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AVALIAÇÃO DE CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS DOS FRUTOS,
DIVERSIDADE GENÉTICA E DETECÇÃO DE MARCAS
MOLECULARES ASSOCIADAS AO GENE DA APIRENIA, EM
VARIEDADES DE VIDEIRA
FELIPE CAVALCANTI CARNEIRO DA SILVA
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY
RIBEIRO-UENF
CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ
JULHO – 2006
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AVALIAÇÃO DE CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS DOS FRUTOS,
DIVERSIDADE GENÉTICA E DETECÇÃO DE MARCAS
MOLECULARES ASSOCIADAS AO GENE DA APIRENIA, EM
VARIEDADES DE VIDEIRA
FELIPE CAVALCANTI CARNEIRO DA SILVA
Tese apresentada ao Centro de Ciências e
Tecnologias Agropecuárias da Universidade
Estadual do Norte Fluminense Darcy
Ribeiro, como parte das exigências para
obtenção do título de Mestre em Genética e
Melhoramento de Plantas
Orientador: Prof. Alexandre Pio Viana
CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ
JULHO – 2006
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AVALIAÇÃO DE CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS DOS FRUTOS,
DIVERSIDADE GENÉTICA E DETECÇÃO DE MARCAS
MOLECULARES ASSOCIADAS AO GENE DA APIRENIA, EM
VARIEDADES DE VIDEIRA
FELIPE CAVALCANTI CARNEIRO DA SILVA
Tese apresentada ao Centro de Ciências
e Tecnologias Agropecuárias da
Universidade Estadual do Norte
Fluminense Darcy Ribeiro, como parte
das exigências para obtenção do título de
Mestre em Genética e Melhoramento de
Plantas
Aprovada em 27 de julho de 2006
Comissão Examinadora:
Prof. Messias Gonzaga Pereira (Ph.D., Melhoramento de Plantas) – UENF
Prof. Gonçalo Apolinário de Souza Filho (Doutor, Biociências e Biotecnologia) –
UENF
Prof. Jurandi Gonçalves de Oliveira (Doutor, Biologia Vegetal) – UENF
Prof. Sergio Yoshimitsu Motoike (PhD., Natural Resources and Environmental
Sciences) – UFV
Prof. Alexandre Pio Viana (Doutor, Produção Vegetal) – UENF
Orientador
A Deus, por tanto me abençoar, à minha noiva Denise, meus pais Walter e Kica
e meus avós.
ii
AGRADECIMENTO
A toda minha famílIa (meus irmãos Paula e Daniel, minha mãe Kica e meu
pai Walter), que sempre me apoiou e tanto me incentivou.
Ao meu orientador Prof. Alexandre Pio Viana, que depositou sua confiança
em mim.
Aos professores Messias, Jurandi, Gonçalo e Ricardo Smith, pelas valiosas
sugestões.
Aos amigos Ramon, Ana Paula, Luciléia, Mirella, Renata, Patrícia, Marília,
Wellington, Gustavo, Chico, Willian, Silvério e, especialmente ao Chico e Pedro,
que tanto me ajudaram.
À UENF e CAPES, pela bolsa de estudos e à FAPERJ e CNPQ, pelo apoio
financeiro.
A Deus.... porque como disse Ele mesmo:
“Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em Mim, e Eu, nele,
esse dá muito fruto; porque sem Mim nada podeis fazer.”
João 15:5
iii
SUMÁRIO
RESUMO .......................................................................................................... vii
ABSTRACT........................................................................................................ ix
1. INTRODUÇÃO ...............................................................................................1
2. REVISÃO DE LITERATURA ..........................................................................4
2.1. Origem da videira......................................................................................4
2.2. Classificação botânica. .............................................................................4
2.3. Aspectos reprodutivos ..............................................................................5
2.3.1. Biologia floral ....................................................................................5
2.3.2. Modo de reprodução.........................................................................5
2.4. Aspectos químicos e fenológicos..............................................................6
2.5. Potencialidades do melhoramento assistido por marcadores de
DNA ...............................................................................................................10
2.6. Perspectivas de utilização de variedades apirênicas..............................12
2.7. Hipóteses para a herança da apirenia ....................................................14
2.8. RAPD na viticultura e diversidade genética ............................................17
3. TRABALHOS ................................................................................................19
3.1. ESTUDO DA DIVERSIDADE GENÉTICA EM DOZE CULTIVARES
DE VIDEIRAS E DETECÇÃO DE MARCAS MOLECULARES
ASSOCIADAS AO GENE DA APIRENIA..........................................................19
RESUMO ..........................................................................................................20
ABSTRACT.......................................................................................................22
iv
3.1.1. INTRODUÇÃO................................................................................23
3.1.2. MATERIAL E MÉTODOS ...............................................................25
3.1.2.1. Material genético .................................................................25
3.1.2.2. Extração de DNA.................................................................26
3.1.2.3. Reação da polimerase em cadeia para RAPD....................28
3.1.2.4. Reação da polimerase em cadeia para SCAR....................28
3.1.2.5. Enzima de restrição.............................................................28
3.1.2.6. Teste de eficiência do marcador molecular SCAR
ligado ao gene da apirenia em videiras............................................29
3.1.2.7. Análises estatísticas............................................................29
3.1.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................30
3.1.3.1. Seleção de iniciadores para análise de RAPD....................30
3.1.3.2. Marcador SCAR ligado ao gene da apirenia .......................35
3.1.4. CONCLUSÕES...............................................................................38
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................39
3.2. CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA E DETERMINAÇÃO DOS ESTÁDIOS
FENOLÓGICOS DE VARIEDADES DE VIDEIRAS CULTIVADAS NO
NORTE FLUMINENSE .....................................................................................41
RESUMO ..........................................................................................................42
ABSTRACT.......................................................................................................43
3.2.1. INTRODUÇÃO................................................................................44
3.2.2. MATERIAIS E MÉTODOS..............................................................46
3.2.2.1. Material genético.................................................................46
3.2.2.2. Determinação do ciclo reprodutivo ......................................47
3.2.2.3. Composição química dos frutos ..........................................48
3.2.2.4. Delineamento experimental e análises estatísticas.............49
3.2.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................50
3.2.3.1. Estádios fenológicos das variedades de videiras................50
3.2.3.2. Características químicas de frutos de videiras....................53
3.2.3.2.1. Teores de sólidos solúveis, acidez total titulável e
relação SST e ATT.......................................................................53
3.2.3.2.2. Teor de vitamina C.......................................................57
3.2.3.2.3. Teores de antocianinas................................................58
3.2.4. CONCLUSÕES...............................................................................61
v
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................62
3.3. RESUMOS E CONCLUSÕES ...............................................................65
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................67
vi
RESUMO
SILVA, Felipe Cavalcanti Carneiro da; M. Sc.; Universidade Estadual Do Norte
Fluminense Darcy Ribeiro; julho, 2006; Avaliação de características químicas,
diversidade genética e detecção de marcas moleculares associadas ao gene da
apirenia, em variedades de videira. Professor orientador: Alexandre Pio Viana.
Co-orientadores: Jurandi Gonçalves de Oliveira, Messias Gonzaga Pereira e
Sergio Yoshimitsu Motoike.
O objetivo deste trabalho foi realizar a caracterização molecular da
coleção de germoplasma da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy
Ribeiro. Para tanto, realizou-se o estudo da diversidade genética de 12
variedades elite por meio de marcadores RAPD. Através da dissimilaridade
genética baseada no índice de complemento de Jaccard foi obtida a matriz de
distância entre cada par de genótipo, sendo as variedades Niágara Rosada e
Itália as mais distantes geneticamente e as variedades Rubi e Itália as mais
próximas. Com os métodos de agrupamento de otimização de Tocher e
hierárquico do vizinho mais distante, foi possível determinar 3 grupos distintos. O
método de Tocher agrupou a variedade apirênica UFV 01 num grupo separado,
enquanto que, pelo método do vizinho mais distante, a variedade UFV 01 formou
um grupo com a variedade Romana, também apirênia. O marcador SCAR SCC8
mostrou-se bastante eficiente para discriminar genótipos apirênios de genótipos
com semente. As variedades apirênias Romana e UFV 01 revelaram-se
vii
indivíduos heterozigotos em relação à característica de apirenia. Objetivando
avaliar o comportamento de variedades de videiras introduzidas na região Norte
Fluminense, realizaram-se a determinação do ciclo reprodutivo e composição
química de seis variedades de videiras. Os resultados obtidos permitiram as
seguintes observações: as condições climáticas, no ano de 2006, garantiram uma
considerável redução do período de poda à colheita para todas as variedades
estudadas. Pela análise química dos frutos, todas as variedades apresentaram
resultados satisfatórios quanto aos teores de SST e acidez, à relação SST/ATT,
vitamina C e antocianinas. A variedade Romana obteve excelentes resultados
quanto ao teor de sólidos solúveis, acidez e vitamina C.
viii
ABSTRACT
SILVA, Felipe Cavalcanti Carneiro da; M. Sc.; Universidade Estadual do Norte
Fluminense Darcy Ribeiro; July, 2006; Evaluation of chemical characteristics of
the fruits, genetic diversity and detection of molecular marks linked to Seedless, in
grapes. Orienting Professor: Alexandre Pio Viana. Co-orientings: Jurandi
Gonçalves de Oliveira, Messias Gonzaga Pereira and Sergio Yoshimitsu Motoike.
The objective of this work was a molecular characterization of the basic
grape germplasm collection of the Universidade Estadual do Norte Fluminense
Darcy Ribeiro. The genetic diversity of 12 elite varieties was evaluated by means
of RAPD markers. Through the genetic dissimilarity based on the complement of
Jaccard’s index a distance matrix of each genotype pair was established. The
varieties Niágara Rosada and Itália were genetically the most distant and Rubi and
Itália the closest. With the grouping methods of Tocher optimization and
hierarchical most distant neighbor three distinct groups were discriminated. The
Tocher method grouped the seedless variety UFV 01 into a separate group, while
by the method of the most distant neighbor UFV 01 formed a group with variety
Romana, also seedless. SCAR marker SCC8 appeared effective to discriminate
genotypes with from genotypes without seeds. The seedless varieties Romana
and UFV 01 seemed heterozygous individuals in relation to the trait seedlessness.
The performance of grapevine varieties introduced into the Região Norte
Fluminense were evaluated based on the reproductive cycle and chemical
ix
composition of six grapevine varieties. Results allowed the following observations:
climatic conditions in 2006 reduced the pruning - harvest period considerably in all
study varieties. In the chemical fruit analysis, all varieties presented satisfactory
results regarding SST contents, acidity, SST/ATT ratio, vitamin C, glucose,
fructose, sucrose and anthocyanins. The contents of soluble solids, acidity and
vitamin C in variety Romana were considered excellent.
x
1
1. INTRODUÇÃO
O cultivo de videiras é uma arte relativa à antiguidade. Há registros sobre
a viticultura e enologia que datam de 5.000 a 6.000 anos atrás. A produção
mundial excede as 66 milhões de toneladas, ultrapassando a produção de todas
as outras frutas temperadas, ficando atrás somente do Citrus e da Banana (FAO,
2005). A videira é cultivada em mais de 9 milhões de hectares ao redor do mundo,
sendo seu fruto consumido principalmente na forma de vinhos, in natura, sucos e
uva-passa.
A produção brasileira de uvas finas de mesa desenvolveu-se com base
em uvas com sementes, especialmente da cultivar Itália e de suas mutações
(Rubi, Benitaka e Brasil). Atualmente, a Região Sul é a principal área produtora no
Brasil, responsável por mais de 600 mil toneladas por ano, sendo a maior parte
reservada à produção de vinhos. Nas Regiões Sudeste e Nordeste, predominam
as variedades destinadas ao consumo in natura (uvas de mesa), principalmente a
Itália e a Rubi (IBGE, 2003). A expansão da viticultura tropical com essas
cultivares proporcionou ao país a grande oportunidade de exportar uvas frescas
nos períodos de entressafra, em que a oferta diminuía consideravelmente. Na
década de 80, o Brasil conseguiu exportações em volumes razoáveis no Vale do
São Francisco, porém logo se percebeu que o mercado internacional era ocupado
por uvas sem sementes, que, até então, não eram cultivadas no país. A partir de
1993, depois de muita pesquisa, atingiram-se níveis satisfatórios de produtividade
com as cultivares sem sementes importadas, chegando a 37.000 toneladas em
1
2
2003. Todavia, a produção das cultivares tradicionais sem sementes apresentava
elevados custos de produção e riscos consideráveis devido à sua inconstância
produtiva, sensibilidade a doenças e ao rachamento de bagas pela ocorrência de
chuvas. Esta situação obrigou o setor produtivo a desenvolver cultivares de uvas
sem sementes adaptadas às condições das regiões produtoras do país e com
qualidade para competir no mercado externo. Diante disso, em 2003, a Embrapa
lançou as primeiras cultivares de uvas sem sementes do país, a BRS Morena,
BRS Clara e BRS Linda.
As regiões mais quentes do Brasil produzem uva de mesa de qualidade
superior, quando comparadas com as regiões tradicionalmente produtoras, devido
ao baixo índice de precipitação, alta luminosidade e temperatura, como a região
Noroeste de São Paulo. Neste caso, a região Norte Fluminense apresenta
potencial climático para a viticultura de mesa. Entretanto, a competitividade da
viticultura depende do uso de cultivares adaptadas, cuja produção atenda às
demandas do mercado. Em geral, as cultivares comerciais são oriundas de zonas
temperadas, onde a precipitação pluviométrica nos meses de verão é baixa. A
introdução destas cultivares nas condições brasileiras, em regiões onde o verão é
quente e chuvoso, tem apresentado como principal problema a ocorrência de
doenças, sobretudo míldio e oídio (Camargo, 1997).
O mercado de uvas de mesa é um dos mercados hortifrutícolas que mais
crescem no Brasil. O consumo per capita deste produto no país subiu de 0,4
Kg/hab/ano no início da década de 80 para quase 2,7 Kg/hab/ano em 2001
(Sentelhas, 1998).
O Estado do Rio de Janeiro constitui o segundo maior mercado
consumidor do país, totalizando 10% da população do Brasil (Campo, 1998). Esse
Estado apresenta 90% de seus habitantes concentrados na área urbana; apesar
disso, mesmo alguns municípios apresentando ótimas condições climáticas,
localização geográfica e infra-estrutura para investimentos, não se observam
plantios comerciais expressivos de videiras dentro do estado.
Nesses últimos anos, os viticultores têm-se preocupado em diversificar a
produção vitícola com a introdução de novas variedades não somente para evitar
a saturação do mercado com a oferta exclusiva de uva Itália mas também para
adaptação às novas exigências do mercado interno e principalmente do mercado
externo.
2
3
Os objetivos do presente trabalho foram avaliar a divergência genética da
coleção do banco de germoplasma de videiras da Universidade Estadual do Norte
Fluminense Darcy Ribeiro, detectar marcas moleculares associadas ao gene de
apirenia em videiras, determinar as características químicas de frutos e os
estádios fenológicos de variedades elite de videiras nas condições do Norte
Fluminense.
3
4
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. Origem da videira
A região entre o Mar Negro e o Mar Cáspio, no Velho Mundo é considerada
por taxonomistas como o local original das videiras, onde ainda hoje se
encontram na forma silvestre. No leste europeu, a videira se propagou
inicialmente ao redor da região mediterrânea, estendendo-se para o interior e
atingindo os vales da França, no tempo dos romanos. Em 1.500, a viticultura
estabeleceu-se nas ilhas da madeira e canárias. Mais tarde difundiu-se na África
do Sul, Austrália e América do sul. Ainda hoje são encontradas novas espécies
em regiões inexploradas, como, por exemplo, no México (Reisch e Pratt,1996).
2.2. Classificação botânica
As videiras pertencem à classe dicotyledoneae, ordem rhamnales, família
Vitaceae, são compostas de 14 gêneros e mais de 1.000 espécies. O gênero de
grande interesse econômico e o único que fornece alimento é o Vitis. Outros
gêneros, como Parthenocissus, Ampelopsis e Cissus, fornecem importantes
espécies ornamentais. O gênero Vitis é subdividido em duas seções: Muscadínea,
com todas as espécies diplóides 2n=2X=40 cromossomos, e Euvitis, também com
espécies diplóides 2n=2X=38 cromossomos.
4
5
A espécie Vitis vinifera faz parte da seção Euvitis, sendo a espécie que
apresenta as melhores qualidades de frutos e que deu origem a mais de 14.000
cultivares por todo o mundo (Reisch e Pratt,1996).
2.3. Aspectos reprodutivos
2.3.1. Biologia floral
O conhecimento da biologia floral tem grande valor na exploração
econômica de uma espécie (Oliveira e Lima, 2000). Em videiras, existem três
principais tipos de flor: flores hermafroditas, cujos estames são eretos e com
anteras produzindo pólen funcional, e pistilo, também funcional; flores pistiladas,
encontradas em plantas femininas de espécies dióicas, em que o pistilo é bem
desenvolvido e funcional, porém os estames são recurvados e o pólen geralmente
estéril; e flores estaminadas, encontradas em plantas masculinas com estames
eretos, pólen viável e um pistilo que sofre um aborto após o estádio de óvulos
imaturos (Gerrath e Posluszny, 1988). A grande maioria das espécies cultivadas
para produção de fruto é hermafrodita.
De acordo com Reisch e Pratt (1996), os cachos de flores são formados
em gemas desenvolvidas durante o verão, antes do florescimento, mas as flores
se desenvolvem principalmente na primavera. As partes das flores diferenciam-se
na seguinte ordem: cinco sépalas, uma pétala e um estame unidos emergem de
cada um dos cinco primórdios e, por último, o pistilo aparece, com um anel, dos
lados centrais nos quais a placenta se desenvolve. Depois de formado, o pistilo
apresenta um curto estilete que termina no estigma. As pétalas são livres no
início, porém, mais tarde, elas se juntam para formar a caliptra, que vai cobrir o
botão floral. O ovário possui dois óvulos que contêm dois lóculos cada um.
A antese ocorre freqüentemente entre 6 e 9 h da manhã com o aumento
da temperatura, ocorrendo também entre 2 e 4 h da tarde.
2.3.2. Modo de reprodução
A polinização consiste na transferência do grão de pólen da antera e sua
deposição no estigma da flor, com conseqüente fertilização. O método de
5
6
polinização em videiras tem sido motivo de grandes debates. Souza (1996) e
Borém (1999) afirmam que as variedades cultivadas são alógamas e sua
polinização é principalmente realizada por insetos. Para Reisch e Pratt, (1996), as
plantas com flores hermafroditas provavelmente são autopolinizadas.
Com programas de melhoramento em que se utilizam métodos de
hibridação, deve-se levar em consideração que a receptividade do estigma é uma
etapa muito importante da maturação da flor porque pode influenciar grandemente
na taxa de fertilização. Em videiras, Reisch e Pratt (1996) afirmam que o estigma
encontra-se receptivo quando seu tecido epidérmico secreta uma solução de
açúcar do canal estilar formando uma pequena gotícula na ponta do estigma.
Flores que não secretam essa solução não se fecundam e, mais tarde, secam e
caem. Um fato importante que se deve levar em conta, durante o período de
polinização, é o uso inadequado de defensivos agrícolas que podem causar
efeitos deletérios sobre a biologia floral (Couto e Nacif, 1999).
2.4. Aspectos químicos e fenológicos
O número de cachos de fruto por gema pode variar consideravelmente de
ano para ano, para qualquer cultivar de uva. A variação sazonal na capacidade de
frutificação de gemas pode ser devida a fatores climáticos, práticas culturais ou
doenças. Entre os aspectos climáticos mais estudados estão a luz, temperatura,
estresse hídrico e fotoperíodo. As práticas culturais de maior influência na
capacidade de frutificação de gemas incluem a poda, sistema de condução,
adubação (especialmente com nitrogênio) e irrigação (Kliewer, 1981).
A luz é um fator importante na fertilidade das gemas; as “raios de sol”,
que crescem em quase toda estação em plena luz solar, são superiores às
sombreadas, que crescem no interior do dossel da videira, sendo que, naquele
caso, o número de gemas frutíferas e os cachos são quase invariavelmente
maiores (Kliewer, 1981).
De acordo com Kliewer (1981), o efeito do déficit hídrico na formação de
gemas frutíferas da videira tem relatos conflitantes, com alguns indicando
melhoria e outros, uma diminuição. Sabe-se que, com o déficit de água, há um
decréscimo na taxa de crescimento do ramo. No período de iniciação floral, a
fertilidade das gemas pode ser melhorada, por desvio de assimilados, para o
6
7
desenvolvimento dos primórdios, mas se o déficit é severo, os estômatos se
fecham, a fotossíntese é reduzida, assim como a acumulação de carboidratos
(Smart et al., 1964).
A avaliação qualitativa de videiras está relacionada com os teores de
sólidos solúveis totais (SST), o pH, a acidez total titulável (ATT), a relação SST/
ATT, conteúdo de Vitamina C e açúcares.
Açúcares são os principais sólidos solúveis no suco da fruta; por esta
razão os sólidos solúveis podem ser utilizados para estimar o conteúdo de
açúcares. Ácidos orgânicos, aminoácidos, componentes fenólicos e pectinas
solúveis também contribuem para os sólidos solúveis (Mitcham et al., 1996). O
teor de SST caracteriza-se por um crescente aumento em função do tempo; este
comportamento em videiras, a partir da maturação das bagas, deve-se ao
aumento da concentração de açúcares, sendo que o valor mínimo recomendado
pelas normas internacionais de comercialização para uvas de mesa é de 17 °Brix.
(Barros et al., 1995). De acordo com as normas brasileiras, a uva é considerada
imatura somente com valores de SST inferiores a 14 ºBrix.
No Vale do São Francisco, a colheita de dois ciclos da variedade Superior
Seedless, entre 1999 e 2000, apresentou uma média de 17,3 °Brix no teor de
sólidos solúveis, ficando acima do valor mínimo recomendado (Grangeiro et al.
2002). No submédio do Vale do São Francisco, as variedades Superior Seedless
e Crimson Seedless apresentaram valores de 17,3 e 19,2 ºBrix, respectivamente,
(Souza Leão, 2001).
A acidez total titulável representa a concentração de ácidos orgânicos
presentes nas bagas e é expressa em porcentagem de ácido tartárico. Sabe-se
que a ATT decresce a partir do início do amolecimento das bagas devido a
diversos fatores e, mais tarde, sofre uma diluição pelo aumento do volume das
bagas. Possner e Kliewer (1985) afirmam que o conteúdo de ácido tartárico se
mantém constante, porém, durante a maturação, a concentração do ácido
tartárico diminui devido ao efeito do aumento de volume da baga. Fernandez
(1991) atribui a diminuição da acidez, durante o processo da maturação, a dois
fatores: à diluição em função da grande quantidade de água que é absorvida
durante a maturação e à diminuição dos ácidos málico e tartárico durante a
respiração dos frutos. No Vale do São Francisco, a ATT, no período de 1999 a
2000 da variedade Superior Seedless, foi de 0,456 g/100 ml de suco (Grangeiro et
7
8
al., 2002). Souza Leão (2001) encontrou na região do submédio do Vale do São
Francisco, para as variedades Fantasy Seedless e Crimson Seedless, valores
inferiores a 1 g /100ml de suco.
A determinação da relação SST/ATT é o melhor indicativo do grau de
maturação das uvas, e a variação de suas concentrações são influenciadas por
fatores genéticos e ambientais. A Associação de Exportadores do Chile (1997)
adota normas de qualidade, para uvas de mesa, com base nas normas dos
países importadores. A amostragem inicial para avaliar a maturação mínima do
lote é determinada pelo teor de sólidos solúveis totais, podendo ser determinada
também pela relação SST/ATT, não podendo ser inferior a 20. Recomenda-se
que essa relação seja determinada sempre que os SST não atinjam o requisito
mínimo .
Grangeiro et al. (2002), no Vale do São Francisco, encontraram uma
relação SST/ATT de 38,21, bem maior que o mínimo recomendado, que é de 20
(Bleinroth, 1993; Choudhury, 2000).
Antocianinas são os principais agentes responsáveis pela coloração
vermelha das uvas. Elas se localizam na casca das videiras, nos vacúolos das
três primeiras camadas de células da hipoderme. O clima influencia diretamente o
conteúdo de antocianinas nas uvas; temperatura e luminosidade excessivamente
baixa ou elevada não são favoráveis, além disso, as composições químicas e
físicas dos solos também afetam o acúmulo de antocianinas. Solos arenosos são
mais favoráveis que os solos argilosos, e o pH ácido é propício à coloração roxa
das bagas. Segundo Nunez et al. (2004), a concentração e perfil das antocianinas
em videiras vermelhas variam entre espécies, variedades, grau de maturação,
área de produção, práticas culturais e produtividade. De acordo com Hilbert et al.
(2003), altas concentrações de nitrogênio são capazes de inibir a síntese de
antocianinas. Estes autores ainda afirmam que a síntese de antocianinas pode
aumentar quando os teores de açúcares intracelulares estão altos.
A composição de antocianinas tem sido estudada por muitos autores com
o intuito de caracterizar variedades e estabelecer a origem das videiras (Nunez et
al., 2004). Nunez et al. (2004), trabalhando com as variedades Graciano,
Cabernet-Sauvignon e Tempranillo cultivadas na estação de Navarra, na
Espanha, puderam diferenciá-las de forma bem clara, por meio da variação nos
teores de antocianinas, através da técnica de cromatografia líquida.
8
9
Os açúcares da uva são representados principalmente pela glicose e
frutose sendo esta última a de maior quantidade no fruto maduro. O depósito de
açúcar nas bagas é um fenômeno de caráter osmótico e hormonal, e o teor
começa a aumentar na polpa a partir da viragem, continuando por toda a
maturação até que na fase de sobrematuração, torne-se parcialmente oxidado.
Baixas temperaturas são nocivas ao acúmulo de açúcar, entretanto, uma variação
na amplitude térmica diária favorece o aumento da concentração de açúcar
(Pommer, 2003). Chinnici et al. (1999) afirmam que as infestações das folhas de
videiras por fungos podem interferir na concentração de açúcares, uma vez que
ocorre a redução da área foliar e conseqüente queda da fotossíntese.
As frutas e vegetais são responsáveis por 95% das fontes de ácido
ascórbico da alimentação humana, sendo a vitamina C um dos mais importantes
nutrientes encontrados nesses alimentos (Henshall, 1981).
De acordo com Nakasone et al. (1966) e Henshall (1981), citados por
Matsuura et al., (2001), a quantidade de vitamina C encontrada na acerola
apresenta diferenças de acordo com a variedade, maturação do fruto, época de
colheita, práticas culturais, fertilidade e disponibilidade de nutrientes do solo e
clima (temperatura, precipitação pluvial, insolação). Asenjo e Guzmán (1946)
relataram valores entre 1.000 e 3.300 mg de ácido ascórbico por 100 g de polpa
de acerola
Segundo Mievska (1984), o teor de vitamina C em videiras aumenta
durante o amadurecimento, atingindo seu pico na fase de maturação fisiológica.
Este autor afirma que o teor de vitamina C em frutos maduros varia de 1,15 a 6,5
mg/100 g polpa.
A caracterização fenológica do ciclo produtivo da videira fornece o
conhecimento das prováveis datas da colheita, indicando o potencial climático das
regiões para o cultivo da videira. As principais vantagens do estudo da fenologia
da videira são: redução dos tratamentos fitossanitários, que passam a ser
realizados de maneira mais racional, de acordo com as principais pragas e
doenças; melhoria na qualidade dos frutos, economia de insumos e colheita na
entressafra brasileira (Murakami et al., 2002).
As condições climáticas têm grande influência na fenologia e fisiologia
das plantas, de forma que a videira de clima tropical semi-árido apresenta um
comportamento totalmente distinto daquele apresentado nas regiões subtropicais
9
10
e temperadas (Murakami et al., 2002). De acordo com Grangeiro et al. (2002), no
Vale do São Francisco, a época da poda influenciou a duração do ciclo
fenológico, sendo que a poda realizada no primeiro semestre (16/02/2000)
ocasionou uma antecipação de 14 dias na colheita. Isto, provavelmente, deve-se
às condições climáticas, principalmente à temperatura. Neste período, as
temperaturas máxima e mínima são maiores em relação às do segundo semestre,
proporcionando uma antecipação na maturação dos frutos (Pommer, 2003).
Segundo Murakami et al. (2002), na região de Cardoso Moreira (RJ), o
ciclo da videira Itália é de aproximadamente 138 dias com poda em abril e, na
região de Jales (SP), é de 150 dias com poda em março e colheita em julho.
De acordo com Eichhorn e Lorenz (1977), os estádios de
desenvolvimento de todo o ciclo da videira, da poda à colheita, são os seguintes:
1) Período da poda ao início da brotação;
2) Início da brotação ao pleno florescimento;
3) Período do pleno florescimento ao início da maturação;
4) Início da maturação à plena maturação.
2.5. Potencialidades do melhoramento assistido por marcadores de DNA
Milach (1998), citado por Costa (2004), descreve que os marcadores
moleculares são características de DNA que diferenciam dois ou mais indivíduos
e são herdadas geneticamente. Esses marcadores são utilizados para o aumento
da eficiência de seleção, para o melhor conhecimento e caracterização do
germoplasma e maximização dos ganhos genéticos.
O melhorista pode ser auxiliado pelo uso de marcadores moleculares, que
permitem quantificar a variabilidade genética existente em termos de DNA e
correlacioná-la com a expressão fenotípica em procedimentos de mapeamento
genético (Ferreira e Grattapaglia, 1995). As técnicas moleculares são também
importantes ferramentas no melhoramento para resistência a doenças, sobretudo
em espécies perenes, pelo uso da seleção assistida por marcadores.
Desde o surgimento da reação em cadeia da polimerase (PCR),
pesquisadores reconheceram a sua grande utilidade na caracterização genética
de organismos. Os marcadores moleculares foram adaptados para resolver vários
problemas (Vidal et al., 2000). No caso de videiras, têm sido de grande valia na
10
11
identificação das variedades, relação genética entre elas e mapeamento dos
genes.
A técnica conhecida como RAPD utiliza-se de um oligonucleotídeo
sintético como iniciador do processo de amplificação, que produz um polimorfismo
detectado na presença ou ausência de bandas discretas de DNA, de expressão
dominante, o que, de certa forma, dificulta a detecção de indivíduos heterozigotos.
Esta técnica é vantajosa por requerer pequenas quantidades de DNA, não
envolver o uso de sondas radioativas e demandar pouca mão-de-obra (Ferreira e
Grattapaglia, 1995).
A técnica de RAPD tem tido muito sucesso na diferenciação de cultivares
de várias espécies. Jean-Jaques et al. (1993) testaram esse método para
caracterização interespecífica de Vitis vinifera em 8 cultivares, utilizando um total
de 50 iniciadores que produziram de 2 a 15 fragmentos de DNA. Dois iniciadores
permitiram a obtenção de 5 fenótipos entre os 8 testados. Os autores ainda
afirmam que clones de certas variedades podem ser caracterizados por
marcadores RAPD.
Striem et al. (1994) utilizaram 78 iniciadores, que revelaram polimorfismo
entre Early-Muscat e Flame-Seedless em 82 indivíduos da progênie resultante do
cruzamento dessas duas variedades. Com esses iniciadores, foi possível
identificar correlações com cor de baga, sabor e apirenia. Para apirenia, foi
identificado um primer (OPE-10) presente na variedade sem semente Flame-
Seedless e numa mistura de DNA de 10 indivíduos apirênios da progênie,
estando ausente na variedade com semente.
O uso de marcadores tipo SCAR aumenta a utilidade dos marcadores
RAPD por serem altamente específicos e muitas vezes dispensarem a corrida em
gel de eletroforese. Sua principal vantagem é a grande especificidade de
pareamento com o DNA. Esses marcadores representam loci únicos
geneticamente definidos, identificados por amplificação de PCR de DNA
genômico com pares de primers específicos de oligonucleotídeos (Ferreira e
Grattapaglia, 1995).
Lahouge et al. (1998), tentando identificar marcadores ligados ao gene I,
responsável pela expressão da apirenia, utilizaram cento e quarenta marcadores
RAPD e identificaram dois marcadores ligados bem próximos ao referido gene. O
11
12
marcador mais próximo, ligado a 0,7 cM do gene I, foi transformado num
marcador SCAR.
Vidal et al. (2000), trabalhando com oito iniciadores RAPD, conseguiram
transformar dois deles em marcadores SCAR, que auxiliam na identificação de
cultivares específicos.
Seqüências simples repetidas (SSR), mais comumente chamadas de
microssatélites, consistem de pequenas seqüências, com um a quatro
nucleotídeos de comprimento, repetidas que geram regiões menores de 100
pares de bases repetidas em tandem. Essas seqüências formam locos genéticos
muito polimórficos, são abundantes e uniformemente distribuídas no genoma a
cada 10 kb; são marcadores de expressão co-dominante e multialélicos,
possuindo o mais elevado conteúdo de informação de polimorfismo.
Estudos prévios demonstraram que o genoma de uva tem diferentes
classes de microssatélites, (GT), (GA), (GAC), (GACA), sendo os dois primeiros
os mais comuns (Thomas et al., 1993).
Em análise de polimorfismo de cinco diferentes loci de vinte e seis
cultivares de Vitis vinifera, com o auxílio de SSRs, foram encontrados 13, 12, 8, 5
e 4 diferentes comprimentos alélicos, totalizando 42 marcas polimórficas (Thomas
e Scott, 1993).
Diante do exposto, verifica-se a grande potencialidade da introdução de
seleção de indivíduos assistida por marcadores de DNA. Em se tratando de
espécies frutíferas com longo ciclo de vida e alta exigência de recursos e mão-de-
obra para implantação de ensaios de campo, tal metodologia poderá reduzir em
muito o tempo necessário para obtenção de cultivares melhoradas.
2.6. Perspectivas de utilização de variedades apirênias
O mercado de uvas in natura apresenta tendência de aumento de
consumo de uvas sem semente, substituindo as tradicionais uvas com semente.
Nos Estados Unidos, as uvas apirênias já dominam o mercado com mais de 80%
da produção total e, na Europa, é crescente a demanda por uvas sem sementes
(Lahouge et al., 1998 e Margarita et al., 2004). Certamente em outros mercados,
os consumidores estarão susceptíveis a mudanças de hábito de consumo, dando
preferência às uvas apirênias.
12
13
Consoante com as demandas de mercado, atualmente a criação de
cultivares de uva de mesa sem semente é uma das grandes prioridades dos
programas de melhoramento da videira em todo mundo (Camargo et al., 2000).
Existem dois sistemas com determinação genética para a apirenia, a
partenocarpia e a estenoespermocarpia. A partenocarpia caracteriza-se pela
ausência total de sementes. Nesse caso, não ocorre fecundação. O fruto é
desenvolvido exclusivamente a partir de tecidos maternos. Na
estenoespermocarpia, ocorre a fecundação para a formação do fruto, seguida do
aborto do embrião ainda imaturo devido à ausência ou má formação do
endosperma. Desse processo, originam-se frutos maduros com sementes-traço
pouco desenvolvidas e macias, imperceptíveis ao consumidor (Camargo et al.,
2000).
Para o desenvolvimento de novas variedades apirênias, o tradicional
método de melhoramento é baseado no cruzamento de indivíduos com sementes
atuando como genitor feminino e indivíduos apirênios como genitores masculinos,
sendo Thompson seedless a principal fonte apirênia (Camargo et al. 2000,
Lahogue et al. 1998). Este modelo de cruzamento é considerado de baixa
eficiência porque não se pode esperar que mais de 25% das progênies sejam
portadoras de apirenia (Ramming, 1990). Diante dessa baixa freqüência, torna-se
necessária a formação de grandes populações para aumentar as chances de
seleção de um indivíduo apirênio. Por outro lado, também exige maior tempo uma
vez que um mínimo de oito anos é necessário para reunir as características de
dois progenitores apirênios. Considerando-se ainda as demais etapas do
programa de melhoramento, a criação de uma nova cultivar pode exigir um
período total de 20 anos. Nesse processo, o melhoramento assistido por
marcadores de DNA pode e muito contribuir para a seleção precoce de indivíduos
apirênios. Com o surgimento da cultura in vitro, embriões viáveis puderam ser
resgatados de cruzamentos entre variedades apirênias, e a proporção de
genótipos apirênios obtidos desses cruzamentos aumentou para 50%-80% de
acordo com o grau de apirenia dos parientais (Lahogue et al., 1998).
A necessidade de ampliação da variabilidade genética, através de
cruzamentos, para a seleção de indivíduos apirênios superiores determinou o
abandono da partenocarpia e a adoção da estenoespermocarpia por todos os
13
14
programas de melhoramento empenhados na obtenção de cultivares de uvas
apirênias (Camargo et al., 2000).
2.7. Hipóteses para a herança da apirenia
Apesar dos progressos obtidos pelos melhoristas nesses últimos 70 anos,
a herança da apirenia em videiras ainda não está bem clara. Nenhuma das
hipóteses propostas até agora satisfaz completamente a herança da
estenoespermocarpia.
Baseado em exames histológicos de bagas com semente e sem semente,
Stout (1936) concluiu que a apirenia não era condição fisiológica anormal, mas
uma característica herdável controlada por genes segregantes. Este autor
acreditava que um único gene dominante “S” e vários fatores modificantes
afetavam a herança da estenoespermocarpia.
Mais tarde, novos estudos surgiram discrepando bastante do modelo
proposto por Stout (1936). Para Constantinescu (1975), Dudnik e Moliver (1976),
a herança de progênies de cruzamentos entre variedades apirênias e com
sementes era controlada por um gene recessivo. Já para Khachatryan e
Martirsyan (1971), a herança seria controlada por um único gene dominante.
Spiegel-Roy et al. (1990), avaliando progênies durante cinco anos consecutivos,
variando de 483 a 1988 indivíduos, verificaram que a apirenia era um caráter
recessivo e que se tratava de uma herança controlada por dois genes recessivos,
em que os parientais doadores de pólen eram heterozigotos (AaSs) produzindo
uma F1 na razão de 3:1 em cruzamentos entre variedades sem semente
doadoras de pólen e variedades com semente receptoras de pólen.
Para Weinberger e Harmon (1964), Loomis e Weinberge (1979) e
Pospisilova e Patenik (1988), a apirenia tratava-se de uma herança governada por
um complexo de vários genes recessivos, ou ainda, segundo Sandhu et al.,
(1984) e Golodriga et al., (1978), por fatores quantitativos.
Dentre essas inúmeras hipóteses levantadas, a que melhor explica a
herança da apirenia trata-se do modelo proposto por Bouquet e Danglot (1996), o
qual diz que a herança é baseada num sistema complexo, em que a expressão de
três genes recessivos independentes é controlada por um gene regulador
dominante. Bouquet e Danglot (1996), trabalhando com a progênie MTP3140,
14
15
obtida pelo cruzamento de dois parientais sem sementes provenientes de
cruzamentos entre variedades com semente e sem sementes, obtiveram 136
descendentes que foram distribuídos em quatro classes fenotípicas de acordo
com a percentagem total de peso seco da semente e matéria seca, onde as
classes 1, 2 e 3 eram caracterizadas como videiras sem sementes, sendo
agrupadas de acordo com o grau de desenvolvimento das sementes, mas nunca
completamente desenvolvidas e sementes completamente desenvolvidas (classe
4). Bouquet e Danglot (1996) testaram seus resultados no sistema de três
complementares genes recessivos independentes com dominância incompleta
dos alelos levando a expressão do caráter com semente. Este sistema está sob
controle de um gene completamente dominante conhecido como gene I. Quando
esse gene é homozigoto recessivo ii, a expressão dos genes menores é inibida e
todos os fenótipos são da classe 4. Quando esse mesmo gene maior está em
heterozigose ou homozigose dominante tem-se a expressão de genes apirênios e
os fenótipos observados correspondem aos diferentes genótipos possíveis. Para
a expressão do fenótipo da classe 1, é necessário o mínimo de dois genes
homozigotos recessivos (a1a1 a2a2 _3 _3). Quando somente um gene é
homozigoto recessivo haverá a presença de traços de sementes, e a
diferenciação entre as classes 2 e 3 ocorrerá de acordo com a homozigose ou
heterozigose dos outros dois genes. Se nenhum dos três genes estiver em
homozigose recessiva, os indivíduos serão da classe 4 (Quadro 1).
15
16
Quadro 1- Classes fenotípicas e genotípicas envolvidas na hipótese da apirenia
em videiras
Genótipos Ii ou II Fenótipos
Classe 1 a1a1 a2a2 a3a3 A1A1 a2a2 a3a3
a1a1 A2a2 a3a3 a1a1 A2A2 a3a3
a1a1 a2a2 A3a3 a1a1 a2a2 A3A3
A1a1 a2a2 a3a3
Classe 2 a1a1 A2a2 A3a3
A1a1 a1a1 A3a3
A1a1 A2a2 a2a2
Classe 3 a1a1 A2A2 A3a3 A1A1 a2a2 A3a3
a1a1 A2A2 A3A3 A1A1 a2a2 A3A3
a1a1 a2A2 A3A3 A1A1 A2a2 a3a3
A1a1 A2A2 a3a3 A1A1 A2A2 a3a3
A1a1 a2a2 A3A3
Classe 4 A1a1 A2a2 A3a3 A1A1 A2a2 A3a3
A1a1 A2A2 A3a3 A1A1 A2A2 A3a3
A1a1 A2A2 A3A3 A1A1 A2a2 A3A3
A1a1 A2a2 A3A3 A1A1 A2A2 A3A3
Desta forma, Bouquet e Danglot (1996) avaliaram suas progênies
considerando que os parientais que originaram a progênie MTP3140 possuíam os
genótipos A1a1 A2a2 a3a3 (Ii), fornecendo a proporção de 21: 12: 15: 16.
Qualquer hipótese a respeito da herança da apirenia deve levar em conta
o fato de que o caráter sem semente ou com semente está sujeito à mutação.
Bagas sem sementes foram observadas em mutantes pelo menos nove vezes no
último século. Do mesmo modo, há pelo menos duas ocorrências documentadas
de uvas com sementes em variedades apirênias. A ocorrência de mutações, que
modificam uma forma em outra, tende a quebrar a regra proposta por fatores
quantitativos. Na estenoespermocarpia baseada em genes recessivos, se esse for
o caso, o cruzamento entre variedades sem semente e com semente nunca
poderia ultrapassar 50% de progênies sem semente no melhor dos casos,
contrariando assim os resultados obtidos por Ledbetter e Burgos (1994). Também
16
17
não explicaria a ocorrência de fenótipos com semente em cruzamentos de
variedades apirênias.
As heranças baseadas em genes dominantes não podem explicar a baixa
percentagem de uvas apirênias geralmente observadas em cruzamentos entre
variedades com semente e sem semente, nem a ocorrência de fenótipos
apirênios em progênies obtidas pela autopolinização de videiras com semente
tendo o caráter apirênio em seu parentesco.
2.8. RAPD na viticultura e diversidade genética
O estudo da diversidade genética em Vitis vinifera assim como noutras
fruteiras é importante não só para efeitos evolucionários mas também para
melhoramento e conservação de germoplasma (Fanizza et al., 1999).
Marcadores RAPD ganharam popularidade como técnica molecular em
espécies frutíferas incluindo as videiras, pois, diferentemente de marcadores
morfológicos, eles não são afetados por variações ambientais, além de terem um
baixo custo e oferecerem baixa dificuldade de utilização (Fanizza et al., 1999 e
Gorgocena et al., 1993). Gorgocena et al. (1993) afirmam que a técnica de RAPD
evita problemas de baixa concentração de DNA e DNA não digeridos. Apesar da
reprodutibilidade de RAPDs ser bastante questionada, eles podem ser
considerados excelentes para estudos de diversidade no caso de métodos
padronizados (Fanizza et al., 2000).
Fanizza et al., (2000) avaliaram quatorze variedades Moscatéis em
Apulia, na Itália. Foram selecionados 158 primers RAPD, produzindo 263 bandas
monomórficas e 484 bandas polimórficas. Verificou-se que a maioria das
variedades moscatéis de Apulia formou grupos com baixos valores de
similaridade, variando de 0,56 a 0,78.
Vidal et al. (1999) avaliaram a diversidade genética entre 32 variedades
de uvas viníferas obtidas de quatro bancos de germoplasma, cultivadas nas
principais regiões da França e Espanha. Foram obtidas, no total, 208 marcas de
DNA, com uma média de 6,3 marcas por iniciador utilizado, sendo 64 marcas
monomórficas e 144 bandas polimórficas. Com uma similaridade acima de 0,8,
puderam ser diferenciados 3 grupos bem definidos, demonstrando concordância
com suas origens.
17
18
Zoghlami et al. (2001) estudando 33 variedades de uvas pertencentes ao
banco de germoplasma da Tunísia, obtiveram 54 bandas polimórficas e 27
bandas monomórficas, totalizando 81 bandas provenientes de 11 iniciadores
RAPD. A relação genética foi estabelecida pelo método de agrupamento UPGMA,
identificando 5 grupos (A, B, C D e E) diferentes, com 8, 8 ,8, 5 e 3 acessos,
respectivamente.
Marcadores moleculares de DNA têm sido muito utilizados para
caracterizar uma ampla variedade de espécies vegetais. Herrera et al. (2002), por
meio de marcadores RAPD, identificaram um iniciador, denominado P2, capaz de
diferemciar as variedades de videira Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc,
Carmenere e Merlot, com padrões bem distintos, obtendo quatro marcas
polimórficas e duas monomórficas.
18
19
3. TRABALHOS
3.1. ESTUDO DA DIVERSIDADE GENÉTICA EM DOZE CULTIVARES DE
VIDEIRAS E DETECÇÃO DE MARCAS MOLECULARES ASSOCIADAS AO
GENE DA APIRENIA
19
20
RESUMO
O conhecimento da diversidade genética entre um grupo de genitores é
importante para o melhoramento, sobretudo para identificar combinações híbridas
de maior heterozigose e de maior efeito heterótico. O presente trabalho tem como
objetivo avaliar a divergência genética entre 12 cultivares de videiras através de
marcadores moleculares RAPD e identificar marcas moleculares associadas ao
gene da apirenia com o marcador molecular SCAR, denominado SCC8, em
videiras sem sementes. Observou-se, no estudo de diversidade, uma ampla
divergência genética entre os 12 acessos, com a formação de três grupos
distintos, tanto pelo método de Tocher quanto pelo método hierárquico do vizinho
mais distante. As cultivares mais divergentes foram Niágara Rosada e Itália e as
menos divergentes foram as variedades Itália, com seu mutante somático Rubi, e
a variedade Patrícia, com seu mutante somático Rosalinda. Para se detectar
indivíduos apirênios, foi utilizado um marcador molecular co-dominante do tipo
SCAR, chamado SCC8, em quatro variedades de videiras, sendo dois genótipos
apirênios (Romana e UFV 01) e dois genótipos com semente (Niágara Rosada e
Itália). Para detecção do polimorfismo, o produto da amplificação foi digerido com
a enzima de restrição Bgl II, que produziu de uma a três bandas entre os
indivíduos. Os genótipos apirênios apresentaram um sítio de restrição em
somente um dos alelos, produzindo um total de três fragmentos, sendo dois deles
de menor tamanho, confirmando assim sua heterozigose (SCC8
+ -
/ scc8 ) em
relação ao gene para apirenia, enquanto que os genótipos com semente
20
21
-
confirmaram sua homozigose recessiva (scc8 / scc8
-
) apresentando um sitio para
a enzima nas duas formas alélicas, produzindo dois fragmentos de menor
tamanho.
21
22
ABSTRACT
Knowledge on the genetic diversity in a group of parents is important in
improvement, above all for the identification of hybrid combinations with high
heterozygosis levels and strong heterotic effects. Objective of the present study
was an evaluation of the genetic divergence in 12 grapevine cultivars through
RAPD markers and the identification of molecular markers associated to the
seedlessness gene with the SCAR marker, designated SCC8, in seedless
grapevine. Wide genetic divergence was observed in the 12 accessions and three
groups distinct groups were formed by the Tocher as well as by the hierarchical
most dissimilar neighbor method. Most divergent cultivars were Niágara Rosada
and Itália and the least divergent the varieties Itália with the somatic mutant Rubi
and Patrícia with Rosalinda. A codominant molecular marker of the SCAR type
SCC8 detected seedless individuals in four grapevine varieties - two genotypes
with (Romana and UFV 01) and two without seeds (Niágara rosada and Itália). To
detect polymorphism, the amplification product was digested with the restriction
enzyme Bgl II that produced three bands in the individuals. The seedless
genotypes presented one restriction site in only one of the alleles, producing a
total of three fragments, two of which were small and confirmed heterozygosis
(SCC8
+
/ scc8
-
) regarding the seedlessness gene, while the genotypes with seed
confirmed recessive homozygosis (scc8
-
/ scc8
-
) by presenting one site for the
enzyme in the two allele forms, producing two smaller fragments.
22
23
3.1.1. INTRODUÇÃO
Ocupando atualmente uma área de 7,5 milhões de hectares, a videira é
uma das principais fruteiras cultivadas no mundo, com uma produção anual de 62
milhões de toneladas (FAO, 2004), das quais 8,5 milhões são de uva para mesa.
Segundo a FAO (2004), o Brasil apresenta área plantada em torno de 68 mil
hectares, com produção média de 1.065 milhões de toneladas, representando
cerca de 2% da produção mundial.
Analisando o mercado brasileiro de frutas de mesa, é possível perceber
uma exigência cada vez maior dos consumidores por uvas de melhor qualidade,
não somente em relação ao aspecto visual mas também, ao sabor, aroma e
consistência, além de uma preferência por uvas do tipo sem sementes ou
apirênias. Estima-se que 80% da produção mundial de uva de mesa sejam de
variedades apirênias (Margarita et al., 2004).
O conhecimento da diversidade genética entre um grupo de genitores é
importante para o melhoramento, sobretudo para identificar combinações híbridas
de maior heterozigose e de maior efeito heterótico, proporcionando indivíduos
mais vigorosos e produtivos.
Existem varias técnicas baseadas em PCR que são utilizadas na análise
da distância genética através da geração de polimorfismos; dentre elas, a técnica
de simple sequence repeat (SSR), Cleaved amplified polymorphism sequences
(CAPS), AFLPs e a técnica de Random amplified polymorphic DNA (RAPD) (Vidal
et al., 2000). A grande vantagem desta última é que demanda pouca
23
24
mão-de-obra, não exige conhecimento prévio de seqüências do DNA e tem baixo
custo (Ferreira e Grattapaglia, 1995).
O uso de marcadores moleculares de DNA para detectar polimorfismos
entre cultivares de videira, através da técnica de reação em cadeia da DNA
polimerase (PCR), revelou a possibilidade do uso desta metodologia para a
identificação de várias marcas moleculares correlacionadas à ausência de
sementes como nos trabalhos demonstrados por Striem et al. (1990), Lahogue et
al. (1998) e Silva e Martins (2006). O desenvolvimento de Sequence
characterized amplified regions (SCARs) derivados de fragmentos de RAPD
possibilitou a obtenção de cópias únicas de marcas moleculares ligadas a genes
de interesse em diversas culturas, dentre elas, as videiras (Vidal et al., 2000). Em
programas de melhoramento de videiras apirênias, a avaliação de uma progênie
pode levar de 3 a 5 anos, visto que antes disso ela ainda não é capaz de produzir
cachos. Dessa maneira, a descoberta de marcadores moleculares ligados ao
gene de apirenia em videiras tem sido de grande interesse, pois cria a
possibilidade de excluir progênies com sementes em estádios iniciais de
desenvolvimento, reduzindo consideravelmente os custos (Lahogue et al., 1998).
O objetivo deste trabalho é avaliar a diversidade genética dos acessos de
videiras da coleção do banco de germoplasma, da Universidade Estadual do
Norte Fluminense Darcy Ribeiro, para a escolha de genitores mais apropriados
para cruzamentos, e também testar a eficiência do marcador molecular SCAR
ligado ao gene de apirenia, desenvolvido por Lahogue et al. (1998), em videiras
cultivadas no Norte Fluminense.
24
25
3.1.2. MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi montado no Colégio Estadual Agrícola Antônio Sarlo,
no município de Campos dos Goytacazes - RJ, seguindo um delineamento
experimental de blocos casualizados com três repetições, com a unidade
experimental composta por quatro plantas, cujo espaçamento é de 4 x 3 m, com
sistema de condução em latada.
3.1.2.1. Material genético
Camargo (1998) apresenta breves descrições desses materiais, e que
serão resumidas a seguir:
25
26
Quadro 1: Genótipos utilizados
Genótipos Espécies Procedência Características
1- Roberta IAC Susceptível a doenças, de cachos grandes e
bagas globulosas verde-amareladas
.
Vitis vinifera
2- UFV 01 - Viçosa Variedade apirênia, com cachos pequenos
verde-amarelados.
3- Kyoho Híbrido de Vitis
vinifera e Vitis
labruscana
IAC Cultivar tetraplóide, com cachos grandes e
coloração preta.
4- Niágara Rosada IAC Mutação somática natural da Niágara Branca
de cachos de coloração rosada.
Vitis
labruscana
5- Patrícia IAC Cachos grandes, bagas médias, globulosas e
pretas.
Vitis vinifera
IAC 6- Rosalinda Mutação somática da Patrícia, de baga
branca.
Vitis vinifera
IAC 7- Moscatel de
Hamburgo
Cachos cônicos, baga preta, obtida do
cruzamento de Alexandria x Frankental.
Vitis vinifera
IAC 8- Romana Variedade apirênia, cachos médios a grandes,
de bagas esverdeadas.
Vitis vinifera
IAC 9- Rubi Mutante somático da Itália, com bagas
vermelho-clara.
Vitis vinifera
IAC 10- Isabel Boa resistência à antracnose, cachos médios,
bagas médias e arredondadas, de cor preto-
azulada.
Vitis
labruscana
IAC 11- Red Globe Cachos médios a grandes, bagas muito
grandes e rosadas com polpa descolorida.
Vitis vinifera
IAC 12- Itália Bagas grandes, formato ovóide e coloração
verde-clara. Muito produtiva.
Vitis vinifera
3.1.2.2. Extração de DNA
Foram coletadas do campo cerca de cinco folhas de cada um dos doze
genótipos, embaladas em papel alumínio e congeladas em nitrogênio líquido. Em
laboratório, foram maceradas com nitrogênio líquido e armazenadas em tubos de
15 ml a -70 ºC. A extração de DNA foi realizada conforme o protocolo para
espécies do gênero Vitis e Ampelosis, de Lodhi et al. (1994) (Quadro 2).
26
27
Aproximadamente 500 mg de tecido macerado de lâminas foliares, sem
as nervuras, foram transferidos para tubos com capacidade de 15 ml e imersos
em nitrogênio líquido. Em seguida, foram ressuspensos com 6 ml de tampão de
extração. Neste ponto, os tubos foram “vortexados” para garantir a atuação
melhor do tampão. Os tubos foram encubados a 65 ºC durante 30 minutos, sendo
invertidos suavemente durante esse processo e esfriados à temperatura
ambiente. Foram, então, adicionados 6 ml de clorofórmio: álcool isoamílico (24:1).
Após serem agitados até se formar uma emulsão, os tubos foram centrifugados a
5.500 rpm durante 25 minutos. Quatro ml do sobrenadante foram transferidos
para novos tubos de 15 ml e adicionados 2 ml de NaCl 5 M e 8 ml de etanol 95%.
Logo após, foram bem agitados e refrigerados a -20º C por um período de 2
horas.
Os tubos foram centrifugados em temperatura ambiente por 5 minutos a
5.000 rpm. Neste momento, o precipitado branco que havia se formado no fundo
foi transferido para tubos de 2 ml e centrifugado com etanol 70% e etanol 95%
por 6 minutos. Em seguida foi seco no banho seco, ressuspendido com 100 ml de
solução de TE/RNAse a uma concentração de 40 mg/ml e incubado em
banho- maria a 37 ºC por 30 minutos. Ao final deste passo, o DNA já estava
ressuspenso.
Quadro 2- Preparo da solução de tampão de extração de DNA de videiras:
Estoque Concentração final p/ 15 ml
CTAB 5% 2% 6 ml
NaCl 5 M 1,4 M 4,2 ml
EDTA 0,5 M 20 mM 0,6 ml
Tris-HCl (ph 8) 1M 100 mM 1,5 ml
PVPP sólido 1% 0,15 g
Β-Mercaptoetanol 0,2% 30 µl
H O - q.s.p. 15 ml
2
27
28
3.1.2.3. Reação da polimerase em cadeia para RAPD
As reações de amplificação, para o estudo da diversidade genética, entre
doze cultivares de videiras foram realizadas num volume de 20 µl, no
termociclador de gradiente Ependorff programado por 1 minuto a 95 ºC, seguindo
45 ciclos de 1 minuto a 94 ºC, 1 minuto a 36 ºC e 1 minuto a 72 ºC e um passo
final para extensão de 7 minutos a 72º). Para o coquetel de reagentes, foram
utilizados tampão pcr 1X, MgCl (2mM), Dntp’s (200µM), taq polimerase (1u),
iniciadores operon tecnologies (0,4µM) e água ultrapura. O produto da
amplificação foi submetido a eletroforese em gel de agarose a 1,2%, em tampão
de TAE 0,5X a 0,21 ampères.
3.1.2.4. Reação da polimerase em cadeia para SCAR
As reações de amplificação foram realizadas conforme Lahogue et al.
(1998) com modificações, em um volume final de 24 μL, contendo os reagentes
nas seguintes concentrações: Tris-HCl a 10 mM, pH 8,3, MgCl
2
a 2 mM, dATP,
dCTP, dGTP e dTTP a 200 μM, primers SCC8-S e SCC8-AS a 1 pmol cada um,
20 ng de DNA genômico e uma unidade de taq DNA polimerase (Pharmacia
Biotech). Utilizou-se o termociclador (Perkin Elmer GeneAmp PCR System 9700)
programado por 4 minutos a 94 °C, seguindo 35 ciclos de 1 minuto a 94
o
C, 1
minuto a 64,4
o o
C e 1 minuto a 72 C e um passo final para extensão de 6 minutos
a 72
o
C, utilizando-se o modo de transmissão de temperatura rápida disponível
(1
o
C/1s). Os produtos de amplificação (bandas) foram obtidos por meio de
eletroforese em gel de agarose a 1,6% e visualizados após coloração por brometo
de etídio.
3.1.2.5. Enzima de restrição
O produto de amplificação com o marcador SCAR (Sequence
Characterized Amplified Regions) foi precipitado com 15 μl de acetato de sódio
3 M e 100 μl de etanol absoluto. Após o período de três horas a –20
o
C, realizou-
se uma centrifugação por 20 minutos a 12.000 rpm; em seguida, efetuou-se uma
28
29
lavagem com etanol 70% para retirada de sais em excesso e, depois, foi colocado
em banho seco por 10 minutos.
O precipitado foi então ressuspendido em 10 μl de água ultrapura e bem
vortexados. Aos 10 μl da amplificação, foram adicionados 2 μl do tampão da
enzima bgl II, 0,5 μl da enzima de restrição Bgl II e água ultrapura suficiente para
completar 20 μl. Logo após, os tubos foram deixados em banho-maria por duas
horas a 37
o
C para garantir a ação da enzima. Após este período, efetuou-se a
eletroforese a 0,21 ampères em gel de agarose a 1,4%.
3.1.2.6. Teste de eficiência do marcador molecular SCAR ligado ao gene da
apirenia em videiras
Para tal, foram utilizados 2 progenitores de videiras com reconhecida
presença de apirenia, sendo elas Romana e UFV 01, e duas variedades com
semente, Niágara rosada e Kyoho, do programa de introdução de cultivares
realizado no Laboratório de Melhoramento Genético Vegetal. Para a detecção do
gene de apirenia foram utilizados marcadores do tipo SCAR distantes 0,7 cM do
gene I (ligado à apirenia), denominado SCC8, com as seqüências GGTGTCAA
GTTGGAAGATGG para o primer SCC8-S e TATGCCAAAAACATCCCC para o
primer SCC8- AS.
3.1.2.7. Análises estatísticas
A matriz de dados binários foi formada, de maneira que, na presença de
bandas, foi atribuído 1 e na ausência destas, atribuído 0. A distância genética foi
calculada aos pares entre os genótipos pelo Complemento Aritmético do Índice de
Jaccard. Com base nesse índice, foi empregado o método de otimização de
Tocher. Para a obtenção do dendograma, foi empregado o método do vizinho
mais distante. Para o cálculo do Complemento Aritmético do Índice de Jaccard
utilizou-se o programa computacional Genes (Cruz, 2001). O dendograma foi
obtido pelo programa Estatística.
29
30
3.1.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1.3.1. Iniciadores para análise de RAPD
Foram utilizados 26 primers, gerando um total de 120 marcas polimórficas
e 27 marcas monomórficas (Quadro 3). A partir dos dados foi gerada a matriz de
dados binários para obtenção da matriz de dissimilaridade através do índice de
complemento aritmético de Jaccard.
Quadro 3- Relação de iniciadores utilizados:
Iniciadores Marcas polimórficas Marcas monomórficas
1- OPA-02 05 02
2- OPA-08 08 -
3-OPA-10 10 01
4-OPC-07 05 -
5-OPC-10 04 -
6-OPC-13 05 -
7-OPD-11 07 01
8-OPD-15 03 01
9-OPF-11 03 02
10-OPF-20 06 01
11-OPG-16 04 01
12-OPI-01 03 02
30
31
31
Quadro 3- Continuação
Marcas polimórficas Marcas monomórficas
13-OPI-07 10 01
14-OPI-20 06 02
15-OPL-12 04 02
16-OPO-02 03 01
17-OPO-05 04 -
18-OPO-07 02 01
19-POR-04 03 02
20-OPAB-01 05 -
21-OPAB-019 03 02
22-OPAC-05 04 -
23-OPAD-04 03 02
24-OPAF-14 04 01
25-OPAF-20 04 01
26-OPAH-01 02 01
TOTAL 120 27
No quadro 4, pode-se verificar que os genótipos mais dissimilares
gerados pela matriz de dissimilaridade foram as espécies Vitis labruscana,
representada pela cultivar Niágara Rosada, e a Itália (Vitis vinifera) com uma
distância de 0,5840 entre elas, o que já se esperava por se tratarem de espécies
de origens diferentes. As cultivares Itália e Rubi mostraram-se bastante similares
(0,0470), visto que a variedade Rubi é uma mutação somática da Itália, assim
com as cultivares Patrícia e Rosalinda, que também apresentaram uma alta
similaridade (0,03226), em que esta é uma mutação somática daquela.
Costa (2004), trabalhando com 55 marcas polimórficas, com todas essas
variedades, obteve a distância genética de 0,3472 entre as variedades Niágara
Rosada e Itália. Esta autora ainda obteve resultados muito semelhantes aos
observados neste trabalho entre as variedades Itália e Rubi, com uma distância
genética de 0,048 entre elas.
32
32
da pelo índice aritmético do complemento de Jaccard, com base em marcadores RAPD
Roberta UFV 01 N. Rosada Kyoho Rosalinda Patrícia Moscatel Romana Rubi Isabel Red Globe Itália
Quadro 3- Matriz obti
0
0,5104 0
0,4947 0,5420 0
0,4742 0,4953 0,3052 0
0,3404 0,4444 0,5263 0,4414 0
0,3191 0,4311 0,5258 0,4561 0,0322 0
0,3478 0,4862 0,5652 0,4821 0,3142 0,2857 0
0,4111 0,3979 0,5463 0,4859 0,3904 0,3619 0,4038 0
0,3626 0,5137 0,5789 0,4955 0,3584 0,3457 0,2551 0,4174 0
0,5238 0,5263 0,32 0,4128 0,5245 0,5122 0,525 0,5304 05737 0
0,3 0,4574 0,53 0,4747 0,375 0,3608 0,2809 0,3595 0,3516 0,5142 0
0,3666 0,5046 0,5840 0,4722 0,3619 0,3490 0,2210 0,4215 0,0470 0,5666 0,3555 0
33
Utilizando a matriz gerada pelo índice de Jaccard, foi possível fazer o
agrupamento das cultivares através do método de agrupamento proposto por
Tocher, gerando três grupos bem distintos entre si (Quadro 5). O primeiro grande
grupo formado foi representado pelas variedades viníferas. O segundo grupo ficou
representado pelas duas variedades da espécie Vitis labruscana, Isabel e Niágara
Rosada, além da variedade Kioho, o que está bem de acordo com a literatura,
que afirma que esta variedade trata-se de um híbrido entre Vitis labruscana e Vitis
vinifera, sendo que sua maior proximidade com as variedades labruscanas,
através deste método, pode estar associada à sua maior semelhança física em
relação à característica da folha com as variedades labruscanas. O terceiro grupo
gerado foi representado somente pela variedade sem semente denominada UFV
01 originária de programas de melhoramento dos EUA, mas sem informações de
sua genealogia.
Quadro 5 - Agrupamento dos 12 genótipos pelo método de Tocher com base na
dissimilaridade pelo complemento aritmético do índice de Jaccard
Grupos Genótipos
I Rosalinda, Patrícia, M. Hamburgo, Itália, Rubi, Red
Globe, Roberta e Romana.
II N. Rosada, Kioho e Isabel.
III UFV 01.
O dendograma gerado foi obtido pelo método hierárquico aglomerativo do
vizinho mais distante, sendo escolhido esse método por fornecer grupos mais
homogêneos e capazes de favorecer a discussão e interpretação dos resultados
obtidos (Dal Col Lúcio et al., 2006). Os resultados obtidos foram bem semelhantes
aos resultados do método de Tocher (Quadro 6). Também se formaram três
grupos distintos, sendo que um dos grupos foi formado pelas duas variedades
apirênias, Romana e UFV 01, o que levanta a hipótese dessas variedades serem
espécies correlacionadas, visto que as duas têm sua origem nos EUA. O outro
grupo formado, assim como no método de Tocher, por variedades viníferas
33
34
mostrou que a variedade Patrícia assim como seu mutante somático, a variedade
Rosalinda, agruparam-se bem próximas do grupo formado pela variedade Itália,
Rubi e Moscatel de Hamburgo (Quadro 6). Segundo Pommer e Ferri (1995), a
variedade Patrícia, introduzida pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC),
possui em sua genealogia grandes atributos herdados principalmente da Moscatel
de Hamburgo e da Itália.
Diante do exposto, as melhores recomendações para se iniciar um
programa de hibridações, entre os indivíduos envolvidos no presente trabalho,
seriam a utilização das variedades Itália e Niágara Rosada, por serem os
indivíduos mais contrastantes e que forneceriam o maior efeito heterótico.
Entretanto, é necessário que se conheçam as condições de campo de cada
variedade antes de se iniciar qualquer programa de hibridações. Neste contexto,
Costa (2004), avaliando as características de produtividade e suscetibilidade a
doenças, verificou que a variedade Itália se mostrou bastante vulnerável a
doenças e, em decorrência disto, apresentou baixa produtividade. Sendo assim,
seria incoerente indicar a variedade Itália, uma vez que a resistência a doenças e
a produtividade são características muito importantes.
Com o intuito de iniciar um programa de melhoramento com a introdução
de variedades apirênias, pela análise de agrupamento de Tocher, verificou-se que
as variedades apirênias Romana e UFV 01, aproveitando ainda as boas
características agronômicas da variedade Romana que, de acordo com Costa
(2004) possui uma menor suscetibilidade a doenças e uma alta produção de
frutos (42 Kg/planta), poderiam ser indicadas para cruzamento entre elas,
aumentando as chances de obtenção de indivíduos apirênios na progênie, ou
também ser utilizadas em cruzamentos com cultivares com sementes, como as
variedades Niagára Rosada, Isabel e Kioho que, além de terem formado um
grupo separado (grupo II) pelo método de Tocher, foram bem produtivas segundo
Costa (2004), com 11, 36 e 11 kg/planta, respectivamente.
34
35
Quadro 6 - Dendograma de dissimilaridade entre os 12 genótipos de videira
estabelecido pelo método do vizinho mais distante
Genetic Distance
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
Isabel
Kyoho
N. Rosada
Romana
UFV 01
Itália
Rubi
M. Hamburgo
Patrícia
Rosalinda
Red globe
Roberta
3.1.3.2. Marcador SCAR ligado ao gene da apirenia
O marcador SCAR SCC8 revelou um único fragmento de 988pb em
ambos os indivíduos com sementes e apirênios, confirmando a presença de uma
seqüência de cópia única (Figura 1A). Para revelar o polimorfismo entre as
variedades apirênias Romana e UFV 01 e as variedades Niágara Rosada e
Kyoho, ambas pirênias, utilizou-se a enzima de restrição Bgl Il no produto da
amplificação, produzindo de 1 a 3 bandas (Figura 1B). Uma análise mais profunda
revelou que há duas formas alélicas neste loco, chamado de SCC8, sendo que
somente o alelo scc8
-
apresentou um sítio para a enzima, produzindo dois
fragmentos de menor tamanho. Bouquet e Danglot (1996), avaliando a progênie
MTP 3140 de videiras, verificaram que a distribuição 1:2:1 estava de acordo com
a hipótese de um marcador co-dominante, permitindo distinguir o homozigoto do
heterozigoto no loco SCC8. As variedades UFV 01 e Romana demonstraram ser
heterozigotas (SCC8
+
/scc8
-
), apresentando somente um sítio para a enzima em
um dos alelos deste loco, dando origem a três bandas, enquanto que as
variedades Niágara Rosada e Kyoho, ambas variedades com semente,
demonstraram ser homozigotas recessivas (scc8
-
/ scc8
-
), apresentando sítio para
35
36
a enzima nos dois alelos do loco, dando origem a duas bandas de menor
tamanho. Apesar da utilização de poucas variedades na análise da apirenia, o
marcador se mostrou eficiente, porém, para se obter uma maior confiabilidade, é
necessário que se aumente o número de indivíduos na análise. Para confirmar
esses resultados, já estão em andamento as análises de progênies provenientes
de cruzamentos entre variedades apirênias e com sementes. Esse marcador
aparenta ser muito útil num programa de seleção assistida por marcadores
moleculares para o caráter apirênio, porém é importante salientar que essa
técnica é baseada na hipótese de um gene dominante que regula a expressão de
três genes complementares recessivos, conforme Bouquet e Danglot (1996).
Do exposto, a obtenção de indivíduos F
1
apirênios, originados dos
cruzamentos de genitores com semente e apirênios, pode ser monitorada pelo
referido marcador, o que trará grande economia de tempo e recursos financeiros
em um futuro programa de melhoramento genético de videiras, visando obter
variedades apirênias e adaptadas às condições do Norte e Noroeste Fluminense.
36
37
1 2 3 4 5 6 7 8 9
A B
SCC8
+
/scc8
-
scc8
-
/scc8
-
Figura 1 - Análise das variedades de videira. A: Linhas 2-5: amplificação de
fragmentos de DNA de variedades sem semente (2: UFV 01, 3:
Romana) e com sementes (4: Niágara Rosada, 5: Kyoho). Linha 1:
marcador molecular de tamanho 250 pb. B: Linhas 6-9: polimorfismo
obtido após digestão com Bgl II- Indivíduos heterozigotos SCC8
+
/scc8
-
:
UFV 01 e Romana (6 e 7) e indivíduos homozigotos recessivos scc8
-
/
scc8
-
: Niágara Rosada e Kyoho (8 e 9) .
37
38
3.1.4. CONCLUSÕES
Pela análise de divergência genética via marcadores RAPD, observou-se
uma ampla divergência genética entre os genótipos estudados, antevendo
resultados promissores em programa de hibridação para obtenção de indivíduos
apirênios e adaptados às condições do Norte Fluminense.
O marcador SCAR SCC8 mostrou-se eficiente para detecção de
indivíduos apirênios, distinguindo as variedades apirênias Romana e UFV 01 de
genótipos com semente, sendo essas variedades consideradas heterozigotas
para a característica sem semente.
38
39
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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40
41
3.2. CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA E DETERMINAÇÃO DOS ESTÁDIOS
FENOLÓGICOS DE VARIEDADES DE VIDEIRAS CULTIVADAS NO NORTE
FLUMINENSE
41
42
RESUMO
O experimento foi conduzido no município de Campos dos Goytacazes-
RJ, durante os anos de 2005 e 2006, utilizando-se plantas das variedades
Romana, Isabel, Kioho, Moscatel de Hamburgo, Roberta, Niágara Rosada e UFV
01. Para a determinação do clico fenológico das sete variedades em questão,
realizaram-se podas em 20/03/2005 e 15/02/2006. Para a poda realizada em
fevereiro, verificou-se uma redução do período de poda à colheita em todas as
variedades, sendo a variedade Isabel a mais tardia, com um ciclo médio de 124
dias para os dois anos. A variedade Niágara Rosada, na média, foi a mais
precoce, com 109 dias. A variedade UFV 01, avaliada somente no período de
2006, juntamente com a variedade Kyoho foram as cultivares que obtiveram o
menor ciclo, 91 dias, durante o ano de 2006. Realizou-se a determinação dos
componentes químicos sólidos solúveis totais, acidez total titulável, relação
SST/ATT, vitamina C e antocianinas. A variedade Isabel apresentou os maiores
índices de acidez, com 1,5%, enquanto que a variedade Moscatel de Hamburgo
foi a cultivar de menor acidez. Para a relação sólidos solúveis totais e acidez total
titulável, a variedade Isabel apresentou o menor valor, 11,08, enquanto que a
variedade Kioho foi a melhor, com 24,11. A variedade Romana obteve os
melhores resultados para os teores de sólidos solúveis totais.
42
43
ABSTRACT
The experiment was conducted in the county of Campos dos Goytacazes-
RJ, in 2005 and 2006, with plants of the varieties Romana, Isabel, Kioho, Moscatel
de Hamburgo, Roberta, Niágara Rosada and UFV01. The seven study varieties
were pruned on 20/03/2005 and 15/02/2006 to determine the phenological cycle.
Pruning in February evidenced a reduction of the pruning-harvest period in all
varieties. Isabel was the latest variety, with a mean cycle of 124 days in both
years. In the mean, Niágara Rosada was the earliest variety (109 days). UFV 01,
evaluated only in the period of 2006, had, together with Kyoho, the shortest cycle
(91 days) in 2006. The chemical components total soluble solids, total titrable
acidity, SST/ATT ratio, vitamine c, glucose, fructose, sucrose and anthocyanins
were determined. Variety Isabel attained the highest acidity indices (1.5%) and
Moscatel de Hamburgo the lowest. For the ratio total soluble solids by total titrable
acidity variety Isabel presented lowest values (11.08) and Kioho the best (24.11).
Variety Romana obtained best results for total soluble solids, acidity and vitamin C
contents.
43
44
3.2.1. INTRODUÇÃO
Atualmente a videira é cultivada sob uma enorme diversidade de
condições climáticas, exceto em alguns locais que não se oferecem o mínimo de
condições climáticas para seu desenvolvimento. No Brasil, ela é cultivada de
Norte a Sul do país. Com o emprego da irrigação, regiões anteriormente
consideradas inaptas tornaram-se grandes produtoras de uva.
Na introdução de novas variedades, a fenologia desempenha importante
função, pois permite a caracterização da duração das fases do desenvolvimento
da videira em relação ao clima, especialmente às variações estacionais, além de
ser utilizada para interpretar como as diferentes regiões climáticas interagem com
a cultura (Terra et al., 1998).
A fenologia varia em função do genótipo e das condições climáticas de
cada região produtora ou em uma mesma região devido às variações estacionais
do clima ao longo do ano. Em condições de clima tropical, como aquelas
predominantes no Vale do São Francisco, a videira vegeta continuamente, não
apresentando fase de repouso hibernal. O momento da poda passa a ser a
referência para o início do ciclo fenológico da videira, que sofre a influência das
condições climáticas predominantes durante aquele período.
O clima tem sido um fator preponderante na duração do ciclo, qualidade
do fruto, fitossanidade e produtividade da videira. A videira cresce e desenvolve-
se melhor em regiões com verões longos e secos e com invernos frios, para
satisfazer suas necessidades de repouso. Temperaturas elevadas durante a
44
45
brotação influenciam positivamente na emissão de cachos, além de antecipar a
maturação da uva e repercutir no aumento do teor de açúcares nas bagas. A
videira é uma planta exigente em relação à luz solar, sendo que a falta dela pode
ocasionar inúmeros problemas durante a floração e maturação da uva.
A caracterização dos estádios fenológicos do ciclo produtivo da videira
fornece informações de grande utilidade para o agricultor, uma vez que o
conhecimento de cada etapa do desenvolvimento pode reduzir muito os custos de
produção da videira, tornando mais racionais os gastos com defensivos agrícolas,
economia de insumos, além de possibilitar a produção de uvas em épocas
diferenciadas das grandes regiões produtoras, garantindo a oferta de uva durante
todo o ano (Murakami et al. 2002).
O valor nutritivo é um atributo de qualidade muito importante. Os
componentes responsáveis pela qualidade nutricional dos produtos são vitaminas,
minerais, açúcares solúveis, amido, fibras, hemiceluloses e lignina (Kays, 1991,
citado por Mota et al., 2005). Adicionalmente, algumas substâncias químicas que
conferem valor nutritivo ao produto hortícola são também responsáveis pelo
sabor, como sólidos solúveis, açúcares e ácidos orgânicos.
As características de uma cultivar e a maturidade por ocasião da colheita
são fatores críticos que influenciam os atributos de qualidade dos produtos
frescos. A maturidade fisiológica é utilizada para definir o ponto ideal de colheita,
sendo o estádio de crescimento e desenvolvimento em que os frutos atingem o
nível ideal de maturação, estando então apropriados para consumo in natura
(Suojala, 2000, citado por Mota et al., 2005).
O objetivo deste trabalho é realizar a caracterização fenológica e química
de variedades de videiras cultivadas no Norte Fluminense
45
46
3.2.2. MATERIAIS E MÉTODOS
O experimento foi realizado no Colégio Estadual Agrícola Antônio Sarlo,
no município de Campos dos Goytacazes- RJ, durante dois ciclos de produção
um 1º semestre de 2005 (poda em 20/03/2005) e outro no 1º semestre de 2006
(poda em 15/02/2006). Todas as plantas das sete variedades avaliadas foram
enxertadas sobre o porta-enxerto IAC 572, seguindo um delineamento
experimental de blocos casualizados com três repetições, com a unidade
experimental composta por quatro plantas, cujo espaçamento era de 4 x 3 m, com
sistema de condução em latada. Após a poda todas as gemas foram pulverizadas
com cianamida hidrogenada (2,5%) para quebra de dormência e uniformização da
brotação.
3.2.2.1. Material genético
Camargo (1998) apresenta breves descrições desses materiais, e que
serão resumidas a seguir:
46
47
Quadro 1 - Genótipos utilizados
Genótipos Espécies Procedência Características
1- Roberta IAC Susceptível a doenças, de cachos grandes e
bagas globulosas verde-amareladas
.
Vitis vinifera
2- UFV 01 - Viçosa Variedade apirênia, com cachos pequenos
verde-amarelados.
3- Kyoho Híbrido de Vitis
vinifera e Vitis
labruscana
IAC Cultivar tetraplóide, com cachos grandes e
coloração preta.
4- Niágara Rosada
IAC Mutação somática natural da Niágara Branca
de cachos de coloração rosada.
Vitis
labruscana
5- Patrícia IAC Cachos grandes, bagas médias, globulosas e
pretas.
Vitis vinifera
IAC 6- Rosalinda Mutação somática da Patrícia, de baga
branca.
Vitis vinifera
IAC 7- Moscatel de
Hamburgo
Cachos cônicos, baga preta, obtida do
cruzamento de Alexandria x Frankental.
Vitis vinifera
IAC 8- Romana Variedade apirênia, cachos médios a grandes,
de bagas esverdeadas.
Vitis vinifera
IAC 9- Rubi Mutante somático da Itália, com bagas
vermelho-clara.
Vitis vinifera
IAC 10- Isabel Boa resistência à antracnose, cachos médios,
bagas médias e arredondadas, de cor preto-
azulada.
Vitis
labruscana
IAC 11- Red Globe Cachos médios a grandes, bagas muito
grandes e rosadas com polpa descolorida.
Vitis vinifera
IAC 12- Itália Bagas grandes, formato ovóide e coloração
verde-clara. Muito produtiva.
Vitis vinifera
3.2.2.2. Determinação do ciclo reprodutivo
O ciclo fenológico das variedades foi caracterizado por meio de avaliações
semanais, registrando-se a data das seguintes fases fenológicas, conforme
classificação de Eichorn e Lorenz (1977): 1) Período da poda a início da brotação,
47
48
2) Início da brotação ao pleno florescimento, 3) Período do pleno florescimento ao
início da maturação, 4) Início da maturação à plena maturação.
3.2.2.3. Composição química dos frutos
Foram realizadas coletas de três cachos de plantas selecionadas
previamente de cada variedade, feitas semanalmente desde o período de início
da maturação até a colheita, para se avaliar o teor da acidez total titulável, dos
sólidos solúveis totais, antocianinas e açúcares solúveis, totalizando sete coletas
durante o 1º semestre de 2005. Foram utilizadas para análises somente seis
variedades de videiras: Romana, Isabel, Kyoho, Moscatel de Hamburgo, Roberta
e Niágara Rosada.
O teor de sólidos solúveis totais foi obtido por refratometria, utilizando
refratômetro portátil ATAGO N1, com leitura na faixa de 0 a 32
0
Brix. As leituras
foram feitas em amostras de suco da polpa, extraída por prensagem manual.
Para a determinação da acidez total titulável, 5,0 g de polpa foram
macerados em um almofariz, contendo 50 ml de água destilada. À amostra
adicionaram-se três gotas do indicador fenolftaleína a 1%, procedendo-se em
seguida a titulação, sob agitação, com solução de NaOH 0,1 N previamente
padronizada com biftalato de potássio até ocorrer a viragem, ou seja,no momento
que atinge o pH 8,1. Os resultados foram expressos em grama equivalente de
ácido tartárico (100 g de polpa)
-1
calculados pela seguinte equação:
TA= (ml NaOH gasto x N (NaOH) x 0,075 (fator de correção ac. tartárico) x 100)/5
g (peso amostra).
A relação entre sólidos solúveis e acidez titulável foi obtida pela divisão dos
resultados obtidos de teor de sólidos solúveis e de acidez total titulável. A
expressão dos resultados foi feita por meio dos valores absolutos encontrados.
Para a determinação do teor de vitamina C, seguiu-se a metodologia de
Tillmmans (1927), modificada por Bezerra Neto et al. (1994). A mesma consta da
titulação do ácido ascórbico presente no suco da fruta, utilizando-se uma solução
de 2,6-diclorofenolindofenol; usou-se a solução de ácido oxálico como solvente e
estabilizadora da vitamina C (que se comporta como um composto bastante
instável) em substituição ao ácido metafosfórico, tradicionalmente utilizado neste
método.
48
49
Para o conteúdo de antocianinas, realizou-se a maceração de 5 g de casca
homogeneizados com solução de etanol/HCl 1,5N (85:15). A solução foi deixada
em repouso, sob refrigeração, durante toda noite. O conteúdo foi determinado por
espectrofotometria ao comprimento de onda de 535 nm. Após a leitura, os valores
foram convertidos para mg/100 g de peso fresco através da seguinte equação:
Antocianina = (ABS 535 x volume de extração em ml x 100)/(peso fresco x 98,2).
3.2.2.4. Delineamento experimental e análises estatísticas
As variedades foram dispostas seguindo o delineamento em blocos
casualizados de parcela subdividida, com o fator da parcela constando de quatro
variedades para a característica de antocianinas e seis para as demais
características, sendo o fator da subparcela composto pelos sete subperíodos de
avaliação, conforme o seguinte modelo:
Y
ijkl
= µ + B
i
+ G + E (a)+ P
j ij k
+ P
k
G
j
+ E
ijk
(b)
µ = Constante geral
B = Efeito do bloco B
i
G
j
= Efeito do genótipo j
E (a)= Erro a (efeito da interação bloco x genótipo)
ij
= Efeito do período k P
k
P
k
G
jj
= Efeito da interação entre a k-ésimo período e o j-ésimo genótipo.
E
ijk
(b)= Erro b (resíduo geral)
Os dados foram submetidos à análise de variância e às interações entre
os fatores, assim como seus efeitos isoladas foram desdobrados via análise de
regressão polinomial.
49
50
3.2.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.2.3.1. Estádios fenológicos das variedades de videira
Acerca do subperíodo, em relação à poda ao início da brotação (E1), no
1° semestre de 2005, houve pequenas variações na duração do período para as
diferentes variedades, porém, a variedade Niágara Rosada foi a que apresentou
um período mais longo, com 10 dias, enquanto que as outras variedades ficaram
entre 4 e 6 dias (Quadro 3). Já, no 1° semestre de 2006, as variedades
apresentaram menores diferenças em relação ao tempo, sendo que a variedade
UFV 01 apresentou um período mais curto, com 9 dias, enquanto que todas as
outras ficaram em 10 dias (Quadro 4). Essa maior uniformidade, neste período,
deve-se, provavelmente, à aplicação da cianamida hidrogenada para quebra de
dormência, que ocorreu logo após a poda em todas as variedades, enquanto que
em 2005 a aplicação do produto levou cerca de sete dias para cobrir todas as
variedades. É importante dizer que as variedades que não estiverem presentes
nos quadros não tiveram produção, inviabilizando a determinação do ciclo. No
subperíodo, início da brotação à plena floração (E2), durante 2005, variou entre
24 e 29 dias, enquanto que em 2006, variou entre 15-25 dias. Neste subperíodo,
comparando os anos de 2005 e 2006, a variedade Kioho foi a que apresentou
uma maior redução no número de dias (10 dias). O subperíodo compreendido
entre a plena floração e o início da maturação (E3) variou, em 2005, entre 45 e 58
dias, apresentando pouca diferença em relação ao ano de 2006, que variou entre
50
51
45-54 dias. O subperíodo referente ao intervalo entre o início da maturação à
plena maturação foi o mais contrastante dentre as variedades. Em 2005,
verificou-se uma variação entre 30 e 54 dias, enquanto que, em 2006, ficou entre
15 e 30 dias, destacando-se a variedade Kyoho, que reduziu este período em 39
dias, seguido pela variedade Romana (19 dias), variedade Isabel (18 dias),
variedade Niágara Rosada (15 dias) e Moscatel de Hamburgo (9 dias).
Para a poda realizada em março de 2005, o ciclo das variedades foi
consideravelmente mais longo, variando de 121 a 135 dias. Para a poda realizada
em fevereiro de 2006, o ciclo completo das variedades ficou entre 91 e 109 dias,
com destaque para a variedade Kyoho, que obteve uma redução de 44 dias em
seu ciclo.
A variedade Isabel foi considerada a mais tardia, com um ciclo médio,
poda à colheita, de 124 dias para os dois anos. A variedade Niágara Rosada na
média, foi a variedade mais precoce, com 109 dias. A variedade UFV 01, avaliada
somente no período de 2006 juntamente com a variedade Kyoho, foram as
cultivares que obtiveram o menor ciclo, 91 dias, durante o ano de 2006.
Essa grande variação, na duração do ciclo das videiras, encontrada
durante os anos de 2005 e 2006 pode estar relacionada às condições climáticas
dos diferentes anos. O período de 2005, da poda à colheita, foi marcado por
intensas chuvas e pouca incidência solar, ocasionando perdas substanciais e
aparecimento de doenças fúngicas. Já, no ano de 2006, com poda no mês de
fevereiro, durante todos os estádios fenológicos, não ocorreram chuvas,
verificando-se um período seco, bem característico da região (Quadro 2). Além
disso, durante o dia, ocorreram dias bem ensolarados e, durante a noite,
temperaturas bem amenas. Segundo Pommer (2003), a temperatura elevada
durante o ciclo vegetativo antecipa a maturação da uva, e uma maior amplitude
térmica diária acelera o acúmulo de açúcares.
51
52
Quadro 2 - Índice de precipitação média, temperaturas máxima e mínima e
radiação solar durante os ciclos fenológicos das videiras
Precipitação média Temperatura Máx. e
Mín.
Radiação solar
2005 2006 2005 2006 2005 2006
Março 159,7 49,3 31,2 / 21,8 31,9 / 22,2 227 239
Abril 54,7 83,8 30,8 / 20,6 29,5 / 20,1 196 183
Maio 94,6 14,2 28 / 18,6 26,9 / 16,5 157 161
Junho 75,8 0 27,2 / 17 25,8 / 15,6 170 152
Julho 57,5 - 25,1 / 15,5 - 152 -
Média 88.4 36,8 28,4 / 18,7 28,5 / 18,6 180 184
Quadro 3 - Duração dos subperíodos fenológicos, expressos em dias, em função
da data da poda
Estádios fenológicos
Variedades Data de poda
E1 E2 E3 E4 Total
N. Rosada 20/03/2005 10 25 58 30 123
Isabel 20/03/2005 4 24 58 48 134
M. Hamburgo 20/03/2005 6 25 53 35 119
Romana 20/03/2005 4 28 45 44 121
Kyoho 20/03/2005 5 28 48 54 135
Roberta 20/03/2005 6 29 46 41 122
Média 6 26 47 42 126
E1: poda ao início da brotação, E2: início da brotação ao pleno florescimento, E3: pleno
florescimento ao início da maturação, E4: início da maturação à plena maturação.
52
53
Quadro 4 - Duração dos subperíodos fenológicos, expressos em dias, em função
da data da poda.
Estádios fenológicos Variedades Data de poda
E1 E2 E3 E4 Total
N. Rosada 15/02/2006 10 18 51 15 94
Isabel 15/02/2006 10 15 54 30 109
M. Hamburgo 15/02/2006 10 20 49 26 105
Romana 15/02/2006 10 25 49 25 109
Kyoho 15/02/2006 10 18 48 15 91
UFV 01 15/02/2006 09 16 45 21 91
Média 10 19 49 22 100
E1: poda ao início da brotação, E2: início da brotação ao pleno florescimento, E3: pleno
florescimento ao início da maturação, E4: início da maturação à plena maturação.
3.2.3.2. Características químicas de frutos de videiras
3.2.3.2.1. Teor de sólidos solúveis (SST), acidez total titulável (ATT) e relação
SST/ATT
Houve efeito significativo para o fator período e também para a interação
genótipo x período (Quadro 5). O teor de sólidos solúveis sofreu um aumento
linear nas variedades Romana, Isabel e Niágara Rosada; enquanto que, nas
variedades Moscatel de Hamburgo, Kyoho e Roberta, o aumento teve resposta
quadrática (Figura 1). Pôde-se verificar que a variedade Romana foi a cultivar que
atingiu o maior Brix, chegando a 18 ºBrix, seguida pela variedade Isabel, com 17,5
ºBrix. Nota-se na Figura 1 que a variedade Romana teve o maior incremento no
teor de sólidos solúveis, durante o período de maturação, variando de 8 a 18
ºBrix. A variedade Niágara Rosada apresentou o menor incremento de sólidos
solúveis, variando de 10,7 a 16,2 ºBrix. A variedade kyoho, durante o início da
maturação, apresentou uma queda na sua concentração de sólidos solúveis totais
(Figura 1). Isto pode ser explicado pelo período de intensas chuvas entre o
intervalo de coletas, provocando um aumento do volume das bagas e
conseqüente diluição dos açúcares no interior das bagas.
53
54
Quadro 5 - Resumo da análise de variância para teor de sólidos solúveis totais
(SST), acidez total titulável (ATT), relação SST/ATT e vitamina C, em
seis variedades de videira
QM
FV GL SST ATT SST/ATT VIT. C
Rep 2 0.3648ns 0.0265ns 0.0175ns 0.8956ns
Genótipo 5 5.6846* 6.0795** 243.4495** 3.9586**
Erro A 10 1.1293 0.0188 0.0052 0.3535
Período 6 111.8842** 5..5408** 656.1546** 23.7155**
Gen*per 30 6.0507** 0.2634** 27.6323** 0.7473**
Erro B 72 1.8193 0.0261 6.038685 0.3143
CV% 9.98 10.88 20.17 24.69
** Significativo a 1% pelo teste F.
* Significativo a 5% pelo teste F.
CV= Coeficiente de variação, em porcentagem
ºBRIX
Kioho y = 12,007 - 0,133x + 0,006x
2
R
2
= 0,510
Romana y = 8,173 + 0,247x R
2
= 0,841
Isabel y = 10,659 + 0,181x R
2
= 0,741
N. Rosada y = 10,478 + 0,126x R
2
= 0,749
M . Hamburgo y = 9,810 + 0,245x - 0,002x
2
R
2
= 0,601
Roberta y = 9,280 + 0,287 - 0,003x
2
R
2
= 0,792
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
0 1020304050
Dias após início da maturação
ºBrix
Romana
Isabel
Kioho
M. Hambur go
Roberta
N. Rosada
Figura 1 - Teores de sólidos solúveis totais medidos em ºBrix, em seis variedades
de videiras, em função dos períodos de amostragem
54
55
A acidez total titulável foi influenciada pelos genótipos e pelos períodos.
Verificou-se efeito da interação genótipo x período (Quadro 5). Os teores de
acidez tiveram decréscimos lineares em cinco variedades, exceto na variedade
Roberta, que demonstrou uma resposta quadrática (Figura 2). A variedade Isabel
foi a cultivar que apresentou os maiores teores de acidez. No início da maturação,
na primeira coleta, o valor médio de acidez para esta variedade foi 3,29 g/100 ml,
atingindo na colheita, na sétima coleta, teores de 1,5 g/100 ml, valores
considerados limitantes para resultar em sabores agradáveis em variedades
comerciais (Carvalho e Chitarra, 1984). É importante ressaltar que as análises de
acidez foram realizadas em frutos com casca que, segundo Possner et al. (1985),
apresenta altos níveis de ácido málico. A variedade Niágara Rosada foi a cultivar
que apresentou menores índices de acidez, variando de 1,45 g/100 ml suco no
período 1 a 0,68g / 100 mL no ponto de colheita. Observa-se que o coeficiente de
variação para acidez total titulável foi baixo (10,88%), podendo-se inferir que
ocorreu uma boa precisão experimental.
ATT
Ro mana y = 2,4 0 4 - 0 ,04 2 x R
2
= 0 ,7 0 4
Isabel y = 3,272 - 0,037x R
2
= 0,860
Kioho y = 1,726 - 0,026x R
2
= 0,867
M. Hamburgo y = 2,631 - 0,051x R
2
= 0 ,8 5 3
Roberta y = 2,167 - 0,101x + 0,001x
2
R
2
= 0,782
N. Rosada y = 1,540 - 0,020x R
2
= 0 ,8 0 1
0
1
1
2
2
3
3
4
0 1020304050
Dias após início da maturação
g/100 ml
Romana
Isabel
Kioho
M. Hamburgo
Roberta
N. Rosada
Figura 2- Teores de acidez total titulável, em seis variedades de videiras, em
função dos períodos de amostragem
55
56
Para a relação SST/ATT, houve influência dos genótipos e dos períodos.
Verificaram-se diferenças significativas na interação genótipos x períodos (Quadro
5). Dessa forma, os dados indicam que existem diferenças entre os genótipos
para relação SST/ATT. Pôde-se verificar que somente a variedade Romana
apresentou um incremento linear na relação SST/ATT, enquanto que as
variedades Kioho, Isabel, Moscatel de Hamburgo, Roberta e Niágara Rosada
tiveram acréscimo quadrático. Nota-se, na Figura 3, que a variedade Isabel
obteve os piores valores para essa característica, atingindo seu ponto máximo no
último período, com o valor médio de 11,08 (dados não mostrados), bem abaixo
do mínimo de 20, que é recomendado por Bleinroth (1993) e Choudhury (2000).
Este resultado pode ser explicado pelo alto índice pluviométrico observado nos
meses de junho e julho do ano de 2005 (Quadro 2). Segundo Simão (1971), em
condições de baixa precipitação pluviométrica, ocorre a formação de frutos com
menor teor de umidade e, conseqüentemente, maior concentração de
componentes químicos, inclusive de açúcares e ácidos orgânicos. Vale ressaltar
que, apesar da média dos valores das variedades Isabel, Romana e Moscatel de
Hamburgo (11,08, 18,56, 19,54, respectivamente) estarem abaixo do
recomendado, de acordo com a Associação de Exportadores do Chile (1977), a
relação SST/ATT tem caráter secundário, devendo ser avaliada somente quando
os valores de sólidos solúveis totais, não atingirem o mínimo recomendado. Para
a característica sólidos solúveis totais todas as variedades apresentaram valores
satisfatórios, ficando dentro das normas exigidas para comercialização de uvas.
56
57
SST/ATT
Isabel y = 3,093 + 0,112x + 0,001x
2
R
2
= 0,845
Kioho y = 6,253 + 0,111x + 0,007x
2
R
2
= 0,842
Romana y = 2,930 + 0,404x R
2
= 0,861
M . Hamburgoy = 2,794 + 0,368x + 0,001x
2
R
2
= 0,837
Roberta y = 3,649 + 0,883x - 0,008x
2
R
2
= 0,754
N. Rosada y = 7,365 + 0,01x + 0,01x
2
R
2
= 0,787
0
5
10
15
20
25
30
35
0 1020304050
Dias após início da maturação
Romana
Isabel
kioho
M. Hamburgo
Roberta
N. Ros ada
Figura 3 - Relação SST/ATT, em seis variedades de videiras, em função dos
períodos de amostragem.
3.2.3.2.2. Teor de vitamina C
Com base no Quadro 5, pode-se observar que houve diferenças
significativas para genótipos, para períodos e também para a interação genótipos
x períodos. O coeficiente de variação foi moderado (24,69%), indicando boa
precisão experimental. As variedades Moscatel de Hamburgo e Niágara Rosada
não apresentaram aumentos significativos no teor de vitamina C, mantendo uma
média de 2,59 e 1,84 mg/100 g, respectivamente. Nas variedades Romana e
Isabel, o teor variou segundo equação linear, com acúmulo de vitamina C ao
longo da maturação. A variedade Kioho obteve os maiores valores para vitamina
C, com média de 5,33 mg/100 g na época de colheita, seguida pelas variedades
Romana e Isabel, com 4,66 e 4,33 mg/100 g, respectivamente. Os valores
encontrados, nestas variedades, foram bem superiores ao valor de 3 mg/100 g
PF, da cultivar Niágara Rosada. Nogueira et al. (2002), avaliando teores de
vitamina C em frutos de acerola, encontraram teores de 1.797 mg/100 ml de suco
e 1.561 mg/100 ml de suco. Butt (1980), citado por Nogueira et al. (2002) afirma
que o conteúdo de vitamina C, na maioria dos frutos, tende a diminuir durante o
57
58
processo de maturação, atribuindo esse decréscimo à atuação da enzima
denominada ácido ascórbico oxidase. Segundo Mievska (1984), os teores de
vitamina C em uvas aumentam significantemente durante o amadurecimento,
atingindo o seu conteúdo máximo na fase de maturidade fisiológica. Segundo este
autor, os teores de vitamina C variam entre 1,15 e 6,05 mg %, dependendo das
cultivares. Dessa forma, todas as variedades apresentaram teores de vitamina C
dentro do padrão esperado, segundo Mievska (1984).
V
itamina C
Kioho y = 1,041 + 0,04x + 0,001x
2
R
2
= 0,826
Romana y = 0,225 + 0,099x R
2
= 0,792
Isabel y = -0,161 + 0,09x R
2
= 0,819
Roberta y = 0,733 + 0,086x - 0,0004x
2
R
2
= 0,69
-1
0
1
2
3
4
5
6
0 1020304050
Dias após início da maturação
g/100 g
Romana
Isabel
Kioho
M. Hamburgo
Roberta
N. Rosada
Figura 4 - Teores de Vitamina C em seis variedades de videiras em função dos
períodos de amostragem
3.2.3.2.3. Teores de antocianinas
Pela análise do Quadro 5, verificam-se diferenças significativas para
genótipos e períodos. O efeito da interação genótipos x períodos também mostrou
diferenças significativas. As variedades N. Rosada e Kioho apresentaram um
acréscimo com resposta quadrática, enquanto que nas variedades M. Hamburgo
e Isabel, o aumento foi linear (Figura 5). O coeficiente de variação foi considerado
moderado a baixo (24,22%), indicando boa precisão experimental. A variedade
58
59
Isabel, por possuir bagas de coloração preta-azulada intensa, apresentou os
maiores teores de antocianinas, atingindo 374,88 mg/100 g PF, valores bem
superiores aos encontrados para as outras variedades. A variedade Niágara
Rosada obteve os menores índices (80 mg/100 g PF), resultado este já esperado
por se tratar de uma variedade de coloração mais avermelhada. É importante
lembrar que a análise de antocianinas só foi realizada com as variedades de
coloração vermelha (Isabel, Kioho, Niágara Rosada e Moscatel de Hamburgo).
Quadro 6 - Resumo da análise de variância para teores de Antocianinas em
quatro variedades de videiras
QM
FV GL
Rep 2 3986.45*
Genótipo 3 123646.95**
Erro A 6 1329.84
Período 6 29754.80**
Genótipo x período 18 8823.88**
Erro B 39 892.26
CV% 24.22
** Significativo a 1% pelo teste F.
* Significativo a 5% pelo teste F.
CV= Coeficiente de variação em porcentagem.
59
60
Antocianinas
Isabel y = 105,329 + 6,667x R
2
= 0,706
Kioho y = 154,971 - 9,329x + 0,267x
2
R
2
= 0,763
M . Hamburgo y = 48,374 + 3,259x R
2
= 0,695
N. Rosada y = 27,967 - 2,213x + 0,087x
2
R
2
= 0,898
0
50
100
150
200
250
300
350
400
0 1020304050
Dias após início da maturação
mg /100 g PF
Isabel
Kioho
M. Hamburgo
N, Rosada
Figura 5 - Teores de antocianinas, em quatro variedades de videiras, em função
dos períodos de amostragem.
60
61
3.2.4. CONCLUSÕES
Em todas as variedades estudadas, observou-se uma clara variação entre
os estádios fenológicos e ciclos de produção, o que será de grande valia para
estudos fitotécnicos e ajustes na tecnologia de produção de videira para as
condições do Norte Fluminense.
Na caracterização qualitativa das variedades, observaram-se ótimos
resultados evidenciando o potencial de produção de uvas de qualidade na região
supracitada.
61
62
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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uva de mesa - manual de produtos. Santiago, p. 2-13
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colheita e pós-colheita. Brasília: EMBRAPA-SPI/FRUPEX, p. 20-21.
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3.3. RESUMOS E CONCLUSÕES
Para caracterização molecular da coleção molecular de germoplasma da
Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, realizou-se o estudo
da diversidade genética de 12 variedades elite por meio de marcadores RAPD.
Através da dissimilaridade genética baseada no índice de complemento
de Jaccard, foi obtida a matriz de distância entre cada genótipo, sendo as
variedades Niágara Rosada e Itália as mais distantes geneticamente e as
variedades Rubi e Itália as mais próximas.
Com os métodos de agrupamento de otimização de Tocher e hierárquico
do vizinho mais distante foi possível discriminar 3 grupos. O método de Tocher
agrupou a variedade apirênia UFV 01 num grupo separado, enquanto que, pelo
método do vizinho mais distante, a variedade UFV 01 formou um grupo com a
variedade Romana, também apirênia.
O marcador SCAR SCC8 mostrou-se bastante eficiente para discriminar
genótipos apirênios de genótipos com semente. As variedades apirênias Romana
e UFV 01 mostraram-se indivíduos heterozigotos em relação à característica de
apirenia.
Objetivando avaliar o comportamento de variedades de videiras
introduzidas na região Norte Fluminense, realizou-se a determinação do ciclo
reprodutivo e composição química de seis variedades de videiras. Os resultados
obtidos permitiram as seguintes observações:
65
66
As condições climáticas, no ano de 2006, garantiram uma considerável
redução do período de poda à colheita para todas as variedades estudadas.
Esses resultados podem ser explicados pelo baixo índice pluviométrico
registrados no ano de 2006, permitindo assim um incremento acelerado dos
componentes químicos do fruto. É importante ressaltar que essa redução do ciclo
é benéfica, pois reduz consideravelmente os custos de produção e garante a
oferta de uvas fora de época.
Pela análise química dos frutos, todas as variedades apresentaram
resultados satisfatórios quanto aos teores de Brix, acidez, SST/ATT, vitamina C e
antocianinas.
66
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