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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
CÂMPUS DE BOTUCATU
DENSIDADE NUTRICIONAL DA DIETA E TAXA DE CONCEPÇÃO DE
FÊMEAS BOVINAS
TIAGO CRESTE LOSI
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Zootecnia – Área de
Concentração: Produção Animal, como parte
das exigências para obtenção do título de
Mestre.
BOTUCATU-SP
Fevereiro/2006
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i
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
CÂMPUS DE BOTUCATU
DENSIDADE NUTRICIONAL DA DIETA E TAXA DE CONCEPÇÃO DE
FÊMEAS BOVINAS
TIAGO CRESTE LOSI
Zootecnista
ORIENTADOR: Prof. Ass. Dr. JOSÉ LUIZ MORAES VASCONCELOS
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Zootecnia – Área de
Concentração: Produção Animal, como parte
das exigências para obtenção do título de
Mestre.
BOTUCATU-SP
Fevereiro/2006
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ii
Dedico este trabalho
Aos meus pais, JOSÉ RENATO e BENÊ, e aos meus irmãos, RENATO e
LÍVIA, pelo amor, amizade e por terem acreditado neste trabalho, possibilitando a
realização do mesmo.
Aos meus avós, RENATO e DORA (in memoriam) e SERAFIM e LÁZARA, pelo
amor, todo tipo de apoio e por acreditarem em meu potencial.
A Deus por estar presente em todos os momentos e por sempre me mostrar o
caminho correto a seguir.
iii
Agradecimentos
Meu eterno agradecimento ao Prof. Dr. José Luiz Moraes Vasconcelos, pela
orientação, companheirismo, amizade, confiança durante todos estes anos, além de
todos os ensinamentos durante o período de graduação e pós-graduação.
Ao Prof. Dr. Francisco Stefano Weschler por todos os ensinamentos durante o
período de graduação e pós-graduação, bem como pela orientação nas análises
estatísticas.
Ao Prof. Dr. Antônio Carlos Silveira pela amizade, auxílio e sugestões
extremamente valiosas durante a execução deste trabalho.
Ao Programa de Pós Graduação em Zootecnia da Faculdade de Medicina
Veterinária e Zootecnia – UNESP/Botucatu pela oportunidade de realização deste
curso.
A todos os professores da graduação e pós-graduação que contribuíram para
minha formação.
À Edmundo e Mauro pela grande amizade, companheirismo, convívio e pelo
auxílio na coleta de dados para a execução deste trabalho.
À Ricarda pela grande amizade, companheirismo, auxílio indispensável e pelos
grandes ensinamentos.
iv
Aos amigos Ivan, Rui Felipe, Reinaldo e Mário pelo companheirismo, apoio e
incentivo durante os momentos difíceis.
À Agropecuária Água Preta, em especial ao zootecnista Alexander Machado
Reis pela amizade, hospitalidade e pela disponibilização de infra-estrutura e animais
para a realização deste trabalho.
Às funcionárias da Seção de Pós-Graduação da Faculdade de Medicina
Veterinária e Zootecnia, Posto de Serviço - Lageado, Carmen e Seila, pela amizade,
atenção e auxílios indispensáveis prestados.
Aos funcionários do Departamento de Produção e Exploração Animal -
Lageado, Barbosa e Solange, pela amizade, atenção e auxílios indispensáveis
concedidos.
A todos os amigos de pós-graduação, em especial Gabriela, Ana Carolina, Bia,
Ocilon e Aydison, por estarem sempre presentes e auxiliando durante todo o tempo de
execução deste trabalho.
Aos membros da Conapec Jr., em especial a Carlos pelo auxílio na coleta de
dados.
À república Boi na Zona, pela amizade, companheirismo e hospitalidade de
sempre.
E a todos que de alguma forma contribuíram para execução deste trabalho,
meu MUITO OBRIGADO.
v
SUMÁRIO
Página
LISTA DE TABELAS ............................................................................................. vii
LISTA DE FIGURAS .............................................................................................. viii
CAPÍTULO 1 .......................................................................................................... 1
Considerações iniciais ......................................................................................... 2
1. Introdução ......................................................................................................... 2
2. Revisão da Literatura ....................................................................................... 3
2.1. Influência da densidade nutricional da dieta na proporção de Ácidos
Graxos Voláteis ............................................................................................... 3
2.2. Influência da ingestão de matéria seca na concentração de progesterona..... 5
2.3. Alterações reprodutivas e sua relação com as alterações das
concentrações de progesterona ..................................................................... 7
2.3.1.Influência da concentração plasmática de progesterona antes da
inseminação artificial na taxa de concepção ................................................. 7
2.3.2. Influência da concentração plasmática de progesterona após a
inseminação artificial na taxa de concepção ................................................. 9
2.4. Relação entre Concepto e Ambiente uterino para manutenção da
gestação ......................................................................................................... 10
3. Referencias Bibliográficas .............................................................................. 12
CAPÍTULO 2 .......................................................................................................... 18
DENSIDADE NUTRICIONAL DA DIETA E TAXA DE CONCEPÇÃO DE
FÊMEAS BOVINAS ............................................................................................... 18
Resumo ................................................................................................................. 19
Abstract ................................................................................................................. 20
1. Introdução ......................................................................................................... 21
vi
2. Material e Métodos ........................................................................................... 22
2.1. Local e duração do experimento ..................................................................... 22
2.2. Animais e modelo experimental ...................................................................... 22
2.3. Forma de alimentação ..................................................................................... 23
2.4. Descrição do período de monta ...................................................................... 24
2.5. Diagnóstico de Gestação ................................................................................ 25
2.6. Análise Estatística ........................................................................................... 25
3. Resultados ........................................................................................................ 26
4. Discussão ......................................................................................................... 27
5. Conclusões ....................................................................................................... 36
6. Referências Bibliográficas .............................................................................. 42
vii
LISTA DE TABELAS
Página
Tabela 1. Composição da dieta oferecida para o tratamento com maior e menor
densidade nutricional, com base na matéria seca total ........................ 37
Tabela 2. Composição bromatológica estimada da dieta para cada tratamento
(com base na matéria seca total), ganho médio diário estimado e
relação volumoso:concentrado ............................................................ 38
Tabela 3. Taxa de concepção por tratamento e fase de monta (números de
vacas gestantes/número de vacas cobertas) ....................................... 39
viii
LISTA DE FIGURAS
Página
Figura 1. Representação esquemática do cronograma do experimento. ............ 40
Figura 2. Projeção da taxa de concepção para a dieta com maior e menor
densidade nutricional, de acordo com o ganho de peso médio diário
(GMD) ajustado .................................................................................... 41
1
CAPÍTULO 01
2
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
1. Introdução
A produção de leite por vaca tem aumentado nas últimas décadas em função
do melhoramento genético, aliado às mudanças no manejo nutricional.
Concomitantemente, ocorreu declínio na eficiência reprodutiva, refletido principalmente
nas baixas taxas de concepção em vacas de alta produção. As causas desse declínio
podem estar relacionadas tanto ao manejo reprodutivo, como a mudanças fisiológicas
nesses animais (Butler, 1998; Washburn et al., 2002).
Uma característica marcante das vacas de alta produção é a alta ingestão de
matéria seca que, associada à maior densidade da dieta, proporciona maior
fermentação ruminal e, consequentemente, maior produção de ácidos graxos voláteis
(AGVs) (Bergman, 1990). O padrão da fermentação ruminal difere entre os alimentos,
pois os microrganismos aí presentes apresentam especificidade em digerir
determinados nutrientes da dieta. Dietas contendo grandes quantidades de açucares
solúveis ou amido produzem maiores concentrações de ácido propiônico no rúmen. A
concentração de ácido acético varia inversamente, sendo mais elevada quando
volumosos representam a maior porção da dieta (Peixoto et al., 1995).
Segundo Vasconcelos et al. (2003), vacas de alta produção de leite
apresentam menores concentrações plasmáticas de progesterona, provavelmente
devido aos picos de ingestão de dieta, acarretando no incremento do fluxo sangüíneo
para o fígado, o que resulta em maior metabolização de progesterona. Dados similares
foram obtidos por Santos (2005), tanto em vacas com dispositivo intravaginal de
progesterona, quanto em vacas com corpo lúteo.
A concentração plasmática de progesterona antes da inseminação artificial
interfere na pulsatilidade do hormônio luteinizante (LH) (Kinder et al., 1996), e
3
conseqüentemente, pode influenciar o desenvolvimento folicular e a qualidade do
oócito (Revah & Butler, 1996).
Foi demonstrado que as concentrações de progesterona pós-IA foram maiores
em vacas que concebiam (Fonseca et al., 1983) e que implantes vaginais de
progesterona pós-IA aumentavam a taxa de concepção em vacas (MacMillan et al.,
1991).
A progesterona é importante por controlar mudanças no útero e influenciar o
desenvolvimento embrionário. Com relação ao desenvolvimento embrionário, foi
demonstrado que a administração de progesterona após a inseminação artificial
acelerou o desenvolvimento dos embriões, os quais se mostraram maiores e
apresentavam maior secreção de proteínas, indicando serem mais maturos e
funcionais (Garret et al., 1988). O desenvolvimento do embrião é crítico para suprimir a
secreção de prostaglandina (PGF2α) e manter o corpo lúteo (Kerbler et al., 1997).
Efeitos deletérios da alta ingestão de matéria seca foram comprovados em ovelhas,
refletindo-se no aumento da perda embrionária (Parr et al., 1987), e em novilhas de
corte, baixando a sobrevivência embrionária quando da alta ingestão antes da IA
(Dunne et al., 1999).
O objetivo do presente trabalho foi avaliar o efeito de dietas com
diferentes densidades nutricionais na taxa de concepção de fêmeas bovinas.
2. Revisão Bibliográfica
2.1. Influência da densidade nutricional da dieta na proporção de Ácidos Graxos
Voláteis
4
De acordo com Van Soest (1994), o metabolismo energético em ruminantes é
muito complexo. Os carboidratos solúveis ingeridos são facilmente fermentados pelos
microrganismos no rúmen, assim como determinada parte dos carboidratos complexos
da parede celular das plantas - hemicelulose e celulose. Os produtos finais da
fermentação dos carboidratos são os AGVs, principalmente o acético, o propiônico e o
butírico. Dietas com maior densidade nutricional, ou seja, com maior quantidade de
carboidratos não-estruturais, promovem maior fermentação ruminal e maior síntese de
AGVs. Quando o amido é o principal componente da dieta, a fermentação ruminal irá
produzir maiores concentrações de ácido propiônico, o qual é utilizado para síntese de
glicose no fígado (Huntington, 1997). Hristov et al. (2001), fornecendo dietas com
grãos de cevada para novilhos observaram que a concentração de AGVs totais e de
propionato foram maiores em dietas com alto teor de concentrado. Segundo Bergman
(1990), 88% dos AGVs produzidos são absorvidos no rúmen-retículo do animal.
Dos AGVs produzidos, 90% do butirato produzido são metabolizados pelo
epitélio ruminal sendo oxidado a CO
2
e a corpos cetônicos, ou seja, somente 10% do
butirato produzidos no rúmen chegam ao fígado. O propionato é menos metabolizado
pelo epitélio ruminal de vacas leiteiras, cerca de 3 a 15%, os quais são oxidados a
CO
2
, lactato e alanina, e o restante (mais de 80% do que é produzido) chega ao
fígado. Cerca de 95% do fluxo líquido de propionato na veia porta hepática são
convertidos em glucose no fígado, indicando alta atividade hepática da enzima
Propionil CoA Sintetase. Já o acetato, é pouco metabolizado tanto pelo epitélio ruminal
quanto pelo fígado. Isso explica o fato de cerca de 90 a 98% dos AGVs encontrados
na circulação arterial e venosa ser acetato, e somente 3% é utilizado pelo fígado,
sendo metabolizado principalmente pelos tecidos periféricos (adiposo e muscular)
onde a atividade da enzima Acetil CoA Sintetase é muito alta (Bergman, 1990).
Animais consumindo dieta com maior densidade provavelmente apresentam maior
5
função hepática, devido à maior concentração de propionato na circulação, podendo
ser esta uma explicação para vacas que, consumindo elevada quantidade de
concentrado, demonstram menor concentração sérica de progesterona (P4), já que o
fígado apresenta eficiência de 96% na metabolização da P4 (Parr et al., 1993b).
Pescara et al. (2005) observaram menor concentração sérica de P4 no dia 7 após a
inseminação artificial em tempo fixo (IATF), em vacas a pasto consumindo 6 kg de
milho em grão triturado, quando comparada a vacas nas mesmas condições de
pastejo, consumindo 2 kg do mesmo suplemento.
2.2. Influência da ingestão de matéria seca na concentração de progesterona
Em vacas leiteiras, a correlação entre produção de leite e ingestão de matéria
seca é alta e positiva, 0,88 (Harrison et al., 1990). A densidade da dieta de vacas
leiteiras é variável conforme a produção de leite, o peso vivo, a porcentagem de
gordura no leite, o ganho de peso e principalmente da ingestão de matéria seca
desejada. Para as vacas que não conseguem ingerir a quantidade de nutriente
necessária para suprir seus requisitos, a densidade nutricional da dieta deve ser
aumentada, a fim de que não ocorra grande perda de peso, levando à redução da
eficiência reprodutiva e da produção de leite (NRC, 2001).
A concentração de progesterona no sangue está relacionada com a produção e
com a metabolização deste hormônio que ocorre no fígado. A metabolização de
progesterona influencia consideravelmente a concentração circulante desse hormônio
(Rabiee et al., 2001).
Em geral, a ingestão de matéria seca reduz a concentração de progesterona
sérica. Sangsritavong et al. (2002) relataram que vacas alimentadas com três níveis
crescentes de matéria seca apresentaram menor nível de progesterona sérica que
vacas não-alimentadas em um intervalo entre 1 e 4h.
6
A relação inversa entre a ingestão de alimento e a concentração plasmática de
progesterona foi verificada por Parr et al. (1993a) em ovelhas e eles atribuíram esta
diferença à taxa de metabolização de progesterona, ao invés de mudança na taxa de
produção. Parr et al. (1993b) relataram que o fluxo sanguíneo médio na veia porta está
diretamente relacionado à densidade nutricional da dieta e que o fígado apresenta
eficiência de 96% na metabolização de progesterona, concluindo que o aumento do
fluxo sanguíneo para o sistema digestivo, associado à alta eficiência do fígado em
metabolizar a progesterona, explica as menores concentrações desse hormônio
associadas ao aumento da ingestão de alimento.
Vasconcelos et al. (2003), avaliando a concentração sérica de progesterona
durante um período de 24 horas após a alimentação, observaram que, quando vacas
receberam toda a dieta numa única refeição (100%) no tempo 0, ocorreu diminuição
na concentração sérica de progesterona uma hora após serem alimentadas e que
essa se manteve baixa por nove horas. As vacas que receberam 50% da dieta
também apresentaram diminuição na concentração sérica de progesterona da primeira
a nona hora após a alimentação e, depois do segundo fornecimento de alimento (50%
restantes) na hora 12, houve diminuição uma hora após a alimentação, estendendo-se
por oito horas. Em contrapartida, vacas que foram alimentadas quatro vezes ao dia,
tendo o fornecimento de 25% da dieta a cada seis horas, não apresentaram
diminuição significativa na concentração sérica de progesterona em nenhum momento
no período avaliado, mostrando que técnicas de manejo podem influenciar a
concentração de progesterona.
Santos 2005, trabalhando com vacas holandesas não lactantes com
progesterona exógena (dispositivo intravaginal de progesterona) ou endógena
(presença de corpo lúteo), mantidas em pastagem e recebendo quantidades diferentes
de concentrado, em dois fornecimentos diários, observou que, as que recebiam oito
quilogramas de concentrado por dia, apresentaram menor concentração plasmática de
7
progesterona 4 e 12 horas após a ingestão do mesmo, do que aquelas que receberam
dois quilogramas.
Rabiee et al. (2001) relataram que em vacas alimentadas ad libitum a
concentração plasmática de progesterona foi menor que naquelas que sofreram
restrição alimentar. Em ambos os tratamentos as vacas receberam implante
intravaginal de progesterona (CIDR). Não foi observada diferença estatística na
quantidade de progesterona residual do CIDR (P=0,3) e, os autores atribuíram esta
diferença na concentração plasmática de progesterona, à maior taxa de metabolização
desse hormônio nos animais com alimentação ad libitum.
Segundo Parr et al. (1987), ovelhas recebendo alto nível de suplementação
durante o início da gestação podem apresentar aumento da mortalidade embrionária
quando não recebem progesterona exógena entre os dias 8 e 14 após a monta. Este
fenômeno não ocorreu em ovelhas que receberam dietas de mantença ou abaixo
dessa durante o mesmo período.
2.3. Alterações reprodutivas e sua relação com as alterações das concentrações
de progesterona
2.3.1. Influência da concentração plasmática de progesterona antes da
inseminação artificial na taxa de concepção
A freqüência e pulsatilidade de LH influenciam a manutenção do folículo
dominante. A progesterona tem efeito inibitório na secreção de LH, determinando o
período de duração da dominância do folículo. Quando em baixas concentrações a
progesterona aumenta a freqüência dos pulsos de LH, aumentando o tempo de
8
manutenção do folículo dominante e as concentrações de estradiol por ele produzidas
(Stock e Fortune, 1993).
Folman et al. (1990) observaram menores taxas de concepção em vacas que
apresentaram menor concentração plasmática de progesterona antes da inseminação
artificial. Essa reduzida concentração de progesterona, por promover o aumento do
tempo de dominância, influencia a qualidade do ovócito, que sofre ativação prematura
da meiose (Revah & Butler, 1996).
Quando o oócito préovulatório é exposto à prolongada duração de
concentrações elevadas de estradiol, devido à persistência do folículo dominante,
ocorre comprometimento da sobrevivência embrionária (Revah & Butler, 1996; Mihm
et al., 1999). Além disso, o efeito das concentrações aumentadas de estradiol, devido
à presença de folículos persistentes, pode influenciar as condições das tubas uterinas
e/ou do útero, podendo ser a causa da menor fertilidade (Thatcher & Hansen, 1992;
Binelli et al., 1999). Borchert et al. (1999) acreditam que os ovócitos não sejam
diretamente afetados pelas baixas concentrações de progesterona e sim que o atraso
no desenvolvimento embrionário observado in vitro, em virtude da baixa concentração
de progesterona, possa estar associado a alterações que ocorrem no oviducto e/ou no
útero.
A taxa de concepção pode ser menor em vacas que apresentam duas ondas
foliculares em relação as que apresentam três ondas foliculares (Inskeep, 2004).
Segundo Townson et al. (2002), a taxa de concepção foi menor em vacas cujo folículo
ovulatório foi proveniente da segunda onda folicular (63%) quando comparado ao
proveniente da terceira onda folicular (81%). O folículo ovulatório foi 1,5 dias mais
velho e 1,2 mm maior nas vacas que ovularam o folículo dominante da segunda onda.
9
2.3.2. Influência da concentração plasmática de progesterona após a
inseminação artificial na taxa de concepção
A concentração de progesterona circulante apresenta correlação positiva com o
reconhecimento da gestação em fêmeas bovinas. Silvia et al. (1991) e Geisert et al.
(1992) verificaram que a progesterona influencia tanto o desenvolvimento embrionário
quanto o processo luteolítico. Vacas que concebem apresentam concentrações de
progesterona significativamente maiores logo após a inseminação do que aquelas que
não concebem (Mann & Lamming, 1995).
Garret et al. (1988) demonstraram que a administração de progesterona depois
da inseminação artificial melhorou o desenvolvimento dos embriões, os quais
passaram a ser maiores e apresentavam maior secreção de proteínas, indicando
serem mais maturos e funcionais. O desenvolvimento do embrião é crítico para
suprimir a secreção de prostaglandina (PGF
2α
) e manter o corpo lúteo, pois a secreção
das proteínas do trofoblasto do bovino-1 (bTP-1 = interferon-tau), que inibe a secreção
de PGF
2α
pelo útero, está relacionada com o desenvolvimento do embrião (Thatcher &
Hansen, 1992; Kerbler et al., 1997). Fonseca et al. (1983) encontraram que as
concentrações de progesterona depois da inseminação foram maiores em vacas que
conceberam, enquanto Robinson et al. (1989) e MacMillan et al. (1991) observaram
que tratamentos com dispositivos intravaginais de progesterona após a inseminação
aumentaram a taxa de concepção em vacas, o que não foi observado por Van Cleeff
et al. (1991) em novilhas, sugerindo que a concentração de progesterona depois da
inseminação poderia influenciar a taxa de concepção de vacas, mas não de novilhas.
Chagas-Silva et al. (2002) verificaram que baixa concentração de progesterona no dia
7 em receptoras lactantes influenciou negativamente a sobrevivência do embrião,
enquanto que em novilhas receptoras esse fato não foi observado.
Kerbler et al. (1997) observaram uma maior concentração de metabólito de
PGF2α (PGFM) quando os níveis de progesterona apresentavam-se menores,
10
podendo ser essa uma das explicações para o fato de que vacas com menor
concentração de progesterona apresentam menor taxa de concepção.
2.4. Relação entre concepto e ambiente uterino para manutenção da gestação
A habilidade do embrião em produzir interferon-tau (bIFN-τ) para inibir a
secreção uterina de PGF
2α
é critica para o estabelecimento da gestação em fêmeas
bovinas. Por volta de 40% de mortes embrionárias acontecem em torno de 8 a 17 dias
de gestação (Thatcher et al., 1994), e esta alta proporção de perda coincide com o
período de inibição na secreção de PGF
2α
no útero pelo concepto, sugerindo assim
que algumas delas ocorram pela incapacidade de inibição de produção de PGF
2α
pelo
concepto (Thatcher et al., 2001).
Para o bloqueio da produção de PGF
2α
o concepto necessita ocupar a maior
porção do corno uterino ipsilateral ao corpo lúteo (CL) no período crítico, que ocorre
entre os dias 15 e 17 após o estro (Binelli et al., 2001).
Thatcher et al. (1994) relataram que o tamanho do concepto no dia 17 após o
cio pode variar de 15 a 250 mm. Se aquele for menor que 150 mm, apresentará menor
probabilidade em manter o CL, pois ocupará menos que um terço do corno uterino e,
sendo assim, as membranas embrionárias externas produziriam inadequada
concentração de bIFN-τ para exercer a função antiluteolítica no corno uterino
adjacente ao ovário que contém o CL.
Kerbler et al. (1997) observaram que novilhas tratadas com hCG apresentaram
maiores concentrações plasmáticas de progesterona, provavelmente devido à
formação de CL acessórios, e tenderam a sintetizar maiores concentrações de bIFN-τ.
Esta correlação positiva entre a concentração de progesterona e síntese de bIFN-τ
pelo concepto sugere que o aumento na concentração de progesterona é benéfico
para o desenvolvimento do embrião.
11
Estudos realizados por Mann & Lamming (1995) em vacas ovariectomizadas,
simulando condições normais das concentrações plasmáticas de progesterona e
estradiol, verificaram que vacas com baixas concentrações de progesterona
desenvolveram sinais luteolíticos mais fortes que aquelas cuja concentração de
progesterona foi alta, concluindo que as concentrações maternas de progesterona não
podem ser consideradas como um determinante absoluto do início da gestação, mas
um fator que influencia a probabilidade de sucesso ou falha.
O capítulo 2, denominado INFLUÊNCIA DA DENSIDADE NUTRICIONAL DA
DIETA NA TAXA DE CONCEPÇÃO DE FÊMEAS BOVINAS apresenta-se de acordo
com as normas para publicação na revista Theriogenology.
12
3. Referências Bibliográficas
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18
Capítulo 2
DENSIDADE NUTRICIONAL DA DIETA E TAXA DE CONCEPÇÃO DE FÊMEAS
BOVINAS
19
DENSIDADE NUTRICIONAL DA DIETA E TAXA DE CONCEPÇÃO DE
FÊMEAS BOVINAS.
Resumo
O objetivo do trabalho foi avaliar o efeito de dietas com diferentes
densidades nutricionais na taxa de concepção (TC) de fêmeas bovinas. O trabalho foi
realizado na Agropecuária Água Preta, Cocalinho, MT. Foram utilizadas 220 fêmeas
Nelores vazias, mantidas em confinamento a céu aberto, com escore de condição
corporal (ECC) médio de 2,79, alojadas aleatoriamente em duas baias. Todos os
animais receberam dieta de adaptação (DA) por 15 dias, apresentando 50,1% de Fibra
em Detergente Neutro (FDN) e 28,8% de Carboidrato Não Estrutural (CNE). No dia 0 a
dieta do Tratamento A foi alterada (TA = dieta com maior densidade nutricional -
43,9% de FDN e 35,5% de CNE) e o Tratamento B continuou a receber a DA (TB =
dieta com menor densidade nutricional). A dieta total, composta por: silagem de sorgo,
sorgo integral triturado, arroz integral triturado, caroço de algodão e núcleo mineral, foi
oferecida 4 vezes ao dia aos animais. No dia 0 inciou-se o período de monta (PM), no
qual 4 touros nelores e 4 touros cruzados foram colocados junto às fêmeas em cada
baia, permanecendo por 22 dias. No dia 21 os touros foram retirados de ambos os
tratamentos. Os animais foram observados durante o PM, e somente as fêmeas que
foram cobertas permaneceram no experimento. O diagnóstico de gestação (DG) foi
realizado por ultra-sonografia 27 dias após a retirada dos touros. A TC foi analisada
por regressão logística, por meio dos procedimentos LOGISTIC do SAS. Foram
incluídos no modelo os efeitos das variáveis: tratamento, fase (fase 1, do dia 0 ao dia
10 do PM e a fase 2, do dia 11 ao dia 21 do PM) e interação fase x tratamento, e das
co-variáveis: ganho de peso médio diário (GMD) e ECC. Foi detectada tendência
(P=0,077) de efeito de tratamento na TC (TA=65,7 vs TB=76,1%). Não houve efeito de
fase e da interação fase x tratamento. O GMD não foi diferente entre TA e TB, porém
foi detectado efeito linear (P<0,05) de GMD na TC. Não foi detectado efeito de ECC
(P>0,10) na TC. A ingestão de dieta com maior densidade nutricional reduz a TC.
Palavras-chave: ingestão de matéria seca, taxa de concepção, progesterona, fêmea
bovina.
20
NUTRITIONAL DIET DENSITY AND CONCEPTION RATE IN BOVINE
FEMALES
Abstract
The objective of this trial was to evaluate the effects of different
nutritional diet density on conception rate (CR) in bovine females. The experiment was
achieved at Agropecuária Água Preta, Cocalinho, MT. It was made use 220 no
pregnant Nelore females, on average with 2.79 body condition score (BCS), housed at
a commercial feedlot, randomly divided in two pens. All animals received an adaptation
diet (AP) for 15 days, with 50.1% of Neutral Detergent Fiber (NDF) and 28.8% of Non-
Structural Carbohydrate (NSC). On day 0 the diet of Treatment A was changed (TA=
higher nutritional density diet – 43.9% of NDF and 35.5% of NSC) and the Treatment B
carried on receiving the AD (TB= lower nutritional density diet). The total mixed rate,
settled of sorghum silage, sorghum whole cracked, rice whole cracked, cottonseed
high lint and minerals, was offered four times a day. On day 0 it started the breeding
period (BP), with natural service, using 4 Nelore bulls and 4 crossbred bulls in each
pen, until day 21. The females where observed for estrus during the BP and only the
cows that presented service were kept on the experiment. The CR was determined 27
days after BP by ultrasound. The CR was analyzed by logistic regression of SAS. The
effects of variables: treatment, phase (phase 1, from day 0 until day 10 of the BP;
phase 2, grom day 11 until day 21 of the BP) and interactions were included in the
model, BCS and body weigh gain (BWG) were included as a co-variables. Tendency
(P=0.077) of treatment effect on CR (TA=65.7 vs TB=76.1%) was detected. There was
no effect of phase and interaction phase x treatment. The BWG was similar between
TA and TB, however a linear effect (P<0.05) of BWG on CR was detected. Effect of
BCS was no detect (P>0.10) on CR. As conclusion, the higher nutritional density diet
intake decrease the CR.
Key-words: dry mater intake, conception rate, progesterone, bovine female.
21
1. Introdução
A produção de leite por vaca tem aumentado nas últimas décadas
devido ao melhoramento genético para essa característica, aliado às mudanças
no manejo nutricional. Concomitantemente, ocorreu declínio na eficiência
reprodutiva, refletido principalmente nas baixas taxas de concepção em vacas
de alta produção. As causas desse declínio podem estar relacionadas tanto ao
manejo reprodutivo, como a mudanças fisiológicas nesses animais [1,2].
Uma característica marcante das vacas de alta produção é a alta
ingestão de matéria seca que, associada à maior densidade nutricional da
dieta, proporciona maior fermentação ruminal.
Vacas de alta produção de leite apresentam menores concentrações
plasmáticas de progesterona, provavelmente devido aos picos de ingestão de
dieta com alta densidade nutricional, acarretando no incremento do fluxo
sangüíneo para o fígado, o que resulta em maior metabolização de
progesterona [3].
A concentração plasmática de progesterona antes da inseminação
artificial interfere na pulsatilidade do hormônio luteinizante (LH) [4] e,
conseqüentemente, pode influenciar o desenvolvimento folicular e a qualidade
do oócito [5].
A progesterona é importante por controlar mudanças no útero, além de
influenciar o desenvolvimento embrionário. Efeitos deletérios da alta ingestão
de matéria seca foram comprovados em ovelhas, refletindo-se no aumento da
22
perda embrionária [6] e em novilhas de corte, baixando a sobrevivência
embrionária quando da alta ingestão antes da IA [7].
A hipótese deste trabalho foi que densidade nutricional da dieta altera a
concepção.
O objetivo do presente trabalho foi avaliar o efeito de dietas com
diferentes densidades nutricionais na taxa de concepção de fêmeas bovinas.
2. Material e Métodos
2.1. Local e duração do experimento
O experimento foi realizado na Agropecuária Água Preta, localizada no
município de Cocalinho, estado de Mato Grosso, entre os dias 25 de julho e 27
de setembro de 2005.
2.2. Animais e modelo experimental
Para testar a hipótese do efeito da densidade nutricional da dieta na taxa
de concepção, foram utilizadas como modelo experimental, 220 fêmeas Nelore
vazias, alojadas em confinamento a céu aberto, divididos aleatoriamente em
dois tratamentos (A e B):
Tratamento A = maior densidade nutricional (110 animais);
Tratamento B = menor densidade nutricional (110 animais);
No dia -15 os animais foram pesados, sendo os pesos médios iniciais de
311,78 ± 47,62 e 324,51 ± 44,38 kg, para os tratamentos de maior e menor
densidade nutricional, respectivamente. Avaliou-se o escore de condição
23
corporal (ECC), com média de 2,8 ± 0,3 (de 2,00 a 3,75), em uma escala de 1 a
5 [8].
A dieta fornecida aos animais apresentou em sua composição silagem
de sorgo, sorgo integral triturado, arroz integral triturado, caroço de algodão e
núcleo mineral e foi formulada de acordo com o NRC [9] (Tabela 1). Para a
formulação das dietas foram utilizados os resultados das análises
bromatológicas da silagem de sorgo e do arroz integral triturado, realizada no
Laboratório de Nutrição Animal, do Departamento de Produção Animal, da
Universidade Federal de Goiás, Goiânia – GO. Valores tabelados, segundo o
NRC [9], foram utilizados para o caroço de algodão e sorgo integral (Tabela 2).
O núcleo mineral foi formulado de acordo com a tabela de requerimentos de
minerais do NRC [9], sendo incluído ao nível de 5% no concentrado e esse
apresentava 20% de uréia em sua composição.
A diferença entre as dietas foi caracterizada pela porcentagem de Fibra
em Detergente Neutro (FDN) e Carboidrato Não-Estrutural (CNE).
Todos os animais foram submetidos a um período de adaptação de
quinze dias antes do período experimental. A partir do dia 0 iniciou-se o
fornecimento de uma dieta de maior densidade nutricional aos animais do
tratamento A e para os animais do tratamento B foi mantida a mesma dieta
oferecida durante o período de adaptação, mantendo-se estas até o último dia
do experimento (dia do diagnóstico de gestação).
2.3. Forma de alimentação
Os animais foram alojados em dois currais de 2500 m
2
e linha de cocho
24
de 50 metros lineares em confinamento a céu aberto.
A dieta total foi dividida e oferecida em quatro refeições diárias: 08:00h,
11:00h, 14:00h e 18:00h.
Os animais foram alimentados ad libitun, porém as sobras não foram
mensuradas.
A composição bromatológica estimada da dieta é apresentada na Tabela
2.
Durante o período experimental, quatro animais do tratamento A foram
retirados do experimento por apresentarem grande diminuição na ingestão de
alimento e diarréia, sinais característicos de acidose ruminal.
2.4. Descrição do período de monta
Utilizou-se a monta natural em ambos os tratamentos por 22 dias, tendo
início no dia 0 (dia da mudança na alimentação), até o dia 21, quando os touros
foram retirados de ambos os grupos (Figura 1). O período de monta foi dividido
em duas fases para a realização das análises, sendo a fase 1 do dia 0 ao 10
(38 a 48 dias de monta no momento do diagnóstico de gestação) e a fase 2 do
dia 11 ao 21 (27 a 37 dias de monta no momento do diagnóstico de gestação).
Foram utilizados quatro touros da raça Nelore e quatro touros de
cruzamento industrial (1/2 sangue Nelore/Angus) em cada tratamento e as
vacas observadas em cio foram manejadas para que fossem cobertas por pelo
menos dois touros, de raças diferentes. Os animais foram observados durante
o período de monta pela manhã, entre 7:00h e 10:00h, e no período da tarde,
entre 14:00h e 19:00h, e somente as vacas que receberam monta foram
25
mantidas no experimento. O ECC não foi avaliado no período de monta. A taxa
de concepção, em porcentagem, foi determinada pelo total de vacas gestantes
divididas pelo total de vacas cobertas.
2.5. Diagnóstico de Gestação
O diagnóstico de gestação foi realizado no dia 48 do experimento (27
dias após a data da retirada dos touros) por ultra-sonografia, utilizando um
aparelho Aloka, modelo SSD-500, com transdutor retal linear de 7,5 MHz.
No dia do diagnóstico de gestação foi realizada a pesagem final, sendo
398,22 ± 46,94 e 406,00 ± 44,38 kg, os pesos médios para os tratamentos de
maior e menor densidade nutricional, respectivamente. O peso médio inicial e o
peso médio final dos animais foram utilizados para a realização do cálculo do
ganho de peso médio diário durante todo o período de confinamento.
2.6. Análise Estatística
A taxa de concepção foi analisada por regressão logística pelos
procedimentos LOGISTIC do SAS [10].
Foram incluídas no modelo as variáveis: tratamento, fase e a interação
fase x tratamento. Ganho de peso médio diário (GMD) em quilogramas e ECC
foram incluídos como co-variáveis. A homocedasticidade foi avaliada pelo teste
de BROWN & FORSYTHE.
26
3. Resultados
Em ambos os tratamentos (maior e menor densidade nutricional), 67
animais foram observadas em cio, e somente esses foram mantidos para
avaliação da taxa de concepção por ultra-sonografia no dia 48 do experimento
(Figura 1). Foi observada tendência (P = 0,077) de efeito de tratamento na taxa
de concepção, sendo diagnosticados como gestantes 44 animais no tratamento
com maior densidade (67,57%) e 51 animais no tratamento com menor
densidade nutricional da dieta (76,1%).
Não foi detectado o efeito de fase, bem como o da interação fase x
tratamento (P > 0,10) na taxa de concepção. Na fase 1, 16 de 30 animais
ficaram gestantes (53,3%) no tratamento de maior densidade e, 24 de 31
animais (77,4%) no de menor densidade. Na fase 2, os animais que receberam
dieta com maior densidade nutricional apresentaram taxa de concepção de
75,7% (28 de 37), e de 75,0% (27 de 36) nos de dieta com menor densidade
nutricional (Tabela 3).
O GMD não diferiu entre os tratamentos, e as vacas que apresentaram
maior ganho de peso apresentaram efeito linear positivo na taxa de concepção
(P < 0,05) independente de densidade nutricional da dieta (Figura 2).
Não foi detectado o efeito de condição corporal (P > 0,10) na taxa de
concepção.
27
4. Discussão
A taxa de concepção observada nos animais que receberam dieta com
maior densidade nutricional (65,7%) apresentou tendência de ser menor
(P=0,077) que nos animais que receberam dieta com menor densidade
nutricional (76,1%). Esta menor taxa de concepção pode estar relacionada à
menor concentração de progesterona devido ao seu maior metabolismo [11,
12, 13], que influencia negativamente o desenvolvimento [14, 15] e a
sobrevivência do embrião [16, 17, 18].
É importante observar que a menor concepção do grupo com maior
densidade foi devida a menor concepção durante a fase 1 (Tabela 3), animais
que foram cobertos entre 38 e 48 dias antes do diagnostico de gestação. Esses
resultados sugerem que existem outros fatores associados à concepção em
vacas consumindo maiores quantidades de concentrado, como o tempo de
exposição e a densidade da dieta oferecida, bem como a possível ocorrência
de distúrbios metabólicos sub-clínicos nestes animais. Possivelmente, a maior
influência desses fatores seria após o ato da monta ou inseminação artificial, já
que a taxa de concepção durante a fase 2 foi numericamente semelhante entre
os tratamentos (75,7% maior densidade vs 75,0 % menor densidade).
As concentrações de FDN e CNE nas dietas com maior e menor
densidade nutricional foram de 43,9 e 35,5 % vs 50,1 e 28,8%,
respectivamente. Aumento da densidade da dieta aumenta a produção total de
AGVs e a porcentagem de ácido propiônico [19].
Após a absorção no rúmen, o ácido propiônico é utilizado pelo fígado
para a síntese de glicose (gliconeogênese), podendo originar em torno de 75%
28
da glicose liberada pelo fígado dos ruminantes. Outros precursores de glicose
hepática são os aminoácidos, o lactato, e o glicerol [20]. O fígado é
responsável por 85 a 90% da produção total de glicose do organismo [20].
Em ovelhas, Parr et al. [12] avaliaram o efeito de diferentes níveis de
ingestão da dieta (mesma dieta) na taxa de passagem de sangue pelo fígado e,
na concentração de progesterona e verificaram que animais que receberam
maior quantidade de alimento apresentaram menor concentração de
progesterona, devido ao aumento do fluxo sanguíneo para fígado, associado à
alta eficiência do fígado em metabolizar progesterona (96%). Os níveis
fornecidos foram: metade dos requisitos nutricionais de mantença, os níveis
para atingir a mantença e duas vezes os requisitos nutricionais de mantença.
Dados semelhantes foram observados em vacas Holandesas (secas e em
lactação) por Sangsritavong et al. [13], verificando que vacas ao receberem
diferentes quantidades de matéria seca apresentaram alteração no fluxo
sanguíneo para o fígado, o qual aumentou imediatamente após a alimentação,
atingindo o maior aumento duas horas após o fornecimento. Em vacas
lactantes recebendo 2,2 vezes os requisitos nutricionais para mantença (2,2
M), o fluxo sanguíneo foi de 2017 litros/h, com 1,5 M, foi de 1871 litros/h, com
0,5 M foi de 1765 litros/h e em vacas não alimentadas (0 M), o fluxo sangüíneo
foi de 1527 litros/h. Os autores concluíram que vacas com maior ingestão de
matéria seca apresentam maior fluxo sanguíneo. O maior fluxo sanguíneo
proporcionou maior taxa de metabolização de progesterona no fígado e menor
concentração circulante desse hormônio, e a menor concentração foi
29
observada três horas após a alimentação (2,2 M = 1,96 ng/ml; 1,5 M = 1,95
ng/ml; 0,5 M = 2,35 ng/ml e 0 M = 2,58 ng/ml).
Em estudos no Brasil, Santos [21] trabalhando com vacas holandesas
não lactantes com progesterona exógena (dispositivo intravaginal de
progesterona) ou endógena (presença de corpo lúteo), mantidas em pastagem
e recebendo quantidades diferentes de concentrado, em dois fornecimentos
diários, observou que, as que recebiam oito quilogramas de concentrado por
dia, apresentaram menor concentração plasmática de progesterona 4 e 12
horas após a ingestão do mesmo, do que aquelas que receberam dois
quilogramas. Segundo Pescara et al. [22], vacas lactantes da raça brangus em
pastejo, consumindo seis quilogramas de milho triturado uma vez ao dia,
apresentaram concentrações plasmáticas de progesterona, no dia 7 após a
inseminação artificial, inferior (P<0,05; 1,3 ± 0,1 ng/ml) àquelas que
consumiram dois quilogramas (1,7 ± 0,1 ng/ml). Esses resultados estão de
acordo com Rabiee et al. [23], que observaram diminuição na concentração de
progesterona em vacas com alta ingestão de alimento, com Hommeida et al.
[24], que também observaram que aumento da ingestão de matéria seca
reduziu as concentrações de progesterona em vacas holandesas lactantes e
com Vasconcelos et al. [25], que observaram diminuição na concentração de
progesterona após ingestão de alimento. Segundo este autor, fornecendo a
dieta 4 vezes em um período de 24 horas, sendo 25% desta a cada 6 horas de
intervalo, não observou diminuição na concentração plasmática de
progesterona. No presente experimento, o fornecimento foi realizado em 4
etapas, porém em um intervalo de 10 horas, desta forma, apesar de não
30
mensurado, acredita-se que a concentração plasmática de progesterona foi
menor nos animais consumindo a dieta com maior densidade nutricional que
nos animais consumindo a dieta com menor densidade nutricional.
Estes dados em conjunto mostram que, independente de espécie (vacas
e ovelhas) ou raça (de leite ou corte), aumentando a ingestão de alimento e/ou
quantidade de concentrado, ocorre diminuição na quantidade de progesterona
circulante devido aumento do fluxo sanguíneo para o fígado.
A dieta com maior densidade não apresentou, em relação à dieta de
menor densidade, grande alteração no FDN total devido à composição
bromatológica dos ingredientes que compuseram o concentrado (caroço de
algodão e arroz integral triturado), os quais apresentam alta quantidade de
FDN, porém com baixa efetividade. A quantidade de FDN proveniente da
forragem foi quinze pontos percentuais inferior na dieta com maior densidade
nutricional, 19,03% vs 34,17% (Tabela 2).
O FDN da forragem é importante para manter a ruminação, e esse deve
apresentar efetividade física, ou seja, tamanho de partículas capazes de
estimular a ruminação. Segundo Owens et al. [26] a dieta deveria conter teor
mínimo de FDN de 25 a 30%, em relação à matéria seca total, sendo 75%
desse proveniente de forragem, ou seja, a forragem deveria fornecer no
mínimo 18,8 a 22,5% do FDN total fornecido pela dieta. Desta forma, os
animais recebendo a dieta com maior densidade nutricional estavam no limite
de FDN oriundo de forragem (19,03%), com grande possibilidade de
apresentarem distúrbio metabólico (acidose ruminal). Quatro animais do
tratamento com maior densidade nutricional da dieta foram retirados do
31
experimento durante a fase 1 do período de monta por diminuírem
drasticamente a ingestão de alimento (Figura 1), e apresentarem diarréias com
sinais característicos de acidose ruminal. Apesar de não detalhado neste
estudo, as fezes dos animais dos diferentes tratamentos apresentaram grande
diferença. Algumas características foram observadas no grupo de animais que
receberam a dieta com maior densidade como, grande variação de
consistência entre as fezes dos animais, presença de espumas, bolhas de
gases e aumento do tamanho de partículas presentes, sinais característicos de
acidose sub-clínica [27]. Estes sinais foram observados principalmente durante
a fase 1 do período de monta, sendo que ao final da fase 2, as fezes dos
animais dos dois tratamentos mostraram-se bastante semelhantes.
Não foi observada diferença no GMD (P > 0,10) entre os tratamentos,
sendo 1,42 ± 0,50 e 1,34 ± 0,44 kg para o tratamento com maior e menor
densidade, respectivamente. A distribuição de ganho de peso entre os grupos
foi semelhante (teste de homocedasticidade - BROWN & FORSYTHE [10]).
Trabalhando com animais nelores em confinamento com diferentes
relações volumoso:concentrado (100:0, 80:20, 60:40 e 40:60), Feijó et al. [28]
observaram maior GMD quando forneceu dieta com relação 60:40 (0,882,
1,153, 1,351 e 1,270 kg, respectivamente), enquanto que em animais ½
sangue (Nelore x Pardo Suíço) a resposta foi crescente, ou seja, o maior GMD
observado foi com a relação 40:60 (0,868, 1,009, 1,274 e 1,358 kg,
respectivamente). Estes dados sugerem que a inclusão de maiores
quantidades de concentrado na dieta de animais da raça nelore não reflete em
maior ganho de peso.
32
O GMD observado foi 2,2% superior no tratamento com maior densidade
(1,42 kg) e 27,6% no tratamento com menor densidade (1,34 kg) ao estimado
pelo NRC [9] (1,39 vs. 1,05 kg, respectivamente). Este maior GMD observado
no tratamento com menor densidade nutricional da dieta pode estar
relacionado com ganho compensatório. Este ganho compensatório pode não
ter sido observado no tratamento com maior densidade nutricional, pela
possível ocorrência de acidose sub-clínica em alguns animais, o que pode ter
influenciado negativamente o GMD, pois animais com acidose sub-clínica
apresentam menor consumo de alimento e desempenho, mas podem não
parecer doentes [26].
As vacas que apresentaram maior ganho de peso apresentaram maiores
taxas de concepção independente de tratamento, sugerindo que estes animais
poderiam estar com melhor saúde ruminal (mais adaptados ao aumento da
densidade nutricional da dieta). Estes dados estão de acordo com Peters e
Pursley [29], que observaram que vacas com produção de leite superior à
média do rebanho, apresentaram maior taxa de concepção que vacas com
produção de leite inferior à média, pois vacas que produzem grandes volumes
de leite apresentam menor incidência de problemas de saúde.
É conhecido que fatores nutricionais como o balanço energético negativo
[30, 31, 32] e altas quantidades de proteína bruta na dieta [33], influenciam
negativamente a reprodução de vacas de leite de alta produção, porém não
encontramos trabalhos que relacionam a ocorrência de acidose sub-clínica e
suas possíveis conseqüências na reprodução. São limitadas as informações
sobre acidose ruminal sub-clínica devido à dificuldade de diagnosticar a
33
ocorrência desse distúrbio [34]. Mais atenção deveria ser dada a esse fator,
pois para atingir altas produções de leite, altas quantidades de grãos são
adicionadas às dietas, tornando mais propensa a ocorrência desse problema
metabólico. Oetzel et al. [35] encontraram incidência de 20,1% de acidose sub-
clínica em vacas entre 1 e 120 dias em lactação, em fazenda comercial de
gado de leite do estado de Wisconcin, nos Estados Unidos.
Estudos sugerem diferentes momentos para falha da gestação e fatores
associados. Sartori et al. [36] verificaram que embriões de vacas lactantes
apresentam qualidade inferior que novilhas e vacas não lactantes 5 dias após a
fertilização, no verão e inverno, respectivamente, possivelmente devido à alta
ingestão de matéria seca e efeito deletério do estresse térmico associados à
produção de leite durante o verão. Quanto maior a concentração sérica de
progesterona no dia 7 após o estro, maior foi a probabilidade de concepção no
dia 25 após a inseminação artificial, enquanto que nos animais que receberam
embrião, não houve efeito na concentração sérica de progesterona na
probabilidade de concepção, sugerindo a importância da concentração de
progesterona nos primeiros sete dias [37]. Binelli et al. [38] sugerem que o
período crítico para a manutenção da gestação é entre os dias 15 e 17 após o
estro. Nesse período o bloqueio da luteólise é dependente da habilidade do
concepto em produzir os sinais antiluteolíticos, para inibir a produção de
prostaglandina, mantendo o corpo lúteo e, consequentemente, a gestação.
Chagas e Silva et al. [29] avaliando a relação entre a concentração plasmática
de progesterona e a sobrevivência do embrião, consideraram gestantes as
receptoras que apresentavam concentração plasmática de progesterona no dia
34
0 menor que 1 ng/ml, no dia 7 após o estro, maior ou igual a 1 ng/ml e no dia
21, maior ou igual 2 ng/ml. Os animais foram posteriormente diagnosticados
por palpação retal ou ultrasson com 45-60 dias de gestação. As concentrações
plasmáticas de progesterona no dia 21 foram significativamente (P < 0,001)
maiores nas receptoras gestantes (6,00 ± 0,17 ng/ml) nos dia 45-60, que
naquelas pressupostas como gestantes no dia 21 mais diagnosticadas como
vazias (4,79 ± 0,23 ng/ml) aos 45-60 dias de gestação, e os autores sugerem
que a morte do embrião pode ocorrer após o dia 21. Lopes-Gatius et al. [39]
avaliaram a morte fetal precoce (42 dias após a fertilização) em três rebanhos
comerciais de gado de leite na Espanha, em um período de 2,5 anos. Os
animais foram diagnosticados por ultra-sonografia entre 36 e 42 dias após a
inseminação artificial, e as vacas gestantes foram divididas aleatoriamente em
dois tratamentos: T1 = Controle (vacas não tratadas, n = 549) e T2 = Vacas
tratadas (n = 549) com dispositivo intravaginal de progesterona (PRID). O PRID
foi mantido nos animais por 28 dias e as vacas foram submetidas à palpação
retal com 90 dias de gestação para outro diagnóstico de gestação. Foi
observada diferença (P<0,0001) entre os tratamentos, sendo 12% (66/549) a
perda de gestação no T1 e 5,3 % (29/549) no T2. Os autores concluíram que a
suplementação intravaginal com progesterona apresenta potencial para reduzir
a incidência de perda de gestação no período fetal inicial. Estes dados em
conjunto mostram que falha de gestação pode ocorrer devido a vários fatores e
em diferentes momentos.
Resultados deste experimento sugerem que as falhas de concepção nos
animais que receberam a dieta com maior densidade nutricional podem ter
35
ocorrido pela menor concentração plasmática de progesterona tardia e/ou pela
possível ocorrência de acidose ruminal sub-clínica durante a fase 1 do período
de monta, porém o delineamento deste experimento não permite identificar se
estes fatores atuam isoladamente ou em conjunto.
36
5. Conclusões
Animais que receberam dieta com maior densidade nutricional
apresentaram menor concepção.
37
Tabela 1. Composição da dieta oferecida para o tratamento com maior e menor
densidade nutricional, com base na matéria seca total
Ingredientes Maior Densidade
Nutricional (%)
Menor Densidade
Nutricional (%)
a
Silagem de Sorgo 33,51 60,15
Sorgo Integral Triturado 30,61 14,15
Arroz Integral Triturado 19,02 14,49
Caroço de Algodão 13,94 8,96
Núcleo Mineral 2,92 2,25
a
Dieta oferecida a ambos tratamentos durante o período de adaptação.
38
Tabela 2. Composição bromatológica estimada da dieta para cada tratamento
(com base na matéria seca total), ganho médio diário esperado e
relação volumoso:concentrado
Tratamentos
Porcentagem na Matéria
Seca Total (%)
Maior Densidade
Nutricional
Menor Densidade
Nutricional
Mas
54,37 41,46
NDT
b
68,95 65,53
PB
c
11,62 9,87
EE
d
5,97 4,98
FDN Total
e
43,85 50,11
FDN da Forragem
f
19,03 34,17
FDN do Concentrado
g
24,82 15,94
CNE
h
35,50 28,80
GMD Esperado
i
1,39 1,05
Relação Volumoso:Concentrado
J
34:66 60:40
MS
a
: Matéria Seca; NDT
b
: Nutrientes Digestíveis Totais; PB
c
: Proteína Bruta;
EE
d
: Extrato Etério; FDN Total
e
: Fibra em Detergente Neutro Total da Dieta;
FDN da Forragem
f
: Porcentagem de FDN Total proveniente da forragem; FDN
do Concentrado
g
: Porcentagem de FDN Total proveniente do concentrado;
CNE
h
: Carboidrato Não-Estrutural; GMD Esperado
i
: Ganho médio esperado,
segundo o nível 2 do NRC 1996; Relação Volumoso:Concentrado
J
: Proporção
entre volumoso e concentrado da dieta.
39
Tabela 3. Taxa de concepção por tratamento e fase da monta (número de
vacas gestantes/número de animais cobertos).
Taxa de concepção, % (gestantes/total)
Tratamento
Fase 1*
Fase 2**
Total***
Maior Densidade
Nutricional
53,3 (16/30) 75,7 (28/37) 65,7 (44/67)
a
Menor Densidade
Nutricional
77,4 (24/31)
75,0 (27/36) 76,1 (51/67)
b
a,b
Valores seguidos por letras diferentes na mesma coluna diferem entre si
(P=0,077).
*Fase 1 = Dia 0 ao dia 10 do período de monta (38 a 48 dias de monta no
momento do diagnóstico de gestação);
**Fase 2 = Dia 11 ao dia 21 do período de monta (27 a 37 dias de monta no
momento do diagnóstico de gestação);
***Total = Taxa de concepção por tratamento.
40
Fase 1
b
Fase 2
c
Dia -15 Dia 0 Dia 10 Dia 21 Dia 48
15 dias 22 dias 27 dias
Período de Adaptação Período de Monta Período Pós Monta
- Avaliação - Mudança na dieta - Retirada dos Touros - DG
d
Inicial
a
- Entrada dos Touros
Figura 1. Representação esquemática do cronograma do experimento.
a
Diagnóstico de gestação por palpação retal para seleção de vacas não-
gestantes, pesagem inicial e avaliação de escore de condição corporal, com
escala de 1 a 5 [8];
b
Fase 1 = Dia 0 ao dia 10 do período de monta (38 a 48 dias de monta no
momento do diagnóstico de gestação);
c
Fase 2 = Dia 11 ao dia 21 do período de monta (27 a 37 dias de monta no
momento do diagnóstico de gestação);
d
Diagnóstico de gestação final por ultra-sonografia e pesagem final.
41
0
20
40
60
80
100
120
0
0.2
0.4
0.6
0
.
8
1
1.2
1.4
1.6
1.8
2
2.
2
2.
4
2.
6
2.8
GMD (kg)
Concepção (%)
Maior densidade nutricional Menor densidade nutricional
Figura 2. Projeção da taxa de concepção para a dieta com alta e baixa
densidade nutricional, de acordo com o ganho de peso médio diário
(GMD) ajustado.
42
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