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JENNIFER ANNE COGGAN
Estudo microbiológico de conteúdo intra-uterino e
histopatológico de útero de cadelas com piometra e
pesquisa de fatores de virulência em cepas de E.coli
e o potencial risco à saúde humana
São Paulo
2005
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JENNIFER ANNE COGGAN
Estudo microbiológico de conteúdo intra-uterino e histopatológico de útero
de cadelas com piometra e pesquisa de fatores de virulência em cepas de
E.coli e o potencial risco à saúde humana
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
graduação em Epidemiologia Experimental e
Aplicada às Zoonoses da Faculdade de Medicina
Veterinária e Zootecnia da Universidade de São
Paulo para obtenção do título de Mestre em
Medicina Veterinária
Departamento:
Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Animal
Área de Concentração:
Epidemiologia Experimental e Aplicada às
Zoonoses
Orientador:
Prof. Dr. Nilson Roberti Benites
São Paulo
2005
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Autorizo a reprodução parcial ou total desta obra, para fins acadêmicos, desde que citada a fonte.
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO-NA-PUBLICAÇÃO
(Biblioteca da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo)
T.1544 Coggan, Jennifer Anne
FMVZ Estudo microbiológico de conteúdo intra-uterino e histopatológico de
útero de cadelas com piometra e pesquisa de fatores de virulência em
cepas de E. coli e o potencial risco à saúde humana / Jennifer Anne
Coggan. – São Paulo : J. A. Coggan, 2005.
156 f. : il.
Dossertação (mestrado) - Universidade de São Paulo. Faculdade de
Medicina Veterinária e Zootecnia. Departamento de Medicina Veterinária
Preventiva e Saúde Animal, 2005.
Programa de Pós-graduação: Epidemiologia Experimental e Aplicada
às Zoonoses.
Área de concentração: Epidemiologia Experimental e Aplicada às
Zoonoses.
Orientador: Prof Dr. Nilson Roberti Benites.
1. Piometra animal. 2. Escherichia coli. 3. Fatores de virulência.
I. Título.
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome: COGGAN, Jennifer Anne
Título: Estudo microbiológico de conteúdo intra-uterino e histopatológico de útero de cadelas
com piometra e pesquisa de fatores de virulência em cepas de E.coli e o potencial risco
à saúde humana
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-graduação em Epidemiologia
Experimental e Aplicada às Zoonoses da
Faculdade de Medicina Veterinária e
Zootecnia da Universidade de São Paulo
para obtenção do título de Mestre em
Medicina Veterinária
Data: ____/____/____
Banca Examinadora
Prof. Dr. ________________________________ Instituição: _______________________
Assinatura: ______________________________ Julgamento: ______________________
Prof. Dr. ________________________________ Instituição: _______________________
Assinatura: ______________________________ Julgamento: ______________________
Prof. Dr. ________________________________ Instituição: _______________________
Assinatura: ______________________________ Julgamento: ______________________
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, John e Vicki, pelo imenso amor que sempre me deram e por
acreditarem em mim e em meus ideais sempre me apoiando. Amo vocês!
Ao meu namorado e eterno companheiro, Douglas, por sempre me entender, me dar
forças para atingir meus objetivos, e acima de tudo por me amar e estar ao meu lado nas horas
boas e ruins. Você pra mim é um exemplo de bondade, espero te fazer muito feliz. Te amo!
A minha avó, Granny Pam, que sempre acreditou em mim mas que infelizmente hoje
não está aqui para ver meu progresso.
Aos meus irmãos, Hayley e Jamie, que sempre acreditam em mim, me apóiam e me
respeitam.
A todos os amigos e companheiros que dividem comigo minhas vitórias e minhas
derrotas.
A todas as pessoas que de alguma forma tentam fazer desse mundo um lugar melhor
para se viver.
Aos animais, que sem eles a vida teria menos graciosidade e pureza, e que são um
eterno estímulo para mim.
AGRADECIMENTOS
Chega ao fim uma etapa muito importante da minha vida, e para chegar até aqui contei
com o apoio de muitas pessoas que acreditaram em mim, me deram forças para concluir esse
projeto e me ensinaram não só informações importantes para realizar esse trabalho, mas
também formas novas de encarar o mundo e superar obstáculos que irei enfrentar no futuro.
Para todas essas pessoas, muito obrigado!
A conclusão dessa dissertação de mestrado me trouxe muito mais que conhecimento.
Aprendi muito durante esse período, e convivi com pessoas incríveis, de muita generosidade e
apesar das dificuldades que enfrentei só tenho um saldo positivo.
Agradeço imensamente meu orientador Prof. Dr. Nilson Roberti Benites e a Dra.
Priscilla Anne Melville que me apoiaram e me deram forças e a oportunidade de realizar esse
trabalho. A generosidade dessas duas pessoas é um exemplo a ser seguido, e me sinto
privilegiada por ter conhecido e convivido com elas.
Agradeço a Profa. Dra. Clair Motos de Oliveira e ao Marcelo Faustino do
Departamento de Obstetrícia do Hospital Veterinário da Faculdade de Medicina Veterinária e
Zootecnia da Universidade de São Paulo, que me deram a oportunidade de realizar esse
trabalho.
Agradeço a Profa. Dra. Andréa Moreno que me possibilitou realizar uma boa parte de
meu trabalho com seu auxílio e orientação. Aproveito para agradecer minha grande amiga
Renata Paixão, que me ajudou muito e que sem seus conhecimentos não seria possível realizar
meu trabalho.
Agradeço à FAPESP por financiar meu projeto e à CAPES por ter me apoiado
financeiramente durante um ano e meio, possibilitando a conclusão desse trabalho.
Agradeço muito aos meus colegas de pós-graduação que sempre me apoiaram e me
incentivaram durante essa etapa, citando principalmente a Anna Catharina, Felício, Josana,
Leslie, Luis Ivan, Miriam, Mônica, Roberto e Simone. Aos colegas estagiários do laboratório,
Clarice e Sonia.
A todos os funcionários da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da
Universidade de São Paulo, pois sem sua ajuda não seria possível realizar esse estudo.
Aos animais, pelo seu amor incondicional que só embeleza minha vida.
A todos aqueles que de alguma forma me ajudaram e não estou citando
individualmente.
"Só existem dois dias no ano em que nada pode ser feito.
Um se chama ontem e o outro se chama amanhã,
portanto, hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e
principalmente viver"
Dalai Lama
RESUMO
COGGAN, J. A. Estudo microbiológico de conteúdo intra-uterino e histopatológico de
útero de cadelas com piometra e pesquisa de fatores de virulência em cepas de E.coli e o
potencial risco à saúde humana. [Microbiological study of intrauterine contents and
histopathology of uterus of bitches with pyometra and research of virulence factors in E.coli
isolates and the potential risk to human health]. 2005. 156 f. Dissertação (Mestrado em
Medicina Veterinária) - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São
Paulo, São Paulo, 2005.
A piometra canina, também denominada como complexo hiperplasia-cística-
endometrial, é uma enfermidade da cadela adulta caracterizada pela inflamação do útero com
acumulação de exsudatos, que ocorre na fase lútea do ciclo estral e que pode acometer vários
sistemas do organismo. Ocorre em decorrência de alterações hormonais e geralmente está
associada a infecções bacterianas. A incidência de piometra na cadela é alta, sendo a doença
reconhecida como uma das causas mais comuns de enfermidade e morte desta espécie animal.
A piometra é uma das condições patológicas mais comuns que acomete o trato genital dos
cães. A bactéria mais freqüentemente isolada do conteúdo uterino de cadelas com piometra é
Escherichia coli. Algumas cepas de E.coli são comprovadamente patogênicas para o homem
e/ou animais. No homem, o microrganismo tem sido associado a severos distúrbios
gastrintestinais, além de infecções extra-intestinais, com referência especial às infecções
urinárias, meningites do recém-nascido e septicemias. Para a realização deste trabalho foi
realizado o isolamento microbiológico das bactérias presentes no conteúdo intra-uterino de
100 cadelas com piometra, a contagem de unidades formadoras de colônias por ml,
antibiograma das bactérias isoladas, exame histopatológico do útero, e pesquisa de fatores de
virulência nos isolados de E.coli. O trabalho foi realizado na Faculdade de Medicina
Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo, e as amostras coletadas de animais
submetidos à cirurgia de ovário-salpingo-histerectomia no Setor de Obstetrícia do Hospital
Veterinário. O presente estudo confirmou a ocorrência da Escherichia coli como sendo o
principal agente envolvido na piometra em cadelas, bem como permitiu verificar a presença
de fatores de virulência nas cepas isoladas. Estatisticamente quanto maior o número de
unidades formadoras de colônias/ml, maior a intensidade do processo inflamatório. Observou-
se uma maior sensibilidade de E.coli aos antimicrobianos norfloxacina, polimixina B,
sulfazotrin, cloranfenicol, enrofloxacina, e gentamicina e uma maior resistência aos
antimicrobianos cefalotina e ampicilina. Nas cepas isoladas de bactérias Gram negativas
houve maior sensibilidade aos antimicrobianos norfloxacina e polimixina B e maior
resistência aos antimicrobianos ampicilina, cefalotina, cefoxitina, cefalexina, e tetraciclina.
Nas cepas isoladas de bactérias Gram positivas houve maior sensibilidade aos
antimicrobianos vancomicina, cefalexina, norfloxacina, sulfazotrin, gentamicina, e polimixina
B e maior resistência aos antimicrobianos penicilina, oxacilina e ampicilina. Foram
identificados fatores de virulência em 98,0% das cepas de Escherichia coli avaliadas,
demonstrando uma alta freqüência de E.coli potencialmente patogênica.
Palavras-chaves: Piometra animal. Escherichia coli. Fatores de virulência.
ABSTRACT
COGGAN, J. A. Microbiological study of intrauterine contents and histopathology of
uterus of bitches with pyometra and research of virulence factors in E.coli isolates and
the potential risk to human health. [Estudo microbiológico de conteúdo intra-uterino e
histopatológico de útero de cadelas com piometra e pesquisa de fatores de virulência em cepas
de E.coli e o potencial risco à saúde humana]. 2005. 156 f. Dissertação (Mestrado em
Medicina Veterinária) - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São
Paulo, São Paulo, 2005.
Canine pyometra, also known as cystic endometrial hyperplasia complex, is a disease of the
adult dog characterized by the inflammation of the uterus with accumulation of purulent
discharge, that occurs in the luteus phase of the estrus cycle and that can affect various
systems of the organism. It occurs in result of hormone alterations and generally is associated
with bacterial infections. The incidence of pyometra in the bitch is high, being the disease
recognized as one of the most common illness occuring in this animal species and one of the
most common cause of death. Pyometra is one of the main pathological condition that affects
the genital tract in dogs. The bacterial species most frequently isolated from the uterine
contents of dogs with pyometra is Escherichia coli. Some strains of E.coli are proven to be
pathogenic for the man and/or animals. In man, the microrganism has been associated with
severe gastrintestinal diseases, as well as extra-intestinal diseases, with special reference to
the bladder infections, septicemias and neonatal meningitis. This study consisted of
microbiological isolation of the bacteria from the intrauterine contents of 100 dogs with
pyometra, the counting of number of units forming colonies in 1ml, antibiogram of the
isolated bacteria, histologic examination of the uterus, and research of virulence factors in the
E.coli strains. The study was carried out in the Faculdade de Medicina Veterinária e
Zootecnia of the Universidade de São Paulo, and the samples obtained from the animals
submitted to surgery of ovariohysterectomy in the Sector of Obstetrics of the Veterinarian
Hospital. The present study confirmed the occurrence of Escherichia coli as being the main
agent involved in pyometra in bitches, as well as verified the presence of virulence factors in
the strains isolated. Statistically the bigger the number of unit forming colonies/ml the greater
the intensity of the inflammatory process. One observed more sensitivity of E.coli to the
antimicrobial substances norfloxacin, polimixin B, sulfazotrin, chloranfenicol, enrofloxacin,
and gentamicin and more resistance to the antimicrobial substances cefalotin and ampicilin. In
the strains of Gram negative bacteria there was more sensitivity to the antimicrobial
substances norfloxacin and polimixin B and a greater resistance to the antimicrobial
substances ampicilin, cefalotin, cefoxitin, cefalexin, and tetraciclin. In the strains isolated of
Gram positive bacteria there was a greater sensitivity to the antimicrobial substances
vancomicin, cefalexin, norfloxacin, sulfazotrin, gentamicin, and polimixin B and a greater
resistance to the antimicrobial substances penicillin, oxacilin and ampicilin. Virulence factors
were identified in 98,0% of the strains of Escherichia coli evaluated, demonstrating a high
frequency of potentially pathogenic E.coli.
Key words: Animal pyometra. Escherichia coli. Virulence factors.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Interpretação dos escores correspondentes às áreas ocupadas pelos
processos inflamatórios. São Paulo, 2004......................................................
Tabela 2 - “Primers” utilizados na PCR para amplificar fragmentos de diferentes genes
para enterotoxinas (LT, STa e STb) e vero citotoxinas (VT1, VT2 e VT2e),
e de diferentes genes para pap, sfa, afa, hly, iuc e cnf1. São Paulo, 2004.......
Tabela 3 – Freqüências de resistência e sensibilidade de cepas de E.coli isoladas de
conteúdo intra-uterino de cadelas com piometra frente a diversos
antimicrobianos. São Paulo, 2004....................................................................
Tabela 4 - Freqüências de resistência e sensibilidade de cepas de bactérias Gram
negativas (exceto E.coli) isoladas de conteúdo intra-uterino de cadelas com
piometra frente a diversos antimicrobianos. São Paulo, 2004.........................
Tabela 5 - Freqüências de resistência e sensibilidade de cepas de bactérias Gram
positivas isoladas de conteúdo intra-uterino de cadelas com piometra
frente a diversos antimicrobianos. São Paulo, 2004......................................
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................
2 OBJETIVOS..........................................................................................................
3 REVISÃO DE LITERATURA............................................................................
3.1 ALTERAÇÕES HISTOLÓGICAS NO ÚTERO...................................................
3.2 BACTÉRIAS ENVOLVIDAS NA PIOMETRA...................................................
3.2.1 Enterobacteriaceae.................................................................................................
3.2.1.1 Escherichia coli.......................................................................................................
3.2.1.1.1 ETEC....................................................................................................................
3.2.1.1.2 EPEC....................................................................................................................
3.2.1.1.3 EIEC.....................................................................................................................
3.2.1.1.4 EHEC...................................................................................................................
3.2.1.1.5 UPEC....................................................................................................................
3.2.1.2 Klebsiella pneumoniae............................................................................................
3.2.1.3 Salmonella...............................................................................................................
3.2.1.4 Proteus....................................................................................................................
3.2.1.5 Morganella morganii..............................................................................................
3.2.1.6 Citrobacter..............................................................................................................
3.2.2 Pseudomonas aeruginosa......................................................................................
3.2.3 Staphylococcus.......................................................................................................
3.2.3.1 Staphylococcus epidermidis....................................................................................
3.2.3.2 Staphylococcus schleiferi........................................................................................
3.2.3.3 Staphylococcus intermedius....................................................................................
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3.2.3.4 Staphylococcus caprae............................................................................................
3.2.4 Streptococcus..........................................................................................................
3.2.4.1 Streptococcus pyogenes..........................................................................................
3.2.4.2 Streptococcus canis.................................................................................................
3.2.5 Enterococcus faecium............................................................................................
3.2.6 Corynebacterium....................................................................................................
3.3 RESISTÊNCIA A ANTIMICROBIANOS.............................................................
3.3.1 Bactérias Gram negativas....................................................................................
3.3.2 Bactérias Gram positivas......................................................................................
4 MATERIAIS E MÉTODOS................................................................................
4.1 COLHEITA DO MATERIAL................................................................................
4.2. AVALIAÇÃO DO STATUS MICROBIOLÓGICO DE AMOSTRAS DE
CONTEÚDO UTERINO DE CADELAS COM PIOMETRA................................
4.3 CONTAGEM DE UNIDADES FORMADORAS DE COLÔNIAS DE
MICRORGANISMOS EM AMOSTRAS DE CONTEÚDO INTRA-UTERINO
DE CADELAS COM PIOMETRA.........................................................................
4.4 TESTES DE SUSCEPTIBILIDADE “IN VITRO” DOS MICRORGANISMOS
ISOLADOS FRENTE A DIFERENTES ANTIMICROBIANOS..........................
4.5 EXAMES HISTOPATOLÓGICOS DE FRAGMENTOS DE ÚTERO DE
CADELAS COM PIOMETRA................................................................................
4.6 ESTUDO DA PRESENÇA DE FATORES DE VIRULÊNCIA EM CEPAS DE
ESCHERICHIA COLI ISOLADAS DO CONTEÚDO INTRA-UTERINO DE
CADELAS COM PIOMETRA UTILIZANDO A REAÇÃO EM CADEIA DA
POLIMERASE.........................................................................................................
4.6.1 Extração do DNA bacteriano...............................................................................
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4.6.2 Reação em cadeia da polimerase.........................................................................
4.6.3 Detecção do produto amplificado........................................................................
4.7 ESTATÍSTICA.......................................................................................................
5 RESULTADOS......................................................................................................
5.1 AVALIAÇÃO DO STATUS MICROBIOLÓGICO DE AMOSTRAS DE
CONTEÚDO INTRA-UTERINO DE CADELAS COM PIOMETRA..................
5.2 CONTAGEM DE UNIDADES FORMADORAS DE COLÔNIAS DE
MICORGANISMOS EM AMOSTRAS DE CONTEÚDO INTRA-UTERINO
DE CADELAS COM PIOMETRA.........................................................................
5.3 TESTES DE SUSCEPTIBILIDADE “IN VITRO” DOS MICRORGANISMOS
ISOLADOS FRENTE A DIFEREMTES ANTIMICROBIANOS..........................
5.4 EXAMES HISTOPATOLÓGICOS DE FRAGMENTOS DE ÚTERO DE
CADELAS COM PIOMETRA................................................................................
5.5 ESTUDO DA PRESENÇA DE FATORES DE VIRULÊNCIA EM CEPAS DE
ESCHERICHIA COLI ISOLADAS DO CONTEÚDO INTRA-UTERINO DE
CADELAS COM PIOMETRA UTILIZANDO A REAÇÃO EM CADEIA DA
POLIMERASE.........................................................................................................
5.6 CORRELAÇÃO DAS ALTERAÇÕES HISTOPATOLÓGICAS NOS
FRAGMENTOS DE ÚTERO COM OS RESULTADOS MICROBIOLÓGICOS
6 DISCUSSÃO..........................................................................................................
7 CONCLUSÕES.....................................................................................................
REFERÊNCIAS....................................................................................................
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INTRODUÇÃO
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1 INTRODUÇÃO
A piometra canina, também denominada como complexo hiperplasia-cística-
endometrial, é uma enfermidade da cadela adulta caracterizada pela inflamação do útero com
acumulação de exsudatos, que ocorre na fase lútea do ciclo estral e que pode acometer vários
sistemas do organismo. Ocorre em decorrência de alterações hormonais e geralmente está
associada a infecções bacterianas. A incidência de piometra na cadela é alta, sendo a doença
reconhecida como uma das causas mais comuns de enfermidade e morte desta espécie animal.
A piometra é uma das condições patológicas mais comuns que acomete o trato genital dos
cães. Durante um período de aproximadamente dois meses após a ovulação, a concentração
plasmática de progesterona aumenta. Durante este período a progesterona promove o
crescimento endometrial e a secreção glandular enquanto impede a atividade do miométrio,
assim permitindo o acúmulo de secreção das glândulas uterinas. Essa secreção constitui um
excelente meio de cultura para o crescimento bacteriano. O crescimento bacteriano também é
facilitado pela inibição da resposta leucocitária em infecções devido à ação de progesterona.
A bactéria mais freqüentemente isolada do conteúdo uterino de cadelas com piometra
é Escherichia coli. Algumas cepas de E.coli são comprovadamente patogênicas para o
homem e/ou animais. No homem, o microrganismo tem sido associado a severos distúrbios
gastrintestinais, além de infecções extra-intestinais, com referência especial às infecções
urinárias, meningites do recém-nascido e septicemias. A maior parte das infecções (com
exceção da meningite neonatal e da gastroenterite) é endógena. Ou seja, a flora microbial
normal da pessoa é capaz de causar infecção quando as defesas do hospedeiro estão
comprometidas. Cães e gatos podem ter um papel importante na transmissão como vetores de
E.coli para outros animais e para o humano. Diversos estudos indicaram que a transmissão, de
19
clones de E.coli uropatogênicas similares aos clones fecais, entre humanos, cães e gatos já
ocorreu e pode ocorrer novamente.
A infecção bacteriana na piometra é um problema secundário, mas presente na maior
parte dos casos de piometra. A cérvix pode estar aberta ou fechada, sendo que a primeira
situação ocorre na maior parte dos casos em alguma fase da doença, tornando a secreção
proveniente do útero pela cérvix, uma grande fonte de infecção ao homem. A piometra pode
persistir por um mês ou mais e, se o útero não for retirado, podem ocorrer recidivas de
patologia nos cios subseqüentes, o que acaba tornando o animal doente uma fonte constante
de infecção particularmente ao homem que convive tão proximamente ao cão.
Tendo em vista a importância da piometra em cadelas, por ser a doença uma das
causas mais importantes de óbito na espécie, bem como por esta patologia representar
potencial risco à saúde pública pelo fato da secreção vaginal de cadelas doentes constituir
fonte de infecção para o homem, foi delineado o presente trabalho no qual proceder-se-á ao
estudo mais detalhado da patologia através do estudo microbiológico de conteúdo uterino de
cadelas com piometra, bem como à avaliação das lesões presentes no útero devidas a cada
microrganismo isolado realizando-se ainda a quantificação de microrganismos presentes em
cada quadro e pesquisa de fatores de virulência de cepas de E.coli isoladas, (microrganismo
que, segundo a literatura é o que apresenta maior prevalência nesta patologia) que possam
representar potencial risco à saúde humana.
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OBJETIVOS
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2 OBJETIVOS
O presente trabalho teve como objetivos:
x Avaliar o status microbiológico de amostras de conteúdo intra-uterino de cadelas com
piometra;
x Proceder à contagem de unidades formadoras de colônias em conteúdo intra-uterino de
cadelas com piometra;
x Avaliar a susceptibilidade “in vitro” frente aos antimicrobianos das bactérias isoladas
de conteúdo intra-uterino de cadelas com piometra;
x Realizar exames histopatológicos de fragmentos de útero de cadelas com piometra
para verificar a intensidade do processo inflamatório;
x Estudar a presença de fatores de virulência em cepas de Escherichia coli isoladas do
conteúdo intra-uterino de cadelas com piometra utilizando a reação em cadeia da
polimerase;
x Correlacionar as alterações histopatológicas nos fragmentos de útero com os
resultados microbiológicos.
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REVISÃO DE LITERATURA
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3 REVISÃO DE LITERATURA
A piometra canina, também denominada como complexo hiperplasia-cística-
endometrial, é uma enfermidade da cadela adulta caracterizada pela inflamação do útero com
acumulação de exsudatos, que ocorre na fase tea do ciclo estral e que pode acometer vários
sistemas do organismo (HIDLAGO; COHEN; MÉNDEZ, 1986; ROBERTS, 1956). Ocorre
em decorrência de alterações hormonais e geralmente está associada a infecções bacterianas
(GROOTERS, 1994; HIDALGO; COHEN; MÉNDEZ, 1986; THRELFALL, 1995).
A incidência de piometra na cadela é alta, sendo a doença reconhecida como uma das
causas mais comuns de enfermidade e morte desta espécie animal (ARTHUR, 1964;
ARTHUR; NOAKES; PEARSON, 1982; HAGMAN; KÜHN, 2002). A piometra é uma das
condições patológicas mais comuns que acomete o trato genital dos cães (ROBERTS, 1956).
Esse distúrbio caracterizado por uma hiperplasia glandular cística do endométrio, com
acúmulo de pus na cavidade uterina, ocorre com muita freqüência em cadelas de meia-idade e
idosas. A causa ainda é obscura, mas sugeriu-se que se deva à excessiva estimulação
hormonal do útero, seja por compostos progestacionais ou estrogênicos (CHRISTIANSEN,
1988; ROBERTS, 1956).
A patência da cérvix (piometra aberta ou fechada) tem importante influência na
severidade da doença, no seu prognóstico, e nas opções de tratamento que podem ser
empregadas (GROOTERS, 1994).
A inflamação é de natureza supurativa e, se a cérvix fecha, o pus fica acumulado
dentro da cavidade uterina (CRAIG, 1937).
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O distúrbio ocorre em todas as raças e, embora possa ocorrer em cadelas com um ano
de idade, esse complexo é observado com maior freqüência em animais acima dos 6 anos, e
mais comumente em cadelas nulíparas (ARTHUR, 1964; CHRISTIANSEN, 1988; CRAIG,
1937; DERIVAUX; BARNABE, 1976, ROBERTS, 1956; SANDHOLM; VASENIUS;
KIVISTÖ, 1975). Allen (1995) observou a mesma freqüência de piometra em cadelas
nulíparas e pluríparas. Niskanen e Thrusfield (1998) relataram o resultado de uma pesquisa
com cadelas entre nove meses e dezoito anos de idade. Concluíram que cadelas nulíparas
tinham um risco moderadamente maior em desenvolver piometra do que primíparas e
pluríparas.
Segundo Nelson e Feldman (1986), a piometra na cadela é mediada por uma desordem
hormonal diestral. A doença resultaria de uma interação bacteriana com um endométrio que
passou por mudanças patológicas de uma estimulação prolongada ou repetida por
progesterona (DERIVAUX; BARNABE, 1976; GANDOTRA et al., 1994; GROOTERS,
1994; HIDALGO; COHEN; MÉNDEZ, 1986; THRELFALL, 1995). A concentração
plasmática de progesterona na cadela em anestro é d a o rdem de 0,5 ng/ml. Durante um
período de aproximadamente dois meses após a ovulação, a concentração plasmática de
progesterona aumenta (GROOTERS, 1994; NELSON; FELDMAN, 1986), e muitas vezes
excede 40 ng/ml. Durante este período a progesterona promove o crescimento endometrial e a
secreção glandular enquanto impede a atividade do miométrio, assim permitindo o acúmulo
de secreção das glândulas uterinas. Essa secreção constitui um excelente meio de cultura para
o crescimento bacteriano. O crescimento bacteriano também é faciltado pela inibição da
resposta leucocitária em infecções devido à ação de progesterona (GROOTERS, 1994;
NELSON; FELDMAN, 1986; THRELFALL, 1995).
25
A hiperplasia endometrial induzida por progesterona geralmente precede o
desenvolvimento da piometra (GROOTERS, 1994; HIDALGO; COHEN; MÉNDEZ, 1986;
NELSON; FELDMAN, 1986). O aumento da parede do endométrio é causado por um
aumento no tamanho e quantidade de glândulas endometriais, que podem mostrar atividade
secretória. O estroma torna-se edemaciado, e uma infiltração celular inflamatória se torna
presente. Ocasionalmente, a secreção endometrial glandular resulta em um acúmulo de fluído
fino ou viscoso no lúmen do útero. Esse útero repleto de fluído é conhecido como hidrometra
ou mucometra. Essas condições são tipicamente estéreis (NELSON; FELDMAN, 1986).
A infecção bacteriana é uma condição secundária (ARTHUR, 1964; DERIVAUX;
BARNABE, 1976; HIDALGO; COHEN; MÉNDEZ, 1986; NELSON; FELDMAN, 1986).
Bactérias da vagina são a mais provável fonte para a infecção uterina (NEL SON; FELDMAN,
1986). Essas bactérias ascendem pela cérvix e para dentro do útero durante o estro. A
predominância de Escherichia coli nas infecções uterinas pode ser devida à habilidade deste
microrganismo em aderir a sítios antigênicos específicos no endométrio estimulado por
progesterona e no miométrio (GROOTERS, 1994; NELSON; FELDMAN, 1986).
A vagina apresenta uma flora bacteriana normal residente. Durante o estro, a cérvix
relaxa e estas bactérias são capazes de entrar no útero. Geralmente o mecanismo de defesa do
útero é capaz de eliminar estas bactérias. Entretanto, se bactérias penetrarem no útero, as
concentrações elevadas de progesterona neste período podem reduzir a velocidade da resposta
inflamatória (ALLEN, 1995).
As fêmeas com hiperplasia cística endom etrial, parecem incapazes de eliminar
bactérias que podem sobreviver no fluído cístico. O microrganismo geralmente isolado nestes
casos é a Escherichia coli (ALLEN, 1995).
26
De Bosschere, Ducatelle e Tshmala (2003) observaram através da indução de piometra
em cadelas normais, que a hiperplasia endometrial cística não é um pré-requisito para o
desenvolvimento da piometra, pois conseguiram induzir a infecção uterina durante o
metaestro normal inoculando E.coli no útero.
A administração de progestágenos sintéticos bem como a progesterona endógena,
podem predispor à piometra, causando hiperplasia endometrial cística e diminuindo a
resistência do endométrio à invasão bacteriana (ALLEN, 1995; GROOTERS, 1994). A
administração de estrógenos para prevenir a concepção pode predispor a piometra por manter
a cérvix relaxada por mais tempo na fase lútea do que o normal (ALLEN, 1995;
CRISTIANSEN, 1988). O estrógeno, isoladamente, não está normalmente associado com o
desenvolvimento da hiperplasia endometrial cística. Entretanto, os estrógenos intensificam os
efeitos estimuladores da progesterona no útero. Concentrações farmacológicas de estrógeno
durante a fase diestral do ciclo estral podem aumentar o risco de desenvolver a piometra
(GROOTERS, 1994; HIDALGO; COHEN; MÉNDEZ, 1986; NELSON; FELDMAN, 1986).
O uso de estrógeno para prevenir a prenhez aumenta muito o risco de desenvolver piometra,
sendo esta uma causa comum da ocorrência de piometra em cadelas jovens (GROOTERS,
1994).
Segundo Hidalgo, Cohen e Méndez (1986) e Christiansen (1988), a administração
experimental de progesterona ou de compostos progestacionais em animais sãos, provoca os
sinais clínicos e as lesões patológicas da piometra.
Apesar da estimulação por progesterona ser considerada um passo inicial para o
desenvolvimento do complexo hiperplasia-endometrial-cística-piometra, as concentrações
séricas de progesterona não são significantemente diferentes entre animais normais e animais
com a desordem (HARDY; OSBORNE, 1974).
27
De Cock, Ducatelle e Logghe (1997) e Vermeirsch et al. (2000) especulam que as
manifestações da hiperplasia endometrial cística sejam mediadas por anormalidades nos
receptores endometriais para estrógeno e/ou progesterona.
Niskanen e Thrusfield (1998) relataram o resultado de uma pesquisa com cadelas entre
nove meses e dezoito anos de idade. Concluíram que a administração de estrógeno aumentou
o risco de piometra em cadelas de até 4 anos. Dezessete raças apresentaram maior
predisposição à doença, dentre elas; Golden Retriever, Schnauzer miniatura, São Bernardo
pelo curto, Airedale Terrier, C avalier King Charles Spaniel, Collie pelo curto e Rottweiller. O
Daschund pelo duro e os cães sem raça definida apresentaram um risco menor de desenvolver
a enfermidade.
Egenvall et al. (2001) analisaram o banco de dados de uma empresa de seguros na
Suécia com dados de mais de 20.000 cães. A ocorrência de piometra se diferenciava de acordo
com idade, raça, e localização geográfica. O risco de desenvolver piometra era maior em cães
das raças Collie Pelo Longo, Rottweiller, Cavalier King Charles Spaniel, Bernese Mountain
Dog e Cocker Spaniel Inglês. Raças com menor risco de desenvolver piometra foram Pastor
Alemão, Dachshund miniatura e Dachshund standard.
Segundo Borrensen (1979), durante três anos 40% dos pacientes atendidos no
Departamento de Obstetrícia do Veterinary College of Norway em Oslo, apresentaram
piometra. Oitenta e três por cento destes 40% tinham entre 6 e 11 anos de idade (média 7,8), e
93% dos casos foram diagnosticados 12 semanas após o cio. Não observaram predisposição
racial para o desenvolvimento da piometra.
Historicamente, a piometra é uma desordem de cadelas de meia-idade (8 a 10 anos de
idade), ocorrendo após anos de estimulação repetida de progesterona no útero. Mas, com o
uso de anticoncepcionais a base de estrógeno em cadelas jovens, observou-se um aumento dos
28
casos de piometras abertas e fechadas em fêmeas jovens (GROOTERS, 1994; NELSON;
FELDMAN, 1986). A piometra deve ser considerada em qualquer cadela com sinais clínicos
consistentes aparecendo durante ou logo após o d iestro, não importando a idade (NELSON;
FELDMAN, 1986; THRELFALL, 1995). Sinais de piometra geralmente ocorrem 1 a 2 meses
após o estro ou após a administração de progesterona exógena (ARTHUR; NOAKES;
PEARSON, 1982; DERIVAUX; BARNABE, 1976; GROOTERS, 1994; ROBERTS, 1956).
Normalmente existem antecedentes de estros irregulares e de gestações fictícias
(ARTHUR, 1964).
Os sinais clínicos relatados pelo proprietário dependem da patência da cérvix. A cadela
com piometra de cérvix aberta apresenta uma secreção de cor sanguínea a purulenta pela
vulva. A secreção geralmente é percebida 4 a 8 semanas após o cio, mas pode ser observada
logo após o cio ou até 12 a 14 semanas após o fim do mesmo. Outros sinais incluem: letargia,
depressão, inapetência, poliúria, polidipsia e vômitos (ALLEN, 1995; CHRISTIANSEN,
1988; CRAIG, 1937; DERIVAUX; BARNABE, 1976; GROOTERS, 1994; NELSON;
FELDMAN, 1986; ROBERTS, 1956; SANDHOLM; VASENIUS; KIVISTÖ, 1975).
Também são comuns cadelas com piometra de cérvix aberta estarem relativamente saudáveis
exceto pela presença anormal de secreção vaginal (NELSON; FELDMAN, 1986).
Os sinais clínicos em cadelas com piometra de cérvix fechada incluem: depressão,
letargia, fraqueza, inapetência, poliúria, polidipsia e vômitos (ALLEN, 1995; GROOTERS,
1994; NELSON; FELDMAN, 1986; ROBERTS, 1979). Ocasionalmente, o proprietário pode
perceber uma secreção vulvar anterior aos outros sinais, com duração de poucos dias. Vômitos
e anorexia, em conjunto com poliúria, causam progressivamente desidratação, choque, coma,
e eventualmente óbito. A severidade da doença depende da habilidade do proprietário em
29
reconhecer o problema. Sinais de doença geralmente têm início 4 a 10 semanas após o cio
(NELSON; FELDMAN, 1986).
A piometra fechada caracteriza-se por pequena quantidade de muco vaginal com
apenas um número limitado de tipos celulares (leucócitos e células intermedíarias, parabasais
e basais coradas basofilamente) (CHRISTIANSEN, 1988).
Menos comumente, os sintomas podem incluir dor óssea em uma ou mais patas
(CHRISTIANSEN, 1988).
Anormalidades encontradas no exame físico incluem depressão, desidratação, aumento
uterino, e uma secreção sanguínea a muco-purulenta pela vulva se a cérvix estiver aberta
(NELSON; FELDMAN, 1986). Febre é um sinal variável (ALLEN, 1995; DERIVAUX;
BARNABE, 1976; GROOTERS, 1994; NELSON; FELDMAN, 1986) e, quando presente, é
associada à inflamação uterina e infecção bacteriana secundária, assim como septicemia ou
bacteremia (NELSON; FELDMAN, 1986). Com septicemia ou bacteremia, o choque pode
ocorrer (GROOTERS, 1994; NELSON; FELDMAN, 1986). A temperatura corpórea mostra
considerável variação. Em caso de piometra aberta, a temperatura pode ser normal ou elevar-
se1–2
o
.C. Em casos fechados o aumento de temperatura é geral, principalmente no início do
quadro (39,4 40,5
o
C) (ARTHUR; NOAKES; PEARSON, 1982; ROBERTS, 1979).
A poliúria e polidipsia compensatória podem ocorrer devido à redução na habilidade
do túbulo renal em concentrar urina (GROOTERS, 1994; NELSON; FELDMAN, 1986).
Azotemia pré-renal pode estar presente se o consumo de água não compensar adequadamente
a poliúria (NELSON; FELDMAN, 1986; ROBERTS, 1979). Dow (1957), Hardy e Osborne
(1974) e Watts, Wright e Whithear (1996) observaram azotemia em 18 a 26% dos cães com
piometra.
30
A cérvix uterina pode abrir-se intermitentemente, possibilitando então a saída, mais ou
menos abundante, de líquido fétido, de cor cinza-amarelada ou vermelho-pardacenta
(ARTHUR; NOAKES; PEARSON, 1982; CHRISTIANSEN, 1988; CRAIG, 1937;
DERIVAUX; BARNABE, 1976; ROBERTS, 1956; ROBERTS, 1979). A secreção vaginal
pode ser constante ou intermitente, causando a presença de sujidade na cauda e membros do
animal (CRAIG, 1937). No caso da cérvix permanecer fechada, ocorre distensão uterina
progressiva e o abdômen tende a ceder e aumentar de volume, nas porções em declive
(ALLEN, 1995; DERIVAUX; BARNABE, 1976; ROBERTS, 1956; ROBERTS, 1979).
Muitas vezes, quando secreção vaginal, o proprietário considera prolongamento do
cio. Pode haver vômitos. O abdômen pode estar distendido, e gestação deve ser considerada.
Óbito pode ocorrer devido a uma t oxemia ou associado a uma peritonite devida à perfuração
do corno (ARTHUR; NOAKES; PEARSON, 1982).
Segundo Borrensen (1979), dos casos de piometra atendidos no Veterinary College of
Norway, 90% dos pacientes apresentaram desvios de apetite e ingestão de água. A polidipsia
foi o sinal clínico mais frequente. Cinqüenta e três por cento dos animais apresentavam
secreção vulvar.
A supressão da eritropoiese também pode ocorrer devido à toxemia (ALLEN, 1995). A
distensão do abdômen torna-se marcante, assemelhando-se à ascite (CRAIG, 1937).
Nos casos de piometra aberta, observa-se grande quantidade de bactérias e neutrófilos
no esfregaço vaginal; a quantidade de neutrófilos indica o grau de toxidez (CHRISTIANSEN,
1988).
O aumento uterino pode ser d ifícil de ser detectado pela palpação, principalmente se o
útero está drenando muito de seu conteúdo ou se o útero estiver aumentado, mas flácido
(NELSON; FELDMAN, 1986; ROBERTS, 1956).
31
As mucosas apresentam-se pálidas e anêmicas (DERIVAUX; BARNABE, 1976;
ROBERTS, 1979; ROBERTS, 1956) e a vulva geralmente edemaciada e hipertrofiada
(ARTHUR;NOAKES; PEARSON, 1982; DERIVAUX; BARNABE, 1976; ROBERTS,
1956).
O curso da piometra é variável. Alguns casos se revelam agudos e graves em 1 a 2
semanas e requerem atenção imediata e precoce para que se possa salvar a vida do animal. Em
outros, especialmente aqueles em que a cérvix está aberta por onde drenagem de conteúdo
purulento, a doença pode persistir por um mês ou mais (ROBERTS, 1979).
A piometra deve ser considerada em qualquer cadela de mais idade e nulípara,
apresentando sinais de doença (ARTHUR; NOAKES; PEARSON, 1982; GROOTERS, 1994;
NELSON; FELDMAN, 1986), como poliúria/polidipsia ou uma leucocitose neutrofílica
observada no hemograma (ARTHUR; NOAKES; PEARSON, 1982; NELSON; FELDMAN,
1986).
A radiografia abdominal pode ser utilizada para confirmar o aumento uterino (ALLEN,
1995; CHRISTIANSEN, 1988; DERIVAUX; BARNABE, 1976; GROOTERS, 1994;
NELSON; FELDMAN, 1986; ROBERTS, 1979). O ex ame radiográfico permite identificar a
presença de um útero distendido que esteja causando deslocamento dorsal do cólon e
deslocamento cranial do intestino delgado; este achado deve ser distinguido de uma gestação
(ALLEN, 1995). O útero pode ser visualizado radiograficamente no início da quarta semana
de gestação, até duas a quatro semanas após o parto. A visualização radiográfica do útero em
outros períodos é anormal. Na piometra uma estrutura tubular fluído-densa é observada no
abdômen ventro-caudal. A não visualização radiografica do útero, não exclui a possibilidade
da piometra estar associada com uma cérvix aberta e d renagem significante de conteúdo pela
vagina (GROOTERS, 1994; NELSON; FELDMAN, 1986).
32
A palpação profunda e extensa deve ser evitada para prevenir a ruptura da parede do
útero. Ocasionalmente, a piometra de cérvix aberta, irá drenar uma quantidade suficiente de
conteúdo uterino, impedindo assim o aumento perceptível do útero, embora o órgão ainda
assim possa estar aumentado e inflamado (NELSON; FELDMAN, 1986). Na palpação
abdominal, em casos de piometra aberta, os cornos geralmente estão espessados, irregulares, e
túrgidos, com 12 a 25 mm de d iametro (ALLEN, 1995; ARTHUR, NOAKES; PEARSON,
1982; CRAIG, 1937). Em casos de piometra fechada, a distensão uterina se assemelha a uma
gestação de sete a oito semanas. Muitas vezes um visível aumento de volume abdominal
(ARTHUR; NOAKES; PEARSON, 1982).
A contagem total de leucócitos está geralmente aumentada em cadelas com piometra
de cérvix fechada, muitas vezes excedendo 30.000 células/mm³ (DERIVAUX; BARNABE,
1976; GROOTERS, 1994; NELSON; FELDMAN, 1986). Uma neutrofilia absoluta com fases
variáveis de imaturidade celular pode aumentar, com infecção e septicemia. Uma anemia leve
normocítica, normocrômica, não regenerativa é muitas vezes associada a piometra
(GROOTERS, 1994; NELSON; FELDMAN, 1986). Observa-se ainda a ocorrência de
aumento de proteína no sangue (7,5 a 10 mg/dl) e hiperglobulinemia resultante da
desidratação (CHRISTIANSEN, 1988; GROOTERS, 1994; NELSON; FELDMAN, 1986).
Frequentemente verifica-se também uma hipoalbuminemia (CHRISTIANSEN, 1988).
Ocasionalmente, ALT e FA estão aumentados devido a danos hepatocelulares
causados por septicemia ou circulação hepática diminuída e hipóxia celular na cadela
desidratada. A ocorrência de infecção bacteriana secundária, prinicipalmente por E.coli, pode
determinar toxemia a qual interfere com a reabsorção de sódio e cloro na alça de Henle. Este
fenômeno reduz a hipertonicidade medular, prejudicando a habilidade dos túbulos em
33
reabsorver água, o que resulta em poliúria e polidipsia compensatória (NELSON; FELDMAN,
1986).
O ultrassom permite a determinação do tamanho do útero, a espessura da parede
uterinaeapresençadeacúmulodefluídosdentrodtero.Emalgunscasos,ascaracterísticas
do fluído no interior do útero (seroso ou viscoso), podem ser determinadas (ALLEN, 1995;
NELSON; FELDMAN, 1986).
O desenvolvimento mamário não exclui a possibilidade de ocorrência de piometra uma
vez que esta condição e a pseudogestação podem ocorrer concomitantemente (ALLEN, 1995).
Deve-se proceder ao diagnóstico diferencial de piometra com: gestação, insuficiência
renal, diabetes mellitus, insuficiência hepática e hipoadrenocorticismo, vaginite e neoplasia
vaginal (CHRISTIANSEN, 1988).
A ovário-salpingo-histerectomia é o tratamento de eleição para a piometra, a não ser
que o potencial reprodutivo da cadela deva ser poupado (ALLEN, 1995; ARTHUR;
NOAKES; PEARSON, 1982; CHRISTIANSEN, 1988; CRAIG, 1937; GROOTERS, 1994;
HIDALGO; COHEN; MÉNDEZ, 1986; NELSON; FELDMAN, 1986; ROBERTS, 1956;
ROBERTS, 1979; SANDHOLM; VASENIUS; KIVISTÖ, 1975). A septicemia originária do
útero infectado é, muitas vezes, responsável pela doença em estado avançado, e somente a
retirada cirúrgica do útero irá resolver o estado séptico da cadela. Antibióticos de amplo
espectro injetáveis e fluídos intravenosos com suplementação eletrolítica apropriada devem
ser utilizados imediatamente. Terapia de suporte deve ser continuada durante e após a cirurgia
(NELSON; FELDMAN, 1986). Antibióticos orais devem ser utilizados por 7 a 10 dias após a
remoção do útero infectado. As chances de sobrevivência aumentam com a implementação
destes procedimentos (DERIVAUX; BARNABE, 1976; GROOTERS, 1994; NELSON;
FELDMAN, 1986; ROBERTS, 1979).
34
Em cadelas reprodutoras valiosas, pode ser tentado o tratamento medicamentoso, mas
apenas se o animal encontrar-se em boas condições físicas (CHRISTIANSEN, 1988).
As terapias medicamentosas baseadas em estrógenos, andrógenos, alcalóides de ergot,
quinina e ocitocina são inconsistentes e muitas vezes sem sucesso. Antibióticos sistêmicos
geralmente são ineficazes como base terapêutica para a piometra canina (ALLEN, 1995;
DERIVAUX; BARNABE, 1976; NELSON; FELDMAN, 1986).
Christiansen (1988) utilizou prostaglandinas para tratamento de um pequeno número
de cadelas com piometra. A aplicação de 0,1 0,23 mg/kg de PGF2α foi seguida por
inquietude, s inais de dor severa, vômito e copioso corrimento vaginal, por um período de 10
30 minutos. Esse tratamento não foi considerado eficaz , pois embora possa curar o distúrbio,
pode, por outro lado, causar a ruptura do útero.
O tratamento cirúrgico é preferível, principalmente quando se trata de evitar toxemia e
salvar a vida do animal. Os resultados da intervenção cirúrgica são sempre satisfatórios
(DERI VAUX; BARNABE, 1976). Cadelas severamente doentes devem ser tratadas com
fluídos intravenosos e devem ser monitoradas atentamente. (NELSON; FELDMAN, 1986).
O prognóstico é de reservado a mau, pois nunca ocorre recuperação completa. A
afecção é progressiva e são frequentes as recidivas (DERIVAUX; BARNABE, 1976;
ROBERTS, 1979). A recorrência da piometra após tratamento medicamentoso é bastante
comum, podendo ser observada em até 77% das cadelas. (DERIVAUX; BARNABE, 1976;
GROOTERS, 1994). A piometra é uma das causas mais comuns de morte em cadelas de mais
idade (DERIVAUX; BARNABE, 1976; ROBERTS, 1979).
Segundo Grooters (1994), o prognóstico é bom quando realizada a
ovariohisterectomia, com mortalidade i nferior a 10 %.
35
3.1 ALTERAÇÕES HISTOLÓGICAS NO ÚTERO
De Bosschere et al. (2001) observaram no exame histológico que nenhum útero (n =
26) de cadelas saudáveis apresentou reação inflamatória.
As alterações histológicas do útero devidas à infecção são, geralmente, representadas
pela presença de neutrófilos que se agrupam no lúmen uterino e nas glândulas. Além disso,
têm-se os leucócitos que migram para o interior do epitélio. Em casos mais brandos de
infecção, verificam-se poucos neutrófilos dentro do estroma endometrial (JUBB; KENNEDY;
PALMER, 1993).
Dhaliwal, Wray e Noakes (1998) tentaram correlacionar as linhagens de E.coli isoladas
e as alterações histopatológicas da parede uterina. Linhagens O4K- e O7K+ destruíram
completamente a integridade do epitélio, enquanto que as linhagens O88K+ e K- produziram
menor efeito em termos de infiltração de células inflamatórias e grau de integridade. O estudo
realizado utilizou 34 amostras de tecido de útero, uma quantidade considerada pequena para
permitir correlações adequadas entre sinais clínicos, cepas de Escherichia coli e a severidade
das lesões, tendo em vista a diversidade das características dos sorotipos deste microrganismo.
Além disso, o estudo foi realizado em diferentes clínicas com participação de diferentes
cirurgiões, cada qual adotando um procedimento distinto para a retirada do útero,
comprometendo assim o exame histopatológico do mesmo. Os pesquisadores concluíram que
seria necessário um número de casos muito superior ao utilizado e, preferencialmente
procedentes de um único local, com participação de um único cirurgião, para padronizar a
amostragem.
36
3.2 BACTÉRIAS ENVOLVIDAS NA PIOMETRA
Olson e Mather (1978) concluíram através de cultura bacteriana que cadelas não
apresentam bactérias no útero normalmente.
Watts, Wright e Whithear (1996) observaram que bactérias foram isoladas em 100%
dos casos estudados do útero de cadelas saudáveis (n=12) durante o estro e pró-estro, e
raramente em outros estágios do ciclo reprodutivo. Essa microflora observada sempre era
similar á microflora da cérvix e da vagina. Concluíram que o número aumentado de bactérias
encontradas no útero durante o pró-estro e estro pode ser devido às condições propícias para o
crescimento bacteriano e/ou uma diminuição da resposta imunológica no útero nesse
momento.
Baba et al. (1983) observaram que a contagem de totais de bactérias na vagina no
estágio estro foi significativamente maior do que nos outros estágios. Nesse estudo,
organismos foram isolados em 62% das amostras uterinas (n=78). Em muitas amostras
examinadas, a microflora uterina era semelhante à microflora vaginal. Esses achados indicam
que o conteúdo vaginal bacteriano freqüentemente se desloca para dentro do útero, mas
somente algumas espécies sobrevivem.
Olson e Mather (1978) e Ling e Ruby (1978) observaram que a microflora vaginal era
predominantemente formada por Staphylococcus, Escherichia coli e Streptococcus.
Bjurström (1993) estudou 203 cadelas com doenças no trato genital (infertilidade,
vaginite, piometra e mortalidade de filhotes). Ele observou que as espécies mais comumente
37
isoladas foram Escherichia coli, Staphylococcus intermedius e Pasteurella multocida.Em
cadelas com piometra, o isolamento de E.coli foi o mais freqüente em cultura pura.
Oliveira et al. (1988), isolaram do conteúdo uterino de cadelas com piometra (n=70),
50,5% de Escherichia coli;7,1%deStreptococcus spp.;7,1%deProteus spp.;5,7%de
Staphylococcus aureus e2,9%deMicrococcus spp.
Gandotra et al. (1994) realizaram swabs de vagina de cadelas com piometra (n=24),
tendo isolado 38,47% de Staphylococcus aureus; 30,77% de Streptococcus spp.; 23,07% de
Corynebacterium pyogenes e 7,69% de Escherichia coli. As amostras colhidas foram de
swabs v aginais e não do conteúdo uterino, o que poderia justificar o baixo índice de
isolamentos de E. coli.
Segundo Allen e Dagnall (1982), E.coli foi o microrganismo isolado com maior
freqüência a partir de swabs vaginais em fêmeas no estro, infertéis ou com secreção vaginal e
de swabs prepuciais em cães normais. Além disso, comprovou-se que a E.coli pode ser
transmitida através do coito.
Segundo Sandholm, Vasenius e Kivistö et al. (1975), em 100 cadelas investigadas,
foram isoladas cepas de Escherichia coli a partir do trato urinário e do conteúdo uterino em 85
destas, microrganismos estes que tinham afinidade pelo epitélio do trato urinário bem como
pelo endométrio estimulado por progesterona. Verificou-se que as cepas de E.coli isoladas de
trato urinário e útero apresentavam características similares.
Segundo Dow (1958), E.coli foram isoladas a partir do muco uterino de 9 das 27
cadelas que estavam em metaestro e apresentavam piometra.
Fransson et al. (1997), isolaram E.coli de 90% das cadelas com piometra (n = 48).
Dhaliwal, Wray e Noakes (1998) isolaram E.coli de 96,3% dos 28 casos de piometra
avaliados.
38
De acordo com Hagman e Kühn (2002), a bactéria mais frequentemente isolada do
conteúdo uterino de cadelas com piometra é Escherichia coli (n=6). Foi observado através de
comparação de perfis de DNA que a piometra é causada pela E.coli originária da flora normal
dos cães e não por certos clones transmitidos por outros animais.
Wadas et al. (1996) analisaram as características de E.coli isoladas de conteúdo uterino
de cadelas com piometra e das fezes das mesmas e verificaram que eram muito similares.
Além disso, em 88% dos casos, E.coli isolada a partir do trato urinário eram idênticas ou
similares àquelas isoladas a partir dos úteros infectados. Concluíu-se que E.coli associada com
piometra canina, seria oriunda da microbiota fecal e que a infecção do trato urinário ocorre
pelo mesmo clone de E.coli que o observado no útero da cadela com piometra, tendo em vista
que as cepas isoladas eram similares embora não idênticas. Aventaram a possibilidade de que
E.coli associada com quadros de piometra seriam descendentes de certos clones de E.coli
presentes nas fezes, e que poderiam conter determinados fatores de virulência.
Segundo Hagman e Kühn (2002), as cepas de E.coli isoladas a partir de amostras de
conteúdo uterino de cadelas com piometra pertenciam a certos grupos clonais com habilidade
maior isto é, com determinados fatores de virulência, que poderiam lhes conferir maior
capacidade para infectar o útero.
Sandholm, Vasenius e Kivistö (1975) observaram receptores específicos de E.coli no
endométrio e miométrio da cadela, aumentando a colonização da bactéria no útero.
3.2.1 Enterobacteriaceae
39
As bactérias pertencentes à família Enterobacteriaceae abrangem um grupo grande e
heterogêneo de bastonetes gram-negativos, não-esporulados e anaeróbios facultativos, cujo
habitat natural é o intestino humano e animal. Possuem uma estrutura antigênica complexa
(JAWETZ; MELNICK; ADELBERG, 1982).
A maioria das bactérias gram-negativas apresenta lipopolissacarídeos complexos em
suas paredes celulares. Estas substâncias, endotoxinas, possuem vários efeitos
fisiopatológicos. Muitas enterobactérias gram-negativas também produzem exotoxinas de
importância clínica (JAWETZ; MELNICK; ADELBERG, 1982).
Nos humanos essas bactérias causam uma variedade de doenças, incluindo 30 a 35%
de todas as septicemias, mais de 70% das infecções de trato urinário, e muitas infecções
intestinais (MURRAY et al., 1998). Nos animais causam doenças como diarréia neonatal e
salmonelose em animais de produção, e infecção do trato urinário e abscessos nos animais de
companhia (HIRSCH; ZEE, 2003).
3.2.2.1 Escherichia coli
E.coli pode ser considerada como um dos microrganismos mais importantes da família
Enterobacteriaceae, sendo normalmente encontrada na microbiota entérica animal e humana
(CAMPOS; TRABULSI, 1999).
40
Algumas cepas, no entanto, são comprovadamente patogênicas para o homem e/ou
animais. No homem, o microrganismo tem sido associado a severos distúrbios
gastrointestinais (FRANCO; LANDGRAF, 1996), além de infecções extra-intestinais, com
referência especial às infecções urinárias, meningites do recém-nascido e septicemias.
Segundo Campos e Trabulsi (1999), E.coli é responsável por aproximadamente 40 a 50% da
casuística de septicemias causadas por microrganismos Gram-negativos no homem.
Nos animais, E.coli tem sido relacionada a uma grande variedade de manifestações
clínicas, incluindo diarréia, mastite, endometrite, cistite, nefrite, artrite, aborto, osteomielite,
endocardite, pneumonia, conjuntivite, septicemia, entre outras (KRUTH, 1998; RADOSTITIS
et al., 2000).
E.coli é pleomórfica, gram-negativa, bastonete não formadora de esporo que mede 2 a
3 µmxo,4a0,6µm (WOLF, 1997). A Escherichia coli faz parte da flora normal do intestino
de animais e do ser humano (JAWETZ; MELNICK; ADELBERG, 1982). Esse organismo é
associado a uma variedade de doenças nos humanos, incluindo meningite, gastroenterites,
infecções do trato urinário e sepsis. Um grande número de E.coli está presente no trato
gastrointestinal e é a bactéria mais freqüentemente encontrada na causa de sepsis, meningite
neonatal, infecções do trato urinário, e gastroenterites. A E.coli é o bastonete gram-negativo
mais comumente isolado de pacientes sépticos, e é responsável por causar mais de 80% das
infecções do trato urinário em humanos e a maior parte das infecções hospitalares, eéacausa
principal de gastroenterite em países em desenvolvimento. A maior parte das infecções (com
exceção da meningite neonatal e da gastroenterite) são endógenas. Ou seja, a flora microbial
normal da pessoa é capaz de causar infecção quando as defesas do hospedeiro estão
comprometidas. Tipicamente, a septicemia causada por bastonetes gram-negativos como a
E.coli se origina de infecções do trato urinário ou gastrointestinal. A maioria dos bastonetes
41
gram-negativos, que produz infecções do trato urinário se origina no cólon, contaminam a
uretra, ascendem pela bexiga, e podem migrar aos rins ou próstata (uma infecção ascendente,
diferentemente de uma infecção causada por meio hematógeno de um organismo ao trato
urinário) (MURRAY et al., 1998). A E.coli é a principal espécie Gram-negativa facultativa
que compõe a flora normal do trato gastrointestinal dos animais, e pode ser causa de doença
septicêmica em potros, bezerros, leitões, filhotes de cães e cordeiros; de diarréia
enterotoxigênica em neonatos de animais de produção; e de doença edematosa em suínos.
Podem ser oportunistas em quase todas as espécies animais, como na doença do trato urinário,
abscessos e pneumonia (HIRSCH; ZEE, 2003).
E.coli, quase que invariavelmente, pode ser isolada de material fecal de animais com e
sem diarréia (CASTRO; YANO, 1992). A Escherichia coli é uma das bactérias mais
comumente encontrada na diarréia canina (GUILFORD; STROMBECK, 1996; GREENE,
1998). Cepas patogênicas de E.coli são comumente isoladas de fezes de cães aparentemente
saudáveis (MARKS; KATHER, 2003).
Desta forma, a ocorrência das diferentes apresentações clínicas das colibaciloses,
depende de propriedades ou fatores de virulência, que determinam o grau de patogenicidade
do agente. Alguns destes fatores de virulência são componentes intrínsecos da estrutura
bacteriana e também são denominados endotoxinas (CASTRO; YANO, 1992). Outros, porém,
constituem-se de diferentes tipos de exotoxinas (enterotoxinas, verotoxinas, hemolisinas, fator
necrosante citotóxico), bem como propriedades que permitem a multiplicação em meio com
restrição de ferro ou a multi-resistência aos antimicrobianos (CAMPOS; TRABULSI, 1999;
GYLES, 1992; SUSSMAN, 1997).
A presença de antígenos bacterianos denominados O, K e H, localizados
respectivamente, na parede, na cápsula e no flagelo de E.coli, possibilitam a sua classificação
42
em diferentes grupos ou tipos sorológicos. Utiliz ando-se anti-soros direcionados contra estes
antígenos de E.coli, são reconhecidos atualmente 174 antígenos O, 100 antígenos K e 57
antígenos H, que convencionalmente, são designados por números arábicos. Nem todas as
cepas de E.coli possuem estes três tipos de antígenos. A identificação destes antígenos permite
o estudo epidemiológico da associação de de terminados sorogrupos e sorotipos com a
ocorrência de afecções no homem e/ou animais (CAMPOS; TRABULSI, 1999).
Os antígenos O ou antígenos somáticos ou endotoxinas correspondem à fração
polissacarídica do lipopolissacarídeo (LPS), componente comum da parede bacteriana das
enterobactérias em geral. Nos processos infecciosos envolvendo E.coli, pode ocorrer a
liberação da fração LPS da parede do microrganismo. Esta fração lipopolissacarídica interage
com as células epiteliais e também com leucócitos, provocando nestas últimas, a liberação de
potentes mediadores da inflamação. A ativação do processo inflamatório pode, determinar
tanto a morte bacteriana quanto das células do animal, provocando grave destruição tecidual e
severos sintomas sistêmicos (SANDHOLM; KORHONEN, 1995).
Apesar do reconhecimento atual de um grande número de sorogrupos de E.coli,
somente determinados grupos m-se mostrado comprovadamente patogênicos para o homem
e animais (CAMPOS; TRABULSI, 1999; ORSKOV; ORSKOV, 1992). Ainda que a função
dos antígenos somáticos não tenha sido totalmente esclarecida, acredita-se que algumas cepas
de E.coli, que possuem determinados grupos O, apresentariam material genético relacionado à
codificação para determinados fatores de virulência, incluindo a produção de toxinas (EVANS
et al., 1977).
A presença de cápsula (K) que é uma estrutura de constituição polissacarídica e
protéica circundando a parede bacteriana, auxilia na proteção do agente contra mecanismos
43
imunológicos de defesa, inibindo a ativação do sistema complemento e/ou a opsonização
(SMITH, 1992).
As cepas de Escherichia responsáveis por doenças como gastroenterites e infecções do
trato urinário possuem fatores específicos de virulência. Duas categorias principais são as
adesinas e as exotoxinas (MURRAY et al., 1998). A capacidade da grande maioria das cepas
de E.coli em manifestar seus efeitos patogênicos está relacionada ao fenômeno de adesão, que
ocorre mediante a interação do agente com as células eucarióticas, principalmente as epiteliais
(ACRES, 1983). Este mecanismo de adesão permite a liberação de diferentes toxinas do
agente para o interior celular, a invasão destas células e/ou a disseminação pelo hospedeiro
(GYLES, 1992; SUSSMAN, 1997). As E.coli conseguem permanecer no trato gastrointestinal
ou trato urinário porque são capazes de aderir nas células revestindo esses tratos e conseguem
impedir sua eliminação pela motilidade intestinal ou pela ação mecânica da urina (MURRAY
et al., 1998).
Em geral, após a adesão, as toxinas produzidas pelas cepas de E.coli interagem com
receptores nas células epiteliais, e são veiculadas para o interior da célula. A ação destas
toxinas determina diferentes efeitos no metabolismo levando, em alguns casos, à morte destas
células (ACRES, 1983).
A produção dos diferentes fatores de virulência, incluindo os fatores de colonização,
produção de toxinas, ou mesmo resistência aos antimicrobianos é regulada pelo genoma
celular e, principalmente por plasmídios, (material genético extracromossomal) que pode ser
transmitido a outras linhagens de E.coli e, ocasionalmente, para outros gêneros de
microrganismos (PADILLA; COSTA, 1999).
Nos últimos anos, as linhagens de E.coli responsáveis principalmente por distúrbios
entéricos têm sido classificadas como: enterotoxigênicas-ETEC, enteropatogênicas-EPEC,
44
enterohemorrágicas-EHEC, enteroinvasoras-EIEC, enteroagregativas-EaggEC e de aderência
difusa-DAEC (CAMPOS; TRABULSI, 1999; FRANCO; GYLES, 1992; LANDGRAF,
1996), subdivididas, fundamentalmente, pela capacidade de produção de toxinas e/ou invasão
celular. Os três patotipos que foram estudados no cão são a enterotoxigênica (ETEC),
enterohemorrágica (EHEC) e a enteropatogênica (EPEC) (MARKS; KATHER, 2003).
3.2.1.1.1 ETEC
Estimativas de 1992, feitas pela World Health Organization (WHO), indicam que 3,2
milhões dos 12,9 milhões de mortes de crianças abaixo de cinco anos de idade em países em
desenvolvimento são devido à diarréia. A causa mais importante de diarréia bacteriana em
crianças é a Escherichia coli enterotoxigênica (ETEC), Shigella spp. e Campylobacter jejuni.
Cepas de ETEC são não invasivas e causam uma diarréia de tipo secretora por produzir a
enterotoxina LT e/ou ST (SUSSMAN, 1997).
O grupo das ETEC é constituído por cepas com capacidade de produção de
enterotoxinas, restritas a um número relativamente pequeno de sorogrupos (O6, O8, O25,
O63, O78, O115, O128, O148), implicados na cas uística de diarréia nos animais e no homem
(CAMPOS; TRABULSI, 1999). As cepas de ETEC o a maior causadora de diarréia infantil
em países em desenvolvimento e representam o agente mais frequentemente responsável pela
diarréia dos viajantes (HART; BATT; SAUNDERS, 1993). Os sintomas causados por essa
infecção são geralmente, diarréia aquosa, vômitos, dores abdominais, náuseas e febre baixa, e
são similares àqueles causados pela cólera, mas mais brandos. A diarréia secretora causada
45
pela ETEC se desenvolve após um período de incubação de um a dois dias e persiste por um
período médio de 3 a 4 dias. Essa doença é raramente observada nos Estados Unidos
(MURRAY et al., 1998). A ETEC também é reconhecida como uma causa de doença
diarréica e infecções letais em porquinhos (ALEXANDER, 1994) e é associada com até 31%
dos casos de diarréia canina, principalmente em cães jovens (HAMMERMUELLER et al.,
1995; OLSON; HEDHAMMER; FARIS, 1985).
Linhagens de E.coli enterotoxigênica (ETEC) podem produzir isoladamente ou em
conjunto (mediante a regulação por plasmídios), dois tipos principais e distintos de
enterotoxinas denominadas LT (toxinas termolábeis - LT-I e LT-II), e ST (toxinas
termoestáveis - Sta e STb) (CAMPOS; TRABULSI, 1999; FRANCO; LANDGRAF, 1996). A
bactéria coloniza o intestino, onde produz LT e ST. A enterotoxina LT é relacionada com a
toxina colérica, que consiste em uma s ubunidade A e cinco subunidades B, e causa
desrregulação do sistema adenil ciclase, resultando em excesso de produção de AMP cíclico.
Isso resulta na abertura dos canais de cloro nas células cripticas e no bloqueio da absorção de
sódio e cloro. Água e eletrólitos são perdidos no lumen intestinal, l evando à diarréia,
hipovolemia, e acidose metabólica. As subunidades B se ligam ao mesmo receptor da toxina
colérica e permite a entrada da subunidade A para dentro da célula alvo. A subunidade A
interage com uma proteína de membrana (Gs), que regula a adenil ciclase. Essa interação
provoca um aumento de AMPc com a expulsão de sódio, cloro, bicarbonato de potássio, e
água para fora da célula e para dentro do lúmen intestinal (diarréia aquosa). As enterotoxinas
ST são pequenas, monoméricas, d ivididas em duas classes, Sta e STb. O receptor para Sta é a
guanil ciclase C, e essa ligação leva ao aumento de GMPc intracelular, causando um efeito
paralelo ao AMPc com a hipersecreção de fluidos (HART; BATT; SAUNDERS, 1993;
MURRAY et al., 1998; SEARS; KAPER, 1996).
46
LT-II e STb são produzidas por cepas de E.coli isoladas de animais, mas não de
humanos. Os genes de LT-I e Sta estão presentes num plasmídio transferível (MURRAY et
al., 1998). A maior parte das cepas caninas de ETEC expressa a enterotoxina ST (RITCHER;
GRUND; HELLMANN, 1984), e cepas produtoras de enterotoxina LT são raramente
encontradas em cães (HAMMERMUELLER et al., 1995; OLSON; HEDHAMMER; FARIS,
1985; RITCHER; GRUND; HELLMANN, 1984). Cepas de ETEC de cães frequentemente
foram encontradas como sendo produtoras de α-heoloisina, que é encontrada em suínos, mas
não em cepas de ETEC de humanos (BEUTIN; GEIER; ZIMMERMANN, 1995; PRADA;
BALJER; DE RYCKE, 1991). Apesar da evidência de ETEC como causadora de diarréia em
cães, a incidência real desse patotipo na diarréia canina ainda não é clara, com prevalências
relatadas em cães com diarréia de 0 a 31% (HAMMERMUELLER et al., 1995; TURK;
MADDOX; FALES, 1998). A LT-I foi isolada em humanos e suínos, e a LT-II em bovinos,
búfalos, humanos e em alimento (HIRSCH; ZEE, 2003).
3.2.1.1.2 EPEC
Embora E.coli enteropatogênica (EPEC) seja considerada um dos principais agentes
implicados na casuística de diarréia no homem (CAMPOS; TRABULSI, 1999), a sua
47
importância na ocorrência de doença em animais ainda não foi completamente esclarecida
(SUSSMAN, 1997).
Causa diarréia infantil com febre, náusea e vômito. Possui um plasmídio responsável
pela sua aderência em células epiteliais e a destruição dessas células (MURRAY et al., 1998).
As cepas EPEC foram associadas com diarréia numa gama grande de espécies animais,
incluíndo seres humanos. As cepas clássicas de EPEC são negativas para shiga toxina e
enterotoxina ST e LT, mas carregam o gene eaeA, que está localizado numa ilha de
patogenicidade conhecida como LEE (DONNENBERG, 1995). O gene eaeA codifica a
proteína intimina, que facilita a adesão do organismo à célula epitelial (DONNENBERG,
1995; JERSE; YU; TALL, 1990). As cepas eae positivas podem causar as lesões
características de adesão nas células epiteliais. A lesão característica de fixação e
esfacelamento ocorre porque um “colapso” das microvilosidades das células afetadas,
dando a aparência característica dessa lesão conhecida como A/E. Um segundo marcador de
virulência genético, bfpA, codifica um pilus, que é responsável pela aderência localizada da
EPEC nas células epiteliais intestinais (PENTEADO; AIDAR; PESTANA DE CASTRO,
2001). A doença ocorre porque o organismo adere à membrana plasmática do enterócito e
causa destruição das microvilosidades adjacentes. A adesão e destruição da arquitetura celular
ocorrem em três estágios: adesão mediada por Bfp; estimulação do vel de cálcio intracelular;
e finalmente, rearranjo da actina intracelular, levando à destruição das microvilosidades. O
contato entre a bactéria e a célula do hospedeiro no estágio final, é mediado por uma proteína
de membrana, intimina. Bfp é mediada por um plasmídio (fator de aderência da EPEC ou
plasmídio EAF), e a intimina é codificada no gene eae localizado no cromossomo da bactéria.
A diarréia ocorre devido à perda da capacidade de absorção das células infectadas. Nenhuma
toxina foi identificada até o presente momento (MURRAY et al., 1998).
48
Num estudo recente, com 122 cães com diarréia, nas E.coli de 44 dos cães (36%) foi
encontrado o gene eaeA e nenhum dos isolados desses cães produzia LT, ST, ou shiga toxina
(TURK; MADDOX; FALES, 1998). Em outro estudo, foi investigada a similaridade de
isolados de EPEC originários de cães, suínos e humanos. Encontrou-se uma homologia entre
81 a 84% das seqüências protéicas de eae, e a seqüência isolada do cão era sorologicamente
relacionada à cepa do humano (NA et al., 1997).
Não está suficientemente claro se EPEC possui potencial zoonótico, mas
provavelmente os animais (incluindo humanos) adquirem a cepa infectante por via fecal-oral
(HIRSCH; ZEE, 2003).
Nakazato et al. (2004) no Brasil isolaram E.coli de 182 amostras fecais de cães de até
cinco meses de idade em São Paulo e Campinas. Essas amostras foram avaliadas através de
PCR (reação de polimerase em cadeia). O gene eae foi encontrado em 13% de cães com
diarréia e em 8,3% de cães sem diarréia. Esses resultados confirmaram a presença de EPEC
em cães com e sem diarréia. Os fatores de virulência encontrados nessas cepas eram
semelhantes aos fatores de EPEC em humanos, sugerindo que a EPEC pode se mover entre
populações de cães e de humanos.
Holland et al. (1999) estudaram E.coli em fezes de cães saudáveis, e observaram o
gene eae em 38,3% dos isolados, o gene sta em 53,3% e ambos os genes eae e sta em 8,3%
dos isolados.
3.2.1.1.3 EIEC
49
De maneira semelhante às E.coli enteropatogênicas, as cepas enteroinvasoras (EIEC) e
enteroagregativas (EaggEC) não possuem participação definida na ocorrência de doenças em
animais. E.coli enteroinvasora pode provocar infecções intestinais em crianças e em adultos,
enquanto que a E.coli enteroagregativa ainda está sendo estudada quanto a sua capacidade de
causar diarréia nos seres humanos (CAMPOS; TRABULSI, 1999).
A E.coli enteroinvasora é responsável por uma doença diarréica em humanos
caracterizada por uma diarréia mucóide sanguinolenta (HART; BATT; SAUNDERS, 1993).
Essa diarréia é uma causa comum de doença em países em desenvolvimento, causando
sintomas de febre, dores abdominais, diarréia aquosa seguida de disenteria com muco e
sangue (MURRAY et al., 1998). Essa E.coli possui fatores de virulência associados à
S.dysenteriae (HART; BATT; SAUNDERS, 1993). Apesar da Shigella e a EIEC serem
protótipos de bactérias invasoras, essas bactérias não conseguem penetrar os enterócitos
através de seu lúmen. Em vez disso, elas passam através de células M. Uma vez que essas
bactérias penetraram o epitélio através dessas células, as cepas de EIEC evitam a fagocitose
por induzir a apoptose dos macrófagos. O mecanismo pelo qual a EIEC causa diarréia é
incerto, mas pode ser atribuída por uma enterotoxina codificada por um plasmídio
(NATARO; KAPER, 1998). Ocorre invasão e destruição de células epiteliais que revestem o
cólon (MURRAY et al., 1998).
O gene da EIEC foi amplificado por primers de PCR em fezes caninas, mas casos de
EI EC em cães são desconhecidos (PASS; ODEDRA; BATT, 2000).
A E.coli enteroagregativa causa diarréia aquosa infantil em países em
desenvolvimento, com diarréia aquosa persistente com vômitos, desidratação e febre baixa.
uma aderência agregativa mediada por plasmídio que impede a absorção de fluído no
50
intestino, provocando a diarréia. Uma toxina e uma hemolisina também foram descritas,
mas seus papéis ainda não foram definidos (MURRAY et al., 1998).
3.2.1.1.4 EHEC
Nos últimos anos, a ocorrência de E.coli enterohemorrágica (EHEC) sorotipo
O157:H7 tem sido descrita em diferentes espécies de animais, com referência especial à
espécie bovina, causando diarréia e emergindo como importante causa de doença entérica e
renal no homem (ALTEKRUSE; COHEN; SWERDLOW, 1997; FENG, 1996; TAUXE,
1997). Investigações epidemiológicas revelaram que bovinos freqüentemente carregam EHEC
nas fezes e isso pode representar uma fonte importante de infecção (WELLS et al., 1991). A
EHEC é a principal cepa causadora de doenças em países desenvolvidos com uma estimativa
de 20.000 casos ocorrendo anualmente nos Estados Unidos. A ingestão de menos de 100
bastonetes pode provocar a doença (MURRAY et al., 1998). Esse grupo de E.coli é produtor
de uma toxina chamada shiga toxina. Está presente na flora fecal de animais domésticos
saudáveis e mais frequentemente é encontrada em ruminantes (BEUTIN et al., 1993;
CAPRIOLI et al., 1993; MONTENEGRO et al., 1990). Algumas dessas EHEC são patógenas
ao homem, podendo ser transimitidas através de alimento contaminado ou contato direto com
esses animais infectados (DORN, 1988; KARMALI, 1989; RENWICK et al., 1993). Essa
infecção pode causar, em humanos, doenças severas como colite hemorrágica e síndrome
hemolítica urêmica (KARMALI, 1989). Provoca dor abdominal severa, diarréia aquosa
inicialmente, seguida de diarréia sanguinolenta e ausência de febre ou febre muito baixa. É
51
uma doença comum em meses mais quentes, com grande incidência em crianças com menos
de 5 anos de idade. A maioria das epidemias e endemias é atribuída ao consumo de carne
moída mal passada ou outros produtos derivados de carne, assim como de leite cru e sucos de
frutas contaminados por fezes de bovinos (MURRAY et al., 1998).
As toxi nas produzidas pelas EHEC são as SLTs, entre elas SLT-I, SLT-II e SLT-IIe
(O’BRIEN et al., 1993; RUSSMANN et al., 1994). EHEC foi isolada em cães saudáveis e
com diarréia (BEUTIN, 1999) e uma condição semelhante à síndrome hemolítica urêmica
foi descrita em cães da raça greyhound (HERTZKE et al., 1995).
As cepas de EHEC se aderem ás células epiteliais e produzem o mesmo tipo de lesão
A/E encontrada na EPEC. As cepas EHEC são minimamente invasivas, mas produzem uma
resposta inflamatória (O’BRIAN; LA VECK; THOMPSON, 1982). Inicialmente uma diarréia
se desenvolve nos pacientes depois que os bastonetes se aderem ao epitélio do intestino
(mediados por intimina). Em seguida, ocorre a produção de toxinas (verotoxina, Shiga toxina
ou Shiga-like toxina), mediando uma diarréia sanguinolenta e dor abdominal intensa
(MURRAY et al., 1998). As cepas EHEC são comumente referidas como E.coli
verocitogênicas (VTEC). E.coli verocitotóxi ca foi primeiramente descrita em 1977 por sua
habilidade de causar danos a células Vero cultivadas (KONOWALCHUK; SPEIRS;
STAVRIC, 1977). A verotoxina (VT ou SLT-I) é semelhante a shiga toxina da Shigella
dysenteriae tipo I (O´BRIAN; LA VECK; THOMPSON, 1982).
As duas toxinas SLT-I e SLT-II possuem cinco subunidades B e uma subunidade A,
com uma das subunidades B se ligando a um glicolipídio específico na célula do hospedeiro.
Depois que a subunidade A é inserida na célula, ela é dividida em duas m oléculas, e o
fragmento A1 se liga ao RNAr e altera a síntese protéica (MURRAY et al., 1998). Após a
aderência é produzida a SLT, que afeta as células endoteliais, resultando em lesão e perda de
52
integridade. O efeito das toxinas é local (célula endotelial localizada abaixo da célula
infectada), e sistêmico (células endoteliais situadas em outros locais do organismo, como rim
e cérebro) (HIRSCH; ZEE, 2003). A ndrome hemolítica urêmica (HUS) foi
preferencialmente associada com a produção de SLT-II, que mostrou a destruição de células
endoteliais renais seletivamente (MURRAY et al., 1998). Aproximadamente 5 a 10% dos
pacientes humanos infectados por EHEC desenvolverão HUS (HIRSCH; ZEE, 2003). Esses
organismos ainda são chamados na literatura, de E.coli produtoras de Shiga tox ina (STEC).
Dados de três estudos indicam que as cepas de E.coli carregando genes para Shiga
toxinas não estão associadas à diarréia canina, porque os dados de portadores de STEC são
similares em cães saudáveis (3,2-12,3%) e cães com diarréia (0-8,9%) (BEUTIN et al., 1993;
HAMMERMUELLER et al., 1995; TURK; MADDOX; FALES, 1998).
Uma variante da SLT-II, denominada SLT-Iie, é responsável pela lesão vascular
característica da doença edematosa dos suínos (HIRSCH; ZEE, 2003).
Mais de 50 sorotipos de EHEC foram isolados, mas, a maior parte é O157:H7
(MURRAY et al., 1998). A cepa de E.coli de sorotipo O157:H7, é um importante patógeno
transmitido por alimento ao ser humano (MEAD; SLUTSKER; DIETZ, 1995). A síndrome
urêmica hemolítica (HUS) é a complicação mais importante da infecção da E.coli O157
(BOYCE; SWERDLOW; GRIFFIN, 1995). pouca informação documentada do papel da
O157:H7 em cães, e um caso foi documentado do isolamento desse sorotipo nas fezes de um
cão. A cepa isolada era idêntica à cepa isolada de uma criança que tinha contato com o cão.
Esse achado sugere que, semelhantes aos bovinos, cães também podem servir como vetores
para a transmissão da EHEC O157:H7 (TREVENA; HOOPER; WRAY, 1996).
53
Low et al. (1988) relataram o isolamento de O157:H7 de um cão com infecção do trato
urinário. As cepas isoladas do cão foram associadas a isolados de 21% de pacientes no
Canadá.
Beutin (1999) sugeriu que cães assintomáticos poderiam agir como vetores de
transmissão das EHEC aos seres humanos.
Beutin et al. (1993) isolaram E.coli em 720 animais domésticos e identificaram como
EHEC 28,9%, sendo EHEC isolado em 66,6% dos ovinos estudadas, 56,1% dos caprinos,
21,1% dos bovinos, 7,5% dos suínos e 4 ,8% dos cães. Com esses resultados, concluíram, que
a alta incidência de EHEC em bovinos, ovinos e caprinos indica que essas espécies
representam um importante reservatório natural.
Staats et al. (2003) identificaram genes de S higa toxina (stx1estx2) em cães da raça
Greyhound com e sem diarréia (n = 60). O gene stx1 estava presente em 3% das amostras sem
diarréia e 15% das amostras com diarréia. O gene stx2 estava presente em 36% das amostras
sem diarréia e 23% das amostras com diarréia. Então a Shiga toxina estava presente em 48%
dos cães com diarréia e 25% dos cães sem diarréia. Esse trabalho concluiu que a incidência de
E.coli patogênica em cães com e sem diarréia indica um potencial zoonótico de cães para o ser
humano.
Hammermueller et al. (1995) identificaram em fezes de cães com diarréia (n=20) 8,9%
de genes VT1, 22,2% de VT2, 26,7% de STa e 4,4% de STb nas E.coli isoladas. Genes de
VT2, Sta e STb não foram identificados em fezes de cães saudáveis. O gene VT1 foi
observado em proporções similares em amostras de fezes diarréicas (8,9%) e de fezes de cães
saudáveis (12,3%). A enterotoxina LT1 não foi detectada em nenhuma das amostras fecais
observadas. Concluíram que os cães são capazes de serem portadores de E.coli produtora de
VT1 sem apresentar sintomas de doença.
54
Wilson et al. (1992) observaram que E.coli produtora da toxina VT pode estar
presente em bovinos e suínos sem causar doença.
Von Sydow et al. (2004) isolaram uma cepa de E.coli positiva para VT2 de amostras
de fezes de cães saudáveis (n=200).
3.2.1.1.5 UPEC
Algumas cepas de E.coli podem se comportar como patógenos oportunistas causando
infecções extra-intestinais em humanos e animais (PEETERS, 1994). Cepas de E.coli
causando infecções extra-intestinais em cães e gatos foram associadas com alguns grupos O
que também são freqüentemente isolados da flora fecal normal desses animais (LOW et al.,
1988). As mesmas observações foram feitas sobre cepas de E.coli causando infecções extra-
intestinais em humanos (J OHNSON, 1991). Dentro desse grupo temos as E.coli
uropatogênicas (UPEC) (PEETERS, 1994). São as Escherichia coli que causam doenças do
trato urinário tanto em humanos como em animais. A E.coli se move do trato gastrointestinal
para o trato urinário. A maior parte das infecções de trato urinário começa com a colonização
do colón por uma cepa de E.coli que é capaz de causar infecções do trato urinário.
(SAYLERS; WHITT, 2002).
A E.coli foi a bactéria mais comumente isolada de urina de cães (46%) e gatos (31,4%)
com cistite (DWIGHT; HIRSH, 1973).
Nos humanos, as infecções de trato urinário mais comuns são causadas por cepas
uropatogênicas de E.coli (>80% dos casos). Klebsiella e Proteus, bactérias gram negativas,
55
estão em segundo lugar entre as bactérias causadoras de infecções de trato urinário. A maior
parte dessas infecções ocorre em meninas com menos de dez anos e em mulheres entre 20 e
40 anos de idade. A infecção no homem ocorre, mas com menor incidência. Isso se devido
à distância do colón e da uretra na mulher ser menor do que no homem, e a uretra do homem é
maior que o da mulher dificultando a entrada da bactéria. Além disso, o trato genital feminino
é mais facilmente colonizado por bactérias pela umidade do que no masculino. Acredita-se
que a susceptibilidade tem uma predisposição genética. São muito comuns essas infecções
serem recorrentes, e isso se devido a reinfecção pelas bactérias do colón (SAYLERS;
WHITT, 2002). A incidência de cistite em cadelas aumenta com a idade. Na maior parte dos
casos de infecção de trato urinário, a cepa de E.coli foi isolada da urina (PEETERS, 1994). As
infecções urinárias são quase sempre infecções ascendentes. Ou seja, a bactéria infecta
primeiramente a uretra (uretrite) e a bexiga (cistite). Em alguns casos, a infecção continua
ascendendo, e os rins são infectados (pielonefrite) (SAYLERS; WHITT, 2002).
A colonização da vagina, principalmente a área em volta da abertura uretral, também
aumenta a oportunidade da bactéria de entrar na abertura uretral. No trato vaginal, a maior
parte dos nichos disponíveis está ocupada por microflora residente, principalmente
lactobacilos. Qualquer desequilíbrio da microflora residente abre um meio para a colonização
do trato vaginal por E.coli ou outros patógenos potenciais (SAYLERS; WHITT, 2002).
Apesar de grande parte das cepas de E.coli terem a capacidade de provocar infecções
do trato urinário, a doença é mais comum com certos sorotipos específicos (MURRAY et al.,
1998). A chave das bactérias uropatogênicas é sua habilidade de aderir na mucosa da bexiga.
Sem essa habilidade as bactérias seriam eliminadas pela ação mecânica da urina. Além disso,
as bactérias aderentes ficam mais próximas de células mucosas e assim estão numa posição
para provocar uma resposta inflamatória. Um número grande de adesinas da E.coli foi
56
reconhecido. O pili Tipo 1 são relacionadas à colonização do trato vaginal, e uma contribuição
pequena na bexiga. A adesina mais importante, principalmente nas cepas que causam
infecções renais é o pili P. Os genes envolvidos na síntese do pili P s ão designados pap (pili
associado com pielonefrite). Genes codificando o pili P estão aglomerados no cromossomo da
bactéria. A regulação do gene pap é complexa. A expressão dos genes pap muda em resposta
à temperatura, nível de glicose no meio, e concentrações de aminoácidos (SAYLERS;
WHITT, 2002). Receptores da fímbria P estão presentes nos eritrócitos de humanos, suínos,
pombos, frangos, caprinos e cães (PARRY; ROOKE, 1985).
Cepas que possuem a fímbria P produzem uma infecção disseminada quando
administradas através da via intravenosa a camundongos, sugerindo que a fímbria P pode ter
um papel importante fora do trato urinário (VAN DEN BOSCH et al., 1982).
Estudos em animais sugerem que a fímbria P é importante na localização da infecção
no trato urinário superior, que promove uma resposta inflamatória aumentada no local, e que
contribui para a infecção renal (JOHNSON, 1991).
Johnson, Stell e Delavari (2001) analisaram 63 amostras de fezes de cães colhidos no
ambiente urbano em Minnesota (EUA). E.coli foi isolada de 30% das amostras, e em 56%
dessas foi observado o gene pap. Também observaram que mais de 50% dessas amostras com
ogenepap eram diretamente relacionadas com isolados de humanos com cistite, pielonefrite,
bacteremia ou meningite. Com esses dados concluíram que ExPEC (E.coli patogênica extra-
intestinal) é bastante prevalente em fezes caninas, que conseqüentemente poderia ser um
reservatório de ExPEC para a aquisição de humanos.
Wullt et al. (2001) observaram que a fímbria P pode ter um importante papel na adesão
bacteriana e colonização do endométrio na patogênese da piometra.
57
Além dos pili, existem as fímbrias S (sfa), que se constituem em importantes adesinas
associadas a doenças no trato urinário tanto em humanos como em animais (SAYLERS;
WHITT, 2002).
As cepas uropatogênicas possuem também adesinas que não são pili, como as adesinas
afimbriais (afaI e afaIII) e adesina Dr. (SAYLERS; WHITT, 2002). A aderência é uma etapa
importante na infecção da bexiga, mas a habilidade da bactéria de crescer rapidamente na
urina também pode ser um fator crítico para a virulência de u ropatógenos (GORDON;
RILEY, 1992).
A resposta inflamatória presente nessas infecções provocadas por E.coli édevid
estimulação por LPS e pela produção de exotoxinas. Algumas E.coli uropatogênicas
produzem uma toxina extracelular originalmente chamada de hemolisina porque ela lisa
eritrócitos e também destrói outros tipos celulares, levando à liberação de citocinas e
estimulação de uma resposta inflamatória (MURRAY et al., 1998; SAYLERS; WHITT,
2002). A alfa hemolisina lisa eritrócitos de todos os mamíferos e até de peixes (RENNIE;
ARBUTHNOTT, 1974). Essa alfa hemolisina é uma toxina protéica citolítica secretada pela
maioria das E.coli hemolíticas (CAVALIERI; BOHACH; SNYDER, 1984). A produção de
hemolisina é codificada por um gene hly localizado em isolados de E.coli num plasmídeo nas
cepas de animais (WELCH; HULL; FALKOW, 1983). Essa hemolisina pertence a uma
família de proteínas designadas hemolisinas RTX. As toxinas RTX agem criando poros nas
membranas celulares dos eucariótas. O uso de cálcio pela toxina, é necessário para a formação
do poro. O cálcio se liga à toxina na região que contém o aminoácido repetido. Níveis altos de
toxina lisam células por causa da formação dos poros que liberam componentes
citoplasmáticos. Esse tipo de ação pode causar lesão renal. Entretanto, níveis de toxinas
baixos demais para causar a lise, podem causar efeitos variados nas funções da célula
58
eucariótica, como a liberação de citocinas, e a produção de superóxido pelas células renais.
Experimentos em modelos animais comprovaram que a hemolisina media a lesão renal. Além
disso, cepas de Proteus produz em uma hemolisina muito similar à HlyA da E.coli, e causam
infecções renais (SAYLERS; WHITT, 2002). E.coli produz pelo menos duas hemolisinas,
denominadas alfa e beta, que formam zonas claras no Agar sangue. A hemolisina beta é ligada
à célula, e pouco se conhece a respeito de seu papel na virulência. A hemolisina alfa é uma
proteína secretada por cepas virulentas. A hemolisina lesa membranas celulares (HIRSCH;
ZEE, 2003).
Além de causar a lise de eritrócitos, a hemolisina é tóxica a uma variedade de células
do hospedeiro de certas maneiras que provavelmente contribuem à inflamação, lesão tecidual,
e combate às defesas do hospedeiro (BHAKDI, 1989). Monócitos e granulócitos são
altamente suscetíveis á citotoxina da hemolisina, e os linfócitos são relativamente resistentes
(GADEBERG; ORSKOV; RHODES, 1983).
Em algumas cepas, a produção de hemolisina é diminuída em condições com alto teor
de ferro, e aumentada em condições com baixo teor de ferro (MACKMAN et al., 1986). A
produção de hemolisina também é associada com aderência em células epiteliais (HUGHES et
al., 1983), mas não foi relacionada com produção de aerobactina (ORSKOV SVANBORG
EDEN; ORSKOV, 1988) ou com presença de afa (LABIGNE-ROUSSEL; FALKOW, 1988).
Alguns estudos mostraram que a p rodução de Hly é uma propriedade associada com
cepas de Escherichia coli que causam infecções extra-intestinais em humanos (CAPRIOLI et
al., 1987; HUGHES et al., 1983). Cepas de E.coli isoladas de cães e gatos com infecção do
trato urinário têm uma alta prevalência de hly (WILSON et al., 1988).
59
Na infecção do trato urinário em humanos, a produção de hemolisina é mais comum
em cepas de pacientes com pielonefrite (49%), seguido pelos pacientes com cistite (40%)
(BROOKS; BENSEMAN; PECK, 1981).
Low et al. (1988) compararam genes pap e hly de cães (n=4) e humanos (n=6) com
infecção do trato urinário, e observaram que todos os isolados tinham o DNA similar. Esses
resultados sugeriram que algumas cepas de E.coli podem ser capazes de infectar tanto cães
como humanos.
O fator necrosante citotóxico (cnf) tem sido descrito, em anos recentes, associado à
uma grande variedade de infecções no homem e em animais, sendo considerado um
importante mecanismo de virulência de E.coli (WRAY; WOODWARD, 1997).
No homem, a primeira descrição de E.coli produtora de cnf foi realizada a partir da
ocorrência de infecção entérica em uma criança (CAPRIOLI et al., 1983). Embora a produção
de cnf ocorra geralmente em cepas isoladas de distúrbios entéricos no homem (DE RYCKE;
GONZALES; BLANCO, 1990), o fator necrosante citotóxico tem s ido identificado em
diferentes afecções extra-intestinais, especialmente em casos de septicemia e infecções do
trato urinário (ALONSO; BLANCO; GONZALES, 1987; CAPRIOLI, 1987). Em animais o
cnf tem sido isolado nas espécies suína, canina e felina (DE RYCKE; GONZALES;
BLANCO, 1990; OSWALD et al., 1991).
Dois tipos de fatores necrosantes citotóxicos, cnf1 e cnf2, j á foram descritos. A
produção de cnf1 é associada com a produção de α-hemolisina, e cepas de E.coli produtoras
de cnf1 já foram isoladas de infecções intestinais e extraintestinais de cães assim como de
fezes de cães assintomáticos (POHL; OSWALD; VAN MUYLEM, 1993). cnf2 não foi
relatado em cães (POHL; OSWALD; VAN MUYLEM, 1993; PRADA; BALJER; DE
RYCKE, 1991). Esses cnfs interagem com uma proteína Rho ligada a guanosina 5’-trifosfato
60
da célula epitelial, resultando em pregueamento da membrana. O gene que codifica CNF1 está
localizado no cromossomo (ilha de patogenicidade), um lócus que também contém o gene
para inúmeros fatores de virulência codificados cromossomicamente como, hemolisina,
resistênciaséricaeaproteínadeaderênciaPap.Ogenequecodificacnf2 é localizado no
plasmídio (HIRSCH; ZEE, 2003). A produção de cnf1 é intimamente relacionada a cepas de
E.coli que causam doenças extra-intestinais em cães e gatos, mas a contribuição de cnf1
nessas doenças não é bem conhecida (BEUTIN, 1999). cnf2 foi isolada raramente de gatos e
não foi detectado em cães. Cepas de E.coli produtoras de cnf1 foram isoladas de infecções
intestinais e extra-intestinais de cães assim como de fezes de cães assintomáticos com
porcentagens de isolamento muito semelhantes (POHL; OSWALD; VAN MUYLEM, 1993).
Nolte et al. (1993) observaram que o grau de infiltração de células inflamatórias no
epitélio endometrial era maior em presença de cnf.
Caprioli et al. (1987) observaram que 70% das cepas de E.coli isoladas de fezes ou
infecções extra-intestinais em humanos eram capazes de produzir também o fator cnf.
Yuri et al. (1998) demonstraram que E.coli isolada de urina de cães e gatos com
infecção do trato urinário freqüentemente possuíam os mesmos fatores de virulência
uropatogênicas que as cepas isoladas de humanos.
Outros fatores também contribuem para a virulência das E.coli uropatogênicas, como a
aquisição de ferro. Essas E.coli possuem diversos mecanismos de sequestro de ferro,
incluíndo sistemas sideróforos (SAYLERS; WHITT, 2002).
O ferro é necessário a todas as células vivas (WEINBERG, 1978). A E.coli utiliza o
ferro para o transporte e armazenamento de oxigênio, síntese de DNA, transporte de elétrons e
no metabolismo de peróxidos (BAGG; NEILANDS, 1987).
61
Uma parte da resposta do hospedeiro á infecção é reduzir a quantidade de ferro
disponível para o patógeno invasor através da diminuição da absorção intestinal de ferro,
sintetizando proteínas adicionais de ferro, e deslocando o ferro do plasma para o
armazenamento intracelular (WEINBERG, 1978). Com isso, a bactéria fica frente a um
desafio para conseguir suprir suas necessidades de ferro durante a infecção. Na E.coli,a
aerobactina (gene iuc iron uptake:chelate), um sideróforo, é a mais efetiva dentre os
sistemas de quelação de ferro utilizadas pelas bactérias entéricas para a aquisição de ferro (DE
LORENZO; MARTINEZ, 1988).
Sideróforos permitem aos microorganismos adquirir ferro a partir do meio ambiente.
Para se multiplicar no interior do hospedeiro, os microrganismos precisam adquirir ferro das
proteínas carreadoras de ferro do hospedeiro, por causa da pequena disponibilidade de ferro
livre no hospedeiro. Sideróforos que removem ferro das proteínas carreadoras são necessários
para que a bactéria possa ter capacidade invasiva (HIRSCH; ZEE, 2003).
Cepas com o sistema de aerobactina têm uma vantagem de crescimento em condições
com pouco ferro, incluindo sangue e urina diluída (BRAUN; BRAZEL-FAISST;
SCHNEIDER, 1984; MONTGOMERIE et al., 1984).
OsistemaaerobactinaeafímbriaPsãonormalmenteencontradosemconjuntoem
isolados de pacientes humanos com infecção do trato urinário (JACOBSON et al., 1988).
Plasmídios carreando a região da aerobactina ás vezes, também carreiam genes de resistência
a antimicrobianos (DELGADO-IRIBARREN et al., 1987).
O sistema de aerobactina é isolado com mais freqüência em cepas de E.coli isoladas de
pacientes com pielonefrites (73%), cistites (49%), ou com bacteremias (58%) do que de
amostras de fezes (41%). Isso sugere que a aerobactina contribui para a virulência dentro e
fora do trato urinário (JOHNSON, 1991).
62
Muitas cepas possuem cápsula e são sérico resistentes, principalmente aquelas que
causam infecções renais e sistêmicas vindas de infecções do trato urinário (SAYLERS;
WHITT, 2002).
Chen et al. (2003) isolaram E.coli de cães com piometra (n=23) e de fezes de cães
saudáveis (n=24). Todas as amostras, exceto uma, possuíam pelo menos um fator de
virulência de cepas uropatogênicas. Nenhum isolado foi positivo para o gene afa1. Eles
observaram que havia uma similaridade entre as prevalências dos genes de pap, hlyA, cnf1,
afa1esfa nos isolados de piometra e as prevalências desses mesmos genes de isolados de cães
e humanos com infecção do trato urinário, sugerindo que os determinantes de virulência no
útero canino são semelhantes aos determinantes de virulência nos tratos urinários de cães e
humanos. Encontraram uma alta prevalência de pap, cnf1, hlyA e sfa nos isolados de piometra
e uma baixa prevalência de iuc e afa1.
Westerlund et al. (1987) concluíram que essa prevalência baixa de iuc, nos isolados
caninos, indica que as cepas caninas utilizam sistemas diferentes para o seqüestro de ferro.
O fator de resistência aos antimicrobianos ou fator, encontrado em algumas cepas de
E.coli, também constitui importante fator de virulência. Este fator pode ser transmitido a
outros microrganismos da mesma espécie, favorecendo a manutenção de linhagens resistentes
às diferentes drogas dificultando, conseqüentemente, a terapia antimicrobiana frente a
infecções desencadeadas pelo agente (TRABULSI; TOLEDO, 1999). Adicionalmente,
evidências têm apontado que cepas de E.coli, de origem animal, adquiridas pelo homem por
via oral, podem transferir o fator R às cepas do mesmo microrganismo de origem humana
(HIRSCH; WIGER, 1978). Essa bactéria tem uma incidência elevada de resistência a
antibióticos por causa da presença de uma parede celular gram-negativa e uma incidência alta
63
de transferência conjugativa de determinantes de resistência (MONAGHAN; TIERNEY;
COLLERAN, 1981).
Os cães e gatos pertencem àquelas espécies de animais que estão vivendo próximos ao
humano por milhares de anos. Como conseqüência, contatos entre humanos, cães e gatos são
numerosos e a possibilidade de transmissão de microrganismos entre essas diferentes espécies
de hospedeiros é extremamente alta (BEUTIN, 1999). A transmissão de E.coli patogênica
enteral e extra-intestinal entre cães e humanos foi relatada por Beutin (1999). Whittam,
Wolfe e Wilson (1989) observaram que cepas de E.coli uropatogênicas de humanos, cães e
gatos eram similares geneticamente. Low et al. (1988), sugeriram que cepas de E.coli de
humanos e de cães poderiam ser transmitidas como patógenos urinários entre cães e humanos.
Senior, Deman e Svanborg (1992) observaram que fenotipicamente, a maioria das E.coli
uropatogênicas de cães aglutinavam eritrócitos caninos, mas não aglutinavam eritrócitos de
humanos, e que aderiam a células uroepiteliais de cães, mas não de humanos, no entanto,
cepas de E.coli de humanos agiam de modo contrário.
Cães e gatos podem ter um papel importante na transmissão como vetores de E.coli
para outros animais e para o humano. Diversos estudos indicaram que a transmissão, de
clones de E.coli uropatogênicas similares aos clones fecais, entre humanos, cães e gatos
ocorreu e pode ocorrer novamente (WHITTAM; WOLFE; WILSON, 1989). Beutin (1999)
observou que alguns tipos isolados de E.coli patogênica extra-intestinal, de cães, gatos e
humanos foram encontrados como sendo geneticamente próximos, mas mostraram diferenças
nas suas adesinas fimbriais P, que determinam especificidade pelo hospedeiro.
3.2.1.2 Klebsiella pneumoniae
64
Bactéria gram-negativa com cápsula, imóvel e pertencente à família
Enterobacteriaceae. Isolada normalmente da flora intestinal de humanos e animais
(JAWETZ; MELNICK; ADELBERG, 1982; KRIEG, 1984). O membro mais comumente
isolado desse gênero é K.pneumoniae (MURRAY et al., 1998). A K.pneumoniae aparece nas
vias respiratórias e nas fezes de aproximadamente 5% dos indivíduos normais da população
humana. Pode ser isolada de conteúdo intestinal, solo, água, sementes e outros. Conhecida
originalmente como patógeno respiratório, hoje em dia é comumente encontrada em infecções
respiratórias e urinárias (JAWETZ; MELNICK; ADELBERG, 1982; KRIEG, 1984).
Organismos desse gênero são patógenos oportunistas que podem causar bacteremia,
pneumonia, infecções do trato urinário, e diversos outros tipos de infecção. O trato
gastrointestinal é considerado um dos principais reservatórios e principal fator de transmissão.
K.pneumoniae também causa metrite em éguas e mastite em bovinos (KRIEG, 1984).
Membros do gênero Klebsiella têm uma cápsula proeminente, que é responsável pela
aparência mucóide de colônias isoladas e pela virulência aumentada desse organismo
(MURRAY et al., 1998). Algumas cepas de K.pneumoniae produzem uma enterotoxina
termoestável que promove hipersecreção de líquidos e eletrólitos na luz do intestino delgado
e, assim, provoca diarréia. Aparentemente, a enterotoxina possui propriedades semelhantes às
da enterotoxina termoestável da E.coli. Existe a possibilidade dos plasmídeos carreando genes
apropriados terem sido transferidos de E.coli para tornar as bactérias de Klebsiella
toxigênicas. Estes plasmídios poderiam também, ser transferidos para Citrobacter entre outros
(JAWETZ; MELNICK; ADELBERG, 1982). Nos últimos anos ouve um aumento no número
65
de infecções causadas por bactérias do gênero Klebsiella, devido a cepas com resistência
múltipla a antimicrobianos (KRIEG, 1984).
3.2.1.3 Salmonella
A Salmonella spp primariamente tem motilidade, não forma esporos, é um bastonete
gram negativo aeróbico da famíla Enterobacteriaceae (JAWETZ; MELNICK; ADELBERG,
1982; MEAD; SLUTSKER; DIETZ, 1999). Como outros membros da família
Enterobacteriaceae, as salmonelas possuem vários antígenos O e diferentes antígenos H
(JAWETZ; MELNICK; ADELBERG, 1982). atualmente mais de 2000 sorotipos descritos
da Salmonella que foram associadas com doenças humanas e em animais. A Salmonella spp
é uma das principais causadoras de doença transimitida por alimento no ser humano,
estimando 1,4 milhões de casos por ano nos Estados Unidos (MEAD; SLUTSKER; DIETZ,
1999; MURRAY et al., 1998). O reservatório dos integrantes do gênero Salmonella éotrato
gastrointestinal de animais de sangue frio e quente (HIRSCH; ZEE, 2003). A maior parte das
salmonelas é patogênica principalmente em animais que constituem o reservatório da infecção
humana. Os animais acometidos incluem aves domésticas, porcos, roedores, gado bovino,
mascotes e muitos outros. No homem as salmonelas produzem três tipos principais de
enfermidades; as “febres entéricas”, bacteremia com lesões focais, e enterocolites (JAWETZ;
MELNICK; ADELBERG, 1982). As fontes de infecção são alimentos e bebidas contaminados
por salmonelas. Outras fontes como solo contaminado, vegetação, água, leite e outros
lacticínios, mariscos, ovos em ou congelados, coco dessecado, carne e seus derivados,
66
corantes de origem animal, animais de estimação, fezes de casos subclínicos ou portadores e
portadores são importantes (HIRSCH; ZEE, 2003; JAWETZ; MELNICK; ADELBERG,
1982). Apesar de muito ser conhecido a respeito das relações genéticas das cepas de
Salmonella, epidemiologia das infecções, e manifestações clínicas da doença, pouco se é
conhecido sobre o papel específico dos fatores de virulência. Após a ingestão e passagem
através do estômago, organismos de Salmonella são capazes de invadir e se replicar nas
células revestindo o lúmen do intestino. A aderência da bactéria as microvilosidades na
superfície da célula estimula o rearranjo da actina, com englobamento da bactéria com
vesículas endocíticas. A bactéria se mantém nas vesículas e se replicam até a célula sofrer lise
(MURRAY et al., 1998). Os integrantes do gênero Salmonella secretam exotoxinas. Foram
descritas três dessas toxinas, cada uma afetando uma célula-alvo (geralmente uma célula
epitelial do intestino). Uma delas desregula a síntese de nucleotídeos cíclicos, outra
interrompe a síntese protéica e uma terceira possui atividade de fosfolipase A. A enterotoxina,
Stn,diferedatoxinacoléricaedatoxinaLT.AStn produz níveis aumentados de AMPc com
resultante influxo de íons e líquido para o lúmen intestinal, resultando em diarréia. A
citotoxina causa morte da célula-alvo por interrupção da síntese protéica. A morte celular
poderia resultar em anormalidades de secreção e absorção que se manifestaria sob a forma de
diarréia. E, a proteína com atividade de fosfolipase A, produziria fluxo de líquido em virtude
de sua atividade n a via do ácido araquidônico. A salmonela produz sideróforos quando cresce
em condições sob restrição de ferro. Plasmídios de vários tamanhos foram associados a
virulência em salmonela (HIRSCH; ZEE, 2003).
OisolamentodeSalmonella spp de cães adultos é de 0 a 2% em animais não diarréicos
e 0 a 1% em cães diarréicos (FUKATA; NAITO; YOSHIDA, 2002; MARKS; KATHER;
KASS, 2002). Salmonella é isolada mais comumente de filhotes e animais de canis, mas, a
67
maior parte dos cães é portador assintomático (MARKS; KATHER, 2003). Joffe e
Schlesinger (2002) avaliaram a prevalência de Salmonella em cães que eram alimentados com
frango cru, e isolaram Salmonella spp em 80% das amostras de frango e em 30% das amostras
de fezes.
3.2.1.4 Proteus
São bastonetes gram-negativos e móveis. A maioria das espécies é de vida livre e
podem ser encontradas na água, no solo, no esgoto, e algumas podem ser encontradas na flora
intestinal normal. Provocam enfermidades apenas quando abandonam seu habitat normal no
intestino (JAWETZ; M ELNICK; ADELBERG, 1982). Aproximadamente, um quarto da
população humana, carrega o Proteus no intestino, e o próprio paciente pode adquirir uma
infecção através de sua própria flora. Infecções também podem ser adquiridas através de
transmissão da bactéria de outros infectados ou de um reservatório. Ocorrem também no
intestino de camundongos, ratos, macacos, cães, gatos, bovinos, suínos, aves e répteis
(KRIEG, 1984). São encontrados, com freqüência, em infecções urinárias crônicas (JAWETZ;
MELNICK; ADELBERG, 1982). A infecção do trato urinário por Proteus mirabilis éa
doença mais comum causada por esse gênero. Cepas de Proteus produzem grandes
quantidades de urease, que divide a uréia em dióxido de carbono e amônia. Isso aumenta o pH
da urina e facilita a formação de pedras renais. O aumento da alcalinidade da urina é também
tóxico ao uroepitélio (MURRAY et al., 1998). Infecções urinárias causadas por Proteus
68
podem levar a uma bacteremia que são difíceis de tratar e muitas vezes levam a óbito
(KRIEG, 1984).
3.2.1.5 Morganella morganii
Bactérias bastonetes gram-negativas e m óveis, pertencentes à família
Enterobacteriaceae. Ocorrem nas fezes de humanos, cães, e outros mamíferos e répteis.
Invasoras oportunistas, isoladas de bacteremias, trato respiratório, e infecções de trato
urinário. Infecções primárias em pacientes imunocompetentes são raras (JAWETZ;
MELNICK; ADELBERG, 1982).
3.2.1.6 Citrobacter
Bactérias bastonetes gram-negativas e móveis (JAWETZ; MELNICK; ADELBERG,
1982). Infecções primárias em pacientes imunocompetentes são raras (KRIEG, 1984).
Membros do gênero Citrobacter ocorrem em fezes de humanos e animais saudáveis, e
também na água, esgoto, solo e alimento. Nas infecções são isolados de diarréia e urina, e
podem causar bacteremia, meningite, otite e abscessos. Casos de m eningite neonatal causado
por C.diversus foram relatados (KRIEG, 1984).
69
3.2.2 Pseudomonas aeruginosa
Bactéria bastonete gram-negativa, aeróbica, móvel, pertencente à família
Pseudomonadaceae e residente normal da flora do intestino de humanos e animais. Produz
pigmentos hidrossolúveis, os quais se difundem nos meios de cultura. Está amplamente
distribuída no solo, água, esgotos e ar. Também pode ser encontrada na pele humana e fezes
de animais normais. Pseudomonas são uma mistura complexa de patógenos oportunistas de
plantas, animais, e humanos. A P.aeruginosa é patogênica quando introduzida em áreas
desprovidas das defesas normais ou quando participa de infecções mistas (JAWETZ;
MELNICK; ADELBERG, 1982; MURRAY et al., 1998). Nos últimos anos, devido ao uso
intenso de antimicrobianos a quais as espécies de Pseudomonas são resistentes, esses agentes
têm se tornados importantes em infecções de humanos e animais. A P.aeruginosa é
atualmente a mais significativa desses patógenos oportunistas (KRIEG, 1984). Muitas cepas
de P.aeruginosa podem produzir uma exotoxina que inibe a síntese protéica e promove
necrose tecidual. Embora a toxina possua propriedades necróticas, seu papel exato nas
infecções ainda é indeterminado (JAWETZ; MELNICK; ADELBERG, 1982; MURRAY et
al., 1998). P.aeruginosa possui diversos fatores de virulência, incluindo componentes
estruturais, toxinas, e enzimas. A aderência de P.aeruginosa a células de hospedeiro é
mediada por adesinas. A P.aeruginosa produz uma camada mucóide que a protege de
fagocitose. Causa doenças como infecções do trato respiratório, trato urinário, ouvido, e olho.
Também pode causar bacteremia, endocardite e gastroenterite. Consegue crescer em
70
praticamente qualquer ambiente com um mínimo de requerimentos nutricionais e tolera uma
grande variedade de temperaturas (MURRAY et al., 1998).
3.2.3 Staphylococcus
Os estafilococos são bactérias cocos gram-positivos, não móveis, anaeróbicos
facultativas. O nome Staphylococcus é derivado do termo grego staphylé, significando “um
cacho de uvas”. Esse nome se refere ao fato das células desses cocos gram-positivos
crescerem de uma forma que se assemelha a um cacho de uvas. Esses organismos estão
presentes na pele e membranas mucosas de humanos, assim como na pele e membranas
mucosas de outros mamíferos e pássaros. Staphylococcus é um importante patógeno em
humanos (MUR RAY et al., 1998). Alguns estafilococos patogênicos provocam supuração,
formação de abscessos, uma variedade de infecções piogênicas e até septicemia fatal, além de
infecção do trato urinário (JAWETZ; MELNICK; ADELBERG, 1982; MURRAY et al.,
1998). Normalmente, todas as pessoas têm estafilococos na sua pele, orofaringe, trato
gastrointestinal, e trato urogenital. A aderência do organismo à mucosa epitelial é regulada por
receptores para os ácidos teicóicos dos estafilococos. Os organismos podem ser transferidos
para uma pessoa ou animal suscetível através de contato direto ou através de fômites
(MURRAY et al., 1998).
Os estafilococos podem produzir doença tanto por sua capacidade de multiplicação e
disseminação ampla nos tecidos, como por sua produção de muitas substâncias extracelulares.
Essas substâncias podem ser:
71
Exotoxina: É uma mistura termolábil, filtrável e letal para animais. Provoca necrose da
pele e contém várias hemolisinas solúveis.
Leucodicina: É um material solúvel que destrói l eucócitos expostos a uma variedade de
espécies animais. Sua função patogênica é desconhecida. Os estafilococos patogênicos
podem não destruir os leucócitos e serem fagocitados o eficazmente quanto as
variedades não patogênicas. Entretanto, são capazes de uma multiplicação intracelular
muito ativa.
Enterotoxina: É um material solúvel produzido por certas cepas de estafilococos. A
enterotoxina é uma proteína que resiste à fervura durante 30 minutos, como também à
ação de enzimas intestinais.É uma causa importante de envenenamento alimentar.
Coagulase: Por definição, o S. aureus é capaz de produzir coagulase, uma proteína
enzima-símile que coagula o plasma oxalatado ou citratado na presença de um fator
contido em muitos soros. A produção de co agulase é considerada sinônima de potencial
patogênico invasor.
Outras substâncias: Entre outras substâncias extracelulares produzidas por estafilococos,
estão uma hialuronidase, ou fator de difusão; uma estafiloquinase que provoca fibrinólise;
proteinases, lípases e beta-lactamases; uma toxina esfoliativa sob o controle de plasmídeos
que pode causar a “síndrome de pele escaldada”; e uma provável toxina responsável pela
“síndrome do choque tóxico” (JAWETZ; MELNICK; ADELBERG, 1982).
Os estafilococos podem ser os microrganismos causais de pneumonia, meningite,
endocardite ou septicemia com supuração em qualquer órgão (JAWETZ; MELNICK;
ADELBERG, 1982).
72
3.2.3.1 Staphylococcus epidermidis
É uma das espécies mais comumente associada com doenças em humanos (MURRAY
et al., 1998). O habitat principal de S.epidermidis é a pele humana. Normalmente é a espécie
predominante de Staphylococcus encontrada na pele humana (SNEATH, 1986). É a mais
prevalente entre a flora cutânea residente dos animais, e também colonizam o trato
respiratório superior (HIRSCH; ZEE, 2003). S.epidermidis é reconhecido como um patógeno
oportunista (SNEATH, 1986). Às vezes causa mastite em bovinos (HIRSCH; ZEE, 2003).
3.2.3.2 Staphylococcus schleiferi
É uma das espécies mais comumente associada com doenças em humanos (MURRAY
et al., 1998). Está associado à otite externa de cães (HIRSCH; ZEE, 2003). Frank et al. (2003)
relataram que S.schleiferi é isolado de cães com piodermite recorrente.
3.2.3.3 Staphylococcus intermedius
O S.intermedius é uma espécie comum, e muitas vezes predominante, nas membranas
nasais e pele de carnívoros (cães, raposas, etc.). Também já foi isolado de narinas de éguas e
pombos. Raramente é i solado de humanos ou outros primatas. Pessoas que possuem
carnívoros domésticos (cães) podem, às vezes, carregar populações dessa espécie (SNEATH,
73
1986). Também ocorrem transitoriamente no trato gastrointestinal (HIRSCH; ZEE, 2003).
Essa espécie foi relacionada a uma variedade grande de infecções em cães, como otite,
ferimentos, piodermite e mastite. È um patógeno em potencial para animais (SNEATH, 1986).
Staphylococcus intermedius é a mais freqüente bactéria piogênica em cães, sendo a principal
bactéria envolvida na piodermite canina. Também ocorre em infecções respiratórias, genitais,
hemolinfáticas, ósseas e articulares (HIRSCH; ZEE, 2003).
3.2.3.4 Staphylococcus caprae
S.caprae é isolado de leite de cabras (SNEATH, 1986). Vandenesch et al. (1995)
isolaram S.caprae em humanos com endocardites, infecções do trato urinário e bacteremia.
Kawamura et al. (1998) observaram que cepas de S.caprae são amplamente distribuídas em
infecções em humanos, e que muitas cepas são identificadas erroneamente, por isso a
prevalência relatada até então é baixa.
3.2.4 Streptococcus
Os estreptococos são microrganismos esféricos, caracteristicamente dispostos em
cadeias, Gram-positivos, geralmente imóveis e amplamente distribuídos em natureza. A maior
parte das espécies são anaeróbicas facultativas. Eles produzem uma série de substâncias
extracelulares e enzimas. Sua capacidade de lisar as hemácias em diversos graus constitui um
74
importante critério para sua classificação (JAWETZ; MELNICK; ADELBERG, 1982;
MURRAY et al., 1998). Os estreptococos são responsáveis por um número grande de doenças
importantes no homem e nos animais. O grupo piogênico possui a maior parte dos patógenos,
mas muitas das outras espécies são comumente associadas em processos infecciosos, muitas
vezes como patógenos oportunistas. Streptococos são encontrados nas mucosas da boca, trato
respiratório, trato gastrointestinal, trato genitourinário, e pele de humanos e de animais.
Também estão presentes no leite e produtos lácteos, alguns alimentos e plantas, solo e água
contaminada por fezes (SNEATH, 1986). Podem causar infecções do trato respiratório
superior com linfadenite (eqüinos, suínos, gatos, cobaias e humanos), infecções respiratórias e
septicêmicas neonatais (potros, leitões, filhotes de cães e crianças), pneumonias e
complicações secundárias (eqüinos, primatas, pequenos carnívoros e humanos), e infecções
piogênicas não relacionadas ao trato respiratório (infecções do trato genitourinário e mastite
bovina) (HIRSCH; ZEE, 2003).
3.2.4.1 Streptococcus pyogenes
Estreptococo beta-hemolítico do Grupo A de Lancefield. Patógeno associado à invasão
local ou sistêmica e às doenças pós-estreptocócicas, causadas por reações imunológicas
(JAWETZ; MELNICK; ADELBERG, 1982). É um importante causador de variadas doenças
supurativas e não supurativas. A virulência das bactérias desse grupo, é determinada pela
75
variedade de moléculas estruturais, e toxinas e enzimas elaboradas (MURRAY et al., 1998).
Patogênico ao homem, e alguns animais. Isolado do trato respiratório, lesões de pele,
exsúdatos inflamatórios, sangue, e contaminado no ambiente (SNEATH, 1986). Possui
uma proteína M na parede celular que impede a deposição eficiente de componentes de
complemento necessários à opsonização, o que lhe confere atividade antifagocítica (HIRSCH;
ZEE, 2003).
3.2.4.2 Streptococcus canis
Provoca linfadenite cervical em gatos e cobaias, e septicemia em filhotes de cães
recém-nascidos. Também é relacionado a pneumonias e processos piogênicos inespecíficos
em cães e gatos. Já foi associado a uma síndrome semelhante à síndrome do choque tóxico e a
fascilite necrosante em cães (HIRSCH; ZEE, 2003).
3.2.5 Enterococcus faecium
Os enterococos são cocos gram-positivos, tipicamente arranjados em pares ou
pequenas cadeias e imóveis. São anaeróbios facultativos (JAWETZ; MELNICK;
ADELBERG, 1982). É um residente de tratos intestinais de humanos e da maioria dos
animais. Comum em alimentos não estéreis, mas sem contaminação fecal (SNEATH, 1986). É
76
encontrado nas infecções urinárias, cardiovasculares e nas meningites (JAWETZ; MELNICK;
ADELBERG, 1982; MURRAY et al., 1998). A maior parte das infecções com enterococos
originam da flora intestinal do próprio doente, mas esses organismos também podem ser
adquiridos de pessoa a pessoa ou animal para animal, e através de alimento ou água
contaminada (MURRAY et al., 1998).
3.2.6 Corynebacterium
As corinebactérias são bastonetes gram-positivos, imóveis, não-esporulados e
anaeróbios facultativos. Normalmente colonizam a pele, trato superior respiratório, trato
gastrointestinal, e trato urogenital de humanos (JAWETZ; MELNICK; ADELBERG, 1982;
MURRAY et al., 1998).
O C.jeikeium é um patógeno oportunista bem conhecido. Esse organismo é muito
resistente a antibióticos (MURRAY et al., 1998).
3.3 RESISTÊNCIA A ANTIMICROBIANOS
O desenvolvimento de resistência bacteriana a drogas antimicrobianas não é um
fenômeno novo e tem sido documentada desde a introdução dos antibióticos. Resistência
múltipla a drogas emergiu no final dos anos 50 e se tornou um problema significante na
medicina clínica durante os anos 60 (TENOVER; HUGHES, 1996).
77
A emergência da resistência antimicrobiana na bactéria é complexa, e geralmente
envolve a combinação de eventos incluindo mutações nos genes de resistência, troca de
material genético entre microrganismos, e aumento das pressões seletivas pelo uso abusivo de
antimicrobianos. O principal mecanismo de transferência de resistência na família
Enterobacteriaceae é através da transferência de plasmídios de resistência entre cepas por
conjugação. Esses plasmídios são moléculas de DNA extragênicos contendo genes de
resistência antimicrobiana que são transferidos entre bactérias da mesma espécie ou de
espécies diferentes (WATANABE, 1963).
O desenvolvimento de resistência antimicrobiana em animais de companhia e suas
implicações á saúde humana são pouco documentadas (NORMAND et al., 2000).
Os agentes antimicrobianos fluorquinolonas são muito utilizados na medicina humana
e veterinária (COHN et al., 2003). A enrofloxacina tem um amplo espectro de ação contra
muitas bactérias gram-positivas e gram-negativas que estão associadas a infecções do trato
urinário em cães (PLUMB, 1999). O mecanismo primário de resistência bacteriana a
antibióticos fluorquinolonas foi descrito em Escherichia coli como uma mutação
cromossomal no gene gyrA, que codifica a subunidade A da enzima DNA gyrase (BROWN;
AYMES, 1998).
Cooke et al. (2002) observaram em cepas de E.coli isoladas de cães com infecções do
trato urinário, 53% de resistência à enrofloxacina e 47% de sensibilidade. E observaram que
houve um aumento significativo de resistência, de isolados de E.coli de urina de cães, à
enrofloxacina de 1994 a 1997 num hospital veterinário na Califórnia, e que esse aumento
seguiu um aumento no uso de enrofloxacina nesse período.
Cohn et al. (2003) observaram um aumento significativo na proporção de isolados
bacterianos, de trato urinário de cães, resistentes à enrofloxacina de 1992 a 2001 na
78
Universidade de Missouri nos EUA. Apesar da eficácia desse antimicrobiano permanecer alta
com 80% dos isolados sendo suscetíveis, os dados mostram que houve um aumento na
proporção de bactérias isoladas resistentes.
Brothers, Gibbs e Wooley (2002) observaram que isolados de Pseudomonas
aeruginosa e Enterococcus spp., de cães com infecção do trato urinário, expostos à
enrofloxacina desenvolveram resistência rapidamente, enquanto que Klebsiella, Proteus e
Streptococcus spp eram menos prováveis de desenvolverem essa resistência. Nenhum isolado
de Escheri chia coli e Staphylococcus desenvolveram resistência, em algumas cepas existia
uma variação de suscetível a intermediário.
Gaynes e Monnet (1997) associaram o aumento do uso de antibióticos ao aumento da
resistência das bactérias a esses antibióticos.
Usualmente, E.coli isoladas de animais de produção são sensíveis a gentamicina,
amicacina, sulfa + trimetoprim e ceftiofur. São usualmente resistentes a tetraciclina,
estreptomicina, sulfonamidas e ampicilina (HIRSCH; ZEE, 2003).
Adwan et al. (2004) fizeram um estudo com 80 isolados de Escherichia coli de
pacientes humanos na Palestina, com infecções do trato urinário. Eles observaram 65% de
resistência à ampicilina, 75% de resistência à cefotaxima, 6,25% de resistência à gentamicina
e 1,25% de resistência à amicacina.
Cui et al. (2004) observaram 83% de resistência à ampicilina em isolados de E.coli de
pacientes com infecção no trato urogenital (n=148).
Lau, Peng e Chang (2004) observaram 80% de resistência à ampicilina, 59% à
cefalotina, 29% à gentamicina e 56% à sulfa + trimetoprim em isolados de E.coli de pacientes
com infecção do trato urinário em Taiwan.
79
Oluoch et al. (2001) isolaram E.coli de 674 cães (urina, pele, trato respiratório, ouvido,
trato reprodutivo feminino, trato reprodutivo masculino e outros órgãos sistêmicos), e
observaram 90% de sensibilidade à norfloxacina, 87,5% à enrofloxacina, 90,7% à gentamicina
e 85,9% à amicacina.
3.3.1 Bactérias Gram negativas
Resistência múltipla a antimicrobianos na família Enterobacteriaceae é baseada, na
maioria das vezes, na presença de elementos extra cromossomais chamados de fatores R. A
transmissão horizontal de resistência múltipla foi demonstrada entre membros da família
Enterobacteriaceae, como entre E.coli e Salmonella spp. (DWIGHT; HIRSH, 1973).
As bactérias da família Enterobacteriaceae são geralmente resistentes a cloranfenicol,
tetraciclina, ampicilina e sulfonamida (MARKS; KATHER, 2003).
Estão se tornando cada vez mais comuns as cepas de salmonelas resistentes ao
cloranfenicol e à ampicilina. O trimetoprim-sulfametoxazol pode ser uma droga útil
(JAWETZ; MELNICK; ADELBERG, 1982). As opções de tratamento podem ser
comprometidas por aquisição de plasmídio R, que codifica resistência a múltiplos antibióticos
(HIRSCH; ZEE, 2003).
P.mirabilis tem resistência intrínseca à polimixina. A maior parte de P.mirabilis é
resistente a cloranfenicol. Geralmente é sensível à ampicilina. O P.mirabilis pode adquirir
plasmídios que codificam resistência a antimicrobianos (KRIEG, 1984).
80
Cepas de Morganella geralmente são resistentes à ampicilina e cefalotina, e
geralmente são suscetíveis a cloranfenicol. muita variação de susceptibilidade entre cepas
à tetraciclina (KRIEG, 1984).
A terapia antimicrobiana em bactérias Citrobacter pode ser ineficaz devido a esses
organismos serem freqüentemente resistentes a múltiplos antimicrobianos (MURRAY et al.,
1998). C.diversus é susceptível a aminoglicosídeos, cefalosporinas, cloranfenicol e
tetraciclina, e geralmente é resistente à ampicilina (KRIEG, 1984).
A bactéria Pseudomonas aeruginosa é resistente à maioria dos antimicrobianos
determinada por plasmídios e pode mutar para cepas mais resistentes ainda durante a terapia
(KRIEG, 1984; MURRAY et al., 1998). A gentamicina, tobramicina e amicacina estão entre
os antimicrobianos mais efetivos contra P.aeruginosa (KRIEG, 1984). No trato urinário de
cães, a tetraciclina alcança concentrações suficientes para destruir a maioria dos isolados
(HIRSCH; ZEE, 2003).
3.3.2 Bactérias Gram positivas
Nos estafilococos, devido à freqüência de cepas resistentes aos antimicrobianos, todos
os isolados devem s er submetidos a antibiogramas, a fim de ajudar na escolha das drogas de
uso sistêmico. A resistência ao grupo da eritromicina costuma surgir tão rapidamente que
81
estas drogas não devem ser utilizadas isoladamente. A resistência à tetraciclinaeàpenicilina,
determinada por plasmídios, pode ser transmitida entra os estafilococos por bacteriófagos,
graças à transdução (JAWETZ; MELNICK; ADELBERG, 1982).
Mais de 70% dos estafilococos isolados nas comunidades dos Estados Unidos são
geralmente sensíveis às cefalosporinas ou vancomicinas (JAWETZ; MELNICK;
ADELBERG, 1982). Em geral são resistentes à penicilina, estreptomicina, tetraciclina,
cloranfenicol, eritromicina, vancomicina e sulfa+trimetoprim (HIRSCH; ZEE, 2003).
O S.epidermidis tem susceptibilidade à tetraciclina, cloranfenicol, neomicina,
eritromicina e gentamicina é variável, e a resistência a esses antibióticos são muitas vezes
mediada por plasmídios. Susceptibilidade à tobramicina, amicacina, clindamicina, oxacilina
também é variável (SNEATH, 1986).
O S.intermedius é suscetível a cloranfenicol e vancomicina. Susceptibilidade à
tetraciclina e eritromicina é variável. O S.intermedius pode carregar plasmídios, mas seu
relacionamento com a resistência a antimicrobianos ainda não foi determinado (SNEATH,
1986).
Todas as cepas de S.caprae são suscetíveis à penicilina G, eritromicina e neomicina
(SNEATH, 1986).
Todos os estreptococos beta-hemolíticos do grupo A são sensíveis à penicilina G, e a
maioria também o é à eritromicina. Alguns são resistentes às tetraciclinas. Por outro lado, os
estreptococos alfa-hemolíticos e os enterococos apresentam uma variação considerável de
susceptibilidade aos antimicrobianos (JAWETZ; MELNICK; ADELBERG, 1982; SNEATH,
1986). O uso de antimicrobianos em humanos leva ao surgimento de cepas resistentes na flora
normal (SNEATH, 1986).
82
As cepas de S.pyogenes são muito sensíveis à penicilina entre outros antimicrobianos
(SNEATH, 1986).
A terapia com antimicrobianos em infecções causadas por enterococos é complicada.
Mais de 25% dos enterococos são resistentes a aminoglicosídeos, e mais de 20% são
resistentes à vancomicina. Essa resistência é mediada por plasmídios e pode ser transferida de
uma bactéria a outra (MURRAY et al., 1998).
83
MATERIAIS E MÉTODOS
84
4 MATERIAIS E MÉTODOS
O estudo foi realizado utilizando-se as instalações do Laboratório de Doenças
Infecciosas (Bacteriologia e Micologia) do Departamento de Medicina Veterinária Preventiva
e Saúde Animal, bem como o Laboratório de Sanidade Suína do Departamento de Patologia,
ambos da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo.
4.1 COLHEITA DO MATERIAL
Foram examinadas 100 cadelas, com diagnóstico confirmado de piometra todas
atendidas no Setor de Obstetrícia do HOVET (Hospital Veterinário) da Faculdade de
Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo.
Para os exames microbiológicos foram colhidas (após cirurgia de ovário-salpingo-
histerectomia), 200 amostras do conteúdo intra-uterino, sendo uma amostra de cada corno
(volume de aproximadamente 5 mL), de cadelas com piometra, utilizando-se seringas e
agulhas (40x12) descartáveis estéreis. As amostras colhidas foram transportadas ao
laboratório em condição de refrigeração onde foram submetidas aos exames microbiológicos.
Procedeu-se também à colheita de 200 fragmentos de útero (aproximadamente 2cm²
de parede uterina) para realização de exames histopatológicos. Foi colhido um fragmento de
útero de cada corno uterino. Os fragmentos colhidos foram acondicionados em frascos
contendo formol a 10 %.
85
4.2 AVALIAÇÃO DO STATUS MICROBIOLÓGICO DE AMOSTRAS DE CONTEÚDO
UTERINO DE CADELAS COM PIOMETRA
As amostras colhidas foram cultivadas em ágar sangue de carneiro (5%)
1
e ágar
MacConkey
2
com incubação em aerobiose, a 37qC com leituras a 24-96 horas. As amostras
também foram cultivadas em ágar Sabouraud-dextrose
3
com incubação em aerobiose, em
temperatura ambiente, e mantidas por um período mínimo de 7 dias. Paralelamente as
amostras foram cultivadas em caldo BHI (Brain and Heart Infusion) e caldo Sabouraud-
dextrose, com incubação em aerobiose, respectivamente a 37qC por 24 horas e temperatura
ambiente por cinco dias. As amostras cultivadas em caldo BHI também foram semeadas em
ágar sangue de carneiro (5%) e ágar MacConkey, e as amostras cultivadas em caldo
Sabouraud-dextrose foram semeadas em ágar Sabouraud-dextrose, sendo a incubação destas,
similar à descrita anteriormente para o cultivo inicial.
Os microrganismos isolados foram identificados de acordo com Lennette et al. (1985)
e classificados segundo Kreeger-Van-Rig (1984), Krieg e Holt (1994) e Murray et al (1999).
1
Blood agar base - Oxoid - Hampshire - U.K.
2
MacConkey agar - Oxoid - Hampshire - U.K.
3
Sabouraud-dextrose agar - Oxoid - Hampshire - U.K.
86
4.3 CONTAGEM DE UNIDADES FORMADORAS DE COLÔNIAS DE
MICRORGANISMOS EM AMOSTRAS DE CONTEÚDO INTRA-UTERINO DE
CADELAS COM PIOMETRA
A partir das amostras de conteúdo oriundo de piometra das quais foram isolados
microrganismos, foram preparadas diluições das mesmas em solução fisiológica estéril
(0,85%).
A partir de cada diluição foi colhida uma alíquota de 0,1 mL para cultivo (utilizando-
se a técnica de spread plate ou, espalhamento em placas) em duplicata em ágar Plate-Count,
com incubação a 37qC por um período de 48 horas. Após o período de incubação foi feita a
contagem de unidades formadoras de colônias (u.f.c.)/mL.
4.4 TESTES DE SUSCEPTIBILIDADE “IN VITRO” DOS MICRORGANISMOS
ISOLADOS FRENTE A DIFERENTES ANTIMICROBIANOS
Foi estudada a susceptibilidade "in vitro" dos microrganismos isolados de amostras de
conteúdo oriundo de piometra. Os testes foram realizados frente a diferentes antibióticos e
quimioterápicos
5
, a saber: cloranfenicol (30Pg), tetraciclina (30Pg), oxacilina (1Pg),
penicilina (10 U.I.), cefalotina (30Pg), gentamicina (10Pg), vancomicina (30Pg), eritromicina
(15Pg), sulfa+trimetoprin (25Pg), ampicilina (10Pg), enrofloxacina (5Pg), norfloxacina
5
Multidisco Gram + A e B - Laborclin – Brasil
87
(30Pg), cefalexina (30Pg), polimixina B (300Pg), tobramicina (10Pg), amoxicilina (10Pg),
cefoxitina (30Pg), clindamicina (2Pg), neomicina (30Pg) e amicacina (30Pg).
Os antibioGramas foram realizados em meio de Müller & Hinton
6
, empregando-se o
método de difusão, segundo técnica de Kirby & Bauer.
A interpretação dos antibiogramas foi realizada pela medida do diâmetro do halo de
inibição do crescimento do microrganismo. As concentrações bem como o critério de
interpretação foram os recomendados pela “National Commitee for Clinical Laboratory
Standards - NCCLS” em 1999.
4.5 EXAMES HISTOPATOLÓGICOS DE FRAGMENTOS DE ÚTERO DE CADELAS
COM PIOMETRA
As 200 amostras de fragmentos de útero de cadelas com piometra colhidas para
exames histopatológicos foram incluídas em parafina sendo então realizados cortes de 5 Pm a
partir das mesmas. Estes cortes foram corados por hematoxilina-eosina (H.E.), montados entre
lâmina e lamínula e examinados em microscópio óptico comum para avaliação de alterações
histopatológicas.
Para verificar a intensidade do processo inflamatório foi utilizado um retículo
calibrado acoplado à ocular do microscópio óptico. Em cada fragmento de tecido foram
contados dez campos microscópicos onde houve presença de infiltrados celulares que
caracterizam os processos inflamatórios.
6
Müller & Hinton - Oxoid - Hampshire - U.K.
88
Utilizando-se o aumento de 400x foi analisada a presença ou ausência de processo
inflamatório. De acordo com a área ocupada pelo processo inflamatório presente foi
estabelecida uma correspondência em escores de 0 a 4, conforme a tabela 1.
Tabela 1 - Interpretação dos escores correspondentes às áreas ocupadas pelos processos
inflamatórios – São Paulo - 2004
Escore
Área ocupada pelo infiltrado celular que caracteriza o
processo inflamatório (em porcentagem)
0 <20
1 20 – 38
2 39 – 56
3 57 – 74
4 >75
4.6 ESTUDO DA PRESENÇA DE FATORES DE VIRULÊNCIA EM CEPAS DE
ESCHERICHIA COLI ISOLADAS DO CONTEÚDO INTRA-UTERINO DE CADELAS
COM PIOMETRA UTILIZANDO A REAÇÃO EM CADEIA DA POLIMERASE
A pesquisa de fatores de virulência presentes em 151 cepas de E.coli isoladas de
conteúdo intra-uterino de cadelas com piometra foi realizada através de reação em cadeia da
polimerase (PCR). Foram utilizados os primers, comercialmente disponíveis, para detectar os
genes que codificam os pili associados com pielonefrite (pap), aerobactina (iuc), fator
89
necrotizante citotóxico 1 (cnf1), fímbria S (sfa) e adesina afimbrial I (afa), hemolisina (hly),
enterotoxina termo-lábil (LT), enterotoxina termo-estável (STa e STb), verotoxinas (VT1 e
VT2). O tamanho dos amplicons e literatura relevante são apresentadas no tabela 2.
A extração do DNA foi realizada conforme descrito por Boom et al. (1990). A solução
de amplificação padrão de PCR consistiu de 10 mM Tris-HCl (pH 8,3), 50 mM KCl, 1,5 mM
MgCl
2
, gelatina 0,001% (w/v), 200 µM de cada um dos deoxinucleosídeos trifosfatos,
seqüências de primers e 0,5 U de Taq DNA polimerase, em um volume final de 25 µl. Os
produtos amplificados foram separados em gel de agarose a 1,5% e examinados
eletroforeticamente após coloração com brometo de etídio. Foi utilizado um marcador de
tamanho molecular de DNA de 100 bp.
4.6.1 Extração do DNA bacteriano
O protocolo para extração de DNA detalhado a seguir foi realizado segundo descrito
por Boom et al. (1990).
Foram adicionados 200ul da cultura a um microtubo contendo 1 mL do tampão de lise
(Tiocianato de Guanidina 120gr, Triton 100X 1mL, Tris-HCl 0,1 M [pH 6,4] 111,2 mL,
EDTA 0,5M 8,8 mL) e 40 mL da suspensão carreadora (1gr Terra diatomácea, HCl 50 mL e 5
mL água ultrapura). O microtubo foi agitado por 30 segundos e a zaragatoa foi retirada.
O microtubo contendo a suspensão do microrganismo foi agitado por 1 minuto e
deixado sobre a bancada por 10 minutos. Passado este período o microtubo foi centrifugado
por 90 segundos a 14.000 rpm. O sobrenadante obtido foi descartado e ao pélete formado foi
adicionado 1 mL do tampão de lavagem (Tiocianato de Guanidina 120gr, Tris-HCl 0,1 M [pH
90
6,4] 100mL). O microtubo foi então agitado por 30 segundos e centrifugado por 90 segundos,
o sobrenadante obtido foi descartado e o pélete novamente submetido a este procedimento. O
pélete obtido após esta etapa foi submetido a duas lavagens com etanol (70%) e uma lavagem
com acetona. Os microtubos contendo o pélete tratado com acetona foram mantidos em estufa
a 37
o
C por 20 minutos. Após a completa secagem do pélete foram adicionados 100mL de
tampão de eluição (10mM Tris-HCl, 1mM EDTA [pH 8,0]) ao microtubo, este foi agitado por
1 minuto e mantido a 56
º
C por 10 minutos. Passado este tempo o microtubo foi centrifugado
por 5 minutos a 14.000 rpm, o sobrenadante contendo o DNA foi armazenado em tubos
limpos e numerados. As amostras de DNA foram mantidas a –20
o
C até sua utilização na PCR.
A cada extração realizada utilizou-se como controle positivo uma amostra de E.coli
sabidamente positiva.
4.6.2 Reação em cadeia da polimerase
Para a reação em cadeia da polimerase foi adicionado a um microtubo 40 pmoles de
cada primer, 0,5 unidade de Taq polimerase (Invitrogen), 10 mM Tris-HCl (pH 8,3), 50 mM
KCl, 1,5 mM MgCl
2
, 0.001% gelatina, 200 PM de cada desoxirribonucleotídeo trifosfato, 5
mL da amostra de DNA e água ultrapura até o volume final de 25 mL. Para amplificação do
DNA de Escherichia coli o termociclador foi proGramado para 1 ciclo a 95
o
C por 5 minutos,
35 ciclos de 95
0
C por 1 minuto, 55
o
C por 1 minuto, 72
o
C por 1 minuto e um ciclo final de
72
o
por 5 minutos.
A cada amplificação realizada, foram adicionados um controle positivo (contendo o
DNA do agente) e um controle negativo.
91
4.6.3 Detecção do produto amplificado
Os produtos de PCR (10mL) foram separados por eletroforese em gel de agarose
1,5%, corados com brometo de etídio (10Pg/mL) e fotografados sob luz ultravioleta. O
marcador de pares de bases utilizado foi o 100 bp DNA ladder (Invitrogen).
92
Tabela 2 - “Primers” utilizados na PCR para amplificar fragmentos de diferentes genes para
enterotoxinas (LT, STa e STb) e vero citotoxinas (VT1, VT2 e VT2e), e de
diferentes genes para pap, sfa, afa, hly, iuc e cnf1 – São Paulo - 2004
Genes
codificadores
das toxinas
Nome do
primer
Seqüência do oiligonucleotídeo (5´o3´)
Tamanho do
produto
amplificado
Referência
LT
LTA-1
LTA-2
GGCGACAGATTATACCGTGC
CCGAATTCTGTTATATATGTC
696 bp
Schultsz et al.
(1994)
Sta
STI-1
STI-2
TTAATAGCACCCGGTACAAGCAGG
CTTGACTCTTCAAAAGAGAAAATTAC
147 bp
Olsivik e
Strockbine (1993)
STb
STb-1
STb-2
ATCGCATTTCTTCTTGCATC
GGGCGCCAAAGCATGCTCC
172 bp
Blanco et al.
(1997)
VT1
VT1-A
VT1-B
GAAGAGTCCGTGGGATTACG
AGCGATGCAGCTATTAATAA
130 bp Pollard et al (1990)
VT2 hb
2
VT2-3
VT2-5
CCGTCAGGACTGTCTGAAAC
GAGTCTGACAGGCAACTGTC
726 bp
Woodward, Carrol
e Wray (1992)
pap
pap-1
pap-2
GCAACAGCAACGCTGGTTGCATCAT
AGAGAGAGCCACTCTTATACGGACA
336 bp
Yamamoto et al.
(1995)
hly
hly-1
hly-2
AACAAGGATAAGCACTGTTCTGGCT
ACCATATAAGCGGTCATTCCCGTCA
1177 bp
Yamamoto et al.
(1995)
iuc
iuc-1
iuc-2
TACCGGATTGTCATATGCAGACCGT
AATATCTTCCTCCAGTCCGGAGAAG
602 bp
Yamamoto et al.
(1995)
cnf
cnf1 AAGATGGAGTTTCCTATGCAGGAG 498 bp
Yamamoto et al.
(1995)
sfa
sfa-1
sfa-2
CTCCGGAGAACTGGGTGCATCTTAC
CGGAGGAGTAATTACAAACCTGGCA
410 bp
Yamamoto et al.
(1995)
afa
afa-1
afa-2
GCTGGGCAGCAAACTGATAACCTC
CATCAAGCTGTTTGTTCGTCCGCCG
750 bp
Yamamoto et al.
(1995)
93
4.7 ESTATÍSTICA
A análise estatística foi realizada pela correlação de Spearman e teste qui quadrado,
utilizando-se o “software” GRAPHPAD INSTAT 1992-98 para realização da mesma.
94
RESULTADOS
95
5 RESULTADOS
Foram utilizados 100 úteros de cadelas com idade entre 2 e 16 anos (média 9,18),
sendo 91% dessas cadelas com idade maior ou igual a 6 anos. Dessas cadelas, 11 tinham um
histórico de utilização de medicação anticoncepcional a base de progestágenos.
Além disso, 64% das cadelas eram nulíparas, 21% primíparas e 14% pluríparas. O
número de nulíparas foi maior estatisticamente (P<0,05) do que o número de primíparas e
pluríparas.
As raças observadas durante essa pesquisa foram 35% sem raça definida, Poodle
(13%), Rottweiller (10%), Pastor Alemão (8%), Cocker Spaniel Inglês (6%), Boxer (4%),
Old English Sheepdog (2%), Terrier Brasileiro (2%), Dobermann (2%), Fila Brasileiro (2%),
Husky Siberiano (2%), Schnauzer miniatura (2%), Dogue Alemão (2%), Maltês (2%), Pitt
Bull (1%), Yorkshire Terrier (1%), Pastor Belga (1%), Fox Terrier Pelo Duro (1%), Dálmata
(1%), Mastiff Inglês (1%), Weimaraner (1%) e Lhasa Apso (1%).
5.1 AVALIAÇÃO DO STATUS MICROBIOLÓGICO DE AMOSTRAS DE CONTEÚDO
INTRA-UTERINO DE CADELAS COM PIOMETRA
Foram colhidas 200 amostras de conteúdo intra-uterino, sendo essas 200 amostras
equivalentes a 100 úteros.
De um total de 200 amostras, houve crescimento de microrganismos em 197 (98,5%)
delas. As 3 amostras nas quais não houve crescimento de microrganismos, correspondem a
96
um único corno uterino de três úteros, sendo que no outro corno dos mesmos, houve
crescimento de E.coli. Considerando-se as 197 amostras nas quais houve crescimento de
microrganismos, foram isolados os seguintes agentes: E.coli (74,1%) a partir de 146 amostras,
Klebsiella pneumoniae subsp. pneumoniae (3,0%) a partir de 6 amostras, Citrobacter diversus
(3,0%) a partir de 6 amostras, Pseudomonas aeruginosa (2,0%) a partir de 4 amostras,
Salmonella spp. (2,0%) a partir de 4 amostras, Proteus mirabilis (2,0%) a partir de 4
amostras, Morganella morgani (1,0%) a partir de 2 amostras, Klebsiella pneumoniae subsp.
azanae (1,0%) a partir de 2 amostras, Staphylococcus schleiferi subsp. coagulans (1,0%) a
partir de 2 amostras, Staphylococcus intermedius (1,0%) a partir de 2 amostras,
Staphylococcus epidermidis (1,0%) a partir de 2 amostras, Staphylococcus kloosii (1,0%) a
partir de 2 amostras, Staphylococcus caprae (1,0%) a partir de 2 amostras, Streptococcus
pyogenes (1,0%) a partir de 2 amostras, Streptococcus canis (1,0%) a partir de 2 amostras,
Streptococcus sp. (1,0%) a partir de 2 amostras e Corynebacterium jeikeium (1,0%) a partir de
2 amostras. Verificou-se ainda a ocorrência de associações de microrganismos em 5 amostras
(2,5%) a partir de conteúdo intra-uterino dos cornos de três cadelas, tendo sido isolados E.
coli e Staphylococcus kloosii nos dois cornos de um útero, E.coli e Enterococcus faecium nos
dois cornos de um útero, e E.coli e Streptococcus sp. em um corno e somente E.coli no outro
corno de um útero. A freqüência de isolamentos de E.coli (76,6%) - considerando-se inclusive
as cinco amostras nas quais o agente foi isolado em associação com outro microrganismo - foi
maior estatisticamente (P<0,05) do que a freqüência de isolamento de todos os outros agentes.
Não houve crescimento de fungos e leveduras em 100% das amostras.
97
E.coli
Gram negativo
Gram positivo
E.coli + Gram positivo
Sem crescimento
Gráfico 1 – Distribuição da freqüência de ocorrência de microorganismos isolados de
conteúdo intra-uterino de cadelas com piometra
5.2 CONTAGEM DE UNIDADES FORMADORAS DE COLÔNIAS DE
MICORGANISMOS EM AMOSTRAS DE CONTEÚDO INTRA-UTERINO DE
CADELAS COM PIOMETRA
Foi realizada a contagem de unidades formadoras de colônias/mL das amostras nas
quais houve crescimento bacteriano.
Considerando-se as 151 amostras nas quais houve isolamento de E.coli, a mediana da
contagem de u.f.c./mL foi de 7.600.000 (300 a 13.700.000.000); nas seis amostras com
isolamento de Klebsiella pneumoniae subsp. pneumoniae a mediana da contagem de u.f.c./mL
foi de 13.450.000 (695.000 a 15.600.000); nas seis amostras com isolamento de Citrobacter
diversus a mediana da contagem de u.f.c./mL foi de 11.950.000 (500.000 a 99.000.000); nas
quatro amostras com isolamento de Pseudomonas aeruginosa a mediana da contagem de
98
u.f.c./mL foi de 907.500 (80.000 a 1.440.000); nas quatro amostras com isolamento de
Salmonella spp. a mediana da contagem de u.f.c./mL foi de 12.100.000 (10.000.000 a
18.900.000); nas quatro amostras com isolamento de Proteus mirabilis a mediana da
contagem de u.f.c./mL foi de 850.350 (600 a 1.790.000); nas quatro amostras com isolamento
de Staphylococcus kloosii a mediana da contagem de u.f.c./mL foi de 1.140.500 (225.000 a
11.200.000); nas três amostras com isolamento de Streptococcus spp. a mediana da contagem
de u.f.c./mL foi de 18.500.000 (16.200.000 a 104.000.000); nas duas amostras com
isolamento de Morganella morgani a mediana da contagem de u.f.c./mL foi de 1.450 (1.300 a
1.600); nas duas amostras com isolamento de Klebsiella pneumoniae subsp. azanae a mediana
da contagem de u.f.c./mL foi de 862.500 (685.000 a 1.040.000); nas duas amostras com
isolamento de Staphylococcus schleiferi subsp. coagulans a mediana da contagem de
u.f.c./mL foi de 36.100.000 (9.700.000 a 62.500.000); nas duas amostras com isolamento de
Staphylococcus intermedius a mediana da contagem de u.f.c./mL foi de 1.308.000.000
(266.000.000 a 2.350.000.000); nas duas amostras com isolamento de Staphylococcus
epidermidis a mediana da contagem de u.f.c./mL foi de 1.185.000 (1.060.000 a 1.310.000);
nas duas amostras com isolamento de Staphylococcus caprae a mediana da contagem de
u.f.c./mL foi de 4.600.000 (950.000 a 8.250.000); nas duas amostras com isolamento de
Streptococcus pyogenes a mediana da contagem de u.f.c./mL foi de 8.353.250 (6.500 a
16.700.000); nas duas amostras com isolamento de Streptococcus canis a mediana da
contagem de u.f.c./mL foi de 624.000 (138.000 a 1.110.000); nas duas amostras com
isolamento de Corynebacterium jeikeium a mediana da contagem de u.f.c./mL foi de 10.000
(5.000 a 15.000); e nas duas amostras com isolamento de Enterococcus faecium a mediana da
contagem de u.f.c./mL foi de 440.000 (405.000 a 475.000).
99
5.3 TESTES DE SUSCEPTIBILIDADE “IN VITRO” DOS MICRORGANISMOS
ISOLADOS FRENTE A DIFEREMTES ANTIMICROBIANOS
Foram realizados testes de susceptibilidade “in vitro” dos microrganismos isolados de
197 amostras de conteúdo intra-uterino, frente a diferentes antimicrobianos.
Das 151 cepas de E.coli, 86,1% apresentaram resistência a cefalotina; 68,9% a
ampicilina; 46,4% a cefoxitina; 34,4% a tobramicina; 32,5% a tetraciclina; 29,8% a
amicacina; 27,8% a cefalexina; 15,2% a gentamicina; 13,9% a cefotaxima; 13,2% a
sulfazotrin; 12,6% a enrofloxacina; 10,6% a aztreonam; 7,9% a cloranfenicol; 6,0% a
neomicina; 2,0% a norfloxacina; e 0,7% a polimixina B.
100
0
20
40
60
80
100
120
140
antimicrobianos
número de cepas
CLO
TET
CFL
GEN
SUT
AMP
ENR
NOR
CFX
POL
TOB
CFO
NEO
AMI
ATM
CTX
Legenda:
CLO – cloranfenicol, TET – tetraciclina, CFL- cefalotina, GEN – gentamicina, SUT – sulfazotrin, AMP –
ampicilina, ENR – enrofloxacina, NOR – norfloxacina, CFX – cefalexina, POL – polimixina B, TOB –
tobramicina, CFO – cefoxitina, NEO – neomicina, AMI – amicacina, ATM – aztreonam, CTX – cefotaxima
Gráfico 2 – Resistência de E.coli isoladas de conteúdo intra-uterino de cadelas com piometra
a diversos antimicrobianos
Das 151 cepas de E. coli, 94,0% apresentaram sensibilidade a norfloxacina; 82,8% a
polimixina B; 76,8% a sulfazotrin; 75,5% a cloranfenicol e enrofloxacina; 70,2% a
gentamicina; 55,6% a amicacina; 54,3% a aztreonam; 50,3% a neomicina; 47,7% a
tobramicina; 39,1% a cefotaxima; 37,1% a tetraciclina; 35,8% a cefalexina; 34,4% a
cefoxitina; 8,6% a cefalotina; e 7,3% a ampicilina.
101
0
20
40
60
80
100
120
140
160
antimicrobianos
número de cepas
CLO
TET
CFL
GEN
SUT
AMP
ENR
NOR
CFX
POL
TOB
CFO
NEO
AMI
ATM
CTX
Legenda:
CLO – cloranfenicol, TET – tetraciclina, CFL- cefalotina, GEN – gentamicina, SUT – sulfazotrin, AMP –
ampicilina, ENR – enrofloxacina, NOR – norfloxacina, CFX – cefalexina, POL – polimixina B, TOB –
tobramicina, CFO – cefoxitina, NEO – neomicina, AMI – amicacina, ATM – aztreonam, CTX – cefotaxima
Gráfico 3 – Sensibilidade de E.coli isoladas de conteúdo intra-uterino de cadelas com
piometra a diversos antimicrobianos
102
Tabela 3 – Freqüências de resistência e sensibilidade de cepas de E.coli isoladas de conteúdo
intra-uterino de cadelas com piometra frente a diversos antimicrobianos – São
Paulo - 2004
S I R
Antimicrobiano N % N % N %
cloranfenicol 114 75,5 25 16,6 12 7,9
tetraciclina 56 37,1 46 30,4 49 32,5
cefalotina 13 8,6 8 5,3 130 86,1
gentamicina 106 70,2 22 14,6 23 15,2
sulfazotrin 116 76,8 15 10,0 20 13,2
ampicilina 11 7,3 36 26,8 104 68,9
enrofloxacina 114 75,5 18 11,9 19 12,6
norfloxacina 142 94,0 6 4,0 3 2,0
cefalexina 54 35,8 55 36,4 42 27,8
polimixina B 125 82,8 25 16,5 1 0,7
tobramicina 72 47,7 27 17,9 52 34,4
cefoxitina 52 34,4 29 19,2 70 46,4
neomicina 78 50,3 66 43,7 9 6,0
amicacina 84 55,6 22 14,6 45 29,8
aztreonam 82 54,3 53 35,1 16 10,6
cefotaxima 59 39,1 71 47,0 21 13,9
Nota: N=número de amostras; S=sensibilidade; R=resistência; I=intermediário
Considerando-se o total de 28 cepas de bactérias Gram negativas isoladas (Klebsiella
pneumoniae subsp. pneumoniae, Pseudomonas aeruginosa, Morganella morganii, Salmonella
103
sp., Citrobacter diversus, Klebsiella pneumoniae subsp. azanae, Proteus mirabilis) além das
cepas de E.coli isoladas, 92,9% apresentaram resistência a ampicilina; 89,3% a cefalotina;
85,7% a cefoxitina; 82,1% a cefalexina; 71,4% a tetracilclina; 46,4% a sulfazotrin e
cefotaxima; 39,3% a enrofloxacina e amicacina; 35.7% a tobramicina; 32,1% a cloranfenicol
e aztreonam; 28,6% a neomicina; 21,4% a gentamicina; 7,1% a norfloxacina e 7,1% a
polimixina B.
0
5
10
15
20
25
30
antimicrobianos
número de cepas
CLO
TET
CFL
GEN
SUT
AMP
ENR
NOR
CFX
POL
TOB
CFO
NEO
AMI
ATM
CTX
Legenda:
CLO – cloranfenicol, TET – tetraciclina, CFL- cefalotina, GEN – gentamicina, SUT – sulfazotrin, AMP –
ampicilina, ENR – antimicrobianos enrofloxacina, NOR norfloxacina, CFX – cefalexina, POL – polimixina B,
TOB – tobramicina, CFO – cefoxitina, NEO – neomicina, AMI – amicacina, ATM – aztreonam, CTX –
cefotaxima
Gráfico 4 – Resistência de microrganismos Gram negativos (exceto E.coli) isolados de
conteúdo intra-uterino de cadelas com piometra a diversos antimicrobianos
104
Dessas 28 cepas de bactérias Gram negativas, verificou-se ainda que, 78,6%
apresentaram sensibilidade a norfloxacina; 60,7% a polimixina B; 57,1% a gentamicina;
42,9% a enrofloxacina; 39,3% a amicacina; 35,7% a tobramicina; 32,1% a neomicina; 28,6%
a cloranfenicol; 25,0% a aztreonam; 21,4% a sulfazotrin; 10,7% a tetraciclina, cefalexina e
cefotaxima; 7,1% a cefalotina e ampicilina; e 3,6% a cefoxitina.
0
5
10
15
20
25
antimicrobianos
número de cepas
CLO
TET
CFL
GEN
SUT
AMP
ENR
NOR
CFX
POL
TOB
CFO
NEO
AMI
ATM
CTX
Legenda:
CLO – cloranfenicol, TET – tetraciclina, CFL- cefalotina, GEN – gentamicina, SUT – sulfazotrin, AMP –
ampicilina, ENR – enrofloxacina, NOR – norfloxacina, CFX – cefalexina, POL – polimixina B, TOB –
tobramicina, CFO – cefoxitina, NEO – neomicina, AMI – amicacina, ATM – aztreonam, CTX – cefotaxima
Gráfico 5 – Sensibilidade de microrganismos Gram negativos (exceto E.coli) isolados de
conteúdo intra-uterino de cadelas com piometra a diversos antimicrobianos
105
Tabela 4 - Freqüências de resistência e sensibilidade de cepas de bactérias Gram negativas
(exceto E.coli) isoladas de conteúdo intra-uterino de cadelas com piometra frente a
diversos antimicrobianos – São Paulo - 2004
S I R
Antimicrobiano N % N % N %
cloranfenicol 8 28,6 11 3,6 9 32,1
tetraciclina 3 10,7 5 17,9 20 71,4
cefalotina 2 7,1 1 3,6 25 89,3
gentamicina 16 57,1 6 21,4 6 21,4
sulfazotrin 6 21,4 9 32,2 13 46,4
ampicilina 2 7,1 0 0,0 26 92,9
enrofloxacina 12 42,9 5 17,8 11 39,3
norfloxacina 22 78,6 4 14,3 2 7,1
cefalexina 3 10,7 2 7,1 23 82,1
polimixina B 17 60,7 9 32,2 2 7,1
tobramicina 10 35,7 8 28,6 10 35,7
cefoxitina 1 3,6 3 10,7 24 85,7
neomicina 9 32,2 11 39,3 8 28,6
amicacina 11 39,3 6 21,4 11 39,3
aztreonam 7 25,0 12 42,9 9 32,2
cefotaxima 3 10,7 12 42,9 13 46,4
Nota: N=número de amostras; S=sensibilidade; R=resistência; I=intermediário
Considerando-se as 23 cepas de bactérias Gram positivas isoladas (Staphylococcus
schleiferi subsp. coagulans, Staphylococcus kloosii, Staphylococcus epidermidis,
106
Staphylococcus intermedius, Staphylococcus caprae, Streptococcus pyogenes, Streptococcus
canis, Streptococcus sp., Corynebacterium jeikeium e Enterococcus faecium), 91,3%
apresentaram resistência à penicilina; 60,9% a oxacilina e ampicilina; 47,8% a tetraciclina e
amoxicilina; 43,5% a eritromicina; 39,1% a cefalotina e cefoxitina; 34,8% a neomicina;
30,4% a clindamicina e gentamicina; 26,1% a polimixina B e sulfazotrin; 21,7% a cefalexina;
17,4% a enrofloxacina; 13,0% a norfloxacina; e 4,3% a vancomicina.
0
5
10
15
20
25
antimicrobianos
número de cepas
TET
OXA
PEN
CFL
GEN
VAN
ERI
SUT
AMP
ENR
NOR
CFX
POL
AMO
CFO
CLI
NEO
Legenda:
TET – tetraciclina, OXA – oxacilina, PEN – penicilina, CFL – cefalotina, GEN – gentamicina, VAN –
vancomicina, ERI – eritromicina, SUT – sulfazotrin, AMP – ampicilina, ENR – enrofloxacina, NOR –
norfloxacina, CFX – cefalexina, POL – polimixina B, AMO – amoxicilina, CFO – cefoxitina, CLI –
clindamicina, NEO – neomicina
Gráfico 6 - Resistência de microrganismos Gram positivos isolados de conteúdo intra-uterino
de cadelas com piometra a diversos antimicrobianos
107
Dessas 23 cepas, 87,0% apresentaram sensibilidade a vancomicina; 78,3% a
cefalexina; 69,6% a sulfazotrin e norfloxacina; 65,2% a gentamicina; 60,9% a polimixina B;
56,6% a cefalotina; enrofloxacina e cefoxitina; 52,2% a neomicina; 47,8% a amoxicilina e
clindamicina; 43,5% a tetraciclina; 39,1% a eritromicina; 34,8% a ampicilina; 21,7% a
oxacilina; e 8,7% a penicilina.
0
5
10
15
20
25
antimicrobianos
número de cepas
TET
OXA
PEN
CFL
GEN
VAN
ERI
SUT
AMP
ENR
NOR
CFX
POL
AMO
CFO
CLI
NEO
Legenda:
TET – tetraciclina, OXA – oxacilina, PEN – penicilina, CFL – cefalotina, GEN – gentamicina, VAN –
vancomicina, ERI – eritromicina, SUT – sulfazotrin, AMP – ampicilina, ENR – enrofloxacina, NOR –
norfloxacina, CFX – cefalexina, POL – polimixina B, AMO – amoxicilina, CFO – cefoxitina, CLI –
clindamicina, NEO – neomicina
Gráfico 7 - Sensibilidade de microrganismos Gram positivos isolados de conteúdo intra-
uterino de cadelas com piometra a diversos antimicrobianos
108
Tabela 5 - Freqüências de resistência e sensibilidade de cepas de bactérias Gram positivas
isoladas de conteúdo intra-uterino de cadelas com piometra frente a diversos
antimicrobianos – São Paulo - 2004
S I R
Antimicrobiano N % N % N %
tetraciclina 10 43,5 2 8,7 11 47,8
oxacilina 5 21,7 4 17,4 14 60,9
penicilina 2 8,7 0 0,0 21 91,3
cefalotina 13 56,6 1 4,3 9 39,1
gentamicina 15 65,2 1 4,3 7 30,4
vancomicina 20 87,0 2 8,7 1 4,3
eritromicina 9 39,1 4 17,4 10 43,5
sulfazotrin 16 69,6 1 4,3 6 26,1
ampicilina 8 34,8 1 4,3 14 60,9
enrofloxacina 13 56,6 6 26,1 4 17,4
norfloxacina 16 69,6 4 17,4 3 13,0
cefalexina 18 78,3 0 0,0 5 21,7
polimixina B 14 60,9 3 13,0 6 26,1
amoxicilina 11 47,8 1 4,3 11 47,8
cefoxitina 13 56,6 1 4,3 9 39,1
clindamicina 11 47,8 5 21,7 7 30,4
neomicina 12 52,2 3 13,0 8 34,8
Nota: N=número de amostras; S=sensibilidade; R=resistência; I=intermediário
109
5.4 EXAMES HISTOPATOLÓGICOS DE FRAGMENTOS DE ÚTERO DE CADELAS
COM PIOMETRA
Foram colhidos 200 fragmentos de corno uterino para realização de exames
histopatológicos. Das 146 amostras com isolamento somente de E.coli, 6,2% apresentaram
escore 0; 21,2% apresentaram escore 1; 41,1% apresentaram escore 2; 24,7% apresentaram
escore 3; e 6,8% apresentaram escore 4. Das 28 amostras com isolamento de bactérias Gram
negativas (exceto E.coli), 0% apresentaram escore 0; 21,4% apresentaram escore 1; 50%
apresentaram escore 2; 25% apresentaram escore 3; e 3,6% apresentaram escore 4. Das 18
amostras com isolamento de bactérias Gram positivas, 0% apresentaram escore 0; 44,4%
apresentaram escore 1; 44,4% apresentaram escore 2; 5,6% apresentaram escore 3; e 5,6%
apresentaram escore 4. Das 5 amostras com isolamento de E.coli e outras bactérias Gram
positivas, 0% apresentaram escore 0; 40% apresentaram escore 1; 40% apresentaram escore 2;
20% apresentaram escore 3; e 0% apresentou escore 4. Das 3 amostras que não tiveram
crescimento de nenhum microrganismo, 33,3% apresentaram escore 0; 0% apresentou escore
1; 33,3% apresentaram escore 2; 0% apresentou escore 3; e 33,3% apresentaram escore 4.
110
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
escore
número de amostras
0
1
2
3
4
Gráfico 8 – Distribuição de escores dos exames histopatológicos de fragmentos de útero de
cadelas com piometra
5.5 ESTUDO DA PRESENÇA DE FATORES DE VIRULÊNCIA EM CEPAS DE
ESCHERICHIA COLI ISOLADAS DO CONTEÚDO INTRA-UTERINO DE
CADELAS COM PIOMETRA UTILIZANDO A REAÇÃO EM CADEIA DA
POLIMERASE
Um total de 151 cepas de E.coli isoladas foram submetidas ao estudo da presença dos
fatores de virulência de pili associados com pielonefrite (pap), aerobactina (iuc), fator
necrotizante citotóxico 1 (cnf1), fímbria S (sfa), adesina afimbrial I (afa), hemolisina (hly),
enterotoxina termo-lábil (LT), enterotoxina termo-estável (STa e STb), verotoxinas (VT1 e
VT2). Dessas 151 cepas, 5 (3,3%) foram positivas para afa; 120 (79,5%) foram positivas para
sfa; 87 (57,6%) foram positivas para pap; 51 (33,8%) foram positivas para iuc; 86 (57,0%)
foram positivas para cnf; e 52 (34,4%) foram positivas para hly. Nenhuma amostra foi
111
positiva para LT, STa, STb, VT1 e VT2. Das 151 amostras, 3 (2,0%) não apresentaram
positividade para nenhum dos fatores de virulência estudados.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
fatores de virulência
porcentagem
afa
sfa
pap
aer
cnf
hly
Legenda: pili associados com pielonefrite (pap); aerobactina (iuc); fator necrotizante citotóxico 1 (cnf1); fímbria
S (sfa); adesina afimbrial I (afa); hemolisina (hly)
Gráfico 9 – Distribuição da freqüência de fatores de virulência encontrados nas cepas de
E.coli isoladas de conteúdo intra-uterino de cadelas com piometra
5.6 CORRELAÇÃO DAS ALTERAÇÕES HISTOPATOLÓGICAS NOS FRAGMENTOS
DE ÚTERO COM OS RESULTADOS MICROBIOLÓGICOS
Verificou-se que a relação entre o processo inflamatório evidenciado pelo exame
histopatológico e a contagem de unidades formadoras de colônias/mL foi significante
(P<0,05), ou seja, quanto maior o número de unidades formadoras de colônias/mL, maior a
intensidade do processo inflamatório.
112
Observou-se que o escore 2 apresentou maior freqüência estatisticamente (P<0,05) que
os outros escores, e que isso ocorreu mais freqüentemente nas amostras de E.coli. Os escores
1 e 3 apresentaram maior frequência estatisticamente (P<0,05) que os escores 0 e 4.
Observou-se ainda uma correlação estatisticamente significante (P<0,05) entre o
tamanho do infiltrado inflamatório e o fator de virulência sfa sendo que, o tamanho do
infiltrado inflamatório foi maior nas amostras que não apresentaram positividade para esse
fator de virulência.
O tamanho do infiltrado inflamatório presente nos fragmentos uterinos onde houve
isolamento de E.coli não foi maior do que o encontrado nas amostras nas quais isolaram-se
outros agentes (P>0,05).
113
DISCUSSÃO
114
6 DISCUSSÃO
A piometra ocorre em todas as raças e, embora possa ocorrer em cadelas com um ano
de idade, esse complexo é observado com maior freqüência em animais acima dos 6 anos, e
mais comumente em cadelas nulíparas (ARTHUR, 1964; CHRISTIANSEN, 1988; CRAIG,
1937; DERIVAUX; BARNABE, 1976, ROBERTS, 1956; SANDHOLM; VASENIUS;
KIVISTÖ, 1975).
Nessa pesquisa apresentada observou-se a ocorrência da piometra em um número
abrangente de raças, mas com uma porcentagem maior em cães de raça indefinida. Isso
ocorreu provavelmente por ser a maior parte dos usuários do Hovet pessoas de baixa renda, e
por isso com cães sem raça definida. Foram utilizados 100 úteros de cadelas com idade entre
2 e 16 anos (média 9,18), sendo 91% dessas cadelas com idade maior ou igual a 6 anos. Esse
resultado corresponde ao mesmo observado pelos autores acima citados.
Allen (1995) observou a mesma freqüência de piometra em cadelas nulíparas e
pluríparas. Niskanen e Thrusfield (1998) relataram o resultado de uma pesquisa com cadelas
entre nove meses e dezoito anos de idade. Concluíram que cadelas nulíparas tinham um risco
moderadamente maior em desenvolver piometra do que primíparas e pluríparas.
No presente estudo observou-se que 64% das cadelas eram nulíparas, 21% primíparas
e 14% pluríparas. O número de nulíparas foi maior estatisticamente (P<0,05) do que o número
de primíparas e pluríparas, correspondendo ao achado de Niskanen e Thrusfield (1998).
Olson e Mather (1978) concluíram através de cultura bacteriana que cadelas não
apresentam bactérias no útero normalmente.
Segundo Sandholm, Vasenius e Kivistö (1975), em 100 cadelas investigadas, foram
isoladas cepas de Escherichia coli a partir do trato urinário e do conteúdo uterino em 85
115
destas, microrganismos estes que tinham afinidade pelo epitélio do trato urinário bem como
pelo endométrio estimulado por progesterona.
Bjurström (1993) estudou 203 cadelas com doenças no trato genital (infertilidade,
vaginite, piometra e mortalidade de filhotes). Ele observou que as espécies mais comumente
isoladas foram Escherichia coli, Staphylococcus intermedius e Pasteurella multocida. Em
cadelas com piometra, o isolamento de E.coli foi o mais freqüente em cultura pura.
Oliveira et al. (1988) isolaram do conteúdo uterino de cadelas com piometra (n=70),
50,5% de Escherichia coli; 7,1% de Streptococcus spp.; 7,1% de Proteus spp.; 5,7% de
Staphylococcus aureus e 2,9% de Micrococcus spp.
Gandotra et al. (1994) realizaram swabs de vagina de cadelas com piometra (n=24),
tendo isolado 38,47% de Staphylococcus aureus; 30,77% de Streptococcus spp.; 23,07% de
Corynebacterium pyogenes e 7,69% de Escherichia coli. As amostras colhidas foram de
swabs vaginais e não do conteúdo uterino, o que poderia justificar o baixo índice de
isolamentos de E. coli.
Fransson et al. (1997) isolaram E.coli de 90% das cadelas com piometra (n = 48).
Dhaliwal, Wray e Noakes (1998) isolaram E.coli de 96,3% dos 28 casos de piometra
avaliados.
De acordo com Hagman e Kühn (2002), a bactéria mais freqüentemente isolada do
conteúdo uterino de cadelas com piometra é a Escherichia coli (n=6). Foi observado através
de comparação de perfis de DNA que a piometra é causada pela E.coli originária da flora
normal dos cães e não por certos clones transmitidos por outros animais.
Considerando-se as amostras de conteúdo intra-uterino nas quais houve isolamento de
microrganismos, foram isoladas 76,6% de E.coli, demonstrando que a freqüência de
ocorrência deste agente associado a quadros de piometra em cadelas é estatisticamente
(P<0,05) maior do que dos outros agentes isolados, dados estes que estão de acordo com os
116
observados por Sandholm, Vasenius e Kivistö (1975), Fransson et al. (1997), Dhaliwal, Wray
e Noakes (1998) e Hagman e Kühn (2002). Além das amostras em que foram isoladas E.coli
deve-se considerar ainda o isolamento de 14,2% de microrganismos Gram negativos e 11,7%
de microrganismos Gram positivos. Deve-se ressaltar ainda o isolamento de Klebsiella spp. e
Proteus spp., as quais estão em segundo lugar entre as bactérias causadoras de infecções de
trato urinário no ser humano (SAYLERS; WHITT, 2002).
A K.pneumoniae aparece nas vias respiratórias e nas fezes de aproximadamente 5%
dos indivíduos normais da população humana. Conhecida originalmente como patógeno
respiratório, hoje em dia é comumente encontrada em infecções respiratórias e urinárias
(JAWETZ; MELNICK; ADELBERG, 1982; KRIEG, 1984). Organismos desse gênero são
patógenos oportunistas que podem causar bacteremia, pneumonia, infecções do trato urinário,
e diversos outros tipos de infecção. O trato gastrointestinal é considerado um dos principais
reservatórios e principal fator de transmissão (KRIEG, 1984). Nos últimos anos ouve um
aumento no número de infecções causadas por bactérias do gênero Klebsiella, devido a cepas
com resistência múltipla a antimicrobianos (KRIEG, 1984).
Nesse estudo foi isolado 4% de Klebsiella pneumoniae, e conforme observado por
Krieg (1984) essa bactéria é um agente oportunista importante em infecções em humanos e
em animais. Como é um agente comumente observado na flora intestinal normal dos animais
e dos humanos, o isolamento desse agente na piometra canina reforça a hipótese de que as
bactérias envolvidas nessa enfermidade são oriundas da flora intestinal do próprio animal.
Há atualmente mais de 2000 sorotipos descritos da Salmonella que já foram associadas
com doenças humanas e em animais (MEAD; SLUTSKER; DIETZ, 1999; MURRAY et al.,
1998). O reservatório dos integrantes do gênero Salmonella é o trato gastrointestinal de
animais de sangue frio e quente (HIRSCH; ZEE, 2003). As fontes de infecção são alimentos e
bebidas contaminados por salmonelas. Outras fontes como solo contaminado, vegetação,
117
água, leite e outros lacticínios, mariscos, ovos em pó ou congelados, coco dessecado, carne e
seus derivados, corantes de origem animal, animais de estimação, fezes de casos subclínicos
ou portadores e portadores são importantes (HIRSCH; ZEE, 2003; JAWETZ; MELNICK;
ADELBERG, 1982).
O isolamento de Salmonella spp de cães adultos é de 0 a 2% em animais não
diarréicos e 0 a 1% em cães diarréicos (FUKATA; NAITO; YOSHIDA, 2002; MARKS;
KATHER; KASS, 2002). Salmonella é isolada mais comumente de filhotes e animais de
canis, mas, a maior parte dos cães é portador assintomático (MARKS; KATHER, 2003). Joffe
e Schlesinger (2002) avaliaram a prevalência de Salmonella em cães que eram alimentados
com frango cru, e isolaram Salmonella spp em 80% das amostras de frango e em 30% das
amostras de fezes.
Nesse estudo foram isoladas 2% de amostras positivas para Salmonella spp. da
secreção intra-uterina de cadelas com piometra. Esse resultado é semelhante ao encontrado
por Marks e Kather (2003) e Fukata, Naito e Yoshida (2002) em fezes de cães saudáveis. Esse
resultado é o esperado devido à hipótese de que as bactérias envolvidas na piometra em
cadelas são oriundas do trato gastrointestinal do próprio animal.
A maioria das espécies de Proteus é de vida livre e podem ser encontradas na água, no
solo, no esgoto, e algumas podem ser encontradas na flora intestinal normal. Provocam
enfermidades apenas quando abandonam seu habitat normal no intestino (JAWETZ;
MELNICK; ADELBERG, 1982). Aproximadamente, um quarto da população humana,
carrega o Proteus no intestino, e o próprio paciente pode adquirir uma infecção através de sua
própria flora. Infecções também podem ser adquiridas através de transmissão da bactéria de
outros infectados ou de um reservatório. Ocorrem também no intestino de camundongos,
ratos, macacos, cães, gatos, bovinos, suínos, aves e répteis (KRIEG, 1984). São encontrados,
com freqüência, em infecções urinárias crônicas (JAWETZ; MELNICK; ADELBERG, 1982).
118
A infecção do trato urinário por Proteus mirabilis é a doença mais comum causada por esse
gênero (MURRAY et al., 1998).
Nesse estudo foram isoladas 2% de amostras positivas para Proteus mirabilis. Esse
resultado é esperado devido a essa bactéria ser comumente isolada do intestino de cães
saudáveis. Assim como observado por MURRAY et al.(1998) e Jawetz, Melnick e Adelberg
(1982) em infecções do trato urinário em humanos, o Proteus mirabilis também é observado
em cães com quadro de piometra.
A Morganella morganii ocorre nas fezes de humanos, cães, e outros mamíferos e
répteis. Invasoras oportunistas, isoladas de bacteremias, trato respiratório, e infecções de trato
urinário (JAWETZ; MELNICK; ADELBERG, 1982).
Nesse estudo foi observado o isolamento de 1% de Morganella morganii em cadelas
com piometra. Devido ao observado por Jawetz, Melnick e Adelberg (1982), o resultado é
esperado devido a essa bactéria ser um isolado comum de intestino de cães saudáveis e ser um
agente oportunista em infecções.
Membros do gênero Citrobacter ocorrem em fezes de humanos e animais saudáveis, e
também na água, esgoto, solo e alimento. Nas infecções são isolados de diarréia e urina, e
podem causar bacteremia, meningite, otite e abscessos (KRIEG, 1984).
Nesse estudo foi observado 3% de Citrobacter diversus, sendo esse resultado
semelhante às freqüências observadas de outros agentes considerados oportunistas e presentes
na flora intestinal normal de animais domésticos.
Bactéria bastonete Gram-negativa, aeróbica, móvel, pertencente à família
Pseudomonadaceae e residente normal da flora do intestino de humanos e animais. A
P.aeruginosa só é patogênica quando introduzida em áreas desprovidas das defesas normais
ou quando participa de infecções mistas (JAWET; MELNICK; ADELBERG, 1982;
MURRAY et al., 1998). Nos últimos anos, devido ao uso intenso de antimicrobianos a quais
119
as espécies de Pseudomonas são resistentes, esses agentes têm se tornados importantes em
infecções de humanos e animais. A P.aeruginosa é atualmente a mais significativa desses
patógenos oportunistas (KRIEG, 1984).
Nesse estudo foi observada uma freqüência de 2% de Pseudomonas aeruginosa. Por
ser um agente oportunista e residente normal das floras intestinais de animais e humanos, esse
resultado é semelhante ao observado de outras bactérias oportunistas observadas nesse estudo.
Staphylococcus é um importante patógeno em humanos (MURRAY et al., 1998).
Alguns estafilococos patogênicos provocam supuração, formação de abscessos, uma
variedade de infecções piogênicas e até septicemia fatal, além de infecção do trato urinário
(JAWETZ; MELNICK; ADELBERG, 1982; MURRAY et al., 1998).
Normalmente, todas as pessoas têm estafilococos na sua pele, orofaringe, trato
gastrointestinal, e trato urogenital. A aderência do organismo à mucosa epitelial é regulada
por receptores para os ácidos teicóicos dos estafilococos. Os organismos podem ser
transferidos para uma pessoa ou animal suscetível através de contato direto ou através de
fômites (MURRAY et al., 1998). O Staphylococcus epidermidis é uma das espécies mais
comumente associada com doenças em humanos (MURRAY et al., 1998). O habitat principal
de S.epidermidis é a pele humana. Normalmente é a espécie predominante de Staphylococcus
encontrada na pele humana (SNEATH, 1986). É a mais prevalente entre a flora cutânea
residente dos animais, e também colonizam o trato respiratório superior (HIRSCH; ZEE,
2003). O S.epidermidis é reconhecido como um patógeno oportunista (SNEATH, 1986). O
Staphylococcus schleiferi é uma das espécies mais comumente associada com doenças em
humanos (MURRAY et al., 1998). O S.intermedius é uma espécie comum, e muitas vezes
predominante, nas membranas nasais e pele de carnívoros (cães, raposas, etc.). Pessoas que
possuem carnívoros domésticos (cães) podem, às vezes, carregar populações dessa espécie
(SNEATH, 1986). Também ocorrem transitoriamente no trato gastrointestinal (HIRSCH;
120
ZEE, 2003). Essa espécie já foi relacionada a uma variedade grande de infecções em cães,
como otite, ferimentos, piodermite e mastite. È um patógeno em potencial para animais
(SNEATH, 1986). Staphylococcus intermedius é a mais freqüente bactéria piogênica em cães,
sendo a principal bactéria envolvida na piodermite canina. Também ocorre em infecções
respiratórias, genitais, hemolinfáticas, ósseas e articulares (HIRSCH; ZEE, 2003).
Vandenesch et al. (1995), isolaram S.caprae em humanos com endocardites, infecções do
trato urinário e bacteremia. Kawamura et al. (1998) observaram que cepas de S.caprae são
amplamente distribuídas em infecções em humanos, e que muitas cepas são identificadas
erroneamente, por isso a prevalência relatada até então é baixa.
Nesse estudo foi observado um total de 5% de Staphylococcus, sendo que 1% foi de
Staphylococcus schleiferi subsp. coagulans, 1% de Staphylococcus intermedius, 1% de
Staphylococcus epidermidis, 1% de Staphylococcus kloosii e 1% de Staphylococcus caprae.
Essas bactérias são normalmente observadas no trato intestinal e/ou pele de animais e de
humanos, sendo observado na piometra em freqüências semelhantes às bactérias oportunistas
isoladas nesse estudo.
Os estreptococos são responsáveis por um número grande de doenças importantes no
homem e nos animais. O grupo piogênico possui a maior parte dos patógenos, mas muitas das
outras espécies são comumente associadas em processos infecciosos, muitas vezes como
patógenos oportunistas. Streptococcus são encontrados nas mucosas da boca, trato
respiratório, trato gastrointestinal, trato genitourinário, e pele de humanos e de animais.
Também estão presentes no leite e produtos lácteos, alguns alimentos e plantas, solo e água
contaminada por fezes (SNEATH, 1986). Podem causar infecções do trato respiratório
superior com linfadenite (eqüinos, suínos, gatos, cobaias e humanos), infecções respiratórias e
septicêmicas neonatais (potros, leitões, filhotes de cães e crianças), pneumonias e
complicações secundárias (eqüinos, primatas, pequenos carnívoros e humanos), e infecções
121
piogênicas não relacionadas ao trato respiratório (infecções do trato genitourinário e mastite
bovina) (HIRSCH; ZEE, 2003).
Nesse estudo foram isoladas 3% de amostras positivas para Streptococcus, sendo um
resultado esperado devido à descrição dos autores acima citados por este organismo ser
comumente isolado de pele, trato intestinal e em infecções do trato urinário.
O Corynebacterium normalmente coloniza a pele, trato superior respiratório, trato
gastrointestinal, e trato urogenital de humanos (JAWETZ; MELNICK; ADELBERG, 1982;
MURRAY et al., 1998). O C.jeikeium é um patógeno oportunista bem conhecido. (MURRAY
et al., 1998).
Nesse estudo foi observado o isolamento de 1% de Corynebacterium jeikeium. Por ser
um patógeno oportunista como observado por Murray et al. (1998), esse resultado é
semelhante ao observado em outros isolados de bactérias oportunistas.
Excetuando-se a E.coli todos os outros patógenos isolados nesse estudo tiveram uma
freqüência de isolamento semelhante, resultado esse esperado por serem na sua maioria
patógenos oportunistas. Por isso, provavelmente quando na ausência de uma E.coli patogênica
na flora intestinal do próprio animal, outras bactérias oportunistas se aproveitam para se
proliferar no útero das cadelas estimulado por progesterona e com o sistema imunológico
local debilitado.
Wadas et al. (1996) analisaram as características de E.coli isoladas de conteúdo
uterino de cadelas com piometra e das fezes das mesmas e verificaram que eram muito
similares. Além disso, em 88% dos casos, E.coli isolada a partir do trato urinário eram
idênticas ou similares àquelas isoladas a partir dos úteros infectados. Concluíram que E.coli
associada com piometra canina, seria oriunda da microbiota fecal e que a infecção do trato
urinário ocorre pelo mesmo clone de E.coli que o observado no útero da cadela com piometra,
tendo em vista que as cepas isoladas eram similares embora não idênticas. Aventaram a
122
possibilidade de que E.coli associada com quadros de piometra seriam descendentes de certos
clones de E.coli presentes nas fezes, e que poderiam conter determinados fatores de
virulência.
Segundo Hagman e Kühn (2002), as cepas de E.coli isoladas a partir de amostras de
conteúdo uterino de cadelas com piometra pertenciam a certos grupos clonais com habilidade
maior isto é, com determinados fatores de virulência, que poderiam lhes conferir maior
capacidade para infectar o útero.
A predominância de Escherichia coli nas infecções uterinas pode ser devida à
habilidade deste microrganismo em aderir a sítios antigênicos específicos no endométrio
estimulado por progesterona e no miométrio (GROOTERS, 1994; NELSON; FELDMAN,
1986).
O desenvolvimento de resistência bacteriana a drogas antimicrobianas não é um
fenômeno novo e tem sido documentada desde a introdução dos antibióticos. Resistência
múltipla a drogas emergiu no final dos anos 50 e se tornou um problema significante na
medicina clínica durante os anos 60 (TENOVER; HUGHES, 1996).
A emergência da resistência antimicrobiana na bactéria é complexa, e geralmente
envolve a combinação de eventos incluindo mutações nos genes de resistência, troca de
material genético entre microrganismos, e aumento das pressões seletivas pelo uso abusivo de
antimicrobianos. O principal mecanismo de transferência de resistência na família
Enterobacteriaceae é através da transferência de plasmídios de resistência entre cepas por
conjugação. Esses plasmídios são moléculas de DNA extragênicos contendo genes de
resistência antimicrobiana que são transferidos entre bactérias da mesma espécie ou de
espécies diferentes (WATANABE, 1963).
O desenvolvimento de resistência antimicrobiana em animais de companhia e suas
implicações á saúde humana são pouco documentadas (NORMAND et al., 2000).
123
O fator de resistência aos antimicrobianos ou fator, encontrado em algumas cepas de
E.coli, também constitui importante fator de virulência. Este fator pode ser transmitido a
outros microrganismos da mesma espécie, favorecendo a manutenção de linhagens resistentes
às diferentes drogas dificultando, conseqüentemente, a terapia antimicrobiana frente a
infecções desencadeadas pelo agente (TRABULSI; TOLEDO, 1999). Adicionalmente,
evidências têm apontado que cepas de E.coli, de origem animal, adquiridas pelo homem por
via oral, podem transferir o fator R às cepas do mesmo microrganismo de origem humana
(HIRSCH; WIGER, 1978). Resistência múltipla a antimicrobianos na família
Enterobacteriaceae é baseada, na maioria das vezes, na presença de elementos extra
cromossomais chamados de fatores R. A transmissão horizontal de resistência múltipla já foi
demonstrada entre membros da família Enterobacteriaceae, como entre E.coli e Salmonella
spp. (DWIGHT; HIRSH, 1973).
Os agentes antimicrobianos fluorquinolonas são muito utilizados na medicina humana
e veterinária (COHN et al., 2003). A enrofloxacina tem um amplo espectro de ação contra
muitas bactérias Gram-positivas e Gram-negativas que estão associadas a infecções do trato
urinário em cães (PLUMB, 1999). O mecanismo primário de resistência bacteriana a
antibióticos fluorquinolonas foi descrito em Escherichia coli como uma mutação
cromossomal no gene gyrA, que codifica a subunidade A da enzima DNA gyrase (BROWN;
AYMES, 1998).
Adwan et al. (2004) realizaram um estudo com 80 amostras de E.coli isoladas de
humanos com infecções do trato urinário. Foi observada resistência de 65% das amostras a
ampicilina. O estudo realizado por Cui et al. (2004), em 148 cepas de E.coli isoladas de
humanos com infecções urinárias, apresentou 83% de resistência a ampicilina. Lau, Peng e
Chang (2004) verificaram em cepas de E.coli isoladas de pacientes com infecções urinárias,
80% de resistência a ampicilina e 59% a cefalotina. Oluoch et al. (2001) realizaram um estudo
124
com 674 cepas de E.coli isoladas de diversas infecções em cães incluindo do trato
genitourinário, e observaram, 90% de sensibilidade a norfloxacina, 87,5% a enrofloxacina,
90,7% a gentamicina e 85,9% a amicacina. Cooke et al. (2002) observaram em cepas de
E.coli isoladas de cães com infecções do trato urinário, 53% de resistência à enrofloxacina e
47% de sensibilidade. E observaram que houve um aumento significativo de resistência, de
isolados de E.coli de urina de cães, à enrofloxacina de 1994 a 1997 num hospital veterinário
na Califórnia, e que esse aumento seguiu um aumento no uso de enrofloxacina nesse período.
Das 151 amostras de E.coli isoladas, houve maior resistência aos antimicrobianos
cefalotina (86,1%) e ampicilina (68,9%), e maior sensibilidade a norfloxacina (94%),
polimixina B (82,8%), sulfazotrin (76,8%), cloranfenicol (75,5%), enrofloxacina (75,5%), e
gentamicina (70,2%).
Os resultados obtidos de resistência de E.coli à ampicilina foram observados também
por Adwan et al. (2004)em amostras de infecções de trato urinário de humanos. Comparando-
se os resultados com os observado por Olouch et al. (2001) em cães com diversas infecções
por E.coli verificamos que há semelhança entre os resultados de sensibilidade de
norfloxacina. Não foi encontrado nenhum trabalho com testes de sensibilidade a
antimicrobianos de isolados de E.coli de cadelas com piometra, mas comparando-se os
resultados obtidos com outros trabalhos realizados em infecções em cães e em humanos
houve uma semelhança com algumas pequenas diferenças entre os resultados obtidos.
Das 28 cepas de bactérias Gram negativas isoladas (Klebsiella pneumoniae subsp.
pneumoniae, Pseudomonas aeruginosa, Morganella morganii, Salmonella sp., Citrobacter
diversus, Klebsiella pneumoniae subsp. azanae, Proteus mirabilis) excetuando as cepas de
E.coli isoladas, houve maior resistência aos antimicrobianos ampicilina (92,9%), cefalotina
(89,3%), cefoxitina (85,7%), cefalexina (82,1%), e tetraciclina (71,4%), e maior sensibilidade
a norfloxacina (78,6%) e polimixina B (60,7%). Das 26 cepas de bactérias Gram positivas
125
isoladas (Staphylococcus schleiferi subsp. coagulans, Staphylococcus kloosii, Staphylococcus
epidermidis, Staphylococcus intermedius, Staphylococcus caprae, Streptococcus pyogenes,
Streptococcus canis, Streptococcus sp., Citrobacter jeikeium e Enterococcus faecium), houve
maior resistência aos antimicrobianos penicilina (91,3%), oxacilina (60,9%) e ampicilina
(60,9%), e maior sensibilidade a vancomicina (87,0%), cefalexina (78,3%), norfloxacina
(69,6%), sulfa+trimetoprin (69,6%), gentamicina (65,2%), e polimixina B (60,9%).
Cohn et al. (2003) observaram um aumento significativo na proporção de isolados
bacterianos, de trato urinário de cães, resistentes à enrofloxacina de 1992 a 2001 na
Universidade de Missouri nos EUA. Apesar da eficácia desse antimicrobiano permanecer alta,
com 80% dos isolados sendo suscetíveis, os dados mostram que houve um aumento na
proporção de bactérias isoladas resistentes. Brothers, Gibbs e Wooley (2002) observaram que
isolados de Pseudomonas aeruginosa e Enterococcus spp., de cães com infecção do trato
urinário, expostos à enrofloxacina desenvolveram resistência rapidamente, enquanto que
Klebsiella, Proteus e Streptococcus spp eram menos prováveis de desenvolverem essa
resistência. Nenhum isolado de Escherichia coli e Staphylococcus desenvolveram resistência,
em algumas cepas existia uma variação de suscetível a intermediário.
O antimicrobiano de eleição utilizado no pós-operatório das cirurgias de ovário-
salpingo-histerectomia de cadelas com piometra no Setor de Obstetrícia do Hospital
Veterinário (HOVET) da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de
São Paulo é a enrofloxacina. O presente estudo permitiu verificar que este ainda é um
antimicrobiano eficiente na maior parte das vezes, tendo em vista que 68,8% dos
microrganismos apresentaram sensibilidade (P<0,05) ao mesmo, mas pelos resultados
observados por Cohn et al. (2003), Cooke et al. (2002) e Olouch et al. (2001), a resistência a
esse antimicrobiano em animais vêm aumentando a cada ano, mostrando que o uso
126
prolongado de antimicrobianos leva ao desenvolvimento de resistência em bactérias,
principalmente nas cepas de E.coli que transferem essa característica aos seus descendentes.
De Bosschere et al. (2001) observaram no exame histológico que nenhum útero (n =
26) de cadelas saudáveis apresentou reação inflamatória. Dhaliwal, Wray e Noakes (1998)
tentaram correlacionar as linhagens de E.coli isoladas e as alterações histopatológicas da
parede uterina. Linhagens O4K- e O7K+ destruíram completamente a integridade do epitélio,
enquanto que as linhagens O88K+ e K- produziram menor efeito em termos de infiltração de
células inflamatórias e grau de integridade. O estudo realizado utilizou 34 amostras de tecido
de útero, uma quantidade considerada pequena para permitir correlações adequadas entre
sinais clínicos, cepas de Escherichia coli e a severidade das lesões, tendo em vista a
diversidade das características dos sorotipos deste microrganismo. Além disso, o estudo foi
realizado em diferentes clínicas com participação de diferentes cirurgiões, cada qual adotando
um procedimento distinto para a retirada do útero, comprometendo assim o exame
histopatológico do mesmo. Os pesquisadores concluíram que seria necessário um número de
casos muito superior ao utilizado e, preferencialmente procedentes de um único local, com
participação de um único cirurgião, para padronizar a amostragem.
Diferentemente do estudo de Dhaliwal, Wray e Noakes (1998), foram colhidos
amostras de 100 úteros de cadelas com piometra para a realização do exame histopatológico,
sendo uma amostra de cada corno uterino, totalizando 200 amostras. Além disso, um único
cirurgião realizou todas as cirurgias, e a coleta foi realizada sempre pela mesma pessoa, não
havendo diferença no método utilizado.
Considerando as 146 amostras de E.coli isoladas, 46 (30,5%) apresentaram processo
inflamatório ocupando área maior que 75%, e das 51 amostras com isolamento de Gram
positivas, Gram negativas exceto E.coli, E.coli associadas com Gram positivas e 03 amostras
sem crescimento, 12 apresentaram processo inflamatório ocupando área maior que 75%.
127
Estatisticamente, o tamanho do infiltrado inflamatório presente nos fragmentos uterinos onde
houve isolamento de E.coli não é maior do que o encontrado nas amostras nas quais isolaram-
se outros agentes (P>0,05). Entretanto, verificou-se uma correlação entre o tamanho do
infiltrado inflamatório e a quantidade de unidades formadoras de colônias/mL, sendo que
quanto maior a quantidade de u.f.c./mL presentes, maior o tamanho do infiltrado inflamatório
(P<0,05). Este resultado foi observado comparando-se todas as amostras num único grupo,
bem como as analisando isoladamente o grupo das E.coli. Embora esta correlação tenha
significância, ela também se apresentou baixa, permitindo concluir que devam existir outros
fatores influenciando a presença e intensidade do processo inflamatório além do elevado
número de unidades formadoras de colônias presentes.
Quando comparados os tamanhos dos processos inflamatórios observados nas
amostras das quais foram isoladas E.coli com os tamanhos dos infiltrados inflamatórios
presentes para outros microrganismos, não foi observada diferença estatisticamente
significante (P>0,05).
Cepas patogênicas de E.coli são comumente isoladas de fezes de cães aparentemente
saudáveis (MARKS; KATHER, 2003).
Linhagens de E.coli enterotoxigênica (ETEC) podem produzir isoladamente ou em
conjunto (mediante a regulação por plasmídios), dois tipos principais e distintos de
enterotoxinas denominadas LT (toxinas termolábeis - LT-I e LT-II), e ST (toxinas
termoestáveis - Sta e STb) (CAMPOS; TRABULSI, 1999; FRANCO; LANDGRAF, 1996).
LT-II e STb são produzidas por cepas de E.coli isoladas de animais, mas não de humanos. Os
genes de LT-I e Sta estão presentes num plasmídio transferível (MURRAY et al., 1998). A
maior parte das cepas caninas de ETEC expressa a enterotoxina ST (RITCHER; GRUND;
HELLMAN, 1984), e cepas produtoras de enterotoxina LT são raramente encontradas em
128
cães (HAMMERMUELLER et al., 1995; OLSON; HEDHAMMER; FARIS, 1985;
RITCHER; GRUND; HELLMAN, 1984).
No presente estudo nenhuma cepa de E.coli apresentou positividade às toxinas LT-I,
LT-II, STa e STb, sugerindo que E.coli enterotoxigênica não está envolvida na causa dessa
enfermidade.
Nos últimos anos, a ocorrência de E.coli enterohemorrágica (EHEC) sorotipo
O157:H7 tem sido descrita em diferentes espécies de animais, com referência especial à
espécie bovina, causando diarréia e emergindo como importante causa de doença entérica e
renal no homem (ALTEKRUSE; COHEN; SWERDLOW, 1997; FENG, 1996; TAUXE,
1997).
Esse grupo de E.coli é produtor de uma toxina chamada shiga toxina. Está presente na
flora fecal de animais domésticos saudáveis e mais freqüentemente é encontrada em
ruminantes (BEUTIN et al., 1993; CAPRIOLI et al., 1993; MONTENEGRO et al., 1990).
Low et al. (1988) relataram o isolamento de O157:H7 de um cão com infecção do trato
urinário.
Beutin (1999) sugeriu que cães assintomáticos poderiam agir como vetores de
transmissão das EHEC aos seres humanos.
No presente estudo nenhuma cepa de E.coli apresentou positividade às toxinas VT1 e
VT2, sugerindo que cães com piometra não apresentam E.coli enterohemorrágica envolvida
nessa enfermidade.
Apesar do reconhecimento atual da existência de uma grande quantidade de
sorogrupos de E.coli, somente alguns deles tem-se mostrado comprovadamente patogênicos
para o homem e animais (CAMPOS; TRABULSI, 1999; ORSKOV; ORSKOV, 1992). A
ocorrência das diferentes apresentações clínicas das colibaciloses, depende de propriedades ou
129
fatores de virulência, que determinam o grau de patogenicidade do agente (CASTRO; YANO,
1992).
Cepas de E.coli causando infecções extra-intestinais em cães e gatos foram associadas
com alguns grupos O que também são freqüentemente isolados da flora fecal normal desses
animais (LOW et al., 1988). Dentro desse grupo temos as E.coli uropatogênicas (UPEC)
(PEETERS, 1994). São as Escherichia coli que causam doenças do trato urinário tanto em
humanos como em animais. A E.coli se move do trato gastrointestinal para o trato urinário. A
maior parte das infecções de trato urinário começa com a colonização do colón por uma cepa
de E.coli que é capaz de causar infecções do trato urinário. (SAYLERS; WHITT, 2002).
Um número grande de adesinas da E.coli já foi reconhecido nesse processo. O pili
Tipo 1 são relacionadas à colonização do trato vaginal, e uma contribuição pequena na
bexiga. A adesina mais importante, principalmente nas cepas que causam infecções renais é o
pili P. Os genes envolvidos na síntese do pili P são designados pap (pili associado com
pielonefrite). Genes codificando o pili P estão aglomerados no cromossomo da bactéria. A
regulação do gene pap é complexa. A expressão dos genes pap muda em resposta à
temperatura, nível de glicose no meio, e concentrações de aminoácidos (SAYLERS; WHITT,
2002). Receptores da fímbria P estão presentes nos eritrócitos de humanos, suínos, pombos,
frangos, caprinos e cães (PARRY; ROOKE, 1985).
Johnson, Stell e Delavari (2001) analisaram 63 amostras de fezes de cães colhidos no
ambiente urbano em Minnesota (EUA). E.coli foi isolada de 30% das amostras, e em 56%
dessas foi observado o gene pap. Também observaram que mais de 50% dessas amostras com
o gene pap eram diretamente relacionadas com isolados de humanos com cistite, pielonefrite,
bacteremia ou meningite. Com esses dados concluíram que ExPEC (E.coli patogênica extra-
intestinal) é bastante prevalente em fezes caninas, que conseqüentemente poderia ser um
reservatório de ExPEC para a aquisição de humanos.
130
Wullt et al. (2001) observaram que a fímbria P pode ter um importante papel na
adesão bacteriana e colonização do endométrio na patogênese da piometra.
No presente estudo 57,6% dos isolados de E.coli foram positivas para o gene pap,
resultado muito semelhante ao encontrado por Johnson, Stell e Delavari (2001) em fezes de
cães saudáveis. Isso sugere que E.coli isolada do útero de cães com piometra pode ser
proveniente da flora intestinal do próprio cão como sugere Wadas et al. (1996).
Além dos pili, existem as fímbrias S (sfa), que se constituem em importantes adesinas
associadas a doenças no trato urinário tanto em humanos como em animais (SAYLERS;
WHITT, 2002).
Foram isoladas 79,5 % de E.coli positivas para sfa, mostrando que essa adesina deve
ter um importante papel na colonização do útero.
As cepas uropatogênicas possuem também adesinas que não são pili, como as adesinas
afimbriais (afaI e afaIII) e adesina Dr. (SAYLERS; WHITT, 2002).
Apenas 3,3% das amostras isoladas de E.coli apresentaram positividade para o gene
afa. Provavelmente essa adesina tem um papel muito pequeno na colonização do útero.
Algumas E.coli uropatogênicas produzem uma toxina extracelular originalmente
chamada de hemolisina porque ela lisa eritrócitos e também destrói outros tipos celulares,
levando à liberação de citocinas e estimulação de uma resposta inflamatória (MURRAY et al.,
1998; SAYLERS; WHITT, 2002). A alfa hemolisina lisa eritrócitos de todos os mamíferos e
até de peixes (RENNIE; ARBUTHNOTT, 1974).
Alguns estudos já mostraram que a produção de Hly é uma propriedade associada com
cepas de Escherichia coli que causam infecções extra-intestinais em humanos (CAPRIOLI et
al., 1987; HUGHES et al., 1983). Cepas de E.coli isoladas de cães e gatos com infecção do
trato urinário têm uma alta prevalência de hly (WILSON et al., 1988).
131
Na infecção do trato urinário em humanos, a produção de hemolisina é mais comum
em cepas de pacientes com pielonefrite (49%), seguido pelos pacientes com cistite (40%)
(BROOKS; BENSEMAN; PECK, 1981).
Low et al. (1988) compararam genes pap e hly de cães (n=4) e humanos (n=6) com
infecção do trato urinário, e observaram que todos os isolados tinham o DNA similar. Esses
resultados sugeriram que algumas cepas de E.coli podem ser capazes de infectar tanto cães
como humanos.
Nesse estudo 34,4% das amostras isoladas de E.coli apresentaram positividade para a
hly. É um número que está um pouco abaixo do que é observado em humanos com infecções
do trato urinário, sugerindo que esse fator de virulência tem um papel menos na piometra
canina do que nas infecções do trato urinário.
O fator necrosante citotóxico (cnf) tem sido descrito, em anos recentes, associado a
uma grande variedade de infecções no homem e em animais, sendo considerado um
importante mecanismo de virulência de E.coli (WRAY; WOODWARD, 1997).
Dois tipos de fatores necrosantes citotóxicos, cnf1 e cnf2, já foram descritos. A
produção de cnf1 é associada com a produção de D-hemolisina, e cepas de E.coli produtoras
de cnf1 já foram isoladas de infecções intestinais e extraintestinais de cães assim como de
fezes de cães assintomáticos (POHL; OSWALD; VAN MUYLEM, 1993).
A produção de cnf1 é intimamente relacionada a cepas de E.coli que causam doenças
extra-intestinais em cães e gatos, mas a contribuição de cnf1 nessas doenças não é bem
conhecida (BEUTIN, 1999).
Cepas de E.coli produtoras de cnf1 já foram isoladas de infecções intestinais e extra-
intestinais de cães assim como de fezes de cães assintomáticos com porcentagens de
isolamento muito semelhantes (POHL; OSWALD; VAN MUYLEM, 1993).
132
Nesse estudo foi observada uma alta prevalência de cnf (57,0%) nas amostras de E.coli
isoladas correspondendo ao observado por Beutin (1999), Pohl, Oswald e Van Muylem
(1993) e Wray e Woodward (1997).
Nolte et al. (1993), observaram que o grau de infiltração de células inflamatórias no
epitélio endometrial era maior em presença de cnf.
Diferentemente do que foi observado por Nolte et al. (1993) não houve correlação
entre o tamanho do infiltrado inflamatório e o fator de virulência cnf. Esse aspecto ainda deve
ser esclarecido com um número maior de amostras para se verificar se essa relação existe ou
não.
Outros fatores também contribuem para a virulência das E.coli uropatogênicas, como a
aquisição de ferro. Essas E.coli possuem diversos mecanismos de seqüestro de ferro,
incluindo sistemas sideróforos (SAYLERS; WHITT, 2002).
Na E.coli, a aerobactina (gene iuc – iron uptake:chelate), um sideróforo, é a mais
efetiva dentre os sistemas de quelação de ferro utilizadas pelas bactérias entéricas para a
aquisição de ferro (DE LORENZO; MARTINEZ, 1988).
O sistema de aerobactina é isolado com mais freqüência em cepas de E.coli isoladas de
pacientes com pielonefrites (73%), cistites (49%), ou com bacteremias (58%) do que de
amostras de fezes (41%). Isso sugere que a aerobactina contribui para a virulência dentro e
fora do trato urinário (JOHNSON, 1991).
Westerlund et al. (1987), concluíram que essa prevalência baixa de iuc, nos isolados
caninos, indica que as cepas caninas utilizam sistemas diferentes para o seqüestro de ferro.
Nesse estudo 33,8% das amostras de E.coli isoladas apresentaram positividade para o
gene iuc, resultado semelhante à prevalência observada por De Lorenzo e Martinez (1988) em
fezes de cães saudáveis. Isso sugere novamente que a E.coli presente na piometra de cães
provavelmente é proveniente da flora fecal do próprio cão. Conforme observado por
133
Westerlund et al. (1987), a aerobactina é observada com maior freqüência em isolados de
humanos do que em cães.
O sistema aerobactina e a fímbria P são normalmente encontrados em conjunto em
isolados de pacientes humanos com infecção do trato urinário (JACOBSON et al., 1988).
Plasmídios carreando a região da aerobactina ás vezes, também carreiam genes de resistência
a antimicrobianos (DELGADO-IRIBARREN et al., 1987).
Essa correlação entre a aerobactina e o gene pap ocorreu em apenas 32,6% das
amostras de E.coli isoladas e não apresentou significância estatística (P>0,05), sugerindo que
essa correlação não ocorre na ocorrência da piometra como ocorre na infecção do trato
urinário.
Chen et al. (2003) isolaram E.coli de cães com piometra (n=23) e de fezes de cães
saudáveis (n=24). Todas as amostras, exceto uma, possuíam pelo menos um fator de
virulência de cepas uropatogênicas. Nenhum isolado foi positivo para o gene afa1. Eles
observaram que havia uma similaridade entre as prevalências dos genes de pap, hlyA, cnf1,
afa1 e sfa nos isolados de piometra e as prevalências desses mesmos genes de isolados de
cães e humanos com infecção do trato urinário, sugerindo que os determinantes de virulência
no útero canino são semelhantes aos determinantes de virulência nos tratos urinários de cães e
humanos. Encontraram uma alta prevalência de pap, cnf1, hlyA e sfa nos isolados de piometra
e uma baixa prevalência de iuc e afa1.
Nesse estudo, foram identificados fatores de virulência em 98,0% das cepas de
Escherichia coli avaliadas, demonstrando uma alta freqüência de E.coli potencialmente
patogênica (P<0,05), como observado por Chen et al. (2003), mas numa amostragem bem
menor. Os fatores de maior freqüência foram sfa (79,5% das cepas), pap (57,6%) e cnf
(57,0%). A realização de uma correlação estatística entre os fatores de virulência observados,
o tamanho do infiltrado inflamatório e a quantidade de unidades formadoras de colônias/mL,
134
permitiu observar que existe uma correlação estatisticamente significante (P<0,05) entre o
tamanho do infiltrado inflamatório e o fator de virulência sfa sendo que, o tamanho do
infiltrado inflamatório é maior nas amostras que não apresentam positividade para esse fator
de virulência.
Verificou-se ainda uma correlação estatisticamente significante (P<0,05) entre a
quantidade de unidades formadoras de colônias/mL e o fator de virulência pap. A quantidade
de u.f.c./mL é maior em amostras nas quais não foi observada presença desse fator de
virulência. Tendo em vista que o fator de virulência pap é responsável pela aderência da
bactéria através de receptores específicos de bexiga e ureter (SAYLERS; WHITT, 2002),
provavelmente as bactérias que apresentam pap se adaptam melhor a estes ambientes do que
ao útero.
Procedendo-se à correlação entre a presença dos outros fatores de virulência com os
tamanhos dos processos inflamatórios, bem como à quantidade de unidades formadoras de
colônias/mL, não se observou nenhum resultado estatisticamente significante (P>0,05).
Von Sydow et al. (2004) verificaram a presença de 89,21% de E.coli em trato
gastrointestinal de cães saudáveis (N = 102), e observaram 76% de cepas de E.coli com
presença de fatores de virulência, sendo que 57,14% apresentaram mais de um fator de
virulência. Os fatores de virulência detectados com maior freqüência foram iuc (48%), sfa
(40%) e pap (24%).
Nesse estudo 80,4% das amostras de E.coli isoladas apresentaram mais de um fator de
virulência, prevalência maior do que na observada nas fezes de cães saudáveis. Os fatores de
virulência com maior freqüência na piometra foram sfa (79,5% das cepas), pap (57,6%) e cnf
(57,0%), resultados estes um pouco diferentes dos observados por Von Sydow et al. (2004)
em fezes de cães saudáveis, sugerindo que estes fatores têm um importante papel na
colonização do útero e manutenção da enfermidade na piometra.
135
Os cães e gatos pertencem àquelas espécies de animais que estão vivendo próximos ao
humano por milhares de anos. Como conseqüência, contatos entre humanos, cães e gatos são
numerosos e a possibilidade de transmissão de microrganismos entre essas diferentes espécies
de hospedeiros é extremamente alta (BEUTIN, 1999). A transmissão de E.coli patogênica
enteral e extra-intestinal entre cães e humanos já foi relatada por Beutin (1999). Whittam,
Wolfe e Wilso (1989) observaram que cepas de E.coli uropatogênicas de humanos, cães e
gatos eram similares geneticamente. Low et al. (1988) sugeriram que cepas de E.coli de
humanos e de cães poderiam ser transmitidas como patógenos urinários entre cães e humanos.
Senior, Deman e Svanborg (1992) observaram que fenotipicamente, a maioria das E.coli
uropatogênicas de cães aglutinavam eritrócitos caninos, mas não aglutinavam eritrócitos de
humanos, e que aderiam a células uroepiteliais de cães, mas não de humanos, no entanto,
cepas de E.coli de humanos agiam de modo contrário.
Cães e gatos podem ter um papel importante na transmissão como vetores de E.coli
para outros animais e para o humano. Diversos estudos indicaram que a transmissão, de
clones de E.coli uropatogênicas similares aos clones fecais, entre humanos, cães e gatos já
ocorreu e pode ocorrer novamente (WHITTAM; WOLFE; WILSON, 1989). Beutin (1999)
observou que alguns tipos isolados de E.coli patogênica extra-intestinal, de cães, gatos e
humanos foram encontrados como sendo geneticamente próximos, mas mostraram diferenças
nas suas adesinas fimbriais P, que determinam especificidade pelo hospedeiro.
136
CONCLUSÕES
137
7 CONCLUSÕES
O presente estudo confirmou a ocorrência da Escherichia coli como sendo o agente
isolado com mais freqüência nos processos de piometra em cadelas, bem como permitiu
verificar a presença de fatores de virulência nas cepas isoladas. Esses fatores de virulência
podem ser identificados em estirpes de E.coli associadas a infecções no homem e em animais,
principalmente no trato genito-urinário.
Conclui-se estatisticamente que quanto maior o número de unidades formadoras de
colônias/mL, maior a intensidade do processo inflamatório. Essa correlação se apresentou
baixa, sugerindo que existem outros fatores envolvidos no processo inflamatório além do
número de unidades formadoras de colônias/mL.
O tamanho do infiltrado inflamatório presente nos fragmentos uterinos onde houve
isolamento de E.coli não foi maior do que o encontrado nas amostras nas quais isolaram-se
outros agentes.
Observou-se ainda uma correlação estatisticamente significante (P<0,05) entre o
tamanho do infiltrado inflamatório e o fator de virulência sfa sendo que, o tamanho do
infiltrado inflamatório foi maior nas amostras que não apresentaram positividade para esse
fator de virulência.
Observou-se uma maior sensibilidade de E.coli aos antimicrobianos norfloxacina,
polimixina B, sulfazotrin, cloranfenicol, enrofloxacina, e gentamicina e uma maior resistência
aos antimicrobianos cefalotina e ampicilina. Nas cepas isoladas de bactérias Gram negativas
houve maior sensibilidade aos antimicrobianos norfloxacina e polimixina B e maior
resistência aos antimicrobianos ampicilina, cefalotina, cefoxitina, cefalexina, e tetraciclina.
Nas cepas isoladas de bactérias Gram positivas houve maior sensibilidade aos
138
antimicrobianos vancomicina, cefalexina, norfloxacina, sulfa+trimetoprin, gentamicina, e
polimixina B e maior resistência aos antimicrobianos penicilina, oxacilina e ampicilina.
Nenhuma cepa de E.coli apresentou positividade às toxinas LT-I, LT-II, STa e STb,
sugerindo que E.coli enterotoxigênica não está envolvida na causa dessa enfermidade.
Nenhuma cepa de E.coli apresentou positividade às toxinas VT1e VT2, sugerindo que
cães com piometra não apresentam E.coli enterohemorrágica envolvida nessa enfermidade.
Foram identificados fatores de virulência em 98,0% das cepas de Escherichia coli
avaliadas, demonstrando uma alta freqüência de E.coli potencialmente patogênica.
Verificou-se ainda uma correlação estatisticamente significante (P<0,05) entre a
quantidade de unidades formadoras de colônias/mL e o fator de virulência pap. A quantidade
de u.f.c./mL é maior em amostras nas quais não foi observada presença desse fator de
virulência.
Procedendo-se à correlação entre a presença dos outros fatores de virulência com os
tamanhos dos processos inflamatórios, bem como à quantidade de unidades formadoras de
colônias/mL, não se observou nenhum resultado estatisticamente significante (P>0,05).
139
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