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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
CAMPUS DE BOTUCATU
AVALIAÇÃO DE ESPÉCIES DE Paspalum SOB
PASTEJO
MILENA PROVAZI
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Zootecnia como parte
das exigências para obtenção do título de
Mestre.
BOTUCATU - SP
Fevereiro – 2006
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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
CAMPUS DE BOTUCATU
AVALIAÇÃO DE ESPÉCIES DE Paspalum SOB
PASTEJO
MILENA PROVAZI
Engenheira Agronôma
ORIENTADOR: Prof. Dr. CINIRO COSTA
CO-ORIENTADORA: Eng. Agrônoma Dra. Patrícia Menezes Santos
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Zootecnia como parte
das exigências para obtenção do título de
Mestre.
BOTUCATU - SP
Fevereiro - 2006
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Aos meus pais,
Maria Cândida de Nadai Provazi e Ernesto Provazi,
a irmã, Luciana Provazi,
e ao meu sobrinho, José Henrique Provazi das Neves,
que com amor, muita compreensão pela minha ausência e paciência,
me possibilitaram atingir este objetivo.
Dedico.
Agradecimentos
A Deus, que sempre esteve presente em minha vida, iluminando meu
caminho e dando coragem para lutar pelos meus objetivos.
Ao Prof. Dr. Ciniro Costa, pela orientação segura, incentivo, amizade e
confiança em mim.
À Engenheira Agrônoma Dra. Patrícia Menezes Santos, pela brilhante
orientação, confiança, oportunidade ímpar, auxilio, amizade, incentivo,
paciência e por todos ensinamentos de vida.
Aos Profs. Dr. Mario De Beni Arrigoni, Heraldo César Gonçalves e
Carlos Alexandre da Costa Crusciol pelo exemplo de profissionalismo, ajuda,
sugestões apresentadas e amizade.
Aos Pesquisadores da Embrapa Pecuária Sudeste Gilberto Batista de
Souza, Rymer Ramiz Tullio e Waldomiro Barioni Junior, pela amizade, auxílio e
sugestões apresentadas.
Ao querido Fellipe Giacon de Vasconcellos, pelo amor, amizade,
companheirismo e presença nos momentos mais difíceis, que o tornam muito
especial.
Ao colega de pós-graduação Paulo Roberto de Lima Meirelles, por seu
auxilio e amizade.
Aos funcionários e estagiários da Embrapa Pecuária Sudeste pela
amizade e ajuda nas coletas de campo.
Ao pessoal do laboratório de Nutrição Animal da Embrapa Pecuária
Sudeste, em especial Lourdes, Franciane, Juliana, Cristina, Marcos pelo
precioso auxilio nas análises laboratoriais e amizade.
Às funcionárias da Seção de Pós-Graduação da Faculdade de Medicina
Veterinária e Zootecnia, posto Lageado, Carmen Sílvia de Oliveira Pólo e Seila
Cristina Cassineli , pela amizade, atenção e auxílio prestados.
À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP -
(Processo no. 03/12381-7), pela concessão de bolsa de estudo.
A Unipasto, pelo financiamento do projeto.
E a todos que de alguma forma contribuíram para realização e
conclusão deste trabalho, o meu mais sincero agradecimento.
SUMÁRIO
Página
CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS.................................................
1
Referências Bibliográficas...........................................................................
.
3
CAPÍTULO 2 – AVALIAÇÃO DE ESPÉCIES DE Paspalum SOB PASTEJO
.
5
Resumo.........................................................................................................
5
Abstract.........................................................................................................
6
Introdução.....................................................................................................
7
Material e métodos......................................................................................
.
8
Resultados e Discussão...............................................................................
.
10
Conclusões...................................................................................................
.
20
Referências Bibliográficas............................................................................
.
21
CAPÍTULO 3 – IMPLIC
A
ÇÕES.......................................................................
25
CAPÍTULO 1
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O Brasil, em vista de sua extensão territorial e das condições climáticas
favoráveis, apresenta enorme potencial de produção de carne e de leite em
pastagens, sendo um dos maiores produtores e exportadores de carne bovina
do mundo. Segundo dados do IBGE (1995), o Brasil dispõe de 177 milhões de
hectares de pastagens, dos quais 99,7 milhões de hectares são cultivados e
77,3 milhões de hectares são nativos. Há, portanto, grande demanda por
tecnologia para o uso mais eficiente dos recursos naturais, como variedades
forrageiras mais produtivas e resistentes a pragas e doenças. Estas técnicas
visam à redução do custo na produção de bovinos e são utilizadas em sistemas
de produção de pecuária leiteira e de corte (Santo, 2001).
Nas áreas de pastagens implantadas no Brasil, predominam as espécies
exóticas, principalmente de origem africana. Zimmer & Euclides (1997)
determinaram que, no período de 1995/1996, 85% das sementes de forrageiras
tropicais comercializadas foi do gênero Brachiaria. Esta estreita base genética
limita a eficiência do processo produtivo e torna o sistema vulnerável às
alterações do ecossistema, podendo trazer prejuízo aos produtores e provocar
danos a sustentabilidade econômica do agronegócio da pecuária.
A pesquisa com plantas forrageiras, visando atender a crescente
demanda por parte dos produtores, progrediu consideravelmente nas últimas
décadas. Este progresso baseou-se em estudos relacionados ao animal e à
planta, de cuja resultante originaram avanços significativos na compreensão
das bases para obtenção de altos níveis de produção de forrageiras e
pastagens, tanto para regiões tropicais (Shaw & Bryan, 1976) como para
regiões de clima temperado (Health et al., 1973; Barnes et al., 1970).
O desenvolvimento de pastagens melhoradas para uma dada região
envolve uma seqüência de técnicas desenvolvidas para avaliar forrageiras e
pastagens. No entanto, estas técnicas de avaliação, para serem relevantes ao
sistema planta-animal - sejam de natureza física, química, ecológica ou
nutricional – devem estar relacionadas, de alguma forma, à produção por
animal ou produção de produtos de origem animal por unidade de área (Mott &
Moore, 1970).
A unificação de técnicas de avaliação de pastagens é difícil, mas devem
ser feitas tentativas no sentido de organizar o programa de pesquisa com apoio
e participação multidisciplinar. Independentemente da região para a qual se
pretende desenvolver um programa de pesquisa forrageira dirigido para a
produção animal baseada em pastagens, duas categorias de estudos especiais
merecem a maior atenção (Lucas, 1962): 1. Experimentos dirigidos para a
resposta da pastagem, com o objetivo de estudar os fatores que afetam o
desempenho da pastagem. 2. Experimentos dirigidos para a resposta animal,
delineados para estudar o desempenho animal em função da pastagem e como
os tratamentos impostos ao animal condicionam a sua reação.
Tanto numa como noutra categoria de experimentos, encontra-se o
animal em pastejo, que, na prática, é parte de um complexo sistema de
produção, abrangendo solos, plantas, condições de tempo e outros
componentes do meio ambiente, incluindo outros animais. Os componentes do
sistema interagem e mudanças num deles podem causar mudanças em outros.
Teoricamente a presença do animal não é necessária em experimentos
destinados ao estudo do comportamento da pastagem (Lucas, 1962). O animal,
no entanto, é e deverá ser cada vez mais utilizado neste tipo de pesquisa,
simplesmente porque não se tem habilidade suficiente para simular a ação do
animal. Nestes estudos o animal atua como um instrumento experimental, com
as observações sendo feitas, única e exclusivamente, sobre a resposta da
pastagem. A condição da pastagem, o tipo e quantidade de forragem produzida
e consumida são avaliados de maneira apropriada e correlacionados entre si e
com os fatores em estudo.
De modo geral, um programa completo de avaliação de plantas
forrageiras compreende: aquisição de germoplasma; caracterização do
germoplasma; avaliações preliminares (avaliações agronômicas em parcelas
pequenas submetidas à corte); avaliações de produção (avaliações em
parcelas maiores sob pastejo ou corte, a depender do uso final da planta); pré-
lançamento (validação em propriedades particulares) e lançamento da cultivar
(Schultze-Kraft & ‘t Mannetje, 2000).
Este trabalho faz parte do programa de avaliação e seleção de acessos
de germoplasma do gênero Paspalum pertencente à família Poacea,
coordenado pela Embrapa Pecuária Sudeste, com o objetivo de avaliar o efeito
de duas intensidades de pastejo sob a persistência em três espécies de
Paspalum.
Desta forma o assunto foi tratado no capítulo 2, denominado
AVALIAÇÃO DE ESPÉCIES DE Paspalum SOB PASTEJO, para tanto o
trabalho foi redigido conforme as normas para publicação na revista Acta
Scientiarum (Animal Sciences).
Referências Bibliográficas
BARNES, R.F.; CLANTON, D.C.; GORDON, N.H.; KLOPFFENSTEIN, T.J.;
WALDO, D.R., 1970. Proc. Of the National on Forage Evaluation. Nebraska
Center for Continuing education. Lincoln, Nebraska (USA).
HEATH, M.E.; METCALFE, R.F.; BARNES, R.F., 1973. Forages. The Iowa
State University Press. Ames, Iowa.
LUCAS, H.L., 1960. Theory and mathematics in grassland problems. Proc. 8
th
Intl. Grassl. Congr., England.
LUCAS, H.L., 1962. Determination of forage yield and quality from animal
responses. In: Range Research Methods. A SYMPOSIUM. USDA. Misc.
Publ. N. 940.
MOTT, G.O. & MOORE, J.E., 1970. Forage evaluation techniques in
perspective. In: Proc. of the Nat. Conf. On Forage Quality Evaluation and
Utilization, Lincoln, Nebraska.
SANTO, B.R.E. Os caminhos da agricultura brasileira. São Paulo: Evoluir,
2001. 329p.
SCHULTZE-KRAFT, R. & ‘t MANNETJE, L. Evaluation of species and cultivars.
In: ‘t MANNETJE, L.; JONES, R.M. Field and laboratory methods for
grassland and animal production research. Wallington: CAB International,
2000.
SHAW, N.H. & W.W. BRYAN, 1976. Tropical Pastures – Principalesand
Methods. Commonwealth Agricultural Bureax, Bull, no 51.
ZIMMER, A.H.; EUCLIDES, K. As pastagens e a pecuária de corte brasileira.
In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL SOBRE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO,
1997, Viçosa, MG, Anais. Viçosa: UFV, 1997. p.349-379.
CAPÍTULO 2
AVALIAÇÃO DE ESPÉCIES DE Paspalum SOB PASTEJO
Resumo
O objetivo deste experimento foi verificar o efeito do pastejo sobre a
produtividade e a persistência de três acessos de Paspalum. O experimento foi
desenvolvido na Embrapa Pecuária Sudeste, localizada em São Carlos-SP, no
período de janeiro a dezembro de 2005. Foram comparados três acessos de
Paspalum (Paspalum guenoarum – BRA-006572, Paspalum malacophyllum
BRA-003077 e Paspalum sp. – BRA-011681) e duas testemunhas (Brachiaria
decumbens e Paspalum atratum cv. Pojuca) quando submetidos a dois níveis
de desfolha (1.500 e 3.000 kg MS/ha de resíduo pós-pastejo). O ensaio foi do
tipo “mob grazing”, utilizando o método de pastejo rotacionado com 27 dias de
descanso e 1 dia de ocupação (período das águas) e 55 dias de descanso e 1
dia de ocupação (período das secas). A taxa de lotação animal das parcelas foi
ajustada de acordo com a massa de forragem disponível antes do pastejo e
com o nível de desfolha previsto pelo tratamento. As variáveis foram: massa de
forragem antes e após o pastejo; proporções de folhas, hastes e material
morto; densidade de perfilhos; incidência de plantas invasoras; observações
relativas à susceptibilidade a pragas e doenças, sintomas de toxidez e
deficiência mineral. O Paspalum atratum mostrou características positivas de
produção e persistência tanto na altura de pastejo de 15 como na de 30 cm,
evidenciando que essa espécies é promissora para uso em sistemas intensivos
de pastejo.
Palavras chaves: produção de forragem, perfilhos, intensidade de pastejo,
pastagem.
AVALIATION OF SPECIES OF Paspalum UNDER GRAZING
Abstract
The objective of this experiment was to verify the outcome of the
grazing above the productivity and the persistence of three accesses of
Paspalum. The experiment was developed on Southeastern Cattle Embrapa, in
São Carlos, SP, in the period of January to December 2005. Three genotypes
of Paspalum (Paspalum. guenoarum – BRA-006572, Paspalum malacophyllum
– BRA-003077 e Paspalum sp – BRA-011681) and two controls (Brachiaria
decumbens and Paspalum atratum cv. Pojuca) were compared under two
grazing intensities (1.500 and 3.000 kg MS/ha of post-graze residue). Plots
were mob grazed (1-day grazing followed by 27-day rest (water period) and 1-
day grazing followed by 55-day rest (dry period) and stocking rate was adjusted
according to the herbage mass available and the treatment grazing intensity.
The following variables have been evaluated: total herbage mass before and
after grazing; proportion of leaf, stem and dead material; occurrence of weeds
and tiller density and occurrence of diseases and symptoms of mineral toxicity
or deficiency. For both grazing intensities the Paspalum atratum demonstrated
positive characteristics of production and persistence indicating that these are
promising genotypes for use in intensive systems of pasture.
Keywords: production of forage, tillers, intensity of grazing, pasture.
Introdução
No Brasil, o gênero Paspalum se destaca dentre as gramíneas nativas
com potencial forrageiro. Espécies deste gênero ocorrem em todas as
comunidades herbáceas nos diversos ecossistemas do País e, em muitas
dessas formações, são dominantes e responsáveis pela maior parcela da
forragem disponível (Valls, 1992). A introdução de espécies do gênero
Paspalum em áreas comerciais representa, portanto, boa alternativa para a
ampliação da variabilidade genética em áreas de pastagem e para a solução
de problemas relacionados à incidência de pragas e doenças e à
adaptabilidade aos ecossistemas nacionais.
A Embrapa Pecuária Sudeste mantém banco ativo de germoplasma de
espécies do gênero Paspalum, com 215 acessos, principalmente do grupo
botânico Plicatula, e têm desenvolvido um programa de obtenção de novos
cultivares com base na variabilidade genética deste material (Batista & Godoy,
2000; Strapasson et al., 2000).
Dentre os 58 acessos identificados como promissores, 23 foram
classificados como “acessos elite” devido à persistência em condições de
campo e à resistência a doenças. Este grupo foi novamente avaliado
considerando-se os fatores: intervalo de cortes (28, 42 e 56 dias); ano de
avaliação (1999, 2000 e 2001); nível de intensificação (alto, com irrigação e
adubação após cada corte, e baixo, sem irrigação e com adubação anual de
reposição); e persistência em campo. A partir dos resultados deste ensaio, três
acessos foram indicados para avaliações sob pastejo: BRA-003077 (Paspalum
malacophyllum), coletado em Itumbiara-GO; BRA-014851 (Paspalum
guenoarum), coletado em João Pinheiro-MG; e BRA-011681 (Paspalum
atratum), coletado em Campo Belo do Sul - SC (Batista, 2002).
Em programas de melhoramento de plantas forrageiras, os ensaios de
pastejo podem ser divididos em duas etapas: na primeira é verificado o efeito
do animal sobre a planta e, na segunda, o efeito da planta sobre o
desempenho animal (Schultze-Kraft & ‘t Mannetje, 2000).
Os experimentos em que se verifica o efeito do animal sobre a planta
são, normalmente, realizados em parcelas menores, onde os animais são
utilizados apenas para realizar a desfolha (“mob grazing”) (Mislevy et al., 1981;
Gildersleeve et al., 1987). Desta forma, é possível avaliar-se um número
relativamente elevado de acessos, porém o desempenho animal não pode ser
estimado. Neste tipo de experimento, os animais podem ter acesso a todas as
parcelas simultaneamente ou não. Segundo Shaw et al. (1976), o pastejo
individual das parcelas proporciona maior controle sobre a desfolha, evitando-
se que alguns tratamentos sejam mais pastejados que outros.
Como um dos principais objetivos dos ensaios de avaliação de produção
é determinar a resistência da planta ao pastejo, é importante determinar-se sob
que níveis de desfolha os acessos serão testados e os experimentos devem
durar, no mínimo, dois anos (Shaw et al., 1976; Paladines & Lascano, 1982).
Dentre as variáveis que podem ser avaliadas neste tipo de experimento, são:
germinação; velocidade de estabelecimento; época de florescimento; danos
provocados por pragas e doenças; toxidez ou deficiência mineral; produção de
matéria seca; densidade de perfilhos; altura das plantas; percentual de
cobertura do solo; porcentagem de folhas, hastes e material morto; composição
química do solo e dos tecidos vegetais; incidência de plantas invasoras;
composição botânica; valor nutritivo; e persistência (Paladines & Lascano,
1982; Schultze-Kraft & ‘t Mannetje, 2000).
O objetivo deste experimento foi verificar o efeito de duas intensidades
de pastejo sobre a produtividade e persistência de três espécies de Paspalum
(Paspalum malacophyllum, Paspalum guenoarum e Paspalum atratum), tendo
como referência as testemunhas Brachiaria decumbens e Paspalum atratum
cv. Pojuca.
Material e Métodos
O experimento foi desenvolvido na Embrapa Pecuária Sudeste,
localizada em São Carlos-SP (21
o
57’ de latitude Sul, 47
o
56’ de longitude Oeste
e 856 m de altitude média). O clima do local é classificado como tropical de
altitude com precipitação anual de 1476 mm e temperatura média anual de
19,8
o
C. O período experimental foi de dezembro de 2004 a dezembro de 2005
(12 meses). O preparo e o plantio da área experimental foram realizados entre
agosto e novembro de 2003. Antes do plantio, o solo foi corrigido de acordo
com o resultado da análise química, utilizando-se 2 t/ha de calcário e 500 kg/ha
do adubo superfosfato simples. A área total do experimento foi de 6.000 m
2
,
dividida em 30 parcelas de 200 m
2
, com cercas elétricas, constituindo 3 blocos
com 10 parcelas. Ao lado desta área foi instalado um centro de manejo dos
animais.
O ensaio utilizado foi do tipo “mob grazing”, em que os animais foram
levados à área apenas no momento do pastejo (Mislevy et al., 1981;
Gildersleeve et al., 1987). Foi adotado o método de pastejo rotacionado com 27
dias de descanso e um dia de ocupação, no período das águas,
correspondentes aos cortes 1, 2, 3 e 6, e durante o período das secas 55 dias
de descanso e um dia de ocupação, correspondentes aos cortes 4 e 5. A área
foi pastejada por vacas de cruzamentos Canchim x Nelore, Canchim x
Simental, Canchim x Angus. A taxa de lotação animal dentro das parcelas foi
ajustada de acordo com a massa de forragem disponível antes do pastejo e
com o nível de desfolha previsto pelo tratamento. Durante o período de verão,
as parcelas receberam adubação de reposição de nutrientes correspondente a
250 kg/ha do adubo de fórmula 20-05-20 (NPK) por parcela sempre após a
saída dos animais.
O delineamento utilizado foi o de blocos casualizados em arranjo fatorial
5x2x6 (5 gramíneas, 2 níveis de intensidade de pastejo e seis épocas de corte)
e três repetições. Foram comparadas três espécies de Paspalum (Paspalum
malacophyllum, Paspalum guenoarum e Paspalum atratum) e duas
testemunhas (Brachiaria decumbens e Paspalum atratum cv. Pojuca). Os
níveis de intensidade de pastejo foram definidos em 1.500 e 3.000 kg MS/ha de
resíduo pós-pastejo, correspondendo às alturas de 15 e 30 cm,
respectivamente.
As variáveis avaliadas foram: massa de forragem antes e após o pastejo
e proporção de partes da planta, para essas determinações foram coletadas
quatro amostras de 0,5 m
2
(1m x 0,5m) por parcela. As amostras foram
coletadas ao longo de uma linha transecta a fim de evitar-se sobreposição de
amostragem. Depois de pesadas, as amostras eram misturadas e duas
subamostras compostas eram retiradas para a determinação do teor de matéria
seca da planta inteira e da percentagem de folha, haste e material morto. O
teor de matéria seca foi determinado em estufa com circulação forçada de ar a
60
o
C. A densidade de perfilhos foi determinada contando-se o número de
perfilhos existentes nos mesmos locais em que foi feita a coleta de massa de
forragem. Para determinação da incidência de plantas invasoras, utilizou-se
uma trena de 10 m esticada em quatro locais ao longo das parcelas
determinando-se a porcentagem de marcas a intervalos que coincidiram com
plantas invasoras. A porcentagem de área de solo descoberto foi avaliada da
mesma maneira que a infestação por plantas invasoras, porém, a porcentagem
era determinada através das marcas que coincidiram com áreas de solo sem
cobertura por plantas. A susceptibilidade a pragas, doenças, sintomas de
toxidez e deficiência mineral foram realizadas visualmente uma vez a cada mês
em todas as parcelas.
A análise estatística foi realizada com o auxílio do pacote estatístico
SAS, versão 8.2 (SAS, 2000). A análise da variância foi feita por meio do
procedimento GLM e as médias foram comparadas pela opção LSMEANS.
Resultados e Discussão
A intensidade de pastejo foi atingida com 1500 e 3009 kg de MS/ha de
resíduo pós-pastejo, correspondendo a 15 e 30 cm de altura do solo,
respectivamente. Portanto, foi alcançada a premissa de mostrar o efeito da
intensidade de pastejo sobre as plantas estudadas.
A Tabela 1 mostra a interação entre corte*capim*altura dos cinco capins,
para a produção disponível de matéria seca.
No corte 1 e altura de pastejo de 15 cm, os capins que apresentaram as
maiores produções disponíveis de matéria seca foram a B. decumbens e o P.
atratum, que não diferiram estatisticamente entre si (P>0,05). O Pojuca, por
sua vez foi igual ao P. atratum e ao P. malacophyllum, e inferior a B.
decumbens. As menores produções nesse período foram obtidas com os
capins P. malacophyllum e P. guenoarum. Na altura de pastejo de 30 cm, o
Pojuca foi superior aos demais capins. O P. guenoarum foi inferior em relação
aos capins estudados. Quando se compara o mesmo capim nas duas alturas
de pastejo, pode-se observar que só houve diferença estatística (P<0,0001)
entre a altura de 15 e 30 cm para os capins Pojuca e P. malacophyllum, em
que a maior produção de matéria seca foi atingida na altura de 30 cm.
As maiores produções de matéria seca disponíveis na altura de 15 cm
no corte 2 foram verificadas pelos capins Pojuca e B. decumbens, seguido pelo
P. atratum (P>0,05). Neste corte e altura de 15 cm o P. malacophyllum e P.
guenoarum obtiveram as menores produções. No pastejo menos intenso (altura
de 30 cm) pode-se notar que apenas o P. guenoarum apresentou a menor
produção sendo diferente estatisticamente somente do Pojuca e da B.
decumbens.
Tabela 1. Efeito da altura e dos cortes na produção de matéria seca disponível
de cinco espécies de capins.
Altura de Corte 1
Pastejo
Pojuca B. decumbens P. malacophyllum
P. guenoarum
P. atratum
15 cm 3965bBC 4619aA 3541bCD 3252aD 4179aAB
30 cm 5126aA 4237aB 4008aB 3356aC 3867aB
Corte 2
15 cm 4111aA 3701aAB 3075bC 3388aBC 3558aB
30 cm 4256aA 4114aA 4010aAB 3625aB 3805aAB
Corte 3
15 cm 3618bBC 4301aA 3490bBC 3332aC 3942bAB
30 cm 4526aA 4030aBC 4037aBC 3596aC 4393aAB
Corte 4
15 cm 3439aB 4015aA 3473aB 3268aB 3964aA
30 cm 4056aA 4090aA 3875aA 3238aB 4032aA
Corte 5
15 cm 3014aAB 3442aA 3056aAB 2757aB 3114aAB
30 cm 3192aA 3178aA 3205aA 3079aA 3313aA
Corte 6
15 cm 3718aAB 3692aB 4163aA 3492aB 2976aC
30 cm 3943aA 3727aAB 4131aA 3460aB 3305aB
Obs: Para cada ciclo de pastejo, médias seguidas da mesma letra, minúscula na
coluna e maiúscula na linha, não diferem entre si (P>0,05).
Nesse corte, houve diferença estatística (P<0,05) apenas no P.
malacophyllum, quando se comparam as duas alturas e o mesmo capim, sua
maior produção ocorreu na altura de 30 cm.
O mesmo padrão de comportamento do corte 1 na altura de 15 cm foi
observado no corte 3, em que, a B. decumbens, o Pojuca e o Paspalum
atratum, produziram as maiores quantidades de matéria seca e os capins P.
malacophyllum e P. guenoarum, as menores. Na altura de 30 cm, a menor
produção foi registrada pelo P. guenoarum, que diferiu, estatisticamente
(P<0,05), do Pojuca e do P. atratum, os quais apresentaram as maiores
produções de matéria seca. Não houve diferença estatística (P>0,05) entre as
alturas de pastejo para os capins B. decumbens e P. guenoarum. Para os
demais capins as maiores produções foram verificadas na altura de 30 cm.
No corte 4 as maiores produções na altura de pastejo de 15 cm foram
determinadas pelos mesmos capins do corte 3, a B. decumbens e o P. atratum
enquanto que para os demais capins não foi observada diferença estatística
(P>0,05). Não foi observada diferença estatística entre os capins na altura de
30 cm.
A partir do corte 4 observa-se que não houve diferença estatística entre
as alturas de pastejo entre as espécies estudadas (P>0,05).
No pastejo mais intenso (altura de 15 cm) durante o corte 5, as maiores
produções foram apresentadas pelos capins B. decumbens, Pojuca, P.
malacophyllum e P. atratum, que não diferiram entre si (P>0,05). Não houve
diferença estatística (P>0,05) entre os capins Pojuca, P. malacophyllum, P.
atratum e P. guenoarum, Para altura de pastejo de 30 cm não foi observada
diferença estatística entre os capins no corte 5 (P>0,05).
Diferentemente do ocorrido nos cortes anteriores na altura de 15 cm, o
P. guenoarum apresentou no corte 6, produção de matéria seca superior
(P<0,05) ao capim P. atratum e foi estatisticamente igual (P>0,05) ao Pojuca e
a B. decumbens. A maior produção de forragem foi apresentada pelo P.
malacophyllum. Na altura de pastejo de 30 cm nesse mesmo corte, as maiores
produções foram verificadas respectivamente pelos capins P. malacophyllum,
Pojuca, B. decumbens, que não apresentaram diferença estatística entre si
(P>0,05). O P. atratum e o P. guenoarum foram inferiores ao P. malacophyllum
e ao Pojuca e semelhantes à B. decumbens.
Embora haja maior colheita de forragem na altura de 15 cm, esse fator
não foi suficiente para que a produção nessa altura fosse maior que num
pastejo menos severo (30 cm). A menor produção de forragem ocorrida na
altura de 15 cm pode estar relacionada à eliminação do meristema apical da
planta. Se o número de meristemas apicais eliminados é baixo, a rebrotação se
faz rápida e vigorosamente a partir dos meristemas sobreviventes; todavia,
quando ocorre elevado índice de eliminação de meristemas apicais a
recuperação deve-se dar por gemas basilares, de vez que os perfilhos
decapitados morrem. Este mecanismo de rebrotação basilar pode ser lento e
pouco vigoroso, ou rápido e satisfatório, dependendo da existência de gemas
basilares já formadas na coroa da touceira e do nível de carboidratos de
reserva da planta. Apesar da altura de pastejo de 30 cm ter produzido maior
quantidade de forragem, Gonçalves (2002) demonstrou em experimento de
eficiência de pastejo em pastos de Brachiaria brizantha mantidos em quatro
alturas, que, à medida que a altura do pasto foi elevada de 10 para 40 cm, a
eficiência de pastejo diminuiu. Calvacante et al. (2002) verificaram também,
diminuição na eficiência de pastejo em B. decumbens em decorrência do
aumento da altura do pasto, e atribuíram as elevadas perdas à senescência. A
alta produção de forragem talvez seja a característica mais difícil de se
conseguir e de se avaliar, pois além do potencial genético da espécie, depende
de numerosos fatores ambientais como fertilidade do solo, regime de chuvas e
tipo de manejo.
Para McIlroy (1972), a produtividade de uma gramínea depende, entre
outros fatores, da sua persistência (habilidade de sobreviver e colonizar),
agressividade (habilidade de sobreviver à competição com outras espécies
associadas), habilidade de se recuperar após pastejo e pisoteio intensivos,
resistência à seca e distribuição favorável da produção durante o ano.
A interação corte*capim*altura dos capins estudados em relação à
produção de matéria seca de folhas encontra-se na Tabela 2. Na altura de
pastejo de 15 cm referente ao corte 1, os capins que apresentaram as maiores
produções de folhas foram o Pojuca e o P. atratum, que não diferiram
estatisticamente entre si (P>0,05). A B. decumbens foi semelhante
estatisticamente (P>0,05) ao P.guenoarum e inferior (P<0,05) aos Pojuca e ao
P. atratum. O capim P. guenoarum foi semelhante também ao P.
malacophyllum, cujas produções de folhas foram as menores. Na altura de
pastejo de 30 cm, o Pojuca foi superior aos demais capins (P<0,05), os quais
foram semelhantes entre si.
Na comparação do mesmo capim nas duas alturas de pastejo, observa-
se que, o P. atratum, apresentou maior quantidade de folhas na altura de 30
cm e o Paspalum sp., na altura de pastejo de 15 cm. Não houve diferença
estatística para os demais capins (P>0,05).
Tabela 2. Efeito da altura e do corte de pastejo na produção de matéria seca de
folhas pastejadas de cinco espécies de capins
Altura de Corte 1
Pastejo Pojuca
B. decumbens
P. malacophyllum
P. guenoarum P.atratum
15 cm 3392bA 2145aB 2039aC 2354aBC 2975aA
30 cm 4433aA 2134aB 1908aB 1997aB 2173bB
Corte 2
15 cm 3544aA 2022aC 1622aC 1941aC 3261aB
30 cm 3576aA 2311aB 1661aC 2099aBC 3295aA
Corte 3
15 cm 2646aA 2440aA 1515aB 2288aA 2591bA
30 cm 2351aAB 2226aB 1218bC 1833aB 2913aA
Corte 4
15 cm 2633aB 2041aB 838aC 2449aB 2766aA
30 cm 2632aB 1906aC 790aD 2361aBC 3484aA
Corte 5
15 cm 2561aAB 1511aC 336aD 2316bB 3015aA
30 cm 1736bB 809bC 653aC 3051aA 2972aA
Corte 6
15 cm 2859aAB 1716aD 1836aCD 2986aA 2383aBC
30 cm 2702aA 1629aB 1801aB 2835aA 2848aA
Obs: Para cada corte de pastejo, médias seguidas da mesma letra, minúscula na
coluna e maiúscula na linha, não diferem entre si (P>0,05).
A maior produção de folhas na altura de 15 cm no corte 2 foi
apresentada pelo Pojuca. Nesse corte, a B. decumbens, o P. malacophyllum e
P. guenoarum apresentaram as menores produções de folhas, sendo que o P.
atratum foi inferior ao Pojuca e superior aos demais capins (P<0,05). No
pastejo com altura de 30 cm nota-se que o Pojuca e o P. atratum
apresentaram as maiores produções. A B. decumbens e o P. guenoarum foram
iguais estatisticamente (P>0,05) e inferiores (P<0,05) aos Pojuca e ao P.
atratum. O capim P. guenoarum foi semelhante também ao P. malacophyllum
(P>0,05), cujas produções de folhas foram as menores. Não houve diferença
estatística entre as alturas de pastejo (P>0,05).
No corte 3 e altura de 15 cm, o P. malacophyllum apresentou a menor
(P<0,05) quantidade de folhas sendo inferior ao demais capins que não
registraram diferença estatística entre eles nessa altura de pastejo (P>0,05).
Na altura de 30 cm, o capim P. atratum foi superior aos demais (P<0,05), já o
Pojuca foi semelhante a este capim, a B. decumbens e ao P. guenoarum. A
menor produção de folhas foi obtida pelo P. malacophyllum (P<0,05). Em
relação às alturas de pastejo, o P. malacophyllum apresentou maior produção
de folhas na altura de 15 cm e o P. atratum na altura de 30 cm.
No corte 4 a maior produção de folhas (altura de 15 cm) foi verificada
somente pelo P. atratum, a menor produção de folhas foi apresentada pelo P.
malacophyllum e os demais capins apresentaram produção intermediária. Na
altura de pastejo de 30 cm a menor produção de folhas foi novamente
apresentada pelo P. malacophyllum (P<0,05) e a maior produção foi verificada
pelo P. atratum. O P. guenoarum foi semelhante estatisticamente com o Pojuca
e com a B. decumbens (P>0,05). Nesse corte não houve diferença estatística
de produção de folhas com relação às alturas de pastejo (P>0,05).
No pastejo mais intenso (altura de 15 cm), durante o corte 5, as maiores
produções de folhas foram apresentadas pelos capins P. atratum e pelo
Pojuca, esse capim foi semelhante também ao P. guenoarum (P>0,05), as
menores produções foram verificadas pela B. decumbens seguida do P.
malacophylum. Para altura de pastejo de 30 cm, as maiores produções foram
dos capins P. guenoarum e do P. atratum, seguidos do Pojuca que foi inferior a
eles (P<0,05). As menores produções de folhas foram verificadas pelo P.
malacophyllum e pela B. decumbens, sem diferença estatística entre eles
(P>0,05). Os capins Pojuca e B. decumbens produziram maiores quantidades
de folhas na altura de 15 cm, já o P. guenoarum apresentou a maior produção
de folhas na altura de 30 cm (P<0,05).
No corte 6 e altura de pastejo de 15 cm, os capins P. guenoarum e
Pojuca foram superiores aos demais capins (P<0,05), sendo este último
também foi semelhante ao P. atratum (P>0,05). Juntamente com a B.
decumbens o P. malacophyllum apresentaram as menores produções de folhas
nesse corte. Todos os capins apresentaram produção de folhas semelhantes
quando se compara cada espécie nas duas alturas de pastejo (P>0,05).
A qualidade nutritiva das folhas é sem duvida, maior que a das hastes,
além de perder seu valor nutritivo mais lentamente. Apesar da interceptação
luminosa não ter sido avaliada neste experimento, a massa de forragem de
folhas foi mais elevada no período de verão/outono, o que corresponde aos
cortes 1, 2, 3 e 6, indicando que os níveis de interceptação luminosa nesta
época foram mais altos. A taxa de produção de matéria seca de uma planta
não aumenta quando a área foliar é muito alta porque as folhas basais estão
sombreadas, velhas e ineficientes, como mostra os dados de produção total de
matéria seca e de folhas dos capins P. guenoarum e P. atratum, que
apresentaram uma das maiores produções de folhas porém, os resultados de
produção total de matéria seca não seguiram o mesmo comportamento,
mostrando que o P. guenoarum apresentou a menor produção de matéria seca
durante o período estudado. Também ocorre a morte de folhas velhas quando
folhas novas são formadas, anulando a produção adicional (Stobbs, 1974;
Hodgson et al., 1977 e Hodgson, 1981).
A maior produção de material morto, no corte 1, na altura de 15 cm foi
verificada pelos capins B. decumbens e P. malacophyllum, seguidos dos
demais capins que não apresentaram diferença estatística (P>0,05). O P.
guenoarum apresentou diferença estatística nas alturas de 15 e 30 cm, tanto
no corte 1 quanto no corte 2, sendo o maior valor de produção de material
morto verificado para a altura de 30 cm, já era esperado. Este resultado está de
acordo com Clapp Jr. et al. (1965), que observando plantas de Coastal
bermuda submetidas a desfolhas mais severas continham a menor
porcentagem de material morto. Em tratamentos com desfolhas menos severas
a Coastal bermuda apresentou autosombreamento e a porcentagem de
material morto observado foi maior. Os demais capins avaliados não
apresentaram diferença estatística em relação às alturas de pastejo nesses
mesmos cortes.
Na altura de pastejo de 15 cm, corte 2, não houve diferença estatística
entre os capins. Na altura de 30 cm, a maior quantidade de material morto foi
apresentada pelos capins P. guenoarum, P. malacophyllum e B. decumbens,
uma vez que esses dois últimos capins foram semelhantes também com o P.
atratum e o P. atratum.
O P. atratum apresentou valor médio de produção de material morto
superior aos demais capins no corte 3, altura de 15 cm. Os outros capins não
diferiram estatisticamente entre si (P>0,05). Nesse mesmo corte, porém na
altura de 30 cm, a menor produção de material morto foi atingida pela B.
decumbens e as maiores produções pelos P. malacophyllum, P. atratum e P.
guenoarum.
O P. malacophyllum apresentou maior quantidade de material morto na
altura de 30 cm, os demais capins foram semelhantes estatisticamente entre si
(P>0,05).
No pastejo mais intenso (15 cm), corte 4, a maior produção de material
morto foi verificada pelo P. malacophyllum, e as menores pelos capins B.
decumbens e P. atratum. Na altura de 30 cm, além do P. malacophyllum, o
Pojuca também produziu maiores quantidades de material morto e o restante
dos capins avaliados foram inferiores a eles. O P. atratum e o Pojuca
apresentaram maiores produções de material morto na altura de 30 cm.
No corte 5 e altura de pastejo de 15 cm o P. malacophyllum apresentou
novamente a maior produção de material morto. Já na altura de 30 cm, além
desse capim, os capins Pojuca e B. decumbens também apresentaram as
maiores produções de material morto.
Tabela 3. Efeito da altura e do corte na produção de material morto de cinco
espécies de capins.
Altura de Corte 1
pastejo Pojuca
B. decumens
P. malacophyllum
P. guenoarum
P.atratum
15 106aB 497aA 207aAB 140bB 132aB
30 151aB 449aAB 509aA 525aA 388aAB
Corte 2
15 113aA 128aA 236aA 155bA 153aA
30 168aB 320aAB 345aAB 534aA 136aB
Corte 3
15 392aB 154aB 444bB 395aB 832aA
30 586aB 202aC 936aA 650aAB 671aAB
Corte 4
15 546bB 459aBC 960aA 621aB 204bC
30 1002aA 655aB 1108aA 510aB 533aB
Corte 5
15 331bB 316bB 917aA 386aB 99aB
30 823aA 746aA 916aA 18bB 326aB
Corte 6
15 301aA 73aA 70aA 104aA 125aA
30 509aA 222aAB 95aB 76aB 97aB
Obs: Para cada corte de pastejo, médias seguidas da mesma letra, minúscula na
coluna e maiúscula na linha, não diferem entre si (P>0,05).
No último corte avaliado não foi verificada diferença estatística entre os
capins na altura de 15 cm. Na altura de 30 cm os maiores valores encontrados
de material morto foram para o Pojuca e B. decumbens. Não houve diferença
estatística entre as alturas de pastejo com os capins estudados.
O fato de não ter havido diferença estatística entre as alturas de pastejo
e alguns capins estudados pode ser explicado pelo alto valor do coeficiente de
variação (50,1%).
Na figura 1 encontram-se os dados referentes à densidade de perfilhos
em relação às alturas de pastejo de cada capim estudado, a partir dos
resultados constata-se que os maiores valores de densidade de perfilhos são
verificados para pastos mantidos a 15 cm de altura. Este padrão de resposta
revela a existência de mecanismo de compensação tamanho/densidade de
perfilhos presente em comunidades de plantas (Yoda et al., 1963; Westoby,
1984; Matthew et al., 1995; Sackville Hamilton et al., 1995), o qual promove
maiores densidades populacionais de perfilhos para pastos mantidos mais
baixos (Matthew et al., 1999). As diferenças observadas quanto à taxa de
perfilhos entre as espécies vegetais podem ser explicadas pelas diferenças
genéticas de cada espécie (Langer, 1963).
Diferenças entre cultivares quanto a esta variável são comumente
observadas e relatadas por diversos autores (Langer, 1963; Nabinger &
Medeiros, 1995; Gomide & Gomide, 1996; Santos, 1997), revelando muitas
vezes um reflexo de seu potencial genético devido a apresentarem diferentes
valores de filocrono e “site filling” nos ambientes onde vegetam (Zarrough et al.,
1984). Segundo Tokeshi (1986) plantas que apresentam perfilhamento mais
intenso refletem maior capacidade de cobertura do solo e, neste caso,
apresentam maior proteção do mesmo contra o processo de erosão. Esse fato
pode ser observado na B. decumbens, a qual apresentou maior taxa de
perfilhos e conseqüentemente menor área de solo descoberto. O P.
malacophyllum e o P. atratum, seguidos do Pojuca e P. guenoarum possuem
menor capacidade de cobertura do solo e conseqüentemente estariam mais
vulneráveis à erosão e a infestação por plantas invasoras.
Dentre as características morfológicas referentes às gramíneas
forrageiras, o perfilhamento tem sido apontado como a de maior importância
para o estabelecimento e produtividade das mesmas (Corsi & Nascimento Jr.,
1986), uma vez que assegura uma via vegetativa efetiva de propagação, além
de permitir intima relação com vários processos morfofisiológicos
determinantes da produtividade e longevidade das pastagens (Da Silva e
Pedreira, 1997). Segundo Jewis (1972), na planta forrageira o perfilhamento
corresponde a uma forma de auxiliar o estabelecimento e assegurar a
perenidade da espécie. Além dessa função, a manutenção de uma pastagem
densa (com muitos perfilhos) assegura maior proteção do solo contra a ação de
fatores do ambiente, controlando plantas invasoras por meio do sombreamento
e tolerância a pragas e doenças (Tokeshi, 1986).
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
Pojuca
B
.
decum
bens
P
.
m
al
acophyl
lum
P
.
guenoarum
P. Atratum
Número de perfilhos/m
2
Altura 15 cm
Altura 30 cm
Figura 1 – Efeito da altura de pastejo sobre a densidade populacional de
perfilhos de cinco espécies de capins, no período de dezembro de
2004 a dezembro de 2005
Não houve interação de corte*capim*altura em relação à produção de
hastes. As maiores produções foram notadas na altura de 30 cm com 1063 kg
de MS/ha. Os capins que produziram maior quantidade de hastes foram a B.
decumbens (1672 kg MS/ha) e o P. malacophyllum (1741 kg MS/ha). Esse fato
demonstra, nessas espécies, uma maior participação de tecidos de menor
potencial de ingestão e digestão, como as hastes.
Os valores de infestação por plantas daninhas e área de solo descoberta
por plantas foram muito baixos não interferindo na produção nem tampouco na
persistência dos capins avaliados.
Durante o período experimental não foram observados sintomas de
toxidez ou deficiência mineral e nem presença de pragas. Por outro lado foi
observada a presença de metosporiose na espécie Paspalum guenoarum.
Conclusões
Dentre as espécies de Paspalum estudadas, a que mostrou
características positivas de produção e persistência, foi o Paspalum atratum,
tanto na altura de pastejo de 15 como na de 30 cm, evidenciando que essa
espécie é promissora para uso em sistemas intensivo de pastejo rotacionado e,
portanto pode ser mais detalhadamente estudada para uso em pastagem. O
Paspalum guenoarum apresentou sintomas de metosporiose, e o Paspalum
malacopohyllum se mostrou ineficiente quanto à produção e persistência neste
sistema estudado.
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CAPÍTULO 3
IMPLICAÇÕES
As espécies exóticas são responsáveis pela maior parte das forrageiras
tropicais utilizadas pelos produtores. Isso faz com que o sistema de produção
fique limitado a base genética dessas espécies exóticas (principalmente de
origem Africana) tornando-se vulnerável as alterações do ecossistema e de
ataque de pragas e doenças. Com isso a procura por espécies mais produtivas
e resistentes a pragas e doenças aumenta consideravelmente.
Em função dos resultados obtidos, pode-se dizer que a espécie
Paspalum atratum possui as características acima descritas, sendo assim,
espécie que possa servir como alternativa as espécies que são susceptíveis a
algumas doenças e pragas, como é o caso da Brachiaria decumbens, que não
é resistente ao ataque de cigarrinhas. Aumentando assim, a variabilidade
genética existente no sistema de produção.
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