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FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM
ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
PROFISSIONALIZANTE EM ADMINISTRAÇÃO
ASPECTOS SOCIAIS NO ALINHAMENTO
ENTRE TI E NEGÓCIO: ESTUDO DE CASO
DE UMA EMPRESA DE MANUTENÇÃO DE
TURBINAS AERONÁUTICAS
JORGE GONÇALVES DOS SANTOS
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PROF. DR. VALTER MORENO JR
Rio de Janeiro, 20 de Novembro de 2006
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II
ASPECTOS SOCIAIS NO ALINHAMENTO ENTRE TI E NEGÓCIO: ESTUDO DE
CASO DE UMA EMPRESA DE MANUTENÇÃO DE TURBINAS AERONÁUTICAS
JORGE GONÇALVES DOS SANTOS
Dissertação apresentada ao curso de
Mestrado Profissionalizante em
Administração como requisito parcial para
obtenção do Grau de Mestre em
Administração.
Área de Concentração: Alinhamento entre
Negócios e TI.
Avaliação:
BANCA EXAMINADORA:
_____________________________________________________
Professor Dr. Valter de Assis Moreno Junior (Orientador)
Instituição: FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC
_____________________________________________________
Professor Profª. Drª. Flavia de Souza Costa Neves Cavazotte
Instituição: FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC
_____________________________________________________
Professor Profª. Drª. Sandra Mariano
Instituição: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
Rio de Janeiro, 20 de Novembro de 2006.
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III
FICHA CATALOGRÁFICA
Entrar em contato com a biblioteca no 14º andar,
ou através do e-mail: [email protected]
IV
DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho a minha esposa Mônica e a meus
filhos Marina e Júlio, que tanto me ajudaram a realizá-
lo e principalmente porque os amo muito.
V
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todas as pessoas que me ajudaram a fazer esse trabalho, especialmente ao meu
orientador, a todos os entrevistados, e a Ana Lucia Kronemberger e a Sra Janine Morada,
que tanto ajudaram na revisão ortográfica do material. Também agradeço muitíssimo ao
meu amigo e colega Paulo Maximo Filho por tanto me incentivar a fazer o curso.
VI
RESUMO
Este trabalho tem por objetivo principal identificar os aspectos sociais que interferem no
processo do alinhamento operacional entre os serviços de TI e as demandas do negócio da
empresa. O procedimento adotado é a análise ao longo do tempo do grupo de
representantes das áreas de negócios e de TI que tratam dos requisitos de sistemas, já que as
atividades desse grupo têm sido importantes na obtenção do alinhamento entre TI e aquelas
áreas. São analisados os estágios de formação do grupo, a estrutura que tem sido adotada,
os papéis formais ou não dentro dele e a dinâmica de relacionamento entre seus
integrantes. Para atingir o objetivo, estuda-se um caso do grupo das áreas de produção de
uma empresa de manutenção de revisão de turbinas aeronáuticas.
Palavras Chave: Respeito, honestidade, seriedade, tranqüilidade, serenidade, comunicação
aberta e franca, comprometimento com os resultados e alinhamento entre negócios e TI.
VII
ABSTRACT
This work has as its main objective to identify the social aspects that interfere in the
operational alignment process between IT services and the demands of the company
business. The adopted procedure that has been used is the analysis throughout the time of
the group of representatives of business and IT areas that deal with the systems requisites,
since the activities of this group have been very important in obtaining the alignment
between IT and those areas. It is analysed the stages of formation of the group, the structure
that has been adopted, the formal or informal roles and the dynamic of relationship among
its members. In order to achieve the aim, it is carried out a case study of the group of
production area of maintenance overhaul aircraft engines company.
Key Words: Respect, honesty, seriousness, tranquility, serenity, open and frank
communication, commitment to the results, alignment between business and IT.
VIII
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Características dos estágios de arquitetura...........................................................27
Figura 2 Níveis de maturidade do alinhamento entre negócio e TI...................................31
Figura 3 Os quatro domínios de processos do COBIT......................................................34
Figura 4 Os processos do ITIL...........................................................................................35
Figura 5 - Modelo heurístico de eficácia de grupos de trabalho...........................................49
IX
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Os oitos processos utilizados para gerenciar TI..................................................21
Tabela 2 Resumo dos três modelos de organização de TI.................................................22
Tabela 3 O detalhamento dos processos do ITIL...............................................................36
Tabela 4 - Fatores críticos de sucesso técnicos.....................................................................38
Tabela 5 - Fatores críticos de sucesso organizacionais.........................................................39
Tabela 6 - Fatores críticos de sucesso sociais.......................................................…............41
Tabela 7 - Fatores críticos de sucesso no nível da estrutura.................................................59
Tabela 8 - Fatores críticos de sucesso no nível de processo.................................................60
Tabela 9 - Fatores críticos de sucesso no nível dos traços psicossociais..............................60
Tabela 10 - Resumo das pessoas que participam do grupo de representantes das áreas de
negócio e TI que foram entrevistadas...................................................................................71
Tabela 11 -
Resumo da análise do grupo de trabalho baseada no modelo de HEINEN e
JACOBSON (1976) e TUCKMAN e JENSEN (1977, apud DUBRIN, 2003): Estágios de
formação e desenvolvimento.................................................................................................96
Tabela 12 Resumo da análise do grupo de trabalho baseada no modelo COHEN e
BAILEY (1997): Estruturas..................................................................................................99
Tabela 13 - Resumo da análise da grupo de trabalho baseado no modelo de COHEN e
BAILEY (1997) e DUBRIN (2003): Composição do grupo..............................................103
Tabela 14 Resumo da análise do grupo de trabalho baseado no modelo de COHEN e
BAILEY (1997): Contexto organizacional.........................................................................105
Tabela 15 Resumo da análise do grupo de trabalho baseado no modelo de COHEN e
BAILEY (1997): Fatores Ambientais.................................................................................107
X
Tabela 16 Resumo da análise do grupo de trabalho baseado no modelo de COHEN e
BAILEY (1997): Processos Internos..................................................................................109
Tabela 17 Resumo da análise do grupo de trabalho baseado no modelo de COHEN e
BAILEY (1997): Processos externos..................................................................................111
Tabela 18 Resumo da análise do grupo de trabalho baseado no modelo de COHEN e
BAILEY (1997): Traços Psicossociais...............................................................................116
Tabela 19 Resumo da análise dos outros contructos não identificados na literatura
estudada...............................................................................................................................118
Tabela 20 Resumo da Avaliação do nível de alinhamento entre negócio e TI................125
XI
LISTA DE ABREVIATURAS
CIO -
Chief Information Officer
COBIT -
Control objectives for information and related technology
ISACA -
Information Systems Audit and Control Association
IT - Information Technology
ITIL -
Information Technology Infrastructure Library
PCP - Planejamento e Controle da Produção
SLA -
Service Level Agreement
TCI - Tecnologia de Comunicações de Informação
TI - Tecnologia da Informação
XII
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO................................................................................................... 1
2. O PROBLEMA....................................................................................................7
2.1 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA..........................................................................................................7
2.2 OBJETIVOS................................................................................................................................................8
2.2.1 Objetivo principal...................................................................................................................................8
2.2.2 Objetivos intermediários........................................................................................................................8
2.3 RELEVÂNCIA DO ESTUDO....................................................................................................................9
2.4 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO...............................................................................................................10
3. REVISÃO DA LITERATURA............................................................................11
3.1 PLANEJAMENTO DE NEGÓCIOS......................................................................................................12
3.2 PLANEJAMENTO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO............................................................16
3.3 ALINHAMENTO ENTRE TI E NEGÓCIOS........................................................................................23
3.3.1 Alinhamento operacional e sua avaliação............................................................................................26
3.3.2 Implementação e manutenção do alinhamento operacional.................................................................32
3.4 GRUPOS DE TRABALHO......................................................................................................................42
3.4.1 Desenvolvimento de grupo...................................................................................................................47
3.4.2 Modelo de desempenho........................................................................................................................48
3.4.3 Fatores de sucesso................................................................................................................................55
4. METODOLOGIA.................................................................................................62
4.1 A METODOLOGIA DE ESTUDO DE CASO........................................................................................62
4.2 JUS TIFICATIVA DA ESCOLHA DA METODOLOGIA....................................................................64
XIII
4.3 A ESTRUTURA DO ESTUDO DE CASO PROPOSTO........................................................................66
4.3.1 Plano do estudo de caso.........................................................................................................................69
5. O ESTUDO DO CASO.......................................................................................74
5.1 A EMPRESA E O GRUPO........................................................................................................................74
5.2 HISTÓRICO DO GRUPO.........................................................................................................................76
5.2.1 Descrição do funcionamento do grupo....................................................................................................90
5.3 ANÁLISE DOS CONSTRUCTOS DA REVISÃO DA LITERATURA X ENTREVISTAS..............93
5.3.1 Avaliação da eficácia do grupo de trabalho.............................................................................................94
5.3.1.1 Análise dos estágios de formação & desenvolvimento do grupo..........................................................94
5.3.1.2 Estruturas...............................................................................................................................................97
5.3.1.2.1 Níveis de autoridade..........................................................................................................................97
5.3.1.2.2 Composição do grupo......................................................................................................................100
5.3.1.2.3 Contexto Organizacional.................................................................................................................104
5.3.1.3 Fatores Ambientais..............................................................................................................................106
5.3.1.4 Processos Internos...............................................................................................................................107
5.3.1.5 Processos Externos..............................................................................................................................109
5.3.1.6 Traços Psicossociais............................................................................................................................111
5.3.1.7 Outros constructos...............................................................................................................................117
5.3.2 Avaliação do nível de alinhamento entre negócio e TI..........................................................................118
5.3.2.1 Como tem sido a contribuição do sistema para a empresa.................................................................118
5.3.2.2 Como tem sido a governança dos projetos de melhoria do sistema...................................................120
5.3.2.3 Como tem sido a comunicação entre negócio e TI.............................................................................122
5.3.2.4 Como tem sido a parceria entre negócio e TI.....................................................................................123
5.3.2.5 Como tem sido a influência da cultura da empresa no alinhamento entre negócio e TI....................124
5.4 ANÁLISE DE CAUSA X EFEITO DOS ESTUDADO...........................................126
5.4.1 Análise do nível de maturidade do alinhamento entre negócio e TI....................................................134
6. CONCLUSÃO...................................................................................................140
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................145
APÊNDICE A....................................................................................................................152
APÊNDICE B....................................................................................................................158
APÊNDICE C....................................................................................................................162
APÊNDICE D....................................................................................................................164
ANEXO 1..........................................................................................................................166
1
1.
INTRODUÇÃO
Este trabalho busca analisar os fatores sociais que podem interferir no alinhamento da
estratégia de TI com a estratégia de negócios da empresa. Acredita-se que, dedicando-se a
devida atenção a esses aspectos, seja possível alcançar uma efetiva melhoria desse
alinhamento. Esse alinhamento é um dos objetivos principais da área de TI (BRODBECK e
HOPPEN, 2003) e, por isso, sua efetividade vem sendo discutida entre os executivos de TI
e de negócios há longo tempo (REICH e BENBASAT, 1996).
A relevância do trabalho baseia-se nas afirmações de REZENDE (2003) de que o cenário
atual dos mercados em que as organizações estão inseridas caracteriza-se por:
hipercompetição; novas demandas dos clientes e novos parceiros reflexo da globalização;
turbulências constantes; com mudanças no ambiente; tecnologia; conhecimento e
stakeholders
. Assim, as organizações buscam meios para enfrentar esse contexto de forma
efetiva, para que possam sobreviver e ter sucesso. Isso é feito através do trabalho dos seus
gestores, que conciliam funções e operações das suas empresas com as necessidades dos
mercados dos quais fazem parte. E, para tanto, precisam de informações e conhecimentos
que sejam precisos e disponibilizados rapidamente.
2
Dentro desse contexto, TI é estratégica, pois “pode ser decisiva para o sucesso ou fracasso
de uma empresa, contribuindo para que a organização seja ágil, flexível e forte”
(ALBERTIN, 2001). Essa ferramenta é intensamente utilizada, pois permite alterar as bases
de competitividade e de estratégias operacionais das empresas. Tal fato leva as
organizações a ficarem cada vez mais dependentes de TI, sendo que os investimentos na
área são altos (ALBERTIN, 2001; HEFNER e MALCOLM, 2002).
É fundamental o papel de TI, pois permeia toda a organização(ALBERTIN,1994, apud
TEIXEIRA JÚNIOR e PONTE, 2003), agregando valor aos seus produtos e/ou serviços,
podendo auxiliar também na promoção da inteligência empresarial (LUFTMAN,
BRIER,1999, apud TEIXEIRA JÚNIOR e PONTE, 2003). TI é, portanto, um instrumento
que, comprovadamente, traz vantagens competitivas, quando bem empregada (REZENDE,
2002).
Em função dessa importância, a utilização de TI nas empresas tem crescido bastante. Por
exemplo, uma pesquisa feita entre um grupo de CIOs americanos de grandes empresas
indica que 25% deles pretende aumentar os investimentos em TI entre 10% e 20% para o
ano de 2006 e outros 13% pretendem aumentar em mais de 20%
(COMPUTERWORLD,2005). Essa importância de TI é observada também nas pequenas e
médias empresas. Por exemplo, em pesquisa recente realizada no Brasil, 60% dos micros,
pequenos e médios empresários consideraram a
Web
fundamental para os seus negócios
(COMPUTERWORLD,2005).
3
Apesar de sua importância para todas as empresas, a utilização de TI, de forma efetiva, não
é uma tarefa trivial e simples. Por exemplo, em 2004, lia-se: “trinta companhias norte-
americanas com ações lucrativas revelaram que têm gasto, em média, anualmente, US$ 10
milhões cada uma com projetos de TI que não vão para frente”
(COMPUTERWORLD,2004). Outro exemplo dessa dificuldade é o grande número de
insucessos existentes nessa área. Segundo SCHWALBE (2002), em um estudo de 1995,
somente 16% dos projetos de TI atingiram os objetivos de escopo, tempo e custo; em 2001
esse percentual passou para 28%.
Uma parcela significativa desses problemas decorre de
falhas no alinhamento de TI com negócios de maneira estratégica. De acordo com pesquisa
feita no mercado, essa parcela corresponde a 28% das causas do mau uso de TI
(COMPUTERWORLD,2004).
Segundo CHAN (2002, p.98), o alinhamento entre TI e negócio pode ser definido a partir
de duas visões bem aceitas na literatura:
- O alinhamento de TI é o grau pelo qual a missão, os objetivos e os planos de TI
(Estratégia de TI) suportam e são suportados pela missão, pelos objetivos e planos do
negócio (Estratégia de negócios). Esse enfoque trata, portanto, do aspecto do
planejamento de TI e de negócios;
- O alinhamento de TI envolve o enquadramento e a integração entre a estratégia de
negócios e a estratégia de TI, e a infra-estrutura de negócios e a infra-estrutura de TI.
Tal enfoque enfatiza a adequação das estratégias de negócios e TI, e também a
operacionalização das atividades do dia-a-dia de TI, de acordo com as necessidades das
áreas de negócio.
4
O termo estratégia de negócio refere-se a um plano íntegro e coeso conectando os
objetivos, as políticas e as ações de uma organização (QUINN, 1980, apud REZENDE,
2002).
Segundo TEO e KING (1997), a estratégia de TI pode ser definida como o processo de
estabelecimento dos objetivos computacionais e a identificação das aplicações que as
empresas devem implementar. Os mesmos autores afirmam ainda, no mesmo trabalho, que
o resultado positivo da implantação dessa estratégia tem se tornado cada vez mais
importante para que as empresas possam melhorar sua eficiência, ajudar no processo de
reengenharia dos processos de negócios e aumentar as vantagens competitivas.
Apesar de bilhões de US$ terem sido investidos e décadas terem se passado, a questão do
alinhamento entre negócios e TI permanece uma preocupação dos executivos. Isso porque,
embora existam amplas evidências do poder de transformação que ela tem em toda
indústria e mercado, as organizações ainda têm de lidar com a frustração de não
conseguirem utilizar o poder de TI em seu benefício, a longo prazo (LUFTMAN, PAPP,
BRIER, 1999).
Como BRANCHEAU e WETHERBE (1994, apud FARREL,2003) afirmam, o
alinhamento é uma ferramenta de gestão importantíssima para mitigar as frustrações
mencionadas acima e, conseqüentemente, conseguir obter vantagens competitivas. Ele
fortalece a coesão entre a área de TI e as áreas funcionais e de negócios (TEIXEIRA
JÚNIOR e PONTE, 2003), proporcionando assim a redução de custos, a geração de
5
receitas, e a melhoria da capacidade de atingir objetivos organizacionais (SYNNOT, 1987,
apud FARREL, 2003; TEIXEIRA JÚNIOR e PONTE, 2003).
BRODBECK e HOPPEN (2000) afirmam também que o alinhamento não pode ser estático,
ou seja, feito somente em âmbito de planejamento estratégico, com horizonte típico de algo
em torno de cinco anos. O mundo muda constantemente e o alinhamento precisa
acompanhar essas mudanças. Precisa, por isso, ser dinâmico e ágil, pois, do contrário, não
proporcionará os benefícios desejados.
A grande questão então é como promover e como manter esse alinhamento. Ele pode ser
feito através de instrumentos de gestão que servem para medir e estimular o processo de
aprendizagem, que retroalimentará a melhoria do alinhamento (BRODBECK e HOPPEN,
2000), como, por exemplo, o
Balanced Business ScoreCard (
ZEE e JONG,1999
)
. Acredita-
se, entretanto, que o alinhamento acontece realmente quando todos os envolvidos estão
cientes e comprometidos com os objetivos, as metas e os planos das empresas e a forma
como TI pode ajudar a alcançá-los, demonstrando-o no dia-a-dia das organizações
e nas suas operações (REICH, BENBASAT, 2000). Em função disso, percebe-se que o
alinhamento da estratégia de TI com a estratégia de negócios das empresas acontece,
basicamente, a partir das competências e dos valores das pessoas envolvidas (REZENDE,
2002).
Um caso exemplar de como os fatores sociais interferem no alinhamento é o da Delta
Airlines, que solicitou a TI o desenvolvimento de um sistema de missão crítica. Por causa
do forte relacionamento entre TI e negócios, o projeto teve uma alta prioridade, e obteve o
6
suporte financeiro da alta direção da Delta. O projeto levou a empresa a uma forte posição
de competitividade e gerou uma economia de mais de US$ 20 milhões (LUFTMAM,
PAPP, BRIER, 1999).
Tendo em vista o exposto acima, este trabalho busca investigar fatores sociais que podem
interferir de forma positiva e negativa no alinhamento operacional entre os serviços de TI e
as demandas dos negócios da empresa. Em particular, analisa a estrutura e as dinâmicas de
relacionamento do grupo de trabalho multifuncional, composto por representantes de TI e
das áreas de negócio da empresa que operacionalizam esse alinhamento ao longo do tempo.
Acredita-se que tais fatores possam influenciar consideravelmente a obtenção e a
manutenção do alinhamento operacional. Para atingir os objetivos da pesquisa foi utilizado
um estudo de caso em que se analisou, ao longo do tempo, o grupo de representantes das
áreas de produção e TI de uma empresa do ramo aeronáutico, que tem um longo histórico
de uso de TI em suas operações.
7
2 O PROBLEMA
2.1 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA
Conforme visto anteriormente na introdução deste trabalho, o alinhamento entre negócios e
TI é uma questão que vem sendo bastante debatida na literatura de Administração e
Sistemas de Informação. Ainda há, contudo, lacunas importantes. Um dos pontos
específicos que não tem sido adequadamente coberto é a influência dos fatores sociais no
processo de alinhamento entre TI e negócios.
Em decorrência dos fatos mencionados acima, a questão que orientou este trabalho é:
Que
fatores sociais são críticos para obtenção do alinhamento operacional entre negócios e
TI?
Segundo CHAN (2002, p.98), o alinhamento envolve o enquadramento e a integração
entre a estratégia de negócios e a estratégia de TI, e a infra-estrutura de negócios e a infra-
estrutura de TI, tratando assim da operacionalização das atividades do dia-a-dia de TI, de
acordo com as necessidades das áreas de negócio. Conforme atestado na revisão da
literatura deste trabalho, que será discutida no próximo capítulo, as atenções dos
pesquisadores têm sido concentradas no estabelecimento do alinhamento no nível
estratégico e não no alinhamento operacional. Assim, acredita-se que o estudo possa
8
contribuir para preencher algumas lacunas existentes na literatura sobre alinhamento entre
TI e negócio. Além disso, este trabalho poderá contribuir para melhorar o próprio
alinhamento operacional nas empresas, que é vital para a obtenção dos benefícios
geralmente associados ao uso de TI. Em função disso, definem-se os objetivos abaixo.
2.2 OBJETIVOS
2.2.1 Objetivo principal
O objetivo principal do trabalho é identificar os fatores sociais que interferem de forma
positiva e negativa no processo do alinhamento operacional entre os serviços de TI e as
demandas do negócio da empresa. Para tanto, foi feita uma análise, ao longo do tempo, de
um grupo de representantes das áreas de negócios e de TI que tratam dos requisitos dos
sistemas de informação de uma empresa brasileira do ramo de aviação. Foram investigados
aspectos tais como a estrutura do grupo, os papéis formais ou informais que são adotados
por seus membros, e a dinâmica do relacionamento entre essas pessoas.
2.2.2 Objetivos intermediários
Com base na questão da pesquisa e do objetivo principal definido anteriormente, foram
identificados os objetivos secundários descritos a seguir. Eles constituem marcas
intermediárias essenciais para a consecução do objetivo principal.
- Supõe-se que grupos de trabalho compostos por representantes das áreas de
negócios e TI são capazes de promover de alguma forma o alinhamento
9
operacional entre serviços de TI e as demandas de negócios da empresa.
Precisa-se então ser capaz de verificar se esses grupos são bem sucedidos ou
não nessa tarefa, até porque se está tentando identificar o que contribui ou não
dentro dos grupos para que o objetivo seja alcançado. Um dos objetivos
intermediários do trabalho, portanto, é identificar formas de avaliar o nível do
alinhamento operacional entre serviços de TI e as demandas de negócios
numa empresa.
- A literatura descreve formas de caracterizar as estruturas e os padrões de
relacionamento em grupos de trabalho. A partir da definição de critérios
apoiados em tais conceitos, devem-se identificar os eventos significativos que
tenham gerado modificações nas estruturas e nas dinâmicas de relacionamento
internas do grupo estudado.
- A análise dos efeitos das modificações das estruturas e da dinâmica de
relacionamento do grupo no alinhamento operacional permite identificar os
fatores críticos do processo de alinhamento, mais especificamente os aspectos
sociais.
2.3 RELEVÂNCIA DO ESTUDO
No nível acadêmico, este trabalho pretende suprir as lacunas da literatura existente sobre o
tema. No nível gerencial, pretende auxiliar as empresas a identificar como montar grupos
de trabalho, com estrutura adequada, no intuito de promover um efetivo alinhamento
operacional entre TI e negócios, e também coibir comportamentos e atitudes que
10
prejudiquem o êxito desse alinhamento. Conseqüentemente, possibilitará o aumento do
bom uso de TI nas empresas, contribuindo para melhorar a competitividade das mesmas.
2.4 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO
Embora o alinhamento entre TI e negócio envolva vários aspectos, o estudo estará focado
nos aspectos sociais, não contemplando outros aspectos (técnicos, financeiros etc.).
Também estará limitado ao estudo de um único caso, numa empresa de revisão de turbinas
aeronáuticas, utilizando dados qualitativos e técnicas de análise compatíveis.
11
3 REVISÃO DE LITERATURA
Essa revisão da literatura foi feita com base em periódicos científicos obtidos através de
buscas na base de dados EBSCO, complementadas por textos recomendados por
pesquisadores da área de estudo, e pesquisas realizadas em bibliotecas especializadas.
Em função dos objetivos descritos anteriormente, essa revisão vai contemplar os seguintes
tópicos:
- Planejamento de Negócios;
- Planejamento da Tecnologia da Informação;
- Alinhamento entre TI e Negócios:
- Alinhamento operacional e sua avaliação;
- Como implementar e manter o alinhamento;
- Características e processos de Grupos de trabalho.
12
3.1 PLANEJAMENTO DE NEGÓCIOS
Segundo BRODBECK e HOPPEN (2000), existe uma variação grande dos significados dos
termos utilizados no planejamento estratégico. Para esses autores (p.3), missão significa o
que a longo prazo as organizações vislumbram fazer e no que elas pretendem se tornar,
como, por exemplo: “tornar a marca mais conhecida como fabricante de utensílios para
cozinha”. Já objetivos, conforme definidos por eles (p. 3), são os resultados esperados para
cada “alvo”, ou seja, “o que” deseja para o futuro a organização, como, por exemplo: “obter
um aumento de mercado de x% para a linha y de produtos.”
Os mesmos autores definem estratégias “como os enfoques que serão utilizados para obter
os objetivos, como, por exemplo: a empresa deverá aumentar o número de gôndolas
promocionais do produto, em determinados dias e pontos de venda.” Pode ser entendida,
também, como planejamento, compreendendo um dos conjuntos de regras de decisão para
orientar o comportamento da organização, sendo uma ferramenta para trabalhar com as
condições de mudanças e turbulência que as afetam (ANSOFF e MACDONNEL, 1988,
apud REZENDE, 2002).
E, finalmente, planos “são os roteiros detalhados da direção e curso que a organização tem
a intenção de seguir na condução de suas atividades para cumprir os objetivos. Por
exemplo: para atender a estratégia e os objetivos acima, a empresa deverá ter descrito no
plano como item 1 negociar o local com os distribuidores; item 2 aumentar a
produtividade e pessoal para reduzir o custo do produto.” (BRODBECK e HOPPEN, 2000,
p. 3)
13
Assim sendo, define-se estratégia de negócios como um plano íntegro e coeso entre os
objetivos, as políticas e as ações de uma organização, podendo ser entendido também como
estratégia empresarial (QUINN, 1980, apud REZENDE, 2002).
Segundo LUFTMAN, PAPP, BRIER (1999), os três componentes da estratégia de negócios
são:
1) Escopo dos Negócios Incluindo mercado, produto, serviços, grupo de clientes,
localização, fornecedores e potências concorrentes.
2) Competências Distintas Fatores críticos de sucesso, principais competências que
provêem a margem de potencial competitivo, incluindo marca, pesquisa, fabricação e
desenvolvimento de produto, estrutura de preço e custos, vendas e canal de distribuição.
3) Governança do Negócio Como as empresas configuram o relacionamento entre
gerenciamento,
stakeholders
e direção.
Dessa forma, o sucesso organizacional pode ser preconizado através da estratégia e do
negócio empresarial que, juntos, fazem parte do Planejamento Estratégico Empresarial
(MINTZBER e QUINN, 2001, apud REZENDE, 2002).
Já REZENDE(2002, p.20) conceitua o planejamento estratégico empresarial da seguinte
forma:
“Planejamento estratégico empresarial é um processo dinâmico e interativo
para determinação de objetivos, políticas e estratégias (atuais e futuras) das
funções empresariais e dos procedimentos de uma organização. É elaborado
por meio de técnicas administrativas de análise do ambiente (interno e
14
externo), das ameaças e oportunidades, de seus pontos fortes e fracos;
possibilita aos gestores estabelecer um rumo para a organização, buscando
certo nível de otimização no relacionamento entre empresa, ambiente e
mercado. É formalizado para produzir e articular resultados, na forma de
integração sinergética de decisões e ações organizacionais.”
Segundo PORTER (2001), para que uma empresa possa estabelecer e manter um
posicionamento estratégico distinto, deve seguir seis princípios:
1) começar tendo o objetivo correto, que é ter lucratividade do investimento;
2) disponibilizar uma proposição de valor ou benefícios diferente dos concorrentes;
3) ter uma cadeia de valor distinta;
4) uma estratégia robusta envolvendo
trade-offs
;
5) definir uma estratégia de como todos os elementos da empresa se ajustam em conjunto;
6) definir estratégia de direção de continuidade.
Analisando outros aspectos do planejamento estratégico, podem-se destacar os níveis
organizacionais em que ele é aplicado, que DAFT (2005) dividiu em: corporativo, negócios
e funcional.
Corporativo, segundo GIRARD (2001, apud, DAFT, 2005), é o nível que identifica de que
negócios a corporação quer participar, combinando as suas unidades de negócios e as suas
linhas de produtos. Relaciona-se a questões do tipo: que empresas comprar ou vender; fazer
ou não
joint ventures
com outras empresas; fazer parcerias; etc. Sempre no nível da
corporação, é muito utilizado nas empresas globalizadas.
15
Já negócios é o nível de estratégia que desenvolve a forma de competir de cada unidade ou
linha de produto dentro da organização, referindo-se a questões do tipo: volume de recursos
a ser investido em propaganda; planos de pesquisas e desenvolvimento; mudanças ou
desenvolvimento de novos produtos, equipamentos e instalações (HAMILTON, 1997;
BROOKER, 2001, apud, DAFT, 2005).
E, por fim, segundo MADIGAN, FLYNN e WALKER (1992) e FOX (1973, apud DAFT,
2005), o nível funcional diz respeito aos planos de ação a serem seguidos pelos
departamentos das unidades de negócios, que tratam de como sustentar a estratégia no nível
de negócios, em toda a estrutura da organização, com destaque para as áreas de finanças,
pesquisa e desenvolvimento, marketing e manufatura, recursos humanos e produção.
Exemplificando, considere-se uma empresa que optou, no nível da estratégia de negócio,
pela diferenciação, buscando distinguir-se pela introdução de novos produtos, para atingir
um crescimento rápido. Sendo assim, o departamento de Recursos Humanos deve
promover a contratação de pessoal adicional e treinamento do pessoal que será transferido
para novas posições. O departamento de marketing deve fazer campanhas de publicidade
apropriada. O departamento financeiro tem planos para prover os recursos monetários
necessários para suportar o crescimento, com aquisição de novos equipamentos,
instalações, assim por diante.
De acordo com BOURGEOIS III e BRODWIN (1984), GUPTA e GOVINDARAJAN
(1984) e COVIN, SLEVIN, SCHULTZ (1994, apud DAFT, 2005) a parte mais difícil e
importante relativa ao planejamento de negócios é a sua implantação. Esses planos não
podem também ser estáticos, pois, no mundo atual, as situações e as necessidades dos
16
mercados mudam com uma velocidade muito grande. Dessa forma, as empresas têm que
supor-las, e é no dia-a-dia que a condução da implementação das estratégias acontece. Já
há, inclusive, empresas que estão eliminando seus órgãos centrais de planejamento e
passando essa atividade para as rotinas diárias de todos os funcionários em todos os níveis.
FEURER e CHAHARBAGHI(1995), MINTZBERG(1994), GALBRAITH e KAZANJIAN
(1986) e NUTT (1989, apud DAFT, 2005) afirmam que a implantação envolve tomar
decisões difíceis sobre como fazer as coisas de maneira a sustentar a estratégia estabelecida,
requisitando dos funcionários visão, intuição e participação. Os mesmos autores
mencionam ainda que essa implantação é feita através de ferramentas de liderança,
estrutura organizacional, sistemas de informação e controle, e recursos humanos.
3.2 PLANEJAMENTO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO
Planejamento da Tecnologia da Informação caracteriza-se pelo processo dinâmico e
interativo que estrutura estrategicamente, taticamente e operacionalmente as informações e
conhecimentos organizacionais, a TI e seus recursos (hardware, software, sistemas de
telecomunicação e gestão de dados), os sistemas de informação e do conhecimento, o perfil
das pessoas envolvidas e a infra-estrutura necessária para o atendimento de todas as
decisões, ações e respectivos processos da organização (REZENDE, 2002).
Esse planejamento é de suma importância para as empresas. Conforme TEO e KING
(1997), o processo de estabelecimento dos objetivos computacionais e a identificação das
aplicações que as empresas devem implementar definem o planejamento de sistemas de
17
informação. Este tem se tornado cada vez mais importante para que as empresas possam
melhorar sua eficiência, ajudar no processo de reengenharia dos processos de negócios e
aumentar as vantagens competitivas.
Alguns trabalhos afirmam que TI não pode ser tratada com uma simples despesa e sim
como uma ferramenta que agrega valor para a empresa (PYBURN, 1991; HERDERSON e
VENKATRAMAN, 1993; ALTER, 1995, apud TEIXEIRA JÚNIOR e PONTE, 2003).
Vários autores, no entanto, destacam que, para que se possa explorar TI com vantagem
competitiva, devem-se direcionar os seus recursos para gestão efetiva, ou seja, para que ela
seja relevante nas empresas. O planejamento estratégico deve alinhar os sistemas de
informações e TI com as metas dos negócios empresariais, desenvolvendo arquiteturas e
políticas de tecnologia e gerando um ambiente informacional que favoreça a geração de
estratégias organizacionais (PARSONS, 1983; EARL, 1993; DAVENPORT e PRUSACK,
1998; PRAHALAD, 2000, apud REZENDE, 2002).
Considera-se, ainda, que o uso de TI deve ser baseado em planejamento, pois, do contrário,
pode tornar-se um grande risco para as empresas (MCGAUGHEY, SYNDER, CARR,
1994, apud REZENDE, 2002). Deve, também, ser direcionado para toda a empresa e não
ficar somente no âmbito do seu próprio ambiente (PORTER e MILLAR, 1985, apud
TEIXEIRA JÚNIOR e PONTE, 2003).
Embora existam diferentes metodologias sobre planejamento de sistema de informação,
uma descrição genérica proposta por EARL (1989) e MARTIN (1989, apud
18
PREMKUMAR e KING, 1994) poderia ser: 1) primeiro identificam-se os objetivos, a
estratégia e os fatores críticos de sucesso dos negócios da empresa, usando informações
obtidas da alta direção da empresa e do plano de negócios; 2) com base nessas informações,
a missão e os objetivos principais são formulados para as funções dos sistemas de
informações; 3) é feita, então, uma análise dos processos de negócio e é desenvolvida uma
arquitetura das informações, de acordo com os requisitos do processo de negócio; 4)
subseqüentemente, a arquitetura das informações é mapeada contra os sistemas legados, e
uma série de planos em diferentes níveis estratégico, táticos e operacionais são
formulados.
Como já foi mencionado acima, TI pode trazer grandes vantagens competitivas. Segundo
DEHNING e STRATOPOULOS (2003), porém, essas vantagens podem durar pouco
tempo, pois com os recursos tecnológicos atuais, a concorrência consegue sobrepô-las com
certa rapidez. Eles afirmam ainda que isso pode ser feito no campo da infra-estrutura e dos
sistemas de informações, mas a concorrência não consegue o mesmo êxito no nível do
gerenciamento de TI. Por conseguinte, esse é o grande desafio das empresas para ter
vantagem competitiva a longo prazo com o uso de TI, ou seja, ter uma forma de
gerenciamento de TI adequada à estrutura organizacional da empresa. Essa conclusão se
baseia em quatro conjuntos de habilidades do gerenciamento de TI, que seguem:
- a habilidade de gerenciar a técnica, assim como os riscos de mercado associados com os
investimentos em TI;
- a experiência acumulada de longo tempo no ambiente de negócio no qual a empresa
opera;
- as habilidades de gerenciamento de TI são tácitas e ambíguas;
19
- as habilidades de gerenciamento de TI são o resultado de um processo socialmente
complexo.
Em função dessa necessidade de se ter um gerenciamento de TI adequado para obter um
diferencial competitivo, AGARWAL e SAMBAMURTHY (2002) propuseram alguns
princípios e modelos para organizar a área de TI. Os princípios são os seguintes:
A) Organizar TI para encorajar a co-evolução com o restante do negócio. Co-evolução é
definida como a capacidade de TI e dos negócios desenvolverem interatividade e
reciprocidade o tempo todo, ou seja, de evoluírem juntos no sentido de TI conhecer as
necessidades do negócio, provendo os serviços e sistemas necessários para atendê-las e
propor o uso de novas ferramentas que melhorem o negócio, através das novas tecnologias
que surgem a cada dia. E o negócio, por sua vez, refere-se a conhecer as potencialidades de
TI de forma efetiva, facilitando o alinhamento entre TI e o negócio.
B) Organizar TI para encorajar o crescimento da rede de relacionamento para visão,
inovação e compras.
B.1 Visão: Fomenta o compartilhamento das visões do papel de TI, entre o negócio e TI.
Por exemplo, compartilhar o papel de TI segundo o que SCHEIN (1992, apud AGARWAL
e SAMBAMURTHY, 2002) descreveu: o papel de TI representa a automação, a melhoria
da informação para comandar e controlar; representa ainda a distribuição efetiva da
informação, para promover a descentralização, espalhar o poder e transformar a
organização usando TI para remodelar a competição ou a natureza da indústria.
B.2 Inovação: Diz respeito ao fortalecimento da rede de relacionamento entre os
executivos de negócios e TI, com o propósito de fomentar a colaboração entre eles. Essa
20
rede pode ser materializada em: conselhos de executivos, conselho de gerenciamento de TI,
gerentes de contas etc.
B.3 Compras: Refere-se ao desenvolvimento da rede de relacionamento entre os
executivos de TI e os parceiros externos, com o intuito de incrementar a colaboração entre
partes internas e externas, quanto às negociações e ao gerenciamento eficiente do dia-a-dia,
ou seja, realmente promover parcerias em que todos ganhem o tempo todo.
C) Organizar TI para gerenciar explicitamente oitos processos (vide tabela 1) que podem
ser classificadas assim:
C.1) Processos básicos: Fundamentam todos os outros. São eles: gerenciamento de infra-
estrutura, gerenciamento de capital humano, gerenciamento de relacionamento. Esses
elementos estão no coração de como as funções de TI podem contribuir para seus negócios
terem diferenciais estratégicos e incrementar inovações contínuas através de TI.
C.2) Processos primários: São responsáveis por transformar as capacidades fundamentais
em aplicações e serviços; são eles: aplicação de inovação, implementação das soluções,
serviços em geral. Essa é a linha de frente de TI. É nesses processos que a comunidade
usuária percebe o valor de TI e interage com ela, identificando a qualidade, sua
contribuição e a sua efetividade.
C.3) Processos Secundários: São importantes para o bom funcionamento das funções de TI.
São eles: planejamento estratégico e gerenciamento financeiro.
21
Processos Descrição Exemplos de opções
organizacionais
Gerenciamento de
infra-estrutura
Gerenciamento geral de infra-estrutura, englobando
parque de computadores, redes, bancos de dados etc.
Responsável também pelo estabelecimento dos
padrões de tecnologia que deverão ser utilizados.
- Centralizado.
- Terceirizado.
- Alugado.
Gerenciamento de
capital humano
Identifica os perfis de profissionais necessários para
área de TI, tanto em nível tecnológico como de
negócios. É responsável também por adquirir,
desenvolver e reter talentos de TI.
- Centros de excelência.
Básicos
Gerenciamento de
relacionamento
Responsável por desenvolver parcerias com os
clientes internos, com os fornecedores e aprofundar
o compartilhamento das visões e dos papéis de TI,
gerenciando as expectativas dos
stakeholders
.
- Conselhos formais e times
multifuncionais.
- Rotação do pessoal.
- Alianças dos times de
gerenciamento.
- Relacionamento informal
um a um.
Aplicação de
inovação
Análise das oportunidades estratégicas de utilização
de TI, concebendo caminhos em que TI pode ser
usado para fortalecer: as competências dos
negócios, o relacionamento com os clientes e a rede
de parceiros dos negócios.
- Centralizado, com gerentes
de contas por unidades
individuais.
- Centralizado, com
espelhamento de imagem nas
unidades por negócio.
- Descentralizado.
- Federalizado.
Implementação das
soluções
Análise das necessidades de TI que o negócio tem, e
concepção de aplicações de sistemas de informação,
e implementação e manutenção dessas aplicações.
Inclui o desenvolvimento interno, externo e a
integração de pacotes de
softwares
.
- Centralizado.
- Federalizado.
- Terceirizado.
- Subsidiária de TI
independente.
Primários
Serviços em geral Disponibilização dos serviços de TI em geral, assim
como
data center
e serviços de
helpdesck
e
gerenciamento dos computadores para todos os
usuários da empresa.
- Centralizado.
- Descentralizado.
- Terceirizado.
Planejamento
estratégico
Estabelecimento de estratégias de negócios
confiáveis e de como a estratégia de TI irá suportar
o negócio.
- Centralizado.
- Federalizado.
Secundários
Gerenciamento
financeiro
Estruturando o acordo de nível serviço (SLA),
acompanhando e fazendo o
benchmarking
de custo
dos serviços de TI e o desenvolvimento da análise
dos casos de negócios e a análise do retorno dos
investimentos feitos em TI em geral.
- Centralizado.
Tabela 1 Os oitos processos utilizados para gerenciar TI
Fonte: AGARWAL e SAMBAMURTHY, 2002, p. 8.
22
A tabela 2 resume os três modelos de organização de TI propostos por AGARWAL e
SAMBAMURTHY (2002), mostrando como cada modelo contribui para suportar os
diferentes papéis de TI, analisando em cada um o nível do posicionamento estratégico de
TI, suas características, e em que tipos de empresas tais modelos são aplicáveis.
Modelos
Parceria Plataforma Escalonável
Posicionamento
Estratégico de TI
TI é uma parceira ativa na
inovação do negócio.
TI provê as vantagens,
serviços e recursos para
inovação do negócio na
empresa.
TI provê recursos
flexíveis e escalonáveis
para o negócio.
Características
dos modelos
- A liderança da inovação do
negócio com o uso de TI é
feita através de um órgão
específico.
- A direção geral de TI
catalisa as inovações na área
através de consultorias
estratégicas.
- Foca três tipos de custos:
- Aplicações;
- Infra-estrutura;
- Serviços.
- A hierarquia é dupla e
matricial.
- Direção geral de TI
estruturada para atingir
escalabilidade e uma
infra-estrutura flexível.
- Os responsáveis pela
inovação do negócio
com o uso de TI são os
executivos seniores do
negócio.
- Os gerentes de contas
promovem a ligação
entre TI e as unidades
de negócio.
- Organização de TI
centralizada por setor:
- Vantagem na
utilização de troca
entre as unidades.
- Estruturas de
centros de
excelência para o
capital humano.
- Forte presença de TI
nas unidades de
negócios.
- Arranjos de múltiplos
fornecedores.
- Escalonando os
recursos variáveis por
necessidade.
Onde esses
modelos
funcionam?
- Quando há necessidade de
promover inovações de
negócios através do uso de
TI.
- Quando falta aos executivos
do negócio um profundo
entendimento de TI.
- Em organizações com
múltiplos negócios
relacionados.
- Em organizações onde a
liderança de TI é forte e com
um histórico de
confiabilidade e
credibilidade.
- Em negócios
globalizados com
múltiplas linhas de
negócios.
- Forte nível de
conhecimento de TI
entre os gerentes de
negócios. Mais
freqüentes em
setores de alta
tecnologia.
- Em negócios
globalizados que
tenham linhas de
negócios
relacionadas.
- Indústrias cíclicas.
Tabela 2 Resumo dos três modelos de organização de TI
Fonte: AGARWAL e SAMBAMURTHY, 2002, p. 4.
23
3.3 ALINHAMENTO ENTRE TI E NEGÓCIOS
O êxito do uso de TI nas organizações é efetivo quando o seu uso está alinhado com as
estratégias empresariais, com objetivo de alcançar competitividade, e não somente focada
na utilização eficiente de hardware, software ou metodologias de programação (PORTER e
MILLAR, 1985; FERNANDES e ALVES, 1992, apud REZENDE, 2003). É essa
competitividade que proporciona o aumento de visibilidade, eficiência e lucratividade das
empresas para que elas possam se sustentar e ter sucesso (LUFTMAN e BRIER, 1999,
apud FARREL, 2003).
Em função dessa necessidade, diversas pesquisas foram feitas sobre alinhamento entre TI e
negócios. Nesses estudos, podemos encontrar várias definições para alinhamento
estratégico entre negócios e TI. TEIXEIRA JÚNIOR e PONTE (2003) argumentaram que o
alinhamento entre as estratégias de negócios e as estratégias TI é o grau de compatibilidade
e sinergia entre essas estratégias, adequando as prioridades, capacidades, decisões e ações
da área de TI para apoiarem todas as unidades da organização. Já REICH (1992, apud
BRODBECK e HOPPEN, 2003) afirma que o alinhamento entre essas estratégias é o grau
pelo qual a missão, suas metas e planejamento de TI refletem e são ancorados pela missão,
as metas e planejamento do negócio, e vice-versa. Dessa forma, esses autores tratam do
alinhamento entre TI e negócios no nível do planejamento estratégico.
Já HENDERSON e VENKATRAMAN (1993, apud TEIXEIRA JÚNIOR e PONTE, 2003)
afirmam que o alinhamento entre as estratégias de negócios e as de TI caracteriza-se como
a integração entre essas estratégias e suas infra-estruturas, ou seja, é o grau em que as
24
necessidades do dia-a-dia do negócio estão sendo atendidas pelos serviços de TI. Sendo
assim, esses autores tratam do nível estratégico do alinhamento e também da
operacionalização do alinhamento entre TI e negócios.
Neste trabalho, seguiram-se as definições de REICH (1992, apud BRODBECK e
HOPPEN, 2003) e CHAN (2002). Entende-se, então, por alinhamento no nível estratégico
entre negócios e TI o grau em que a missão, objetivos e os planos de TI suportam e são
suportados pela missão, objetivos e planos de negócios. Já o alinhamento operacional entre
TI e negócios é definido como o grau em que as necessidades do dia-a-dia do negócio estão
sendo atendidas pelos serviços de TI, em função da compatibilidade da infra-estrutura de TI
com as necessidades das áreas de negócios da empresa (CHAN,2002; HENDERSON e
VENKATRAMAN (1993, apud TEIXEIRA JÚNIOR e PONTE). Em particular, este
estudo tem por foco o alinhamento operacional.
Segundo CHAN (2002), as teorias existentes sobre alinhamento da estratégia de negócios e
a estratégia de TI concentram-se primariamente nas estruturas formais das organizações,
não contemplando o compartilhamento de valores, evolução dos papéis e novas
tecnologias, o que resulta numa visão pobre do alinhamento. Segundo ainda o mesmo autor,
todos os elementos da empresa - ideologia, estratégia, estrutura, processos, premiações e
pessoas - devem estar no alinhamento.
Além disso, o alinhamento não pode ser um evento único e estático, pois dessa forma não
suportaria as mudanças das necessidades, dos objetivos e das estratégias que acontecem
constantemente nas organizações. Ele precisa ser contínuo e dinâmico para suportar, de
25
forma adequada, toda a organização ao longo do tempo (BRODBECK e HOPPEN, 2003).
Sendo assim, a sua operacionalização é de suma importância, e a gestão de TI é
fundamental para efetivá-la, pois é essa gestão que faz a operacionalização acontecer no
dia-a-dia (SORTICA, CLEMENTI, CARVALHO, 2004).
Saliente-se, ainda, o resultado da pesquisa que CHAN (2002) realizou em oito empresas
buscando identificar quais as técnicas que elas utilizavam para monitorar e melhorar o
alinhamento entre negócio e TI e a performance dos sistemas de informação. A autora
conclui que as estruturas informais das empresas podem ser o aspecto com contribuição
mais duradoura para o alinhamento, enquanto as estruturas formais podem ser mais
passageira.
Segundo KING (1988, apud BRODBECK e HOPPEN, 2003), o alinhamento estratégico é
atingido quando as estratégias de TI, ou seja, que sistemas de informações a serem
implementados, quais os objetivos TI e suas obrigações, são derivadas das estratégias
organizacionais (missão e objetivos) da empresa. Outra questão relativa ao êxito do
alinhamento afirma que o objetivo primário do planejamento dos sistemas de informações é
estar alinhado com o plano de estratégia de negócios (BENSON e PARKER, 1985; EARL,
1989, apud PREMKUMAR e KING, 1994).
Uma conseqüência do alinhamento entre TI e negócio é que, quanto mais um sistema de
informação está alinhado com os objetivos de negócios da empresa, mais sua importância é
percebida (BROADBENT e WEILL, 1993; EARL, 1989; HENDERSON e
VENKATRAMAN, 1993, apud WEILL e VITALE, 1999). Geralmente, o grau de
26
importância do sistema determina o montante de recursos que deverão ser investidos nele
para que assim ele atinja seus objetivos (BROADBENT e WEILL, 1993; EARL, 1989;
HENDERSON e VENKATRAMAN, 1993, apud WEILL e VITALE, 1999).
Conforme mencionado anteriormente, o grau de compatibilidade entre a infra-estrutura de
TI e as necessidades dos negócios das empresas define o nível de alinhamento operacional
entre TI e negócios. Na medida em que se trata do foco do presente estudo, faz-se adequado
detalhar esse nível de alinhamento nas próximas seções.
3.3.1 Alinhamento operacional e sua avaliação
O alinhamento operacional entre TI e negócios é definido como o grau em que as
necessidades do dia-a-dia do negócio estão sendo atendidas pelos serviços de TI, em função
da compatibilidade da infra-estrutura de TI com as necessidades das áreas de negócios da
empresa (CHAN,2002; HENDERSON e VENKATRAMAN (1993, apud TEIXEIRA
JÚNIOR e PONTE).
Existe pouca literatura sobre alinhamento operacional entre negócios e TI, o que existe trata
mais do alinhamento estratégico. Dentre essas teorias sobre alinhamento estratégico entre
negócio e TI, destacam-se alguns trabalhos que se descrevem a seguir.
Em seu trabalho sobre arquitetura de TI, ROSS (2003) afirma que para algumas empresas
essa arquitetura é uma ferramenta de alinhamento de TI e estratégia de negócios. Tal
alinhamento é focado nos componentes de TI que estão disponíveis para os processos
27
críticos de negócio. Assim, arquitetura de TI é a lógica organizacional que guia a
disponibilização de aplicações, dados e tecnologia de infra-estrutura, com o propósito de
viabilizar a estratégia de negócios das empresas.
A figura 1 resume a evolução dos tipos ou estágios da arquitetura de TI e suas principais
características. Cada estágio define a relação entre os executivos de negócios e TI, e entre
arquitetura de TI e estratégia de negócios (ROSS, 2003). Na parte vertical da figura 1 estão
classificados os estágios da arquitetura e na parte horizontal estão descritas as
características de cada um deles.
Características dos estágios de arquitetura
Estruturas das
Aplicações
Tecnologia
Padronizada
Dados
Racionalizados
Modular
Capacidade TI
Aplicações não
integradas, isoladas.
Os softwares
básicos
padronizados.
TI focada no
processo principal
do negócio.
Módulos de
viabilização de
extensões de
modelos de
negócios.
Foco do
Gerenciamento de
Inovação
Tecnologia
permitida troca de
gerenciamento.
Gerenciamento da
padronização e
exceções.
Reconhecendo a
essência do negócio.
Práticas facilitando
reusabilidade.
Forma de análise
dos casos de
Negócios por TI
ROI das aplicações. Reduzir custos;
Interporabilidade.
Melhoria da
performance do
negócio; integração.
Velocidade para
mercado; agilidade
estratégica.
Foco do Controle
Controle local. Alta direção;
suporte do CIO.
Alta direção, TI, e
processo de
liderança.
Alta direção, TI,
processo e liderança
local.
Foco das questões
de Governança
Estimar, medir,
comunicar valor.
Estabelecer
padrão, exceções
& processo de
recursos
financeiros (local,
regional, global).
Determina
processos
core
e
prioridades de
recursos financeiros.
Define fronteiras
por experiência do
negócio.
Figura 1 - Características dos estágios de arquitetura
Fonte: ROSS, 2003, p. 41.
WEILL e VITALE (1999) sugerem uma metodologia de avaliação da saúde do portfólio
dos sistemas de informações para melhorar o nível de alinhamento entre estratégia de
28
negócios e investimentos em TI. Problemas deste tipo de alinhamento podem levar ao
desenvolvimento de sistemas que não provêem as informações necessárias para subsidiar
decisões executivas e promover o alcance dos objetivos estratégicos. Essa metodologia
consiste em levantar a situação atual do alinhamento, para em seguida identificar os
padrões de relacionamento entre negócio e TI, para então identificar como a empresa
atingiu o estágio, mais precisamente levantar os problemas existentes, para a seguir
identificar o que fazer sobre a situação atual.
SEGARS e GROVER (1998), propuseram outra metodologia para avaliar o planejamento
estratégico de TI. Devem-se avaliar as seguintes dimensões:
1) Alinhamento da estratégia de TI com a estratégia de negócios;
2) Análise do entendimento dos processos, procedimentos e tecnologias do negócio;
3) Cooperação entre os grupos de usuários final e dos gerentes dos negócios, para atingir
os resultados esperados;
4) Capacidade de melhoria do plano de sistemas de informação em relação a mudanças
necessárias.
Essas dimensões podem ser úteis para guiar esforços de racionalização e refinamento do
processo de planejamento. Além disso, a análise pode ajudar no diálogo e coordenação dos
planejadores.
TEO e KING (1997), em sua pesquisa sobre a evolução da integração entre planejamento
de negócios e planejamento de sistemas de informação, confirmaram a existência de um
padrão de evolução que classificam em quatro tipos: integração administrativa, integração
29
seqüencial, integração recíproca e integração total. Em seu estudo constataram que poucas
empresas atingiram a integração total.
De acordo com SORTICA, CLEMENTI, CARVALHO(2004), na metodologia COBIT, que
foi descrita no item 3.3.2, também é contemplada a questão de auditoria, que é feita por
relatórios de avaliação do nível de maturidade nas empresas. Esses relatórios servem para
avaliar em que patamar a empresa está quanto ao nível da utilização da metodologia
COBIT, que, como já foi mencionado, trata do alinhamento entre negócios e TI em âmbito
operacional. Essa avaliação é feita classificando a empresa nos seguintes níveis de
maturidade:
- Inexistente - não foram implementados processos de gerenciamento e governança de
TI;
- Inicial há processos, mas sem organização, executados de forma não planejada;
- Repetível há procedimentos que são repetidos de modo intuitivo, dependendo das
pessoas envolvidas;
- Definido há um processo formal realizado, documentado e comunicado na
organização;
- Gerenciado existem métricas de desempenho das atividades dos processos do COBIT,
sendo monitorados constantemente;
- Otimizado as melhores práticas de mercado e automação são utilizadas para melhoria
contínua da gestão de TI na organização.
LUFTMAN(2003) também propôs um modelo de avaliação do nível de maturidade das
relações entre TI e o negócio. Ele apresenta um roteiro para melhorar essas relações, com o
30
intuito de agregar valor aos negócios (LUFTMAN, 2003, apud TEIXEIRA JÚNIOR e
PONTE, 2003). LUFTMAN sugere que os níveis de maturidade engloba seis constructos,
definidos da seguinte maneira (LUFTMAN, 2000; TEIXEIRA JÚNIOR e PONTE, 2003):
1 Maturidade das comunicações: Mede o nível das trocas de idéias e o entendimento claro
do que é necessário para garantir estratégias de sucesso. Avalia o entendimento do negócio
por TI; o entendimento de TI pelo negócio; comunicação inter/intra-organizacional;
aprendizado, rigidez de protocolo; compartilhamento de conhecimento; e efetividade das
ligações entre negócio de TI.
2 Maturidade das medidas de valor/competências: Identifica se existem indicadores que
demonstrem o valor da contribuição de TI para os negócios, que todos entendam a fim de
que possam tomar decisões baseados nesses indicadores. Avalia métricas de TI; métricas do
negócio; métricas balanceadas; SLAs; avaliação/revisão formal e continuidade de
melhorias.
3 Maturidade de governança: Mede se as prioridades e alocações de recursos são
revisadas periodicamente pelas pessoas de negócios e de TI. Avalia o planejamento da
estratégia de negócios, do planejamento estratégico de TI na organização; a estrutura e o
controle orçamentário; gerenciamento do investimento de TI; como são os níveis de
autoridade do processo decisório e o processo de priorização.
4 Maturidade da parceria: Avalia o papel da área de TI na definição das estratégias de
negócios, incluindo a percepção do negócio do valor de TI; papel da TI no planejamento
estratégico do negócio; compartilhamento de objetivos, riscos, premiações e penalidades;
relacionamento, grau de confiança entre o pessoal negócio e o pessoal de TI.
5 Maturidade do escopo e da arquitetura: Mede como TI está em atividades de
back office
e de frente da organização; sua atuação como apoio, e com uma infra-estrutura flexível e
31
clara para todos os parceiros de negócios e clientes, avaliando e aplicando efetivamente as
tecnologias emergentes; se facilita ou orienta os processos e estratégias de negócio,
provendo soluções customizadas aos requisitos dos clientes.
6 Maturidade das habilidades: Mede a cultura do ambiente social da organização, indo
além das questões tradicionais sobre treinamento, salário, feedback de desempenho e
oportunidades de carreira.
A classificação dos níveis de maturidade em que as empresas se encontram, segundo esse
modelo, é feita da seguinte forma (LUFTMAN, 2003, apud TEIXEIRA JÚNIOR e
PONTE, 2003, p. 7):
Nível Descrição
1 Processo inicial / Ad Hoc: imprevisível, sem controle, não harmonizado.
2 Processo disciplinado: a organização está comprometida com o objetivo do
alinhamento.
3 Processo focado, estabelecido, padronizado, consistente com os objetivos de
negócios.
4 Processo gerenciado/melhorado: processo previsível e controlado; reforça-se o
conceito da TI como um “centro de valor”.
5 Processo otimizado, aperfeiçoado planejamento de negócios e TI integrados.
Figura 2 Níveis de maturidade do alinhamento entre negócio e TI
Fonte: LUFTMAN, 2003, apud TEIXEIRA JÚNIOR e PONTE, 2003, p. 7
No decorrer do trabalho, a empresa estudada será avaliada de acordo com essa
metodologia, dado que combina melhor com o tipo de avaliação que se deseja fazer, na
medida em que trata dos aspectos sociais do alinhamento. Por exemplo, ela avalia o nível
de maturidade das comunicações, medindo o compartilhamento de conhecimentos e da
efetividade dos relacionamentos.
32
3.3.2 Implementação e manutenção do alinhamento operacional
Há várias metodologias de gerenciamento de sistemas de informação que visam promover o
alinhamento operacional. Atualmente, dentre essas destacam-se as metodologias COBIT e
ITIL, que são descritas brevemente abaixo:
COBIT
Control Objectives for Information and Related Technology
para ser a base da
governança tecnológica. Foi criada pelo ISACA (
Information Systems Audit and Control
Association
)
,
através do IT
Governance Institute
. O ISACA é uma entidade que tem por
finalidade pesquisar, desenvolver, publicar e promover um conjunto atualizado de padrões
internacionais de boas práticas referentes ao uso de TI, englobando qualidade de software,
níveis de maturidade e segurança da informação (SORTICA, CLEMENTI, CARVALHO,
2004).
COBIT define governança tecnológica como um conjunto de processos estruturados e
relacionados para dirigir e controlar o uso de TI, para que essa possa agregar valor, tendo os
seus riscos controlados, no intuito de as empresas atingirem seus objetivos corporativos.
Considera a área de TI fundamental para a gestão administrativa e estratégica das
organizações, e não como um mero suporte. Dessa forma, o objetivo principal do COBIT é
tornar disponível um conjunto de políticas e boas práticas de controle da área de TI
(SORTICA, CLEMENTI, CARVALHO, 2004; LAINHART IV, 2000), de forma que possa
prover as informações de que as organizações precisam para atingir seus objetivos.
O COBIT está dividido em quatro domínios, segundo (SORTICA, CLEMENTI,
CARVALHO, 2004; LAINHART IV, 2000):
33
- Planejamento e Organização: Onde são definidas as questões estratégicas de TI, como
por exemplo: arquitetura da informação, direcionamento tecnológico, investimentos,
riscos e gerência de projetos e da qualidade;
- Aquisição e Implementação: Trata da implementação das estratégias definidas pelo
planejamento, com destaque para as seguintes questões: soluções automatizadas a
serem (re)utilizadas; compra e manutenção de sistemas e de infra-estrutura;
desenvolvimento e mapeamento de procedimentos nos sistemas; instalação e gerência
de mudança;
- Entrega e Suporte: Define as questões operacionais do uso dos serviços de TI pelos
clientes, após os serviços terem sido entregues. É onde são tratados: os níveis de
serviços (SLA
Service Level Agreement,
que é o nível de atendimento dos serviços
acordados entre fornecedores e clientes); gerência de fornecedores integradas às
atividades, garantias de desempenho, continuidade e segurança de sistemas;
treinamento de usuários; alocação de custos de serviços; gerência de configuração;
gerência de dados, problemas e incidentes;
- Monitoração: Trata da validação da eficiência dos serviços de TI e do acompanhamento
dos seus desempenhos.
Dentro desses domínios, são tratados os 34 objetivos controlados pelo COBIT. A figura 3
relaciona os objetivos de cada domínio descrito anteriormente.
34
Objetivos do
Negócio
Informações
Efetividade
Eficiência
Confidencialidade
Integridade
Disponibilidade
Integridade
Recursos de TI
Dados
Sistemas de Aplicação
Tecnologia
Pessoas
Infra-estrutura
Entrega e Suporte
Monitoração
DS1 Definir e Gerenciar níveis de serviço
DS2 Gerencia serviços de terceiros
DS3 Gerenciar desempenho e capacidade
DS4 Garantir continuidade dos serviços
DS5 Garantir segurança de sistemas
DS6 Identificar e alocar custos
DS7 Educar e treinar usuários
DS8 Assistir e aconselhar clientes
DS9 Gerenciar a configuração
DS10 Gerenciar problemas e incidentes
DS11 Gerenciar dados
DS12 Gerenciar infra-estrutura predial
DS13 Gerenciar operações
M1 Monitorar os processos
M2 Identificar controles internos e
adequação
M3 Obter garantia independente
M4 Fornecer para auditoria independente
Aquisição e
Implementação
AI1Identificar soluções automáticas
AI2Adquirir e manter aplicações de software
AI3Adquirir e manter infra-estrutura tecnológica
ÀI4Desenvolver e manter procedimentos
AI5- Instalar e validar sistemas
AI6 Gerenciar Mudanças
Planejamento e
Organização
PO1 Definir o plano estratégico de TI
PO2 Definir a arquitetura da informação
PO3 Determinar a direção tecnológica
PO4 Definir a organização de TI e
relacionamentos
PO5 Gerenciar o investimento em TI
PO6 Comunicar objetivos gerencias e direção
PO7 Gerenciar recursos humanos
PO8 Garantir conformidade com requisitos
externos
PO9 Identificar riscos
PO10 Gerenciar projetos
PO11 Gerenciar qualidade
Figura 3 Os quatro domínios de processos do COBIT
Fonte: LAINHART IV, 2000, p. 23.
ITIL (
Information Technology Infrastructre Library)
foi desenvolvido pelo governo
britânico, tendo como objetivo principal a operação e a gestão da infra-estrutura de
tecnologia da organização, de forma que forneça os serviços de TI aos clientes com
qualidade e com custos justificáveis. Estabelece-se, assim, com sua adoção, uma relação
adequada entre os níveis de serviço prestados pela área de TI e os custos dos recursos de TI
envolvidos (SORTICA, CLEMENTI, CARVALHO, 2004; MARGULIUS, 2004). A figura
4 e a tabela 3 apresentam os processos do gerenciamento dos serviços definidos no ITIL e
como eles são divididos.
35
Os processos do ITIL
Figura 4 Os processos do ITIL
Fonte: SORTICA, CLEMENTI, CARVALHO, 2004, p. 7.
36
Tipos Processo Descrição
Gerenciamento de
Capacidades
Monitora os recursos e prevê com antecedência as
necessidades de uma capacidade nova.
Gerenciamento de
Finanças
Monitora os custos dos serviços TI, a fim de avaliar o
desempenho para cada nível de negócio.
Gerenciamento de
Disponibilidade
Garante a disponibilidade dos serviços de TI
necessários ao bom funcionamento dos negócios com
um custo adequado.
Gerenciamento de
níveis de serviço
Garante e monitora o acordo do nível de serviço
estabelecido entre o provedor destes e os usuários,
indicando o que compõe cada serviço e o respectivo
nível de qualidade necessário.
Entrega de
Serviços
Gerenciamento de
continuidade dos
serviços de TI
Prepara os planos de contingências para a solução de
emergências ou desastre, garantindo assim a
continuidade dos serviços em sistemas alternativos.
Service Desck
Serviço onde os usuários/clientes reportam seus
problemas e dificuldades. Servindo também como
interface de outras atividades, como: solicitações de
mudanças, contratos de manutenção, licenças de
software, acordos de níveis de serviço e
gerenciamento de configurações.
Gerenciamento de
incidentes
Tem por finalidade restabelecer a operação normal
dos serviços, quando da ocorrência de incidentes,
garantindo assim os melhores níveis de
disponibilidade dos serviços.
Gerenciamento de
problemas
Reconhece e remove erros do ambiente de TI, através
da análise dos incidentes registrados no respectivo
gerenciamento, para que os mesmos não voltem a
acontecer.
Gerenciamento de
configuração
Promove a ajuda do gerenciamento do ambiente de
TI, registrando em um banco de dados todas a
configurações de todos os componentes da infra-
estrutura de TI.
Gerenciamento de
mudanças
Monitora as mudanças de infra-estrutura de TI para
que elas sejam seguras e organizadas desde o
planejamento até a sua implementação.
Suporte de
serviços
Gerenciamento de
versões
Garante que apenas versões testadas corretas e
autorizadas de software sejam colocadas em
produção.
Tabela 3 - O detalhamento dos processos do ITIL
Fonte: SORTICA, CLEMENTI, CARVALHO, 2004, p.8
37
O Gerenciamento de Infra-estrutura de Tecnologia de Comunicações e de Informação
(TCI) cobre todas as questões referentes à infra-estrutura. Engloba: o projeto e o
planejamento relativos à criação e melhoria dos serviços de TCI; implantação dos projetos
elaborados no planejamento, com impacto mínimo nos processos de negócio; operação
associada à manutenção diária da infra-estrutura de TCI; e o suporte técnico estruturado,
para garantir os serviços implementados (SORTICA, CLEMENTI, CARVALHO, 2004;
MARGULIUS, 2004).
O Gerenciamento dos Serviços tem por finalidade principal garantir que os serviços de TI
estejam alinhados com as necessidades do negócio da empresa. Os processos de
gerenciamento de serviços estão subdivididos em entrega de serviços e suporte de serviços,
conforme descrito na tabela 3.
As metodologias
COBIT
e
ITIL
definem processos operacionais para a área de TI,
necessários para dar suporte ao negócio, mas assumindo a existência de um planejamento
estratégico prévio para a área e a organização. Assim, elas não tratam desse planejamento
em si, ou de como o alinhamento entre TI e negócio pode ser promovido no âmbito de suas
atividades.
Pode-se dizer, então, que as duas metodologias tratam basicamente de sistematizações de
formas de promover o alinhamento operacional entre TI e negócios, partindo do
pressuposto de que esse alinhamento deve existir nas organizações.
38
Na literatura sobre o alinhamento entre negócios e TI são relacionados inúmeros fatores
críticos de sucesso. De forma geral podem ser classificados em três grupos: técnicos,
organizacionais e sociais.
Os fatores técnicos são relativos à implantação de ferramentas ou disponibilização de
sistemas de informação, conforme pode ser verificado na tabela 4. Ressalta-se nesse tipo de
critério a necessidade de as pessoas de TI entenderem do negócio, como fator fundamental
do alinhamento. Acrescenta-se ainda que a
operacionalização efetiva do alinhamento entre
negócio, englobando infra-estrutura, processos e pessoas, e TI é melhor realizada por meio
da manutenção das bases de dados centralizadas e de tecnologia de processos integrada, que
eliminem a perda de informações e o retrabalho (
BRODBECK e HOPPEN, 2003).
Classificação Descrição Fonte
Instrumentação da
gestão
Consolidação de indicadores que reflitam a estratégia
da empresa .
BRODBECK e
HOPPEN,
2003
Sistemas
de informação
Os sistemas de informação devem ser capazes de
gerar informações apropriadas aos tomadores de
decisões de toda a organização no presente e no
futuro.
REZENDE,
2003
Operacionalização
das bases de
dados
É melhor realizada quando há bases de dados
centralizadas e de tecnologia de processos integrada.
BRODBECK e
HOPPEN,
2003
Competências dos
Gestores de TI
A competência sobre o negócio dos executivos de TI é
mais importante que a competência técnica.
TEO e
KING(1997),
Tabela 4 - Fatores críticos de sucesso técnicos
Os fatores organizacionais tratam dos aspectos inerentes à empresa propriamente dita,
englobando políticas, procedimentos, estrutura organizacional, recursos necessários para a
obtenção do alinhamento. Dentre essas, destaca-se a necessidade de a promoção do
alinhamento ser contínua e não estática. Como afirmam
BRODBECK e HOPPEN (2003),
39
deve-se prover a instrumentação da gestão, ou seja, gerar uma modelagem dos controles
operacionais e gerenciais dos negócios que consolide os indicadores que reflitam os
objetivos e as estratégias organizacionais e as respectivas metas. Tal modelo serviria como
uma ferramenta de avaliação e estímulo da aprendizagem e do melhoramento contínuo do
alinhamento.
Segue abaixo a tabela 5 com fatores classificados no critério organizacional:
Classificação Descrição Fonte
Abrangência A dimensão do alinhamento deve ser para toda a
empresa, e não só de TI ou só de negócios.
BRODBECK e
HOPPEN, 2003
Priorização Priorizar os projetos de TI adequadamente. LUFTMAN,
PAPP, BRIER,
1999
Entendimento
do negócio
TI tem que entender do negócio. LUFTMAN,
PAPP, BRIER,
1999
Planejamento
estratégico
Alinhamento é facilitado quando a qualidade do
planejamento estratégico é alta.
FARREL, 2003
Compras Deve haver uma metodologia de compras da área de
TI adequada à realidade da organização.
FARREL, 2003
Instrumentação
da gestão
Consolidação de indicadores que refletem a
estratégia da empresa.
BRODBECK e
HOPPEN, 2003
Treinamento O grau de treinamento exigido e oferecido aos
envolvidos no alinhamento deve ser alto.
BRODBECK e
HOPPEN, 2000
Divulgação da
estratégia
A missão, os objetivos e as estratégias de negócios
devem ser elaborados e dissiminados para todos os
participantes, no nível do contexto organizacional.
REZENDE, 2003
Planejamento de
TI
Estabelecimento das políticas e dos padrões de
gerenciamento da infra-estrutura, das informações,
dos
stakeholders
e de suas expectativas, e de compras.
FARREL, 2003
Recursos de TI Os recursos de TI devem ser adequados de forma a
sustentar os planejamentos de TI e de negócios, com
custos que justifiquem os beneficios.
REZENDE, 2003
Gerenciar os
serviços de TI
Devem-se gerenciar os serviços de TI, onde são
estabelecidos os padrões de infra-estrutura que são
medidos pelos SLAs.
FARREL, 2003
Tabela 5 - Fatores críticos de sucesso organizacionais
40
Gerenciamento
de informações
Deve-se gerenciar o uso da informação, como:
internet, intranet, ferramentas de relatórios e análises,
emails
,
ERP
,
Data Warehousing
, modelagem de
informações.
FARREL, 2003
Rotatividade de
pessoas
Baixa rotativade das pessoas nas empresas. BRODBECK e
HOPPEN, 2000
Remuneração
Quando as pessoas participantes do processo de
alinhamento têm uma remuneração adequada em
relação ao mercado e à organização.
REZENDE, 2003
Ajustes
organizacionais
A gestão do processo de mudança organizacional
deve ser viabilizada de maneira contínua, consistente
e íntegra, e a promoção do alinhamento deve ser
contínua e não estática.
REZEN
DE, 2002
e BRODBECK e
HOPPEN, 2003
Participantes do
planejamento de
TI e negócio
No planejamento estratégico de TI deve haver a
participação dos usuários e da alta direção, assim
como TI deve participar do plano estratégico da
empresa.
PREMUMAR e
KING, 1994;
LUFTMAN,
PAPP e BRIER,
1999.
Aprendizado
Identificar em cada organização o seu próprio
processo de desenvolvimento de capacidades e
competências essenciais de acordo com o seu
contexto.
REZENDE, 2003
Tabela 5 - Fatores críticos de sucesso organizacionais (continuação)
Os fatores sociais tratam principalmente do estabelecimento das relações entre as áreas de
negócios e TI, de forma a criar uma atmosfera de confiança e bem-estar entre todos os
participantes do processo do alinhamento. Destaca-se a afirmação feita por REZENDE
(2003), que são as pessoas que sustentam o alinhamento através de suas características e
atitudes, ou seja, dos seus valores humanos, éticos e morais, da sua proatividade, da sua
criatividade, da sua consistência, da sua participação, da sua perseverança em acertar e
contribuir para esse alinhamento.
Essa proposição é reforçada ainda pelas afirmações de REZENDE (2003) e REICH e
BENBASAT (1996), que o alinhamento é facilitado quando os profissionais envolvidos
conhecem o negócio, como também têm boas habilidades técnicas, comportamentais e
41
humanas. Dessa forma, a escolha dos membros participantes do estabelecimento do
alinhamento é outro fator social importante.
Pode-se, então, verificar que os fatores sociais do alinhamento envolvem a comunicação, o
comprometimento, habilidades gerenciais, entre outros, conforme apresentado na tabela 6:
Classificação Descrição Fonte
Relacionamentos Os participantes do alinhamento devem concentrar-se na
melhoria do relacionamento entre todos os envolvidos e
principais interessados, ou seja, das áreas de negócios, de
TI, dos gestores e da alta direção. Devendo haver um bom
relacionamento entre CEO e CIO.
LUFTMAN,
PAPP, BRIER,
1999; REZENDE,
2002; FARREL,
2003
Apoio da alta
direção
Deve haver a promoção e manutenção do suporte da alta
direção das empresas para com a área de TI.
LUFTMAN,
PAPP, BRIER,
1999
Liderança de TI TI deve demonstrar liderança, para que tenha o respeito da
organização.
LUFTMAN,
PAPP, BRIER,
1999
Cooperação e
participação
Trabalhar com mútua cooperação e participação no
desenvolvimento da estratégia.
LUFTMAN,
PAPP, BRIER,
1999
Parceria Negócio e TI devem ser parceiros. LUFTMAN,
PAPP, BRIER,
1999
Alinhamento a
nível social
É atingido quando os executivos de negócios e TI
entendem e estão comprometidos com a missão, os
objetivos e o planejamento de negócios e de TI.
REICH e
BENBASAT,
2000
Comunicação A comunicação deve ser eficaz entre as áreas de TI e as
áreas de negócios em todos os níveis, de forma que a área
de negócio entenda e aprecie TI.
REICH e
BENBASAT,
2000;
LUFTMAN,
PAPP, BRIER,
1999
Grau de sucesso de
TI
Quando o histórico de sucesso de TI é alto, a comunicação
e a integração entre os executivos de TI e de negócios é
facilitada.
REICH e
BENBASAT,
2000
Conhecimento Bom nível de compartilhamento dos conhecimentos do
negócio e de TI entre os participantes do processo de
alinhamento. Baseado na confiança e no respeito à opinião
de todos.
REICH e
BENBASAT,
2000; REZENDE,
2002
Integração Formação de cultura favorável à integração entre as áreas
de negócio e TI.
REZENDE, 2002
Motivação e
comprometimento
Deve ser fomentada a motivação, o envolvimento e o
comprometimento de todos os envolvidos.
REZENDE, 2002,
BRODBECK e
HOPPEN, 2000
Tabela 6 - Fatores críticos de sucesso sociais
42
Embora existam vários fatores críticos de sucesso de natureza diferente, acredita-se que os
aspectos sociais são os fatores mais importantes para a promoção do alinhamento entre
negócio e TI. LUFTMAN, PAPP e BRIER (1999) argumentam que o fator mais importante
para atingir o alinhamento é a existência de uma atmosfera de comunicação aberta e
honesta entre os participantes. Isso é reforçado ainda pela constatação de REZENDE
(2002) de que o alinhamento só acontece basicamente em função das competências e dos
valores das pessoas envolvidas. Dessa forma, este trabalho concentra-se nos fatores
relacionados aos grupos de trabalho voltados à promoção do alinhamento e à dinâmica de
relacionamento dos seus participantes, no contexto desses grupos. A próxima seção trata
desses tópicos em maior profundidade.
3.4 GRUPOS DE TRABALHO
Pode-se ressaltar a atual importância dos grupos de trabalho em função do seu crescente
uso nas empresas, como uma ferramenta de melhoria de competitividade (COHEN e
BAILEY, 1997). Uma pesquisa realizada em 1999, por exemplo, constatou que 72% das
empresas entre as 1000 classificadas na
US Fortune
tinham pelo menos um grupo de
trabalho autônomo (LAWLER III et al, 2001, apud CAVAZOTTE, 2002). Já GORDON
(apud COHEN e BAILEY, 1997) afirma que 82% das empresas americanas com mais de
100 empregados usam times de trabalho. Esse fato se justifica, porque os grupos de
trabalho, segundo alguns especialistas, tornam as organizações mais flexíveis e receptivas,
se comparadas às hierarquias tradicionais, pois eles otimizam o fluxo de informação,
facilitam a coordenação entre as funções e promovem o aprendizado organizacional
43
(KATZENBACH e SMITH, 1993 apud CAVAZOTTE, 2002; DESANCTIS e POOLE,
1997 apud CAVAZOTTE, 2002).
Na literatura existem várias definições de grupos de trabalho. Por exemplo DUBRING
(2003, p. 234) define grupo de trabalho como: “Uma reunião de pessoas que interagem
umas com as outras, trabalhando em um propósito comum e percebendo que são um
grupo.” Há um líder forte e focado, e as responsabilidades dos participantes são individuais,
ou seja, cada membro do grupo tem suas atribuições especificas (DUBRING, 2003).
KATZENBACH e SMITH (1993, apud, DUBRING, 2003) distinguem grupo de equipe de
trabalho, afirmando que este último é um tipo especial de grupo em que todos os membros
possuem habilidades complementares, além de conhecerem, entenderem e estarem
comprometidos com metas comuns. DUBRING (2003) afirma que, em equipes, a liderança
é compartilhada entre os seus participantes, e também caracterizam-se pela
responsabilidade individual e mútua, ou seja, cada membro tempo suas responsabilidades
especificas e também responsabilidade por todo o grupo atingir seus objetivos.
Já COHEN e BAILEY(1997) tratam grupo e time(equipes) como se fossem a mesma coisa.
Eles propõem a seguinte definição para um grupo de trabalho: “Um conjunto de indivíduos
que são interdependentes em suas tarefas, que dividem as responsabilidades dos resultados,
que vêem a si mesmo e que são vistos pelos outros como uma entidade social intacta
inserida a um ou mais sistema social maior (por exemplo, unidade de negócio ou a
corporação), e que gerenciam seus relacionamentos dentro dos limites da organização a que
pertencem” (COHEN e BAILEY, 1997, p. 241). Por exemplo, num grupo de trabalho de
44
produção, um membro pode passar o produto de seu trabalho para outro membro e ambos
são responsáveis pelo resultado final. Por essa definição, um departamento de engenheiros
elétricos onde cada engenheiro trabalha num projeto diferente não é um grupo, pois não
dividem a responsabilidade dos resultados e não são interdependentes (COHEN e BAILEY,
1997).
Comparando as definições acima de grupo de trabalho de DUBRING (2003) e a de
COHEN e BAILEY (1997), conclui-se que elas se equivalem em muitos pontos, embora
haja diferenças. Por exemplo, a interação entre os seus participantes mencionada pelo
primeiro autor equivale ao gerenciamento dos relacionamentos mencionadas por COHEN e
BAILEY (1997). O propósito comum citado por DUBRING (2003) pode ser equiparado à
divisão das responsabilidades dos resultados entre os participantes do grupo, descrita por
COHEN e BAILEY (1997). Embora a percepção dos participantes de que eles são um
grupo apareça nas duas definições, COHEN e BAILEY (1997) acrescentam ainda a
percepção do grupo das entidades externas ao mesmo.
Comparando a definição de equipes de trabalho de KATZENBACH e SMITH (1993, apud,
DUBRING, 2003) e a definição de grupo de trabalho de COHEN e BAILEY (1997), pode-
se afirmar também que as habilidades complementares dos seus membros, citada na
definição de equipes de trabalho, equivale à interdependência das tarefas citadas na
definição de COHEN e BAILEY(1997). KATZENBACH e SMITH (1993, apud,
DUBRING, 2003), contudo, acrescentam à sua definição o conhecimento, o entendimento e
o comprometimento das metas por todos os membros da equipe.
45
Tendo por base os conceitos descritos acima, define-se grupo de trabalho, nesta pesquisa,
como um conjunto de pessoas com habilidades complementares, que interagem umas com
as outras, desempenhando interdependentes tarefas, e que dividem a responsabilidade pelos
resultados e vêem a si mesmas e são vistas pelos outros como um grupo, conhecendo,
entendendo e estando comprometidas com metas comuns.
Existem várias classificações de grupos de trabalho diferentes. Algumas classificações
focam na natureza; outras, no objetivo/razão; e ainda existem as que estão baseadas na
estrutura organizacional do grupo. Quanto à classificação da natureza dos grupos de
trabalho, pode-se citar a classificação feita por DUBRING (2003) de grupo formal e
informal. O grupo formal é aquele que é estabelecido formalmente pelas empresas para
realizar uma tarefa específica e alcançar metas. Os grupos informais surgem com o tempo,
por meio de interação dos trabalhadores, geralmente para satisfazerem propósitos sociais ou
recreativos.
Quanto à classificação no nível do objetivo e da razão de o grupo existir, podem-se
destacar:
Grupo de trabalho contínuo O objetivo é a produção de bens e serviços; nele todos os
componentes trabalham continuamente e num local bem definido (ex., uma célula de
trabalho que produz um determinado componente de um produto). Tradicionalmente, é
gerenciado por uma pessoa específica, mas atualmente existem variações desse
gerenciamento, podendo o grupo ser autogerido ou autônomo. Nesse caso, as decisões e
o controle das atividades são divididos entre seus integrantes (COHEN e
46
BAILEY,1997). As empresas têm implementado grupos de trabalho autogeridos para
reduzir custos e melhorar a produtividade e a qualidade (COHEN e BAILEY,1997).
Grupos de projetos de tempo limitado conjunto de pessoas reunidas para desenvolver
um projeto específico, por tempo limitado, aplicando conhecimentos e
expertises
específicas (ex., time de especialistas envolvidos no desenvolvimento de um novo
produto) (COHEN e BAILEY, 1997).
Grupos paralelos ou grupos multifuncionais Conjunto de pessoas de diferentes
unidades de trabalho ou de diferentes funções que se reúnem para resolver questões
específicas, juntando os talentos de todos os participantes para esse fim. Eles,
literalmente, existem em paralelo à estrutura organizacional formal. São exemplos os
times de melhoria de qualidade, as forças-tarefa e os ciclos de qualidade (COHEN e
BAILEY, 1997); DUBRIN(2003). Dentro dessa classificação, pode-se acrescentar o
grupo de afinidade citado por DUBRIN(2003), que se caracteriza pelo envolvimento
dos empregados, formado por trabalhadores de nível profissional ou conhecimento, que
buscam oportunidades de resolver problemas que afetam o grupo ou a organização.
Grupos de gerenciamento conjunto de pessoas que coordenam e/ou dirigem unidades
de negócios compartilhando a condução e a direção das organizações, podendo ser
também de nível lateral, ou seja, integrando unidades de negócios além dos seus
próprios limites. Esses times podem ajudar as empresas a conseguir vantagens
competitivas através da aplicação de
expertise
coletiva, integrando esforços díspares e
dividindo a responsabilidade pelo sucesso da empresa. (COHEN e BAILEY, 1997;
DUBRIN, 2003).
47
Quanto à classificação no nível da estrutura organizacional do grupo, destacam-se os
grupos autogeridos, sendo que o nível dessa autogerência difere de empresa para empresa.
Alguns são criados para projetos específicos. Esses grupos têm um líder e são responsáveis
por toda a operacionalização dos seus objetivos e tarefas, indo desde a contratação de
pessoas até as premiações das mesmas (MAIN, 1998 e KIRSNER, 1998). Já em outras
empresas, os grupos são limitados a trabalhos específicos, não sendo responsáveis por
contratação, remuneração ou premiação. Nesse caso, funcionam mais como as equipes
multifuncionais descritas anteriormente, ou seja, trabalham numa tarefa específica e os seus
membros continuam subordinados a um órgão da organização (BUCKENMEYER, 1996).
3.4.1 Desenvolvimento de grupo
Segundo HEINEN e JACOBSON (1976) e TUCKMAN e JENSEN (1977, apud DUBRIN,
2003), os grupos de trabalho passam por cinco estágios de desenvolvimento, que estão
descritos abaixo:
O primeiro estágio é chamado de formação, caracterizando-se pela curiosidade e
ansiedade de saber o que o grupo deve realizar e que regras deve seguir. Confusão e
cautela são elementos típicos dessa fase.
O segundo estágio é chamado de tempestade. Nele, os estilos pessoais entram em
conflito, e há também a formação de coalizões e facções. Hostilidade, brigas internas,
tensões e confrontações são características típicas desse estágio. Existem, contudo,
grupos que se caracterizam por um clima de harmonia desde o seu início, pulando,
assim essa fase.
48
O terceiro estágio é chamado de normação. Após as confusões iniciais, vem a calmaria,
com o estabelecimento das regras e normas que todos devem seguir. A coesão e o
comprometimento começam a ser desenvolvidos. O grupo começa a funcionar como
uma unidade e a harmonia se estabelece. Essas normas podem surgir de três fontes: o
próprio grupo; normas oriundas da organização e códigos de conduta profissional; e
membros influentes que inspirem o grupo a melhorar o desempenho ou comportamento.
O quarto estágio é chamado de desempenho. Nesse momento, o grupo está pronto para
desempenhar seu papel plenamente. O grupo se torna uma unidade e funciona bem.
Questões envolvendo relações interpessoais e designação de tarefas ficam em segundo
plano. É nesse estágio que a motivação e a criatividade ficam em evidência.
O quinto estágio é o do encerramento. Ele ocorre quando a tarefa para a qual o grupo
foi designado foi cumprida. É muito comum em grupos de trabalho temporários, do tipo
grupo de projeto de tempo limitado. Os relacionamentos e os entendimentos
estabelecidos entre os participantes do grupo podem ser aproveitados em outros grupos
de que venham a participar.
Ainda segundo os mesmos autores, o grande papel dos gerentes e líderes dos grupos é
ajudá-los a passar o mais rapidamente possível pelos três primeiros estágios, resolvendo os
problemas que por ventura surgirem nesse período.
3.4.2 Modelo de desempenho
COHEN e BAILEY (1997) propuseram uma abordagem para avaliar a eficácia dos grupos
de trabalho, e o mesmo será utilizado para analisar a estrutura e a dinâmica de
49
funcionamento do grupo que é objeto deste estudo. Os referidos autores aplicaram seu
modelo de forma diferente em diferentes tipos de grupo de trabalho. Nesta seção, vão-se
discutir os aspectos gerais desses vários estudos. Esse modelo de COHEN e BAILEY está
apresentado na figura 5.
Estrutura
Características de
autoridade:
Ex.: Potência, autonomia,
interdependência.
Composição dos grupos:
Ex.: Tamanho, qualidade,
diversidade.
Contexto Organizacional
Ex.: Recursos:
recompensas,
supervisão, treinamento
Fatores Ambientais
Ex.: Características da
indústria e
turbulências.
Processos
Internos/Externos:
Ex.: Conflitos,
comunicação.
Traços
Psicosociais
Ex.: Normas,
coesão,
afetividade,
cognição.
.
Eficácia
- Resultado da Performance
Ex.: Qualidade, produtividade.
- Resultado das Atitudes:
Ex.: Satisfação do trabalho,
confiança.
- Resultado Comportamental:
Ex.: Turnover, absenteísmo.
Note: As variáveis listadas em cada categoria, são somente exemplos e não uma lista completa.
Figura: 5 - Modelo heurístico de eficácia de grupos de trabalho
Fonte: COHEN e BAILEY, 1997, p. 244.
Passa-se, então, a detalhar esse modelo, que está dividido em fatores ambientais, estruturas,
processos internos/externos e traços psicossociais.
50
Fatores ambientais são as características do ambiente em que a empresa está inserida, ou
seja, as características da indústria (COHEN e BAILEY, 1997). Por exemplo, na indústria
de revisão de turbinas aeronáuticas, as empresas geralmente têm poucos clientes, pois os
serviços normalmente são longos e o volume de recursos financeiros envolvidos, tanto por
parte do cliente como da empresa revisora, é muito alto. Outra característica desse ramo de
atividade é a rigidez dos órgãos homologadores dos serviços, pois qualidade e segurança
são pontos fundamentais. Além disso, a indústria é marcada por turbulências, como, por
exemplo, a crise da aviação provocada pelo atentado de 11 de setembro de 2001. A crise
atingiu todas as empresas do ramo de revisão de turbinas aeronáuticas, sendo que muitas
delas tiveram que ser fechadas (COHEN e BAILEY, 1997).
Estrutura, que é dividida em:
Características de autoridade: Segundo COHEN e BAILEY (1997) e DUBRIN (2003),
os grupos devem ter poder para resolver uma série de problemas sem a necessidade da
autorização de sua gerência. Ainda segundo esses autores, esse poder é obtido através
dos seguintes fatores:
o
potência que é o grau de autoconfiança do grupo, que o leva a um alto grau de
comprometimento;
o
autonomia refere-se ao nível de liberdade, discrição e controle que os grupos
experimentam;
o
interdependência das tarefas para que os membros possam realizar seus
trabalhos interagindo uns com outros;
o
interdependência das metas no qual as metas individuais são subordinadas às
do grupo. Essa característica eleva o senso de responsabilidade do grupo.
51
Composição dos grupos: Ainda segundo COHEN e BAILEY (1997) e DUBRIN
(2003), existe uma variedade de fatores relacionados à composição dos grupos. Dentre
eles, podem-se destacar:
o
tamanho dependendo do tipo de grupo, o tamanho deve variar;
o
qualidade quanto melhor for a qualidade, em termos de inteligência e
personalidade construtiva (pessoas tenazes que buscam sempre alcançar os
objetivos e também são colaborativas), melhores serão os resultados do grupo;
o
diversidade uma maior diversidade cultural dos membros dos grupos tende a
aumentar a criatividade, mas desde que seus membros tenham perfis parecidos.
Já os papéis dentro dos grupos são classificados da seguinte forma (PARKER,1990;
QUICK,1992; QUICK,1999 apud DUBRIN,2003):
O colaborador do conhecimento - é aquele que atua como o consultor técnico em
função do alto grau de conhecimento. Ele se interessa em compartilhar essa
proficiência com os outros membros;
O observador do processo - é o que detecta a performance do grupo, alertando para
falhas e chamando a atenção para os progressos;
O apoiador de pessoas - dá apoio às pessoas, inclusive emocionalmente, tentando
com bom humor melhorar o clima interno dentro do grupo. Essa pessoa dá apoio e
encoraja os componentes do grupo, mesmo que ela não concorde com eles;
O desafiador é o que questiona o grupo o tempo todo, elemento necessário para
que não haja acomodação no trabalho e para que as decisões tomadas realmente
sejam as melhores possíveis. Contudo, ela precisa ter habilidades interpessoais
52
eficazes para exercer esse papel. Pessoas antagonistas, que criticam somente por
criticar, perdem credibilidade rapidamente, pois não propõem soluções;
O ouvinte é o que consegue resumir as questões do grupo, facilitando assim as
discussões existentes no decorrer dos trabalhos;
O mediador - é o que faz a mediação dos conflitos. Por vezes, é de suma
importância para que os conflitos não afetem o bom andamento dos trabalhos;
O porteiro - é aquele que permite que os outros participem. Por vezes, há pessoas
que monopolizam as discussões;
O líder - que é o responsável pela condução do grupo, é de suma importância para o
bom andamento dos trabalhos. A sua não existência ou a falha do mesmo deve ser
sempre suprida por alguém que perceba o problema no grupo.
Contexto Organizacional: De acordo com COHEN e BAILEY (1997) e DUBRIN
(2003), esse item trata dos recursos necessários para que os grupos possam funcionar
adequadamente. Ele inclui premiações que devem ser utilizadas para estimular os
participantes dos grupos; treinamento com freqüência facilita a eficácia do grupo; e
supervisão o suporte gerencial na forma de investimento de recursos e apoio aos esforços
do grupo.
Processos internos/externos: trata-se das interações e de comunicação e conflitos entre os
participantes do grupo e as pessoas externas a ele. Estão divididos em:
Conflitos de relacionamento: Segundo COHEN e BAILEY (1997), refere-se à
incompatibilidade interpessoal, tensão, animosidade e aborrecimentos. Esse tipo de
conflito não agrada aos participantes, que os evitam. É importante destacar que na
53
pesquisa feita por JEHN (1995) esse tipo de conflito não influencia na performance do
grupo.
Conflitos de trabalho: De acordo com COHEN e BAILEY (1997) e DUBRIN (2003),
refere-se ao desacordo entre os participantes de um determinado trabalho, mas que, de
alguma forma, pode trazer benefícios para o grupo, pois, quanto mais for discutida uma
decisão, melhor tende a ser o seu resultado. Mas essas discordâncias têm limite, não
devendo existir polarização, pois isso poderá criar dificuldades para que se chegue a
uma boa conclusão e, dessa forma, o sentido do grupo será perdido.
Comunicação: Segundo COHEN e BAILEY (1997), é a forma como os membros
interagem consigo mesmos e com as pessoas externas ao grupo. Pesquisas realizadas
por PINTO e PINTO (1990 apud COHEN e BAILEY,1997) mostram que grupos com
alto grau de cooperação entre seus participantes contam mais com o modo de
comunicação informal. Como exemplos de comunicação externa, pode-se citar a
comunicação com níveis hierárquicos superiores ao do grupo e com pessoas do mesmo
nível do grupo e que não fazem parte dele, na busca de informações técnicas.
Traços psicossociais: Segundo COHEN e BAILEY (1997), essa é a categoria mais
importante do modelo, pois é com base nesses traços que se identifica um grupo. Assim,
esse modelo aborda os grupos como entidades sociais cujos membros dividem traços
psicossociais que influenciam seu comportamento. Com base nas conclusões de COHEN e
BAILEY(1997) e DUBRIN (2003), esses traços estão divididos em:
Coesão: A existência e a quantidade certa de um alto espírito de grupo, de mútua ajuda,
de comunicação e cooperação, proporcionando a união do grupo e trazendo benefícios
para ele, pois é pela coesão que um grupo atinge a sinergia.
54
Normas: São as regras compartilhadas por todo o grupo. São importantes para a
performance do grupo, na medida em que promovem uma atmosfera aberta e
construtiva para discussões sobre melhoria do tratamento dos conflitos de trabalho e
performance. Os membros dos grupos de alto desempenho não sentem medo de
expressar suas opiniões e ideais.
Afetividade: Pessoas com similaridade de personalidade tendem a ser atraídas para
determinado ambiente de trabalho ou são selecionadas por ele, e nele se mantêm. Os
grupos, portanto, tendem a possuir, logicamente, afinidade, o que pode ser positivo ou
negativo para o seu desempenho . Positivo, no sentido de facilitar o entendimento entre
as pessoas, o que pode ajudar o grupo a atingir um melhor desempenho. Pode ser,
porém, negativo, quando há um alto grau de afeição entre as pessoas, as quais, por
vezes, não debatem suficientemente um assunto com receio de se magoarem. A falta de
questionamento pode prejudicar o desempenho de um grupo.
Cognição: Trata do pensamento coletivo, que é definido não como o somatório dos
conhecimentos individuais, mas como a inter-relação das ações executadas com
entendimento representativo do sistema. Este entendimento é desenvolvido por cada
membro do grupo. Quanto mais cuidadosa a inter-relação dos membros, mais
desenvolvido e capaz é o pensamento coletivo, ou seja, quanto mais coeso o grupo,
mais presente e intenso será o pensamento coletivo. Uma implicação negativa do
pensamento coletivo é que ele pode interferir na eficácia da tomada de decisão. Isso
pode acontecer quando os integrantes não querem ser considerados inconvenientes e
aceitam uma decisão do grupo, mesmo quando não concordam com ela. Dessa forma, é
55
importante que todos os participantes tenham liberdade para expressar suas opiniões em
qualquer circunstância.
De acordo com COHEN e BAILEY (1997), as estruturas dos grupos têm impacto, direto e
indireto, através dos processos e dos traços psicossociais, no resultado que ele gera. Os
mesmos autores sugerem ainda que os traços psicossociais são a real medida do nível da
eficácia do grupo. Esses traços influenciam diretamente os resultados, e também
influenciam-nos indiretamente, já que moldam os processos do grupo. O modelo indica que
os processos podem estar inclusos nos traços psicossociais, como normas, coesão,
afetividade e cognição. Além disso, sugere que os fatores ambientais têm uma influência
direta na estrutura. Juntos, fatores ambientais, estruturas, processos e traços psicossociais
predizem resultados eficazes.
COHEN e BAILEY (1997) afirmam que os resultados eficazes, os processos, os traços
psicossociais que emergem e mesmo as estruturas do grupo podem influenciar-se
reciprocamente. Entretanto, para simplificar o modelo e principalmente porque muitos
estudos falharam na observação da relação recíproca entre os resultados e seus
antecedentes, esses autores não representaram graficamente essa relação no modelo.
3.4.3 Fatores de sucesso
Na literatura, existem vários autores que oferecem recomendações para a forma de
funcionamento dos grupos de trabalho. Assim sendo, será utilizada a estrutura do modelo
de COHEN e BAILEY (1997), descrita no item 3.4.3, para organizar essas recomendações:
56
- No nível da estrutura:
- No que tange às características de autoridade:
- Quanto à potência, MAANI e BETON(1999) recomendam que o grupo, e não
somente o seu líder, deve ter autoridade para gerenciar todo o trabalho. Na
verdade, a visão do líder e do grupo devem ser homogêneas. A visão nunca deve
ser imposta, de fora para dentro, ao grupo. Todo grupo deve ter poder para
resolver os problemas, não dependendo do líder exclusivamente. De VRIES
(1999) recomenda que os membros devem aceitar a liderança distribuída, ou
seja, as decisões do grupo devem ser aceitas, e a liderança deve manter-se atenta
através do acompanhamento constante do progresso dos trabalhos, criando,
assim, uma atmosfera de crescimento e aprendizado. Dentro desse processo, é
encorajada a auto-avaliação do progresso e do desenvolvimento.
- Quanto à autonomia, WAGEMAN (1997) considera essencial o apoio da
empresa para as decisões do grupo.
- Quanto à interdependência, WAGEMAN (1997) afirma que as tarefas devem ser
desenhadas para que sejam feitas pelo grupo, e não isoladamente. Já De VRIES
(1999) cita que os membros devem subordinar seus objetivos pessoais aos
objetivos de todo o grupo, estabelecendo um equilíbrio interdependente entre as
necessidades individuais e da organização, e tendo como tônica a existência de
uma atmosfera que encoraja a liberdade individual e a oportunidade criativa
subordinada aos objetivos da organização.
- Quanto às metas e objetivos, MAANI e BETON (1999) afirmam que todos os
membros devem saber por que o grupo existe e quais são os seus objetivos. De
VRIES (1999) recomenda ainda que deve existir no grupo um claro senso de
57
propósito, devendo-se definir claramente os níveis de quantidade e qualidade
aceitáveis para esses objetivos. Já WAGEMAN (1997) recomenda que os
objetivos do grupo estejam alinhados com os objetivos da empresa.
- No que tange à composição dos grupos:
- Quanto ao tamanho, COHEN e BAILEY (1997) e DUBRIN (2003) concluíram
que grupos multifuncionais, comitês e forças de tarefa devem ter entre 7 e 10
membros e grupos de trabalho contínuo devem ter entre 6 e 30 membros, com
uma média de 15. Dessa forma, se os grupos forem muito grandes, ainda que o
resultado possa não ser bom, isso diminuirá os custos com a liderança, já que
haverá menos líderes. Deve-se analisar com cuidado essa questão.
- Quanto à qualidade, DUBRIN (2003) concluiu que grupos formados por pessoas
com habilidades mentais, consciência, extroversão e estabilidade emocional
mais altas têm melhor desempenho.
- Quanto à diversidade, DUBRIN (2003) afirma que, em geral, a presença de
diferentes tipos de conhecimento, educação e experiência dentre os membros do
grupo contribui para o aumento de seu desempenho.
- No que tange ao contexto organizacional:
- Quanto a recompensas e premiações, WAGEMAN (1997) recomenda que as
premiações devem ser distribuídas preferencialmente para todo o grupo, e não
de forma individual.
- Quanto ao treinamento, DUBRIN (2003) sugere que ele deve contemplar a
tomada de decisão em grupo, habilidades interpessoais, conhecimento técnico e
filosofia de grupo.
58
- Quanto à supervisão ou suporte gerencial, WAGEMAN (1997) afirma que o
grupo deve ter os recursos materiais necessários para o seu bom funcionamento
(ex., salas de reuniões adequadas, móveis, computadores, etc.).
- No nível dos processos internos e externos, De VRIES (1999) e WAGEMAN (1997)
recomendam que os membros devem estar engajados em ter um diálogo e uma
comunicação aberta e honesta. Assim, todos devem expressar suas opiniões em todas as
situações, sem medo de qualquer coisa. A tônica deve ser sempre a franqueza e a
liberdade de opinião. As informações devem ser compartilhas entre todos de forma
aberta, honesta e precisa. Dessa forma, pode-se atingir um melhor nível de colaboração,
os conflitos interpessoais são resolvidos mais facilmente e os conflitos de trabalho
geram bons resultados.
- No nível dos traços psicossociais:
- Quanto às normas, De VRIES (1999), MAANI e BETON (1999) e WAGEMAN
(1997) afirmam que as regras informais são mais importantes dos que as regras
formais, e que elas devem ser definidas dentro do próprio grupo e não impostas pela
empresa ao grupo. Deve existir um alto grau de integridade e honestidade entre
todos os participantes. Dessa forma, os conflitos que por ventura ocorram são
transpostos mais facilmente.
- Quanto à coesão, De VRIES (1999) recomenda que os membros do grupo devem ter
um forte compartilhamento de valores e crenças, ou seja, deve existir um conjunto
de atitudes e comportamentos que sejam aceitos por todos.
59
- Quanto à afetividade, De VRIES (1999) recomenda que os membros dos grupos
devem se proteger e se ajudar mutuamente. Assim, aumentam-se as barreiras e
defesas contra conflitos e problemas externos que venham a ameaçar o grupo e seus
membros.
- Quanto à cognição, De VRIES (1999) recomenda que todos os membros devem ter
respeito e confiança mútuos. Esse item é considerado fundamental. MAANI e
BETON (1999) e WAGEMAN (1997) afirmam ainda que todos devem ter prazer
em participar do grupo.
Seguem abaixo as tabelas resumindo os fatores críticos de sucesso para o bom
funcionamento dos grupos de trabalho, organizados de acordo com o modelo de COHEN e
BAILEY (1997):
Classificação Descrição Fonte
Autoridade-Potência Todo o grupo pode resolver as questões e não somente o líder.
De VRIES, 1999; MAANI e
BETON, 1999
Autoridade-Autonomia O que for resolvido no grupo é válido para a empresa. WAGEMAN, 1997
Autoridade-
Interdependência
As tarefas devem ser feitas por todo o grupo e não
isoladamente.
WAGEMAN, 1997
Autoridade-
Interdependência
Os objetivos pessoais devem estar subordinados aos objetivos
de todo o grupo.
De VRIES, 1999
Autoridade- Metas e
Objetivos
Os objetivos e a razão da existência do grupo devem ser
conhecidos por todos os membros.
MAANI e BETON, 1999
Autoridade- Metas e
Objetivos
Os níveis de quantidade e qualidade aceitáveis para os
objetivos também devem ser conhecidos por todos.
De VRIES, 1999
Composição- Tamanho O tamanho do grupo deve ser adequado ao propósito do
grupo.
COHEN e BAILEY, 1997;
DUBRIN, 2003
Composição- Qualidade
Quanto melhores as habilidades mentais, consciência,
extroversão e estabilidade emocional dos membros dos
grupos, melhor será o resultado.
DUBRIN, 2003
Composição-
Diversidade
A diversidade de conhecimento, educação e experiência dos
membros tende a melhorar o resultado.
DUBRIN, 2003
Contexto
Organizacional-
Premiações
De preferência, as premiaçõ
es devem ser distribuídas para
todos e não isoladamente.
WAGEMAN, 1997
Contexto
Organizacional-
Treinamento
Os membros devem ser treinados em como tomar decisões em
grupo, habilidades interpessoais, conhecimento técnico e
filosofia de grupo.
DUBRIN, 2003
Contexto
Organizacional-
Suporte gerencial
O grupo deve ter os recursos materiais necessários para o seu
funcionamento
WAGEMAN, 1997
Tabela 7 - Fatores críticos de sucesso no nível da estrutura
60
Classificação Descrição Fonte
Internos/Externos
A comunicação deve ser aberta e honesta. De VRIES,
1999;WAGEMAN,
1997
Internos/Externos
A tônica deve ser sempre a franqueza e a
liberdade de opinião.
De VRIES, 1999
Internos/Externos
As informações devem ser compartilhadas
entre todos de forma aberta, honesta e precisa.
De VRIES, 1999
Tabela 8 - Fatores críticos de sucesso no nível de processo
Classificação Descrição Fonte
Normas
As regras informais são mais importantes que
a formais, devendo ser definidas dentro do
próprio grupo.
De VRIES(1999);
MAANI,BETON(1999)
e WAGEMAN(1997)
Normas
Deve haver um alto grau de integridade e
honestidade entre os membros.
De VRIES(1999);
MAANI,BETON(1999)
e WAGEMAN(1997)
Coesão
Deve existir um conjunto de atitudes e
comportamentos aceitáveis por todos os
membros.
De VRIES(1999)
Afetividade
Os membros devem se proteger e se ajudar
mutuamente.
De VRIES(1999)
Cognição
Todos os membros devem ter respeito e
confiança mútuos. É o item mais importante,
segundo o autor.
De VRIES(1999)
Cognição Todos devem ter prazer em participar
do
grupo.
MAANI,BETON(1999)
e WAGEMAN(1997)
Tabela 9 - Fatores críticos de sucesso no nível dos traços psicossociais
Resumindo as afirmações dos autores citados acima, é a partir dos traços psicossociais
(normas, coesão, afetividade e cognição) adequados que se criam as regras (normas) do
grupo, que devem ser informais, devendo existir um alto grau de integridade e honestidade
entre todos os participantes. Para tanto, os membros do grupo devem compartilhar valores e
crenças, ou seja, deve haver uma coesão forte. Além disso, os participantes dos grupos
devem se proteger e ajudar mutuamente, tendo, assim, afetividade na medida correta. Seus
membros devem, também, subordinar seus objetivos pessoais aos objetivos de todo o
61
grupo. E, concluindo, para ser ter uma boa cognição, todos os membros devem ter respeito
e confiança mútuos, e prazer de participar do grupo.
Assim, pode-se atingir bom nível de processos internos e externos, facilitando a
comunicação e a interação. Segundo WAGEMAN (1997) e De VRIES (1999), a
participação de todos deve ser efetiva e deve ser incentivada, e os membros devem estar
comprometidos com o diálogo e com uma comunicação aberta e honesta.
Para tanto, é preciso que haja também estruturas adequadas. Os objetivos do grupo e a
razão da sua existência devem ser claros para todos os seus membros. Todos eles devem
compartilhar esses objetivos (MAANI e BETON,1999), que devem também ser alinhados
com os objetivos da empresa (WAGEMAN,1997). No nível das características de
autoridade, o grupo deve ser autogerido. Todos os membros devem poder gerenciar todo o
trabalho e não só o líder, adotando-se a liderança distribuída (MAANI e BETON,1999; De
VRIES,1999).
62
4 METODOLOGIA
O presente trabalho é baseado em um estudo de caso único. Neste capítulo, descreve-se o
que é e como fazer um estudo de caso. Serão apresentadas ainda: a justificativa da escolha
dessa metodologia de pesquisa e a estrutura do estudo de caso proposto.
4.1 A METODOLOGIA DE UM ESTUDO DE CASO
Segundo YIN (2004, p.32), “estudo de caso é uma pesquisa empírica que investiga um
fenômeno contemporâneo dentro de um contexto da vida real, especialmente quando os
limites entre o fenômeno e o contexto não são claramente definidos.” Dessa forma, no
estudo de caso, o pesquisador tem pouco ou nenhum controle sobre um conjunto
contemporâneo de acontecimentos. Geralmente, é utilizado quando se quer responder a
questões do tipo “como” ou “por que”. Quando a questão da pesquisa refere-se a “o que”
para um dado fenômeno (ex., “O que pode ser feito para tornar as escolas mais eficazes”),
um estudo de caso exploratório pode ser utilizado (YIN, 2004, p. 24).
Sendo assim, ainda segundo YIN(2004), o método de pesquisa de estudo de caso aplica-se
quando se deseja explicar ligações causais na vida real que são muito complexas para serem
63
abordadas pelos
surveys
ou estratégias experimentais. O autor ainda afirma que esse
método de pesquisa desponta quando se deseja entender fenômenos sociais complexos, pois
pode ser utilizado quando o caso a ser estudado tem as características holísticas e
importantes dos eventos da vida real, ou seja, de todo o fenômeno que se deseja pesquisar,
tais como: processos organizacionais e administrativos, mudanças em regiões urbanas,
relações internacionais, maturação de setores econômicos.
O método de estudo de caso é uma estratégia que abrange todas as etapas de uma pesquisa,
ou seja, trata do seu planejamento, da coleta de dados e da análise desses dados (YIN,
2004).
Segundo EISENHARDT (1989), o método de pesquisa de estudo de caso possibilita o
desenvolvimento de teorias baseadas na narrativa histórica, na possibilidade de teste e
validade empírica, que surgem a partir de íntima ligação entre as evidências empíricas. A
mesma autora ainda afirma que a construção de teoria baseada nesse método tem como
ponto forte a independência de literaturas passadas ou de observações empíricas anteriores.
O método é apropriado para desenvolvimento de novas áreas de pesquisas ou para áreas
onde as teorias já existentes parecem inadequadas. Este é o caso da presente pesquisa
proposta, pois existe pouca literatura específica sobre o tema investigado.
EISENHARDT (1989) afirma ainda que esse método é altamente complementar ao
desenvolvimento incremental de teoria de pesquisa científica.
64
YIN (2004) alerta para alguns problemas de aceitação do método de pesquisa de estudo de
caso pela comunidade científica. Isso se deve a vários fatores: pela falta de rigor com que o
método foi empregado por alguns pesquisadores; pelo fato de o método ser confundido, por
vezes, com o ensino usando estudo de caso; e ainda pela preocupação quanto à
generalização científica, tendo como exemplo a generalização de uma teoria a partir de um
único caso, já que muitos cientistas consideram insuficiente estudar um único caso para se
ter uma conclusão válida. Em resposta a essa preocupação, YIN (2004) afirma que o
método tem por finalidade generalizar as teorias de forma analítica e não identificar
freqüências utilizadas na generalização estatística. Assim, a análise feita no método de
estudo de caso para se chegar à generalização das teorias seria até mais profunda e apurada.
Dessa forma, quando o método é bem empregado, nas situações citadas anteriormente,
mostra-se mais eficaz que os outros, apesar da pouca teoria existente a respeito.
4.2 JUSTIFICATIVA DA ESCOLHA DA METODOLOGIA
O presente trabalho tem por objetivo principal identificar os aspectos sociais que interferem
de forma positiva e negativa no processo do alinhamento operacional entre os serviços de
TI e as demandas do negócio da empresa. Para atingir esse objetivo, foi feito um estudo de
caso do grupo das áreas de produção de uma empresa de manutenção de revisão de turbinas
aeronáuticas. O estudo incluiu uma análise ao longo do tempo do grupo de representantes
das áreas de negócios e de TI que tratam dos requisitos de sistemas. Examinou-se sua
estrutura, incluindo a identificação dos papéis formais ou não dentro do grupo, e como é a
dinâmica de relacionamento entre seus membros. De acordo com as informações coletadas,
65
as atividades desse grupo têm sido importantes para a obtenção do alinhamento entre TI e
negócio.
Optou-se pelo método de estudo de caso na presente pesquisa, baseando-se nas seguintes
razões:
- A pesquisa desenvolvida trata dos fatores sociais que interferem no alinhamento
operacional entre os serviços de TI e as demandas do negócio dentro das
organizações, e esse método preserva as características holísticas e significativas
dos eventos da vida real (YIN, 2004);
- O fenômeno a ser estudado não tem uma fronteira claramente definida em
relação ao seu contexto (YIN, 2004);
- O problema a ser estudado tem ligações causais na vida real e é muito complexo
para ser estudado por
surveys
ou estratégias experimentais (YIN, 2004);
- O interesse da pesquisa era, principalmente, o maior detalhamento dos
fenômenos estudados (EISENHARDT,1989);
- Como o trabalho procurou identificar e analisar os aspectos que ocorrem ao
longo do tempo, a narrativa histórica era importante para explicar os fenômenos
(EISENHARDT,1989).
Segundo YIN (2004), o estudo de caso único é comparável a um experimento único,
podendo ser utilizado para determinar se as propostas de uma teoria são verdadeiras ou se
existe alguma outra alternativa. Nesse caso, estar-se-ia utilizando um caso
decisivo/categórico para testar uma teoria bem formulada. O mesmo autor ainda afirma
que, no geral, projetos de caso único são justificáveis sob as seguintes condições: quando o
66
caso é utilizado como teste crucial para uma teoria existente; numa situação rara ou
exclusiva; quando o caso é representativo ou típico; quando o caso serve a um propósito
revelador; e quando é longitudinal, ou seja, estuda-se o mesmo caso único em dois ou mais
pontos diferentes no tempo.
Para este trabalho optou-se pelo estudo de caso único, pois acredita-se que o caso a ser
pesquisado é representativo e típico dentro das organizações, e também por causa do caráter
longitudinal do estudo. Na maioria das empresas de grande porte, grupos de usuários e de
representantes de TI trabalham para a definição de soluções tecnológicas que atendam às
necessidades das áreas de negócio.
4.3 - A ESTRUTURA DO ESTUDO DE CASO PROPOSTO
Segundo EISENHARDT (1989), a elaboração de teoria baseada num estudo de caso tem,
resumidamente, as seguintes etapas:
- Início, quando se define o que vai ser pesquisado;
- Seleção do caso, quando se seleciona(m) o(s) caso(s) a ser(em) estudado(s);
- Estabelecimento de instrumentos e protocolos, quando se
escolhe(m)/combina(m) o(s) método(s) de coleta de dados;
- Entrada em campo, quando se registra o que está sendo encontrado na pesquisa;
- Análise de dados, que é o coração da construção da teoria;
- Formatação das hipóteses, quando se faz a tabulação entre a teoria e os dados
coletados;
67
- Envolvimento com a literatura, quando se comparam os dados encontrados com
a literatura existente;
- Fechamento e conclusões.
Já segundo YIN (2004), o protocolo para a preparação do estudo de caso é formado pelos
seguintes itens:
- Visão geral do projeto do estudo de caso, onde são descritos: os objetivos e
patrocínio do projeto; questões básicas abordadas no estudo de caso e leituras
importantes sobre o tema do estudo;
- Procedimentos de campo, ou seja, acesso aos locais do estudo, fontes e
procedimentos adotados na coleta de informações;
- Questões específicas do estudo de caso, com o detalhamento dos dados e as
fontes em potencial de informações;
- Guia do relatório do estudo de caso, definindo um formato para os dados, o uso
e a apresentação de outros documentos, e informações bibliográficas.
Comparando as etapas de elaboração de estudo de caso propostas por EISENHARDT
(1989) e YIN (2004), constata-se que:
As etapas de “início” e “seleção do caso” propostas por EISENHARDT (1989, p.
533) equivalem à etapa “visão geral do projeto” proposta por YIN (2004, p.94),
mas este último afirma que, nessa etapa, também há a necessidade de se
identificarem os patrocinadores do projeto assim como a literatura pertinente ao
tema;
68
As etapas de “estabelecimento de instrumentos e protocolos” e “entrada em
campo” propostas por EISENHARDT (1989, p. 533), equivalem à etapa de
“procedimentos de campo” proposta por YIN(2004, p. 94), sendo que este autor se
preocupa muito com a preparação para a entrada em campo, como é evidenciado,
por exemplo, pelo destaque dado à necessidade de se preparar para acontecimentos
inesperados durante essa etapa;
As etapas de “análise de dados” e “formatação de hipóteses” propostas por
EISENHARDT (1989, p. 533), equivalem à etapa “questão do estudo de caso”
proposta por YIN (2004, p. 94), mas este autor propõe que a análise dos dados seja
feita durante a coleta dos dados e não somente no final, devendo o pesquisador
agir como se fosse um detetive;
As etapas de “envolvimento com a literatura” e “fechamento e conclusão”
propostas por EISENHARDT (1989, p. 533) poderiam ser equivalentes à etapa
“Guia para relatório do estudo de caso” proposta por YIN (2004, p. 94), mas este
afirma que o relatório de estudo de caso não tem um formato pré-definido e deve
ser feito caso a caso. Esse mesmo autor recomenda ainda que se deve fazer um
esboço desse relatório já no início do projeto para evitar erros nas próximas etapas.
Com base na análise feita acima, as etapas adotadas no presente trabalho foram as
seguintes:
1 - Elaboração de uma visão geral do projeto, constando de:
Introdução do projeto;
Formulação do problema e dos objetivos do projeto;
2 - Revisão bibliográfica;
69
3 Elaboração dos pontos a serem abordados no estudo de caso, constando de:
- Descrição do estudo de caso;
- Descrição da empresa e do grupo de representantes das áreas de produção e
TI a ser analisado;
- Elaboração do roteiro do estudo de caso;
- Escolha das pessoas a serem entrevistadas;
- Preparação dos roteiros das entrevistas.
4 Levantamento de dados através: de entrevistas, de análise de documentação e de
observações;
5 Organização e análise dos dados coletados;
6 Desenvolvimento da conclusão do trabalho.
4.3.1 Plano do estudo de caso
O estudo de caso único exploratório descrito neste trabalho foi realizado na empresa
apresentada abaixo. O foco foi basicamente a análise, ao longo do tempo, do grupo de
representantes das áreas de negócios e TI que tratam dos requisitos de sistemas de
informação na área de produção da empresa. A escolha desse grupo deveu-se ao fato de ele
ter sido importante para a obtenção do alinhamento operacional entre TI e negócio, como
poderá ser constatado no desenvolvimento do trabalho.
A empresa na qual o grupo estudado trabalha tem por finalidade fazer revisão de turbinas
aeronáuticas de grande porte, para clientes do país e do exterior. É subsidiária do maior
fabricante mundial de motores para aeronaves de grande e pequeno porte. A área de TI está
70
ligada diretamente ao presidente da empresa, sendo formada pela gerência geral da área e
pelas áreas de sistemas de informação e infra-estrutura. O grupo mencionado acima é
multifuncional, formado atualmente por sete representantes de todas as áreas da produção
da empresa (uma pessoa da área de Engenharia de Processo, uma pessoa área de Qualidade,
duas pessoas da área de Engenharia de Motores, uma pessoa da área de Acessórios, duas
pessoas da área de Reparo) e de um representante de TI. Tem por finalidade propor e
implementar as melhorias do sistema de produção e engenharia, que é o sistema de
informação mais importante para a empresa.
Com o objetivo de acompanhar a evolução do grupo ao longo da sua existência, foram
utilizadas informações retrospectivas e atuais, coletadas em entrevistas. Dessa forma, o
levantamento de dados do estudo seguiu as seguintes etapas:
- Na primeira etapa foi feita uma descrição histórica do mencionado grupo, quando foi
identificado o que motivou a sua criação, fazendo um paralelo com o que existe
atualmente. Foram também identificados os grandes eventos que ocorreram durante a
sua existência, identificando assim o que foi bom e o que foi ruim, e os porquês dos
mesmos. Foi verificado ainda com os entrevistados o que eles pensam do grupo,
tentando avaliar o grau de satisfação que eles têm em participar do mesmo e dos
resultados obtidos. Essa etapa envolveu entrevistas semi-estruturadas, descritas no
Apêndice A, com pessoas que participam ou participaram do grupo de trabalho. Os
participantes estão descritos na tabela 10 abaixo e no Apêndice C, onde é apresentado,
em detalhe, o perfil de cada uma dessas pessoas.
- Na segunda etapa foi feita uma série de entrevistas, conforme descrito no Apêndice B,
com os gerentes das áreas de negócios, de TI e de pessoas de fora do grupo, para
71
identificar o grau de satisfação que eles têm com os resultados obtidos pelo grupo.
Tentou-se também avaliar nas entrevistas como tem sido o nível de maturidade do
alinhamento operacional entre negócios e TI, anteriormente à criação do grupo de
trabalho, até os dias atuais, com base no método proposto por LUFTMAN (2000), que
está descrito no item 3.3.1 do presente trabalho.
Áreas Engenheiros Técnicos Analista de Negócios
TI 1
Revisão dos Motores 1 2
Qualidade 1
Reparo das Peças 5
Acessórios 1
Tabela 10 Resumo das pessoas que participam do grupo de representantes das áreas
de negócio e TI que foram entrevistadas
Segue abaixo a lista das pessoas que foram entrevistadas, mas que não fazem parte do
grupo dos representantes das áreas de negócio e TI que tratam dos requisitos de sistema da
área de produção da empresa. O Apêndice D descreve em detalhe o perfil de cada uma
dessas pessoas.
CIO da empresa;
Diretor da área de Reparo;
Dois gerentes atuais da área de Reparo, sendo que um deles chegou a participar do
grupo;
Um líder da área de Reparo, que se reporta a um dos gerentes da área de Reparo;
Gerente PCP área de Revisão, que foi a líder da implantação do sistema no seu início;
Gerente Geral de Qualidade;
72
Gerente da Área de Revisão de Acessórios;
Ex-CIO da empresa, que participou ativamente da implantação do sistema, fazendo
também parte do grupo. Atualmente não está mais na empresa.
Para estruturar a análise dos dados, foi utilizado o modelo de avaliação de eficácia de
grupos de trabalho proposto por COHEN e BAILEY (1997), que está descrito no item 3.4.2
deste trabalho. O modelo identifica as estruturas do grupo, incluindo características de
autoridade, composição, contexto organizacional e fatores ambientais. A análise é
complementada pela descrição e avaliação da formação e o desenvolvimento do grupo ao
longo dos estágios propostos por HEINEN e JACOBSON (1976), TUCKMAN e JENSEN
(1977 apud DUBRIN, 2003), descritos no item 3.4.1 deste trabalho. Identificaram-se
também os processos da dinâmica de relacionamento dentro do grupo, conforme o modelo
de COHEN e BAILEY (1997), ou seja, os traços psicossociais (normas, nível de coesão,
nível de afetividade, nível de cognição), a comunicação e o tratamento de conflitos internos
e externos ao grupo.
Como forma de validação das interpretações do pesquisador, o resultado da análise foi
enviado para alguns membros do grupo e nenhuma mudança significativa na narrativa foi
sugerida.
A partir da análise, foram identificados fatores sociais que interferem de forma positiva e
negativa no processo do alinhamento operacional entre os serviços de TI e as demandas do
negócio. Foi utilizado, para tanto, o método de análise de adequação ao padrão, que tem
como lógica “comparar um padrão fundamentalmente empírico com outro de base
73
prognóstica (ou com várias outras previsões alternativas)” YIN (2004, p. 145). Se os
padrões coincidirem, os resultados podem contribuir para o estudo de caso reforçar a sua
validade (YIN, 2004).
74
5 O ESTUDO DO CASO
5.1 A EMPRESA E O GRUPO
No intuito de demonstrar a complexidade do negócio da empresa, passa-se a descrevê-la.
Sua controladora é o maior fabricante mundial de motores para aeronaves de grande e
pequeno porte para uso comercial, militar, naval e industrial, além de oferecer serviços de
reparo de motores. A empresa representa sua controladora na América Latina. Sua atuação
está na prestação de serviços de revisão, reparo e testes de turbinas aeronáuticas e
acessórios, atendendo a todas as grandes empresas aéreas do Brasil, além de um grande
número de empresas aéreas americanas, européias e latino-americanas. Atualmente tem
aproximadamente 800 funcionários e está em franca expansão, como pode ser constatado
pelo aumento do seu faturamento, que triplicou de 2002 para 2004.
A área de TI se reporta diretamente ao presidente da empresa (vide organograma que está
no Anexo 1). Dentro da sua estrutura só existem dois níveis: a gerência geral da área e,
abaixo desta, sistemas de informações e infra-estrutura. Existem três analistas de negócios
voltados para a área de sistema de informação, que atuam nas áreas de negócio específicas
75
da empresa (produção, estoque e compras, financeira). Existe um analista de negócio
responsável pela parte de infra-estrutura de TI, que trata de toda a parte de hardware e
software básico da empresa.
O grupo de trabalho a ser estudado é multifuncional, formado por representantes de todos
os setores da área de produção da empresa (Engenharia, Qualidade e do PCP) e de um
representante de TI. Ao longo do tempo, esse grupo se propôs a identificar, definir e
implementar as oportunidades/necessidades de melhoria do sistema de engenharia e
controle da produção; resolver os problemas do cotidiano; e orientar o uso do sistema para
todos os usuários das respectivas áreas. O grupo é formado por engenheiros, assistentes de
engenharia, pessoas do chão de fábrica e o representante de TI, que é um analista de
negócio.
A empresa utiliza a metodologia
Six Sigma
de melhoria dos seus processos, cujos
princípios foram já absorvidos por sua cultura. Atualmente nenhum projeto é feito sem a
utilização do
Six Sigma
. Dessa forma, o número de oportunidades de melhoria do sistema
citado é bastante alto, pois a metodologia
Six Sigma
fomenta a busca de melhoria constante
dos processos. Por conseguinte, as oportunidades de melhoria surgem de todos os níveis,
desde a sua controladora (nível estratégico) até o chão de fábrica (nível operacional). Assim
sendo, esse grupo tem papel fundamental na compilação das oportunidades, na formulação
das modificações do sistema, e na implantação, na empresa, dessas modificações. Assim,
contribui significativamente para a manutenção do alinhamento operacional entre TI e o
negócio.
76
O Sistema de Engenharia e Controle de Produção tem por finalidade regular todo o fluxo
produtivo, desde a entrada dos produtos na empresa, até a sua entrega aos clientes.
Contempla, inclusive, as especificações técnicas de engenharia, que, nesse ramo de
atividade, são bastante complexas e extremamente controladas por organizações
homologadoras, nacionais e internacionais. Dessa forma, esse sistema é considerado o mais
importante dentro da empresa, e está implantado há mais de dez anos. É importante
destacar que ele foi considerado pela controladora da empresa como o melhor Sistema de
Engenharia e Controle de Produção dentre os existentes nas empresas da
holding
.
A seguir, passa-se a descrever o histórico do grupo de trabalho investigado nesta pesquisa.
5.2 HISTÓRICO DO GRUPO
A história do início desse grupo baseia-se numa série de fatores de união de pessoas, de
necessidades das áreas de negócio, de TI e da própria empresa.
Em 1988, a empresa era uma estatal ligada ao Ministério da Aeronáutica. Segundo a
gerente de PCP da área de Revisão, os serviços de TI, naquela época, tinham por objetivo
gerar alguns controles para a área de Recursos Humanos e algumas funcionalidades para a
área Financeira e Contábil, mas nada relacionado à área de Produção. Dessa forma, todo o
controle da produção era manual, assim como o controle de material, que era feito com
kardex
.
77
Complementando o fato descrito anteriormente, segundo o líder do projeto na área de TI,
antes de 1988, houve três tentativas no sentido de se ter um controle de produção e material
informatizado, que não foram bem sucedidas. Apesar do tempo e recursos empregados, não
se conseguiu implantar nenhum sistema nessas áreas até aquele ano. Na opinião do
entrevistado, esse fato afetou a credibilidade da área de TI em relação às outras áreas da
empresa. Ao mesmo tempo, percebeu-se que não se conseguiu criar uma interlocução
adequada entre TI e as áreas de negócio. Não existia uma única pessoa na empresa que
conhecesse todos os processos/rotinas da área de produção, o que dificultava muito o
entendimento do negócio por parte do pessoal de TI e, conseqüentemente, o
desenvolvimento do sistema. Esses fatos demonstram que os serviços de TI não estavam
alinhados com o negócio na época.
Segundo a gerente de PCP da área de Revisão, “os projetos de sistemas informatizados na
área de Produção tiveram dois caminhos inicialmente paralelos, que, mais tarde, se
fundiram: primeiramente, o sistema de material e, um pouco depois, um controle de
produção. Então esse projeto inicial de controle de PCP é que trouxe sistemas para a
produção no ano de 1988. O projeto começou, no entendimento do grupo da produção, com
a necessidade da empresa de utilizar uma ferramenta informatizada que pudesse ajudar
realmente a conhecer produção - em que momento ela estava, onde, quando e com quem.
Se não tivesse esse conhecimento de maneira mais rápida e se não tivesse condição de usar
uma ferramenta de programação de forma a influenciar no processo de programação das
execuções das operações na oficina, a empresa não seria capaz de vencer os desafios que na
época surgiam e que eram, basicamente: melhorar os tempos de entrega dos motores para
os clientes, passando esses tempos de 300 a 400 dias para 100 dias, produzir mais e
78
trabalhar com um volume maior. E foi assim que nasceu o projeto inicial de controle de
PCP, com o time de informática sendo convocado, e a área de Produção ousou dizer o que
esperava, inicialmente, naquele desenho ainda muito rudimentar, que um sistema pudesse
fazer para ajudar a produção.”
Segundo a gerente citada acima, quanto “à visão que o pessoal da produção tinha sobre TI,
nessa época, cometiam-se dois erros graves: o primeiro era achar que a informática estava
ali mais para ajudar a área financeira, a contábil, a área de Recursos Humanos e alguma
coisa na área de Materiais, mas não se ousava imaginar usar os recursos que a informática
poderia colocar à disposição da área de Produção e Engenharia para gerir o negócio da
empresa. Achava-se também que a informática era um automatizador, algo que ia
automatizar os processos que havia. E, felizmente, aprendeu-se, da melhor forma, a utilizar
os recursos e ter a informática ajudando na gestão da produção. E, mais do que isso, não se
informatizaram os processos que existiam; ao contrário, começou-se pela análise dos
processos, de forma que se pudesse encontrar o melhor caminho para atingir os objetivos e
não uma mera automatização daquilo que se tinha. Assim, foi-se muito mais além do que
se imaginava no começo, isto é, ficou entendida a necessidade da informática para a
empresa progredir, para que atingisse seus objetivos.”
Segundo o líder do projeto na área de TI, a reformulação dos processos, nessa época,
aconteceu de forma espontânea, por iniciativa das pessoas que trabalhavam no projeto
desse primeiro sistema de controle de PCP, não sendo um trabalho premeditado de re-
engenharia de processos. Cabe salientar que, na época, o grupo objeto desse estudo ainda
79
não tinha sido formado. Existia, na verdade, um trabalho direto do analista de sistema e os
usuários da área de PCP.
Esse primeiro Sistema de Controle de Produção foi implementado atendendo aos objetivos
inicialmente traçados, além de outros que, inicialmente, não tinham sido estabelecidos,
como, por exemplo: Análise de carga e capacidade a médio e longo prazo, conforme
afirmou a gerente de PCP da área de Revisão.
Segundo o ex-CIO, depois de esse sistema ser implantado, em 1989 houve uma renovação
do quadro de engenheiros na área de reparo, e dois desses engenheiros também gostavam
de informática e começaram a observar que havia uma grande oportunidade de alguns
trabalhos dessa área serem automatizados utilizando os recursos de TI. Já que seu principal
produto, as instruções de serviço, que são utilizadas para informar a área de produção de
como reparar determinado produto, eram todas datilografadas, assim como suas
atualizações, o que gerava bastante trabalho e um alto grau de possibilidade de erros. O que
ia de encontro à questão da qualidade do serviço, sendo este ponto altamente crítico nesse
tipo de indústria. A partir daí começou a ser feito, por esses engenheiros, um pequeno
controle automatizado das instruções de serviço que precisavam ser criadas ou atualizadas a
partir de um pedido da área de Produção, pois muitas vezes os responsáveis por esses
serviços se perdiam com o controle manual.
Ainda segundo o ex-CIO, logo em seguida, a área de TI soube que essas pessoas tinham
começado a fazer algo por conta própria e as procurou para mostrar que já havia sido feito
um protótipo de sistema que tinha por finalidade automatizar todo o trabalho da engenharia,
80
mas que estava parado por falta de interesse da área de negócios, e assim começou-se
efetivamente o projeto do novo sistema de Engenharia e Programação e Controle da
Produção. Foi quando esses engenheiros começaram efetivamente a se interessar pelo
sistema e a passar para a área de TI as suas necessidades, sendo que toda a modelagem do
sistema foi feita a partir desse protótipo, pois assim possibilitava uma comunicação mais
fácil e concreta, mitigando o problema de interlocução entre as áreas de TI e Negócios,
citado anteriormente. Cabe salientar também que, em 1991, a empresa foi privatizada,
passando a ser administrada por um consórcio de quatro empresas, três nacionais e uma
estrangeira.
Paralelamente à iniciativa citada acima, segundo o engenheiro da área de Qualidade
entrevistado, o pessoal da área de Engenharia de Motores Pequenos solicitou à área de TI o
desenvolvimento de um controle específico para uma das suas atividades
,
mas tinham
muita dificuldade no relacionamento com aquela área; por outro lado, a área de TI também
tinha muita dificuldade de entender os processos das áreas da Engenharia.
Complementando a descrição dos fatos citados, segundo o ex-CIO, num primeiro
momento, não houve um total apoio do quadro gerencial e diretivo da empresa para essas
iniciativas. Assim, o desenvolvimento do projeto acontecia quando os interessados, tanto da
área de TI como das áreas de negócio, tinham tempo. Mas com os ótimos resultados
alcançados (por exemplo, as instruções de serviço passaram a ser impressas pelo protótipo
do sistema), o quadro gerencial e diretivo, inclusive o presidente da empresa, passou a
acreditar mais no trabalho e apoiou-o integralmente, tornando-o um projeto para a empresa
e não só de áreas especificas.
81
Dessa forma, foi montado em 1992 o grupo de representantes das áreas de Produção,
Engenharia e TI que desenvolveriam o projeto de um Sistema de Produção informatizado
para toda a empresa, fundindo as duas iniciativas mencionadas, a da área de Reparo e a da
área de Motores Pequenos. E segundo o Diretor de Reparos da empresa, “esse projeto tinha
por finalidade promover a integração entre a engenharia e a produção a fim de conseguir
ganhos de produtividade, de ter controle efetivo da produção e ter a documentação acurada
atualizada de acordo com o manual, na velocidade mais rápida possível, englobando as
áreas de PCP, Engenharia e Qualidade. Então, esse grupo foi formado nessa época, de
forma a começar junto, a pensar junto, a trocar idéias e começar a entender as limitações da
informática e a informática começar a entender as necessidades das áreas de negócio.”
Já o líder do projeto na área TI afirmou que, durante essa fase de concepção do sistema,
também foi utilizada a metodologia de prototipação, no intuito de criar uma efetiva
participação dos usuários, tentando montar o mapeamento dos processos/rotinas do
negócio. A partir daí, vários integrantes iniciais deixaram o grupo, por não se sentirem à
vontade com a tarefa de desenhar os processos e especificar o novo sistema de Engenharia,
Programação e Controle para toda a empresa; mas algumas pessoas, incluindo um
representante de cada área, permaneceram no grupo.
Segundo a gerente de PCP da área de Revisão, o grupo formado por pessoas das áreas de
Negócios e da área de TI, criado para especificar e desenvolver o novo sistema de
Engenharia, Programação e Controle da Produção, conseguiu promover um nível alto de
alinhamento entre negócio e TI, em função da sinergia e da forma de interação entre os seus
membros. Como se pode constatar nas afirmações feitas por essa entrevistada: “quanto ao
82
alinhamento entre negócio e TI ao longo desse tempo foi super positivo porque se a nível
tático se decidia por onde se queria caminhar e para onde se queria chegar, esse grupo
interagia de uma maneira bastante positiva.[...] O pessoal de TI fazia recomendações, o
pessoal de negócio por outro lado procurava mostrar aquilo que se gostaria de ser feito e de
que forma.[...] Não era do tipo o pessoal de negócio sabe a produção e engenharia, e o
pessoal de TI dizia como escrever os sistemas porque eram de TI. [...] Então, teve um
crescimento dos dois lados e o resultado final foi muito além daquilo que se esperava, das
expectativas”.
Ainda segundo o líder do projeto na área TI, à medida que o trabalho foi evoluindo, a
credibilidade do projeto aumentou, e as pessoas passaram a acreditar nele. Outro fato
importante nessa época foi a terceirização da área de TI, no início do ano de 1995.
Independentemente disso, a credibilidade do projeto foi aumentando e foi assim até a sua
implantação em outubro de 1995. O tempo de desenvolvimento foi muito grande devido a
diversos problemas: demora na definição da plataforma de hardware e software, falta de
recursos para investimento, e, principalmente, por causa da complexidade do sistema.
A partir deste ponto, passa-se a descrever as impressões de como foi a implantação do
sistema. Segundo um dos líderes de produção da área de Reparo, “a implantação desse
sistema foi um divisor de águas, pois realmente levou a empresa, como um todo, a se guiar
por um sistema. Sua implantação mostrou como é fantástico o poder de adaptação das
pessoas. Houve, logicamente, um trabalho grande do grupo, tentando ensinar, mostrar
como o sistema funcionava, mas foi uma mudança de choque. E realmente foi uma coisa
boa e bem feita, pois as pessoas foram se adaptando a uma nova forma de trabalhar.”
83
Prova desse fato pode ser constatada pela afirmação do engenheiro da área de Qualidade,
que participa do grupo desde o seu início, de que o fato mais marcante até hoje foi a
implementação do sistema. Ele afirma “que não consegue entender até hoje, como é que se
conseguiu fazer aquela implantação. Marcou-se a data para implementá-lo e teve-se que
fazer uma série de tarefas, uma correria para implementar o sistema, que naquela época já
era bem robusto. Isso aconteceu em 12 de outubro de 1995.” Dentre essas tarefas, segundo
o ex-CIO, “foi feita a conversão dos dados que estavam no protótipo para o ambiente
cliente/servidor definitivo e também converteram-se os dados do Sistema de Controle de
Produção, que estava em
mainframe
, também para o mesmo ambiente.” Ainda segundo
esse entrevistado, outro fato relevante foi que todos os passos da implantação foram
planejados pelo grupo, por exemplo, decidindo que dados deveriam ser convertidos ou não.
E tudo foi levado para a Diretoria e ela comprou a idéia baseada na decisão do grupo.
Segundo o líder do projeto na área TI, a implantação foi um grande sucesso, como pode ser
confirmado pelas afirmações acima e, além disso, houve pouquíssimos problemas do
próprio sistema. Houve um fato que prova, de forma contundente, a confiança que a
empresa tinha no projeto, pois, quando ele foi colocado no ar, o
hardware
não agüentou o
volume de dados do sistema, já que tinha sido mal dimensionado, e a empresa foi bastante
prejudicada na sua operação por quinze dias, aproximadamente. Mas os diretores deram
total apoio ao projeto e não o abortaram.
Ainda segundo o líder do projeto na área TI, esse sucesso na implantação deveu-se
principalmente à participação de todos os integrantes do grupo, que não mediram esforços
para que tudo desse certo. Cada representante ministrou os treinamentos nas suas
84
respectivas áreas, trabalharam com muito afinco para montar as bases de dados de
engenharia, que são muito grandes, e assim por diante. Além disso, passou a existir, na área
de Produção, um sentimento de orgulho pelo sistema, não só dos participantes do grupo,
mas das outras pessoas também, pois as idéias do sistema partiram das áreas da oficina, ou
seja, as pessoas passavam suas sugestões/anseios para o representante da respectiva área e
esse as levava para o grupo; era discutida por todos a sua viabilidade, e, depois de aceita, a
melhoria era colocada no sistema.
Como em qualquer implantação de um projeto novo, todavia, houve alguns problemas de
adaptação ao novo sistema logo no início; com o decorrer do tempo, porém, foram sendo
resolvidos, como se pode constatar nas afirmações feitas pelo diretor da área de Reparos:
“no começo houve um pouco de reação e medo por parte dos usuários do sistema, mas aos
poucos elas foram se acostumando. Embora tenha havido pessoas que não se adaptaram e
saíram, pois achavam que eram informações demais e complexo demais. Mas pouco a
pouco as pessoas foram mudando, foram entendendo mais do sistema, e hoje se vê que
elas entendem mais ...”
Já um dos técnicos da área de Reparo ressalta que, quando o sistema foi colocado para
funcionar, identificou-se logo uma série de problemas, como a falta de algumas
funcionalidades. Conforme descrito nas afirmações desse entrevistado, “no primeiro ano
houve mais de duzentas solicitações de melhoria, mas, obviamente, todo sistema que é
colocado no ar precisa de ajustes, e ainda mais do tamanho desse sistema.” Além disso, foi
preciso convencer a oficina a utilizá-lo, reforçando os fatos descritos acima pelo diretor da
área de Reparo, pois havia muitas pessoas que não tinham um grau de instrução condizente
85
com o sistema e que nunca tinham lidado com um computador anteriormente, e foi preciso
doutriná-las.
Apesar dos fatos descritos acima, o sucesso da implantação do sistema pode ser constatado
também pelos benefícios que ele proporcionou à empresa, conforme descrito pela gerente
de PCP da área de Revisão:
Automação da manutenção e especificação das instruções de engenharia, ganhando
acurácia e velocidade;
Os registros dos dados passaram a ser feitos onde os dados surgiam de forma
on-line
e
não mais registrando num formulário para depois alguém da área de TI digitar. Segundo a
entrevistada citada acima, “foi um paradigma enorme que se quebrou, havendo, assim,
várias pessoas se relacionando com o sistema ao mesmo tempo. Pode parecer uma coisa
corriqueira atualmente, mas, naquela época, foi uma enorme conquista.”
O sistema passou a informar
on-line
onde um item estava fisicamente e o quanto ele já
tinha cumprido do serviço. Segundo a entrevistada, “aumentou-se a acurácia de oitenta para
mais de noventa e nove por cento”.
Como uma das conseqüências, passou-se a ter um novo
ponto de marketing. Por exemplo, quando um cliente solicitava a informação sobre o seu
produto, ela era obtida rapidamente através do sistema.
Após a implantação, esse grupo de trabalho foi mantido, no intuito de propor novas
melhorias para o sistema, para adequá-lo sempre às novas necessidades da empresa e
também para esclarecer as dúvidas de uso do mesmo no dia-a-dia. Sua importância pode ser
comprovada pela opinião da gerente de PCP da área de Revisão, “...o grupo, além da
responsabilidade pelo desenho e de ser o elemento de integração, de interação e de
86
comunicação, também é um grupo de implantação, é um grupo multiplicador, um grupo
que faz as pessoas entenderem aonde se quer chegar, quais os objetivos. Então, por se ter
criado o grupo, conseguiu-se caminhar, sem muitos tropeços, porque é um conjunto de
conhecimento muito grande.”
Dessa forma, segundo o líder do projeto na área de TI, o sistema trouxe grandes resultados
para a empresa e para os clientes, ajudando na redução significativa do tempo de revisão
dos motores, que, antes da sua implantação, era em média de cem dias, e, após a mesma,
passou para trinta e cinco dias. Essa redução de tempo de revisão dos motores significou
para os clientes uma redução de 50% da necessidade de investimentos em motores-reservas
e significou o aumento da receita da empresa em 250%, conforme constatado nos livros
contábeis.
Além desses fatos, em 1996, um dos acionistas que havia participado da compra da
empresa em 1991, líder mundial nesse ramo de atividade, adquiriu cem por cento do capital
da empresa. E segundo o Gerente de Qualidade, um dos fatores mais positivo que essa
empresa considerou para adquirir o restante das ações foi justamente o sistema
implementado, pois nenhuma outra empresa do grupo tinha um sistema tão completo
quanto este em todo o mundo. Esse fato comprova a contribuição do sistema para a
empresa.
A partir da implantação do sistema até hoje, foram inúmeros os projetos de melhoria
implementados por esse grupo de trabalho, destacando-se os seguintes:
87
- 1996 Integração maior do controle de materiais e elaboração de relatórios técnicos
dos serviços executados nos motores.
-
1997
Implantação dos novos módulos: elaboração de base de dados estatísticos para
fundamentar os projetos da metodologia
six-sigma
e Controle de Raio-x. Segundo um dos
gerentes da área de Reparo, “o suporte que o sistema tem dado ao programa
six sigma
na
empresa é importantíssimo, pois, se ele não existisse, talvez não se chegasse ao nível de
operacionalização em que se está atualmente. Possivelmente levaria mais tempo, porque o
nível de banco de dados para projetos é uma coisa realmente muito grande. Essa facilidade
não existia nas outras empresas do controlador, nessa época, pois elas não tinham um
sistema como este.”
- 1998 :
o
Implantação do módulo de Controle de Não Qualidade, o qual, segundo um dos
gerentes da área de Reparo, “criou uma facilitação para as auditorias, pois o
sistema provê todas as informações necessárias para elas, que nesse ramo de
atividade são muito rigorosas.” Melhorou, então, um processo importantíssimo
para a empresa.
o
Outro projeto nessa área de Qualidade foi a geração, pelo sistema, do
documento final atestando todos os serviços realizados em cada peça do motor,
documento esse que é um elemento importantíssimo no ramo aeronáutico. É a
verdadeira identidade do motor, que não pode ser instalado na aeronave sem
essa documentação, segundo a gerente de PCP da área de Revisão.
o
Ainda segundo a gerente de PCP da área de Revisão, tal recurso ficou obsoleto
com o passar do tempo, porque o ambiente da oficina mudou da organização de
células de processo para célula de produção, e, nesse momento, aquele desenho,
88
pelo menos a parte operacional, e nada de engenharia que se fez para gerir a
produção numa gestão de processo - os produtos atravessarem os centros de
processo, o modelo para administrar as filas de trabalho e definir prioridades -
enfim todas as ferramentas criadas para administrar a oficina ficaram sem
utilização.
o
Nesse ano houve o projeto de alteração do controle do estado das peças, do qual
nem todas as pessoas dessas áreas participaram, o que causou a interrupção do
fluxo normal do trabalho nessas áreas durante alguns dias.
- 1999 - 2000 : A implantação do sistema na nova oficina comprada pela controladora
em 1998, o que, no início, sofreu bastante resistência. As pessoas não queriam aceitar o
sistema; mas depois começaram a aceitá-lo e ver que ele era importante, segundo uma das
técnicas da área de Reparo. Cabe ressaltar que a maioria dos membros do grupo fizeram
parte do grupo de implantação, o que ajudou muito o projeto, pois eles trabalharam no chão
da oficina mostrando como o sistema funcionava, conforme afirmado pelo técnico da
Engenharia de Processo. Outro fato relevante que vale salientar, segundo um dos líderes da
área de Reparo, “foi que, graças à questão da TI, conseguiu-se aproximar duas culturas
muito distintas. Depois desse momento, ainda existiam diferenças de pensamentos, mas
isso foi bom para as duas culturas, pois essas diferenças trouxeram mudanças que serviram
para melhorar as duas empresas. Sem as mudanças, talvez se levassem anos para alcançar
essas melhorias. Em função do sistema conseguiu-se aproximar mais as pessoas das duas
empresas.”
- 2001:
o
Houve um projeto, no qual o grupo não participou, que não deu certo, pois
existiram sérios problemas de definição do sistema de controle do primeiro
89
inventário físico, ou seja, do sistema que dá suporte à contagem, feita uma vez
por ano, dos produtos/peças em processo e em estoque e os respectivos ajustes
contábeis que se fizerem necessários. O problema foi tão grande, que depois o
inventário precisou ser refeito, mas, dessa vez, o grupo ajudou nas definições e
teve sucesso, conforme afirmou um dos técnicos da Engenharia de Processo.
o
Houve um projeto que seria muito bom para a empresa, chamado de
parperless
,
ou seja, eliminar o máximo possível o uso de papel na oficina. Acabou não
sendo implantado porque, no meio do seu desenvolvimento, veio a crise da
aviação provocada pelo atentando de 11 de setembro de 2001 e ele teve que ser
suspenso, pois era um projeto que precisava de um investimento financeiro
muito alto.
- 2002 Tratamento de Ordens de Serviço a nível contábil, o que, segundo um dos
técnicos da Engenharia de Processo, era um problema muito grande para a empresa,
causando grandes perdas financeiras. Segundo o entrevistado, “este projeto exigiu uma
dedicação muito grande do grupo, pois foi uma das maiores mudanças que houve no
sistema. Se não fosse o trabalho desempenhado pelo grupo, seria muito difícil implantá-lo,
porque se mudou a filosofia de alguns processos e trabalhou-se com a preocupação de não
provocar muito impacto no dia-a-dia da empresa, já que, às vezes, uma mudança grande
encontra um pouco de resistência, e este era o caso.”
- 2003 - Consolidação das duas empresas, matriz e filial, numa só, em função da crise da
aviação iniciada com o atentado de 11 de setembro de 2001, quando as duas empresas
estiveram ameaçadas de fechar, o que acabou acontecendo com a filial .Trabalho fantástico
do grupo, o envolvimento e comprometimento foram extraordinários, como, por exemplo:
revisão dos processos da empresa, de forma a adequar-se aos novos produtos com os quais
90
se passou a trabalhar, e aplicação de treinamento dos processos novos a todos os
funcionários da área de Produção, conforme afirmou o líder do projeto na área de TI.
- 2004 Módulo de instruções especiais, módulo de engenharia altamente complexo,
que traz mais segurança e qualidade aos serviços da empresa, conforme afirmou um dos
engenheiros da área de Motores.
- 2005 - Tratamento de Ordens de Serviço que andam em lote, projeto esse que
proporcionou uma economia de horas trabalhadas equivalente ao tempo que se gasta para
revisar dois motores de grande porte, conforme afirmou o líder do projeto na área de TI.
5.2.1 Descrição do funcionamento do grupo
O grupo funciona da seguinte forma: alguém identifica a necessidade de algo no Sistema de
Engenharia, Programação e Controle que não exista na empresa ou precise ser modificado.
Por qualquer motivo, por exemplo: um pedido novo de um cliente, uma nova necessidade
dos órgãos homologadores, ou uma tentativa de melhoria de processo identificada pela
própria área etc., sendo que, geralmente, esses pedidos de modificação são urgentes.
Essa pessoa procura o representante do grupo de usuários do sistema da sua área para
apresentar a necessidade. O representante, então, verifica se o que está sendo pedido já não
existe no sistema de alguma forma; caso exista, mostra à pessoa como fazer, e a questão
fica resolvida. Caso não exista, registra a solicitação de melhoria num controle específico, e
este controle avisa ao Analista de Negócios responsável pelo Sistema da criação da nova
solicitação. Em seguida, o Analista de Negócio entra em contato com o representante do
grupo que registrou a solicitação, para levantar mais detalhes e a fim de verificar
91
novamente se o que está sendo pedido já não existe no sistema de alguma forma, caso já
exista, mostra como fazer, e a questão fica resolvida.
Caso não exista, o Analista de Negócio marca uma reunião com todo o grupo para desenhar
como a solicitação deve ser feita, tanto em relação ao processo quanto em relação ao
sistema. Nessas reuniões, procura-se sempre chegar a uma solução de consenso que atenda
a todas as áreas. Em seguida, a proposta de solução é enviada para a empresa responsável
pela manutenção do sistema, que, por sua vez, prepara o documento com o seu
entendimento da solicitação e a respectiva proposta técnica de implementação. O Analista
de Negócios recebe esse documento e marca nova reunião com todo o grupo para analisar o
documento; após a aprovação por consenso de todos os membros do grupo, essa aprovação
é encaminhada para a empresa responsável pela manutenção, que encaminha o respectivo
orçamento e o prazo para o Analista de Negócios. Este avalia se o orçamento está
compatível com o que foi solicitado e, em caso afirmativo, encaminha para o CIO aprovar.
Caso o orçamento não esteja compatível com o solicitado, é pedida uma revisão. Só após a
aprovação do orçamento e do prazo, a solicitação começa a ser feita efetivamente pela
empresa responsável pela manutenção do sistema.
Quando a solicitação está pronta para testes, o Analista de Negócios marca os testes com
todos os representantes do grupo que serão afetados pela modificação; após a aprovação
dos testes, marca-se a data para a colocação em produção. Caso a modificação necessite de
algum treinamento para as pessoas que vão utilizá-la, o mesmo é ministrado pelos
respectivos representantes que foram afetados pela solicitação, com a ajuda, por vezes, do
Analista de Negócios na preparação do material de treinamento. Dessa forma, são os
92
representantes das áreas dentro grupo que fazem as implementações propriamente ditas nas
áreas.
Como pode ser percebido acima, não há reuniões pré-agendadas do grupo, elas acontecem à
medida que se façam necessárias. Essas reuniões são coordenadas pelo representante de TI,
que é o Analista de Negócios responsável pelo sistema, e que exerce também o papel de
ouvinte, já que é ele que registra tudo que é discutido nas reuniões, a fim de documentar as
propostas de solução das melhorias do sistema e encaminhar para a empresa responsável
pela manutenção do sistema. Exerce também o papel de porteiro, pois é ele que conduz as
discussões pedindo às pessoas para falarem, ou pedindo para darem a palavra a outros.
Além de exercer ainda o papel de mediador, pois ele intervém nas discussões todas as vezes
em que há um impasse, no intuito de se chegar a um consenso.
Cabe salientar que, apesar da pressão por prazos curtos para a solução dos pedidos de
melhoria, o grupo não se abala, pois já entendeu que, sempre que a rotina acima não foi
seguida, tiveram que refazer trabalhos, o que acabou prejudicando os prazos e a qualidade
das modificações.
Além da rotina acima descrita, os membros do grupo atuam como esclarecedores de
dúvidas corriqueiras do uso do sistema no dia-a-dia. Assim, quando há alguma dúvida ou
problema mais sério, por vezes, convoca-se uma reunião para tratar do assunto.
Descrita a história do grupo de trabalho, passe-se à análise dos constructos estudados na
revisão da literatura x as entrevistas realizadas.
93
5.3 ANÁLISE DOS CONSTRUCTOS DA REVISÃO DA
LITERATURA X ENTREVISTAS
Nesta etapa do trabalho será feita uma análise detalhada das entrevistas realizadas x os
constructos estudados na revisão da literatura, descritos no capítulo 3. Dessa forma, será
feita uma avaliação da eficácia do grupo de trabalho, quando serão analisados os estágios
de formação de desenvolvimento do grupo e as estruturas; em seguida serão avaliados os
fatores ambientais relacionados ao grupo. Após essa etapa, serão estudados os processos
internos e externos, para então avaliar quais têm sido os traços psicossociais dentro do
grupo. Em seguida, analisar-se-ão os outros contructos encontrados nas entrevistas que não
foram mencionados pela literatura estudada.
Será feita, depois, uma avaliação do nível de alinhamento entre negócio e TI e como o
grupo tem trabalhado nesse sentido, e será estudado: como tem sido a contribuição do
sistema para a empresa, como tem sido a governança dos projetos de melhoria do sistema,
como tem sido a comunicação entre negócio e TI, como tem sido a parceria entre negócio e
TI e, finalmente, qual tem sido a influência da cultura da empresa no alinhamento entre
Negócio e TI.
Na etapa seguinte será feita uma análise de causa x efeito dos constructos analisados nas
etapas anteriores.
94
5.3.1 - Avaliação da eficácia do grupo de trabalho
5.3.1.1 Análise dos estágios de formação e desenvolvimento do grupo
Quanto à
formação
do grupo, segundo o ex-CIO, identificou-se que, para se especificar e
desenvolver o sistema que automatizasse as funções de Engenharia, Programação e
Controle da Produção de toda a empresa, seria necessário montar um grupo multifuncional,
formado por pessoas das áreas de Negócio e de TI, que conhecesse bem o negócio da
empresa e, principalmente, as funções que o sistema se propunha cobrir. Mas essas pessoas
deveriam ter uma visão da necessidade de toda a empresa e não somente das suas áreas e
também deveriam ter habilidade para trabalhar em grupo. Essa necessidade deveu-se,
segundo o entrevistado citado acima, “porque, nessa época, a empresa trabalhava com
grupos diferentes de motores e cada uma dessas áreas tinha graus de dificuldade e liberdade
diferentes. Se as áreas não se alinhassem, seria criado um sistema para cada uma, o que não
era o objetivo.” Segundo o Engenheiro de Qualidade da empresa, quando o grupo foi
formado, houve muita curiosidade das pessoas em saber para que o grupo servia, e isso foi
muito importante. Esses fatos comprovam que, realmente, o grupo passou pelo estágio de
formação estudado na revisão da literatura.
Observou-se também que houve o estágio de
tempestade
na formação do grupo, já que
aconteceram alguns problemas logo no seu início, mais especificamente quanto à aceitação
da liderança, à desconfiança de que os objetivos do grupo eram inatingíveis e à falta de
espírito empreendedor de alguns membros do grupo. Como se pode constatar pelas
afirmações feitas pelo ex-CIO, “alguns integrantes iniciais não aceitaram uma liderança que
95
não era da sua área e acabaram saindo. Houve também o problema de confiança, se o
projeto daria certo, pois seus objetivos eram muito vastos e ambiciosos. Outro problema foi
que algumas pessoas não eram suficientemente empreendedoras para fazer o projeto
acontecer nas suas áreas e, também, aceitavam, sem questionamento, todas as
argumentações feitas , ou seja, não sabiam colocar as suas necessidades verdadeiramente.”
Constatou-se ainda que houve o estágio de
normação
, como se pode observar pelas
afirmações feitas por um dos técnicos da área de Reparo, que foi uma das pessoas que mais
questionou a viabilidade do projeto no seu início. Mas depois do trabalho de
convencimento de que era possível alcançar os objetivos, feito pelo líder do projeto na
época, o grupo começou a funcionar efetivamente. Assim, as pessoas que resistiam no
início passaram a contribuir de forma efetiva, ajudando na especificação técnica
propriamente dita, e também ajudaram a convencer as outras pessoas das áreas de negócio
da viabilidade do projeto, ajudando bastante na quebra da resistência da mudança do
paradigma existente, para tornar-se um grupo harmonioso. Nesse estágio também se pôde
observar que houve uma aproximação das áreas de Negócio e de TI, o que se constata pelas
afirmações feitas pela gerente de PCP da área de Revisão. “...o pessoal de negócio achava
que o pessoal da informática tinha uma visão muito simplista, pouco conhecedora do
processo produtivo, que o processo produtivo era coisa de engenheiro, das pessoas da
produção. Então estes paradigmas foram quebrados pelas próprias pessoas do grupo, que
eram profundamente comprometidas, pessoas extremamente boas, no sentido de adquirir
resultados, de olhar para o resultado final...”
96
Segundo o ex-CIO, depois dos problemas iniciais resolvidos e estabelecida a harmonia
descrita acima, o grupo nunca mais foi desfeito. Isso ocorreu em 1992/1993, havendo
somente a troca de alguns elementos depois dessa época. E quanto a essa troca de pessoas,
segundo o engenheiro da área de Revisão de Motores afirmou, “a entrada de novos
membros no grupo é sempre bem-vinda. Todos são respeitados, tendo como tônica de
atuação o profissionalismo, de forma que cada membro tenta sempre contribuir da melhor
forma para a busca do bem da empresa.” Todos os outros entrevistados que participam do
grupo ou já participaram, afirmaram que foram bem recebidos quando entraram para o
grupo, não tendo nenhum problema de adaptação e nenhuma barreira. Os membros mais
antigos sempre procuraram ajudar os novos membros em tudo que foi preciso. Os novos
membros do grupo são indicados pela gerência das suas respectivas áreas; quando há a
necessidade de troca de algum membro por qualquer motivo, o critério básico para a
escolha dos novos membros é que devem conhecer bem os processos das suas áreas assim
como conhecer bem o sistema. Dessa forma, pode-se afirmar que o grupo está no estágio de
desempenho
desde essa época, ou seja, há mais de quatorze anos.
A tabela a seguir sintetiza os resultados descritos acima:
Constructos
Situação encontrada Trechos ilustrativos
Formação
Criação do grupo para especificar e
desenvolver o Sistema de Engenharia,
Programação e Controle.
“A necessidade de criar o grupo deveu-se
ao fato de a empresa, na época, trabalhar
com grupos diferentes de motores e cada
uma dessas áreas ter graus de dificuldade e
liberdades diferentes. Se as áreas não se
alinhassem, seria criado um sistema para
cada uma, o que não correspondia ao
objetivo.”(Ex-CIO)
Tabela 11 Resumo da análise do grupo de trabalho baseada no modelo de HEINEN
e JACOBSON (1976) e TUCKMAN e JENSEN (1977, apud DUBRIN, 2003): Estágios
de formação e desenvolvimento
97
Constructos Situação encontrada Trechos ilustrativos
Tempestade
Problemas no início do trabalho
do grupo.
“Alguns integrantes iniciais não
aceitaram uma l
iderança que não era da
sua área e acabaram saindo. Houve
também o problema de confiança no
sucesso do projeto, pois seus objetivos
eram muito vastos e ambiciosos.” (Ex-
CIO)
Normação
Depois do trabalho de
convencimento de que era
possível alcançar seus o
bjetivos,
o grupo começou a funcionar
efetivamente.
“...eram muitas anuências para que eu
achasse que iria dar certo.” (Técnico da
área de Reparo).
Desempenho
O grupo está trabalhando de
forma eficaz em vários projetos
desde 1992.
“...sem o sistema no
qual o grupo
trabalha a empresa simplesmente não
funcionaria...” (Assistente de Engenharia
da área de Acessórios)
Tabela 11 Resumo da análise do grupo de trabalho baseada no modelo de HEINEN
e JACOBSON (1976) e TUCKMAN e JENSEN (1977, apud DUBRIN, 2003): Estágios
de formação e desenvolvimento (Continuação)
5.3.1.2 Estruturas
Nessa etapa será avaliado como têm sido as estruturas do grupo, subdividido nos níveis de
autoridade, de composição e de contexto organizacional no qual está inserido.
5.3.1.2.1 Níveis de autoridade
Relativamente a
poder e autonomia
para tomar as decisões técnicas, segundo a maioria
dos entrevistados e principalmente de dois técnicos da área de Reparo, em geral o grupo
tem agido de forma decisiva e soberana, pois são as pessoas que detêm maior conhecimento
para tanto. Todas as decisões são tomadas de forma consensual e não por votação; quando
há discordância em algum ponto, o mesmo é discutido até que se chegue a um acordo e,
para isso, certas vezes, algumas áreas/pessoas abrem mão de sua proposta. Por exemplo,
98
apesar de não serem a tônica do grupo, já foram feitas modificações específicas para a área
de acessórios, de forma a atender às suas necessidades, já que essa área tem algumas
características diferentes das demais. Quando as modificações são críticas ou muito
grandes, por exemplo, quando afetam muitas áreas ao mesmo tempo, e o grupo não se sente
confortável para tomar a decisão, é solicitado que os níveis mais altos da hierarquia
participem. Já no nível financeiro, as decisões têm sido tomadas por pessoas
hierarquicamente acima dos membros do grupo, baseando-se na análise de custo x
benefício dos projetos.
Segundo as afirmações de uma das técnicas da área de Reparo e por dois técnicos da área
de Motores, a
interdependência das tarefas
do grupo tem sido percebida, pela necessidade
de todos os integrantes dividirem suas demandas de melhorias no sistema e discutirem a
melhor forma de fazê-las, por meio de um debate aberto e muito claro, onde se tenta
levantar os prós e os contras de cada proposta. Dessa forma, cada membro depende do
conhecimento dos outros membros para definir e desenhar uma sugestão de melhoria, pois
a empresa é muito grande e tem muitas áreas que funcionam de maneira diferente umas das
outras, e cada membro detém profundo conhecimento da sua área. Assim consegue-se
atender a todas as áreas de forma homogênea, a fim de não trazer problema para nenhuma
delas, pois o que se tem observado é que, quando não se segue esse método, ocorrem
problemas. Como o de 1998, quando nem todas as pessoas das áreas participaram da
elaboração do projeto de melhoria, e ele fracassou, causando a interrupção do fluxo de
trabalho normal durante alguns dias.
99
interdependência das metas e objetivos
do grupo e da empresa, pois, segundo um dos
gerentes da área de Reparo, “os objetivos do grupo e da empresa têm sido bastante
alinhados, já que a empresa precisava de um sistema robusto que suportasse toda a sua
operação e que também suportasse todas as mudanças ao longo do tempo, e é isso que o
grupo tem feito .” Esse fato é reforçado ainda pela afirmação do Engenheiro de Qualidade,
que “o alinhamento se dá principalmente no que tange ao objetivo maior da empresa, que é
melhorar o faturamento com qualidade. Pois alterando o sistema ou melhorando alguma
rotina, melhorar-se-á a produtividade, o que reduz os custos e, conseqüentemente,
aumenta o lucro da empresa. E a qualidade é algo que está sempre presente na preocupação
do grupo: as novas rotinas devem ter uma qualidade igual ou melhor do que já havia, ou
seja, sempre se está em busca de excelência.”
A tabela a seguir sintetiza os resultados descritos acima:
Constructos Situação encontrada Trechos ilustrativos
Potência e
Autonomia
O grupo tem poder e
autonomia para tomar as
decisões no nível técnico.
“Em geral, as decisões técnicas são tomadas pelo
grupo. Já no nível financeiro, as decisões são
tomadas pelo pessoal de nível mais alto na
hierarquia.” (Técnica da área de Reparo)
Interdependência
das tarefas
Existe interdependência em
função da
complementaridade dos
conhecimentos dos membros
do grupo.
“A preocupação que o grupo tem de compartilhar
todas as solicitações com todos os participantes,
que representam as diferentes áreas da empresa,
sempre no intuito de não prejud
icar nenhuma
área e sim trazer melhoria para todas, e, por
conseguinte, para a empresa.” (Planejadora de
Produção)
Interdependência
das metas e
objetivos
O objetivo do grupo é
prover soluções de sistemas
de informação que dêem
suporte às necessidades do
negócio da empresa.
“Os objetivos do grupo e da empresa têm sido
bastante alinhados, já que a empresa precisava de
um sistema robusto que suportasse toda a sua
operação e que também suportasse todas as
mudanças ao longo do tempo, e é isso que o
grupo tem feito ao longo da sua existência.”
(Gerente da área de Reparo.)
Tabela 12 Resumo da análise do grupo de trabalho baseada no modelo COHEN e
BAILEY (1997): Estruturas
100
5.3.1.2.2
Composição do grupo
Quanto ao
tamanho
do grupo, segundo a técnica da área de Acessórios, “é adequado. Pois,
apesar de ser enxuto, consegue atender às diversas áreas da empresa; se fosse maior, talvez
trouxesse tumulto.” Atualmente, é composto por oito pessoas. Esse número não tem
variado muito; o que sempre houve foi um representante de cada área de engenharia,
qualidade e produção, variando em função das mudanças que ocorreram no tamanho das
áreas na empresa. Como, por exemplo, na área de revisão de Motores. Até cinco anos atrás,
eram três linhas de motores: Pequenos, Militares e Grandes, e havia um representante no
grupo de cada uma dessas áreas. Como as linhas de motores pequenos e militares foram
desativadas, seus representantes saíram do grupo. Outro exemplo é o que ocorre na área de
Reparo, que tem dois representantes, pois a área é muito grande e uma única pessoa não
conhece em detalhes todas as suas rotinas.
Quanto à
qualidade do grupo
, segundo o líder do projeto na área de TI, “é adequada, pois
sempre tem havido um representante de cada área, e todos de bom nível cultural, com
grande proficiência nos processos de suas respectivas áreas e do sistema, e também são de
fácil convivência.” O que, segundo um dos gerentes da área de Reparo, tem facilitado
muito o trabalho do grupo.
Quanto à
diversidade
, segundo uma das técnicas da área de Reparo, também tem sido
adequada, “pois o grupo se compõe de um representante de cada área usuária do sistema e
um representante de TI; se não fosse assim, possivelmente o grupo não conseguiria atingir
os resultados que atinge atualmente. Como usuários do sistema, nada melhor que eles
101
mesmos proporem as melhorias, já que conhecem o dia-a-dia dos seus processos e como o
sistema pode ajudá-los. E o representante de TI avalia as sugestões de melhoria,
ponderando se são viáveis ou não.” Para ilustrar a importância da diversidade da
contribuição do conhecimento, em 1998, a área de Reparo não tinha um representante de
cada uma das suas áreas, o que trouxe alguns problemas para a implantação de alguns
projetos e principalmente num caso específico, que causou a interrupção do fluxo do
trabalho normal nessas áreas durante alguns dias. Essas pessoas que fazem parte do grupo
têm grande experiência, conhecem bem as suas áreas e o sistema. Nas entrevistas, questões
relativas à diversidade de gênero e nível hierárquico não vieram à tona, isso indica que,
provavelmente, esse tipo de diversidade não teve influência marcante nas dinâmicas do
grupo.
Quanto aos
papéis
, segundo os integrantes do grupo entrevistados, pode-se afirmar que
todos os papéis têm sido identificados. Esses papéis não são pré-estabelecidos, na verdade,
eles são exercidos naturalmente pelos membros do grupo, de acordo com as características
pessoais de cada membro. Assim, quando algum novo membro entra no grupo, não se
estabelece que ele vai exercer determinado papel, ele é simplesmente um novo
representante de alguma área e com o decorrer do tempo vai exercendo o papel em que se
sinta mais confortável.
Colaborador do conhecimento ou consultor
é um papel que
geralmente tem sido exercido pelas pessoas mais antigas no grupo. Por exemplo, quando
alguém tem um problema técnico mais grave, procura-o para tentar resolver e, geralmente,
consegue. Já o papel de
observador
tem sido exercido pelo representante da Engenharia de
Processos, pois é o que tem um senso apurado para identificar possíveis problemas na
elaboração dos projetos de melhoria do sistema, já que, quando alguém faz uma proposta
102
que pode prejudicar a rotina já existente, ele logo reconhece e chama atenção para o fato.
Por exemplo, no projeto de Ordens de Serviço, ele identificou uma série de falhas na
proposta inicial, e, graça aos seus comentários, a proposta foi melhorada. O papel do
apoiador
é compartilhado por todo o grupo e não responsabilidade de uma só pessoa. Por
exemplo, se, numa reunião, percebe-se que algum dos membros não está bem, todos
procuram tentar entender o que está acontecendo e ajudar. E o papel de
desafiador
tem
sido exercido pelo representante da Qualidade, pois é ele que valida as sugestões de
melhoria à luz da legislação e dos regulamentos dos órgãos homologadores. Esse trabalho é
muito bem aceito por todos do grupo, já que evita expor a empresa às auditorias que são
feitas periodicamente. Por exemplo, por diversas vezes o representante da Qualidade
questionou a forma como se desejava modificar o
lay-out
das Instruções de Serviço, que
não estavam de acordo com as normas dos órgãos homologadores. Segundo uma das
técnicas da área de reparo, “a
liderança do grupo
tem sido compartilhada por todos.
Todavia tem existido um coordenador dos trabalhos, que, do início do grupo até 1996, foi
um dos engenheiros da área de Reparo, tornando-se depois CIO da empresa e depois dessa
época tem sido o representante de TI.” E segundo a Planejadora de Produção e o
engenheiro da área de Revisão, os papéis de
ouvinte
, de
porteiro
e de
mediador
também
têm sido exercidos pelo coordenador dos trabalhos, pois ele intervém nas discussões todas
as vezes em que surge um impasse. Ele procura chegar a uma solução de consenso,
buscando identificar todos os lados das questões, no intuito de resolver o melhor para
todos. Essa pessoa também organiza e conduz as reuniões do grupo.
103
A tabela a seguir sintetiza os resultados descritos acima:
Constructos
Situação encontrada Trechos ilustrativos
Tamanho O tamanho varia entre 8 e
12, sempre com pelo
menos um representante de
cada área.
“O tamanho do grupo é adequado. Pois, apesar de ser
enxuto, consegue atender às diversas áreas da
empresa; se fosse maior, talvez trouxesse
tumulto.” (Assistente de Engenharia da área de
Acessórios)
Qualidade do
grupo
A seleção dos
componentes garante a
qualidade do grupo.
“ A qualidade do grupo é adequada, pois sempre tem
havido um representante de cada área, e todos de bom
nível cultural, com grande proficiência nos processos
de suas respectivas áreas e do sistema, e também são
de fácil convivência.” (Líder do projeto na área de TI)
Diversidade Apresenta diversidade em
termos de formação
profissional e de
conhecimentos técnicos
dos membros.
“A diversidade tamb
ém tem sido adequada, pois o
grupo se compõe de um representante de cada área
usuária do sistema e um representante de TI. Se não
fosse assim, possivelmente o grupo não conseguiria
atingir os resultados que se atingem atualmente....”
(Técnica da área de Reparo)
Papéis
Consultor
O papel de consultor tem sido
exercido, geralmente, pelas
pessoas mais antigas no
grupo.
Acho que por... até mesmo por uma certa antigüidade, eu
acho que hoje eu me vejo dessa forma, mais como um
consultor do que como... o... um... cara que sugere mais
modificações. Eu acho que o cara mais antigo sempre acaba
sendo um cara mais respeitado, é porque ele já tem uma
bagagem maior.” (Engenheiro da área de Revisão.)
Papéis
Observador
O papel de observador tem
sido exercido pelo
representante da
engenharia de processos,
pois ele tem um senso
apurado para identificar
possíveis problemas na
elaboração dos projetos.
“O observador eu diria que é o representante da
engenharia de processos. Ele tem um senso de Pô,
peraí, vamos ver se isso não vai furar em algum lugar
mesmo” (Técnica da área de Reparo)
Papéis
Apoiador
O papel do apoiador é
compartilhado por todo o
grupo e não desempenhado
por uma só pessoa.
“Dentro da reunião do grupo, por conhecer o pessoal,
a gente vê que fulano não es
tá muito bem, ... todo
mundo está sempre querendo ajudar... porque está
triste, está acontecendo alguma coisa e tal não é
tentando se intrometer e sim ajudar.” (Técnico da
Engenharia de Processos)
Papéis
Desafiador
O papel de desafiador tem
sido exercido pelo
representante da qualidade,
pois é ele que valida as
sugestões de melhoria à
luz da legislação e dos
regulamentos dos órgãos
homologadores.
“O representante da qualidade era uma pessoa que
dificultava os programas que a gente levava, pois ela
pensava um pouco mais à frente, ela tem que cercar
tudo, não pode dar um erro” (Técnico da Engenharia
de Reparo)
Tabela 13 - Resumo da análise da grupo de trabalho baseado no modelo de COHEN e
BAILEY (1997) e DUBRIN (2003): Composição do grupo
104
Constructos
Situação encontrada Trechos ilustrativos
Papéis Líder
A liderança do grupo tem
sido compartilhada por
todos, embora exista um
coordenador dos trabalhos.
“Não existe um líder formal. A liderança é dividida
por todos, mas existe uma pessoa que coordena o
trabalho do grupo, que é o representante do TI.”
(Engenheiro da área de Revisão)
Papéis
Ouvinte,
Porteiro e
Mediador
Os papéis de ouvinte,
porteiro e de mediador têm
sido exercidos pelo
coordenador dos trabalhos,
pois ele intervém nas
discussões todas as vezes
que se tem um impasse.
“Os papéis de porteiro, ouvinte e mediador são
exercidos pelo representante de TI. Pois ele coordena
os trabalhos, e, dessa forma, intervem nas discussões
todas as vezes que há um impasse. Procura chegar a
uma solução de
consenso, buscando identificar todos
os lados das questões no intuito de chegar ao melhor
para todos.” (Planejadora de Produção)
Tabela 13 - Resumo da análise da grupo de trabalho baseado no modelo de COHEN e
BAILEY (1997) e DUBRIN (2003): Composição do grupo - Continuação
5.3.1.2.3 Contexto Organizacional
Dentro do contexto organizacional, segundo o líder do projeto na área de TI, não têm
havido
premiações
específicas pelo trabalho do
grupo, já que este não é subordinado a
nenhum órgão específico da empresa, e as premiações são dadas pelos
gerentes de cada
área aos seus respectivos funcionários. Apesar disso, as pessoas têm prazer em participar do
grupo, como se pode constatar pela afirmação feita por uma das
técnicas da área de
Reparo: “todos têm prazer em participar do grupo, não é uma simples obrigação, há uma
gratificação pessoal nessa participação.” Fato este atestado pelo engenheiro de Qualidade
que está na empresa há mais de trinta anos, pois, segundo ele, não existe outro grupo na
empresa que tenha a mesma freqüência às suas reuniões. E um dos técnicos da Engenharia
de Revisão, “tenho prazer em participar no grupo, pois sou ouvido, posso dar minhas
opiniões e propor melhorias que sei que serão bem recebidas, ou seja, eu sou respeitado
.”
105
Também nunca houve
treinamento
específico
para que alguém possa participar ou
melhorar o seu desempenho no grupo. Dessa
forma, pode-se afirmar que essas
características das estruturas
do grupo não influenciam no resultado do trabalho.
Quanto ao
suporte gerencial
, segundo um dos gerentes da área Reparo, o apoio ao grupo é
pleno, pois, na verdade, os gerentes contam com ele para a melhoria nos processos
operacionais através do uso da informatização. Esse apoio ainda pode ser comprovado pela
afirmação de uma das técnicas da área de Reparo, “atualmente, falando do grupo, todos
dentro da empresa sabem que ele existe, apesar de nunca ter sido divulgado dessa forma.
Mas de tanto o grupo interagir com o restante da empresa, de tanto as pessoas ficarem
juntas, qualquer um da empresa, da Direção, da Presidência ou do pessoal da oficina sabe
da sua existência e o procuram quando têm alguma dúvida, quando precisam de ajuda, o
que é importante para todos.” Esse fato ainda é reforçado pela gerente de PCP da área de
Revisão, pois, segundo ela, “essas pessoas que fazem parte do grupo são respeitadas em
todos os níveis da empresa, desde o piso da oficina até a diretoria. Elas são muito
respeitadas pelos conhecimentos que adquiriram e pela importância do seu papel de
multiplicadores e de elementos de desenvolvimento.”
A tabela a seguir sintetiza os resultados descritos acima:
Constructos Situação encontrada Trechos ilustrativos
Premiações
Não tem havido premiações
específicas pelo trabalho do
grupo, apesar disso, todos têm
prazer em participar do grupo.
“Todos têm prazer em participar
do grupo. Não é uma simples
obrigação, há uma gratificação
pessoal nessa participação.”
(Técnica da área de Reparo)
Tabela 14 Resumo da análise do grupo de trabalho baseado no modelo de COHEN e
BAILEY (1997) : Contexto organizacional
106
Constructos Situação encontrada Trechos ilustrativos
Treinamento
Nunca houve treinamento
específico para que alguém
possa participar ou melhorar o
seu desempenho no grupo.
“Os membros do grupo nunca
fizeram treina
mento para
participarem do grupo”
(Líder do
projeto na área de TI)
Suporte Gerencial
O apoio ao grupo é pleno, pois
os gerentes contam com ele
para conseguir a melhoria dos
processos operacionais através
do uso da informatização nas
suas respectivas áreas.
“Este grupo está focado em tentar
identificar o que a TI pode fazer
para que a nossa vida,..., no dia-a-
dia com o cliente esteja melhor.
Então, esse grupo justamente tá
aqui, tá fazendo isso para ajudar na
minha parte operacional.”
(Gerente da área de Reparo)
Tabela 14 Resumo da análise do grupo de trabalho baseado no modelo de COHEN e
BAILEY (1997) : Contexto organizacional - Continuação
5.3.1.3 Fatores Ambientais
As características da indústria e suas turbulências têm influenciado o trabalho do grupo no
que tange a trazer novas necessidades para o sistema, em função de requisitos dos clientes,
dos órgãos homologadores, que são muito exigentes, e dos próprios controladores da
empresa. Como se pode comprovar nas afirmações do engenheiro da área de Revisão: “o
mercado no qual a empresa está inserida é muito grande e muito competitivo. E encontra-
se em franca expansão após o atentado de onze de setembro de 2001. Em função disso,
demanda cada vez mais aumento de produtividade e diminuição dos custos das empresas, e
é justamente o que grupo está sempre buscando, através da melhoria dos processos via o
uso de informatização.” Já o engenheiro da área de Qualidade complementa afirmando que
“o ambiente externo influencia o trabalho do grupo porque a empresa tem sempre que estar
seguindo as normas internacionais e as normas da aviação, assim, eventualmente, tem que
modificar o sistema e as rotinas para se adequar às novas condições. E também, por vezes,
a própria controladora muda determinados controles, e a empresa tem que se adequar.” O
107
mundo se modifica constantemente, então, se o sistema não for modificado também, não
mais atenderá à empresa, criando um problema de alinhamento.
A tabela a seguir sintetiza os resultados descritos acima:
Constructos Situação encontrada Trechos ilustrativos
Fatores Ambientais
As características da indústria e
suas turbulências têm influenciado
o trabalho do grupo no que tange a
trazer novas necessidades para o
sistema em função de requisitos
dos clientes, dos órg
ãos
homologadores, que são muito
exigentes, e dos próprios
controladores da empresa.
“O mercado demanda cada vez
mais aumento de produtividade e
diminuição dos custos das
empresas, e é justamente o que
grupo está sempre buscando,
através da melhoria dos
pr
ocessos via o uso de
informatização.” (Engenheiro da
área de Revisão)
Tabela 15 Resumo da análise do grupo de trabalho baseado no modelo de COHEN e
BAILEY (1997): Fatores Ambientais
5.3.1.4 Processos Internos
Quanto à
comunicação
, segundo o ex-CIO, “no início dos trabalhos do grupo, em 1992,
o
grande desafio para facilitar a interação foi tirar da mente dos seus integrantes que eles não
eram mais os elementos simplesmente das suas áreas e sim que eles eram os seus
representantes, tentando fazer o melhor para a empresa. Dessa forma, nessa época, houve
constrangimentos para alguns no momento de se expressarem, mas depois foram
resolvidos, haja vista o sucesso que o projeto alcançou.” Fato este reforçado pelas
afirmações da assistente da área de Engenharia de Acessórios: “o grupo chegou a um ponto
bastante maduro, a interação entre os seus membros é muito intensa, esclarecendo dúvidas
e trocando experiência uns com os outros. Esse grau de interação vem evoluindo,
principalmente por causa do tempo de existência do grupo. A comunicação é franca e
aberta. Discute-se bastante, mas de forma democrática: cada um fala o que pensa, dando
108
opinião sobre as propostas, se estão boas ou ruins para suas áreas. Até porque cada membro
está ali para defender a sua área, embora não de forma egoísta. Procura-se fazer o melhor
para todas as áreas, enfim para a empresa.” Quando algum novo membro entra no grupo,
todos procuram deixá-lo bem à vontade e procuram ajudá-lo no que for preciso. Sendo o
grupo bastante democrático e aberto, não houve até agora nenhum problema de
socialização de novos membros, conforme afirmou o líder do projeto na área de TI. O
coordenador do grupo é a pessoa que informa, sem formalidade, para os novos membros
quais são os procedimentos básicos. As normas propriamente ditas os novos membros vão
identificando, informalmente, à medida em que participam das reuniões. Assim, pode-se
concluir que, depois dos problemas iniciais, não têm havido mais constrangimentos.
Quanto aos
conflitos interpessoais
, segundo o engenheiro da área de Revisão, “houve
pouquíssimos problemas de relacionamento, e, quando houve, foi superado fazendo com
que a pessoa aceitasse o modo de o grupo funcionar.” Já o engenheiro da Qualidade
complementa, afirmando que “o grupo é fantástico e seus membros são muito acessíveis,
não existe nenhuma rixa, todos se entrosam bem e não há nenhum problema de
relacionamento entre o pessoal, pelo contrário, cada um tem o propósito de ajudar o outro.”
Em relação aos
conflitos de trabalho
, segundo a Planejadora de Produção, “não existe
conflito de trabalho e sim forte argumentação dos participantes, no sentido de encontrar a
melhor solução para todos. E esses debates sempre chegam a bom termo, encontrando o
que é mais adequado para todas as áreas, representadas pelos membros do grupo.” Como,
por exemplo, num dos projetos de mudança do módulo de Engenharia, gastaram-se mais de
seis meses discutindo como deveria ser cada rotina. Só depois de um consenso passou-se a
109
especificação para a empresa responsável fazer o desenvolvimento das modificações no
software propriamente dito. Conflitos de trabalho sempre existiram, mas não se identificou
nenhum registro de impasse não resolvido nas entrevistas realizadas.
A tabela a seguir sintetiza os resultados descritos acima:
Constructos Situação encontrada Trechos ilustrativos
Comunicação
Depois dos problemas
iniciais, não tem havido
mais constrangimentos:
todos expressam suas
opiniões e interagem de
forma franca e aberta.
“O grupo chegou a um ponto bas
tante
maduro, a interação entre os seus membros é
muito intensa, esclarecendo dúvidas e
trocando experiência uns com os outros. Esse
grau de interação vem evoluindo ao longo do
tempo.... A comunicação é franca e aberta.”
(Assistente de Engenharia de Acessórios)
Conflitos
interpessoais
Não há problema de
relacionamento dentro do
grupo.
“O grupo é fantástico e seus membros são
muito acessíveis, não tem nenhuma rixa,
todos se entrosam bem e não há nenhum
problema de relacionamento entre o pessoal,
pelo contrá
rio, cada um tem o propósito de
ajudar o outro.” (Engenheiro da área de
Qualidade)
Conflitos de
trabalho
Conflitos de trabalho
sempre existiram, mas
todos chegam a bom termo,
não se identificou nenhum
registro de impasse nas
entrevistas realizadas.
“...n
ão existe conflito de trabalho e sim forte
argumentação de todos os participantes, no
sentido de encontrar a melhor solução para
todos. E esses debates sempre chegam a bom
termo, encontrando o que é mais adequado
para todas as áreas”. (Planejadora de
Produção)
Tabela 16 Resumo da análise do grupo de trabalho baseado no modelo de COHEN e
BAILEY (1997): Processos Internos
5.3.1.5 Processos Externos
Quanto à
comunicação externa
, segundo o engenheiro da área de Revisão e uma das
técnicas da área de Reparo, da mesma forma tem sido sempre aberta e honesta, não
havendo constrangimentos para a manifestação das opiniões. Isso acontece tanto com os
níveis superiores quanto com a empresa que é responsável pela manutenção do sistema. E
110
deve-se ao fato de a empresa buscar ter essa cultura de comunicação aberta e franca. Por
exemplo, existe um programa chamado “Palavra com o Presidente”, em que o Presidente
da empresa vai às áreas fazer reuniões diretamente com os empregados, que, então, podem
fazer qualquer pergunta. Essa comunicação aberta não acontece, no entanto, em toda a
empresa no mesmo nível em que ocorre dentro do grupo, já que o número de pessoas e
interesses são bem diferentes.
Quanto a
conflitos interpessoais
, não foi citado nenhum registro de alguma ocorrência.
Quanto aos
conflitos externos
, segundo o engenheiro da área de Revisão, “tratar os
conflitos de trabalho com o pessoal externo ao grupo tem sido uma das atribuições desse
grupo, pois ele se relaciona com todos os tipos de usuários do sistema. E nem sempre as
modificações e até mesmo a implantação do sistema têm sido bem aceita por todos, devido
à resistência à mudança, à falta de conhecimento e, no início, também por falta de
confiança de alguns. Apesar disso, o grupo consegue manter um bom nível de
comunicação com todos, e tem conseguido ultrapassar essas barreiras, haja vista o sucesso
do projeto.” Na verdade, os membros dos grupos são os porta-vozes das necessidades de
suas respectivas áreas, assim como são as primeiras pessoas às quais as áreas recorrem
quando há alguma dúvida ou problema com o uso do sistema; e também são eles que
promovem a implantação dos projetos de melhoria do sistema nas áreas. Dessa forma, os
membros do grupo têm um relacionamento muito estreito com todos nas suas respectivas
áreas e são muito respeitados.
111
A tabela a seguir sintetiza os resultados descritos acima:
Constructos Situação encontrada Trechos ilustrativos
Comunicação Externa
Tem sido sempre aberta e
honesta, não havendo
constrangimentos quando
se expressam as opiniões.
“A coisa é bem aberta. ...não tem
aquele negócio não, eu não vou falar
isso porque é uma informação minha
e eu não devo passar.... Aquilo que
seria bom para a área, bom pra
outra... e a gente sempre
compartilhou tudo. Acho que foi
muito
legal isso.” (Engenheiro da
área de Revisão)
Conflitos
Interpessoais
Não foi citado registro de
nenhuma ocorrência.
“Nenhum membro do grupo
mencionou que já tenha tido algum
problema pessoal com pessoas
externas ao grupo em função do
trabalho do mesmo.”
(Líder do
projeto na área de TI)
Conflitos Externos
O grupo consegue manter
um bom nível de
comunicação com todos, e
tem conseguido ultrapassar
as barreiras com as outras
áreas.
“Nem sempre a modificações, e até
mesmo a implantação do sistema têm
sido be
m aceitas por todos, fruto da
resistência à mudança, da falta de
conhecimento e, no início, também à
falta de confiança de alguns. Apesar
disso, o grupo consegue manter um
bom nível de comunicação com
todos, e tem conseguido ultrapassar
essas barreiras” (
Engenheiro da área
de Revisão)
Tabela 17 Resumo da análise do grupo de trabalho baseado no modelo de COHEN e
BAILEY (1997): Processos externos - Continuação
5.3.1.6 Traços Psicossociais
Quanto às
normas
, por exemplo: todos os projetos de melhoria devem ser discutidos e
aprovados por todos os membros do grupo e devem ser testados e aprovados por aqueles
que fizeram a solicitação de mudança no sistema. Segundo o engenheiro da área de Revisão
e a Planejadora de Produção, as regras têm sido informais. Elas estão na consciência de
cada membro e não escritas, são, na verdade, acordos tácitos. As pessoas sabem o que
112
podem ou não fazer. E sempre prevalece o consenso e não simplesmente a imposição da
opinião da maioria, respeitando-se os limites profissionais. E, segundo o técnico da área de
Engenharia de Processo, a única regra que tem sido seguida formalmente é quando se está
desenhando um processo, que é escrito e, depois, analisado, para, então, modificar o
sistema.
Já quanto à
coesão
, segundo o engenheiro de Qualidade, “o grupo é muito coeso, pois todos
se respeitam muito. O grupo tem evoluído muito, já que, no começo, o pessoal de negócio
não tinha quase nenhum conhecimento de informática. Hoje esse pessoal já tem uma noção
do que é para ser feito, como deve ser feito e quais as limitações do sistema, e isso foi uma
evolução dos dois lados, negócio e TI.” Já o engenheiro da área de Revisão ressalta que “as
pessoas são unidas e essa união vem aumentando. E isso trouxe melhorias para a qualidade
e produção do grupo, o que retroalimenta a união.” Essa mesma pessoa afirma ainda que
alterações na formação do grupo não alteraram o nível de coesão, porque as pessoas que
entraram no grupo adaptaram-se rapidamente à forma como o grupo funciona e logo se
uniram aos outros membros, e que também existe um compartilhamento de valores e
crenças. Por exemplo, as decisões serem de consenso e não por votação.
Quanto à
afetividade
, segundo um dos técnicos da área de reparo, “todos os membros do
grupo procuram se ajudar mutuamente, todos se sentem bem em participar dele.” E muitas
amizades pessoais passaram a existir com a convivência dentro do grupo. Essa afirmação é
salientada pelo engenheiro da área de Revisão, quando afirma que existe amizade além dos
limites profissionais, e todos se empenham. Esses fatos provam o alto grau de afetividade
no grupo, já que todos procuram se apoiar. O que é reforçado ainda mais quando uma das
113
técnicas da área de Reparo afirma: “quando um não sabe, o outro sabe; quando um
esquece, o outro lembra; um alerta o outro para o que pode estar acontecendo”.
Existe um alto nível de
cognição
no grupo, pois há um pensamento coletivo, há mútuo
respeito e confiança entre seus participantes, todos têm prazer em participar e também
existe um histórico de sucesso muito grande. Essas características podem ser identificadas
nas afirmações a seguir:
No nível do
pensamento coletivo
, segundo um dos técnicos da área de Reparo, “as
pessoas que têm participado do grupo têm bastante conhecimento tanto do negócio como
do sistema em si. E muitas dessas pessoas adquiriram esse conhecimento ao longo do
trabalho do grupo, tornando-se, inclusive,
experts
no assunto. E isso aconteceu com a ajuda
das pessoas que participaram ou participam do grupo há mais tempo.” Outra constatação
dessa característica, segundo a planejadora de produção, é a forma como as propostas de
melhoria são desenvolvidas, pois todos as debatem bastante até se chegar à melhor solução
para todos, e ela atribui isso ao comprometimento do grupo em estar sempre buscando o
que atenda a todos e da melhor forma possível. Já segundo uma outra técnica da área
Reparo, as pessoas são coesas, todos compartilham das mesmas preocupações e todos
pensam da mesma forma.
Quanto ao mútuo
respeito e confiança
, segundo uma das técnicas da área de
Reparo, “a tônica da relação entre os membros é de respeito e confiança mútua. A
honestidade entre os seus membros é incontestável.” Essas características, segundo um
outro técnico da área de Reparo, deve-se ao fato de “todos os seus membros procurarem se
ajudar mutuamente; se alguém não concorda com alguma coisa, tem tido total liberdade
para se expressar, e assim os conflitos são resolvidos de forma democrática, ou seja, tenta-
114
se sempre chegar a uma solução de consenso e não por imposição de idéias ou soluções
pré-concebidas.” Já a assistente da engenharia de acessórios identifica essas características
quando afirma que “o relacionamento dos membros do grupo não poderia ser melhor. É um
grupo que está junto há muito tempo, e todos se conhecem bastante, têm amizade um pelo
outro. E essa amizade foi se solidificando com a necessidade de seus membros se unirem na
solução dos problemas; então, isso, mais do que o lado profissional, leva as pessoas a não
prejudicarem umas às outros.”
Segundo uma das técnicas da área de Reparo, todos têm
prazer em participar do
grupo
, não é uma simples obrigação, há uma gratificação pessoal nessa participação. Fato
este atestado pelo engenheiro de Qualidade que está na empresa há mais de trinta anos, pois
ele “não conhece outro grupo na empresa que tenha a mesma freqüência nas suas reuniões.”
Segundo um dos técnicos da Engenharia de Revisão, ele tem prazer em participar no grupo,
pois ele é ouvido, pode dar suas opiniões e propor melhorias que sabe que serão bem
recebidas, ou seja, ele é respeitado. E segundo um dos gerentes da área de Reparo, “as
pessoas têm tido prazer em participar do grupo, pois elas identificam que o seu trabalho -
de estudar o problema, testar a solução e implementá-la, realmente tem acontecido na
prática, ou seja, não há frustração, assim elas se entusiasmam com o trabalho.”
Já os
resultados do grupo no nível pessoal
podem ser constatados pela afirmação
do ex-CIO, que esse projeto foi importantíssimo para sua carreira, pois, foi essa iniciativa
que lhe deu toda a bagagem que ele tem. Hoje ele se sente capaz de fazer qualquer tipo de
negócio, já que esse projeto exigiu um esforço muito grande de todos os seus participantes,
pois era um projeto muito grande, que envolveu necessidades multidisciplinares e de
multitarefas. Já um dos técnicos da área de Reparo agradece muito ter participado do
grupo, pois ajudou-o a progredir na sua carreira e na sua vida, porque com a sua
115
participação no grupo ele adquiriu conhecimento sobre os processos das áreas e do sistema
e esse conhecimento é valorizado pela empresa, tanto que ele foi promovido a assistente de
engenharia.
E quanto aos
resultados para a empresa
, segundo o ex-CIO, “esse projeto agregou
muito para a empresa, pois antes dele não se tinha um entendimento profundo de como os
processos se integravam, ou seja, a maioria das pessoas conheciam os processos das suas
áreas basicamente, mas não sabiam como eles afetariam as outras áreas. Sendo assim, não
havia um conhecimento profundo de como a empresa funcionava. A empresa funcionava
mais em função do conhecimento e experiência de uns poucos. Mas, quando o sistema foi
implantado, os processos ficaram mais uniformes, as pessoas começaram a perceber o
efeito das suas ações, pois o sistema mostrava o posicionamento e detalhamento de todas as
etapas do fluxo produtivo de forma
real time
.” Já o engenheiro da Qualidade reforça como
um ponto muito positivo no resultado do grupo “o fato de as idéias surgirem das pessoas
que convivem com a prática do dia-a-dia, quer dizer, não é algo muito teórico que vai ser
imposto ao pessoal do chão de fábrica.” E esse mesmo engenheiro destaca ainda, que “em
termos de qualidade, o sistema é muito importante, porque tem vários requisitos que fazem
com que a qualidade seja mantida de maneira mais fácil. Por exemplo, uma pesquisa que se
queira fazer: o cliente liga, o avião está parado e ele que saber o que aconteceu com
determinado acessório. Imediatamente se entra no sistema e obtém-se o que aconteceu. Isso
antes do sistema era quase impossível, era tudo em papel, levava-se muito tempo.” Outro
exemplo do resultado do grupo para a empresa, segundo a assistente de engenharia da área
de Acessórios, “sem o sistema no qual o grupo trabalha a empresa simplesmente não
funcionaria, já que ele foi desenhado para atender às necessidades do ramo de atividade da
empresa.”
116
Tais fatos sugerem comprovar que os traços psicossociais do grupo têm sido a sua
característica mais importante, o que comprova o que é mencionado pela teoria, já que
esses traços influenciam, diretamente, os resultados do grupo e, indiretamente, os
processos.
A tabela a seguir sintetiza os resultados descritos acima:
Constructos
Situação encontrada Trechos ilustrativos
Normas As regras têm sido
informais, elas estão na
consciência de cada membro
e não escritas.
“As regras/normas do grupo, são regras informais,
são acordos tácitos, não há nada escrito,
oficializado.” (Planejadora de Produção)
Coesão
Há uma coesão muito
grande entre os seus
membros, assim o grau de
sinergia é muito alto.
“As pessoas são unidas e essa união vem
aumentando com o passar do tempo. E isso trouxe
melhorias para a qualidade e produção do grupo, o
que retroalimenta a união.” (Engenheiro da área de
Revisão)
Afetividade Existe um alto nível de
afetividade entre os seus
membros, apesar disso, não
há constrangimentos em
expressar qualquer
comentário.
“Todos os membros do grupo procuram se ajudar
mutuamente, todos se sentem bem em participar
dele.” (Técnico da área de Reparo)
Cognição Existe um alto nível de
cognição no grupo, pois há
um pensamento coletivo, há
mútuo respeito e confiança
entre seus participantes,
todos têm prazer em
participar dele e também
possui um histórico de
sucesso muito grande.
“As pessoas que têm participado do gru
po têm
bastante conhecimento tanto do negócio como do
sistema em si. E muitas dessas pessoas adquiriram
esse conhecimento ao longo do trabalho do grupo,
tornando-se inclusive experts
no assunto. E isso foi
feito com a ajuda das pessoas que participaram ou
participam do grupo há mais tempo.” (Técnico da
área de Reparo)
“A tônica da relação entre os membros é de respeito
e confiança mútua. A honestidade entre os seus
membros é incontestável.” (Técnica da área de
Reparo)
“Todos têm prazer em participar do grupo, pois ele
não conhece outro grupo na empresa que tenha a
mesma freqüência nas suas reuniões.” (Engenheiro
de Qualidade)
“As pessoas têm tido prazer em participar do grupo,
pois elas identificam que o seu trabalho - de estudar
o problema, testar a solução e implementá-
la,
realmente tem acontecido na prática...” (Gerente da
área de Reparo)
Tabela 18 Resumo da análise do grupo de trabalho baseado no modelo de COHEN e
BAILEY (1997): Traços Psicossociais
117
5.3.1.7 Outros constructos
Nas entrevistas realizadas, encontraram-se alguns constructos que não são mencionados na
literatura, destacando-se o tempo de existência do grupo e a maturidade das pessoas, já que
esse grupo está plenamente desenvolvido há bastante tempo e todos os seus membros se
conhecem muito. Isso facilita altamente a sua comunicação e interação, conforme afirmou o
atual CIO, pois eles não têm que ficar tentando entender como cada um se comporta a cada
situação, isto é, esses fatos já são conhecidos. Conclui-se que as pessoas são maduras
porque é com serenidade que tratam os problemas e os desafios que são colocados para
elas.
Outro fator que tem contribuído muito para a integração do grupo é a forma como os seus
membros encaram os problemas e os projetos, tratando-os com seriedade e tranqüilidade,
ou seja, com serenidade. Sempre há pressão por prazos curtos e custos baixos para os
projetos de melhoria do sistema, apesar disso, tanto os
stakeholders
como os integrantes do
grupo já entenderam que o seu trabalho é importante tanto no nível da qualidade quanto da
rapidez na entrega dos resultados. Por exemplo, no projeto de modificação no tratamento de
Ordens de Serviço no nível contábil, foi estabelecido pela Diretoria um prazo para se
implantar, e todos trabalharam com muito afinco, já que esse projeto traria uma economia
enorme de recursos, e atingiram o objetivo. Esses fatos são admirados pelas pessoas de fora
do grupo, o que os leva a sentirem-se confortáveis com o mesmo e dar credibilidade ao
trabalho, conforme afirmou o gerente de Qualidade.
118
A tabela a seguir sintetiza os resultados descritos acima:
Constructos Situação encontrada Trechos ilustrativos
Tempo de existência
do grupo
O tempo de existência do grupo
ajuda a comunicação e a
interação.
“O tempo de existência do grupo
..
... facilita em muito a
comunicação e a interação entre
os seus participantes, pois todos já
conhecem as moedas de troca
utilizadas na comunicação.” (CIO
atual.)
Maturidade
A forma de tratar os problemas
é madura.
“...as pessoas são maduras porque
é com
serenidade que tratam os
problemas e os desafios que são
colocados para elas..” (Líder do
projeto na área de TI)
Tranqüilidade e
Seriedade
A forma tranqüila e séria com
que os problemas são tratados
traz muita credibilidade ao
trabalho do grupo.
“O grupo
pode estar com um
senhor problema que, nas suas
reuniões, vê-
se que os seus
membros o encaram com
seriedade e com tranqüilidade e
chegam a uma determinada
conclusão não por votação e sim
de maneira consensual, o que é
muito bom. Chega-
se a um
consenso
e as pessoas cedem.
Esses fatos são admirados pelas
pessoas de fora do grupo, o que os
leva a sentirem-
se confortáveis
com o mesmo.” (Gerente de
Qualidade)
Tabela 19 Resumo da análise dos outros constructos não identificados na literatura
estudada
5.3.2 - Avaliação do nível de alinhamento entre negócio e TI
5.3.2.1 Como tem sido a contribuição do sistema para a empresa
O Sistema de Engenharia, Programação e Controle da Produção tem uma importância
fundamental para a empresa, de acordo com as opiniões a seguir. Segundo um dos líderes
119
da área de Reparo, a experiência em desenvolvimento de sistema ajudou as pessoas
entenderem a empresa e a relação entre negócio e TI de forma diferente. Como se pode
constatar nas afirmações feitas por esse entrevistado “...praticamente a gente teve duas
empresas diferentes, antes a gente tinha uma com uma mentalidade, com uma forma de
produzir, e hoje temos outra completamente diferente. Se você arrancar esse sistema da
tomada, a gente não trabalha...”. Fato esse reforçado pela opinião do gerente da área de
Acessórios, “ sem o sistema, a empresa não teria chegado ao nível de crescimento a que
chegou [...], pois esse sistema possibilita ter todo o controle do processo na mão dos
gerenciadores, criando ganho de produtividade, essa que é a grande importância...”.
Já o diretor de operações da área de Reparo demonstra de forma muita clara como o grupo
é importante para a manutenção do alinhamento estratégico entre TI e Negócio e o tipo de
vantagem estratégica que esse alinhamento gera para a empresa, quando afirma que “os
sistemas de informação atuais da empresa são um diferencial, reconhecido por todos: pela
matriz, pelos auditores, pelos órgãos certificadores, pelos clientes e pelas pessoas da
própria empresa. Pois eles têm todas as informações que são solicitadas na hora, e não
vêem isso nas outras empresas do ramo. Isso se deve ao sistema que foi desenvolvido para
o negócio da empresa. Então esse é um ponto extremamente positivo e tem ajudado a
empresa a competir no mercado, que é marcado pela luta cruel e desigual de motor a
motor, não só com os competidores de fora do grupo, mas principalmente com as oficinas
do próprio controlador. Esse sistema encanta os clientes, pois o que faz o motor ser levado
para a empresa é o custo baixo, a qualidade boa, o prazo bom, mas também é a confiança e
o bom atendimento do cliente em relação à empresa, e os sistemas de informação com
certeza fazem parte disso: de proporcionar entrega de motor no prazo, de ter boa qualidade,
120
bom atendimento aos clientes, a documentação dos motores pronta no momento do envio
do motor. Nada disso acontece nas outras oficinas.”
Outro fator importante da contribuição do sistema para a empresa, segundo um dos gerentes
da área de Reparo, é que “ele contribuirá para uma melhoria ainda maior no futuro, pois
em função do banco de dados que se conseguiu montar ao longo do tempo, já se pode
começar a pensar em deixar de registrar determinados dados, do tipo apontamento de mão-
de-obra de cada peça, o que antes era impensável e que trará um economia enorme em
termo de tempo gasto para a coleta dessas informações.”
Todos esses fatos justificam a constatação feita pela Gerente de PCP da área de Revisão,
que ela não conseguiria imaginar a empresa como ela é hoje, se não tivesse vivido esses
vinte anos de evolução que viveu no nível de informatização.
5.3.2.2 Como tem sido a governança dos projetos de melhoria do sistema
Na opinião do gerente da área de Acessórios, “a condução dos projetos de melhoria tem
atendido bem às necessidades da empresa no nível de escopo, porque se discute muito para
se chegar realmente ao que se quer.” E também porque, segundo o atual CIO da empresa,
“eu acredito piamente que o que é feito é exatamente o de que o negócio precisa. Já que
tenho certeza de que o grupo que tem trabalhado junto com o time de TI, tem procurado
fazer as mudanças dos processos e desenhar os aplicativos com a maior aderência possível
às necessidades da empresa.”
121
Quanto aos prazos, geralmente são longos, em função da complexidade do sistema e da
necessidade de chegar a um consenso em relação às propostas de melhoria do sistema, pois,
segundo a gerente de PCP da área de Revisão, “todos na área de produção da empresa se
habituaram a trabalhar com o sistema, então toda melhoria que se quer dar ao processo não
se consegue pensar sem ser através dos sistemas, o que prova a robustez do seu escopo.
Mas, dessa forma, os sistemas foram ficando demasiadamente complexos, o que é bom,
mas é complicado de se manter, e dessa forma os prazos ficam penalizados.” Mesmo assim,
por vezes acontece de os prazos estipulados não serem cumpridos, mas, nesse caso,
procura-se negociar com todos os envolvidos a fim de alinhar as expectativas. Por exemplo,
o gerente da área de Acessórios sugere que os prazos poderiam ser melhores, mas entende
os motivos pelos quais os prazos não são os esperados, pois os pedidos de melhoria
precisam ser analisados e discutidos a fundo.
O retorno do investimento nos projetos de melhoria dos sistemas é positivo e são
percebidos pelas pessoas das áreas de negócio, como pode ser comprovado pela afirmação
do gerente da área de Acessórios, “sabe-se que os custos de TI não são baratos, mas, se
pesar o custo x benefício das modificações crê-se que os resultados são bons, pois eles são
recuperados através dos ganhos de produtividade.”
Concluindo a análise dessa característica, segundo o diretor de operações da área de
Reparo, “a governança dos projetos de melhoria do sistema tem atendido de forma bastante
boa às necessidades da empresa e dessa forma eu daria nota nove numa escala de zero a
dez, no nível de escopo, prazo e custos para a condução dos projetos de melhoria.” Segundo
o líder do projeto na área de TI, percalços por vezes têm acontecido, mas com a ajuda de
122
todo o grupo e da empresa responsável pela manutenção do sistema, tem-se conseguido
ultrapassá-los.
5.3.2.3 - Como tem sido a comunicação entre negócio e TI
Na opinião do gerente de Qualidade, algumas pessoas da área de negócio entendem até
onde a TI pode ir e sabem das suas restrições, mas não são todas as pessoas das áreas de
engenharia e produção que têm esse conhecimento. Mas TI entende muito do negócio, pois
o seu gerente atual trabalhou por muito tempo em diversas outras áreas do negócio e o
responsável pelo Sistema de Engenharia e Controle da Produção foi quem o desenvolveu
desde o início, mais de onze anos atrás, juntamente com o grupo de usuários, e por isso
aprenderam como a empresa trabalha. Como se pode constatar pelas afirmações feitas por
esse entrevistado, “...eu entendo até aonde a TI pode ir e sei também das restrições, [...]
mas muita gente não entende de TI no negócio, [...] a nossa TI entende bastante do negócio,
muito, muito.”
Quanto à comunicação entre TI e negócio, segundo o atual CIO, “é bastante fácil, ela é
efetiva,
aberta e honesta, por dois
fatores principalmente: pela maturidade que as pessoas
adquiriram e pela experiência, pois são pessoas com muito tempo no negócio. Então, tanto
do lado de negócio como de TI, existe uma maturidade que facilita muito a comunicação
entre as partes e ela tem sido bastante honesta e eficiente.”
123
5.3.2.4 - Como tem sido a parceria entre negócio e TI
Segundo o gerente de Qualidade, o bom relacionamento, a boa comunicação e a integração
do grupo geram um sentimento de parceira entre as áreas, como pode ser constatado nas
afirmações feitas por esse entrevistado “o grau de confiança do pessoal do negócio em
relação ao pessoal de TI tem sido total, porque a área de negócio tem estado satisfeita e por
outro lado se sente confortável pela integração do grupo. O grupo é integrado, e isso é
percebido pelas pessoas de fora dele, ou seja, vê-se a intimidade, a camaradagem, a
amizade que o grupo tem[...]. Até o não verbal do grupo é fácil de se ver. O grupo pode
estar com um senhor problema que nas reuniões, todos o encaram com seriedade e com
tranqüilidade e chegam a uma determinada conclusão, não por votação e sim de maneira
consensual, o que é muito bom.” Esses fatos são admirados pelas pessoas de fora do grupo,
o que os leva a sentirem-se confortáveis com o mesmo.
Além disso, segundo o gerente da área de Acessórios, “quando algo é solicitado pelas áreas
de negócio e não pode ser feito por qualquer motivo pela área de TI, são devidamente
comunicados os motivos de forma aberta e honesta.” O diretor de operações da área de
reparo reafirma essas constatações, quando diz que “a TI tem conhecimento e
competência de sobra, desde do pessoal que faz o atendimento de
help desk
ao gerente da
área. Questionar essa confiança não tem propósito, TI é capaz de tudo e já comprovou mais
de uma vez.”
124
5.3.2.5 - Como tem sido a influência da cultura da empresa no alinhamento entre negócio e
TI.
A cultura da empresa é corporativa, construída sobre os valores dos funcionários, marcada
por ética, comunicação, companheirismo, capacidade de aprendizagem e pelas habilidades
pessoais dos líderes e funcionários. Como se pode verificar nas afirmações feitas pelo atual
CIO “a cultura da empresa é muito fácil de se lidar. Na realidade é uma cultura familiar,
todo mundo que vem de fora ou sai daqui para trabalhar em outro lugar, a primeira coisa
que percebe é que a empresa funciona como uma grande família, por uma série de fatores,
por tratar-se de uma cidade pequena, com poucas oportunidades de emprego. Assim,
quando se quer mudar de empresa, tem-se que ir para outra cidade. Outro motivo foi o
momento em que a empresa cresceu e se solidificou, tendo sido talvez o pior momento do
país nos últimos vinte trinta anos. Tudo isso contribuiu para que as pessoas que estejam
aqui tenham no mínimo dez vinte anos de empresa. A maioria se formou junto, então há
liberdade e facilidade de comunicação e muita cumplicidade, o que é fantástico.” Outro
exemplo das características do cultura da empresa, citada acima, é o programa chamado a
“Palavra com Presidente”, no qual ele vai às áreas se reunir diretamente com os
funcionários. Essas características da cultura têm contribuído de forma significativa na
forma de o grupo operar, como se pode constatar na afirmação do CIO atual “essa
facilidade de trabalhar da empresa ajudou muito a criação e o funcionamento desse grupo”
Segundo a gerente de PCP da área de Revisão, “a cultura da empresa tem ajudado muito no
alinhamento entre negócio e TI, [...] desde muito tempo, no entendimento de cima para
baixo e, depois, no de baixo para cima, a informática podia e pode ajudar para o sucesso
125
da empresa. Então todos os projetos têm tido um suporte muito grande da alta
administração. Dessa forma, o ambiente tem sido extremamente propício.”
O gerente da área de Acessórios afirma que “a cultura tem ajudado no alinhamento, pois a
empresa tem um diferencial em relação ao amadurecimento do desenvolvimento de
sistemas de informação interno, que começou há muito tempo, e vem evoluindo ao longo
do tempo.”
A tabela a seguir sintetiza os resultados descritos acima:
Constructos Situação encontrada Trechos ilustrativos
Contribuição do
sistema para a
empresa
O Sistema de Engenharia,
Programação e Controle da
P
rodução tem uma
importância fundamental
para a empresa; sem ele, a
empresa não funciona.
“...se você arrancar esse sistema da
tomada a gente não trabalha...” (Líder da
área de Reparo)
“os sistemas de informação atuais da
empresa são um diferencial da empr
esa,
reconhecido por todos: pela matriz, pelos
auditores, pelos órgãos certificadores,
pelos clientes e pelas pessoas da própria
empresa...” (Diretor da área de Reparo)
Governança dos
projetos de
melhoria do
sistema - Escopo
Os projetos de melhoria
propor
cionam os benefícios
esperados pelas áreas de
negócio.
“a condução dos projetos de melhoria tem
atendido bem às necessidades da empresa
no nível de escopo, porque se discute
muito para se chegar realmente ao que se
quer.” (Gerente da área de Acessórios)
Governança dos
projetos de
melhoria do
sistema - Prazo
Quanto aos prazos,
geralmente são longos, em
função da complexidade do
sistema e da necessidade de
chegar a consenso nas
propostas de melhoria do
sistema. Dessa forma, é
sugerido que os tempos
fossem
melhores, mas
entende-se porque não são.
“....os sistemas foram ficando
demasiadamente complexos, o que é bom,
mas é complicado de se manter, e dessa
forma os prazos ficam penalizados.”
(Gerente de PCP da área de Revisão)
Tabela 20 Resumo da Avaliação do nível de alinhamento entre negócio e TI
126
Constructos Situação encontrada Trechos ilustrativos
Governança dos
projetos de
melhoria do
sistema - Custo
Os custos dos projetos de
melhoria do sistema
geralmente atendem as
expectativas.
“Sabe-se que os cu
stos de TI não são
baratos, mas, analisando-
se a relação
custo x benefício das modificações,
crê-
se que os resultados são bons, pois
eles são recuperados através dos
ganhos de produtividade.” (Gerente da
área de Acessórios)
Comunicação
entre negócio e TI
Bom conhecimento do
Negócio por parte de TI e não
totalmente o contrário.
“...eu entendo até onde a TI pode ir e
sei também das restrições, [...] mas
muita gente não entende de TI no
negócio, [...] a nossa TI entende
bastante do negócio, muito, muito”
(Gerente da área de Qualidade)
“Tanto do lado de negócio como de TI,
existe uma maturidade que facilita
muito a comunicação entre as partes e
ela tem sido bastante honesta e
eficiente.” (Atual CIO)
Parceria entre
negócio e TI.
O grau de confiança do
pess
oal do negócio em relação
ao pessoal de TI tem sido total
“TI tem conhecimento e competência
de sobra, desde o pessoal que faz o
atendimento de
help desk
ao gerente da
área. Questionar essa confiança está
fora de propósito, TI é capaz de tudo e
já comprovo
u mais de uma vez.”
(Diretor da área de Reparo)
Influência da
cultura da
empresa no
alinhamento entre
negócio e TI.
A cultura da empresa tem
ajudado muito no alinhamento
entre negócio e TI.
“A cultura da empresa tem ajudado no
alinhamento entre negócio
e TI porque
na empresa existe uma atmosfera que
realmente ajuda as coisas acontecerem,
caracterizada pela pró-
atividade das
pessoas, de todos estarem abertos a
mudanças...” (Líder da área de Reparo)
Tabela 20 Resumo da Avaliação do nível de alinhamento entre negócio e TI
Continuação
5.4 ANÁLISE DE CAUSA E EFEITO DOS CONSTRUCTOS ESTUDADOS
De acordo com a teoria, esperava-se que os fatores ambientais influenciassem as estruturas
do grupo, e, como se pôde perceber, esses fatores afetam o seu funcionamento,
basicamente no que tange a trazer novas demandas de trabalho. Dessa forma, direciona os
127
objetivos do grupo através das solicitações das áreas de negócio e influencia as estruturas,
mais especificamente o contexto organizacional no nível da área de TI, dimensionando os
recursos financeiros necessários para atender àquelas demandas, já que o serviço de
desenvolvimento e manutenção dos sistemas de informação é feito por empresas
contratadas pela área de TI. As despesas com o pessoal interno da empresa não fazem parte
desse dimensionamento, pois elas são absorvidas por cada área de negócio.
A teoria também menciona que, em relação à estrutura, é pressuposto ter o grupo poder
para resolver uma série de problemas sem a necessidade da autorização da sua liderança.
Tal poder é obtido através dos fatores: potência, autonomia, interdependência das tarefas e
interdependência das metas. Constatou-se que todos esses fatores têm sido percebidos, já
que a liderança do grupo é compartilhada por todos os seus membros, mas existindo um
coordenador dos trabalhos. Além de o grupo não precisar submeter suas decisões no nível
técnico aos níveis hierárquicos superiores, as tarefas são realizadas com o
compartilhamento dos conhecimentos de todos os membros, havendo interdependência
delas e, em geral, os membros subordinam suas metas individuais às metas do grupo,
conforme detalhado no item 5.3.1.2.1. Não se encontraram, entretanto, evidências de que
esse elevado nível de autoridade influencia diretamente nos processos, nos traços
psicossociais e também no resultado final; supõe-se que sim, haja vista o alto grau de
sucesso que esse grupo conseguiu num ambiente tão complexo.
Ainda no nível da estrutura, no aspecto da composição, constatou-se que o tamanho do
grupo tem sido o ideal, mas houve um período em que não o foi e isso afetou direta e
negativamente os resultados. Conforme narrado no histórico do grupo, em 1998, no projeto
128
de alteração do controle do estado das peças, nem todas as pessoas das áreas participaram,
o que causou a interrupção do fluxo de trabalho normal nessas áreas durante alguns dias.
Dessa forma, pode-se concluir que o tamanho do grupo parece afetar sua eficácia. As outras
características de qualidade e diversidade também sugerem terem sido boas após o grupo
atingir o estágio de desempenho, no qual se pode destacar o espírito construtivo reinante.
Também identificaram-se os papéis de consultor, observador, apoiador, desafiador, ouvinte,
porteiro, mediador e líder, e todos se sentem confortáveis com os papéis que exercem. Tal
fato parece ajudar os processos, pois facilita a comunicação e a interação, e, assim, ajuda na
melhora dos traços psicossociais.
Continuando no nível da estrutura, no que tange ao contexto organizacional, constatou-se
que premiação e treinamento não influenciaram no trabalho desse grupo, pois não foram
identificados nas entrevistas, ao contrário do que o modelo de COHEN e BAILEY(1997) e
DUBRIN(2003) propõe, isto é, que premiações devem ser utilizadas para estimular os
participantes do grupo e treinamento para facilitar a eficácia do mesmo. Entretanto, apesar
de não existirem premiações, os membros se sentem recompensados de outras formas,
destacando-se a satisfação pessoal, conforme se pode verificar na afirmação feita por uma
das técnicas da área de Reparo: “todos têm prazer em participar do grupo, não é uma
simples obrigação, há uma gratificação pessoal nessa participação.” E quanto a
treinamento, nunca houve treinamento específico para alguém participar do grupo, como
foi mencionado pelo líder do projeto na área de TI. Entretanto o grupo tem um nível muito
alto de eficácia, haja vista os resultados alcançados, conforme descrito anteriormente.
129
Continuando no nível da estrutura, em relação ao contexto organizacional, o suporte
gerencial ao grupo parece ter sido absoluto, pois os gerentes das áreas contam com os
resultados do trabalho do grupo para melhorar as suas respectivas áreas, conforme se pode
verificar na afirmação de um dos gerentes da área de Reparo: “Este grupo está focado em
tentar identificar o que a TI pode fazer para que a nossa vida,..., no dia-a-dia com o cliente,
esteja melhor. Então, esse grupo, justamente tá aqui, tá fazendo isso para ajudar na minha
parte operacional.”. Dessa forma, o grupo tem papel importante para a obtenção do suporte
gerencial, pois são os seus membros que fazem a interlocução entre o que está acontecendo
no grupo e o corpo gerencial, sendo assim, os gerentes acompanham o andamento dos
trabalhados. Outro fator que ajuda nesse suporte é a história de sucesso do grupo, como se
pôde perceber na descrição do histórico do mesmo. Tal suporte sustenta a continuidade do
trabalho, o que parece facilitar principalmente os traços psicossociais, pois traz segurança
para os membros participarem ativamente, como se pode perceber na afirmação de um dos
gerentes da área de Reparo, citada acima.
Quanto aos processos, de acordo com a teoria, quando existe uma comunicação mais
informal, cria-se um alto grau de cooperação, o que foi constatado com esse grupo, que tem
uma comunicação aberta, franca e democrática, conforme descrito no item 5.3.1.4. Foi
identificado também nas entrevistas que existem alguns aspectos que sugerem ajudar na
comunicação e na interação do grupo, que não são tratados pela literatura estudada. São
eles: o tempo de existência do grupo e a maturidade dos seus membros e, por conseguinte,
do próprio grupo, conforme descrito no item 5.3.1.7. Não tem havido nenhum problema de
relacionamento mais sério, e os conflitos existem de uma forma muito positiva, já que todos
os projetos são muito debatidos da forma mais aberta possível e sempre se chega a uma
130
conclusão de forma consensual, nunca por votação. Dessa forma, podem-se ver os
problemas de todos os ângulos e assim encontrar diferentes alternativas e oportunidades,
possibilitando a melhora do resultado do trabalho. Essas características parecem ajudar os
traços psicossociais assim como os resultados do grupo.
Os traços psicossociais estão presentes, conforme detalhado no item 5.3.1.6, ou seja, há
uma coesão muito grande entre os membros do grupo, assim como o grau de sinergia é
muito alto. As normas são informais e todos se sentem bastante à vontade para expressar
qualquer opinião sobre qualquer assunto. Existe um alto nível de afetividade entre os seus
membros, apesar disso, ninguém se sente constrangido em expressar qualquer comentário,
ao contrário todos procuram ajudar uns aos outros. No nível da cognição, pode-se constatar
que existe um pensamento coletivo, todos se respeitam muito, a confiança entre eles é
irrestrita e a honestidade, incontestável. E por fim todos têm prazer em participar do grupo.
Além dessas características, identificaram-se nas entrevistas outros aspectos que não são
tratados pela teoria estudada, que interferem na forma de o grupo funcionar. O primeiro
desses aspectos seria o tempo de existência do grupo, que parece reforçar os traços
psicossociais, pois todos esses traços ficam mais fortes à medida que os membros
convivem há mais tempo, passando a se conhecer mais, e assim aumenta: o nível de coesão,
de sinergia, de afetividade, e ainda reforça o nível de cognição. Além desses fatores, o
tempo proporciona também um aumento da experiência e, conseqüentemente, melhora o
nível de conhecimento dos seus membros, trazendo maturidade para os mesmos, o que,
então, traz maturidade para o grupo. Essa maturidade parece proporcionar outros aspectos
identificados nas entrevistas que não são tratados na literatura estudada, que são a
131
tranqüilidade e a seriedade com que os problemas são tratados. E esses aspectos parecem
reforçar também os traços psicossociais, propiciando um ambiente agradável de trabalho, o
que, por vez, colabora na troca de membros sem problemas, como tem acontecido, já que
os novos membros do grupo
são socializados dentro dele mesmo. Além disso, a forma
serena e profissional como o grupo opera traz credibilidade ao trabalho, garantindo o
suporte gerencial e criando um circulo virtuoso de apoio e resultado.
Não se percebe um grande fator responsável pelos traços psicossociais; na verdade, esses
são influenciados pelos processos, mas, ao mesmo tempo, influenciam-nos. Por exemplo,
como existe comunicação aberta, existe confiança; como existe confiança, existe
comunicação aberta e honesta. Dessa forma, existe um círculo vicioso, não havendo uma
fronteira muita nítida de onde começa e onde acaba cada um. Além dessa constatação,
percebeu-se que os papéis existentes: de consultor, de observador, de apoiador, de
desafiador, de ouvinte e de líder também sugerem ajudar os traços psicossociais. Como
todas as características descritas acima têm estado presentes no grupo, talvez seja esse o
motivo pelo qual os conflitos são resolvidos com a análise das questões sob diferentes
ângulos, e as pessoas têm a oportunidade de contribuir com os seus conhecimentos de
forma que as soluções fiquem melhores. Assim sendo, todos ganham mais conhecimento
do todo, o que gera mais alternativas e mais oportunidades de melhoria. Isso tudo leva a se
ter um produto mais bem feito e a um alinhamento operacional maior entre Negócio e TI.
Os bons resultados retroalimentam as características do grupo, principalmente os traços
psicossociais, pois as pessoas se sentem entusiasmadas com o seu produto final. Isso traz
satisfação, a qual, por sua vez, produz melhores resultados, e assim tem-se um outro círculo
132
virtuoso. Além desses fatos, parece que os bons resultados também têm ajudado na
perpetuação do grupo, o que proporciona os benefícios descritos anteriormente.
Quanto aos resultados do trabalho do grupo, pôde-se constatar, através da análise dos
aspectos do alinhamento operacional entre Negócio e TI propriamente dito, que, de acordo
com a teoria, o alinhamento seria atingido quando os sistemas de informação fossem
capazes de gerar informações apropriadas aos tomadores de decisões e quando o valor da
contribuição dos sistemas de informação para o negócio fosse importante. E constatou-se
que essas duas condições foram atingidas, depois que o atual Sistema de Engenharia e
Controle da Produção foi implantado, haja vista o valor da contribuição do sistema para a
empresa. Dessa forma, a empresa vê que tem vantagem competitiva com o uso do sistema,
conforme se pode verificar na afirmação do diretor de operações da área de Reparo: “Os
sistemas de informação atuais da empresa são um diferencial da empresa, reconhecido por
todos[...]Então esse é um ponto extremamente positivo e tem ajudado a empresa a competir
no mercado...”
A teoria também menciona que o alinhamento operacional entre negócio e TI é mantido
quando os projetos de melhoria dos sistemas de informação atendem às expectativas do
negócio em relação a escopo, prazo e custo. E também pôde-se constatar que os projetos de
melhoria no Sistema de Informação de Engenharia e Controle de Produção têm atendido no
nível de escopo; no nível de prazo, há algum descontentamento, mas as razões são
entendidas e aceitas; quanto aos custos, também têm atendido. Dessa forma, o alinhamento
tem-se mantido ao longo do tempo.
133
Já quanto às condições para se atingir o alinhamento, no que tange à comunicação, a teoria
menciona que TI deve entender do negócio e o negócio deve entender o que TI pode
oferecer. E deve existir também uma atmosfera de comunicação aberta e honesta entre
negócio e TI. Nesses aspectos, pôde-se perceber, principalmente em função do trabalho do
grupo, que essas condições existem, ou seja, TI tem entendido do negócio e uma parte do
negócio entende o que TI pode oferecer. E a comunicação tem sido aberta, e a honestidade
na relação entre TI e negócio também tem sido totalmente identificada.
Quanto à parceria entre negócio e TI como uma das condições para se atingir o
alinhamento, a teoria menciona que, quanto melhor for o relacionamento e o nível de
confiança do pessoal do negócio em relação ao pessoal de TI, melhor será o resultado. E foi
isso que se percebeu nesse trabalho, principalmente com relação ao grupo, onde tem havido
entrosamento entre TI e negócio. E a confiança do pessoal do negócio em relação ao
pessoal de TI tem sido incontestável. E essa confiança tem sido obtida também em função
da ponte que os membros do grupo fazem com os seus respectivos gerentes, informando o
andamento dos trabalhos e as dificuldades existentes, fato esse que justifica inclusive a
aceitação, por parte do corpo gerencial, de algum problema com os prazos, por vezes
longos, de alguns projetos.
A cultura presente na empresa parece ter ajudado no alinhamento entre Negócio e TI, pelo
fato de ter sido construída sobre os valores dos funcionários, marcada por ética,
comunicação, companheirismo, capacidade de aprendizagem, e pelas habilidades
interpessoais dos líderes e funcionários. Todas essas características parecem ajudar a
comunicação interna e externa do grupo de trabalho e facilitar também os seus traços
134
psicossociais, no que tange à coesão, ao nível da afetividade e à cognição, por serem
fundamentos desses traços. Contribui, assim, para a melhora dos processos e a dinâmica do
grupo; por conseguinte, parece melhorar o alinhamento operacional entre negócio e TI.
Além disso, essa cultura ajuda no alinhamento entre negócio e TI, em função de TI já fazer
parte dela há um bom tempo, como se pôde constatar nas entrevistas realizadas.
5.4.1 Análise do nível de maturidade do alinhamento entre Negócio e TI
De acordo com o histórico apresentado neste trabalho, conclui-se que, até 1988, não
existia nenhum tipo de alinhamento entre negócio e TI, na área de Engenharia e Controle de
Produção na empresa estudada. Após esse ano, o alinhamento começou de forma pequena
na área de Controle de Produção, com a implantação do primeiro Sistema de Controle de
Produção. O nível do alinhamento foi melhorando um pouco até 1992 , mas não muito, pois
o sistema não cobria a área de Engenharia, o que é fundamental para a empresa. Dessa
forma, de 1988 até 1992, sugere-se classificar em hum (processo inicial /
Ad Hoc
imprevisível, sem controle, não harmonizado) o nível de maturidade do alinhamento entre
negócio e TI nessa área, de acordo com a classificação de LUFTMAN (2003, APUD,
TEIXEIRA JUNIOR e PONTE, 2003).
A partir de 1992 começou-se então o projeto de desenvolvimento de um sistema que
englobasse a engenharia e o controle de produção de forma integrada também com os
outros sistemas da empresa. Para tanto, formou-se o grupo de trabalho estudado. Dessa
forma, de 1992 até outubro de 1995, quando efetivamente esse novo sistema foi
implantado, o nível de alinhamento melhorou um pouco mais, pois já passou a haver
135
pequenos ganhos na área de Engenharia. Essa melhora foi gradativa, pois, no início dos
trabalhos do grupo, passou-se pelos estágios de formação, tempestade e normação, até se
atingir o estágio de desempenho em 1993, quando se começaram a identificar no grupo as
características de estrutura, processos, e traços psicossociais, em funcionamento na sua
dinâmica de forma ainda tímida, conforme já descrito anteriormente. Assim sendo, o
resultado do alinhamento não se alterou muito, mantendo-se a mesma classificação anterior
em hum, de acordo com a classificação já citada. De 1994 até a implantação do sistema em
1995, passou a haver, então, pequenos ganhos na área de Engenharia, e todos na empresa
estavam comprometidos com o projeto do novo Sistema de Engenharia, Programação e
Controle da Produção. Vale ressaltar que, na época, os processos e a dinâmica do grupo já
estavam mais desenvolvidos em função do tempo de convivência e dos pequenos sucessos
alcançados. Dessa forma, nesse período, sugere-se classificar em dois (processo
disciplinado, a organização está comprometida com o objetivo de alinhamento) o nível de
maturidade do alinhamento, de acordo com a classificação de LUFTMAN (2003, APUD,
TEIXEIRA JUNIOR e PONTE, 2003).
Só quando o sistema realmente foi implementado, em outubro de 1995, o nível de
maturidade do alinhamento parece ter melhorado de forma efetiva, sugerindo-se classificá-
lo então em três (processo focado, estabelecido, padronizado, consistente com os objetivos
do negócio), de acordo com a classificação de LUFTMAN (2003, APUD, TEIXEIRA
JUNIOR e PONTE, 2003), pois ele cobria todas as necessidades daquelas áreas. O sistema
passou, então, a contribuir de forma efetiva para a empresa, conforme afirmou o diretor de
operações da área de Reparo: “os sistemas de informação atuais são um diferencial da
empresa, reconhecido por todos: pela matriz, pelos auditores, pelos órgãos certificadores,
136
pelos clientes e pelas pessoas da própria
empresa. Pois eles têm todas as informações no
momento da solicitação, e não vêem isso nas outras empresas do ramo.” Cabe registrar
que, nesse período, os processos e a dinâmica do grupo estavam melhores que no estágio
anterior, pois o trabalho de todos os seus membros foi muito intenso e decisivo para se
atingir o resultado descrito acima, como se pôde verificar na afirmação de um dos líderes
da área de Reparo: “a implantação desse sistema foi um divisor de águas, pois realmente
levou a empresa, como um todo, a se guiar por um sistema. [...]. Houve logicamente um
trabalho grande das pessoas do grupo tentando ensinar, mostrar como o sistema funcionava,
mas foi uma mudança de choque. E realmente foi uma coisa boa e bem feita, pois as
pessoas foram se adaptando a essa nova forma de trabalhar.”
Em função do sucesso que foi a implantação e os benefícios que o novo Sistema de
Engenharia, Programação e Controle da Produção proporcionou para a empresa, nessa
época, ficou claro que o grupo de trabalho precisava continuar existindo, para que se
pudessem fazer os projetos de melhoria no sistema que acabara de ser implementado,
suportando assim as mudanças constantes que o negócio exige, e também para auxiliar na
solução dos problemas de uso do sistema no dia-a-dia, conforme já descrito no histórico do
grupo no item 5.2. A partir de então, começou uma nova fase, que foi a manutenção do
alinhamento, através dos projetos de melhoria do sistema, de forma a suportar todas as
mudanças e evoluções da empresa. O que de fato ocorreu, como se pôde observar nos fatos
relatados no histórico dos principais eventos do grupo de trabalho, quando se notou que,
realmente, as características de eficácia do grupo de trabalho são importantes, pois até 1998
o grupo não era composto por todas as pessoas necessárias e, por causa disso, um dos
projetos não deu certo, o que acarretou um certo transtorno para a empresa. Dessa forma,
137
sugere-se que até esse período o nível de maturidade do alinhamento tenha permanecido em
três, de acordo com a classificação de LUFTMAN (2003, APUD, TEIXEIRA JUNIOR e
PONTE, 2003).
Entretanto, depois do fato descrito acima, entraram as pessoas que faltavam e não se teve
mais nenhum registro de insucesso com os novos projetos de melhoria do sistema, no qual
o grupo tenha participado. Os bons resultados retroalimentaram a eficácia do grupo, já que
credenciaram a continuidade do trabalho, e essa continuidade, por sua vez, foi
melhorando as características, os processos e a dinâmica do grupo, conforme já
demonstrado anteriormente. Dessa forma, a partir de 1999 sugere-se que o grupo tenha
atingindo o nível quatro (processo gerenciado/melhorado, processo previsível e controlado,
reforça-se o conceito de TI como um “centro de valor”) de maturidade do alinhamento, de
acordo com a classificação de LUFTMAN (2003, APUD, TEIXEIRA JUNIOR e PONTE,
2003).
Outro fato que mostra a importância do trabalho do grupo, na manutenção do alinhamento
operacional entre Negócio e TI, foi que, em 2001, criou-se o projeto do primeiro Sistema
de Controle de Inventário Físico (sistema que suporta a contagem dos produtos/peças em
processo e em estoque e os respectivos ajustes contábeis que se fizerem necessários, feito
uma vez por ano), do qual o grupo não participou, e não deu certo, pois existiram sérios
problemas de definição, e foi necessário fazer o inventário novamente; mas, nessa segunda
vez, o grupo participou das definições do sistema, e deu tudo certo. Nesse ponto especifico,
sugere-se que a classificação do nível de maturidade do alinhamento tenha sido prejudicada
na primeira tentativa e na segunda tentativa voltou ao nível quatro anterior.
138
Acredita-se que foi a partir do projeto de consolidação das duas empresas, matriz e filial,
realizado em 2003, que se conseguiu atingir o nível cinco (processo otimizado,
aperfeiçoado, planejamento de Negócios e TI integrado) da maturidade do alinhamento, de
acordo com a classificação de LUFTMAN (2003, APUD, TEIXEIRA JUNIOR e PONTE,
2003). Pois, em função da crise da aviação iniciada com o atentado de 11 de setembro de
2001, as duas empresas estiveram ameaçadas de ser fechadas, sendo que a filial o foi. Dessa
forma, houve um trabalho muito grande do grupo e de toda a empresa. O envolvimento, o
comprometimento e a maturidade de todos foram os pontos-chaves para o sucesso do
projeto, conforme afirmou o líder do projeto na área de TI. Assim, nessa época, o grupo
parece ter chegado a um ponto de desenvolvimento muito alto, em função da experiência
acumulada, dos sucessos anteriores e, então, as características, os processos e a dinâmica
estavam funcionando de forma plena. Esse projeto foi muito grande e complicado, pois
exigiu rever todos os processos da empresa, de forma que ela se adequasse aos novos
produtos com os quais passou a trabalhar, como o sistema, e foi necessária a aplicação de
treinamento dos respectivos novos processos a todos os funcionários da área de Produção,
conforme afirmou o líder do projeto na área de TI.
Dessa forma, conclui-se que, na área objeto do estudo nessa empresa, parece que houve,
realmente, todas as condições para se atingir e manter o alinhamento operacional entre
negócio e TI. E esse é um dos motivos de ele ter sido alcançado e também de estar sendo
mantido ao longo do tempo, mostrando ter sido eficaz o grupo de trabalho que o promove,
o que atesta o que é apregoado pela teoria, haja vista a classificação do nível de maturidade
de alinhamento que parece ter alcançado. Reforçado ainda pela constatação da gerente de
139
PCP da área de Revisão de que não conseguiria imaginar a empresa como ela é hoje, se
não tivesse vivido esses vinte anos de evolução que viveu no nível de informatização.
140
6 - CONCLUSÃO
Existem vários fatores críticos de sucesso, de natureza diferente, para estabelecimento do
alinhamento entre TI e negócios, e, por conta disso, talvez seja difícil atingi-lo de uma
forma geral. Mas, como se pôde constatar com o estudo realizado, os aspectos sociais são
importantes para a promoção desse alinhamento. Isso é comprovado pelo resultado da
avaliação da eficácia do grupo de trabalho que promove o alinhamento operacional entre
negócios e TI na empresa estudada. Nesse resultado, confirmou-se a existência da quase
totalidade dos fatores críticos de sucesso sobre a eficácia de grupos de trabalho e dos
critérios sociais, relacionados na revisão da literatura sobre o assunto.
Dentre esses fatores críticos de sucesso, pode-se destacar, no nível da eficácia do grupo de
trabalho, que os traços psicossociais parecem ser as características mais importantes, já que,
quando existe mútuo respeito entre os membros, sinergia, honestidade, união,
companheirismo, coesão e espírito empreendedor, o grupo tende a ter prazer em trabalhar
junto. E, tudo isso, junto com os outros aspectos identificados na pesquisa que não estavam
relatados na literatura - tempo da existência do grupo, maturidade, seriedade e tranqüilidade
- leva o grupo a ter serenidade para realizar seu trabalho. Assim, todas essas características,
141
apoiadas pelos processos internos e externos, dentre os quais se destaca a comunicação
aberta e honesta, e somadas à estrutura do grupo, na qual se ressalta o comprometimento
de todos com os objetivos e as metas estabelecidos, levam um grupo de trabalho a ser
realmente eficaz. Fato este comprovado com o resultado do trabalho desse grupo, através
da promoção e da manutenção do alto nível de alinhamento operacional entre negócio e TI,
durante a sua existência, numa área altamente complexa, como a Engenharia e Controle de
Produção numa empresa de Revisão de Turbinas Aeronáuticas.
No nível dos critérios sociais do alinhamento operacional entre negócio e TI, destaca-se a
constatação feita por LUFTMAN, PAPP e BRIER (1999) de que o fator mais importante
para atingir o alinhamento é a existência de uma atmosfera de comunicação aberta e
honesta entre os participantes que promovem o alinhamento. E também a afirmação de
REZENDE (2002), para quem o alinhamento só acontece basicamente em função das
competências e dos valores das pessoas envolvidas. E, complementando, a conclusão feita
por CHAN(2002) de que as estruturas informais das empresas podem ser o aspecto mais
duradouro do alinhamento, enquanto as estruturas formais podem ser o mais passageiro.
Afirmações essas comprovadas também pelo alto nível do alinhamento operacional
alcançado na empresa estudada, conforme já detalhado no item 5.4.
Dessa forma, o grupo de trabalho parece ter conseguido suportar, através dos projetos de
melhoria, todos os grandes momentos da empresa durantes esses onze anos, ou seja,
mudanças de cenário, mudança de volume, mudança de produto, mudança de controlador
etc. Sendo que esse trabalho engloba a identificação das necessidades de melhoria do
sistema desde o chão da oficina até à diretoria da empresa, analisando e elaborando como
142
fazer essas melhorias, e, depois de prontas, implementando-as onde for necessário. E isso
é feito de uma forma eficaz, como pode ser comprovado pela afirmação do gerente de
qualidade da empresa: “ o grupo é integrado, e isso é percebido pelas pessoas de fora do
grupo, ou seja, se vê a intimidade, a camaradagem, a amizade que o grupo tem e isso é
muito importante, em qualquer que seja a área, até o não verbal do grupo é fácil de ver. O
grupo pode estar com um senhor problema, que, nas suas reuniões, se vê que os seus
membros o encaram com seriedade e com tranqüilidade e chegam a uma determinada
conclusão não por votação e sim de maneira consensual, o que é muito bom”.
Portanto, consideram-se críticos, ao longo da história desse grupo, para os resultados
alcançados, os pontos abaixo, além daqueles já mencionados anteriormente:
A presença e o papel do líder do grupo no início, procurando convencer todos os
membros de que os objetivos eram plenamente exeqüíveis, apesar de serem muito
ambiciosos. Sem ele, não se teriam quebrado as barreiras iniciais; ele construiu a
ponte entre os membros do grupo;
A criação de um contexto em que existia comunicação mesmo sem a presença do
líder, ou seja, liderança compartilhada;
A existência dos papéis identificados no grupo de: consultor, observador, apoiador,
desafiador, ouvinte, porteiro, mediador e líder, e todos se sentirem confortáveis
com os papéis que exerciam;
A capacidade de os membros do grupo criarem uma ponte e parceria com o mundo
externo : corpo gerencial e os funcionários das respectivas áreas os quais não
faziam parte do grupo;
143
Os sucessos ao longo do tempo, reforçando as características, os processos e a
dinâmica do grupo, na medida em que ganhavam mais credibilidade para o
trabalho e proporcionavam satisfação pessoal;
O grupo funcionar como um instrumento de gestão de conhecimento, pois os
membros do grupo traziam os seus conhecimentos e estes eram socializados,
expressos, recombinados e internalizados nos procedimentos das áreas, trazendo
resultados para a empresa e para o participante;
O suporte gerencial também foi outro fator que sempre esteve presente nesse grupo.
Com base em todos os fatos relatados e apresentados neste trabalho, sugere-se que,
quando existe respeito, honestidade, seriedade, tranqüilidade, serenidade, comunicação
aberta e franca interna e externa, comprometimento com os resultados, liderança eficaz e
compartilhada, papéis sendo exercidos de forma natural, de acordo com a características
pessoais de cada membro do grupo, compartilhamento de conhecimento e suporte
gerencial, um grupo de trabalho pode chegar a ótimos resultados. E, como conseqüência, a
um alto nível de alinhamento operacional entre negócio e TI, o que leva a empresa a ter
vantagens competitivas importantes. Também mitiga possíveis frustrações, tão comuns no
mercado. E ainda possibilita que o alinhamento seja mantido de forma dinâmica e não
estática, acompanhando, dessa forma, a evolução e as mudanças naturais das empresas.
Sendo assim, esses são os princípios que se sugerem a qualquer grupo de trabalho que
queira promover o alinhamento operacional entre negócios e TI, para que atinja seus
objetivos.
144
Ao concluir este trabalho, pode-se afirmar que o estudo de caso atingiu seu objetivo
principal, na medida em que permitiu identificar os aspectos sociais que interferem no
processo do alinhamento operacional entre os serviços de TI e as demandas do negócio da
empresa. O estudo se fez através da análise, ao longo do tempo, do grupo de
representantes das áreas de negócios e de TI que tratam dos requisitos de sistemas.
E também pode-se afirmar que atingiu seus objetivos intermediários, pois conseguiu avaliar
como tem sido o alinhamento operacional entre TI e negócio. E ainda se conseguiram
formas de caracterizar as estruturas e os padrões de relacionamento dentro dos grupos de
trabalho. Além de identificarem-se os eventos significativos que geraram modificações nas
estruturas e nas dinâmicas de relacionamento internas do grupo. Também se conseguiu
relacionar o resultado do alinhamento com as modificações das estruturas e da dinâmica de
relacionamento do grupo ao longo do tempo. E, finalmente, identificaram-se os fatores
críticos do processo do alinhamento, mais especificamente dos aspectos sociais.
Como continuidade, sugere-se aprofundar os estudos sobre as características de eficácia dos
grupos de trabalho que não haviam sido identificados na literatura estudada, que são: o
tempo de existência do grupo, a maturidade e as formas como os seus membros encaram as
novas demandas, mais precisamente, se são encaradas de forma séria e tranqüila. E também
estudar como esses aspectos podem ser utilizados em qualquer grupo de trabalho, com
qualquer objetivo, e não só na busca do alinhamento entre negócio e TI. Além de ampliar a
amostra do tipo de estudo realizado neste trabalho, ou seja, em grupos de trabalho que
promovam o alinhamento operacional entre negócio e TI.
145
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152
APÊNDICE A
Roteiro das entrevistas realizadas sobre o funcionamento do grupo de
trabalho
Sempre foi enfatizada a visão do entrevistado, dessa forma, evitou-se a imposição de uma
forma de pensar que não fosse a dele. De forma geral, ou seja, sem violar o fluxo natural da
narrativa do entrevistado, tentou-se abordar os seguintes tópicos:
- A evolução do grupo ao longo do tempo:
o
Quais foram as coisas mais importantes que aconteceram;
o
Quais foram as grandes mudanças.
- O que se tem percebido em termo de funcionamento dentro do grupo.
Eventualmente perguntas foram feitas para clarificar pontos que não ficaram evidentes ou
abordar tópicos que o entrevistado não abordou, por exemplo:
- Como o entrevistado viu a criação do grupo, caso ele esteja participando desde o início?
- Como foi a chegada do entrevistado ao grupo, para aqueles que não participam desde o
início?
- Como você vê sua participação no grupo, como você interage com as pessoas?
153
- O que se ganha com o resultado desse grupo, o que ele gera para você e para a
empresa?
- Você observa algum padrão de funcionamento do grupo, ou seja, coisas que você deve
fazer e coisas que você não deve fazer?
- Você percebeu algum problema de relacionamento?
- Lembra-se de algum conflito? Como se superam esses conflitos?
- Caso não fosse mencionada a questão dos papéis, foi então perguntado se ele
identificou alguém que exerceu certos papéis que ajudaram o grupo a funcionar. Por
exemplo, quem foram as pessoas que desempenharam os papéis mais importantes
dentro do grupo? Alguém foi sempre a pessoa que conciliava? Viu-se isso acontecer?
- Como são tomadas as decisões dentro do grupo?
Dessa forma, tentou-se identificar, nessa parte, os constructos constantes no modelo de
análise de eficácia de grupos de trabalho de COHEN e BAILEY (1997) e os estágios de
formação e desenvolvimento de grupos de trabalho proposto por HEINEN e
JACOBSON(1976); TUCKMAN e JENSEN(1977, apud, DUBRIN, 2003), conforme pode
ser verificado no cruzamento do roteiro acima com o modelo desses autores, descrito a
seguir.
154
Cruzamento do roteiro das entrevistas relativo ao funcionamento do grupo de
trabalho x teoria estudada.
1) No nível da
formação do grupo,
o roteiro tem as perguntas - Como o entrevistado viu
a criação do grupo, caso ele esteja participando desde o início. E como foi a chegada
do entrevistado ao grupo, para aqueles que não participam desde o início.
As perguntas foram baseadas nos estágios de formação e desenvolvimento de grupos
de trabalho propostos por HEINEN e JACOBSON(1976); TUCKMAN e
JENSEN(1977, apud, DUBRIN, 2003): formação propriamente dita curiosidade e
ansiedade de saber o que o grupo deve realizar e que regras deve seguir; tempestade
os estilos pessoais entram em conflito; há também a formação de coalizões e facções;
criação de normas após as confusões iniciais, o grupo começa a funcionar como uma
unidade e a harmonia se estabelece; desempenho nesse estágio o grupo está pronto
para desempenhar seu papel plenamente; encerramento o grupo cumpre a tarefa
designada.
2) No nível dos processos e dos traços psicossociais, de acordo com o modelo de análise
de eficácia de funcionamento dos grupos de trabalho, proposto dor COHEN e
BAILEY(1997), tem-se o seguinte:
Referente a
coesão e comunicação,
o roteiro teve a pergunta: Como você vê sua
participação no grupo, como você interage com as pessoas ?
Nesse item foi verificado como tem sido o nível de coesão, ou seja, se tem existido
compartilhamento de valores e crenças entre os participantes do grupo (De VRIES,
1999). E também foi verificado se a comunicação tem sido feita de forma aberta e
155
honesta, se alguém já se sentiu constrangido em expressar suas opiniões (De
VRIES, 1999; WAGEMAN, 1997).
Referente a
cognição,
o roteiro teve
a pergunta: O que se ganha com o resultado
desse grupo, o que o grupo gera para você e para a empresa?
Foi verificado se existia um pensamento coletivo no grupo e se tem existido mútuo
respeito e confiança entre os participantes, e se esses têm tido prazer em participar
do grupo, identificando quais foram “os grandes sucessos e os grandes
fracassos”(De VRIES, 1999; MAANI e BETON,1999; WAGEMAN, 1997).
Referente a
regras/normas,
o roteiro teve a pergunta: Você observa algum padrão
de funcionamento do grupo, ou seja, coisas que você deve fazer e coisas que você
não deve fazer ?
Buscou-se identificar se regras/normas são informais e se tem existido alto grau de
integridade e honestidade entre os participantes (De VRIES, 1999; MAANI e
BETON,1999; WAGEMAN, 1997).
Referente a
afetividade,
o roteiro teve a pergunta: Você percebeu algum problema
de relacionamento?
Foi identificado se todos têm se protegido e se têm se apoiado mutuamente (De
VRIES, 1999).
Referente a
conflitos,
o roteiro teve a pergunta: Lembra-se de algum conflito?
Como se superam esses conflitos?
Tentou-se, assim, identificar se tem havido conflitos interpessoais e como têm sido
os conflitos no nível das discussões de trabalho, ou seja, se elas têm chegado a bom
termo e sem muitas polarizações (COHEN e BAILEY,1997).
156
3) No nível das estruturas do grupo, de acordo com o modelo de análise de eficácia de
funcionamento dos grupos de trabalho, proposto por COHEN e BAILEY(1997):
Referente a
composição e papéis no grupo,
o roteiro prevê a pergunta: Se o
entrevistado identifica alguém que exerce certos papéis no grupo que ajudam o
grupo a funcionar. Por exemplo, quem são as pessoas que desempenham os papéis
mais importantes dentro do grupo? Alguém é sempre a pessoa que concilia? Vê-se
isso acontecer?
Tentou-se, assim, identificar a classificação feita por PARKER(1990);
QUICK(1992); QUICK(1999, apud, DUBRIN,2003) referente aos papéis dentro
dos grupos de trabalho, a qual é dividida da seguinte forma: O colaborador do
conhecimento é aquele que atua como o consultor técnico. Já o observador do
processo é o que detecta a performance do grupo. O apoiador de pessoas dá apoio
inclusive emocional. Já o desafiador é o que questiona o grupo o tempo todo. O
ouvinte é o que consegue resumir as questões do grupo. O mediador faz a mediação
nos conflitos. Já o porteiro é aquele que permite que os outros participem. E
finalmente o papel do líder, que é o responsável pela condução do grupo.
Identificou-se também como tem sido a
composição do grupo
, ou seja, se o
tamanho dele tem sido adequado, se a qualidade dos participantes tem agradado a
todos e se a diversidade/papéis das pessoas tem sido adequada (COHEN e
BAILEY, 1997; DUBRIN, 2003).
Referente ao
nível de autoridade, analisando potência e autonomia,
o roteiro
teve a pergunta: Como são tomadas as decisões dentro do grupo?
Tentou-se, assim, identificar se os participantes têm se sentido à vontade para
decidir as questões sem a necessidade prévia de autorização dos seus superiores e
157
se suas decisões são aceitas pela empresa (De VRIES, 1999; MAANI e
BETON,1999; WAGEMAN, 1997).
Referente ao
nível de autoridade, analisando metas e objetivos e
interdependência,
o roteiro teve a pergunta: Como você vê os objetivos da
empresa e os objetivos do grupo?
Tentou-se, assim, verificar se os objetivos do grupo e a razão da sua existência têm
sido claros para todos, e se os objetivos do grupo têm estado alinhado com os
objetivos da empresa (De VRIES, 1999; MAANI e BETON,1999; WAGEMAN,
1997). Quanto à interdependência - no nível das tarefas, foi verificado se os
membros, para realizar seus trabalhos, interagem uns com os outros; - no nível das
metas, foi verificado se os objetivos individuais são subordinadas aos do grupo
COHEN e BAILEY(1997); DUBRIN(2003).
4) No nível dos
fatores ambientais
, de acordo com o modelo de análise de eficácia de
funcionamento dos grupos de trabalho, proposto dor COHEN e BAILEY(1997),
o
roteiro teve a pergunta: Como você vê a indústria em que a empresa está inserida?
Tentou-se, assim, identificar como têm sido as características da indústria e como suas
turbulências têm influenciado os resultados do grupo.
158
APÊNDICE B
Roteiro das entrevistas que foram realizadas no nível da avaliação do
alinhamento entre TI e negócios
Nessa etapa foram avaliadas as seguintes dimensões:
- Solicitado um histórico do grupo, de acordo com a visão do entrevistado;
- Quais os principais eventos que ocorreram com o grupo segundo a opinião do
entrevistado;
- Qual a importância do grupo para a área do entrevistado;
- Qual o papel do grupo para a área do entrevistado;
- Como têm sido as medidas de valor e competência, ou seja, qual tem sido o valor da
contribuição do sistema para o negócio ao longo da sua existência, baseando-se no
trabalho do grupo;
-
Como tem sido a governança dos projetos de melhoria do sistema, ou seja, verificar se a
condução dos projetos de melhoria do sistema tem atendido no nível de escopo,
avaliando se as soluções criadas no sistema estão sendo customizadas conforme a
159
necessidade do negócio, o prazo e o custo. E como tem sido o controle de priorização
desses projetos.
Dentro das condições do alinhamento, tentou-se identificar:
- O nível da comunicação entre TI e negócio, mais precisamente, avaliar qual tem sido o
grau de conhecimento do negócio por parte de TI e de TI pelo negócio, ou seja, se a
ligação entre TI e negócio tem sido satisfatória e se tem existido uma atmosfera de
comunicação entre negócio e TI aberta e honesta;
- Como tem sido a parceria entre TI e negócio, mais precisamente, como tem sido o
relacionamento entre TI e negócio no nível do sistema de produção, avaliando como
tem sido o nível de confiança do pessoal de negócio em relação ao pessoal de TI e
como o grupo de representantes de negócio e TI contribui para isso;
-
Como a cultura da empresa tem ajudado no alinhamento entre negócio e TI.
Cruzamento das perguntas constante no roteiro das entrevistas relativo à avaliação do
alinhamento operacional entre negócios e TI x teoria estudada
A solicitação do histórico do grupo e dos principais eventos que ocorreram com ele, teve
por finalidade levar o entrevistado a contextualizar o grupo e auxiliar a pesquisa a levantar
os dados retrospectivos.
Já a importância e o papel do grupo para a área do entrevistado identificam como tem sido
o contexto organizacional, ou seja, como tem sido o apoio dado ao grupo pela empresa, no
nível de recursos, treinamento e premiação, conforme descrito no modelo de análise de
160
eficácia de funcionamento dos grupos de trabalho, proposto por COHEN e
BAILEY(1997).
A pergunta: “Quais têm sido as medidas de valor e competência, ou seja, qual tem sido o
valor da contribuição do sistema para o negócio ao longo da sua existência, baseado no
trabalho do grupo” é uma adaptação do modelo de avaliação de maturidade das relações de
TI e negócio, proposto por LUFTMAN(2003), descrito no item 3.3.1 deste trabalho,
referente ao item maturidade das medidas de valor/competência. E também da constatação
de REZENDE(2003) que o alinhamento é atingido quando os sistemas de informação são
capazes de gerar informações apropriadas aos tomadores de decisões de toda a organização
no presente e no futuro.
A pergunta: “Como tem sido a governança dos projetos de melhoria do sistema, ou seja,
como a condução dos projetos de melhoria de sistema tem atendido no nível de escopo”
avaliou se as soluções criadas no sistema estão sendo customizadas conforme a
necessidade do negócio, o prazo e o custo. E como tem sido o controle de priorização
desses projetos. É uma adaptação do modelo de LUFTMAN(2003) citado acima, referente
aos itens maturidade de governança, do escopo e da arquitetura.
Quanto a uma das condições para se atingir o alinhamento, mais precisamente, no nível da
comunicação entre TI e negócio, tratou-se de avaliar qual tem sido o grau de
conhecimento do negócio por parte de TI e de TI pelo negócio, ou melhor, se a ligação
entre TI e negócio tem sido satisfatória e se tem existido uma atmosfera de comunicação
aberta e honesta entre negócio e TI. É uma adaptação do modelo de LUFTMAN(2003)
161
citado acima, referente ao item da comunicação. E também da afirmação de LUFTMAN,
PAPP e BRIER(1999) - que o fator mais importante para atingir o alinhamento é a
existência de uma atmosfera de comunicação aberta e honesta entre os participantes.
Já a pergunta: “Como tem sido a parceria entre TI e negócio, mais precisamente, como tem
sido o relacionamento entre TI e negócio no nível do sistema de produção” avalia qual tem
sido o nível de confiança do pessoal de negócio em relação ao pessoal de TI e como o
grupo de representantes de negócio e TI contribui para isso. É uma adaptação do modelo de
LUFTMAN(2003) citado acima, referente ao item parceria. E também da afirmação de
REZENDE(2002), que o alinhamento deve ser baseado em confiança, compartilhamento de
conhecimento e respeito à opinião de todos.
E a pergunta: “Como a cultura da empresa tem ajudado no alinhamento entre negócio e TI”
é uma adaptação do modelo de LUFTMAN(2003) citado acima, referente ao item
habilidades. E também da afirmação de REZENDE(2002) que a formação de cultura
favorável à integração entre as áreas de negócio e TI facilita o alinhamento.
162
Apêndice C
Quadro do grupo dos representantes das áreas de negócio e TI que tratam dos
requisitos de sistema da área de produção da empresa
Tempo no Grupo Características dos participantes
12 anos
Analista de Negócios atuando para as áreas de produção, engenharia e
qualidade. Representante da área de TI faz parte do grupo desde o
início, atua como líder/facilitador . Foi o líder do desenvolvimento do
sistema desde a sua concepção até sua implantação e também após a
mesma, durante 2 anos. Ficou fora da empresa durante
3 anos, mas
continuou a participar do grupo como terceirizado e depois retornou
na posição atual de Analista de Negócios. Reporta-
se diretamente ao
CIO da empresa.
12 anos
Engenheiro representante da área de qualidade, está no grupo desde o
seu início. A
tua como a pessoa que valida as propostas de mudanças
do sistema à luz da legislação e regulamentos dos órgãos
homologadores. Nenhuma modificação importante no sistema é feita
sem a sua aprovação. É profundo conhecedor do sistema, pois foi uma
das pessoas
que o conceberam, e também é profundo conhecedor dos
processos internos da empresa na área de produção, engenharia,
qualidade. Reporta-
se diretamente ao Gerente de Qualidade da
empresa.
10 anos Engenheiro representante da área de engenheira de motores. Pr
ofundo
conhecedor do sistema, dos processos de chão de fábrica e da
engenharia, pois começou como mecânico e já atua na engenharia há
bastante tempo. Contribui muito na elaboração das propostas de
melhoria do sistema como um todo. Reporta-se diretamente a
o
Gerente de Revisão de Motores.
10 anos
Técnico representante da área de revisão de acessórios. Profundo
conhecedor do sistema, das rotinas do chão de fábrica e da engenharia
de acessórios, pois trabalha nessa área há bastante tempo. Contribui
significa
tivamente na elaboração das propostas de melhoria do
sistema, assim como no esclarecimento de dúvidas quanto ao uso do
sistema no dia-a-
dia e também na implantação das modificações do
sistema.
Reporta-se diretamente ao Gerente de Revisão de
Acessórios.
163
Continuação do quadro do grupo dos representantes das áreas de negócio e TI que
tratam dos requisitos de sistema da área de produção da empresa
Tempo
no grupo
Características dos participantes
7 anos Técnico representante da área de engenharia de process
os, área esta
responsável por manter atualizados todos os dados dos catálogos de engenharia
de revisão dos motores no sistema. Profundo conhecedor do sistema, das
rotinas do chão de fábrica e da engenharia de processo, pois começou como
inspetor de motore
s e já atua na engenharia de processo há bastante tempo.
Contribui muito na elaboração das propostas de melhoria do sistema, assim
como no esclarecimento de dúvidas quanto ao uso do sistema no dia-a-
dia e
também na implantação das modificações do sistema. Reporta-
se diretamente
ao Gerente de PCP de Revisão de Motores.
7 anos
Técnico representante da área de reparo. Profundo conhecedor do sistema e das
rotinas do chão de fábrica da sua área, pois trabalha nessa área há bastante
tempo. Contribui muito na e
laboração das propostas de melhoria do sistema,
assim como no esclarecimento de dúvidas quanto ao uso do sistema no dia-a-
dia e também na implantação das modificações do sistema. Reporta-
se
diretamente a um dos Gerentes de Reparo.
7 anos Técnico represen
tante da área de reparo. Profundo conhecedor do sistema e das
rotinas do chão de fábrica da sua área, pois trabalha nessa área há bastante
tempo. Atualmente participa esporadicamente do grupo, mas já atuou
ativamente na elaboração das propostas de melhori
a do sistema,
principalmente em relação a questões de sua área. Continua a ajudar no
esclarecimento de dúvidas quanto ao uso do sistema no dia-a-
dia e também na
implantação das modificações do sistema. Reporta-
se diretamente a um dos
Gerentes de Reparo.
4 anos
Técnico representante da área de revisão de motores. Conhece bem o sistema e
as rotinas do chão de fábrica da sua área, pois trabalha nessa área há bastante
tempo. Atualmente participa esporadicamente do grupo. Mas ajuda no
esclarecimento de dúvidas quanto ao uso do sistema no dia-a-
dia e também na
implantação das modificações do sistema. Reporta-
se diretamente ao Gerente
de Revisão de Motores.
1 ano
Planejador e representante da área de reparo. Conhece bem o sistema e está
aprendendo as rotinas d
a sua área, pois está no cargo há menos de um ano, mas
está na empresa já há bastante tempo. Por enquanto, não contribui muito na
elaboração das propostas de modificações do sistema. Reporta-
se diretamente
a um dos Gerentes de Reparo.
3 anos
Atuava como planejador e representante da área de reparo. Atualmente não faz mais parte do
grupo. Conhecia bem o sistema e as rotinas da área. Contribuía bastante na elaboração das
propostas de melhoria do sistema relativo a ela. Reportava-se diretamente a um dos Gerentes
de Reparo.
3 anos
Técnico da área de engenharia de reparos, representava essa área. Atualmente não faz mais
parte do grupo. Profundo conhecedor do sistema e das rotinas da engenharia de reparo, pois
trabalha nessa área há bastante tempo. Contribuiu muito na elaboração das propostas de
melhoria do sistema, assim como no esclarecimento de dúvidas quanto ao uso do sistema no
dia-a-dia e também na implantação das modificações do sistema. Reportava-se diretamente a
um dos Gerentes de Reparo.
164
APÊNDICE D
Quadro das pessoas que foram entrevistadas, mas que não fazem parte do
grupo dos
representantes das áreas de negócio e TI que tratam dos requisitos de sistema da área
de produção da empresa
Entrevistado Características dos entrevistado
CIO da empresa Ocupa o cargo há três anos, relaciona-
se com o grupo através do
analista de negócios que é o representante do TI no grupo. A entrevista
com ele foi feita para avaliar o nível do alinhamento.
Diretor da área de
Reparo
Ocupa o cargo há um ano, mas acompa
nhou a criação do grupo desde o
início, pois era engenheiro dessa área na época. É a maior área da
empresa e atualmente tem três representantes no grupo. A entrevista
com ele foi feita para avaliar o nível do alinhamento.
Gerentes da área
de Reparo
Reportam-
se diretamente ao diretor da área de reparo. Têm um
representante no grupo e é através dele que se relacionam com o grupo.
As entrevistas com eles foram feitas para avaliar o nível do alinhamento.
Gerente da área
de Reparo
Participou do grupo no início
do projeto de desenvolvimento do
sistema, acompanhando todo o seu desenvolvimento. Reporta-
se
diretamente ao diretor da área de Reparo. Tem dois representantes no
grupo e é através deles que se relaciona com o grupo atualmente. A
entrevista com ele foi fe
ita para avaliar o funcionamento do grupo no
período em que participava dele e também para avaliar o nível do
alinhamento.
Um líder da área
de Reparo
Reporta-
se diretamente a um dos gerentes da área de reparo. Não há
nenhum representante da sua área e, po
rtanto, não se relaciona com o
grupo. A entrevista com ele foi feita para avaliar o nível do
alinhamento.
Gerente de PCP
da área de
Motores
Essa pessoa foi uma das líderes da implantação do sistema, conhecendo
assim a história do grupo. Reporta-se diretam
ente ao diretor da área de
Revisão. Tem um representante e é através dele que se relaciona com o
grupo atualmente. A entrevista com ela foi feita para avaliar nível do
alinhamento.
Gerente geral de
qualidade
Reporta-se diretamente ao presidente da empresa
. Tem um
representante e é através dele que se relaciona com o grupo. A
entrevista com ele foi feita para avaliar o nível do alinhamento.
165
Continuação do quadro das pessoas que foram entrevistadas, mas que não fazem
parte do
grupo dos representantes das áreas de negócio e TI que tratam dos
requisitos de sistema da área de produção da empresa
Gerente da área de
revisão de
acessórios
Reporta-
se diretamente ao diretor da área de Reparo. Tem um
representante e é através dele que se relaciona com o grupo. A
entrevista com ele foi feita para avaliar o nível do alinhamento.
Ex-CIO da empresa
Essa pessoa, antes de ser CIO da empresa, foi um dos líderes da
concepção e implantação do sistema. Participou do grupo desde o
início até se tornar CIO. Atualmente não está mais na empresa. A
entrevista com ele foi feita para avaliar o funcionamento do grupo no
período que participava dele e também para avaliar nível do
alinhamento.
166
Anexo 1
Organograma da Empresa
Presidente
-
PRESI
Presidente
-
PRESI
Six Sigma
Six Sigma
Qualidade
Qualidade
Jurídico
Jurídico
Informática
Informática
Lo
gística
Logística
Recursos
Humanos
Recursos
Humanos
M.
Amb
Saúde
Segurança
M.
Amb
.
Saúde
Segurança
Atendimento
Cliente
Atendimento
Cliente
P.
Negócios
&
Segurança
P.
Negócios
&
Segurança
Motores
CF6
Motores
CF6
Motores
CFM
Motores
CFM
Planejamento
Produção
Planejamento
Produção
Processos
Químicos
Processos
Químicos
Diretoria Revisão
Diretoria Revisão
Materiais
Materiais
Acessórios
Acessórios
Reparo Produtos
Não
GE
Reparo Produtos
Não
GE
Carcaças
Carcaças
Reparo Produtos
GE
Reparo Produtos
GE
Diretoria Reparo
Material e
Acessório
Diretoria Reparo
Material e
Acessório
Diretoria Financeira
Diretoria Financeira
Controladoria
Controladoria
Administração
Risco
Administração
Risco
Fa
turamento
e
Cobrança
Faturamento
e
Cobrança
Planej
.
Financeiro
e
Análise
Planej
.
Financeiro
e
Análise
Operações
Fiscais
Operações
Fiscais
Atendimento
Cliente
Atendimento
Cliente
Atendimento
Cliente
Atendimento
Cliente
Desenv
. de
Reparos
Desenv
. de
Reparos
Banco de Provas
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
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