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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
DEPARTAMENTO DE FITOTECNIA
PROGRAMA DE PÓS–GRADUAÇÃO EM RECURSOS GENÉTICOS VEGETAIS
Título: COMPORTAMENTO VITÍCOLA E ENOLÓGICO
DAS VARIEDADES CHARDONNAY, PINOT NOIR E
CABERNET SAUVIGNON, NA LOCALIDADE LOMBA
SECA, EM SÃO JOAQUIM (SC).
Liliane Martins
Dissertação apresentada a Universidade
Federal de Santa Catarina, para a obtenção do
título de Mestre em Recursos Genéticos
Vegetais.
Orientação: Prof. Dr. Aparecido Lima da Silva.
Co-orientação: Prof. Dr. Marcelo Maraschin.
Florianópolis, abril de 2006.
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2
Antes de meter ferro à incógnita campanha cumpre os
ventos saber-lhe, a compleição dos ares, as praxes dos
avós, o próprio dos lugares.
O que um sítio dá bem, já noutro não convinha: aqui
prospera a messe, além triunfa a vinha; aqui medra o
pomar.
VIRGÍLIO (anos 70 – 19 a.C.).
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3
Quanto à terra, convém atender-se à sua qualidade, ao sol, à disposição
do céu que predomina naquele lugar. A terra pedregosa e tocada de areia,
se tem, no fundo, pedras que estejam bem cobertas, é excelente
condição, sendo a terra grossa. As vinhas que se plantam nestas terras,
além de produzirem muito fruto, produzem vinhos fortes, delicados e
poderosos, porém a que é barrosa, sem mistura de outra que lhe tempere
a dureza, isto é, na qual, fazendo-se uma cova, conserva água como
poço, não é tão apta para a produção de frutos, nem para a criação de
cepas, porque sua dureza impede ser penetrada com as raízes’.
Quanto à atenção que se deve ter ao sol e à disposição do céu, deve-se
advertir que as vinhas, que requerem antes ar quente que frio, antes
sereno que chuvoso, fazendo-lhes danos às tempestades; querem ser
postas em lugar frio para a parte do meio dia, em lugar quente para a
parte do norte, nascente e poente e para a parte do nascente também
amam a terra temperada. Porém, porque é cousa dificultosa achar-se
terra com todas estas qualidades, o bom agricultor acomodará as plantas
conforme a natureza do lugar’.
VICÊNCIO ALARTE (1712).
4
AGRADECIMENTO
Ao programa de Pós Graduação em Recursos Genéticos Vegetais, pela confiança
depositada.
À CAPES e ao CNPq pelo apoio financeiro fornecido durante o curso.
À empresa vitivinícola Quinta da Neve por permitir meus estudos em seus
vinhedos.
Ao professor Aparecido Lima da Silva que se fez presente nos momentos cruciais
dessa dissertação através de sua orientação e amizade.
Ao professor Marcelo Maraschin que, mesmo de longe, dedicou-me sua orientação.
Ao Hamilton Justino Vieira que, em vários momentos, assumiu o papel de
orientador nos assuntos ligados à meteorologia.
À Marilene Lima pelo auxílio e apoio.
À Bernadete, secretária do curso de RGV, por todos os favores prestados.
Aos colegas Betina, Shanna, Carolina, Luciano, e Marcelo que de muitas formas
contribuíram para a realização desse trabalho.
A meus pais e a minha família pelo amor incondicional.
A meu marido Brito pela paciência.
5
ÍNDICE
LISTA DE ABREVIATURAS---------------------------------------------------------- 07
RELAÇÃO DE TABELAS-------------------------------------------------------------- 08
RELAÇÃO DE FIGURAS--------------------------------------------------------------- 10
RELAÇÃO DE ANEXOS--------------------------------------------------------------- 12
RESUMO---------------------------------------------------------------------------------- 16
1- Introdução------------------------------------------------------------------------------ 17
2- Justificativa---------------------------------------------------------------------------- 18
3- Revisão Bibliográfica----------------------------------------------------------------- 21
3.1- Fatores do Ambiente Físico-------------------------------------------------------- 21
3.1.1- Fatores Edáficos------------------------------------------------------------------ 22
3.1.2- Fatores Climáticos---------------------------------------------------------------- 24
3.2- Aspectos Fenológicos da Videira------------------------------------------------- 29
3.3- Polifenóis nas Videiras e as Características do Vinho-------------------------- 33
4- Objetivos------------------------------------------------------------------------------- 37
4.1- Objetivo Geral----------------------------------------------------------------------- 37
4.2- Objetivos Específicos-------------------------------------------------------------- 37
5- Material e Métodos------------------------------------------------------------------- 38
5.1- Área Experimental------------------------------------------------------------------ 38
5.1.1- Descrição do Local--------------------------------------------------------------- 38
5.1.2- Parcelas de Pesquisa-------------------------------------------------------------- 40
5.2- Caracterização Geografia da Região de Cultivo--------------------------------- 42
5.3- Monitoramento Climático da Região Produtora--------------------------------- 42
5.4- Adaptação das Variedades Chardonnay, Pinot Noir e Cabernet Sauvignon-- 47
5.5- Potencial Qualitativo das Variedades Chardonnay, Pinot Noir e Cabernet
Sauvignon---------------------------------------------------------------------------------
50
5.6- Análises Estatísticas---------------------------------------------------------------- 53
6- Resultados e Discussão--------------------------------------------------------------- 54
6.1- Caracterização Geográfica da Propriedade Vitivinícola Quinta da Neve, na
Região Produtora Lomba Seca----------------------------------------------------------
54
6
6.2- Acompanhamento Agro-Climático da Região Produtora----------------------- 60
6.2.1- Setembro--------------------------------------------------------------------------- 66
6.2.2- Outubro---------------------------------------------------------------------------- 67
6.2.3- Novembro-------------------------------------------------------------------------- 68
6.2.4- Dezembro-------------------------------------------------------------------------- 69
6.2.5- Janeiro----------------------------------------------------------------------------- 70
6.2.6- Fevereiro--------------------------------------------------------------------------- 70
6.2.7- Março------------------------------------------------------------------------------ 72
6.2.8- Abril-------------------------------------------------------------------------------- 72
6.2.9- Maio-------------------------------------------------------------------------------- 73
6.2.10- Junho------------------------------------------------------------------------------ 74
6.2.11- Julho------------------------------------------------------------------------------ 74
6.2.12- Agosto---------------------------------------------------------------------------- 75
6.2.13- Índices Bioclimáticos----------------------------------------------------------- 76
6.2.13.1- Temperatura Ativa------------------------------------------------------------ 76
6.2.13.2- Soma Térmica----------------------------------------------------------------- 77
6.2.13.3- Índice Heliotérmico de Huglin---------------------------------------------- 81
6.3- Avaliação Ecofisiológica das Variedades Cabernet Chardonnay, Pinot Noir
e Cabernet Sauvignon--------------------------------------------------------------------
83
6.3.1- Brotação à Floração Plena (0-65 BBCH)--------------------------------------- 89
6.3.2- Floração Plena ao ‘Pintor’ (66-85 BBCH)------------------------------------- 94
6.3.3- Pintor’ a Colheita (86-89 BBCH)----------------------------------------------- 97
6.3.4- Colheita ao Final da Queda das Folhas (90-99 BBCH)----------------------- 100
6.4- Composição Polifenólica das Variedades Chardonnay, Pinot Noir e
Cabernet Sauvignon e o Potencial Qualitativo dos Vinhos, safra 2005------------
102
6.5- Considerações sobre os Vinhos das Variedades Chardonnay, Pinot Noir e
Cabernet Sauvignon na safra de 2005--------------------------------------------------
108
7. Conclusão e Considerações Finais-------------------------------------------------- 111
8. Referências Bibliográficas----------------------------------------------------------- 114
9. Anexos---------------------------------------------------------------------------------- 122
7
LISTA DE ABREVIATURAS
Ac.T = acidez total Al
troc
= Alumínio trocável
A.R. = açúcares redutores Arg = Argila
A.T. = antocianas totais °B = Grau Brix
BBCH = Estádios de desenvolvimento
das videiras definidos pelo código de
BAILLOD & BAGGIOLINI
Ca76/1 = Cambissolos
Ca/Mg= Relação Cálcio Magnésio CH = Chardonnay
CS = Cabernet Sauvignon CTC = Capacidade de Troca de Cátions
EE = Estação Experimental Embrapa = Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária
Epagri = Empresa Brasileira
Agropecuária e Extensão Rural de Santa
Catarina
E.S. = extrato seco
GD = Graus-Dia de Winkler IH = Índice Heliotérmico de Huglin
Int. cor= Intensidade da cor K = Potássio
k: Coeficiente de correção por latitude
= 1,00
Mn = Mínima
Mn abs. = mínima absoluta MO = Matéria Orgânica
Mx = Máxima Mx abs. = máxima absoluta
PAR = Photosynthetically Active
Radiation
PN = Pinot Noir
P = Fósforo (P)T = polifenóis totais
QN = Quinta da Neve RFA = Radiação Fotossinteticamente
Ativa
Rd3/1 = Neossolos Litólicos TM = Temperatura máxima
Tb = Temperatura Base Tm = Temperatura mínima
UFRGS = Universidade Federal do Rio
Grande do Sul
UFSC = Universidade Federal de Santa
Catarina
VCR = Vivai Cooperativi Rauscedo CIRAM = Centro de Informações de
Recursos Ambientais e de
Hidrometeorologia
8
RELAÇÃO DE TABELAS
Tabela 1. Normais climáticas de São Joaquim, início das atividades 1955.
Estação Metereológica a 1.389 m de altitude (Mx= Máxima; Mn= Mínima;
Mx abs.= máxima absoluta; Mn abs.= mínima absoluta; Anos= Anos
observados), Epagri 2006--------------------------------------------------------------
45
Tabela 2. Descrição dos estádios fenológicos da videira pelo código decimal
BBCH, proposto por BAILLOD & BAGGIOLINI (1993)-------------------------
49
Tabela 3. Análise dos solos cultivados com as variedades Cabernet
Sauvignon, Chardonnay e Pinot Noir (Arg= Argila, P= Fósforo, K= Potássio,
MO= Matéria Orgânica, Al
troc
= Alumínio trocável, CTC= Capacidade de
Troca de Cátions, Ca/Mg= Relação Cálcio Magnésio)-----------------------------
57
Tabela 4. Temperatura ativa acumulada, em °C, para a temperatura-base de
10°C durante as fases fenológicas brotação, floração, desenvolvimento e
maturação dos frutos para três variedades. São Joaquim, 2005, Epagri 2006---
77
Tabela 5. Graus-dia (GD) e Índice Heliotérmico (IH) acumulados para a
temperatura-base de 10°C e Ciclo Vegetativo durante as fases fenológicas
brotação, floração, desenvolvimento e maturação dos frutos e queda das
folhas para as variedades Cabernet Sauvignon, Chardonnay e Pinot Noir. São
Joaquim, 2005, Estação Metereológica da Lomba Seca, safra 2005--------------
82
Tabela 6. Períodos entre os estádios fenológicos segundo código BBCH e
ciclo vegetativo para as variedades Cabernet Sauvignon, Chardonnay e Pinot
Noir dos vinhedos Quinta da Neve, na safra 2005----------------------------------
83
Tabela 7. Estádios fenológicos segundo código BBCH para as variedades
Cabernet Sauvignon, Chardonnay e Pinot Noir dos vinhedos Quinta da Neve,
na safra 2005----------------------------------------------------------------------------
87
Tabela 8. Teor de compostos polifenólicos totais, em mg.L
-1
de ácido gálico, das
folhas de Chardonnay, Pinot Noir e Cabernet Sauvignon, coletadas na propriedade
Quinta da Neve, durante a safra 2005----------------------------------------------------
103
9
Tabela 9. Análise das microvinificações elaboradas com as uvas de Cabernet
Sauvignon, Pinot Noir e Chardonnay dos vinhedos Quinta da Neve, na safra
2005 (A.R.= açúcares redutores; Ac.T= acidez total; E.S.= extrato seco; A.T.
antocianas totais; Int. cor= Intensidade da cor; (P)T= polifenóis totais).
Epagri de Videira, 2006---------------------------------------------------------------
106
Tabela 10. Conceitos dos vinhos microvinificados das variedades Cabernet
Sauvignon, Chardonnay e Pinot Noir dos vinhedos Quinta da Neve, safra
2005, segundo Marco Stefanini-------------------------------------------------------
109
Tabela 11. Notas e conceitos dos vinhos microvinificados das variedades
Cabernet Sauvignon, Chardonnay e Pinot Noir dos vinhedos Quinta da Neve,
safra 2005, segundo equipe de enófilos da Universidade Federal de Santa
Catarina----------------------------------------------------------------------------------
110
10
RELAÇÃO DE FIGURAS
Figura 1. Coleta de dados na Estação Meteorológica Automática, Quinta da
Neve, 2004------------------------------------------------------------------------------
43
Figura 2. Croqui da propriedade Quinta da Neve e localização dos vinhedos, 2006----- 54
Figura 3. Vinhedos Quinta da Neve cultivadas em terrenos de meia encosta, 2004----- 58
Figura 4. Temperatura do ar média da safra e temperaturas médias, máximas
absolutas e mínimas absolutas nos meses da safra 2005. Estação
Metereológica da Lomba Seca, 1.230 m de altitude--------------------------------
62
Figura 5. Precipitação total (mm) e umidade relativa do ar (%), nos meses da
safra 2005. Estação Metereológica da Lomba Seca, 1.230 m de altitude--------
63
Figura 6. Médias da Radiação Solar Global (W.m
-
²) e Radiação
Fotossinteticamente Ativa – RFA (µmolfotons.m
-2
.s
-1
) nos meses da safra
2005. Estação Meteorológica da Lomba Seca, 1.230 m de altitude--------------
65
Figura 7. Videiras de Chardonnay atingidas pelas geadas tardias do início de
outubro. BBCH: 55. Quinta da Neve, 10/10/05-------------------------------------
67
Figura 8. Graus-dia acumulados para a temperatura base de 10°C durante os
estádios fenológicos 00 a 97 do código BBCH para as variedades Cabernet
Sauvignon, Chardonnay e Pinot Noir. São Joaquim, 2005-------------------------
78
Figura 9. Ciclo vegetativo durante os estádios fenológicos 00 a 97 do código
BBCH para as variedades Cabernet Sauvignon, Chardonnay e Pinot Noir. São
Joaquim, 2005--------------------------------------------------------------------------
79
Figura 10. Curva dos estádios fenológicos segundo código BBCH para as
variedades Cabernet Sauvignon (CS), Chardonnay (CH) e Pinot Noir (PN) dos
vinhedos Quinta da Neve, na safra 2005---------------------------------------------
88
Figura 11. Videira de Chardonnay no estádio fenológicos BBCH 53. Quinta
da Neve, 25/09/05----------------------------------------------------------------------
90
Figura 12. Videira de Pinot Noir no estádio fenológico BBCH 51. Quinta da
Neve, 25/09/05--------------------------------------------------------------------------
90
Figura 13. Videiras de Chardonnay atingidas pelas geadas tardias do início de
outubro. BBCH: 55. Quinta da Neve, 10/10/05-------------------------------------
90
11
Figura 14. Videira de Chardonnay. BBCH: 65. Quinta da Neve, 25/09/05------ 91
Figura 15. Brotação da variedade Cabernet Sauvignon. BBCH: 51. Quinta da
Neve, 23/10/04--------------------------------------------------------------------------
93
Figura 16. Videiras de Cabernet Sauvignon. BBCH: 53. Quinta da Neve,
6/11/04-----------------------------------------------------------------------------------
94
Figura 17. Inflorescências de Cabernet Sauvignon. BBCH: 65. Quinta da
Neve, 6/12/04---------------------------------------------------------------------------
94
Figura 18. Cachos de Chardonnay. BBCH: 77. Quinta da Neve, 6/12/04-------- 95
Figura 19. Cachos de Pinot Noir na ‘véraison’, BBCH: 85. Quinta da Neve,
29/01/05---------------------------------------------------------------------------------
96
Figura 20. Videira de Chardonnay. BBCH: 86. Quinta da Neve, 29/01/05------ 97
Figura 21. Detalhe do pedúnculo no momento da colheita. Pinot Noir, BBCH:
89. Quinta da Neve, 05/03/05---------------------------------------------------------
99
Figura 22. Cachos de Cabernet Sauvignon no momento da colheita. BBCH:
89. Quinta da Neve, 07/04/05---------------------------------------------------------
99
Figura 23. Videiras de Chardonnay. BBCH: 97. Quinta da Neve, 27/05/05----- 101
Figura 24. Detalhe de uma videira de Pinot Noir no final do outono. BBCH:
97. Quinta da Neve, 27/05/05---------------------------------------------------------
101
Figura 25. Videira de Cabernet Sauvignon no inverno. Quinta da Neve,
07/08/05.
101
Figura 26. Teor de polifenóis totais (mg.L
-1
) das folhas de Chardonnay, Pinot
Noir e Cabernet Sauvignon, propriedade Quinta da Neve, São Joaquim-SC,
safra 2005-------------------------------------------------------------------------------
104
Figura 27. Vinhos microvinificados das variedades Cabernet Sauvignon,
Chardonnay e Pinot Noir, safra 2005------------------------------------------------
108
12
RELAÇÃO DE ANEXOS
Anexo 1. Mapa Altimétrico da Região Lomba Seca, Comunidade Bentinho,
São Joaquim, Santa Catarina. Ministério do Exército – Diretoria de Serviço
Geográfico-------------------------------------------------------------------------------
122
Anexo 2. Representação esquemática da região de São Joaquim, no Planalto
Serrano Catarinense--------------------------------------------------------------------
123
Anexo 3. Formação Serra Geral: Esboço Geológico do estado de Santa
Catarina, modificado de F. K. Takeda, Atlas Geológico de Santa Catarina
(1950), por L. F. Scheibe e V. H. Teixeira, 1972. Levantamento SANTA
CATARINA, 1973----------------------------------------------------------------------
124
Anexo 4. Solos da região de São Joaquim e detalhe dos solos da porção
mediana do Rio Lava Tudo, Lomba Seca. EMPRAPA, 2006---------------------
125
Anexo 5. Levantamento Planialtimétrico da Fazenda Bentinho, atual
propriedade vitivinícola Quinta da Neve, pelo topógrafo Jocelt Hildebrando
Madruga, São Joaquim 2000----------------------------------------------------------
126
Anexo 6. Posicionamento geográfico da propriedade Quinta da Neve na
Localidade Lomba Seca, em São Joaquim. ‘Google Earth’, 2006----------------
127
Anexo 7. Laudo de análise do solo. Departamento de Solos da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, 2004-------------------------------------------------
128
Anexo 8. Correlação entre as temperaturas médias do ar (°C) da região
vitícola Lomba Seca, na propriedade Quinta da Neve (QN), e o centro urbano
de São Joaquim, na Estação Experimental (EE), durante a safra 2005
(STATISTICA 6,0). Epagri, 2006----------------------------------------------------
129
Anexo 9. Correlação entre as precipitações totais (mm) da região vitícola
Lomba Seca, na propriedade Quinta da neve (QN), e o centro urbano de São
Joaquim, na Estação Experimental (EE), durante a safra 2005 (STATISTICA
6,0). Epagri, 2006----------------------------------------------------------------------
129
Anexo 10. Fenômenos meteorológicos registrados na propriedade Quinta da
Neve, safra 2005. Escritório de Assistência Técnica Junior & Renato, 2005---
130
13
Anexo 11. Fenômenos meteorológicos observados na região de São Joaquim,
safra 2005. Epagri, 2006---------------------------------------------------------------
130
Anexo 12. Temperaturas médias do ar mensal e diária, Temperaturas máximas e
mínimas absolutas e Amplitude Térmica, em °C; Precipitação, em mm; Umidade
Relativa do ar, em %; médias das Radiações Solar Global, em W/m², e
Fotossinteticamente Ativa – RFA, em µmolfotons.m
-2
.s
-1
, da região vitícola
Lomba Seca, mês de setembro, 2004-----------------------------------------------------
131
Anexo 13. Temperaturas médias do ar mensal e diária, Temperaturas máximas e
mínimas absolutas e Amplitude Térmica, em °C; Precipitação, em mm; Umidade
Relativa do ar, em %; médias das Radiações Solar Global, em W/m², e
Fotossinteticamente Ativa – RFA, em µmolfotons.m
-2
.s
-1
, da região vitícola
Lomba Seca, mês de outubro, 2004-------------------------------------------------------
132
Anexo 14. Temperaturas médias do ar mensal e diária, Temperaturas máximas e
mínimas absolutas e Amplitude Térmica, em °C; Precipitação, em mm; Umidade
Relativa do ar, em %; médias das Radiações Solar Global, em W/m², e
Fotossinteticamente Ativa – RFA, em µmolfotons.m
-2
.s
-1
, da região vitícola
Lomba Seca, mês de novembro, 2004----------------------------------------------------
133
Anexo 15. Temperaturas médias do ar mensal e diária, Temperaturas máximas e
mínimas absolutas e Amplitude Térmica, em °C; Precipitação, em mm; Umidade
Relativa do ar, em %; médias das Radiações Solar Global, em W/m², e
Fotossinteticamente Ativa – RFA, em µmolfotons.m
-2
.s
-1
, da região vitícola
Lomba Seca, mês de dezembro, 2004----------------------------------------------------
134
Anexo 16. Temperaturas médias do ar mensal e diária, Temperaturas máximas e
mínimas absolutas e Amplitude Térmica, em °C; Precipitação, em mm; Umidade
Relativa do ar, em %; médias das Radiações Solar Global, em W/m², e
Fotossinteticamente Ativa – RFA, em µmolfotons.m
-2
.s
-1
, da região vitícola
Lomba Seca, mês de janeiro, 2004-----------------------------------------------------
135
14
Anexo 17. Temperaturas médias do ar mensal e diária, Temperaturas máximas e
mínimas absolutas e Amplitude Térmica, em °C; Precipitação, em mm; Umidade
Relativa do ar, em %; médias das Radiações Solar Global, em W/m², e
Fotossinteticamente Ativa – RFA, em µmolfotons.m
-2
.s
-1
, da região vitícola
Lomba Seca, mês de fevereiro, 2004-----------------------------------------------------
136
Anexo 18. Temperaturas médias do ar mensal e diária, Temperaturas máximas e
mínimas absolutas e Amplitude Térmica, em °C; Precipitação, em mm; Umidade
Relativa do ar, em %; médias das Radiações Solar Global, em W/m², e
Fotossinteticamente Ativa – RFA, em µmolfotons.m
-2
.s
-1
, da região vitícola
Lomba Seca, mês de março, 2004---------------------------------------------------------
137
Anexo 19. Temperaturas médias do ar mensal e diária, Temperaturas máximas e
mínimas absolutas e Amplitude Térmica, em °C; Precipitação, em mm; Umidade
Relativa do ar, em %; médias das Radiações Solar Global, em W/m², e
Fotossinteticamente Ativa – RFA, em µmolfotons.m
-2
.s
-1
, da região vitícola
Lomba Seca, mês de abril, 2004-----------------------------------------------------------
138
Anexo 20. Temperaturas médias do ar mensal e diária, Temperaturas máximas e
mínimas absolutas e Amplitude Térmica, em °C; Precipitação, em mm; Umidade
Relativa do ar, em %; médias das Radiações Solar Global, em W/m², e
Fotossinteticamente Ativa – RFA, em µmolfotons.m
-2
.s
-1
, da região vitícola
Lomba Seca, mês de maio, 2004-----------------------------------------------------
139
Anexo 21. Temperaturas médias do ar mensal e diária, Temperaturas máximas e
mínimas absolutas e Amplitude Térmica, em °C; Precipitação, em mm; Umidade
Relativa do ar, em %; médias das Radiações Solar Global, em W/m², e
Fotossinteticamente Ativa – RFA, em µmolfotons.m
-2
.s
-1
, da região vitícola
Lomba Seca, mês de junho, 2004---------------------------------------------------------
140
Anexo 22. Temperaturas médias do ar mensal e diária, Temperaturas máximas e
mínimas absolutas e Amplitude Térmica, em °C; Precipitação, em mm; Umidade
Relativa do ar, em %; médias das Radiações Solar Global, em W/m², e
Fotossinteticamente Ativa – RFA, em µmolfotons.m
-2
.s
-1
, da região vitícola
Lomba Seca, mês de julho, 2004----------------------------------------------------------
141
15
Anexo 23. Temperaturas médias do ar mensal e diária, Temperaturas máximas e
mínimas absolutas e Amplitude Térmica, em °C; Precipitação, em mm; Umidade
Relativa do ar, em %; médias das Radiações Solar Global, em W/m², e
Fotossinteticamente Ativa – RFA, em µmolfotons.m
-2
.s
-1
, da região vitícola
Lomba Seca, mês de agosto, 2004-----------------------------------------------------
142
Anexo 24. Equações de correlação em função dos estádios fenológicos e do
ciclo vegetativo das variedades Cabernet Sauvignon, Chardonnay e Pinot Noir
dos vinhedos Quinta da Neve, na safra 2005 (STATISTICA, 6.0)---------------
143
Anexo 25. Notas, médias e conceitos dos vinhos segundo metodologia utilizada pela
equipe de enófilos da Universidade Federal de Santa Catarina-----------------------------
144
Anexo 26. Representação dos estádios fenológicos das videiras de
Chardonnay (CH), Pinot Noir (PN) e Cabernet Sauvignon (CS) em algumas
datas da safra 2005, nos vinhedos Quinta da Neve, segundo Baillod e
Baggiolini, 1993------------------------------------------------------------------------
144
16
RESUMO
Comportamento Vitícola e Enológico das variedades Chardonnay, Pinot Noir e Cabernet
Sauvignon, na Localidade Lomba Seca, em São Joaquim (SC).
Autora: Liliane Martins
No Brasil, a vitivinicultura está relacionada, principalmente, com os Estados da
Região Sul. Em Santa Catarina estão envolvidas 2.000 famílias com a uva e seus derivados,
gerando 18.430 empregos diretos nos 4.600 ha ocupados com a atividade – tradicional nas
regiões do Vale do Rio do Peixe e de Urussanga. No Estado, 75% das uvas produzidas
destinam-se a vinificação. A região de São Joaquim tem se mostrado favorável à produção
de vinhos finos e vem despertando grande interesse de empreendedores na atividade.
Entretanto, muitos são os conhecimentos demandados por quem deseja viabilizar um
cultivo comercial relacionados ao desenvolvimento e produção da espécie numa região de
condições edafoclimáticas típicas e sem tradição na cultura da videira. As variedades
Cabernet Sauvignon, Chardonnay e Pinot Noir apresentam-se promissoras na região de São
Joaquim. A composição fenólica da folha constitui-se em um fator determinante das
características adaptativas da videira em uma região, sendo os de maior interesse para a
determinação do potencial produtivo das plantas os polifenóis totais. Os vinhedos Quinta da
Neve, na Lomba Seca, foram cultivados em meia encosta, apresentando solos do tipo
Cambissolos, mais profundos, melhor drenados e de baixa fertilidade, proporcionando
condições favoráveis ao cultivo de videiras. As partes mais baixas do plantio favoreceram a
ocorrência de geadas. O clima vitícola da Lomba Seca, em São Joaquim, na safra 2005,
apresentou clima seco durante a maturação das uvas. A Cabernet Sauvignon foi a variedade
que mais necessitou de somas térmicas para completar a maturação, seguida pelas videiras
de Chardonnay e de Pinot Noir. Definindo assim, tanto pelo Graus-Dia de Winkler como
pelo Índice Heliotérmico de Huglin, uma escala para as três variedades, sendo a Pinot Noir
a de menor e a Cabernet Sauvignon de maior exigência em necessidade térmica. Os vinhos
microvinificados de Cabernet Sauvignon e Pinot Noir demonstraram cor intensa, riqueza
em antocianas, taninos e polifenóis totais. A Chardonnay apresentou cor intensa e límpida,
com menor teor de polifenóis totais, característica genética das viníferas brancas. As
analises químicas mostraram que os vinhos analisados são alcoólicos e ácidos. Estas
características, somadas a cor intensa, os taninos e as antocianinas dos vinhos, demarcam
‘um produto típico’ de qualidade determinada pelas condições de ‘clima-solo-variedades’
das regiões de altitudes.
17
1- INTRODUÇÃO
Para o êxito de qualquer vinhedo é essencial a consideração das
características relacionadas à localidade. Os famosos vinhedos da Europa, como
Ohanez da Espanha, não podem duplicar-se ou facilmente igualar-se em outras
partes do mundo por possuírem vantagens naturais inerentes à região. Porém, a
videira pode ser cultivada em quase todas as partes do mundo, mas necessita de
uma série de exigências edafoclimáticas que, caso não sejam satisfeitas, irá
repercutir no rendimento e na qualidade de seus frutos (WINKLER, 1980).
Segundo TONIETTO (2001), certas variedades expressam o melhor de seu
potencial vitícola e enológico em determinado ecossistema. Vinhedos com a
mesma tecnologia produzem uvas e vinhos com características próprias, definidas
por fatores naturais e humanos peculiares de cada região. Contudo, a videira
caracteriza-se por ser uma espécie cosmopolita possuindo muitas variedades
adaptadas às diversas regiões do globo terrestre e às mais variadas condições
climáticas (SCHUCK, 2000).
Já os consumidores de vinhos cada vez mais procuram produtos de qualidade
e típicos de uma região. A elaboração de produtos diferenciados em relação à
qualidade depende de fatores como o local de cultivo da videira, as características
do solo, as condições climáticas da safra, além dos cultivares e do modo de cultivo
(GUERRA, 2001).
Na viticultura brasileira, um dos aspectos característicos e marcantes é a sua
diversidade e complexidade. Na verdade, existem diversas vitiviniculturas no país,
cada uma com sua realidade climática, edáfica, tecnológica e humana (PROTAS et
al., 2001). Os aspectos geográficos de uma região são fatores permanentes que
afetam a viticultura, contribuindo para as características de uma produção e
transmitindo-lhe autenticidade.
Em Santa Catarina, o município de São Joaquim vem despertando o interesse
empresarial pela vitivinicultura. Os primeiros vinhedos da região datam de 2000,
implantados pela vitivinícola Quinta da Neve. A empresa foi constituída em 1999,
sendo o primeiro empreendimento comercial vitícola da Região de São Joaquim.
18
2- JUSTIFICATIVA
No Brasil, a viticultura ocupa uma área plantada de 71,4 mil hectares de
vinhedos, cultivados e processados, principalmente nos Estados da Região Sul
(IBGE, 2005).
Em Santa Catarina, a vitivinicultura é uma exploração agrícola tradicional
ligada à socio-economia de regiões de origem italiana, principalmente do Vale do
Rio do Peixe e de Urussanga. Na viticultura Catarinense predomina o cultivo de
variedades americanas (Vitis labrusca) e híbridas, envolvendo em torno de 2.000
famílias, gerando 18.430 empregos diretos nos 4.600 hectares de videiras e
destinando 75% do volume da produção à vinificação (ROSIER e LOSSO, 1997).
Contudo, essas variedades não são utilizadas para a elaboração de vinhos
finos - vinhos elaborados a partir de variedades européias (Vitis vinifera), que são
mais valorizados no mercado. Para MELLO (2000), no Brasil existe a tendência de
aumento no consumo de vinhos finos, principalmente os tintos de boa qualidade.
No ano de 2001, a participação de vinhos importados somava 49% dos 60
milhões de litros comercializados no Brasil. Potencialmente, o volume de vinho
comercializado tende a aumentar, pois o baixo consumo, na proporção de 1,8
litro/habitante/ano, está aquém de países que tradicionalmente consomem vinhos,
como a Argentina e a França com 38,4 e 58,7 litros/habitante/ano, respectivamente
(SEIBEL, 2001).
As perspectivas de mercado induzem a importantes ajustes na produção
primária da uva para posterior vinificação. O viticultor deverá adotar tecnologias
mais adequadas, especialmente para aumentar a qualidade da matéria prima que,
segundo PROTAS et al. (2001), ainda apresenta potencial enológico inferior aos
dos principais concorrentes, como o Chile, Argentina, Portugal e França.
Desta maneira, T0NIETTO (2001) avalia que o atual período da
vitivinicultura nacional é caracterizado pela identidade regional, com vinhos
elaborados de melhor qualidade em regiões delimitadas nas ‘Indicações
Geográficas’ que podem valorizar as peculiaridades dos vinhos produzidos em
diferentes regiões, os quais apresentam originalidade e características próprias,
criando assim um fator diferenciador.
19
Na busca da qualidade e tipicidade dos vinhos, é consenso mundial que o
sucesso de um vinhedo comercial depende de fatores naturais, como o clima e o
solo; fatores biológicos relacionados à variedade e ao porta-enxerto; fatores
agronômicos influenciados pelos sistemas de condução e manejo; e por fatores
enológicos relacionados ao processo de vinificação (RUIZ & GOMEZ-MIGUEL,
1999).
Esta observação define, primeiramente, que nas principais regiões produtoras
de vinho no mundo, o clima é caracterizado por invernos frios, com muitos dias
ensolarados e poucas precipitações durante o ciclo vegetativo da videira. Dentre as
regiões Catarinenses, a região de São Joaquim, no Planalto Serrano Catarinense,
devido às características edafoclimáticas mais favoráveis ao cultivo de variedades
viníferas tem despertado o interesse empresarial pela vitivinicultura.
Além da grande expectativa da região em produzir uvas de qualidade para
vinhos finos, associa-se à propensão dos produtores à diversificação de cultura,
após três décadas de dedicação à maçã. Para esses, a ‘uva-vinho’ surge como um
produto de melhor agregação de valor.
Nesse sentido, estima-se que devido às características edafoclimáticas
favoráveis, a região de São Joaquim possa se tornar um pólo regional importante
de vitivinicultura, num futuro próximo. Atualmente, São Joaquim conta com 300
hectares de vinhedos cultivados com variedades viníferas, envolvendo 37 projetos
vitivinícolas entre produtores individuais, empresas e cooperativas, organizados na
Associação Catarinense dos Produtores de Vinhos Finos de Altitude – ACAVITIS
(Brito, 2005 - informação pessoal).
Já o êxito da atividade vitivinícola na região dependerá principalmente de
variedades adequadas. Dentre as variedades nobres para a vinificação, algumas têm
despertado o interesse de produtores da região. Tais variedades apresentam
características que lhes conferem vantagens qualitativas na produção de uva e
vinho. Desta forma, as variedades Chardonnay, Pinot Noir e Cabernet Sauvignon
apresentam-se promissoras, por terem demonstrado bons resultados na produção de
uvas e por produzirem vinhos com características valorizadas no mercado.
20
CONRADIE et al. (2002) descrevem que o complexo de fatores ambientais,
os quais não podem ser modificados pelo produtor, podem ser percebidos no final
da produção e auxiliam na decisão de vários manejos, resultando em distintos
vinhos com identificável origem.
Assim, torna-se importante a definição das características agro-climáticas
favoráveis ao cultivo da videira, uma vez que a região do Planalto Serrano
Catarinense e, principalmente o município de São Joaquim com área de 1.888,1
Km
2
, possuem macros e micros ecossistemas diferenciados nos aspectos de
altitude, declividade, radiação solar, solos, incidência de chuva, vento e geada.
Dentre as regiões cultivadas, a localidade Lomba Seca, no Bentinho,
representada pelos vinhedos Quinta da Neve, já tem demonstrado o seu potencial
enológico com vinhos varietais de Pinot Noir e de Cabernet Sauvignon
merecedores de atenção (GALVÃO, 2005).
No contexto tecnológico, a composição fenólica constitui-se em um fator
determinante das características adaptativas da videira, podendo ser utilizado como
um parâmetro de monitoramento do processo de produção da matéria prima e da
potencialidade do vinho (MARASCHIN, 2003).
Para BEVILAQUA (1995), os polifenóis totais são responsáveis pelas
características peculiares do vinho, como a cor, o odor, o sabor e a adstringência.
Contudo, a concentração, o tipo e a estrutura química dessas moléculas dependem
da localização e do sistema de manejo dos vinhedos. GUERRA (2001) ratifica que
as substâncias aromáticas da uva variam em função da variedade, das condições
edafoclimáticas, da topografia, da localização do vinhedo e do manejo. Tudo isso
compõe o aroma varietal e constitui parte do potencial aromático do vinho.
A avaliação dos dados agro-climáticos de uma região vitícola, com o estudo
do ciclo vegetativo das variedades de videira, finda por revelar o comportamento
adaptativo das plantas e seu potencial produtivo para a vinificação. Para GUERRA
(2001), o acompanhamento da maturação das uvas e os testes de vinificação são
ferramentas utilizadas em todo o mundo vitícola, e são estudos importantes para a
definição da época de colheita e do potencial vitivinícola de uma região.
21
3- REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1- FATORES DO AMBIENTE FÍSICO
O vinho e seus derivados possuem características organolépticas que são a
expressão, acima de tudo, dos fatores naturais que concorrem para a produção da
uva e do vinho (TONIETTO, 2001).
Para RUIZ & GOMEZ-MIGUEL (1999), caracterizam-se como fatores
naturais àqueles sobre os quais o homem não pode ter influência direta e que são
determinantes das características dos vinhos, como a localização geográfica, os
aspectos geomorfológicos, a formação geológica, o solo, o clima vitícola, dentre
outros. Relatam que a localização geográfica de uma região vitícola é representada
pela latitude e pela longitude do lugar, enquanto os aspectos geomorfológicos são
representados pela altitude, pela declividade e pela exposição do terreno. Já a
formação geológica caracteriza o solo através da textura, estrutura, composição
química, profundidade e pela capacidade de retenção de água, ambiente onde as
raízes se desenvolvem. Porém o clima vitícola é percebido principalmente pelo
potencial heliotérmico e hídrico.
Segundo LUCCHESI (1987), o ambiente natural atua através de ‘forças’ que
podem afetar a morfologia, o crescimento e a reprodução vegetal, sendo o meio
físico um importante componente deste ambiente e que podem ser enquadrados em:
(a) Edáficos – descrito pela posição geográfica, topografia e pelo material de
origem do solo, os quais podem influenciar suas propriedades físicas e as
propriedades químicas e;
(b) Climáticos – representado pela nebulosidade, pelo vento, pela chuva, pela
temperatura e pela energia radiante peculiar de uma localidade.
Determinados fatores ambientais atuam sobre o crescimento vegetal de
maneira indireta, como a latitude, a altitude, a topografia, a textura e a estrutura do
solo, ou atuam diretamente como a radiação solar, a temperatura, a pluviosidade, a
aeração e os minerais do solo. A atividade fotossintética, a respiração, o
22
crescimento e o florescimento são os principais processos fisiológicos do vegetal
afetados pelos fatores ambientais (LUCCHESI, 1987).
3.1.1- FATORES EDÁFICOS:
Em relação à latitude, LUCCHESI (1987) relata que quanto maior, mais
próxima dos pólos, menor o potencial de produtividade biológica primária, visto
que nessas regiões, tanto a luminosidade quanto a temperatura são insuficientes
para a produção de biomassa. Já em latitudes menores, comenta que acontece ao
contrário, sendo a potencialidade da produção maior. Discorre que outro efeito
importante da latitude seria em relação ao fotoperíodo, sendo que dias longos
seriam mais favoráveis ao crescimento e à produtividade biológica vegetal.
Contudo, para a produção de uvas utilizadas na elaboração de vinhos finos, a maior
produtividade não reflete na melhor qualidade almejada pelos enólogos e,
posteriormente, pelos consumidores.
É sabido que produtividade elevada nos vinhedos tende a originar uvas com
menor potencial enológico, sendo comum, na nossa realidade, ocorrer
produtividade extremamente elevada com visível diminuição da qualidade da uva
e, consequentemente, do vinho elaborado (TONIETTO, 2001).
Para LUCCHESI (1987), o solo é resultante da ação conjunta do material de
origem, do clima, dos organismos vivos, do relevo e do tempo em si para formar
uma determinada estrutura para que a planta tenha um substrato adequado ao seu
crescimento e desenvolvimento. Relata que através de um corte vertical no solo
pode-se obter uma secção constituída de camadas sobrepostas, denominadas
horizontes A, B, C e D, obtendo o perfil do solo. Descreve o horizonte A como a
camada superficial do solo, exposta diretamente à atmosfera, onde pode haver
perda de nutrientes pela erosão; a seguir o horizonte B onde ocorre o acúmulo dos
nutrientes provenientes do horizonte superior, principalmente de ferro e de
alumínio nas condições de São Joaquim; já o horizonte C é formado pelo material
que deu origem ao solo, em estado de decomposição, e o D pela rocha matriz.
Para São Joaquim, o Levantamento do Reconhecimento dos Solos do Estado
de Santa Catarina (SANTA CATARINA, 1973) apresenta como sendo profundos
23
os solos predominantes da região, com variações rasas, moderadamente drenados,
com cores bruno escura a bruno amarelada, argilosos, friáveis e desenvolvidos a
partir de rochas eruptivas basálticas. Consta que o horinzonte B está caracterizado
pelo alto teor de alumínio e o C pela presença de pedregosidade, apresentando o
solo afloramentos de rocha. Quanto ao relevo e a altitude, observa ser ondulado a
forte ondulado, constituido por declives médios entre 10 a 12% e com altitudes
entre 750 a 1.690 metros acima do mar.
As videiras se adaptam a um amplo grau de tipo de solos. Devem-se evitar
argilas pesadas, solos delgados, solos mal drenados e aqueles que contenham altas
concentrações de substâncias tóxicas (WINKLER, 1980). Para este autor, as
variedades de Vitis viniferao plantas de sistema radicular profundo que
exploram totalmente o solo em profundidades desde 1,8 a 3,0 metros ou mais, se a
penetração radicular não é obstruída por algum obstáculo, por substrato de argila,
por concentrações tóxicas de minerais ou por um nível freático livre.
Contudo, CONRADIE et al. (2002) relataram que nos vinhedos, a distribuição
radicular foi mais afetada por fatores como a umidade do solo, a camada
compactada e a percentagem de pedras e não necessariamente pelo componente
geológico.
WINKLER (1980) também observa que, geralmente, uma alta na fertilidade
do solo não é tão importante como a estrutura do mesmo, pois favorece um amplo
desenvolvimento radicular. Em solos assim, o desenvolvimento da videira é menos
exuberante, com desenvolvimento lento e a largo período de maturação. Em
conseqüência o fruto é mais firme, apresentando um aroma e um sabor mais rico e
agradável. Por pressuposto, a colheita será maior em solos mais férteis, mas o fruto
terá uma textura grossa com uma composição pobremente balanceada e seu caráter
geral será menos satisfatório. Conclui que em solos menos férteis se adaptam as
variedades de vinhos secos de primeira qualidade. Já o rendimento em solos férteis
e profundos, geralmente será o máximo com variedades de abundante frutificação
para vinhos produzidos em massa.
24
Para o autor, a topografia ondulada não é objetável e pode ser vantajosa.
Enquanto que a profundidade, a textura e a composição do solo afetam o
rendimento, a qualidade e o custo de cultivo.
O fator disponibilidade de água nos solos influencia na penetração do sistema
radicular nos horizontes, preferindo, as videiras, solos bem drenados (LUCCHESI,
1987).
Sobre este fato, ORTOLANI & CAMARGO (1987) relatam que a retirada da
água pelo sistema radicular da planta pressupõe que no equilíbrio hídrico do
sistema ‘solo-raíz’ reside um dos problemas fundamentais da agricultura. A água
em excesso no solo altera processos químicos e biológicos, limitando a quantidade
de oxigênio e acelerando a formação de compostos tóxicos à raiz. Por outro lado, a
percolação intensa da água provoca remoção de nutrientes e inibição do
crescimento normal da planta.
De acordo com RANKINE et al. (1971), citado por CONRADIE et al. (2002),
os solos desempenham um papel subordinado ao clima, em termos de efeito na
qualidade dos vinhos. Entretanto, este pesquisador relata que os solos podem ter
um pronunciado efeito, como encontrado no vinho de Cinsaut, cujas características
variaram em função do solo em vinhedos de iguais condições meso-climáticas.
Observa que tipos de solos foram guias ‘pobres’ para descrever o desempenho da
videira e a qualidade dos vinhos, salvo quando considerado em conjunto com o
clima, práticas culturais e requerimentos específicos de variedades individuais.
3.1.2- FATORES CLIMÁTICOS:
CONRADIE et al. (2002) ressaltam que devido à proximidade do mar e a
complexidade da topografia, aspectos do clima podem variar consideravelmente
dentre o panorama global.
O clima, através de elementos como a radiação solar, a temperatura do ar, a
chuva, a umidade relativa do ar e o orvalho, interfere na cultura da videira em
todas as suas fases, tanto no desenvolvimento e crescimento das plantas, como na
interrelação dessas com as pragas e as doenças. Estes elementos são os grandes
responsáveis pela produtividade da cultura (SENTELHAS, 1998).
25
A distribuição estacional da radiação solar é preponderante para que ocorram
os fenômenos físicos e biológicos nas várias regiões do globo terrestre, porém, são
os fatores temperatura e precipitação que afetam significativamente o crescimento
e o desenvolvimento dos vegetais. A umidade do ar complementa o quadro
climático como variável importante principalmente para a observação de doenças
fungicas (ORTOLANI & CAMARGO, 1987).
Segundo TUBELIS & NASCIMENTO (1980), a radiação solar é a energia
recebida pela terra na forma de ondas eletromagnéticas, provenientes do sol. É a
fonte primária de energia que o globo terrestre dispõe, e a sua distribuição variável
é a geratriz de todos os processos atmosféricos. É a energia que se propaga no
espaço com a velocidade da luz, sendo sua natureza dual: podendo ser interpretada
como ondas que possuem um comprimento de onda e freqüência de oscilação, ou
como dezenas de milhares de partículas cada uma com energia e freqüência
equivalente (PEREIRA et al., 2002). Para estes autores, a radiação solar pode ser
medida como fluxo de energia por unidade de área, ou seja, energia por unidade de
tempo por unidade de área, em W.m
-2
. Acrescentam que a radiação solar tem
comprimento de onda entre 0,2 e 4 mm (mícrons, 1 mm = 10
-6
m) e são
classificados em ultravioleta, entre 0,2 e 0,4 mm; visível, entre 0,4 e 0,76 mm; e
infravermelho próximo, entre 0,76 e 4 mm. Relatam que as plantas absorvem
radiação no visível, denominada de Radiação Fotossinteticamente Ativa (RFA) ou
‘PAR’, do inglês Photosynthetically Active Radiation. Já para fenômenos como
evaporação o importante é o total de energia absorvida.
SMART (1987), citado por SENTELHAS (1998), comenta que a videira é
uma planta heliófila que exige radiação solar. Relata que além do efeito direto
sobre a fotossíntese, essa radiação é importante para a cultura, especialmente no
período compreendido entre a floração e a maturação, em razão desse elemento
climático interferir no acúmulo de açúcares contido nos frutos e,
conseqüentemente, na sua qualidade. Para VIEIRA et al. (1999), baixos níveis de
luz favorecem o crescimento vegetativo em detrimento à indução de gemas
floríferas e a frutificação nas videiras da cv. Thompson Seedless.
26
De acordo com LUCCHESI (1987), no outono e por ocasião da proximidade
do inverno, a temperatura e o comprimento do dia diminuem, iniciando a indução
de dormência da planta, principalmente a diferenciação das gemas. Refere-se ao
abaixamento mais acentuado da temperatura, por ocasião do inverno, como o
momento em que ocorre a chamada quebra da dormência, sendo que o período de
tempo e as temperaturas necessárias para tal variam de planta para planta. Para este
autor, esse abaixamento de temperatura resulta em uma diminuição dos inibidores
e, por ocasião da primavera, com o gradual aumento da temperatura, inicia-se o
aumento dos promotores de crescimento e as gemas reiniciam o desenvolvimento.
Para VIEIRA et al. (1999), a temperatura foi o fator primeiramente
responsável pela distribuição de Vitis vinifera L. no mundo. Assim, ORTOLANI &
CAMARGO (1987) observam que a energia contida no meio pode ser expressa pela
temperatura do ar e é resultante do balanço energético que aí se estabelece. A
temperatura do ar afeta os processos de crescimento e de desenvolvimento das
plantas. Cada germoplasma possui seus limites térmicos mínimos, máximos e
ótimos, para cada estádio fenológico.
Para amadurecer seus frutos, a videira tem necessidade de calor,
especialmente no período entre a floração e a maturação da uva. Neste período, a
videira exige temperaturas próximas a 30°C para que a acidez dos frutos não seja
muito elevada. Já extremos de temperatura limitam a viticultura resistindo, a
videira, até -0,5°C na plena floração e na fase de fruto jovem. Contudo, a partir de
39°C até os 45°C ocorre a redução progressiva nas atividades vitais e, acima destas
temperaturas, as atividades cessam, sendo 55°C letal para a planta (GIOVANNINI,
1999).
Segundo MANDELLI (2002), é indicado o valor médio de 10°C de
temperatura mínima basal para videira e, esta, significa o limite abaixo do qual não
ocorre crescimento vegetativo, mas pode ser variável segundo os anos e cultivares.
Com relação a umidade do ar, TUBELIS & NASCIMENTO (1980) a definem
como o vapor d’água que existe na atmosfera e, a umidade relativa do ar, como a
relação percentual entre a concentração de vapor d’água existente no ar e a
concentração de saturação, na pressão e temperatura em que o ar se encontra.
27
GIOVANNINI (1999) observa que, em geral, locais com alta umidade relativa
do ar estão sujeitos a maior incidência de moléstias fúngicas da videira. Em São
Joaquim, média de 51 anos de observação, a umidade relativa do ar foi menor no
mês de agosto e maior no mês de março (Tabela 1, página 45).
O fator climático precipitação pode ser determinado como o processo pelo
qual a água, condensada na atmosfera, atinge gravitacionalmente a superfície
terrestre. Para BEVILAQUA (1995), o efeito das precipitações interfere, além da
sanidade das videiras, na acidez e no teor de açucares da uva e, posteriormente, do
mosto, contribuindo para a perda da qualidade do produto na elaboração do vinho.
TUBELIS & NASCIMENTO (1980) descrevem que a precipitação ocorre sob as
formas de chuva, granizo e neve. Observam que estes fenômenos climáticos,
associados às geadas podem ocorrer num ambiente vitícola.
Sobre a incidência de granizo nos vinhedos, GIOVANNINI (1999) relata que
este fenômeno é prejudicial à videira, pois causa quebra de ramos, rompimento de
bagas e injúrias no lenho. Descreve que nos local onde o granizo bate, formam-se
lesões onde se acumulam esporos de fungos e, com a quebra dos ramos, reduz a
área foliar e a produção.
Para MANDELLI (2002) as condições mais próximas do ótimo para as
videiras seriam as que apresentassem temperaturas no inverno de 7 a 9°C, de curta
duração, com geadas para melhor descanso, insolação intensa, umidade relativa
média do ar de 62 a 68% e regime de chuvas entre 630 e 750mm anuais.
Vários são os índices climáticos com aplicação na viticultura. Os índices
climáticos são utilizados na constatação da variabilidade do clima na viticultura
mundial, pois são relacionados às exigências das variedades, à qualidade da
vindima e à tipicidade dos vinhos (MANDELLI, 2002; TONIETTO &
CARBONNEAU, 2004).
Para JÚNIOR et al., 1994, a caracterização das exigências térmicas para a
videira pode ser realizada utilizando-se o índice Graus-Dia (GD) de Winkler. Os
pesquisadores, avaliando a necessidade térmica da videira 'Niagara Rosada',
constataram que o total de graus-dia necessários para completar o ciclo era
dependente do local analisado.
28
A temperatura útil de crescimento em graus-dia é determinada pela diferença
acumulada durante o ciclo vegetativo, entre a temperatura média diária e a
temperatura base, excluindo os dias em que a mínima basal for maior do que a
temperatura média MANDELLI (2002).
O índice heliotérmico de Huglin leva em consideração as condições térmicas
predominantes durante o período diário, a partir da soma da temperatura média e
máxima diária subtraída da temperatura base, considerada como 10°C. Além disso,
este autor considerou no cálculo o comprimento do dia, propondo o fator de
correção k. HUGLIN (1978), citado por MANDELLI (2003a), relata que o maior
comprimento do dia das latitudes mais elevadas compensa, em certa medida, a
diminuição do fluxo de energia pelo efeito do maior ângulo de incidência.
Considerou que para as latitudes entre 40° e 50° o fator k varia de 1,02 para 1,06.
Mesmo sendo considerada uma cultura de clima temperado em razão de suas
folhas decíduas, a videira tem adaptabilidade a diversas condições climáticas. É
encontrada numa larga faixa, entre as latitudes de 52°N e 40°S, com melhor
desenvolvimento nas regiões de clima mediterrâneo, ou seja, verão seco e quente e
inverno chuvoso e frio (GALET, 1983, citado por SENTELHAS, 1998).
Porém, o macro-clima no município de São Joaquim pode ser classificado
como ‘Frio, de Noites Frias e Úmido’, i.e. moderado, inverno chuvoso e quente,
verão seco (TONIETTO, 2001). Os dados médios da estação meteorológica, para o
período de 51 anos, demonstram que o mês mais frio foi julho, enquanto o mais
quente foi fevereiro. Nestes meses, a precipitação foi de 142,8 e 158,2mm
respectivamente (Tabela 1, página 45).
Por fim, numa região vitícola está contida um conjunto de variáveis, que
incluem condições topográficas, climáticas, edáficas e geomorfológicas
particulares, além do ‘savoir-faire’ do vitivinicultor local. Tais variáveis são
significativas e justificam a qualidade da produção vinícola da região, distinta
daquela encontrada em outras condições brasileiras, bem como em outros países
(TONIETTO, 2001).
Ademais, ORTOLANI & CAMARGO (1987) observam que a importância da
interação ‘edafoclimática-produção agrícola’ é bíblica e recrudescente nos tempos
29
atuais. Apesar dos avanços
tecnológicos, os impactos das irregularidades do clima
traduzem-se por frustrações ou pela
euforia da boa produção.
3.2- ASPECTOS FENOLÓGICOS DA VIDEIRA
A videira encontra-se entre as mais antigas plantas cultivadas pelo homem,
que desde os primórdios de sua existência já se alimentava dos frutos desta planta.
Observa que, através da evolução de seus conhecimentos, o homem aprendeu a
fabricar produtos a partir da uva, como o vinho (ALVARENGA et al., 1998).
Para estes autores, a videira surgiu no período terciário, milhões de anos antes
do aparecimento do homem, provavelmente na atual Groenlândia, conforme
comprovam os achados arqueológicos. Como resultado da separação da videira em
diversos centros de refúgios durante o período glacial, as variedades foram
sofrendo adaptações climáticas que, posteriormente, com o cultivo pelo homem
durante milhares de anos, determinaram o surgimento de variações. Deste modo,
existem diversas espécies e milhares de variedades espalhadas por todo o mundo.
O centro de refúgio europeu, correspondente às regiões próximas ao mar
Mediterrâneo, originou a Vitis vinifera silvestris e, posteriormente, as espécies de
videiras com aptidão vinífera.
Sobre as videiras, WINKLER (1980), JÚNIOR et al. (1994) e GIOVANINNI
(1999) observam que o comportamento fenológico e suas exigências climáticas são
importantes parâmetros utilizados pelo viticultor para o conhecimento das
prováveis datas de colheita das uvas e do planejamento das atividades de manejo
do vinhedo.
Para RODRÍGUEZ et al. (2000), na ecologia vitícola, o estudo da viticultura
mediante o cultivo de variedades de qualidade enológica em regiões
climaticamente apropriadas propicia a delimitação de ‘terroir’. Porém, é
indispensável a definição dos estádios fenológicos que permitam aplicar diferentes
índices bioclimáticos.
30
De FINA & RAVELO (1973), citado por MANDELLI (1984), definem a
fenologia como o ramo da ecologia que estuda os fenômenos periódicos dos seres
vivos e suas relações com as condições do ambiente, sendo a fase vegetativa o
aparecimento, a transformação ou o desaparecimento dos órgãos das plantas.
Para MANDELLI (1984), o ciclo da videira é definido pelo número de dias
que vai do início da brotação à queda das folhas, enquanto o ciclo relativo de cada
variedade é determinado pela comparação com variedades tomadas como padrão,
cuja fenologia média já tenha sido determinada para o local.
RODRÍGUEZ et al. (2000) ratificam que a fenologia da videira estuda os
estádios de crescimento da planta e suas relações com os diferentes fatores
ecoclimáticos, incluindo os estádios do ‘choro’, da brotação, da fase de
inflorescências visíveis, da floração, da maturação dos frutos e da queda das
folhas. Observam que se classificam as variedades de videiras segundo o momento
em que alcançam cada fase do ciclo vegetativo, comparando com uma variedade
pré-estabelecida.
De acordo com estes pesquisadores, a determinação no tempo da aparição e
do desenvolvimento das distintas fases que atravessam as videiras durante seu
ciclo vegetativo, permite a caracterização bioclimática das diferentes variedades a
um determinado ambiente. Ademais, possibilita precisar os termos ‘precoce’ e
‘tardio’ para a denominação de cada fase, permitindo classificar as cepas em
categorias definidas.
A videira cultivada em regiões de clima temperado apresenta ciclos
vegetativos sucessivos intercalados por períodos de repouso. O ciclo vegetativo da
videira é subdividido em vários períodos: o que inicia na brotação e vai até o fim
do crescimento - período de crescimento; o que inicia na floração e se estende até a
maturação dos frutos - período reprodutivo; o da parada do crescimento à
maturação dos ramos - período de amadurecimento dos tecidos. Esses períodos vão
se sucedendo, existindo uma interdependência entre si, sendo que o desenrolar de
um depende daquele que o precede (GALET, 1983, citado por MANDELLI,
2003b).
31
Segundo o pesquisador MANDELLI (2003b), Pulliat (1879) foi o primeiro a
estabelecer uma classificação de variedades tendo como base a época de maturação
da Chasselas Doré. Relata que esta classificação separa as variedades em grupos,
variando dos precoces, que amadurecem 15 dias antes da Chasselas Doré, até os
tardios, que maturam cerca de 45 dias após esta variedade tomada como referência.
BAILLOD & BAGGIOLLINI (1993) utilizaram um código denominado de
BBCH composto por 100 estádios fenológicos utilizados para descrever o processo
seqüencial de desenvolvimento de uma gema desde o repouso vegetativo até a
queda das folhas, na entrada das plantas na dormência (Tabela 2, página 49). Este
sistema apresenta um código decimal de 00 a 100, aplicável junto à cultura,
permitindo considerar um grande número de estádios de desenvolvimento das
videiras.
Quanto ao período de repouso das videiras em climas com invernos frios,
MANDELLI (1984) e (2002) comenta que no final do outono a multiplicação
celular cessa e as folhas caem, pois a temperatura do ar e a do solo são
insuficientes para permitirem o crescimento, entrando as videiras em dormência.
Observa que o crescimento é retomado após a planta ser submetida a um período
de baixas temperaturas, denominado de quebra de dormência. Porém, salienta que
em invernos cujo frio é insuficiente para satisfazer às exigências, acontecem
anomalias fenológicas que redundam na redução dos rendimentos e da longevidade
das plantas.
Para WINKLER (1980) e MANDELLI (2002), o ‘choro’ das videiras após a
poda corresponde à entrada em atividade do sistema radicular da planta, sob ação
direta da temperatura do solo de 10°C. Já o início da brotação, afirmam ser
possível através das reservas acumuladas no lenho, sendo utilizadas até que os
novos tecidos formados estejam aptos a sustentar o desenvolvimento da brotação.
BAILLOD & BAGGIOLINI (1993) descreveram todo o processo de
desenvolvimento de uma gema ainda em repouso, recoberta por escamas
protetoras, ao estádio de ponto verde. Observaram que, durante o período, as
gemas incham, se alongam, abrindo as escamas e aparecendo o jovem broto.
32
Posteriormente, apresentaram os estádios da brotação que correspondem ao
aparecimento das folhas rudimentares, às folhas jovens expandidas e às
inflorescências visíveis, após o estabelecimento de três a cinco folhas.
De forma concisa, estes autores descreveram o florescimento após uma
sucessão de estádios fenológicos, compreendendo os cachos florais espaçados e
alongados sobre os ramos, até as inflorescências típicas com botões florais
nitidamente separados. Semelhantemente, o período de maturação inicia-se na
mudança de cor e prossegue até a maturação das uvas.
Sobre a maturação dos frutos, WINKLER (1980) e MANDELLI (1984)
registram que o início da maturação é caracterizado por profundas modificações,
entre as quais a parada do alongamento dos ramos, a parada temporária do aumento
das bagas, a diminuição da acidez e início do amadurecimento dos ramos. Relatam
que o ciclo vegetativo das videiras finda com o amadurecimento dos tecidos e com
a queda das folhas.
ZULUAGA et al. (1971) e GALET (1983), referenciados por MANDELLI
(1984), comentam que a atividade energética da planta está organizada, primeiro,
para maturar seus frutos e depois, acumular reservas. Afirmam que o ciclo
vegetativo é indispensável à vida da videira e o amadurecimento dos tecidos é
necessário à perenidade da cepa de um ano para outro.
Desse modo, o uso dos estudos fenológicos da videira tem sido um recurso
para o monitoramento e para a classificação das diferentes variedades cultivadas,
justificadas pela cronologia do desenvolvimento de cada fase das plantas no
decorrer de uma safra, numa determinada região (RODRÍGUEZ et al., 2000).
Para MANDELLI (2003a), o conhecimento dos estádios fenológicos é uma
exigência da viticultura moderna, uma vez que possibilita a racionalização de
práticas culturais, que são indispensáveis para o cultivo da videira. Exemplifica
que a data da brotação possibilita a organização da poda e a determinação da data
do tratamento fitossanitário de inverno. Já a data da floração relata ser
fundamental para o monitoramento e controle das podridões do cacho, assim como
a data da maturação das uvas possibilita a organização dos trabalhos de campo,
33
como a colheita e o transporte, e da vinícola, como o recebimento e o uso de
equipamentos enológicos.
3.3- POLIFENÓIS NAS VIDEIRAS E CARACTERÍSTICAS DO VINHO
Uvas de qualidade para a elaboração de vinhos são aquelas provenientes de
um vinhedo sadio, bem manejado, situado em local cujas condições
edafoclimáticas permitem adequado desenvolvimento e maturação dos cachos
(GUERRA, 2001). Neste sentido, salienta o autor, as uvas adequadamente maduras
apresentam uma composição rica e equilibrada em açúcar, acidez e, dentre outros
compostos, de polifenóis.
Segundo TAIZ & ZEIGER (2004), os polifenóis são compostos fenólicos
oriundos do metabolismo secundário e desempenham uma variedade de funções
ecológicas importantes nos vegetais. Descrevem que estes compostos protegem as
plantas contra a herbivoria e contra a infecção por microrganismos patogênicos,
agem como atrativos para animais polinizadores e dispersores de sementes, bem
como atuam como agentes na competição planta-planta.
Além disso, os compostos fenólicos secundários mais abundantes em plantas
são derivados a partir de reações catalíticas aumentadas por fatores ambientais
como baixos níveis de nutrientes, luz e infecção por fungos. Assim, com funções
determinantes na proteção dos vegetais, os polifenóis aumentam com o estresse
gerado pelo meio ambiente ou por doenças. A incidência elevada de luz
ultravioleta sobre os tecidos de frutos promove uma maior produção destes
metabólitos, devido à ativação de genes responsáveis pela sua rota de síntese
(TAIZ & ZEIGER, 2004).
Ainda em ecologia química, é ressaltada a participação de polifenóis em
mecanismos de defesa de plantas como supressores do apetite de insetos, como as
hidroquinonas com função deterrente (CARVALHO et al., 1999, citado por
MARASCHIN, 2003). Nas videiras, os taninos podem atuar como inibidores da
ação dos herbívoros.
34
Por outro lado, os compostos polifenólicos também despertam interesses pelo
seu potencial como agentes antioxidantes, antiinflamatórios e antitumorais na
medicina humana. Estudos apontam que a ingestão regular de frutas, verduras e
outros alimentos ricos em polifenóis, como os vinhos, podem reduzir o risco de
desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Essas evidências sugerem que
doenças causadas por reações oxidativas em sistemas biológicos podem ser
retardadas pela ingestão de antioxidantes naturais encontrados nas dietas,
principalmente de compostos polifenólicos (BEER et al, 2002).
A reatividade dos compostos polifenólicos advém de uma característica
estrutural comum a todos eles que é a presença de um anel aromático hidroxilado,
ou seja, um grupo hidroxila funcional em um anel aromático. A forma mais
simples desse elemento estrutural é o fenol, que assim dá o nome a esta série de
compostos (CABRITA et al., 2003).
Nas videiras, os compostos polifenólicos ocorrem em maiores concentrações
nos tecidos de sementes, nas cascas das uvas, nas folhas e nos ramos. Esses
compostos estão presentes em concentrações que variam de 1 a 4% no engaço, 1 a
2% na casca, de 5 a 8% nas sementes e de 0,1 a 0,3% nos vinhos tintos
(MARASCHIN, 2003).
Nos frutos, os polifenóis encontram-se dissolvidos nos vacúolos das células
da polpa, adsorvidos ou unidos a polissacarídeos nos vasos fibrovasculares e livres
no suco vascular das células da película. Nas películas também se podem encontrar
unidos a polissacarídeos das paredes celulares e a proteínas constituintes das
membranas dos vacúolos. Já em outras partes da planta, por exemplo, nos órgãos
fotossintéticos ou nos órgãos de transporte, encontram-se presentes os mesmos polifenóis
dos frutos (CABRITA et al., 2003).
Para BEER et al (2002), o tipo e o teor dos compostos fenólicos totais nas
videiras podem variar segundo uma série de fatores como o clima, o solo, a
variedade, o sistema de condução, o manejo dos vinhedos e as práticas enológicas.
Desses fatores, TONIETTO (2001) adverte que o clima e o solo não podem ser
influenciados diretamente pelo homem, após a implantação dos vinhedos.
35
Já para a produção de uvas, BEVILAQUA (1995) comenta que a
determinação da concentração dos compostos polifenólicos é um dos parâmetros de
importância para o acompanhamento das videiras e para a definição da época de
colheita das uvas destinadas a elaboração de vinhos de qualidade.
Os polifenóis determinam direta ou indiretamente a qualidade geral dos
vinhos, principalmente os tintos. Os de maior interesse enológico são as
antocianinas e os taninos, sendo as antocianinas pigmentos responsáveis pela cor
das uvas e vinhos tintos, e os taninos relacionados à cor e ao sabor. Além disso,
embora não tenham cor, os taninos reagem com as antocianinas formando
substâncias coloridas, participando da evolução da cor. Também participam do
corpo do vinho, além de serem diretamente responsáveis pelas sensações gustativas
de adstringência e de amargor (GUERRA, 2001).
AQUARONE et al. (1983), citado por BEVILAQUA (1995), ratificam que os
taninos são responsáveis pela adstringência da uva, provocada por uma
combinação com as proteínas contidas na saliva. Quando polimerizados, originam
combinações mais estáveis, explicando a diminuição da adstringência dos frutos no
decorrer da maturação.
Os taninos são definidos por RIBEREAU-GAYON et al. (2003) como
substâncias capazes de se combinar estavelmente com as proteínas e com outros
polímeros vegetais, como os polissacarídeos. Relata que no plano químico, os
taninos são moléculas fenólicas relativamente volumosas, resultantes da
polimerização de moléculas elementares do grupo fenol. Já as antocianinas estão
incluídas no grupo de pigmentos de ocorrência natural, sendo denominadas de
enocianinas quando presentes nos tecidos essencialmente da casca e,
excepcionalmente, na polpa de uvas tintas. Observa que sua estrutura compreende
dois ciclos benzênicos unidos por um heterociclo oxigenado, insaturado e
catiônico, denominado de cátion flavilium.
Outro critério utilizado para mensurar a maturação da uva no Brasil,
mencionado por GUERRA (2001), é o teor de sólidos solúveis totais - Grau Brix
(°B), com o auxílio do refratômetro portátil. Porém, outros compostos, como os
polifenóis, são importantes parâmetros considerados na maturação dos frutos.
36
Quanto às características conferidas aos vinhos, GUERRA (2001) relata que a
procura por vinhos de qualidade justifica-se pela busca do consumo de um produto
capaz de conferir uma sensação imediata e complexa, nos planos visual, gustativo
e olfativo. Observa que um vinho de qualidade possui personalidade, determinada
pela variedade, pela origem e pela competência do viticultor e do enólogo.
A esse pensamento, BEVILAQUA (1995) acrescenta que bons vinhos
possuem equilíbrio entre suas características organolépticas e analíticas, oriundos
de uvas colhidas maduras com uma série de características relacionadas à sua
composição.
Por sua vez, GUERRA (2001) descreve que o vinho é composto de água,
álcoois, ácidos orgânicos, açúcares, polifenóis, minerais, proteínas e peptídeos,
polissacarídeos, vitaminas e compostos aromáticos; sendo o etanol o principal
álcool presente nos vinhos, e os ácidos tartárico, málico, cítrico e láctico os
principais ácidos orgânicos. Já os polissacarídeos atuam sobre a manutenção em
suspensão de moléculas importantes para a longevidade do vinho.
Para este autor, essas substâncias originárias da uva variam em função da
variedade, das condições edafoclimáticas, da topografia, da localização do vinhedo
e do manejo. Relata que todos compõem a chamada tipicidade do vinho, que se
forma durante a maturação da uva e constitui parte de seu potencial enológico.
37
4- OBJETIVOS
4.1- OBJETIVO GERAL
Avaliar as variedades Chardonnay, Pinot Noir e Cabernet Sauvignon (Vitis vinifera
L.) safra 2005, com relação às características vitivinícolas favoráveis à elaboração
de vinhos finos, na condição ambiental da região produtora da Lomba Seca em São
Joaquim, Santa Catarina.
4.2- OBJETIVOS ESPECÍFICOS
9 Monitorar as condições agroclimáticas no cultivo das variedades
Chardonnay, Pinot Noir e Cabernet Sauvignon e relacioná-las ao desenvolvimento
das videiras e à qualidade da matéria prima para posterior vinificação;
9 Estudar os aspectos fenológicos dessas três variedades de videira nas
condições agroclimáticas da região produtora da Lomba Seca, em São Joaquim,
durante a safra 2005;
9 Acompanhar a evolução dos polifenóis totais nas folhas das videiras;
9 Avaliar a qualidade da matéria prima em estudo, enquanto fruto e vinho, ao
longo das fases de maturação dos frutos e do processo de microvinificação,
respectivamente;
9 Observar a melhor época de colheita e práticas culturais dos vinhedos em
função dos estádios fenológicos das videiras e das condições climáticas da região.
38
5- MATERIAL E MÉTODOS
A pesquisa baseou-se em estudos sobre as características adaptativas e o
potencial enológico das videiras das variedades Chardonnay, Pinot Noir e Cabernet
Sauvignon realizados nas condições climáticas de São Joaquim e conduzidos
durante o ciclo de 2004 e 2005.
O experimento desdobrou-se em estudos definidos pela caracterização
geográfica da região vitícola Lomba Seca, em São Joaquim; pelo monitoramento
agroclimático dessa região de cultivo e pelo cálculo dos índices bioclimáticos; pelo
acompanhamento fenológico das viníferas Chardonnay, Pinot Noir e Cabernet
Sauvignon e pela avaliação dos polifenóis totais nas fases vegetativa, nas folhas
das videiras, bem como o potencial enológico das microvinificações dessas uvas.
A situação geográfica dos plantios e o manejo da cultura foram elementos que
não diferenciaram dentre os vinhedos. A fonte de variabilidade ocorreu em função
das variedades de videiras e do clima no período de 2004 e 2005.
Os experimentos foram realizados por pesquisadores vinculados ao programa
de Pós-Graduação em Recursos Genéticos Vegetais da Universidade Federal de
Santa Catarina em parceria com a Epagri – CIRAM de Florianópolis, com a
Estação Experimental de Videira (SC) e com a empresa vitivinícola Quinta da
Neve Vinhos Finos Ltda.
5.1- ÁREA EXPERIMENTAL
5.1.1- DESCRIÇÃO DO LOCAL
Os estudos foram conduzidos na propriedade vitivinícola Quinta da Neve. A
propriedade situa-se nas coordenadas 28°13’06” de latitude Sul e 50°06’35” de
longitude Oeste, pela leitura no GPS - The Global Positioning System (2004)
(Anexo 6), e seus vinhedos localizam-se na comunidade Bentinho, na região da
39
Lomba Seca, no município catarinense de São Joaquim - ficando a uma distância
oeste de 30 km da sede do município, a partir da saída pela rodovia estadual SC-
438 no sentido da cidade de Lages (Anexo 2).
O município de São Joaquim apresenta altitudes que variam de 750 a 1.690
metros acima do mar, evidenciando um diferencial de 940 metros entre as regiões
mais altas e as mais baixas (SILVA, 1999). Altitudes em torno de 1.800 m são
observadas nas nascentes do Rio Lava Tudo onde fazem limite com os municípios
de Bom Jardim da Serra e Urubici, a nordeste do município. Contudo, altitudes
mais baixas são constatadas na região onde o Rio Lava Tudo desemboca no Rio
Pelotas, nas proximidades do Estado do Rio Grande do Sul e do município
catarinense de Lages, a sudoeste da cidade de São Joaquim. Localidades mais altas
são observadas com a proximidade da Serra Geral, formando degraus de altitudes
de regiões mais altas para as mais baixas (Anexo 1).
A topografia característica dessa região é acidentada, com relevo forte
ondulado. Já a geologia geral do município é constituída, essencialmente, pela
Formação Serra Geral (Anexo 3). Essa formação cobre 51% da área do Estado de
Santa Catarina, sendo, portanto a de maior importância na gênese dos solos do
Estado e, especialmente, da região de São Joaquim. As rochas basálticas cobrem
cerca de 1.200.000 km
2
do Estado, numa espessura média de 650 m -
representando a maior atividade vulcânica da idade cretácea inferior. Na ocasião, o
magma basáltico escorreu de grandes fraturas e se espalhou sobre a superfície
formando derrames. Esses derrames normalmente apresentaram diferenças entre as
rochas de uma mesma região, devido às condições de resfriamento do magna. Esse
fato explica a morfologia em degraus dos vales e morros basálticos do município
de São Joaquim. A composição mineralógica dos basaltos é bastante homogênea e
representam fator importante na formação do solo, especialmente os da família da
sílica que permanecem inalterados formando, muitas vezes, níveis de cascalhos
(SANTA CATARINA, 1973).
Os vinhedos Quinta da Neve pertencem à porção mediana da bacia do Rio
Lava Tudo, a 1.230 m de altitude. No local predominam solos classificados como
Cambissolos, tipo Ca76/1 (EMBRAPA, 2006) e, frequentemente, apresentam
40
diaclavamento horizontal de rocha. A correção do solo foi realizada na
implantação dos vinhedos, de acordo com o laudo de análise.
Na bacia hidrográfica do rio Lava Tudo, no município de São Joaquim,
encontram-se glebas acidentadas e pedregosas, com solos do tipo Cambissolos
(Ca76/1), quando medianamente profundos, ou Neossolos Litólicos (Rd3/1),
quando rasos (Anexo 4). Porém, a profundidade efetiva de um solo está
intimamente relacionada à posição do mesmo na paisagem. Os solos identificados
como Ca76/1 e Rd3/1 possuem coloração brunada em seus horizontes, variando de
bruno avermelhado ou amarelado a tons mais escuros. Ocorre ausência de um
processo pedogenético vigoroso, resultando em rochosidade ou pedregosidade em
seus perfis. Estes solos caracterizam-se por apresentarem textura argilosa,
drenagem moderada e baixa fertilidade natural. São solos de relevo montanhoso à
suave ondulado, com profundidade de até 150 cm antes da rocha ou camada de
impedimento. Nos solos com horizonte A húmico, a coloração escura é decorrente
da baixa mineralização da matéria orgânica em virtude das condições climáticas e
da drenagem. Os teores de matéria orgânica nesses solos são médios a altos,
contribuindo para a acidez. Também podem apresentar caráter aluminoférrico
devido aos altos teores de alumínio e de ferro, sendo este último proveniente do
basalto (SANTA CATARINA, 1973).
O rio Lava Tudo e afluentes são os recursos hídricos da região de cultivo. A
rede hidrográfica do município de São Joaquim é drenada pelas vertentes da Bacia
Hidrográfica do Rio Pelotas, abrangendo principalmente o Rio Lava Tudo. Este rio
nasce no município de Urubici e, sua extensão, delimita as divisas territoriais do
município de São Joaquim com Urubici, Rio Rufino, Urupema, Painel e Lages
(Anexo 2).
5.1.2- PARCELAS DE PESQUISA
Os trabalhos foram realizados em vinhedos de Chardonnay, Pinot Noir e
Cabernet Sauvignon, implantados no local definitivo em dezembro de 2000. Todas
as variedades foram cultivadas em terrenos de meia encosta, estando as videiras de
Chardonnay e Pinot Noir cultivadas em vinhedos com declividade de 10% de
41
exposição nordeste (Figura 3, página 58). O vinhedo de Cabernet Sauvignon
apresenta declividade superior e foi cultivado em terraços também de exposição
nordeste. A encosta utilizada para os vinhedos possui exposição para o nascente
solar e é protegida dos ventos frios do sul (Anexos 1 e 6). O vinhedo de Cabernet
Sauvignon da propriedade vitivinícola Quinta da Neve consta de 1.980 plantas, o
de Chardonnay 1.008 plantas e o de Pinot Noir 1.053 plantas, todos distribuídos
em linhas e colunas de produção delimitadas pelos palanques de sustentação da
vegetação. Os trabalhos foram realizados em vinhedos conduzidos em sistema de
condução ‘espaldeira’, no quarto ciclo produtivo.
A condução foi realizada com três fios de arame e regime de poda curta em
duas gemas. A poda foi ministrada no início de setembro, para as variedades
Chardonnay e Pinot Noir, e final desse mês para a Cabernet Sauvignon. A desbrota
foi realizada semanalmente, a partir de outubro até dezembro. Já os tratamentos
fitossanitários foram realizados sempre que necessários e segundo as
recomendações técnicas da cultura.
Para os experimentos, foram selecionadas 150 videiras de Pinot Noir,
Chardonnay e Cabernet Sauvignon cultivadas e dispersas no vinhedo. Os vinhedos
estão distribuídos em 14 linhas e 19 colunas para a variedade Chardonnay, em 14
linhas e 20 colunas para a variedade Pinot Noir e em 20 linhas e 44 colunas para a
variedade Cabernet Sauvignon. As plantas efetivas para os estudos foram
selecionadas segundo a sua sanidade e desenvolvimento na área de cultivo, sendo
desconsideradas as primeiras e as últimas duas linhas e colunas do vinhedo.
Os estudos tiveram início (zero experimental) quando as videiras brotaram
(zero vegetativo). Na prática, o zero experimental foi marcado quando aconteceu a
poda das videiras selecionadas para a pesquisa. Após a poda, foram estudados os
ciclos vegetativo e reprodutivo das variedades, bem como, a evolução dos
polifenóis totais nas folhas das videiras.
42
5.2- CARACTERIZAÇÃO GEOGRÁFICA DA REGIÃO DE CULTIVO
Estudou-se o mapeamento geográfico da região proposta para a pesquisa, a
1.230 m de altitude. Também foram observadas as características topográficas,
geomorfológicas e hidrográficas dessa localidade vitivinícola.
A localização geográfica da região Lomba Seca, em São Joaquim, foi definida
pela latitude e longitude da região; já os aspectos geomorfológicos pela altitude,
pela declividade e pela exposição dos vinhedos; enquanto que a formação
geológica e os solos foram caracterizados pela textura, estrutura, composição
química, profundidade e capacidade de retenção de água.
Para a caracterização da região produtora Lomba Seca foram utilizados os
recursos de localização pelo GPS - The Global Positioning System e pelo programa
‘Google Earth’, disponibilizado na Internet. Para a visualização e descrição da
topografia, das altitudes, dos recursos hídricos, do sistema viário da região, foram
utilizados Mapas. Já para o detalhamento das cotas altimétricas e da localização
dos vinhedos foi empregado o Levantamento Planialtimétrico da Fazenda Bentinho
(2000), atual Quinta da Neve.
Os solos da região foram observados segundo classificação definida pela
Embrapa Solos (EMBRAPA, 2006) e pelo Levantamento de Reconhecimento dos
Solos do Estado de Santa Catarina (SANTA CATARINA, 1973). Os solos dos
vinhedos Quinta da Neve foram caracterizados pelo laudo de análise, realizado
pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, e pelas
informações do Zoneamento Agroclimático e Socioeconômico do Estado de Santa
Catarina (SILVA, 1999), versão preliminar em CD da Epagri.
5.3- MONITORAMENTO CLIMÁTICO DA REGIÃO PRODUTORA
Para o monitoramento das condições climáticas utilizou-se Estação
Meteorológica Automática implantada na sede da propriedade (Figura 1).
43
Os parâmetros climáticos coletados foram: temperatura do ar médias,
máximas e mínimas (°C) e umidade relativa do ar (%) - ambas horárias;
precipitação pluviométrica (mm) a cada 10 minutos; radiação solar global (W/m
2
)
a cada 15 segundos.
Igualmente aos trabalhos desenvolvidos por INTRIERI (1993) e TONIETTO &
CARBONNEAU (2004), adotou-se nesse estudo a temperatura-base o valor médio de
10°C. A temperatura-base pode ser considerada como a temperatura abaixo da qual
não ocorre desenvolvimento vegetativo e que
pode ser definido, segundo os anos e variedades.
O Grau-Dia (GD) de Winkler (WINKLER,
1980) foi calculado a partir do somatório das
unidades térmicas desde a poda à queda das
folhas, em especial o intervalo entre o início da
brotação à colheita, da safra 2005. Para os fins da
pesquisa, considerou-se o período de setembro de
2004 a agosto de 2005 como sendo safra 2005.
Para o cálculo do GD de Wingker, foi
considerada a temperatura–base (Tb) de 10°C para
as videiras e as equações propostas por Villa Nova et al. (1972), citado por
MANDELLI (1984):
GD=(Tm-Tb)+[(TM-Tm)/2], quando Tm>Tb;
GD=[(TM-Tb)
2
/2*(TM-Tm)], quando TmTb e;
GD=0, quando TbTM;
Onde: GD: Graus-Dia,
TM: Temperatura máxima, em °C,
Tm: Temperatura mínima, em °C,
Tb: Temperatura-base = 10°C.
O índice heliotérmico (IH), proposto por Huglin (1978) (ACUNZO, 2003), foi
calculado para o período entre a poda à queda das folhas das videiras, dado por:
Figura 1. Coleta de dados na Estação
Meteorológica Automática, Quinta da
Neve
,
2004.
44
IH={[(Tmed-Tb)+(TM-Tb)]/2}*k;
Onde: IH: Índice Heliotérmico,
Tmed: Temperatura media, em °C,
TM: Temperatura máxima, em °C,
Tb: Temperatura-base = 10°C,
k: Coeficiente de correção por latitude = 1,00 (MANDELLI, 2002).
No monitoramento climático dos vinhedos Quinta da Neve também foram
utilizados os registros dos fenômenos meteorológicos observados durante a safra,
anotados na propriedade e na região, pelos responsáveis da propriedade e por
observadores meteorológicos da Estação Experimental de São Joaquim. Segundo
normas do INMET foram considerados fenômenos meteorológicos a ocorrência de
geada, granizo, neve, nevoeiro, vento e tempestade.
A geada é a ocorrência de temperaturas do ar abaixo de 0°C, podendo dar
origem à formação de gelo sobre as superfícies expostas. Nos vegetais, a
temperatura em que ocorre a morte da planta varia com a espécie, considerando
que a temperatura de congelamento do protoplasma de uma célula depende da sua
concentração de solutos, sendo sempre abaixo de 0°C (TUBELIS &
NASCIMENTO, 1980).
Com a finalidade de caracterizar a safra de 2005 climaticamente, utilizaram-
se as Normais Climáticas de São Joaquim, coletadas a 1.376 m de altitude. Os
dados meteorológicos normais foram estabelecidos pela média dos parâmetros
climáticos captados desde 1955, pela Epagri.
45
Tabela 1. Normais climáticas de São Joaquim, início das atividades 1955. Estação
Metereológica a 1.389 m de altitude (Mx= Máxima; Mn= Mínima; Mx abs.= máxima
absoluta; Mn abs.= mínima absoluta; Relatv= relativa; Anos= Anos observados):
Normais Temperatura (°C) Precipitação (mm) Umidade Radiação Solar Geada
Meses Média Mx abs Mn abs Mx Mn Total em 24h n°de dias Relatv (%) Global (Wm
) (dias)
Jan 17,2 30,8 3,5 22,9 13,2 170,7 39,3 14,3 82,4 402,0 0,1
Fev 17,2 30,1 4,2 22,5 13,5 158,2 42,9 14,1 84 394,2 0,1
Mar 16,1 28,7 0,3 21,4 12,5 121,1 34,5 11,9 84,2 323,0 0
Abr 13,6 26,9 -2,2 18,6 10,1 109,7 36,3 9,6 83,5 302,6 1,5
Mai 11,1 25,2 -7 15,9 7,6 110,5 41,5 9,2 81,3 244,9 4,7
Jun 9,8 22,8 -7,9 14,5 6,3 121,4 38,4 9,6 80 264,9 6,4
Jul 9,6 28,6 -9 14,5 6 142,8 43,8 10 78,2 258,6 6,4
Ago 10,8 27,7 -10 16 6,8 152,4 43,3 10,4 76,1 277,3 4,9
Set 11,6 28,4 -7,5 16,8 7,6 164,2 43,1 11,3 79,5 316,2 3,3
Out 13,2 28,4 -2,4 18,5 9,2 161,5 45,9 11,8 81,1 374,1 1,2
Nov 14,7 31,4 -1,5 20,3 10,4 129,2 34,8 11,4 79,4 412,4 0,6
Dez 16,2 31,4 1,4 21,9 12 134,9 33,8 11,9 80,1 392,3 0,2
Anos 51 51 51 51 51 51 49 50 51 8 52
Fonte: Epagri (2006).
A temperatura do ar média do mês mais frio do município é de 9,6°C. Os
meses de maio a setembro apresentam temperaturas mínimas inferiores a 8°C e,
nesse período, podem ser observadas temperaturas mínimas absolutas negativas.
Porém, as temperaturas de janeiro e fevereiro são mais elevadas e podem atingir
temperatura máxima absoluta de 30,8°C entre os 51 anos de observação. Em São
Joaquim, podem ocorrer geadas em todos os meses, com exceção de março, sendo
a maior incidência do fenômeno entre os meses de maio a agosto. Ainda podem ser
observadas geadas freqüentes em setembro e outubro, momento em que as videiras
mais precoces iniciam sua brotação (Tabela 1).
46
A precipitação é superior a 100 mm em todos os meses do ano. O mês de
janeiro mostrou-se chuvoso, com precipitação de 170,7 mm, em mais de 14 dias de
chuva. As fases fenológicas da maturação e da colheita coincidem com períodos de
menores precipitações, favorecendo a fitossanidade das plantas e dos frutos. Porém
a umidade relativa do ar é elevada em fevereiro e março, em torno de 84 %,
baixando para 76,1 % no mês de agosto. Já a intensidade de radiação solar global é
maior no período entre novembro a fevereiro, com valores superiores a 390 W.m
-
².
Para os meses de maio a julho, a radiação solar global diminui consideravelmente
para valores inferiores a 280 W.m
-
² (Tabela 1).
Fundamentados pelo Sistema CCM Geovitícola – com base de dados
climáticos a uma altitude de 1.415 m, 28°17’39” de latitude Sul e 49°55’56” de
longitude Norte, entre os anos 1972 a 2001 – TONIETTO e CARBONNEAU
(2004) classificaram o clima de São Joaquim como ‘Frio, de Noites Frias e
Úmido’. Estas condições são distintas daquelas encontradas em outras regiões
produtoras de vinhos finos brasileiras, por apresentarem clima vitícola mais frio
com noites frias. Nesta região ocorrem nevadas frequentes e geadas no período de
março a dezembro.
Já pelo Plano Básico de Desenvolvimento Ecológico-Econômica da Região da
Amures (SILVA, 1999), São Joaquim é classificado como clima temperado
constantemente úmido, sem estação seca, com verão fresco, cuja temperatura
média do mês mais quente não ultrapassa os 22°C. O clima é mesotérmico médio,
com temperatura do mês mais frio entre 0 e 10°C, com precipitação pluviométrica
total anual de 1.450 a 1.650 mm, com o total anual de dias de chuva em torno de
135 e a umidade relativa do ar, próxima a 80,5%. Podem ocorrer de 29 a 36 geadas
anuais nessa região.
Com função similar as Normais Climáticas, foram relacionados os dados
climáticos entre as regiões Lomba Seca e centro urbano de São Joaquim, durante a
safra 2005. Objetivando relacioná-las foram realizadas análises de correlação e
regressão utilizando o programa estatístico STATISTICA for
Windows (versão
6.0).
47
A interação entre as Normais Climáticas de São Joaquim e o clima observado
na safra 2005 foi analisada por equações de correlação e regressão através do
STATISTICA (6.0).
5.4- ADAPTAÇÃO DAS VARIEDADES DE CHARDONNAY, PINOT NOIR E
CABERNET SAUVIGNON
Foram realizadas avaliações quinzenais de adaptação e desempenho das três
variedades de videira na propriedade Quinta da Neve.
Os vinhedos foram cultivados com as variedades: Cabernet Sauvignon clone
R5 da Vivai Cooperativi Rauscedo – VCR (Itália), Chardonnay clone R8 da VCR e
Pinot Noir clone R4 da VCR; enxertadas sobre o porta-enxerto Pausen 1103 ISV1 e
em sistema de condução espaldeira. Foram selecionadas 150 plantas segundo sua
sanidade e desenvolvimento uniforme nos vinhedos.
As videiras foram avaliadas para os parâmetros fenológicos brotação,
floração, maturação, colheita e queda das folhas, segundo os estádios de
desenvolvimento das videiras, definidos pelo código BBCH proposto por
BAILLOD & BAGGIOLINI (1993). Também foi observada a duração do ciclo
vegetativo (em dias) para ambas as castas.
Segundo BAILLOD & BAGGIOLINI (1993), a fenologia das videiras é
definida por um código decimal de 00 a 100, cujos principais estádios fenológicos
podem ser identificados pelos números na Tabela 2.
Estádios fenológicos intermediários puderam ser observados através da
utilização da análise de regressão STATISTICA for
Windows (versão 6.0). Estas
equações foram definidas a partir das observações dos vinhedos de setembro de
2004 a agosto de 2005.
A duração dos ciclos das variedades Chardonnay, Pinot Noir e Cabernet
Sauvignon foi avaliada pelo teste de separação de médias SNK (p<0.05)
(STATISTICA, 6.0), estabelecendo entre elas os riscos e as vantagens da
precocidade ou do comportamento tardio.
48
O intervalo de tempo entre o início da brotação e a queda das folhas das
videiras definiu a duração do ciclo vegetativo. O tempo que a videira permaneceu
em repouso vegetativo, período sem atividade de crescimento e sem folhas,
caracterizou a dormência da planta.
Também foram observadas e registradas as datas que marcaram a poda, o
início da brotação, da floração plena, da ‘mudança de cor’ ou ‘pintor’, da colheita
e da queda das folhas das videiras selecionadas para os estudos.
As datas da poda e da colheita das variedades Chardonnay, Pinot Noir e
Cabernet Sauvignon foram definidas segundo orientação técnica da empresa
vitivinícola Quinta da Neve Ltda estando, a decisão de colheita, na propriedade,
baseada no acompanhamento da fenologia dos cachos, dos compostos da uva (°B) e
das condições climáticas favoráveis à colheita.
O início da brotação foi demarcado quando 60% das videiras selecionadas
para o estudo apresentaram o estádio fenológico ‘09’. De forma análoga, a
‘floração plena’ foi estabelecida quando 60% das videiras apresentaram o estádio
fenológico ‘65’, segundo código BBCH (Tabela 2). Já o final da queda das folhas
foi definido quando apenas 20% das folhas permaneciam nas plantas, cuja
coloração era marrom.
A avaliação da ‘maturação’ procedeu-se o acompanhamento das diferentes
fases do fruto desde a mudança da coloração das bagas à ‘madura’ para colheita,
quando o pedúnculo e as sementes dos frutos apresentaram coloração de verde para
marrom.
49
Tabela 2. Descrição dos estádios fenológicos da videira pelo código decimal BBCH,
proposto por BAILLOD & BAGGIOLINI (1993).
Código BBCH Fenologia
00 Dormência
01 Início inchaço das gemas
03 Fim do inchaço das gemas
05 Gemas algodão
07 Início da brotação
09 Brotação: ponta verde visível
11 Primeira folha visível
12 Duas folhas visíveis
13 Três folhas visíveis
15 Cinco folhas visíveis
16 Seis folhas visíveis
51 Inflorescências visíveis
53 Botões da Inflorescência aglomerados
55 Botões da Inflorescência isolados
61 Início da floração
62 20% das flores abertas
63 30% das flores abertas
65 Plena floração: 50% das flores abertas
67 Maioria dos capuchos florais caiu
69 Fim da floração
71 Início do desenvolvimento dos frutos
73 Frutos com 30% de seu tamanho final
75 Frutos com 50% de seu tamanho final
77 Frutos com 70% de seu tamanho final
79 Bagos dos frutos no seu tamanho final
81 Início da maturação
85 Coloração dos frutos: 'véraison' ou ‘pintor’
89 Frutos maduros: colheita
91 Ramos ficam mais lenhosos
93 Início da queda das folhas
97 Fim da queda das folhas
Fonte: BAILLOD & BAGGIOLINI (1993).
50
5.5- POTENCIAL QUALITATIVO DAS VARIEDADES CHARDONNAY,
PINOT NOIR E CABERNET SAUVIGNON
As três variedades foram avaliadas com relação a evolução dos teores dos
polifenóis totais nas fases vegetativa e reprodutiva. Entende-se por polifenóis
totais da videira as antocianinas (total), os taninos e o conjunto dos ácidos
polifenólicos, como o cafeico, gálico, cinâmico, cumárico, ferúlico, vanílico e
siríngico.
Para as análises laboratoriais, utilizaram-se folhas. Esses dados auxiliaram na
definição do potencial da videira, indicando o tipo de vinho que pode ser elaborado
em função das características anterior a matéria-prima.
Durante a fase vegetativa foram realizadas coletas quinzenais de folhas,
dentre as videiras selecionadas para os estudos, 150 plantas segundo sua sanidade e
desenvolvimento uniforme nos vinhedos. Foram coletadas quinze folhas abertas
por visita e por variedade, posicionadas no quinto nó após o cacho. As folhas
coletadas foram desidratadas na estufa a 50°C até a estabilização do peso e,
posteriormente, armazenadas a – 20°C. Essas análises foram realizadas no
Laboratório de Morfogênese e Bioquímica Vegetal da Universidade Federal de
Santa Catarina.
Utilizou-se a metodologia desenvolvida por AMERINE e OUGH (1976) e
adaptada por Maraschin, citado por STRASSMANN (2003), para a extração,
isolamento e purificação dos compostos polifenólicos.
Utilizou-se 5g de folhas secas trituradas acrescidos de 50 mL de água
destilada, em fervura por 20 minutos. O extrato líquido obtido na fervura foi
filtrado a vácuo, compondo uma amostra. A determinação do conteúdo de
polifenóis totais nas amostras em estudo foi realizada utilizando-se o reativo de
Folin-Ciocalteau: sucintamente, a 1 mL de amostra foram adicionados 5 mL de
metanol a 95%; 1 mL desta solução foi retirada e acrescida de 1 mL de etanol a
95%, 5 mL de água destilada e 0,5 mL do reativo de Folin-Ciocalteau. A solução
foi homogeneizada em agitador Vortex e permaneceu em repouso durante cinco
51
minutos. Após este período, adicionou-se 1 mL de carbonato de sódio (5% p/v),
seguida de nova agitação e repouso por 60 minutos, no escuro. A absorbância da
solução foi lida em espectrofotômetro Shimadzu UV 1203 no comprimento de onda
de 725 nm. A curva de calibração foi preparada utilizando-se concentrações de
ácido gálico, um polifenol de ocorrência natural, r
2
=0,99, numa faixa de
concentração entre (0 e 100)ug/0,1mL. Devido à heterogeneidade estrutural dos
compostos fenólicos, os resultados foram expressos em gramas de equivalentes de
ácido gálico.
Para efeitos de análise estatística, três repetições por amostra foram utilizadas
em um sistema de leitura seqüencial, sendo a concentração final do composto de
interesse o valor médio obtido para cada amostra. Os valores médios de
concentração de compostos fenólicos foram analisados comparativamente pelo
teste de separação de médias SNK (p<0.05), com o auxílio do programa estatístico
STATISTICA for
Windows (versão 6.0).
Para a caracterização das fases de maturação das uvas, foi realizada a
medição dos teores dos sólidos solúveis totais médios, em Graus Brix (°B), dos
cachos por intermédio do refratômetro. Os cachos foram coletados aleatoriamente
para o estudo, durante a fase de ‘inicio coloração’ a ‘madura para colheita’. As
bagas foram escolhidas de ambos os lados e na proporção mediana dos cachos.
O comportamento dos sólidos solúveis totais, em Graus Brix (°B), em função
das fases de maturação dos cachos, com as coletas, foi analisado por equações de
regressão (r
2
>0.9), através do STATISTICA (6.0).
As microvinificações foram realizadas na Estação Experimental de Videira
(SC), segundo metodologia descrita por RIZZON & MIELE (2001). Os vinhos
foram elaborados em pequena escala, em microvinificações de 18 kg de uva das
três variedades da safra 2005. Inicialmente a baga foi separada do racemo e, a
seguir, esmagada com uma desengaçadeira-esmagadeira. O mosto foi colocado em
recipientes de 20 litros, adaptados com uma válvula de Müller, nos quais se
adicionaram SO
2
na concentração de 50 mg.L
-1
e leveduras secas ativas
(Saccharomyces cerevisiae) na proporção de 0,20 g.L
-1
. Não foi realizada a
correção do açúcar do mosto. O tempo de maceração foi de cinco dias
52
aproximados, com duas remontagens diárias. A fermentação alcoólica ocorreu em
uma sala com temperatura entre 23°C e 25°C. O vinho foi trasfegado, engarrafado
e depois analisado sete meses após o processamento.
Para efeito de monitoramento do potencial da produção através da
microvinificação, a análise química e física determinou os seguintes parâmetros do
vinho: Sólido Solúvel Total (°B), Acidez Total (meq.L
-1
), pH, Açúcar Redutível
(g.L
-1
), Extrato Seco (g.L
-1
), Álcool (°GL), Taninos (g.L
-1
), Antocianas Totais
(g.L
-1
) e Intensidade da Cor (420, 520, 620).
Os cachos das três variedades destinados a microvinificação foram colhidos
no dia em que foram transportados para a Estação Experimental da Epagri, no
município de Videira, Santa Catarina. A produção foi armazenada em caixas de
isopor banhadas em gelo para a conservação de suas características organolépticas
durante o deslocamento até o processamento.
As potencialidades dos vinhos de Chardonnay, Pinot Noir e Cabernet
Sauvignon da Quinta da Neve, safra 2005, foram avaliadas por degustações
sensoriais e gustativas, realizadas pelo representante do Centro Sperimentale do
Instituto Agrário di San Michele All’Adice da Itália, Dr Marco Stefanini, e pela
equipe de enófilos doutores, mestres, doutorandos e mestrandos ligados ao Centro
de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Santa Catarina.
53
5.6- ANÁLISES ESTATÍSTICAS
Para os estudos sobre caracterização adaptativa das videiras utilizou-se o
Delineamento em Blocos Casualizados, com 150 plantas de Chardonnay, de Pinot
Noir e de Cabernet Sauvignon. As plantas foram selecionadas segundo a sua
sanidade e desenvolvimento na área de cultivo, sendo desconsideradas as primeiras
e as últimas linhas e colunas da área de produção.
Para o estudo sobre o acompanhamento dos polifenóis totais nas videiras
utilizou-se o Delineamento Completamente Casualizado com 150 plantas de
Chardonnay, de Pinot Noir e de Cabernet Sauvignon. As videiras das primeiras e
das últimas linhas e colunas de produção da área de cultivo também foram
desconsideradas.
Os dados foram analisados através do teste de separação de médias SNK e das
análises de correlação e regressão estabelecidas entre os parâmetros estádios
fenológicos, composição polifenólica total e condições agroclimáticas, com o
auxílio do programa estatístico STATISTICA for
Windows (versão 6.0).
54
6- RESULTADOS E DISCUSSÃO
6.1- CARACTERIZAÇÃO GEOGRÁFICA DA PROPRIEDADE VITIVÍNICOLA
QUINTA DA NEVE, NA REGIÃO DA LOMBA SECA
A região da Lomba Seca situa-se a oeste da cidade de São Joaquim, no Km 15
da SQN 270. Os primeiros vinhedos da região datam de 2000, implantados pela
vitivinícola Quinta da Neve. A empresa foi constituída em 1999 e iniciou seus
vinhedos em 2000, sendo o primeiro empreendimento comercial vitícola da Região
de São Joaquim. Suas videiras foram primeiramente cultivadas na encosta norte da
propriedade, onde medram atualmente as variedades Chardonnay, Pinot Noir e
Cabernet Sauvignon (Figura 2 e Anexo 5).
Através da leitura do The Global Positioning System – GPS (2004), a sede da
propriedade Quinta da Neve localiza-se nas coordenadas 28°13’06” de latitude Sul
e 50°06’35” de longitude Oeste, a 1.230 metros de altitude. Como possível
CS
PN
CH
LEGENDA:
CH Vinhedo da variedade Chardonnay
PN Vinhedo da variedade Pinot Noir
CS Vinhedo da variedade Cabernet Sauvignon
Localização Estação Meteorológica
Cotas altimétricas do terreno
( SQN 270, Km 15 Rodovia SC)
1.230 m
Figura 2. Croqui da propriedade Quinta da Neve e localização dos vinhedos, 2006.
55
observar na Figura 2 e no Anexo 5, os vinhedos situam-se a 500 metros de
distância da sede, com um diferencial de, aproximadamente, 60 metros de altitude.
Através do programa de localização geográficaGoogle Earth’ (Anexo 6),
observam-se que os vinhedos Quinta da Neve estão implantados em terrenos de
meia encosta (Figura 3, página 58). Nessa encosta, as linhas de produção das
videiras, conduzidas em espaldeiras, estão dispostas na direção leste-oeste, onde os
vinhedos de Chardonnay e Pinot Noir foram cultivados em terrenos com
declividade de 10% e de Cabernet Sauvignon a 15% de declividade.
Os vinhedos Quinta da Neve são cultivados em Cambissolos (Ca76/1), cujas
características podem ser relacionadas como medianamente profundos, de
coloração bruno-avermelhada, argilosos e desenvolvidos a partir de rochas
eruptivas básicas (EMBRAPA, 2006). Também são reconhecidos como solos
ácidos, de saturação de bases média e baixo teor de alumínio trocável na camada
superficial, sendo médios a altos os teores de matéria orgânica. Este solo ocorre
associado a afloramentos de rocha (SANTA CATARINA, 1973). Nos vinhedos os
solos ocorrem em relevo ondulado e em altitudes que variam de 1.175 a 1.160
metros (Anexo 5).
WINKLER (1980) evidencia que muitos são os solos nos quais se cultivam as
videiras em diferentes países produtores de uva, indicando uma ampla adaptação
das variedades de Vitis vinifera a esse fator. Relata que as videiras podem se
adaptar a diferentes graus de fertilidade do solo e, se a profundidade, a textura e as
condições de umidade forem favoráveis, as videiras sobrevivem em solos onde a
fertilidade é escassa - uma vez que o sistema radicular da videira explora o subsolo
como igualmente a superfície do mesmo.
Ademais, o autor observa não haver correlação entre o nível dos elementos
minerais do solo, com o nível dos elementos químicos dos mostos de vinhos
cultivados em diferentes solos. Portanto, as diferenças no caráter dos vinhos
dificilmente podem ser atribuídas a tipos de solos específicos.
Porém, o solo através de sua composição, textura e profundidade, também
influencia o desenvolvimento fenológico das videiras, pois o estado nutricional da
planta atua sobre as datas de brotação e, posteriormente, da maturação. Vinhedos
56
com excesso de nitrogênio apresentam uma vegetação exuberante e uma
desproporção entre a parte vegetativa e a produtiva (VEGA, 1969; citado por
MANDELLI, 2002).
Segundo o Levantamento de Reconhecimento dos Solos de Santa Catarina
(SANTA CATARINA, 1973), os solos originalmente encontrados nos vinhedos
Quinta da Neve possuem aptidão agrícola limitada em função do relevo e da
presença de pedregosidade e, quimicamente, têm baixa fertilidade natural e alta
acidez, o que lhe confere o caráter alumínico. São solos medianamente profundos,
com textura argilo siltosa e moderadamente drenados.
Potencialmente os solos dessa região podem apresentar impedimentos físicos
e químicos ao desenvolvimento das videiras. Podem ser citados como obstáculos
físicos ao enraizamento das plantas a superficialidade da rocha matriz, em solos
rasos, e o ‘adensamento’ dos horizonte mais profundos. Na camada de
‘adensamento’, concentram-se argilas advindas dos horizontes superiores
tornando-a microporosa, com resistência a penetração das raizes e com taxa de
infiltração de água e trocas gasosas dificultadas. Quanto aos impedimentos
químicos dos solos a viticultura, podem estar relacionados à acidez desses e aos
altos níveis encontrados de alumínio e manganês (MASAMORI, 2005 -
comunicação pessoal)
Nas regiões de São Joaquim onde as videiras foram cultivadas em solos mais
rasos e, geralmente planos, as plantas findaram por apresentar deficiências
nutricionais nos períodos de estiagem, ocorridos nos meses de fevereiro e início de
março de 2005 (Bettú, 2005 - comunicação pessoal).
57
Tabela 3. Análise dos solos cultivados com as variedades Chardonnay, Pinot Noir
e Cabernet Sauvignon (Arg= Argila, P= Fósforo, K= Potássio, MO= Matéria
Orgânica, Al
troc
= Alumínio trocável, CTC= Capacidade de Troca de Cátions,
Ca/Mg= Relação Cálcio Magnésio):
Amostra Variedade
Arg
(%)
pH
(emH
2
0)
P
mg/dm
3
K
mg/dm
3
MO
(%)
Al
troc
cmol/dm
3
CTC
cmol/dm
3
Ca/Mg
2
C.Sauvignon
48 6,0 6,5 91 5,8 0,0 19,2 2,7
3
Chardonnay
51 5,9 3,2 105 5,7 0,0 16,9 2,7
Pinot Noir
Fonte: Departamento de Solos – UFRGS, 2004.
O laudo de análises do solo de 2004 para as amostras 2 e 3
1
dos vinhedos
Quinta da Neve (Tabela 3 e Anexo 7), após correção do solo realizada em 2000,
demonstra que a porcentagem de argila foi de 48 e 51% para as amostras 2 e 3,
respectivamente. Estes solos foram considerados argilosos, cujo teor influenciou
na disponibilidade de fósforo. Já os teores de potássio disponíveis para as videiras
foram baixos nas amostras 2 e 3, nos respectivos valores de 91 e 105 mg/dm
3
e em
pHs tendendo a neutro de 6,0 e 5,9.
De acordo com a análise, os solos cultivados com Chardonnay, Pinot Noir e
Cabernet Sauvignon não apresentaram alumínio trocável (0,0 cmol
c
/dm
3
) na
camada analisa de 50 cm de solo. Entretanto, originalmente, esses solos possuem
alumínio em quantidades altas, principalmente nos horizontes mais profundos,
limitando o enraizamento das videiras ao primeiro metro da camada. Nestas
condições, esperam-se encontrar problemas em relação à longevidade das plantas,
contudo, não a qualidade dos vinhos (BETTÚ, 2005 - comunicação pessoal).
Segundo BETTÚ (2005 - comunicação pessoal), o fósforo normalmente não
está disponível para as plantas nesses solos, sendo preferível uma situação em que
é encontrado em excesso. Relata que o contrário pode ser citado para o potássio,
sendo aconselhável menor quantidade devido à acidez dos solos.
1
Amostra 2: Área cultivada com a variedade Cabernet Sauvignon;
Amostra 3: Área cultivada com as variedades Chardonnay e Pinot Noir.
58
Pelo laudo, observou-se que o fósforo está presente em baixa quantidade (3,2
mg/dm
3
) nos vinhedos de Chardonnay e Pinot Noir e em quantidade considerada
média (6,5 mg/dm
3
) no vinhedo de Cabernet Sauvignon.
Os teores de matéria orgânica obtidos foram médios, apresentando valores
acima de 5% para as áreas cultivadas com Chardonnay, Pinot Noir e Cabernet
Sauvignon. Resultados considerados altos foram encontrados para a Capacidade de
Troca de Cations (CTC), nos valores de 19,2 e 16,9 cmol
c
/dm
3
nas amostras e a
relação Ca/Mg baixa nas análises.
Já no estabelecimento do vinhedo, WINKLER (1980) enfatiza que as videiras
têm um enraizamento profundo e necessitam de boa drenagem. Observa que, em
terreno ondulado, as encostas drenam-se com o escorrimento natural bacia abaixo e
que, em terreno plano, a drenagem apresenta maior dificuldade. Relata que nos
solos onde necessitam de drenagem, devem ser manejados por meio de tubos e
valos com pedras.
Por conseqüência, solos apropriados ao cultivo de videiras em São Joaquim
podem ser os de meia encosta, cujos perfis são mais profundos, porosos e bem
drenados. Esses solos dificilmente apresentam ‘lageiros’ e superfícies encharcadas
comuns na região, porém são de baixa fertilidade natural. Igualmente, WINKLER
(1980) salienta que a alta fertilidade do solo, não é tão importante como a estrutura
do mesmo, pois favorecem um amplo desenvolvimento radicular. Observa
inclusive que o desenvolvimento da videira menos exuberante implica em
produção de uvas de melhor qualidade.
Os vinhedos Quinta da Neve
foram cultivados em terrenos de
meia encosta, cujo escoamento
das precipitações acontece
naturalmente através da
declividade existente entre as
linhas de produção (Figura 3).
Visando ao escoamento adequado quando da ocorrência de chuvas persistentes,
observam-se drenos na extensão das vinhas. Realizados no momento da
Figura 3. Vinhedos Quinta da Neve cultivadas em terrenos
de meia encosta, 2004.
59
implantação do vinhedo, os drenos facilitam e conduzem o escoamento das águas
superficiais mais rapidamente e de forma adequada para fora da área de cultivo.
Quanto à declividade dos vinhedos, WINKLER (1980) descreve que as
videiras devem ser cultivadas, preferencialmente, em terrenos suavemente
ondulados, com uma pendência uniforme na direção do escorrimento da água.
Notifica que, onde a declividade do terreno for maior do que 10% utiliza-se o
terraceamento do solo, para assegurar menor erosão nos vinhedos e facilitar o
transporte e o cultivo.
Visando minimizar a erosão nos vinhedos da Quinta da Neve, foram
utilizados terraceamentos no cultivo da variedade Cabernet Sauvignon. Este
vinhedo possui uma declividade de 15% e sua manutenção é realizada nas ruas
formadas entre as linhas de produção.
Outro fator está nas influências hídricas, mesmo para regiões que possuem
água suficiente para as demandas do ciclo da videira. No entanto, na implantação
de novos vinhedos na região de São Joaquim, deve-se observar a incidência de
névoas ou neblinas nas áreas próximas à ‘calha’ do Rio Lava Tudo e outros
afluentes do Rio Pelotas. O fenômeno acontece mediante a inversão térmica
provocada pelas pronunciadas noites frias e dias quentes principalmente da
primavera e do verão, com umidade elevada. Névoas e neblinas proporcionam
ambientes úmidos e pouco ensolarados. Em algumas regiões, e em determinadas
épocas, a névoa se dissipa em horas avançadas do dia, ocasionando molhamento
superficial das folhas e frutos e menor insolação das videiras. Esta condição
favorece o aparecimento de doenças fúngicas e, por conseguinte, frutos de baixa
qualidade.
Névoas e neblinas também foram observadas em vinhedos instalados em áreas
mais próximas a Serra Geral, onde esses fenômenos são freqüentes devido às
massas de ar, com umidade e quente, provenientes do Oceano Atlântico.
Nos Anexos 1 e 6 observa-se que a propriedade Quinta da Neve, em seu
limite norte, é banhada pelo arroio Bentinho, cujas águas desembocam no Rio
Lava-Tudo. Os vinhedos Quinta da Neve distam 7 Km do curso do Rio Lava Tudo,
60
onde não são freqüentes névoas densas pelas manhãs, embora possíveis de serem
observadas.
A formação de geada também é favorecida em função da localização dos
vinhedos na paisagem, onde os terrenos mais baixos possuem condições favoráveis
à sua incidência. Segundo PEREIRA et al. (2002), a situação local é agravada pelo
relevo da região, afetando o acúmulo de ar frio. Em situação de geada, os locais
mais baixos são os que estão sujeitos a maiores danos.
Já as popularmente conhecidas ‘chuvas de pedra’, ou granizos, tendem
ocorrer ano após ano nos mesmos locais, sendo as rotas que essas seguem afetadas
por condições de relevo (GIOVANINI, 1999). A rota de granizo na região da
Lomba Seca finda por ser desviada pela formação montanhosa Monte Alegre,
situada a nordeste da comunidade Bentinho.
6.2- ACOMPANHAMENTO AGRO-CLIMÁTICO DA REGIÃO PRODUTORA
De acordo com WINKLER (1980), as variedades, assim como a vinificação e
o manejo do vinhedo, por meio de características como o aroma e os constituintes
do sabor, determinam o tipo de vinho a ser produzido, entretanto, o clima
influencia a relação açúcar/acidez e o conteúdo em tanino e definem a sua
qualidade. Por sua vez, TONIETTO (2001) acrescenta que as diferenças climáticas
entre os anos de produção indicam a ‘identidade’ de um vinho através das safras.
Estes autores salientam a importância dos efeitos do clima sobre as
características das uvas e, posteriormente, dos vinhos. As videiras podem ser
resistentes às condições extremas de frio e de seca enquanto permanecem em
dormência, mas necessitam de climas favoráveis no decorrer de seu
desenvolvimento vegetativo e reprodutivo. Condições climáticas propícias ao
desenvolvimento das videiras são aquelas em que as estações do ano são bem
definidas, com verões quentes e secos e invernos frios e úmidos.
A uva vinífera necessita de verões longos, desde moderados a quentes e
secos, e invernos amenos. Essas plantas não se adaptam a verões úmidos, devido à
61
suscetibilidade da videira a certas enfermidades criptogâmicas, como os fungos
(WINKLER, 1980).
A região sul-brasileira encontra-se em áreas que, em termos de comparação
com a viticultura mundial, seria considerada inadequada, devido ao excesso de
umidade atmosférica. No entanto, sendo escolhidas as melhores macro e micro
regiões, cultivares adaptados e adotando-se práticas culturais condizentes, pode-se
chegar a produções de alta qualidade (GIOVANINI, 1999).
A seguir são descritas as observações da Estação Metereológica instalada na
propriedade Quinta da Neve, na Lomba Seca, dos dados de setembro de 2004 a
agosto de 2005 a partir da temperatura, da precipitação, da umidade relativa do ar e
da radiação solar global. Este período, para efeito de compreensão, será
considerado doravante safra vitícola 2005.
De acordo com a Figura 4, na safra 2005 ocorreu a temperatura máxima de
31,7°C registrada no dia 7 de janeiro de 2005, superior a maior temperatura
observada nos últimos 51 anos registrados em São Joaquim (Tabela 1, página 45).
Constataram-se temperaturas negativas nos meses de junho e julho, nos valores de
-4,1 e -4,9°C respectivamente. Pelas normais climáticas são possíveis temperaturas
abaixo de 0°C entre os meses de abril a novembro.
De fato, o mês mais quente foi janeiro, com temperatura média em torno de
20°C, e o mais frio o mês de julho, com temperatura média de 9,5°C; observando
que a temperatura média do período considerado foi de 15,4°C (Figura 4).
Acompanhando a tendência entre os meses mais quentes e frios do período, as
temperaturas observadas na safra 2005 foram semelhantes às registradas nas
normais.
62
18,3
12,6
28,7
27,3
26,8
5,4
0,5
6,0
8,4
3,1
-2,8
-0,2
12,8
15,9
14,5
16,4
17,9
18,8
15,0
12,8
9,5
20,0
15,4
27,5
26,7
28,3
29,9
24,5
23,9
23,9
31,7
31,1
9,4
7,0
9,2
-4,1 -4,9
-10
-5
0
5
10
15
20
25
30
35
set/04 out/04 nov/04 dez/04 jan/05 fev/05 mar/05 abr/05 mai/05 jun/05 jul/05 ago/05
Temperatura (°C)
Temp.média Tem.média da safra Temp.máx abs Temp.mín abs
Figura 4. Temperatura do ar média da safra e temperaturas médias, máximas
absolutas e mínimas absolutas nos meses da safra 2005. Estação Meteorológica da
Lomba Seca, 1.230 m de altitude.
Nessa época, foram registradas amplitudes térmicas diárias entre 1,6°C, em
maio e junho, a 22,7°C, em outubro, indicando maiores mudanças de temperatura
no início da primavera e na plena floração das videiras. Contudo, na entrada do
outono e na proximidade da colheita, durante o mês de março, constatou-se
amplitude térmica de até 18,8°C, cuja média mensal foi de 12,5°C. Na safra, a
amplitude térmica média foi de 10,5°C.
A precipitação pluviométrica total da safra de 2005 foi de 1.655 mm, situação
próxima a normal climática para a região de São Joaquim (Tabela 1, gina 45, e
Figura 5). Observando a Figura 5, as precipitações diminuem nos meses mais
quentes, principalmente de dezembro a fevereiro. Está demonstrado que no mês de
setembro choveu em torno de 280 mm, diminuindo o fenômeno para,
aproximadamente, 48 mm no mês de fevereiro, evidenciando um verão mais seco
que as demais estações.
As normais climáticas indicam os meses de abril e maio com menor
precipitação, contudo acima de 100 mm. Esse período mais seco precede outro
mais chuvoso, entre os meses de janeiro e fevereiro.
63
283,5
105,8
63,0
105,2
47,8
152,6
136,0
235,0
120,8
87,9
202,1
115,2
72,0
84,1
0
50
100
150
200
250
300
set/04 out/04 nov/04 dez/04 jan/05 fev/05 mar/05 abr/05 mai/05 jun/05 jul/05 ago/05
Precipitação (mm)
50
60
70
80
90
100
Umidade (%)
Precipitão (mm) Umidade Relativa (%)
Figura 5. Precipitação total (mm) e umidade relativa do ar (%), nos meses da safra
2005. Estação Metereológica da Lomba Seca, 1.230 m de altitude.
A Figura 5 mostra que os meses de abril a junho foram os mais úmidos.
Umidades relativas mais altas foram observadas no mês de abril e junho de 2005 e
a mais baixa em outubro de 2004, nos valores médios de 84,1 e 72%
respectivamente. Esse período apresentou umidade relativa do ar média de 78,37%.
Estão apresentados na Figura 6 os valores de radiação solar global total para
os meses da safra de 2005. O mês de janeiro foi superior com taxa de radiação
global de 431,7 W.m
-
² enquanto o mês de setembro apresentou menor valor de
radiação com 218,2 W.m
-
². Verificou-se também que durante o período de
maturação das uvas, nos meses de fevereiro a abril, foram registradas intensidades
de radiações solar em torno de 336 W.m
-
².
Valores similares foram observados por VIEIRA (2005) que quantificou, na
região do Planalto Norte, em Canoinhas-SC, picos máximos de radiação solar
global entre 300 a 400 W.m
-
² no período de novembro de 2004 a março de 2005.
Porém valores inferiores a 200 W.m
-
² de radiação solar média foram observados
nos meses de junho, julho e setembro.
Nessa safra, a maioria dos meses apresentou valores médios de radiação solar
global inferiores às normais climáticas dos últimos 8 anos (Tabela 1, página 45),
caracterizando uma safra de menor intensidade de energia luminosa, em especial
para o mês de setembro (Figura 6). Esse mês apresentou a menor radiação solar
64
global média da safra, no valor de 218,2 W.m
-
², e em torno de 100 W.m
-
² a menos
de radiação do que se espera para o mês. Esse fato pode ter refletido negativamente
na brotação e crescimento inicial das videiras, período em que são podadas e
principiam suas brotações.
Analisando os meses dessa safra pelas quatro estações do ano, verifica-se
maior radiação solar durante o verão (janeiro-fevereiro-março), com média de
404,6 W.m
-
², seguida pela primavera (setembro-outubro-novembro) e outono
(março-abril-maio) com 338,7 e 287,2 W.m
-
², respectivamente. O inverno (junho-
julho-agosto) ocorre a menor taxa de radiação solar com 251,6 W.m
-
².
Os valores coletados em radiação solar global total (W.m
-
²) foram convertidos
para a radiação fotossinteticamente ativa (µmolfotons.m
-2
.s
-1
), que é a energia
radiante fixada em energia química potencial para as plantas realizar os processos
de manutenção e produção. Conforme a recomendação de LARCHER (2000) o
valor de 45% de 1 W.m
-
² pode ser convertido em 4,6 µmolfotons.m
-2
.s
-1
. Assim,
observa-se na Figura 6 que durante a safra 2005 os valores médios estimados de
RFA (Radiação Fotossinteticamente Ativa) variaram de 451,7 µmolfotons.m
-2
.s
-1
(218,2 W.m
-
²), em setembro de 2004, para 893,6 µmolfotons.m
-2
.s
-1
(431,7 W.m
-
²),
em janeiro de 2005, valores médios estes de RFA suficientes para que as videiras
realizarem adequadamente o processo fotossintético. Para REGINA (1993) a
atividade fotossintética das folhas de videira responde de maneira linear ao
aumento de radiação até a valores situados entre 500 a 700 µmolfotons.m
-2
.s
-1
até
chegar ao ponto de saturação entre 800 a 1000 µmolfotons.m
-2
.s
-1
. Para este mesmo
autor, Stev e Slavtcheva (1982), demonstraram que o ótimo da fotossíntese para a
variedade Cabernet Sauvignon se situa entre 500 e 700 µmolfotons.m
-2
.s
-1
e acima
de 800 µmolfotons.m
-2
.s
-1
a fotossíntese não responde ao aumento da radiação.
65
241,2
229,4
218,2
408,0
390,0
392,0
431,7
390,1
346,7
287,5
237,8
273,6
893,6
807,5
717,6
844,6
807,3
811,4
474,9
492,2
595,1
566,4
451,7
499,3
0
200
400
600
800
1000
set/04 out/04 nov/04 dez/04 jan/05 fev/05 mar/05 abr/05 mai/05 jun/05 jul/05 ago/05
Radiação solar global (W.m-2)
0
200
400
600
800
1000
Radiação fotossint. ativa (micromolfotons.m-2.s-1)
Radião Solar (W.m-2) RFA (µmolfotons.m-2.s-1 )
Figura 6. Médias da Radiação Solar Global (W.m
-
²) e Radiação
Fotossinteticamente Ativa – RFA (µmolfotons.m
-2
.s
-1
) nos meses da safra 2005.
Estação Meteorológica da Lomba Seca, 1.230 m de altitude.
Relacionando as informações meteorológicas da safra 2005, na região vitícola
Lomba Seca em função das condições climáticas encontradas na cidade de São
Joaquim, através da equação de correlação y=1,0332*x+0,3381, com R²=0,97
(STATISTICA 6.0), observou-se que a região da Lomba Seca foi mais quente, em
média 1,5°C, variando este acréscimo entre 2,5°C, em janeiro, a 0,37°C, em agosto
(Anexo 8).
Sendo assim, a temperatura do ar média, no mês de janeiro, foi de 17,5°C, na
cidade de São Joaquim, e de 20,1°C na localidade Lomba Seca. Já o mês de agosto
teve temperatura do ar média de 12,4°C e 12,8°C nessas regiões.
Na Lomba Seca, a precipitação total do período foi de 1.655mm, sendo
172,7mm mais chuvosa que a cidade de São Joaquim. Porém na época de
maturação e colheita das uvas, a região da Lomba Seca apresentou menor
pluviosidade, sendo a diferença de -24,7, -83,5 e -15,7 mm nos meses de janeiro,
fevereiro e março, respectivamente (Anexo 9). Observa-se que a equação de
correlação encontrada para o parâmetro precipitação entre as localidades foi de
y=0,0063*x²+0,9298*x+0,722, com R²=0,95 (STATISTICA 6.0).
66
Nessa localidade, os meses de setembro de 2004 a agosto de 2005
apresentaram particularidades no decorrer da safra e dos estádios fenológicos da
videira:
6.2.1- SETEMBRO
Em setembro as videiras iniciaram a brotação sob temperatura média de
15,9°C. De acordo com o Anexo 12, as temperaturas absolutas oscilaram entre
5,5°C a 27,1°C, com amplitude térmica alcançando 15,8°C, no dia 25. Porém,
foram observadas temperaturas máximas absolutas menores que a média mensal,
nos dias 11, 12 e 15, e temperaturas mínimas absolutas maiores, nos dias 4 a 8.
a umidade relativa do ar variou entre 72,2 a 96,9%, com média de 82%.
Em termos anuais, setembro foi o mês que recebeu menos radiação solar em
relação aos demais meses da safra. Nesse mês, a radiação solar global média foi de
218,2 W.m
-
², sendo os picos mínimos e máximos registrados de 11,4 a 501,2 W.m
-
²
(23,6 a 1.037,5 µmolfotons.m
-2
.s
-1
).
De fato, setembro foi o mês mais chuvoso com a precipitação total de 283,6
mm, em 14 dias. Nesse mês foram marcantes a alta precipitação e umidade, com a
presença de nevoeiro. Nestas condições, cuidados fitossanitários nas brotações
fizeram-se necessários em função do favorecimento à infecção de fungos
Sphaceloma ampelinum e Plasmopara viticola causadores da Antracnose e do
Míldio, respectivamente. Outros fenômenos meteorológicos foram observados
como ventos e tempestades (Anexo 10).
A antracnose, o míldio e o oídio foram as doenças fúngicas observadas nos
vinhedos da localidade Lomba Seca, em São Joaquim. Estas se instalam e se
desenvolvem em função do estádio fenológico das videiras e das condições
favoráveis de umidade e de temperatura. A antracnose atinge as partes verdes da
planta, ocorrendo em primaveras com umidade abundante e freqüente, cujas
temperaturas mais baixas ficam entre 15 a 18°C. O míldio atinge a folha, flor,
frutos e ramos herbáceos; condições de alta umidade e temperatura moderada a
alta, entre 15 a 25°C, favorecem seu desenvolvimento. Entretanto, o oídio prefere
67
clima quente e seco, atingindo a face superior e inferior da folha e causando
rachaduras nas bagas (WINKLER, 1980; GIOVANINI 1999).
Na região de São Joaquim foi registrada nesse mês queda de granizos e
incidência de geadas fracas em duas ocasiões, contudo não foram observados esses
fenômenos na propriedade Quinta da Neve (Anexos 10 e 11).
6.2.2- OUTUBRO
Em outubro, as videiras de Chardonnay, Pinot Noir e Cabernet Sauvignon
encontravam-se em diferentes estádios fenológicos, incluindo a brotação, na
variedade mais tardia, até o início da floração, na mais precoce. Em outubro foram
registradas temperaturas menores e geadas, mostrando ter sido um mês
ligeiramente mais frio em relação a setembro (Anexo 13).
Como observado nos Anexos 10 e
11, ocorreram geadas fracas e
moderadas em outubro. Nos registros
da Epagri aconteceram inúmeras
geadas e incidência de granizo na
região de São Joaquim, embora este
último não tenha sido observado na
propriedade.
Essas geadas tardias findaram por prejudicar o desenvolvimento das
variedades mais precoces, sobretudo as videiras de Chardonnay (Figura 7). Nas
videiras de Chardonnay e, em menor grau, nas de Pinot Noir, as brotações e as
inflorescências foram ‘queimadas’ pela geada e, dependendo da localização das
plantas no vinhedo, foram mais atingidas devido às condições oferecidas pelos
terrenos mais baixos e pela umidade presente. Como resultados, aconteceram
subdivisões nos ramos de produção, denominados de ‘netos’, e aborto de flores ou
de cachos florais.
Na maioria das variedades, os netos não são férteis e o crescimento excessivo
desses ramos pode provocar um desequilíbrio nutricional na planta, prejudicando o
Figura 7. Videiras de Chardonnay atingidas pelas
geadas tardias do início de outubro. BBCH: 55.
Q
uinta da Neve
,
10/10/05.
68
desenvolvimento do ramo principal. No caso da morte do ramo principal pela
geada, formam-se netos para repor a vegetação da videira (GIOVANINI, 1999).
As geadas são freqüentes na região de São Joaquim (Anexo 11). Na Quinta da
Neve foram registradas 12 incidências de geada, com intensidade entre fraca a
moderada, durante o ciclo da videira de 2005 (Anexo 10). As geadas são
favorecidas quando a baixa temperatura do ambiente (< 0°C) resfria a massa de ar
da superfície do terreno que, por sua vez, migra para locais mais baixas, onde o
vapor de água se condensa, antes da formação do orvalho (LARCHER, 2000).
Em outubro a temperatura média foi de 14,5°C, com temperaturas máximas e
mínimas absolutas em torno de 27°C, no dia 30, e de 0,5°C, no dia 7. Nesse mês
foram constatadas grandes amplitudes térmicas, sendo o valor máximo da safra de
22,7°C registrado no dia 7 desse mês.
A precipitação total baixou para 115,2 mm em relação ao mês anterior. A
umidade relativa do ar média foi de 72%, contudo a umidades mais elevadas foram
observadas entre os dias 10 a 13 e 22 a 25. Também foi um mês com maior
intensidade luminosa, com radiação solar global média de 408,04 W.m
-
². Os picos
mínimos e máximos estiveram entre 122,2 W.m
-
², no dia 25, a 570,4 W.m
-
², no dia
29, ou seja, 252,9 a 1.180,8 µmolfotons.m
-2
.s
-1
(Anexo 13).
6.2.3- NOVEMBRO
Novembro apresentou menor incidência de geadas, granizos e tempestades.
Nos vinhedos Quinta da Neve ocorreu geada fraca, sem prejuízo a cultura.
Entretanto, geada de intensidade moderada e granizo foram observados no
município de São Joaquim (Anexos 10 e 11).
Em novembro aconteceu a florada da maioria das videiras. Nesse período
ainda observaram-se ventos associados a temperaturas mais baixas, podendo
provocar prejuízos à polinização e levar ao ‘desavinho’ da produção, porém não
diagnosticados nos vinhedos Quinta da Neve. No desavinho, as flores não
fecundadas secam e caem, deixando uma pequena cicatriz no lugar ocupado pelo
botão. Em outro caso, as flores parcialmente fecundadas iniciam seu crescimento,
69
ficando o cacho, depois de maduro, entremeado de bagas coloridas e grandes com
bagas pequenas e verdes (CONRADIE, 2002).
Nesse mês, temperaturas mais baixas foram observadas principalmente entre
os dias 19 a 21. A temperatura e a amplitude térmica média foram de 16,4 e
11,2°C, respectivamente. A maior amplitude térmica diária observada no mês
aconteceu no dia 21, quando as temperaturas variaram entre 6 a 23,7°C.
A precipitação foi bem distribuída no período, somando um total de 105,8
mm, em 12 dias. Umidade relativa do ar mais alta foi observada por volta do dia
10, quando atingiu um valor de 95,9%. Porém, a umidade relativa do ar média
observada no mês foi de 78% (Anexo 14).
Neste período, a radiação solar global foi de 390 W.m
-
², cujo pico máximo foi
registrado no dia 23, com a incidência de 572,5 W.m
-
² (1.185 µmolfotons.m
-2
.s
-1
). No
dia 11, a radiação solar foi de 111 W.m
-
² (229,7 µmolfotons.m
-2
.s
-1
), pico mínimo
observado. Neste dia, findou chovendo 28 mm, maior precipitação registrada em
novembro.
6.2.4- DEZEMBRO
Em dezembro observou-se a floração e o desenvolvimento dos frutos. Nesse
mês as temperaturas subiram, oscilando em torno de 18°C. O dia 22 foi o mais
fresco, com temperatura média de 12,4°C e baixa amplitude térmica de 3,8°C
(Anexo 15).
Dezembro foi um mês seco, com poucas precipitações, mas bem distribuídas.
A precipitação total registrada foi de 63 mm, em 15 dias, e a umidade relativa do
ar média de 75,6%.
A radiação solar global registrada foi de 392 W.m
-
², sendo os picos máximos
e mínimos de 537,3 e 101,1 W.m
-
² (1.123,8 a 209,3 µmolfotons.m
-2
.s
-1
),
respectivamente. Notifica-se que estas condições foram favoráveis à incidência de
oídio, sendo necessários cuidados fitossanitários no vinhedo.
No mês, não foram observadas geadas ou granizos na propriedade. Entretanto,
verificou-se a ocorrência de tempestade e, segundo registro da Epagri, caiu granizo
em determinados lugares do município (Anexos 10 e 11).
70
6.2.5- JANEIRO
O mês de janeiro de 2005 foi o mais quente da safra, mostrando temperatura
média de 20°C. As temperaturas máximas e mínimas oscilaram entre 7 a 31,7°C e a
amplitude térmica entre 3,7 a 17,4°C. Choveu um pouco mais em janeiro em
relação ao mês anterior. A precipitação total foi de 105,2 mm, em 13 dias. A
umidade relativa do ar média foi de 77%, variando entre 95,5% a 62,3 nos dias 24
a 27 (Anexo 16).
O dia 24 de janeiro registrou a maior pluviosidade do mês, em torno de 36
mm, e o menor pico de radiação solar global de 103,6 W.m
-
² (214,4 µmolfotons.m
-
2
.s
-1
). A radiação solar global do período foi em média de 431,7 W.m
-
², sendo o
maior pico observado no dia 26 com 586,2 W.m
-
² (1.213,5 µmolfotons.m
-2
.s
-1
).
Neste mês, foram observados o desenvolvimento das uvas e o início do
amadurecimento dos cachos das videiras mais precoces.
Em São Joaquim ainda foram registradas geadas nesse mês. Na propriedade
Quinta da Neve observou-se queda de temperatura e mudança de umidade nesse
período, mas não a incidência de geadas. Entretanto, observou-se nevoeiro nos
vinhedos numa ocasião (Anexos 10 e 11).
Como observado no Anexo 11, registrou-se queda de granizo no município. O
granizo causa muitos problemas para os empreendimentos vitícolas, como as lesões
nos ramos e frutos, desfolha e releio de frutos e, dependendo da severidade da
incidência, compromete a colheita de uma safra. Muitos vinhedos na região são
cobertos com tela antigranizo, a exemplo da empresa vitivinícola Villa Francioni.
Esta medida, muitas vezes imprescindível devido às rotas de granizo, eleva o custo
de implantação dos vinhedos.
6.2.6- FEVEREIRO
Fevereiro foi o mês que antecedeu a colheita das variedades Chardonnay e
Pinot Noir, sendo esse de decisiva importância para a qualidade das uvas. Nesse
mês, os frutos da Cabernet Sauvignon completaram seu desenvolvimento e
iniciaram sua maturação.
71
As temperaturas foram altas, em torno de 19°C, período em que a temperatura
mínima absoluta não chegou a 9°C. A amplitude térmica variou de 16,6°C, no
início do mês, a 2,5°C no final desse, momento em que a temperatura abaixou
aproximadamente 10°C (Anexo 17).
Como observado no Anexo 17, a amplitude térmica média em fevereiro foi de
12,2°C. Maior diferença entre a temperatura mais quente e a mais fria do dia,
associada a dias ensolarados e mais secos, estimulam a síntese de compostos
polifenólicos, agregando favoravelmente características visuais, gustativas e
aromáticas típicas às uvas e, posteriormente, aos vinhos (BEER, 2002).
O mês de fevereiro foi o mais seco da safra 2005. Esparsas e bem
distribuídas, as precipitações observadas em fevereiro foram de 47,8 mm, em 12
dias. A umidade relativa do ar média foi de 76,86%, devido às umidades mais altas
registradas nos dias 24 a 26 (Anexo 17).
Nos vinhedos Quinta da Neve observou-se nevoeiro e ventos associados ou
não a tempestades. No município de São Joaquim foi registrado granizo no início e
na metade do mês (Anexos 10 e 11).
De acordo com o Anexo 17, em fevereiro a radiação solar global foi de 390,1
W.m
-
², sendo o maior pico de radiação solar de 544 W.m
-
² (1.126,1 µmolfotons.m
-2
.s
-1
),
no dia 7. Já no dia 25 de fevereiro, foi registrado o menor pico de radiação solar,
somando 73,6 W.m
-
² (152,4 µmolfotons.m
-2
.s
-1
). Nesta ocasião, choveu 15,6 mm e
a umidade permaneceu em 95,4%.
WINKLER (1980) observa que os níveis do balanço dos constituintes
organolépticos do vinho, tais como o álcool, os ácidos, os ésteres, a cor, os
taninos, os aldeídos, os quais têm uma relação direta com o ‘bouquet’, o sabor e
outras qualidades dos vinhos são, por sua vez, grandemente definidos pela soma de
calor efetivo, em Graus-Dia. Isso é assinalado em particular pelas diferenças
marcadas na qualidade do vinho de uma mesma variedade ou variedades cultivadas
em tipos similares de solo e textura, mas em condições diferentes de calor total.
As condições climáticas em fevereiro foram favoráveis para o
amadurecimento das uvas, possibilitando a obtenção de frutos com teores de
72
açúcares acima de 22°B e boas características relacionadas à composição
polifenólica (Tabela 9, página106).
6.2.7- MARÇO
No dia 5 de março foram colhidas as uvas das variedades Chardonnay e Pinot
Noir. A pluviosidade nesse período foi mais alta quando comparada aos dois meses
anteriores, no valor total de 152,6 mm, em 8 dias. Entretanto, as chuvas foram
mais concentradas nos dias 10, 13, 22 e 23 de março (Anexo 18).
Observa-se que, no dia 13 de março, foi registrada precipitação de 59,2 mm e
radiação solar global de 17 W.m
-
² (35,1 µmolfotons.m
-2
.s
-1
), mostrando-se o dia
mais chuvoso e com menor intensidade de energia luminosa do mês. A radiação
solar global de março foi em média de 346,7 W.m
-
².
A colheita das uvas de Chardonnay e Pinot Noir foi realizada antes das
precipitações, com umidade relativa do ar em torno de 58,1%, a observação mais
baixa do mês. É conveniente salientar que a umidade relativa do ar em março não
chegou a 90%, situação única na safra (Anexo 18).
Observa-se no Anexo 18 que as temperaturas máximas e mínimas absolutas
oscilaram entre 31,1°C, no dia 9, e 8,4°C no dia 26. A temperatura e a amplitude
térmica média foram de 18,3°C e 12,5°C, respectivamente. Em março, observa-se
que a amplitude térmica não baixou de 6°C, demonstrado que foram grandes as
diferenças entre as temperaturas mais altas e as mais baixas em um dia. Esta
situação favorece a qualidade das uvas e dos vinhos.
Em função da amplitude observada no mês e da umidade mais elevada a partir
do dia 13, foram registrados nevoeiros em março nos vinhedos Quinta da Neve. As
geadas e os granizos não foram observados (Anexos 10).
6.2.8- ABRIL
No dia 7 de abril foram colhidas as uvas da variedade Cabernet Sauvignon.
Nesse mês, observou-se uma queda de temperatura gradual a partir do dia 11. A
73
temperatura média, neste período, partiu de 21,3°C, no dia 11, chegando a 7,6°C,
no dia 27. A amplitude térmica média foi de 9,3°C (Anexo 19).
A precipitação total foi de 136 mm, em 22 dias, sendo mais concentrada no
início do mês. Colheitas realizadas após precipitações podem diminuir a qualidade
da produção por diluírem a composição das uvas em açúcares e polifenóis (BEER,
2002). Ademais, a umidade relativa do ar alta, entre 72,1 a 98,1%, favorece o
desenvolvimento de fungos como o Botrytis cinerea, causador da podridão
cinzenta dos frutos.
Os fungos são desprovidos de clorofila e causam a maioria das moléstias das
videiras. Quando afetam os frutos alteram a composição organoléptica das uvas,
tornando-as, muitas vezes, inapta ao consumo ou à elaboração de vinhos
(GIOVANINI, 1999).
A radiação solar global média foi de 273,6 W.m
-
², sendo os picos mínimos de
63,5 W.m
-
² (131,4 µmolfotons.m
-2
.s
-1
), no dia 2, e máximos de 422,5 W.m
-
² (874
µmolfotons.m
-2
.s
-1
), no dia 4. Quanto aos fenômenos meteorológicos, observou-se
a incidência de nevoeiro, contudo não foram registradas geadas ou queda de
granizo (Anexo 10).
6.2.9- MAIO
Em maio, os ramos das videiras ficaram lenhosos e a queda das folhas se
iniciou. Nesse mês, as temperaturas começaram a baixar. A temperatura média foi
de 12,9°C e as temperaturas máximas e mínimas absoluta variaram de 23,9°C a -
2,8°C, provavelmente devido à entrada das frentes frias. A amplitude térmica foi
de 10,3°C, mais alta que o mês anterior (Anexo 20).
Maio foi um mês chuvoso e úmido. Nesse mês, a precipitação total foi de 235
mm, em 14 dias. Observa-se que no dia 18 de maio choveu 139,6 mm,
apresentando radiação solar global de apenas 19,9 W.m
-
² (41,2 µmolfotons.m
-2
.s
-1
).
A radiação solar global média no mês foi de 241,2 W.m
-
². A umidade relativa do ar
variou entre 95,7 a 64,5%.
Em maio foram registradas 8 geadas na região de São Joaquim, cuja
intensidade variou de fraca a forte. Nesse mês também foi observada queda de
74
granizo no município. Já na propriedade Quinta da Neve, foram observadas três
incidências de geadas (Anexos 10 e 11).
6.2.10- JUNHO
No mês de junho aconteceu o final da queda das folhas na variedade mais
precoce e a entrada da dormência. Neste mês, as temperaturas médias diárias foram
baixas, oscilando entre 16,4 a 2,7°C. Entretanto, as temperaturas mínimas absoluta
alcançaram 4,1°C negativos. A precipitação total foi de 120,8 mm, concentrada
entre os dias 12 a 18. Com exceção do dia 7 de junho (64,9%), a umidade relativa
do ar deste mês foi superior a 75%. Poderia se esperar que esse mês apresentasse a
menor radiação solar global média da safra 2005, cujo valor foi de 229,4 W.m
-
². Os
picos máximos e mínimos registrados de radiação solar foram de 336,1 W.m
-
², no
dia 7, e de 27,7 W.m
-
², no dia 17 (695,8 a 57,4 µmolfotons.m
-2
.s
-1
) (Anexo 21).
Neste mês úmido e frio observaram-se, nos vinhedos Quinta da Neve, muitos
dias de nevoeiro. Geadas também foram registradas em São Joaquim e na
propriedade Quinta da Neve. Porém, não foi anotada incidência de granizo na
região (Anexos 10 e 11).
6.2.11- JULHO
Em julho, o mês mais inóspito da safra, as videiras permaneceram em
dormência. Na dormência, as videiras reduziram seu metabolismo e a multiplicação
celular no inverno cessa, pois as temperaturas do ar e do solo são insuficientes
para permitirem o crescimento das videiras. Quando os invernos cujo frio é
insuficiente para satisfazer às exigências, determinam anomalias fenológicas que
redundam na redução dos rendimentos e da longevidade das plantas BOTELHO et
al. (2002).
O período de repouso das gemas é governado por fatores do meio ambiente
que afetam o nível dos hormônios vegetais que, por sua vez, controlam as
mudanças metabólicas que conduzem à quebra de dormência e à frutificação.
75
No mês de julho, a temperatura média mensal foi de 9,5°C, sendo possível
observar momentos muitos frios, com temperaturas freqüentemente abaixo de 0°C.
As temperaturas mais frias foram registradas nos dias 6 e 19 de julho. Entretanto, o
início e o final desse mês foram mais quentes, com temperaturas médias diárias em
torno de 16°C. A amplitude térmica variou entre 3,5°C a 16,5°C (Anexo 22).
Julho foi um mês menos chuvoso e mais seco, com 87,9 mm de precipitação
total e, aproximadamente, 78% de umidade relativa do ar média no mês; esta
última oscilando entre 67,7 a 93%. A radiação solar global média foi de 237,8
W.m
-
², variando entre 39,1 a 319,2 W.m
-
² no decorrer do mês (81 a 660,7
µmolfotons.m
-2
.s
-1
).
Ocorreram geadas, granizos e neve em julho da safra 2005. A neve registrada
pela Epagri ocorreu nesse mês, única incidência do período. Na propriedade Quinta
da Neve observaram-se quatro incidências de geadas (Anexos 10 e 11).
6.2.12- AGOSTO
No mês de agosto as videiras estavam próximas da quebra da dormência e
início da brotação, principalmente as variedades mais precoces. As temperaturas,
nesse mês, notadamente, foram mais altas que julho, com temperatura média
mensal de 12,6°C. Em agosto, as temperaturas mínimas e máximas absolutas
oscilaram entre -0,21°C, no dia 24, e 26,8°C, no dia 29. Neste mês, observaram-se
temperaturas e amplitudes térmicas diárias baixas entre os dias 8 a 11. As
amplitudes térmicas diárias variaram de 3,7 a 18,3°C neste período (Anexo 23).
O Anexo 23 demonstra que a precipitação total em agosto foi de 202,1 mm,
sendo mais intensa no final do mês. A umidade relativa do ar mensal foi de 77,2°C,
apresentando picos de umidade entre os dias 9 a 11 e entre os dias 30 e 31 de
agosto. Observou-se um aumento na radiação solar em relação, principalmente, aos
dois meses anteriores. A radiação solar global média foi de 287,5 W.m
-
², cujos
picos máximos e mínimos foram de 425,8 a 47,4 W.m
-
² (880 a 98,1 µmolfotons.m
-2
.s
-1
).
No dia de menor radiação solar (30/08/05), foi registrada precipitação de 75,8 mm.
76
Nos vinhedos Quinta da Neve observaram-se cerrações e ventos fortes em
agosto. Entretanto, em São Joaquim, foram registradas geadas e granizo (Anexos
10 e 11).
6.2.13- ÍNDICES BIOCLIMÁTICOS
Diferentes autores atualmente definem a aptidão climática de uma região para
o cultivo da videira através de Índices Bioclimáticos, pois esta espécie apresenta
limites de temperatura cujo excesso ou deficiência redundam em alterações em seu
metabolismo.
Na região de São Joaquim, onde os primeiros vinhedos foram implantados em
2000, não foram registradas videiras com ciclos ‘anormais’ de desenvolvimento
devido às deficiências em temperatura, porém podem apresentar problemas com a
incidência de granizos e geadas tardias.
6.2.13.1- TEMPERATURA ATIVA
A Tabela 4 apresenta o somatório da temperatura ativa acumulada para os
estádios fenológicos brotação, floração, desenvolvimento e maturação dos frutos
das variedades Chardonnay, Pinot Noir e Cabernet Sauvignon, durante a safra
2005. Observa-se um comportamento semelhante entre as variedades para todos os
estádios fenológicos.
A variedade que necessitou de menor soma de temperatura para atingir a
maturação foi a Pinot Noir, com 3.009°C, e a de maior soma a Cabernet
Sauvignon, com 3.378°C. Já a variedade Chardonnay apresentou necessidade
intermediária, com 3.167°C. MANDELLI (1984) encontrou valores semelhantes
que oscilaram entre 2.775 a 3.750°C, para onze variedades de videira em Bento
Gonçalves, no Rio Grande do Sul, entre os anos de 1965 a 1978, utilizando o valor
de 12°C para a temperatura-base.
77
Tabela 4. Temperatura ativa acumulada, em °C, para a temperatura-base de 10°C
durante as fases fenológicas brotação, floração, desenvolvimento e maturação dos
frutos para três variedades, São Joaquim, safra 2005:
Variedade Brotação (°C) Floração (°C) Pintor (°C) Colheita (°C)
Cabernet Sauvignon 124,1 1097,9 2411,0 3.378
Chardonnay 194,5 803,4 2038,9 3.167
Pinot Noir 83,3 999,1 2358,0 3.009
Temperatura Ativa média 134,0 966,8 2269,3 3.184
Para atingir a maturação das uvas foram encontrados os valores de
temperatura ativa entre 2.800 a 4.000°C para a Espanha e 2.726 a 3.837°C para a
França, calculados a partir da temperatura-base de 10°C (INTRIERI, 1993).
Pode ser observado na tabela acima que apesar da variedade Pinot Noir
necessitar menor soma de temperatura até a maturação, apresentou um valor maior
para completar a floração e o desenvolvimento dos frutos, quando comparado à
variedade Chardonnay.
6.2.13.2- SOMA TERMICA (GRAUS-DIA DE WINKLER)
Nas renomadas áreas produtoras de vinho da Europa com seus variados solos,
o total de calor deve ser indicado como o fator principal no controle da qualidade
das uvas e seus anos de colheita sempre coincidem com a abundância de calor
(WINKLER, 1980).
A Tabela 5, página 82, e a Figura 8 apresentam o somatório dos Graus-Dia
(GD) acumulado na safra 2005, entre os estádios fenológicos do início da brotação
ao final da queda das folhas (BBCH 00 a 97). Observa-se que a variedade Cabernet
Sauvignon necessitou a maior soma térmica para atingir a maturação, estádio
fenológico 89, com 1.613 GD, seguida pela Chardonnay e Pinot Noir com 1.501 e
1.415 GD, respectivamente.
Avaliando variedades Italianas, INTRIERI (1993) observou necessidade
térmica entre 1.200 a 1.800 GD para um conjunto de 19 variedades de videiras
78
completarem o período da brotação à colheita na região de Marche, na Itália. Nessa
região, as videiras cultivadas na zona mais alta e fria necessitaram 1.400 a 1.600
GD.
105
32
1078
1120
1613
340
906
1501
2043
391
1415
2047
42
445
2011
0 500 1000 1500 2000 2500
0 a 6
7 a 65
66 a 85
86 a 89
90 a 97
Fenologia BBC
H
Graus-Dia
Chardonnay Pinot Noir C.Sauvignon
Figura 8. Graus-Dia acumulados para a temperatura base de 10°C durante os
estádios fenológicos 00 a 97 do código BBCH para as variedades Cabernet
Sauvignon, Chardonnay e Pinot Noir. São Joaquim, 2005.
Já para as variedades completarem o ciclo vegetativo, entre a brotação à
queda das folhas foram necessários, em média, 2.034 GD. Valores superiores
foram registrados por MANDELLI (2002) para as videiras européias nas condições
climáticas de Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, estando estes valores entre
2.255 a 2.416 GD. Porém, o autor comenta que as regiões preferenciais para o
cultivo de uvas viníferas deveriam apresentar valores menores de 2.300 GD.
Constata-se que, tanto para os graus-dia como para a temperatura ativa, as
variedades demonstraram comportamentos semelhantes quanto ao requerimento
térmico para a maturação dos frutos.
79
12
92
59
72
42
101
35
73
60
9
92
52
70
10
0 102030405060708090100
0 a 6
7 a 65
66 a 85
86 a 89
90 a 97
Fenologia BBCH
Dias
Ciclo Chardonnay Ciclo Pinot Noir Ciclo C.Sauvignon
Figura 9. Ciclo vegetativo durante os estádios fenológicos 00 a 97 do código
BBCH para as variedades Cabernet Sauvignon, Chardonnay e Pinot Noir. São
Joaquim, 2005.
De acordo com a Tabela 6, página 83, e a Figura 9, a variedade Cabernet
Sauvignon apresentou o ciclo vegetativo completo mais longo de 284 dias,
enquanto a Pinot Noir e a Chardonnay mostraram ciclos semelhantes de 278 e 277
dias, respectivamente. Porém, foram precisos 185 dias para a variedade
Chardonnay completar o ciclo reprodutivo, período entre a floração plena e a
colheita (65 a 89), enquanto a Pinot Noir utilizou um total de 177.
Mais especificamente, o ciclo vegetativo das videiras de Chardonnay, entre o
início da brotação e à queda das folhas, foram necessários 2.043 GD. Após 42 dias
do início da brotação e 235 GD, as videiras de Chardonnay alcançaram a plena
floração (BBCH 65) e, posteriormente, com mais 72 dias de desenvolvimento e
566 GD, atingiram o estágio de ‘pintor’ (BBCH 85), momento em que os frutos
começaram a mudar de cor. Já o período da brotação à colheita (BBCH 89), entre
os dias 9 de setembro de 2004 a 5 de março de 2005, foi completado em 185 dias,
com uma soma térmica de 1.501 GD, sinalando o final do ciclo reprodutivo e o
início da vindima (Figuras 8 e 9).
80
Como observado no Tabela 6, página 83, a queda das folhas findou no início
de junho, entrando as plantas em dormência. Neste momento, acumularam-se
2.043,1 GD, num ciclo de 277 dias nesta safra.
Contudo, é importante salientar que as videiras de Chardonnay poderiam ter
iniciado seu ciclo vegetativo em meados de agosto nesta safra, demonstrando sua
precocidade. Porém, estas plantas foram podadas em setembro, medida utilizada
para adiar a brotação das gemas basais produtivas, conferindo-lhes um ciclo mais
tardio e curto em dias. Este artifício foi utilizado visando ter brotação tardia e
evitar danos nas plantas com as geadas.
Quanto a variedade Pinot Noir, o ciclo vegetativo foi completado em 278 dias
e 2.047 GD. Observa-se que esta variedade apresentou necessidade de soma
térmica, em GD, e ciclo vegetativo, em dias, semelhantes a Chardonnay para
completar o mesmo período da brotação a queda das folhas. Já para atingir a
maturação dos frutos necessitou 1.416 GD, em 177 dias. Porém, para a maturação
dos frutos, entre os estádios 86 a 89, foram 35 dias e, em torno, de 338 GD. Esses
valores foram os menores observados em dias e em soma térmica para o período
em relação às três variedades estudadas nessa safra (Figuras 8 e 9).
Esse fato deve estar relacionado com o comprimento do dia maior e as
temperaturas mais altas nesse último período fenológico, ou possa estar indicando
que as uvas, apesar dos 22,8°B com que foram colhidas poderiam ter permanecido
mais tempo nas videiras antes da colheita.
Já para o ciclo vegetativo da Cabernet Sauvignon foram necessários 284 dias
e soma térmica acumulada de 2.012 GD. O período entre a brotação e a colheita foi
concluído em 192 dias, com uma soma térmica acumulada de 1.613 GD (Tabela 5
e 6).
As videiras dessa variedade apresentaram um comportamento fenológico mais
tardio, com ciclo longo, requerendo somas térmicas maiores, principalmente entre
a brotação a maturação dos frutos.
81
6.2.13.3- ÍNDICE HELIOTÉRMICO DE HUGLIN
Na Tabela 5 observa-se o somatório do índice heliotérmico (IH) para os
estádios fenológicos brotação, floração, desenvolvimento e maturação dos frutos e
queda das folhas para as três variedades durante a safra 2005. O maior índice para
atingir a maturação foi a Cabernet Sauvignon, com 2.091°C, enquanto o menor foi
a Pinot Noir, com 1.843°C. Estes valores se modificam quando são considerados os
estádios até a queda das folhas. Para a variedade Chardonnay requer índice de
1.939°C para a maturação dos frutos e 2.638°C para a finalização da quedas das
folhas.
Os valores observados de IH são similares aos de INTRIERI (1993) para os
vinhedos do território dell’Emilia-Romagna (Itália), delimitando isoeliotermas na
região entre 1.400°C a 2.500°C para as plantas findarem a maturação.
A respeito da caracterização térmica das variedades Cabernet Sauvignon,
Pinot Noir e Chardonnay foram estabelecidos, na safra de 2005, a exigência de
temperatura e insolação para cada variedade. Foram observados comportamentos
similares em exigência térmicas para os diferentes estádios fenológicos para todos
os índices bioclimáticos utilizados, uma vez que esses são baseados na temperatura
do ar.
Prova disso está na relação encontrada entre os índices Heliotérmico e Graus-
Dia que, com exceção das primeiras fases fenológicas entre a poda e as gemas
intumescidas, apresentaram valores em torno de 1,3 e mesmas tendências entre as
variedades Chardonnay, Pinot Noir e Cabernet Sauvignon (Tabela 5).
82
Tabela 5. Graus-Dia (GD) e Índice Heliotérmico (IH) acumulados para a
temperatura-base de 10°C durante as fases fenológicas brotação, floração,
desenvolvimento e maturação dos frutos e queda das folhas para as variedades
Cabernet Sauvignon, Chardonnay e Pinot Noir, segundo código BBCH, São
Joaquim, 2005:
Variedade / Código BBCH GD IH
IH/ GD
C. Sauvignon
00 a 06 42 63 1,5
07 a 65 445 621 1,4
66 a 85 1120 1470 1,3
86 a 89 1613 2091 1,3
90 a 97 2012 2613 1,3
Chardonnay
00 a 06 105 117 1,1
07 a 65 340 447 1,3
66 a 85 906 1192 1,3
86 a 89 1501 1939 1,3
90 a 97 2043 2638 1,3
Pinot Noir
00 a 06
32
41 1,3
07 a 65
391
544 1,4
66 a 85
1078
1416 1,3
86 a 89
1415
1843 1,3
90 a 97
2047
2668 1,3
83
6.3. AVALIAÇÃO ECOFISIÓLOGICA DAS VARIEDADES CHARDONNAY, PINOT
NOIR E CABERNET SAUVIGNON:
A Tabela 6 e o Anexo 24 apresentam as datas da poda, do início da brotação
ao final da queda das folhas das variedades Chardonnay, Pinot Noir e Cabernet
Sauvignon, nos vinhedos Quinta da Neve, na safra de 2005. As variedades
estudadas completaram seu ciclo vegetativo, da brotação ao final da queda das
folhas, num período médio de 279 dias; necessitando a Cabernet Sauvignon, a
Chardonnay e a Pinot Noir de 284, 277 e 278 dias, respectivamente.
Tabela 6. Períodos entre os estádios fenológicos segundo código BBCH e ciclo
vegetativo para as variedades Cabernet Sauvignon, Chardonnay e Pinot Noir dos
vinhedos Quinta da Neve, na safra 2005:
Variedades/ Estádios Fenológicos Fenologia BBCH Data Ciclo
Cabernet Sauvignon
Poda –brotação 00 a 06 27/09/04 a 07/10/04 10
Brotação -floração plena 07 a 65 08/10/04 a 06/12/04 60
Floração plena – pintor 66 a 85 07/12/04 a 14/02/05 70
Pintor – colheita 86 a 89 15/02/05 a 07/04/05 52
Colheita - Queda folhas 90 a 97 08/04/05 a 08/07/05 92
Total do ciclo 284
Chardonnay
Poda –brotação 00 a 06 01/09/04 a 12/09/04 12
Brotação -floração plena 07 a 65 13/09/04 a 25/10/04 42
Floração plena – pintor 66 a 85 26/10/04 a 05/01/05 72
Pintor – colheita 86 a 89 06/01/05 a 05/03/05 59
Colheita - Queda folhas 90 a 97 06/03/05 a 05/06/05 92
Total do ciclo 277
Pinot Noir
Poda –brotação 00 a 06 09/09/04 a 18/09/04 9
Brotação -floração plena 07 a 65 19/09/04 a 17/11/04 60
Floração plena – pintor 66 a 81 18/11/04 a 29/01/05 73
Pintor – colheita 82 a 89 30/01/05 a 05/03/05 35
Colheita - Queda folhas 90 a 97 06/03/05 a 14/06/05 101
Total do ciclo 278
84
A variedade mais precoce para iniciar a brotação foi a Chardonnay, no dia 13
de setembro de 2004, seguida pelas variedades Pinot Noir e Cabernet Sauvignon,
nos dias 19 de setembro e 8 de outubro, respectivamente.
No Rio Grande do Sul, MANDELLI (2002) descreve que as datas médias de
brotação das variedades Chardonnay, Pinot Noir e Cabernet Sauvignon foram,
sucessivamente, 28 de agosto, 6 de setembro e 18 de setembro. Comparando a
região de São Joaquim com a de Bento Gonçalves, nas serras catarinense e gaúcha,
houve um atraso médio de duas semanas na brotação, atribuído ao efeito da
latitude e da altitude sobre a temperatura do ar.
As diferenças quanto à época de brotação são devidas à constituição genética
de cada planta, mas estão subordinadas às condições climáticas do local,
principalmente através da temperatura do ar.
Nessa safra, ocorreu uma diferença de 25 dias entre a data da brotação da
variedade mais precoce para a mais tardia. Percebe-se que a Chardonnay levou 12
dias para iniciar a brotação após a poda, enquanto a Pinot Noir levou 9 dias e a
Cabernet Sauvignon realizou em 10 dias esta fase (Tabela 6 e Anexo 24).
O conhecimento da data de brotação das videiras é de fundamental
importância para os viticultores de São Joaquim, pois o município apresenta um
histórico de muitas geadas primaveris. Nesta época, as videiras mais precoces
iniciam sua brotação e estão sujeitas a prejuízos com geadas tardias.
Para o início da brotação à floração plena, entre os estádios fenológicos 07 a
65, foi requerido um número médio de 54 dias entre os meses de setembro a
dezembro, dependendo da variedade.
Na Tabela 6 também estão apresentadas as datas da floração plena das
variedades Chardonnay, Pinot Noir e Cabernet Sauvignon, na safra 2005.
Observou-se uma diferença de 42 dias entre a floração plena das videiras de
Chardonnay, variedade mais precoce, e a da Cabernet Sauvignon, variedade mais
tardia. Também se constatou que as variedades precoces para a brotação
apresentaram precocidade na floração plena, sendo a seqüência a Chardonnay,
seguida pela Pinot Noir e a Cabernet Sauvignon.
85
No período entre os estádios fenológicos 66 a 85 ocorreu o ‘pintor’ ou
mudança da coloração das uvas. Nesta safra, observou-se uma diferença de 40 dias
entre a data do pintor da variedade mais precoce em relação a mais tardia. A
variedade Chardonnay foi a mais precoce para o início da maturação dos frutos,
acontecendo esta mudança no dia 5 de janeiro de 2005, seguida pela variedade
Pinot Noir e pela Cabernet Sauvignon, nos dias 29 de janeiro e 14 de fevereiro de
2005, respectivamente.
Contudo, a determinação do início da maturação, caracterizado como ‘pintor’,
das uvas de película branca nem sempre é detectado com precisão. Isto devido à
maturação acontecer lentamente e de forma não tão nítida como nas variedades de
película tinta (WINKLER, 1984).
Quanto ao ‘pintor’ a colheita, entre os estádios 86 a 89, a representação
gráfica mostra que o número de dias necessários entre o início e o final da
maturação foi, em média, de 49 dias. A variedade Chardonnay necessitou de 59
dias para realizar esta fase, enquanto a variedade Pinot Noir levou 35 dias e a
Cabernet Sauvignon, 52 dias.
MANDELLI (2002) determinou, para Bento Gonçalves, entre as safras de
1984 a 1994, que o número médio de dias necessários entre o início e o final da
maturação foi de 37 dias. Relata que a Pinot Noir necessitou 26 dias para realizar
este período, enquanto as variedades Chardonnay e a Cabernet Sauvignon exigiram
33 dias e 48 dias.
Observa-se que na propriedade Quinta da Neve, as videiras necessitaram mais
dias para completarem a maturação. Este fato está provavelmente relacionado à
influência das condições climáticas tais como as temperaturas mais baixas da
região, que não ultrapassaram de 20°C de temperatura média do ar, e a radiação
solar (Figura 4, página 62).
Porém não só as condições climáticas atuam sobre a data da maturação, mas o
estado nutricional da planta e o número de gemas deixadas na poda. Normalmente,
plantas com excessiva carga apresentam maturação irregular e um desequilíbrio na
qualidade das uvas.
86
Com relação ao período da queda das folhas, a Figura 9 na página 79 e o
Anexo 24 revelam uma diferença de 33 dias entre as datas do final da queda das
folhas da variedade mais precoce em relação a mais tardia. Nos vinhedos de
Chardonnay, as videiras perderam completamente a vegetação no dia 5 de junho,
sendo, portanto, a mais precoce. Já a variedade Pinot Noir, findou a queda das
folhas no dia 14 de junho, seguida pela Cabernet Sauvignon, no dia 8 de julho.
Percebeu-se que o número de dias entre a colheita e o final da queda das folhas foi
em média de 95 dias. Para o mesmo período, MANDELLI (2002) encontrou um
valor de 112 dias para a variedade Cabernet Sauvignon, enquanto que para a
Chardonnay foi de 125 dias e para a Pinot Noir de 140 dias. O pesquisador
observou que as datas médias do final da queda das folhas para as variedades
Cabernet Sauvignon, Chardonnay e Pinot Noir foram os dias 16 de junho, 28 de
maio e 11 de junho, respectivamente.
Períodos maiores entre a colheita e a queda das folhas foram encontrados em
Bento Gonçalves, fato relacionado à data de colheita das uvas naquela região, onde
normalmente acontecem em janeiro e fevereiro. Na região de São Joaquim, a
colheita acontece em março a abril.
A importância do tempo de permanência das folhas nas videiras está
relacionada com o acúmulo de reservas para o ciclo posterior. BORBA et al.
(2005) relatam que o armazenamento de carboidratos, oriundos da fotossíntese, é
necessário para sustentar o desenvolvimento das plantas em períodos de estresse,
durante a dormência, e muito importante no início do crescimento na primavera.
Na serra gaúcha, os tratamentos fitossanitários após a colheita são suspensos
e as plantas ficam expostas ao ataque de fungos. Pelos danos que causam, estes
fungos antecipam a queda das folhas e, possivelmente, reduzem o número de
gemas que brotam no próximo ciclo vegetativo (MANDELLI, 2002). Em São
Joaquim, este fato pode também estar acontecendo nos vinhedos, mas as chuvas, os
ventos e, principalmente, as geadas precoces são, provavelmente, as causas da
queda das folhas das videiras.
87
Após a queda das folhas, o ciclo vegetativo das videiras se finda, entrando em
repouso vegetativo. As variedades Chardonnay e Pinot Noir entraram em
dormência no mês de junho e a Cabernet Sauvignon, em julho.
Tabela 7. Estádios fenológicos segundo código BBCH para as variedades Cabernet
Sauvignon, Chardonnay e Pinot Noir dos vinhedos Quinta da Neve, na safra 2005:
Safra 2005 Estádios Fenológicos BBCH
Data Cabernet Sauvignon Chardonnay Pinot Noir
28/08/04 00 00 00
04/09/04 01 05 05
10/09/04 03 07 07
25/09/04 05 53 51
10/10/04 12 55 53
24/10/04 51 61 55
07/11/04 53 73 61
06/12/04 65 77 75
21/12/04 73 79 77
05/01/05 77 81 79
29/01/05 81 85 81
14/02/05 85 85 85
07/03/05 85 89 89
27/03/05 85 91 91
05/04/05 89 93 93
27/05/05 93 97 97
A Tabela 7 apresenta os estádios fenológicos segundo o código BBCH, de
BAILLOD & BAGGIOLLINI (1993) para as variedades Chardonnay (CH), Pinot
Noir (PN) e Cabernet Sauvignon (CS) e a Figura 10 apresenta a curva dos estádios
fenológicos das variedades Cabernet Sauvignon, Chardonnay e Pinot Noir.
Observa-se que o ciclo vegetativo das videiras de Cabernet Sauvignon teve início e
fim mais tardiamente, em relação às demais variedades pesquisadas. Na figura, o
número 89 indica o momento da colheita destas variedades. As uvas de
Chardonnay e Pinot Noir foram colhidas no dia 5 de março e, as de Cabernet
Sauvignon, no dia 7 de abril.
88
97
89
93
61
77
5
61
51
89
75
5
51
65
77
93
89
0
20
40
60
80
100
28/8/04 28/10/04 28/12/04 28/2/05 28/4/05 28/6/05
Fenologia (BBCH)
CH PN CS
Figura 10. Curva dos estádios fenológicos segundo código BBCH para as
variedades Cabernet Sauvignon (CS), Chardonnay (CH) e Pinot Noir (PN) dos
vinhedos Quinta da Neve, na safra 2005.
No dia 6 de dezembro as videiras de Cabernet Sauvignon, Chardonnay e Pinot
Noir encontravam-se nos estádios fenológicos 65, 77 e 75, respectivamente.
Estádios fenológicos intermediários podem ser observados através da
utilização das equações de regressão apresentadas no Anexo 24 (STATISTICA, 6.0).
As curvas formadas por equações polinomiais explicaram o comportamento
fenológico de ambas as variedades nos vinhedos, durante as condições encontradas
na safra de 2005.
O ciclo da videira se inicia com a brotação e finda com as plantas em
dormência. Esses fenômenos periódicos são variáveis em relação às cultivares e ao
andamento do ano meteorológico. Cada estágio de desenvolvimento e crescimento
das plantas é fortemente limitado pelo ambiente tanto pelos fatores edáficos como
climáticos, os quais podem ter maiores efeitos na sobrevivência e produtividade
das mesmas (WINKLER, 1980; MANDELLI, 1984; GIOVANINI, 1999; BORBA
et al., 2005).
Considerado o período entre a brotação e a colheita da safra de 2005 como um
ciclo produtivo, as videiras de Cabernet Sauvignon, Chardonnay e Pinot Noir
89
brotaram em setembro ou outubro e suas uvas colhidas em março ou em abril,
dependendo da precocidade ou do caráter tardio das variedades.
6.3.1- BROTAÇÃO À FLORAÇÃO PLENA (0-65 BBCH):
Em 2004, as videiras de Chardonnay despertaram para o crescimento
vegetativo em meados de agosto, neste momento as gemas apicais iniciaram a
brotação.
Com o intuito de retardar o ciclo produtivo, a poda nessa variedade foi
realizada no início de setembro. Neste momento, as gemas basais das plantas, que
formaram os ramos produtivos nessa safra, encontravam-se no início do inchaço
das gemas, representado pelo estádio fenológico 1 (Tabela 2, página 49).
Os Anexos 24 e 26 apresentam a data do início da brotação e o da floração
plena das videiras de Chardonnay. Observa-se que estas plantas iniciaram seu ciclo
vegetativo precocemente, em relação às variedades de Pinot Noir e de Cabernet
Sauvignon.
Após a poda realizada no dia primeiro de setembro, estas plantas iniciaram a
brotação no dia 13 do mesmo mês, ou seja, foram necessários 12 dias da poda, ao
‘choro’ das plantas e à brotação das gemas produtivas.
Na condição da poda, o ‘choro’ representa o extravasamento da seiva pelo
ferimento do ramo seccionado e corresponde à entrada em atividade do sistema
radicular e da circulação da seiva na planta, quando a temperatura torna-se
favorável ao desenvolvimento vegetativo das videiras. Esse extravasamento da
seiva pode prolongar-se por três semanas durante o período de início da brotação
(GIOVANINI, 1999).
Ao brotarem, as videiras laçaram seus cachos florais e, com o
desenvolvimento dos brotos, foram se tornando mais visíveis. Assim, no dia 25 de
setembro dois cachos com botões florais fechados e aglomerados são percebidos
nas videiras de Chardonnay e de Pinot Noir (Figuras 11 e 12).
90
Posteriormente, no início de outubro, estas plantas desenvolveram a maioria
de seus ramos produtivos até o segundo fio de condução, apresentando estádio
fenológico 55 as videiras de Chardonnay. Porém, as geadas tardias ocorridas neste
período findaram por prejudicar seu desenvolvimento vegetativo.
As Figuras 7, página 67, e 13 registraram os danos causados pelo fenômeno
às videiras de Chardonnay. Observa-se que as brotações e os botões florais
atingidos padeceram pelo
rompimento celular e morte dos
tecidos, apresentando coloração
escura. Observa-se que,
principalmente, as porções apicais
dos ramos produtivos e,
parcialmente, os cachos florais foram
afetados, reduzindo a produção
potencial de 3,5 kg para 0,55 Kg por
planta de Chardonnay.
Já no final desse mês, observaram-se novas brotações vegetativas nos ramos
de produção. Estas brotações são denominadas de netos e oriundos de gemas
estéreis. WINKLER (1980) comenta que as videiras viníferas, na sua maioria,
rebrotam apenas gemas vegetativas.
No dia 25 de outubro, as videiras de Chardonnay entraram em plena floração,
indicado pelo estádio fenológico 65 (Tabela 6, página 83). A Figura 14 apresenta
um cacho floral de Chardonnay com aproximadamente 50% dos botões florais com
Figura 13. Videiras de Chardonnay atingidas pelas
geadas tardias do início de outubro. BBCH: 55. Quinta
da Neve
,
10/10/05.
Figura 11. Videiras de
Chardonnay no estádio
fenológico BBCH: 53.
Quinta da Neve,
25/09/05.
Figura 12. Videiras de Pinot Noir no estádio
fenológico BBCH: 51. Quinta da Neve, 25/09/05.
91
as caliptras abertas, deixando a amostra os estames e o pistilo destes órgãos
reprodutivo. Nessa imagem, também são percebidos resquícios da incidência de
geadas nas folhas.
É conveniente lembrar que a flor da videira é, na maioria das variedades,
hermafrodita e se encontra agrupada em inflorescências do tipo racimo.
GIOVANINI (1999) descreve que a coloração das flores é verde, sendo o cálice
constituído por cinco sépalas rudimentares, soldadas entre si, em posição alterna às
sépalas e que formam um conjunto denominado caliptra. A parte masculina é
composta pelos estames e a
feminina pelo pistilo, formado pelo
ovário, estilete e o estigma.
O período da brotação e da
floração plena das videiras de
Chardonnay foi completado entre o
dia primeiro de setembro a 25 de
outubro de 2004.
Durante esse o período,
precipitou 350 mm em 20 dias.
Maiores precipitações foram observadas em setembro, principalmente entre os dias
22 a 28 desse mês. A umidade relativa do ar ficou em torno de 77%. Já a
temperatura média foi de 15,16ºC, oscilando as temperaturas máximas e mínimas
entre
27,1ºC a 0,49ºC. A radiação solar global média do período foi de 335,6 W.m
-
²
(Anexos 12 e 13). Entre os estádios fenológicos brotação a floração plena foram
percebidas condições climáticas favoráveis à infecção dos fungos causadores, num
primeiro momento, do míldio e, posteriormente, da antracnose. Isto porque, além
da umidade favorável, a temperatura do mês de setembro foi mais elevada,
favorecendo ao fungo Plasmopara viticola causador do míldio e, as temperaturas
amenas do mês de outubro, favoreceram ao fungo Sphaceloma ampelinum causador
da antracnose.
Já as videiras de Pinot Noir foram podadas no dia 9 de setembro de 2004,
sendo as gemas basais despertadas para o crescimento vegetativo. Observa-se que
Figura 14. Videiras de Chardonnay. BBCH: 65. Quinta
da Neve, 25/09/05.
92
essas plantas completaram o período da brotação à plena floração em 60 dias, entre
18 de setembro a 17 de novembro (Anexo 24).
Dentre as variedades pesquisadas, as videiras de Pinot Noir brotaram em
épocas intermediárias em relação ao comportamento precoce da Chardonnay e mais
tardio da Cabernet Sauvignon.
Observa-se na Figura 12, gina 90, que as brotações lançadas 9 dias após a
poda, desenvolveram-se rapidamente sendo visíveis de 4 a 5 folhas e duas
inflorescências. Nesse dia, 25 de setembro de 2004, as videiras encontravam-se no
estádio fenológico 51.
Já no início de outubro, os ramos produtivos encontravam-se no estádio
fenológico 53, porém as geadas tardias de outubro prejudicaram o desenvolvimento
vegetativo das videiras de Pinot Noir mal localizadas no vinhedo.
O fenômeno incidiu sobre as videiras de Pinot Noir cultivadas em locais mais
baixos do terreno. A produção potencial foi alterada de 3,0 Kg para 0,9 Kg por
planta de Pinot Noir.
No final de outubro, foi possível observar ramos desenvolvidos acima do
primeiro fio de condução, em espaldeira, das videiras de Pinot Noir. No dia 23
deste mês, esta variedade encontrava-se no estádio fenológico 55, sendo possível
observar cachos florais com botões da inflorescência isolados.
O início da floração das videiras de Pinot Noir aconteceu no dia 6 de
novembro, quando as plantas atingiram o estádio fenológico 61. Na ocasião, menos
de 20 % das flores estavam abertas, ou seja, sem a caliptra. As pétalas que
compõem a caliptra se destacam da base, soltando-se todas juntas, provocando a
liberação do pólen dos estames sobre o estigma (GIOVANINI, 1999).
Entre a brotação e a floração plena da variedade Pinot Noir registrou-se
precipitação total de 387 mm, em 29 dias. A umidade relativa do ar ficou em torno
de 77,4%, no entanto observaram-se umidades mais baixas no mês de outubro.
Neste período, a temperatura do ar média foi de 15,2ºC, apresentando temperaturas
mínimas e máximas absoluta entre 0,49 a 27,2°C. A amplitude térmica foi de 11°C,
com diferenças maiores no mês de outubro (Anexos 12 e 13).
93
Quanto à variedade Cabernet Sauvignon, observa-se que essas plantas
iniciaram seu ciclo vegetativo num período mais tardio, em relação às videiras de
Pinot Noir e de Chardonnay. As gemas despertaram para o crescimento vegetativo
em meados de setembro, caracterizadas pelas gemas basais ‘inchadas’ do estádio
fenológico 1 (Tabela 2, página 49).
Como registrado no Anexo 24 e 26, após a poda realizada no dia 27 de
setembro, estas plantas iniciaram a brotação no dia 7 de outubro, necessitando 10
dias da poda à brotação das gemas produtivas.
Assim como as duas outras variedades, as videiras de Cabernet Sauvignon, ao
brotarem, laçaram seus cachos florais que, com o desenvolvimento dos brotos,
tornaram-se visíveis. Anteriormente, no dia 10 de outubro, estas plantas
encontravam-se no estádio fenológico 13, momento em que três folhas são
percebidas na brotação nova.
Já no dia 23 de outubro, as
videiras de Cabernet
Sauvignon encontravam-se no
estádio fenológico 51.
Observam-se na Figura 15,
dois cachos com botões florais
fechados visíveis nos ramos
produtivos dessa variedade.
Devido ao
comportamento tardio da
Cabernet Sauvignon, as geadas tardias ocorridas no início deste mês não afetaram
o desenvolvimento vegetativo das videiras.
Em novembro, estas plantas desenvolveram a maioria de seus ramos
produtivos até o segundo fio de condução, apresentando estádio fenológico 53. No
dia 6 desse mês, as videiras apresentaram brotações com cachos florais, cujos
botões encontravam-se aglomerados na inflorescência (Figura 16).
Figura 15. Brotação da
variedade Cabernet
Sauvignon. BBCH: 51.
Quinta da Neve, 23/10/05.
94
No dia 6 de dezembro, as videiras de Cabernet Sauvignon entraram em plena
floração, indicado pelo estádio fenológico 65 (Tabela 6, página 83). A Figura 17
apresenta um cacho floral, nesta observam-se as caliptras dos botões florais
abertas, deixando a amostra os estames e o pistilo dos órgãos reprodutivo. Nessa
imagem, as flores abertas aparentam ter coloração branca devido aos estames
expostos.
O período da brotação e da floração plena das videiras de Cabernet Sauvignon
foi completado entre os dias 27 de setembro a 6 de dezembro de 2004, em 60 dias
(Tabela 6, página 83).
6.3.2- FLORAÇÃO PLENA AO ‘PINTOR’ (66-85 BBCH):
No início de novembro, a maioria das brotações ou ramos das videiras de
Chardonnay alcançou o terceiro e último fio de condução da espaldeira. Nesta
ocasião, as videiras se encontravam no estádio fenológico 73, onde as bagas dos
cachos apresentaram um tamanho tipo ervilha, ou seja, 30% de seu tamanho final.
Já no dia 6 de dezembro, as videiras desta variedade possuíam frutos com
70% de seu tamanho final, caracterizando o estádio fenológico 77 (Figura 18).
Nesse mês, as brotações continuaram a se desenvolver, superando o terceiro fio de
condução.
Figura 16. Videiras de Cabernet Sauvignon.
BBCH: 53. Quinta da Neve, 06/11/04.
Figura 17. Inflorescências de Cabernet
Sauvignon. BBCH: 65. Quinta da Neve,
06/12/04.
95
Conforme GIOVANINI (1999),
os ramos da videira não têm
gemas terminais, havendo
condições climáticas favoráveis,
o seu crescimento não cessa.
Acrescenta que o processo de
florescimento e frutificação induz
a uma diminuição na velocidade
de elongação dos brotos.
Nos estádios fenológicos 73 e 79, os frutos de Chardonnay são verdes e a
consistência da polpa é dura. RODRIGUÉZ (2000) comenta que estes frutos
contêm clorofila e fazem fotossíntese, enquanto o pericarpo, a semente e o embrião
completam seu desenvolvimento.
No inicio de janeiro, os cachos de Chardonnay mudaram de coloração. Na
ocasião, podiam ser percebidos grãos levemente amarelecidos e menos
consistentes, sendo as videiras identificadas pelo estádio fenológico 85. Esse
estádio fenológico marca o início da maturação das uvas, denominado de ‘pintor’
ou ‘véraison’. Na maturação ocorre perda de clorofila dos cachos, amolecimento
das bagas e, posteriormente, o desenvolvimento dos aromas das uvas.
O período da floração plena ao pintor dos frutos de Chardonnay abrangeu as
datas de 25 de outubro a 5 de janeiro, em 72 dias (Tabela 6, página 83).
A temperatura média do ar foi de 18ºC nesse período, com temperaturas
mínimas e máximas absolutas entre 5,96°C a 28,67°C e amplitude térmica do ar
média de 11,22°C. As precipitações foram bem distribuídas neste período, em 14
dias de chuvas totalizando 125 mm, cuja umidade relativa do ar média foi de 83%
(Anexos 13 a 17).
Ainda em dezembro, as videiras de Pinot Noir já não apresentavam cachos
florais, mas apenas frutos formados. De fato, no dia 6 de dezembro de 2004, foi
possível observar as bagas das uvas de Pinot Noir com 50% de seu tamanho final,
estando, as videiras, no estádio fenológico 75 (Tabela 6, página 83).
Figura 18. Cachos de Chardonnay. BBCH: 77. Quinta
da Neve, 06/12/04.
96
Já em janeiro de 2005, as videiras dessa variedade possuíam frutos com 100%
de seu tamanho final, caracterizando o estádio fenológico 79. Até esta ocasião os
frutos de Pinot Noir apresentaram coloração verde, com consistência dura.
Assim como a variedade Chardonnay, as brotações de Pinot Noir continuaram
a se desenvolver em janeiro, superando o terceiro fio de condução. Posteriormente,
os ramos foram despontados na altura de, aproximadamente, 2,10 m do solo, em
fevereiro de 2005.
No dia 29 de janeiro, aconteceu a ‘véraison’
dos cachos de Pinot Noir. Como observado
na Figura 19, aproximadamente 50% dos
grãos da uva desta variedade encontravam-se
pigmentados e menos consistentes, sendo as
videiras identificadas pelo estádio
fenológico 85. Percebe-se que, neste estádio
fenológico, as bagas da uva de Pinot Noir
apresentaram cor verde, rosa e roxo.
Esta data marcou o início da maturação da Pinot Noir, na safra de 2005.
Posteriormente, as uvas começaram a desenvolver pigmentos e aromas,
transformando-se em fruto vistoso para as finalidades da dispersão.
O período da floração plena ao pintor dos frutos das videiras de Pinot Noir
abrangeu as datas de 17 de novembro a 29 de janeiro, ocorrendo em 73 dias
(Tabela 6, página 83).
Para a variedade Cabernet Sauvignon, foram observadas no início de
dezembro as inflorescências plenamente abertas, fato que caracteriza o estádio
fenológico 65. Já em de janeiro, as videiras possuíam frutos com 70% de seu
tamanho final, identificadas pelo estádio fenológico 77. Nesse mês, as brotações
continuaram a se desenvolver, superando o terceiro fio de condução.
Como demonstrado na Tabela 6, página 83, em fevereiro 20% das bagas dos
cachos de Cabernet Sauvignon mudaram de coloração. Na ocasião, podiam ser
percebidos grãos pigmentados enquanto outros possuíam colorações esverdeadas,
Figura 19. Cachos
de Pinot Noir na
‘véraison’. BBCH:
85. Quinta da Neve,
29/01/05.
97
estando, as videiras, no estádio fenológico 81. Já a mudança de coloração dos
cachos ocorreu em meados de fevereiro, nessa safra.
O período da floração plena ao pintor dos frutos das videiras de Cabernet
Sauvignon abrangeu as datas de 6 de dezembro de 2004 a 14 de fevereiro 2005,
ocorrendo em 70 dias.
6.3.3- ‘PINTOR’ A COLHEITA (86-89 BBCH):
Os estádios fenológicos entre o pintor e a colheita, definidos pelos números
86 a 89 do código de BBCH (Tabela 2, página 49), são conhecidos como períodos
de amadurecimento e de maturação das uvas (WINKLER, 1980).
De acordo com a Tabela 7, página 87, o período entre a mudança de
coloração dos frutos à colheita da variedade Chardonnay aconteceu em 59 dias.
Observa-se que no dia 5 de janeiro as uvas desta variedade iniciaram seu
amadurecimento e foram colhidas no dia cinco de março.
Esse período foi decisivo para a qualidade das uvas. As temperaturas do ar
foram mais altas, em torno de 20ºC, cujas temperaturas máximas e mínimas
absolutas variaram entre 31,71°C a 7°C em janeiro. A amplitude térmica do ar e a
radiação solar foram fatores importantes para a maturação das uvas, conferindo-
lhes características próprias. Sendo assim, a amplitude térmica oscilou entre 2,52 a
18°C e a radiação solar global média do período foi de 411,9 W.m
-
². Porém a
precipitação registrada foi de 160 mm bem distribuídos nos 22 dias de chuva
(Anexos 16 a 18). Tais condições foram favoráveis à incidência de oídio,
indicando a necessidade de medidas fitossanitárias.
Nos ramos produtivos de Chardonnay,
fotografados no dia 29 de janeiro (Figura
20), as uvas possuíam tons verde-amarelados
e 19°B. Observa-se que as folhas ainda
apresentavam marcas das geadas de outubro.
Neste mês, os ramos ainda cresceram
livremente entre os fios de condução.
Figura 20. Videira de Chardonnay. BBCH:
86. Quinta da Neve, 29/01/05.
98
Já no dia 14 de fevereiro, 19 dias antes da data da vindima, as videiras
apresentavam uvas com tons mais amarelados e com 19,6°B. Nesse mês, os ramos
foram podados na altura do terceiro fio de condução das videiras, prática
denominada de desponta.
A desponta dos ramos frutíferos visa o equilíbrio da vegetação e o
favorecimento dos cachos. Relatam que este procedimento permite a entrada de sol
e a circulação do ar no dossel dos vinhedos (WINKLER, 1980; GIOVANINI,
1999).
Também em função dos estádios fenológicos da maturação dos cachos, outras
práticas culturais podem ser ministradas no vinhedo, como a desfolha e o
desnetamento. Essas práticas consistem na retirada das folhas e dos brotos
secundários que encobrem os cachos e que, normalmente, dificultam a aeração, a
insolação e os tratos culturais.
No dia 5 de março, as uvas da variedade de Chardonnay foram colhidas,
identificadas pelo estádio fenológico 89. Neste dia, os frutos possuíam coloração
amarelo-dourada e 22,7°B (Tabela 9, página 106).
O período entre o ‘pintor’ e a colheita é o mais observado pelos
vitivinicultores. Pois a colheita além de estar associada com as características da
uva, relaciona-se com as condições climáticas que ocorrem nos dias que antecedem
a sua realização. MANDELLI (2002) comenta que não são raros os anos em que as
uvas chegam às vinícolas com um teor de açúcar insuficiente, face às condições
desfavoráveis para a maturação. Notifica que a incidência da podridão do cacho
acelera a colheita das variedades sensíveis a esses fungos.
As uvas estando no estádio fenológico 89 possuem composição adequada para
os objetivos enológicos, definido por GIOVANINI (1999) de maturação
tecnológica. Contudo, na maturação fisiológica as uvas atingem os máximos teores
de açúcar, ou de acidez mínimos, quando o embrião dentro da semente está apto
para germinar.
A Figura 10, página 88, e o Anexo 24 também apresentam as datas da
mudança de coloração dos frutos à colheita da variedade Pinot Noir. Observa-se
99
que no dia 29 de janeiro as uvas dessa variedade iniciaram seu amadurecimento e
foram colhidas no dia 5 de março, sendo necessários 35 dias para o período.
No dia 14 de fevereiro, os pedúnculos das uvas de Pinot Noir estavam verdes,
mas os grãos encontravam-se completamente coloridos, indicando o estádio
fenológico 87. Nesta ocasião, os frutos apresentavam 19°B (Tabela 9, página 106).
A medida do °B indica a graduação de sólidos solúveis totais das uvas,
representada, em sua maioria, pelo teor de açúcar da polpa. O teor de açúcar das
uvas indica o potencial alcoólico dos vinhos, sendo o álcool subproduto do
desdobramento do açúcar do mosto pelo processo de fermentação pelas leveduras.
Além do monitoramento climático, ‘sinais’ da planta e da uva podem ser
utilizados para a definição do ponto de colheita. Como comentado acima, o teor de
sólidos solúveis totais das uvas, medido através do refratômetro portátil, a campo,
podem indicar o momento da colheita.
Para essa finalidade, a coloração do pedúnculo e das sementes também pode
demonstrar a proximidade da colheita. A Figura 21 mostra a coloração do
pedúnculo no momento da colheita. A haste de sustentação do fruto, normalmente
possui coloração verde, porém torna-se marrom com a maturação da uva. De modo
semelhante ao pedúnculo, as sementes apresentam tonalidades de marrom e
tornam-se mais ‘soltas’ na polpa.
No dia cinco de março, as uvas da variedade de Pinot Noir foram colhidas. Na
ocasião, as videiras foram identificadas pelo estádio fenológico 89. Na vindima, os
frutos possuíam coloração violeta intensa, 22,8°B e boa sanidade dos cachos
(Tabela 9, página 106).
Figura 21. Detalhe do pedúnculo no
momento da colheita. Pinot Noir. BBCH: 89.
Q
uinta da Neve
,
05/03/05.
Figura 22. Cachos de Cabernet Sauvignon no
momento da colheita. BBCH: 89. Quinta da
Neve
,
07/04/05.
100
O período entre a mudança de coloração dos frutos à vindima da variedade
Cabernet Sauvignon aconteceu em 52 dias. Observa-se que no dia 14 de fevereiro
as uvas dessa variedade iniciaram seu amadurecimento e foram colhidas no dia 7
de abril (Tabela 7, página 87).
Nos ramos produtivos da variedade Cabernet Sauvignon, no dia 14 de
fevereiro, as uvas possuíam tons de verde, rosa e roxo. Estes ramos ainda
cresceram livremente entre os fios de condução.
Já no dia 5 de março, 33 dias antes da data da colheita, as uvas estavam
totalmente pigmentadas e com 19,5°B (Tabela 9, página 106). No final desse mês,
os ramos foram despontados na altura do terceiro fio de condução das videiras.
No dia 7 de abril, as uvas da variedade de Cabernet Sauvignon foram
colhidas, sendo, as videiras, identificadas pelo estádio fenológico 89. Na ocasião,
os frutos possuíam coloração roxa escuro, quase preta, com 23,1°B e boa sanidade
(Figura 22).
Quanto à sanidade das uvas nessa safra, não foram observados frutos com
podridões, nos vinhedos Quinta da Neve. Esse fato está relacionado ao clima
desfavorável a infecção e ao desenvolvimento de fungos, porém aconteceram
ataques das bagas por vespas e, posteriormente, por abelhas, sem prejuízo a
qualidade dos cachos para a vinificação.
A possibilidade de se manter a uva na videira em estado de sanidade ideal
deve ser sempre buscada. A melhora qualitativa que poderá advir desse cuidado
está relacionada à diminuição de teores de ácidos, à formação de aromas e da
concentração de açúcar que poderá haver em função do tempo seco (WINKLER,
1980; GIOVANINI, 1999).
6.3.4- COLHEITA AO FINAL DA QUEDA DAS FOLHAS (90-99 BBCH):
Na Tabela 7, página 87, e no Anexo 24 podem ser observados as datas que
iniciam o período da pós-colheita ao final da queda das folhas da variedade
Chardonnay. Quando as uvas permanecem na videira além do ponto de colheita,
elas podem atingir a sobre-maturação. Nessa condição, as uvas não recebem
acumulação complementar de açúcar, mas a acidez continua em diminuição.
101
Contudo, os grãos perdem resistência, facilitando o ataque de microrganismos que
causam perda de água (WINKLER, 1980).
No final de maio, como observado na Figura 23, as videiras de Chardonnay
apresentaram folhas de coloração marrom, ‘queimadas’ pelas geadas ocorridas no
mês. Observa-se que muitas folhas do dossel vegetativo sofreram abscisão foliar.
As videiras, como as fruteiras de clima temperado, caracterizam-se pela
queda das folhas no final do ciclo vegetativo e, consequentemente, pela entrada em
dormência no inverno, com a drástica redução das suas atividades metabólicas
(BOTELHO et al., 2002).
Observa-se que as videiras de Chardonnay necessitaram de 92 dias para
completarem a queda das folhas, após a colheita. No dia 5 de junho, as plantas
desta variedade findaram a abscisão foliar, indicando o estádio fenológico 97.
Após esse estádio fenológico, as videiras
encontram-se desprovidas de vegetação,
sendo formadas pelo tronco de sustentação,
pelos ramos de formação e pelos ramos que,
nessa safra, foram de produção (Figura 25).
No final de maio, as videiras de
Cabernet Sauvignon apresentaram folhas,
ainda, verdejantes, enquanto as folhas das
variedades Chardonnay e Pinot Noir estavam marrons e sofrendo abscisão.
Observa-se no Anexo 24 que as videiras de Cabernet Sauvignon necessitaram
os mesmos 92 dias utilizados pela variedade Chardonnay para completarem a
Figura 23. Videiras de Chardonnay.
BBCH: 97. Quinta da Neve, 27/05/05.
Figura 24. Detalhe de uma videira de Pinot
Noir no final do outono. BBCH: 97. Quinta da
Neve
,
27/05/05.
Figura 25. Videiras de
Cabernet Sauvignon
no inverno. Quinta da
Neve, 07/08/05.
102
queda das folhas, após a colheita; embora mais tardiamente. No dia 8 de julho, as
plantas desta variedade findaram a abscisão foliar, indicando o estádio fenológico
97.
Após a exposição dessas plantas a certo período de baixas temperaturas do ar,
elas iniciaram um novo ciclo vegetativo na primavera, recomeçando mais um ciclo
vegetativo.
6.4- COMPOSIÇÃO POLIFENÓLICA DAS VARIEDADES CHARDONNAY, PINOT
NOIR E CABERNET SAUVIGNON E O POTENCIAL QUALITATIVO DOS VINHOS,
SAFRA 2005:
A Tabela 8 e a Figura 26 apresentam a variação do teor dos compostos polifenólicos
totais das folhas de Cabernet Sauvignon, Pinot Noir e Chardonnay em função das datas de
coleta. Verifica-se que as maiores concentrações de polifenóis totais foram observadas nas
folhas de Chardonnay, no valor médio de 492,3 mg.L
-1
, enquanto as variedades Pinot Noir
e Cabernet Sauvignon não diferenciaram estatisticamente entre si. Essas variedades
apresentaram valores médios de polifenóis totais de 378,7 e 317,4 mg.L
-1
, respectivamente.
Os valores significativamente mais altos dos compostos polifenólicos das folhas de
Chardonnay podem estar relacionados com as características intrínsecas à variedade, ou
referem-se a períodos de estresses pelos quais as videiras foram submetidas. No caso de
estresse ambiental, o alto teor de polifenóis pode explicar uma possível reação das
plantas às geadas tardias observadas no mês de outubro, as quais poderiam ter
prejudicado o desenvolvimento das variedades mais precoces, sobretudo a
Chardonnay.
103
Tabela 8. Teor de compostos polifenólicos totais, em mg.L
-1
de ácido gálico, das folhas de
Chardonnay, Pinot Noir e Cabernet Sauvignon, coletadas na propriedade Quinta da Neve,
durante a safra 2005:
Coleta Chardonnay Pinot Noir C. Sauvignon
06/11/04 465,3 356,2
21/11/04 330,7 383,3 378,6
06/12/04 269,6 503,2 250,2
21/12/04 445,1 360,8 257,9
05/01/05 512,4 337,6 247,1
17/01/05 531,0 300,5 333,0
29/01/05 523,3 280,4 261,8
14/02/05 489,2 340,7 340,7
05/03/05 540,5 431,2 343,0
20/03/05 668,1 389,9 369,7
07/04/05 640,1 481,4 391,6
18/04/05 372,0
Média*
492,3 a 378,7 b 317,4 b
* Análise de separação de médias SNK, STATISTICA (6.0).
Sobre o fato, SOUZA FILHO (2001), BEER et al (2002), RIBEREAU-
GAYON (2003) e TAIZ & ZEIGER (2004) demonstram que a síntese desses
compostos é aumentada em função do estresse gerado pelo meio ambiente ou por
doenças. Exemplificam que o clima úmido e quente de certas regiões favorece o
desenvolvimento do fungo Botrytis cinerea, sendo um estímulo à formação de
polifenóis para proteger as videiras.
Na natureza, os polifenóis possuem a finalidade de proteger as plantas de
ataques biológicos, dos raios ultravioletas do sol ou de outros estresses percebidos
no meio ambiente e, por isso, localizam-se preferentemente nas folhas, cascas e
sementes dos vegetais TAIZ & ZEIGER (2004).
104
269,5
531,0
668,1
540,5
489,2
503,2
280,4
360,8
431,2
389,9
343,0
250,2
391,6
333,0
247,1
0
100
200
300
400
500
600
700
800
6/11/04 21/11/04 6/12/04 21/12/04 5/1/05 20/1/05 4/2/05 19/2/05 6/3/05 21/3/05 5/4/05 20/4/05
(Poli)fenóis (mg.L-1 de ácido gálico)
Chardonnay Pinot Noir Cabernet Sauvignon
Figura 26. Teor de polifenóis totais (mg.L
-1
) das folhas de Chardonnay, Pinot Noir e
Cabernet Sauvignon, propriedade Quinta da Neve, São Joaquim-SC, safra 2005.
Como demonstrado na Figura 26, os teores de polifenóis nas folhas de
Chardonnay aumentaram entre as datas de 6 de dezembro de 2004 a 5 de abril de
2005, cujas concentrações variaram de 269,6 a 668,2 mg.L
-1
. Para a variedade
Cabernet Sauvignon, constatou-se que esses compostos oscilaram entre 247,1 mg.L
-
1
, em janeiro de 2005, a pouca mais de 390,0 mg.L
-1
, em abril do mesmo ano.
Enquanto nas folhas de Pinot Noir, obteve-se um teor de polifenóis de 503,2 mg.L
-
1
, em dezembro de 2004, e de 280,4 mg.L
-1
, no início de fevereiro de 2005.
De fato, as variedades Chardonnay e Cabernet Sauvignon apresentaram
comportamentos semelhantes quanto à curva polifenólica das folhas. Inicialmente,
observou-se uma tendência de queda nos teores desses compostos e,
posteriormente, um aumento gradual de polifenóis, atingindo seu máximo na
penúltima coleta realizada. Já a curva da variedade Pinot Noir mostrou-se inversa,
em alguns momentos, principalmente em relação à Chardonnay. Porém, os teores
de polifenóis também tenderam a aumentar com as datas de coleta (Figura 26).
Esses valores foram superiores aos encontrados nas folhas de Crajirú,
estudadas por FETT et al. (2004). Esses pesquisadores relatam que o Crajirú,
105
Arrabidae chica v (Bignoniaceae) é uma planta medicinal da Amazônia,
popularmente utilizada na forma de chá, no combate de inflamações. Em seus
estudos, encontraram um teor de polifenóis totais de 135 mg.L
-1
, após fervura de 14
minutos em água destilada. Já nas folhas jovens de erva-mate, cultivados a pleno
sol, foram observados valores de polifenóis em torno de 200 mg.L
-1
(STRASSMANN, 2004).
Nos períodos acima citados, as videiras de Chardonnay, Pinot Noir e Cabernet
Sauvignon desenvolviam plenamente seu crescimento vegetativo, sendo a
composição polifenólica variável em função dos estádios fenológicos das plantas e
das condições climáticas do período, temas desenvolvidos anteriormente na
discussão.
No entanto, a falta de informações para explicar os fatos, indica a necessidade
de mais estudos sobre os polifenóis nesses órgãos. Tal comportamento pode estar
relacionado à defesa da planta a alguma intempérie do tempo, à doença ou ao
estádio fenológico da planta no período, pois as folhas são órgãos de síntese desses
compostos para posterior armazenamento nos frutos. Contudo WINKLER (1980)
relata que o material precursor dessas substâncias se encontra nas folhas, e muitos
polifenóis, como os aromas, são sintetizados nas bagas.
BEER et al. (2002) acrescenta que os compostos fenólicos das uvas, assim
como outros órgãos vegetais, dependem da espécie, da variedade, das condições
climáticas relacionadas à média diária de temperatura e da exposição solar, bem
como das condições de solo.
Para os teores de polifenóis das videiras, CABRITA et al., (2003) observaram
que as uvas e os vinhos contêm uma série de compostos polifenólicos derivados da
estrutura básica do fenol, como os taninos e as antocianinas.
Os teores de polifenóis totais observados nos vinhos microvinificados de
Cabernet Sauvignon e Pinot Noir dos vinhedos da Quinta da Neve, safra 2005
foram de 1.855,6 e 1.120,3 mg.L
-1
, respectivamente. O vinho de Chardonnay
apresentou o menor teor de 281,35 mg.L
-1
(Tabela 9). Para as variedades tintas,
verifica-se que os teores observados na Quinta da Neve em São Joaquim, estão
dentro da faixa estabelecida para as variedades portuguesas por CABRITA et al.,
106
(2003). Segundo estes autores, os valores de polifenóis totais encontrados nos
vinhos das variedades tintas portuguesas variam entre 966 e 2.729 mg.L
-1
.
Os principais dados analíticos das microvinificações elaboradas com as 3
uvas das variedades estudadas dos vinhedos Quinta da Neve, na safra de 2005,
estão apresentados na Tabela 9.
Segundo as análises, observa-se que o vinho das uvas de Cabernet Sauvignon
possui cor intensa e rico em polifenóis totais. Os teores de antocianas totais,
precursoras das antocianinas, foram de 1,3 g.L
-1
e, os de taninos, de 3,8 g.L
-1
. Já os
teores observados de polifenóis totais foram de 1.855,6 mg.L
-1
.
No momento da colheita, as uvas de Cabernet Sauvignon apresentaram 23,1
°B e elaborados os vinhos apresentaram 12,8 °GL. Na composão desse vinho,
observaram-se 2,7 g.L
-1
de açúcares redutores (residuais) e 27,8 g.L
-1
de extrato seco.
Quanto a acidez total, o vinho de Cabernet Sauvignon apresentou um valor de
71 mEq.L
-1
, bem como pH 3,66. Já o vinho de Pinot Noir mostrou uma acidez total
menor, no valor de 67 mEq.L
-1
, e um pH maior, sendo esse 3,69. Enquanto o vinho
de Chardonnay, por ser branco e normalmente necessitar maior acidez, apresentou
acidez total de 86 mEq.L
-1
e pH de 3,5 (Tabela 9).
Tabela 9. Análise das microvinificações elaboradas com as uvas de Chardonnay,
Pinot Noir e Cabernet Sauvignon dos vinhedos Quinta da Neve, na safra 2005.
(A.R.= açúcares redutores; Ac.T= acidez total; E.S.= extrato seco; A.T. antocianas
totais; Int. cor= Intensidade da cor; (P)T= polifenóis totais)
2
.
Variedade °B A.R. Ac.T pH E.S. Álcool Taninos A.T. Int. cor (P)T
uva
g.L
-1
mEq.L
-1
g.L
-1
GL
g.L
-1
g.L
-1
mg.L
-1
C. Sauvignon 23,1 2,7 71,0 3,66 27,8 12,8 3,8 1,33 2,4 1.855,6
Pinot Noir 22,8 2,5 67,0 3,69 22,9 12,6 2,9 0,99 1,9 1.120,3
Chardonnay 22,7 2,0 86,0 3,50 19,3 12,6 281,4
2
Análises efetuadas 7 meses após o início da microvinificação.
107
O vinho de Pinot Noir mostrou intensidade da cor de 1,9 e teores de
antocianas totais de 0,99 g.L
-1
. Ainda, o vinho dessa casta apresentou composição
polifenólica de 1.120,3 mg.L
-1
(Tabela
9). Contudo, é sabido que vinhos
produzidos com Pinot Noir são normalmente de coloração menos intensa, porque a
casca da uva é mais fina e contêm menos taninos (LILLA, 2004).
Quanto ao teor de taninos observado, esse vinho apresentou um valor de 2,9
g.L
-1
. Já o grau alcoólico foi de 12,6 GL, para uvas colhidas com 22,8 °B. A
quantidade de açúcares redutores foi de 2,5 g.L
-1
, apresentando certa doçura no
paladar. Nesse vinho registrou–se um valor de 22,9 g.L
-1
de extrato seco.
O vinho de Chardonnay, por outro lado, apresentou 2,0 g.L
-1
de açúcares
redutores, 12,6 GL de graduação alcoólica e 19,3 g.L
-1
de extrato seco, oriundos de
uvas colhidas com 22,7 °B (Tabela
9).
Ademais, o vinho de Chardonnay foi microvinificado em branco, ou seja, sem
a interação do mosto com a casca, apresentando um conteúdo polifenólico mais
baixo, no valor de 281,4 mg.L
-1
.
Os vinhos analisados mostraram-se alcoólicos e ácidos. Essas características,
somadas a coloração intensa dos vinhos, são aspectos que marcam o produto na
região. Nos vinhos, o álcool e o pH funcionam como bons conservantes. PÉRES &
GERVÁZ (2003) mencionam que vinhos com pH abaixo de 3,50 não apresentam
problemas com a ‘volta’, ou seja, a retomada do ataque do vinho por
microorganismos.
Sobre as condições que devem reunir um vinho tinto de guarda, MENDOZA
(2005) aconselha que a composição desses deva apresentar: antocianas entre 200 a
1.200 mg.L
-1
; taninos entre 1.000 a 5.000 mg.L
-1
; grau alcoólico superior a 13°GL
e; acidez volátil inferior a 0,4 g.L
-1
, especialmente em ácido acético. Ademais, não
devem ser demasiadamente adstringente e amargo, mas equilibrados.
108
6.5- CONSIDERAÇÕES SOBRE OS VINHOS DAS VARIEDADES
CHARDONNAY, PINOT NOIR E CABERNET SAUVIGNON, NA SAFRA 2005:
As potencialidades organolépticas dos vinhos de Chardonnay, Pinot Noir e
Cabernet Sauvignon da Quinta da Neve, safra 2005, foram avaliadas por
degustações sensoriais e gustativas. Salientam-se os comentários e as observações
das degustações realizadas pelo Dr. Marco Stefanini, pesquisador do Centro
Sperimentale do Instituto Agrário di San Michele All’Adige, Província de Trento
(Itália) e pela equipe de enófilos ligados à Universidade Federal de Santa Catarina.
Segundo o pesquisador italiano
STEFANINI (2006 – comunicação
pessoal), o vinho microvinificado de
Chardonnay apresentou bom aspecto
visual, com intensidade de aromas
muito boa, que lembraram banana,
abacaxi, baunilha e mel. Para o
referido pesquisador, o vinho de Pinot
Noir mostrou qualidades aromáticas
muito boas, cujos aromas lembraram cereja, ameixa e framboesa. Acrescenta que o
vinho possuiu um aspecto resinoso, com tanino elágico. A respeito do vinho
Cabernet Sauvignon, este foi considerado muito bom, com aspecto visual
excelente, com a presença de aromas tostados, chocolate e amora, com toques de
menta, pimentão e ervas.
O pesquisador considerou muito bons o aspecto visual e a intensidade do
nariz do vinho Chardonnay, sendo bons a qualidade no nariz, as características
gustativas e a harmonia. O Pinot Noir sobressaiu-se nos aspectos aromáticos,
classificando-os como muito bons. Descreve, também, que o vinho de Cabernet
Sauvignon apresentou excelente aspecto visual, com qualidades gustativas e
aromáticas muito boas (Tabela 10 e Figura 27).
Figura 27. Vinhos microvinificados das variedades
Chardonnay, Pinot Noir e Cabernet Sauvignon,
safra 2005.
109
Tabela 10. Conceitos dos vinhos microvinificados das variedades Cabernet Sauvignon,
Chardonnay e Pinot Noir dos vinhedos Quinta da Neve, safra 2005, segundo Marco
Stefanini:
Avaliação/Conceito Cabernet Sauvignon Chardonnay Pinot Noir
Olho
Aspecto Excelente Muito bom Bom
Nariz
Intensidade Muito bom Muito bom Muito bom
Qualidade Muito bom Bom Muito bom
Boca
Intensidade Muito bom Bom Bom
Qualidade Muito bom Bom Bom
Harmonia
Muito bom Bom Bom
Uma outra observação destacada por Marco Stefanini foi que as
microvinificações das variedades Chardonnay, Pinot Noir e Cabernet Sauvignon
foram elaboradas com uvas de boa qualidade.
A equipe de enófilos ligados a Universidade Federal de Santa Catarina
observou que, visualmente, o vinho microvinificado da variedade Chardonnay
mostrou-se brilhante com reflexo amarelo dourado e amarelo esverdeado.
Aromaticamente, o Chardonnay apresentou flavores predominante de frutas
maduras, muito persistentes. Enquanto os primeiros aromas lembraram algo
açucarado, com o tempo tornaram-se mais ricos e ‘verdes’. Quanto às
características gustativas, mostrou-se picante nas papilas, devido ao CO
2
que
conserva o vinho. A acidez foi predominante no Chardonnay.
Pelas avaliações visuais, olfativas, gustativas, e pelo exame final, a equipe
classificou o vinho de Chardonnay como sendo muito bom, com média de 76 para
os requisitos. Já o vinho microvinificado da uva Pinot Noir, a equipe descreveu-o
como um varietal com aspecto visual típico, de cor rubi brilhante. Os aromas foram
mais florais, lembrando muitas vezes terra molhada e caramelo. Ficou registrado
que, neste vinho, o aroma impressionou mais que o sabor. Contudo, apresentou boa
acidez e taninos equilibrados, elegantes. Classificaram-no como um excelente
vinho, com média de 82,65 para as suas características visuais, olfativas e
gustativas (Tabela 11).
110
Tabela 11. Notas e conceitos dos vinhos microvinificados das variedades Cabernet
Sauvignon, Chardonnay e Pinot Noir dos vinhedos Quinta da Neve, safra 2005, segundo
equipe de enófilos da Universidade Federal de Santa Catarina:
Avaliação/ Notas* Variedades
Cabernet Sauvignon Chardonnay Pinot Noir
Visual
Aspecto 4,5 3,7 4,5
Cor 4,6 4,2 4,6
Olfativo
Intensidade 8,3 7,8 8,2
Complexidade 8,3 7,4 8,2
Qualidade 8,4 7,8 8,5
Gustativo Acidez 4,0 3,8 4,2
Tanino 4,4 4,5 4,3
Amargor 4,3 4,3 3,9
Corpo 4,6 4,4 4,1
Qualidade 8,0 7,1 8,0
Complexidade 8,5 6,7 7,9
Final
Harmonia 8,5 7,2 8,4
Persistência 8,8 7,3 8,1
Média* 85,0 (Excelente) 76 (Muito bom) 82,7 (Excelente)
* Notas e médias utilizadas indicadas no anexo 25.
A microvinificado de Cabernet Sauvignon impressionou pelo seu aspecto
visual, sendo um vinho de cor grená intenso, tingindo a taça. Relataram que os
aromas lembraram ervas, grãos tostados e manteiga de cacau. Gustativamente
mostrou-se um vinho equilibrado, com taninos maduros. Porém ‘rude’, que deveria
ser guardado para posterior consumo. Devido às suas características enológicas, foi
considerado um excelente vinho, com média 85 (Tabela 11 e Anexo 25).
111
7- CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS
Impedimentos físicos não foram observados nos Cambisolos cultivados com
vinhedos na região vitícola Lomba Seca. Nesses solos, a superficialidade da rocha
matriz encontrava-se fragmentada, formando pedregosidades em seus perfis.
Contudo, impedimentos químicos foram constatados devido à acidez e aos altos
níveis de alumínio e manganês. Na camada arável, essa limitação não foi mais
percebida após a correção desses solos com calcário calcítico e dolomítico, no
momento da implantação dos vinhedos.
A proximidade da região ao leito do rio Lava Tudo proporcionou ocasiões de
nevoeiro nos vinhedos.
Com relação ao vinhedo da Quinta da Neve, foi possível observar regiões
baixas e propícias à incidência de geadas. Já a encosta de cultivo possibilitou a
disposição das filas de produção das videiras direcionadas do leste ao oeste, para o
melhor aproveitamento do nascer e pôr do sol.
A região de São Joaquim possui um clima frio, úmido de noites frias. Este
clima é distinto do encontrado em outras regiões produtoras de vinhos finos
brasileiras e difere, sobretudo, por apresentar um clima vitícola mais frio e noites
mais frias. Na safra de 2005, a localidade Lomba Seca, em São Joaquim,
apresentou clima mais seco e quente durante a maturação das uvas em relação à
cidade do município.
Nessa localidade, os períodos de precipitação durante a safra de 2005 foram
mais freqüentes em setembro, agosto e maio, coincidindo o período mais seco com
as fases fenológicas da maturação e da colheita. O mês mais quente foi janeiro e o
mais frio, julho.
A intensidade de radiação solar global, durante o desenvolvimento das
videiras, apresentando média em torno de 350 W.m
-2
, que convertida para
Radiação Fotossinteticamente Ativa (RFA) demonstrou que a região apresenta
energia radiante suficiente e adequada para a atividade fotossintética das videiras.
Em 2005, as geadas foram mais freqüentes nos meses de outubro, maio e
julho. Aquelas que ocorreram em outubro prejudicaram o desenvolvimento das
videiras mais precoces ocasionando uma redução na produção. Contudo, o clima da
112
Lomba Seca foi favorável ao desenvolvimento das videiras e à maturação dos
frutos das variedades Cabernet Sauvignon, Chardonnay e Pinot Noir,
possibilitando a brotação uniforme, após um período contínuo de dormência no
rigoroso inverno da região, e a colheita em período mais seco.
As condições climáticas de fevereiro a abril, período de maturação das uvas,
possibilitaram a obtenção de frutos com teores de açúcares acima de 22°B e boas
características relacionadas à composição polifenólica. Esse fato está relacionado
com a intensidade de radiação solar e com as temperaturas desse período.
A caracterização térmica de todo ciclo e, principalmente, da maturação dos
frutos das variedades apresentou similaridade de comportamento, independente do
índice bioclimático utilizado. A Cabernet Sauvignon foi a variedade que mais
necessitou de somas térmicas para completar a maturação, seguida pelas videiras
de Chardonnay e de Pinot Noir. Definindo assim, tanto pelo Graus-Dia de Winkler
como pelo Índice Heliotérmico de Huglin, uma escala para as 3 variedades, sendo
a Pinot Noir a de menor e a Cabernet Sauvignon de maior exigência térmica.
A variedade mais precoce para iniciar a brotação, o florescimento e a
maturação dos frutos foi a Chardonnay, com época de colheita semelhante a Pinot
Noir. Constatou-se, então, que as variedades precoces para a brotação
apresentaram precocidade na floração e na colheita, assim a Chardonnay e a Pinot
Noir são precoces com relação a Cabernet Sauvignon.
Considerado esse período durante a safra de 2005, na propriedade Quinta da
Neve, concluiu-se que as videiras de Cabernet Sauvignon, Chardonnay e Pinot
Noir brotaram em setembro ou outubro e suas uvas foram colhidas em março ou
abril, dependendo da precocidade ou do caráter tardio das variedades.
A composição polifenólica das folhas variou em função das condições
climáticas e dos estádios fenológicos das datas de coleta. As maiores
concentrações de polifenóis totais nas folhas foram observadas na variedade
Chardonnay. Teores menores e similares entre as duas variedades foram
encontrados para Pinot Noir e Cabernet Sauvignon.
Os vinhos microvinificados de Cabernet Sauvignon e Pinot Noir
demonstraram cor intensa, riqueza em antocianinas, taninos e polifenóis totais. O
vinho da variedade Chardonnay apresentou cor intensa e límpida, com menor teor
de polifenóis totais, característica genética das viníferas brancas.
113
As analises químicas mostraram que os vinhos obtidos são alcoólicos e
ácidos. Estas características, somadas a cor intensa, os taninos e as antocianinas
dos vinhos, demarcam ‘um produto típico’ de qualidade determinada pelas
condições de ‘clima-solo-variedades’ das regiões de altitudes.
Os vinhos obtiveram a classificação de excelentes para os tintos de Cabernet
Sauvignon e Pinot Noir e muito bom para o branco de Chardonnay, segundo
observações dos degustadores.
114
8- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
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122
9- ANEXOS:
Anexo 1. Mapa Altimétrico da Região Lomba Seca, Comunidade Bentinho, São
Joaquim, Santa Catarina. Ministério do Exército – Diretoria de Serviço Geográfico.
Região Sul do Brasil – 1: 100.000
São Sebastião do Arvoredo
Folha SH – 22-X-A-II
MI – 2922
Localização da propriedade Quinta da
Neve, na comunidade Bentinho.
123
Anexo 2. Representação esquemática da região de São Joaquim, no Planalto
Serrano Catarinense:
LEGENDA:
Indicação do município de São Joaquim
Cidade pólo da região
Localização da propriedade Quinta da Neve
Curso do Rio Canoas e Rio Pelotas
--
Curso do Rio Lava Tudo e Rio Caveiras
124
Anexo 3. Formação Serra Geral: Esboço Geológico do estado de Santa Catarina,
modificado de F. K. Takeda, Atlas Geológico de Santa Catarina (1950), por L. F.
Scheibe e V. H. Teixeira, 1972.
Fonte:Levantamento SANTA CATARINA (1973)
125
Anexo 4. Solos da região de São Joaquim e detalhe dos solos da porção mediana
do Rio Lava Tudo, Lomba Seca. Embrapa Solos:
Fonte: EMBRAPA (2006).
Ca76/1
Rd3/1
São Joaquim
LEGENDA:
Ca76/1 = Cambissolos
Rd3/1 = Neossolos Litólicos
126
Anexo 5. Levantamento Planialtimétrico da Fazenda Bentinho, atual propriedade
vitivinícola Quinta da Neve, pelo topógrafo Jocelt Hildebrando Madruga, São
Joaquim 2000.
127
Anexo 6. Posicionamento geográfico da propriedade Quinta da Neve na Localidade
Lomba Seca, em São Joaquim. ‘Google Earth’ (2006).
128
Anexo 7. Laudo de análise do solo. Departamento de Solos da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (2004).
129
Anexo 8. Correlação entre as temperaturas médias do ar (°C) da região vitícola Lomba
Seca, na propriedade Quinta da neve (QN), e no centro urbano de São Joaquim, na Estação
Experimental (EE), durante a safra 2005 (STATISTICA 6,0):
Temperatura do ar média (°C)
Mês/Ano EE QN QN/EE Fórmula Correlação
set/04 14,0 15,9 +1,9 y=2,0923*x^0,7734 0,93
out/04 12,3 14,5 +2,2 y=3,41*x^0,5793 0,89
nov/04 14,3 16,4 +2,1 y=0,9125*x+3,3089 0,94
dez/04 15,4 17,9 +2,5 y=2,6067*x^0,706 0,93
jan/05 17,5 20,1 +2,5 y=28951*x^0,6767 0,91
fev/05 16,3 18,9 +2,6 y=-0,0344*x²-0,2054*x+12,857 0,84
mar/05 16,6 18,3 +1,8 y=-0,0596*x²-1,0115*x+18,493 0,91
abr/05 14,1 15,0 +0,9 y=1,0625*x^1,0003 0,94
mai/05 12,4 12,9 +0,4 y=1,0982*x^0,9742 0,89
jun/05 12,1 12,6 +0,6 y=0,0004*x²+1,0486*x-0,0945 0,93
jul/05 8,6 9,5 +0,9 y=-0,0056*x²+1,1104*x+0,4591 0,95
ago/05 12,4 12,8 +0,4 y=0,988*x+0,5162 0,93
Safra 13,8 15,3 1,5 y=1,0332*x+0,3381 0,97
Anexo 9. Correlação entre as precipitações totais (mm) da região vitícola Lomba Seca, na
propriedade Quinta da neve (QN), e o centro urbano de São Joaquim, na Estação
Experimental (EE), durante a safra 2005 (STATISTICA 6,0):
Precipitação total (mm)
Mês/Ano EE QN QN/EE Fórmula Correlação
set/04 283,5 247,6 +35,9 y=-0,0152*x²+1,6638*x-0,0171 0,88
out/04 88,5 115,2 +26,7 y=0,048*x²+0,7891*x+0,0645 0,99
nov/04 84,2 105,8 +21,6 y=0,0261*x²+0,8748*x+0,4824 0,86
dez/04 38,0 63,0 +25,0 y=-0,074*x²+1,8924*x+0,264 0,87
jan/05 129,9 105,2 -24,7 y=-0,0134*x²+1,3561*x+0,6211 0,63
fev/05 131,3 47,8 -83,5 y=-0,0104*x²+0,3749*x+0,703 0,12
mar/05 168,3 152,6 -15,7 y=-0,013*x²+0,2773*x+0,4128 0,96
abr/05 100,9 136,0 +35,1 y=0,0057*x²+1,1033*x+0,4161 0,88
mai/05 156,9 235,0 +78,1 y=0,0162*x²+0,7764*x+0,2631 0,99
jun/05 85,7 120,8 +35,1 y=-0,0524*x²+1,8519*x+1,3114 0,36
jul/05 89,7 88,0 -2,0 y=-0,0647*x²+2,0579*x-0,1921 0,97
ago/05 161,1 197,4 +36,3 y=0,0029*x²+1,2432*x-0,6632 0,97
Safra 1482,1 1654,8 172,688 y=0,0063*x²+0,9298*x+0,722 0,95
130
Anexo 10. Fenômenos meteorológicos ocorridos na propriedade Quinta da Neve, safra
2005:
Fenômenos Meteorológicos
Safra Vento Nevoeiro Tempestade Granizo Geada
set-04 3 2 2 0 0
out-04 5 0 5 0 3
nov-04 1 0 2 0 1
dez-04 0 0 2 0 0
jan-05 1 1 2 0 0
fev-05 2 1 1 0 0
mar-05 0 3 1 0 0
abr-05 0 1 0 0 0
mai-05 1 0 2 0 3
jun-05 1 6 3 0 1
jul-05 2 0 0 0 4
ago-05 8 2 3 0 0
Total 24 16 23 0 12
Média do ano
2 1 2 0 1
Fonte: Escritório de Assistência Técnica Junior & Renato, 2005.
Anexo 11. Fenômenos meteorológicos observados na região de São Joaquim, safra 2005:
Fenômenos Meteorológicos
Safra Granizo Geada Neve
set-04 2 2 0
out-04 1 9 0
nov-04 1 1 0
dez-04 1 0 0
jan-05 1 2 0
fev-05 2 0 0
mar-05 0 0 0
abr-05 0 0 0
mai-05 1 8 0
jun-05 0 7 0
jul-05 0 15 1
ago-05 2 5 0
Total 11 49 1
Média do ano
1 4 -
Fonte: Epagri, 2006.
131
Anexo 12. Temperaturas médias do ar mensal e diária, Temperaturas máximas e mínimas
absolutas e Amplitude Térmica, em °C; Precipitação, em mm; Umidade Relativa do ar, em
%; médias das Radiações Solar Global, em W/m², e Fotossinteticamente Ativa RFA,
em µmolfotons.m
-2
.s
-1
, da região vitícola Lomba Seca, mês de setembro, 2004:
15,86
27,50
27,05
26,62
5,71
5,40
3,2
2,3
15,8
-5
0
5
10
15
20
25
30
35
1/9 4/9 7/9 10/9 13/9 16/9 19/9 22/9 25/9 28/9
Temperatura (°C)
-5
0
5
10
15
20
25
30
35
Aplitude Térmica (°C)
Temp.média mensal Temp.média diária Temp.máx Temp.mín Amplitude Térmica
5,4
41
33,4
7,2
14,8
61,2
13,8
6
33,6
26,2
17
22,8
96,9
72,2
0
20
40
60
80
100
120
140
160
1/9 4/9 7/9 10/9 13/9 16/9 19/9 22/9 25/9 28/9
Precipitação (mm)
50
60
70
80
90
100
Umidade (%)
Precipitão (mm) Umidade Relativa (%)
11,4
23,6
1037,5
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1/9 4/9 7/9 10/9 13/9 16/9 19/9 22/9 25/9 28/9
Radiação Solar (W/m²)
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
Radiação fotossint. ativa
(micromolfotons.m-2.s-1)
Radiação Solar Global RFA
132
Anexo 13. Temperaturas médias do ar mensal e diária, Temperaturas máximas e mínimas
absolutas e Amplitude Térmica, em °C; Precipitação, em mm; Umidade Relativa do ar, em
%; médias das Radiações Solar Global, em W/m², e Fotossinteticamente Ativa RFA,
em µmolfotons.m
-2
.s
-1
, da região vitícola Lomba Seca, mês de outubro, 2004:
14,46
26,7
0,49
6,46
22,71
-5
0
5
10
15
20
25
30
35
1/10 4/10 7/10 10/10 13/10 16/10 19/10 22/10 25/10 28/10 31/10
Temperatura (°C)
-5
0
5
10
15
20
25
30
35
Amplitude Térmica (°C)
Temp.média mensal Temp.média diária Temp.máx Temp.mín Amp.térmica
2,8
4,8
13,6
7,98,4
9,2
17,9
26,4
19,6
58,4
56,6
92,9
93,2
0
20
40
60
80
100
120
140
160
1/10 4/10 7/10 10/10 13/10 16/10 19/10 22/10 25/10 28/10 31/10
Precipitação (mm)
50
55
60
65
70
75
80
85
90
95
100
Umidade (%)
Precipitão (mm) Umidade Relativa (%)
154,1
570,4
122,2
516,0
1180,8
252,9
0
200
400
600
800
1.000
1.200
1.400
1/10 4/10 7/10 10/10 13/10 16/10 19/10 22/10 25/10 28/10 31/10
Radiação solar (W/m²)
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
Radiação fotossint. ativa
(micromolfotons.m-2.s-1)
Radiação Solar Global RFA
133
Anexo 14. Temperaturas médias do ar mensal e diária, Temperaturas máximas e mínimas
absolutas e Amplitude Térmica, em °C; Precipitação, em mm; Umidade Relativa do ar, em
%; médias das Radiações Solar Global, em W/m², e Fotossinteticamente Ativa RFA,
em µmolfotons.m
-2
.s
-1
, da região vitícola Lomba Seca, mês de novembro, 2004:
16,40
28,34
5,96
17,8
4,9
-5
0
5
10
15
20
25
30
35
1/11 4/11 7/11 10/11 13/11 16/11 19/11 22/11 25/11 28/11
Temperatura (°C)
-5
0
5
10
15
20
25
30
35
Amplitudermica (°C)
Temp.dia diária temp.média mensal Temp.máx Temp.mín Amp.térmica
13,8
8
10,8
20,8
9,8
28
60,82
0
20
40
60
80
100
120
140
160
1/11 4/11 7/11 10/11 13/11 16/11 19/11 22/11 25/11 28/11
Precipitação (mm)
-20
20
60
100
Umidade (%)
Precipitação (mm) Umidade Relativa (%)
111,0
572,5
570,8
229,7
1181,5 1185,0
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1/11 4/11 7/11 10/11 13/11 16/11 19/11 22/11 25/11 28/11
Radiação Solar (W/m²)
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
Radiação fotossint. ativa
(micromolfotons.m-2.s-1)
Radiação Solar Global RFA
134
Anexo 15. Temperaturas médias do ar mensal e diária, Temperaturas máximas e mínimas
absolutas e Amplitude Térmica, em °C; Precipitação, em mm; Umidade Relativa do ar, em
%; médias das Radiações Solar Global, em W/m², e Fotossinteticamente Ativa RFA,
em µmolfotons.m
-2
.s
-1
, da região vitícola Lomba Seca, mês de dezembro, 2004:
17,88
28,67
14,96
27,91
16,32
27,92
10,41
9,4
3,8
14,4
-5
0
5
10
15
20
25
30
35
1/12 4/12 7/12 10/12 13/12 16/12 19/12 22/12 25/12 28/12 31/12
Temperatura (°C)
-5
0
5
10
15
20
25
30
35
Amplitude Térmica (°C)
Temp.média diária Temp.média mesal Temp.máx Temp.mín Ampl.térmica
4,68
6
5
3,2
5,6
12
6,8
11,2
6,65
86,22
57,16
0
20
40
60
80
100
120
140
160
1/12 4/12 7/12 10/12 13/12 16/12 19/12 22/12 25/12 28/12 31/12
Precipitação (mm)
50
60
70
80
90
Umidade (%)
Precipção (mm) Umidade (%)
101,1
537,3
293,8
1123,8
209,3
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1/12 4/12 7/12 10/12 13/12 16/12 19/12 22/12 25/12 28/12 31/12
Radiação Solar (W/m²)
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
Radiação fotossint. ativa
(micromolfotons.m-2.s-1)
Radiação Solar Global RFA
135
Anexo 16. Temperaturas médias do ar mensal e diária, Temperaturas máximas e mínimas
absolutas e Amplitude Térmica, em °C; Precipitação, em mm; Umidade Relativa do ar, em
%; médias das Radiações Solar Global, em W/m², e Fotossinteticamente Ativa RFA,
em µmolfotons.m
-2
.s
-1
, da região vitícola Lomba Seca, mês de janeiro, 2004:
20,05
20,5
31,7
7,00
19,32
3,7
17,4
-5
0
5
10
15
20
25
30
35
1/1 4/1 7/1 10/1 13/1 16/1 19/1 22/1 25/1 28/1 31/1
Temperatura (°C)
-5
0
5
10
15
20
25
30
35
Amplitude Térmica (°C)
Temp.média diária Temp.média mensal Temp.máx Temp.mín Amp.térmica
3,4
17,8
3,2
0,8
24,6
9,0
3,8
0,8
36,2
4,6
0,6
67,00
62,30
95,52
0
20
40
60
80
100
120
140
160
1/1 4/1 7/1 10/1 13/1 16/1 19/1 22/1 25/1 28/1 31/1
Precipitação (mm)
50
60
70
80
90
100
Umidade (%)
Precião (mm) Umidade (%)
103,6
586,2
586,2
214,4
1213,31213,5
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1/1 4/1 7/1 10/1 13/1 16/1 19/1 22/1 25/1 28/1 31/1
Radiação Solar (W/m²)
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
Radiação fotossint. ativa
(micromolfotons.m-2.s-1)
Radiação Solar Global RFA
136
Anexo 17. Temperaturas médias do ar mensal e diária, Temperaturas máximas e mínimas
absolutas e Amplitude Térmica, em °C; Precipitação, em mm; Umidade Relativa do ar, em
%; médias das Radiações Solar Global, em W/m², e Fotossinteticamente Ativa RFA,
em µmolfotons.m
-2
.s
-1
, da região vitícola Lomba Seca, mês de fevereiro, 2004:
18,82
19,94
29,93
9,20
17,51
16,7
2,5
-5
0
5
10
15
20
25
30
35
1/2 4/2 7/2 10/2 13/2 16/2 19/2 22/2 25/2 28/2
Temperatura (°C)
-5
0
5
10
15
20
25
30
35
Amplitude Térmica (°C)
Temp.média diária Temp.média do mês Temp.máx Temp.mín Amp.térmica
0,8
3,4
6,4
2,4
8
7
2,6
15,6
0,60,6
95,4
67,6
62,6
0
20
40
60
80
100
120
140
160
1/2 4/2 7/2 10/2 13/2 16/2 19/2 22/2 25/2 28/2
Precipitação (mm)
50
60
70
80
90
100
Umidade (%)
Precipção (mm) Umidade (%)
544,0
378,1
73,6
1126,1
152,4
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1/2 4/2 7/2 10/2 13/2 16/2 19/2 22/2 25/2 28/2
Radiação Solar (W/m²)
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
Radiação fotossint. ativa
(micromolfotons.m-2.s-1)
Radiação Solar Global RFA
137
Anexo 18. Temperaturas médias do ar mensal e diária, Temperaturas máximas e mínimas
absolutas e Amplitude Térmica, em °C; Precipitação, em mm; Umidade Relativa do ar, em
%; médias das Radiações Solar Global, em W/m², e Fotossinteticamente Ativa RFA,
em µmolfotons.m
-2
.s
-1
, da região vitícola Lomba Seca, mês de março, 2004:
18,3
20,0
31,1
8,4
17,2
6,5
18,8
-5
0
5
10
15
20
25
30
35
1/3 4/3 7/3 10/3 13/3 16/3 19/3 22/3 25/3 28/3 31/3
Temperatura (°C)
-5
0
5
10
15
20
25
30
35
Amplitude Térmica (°C)
Temp.média diária Temp.média do mês Temp.máx Temp.mín Amp.térmica
16,6
0,2
3
16,2
46,2
10,6
0,6
72,65
89,15
85,76
58,1
0
20
40
60
80
100
120
140
160
1/3 4/3 7/3 10/3 13/3 16/3 19/3 22/3 25/3 28/3 31/3
Precipitação (mm)
50
60
70
80
90
100
Umidade (%)
Precipção (mm) Umidade (%)
69,9
494,7
17,0
438,4
1024,1
35,1
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1/3 4/3 7/3 10/3 13/3 16/3 19/3 22/3 25/3 28/3 31/3
Radiação Solar (W/m²)
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
Radiação fotossint. ativa (micromolfotons.m-2.s-1)
Radiação Solar Global RFA
138
Anexo 19. Temperaturas médias do ar mensal e diária, Temperaturas máximas e mínimas
absolutas e Amplitude Térmica, em °C; Precipitação, em mm; Umidade Relativa do ar, em
%; médias das Radiações Solar Global, em W/m², e Fotossinteticamente Ativa RFA,
em µmolfotons.m
-2
.s
-1
, da região vitícola Lomba Seca, mês de abril, 2004:
15
27,3
12,2
3,1
16,4
15,3
2,3
-5
0
5
10
15
20
25
30
35
1/4 4/4 7/4 10/4 13/4 16/4 19/4 22/4 25/4 28/4
Temperatura (°C)
-5
0
5
10
15
20
25
30
35
Amplitude Térmica (°C)
Temp.média diária temp.média do mês Temp.máx Temp.mín Amp.térmica
53,4
7,2
1,6
15,2
2
6
4,4
10,2
2
3,8
24,2
92,2
72,1
98,1
0
20
40
60
80
100
120
140
160
1/4 4/4 7/4 10/413/416/419/422/425/428/4
Precipitação (mm)
50
60
70
80
90
100
Umidade (%)
Precião (mm) Umidade (%)
103,5
150,6
378,7
422,5
63,5
874
131,4
840,0
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1/4 4/4 7/4 10/4 13/4 16/4 19/4 22/4 25/4 28/4
Radiação Solar (W/m²)
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
Radiação fotossint. ativa
(micromolfotons.m-2.s-1
)
Radiação Solar Global RFA
139
Anexo 20. Temperaturas médias do ar mensal e diária, Temperaturas máximas e mínimas
absolutas e Amplitude Térmica, em °C; Precipitação, em mm; Umidade Relativa do ar, em
%; médias das Radiações Solar Global, em W/m², e Fotossinteticamente Ativa RFA,
em µmolfotons.m
-2
.s
-1
, da região vitícola Lomba Seca, mês de maio, 2004:
2,2
18,7
12,9
23,9
-2,8
3,6
16,7
-5
0
5
10
15
20
25
30
35
1/5 4/5 7/5 10/5 13/5 16/5 19/5 22/5 25/5 28/5 31/5
Temperatura (°C)
-5
0
5
10
15
20
25
30
35
Amplitude Térmica (°C)
Temp.média diária Temp.média do mês Temp.máx Temp.mín Amp.térmica
0,6
6,6
11,2
19,8
22
13,2
0,8
19,8
0,6
139,6
64,54
95,73
0
20
40
60
80
100
120
140
160
1/5 4/5 7/5 10/5 13/5 16/5 19/5 22/5 25/5 28/5 31/5
Precipitação (mm)
50,0
60,0
70,0
80,0
90,0
100,0
Umidade (%)
Precipção (mm) Umidade (%)
19,9
363,5
672,4
41,2
752,5
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1/5 4/5 7/5 10/5 13/5 16/5 19/5 22/5 25/5 28/5 31/5
Radiação Solar (W/m²)
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
Radiação fotossint. ativa (micromolfotons.m-2.s-1)
Radiação Solar Global RFA
140
Anexo 21. Temperaturas médias do ar mensal e diária, Temperaturas máximas e mínimas
absolutas e Amplitude Térmica, em °C; Precipitação, em mm; Umidade Relativa do ar, em
%; médias das Radiações Solar Global, em W/m², e Fotossinteticamente Ativa RFA,
em µmolfotons.m
-2
.s
-1
, da região vitícola Lomba Seca, mês de junho, 2004:
2,7
15,9
12,6
23,9
-4,1
17,4
1,6
-5
0
5
10
15
20
25
30
35
1/6 4/6 7/6 10/6 13/6 16/6 19/6 22/6 25/6 28/6
Temperatura (°C)
-5
0
5
10
15
20
25
30
35
Amplitude Térmica (°C)
Temp.média diária Temp.média do mês Temp.máx Temp.mín Amp.térmica
25,2
15
23
30
9,2
8,4
3
0,6
4
1,2
90,4
64,9
0
20
40
60
80
100
120
140
160
1/6 4/6 7/6 10/6 13/6 16/6 19/6 22/6 25/6 28/6
Precipitação (mm)
50
60
70
80
90
100
Umidade (%)
Precião (mm) Umidade (%)
27,7
336,1
57,4
673,3
695,9
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1/6 4/6 7/6 10/6 13/6 16/6 19/6 22/6 25/6 28/6
Radiação Solar (W/m²)
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
Radiação fotossint. ativa
(micromolfotons.m-2.s-1)
Radiação Solar Global RFA
141
Anexo 22. Temperaturas médias do ar mensal e diária, Temperaturas máximas e mínimas
absolutas e Amplitude Térmica, em °C; Precipitação, em mm; Umidade Relativa do ar, em
%; médias das Radiações Solar Global, em W/m², e Fotossinteticamente Ativa RFA,
em µmolfotons.m
-2
.s
-1
, da região vitícola Lomba Seca, mês de julho, 2004:
16,9
-0,6
9,5
24,5
-4,9
3,5
16,5
-5
0
5
10
15
20
25
30
35
1/7 4/7 7/7 10/7 13/7 16/7 19/7 22/7 25/7 28/7 31/7
Temperatura (°C)
-5
0
5
10
15
20
25
30
35
Amplitude Térmica (°C)
Temp.média diária Temp.média do mês Temp.máx Temp.mín Amp.térmica
15
1
17
16
14
13
13
1
67,7
93,0
0
20
40
60
80
100
120
140
160
1/7 4/7 7/7 10/7 13/7 16/7 19/7 22/7 25/7 28/7 31/7
Precipitação (mm)
50
55
60
65
70
75
80
85
90
95
100
Umidade (%)
Precipção (mm) Umidade (%)
39,1
53
302,3
319,2
660,7
81,0
625,7
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1/7 4/7 7/7 10/7 13/7 16/7 19/7 22/7 25/7 28/7 31/7
Radiação Solar (W/m²)
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
Radiação fotossint. ativa (micromolfotons.m-2.s-1)
Radiação Solar Global RFA
142
Anexo 23. Temperaturas médias do ar mensal e diária, Temperaturas máximas e mínimas
absolutas e Amplitude Térmica, em °C; Precipitação, em mm; Umidade Relativa do ar, em
%; médias das Radiações Solar Global, em W/m², e Fotossinteticamente Ativa RFA,
em µmolfotons.m
-2
.s
-1
, da região vitícola Lomba Seca, mês de agosto, 2004:
21,9
12,8
26,8
-0,2
18,3
3,7
-5
0
5
10
15
20
25
30
35
1/8 4/8 7/8 10/8 13/8 16/8 19/8 22/8 25/8 28/8 31/8
Temperatura (°C)
-5
0
5
10
15
20
25
30
35
Amplitude Térmica (°C)
Temp.média diária Temp.média do mês Temp.máx Temp.mín Amp.térmica
23,8
0,8
13,2
16,8
69,2
75,8
2,2
93,0
67,8
92,7
0
20
40
60
80
100
120
140
160
1/8 4/8 7/8 10/8 13/8 16/8 19/8 22/8 25/8 28/8 31/8
Precipitação (mm)
50
55
60
65
70
75
80
85
90
95
100
Umidade (%)
Precião (mm) Umidade (%)
47,4
425,8
880,0
98,1
788,2
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1/8 4/8 7/8 10/8 13/8 16/8 19/8 22/8 25/8 28/8 31/8
Radiação Solar (W/m²)
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
Radiação fotossint. ativa
(micromolfotons.m-2.s-1
)
Radiação Solar Global RFA
143
Anexo 24. Equações de correlação em função dos estádios fenológicos e do ciclo
vegetativo das variedades Cabernet Sauvignon, Chardonnay e Pinot Noir dos vinhedos
Quinta da Neve, na safra 2005 (STATISTICA, 6.0).
y = -0,002x
2
+ 152,03x - 3E+06
R
2
= 0,8849
0
20
40
60
80
100
1/8/04 9/11/04 17/2/05 28/5/05 5/9/05
Estádios fenológicos (BBCH
)
Chardonnay
y = -0,0021x
2
+ 164,13x - 3E+06
R
2
= 0,9001
0
20
40
60
80
100
1/8/04 9/11/04 17/2/05 28/5/05 5/9/05
Estádios fenológicos (BBCH
)
Pinot Noir
y = -0,0015x
2
+ 112,73x - 2E+06
R
2
= 0,9458
0
20
40
60
80
100
1/8/04 9/11/04 17/2/05 28/5/05 5/9/05
Estádios fenológicos (BBCH
)
Cabernet Sauvignon
144
Anexo 25. Notas, médias e conceitos dos vinhos segundo metodologia utilizada pela equipe
de enófilos da Universidade Federal de Santa Catarina:
Notas Característica
0,0 a 5,0 Visual Aspecto
Visual Cor
Gustativa Acidez
Gustativa Tanino
Gustativa Amargor
Gustativa Corpo
0,0 a 10,0 Olfativa
Gustativa Qualidade
Gustativa Complexidade
Final
Médias Conceito
100-90 Espetacular
89-80 Excelente
79-70 Muito bom
69-60 Bom
59-50 Razoável
Anexo 26. Representação dos estádios fenológicos das videiras de Chardonnay
(CH), Pinot Noir (PN) e Cabernet Sauvignon (CS) em algumas datas da safra 2005,
nos vinhedos Quinta da Neve, segundo Baillod e Baggiolini (1993):
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