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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGROECOSSISTEMAS
BIORREMOÇÃO DE NITROGÊNIO, FÓSFORO E METAIS
PESADOS (Fe, Mn, Cu, Zn) DO EFLUENTE HIDROPÔNICO,
ATRAVÉS DO USO DE Chlorella vulgaris
FABIANA DA SILVA
Florianópolis, Janeiro/ 2006
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2
Bióloga FABIANA DA SILVA
BIORREMOÇÃO DE NITROGÊNIO, FÓSFORO E METAIS PESADOS
(Fe, Mn, Cu, Zn) DO EFLUENTE HIDROPÔNICO, ATRAVÉS DO USO
DE Chlorella vulgaris
Dissertação apresentada como requisito parcial à
obtenção do título de Mestre em
Agroecossistemas, Programa de Pós-Graduação
em Agroecossistemas, Centro de Ciências
Agrárias, Universidade Federal de Santa Catarina.
Orientador: Prof. Dr. Jorge Luís Barcelos
Co-orientador: João Bosco Rozas Rodrigues
FLORIANÓPOLIS
2006
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3
Silva, Fabiana
Biorremoção de Nitrogênio, Fósforo e Metais Pesados (Fe, Mn, Cu, Zn) do efluente
hidropônico, através do uso de Chlorella vulgaris/ Fabiana da Silva. –
Florianópolis, 2006.
85f. :il., tabs.
Orientador: Jorge Luís Barcelos de Oliveira
Dissertação (Mestrado em Agroecossistemas) – Universidade Federal de Santa Catarina,
Centro de Ciências Agrárias.
Bibliografia: f.61-70.
1.Agricultura Urbana e Periurbana – 2. Tratamento de efluente - 3. Biorremediação - 4.
Ficologia. I. Título.
4
FABIANA DA SILVA
BIORREMOÇÃO DE NITOGÊNIO, FÓSFORO E METAIS PESADOS (Fe, Mn, Cu, Zn) DO
EFLUENTE HIROPÔNICO, ATRAVÉS DO USO DE Chlorella vulgaris
Dissertação aprovada em 31/01/2006, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre no
Programa de Pós-Graduação em Agroecossistemas, Centro de Ciências Agrárias, Universidade
Federal de Santa Catarina, pela seguinte banca examinadora:
______________________________ _______________________________
Dr. Jorge L. Barcelos Oliveira Dr. João Bosco Rozas Rodrigues
Orientador Co-Orientador
BANCA EXAMINADORA:
__________________________________ ______________________________________
Dr. Antonio Augusto A. Pereira Dr. João Bosco R. Rodrigues
Presidente Membro
_____________________________ ________________________________
Dr. César Assis Butignol Dr. Ernani Sebastião Sant’Anna
Membro Membro
__________________________________
Prof. Luiz Carlos Pinheiro Machado Filho
Coordenador do PG Agroecossistemas
Florianópolis, 31 de janeiro de 2006.
5
“A capacidade máxima de um homem e de uma mulher não deve ser medida quando ele e
ela se encontram em momentos de conforto e conveniência, mas nos momentos de desafios e
controvérsias.”
Martin Luther King
6
A todos os seres que fazem minha existência valer
apena:
Aos meus maravilhosos pais, amigos, companheiros
e mestres, Getúlio e Ivani pela sólida e maleável base
estrutural que me alicerça em toda minha caminhada
e por toda a sabedoria, confiança e amor que
dedicam aos seus filhos e netos.
Aos meus lindos e queridos irmãos e sobrinhos:
Raquel, Batista, Amábile, Alexandre e Pâmela pelo
carinho e sabedoria.
Aos meus novos, lindos e eternos amores, Eduardo e
bebezinha Yurahá que está a caminho.
Aos queridíssimos amigos, pelo amor, admiração e
aprendizados.
7
AGRADECIMENTOS
Agradeço, a todos aqueles que, direta ou indiretamente, auxiliaram no presente trabalho,
em especial:
Ao querido colega Fabiano Bertoldi pela parceria, confiança, atenção, esmero, orientação
e extrema dedicação à parte experimental do trabalho, sobre tudo os interessantes e importantes
conselhos, discussões, correções e direcionamentos intelectuais.
Ao Prof. Dr. Jorge Luís Barcelos de Oliveira pela orientação, conselhos e amizade.
Ao Prof. Dr. João Bosco Rozas Rodrigues pela co-orientação tanto na parte experimental
como na construção textual, pela atenção, disponibilidade e confiança.
Aos queridos estagiários do projeto Petrobrás e amigos Gabriel Junqueira e Maurício
Vilela por toda a dedicação, a atenção, o comprometimento e a responsabilidade com as
atividades experimentais envolvidas no presente trabalho.
Aos estagiários do Laboratórios de Agricultura Irrigada e Hidroponia (LabHidro) pela
atenção e colaboração.
A Pretrobrás pelo financiamento do projeto e a Capes pela bolsa, que viabilizaram a
concretização deste mestrado.
Aos grandes mestres, como o Prof. Renato D´Agostini, Paul Richard Miller, César
Butignol e Maria José Reis, que durante o período de mestrado, contribuíram na retirada das
películas dos meus olhos, desmistificando paradigmas.
A todos os professores e profissionais que se dedicam pela melhoria da qualidade da troca
de conhecimentos.
Ao Professor e amigo Ubert pelos sábios conselhos, apoio e amizade oferecida durante
esta caminhada.
8
À grande amiga e excelentíssima secretária do Programa de Pós-graduação em
Agroecossistemas, Janete pela extrema dedicação, competência, paciência e amizade, comigo e
com os demais colegas.
Aos profissionais da limpeza e funcionários pela dedicação diária a todos os alunos e
professores, fazendo com que tenhamos ambientes limpos e agradáveis.
À profissional de limpeza, Janete, do Departamento de Engenharia de Alimentos, pela
extrema dedicação e responsabilidade com a esterilização do laboratório de Biotecnologia de
Alimentos, no período experimental deste trabalho.
À Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) pela estrutura disponibilizada, tal
como os Laboratórios de Agricultura Irrigada e Hidroponia (LabHidro), de Biotecnologia e de
Informática da Pós-Graduação em Agroecossistemas.
Aos grandes mestres água, terra, ar e fogo por me ensinarem a observar com esmero e
com o coração todos os movimentos de todos os seres do Planeta.
À queridíssima, amorosa e fiel companheira Cristal, minha cachorra do coração que
fielmente me acompanhou em grande parte desse processo de construção intelectual e pessoal.
Aos lindos e incríveis e inesquecíveis colegas e parceiros de mestrado pela dedicação,
sensibilidade, harmonia e companheirismo: Jean, Cristhiane, Martinha, Luciana, Maurício,
Wilton bionicão, Matheus, Dário, Charle, Cadu e Ferro.
Aos amigos Jean, Wilian, Maurício, Patrícia, Luciana, Daniel, Tchesco, Martinha, Wilton,
Charle, Daniel Habibi e Cadu pela ajuda técnica, financeira, emocional, espiritual.
Às queridas amigas e companheiras Cristina Baudalf e Eliza Griza por toda a força,
carinho, amizade, paciência e companheirismo.
Aos queridos colegas e companheiros de moradia Anne Claire, Pery, Luciana e Cristal
pelos momentos maravilhosos vividos na Casa Amarela.
As flores e os cravos mais lindos e perfumados do grande jardim agroflorestal que tanto
me inspiram: Melissa, Tina, tia Elisa, Yanina Micaela, Norma Patrícia, Mateus, Anne Claire,
Vicent, Pery, Luciana, César Butignol, Alisson, Ademir Cazela, Luciano Amapá, Eduardo,
Cleyton, Letícia e Adriana.
As companheiras, amadas e irmãs Lu, Marthinha e Claire pelos sábios conselhos e por
todos os olhares carinhosos, críticos, medicinais e terapêuticos dedicados a mim e a minha
dissertação.
9
Aos queridos amigos e companheiros Paulo e Celina por toda a confiança, a dedicação e
grande força que foi de extrema importância para esta caminhada.
À querida amiga Melissa pelo especial carinho, disposição e paciências oferecidas ao
longo do trabalho e nas correções finais.
A todos os amigos que não foram mencionados, mas que indefinidamente foram
essenciais nesta trajetória.
Às microalgas, tais como, Chlorella vulgaris, Spirulina máxima e S. platensis por
alimentar a humanidade desde as civilizações mais antigas como os Astecas (México) e os
Kanembous, nativos de Kanem, do norte de Tschad, na África e, sobretudo a grande
importância como biorremdiadoras ambientais.
E à consciência Cósmica, ao Jín Shín Jyustsu, à Jane Guedes, aos ensinamentos dos
Índios, a Física Quântica e ao Universo por me ensinarem a buscar o meu caminho e a minha
verdade dentro de mim.
10
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS....................................................................................... 07
SUMÁRIO........................................................................................................... 10
LISTA DE TABELAS....................................................................................... 12
LISTA DE FIGURAS........................................................................................ 13
LISTA DE SÍMBOLOS..................................................................................... 14
RESUMO............................................................................................................ 16
ABSTRACT....................................................................................................... 17
1. INTRODUÇÃO..................................................................................
................ 18
1.1.OBJETIVOS.................................................................................................................... 21
1.1.1. Geral..................................................................................................................... 21
1.1.2. Específicos.......................................................................................................... 21
2. JUSTIFICATIVA............................................................................................................ 22
3. REVISÃO BIBLIOGRAFIA
...................................................................................... 25
3.1. Agricultura Periurbana, Intra e Periurbana..................................................................... 25
3.1.1. Conceitos e Importância...................................................................................... 27
3.1.2. O Ambiente: Aspectos Ecológicos e Biodiversidade.......................................... 28
3.1.3. Segurança Alimentar e Nutrição......................................................................... 29
3.2. Hidroponia.................................................................................................................... 31
3.3. Aspectos Ambientais e Efluentes.................................................................................. 35
3.3.1.Alternativas de Tratamento de Efluente: Biorremoção de Nutrientes Através
do Uso de Macrófitas e Microalgas.......................................................................... 40
3.4. Microalgas................................................................................................................. 43
11
3.4.1.Classe Chlorophyceae..................................................................................... 45
3.4.2. Caracterização da Microalga C. vulgaris....................................................... 45
4. MATERIAIS E MÉTODOS................................................................................. 48
4.1. Abordagem.............................................................................................................. 48
4.2. Experimento............................................................................................................. 49
4.2.1. Local.............................................................................................................. 49
4.2.2. Efluente Hidropônico.................................................................................. 49
4.2.3. Cultura Estoque........................................................................................... 50
4.2.4. Preparo do Inóculo...................................................................................... 50
4.2.5. Unidades Experimentais............................................................................. 51
4.2.6. Parâmetros Determinados........................................................................... 52
4.2.7. Análise Estatística....................................................................................... 52
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES..................................................................... 54
5.1. Densidade Celular................................................................................................... 54
5.2. pH............................................................................................................................ 56
5.3. Concentração e Biorremoção de N-NH3, N-NO3, N-NO2, P-Total e Metais pesa-
dos (Fe, Mn, Cu, Zn)..................................................................................................... 57
6. CONCLUSÕES........................................................................................ 61
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................. 62
8. BIBLIOGRAFIA..................................................................................... 63
9. ANEXOS................................................................................................... 73
12
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Concentração de nutrientes (mg.L
-1
) para o cultivo hidropônico de hortaliças folhosas
proposta por Furlani (1998)............................................................................................................34
Tabela 2: Características Físicas e Químicas do efluente hidropônico (EH). As concentrações dos
nutrientes são propostas por Furlani (1998)...................................................................................49
Tabela 3: Composição do meio de cultivo Bold's Basal Medium (BBM) em mg.L
-1
, segundo
Cañizares-Villanueva et al. (2000)................................................................................................50
13
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Fluxograma explicativo dos materiais e métodos utilizados no experimento..................48
Figura 2 - Crescimento da Chlorella vulgaris no tratamento controle BBM, durante 7 dias de
experimento, janeiro de 2005............................................................................................................51
Figura 3 - Crescimento da Chlorella vulgaris no tratamento EH, durante 7 dias de experimento,
janeiro de 2005..................................................................................................................................52
Figura 4 - Curva de crescimento da Chlorella vulgaris no controle BBM e no efluente hidropônico
no decorrer de sete dias, em Janeiro de 2005. Os valores médios do gráfico encontram-se no Anexo
5.........................................................................................................................................................54
Figura 5 - Variação do pH no BBM e EH durante o crescimento da Chlorella vulgaris nos sete dias
de cultivo. Os valores de pH são encontrados no Anexo 10.............................................................56
Figura 6 - Valores médios da concentração de Fósforo Total e Nitrogênio Inorgânico (N-NH
3
, N-
NO
3
, e N-NO
2
), ao longo de sete dias. Os valores expressos encontram-se no Anexo
6..........................................................
........................................................................................................57
Figura 7 - Eficiência da biorremediação (%) do Fósforo e do Nitrogênio Inorgânico do efluente
hidropônico pela Chlorella vulgaris, no decorrer dos sete dias de cultivo. Os valores expressos
encontram-se no Anexo 7..................................................................................................................58
Figura 8 – Eficiência da biorremoção (%) de metais (Fe, Mn, Cu e Zn) do efluente hidropônico
através do uso da Chlorella vulgaris, ao longo de sete dias de cultivo. Os valores expressos
encontram-se no Anexo 8..................................................................................................................59
Figura 9 – Eficiência da biorremoção (%) de metais pesados (Fe, Mn, Cu e Zn) do efluente
hidropônico através do uso da Chlorella vulgaris, no decorrer dos sete dias de crescimento celular.
Os valores expressos encontram-se no Anexo 9...............................................................................59
14
LISTA DE SÍMBOLOS E DE TERMOS
μmol/m
2
s (unidades (mol) por metro quadrado pro segundo) = LUX - Iluminação
DV - Desvio padrão
cell.mL
-1
(células por mililitros)
-
Densidade celular
Cu - Cobre
Fe - Ferro
Ficorremoção (ficorremediação) - É a remoção de substâncias químicas orgânicas e inorgânicas,
através do uso de algas e microalgas
g.1000L
-1
- Concentração
Lag - Fase de indução
Log - Fase exponencial
Mn - Manganês
N - Nitrogênio
N-NH
3
- Nitrogênio Amôniacal Total
N-NO
2
- Nitrito
N-NO
3
- Nitrato
NO
2
- Óxido nitroso
15
NO
3
- Óxido nítrico
P - Fósforo
PET - Polietileno tereftalato
P-Total - Fósforo total
v/v (volume por volume)– Volume do inóculo da microalga
Zn – Zinco
16
RESUMO
A hidroponia é uma técnica de cultivo protegido, a qual é muito utilizada em todo o
mundo e no Brasil, onde há uma crescente tendência a este tipo de cultivo de hortaliças,
principalmente nas áreas urbanas e periurbanas. O efluente hidropônico contém altas quantidades
de Fósforo e de Nitrogênio inorgânicos e é descartado mensalmente em grandes quantidades no
esgoto, e no solo contaminando o lençol freático e os corpos d’água. A presença no ambiente
aquático de compostos ricos em Nitrogênio e Fósforo e metais pesados (Fe, Mn, Cu e Zn), geram
sérios problemas de eutrofização e de intoxicação nos seres vivos, degradando a qualidade da
água. O presente trabalho avaliou a eficiência de crescimento da microalga Chlorella vulgaris e
seu potencial de biorremoção de Fósforo, de Nitrogênio, de Fe, de Mn, de Cu e de Zn do efluente
hidropônico produzido no Laboratório de Hidroponia da UFSC. O experimento foi realizado em
laboratório sob condições assépticas e a microalga foi cultivada a ±20 ºC com luz contínua 150
μmolm
-2
s
-1
no meio controle Bold’s Basal Medium e no efluente hidropônico, durante 7 dias.
Houve um incremento na densidade celular inicial da C. vulgaris de 2,5x10
6
cell.mL
-1
para ambos
tratamentos no início do ciclo e atingindo no final a densidade celular de 10,6x10
6
cell.mL
-1
para o
cultivo controle 5,7x10
6
cell.mL
-1
para o cultivo em efluente hidropônico. Obteve-se uma
remoção em % de 82,2 de amônia, 80,5 de N-NO
3
, 84,20 de N-NO
2,
51,9 de P-Total, 88,22 de Fe,
79,54 de Mn, 58,2 de Cu e 60,91 de Zn do efluente hidropônico. Neste estudo, pode-se concluir
que a ficobiorremediação através da C. vulgaris é uma boa alternativa de reciclagem para
efluente hidropônico, pois a microalga se adaptou eficientente ao respectivo efluente,
possibilitando a efetividade da biorremoção de Nitrogênio, Fósforo, Fe, Mn, Cu e Zn.
Palavras chave: Agricultura Periurbana e Urbana, tratamento de efluentes, biorremediação,
ficologia.
17
ABSTRACT
The hydropony is a technique of protected cultivation, which is very used all over the
world and in Brazil there is a growing tendency of this type of vegetables cultivation, mainly in
the urban and periurban areas. This is considered that São Paulo, that is the largest producer of
hydropony, now possesses 200 hectares of cultivated area approximately, producing 48.000.000
L/month of effluent on average. The hydroponic effluent contains high amounts of inorganic
Phosphorus and Nitrogen and it is usually discarded monthly in great amounts in the sewer, and
in the soil contaminating the sheet and the aquatic environment. The presence in the aquatic
environment of composed rich in Nitrogen and Phosphorus and heavy metals (Fe, Mn, Cu and
Zn), that are nutritious sources for the algae, generate serious eutrofization and intoxication
problems in the alive beings, degrading the quality of the water and in some occasions causing
problems for the alive beings' health. The present work evaluated the growth efficiency of the
microalgae Chlorella vulgaris and the potential of bioremediation thought of Phosphorus, of
Nitrogen, of Fe, of Mn, of Cu and of Zn resnation of the hydroponic effluent produced in
Laboratory of Hidroponia of the UFSC. The experiment was accomplished in laboratory under
aseptic conditions and the microalgae was cultivated 2 ºC with light continuous 150 mol.m
-2
s
-1
in
the half controls Bold's Basal Medium and in the hydroponic effluent, during 7 days. There was
an increase in the cellular density of the C. vulgaris of 2,5x10
6
cell.mL
-1
for both treatments in the
beginning of the cycle and reaching in the end the cellular density of 10,6x10
4
cell.mL
-1
for the
cultivation to control BBM, 5,7x10
4
cell.mL
-1
for the cultivation in EH. It was obtained a removal
in % of 82,18 of N-NH
4
80,5 of N-NO3, 84,18 of N-NO2, 51,90 of total-P, 88,22 of Fe, 79,54 of
Mn, 58,2 of Cu and 60,91 of Zn of the hydroponic effluent. In this study, it can be ended that the
ficobioremediation through to C. vulgaris is a good recycling alternative for hydroponic effluent,
because the microalgae adapted itself efficiently to the respective effluent, making possible the
effectiveness of the bioremediation of Nitrogen, Phosphorus, Fe, Mn, Cu and Zn.
Palavras chave: Urban and periurban agriculture, treatment of effluents, biorremediation,
ficology.
18
1. INTRODUÇÃO
A hidroponia é uma técnica de cultivo protegido, na qual o solo é substituído por uma
solução aquosa, que contém os elementos minerais essenciais aos vegetais. A produção
hidropônica está concentrada aproximadamente 80% na cultura da alface e os 20% restantes nas
demais culturas comerciais com destaque em rúcula, agrião, tomate, melão, hortelã e manjericão
(FURLANI et al., 1999).
Segundo Pompêo (1996), Martinez (1997), Rodrigues (2002), este tipo de cultivo
proporciona desenvolvimento uniforme e adequado estado fitossanitário das plantas, exige menos
trabalho e, ainda, reduz o desperdício de água e nutrientes. Para esses autores, produzir por
hidroponia, diminui a incidência de doenças nas plantas e, por conseguinte, a necessidade de uso
de agrotóxicos. A ausência de contato da planta com a terra pode evitar doenças por nematóides e
outros organismos fitopatogênicos existentes no solo. Além das vantagens morfofisiológicas e
fitossanitárias, em ambientes em que a terra disponível não é agriculturável, visto que o clima é
desfavorável e a água está pouco acessível, a atividade hidropônica torna-se uma alternativa
viável para o cultivo destas hortaliças.
A hidroponia tem permitido, ainda, a produção de verduras fora de época, reduzindo
riscos com adversidades climáticas. Portanto, com potencial de produção todo ano é interessante
identificar e analisar as conseqüências que podem ser inconvenientes para os agroecossistemas.
Para a produção hidropônica o sistema mais utilizado no Brasil é o NFT (Técnica de fluxo
laminar de nutrientes), que consiste em fazer circular nas calhas de cultivo os nutrientes contidos
na solução nutritiva (Anexos 1 e 2). Esse processo, segundo Furlani et al. (1999), por ser um
sistema fechado, ou seja, com recirculação, pode causar contaminação (desenvolvimento de
fitopatógenos) e desbalanceamento na solução nutritiva, indicando a necessidade de descarte da
19
solução a cada 14 dias em média. Esses efluentes são compostos de nutrientes como: nitratos,
nitritos, amônia, fosfatos, sulfato, Fe, Mn, Cu, Zn entre outros. Ressalte-se que o grande volume
de elementos químicos, quando descartados no ambiente sem tratamento prévio, poderão causar
problemas sanitários
1
e ambientais, como a eutrofização dos ambientes aquáticos.
As grandes concentrações de nitrogênio e fósforo, usados nos adubos e fertilizantes,
constituem um tipo muito comum de poluição da água. As enxurradas transportam para os rios
os fosfatos e nitratos. Outra forma desses nutrientes chegarem aos mananciais de água é pela
infiltração no solo atingindo o lençol freático e posteriormente os corpos de água. Com o
aumento de nutrientes no meio aquático as plantas e o fitoplâncton ficam bem nutridos, os quais
se multiplicam (especialmente algas) e absorvem o oxigênio da água ocorrendo assim o
anacrobismo do meio. Por sua vez, a falta de oxigênio provoca a morte de muitas plantas e
animais que, ao se decomporem, causam odor e sabor desagradável da água, aumentando a
poluição. Além destes fatos, muitos outros são causadores da poluição dos rios (VON
SPERLING, 1998).
Além desta questão, é importante ressaltar a presença de metais pesados na água e nos
efluentes, que dependendo do local em que são descartados, contribuem para aumentar a
poluição dos corpos de água, conseqüentemente, podendo causar grandes problemas para a vida
aquática, por serem acumulativos na cadeia trófica e produzirem efeitos tóxicos e mudanças
teratogênicas em plantas, em animais e em seres humanos, sendo também, que permanecem nos
sedimentos e são liberados na água receptora final, como é colocado por Canizares-Villanueva e
Travieso (1991).
Dentre estes problemas causados pelo excesso destes nutrientes, nota-se também que o
excesso de óxido nitroso (NO
2
)
e óxido nítrico (NO
3
)
na água e nos alimentos podem causar
metemoglobinemia em crianças.
Muitos metais são essenciais para o crescimento de todos os organismos, desde que
presentes em baixas concentrações (SALGADO, 1996). Do contrário, como é ressalvado por
Trevosrs; Stratdon e Gadd (1986) e Salgado (1996), podem afetar o sistema biológico, causando
ao homem e aos animais domésticos câncer, dores de cabeça fortíssimas, queda dos dentes, perda
visão, diarréia sanguinolenta, anúria, alteração dos processos bioquímicos, das organelas e das
membranas celulares de todos os sistemas vivos, dentre tantos outros efeitos tóxicos para a saúde
pública e dos ecossistemas terrestres e aquáticos.
1
Este tema será retomado na Revisão Bibliográfica.
20
No Brasil, a produção hidropônica se expande, ampliando também as preocupações com
o destino dos seus efluentes. Segundo dados da Estação experimental de Hidroponia de
Charqueadas (São Paulo) (STAFF, 1998), o Estado de São Paulo tinha até 1998 um número
próximo de 500 produtores hidropônicos, formando uma área equivalente a 25 ha, capaz de
produzir aproximadamente 6x10
6
L/mês de efluente hidropônico. Atualmente, estima-se que esta
área tenha se ampliado para aproximadamente 200 ha, produzindo em média 48x10
6
L/mês de
efluente. Em 1998, a produção dos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e
Mato Grosso somados, ultrapassava 30 ha de área cultivada com hidroponia, produzindo em
média 7.200.000 L/mês de efluente hidropônico. Hoje, estes estados possuem aproximadamente
100 ha de área cultivada, produzindo em média 20x10
6
L/mês de efluente
2
.
Esses números demonstram a necessidade de uma gestão ambiental adequada para os
efluentes hidropônicos, impulsionando pesquisas e a utilização de métodos que visem mitigar
possíveis problemas ambientais decorrentes do uso da hidroponia. Anaga e Abu (1996) e Olguín
et al. (2000), citam a microalga Chlorella vulgaris como biorremediadora no tratamento de
efluentes.
As microalgas são microorganismos pertencentes ao Phylum Chlorophyta, que contém
clorofila e outros pigmentos fotossintéticos sendo capazes de realizar fotossíntese. Assim, no
grupo incluem-se os organismos de dois tipos celulares distintos: cianobatérias, com estrutura
celular procariota e as restantes microalgas de estrutura celular eucariota (LEE, 1989). As
microalgas tais como, Spirulina maxima e a Spirulina platensis (classe Cyanophyceae, ordem
Oscillatoriales, família Cyanophyceae) (Hoek et al., 1995), a Chlorella ssp, C. vulgaris e C.
pyrenoidosa (classe Chlorophyceae, ordem Chlorococcales e família Oocystaceae) (Hoek et al.,
1995), o Scenedesmus quadricauda (classe Chlorophyceae, ordem Chlorococcales, família
Scenedesmaceae) (Hoek et al., 1995), dentre outras microalgas, são utilizadas como
complemento dietético e alimentar de alta qualidade para a humanidade e para os animais
(WALDENSTEDT et al., 2003). Para Richmond (2004), outra utilidade das microalgas de
grande importância é a depuração de águas residuais, a partir de cultivos intensivos destes
organismos. Também possuem a capacidade de remover metais pesados, pois incorporam esses
na parede celular (YAN & PAN, 2002)).
2
Informações obtidas oralmente através do professor Pedro Roberto Furlani, pesquisador do Instituto Agronômico
de Campinas (IAC) em 20 de outubro de 2004.
21
A pesquisa foi realizada nos Laboratórios de Agricultura Irrigada e Hidroponia
(LabHidro) e de Biotecnologia de Alimentos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
1.1. OBJETIVOS:
1.1.1. Geral
O presente estudo teve como objetivo verificar a potencialidade da microalga Chlorella
vulgaris na remoção de Nitrogênio, Fósforo e metais pesados (Fe, Mn, Cu e Zn) do efluente
hidropônico com intuito de reduzir a quantidade de nutrientes presentes neste efluente.
1.1.2. Específicos
a) Avaliar a densidade celular e pH dos meios de cultivos durante o crescimento da
microalga Chlorella vulgaris;
b) Determinar a remoção de N, P e de metais pesados (Fe, Cu, Mn e Zn) do efluente ao
final do crescimento da microalga;
c) Comparar o crescimento da microalga no meio de cultivo Bold Basal Medium
(STOKES, P.M,1973) com o efluente hidropônico.
22
2. JUSTIFICATIVA
A Hidroponia é utilizada em praticamente todo o mundo. No Brasil, a utilização desse
tipo de cultivo apresenta-se crescente, especialmente em áreas urbanas e periurbanas
3
(FAO,
1996). De acordo com estudos realizados pela Food Agriculture Organization (FAO), nessas
áreas, a hidroponia torna-se atividade importante à medida que permite o cultivo de hortaliças em
situações inviáveis para a agricultura com solo. Note-se que a demanda por produção agrícola e
novas tecnologias gera, de outro lado, uma carga de poluição ambiental crescente. Nesse sentido,
ao mesmo tempo em que a hidroponia permite facilidades na produção de hortaliças, pode acabar
gerando alguns transtornos ambientais e problemas de saúde pública, tais como acelerada
eutrofização de ambientes aquáticos, efeitos tóxicos nas plantas, nos animais e na humanidade
pela liberação de efluentes na natureza.
Essas preocupações estão contidas nas novas regulamentações governamentais. O
Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), na Resolução de 22 de setembro de 2003,
Processo nº 02000.002378/2002-43, 6º reunião do GT revisão da Resolução 020/86, artigo 21 e
Resolução 357/2005, estipulam o valor máximo permitido de 20 mg.L
-1
de Nitrogênio Amoniacal
Total, 4 mg.L
-1
de Fe, 1 mg.L
-1
de Mn, 1 mg.L
-1
de Cu e 5 mg.L
-1
de Zn, contidos em qualquer
efluente. O Ministério Público de Santa Catarina, com o decreto Nº 14.250, de 05 de junho de
1981, regulamenta o dispositivos da lei nº 5.793, de 15 de outubro de 1980, artigo 19, que
estabelece os valores de 1,0 mg.L
-1
de P-total e de 10,0 mg.L
-1
de N-total contido nos efluentes.
Contudo, as concentrações de 174 mg.L
-1
de N-total e de 39 mg.L
-1
de P-Total contidas no
efluente hidropônico do LabHidro/UFSC extrapolam os valores máximos permitidos pelo
CONAMA e pelo Ministério Público de Santa Catarina. No caso dos metais pesados (Fe, Mn, Cu
e Zn), as concentrações 1,949 mg.L
-1
, 0,259 mg.L
-1
, 0,04 mg.L
-1
e 0,11 mg.L
-1
, respectivamente,
contidas no efluente hidropônico não ultrapassam os valores máximos permitidos pelo
3
Segundo a FAO (1996) a agricultura periurbana refere-se a unidade agrícola próximo da cidade que opera
intensiva, semi ou completamente a produção comercial para cultivar horticultura, criar galinha, criar gado e obter
leite e ovos.
23
CONAMA. No entanto, é relevante o fato de serem acumulativos na cadeia trófica, nos
sedimentos dos corpos de água e nos órgãos dos seres vivos, demonstrando, assim, a necessidade
de estudos que permitam a remoção dos nutrientes presentes no efluente hidropônico antes que
esse seja lançado no ambiente.
Considerando que grande parte dos agricultores, que utilizam hidroponia, descarta os
efluentes produzidos diretamente no ambiente (esgoto, solos), ou seja, sem um tratamento prévio,
torna-se importante encontrar métodos eficazes e satisfatórios no tratamento desses efluentes.
Segundo Alvarado e Fasanaro (1980), diferentes estratégias poderão ser utilizadas no tratamento
de resíduos domésticos, industriais e agrícolas. Entre elas: lagoas de estabilização de lodos
(atividades biológicas de bactérias); e a biorremoção, através de macrófitas aquáticas como as
taboas, os aguapés, os juncos, as lemnas ou mesmo com macro e microalgas.
Estudos realizados por Beltrão (1992), Anaga e Abu (1996), Olguín (2000) Rodrigues
(2000), Méndez (2003), demonstram que as microalgas podem ser utilizadas na biorremediação
(biorremoção) de resíduos industriais, de metais pesados, de fertilizantes, de resíduos de criação
de suínos e efluentes de indústrias de suco de laranja. Dentre as microalgas que apresentam
grande potencial biorremediador destaca-se a espécie microscópica e unicelular Chlorella
vulgaris (Anexo 3). Essa microalga apresenta altos teores de proteínas, ácidos graxos, β-
carotenóides, sais minerais, clorofila a e b, vitaminas do complexo B, entre outras substâncias,
podendo ser utilizada, portanto, como complemento alimentar e componente farmacológico.
As microalgas, como a C. vulgaris demandam principalmente nutrientes como fósforo e
nitrogênio para o seu crescimento, desenvolvendo-se facilmente em qualquer modalidade de
efluente. A solução nutritiva utilizada na hidroponia, como no efluente, possui na sua composição
N, P, K, Ca, S, Mg, Fe, Cu, Zn, Mn, B, Mo e Cl, constituindo-se em uma fonte nutritiva
adequada para microalgas biorremediadoras. Os elementos presentes nos efluentes hidropônicos
são semelhantes aos nutrientes encontrados na composição dos meios de cultura comerciais para
a microalga Chlorella spp., reforçando o potencial e a preferência pela C. vulgaris para a
biorremoção de nutrientes e de depuração dos efluentes.
Outras estratégias que visam dar um destino adequado aos efluentes hidropônicos seriam:
(1) o reaproveitamento mediante a análise química para a correção de cada elemento, um
processo de filtração de materiais em suspensão e o tratamento para a eliminação de patógenos;
(2) utilização da solução para fertirrigação eventual ou cultivo hidropônico em sistemas abertos
com utilização de substratos. Entretanto, ambas alternativas ainda se apresentam pouco
24
aplicáveis, visto que: (1) as análises químicas necessárias possuem custo muito elevado,
onerando os gastos para a produção; (2) os estudos com fertirrigação são bastante deficientes,
necessitando de maiores pesquisas; (3) a utilização da solução em sistemas abertos requer maior
conhecimento do substrato utilizado.
Frente essas colocações, considera-se que a reutilização da solução nutritiva no cultivo de
vegetais fanerógamos (macrófitas aquáticas) e vegetais criptógamos (microalgas), com elevada
resposta em produção, mostram-se capazes de reduzir o teor de nutrientes deste efluente,
diminuindo danos ao ambiente e à saúde pública. A biomassa algal adquirida após a remoção de
nutrientes, poderá ser utilizada pelos agricultores como complemento alimentar na ração animal,
como fertilizante nos cultivos, podendo ser utilizada como renda complementar, através da
comercialização dessa biomassa para as indústrias farmacêuticas, de cosméticos e alimentares.
Considere-se, ainda, que a hidroponia associada ao uso de microalgas, ao proporcionar
outra fonte econômica aos agricultores, insere-se numa perspectiva de desenvolvimento rural
voltado aos agricultores familiares urbanos e periurbanos. Ao mesmo tempo, essa alternativa vem
ao encontro de um adequado gerenciamento dos efluentes hidropônicos, reduzindo sobremaneira
seus impactos ambientais. O trabalho proposto está inserido em dois temas referenciais do
Programa de Mestrado em Agroecossistemas, a saber: Desenvolvimento Rural e Atores Sociais; e
Desempenho Ambiental.
25
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Este capítulo abordará a agricultura urbana, intra e periurbana, sua relação com a
hidroponia, com o ambiente (aspectos ecológicos e biodiversidade), com a segurança alimentar e
nutrição, como também as fundamentais contribuições dessas agriculturas para todos os
envolvidos direta e indiretamente. O que é hidroponia, como que ela funciona como é gerado o
efluente e o que esse pode causar para o ambiente e para a saúde pública; aspectos ambientais e
efluentes (eutrofização, N, P, efeitos tóxicos e metais pesados); alternativas de tratamentos de
efluentes: biorremoção de nutrientes através do uso de macrófitas aquáticas e de microalgas;
microalgas, classe Chlorophyceae e caracterização da microalga C. vulgaris.
3.1. AGRICULTURA URBANA, INTRA E PERIURBANA
A expansão das cidades é acompanhada pela necessidade crescente de fornecer alimentos
às famílias que nelas residem. Ao mesmo tempo, os índices de pobreza das populações urbanas
têm aumentado, assim como a dificuldade ao acesso à alimentação básica (MACHADO, 2001).
Para esse autor, a prática da agricultura urbana, que compreende o exercício de diversas
atividades relacionadas à produção de alimentos e conservação dos recursos naturais dentro dos
centros urbanos ou em suas respectivas periferias, surge como estratégia efetiva de fornecimento
de alimentos, de geração de empregos, além de contribuir para a segurança alimentar e melhoria
da nutrição dos habitantes das cidades.
Note-se que essa modalidade de atividade agrícola promove mudanças benéficas na
estrutura social, econômica e ambiental do local onde ela se instala (MONGEOT, 2000), uma vez
que ela gera renda às populações atingidas, reduz impactos ambientais, diminui áreas propensas
ao armazenamento de entulhos, e conseqüentemente, proliferação de mosquitos, ratos, baratas e
de doenças.
26
Entretanto, sua concretização depende fundamentalmente de decisões políticas e da
participação dos governantes (MACHADO, 2001). Segundo Machado (2001) e Mongeot (2000),
o apoio oficial ao estabelecimento da agricultura urbana por parte de organizações
governamentais ou não-governamentais e por parte de agências internacionais
4
tem surgido em
várias partes do mundo.
As expressões agricultura urbana (agricultura intra-urbana) e periurbana já são adotadas
pelas agências das Nações Unidas, tais como United Nations Development Programme (UNDP)
(SMITH et al., 1996) e FAO (1996) e referem-se à utilização de pequenas superfícies situadas
dentro das cidades ou em suas respectivas periferias para a produção agrícola e criação de
pequenos animais, destinados ao consumo próprio ou à venda em mercados locais (FAO, 1999).
Em estimativa feita em 1996, relatou-se o envolvimento de cerca de 800 milhões de
pessoas com a agricultura urbana em todo o mundo (SMITH et al., 1996). Essa atividade permite,
portanto, disponibilizar e aproveitar espaços domésticos e públicos para a produção de alimentos,
plantas medicinais, ornamentais, hidroponia e criação de pequenos animais. As metodologias de
trabalho e o planejamento da produção devem, contudo, ser elaborados com bases técnicas.
Pesquisadores e extensionistas são fundamentais nesse processo, auxiliando na estruturação e no
funcionamento dos sistemas de produção fornecendo informações por meio de cursos e
treinamentos, adaptando e desenvolvendo tecnologias e viabilizando alternativas de produção de
acordo com as exigências de cada local (MACHADO, 2001).
O conceito de agricultura urbana é ampliado quando são analisadas as contribuições de
sua prática para o ambiente e para a saúde humana (DIAS, 2000), pois se constitui em importante
forma de suprir os sistemas de alimentação urbanos, relacionando-se com a segurança alimentar e
o desenvolvimento da biodiversidade e proporcionando melhor aproveitamento dos espaços,
contribuindo, dessa forma, para o manejo adequado dos recursos de solo e da água (MOUGEOT,
2000).
Machado (2001), ressalta que a saúde está diretamente ligada às condições alimentares e
ambientais e, no contexto de comunidades da periferia, aos níveis de doença que se intensificam
diante da pouca disponibilidade de alimentos e da baixa qualidade desses, assim como, da
vulnerabilidade das pessoas expostas a agentes externos.
4
As agências internacionais têm disponibilizado montantes consideráveis de recursos financeiros para projetos nessa
linha de pesquisa.
27
Dentre as contribuições ambientais da agricultura urbana, podem ser destacadas a
diminuição do acúmulo de entulhos e a melhoria da qualidade da água, a reciclagem da parcela
de lixo orgânico em compostos para fertilização dos solos e os recipientes, principalmente
plásticos, o reaproveitamento desses para a produção de mudas e cultivo de algumas espécies.
Ressalte-se ainda o valor estético de espaços verdes, a formação de microclimas, a preservação
de doenças por meio de uma alimentação diversificada e o poder curativo das plantas medicinais.
Todos esses são componentes da qualidade de vida proporcionada pela agricultura urbana (Dias,
2000).
Note-se que há certa tendência da população em se deslocar para os centros urbanos
(BAKKER et al., 2000). Conforme relata Dias (2000), na América Latina, América do Norte e
Europa já são três quartos da população atual habitando em zonas urbanas. A própria ONU vem
alertando para os níveis elevados de urbanização e sua relação direta com os níveis de pobreza e
insegurança alimentar desde a Conferência Habitat II - Conferência das Nações Unidas sobre
Assentamentos Urbanos (SMITH et al., 1996).
Esses dados demonstram a necessidade de políticas públicas voltadas para o incentivo e a
implementação da agricultura urbana, uma vez que essas podem favorecer e promover o
desenvolvimento local das periferias de grandes cidades. Além disso, o redirecionamento dos
objetivos da comunidade com ações participativas em todos processos de desenvolvimento
permite oferecer opções de vida saudável para a população, gerando empregos e melhorias na
qualidade de vida. A produção de alimentos de boa qualidade nutricional e sem agrotóxicos
desenvolvida a custo relativamente baixo, pode contribuir, ainda, para aumentar a renda familiar.
3.1.1. Conceitos e Importância
Para a FAO (1996), a agricultura periurbana refere-se à unidade agrícola próximo da
cidade que opera intensiva ou semi-intensiva na produção comercial para cultivar vegetais e
outras horticulturas, criar galinhas e gados, e obter leite e ovos. A definição de agricultura urbana,
segundo Mongeot (1999) e Machado (2001), refere-se à localização dos espaços dentro e ao redor
das cidades ou áreas urbanas. Para esses autores, a área intra-urbana refere-se a todos os espaços
dentro das cidades que podem ter algum tipo de atividade agrícola.
Segundo Machado (2001), esses locais podem ser áreas individuais ou coletivas ou, ainda,
áreas públicas dentro e entre os contornos das cidades, incluindo as vias públicas, praças, parques
e áreas ociosas como lotes e terrenos baldios. Esse autor, destaca que a área periurbana é mais
28
complexa quanto à definição de sua localização. Ela deve estar próxima à cidade e o limite pode
variar de 10 a 90 km, dependendo do desenvolvimento da infra-estrutura de estradas e dos custos
de transporte. A agricultura periurbana, por sua vizinhança com as áreas rurais, interfere na
dinâmica da agricultura, podendo ocorrer a combinação do trabalho rural com o não-rural,
variando conforme as necessidades da população local ou das famílias.
Muitas áreas que há pouco tempo eram consideradas rurais, hoje são classificadas como
áreas de agricultura periurbana (MONGEOT, 1999 e MONGEOT, 2000). Ao mesmo tempo, a
indústria e o comércio ocupam espaços até então destinados à agricultura, fazendo com que se
agreguem problemas urbanos, como criminalidade, poluição, entre outros, aos espaços rurais,
tornando essa realidade bastante complexa (MACHADO, 2001).
Segundo o mesmo autor, multiplicaram-se os problemas sociais, problemas da poluição
do meio ambiente e principalmente das águas. O lixo e a violência passaram a fazer parte da
rotina dessas áreas, existindo conflitos por terras, trabalho e principalmente por alimentos. É
nesse contexto que a atividade agrícola periurbana passa a ser de fundamental importância nessas
áreas, proporcionando maior equilíbrio social, proteção ambiental e relativa segurança alimentar,
coadunando para o desenvolvimento mais eqüitativo e menos agressivo nesses espaços.
3.1.2. O ambiente: Aspectos ecológicos e biodiversidade
As agriculturas urbana, intra e periurbana modificam consideravelmente a performance
ecológica das cidades, compondo, nesses espaços, ambientes para a produção de alimentos
(MONGEOT, 1999). De acordo com Machado (2001), esses tipos de agricultura, permitem
mitigar problemas ambientais, conservando o solo, minimizando o lixo nas cidades, promovendo
a reciclagem de nutrientes, além de melhorar o manejo da água, da biodiversidade, do balanço de
O
2
e CO
2
e da consciência dos cidadãos urbanos.
Outro ponto importante a se destacar em relação com o ambiente, é a limpeza de áreas que
normalmente são destinadas ao acúmulo de lixo e entulhos (MACHADO, 2001). A limpeza
dessas áreas e sua utilização para plantio e outras formas de produção proporcionam o
aperfeiçoamento do ambiente local, diminuindo a proliferação de vetores das principais
enfermidades e conseqüentemente controlando endemias e epidemias.
Muitas áreas urbanas se mostram impróprias para cultivos agrícolas, pois se encontram
poluídas ou contaminadas por entulho e metais pesados. Nesses casos, recomenda-se que esses
espaços sejam inicialmente ocupados por outro tipo de vegetação visando diminuir o impacto
29
nocivo das contaminações e proporcionar, em longo prazo, condições de uso (MONGEOT,
2000). Note-se que o adequado diagnóstico das condições de uso do solo em ambientes urbanos
torna-se de fundamental importância.
Para Mongeot (2000), o planejamento urbano para a prática de agricultura necessita ser
adequadamente elaborado, planejado e integrado, uma vez que a agricultura urbana não se
resume apenas ao plantio de espécies destinadas à alimentação, mas a todos os aspectos ligados
ao manejo da biodiversidade e ao meio ambiente. Ressalte-se ainda que a arborização, os jardins,
as aves, os animais e as plantas ornamentais fazem parte do desenho urbano e se ligam à prática
da agricultura urbana.
Dessa forma, todos os espaços da cidade podem constituir um contorno verde entre
prédios, casas, vias públicas, praças, parques, encostas e alterar as condições climáticas locais,
contribuindo para incrementar a umidade, reduzir a temperatura, melhorar o odor, capturar gases
do ar poluído, proteger do vento e interceptar a radiação solar, criando lugares sombreados e
protegidos (MONGEOT, 2000).
Machado (2001), ressalta que as agriculturas urbana, intra e periurbana, também podem
ter efeito positivo na biodiversidade. Esses três ambientes são freqüentemente ricos em espécies
da flora e da fauna, tendo efeitos positivos também no desenvolvimento de práticas agrícolas
sustentáveis, desde que estejam ligadas a todos os processos de manejo do ambiente, incluindo os
fatores relacionados à ecologia e à biodiversidade.
3.1.3. Segurança Alimentar e Nutrição
Conforme Armar-Klemesu (2000), o conceito de segurança alimentar está nas agendas
internacionais desde 1948, quando da Declaração Universal dos Direitos Humanos, afirmando
que “todos têm direito a um padrão de vida adequado para a saúde e alimentação”. Em 1996, na
Convenção Internacional sobre os direitos econômicos, sociais e culturais afirmou-se que “o
homem tem o direito de se livrar da fome”. O direito à comida é, portanto, caracterizado como
fundamental, mas a questão da fome continua sendo grave problema e traz sérias conseqüências à
vida dos habitantes das cidades (DEELSTRA & GIRARDET, 2000).
30
As práticas agrícolas urbanas hoje são as mais variadas possíveis: produção de alimentos
utilizando-se das técnicas da hidroponia ou da organoponia (hidroponia orgânica)
5
em áreas com
solos poluídos ou de aterro de construção civil, hortas caseiras, hortas coletivas, produção de
vegetais em cercas que circundam as comunidades urbanas, produção em vasos, em pneus, em
garrafas tipo “pet” (polietileno tereftalato) etc.
É importante ressaltar que a escala da produção urbana é geralmente subestimada. Em
dados publicados recentemente, verifica-se que existem 200 milhões de novos habitantes urbanos
com atividade em agricultura urbana, provendo alimentação para mais de 800 milhões de pessoas
(ARMAR - KLEMESU, 2000). Nos dados de 1993, verifica-se que cerca de 15% a 20% da
alimentação mundial, naquele ano, foi produzida em área urbana. Mougeot (1994), relata que
40% da população das cidades africanas e 50% das cidades latino-americanas estão envolvidas
com a agricultura urbana.
Assim, a hidroponia tem adquirido popularidade como uma solução para os problemas de
acesso à terra pelos agricultores urbanos, intra e periurbana. Agricultores urbanos no México,
Peru e Cuba estão usando espaços menos convencionais para produção de alimentos, utilizando
técnicas de hidroponia orgânica, chamada “organoponia”. O uso de defensivos alternativos tais
como o nim (Azadirachta indica), soluções com fumo e pimenta e palhada do alho tem
aumentado ultimamente. Outra prática que tem alcançado popularidade é o cultivo de plantas
medicinais. O apoio de técnicos e médicos tem permitido o desenvolvimento de novos métodos
de terapia e de tratamentos muito mais baratos e mais acessíveis para as populações de baixa
renda.
Entre as principais contribuições da agricultura urbana, intra e periurbana, pode-se
salientar três áreas fundamentais: bem-estar, meio ambiente e economia. Machado (2001);
Mongeot (2000) e Armar-Klemesu (2000), destacam que, em termos de distribuição de
alimentos, essas agriculturas são apoiadas pela comunidade e desenvolvem um sistema inovador
de ligação entre o produtor urbano e o consumidor, ou seja, são criados espaços de
comercialização que relacionam uma produção artesanal vinculada à demanda da comunidade e
consumidores.
5
Os sistemas hidropônicos orgânicos, mecanicamente, não apresentam nenhuma diferença dos convencionais
inorgânicos, a diferença está na solução de nutrientes. Esta, em vez de preparada através de sais minerais
industrializados, é preparada a partir de dejetos de animais e resíduos vegetais e animais bio-digeridos em
biodigestores e biofiltros.
31
Segundo esses autores, muitas vezes, as comunidades de produtores atingem um nível
elevado de conhecimento e de recursos a ponto de processarem seus próprios produtos, criando
também cooperativas e agroindústrias.
A agricultura urbana, intra e periurbana são importantes fontes de suprimentos dos
sistemas de alimentação para as populações, podendo relacioná-la com a segurança alimentar e
desenvolvimento da biodiversidade, uma vez que proporciona melhor aproveitamento dos
espaços, manejo adequado dos recursos de solo e água, assim como às questões ambientais por
promover a redução no acúmulo de lixo e melhorar a qualidade da água (ARMAR-KLEMESU,
2000). A formação de microclimas, a preservação de doenças por uma alimentação diversificada
e pelo poder curativo das plantas medicinais, são componentes da qualidade de viver
proporcionada pela prática da agricultura urbana, intra e periurbana (MACHADO, 2001).
Levando-se em conta que a hidroponia, de alguma forma, está inserida dentro desse
contexto, a FAO (1996), tem demonstrado ser muito comum a utilização dessa técnica agrícola
nas áreas urbanas, intra e periurbanas, uma vez que essa se mostra como um tipo de agricultura
capaz de ser realizada em lugares onde, em determinadas situações, as condições ambientais são
desfavoráveis para a agricultura com solo. Dessa forma, faz-se necessário entender o que é a
hidroponia, como funciona o sistema de cultivo, qual é a formulação da solução nutritiva, que a
posteriori se tornará em efluente hidropônico, sendo necessário ser descartado e se não
gerenciado adequadamente, pode transformar-se em problemas ambientais e de saúde.
3.2. HIDROPONIA
O tema desta pesquisa é a biorredução de N e P do efluente hidropônico, neste item,
abordar-se-á, o que é hidroponia, como que ela funciona, como é gerado o efluente e o que este
efluente pode causar para o ambiente e para a saúde pública.
A hidroponia, termo derivado de duas palavras de origem grega – hydro, que significa
água, e ponos, que significa trabalho, sendo utilizado pela primeira vez em 1930, pelo Dr. W.F.
Gericke, na Universidade da Califórnia. Este pesquisador foi quem popularizou o cultivo em
ausência de solo (JONES Jr., 1982 apud MARY, 1998).
A primeira referência em literatura foi uma observação de John Woodward que, em 1699,
cultivou menta em alguns “tipos de água”. Entretanto, a utilização da técnica para o cultivo
doméstico ou para fins comerciais começou em 1938, através dos trabalhos de Gericke que,
durante toda a década, pesquisou o assunto. Durante a Segunda Guerra Mundial o governo norte-
32
americano adotou a técnica em bases militares, cultivando vegetais para alimentação de suas
tropas. Os países, como Japão e Israel, adotaram posteriormente a alternativa de cultivo (MARY,
1998).
Em 1699, John Woodward, um inglês, professor de medicina, derrubou a teoria da água
de Van Helmont. Woodward cultivou, 150 anos antes de surgir à técnica da hidroponia, plantas
sem terra. Esse autor, instalou, em recipientes de mesmo tamanho, plantas de menta em
diferentes tipos de água: de chuva, de rio, de enxurrada e esgoto diluído. Observou que onde a
quantidade de material sólido era maior, a produtividade da menta foi melhor. Concluiu então,
que não era da água que as plantas se nutriam, mas sim do material sólido do solo. Com esse
ensaio refutou as considerações de Van Helmont e de Aristóteles. Segundo Mary (1998), é a
primeira citação, em literatura, sobre cultivo hidropônico.
Surgiram então as bases da química moderna e as contribuições de Justus Von Liebig e de
De Saussure, com relação à assimilação de CO
2
(JONES, 1983 apud MARY, 1998).
A hidroponia está se desenvolvendo rapidamente como meio de produção vegetal,
principalmente de hortaliças sob cultivo protegido. Sendo que, essa é uma técnica de cultivo
protegido, no qual o solo é substituído por uma solução aquosa, que contém apenas elementos
minerais essenciais aos vegetais (FURLANI et al., 1999).
Ela está distribuída em todo o mundo, segundo Mary (1998), a prática da hidroponia no
continente americano tem como alicerce o cultivo de hortaliças e plantas ornamentais, como
cravo e rosas. Na África existem grandes empresas com explorações do cultivo hidropônico
voltadas para alimentação de seus funcionários. Na Rodésia se tem obtido, tomates, batatas e
variadas hortaliças por hidroponia e com pleno sucesso. De acordo com Martinez (1997), na
Inglaterra, cultiva-se na maior parte das instalações hidropônicas flores, tomates e pepinos. Em
outros países europeus existem muitas pesquisas com hidroponia, assim como instalações
comerciais, nas quais se cultivam praticamente todas as espécies vegetais de importância
econômica, além de outras com objetivo puramente científico. O Japão guarda, certamente, as
instalações mais importantes do mundo no momento. Em Israel estão as mais modernas e
avançadas unidades de pesquisas em hidroponia. Existem, também, inúmeras explorações
comerciais especializadas no cultivo de hortaliças e flores de corte (MARY, 1998).
Segundo Martinez (1997), no Brasil a hidroponia está bastante difundida. O referido meio
de obtenção de alimentos apresenta como alternativa para se obter produtos sadios, de excelente
qualidade, praticamente isentos de agrotóxicos e de alto valor nutritivo. Entretanto, para se
33
cultivar uma espécie vegetal, torna-se importante o conhecimento de suas necessidades básicas
assim como ter bases sólidas de todo o processo de produção de vegetais por hidroponia.
Para a instalação de um sistema de cultivo hidropônico é necessário que se conheça
detalhadamente as estruturas básicas necessárias que o compõe (FURLANI, 1999). Os tipos de
sistemas hidropônicos determinam estruturas com características próprias, sendo que os mais
utilizados são:
O sistema Nutrient Film Technique (NFT) ou técnica do fluxo laminar de nutrientes,
introduzida na Inglaterra por Allen Cooper, na década de 70, é composto basicamente de um
tanque de solução nutritiva, de um sistema de bombeamento, dos canais de cultivo e um sistema
de retorno ao tanque (Anexos 1 e 2). A solução nutritiva é bombeada aos canais e escoa por
gravidade, formando uma fina lâmina de solução que irriga as raízes.
No sistema Deep Film Technique (DFT) ou cultivo na água, ou floatin, a solução
nutritiva forma uma lâmina de 5 a 20 cm, onde as raízes ficam submersas. Não existem canais e
sim uma mesa na qual circula a solução, através de um sistema de entrada e drenagem
característico; com substratos, este cultivo é para hortaliças frutíferas, flores e outras culturas que
têm o sistema radicular e a parte aérea mais desenvolvida.
Para Furlani et al. (1999), no Brasil, tem crescido nos últimos anos o interesse pelo
cultivo em hidroponia predominando o sistema NFT, uma vez que esta é capaz de minimizar o
gasto de água consumido neste cultivo, ter custo reduzido e, ainda, permitir um controle efetivo
da nutrição e aeração das raízes. Para esses autores, muitas são as espécies cultivadas em
hidroponia, destacando-se as hortaliças. Dentre elas, as principais folhosas cultivadas
comercialmente no Brasil são: alface (80% do total) e agrião, rúcula, almeirão, couve-flor,
salsinha, cebolinha, coentro, salsão, entre outras, (20%). Praticamente todas estas espécies são
produzidas através do sistema NFT, no entanto, alguns estados do Nordeste estão apresentando
tendência em adotar o DFT em maior número dos casos, em razão das temperaturas mais altas
encontradas nestes Estados.
Para Martinez (1997), no cultivo hidropônico, o solo é substituído por soluções nutritivas
em sua função mais complexa, que é a de fornecer nutrientes minerais. Por esta razão pode-se
dizer que os aspectos nutricionais são a base para o sucesso dos cultivos hidropônicos.
Diversas soluções nutritivas já foram propostas na literatura havendo, em alguns casos,
diferenças marcantes entre elas com relação às concentrações dos macronutrientes, enquanto que
para os micronutrientes as diferenças são bem menores.
34
A solução nutritiva proposta por Furlani (1998) apud Furlani et al. (1999) tem sido usada
com sucesso para o cultivo hidropônico de diversas hortaliças folhosas em muitos Estados
brasileiros, principalmente em São Paulo e em Minas Gerais. Esta solução básica de cultivo deve
ter a composição apresentada pelo referido autor, apresentado na tabela 1.
Tabela 1 - Concentração de nutrientes (mg.L
-1
)
6
para o cultivo hidropônico de hortaliças folhosas
proposta por Furlani (1998
)
Fonte: Informe Agropecuário, set/dez.1999.
Deve-se ajustar quimicamente a solução durante o crescimento e desenvolvimento das
plantas e este ajuste depende da cultivar, do ambiente de crescimento, da época do ano e
principalmente da qualidade da água usada no cultivo hidropônico (FURLANI et al., 1999).
Furlani et al. (1999), explica que a composição da solução varia com o crescimento das
plantas, sendo que a amplitude depende da fase de crescimento e do tamanho das mesmas, além
do volume utilizado. Essa variação não é somente devido ao decréscimo das quantidades de sais
disponíveis, mas também devido à sua variação qualitativa, uma vez que os elementos não são
absorvidos igualmente, muito menos em quantidades constantes. O outro efeito é a variação do
pH do meio, que pode produzir precipitações, retirando elementos essenciais (Fe, Mn, Ca e P) da
solução.
Segundo Furlani et al. (1999), a troca da solução é feita em função da taxa de crescimento
da planta, do volume de solução colocado à disposição das plantas, da variação de concentração e
do pH, evitando possíveis contaminações fitossanitárias do sistema.
A capacidade do reservatório vai depender do número de plantas e da espécie a ser
cultivada, bem como o tamanho da área de cultivo. Para cada 500 m
2
de área será necessário,
aproximadamente, 4.000 L de solução nutritiva
7
.
Apesar de Rodrigues (2002), referir-se a hidroponia como uma técnica viável de cultivo
de plantas com solução nutritiva na ausência ou na presença de substratos naturais ou artificiais,
6
mg.L
-1
= ppm
7
Informações adquiridas oralmente com o professor Dr. Jorge Barcelos (LabHidro) da Universidade Federal de
Santa Catarina em 03 de novembro de 2004.
Fonte N-NO
3
N-NH
4
P K Ca Mg SO
4
B Cu Fe Mn Mo
Zn
Furlani
(1998)
174
4
24 39 183 142
3
38 52 0,4 0,02 2,0 0,4 0,06
0,06
35
além de apresentar outras vantagens como: 1) haver um aumento da produtividade com menor
impacto ambiental; 2) de ter a maior eficiência na utilização da água de irrigação e fertilizantes;
3) da redução da quantidade ou eliminação de alguns defensivos, percebe-se que a poluição
ambiental pode ser uma desvantagem do cultivo hidropônico, caso seus efluentes sejam
descartados no ambiente (solo, corpos de água) sem tratamento prévio.
Corre-se o risco de contaminar o lençol freático, principalmente, com os fertilizantes
nitrogenados e pesticidas. Este problema pode ser maior se o sistema for aberto e se forem
utilizados substratos que não se decompõem no solo e que poluem o ar ao serem derretidos para
reutilização, como lã de rocha, utilizada no cultivo hidropônico com substratos.
Rodrigues (2002), afirma que quando há acúmulo de íons fitotóxicos (Cl
-
, Na
-
e SO
4
--
)
na solução nutritiva, o descarte é feito em tanques de sedimentação e depois no sistema esgoto ou
diretamente no esgoto quando disponível. Encontrar um método de descarte que diminua o
impacto ambiental dos efluentes hidropônicos, também é um dos objetivos das pesquisas que
necessitam ser desenvolvidas.
Segundo Rodrigues (1999), a situação torna-se supostamente mais agravante em áreas
produtivas, em que o preparo profissional específico do agricultor e o nível de assistência ao
cultivo hidropônico são ainda mais deficientes, como tem acontecido em algumas regiões da
Itália, e também, no Brasil. Em alguns casos os efluentes não são reaproveitados,
conseqüentemente, descartados sobre o solo, gerando sérios conflitos sanitários e ambientais,
como a eutrofização dos corpos de água.
Diante da problemática ambiental e de saúde pública que pode ser gerada a partir do não
gerenciamento adequado do efluente hidropônico e de demais efluentes, far-se-á necessário o
estudo da ocorrência do fenômeno da eutrofização, dentre outros processos ambientais e de forma
que possam contribuir para o tratamento desses efluentes.
3.3. ASPECTOS AMBIENTAIS E EFLUENTES
Em função do aumento das atividades industriais, agrícolas e da população urbana, houve
uma aceleração a fenômenos como a eutrofização. Segundo Ricklef (2003), tal acontecimento é
decorrente do excesso de nutrientes básicos como N e P nos corpos de água, podendo resultar no
desenvolvimento massivo e indesejado de algas e macrófitas aquáticas, sendo à fertilização
excessiva, permanente e contínua nos meios aquáticos uma das principais causas da eutrofização.
Para Thomann e Mueller (1987), a eutrofização é o crescimento excessivo das plantas aquáticas,
36
tanto planctônicas quanto aderidas, a níveis tais que sejam considerados como causadores de
interferências com os usos desejáveis do corpo de água.
Devido à diversidade de causas desse processo, as formas de evitá-lo tornam-se
complexas. Comumente, procura-se evitar a introdução de nutrientes ou de matéria orgânica
passível de mineralização. No entanto, nutrientes em excesso provocam aumento no crescimento
de vegetais, podendo, em função de intenso crescimento, tornar-se um problema para a
sobrevivência dos seres vivos aquáticos e para utilização da água (BRANCO e BERNARDES,
1983).
No inicio da década de 60, apesar da preocupação com a crescente degradação dos corpos
de água, raros eram os que distinguiam as conseqüências da poluição e dos efeitos da
eutrofização. No Brasil, segundo Azevedo Neto (1988), um exemplo típico dessa falta de
conhecimento pode ser observado no sistema de disposição dos efluentes urbanos de Brasília,
concebido sem se considerar os efeitos da eutrofização. Estes efeitos nos corpos de água, e em
particular a celeuma causada pelo uso indiscriminado de detergentes fosforados, principalmente
nos Estados Unidos nos meados deste século, discutidos por Vallentyne (1978), demonstra a
complexidade e a atenção que este assunto merece.
Os efeitos negativos da eutrofização podem ser resumidos da seguinte forma, segundo
Azevedo Neto (1988): (1) desenvolvimento excessivo e prejudicial de algas, proliferação de
macrófitas aquáticas, etc; (2) alterações profundas da biota, com a substituição de espécies de
peixes e outros organismos; (3) decomposição orgânica; (4) consumo e depleção de oxigênio
dissolvido e anoxia; (5) degradação da qualidade da água, com alterações de composição, cor,
turbidez, transparência, etc; (6) liberação de 4 gases e produção de maus odores; (7) formação de
depósitos bentais e reciclagem de nutrientes; (8) prejuízos consideráveis para o uso da água em
abastecimento, irrigação e para aproveitamentos hidroelétricos; (9) prejuízos diversos para
recreação, turismo e paisagismo; (10) aumento da evaporação; (11) elevação de nível e entraves
para o escoamento das águas; (12) produção de substâncias tóxicas; (13) condições propícias para
a criação de mosquitos, larvas e outros vetores.
De maneira geral, o Nitrogênio e o Fósforo são os nutrientes que devem ser removidos ou
ter suas cargas reduzidas nos efluentes, pois são considerados os principais limitantes ou
controladores da produtividade primária (ESTEVES, 1988).
A presença de compostos ricos em Nitrogênio nos ambiente aquáticos são os problemas
ligados à saúde humana, como é colocado por Méndez (2003). A “Síndrome do bebê azul”
37
(methaemoglobinemia em bebês) tem sido associada a nitratos e nitritos, como também os
compostos nitrosaminas e nitrosamidas, que são formados a partir de nitratos, podem ser
cancerígenos. No entanto, para Terblanche (1991), o NO
3
por si não é tóxico, mas este é
precursor de NO
2
que pode induzir a methaemoglobinemia em crianças.
Tendo em vista essas questões apontadas anteriormente, o Conselho Nacional do Meio
Ambiente (CONAMA), na RESOLUÇÃO Nº 357, de 17 de março de 2005, dispõe sobre a
classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como
estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências”. O
CONAMA, no uso das competências que lhe são conferidas pelos arts. 6º, inciso II e 8o, inciso
VII, da Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981, regulamentada pelo Decreto no 99.274, de 6 de
junho de 1990 e suas alterações, tendo em vista o disposto em seu Regimento Interno, e
considerando que a saúde e o bem-estar humano, bem como o equilíbrio ecológico aquático, não
devem ser afetados pela deterioração da qualidade das águas.
O capítulo IV, Das Condições e Padrões de lançamentos de Efluentes, da mesma
resolução, Art. 24, estipula que os efluentes de qualquer fonte poluidora somente poderão ser
lançados, diretos ou indiretamente, nos corpos de água, após o devido tratamento e desde que
obedeçam às condições, padrões e exigências dispostos nesta Resolução e em outras normas
aplicáveis; no Art. 28, os efluentes não poderão conferir ao corpo de água características em
desacordo com as metas obrigatórias progressivas, intermediárias e finais, do seu enquadramento;
no Art. 34, os efluentes de qualquer fonte poluidora somente poderão ser lançados, direta ou
indiretamente, nos corpos de água desde que obedeçam as condições e padrões previstos neste
artigo, resguardadas outras exigências cabíveis: § 1º O efluente não deverá causar ou possuir
potencial para causar efeitos tóxicos aos organismos aquáticos no corpo receptor, de acordo com
os critérios de toxicidade estabelecidos pelo órgão ambiental competente.
O Capítulo VI: Disposições Finais e Transitórias traz no Art. 45, que o não cumprimento
ao disposto nesta Resolução acarretará aos infratores as sanções previstas pela legislação vigente;
§ Os órgãos ambientais e gestores de recursos hídricos, no âmbito de suas respectivas
competências, fiscalizarão o cumprimento desta Resolução, bem como quando pertinente, a
aplicação das penalidades administrativas previstas nas legislações específicas, sem prejuízo do
sancionamento penal e da responsabilidade civil objetiva do poluidor;
§ 2º As exigências e deveres previstos nesta Resolução caracterizam obrigação de
relevante interesse ambiental.
38
Este capítulo determina no Art. 48, que o não cumprimento ao disposto nesta Resolução
sujeitará os infratores, entre outras, às sanções previstas na Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de
1998 e respectiva regulamentação.
É importante ressaltar também, que a presença de metais pesados na água e em efluentes
está aumentando devido o desenvolvimento industrial (TRAVIESO et al., 2002). Conforme
Canizares-Villanueva e Travieso (1991), a eliminação desses metais nos esgotos e nos corpos d’
água pode criar sérios estragos na vida aquática, por serem acumulativos na cadeia trófica e
produzem efeitos tóxicos e mudanças teratogênicas em plantas, animais e seres humanos
(incluindo câncer), eles também permanecem nos sedimentos e são lentamente liberados na água
receptora final.
A presença de metais muitas vezes está associada à localização geográfica, seja na água
ou no solo, e pode ser controlada, limitando o uso de produtos agrícolas e proibindo a produção
de alimentos em solos contaminados com metais pesados. Todas as formas de vida são afetadas
pela presença de metais, dependendo da dose e da forma química. Muitos metais são essenciais
para o crescimento de todos os organismos, desde as bactérias até os seres humanos, desde que
requeridos em baixas concentrações, do contrário, podem danificar os sistemas biológicos
(SALGADO, 1996a).
Conforme Salgado (1996a), os metais são classificados em:
1) Elementos essenciais: Na, K, Ca, Fe, Zn, Co, Ni e Mg;
2) Micro-contaminantes ambientais: arsênico, chumbo, cádmio, mercúrio, alumínio,
titânio, estanho, tungstênio;
3) Elementos essenciais e simultaneamente micro-contaminantes: cromo, zinco, ferro,
cobalto, manganês e níquel.
De acordo com Trevosrs et al. (1986), os efeitos tóxicos dos metais sempre foram
considerados como eventos de curto prazo, agudos e evidentes, como anúria e diarréia
sanguinolenta, decorrentes da ingestão de mercúrio. Atualmente, ocorrências a médio e
longo prazo são observadas, e as relações causa-efeito são pouco evidentes e quase
sempre sem sintomas.
A manifestação dos efeitos tóxicos está associada à dose e pode distribuir-se por
todo o organismo, afetando vários órgãos, alterando os processos bioquímicos, organelas
e membranas celulares (SALGADO, 1996a e b).
39
O manganês é um metal semelhante ao ferro, porém mais duro e quebradiço. Os
óxidos, carbonatos e silicatos de manganês são os mais abundantes na natureza e
caracterizam-se por serem insolúveis na água. O composto ciclopentadienila-tricarbonila
de manganês é bem solúvel na gasolina, óleo e álcool etílico, sendo geralmente utilizado
como agente anti-detonante em substituição ao chumbo tetraetila (SALGADO, 1996b).
Os sintomas dos danos provocados pelo manganês no sistema nervoso central
(SNC,) segundo Salgado (1996), podem ser divididos em três estágios: 1) subclínico
(astenia, distúrbios do sono, dores musculares, excitabilidade mental e movimentos
desajeitados); 2) início da fase clínica (transtorno da marcha, dificuldade na fala, reflexos
exagerados e tremor); e 3) clínico (psicose maníaco-depressiva e a clássica síndrome que
lembra o Parkinsonismo). Além dos efeitos neurotóxicos, há maior incidência de
bronquite aguda, asma brônquica e pneumonia.
O Zinco (Zn), outro metal de extrema importância para as funções biológicas dos
organismos vivos, desde que esteja dentro das concentrações recomendadas diariamente,
do contrário, pode se tornar altamente perigoso para a saúde dos seres envolvidos com as
altas concentrações desse metal.
Existem 2 tipos de toxicidade associada ao Zinco, segundo Trevors; Stratdon e
Gadd (1986):
1) Toxicidade aguda – como conseqüência da ingestão de doses acima dos 5 g, que
resulta num paladar metálico, náuseas e diversas perturbações gástricas;
2. Toxicidade crônica – em conseqüência do consumo prolongado de quantidades
moderadamente altas de Zinco, o que resulta: - Num aumento do risco de doença
coronária devido a um aumento da concentração do LDL e redução da concentração de
HDL no plasma - Interação antagônica entre Zinco e Cobre (redução da absorção de
Cobre que pode resultar na deficiência de Cobre e em anemia).
Biossorção de metais pesados de solução aquosa por microalgas tem atraído muita
atenção o tratamento de efluente, que pode muitas vezes reduzir grandemente a
concentração de metais pesados (YAN e PAN, 2002).
Tendo em vista, os dispositivos estipulados pelo CONAMA (Resolução357/2005)
e pelo Ministério Público de Santa Catarina, lei nº 5.793 de 15 de outubro de 1980, artigo
19, como também os efeitos tóxicos causados pelos metais pesados, far-se-á necessário
40
medidas quanto à remoção de compostos nitrogenados, fosforados e de metais tóxicos dos
efluentes, domésticos, industriais, comerciais e agrícolas.
3.3.1. Alternativas de Tratamentos de Efluentes: Biorremoção de Nutrientes Através
do Uso de Macrófitas Aquáticas e de Microalgas
O tratamento de esgoto é um processo predominantemente aeróbio (algumas vezes
anaeróbio) e a presença de algas, facilita grandemente a oxigenação. Em pequenos corpos de
água ou em tanques especialmente construídos, é necessária a aeração dos despejos, caso
contrário ocorrerá a degradação anaeróbia com produção de odores desagradáveis (ALVES et al.,
2005)
As plantas aquáticas, como por exemplo, Lemna (HARVEY e FOX, 1973), Eichhornia
(ROMITELLI, 1983), têm sido utilizadas visando à melhoria da qualidade do efluente,
principalmente no que diz respeito à redução das concentrações de Nitrogênio e Fósforo
(TRIPATHI & SHUKLA, 1991). Esses autores observaram, em condições de laboratório, altas
reduções de Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), Nitrogênio e Fósforo, sólidos suspensos,
alcalinidade, N-NH
3
(amônia), dureza, carbono orgânico dissolvido e coliformes no tratamento de
esgoto doméstico e industrial, através de um tanque com aguapé seguido por um de alga e
finalmente por um terceiro tanque novamente com aguapé.
A eficiência de tais tanques é afetada pela temperatura, luz, suprimento de nutrientes
para as algas. Linhagens de algumas algas, tanto de alta como baixa temperatura, foram
encontradas crescendo em tanques de oxidação. Muitas algas utilizam N-NH
3
,
beneficiando,
portanto, os sistemas, pois as águas de descarga contendo N-NH
3
apresentam uma alta demanda
de oxigênio, que é extremamente indesejável. Neste tipo de tratamento de efluente, é necessária a
remoção do excesso de células algais, e estudo em plantas piloto sugere que o rendimento algal
pode variar em torno de 105 toneladas por acre.
O uso integrado de microalgas e de macrófitas aquáticas, como exemplo, a Lemna, no
tratamento de efluentes torna-se muito interessante, porque além de biorremediadora a Lemna
ajuda na remoção das microalgas do efluente, como é apresentado nos estudos de Valderrama et
al. (2002).
Arora e Saxena (2005), trabalhando com a Azolla microphylla no tratamento secundário
do efluente municipal de Delhi (Índia), verificaram que houve um considerável crescimento da
41
macrófita e simultaneamente um decréscimo nos níveis de Fósforo, podendo constatar a eficácia
da A. microphylla como biorremediadora.
Beltrão (1992); Anaga e Abu (1996); Olguín (2000); Rodrigues (2000), têm demonstrado
uso das microalgas, principalmente a Chlorella spp., Chlorella minutissima e a Spirulina spp.
como biorremediadoras nos tratamentos de esgotos e outros tipos de águas residuais de efluentes,
como de uma indústria de suco de laranja, de uma companhia de fertilizante na Nigéria e de
criação de suínos.
Méndez (2003), trabalhando com Chlorella spp. No tratamento do efluente de águas
residuais provenientes de lagoas de oxidação com tratamento secundário da planta do Rio Frío,
obteve resultados satisfatório na remoção de 75,33% de P-total, 70,61% de N-NH
3
e 65,67 de N-
NO
3.
Lau et al. (1994), compararam os efeitos de duas diferentes fontes de N-orgânico sobre o
crescimento da Chlorella pyrenoidosa. O efluente sintético que foi empregado no estudo foi
enriquecido com peptona e uréia testado sob condições axênica e aberta. Observaram, que
quando a peptona foi usada como fonte de N-orgânico, maior divisão celular foi encontrada na
cultura axênica do que na aberta. Em contraste, quando a fonte de N-orgânico foi uréia, a cultura
aberta teve maior densidade celular do que tratamento axênico. No efluente enriquecido com
peptona houve uma significativa redução de N-NH
4
de 99% da cultura axênica e de 88% da
cultura aberta, enquanto que no efluente enriquecido com uréia houve uma remoção de 50% de
N-NH
4
na cultura axênica e uma acumulação de N-NH
4
na cultura aberta. Esses autores,
concluíram que os mecanismos limitantes do crescimento algal na cultura com peptona e na com
uréia foram diferentes: o efluente rico em peptona retratou N-limitante para o crescimento algal,
enquanto que o baixo pH, juntamente com o P-limitante no efluente com uréia, limitou o
crescimento da C. pyrenoidosa.
Nas lagoas de estabilização e nos tratamentos de efluentes, é importante o conhecimento
dos efeitos do pH no crescimento de microalgas e o subseqüente impacto na degradação da
matéria orgânica (MAYO & NOIKE, 1994). O papel do pH em lagoas de oxidação é complexo.
Tem sido estabelecido que o pH influencia a relativa fração de CO
3
-2
,
HCO
3
, e o CO
2
livre. Acima de pH 8, carbono inorgânico está quase inteiramente na forma de HCO
3
e CO
3
-2
(MAYO e NOIKE, 1994). Segundo Azov et al. (1982), o CO
2
é a fonte de carbono ionizado
dissolvido de maior preferência das microalgas para a fotossíntese.
42
Outros efeitos indiretos do pH, colocado por Azov & Godmam (1982), inclui toxicidade
da N-NH
4
para as células vivas em que pH influencia na proporção de NH
3
livre e N-NH
4
, além
da disponibilidade de PO
4
-P para algas e microalgas, abordado por Bogan et al. (1960) apud
Mayo & Noike (1994).
Mayo & Noike (1994), citam a influência do pH na regulação da biomassa, na competição
de espécies algais e microalgais e na fotossíntese algal e microalgal. Mayo & Noike (1994),
pesquisaram os efeitos da concentração de íons de hidrogênio (pH) no crescimento da C. vulgaris
e de bactérias heterotróficas em pH entre 3 e 11,5. Concluíram que a microalga teve sua ótima
produção de biomassa em pH 5,5 ~ 8 e apresentou-se mais sensível em pH alcalino do que em pH
ácido.
Lau et al. (1994), ressalta que o sucesso de um sistema de tratamento algal conta
fortemente com o crescimento da célula e com a absorção do nutriente que na transformação é
afetado pela composição do efluente. O crescimento algal e a eficiência na remoção de
Nitrogênio dependem visivelmente da composição da água residual.
As microalgas, conforme colocado por Syrett (1981, 1988) apud Lau et al. (1994), dão
preferência às fontes de Nitrogênio inorgânico como N-NH
4
e N-NO
3
, mas uréia e aminoácidos
simples podem também ser utilizados.
Para Lau et al. (1995), crescimento algal e absorção rápida de nutrientes não são afetados
somente pela disponibilidade de nutrientes, eles também dependem de complexas interações
entre fatores físicos tal como, pH, intensidade de luz, temperatura e fatores bióticos. O primeiro
fator biótico que significativamente influencia o crescimento algal é a densidade inicial.
Trabalhando com quatro distintas densidades celulares (5 x 10
5
cells. mL
-1
, 1 x 10
6
cells. mL
-1
, 5
x 10
6
cells. mL
-1
,1 x 10
7
cells. mL
-1
) de C. vulgaris, Lau et al. (1995), verificaram a eficácia do
crescimento e da absorção dos nutrientes, sendo que a densidade de 1 x 10
7
cells. mL
-1
, foi a que
demonstrou melhor beneficiamento no tratamento do efluente, removendo o nitrato com 07 dias.
No entanto as concentrações 1 x 10
6
cells. mL
-1
, 5 x 10
6
cells. mL
-1
, segundo os autores, exibiram
um crescimento modelo, com a fase lag de 4-6 dias (fase de indução) seguido pela fase log (fase
exponencial), apresentando também, um bom desempenho de incremento celular e de remoção de
N e P.
Valderrama et al. (2002), testaram a utilização da microalga Chlorella vulgaris e da
macrófita Lemna minuscula no tratamento do efluente recalcitrante de etanol e ácido cítrico
diluído a 10%, por causa do baixo pH e dos altos níveis de matéria orgânica, usando primeiro a
43
Chlorella vulgaris seguida da Lemna. Constataram a redução de N-NH
4
de 71,6%, de Fósforo de
28%, após 4 dias de incubação da C. vulgaris. Além disso, a Lemna teve um bom crescimento no
tratamento, precipitando a microalga e reduzindo a matéria orgânica e a cor escura em 52%,
depois de 6 dias de incubação.Esta forma de tratamento conjugado com microalga/macrófita,
pode ser uma boa alternativa na retirada da microalga do efluente, não necessitando de
centrifugação, conseqüentemente, não sendo necessário o uso de centrífugas.
Travieso et al. (2002), colocam que os tradicionais processos físico-químicos usados para
remoção de metal pesado podem ser classificados nas bases dos princípios complexos: (a) troca
de íons, (b) transferência de membrana. O processo de troca de íons tem uma desvantagem de
lançar reagentes químicos tóxicos usados em regeneração de resinas no ambiente. O processo de
membrana não tem somente a desvantagem descrita anteriormente, como também consomem
uma quantidade alta de energia. Em vista disso, procuraram trabalhar uma nova solução para esse
problema, através do desenho e evolução de um reator (BIOALGA), onde imobilizações de
microalgas usando um intensivo sistema de cultivo foram usadas para a remoção de metais
pesados. Desta forma, esses autores, estudaram a biorremoção de metais da água e de efluentes
através do uso da microalga Scenedesmus obliquus em um bioreator. Obtiveram uma eficiência
de remoção de 94,5 % durante 11 dias de experimento. Esses autores concluíram que o método
do bioreator “BIOALGA”, combina com as vantagens da microalga imobilizada em intensiva
cultura com sua capacidade de remoção de metais pesados por biossorção. Para esses autores,
esse sistema é eco-sustentável e contribui para evitar a poluição ambiental.
Tendo em vista, que as microalgas além de fotossintéticas e ótimas fontes alimentícias,
dentre outras propriedades, são potencialmente biorremovedoras de metais e de N e P, sendo de
grande relevância o conhecimento da biologia, de suas propriedades e da fisiologia desses
microorganismos, para sua correta aplicabilidade.
3.4. MICROALGAS
O termo microalga faz referência aos microorganismos que contém clorofila e outros
pigmentos fotossintéticos sendo capazes de realizar fotossíntese. São microscópicos e são
representantes dos um dos seres vivos mais antigos e os mais importantes do planeta. Assim, no
grupo incluem-se os organismos de dois tipos celulares distintos: cianobatérias, com estrutura
celular procariota e as restantes microalgas de estrutura celular eucariota (LEE, 1989).
44
Richmond (2004), coloca que segundo a classificação de Lee (1989), baseada em uma
membrana adicional em volta do envelope cloroplástico, as microalgas estão divididas em quatro
grupos. O primeiro grupo inclui as algas procarióticas: Cianobactéria e Prochlorophyta. Os outros
grupos são classificados a respeito da evolução dos cloroplastos, incluindo as algas Eukarya, que
provavelmente, adquiriram núcleo definido e cloroplastos ao longo de diferentes eventos
evolucionários. O segundo grupo tem o cloroplasto cercado somente por duas membranas
cloroplásticas, incluindo neste as Glaucophyta, Rhodophyta e Chlorophyta. O terceiro e quarto
grupo, das Euglenophytas e das Dinophytas têm os clorospastos rodeados por apenas uma ou
duas membranas adicionais do retículo endoplasmático, incluindo neste último as Cryptophyta,
Prymnesiophyta, Bacillariophyta, Xanthophyta, Eustigmatophyta, Raphidophyta e Phaeophyta.
De acordo com Richmond (2004), avalia-se em mais de 30.000 as espécies de microalgas
existentes representando um recurso praticamente inexplorado, já que somente umas 50 espécies
foram estudadas com detalhes, a nível fisiológico e bioquímico.
Em muitas culturas as microalgas foram e ainda são usadas como complementos
alimentícios. Os Astecas cultivavam Spirulina e C. vulgaris no Lago Textoco e suplementaram
seu alimento com esta biomassa algal, que é rica em proteína. As microalgas verdes
microscópicas (Chlorophyceae) contêm aproximadamente 10% de minerais, 44% de albumina,
12% de ácidos graxos, 32% de fibras totais e 2% de clorofila do peso seco (DAVIS, 1996 e
PANIANGUA, 2003).
Waldenstedt et al. (2003), obtiveram resultados satisfatórios quanto à utilização de
microalgas como complemento dietético e alimentar de alta qualidade para a humanidade e para
os animais.
Richmond (2004), coloca que uma utilidade das microalgas de grande importância é a
depuração de águas residuais e gases de combustão, a partir de cultivos intensivos destes
organismos. Uma das primeiras aplicações em desenvolver-se foi seu emprego no tratamento
terciário das águas residuais urbanas. A biomassa obtida dos cultivos de microalgas pode ser
utilizada na elaboração de biocombustíveis, já que constitui uma fonte ainda não suficientemente
explorada de energias limpas, e também, como biofertilizantes.
Entre os fatores ambientais mais importantes que exercem influência fisiológica e
controlam o crescimento de algas e microalgas em ambientes aquáticos estão luz, assimilação de
nutrientes (N e P), pH e temperatura. Em águas poluídas a qualidade e a carga de matéria
orgânica, presença de substância tóxica e assimilação de carbono inorgânico são também,
45
reconhecidos como parâmetros que afetam a atividade fotossintética (DOR e SVI, 1980) apud
BELTRÃO (1992).
O Nitrogênio é um dos elementos mais importantes no metabolismo de ecossistemas
aquáticos. Após o Carbono, o Nitrogênio é o elemento com maior participação, em termos
quantitativos, na matéria seca da alga (RICHMOND, 1986a), sendo também responsável pela
formação das proteínas, um dos componentes básicos da biomassa. Vários compostos
nitrogenados, tanto orgânicos como inorgânicos, podem servir como fonte de Nitrogênio para o
crescimento de diversas microalgas.
Igualmente, o Fósforo tem grande importância na constituição celular das microalgas. Ele
atua de forma significativa na maioria dos processos celulares, especialmente naqueles
envolvidos na geração e transformação de energia, fazendo parte de compostos como ATP, GTP,
entre outros. Além de participar na composição dos ácidos nucléicos, fosfolipídeos, nucleotídeos
e fosfoproteínas (ESTEVES, 1988). Por isso, que estes microorganismos se desenvolvem muito
bem em águas residuais (efluentes), justamente, pelo fato destes apresentarem grandes
concentrações, principalmente, de Nitrogênio e Fósforo.
Geralmente as algas pertencentes às divisões Cyanophyta e Chlorophyta são comumentes
mais utilizadas como biorremediadoras na ficobiotecnologia.
3.4.1. Classe Chlorophyceae
A maioria das algas verdes pertence a este grupo diversificado, apresentando divisão
celular envolvendo um ficoplasto. Segundo Raven (1996), a exclusividade desta característica
indica que nenhum outro grupo de organismos derivou de membros desta classe. A classe
Chlorophyceae inclui algas unicelulares flageladas e não-flageladas, algas coloniais móveis e
não-móveis, algas filamentosas e algas formandominas celulares. Os membros destas vivem
principalmente em água doce, embora algumas poucas espécies planctônicas unicelulares
ocorram em águas marinhas costeiras (HAVEN, 2001).
3.4.2. Caracterização da microalga C. vulgaris
A C. vulgaris utilizada pertence ao phylum Chlorophyta, classe Chlorophyceae, ordem
Chlorococcales, família Oocystaceae (Hoek et al., 1995).
É uma microalga verde unicelular de tamanho entre 2 a 4 μm com mancha ocelar e
vacúolos contráteis. Segundo Raven (1996), esta espécie é considerada uma Chlorophyceae
46
unicelular não-móvel. Na natureza a C. vulgaris está amplamente distribuída em água doce,
salgada e no solo. Cada célula desta microalga contém um único cloroplasto em forma de taça,
com ou sem pirenóide e um único núcleo muitíssimo pequeno. Esta microalga possui apenas o
modo de reprodução assexuada, na qual cada célula haplóide divide-se mitoticamente duas ou
três vezes para originar quatro ou oito células não-móveis.
A C. vulgaris foi descoberta pelos Japoneses, tradicionais consumidores de algas, que a
apreciam e a utilizam normalmente como complemento alimentar, principalmente, por esta
espécie apresentar alta concentração de vitaminas B1, B2, B6, B12, E, ácido fólico, ácido
nicotínico, clorofila a e b, proteína, aminoácidos, sais minerais, lipídeo, carboidrato pigmentos
como astaxantina, xantofila e β-caroteno, constituindo desta forma, uma rica fonte de alimento e
de medicamento (BOLD, 1985).
Esta espécie de Chlorophyceae é a primeira microalga a crescer em cultura e foi usada
extensivamente em estudos que revelam algumas das etapas básicas da fotossíntese. A facilidade
de manter a C. vulgaris em cultura torna-a um microorganismo ideal.
Os primeiros estudos científicos desenvolveram-se na II Guerra Mundial por alemães e
norte americanos objetivando encontrar complementação alimentar eficiente para usar nos
campos de batalha. A C. vulgaris muito utilizada pela National Areonautcs and Space
Administration (NASA), nas missões espaciais, como suplemento para os astronautas.
Yan e Pan (2002), colocam que a capacidade das microalgas de fotossintetizar e a posição
de produtoras primárias nas cadeias tróficas, convertem-lhes em organismos ideais para
acumularem metais.
Há alguns organismos aquáticos que podem acumular metais pesados, por exemplo, a
microalga Euglena gracilis pode acumular acima de 5 mg.L
-1
de íon de Zn (peso seco) sem
efeitos tóxicos (CAÑIZARES-VILLANUEVA e TRAVIESO, 1992). Para outros organismos, o
sistema enzimático é inibido e seus processos físicos e fisiológicos são afetados. Algumas plantas
e outros organismos fototróficos como microalgas têm forte afinidade com metais polivalentes,
devido o processo de biossorção (ILANGOVAN, 1992).
Segundo Travieso et al. (2002), essa afinidade por metais polivalentes é basicamente
devida a dois fatos:
a) A necessidade dessa presença em locais ativos de enzimas essenciais que são
complexas nas vias metabólicas;
47
b) Os processos de biossorção (interações física-química em todas as células/ nível de
membrana) e bioacumulação (rápida atividade intracelular).
A microalga C. vulgaris tem demonstrado que é capaz de absorver grandes quantidades de
metais, principalmente Cr
4+
, Fe
2+
, Cu
2+
, Zn
2+
, Pb
2+
e Hg
2+
. Conforme Yan e Pan (2002), o
processo que a microalga realiza para incorporar os metais a suas células consiste em duas etapas.
A primeira delas, denominada absorção, transcorre em muito pouco tempo e é muito similar tanto
na parede celular como em toda a célula. Um dos fatores que contribui para a eficácia deste
sistema é a composição da parede celular desta microalga, que possui uma mescla complexa de
açúcares, glucosamina, proteínas e ácido urônico.
A segunda fase, chamada bioacumulação, requer um período maior e diferencia-se da
primeira etapa, pois se trata de um processo ativo pode intervir no metabolismo da célula. Por
esta razão, aparecem diferenças significativas entre a quantidade de metais acumulados pelas
distintas partes da célula que pode ser devido às biomoléculas presente na membrana que pode se
unir aos metais (YAN e PAN, 2002). De acordo com os motivos supracitados, faz-se possível a
utilização da C. vulgaris como biorremediadora de metais, como se tem evidenciado na literatura.
A sensibilidade ao cobre varia entre as microalgas (SOLDO e BEHRA, 2000), sendo que
a toxicidade ao Cu é devido principalmente aos íons livres (KNAUER et a., 1997). Segundo Yan
e Pan (2002), metais tóxicos podem afetar a fotossíntese microalgal, crescimento, atividade
enzimática e respiração. Um mecanismo de tolerância pela microalga é a exclusão fisiológica de
íons devido à redução da permeabilidade da membrana celular (YAN e PAN, 2002).
Knauer et al. (1997), observaram que bioacumulação de Cu por microalga consiste de um
processo de adsorção rápida passiva seguido de uma atividade intracelular lenta. O primeiro
passo rápido é reversível e contém o processo de adsorção, troca de íons, coordenação, quelação
e micropecipitação. O segundo é lento e é muitas vezes irreversível e pode ser devido ao número
de mecanismos incluindo ligação covalente, precipitação da superfície, reação de redox ou
maioria das vezes, difusão no interior da célula, ligação de proteínas e outro local intracelular.
48
4. MATERIAIS E MÉTODOS
4.1. ABORDAGEM
A parte experimental tinha como objetivos: a verificação do crescimento da C.vulgaris no
efluente hidropônico e biorremoção do Nitrogênio, do Fósforo e dos metais pesados (Fe, Mn, Cu
e Zn) através do uso da microalga.
Os procedimentos utilizados na pesquisa podem ser visualizados através do resumo que
foi esquematizado no fluxograma explicativo (Figura 1).
Curva de crescimento
Análise estatística
Doutorado - Aluno - Engenharia de
Alimentos – UFSC)
Inóculo
Meio de cultura
Tratamentos:
Chlorella vulgaris
BB
Controle - BBM
100% efluente hidropônico
- EH
Crescimento – 7 dias
Alíquotas
Concentração celular
p
H
Amônia - N-NH
3
N
itrato – N-NO
3
N
itrito-N-NO
2
Fósforo Total
Metais Pesados: Fe, Cu, Mn e Zn
Cultivo em fase
estacionária
Centrifugação
Biomassa
49
Figura 1- Fluxograma explicativo dos materiais e métodos utilizados no experimento
.
4.2. EXPERIMENTO
4.2.1. Local
O experimento foi desenvolvido por um período de 7 dias, no Laboratório de
Biotecnologia de Alimentos, do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC), localizada no bairro Itacorubi – Florianópolis, SC.
4.2.2. Efluente Hidropônico
O efluente hidropônico utilizado no experimento foi obtido junto ao Laboratório de
Agricultura Irrigada e Hidroponia (LabHidro) do Departamento de Engenharia Rural, do Centro
de Ciências Agrárias, da Universidade Federal de Santa Catarina. E sua caracterização está
Tabela 2.
O material foi coletado após a troca semanal da solução nutritiva hidropônica e
armazenado e em galões plásticos de 25 L, mantidos sob refrigeração (+ou- 10º C) até o início do
experimento.
Tabela 2: Características Físicas e Químicas do efluente hidropônico (EH). Resultados obtidos
através das análises laboratoriais, realizados no primeiro dia de experimento, fornecidos
pelo Laboratório Hidroclínica - Análises Químicas, exceto pH e condutividade, que foram
medidos no LabHidro – UFSC
Parâmetros Valor médio de 4
repetições
Ph 5,0
Condutividade
1,9 μS.cm
-1
Demanda Química de Oxigênio 23,94 mg.L
-1
. O
2
Demanda Bioquímica de Oxigênio 5,40 mg.L
-1
.O
2
Amônia - N-NH
3
26,60 mg.L
-1
Nitrato - N-NO
3
226,50 mg.L
-1
Nitrito - N-NO
2
0,27 mg.L
-1
Fósforo Total – P-Total 35,00 mg.L
-1
Sulfato Total - SO
4
-Total 258,50 mg.L
-1
Fé 1,949 mg.L
-1
Mn 0,259 mg.L
-1
Cu 0,04 mg.L
-1
50
Zn 0,11 mg.L
-1
4.2.3. Culturas Estoques
A cepa de C. vulgaris foi cedida pelo Departamento de Botânica da Universidade Federal
de São Carlos (UFSCar) e cultivada em Bold’s Basal Medium (BBM), segundo composição de
Cañizares-Villanueva et al. (2000), demonstrada na Tabela 3. A cultura foi mantida em tubos de
ensaio de 10 mL sob areação constante, temperatura controlada em 25±2 ºC, pH 6,8 e
iluminação continua de 80 μmol/m
2
s, provenientes de lâmpadas fluorescentes de 40 w.
Para a propagação, a cultura foi repicada de forma asséptica, através da diluição de 1 mL
de cultura em 9 mL de meio Bold’s Basal Medium, em tubos de ensaio a cada 12 dias e foram
incubadas nas mesmas condições supracitadas.
Tabela 3: Composição do meio de cultivo Bold's Basal Medium (BBM) em mg.L
-1
, segundo
Cañizares-Villanueva et al. (2000)
Nutrientes Quantidades
NaNO
3
250
KH
2
PO
4
175
CaCl
2
2H
2
O
25
MgSO
4
7H
2
O
75
K
2
HPO
4
75
NaCl 25
EDTA 50
FeSO
4
7H
2
O
4,98
H
3
BO
3
11,42
ZnSO
4
7H
2
O
8,82
NaMoO
4
2H
2
O
0,72
CoCl 6H
2
O
0,38
MnCl
2
4H
2
O
1,44
CuSO
4
5H
2
O
1,57
4.2.4. Preparo do Inóculo
A cultura contida nos tubos de ensaio foi transferida de forma asséptica para Erlenmeyer
contendo 40 mL de meio Bold’s Basal Medium e, posteriormente, foi incubada por 6 dias a 25±2
ºC em fotofase de 12 horas. Após este procedimento a cultura foi vertida em Erlenmeyer
contendo 350 mL do mesmo meio e incubada nas mesmas condições já descritas acima.
51
O crescimento até a fase exponencial (2,5x10
6
cell.mL
-1
) serviu como inóculo, que foi
transferido num volume correspondente a 4,5 % (v/v) para fotobiorreatores cônicos invertidos de
4000 mL contendo 3700 mL de meio de cultura estéril de quatro diferentes tratamentos.
4.2.5. Unidades Experimentais
Em janeiro de 2005, realizou-se o experimento com a espécie de microalga C. vulgaris e
com o meio efluente hidropônico, durante 7 dias, constando assim dois distintos tratamentos:
cultivo em BBM, que foi considerado como cultivo referência (controle) para a curva de
crescimento; cultivo em efluente hidropônico EH. Cada tratamento foi realizado em 4 repetições
independentes. Os tratamentos BBM e efluente hidropônico, estão representados nas Figuras 2 e
3, respectivamente.
Os fotobiorreatores cônicos contendo 3.700 mL de meio Bold’s Basal Médium e de
efluente hidropônico foram autoclavados a 120ºC durante 20 minutos. Após resfriamento foi
acrescentado 3,7 mL de vitamina comercial (citoneurim), somente no BBM.
O cultivo manteve-se sob temperatura controlada em 21±2 ºC, sob areação constante com
volume de ar de 0,5 L/min e iluminação contínua de 150 μmol/m
2
s, provenientes de lâmpadas
fluorescentes de 40 w.
Figura 2 - Crescimento da Chlorella vulgaris no tratamento T (cultivo comercial BBM), durante 07 dias de
experimento, janeiro de 2005.
52
Figura 3 - Crescimento da Chlorella vulgaris no tratamento T1 (efluente hidropônico), durante 07 dias de
experimento, janeiro de 2005.
4.2.6. Parâmetros Determinados
A taxa de crescimento microalgal foi monitorada a partir da determinação da densidade
celular da cultura algal a cada 24 horas, através da contagem do número de células em
microscópio utilizando o método Câmara de Neubauer de Guillard (1973).
A remoção de N e P e de metais pesados do efluente hidropônico pelas microalgas foi
determinada mediante análises química, tais como, P-Total, N-NH
3
, N-NO
3,
N-NO
2
, Fe, Mn, Cu e
Zn das amostras no tempo inicial e final (sétimo dia) do experimento. Para a realização das
análises foi tomado 100 mL da suspensão algal de cada um dos tratamentos e filtrada em
membrana de 0,45μm. O filtrado foi recuperado para analisar N-NH
3
, N-NO
3,
N-NO
2
, P-Total,
Fe, Mn, Cu e Zn, seguindo metodologia descrita pela APHA (1992) para N e P. Os metais foram
determinados conforme metodologia da Analytical for Atomic Absorption Spectrophotometry
(1983). Utilizando equipamento Perkin Elmer modelo 3300 e padrões da Merck para construção
das curvas analíticas. O pH foi medido com o phgâmetro diariamente no local do experimento.
4.3.7. Análise Estatística
Para a análise das variáveis estimadas, comparou-se as médias dos tempos entre os
tratamentos BBM e EH, através do teste de hipótese na aleatorização MULTIV (PILLAR, 2001).
A medida de semelhança utilizada na análise foi a distância euclidiana.
53
H0: Não existe diferença no crescimento celular nos diferentes tratamentos, no decorrer
do tempo (sete dias);
Ha: Existe diferença no crescimento celular nos diferentes tratamentos, no decorrer do
tempo (sete dias).
Empregou-se o seguinte modelo estatístico, para valores do crescimento celular de ambos
os tratamentos:
γij = η + τi + εij
Em que γij é a observação do tratamento i na repetição j, i, é o tratamento, j, é o tempo,
p.ex., j
=
t
0
, j
=
t
1,.......,
j
=
t
7
; η, a média geral; τi, o efeito do tratamento i; e εij, o erro associado à
observação j.
54
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
5.1 DENSIDADE CELULAR
Os resultados obtidos no crescimento da C. vulgaris nos cultivos BBM e efluente
hidropônico estão apresentados no Anexo 4. No início do experimento a densidade celular do
inóculo de C. vulgaris foi de (2,5x10
6
cells.mL
-1
) para ambos tratamentos, atingindo no final dos
7 dias a densidade celular de 10,6x10
6
cells.mL
-1
para o cultivo controle e 5,7x10
6
cells.mL
-1
para
o cultivo em efluente hidropônico (Figura 4). Após sete dias de cultivo, observou-se que no
tempo 1 o crescimento teve um leve aumento celular, não havendo diferença significativa
estatisticamente (p>0,05) entre os dois tratamentos. No entanto, a partir do segundo dia houve
diferença (p<0,05) entre os tratamentos BBM e EH (Anexo 5).
0
200
400
600
800
1000
1200
12345678
Te m po (di as )
Logce lls .m L
-1
BBM EH
Figura 4 Curva de crescimento da Chlorella vulgaris no controle BBM e no efluente hidropônico no
decorrer de sete dias, em Janeiro de 2005. Os valores médios do gráfico encontram-se no Anexo 5.
Houve diferença entre os tratamentos a partir do segundo dia. No entanto, percebeu-se
queo afetou na efetividade de biorremoção de Nitrogênio, de Fósforo e de metais pesados e de
55
crescimento da C. vulgaris. Sabe-se que nos meios de cultivo comerciais, as quantidades de
nutrientes estão balanceadas em dosagens necessárias para um bom desempenho no crescimento
da microalga. No efluente hidropônico, as quantidades de nutrientes não estão em uma dosagem
especifica para a C. vulgaris, um dos motivos de haver a diferença significativa no crescimento
da microalga entre os meios analisados neste trabalho.
Lau et al. (1995), testaram os efeitos de diferentes densidades iniciais de inóculo sobre o
crescimento da C. vulgaris e também na eficiência de absorção de N e P pela microalga. A
densidade inicial do inóculo da C. vulgaris de 2,5x10
6
cells.mL
-1
utilizada no experimento foi
igual tanto para o BBM quanto para o EH. No entanto, a microalga estava mais adaptada ao meio
BBM, ou seja, a C. vulgaris se adaptou bem ao novo meio de cultivo, demonstrando ter sido
eficaz no incremento da biomassa e na biorremoção, equivalendo com os resultados apresentados
pelos autores supracitados, com a densidade média de 1,0x10
6
cells.mL
-1
.
Pode-se notar que a densidade celular demonstrou que o processo de adaptação fisiológica
da C. vulgaris no efluente hidropônico, como meio de cultura, é eficiente em termos de aumento
da densidade celular das células, no decorrer dos setes dias de crescimento microalgal.
A C. vulgaris, como outras microalgas citadas em outros trabalhos que tratam sobre a
biorremoção, segundo Méndez (2003), tem a capacidade de assimilar e incorporar Fósforo e
Nitrogênio, em suas células, para os utilizar nos processos de fotossínteses e respiração. Sendo
que esses compostos são os principais requerimentos nutricionais para o crescimento e
desenvolvimento microalgal, quando são acrescentadas em uma solução rica nestes elementos,
como é o caso do efluente hidropônico.
Percebe-se, que tais processos fisiológicos, citados anteriormente, foram visivelmente
demonstrados através do crescimento da C. vulgaris (Anexo 4) e das porcentagens de remoção do
Fósforo Total e das formas de Nitrogênio Inorgânico (Figura 7) do efluente hidropônico
apresentadas no experimento.
A alta concentração inicial de 226 mg.L
-1
de N-NO
3
do efluente hidropônico
não
demonstrou afetar o crescimento algal da C. vulgaris. Fato que também foi demonstrado no
trabalho de Jeanfils et al. (1993), quando observaram que a C. vulgaris pode crescer em
concentrações relativamente altas de NO
3
, embora tenha ocorrido um leve efeito inibitório com a
alta concentração testada (97 mM)
8
.
56
5.2. pH
No decorrer dos setes dias de crescimento algal, mediante verificação diária do pH,
percebeu-se, também, que houve uma variação desse em ambos os tratamentos, ficando na faixa
de 6,8 a 8,8 no cultivo em BBM e 5,0 a 5,3 no cultivo em EH, podendo ser observado na Figura
5.
0
2
4
6
8
10
p
H
BBM EH
pH Inicial pH Final
Figura 5 - Variação do pH no BBM e EH durante o crescimento da Chlorella vulgaris nos sete dias
de cultivo
. Os valores de pH são encontrados no Anexo 10.
O pH é outro fator que exerce influência fisiológica e controla o crescimento microalgal.
As espécies de Chlorella spp., desenvolvem-se bem em meios com pH entre 5.0 e 9.0; no
entanto, quando o meio de cultivo se apresenta ácido (< 5.0), pode inibir o crescimento das
células. Como ocorreu no trabalho de Lau et al. (1994), com a microalga C. pyrenoidosa, onde o
pH 4.0 inibiu consideravelmente o crescimento. No efluente hidropônico o pH varia entre 5.0 a
6.0, no caso do efluente utilizado no presente estudo, o pH inicial ficou em 5.0 e o pH do meio
BBM ficou em 6.8 podendo ser um dos fatores favoráveis, além da absorção de N e de P, para o
incremento da biomassa algal, visualizado na Figura 2.
Os estudos de Mayo & Noike (1994), sobre o efeito da concentração de íons de hidrogênio
no crescimento da C. vulgaris entre pH 3.0 e 11.5, revelaram a preferência da microalga pelo pH
entre 5.5~8.0 e, também, a sensibilidade da espécie em pH alcalinos, afetando a produção da
biomassa microalgal. Estes dados confirmam a eficiência de crescimento da C. vulgaris tanto no
efluente hidropônico como no meio BBM, com os respectivos pH 5.0 5.5 e pH 6.8 8.8.
8
mM= milimol ( vol/Molar)
57
5.3. CONCENTRAÇÃO MÉDIA E BIORREMOÇÃO DE N-NH
3
, N-
NO
3,
N-NO
2
E P-TOTAL E DE METAIS PESADOS (Fe, Mn, Cu, Zn)
Os valores médios da concentração de N-NH
3
, N-NO
3,
N-NO
2
e P-Total no início e no
final do experimento com C. vulgaris estão representados graficamente na Figura 6.
0
50
100
150
200
250
mg.L-
1
N - NH3 N-NO3 N-NO2 P - Total
Variáveis Analisadas
Inicial Final
Figura 6 - Valores médios da concentração de Fósforo Total e Nitrogênio Inorgânico (N-NH
3
, N-NO
3
,
e N-NO
2
), ao longo de sete dias. Os valores expressos encontram-se no Anexo 6.
A caracterização do efluente hidropônico demonstra que os compostos que contém
Nitrogênio inorgânico expressados como NO
3,
NO
2
, N-NH
3
e P-Total apresentaram as seguintes
concentrações respectivamente em mg.L
-1
: 226,50; 0,27; 26,50; e 35,00. Levando em
consideração os valores máximos dessas variáveis (10,0 mg.L
-1
de N-total; 20 mg.L
-1
de N-NH
3;
e
1,0 mg.L
-1
de P-total) permitidos pela resolução do CONAMA 357/2005 e dispositivo do
Ministério Público de Santa Catarina, lei nº 5.793 de 15 de outubro de 1980, (artigo 19) para
efluentes, as concentrações supracitadas das respectivas variáveis químicas, contidas neste
efluente, estão acima dos valores estipulados pelas legislações ambientais vigentes.
Os resultados apresentados Figura 7 demonstraram a eficiência da biorremoção do Fósforo
e do Nitrogênio através da C. vulgaris.
58
0
50
100
%
N - NH3 N - NO3 N - NO2 P - Total
Biorremoção
Figura 7 - Eficiência da biorremoção (%) do Fósforo e do Nitrogênio Inorgânico do efluente
hidropônico pela Chlorella vulgaris, no decorrer dos sete dias de cultivo. Os valores expressos
encontram-se no Anexo 7.
Com a aplicação da ficobiotecnologia empregando a microalga C. vulgaris, pode-se
observar uma eficiente remoção, chegando a 80,54% (182,425 mg.L
-1
) de N-NO3;
84,12% (0,23
mg.L
-1
) de N-NO
2
; 82,18% (21,92 mg.L
-1
) de N-NH
3
; e 51,90% (18,167 mg.L
-1
) de P-Total.
Desta forma, ameniza consideravelmente a poluição causada no ambiente e se aproximando dos
valores permitidos pelos dispositivos do CONAMA e do Ministério Público de Santa Catarina.
As porcentagens de biorremoção do N e do P encontradas no presente trabalho são
corroboradas tanto por Méndez (2003), quando aponta que a remoção de N-NH
3
, N-NO3 de P-
total pela Chlorella spp. em efluente doméstico atingiram respectivamente 69,82%; 61,45% e
61,68%. Como, também, por González et al. (1997), quando colocam que a C. vulgaris foi capaz
de remover em torno de 55% de P-total do efluente de uma indústria de laticínios e de criação de
suínos.
O crescimento da C. vulgaris nos distintos tratamentos controle e efluente hidropônico
resultando na remoção das formas inorgânicas de Nitrogênio e Fósforo, apresentados nos Anexos
4 e 6 e 7 e Figuras 6 e 7 corroboram com a capacidade de incorporação dos distintos nutrientes
pelas células das microalgas.
Neste trabalho, também foi avaliada a remoção de metais pesados presentes no EH,
exceto Mo, tais como: Fe, Mn, Cu e Zn. Os resultados de suas concentrações médias estão
demonstrados na Figura 8.
59
0
0,5
1
1,5
2
mg .L -
1
Fe Mn Cu Zn
EH
Inicial Final
Figura 8 - Valores médios da concentração de metais pesados (Fe, Mn, Cu e Zn) em meio efluente ao
longo de sete dias. Valores encontrados no Anexo 8.
Os valores médios de biorremoção de metais pesados (Fe, Mn, Cu e Zn) no período de
sete dias de experimento estão representados na Figura 9.
0
20
40
60
80
100
%
Fe Mn Cu Zn
EH
Biorremoção
Figura 9 – Eficiência da biorremoção (%) de metais pesados (Fe, Mn, Cu e Zn) do efluente
hidropônico através do uso da Chlorella vulgaris, no decorrer dos sete dias de crescimento celular.
Valores encontrados no Anexo 9.
As concentrações de Fe, Mn, Cu e Zn encontradas no efluente hidropônico em mg.L
-1
são
respectivamente: 1,949, 0,259, 0,004, 0,11. Estas concentrações não estão acima dos valores
máximos permitido pelo CONAMA (Resolução 357/2005) de Fe, Mn, Cu e Zn (4,0 mg.L
-1
, 1,0
mg.L
-1
, 1,0 mg.L
-1
e 5 mg.L
-1
) presente em um efluente. No entanto, faz-se necessário a redução
destes metais no efluente hidropônico, pelo fato de poderem causar sérios problemas para a vida
60
aquática, por serem acumulativos na cadeia trópica e produzirem efeitos tóxicos e mudanças
teratogênicas em plantas, animais e seres humanos (incluindo câncer), eles também permanecem
nos sedimentos e são lentamente liberados na água receptora final, conforme é colocado por
Canizares-Villanueva e Travieso (1991).
As microalgas têm forte afinidade por metais polivalentes, devido o processo de
biossorção (ILANGOVAN, 1992). Para Travieso et al. (2002), essa afinidade é basicamente
devido à necessidade da presença de metais polivalentes em locais ativos de enzimas essenciais
que são complexas nas vias metabólicas e pelos processos de biossorção e bioacumulação.
Os resultados apresentados na Figura 9, demonstraram que a C. vulgaris foi eficaz na
biorremoção dos metais pesados (Fe, Mn, Cu e Zn) do efluente hidropônico, como tem sido
demonstrado por Yan e Pan (2002), quando trabalharam com três espécies de microalgas, C.
pyrenoidosa, Closterium lunula e Scenedesmus obliquus, para averiguar toxicidade e
bioacumulação de Cu nas três espécies. Obtiveram assim, a remoção de Cu de 95%, 79% e 67%
respectivamente, depois de 6 dias de exposição e por Travieso et al. (2002), quando estudaram a
biorremoção de metais pesados de efluentes através do uso da microalga S. obliquus em um
biorreator e obtiveram uma eficiência de remoção de 94,5% durante 11 dias de experimento. No
presente trabalho a C. vulgaris removeu 52% de Cu, 85,22% de Fe, 79,54% de Mn e 60,91 de Zn,
depois de 7 dias de cultivo, comprovando o potencial da microalga de bioacumulação de metais
na sua parede celular, como é colocado por Travieso et al. (2002).
61
6. CONCLUSÕES
A microalga C. vulgaris adaptou-se eficientemente ao efluente hidropônico, como meio
de cultura, demonstrando através da curva de crescimento o incremento da densidade celular, no
decorrer dos 7 dias de cultivo. Entretanto, neste período de experimento, a microalga não
conseguiu remover o suficiente de Nitrato e Fósforo-Total da solução hidropônica para atingir os
valores mínimos permitidos pela legislação ambiental para o descarte no ambiente, como era o
esperado.
Dessa forma, pode-se concluir que a ficobiorremoção através da C. vulgaris é uma boa
alternativa de reciclagem para o efluente hidropônico, contudo, em relação a uma remoção mais
eficaz do Nitrato e do Fósforo-Total neste trabalho, faz-se necessário tomar outras medidas para
se alcançar os resultados esperados. Neste caso, uma possibilidade de melhoria na eficácia da
biorremoção dessa alga, seria aumentar o período de experimento para mais dias, aonde a C.
vulgaris apresentaria um maior consumo destes nutrientes.
Outra possibilidade para que a biorremoção pudesse ter sido totalmente eficiente, seria
após a utilização da C. vulgaris, no período de sete dias de experimento, ter utilizado as
macrófitas aquáticas Lemna ssp. e Azolla ssp. para remover o restante de Nitrato e Fósforo-Total
ainda em excesso no efluente hidropônico.
62
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O uso da microalga C. vulgaris poderá ser associado às macrófitas aquáticas, como por
exemplo, a Lemna, pois além de melhorar a biorremoção, poderá ajudar na flutuação da
microalga, facilitando a separação da biomassa do efluente. Sugere-se, também pesquisar a
possibilidade da utilização de macrófitas aquáticas como biorremovedoras de N, P e de metais
pesados do efluente hidropônico.
Em estudos futuros, seria interessante e importante a dedicação e aprofundamento da
aplicabilidade da biomassa algal, valorizando o processo e possibilitando alternativas de melhoria
do solo, da alimentação, da saúde e de outras áreas diretamente envolvidas.
.
63
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73
9. ANEXOS
Anexo 1 - Cultivo hidropônico (Sistema NFT ou Técnica do fluxo laminar de nutrientes)
- Labhidro (Laboratório de Agricultura Irrigada e Hidroponia) – UFSC - Florianópolis/2005
Calhas de cultivo (canais de cultivo)
Sistema de bombeamento
74
Anexo 2 - Cultivo hidropônico (Sistema NFT ou Técnica do fluxo laminar de nutrientes) -
Labhidro (Laboratório de Agricultura Irrigada e Hidroponia) – UFSC – Florianópolis/2005
Calhas de cultivo (canais de cultivo)
Sistema de bombeamento
75
Anexo 3 – Reservatório da solução nutritiva hidropônica. Labhidro (Laboratório de
Agricultura Irrigada e Hidroponia) – UFSC – Florianópolis/2005
Tanque de solução nutritiva
Solução nutritiva
Sistemas de retorno ao tanque
76
Anexo 4Contagem das células em cells.mL
-1
X10
-4
da Chlorella vulgaris do meio BBM
do EH nos 7 dias de crescimento celular
Tempo
(Dias)
BBM R1
R2 R3 R4
Média
(cells.mL
-1
X10
-4
)
0
10 10 10 10 10
1
34.86 21.27 20.96 20.64 24.43
2
90.73 87.47 79.35 88.68 86.56
3
231.27 209.76 235.16 258.66 233.71
4
785.60 756.9 683.4 846 767.97
5
--------------- 726.45 907.8 966 867
6
930 910.3 837.5 1002 920
7
1025.88 1109.25 770.1 1326 1057.81
Tempo
(Dias)
EH
R1 R2 R3 R4
Média
(cells.mL
-1
X10
-4
)
0
10 10 10 1010
1
18.74 15.43 27.85 27.3022.33
2
48.01 72.48 66 54.9760.36
3
180.56 113.76 135.66 156.25 146.56
4
267.88 191.77 292.05 259.88 252.90
5
663.04 474.14 518.1 373.8507.27
6
583.12 561.72 544.5 427.2529.13
7
701.52 504.34 600.6 484.16572.65
Anexo 5 - Valores médios da contagem de células (cells.mL
-1
x10
4
) da Chlorella vulgaris
cultivada em BBM e em efluente hidropônico, no decorrer dos 7 dias de crescimento celular, em
Janeiro de 2005
Tempo
(Dias)
Média BBM T
(cells.mL
-1
x10
4
)
Média EH
(cells.mL
-1
x10
4
)
Probabilidade Estatística
(Valor de P)
0
10
0
10
0
Não significativo
1
24
0
22
0
Não significativo
2
87
0
60
a
0,0278
3
234
0
147
a
0,0276
4
768
0
253
a
0,0304
5
867
0
507
a
0,0545
6
920
0
529
a
0,0274
7
1058
0
573
a
0,0301
Média Total
496
0
263
a
0,013
77
H0: Não existe diferença no crescimento celular no decorrer do tempo;
Ha: Existe diferença do crescimento celular no decorrer do tempo.
Anexo 6 – Valores médios da remoção em mg.L
-1
de N-NH
3
, NO
3
E NO
2
do EH
Anexo 7 - Valores médios em mg.L
-1
e (%) da biorremoção de Fósforo e Nitrogênio
Inorgânico do efluente hidropônico pela Chlorella vulgaris
Tratamento Variáveis
Valores de remoção
mg.L
-1
% de Remoção
EH
N-NH3
21,92
82,18
P-Total
18,167
51,90
N-NO
3
182,425
80,54
N-NO
2
0,23
84,18
ENSAIO FÍSICO-QUÍMICOS
EH- 100%
R1 R2 R3 R4
Média
( mg.L
-1
) Desvio padrão
Amônia inicial 26,5 26,5 27 .. 26,7 0,3
Amônia final 4,8 4,5 4,7 5 4,8 0,2
Nitrato inicial 224,5 -- -- 228,5 226,5 2,8
Nitrato final 43 42,6 46,2 44,5 44,08 1,6
Nitrito inicial 0,26 0,26 0,29 0,27 0,3 0,01
Nitrito final 0,05 0,04 0,04 0,04 0,04 0,005
P-Total inicial 35,03 34,95 34,88 35,1 34,99 0,09
P-Total final 16,02 16,9 17,17 17,2 16,8 0,5
78
Anexo 8 – Valores médios de remoção em de metais pesados (Fe, Mn, Cu e Zn) do EH
Anexo 9 - Valores médios em mg.L
-1
e (%) da biorremoção de Fe, Mn, Cu e Zn do
efluente hidropônico pela Chlorella vulgaris
Tratamento Variáveis
Valores de remoção
mg.L
-1
% de Remoção
EH
Fe
1,661
85,22
Mn
0,206
79,54
Cu
0,021
85,22
Zn
0,067
60,91
ENSAIO FÍSICO-QUÍMICOS
T1- 100%
Inicio do
cultivo
Metais R1 R2 R3 R4 Média mg.L
-1
Desvio padrão
Fe
1,929 1,978 1,94 1,95 1,949 0,021
Mn
0,254 0,262 0,258 0,26 0,259 0,003
Cu
0,036 0,047 0,039 0,038 0,04 0,005
Zn
0,097 0,137 0,099 0,105 0,110 0,019
Final do
cultivo
Metais R1 R2 R3 R4 Média mg.L
-1
Desvio padrão
Fe 0,272 0,298 0,28 0,303 0,288 0,015
Mn 0,071 0,038 0,056 0,046 0,053 0,014
Cu 0,022 0,019 0,017 0,018 0,019 0,002
Zn 0,042 0,04 0,039 0,051 0,043 0,005
79
Anexo 10 – Potencial Hidrogeônico (pH) do meio de cultivo BBM e do efluente
hidropônico, durante os 7 dias de crescimento da Chlorella vulgaris
Anexo 11 – Testes de aleatorização do programa MULTIV (PILLAR, 2001), para valores
do crescimento celular dos tratamentos: BBM (grupo 1) e EH (grupo 2), no tempo 1
MULTIV version 2.3.17
-------------------------------------------------------------------------------
RESEMBLANCE MEASURES
-------------------------------------------------------------------------------
Analysis status:
Dimensions: 8 sampling units, 1 variables
Data type: (1) quantitative, same measurement scales
Scalar transformation: (0)none
Vector transformation: (0)none
Resemblance measure: (3)Euclidean distance, (1)between sampling units
Session IS saved.
-------------------------------------------------------------------------------
RANDOMIZATION TEST
-------------------------------------------------------------------------------
Elapsed time: 1 seconds
Number of iterations (random permutations): 10000
Random number generation initializer: 970692063
Group partition of sampling units:
Sampling units: 1 2 3 4 5 6 7 8
Factor Tempo_1:
Groups: 1 1 1 1 2 2 2 2
Order of groups in contrasts: 1 2
Source of variation Sum of squares(Q) P(QbNULL>=Qb)
------------------------------------------------------------------------------
Tempo_0:
Between groups 8.841 0.6951
Contrasts:
pH
T1- EH
T - BBM
R1 R2 R3 R4
R1 R2 R3
R4
T0 5,00 5,00 5,00 5,00 6,8 6,8 6,8 6,8
T1 5,0 5,03 5,06 5,13
6,6 6,5 6,8
6,4
T2 4,71 4,74 4,92 4,85
6,44 6,44 6,56
6,56
T3 5,56 5,52 5,43 5,43
6,40 6,59 6,59
6,63
T4 5,20 5,08 5,02 5,00
7,04 7,02 6,93
7,03
T5 5,30 5,30 5,30 5,23
7,16 7,22 7,10
7,11
T6 5,30 5,30 5,30 5,30
8,8 8,7 8,8
8,8
80
1 -1 8.841 0.6837
Within groups 260.84
------------------------------------------------------------------------------
Total 269.69
Mean vectors of each group:
Factor Tempo_0:
Group 1 (n=4): 24.432
Group 2 (n=4): 22.33
Analysis status:
Dimensions: 8 sampling units, 1 variables
Data type: (1) quantitative, same measurement scales
Scalar transformation: (0)none
Vector transformation: (0)none
Resemblance measure: (3)Euclidean distance, (1)between sampling units
Session IS saved.
Anexo 12 - Testes de aleatorização do programa MULTIV (PILLAR, 2001), para valores
do crescimento celular dos tratamentos: BBM (grupo 1) e EH (grupo 2), no tempo 2
ULTIV version 2.3.17
-------------------------------------------------------------------------------
RESEMBLANCE MEASURES
-------------------------------------------------------------------------------
Analysis status:
Dimensions: 8 sampling units, 1 variables
Data type: (1) quantitative, same measurement scales
Scalar transformation: (0)none
Vector transformation: (0)none
Resemblance measure: (3)Euclidean distance, (1)between sampling units
Session IS saved.
-------------------------------------------------------------------------------
RANDOMIZATION TEST
-------------------------------------------------------------------------------
Elapsed time: 1 seconds
Number of iterations (random permutations): 10000
Random number generation initializer: 970692442
Group partition of sampling units:
Sampling units: 1 2 3 4 5 6 7 8
Factor Tempo_2:
Groups: 1 1 1 1 2 2 2 2
Order of groups in contrasts: 1 2
Source of variation Sum of squares(Q) P(QbNULL>=Qb)
------------------------------------------------------------------------------
Tempo_2:
Between groups 1372.1 0.0264
Contrasts:
1 -1 1372.1 0.0278
81
Within groups 434.97
------------------------------------------------------------------------------
Total 1807.1
Mean vectors of each group:
Factor Tempo_2:
Group 1 (n=4): 86.558
Group 2 (n=4): 60.365
Analysis status:
Dimensions: 8 sampling units, 1 variables
Data type: (1) quantitative, same measurement scales
Scalar transformation: (0)none
Vector transformation: (0)none
Resemblance measure: (3)Euclidean distance, (1)between sampling units
Session IS saved.
Anexo 13 – Testes de aleatorização do programa MULTIV (PILLAR, 2001), para valores
do crescimento celular dos tratamentos: BBM (grupo 1) e EH (grupo 2), no tempo 3
ESEMBLANCE MEASURES
-------------------------------------------------------------------------------
Analysis status:
Dimensions: 8 sampling units, 1 variables
Data type: (1) quantitative, same measurement scales
Scalar transformation: (0)none
Vector transformation: (0)none
Resemblance measure: (3)Euclidean distance, (1)between sampling units
Session IS saved.
-------------------------------------------------------------------------------
RANDOMIZATION TEST
-------------------------------------------------------------------------------
Elapsed time: 2 seconds
Number of iterations (random permutations): 10000
Random number generation initializer: 970692757
Group partition of sampling units:
Sampling units: 1 2 3 4 5 6 7 8
Factor Tempo_3:
Groups: 1 1 1 1 2 2 2 2
Order of groups in contrasts: 1 2
Source of variation Sum of squares(Q) P(QbNULL>=Qb)
------------------------------------------------------------------------------
Tempo_3:
Between groups 15192 0.0277
Contrasts:
1 -1 15192 0.0276
Within groups 3648.7
------------------------------------------------------------------------------
Total 18841
82
Mean vectors of each group:
Factor Tempo_3:
Group 1 (n=4): 233.71
Group 2 (n=4): 146.56
Analysis status:
Dimensions: 8 sampling units, 1 variables
Data type: (1) quantitative, same measurement scales
Scalar transformation: (0)none
Vector transformation: (0)none
Resemblance measure: (3)Euclidean distance, (1)between sampling units
Session IS saved.
Anexo 14 – Testes de aleatorização do programa MULTIV (PILLAR, 2001), para valores
do crescimento celular dos tratamentos: BBM (grupo 1) e EH (grupo 2), no tempo 4
ESEMBLANCE MEASURES
-------------------------------------------------------------------------------
Analysis status:
Dimensions: 8 sampling units, 1 variables
Data type: (1) quantitative, same measurement scales
Scalar transformation: (0)none
Vector transformation: (0)none
Resemblance measure: (3)Euclidean distance, (1)between sampling units
Session IS saved.
-------------------------------------------------------------------------------
RANDOMIZATION TEST
-------------------------------------------------------------------------------
Elapsed time: 2 seconds
Number of iterations (random permutations): 10000
Random number generation initializer: 970693163
Group partition of sampling units:
Sampling units: 1 2 3 4 5 6 7 8
Factor Fator_4:
Groups: 1 1 1 1 2 2 2 2
Order of groups in contrasts: 1 2
Source of variation Sum of squares(Q) P(QbNULL>=Qb)
------------------------------------------------------------------------------
Fator_4:
Between groups 5.3061e+05 0.0282
Contrasts:
1 -1 5.3061e+05 0.0304
Within groups 19217
------------------------------------------------------------------------------
Total 5.4983e+05
Mean vectors of each group:
Factor Fator_4:
Group 1 (n=4): 767.98
83
Group 2 (n=4): 252.9
Analysis status:
Dimensions: 8 sampling units, 1 variables
Data type: (1) quantitative, same measurement scales
Scalar transformation: (0)none
Vector transformation: (0)none
Resemblance measure: (3)Euclidean distance, (1)between sampling units
Session IS saved.
Anexo 15 – Testes de aleatorização do programa MULTIV (PILLAR, 2001), para valores
do crescimento celular dos tratamentos: BBM (grupo 1) e EH (grupo 2), no tempo 5
MULTIV version 2.3.17
-------------------------------------------------------------------------------
RESEMBLANCE MEASURES
-------------------------------------------------------------------------------
Analysis status:
Dimensions: 7 sampling units, 1 variables
Data type: (1) quantitative, same measurement scales
Scalar transformation: (0)none
Vector transformation: (0)none
Resemblance measure: (3)Euclidean distance, (1)between sampling units
Session IS saved.
-------------------------------------------------------------------------------
RANDOMIZATION TEST
-------------------------------------------------------------------------------
Elapsed time: 1 seconds
Number of iterations (random permutations): 10000
Random number generation initializer: 970698956
Group partition of sampling units:
Sampling units: 1 2 3 4 5 6 7
Factor Tempo_5:
Groups: 1 1 1 2 2 2 2
Order of groups in contrasts: 1 2
Source of variation Sum of squares(Q) P(QbNULL>=Qb)
------------------------------------------------------------------------------
Tempo_5:
Between groups 2.2153e+05 0.0545
Contrasts:
1 -1 2.2153e+05 0.0557
Within groups 74513
------------------------------------------------------------------------------
Total 2.9604e+05
Mean vectors of each group:
Factor Tempo_5:
Group 1 (n=3): 866.75
Group 2 (n=4): 507.27
84
Analysis status:
Dimensions: 7 sampling units, 1 variables
Data type: (1) quantitative, same measurement scales
Scalar transformation: (0)none
Vector transformation: (0)none
Resemblance measure: (3)Euclidean distance, (1)between sampling units
Session IS saved.
Anexo 16 – Testes de aleatorização do programa MULTIV (PILLAR, 2001), para valores
do crescimento celular dos tratamentos: BBM (grupo 1) e EH (grupo 2), no tempo 6
-------------------------------------------------------------------------------
RESEMBLANCE MEASURES
-------------------------------------------------------------------------------
Analysis status:
Dimensions: 8 sampling units, 1 variables
Data type: (1) quantitative, same measurement scales
Scalar transformation: (0)none
Vector transformation: (0)none
Resemblance measure: (3)Euclidean distance, (1)between sampling units
Session IS saved.
-------------------------------------------------------------------------------
RANDOMIZATION TEST
-------------------------------------------------------------------------------
Elapsed time: 2 seconds
Number of iterations (random permutations): 10000
Random number generation initializer: 970699171
Group partition of sampling units:
Sampling units: 1 2 3 4 5 6 7 8
Factor Tempo_6:
Groups: 1 1 1 1 2 2 2 2
Order of groups in contrasts: 1 2
Source of variation Sum of squares(Q) P(QbNULL>=Qb)
------------------------------------------------------------------------------
Tempo_6:
Between groups 3.0547e+05 0.0265
Contrasts:
1 -1 3.0547e+05 0.0274
Within groups 28327
------------------------------------------------------------------------------
Total 3.338e+05
Mean vectors of each group:
Factor Tempo_6:
Group 1 (n=4): 919.95
Group 2 (n=4): 529.13
Analysis status:
Dimensions: 8 sampling units, 1 variables
85
Data type: (1) quantitative, same measurement scales
Scalar transformation: (0)none
Vector transformation: (0)none
Resemblance measure: (3)Euclidean distance, (1)between sampling units
Session IS saved.
Anexo 17 – Testes de aleatorização do programa MULTIV (PILLAR, 2001), para valores
do crescimento celular dos tratamentos: BBM (grupo 1) e EH (grupo 2), no tempo 7
------------------------------------------------------------------------------
RESEMBLANCE MEASURES
-------------------------------------------------------------------------------
Analysis status:
Dimensions: 8 sampling units, 1 variables
Data type: (1) quantitative, same measurement scales
Scalar transformation: (0)none
Vector transformation: (0)none
Resemblance measure: (3)Euclidean distance, (1)between sampling units
Session IS saved.
------------------------------------------------------------------------------
RANDOMIZATION TEST
-------------------------------------------------------------------------------
Elapsed time: 3 seconds
Number of iterations (random permutations): 10000
Random number generation initializer: 970699338
Group partition of sampling units:
Sampling units: 1 2 3 4 5 6 7 8
Factor Tempo_7:
Groups: 1 1 1 1 2 2 2 2
Order of groups in contrasts: 1 2
Source of variation Sum of squares(Q) P(QbNULL>=Qb)
------------------------------------------------------------------------------
Tempo_7:
Between groups 4.7075e+05 0.0277
Contrasts:
1 -1 4.7075e+05 0.0301
Within groups 1.8825e+05
------------------------------------------------------------------------------
Total 6.59e+05
Mean vectors of each group:
Factor Tempo_7:
Group 1 (n=4): 1057.8
Group 2 (n=4): 572.65
Analysis status:
Dimensions: 8 sampling units, 1 variables
Data type: (1) quantitative, same measurement scales
Scalar transformation: (0)none
86
Vector transformation: (0)none
Resemblance measure: (3)Euclidean distance, (1)between sampling units
Session IS saved.
Anexo 18 – Testes de aleatorização do programa MULTIV (PILLAR, 2001), para valores
do crescimento celular dos tratamentos: BBM (grupo 1) e EH (grupo2), no tempo total
MULTIV version 2.3.17
-------------------------------------------------------------------------------
RESEMBLANCE MEASURES
-------------------------------------------------------------------------------
Analysis status:
Dimensions: 63 sampling units, 1 variables
Data type: (1) quantitative, same measurement scales
Scalar transformation: (0)none
Vector transformation: (0)none
Resemblance measure: (3)Euclidean distance, (1)between sampling units
Session IS saved.
------------------------------------------------------------------------------
RANDOMIZATION TEST
-------------------------------------------------------------------------------
Elapsed time: 36 seconds
Number of iterations (random permutations): 10000
Random number generation initializer: 970690964
Group partition of sampling units:
Sampling units: 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29
30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58
59 60 61 62 63
Factor Tempo:
Groups: 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
Order of groups in contrasts: 1 2
Source of variation Sum of squares(Q) P(QbNULL>=Qb)
------------------------------------------------------------------------------
Tempo:
Between groups 7.7103e+05 0.013
Contrasts:
1 -1 7.7103e+05 0.0131
Within groups 7.392e+06
------------------------------------------------------------------------------
Total 8.163e+06
Mean vectors of each group:
Factor Tempo:
Group 1 (n=31): 495.93
Group 2 (n=32): 262.65
Analysis status:
Dimensions: 63 sampling units, 1 variables
87
Data type: (1) quantitative, same measurement scales
Scalar transformation: (0)none
Vector transformation: (0)none
Resemblance measure: (3)Euclidean distance, (1)between sampling units
Session IS saved.
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