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RECUPERAÇÃO DE p-TERC-BUTILCATECOL DE UMA CORRENTE DE LAVAGEM
DE BUTADIENO: TESTES EM ESCALA DE BANCADA E EM PLANTA-PILOTO
Carolina Fernandes Lóss
DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS
PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS
PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA
QUÍMICA.
Aprovada por:
Profª Márcia Walquíria de Carvalho Dezotti, D.Sc.
Prof. Eduardo Bessa Azevedo, D.Sc.
Prof. Geraldo Lippel Sant’Anna Junior, Dr.Ing.
Profª Denize Dias de Carvalho, D.Sc.
RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL
MARÇO DE 2006
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ii
LÓSS, CAROLINA FERNANDES
Recuperação de p-terc-butilcatecol de
uma corrente de lavagem de butadieno:
testes em escala de bancada e em planta-
piloto [Rio de Janeiro] 2006
x, 64 p. 29,7 cm (COPPE/UFRJ,
M.Sc., Engenharia Química, 2006)
Dissertação – Universidade Federal
do Rio de Janeiro, COPPE
1. Tecnologia Ambiental
I. COPPE/UFRJ II. Título (série)
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iii
AGRADECIMENTOS
À Profª Márcia Dezotti pela orientação deste trabalho e pela amizade.
Ao Prof. Eduardo Bessa Azevedo pela coorientação deste trabalho.
Ao Prof. Geraldo Lippel Sant’Anna Jr. e a Profª Denize Dias de Carvalho por terem
aceito participar da banca examinadora deste trabalho.
Ao Engenheiro Gustavo Camara pela ajuda fundamental na montagem da planta-
piloto.
Ao Engenheiro Claudio Cardoso pelas proveitosas discussões em favor deste
trabalho.
Ao técnico Wagner Leão pela operação da planta-piloto.
À técnica Tatiana Oliveira pelas análises químicas realizadas durante os testes com a
planta-piloto.
Ao supervisor Ney Hyer Amaro pelo apoio na etapa de testes com a planta-piloto
Ao Químico Industrial André Martins e aos Engenheiros Rogério Soares, Solange
Correa e Francisco Assis pela confiança depositada neste trabalho.
Aos vários operadores, técnicos e engenheiros da Petroflex que contribuíram para a
realização deste trabalho.
Aos colegas do LABPOL pela amizade e companheirismo.
Ao CNPQ e a Petroflex pelo apoio financeiro.
iv
Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)
RECUPERAÇÃO DE p-TERC-BUTILCATECOL DE UMA CORRENTE DE LAVAGEM
DE BUTADIENO: TESTES EM ESCALA DE BANCADA E EM PLANTA-PILOTO
Carolina Fernandes Lóss
Março /2006
Orientadores: Márcia Walquíria de Carvalho Dezotti
Eduardo Bessa Azevedo
Programa: Engenharia Química
O butadieno é comercializado contendo p-terc-butilcatecol (p-TBC), um
inibidor de polimerização que deve ser removido antes do butadieno ser usado na
produção de borracha sintética. O p-TBC pode ser removido do butadieno através de
lavagem com solução de hidróxido de sódio (NaOH), produzindo um efluente com pH
14, que contém elevados teores de p-TBC, um composto químico tóxico. O objetivo
deste trabalho foi desenvolver um processo de pré-tratamento deste efluente e
recuperar o p-TBC. Como o p-TBC é muito solúvel em meio básico, mas não em meio
neutro ou ácido foram realizados testes de acidificação do efluente com ácido fosfórico
e sulfúrico para precipitar o p-TBC. A reação de NaOH com os ácidos pode resultar na
cristalização de grandes quantidades de sais sem ocorrer a precipitação do p-TBC.
Nas condições de acidificação selecionadas o p-TBC precipita e a DQO é bastante
reduzida (> 90%). As determinações cromatográficas mostraram que o p-TBC foi
recuperado. Testes em escala-piloto mostraram que o pré-tratamento proposto é
factível.
v
Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)
RECOVERY OF p-TERT-BUTYLCATECHOL FROM A BUTADIENE WASHING
STREAM: TESTS IN LAB BENCH SCALE AND PILOT-PLANT
Carolina Fernandes Lóss
March / 2006
Advisors: Márcia Walquíria de Carvalho Dezotti
Eduardo Bessa Azevedo
Department: Chemical Engineering
Butadiene is marketed containing p-tertbutylcatechol (p-TBC), a
polymerization inhibitor that should be removed before butadiene utilization in synthetic
rubber production. p-TBC can be removed from butadiene by washing with sodium
hydroxide (NaOH) solution, producing a wastewater with pH 14, which contains high
amounts of p-TBC, a toxic chemical compound. The aim of this work was to develop a
pre-treatment process of this wastewater and recover the p-TBC. Since p-TBC is very
soluble in basic, but not in neutral and acid mediums, acidification tests were
performed with phosphoric and sulfuric acid to precipitate p-TBC. Reaction between
NaOH and the acids can result in crystallization of large amounts of salt without p-TBC
precipitation. Under selected acidifying conditions p-TBC precipitates and the
wastewater COD is highly reduced (> 90%). Chromatographic determinations showed
that p-TBC could be recovered. Tests in pilot-plant indicated that the proposed pre-
treatment is feasible.
vi
ÍNDICE
I – INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
1
II – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
4
II.1 – Corrente de lavagem de butadieno 4
II.2 – Efluentes contendo compostos fenólicos 5
II.3 – Recuperação de compostos fenólicos 8
II.4 – Solubilização de compostos fenólicos em meio básico 9
II.5 – Cristalização de sais 11
III – MATERIAIS E MÉTODOS
14
III.1 – Materiais 14
III.1.1 – Amostras
14
III.1.2 – Reagentes
14
III.2 – Metodologias experimentais 15
III.2.1 – Cristalização de sais
15
III.2.2 – Redução da DQO
17
III.2.3 – Determinação do volume de fase orgânica
17
III.3 – Metodologias analíticas 18
III.3.1 – pH
18
III.3.2 – Demanda química de oxigênio
18
III.3.3 – Cromatografia gasosa
18
vii
III.4 – Planta-piloto 20
III.4.1 – Equipamento
20
III.4.2 – Procedimento operacional
24
IV – RESULTADOS E DISCUSSÃO
25
IV.1 – Testes de acidificação 25
IV.1.1 – Cristalização de sais
26
IV.1.2 – Redução da DQO
37
IV.1.3 – Volume de fase orgânica formada
40
IV.2 – Cromatografia 41
IV.3 – Planta-piloto 44
IV.3.1 – Taxa de variação da temperatura
44
IV.3.2 – Taxa de geração de calor
47
IV.3.3 – Perda de calor
49
IV.3.4 – Separação do p-TBC
49
V – CONCLUSÃO
51
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
53
ANEXO I - Ionização do Ácido Fosfórico
59
ANEXO II - Ionização do Ácido Sulfúrico
62
viii
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura II.1 Reação do p-TBC com NaOH 4
Figura II.2 Equilíbrio ácido-base do fenol 9
Figura III.1 Extração líquido-líquido 19
Figura III.2 Esquema da planta-piloto 21
Figura III.3 Vista frontal da planta-piloto 22
Figura III.4 Topo do vaso 22
Figura III.5 Fundo do vaso 23
Figura III.6 Disposição dos containeres 23
Figura IV.1 Separação do p-TBC 25
Figura IV.2 Equilíbrio ácido-base do p-TBC 26
Figura IV.3 Ionização do H
3
PO
4
30
Figura IV.4 Ionização do H
2
SO
4
30
Figura IV.5
Variação da DQO da fase aquosa em função do pH na
acidificação das Sodas 21 e 23 com H
3
PO
4
37
Figura IV.6
Variação da DQO da fase aquosa em função do pH na
acidificação da Soda 23 com H
2
SO
4
38
Figura IV.7
Consumos real e teórico de H
3
PO
4
na acidificação das Sodas
21 e 23
38
Figura IV.8
Consumos real e teórico de H
2
SO
4
na acidificação da Soda
23
39
Figura IV.9
Cromatograma da Soda 23 após extração com CH
2
Cl
2
e
concentração por evaporação do solvente 42
ix
Figura IV.10
Cromatograma do efluente sintético após extração com
CH
2
Cl
2
e concentração por evaporação do solvente 42
Figura IV.11
Cromatograma da fase orgânica formada após acidificação
da Soda 23 com H
3
PO
4
43
Figura IV.12
Cromatograma da fase aquosa formada após acidificação da
Soda 23 com H
3
PO
4
43
Figura IV.13
Aumento da temperatura com o tempo na acidificação da
Soda 23 com H
3
PO
4
45
Figura IV.14
Aumento da temperatura com a massa de ácido na
acidificação da Soda 23 com H
3
PO
4
46
Figura IV.15 Variação das concentrações de hidroxila e fosfatos com o pH 47
Figura IV.16
Variação da DQO da fase aquosa com o tempo após
acidificação
50
x
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela II.1 Solubilidade dos sais de fosfato e sulfato a 25ºC 13
Tabela III.1 Características dos efluentes 14
Tabela III.2 Reagentes utilizados nos testes de laboratório 15
Tabela III.3 Condições cromatográficas 20
Tabela IV.1 Constantes de ionização do H
3
PO
4
e H
2
SO
4
29
Tabela IV.2 Massa molecular, densidade e pureza do H
3
PO
4
e do H
2
SO
4
33
Tabela IV.3 Concentração dos íons em solução 34
Tabela IV.4 Dados geométricos e de material do vaso 49
1
I – INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
O butadieno é uma importante matéria-prima da indústria petroquímica. É um
monômero muito utilizado na produção de polímeros e copolímeros, como SBR
(borracha de estireno-butadieno), látex, PB (polibutadieno), NBR (borracha de
acrilonitrila-butadieno), de resinas ABS (acrilonitrila-butadieno-estireno) e de
intermediários químicos, como a adiponitrila e o cloropreno. Por sua vez, estes
polímeros e copolímeros são utilizados na fabricação de artigos de borracha, adesivos,
selantes, modificadores de impacto, nylon e outros.
O butadieno é um composto químico bastante reativo e existem algumas
reações indesejáveis envolvendo o butadieno que podem ocorrer durante sua
fabricação, estocagem, manuseio, distribuição e uso, entre elas a formação de
peróxido de butadieno e a polimerização do butadieno.
A reação entre o butadieno e o oxigênio dá origem ao peróxido de butadieno,
um composto termicamente instável, explosivo e que pode iniciar uma polimerização
rápida do butadieno. A autopolimerização do butadieno dá origem aos polímeros de
butadieno tipo pipoca e tipo plástico, e oferece riscos aos processos industriais.
Os polímeros de butadieno tipo pipoca são produtos da auto-polimerização de
butadieno iniciada na presença de quantidades mínimas de oxigênio. O crescimento
destes polímeros em espaços confinados pode causar pressão suficiente para romper
tubulações, válvulas, esferas de armazenamento e outras estruturas metálicas. Em
contato com ar, estes polímeros sofrem combustão espontânea.
2
Os polímeros de butadieno tipo plástico são formados pela combinação de
várias moléculas de butadieno e apresentam alta massa molecular. Estes polímeros
se separam do butadieno devido a sua baixa solubilidade causando dificuldades
operacionais, pois cobrem as superfícies quentes causando obstruções e
entupimentos.
Para evitar que essas reações ocorram é adicionado ao butadieno o p-terc-
butilcatecol (p-TBC), um inibidor de polimerização. O p-TBC reage com os radicais
livres formados a partir da decomposição do peróxido de butadieno evitando reações
de polimerização.
O butadieno é comercializado contendo de 120 a 150 mg kg
–1
de p-TBC,
porém várias aplicações requerem que este seja removido antes da utilização do
butadieno para que não haja interferência nas reações de polimerização.
A remoção de p-TBC do butadieno pode ser feita através da lavagem do
monômero com solução de soda cáustica. Esta lavagem gera um efluente muito tóxico
devido ao seu elevado pH e seus altos teores de p-TBC, podendo causar sérios
impactos em uma estação de tratamento de efluentes.
Este trabalho teve como objetivo propor um pré-tratamento para uma corrente
de lavagem de butadieno oriunda de uma indústria de borracha sintética a fim de
reduzir os impactos causados pela mesma na estação de tratamento de efluentes e
recuperar o p-TBC.
O p-TBC é um composto bastante solúvel em meio básico, porém pouco
solúvel em meio neutro ou ácido, o que possibilita a separação do p-TBC dissolvido
através da acidificação do efluente.
3
Foram realizados testes de acidificação de duas correntes de lavagem de
butadieno provenientes da Petroflex, uma indústria de borracha sintética que utiliza
lavagem cáustica para remover p-TBC do butadieno antes de utilizá-lo em seus
processos de polimerização.
Os testes foram realizados em escala de bancada e em uma planta-piloto. Em
escala de bancada foram utilizados os ácidos fosfórico e sulfúrico concentrados na
acidificação dos efluentes, enquanto que na planta-piloto foi utilizado apenas o ácido
fosfórico.
Por se tratar de uma reação de neutralização, o processo pode resultar na
cristalização de sais, os quais podem prejudicar a separação do p-TBC e danificar
equipamentos. Por isso, foi necessário determinar as condições em que não ocorre
cristalização de sais. Foram quantificados: o consumo de ácido, a redução da
Demanda Química de Oxigênio (DQO) na fase aquosa e a quantidade de p-TBC
recuperada. Foram realizadas análises cromatográficas dos efluentes original e
sintético e após a acidificação do efluente.
Nos testes em escala piloto foi determinada a taxa de variação de
temperatura com a massa de ácido adicionada, necessária para calcular a taxa de
geração de calor e, conseqüentemente, especificar o trocador de calor de uma planta
real. Também foi determinado o tempo de separação do p-TBC após a acidificação do
efluente.
4
II – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
II.1 – Corrente de lavagem de butadieno
A Petroflex é a maior produtora de borracha sintética da América Latina. No
Brasil, a empresa possui três fábricas, localizadas em Duque de Caxias (RJ), Cabo
(PE) e Triunfo (RS). Na fábrica de Duque de Caxias, a Petroflex utiliza butadieno na
fabricação de látex, SBR e PBLH (polibutadieno líquido hidroxilado).
O látex e o SBR são produtos da reação de copolimerização de butadieno e
estireno. O látex é uma dispersão coloidal estável de partículas poliméricas em meio
aquoso, enquanto o SBR é um polímero sólido obtido através da desestabilização do
látex e da aglomeração das partículas. O PBLH é produto de uma reação de
polimerização de butadieno.
O butadieno utilizado na produção de látex, SBR e PBLH é lavado com uma
solução de hidróxido de sódio (NaOH) 15% m/m para remover o p-TBC. O p-TBC
reage com a soda formando o p-terc-butilcatecolato de sódio, um composto vermelho
bastante solúvel em água. A reação do p-TBC com NaOH está apresentada na Figura
II.1.
+ NaOH
OH
OH
O
O
-
-
Na
Na
+
+
+ H O
2
Figura II.1 – Reação do p-TBC com NaOH
5
O efluente gerado na lavagem de butadieno possui pH 14 e alta concentração
de p-TBC, o que causa uma série de impactos a Estação de Tratamento de Resíduos
Industriais (ETRI).
O elevado pH do efluente inibe a coagulação da borracha residual presente
em outros efluentes da fábrica que ocorre no primeiro separador da ETRI, o qual
também funciona como um tanque de equalização. Esta borracha passa então a
coagular em outros pontos do processo provocando entupimento de bombas, válvulas
e conexões.
O pH do efluente também prejudica as etapas de coagulação e floculação na
ETRI, cujo pH ótimo é 8, pois quando esse efluente é descartado na ETRI há grande
dificuldade de ajuste do pH e um maior consumo dos produtos químicos utilizados
nestas etapas.
A elevada concentração de p-TBC torna o efluente muito tóxico. REIS (2003)
considerou o efluente crítico com relação à toxicidade aguda e recomendou tratamento
especial deste efluente antes do envio à ETRI.
II.2 – Efluentes contendo compostos fenólicos
Os efluentes de um grande número de processos industriais, por exemplo:
refinarias de petróleo, indústrias petroquímicas e plantas de coque, contêm poluentes
orgânicos dissolvidos como fenol e compostos fenólicos substituídos, os quais são
tóxicos e prejudiciais ao meio ambiente (MANDAL et al., 2004).
6
A remoção, destruição ou modificação dos compostos fenólicos para
estruturas menos prejudiciais é essencial para o tratamento de efluentes,
principalmente quando presentes em alta concentração (AYRANCI e CONWAY,
2001).
Os tratamentos de efluentes contendo compostos fenólicos podem ser
divididos em processos destrutivos e processos de recuperação. Os processos
destrutivos são mais utilizados quando as concentrações são baixas e a recuperação
é economicamente inviável.
Entre as tecnologias de destruição de compostos fenólicos destacam-se a
biodegradação, o tratamento enzimático, a oxidação por ar úmido e sua variação
catalítica, a oxidação catalítica por peróxido úmido, a oxidação eletroquímica e os
processos oxidativos avançados. Estes processos têm como objetivo a oxidação de
compostos orgânicos a dióxido de carbono e água, embora muitas vezes os
compostos sejam apenas parcialmente oxidados.
Os compostos fenólicos apresentam baixa biodegradabilidade e efeitos
inibidores. Os microrganismos de um sistema de lodo ativado, mesmo bem
aclimatados, muitas vezes não suportam concentrações de compostos fenólicos
maiores que 100 mg L
–1
(LIN e WANG, 2002). No entanto, trabalhos recentes mostram
que a biodegradação de compostos fenólicos em concentrações cada vez maiores
vêm sendo alcançada (AMOR et al., 2005, EHLERS e ROSE, 2005, EIROA et al.,
2005, TZIOTZIOS et al., 2005).
Uma das alternativas mais recentes para degradação de poluentes fenólicos
é o uso de enzimas. Os tratamentos enzimáticos têm se mostrado eficientes na
remoção dos compostos fenólicos em pequenas concentrações (AKAY et al., 2002,
BÓDALO et al., 2005, IKEHATA et al., 2005).
7
A oxidação por ar úmido de compostos orgânicos é feita em meio aquoso e
utiliza ar ou oxigênio como agente oxidante. O processo é realizado em alta pressão e
temperatura o que representa um elevado consumo de energia. O uso de
catalisadores permite que o processo seja realizado sob pressões e temperaturas bem
menores, o que tem motivado a busca por novos catalisadores (LIOU et al., 2005,
QUINTANILHA et al., 2006, TIMOFEEVA et al., 2005).
A oxidação catalítica por peróxido úmido é uma variação da oxidação
catalítica por ar úmido que utiliza peróxido de hidrogênio como agente oxidante e que
também é realizada sob pressões e temperaturas mais brandas. A degradação de
fenóis por este sistema vem sendo apresentada em diversos trabalhos (CROWTHER
e LARACHI, 2003, KURIAN e SUGUNAN, 2006, MEI et al., 2004).
A oxidação eletroquímica de compostos fenólicos para tratamento de
efluentes industriais também vem sendo amplamente estudada e altas remoções
estão sendo alcançadas (INIESTA et al., 2001, KORBAHT e TANYOLAC, 2003,
YAVUZ e KOPARAL, 2006).
Os processos oxidativos avançados (POA) são processos nos quais radicais
hidroxila são gerados no meio reacional. O radical hidroxila apresenta elevado
potencial de oxidação (Eº = 2,80 V), sendo menor apenas que o do flúor (Eº = 3,06 V)
(MANDAL et al., 2004).
Os POA´s mais utilizados na degradação de compostos fenólicos são:
UV/H
2
O
2
(HAN et al., 2004, MANDAL et al., 2004, POULOPOULOS et al., 2005),
Fenton e foto-Fenton (KAVITHA e PALANIVELU, 2004, LOPEZ et al., 2005, LUNA,
2005, MACIEL et al., 2004) e TiO
2
/UV (AGRIOS e PICHAT, 2005. AZEVEDO et al.,
2004, SALAH et al., 2004).
8
II.3 – Recuperação de compostos fenólicos
Os compostos fenólicos são considerados compostos valiosos para os
processos industriais. Por isso, métodos de separação e recuperação destes
compostos de efluentes industriais vêm despertando interesse (VENKATESWARAN e
PALANIVELU, 2005).
Os principais métodos para recuperação de fenóis de correntes com altas
concentrações são: extração com solvente, adsorção e processos de separação com
membranas.
A extração com solvente é uma das técnicas mais usadas no pré-tratamento
de efluentes contendo altas concentrações de compostos fenólicos. Através da
extração a maior parte dos fenóis presente no efluente pode ser recuperada como um
subproduto que possui valor de mercado. Além disso, a DQO do efluente pode ser
bastante reduzida (YANG et al., 2006). No passado, hidrocarbonetos aromáticos eram
utilizados na recuperação de compostos fenólicos em escala de laboratório e
industrial. Atualmente, vários solventes bem menos tóxicos estão sendo pesquisados,
entre eles di-isopropil éter, butil acetato, metil-isobutil cetona (YANG et al., 2006) e di-
etil carbonato (OLEJNICZAK, 2005).
A adsorção é outra técnica muito utilizada na recuperação de compostos
fenólicos de efluentes. Os adsorventes mais utilizados na recuperação de compostos
fenólicos são carvão ativado (MOHAMED et al., 2006, MOHANTY et al., 2005),
alumina (ADAK et al., 2005, ADAK e PAL, 2006) e resinas poliméricas (CARMONA et
al., 2006, KUJAWSKI et al., 2004).Os compostos adsorvidos são eluídos com
solventes orgânicos ou soluções básicas, permitindo a recuperação dos compostos e
do adsorvente
9
Os processos de separação com membranas vêm sendo amplamente
estudados para recuperação de compostos fenólicos. Sistemas de membranas
porosas (GONZÁLEZ-MUÑOZ et al., 2003, LAZAROVA e BOYADZHIEVA, 2004) e
não-porosas (HAN et al., 2001, SAWAI et al., 2005), de membranas líquidas
suportadas (JABER et al., 2005, VENKATESWARAN e PALANIVELU, 2005) ou em
emulsão (CORREIA e CARVALHO, 2003), sistemas de pervaporação (KUJAWSKI et
al, 2004, WU et al., 2001) e de ultrafiltração (JADHAV et al., 2001, TUNG et al., 2002)
são os processos mais encontrados na literatura.
II.4 – Solubilização de compostos fenólicos em meio básico
Alguns processos de recuperação de compostos fenólicos estão baseados na
solubilização dos fenóis em meio básico e posterior precipitação dos mesmos através
da adição de precipitantes ou da acidificação do meio.
Compostos fenólicos são ácidos fracos que se ionizam em meio básico,
formando fenolatos, que são compostos bastante solúveis, e se associam em meio
ácido voltando a sua forma original, na qual são bem menos solúveis. É um processo
reversível e depende apenas do ajuste do pH do meio, como mostra a Figura II.2
(HAN et al., 2001).
OH
O
-
OH
-
H
+
Figura II.2 – Equilíbrio ácido-base do fenol
10
GE e JIN (1996) e LIN e WANG (2002) utilizaram cloreto de bário para
precipitar compostos fenólicos. Em condições alcalinas os fenóis são convertidos a
fenolatos, que reagem com os íons Ba
2+
formando precipitados de baixa solubilidade.
A dissolução do precipitado em meio ácida dá origem a uma fase aquosa rica em
precipitante e uma fase orgânica rica em fenóis. As Equações II.1 e II.2 mostram as
reações que ocorrem com o fenol e o cloreto de bário.
C
6
H
5
–OH + NaOH ' C
6
H
5
–ONa + H
2
O (II.1)
2 C
6
H
5
–ONa + BaCl
2
' (C
6
H
5
-O)
2
–Ba + 2 NaCl
(II.2)
CORREIA e CARVALHO (2003) utilizaram membranas líquidas em emulsão,
também chamadas de membranas surfactantes, para recuperar fenol de um efluente
da produção de resinas fenólicas. Neste processo, o efluente contendo o composto
fenólico a ser recuperado é colocado em contato com uma emulsão, cujas partículas
são constituídas de uma fase aquosa básica interna encapsulada em uma membrana
orgânica que contém um surfactante. Durante o contato, o soluto é transportado
através da membrana para a fase interna, onde é concentrado. Após a extração, o
efluente é separado da emulsão e é feita uma demulsificação para separar a
membrana orgânica da fase interna. A membrana pode ser reciclada e o soluto pode
ser recuperado da fase aquosa através de acidificação.
Membranas líquidas suportadas também são utilizadas na recuperação de
fenóis de correntes aquosas. Nesta técnica, a membrana líquida é impregnada em
uma estrutura porosa de um filme polimérico hidrofóbico microporoso e os fenóis se
difundem através da membrana da corrente fenólica para uma solução de NaOH de
onde podem ser recuperados posteriormente através de acidificação (JABER et al.,
2005).
11
GONZÁLEZ-MUÑOZ et al. (2003) e LAZAROVA e BOYADZHIEVA (2004)
utilizaram dois módulos de membranas de fibra oca para recuperação de fenol de
correntes aquosas. A solução de fenol passa por dentro de um dos módulos e o fenol
é extraído para o solvente orgânico externo através dos poros da membrana. Dentro
do outro módulo é passada uma solução de NaOH e o fenol passa então do solvente
para o solução de NaOH, de onde pode ser recuperado através de acidificação. As
principais vantagens do sistema em relação à extração líquido-líquido clássica são:
não formar emulsões estáveis e não necessitar de solventes imiscíveis nas fases
aquosas. Por outro lado, a resistência oferecida pelos poros da membrana diminui as
taxas de transferência de massa (GONZÁLEZ-MUÑOZ et al., 2003).
HAN et al. (2001) utilizaram uma membrana de silicone não-porosa, a qual
apresenta boa permeabilidade aos fenóis, para a recuperação de fenol de correntes
aquosas. O uso da membrana de silicone permite a transferência do fenol para a
solução de NaOH sem a necessidade de uma fase orgânica líquida como
intermediária do processo. O processo foi aplicado em escala-piloto para recuperar
fenol de um efluente da produção industrial de resinas fenólicas (FERREIRA et al.,
2005). O sistema foi ainda comparado com um sistema de pervaporação e mostrou-se
muito mais eficiente (SAWAI et al., 2005).
II.5 – Cristalização de sais
Vários autores descrevem a solubilização compostos fenólicos em soluções
básicas. No entanto, a recuperação destes compostos através da acidificação da
solução é pouco discutida.
A acidificação de soluções básicas para precipitação de compostos fenólicos
resulta na formação de sais, os quais podem cristalizar e inviabilizar a recuperação
dos compostos.
12
Neste trabalho a cristalização de sais durante e após a acidificação de
efluentes básicos com os ácidos fosfórico (H
3
PO
4
) e sulfúrico (H
2
SO
4
) concentrados foi
cuidadosamente estudada.
Em meio aquoso, o H
3
PO
4
se ioniza nas espécies H
2
PO
4
, HPO
4
2–
e PO
4
3–
,
como mostram as Equações II.3, II.4 e II.5, enquanto o H
2
SO
4
se ioniza nas espécies
HSO
4
e SO
4
2–
, Equações II.6 e II.7, conforme o pH da solução.
H
3
PO
4
' H
2
PO
4
+ H
+
(II.3)
H
2
PO
4
' HPO
4
2–
+ H
+
(II.4)
HPO
4
2–
' PO
4
3–
+ H
+
(II.5)
H
2
SO
4
J HSO
4
+ H
+
(II.6)
HSO
4
' SO
4
2–
+ H
+
(II.7)
Na presença de íons sódio (Na
+
), os íons fosfato e sulfato formam o di-
hidrogeno-fosfato de sódio (NaH
2
PO
4
), o hidrogeno-fosfato de sódio (Na
2
HPO
4
), o
fosfato de sódio (Na
3
PO
4
), o hidrogeno-sulfato de sódio (NaHSO
4
) e o sulfato de sódio
(Na
2
SO
4
). Estes sais cristalizam quando suas concentrações são maiores ou próximas
de suas solubilidades. As solubilidades NaH
2
PO
4
, Na
2
HPO
4
, Na
3
PO
4
, NaHSO
4
e do
Na
2
SO
4
encontram-se na Tabela II.1.
13
Tabela II.1 – Solubilidade dos sais de fosfato e sulfato a 25ºC
Sal Solubilidade a 25ºC
(mol L
–1
de H
2
O)
NaH
2
PO
4
7,91
Na
2
HPO
4
0,83
Na
3
PO
4
0,88
NaHSO
4
2,38
Na
2
SO
4
1,98
Fonte: CRC (2003)
14
III – MATERIAIS E MÉTODOS
III 1 – Materiais
III.1.1 – Amostras
Neste trabalho foram utilizados dois efluentes da lavagem de butadieno
provenientes da Petroflex, um deles proveniente da área de estocagem de
monômeros, denominado Soda 21, e o outro proveniente da área de reação,
denominado Soda 23. A Tabela III.1 apresenta as principais características dos
efluentes.
Tabela III.1 – Características dos efluentes
Características Soda 21 Soda 23
pH 14 14
DQO (mg O
2
L
–1
) 80.000 200.000
Nas análises cromatográficas a Soda 23 foi comparado com um efluente
sintético, o qual consiste de uma solução de NaOH 15% m/m e p-TBC na
concentração de 60 g L
–1
.
III.1.2 - Reagentes
Todos os reagentes utilizados nos testes em laboratório foram de grau P.A. e
suas purezas e procedências são descritas na Tabela III.2.
15
Tabela III.2 – Reagentes utilizados nos testes de laboratório
Reagente Fórmula Pureza Procedência
Ácido fosfórico (orto) H
3
PO
4
85 % Vetec, Brasil
Ácido sulfúrico H
2
SO
4
95 – 99 % Vetec, Brasil
Hidróxido de sódio NaOH 97 % Vetec, Brasil
Cloreto de sódio NaCl 99 % Vetec, Brasil
Diclorometano CH
2
Cl
2
99,98 % Tedia, EUA
p-terc-butilcatecol (CH
3
)
3
CC
6
H
3
(OH)
2
98% Fluka, França
Nos testes em escala-piloto foi utilizado ácido fosfórico da Fosbrasil (Brasil)
com 85% de pureza.
III.2 - Metodologias Experimentais
III.2.1 – Cristalização de sais
Acidificação com H
3
PO
4
Foi adicionado H
3
PO
4
concentrado a 4 amostras de 50 mL de Soda 23 nas
temperaturas de 25, 40, 50 e 60ºC, a fim de observar a cristalização de sais durante a
acidificação do efluente em diferentes temperaturas.
16
A temperatura das amostras foi ajustada utilizando uma placa de
aquecimento. Com o auxílio de uma bureta, o ácido foi gotejado lentamente para que o
calor liberado não elevasse a temperatura da amostras em mais de 2ºC. Todo o
experimento foi conduzido sob agitação magnética.
Para observar a cristalização de sais após o resfriamento do efluente
acidificado, uma amostra de 250 mL de Soda 23 foi aquecida a 60ºC e, durante a
adição de H
3
PO
4
concentrado, foram retiradas alíquotas de 10 mL em diferentes pH´s
e deixadas em repouso por 24 horas em temperatura ambiente.
Acidificação com H
2
SO
4
Foi adicionado H
2
SO
4
concentrado a 5 amostras contendo 200 mL de Soda
23 e 0, 20, 30, 40 e 50 % v/v de água, com o objetivo de observar a cristalização de
sais durante a acidificação de amostras diluídas.
O ácido foi gotejado lentamente através de uma bureta sob agitação
magnética. A vazão de ácido foi controlada para que a liberação de calor não elevasse
a temperatura da amostra acima de 62ºC.
Para observar a cristalização de sais após resfriamento do efluente
acidificado foram retiradas alíquotas de 10 mL durante a adição de H
2
SO
4
em
diferentes pH´s e deixadas em repouso por 24 horas em temperatura ambiente
17
III.2.2 – Redução da DQO
Na acidificação com H
3
PO
4
, foram utilizadas amostras de 250 mL das Sodas
21 e 23 previamente aquecidas a 60ºC, e na acidificação com H
2
SO
4
foram utilizadas
amostras contendo 200 mL de Soda 23 e 80 mL de água.
Os ácidos foram lentamente gotejados nas amostras com o auxílio de uma
bureta sob agitação magnética. A vazão de ácido foi controlada para que a
temperatura das amostras não ultrapassasse 62ºC. Durante a adição de ácido, foram
retiradas amostras de 5 mL em diferentes pH´s, as quais foram imediatamente diluídas
para realizar as análise da DQO. A adição de ácido e a agitação foram interrompidas
por 10 min antes da retirada de cada amostra.
III.2.3 – Determinação do volume de fase orgânica
Acidificação com H
3
PO
4
Amostras de 150 mL das sodas 21 e 23 foram aquecidas a 60ºC e
acidificadas com H
3
PO
4
até pH 6. Após a acidificação as amostras foram colocadas
em provetas de 250 mL e deixadas em repouso por 24 horas. Após esse período há
completa separação de fases e o volume da fase orgânica foi determinado.
Acidificação com H
2
SO
4
Amostras contendo 120 mL das sodas 21 e 23 e 48 mL de água foram
acidificadas com H
2
SO
4
até pH 2. Após a acidificação as amostras foram colocadas
em provetas de 250 mL e deixadas em repouso por 24 horas. Após esse período há
completa separação de fases e o volume da fase orgânica foi determinado.
18
III. 3 – Metodologias Analíticas
III.3.1 – pH
Na determinação do pH, foi empregado o método potenciométrico – 4500 H
+
B (APHA, 1998). Foi utilizado um pHmetro da marca QUIMIS, modelo Q-400 M1,
eletrodo Analyser.
III.3.2 – Demanda Química de Oxigênio
Na determinação da DQO, foi empregado o método colorimétrico com refluxo
fechado – 5220 D (APHA, 1998). Foram utilizados um reator da marca HACH e um
espectrofotômetro da marca HACH, modelo DR 2000.
III.3.3 – Cromatografia Gasosa
Nas análises cromatográficas da Soda 23 e do efluente sintético foi
necessário realizar uma extração líquido-líquido, a qual está descrita na Figura III.1. O
extrato resultante foi concentrado por evaporação do solvente cerca de 10 vezes,
antes de ser injetado na coluna.
Para as análises do efluente acidificado, 400 mL de Soda 23 foram
acidificados com H
3
PO
4
até pH 6,0. Após a acidificação o efluente foi deixado em
repouso por uma hora. A fase aquosa foi diluída 2 vezes, e passou pela extração
líquido-líquido descrita na Figura III.1. O extrato foi diretamente injetado no
cromatógrafo. A fase orgânica foi diluída em diclorometano (CH
2
Cl
2
) na concentração
de 2 g L
–1
para ser injetada.
19
Passo 1
Diluir 1 mL de efluente em 1 L de solução de NaCl (20 g L
–1
)
Passo 2
Acidificar o meio até pH 2
Passo 3
Transferir 200 mL para um funil de separação
Passo 4
Transferir 80 mL de CH
2
Cl
2
para o funil
Passo 5
Agitar 30 vezes e deixar o funil em repouso por 5 min
Passo 6
Armazenar a fase orgânica
Passo 7
Descartar a fase aquosa
Passo 8
Voltar ao passo 3 utilizando no passo 4 a fase orgânica armazenada
Figura III.1 – Extração líquido-líquido
As análises cromatográficas foram realizadas em um cromatógrafo
SHIMADZU, modelo GC – 17A, equipado com um detector por ionização de chama e
uma coluna DB-5 (30 m x 0,25 mm x 0,25 μm). A programação utilizada nas análises
encontra-se na Tabela III.3.
20
Tabela III.3 – Condições cromatográficas
Parâmetros Taxa
(ºC min
–1
)
Temperatura
(ºC)
Tempo
(min)
T
injetor
250
T
detector
280
– 75 0
Programação de Temperatura
T
coluna
10 250 0
Razão da Divisão de Fluxo 1:30
Vazão do Gás de Arraste 0,80 mL min
–1
Velocidade Linear 25 cm s
–1
Parâmetro Taxa
(kPa min
–1
)
Pressão
(kPa)
Tempo
(min)
– 40
Programação de Pressão
P
coluna
1,7 70
Volume de Injeção 1μL
III.4 - Planta-piloto
III.4.1 – Equipamento
Foi utilizado um tanque de aço inoxidável de 1 m
3
, equipado com um agitador,
um indicador de temperatura (TI) e um indicador de nível (LI). O agitador utilizado foi
um agitador pneumático tipo turbina inclinada (BOMAX, Agimax F-170M-OP007R-
400E1, Brasil). A Soda 23, armazenada em container, foi transferida para o tanque
21
através de uma bomba de diafragma (WILDEN, P1/PPPP/WF/WF/KWF, EUA). O
H
3
PO
4
, também armazenado em container, foi dosado no tanque através de uma
bomba dosadora (OMEL, DMD 1, Brasil).
A Figura III.2 apresenta um esquema da planta-piloto e as Figuras III.3, III.4,
III.5 e III.6 mostram a planta-piloto, o topo do vaso, o fundo do vaso e a disposição dos
containeres.
Figura III.2 – Esquema da planta-piloto
Ar comprimido Respiro
LI
Vapor
TI
Dreno Dreno
p-TBC Efluente
Bomba
Soda 23
Bomba
Ácido
Válvula
Vapor
Container de
Ácido
Container
Container de
Efluente
Container de
Soda 23
de p-TBC
V Agitador
Tanque
Piloto
22
Figura III.3 – Vista frontal da planta-piloto
Figura III.4 – Topo do vaso
Soda 23
H
3
PO
4
Ar
comprimido
Vapor
Bomba
de H
3
PO
4
Bomba de
Soda 23
Respiro
Dreno de
Efluente
Dreno de
p-TBC
Agitador
Soda 23
H
3
PO
4
Ar
comprimido
Respiro
Agitador
Válvula do
Agitador
LI
23
Figura III.5 – Fundo do vaso
Figura III.6 – Disposição dos containeres
Vapor
Dreno de
p-TBC
Dreno de
efluente
TI
Container de
Soda 23
Container de
H
3
PO
4
Container de
p-TBC
Container de
Efluente
Válvula do
Vapor
24
III.4.2 – Procedimento operacional
Os testes em escala-piloto foram realizados com a Soda 23 e com H
3
PO
4
.
Foram transferidos 600 L de Soda 23 para o tanque-piloto e acionado o agitador. O
tanque foi aquecido a 60ºC por adição de vapor e então iniciada a dosagem de H
3
PO
4
.
Foram utilizadas duas vazões de ácido: 1 e 0,8 L min
–1
. A temperatura foi anotada a
cada 5 min. Ao terminar a dosagem de ácido, a agitação foi cessada e foram retiradas
amostras do tanque em intervalos de 5 min até completar 30 min e em intervalos de 15
min até completar 60 min.
25
IV – RESULTADOS E DISCUSSÃO
IV.1 – Testes de Acidificação
A acidificação do efluente promoveu separação de fases dando origem a uma
fase orgânica rica em p-TBC e uma fase aquosa, que apresentou DQO
significativamente menor. A Figura IV.1 ilustra a separação do p-TBC após a
acidificação das Sodas 21 e 23 com H
3
PO
4
.
Figura IV. 1 – Separação do p-TBC
Soda 23 Soda 21
26
No efluente, o p-TBC encontra-se na forma de p-terc-butilcatecolato de sódio,
que é um sal bastante solúvel em água. Ao acidificar o meio, o p-terc-butilcatecolato
volta à forma de p-TBC, cuja solubilidade em água é pequena e, conseqüentemente,
ocorre separação de fases. A Figura IV.2 apresenta o equilíbrio ácido-base do p-TBC.
OH
OH
O
O
-
-
OH
H
-
+
Figura IV.2 – Equilíbrio ácido-base do p-TBC
Por promover esta separação de fases, a acidificação mostrou-se uma opção
para o pré-tratamento do efluente, pois reduz as cargas orgânicas e ainda permite a
recuperação do p-TBC.
IV.1.1 – Cristalização de sais
A acidificação de uma solução básica forma sais e estes podem cristalizar e
inviabilizar o processo, visto que obstruem tubulações e válvulas e são abrasivos.
Com o objetivo de identificar as possibilidades de cristalização de sais
durante e após a acidificação do efluente foram calculadas as concentrações dos íons
fosfato e sulfato em diferentes pH´s. Para isso foi necessário calcular: (1) as frações
das espécies em solução em função do pH e (2) a quantidade de ácido necessária
para ajustar o pH de uma solução de NaOH 15% m/m.
p-terc-butilcatecol p-terc-butilcatecolato
27
(1) Frações das espécies
A ionização do H
3
PO
4
pode ser expressa pelas Equações IV.1, IV.2 e IV.3.
H
3
PO
4
' H
2
PO
4
+ H
+
(IV.1)
H
2
PO
4
' HPO
4
2–
+ H
+
(IV.2)
HPO
4
2–
' PO
4
3–
+ H
+
(IV.3)
As constantes de ionização do H
3
PO
4
são dadas pelas Equações IV.4, IV.5 e
IV.6.
Ka
1
= [H
2
PO
4
][H
+
] / [H
3
PO
4
] (IV.4)
Ka
2
= [HPO
4
2–
][H
+
] / [H
2
PO
4
] (IV.5)
Ka
3
= [PO
4
3–
][H
+
] / [HPO
4
2–
] (IV.6)
E a concentração total de H
3
PO
4
dissociado e não-dissociado (C
T
) é dada
pela Equação IV.7
C
T
= [H
3
PO
4
] + [H
2
PO
4
] + [HPO
4
2–
] + [PO
4
3–
] (IV.7)
Manipulações matemáticas das Equações IV.4, IV.5, IV.6 e IV.7, encontradas
no Anexo I, permitem escrever as frações das espécies H
3
PO
4
, H
2
PO
4
, HPO
4
2–
e
PO
4
3–
, em função da acidez do meio, conforme as Equações IV.8, IV.9, IV.10 e IV.11.
28
αH
3
PO
4
= [H
+
]
3
/ ([H
+
]
3
+ Ka
1
[H
+
]
2
+ Ka
1
Ka
2
[H
+
] + Ka
1
Ka
2
Ka
3
) (IV.8)
αH
2
PO
4
= Ka
1
[H
+
]
2
/ ([H
+
]
3
+ Ka
1
[H
+
]
2
+ Ka
1
Ka
2
[H
+
] + Ka
1
Ka
2
Ka
3
) (IV.9)
αHPO
4
2–
= Ka
2
Ka
1
[H
+
] / ([H
+
]
3
+ Ka
1
[H
+
]
2
+ Ka
1
Ka
2
[H
+
] + Ka
1
Ka
2
Ka
3
) (IV.10)
αPO
4
3–
= Ka
3
Ka
2
Ka
1
/ ([H
+
]
3
+ Ka
1
[H
+
]
2
+ Ka
1
Ka
2
[H
+
] + Ka
1
Ka
2
Ka
3
) (IV.11)
Onde
α H
3
PO
4
= [H
3
PO
4
] / C
T
= fração da espécie H
3
PO
4
α H
2
PO
4
= [H
2
PO
4
] / C
T
= fração da espécie H
2
PO
4
α HPO
4
2–
= [HPO
4
2–
] / C
T
= fração da espécie HPO
4
2–
α PO
4
3–
= [PO
4
3
] / C
T
= fração da espécie PO
4
3–
A ionização do H
2
SO
4
pode ser expressa pelas Equações IV.12 e IV.13.
H
2
SO
4
J HSO
4
+ H
+
(IV.12)
HSO
4
' SO
4
2–
+ H
+
(IV.13)
O H
2
SO
4
é um ácido muito forte e sua primeira constante de ionização não
pode ser determinada. Considera-se, portanto, que o primeiro hidrogênio é totalmente
ionizado. A constante de ionização do segundo hidrogênio é dada pela Equação IV.14.
Ka
2
= [SO
4
2–
][H
+
] / [HSO
4
] (IV.14)
E a concentração total de H
2
SO
4
dissociado e não-dissociado (C
T
) é dada
pela Equação IV.15
29
C
T
= [HSO
4
] + [SO
4
2–
] (IV.15)
Manipulações matemáticas das Equações IV.14 e IV.15, encontradas no
Anexo II, permitem escrever as frações das espécies HSO
4
e SO
4
2–
em função da
acidez do meio, conforme as Equações IV.16 e IV.17.
αHSO
4
= [H
+
] / ([H
+
] + Ka
2
) (IV.16)
αSO
4
2–
= Ka
2
/ ([H
+
] + Ka
2
) (IV.17)
Onde
α HSO
4
= [HSO
4
] / C
T
= fração da espécie HSO
4
α SO
4
2–
= [SO
4
2–
] / C
T
= fração da espécie SO
4
2–
Os valores das constantes de ionização do H
3
PO
4
e do H
2
SO
4
encontram-se
na Tabela IV.1.
Tabela IV.1 – Constantes de ionização do H
3
PO
4
e do H
2
SO
4
Constantes H
3
PO
4
H
2
SO
4
Ka
1
6,9 × 10
-3
Forte
Ka
2
6,2 × 10
-8
1,0 × 10
-2
Ka
3
4,8 × 10
-13
-
Fonte: CRC (2003)
30
Conhecendo-se as constantes de ionização dos ácidos e sabendo-se que a
[H
+
] é igual a 10
-pH
, é possível calcular as frações dos íons fosfato e sulfato para
diferentes valores de pH. As Figuras IV.3 e IV.4 mostram as frações das espécies em
função do pH para o H
3
PO
4
e H
2
SO
4,
respectivamente.
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
02468101214
pH
Fração da Espécie
. . . .
H
3
PO
4
H
2
PO
4
HPO
4
2–
PO
4
3–
Figura IV.3 – Ionização do H
3
PO
4
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
02468101214
pH
Fração da Espécie
. .
HSO
4
SO
4
2–
Figura IV.4 – Ionização do H
2
SO
4
31
(2) Quantidade de ácido
O número de mols de ácido necessário para acidificar uma solução de NaOH
15 % m/m até determinado pH (n
ác
) é dado pela Equação IV.18
n
ác
= (n
OH
-)
neut
/ N
H+
(VI.18)
Onde
(n
OH
-)
neut
= número de mols de hidroxila a neutralizar
N
H+
= número de hidrogênios liberados pela ionização do ácido.
O (n
OH
-)
neut
é a diferença do número de mols de hidroxilas inicial (n
OH
-)
o
e do
número de hidroxilas necessário para manter um pH específico (n
OH
-)
pH
, como mostra
a Equação IV.19.
(n
OH
-)
neut
= (n
OH
-)
o
– (n
OH
-)
pH
(IV.19)
A Equação IV.19 também pode ser escritas na forma de concentração, como
mostra a Equação IV.20.
(C
OH
-)
neut
= (C
OH
-)
o
– (C
OH
-)
pH
(IV.20)
Onde
(C
OH
-)
o
= 4,35 mol L
-1
(C
OH
-)
pH
= 10
– pOH
= 10
– (14 – pH)
32
Neste caso o n
ác
passa a ser dado pela Equação IV.21.
n
ác
= (C
OH
-)
neut
/ N
H+
x V
solução
(VI.21)
Onde
V
solução
= volume de solução de NaOH 15 % m/m a ser acidificada (L)
Os N
H+
liberados na ionização do H
3
PO
4
e do H
2
SO
4
são dados pelas
Equações IV.22 e IV.23, respectivamente.
N
H+
= αH
2
PO
4
+ (2 × αHPO
4
2–
) + (3 × αPO
4
3–
)
(IV.22)
N
H+
= αHSO
4
+ (2 × αSO
4
2–
)
(IV.23)
Concentrações dos íons fosfato e sulfato
Calculando o número de mols de ácido necessário para acidificar uma
solução de NaOH 15 % m/m até determinado pH (n
ác
) e as frações das espécies
presentes, é possível calcular as concentrações dos íons e avaliar a possibilidade de
cristalização de sais em qualquer pH.
As concentrações das espécies H
3
PO
4
, H
2
PO
4
, HPO
4
2–
, PO
4
3–
, HSO
4
e
SO
4
2–
são dadas pela Equação IV.24.
C
espécie
= α
espécie
x n
ác
/ (V
solução
+ V
ác
) (IV.24)
33
Onde
C
espécie
= concentração da espécie em solução (mol L
–1
)
α
espécie
= fração da espécie em solução
V
ef
= volume de efluente acidificado (L)
V
ác
= volume de ácido gasto na acidificação (L)
O V
ác
é dado pela Equação IV.25
V
ác
= n
ác
x MM
ác
/ (ρ
ác
x pureza x 1000)
(IV.25)
Onde
MM
ac
= massa molecular do ácido (g mol
–1
)
ρ
ác
= densidade do ácido (g mL
–1
)
A Tabela IV.2 apresenta a massa molecular, a densidade e a pureza do
H
3
PO
4
e do H
2
SO
4
.
Tabela IV.2 – Massa molecular, densidade e pureza do H
3
PO
4
e do H
2
SO
4
.
H
3
PO
4
H
2
SO
4
Massa Molecular (g mol
– 1
) 98 98
Densidade (g mL
– 1
) 1,71 1,84
Pureza (%) 0,85 0,97
34
A Tabela IV.3 apresenta as concentrações de H
3
PO
4
, H
2
PO
4
, HPO
4
2–
, PO
4
3–
,
HSO
4
e SO
4
2–
, calculadas para diferentes valores de pH.
Tabela IV.3 – Concentração dos íons em solução
pH [H
3
PO
4
]
(mol L
–1
)
[H
2
PO
4
]
(mol L
–1
)
[HPO
4
2
]
(mol L
–1
)
[PO
4
3
]
(mol L
–1
)
[HSO
4
]
(mol L
–1
)
[SO
4
2
]
(mol L
–1
)
1
11,36 0,79 0,00 0,00 2,96 0,30
2
3,66 2,53 0,00 0,00 1,23 1,26
3
0,47 3,26 0,00 0,00 0,18 1,84
4
0,05 3,35 0,00 0,00 0,02 1,93
5
0,00 3,33 0,02 0,00 0,00 1,94
6
0,00 3,03 0,19 0,00 0,00 1,94
7
0,00 1,61 0,99 0,00 0,00 1,94
8
0,00 0,28 1,74 0,00 0,00 1,94
9
0,00 0,03 1,88 0,00 0,00 1,94
10
0,00 0,00 1,88 0,01 0,00 1,94
11
0,00 0,00 1,77 0,08 0,00 1,94
12
0,00 0,00 1,12 0,54 0,00 1,94
13
0,00 0,00 0,24 1,13 0,00 1,90
14
0,00 0,00 0,02 1,02 0,00 1,53
35
Cristalização dos sais de fosfato
Na Tabela IV.3 se observa que nos pH´s 13 e 14 a concentração de íons
PO
4
–3
é de 1,13 e 1,02 mol L
–1
, respectivamente, sendo maior que a solubilidade do
Na
3
PO
4
, que é de 0,88 mol L
-1
de H
2
O a 25ºC. Também se observa, que entre os pH´s
7 e 12 a concentração de íons HPO
4
2–
é maior que 0,99, sendo maior que a
solubilidade do Na
2
HPO
4
, que é de 0,83 mol L
–1
de H
2
O a 25ºC. Como as
concentrações do Na
3
PO
4
, e do Na
2
HPO
4
são maiores que suas solubilidades estes
sais podem cristalizar nestas faixas de pH.
Para evitar a cristalização de sais optou-se por aumentar a temperatura
durante a acidificação a fim de aumentar a solubilidade dos sais. Nos testes de
acidificação realizados a 25, 40 e 50ºC ocorreu formação de sais antes de qualquer
variação de pH, porém nos testes realizados a 60ºC, não.
Para observar a cristalização de sais após o resfriamento do efluente
acidificado foram realizados experimentos a 60ºC, nos quais o pH foi ajustado para
valores entre 12,0 e 4,0. As amostras com pH entre 12,0 e 7,0 apresentaram
cristalização de sal, enquanto as amostras com pH menor que 6,0, não.
Portanto, para utilizar o H
3
PO
4
como agente acidificante é necessário realizar
a acidificação do efluente até pH 6,0 e em temperaturas acima de 60ºC.
A diluição do efluente para evitar a cristalização de sais não constitui uma
alternativa viável visto que seria necessário diluir o efluente com mais de 125% v/v de
água.
36
Cristalização dos sais de sulfato
Na Tabela IV.3 se observa que entre os pH´s 4 e 13 a concentração de SO
4
2–
se encontra muito próxima da solubilidade do Na
2
SO
4
, que é de 1,98 mol L
–1
de H
2
O,
indicando a possibilidade de cristalização deste sal.
Ainda na Tabela IV.3 se observa que o NaHSO
4
pode cristalizar quando o pH
é igual a 1, pois a concentração do íon HSO
4
também é maior que a solubilidade do
sal, que é de 2,38 mol L
–1
de H
2
O.
Nos testes de acidificação observou-se que esta cristalização ocorre de fato.
O excesso de íons Na
+
em solução induz a cristalização do Na
2
SO
4
mesmo quando a
concentração de íons SO
4
2–
é menor que a solubilidade do sal. Para evitar a
cristalização de sais e os danos causados ao processo por este fenômeno, o efluente
foi diluído.
Nos testes com efluente concentrado e diluído com 20 e 30% v/v de água
ocorreu cristalização de sal em todos os pH´s menores que 12. Porém nos testes com
40 e 50% de água não ocorreu cristalização de sal em nenhum pH.
Portanto, o uso do H
2
SO
4
para separar o p-TBC requer que o efluente seja
diluído com pelo menos 40% v/v de água.
O aquecimento do meio poderia constituir uma alternativa para aumentar a
solubilidade dos sais. No entanto, observações experimentais mostram que após o
término da acidificação e o resfriamento do meio ocorre cristalização de sais, inclusive
em pH entre 2 e 3 quando as concentrações dos íons HSO
4
e SO
4
2–
são menores que
a solubilidade de seus sais.
37
IV.1.2.– Redução da DQO
A redução da DQO foi observada em testes de acidificação com H
3
PO
4
e
H
2
SO
4
. Os testes foram realizados em condições em que não há problemas de
cristalização de sais, ou seja, temperatura maior que 60ºC na acidificação com H
3
PO
4
e diluição com 40 % v/v de água na acidificação com H
2
SO
4
.
A separação do p-TBC se inicia em pH 12, e quanto menor o pH, maior a
separação e menor a DQO residual da fase aquosa. As Figuras IV.5 e IV.6 mostram a
DQO da fase aquosa em função do pH após a acidificação do efluente com H
3
PO
4
e
H
2
SO
4
, respectivamente.
0
5000
10000
15000
20000
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0
pH
DQO (mg O
2
L
-1
)
Soda 21 Soda 23
Figura IV.5 – Variação da DQO da fase aquosa em função do pH na acidificação das
Sodas 21 e 23 com H
3
PO
4
As Sodas 21 e 23, mesmo tendo DQO’s iniciais bem diferentes – 80.000 e
200.000 mg O
2
L
–1
, respectivamente – apresentaram DQO’s residuais bastante
semelhantes, como se observa na Figura IV.5. Por esta razão os testes com H
2
SO
4
foram realizados apenas com a Soda 23.
38
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
02468101214
pH
DQO (mg O
2
L
-1
)
Soda 23
Figura IV.6 – Variação da DQO da fase aquosa em função do pH na acidificação da
Soda 23 com H
2
SO
4
O consumo de H
3
PO
4
na acidificação das Sodas 21 e 23 apresentou
comportamento bastante semelhante ao consumo teórico de H
3
PO
4
para neutralizar
uma soda 15 % m/m. O consumo de H
2
SO
4
para acidificar a Soda 23 foi ligeiramente
maior que o consumo teórico. Os consumos de H
3
PO
4
e H
2
SO
4
teórico e real estão
apresentadas nas Figuras IV.7 e IV.8, respectivamente.
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0
pH
H
3
PO
4
(mol L
-1
)
Soda 21 Soda 23 Teórico
Figura IV.7 – Consumos real e teórico de H
3
PO
4
na acidificação das Sodas 21 e 23
39
Na acidificação com H
3
PO
4
, o pH deve ser ajustado para um valor igual ou
menor que 6,0 a fim de evitar a cristalização de sais após o resfriamento do efluente
acidificado. No entanto, a redução do pH para valores menores que 6,0 aumenta o
consumo de ácido sem aumentar significativamente a redução da DQO. A redução do
pH de 6 para 4, por exemplo, aumenta o consumo de ácido em torno de 25%,
enquanto a redução da DQO varia 3% para a Soda 21 e 1% para a Soda 23. Logo, é
mais vantajoso acidificar o efluente somente até pH 6.
A DQO da fase aquosa resultante da acidificação das Sodas com H
3
PO
4
até
pH 6,0 é de aproximadamente 5.500 mg O
2
L
–1
, o que representa uma redução da
DQO de 93 e 97% para as Sodas 21 e 23, respectivamente.
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
02468101214
pH
H
2
SO
4
(mol L
-1
)
Soda 23 Teórico
Figura IV.8 – Consumos real e teórico de H
2
SO
4
na acidificação da Soda 23
Na acidificação com H
2
SO
4
, o consumo de ácido para ajustar o pH entre 10 e
2 é praticamente o mesmo, enquanto que a redução da DQO varia entre 87 e 98%.
Portanto, para maximizar a separação do p-TBC é conveniente acidificar o efluente
pelo menos até pH 3.
40
A DQO da fase aquosa resultante da acidificação da Soda 23 com H
3
PO
4
até
pH 2,5 é de aproximadamente 5.100 mg O
2
L
–1
, o que representa uma redução da
DQO de 97%.
As DQO´s residuais das fases aquosas formadas após a acidificação das
Sodas são altas, maiores que 5.000 mg O
2
L
–1
, exigindo tratamento adicional deste
novo efluente resultante do pré-tratamento proposto. No caso da Petroflex – fábrica de
Duque de Caxias, a ETRI é capaz de receber e tratar este efluente, sem prejuízos ao
funcionamento da mesma.
As fases aquosas formadas após a acidificação das Sodas apresentam DQO
em torno de 5.000 mg O
2
L
–1
. REIS (2003) obteve experimentalmente uma razão da
DQO teórica e da DQO real do p-TBC de 0,99, o que permite estimar a concentração
de p-TBC presente nas fases aquosas em 2 g L
–1
.
IV.1.3 – Volume de fase orgânica
Os volumes de p-TBC formados na acidificação das Sodas com H
3
PO
4
e com
H
2
SO
4
foram semelhantes, cerca de 2 % v/v para a Soda 21 e de 8 % v/v para a Soda
23. A densidade de fase orgânica formada é de 1,1 g mL
–1
e, portanto, são
recuperados em torno de 22 e 88 g de p-TBC por litro de efluente para as Sodas 21 e
23, respectivamente.
Na Petroflex são gerados cerca de 10.000 L de Soda 21 e 15.000 L de Soda
23 por mês, o que permite uma recuperação em torno de 1540 Kg de p-TBC por mês
41
IV.2 – Cromatografia
Como as Sodas 21 e 23 são muito semelhantes, apresentando apenas
concentrações diferentes de p-TBC, optou-se por fazer a cromatografia somente com
a Soda 23, que possuía a maior concentração de p-TBC. A cromatografia também foi
realizada com um efluente sintético.
Nos cromatogramas dos efluentes original e sintético, mostrados nas Figuras
IV.9 e IV.10, há a presença de dois compostos, o p-TBC e um composto não
identificado. No entanto, este composto não aparece nos cromatogramas das fases
orgânica e aquosa formadas após a acidificação da Soda 23, conforme se verifica nas
Figuras IV.11 e IV.12 indicando que ele é um derivado do p-TBC formado apenas em
meio básico.
As análises cromatográficas mostram ainda o p-TBC como o único composto
orgânico presente nas fases orgânica e aquosa formadas após a acidificação do
efluente e, portanto, que o tratamento possibilita a recuperação do p-TBC
praticamente puro.
42
Figura IV.9 – Cromatograma da Soda 23 após extração com CH
2
Cl
2
e concentração
por evaporação do solvente
Figura IV.10 – Cromatograma do efluente sintético após extração com CH
2
Cl
2
e
concentração por evaporação do solvente
p-TBC
p-TBC
Composto não
identificado
Composto não
identificado
43
Figura IV.11 – Cromatograma da fase orgânica formada após acidificação da Soda 23
com H
3
PO
4
Figura IV.12 – Cromatograma da fase aquosa formada após acidificação da Soda 23
com H
3
PO
4
p-TBC
p-TBC
44
IV. 3 – Planta Piloto
Os excelentes resultados obtidos na recuperação do p-TBC através da
acidificação do efluente nos testes em laboratório motivaram a construção de uma
planta-piloto. Os principais objetivos dos testes em escala-piloto foram: obter dados
para o projeto de um trocador de calor para a planta em escala real e identificar o
tempo necessário para separação do p-TBC da fase aquosa após a acidificação.
Os testes escala-piloto foram realizados com a Soda 23, a qual apresenta a
maior concentração de p-TBC. Por limitações de infra-estrutura, os testes foram
realizados apenas com H
3
PO
4
.
A acidificação do efluente em escala-piloto promoveu separação de fases, não
tendo sido observada cristalização de sais após o resfriamento do efluente. No
entanto, o alcance de temperaturas muito acima de 60ºC, temperaturas em torno de
100ºC, gerou vapores ácidos de odor desagradável. Nestas temperaturas as análises
cromatográficas da fase orgânica não são válidas, pois foram realizadas após
acidificação a 60 (±2)ºC, não sendo possível garantir a recuperação do p-TBC.
V.3.1 – Taxa de variação da temperatura
O calor liberado pela neutralização da soda provocou aumento da
temperatura do sistema, pois este não dispunha de um sistema de troca de calor. A
Figura IV.13 mostra o aumento da temperatura com o tempo para os experimentos
realizados em duplicata nas vazões de ácido de 1,0 e 0,8 L min
–1
.
45
A velocidade de aumento da temperatura ao utilizar a vazão de 1,0 L min
–1
foi
ligeiramente maior que ao utilizar a vazão de 0,8 L min
–1
. Em ambos os casos a
temperatura aumenta de forma linear até os 96ºC – 1ª etapa do processo – e em
seguida começa a estabilizar – 2ª etapa do processo.
60
70
80
90
100
110
0 50 100 150 200
Tempo (min)
Temperatura (ºC)
. . . .
1 L min
-1
1 L min
-1
0,8 L min
-1
0,8 L min
-1
Figura IV.13 – Aumento da temperatura com o tempo na acidificação da Soda 23 com
H
3
PO
4
O aumento de temperatura na 1ª etapa do processo é proporcional à massa
de ácido adicionada como pode ser observado na Figura IV.14. A taxa de aumento de
temperatura é de 0,4ºC Kg
–1
de H
3
PO
4
.
46
60
70
80
90
100
110
0 50 100 150 200 250
Massa de H
3
PO
4
(Kg)
Temperatura (ºC)
. . . .
1 L min
-1
1 L min
-1
0,8 L min
-1
0,8 L min
-1
Figura IV.14 – Aumento da temperatura com a massa de ácido na acidificação da
Soda 23 com H
3
PO
4
O aumento da temperatura na 1ª etapa da reação está relacionado com
liberação de calor pela neutralização da soda, cuja concentração inicial é de 4,35 mol
L
–1
. Esta soda reage com o ácido até uma concentração menor que 1,00 mol L
–1
sem
que haja qualquer alteração no pH, e encontra-se totalmente reagida quando pH igual
a 13, como pode ser observado na Figura IV.15, pelo desaparecimento dos íons OH
.
A subseqüente adição de ácido modifica o pH e as concentrações dos íons
PO
4
3–
, HPO
4
2–
, H
2
PO
4
e H
3
PO
4
porém essas reações não liberam calor – 2ª etapa do
processo. A Figura IV.15 apresenta a variação das concentrações dos íons OH
,
PO
4
3–
,
HPO
4
2–
, H
2
PO
4
e H
3
PO
4
em função do pH.
47
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
01234567891011121314
pH
Concentração (mol L
-1
)
. . . . .
PO
4
3–
HPO
4
2–
H
2
PO
4
H
3
PO
4
OH
Figura IV.15 – Variação das concentrações de hidroxila e fosfatos com o pH
Um balanço de massa do sistema real comprova os cálculos. A massa de
ácido teórica necessária para acidificar 600 L de efluente até pH 13 é de 88 kg. Nos
testes a temperatura estabiliza quando a massa de ácido adicionada é de 100 kg.
Sabendo que um erro de 1% na medida da vazão de ácido representa um erro de 11,5
kg em 80 min de adição de ácido – tempo médio em que a temperatura estabiliza –
nota-se que o consumo de ácido concorda com o consumo teórico.
IV.3.2 – Taxa de geração de calor
Para projetar um trocador de calor para o sistema é necessário conhecer a
taxa de geração de calor (dQ / dt) do processo. Esta taxa é dada pela Equação IV.26.
(dQ / dt) = (dm / dt) × (dCp/ dt) × (dT / dt)
(IV.26)
48
Onde
(dm / dt) = taxa variação da massa do sistema
(dCp / dt) = taxa de variação do calor específico do sistema a pressão
constante, e
(dT / dt) = taxa de variação da temperatura do sistema
A taxa de variação da massa do sistema pode ser considerada igual à vazão
mássica de ácido, pois a perda de massa por evaporação é desprezível, em relação à
vazão mássica de ácido.
Os calores específico inicial e final do sistema, bem como sua taxa de
variação, podem ser estimados utilizando dados disponíveis em tabelas de calores
específicos de soluções, porém não foram estimados neste trabalho.
A estimativa taxa de variação da temperatura é complexa e requer uma série
de simplificações o que aumenta o número de fontes de erro. Por isso, a obtenção
experimental da taxa de variação de temperatura é fundamental para o projeto do
trocador de calor.
Os cinco experimentos realizados em escala piloto resultaram na mesma taxa
de variação de temperatura, a qual é dada pela Equação IV.27.
(dT / dt) = 0,4 × (dm
/dt)
(IV.27)
49
Onde
T = temperatura (ºC)
m = massa (kg)
IV.3.3 – Perda de calor
A perda de calor pelas paredes do vaso não foi calculada neste trabalho. Os
dados geométricos e do material do vaso necessários para o cálculo são apresentados
na Tabela IV.4. É importante ressaltar que o fundo do tanque era isolado e que a troca
térmica pela superfície da calota inferior do tanque é desprezível.
Tabela IV.4 – Dados geométricos e de material do vaso
Material Aço Inox 304
Diâmetro 1000 mm
Altura 1300 mm
Topo e fundo do vaso Semi-elíptico 2:1
IV.3.4 – Separação do p-TBC
A separação do p-TBC foi quantificada através da DQO residual da fase
aquosa. A Figura IV.16 mostra a DQO da fase aquosa em função do tempo
transcorrido após a parada do agitador. Os experimentos cujos resultados são
apresentados foram realizados em triplicata com uma vazão de ácido igual a 0,8 L
min
–1
.
50
No tempo zero a situação é bastante instável apresentando variações da
DQO de 10.000 mg O
2
L
–1
. Após 5 min, a DQO já apresenta repetibilidade e após 15
min o sistema estabiliza. A separação do p-TBC pode ser considerada rápida, cerca
de 15 min para uma coluna de líquido de aproximadamente 1,15 m.
0
5000
10000
15000
20000
0 10203040506070
Tempo (min)
DQO (mg O
2
L
-1
)
Experimento I Experimento II Experimento III
Figura IV.16 – Variação da DQO da fase aquosa com o tempo após acidificação
51
V – CONCLUSÃO
A acidificação da corrente de lavagem de butadieno se mostrou bastante
eficiente no pré-tratamento deste efluente e na recuperação do p-TBC, no entanto ela
deve ser realizada em condições nas quais não há cristalização de sais.
O uso de H
3
PO
4
requer uma temperatura mínima de 60ºC durante a
acidificação e a redução do pH para um valor igual ou menor a 6,0, enquanto o uso do
H
2
SO
4
requer a diluição do efluente com no mínimo 40 % v/v de água, para que não
haja cristalização de sais durante ou após o tratamento. No pré-tratamento proposto o
consumo real de ácido por litro de efluente é de aproximadamente 3,5 e 2,5 mol para o
H
3
PO
4
e o H
2
SO
4
, respectivamente.
Na acidificação das duas Sodas com H
3
PO
4
, a DQO da fase aquosa quando
pH igual a 6,0 é de aproximadamente 5.500 mg O
2
L
–-1
, o que representa uma redução
da DQO de 93 e 97% para as Sodas 21 e 23, respectivamente. Na acidificação da
Soda 23 com H
2
SO
4
, a DQO da fase aquosa quando pH igual a 2,5 é de
aproximadamente 5.100 mg O
2
L
–1
, o que representa uma redução da DQO de 97%.
As recuperações de p-TBC alcançadas foram de 22 e 88 g p-TBC L
–1
para as
Sodas 21 e 23, respectivamente. As análises cromatográficas mostram que o p-TBC e
o único composto orgânico presente na fase orgânica e, portanto, pode ser recuperado
praticamente puro.
52
Os testes em laboratório mostram que o H
3
PO
4
e o H
2
SO
4
podem ser
utilizados no pré-tratamento da corrente de lavagem de butadieno. No caso da
Petroflex, o uso de H
3
PO
4
pode reduzir a dosagem de tri-polifosfato na ETRI, no
entanto, o H
2
SO
4
é um ácido mais barato. É recomendável a realização de uma
avaliação econômica para a escolha do ácido a ser utilizado no pré-tratamento da
corrente.
Os testes em escala-piloto realizados com a Soda 23 e H
3
PO
4
confirmaram a
eficiência do pré-tratamento proposto. A DQO da fase aquosa após a separação do p-
TBC foi de cerca de 6.380 mg O
2
L
–1
.
A taxa de variação de temperatura do sistema em função da massa de ácido
adicionada foi de 0,4ºC kg
-1
H
3
PO
4
. Este dado experimental é de grande relevância
para o cálculo da taxa de geração de calor e, conseqüentemente, para o projeto de um
trocador de calor para o sistema.
A separação do p-TBC se completa em cerca de 15 minutos após a parada
do agitador para uma coluna de líquido de 1,15 m, podendo ser considerada uma
separação rápida.
A ampliação do pré-tratamento com H
2
SO
4
para escala real requer que a taxa
de variação de temperatura durante a acidificação seja determinada.
53
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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59
ANEXO I – Ionização do Ácido Fosfórico
A ionização do H
3
PO
4
pode ser expressa pelas Equações I.1, I.2 e I.3.
H
3
PO
4
' H
2
PO
4
+ H
+
(I.1)
H
2
PO
4
' HPO
4
2–
+ H
+
(I.2)
HPO
4
–2
' PO
4
3–
+ H
+
(I.3)
E as respectivas constantes de ionização pelas Equações I.4, I.5 e I.6.
Ka
1
= [H
2
PO
4
][H
+
] / [H
3
PO
4
] (I.4)
Ka
2
= [HPO
4
2–
][H
+
] / [H
2
PO
4
] (I.5)
Ka
3
= [PO
4
3–
][H
+
] / [HPO
4
2–
] (I.6)
Onde
[H
3
PO
4
] = concentração de H
3
PO
4
[H
2
PO
4
] = concentração de H
2
PO
4
[HPO
4
2–
] = concentração de HPO
4
2–
[PO
4
3–
] = concentração de PO
4
3–
Das Equações I.4, I.5 e I.6, tem-se que:
60
[H
2
PO
4
] = Ka
1
[H
3
PO
4
] / [H
+
] (I.7)
[HPO
4
2–
] = Ka
2
[H
2
PO
4
] / [H
+
] (I.8)
[PO
4
3–
] = Ka
3
[HPO
4
2–
] / [H
+
] (I.9)
Sendo a concentração total de H
3
PO
4
dissociado e não-dissociado (C
T
) dada
pela Equação I.10:
C
T
= [H
3
PO
4
] + [H
2
PO
4
] + [HPO
4
2–
] + [PO
4
3–
] (I.10)
E substituindo as Equações I.7, I.8 e 9 na equação I.10, tem-se que:
C
T
= [H
3
PO
4
] + Ka
1
[H
3
PO
4
] / [H
+
] + Ka
2
[H
2
PO
4
] / [H
+
] + Ka
3
[HPO
4
2–
] / [H
+
] (I.11)
C
T
= (1 + Ka
1
/ [H
+
] + Ka
1
Ka
2
/ [H
+
]
2
+ Ka
1
Ka
2
Ka
3
/ [H
+
]
3
) × [H
3
PO
4
]
(I.12)
C
T
x [H
+
]
3
= ([H
+
]
3
+ Ka
1
[H
+
]
2
+ Ka
1
Ka
2
[H
+
] + Ka
1
Ka
2
Ka
3
) × [H
3
PO
4
]
(I.13)
Da Equação I.13, tem-se que:
[H
3
PO
4
] = C
T
×
[H
+
]
3
/ ([H
+
]
3
+ Ka
1
[H
+
]
2
+ Ka
1
Ka
2
[H
+
] + Ka
1
Ka
2
Ka
3
)
(I.14)
Substituindo a Equação I.14 na Equação I.7
[H
2
PO
4
] = C
T
× Ka
1
[H
+
]
2
/ ([H
+
]
3
+ Ka
1
[H
+
]
2
+ Ka
1
Ka
2
[H
+
] + Ka
1
Ka
2
Ka
3
)
(I.15)
61
Substituindo a Equação I.15 na Equação I.8
Substituindo a Equação I.16 na Equação I.9
[PO
4
3–
] = C
T
× Ka
3
Ka
2
Ka
1
/ ([H
+
]
3
+ Ka
1
[H
+
]
2
+ Ka
1
Ka
2
[H
+
] + Ka
1
Ka
2
Ka
3
)
(I.17)
Chamando
[H
3
PO
4
] / C
T
= α H
3
PO
4
= fração da espécie H
3
PO
4
[H
2
PO
4
] / C
T
= α H
2
PO
4
= fração da espécie H
2
PO
4
[HPO
4
2–
] / C
T
= α HPO
4
2–
= fração da espécie HPO
4
2–
[PO
4
3–
] / C
T
= α PO
4
3–
= fração da espécie PO
4
3–
Tem-se as frações das espécies em função das constantes de ionização e da
concentração de H
+
α H
3
PO
4
= [H
+
]
3
/ ([H
+
]
3
+ Ka
1
[H
+
]
2
+ Ka
1
Ka
2
[H
+
] + Ka
1
Ka
2
Ka
3
) (I.18)
α H
2
PO
4
= Ka
1
[H
+
]
2
/ ([H
+
]
3
+ Ka
1
[H
+
]
2
+ Ka
1
Ka
2
[H
+
] + Ka
1
Ka
2
Ka
3
) (I.19)
α HPO
4
2–
= Ka
2
Ka
1
[H
+
] / ([H
+
]
3
+ Ka
1
[H
+
]
2
+ Ka
1
Ka
2
[H
+
] + Ka
1
Ka
2
Ka
3
) (I.20)
α PO
4
3–
= Ka
3
Ka
2
Ka
1
/ ([H
+
]
3
+ Ka
1
[H
+
]
2
+ Ka
1
Ka
2
[H
+
] + Ka
1
Ka
2
Ka
3
) (I.21)
[HPO
4
2–
] = C
T
× Ka
2
Ka
1
[H
+
] / ([H
+
]
3
+ Ka
1
[H
+
]
2
+ Ka
1
Ka
2
[H
+
] + Ka
1
Ka
2
Ka
3
)
(I.16)
62
ANEXO II – Ionização do Ácido Sulfúrico
A ionização do H
2
SO
4
pode ser expressa pelas Equações II.1 e II.2.
H
2
SO
4
J HSO
4
+ H
+
(II.1)
HSO
4
' SO
4
–2
+ H
+
(II.2)
O H
2
SO
4
é um ácido muito forte e sua primeira constante de ionização não
pode ser determinada. Considera-se, portanto, que o primeiro hidrogênio é totalmente
ionizado. A constante de ionização do segundo hidrogênio pode ser expressa pela
Equação II.3.
Ka
2
= [SO
4
2–
][H
+
] / [HSO
4
] (II.3)
Onde
[HSO
4
] = concentração de HSO
4
[SO
4
2–
] = concentração de SO
4
2–
Da Equação II.3, tem-se que:
[SO
4
2–
] = Ka
2
[HSO
4
] / [H
+
] (II.4)
63
Sendo a concentração total de H
2
SO
4
(C
T
) dada por:
C
T
= [HSO
4
] +[SO
4
2–
] (II.5)
E substituindo a Equação II.4 na Equação II.5, tem-se que:
C
T
= [HSO
4
] + Ka
2
[HSO
4
] / [H
+
] (II.6)
C
T
= (1 + Ka
2
/ [H
+
]) x [HSO
4
] (II.7)
C
T
x [H
+
] = ([H
+
] + Ka
2
) x [HSO
4
] (II.8)
Da Equação II.8, tem-se que:
[HSO
4
] = C
T
× [H
+
] / ([H
+
] + Ka
2
)
(II.9)
Substituindo a Equação II.9 na Equação II.4:
[SO
4
2–
] = C
T
× Ka
2
/ ([H
+
] + Ka
2
)
(II.10)
Chamando:
[HSO
4
] / C
T
= α HSO
4
= fração da espécie HSO
4
[SO
4
2–
] / C
T
= α SO
4
2–
= fração da espécie SO
4
2–
64
Temos as frações das espécies em função das constantes de ionização e da
concentração de H
+
α HSO
4
= [H
+
] / ([H
+
] + Ka
2
) (II.11)
α SO
4
2–
= Ka
2
/ ([H
+
] + Ka
2
) (II.12)
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