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alimentada pelo diálogo e, não, pela argumentação em torno de princípios éticos
racionais que buscam impor uma conscientização.
O diálogo é o encontro entre os homens, mediatizados pelo mundo,
para designá-lo. Se ao dizer suas palavras, ao chamar ao mundo, os
homens o transformam, o diálogo impõe-se como o caminho pelo
qual os homens encontram seu significado enquanto homens; o
diálogo é, pois, uma necessidade existencial. E já que o diálogo é o
encontro no qual a reflexão e a ação, inseparáveis daqueles que
dialogam, orientam-se para o mundo que é preciso transformar e
humanizar, este diálogo não pode reduzir-se a depositar idéias em
outros. Não pode também converter-se num simples intercâmbio de
idéias, idéias a serem consumidas pelos permutantes. Não é também
uma discussão hostil, polêmica entre homens que não estão
comprometidos nem em chamar ao mundo pelo seu nome, nem na
procura da verdade, mas na imposição de sua própria verdade...O
diálogo não pode existir sem um profundo amor pelo mundo e pelos
homens. Designar o mundo, que é ato de criação e de recriação, não
é possível sem estar impregnado de amor. (FREIRE, 1979, p. 43)
A grande maioria dos trabalhos pautados na escola parte do pressuposto que
é possível a “moldar” dos alunos através da Educação Ambiental, à qual atribuem a
condição de força transformadora dos sentidos, das representações e dos valores,
reforçando a crença implícita na educação como força transformadora. Será que
realmente é assim? A educação oferece infinitas possibilidades mas tem também
suas limitações. Argumento que é necessário um certo policiamento para que o
educador não se julgue onipotente e não ignore o direto e a liberdade que tem o
indivíduo de se expressar e construir o seu próprio conhecimento.
Neste sentido, a educação libertadora, problematizadora, já não pode
ser o ato de se depositar, ou de narrar, ou de transferir, ou de
transmitir “conhecimentos” e valores aos educandos, meros
pacientes, à maneira da educação “bancária”, mas um ato
cognoscente. Como situação cognosiológica, em que o objeto
cognoscível em lugar de ser o término do ato cognoscente de um
sujeito, é o mediatizador de sujeitos cognoscentes, educador, de um
lado, educandos, de outro, a educação problematizadora coloca,
desde logo, a exigência da superação da contradição educador-
educandos. Sem esta não é possível a relação dialógica,