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animal não estivesse em parasitemia; ou ainda, é possível que alguns animais
apresentem sorologia positiva, mas devido a sua competência imunológica obtiveram
cura e estão livres do parasito (MORENO et al., 2002).
Assim, seria necessário um acompanhamento destes animais para melhor avaliar
sua real condição. Para manter este animal no ambiente, seria recomendável utilizar
coleiras impregnadas com deltametrina a 4% como medida individual de controle, tendo
em vista que se mostrou eficiente e conferiu prolongada proteção aos cães contra a
picada de flebotomíneos (KILLICK-KENDRICK
et al., 1997).
CAMARGO NEVES (2004) promoveu em Andradina um estudo de coorte com
a finalidade de verificar a eficiência da utilização desta coleira em nível populacional.
Os resultados obtidos na pesquisa convergem para uma efetividade da utilização da
coleira associada a outras medidas de controle.
Embora a transmissão da L. (L.) chagasi ocorra principalmente por meio da
picada de L. longipalpis, outros mecanismos podem estar envolvidos, tendo em vista o
baixo índice de infecção natural pelo agente observado nesses dípteros em alguns paises
da América do Sul, como na Venezuela (0,28%) (FELICIANGELI et al., 1999) e
Colômbia (0,29 – 0,9%) (CORREDOR et al., 1989; FERRO et al., 1995). No Brasil,
excepcionalmente, LAINSON (1985) encontrou uma taxa de infecção natural de 7,1%
em Santarém no Para. Porém, outros pesquisadores encontraram apenas valores entre 0,2
e 0,5% (SHERLOCK, 1999; RYAN et al., 1984).
Em Mirandópolis, pudemos observar, com freqüência, carrapatos em cães, os
quais foram identificados como Rhipicephalus sanguineus. Segundo relato de
funcionários do serviço de controle de vetores do município, tem sido observado grande
quantidade de carrapatos em cães e em paredes das casas na cidade, com diversas
reclamações de moradores. Vale ainda ressaltar que o Rhipicephalus sanguineus é o
hospedeiro invertebrado da Babesia canis (FORTES, 1997).
Na ausência dos flebotomíneos, a transmissão da LVA poderia ser mantida por
outros ectoparasitos de cães, particularmente a pulga Ctenocephalides felis felis e o
carrapato Rhipicephalus sanguineus devido à freqüência e intensidade com que ambos
ocorrem em cães (COUTINHO et al., 2005).