
diferentes áreas do conhecimento,
o desenvolvimento de pesquisas e
ações na comunidade para
promover mudanças radicais na
sociedade;entre os obstáculos para
implementação de um programa de
EA a violência foi destaca com um
dos mais graves pelos alunos do
PEA.
Crítica
26
ANEXO 20 – EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO: O CASO DO PARQUE NACIONAL DA TIJUCA
TÍTULO AUTOR ORIENTADOR INSTITUIÇÃO OBJETO OBJETIVO ARGUMENTO METODOLOGIA CONCLUSÕES
TENDÊNCIAS OU
CORRENTES
Educação Ambiental
em Unidades de
Conservação: O caso
do Parque Nacional
da Tijuca
DA3 DO1 D
Concepções
de educação
ambiental
presentes no
Parque
Nacional da
Tijuca
Analisar a partir
de uma
perspectiva
crítica ou
socioambiental, a
abordagem
teórico
metodológica
adotada nas
atividades de EA
desenvolvidas no
âmbito do Parque
Nacional da tijuca
(PNT)
A EA deve ser
entendida como
o resultado da
orientação e
articulação de
diversas
disciplinas e
experiências
educativas que
facilitam a
percepção
integrada de
Meio ambiente.
Estudo de Caso
As atividades de EA em parques
nacionais precisam evitar o
enfoque naturalista relacionado a
um problema específico local de
uma UC; As UC's podem contribuir
na formação de um ser humano
crítico; Os parque ambientais
possuem condições de colaborar
para a
Crítica/
Socioambiental
27
ANEXO 21 EDUCAÇÃO AMBIENTAL: UM CAMINHO PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL UMA PESQUISA
REALIZADA COM ALUNOS E PROFESSORES DO ENSINO MÉDIO DA REDE PÚBLICA DE PETRÓPOLIS, RJ
TÍTULO AUTOR ORIENTADOR INSTITUIÇÃO OBJETO OBJETIVO ARGUMENTO METODOLOGIA CONCLUSÕES
TENDÊNCIAS OU
CORRENTES
Educação Ambiental:
Um caminho para o
desenvolvimento
sustentável - Uma
pesquisa realizada
com alunos e
professores do ensino
médio da Rede
Pública de Petrópolis,
RJ.
EA1 EO1 E
Entrevistas
com
professores e
alunos do
ensino médio.
Tomar
conhecimento de
como a Educação
Ambiental está
sendo abordada
atualmente nas
escolas da rede
pública de
PETRÓPOLIS e
desenvolver uma
metodologia que
possa colaborar
para a real
apreensão do
valor do meio
ambiente através
da Educação
Ambiental.
É preciso crer
que a Educação,
em sua
expressão
ambiental, será
a qualquer
tempo a
ferramenta hábil
para a
modificação do
processo social,
começando por
um trabalho de
sensibilização
do homem e, por
extensão, da
sociedade.
Pesquisa
exploratória e
descritiva
através de
entrevista
dirigida e
questionário.
É importante que o professor
trabalhe com o objetivo de
desenvolver nos alunos uma
postura crítica diante das
informações e valores veiculados
pela mídia e daqueles trazidos de
casa; Professores e alunos
desconhecem o conceito de
desenvolvimento sustentáv
Crítica.
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