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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
Centro de Ciências Agrárias
Departamento de Solos e Engenharia Rural
Programa de Pós-Graduação em Manejo de Solo e Água
ABSORÇÃO DE N, P, K DE TRÊS ESPÉCIES FLORESTAIS EM RELAÇÃO AO
ESTRESSE HÍDRICO E ADUBAÇÃO ORGÂNICA EM DOIS SOLOS DO SEMI-
ÁRIDO DA PARAÍBA
Jussara Silva Dantas
AREIA, PB
MARÇO - 2005
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JUSSARA SILVA DANTAS
ABSORÇÃO DE N, P, K DE TRÊS ESPÉCIES FLORESTAIS EM RELAÇÃO AO
ESTRESSE HÍDRICO E ADUBAÇÃO ORGÂNICA EM DOIS SOLOS DO SEMI-
ÁRIDO DA PARAÍBA
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Manejo de Solo e
Água da Universidade Federal da Paraíba,
como parte dos requisitos para obtenção
do título de “Mestre em Manejo de Solo e
Água”. Área de Concentração: Manejo e
Conservação de Solos e Água.
Orientadores: Vânia da Silva Fraga
Ignácio Hernan Salcedo
AREIA, PB
MARÇO – 2005
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D192a
Dantas, Jussara Silva.
Absorção de N, P, K de três espécies florestais em relação ao
estresse hídrico e adubação orgânica em dois solos do Semi-
Árido da
Paraíba./ Jussara Silva Dantas. – Areia, PB: CCA/UFPB, 2005.
36 p.: il.
Dissertação (Mestrado em Manejo de Solo e Água) pelo Centro de
Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba.
Orientadora: Vânia da Silva Fraga.
1. Espécies florestais - absorçã
o de nutrientes. 2. Estresse hídrico.
3. Adubação orgânica. I. Fraga, Vânia da Silva (orientadora). II.
Título.
CDU: 631.81.031:631.432.2+631.862(043.3)
Ficha catalográfica elaborada na Seção de Processos Técnicos da Biblioteca Se
torial
de Areia-PB, CCA/UFPB.
Bibliotecária: Márcia Maria Marques CRB4 – 1409
JUSSARA SILVA DANTAS
ABSORÇÃO DE N, P, K DE TRÊS ESPÉCIES FLORESTAIS EM RELAÇÃO AO
ESTRESSE HÍDRICO E ADUBAÇÃO ORGÂNICA EM DOIS SOLOS DO SEMI-
ÁRIDO DA PARAÍBA
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Manejo de Solo e
Água da Universidade Federal da Paraíba,
como parte dos requisitos para obtenção
do título de “Mestre em Manejo de Solo e
Água”. Área de Concentração: Manejo e
Conservação de Solos e Água.
Aprovada em 29 de março de 2005
BANCA EXAMINADORA
Prof
a
. Dr
a
. Vânia da Silva Fraga
CCA/UFPB
Orientadora
Prof. Dr. Ignácio Hernan Salcedo
DEN/UFPE
Orientador
Prof. Dr. Roberto Wagner C. Raposo
CCA/UFPB
Examinador
Prof
a
. Dr
a
. Carolina Etienne de R. e S. Santos
DA/UFRPE
Examinadora
ii
A Deus pela vida e por tudo que tenho alcançado;
Ao meu pai Mauricio Estelino Dantas, por ser um exemplo de coragem, fé,
bondade e pelos esforços realizados para garantir-me esta vitória. Minha eterna gratidão, te
amo;
A minha mãe Josineide Silva Dantas, pela lição de vida, carinho, amor e por
pacientemente suportar a minha ausência durante esse período, dando-me incentivos nesta
jornada edificante. Te amo muito!
As minhas irmãs: Jarleide e Jarlene, pela união e carinho recebido.
COM AMOR DEDICO
iii
AGRADECIMENTOS
A Deus, por esta benção que é a vida e que me deu a coragem para sonhar e força
para realizar o sonho de vencer mais essa etapa da minha vida;
Aos meus pais e irmãs, que me conduziram por toda a infância e juventude, com
todo carinho, agradeço tudo o que sou;
A professora Vânia da Silva Fraga, pela paciência, orientação, ensinamentos,
confiança, amizade e incentivos. Admiro-te por ser uma pessoa humilde, inteligente,
otimista, alegre, admirada e respeitada por todos os seus colegas e alunos;
Ao professor Ignácio Hernan Salcedo, pela oportunidade, orientação e paciência
durante a realização deste trabalho;
Ao professor Rômulo S. C. Menezes pela amizade, motivação e confiança,
incentivando-me a prosseguir nesta jornada, fossem quais fossem os obstáculos;
Ao professor Everardo V. de S. B. Sampaio pelos ensinamentos, amizade e por
sempre ter acreditado em mim;
Aos professores Roberto Wagner C. Raposo e Carolina Etienne de Rosalia e Silva
Santos pela participação na banca examinadora, contribuindo com as valiosas sugestões e
correções;
A Coordenação do Programa de Pós-Graduação em especial aos Professores
Vânia da Silva Fraga e Adailson Pereira de Souza e a Secretária Rosa Cláudia pelo
carinho, paciência, compreensão e incentivo;
A CAPES pela concessão da bolsa de estudo;
Ao IAI (Inter American Institute for Global Change Research) e ao CNPq
(Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento Científico) pelo financiamento da
pesquisa;
Ao professor Adailson Pereira de Souza pelos seus constantes ensinamentos, pela
amizade, respeito, apoio e consideração;
Ao professor Ivandro de França da Silva pela colaboração prestada durante a
realização deste trabalho;
Aos funcionários do Laboratório de Química e Fertilidade do solo em especial a
“Seu Castor”, Patrocínio, Ednaldo, Montesquieu e Fabiano pessoas incansáveis na batalha
do dia a dia;
Aos técnicos do grupo de Radioagronomia do DEN, em especial a Claudenice,
Gilberto, Pedro, Clarindo e a minha amiga Sandra Galvão pela colaboração e apoio nas
análises laboratoriais;
iv
A Regina Lúcia Félix Aguiar pela atenção e ajuda nas análises estatísticas dos
nódulos;
A Francisco Tony Martins de Sousa pelo convívio harmonioso, carinho,
cumplicidade, apoio e dedicação;
A Naldo, Perla, Gilson, Cida, Valberto, “Vaval”, “Sula”, “Seu Pelé” e “Chico”
pelas palavras de estímulo, enfim, por todo bem que me fazem, o carinho da amizade e
gratidão;
Aos amigos de residência: Alberio, Carol, Alexandre e Araken pelo respeito, força
e amizade construídas durante o tempo de convivência;
A Eleide Leite Maia por todo o apoio na condução do experimento, valeu pela
amizade e o respeito que construímos juntas nesta etapa de minha vida;
A Daniela Batista da Costa pelos bons momentos vividos e pela amizade sólida e
eterna;
A Klerisson e Damon pela consideração, amizade e ajudas prestadas na condução
do experimento;
Aos amigos da Pós-Graduação: Tony, Eleide, Egeiza, Alessandra, Jucilene,
Adalgisa, Rosângela Souto, Farnésio, Chagas, Antonio Junio, Josely, Lindiane, Cícero,
Raquel e George pelas horas de diversão compartilhadas;
Aos amigos da Graduação: Alysson, Leirson, Emanoel Dias, Íris, Rui Mendes,
Fábio Marques, Antonio Neto, André Mahon, Raphael, Leila e Sheila pela amizade e
agradável convívio;
E a todos que direta e indiretamente ajudaram na realização deste trabalho.
“Amanhã, quando nossos passos forem mais firmes, nossos
anseios mais concretos e realizados, resta-nos sempre a
lembrança daqueles que muito contribuíram para isto”.
v
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS ..................................................................................................... vi
LISTA DE FIGURAS ..................................................................................................... vii
RESUMO....................................................................................................................... viii
ABSTRACT..................................................................................................................... ix
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 1
2. REVISÃO DE LITERATURA...................................................................................... 3
2.1. Caracterização da região semi-árida ...................................................................... 3
2.2. Caracterização das espécies................................................................................... 4
2.2.1. Gliricídia (Gliricidia sepium (Jacq.) Kunth ex Walp.)......................................... 4
2.2.2. Jurema preta (Mimosa hostilis Benth.) ............................................................... 5
2.2.3. Nim (Azadirachta indica A. Juss.) ..................................................................... 7
2.3. Retenção de água nos solos ................................................................................... 7
2.4. Importância da água para as plantas....................................................................... 8
2.5. Estresse hídrico ..................................................................................................... 9
2.6. Utilização dos estercos .......................................................................................... 9
3. MATERIAL E MÉTODOS ......................................................................................... 11
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................. 16
4.1. Produção de MS total .......................................................................................... 16
4.2. Teores de nutrientes ............................................................................................ 18
4.2.1. Teores de N...................................................................................................... 18
4.2.2. Teores de P....................................................................................................... 19
4.2.3. Teores de K...................................................................................................... 20
4.3. Absorção de nutrientes ....................................................................................... 22
4.3.1. Absorção de N.................................................................................................. 22
4.3.2. Absorção de P .................................................................................................. 24
4.3.3. Absorção de K.................................................................................................. 25
4.4. Eficiência de utilização do esterco pelas espécies florestais ................................. 27
4.5. Nódulos ativos .................................................................................................... 28
5. CONCLUSÕES........................................................................................................... 30
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 31
vi
LISTA DE TABELAS
TABELA 1. Atributos químicos e físicos do Luvissolo e do Neossolo da região
semi-árida do NE, utilizados no ensaio em vasos em casa de
vegetação....................................................................................................
11
TABELA 2. Níveis de água obtidos a partir da curva de retenção de umidade.............
12
TABELA 3. Água disponível nos dois solos..................................................................
13
TABELA 4. Médias (n=4) da matéria seca total (g) de três espécies florestais
submetidas a dois intervalos de estresse hídrico, com e sem adubação,
em dois solos do semi-árido, aos 90 dias após o plantio........................... 17
TABELA 5. Médias (n=4) dos teores de N total na MS (mg g
-1
) de três espécies
florestais submetidas a dois intervalos de estresse drico, com e sem
adubação, em dois solos do semi-árido, aos 90 dias após o plantio..........
19
TABELA 6.
Médias (n=4) dos teores de P na MS total (mg g
-1
) três espécies
florestais submetidas a dois intervalos de estresse drico, com e sem
adubação, em dois solos do semi-árido, aos 90 dias após o plantio..........
20
TABELA 7.
Médias (n=4) dos teores de K na MS (mg g
-1
) de três espécies florestais
submetidas a dois intervalos de estresse hídrico, com e sem adubação,
em dois solos do semi-árido, aos 90 dias após o plantio..........................
22
TABELA 8.
Absorção de N total (mg kg de solo
-1
) por três espécies florestais
submetidas a dois intervalos de estresse hídrico, com e sem adubação,
em dois solos do semi-árido, aos 90 dias após o plantio...........................
24
TABELA 9.
Absorção de P (mg kg de solo
-1
) por três espécies florestais submetidas
a dois intervalos de estresse hídrico, com e sem adubação, em dois solos
do semi-árido, aos 90 dias após o plantio..................................................
25
TABELA 10.
Absorção de K (mg kg de solo
-1
) por três espécies florestais submetidas
a dois intervalos de estresse hídrico, com e sem adubação, em dois solos
do semi-árido, aos 90 dias após o plantio..................................................
27
TABELA 11.
Eficiência de utilização (%) dos nutrientes N, P e K em relação à
adubação com esterco de três espécies florestais submetidas a dois
intervalos de estresse hídrico, em dois solos do semi-árido, aos 90 dias
após o plantio.............................................................................................
28
TABELA 12.
Médias (n=4) do número de nódulos ativos de duas espécies florestais
submetidas a dois intervalos de estresse hídrico, com e sem adubação,
em dois solos do semi-árido, aos 90 dias após o plantio...........................
29
vii
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1. Desenho ilustrativo da quantidade de água reposta nos tratamentos......... 12
FIGURA 2. Temperatura e umidade relativa máxima e mínima do ar do período
experimental................................................................................................
14
viii
RESUMO
JUSSARA SILVA DANTAS. Absorção de N, P, K de três espécies florestais em
relação ao estresse hídrico e adubação orgânica em dois solos do semi-árido da
Paraíba. Areia - PB, Centro de Ciências Agrárias, UFPB, março de 2005. 36 p. il.
Dissertação. Programa de Pós-Graduação em Manejo de Solo e Água. Orientadores: Prof
a
.
Dr
a
. Vânia da Silva Fraga e Prof. Dr. Ignácio Hernan Salcedo
A região semi-árida é marcada pela irregularidade das chuvas e o baixo
índice pluviométrico que causam graves prejuízos ao desenvolvimento de espécies
florestais. Em geral, os solos da região semi-árida nordestina são deficientes em N e P,
sendo o fósforo, em geral, o nutriente mais carente. Os objetivos deste trabalho foram
avaliar a produção de matéria seca total, a absorção de nutrientes (N, P e K), a eficiência da
adubação orgânica e a nodulação de espécies florestais. O experimento, de 90 dias de
duração, foi desenvolvido em casa de vegetação do DSER/CCA/UFPB, localizada no
município de Areia-PB. Foi utilizado um delineamento inteiramente casualizado seguindo
o arranjo fatorial (2x3x2x2) de tratamentos, com 4 repetições. Os tratamentos foram
constituídos de dois intevalos de água disponível (0,1-0,5 e 0,1-1,2 MPa), três espécies
[gliricídia (Gliricídia sepium), jurema preta (Mimosa hostilis Benth) e nim (Azadirachta
indica A. de Jussieu)], dois solos (Luvissolo e Neossolo) e duas doses de esterco caprino
(com e sem aplicação), totalizando 96 parcelas experimentais. A gliricídia foi à espécie que
teve a maior produção de matéria seca total, independente da adubação orgânica e do
estresse hídrico; os teores de N, P e K na gliricídia e jurema preta foram influenciados pelo
estresse hídrico e adubação orgânica; o nim apresentou os maiores teores de N, P e K, e as
menores absorções desses nutrientes, independentemente do solo, do estresse hídrico ou da
adubação; a absorção de N e P pelas leguminosas gliricídia e jurema preta foi favorecida
pela adubação orgânica, mas independeu da classe de solo e do estresse hídrico aplicado; a
absorção de K pela gliricídia e jurema preta aumentou com a adubação orgânica mas
dependeu do estresse hídrico e do tipo de solo; a eficiência de utilização do N, P e K do
esterco foi maior na gliricídia seguida pela jurema preta, independente do estresse hídrico e
tipo de solo; a gliricídia foi a leguminosa que apresentou o maior número de nódulos
ativos, independentemente do estresse hídrico e do tipo de solo.
Palavras – chave: Fixação de N, jurema preta, nim, gliricídia
ix
ABSTRACT
DANTAS, JUSSARA SILVA. Uptake of N, P, K of three forest species in relation to
the water stress and organic fertilization in two soils of the semi-arid of Paraiba
state. Areia - PB, Centro de Ciências Agrárias, UFPB, march of 2005. 36 p. il.
Dissertation. Programa de Pós-Graduação em Manejo de Solo e Água. Adviseres: Prof
a
.
Dr
a
. Vânia da Silva Fraga e Prof. Dr. Ignácio Hernan Salcedo
The semi-arid area is marked by the irregularity of the rains and the low
pluviometric index that limit the growth of forest species. In general, the soils of the semi-
arid area of northeastern Brazil are deficient in N and P, being the phosphorus, in general,
the most limitng nutrient. The objectives of this work were to evaluate dry matter
production, nutrient uptake (N, P and K), the efficiency of organic ammendment and
nodulation of three forest species. The 90-day experiment was conducted in the greenhouse
of DSER/CCA/UFPB, located in the district of Areia-PB. It was used a complete
randomized design following with treatments in factorial arrangement (2x3x2x2), with
four replications. Treatments were two levels of available water (0,1-0,5 and 0,1-1,2 MPa),
three species [gliricidia (Gliricídia sepium), jurema preta (Mimosa hostilis Benth) and
neem (Azadirachta indica A. de Jussieu)], two soils (Luvissolo and Neossolo) and two
rates of goat manure (with and without application), with a total of 96 pots. The gliricídia
had the greatest dry matter production, independently of organic ammendment and water
stress level; concentrations of N, P and K in the gliricídia and jurema preta were influenced
by water stress and organic ammendment; neem showed the greatest concentrations of N, P
and K but the smallest uptake of those nutrients, independently of soil, water stress and
organic ammendment; N and P uptake by the legumes species was favored by the organic
ammendment, but was independent of soil class and water stress applied; uptake of K by
gliricidia and jurema preta increased with the organic ammendment, the increase was
affected by level of water stress and soil class; use efficiency of N, P, K in the manure was
larger for gliricidia and followed by jurema preta, independently of water stress and soil
class; of the two legumes, gliricidia presented the largest number of active nodules,
independently of water stress and soil class.
Key – words: N fixation, jurema preta, neem, gliricidia
1
1. INTRODUÇÃO
A variabilidade e a escassez das chuvas, além da baixa fertilidade do solo, são os
principais fatores que limitam a produtividade agropecuária na região semi-árida. Esta
região é caracterizada por apresentar baixa precipitação, clima quente e seco,
predominância de vegetação de caatinga, e por englobar as mais variadas classes de solos,
desde os mais jovens como os Neossolos, até os intemperizados, como os Argissolos e
Latossolos, passando pelos medianamente desenvolvidos, como os Luvissolos (Campos,
2004).
O aumento da intensidade do uso do solo e diminuição da cobertura vegetal nativa
no semi-árido nordestino tem levado à degradação dos recursos naturais e, em especial, à
diminuição da fertilidade do solo. Os processos mais relevantes responsáveis pela perda da
fertilidade do solo são a erosão e a exportação de nutrientes pela colheita dos produtos
agrícolas e consumo de forragem pelos animais (Menezes e Sampaio, 2002). Desse modo,
no atual contexto, nos sistemas de agricultura familiar à utilização de fertilizante é
praticamente inexistente e a produtividade depende dos níveis de fertilidade natural dos
solos e da ciclagem de nutrientes, que estão associados à matéria orgânica do solo
(Sampaio et al., 1995a; Tiessen et al., 1994).
O nitrogênio e o fósforo são dois dos principais nutrientes essenciais às plantas.
Nos solos do semi-árido nordestino estes nutrientes encontram-se geralmente em baixa
disponibilidade, o que limita significativamente a produtividade vegetal (Sampaio et al.,
1995b).
A utilização de esterco é uma alternativa amplamente adotada para o suprimento
de nitrogênio e fósforo nos solos da região semi-árida, no entanto, devido à reduzida
disponibilidade de esterco nas propriedades, geralmente os agricultores necessitam
comprar esterco de regiões circunvizinhas, o que eleva os custos de produção (Menezes e
Sampaio, 2002).
Uma alternativa seria o plantio de espécies que se adaptem em regiões de clima
quente, que auxiliem na revegetação de solos degradados, no controle da erosão em
encostas e que sejam utilizadas também como forragem nos períodos de estiagem (Franco
et al., 2000). Embora muitas forrageiras nativas sejam de boa qualidade, a maioria é de
ciclo anual e curto constituindo uma defesa contra a aridez da região, não podendo
fornecer bons suportes forrageiros disponíveis por longo período (Oliveira Júnior, 2000).
2
Em virtude disso, procura-se estabelecer variedades que tenham sua
adaptabilidade reconhecida em relação à fertilidade do solo e a variação da disponibilidade
de água na região semi-árida, para que possam minimizar o problema da fertilidade do solo
e conseqüente escassez de forragem em períodos críticos de estiagem.
O presente trabalho tem como objetivos avaliar a produção de matéria seca total, a
absorção de nutrientes (N, P e K), a eficiência de utilização do esterco de caprino em três
espécies florestais e a nodulação das espécies leguminosas, sob estresse hídrico e adubação
orgânica em duas classes de solos representativas da região semi-árida paraibana.
3
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. Caracterização da região semi-árida
O semi-árido nordestino estende-se por uma área estimada em 748.600 km
2
,
perfazendo 8,8% do território brasileiro. Apresenta predominância de vegetação de
Savana-estépica, caracterizada por formações xerófilas, lenhosas, decíduas, e em geral
espinhosa, com presença de plantas suculentas e áfilas (Alcoforado-Filho et al., 2003;
Jacomine, 1996; Rodal e Nascimento, 2002).
A região caracteriza-se por seu clima semi-árido muito quente ou BSh de Köppen,
onde prevalecem precipitações pluviométricas médias anuais entre 400 e 600 mm, com
chuvas irregulares e concentradas em 2 a 3 meses do ano (Jacomine, 1996; Brasil, 1981;
Souza et al., 1994).
O relevo da região em sua maioria apresenta-se como sendo suave ondulado e as
altitudes variam entre 300 e 500 m. A geologia da região assume papel importante na
formação dos solos, sendo que os materiais originários com maior predominância são
gnaisses, granitos, migmatitos e xistos (Silva et al., 1993). Os solos variam muito em
função do material de origem, havendo ocorrência com destaque das seguintes ordens:
Luvissolos, Latossolos, Argissolos, Planossolos, Cambissolos, Vertissolos e Neossolos
(Jacomine, 1996). Devido a isto, torna-se difícil fazer generalizações sobre a fertilidade
dos solos, embora se possa destacar a deficiência generalizada em fósforo. O uso de
fertilizantes minerais é uma prática pouco comum na região, devido às irregularidades das
chuvas sendo a agricultura itinerante a mais praticada (Sampaio et al., 1995b).
A vegetação da caatinga é constituída, especialmente, de espécies lenhosas e
herbáceas, de pequeno porte, geralmente dotadas de espinhos, sendo, caducifólias,
perdendo suas folhas no início da estação seca, e de cactáceas e bromeliáceas.
Fitossociologicamente, a densidade, freqüência e dominância das espécies são
determinadas pelas variações topográficas, tipo de solo e pluviosidade (Pereira, 1998).
Não existe uma lista completa para as espécies da caatinga, encontradas nas suas
mais diferentes situações edafoclimáticas (agreste, sertão, cariri, seridó, carrasco, entre
outros). Em trabalhos qualitativos e quantitativos sobre a flora e vegetação da caatinga,
foram registradas cerca de 596 espécies arbóreas e arbustivas, sendo 180 endêmicas.
Possivelmente, o número de espécies da caatinga tende a aumentar se considerarmos as
4
herbáceas. As famílias mais freqüentes são Caesalpinaceae, Mimosaceae, Euphorbiaceae,
Fabaceae e Cactaceae, sendo os gêneros Senna, Mimosa e Pithecellobium os com maior
número de espécies. A catingueira (Caesalpinia pyramidalis Tul.), as juremas (Mimosa
spp.) e os marmeleiros (Croton spp.) são as plantas mais abundantes na maioria dos
trabalhos de levantamento florístico realizados em área de caatinga (Pereira, 1998).
2.2. Caracterização das espécies
2.2.1. Gliricídia (Gliricidia sepium (Jacq) Kunth ex Walp.)
É uma leguminosa arbórea de porte dio, nativa do México, América Central e
Norte da América do Sul, com crescimento rápido e enraizamento profundo, o que lhe
confere notável tolerância à seca. A exemplo da Leucena leucocephala, é considerada
como espécie de múltiplo uso, prestando-se, basicamente, aos mesmos propósitos:
forragem, reflorestamento, adubação verde e cercas vivas, entre outros (Carvalho Filho et
al., 1997).
Essa espécie de leguminosa pertence à subfamília Papilionoideae, que inclui cerca
de 6 a 9 espécies conhecidas, selvagens e cultivadas, compreendendo arbustos e pequenas
árvores. A espécie-tipo pode chegar a 12 m de altura. A inflorescência é do tipo racemosa,
muito vistosa, usualmente rósea, aparecendo no início da primavera, antes da brotação das
folhas, conferindo às árvores certa semelhança com os pessegueiros em flor e tornando-se
bastante atraentes (Franco et al., 2000).
A gliricídia pode vegetar numa grande variedade de solos, desde solos arenosos
até Vertissolos e Oxissolos (Parrota, 1992). Às vezes pode ser encontrada em grupos
extensos, em dunas costeiras ligeiramente salinas com um nível de água subterrânea até 10
m de profundidade durante a estação seca. A planta é intolerante a condições pantanosas
ou compactadas (Hughes, 1987). Tolera solos ácidos (pH 5,5 a 7,0), mas o uma acidez
severa (pH menor que 4,5), nem uma saturação por alumínio maior que 60% (Parrota,
1992).
A gliricídia desenvolve-se melhor em condições quentes e úmidas, tendo o seu
crescimento limitado por baixas temperaturas, podendo, entretanto, tolerar prolongados
períodos de seca, ainda que com queda de folhas e dos ramos mais velhos. Não necessita
de solos férteis, embora exiba melhor desempenho naqueles de alta fertilidade e profundos
o suficiente para um bom enraizamento, fator determinante na maior ou menor produção e
manutenção de folhagem verde no período seco (Carvalho Filho et al., 1997).
5
A queda da folhagem que ocorre na época seca e de abundante floração promove
a incorporação anual ao solo, de cerca de 60 a 70 kg ha
-1
de matéria orgânica. A madeira é
densa e bastante durável, pode ser explorada como lenha e os ramos apresentam um poder
calorífero bastante alto (4.900 kcal kg
-1
). As espécies deste gênero são utilizadas no
controle de erosão em encostas e revegetação de solos degradados (Franco et al., 2000).
A gliricídia apresenta folhas com elevados teores em nitrogênio, fósforo e
potássio. Sendo assim, seu uso como adubo verde geralmente resulta no enriquecimento do
solo (Gómez e Preston, 1996).
Recentemente, o plantio da gliricídia em aléias e cercas vivas tem sido estimulado
por instituições de pesquisa e ONG’s no Agreste da Paraíba, devido à alta capacidade
dessa leguminosa de produzir forragem ou adubo verde em condições de baixa
disponibilidade drica e por ser uma das leguminosas arbóreas que tem sido mais aceitas
pelos agricultores do Agreste paraibano. É possível que o plantio dessa leguminosa arbórea
seja uma estratégia que promova uma maior estabilização na produção de biomassa e
aumente as entradas de C e outros nutrientes no solo nas áreas de cultivo das propriedades
através de seu uso como adubo verde (Perez et al., 2003).
A espécie considerada potencial para o uso na adubação verde, deve apresentar
bom crescimento vegetativo, material orgânico rico em nutrientes, boa penetração das
raízes e capacidade de fixação biológica de N
2
. A família das leguminosas é a mais
utilizada para esse fim, sendo a Gliricídia sepium uma das espécies desta família que tem
mostrado uma grande capacidade de fixar o nitrogênio atmosférico mediante a simbiose
com bactérias do gênero Bradyrhizobium (Nóbrega et al., 2004). As leguminosas arbóreas
por serem capazes de se associarem a bactérias fixadoras de N
2
atmosférico, proporcionam
a adição deste nutriente no sistema, contribuindo para a sustentabilidade dos
agroecossistemas (Alfaia, 1997). A gliricídia nodula abundantemente com espécies de
rizóbio de crescimento lento, agrupados no chamado grupo caupi de inoculação cruzada
(Franco et al., 2000).
2.2.2. Jurema preta (Mimosa hostilis Benth)
É descrita botanicamente como uma árvore que apresenta um porte arbustivo
geralmente bifurcado, com galhos baixos e altura média de 4,5 metros ao final de cinco
anos. Apresenta uma casca rugosa com fendas longitudinais pouco fibrosas, folhas
bipinadas e flores dispostas em espigas esbranquiçadas. O fruto é uma vagem pequena, de
tegumento fino e quebradiço quando maduro. A copa da árvore é relativamente densa e o
6
diâmetro máximo do tronco situa-se entre 15 e 20 cm. A referida espécie possui um cerne
castanho avermelhado produzindo lenha e carvão de excelente qualidade (Braga, 1976).
O período normal de floração da espécie inicia em agosto e se estende até
novembro, período este caracterizado pela ausência de chuvas ou baixa precipitação
pluviométrica o que corresponde à seca da região semi-árida (Araújo et al., 2000).
A utilização da jurema preta como fonte de energia é relatada por Faria (1984)
quando avaliou a espécie em relação às propriedades da madeira e do carvão, concluindo
pelo seu grande potencial energético a qual supera o Eucaliptus grandis em muitas
características.
É uma planta bastante adaptada a solos ácidos (pH 4,5) com teores altos de
alumínio e baixos teores de P, K, Ca, Mg como são os Latossolos, os Podzólicos e Areias
Quartzozas das chapadas piauienses. Neste tipo de solo, a vegetação predominante é a
jurema preta (Pereira, 1998).
A jurema preta tem sido objeto de estudo para a recuperação de áreas degradadas.
A degradação ocorre em função principalmente dos processos de erosão, compactação e
salinização, trazendo conseqüências cada vez mais negativas. A jurema preta apresentou
um bom potencial de crescimento nas condições de solo e clima em uma área degradada na
região semi-árida Paraibana (Santos et al., 1993). A indiscutível rusticidade da jurema
preta permite que ela cresça espontaneamente em solos rasos extremamente pobres onde se
encontra afloramento de rochas (Vieira, 1997).
Esta leguminosa arbustiva inclui-se entre as espécies que compõem a dieta
alimentar dos animais domésticos na caatinga e, por isso, tem sido considerada uma planta
forrageira, sendo recomendada para uso em bancos de proteínas, principalmente para
caprinos e ovinos (Carvalho Filho e Salviano,1982).
A jurema preta se desenvolve rápido e fornece uma rama muito apreciada pelo
gado, especialmente quando em frutificação. Ressalta ainda que o sertanejo considera
como rama, a folhagem de árvores e arbustos que servem para alimentar os rebanhos
(Faria, 1984).
7
2.2.3. Nim (Azadirachta indica A Juss.)
É uma planta originada da Índia, trazida para o Brasil em 1992. Trata-se de uma
árvore de crescimento pido, que em poucos anos, atinge mais de 10 metros de altura.
Produz os seus primeiros frutos entre 3 e 5 anos depois do plantio. Nas condições do
Nordeste chega a produzir frutos 2 vezes por ano (Jattan et al., 1995).
O nim pertence à família meliácea, esta espécie desenvolve-se bem em regiões
semi-áridas, por ser resistente à seca e suportar temperaturas elevadas, adaptando-se
facilmente a diferentes tipos de solos (Martinez, 2002).
Esta espécie apresenta folhas verde-escuras, compostas e imparipenadas, com
freqüência aglomeradas nos extremos dos ramos, simples e sem estípulas. As flores são de
colorações brancas, aromáticas, reunidas em inflorescências densas, com estames
crescentes formando um tubo, pentâmeras e hermafroditas. O fruto é uma baga ovalada,
com 1,5 a 2,0 cm de comprimento e, quando maduro, apresenta polpa amarelada e casca
branca, dura contendo um óleo marrom no interior de uma semente ou, raramente, em
duas. O cerne é muito rico em tanino e sais inorgânicos de cálcio, potássio e ferro
(Oliveira, 2003).
Quanto às exigências edafoclimáticas, a espécie se desenvolve bem em regiões
com precipitação pluviométrica anual entre 400 e 800 mm. Mas, a espécie foi inserida
com sucesso em áreas onde a precipitação está em torno de 250 mm anuais. A planta é
tolerante a longos períodos secos e a temperaturas elevadas, em curto período, não
resistindo a geadas (Martinez, 2002).
2.3. Retenção de água nos solos
Os solos de texturas diferentes apresentam também diferentes capacidades de
retenção de água. Klar (1984), afirma que os solos de textura mais fina retêm mais água
que os de textura mais grosseira, sendo esta variação governada pelos fenômenos de
capilaridade e adsorção, que por sua vez são governados pelas forças de adesão, coesão e
de tensão superficial, conforme Reichardt (1993). Para esse autor, dos diversos fatores que
interferem na retenção de água em um solo, a textura é o principal, uma vez que esta
determina a área de contato entre as partículas sólidas a água, e as proporções de poros de
diferentes tamanhos. Desta forma, acredita-se ser variável de solo para solo, a forma da
água disponível ou facilmente disponível às plantas, a qual usualmente se define como a
8
água retida entre as tensões que representam o ponto de murcha permanente e a capacidade
de campo.
À medida que o solo perde água por evapotranspiração o mesmo vai retendo a que
fica de forma cada vez mais intensa, tornando-se necessário, por parte da planta um maior
desprendimento de energia para retirá-la, diminuindo assim esse intervalo de água
facilmente disponível (Klar, 1984). Para esse autor a água facilmente disponível varia
segundo a demanda evaporativa da atmosfera, com a curva de retenção de umidade do solo
e com o vegetal envolvido.
Segundo vários autores, a exemplo de Richards (1947), Bernardo (1982) e outros,
existem diferenças bastante expressivas quando se considera a água disponível no solo
determinada pelo método de laboratório utilizando a câmara e membrana de pressão ou
pelo método de campo ou gravimétrico.
2.4. Importância da água para as plantas
De todas as substâncias absorvidas pelas plantas, a água obviamente é aquela
necessária em maior quantidade. As moléculas de água são fundamentais no metabolismo
das plantas, integram os seres vivos e, em nível ecológico, representam uma força
importantíssima em configurar padrões climáticos. Portanto, a água é essencial para a vida
das plantas, tanto no sentido bioquímico como biofísico e suas influências são internas e
ambientais (Benincasa, 1984).
A água é essencial para os seres vivos e fator de fundamental importância para a
produção de alimentos, especialmente sob condições irrigadas. A prática da irrigação, em
muitas situações, é a única maneira de garantir a produção agrícola com segurança,
principalmente em regiões tropicais de clima quente e seco, como é o caso do semi-árido
brasileiro, onde ocorre déficit hídrico para as plantas devido à alta taxa de
evapotranspiração, que excede a taxa de precipitação durante a maior parte do ano (Cheyi
et al., 1997).
A água atua também como veículo de transporte de nutrientes minerais e produtos
orgânicos da fotossíntese, absorvidos do solo e conduzidos para as plantas através da
contínua demanda evapotranspirativa, com destino à atmosfera (Reichardt, 1993).
A crescente demanda por matéria-prima e alimento produzidos pela agricultura,
torna o uso da irrigação imperativo em todo o mundo (Bernardo, 1982). A evolução
mundial das áreas irrigadas vem tendo o seguinte comportamento: 8 milhões de ha em
1880, 48 milhões de ha em 1900, 94 milhões de ha em 1950, 198 milhões de ha em 1970 e
9
cerca de 220 milhões de ha em 1990 (Jensen et al., 1990). Cerca de três quartos das áreas
irrigadas situam-se em países em desenvolvimento, respondendo os cereais por 60% do
total das culturas exploradas. As áreas irrigadas representam 15 a 17% das terras cultivadas
e respondem por 36% da produção mundial de alimentos (Rhoades e Kandiahl, 1992).
2.5. Estresse hídrico
Estresse é qualquer tipo de influência negativa, de origem biótica ou não, que
possa afetar o desenvolvimento normal do potencial genético da planta (Jones e Jones,
1989).
O déficit hídrico é um dos fatores limitantes na produção agrícola (Beeg e Turner,
1976). As perdas mundiais em produção na agricultura advinda do estresse hídrico
superam as perdas de todos e quaisquer outros fatores juntos (Hsiao, 1973). Turner (1988)
o considera não o fator principal, mas um dos que causam maiores decréscimos quanto à
produção de grandes culturas e de pastagens.
A deficiência hídrica traz efeitos deletérios tanto ao crescimento quanto ao
desenvolvimento vegetal (Santos e Carlesso, 1998). Apesar disso relatos que afirmam
haver, em certas culturas, efeitos benéficos na produção, conseguidos pela aplicação
controlada de déficit hídrico brando ou em determinadas fases do desenvolvimento vegetal
(Guinn e Maney, 1973; Turner, 1988).
Quanto a severidade, um estresse brando corresponderia a um decréscimo no
potencial hídrico (ψ) da planta de poucos bars ou em até 10% no conteúdo relativo de água
(CRA) em relação a plantas bem irrigadas: no estresse moderado o (ψ) baixaria mais que
uns poucos bars, porém menos que 15 bars e o CRA diminuiria em mais de 10 e menos de
20%. O estresse severo ocorreria com diminuição de 15 bars no (ψ) ou de 20% no CRA
(Hsiao, 1973).
2.6. Utilização de estercos
Com o aumento dos custos da adubação mineral, o agricultor passou a ter uma
nova visão sobre a adubação orgânica, dando importância à utilização de estercos que na
maioria das vezes era desprezado na propriedade, passando a fazer uso desse material
como agente modificador das condições sicas e químicas do solo, de modo a elevar o
nível de fertilidade do solo (Souto, 2002).
10
A produção dos estercos é originada da digestão dos animais, onde parte da
alimentação ingerida por eles é aproveitada pelo seu organismo e o restante é eliminado
através de fezes e urinas. Os teores de N, P, e K nos estercos está diretamente relacionado
com a alimentação e tamanho dos animais, e com parâmetros fisiológicos. Quanto mais
excedente de nutrientes for à alimentação, em relação às exigências nutricionais dos
animais, melhor a qualidade dos estercos. Em média, 75% do N, 80% do P
2
O
5
e 85% do
K
2
O presentes nos alimentos são excretados nas fezes (Harris, 1998). Portanto, quando
animais são alimentados com ração concentrada, estes produzem estercos mais ricos que os
criados sob regime de pastoreio. Os animais jovens aproveitam melhor a alimentação,
retendo cerca de 50% do que ingerem, produzindo estercos mais pobres (Bayer e
Mielniczuk, 1999).
A composição e as características do esterco indicam que esse material possui
potencial para a utilização direta no solo como fertilizante orgânico. No entanto, o
desperdício desse resíduo, constitui prática de países subdesenvolvidos ou de produtores
pouco esclarecidos, uma vez que a utilização adequada da biomassa gerada, permitirá a
redução desses problemas com uma conseqüente elevação da produtividade, visto que a
produção de resíduos, representa um percentual do custo de produção agrícola (Tedesco et
al., 1999).
Os benefícios no uso de estercos animais podem ser assim elencados: melhorias
nas propriedades físicas do solo e no fornecimento de N, P, K e outros nutrientes minerais;
aumento no conteúdo de matéria orgânica, melhorando a infiltração de água como também
aumento na capacidade de troca de cátions (Hoffman et al., 2001).
Independentes da origem, os estercos quando aplicados em doses adequadas
apresentam efeitos positivos sobre o rendimento das culturas, devido à sua ação favorável
aos fatores físicos, químicos e biológicos do solo. comprovações de que a dose ideal
varia com a textura do solo (Bezerra Neto et al., 1984).
Os estercos de animais são os mais importantes adubos orgânicos, pela sua
composição, disponibilidade relativa e benefícios da aplicação, chegando a igualarem ou
até mesmo a superarem os efeitos dos fertilizantes minerais (Henriques, 1997). O uso
contínuo de adubos orgânicos promove acúmulo do fósforo no solo. No entanto, o
nutriente que tem apresentado maior acúmulo no solo é o potássio, seguido do cálcio e
magnésio (Andreola et al., 2000). O esterco de caprino é mais sólido e muito menos
aquoso que dos bovinos e suínos, tem a estrutura mais fofa, permitindo a aeração e por essa
razão fermentam rapidamente podendo ser aproveitados na agricultura após um menor
período de “curtição” que os demais (Henriques, 1997).
11
3. MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido em casa de vegetação localizada no Departamento
de Solos e Engenharia Rural/CCA/UFPB, no município de Areia-PB, situado a 58' de
latitude Sul e 35°41' de longitude Oeste e 575 m de altitude.
Os solos que foram utilizados são pertencentes às classes Luvissolo e Neossolo
Regolítico, proveniente do município de Casserengue PB. As amostras de solo foram
coletadas na camada de 0 20 cm de profundidade. Na Tabela 1 são apresentados os
atributos químicos e físicos das duas classes de solos utilizadas no experimento. Os
atributos químicos foram obtidos através de metodologia descrita pela (EMBRAPA, 1997)
e realizadas no Laboratório de Química e Fertilidade do Solo do DSER/CCA/UFPB em
Areia-PB.
Tabela 1. Atributos químicos e físicos do Luvissolo e do Neossolo da região semi-árida do
NE, utilizados no ensaio em vasos em casa de vegetação
Solos
Classe
Textural
Umidade
0,033
MPa
pH C P K Ca Mg H+Al
g kg
-1
H
2
O
(1:2,5)
g kg
-1
--mg dm
-3
-- ------cmol dm
-3
------
Luvissolo FrArgAr 140 6,6 7,98 5,66 281 2,50 1,85 0,58
Neossolo FrAr 88 4,9 4,57 1,35 107 0,90 0,25 2,39
Foram utilizadas as espécies jurema preta (Mimosa hostilis Benth), gliricídia
(Gliricidia sepium (Jacq) Kunth ex Walp.) e o nim (Azadirachta indica A Juss.). Foram
semeadas 6 sementes das espécies gliricídia e jurema preta diretamente nos vasos de
polietileno com 7 kg de solo, após a fase de plântula foi realizado um desbaste deixando
uma planta por vaso. Para o plantio do nim foram utilizadas mudas provenientes da AS-
PTA (Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa), transplantadas com 15
dias após a emergência. Antes do plantio das espécies nos vasos, procedeu-se uma
incubação por 30 dias antes do plantio das espécies florestais, para os tratamentos com
adubação orgânica, a dose de esterco caprino foi equivalente a 20 t ha
-1
(55g de esterco
seco para 7 kg de solo).
A perda de água foi acompanhada por pesagens diárias e a água somente foi
reposta quando os vasos atingiram a massa correspondente aos intervalos de estresse de
cada tratamento. A quantidade de água adicionada foi à necessária para levar o solo ao
12
nível 0,1 MPa (controle), as variações dos níveis de umidade foram dos intervalos 0,1 - 0,5
MPa e de 0,1 - 1,2 MPa dependendo dos tratamentos (Figura 1).
Figura 1. Desenho ilustrativo da quantidade de água reposta nos tratamentos.
Os níveis de água foram obtidos a partir da curva de retenção de umidade do solo
(Tabela 2). Para determinação desta curva foi utilizado o aparelho de mara de pressão
levando-se amostras do solo ao equilíbrio de 0,01; 0,033; 0,1; 0,3; 0,5; 0,7; 1,0; 1,2 e 1,5
MPa de acordo com a metodologia de Richards (1947), realizada no Laboratório de Física
do Solo do DSER/CCA/UFPB em Areia-PB.
Tabela 2. Níveis de água obtidos a partir da curva de retenção de umidade
Cap.
vaso
Cap.
campo
Ponto
de
mucha
-------------------------------------- MPa --------------------------------------
Solos 0,01 0,033 0,1 0,3 0,5 0,7 1,0 1,2 1,5
-------------------------------------- cm
3
cm
-3
-------------------------------------
Luvissolo
0,328
0,183 0,139 0,113
0,102 0,092 0,092
0,089
0,086
Neossolo 0,266
0,120 0,089 0,066
0,056 0,050 0,048
0,045
0,042
13
Foi calculada a água disponível tanto no Luvissolo quanto no Neossolo, em
relação aos veis de retenção de umidade (Tabela 3). Os intervalos de estresse hídrico
escolhidos para o presente trabalho foram: 0,1-0,5 e 0,1-1,2 MPa.
Tabela 3. Água disponível nos dois solos
______________Água disponível______________
MPa Lâmina (h)
(mm)
Água volumétrica
(cm³ cm
-3
)
Porosidade
(%)
Luvissolo
0,01 – 1,5 6,1 0,241 47
0,033 – 1,5 2,4 0,097 18
0,1 – 0,5* 0,92 0,037 8
0,1 – 1,2* 1,3 0,049 10
Neossolo
0,01 – 1,5 5,4 0,223 45
0,033 – 1,5 1,9 0,078 16
0,1 – 0,5* 0,8 0,033 6
0,1 – 1,2* 1,1 0,044 8
* intervalos utilizados no experimento
Durante todo o experimento em casa de vegetação a temperatura e a umidade do
ar foram medidas através de data logger HOBO colocado dentro de uma pequena caixa de
madeira, com persiana frontal, para circulação de ar, suspenso no meio do experimento
para realização das medidas. As medidas de temperatura e umidade foram realizadas a
cada 10 minutos, por um período total de 90 dias (Figura 2).
14
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
26/3/2004
2/4/2004
9/4/2004
16/4/2004
23/4/2004
30/4/2004
7/5/2004
14/5/2004
21/5/2004
28/5/2004
4/6/2004
11/6/2004
18/6/2004
Tempo (dias)
Temperatura (°C)
T. máx
T. mín
0
20
40
60
80
100
120
26/3/2004
2/4/2004
9/4/2004
16/4/2004
23/4/2004
30/4/2004
7/5/2004
14/5/2004
21/5/2004
28/5/2004
4/6/2004
11/6/2004
18/6/2004
Tempo (dias)
Umidade Relativa (%)
UR. máx
UR. mín
Figura 2. Temperatura e umidade relativa xima e mínima do ar do período
experimental.
Foi utilizado um delineamento inteiramente casualizado seguindo o arranjo
fatorial (2x3x2x2x4). Os tratamentos foram constituídos de 2 intervalos de água (0,1 - 0,5
MPa e 0,1 - 1,2 MPa), 3 espécies (jurema preta, gliricídia e o nim), 2 solos (Luvissolo e
Neossolo), 2 doses de estercos (com e sem aplicação) com 4 repetições, totalizando 96
parcelas experimentais.
Após 90 dias do plantio foram coletadas as biomassas da parte aérea e das raízes.
As raízes foram submetidas a uma lavagem com jato de água sobre uma peneira para evitar
a perda das raízes mais finas. Logo após a lavagem das raízes foram retirados os nódulos
das espécies leguminosas, para posterior contagem e identificação de sua viabilidade. A
viabilidade dos nódulos foi determinada visualmente, observando-se a coloração interna
dos mesmos. Em seguida a raiz juntamente com a parte aérea foram levadas para estufa de
circulação de ar, a 65
°
C, até atingirem peso constante, posteriormente foram moídas
15
procedendo-se à digestão com uma mistura de ácido sulfúrico e água oxigenada (Thomas
et al., 1967).
Nos extratos obtidos pela digestão, foram determinados os teores de nitrogênio
pelo método de Kjeldahl, os teores de fósforo por colorimetria (Thomas et al., 1967), os
teores de potássio por fotometria de chama, determinados no Laboratório de
Radioagronomia do DEN/UFPE em Recife-PE.
A absorção de nitrogênio, fósforo e potássio em mg kg solo
-1
foi obtida da
seguinte maneira:
ABSORÇÃO =
A eficiência de utilização dos nutrientes presentes no esterco em % foi obtida da
seguinte maneira:
EFICIÊNCIA =
Os dados foram analisados estatisticamente através da análise de variância e as
médias comparadas pelo teste de Tukey, ao nível de probabilidade de 5%, usando o
programa Statistica versão 6.0 (Statsoft, 2001).
O efeito dos tratamentos (espécie, estresse drico e adubação), relacionados ao
número de nódulos ativos foram analisados pelo teste de Kruskal-Wallis e as médias
comparadas pelo teste t (Conover, 1980).
Teor dos nutrientes * MS total
7 kg de solo
(ABS c/esterco
ABS s/esterco) * 100
Dose nutriente kg solo
-
1
16
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Produção de matéria seca total e relação parte aérea/raiz
De forma geral, no Luvissolo, as produções de matéria seca total da gliricídia e
jurema preta foram maiores do que no Neossolo (Tabela 4), provavelmente devido a maior
fertilidade natural do Luvissolo (Tabela 1).
Houve resposta à adubação na produção de matéria seca total da gliricídia e da
jurema preta, mas esta resposta variou em função do estresse hídrico e do solo (Tabela 4).
No Luvissolo no intervalo de 0,1 - 0,5 MPa, apenas a gliricidia aumentou 32% (p < 0,05)
por conta da adubação orgânica. no intervalo de 0,1 - 1,2 MPa, a gliricídia apresentou
um aumento de 43% (p < 0,05), enquanto que o aumento da jurema preta foi de 20% (p <
0,05). No Neossolo houve resposta à adubação orgânica independentemente do estresse
hídrico aplicado e foi bem maior que no Luvissolo (Tabela 4). No intervalo de 0,1 - 0,5
MPa os aumentos foram de 240% e 65% no Neossolo para a gliricídia e jurema preta,
respectivamente, enquanto no intervalo de 0,1 - 1,2 MPa os aumentos (p < 0,05) foram de
174% e 100%, respectivamente. O nim não respondeu a adubação orgânica.
Assim, no Luvissolo independentemente da adubação orgânica e do estresse
hídrico, a gliricídia teve um desempenho melhor do que jurema preta e bem superior ao
nim. Entretanto, no Neossolo a resposta da gliricídia foi semelhante a do jurema preta
diferindo (p < 0,05) somente no intervalo de 0,1 - 0,5 MPa com o uso do esterco, onde
ambas espécies tiveram uma produção comparável entre si e superior a do nim,
independentemente do nível de estresse hídrico (Tabela 4).
A gliricídia tem uma alta capacidade em produzir forragens em condições de
baixa disponibilidade hídrica, promovendo uma maior estabilização na produção de
biomassa e um aumento nas entradas de C e outros nutrientes no solo (Perez et al., 2003).
A relação parte aérea/ raiz é uma correlação de desenvolvimento expressando o
fato de que o crescimento da parte aérea pode afetar o radicular e vice-versa (Goss, 1973).
Esta relação parte aérea/ raiz variou muito em função das três espécies florestais, onde as
mesmas tiveram estratégias de crescimento diferenciadas, o valor médio desta relação na
gliricídia no Neossolo foi de 0,44. A jurema preta obteve a maiores relações parte aérea/
raiz de 1,58 no Luvissolo e 1,48 no Neossolo. O nim apresentou relação de parte aérea/
raiz com valor médio de 0,35 independentemente da adubação orgânica e do estresse
hídrico aplicado, ou seja, a matéria seca da parte rea do nim foi 1/3 da matéria seca
17
radicular, onde o menor crescimento da parte aérea do nim independente do estresse
hídrico pode traduzir numa estratégia de sobrevivência.
Tabela 4. Médias (n=4) da matéria seca total (g) de três espécies florestais submetidas a
dois intervalos de estresse hídrico, com e sem adubação, em dois solos do semi-
árido, aos 90 dias após o plantio
MS total (g)
_______0,1 - 0,5 MPa______ _______0,1 - 1,2 MPa______
Espécie sem esterco
com esterco
sem esterco com esterco
LUVISSOLO
Gliricídia
59,2bA 78,3aA 51,8bA 74,0aA
Jurema
48,0aB 53,9aB 44,4bB 53,3aB
Nim
11,9aC 11,5aC 10,6aC 11,2aC
NEOSSOLO
Gliricídia
14,0bAB 47,6aA 13,9bAB
38,1aAβ
Jurema
20,7bA 34,1aB 17,8bA 35,6aA
Nim
8,77aB 10,0aC 7,06aB 9,94aB
Médias seguidas pela mesma letra minúscula na linha dentro de cada intervalo de estresse hídrico para cada
espécie comparam adubação, letra maiúscula na coluna dentro cada nível de adubação compara as espécies
no mesmo estresse e letra grega na linha dentro de cada nível de adubação para cada espécie compara os
intervalos de estresses hídricos, não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey com p < 0,05.
O crescimento radicular superior ao caulinar é um comportamento considerado
vantajoso, para as plantas sujeitas a estresse hídrico, facilitando a retirada de água mesmo
depois da superfície do solo ter perdido a umidade durante a estação seca (Correia e
Nogueira, 2004), fato este foi verificado em várias espécies de leguminosas da caatinga de
Pernambuco, tais como: Anadenanthera macrocarpa (Barbosa, 1991), Acacia farnesiana
(Barros e Barbosa, 1995), Parkinsonia aculeata L. (Barbosa e Prado, 1991). Segundo estes
autores o aumento da relação raiz/ parte rea em plantas sob déficit hídrico seria um
mecanismo de resistência à seca, pelo desenvolvimento do sistema radicular (aumento da
área de absorção da água), em detrimento da parte aérea (diminuição da área de
evapotranspiração).
Estudo realizado por Vasconcelos (2000), utilizando a jureminha (Desmanthus
virgatus L. Willd) em três solos sob diferentes disponibilidades de água, encontrou valores
de matéria seca da parte aérea e da matéria seca radicular bem inferior ao do presente
estudo nas plantas aos 90 dias, mas estes valores foram comparáveis ao do presente estudo
somente em relação às plantas de jurema preta que se desenvolveram no Neossolo.
18
4.2 Teores de nutrientes
4.2.1. Teores de N
Os teores de N presentes na matéria seca (MS) total das três espécies oscilaram
entre um mínimo de 10,1 e um máximo de 21,7 mg g
-1
(Tabela 5). Os teores considerados
adequados de nitrogênio na matéria seca das plantas varia de 14 a 16 mg g
-1
para espécies
florestais (Malavolta et al., 1997). Na solução do solo, a concentração do nitrogênio é
freqüentemente, baixa (Marschner, 1995). Na planta, esse nutriente atua como constituinte
dos aminoácidos, nucleotídeos, clorofila e de várias coenzimas. Além disso, por fazer parte
dos ácidos nucléicos, é um elemento vital nos processos de reprodução e crescimento
vegetal (Binkley, 1986; Marschner, 1995).
Os menores teores de N foram encontrados na jurema preta no tratamento sem
adubação em ambos os solos e pela gliricídia e o nim unicamente no Neossolo (Tabela 5).
Com a variação do estresse hídrico, apenas o nim diminuiu (p < 0,05) o teor de N
no Luvissolo sem adubação, apresentando um teor de N de 20,5 mg g
-1
de MS, no intervalo
de 0,1 - 0,5 MPa e 16,5 no intervalo de 0,1 - 1,2 MPa (Tabela 5). No Neossolo, o aumento
do estresse hídrico também resultou em menores teores de N, especificamente para a
gliricídia sem adubação e para nim adubado.
A adição do esterco proporcionou aumentos (p < 0,05) no teor de N da gliricídia e
da jurema preta no Luvissolo e das três espécies no Neossolo (0,1 - 0,5 MPa). De forma
geral, as mesmas tendências de aumento no teor de N com adição de esterco ocorreram no
intervalo de 0,1 - 1,2 MPa, com a exceção do nim (Tabela 5).
Esperava-se que os teores de N nas leguminosas fossem maiores que no nim,
devido à fixação simbiótica de N
2
, mas não se observaram tendências consistentes nesse
sentido. Talvez isto tenha ocorrido devido à menor produção de matéria seca do nim
(Tabela 4), que diluiu menos o N absorvido, em relação às leguminosas (Tabela 5).
19
Tabela 5. Médias (n=4) dos teores de nitrogênio na MS (mg g
-1
) de três espécies florestais
submetidas a dois intervalos de estresse hídrico, com e sem adubação, em dois
solos do semi-árido, aos 90 dias após o plantio
Teores de N
_______0,1 - 0,5 MPa______ _______0,1 - 1,2 MPa______
Espécie sem esterco
com esterco
sem esterco com esterco
LUVISSOLO
Gliricídia
13,8bB 20,5aAB 14,3aA 17,3aB
Jurema
11,6bB 18,1aB 13,2bA 18,6aB
Nim
20,5aA 21,4aA
16,5bAβ
21,1aA
NEOSSOLO
Gliricídia
17,1bA 21,7aA
10,1bAβ
21,0aA
Jurema
13,8bA 18,9aA 12,9bA 18,9aA
Nim
15,2bA 18,8aA 12,5aA
12,5aBβ
Médias seguidas pela mesma letra minúscula na linha dentro de cada intervalo de estresse hídrico para cada
espécie comparam adubação, letra maiúscula na coluna dentro cada nível de adubação compara as espécies
no mesmo estresse e letra grega na linha dentro de cada nível de adubação para cada espécie compara os
intervalos de estresses hídricos, não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey com p < 0,05.
4.2.2. Teores de P
Os teores de fósforo na MS total variaram de 0,84 mg g
-1
para a jurema preta até
3,43 mg g
-1
para o nim (Tabela 6) e foram maiores que o teor considerado como nível
crítico (0,6 mg g
-1
) e entre os considerados como suficientes (1 mg g
-1
a 3 mg g
-1
) para
espécies florestais (Malavolta et al., 1997). Na planta, o fósforo tem uma importante
participação na constituição dos fosfolipídeos, como componente essencial da membrana
celular, nos ácidos nucléicos, nos compostos energéticos como o trifosfato de adenosina
(ATP), que armazena e fornece energia para diferentes processos metabólicos da planta
como respiração, fotossíntese, síntese de proteína e desdobramento de carboidratos
(Marschner, 1995).
O teor de P presente na matéria seca total (Tabela 6) diminuiu (p < 0,05) com o
aumento de estresse hídrico apenas no Neossolo para gliricídia (sem esterco) e para o nim
(com esterco). Esta mesma tendência foi observada para o N.
A composição química da matéria seca da gliricídia, determinada em um estudo
de campo, com duração de 90 dias, apresentou teores de P de 1,75, 1,81, 0,69 mg g
-1
, nas
folhas, casca e caules, respectivamente (Carvalho Filho et al., 1997).
20
O efeito da adubação no teor de P, dentro de cada nível de estresse hídrico (Tabela
6) foi mais limitada no Luvissolo do que no Neossolo. Neste último somente a gliricídia
num intervalo (0,1 - 0,5 MPa) não respondeu à adubação orgânica, enquanto que no
Luvissolo somente o nim (0,1 - 0,5 MPa) e a jurema preta (0,1 - 1,2 MPa) apresentaram
resposta significativa (p < 0,05).
Semelhantemente ao observado para o teor de N, o nim foi à espécie que
apresentou os maiores teores de P no Luvissolo e no Neossolo, neste último solo com a
exceção do intervalo de 0,1 - 0,5 MPa sem esterco. Acredita-se que as razões para estas
tendências foram às mesmas que àquelas apresentadas para os teores de N.
Tabela 6. Médias (n=4) dos teores de fósforo na MS total (mg g
-1
) três espécies florestais
submetidas a dois intervalos de estresse hídrico, com e sem adubação, em dois
solos do semi-árido, aos 90 dias após o plantio
Teores de P
_______0,1 - 0,5 MPa_______ _______0,1 - 1,2 MPa______
Espécie sem esterco
com esterco
sem esterco com esterco
LUVISSOLO
Gliricídia
1,24aB 1,41aB 1,24aB 1,49aB
Jurema
1,29aB 1,64aB 1,17bB 1,70aB
Nim
2,61bA 3,24aA 2,88aA 3,17aA
NEOSSOLO
Gliricídia
2,37aA 2,06aB
1,26bBβ
1,77aB
Jurema
0,844bC 1,42aC 1,13bB 1,66aB
Nim
1,66bB 3,43aA 1,89bA
2,81aAβ
Médias seguidas pela mesma letra minúscula na linha dentro de cada intervalo de estresse hídrico para cada
espécie comparam adubação, letra maiúscula na coluna dentro cada nível de adubação compara as espécies
no mesmo estresse e letra grega na linha dentro de cada nível de adubação para cada espécie compara os
intervalos de estresses hídricos, não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey com p < 0,05.
4.2.3. Teores de K
Os teores de K na MS total variaram de um mínimo 5,60 mg g
-1
para a jurema
preta até um máximo de 22,3 mg g
-1
para o nim (Tabela 7). De acordo com Malavolta et al.
(1997), o teor mínimo é inferior ao teor considerado como nível crítico (8,3 mg g
-1
)
enquanto que o teor máximo é superior aos teores considerados como suficientes para
espécies florestais (10,0 mg g
-1
a 12,0 mg g
-1
). A importância do potássio reside no fato de
ser um elemento vital para o metabolismo vegetal, desenvolvendo diferentes atividades,
21
especialmente, ligadas às funções enzimáticas, de regulador osmótico e de controlador das
células guardas (Marschner, 1995). Por outro lado Malavolta et al. (1997), menciona que o
potássio interage com outros nutrientes, podendo, influenciar a absorção de vários íons.
De forma geral, os teores de K das três espécies no Luvissolo foram semelhantes
ou um pouco superiores àqueles encontrados no Neossolo, apesar do teor de K no
Luvissolo ser quase o dobro do teor no Neossolo (Tabela 7).
Diferentemente do observado para os teores de N e de P, não houve efeito do
estresse hídrico nos teores de K, mas houve interação entre os intervalos de estresse e
resposta à adubação orgânica. A adição do esterco no Luvissolo proporcionou aumentos (p
< 0,05) nos teores de potássio na gliricídia e no nim no intervalo de 0,1 - 0,5 MPa enquanto
que na jurema preta a resposta foi observada somente no intervalo de 0,1 - 1,2 MPa
(Tabela 7). No caso do Neossolo, as três espécies responderam (p < 0,05) a adubação
orgânica no intervalo de 0,1 - 0,5 MPa, em relação ao teor de K, enquanto que no intervalo
de 0,1 - 1,2 MPa somente a gliricídia mostrou resposta ao adubo orgânico (Tabela 7).
Considerando o comportamento entre as espécies (Tabela 7), o nim foi à espécie
que apresentou os maiores teores de K, independentemente do solo, da condição hídrica ou
da adubação, semelhantemente ao observado para N e P.
A análise da matéria seca da gliricídia cultivada durante 90 dias em um estudo de
campo, apresentou teores de K de 23,5, 35,0, 16,0 mg g
-1
, nas folhas, casca e caules,
respectivamente (Carvalho Filho et al., 1997).
Os teores de nutrientes encontrados na serapilheira de três leguminosas utilizadas
na revegetação de solos degradados, a gliricídia destacou-se pelos teores de N, P e K
superiores às demais, estes teores foram de 20,6; 0,96 e 3,6 mg g
-1
, respectivamente (Costa
et al., 2004).
22
Tabela 7. Médias (n=4) dos teores de potássio na MS (mg g
-1
) de três espécies florestais
submetidas a dois intervalos de estresse hídrico, com e sem adubação, em dois
solos do semi-árido, aos 90 dias após o plantio
Teores de K
_______0,1 - 0,5 MPa_____ _______0,1 - 1,2 MPa______
Espécie sem esterco
com esterco
sem esterco com esterco
LUVISSOLO
Gliricídia 14,5bB 19,1aB 16,0aB 18,6aB
Jurema 7,39aC 7,78aC 6,71bC 9,57aC
Nim 19,4bA 22,1aA 20,1aA 22,3aA
NEOSSOLO
Gliricídia 12,3bA 16,4aA 12,7bA 15,6aA
Jurema 5,60bB 8,57aB 6,92aB 7,75aB
Nim 13,3bA 17,2aA 14,7aA 15,9aA
Médias seguidas pela mesma letra minúscula na linha dentro de cada intervalo de estresse hídrico para cada
espécie comparam adubação e letra maiúscula na coluna dentro cada nível de adubação compara as espécies
no mesmo estresse, não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey com p < 0,05.
4.3 Absorção de nutrientes
4.3.1. Absorção de N
O aumento do estresse hídrico teve um efeito negativo na absorção do nitrogênio
(Tabela 8). No Luvissolo adubado, a absorção de N na gliricídia teve uma redução (p <
0,05) de 229 para 183 mg kg de solo
-1
nos intervalos de 0,1 - 0,5 MPa e 0,1 - 1,2 MPa,
respectivamente. no Neossolo com o uso de esterco a gliricídia diminuiu (p < 0,05) a
absorção de N de 148 para 115 mg kg de solo
-1
com o aumento do estresse drico. O nim
e a jurema preta não responderam ao aumento de estresse hídrico.
A maior absorção do N foi observada na gliricídia (Tabela 8), provavelmente por
se tratar de uma leguminosa que fixa N atmosférico através da simbiose com uma ampla
gama de Rhizobium. O sucesso da gliricídia em sistemas agroflorestais deve-se à sua
capacidade de nodular promiscuamente com diferentes grupos de Rhizobium nativos ou
não nativos de uma região (Bala et al., 2003).
A absorção do N pela gliricídia no Luvissolo (0,1 - 0,5 MPa) foi superior (p <
0,05) a das demais espécies, na ausência ou na presença da adubação orgânica (Tabela 8).
O intervalo de estresse hídrico 0,1 - 1,2 MPa proporcionou absorções significativas de
23
nitrogênio (p < 0,05) para a gliricídia e a jurema preta na ausência da adubação, na
presença da adubação orgânica no mesmo solo e mesmo intervalo de estresse hídrico (0,1
- 1,2 MPa), somente a gliricídia diferiu (p < 0,05) das demais espécies. A gliricídia
absorveu mais nitrogênio em relação à jurema preta provavelmente por serem leguminosas
e pela gliricídia ter nodulado mais do que a jurema preta, favorecendo uma maior absorção
do nitrogênio. No Neossolo a adubação orgânica favoreceu uma maior absorção de
nitrogênio pela gliricídia no intervalo de 0,1 - 0,5 MPa e pela gliricídia e jurema preta no
intervalo de 0,1 - 1,2 MPa.
A adição do esterco favoreceu aumentos (p < 0,05) na absorção de nitrogênio
pelas leguminosas gliricídia e jurema preta independente da classe de solo e do estresse
hídrico aplicado (Tabela 8).
Leguminosas que fixam nitrogênio através da simbiose com bactérias conhecidas
por “rizóbio” (gêneros Rhizobium, Bradyrhizobium, Azorhizobium, Sinorhizobium e
Mesorhizobium), são importantes dos pontos de vista econômico e ecológico, pois podem
dispensar total ou parcialmente os fertilizantes nitrogenados, contribuindo assim para
viabilizar reflorestamentos e minimizar possíveis impactos ambientais decorrentes da
utilização destes insumos (Barberi et al., 1998).
Os benefícios no uso de estercos animais podem proporcionar melhorias nas
propriedades físicas do solo e no fornecimento de N, P, K e outros nutrientes minerais;
aumento no conteúdo de matéria orgânica, melhorando a infiltração da água como também
aumentando a capacidade de troca de cátions (Hoffman et al., 2001).
Numerosos trabalhos têm comprovado a importância dos resíduos de origem
animal como fertilizantes, não pela concentração de nutrientes, mas também pela
eficiência de disponibilidade para as plantas e microrganismos do solo (Sorensen et al.,
1994; Henriques, 1997).
Os teores médios de N, P e K encontrados na parte aérea da gliricídia foram de
27,3, 1,7, e 15,6 mg g
-1
respectivamente, em estudo sobre o cultivo da gliricídia e da
leucena visando à melhoria dos solos dos tabuleiros costeiros (Barreto e Fernandes, 2001).
As concentrações de N, P e K encontrados na matéria seca do Cynodon dactylon
foram de 29,8, 2,2 e 25,4 mg g
-1
, respectivamente, em estudo sobre o conteúdo de
nutrientes em relação à deficiência hídrica (Utrillas et al., 1995).
24
Tabela 8. Absorção de nitrogênio (mg kg de solo
-1
) por três espécies florestais submetidas
a dois intervalos de estresse hídrico, com e sem adubação, em dois solos do
semi-árido, aos 90 dias após o plantio
Absorção de N
_______0,1 - 0,5 MPa______ _______0,1 - 1,2 MPa______
Espécie sem esterco
com esterco
sem esterco com esterco
LUVISSOLO
Gliricídia
116bA 229aA 106bA
183aAβ
Jurema
79,3bB 139aB 83,9bA 143aB
Nim
34,7aC 34,9aC 25,0aB 40,0aC
NEOSSOLO
Gliricídia
33,9bA 147aA 20,0bA
115aAβ
Jurema
40,9bA 91,8aB 32,8bA 96,3aA
Nim
19,1aA 27,0aC 12,6aA 17,6aB
Médias seguidas pela mesma letra minúscula na linha dentro de cada intervalo de estresse hídrico para cada
espécie comparam adubação, letra maiúscula na coluna dentro cada nível de adubação compara as espécies
no mesmo estresse e letra grega na linha dentro de cada nível de adubação para cada espécie compara os
intervalos de estresses hídricos, não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey com p < 0,05.
4.3.2. Absorção de P
Com a variação do estresse hídrico, apenas a gliricídia diminuiu (p < 0,05) a
absorção de fósforo no Neossolo adubado, apresentando uma absorção de P de 14,0 mg kg
de solo
-1
, no intervalo de estresse de 0,1 - 0,5 MPa e de 9,64 mg kg de solo
-1
no intervalo
de estresse de 0,1 - 1,2 MPa (Tabela 9). A variação do estresse hídrico não afetou a
absorção de P na jurema preta nem no nim (Tabela 9).
O efeito da adubação na absorção de P, dentro de cada intervalo de estresse
hídrico (Tabela 9) foi expressivo tanto no Luvissolo quanto no Neossolo. A gliricídia e a
jurema preta responderam a adubação orgânica independentemente do solo e do estresse
hídrico aplicado. O nim não respondeu a adubação orgânica.
Assim, no Luvissolo adubado e independente do estresse hídrico, a gliricídia teve
uma absorção de P melhor (p < 0,05) do que a jurema preta e bem superior ao nim. No
Luvissolo sem o uso do esterco a gliricídia e a jurema preta tiveram maiores (p < 0,05)
absorções de P do que o nim. Entretanto, no Neossolo a resposta da gliricídia foi
semelhante a do jurema preta, diferindo (p < 0,05) somente no intervalo de 0,1 - 0,5 MPa
com o uso do esterco, a absorção de P por estas espécies foi superior a do nim,
independentemente do intervalo de estresse hídrico (Tabela 9).
25
Os estercos animais aplicados ao solo sempre têm produzido resultados
favoráveis, independente de sua origem, chegando a igualarem ou até mesmo a superarem
os efeitos dos fertilizantes minerais. O esterco de caprino é mais sólido e muito menos
aquoso que dos bovinos e suínos, tem a estrutura mais fofa, permitindo a aeração e por essa
razão fermentam rapidamente podendo ser aproveitados na agricultura após um menor
período de “curtição” que os demais (Henriques, 1997).
Os teores de nutrientes contidos nos resíduos orgânicos (N, P, K e C) são
indicadores do potencial desse material na formação de estoques de carbono e liberação de
nutrientes ao longo do tempo nas camadas superficiais do solo (Souto, 2002).
Tabela 9. Absorção de fósforo (mg kg de solo
-1
) por três espécies florestais submetidas a
dois intervalos de estresse hídrico, com e sem adubação, em dois solos do semi-
árido, aos 90 dias após o plantio
Absorção de P
_______0,1 - 0,5 MPa_____ _______0,1 - 1,2 MPa_____
Espécie sem esterco
com esterco
sem esterco com esterco
LUVISSOLO
Gliricídia
10,5bA 15,7aA 9,14bA 15,7aA
Jurema
8,80bA 12,5aB 7,38bA 13,0aB
Nim
4,43aB 5,30aC 4,40aB 5,05aC
NEOSSOLO
Gliricídia
4,73bA 14,0aA 2,50bA
9,64aAβ
Jurema
2,49bAB 6,90aB 2,88bA 8,38aA
Nim
2,09bB 4,92aB 1,90aA 4,01aB
Médias seguidas pela mesma letra minúscula na linha dentro de cada intervalo de estresse hídrico para cada
espécie comparam adubação, letra maiúscula na coluna dentro cada nível de adubação compara as espécies
no mesmo estresse e letra grega na linha dentro de cada nível de adubação para cada espécie compara os
intervalos de estresses hídricos, não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey com p < 0,05.
4.3.3. Absorção de K
A absorção do potássio pelas três espécies florestais, de forma geral, foi maior no
Luvissolo do que no Neossolo (Tabela 10).
Com a variação dos intervalos de estresse hídrico de 0,1 - 0,5 MPa para 0,1 - 1,2
MPa no Neossolo com adubação orgânica, apenas a gliricídia teve uma redução (p < 0,05)
na absorção de K de 112 para 85,3 mg kg de solo
-1
(Tabela 10).
26
Houve resposta à adubação na absorção de K na gliricídia e na jurema preta, mas
esta resposta variou em função do estresse drico e do solo (Tabela 10). No Luvissolo no
intervalo de 0,1 - 0,5 MPa, apenas a gliricídia aumentou 73% (p < 0,05) a absorção de K
com a adubação orgânica. no intervalo de 0,1 - 1,2 MPa, a gliricídia apresentou um
aumento de 65% (p < 0,05), enquanto que o aumento da jurema preta foi de 72% (p <
0,05). No Neossolo houve resposta à adubação orgânica independentemente do estresse
hídrico aplicado e foi bem maior que no Luvissolo (Tabela 4). No intervalo de estresse
hídrico de 0,1 - 0,5 MPa os aumentos foram de 353% e 152% no Neossolo para a gliricídia
e jurema preta, respectivamente, enquanto na tensão de 1,2 MPa os aumentos (p < 0,05)
foram de 236% e 125%, respectivamente. O nim não respondeu a adubação orgânica.
No Luvissolo apenas a gliricídia apresentou uma maior absorção de K (p < 0,05)
em relação às demais espécies independentemente do estresse hídrico e da adubação
orgânica (Tabela 10). no Neossolo a gliricídia diferiu (p < 0,05) das demais espécies na
presença da adubação orgânica, independentemente do estresse hídrico aplicado.
A gliricídia apresenta folhas com elevados teores em nitrogênio, fósforo e
potássio. Sendo assim, seu uso como adubo verde geralmente resulta no enriquecimento do
solo (Gómez e Preston, 1996).
Os estercos, independentemente da sua origem, quando aplicados em doses
adequadas, apresentam efeitos positivos sobre o rendimento das culturas, devido à sua ação
favorável aos fatores físicos, químicos e biológicos do solo. comprovações de que a
dose ideal varia com a textura do solo. A adubação com esterco trás melhorias na
fertilidade do solo (Bezerra Neto et al., 1984).
27
Tabela 10. Absorção de potássio (mg kg de solo
-1
) por três espécies florestais submetidas a
dois intervalos de estresse hídrico, com e sem adubação, em dois solos do semi-
árido, aos 90 dias após o plantio
Absorção de K
_______0,1 - 0,5 MPa______ _______0,1 - 1,2 MPa______
Espécie sem esterco
com esterco
sem esterco com esterco
LUVISSOLO
Gliricídia
123bA 213aA 119bA 197aA
Jurema
50,7aB 60,1aB 42,5bB 73,2aB
Nim
32,9aB 36,3aC 30,4aB 35,5aC
NEOSSOLO
Gliricídia
24,7bA 112aA 25,4bA
85,3aAβ
Jurema
16,6bA 41,9aB 17,5bA 39,3aB
Nim
16,8aA 24,6aB 14,8aA 22,5aB
Médias seguidas pela mesma letra minúscula na linha dentro de cada intervalo de estresse hídrico para cada
espécie comparam adubação, letra maiúscula na coluna dentro cada nível de adubação compara as espécies
no mesmo estresse e letra grega na linha dentro de cada nível de adubação para cada espécie compara os
intervalos de estresses hídricos, não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey com p < 0,05.
4.4 Eficiência de utilização do esterco pelas espécies florestais
Os teores médios de N, P e K encontrados no esterco caprino utilizado nesta
pesquisa foram de 9,90; 2,00 e 13,8 mg g
-1
, respectivamente. Estes teores e a quantidade do
esterco adicionada, no tratamento com adubação orgânica, permitiram o cálculo da
eficiência de utilização de cada nutriente em relação às espécies estudadas (Tabela 11).
As maiores percentagens de eficiência de utilização do N, P e K do esterco foram
encontradas na gliricídia, independente do nível de estresse hídrico e do tipo de solo,
seguida pela jurema preta (Tabela 11). A eficiência de utilização de N acima de 100% pela
gliricídia pode estar associada ao seu potencial de nodulação e conseqüente fixação de N
2
(Tabela 11).
O nim foi à espécie que apresentou a menor eficiência de utilização dos nutrientes
(N, P, K), principalmente no Luvissolo, independente das tensões utilizadas. A baixa
eficiência do nim pode estar relacionada ao seu desenvolvimento limitado, durante o tempo
do experimento (Tabela 4), já comentado anteriormente.
28
Tabela 11. Eficiência de utilização (%) dos nutrientes N, P e K em relação à adubação com
esterco de três espécies florestais submetidas a dois intervalos de estresse
hídrico, em dois solos do semi-árido, aos 90 dias após o plantio
Eficiência de utilização dos nutrientes (%)
_______ N_______ ________P_______ ________K_______
Espécie 0,1 - 0,5
MPa
0,1 - 1,2
MPa
0,1 - 0,5
MPa
0,1- 1,2
MPa
0,1 - 0,5
MPa
0,1 - 1,2
MPa
LUVISSOLO
Gliricídia 145 99,0 33,1 41,8 83,3 72,2
Jurema 76,7 76,0 23,6 35,8 8,70 28,4
Nim 0,257 19,3 5,54 4,14 3,15 4,72
NEOSSOLO
Gliricídia 147 122 59,0 45,5 80,8 55,5
Jurema 65,4 81,6 28,1 35,0 23,4 20,2
Nim 10,1 6,43 18,0 13,4 7,22 7,13
4.5 Nódulos ativos
O número de nódulos ativos não foi influenciado pelos níveis de estresses hídricos
aplicados (p < 0,05), independentemente do tipo de solo e da adubação orgânica (Tabela
12). A deficiência hídrica pode afetar o peso e a atividade dos nódulos em algumas
leguminosas (Vargas e Suhet, 1980). Contudo, a simbiose pode se estabelecer tanto em
condição de seca quanto em condição de inundação. Leguminosas com sistema radicular
profundo têm maior tolerância ao estresse drico. Além disso, a associação delas com
fungos micorrízicos pode também proporcionar maior tolerância à seca (Moreira e
Siqueira, 2002).
A adubação orgânica proporcionou aumentos do número de nódulos na gliricídia
e na jurema preta no intervalo de estresse hídrico 0,1 - 0,5 MPa, tanto no Luvissolo (p <
0,05) quanto no Neossolo (p < 0,1). Enquanto no intervalo de 0,1 - 1,2 MPa somente as
mudas de gliricídia mantidas no Luvissolo responderam à adubação orgânica (p < 0,05),
(Tabela 12).
Na comparação do número nódulos ativos das espécies leguminosas mantidas no
Luvissolo e na tensão 0,5 MPa, a gliricídia apresentou aumentos (p < 0,05) de 90% e 89%
sem e com esterco, respectivamente, em relação à jurema preta (Tabela 12). A ausência ou
diminuição de nodulação em uma espécie vegetal nodulífera pode estar relacionada a
fatores químicos (acidez, deficiência nutricional, etc.), físicos (compactação, erosão,
29
umidade, salinidade, etc.), biológicos (ausência de estirpes de bactérias específicas) ou
ainda ao genótipo e estádio de desenvolvimento da espécie vegetal (Moreira, 1994).
Na simbiose de bactérias do grupo rizóbio com leguminosas, caracterizada pela
formação de nódulos nas raízes, dentro dos quais o N
2
do ar é reduzido para a forma
inorgânica combinada NH
3
, e a seguir disponibilizado para a planta. A possibilidade da
interação simbiótica da gliricídia com bactérias fixadoras do N atmosférico, vulgarmente
denominados rizóbios, pode permitir o aumento na absorção de nitrogênio, sendo esta
espécie considerada com grande potencial de fixação biológica (Alfaia, 1997). A gliricídia
nodula abundantemente com espécies de rizóbio de crescimento lento, agrupados no
chamado grupo caupi de inoculação cruzada (Franco et al., 2000).
Tabela 12. Médias (n=4) do número de nódulos ativos de duas espécies florestais
submetidas a dois intervalos de estresse hídrico, com e sem adubação, em dois
solos do semi-árido, aos 90 dias após o plantio
Nódulos Ativos
_______0,1 - 0,5 MPa______ _______0,1 - 1,2 MPa______
Espécie sem esterco
com esterco
sem esterco com esterco
LUVISSOLO
Gliricídia 120bA** 219aA** 96,0bA** 202aA**
Jurema 63,0bB** 116aB** 61,0aA** 127aA**
NEOSSOLO
Gliricídia 33,0bA* 77,0aA* 54,0aA** 91,0aA**
Jurema 34,0bA* 87,0aA* 31,0aA** 99,0aA**
Médias seguidas pela mesma letra minúscula na linha dentro de cada intervalo de estresse hídrico para cada
espécie comparam adubação, letra maiúscula na coluna dentro cada nível de adubação compara as espécies
no mesmo estresse, não diferem estatisticamente pelo teste t com p < 0,05** e p < 0,10*.
30
5. CONCLUSÕES
Nas condições em que o trabalho foi conduzido, os resultados permitem chegar as
seguintes conclusões:
1. A gliricídia foi à espécie que teve a maior produção de matéria seca total, independente
da adubação orgânica e do estresse hídrico;
2. Os teores de N, P e K na gliricídia e jurema preta foram influenciados pelo estresse
hídrico e adubação orgânica;
3. O nim apresentou os maiores teores de N, P e K, e as menores absorções desses
nutrientes, independentemente do solo, do estresse hídrico ou da adubação;
4. A absorção de N e P pelas leguminosas gliricídia e jurema preta foi favorecida pela
adubação orgânica, mas independeu da classe de solo e do estresse hídrico aplicado;
5. A absorção de K pela gliricídia e jurema preta aumentou com a adubação orgânica. O
aumento dependeu do estresse hídrico e do tipo de solo;
6. A eficiência de utilização do N, P, K do esterco foi maior na gliricídia seguida pela
jurema preta, independente do estresse hídrico e tipo de solo;
7. A gliricídia foi à leguminosa que apresentou o maior número de nódulos ativos,
independentemente do estresse hídrico e do tipo de solo.
31
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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