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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS
CÂMPUS DE JABOTICABAL
AVALIAÇÃO DE SUPORTE NUTRICIONAL SOBRE A
ALTA HOSPITALAR EM ES E GATOS
Márcio Antonio Brunetto
Médico Veterinário
JABOTICABAL - SÃO PAULO - BRASIL
2006
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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS
CAMPUS DE JABOTICABAL
AVALIAÇÃO DE SUPORTE NUTRICIONAL SOBRE A
ALTA HOSPITALAR EM ES E GATOS
Márcio Antonio Brunetto
Orientador: Prof. Dr. Aulus Cavalieri Carciofi
Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências Agrárias e
Veterinárias UNESP, Câmpus de Jaboticabal, como parte das
exigências para a obtenção do título de Mestre em Medicina Veterinária
(Clínica Médica Veterinária).
JABOTICABAL - SÃO PAULO - BRASIL
março de 2006
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II
DADOS CURRICULARES DO AUTOR
RCIO ANTONIO BRUNETTO – Nascido em 14 de junho de 1978, em
Xanxerê – SC, graduou-se em Medicina Veterinária pelo Centro de Ciências
Agroveterinárias da Universidade do Estado de Santa Catarina –
UDESC/Lages-SC, em Julho de 2002. Cursou o Programa de
Aprimoramento em Medicina Veterinária, área nutrição e nutrição clínica de
cães e gatos, nos anos de 2003 a 2005 pela Faculdade de Ciências
Agrárias e Veterinárias - FCAV/UNESP – Campus de Jaboticabal,
Jaboticabal – SP.
III
...o basta ensinar ao homem uma modalidade científica. Por que assim
poderá tornar-se uma máquina útil, mas não uma personalidade
harmoniosamente desenvolvida. É necessário que o estudante adquira uma
compreensão dos valores éticos, um sentimento daquilo que vale a pena ser
vivido, daquilo que é belo, do que é moralmente correto. Sem a cultura moral
não há solução para os grandes problemas humanos.”
Albert Einstein
IV
Dedico
Ao meu pai,
pelo seu exemplo de honestidade!!!
V
Ofereço
À minha mãe,
minhas irmãs e meus sobrinhos
pela eterna confiança.
VI
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar a Deus por mais esta oportunidade.
Ao meu pai Dorvalino Brunetto, in memoriam, por ter me possibilitado
conhecer em sua pessoa o exemplo de um “verdadeiro homem de bem”.
Ä minha mãe Gualdina Martini Brunetto por seu amor incondicional.
A toda minha família espiritual,
Por sempre compreender a minha ausência pela distância e pela busca das
minhas metas...Vocês sabem que minha causa é nobre!!
Ao Professor, Orientador e Amigo Aulus Cavalieri Carciofi, por ser sempre
muito mais do que um orientador, ensinando através do exemplo de sua
serenidade e equilíbrio, muito mais do que nutrição, mas sim a importância de
ser um profissional sério!
A todos os amigos para as horas boas e para os momentos difíceis, em
especial ao , Paul, Dani,Vivi, Livinha, Angel, Dê, , Guido, Maricy, Gaby,
Marcy,Cê, Liliann e Rô.
Aos membros da banca de qualificação e defesa pelas importantes
contribuições na melhoria deste trabalho.
A toda equipe da nutrição, em especial a Márcia, Ricardo e Juliana, pela
participação direta ou indireta neste trabalho e a Eliana pela amizade e o bom
convívio diário.
Ao pós-graduando Marco Rogério André pela importante participação na
primeira parte deste trabalho.
Ao pós-graduando Guido e graduandos Luis e Liliana pela grande ajuda no
levantamento dos arquivos.
Aos colegas e amigos da residência: Jo Paulo, Luís Gustavo, Virgínia, Beto
e Alexandre, pelo trabalho em equipeque pudemos realizar juntos.
A todos da república Antro do HV, minha ex-casa....
A república nutronco.....Ricardo, Gabriela, Sabryna e Simone pela amizade e
ajuda.
As amigas goianas Naida e Kellen, pelo convívio, amizade e desabafos.....
VII
A Mogiana Alimentos pela doação do alimento oferecido aos animais
hospitalizados.
A ANFAL PET pelo financiamento da minha bolsa de estudos nos dois anos de
aprimoramento, período no qual foram coletadas a maior parte dos dados do
presente estudo.
Aos animais, fundamento de minha presente busca de evolução e
crescimento.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
................................
................................
................................
....
1
2. REVISÃO DA LITERATURA
................................
................................
...............
2
2.1 Terapia Nutricional Enteral
................................
................................
.............
9
2.2 Terapia Nutricional Parenteral
................................
................................
.....
14
3 MATERIAL E MÉTODOS
................................
................................
...................
18
3.1 Animais
................................
................................
................................
........
18
3.2 Grupos Experimentais
................................
................................
..................
19
3.3 Protocolo Nutricional
................................
................................
....................
21
3.3.1 Estudo Retrospectivo
................................
................................
............
21
3.3.2 Estudo Prospectivo
................................
................................
................
22
3.4 Análise dos resultados
................................
................................
.................
25
3.5 Análise Estatística
................................
................................
........................
28
4. RESULTADOS
................................
................................
................................
..
28
4.1 Estudo Retrospectivo
................................
................................
...................
28
4.2 Estudo Prospectivo
................................
................................
......................
30
4.2.1 Tempo de internação versus taxas de alta e óbito
................................
30
4.2.2 Ingestão calórica
................................
................................
...................
31
4.2.2.1 Ingestão calórica versus taxa de alta
................................
..............
31
4.2.2.2 Ingestão calórica versus dias de internação
................................
...
33
4.2.3 Escore de condição corporal
................................
................................
.
33
4.2.3.1 ECC versus consumo de calorias e balanço calórico
.....................
34
4.2.3.2 ECC versus taxas de alta e óbito
................................
....................
35
4.2.4 Escore de doença
................................
................................
..................
36
4.2.4.1 ED versus ingestão calórica
................................
............................
37
4.2.4.2 ED versus balanço calórico
................................
.............................
37
4.2.4.3 ED versus taxas de alta e óbito
................................
......................
38
4.2.5 Variação de peso durante o período de hospitalização
.........................
39
4.2.5.1 Variação de peso durante o período de hospitalização versus tipo de
suporte nutricional
................................
................................
.......................
40
4.2.5.2 Variação de peso durante o período de hospitalização versus ECC
................................
................................
................................
....................
41
4.2.5.3 Variação de peso durante o período de hospitalização versus ED
.
41
4.2.5.4 Variação de peso durante o período de hospitalização versus
balanço calórico
................................
................................
..........................
41
IX
4.2.5.5 Variação de peso durante o período de hospitalização versus faixas
de consumo calórico
................................
................................
...................
42
4.2.5.6 Variação de peso durante o período de hospitalização versus faixas
de internação
................................
................................
..............................
42
4.2.6. Tipos de suporte nutricional
................................
................................
..
43
4.2.6.1 Tipos de suporte nutricional versus taxa de alta
.............................
44
4.2.6.2 Tipos de suporte nutricional versus ECC
................................
........
45
4.2.6.3 Tipos de suporte nutricional versus ED
................................
..........
45
4.2.6.4 Tipos de suporte nutricional versus balanço calórico.
.....................
46
4.2.6.5 Tipos de suporte nutricional versus faixas de consumo calórico
....
47
4.2.6.6 Tipos de suporte nutricional versus tempo de internação
...............
49
4.2.6.7 Suporte Nutricional Enteral: Sonda nasoesofágica versus Sonda
esofágica
................................
................................
................................
....
50
5. DISCUSSÃO
................................
................................
................................
.....
52
5.1- Estudo Retrospectivo versus Prospectivo
................................
...................
52
5.2- Estudo Prospectivo
................................
................................
.....................
56
6. CONCLUSÕES
................................
................................
................................
.
67
7. REFERÊNCIAS
................................
................................
................................
.
68
8. APÊNDICES
................................
................................
................................
......
80
X
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Número e freqüência de animais atendidos em G1 e G2 no H. V.
“Governador Laudo Natelda FCAV UNESP, no período de março
de 1998 a dezembro de 2005 agrupados por especialidade médica e
por sistema orgânico acometido. Jaboticabal SP,
2006....................................................................................................20
Tabela 2. Composição de rótulo dos alimentos comerciais empregados na
alimentação dos animais internados no H.V. "Governador Laudo Natel"
da FCAV UNESP durante o estudo retrospectivo (março de 1998 a
dezembro de 2000). Jaboticabal - SP, 2006.........................................21
Tabela 3. Composição de rótulo dos alimentos comerciais empregados na
alimentação dos animais internados no H.V. "Governador Laudo Natel"
da FCAV UNESP durante o estudo prospectivo (março de 2003 a
dezembro de 2005). Jaboticabal - SP, 2006.........................................23
Tabela 4. Escore de condição corporal utilizado na classificação dos animais do
estudo Prospectivo (G2).......................................................................26
Tabela 5. Escore de doença utilizado na classificação dos animais do estudo
prospectivo (G2)..................................................................................26
Tabela 6. Taxas de alta e tempo de internação antes (G1) e depois (G2) da
implantação do Serviço de Nutrição Clínica do H. V. “Governador
Laudo Natel” da FCAV - UNESP, Jaboticabal – SP,
2006....................................................................................................28
Tabela 7. Taxas de alta e óbito observadas nas diferentes faixas de consumo
calórico de cães e gatos hospitalizados no H.V. “Governador Laudo
Natelda FCAV - UNESP no período de março de 2003 a dezembro
de 2005. Jaboticabal - SP,
2006....................................................................................................31
Tabela 8. Distribuição de cães e gatos internados no H.V. “Governador Laudo
Natelda FCAV UNESP no período de março de 2003 a dezembro
de 2005 de acordo com a quantidade de calorias ingeridas e o tempo
de hospitalização. Jaboticabal SP,
2006......................................................................................................32
Tabela 9. Taxas de alta e óbito observadas nos diferentes ECC de cães e gatos
internados no H. V. “Governador Laudo Natelno período de março de
2003 a dezembro de 2005. Jaboticabal – SP, 2006............................34
XI
Tabela 10. Distribuição dos animais internados no H.V. “Governador Laudo Natel”
da FCAV UNESP durante o período de março de 2003 a dezembro
de 2005 de acordo com a quantidade de calorias consumidas e o ED.
Jaboticabal - SP, 2006..........................................................................36
Tabela 11. Distribuição dos animais internados no H.V. “Governador Laudo Natel”
da FCAV UNESP no período de março de 2003 a dezembro de 2005
de acordo com o balao calórico e ED no qual se encontravam.
Jaboticabal – SP, 2006.........................................................................37
Tabela 12. Taxas de alta e óbito dos animais internados no H.V. “Governador
Laudo Natel” da FCAV - UNESP no período de março de 2003 a
dezembro de 2005 de acordo com o ED no qual se encontravam.
Jaboticabal – SP, 2006.........................................................................38
Tabela 13. Distribuição dos animais internados no H. V. “Governador Laudo Natel”
da FCAV UNESP no período de março de 2003 a dezembro de 2005
de acordo com a quantidade de calorias consumidas e sua variação de
peso. Jaboticabal SP, 2006...............................................................41
Tabela 14. Taxas de alta e óbito dos animais internados no H. V. “Governador
Laudo Natel” da FCAV UNESP no período de março de 2003 a
dezembro de 2005 de acordo com o tipo de suporte nutricional
utilizado. Jaboticabal SP, 2006..........................................................44
Tabela 15. Distribuição dos animais internados no H. V. “Governador Laudo Natel”
da FCAV UNESP no período de março de 2003 a dezembro de 2005
de acordo com o ED e tipo de suporte nutricional utilizado. Jaboticabal
SP,
2006......................................................................................................45
Tabela 16. Distribuição dos animais internados no H. V. “Governador Laudo Natel”
da FCAV UNESP no período de março de 2003 a dezembro de 2005
de acordo com o balao calórico e tipo de suporte nutricional utilizado.
Jaboticabal – SP, 2006.........................................................................46
Tabela 17. Distribuição dos animais internados no H. V. “Governador Laudo Natel”
da FCAV - UNESP no período de março de 2003 a dezembro de 2005
de acordo com a quantidade de calorias consumidas e o tipo de
suporte nutricional utilizado. Jaboticabal SP,
2006......................................................................................................47
Tabela 18. Distribuição dos animais internados no H. V. “Governador Laudo Natel”
da FCAV - UNESP no período de março de 2003 a dezembro de 2005
de acordo com o tempo de internação e o tipo de suporte nutricional
utilizado. Jaboticabal - SP, 2006...........................................................49
XII
Tabela 19. Consumo médio de energia (% da NER), tempo de internação (dias),
frequência de animais em balanço calórico positivo (%) e taxa de alta
(%) de acordo com o tipo de sonda empregada na terapia nutricional
enteral de animais internados no H. V. “Governador Laudo Natelda
FCAV - UNESP no peíodo de março de 2003 a dezembro de 2005.
Jaboticabal – SP, 2006.........................................................................51
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Representação gráfica da distribuição dos animais internados no H.V.
“Governador Laudo Natelda FCAV UNESP no período de março de
2003 a dezembro de 2005 de acordo com as faixas de dias de
internação. Jaboticabal - SP, 2006.......................................................29
Figura 2. Representação gráfica da distribuição dos animais internados no H.V.
“Governador Laudo Natelda FCAV UNESP no período de março de
2003 a dezembro de 2005 de acordo com a faixa de consumo de
calorias. Jaboticabal - SP, 2006...........................................................30
Figura 3. Representação gráfica da distribuição dos animais internados no H.V.
"Governador Laudo Natelda FCAV - UNESP no período de março de
2003 a dezembro de 2005 de acordo com o escore de condição
corporal (ECC). Jaboticabal - SP, 2006................................................33
Figura 4. Representação gráfica da distribuição dos animais internados no H.V.
“Governador Laudo Natelda FCAV - UNESP no período de março de
2003 a dezembro de 2005 segundo o escore de doença (ED).
Jaboticabal – SP, 2006.........................................................................35
Figura 5. Representação gráfica da variação de peso dos animais durante sua
hospitalização no H.V. “Governador Laudo Natelda FCAV UNESP
no período de março de 2003 a dezembro de 2005. Jaboticabal –
SP.........................................................................................................39
Figura 6. Representação gráfica dos tipos de suporte nutricional empregados na
rotina do Servo de Nutrição Clínica em 522 animais hospitalizados no
H.V. “Governador Laudo Natel” da FCAV UNESP no período de
março de 2003 a dezembro de 2005. Jaboticabal – SP, 2006............43
Figura 7. Representação gráfica do consumo médio em porcentagem da
necessidade energética basal por tipo de suporte nutricional
empregado nos animais atendidos pelo Servo de Nutrão Clínica do
H. V. “Governador Laudo Natelda FCAV - UNESP no período de
março de 2003 a dezembro de 2005. Jaboticabal – SP,
2006.....................................................................................................48
Figura 8. Representação gráfica do tempo médio de internação, em dias, por tipo
de suporte nutricional empregado nos animais hospitalizados no H. V.
“Governador Laudo Natelda FCAV - UNESP no período de março de
2003 a dezembro de 2005. Jaboticabal SP, 2006.............................50
XIV
LISTA DE ABREVIATURAS
ECC........................................................................Escore de Condição Corporal
ED
................................
...................
........................................Escore de Doença
EE
................................
...................
...............................................Extrato Etéreo
EM......................................................................................Energia Metabolizável
ENN.............................................................................Extrativo Não Nitrogenado
EO...........................................................................................Estresse Oxidativo
FB........................................................................................................Fibra Bruta
Kcal.....................................................................................................quilocaloria
MM................................................................................................Matéria Mineral
MO.............................................................................................Matéria Orgânica
MS....................................................................................................Matéria Seca
NEM......................................................Necessidade Energética de Manutenção
NER...........................................................Necessidade Energética de Repouso
NPP............................................................................Nutrição Parenteral Parcial
NRC............................................................................National Research Council
PB..................................................................................................Proteína Bruta
SAS....................................................System for elementary Statistical Analysis
TB..................................................................................Translocação Bacteriana
TNE.............................................................................Terapia Nutricional Enteral
TNP.......................................................................Terapia Nutricional Parenteral
UTI........................................................................Unidade de Terapia Intensiva
XV
AVALIAÇÃO DE SUPORTE NUTRICIONAL SOBRE A ALTA HOSPITALAR
EM CÃES E GATOS
RESUMO: O objetivo deste trabalho foi investigar o efeito do suporte
nutricional assistido sobre a taxa de alta de cães e gatos hospitalizados. Foram
incluidos no estudo um grupo de 947 animais hospitalizados no período de
março de 1998 a dezembro de 2000 que não receberam assistência nutricional
(G1) e 522 animais, hospitalizados no período de março de 2003 a dezembro
de 2005 que foram manejados nutricionalmente (G2). Para a comparação de
G1 versus G2 empregou-se o teste t. Em G2 empregou-se o Qui-quadrado e a
Correlação de Spearman para avaliar as associações entre ingestão calórica e
alta, escore de condição corporal e alta, escore de condição corporal e
ingestão calórica. Os pacientes de G2 apresentaram 83,16% de alta hospitalar
e tempo médio de internação de 9,42 dias, valores significantemente maiores
(p<0.001) que os de G1, de 67,1% e 6,6 dias. Em G2, 63% dos animais
apresentaram consumo voluntário com ou sem persuasão (92,93% de alta),
18,90% receberam terapia nutricional enteral (71,82% de alta), 6,19%
alimentação forçada (75,0% de alta), 7,0% terapia nutricional parenteral (61,90
de alta) e 4,47% dos animais ficaram em jejum (38,46% de alta),
demonstrando associação entre o tipo de suporte nutricional e alta hospitalar
(p<0.01). Dentre os animais que receberam de 0% a 33% da necessidade
energética de manutenção (NEM), 62,73% tiveram alta, dos que receberam
entre 34% e 66% da NEM, 87,78% tiveram alta e para os que receberam mais
de 67% da NEM, 93,28% tiveram alta, demonstrando menor mortalidade nas
faixas de maior balanço calórico (p<0.001). Nas faixas de maior balanço
calórico os animais permaneceram mais tempo internados (p<0.001). O escore
de condição corporal não teve associação (p>0.05) com o consumo de
calorias, porém apresentou dependência com as taxas de alta e óbito (p<0.01).
Palavras-chave: suporte nutricional; ingestão calórica; alta hospitalar; cães;
gatos.
XVI
EVALUATION OF THE NUTRITIONAL SUPPORT AND OUTCOME IN DOGS
AND CATS
ABSTRACT: The objective of the present study was to investigate the effect of an
assisted nutritional support on the outcome in dogs and cats.The study involved a
group of 947 animals hospitalized in the Veterinary Hospital of FCAV – Unesp,
before the Clinical Nutrition Service was implemented and therefore did not receive
assisted nutritional support (G1), which was compared to a group of 522 animals
that were nutritionally managed (G2). The statistical analysis of the results included
the t test (G1 vs. G2) and Chi-Square and Spearman's correlation to evaluate G2
(CI and outcome, body condition score and outcome, body condition score e
CI).The outcome in G2 was 83.16% and TH 9.42 days, values higher than G1 with
63% and 6.6 days (p<0.001). In G2, 63% showed voluntary feed consumption
(92.93% outcome), 18.90% received enteral support (71.82% outcome), 6.19%
were forced fed (75.0% outcome), 7.0% received parenteral support (61.90%
outcome) and 4.47% did not eat (38.46% outcome), demonstrating an association
between the type of nutritional support and outcome (p<0.01). In G2, animals that
received 0% to 33% of their MER had 62.7% outcome and those receiving more
than 67% of their MER had 93.28% outcome, showing a lower mortality in the
higher CI range (p<0.001). TH was higher in the ranges with higher CI (p<0.001).
The body condition score (BCS) was not associated with the calories consumption
(p>0.05), but showed dependence on outcome (p<0.01), the discharged
percentages were 73.0% for animals with low BCS, 86.32% for with ideal BCS, and
83.18% for overweight animals.
Kew-words: nutritional support; caloric intake; outcome; dogs; cats
1. INTRODUÇÃO
A maioria dos animais que ingressam em uma clínica ou hospital veterinário
estão acometidos por alguma alteração sistêmica que pode colocar sua vida em
risco. Em muitas ocasiões estes pacientes apresentam uma resposta catalica
aumentada, conseqüente a processos infecciosos, sepse, traumas ou uma
resposta inflamatória sistêmica. Estas alterões no metabolismo são efeitos de
uma maior liberação de mediadores endógenos como hormônios do estresse e
citocinas. Estes conduzem a um estado de balanço calórico negativo que com o
passar do tempo leva à desnutrição, com perda de massa muscular, disfunções
sistêmicas, queda na resposta imune e comprometimento do processo de
cicatrização tecidual.
A anorexia associada a ausência de infusão de calorias no enfermo dá
lugar à alterações importantes na estrutura e função intestinal, aumento da
resposta inflamatória e morbidade infecciosa. É difícil se prever o quanto a
desnutrão compromete a sobrevida e piora o prognóstico do paciente, além
disso as consequências da privão de nutrientes se manifestam de forma tardia.
Isso pode explicar por que embora haja um consenso sobre sua importância na
abordagem terapêutica do paciente enfermo, a assistência nutricional é
negligenciada e deixada para segundo plano.
A escassez de dados mais precisos sobre as necessidades nutricionais de
pessoas e, principalmente, de animais hospitalizados, durante as diversas fases
da doença, vêm complicar ainda mais este quadro. Por este motivo, a abordagem
nutricional dos pacientes críticos é um dos grandes desafios da nutrição clínica.
Embora existam diferentes métodos, técnicas e protocolos com o intuito de prover
o fornecimento protéico-energético para pacientes enfermos, cabe lembrar as
dificuldades para a aplicação prática dos mesmos. Animais anoréticos nem
sempre toleram a administração de alimentos pela via enteral por apresentarem
2
vômitos, diarréia, distensão abdominal e gastroparesias. Outras dificuldades como
restrição do aporte hídrico, dificuldade de acesso vascular ou enteral,
procedimentos invasivos e insuficiência orgânica determinam grande
complexidade no processo de nutrição desses animais. A ptica sistematizada de
nutrição parenteral também é um desafio, por apresentar custo elevado, depender
da aquisição de equipamentos apropriados e da realização de uma série de
exames bioquímicos para o acompanhamento do paciente.
Diante do exposto, esse trabalho objetivou analisar a contribuição do
suporte nutricional sobre a alta de pacientes hospitalizados, comparando animais
que não receberam suporte nutricional controlado com outros que o receberam.
Em um segundo momento, o estudo explorou associações estatísticas entre
diversas variáveis nos animais que tiveram seu manejo nutricional controlado, tais
como: escore de condição corporal (ECC), escore de doença (ED), fornecimento
de calorias, taxas de alta e óbito, balanço calórico, período de internação e tipo de
suporte nutricional empregado.
2. REVISÃO DA LITERATURA
A desnutrição está associada à complicações clínicas em diferentes órgãos
e sistemas (WEINSIER et al., 1979; ANDERSON et al., 1984; NABER et al., 1997;
BRUGLER et al., 1999). Estudos conduzidos em diferentes países, ao longo dos
anos, têm evidenciado uma elevada ocorrência de desnutrição hospitalar em
pacientes humanos adultos (BISTRIAN et al., 1976; McWHIRTER &
PENNINGTON, 1994; WAITZBERG et al., 2001).
Em um estudo realizado para determinar se a má-nutrição ainda é um
achado significante, GINER et al. (1996) observaram que a incidência desta em
pacientes cirúrgicos é similar àquela de outras afecções clínicas e que se
desenvolve principalmente no período pré-cirúrgico. Concluíram que a alta dos
pacientes é adversamente afetada por um status nutricional pobre. Demonstraram
3
ainda que a má-nutrição é um problema persistente em pacientes humanos
hospitalizados, destacando a elevada relevância de sua identificação e correção
precoces.
No Brasil, o estudo multicêntrico do IBRANUTRI (Instituto Brasileiro de
Nutrição), realizado em 1996, encontrou uma prevalência de desnutrição
hospitalar de aproximadamente 50% (WAITZBERG et al., 2001). Além da
necessidade de estudos que avaliem o estado de desnutrição, são necessários
trabalhos que avaliem o efeito de programas nutricionais.
A Má-nutrição em humanos tem sido estatisticamente associada com
aumento nas taxas de complicações, readmissão hospitalar, permanência
prolongada no hospital e aumento nos custos totais de tratamento, estimado em
até quatro vezes mais do que o necessário para tratar pacientes bem nutridos
(BEISEL, 1977; ANDERSON et al., 1984; MEGUID et al., 1987; REILLY et al.,
1988; BRUGLER et al., 1999; EDINGTON et al., 2000).
Entende-se aqui como desnutrição ou má-nutrição o consumo insuficiente
de calorias, proteínas e oligoelementos necessários para o metabolismo tecidual
normal, o que prejudica diretamente o manejo médico ou cirúrgico do paciente
(REMILLARD et al., 2001; BATTAGLIA, 2001).
JOHANSEN et al. (2003) avaliaram o efeito de um programa nutricional em
uma amostra randomizada de pacientes humanos hospitalizados, que se
apresentavam em risco de desnutrição. Verificaram que a ingestão aumentada de
proteínas e energia por estes indivíduos resultou em diminuição do período de
permanência hospitalar, demonstrando dessa forma os efeitos benéficos de se
intervir nutricionalmente em pacientes críticos.
Em animais, a má-nutrição aumenta possivelmente a morbidade e a
mortalidade, mas isto não tem sido bem quantificado (CARCIOFI et al., 2003).
Poucos estudos clínicos foram realizados em cães e gatos para se determinar o
impacto do suporte alimentar sobre a alta hospitalar (CARCIOFI et al. 2004;
FLORES, 2004) e também para estabelecer quais parâmetros são aplicáveis e
quão acurados eles são na determinação da condição nutricional e na predição da
alta (MICHEL, 1993).
4
Apesar do grande crescimento das informações científicas a respeito da
nutrição do animal enfermo, este conhecimento ainda não faz parte da rotina
médica de clínicas e hospitais veterinários, que usualmente não têm a nutrição
como parte do tratamento terapêutico (REMILLARD, et al. 2000). A má nutrição de
animais hospitalizados é mais comum do que usualmente se reconhece. Em
estudo envolvendo 276 cães e 821 dias de hospitalização, REMILLARD et al.
(2001) encontraram que em apenas 27% dos dias os animais consumiram
alimento suficiente para atingir balanço calórico positivo. Entre as causas que
levaram ao balanço energético negativo listaram a recusa do animal em se
alimentar ou anorexia (43%), prescrição de jejum (34%) e prescrição dietética
incorreta pelos veterinários (22%).
Baixa ingestão calórico-protéica é a causa mais comum de imunodeficiência
em pacientes humanos. Verifica-se um decscimo progressivo da resposta imune
incluindo a resposta mediada por células, produção de IgA secretória, fagocitose,
funcionamento do sistema complemento, afinidade de anticorpos e produção de
citoquinas (CHANDRA, 1981; CHANDRA, 1992
a
). Mesmo a deficiência de um
nutriente isolado, como zinco, ferro, piridoxina, vitamina A, cobre ou selênio
compromete a resposta imune (CHANDRA, 1992
b
).
Os pacientes em estado crítico podem apresentar diversas situações
clínicas como isquemia, sepse, traumas e o próprio jejum prolongado, que
produzem alterações estruturais e funcionais dos diversos sistemas. O intestino,
pela importância da presença de alguns nutrientes intraluminais que se
contrapoem à estas alterações é bastante afetado pelo jejum (THOMPSON,
1995). Sabe-se que este órgão contém 60-70% de todo o tecido linfóide do
organismo e suas funções de barreira possuem mecanismos complexos. A
ingestão de alimentos ou sua administração por via enteral estimula a secreção de
IgA pelas glândulas salivares e trato biliar, que se aderem às bactérias na luz
intestinal, prevenindo dessa forma o ataque bacteriano as células epiteliais
intestinais e posterior inflamação local (WILMORE et al., 1988). As placas de
peyer contém linfocitos T e B que são responsáveis pela manutenção de um
estado inflamatório constante e fisiológico da mucosa intestinal. As células de
5
Kupffer no fígado e baço atuam também como barreira para as bactérias e as
endotoxinas que penetram pelo tecido epitelial intestinal e tecido linfático regional
(WILMORE et al., 1988; NAPOLITANO, 2000).
Nestas situações graves de sepse, isquemia, traumas, falência múltipla de
órgãos ocorre um incremento drástico na produção de radicais livres de oxigênio
podendo resultar em situações de estresse oxidativo (EO), que inclui ativação de
células fagocíticas do sistema imune, produção de óxido nítrico pelo endotélio
vascular, liberação de íons de ferro, cobre e metaloproteínas (COLS, 2001). A
desnutrão pode ser considerada como um fator determinante do EO, sendo
conhecido que as deficiências nutricionais de alguns micronutrientes relacionados
com o sistema de defesa antioxidante, como o magnésio, selênio, zinco, cobre,
vitaminas A, C, E, e o excesso de outros como o ferro, se encontram relacionados
com as alterações metalicas ligadas a um aumento na produção de radicais
livres com conseqüente dano oxidativo (MATAIX, 2002; MARINO, 2002).
Pacientes críticos estão mais susceptíveis a déficits de nutrientes, pois a condição
hipermetalica induz a um aumento das necessidades, que muitas vezes não
são supridas com o uso de dietas de manutenção (BAINES & SHENKIN, 2002).
BUTTERWORTH (1974) e TORRANCE (1996) identificaram inúmeras
razões para as falhas no manejo nutricional e, assim, para a elevada prevalência
da desnutrição hospitalar: difusão da responsabilidade no cuidado do paciente;
uso prolongado de solões intravenosas salinas e glicosadas; falha em
quantificar a ingestão de alimento pelo paciente; jejum em função de testes
diagnósticos; não reconhecimento das necessidades nutricionais aumentadas
devido à injúria ou doença; não proporcionar suporte nutricional as cirurgia; não
reconhecer o papel da nutrão na prevenção e recuperação de infecções;
ausência de comunicação e interação entre clínicos e nutricionistas.
A assistência nutricional ao paciente hospitalizado tem como objetivos
manter ou evitar o decréscimo da imunocompetência, da síntese e reparação
tecidual e do metabolismo intermediário de drogas, as três principais
conseqüências da desnutrição (DONOGHUE, 1989; CROWE, 1990; CARNEVALE
6
et al., 1991; HAND et al., 2000; REMILLARD et al., 2001; REMILLARD, 2002;
CHAN, 2004).
O correto manejo nutricional do animal hospitalizado depende de uma
adequada coleta de informações nutricionais do paciente durante a anamnese e
exame físico (incluindo a condição ou escore corporal) e da realização de exames
laboratoriais específicos, quando necessário. Devem-se estruturar protocolos e
procedimentos internos que permitam a definição das necessidades calóricas do
animal, tipo de alimento, via de administração e a quantidade de alimento a ser
fornecida. Mecanismos de acompanhamento e registros diários do consumo
efetivo de alimentos e da produção de fezes são, também, fundamentais
(CARCIOFI et al., 2003). Tanto em nutrição humana como veterinária, tem-se
considerado a ingestão da Necessidade Energética de Repouso (NER), estimada
para cães e gatos como 70 x Peso Vivo
0,75
kcal por dia (KLEIBER, 1932), como o
critério para se considerar o animal em balanço energético positivo.
Alguns clínicos ainda acreditam que a intervenção nutricional o é tão
necessária e que se houver uma terapia adequada o apetite pode se regularizar
em até 5 dias
(BURKHOLDER, 1995). Sabe-se hoje, no entanto, que ao contrário
do conceito acima, a ingestão de alimentos é fundamental para o sucesso da
terapia e recuperação do animal (LEWIS et al., 1994; SIMPSON et al., 1993; HILL,
1994; CASE et al., 1995; TENNANT, 1996; REMILLARD et al., 2000). A maioria
dos animais doentes requer uma atenção crítica em relação à quantidade e
qualidade do que comem. O suporte nutricional pode ser tão vital como qualquer
terapia, como fluidos ou antibiótico (DEVEY et al., 1995), devendo ser sempre
iniciado gradualmente, independentemente da meta calórica final a ser alcançada.
Benefícios do suporte nutricional a cães e gatos hospitalizados incluem:
colabora na recuperação do paciente; redução na mortalidade; melhora na
resposta orgânica ao trauma e ao estresse. Um de seus objetivos primários é
prevenir o catabolismo de proteínas teciduais, pois pacientes hospitalizados
freqüentemente se apresentam em balanço protéico negativo, o que pode ser
conseguido pelo fornecimento de calorias suficientes e protna dietética em
proporções ótimas (DONOGHUE, 1994).
7
A maioria dos pacientes hospitalizados estão sob estresse metabólico em
função de infeões ou traumas. Alguns encontram-se hipermetalicos e outros
hipometabólicos. Doenças primárias podem exacerbar desbalanços nutricionais e
a terapia pode alterar a capacidade homeostática do animal. Feridas e tumores
podem atuar como fatores adicionais, levando a um aumento das necessidades
calóricas (DONOGHUE, 1989).
Geralmente os pacientes internados diminuem seu apetite, não só pela
doença, mas tamm pelo estresse da hospitalização, confinamento, habitat
desconhecido e presença de outros animais (BOULCOTT, 1967). Entretanto, é
justamente neste momento que precisam de uma atenção nutricional especial,
pois em resposta a estas mudanças, observam-se alterações metalicas que
resultam em aumento das necessidades nutricionais, na taxa metabólica
(hipermetabolismo) e persistente perda de nitrogênio associada a um balanço
nitrogenado negativo, o que se sobrepõem ou agrava as deficiências nutricionais
pré-existentes (BUTTERWICK & TORRANCE, 1995). Os efeitos da má-nutrição
calórico-protéica tendem a ser específicos para cada tecido e podem se tornar
generalizados quanto maior for a demora em sua correção. Longos períodos de
privação alimentar culminam em grande mobilização de aminoácidos, que são
utilizados na síntese de DNA e RNA, na produção de proteínas de fase aguda e
de energia (gliconeogênese), agravando ainda mais o estado de desnutrição
(SEIM III & BARTGES, 2003).
Animais não portadores de doença porém desnutridos apresentam uma
redução na taxa metabólica seguida por um aumento na oxidação de gorduras e
um menor catabolismo protéico. Os objetivos destas mudanças são conservar a
massa magra restante e consumir os estoques de gordura. Quando a condição do
animal é agravada por estresse resultante de trauma, sepse, queimaduras e
outras, sobrevém-se na fase inicial uma redução na taxa metabólica, a qual é
rapidamente superada por um estado hipermetabólico. O estado hipermetalico é
caracterizado por um aumento do consumo de oxigênio e do gasto energético
estando dependente, sobretudo, da severidade da injúria. Ele provavelmente
representa uma tentativa do corpo em prover adequadas quantidades de glicose,
8
a fim de otimizar as defesas do hospedeiro e a reparação de feridas no sítio da
injúria. Secreções aumentadas de glucagon, catecolaminas, cortisol e hormônio do
crescimento, antagonizam os efeitos da insulina e induzem hiperglicemia,
degradação de proteína tecidual para fornecer substrato para a gliconeogênese e
aumento da oxidação de gorduras. Em animais, ao contrário do que ocorre em
humanos, não existe aumento da oxidação de glicose, que se torna menos
eficiente em contribuir como fornecedora de energia. Os estoques de glicogênio
sofrem depleção rápida. O aumento da taxa metabólica é sustentado pela
oxidação de gorduras e aminoácidos, verificando-se inclusive hiperglicemia de
jejum decorrente de resistência insulínica periférica (TORRANCE, 1996).
Na “desnutrição simplesa oxidação de gorduras é acompanhada por
cetogênese e reduzida degradação protéica. Quando a desnutrição e o
hipermetabolismo ocorrem ao mesmo tempo (“desnutrição-estresse”) a
degradação protéica não é suprimida e pode acelerar-se. Como não há estoques
de proteína no corpo, os substratos para a gliconeogênese são obtidos a partir de
tecidos estruturais e funcionais. O catabolismo de tecido muscular periférico pode
sustentar o paciente por um período, até que funções vitais sejam afetadas.
Sistemas orgânicos que dependem de um turnover celular rápido, tais como o
intestino e o sistema imune, são mais vulneráveis e a combinação da função
imune deprimida e falha da barreira gastrointestinal pioram o prognóstico do
paciente. O tecido linfóide intestinal sofre depleção e há uma redução na secreção
de IgA. Aumenta o risco de translocação bacteriana do lúmen intestinal atras da
mucosa comprometida para o sangue portal. O sistema retículo endotelial hepático
também pode estar comprometido e assim, mais bactérias e toxinas do intestino
atingem a circulação sistêmica podendo levar à sepse e à endotoxemia. Nos
últimos estágios da desnutrição protéico-energética a hipoproteinemia desenvolve-
se, resultando em redução da pressão oncótica, edema, infecção localizada e
atraso na cicatrização de feridas. A má-nutrão protéico-energética é um dos
maiores fatores contribuintes para falência múltipla dos órgãos. Pacientes
desnutridos e hipermetabólicos são relativamente intolerantes à glicose e usam-na
ineficientemente como fonte de energia. O hipermetabolismo é sustentado
9
primariamente por oxidação de gordura e catabolismo proteico. Assim, proteínas e
gorduras são importantes fontes de energia para pacientes críticos (TORRANCE,
1996; CHAN, 2004).
Fatores relativos à doença podem aumentar o gasto energético em 1,05 a
1,2 vezes em casos de traumas simples, em 1,2 a 1,3 vezes para fraturas
múltiplas e queimaduras extensas e podendo atingir o dobro das necessidades em
traumas cranianos severos (DONOGHUE & KRONFELD, 1994).
Animais que durante 24 ou 48 horas não apresentem consumo voluntário
da NER estão em balanço energético negativo, devendo receber intervenção
nutricional enteral ou parenteral (REMILLARD et al., 2000). A cada dia
negligenciado aumentam-se significativamente os riscos de complicações e
mortalidade (DEVEY et al., 1995). O consumo inadequado de nutrientes pode
complicar muitas desordens fisiológicas, sendo assim, mais difícil de se tratar a
doença primária (CASE et al., 1995). Uma meta prática seria começar o suporte
nutricional dentro de 24 horas a partir do início da injúria ou doença (REMILLARD
et al., 2000).
ARMSTRONG (1988) e CARNEVALE et al. (1991) apontaram os seguintes
critérios para a identificação dos pacientes que necessitam de apoio nutricional:
ingestão oral reduzida durante 3-5 dias; ingestão oral interrompida durante 3 dias;
evidências que sugiram uma perda aguda de peso maior que 5% (em ausência de
perda dequidos); exame físico que sugira sinais de depleção muscular ou perda
de peso maior que 8 a 10%.
2.1 Terapia Nutricional Enteral
Durante muito tempo o trato gastrointestinal dos pacientes críticos foi
considerado como um óro fisiologicamente inativo e de pouco significado fisio-
patológico, apresentando desta forma importância secundária nos processos de
recuperação (PÉREZ, 1998; MACINTIRE, 2000). Porém, nas últimas décadas este
10
paradigma vem apresentando mudanças. Atualmente destaca-se como ponto
chave o papel central do intestino no metabolismo intermediário da glicose e de
alguns aminoácidos, especialmente da glutamina, realizado nos enterócitos, antes
de sua passagem para o fígado (ROEDIGER, 1990). Um segundo aspecto
relevante é a sua função como barreira protetora, constituída pelos enterócitos e
tecido linfóide intestinal, que impedem a passagem de bactérias e toxinas da luz
intestinal para a corrente circulatória (ROEDIGER, 1990; SUCHNER, 1998;
MARKS, 1998; KESEK, et al., 2002; PRITTIE & BARTON, 2004).
A terapia nutricional enteral é definida como um conjunto de procedimentos
terapêuticos empregados para a manutenção ou recuperação do estado
nutricional por meio do fornecimento de nutrientes na luz do trato gastrointestinal,
administrados pela boca, sondas ou ostomias (SHENKIN, 1997). Sempre que
possível, o uso do suporte nutricional enteral é preferível ao parenteral, por ser
mais próximo do fisiológico, seguro, econômico, além de garantir o aporte de
nutrientes ao lúmem intestinal, mantendo dessa forma a integridade da mucosa e
evitando a translocação bacteriana (DONOGHUE, 1989; DAVENPORT, 1995;
DEVEY et al., 1995, JOLLIET et al., 1999; MACINTIRE, 2000). Em seres humanos
que alimentam-se normalmente, a presença de nutrientes na luz intestinal
representa um estímulo trófico poderoso para a mucosa deste órgão, a absorção
de nutrientes diretamente da luz intestinal corresponde a 70% das necessidades
energéticas dos colonócitos e 50% da dos enterócitos, sendo o restante suprido
pela corrente circulatória (ROEDIGER, 1990). A mucosa intestinal apresenta as
maiores taxas de multiplicação e renovação celular de todo o organismo,
demonstrando-se com isto a grande importância do aporte de nutrientes para o
intestino.
FLORES (2004) avaliou o efeito do suporte nutricional microenteral
precoce em um grupo de cães acometidos por gastroenterite hemorrágica e
encontrou menores tempos de hospitalizão, maiores taxas de alta e ganho de
peso, quando comparado com o grupo que não recebeu assistência nutricional.
Outros estudos como os de MOHR et al. (2003) e WILL et al. (2005) compararam
o uso de terapia nutricional parenteral com o uso de terapia enteral precoce em
11
cães acometidos por gastroenterite hemorrágica e observaram efeitos clínicos
mais benéficos no segundo grupo.
Os efeitos do uso de terapia nutricional enteral precoce intrajejunal sobre a
função de barreira protetora da mucosa intestinal e a ocorrência de translocação
bacteriana em cães portadores de pancreatite aguda foram estudados por QIN et
al. (2002). Estes constataram menores índices de translocão bacteriana
decorrentes de uma melhor manutenção da integridade da mucosa intestinal
conseqüente ao aporte de alimento no lúmen intestinal, quando comparados com
a terapia nutricional parenteral, am de garantir um melhor suprimento calórico
aos animais.
ORTEGA et al. (2005) fazendo uma revisão sistemática, selecionaram nove
trabalhos que compararam o uso da TNE em pacientes humanos hospitalizados
em unidades de terapia intensiva, sob cuidados pós-operatórios, com pacientes
que não receberam este suporte. Os resultados encontrados indicaram uma
melhoria nos parâmetros nutricionais no grupo que recebeu TNE. Observaram,
também, uma certa tendência de redução de complicações e no tempo de
hospitalização para este grupo, porém não houve diferença sobre a taxa de
mortalidade.
São escassos os trabalhos clínicos controlados que demonstram um
prognóstico mais favorável em termos de morbi-mortalidade e tempo de
permanência em UTI ou hospital, em pacientes que recebem suporte nutricional
enteral frente ao suporte nutricional intravenoso (YOUNG et al., 1987; KUDSK et
al., 1992; Mc CLAVE, 1997). Em uma meta-análise de 27 ensaios randomizados
KOMPAN et al. (1999) constataram taxa de infecções significativamente inferiores
em pacientes que receberam TNE. GRAMLICH et al. (2004) em outra meta-
análise de 13 estudos em unidades de terapia intensiva encontraram resultados
semelhantes aos de KOMPAN et al. (1999) mas não encontraram diferenças
estatísticas relacionadas ao número de dias em ventilação mecânica e dias de
hospitalização. Em animais, os estudos de QIN et al. (2002), MOHR et al. (2003) e
WILL et al. (2005) sugerem melhores efeitos clínicos em pacientes submetidos a
12
TNE, possivelmente pela manutenção da integridade da mucosa intestinal e pelo
melhor aporte calórico.
Tem sido analisado atualmente os efeitos da aplicação da TNE de forma
precoce em humanos, aqui considerada como a instituição do suporte nutricional
nas primeiras 36 horas de hospitalização. Alguns trabalhos demonstraram uma
redução significativa do período de hospitalização e redução nas taxas de infecção
com este expediente (ORTEGA et al., 2005). BARR et al. (2004) encontraram
resultados bastante significativos após a instituição de um protocolo para
intervenção nutricional precoce. Segundo estes autores, pacientes que receberam
TNE apresentaram uma redução de 56% nas complicações que culminam com o
óbito, quando comparados com pacientes que foram submetidos a TNP ou com
aqueles que não receberam nenhum tipo de suporte. Esta também diminui o
período necessário de ventilação mecânica.
As doenças hepáticas felinas, como a lipidose e a colangio-hepatite, são os
indicativos clínicos mais freentes para o uso do suporte nutricional enteral,
seguindo-se as neoplasias, a insuficiência renal, os traumas e as doenças da
cavidade oral e do trato respiratório (BATAGLIA, 2001). Animais inapetentes mas
que apresentem o trato gastrointestinal funcional devem ser prioritariamente
alimentados via sonda nasoesofágica, esofágica ou gástrica (ARMSTRONG &
LIPPERT, 1988; CROWE, 1989; CROWE, 1990; SIMPSON & ELWOOD, 1994;).
A colocação da sonda pela via nasoesofágica é o método mais indicado
para cães e gatos doentes que necessitam de suporte nutricional por período
inferior a uma semana (ABOOD & BUFFINGTON, 1991; ABOOD &
BUFFINGTON, 1992). Os nutrientes são administrados na porção distal do
esôfago. As vantagens desta técnica são baixo custo, facilidade, aceitação pelo
paciente e a dispensa da anestesia geral. No entanto, o pequeno diâmetro da
sonda permite apenas a administração de dietas líquidas sem partículas, o que
dificulta o suprimento calórico e protéico dos animais debilitados e desnutridos. As
complicações associadas com o uso de sonda de alimentação via nasoesofágica
são a sua obstrução, a remão pelo próprio animal, epífora, atraso no
esvaziamento gástrico, aspiração, vômitos, diarréia, hipocalemia e moléstias
13
nasais e faríngeas relacionadas à sua permanência prolongada (ABOOD &
BUFFINGTON, 1991; ABOOD & BUFFINGTON, 1992; DONOGHUE &
KRONFELD, 1994).
A técnica de colocação da sonda através da via de esofagostomia é de fácil
realização e não apresenta desconforto para o animal (BATAGLIA, 2001). A
simplicidade do manejo da sonda e administração do alimento permite a
cooperação dos proprietários (IRELAND et al, 2003), minimizando os custos de
internação nas clínicas e hospitais veterinários. Sua vantagem é o maior diâmetro
do tubo que, viabiliza a administração de uma maior quantidade de alimento e
alimento mais grosseiro, próximo ao usualmente consumido por cães e gatos
(DONOGHUE, 1994; DEVITT & SEIM III, 2000; BRUNETTO et al., 2005). As
complicações associadas à esta técnica são infecção do campo operatório,
edema de face por pressão exercida pela bandagem, esofagite, aspiração de
alimento, obstrução das vias aéreas superiores, disfagia, vômito, saída da sonda
através da cavidade oral e gastrite (LEVINE et al., 1997; REMILLARD et al., 2000;
REMILLARD, 2002).
A técnica de gastrostomia é considerada como uma forma efetiva de
suporte nutricional em cães e gatos, da mesma forma que a esofagostomia,
podendo ser utilizado por longos períodos (meses a anos) (SIMPSON &
ELWOOD, 1994). Consiste numa via segura por proporcionar uma digestão
eficiente. As funções do estômago de mistura, digestão e estocagem permanecem
íntegras, além do que o diâmetro das sondas utilizadas permite a administração
de alimentos mais consistentes e sob a forma polimérica (não digerida). Há uma
boa aceitação do paciente e do proprietário a esta técnica somado à facilidade de
reiniciar a alimentação oral ou espontânea, mesmo com a permanência do tubo,
representando vantagens consideráveis para instituir a alimentação enteral pela
técnica de gastrostomia (SEAMAN & LEGENDRE, 1998; SEIM III & BARTGES,
2003). No entanto, este método apresenta como desvantagens a necessidade do
uso de anestesia geral e aparelho especializado para a colocão dos tubos, as
sondas não podem ser removidas em período de tempo inferior a cinco dias e o
14
extravazamento de conteúdo alimentar do estômago para a cavidade abdominal
pode resultar em peritonite (HAN, 2004).
Os pacientes candidatos a esta terapia são aqueles acometidos por
doenças orofaringeanas, distúrbios esofágicos, lipidose hepática e aqueles com
anorexia resultante de distúrbios debilitantes. Porém, a gastrostomia fica contra-
indicada nas situações de vômitos incoercíveis, nas desordens gastroentéricas,
nos quadros de ascite e em pacientes que necessitam de suporte nutricional por
um período inferior a cinco dias (CHAN, 2004).
2.2 Terapia Nutricional Parenteral
A terapia nutricional parenteral (TNP) consiste na administração de todas
ou parte das exigências nutricionais diárias através da via intravenosa (CHAN,
2002). A administração de todas as necessidades nutricionais, incluindo calorias,
aminoácidos, lípides, vitaminas e minerais é denominada Nutrão Parenteral
Total. Nela todas as necessidades nutricionais conhecidas são infundidas dentro
de um período de 24 horas, incluindo aqui a totalidade das necessidades
energéticas do paciente. A administração de apenas parte das necessidades
nutricionais é denominada de Nutrição Parenteral Parcial (NPP) (CROWE, 1990).
Esta pode ou não incluir lípides e micro-elementos. Normalmente na NPP são
administrados os eletrólitos e vitaminas necessários e apenas parte das
necessidades enerticas e de aminoácidos do paciente (REMILLARD et al.,
2000).
São indicações específicas para o uso da nutrição parenteral: obstrução
gastrointestinal, hipomotilidade gastro-entérica; má absorção; diarréias profusas;
vômitos severos; período pós-operatório de determinados procedimentos
cirúrgicos do trato gastrointestinal; pancreatite; peritonite; hepatite; coma;
inconsciência ou déficits neurológicos severos; ocasiões em que a colocação de
tubos não é possível e outras circunstâncias individuais. Esta via pode ser
15
empregada, também, como forma de suplementação da via enteral (CHAN et al.,
2002; SEIM III & BARTGES, 2003).
Antes de se proceder à nutrição parenteral, é importante que o paciente
esteja hidratado e com seu equilíbrio ácido-básico estabelecido. Pacientes com
alterações hidroeletrolíticas e ácido-básicas devem primeiro ser rehidratados e
estabilizados sob pena de desenvolverem transtornos metalicos graves durante
o procedimento (ZSOMBOR-MURRAY & FREEMAN, 1999).
Há cinco soluções básicas empregadas na nutrão parenteral: dextrose,
aminoácidos, lipídios, eletrólitos e compostos vitamínico-minerais. Soluções de
dextrose variam de 5% a 100% em concentração, de aminoácidos de 3,5% a 15%
e lípides de 10% a 30%. Soluções de dextrose acima de 7,7% e lípides acima de
4,25% são hipertônicas, podendo causar flebite cáustica se empregadas em vasos
periféricos (REMILLLARD, 2002). Normalmente, na NPP estas soluções são
diluídas na necessidade hídrica do paciente, sendo assim melhor toleradas em
vasos periféricos. O uso isolado de dextrose como fonte de calorias não-proicas,
apesar de barato, tem como inconveniente o fato de pacientes catabólicos serem
insulino-resistentes, podendo este procedimento resultar em hiperglicemia
(ARMSTRONG & LIPPERT, 1988). Além disso, a glicose não é efetiva em limitar a
lilise e o balanço nitrogenado negativo em cães e gatos. A composição de
glicose com lípides no fornecimento de calorias não protéicas é preferível, pois
diminui-se estes efeitos colaterais e a solão torna-se mais eficiente na
manutenção do balanço nitrogenado (HILL, 1994). Outras vantagens das soluções
lipídicas incluem sua isosmolaridade, alta densidade energética e podem ser
empregadas em vasos periféricos. No entanto, estas propiciam crescimento
bacteriano, podendo favorecer à sepse e são instáveis se misturadas diretamente
com a dextrose à 50% (CHANDLER et al., 2000).
Os pacientes devem receber uma fonte de aminoácidos essenciais e não
essenciais. A maior parte das soluções apresentam todos os aminoácidos
essenciais para cães e gatos, exceto a taurina, que pode ser encontrada apenas
em algumas soluções especiais para pacientes pediátricos. Algumas formulações,
no entanto, não apresentam arginina, aminoácido essencial para cães e gatos,
16
devendo isto ser checado antes da administração da mesma. As soluções de
aminoácidos e dextrose podem ou não apresentar eletrólitos. Devido à maior
facilidade de preparo, deve-se dar preferência às que já vem com eletrólitos
(CHANDLER et al, 2000).
Compostos multivitamínicos e oligoelementos também são incorporados à
TNP. As vitaminas, especialmente as hidrossolúveis, são rapidamente perdidas
durante a anorexia e o estado catalico, pois o organismo animal não apresenta
estoque destes nutrientes. Elas participam como co-fatores de várias etapas do
processo de utilização da energia, de forma que a suplementação de calorias
acelera seu consumo e perda. A deficiência de vitaminas do complexo B, em
especial de tiamina, é um dos fatores responveis pela ocorrência da síndrome
da realimentação, um distúrbio metalico potencialmente fatal que se desenvolve
no paciente anorético realimentado. Como várias vitaminas do complexo B são
destruídas pela luz, é recomendável proteger o recipiente com a solução
parenteral com papel alumínio ou outro material que impeça a sua incidência
direta de (CROOK et al., 2001).
Outros fatores envolvidos na síndrome da realimentação são o fósforo, o
magnésio e o potássio. Estes são perdidos durante a destruição tecidual
secundária à inanição e podem ter sua concentração plasmática diminuída por
captação celular posteriormente ao fornecimento de calorias. A glicose estimula a
secreção de insulina e aumenta a utilização do fósforo na sua fosforilação
intermediária. Hipofosfatemia causada por administração muito rápida de calorias
na forma de glicose ocorre mais rapidamente em cães que passaram fome do que
em animais normais (REMILLARD, 2002). As principais complicações da TNP são,
em ordem de ocorrência, transtornos metabólicos, obstruções e distúrbios
mecânicos durante a infusão, septicemia e flebite (CHAN, 2002). A hiperglicemia é
o transtorno metalico mais comum, seguido pela hiperlipemia e
hiperbilirrubinemia. Em pacientes não hiperglicêmicos antes da instituição da TNP
a hiperglicemia raramente precisa ser corrigida com a administração de insulina,
normalmente a redução da administração de solução de dextrose já é suficiente
para solucionar o transtorno. Gatos são mais susceptíveis à hiperglicemia,
17
necessitando de maior atenção. Uma alternativa interessante e imprescindível
seria infundir no primeiro dia apenas 50% da solução de dextrose necessária e, no
segundo dia, não havendo no animal glicosúria ou hiperglicemia, infundir a
totalidade do volume calculado de solução. Hiperlipemia pode ocorrer nos
primeiros dias do suporte, nestes casos deve-se diminuir a concentração da
solução lipídica do soluto infundido (TORRANCE, 1996).
A hipocalemia é o principal transtorno eletrolítico da TNP. A glicose
promove captação de potássio pela célula, devendo a concentração deste
elemento ser adequadamente monitorada na fluidoterapia do animal e
suplementada na solução infundida. O grande volume de fluidos a ser
administrado, associado à elevada freqüência de transtornos mecânicos
obstrutivos, faz com que seja recomendável o emprego de uma bomba de infusão
(CHAN, 2002). Além disso, os transtornos metalicos são muito mais suscetíveis
de ocorrerem em função de uma velocidade muito rápida de infusão do que em
função da qualidade do fluído administrado. As complicações mecânicas
obstrutivas podem ser prevenidas com o emprego de cateteres endovenosos de
boa qualidade, regularmente lavados com soluções anticoagulantes, bem
posicionados e fixados no animal. Estes devem ter uso exclusivo para a TNP,
evitando-se seu uso para a administração de medicamentos ou colheita de sangue
do paciente (REMILLARD, 2002).
O protocolo de monitoramento dos pacientes que estão recebendo TNP
deve incluir (SEIM III & BARTGES, 2003):
checar sinais vitais a cada 6 ou 12 horas (temperatura, pulso,
membranas mucosas, freqüência respiratória);
pesar os animais todos os dias;
mensurar a glicemia a cada 6 ou 12 horas de início e depois a cada
72 horas;
determinar a concentração de eletlitos à cada 24 horas durante
os primeiros 2 ou 3 dias;
determinar a uréia sérica 12 horas as o início da nutrição;
18
determinar hematócrito, sólidos totais, contagem de plaquetas e
verificar a turbidez e coloração do plasma à cada 24 horas por 2 a
3 dias, depois semanalmente;
determinar hemograma completo e perfil bioquímico (enzimas
hepáticas e creatinina) uma ou duas vezes por semana
O preparo da solução deve seguir a seguinte ordem: 1) aminoácidos e
eletrólitos; 2) dextrose; 3) emulsão lipídica e 4) vitaminas. A mistura deve ser feita
da forma mais asséptica possível, pois a solução apresenta-se como um meio de
cultura para microorganismos podendo levar à sepse. Recomenda-se seu preparo
em capela de fluxo laminar, mas em nossa realidade pode-se utilizar o centro
cirúrgico após sua desinfecção ou um outro local convenientemente higienizado e
desinfetado, tomando-se o cuidado de se usar luvas estéreis e avental durante o
procedimento. Todo frasco de solução após aberto deve ser refrigerado,
observando-se as recomendações do fabricante (CARCIOFI & BRUNETTO,
2005).
Uma outra opção interessante é adquirir a solução pronta, embalada em
bolsas para 24 horas de nutrição parenteral, de hospitais ou laboratórios humanos
especializados. Nesta opção o clínico deve prescrever com precisão o volume ou
concentração final de cada nutriente (lípides, dextrose, aminoácidos, vitaminas,
eletrólitos e minerais). As vantagens incluem maior facilidade, um menor custo
potencial, maior garantia de assepsia, precisão da formulação e a possibilidade do
emprego de vários tipos de solução, formulando uma nutrição mais completa
(CARCIOFI & BRUNETTO, 2005).
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Animais
19
Participaram do estudo cães e gatos procedentes da rotina do Hospital
Veterinário “Governador Laudo Natel” - FCAV/UNESP e que foram internados por
decisão dos Serviços de Clínica Médica, Clínica Cirúrgica ou Obstetrícia e tiveram
seu manejo alimentar como responsabilidade do Serviço de Nutrição Clínica.
Foram incldos animais com qualquer doença primária e no pré ou pós-cirúrgico.
3.2 Grupos Experimentais
Foram constituídos dois grupos experimentais. No grupo 1 (G1) foram
analisadas 947 fichas de animais hospitalizados, selecionadas de acordo com a
seqüência de internação de março de 1998 a dezembro de 2000 (ano anterior à
implantação do Serviço de Nutrição Clínica), totalizando um período de 33 meses
de avaliação. Destas fichas foram colhidos os seguintes dados: período de
internação, em dias; motivo de internação e/ou afecção; ocorrência de óbito ou
alta; espécie; idade; sexo. Foram excluídos os casos que permaneceram menos
de 24 horas hospitalizados e àqueles cujas fichas encontravam-se incompletas.
Este grupo foi denominado de estudo retrospectivo.
O grupo 2, denominado G2 (estudo prospectivo), envolveu 522 animais
internados de março de 2003 a dezembro de 2005, correspondendo a um mesmo
período de observação de 33 meses. Estes pacientes foram assistidos pelo
Serviço de Nutrição Clínica. Para o estudo prospectivo foram colhidos os
seguintes dados: período de internação, em dias; motivo de internação e/ou
doença; ocorrência de óbito ou alta; espécie; idade; sexo; peso à entrada e alta do
animal; escore corporal (EDNEY & SMITH, 1986); escore de doença (LUMB &
JONES, 1984); ingestão calórica diária e tipo de suporte nutricional empregado no
hospital. A respeito do suporte nutricional, foi considerado o uso de: alimentação
voluntária, com ou sem persuasão; alimentação forçada (colocação do alimento
diretamente na boca do animal com ou sem o auxílio de seringas); terapia
nutricional enteral com o uso de sondas (nasoesofágica ou esofágica) e terapia
nutricional parenteral parcial periférica. Animais que permaneceram por um
20
período inferior a 24 horas no hospital e aqueles cujas fichas encontravam-se
incompletas, não foram incluídos no estudo.
Na tabela 1 estão apresentadas as freqüências de ocorrência das afecções,
agrupadas por sistemas, que acometeram os animais dos grupos G1 e G2.
Tabela 1. Número e freência de animais em G1 e G2 atendidos no H. V.
“Governador Laudo Natelda FCAV UNESP, no período de março de
1998 a dezembro de 2005 agrupados por especialidade médica e por
sistema orgânico acometido. Jaboticabal – SP, 2006.
G1 G2
N (%) n (%)
Total 947 100 522 100
Clinica Médica 510 53,8 290 55,6
Clinica Cirúrgica 437 46,1 232 44,4
Sistemas Orgânicos Acometidos
Cardio-respiratório 34 3,6 17 3,25
Digestório 201 21,2 96 18,39
Hemolinfático 51 5,38 34 6,51
Hepato-biliar* 14 1,47 17 3,25
Multissistêmico 88 9,3 58 11,11
Músculo-esquelético** 110 11,62 129 24,71
Reprodutor 43 4,54 23 4,40
Urinário** 70 7,39 94 18,00
Nervoso 21 2,21 06 1,20
Endócrino 08 0,84 05 0,95
Tegumentar 22 2,32 06 1,20
Outros 75 7,91 27 5,17
Sem diagnóstico 210 22,17 10 1,91
* diferença a p<0,05 na freqüência entre G1 e G2 pelo teste t
** diferença a p<0,001 na freqüência entre G1 e G2 pelo teste t
21
3.3 Protocolo Nutricional
3.3.1 Estudo Retrospectivo
No período anterior à implantação do Serviço de Nutrição Clínica os
animais não dispunham de suporte nutricional sistematizado. Atenção especial era
dada a pacientes individuais, sem contudo uma abordagem quantitativa e
qualitativa do alimento e do consumo. Suplementos protéicos (ovo ou carne) e
energético (óleo vegetal) eram administrados quando prescritos pelo médico
veterinário responsável. Outros pacientes eram, ainda, alimentados com comida
caseira ou alimento comercial trazido pelos seus proprietários. Mesmo a
colocação de sonda nasoesofágica foi empregada, também sem uma aplicação
sistematizada. A composição de rótulo do alimento oferecido para a maioria dos
pacientes neste período está representada na Tabela 2.
22
Tabela 2. Composição de rótulo dos alimentos comerciais empregados na
alimentação dos animais internados no H.V. "Governador Laudo Natel" da
FCAV UNESP durante o estudo retrospectivo (março de 1998 a
dezembro de 2000). Jaboticabal - SP, 2006
Cães
1
Gatos
2
Umidade (%) 12,0 12,0
Proteína Bruta (%) 19,0 28,0
Extrato Etéreo (%) 6,0 8,0
Fibra Bruta (%) 4,0 4,0
Matéria Mineral (%) 12,0 10
Cálcio (%) 2,4 2,0
Fósforo % 1,0 0,8
1
Composição básica do produto: extrato de carne, farinha de carne, farinha de carne e ossos, farinha de carne de frango,
farelo de trigo, farelo de soja, espinafre, milho integral mdo, trigo integral, gordura animal estabilizada, óleo vegetal,
corantem vitamina A, vitamina B1, vitamina B2, vitamina B6, vitamina B12, vitamina D, vitamina E, niacina, ácido
pantotênico, ácido fólico, colina, cloreto de potássio, óxido de zinco, sulfato de cobre, iodato de cálcio, dióxido de titânio,
cloreto de sódio (sal comum), antioxidantes. Eventuais substitutivos: arroz integral, sorgo integral moído, triticale.
2
Composição básica do produto: farinha de carne, farinha de carne de frango, extrato de carne, farinha de peixe, arroz
integral, milho integral moído, trigo integral, glúten de milho, gordura animal estabilizada, óleo vegetal, chicória, cloreto de
sódio (sal comum), cloreto de potássio, corante, niacina, ácido pantotênico, taurina, metionina, arginina, vitamina E, colina,
vitamina B6, ácido fólico, biotina, vitamina B1, vitamina A, vitamina B2, vitamina K, vitamina B12, vitamina D, antioxidantes.
3.3.2 Estudo Prospectivo
Todo animal, ao ser hospitalizado, teve seu peso mensurado e a
Necessidade Energética de Manutenção (NEM) calculada em kcal de energia
metabolizável por dia, por meio das fórmulas:
NEM = 132 x (peso corporal)
0,75
= kcal por dia para cães (NRC, 1985);
NEM = 70 x peso corporal = kcal por dia para gatos (NRC, 1986);
23
Estes foram mantidos alojados em canis ou gatis individuais. Todos foram
inicialmente alimentados com rão comercial seca tipo super premium (Guabi
Natural®, Tabela 3), exceto nos casos em que houve prescrição médica de jejum
devido a vômito, diarréia, processo cirúrgico ou testes diagnósticos. Mesmo sob
jejum forçado os animais foram incluídos no estudo, sendo computado seu
consumo como zero e, portanto, em balanço energético negativo.
A quantidade de alimento a ser administrada foi calculada considerando-se
a NEM do paciente e a energia metabolizável (EM) do alimento. Esta última foi
estimada a partir da composição de rótulo dos alimentos pelas fórmulas:
EM = [(proteína bruta x 3,5) + (extrato etéreo x 8,5) + (extrativos não
nitrogenados x 3,5)] kcal por 100 gramas para alimentos para cães (NRC, 1985);
EM = [(proteína bruta x 5,65) + (extrato etéreo x 9,4) + (extrativos não
nitrogenados x 4,15)] x 0,99 – 126 kcal por 100 gramas para alimentos secos para
gatos (KELLY, 1996);
O alimento foi oferecido duas vezes ao dia, as 09:00 e as 16:00 horas,
permanecendo disponível ao animal até a próxima alimentação. Em uma planilha
apropriada foram computadas as quantidades oferecidas em cada refeição e uma
estimativa do consumo de alimentos, em porcentagem.
24
Tabela 3. Composição de rótulo dos alimentos comerciais empregados na
alimentação dos animais internados no H.V. "Governador Laudo Natel" da
FCAV UNESP durante o estudo prospectivo (março de 2003 a dezembro
de 2005). Jaboticabal - SP, 2006
Gatos
1
Cães
2
Alimento
Úmido
3
Umidade (%)
12,0 12 80
Proteína Bruta (%) 34,0 30,0 8
Extrato Etéreo (%) 21,0 18,0 5
Fibra Bruta (%) 3,0 3,0 2
Matéria Mineral (%) 7,0 8,0 2
Cálcio (%) 1,3 1,3 0,4
Fósforo (%) 0,8 0,9 0,2
Taurina (%) 0,12
1
Composição básica do produto: carne de frango, farinha de carne de frango, arroz integral, óleo de peixe refinado,
gordura de frango, óleo de canola, polpa de beterraba, cloreto de sódio (sal comum), taurina, tocoferol, ácido cítrico,
essência de alecrim, ácido fosfórico, Vitamina A, Vitamina B1, Vitamina B2, Vitamina B6, Vitamina B12, Vitamina D3,
Vitamina E, Cloreto de Colina, Niacina, Ácido Pantotênico, Fosfato bicálcico, Sulfato de ferro, Proteinato de zinco, Iodato de
potássio, Selenito de potássio, cloreto de potássio, Sulfato de manganês (Guabi Natural®, Mogiana Alimentos S.A.).
2
Composição básica do produto: carne de frango, farinha de carne de frango, arroz integral, gordura de frango,
óleo de canola, polpa de beterraba, cloreto de sódio (sal comum), tocoferol, ácido cítrico, essência de alecrim, vitamina A,
Vitamina B1, Vitamina B2, Vitamina B6, vitamina B12, Vitamina D3, Vitamina E, Cloreto de Colina, Niacina, ácido
pantotênico, fosfato bicálcico, sulfato de ferro, proteinato de zinco, iodato de potássio, selenito de sódio, cloreto de potássio,
sulfato de manganês (Guabi Natural®, Mogiana Alimentos S.A.).
3
Composição básica do produto: carne de frango, miúdos de bovino, cloreto de sódio (sal comum), carbonato de
cálcio, fosfato bicálcico, premix vitamínico mineral, carragena, água, flavorizante (Faro®, Mogiana Alimentos S.A.).
Nos animais que não consumiram o alimento oferecido, ou o fizeram em
baixa quantidade e que mantinhan a via gastroentérica em condições de
normalidade, utilizou-se palatabilizantes como ração úmida, água morna ou creme
de leite e, eventualmente, comida caseira acrescidos a ração seca. Havendo
recusa, adotava-se a ingestão forçada, com a colocação de alimento diretamente
na boca do animal com o uso de seringas. Em caso de insucesso optava-se então
25
pela terapia nutricional enteral atras da colocação de sonda nasoesofágica ou
esofágica, dependendo da situação clínica do paciente (Apêndice A).
Nos pacientes nos quais a via gastroentérica apresentava-se inviável,
devido a vômitos ou recuperação pós-cirúrgica do trato digestório, instituiu-se
terapia nutricional parenteral parcial periférica, constituída por glicose a 50%,
solução de aminoácidos a 10%, eletrólitos, complexo B, arginina e vitamina K
(Apêndice B).
A utilização de terapia nutricional intensiva, enteral ou parenteral, dependeu
da aquiescência do proprietário, que por vezes não autorizou o procedimento por
motivos financeiros, especialmente quando da necessidade de terapia nutricional
parenteral, que é mais onerosa e necessita de acompanhamento clínico-
laboratorial intensivo.
3.4 Alise dos resultados
Para a tabulação e análise dos resultados os animais foram classificados e
separados de acordo com o sucesso da terapia e a ingestão calórica. Quanto ao
sucesso da terapia, estes foram separados em dois grupos, os que tiveram alta
(Grupo Alta) e os que vieram a óbito (Grupo Óbito) por morte natural ou
eutanásia. Os animais foram classificados em três faixas de ingestão calórica,
conforme a NEM, sendo: Consumo 1 de 0% a 33%; Consumo 2 de 34% a 66% e
Consumo 3 de 67% a 100% da NEM.
Os pacientes foram, também, classificados de acordo com a ingestão da
Necessidade Energética de Repouso (NER) em duas faixas: grupo Balanço
Negativo para ingestão inferior à NER; grupo Balanço Positivo para ingestão
igual ou superior à NER. A NER foi calculada, tanto para cães como para gatos,
pela fórmula:
NER = 70 x (peso corporal)
0,75
= kcal por dia (KLEIBER, 1932).
26
Para a inclusão do animal nas diferentes faixas de consumo, tanto na
primeira como na segunda análise, considerou a ingestão média do paciente
durante todo o período em que esteve hospitalizado. Esta foi calculada somando-
se a ingestão total do paciente e dividindo-se pelo número de dias que
permaneceu no hospital.
Registrou-se, também, o número de dias em que os animais ficaram
internados, sendo estes agrupados nas seguintes faixas: Internação 1 quando
permaneceram de 1 a 5 dias; Internação 2 quando permaneceram de 6 a 15 dias;
Internação 3 para 16 dias ou mais.
Para a classificação da condição corporal e da gravidade da doença foram
empregados, respectivamente, o sistema de 5 pontos para o Escore de Condição
Corporal (ECC, descrito na Tabela 4) e Escore de Doença (ED, descrito na
Tabela 5). Os animais foram ainda distribuídos em 3 faixas segundo a variação de
peso que os mesmos apresentaram durante o período de internação: Faixa 1,
quando os animais perderam peso; Faixa 2, quando mantiveram peso; e Faixa 3,
quando ganharam peso.
Com relação aos tipos de suporte nutricional utilizados, classificou-se como
Sem suporte os pacientes que ficaram em jejum durante todo o período de
hospitalização; consumo voluntário aqueles que apresentaram apreensão e
deglutição com ou sem o uso de palatabilizantes; alimentação forçada (sem
apreensão, uso de collher ou seringas para administrar o alimento); terapia
nutricional enteral (uso de sonda esofágica ou nasoesofágica) e terapia
nutricional parenteral parcial periférica.
27
Tabela 4. Escore de condição corporal utilizado na classificação dos animais do
estudo prospectivo (G2).
Escore Condição
1 Caquético
2 Magro
3 Ideal
4 Sobrepeso
5 Obeso
Fonte: Edney & Smith (1986).
Tabela 5. Escore de doença utilizado na classificação dos animais do estudo
prospectivo (G2).
Escore Condição
1 Paciente normal sem doença sistêmica
2 Paciente com doença sistêmica moderada
3
Paciente com doença sistêmica severa
limitando a atividade, mas não
incapacitando
4
Paciente com doença sistêmica
incapacitante que é uma ameaça
constante à vida
5
Paciente moribundo, sem expectativa de
vida por mais de 24 horas, com ou sem
cirurgia
Fonte: Lumb & Jones (1984).
28
3.5 Alise Estatística
A análise estatística foi feita com o auxílio do software estatístico SAS
(SCHLOTZHAUER e LITTELL, 1997). As comparações entre G1 e G2 foram feitas
com o emprego do teste t de Student para amostras independentes. Estas
incluíram a taxa de alta hospitalar e tempo de internação e o número de dias de
internação verificados em cada período.
Para o estudo prospectivo (G2) empregou-se o Teste de Qui-Quadrado e a
Correlação de Spearman para verificar a dependência entre os vários parâmetros
e condições instituídos: Faixas de Consumo, Faixas de dias de internação,
Balanço Calórico, Escore de Condição Corporal, Escore de doença, Tipos de
suporte nutricional, Alta e Faixas de Variação de peso. Para verificar a
dependência entre as faixas de um mesmo grupo foi utilizado o Teste Exato de
Fisher.
4. RESULTADOS
4.1 Estudo Retrospectivo versus Prospectivo
Foram incldos no estudo retrospectivo 845 cães (431 machos e 414
fêmeas) e 102 gatos (68 machos e 34 fêmeas), com média de idade de 4,9 anos.
Participaram do estudo prospectivo 467 cães (247 machos e 220 fêmeas) e 55
gatos (38 machos e 17 fêmeas) com média de idade de 4,7 anos.
Os animais que não foram submetidos a um suporte nutricional assistido
(G1) tiveram um período de internação médio de 6,6 ± 0,29 dias e uma taxa de
alta de 67,1%. Já os animais que tiveram um suporte nutricional assistido pela
29
equipe do Serviço de Nutrição Clínica (G2) ficaram em média 9,42 ± 0,32 dias
internados e apresentaram taxa de alta de 83,16%, valores estatisticamente
diferentes (p<0,01), representados na tabela 6.
Tabela 6. Taxas de alta e tempo de internação antes (G1) e depois (G2) da
implantação do Serviço de Nutrição Clínica do H. V. “Governador
Laudo Natel” da FCAV - UNESP, Jaboticabal – SP, 2006.
Taxa Alta (%) Tempo Internação (dias)
G1 G2 p G1 G2 p
Geral 67,1 83,2 <0,01 6,6 9,42 <0,01
Clínica Médica 57,2 74,3 <0,01 4,5 7,3 <0,01
Clínica Cirúrgica e
Obstetrícia
74,2 88,0 <0,01 6,2 9,7 <0,01
Sistemas Orgânicos Acometidos
Cardio-respiratório 77,1 82,3 0,66 4,2 7,0 0,21
Urinário 62,9 70,9 0,19 7,1 8,6 0,16
Reprodutor 81,4 92,0 0,23 4,7 6,8 0,17
Hemolinfático 58,8 82,3 <0,05 6,0 7,8 0,12
Hepato-biliar 87,5 64,7 0,12 5,7 19,0 <0,001
Músculo-
esquelético
90,1 96,1 <0,1 7,7 11,4 <0,001
Digestório 80,1 90,7 <0,05 6,6 7,2 0,18
Multissistêmico 63,4 69,2 0,45 7,0 10,8 <0,01
30
4.2 Estudo Prospectivo
4.2.1 Tempo de internação versus taxas de alta e óbito
Os animais do estudo prospectivo tiveram média de dias de internação de
9,42 ± 0,32 dias, com valores mínimo de 1 dia e máximo de 30 dias. A distribuição
dos animais segundo faixas de dias de internação está representada na Figura 1.
35%
50%
15%
0-5 dias
6-15 dias
16-30 dias
Figura 1. Representação gráfica da distribuição dos animais internados no H.V.
“Governador Laudo Natelda FCAV UNESP no período de março de
2003 a dezembro de 2005 de acordo com as faixas de dias de
internação. Jaboticabal - SP, 2006.
Houve associação significativa (p<0,05) entre o período de internação e a
taxa de alta. Dos animais que permaneceram menos de 5 dias internados (Faixa
1), 78,2% tiveram alta e 21,7% vieram a óbito; dos animais na Faixa de Internação
2, 84,8% tiveram alta e 15,1% vieram a óbito; e, dos animais que ficaram de 16 a
30 dias internados (Faixa 3), 88,6% tiveram alta e 11,3% vieram a óbito. Pelo
Teste Exato de Fisher, houve diferença significativa entre as faixas de internação
31
1 e 2; 1 e 3, em relão a taxa de alta (p<0,01), ou seja, animais que ficaram mais
de seis dias no hospital tiveram maior taxa de alta que aqueles que
permaneceram de 0 a 5 dias.
4.2.2 Ingestão calórica
4.2.2.1 Ingestão calórica versus taxa de alta
Os animais tiveram média de consumo de 52,72% ± 31,5 da NEM, com
valor mínimo observado de 0% e valor máximo de 100%. A distribuição dos
animais de acordo com a ingestão média de calorias durante o período de
hospitalização está representada na Figura 2.
28%
31%
41%
0-33% NEM
34-66% NEM
67-100% NEM
Figura 2. Representação gráfica da distribuição dos animais internados no H.V.
“Governador Laudo Natelda FCAV UNESP no período de março de
2003 a dezembro de 2005 de acordo com a faixa de consumo de
calorias. Jaboticabal - SP, 2006.
32
Houve associação estatisticamente significativa (p<0,001) entre a ingestão
calórica e a taxa de alta (Tabela 7).
Tabela 7. Taxas de alta e óbito observadas nas diferentes faixas de consumo
calórico de cães e gatos hospitalizados no H.V. “Governador Laudo Natel”
da FCAV - UNESP no período de março de 2003 a dezembro de 2005.
Jaboticabal - SP, 2006.
Faixas de consumo
calórico
Taxa de alta (%) Taxa de óbito (%)
0 a 33% da NEM
1
62,73
a
37,27
34 a 66% da NEM
1
87,78
b
12,22
67 a 100% da NEM
1
93,28
b
6,72
1 – NEM =
Necessidade Energética de Manutenção.
a,b –
Médias ne mesma coluna sem uma letra em comum indicam diferenças pelo Teste Exato de
Fisher (p<0,01).
Pela Correlação de Spearman (R= -0,32) observou-se associação
estatisticamente significativa (p<0,01), Pelo Teste Exato de Fisher, houve
diferença significativa (p<0,01) entre as faixas de consumo 1 e 2 e entre 1 e 3.
Animais que consumiram de 34 a 66% da NEM morreram menos que aqueles que
consumiram de 0 a 33% da NEM; animais que consumiram de 0 a 33% da NEM
morreram mais que aqueles que consumiram 67 a 100% da NEM.
Estatisticamente, animais que consumiram de 34 a 66% da NEM e de 67 a 100%
da NEM, tiveram taxas de alta iguais.
33
4.2.2.2 Ingestão calórica versus dias de internação
Houve associação estatisticamente significativa (p<0,01) entre a ingestão
de calorias e o tempo que o animal ficou internado (Tabela 8). Quanto mais
calorias o animal consumiu, mais tempo ele ficou internado, de acordo com a
Correlação de Spearman (R= 0,39 e p<0,01).
Tabela 8. Distribuição de cães e gatos internados no H.V. “Governador Laudo
Natelda FCAV UNESP no período de março de 2003 a dezembro de
2005 de acordo com a quantidade de calorias ingeridas e o tempo de
hospitalização. Jaboticabal SP, 2006
Faixas de dias de internaçãoFaixas de
consumo calórico
1 a 5 dias 6 a 15 dias 16 a 30 dias
0 a 33% da NEM 57,14% 40,99% 1,86%
34 a 66% da NEM 34,08% 56,98% 8,94%
67 a 100% da NEM
19,33% 51,68% 28,99%
4.2.3 Escore de condição corporal
Na Figura 3 encontra-se a representação gráfica da distribuição percentual
dos animais dentre os ECC considerados no estudo.
34
1%
18%
62%
15%
4%
ECC 1
ECC 2
ECC 3
ECC 4
ECC 5
Figura 3.
Representação gráfica da distribuição dos animais internados no H.V.
"Governador Laudo Natelda FCAV - UNESP no período de março de
2003 a dezembro de 2005 de acordo com o escore de condição corporal
(ECC). Jaboticabal - SP, 2006.
Para facilitar a interpretação dos resultados, os animais foram
adicionalmente divididos em 3 grupos: acima, abaixo ou na condição corporal
ideal. Cerca de 18,66% dos animais estavam abaixo da condição corporal ideal
(magros), 61,38% em condição corporal ideal e 18,66% em condição corporal
acima da ideal (obesos).
4.2.3.1 ECC versus consumo de calorias e balanço calórico
Não houve associação estatisticamente significativa (p>0,05) entre o ECC e
a administração ou o consumo de calorias.
35
4.2.3.2 ECC versus taxas de alta e óbito
Houve associação estatisticamente significativa entre o ECC e taxa de alta
ou óbito dos animais (p<0,05). Animais obesos ou na condição corporal ideal
apresentaram maior taxa de alta que aqueles abaixo da condição corporal ideal
(R= -0,09; p<0,05). Dos animais em ECC abaixo do ideal, 73,0% tiveram alta; dos
animais em ECC ideal, 86,32% tiveram alta; e 83,18% dos animais acima da
condição corporal ideal apresentaram alta hospitalar. Pelo Teste Exato de Fisher,
observou-se diferença significativa entre animais magros e animais em condição
corporal ideal (p<0,01), entre animais magros e obesos (p<0,01), mas não houve
diferença significativa entre animais em condição corporal ideal e animais obesos
(p>0,05).
Na avaliação de cada ECC, observou-se diferença significativa em relação
às taxas de alta e óbito (Tabela 9) somente entre os escores de condição corporal
2 e 3 (p<0,01) e entre os escores 2 e 4 (p<0,01), pelo Teste Exato de Fisher.
Animais em ECC 2 morreram mais que aqueles em ECC 3 e 4. Esses dados
indicam que a condição corporal na qual o animal se encontra pode ser um ponto
favorável ou desfavorável para sua recuperação e alta hospitalar.
Tabela 9. Taxas de alta e óbito observadas nos diferentes ECC de cães e gatos
internados no H. V. “Governador Laudo Natelno período de março de
2003 a dezembro de 2005. Jaboticabal – SP, 2006.
ECC Taxa de alta (%) Taxa de óbito (%)
1 50,0
a
50,0
2 73,68
a
26,32
3 88,32
b
13,68
4 86,75
b
13,25
5 73,91
ab
26,09
a,b –
Médias na mesma coluna sem uma letra em comum indicam diferença pelo Teste Exato de
Fisher (p<0,01).
36
4.2.4 Escore de doença
A distribuição dos animais de acordo com a gravidade da doença que os
acometia (Escore de Doença) está representada na Figura 4.
33%
27%
26%
13%
1%
ED 1
ED 2
ED 3
ED 4
ED 5
Figura 4. Representação gráfica da distribuição dos animais internados no H.V.
“Governador Laudo Natelda FCAV - UNESP no peodo de março de
2003 a dezembro de 2005 segundo o escore de doença (ED). Jaboticabal
SP, 2006.
37
4.2.4.1 ED versus ingestão calórica
Houve associação significativa (p<0,01) entre o ED e as faixas de consumo
calórico (Tabela 10). A Correlação de Spearman obteve R= -0,30, de modo que
quanto maior o ED menor a ingeso calórica. Dos animais com ED 1, 57,30%
estavam na faixa de consumo 3; dos animais com ED 2, 41,78% estavam na Faixa
de Consumo 3; 30,99% dos animais com ED 3 estavam na Faixa de Consumo 1;
47,22% dos animais com ED 4 consumiram de 0 a 33% da NEM; e 71,43% dos
animais com ED 5 se encontravam na Faixa de Consumo 1
Tabela 10. Distribuição dos animais internados no H.V. “Governador Laudo Natel”
da FCAV UNESP durante o período de março de 2003 a dezembro de
2005 de acordo com a quantidade de calorias consumidas e o ED.
Jaboticabal - SP, 2006.
Faixas de consumo calóricoED
0 a 33% da NEM 34 a 66% da NEM
67 a 100% da NEM
1 12,36% 30,34% 57,30%
2 29,45% 28,27% 41,78%
3 30,99% 31,69% 37,32%
4 47,22% 37,50% 15,28%
5 71,43% 14,29% 14,29%
4.2.4.2 ED versus balanço calórico
Houve associação significativa (p<0,01) entre ED e balanço calórico
(Tabela 11). A Correlação de Spearman foi positiva (R= 0,34). Pelo Teste Exato de
38
Fisher constatou-se diferença significativa entre os ED 1 e 2 (p<0,01); 1 e 3
(p<0,01); 1 e 4 (p<0,01); 1 e 5 (p<0,01); 2 e 4 (p<0,05); 3 e 4 (p<0,05). Esses
dados demonstram haver influência da severidade da doença sobre a
administração de calorias e, conseqüentemente, sobre o balao calórico do
animal.
Tabela 11. Distribuição dos animais internados no H.V. “Governador Laudo Natel”
da FCAV UNESP no período de março de 2003 a dezembro de 2005
de acordo com o balao calórico e ED no qual se encontravam.
Jaboticabal – SP, 2006.
Balanço calóricoED
Positivo (%) Negativo (%)
1 72,47
a
27,53
2 54,86
b
45,14
3 51,77
b
48,23
4 36,11
c
63,89
5 14,29
d
85,71
a,b,c,d –
Médias na mesma coluna sem uma letra em comum indicam diferença pelo Teste Exato de
Fisher (p<0,01).
4.2.4.3 ED versus taxas de alta e óbito
Houve associação significativa (p<0,01) entre ED e taxas de alta e óbito
(Tabela 12) pela Correlação de Spearman (R= 0,45) e através do Teste Exato de
Fisher observou-se diferença significativa (p<0,01) entre a maioria dos escores de
doença avaliados, com exceção dos ED 1 e 2 e ED 4 e 5.
39
Tabela 12. Taxas de alta e óbito dos animais internados no H.V. “Governador
Laudo Natel” da FCAV - UNESP no período de março de 2003 a
dezembro de 2005 de acordo com o ED no qual se encontravam.
Jaboticabal – SP, 2006.
ED Taxa de alta (%) Taxa de óbito (%)
1 97,75
a
2,25
2 91,89
a
8,11
3 81,82
b
18,18
4 40,28
c
59,72
5 0,00
c
100,0
a,b,c
Médias na mesma coluna sem uma letra em comum indicam diferença pelo Teste Exato de
Fisher (p<0,01).
4.2.5 Variação de peso durante o período de hospitalização
Durante o período de hospitalização, 46,88% dos animais perderam peso,
13,44% mantiveram o peso com o qual entraram no hospital, e 40,0% ganharam
peso (Figura 5).
40
Figura 5. Representação gráfica da variação de peso dos animais durante sua
hospitalização no H.V. “Governador Laudo Natelda FCAV UNESP no
período de março de 2003 a dezembro de 2005. Jaboticabal – SP, 2006.
4.2.5.1 Variação de peso durante o período de hospitalização versus
tipo de suporte nutricional
Não houve associação significativa entre o fato do animal ganhar, perder ou
manter o peso durante o período de hospitalização com o tipo de suporte
nutricional empregado (p>0,05).
46,88%
13,44%
40%
Perderam peso
Mantiveram o peso
Ganharam peso
41
4.2.5.2 Variação de peso durante o período de hospitalização versus
ECC
Não houve associação significativa entre o fato de os animais ganharem,
manterem ou perderem peso e a condição corporal na qual chegaram ao hospital
(p>0,05).
4.2.5.3 Variação de peso durante o período de hospitalização versus
ED
Não houve associação significativa entre a variação de peso dos animais e
o grau de severidade da doença na qual os animais se encontravam (p>0,05).
4.2.5.4 Variação de peso durante o período de hospitalização versus
balanço calórico
Houve associação significativa (p<0,01) entre a variação de peso dos
animais e o balanço calórico no qual eles se encontravam. Através da Correlação
de Spearman (R= -0,3) observou-se que grande parte dos animais que perderam
peso estavam em balanço calórico negativo e grande parte dos animais que
mantiveram ou ganharam peso, em balanço positivo. Dentre os animais que
perderam peso, 56,0% estavam em balanço negativo; 74,42% dos que
mantiveram o peso estavam em balao calórico positivo; e 77,95% dos que
ganharam peso, estavam em balanço positivo. Pelo Teste Exato de Fisher
constatou-se diferença significativa (p<0,01) entre os animais que perderam peso
42
e os que mantiveram o peso, e entre animais que perderam peso e aqueles que
ganharam peso, em relação ao balanço calórico.
4.2.5.5 Variação de peso durante o período de hospitalização versus
faixas de consumo calórico
Houve associação significativa (p<0,01) entre a variação de peso dos
animais internados e a quantidade de calorias consumidas (Tabela 13).
Tabela 13. Distribuição dos animais internados no H. V. “Governador Laudo Natel”
da FCAV UNESP no período de março de 2003 a dezembro de 2005
de acordo com a quantidade de calorias consumidas e sua variação de
peso. Jaboticabal SP, 2006
Faixas de consumo calórico
Variação de peso
0 a 33% da NEM 34 a 66% da NEM
67 a 100% da NEM
Perderam peso 34,00% 36,00% 30,00%
Mantiveram peso 16,28% 35,56% 51,16%
Ganharam peso 10,24% 26,77% 62,99%
Através da Correlação de Spearman (R= 0,33; p<0,01)) observou-se que
quanto mais calorias o animal ingeriu, mais peso ele ganhou.
4.2.5.6 Variação de peso durante o período de hospitalização versus
faixas de internação
43
Não houve associação (p>0,05) entre a variação de peso do animal e o
período que o mesmo ficou internado.
4.2.6. Tipos de suporte nutricional
O tipo de suporte nutricional mais empregado no estudo foi a alimentação
voluntária. A Figura 6 demonstra os tipos de suporte nutricional empregados nos
estudo com suas respectivas porcentagens de utilização. No gráfico, também
foram representados animais que permaneceram em jejum durante todo o período
de hospitalização.
4%
64%
6%
19%
7%
Jejum
Voluntário
Forçado
Enteral
Parenteral
Figura 6. Representação gráfica dos tipos de suporte nutricional empregados na
rotina do Servo de Nutrição Clínica em 522 animais hospitalizados no
H.V. “Governador Laudo Natel” da FCAV UNESP no período de março
de 2003 a dezembro de 2005. Jaboticabal SP, 2006.
44
Os pacientes que mais fizeram uso do suporte enteral, em ordem de
importância, foram aqueles portadores de nefropatias (27,3%), traumas (16,7%),
hemoparasitose (12,1%), leptospirose (7,5%) e doença do trato urinário inferior
(6%). O suporte enteral tamm foi empregado, embora com menor freqüência,
em animais com: neoplasia de cavidade oral, afecções gastrintestinais, piometra,
hepatopatias, neoplasias, intoxicações, cinomose e epilepsia.
Animais com afecções gastrintestinais (53,6%) e nefropatas (25%) foram os
que mais fizeram uso do suporte parenteral. Pacientes com cinomose, neoplasia e
hepatopatias também recorreram ao suporte parenteral, só que com menor
freqüência.
4.2.6.1 Tipos de suporte nutricional versus taxa de alta
Houve associação (p<0,01) entre o tipo do suporte nutricional empregado e
a taxa de alta (Tabela 14). Através do Teste Exato de Fisher observou-se
diferença significativa entre as taxas de alta de animais em jejum e as de animais
com algum tipo de suporte nutricional (p<0,05), entre animais com alimentação
voluntária e animais com os demais tipos de suporte (p<0,05), mas não entre
aqueles que receberam alimentação forçada ou receberam suporte enteral e
parenteral (p>0,05) e nem mesmo entre os dois últimos.
45
Tabela 14. Taxas de alta e óbito dos animais internados no H. V. “Governador
Laudo Natel” da FCAV UNESP no período de março de 2003 a
dezembro de 2005 de acordo com o tipo de suporte nutricional
utilizado. Jaboticabal SP, 2006.
Tipo de suporte
nutricional
Taxa de alta (%) Taxa de óbito (%)
Jejum 38,46
c
61,54
Voluntário 92,93
a
7,07
Forçado 75,00
b
25,00
Enteral 71,82
b
28,18
Parenteral 61,90
b
38,10
a,b,c
Médias na mesma coluna sem uma letra em comum indicam diferença pelo Teste Exato de
Fisher (p<0,01).
4.2.6.2 Tipos de suporte nutricional versus ECC
Não foi observada dependência entre essas duas variáveis (p>0,05).
4.2.6.3 Tipos de suporte nutricional versus ED
Houve associação significativa (p<0,01) entre o tipo de suporte nutricional e
o escore de doença no qual o animal se encontrava (Tabela 15). Pela Correlação
de Spearman (R= 0,22; p<0,01) observou-se que quanto mais grave a doença,
maior intensificação do suporte nutricional foi exigida. Na alimentação voluntária,
40,29% dos pacientes apresentavam ED 1; dos que utilizaram alimentação
forçada, 54,28% apresentaram ED 3 e 4; 62,85% dos que necessitaram de
46
suporte enteral e 56,75% dos que necessitaram de suporte parenteral estavam
com doença severa (ED 3 e 4).
Tabela 15. Distribuição dos animais internados no H. V. “Governador Laudo Natel”
da FCAV UNESP no período de março de 2003 a dezembro de 2005
de acordo com o ED e tipo de suporte nutricional utilizado. Jaboticabal –
SP, 2006.
EDTipo de
suporte
nutricional
1 2 3 4 5
Jejum 7,69% 19,23% 30,77% 30,77% 11,54%
Voluntário 40,29% 32,17% 23,48% 3,48% 0,58%
Forçado 20,0% 20,0% 28,57% 25,71% 5,71%
Enteral 21,90% 15,24% 33,33% 29,52% 0,00%
Parenteral 18,92% 24,32% 24,32% 32,43% 0,00%
4.2.6.4 Tipos de suporte nutricional versus balanço calórico.
Houve associação significativa (p<0,01) entre tipo de suporte nutricional e
balanço calórico (Tabela 16). Pelo Teste Exato de Fisher observou-se diferença
significativa quanto à ingestão calórica (p<0,01) de animais em jejum e animais
com algum tipo de suporte nutricional; entre animais com alimentação voluntária e
forçada (p<0,01); animais com alimentação voluntária e que receberam suporte
enteral (p<0,01) e entre aqueles com alimentação voluntária e suporte parenteral
(p<0,05). Assim, animais com consumo voluntário ingeriram mais calorias que
aqueles nos quais foi usado suporte nutricional intensivo. Não houve diferença
significativa quanto à ingestão calórica (p>0,05) entre animais que receberam
47
alimentação forçada e aqueles que receberam suporte intensivo (enteral ou
parenteral) e entre os que receberam suporte enteral quando comparados com os
que receberam suporte parenteral.
Tabela 16. Distribuição dos animais internados no H. V. “Governador Laudo Natel”
da FCAV UNESP no período de março de 2003 a dezembro de 2005
de acordo com o balao calórico e tipo de suporte nutricional utilizado.
Jaboticabal – SP, 2006.
Balanço calórico
Tipo de suporte
nutricional
Positivo (%) Negativo (%)
Jejum 00,00
c
100
Voluntário 64,84
a
35,16
Forçado 27,78
d
72,22
Enteral 59,26
a
40,74
Parenteral 46,34
b
56,36
a,b,c,d -
Médias na mesma coluna sem uma letra em comum indicam diferença pelo Teste Exato de
Fisher (p<0,01).
4.2.6.5 Tipos de suporte nutricional versus faixas de consumo calórico
Houve associação significativa entre tipo de suporte nutricional e ingestão
calórica (p<0,01). A Tabela 17 mostra os tipos de suporte nutricional que foram
mais usados em cada faixa de consumo de calorias. O consumo voluntário foi
mais verificado em animais que consumiram de 67 a 100% da NEM. A
alimentação forçada foi mais empregada naqueles animais para os quais
administrou-se de 0 a 66% da NEM. O suporte nutricional enteral foi mais
freqüente dentre os pacientes para os quais administrou-se de 33 a 100% da NEM
e o suporte parenteral foi mais frequente em animais que receberam de 0 a 66%
da NEM (Tabela 17).
48
A figura 7 ilustra os consumos médios por tipo de suporte nutricional
empregados.
Tabela 17. Distribuição dos animais internados no H. V. “Governador Laudo Natel”
da FCAV - UNESP no período de março de 2003 a dezembro de 2005
de acordo com a quantidade de calorias consumidas e o tipo de suporte
nutricional utilizado. Jaboticabal – SP, 2006
Faixas de consumo calóricoTipo de suporte
nutricional
0 a 33% da NEM 34 a 66% da NEM
67 a 100% da NEM
Voluntário 19,73% 27,40% 52,88%
Forçado 47,22% 36,11% 16,67%
Enteral 26,36% 42,73% 30,91%
Parenteral 42,86% 45,24% 11,90%
Figura 7. Representação gráfica do consumo médio em porcentagem da
necessidade energética basal por tipo de suporte nutricional empregado
nos animais atendidos pelo Serviço de Nutrição Clínica do H. V.
“Governador Laudo Natelda FCAV - UNESP no período de março de
2003 a dezembro de 2005. Jaboticabal SP, 2006.
0
10
20
30
40
50
60
70
Consumo Médio (%)
Voluntário
Enteral
Parenteral
Forçado
Jejum
aa
b
b
b
c
49
4.2.6.6 Tipos de suporte nutricional versus tempo de internação
Houve associação significativa (p<0,01) entre tipo de suporte nutricional e
tempo de internação (Tabela 18).
Tabela 18. Distribuição dos animais internados no H. V. “Governador Laudo Natel”
da FCAV - UNESP no período de março de 2003 a dezembro de 2005 de
acordo com o tempo de internação e o tipo de suporte nutricional utilizado.
Jaboticabal - SP, 2006
Faixas de dias de internaçãoTipo de suporte
nutricional
1 a 5 dias 6 a 15 dias 16 a 30 dias
Jejum
Voluntário
92,31%
35,00%
7,69%
48,91%
0,00%
16,03%
Forçado 41,67% 58,33% 0,00%
Enteral 14,55% 62,73% 22,73%
Parenteral 46,90% 46,34% 9,76%
Dos animais que permaneceram em jejum, 92,31% ficaram menos de 5
dias internados. Dos que apresentaram alimentação voluntária, 48,91%
permaneceram de 6 a 15 dias no hospital. Nenhum animal no qual foi usado a
alimentação forçada ficou mais de 15 dias no hospital. Dos que tiveram suporte
enteral, 62,73% ficaram de 6 a 15 dias no hospital. 0s que receberam suporte
parenteral, 46,90% ficaram menos de 5 dias internados e 46,34% ficaram de 6 a
15 dias no hospital. Pela Correlação de Spearman (R= 0,15) pode-se observar
que um suporte nutricional intensivo permite a permanência do animal por mais
tempo no hospital.
50
Também constatou-se diferença estatística significativa a p<0,01, pelo
Teste Exato de Fisher entre os diferentes tipos de suporte nutricional e tempo de
internação (Figura 8).
0
2
4
6
8
10
12
14
Enteral
Voluntário
Parenteral
Forçado
Jejum
aa
Figura 8. Representação gráfica do tempo médio de internação, em dias, por tipo
de suporte nutricional empregado nos animais hospitalizados no H. V.
“Governador Laudo Natelda FCAV - UNESP no período de março de
2003 a dezembro de 2005. Jaboticabal SP, 2006.
4.2.6.7 Suporte Nutricional Enteral: Sonda nasoesofágica versus
Sonda esofágica
Encontrou-se diferença significativa pelo Teste Exato de Fisher entre os
resultados dos dois tipos de tubo empregados no estudo. Estes diferiram em
relação ao balanço calórico, consumo médio de calorias, tempo médio de
internação e taxa de alta dos pacientes. Os resultados apresentados com o
b
b
b
c
Tempo médio (dias)
51
emprego de sonda esofágica foram superiores aos obtidos com o uso da sonda
nasoesofágica. Estes encontram-se na tabela 19.
Tabela 19. Consumo médio de energia (% da NER), tempo de internação (dias),
frequência de animais em balanço calórico positivo (%) e taxa de alta (%) de
acordo com o tipo de sonda empregada na terapia nutricional enteral de
animais internados no H. V. “Governador Laudo Natel” da FCAV - UNESP
no período de março de 2003 a dezembro de 2005. Jaboticabal – SP, 2006.
Nasoesofágica Esofágica
P
Número de animais 72 40 -
consumo médio (%)
1
47,17±2,7 72,00±2,6 <0,01
Tempo de Internação (dias) 9,97±0,68 16,00±1,2 <0,01
Balanço calórico positivo (%)
2
43,66 90,00 <0,01
taxa de alta (%) 63,89 82,50 <0,05
1
Consumo médio de energia em relão à Necessidade energética basal.
2
Porcentagem de animais que ingeriram quantidade média de calorias igual ou superior à
Necessidade energética basal.
52
5. DISCUSSÃO
5.1- Estudo Retrospectivo versus Prospectivo
A instituição de um suporte nutricional controlado elevou a taxa geral de alta
em 16,1 pontos percentuais. A elevação da taxa de alta foi maior para os animais
internados na clínica médica, de 17,1 pontos percentuais. O tempo de internação
foi maior em 2,8 dias para G2, este se elevou mais nos pacientes internados na
clinica cirúrgica (3,5 dias). Os dados aqui encontrados são difíceis de serem
comparados, pois não foram localizados estudos em Medicina Veterinária que
quantificaram o impacto de terapias nutricionais sobre a alta dos pacientes. Os
estudos localizados com humanos, na sua grande maioria, avaliam
especificamente os efeitos da nutrição artificial enteral ou parenteral.
MONTES et al. (2004) analisaram a freqüência de uso de nutrão intensiva
em pacientes humanos. Compararam 1167 casos hospitalizados no período de
1991 a 1994 com um segundo grupo composto por 1466 casos atendidos no
período de 1999 a 2003. No primeiro grupo, a freqüência de aplicação da nutrição
intensiva foi de 25,45% e a taxa de mortalidade de 36,02%. No segundo grupo,
32,69% dos pacientes foram submetidos à terapia nutricional intensiva e a taxa de
mortalidade diminuiu para 29,20%, diferença significativa. Os autores constataram,
também, que no segundo grupo o suporte nutricional foi fornecido de forma mais
precoce e que houve uma inversão das prescrições, sendo mais utilizada a terapia
nutricional enteral.
Para a maioria dos sistemas orgânicos não foram encontradas diferenças
estatísticas na taxa de alta de G1 e G2. Somente nos animais com acometimento
dos sistemas músculo-esquelético (p<0,1), digestório (p<0,05) e hemolinfático
(p<0,05) observou-se maior alta em G2. Animais com afecções cardio-
respiratórias, do sistema urinário e do sistema reprodutor tiveram elevações de
5,2, 8,0 e 10,6 pontos percentuais na taxa de alta, respectivamente. Estes
resultados podem ser considerados importantes, a ausência de significância
53
estatística talvez se deva ao pequeno tamanho da amostra. De qualquer forma, as
taxas de alta foram em geral superiores em G2, demonstrando que o suporte
nutricional assistido pode ser benéfico para a grande maioria das afecções,
independentemente do sistema orgânico acometido. Estudos futuros padronizados
por afecção e com amostras maiores são necessários para que se possa obter
resultados que permitam uma adequada avaliação por sistema ou mesmo por
doença, o que não era objetivo específico do presente delineamento. Os sistemas
nervoso, endócrino e tegumentar não puderam ser incluídos na presente avaliação
em função da baixa freqüência nos registros de hospitalização.
Para o grupo de doenças hepato-biliares, observou-se uma redução
significativa na taxa de alta em G2. Essa diferença pode ser atribuída ao fato de
G1 ter apresentado um maior número de cães, cujas hepatopatias foram de curso
mais favorável. Em G2 houve um predomínio de gatos acometidos por lipidose
hepática idiopática, doença mais severa e de prognóstico reservado. Isto ilustra
que comparações como a proposta no presente estudo devem incluir um número
elevado de animais, de forma a diluir possíveis erros amostrais inerentes a
heterogeneidade intrínseca a cada doente e doença.
Dentro da presente amostragem, a freqüência de afecções por sistema
orgânico foi semelhante entre G1 e G2, como pode-ser visto na tabela 1. Apenas
as afecções do sistema músculo-esquelético e urinário tiveram uma maior
freqüência em G2. O que não se pode quantificar, no entanto, é se o grau de
severidade das doenças foi semelhante entre os dois grupos. Esta dificuldade, no
entanto, foi minimizada com a inclusão de expressivo número de animais, um total
de 1469 casos. O corpo clínico do Hospital Veterinário também permaneceu o
mesmo, sob a responsabilidade dos mesmos docentes e com condutas médicas
padronizadas. Assim, pode-se concluir que a principal diferença entre G1 e G2 foi
o manejo nutricional a que os animais foram submetidos durante a hospitalização,
o que permitiu a consecução dos objetivos propostos.
Em Medicina Veterinária apenas dois trabalhos sobre alimentação de
animais internados foram localizados. Nos estudos de REMILLARD, et al. (2001) e
CARCIOFI et al. (2003) foram avaliados apenas animais submetidos a um
54
adequado suporte alimentar. Os autores obtiveram uma taxa de alta de 83% e
76,6%, respectivamente, bastante semelhante à do presente estudo, de 83,2%.
No entanto, a ausência de um grupo sem suporte nutricional não permite que se
avalie a influência da alimentão em si nas taxas de alta verificadas.
Mesmo para humanos, a relação entre ingestão calórica e alta hospitalar é
pouco estudada. Em trabalho considerado pelos próprios autores como pioneiro,
KRISHNAN, et al. (2003) demonstraram que pacientes em unidade de tratamento
intensivo, que receberam adequadamente calorias, tiveram maior taxa de alta dos
que não a receberam. JOHANSEN et al. (2003) verificaram que uma abordagem
nutricional sistematizada e interdisciplinar, em um hospital humano, foi efetiva em
elevar a ingestão calórica e em diminuir o risco de complicações. Em pacientes
críticos, BARR et al. (2004) demonstraram redução do risco de morte em 56%
com a instituição de suporte enteral. Em uma meta análise de nove estudos
realizados em pacientes cirúrgicos, ORTEGA et al. (2005) verificaram melhora dos
parâmetros nutricionais e redução de complicações nos pacientes que receberam
suporte enteral em relação aos que não o receberam.
Diante do exposto, pode-se deduzir que o emprego de alimentos de
qualidade superior, a instituição de protocolos de acompanhamento nutricional
sistematizado e o uso de terapia nutricional intensiva enteral e parenteral podem
ser considerados os principais responsáveis pelo aumento da taxa de alta
verificada em G2.
Por outro lado, encontrou-se aumento do tempo de internação no grupo que
recebeu suporte nutricional assistido, o que contraria os estudos com humanos.
Para o homem, os benefícios mais comumente encontrados com o suporte
nutricional são a redução do número de complicações e do tempo de internação
(BRUGLER et al., 1999; EDINGTON et al. 2000; VILA & GRAU, 2005). O
decréscimo do tempo de internação também tem sido afirmado como um dos
benefícios do suporte nutricional em livros texto de nutrição clínica veterinária, no
entanto não se encontrou outros trabalhos, além da presente pesquisa, que
realmente o quantificaram. FLORES (2004) avaliou o efeito do suporte nutricional
microenteral precoce em um grupo de 60 cães acometidos especificamente por
55
gastroenterite hemorrágica. Encontrou menor tempo de hospitalizão (1,9 ± 0,3
dias) nestes animais, quando comparado com outro grupo de 60 indivíduos que
não recebeu assistência nutricional (4,9 ± 0,4 dias). Trata-se de um estudo
padronizado que incluiu apenas uma afecção, tornando-se difícil sua comparação
com os dados do presente experimento.
Vários fatores contribuíram potencialmente para o aumento do período de
internação em G2. Um deles foi o emprego de terapia nutricional intensiva, que
correspondeu a 32% dos pacientes em G2, os quais necessitaram dos cuidados
diários da equipe de nutrição. Mesmo em situações nas quais os animais
poderiam ir para casa, como por exemplo os que necessitaram de sonda
esofágica, estes permaneceram por mais tempo internados, pois, via de regra, os
proprietários destes pacientes consideraram-se inaptos em alimentá-los em suas
casas. Um segundo fator foi que a partir do momento em que se iniciou o uso de
uma ração super-premium, sem taxas adicionais, muitas vezes os médicos
veterinários adiaram a alta de seus pacientes visando um melhor
acompanhamento e suporte nutricional do animal, diferentemente do que estes
teriam junto a seus proprietários.
Por outro lado, a manutenção mais adequada da ingestão de nutrientes,
principalmente com o emprego das terapias nutricionais enteral e parenteral,
permite um curso mais favorável de terapias médicas longas e complexas
(CARCIOFI, et al., 2003), de modo que os animais que necessitaram permanecer
mais tempo internados foram justamente os que mais se beneficiaram da
assistência nutricional. De qualquer forma, o quanto a instituição do serviço de
nutrição clínica e uma melhor alimentação foram responsáveis pelo aumento do
tempo de internação não pôde ser adequadamente verificado no presente
trabalho, sendo necessários mais estudos para se avaliar este aspecto.
56
5.2- Estudo Prospectivo
Foram verificadas associações significativas entre as variáveis tempo de
internação e taxa de alta; ingestão calórica e taxa de alta; ingestão calórica e
tempo de internação. Observou-se que quanto mais tempo o animal ficou
internado, maior a taxa de alta e que quanto maior a ingestão calórica maior o
tempo de permanência no hospital e maior a taxa de alta, fatos estes que
favoreceram o curso de terapias mais prolongadas, melhorando o prognóstico do
paciente. Em estudos anteriores, REMILLARD, et al. (2001) e CARCIOFI, et al.
(2003) também encontraram associação significativa entre ingestão de calorias e
alta hospitalar, e no último, adicionalmente entre ingestão de calorias e tempo de
internação, corroborando os resultados obtidos no presente trabalho. Os animais
em balanço energético negativo demonstraram menor taxa de alta e como
conseqüência da maior mortalidade, permaneceram menos tempo hospitalizados.
No presente trabalho os animais apresentaram ingestão média de 52,7% da
NEM, valor superior ao consumo calórico encontrado por REMILLARD et al.
(2001) que descreve que em apenas 26,1% dos dias os cães apresentaram
balanço energético positivo. Esta diferença talvez deva-se ao fato destes autores
terem trabalhado em 4 hospitais veterinários e das prescrições nutricionais nem
sempre terem sido feitas por nutricionistas, enquanto que na presente pesquisa a
alimentação ficou sob responsabilidade do Serviço de Nutrição Clínica, com menor
variação da equipe envolvida.
A literatura apresenta inúmeros fatores pelos quais a baixa ingestão
calórico-protéica correlaciona-se com uma maior mortalidade. Ela é a causa mais
comum de imunodeficiência em pacientes humanos. Segundo JOHANSEN et al.
(2003) uma grande proporção de pacientes humanos hospitalizados está em
estado de subnutrição. Relatam em seu trabalho que aproximadamente 40% das
pessoas já se encontram subnutridas no momento em que são hospitalizadas e
que mais de 75% dos pacientes permanecem por mais de uma semana internados
para recuperar o peso corporal perdido. CARNEVALE et al. (1991) verificaram
uma incidência de desnutrição ou subnutrão de 25% a 65%, baseando-se no
57
histórico, efeitos fisiológicos da doença primária e parâmetros bioquímicos dos
pacientes caninos e felinos estudados. Em nossa rotina clínica, é comum
recebermos os pacientes com histórico de hiporexia, ou mesmo anorexia,
vários dias. Esta condão não pode ser desconsiderada pelo clínico, pois neste
momento o paciente já adentra o consultório desnutrido, necessitando de
intervenção nutricional imediata.
Na desnutrição verifica-se um decréscimo progressivo da resposta imune
do paciente, incluindo a resposta mediada por células, produção de IgA secretória,
fagocitose, funcionamento do sistema complemento, afinidade de anticorpos e
produção de citoquinas (CHANDRA, 1981; CHANDRA, 1992
a
). Muitos processos
mórbidos associados à anorexia prolongada podem causar prejuízos à mucosa
gastroentérica, por alterações de perfusão e ou oxigenação, o que resulta na
produção de substâncias que desencadeiam reações em cascata determinando o
comprometimento da mucosa gastrintestinal, das células imunes locais, da
secreção de imunomediadores e perda da barreira entérica protetora, culminando
com a entrada de antígenos na circulação sistêmica e comprometendo múltiplos
órgãos e sistemas (SAKER, 2004).
Para que haja uma adequada síntese e reparação de feridas, uma nutrição
adequada é essencial. Localmente são necessários aminoácidos e glicose para a
síntese de colágeno e metabolismo celular. Sistemicamente são necessários
nutrientes para a síntese hepática de fibronectina, complemento e glicose,
atividade muscular cardíaca e respiratória envolvidas no transporte de oxigênio e
nutrientes para a área afetada (CRANE, 1989). O efeito terapêutico de drogas
também é afetado pelo estado nutricional do animal. A absorção, o transporte, o
metabolismo e a excrão de fármacos podem estar alterados. A diminuição da
biotransformação hepática, o decréscimo das proteínas plasmáticas envolvidas no
transporte das drogas e a diminuição do fluxo sangüíneo renal são conseências
da desnutrição calórico-protéica que podem interferir na farmacocinética das
drogas (FETTMAN e PHILLIPS, 2000).
Um sistema adequado de acompanhamento e registro da ingestão calórica
é fundamental no manejo nutricional de animais doentes. Apesar de se considerar
58
que os animais hospitalizados possam não ter benefícios adicionais com a
ingestão de uma quantidade maior de alimento do que a NER, optou-se neste
estudo em oferecer uma quantidade que atendesse sua NEM, pois fatores
relativos à doença podem aumentar o gasto energético em 1,05 a 1,2 vezes nos
casos de traumas simples, em 1,2 a 1,3 vezes para múltiplas fraturas e
queimaduras severas, podendo atingir o dobro das necessidades em traumas
cranianos severos e estágios terminais de alguns tipos de câncer (DONOGHUE e
KRONFELD, 1994).
REMILLARD et al., (2001) não encontraram relação estatística de
dependência entre o ECC e alta hospitalar. Apontam, somente, uma tendência de
maior sobrevivência em cães com ECC acima do ideal quando comparados com
cães com ECC abaixo do ideal. Os dados destes autores e os aqui encontrados
indicam que a condição corporal na qual o animal se encontra pode ser um ponto
favorável ou desfavorável na sua recuperação e alta hospitalar. Como o ECC não
se correlacionou com a ingestão de calorias, pode-se deduzir que fatores
intrínsecos à condição nutricional do paciente e seus reflexos sobre a imunidade,
capacidade cicatricial e metabolismo de drogas são os responsáveis pelo melhor
ou pior curso da doença. Este fato foi independente do consumo calórico
verificado durante a hospitalização, tanto na presente pesquisa como em
REMILLARD, et al. (2001). Suas reservas nutricionais orgânicas parecem ser
decisivas para que estes superem o fator de morbidade. Exceção se faz para os
animais em ECC 5, ou obesos. Pela Tabela 9, nota-se que a taxa de alta deste
grupo foi intermediária, semelhante à dos em ECC ideal e magros.
A desnutrição agravada por estresse resultante de doenças culmina com
alterações endócrinas que levam a uma acelerada degradação protéica tecidual
para fornecer substrato para a gliconeogênese (DONOGHUE & KRONFELD,
1994). Sobrevém-se um estado hipermetabólico e catalico numa tentativa do
corpo em prover adequadas quantidades de glicose e aminoácidos para a
otimização das defesas do hospedeiro e a reparação de feridas no sítio da injúria
(DONOGHUE, 1994). O aumento da taxa metabólica é sustentado pela oxidação
de gorduras e aminoácidos, verificando-se, inclusive, hiperglicemia de jejum
59
decorrente de resistência insulínica periférica, com balanço nitrogenado negativo
(TORRANCE, 1996). Desta forma, em pacientes com condição nutricional pobre, é
possível que estes mecanismos de adaptação à doença sejam menos efetivos.
Não tendo reservas orgânicas de nutrientes, estes estariam mais suscetíveis às
complicações como função imune deprimida, falha da barreira gastrointestinal,
redução na secreção de IgA, translocação bacteriana e outros, podendo ser esta
uma explicação para a maior mortalidade encontrada em pacientes com ECC 1 e
2.
Verificou-se que as variações de peso durante a hospitalização não
apresentaram dependência com o tempo de internação, escore de doença, escore
corporal e nem com o tipo de suporte nutricional empregado. Dependeu
estatisticamente apenas da quantidade de calorias ingeridas ou administradas. A
variável peso, por si só, não tem sido considerada um parâmetro confiável para
avaliar a eficácia de um suporte nutricional (BARTON, 1994). O peso corporal
costuma apresentar variações agudas consideráveis que significam, muitas das
vezes, apenas ganho ou perda de água. Em muitos pacientes pode ocorrer
diminuição do peso corporal como resultado de atrofia muscular devido a período
de hospitalização prolongado, amputações de membros, doenças associadas a
caquexia ou pela falha em não se estimar o aumento das necessidades calóricas
em pacientes críticos.
STARKER et al. (1990) demonstraram que níveis de albumina sérica ou
peso corporal sozinhos não podem ser usados como indicadores acurados da
eficácia do suporte nutricional por causa da variabilidade na resposta dos
compartimentos fluidos corporais, em particular do espaço extracelular, podendo
mascarar mudanças nas taxas de síntese e degradação protéicas. Além disso,
perdas protéicas também são verificadas em nefropatias, insuficiência hepática e
algumas enteropatias, diminuindo a especificidade da albumina sérica como
parâmetro para análise do status nutricional.
Segundo GINER et al. (1996), diferentes parâmetros antropométricos,
bioquímicos, imunológicos, testes funcionais e técnicas indiretas não invasivas
(tais como análises por bioimpedância elétrica), têm sido propostos para se avaliar
60
o status nutricional do paciente. Para aumentar a especificidade e a sensibilidade
do diagnóstico da desnutrição, tem-se usado uma combinação destes parâmetros.
Dados obtidos pelos autores supracitados indicam que a albumina sérica e a
relação peso/altura, em humanos, constituem critério útil na determinação da má-
nutrição. A diversidade de raças de cães inviabiliza o uso dessas medidas
biométricas da forma como se usa em humanos. Já em gatos, essa técnica
apresenta maior valor na determinação do status nutricional. Outros marcadores
nutricionais incluem a pré-albumina, transferrina, fibronectina, fator de crescimento
semelhante a insulina (IGF-1) e proteína ligada ao retinol (TORRANCE, 1996). No
entanto, estes são ainda muito pouco utilizados em animais na rotina hospitalar.
Em animais em estado crítico, segundo TORRANCE (1996), o ganho de
peso não é geralmente o objetivo do suporte nutricional, pois pode levar a uma
excessiva suplementação de proteínas e energia em animais cujos órgãos de
excreção estão comprometidos. A prevenção da perda de peso é um objetivo mais
realístico. A superalimentação é uma complicação potencial do suporte nutricional
e pode resultar em disfunção devido à infiltração de gordura e glicogênio no
fígado, agravamento da intolerância à glicose, azotemia e aumento da
necessidade energética e de oxigênio, observado principalmente em pacientes
submetidos à terapia nutricional intensiva (BARR et al., 2004). Infusão calórica
elevada foi associada à maior mortalidade em humanos em comparação à infusão
moderada de energia (KRISHNAN et al., 2003). De qualquer forma, a tomada de
peso é um parâmetro auxiliar no acompanhamento do suporte nutricional do
paciente. O peso corporal é necessário para se estimar a demanda calórica e,
considerando-se todas as ressalvas anteriormente expressas, é um indicativo da
eficiência do manejo alimentar do animal doente.
O ED apresentou associação negativa com ingestão e balanço calóricos
(p<0,01) e com a taxa de alta. Sua relação negativa com a alta é esperada na
medida em que este se refere a uma sistematização do prognóstico, que é pior
nos escores mais elevados. Sua associação negativa com as calorias
adminstradas para o paciente reflete que a doença tem efeito importante tanto no
consumo de alimentos quanto na viabilidade de sua administração artificial via
61
esofágica ou parenteral. Resultados semelhantes foram descritos por REMILLARD
et al. (2001). Como a adminstração de calorias mostrou-se importante para a alta
dos pacientes, o manejo nutricional de pacientes críticos continua a ser um
desafio.
O tipo de suporte nutricional empregado teve associação estatística com a
taxa de alta, escore de doença, administrão de calorias e tempo de internação.
Pelo Teste Exato de Fisher observou-se diferença significativa (p<0,05) entre a
taxa de alta de animais que não receberam alimento (jejum) e a dos que
receberam, independentemente da forma de administração (voluntário ou
artificial). Isso demonstra a importância da administração de nutrientes para
pacientes enfermos, confirmando seus efeitos benéficos conforme já estabelecido
por LEWIS et al. (1994), SIMPSON et al. (1993), HILL (1994), TENNANT (1996),
REMILLARD et al. (2000).
Animais que apresentaram consumo voluntário de alimentos tiveram
maiores taxa de alta e ingestão calórica do que aqueles que receberam os
demais tipos de suporte. Dentre os que mantiveram ingestão voluntária durante a
hospitalização, 72,5% se encontravam nos escores de doença 1 e 2, ou seja,
estavam acometidos por doenças leves ou moderadas sem comprometimento
sistêmico; 64,84% em balanço calórico positivo e 92,9% tiveram alta. Dentre os
animais que necessitaram receber suporte intensivo enteral ou parenteral, 60% se
encontravam nos ED 3 e 4; 52,8% apresentaram balanço calórico positivo e 66,9%
tiveram alta. Desta forma, como a gravidade da doença variou entre os grupos,
não se pode fazer uma comparação direta entre consumo voluntário e os demais
tipos de suporte nutricional. Além da ingestão de nutrientes, pesou sobre as taxas
de alta a própria condição clínica dos pacientes, pois nos animais com doença
mais grave é que se empregou terapias nutricionais intensivas.
Deve-se considerar, no entanto, que sem suporte intensivo estes animais
não receberiam nutrientes. Na presente pesquisa, os animais que o receberam
nutrientes tiveram taxa de alta de apenas 38,5%. É interessante observar,
também, que no estudo retrospectivo a taxa de alta média, referente aos anos de
1998, 1999 e 2000, foi de 67,1%, valor muito próximo à taxa de alta dos que
62
receberam suporte intensivo no estudo prospectivo (66,9%). Este tipo de suporte
(enteral e parenteral) foi empregado em 26% dos pacientes, de forma que é
possível que a elevação da taxa de alta nestes animais tenha sido a principal
responsável pela elevação da taxa de alta geral observada após a instituição do
serviço de nutrição. Um maior emprego de suporte nutricional intensivo, conduzido
por MONTES et al. (2004), tamm resultou em uma elevão da taxa de alta de
pacientes humanos de unidades de terapia intensiva.
Os animais podem ser persuadidos a comer com alimentação manual.
Algumas vezes, cães e gatos hospitalizados comerão mais prontamente se
estiverem fora do seu canil ou se forem alimentados por seus donos. Gatos
parecem comer mais prontamente quando estão segregados, ou quando lhes é
fornecido um esconderijo em sua gaiola. O aquecimento dos alimentos à
temperatura corporal realça sua palatabilidade e consumo (DAVENPORT, 1995).
Na presente pesquisa, no entanto, a prática de alimentação forçada o se
mostrou tão efetiva na adminstração de calorias como a nutrição enteral, como
pode ser verificado na tabela 16. O sistema consome um tempo considerável por
paciente, maior do que o necessário para a infusão de alimento via sondas. Por
vezes se percebia, também, que o animal se estressava com a insistência em se
tentar alimentá-lo. A experiência prática demonstrou que alguns destes problemas
puderam ser minimizados com a administração de alimento líquido diretamente na
boca do animal, com auxílio de seringas. No entanto, a alimentação forçada foi
progressivamente diminuindo de importância ao longo do experimento, dando-se
preferência à colocação de tubos nasoesofágicos ou esofágicos.
O suporte nutricional enteral foi tão efetivo quanto a ingestão voluntária em
colocar os pacientes em balanço calórico positivo. Estes dois, por sua vez, foram
mais efetivos que os demais neste aspecto. Em relação à ingestão percentual da
NEM, pode-se ver na figura 7, no entanto, que o suporte enteral e o parenteral
foram semelhantes em administrar calorias, apesar do suporte enteral ter levado a
uma ingestão calórica superior em 10 pontos percentuais. Em relação à taxa de
alta, apesar de não haver diferença estatística entre os grupos, animais que
necessitaram de suporte enteral tiveram 9,9 pontos percentuais a mais de alta do
63
que os que receberam suporte parenteral, uma diferença expressiva. Desta forma,
os dados da presente pesquisa corroboram a indicão da terapia enteral como o
método de escolha para animais anoréticos com trato digestório funcional
(ARMSTRONG & LIPPERT, 1988; CROWE, 1989; CROWE, 1990; SIMPSON &
ELWOOD, 1994).
O suporte nutricional enteral foi, também, o que mais elevou o período de
internação. Dos animais que permaneceram em jejum, 92,31% ficaram menos de
5 dias internados. Dentre os com alimentão voluntária, 48,91% permaneceram
de 6 a 15 dias no hospital. Nenhum animal no qual foi usada a alimentação
forçada ficou mais de 15 dias no hospital. Dos que tiveram suporte enteral,
62,73% ficaram de 6 a 15 dias no hospital. Dos pacientes que receberam suporte
parenteral, 46,9% ficaram menos de 5 dias internados (em função do seu alto
custo) e 46,34% ficaram de 6 a 15 dias no hospital (estes possivelmente tiveram
restabelecido o consumo voluntário). Nota-se, assim, que o emprego de suporte
nutricional intensivo permite a permanência do animal por mais tempo no hospital.
Este também favorece o transcurso de terapias médicas mais prolongadas, ao
mesmo tempo que permite colocar o animal em balanço calórico positivo e
aumentar a taxa de alta.
O suporte enteral via sonda nasoesofágica ou esofágica demonstrou
diferença quanto ao balanço calórico, consumo médio de calorias, tempo médio de
internação e taxa de alta dos pacientes, melhores para a primeira (tabela 19). As
sondas esofágicas demonstraram-se mais eficientes do que as nasais, a taxa de
alta e consumo médio de calorias proporcionados com o seu emprego foram,
inclusive, semelhantes ao dos pacientes sob ingestão voluntária.
Para SIMPSON & ELWOOD (1994), animais anoréticos com o trato
digestório funcional devem ser prioritariamente alimentados via sonda
nasoesofágica, esofágica ou gástrica. A sonda nasoesofágica foi empregada em
13,5% dos pacientes. Esta deve ser a primeira opção quando o suporte nutricional
for necessário por um período de até 07 dias (CARCIOFI et al., 2003). Apresenta
fácil colocão e baixo custo, poucas complicações e dispensa o uso de
64
anestésicos, muitas vezes contra-indicados em algumas apresentações clínicas
(ABOOD & BUFFINGTON, 1991; ABOOD & BUFFINGTON, 1992).
As contra-indicações das sondas nasoesofágicas incluem os pacientes
inconscientes e as enfermidades ou disfunções das narinas, da laringe, do reflexo
de deglutir, do esôfago e do estômago. Restringir a sonda à luz do esôfago, não
deixando que esta chegue ao estômago, reduz o risco de esofagite por refluxo. As
complicações desse tipo de suporte são raras, mas incluem: rinite, epistaxe,
vômito, regurgitação, aspiração do tubo, aspiração da dieta e esofagite
(BUTTERWICK & TORRANCE, 1995).
Quando existe a necessidade de um suporte mais longo, em decorrência da
afecção primária, o emprego de sondas gástrica ou esofágica torna-se necessário.
O suporte nutricional enteral com o emprego de sonda esofágica é um método
bem tolerado pelos pacientes, fácil, prático, seguro, econômico e fisiológico,
apresentando mínima morbidade (LEVINE, et al., 1997; BATAGLIA, 2001;
BRUNETTO, et al. 2005). No presente estudo, ela foi empregada em 7,8% dos
animais. BUTTERWICK & TORRANCE (1995) apontam que, quanto ao
procedimento cirúrgico para a colocação do tubo esofágico, o único problema que
pode ocorrer seria a infecção da fístula. A cicatrização da ferida, após sua retirada,
é rápida e completa. Os resultados do presente trabalho apontam, inclusive, a
necessidade de se esclarecer o proprierio para que, caso o animal remova a
sonda em casa, ele o traga no mesmo dia para a recolocação da mesma, caso
contrário nova intervenção cirúrgica pode vir a ser necessária. Seqüelas do
procedimento no esôfago não são citadas na literatura e não foram observadas
nesta pesquisa.
As complicações decorrentes do emprego dos tubos enterais verificadas na
presente pesquisa foram os vômitos e a epistaxe. Vômitos foram observados via
de regra nos ts primeiros dias de suporte. Este foi mais frequente para felinos e
para a sonda esofágica. O problema foi minimizado com o emprego de tubos
siliconizados e mais flexíveis. Epistaxe foi verificada com o emprego de sonda
nasoesofágica, sendo restrito a cães e em indivíduos de conformação
dolicocefálica. Segundo LEWIS et al. (1994), a maioria dos problemas
65
gastrointestinais causados pela terapia nutricional enteral é decorrente da
administração rápida das soluções, do emprego de solutos de baixa absorção
(vômitos e diarréias causados por uma superestimulação dos mecanismos
gastrointestinais neurais e endócrinos) e por soluções muito hipertônicas
(provocando movimento de água e fluidos para a luz intestinal). O autor cita,
ainda, problemas metabólicos decorrentes, que incluem uma rápida absorção de
glicose que pode resultar em hiperglicemia e diurese osmótica. Para minimizar
este problema, as dietas empregadas nesta pesquisa apresentam alta gordura e
proteína e baixo carboidrato.
De qualquer forma, os resultados apresentados com o uso de sonda
esofágica foram superiores aos dos tubos nasoesofágicos. Apesar das indicações
técnicas descritas acima, deve-se sempre que possível, optar-se pelo tubo
esofágico. Talvez devido a seu maior calibre, este permitiu o fornecimento mais
apropriado de nutrientes e o uso de dietas mais completas. Não foi encontrado
nenhum trabalho na literatura que comparou os dois métodos, o que torna mais
difícil a discussão destes resultados.
Animais que não podem se alimentar devido a vômitos incontroláveis,
diarréias intensas, atonia esofágica ou cirurgias do trato digestório devem receber
nutrição parenteral (CARCIOFI et al., 2003). LEWIS et al. (1994) indicam o suporte
parenteral em animais com alto risco de aspiração em função de déficits
neurológicos ou inconsciência, hepatites ou pancreatites agudas. Como pode ser
visto na Figura 6, apenas 7,0% dos animais receberam esse tipo de suporte no
presente estudo, devido exclusivamente a seu alto custo, o que impediu os
proprietários de autorizarem seu uso.
Complicações resultantes da nutrição parenteral parcial (NPP) incluem
sepse, flebite e anormalidades metalicas tais como hiperglicemia, hiperlipemia e
imbalanços eletrolíticos (CHAN, et al. 2002). A sepse associada a NPP está mais
interligada a translocão bacteriana através do intestino do que com a
contaminação do catéter ou no momento da mistura das solões. Recentemente,
está sendo aceita a hipótese de que o controle imunológico dos pacientes graves
é o grande benefício atribuído pelo suporte nutricional enteral. SHIRABE et al.
66
(1997) compararam o uso dos dois tipos de suporte em pacientes humanos e não
encontraram diferenças nos parâmetros nutricionais como proteína ligadora de
retinol, transferrina, albumina, pré-albumina e 3-etil-histidina. As diferenças mais
marcantes foram observadas nos parâmetros imunológicos, como número de
linfócitos, resposta a fitohemaglutinina e atividade das células natural killer, sendo
todos os valores superiores no grupo que recebeu TNE e o dado mais importante
encontrado foi a redução na incidência de infecções. Resultados semelhantes
foram encontrados por WINDSOR et al. (1998) em pacientes humanos portadores
de pancreatite aguda.
No presente estudo, não foram verificadas complicações (flebite, formação
de trombo e embolia) pelo uso da TNP, mesmo utilizando-se vaso periférico em
vez de vaso central. O emprego de bomba de infusão e a administração parcial
das necessidades calóricas e de nitrogênio possivelmente colaboraram, também,
para a não ocorrência destes transtornos.
O protocolo de TNP empregado pelo Serviço de Nutrição Clínica não
utilizou emulsão lipídica em função do alto custo de tais soluções, o que passaria
a restringir ainda mais a aquiescência de seu uso por parte dos proprietários.
Segundo TORRANCE (1996), as emulsões lipídicas são isotônicas, possuem
maior densidade energética que as soluções de glicose, podem ser infundidas
através de catéter periférico e são mais efetivas em minimizar as perdas
nitrogenadas, mas aumentam o risco de introduzir contaminações já que permitem
o crescimento bacteriano, ao contrário de soluções de dextrose a 50%.
67
6. CONCLUSÕES
O presente trabalho, ao investigar a contribuição do suporte nutricional na
recuperação de cães e gatos hospitalizados, demonstrou que:
- Animais que receberam um adequado suporte nutricional durante a
hospitalização apresentaram maior taxa de alta do que aqueles que o o
receberam;
- A quantidade de energia metabolizável administrada ao animal mostrou-se
diretamente relacionada com sua alta e tempo de internação: quanto maior a
quantidade de calorias administradas, maior a taxa de alta e maior o tempo de
hospitalização, favorecendo o curso de terapias mais prolongadas;
- A condição corporal do animal demonstrou associação com as taxas de alta e
óbito: animais sem reservas corporais, em estado de magreza ou caquexia,
apresentaram maior taxa de óbito;
- A gravidade das doenças apresentou associação com a quantidade de calorias
ingeridas: doenças mais severas dificultaram a administração de nutrientes e
favoreceram o estabelecimento de balanço energético negativo;
- O suporte nutricional intensivo mostrou-se importante e efetivo em infundir
nutrientes, melhorando a taxa de alta dos animais;
- O emprego de sonda esofágica demonstrou-se mais eficiente que o uso de
sondas nasais e da terapia nutricional parenteral.
68
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80
8. ANDICES
81
Apêndice A: Protocolo de nutrição enteral empregado no estudo
Protocolo de Nutrição Enteral para Cães e Gatos
Fórmulas Práticas e Princípios de Administração
SERVIÇO DE NUTRIÇÃO CLÍNICA
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS
CÂMPUS DE JABOTICABAL
PACIENTES CRÍTICOS E QUE NÃO SUPORTAM GRANDES VOLUMES DE ALIMENTO
1.
Determinação das necessidades energéticas dos animais:
1.1. Pesar o animal: _______ kg
1.2. calcular a
Necessidade Energética de Repouso
(NER)
NER = 70 x peso em kg
0,75
NER= ___________ kcal por dia
PACIENTES EM MANUTENÇÃO A LONGO PRAZO E QUE PODEM RECEBER ALIMENTO EM
QUANTIDADE NORMAL
1.
Determinação das Necessidades Energéticas dos cães:
1.2. Pesar o animal: _______ kg
1.3. Calcular a Necessidade Energética de Manutenção (NEM)
NEM = 110 x peso em kg
0,75
NEM = ___________ kcal por dia
2.
Determinação das Necessidades Energéticas dos Gatos:
2.1. Pesar o animal: ____________kg
2.2. Calcular Necessidade Energética de Manutenção
NEM = 60 x peso em kg
NEM = ___________kcal por dia
3.
Calcular a Necessidade Hídrica (NH):
Necessidade hídrica = peso vivo x 70mL = __________ mL por dia
3.1 Considerar o volume fornecido pelo alimento
NH – volume de alimento = suplementação hídrica via sonda = ______ mL por dia
82
4.
Dietas Caseiras para Utilização Via Sonda Nasoesofágica:
As fórmulas abaixo são sugestões práticas, elaboradas com ingredientes disponíveis em
supermercados. Dietas mais aperfeiçoadas podem ser conseguidas com ingredientes específicos. Estas não
apresentam composição nutricional 100% completa, de modo que deve-se ter cautela com seu uso por
períodos prolongados. Normalmente em animais com sondas 6 e 8 french deve-se utilizar as fórmulas com
extrato de soja, nos animais com sondas acima de 10 french pode-se utilizar as fórmulas que incluem ração
em lata.
4.1. Dietas para cães Nefropatas e com Encefalopatia hepática
PB: 16,7%, EE: 18,5% e 0,9 kcal/ml: PB:16,3%, EE: 15,2% e 0,9 kcal/ml:
5,3% nutrilon 9,3% nutrilon
5,3% dextrose 3,9% dextrose
6,7% extrato solúvel de soja 24,9% ração em lata
11,3% creme de leite 7,5% creme de leite
69,8% água 52,8% água
0,8% Suplemento vitamínico-mineral 0,8% Suplemento vitamínico-mineral
0,5% Ornitargim 0,5% Ornitargim
0,3%l KCl a 20% (*) 0,3%l KCl a 20%(*)
4.2.
Dietas para Cães ou Gatos Hipermetabólicos e/ou com perda protéica extra
PB: 32,1%, EE: 27,3 e 0,96 kcal/ml: PB: 32,5%, EE: 26,4% e 0,96 kcal/ml:
1,1% nutrilon 3,9% nutrilon
1,1% dextrose 1,6% dextrose
15,3% extrato solúvel de soja 63,4% ração em lata para gatos
11,4% creme de leite 7,7% creme de leite
69,5% água 21,9% água
0,8% Suplemento vitamínico-mineral 0,8g Suplemento vitamínico-mineral
0,5% Ornitargim 0,5% Ornitargim
0,3% KCl a 20% (*) 0,3ml KCl 20%(*)
4.3- Dietas para Cães e Gatos Nefropatas
PB: 25,2%, EE: 23,4% e 0,95 kcal/ml: PB: 25,3%, EE: 21,4% e 0,93 kcal/ml:
2,9% nutrilon 6,3% nutrilon
2,9% dextrose 2,7% dextrose
11,5% extrato solúvel de soja 46% ração em lata para gatos
11,5% creme de leite 7,6% creme de leite
69,6% água 35,8% água
0,8% Suplemento vitamínico-mineral 0,8% Suplemento vitamínico-mineral
0,5% Ornitargim 0,5% Ornitargim
0,3% KCl a 20% (*) 0,l % KCl a 20% (*)
(*) para gatos adicionar 30 mg de taurina por 100mL de alimento ou 500 mg dia.
83
Tabela 1: Composição básica dos ingredientes, na matéria seca
Nutrientes Dextrose Nutrilon Extrato solúvel
de soja
Creme de
Leite
Alimento úmido
para gatos
EM (100g) kcal 400 378 414,5 715,1 442,25
Água % 1 7 6 73,0 79
Proteína % 0 7 41 9,6 48
Extrato etéreo % 0 0,58 22 74,0 30
Extrativos não
nitrogenados
% 99 86,2 24 15,0 5,5
Fibra bruta % 3,35 2,5
5.
Modo de uso.
5.1 Dividir o alimento em 6 refeições ao dia. Administrar o alimento a temperatura ambiente.
5.2 Injetar água limpa para limpar a sonda de resíduos alimentares as seu uso.
5.3 Manter a sonda sempre bem fechada para evitar refluxo e entrada de ar no esôfago ou estômago.
5.4 Monitorar a produção de fezes.
Para este suporte, a recomendação inicial deve basear-se no cálculo das necessidades calóricas de
repouso, pois devido ao pequeno calibre das sondas, muitas vezes não conseguimos administrar grandes
volumes de alimento por se tornar muito dispendioso, principalmente em cães de grande porte. A
alimentação deve ser iniciada logo após a colocação do tubo, tomando-se os cuidados de adaptação dos
pacientes para a realimentação, sendo esta prática de forma lenta e gradual.
84
Apêndice B: Protocolo de nutrição parenteral parcial periférica empregado no
estudo
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS
HOSPITAL VETERINÁRIO GOV. LAUDO NATEL
SERVIÇO DE NUTRIÇÃO CLÍNICA
Protocolo para nutrição parenteral parcial
1- Calcular a Necessidade Energética
:
1.1 – Cão/Gato
A
Kcal/dia = 70 x peso
0.75
2 – Calcular a Necessidade Hídrica:
2.1 - Cão / Gato
B”
ml/dia = 70 x peso vivo em kg
3 - Dextrose 50% (30% da necessidade calórica do animal)
3.1 - Cão / Gato
A”
/3 = “
C”
kcal por dia
A glicose 50% tem 1,7 kcal por mL
D”
ml de glicose 50% por dia
= “C
/ 1,7
4 – Lípides 20% (20% da necessidade calórica do animal)*
4.1 Cão / Gato
A”
/5 = “
E”
kcal por dia
A solução de lípides a 20% tem 2 kcal por mL
F”
ml de lípides a 20% por dia
= “E
/ 2
5 -
Aminoácido (aa) 10% (50% da necessidade protéica)
5.1 - Cão
Necessidade protéica é de 3 g para cada 100 kcal de energia metabolizável
A”
/2 =
F”
kcal
Necessidade protéica em gramas por dia
“G”
= (“
F”
x 3) / 100
100 ml tem 10 g de aa
H”
mL de aa 10% =
“G”
x 10
85
5.2 - Gato
Necessidade protéica é de 4 g para cada 100 kcal de energia metabolizável
A”
/2 =
F”
kcal
Necessidade protéica em gramas por dia
“G”
= (“
F”
x 4) / 100
100 ml tem 10 g de aa
H”
mL de aa 10% =
“G”
x 10
6 - Complexo B (CB)
5.1 Cão / Gato
1 ml CB para cada 100 kcal de energia metabolizável.
I”
ml CB = “
A”
/ 100. (proteger da luz com papel alumínio!)
6 – Ringer Lactato (RL)
6.1 – Cão / Gato
“J”
ml de RL por dia =
B”
– (“
D”
+ “
F”
+ “
H”
)
7 – NaCl a 20% (correção da solução de glicose e aminoácidos, necessária apenas quando estas
não vêm com eletrólitos! Caso empregue soluções com eletrólitos, desconsidere esta etapa.)
7.1 – Cão / Gato
(“
D”
x 0,5) + (“
F”
x 0,8) + (“
H”
x 0,9) =
“K”
ml de água
Deseja-se adicionar 0,9g de cloreto de sódio para cada 100 ml de solução
L”
gramas de NaCl = (
“K”
x 0,9) / 100
Solução a 20% de NaCl
M”
ml solução de NaCl = “
L”
x 5
8 – KCl (a suplementação de potássio e outros eletlitos deve respeitar a demanda hidro-
eletrolítica e o equilíbrio ácido-básico do paciente. Soluções de aminoácidos com eletrólitos
apresentem potássio, que deve se considerado no cálculo.)
8.1 – Cão / Gato
A solução de RL apresenta 4 mEq/L de K
N”
mEq de K provenientes do RL = (“
J”
x 4) / 1000
Concentração desejada na solução é de 30 mEq/L
“O”
mEq de K a serem suplementados = [(“
B”
x 30) / 1000]
“N”
Em 1 mL de KCl tem-se 2mEq
P”
mL KCl =
“O”
/ 2
86
9 – Arginina
9.1 – Cão / Gato
1 ampola de Ornitagin para 10kg de PV por dia
10 – Vitamina K
10.1 Cão / Gato
0,5 mg / kg/ SC no primeiro dia, e as 1 vez por semana.
11- Receita diária do animal
“D”
mL de solução de glicose 50%
“F”
mL de solução de lípides 20%
“H”
mL de solução de aminácidos a 10%
“I”
mL de complexo B
“J”
mL de Ringer Lactato
“M”
mL de solução de NaCl a 20%
“P”
mL de solução de KCl a 2mEq/mL
Total =
X
mL por dia
12 – Velocidade de infusão
12.1 –o / Gato
4 a 6 ml / kg peso vivo / hora.
* Não foram utilizadas emulsões lipídicas
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