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LILIAN TAÍS DE GOUVEIA
Contribuições ao estudo da influência de propriedades de
agregados no comportamento de misturas asfálticas densas
Tese apresentada ao Departamento de Transportes da
Escola de Engenharia de São Carlos - Universidade de São
Paulo, como parte dos requisitos para obtenção do título de
Doutora em Engenharia Civil - Área de Transportes
Orientador: Prof. Dr. José Leomar Fernandes Júnior
USP – EESC
Outubro de 2006
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À Antônio Joaquim de Gouveia
i
Agradecimentos
Sinto-me muito feliz em escrever estes agradecimentos àqueles que de alguma forma ajuda-
ram a tornar possível a realização deste trabalho.
Agradeço ao professor José Leomar Fernandes Júnior pela orientação e liberdade para o
desenvolvimento da pesquisa. Agradeço por sua bondade e por ter sido tão tranqüila e agradável
nossa convivência por tantos anos.
Agradeço aos bons companheiros de trabalho Alessandro Ito, Marcos Bottene Cunha, Elisa
Picchi, Vivian Silveira dos Santos Bardini, Patrícia Teodorovski Garbin e Ana Paula Furlan pela
disposição e dedicação.
Agradeço ao professor Glauco Tulio Pessa Fabbri pelas sugestões valiosas dadas no trans-
correr da pesquisa.
Agradeço aos técnicos do laboratório de estradas, do Departamento de Transportes da EESC,
João Domingos Filho, Paulo Toyama e Antônio Carlos Gigante pela colaboração direta ou
indireta na realização de alguns ensaios.
Agradeço aos técnicos do laboratório de química e de mecânica dos solos, do Departamento
de Geotecnia da EESC, Antônio Garcia e Décio Aparecido Lourenço pelo auxílio na realização
de alguns ensaios.
Agradeço ao professor José Eduardo Rodrigues por tão prontamente viabilizar a análise
petrográfica do agregado de gabro e por gentilmente disponibilizar a utilização dos laboratórios
do Departamento de Geotecnia da EESC, confiando-me as as chaves do Departamento.
Agradeço à Pedreira Santa Isabel e ao engenheiro Odair pela disposição e interesse em
fornecer as amostras do agregado de basalto.
Agradeço à Pedreira São Roque e a seu proprietário Sr. Abel, pela presteza em dispor das
amostras do agregado de gabro.
Agradeço à Mineradora Jundu e ao engenheiro Pedro pela simpatia e empenho no forneci-
mento das amostras de areia natural e também pelo interesse demonstrado pela pesquisa.
iii
Agradeço à Mineradora Areia Munhoz e ao Sr. Neto Munhoz pela notável satisfação em
disponibilizar as amostras de areia natural.
Agradeço à Fapesp pelo financiamento desta pesquisa, na forma de bolsa de doutorado.
Agradeço aos amigos, Douglas Xavier Teodoro de Oliveira, Márcio Augusto de Souza,
Nadja Cristina Pena, Nazira Harb, Renato Porfírio Ishii, Caio Peres Sabo, Omar Andres Car-
mona Cortes, Elaine Carmona, Mário Meireles Teixeira, Rodrigo Fernandes de Mello e Cláudia
Mello, pela amizade verdadeira.
Agradeço à minha mãe, Selma Alves de Gouveia, pelo carinho e dedicação de uma vida
inteira. Agradeço ao meu pai, Antônio Joaquim de Gouveia, meu amigo, por tudo e por tanto,
que, com sua companhia agradável, seu senso de humor refinado, sua sabedoria e inteligência,
impregnou nossas almas. Agradeço-o também imensamente por ter-me ensinado o prazer da
leitura.
Agradeço ao Luciano José Senger por seu amor e amizade, por ser sempre tão companheiro
e leal e, que, mais uma vez, teve o carinho e a paciência de ler e revisar esta dissertação.
Agradeço-o também por encaminhar-me ao mundo do software livre.
iv
Quanto maior for o número de olhares, de olhares distintos
que saibamos empregar para ver uma mesma coisa,
tanto mais completo será nosso conceito sobre ela,
tanto mais completa será nossa objetividade...
Friedrich Wilhelm Nietzsche
v
Resumo
O objetivo principal desta pesquisa é avaliar a influência que as propriedades estudadas
dos agregados exercem sobre propriedades volumétricas e mecânicas de misturas asfálticas
densas. Para tanto, foram avaliadas as propriedades de consenso e de origem, especificadas
pelo Superpave, de um conjunto de agregados, além de suas densidades, porosidade, absorção
e adesividade. Foram estudados agregados de gabro, basalto e areia natural e três tipos de
granulometrias, uma denominada AZR, passando acima da zona de restrição da especificação
Superpave, e outras duas, obtidas através do sistema de seleção granulométrica Bailey. Também
três níveis de energia de compactação foram aplicados às misturas, 75, 110 e 155 golpes por face
do corpo-de-prova Marshall. Avaliou-se o comportamento mecânico das misturas através dos
ensaios de estabilidade e fluência Marshall, fluência por compressão uniaxial uniforme, fluência
por compressão uniaxial dinâmica, resistência à tração, módulo de resiliência e fadiga. Os
resultados mostraram que, de uma maneira geral, o agregado de gabro apresentou superioridade
em relação ao agregado de basalto e de areia natural, tanto quando analisado isoladamente
como quando analisado nas misturas asfálticas. Suas características de forma, angularidade
e textura superficial permitiram arranjos entre partículas adequados, formando esqueletos es-
truturais resistentes à deformação permanente e também à fadiga. As análises das misturas
à luz da granulometria mostram que, de uma maneira geral, a granulometria AZR produziu
misturas mais estáveis, mais resistentes à deformação permanente e à fadiga. Pôde-se constatar,
também, que as propriedades volumétricas são sensíveis às densidades dos agregados e à taxa
de absorção destes, além de serem influenciadas diretamente pelas características de superfície
dos agregados e pela energia de compactação. Com o aumento da energia de compactação
aplicada, as partículas angulosas e rugosas dos agregados de gabro e de basalto arranjaram-se
de maneira mais próxima e, por conseqüência, houve a diminuição dos vazios do agregado
mineral e elevação da estabilidade e rigidez das misturas, sem, contudo, causar prejuízos à vida
de fadiga. Os estudos sobre a absorção de asfalto pelos agregados revelaram que os agregados
absorvem mais asfalto quanto mais fina a espessura da película de asfalto que os envolve e,
também, que misturas com um mesmo teor de asfalto absorvem quantidades semelhantes de
asfalto, sendo o tempo necessário para que a absorção se complete diretamente proporcional à
viscosidade (temperatura) do asfalto. As propriedades de consenso e de origem dos agregados,
utilizadas pelas especificações Superpave, mostraram-se inadequadas, ora por não avaliarem
satisfatoriamente determinada propriedade, ora por apresentarem metodologia imprópria para o
objetivo aos quais se propõem.
Palavras-chave: propriedades dos agregados; granulometria; energia de compactação; mis-
turas asfálticas; propriedades volumétricas, propriedades mecânicas.
vii
Abstract
The main objective of this research is to evaluate the influence that the studied properties
of aggregates have on volumetric and mechanical characteristics of dense asphalt mixtures. It
was evaluated origin and consensus properties, specified by the Superpave, for a set of aggre-
gates, besides their densities, porosity, absorption and adhesiveness. Aggregates of gabbro,
basalt and natural sand were studied and three types of aggregate gradations, one called AZR,
passing above the zone of restriction of the Superpave specification, and two others, obtained
through the Bailey method. Three levels of compaction energy were applied, corresponding
respectively to 75, 110 and 155 blows of the Marshall hammer per face of the specimen. The
mechanical behavior of the hot mix asphalt (HMA) was evaluated through the Marshall stability
and flow, static and dynamic creep, indirect tensile strength, resilient modulus and fatigue tests.
The results showed that, in general terms, the gabbro aggregate presented a superior behavior
compared to the natural sand and the basalt aggregates, based on both aggregate and asphalt
mixture evaluation tests. Its characteristics of form, angularity and surface texture resulted
in an adequate arrangement between particles, building a resistant structural skeleton to both
permanent deformation and fatigue cracking. Analyses of the HMA mixtures as a function
of gradation showed that, in general terms, AZR mixtures were more stable, more resistant to
permanent deformation and to fatigue cracking than Bailey mixtures. It could be evidenced
that the volumetric properties depends on the specific gravity and the absorption rate of the
aggregates, being also directly influenced by aggregate surface characteristics and compaction
energy. Increasing the energy applied for specimen compaction resulted, for the angular and
rough particles of gabbro and basalt aggregates, in a closer arrangement, with reduction of the
voids in mineral aggregate and increase of the stability and stiffness of the mixtures, without,
however, causing damages that could conducted to a shorter fatigue life. The studies about
absorption of asphalt by aggregates showed that the smaller the asphalt film thickness the
greater the asphalt absorption. The results also showed that HMA mixtures with the same
asphalt content absorb similar amounts of asphalt, although the necessary time to complete
the absorption is directly proportional to the asphalt viscosity (temperature). This research
showed evidences that consensus and origin properties of aggregates, used for the Superpave
specifications, are inadequate since they do not evaluate some properties satisfactorily and do
not represent an adequate methodology for the achievement of certain objectives.
Keywords: properties of aggregates; aggregate gradation; level of compaction energy; hot
mix asphalt (HMA); volumetric properties; mechanical properties.
ix
Sumário
1 Introdução 1
2 Propriedades dos Agregados Especificadas pelo Superpave 11
2.1 Considerações Iniciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2.2 Propriedades de Consenso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.2.1 Angularidade do Agregado Grosso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.2.2 Angularidade do Agregado Fino . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.2.3 Partículas Planas e Alongadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.2.4 Finos Plásticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.3 Propriedades de Origem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
2.3.1 Resistência à Abrasão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
2.3.2 Sanidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.3.3 Materiais Deletérios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.4 Experimentos Laboratoriais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.4.1 Agregados Estudados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.4.2 Ensaio de Partículas Fraturadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
2.4.3 Ensaio de Angularidade do Agregado Fino . . . . . . . . . . . . . . . 27
2.4.4 Ensaio de Partículas planas e alongadas . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
2.4.5 Ensaio do Equivalente de Areia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
2.4.6 Abrasão Los Angeles . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
2.4.7 Sanidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
2.4.8 Torrões de Argila e Partículas Friáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
2.5 Resultados da Caracterização Superpave dos Agregados . . . . . . . . . . . . . 41
2.5.1 Porcentagem de Partículas Fraturadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
2.5.2 Angularidade do Agregado Fino . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
2.5.3 Forma do Agregado Grosso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
2.5.4 Equivalente de Areia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
2.5.5 Abrasão Los Angeles . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
2.5.6 Sanidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
2.5.7 Torrões de Argila e Partículas Friáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
2.6 Conclusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
2.7 Considerações Finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
xi
3 Absorção de Asfalto 59
3.1 Considerações Iniciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
3.2 Características da Absorção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
3.3 Efeito das Propriedades do Agregado na Absorção . . . . . . . . . . . . . . . . 61
3.3.1 Porosidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
3.3.2 Distribuição e Tamanhos dos Poros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
3.3.3 Composição Química e Mineralógica do Agregado . . . . . . . . . . . 62
3.4 Efeito das Propriedades do Asfalto na Absorção . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
3.5 Absorção seletiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
3.6 Métodos de Determinação da Absorção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
3.7 Experimentos Laboratoriais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
3.7.1 Asfalto Utilizado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
3.7.2 Método Rice de Determinação da Densidade Máxima Medida . . . . . 68
3.7.3 Densidade aparente do Agregado Grosso . . . . . . . . . . . . . . . . 73
3.7.4 Densidade aparente do Agregado Fino . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
3.8 Resultados da Absorção de Asfalto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
3.8.1 Comportamento da Absorção de Asfalto pelo Agregado de Gabro em
Relação ao Tempo e ao Teor de Asfalto . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
3.8.2 Comportamento da Absorção de Longo Prazo após 2 Horas de Cura . . 88
3.9 Conclusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
3.10 Considerações Finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
4 Relações entre Propriedades Volumétricas, Densidades e Absorção de Asfalto 93
4.1 Considerações Iniciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
4.2 Parâmetros Volumétricos Primários . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
4.3 Parâmetros Volumétricos Secundários . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
4.4 Relações entre Propriedades Volumétricas, Densidades e Absorção de Asfalto . 95
4.4.1 Entendimento Conceitual das Densidades dos Agregados . . . . . . . . 96
4.4.2 Exemplo Prático . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
4.5 Método Seguro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102
4.5.1 Vazios do Agregado Mineral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102
4.5.2 Volume de Vazios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
4.5.3 Relação Betume-Vazios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
4.5.4 Densidade Efetiva do Agregado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
4.5.5 DMM para Diferentes Teores de Asfalto . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
4.5.6 Absorção de Asfalto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106
4.5.7 Exemplo de Utilização do Método Seguro . . . . . . . . . . . . . . . . 107
4.6 Diagrama de Componentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
4.6.1 Dados de Entrada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
4.6.2 Composição do Diagrama de Componentes . . . . . . . . . . . . . . . 110
4.7 Considerações Finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117
5 Propriedades Volumétricas e Seleções Granulométricas 119
5.1 Considerações Iniciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119
5.2 Granulometria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122
5.2.1 Linha de Densidade Máxima . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124
5.2.2 Método Bailey . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129
5.2.3 Método Superpave . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139
5.3 Experimentos Laboratoriais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 144
5.3.1 Seleções Granulométricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 144
xii
5.3.2 Massas Específicas dos Agregados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 148
5.3.3 Execução dos Corpos-de-Prova Marshall . . . . . . . . . . . . . . . . 149
5.4 Resultados e Análises dos Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 152
5.4.1 Dosagens das Misturas Asfálticas AZR . . . . . . . . . . . . . . . . . 152
5.4.2 Dosagens das Misturas Asfálticas Bailey . . . . . . . . . . . . . . . . 159
5.4.3 Comparando Misturas AZR e Bailey . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 164
5.5 Conclusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 168
5.6 Considerações Finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 170
6 Vazios do Agregado Mineral e Energia de Compactação 173
6.1 Considerações Iniciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 173
6.2 Vazios do Agregado Mineral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 175
6.3 Vazios do Agregado Mineral e Energia de Compactação . . . . . . . . . . . . . 176
6.4 Experimentos Laboratoriais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 177
6.5 Resultados e Análises dos Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 180
6.5.1 Análise de Quebra de Partículas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 180
6.5.2 Propriedades Volumétricas das Misturas AZR versus Energia de Com-
pactação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 181
6.5.3 Asfalto Efetivo e Espessura do Filme de Asfalto versus Energia de
Compactação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 183
6.5.4 RBV sob Nova Óptica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 184
6.6 Conclusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 186
6.7 Considerações Finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 187
7 Propriedades Mecânicas e de Adesividade das Misturas Asfálticas 191
7.1 Considerações Iniciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 191
7.2 Deformação Permanente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 192
7.3 Trincas por Fadiga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 195
7.4 Desgaste . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 197
7.5 Experimentos Laboratoriais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 199
7.5.1 Estabilidade e Fluência Marshall . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 199
7.5.2 Ensaio de Fluência por Compressão Uniaxial Uniforme . . . . . . . . . 199
7.5.3 Ensaio de Fluência por Compressão Uniaxial Dinâmica . . . . . . . . . 203
7.5.4 Ensaios de Compressão Diametral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 204
7.5.5 Adesividade entre o Asfalto e o Agregado . . . . . . . . . . . . . . . . 215
7.6 Resultados das Propriedades Mecânicas das Misturas . . . . . . . . . . . . . . 219
7.6.1 Estabilidade e Fluência Marshall . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 219
7.6.2 Fluência por Compressão Uniaxial Uniforme . . . . . . . . . . . . . . 222
7.6.3 Fluência por Compressão Uniaxial Dinâmica . . . . . . . . . . . . . . 228
7.6.4 Ensaios de Resistência à Tração e de Módulo de Resiliência . . . . . . 237
7.6.5 Estimativa da Vida de Fadiga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 245
7.7 Resultados de Adesividade das Misturas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 260
7.7.1 Adesividade entre o Asfalto e o Agregado - Análise Visual . . . . . . . 260
7.7.2 Sensibilidade à Umidade das Misturas Asfálticas . . . . . . . . . . . . 262
7.7.3 Conclusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 267
8 Conclusões e Sugestões para Estudos Futuros 269
Referências Bibliográficas 277
Apêndices
xiii
A Análises Estatísticas 287
A.1 Ensaios de Estabilidade e Fluência Marshall . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 287
A.2 Ensaios de Fluência por Compressão Uniaxial Uniforme . . . . . . . . . . . . 291
A.3 Ensaios de Fluência por Compressão Uniaxial Dinâmica . . . . . . . . . . . . 294
A.4 Ensaios de Resistência à Tração e de Módulo de Resiliência . . . . . . . . . . 297
B Análise Petrográfica 301
xiv
Lista de Figuras
2.1 Ensaio de determinação de partículas fraturadas . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.2 Ensaio de angularidade do agregado fino . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.3 Paquímetro dimensional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.4 Ensaio do equivalente de areia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.5 Máquina los angeles . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.6 Aparência do agregado antes e depois de submetido a ciclos de sanidade . . . . 25
2.7 Ensaio de porcentagem de faces fraturadas do agregado grosso . . . . . . . . . 27
2.8 Ensaio de avaliação da forma da partícula . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
2.9 Dimensões da partícula do agregado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
2.10 Amostra utilizada no ensaio do equivalente de areia . . . . . . . . . . . . . . . 32
2.11 Agitação da proveta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
2.12 Leitura do nível superior da areia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
2.13 Equipamento necessário para a realização do ensaio do equivalente de areia . . 34
2.14 Preparo da solução de sulfato de sódio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
2.15 Determinação da densidade da solução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
2.16 Cristais retirados da solução de sulfato de sódio durante o ensaio de sanidade . 37
2.17 Cestos contendo as amostras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
2.18 Imersão das amostras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
2.19 Controle da temperatura da solução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
2.20 Ensaio de detecção de torrões de argila e partículas friáveis . . . . . . . . . . . 40
2.21 Definições de forma, angularidade e textura superficial das partículas . . . . . . 45
3.1 Procedimento de resfriamento da amostra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
3.2 Determinação da massa seca da amostra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
3.3 Dispositivo de nivelamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
3.4 Kitassato modificado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
3.5 Extração de ar da amostra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
3.6 Determinação da massa do conjunto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
3.7 Determinação da temperatura da água . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
3.8 Amostra úmida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
3.9 Procedimento para atingir a condição de secura superficial da amostra . . . . . 74
3.10 Determinação da massa da amostra ao ar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
3.11 Determinação da massa da amostra submersa na água . . . . . . . . . . . . . . 75
3.12 Amostra úmida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
3.13 Procedimento para atingir a condição de secura superficial da amostra . . . . . 77
3.14 Colocação da amostra no cone . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
3.15 Procedimento para a verificar a condição de secura superficial da amostra . . . 78
xv
3.16 Verificação da condição de secura superficial da amostra . . . . . . . . . . . . 78
3.17 Ponto de secura superficial da amostra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
3.18 Determinação da massa com superfície seca da amostra . . . . . . . . . . . . . 79
3.19 Extração de bolhas de ar da amostra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
3.20 Variação da absorção de curto prazo para os diferentes teores de asfalto . . . . 84
3.21 Variação da absorção de longo prazo para os diferentes teores de asfalto . . . . 84
3.22 Absorção de curto prazo versus tempo e modelo hiperbólico . . . . . . . . . . 86
3.23 Absorção de longo prazo versus tempo e modelo hiperbólico . . . . . . . . . . 86
3.24 Absorção versus DMM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
3.25 Absorção versus tempo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
3.26 Comparação entre a absorção de longo prazo e a absorção de longo prazo após
2 horas de cura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
4.1 Volumes do agregado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
4.2 Vazios do agregado mineral, considerando-se a densidade aparente do agregado 98
4.3 Vazios do agregado mineral, considerando-se a densidade efetiva do agregado . 99
4.4 Vazios do agregado mineral, considerando-se a densidade real do agregado . . 99
4.5 Volume de vazios, considerando-se a densidade efetiva do agregado . . . . . . 100
4.6 Volume de vazios, considerando-se a densidade aparente do agregado . . . . . 101
4.7 Volume de vazios, considerando a densidade real do agregado . . . . . . . . . 101
4.8 Diagrama de componentes da mistura asfáltica compactada . . . . . . . . . . . 109
4.9 Composição do diagrama de componentes - 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111
4.10 Composição do diagrama de componentes - 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111
4.11 Composição do diagrama de componentes - 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112
4.12 Composição do diagrama de componentes - 4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113
4.13 Composição do diagrama de componentes - 5 . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113
4.14 Composição do diagrama de componentes - 6 . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114
4.15 Diagrama de componentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116
5.1 Granulometrias utilizadas para avaliar o arranjo entre as partículas de agregados
(Nijboer (1948) apud Huber & Shuler (1992)) . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124
5.2 VAM da mistura versus inclinação das curvas granulométricas (Nijboer (1948)
apud Huber & Shuler (1992)) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125
5.3 Granulometrias estudadas por Goode & Lufsey (1962) . . . . . . . . . . . . . 126
5.4 Granulometrias do tipo "S" estudadas por Goode & Lufsey (1962) . . . . . . . 127
5.5 Peneiras de controle - Primeira Peneira de Controle (PPC) . . . . . . . . . . . 132
5.6 Combinação entre formas de partículas e vazios resultantes (Vavrik et al., 2001) 132
5.7 Peneiras de controle - Peneira Média (PM) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133
5.8 Peneiras de controle - Segunda Peneira de Controle (SPC) . . . . . . . . . . . 135
5.9 Peneiras de controle - Terceira Peneira de Controle (TPC) . . . . . . . . . . . . 136
5.10 Seleção da massa específica solta dos agregados grossos para misturas densas . 138
5.11 Representação gráfica da especificação granulométrica Superpave, para o diâ-
metro máximo nominal de 12,5 mm . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 140
5.12 Curva granulométrica AZR utilizada na composição de misturas asfálticas com
agregados de gabro (AZRg), basalto (AZRb) e areia natural (AZRa) . . . . . . 146
5.13 Curva granulométrica Bailey para agregado de basalto (Bb) . . . . . . . . . . . 146
5.14 Curva granulométrica Bailey para agregado de gabro (Bg) . . . . . . . . . . . 147
5.15 Curvas granulométricas utilizadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 147
5.16 Curva de viscosidade Saybolt-Furol versus temperatura do asfalto . . . . . . . 150
5.17 Controle da temperatura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151
5.18 Compactador Marshall . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151
xvi
5.19 Propriedades volumétricas obtidas na dosagem das misturas AZRg, AZRb e
AZRa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 154
5.20 Espessura do filme de asfalto obtidas na dosagem das misturas AZRg, AZRb e
AZRa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 157
5.21 Estabilidade e Fluência Marshall obtidas na dosagem das misturas AZRg, AZRb
e AZRa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 158
5.22 Propriedades volumétricas obtidas nas dosagens das misturas Bg e Bb . . . . . 161
5.23 Estabilidade e Fluência Marshall obtidas na dosagem das misturas Bg e Bb . . 163
5.24 VAM das misturas AZRg, AZRb, AZRa, Bg e Bb . . . . . . . . . . . . . . . . 164
5.25 Comparação entre a estabilidade e fluência Marshall das misturas AZR e Bailey 165
5.26 Comparação entre o asfalto efetivo, espessura do filme de asfalto e relação
betume-vazios das misturas AZR e Bailey . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 166
6.1 Procedimento para escolha das energias de compactação correspondentes a 110
e 155 golpes por face do corpo-de-prova Marshall . . . . . . . . . . . . . . . . 177
6.2 Equipamento utilizado para extração de asfalto . . . . . . . . . . . . . . . . . 178
6.3 Processo de extração de asfalto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 179
6.4 Curvas granulométricas AZRg e AZRb obtidas após compactação e curva gra-
nulométrica AZR de projeto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 181
6.5 Variação dos vazios do agregado mineral das misturas AZRg e AZRb, conforme
a energia de compactação aplicada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 182
6.6 Variação da relação betume-vazios das misturas AZRg e AZRb conforme a
energia de compactação aplicada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 183
6.7 Variação do asfalto efetivo e espessura do filme de asfalto das misturas AZRg e
AZRb, conforme a energia de compactação aplicada . . . . . . . . . . . . . . . 185
7.1 Deformação permanente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 192
7.2 Trincas por fadiga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 195
7.3 Perda de adesividade entre o asfalto e o agregado na presença de água . . . . . 198
7.4 Prensa empregada na realização dos ensaios Marshall . . . . . . . . . . . . . . 200
7.5 Equipamento usado nos ensaios de fluência por compressão uniaxial . . . . . . 200
7.6 Ensaio de fluência por compressão uniaxial uniforme . . . . . . . . . . . . . . 202
7.7 Cálculo do ensaio de fluência por compressão uniaxial uniforme . . . . . . . . 203
7.8 Telas de um ensaio de fluência por compressão uniaxial dinâmica . . . . . . . . 204
7.9 Ensaio de resistência à tração por Compressão diametral uniforme . . . . . . . 205
7.10 Ruptura do corpo-de-prova . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 206
7.11 Equipamento do ensaio de compressão diametral . . . . . . . . . . . . . . . . 208
7.12 Frisos e suporte do LVDT . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 209
7.13 Ensaio de módulo de resiliência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 209
7.14 Telas obtidas após um ensaio de módulo de resiliência . . . . . . . . . . . . . 210
7.15 Curva de deformação versus tempo, para um ciclo de carregamento . . . . . . . 211
7.16 Ensaio realizado para a estimativa da vida de fadiga das misturas . . . . . . . . 214
7.17 Descolamento da película de asfalto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 216
7.18 Deslocamento da película de asfalto do agregado fino . . . . . . . . . . . . . . 217
7.19 Variação da estabilidade em função da energia de compactação aplicada . . . . 220
7.20 Variação da estabilidade Marshall em função do VAM das misturas . . . . . . . 221
7.21 Variação da estabilidade das misturas AZRg e AZRb em função da energia de
compactação aplicada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 221
7.22 Variações das deformações total, elástica e plástica das misturas AZRb e Bb . . 223
xvii
7.23 Variações da recuperação elástica, módulo de fluência e inclinação, obtidas
através do ensaio de fluência uniaxial uniforme, das misturas AZRg, Bg, AZRb
e Bb . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 224
7.24 Variação das deformações das misturas produzidas com gabro, obtidas através
do ensaio de fluência uniaxial uniforme, conforme o aumento da energia de
compactação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 226
7.25 Variações da recuperação e do módulo de fluência, obtidos através do ensaio de
fluência uniaxial uniforme, das misturas produzidas com agregado de gabro e
de basalto, em função da energia de compactação aplicada . . . . . . . . . . . 227
7.26 Variação das deformações das misturas produzidas com basalto, obtidas através
do ensaio de fluência uniaxial uniforme, conforme o aumento da energia de
compactação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 228
7.27 Parâmetros do ensaio de fluência uniaxial dinâmica para misturas com granulo-
metrias AZR e Bailey, produzidas com agregados de gabro e de basalto . . . . 230
7.28 Parâmetros do ensaio de fluência uniaxial dinâmica das misturas produzidas
com agregados de gabro e de basalto com energias de compactação de 75, 110
e 155 golpes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 232
7.29 Parâmetros do ensaio de fluência uniaxial dinâmica das misturas AZRg e AZRb
ao variar a energia de compactação aplicada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 234
7.30 Resistência à tração, módulos de resiliência e módulos de resiliência instantâ-
neo das misturas produzidas com agregados de gabro e de basalto compactadas
com 75 golpes por face . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 239
7.31 Relação MR/RT das misturas AZRg, AZRb, Bg e Bb . . . . . . . . . . . . . 240
7.32 Relação MR/RT das misturas AZR produzidas com agregados de gabro (AZRg)
e com agregado de basalto (AZRb), compactadas com 110 e 155 golpes por face 241
7.33 Resistência à tração, módulos de resiliência e módulos de resiliência instantâ-
neo das misturas AZR produzidas com gabro e com basalto, compactadas com
110 e 155 golpes por face . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 242
7.34 Variação de resistência à tração das misturas AZR, produzidas com agregados
de gabro e de basalto, com a elevação da energia de compactação aplicada . . . 243
7.35 Variação do módulo de resiliência das misturas AZR, produzidas com agrega-
dos de gabro e de basalto, com a elevação da energia de compactação aplicada . 244
7.36 Variação da relação MR/RT das misturas AZR, produzidas com agregados de
gabro e de basalto, com a elevação da energia de compactação aplicada . . . . 245
7.37 Curvas de fadiga das misturas AZR e Bailey produzidas com agregado de gabro
e energia de compactação de 75 golpes por face . . . . . . . . . . . . . . . . . 249
7.38 Curvas de fadiga das misturas AZR e Bailey produzidas com agregado de ba-
salto e energia de compactação de 75 golpes por face . . . . . . . . . . . . . . 249
7.39 Curvas de fadiga das misturas AZR produzidas com agregados de gabro e de
basalto com energia de compactação de 75 golpes por face . . . . . . . . . . . 250
7.40 Curvas de fadiga das misturas AZR produzidas com agregados de gabro e de
basalto com energia de compactação de 110 golpes por face . . . . . . . . . . . 251
7.41 Curvas de fadiga das misturas AZR produzidas com agregados de gabro e de
basalto com energia de compactação de 155 golpes por face . . . . . . . . . . . 251
7.42 Curvas de fadiga das misturas AZR produzidas com agregados de gabro com
energias de compactação de 75, 110 e 155 golpes por face . . . . . . . . . . . . 252
7.43 Curvas de fadiga das misturas AZR produzidas com agregados de basalto com
energias de compactação de 75, 110 e 155 golpes por face . . . . . . . . . . . . 252
7.44 Perfis utilizados, características e localização do carregamento e pontos de afe-
rição das tensões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 255
xviii
7.45 Variação da vida de fadiga das misturas AZR produzidas com agregado de
gabro, em função da energia de compactação aplicada . . . . . . . . . . . . . . 257
7.46 Variação da vida de fadiga das misturas AZR produzidas com agregado de
basalto, em função da energia de compactação aplicada . . . . . . . . . . . . . 257
7.47 Comparação entre as vidas de fadiga das misturas produzidas com agregado de
gabro e agregado de basalto, em função da energia de compactação aplicada . . 258
7.48 Modo de análise visual da adesividade entre o asfalto e o agregado grosso . . . 260
7.49 Detalhamento da análise visual da adesividade entre o asfalto e o agregado grosso260
7.50 Análise visual da adesividade entre o asfalto e os agregados finos . . . . . . . . 261
7.51 Misturas avaliadas pelo método da ASTM D 4867 . . . . . . . . . . . . . . . . 265
7.52 Misturas avaliadas pelo método da AASHTO T 283 . . . . . . . . . . . . . . . 266
xix
Lista de Tabelas
2.1 Especificação Superpave para valores mínimos de partículas fraturadas . . . . . 15
2.2 Frações granulométricas usadas nos métodos A e B . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.3 Especificação Superpave para valores mínimos da AAF (método A) . . . . . . 18
2.4 Especificação Superpave para partículas planas/alongadas . . . . . . . . . . . . 19
2.5 Especificação do California Division of Highways para equivalente de areia . . 21
2.6 Especificação Superpave para o equivalente de areia . . . . . . . . . . . . . . . 22
2.7 Peneiras de controle usadas no ensio de sanidade . . . . . . . . . . . . . . . . 39
2.8 Composição das amostras usadas no ensaio de partículas friáveis . . . . . . . . 40
2.9 Peneiras de controle usadas no ensaio de partículas friáveis . . . . . . . . . . . 41
2.10 Resultados do ensaio de porcentagem de partículas fraturadas . . . . . . . . . . 41
2.11 Resultados da análise visual comparativa da angularidade e da textura superficial 43
2.12 Resultados do ensaio de angularidade do agregado fino . . . . . . . . . . . . . 44
2.13 Resultados da análise visual comparativa quanto à angularidade, à forma e à
textura superficial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
2.14 Porcentagem de partículas planas, alongadas e lamelares - 5 : 1 . . . . . . . . . 47
2.15 Porcentagem de partículas planas, alongadas e lamelares - 3 : 1 . . . . . . . . . 47
2.16 Resultados do ensaio do equivalente de areia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
2.17 Relação entre valores de azul de metileno e previsão de desempenho de pavi-
mentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
2.18 Resultados do ensaio de abrasão los angeles . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
2.19 Resultados do ensaio de sanidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
2.20 Resultados do ensaio de partículas friáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
2.21 Resultados do ensaio de partículas friáveis modificado . . . . . . . . . . . . . 53
3.1 Características físicas do CAP 20 utilizado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
3.2 Absorção de curto prazo para teores de asfalto de 5, 7%, 6, 2% e 6, 7% . . . . . 83
3.3 Absorção de longo prazo para teores de asfalto de 5, 7%, 6, 2% e 6, 7% . . . . . 83
3.4 Propriedades dos agregados relacionadas à absorção . . . . . . . . . . . . . . . 91
4.1 Exemplo 1 - Dados dos materiais constituintes da mistura AZRg . . . . . . . . 98
4.2 Propriedades volumétricas da mistura AZRg . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
4.3 Dados de entrada da mistura AZRg - método seguro . . . . . . . . . . . . . . . 107
4.4 Dados de entrada da mistura AZRg - diagrama de componentes . . . . . . . . . 110
4.5 Resumo da composição do diagrama de componentes . . . . . . . . . . . . . . 116
4.6 Comparação entre métodos de determinação das propriedades volumétricas da
mistura asfáltica AZRg . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117
xxi
5.1 Especificação Marshall para Vv e RBV . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 120
5.2 Especificação Marshall para VAM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121
5.3 Especificação Superpave para VAM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121
5.4 Especificação Superpave para RBV . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121
5.5 Valores recomendados para as proporções de AG, GAF e FAF em misturas densas137
5.6 Resumo classificatório das notas dadas pelos especialistas do SHRP para os
métodos de controle da granulometria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139
5.7 Especificação granulométrica para o diâmetro máximo nominal de 37, 5 mm . . 141
5.8 Especificação granulométrica para o diâmetro máximo nominal de 25 mm . . . 141
5.9 Especificação granulométrica para o diâmetro máximo nominal de 19 mm . . . 141
5.10 Especificação granulométrica para o diâmetro máximo nominal de 12, 5 mm . . 142
5.11 Especificação granulométrica para o diâmetro máximo nominal de 9, 5 mm . . 142
5.12 Curva granulométrica AZR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145
5.13 Curvas granulométricas Bailey . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 148
5.14 Dosagem Marshall - mistura AZR - gabro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 152
5.15 Dosagem Marshall - mistura AZR - basalto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 152
5.16 Dosagem Marshall - mistura AZR - areia natural . . . . . . . . . . . . . . . . 153
5.17 Propriedades das misturas AZR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 153
5.18 Dosagem Marshall - mistura Bailey - gabro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 159
5.19 Dosagem Marshall - mistura Bailey - basalto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 159
5.20 Propriedades das misturas Bailey . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 160
5.21 Comparação entre as distâncias da linha de densidade máxima e VAM . . . . . 167
6.1 Resultados, em porcentagem, referentes à quebra de partículas . . . . . . . . . 180
6.2 Resultados das propriedades volumétricas das misturas AZR para energias de
compactação de 75, 110 e 155 golpes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 182
6.3 Resultados do asfalto efetivo e da espessura do filme de asfalto, para energias
de compactação de 75, 110 e 155 golpes por face . . . . . . . . . . . . . . . . 184
6.4 Resumo classificatório das notas dadas pelos especialistas do SHRP para as
características das misturas asfálticas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 188
7.1 Resumo dos procedimentos de ensaio da ASTM D 4867 e da AASHTO T 283 . 219
7.2 Resultados da estabilidade (E) e fluência (F) Marshall das misturas AZR com-
pactadas com energias de 75, 110 e 155 golpes por face . . . . . . . . . . . . . 219
7.3 Resultados do VAM e do asfalto efetivo, para energias de compactação de 75,
110 e 155 golpes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 220
7.4 Valores médios do ensaio de fluência por compressão uniaxial uniforme para
misturas produzidas com 75 golpes por face . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 222
7.5 Valores médios do ensaio de fluência por compressão uniaxial uniforme para
misturas produzidas com 110 e 155 golpes por face . . . . . . . . . . . . . . . 225
7.6 Valores médios do ensaio de fluência por compressão uniaxial dinâmica para
misturas produzidas com 75 golpes por face . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 228
7.7 Valores médios do ensaio de fluência por compressão uniaxial dinâmica para
misturas produzidas com 110 e 155 golpes por face . . . . . . . . . . . . . . . 231
7.8 Valores médios de resistência à tração, módulo de resiliência, módulo de resi-
liência instantâneo e da relação MR/RT , para misturas compactadas com 75
golpes por face . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 237
7.9 Valores médios de resistência à tração, módulo de resiliência, módulo de resili-
ência instantâneo e da relação MR/RT , para misturas compactadas com 110 e
155 golpes por face . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 237
7.10 Relações MR/RT encontradas em estudos realizados a 25
o
C . . . . . . . . . 240
xxii
7.11 Resultados do ensaio de fadiga das misturas produzidas com granulometria
AZR utilizando agregado de gabro e energia de compactação de 75 golpes por
face . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 246
7.12 Resultados do ensaio de fadiga das misturas produzidas com granulometria
Bailey gabro utilizando agregado de gabro e energia de compactação de 75
golpes por face . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 246
7.13 Resultados do ensaio fadiga das misturas produzidas com granulometria AZR
utilizando agregado de basalto e energia de compactação de 75 golpes por face 246
7.14 Resultados do ensaio de fadiga das misturas produzidas com granulometria
Bailey basalto utilizando agregado de basalto e energia de compactação de 75
golpes por face . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 247
7.15 Resultados do ensaio de fadiga das misturas produzidas com granulometria
AZR utilizando agregado de gabro e energia de compactação de 110 golpes
por face . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 247
7.16 Resultados do ensaio de fadiga das misturas produzidas com granulometria
AZR utilizando agregado de basalto e energia de compactação de 110 golpes
por face . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 247
7.17 Resultados do ensaio de fadiga das misturas produzidas com granulometria
AZR utilizando agregado de gabro e energia de compactação de 155 golpes
por face . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 248
7.18 Resultados do ensaio de fadiga das misturas produzidas com granulometria
AZR utilizando agregado de basalto e energia de compactação de 155 golpes
por face . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 248
7.19 Características mecânicas e de fadiga das misturas - Análise 1 - Perfil 1 . . . . 254
7.20 Características mecânicas e de fadiga das misturas - Análise 2 - Perfil 2 . . . . 254
7.21 Variação da absorção de asfalto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 262
7.22 Resultados de suscetibilidade aos danos por umidade ao avaliar a propriedade
de resistência à tração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 263
7.23 Resultados de suscetibilidade aos danos por umidade ao avaliar a propriedade
módulo de resiliência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 264
A.1 Análise estatística dos resultados de Estabilidade e Fluência Marshall das mis-
turas AZRg e Bg . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 287
A.2 Análise estatística dos resultados de Estabilidade e Fluência Marshall das mis-
turas AZRb e Bb . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 288
A.3 Análise estatística dos resultados de Estabilidade e Fluência Marshall das mis-
turas AZRg e AZRb . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 288
A.4 Análise estatística dos resultados de Estabilidade e Fluência Marshall das mis-
turas 110AZRg e 110AZRb . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 288
A.5 Análise estatística dos resultados de Estabilidade e Fluência Marshall das mis-
turas 155AZRg e 155AZRb . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 288
A.6 Análise estatística dos resultados de Estabilidade e Fluência Marshall das mis-
turas AZRg e 110AZRg . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 289
A.7 Análise estatística dos resultados de Estabilidade e Fluência Marshall das mis-
turas AZRg e 155AZRg . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 289
A.8 Análise estatística dos resultados de Estabilidade e Fluência Marshall das mis-
turas 110AZRg e 155AZRg . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 289
A.9 Análise estatística dos resultados de Estabilidade e Fluência Marshall das mis-
turas AZRb e 110AZRb . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 289
xxiii
A.10 Análise estatística dos resultados de Estabilidade e Fluência Marshall das mis-
turas AZRb e 155AZRb . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 290
A.11 Análise estatística dos resultados de Estabilidade e Fluência Marshall das mis-
turas 110AZRb e 155AZRb . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 290
A.12 Análise estatística dos resultados de fluência por compressão uniaxial uniforme
das misturas AZRg e Bg . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 291
A.13 Análise estatística dos resultados de fluência por compressão uniaxial uniforme
das misturas AZRb e Bb . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 291
A.14 Análise estatística dos resultados de fluência por compressão uniaxial uniforme
das misturas AZRg e AZRb . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 291
A.15 Análise estatística dos resultados de fluência por compressão uniaxial uniforme
das misturas 110AZRg e 110AZRb . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 292
A.16 Análise estatística dos resultados de fluência por compressão uniaxial uniforme
das misturas 155AZRg e 155AZRb . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 292
A.17 Análise estatística dos resultados de fluência por compressão uniaxial uniforme
das misturas AZRg e 110AZRg . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 292
A.18 Análise estatística dos resultados de fluência por compressão uniaxial uniforme
das misturas AZRg e 155AZRg . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 292
A.19 Análise estatística dos resultados de fluência por compressão uniaxial uniforme
das misturas 110AZRg e 155AZRg . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 293
A.20 Análise estatística dos resultados de fluência por compressão uniaxial uniforme
das misturas AZRb e 110AZRb . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 293
A.21 Análise estatística dos resultados de fluência por compressão uniaxial uniforme
das misturas AZRb e 155AZRb . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 293
A.22 Análise estatística dos resultados de fluência por compressão uniaxial uniforme
das misturas 110AZRb e 155AZRb . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 293
A.23 Análise estatística dos resultados de fluência por compressão uniaxial dinâmica
das misturas AZRg e Bg . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 294
A.24 Análise estatística dos resultados de fluência por compressão uniaxial dinâmica
das misturas AZRb e Bb . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 294
A.25 Análise estatística dos resultados de fluência por compressão uniaxial dinâmica
das misturas AZRg e AZRb . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 294
A.26 Análise estatística dos resultados de fluência por compressão uniaxial dinâmica
das misturas 110AZRg e 110AZRb . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 295
A.27 Análise estatística dos resultados de fluência por compressão uniaxial dinâmica
das misturas 155AZRg e 155AZRb . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 295
A.28 Análise estatística dos resultados de fluência por compressão uniaxial dinâmica
das misturas AZRg e 110AZRg . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 295
A.29 Análise estatística dos resultados de fluência por compressão uniaxial dinâmica
das misturas AZRg e 155AZRg . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 295
A.30 Análise estatística dos resultados de fluência por compressão uniaxial dinâmica
das misturas 110AZRg e 155AZRg . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 296
A.31 Análise estatística dos resultados de fluência por compressão uniaxial dinâmica
das misturas AZRb e 110AZRb . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 296
A.32 Análise estatística dos resultados de fluência por compressão uniaxial dinâmica
das misturas AZRg e 155AZRg . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 296
A.33 Análise estatística dos resultados de fluência por compressão uniaxial dinâmica
das misturas 110AZRb e 155AZRb . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 296
A.34 Análise estatística dos resultados de resistência à tração e de módulo de resili-
ência das misturas AZRg e Bg . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 297
xxiv
A.35 Análise estatística dos resultados de resistência à tração e de módulo de resili-
ência das misturas AZRb e Bg . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 297
A.36 Análise estatística dos resultados de resistência à tração e de módulo de resili-
ência das misturas AZRg e AZRb . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 297
A.37 Análise estatística dos resultados de resistência à tração e de módulo de resili-
ência das misturas 110AZRg e 110AZRb . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 298
A.38 Análise estatística dos resultados de resistência à tração e de módulo de resili-
ência das misturas 155AZRg e 155AZRb . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 298
A.39 Análise estatística dos resultados de resistência à tração e de módulo de resili-
ência das misturas AZRg e 110AZRg . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 298
A.40 Análise estatística dos resultados de resistência à tração e de módulo de resili-
ência das misturas AZRg e 155AZRg . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 298
A.41 Análise estatística dos resultados de resistência à tração e de módulo de resili-
ência das misturas 110AZRg e 155AZRg . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 299
A.42 Análise estatística dos resultados de resistência à tração e de módulo de resili-
ência das misturas AZRb e 110AZRb . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 299
A.43 Análise estatística dos resultados de resistência à tração e de módulo de resili-
ência das misturas AZRb e 155AZRb . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 299
A.44 Análise estatística dos resultados de resistência à tração e de módulo de resili-
ência das misturas 110AZRb e 155AZRb . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 299
xxv
Lista de Abreviaturas e Siglas
%Ab
ag
Porcentagem de água absorvida
ρ
b
Densidade do asfalto
ρ
r
Densidade real do agregado
ρ
ap
Densidade aparente do agregado
ρ
ef
Densidade efetiva do agregado
A
abs
Porcentagem de asfalto absorvido, por massa de agregado
AbsLp
2c
Absorção de Longo prazo após 2 horas de cura
d Densidade aparente da mistura compactada
Ef
b
Espessura do filme de asfalto
Ma Massa do agregado
Mb Massa total do asfalto na mistura
Mb
abs
Massa do asfalto absorvido
Mt Massa total da mistura compactada
P b Porcentagem de asfalto na mistura
P b
ef
Porcentagem de asfalto efetivo
V
ap
Volume aparente do agregado
V
ar
Volume de ar na mistura
V
ef
Volume efetivo do agregado
V
T M
Volume total da mistura asfáltica solta (sem vazios)
V b Volume do asfalto na mistura
V b
abs
Volume do asfalto absorvido
V b
ef
Volume do asfalto efetivo na mistura
xxvii
V t Volume total da mistura compactada
V v Volume de vazios na mistura compactada
AASHTO American Association of State Highway and Transportation Officials
AbsCp Absorção de Curto prazo
AbsLp Absorção de Longo prazo
ASTM American Society for Testing and Materials
ASTM American Society for Testing and Materials
AZRa Mistura AZR produzida com agregado de areia natural
AZRb Mistura AZR produzida com agregado de basalto
AZRg Mistura AZR produzida com agregado de gabro
AZR Curva granulométrica que passa Acima da Zona de Restrição
Bb Mistura Bailey - Basalto
Bg Mistura Bailey - Gabro
CP Corpo-de-Prova
DER-PR Departamento de Estradas e Rodagens do Paraná
DMM Densidade máxima medida
DMN Diâmetro Máximo Nominal
DMT Densidade máxima teórica
DM Diâmetro Máximo
DNER Departamento Nacional de Estradas e Rodagens
E Estabilidade Marshall
F Fluência Marshall
HRB Highway Research Board
LVDT Linear Variable Differential Transducers
PT Porosidade total
RBV Relação Betume Vazios
SHRP Strategic Highway Research Program
Superpave Superior Performing Asphalt Pavements
VAM Vazios do agregado mineral
xxviii
CAPÍTULO
1
Introdução
Desde muito tempo a humanidade procura aprimorar suas técnicas de construção de estradas
buscando mais conforto e segurança, considerando que a superfície terrestre em seu estado
natural raramente proporciona condições adequadas de tráfego.
A primeira estrada que se tem notícia fora construída no Antigo Egito, aproximadamente
4.500 anos, destinada a facilitar o transporte de blocos rochosos utilizados na construção da
pirâmide do faraó Keops, uma das 7 maravilhas do mundo antigo que ainda permanece em pé.
relatos de que essa estrada fora pavimentada com grandes fragmentos de rochas alinhados
lado a lado, cujas faces superiores, caprichosamente lapidadas, facilitavam o transporte de
blocos gigantescos de rochas (Costa & Figueiredo, 2001).
Pesquisas arqueológicas revelaram a existência de outras estradas primitivas, construídas a
partir de trilhas usadas por povos pré-históricos, localizadas no sudoeste da Ásia, numa ampla
área delimitada pelo mares Negro, Cáspio, Mediterrâneo e pelo golfo Pérsico. Provavelmente, o
início das construções de estradas coincidiu com o surgimento dos primeiros veículos de rodas.
Arqueólogos encontraram na Anatólia (parte asiática da Turquia) restos de veículos de duas
rodas que datam de 3000 a.C., feitos pelos sumérios com madeira das florestas do Cáucaso. A
carroça ou carruagem suméria, à qual atavam onagros (burros selvagens), era constituída por
cestas entretecidas apoiadas a um sólido sistema composto por quatro-rodas (CEPA, 2006).
Após longo período sem relatos históricos sobre construções de estradas, registros da
utilização de quatro grandes estradas, que partiam da Babilônia e ligavam pontos distantes do
Império, trafegadas por veículos com rodas tracionados por animais.
2 1. Introdução
Com a queda da Babilônia, as civilizações hegemônicas que lhe sucederam, a persa e a
grega, tiveram um desempenho modesto quanto à evolução dos transportes terrestres. Uma
das mais expressivas contribuições foi a construção da Estrada Real Persa, construída pelo rei
Dario I no século V a.C.. Essa estrada proporcionava comunicação rápida dentro do grande
Império Persa, permitindo que seus mensageiros percorressem 2.699 Km em apenas sete dias.
O historiador grego Heródoto escreveu: "Não nada no mundo que viaje mais rápido que
esses mensageiros persas". E ainda: "Nem a neve, nem a chuva, nem o calor e nem a escuridão
da noite impedem que realizem a tarefa proposta a eles com a máxima velocidade (Herodoto,
424a).
Com o surgimento do Império Romano, em 27 a.C., a engenharia rodoviária atingiu seu
ponto máximo de eficiência e aprimoramento tecnológico da antiguidade. Os romanos, como
bons estrategistas, sabiam da importância das estradas para governar e manter a unidade de tão
vasto Império. As estradas tinham a função dupla de conquistar territórios e preservá-los. O
sistema de transporte criado permitia deslocamento rápido para qualquer ponto onde a presença
das Legiões Romanas fosse necessária. Irradiavam de Roma 29 grandes estradas militares, das
quais a mais conhecida é a via Ápia, que se estendia por 660 km entre Roma e o sul da Itália (em
dias atuais). A construção da via Ápia iniciou-se em 312 a.C., durante o período republicano, e
fora assim chamada em homenagem a Appius Claudius Caecus, conselheiro romano e principal
responsável por sua construção (Kaszynski, 2000).
A largura de uma estrada romana variava entre 2, 5 e 4 m, no entanto, a via Ápia chegava
a ter, em certos trechos, 10 m de largura. Geralmente a espessura do revestimento variava
em torno de 1 a 1, 5 m, com agregados (fragmentos de rochas) dispostos em camadas, onde a
camada imediatamente superior era composta de agregados de menor diâmetro que a inferior,
conferindo intertravamento adequado entre as partículas, através do preenchimento de vazios.
Pedras largas e chatas eram empregadas na camada inferior do revestimento e outras cada vez
menores eram usadas nas camadas subseqüentes. A camada final apresentava superfície regular
e lisa, proporcionando tráfego seguro e confortável das carruagens e carretas.
As estradas romanas caracterizavam-se pela solidez de sua construção e pelo traçado reto,
independentemente do obstáculo que tivessem que superar, sendo construídas sobre pântanos,
lagos, vales e montanhas e, para tanto, engenhavam pontes e túneis magníficos. Por sua
concepção audaciosa, ainda hoje as técnicas de engenharia empregadas na época despertam
a admiração dos engenheiros.
3
Com o declínio do Império Romano, a partir do século IV da era cristã, as estradas tornaram-se
caminhos de invasão, e passaram a sofrer um processo de decadência. O período de decadência
do sistema rodoviário das antigas civilizações mediterrâneas coincidiu com o surgimento e o
auge, em outro continente, de outro império de notáveis construtores de estradas: o Império
Inca. Muito antes da chegada do europeu ao continente americano, os incas haviam cons-
truído um extraordinário sistema de estradas que ligava Quito, no Equador, a diversos pontos
ao sul de Cuzco, no Peru. Esse sistema de estradas era composto por duas estradas paralelas,
uma ao longo do litoral, com aproximadamente 3.600 km de extensão e outra que acompanhava
os Andes por cerca de 2.640 km, cada uma delas com diversos cruzamentos e conexões. No
começo do século XVI, período coincidente com a chegada dos espanhóis na América do Sul,
o sistema rodoviário atendia a uma área de quase dois milhões de quilômetros quadrados, onde
viviam perto de dez milhões de pessoas. Parte do sistema original inca é usada até hoje (CEPA,
2006).
A rota dos Andes tinha características notáveis. Estradas com larguras de 7, 5 m, que
cruzavam os mais altos pontos com cortes e rampas suaves, continham galerias cortadas na
rocha compacta e muros de contenção de dezenas de metros. Com superfície de pedra em sua
maior parte, essas estradas contavam com trechos em que materiais asfálticos foram usados
com abundância. Trafegadas apenas por animais de carga (lhamas) ou por pessoas a pé, essas
estradas venciam as subidas mais íngremes através de escadas esculpidas na rocha. Acredita-se
que os incas não tinham conhecimento sobre o uso da roda.
Os incas eram mestres em cortar e unir grandes blocos de pedra; a cidade-fortaleza de
Machu Picchu é o exemplo mais espetacular dessa arte. Entre suas realizações está a arquitetura,
a construção de estradas, pontes, engenhosos sistemas de irrigação e um importante sistema
agrícola. A chave do sucesso da agricultura inca era a existência de estradas e trilhas que
possibilitavam uma boa distribuição de suas colheitas numa vasta região, desde a Colômbia até
o Chile. Além disso, os incas tinham um exército muito bem treinado e sabiam da importância
das estradas para manter e expandir seu Império. Todo o Império era unido por excelentes es-
tradas e pontes, que possibilitava o intercâmbio rápido de informações através de mensageiros,
chamados de chasquis. Com construções sólidas em pedra, as estradas transpunham abismos
e desfiladeiros e atravessavam os mais largos rios entre montanhas, através de pontes pênseis
feitas com cabos de madeira ou fibra (Kaszynski, 2000).
Também é importante citar a existência do sistema rodoviário da China imperial, contem-
porâneo ao da Estrada Real da Pérsia, que se destacava pela importância comercial e extensão
de suas estradas. Esse sistema rodoviário representou para o sudeste da Ásia papel semelhante
4 1. Introdução
ao que tiveram as estradas romanas na Europa e na Anatólia (Ásia Menor). A estrada comercial
entre China, Anatólia e Índia era conhecida como a Rota da Seda. Interligada ao sistema
rodoviário romano, a Rota da Seda se estendia por 12.800 km, ligando Xangai, na China, a
Cádiz, na Espanha, espalhando-se por toda a Europa (CEPA, 2006). Muitas estradas chinesas
eram largas, bem construídas e pavimentadas com pedras. Rios eram atravessados por pontes
ou barcas e os trechos mais íngremes das montanhas eram alcançados através de degraus largos.
O declínio dessas estradas ocorreu com a queda do Império Romano e os constantes ataques de
mongóis e outros povos nômades, fazendo com que seu uso se tornasse muito perigoso.
Após a queda do Império Romano do Ocidente, em 476, teve início a Idade Média, milênio
no qual o ocidente se dividiu em pequenas comunidades denominadas feudos. Nesse período
da história, caracterizado pela economia ruralizada, enfraquecimento comercial, supremacia
da Igreja Católica, sistema de produção feudal e sociedade hierarquizada, poucas pessoas se
arriscavam a viajar, pois haviam muitos assaltantes de estradas. Nesse fase, as estradas que
durante toda a história desempenharam papel tão importante, entraram no período das trevas.
Com a busca européia pela conquista de territórios no Oriente, por meio das Cruzadas, suas
antigas cidades começam a renascer e a desenvolver novamente o comércio. No século XIV, a
vida das populações européias sofreu modificações que alteraram o equilíbrio do sistema feudal
vigente na maior parte da Europa, fazendo surgir uma uma nova classe social, a burguesia, que
com o auxílio da monarquia, ajudou a destruir a base do sistema feudal. Como conseqüência,
novos reinados e reinantes se estabeleceram, passando mais uma vez a preocupar-se com a
unidade de seus domínios e, portanto, com os meios de transporte. As estradas saíram da
obscuridade e voltaram a reinar soberanas.
Na França, durante o reinado de Luiz XIV - o Rei Sol, houve grande desenvolvimento
econômico e militar, com atenções especiais à construção e manutenção de estradas. Em 1716,
com o início do reinado de Luiz XV, foi criado em Paris o Corpo de Engenheiros de Ponts et
Chaussées. Na Inglaterra, os engenheiros de origem escocesa, Thomas Telford e John Loudon
MacAdam, criam processos de pavimentação de rodovias ainda hoje utilizados, como a base de
Telford e os diversos tipos de macadame. Contudo, apesar de seu desenvolvimento, as estradas
continuavam a ser transitadas exclusivamente por veículos de tração animal, embora já bastante
aperfeiçoados, assim como, os serviços de transportes.
Então, no final do século XIX, surgiram novos veículos, as bicicletas. As primeiras bi-
cicletas produzidas em série percorriam silenciosamente as ruas de Paris, com seus pneus de
borracha em vez das barulhentas rodas de madeira. A bicicleta possibilitou uma maior liberdade
5
de movimento e contribuiu para uma revolução sexual, quando as mulheres, desejando a mesma
liberdade de movimento dos homens, insistiram em ter suas próprias bicicletas e, para andar
nelas, usaram calças (culotes) pela primeira vez (Hoffman, 2004).
Os primeiros carros a motor surgiram logo em seguida, no mesmo século, com velocidades
inferiores a 16 km/h. O aperfeiçoamento do automóvel foi, a princípio, lento. Apenas no início
da década do século XX, é que o automóvel passou a ser usado em escala comercial, devido
ao barateamento dos custos de produção através das linhas de montagem idealizadas por Henry
Ford.
No Brasil, durante o período da colonização e grande parte do Império, os transportes de
mercadorias eram feitos por burros de carga e por carros de boi. Os passageiros viajavam
a cavalo e, muito raramente, em carruagem de tração animal, pois havia um número muito
reduzido de estradas apropriadas a esses veículos. A maioria das estradas existentes eram
caminhos de tropas, trafegadas também por carros de boi, por serem um veículos rústicos e
adaptáveis a condições adversas.
Nos primórdios do período colonial, o governo português estabelecera, nos contratos de
doação de sesmarias, uma cláusula que tornava obrigatória para os sesmeiros a construção
de estradas dentro dos limites de suas propriedades. Nos séculos seguintes, Portugal fizera
constantes apelos às autoridades coloniais no Brasil para a construção de uma estrada que
interligasse o Sul ao Norte do país, como estratégia alternativa de comunicação entre as várias
províncias brasileiras, em caso de bloqueio marítimo por alguma potência estrangeira (Galvão,
2006).
Algumas estradas foram construídas no período imperial, entre as quais destacam-se a Via
Anchieta, ligando São Paulo a Santos; a União Indústria, de Petrópolis a Juiz de Fora; a Estrela,
de Magé a Petrópolis e a Graciosa, de Paranaguá a Curitiba. Porém, o desenvolvimento rodoviá-
rio no Brasil foi estimulado, a partir da década de 40 do século XX, com o Decreto-Lei 8.463 de
27 de dezembro de 1945, conhecido como Lei Joppert, que criou o Fundo Rodoviário Nacional,
reorganizou o Departamento Nacional de Estradas de Rodagens e possibilitou a criação dos
Departamentos de Estradas de Rodagens estaduais (Costa & Figueiredo, 2001). Nesse período,
houve um crescimento extraordinário da malha rodoviária. Porém, durante o Regime Militar,
implantado no Brasil a partir de 1964, o Fundo Rodoviário foi sendo pulverizado para atender
finalidades distintas daquelas para o qual foi criado, de tal forma que tornou-se insuficiente, até
mesmo, para a conservação da rede existente.
6 1. Introdução
A história da utilização do asfalto também é muito antiga. Segundo a Bíblia, Noé calafetou
sua barcaça com asfalto, material usado na Antiguidade para essa e outras finalidades em várias
regiões do Oriente. No Egito, o asfalto era usado para embalsamar os mortos e calafetar
pirâmides (Keller, 2002).
Mais recentemente, no século XIX, o asfalto obtido de forma natural, que ocorre ainda hoje
em "lagos" na Ásia, fora inicialmente usado como medicamento nos EUA. Mas o advogado e
empreendedor George Bissel, suspeitando das potencialidades do material, financiou pesquisas
para a análise do petróleo, donde obteve-se, através da destilação, querosene e graxa. O próximo
passo foi contratar um furador de poços artesianos para perfurar uma área em Titusville, onde o
chão exsudava petróleo. Em agosto de 1859, ao perfurar apenas 20 metros, o ouro negro jorrou,
dando início a uma nova etapa da história (Scientific American, 2004).
No Brasil, a história do asfalto começou em 1858, quando D. Pedro II assinou duas con-
cessões de lavra, autorizando a exploração do carvão, turfa e betume. O belga Auguste Colon,
pioneiro das pesquisas no Brasil, indicou Bofete, no estado de São Paulo, como uma região
promissora para a exploração do petróleo. No entanto, em 1892, um cafeicultor furou um poço
de 488 metros de profundidade em sua propriedade, mas dois barris foram extraídos. Petróleo
em quantidade foi obtido a partir de 1939, num poço do campo de Lobato, no Recôncavo
Baiano (Scientific American, 2004). Atualmente, o Brasil encontra-se auto-suficiente na pro-
dução do petróleo e a Petrobrás destaca-se como referência mundial em exploração de petróleo
em altas profundidades marítimas.
O petróleo pode ser encontrado na natureza sob forma gasosa (gás natural), sólida (asfalto)
e líquida (óleo crú). Esse material, produto de milhões e milhões de anos de decomposição
de sedimentos orgânicos armazenados no subsolo terrestre, possui em sua complexa estrutura
química uma enorme flexibilidade. Em estado bruto, todo petróleo é uma mistura complexa
de hidrocarbonetos, ou seja, as mais variadas moléculas formadas basicamente por átomos
de hidrogênio e carbono. Devido às suas propriedades químicas fundamentais, o carbono
propicia várias possibilidades de combinações com outros elementos químicos, dando origem
a substâncias de grande variedade estrutural.
Antes da introdução do asfalto como material de pavimentação, as estradas eram construídas
basicamente com partículas rochosas de vários diâmetros, que proporcionavam travamento à
estrutura. No entanto, a idéia primeira de usar o asfalto como material de pavimentação tem
causado controvérsias históricas. Alguns historiadores afirmam que o asfalto fora usado pela
primeira vez como material de pavimentação durante a construção da avenida Champs-Élysées,
7
1824, quando blocos de rochas asfálticas serviram de revestimento. Outros contestam, afir-
mando que a primeira mistura asfáltica a quente fora desenvolvida alguns anos antes, em
1820, na Inglaterra, produzida com um tipo de alcatrão para dar coesão entre as partículas dos
agregados (Bellis, 2004b). Também muito se fala que a primeira mistura asfáltica idealizada
foi a usada no projeto de pavimentação da Pennsylvania Avenue, em Washington, em 1876.
Avenida essa, também chamada de Avenida dos Presidentes, cujo revestimento fora produzido
com asfalto natural e agregado mineral, permanecendo em excelentes condições por 11 anos,
apesar do tráfego intenso para a Casa Branca (Bellis, 2004a). Apesar dessas controvérsias
históricas, uma das mais antigas citações sobre o uso do asfalto em pavimentação data de
700 a.C., indicando que habitantes da região da Mesopotâmia pavimentavam suas estradas, que
ligavam templos e palácios das antigas cidades de Assur e Babilônia, com pedras e ladrilhos
unidos com argamassa betuminosa (CEPA, 2006).
Acompanhando o crescimento da indústria de veículos automotores e da necessidade de
pavimentação das vias de tráfego, aperfeiçoaram-se os meios e os recursos de exploração e
processamento do petróleo. A sofisticação progressiva do processo de refino é um subproduto
do desenvolvimento industrial e, da indústria petroquímica, uma resposta às necessidades ge-
radas pelas duas guerras mundiais do século XX. Na Primeira Guerra (1914 18), as grandes
potências investiram em pesquisas de substitutos da borracha natural, produzida a partir do
látex. A borracha sintética desenvolvida foi usada inicialmente na fabricação de pneus, isolantes
e condutores elétricos. Na Segunda Guerra (193945), desenvolveu-se nova série de substitutos
sintéticos, devido à carência de matérias primas tradicionais, a exemplo o asfalto.
Durante a Segunda Guerra, o comando militar estadunidense teve necessidade de produzir
asfalto em grande escala, para a construção de pistas de pouso para aviões de grande porte.
Para que o asfalto tivesse as características necessárias para a construção das pistas, os militares
padronizaram uma receita de sua composição, equilibrando componentes mais leves (maltenos)
e mais duros (asfaltenos), para que o produto final tivesse consistência, resistência e durabili-
dade necessárias. Esse padrão, definido em meados do século XX, mantém-se até hoje como
referência industrial no mundo todo (Scientific American, 2004).
A história mostra que desde a antiguidade são estratégias de governo construir e manter seu
sistema viário para garantir a soberania nacional e estimular o comércio e o desenvolvimento
da nação. Conseqüentemente, também deve ser de interesse nacional o desenvolvimento de
pesquisas que fomentem técnicas de construção de estradas, de maneira a avançar tecnicamente
e otimizar a utilização dos materiais usados na pavimentação. Muitos são os exemplos de
trabalhos desenvolvidos para promover avanços nesse sentido, dentre eles, as recentes pesquisas
8 1. Introdução
desenvolvidas pelo SHRP (Strategic Highway Research Program), com o objetivo de melhorar
o desempenho, durabilidade e segurança das rodovias estadunidenses.
As tentativas incessantes de produzir pavimentos de qualidade superior e duráveis deparam-se
com a falta de conhecimento profundo sobre os materiais usados na pavimentação, princi-
palmente quando se trata de agregados. A importância dos agregados para a produção de
misturas asfálticas de qualidade superior tem sido demonstrada através de fatos, como a Via
Ápia, construída mais de 2.000 anos, e de vários trabalhos de pesquisa, nos quais muitos
pesquisadores relatam a influência predominante dos agregados para a produção de misturas
mais rígidas e resistentes ao cisalhamento, além de ser também aos agregados atribuída a
responsabilidade principal de fornecer ligações adesivas eficientes com o asfalto. Até mesmo no
estudo da resistência à fadiga das misturas, onde o asfalto merece destaque, o agregado exerce
parcela de influência considerável.
Com vistas na importância indiscutível do agregado para a produção de misturas asfálticas
de qualidade, neste trabalho, agregados minerais foram pesquisados e avaliados em seus aspec-
tos qualitativos e quantitativos quanto à sua influência sobre o produto final, a mistura asfáltica.
Definiu-se como etapa inicial de desenvolvimento a identificação dos parâmetros de desempe-
nho das misturas que podem ser afetados pelas propriedades dos agregados e, posteriormente, a
identificação das propriedades dos agregados que influenciam esses parâmetros de desempenho.
Absorvidas essas informações, deu-se início às etapas laboratoriais do trabalho.
O objetivo maior deste trabalho é avaliar a influência das propriedades dos agregados es-
tudados sobre as propriedades volumétricas e mecânicas das misturas asfálticas densas. Com
base nisso, as pesquisas desenvolvidas envolveram:
Análise das propriedades dos agregados:
propriedades de consenso e de origem;
densidades;
porosidade;
absorção;
adesividade.
Análise do comportamento da absorção de asfalto pelo agregado em função:
do tempo;
do teor de asfalto;
9
da porosidade do agregado.
Análise das relações entre as propriedades volumétricas das misturas, as densidades dos
agregados e a absorção de asfalto pelo agregado;
Análise das propriedades volumétricas e granulométricas das misturas asfálticas;
Análise do comportamento das propriedades volumétricas e mecânicas das misturas em
função:
da granulometria;
do agregado;
da energia de compactação aplicada.
Esta pesquisa está apresentada em 8 capítulos. Cada capítulo foi estruturado com considera-
ções iniciais, desenvolvimento do assunto abordado, experimentos laboratoriais pertinentes ao
assunto que versa cada capítulo, resultados, conclusões parciais e considerações finais.
O Capítulo 2 trata da caracterização dos agregados através das propriedades de consenso e
de origem especificadas pelo Superpave, objetivando, além da obtenção de resultados experi-
mentais, uma análise crítica sobre os critérios estabelecidos pelo SHRP para selecionar, avaliar
e estabelecer limites para essas propriedades.
O Capítulo 3 apresenta uma discussão sobre o fenômeno da absorção de asfalto pelos
agregados com base em seus princípios fundamentais, assim como, apresenta uma investigação
laboratorial sobre a absorção em função do tempo e do teor de asfalto presente na mistura, com
o objetivo de prever seu comportamento durante os processos de mistura e ao longo da vida em
serviço do pavimento.
O Capítulo 4 traz uma visão global das relações entre densidades dos agregados, absorção e
propriedades volumétricas das misturas. São apresentados métodos adequados de determinação
das propriedades volumétricas, além de exemplos reais da dimensão dos erros cometidos no
cálculo dos parâmetros volumétricos ao se negligenciar a absorção de asfalto.
O Capítulo 5 trata das relações granulométricas e de superfície dos agregados com as
propriedades volumétricas das misturas, bem como esclarece a evolução, ao longo dos anos,
dos métodos de projeto e de determinações granulométricas estabelecidos com base em cri-
térios volumétricos. Além de uma conceituação histórica sobre a evolução dos métodos de
determinação da granulometria, esse capítulo traz uma discussão sobre os métodos Bailey e
10 1. Introdução
Superpave de especificação e controle granulométrico. Os resultados laboratoriais apresenta-
dos são referentes à dosagens de misturas produzidas ora com um mesmo tipo de agregado,
porém com granulometrias diferentes, ora com uma mesma granulometria, porém com tipos
de agregados diferentes, com o objetivo de avaliar a influência desses fatores na variação das
propriedades volumétricas.
No Capítulo 6 é apresentada a pesquisa desenvolvida sobre os vazios do agregado mineral
(VAM) em função da energia de compactação aplicada e sua implicação nas propriedades
volumétricas das misturas. Já o Capítulo 7 trata das alterações mecânicas sofridas pelas misturas
em função da energia de compactação aplicada, assim como, traz as avaliações quanto às
propriedades adesivas das misturas.
No Capítulo 8 apresentam-se as conclusões finais do trabalho, com especial atenção às
propostas de desenvolvimento de estudos futuros. Nos apêndices A e B encontram-se, respecti-
vamente, a análise petrográfica do agregado de gabro estudado e as tabelas referentes às análises
estatísticas efetuadas.
Algumas observações antecipadas, ao início da leitura desta tese, são agora citadas, com o
objetivo de elucidar possíveis equívocos. Dentre elas, a que nesta pesquisa o termo agregado é
utilizado referindo-se a materiais não coesivos de fragmentos de rochas. O termo areia natural
empregado nesta tese não se refere à fração granulométrica, mas ao tipo de agregado utilizado.
O termo agregado fino refere-se às partículas de agregados passantes na peneira de abertura de
2, 36 mm e retidas na peneira de 0, 075 mm, enquanto o termo agregado grosso diz respeito
às frações do agregado retidas na peneira de 2, 36 mm e fíler mineral refere-se às partículas
passantes na peneira de 0, 075 mm.
Vale mencionar, também, que a redação desta dissertação foi desenvolvida utilizando o
sistema de tipografia e compilação eletrônica de textos L
A
T
E
X, juntamente com a ferramenta
de gerenciamento de referências BIBT
E
X, de maneira a facilitar o tratamento das referências,
imagens e tabelas e pela qualidade de impressão observada na versão final deste documento.
Além desse sistema de tipografia, optou-se pela utilização do sistema operacional GNU/Linux
1
,
através da distribuição Slackware
2
, por ser um sistema altamente estável e produtivo, quando
comparado ao demais sistemas operacionais disponíveis atualmente. Em resumo, optou-se pela
utilização de software livre em todas as etapas da editoração eletrônica desta dissertação.
1
http://www.linux.org
2
http://www.slackware.org
CAPÍTULO
2
Propriedades dos Agregados
Especificadas pelo Superpave
2.1 Considerações Iniciais
Os estudos do SHRP (Strategic Highway Research Program), agrupados e patenteados sob a
denominação Superpave (Superior Performing Asphalt Pavements), desenvolveram métodos de
análise de ligantes asfálticos e de misturas asfálticas com base em propriedades fundamentais,
diretamente destinados à redução e ao controle da deformação permanente, das trincas por
fadiga e das trincas devido a temperaturas baixas. Muito do SHRP focou o desenvolvimento de
ensaios e especificações para os ligantes asfálticos, assim como ensaios e especificações para as
misturas asfálticas, não havendo, de início, esforços de pesquisa específicos para os agregados.
Devido à importância fundamental dos agregados para o estudo das misturas asfálticas,
os pesquisadores do SHRP perceberam que teria de ser tomada alguma providência. Para
conseguir informações relevantes, em um curto espaço de tempo e com um mínimo de pesquisa
bibliográfica e experimental, decidiram por realizar uma abordagem consensual entre um grupo
de 14 especialistas, mediante utilização do método de Delfos modificado.
12 2. Propriedades dos Agregados Especificadas pelo Superpave
O método de Delfos, desenvolvido na década de 50 e 60 por Brown
1
; Dalkey
2
; Dal-
key & Helmer
3
apud Cominsky et al. (1994), tem como principal aspecto o anonimato dos
participantes, para evitar o efeito negativo que pode resultar de um grupo dinâmico, em tomadas
de decisões conjuntas.
O método de Delfos é geralmente aplicado através do uso de questionários, os quais são
administrados por um coordenador. Os especialistas interagem somente com o coordenador
e não com os outros membros do grupo. O processo é evolutivo, ocorrendo através de uma
série de etapas (tipicamente de quatro a seis), as quais começam com um assunto geral e
convergem para um assunto específico. Ao final de cada etapa, o coordenador coleta os ques-
tionários e, através de análises estatísticas, faz um resumo classificatório das respostas, que
é disponibilizado aos participantes junto com o questionário seguinte. Após, os participantes
são questionados quanto à possibilidade de reconsiderar suas respostas prévias em vista das
respostas dos outros membros e, então, passam para o próximo questionário. Esse processo
tende a estreitar as divergências entre as respostas, contudo não garante um consenso (Cominsky
et al., 1994).
O SHRP utilizou um método de Delfos modificado, que permite o encontro face-a-face entre
os membros do grupo durante todo o processo. Essa modificação foi implantada na tentativa
de obtenção de um maior número de informações possíveis, em um menor espaço de tempo,
para o estabelecimento das especificações dos agregados (Smith, 1992). O procedimento de
Delfos modificado foi aplicado em cinco etapas, onde a primeira, a quarta e a quinta etapas
foram conduzidas via correio. A segunda e a terceira etapas foram conduzidas em Washington,
durante um encontro de todos os especialistas.
Com base nos resultados obtidos através do método de Delfos modificado, as propriedades
dos agregados que devem ser controladas para a obtenção de materiais adequados ao propósito
da pavimentação são:
Controle da granulometria, definida por pontos de controle e uma zona de restrição;
Angularidade do agregado grosso, definida como a porcentagem em massa das partículas
dos agregados maiores que 4, 75 mm com uma ou mais faces fraturadas;
1
Brown, B. B. (1968). Delphi Process: A methodology used for the elicitation of opinions of experts. Relatório
Técnico P–3925, RAND Corporation, Washington.
2
Dalkey N. C. (1967). Delphi. Relatório Técnico P–3704, RAND Corporation, Washington.
3
Dalkey N. C.; Helmer, O. (1951). The use of experts for the estimation of bombing requirements - A project
Delphi experiment. Relatório Técnico RM–727, RAND Corporation, Washington.
2.1. Considerações Iniciais 13
Angularidade do agregado fino, definida como a porcentagem de vazios de uma amostra
de agregados não compactados, como determinada no National Aggregates Association
Test Method A;
Resistência à abrasão, definida como a porcentagem de perda de material quando a amos-
tra de agregados é submetida ao ensaio de abrasão los angeles;
Sanidade, definida como a porcentagem de degradação da amostra, ao ser submetida ao
ensaio de sanidade do agregado com uso de sulfato de sódio ou sulfato de magnésio;
Materiais deletérios, definida como uma porcentagem em massa de contaminantes inde-
sejáveis;
Finos Plásticos, definida como a proporção relativa de finos plásticos contidos nos agre-
gados, quando submetidos ao ensaio do equivalente de areia;
Partículas planas e alongadas ou lamelaridade das partículas, definida como a porcen-
tagem, em massa, das partículas do agregado grosso que têm razão, entre a máxima
dimensão (comprimento) e a mínima dimensão (espessura), maior que 5.
Os resultados também demonstram que, na opinião dos especialistas, as propriedades das
misturas asfálticas que devem ser controladas são:
Volume de vazios, definido pelo volume dos vazios de ar contidos entre as partículas do
agregado cobertas pelo filme de asfalto, em uma mistura asfáltica compactada;
Vazios do agregado mineral, definidos como a soma do volume de vazios e o volume de
asfalto efetivo, expresso como uma porcentagem do volume total da mistura compactada;
Vazios preenchidos por asfalto ou relação betume-vazios, definidos como a porcentagem
dos vazios do agregado mineral que são preenchidos por asfalto;
Teor de fíler (dust to asphalt ratio), definido como a razão entre a porcentagem, em massa,
do material passante na peneira de abertura de 0, 075 mm (# n. 200) pelo teor efetivo de
asfalto, expresso como porcentagem da massa total da mistura.
Detalhes sobre as propriedades das misturas asfálticas, selecionadas pelos especialistas do
SHRP e incorporadas pelo Superpave, são apresentados no Capítulo 5.
As propriedades dos agregados, consideradas pelo Superpave como de fundamental impor-
tância para a seleção de agregados adequados à pavimentação, foram classificadas dentro de
duas categorias: propriedades de consenso e propriedades de origem, a seguir apresentadas.
14 2. Propriedades dos Agregados Especificadas pelo Superpave
2.2 Propriedades de Consenso
O consenso do grupo de especialistas é que as propriedades de angularidade do agregado
grosso, angularidade do agregado fino, partículas planas e alongadas e finos plásticos são
críticas e devem ser avaliadas, em todos os casos, a fim de demonstrar a adequabilidade ou
não dos agregados para gerar misturas com desempenho satisfatório.
2.2.1 Angularidade do Agregado Grosso
Há muitos anos tem-se notado que a angularidade das partículas dos agregados influenciam
diretamente a estabilidade e a trabalhabilidade das misturas asfálticas. A angularidade ou
arredondamento são características atribuídas segundo o grau de amaciamento dos cantos ou
arestas das partículas. Agregados angulares, ou seja, com cantos agudos, proporcionam maior
intertravamento e atrito interno entre suas partículas, formando uma estrutura granular mais
rígida e proporcionando maior estabilidade às misturas. as partículas dos agregados com
cantos arredondados, ao invés de intertravarem-se, tendem a deslizar umas sobre as outras,
resultando em uma estrutura granular mais fraca e, portanto, em misturas menos estáveis.
Por outro lado, as misturas que contêm partículas com cantos arredondados, como os seixos,
possuem melhor trabalhabilidade e requerem menor esforço de compactação para se atingir
a densidade necessária. Porém, essa facilidade de compactação não é necessariamente uma
vantagem, pois quando a mistura possui fácil compactação durante a construção pode continuar
a se densificar sob a ação do tráfego, causando deformação permanente.
O Superpave especifica o ensaio de Porcentagem de Partículas Fraturadas para Agregados
Grossos (ASTM D 5821) para a avaliação da angularidade do agregado grosso. Esse ensaio
consiste na avaliação visual de partículas de agregados grossos (maiores que 4, 75 mm ou
# n. 4) selecionando as partículas que apresentem ou não faces fraturadas (Figura 2.1).
O Superpave especifica valores mínimos maiores de porcentagens de partículas fraturadas
com o aumento do tráfego ou com a proximidade da camada em relação à superfície do pavi-
mento, como se pode verificar na Tabela 2.1.
2.2. Propriedades de Consenso 15
Figura 2.1: Ensaio de determinação de partículas fraturadas
Tabela 2.1: Especificação Superpave para valores mínimos de partículas fraturadas
Tráfego Profundidade da camada em relação
N = 10
6
à superfície do pavimento
<100 mm >100 mm
< 0, 3 55/ /
< 1 65/ /
< 3 75/ 50/
< 10 85/80 60/
< 30 95/90 80/75
< 100 100/100 95/90
100 100/100 100/100
Obs.: "85/80" significa que 85% do agregado grosso têm pelo menos uma face fraturada e 80% têm pelo menos
duas faces fraturadas (Cominsky et al., 1998).
2.2.2 Angularidade do Agregado Fino
Devido à dificuldade de avaliação visual das partículas de agregados finos e ao grande tempo
consumido nesses processos de avaliação, o Superpave adota o ensaio do National Aggregates
Association Test Method A para a determinação indireta da forma, da angularidade e da textura
superficial das partículas. Esse ensaio é comumente encontrado na literatura inglesa sob a
denominação FAA (Fine Aggregate Angularity), em português, AAF (angularidade do agregado
fino). Através do ensaio AAF, normalizado pela ASTM C 1252, pode-se determinar a porcen-
tagem dos vazios não compactados contidos entre as partículas de agregados, quando estas
são vertidas de uma altura de queda estabelecida, dentro de um cilindro de volume conhecido
(100 cm
3
), conforme ilustra a Figura 2.2.
16 2. Propriedades dos Agregados Especificadas pelo Superpave
Figura 2.2: Ensaio de angularidade do agregado fino
Valores mais elevados de AAF serão encontrados quanto maior a angularidade e rugosidade
das partículas, pois quando estas caem livremente umas sobre as outras, sem sofrer acomodação
por compactação, suas arestas e cantos agudos fazem com que fiquem mais distantes umas
das outras, aumentando o volume de vazios entre partículas. as partículas menos angulares
(com cantos arredondados) e com textura superficial lisa, ao caírem livremente umas sobre as
outras, acomodam-se com mais facilidade, diminuindo assim o volume de vazios existentes
entre partículas, proporcionando valores de AAF menores.
Estudos de avaliação do ensaio de angularidade do agregado fino, desenvolvidos por Gou-
veia (2002), indicam que esse ensaio não é sensível aos efeitos da forma da partícula. Partículas
cúbicas, que são mais desejáveis para o propósito da pavimentação, com angularidade e textura
superficial adequadas, podem apresentar valores menores de AAF que partículas com formas
lamelares.
Métodos do Ensaio AAF
O ensaio AAF pode ser realizado de acordo com três métodos distintos (A, B ou C).
No método A, a granulometria da amostra é controlada através das frações utilizadas e das
porcentagens retidas de material em cada fração, como apresentado na Tabela 2.2. No Método
B, a granulometria da amostra também é controlada, sendo usada, para cada fração, uma
quantidade de 190 g de material (Tabela 2.2). Porém, nesse método, o ensaio é realizado para
cada fração do agregado separadamente, onde o valor de AAF corresponderá à média das três
determinações feitas para cada fração. no Método C, não controle da granulometria. A
2.2. Propriedades de Consenso 17
amostra ensaiada será composta por 190 g de agregado fino passante na peneira de 4, 75 mm
(# n.4).
Tabela 2.2: Frações granulométricas usadas nos métodos A e B
Peneiras Método A Método B
(mm) massa (g) massa (g)
2, 36 1, 18 44 190
1, 18 0, 60 57 190
0, 60 0, 30 72 190
0, 30 0, 15 17
Total 190
(ASTM C 1252)
Os estudos realizados por Fernandes et al. (2000) demonstram que a granulometria utilizada
em cada método do ensaio afeta o volume de vazios não compactados entre as partículas (AAF).
Os resultados apresentados pelos pesquisadores mostram que agregados melhor graduados,
como ocorre no método A, apresentam menor volume de vazios não compactados do que
agregados contendo partículas mais uniformemente graduadas, como no método B. No entanto,
apesar dos métodos apresentarem valores de AAF de magnitudes diferentes, os métodos A e
B resultam em uma mesma hierarquização, indicando que ambos os métodos são sensíveis às
mesmas características dos agregados e que, para o propósito de classificação, são equivalentes.
Limites de AAF Especificados pelo Superpave
O Superpave especifica valores mínimos maiores de AAF com o aumento do nível de tráfego
ou com a proximidade da camada em relação à superfície do pavimento, como se pode verificar
na Tabela 2.3. Os especialistas do SHRP acreditavam que quanto maior o nível de solicitação
do pavimento, mais resistentes ao cisalhamento deveriam ser as misturas e, portanto, partículas
mais angulares e rugosas deveriam ser usadas. A especificação Superpave estabelece o valor de
AAF igual a 45% como o mínimo admissível para rodovias com volume de tráfego alto. Para
volume de tráfego médio, especifica valores entre 40% e 45% e, para volume de tráfego baixo,
não atribui valor para AAF, pois as areias naturais com AAF menores que 40% são consideradas
aceitáveis.
18 2. Propriedades dos Agregados Especificadas pelo Superpave
Tabela 2.3: Especificação Superpave para valores mínimos da AAF (método A)
Tráfego Profundidade da camada em relação
n = 10
6
à superfície do pavimento
< 100 mm > 100 mm
< 0, 3
< 1 40
< 3 40 40
< 30 45 40
< 100 45 45
100 45 45
(Cominsky et al., 1998)
2.2.3 Partículas Planas e Alongadas
A forma ideal dos agregados, para uso em misturas asfálticas, é a arredondada, porém,
ao considerar que a partícula deve ser também angulosa, pode-se entender como forma ideal a
cúbica. As características de forma e de angularidade das partículas não devem ser confundidas,
pois, independentemente de sua forma, as partículas podem possuir angularidades distintas, ou
seja, ter seus cantos e arestas agudos ou desgastados.
A utilização de partículas com formas planas e/ou alongadas em misturas asfálticas pode
causar vários problemas, dentre eles, a quebra de partículas durante a compactação e a diminui-
ção da trabalhabilidade da mistura. Quebras, além de alterar a granulometria da mistura, fazem
com que o filme de asfalto que cobre o agregado se rompa, facilitando a entrada de umidade
dentro do agregado e podendo ocasionar problemas de adesividade entre o asfalto e o agregado.
Além disso, o uso excessivo de partículas planas e/ou alongadas diminui a trabalhabilidade
da mistura, dificultando a compactação e promovendo um consumo maior de asfalto, pois,
partículas planas e/ou alongadas possuem superfície específica maior que partículas de forma
cúbica. Assim, na tentativa de minimizar os problemas causados pelo uso excessivo dessas
partículas, o ensaio de Partículas Planas e Alongadas em Agregados Grossos (ASTM D 4791),
adaptado do ensaio U.S. Army Corps of Engineers Method CRD-C 119, foi adotado pelo
Superpave.
Esse ensaio consiste na utilização de um paquímetro para medir a razão dimensional das
partículas dos agregados grossos, possibilitando a determinação das porcentagens de partículas
planas, alongadas e planas/alongadas (lamelares) contidas na amostra. O paquímetro dimensi-
onal possibilita a avaliação de razões de 2 : 1, 3 : 1 e 5 : 1 (Figura 2.3).
2.2. Propriedades de Consenso 19
Figura 2.3: Paquímetro dimensional
A determinação Superpave é para que se use no máximo 10% de partículas planas/alongadas
(lamelares) na produção de misturas asfálticas utilizadas em pavimentos com volume de tráfego
médio a alto (Tabela 2.4).
Tabela 2.4: Especificação Superpave para partículas planas/alongadas
Tráfego Porcentagem máxima de partículas com razão dimensional
N = 10
6
comprimento/espessura maiores que 5 : 1
< 0, 3
< 1
< 3 10
< 10 10
< 30 10
< 100 10
100 10
(Cominsky et al., 1994)
2.2.4 Finos Plásticos
Como última propriedade, dentre as classificadas no grupo de propriedades de consenso,
tem-se a dos finos plásticos contidos nos agregados. Considera-se como finos plásticos os
argilominerais ou partículas muito finas (frações argilosas) que possam, mesmo em pequenas
quantidades, ser prejudiciais ao desempenho das misturas asfálticas, especialmente quando se
encontrem como uma camada de sobre a superfície da partícula. Nesse caso, o asfalto
pode aderir na camada argilosa (pó) fixada sobre a partícula ao invés de aderir na superfície do
agregado, ocasionando vários tipos de problemas, dentre eles, a desagregação do agregado da
mistura em decorrência do descolamento da película de asfalto.
A quantificação dos finos plásticos ou da fração argilosa contidos no agregado pode ser feita
através do ensaio do equivalente de areia, desenvolvido na Divisão de Estradas da Califórnia
20 2. Propriedades dos Agregados Especificadas pelo Superpave
(California Division of Highways), sob a orientação de Francis N. Hveem. A transcrição, na
íntegra, do resumo do trabalho Sand Equivalent Test for Control of Materials During Construc-
tion de autoria de Hveem e publicado em 1953 nos anais do Highway Research Board (HRB),
vol. 32, está a seguir apresentado, para que se possa encontrar as origens do ensaio e o seu
significado.
"O ensaio do equivalente de areia para o controle da qualidade de agregados de
misturas betuminosas e de bases não tratadas está sendo proposto para ser incluído
nas Standard Specifications of the California Division of Highways e apresenta-se
correntemente em cláusulas especiais de muitos contratos.
A rapidez das construções tem aumentado incessantemente há vários anos. As
dimensões das empreiteiras e a quantidade de equipamentos de transporte utilizados
nas obras demonstram que os materiais para bases, sub-bases e revestimentos be-
tuminosos estão sendo produzidos e transportados em enormes proporções compa-
rativamente ao que se via anos atrás. Muitas cascalheiras ou pedreiras apresentam
quantidades variáveis de materiais finos, os quais podem também variar desde areia
fina a argila e, freqüentemente, essas frações não são distribuídas uniformemente.
O excesso de argila é, em geral, prejudicial ao desempenho de qualquer agregado,
quer nas bases de cascalho, nas misturas betuminosas ou no concreto de cimento
portland. É importante que o engenheiro de campo possa verificar com rapidez a
presença de quantidades nocivas de materiais argilosos.
O termo "equivalente de areia" expressa a idéia de que a maioria dos solos,
bases de cascalhos etc. são misturas de partículas graúdas, areia e, geralmente,
indesejáveis partículas finas ou argila. O ensaio do equivalente de areia constitui
um meio rápido para separar as partículas mais finas, como as argilas, dos grãos
mais graúdos ou das areias, sendo as proporções relativas comparadas em uma base
arbitrária de volumes por um processo simples, que tende a realçar ou expandir o
volume de argila proporcionalmente aos efeitos prejudiciais ou indesejáveis dessa
fração. O ensaio é aplicado em uma fração de material granular passante na peneira
n. 4, requer aparelhagem relativamente simples e pode ser realizado em cerca de
40 minutos. Maior atenção deve ser direcionada para o significado fundamental
das relações volumétricas em contraposição às porcentagens em massa comumente
adotadas para descrever a composição dos solos e agregados."
O ensaio do equivalente de areia, como idealizado por Hveem, consiste em agitar energi-
camente a amostra de agregados finos numa proveta graduada contendo solução floculante, de
2.2. Propriedades de Consenso 21
modo a soltar as partículas de argilominerais ou da fração argilosa do próprio agregado, aderidas
na superfície do agregado. A solução floculante força o material argiloso ou a fração argilosa
a formar uma suspensão sobre o material granular, para, após um período de sedimentação,
ser medida a altura da argila suspensa e da areia parcialmente sedimentada, determinando-se,
assim, a relação entre volumes de areia e de argila (Figura 2.4). O valor do equivalente de areia
é calculado como uma relação entre a leitura da altura da areia pela leitura da altura da argila,
expresso em termos percentuais.
Figura 2.4: Ensaio do equivalente de areia
Na década de 1950, os valores mínimos do EA, especificados pelo California Division of
Highways, variavam em relação ao tipo de camada na qual o agregado era utilizado, como
mostra a Tabela 2.5.
Tabela 2.5: Especificação do California Division of Highways para equivalente de areia
Tipo de camada Equivalente de areia mínimo (%)
Base de agregado mineral britado ou natural 30
Tratamentos betuminosos 35
Concreto asfáltico 55
Misturas de areia e asfalto 80
(Hveem, 1953)
Atualmente, o método Superpave estabelece alguns valores mínimos do EA conforme o
aumento do volume de tráfego, sendo indiferente quanto à camada do pavimento na qual o
agregado será utilizado. Como pode ser visto na Tabela 2.6, um valor do EA igual a 50% é
especificado como o mínimo admissível para rodovias com volume de tráfego alto. para
as rodovias com volumes de tráfego médio e baixo são especificados valores mínimos do EA
igual a 45% e 40%, respectivamente. No Brasil, o valor mínimo do EA é de 55% para qualquer
volume de tráfego (Bukowski et al., 1994).
22 2. Propriedades dos Agregados Especificadas pelo Superpave
Tabela 2.6: Especificação Superpave para o equivalente de areia
Tráfego Equivalente de areia mínimo
n = 10
6
%
< 0, 3 40
< 30 45
30 50
(Cominsky et al., 1998)
2.3 Propriedades de Origem
O grupo de especialistas, selecionados pelo SHRP, também concordou que outras propri-
edades dos agregados eram críticas para o propósito da pavimentação. Entretanto, não houve
consenso para os valores limites que deveriam ser estabelecidos para essas propriedades por
serem muito dependentes da origem dos materiais. Assim, foi proposto que as propriedades de
resistência à abrasão, sanidade e materiais deletérios, classificadas como de origem, tivessem
seus valores limites estabelecidos pelos departamentos rodoviários de cada estado, por estes
estarem familiarizados com os materiais próprios da região.
2.3.1 Resistência à Abrasão
Os agregados utilizados com o propósito de pavimentação são submetidos a vários processos
de manipulação rigorosos, dentre eles a britagem, o armazenamento, a manipulação abrasiva
durante a produção da mistura, o lançamento e espalhamento, seguido da compactação e, após o
pavimento ser aberto ao tráfego, passam a resistir e a transmitir as cargas do tráfego às camadas
subjacentes do pavimento. Para tanto, esses agregados devem ser resistentes o suficiente para
que possam passar por esses processos sem sofrerem degradação ou polimento, que podem
gerar graves problemas durante a construção e ao longo da vida em serviço do pavimento.
Existem alguns ensaios que procuram estabelecer a qualidade dos agregados em função de
sua utilização. Dentre os mais conhecidos destaca-se o ensaio de abrasão los angeles, que,
segundo Wu et al. (1998), é o ensaio utilizado por cerca de 94% das agências rodoviárias dos
Estados Unidos. Esse ensaio foi desenvolvido mais ou menos na metade da década de 1920
pelo Municipal Testing Laboratory da cidade de Los Angeles, Califórnia (Kandhal & Parker
Jr., 1998), para a avaliação da resistência à degradação ou ao desgaste por abrasão e impacto,
através da máquina los angeles.
2.3. Propriedades de Origem 23
O ensaio consiste na colocação da amostra de agregado graúdo e esferas de ferro fundido
no tambor da máquina los angeles, submetendo-as a movimentos rotatórios do tambor. O
equipamento utilizado para a realização do ensaio de abrasão los angeles pode ser visto na
Figura 2.5. As rotações do tambor reproduzem o impacto sofrido pelo agregado durante a
usinagem da mistura, através da queda das esferas de ferro fundido sobre os agregados e da
queda dos próprios agregados, uns sobre os outros, e simula o desgaste por meio do atrito dos
agregados entre si e com as paredes do tambor.
Terminado o período de rotações, o material é retirado do tambor, peneirado e determinada
a massa remanescente do material. O resultado do ensaio é a porcentagem de perda do material
em decorrência da degradação mecânica sofrida, ou seja, a porcentagem de massa do material
grosso perdido durante as rotações do tambor. Os valores máximos aceitáveis pelo DNER são
de 50% de perda e pelo DER-PR de 45% (Bukowski et al., 1994).
Figura 2.5: Máquina los angeles
2.3.2 Sanidade
Adicionalmente à resistência à degradação por abrasão e impacto, o agregado deve ter
resistência à ação das intempéries, referentes a ciclos de molhagem e secagem e, no caso
de regiões com invernos rigorosos, a ciclos de congelamento e descongelamento, sem sofrer
quebras ou deterioração.
Pesquisadores como Wu et al. (1998) e Roberts et al. (1991) acreditam que os ciclos de
molhagem e secagem, congelamento e descongelamento, não têm grande efeito nas misturas
asfálticas se, durante a usinagem da mistura, for promovida a secagem total do agregado antes
de ser envolvido pelo asfalto. Portanto, se o filme de asfalto que envolve a partícula do agregado
permanecer intacto, impedindo assim que o agregado absorva quantidades significativas de
umidade, os ciclos de molhagem e secagem e de congelamento e descongelamento não devem
24 2. Propriedades dos Agregados Especificadas pelo Superpave
ocasionar problemas. Entretanto, se ocorrerem problemas de quebra de partículas (planas e
alongadas) durante a construção ou causados pelo tráfego, ou ainda, problemas de perda de
adesividade entre o asfalto e o agregado, a água pode penetrar nas partículas e, nesse caso,
os ciclos de molhagem e secagem podem comprometer a integridade do pavimento, caso o
agregado utilizado não apresente sanidade adequada.
Dentre os ensaios mais utilizados para avaliar sanidade dos agregados destacam-se o ensaio
de sanidade com uso de soluções de sulfato de sódio, empregado por 53% das agências rodo-
viárias dos Estados Unidos, e o ensaio de sanidade com uso de sulfato de magnésio, empregado
por 19% das agências. As outras agências rodoviárias usam métodos de avaliação de perdas
através de ciclos de congelamento e descongelamento e 16% não empregam nenhum método
de determinação de sanidade (Wu et al., 1998).
Desenvolvido para detectar a presença de argilominerais contidos nas partículas de agrega-
dos de natureza basáltica que, quando expostos à ação das intempéries, prejudicam a durabi-
lidade do agregado (Kandhal & Parker Jr., 1998), o ensaio de sanidade é hoje utilizado para
fornecer uma indicação da durabilidade, diante da ação do tempo, de agregados de diversas
composições mineralógicas, tal qual um índice da qualidade geral.
O ensaio de sanidade consiste em submeter as amostras de agregados a ciclos de imersão
em solução de sulfato de sódio ou sulfato de magnésio e, em seguida, promover a secagem do
material em estufa. Uma imersão/secagem é chamada de ciclo de sanidade. Essa forma cíclica
de desenvolvimento do ensaio se faz necessária para que, na etapa de imersão do primeiro ciclo,
a solução salina penetre nos interstícios das partículas e, na etapa de secagem do primeiro ciclo,
os sais da solução se cristalizem no interior das partículas. Quando iniciado o segundo ciclo,
na etapa de imersão, os cristais de sal se hidratam e crescem nos interstícios das partículas,
exercendo forças de expansão interna que causam a degradação das partículas não sãs.
O resultado do ensaio fornece a porcentagem de perda de material, devido à degradação,
para um dado número de ciclos de sanidade. As Figuras 2.6(a) e 2.6(b) são ilustrativas da
aparência do agregado antes e após serem submetidos aos ciclos de sanidade. Os valores
máximos de perda admitidos pelo DER-PR é de 12% para 5 ciclos de sanidade (Bukowski
et al., 1994).
2.4. Experimentos Laboratoriais 25
(a) Antes (b) Depois
Figura 2.6: Aparência do agregado antes e depois de submetido a ciclos de sanidade
2.3.3 Materiais Deletérios
Geralmente são chamados de materiais deletérios partículas individuais constituídas de
materiais fracos, reativos ou deteriorados, que inibam a cobertura dos agregados pelo asfalto,
que reajam com o meio ambiente ou que não sejam constituídas de material rochoso. Alguns
exemplos de materiais considerados deletérios são: torrões de argila, xisto, carvão, partículas
vítreas, mica livre e vegetação.
O ensaio de Torrões de Argila e Partículas Friáveis (ASTM C 142), adotado pelo Superpave
para avaliar a presença de materiais deletérios tanto nas frações grossas como nas frações finas
dos agregados, consiste no espalhamento de uma fina camada de partículas no fundo de um
recipiente, cobrindo-as com água destilada e deixando-as submersas por um período de 24
horas. Após esse período, cada partícula é rolada e apertada entre os dedos polegar e indicador
na tentativa de quebrá-la em partes menores. Qualquer partícula que se quebre é classificada
como uma partícula friável. A quantidade máxima aceitável de materiais deletérios na amostra
é bastante ampla, variando de 0, 2% até 10%, dependendo da composição dos contaminantes
(Bukowski et al., 1994).
2.4 Experimentos Laboratoriais
2.4.1 Agregados Estudados
Três tipos de agregados minerais, representativos de agregados utilizados em obras de pavi-
mentação asfáltica, foram selecionados: agregados de basalto, de gabro e de areia natural.
26 2. Propriedades dos Agregados Especificadas pelo Superpave
O agregado de basalto é proveniente da Pedreira Santa Isabel, localizada na cidade de
Ribeirão Preto - SP. Para o agregado de areia natural foram selecionados dois materiais, devido
à impossibilidade de usar apenas um tipo de areia natural que contivesse frações grossa e fina
adequadas ao estudo. A areia natural do Rio Moji-Guaçú (Rincão - SP) foi escolhida para a
composição da fração grossa da mistura e, para a composição da fração fina, foi selecionada a
areia natural de cava, proveniente da Mineradora Jundu, localizada em Analândia - SP.
O agregado de gabro selecionado, procedente da Pedreira São Roque localizada em Li-
meira - SP, foi inicialmente denominado granito, com base nas informações dos especialistas
da pedreira. Dúvidas quanto à origem e classificação do material foram levantadas, surgindo a
necessidade de uma análise petrográfica da rocha. O material foi então analisado e classificado,
no Departamento de Petrologia e Metalogenia, do Instituto de Geociências e Ciências Exatas, da
Universidade Estadual Paulista em Rio Claro, como Leucodiabásio ou Leucogabro. O relatório
completo da análise do material encontra-se no Apêndice B.
2.4.2 Ensaio de Partículas Fraturadas
O ensaio de determinação da porcentagem de partículas fraturadas contidas na amostra,
normalizado pela (ASTM D 5821), consiste em espalhar as partículas de agregados em uma
superfície plana, limpa e grande o suficiente para proporcionar um exame visual cuidadoso de
cada partícula. Cada partícula é classificada de acordo com o seu número de faces fraturadas,
por exemplo, uma face fraturada (Figura 2.7(a)), duas ou mais faces fraturadas (Figura 2.7(b)),
ou ainda, sem faces fraturadas (Figura 2.7(c)).
Considera-se como face fraturada do agregado a face que contém forma e bordas bem
definidas e que expõem o interior da partícula através de uma área não inferior a 1/4 da área
máxima da partícula. A face fraturada apresenta-se como uma parte quebrada, rugosa e/ou
angular, criada através de processos de britagem ou pela da ação da natureza.
A determinação da porcentagem de partículas fraturadas é realizada através da contagem
ou pesagem das partículas, com um determinado número de faces fraturadas, em relação ao
número total de partículas ou da massa total da amostra, como mostra a Equação 2.1.
P F
x
=
F +
Q
2
F + Q + N
× 100 (2.1)
onde:
P F
x
= Porcentagem de partículas com o número especificado de faces fraturadas;
2.4. Experimentos Laboratoriais 27
(a) Uma face fraturada (b) Duas ou mais faces fraturadas
(c) Nenhuma face fraturada
Figura 2.7: Ensaio de porcentagem de faces fraturadas do agregado grosso
F = massa ou número de partículas com pelo menos o número especificado de faces fraturadas;
Q = massa ou número de partículas que se encontram na categoria de fronteira;
N = massa ou número de partículas que não possuem faces fraturadas.
A classificação visual das partículas quanto ao número de faces fraturadas é passível de
variações quando diferentes examinadores avaliam uma mesma amostra. Mas, embora as
avaliações visuais para partículas individuais possam variar de modo significativo, estudos
feitos por Rosenfeld e Griffiths
4
apud Suguio (1973) demonstram que valores médios baseados
em cinqüenta ou mais partículas tendem a ser representativos, pois os erros são compensados.
Nesta pesquisa, o número total de partículas ensaiadas para cada amostra variou entre 175 a 220
partículas.
2.4.3 Ensaio de Angularidade do Agregado Fino
A angularidade do agregado fino é avaliada indiretamente através da determinação dos
vazios formados entre as partículas do agregado, na condição não compactada, ou seja, quando
4
Rodenfeld, M. A.; Griffiths, J. C. (1953). An experimental test of visual technique in estimating two
dimensional sphericity of quartz grains. Amer. Journal of Sci., n. 251, p. 553-585.
28 2. Propriedades dos Agregados Especificadas pelo Superpave
a amostra é vertida de uma altura de queda de aproximadamente 115 mm, dentro de um cilindro
de volume de 100 cm
3
, como estabelece a norma da ASTM C 1252. O ensaio consiste em deixar
a amostra cair livremente no interior do cilindro, retirar o excesso de material que se acumula
sobre o topo do cilindro com o auxílio de uma espátula, tomando cuidado para não causar
nenhum tipo de vibração no cilindro, para que não ocorra acomodações entre as partículas.
Após esse processo, faz-se a determinação da massa do agregado contida dentro do cilindro
e, sendo conhecida a densidade aparente do agregado fino (ASTM C 128), pode-se calcular a
porcentagem de vazios não compactados através da diferença entre o volume do cilindro e o
volume de agregado contido no cilindro, como mostra a Equação 2.2.
AAF =
V
m
a
ρ
ap
V
× 100 (2.2)
onde:
AAF = vazios não compactados (%);
m
a
= massa do agregado contida no cilindro (g);
ρ
ap
= densidade aparente do agregado fino;
V = volume do cilindro (cm
3
).
Nesta pesquisa, o ensaio de AAF foi realizado utilizando-se o método A, que tem como
característica o controle da granulometria da amostra (Tabela 2.2). O equipamento usado para a
realização do ensaio teve seu projeto adaptado da norma ASTM C 1252 no setor de projetos do
Departamento de Transportes, sendo posteriormente construído na oficina mecânica da Escola
de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo.
2.4.4 Ensaio de Partículas planas e alongadas
O ensaio de análise de determinação das porcentagens de partículas planas, alongadas e
planas/alongadas contidas nos agregados grossos, normalizado pela ASTM D 4791, consiste
na utilização de um paquímetro dimensional (Figura 2.3) para medir a razão dimensional entre
largura e espessura (planificação), largura e comprimento (alongamento) e entre o comprimento
e a espessura (lamelaridade) de uma amostra representativa dos agregados grossos.
O paquímetro dimensional usado para a realização do ensaio teve seu projeto adaptado da
norma ASTM D 4791 no setor de projetos do Departamento de Transportes, sendo posterior-
2.4. Experimentos Laboratoriais 29
mente construído na oficina mecânica da Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade
de São Paulo.
Ao analisar as partículas utilizando o paquímetro dimensional, estas podem ser classificadas
como:
partículas planas, se tiverem razão dimensional entre largura e espessura maior que pro-
porções específicas, que no caso desta pesquisa são de 3 : 1 e 5 : 1;
partículas alongadas, se tiverem razão dimensional entre comprimento e largura maior
que 3 : 1 e 5 : 1;
partículas planas/alongadas (lamelares), se tiverem razão dimensional entre comprimento
e espessura maior que 3 : 1 e 5 : 1.
Um exemplo do procedimento básico de análise das partículas consiste em posicionar a
abertura maior do paquímetro igual ao comprimento da partícula (Figura 2.8(a)) e tentar passar
a espessura da partícula pela abertura menor do paquímetro (Figura 2.8(b)). Se a partícula
passar pela abertura, ela é classificada como plana/alongada (lamelar), para a razão dimensional
de 3 : 1.
(a) Comprimento da partícula (b) Espessura da partícula
Figura 2.8: Ensaio de avaliação da forma da partícula
Neste estudo, é considerado como comprimento a maior dimensão da partícula, como lar-
gura a maior dimensão da partícula em um plano perpendicular ao comprimento e como es-
pessura a maior dimensão da partícula em um plano perpendicular ao comprimento e à largura
(Figura 2.9).
O Superpave especifica a avaliação da forma da partícula somente quanto à sua lamelari-
dade, com razão dimensional de 5 : 1, estabelecendo um limite máximo de 10%. Porém, uma
30 2. Propriedades dos Agregados Especificadas pelo Superpave
Figura 2.9: Dimensões da partícula do agregado
avaliação mais rigorosa da lamelaridade utilizando a proporção de 3 : 1 foi sugerida em 1998
pela Federal Highway Administration (FHWA), com base numa revisão feita pelo seu grupo de
pesquisa (Cominsky et al., 1998). Atualmente, vários grupos de pesquisa estadunidenses como
The Stone Matrix Asphalt Technical Working Group utilizam um limite mais rigoroso do que o
especificado pelo Superpave, limite máximo de 5% para razão dimensional de 5 : 1 e também
estabelecem análises para razão dimensional de 3 : 1 limitando a lamelaridade em 20% (Prowell
et al., 2005).
Independentemente da razão dimensional da partícula, uma discussão pode ser levantada
quanto a análise de suas formas, ou seja, planicidade, alongamento e lamelaridade. O Superpave
estabelece que seja feito um levantamento apenas da porcentagem de partículas lamelares do
agregado estudado, ou seja, a porcentagem de partículas que têm o comprimento cinco vezes
maior que sua espessura. No entanto, ao se tomar conhecimento da porcentagem de partículas
lamelares, por exemplo de 30%, o que isso significa? Significa que se tem 30% de partículas
alongadas, que podem quebrar durante a compactação, ou então que se tem 30% de partículas
planas, que causam vários problemas, dentre eles, a diminuição da durabilidade das misturas,
em função da diminuição dos vazios do agregado mineral? A determinação da lamelaridade da
partícula é questionável, pois não representa o quanto as partículas são planas nem o quanto são
alongadas.
Em vista disso, nesta pesquisa, as partículas foram analisadas não somente quanto a quanto à
sua lamelaridade (comprimento/espessura), mas também quanto à sua planicidade (largura/espessura)
e quanto ao seu alongamento (comprimento/largura), utilizando razões dimensionais de 5 : 1
e também de 3 : 1, impondo, dessa forma, uma avaliação mais rigorosa. Nesta pesquisa, o
número mínimo de partículas ensaiadas para cada amostra foi de 100 partículas.
2.4. Experimentos Laboratoriais 31
A porcentagem de partículas, de determinada classificação, pode ser calculada da seguinte
maneira:
%P
x
=
C
N
× 100 (2.3)
onde:
%P
x
= porcentagem de partículas de determinada classificação (plana, alongada ou lamelar);
C = massa ou número de partículas de determinada classificação;
N = massa ou número total de partículas da amostra.
2.4.5 Ensaio do Equivalente de Areia
O equivalente de areia é uma relação volumétrica que corresponde à razão entre a altura do
nível superior da areia e a altura do nível superior da suspensão argilosa de uma determinada
quantidade de solo ou agregado fino, numa proveta, em condições estabelecidas no método. O
método consiste em agitar energicamente a amostra de agregados finos, composta do material
passante na peneira de abertura 4, 75 mm (# n. 4), numa proveta graduada contendo solução
floculante, de modo a soltar as partículas de argilominerais ou da fração argilosa, aderidas
ao agregado. Esse método, aqui apresentado, está baseado nas normas DNER ME 054 e
ASTM D 2419.
Procedimento para a obtenção da solução floculante
O primeiro passo é obter a solução concentrada, composta por:
557 g de cloreto de cálcio anidro técnico;
2510 g ou 2010 ml de glicerina U.S.P.;
57, 5 g de solução de formaldeído a 40% em volume.
O procedimento de preparo consiste em dissolver o cloreto de cálcio em 2 litros de água
destilada, agitando-se energicamente a solução. A solução de cloreto de cálcio funciona como
agente floculante, acelerando a velocidade de sedimentação dos argilominerais ou da fração
argilosa da amostra. Hveem (1953) justifica a escolha desse agente floculante por ser de
relativamente baixo custo, estável e inofensivo à saúde.
32 2. Propriedades dos Agregados Especificadas pelo Superpave
Após a obtenção da solução, esta é filtrada utilizando um papel de filtro apropriado e, em
seguida, a glicerina, a solução de formaldeído e os 5 litros de água destilada são adicionados
à solução filtrada. A intenção de Hveem, ao adicionar uma pequena quantidade de glicerina à
solução, foi produzir um efeito estabilizador aumentando assim a reprodutibilidade do ensaio.
Hveem (1953) também relata que o formaldeído foi adicionado à solução para servir de
agente destruidor dos fungos que tendem a formar-se na solução, de modo a torná-la estéril.
A solução floculante ou solução de trabalho é então obtida após diluir 125 ml da solução
concentrada em água destilada, até completar 5 litros, misturando-as cuidadosamente.
Descrição do ensaio
A solução de trabalho é transferida para uma proveta, até atingir o traço de referência a
10 cm da base. A seguir, o conteúdo do recipiente de medida, preenchido com a amostra
preparada (Figura 2.10), é transferido para a proveta com o auxílio de um funil.
Figura 2.10: Amostra utilizada no ensaio do equivalente de areia
Em seguida, bate-se várias vezes com a mão no fundo da proveta, para deslocar as bolhas de
ar e ajudar a molhar a amostra. Então, a proveta é deixada em repouso durante 10 minutos. Pas-
sados os 10 minutos, a proveta é tapada com uma rolha de borracha e agitada horizontalmente,
num movimento alternado, como ilustra a Figura 2.11.
Figura 2.11: Agitação da proveta
2.4. Experimentos Laboratoriais 33
Após a retirada da rolha, as paredes da proveta são lavadas, com o auxílio do tubo lavador,
para desprender as partículas de agregados aderidas. Então, o tubo lavador é posicionado
no fundo da proveta, permitindo que a solução floculante flua para o interior da proveta, até
atingir o traço de referência superior, suspendendo-se o tubo lavador lentamente sem parar o
escoamento, de tal modo que aquele nível se mantenha constante. Então, a proveta é deixada
em repouso, sem perturbação, durante 20 minutos. Qualquer vibração ou movimento da proveta
durante esse período poderá interferir na velocidade normal de sedimentação da argila em
suspensão, alterando os resultados.
Após o período de 20 minutos, é feita a leitura da altura do nível superior da argila em
suspensão, para em seguida, ser introduzido o pistão na proveta, até assentá-lo sobre a amostra,
promovendo um pequeno giro em sua haste, até que um de seus parafusos de ajustagem, torne-se
visível. O nível do centro do parafuso de ajustagem é adotado como leitura correspondente ao
nível superior da amostra (Figura 2.12). O equipamento completo necessário para a realização
do ensaio pode ser visto na Figura 2.13.
Figura 2.12: Leitura do nível superior da areia
O equivalente de areia pode ser então calculado através da razão entre a leitura no topo da
areia (amostra) e a leitura no topo da argila, através da Equação 2.4:
EA =
L
areia
L
argila
× 100 (2.4)
34 2. Propriedades dos Agregados Especificadas pelo Superpave
Figura 2.13: Equipamento necessário para a realização do ensaio do equivalente de areia
onde:
L
areia
= Leitura no topo da areia, em mm;
L
argila
= Leitura no topo da argila, em mm.
Durante a realização do ensaio, é usual anotar, além da leitura da altura da areia com o
pistão, a leitura correspondente à altura da areia visível, com o intuito de colher dados para
uma melhor interpretação do ensaio. As proporções relativas às frações granulométricas de
agregados passantes na peneira de abertura 4, 75 mm podem variar muito, dependendo do
agregado. Amostras mais grossas ou mais finas, com quantidades apreciáveis de partículas
angulares, tendem a apresentar leituras muito próximas de altura da areia visível e de altura da
areia realizada com o pistão. Porém, se a amostra for muito fina, no momento em que o pistão
de 1 kg assenta sobre seu topo, este pode afundar consideravelmente. Esse fato indica que uma
amostra contendo partículas muito finas, pode ter, ainda que desprovida de argilominerais, um
valor do equivalente de areia bastante inferior a 100, desde que o pistão nela afunde. Nesse
caso, o equivalente de areia não está relacionado com a plasticidade do material, mas com a
finura do material. A escolha de Hveem por um pistão de peso relativamente elevado pode ter
sido proposital, para tentar limitar o emprego de agregados com quantidades grandes de finos e
com partículas arredondadas, em obras de pavimentação (Medina, 1962).
2.4. Experimentos Laboratoriais 35
2.4.6 Abrasão Los Angeles
O ensaio consiste em colocar a amostra do agregado e as esferas de ferro fundido, com
massa de aproximadamente 440 g cada, dentro do tambor da máquina los angeles que passa a
girar à velocidade de 30 a 33 rpm até que sejam completadas 500 rotações. A rotação do tambor
permite que as abas internas deste apanhem as partículas do agregado e as esferas metálicas,
girando-as até serem tombadas para o lado oposto do tambor e, através da queda das esferas
sobre os agregados e da queda dos próprios agregados, uns sobre os outros, é criada a condição
de britagem da amostra por impacto. As partículas do agregado e as esferas, ao rolarem dentro
do tambor, atritam-se entre si e com as paredes do tambor, promovendo abrasão entre as partes.
O número de esferas metálicas colocadas dentro do tambor está condicionado à faixa gra-
nulométrica da amostra. A escolha da granulometria da amostra é uma etapa importante do
ensaio. A norma DNER ME 035 e ASTM C 131 determinam várias faixas granulométricas
possíveis, devendo ser escolhida a granulometria mais próxima da que será utilizada na mistura
estudada ou na obra. Nesta pesquisa, foi utilizada a granulometria C, cujas frações controladas
encontram-se entre as peneiras de abertura de 9, 5 mm e 6, 3 mm e entre 6, 3 mm e 4, 8 mm.
Terminada as rotações, o conteúdo do tambor é removido e o material granular é peneirado,
lavado na peneira de abertura de 1, 7 mm e, então, seco em estufa. Após, é determinada a
porcentagem perdida ou degradada mecanicamente, através da diferença entre a massa inicial e
a massa final da amostra, como mostra a Equação 2.5:
A
LA
=
m
i
m
f
m
i
× 100 (2.5)
onde:
A
LA
= abrasão Los Angeles;
m
i
= massa inicial da amostra colocada na máquina;
m
f
= massa final da amostra lavada e seca, após o ensaio.
Esse ensaio avalia a degradação do agregado mineral, resultante das ações combinadas do
atrito e do impacto, devendo ser utilizado como indicador da qualidade relativa ou competência
de agregados com composição mineral similar. Como alertado na norma ASTM C 131, os re-
sultados desse ensaio não permitem que comparações automáticas sejam feitas entre agregados
de diferentes origens, estruturas e composições mineralógicas.
36 2. Propriedades dos Agregados Especificadas pelo Superpave
2.4.7 Sanidade
Esse ensaio avalia a sanidade ou a resistência à desintegração dos agregados sujeitos à ação
do tempo. Para tanto, o agregado é submetido ciclos de imersão em solução de sulfato de sódio
ou sulfato de magnésio e, em seguida, levado para secagem em estufa. O objetivo desses ciclos
de imersão é exercer, através da hidratação dos cristais contidos nas microfissuras do agregado,
forças de expansão interna que causem a degradação das partículas não sãs.
Preparação da solução de sulfato de sódio
O procedimento de preparo da solução consiste em dissolver, aos poucos, aproximadamente
350 g de sulfato de sódio anidro (Na
2
SO
4
) em 1 litro de água destilada, agitando-se energica-
mente a solução, como ilustra a Figura 2.14. A temperatura da água deve estar próxima aos
30
0
C para facilitar a dissolução do sal na água e diminuir a cristalização.
Figura 2.14: Preparo da solução de sulfato de sódio
Após a dissolução completa do sal na água, deve-se continuar a agitar a solução até resfriá-la,
para que não se inicie a formação de cristais. Em seguida, a solução é levada à incubadora,
que mantém a temperatura da solução em 21
0
C por um período mínimo de 48 horas, antes
da realização do ensaio. No momento da utilização, a solução deve ser novamente agitada e
determinada a sua densidade, que deve estar entre 1, 151 e 1, 174 (Figura 2.15).
Ao longo do ensaio pode ocorrer a formação de cristais na solução, que devem ser retirados.
A Figura 2.16 ilustra alguns cristais retirados da solução durante o ensaio. A cada novo ciclo,
antes da imersão das amostras na solução, a densidade da solução deve ser novamente avaliada,
2.4. Experimentos Laboratoriais 37
Figura 2.15: Determinação da densidade da solução
cuidando-se para que permaneça dentro do limite de 1, 151 a 1, 174, especificado pelas normas
DNER ME 089 e ASTM C 88 .
Figura 2.16: Cristais retirados da solução de sulfato de sódio durante o ensaio de sanidade
Descrição do ensaio
As amostras, após serem lavadas e secas em estufa, são separadas por peneiramento em
frações entre as peneiras de abertura 19, 0 mm a 12, 5 mm, com aproximadamente 670 g de
material, 12, 5 mm a 9, 5 mm, com aproximadamente 330 g e 9, 5 mm a 4, 75 mm, com cerca
38 2. Propriedades dos Agregados Especificadas pelo Superpave
de 300 g de material. Após determinada a massa exata de cada uma das frações que compõem
a amostra, elas são remisturadas e colocadas dentro de cestos (Figura 2.17).
Figura 2.17: Cestos contendo as amostras
Cada cesto, revestido internamente com papel de filtro para impedir a perda de partículas
finas, deve ser identificado, para, em seguida, ser submerso em solução de sulfato de sódio, por
um período de 16 a 18 horas (Figura 2.18). O nível da solução deve permanecer com 1 cm
acima do topo da amostra durante todos os cinco ciclos de imersão/secagem.
Figura 2.18: Imersão das amostras
No período de imersão, o recipiente contendo as amostras submersas em solução de sulfato
de sódio é colocado dentro de uma incubadora, para que a temperatura da solução seja mantida
em 21
0
C (Figuras 2.19(a) e 2.19(b)).
Após o período de imersão, as amostras são retiradas da solução e drenadas por 15 minutos,
sendo então colocadas na estufa para secar. Após a secagem, as amostras são resfriadas até que
atinjam a temperatura ambiente. O final dessa etapa corresponde ao término de um ciclo de
imersão/secagem.
2.4. Experimentos Laboratoriais 39
(a) Amostras dentro da incubadora (b) Incubadora
Figura 2.19: Controle da temperatura da solução
Terminado o quinto ciclo de imersão/secagem, as amostras são lavadas com solução de
cloreto de bário a 10% e, em seguida, com água corrente para retirar o excesso de sulfato de
sódio contido nas partículas. Na seqüência, as amostras são levadas à estufa para secagem
completa, com posterior determinação de suas massas.
Para determinação da porcentagem de perda de material durante o ensaio, as amostras são
peneiradas na mesma série de peneiras anteriormente controladas e adicionalmente nas peneiras
de 8 mm e 4 mm, conforme mostra a Tabela 2.7.
Tabela 2.7: Peneiras de controle usadas no ensio de sanidade
Fração da amostra Peneira de controle
(mm) (mm)
19, 0 a 9, 5 8, 0
9, 5 a 4, 75 4, 0
O resultado é expresso como uma porcentagem de perda de material, cujo valor representa
a média ponderada calculada em função da porcentagem de perda de cada fração e com base na
granulometria da mistura. Além da determinação da porcentagem de perda de material, deve-se
analisar cada partícula visualmente, observando se houve fendilhamento excessivo, ou ainda,
outra forma de deterioração como desintegração, esmagamento, quebra ou laminagem.
40 2. Propriedades dos Agregados Especificadas pelo Superpave
2.4.8 Torrões de Argila e Partículas Friáveis
Pode-se entender como torrões uma porção de terra endurecida e como partículas friáveis
aquelas que se partem ou se esboroam com facilidade (Ferreira, 1999). O procedimento para
a determinação da porcentagem de partículas friáveis consiste, inicialmente, em separar o
agregado por peneiramento nas seguintes frações:
Tabela 2.8: Composição das amostras usadas no ensaio de partículas friáveis
Fração da amostra Massa mínima
(mm) (g)
19, 0 a 9, 5 2.000
9, 5 a 4, 75 1.000
4, 75 a 1, 18 25
Em seguida, é realizado o espalhamento da amostra no fundo de uma bandeja, para que
forme uma fina camada. Após, a amostra é coberta com água destilada, permanecendo submersa
por 24 horas (Figura 2.20(a)).
O próximo passo é drenar a amostra e em seguida analisar cada partícula rolando-a e
apertando-a entre os dedos polegar e indicador, tentando quebrá-la em partículas menores (Fi-
gura 2.20(b)). Ao rolar a partícula entre os dedos deve-se tomar o cuidado para não quebrá-las
com a unha, nem esfregá-las entre si.
(a) Amostra submersa (b) Análise da partícula
Figura 2.20: Ensaio de detecção de torrões de argila e partículas friáveis
Qualquer partícula que se quebre é classificada como torrão de argila ou partícula friável,
dependendo de sua composição. Após proceder a análise de quebra em todas as partículas, as
frações da amostra são lavadas nas peneiras de controle apresentadas na Tabela 2.9.
Em seguida, a amostra é colocada na estufa para a secagem até atingir constância de massa.
A determinação da porcentagem de torrões de argila ou partículas friáveis na amostra pode ser
2.5. Resultados da Caracterização Superpave dos Agregados 41
Tabela 2.9: Peneiras de controle usadas no ensaio de partículas friáveis
Fração da amostra Peneira de controle
(mm) (mm)
19, 0 a 9, 5 4, 75
9, 5 a 4, 75 2, 36
4, 75 a 1, 18 0, 85
calculada através da Equação 2.6.
P F =
W R
W
× 100 (2.6)
onde:
P F = Porcentagem de partículas friáveis na amostra;
W = massa da amostra;
R = massa das partículas retidas na peneira de controle (Tabela 2.9).
O resultado é expresso como uma porcentagem de perda de material, cujo valor representa
a média ponderada calculada em função da porcentagem de perda de cada fração e com base na
granulometria da mistura.
2.5 Resultados da Caracterização Superpave dos Agregados
2.5.1 Porcentagem de Partículas Fraturadas
Na Tabela 2.10, encontram-se as porcentagens de faces fraturadas das partículas dos agre-
gados grossos de gabro, de basalto e de areia natural estudados.
Tabela 2.10: Resultados do ensaio de porcentagem de partículas fraturadas
Tipo de Agregado Faces Fraturadas
Gabro 100/100
Basalto 100/100
Areia Natural 50/35
O agregado de gabro e o agregado de basalto possuem todas as suas partículas com duas
ou mais faces fraturadas. O número de partículas fraturadas apresentadas por ambos os agre-
gados são adequadas, considerando a Tabela 2.1 da especificação Superpave. Portanto, tanto o
42 2. Propriedades dos Agregados Especificadas pelo Superpave
agregado de gabro como o agregado de basalto poderiam ser utilizados em todas as camadas do
pavimento, inclusive na capa asfáltica de rodovias com volume de tráfego alto.
o agregado de areia natural possui 50% de suas partículas com uma face fraturada e
apenas 35% de suas partículas com duas ou mais faces fraturadas. Essas porcentagens de faces
fraturadas não são suficientes, segundo a Tabela 2.1 da especificação Superpave, para garantir
que as partículas apresentem intertravamento e atrito interno adequados. Portanto, o agregado
de areia natural não deve ser utilizado como parte integrante de misturas asfálticas, mesmo em
rodovias com volume de tráfego baixo.
A realização desse ensaio, conforme estabelece a norma ASTM D 5821, não permite a
avaliação real da angularidade dos agregados grossos, mas apenas do número de faces fraturadas
desses agregados, que são dados insuficientes para ter-se conhecimento do grau de angularidade
(agudeza) dos cantos e arestas das fraturas. Sendo assim, pode-se assumir que o ensaio de
avaliação da porcentagem de faces fraturadas da partícula, adotado pelo Superpave, não atende
ao propósito de avaliação da angularidade do agregado grosso.
modos mais eficientes de avaliação da angularidade do agregado grosso, um deles é a
análise visual comparativa das partículas. Nesta pesquisa, utilizou-se para a avaliação visual a
tabela de comparação de angularidade de agregados finos, desenvolvida por Russel & Taylor
5
apud Suguio (1973), que permite classificar as partículas com cinco diferentes graus de angu-
laridade: angular, subangular, subarredondado, arredondado e altamente arredondado. Maiores
detalhes quanto à utilização dessa tabela, assim como a forma de avaliação visual comparativa
dos agregados, podem ser vistos em Gouveia (2002).
A avaliação visual da angularidade do agregado grosso (agudeza de seus cantos) foi reali-
zada concomitantemente à avaliação da porcentagem de faces fraturadas do agregado grosso.
Poder-se-ia incorrer como ponto negativo da avaliação visual da angularidade o longo tempo
consumido, no entanto, normalmente para a realização do ensaio de determinação do número
de faces fraturadas, as partículas são avaliadas uma a uma, portanto, não foi despendido muito
mais do que já é necessário para a realização do ensaio adotado pelo Superpave.
Outra característica bastante importante dos agregados não avaliada pelo ensaio especificado
pelo Superpave é a rugosidade ou textura superficial. Essa característica também poderia
ser facilmente determinada durante o processo de avaliação do número de faces fraturadas,
5
Russel, R. D; Taylor, R. E. (1937). Roundness and and shape of Mississipi River sands. Journal of Geology,
n. 45, p. 225-267.
2.5. Resultados da Caracterização Superpave dos Agregados 43
pois, rapidamente, poder-se-ia constatar aspereza superficial ou não das partículas através da
visualização e do toque.
Então, nesta pesquisa, durante a análise do número de faces fraturadas das partículas, como
estabelece o Superpave, procedeu-se, também, as análises de angularidade dos agregados (agu-
deza dos cantos das partículas), utilizando a tabela de Russel & Taylor, assim como da tex-
tura superficial das partículas, cujos resultados estão apresentados na Tabela 2.11. A textura
superficial foi classificada como lisa ou rugosa, em função da presença de sulcos, estrias,
microcrateras, projeções e desigualdades observadas na superfície das partículas.
Tabela 2.11: Resultados da análise visual comparativa da angularidade e da textura superficial
Tipo de Agregado Grau de Arredondamento Textura superficial
Angularidade
Gabro subangular rugosa
Basalto angular rugosa
Areia Natural altamente arredondada lisa
Após essas análises visuais, têm-se dados mais esclarecedores quanto à angularidade dos
agregados grossos e sua textura superficial. Agora, pode-se dizer que o agregado de gabro
possui todas as suas partículas com duas ou mais faces fraturadas (Tabela 2.10), com cantos e
arestas apresentando desgaste incipiente (partículas subangulares) e textura superficial rugosa
(Tabela 2.11). O agregado de basalto possui todas as suas partículas com duas ou mais faces
fraturadas (Tabela 2.10), porém, com cantos e arestas agudos e não apresentando sinais de
desgaste (partículas angulares) e textura superficial rugosa (Tabela 2.11). Vale notar que esse
processo de avaliação mais completo permite que se faça distinção entre a angularidade das
partículas do agregado de gabro e basalto, o que não é possível somente informando o número
de faces fraturadas desses agregados.
Também, com vistas nesse processo de análise da angularidade do agregado grosso, pode-se
dizer que o agregado de areia natural possui 50% de suas partículas com uma face fraturada e
35% com duas ou mais faces fraturadas (Tabela 2.10), com cantos e arestas bem desgastados e
textura superficial lisa (Tabela 2.11).
Através desse processo de avaliação proposto é possível obter dados sobre a angularidade
e textura superficial das partículas. Esse conhecimento se faz necessário devido à importância
dessas características no comportamento mecânico das misturas, que afetam diretamente o grau
de intertravamento e atrito interno entre as partículas, influenciando o desempenho quanto à
deformação permanente e à fadiga.
44 2. Propriedades dos Agregados Especificadas pelo Superpave
2.5.2 Angularidade do Agregado Fino
Na Tabela 2.12, estão apresentados os valores médios dos resultados de angularidade do
agregado fino (AAF) realizados utilizando o método A. Todos os resultados obtidos de AAF
correspondem a média aritmética entre três determinações feitas com diferentes amostras de
um mesmo agregado. A diferença entre dois resultados do ensaio, corretamente executado por
um mesmo operador em amostras similares, não diferiu mais que 0, 37%, como estabelece a
norma ASTM C 1252.
Tabela 2.12: Resultados do ensaio de angularidade do agregado fino
Tipo de Agregado ρ
ap
AAF (%)
Gabro 2, 830 48, 3
Basalto 2, 742 51, 1
Areia Natural 2, 591 40, 7
Análises visuais comparativas da forma, angularidade e textura superficial das partículas
foram realizadas nesta pesquisa com o objetivo de estabelecer comparações com o ensaio
AAF. A angularidade foi determinada com base na tabela de comparação de graus de arredon-
damento de Russel & Taylor, como angulares, subangulares, subarredondadas, arredondadas
e altamente arredondadas, como descrito no item 2.5.1. Para a determinação da forma da
partícula utilizou-se a tabela de comparação de graus de esfericidade de Rittenhouse
6
apud
Suguio (1973). A textura superficial das partículas foi classificada como lisa ou rugosa. Maiores
detalhes quanto à utilização da tabela de Rittenhouse, assim como, do modo de avaliação visual
dos agregados pesquisados, podem ser vistos em Gouveia (2002).
Esfericidade e arredondamento são medidas de duas muito diferentes propriedades de su-
perfície das partículas. A esfericidade está relacionada com a forma da partícula e o arredonda-
mento com a angularidade e textura superficial. Segundo Suguio (1973), a esfericidade é uma
grandeza que tenta expressar numericamente o grau de aproximação da forma de uma partícula
qualquer com a de uma esfera perfeita. A tabela de Rittenhouse classifica graus de esfericidade
numericamente de 0, 45 até 0, 97, quanto mais próximo de 1 mais próxima de uma esfera será a
forma da partícula. A esfericidade é essencialmente mais sensível ao alongamento da partícula
e o arredondamento está mais relacionado à agudeza das saliências da partícula.
Pode-se fazer uma distinção clara entre forma, angularidade e textura superficial das partí-
culas através das definições assumidas nesta pesquisa, que podem ser elucidadas por intermédio
da Figura 2.21.
6
Rittenhouse, G. (1943). A visual method of estimating two dimensional sphericity. Journal of Sedimentary
Petrology, n. 13, p. 79-81.
2.5. Resultados da Caracterização Superpave dos Agregados 45
Figura 2.21: Definições de forma, angularidade e textura superficial das partículas
A Tabela 2.13 traz os resultados das análises visuais comparativas quanto à angularidade,
à forma e à textura superficial realizadas para os agregados estudados. O agregado de gabro
apresentou subangularidade em suas partículas, sinalizada por seus cantos e arestas suavemente
desgastados. O valor da esfericidade do agregado de gabro foi de 0, 84, indicando forma
arredondada, e sua textura superficial foi classificada como rugosa. as partículas de basalto
apresentaram-se angulares (cantos e arestas agudos), com valor de esfericidade de 0, 65, indi-
cando forma alongada, e textura superficial rugosa. As partículas do agregado de areia natural
apresentaram angularidade baixa (cantos e arestas bem desgastados), com valor de esfericidade
igual à do agregado de gabro (0, 84), indicando forma arredondada, e sua textura superficial foi
classificada como lisa.
Tabela 2.13: Resultados da análise visual comparativa quanto à angularidade, à forma e à textura
superficial
Tipo de Agregado Grau de Arredondamento Grau de Esfericidade Textura superficial
Angularidade Forma
Gabro subangular 0, 84 rugosa
Basalto angular 0, 65 rugosa
Areia Natural arredondada 0, 84 lisa
(Gouveia, 2002)
Se a angularidade fosse considerada como um fator isolado, poder-se-ia dizer que houve cor-
relação entre os resultados de AAF e os resultados das análises comparativas visuais, indicando
sensibilidade do ensaio AAF quanto às variações de angularidade das partículas. O agregado
de basalto que apresentou valor maior de AAF (51, 1), também apresentou agudeza maior de
seus cantos e arestas. O agregado de gabro, que apresentou valor de AAF intermediário (48, 3),
mostrou subangularidade de suas partículas, verificada através do desgaste suave de seus cantos
46 2. Propriedades dos Agregados Especificadas pelo Superpave
e arestas. O agregado de areia natural, com seus cantos e arestas bastante desgastados, apresen-
tou o valor mais baixo AAF (40, 7%). Porém, vale lembrar que os resultados obtidos através
do ensaio AAF correspondem a uma mistura das características de superfície do agregado fino
(forma, angularidade e textura superficial).
O ensaio AAF não foi capaz de detectar variações da forma dos agregados. Como pode
ser visto na Tabela 2.13, o agregado de basalto que possui partículas alongadas apresentou AAF
mais elevado que o agregado de gabro, que possui partículas com forma mais arredondada. Esse
fato pode levar à escolha de agregados com formas desfavoráveis à pavimentação (partículas
planas e/ou alongadas) por possuírem valores de AAF mais altos.
O ensaio AAF indica a quantidade de vazios não compactados entre as partículas, que é
uma forma de determinar indiretamente a forma, angularidade e textura superficial dos agre-
gados. Porém, esta pesquisa mostra que partículas alongadas, mas com angularidade alta e
textura superficial rugosa, podem causar um afastamento maior entre partículas, portanto, uma
quantidade maior de vazios não compactados (AAF mais alto). E, contrariando a hipótese
Superpave, esse valor de AAF mais alto pode não corresponder a um agregado que promoverá
um melhor arranjo estrutural entre partículas e, portanto, misturas mais resistentes à deformação
permanente, antecipando o que será apresentado no Capítulo 7. Os resultados desta pesquisa,
assim como outros trabalhos desenvolvidos sobre o assunto, mostram que não se pode afir-
mar que quanto mais elevado for o valor do AAF, melhor será o arranjo estrutural entre as
partículas, promovendo misturas mais estáveis. Em outras palavras, não se pode afirmar que
agregados com valores de AAF de 51% produzirão misturas mais estáveis que agregados com
AAF de 45%. Por outro lado, tanto nesta pesquisa como em outros trabalhos, fica claro que
misturas produzidas com agregados com valores de AAF baixos, por exemplo 40%, apresentam
problemas quanto à estabilidade. Portanto, o AAF deve ser visto como um divisor de águas
entre classes de agregados com características de superfície (forma, angularidade e textura)
satisfatórias ou não, o que é de grande importância para a realização de projetos adequados
de misturas asfálticas.
2.5.3 Forma do Agregado Grosso
As partículas de agregados foram avaliadas quanto à forma considerando a sugestão de
classificação da norma ASTM D 4791 como planas, alongadas e nem planas nem alonga-
das e, considerando a especificação Superpave, como planas/alongadas (lamelares) e não pla-
nas/alongadas (não lamelares). Também foram consideradas duas proporções dimensionais de
2.5. Resultados da Caracterização Superpave dos Agregados 47
classificação, como especificada pelo Superpave, 5 : 1 e a proporção 3 : 1. Nas Tabelas 2.14 e
2.15 encontram-se as porcentagens de partículas planas, alongadas e planas/alongadas (lamela-
res) obtidas para as proporções de 5 : 1 e 3 : 1, respectivamente.
Tabela 2.14: Porcentagem de partículas planas, alongadas e lamelares - 5 : 1
Tipos de Agregados ASTM D 4791 Superpave
planas alongadas não planas ou along lamelares não lamelares
Gabro 0, 1 0, 0 99, 9 0, 5 99, 5
Basalto 0, 2 0, 0 99, 8 2, 5 97, 5
Areia Natural 0, 1 0, 0 99, 9 0, 1 99, 9
Tabela 2.15: Porcentagem de partículas planas, alongadas e lamelares - 3 : 1
Tipo de Agregado ASTM D 4791 Superpave
planas alongadas não planas ou along lamelares não lamelares
Gabro 0, 8 0, 1 99, 1 5, 6 94, 4
Basalto 5, 2 0, 0 94, 8 18, 3 81, 7
Areia Natural 0, 2 0, 0 99, 8 3, 9 96, 1
Ao fazer a análise de forma utilizando-se a proporção de 5 : 1 pode-se verificar que os
agregados estudados encontram-se abaixo do limite máximo de 10%. Considerando a classifi-
cação ASTM D 4791, aproximadamente 100% das partículas dos agregados de gabro, basalto
e areia natural não são planas nem alongadas. a classificação Superpave indica que 2, 5%
das partículas do agregado de basalto, 0, 5% das partículas do agregado de gabro e 0, 1% das
partículas do agregado de areia natural são planas/alongadas.
No entanto, a avaliação mais rigorosa das partículas através da razão dimensional de 3 : 1
permite que se faça distinção entre as características de forma dos agregados. Considerando
a classificação Superpave, pode-se verificar que o agregado de basalto apresenta aproxima-
damente 18% de suas partículas planas/alongadas, valor bastante superior aos aproximados
6% e 4% encontrados para o agregado de gabro e areia natural, respectivamente. Porém, a
avaliação da forma da partícula como plana/alongada não permite dizer se as partículas são todas
planas ou são todas alongadas ou ainda se esse agregado é composto tanto de partículas planas
como de partículas alongadas. Ao classificar as partículas considerando formas definidas como
planas e alongadas, essas dúvidas foram esclarecidas, mostrando que aproximadamente 5% das
partículas do agregado de basalto são planas, não havendo partículas alongadas. o agregado
de gabro é composto por 0, 8% de partículas planas e 0, 1% de partículas alongadas e o agregado
de areia natural possui quase que 100% de suas partículas não planas nem alongadas. Portanto,
através dos dados apresentados, pode-se concluir que ao utilizar a razão dimensional de 5 : 1
fica difícil perceber que se trata de agregados com características bem distintas de forma, ao
passo que a razão dimensional de 3 : 1 identifica essas diferenças. Esses resultados corroboram
48 2. Propriedades dos Agregados Especificadas pelo Superpave
os resultados descritos por Prowell et al. (2005), que mostram a insensibilidade do ensaio, com
razão dimensional de 5 : 1, para indicar mudanças de forma do agregado. Também pode-se
concluir que ao classificar as partículas por formas definidas, planas e alongadas, é possível
uma compreensão melhor de suas características de forma, importante para prognósticos de
quebras de partículas no momento da compactação da mistura ou durante a vida em serviço do
pavimento.
É interessante notar que, se fosse considerado o limite máximo de 10% e razão dimensional
de 3 : 1, o agregado de basalto não poderia ser utilizado em rodovias com volume de tráfego de
médio a alto, se suas partículas fossem classificadas como sugere o Superpave, pois teria 18%
de partículas planas/alongadas. Ao fazer a diferenciação entre formas, as mesmas partículas do
agregado de basalto seriam consideradas adequadas para utilização em rodovias de tráfego alto,
pois apresentam apenas 5% de partículas planas. A razão disso é que a avaliação Superpave, por
analisar a razão dimensional entre o comprimento e espessura da partícula (dimensão máxima
e mínima), acaba por penalizar agregados que possuem formas ligeiramente alongadas, com
espessura fina, ao passo que a avaliação separada da planicidade da partícula (largura/espessura)
e alongamento (comprimento/largura) permite o discernimento entre as formas do agregado,
o que propicia um julgamento mais justo quanto a possíveis quebras. Essa afirmação fica
reforçada ao atentar para o fato de que o agregado de basalto, supostamente impróprio para ser
utilizado em pavimentação de rodovias com volume de tráfego alto (razão 3 : 1, da classificação
Superpave), foi utilizado nesta pesquisa para produção de misturas asfálticas compactadas com
energias de compactação ainda mais elevadas que os tradicionais 75 golpes por face (110 e
155 golpes), apresentando porcentagens de quebra muito pequenas e bastante semelhantes às
porcentagens obtidas com o agregado de gabro, como pode ser visto no Capítulo 6, item 6.5.1.
Ainda não existem pesquisas conclusivas quanto ao limite máximo de partículas planas,
alongadas ou planas/alongadas, avaliadas com a proporção de 3 : 1, que podem ser utilizadas
no pavimento sem prejudicar o seu desempenho. Mas, certamente, o monitoramento de formas
definidas das partículas na proporção 3 : 1 deve trazer mais informações sobre a forma dos
agregados que as encontradas com a proporção 5 : 1 e, portanto, poderá ser melhor vislumbrada
a influência da forma das partículas sobre as propriedades volumétricas das misturas. Alguns
estados estadunidenses limitam a utilização de partículas planas/alongadas (3 : 1) em 20%
enquanto outros estabelecem um limite máximo de 10% (Prowell et al., 2005). De qualquer
maneira, mais pesquisas devem ser realizadas para inferir um limite máximo realístico e indi-
cativo das características de forma dos agregados brasileiros.
2.5. Resultados da Caracterização Superpave dos Agregados 49
2.5.4 Equivalente de Areia
Os resultados do ensaio do equivalente de areia estão apresentados na Tabela 2.16. Esses
resultados correspondem à média aritmética entre três determinações feitas com diferentes
amostras de um mesmo agregado, arredondada para o número inteiro superior. A diferença
entre dois resultados do ensaio, executado por um mesmo operador em amostras similares, não
diferiu mais que 4, 2% para valores maiores que 80% e 8, 2% para valores menores que 80%,
como estabelece a norma ASTM C 1252.
Tabela 2.16: Resultados do ensaio do equivalente de areia
Tipo de Agregado Equivalente de Areia (%)
Gabro 75
Basalto 100
Areia Natural 100
O agregado de gabro aparentou valor do equivalente de areia de 75% e os agregados de
basalto e areia natural de 100%. Esse valor de 75%, apesar de estar acima do valor mínimo
de 50% estabelecido pelo Superpave, portanto, ser um agregado que pode ser utilizado em
pavimentos com volume de tráfego alto, indica a presença de argilominerais, ou então, de
frações argilosas no agregado.
Pode-se indicar pelo menos duas possíveis causas para esse valor de 75% do equivalente de
areia do agregado de gabro, a primeira é a presença de sobre a superfície da partícula e a
segunda é a presença de quantidades elevadas de material fino geradas na britagem do agregado.
Foi observada a presença de uma camada fina de pó sobre cada partícula do agregado de gabro,
fornecendo à partícula uma certa opacidade comparada à sua aparência após lavada e seca. A
presença de quantidades elevadas de material fino, passantes nas peneiras 0, 60; 0, 30; 0, 15
e 0, 075 mm, também foi constatada durante o peneiramento do agregado. Chamou a atenção
durante o peneiramento a facilidade de obtenção das frações mais finas se comparada à tamanha
dificuldade de aquisição dessas mesmas frações para o agregado de basalto e de areia natural.
A característica de gerar poucos finos tanto do agregado de basalto como do agregado de areia
natural podem explicar a não incorrência de frações argilosas em excesso nesses materiais,
apontada pelos valores dos equivalentes de areia de 100% encontrados.
O agregado de gabro, ainda que possivelmente desprovido de argilominerais, pode ter apre-
sentado valor de EA mais baixo devido à camada de presente sobre suas partículas e à
presença excessiva de frações muito finas do próprio agregado, também indesejáveis à pavi-
mentação. Porém, o ensaio do equivalente de areia permite a determinação da quantidade de
50 2. Propriedades dos Agregados Especificadas pelo Superpave
frações argilosas, no entanto, não permite a determinação da composição dessa fração argilosa,
levando a dúvidas quanto à presença ou não de argilominerais no agregado.
Tanto a presença de frações argilosas como a de argilominerais podem influenciar ne-
gativamente o potencial a danos por umidade de misturas asfálticas. Essa dúvida poderia
ser esclarecida, por exemplo, através do ensaio de Azul de Metileno. Esse ensaio francês é
recomendado pelo International Slurry Seal Association (ISSA) para quantificar argilominerais
como a montmorilonita, materiais orgânicos e hidróxidos de ferro, presentes no agregado fino
(Kandhal & Parker Jr., 1998). O princípio do ensaio é adicionar quantidades da solução de azul
de metileno na amostra até que a adsorção termine. Como resultado, tem-se a quantidade, em
miligramas, de azul de metileno por grama de uma fração específica do agregado utilizado. O
consumo maior de azul de metileno é proporcional ao argilominaral existente em função de sua
superfície específica. Aschenbrener
7
apud Kandhal & Parker Jr. (1998) relacionou valores de
azul de metileno e o desempenho dos pavimentos, como mostra a Tabela 2.17.
Tabela 2.17: Relação entre valores de azul de metileno e previsão de desempenho de pavimentos
Azul de Metileno (mg/g) Desempenho Esperado
5 6 excelente
10 12 aceitável
16 18 possíveis problemas
20+ não aceitável
2.5.5 Abrasão Los Angeles
As propriedades de origem dos agregados especificadas pelo Superpave estão destinadas a
avaliar duas propriedades dos agregados: durabilidade e presença de materiais deletérios. A
durabilidade abrange geralmente duas categorias de ensaios, aqueles que avaliam a resistência à
abrasão e quebras do agregado durante o sua manipulação, mistura, espalhamento, compactação
e tráfego, e aqueles que avaliam a sanidade do material em função de sua durabilidade quando
exposto a ciclos de molhagem e secagem. Esses ensaios devem ser utilizados conjuntamente
para verificar se os agregados destinados à pavimentação serão resistentes e duráveis.
Os resultados obtidos através do ensaio de abrasão los angeles, relacionados com a expec-
tativa de quebra das partículas, estão apresentados na Tabela 2.18. Esses resultados correspon-
dem à média aritmética entre três determinações feitas com diferentes amostras de um mesmo
agregado, arredondada para um número inteiro superior. A diferença entre dois resultados do
7
Aschenbrener, T. (1992) Comparisons of Colorado Component Hot Mix Asphalt Materials with Some
European Specifications. Colorado Department of transportation, Report n. CDO-DTD-R-92-14.
2.5. Resultados da Caracterização Superpave dos Agregados 51
ensaio, corretamente executado por um mesmo operador em amostras similares de um mesmo
agregado, não diferiu mais que 5, 7% de sua média, como estabelece a norma ASTM C 131.
Tabela 2.18: Resultados do ensaio de abrasão los angeles
Tipo de Agregado Abrasão Los Angeles (%)
Gabro 18
Basalto 16
Areia Natural 36
Os resultados de abrasão los angeles obtidos para o agregado de gabro e de basalto indicam
que são materiais resistentes, pois apresentaram perdas por abrasão em torno de 18% e 16%,
respectivamente. o agregado de areia natural apresentou perdas em torno de 36%.
Muito comenta-se sobre adequabilidade ou não desse ensaio como indicativo do desempe-
nho satisfatório do agregado no campo. Estudos recentes têm indicado pouca correlação dos
resultados desse ensaio com o desempenho do agregado no campo, embora, estudos mais anti-
gos indicassem correlações melhores (Prowell et al., 2005). Atualmente, entre os pesquisadores
estadunidenses, uma tendência em indicar o ensaio Micro-Deval como uma alternativa ao
ensaio de abrasão los angeles, embora os dois ensaios avaliem diferentes formas de deterioração
do agregado.
2.5.6 Sanidade
A sanidade dos agregados em função de sua durabilidade quando exposto a ciclos de molha-
gem e secagem foi avaliada através do ensaio de sulfato de sódio. Os resultados apresentados
na Tabela 2.19 correspondem à média aritmética entre três determinações feitas com diferentes
amostras de um mesmo tipo de agregado (gabro, basalto e areia natural). A diferença entre dois
resultados do ensaio, corretamente executado por um mesmo operador em amostras similares,
não diferiu mais que 68% de sua média, como estabelece a norma ASTM C 88.
Tabela 2.19: Resultados do ensaio de sanidade
Tipo de Agregado Porcentagem de Perda
Gabro 3, 3
Basalto 5, 7
Areia Natural 11, 6
Tanto o agregado de gabro como o agregado de basalto apresentaram valores de sanidade
bem abaixo do limite máximo de 12% especificado pelo DER-PR. Já o agregado de areia natural
52 2. Propriedades dos Agregados Especificadas pelo Superpave
apresentou valor de sanidade bem próximo a esse limite. Uma análise conjunta dos resultados
de sanidade com os resultados de abrasão los angeles permite concluir que o agregado de gabro,
por apresentar valores de sanidade de aproximadamente 3% e de abrasão los angeles de 18%,
pode ser considerado resistente e durável, portanto adequado aos serviços de pavimentação. O
mesmo pode-se concluir para o agregado de basalto, que apresentou valor de sanidade de apro-
ximadamente 6% e de abrasão los angeles de 16%. o agregado de areia natural apresentou
valor de sanidade no limite máximo de 12% e, embora tenha apresentado perdas por abrasão
abaixo do limite máximo de 50%, 36% representa um valor considerável de perdas, portanto,
esse agregado deve ser considerado como inadequado aos serviços de pavimentação, pois pode
vir a apresentar problemas de resistência e durabilidade quando em serviço.
2.5.7 Torrões de Argila e Partículas Friáveis
Kandhal & Parker Jr. (1998), que realizaram um extenso estudo sobre agregados e en-
saios de caracterização que estariam melhor relacionados com o desempenho esperado desses
agregados, não citam e nem consideram o ensaio de Torrões de Argila e Partículas Friáveis
(ASTM C 142), adotado pelo Superpave. Também o trabalho de Prowell et al. (2005), compre-
endido como um relatório final que traz uma revisão da literatura, desde a conclusão do SHRP
em 1993, sobre as propriedades dos agregados especificadas pelo Superpave, não menciona
nenhuma pesquisa utilizando esse ensaio nem tampouco faz menção a ele. No entanto, esse
ensaio foi publicado como sendo o especificado pelo Superpave para avaliação de materiais
deletérios no relatório do SHRP-A-408, de autoria de Cominsky et al. (1994). Devido a isso,
o ensaio de determinação de torrões de argila e partículas friáveis foi realizado nesta pesquisa
e os resultados obtidos encontram-se na Tabela 2.20. Esses resultados correspondem à média
aritmética entre três determinações feitas com diferentes amostras de um mesmo agregado.
Tabela 2.20: Resultados do ensaio de partículas friáveis
Tipo de Agregado Partículas Friáveis (%)
Gabro 0, 20
Basalto 0, 64
Areia Natural 0, 14
O ensaio foi realizado exatamente como especifica a norma ASTM C 142, que estabelece
que cada partícula deva ser rolada e pressionada entre os dedos polegar e indicador, tentando
quebrá-la. As partículas que puderem ser quebradas apenas com a pressão dos dedos serão
consideradas como friáveis. Como mostram os resultados da Tabela 2.20, os agregados de
gabro, de basalto e de areia natural apresentaram porcentagens pequenas de partículas friáveis,
2.5. Resultados da Caracterização Superpave dos Agregados 53
pois, dentre os materiais deletérios presentes nas amostras, apenas os torrões de argila foram
detectados pelo ensaio, por serem os únicos a serem quebrados com os dedos. Partículas
deletérias como gravetos e conchas, encontradas principalmente nas amostras do agregado de
areia natural, não puderam ser computadas como partículas friáveis. Outro problema desse
ensaio é a subjetividade da pressão dos dedos destinada à quebra das partículas deletérias.
Pessoas com mais força nos dedos poderão quebrar mais partículas que aquelas menos fortes,
prejudicando a reprodutibilidade do ensaio.
Portanto, com o objetivo de melhorar a sensibilidade desse ensaio, tomou-se a liberdade
de incluir uma etapa de análise visual e de classificação de partículas deletérias presentes na
amostra. Então, o procedimento adotado nesta pesquisa, além de rolar as partículas entre os
dedos tentando quebrá-las, permite análises visuais de cada partícula, de forma a selecionar
aquelas que não sejam constituídas por materiais rochosos. Assim, foram encontrados os
resultados contidos na Tabela 2.21.
Tabela 2.21: Resultados do ensaio de partículas friáveis modificado
Tipo de Agregado Partículas Friáveis
Porcentagem Tipo
Gabro 0, 20 torrões de terra
Basalto 0, 72 torrões de terra
Areia Natural 2, 52 torrões, gravetos, conchas e palha
Os resultados indicaram que 0, 20% e 0, 72% de torrões de argila compõem as amostras dos
agregados de gabro e de basalto, respectivamente. a areia natural possui uma variedade maior
de partículas friáveis como torrões de argila, gravetos, conchas e palha.
Os resultados obtidos através desse procedimento dão uma idéia melhor do material dele-
tério que se encontra na amostra, porém, não é o ideal, pois os resultados apresentados como
porcentagem de massa podem ser enganosos. Partículas que ocorram em quantidades elevadas,
porém, que sejam bastante leves, por exemplo gravetos, palhas e conchas, poderão ter sua
quantidade presente na amostra substimada, devido à massa dessas partículas serem bastante
inferiores à massa de uma partícula rochosa.
O ideal seria que fossem determinadas as porcentagens volumétricas dos materiais deletérios
e que essas porcentagens, acima de um valor limite, fossem analisadas e classificadas quanto
à sua inércia química, pois assim, poder-se-ia ter uma idéia mais realística dos materiais dele-
térios presentes entre as partículas dos agregados e quais prejuízos poderiam trazer se fossem
incorporados às misturas asfálticas.
54 2. Propriedades dos Agregados Especificadas pelo Superpave
2.6 Conclusões
Os valores obtidos através do ensaio de determinação do número de faces fraturadas dos
agregados grossos (ASTM D 5821) permitem concluir que os agregados de gabro e de
basalto possuem todas as suas partículas com duas ou mais faces fraturadas, portanto, de
acordo com as especificações Superpave, são adequados ao propósito da pavimentação.
O agregado de areia natural, por possuir 50% de suas partículas com uma face fraturada
e apenas 35% de suas partículas com duas ou mais faces fraturadas, foi considerado,
segundo as especificações Superpave, como de qualidade insuficiente para ser utilizado
como material de revestimento de rodovias;
O ensaio de determinação de porcentagens de faces fraturadas não permite a avaliação da
angularidade dos agregados grossos, pois, solicita apenas o número de faces fraturadas
não fazendo menção à avaliação do grau de angularidade (agudeza) dos cantos dessas
fraturas, assim como, também não avalia a textura superficial das partículas;
O ensaio de determinação de porcentagens de faces fraturadas, sugerido pelo Superpave,
é ineficaz para desempenhar o papel ao qual foi idealizado: informar as características de
forma, angularidade e textura superficial dos agregados grossos;
Através de um processo de análise visual das partículas é possível obter informações
sobre a forma, angularidade e textura superficial do agregado grosso, informações estas
valiosas para a previsão de desempenho das misturas no campo;
Os valores de angularidade do agregado fino (AAF) encontrados para os agregados de
gabro, de basalto e de areia natural foram de 51, 1%, 48, 3% e 40, 7%, respectivamente;
O ensaio de angularidade do agregado fino não foi capaz de detectar variações quanto à
forma dos agregados, fato que pode levar à escolha de agregados com formas desfavorá-
veis à pavimentação por possuírem valores de AAF mais elevados;
Partículas alongadas, mas com angularidade alta e textura superficial rugosa, podem
causar um afastamento maior entre partículas, e portanto, valores de AAF mais elevados;
Não se pode afirmar que agregados com valores de AAF de 51% produzirão misturas
mais estáveis que agregados com AAF de 45%, portanto, é falsa a afirmação de que
quanto mais elevado for o valor o AAF, melhor será o arranjo estrutural entre as partículas
e, portanto, maior a estabilidade da mistura. Por outro lado, misturas produzidas com
agregados com valores de AAF muito baixos, por exemplo 40%, apresentam problemas
quanto à estabilidade, e, nesse caso, a afirmação é verdadeira. Isso mostra que o AAF
2.6. Conclusões 55
deve ser visto como um divisor de águas entre classes de agregados com características
de superfície (forma, angularidade e textura) satisfatórias ou não, o que é de grande
importância para a realização de projetos adequados de misturas asfálticas;
A avaliação das partículas grossas do agregado através de formas definidas (planicidade
e alongamento) permite um julgamento mais realístico quanto à possíveis prejuízos ao
pavimento causados por quebras de partículas;
Avaliar as formas das partículas utilizando a razão dimensional de 3 : 1 traz mais infor-
mações sobre a forma dos agregados comparada às informações de forma obtidas com
razão dimensional de 5 : 1;
O agregado de gabro aparentou valor do equivalente de areia de 75% e os agregados de
basalto e areia natural valores de 100%;
Não é possível saber com certeza se os resultados do ensaio do equivalente de areia
indicam a presença de argilominerais, ou então, apenas de frações argilosas presentes
no agregado;
O agregado de gabro, ainda que possivelmente desprovido de finos plásticos, apresentou
equivalente de areia de 75%, provavelmente, esse valor esteja associado à finura do
material;
O ensaio do equivalente de areia não permite que se faça distinção entre finos plásticos e
frações argilosas do agregado;
Os resultados de abrasão los angeles obtidos para o agregado de gabro e basalto indicam
que são materiais resistentes, pois apresentaram perdas por abrasão em torno de 18% e
16%, respectivamente. O agregado de areia natural apresentou perdas de 36%;
Tanto o agregado de gabro como o agregado de basalto apresentaram valores de sanidade
bem abaixo do limite máximo de 12%, especificado pelo DER-PR, 3% e 6% respectiva-
mente. o agregado de areia natural apresentou valor de sanidade no limite máximo de
12%;
A análise conjunta dos resultados de sanidade com os resultados de abrasão los angeles
permite concluir que o agregado de gabro e o agregado de basalto podem ser considerados
resistentes e duráveis. o agregado de areia natural apresentou valor de sanidade no
limite máximo e perdas por abrasão relativamente altas, portanto, pode vir a apresentar
problemas de resistência e durabilidade quando em serviço;
56 2. Propriedades dos Agregados Especificadas pelo Superpave
O procedimento de análise de materiais deletérios especificado pelo Superpave (ASTM C 142)
possibilita a detecção apenas de partículas deletérias que possam ser quebradas com a
pressão dos dedos. Partículas mais duras e/ou resistentes não identificadas como frag-
mentos rochosos não são computadas como partículas deletérias;
Nesta pesquisa, adotou-se um procedimento diferenciado para detecção de materiais de-
letérios, ou seja, além de rolar as partículas entre os dedos tentando quebrá-las, estas
foram analisadas visualmente, partícula a partícula, selecionando aquelas que não eram
constituídas por material rochoso e indicando sua possível origem. Esse procedimento
torna possível que outros materiais deletérios, além daqueles que possam ser quebrados
com a pressão dos dedos, sejam computados e, também, dá uma idéia melhor do material
deletério que encontra-se na amostra;
Alguns problemas quanto ao procedimento especificado pelo Superpave para a análise
de materiais deletérios (ASTM C 142) puderam ser detectados. Dentre eles, constatou-se
que nem todo material com constituição diferente do material rochoso é computado como
material deletério e também que os resultados obtidos como porcentagens de massa
podem ser enganosos, além de que a subjetividade da pressão aplicada com os dedos,
destinada à quebra das partículas deletérias, pode prejudicar os resultados.
2.7 Considerações Finais
Em pavimentos rodoviários e também em pavimentos urbanos é utilizada uma grande va-
riedade de tipos de agregados. Esses agregados podem variar muito em relação às suas pro-
priedades e essas propriedades podem determinar a conveniência do agregado para o uso ou
não em misturas asfálticas. Portanto, é muito importante o conhecimento dessas propriedades
essenciais dos agregados para a seleção de materiais adequados para a pavimentação.
Através do método de Delfos modificado, os especialistas do SHRP identificaram duas
categorias de propriedades, denominadas de propriedades consenso e propriedades de origem.
Contudo, propriedades também muito importantes dos agregados para o bom desempenho dos
pavimentos, tais como, forma e textura superficial do agregado grosso, densidades, porosidade
e absorção não foram consideradas pelos especialistas.
Pode-se observar também, com base na literatura consultada, que o critério de escolha dos
ensaios para análise das propriedades de consenso e de origem dos agregados parece basear-se
nos ensaios mais comumente utilizados pelas agências rodoviárias dos Estados Unidos. Esse
2.7. Considerações Finais 57
critério de escolha desconsidera ensaios utilizados em outros países, já consagrados por produ-
zirem bons resultados, que poderiam ser utilizados para a análise das mesmas propriedades de
maneira mais eficaz.
Os ensaios de Flakiness Index e Elongation Index, padronizados pelo British Standard 812
e muito usados na Europa e na Austrália na determinação da forma do agregado grosso, são
exemplos de ensaios que poderiam ter sido adotados. Basicamente, o ensaio de Flakiness Index
consiste em passar a amostra de agregado grosso por peneiras cujas aberturas possuem largura
de 0, 6 em relação à dimensão média da partícula. A dimensão média da partícula é definida no
intervalo de abertura de duas peneiras entre as quais as partículas são retidas por peneiramento.
Já o ensaio de Elongation Index consiste em passar a amostra de agregado grosso por aberturas
apropriadas para determinar se o comprimento da partícula é 1, 8 vezes maior que a dimensão
média da partícula. Para a determinação do Flakiness Index e do Elongation Index, determina-se
a massa total das partículas do agregado que passam pela abertura das peneiras, expressas em
porcentagem da massa total da amostra. Os ensaios de Flakiness Index e de Elongation Index
não são subjetivos, possuem boa reprodutibilidade, praticidade e relativamente baixo custo
(Kandhal & Parker Jr., 1998).
Outro exemplo é o ensaio que avalia a quantidade de vazios não compactados do agregado
grosso, similar ao ensaio de avaliação dos vazios não compactados do agregado fino (AAF).
O ensaio dos vazios não compactados do agregado grosso consiste, basicamente, em verter
uma amostra de uma altura de queda estabelecida, dentro de um cilindro de volume conhecido,
cuja porcentagem de vazios não compactados é determinada em função do volume total da
amostra. Detalhes sobre o ensaio podem ser encontrados no apêndice D do periódico National
Cooperative Highway Research Program, report 405. O ensaio dos vazios não compactados do
agregado grosso não é subjetivo, portanto, não depende do julgamento da pessoa que realiza o
ensaio, como ocorre no ensaio de porcentagem de partículas fratradas, adotado pelo Superpave.
No entanto, essa maneira de avaliação indireta das propriedades de forma, angularidade e
textura superficial do agregado grosso provavelmente apresentaria os mesmo problemas
discutidos quanto ao ensaio de AAF.
A determinação da forma, da angularidade e da textura superficial das partículas finas do
agregado com o uso de ensaio AAF ou através de análises visuais também podem não trazer
informações realísticas. Com base na experiência adquirida nesta pesquisa, pode-se constatar
como um diferencial positivo do ensaio AAF em relação à análise visual das partículas sua
facilidade e rapidez de execução, em comparação ao processo longo e cansativo de analisar
visualmente, com o auxílio de lupas, partículas de agregados finos. No entanto, o ensaio AAF
58 2. Propriedades dos Agregados Especificadas pelo Superpave
pode trazer informações enganosas quanto utilizado para estabelecer comparações quanto a
maior ou menor adequabilidade de agregados para uso em misturas asfálticas. Mas, a aná-
lise visual comparativa também pode trazer resultados deficitários por determinar a forma das
partículas apenas em duas direções (2D), prejudicando a obtenção de informações quanto à
planicidade.
Portanto, para análises de forma, angularidade e textura superficial tanto dos agregados
finos quanto dos agregados grossos, seria necessário que se utilizasse formas de análises mais
rápidas e precisas. Atualmente, técnicas de processamento de imagens digitais já são realidade
na indústria da pavimentação. Esses métodos de imagens não são subjetivos, como o utilizado
para determinação das faces fraturadas do agregado grosso e nem indiretos, como o utilizado
para a determinação da AAF, adotados pelo Superpave, além de serem rápidos e permitirem a
obtenção de resultados com maior precisão e mais reprodutíveis.
Várias propriedades importantes dos agregados, dentre as selecionadas pelo Superpave, não
foram adequadamente avaliadas devido ás deficiências dos métodos de análise especificados.
Além disso, propriedades também muito importantes, como a absorção de asfalto pelos agre-
gados, não foram consideradas. No entanto, a absorção é uma propriedade fundamental e,
portanto, será abordada nesta pesquisa. No próximo capítulo, será apresentada uma discussão
sobre o fenômeno da absorção de asfalto, de maneira a facilitar e elucidar a compreensão de seus
princípios fundamentais e alertar sobre os riscos que se corre ao desconsiderar esse fenômeno.
CAPÍTULO
3
Absorção de Asfalto
3.1 Considerações Iniciais
Absorção pode ser definida como a fixação de uma substância, líquida ou gasosa, no interior
da massa de outra substância, geralmente sólida, e resultante de um conjunto complexo de
fenômenos de capilaridade, atrações eletrostáticas, reações químicas etc. (Ferreira, 1999).
A absorção de asfalto pelo agregado é um fenômeno de alta complexidade, influenciado por
características do agregado e do asfalto, assim como por fatores externos.
Basicamente, a conseqüência direta do fenômeno da absorção é a diminuição do filme de
asfalto que envolve as partículas do agregado, ou seja, a diminuição da quantidade de asfalto
efetivo na mistura. Essa diminuição torna a mistura mais suscetível às tensões causadas pelo
tráfego e às intempéries, influenciando também o endurecimento e o envelhecimento do asfalto
prematuramente e, conseqüentemente, passa a ser uma causa importante para o surgimento de
vários problemas no pavimento.
A absorção não é um fenômeno que ocorre eventualmente, pelo contrário, a maioria dos
agregados apresenta algum grau de absorção. Em vista disso, se no projeto de misturas a
absorção não for considerada, certamente serão produzidas misturas com teores de asfalto
efetivos inferiores àqueles projetados, pois parte do asfalto adicionado durante a produção
dessas misturas será absorvido, portanto, não estará mais disponível para agir como ligante.
60 3. Absorção de Asfalto
Essa diferença entre o teor de asfalto projetado e o teor de asfalto efetivo implica também em
diferenças entre as propriedades volumétricas projetadas e as propriedades volumétricas reais
da mistura após a compactação. Em outras palavras, ao se negligenciar a absorção de asfalto
se está considerando erroneamente que todo o asfalto adicionado à mistura está envolvendo
as partículas do agregado e, nesse caso, as propriedades volumétricas de projeto (volume de
vazios, vazios do agregado mineral e vazios preenchidos por asfalto) serão diferentes daquelas
encontradas após a compactação da mistura, pois, a quantidade de asfalto absorvido altera a
proporção de vazios. Como essas propriedades volumétricas são utilizadas como critérios de
projeto, desconsiderar a capacidade de absorção dos agregados é o mesmo que desacreditar a
importância dessas propriedades volumétricas para o desenvolvimento de projetos adequados
de misturas asfálticas. Detalhes sobre a influência exercida pela absorção nos parâmetros
volumétricos das misturas serão discutidos no Capítulo 4.
3.2 Características da Absorção
Uma característica importante da absorção, que pode se tornar um complicador para o
cálculo dos parâmetros volumétricos das misturas, é sua dependência em relação ao tempo
(tempo-dependência). Os agregados podem absorver o asfalto rapidamente no momento da pro-
dução das misturas ou mais lentamente, ao longo dos meses, após a mistura ter sido compactada
no pavimento (Kandhal & Khatri, 1991; Lee, 1969) . Para se contornar o problema da absorção,
poder-se-ia pensar em aumentar a quantidade de asfalto na mistura. Essa seria uma saída
eficiente se a absorção de asfalto pelo agregado fosse rápida o suficiente para ser completada
durante o processo de mistura. No entanto, se a absorção ocorresse lentamente, nos meses
seguintes da construção do pavimento, a necessidade de uma maior quantidade de asfalto na
mistura poderia não ser detectada, o que resultaria, a médio e longo prazos, em uma mistura com
pouco asfalto e, conseqüentemente, com problemas de durabilidade. Adicionalmente, se uma
quantidade extra de asfalto fosse adicionada à mistura produzida com agregados de absorção
lenta, esta teria excesso de asfalto quando compactada, ocasionando estabilidade inicial baixa e
problemas de exsudação de asfalto (Lee et al., 1990; Lettier et al., 1949).
Outra característica da absorção é sua seletividade. Na absorção seletiva os agregados po-
dem absorver preferencialmente certas frações do asfalto, alterando as propriedades do asfalto
efetivo (asfalto não absorvido) em relação ao asfalto original. A ocorrência da absorção seletiva
é função de características tanto do agregado como do asfalto, como será visto neste capítulo.
3.3. Efeito das Propriedades do Agregado na Absorção 61
Resumidamente, a não observância da absorção de asfalto pelos agregados pode ocasionar
os seguintes problemas:
Cálculo incorreto das propriedades volumétricas das misturas: volume de vazios (Vv), va-
zios do agregado mineral (VAM) e vazios preenchidos por asfalto (relação betume-vazios,
RBV);
Falta de asfalto efetivo na mistura, resultando em desgaste, perda de adesividade entre o
asfalto e o agregado na presença de água (stripping) ou em trincas;
Película de asfalto mais suscetível às tensões e às intempéries;
Prematuro endurecimento e envelhecimento do asfalto em decorrência da absorção sele-
tiva.
3.3 Efeito das Propriedades do Agregado na Absorção
As propriedades mais importantes dos agregados diretamente relacionadas com à absorção
são: porosidade, tamanho e distribuição dos poros e composição química e mineral do agregado.
3.3.1 Porosidade
Pode-se entender porosidade como uma relação entre o volume de vazios e o volume total
de um material. Lettier et al. (1949) relacionaram porosidade e absorção através da densidade
aparente do agregado, verificando que, quanto menor a densidade aparente entre agregados de
mesma origem, maior a absorção de água, em uma escala linear. Isso indica que a capacidade
de absorção do agregado, como função da densidade, está diretamente relacionada com a
porcentagem de interstícios (poros) na massa cristalina das partículas. Os poros podem ser
descritos como cavidades formadas irregularmente, conectadas ou não por capilares, com forma
e diâmetro variados (Kandhal & Lee, 1972).
A porosidade pode ser determinada direta ou indiretamente, através de vários métodos. Um
método comum de determinação direta é através da avaliação visual, onde uma seção do agre-
gado é analisada microscopicamente ou por métodos de fotomicrografia para a determinação da
área de vazios presente na partícula (espaço do poro) (Lee et al., 1990). Um método bastante
usado de determinação indireta da porosidade é através da razão entre a densidade aparente e
62 3. Absorção de Asfalto
a densidade real do agregado, como mostra a Equação 3.1. A porosidade obtida dessa forma é
denominada de porosidade total, pois funciona como um indicador da capacidade de absorção
máxima do agregado, que na prática, pode nunca vir a ocorrer.
P T = 100
ρ
ap
ρ
r
× 100 (3.1)
onde:
P T = Porosidade Total, %;
ρ
r
= densidade real do agregado;
ρ
ap
= densidade aparente do agregado.
As densidades aparente e real são geralmente determinadas através de métodos de flutuabi-
lidade, conforme os procedimentos padronizados pela ASTM C 127 e ASTM C 128, descritos
nos itens 3.7.3 e 3.7.4.
3.3.2 Distribuição e Tamanhos dos Poros
Tanto a capacidade de absorção dos agregados quanto a natureza da absorção são influen-
ciadas diretamente pelo tamanho dos poros presentes nas partículas (macro ou micro poros) e
pela freqüência que cada faixa de tamanho ocorre nas partículas.
Tipos diferentes de agregados possuem tamanhos de poros diferentes e suas freqüências
variam de maneira desigual (Lee, 1969). Geralmente tamanhos de poros maiores que 0, 5 mi-
cron, chamados de macroporos, possuem capacidade de absorver asfalto. Já poros menores que
0, 1 micron (microporos) não conseguem absorver asfalto.
3.3.3 Composição Química e Mineralógica do Agregado
A composição química dos agregados também pode influenciar indiretamente a absorção,
quando proporciona porosidade à partícula. Foi o que constatou Lee (1969) ao executar ensaios
de absorção de asfalto por imersão, percebendo uma grande variação na taxa de absorção dos
agregados de rochas calcárias estudados. Após análises químicas e de distribuição de tamanhos
dos poros em agregados de alta, média e baixa absorção de asfalto, Lee (1969) verificou que
quanto maior a quantidade de MgCO
3
presente no agregado, mais porosa era a partícula e,
portanto, com maior capacidade de absorver asfalto.
3.4. Efeito das Propriedades do Asfalto na Absorção 63
Lettier et al. (1949) estudaram a estrutura cristalina de agregados com mesma classificação
mineral, mas com características de absorção distintas, verificando que os agregados com absor-
ção baixa de asfalto possuem estruturas cristalinas compactas, densas e de granulação fina e que
agregados absorvedores são caracterizados por numerosos interstícios entre seus cristais e/ou
são compostos de cristais com granulação grossa. Os pesquisadores observaram também que
os mecanismos físicos da absorção se processam através da passagem do asfalto pelos canais
existentes entre os cristais que compõem as partículas, verificando que não penetração de
asfalto dentro dos cristais.
Ambos os estudos de Lee (1969) e Lettier et al. (1949) mostram que a capacidade de
absorção dos agregados está diretamente relacionada com a porosidade da partícula e não
diretamente com a composição química dos agregados, pois existem agregados com mesma
composição química que absorvem e que não absorvem asfalto.
Resumidamente, seguem algumas considerações sobre a absorção de asfalto em relação às
propriedades dos agregados.
A absorção de asfalto pode afetar misturas adequadamente projetadas, devido à sua ca-
racterística de tempo-dependência;
A absorção de asfalto está diretamente relacionada com a porosidade do agregado;
A porosidade total é um indicador da capacidade de absorção máxima do agregado;
Tanto a porosidade da partícula como o tamanho de seus poros e a freqüência de ocor-
rência desses tamanhos de poros influenciam a taxa de absorção de asfalto bem como a
natureza da absorção;
A absorção está diretamente relacionada com as densidades do agregado, indicativas da
porosidade da partícula;
Os mecanismos físicos da absorção se processam através da passagem do líquido por
canais intercristalinos, que constituem vazios com formas e tamanhos variados (poros).
3.4 Efeito das Propriedades do Asfalto na Absorção
A quantidade de asfalto absorvido pelo agregado é função de algumas propriedades do
asfalto, tais como: viscosidade, composição, distribuição do tamanho molecular e propriedades
64 3. Absorção de Asfalto
de molhamento (ângulo de contato e tensão superficial). No entanto, essas propriedades se
interrelacionam e dependem de outras variáveis, como a temperatura e o tempo.
Wingrave et al.
1
e Wade
2
apud Lee et al. (1990), que estudaram a absorção de vários
hidrocarbonetos e da água, mostram que a taxa de absorção, em um dado volume, é dada por:
1
3
× A
1
2
× [(1 A)
2
3
1] = t
r
(3.2)
onde:
A = fração preenchida do volume do poro (0 A 1) ;
t
r
= tempo reduzido, dado por:
t
r
=
Kpt
R
2
µ
(3.3)
onde:
K = coeficiente de permeabilidade de Darcy;
p = pressão de capilaridade;
t = tempo de absorção;
R = raio da partícula;
µ = viscosidade do fluido.
Para um poro circular de raio r:
p =
2σcosθ
r
(3.4)
K =
r
2
8
(3.5)
As Equações 3.2, 3.3, 3.4 e 3.5 mostram que o processo de absorção é regido pela tensão
superficial (σ), ângulo de contato (θ) e viscosidade (µ) do asfalto, assim como pelo raio ou
tamanho do poro (r), raio ou tamanho da partícula (R) e pela permeabilidade (porosidade) da
partícula (K).
Analisando as Equações 3.2, 3.3, 3.4 e 3.5 pode-se depreender que a taxa de absorção
de hidrocarbonetos e da água aumentam em função do tempo e em função da diminuição da
viscosidade do fluido, o que vem corroborar qualitativamente com os resultados dos estudos
desenvolvidos por pesquisadores como Kandhal & Khatri (1991), Kandhal & Lee (1972) e Lee
(1969), que mostram um aumento da taxa de absorção de asfalto pelos agregados ao longo do
tempo e com a diminuição da viscosidade do asfalto.
1
Wingrave J. A.; Wade W. H.; Schechter R. S. (1978). Liquid Imbibition into Evacuated Mesoporous Media.
Padday, J. F., editor, Wetting, Spreading and Adhesion, capítulo 12, p. 261-288. Academic Press, New York.
2
Wade, W. H. (1974). Spontaneous Imbition of Fluids into Porous Vycor. Soc. of Petrol. Eng. J., p. 139-144
3.5. Absorção seletiva 65
Seguem, resumidamente, algumas considerações sobre a absorção e as propriedades do
asfalto:
A quantidade de asfalto absorvido é diretamente proporcional à pressão de capilaridade e
ao tempo e inversamente proporcional à viscosidade do asfalto;
A quantidade de asfalto absorvido diminui com o aumento de sua viscosidade, fazendo
da temperatura uma variável crítica.
3.5 Absorção seletiva
No momento em que o asfalto é absorvido pelo agregado, pode ocorrer absorção preferen-
cial de alguns constituintes do asfalto. Essa absorção preferencial é denominada de absorção
seletiva. A absorção seletiva gera alterações na composição do asfalto absorvido dentro do poro
em relação ao não absorvido, ou asfalto efetivo, que age como filme de asfalto.
Vários fatores podem desencadear a absorção seletiva, dentre eles a utilização de agregados
altamente porosos. Agregados altamente porosos possuem uma parcela grande de sua área
superficial pertencente ao espaço do poro, o que vem facilitar a remoção preferencial de partes
do asfalto efetivo (filme de asfalto) mais absorvíveis (Kandhal & Lee, 1972). Dependendo do
tamanho dos poros do agregado, essa difusão seletiva e os efeitos de particionamento levam
à segregação e a diferenças composicionais entre o asfalto absorvido e o não absorvido. Por
exemplo, moléculas de tamanho menores, como as dos maltenos, podem ser preferencialmente
absorvidas dentro do volume do poro, enquanto moléculas grandes, como as dos asfaltenos,
permanecem no filme de asfalto efetivo (Kandhal & Khatri, 1992; Lettier et al., 1949). Portanto,
pode-se entender como efeito direto da absorção seletiva as modificações composicionais entre
o asfalto absorvido e o não absorvido, como também, entre ambos e o asfalto original. Em
outras palavras, significa dizer que o filme de asfalto que cobre o agregado terá propriedades
reológicas, físicas, químicas e de envelhecimento diferentes das do asfalto original, adicionado
à mistura durante sua preparação.
Uma forma prática de detecção da absorção seletiva é observar se as propriedades mecânicas
das misturas, por exemplo a estabilidade Marshall, mostram-se muito maiores do que as espe-
radas. Caso isso ocorra, uma maneira de corrigir o problema é através da utilização de asfaltos
menos viscosos. No entanto, os efeitos de absorção seletiva só poderiam ser percebidos se ela
acontecesse no momento da mistura, pois, se ocorresse com o passar dos dias ou dos meses,
66 3. Absorção de Asfalto
não seria possível sua detecção para que possíveis ajustes fossem efetuados e, provavelmente,
o pavimento viria a desenvolver defeitos prematuros (Lee et al., 1990).
3.6 Métodos de Determinação da Absorção
Muitos pesquisadores vêm tentando avaliar a absorção de asfalto pelos agregados através de
correlações com a absorção de outros líquidos, dos quais a água e o querosene têm sido os mais
comumente usados.
Em 1936, Reagel
3
apud Kandhal & Khatri (1991) propôs um procedimento para a deter-
minação da absorção de água e de líquidos betuminosos, pela fração grossa dos agregados,
usando um método de deslocamento de água. Nesse método, a amostra de agregado é colocada
submersa em água por 24 horas, sendo então determinada a sua massa imersa. Após, a amostra é
seca em estufa e determinada a sua massa seca. Então, uma quantidade de asfalto igual a 8%, em
relação à massa da amostra, é misturada ao agregado. A mistura permanece aquecida a 60
0
C
(140
0
F ) por 20 dias. Passados os 20 dias, o excesso de asfalto é removido de cada partícula
do agregado por esfregamento. Então, é feita a determinação da massa da amostra ao ar e
submersa e a quantidade de material betuminoso absorvido é calculada através da manipulação
dessas quatro massas.
Em 1942, Goshorn e Williams
4
apud Kandhal & Khatri (1991) desenvolveram um método
de imersão para a determinação da capacidade de absorção máxima do agregado. O procedi-
mento estabelece o aquecimento de uma amostra de agregado a cerca de 148, 9
0
C (300
0
F ) e
a suspensão dessa amostra, por meio de um cesto, em asfalto com penetração entre 85 a 100,
a uma temperatura de 135
0
C (275
0
F ), por 2 horas. Em seguida, a amostra, ainda imersa, é
resfriada até que atinja temperatura ambiente e, então, reaquecida e mantida a uma temperatura
de 135
0
C, por mais 1 hora. Após essa etapa, o cesto contendo a amostra é retirado da imersão
e suspenso em uma corrente de ar a 135
0
C, até que todo o excesso de asfalto seja drenado. A
amostra é removida do cesto e resfriada até atingir temperatura ambiente, sendo então, medidas
suas massas ao ar e imersa em água, para determinação da absorção.
Hveem (1942) ao desenvolver o centrifuge kerosene equivalent test (CKE), que mede a
quantidade de querosene absorvido por 100 g de agregado, sob condições especificadas de
3
Reagel, F. V. (1937). Absorption of Liquid Bituminous Material by Coarse Aggregate. Highway Research
Abstracts, n. 40.
4
Goshorn, J. H.& Williams, F. M. (1942). Absorption of Bituminous Materials by Aggregates. Association of
Asphalt Paving Technologists, v. 13.
3.6. Métodos de Determinação da Absorção 67
submersão e centrifugação, demonstrou que a quantidade de querosene retida pelo agregado é
função da sua capacidade superficial. Segundo esse autor, a capacidade superficial do agregado
é composta de três fatores: área superficial, textura superficial (rugosidade) e porosidade efetiva.
Hveem justificou a utilização do querosene por acreditar que fosse um representante melhor,
como agente de absorção, do que a água, por ter propriedades de molhamento similares às do
asfalto. No entanto, métodos que utilizem outros líquidos em vez de asfalto devem ser utilizados
apenas como estimativas da absorção de asfalto, devido às diferenças entre as propriedades de
molhamento e viscosidade desses líquidos em relação ao asfalto.
Rice (1953) propôs um método de determinação indireta da absorção de asfalto através da
densidade máxima medida (DMM) das misturas. Esse método será descrito detalhadamente
no item 3.7.2 deste capítulo. Uma limitação desse método é a necessidade de cobertura total
das partículas do agregado pela película de asfalto, pois, no momento da saturação por vácuo
parcial, se as partículas não estiverem completamente envolvidas pelo asfalto, estas passam a
absorver água, comprometendo os resultados do ensaio. Entretanto, Rice (1953) propôs também
um procedimento suplementar para correção desse problema, caso venha a acorrer, descrito na
norma ASTM D 2041.
Mais recentemente, Castro Neto (1996) desenvolveu outro método de determinação indireta
da absorção de asfalto, também através da densidade máxima medida, no entanto, empregando
querosene, ao invés do vácuo parcial proposto por Rice, para expulsar os vazios de ar das
misturas. Esse método é particularmente atraente para utilização em campo por ser rápido, com
vantagens sobre o método Rice, que necessita da aplicação de vácuo para a retirada de vazios de
ar da mistura, o que torna a sua prática em obras muito delicada, principalmente tendo em vista
a precisão necessária. Segundo Vasconcelos et al. (2003), os resultados obtidos tanto através
do método Rice como através do método do Querosene produzem praticamente os mesmos
valores de DMM, porém, apesar do método do Querosene parecer bastante promissor, necessita
ser melhor investigado, pois o querosene é um solvente natural do asfalto.
Atualmente, o Superpave estabelece o uso do Método Rice para a determinação da DMM
das misturas, por ser um ensaio de execução relativamente rápida, realístico e apropriado tam-
bém para a determinação da absorção de asfalto. Porém, esse método tem a desvantagem de ter
sua precisão dependente da precisão da densidade aparente do agregado.
68 3. Absorção de Asfalto
3.7 Experimentos Laboratoriais
3.7.1 Asfalto Utilizado
Para o desenvolvimento desta pesquisa utilizou-se um CAP 20, com suas propriedades
satisfazendo às exigências contidas no Regulamento Técnico do Departamento Nacional de
Combustíveis DNC n.
o
01/92, como mostra a Tabela 3.1.
Tabela 3.1: Características físicas do CAP 20 utilizado
Ensaios Resultados Exigência DNC 01/92
Viscosidade absoluta a 60
o
C (poise) 3200 2000 a 3500
Viscosidade Saybolt Furol a 135
o
C (s) 165 120 mín.
Viscosidade Saybolt Furol a 177
o
C (s) 35 30 a 150
Índice de suscetibilidade térmica 0, 45 1, 5 a 1, 0
Penetração, 25
o
C, 100 g, 5 s (0, 1 mm) 55 50 mín.
Ponto de fulgor (
o
C) 264 235 mín.
Densidade real (g/cm
3
) 1, 20
-
Resultado de ensaio fornecido pela Petrobrás Petróleo Brasileiro S.A.
3.7.2 Método Rice de Determinação da Densidade Máxima Medida
Amostra
O processo de preparo da amostra para a determinação da DMM é o mesmo utilizado na
composição dos corpos-de-prova Marshall, excluindo a etapa de compactação. Esse proce-
dimento consiste em peneirar o material granular nas frações necessárias e, então, compor a
mistura de agregados de acordo com a curva granulométrica utilizada. A mistura deve ser pro-
duzida com o teor de asfalto de projeto ou então num teor muito próximo dele, caso este ainda
não seja conhecido. Após a produção da mistura asfáltica, esta deve permanecer durante 2 horas
na temperatura de compactação, como sugere a AASHTO PP2, para que o processo de absorção
de asfalto pelo agregado possa ocorrer.
Após ser retirada da estufa, a mistura passa a ser resfriada manualmente, com o auxílio de
uma espátula, para evitar a formação de grumos, como ilustra a Figura 3.1.
3.7. Experimentos Laboratoriais 69
Figura 3.1: Procedimento de resfriamento da amostra
Determinação da massa seca
Em seguida, a mistura é colocada dentro de um kitassato modificado para que a massa seca
da amostra possa ser determinada (Figura 3.2).
Figura 3.2: Determinação da massa seca da amostra
Kitassato Modificado
Um kitassato comum foi modificado para atender às necessidades do ensaio, com a finali-
dade de obter um dispositivo de nivelamento que proporcionasse maior precisão. O dispositivo
desenvolvido, que pode ser visualizado na Figura 3.3(a), é composto por três partes, uma mais
externa rosqueável (na cor preta), utilizada para fixar o dispositivo na boca do kitassato, outra
interna (na cor branca), utilizada para fixar o conjunto ( parte branca e cilindro de vidro) na boca
do kitassato, e um cilindro de vidro de diâmetro pequeno. A parte interna (branca) também é
70 3. Absorção de Asfalto
(a) Dispositivo montado (b) Detalhe 1 (c) Detalhe 2
Figura 3.3: Dispositivo de nivelamento
composta por dois anéis de borracha, um situado em sua parte externa, que evita o vazamento de
água da parte rosqueável à boca do kitassato, e outro anel fixado em sua parte interna, que evita o
vazamento de água ao redor das paredes do cilindro de vidro. Esses detalhes podem ser melhor
esclarecidos com o auxílio das Figuras 3.3(b) e 3.3(c), que apresentam as partes destacadas do
dispositivo. Na Figura 3.4, podem ser vistas as modificações sofridas pelo kitassato original, tais
como a feitura de rosca em sua boca e o fechamento de seu dispositivo original de nivelamento,
situado lateralmente.
Figura 3.4: Kitassato modificado
Determinação da massa do conjunto (kitassato, amostra e água)
Após a determinação da massa seca da amostra, adiciona-se água fervida ao kitassato mo-
dificado, em quantidade suficiente para que o nível de água permaneça 2 cm acima da amostra.
Toda água utilizada nesse ensaio foi fervida durante aproximadamente 1 hora. Embora esta
não seja uma etapa sugerida por norma, tomou-se esse cuidado para diminuir a oxigenação da
água e melhorar a precisão do ensaio. Em seguida, conecta-se o conjunto (kitassato, amostra e
3.7. Experimentos Laboratoriais 71
(a) Bomba de vácuo parcial (b) Bolhas de ar sendo extraídas
Figura 3.5: Extração de ar da amostra
água) à bomba de vácuo parcial para a extração de bolhas de ar da amostra, como ilustram as
Figuras 3.5(a) e 3.5(b).
Terminada a extração de ar, adiciona-se água fervida, com muito cuidado para não haver
incorporação de ar ou formação de bolhas, até o limite superior do kitassato modificado, para
em seguida, rosquear o dispositivo de nivelamento. Com o auxílio de uma toalha felpuda,
enxuga-se a água que extravasa e escorre pelas paredes do kitassato modificado no momento do
nivelamento da água, para então determinar a massa do conjunto (Figura 3.6).
Figura 3.6: Determinação da massa do conjunto
Determinação da Temperatura
O próximo passo é fazer a leitura da temperatura do conjunto, como ilustra a Figura 3.7.
Deve-se atentar para a colocação do termômetro sempre em uma mesma posição no interior do
kitassato, na sucessão de ensaios, pois a temperatura da água pode variar dependendo do local
em que o termômetro é colocado.
72 3. Absorção de Asfalto
Figura 3.7: Determinação da temperatura da água
Determinação da Taxa de Absorção de Asfalto
Sendo conhecidas as massas da amostra seca e do conjunto, determinadas durante o ensaio,
e tendo sido definida a curva de calibração do kitassato modificado, ou seja, a massa do kitassato
preenchido com água fervida em função da variação da temperatura, pode-se calcular a DMM
da mistura asfáltica, como mostra a Equação 3.6.
DMM =
A
A + D E
(3.6)
onde:
A = Massa da amostra seca;
D = Massa do kitassato modificado preenchido com água em função da temperatura (curva de
calibração);
E = Massa do conjunto (kitassato, amostra e água).
Conhecida a DMM da mistura, pode-se calcular a densidade efetiva do agregado através da
Equação 3.7.
ρ
ef
=
1 P b
1
DM M
P b
ρ
b
(3.7)
onde:
ρ
ef
= Densidade efetiva do agregado;
P b = Porcentagem de asfalto na mistura;
ρ
b
= Densidade do asfalto.
3.7. Experimentos Laboratoriais 73
E, sendo conhecidas as densidades efetiva e aparente do agregado e a densidade do asfalto,
pode-se calcular a taxa de absorção de através da Equação 3.8.
A
abs
= 100 ×
ρ
ef
ρ
ap
ρ
ef
× ρ
ap
× ρ
b
(3.8)
onde:
A
abs
= Porcentagem de asfalto absorvido por massa de agregado;
ρ
ef
= Densidade efetiva do agregado;
ρ
ap
= Densidade aparente do agregado;
ρ
b
= Densidade do asfalto.
3.7.3 Densidade aparente do Agregado Grosso
A ASTM C 127 padroniza o método de determinação da densidade aparente do agregado
grosso, assim como, da porcentagem de água absorvida pelo agregado.
Amostra
O material que compõem a amostra de agregado grosso é aquele retido na peneira de
abertura de 4, 75 mm, lavado para a remoção de ou outros contaminantes da superfície da
partícula e, seco em estufa. A quantidade de material da amostra é função do diâmetro máximo
nominal do agregado. Nesta pesquisa, como o diâmetro máximo nominal dos agregados é
de 12, 5 mm, usou-se no mínimo 2 kg de material para a composição de cada amostra.
Procedimento de Secagem Superficial
Inicialmente, deve-se submergir a amostra em água destilada por um período de aproxima-
damente 24 horas. Após esse período, retira-se a amostra da água colocando-a sobre uma toalha
absorvente, para dar início ao procedimento de secagem superficial da amostra (Figura 3.8).
O procedimento de secagem superficial consiste em espalhar as partículas sobre a toalha
absorvente (Figura 3.9(a)) e, em seguida, promover a rolagem destas, fazendo com que suas
faces toquem na toalha, até que o filme fino de água que envolve cada partícula não seja mais
visível, atingindo-se, nesse momento, a condição de secura superficial (Figura 3.9(b)). Pode-se
74 3. Absorção de Asfalto
Figura 3.8: Amostra úmida
(a) Espalhamento da amostra (b) Secagem superficial da amostra
Figura 3.9: Procedimento para atingir a condição de secura superficial da amostra
julgar que a condição de secura superficial foi atingida quando a partícula tornar-se fosca, sem
o brilho da luz que é refletido pela água, ou ainda, se forem observadas alterações de cor da
partícula.
Ao secar a amostra, deve-se tomar cuidado para não retirar a água contida nos poros do
agregado. Manter a toalha úmida durante o desenvolvimento do ensaio favorece a secagem
da partícula apenas superficialmente, sem que haja a retirada de água do interior dos poros da
partícula. Se a toalha estiver totalmente seca, o risco de absorver água além daquela superficial
é bem maior. Outro cuidado importante, que se deve tomar para obter resultados bons nesse
ensaio, é determinar a massa da amostra em sua condição de secura superficial imediatamente
após o procedimento de secagem estar concluído, evitando-se assim a evaporação da água
contida nos poros das partículas (Figura 3.10). A não observância desses cuidados pode ser
a causa de erros no resultado final.
3.7. Experimentos Laboratoriais 75
Figura 3.10: Determinação da massa da amostra ao ar
Determinação das massas submersa e seca
Em seguida, submerge-se a amostra em água, para a determinação de sua massa submersa
(Figura 3.11), cuidando para que todo o ar contido entre as partículas seja expulso. Uma maneira
de expulsar bolhas de ar que possam estar entre as partículas é promover algumas sacudidelas no
recipiente que contém a amostra, após submergi-lo. Depois de determinada a massa da amostra
submersa em água, drena-se o excesso de água do recipiente que contém a amostra, colocando-o
na estufa para secar. Com a amostra seca e resfriada à temperatura ambiente, determina-se então
a sua massa seca.
Figura 3.11: Determinação da massa da amostra submersa na água
Determinação da Densidade Aparente
A densidade aparente do agregado pode então ser calculada através da Equação 3.9.
ρ
ap
=
A
B C
(3.9)
76 3. Absorção de Asfalto
onde:
A = Massa da amostra seca em estufa, determinada ao ar;
B = Massa da amostra seca superficialmente, determinada ao ar;
R = Massa da amostra seca superficialmente, determinada quando submersa na água.
De posse das massas obtidas no decorrer do ensaio, pode-se determinar também, se houver
necessidade, a porcentagem de água absorvida pelo agregado após 24 horas de imersão, através
da Equação 3.10 e, também, a densidade real do agregado, através da Equação 3.11.
%Ab
ag
=
B A
A
× 100 (3.10)
ρ
r
=
A
A C
(3.11)
3.7.4 Densidade aparente do Agregado Fino
A ASTM C 128 padroniza o método de determinação da densidade aparente do agregado
fino e também permite calcular a porcentagem de água absorvida pelo agregado.
Amostra
O procedimento de ensaio é iniciado com a preparação da amostra de agregado finos,
composta por cerca de 1 kg de material passante na peneira de abertura de 2, 36 mm e retido na
peneira de 0, 075 mm, com posterior lavagem nesta última peneira, para a remoção de ou ou-
tros contaminantes da superfície da partícula. Após a lavagem, a amostra permanece submersa
em água destilada por um período de aproximadamente 24 horas, sendo em seguida drenada e
espalhada, como uma camada fina e de espessura uniforme, em uma bandeja (Figura 3.12), para
então dar início ao procedimento de secagem.
Procedimento de Secagem Superficial
Inicia-se o processo de secagem através da passagem de uma corrente de ar quente e su-
ave sobre a bandeja, revolvendo-se a amostra para que ocorra uma secagem uniforme, como
ilustram as Figuras 3.13(a) e 3.13(b).
3.7. Experimentos Laboratoriais 77
Figura 3.12: Amostra úmida
(a) Fluxo de ar (b) Secagem da amostra
Figura 3.13: Procedimento para atingir a condição de secura superficial da amostra
Quando ocorrer mudança de cor do agregado e/ou as partículas comecem a desgrudar umas
das outras é o momento de cessar a corrente de ar e avaliar a secura superficial da amostra,
utilizando o molde cônico e o soquete, que podem ser visualizados na Figura 3.15. Utilizando-se
o molde cônico, sobre uma superfície plana e horizontal não absorvente, a amostra é colocada
rapidamente em seu interior (Figura 3.14), distribuindo-a uniformemente. Em seguida, são
aplicados 25 golpes do soquete, distribuídos sobre a superfície livre do agregado, aplicados de
uma altura de 5 mm acima do topo da amostra, como mostram as Figuras 3.15(a) e 3.15(b).
Figura 3.14: Colocação da amostra no cone
78 3. Absorção de Asfalto
(a) Cone com a amostra antes da compactação (b) Processo de compactação
Figura 3.15: Procedimento para a verificar a condição de secura superficial da amostra
Em seguida, retira-se verticalmente o molde, tomando-se cuidado para não esbarrar no
cone formado pela amostra (Figura 3.16). Se o cone de agregado não desmoronar parcial ou
totalmente no momento da retirada do molde, significa que ainda existe umidade na superfície
das partículas, ou seja, ainda não foi atingido o ponto de secura superficial, e portanto, a amostra
deve voltar para a bandeja para ser reiniciado o processo de secagem.
Figura 3.16: Verificação da condição de secura superficial da amostra
A amostra deve ser testada repetidamente utilizando-se o molde cônico e o soquete, até que
o cone formado pela amostra desmorone parcial ou totalmente ao ser retirado do molde, pois,
nesse momento, entende-se que a condição de secura superficial da amostra foi alcançada, como
ilustram as Figuras 3.17(a) e 3.17(b).
Ao atingir a condição de secura superficial, cerca de 500 g de material deve ser transferido
para um picnômetro para a determinação da massa da amostra (Figuras 3.18(a) e 3.18(b)).
3.7. Experimentos Laboratoriais 79
(a) Desmoronamento parcial do cone (b) Desmoronamento total do cone
Figura 3.17: Ponto de secura superficial da amostra
(a) Amostra no picnômetro (b) Massa ao ar
Figura 3.18: Determinação da massa com superfície seca da amostra
80 3. Absorção de Asfalto
Determinação das massas
Após, água destilada é adicionada ao picnômetro até cobertura total da amostra e, mediante
agitação do picnômetro, faz-se com que todas as partículas sejam molhadas pela água. O
próximo passo é acoplar o picnômetro à bomba de vácuo parcial, submetendo a amostra à
extração das bolhas de ar de seu interior, por cerca de 15 minutos (Figura 3.19).
Figura 3.19: Extração de bolhas de ar da amostra
Posteriormente, o picnômetro contendo a amostra e a água é deixado em repouso du-
rante 1 hora, num banho mantido à temperatura de aproximadamente 25
0
C, para a estabilização
da temperatura. Com a temperatura estabilizada, é adicionada a quantidade de água destilada
necessária para o preenchimento do picnômetro até que o menisco tangencie seu traço de refe-
rência, para em seguida, proceder a determinação da massa do conjunto (picnômetro, amostra e
água) e da temperatura.
Logo depois, a amostra é removida do interior do picnômetro, tomando-se cuidado para não
perder material, e levada à estufa para a secagem total. Retirada a amostra da estufa, esta é
resfriada à temperatura ambiente e, então, determinada sua massa seca.
Determinação da Densidade Aparente
A densidade aparente do agregado fino pode então ser calculada através da Equação 3.12.
ρ
ap
=
A
B + S C
(3.12)
3.8. Resultados da Absorção de Asfalto 81
onde:
A = Massa da amostra seca em estufa;
B = Massa do picnômetro preenchido com água em função da temperatura (curva de calibra-
ção);
S = Massa da amostra seca superficialmente;
C = Massa do conjunto (picnômetro, amostra e água).
De posse das massas obtidas no decorrer do ensaio, pode-se determinar, se forem neces-
sárias, a porcentagem de água absorvida pelo agregado após 24 horas de imersão, através da
Equação 3.13, e também a densidade real do agregado, através da Equação 3.14.
%Ab
ag
=
S A
A
× 100 (3.13)
ρ
r
=
A
B + A C
(3.14)
O molde cônico e o soquete utilizados para a realização do ensaio tiveram seus projetos
adaptados da norma ASTM C 128 no setor de projetos do Departamento de Transportes e foram
posteriormente construídos na oficina mecânica da Escola de Engenharia de São Carlos da
Universidade de São Paulo.
3.8 Resultados da Absorção de Asfalto
Um dos objetivos desta pesquisa é avaliar o comportamento da absorção de asfalto pelos
agregados durante os processos de mistura e ao longo da vida em serviço do pavimento. Inicial-
mente, a absorção de asfalto não era um dos assuntos a ser abordado nesta pesquisa, mas, devido
à verificação da absorção alta de asfalto pelo agregado de gabro e sabendo-se da sua influência
direta no cálculo dos parâmetros usados como critério de projeto da mistura (volume de vazios,
vazios do agregado mineral e relação betume-vazios), tomou-se a decisão de investigar mais
detalhadamente o assunto.
A investigação foi direcionada para a avaliação das características da absorção do agregado
de gabro em função de alguns fatores importantes, tais como: tempo e teor de asfalto. Como
função do tempo observou-se a absorção que ocorre rapidamente durante a produção das mis-
turas asfálticas, aqui denominada como absorção de curto prazo (AbsCp) e também a absorção
82 3. Absorção de Asfalto
que ocorre mais lentamente, com o passar dos meses, denominada de absorção de longo prazo
(AbsLp). Quanto ao teor de asfalto foram produzidas misturas com o teor de asfalto de projeto
e misturas com ±0, 5% de asfalto em relação ao teor de projeto.
Para a avaliação da absorção de curto prazo foram produzidas misturas asfálticas com o
teor de projeto (6, 2%), correspondente a um volume de vazios de 4% quando compactadas
com 75 golpes por face, e misturas com teores de asfalto de 5, 7% e 6, 7%. Logo após a
produção das mistura, foram realizadas as primeiras determinações da Densidade Máxima
Medida, denominadas de DMM de tempo zero. Em seguida, as misturas foram colocadas na
estufa, onde permaneceram durante 2 horas em temperatura de compactação (146
o
C). Passadas
as 2 horas e, após resfriadas, as misturas foram novamente submetidas à avaliação da DMM,
correspondentes às DMM de 2 horas e, assim, sucessivamente, para as 8 horas previstas.
Para a avaliação da absorção de longo prazo também foram produzidas misturas asfálticas
com 5, 7%, 6, 2% (teor de projeto) e 6, 7% de asfalto, sendo as misturas logo após produzi-
das, resfriadas em temperatura ambiente e, então, realizadas as primeiras determinações da
DMM, correspondentes às DMM de mês zero. Após essas primeiras determinações, as misturas
permaneceram ao abrigo da luz por 1 mês. Passado esse período, novas determinações da
DMM foram realizadas, correspondentes à DMM de mês 1, e, em seguida, as misturas foram
novamente acondicionadas permanecendo ao abrigo da luz por mais um mês, sendo realizadas
novas determinações da DMM e, assim, sucessivamente, por um período de 6 meses.
3.8.1 Comportamento da Absorção de Asfalto pelo Agregado de Gabro
em Relação ao Tempo e ao Teor de Asfalto
Nas Tabelas 3.2 e 3.3 estão exibidos os valores da densidade máxima medida (DMM),
da densidade efetiva do agregado (ρ
ef
) e da absorção de asfalto de curto prazo (AbsCp) e de
longo prazo (AbsLp), correspondentes à média aritmética entre duas determinações, feitas com
diferentes amostras de um mesmo agregado. Os respectivos gráficos contendo a variação da
absorção de asfalto de curto e longo prazos estão ilustrados nas Figuras 3.20 e 3.21.
Ao analisar a Figura 3.20, pode-se verificar que a absorção aumenta ao longo das horas de
exposição das misturas à temperatura de compactação, de maneira mais acentuada nas primeiras
horas, em seguida tendendo à estabilização. Pode-se perceber, também, que as misturas com
teores de asfalto mais elevados absorvem menos asfalto quando comparadas às misturas com
teores mais baixos de asfalto, mostrando que quanto menor o teor de asfalto maior é a absorção.
3.8. Resultados da Absorção de Asfalto 83
Tabela 3.2: Absorção de curto prazo para teores de asfalto de 5, 7%, 6, 2% e 6, 7%
teor de asfalto de 5, 7% teor de asfalto de 6, 2% teor de asfalto de 6, 7%
T empo DMM ρ
ef
Abs DMM ρ
ef
Abs DM M ρ
ef
Abs
(hora) (%) (%) (%)
0 2, 515 2, 811 0, 92 2, 505 2, 797 0, 73 2, 494 2, 783 0, 54
2 2, 528 2, 828 1, 13 2, 524 2, 823 1, 06 2, 503 2, 795 0, 71
4 2, 534 2, 836 1, 23 2, 527 2, 828 1, 12 2, 511 2, 806 0, 84
6 2, 538 2, 841 1, 30 2, 527 2, 827 1, 12 2, 511 2, 806 0, 84
8 2, 539 2, 843 1, 33 2, 533 2, 834 1, 21 2, 513 2, 809 0, 88
Tabela 3.3: Absorção de longo prazo para teores de asfalto de 5, 7%, 6, 2% e 6, 7%
teor de asfalto de 5, 7% teor de asfalto de 6, 2% teor de asfalto de 6, 7%
T empo DMM ρ
ef
Abs DMM ρ
ef
Abs DM M ρ
ef
Abs
(mês) (%) (%) (%)
0 2, 514 2, 810 0, 90 2, 496 2, 785 0, 57 2, 496 2, 785 0, 57
1 2, 528 2, 829 1, 14 2, 506 2, 799 0, 75 2, 501 2, 792 0, 66
2 2, 537 2, 840 1, 28 2, 512 2, 807 0, 86 2, 503 2, 795 0, 70
3 2, 540 2, 845 1, 34 2, 517 2, 814 0, 95 2, 506 2, 799 0, 76
4 2, 541 2, 846 1, 35 2, 521 2, 818 1, 01 2, 507 2, 801 0, 78
5 2, 542 2, 847 1, 37 2, 521 2, 818 1, 01 2, 510 2, 804 0, 82
6 2, 542 2, 847 1, 37 2, 521 2, 818 1, 01 2, 509 2, 803 0, 82
Analisando-se a Figura 3.21, que apresenta o gráfico da absorção de longo prazo, pode-se
verificar a mesma tendência de absorção observada no curto prazo, ou seja, misturas com
maiores teores de asfalto absorvem menos asfalto. Isso mostra uma tendência dos agregados
de absorver mais asfalto quanto menor a espessura da película que os envolve. Uma possível
explicação para esse fato é que, quando o teor de asfalto na mistura é menor, também é menor
a espessura da película de asfalto que envolve a partícula do agregado, permitindo que o asfalto
migre com mais facilidade ao interior dos poros devido à diminuição de sua tensão superficial.
84 3. Absorção de Asfalto
Figura 3.20: Variação da absorção de curto prazo para os diferentes teores de asfalto
Figura 3.21: Variação da absorção de longo prazo para os diferentes teores de asfalto
3.8. Resultados da Absorção de Asfalto 85
Ajuste Hiperbólico das Curvas de Absorção
Os valores da absorção de asfalto versus tempo podem ser ajustados a uma curva hiperbó-
lica. Essa constatação também fora verificada por Kandhal & Khatri (1991), que apresentaram
equações de cálculo da absorção estimada de asfalto para qualquer tempo de absorção, sendo
conhecidas as absorções para o tempo zero e para mais dois pontos de tempo. As equações
estão apresentadas a seguir.
A = A
0
+
t
a + bt
(3.15)
a =
t
1
t
2
t
2
t
1
(
1
A
1
1
A
2
) (3.16)
b =
1
t
2
t
1
(
t
2
A
2
t
1
A
1
) (3.17)
A
L
= A
0
+
1
b
(3.18)
onde:
A = absorção de asfalto para qualquer tempo t;
A
0
= absorção de asfalto para o tempo zero;
A
1
= A
1
A
0
;
A
2
= A
2
A
0
;
A
1
e A
2
= taxas de absorção para os tempos t
1
e t
2
;
A
L
= absorção limite ou absorção última, para o tempo tendendo ao infinito.
Os gráficos de absorção versus tempo, ilustrados nas Figuras 3.22 e 3.23, apresentam as
curvas hiperbólicas calculadas e as curvas de absorção obtidas para curto prazo e para longo
prazo, respectivamente. Os coeficientes de correlação entre as curvas de absorção e as curvas
hiperbólicas, para um mesmo teor de asfalto, são de aproximadamente 0, 98, indicando uma
forte relação entre a absorção estimada, obtida através das Equações 3.15, 3.16 e 3.17, e a
absorção determinada.
86 3. Absorção de Asfalto
Figura 3.22: Absorção de curto prazo versus tempo e modelo hiperbólico
Figura 3.23: Absorção de longo prazo versus tempo e modelo hiperbólico
3.8. Resultados da Absorção de Asfalto 87
Previsão da DMM em função do tempo de Absorção
Uma vantagem de se conhecer a absorção num determinado tempo é poder predizer a DMM
da mistura com base na absorção. Ao plotar o gráfico de absorção em função da DMM, com
valores estimados de absorção, ou então, com valores calculados, como é o caso do gráfico
apresentado na Figura 3.24, pode-se traçar a reta DMM versus absorção para o agregado de
gabro com teor de asfalto inicial de 5, 7%, por exemplo. Através dessa reta pode-se estimar
qual seria o Vv da mistura, após a compactação, se transcorrido um tempo conhecido de
armazenamento e transporte da mistura. Ou ainda, se estimado o tempo gasto para o transporte
da mistura até o local da obra, poder-se-ia prever a taxa de absorção nesse intervalo de tempo,
para correção do teor de asfalto da mistura.
Figura 3.24: Absorção versus DMM
Comportamento da Absorção
No gráfico apresentado na Figura 3.25 estão plotados os valores obtidos para absorção
de curto e longo prazos em função do tempo, para os teores de asfalto de 5, 7%, 6, 2% e
6, 7%. Pode-se observar uma proximidade dos valores de absorção que ocorrem a curto e
longo prazos, indicando que, mesmo estando em temperaturas diferentes, ou seja, em situação
diferente de viscosidade do asfalto, as misturas com um mesmo teor de asfalto parecem absorver
quantidades parecidas de asfalto, ainda que transcorridos períodos de tempo diferentes. Parece
indicar, também, que o agregado absorve uma certa quantidade de asfalto, independentemente
88 3. Absorção de Asfalto
de quanto tempo leve para isso, ou seja, os interstícios ou poros das partículas dos agregados
absorvem asfalto até alcançar sua possível saturação, podendo essa saturação ser alcançada mais
facilmente, num menor tempo, quando a temperatura do asfalto está mais elevada (viscosidade
mais baixa), ou em um período mais prolongado, com o passar dos meses, quando o asfalto está
na temperatura ambiente, numa viscosidade mais elevada.
Figura 3.25: Absorção versus tempo
3.8.2 Comportamento da Absorção de Longo Prazo após 2 Horas de Cura
Ao observar o comportamento da absorção tanto de curto como de longo prazos apre-
sentados, imaginou-se como seria o comportamento da absorção de longo prazo se a mistura
permanecesse durante 2 horas na temperatura de compactação (cura), com avaliações posterio-
res mensais, durante 6 meses, da taxa de absorção de asfalto. Os resultados encontrados estão
apresentados na Figura 3.26. Essas 2 horas de cura simulam o tempo médio que a mistura
permanece na temperatura de compactação, desde sua usinagem até o espalhamento no campo.
No item 5.6 do Capítulo 5, encontra-se uma discução sobre o estabelecimento do tempo de cura
das misturas asfálticas.
Os resultados da absorção de longo prazo após 2 horas de cura (AbsLp
2c
) mostram que o
agregado absorveu asfalto apenas durante as duas horas de permanência da mistura na tempe-
ratura de compactação, não alterando sua taxa de absorção ao longo dos seis meses. A mistura
com 5, 7% de asfalto apresentou taxa de absorção de aproximadamente 1, 13% no período de
3.8. Resultados da Absorção de Asfalto 89
Figura 3.26: Comparação entre a absorção de longo prazo e a absorção de longo prazo após
2 horas de cura
cura e, as avaliações mensais feitas durante os seis meses seguintes, não indicaram alterações
relevantes da taxa de absorção. O mesmo ocorreu com as misturas com 6, 2% de asfalto, com
taxa de absorção de 1, 06% no período de cura e com as misturas com 6, 7% de asfalto, que
absorveram aproximados 0, 71%. É interessante notar que também para a AbsLp
2c
verificou-se
o mesmo comportamento da absorção em função do teor de asfalto, como observado tanto
na AbsCp como na AbsLp, ou seja, a mesma tendência de absorções maiores quanto menor a
espessura do filme de asfalto.
Uma análise comparativa entre a AbsLp e a AbsLp
2c
indicam valores muito próximos das
absorções ao final dos seis meses, ou melhor, a taxa da absorção de AbsLp aumenta de maneira
mais acentuada nos primeiros três meses tendendo à estabilização nos três meses últimos,
chegando a valores finais bastante próximos aos encontrados para a AbsLp
2c
. Esses resultados
vêm corroborar com as duas hipóteses levantadas durante a observação do comportamento
da absorção de curto e de longo prazos, que são:
Misturas com um mesmo tipo de agregado e com um mesmo teor de asfalto, mesmo
em temperaturas diferentes (viscosidade diferente do asfalto), podem apresentar taxas de
absorção de asfalto semelhantes;
Os agregados absorvem asfalto até alcançarem a saturação de seus poros.
90 3. Absorção de Asfalto
Uma outra hipótese que pode ser levantada é:
Misturas submetidas a períodos de cura de 2 horas não apresentam absorções de longo
prazo.
Isso indicaria que 2 horas de cura seria um tempo adequado para promover a saturação dos
poros dos agregados.
O comportamento da absorção, verificado através desta pesquisa, tanto em função do tempo
como do teor de asfalto são reveladores. Porém, deve-se realizar os mesmos experimentos com
uma amostragem maior de agregados para validação dessas hipóteses de comportamento.
3.9 Conclusões
Com base nos experimentos laboratoriais apresentados, pode-se concluir que:
a absorção aumenta ao longo do tempo, mas tende à estabilização;
na absorção de curto prazo, de longo prazo e também na de longo prazo com 2 horas de
cura, o agregado tende a absorver mais asfalto quanto menor a espessura da película de
asfalto que o envolve, provavelmente em razão da diminuição da tensão superficial, que
permite que o asfalto migre com mais facilidade ao interior dos poros;
a DMM e, conseqüentemente, a absorção, variam com o teor de asfalto adicionado à
mistura;
quanto menor a temperatura do asfalto (maior viscosidade) maior o tempo necessário para
a estabilização da absorção ou saturação dos poros do agregado;
os valores de absorção de curto prazo não diferem significativamente dos de longo prazo,
indicando que o agregado absorve a quantidade de asfalto necessária para atingir a satu-
ração de seus poros, independentemente de quanto tempo leve para isso;
os valores da absorção de asfalto em função do tempo podem ser ajustados através de
uma curva hiperbólica, apresentando elevado coeficiente de correlação entre a absorção
ensaiada e a absorção estimada;
é possível predizer a variação da DMM de uma mistura asfáltica com base na absorção,
em função do tempo;
3.10. Considerações Finais 91
A taxa de absorção de asfalto pelo agregado é dependente do tempo, da temperatura
(viscosidade do asfalto) e do teor de asfalto da mistura, assim como das características
dependentes do agregado;
Mesmo estando em situações de diferentes de temperatura (viscosidade do asfalto), as
misturas com um mesmo tipo de agregado e mesmo teor de asfalto tendem a absorver
quantidades semelhantes de asfalto, ainda que transcorridos períodos de tempo diferentes;
Os poros das partículas dos agregados absorvem asfalto até alcançarem sua saturação. A
saturação pode ser alcançada mais facilmente, num menor tempo, quando a temperatura
do asfalto está mais alta (viscosidade mais baixa), ou em um período mais prolongado,
com o passar dos meses, quando o asfalto está na temperatura ambiente, numa viscosidade
mais elevada;
Ao submeter as misturas a períodos de cura de 2 horas pode-se evitar que absorções de
longo prazo venham a ocorrer.
3.10 Considerações Finais
Além da verificação do comportamento da absorção em função do tempo e do teor de asfalto,
optou-se por também analisá-la comparativamente em função das propriedades dos agregados
de gabro e de basalto, ou seja, considerando o comportamento da absorção em tipos diferentes
de agregados de mesma origem. Para tanto, foram analisadas as densidades aparente (ρ
ap
) e real
(ρ
r
) dos agregados de gabro e de basalto, suas porosidades totais (P T) e também suas taxas de
absorção de água (Ab
ag
) e de asfalto (A
abs
), cujos resultados estão apresentados na Tabela 3.4.
A taxa de absorção de água obtida corresponde à absorção após 24 horas de imersão. a taxa
de absorção de asfalto de ambos os agregados corresponde à absorção média após 2 horas de
cura.
Tabela 3.4: Propriedades dos agregados relacionadas à absorção
Tipo de Agregado ρ
ap
ρ
r
P T Ab
ag
A
abs
gabro 2, 742 2, 875 4, 63 1, 67 1, 0
basalto 2, 863 2, 929 2, 27 1, 14 0, 2
Os resultados mostram que quanto menor a densidade aparente entre agregados de mesma
origem, maior é a absorção de água e também de asfalto, devido à maior a porosidade total
do agregado. Pode-se depreender, através dos resultados, que a absorção, como função da
92 3. Absorção de Asfalto
densidade, está diretamente relacionada com a porcentagem de interstícios (poros) da massa
cristalina das partículas. Em outras palavras, apesar dos agregados possuírem a mesma compo-
sição química, verifica-se que o basalto apresenta granulação fina e maior densidade aparente
que o gabro, que possui granulação grossa. Agregados de granulação grossa apresentam mais
interstícios entre seus cristais, facilitando assim a penetração de asfalto no interior de suas
partículas.
Apesar de não terem sido feitos ensaios para a determinação da distribuição do tamanho dos
poros, pode-se notar através dos resultados que a absorção de água do agregado de basalto é
aproximadamente cinco vezes maior que sua absorção de asfalto, enquanto que a absorção de
água do gabro é próxima de sua absorção de asfalto. Essa diferença entre as absorções de água e
de asfalto pelo agregado de basalto evidenciam a existência de poros pequenos nesse agregado
que podem ser penetrados pela água mas não pelo asfalto, em função da viscosidade do asfalto
ser bem mais elevada que a viscosidade da água.
Como visto neste capítulo, a absorção é um fenômeno complexo, que envolve vários fatores
e influencia as propriedades volumétricas das misturas e pode ser a responsável pelo apareci-
mento de vários defeitos no pavimento, caso seja negligenciada.
A absorção não é um fenômeno que ocorre eventualmente, pelo contrário, a maioria dos
agregados possui algum grau de absorção. Portanto, durante o desenvolvimento de projetos
de misturas asfálticas, deve-se, sempre, considerar a possibilidade de absorção de asfalto pelos
agregados, para que se evite o cometimento de erros ao calcular os parâmetros volumétricos,
utilizados como critério de projeto.
Ao utilizar agregados que não absorvem asfalto ou que possuem absorções muito baixas,
pode-se calcular as propriedades volumétricas das misturas sem se preocupar com a escolha da
densidade do agregado mais adequada aos cálculos, pois, agregados não absorsores apresen-
tam valores de densidade (densidade aparente, efetiva e real) teoricamente iguais. Entretanto,
quando os agregados são moderadamente ou altamente absorsores, o cálculo correto das pro-
priedades volumétricas depende da escolha correta das densidades dos agregados e também da
quantidade de asfalto absorvido pelo agregado.
O próximo capítulo traz uma visão global entre relações de densidades e de propriedades
volumétricas, demonstrando o real significado de se utilizar uma ou outra densidade do agre-
gado na mistura, bem como será demonstrado, com detalhes, a dimensão dos erros cometidos
ao se negligenciar a absorção de asfalto no cálculo dos parâmetros volumétricos.
CAPÍTULO
4
Relações entre Densidades, Absorção e
Propriedades Volumétricas da Mistura
4.1 Considerações Iniciais
muito tempo, as propriedades volumétricas das misturas asfálticas vêm sendo suge-
ridas como requisitos necessários para assegurar um desempenho adequado dos pavimentos.
Em 1905, Richardson
1
apud Coree (1999) constatou a importância das proporções volumétricas
dos componentes das misturas asfálticas em relação ao desempenho dos pavimentos. Na década
de 1940, Marshall propôs a incorporação conceitual de volume de vazios e de grau de saturação
dos vazios da mistura por asfalto (relação betume-vazios) para o desenvolvimento de misturas
asfálticas. Na década de 1950, McLeod (1956, 1957) difundiu o conceito de vazios do agregado
mineral, destacando a necessidade de sua utilização para assegurar a durabilidade do pavimento.
Atualmente, as propriedades volumétricas das misturas asfálticas foram subdivididas e passa-
ram a ser classificadas como parâmetros volumétricos primários e secundários (Coree, 1999),
como será visto a seguir, onde a nomenclatura utilizada está baseada naquela empregada pelo
Asphalt Institute e adotada pelo Superpave.
1
Richardson, C. (1905). The Modern Asphalt Pavement. John Wiley & Sons, 1 edição
94 4. Relações entre Propriedades Volumétricas, Densidades e Absorção de Asfalto
4.2 Parâmetros Volumétricos Primários
Os parâmetros volumétricos primários estão relacionados diretamente com os volumes re-
lativos dos componentes individuais das misturas:
Volume de ar, V
ar
;
Volume de agregados, V
ag
;
Volume de asfalto, V
b
.
Devido à absorção de asfalto pelo agregado, as cavidades porosas do agregado (espaço
poroso) e a porção de asfalto absorvido passam a compartilhar um mesmo espaço, ou seja, a
soma dos volumes (V
b
+ V
ag
) são maiores que os seus volumes combinados (V
b+ag
). Isso leva a
uma subdivisão dos parâmetros volumétricos primários em:
Volume de asfalto efetivo, V
bef
, volume de asfalto não absorvido pelo agregado;
Volume de asfalto absorvido, V
ba
, volume de asfalto absorvido dentro dos poros do agre-
gado;
Volume aparente do agregado, V
ap
, volume do agregado que inclui o volume dos poros
permeáveis à agua e o volume dos poros permeáveis ao asfalto (Figura 4.1(a));
Volume efetivo do agregado, V
ef
, volume do agregado que inclui o volume dos poros
permeáveis à água mas não ao asfalto (Figura 4.1(b));
Volume real do agregado, V
r
, somente o volume sólido do agregado, não incluindo o
volume dos poros permeáveis à água ou ao asfalto (Figura 4.1(c)).
(a) Volume aparente (b) Volume efetivo (c) Volume real
Figura 4.1: Volumes do agregado
4.3. Parâmetros Volumétricos Secundários 95
4.3 Parâmetros Volumétricos Secundários
São chamados de parâmetros volumétricos secundários (ou propriedades volumétricas das
misturas) o V
v
, V AM e RBV , por serem calculados com base nos parâmetros volumétricos
primários. Conceitualmente, esses parâmetros podem ser definidos como:
Volume de vazios, V v, é o volume de ar (V
ar
) existente entre as partículas do agregado
envoltas pelo filme de asfalto, expresso como uma porcentagem do volume total da
mistura compactada;
Vazios do agregado mineral, V AM, é a soma do volume de vazios (V v) e do volume
de asfalto efetivo (V
be
), expresso como uma porcentagem do volume total da mistura
compactada;
Relação betume-vazios, RBV , é o grau de preenchimento do V AM por asfalto, expresso
em porcentagem.
4.4 Relações entre Propriedades Volumétricas e Densidades
do Agregado em Função da Absorção de Asfalto
O ponto principal das relações entre as propriedades volumétricas das misturas e as densida-
des do agregado é a existência ou não de absorção de asfalto pelos agregados. Se o agregado não
absorver asfalto, então, não importa qual valor de densidade do agregado (aparente, efetiva ou
real) será utilizada no cálculo das propriedades volumétricas das misturas, porque, nesse caso,
o valor das densidades do agregado são teoricamente iguais. Entretanto, quando os agregados
possuem algum grau de absorção, os valores obtidos para cada um dos parâmetros (Vv, VAM e
RBV) dependem da densidade do agregado selecionada e da taxa de absorção de asfalto.
Ao fazer uso das densidades incorretamente, muitas vezes, pode-se assumir que uma porção
ou toda a porosidade do agregado faz parte do Vv da mistura, caso em que se utiliza a densidade
real do agregado para o cálculo do Vv; ou que o asfalto absorvido está preenchendo os vazios
entre os agregados na mistura, caso que se utiliza a densidade aparente do agregado para o
cálculo do Vv.
Portanto, que os valores obtidos para o Vv, VAM e RBV dependem do valor da densidade
do agregado e da existência ou não de asfalto absorvido pelos agregados, é imperativo que se
96 4. Relações entre Propriedades Volumétricas, Densidades e Absorção de Asfalto
saiba o significado real de utilizar uma ou outra densidade do agregado e entender o efeito que
essa escolha terá nos resultados das propriedades volumétricas das misturas.
4.4.1 Entendimento Conceitual das Densidades dos Agregados
Para um melhor entendimento conceitual das densidades do agregado, pode-se fazer um
paralelo com as densidades da mistura asfáltica.
Uma partícula de agregado possui vazios superficiais e vazios internos, assim como as
misturas asfálticas. A densidade aparente do agregado, ρ
ap
, é a razão entre a massa seca do
agregado, Ma, pelo seu volume aparente, multiplicado pela densidade da água, como mostra a
Equação 4.1. O volume aparente da partícula de agregado, V
ap
, inclui o volume dos vazios su-
perficiais permeáveis à água e ao asfalto, assim como os vazios internos (vazios impermeáveis).
ρ
ap
=
Ma
V
ap
× ρ
agua
=
Ma
V
ap
× 1, 000
=
Ma
V
ap
(4.1)
A mesma discussão pode ser aplicada para a mistura asfáltica, onde a densidade aparente da
mistura, d, é a massa da mistura, Mt, dividida por seu volume aparente, como apresentado na
Equação 4.2.
d =
Mt
V
ap
× ρ
agua
=
Mt
V
ap
× 1, 000
=
Mt
V
ap
(4.2)
A densidade real do agregado, ρ
r
, corresponde à razão entre a massa seca da partícula, Ma,
pelo seu volume real (Equação 4.3). O volume real, V
r
, inclui os vazios impermeáveis somente,
ou seja, não inclui o volume de qualquer poro ou capilar que se encontre preenchido com água
após 24 horas de imersão (vazios permeáveis), por definição.
ρ
r
=
Ma
V
r
× ρ
agua
=
Ma
V
r
× 1, 000
=
Ma
V
r
(4.3)
Paralelamente, a densidade máxima teórica da mistura, DTM, é a razão entre a massa total
da mistura, Mt, que compreende a soma das massas do asfalto e do agregado utilizadas na
mistura pelo volume dos sólidos, V
s
, que corresponde ao volume do agregado mais o volume
do asfalto na mistura. O volume dos sólidos é geralmente calculado utilizando as densidades
dos constituintes da mistura.
DT M =
Mt
V
s
× ρ
agua
=
Mt
V
s
× 1, 000
=
Mt
V
s
(4.4)
A densidade efetiva do agregado, ρ
ef
, é a razão entre a massa seca do agregado, Ma, pelo
seu volume efetivo, multiplicado pela densidade da água, como mostra a Equação 4.5. O volume
4.4. Relações entre Propriedades Volumétricas, Densidades e Absorção de Asfalto 97
efetivo da partícula do agregado, V
ef
, inclui o volume dos vazios superficiais permeáveis à água
mas não ao asfalto, assim como os vazios internos (vazios impermeáveis).
ρ
ef
=
Ma
V
ef
× ρ
agua
=
Ma
V
ef
× 1, 000
=
Ma
V
ef
(4.5)
Analogamente à ρ
ef
, tem-se a densidade máxima medida da mistura, DMM, que é a razão
dimensional entre a massa total da mistura, Mt, que compreende a soma das massas do asfalto
e do agregado utilizadas na mistura, pelo volume dos sólidos efetivo, V
s
ef
, que corresponde ao
volume efetivo do agregado mais o volume do asfalto na mistura.
DMM =
Mt
V
s
ef
× ρ
agua
=
Mt
V
s
ef
× 1, 000
=
Mt
V
s
ef
(4.6)
Após o entendimento conceitual das densidades do agregado, permanecem, no entanto,
dúvidas quanto à seleção dos valores das densidades que devem ser empregados no cálculo
das propriedades volumétricas das misturas, para que resultados realísticos sejam encontrados.
Ao analisar a explanação conceitual realizada sobre o volume do agregado, pode-se perceber
que utilizar uma única densidade do agregado nos cálculos das propriedades volumétricas não
é suficiente, pois, duas das três propriedades volumétricas (Vv, VAM e RBV) seriam calculadas
incorretamente. Essa afirmação pode ser melhor explicada através de um exemplo prático, uti-
lizando uma das misturas asfálticas projetadas neste trabalho de pesquisa, denominada AZRg.
4.4.2 Exemplo Prático
A mistura AZRg, cuja granulometria pode ser encontrada na Tabela 5.12, foi produzida com
o agregado de gabro estudado e CAP 20, empregando-se energia de compactação de 75 golpes
por face do corpo-de-prova Marshall. Na Tabela 4.1, estão apresentados os dados relevantes
do agregado de gabro, do asfalto CAP 20 e da mistura asfáltica produzida, para a análise
comparativa das propriedades volumétricas obtidas ao se utilizar cada uma das densidades do
agregado. Na Tabela 4.2, encontram-se as propriedades volumétricas da mistura AZRg calcula-
das da maneira mais comumente vista em misturas projetadas no Brasil, ou seja, utilizando-se
apenas uma das densidades do agregado (ou aparente, ou efetiva, ou real) e empregando-se a
Densidade Máxima Teórica (DMT) da mistura.
Pode-se afirmar, fundamentando-se nos conceitos básicos de densidade do agregado, que
dos nove valores listados na Tabela 4.2, os únicos calculados corretamente são o VAM obtido
com base na densidade aparente do agregado (17, 1%) e o Vv determinado com base na densi-
dade efetiva do agregado (4, 3%). Essa afirmação será justificada a seguir.
98 4. Relações entre Propriedades Volumétricas, Densidades e Absorção de Asfalto
Tabela 4.1: Exemplo 1 - Dados dos materiais constituintes da mistura AZRg
Agregado de gabro
Densidade aparente, (ρ
ap
) 2, 742
Densidade efetiva, (ρ
ef
) 2, 808
Densidade real, (ρ
r
) 2, 875
Porcentagem de asfalto absorvido, (A
abs
) 0, 9
Asfalto - CAP-20
Densidade, (ρ
b
) 1, 02
Misturas asfáltica compactada - AZRg
Teor de asfalto, (Pb) 6, 2
Densidade aparente, (d) 2, 423
Tabela 4.2: Propriedades volumétricas da mistura AZRg
Densidades do Agregado DTM VAM Vv RBV
(%) (%) (%)
Densidade Aparente 2, 742 2, 482 17, 1 2, 4 86, 1
Densidade Efetiva 2, 808 2, 533 19, 1 4, 3 77, 2
Densidade Real 2, 875 2, 583 20, 9 6, 2 70, 3
Influência das Densidades do Agregado no Cálculo do VAM
Como por definição o VAM constitui os espaços vazios entre as partículas dos agregados,
pode-se justificar que apenas empregando a densidade aparente do agregado, que considera o
volume do agregado como a soma dos volumes dos poros permeáveis à água e ao asfalto, o
VAM poderia ser calculado corretamente, pois, desse modo, nenhuma porosidade da partícula
estaria inclusa como parte do volume de vazios entre partículas, como mostra a Figura 4.2.
Figura 4.2: Vazios do agregado mineral, considerando-se a densidade aparente do agregado
4.4. Relações entre Propriedades Volumétricas, Densidades e Absorção de Asfalto 99
Se em vez de utilizar a densidade aparente no cálculo do VAM fosse empregada a densidade
efetiva, seria o mesmo que considerar que o volume de vazios entre os agregados (VAM)
fosse a soma dos vazios entre as partículas do agregado mais o volume dos poros do agregado
permeáveis ao asfalto, como ilustra a Figura 4.3. A inclusão dos espaços porosos do agregado
permeáveis ao asfalto como parte do VAM justifica o valor mais elevado (19, 1%), em compa-
ração com o VAM de 17, 1% corretamente calculado. Portanto, um erro conceitual quanto à
escolha da densidade do agregado mais adequada ao propósito de cálculo do VAM implicaria
num erro de aproximadamente 2% no valor do VAM.
Figura 4.3: Vazios do agregado mineral, considerando-se a densidade efetiva do agregado
se fosse utilizada a densidade densidade real do agregado no cálculo do VAM, o VAM
seria considerado como a soma dos vazios entre as partículas de agregados mais o volume dos
poros da partícula permeáveis à água e ao asfalto, como ilustra a Figura 4.4. Essa inclusão
dos vazios do agregado permeáveis à água e ao asfalto como parte integrante dos vazios entre
partículas implicaria numa elevação do valor do VAM da ordem de 3, 8%.
Figura 4.4: Vazios do agregado mineral, considerando-se a densidade real do agregado
100 4. Relações entre Propriedades Volumétricas, Densidades e Absorção de Asfalto
Influência das Densidades do Agregado no Cálculo do Vv
Por definição, o Vv compreende os espaços vazios entre as partículas dos agregados
envoltas pela película de asfalto. Portanto, a utilização da densidade efetiva do agregado é
necessária para que seja considerada que parte da quantidade de asfalto foi absorvida e não faz
mais parte da mistura. Isso significa dizer que somente o asfalto não absorvido (efetivo) pode
ser o responsável pelo preenchimento dos vazios entre as partículas dos agregados (Figura 4.5).
Figura 4.5: Volume de vazios, considerando-se a densidade efetiva do agregado
No entanto, empregar a densidade aparente no cálculo do Vv seria o mesmo que considerar
que toda a quantidade de asfalto adicionada à mistura estaria preenchendo os vazios entre as
partículas, ou seja, que nenhuma quantidade de asfalto fora absorvida (Figura 4.6). Então,
ao se empregar a densidade aparente do agregado no cálculo do Vv, ignora-se a capacidade
de absorção de asfalto pelo agregado, fato que explica o valor bem mais baixo de Vv (2, 4%)
encontrado em relação ao corretamente calculado com a densidade efetiva (4, 3%).
Da mesma forma, se utilizada a densidade real no cálculo do Vv, seria o mesmo que
considerar que toda a porosidade do agregado, ou seja, seus poros permeáveis à água e também
ao asfalto fariam parte do Vv das misturas, ao passo que somente os vazios entre as partículas
dos agregados já envoltas pela película de asfalto poderiam ser computados (Figura 4.7). Nesse
exemplo, a utilização inadequada da densidade real do agregado no cálculo do Vv das misturas
implicou numa elevação do valor do Vv da ordem de 1, 9% (Vv de 6, 2%) em relação ao valor
corretamente calculado (4, 3%).
4.4. Relações entre Propriedades Volumétricas, Densidades e Absorção de Asfalto 101
Figura 4.6: Volume de vazios, considerando-se a densidade aparente do agregado
Figura 4.7: Volume de vazios, considerando a densidade real do agregado
Influência das Densidades do Agregado no Cálculo do RBV
Ao analisar os dados apresentados na Tabela 4.2, pode-se perceber que nenhum dos três
valores encontrados para a relação betume-vazios foi corretamente calculado, pois, o RBV é
função do VAM e do teor de asfalto efetivo na mistura e não como obter valores reais do VAM
e do Vv calculando-os com base numa mesma densidade. O valor da relação betume-vazios
corretamente calculado é de 74, 9%, cálculo este que pode ser encontrado no item 4.5.7 deste
capítulo. Deve-se notar que, ao utilizar particularmente a densidade real dos agregados, nenhum
dos valores encontrados para VAM, Vv e RBV foram corretamente calculados.
102 4. Relações entre Propriedades Volumétricas, Densidades e Absorção de Asfalto
Conclusões Parciais
O exemplo prático apresentado procura mostrar que, para a obtenção de valores adequa-
damente calculados das propriedades volumétricas das misturas, deve-se ter sempre em mente
alguns conceitos básicos:
Somente os espaços entre as partículas de agregados, envoltas pela película de asfalto
em uma mistura compactada, podem ser considerados como volume de vazios;
A porosidade da partícula do agregado (vazios permeáveis à água ou ao asfalto) não deve
ser incluída como parte dos vazios das misturas;
Deve-se sempre considerar que o asfalto absorvido pelo agregado não faz mais parte
da mistura e, portanto, não está disponível para preenchimento dos vazios do agregado
mineral.
Com base no que foi apresentado, pode-se concluir que a maneira adequada de calcular os
parâmetros volumétricos de misturas compostas por agregados que absorvem asfalto é empregar
sempre a densidade aparente do agregado para o cálculo do VAM e a densidade efetiva do
agregado para o cálculo do Vv das misturas. A seguir será apresentado, passo a passo, um
método seguro de cálculo das propriedades volumétricas das misturas que utiliza a densidade
aparente e a densidade efetiva do agregado.
4.5 Método Seguro
A apresentação do Método Seguro, como forma adequada de calcular as propriedades volu-
métricas das misturas, parte da definição conceitual do parâmetro em questão, seguido por sua
dedução, até atingir a equação simplificada utilizada para o cálculo. As deduções das equações
têm como base as deduções apresentadas por Roberts et al. (1991).
4.5.1 Vazios do Agregado Mineral
Por definição,
V AM =
V t V
ap
V t
× 100 (4.7)
simplificando,
4.5. Método Seguro 103
V AM = 100
V
ap
V t
× 100 (4.8)
substituindo o volume pela massa dividida pela densidade, tem-se:
V AM = 100
M a
ρ
ap
M t
d
× 100 (4.9)
substituindo,
Ma = Mt Mt × P b (4.10)
e simplificando,
V AM = 100 (1
d (1 P b)
ρ
ap
) × 100 (4.11)
onde:
V
ap
= Volume aparente do agregado;
V t = Volume total da mistura compactada;
Ma = Massa do agregado;
Mt = Massa total da mistura compactada;
ρ
ap
= Densidade aparente do agregado;
d = Densidade aparente da mistura compactada;
P b = Porcentagem de asfalto.
4.5.2 Volume de Vazios
Por definição,
V v =
V
ar
V t
× 100 (4.12)
substituindo,
V
ar
= V t V b
ef
V
ap
(4.13)
V v =
V t V b
ef
V
ap
V t
× 100 (4.14)
V v = (1
V b
ef
+ V
ap
V t
) × 100 (4.15)
104 4. Relações entre Propriedades Volumétricas, Densidades e Absorção de Asfalto
multiplicando o numerador e o denominador por Mt e simplificando,
V v = (1
Mt/V t
Mt/(V b
ef
+ V
ap
)
) × 100 (4.16)
substituindo,
V v = (1
d
DMM
) × 100 (4.17)
onde:
V v = Volume de vazios na mistura compactada;
V
ar
= Volume de ar na mistura;
V t = Volume total da mistura compactada;
V b
ef
= Volume do asfalto efetivo na mistura;
V
ap
= Volume aparente do agregado;
Mt = Massa total da mistura compactada;
d = Densidade aparente da mistura compactada;
DMM = Densidade máxima medida.
4.5.3 Relação Betume-Vazios
Por definição, a relação betume-vazios é a porcentagem dos vazios do agregado preenchida
por asfalto.
RBV =
V AM V v
V AM
× 100 (4.18)
4.5.4 Densidade Efetiva do Agregado
A densidade efetiva do agregado, ρ
ef
, por definição, é igual à massa do agregado dividida
pelo volume efetivo do agregado, V
ef
.
ρ
ef
=
Ma
V
ef
(4.19)
Como o volume efetivo do agregado, por definição, é o volume do agregado incluindo seus
poros externos permeáveis à água mas não permeáveis ao asfalto, pode-se determinar o V
ef
através da subtração do volume total da mistura asfáltica solta (sem vazios), V
T M
, do volume
do asfalto na mistura, V b.
ρ
ef
=
Mt (P b × Mt)
V
T M
V b
(4.20)
4.5. Método Seguro 105
O V
T M
é obtido através da razão entre a massa da mistura e sua densidade máxima medida
e o volume do asfalto na mistura (V b) é determinado da massa e da densidade do asfalto.
Então, substituindo,
ρ
ef
=
Mt (P b × Mt)
M t
DM M
M b
ρ
b
(4.21)
e simplificando, tem-se:
ρ
ef
=
1 P b
1
DM M
P b
ρ
b
(4.22)
onde:
Ma = Massa do agregado;
V
ef
= Volume efetivo do agregado;
V b = Volume do asfalto na mistura;
Mt = Massa total da mistura;
V
T M
= Volume total da mistura asfáltica solta (sem vazios);
P b = Porcentagem de asfalto na mistura;
Mb = Massa total do asfalto na mistura;
ρ
b
= Densidade do asfalto;
DMM = Densidade máxima medida da mistura.
4.5.5 DMM para Diferentes Teores de Asfalto
Normalmente, a densidade máxima medida da mistura asfáltica é obtida para um teor de
asfalto (preferencialmente próximo ao teor de projeto) e, então, é calculada a densidade efetiva
do agregado através da Equação 4.22. Mas é necessário que se conheça a DMM da mistura
para outros teores de asfalto, para que seja possível o cálculo do Vv em cada teor. Então, sendo
conhecidos a densidade efetiva do agregado, a densidade do asfalto e o teor de asfalto desejado,
pode-se determinar a DMM em função do teor de asfalto desejado, como demonstrado a seguir:
DMM =
Ma + Mb
V
ef
+ V b
(4.23)
substituindo,
DMM =
Mt
M a
ρ
ef
+
M b
ρ
b
(4.24)
DMM =
Mt
M t(1P b)
ρ
ef
+
M t×P b
ρ
b
(4.25)
106 4. Relações entre Propriedades Volumétricas, Densidades e Absorção de Asfalto
simplificando,
DMM =
1
1P b
ρ
ef
+
P b
ρ
b
(4.26)
onde,
Ma = Massa do agregado;
Mb = Massa total do asfalto na mistura;
V
ef
= Volume efetivo do agregado;
V b = Volume do asfalto na mistura;
Mt = Massa total da mistura;
ρ
ef
= Densidade efetiva do agregado;
ρ
b
= Densidade do asfalto;
P b = Porcentagem de asfalto na mistura.
4.5.6 Absorção de Asfalto
A taxa de absorção de asfalto pelo agregado é calculada através das densidades efetiva
e aparente do agregado, assim como da densidade do asfalto. Conceitualmente, a taxa de
absorção de asfalto pelo agregado é uma relação entre a massa do asfalto absorvido pela massa
do agregado na mistura, como ilustra a Equação 4.27.
A
abs
=
Mb
abs
Ma
× 100 (4.27)
substituindo, massa = volume x densidade
A
abs
=
V b
abs
× ρ
b
Ma
× 100 (4.28)
Como o volume de asfalto absorvido é a diferença entre o volume aparente do agregado e o
volume efetivo do agregado, tem-se:
A
abs
= 100 ×
(V
ap
V
ef
) × ρ
b
Ma
(4.29)
substituindo, volume = massa / densidade
A
abs
= 100 ×
(
M a
ρ
ap
M a
ρ
ef
) × ρ
b
Ma
(4.30)
simplificando,
A
abs
= 100 ×
ρ
ef
ρ
ap
ρ
ef
× ρ
ap
× ρ
b
(4.31)
4.5. Método Seguro 107
onde:
A
abs
= Porcentagem de asfalto absorvido por massa de agregado;
Mb
abs
= Massa do asfalto absorvido;
Ma = Massa do agregado;
V b
abs
= Volume do asfalto absorvido;
V
ap
= Volume aparente do agregado;
V
ef
= Volume efetivo do agregado;
ρ
b
= Densidade do asfalto;
ρ
ef
= Densidade efetiva do agregado;
ρ
ap
= Densidade aparente do agregado.
4.5.7 Exemplo de Utilização do Método Seguro
De forma a facilitar o entendimento do Método Seguro, será apresentado um exemplo de
sua utilização. Os dados de entrada necessários estão apresentados na Tabela 4.3.
Tabela 4.3: Dados de entrada da mistura AZRg - método seguro
Propriedades Mistura AZRg
Teor de asfalto, (Pb) 6, 2
Densidade do asfalto, (ρ
b
) 1, 02
Densidade aparente dos agregados, (ρ
ap
) 2, 742
Densidade aparente da mistura compactada, (d) 2, 423
Primeiro Passo - Cálculo da DMM da mistura asfáltica para um teor qualquer de asfalto.
A DMM calculada para um teor de asfalto de 5, 2%, através do método Rice, é de 2, 573.
Segundo Passo - Cálculo da densidade efetiva do agregado.
ρ
ef
=
1 P b
1
DM M
P b
ρ
b
(4.32)
ρ
ef
=
1 0, 052
1
2,573
0,052
1,02
= 2, 808 (4.33)
Terceiro Passo - Cálculo da DMM para o teor de 6, 2% de asfalto, usado na dosagem da
mistura.
108 4. Relações entre Propriedades Volumétricas, Densidades e Absorção de Asfalto
DMM =
1
1P b
ρ
ef
+
P b
ρ
b
(4.34)
DMM =
1
10,062
2,808
+
0,062
1,02
= 2, 533 (4.35)
Quarto Passo - Cálculo dos vazios do agregado mineral da mistura asfáltica compactada.
V AM = (1
d (1 P b)
ρ
ap
) × 100 (4.36)
V AM = (1
2, 423 (1 0, 062)
2, 742
) × 100 = 17, 1% (4.37)
Quinto Passo - Cálculo do volume de vazios da mistura asfáltica compactada.
V v = (1
d
DMM
) × 100 (4.38)
V v = (1
2, 423
2, 533
) × 100 = 4, 3% (4.39)
Sexto Passo - Cálculo da relação betume-vazios da mistura asfáltica compactada.
RBV =
V AM V v
V AM
× 100 (4.40)
RBV =
17, 1 4, 3
17, 1
× 100 = 74, 9% (4.41)
Sendo conhecidas as densidades aparente e efetiva do agregado e a densidade do asfalto,
pode-se calcular a taxa de absorção de asfalto pelos agregados, assim como o teor de asfalto
efetivo na mistura.
Cálculo da absorção de asfalto pelos agregados.
A
abs
= 100 ×
ρ
ef
ρ
ap
ρ
ef
× ρ
ap
× ρ
b
(4.42)
A
abs
= 100 ×
2, 808 2, 742
2, 808 × 2, 742
× 1, 02 = 0, 9% (4.43)
Porcentagem de asfalto efetivo na mistura asfáltica compactada.
A
ef
= P b A
abs
= 6, 2 0, 9 = 5, 3% (4.44)
4.6. Diagrama de Componentes 109
4.6 Diagrama de Componentes
Outro modo de calcular corretamente os parâmetros volumétricos das misturas é através
do diagrama de componentes, utilizado pelos pesquisadores do Superpave (Bukowski et al.,
1994), que representa uma mistura asfáltica compactada, com seus vazios, asfalto e agregado
(Figura 4.8), representando um volume unitário (por exemplo, 1 cm
3
ou 1 m
3
) e uma massa
conhecida (por exemplo, em g ou kg).
Figura 4.8: Diagrama de componentes da mistura asfáltica compactada
O diagrama de componentes é um método interessante de cálculo dos parâmetros volumé-
tricos, pois fornece uma visão clara das proporções volumétricas dos componentes da mistura,
de modo a facilitar o seu entendimento. No entanto, uma desvantagem do modelo é representar,
no mesmo diagrama de componentes, tanto as propriedades de massa como as propriedades
de volume em uma mesma escala, contrariando as leis da física. Mas essa incoerência pode
ser justificada por permitir a observação das proporções de massa e de volume da mistura de
maneira fácil e clara.
4.6.1 Dados de Entrada
Estão apresentados na Tabela 4.4 os dados de entrada necessários para o desenvolvimento
do diagrama de componentes, cuja demonstração de sua composição será vista, passo a passo,
a seguir.
110 4. Relações entre Propriedades Volumétricas, Densidades e Absorção de Asfalto
Tabela 4.4: Dados de entrada da mistura AZRg - diagrama de componentes
Propriedades Mistura AZRg
Teor de asfalto, (Pb) 6, 2
Densidade do asfalto, (ρ
b
) 1, 02
Densidade aparente dos agregados, (ρ
ap
) 2, 742
Densidade efetiva dos agregados, (ρ
ef
) 2, 808
Densidade aparente da mistura compactada, (d) 2, 423
4.6.2 Composição do Diagrama de Componentes
O diagrama de componentes fornece uma definição clara de densidade, que é a massa por
unidade de volume do material compactado. Como o modelo consiste de vários materiais
distintos, a densidade do material como um todo é denominada como densidade aparente da
mistura (d). Através da densidade aparente da mistura pode-se determinar a massa total (Mt)
da mistura, como mostra a Equação 4.45 e ilustra a Figura 4.9. O diagrama de componentes é
geralmente desenvolvido em unidades métricas, pois, nesse caso, a massa específica da água e
sua densidade são numericamente iguais.
Mt = V × d × 1, 000 = 1, 0 × 2, 423 × 1, 0 = 2, 423 g (4.45)
Sendo conhecida a massa total da mistura, Mt, pode-se calcular a massa do asfalto contida
na mistura, Mb, (Equação 4.46), assim como a massa do agregado na mistura, Ma, (Equa-
ção 4.47), representadas no diagrama 2 (Figura 4.10).
Mb = P b × Mt = 0, 05 × 2, 423 = 0, 150 g (4.46)
Ma = Mt Mb = 2, 423 0, 150 = 2, 273 g (4.47)
4.6. Diagrama de Componentes 111
Figura 4.9: Composição do diagrama de componentes - 1
Obs.: Nas Figuras 4.9, 4.10, 4.11, 4.12, 4.13 e 4.14, onde se "db", entender ρ
b
; "dap", entender ρ
ap
; e
"def", entender ρ
ef
.
Figura 4.10: Composição do diagrama de componentes - 2
112 4. Relações entre Propriedades Volumétricas, Densidades e Absorção de Asfalto
Dando continuidade ao desenvolvimento do diagrama de componentes, após calcular a
massa do agregado, Ma, e as densidades efetiva, ρ
ef
, e aparente do agregado, ρ
ap
, pode-se
calcular o volume efetivo, V
ef
(Equação 4.48), e o volume aparente, V
ap
(Equação 4.49), do
agregado na mistura, como mostra o diagrama 3 (Figura 4.11).
V
ef
=
Ma
ρ
ef
× 1, 0
=
2, 273
2, 808 × 1, 0
= 0, 809 cm
3
(4.48)
V
ap
=
Ma
ρ
ap
× 1, 0
=
2, 273
2, 742 × 1, 0
= 0, 830 cm
3
(4.49)
Figura 4.11: Composição do diagrama de componentes - 3
Após, tendo calculado os volumes efetivo, V
ef
, e aparente do agregado, V
ap
, é possível
calcular o volume absorvido de asfalto, V b
abs
, como mostra a Equação 4.50. O volume total
de asfalto na mistura, V b, pode ser calculado através da massa do asfalto, Mb, dividida por sua
densidade, como mostra a Equação 4.51. O volume de asfalto absorvido pelos agregados e o
volume de asfalto na mistura estão representados no diagrama 4 (Figura 4.12).
V b
abs
= V
ap
V
ef
= 0, 830 0, 809 = 0, 021 cm
3
(4.50)
V
b
=
Mb
ρ
b
× 1, 0
=
0, 150
1, 02 × 1, 0
= 0, 147 cm
3
(4.51)
A diferença entre o volume de asfalto na mistura, V b, e o volume de asfalto absorvido
pelo agregado, V b
abs
, fornece o volume efetivo de asfalto na mistura, V b
ef
, (Equação 4.52).
O volume de ar contido na mistura compactada, V
ar
, pode então ser calculado, subtraindo-se o
volume de asfalto e o volume efetivo de agregado na mistura do volume total da mistura, V t,
4.6. Diagrama de Componentes 113
como mostra a Equação 4.53. O volume de asfalto efetivo e o volume de ar contidos na mistura
estão representados no diagrama 5 (Figura 4.13).
V b
ef
= V
b
V b
abs
= 0, 147 0, 021 = 0, 127 cm
3
(4.52)
V
ar
= V t V
b
V
ef
= 1, 000 0, 147 0, 809 = 0, 043 cm
3
(4.53)
Figura 4.12: Composição do diagrama de componentes - 4
Figura 4.13: Composição do diagrama de componentes - 5
114 4. Relações entre Propriedades Volumétricas, Densidades e Absorção de Asfalto
Calcula-se então a massa do asfalto efetivo na mistura, Mb
ef
, através do volume efetivo
de asfalto, V b
ef
, e da densidade do asfalto, ρ
b
, como mostra a Equação 4.54. a massa do
asfalto absorvido pelos agregados, Mb
abs
, pode ser obtida da diferença entre a massa do asfalto,
Mb, e a massa do asfalto efetivo, Mb
ef
, (Equação 4.55). As massas do asfalto efetivo e do
asfalto absorvido contidos na mistura asfáltica compactada estão representadas no diagrama 6
(Figura 4.14).
Mb
ef
= V b
ef
× ρ
b
× 1, 000 = 0, 127 × 1, 02 × 1, 000 = 0, 129 g (4.54)
Mb
abs
= Mb Mb
ef
= 0, 150 0, 129 = 0, 021 g (4.55)
Figura 4.14: Composição do diagrama de componentes - 6
Tendo as massas e os volumes dos componentes da mistura compactada, pode-se calcular
as propriedades volumétricas (V AM, V v, RBV ), assim como o teor de asfalto efetivo (A
ef
),
a taxa de absorção de asfalto pelo agregado (A
abs
) e a densidade máxima medida da mistura
DMM.
O VAM da mistura compactada pode ser determinado através da soma do volume de ar e
do volume de asfalto efetivo contidos na mistura, expressos como uma porcentagem do volume
total da mistura compactada, como mostra a Equação 4.56.
V AM = (V
ar
+ V b
ef
) × 100 = (0, 043 + 0, 127) × 100 = 17, 1% (4.56)
4.6. Diagrama de Componentes 115
O volume de vazios é igual ao volume de ar, expresso como uma porcentagem do volume
total da mistura compactada (Equação 4.57).
V v = V
ar
× 100 = 0, 043 × 100 = 4, 3% (4.57)
A relação betume-vazios correspondente ao grau em que os vazios do agregado mineral são
preenchidos pelo asfalto, expresso em porcentagem (Equação 4.58).
RBV =
V b
ef
V AM
× 100 =
0, 127
0, 17
× 100 = 74, 5% (4.58)
Além das propriedades volumétricas, pode-se determinar também o teor de asfalto efetivo
contido mistura, através da massa do asfalto efetivo pela massa total da mistura compactada,
expresso em porcentagem, como mostra a Equação 4.59:
A
ef
=
Mb
ef
Mt
× 100 =
0, 129
2, 423
× 100 = 5, 3% (4.59)
A absorção de asfalto pelo agregado pode ser determinada da massa de asfalto absorvido
dividida pela massa do agregado na mistura, expresso em porcentagem, como mostra a Equa-
ção 4.60:
A
abs
=
Mb
abs
Ma
× 100 =
0, 021
2, 273
× 100 = 0, 92% (4.60)
A densidade máxima medida também pode ser determinada dividindo-se a massa total da
mistura pelo seu volume total, diminuído do volume de ar contido na mistura, como mostra a
Equação 4.61:
DMM =
Mt
V tV
ar
ρ
agua
=
2, 423
1,0000,043
1,000
= 2, 533 (4.61)
Na Tabela 4.5, encontra-se um resumo dos cálculos necessários para a composição do
diagrama de componentes, passo a passo, assim como o produto desses cálculos, que estão
detalhadamente representados no diagrama de componentes ilustrado pela Figura 4.15.
116 4. Relações entre Propriedades Volumétricas, Densidades e Absorção de Asfalto
Tabela 4.5: Resumo da composição do diagrama de componentes
Propriedades Gabro
Volume Total (V t) 1 cm
3
Densidade Aparente da Mistura (d) 2, 423 g/cm
3
Densidade do Asfalto (ρ
b
) 1, 02 g/cm
3
Porcentagem de Asfalto (P b) 6, 2 %
Densidade Aparente do Agregado (ρ
ap
) 2, 742 g/cm
3
Densidade Efetiva do Agregado (ρ
ef a
) 2, 808 g/cm
3
Massa Total da Mistura (Mt) 2, 423 g
Massa do Asfalto (Mb) 0, 150 g
Massa do Agregado (Ma) 2, 273 g
Volume Efetivo do Agregado (V
ef a
) 0, 809 cm
3
Volume Aparente do Agregado (V
apa
) 0, 830 cm
3
Volume do Asfalto (V b) 0, 147 cm
3
Volume do Asfalto Absorvido (V b
abs
) 0, 021 cm
3
Volume Asfalto Efetivo (V b
ef
) 0, 127 cm
3
Volume de Ar (V
ar
) 0, 043 cm
3
Massa do Asfalto Efetivo (Mb
ef
) 0, 129 g
Massa do Asfalto Absorvido (Mb
abs
) 0, 021 g
Porcentagem de Volume de Vazios (V v) 4, 3 %
Vazios do Agregado Mineral (V AM) 17, 0 %
Relação Betume Vazios (RBV ) 74, 5 %
Asfalto Efetivo (A
ef
) 5, 3 %
Asfalto Absorvido (A
abs
) 0, 9 %
Densidade Máxima Medida (DMM) 2, 533
Figura 4.15: Diagrama de componentes
4.7. Considerações Finais 117
4.7 Considerações Finais
Neste Capítulo, foram apresentados métodos de determinação das propriedades volumétri-
cas das misturas que consideram e que não consideram a absorção de asfalto pelos agregados.
Como visto, as formas de determinação mais apropriadas das propriedades volumétricas são
através do Método Seguro apresentado ou do Diagrama de Componentes.
O Método Seguro permite a determinação correta das propriedades volumétricas, da taxa de
absorção de asfalto pelo agregado e do teor de asfalto efetivo na mistura. O método tradicional-
mente usado no Brasil para cálculo das propriedades volumétricas, que leva em consideração
a DTM da mistura e apenas uma das densidades do agregado, que na maioria das vezes é
a densidade real, impossibilita que resultados confiáveis quanto ao Vv, VAM e RBV sejam
obtidos para misturas compostas por agregados que absorvem asfalto.
Com o intuito de ilustrar a dimensão dos erros cometidos ao se negligenciar a absorção de
asfalto, foram comparados os valores das propriedades volumétricas adequadamente calculadas
através do Método Seguro com os valores das propriedades volumétricas obtidos da maneira
tradicional brasileira, cujos resultados estão apresentados na Tabela 4.6. É importante lembrar
que o agregado de gabro é considerado pelos padrões internacionais como um material de
absorção baixa, por apresentar absorção de asfalto média abaixo de 1, 5%.
Tabela 4.6: Comparação entre métodos de determinação das propriedades volumétricas da
mistura asfáltica AZRg
Método Prático: densidade aparente e efetiva do agregado e DMM da mistura
VAM (%) Vv (%) RBV (%)
Densidades aparente (2,742) 17, 0 4, 3 74, 5
Densidade efetiva (2,808)
Método Tradicional: uma densidade do agregado e DTM da mistura
VAM (%) Vv (%) RBV (%)
Densidade aparente (2,742) 17, 0 2, 4 86, 1
Densidade efetiva (2,808) 19, 1 4, 3 77, 2
Densidade real (2,875) 20, 9 6, 2 70, 3
Pode-se verificar que o Vv calculado utilizando o método tradicional e a densidade aparente
do agregado é aproximadamente 1, 9% mais baixo que seu valor adequadamente calculado
(4, 3%) e o RBV é cerca de 12% mais elevado comparado ao seu valor de 74, 5% corretamente
calculado. Ainda utilizando o mesmo método tradicional e a densidade real do agregado,
pode-se perceber que a magnitude dos erros continua expressiva, pois o Vv apresenta-se com
118 4. Relações entre Propriedades Volumétricas, Densidades e Absorção de Asfalto
cerca de 1, 9% a mais de vazios, assim como o VAM com aproximadamente 3, 8% de vazios em
excesso e, conseqüentemente, o RBV mostra-se 4, 2% mais baixo, ambos comparados a seus
valores de referência corretamente calculados. ao se utilizar a densidade efetiva no método
tradicional de cálculo das propriedades volumétricas, percebe-se que se erra no valor do VAM,
elevando-o em 2%, e no valor do RBV em 2, 7%. Isso permite concluir que, independentemente
do valor da densidade usada para calcular as propriedades volumétricas das misturas através
do método tradicional, os valores das propriedades são expressivamente diferentes dos valores
obtidos através do Método Seguro, que considera a absorção de asfalto.
Os dados apresentados na Tabela 4.6 são ilustrativos da magnitude dos erros cometidos
no calculo das propriedades volumétricas quando utilizados métodos que consideram e que
não consideram a absorção de asfalto pelos agregados. Como a maioria dos agregados usados
na pavimentação absorvem asfalto em maior ou menor grau, deixa-se aqui um alerta quanto
à necessidade de uma revisão do método tradicionalmente usado no Brasil na determinação
das propriedades volumétricas, pois são cometidos erros apreciáveis mesmo quando o agregado
usado não apresenta absorção alta, indicando que esses erros podem ser ainda maiores se usados
agregados com taxa de absorção mais elevada.
É importante comentar que o uso de uma determinada densidade do agregado pode estabe-
lecer a adequação ou não da mistura projetada às especificações requeridas em um método
de dosagem. Por exemplo, se a mistura estudada fosse projetada com base na densidade
real do agregado, poderia ser considerada inadequada para o propósito da pavimentação por,
aparentemente, apresentar déficit de asfalto, pois o Vv está acima de 6% e o RBV abaixo do
valor especificado por norma. Porém, ao se calcular as propriedades volumétricas das misturas
de maneira correta, ou seja, usando a densidade aparente e efetiva do agregado, verifica-se que
a mistura está adequadamente projetada. Portanto, fica bastante claro que uma mistura pode
ser aceita ou não dependendo da densidade do agregado empregada e da existência ou não de
asfalto absorvido pelos agregados.
As propriedades volumétricas das misturas, além de serem sensíveis às densidades dos agre-
gados e à taxa de absorção destes, é influenciada diretamente pela granulometria das misturas,
assim como pelas características de superfície dos agregados e energia de compactação aplicada.
O Capítulo próximo trata das relações granulométricas e de superfície dos agregados com as
propriedades volumétricas das misturas, bem como esclarece a evolução dos métodos de projeto
e de determinações granulométricas estabelecidos com base nesses critérios volumétricos, no
decorrer dos anos.
CAPÍTULO
5
Propriedades Volumétricas
e Seleções Granulométricas
5.1 Considerações Iniciais
Métodos comumente usados para projetar misturas asfálticas incorporam critérios volu-
métricos, os quais são calculados das proporções volumétricas dos materiais constituintes das
misturas, como visto no capítulo anterior. No tradicional método Marshall, o teor de asfalto de
projeto é determinado em função das propriedades volumétricas (Vv, VAM e RBV) e mecânicas
das misturas. No método Superpave, a seleção do teor de asfalto de projeto também se baseia
nas propriedades volumétricas das misturas, assim como nas porcentagens de compactação
inicial (%Gmmi) e máxima (%Gmm), função do número de giros do compactador giratório
e no teor de fíler (dust proportion).
Tanto no método Marshall quanto no método Superpave as propriedades volumétricas estão
em posição de destaque, pois influenciam diretamente o desempenho das misturas. O desafio
no entanto está em estabelecer um equilíbrio ideal das propriedades volumétricas focando as
propriedades mecânicas das misturas e suas características de desempenho. Espera-se que as
misturas asfálticas sejam estáveis o suficiente para evitar a ocorrência de deformações perma-
nentes, flexíveis o suficiente para que não ocorram trincas devido à fadiga e que sejam duráveis,
para resistir às ações do tráfego, das intempéries e do tempo. Para que essas propriedades de
desempenho almejadas sejam alcançadas, que se estabelecer um equilíbrio perfeito entre o
esqueleto estrutural formado pelos agregados e o teor de asfalto adicionado à mistura. Essa
120 5. Propriedades Volumétricas e Seleções Granulométricas
mistura formada deve possuir agregados com tamanhos, formas, angularidades e texturas su-
perficiais que permitam, além da formação de espaços suficientes para a adição da quantidade
de asfalto necessária à durabilidade e à flexibilidade das misturas, a formação de um esqueleto
estrutural resistente para garantir estabilidade e também flexibilidade à mistura.
Esse balanceamento ideal de proporções dos agregados e de asfalto nas misturas é sempre
o objetivo principal da maioria das pesquisas desenvolvidas no estudo de misturas asfálticas.
Alguns pesquisadores, através de verificações empíricas do comportamento das misturas frente
às variações dos tipos e das proporções do agregado e do asfalto, propuseram métodos indicando
quais seriam as proporções adequadas desses materiais conforme às características de desem-
penho dos pavimentos necessárias para a época. O método Marshall, desenvolvido por Bruce
Marshall do Mississippi Highway Department por volta de 1939 e atualmente ainda o mais
utilizado em território nacional, estabelece que o Vv das misturas deve permanecer entre 3 e 5%.
Já o método Superpave, que vem sendo utilizado e também bastante pesquisado principalmente
nos Estados Unidos, estabelece Vv de exatamente 4%.
Além do Vv, tanto o método Marshall como também o método Superpave, estabelecem
valores para VAM e RBV. O método Marshall especifica valores de Vv e de RBV em função do
volume de tráfico, como apresentado na Tabela 5.1. Os valores do VAM são especificados em
função do diâmetro máximo nominal do agregado e do Vv de projeto, como mostra a Tabela 5.2.
Tabela 5.1: Especificação Marshall para Vv e RBV
Propriedade Tráfego e Critério
tráfego baixo tráfego médio tráfego alto
mín. máx. mín. máx. mín. máx.
Vv (%) 3 5 3 5 3 5
RBV (%) 70 80 65 78 65 75
Hand & Epps (2000)
o método Superpave especifica valores mínimos do VAM em função do diâmetro máximo
nominal do agregado (Tabela 5.3) e especifica valores mínimos e máximos do RBV, em função
do volume de tráfego (Tabela 5.4).
Pode-se perceber, ao analisar as Tabelas 5.2 e 5.3, que os valores mínimos do VAM es-
pecificados pelo Superpave são iguais aos especificados para as misturas densas pelo método
Marshall. Ao revisar a literatura, percebe-se que a verdadeira razão de se especificar um VAM
mínimo é para incorporar uma quantidade mínima necessária de asfalto dentro da mistura, na
tentativa de assegurar a sua durabilidade. No entanto, alguns estudos, como o de Kandhal
5.1. Considerações Iniciais 121
Tabela 5.2: Especificação Marshall para VAM
DMN VAM Mínimo (%)
(mm) Vv de Projeto (%)
3 4 5
1, 18 21, 5 22, 5 23, 5
2, 36 19, 0 20, 0 21, 0
4, 75 16, 0 17, 0 18, 0
9, 5 14, 0 15, 0 16, 0
12, 5 13, 0 14, 0 15, 0
19, 0 12, 0 13, 0 14, 0
25, 0 11, 0 12, 0 13, 0
37, 5 10, 0 11, 0 12, 0
50, 0 9, 5 10, 5 11, 5
63, 0 9, 0 10, 0 11, 0
Hand & Epps (2000)
Tabela 5.3: Especificação Superpave para VAM
DMN VAM mínimo
(mm) (%)
9, 5 15
12, 5 14
19, 0 13
25, 0 12
37, 5 11
Cominsky et al. (1998)
et al. (1998), mostram que misturas asfálticas duráveis estão diretamente relacionadas com
a espessura da película de asfalto que envolve o agregado. Segundo Kandhal et al. (1998),
o VAM mínimo deve se basear na espessura mínima da película de asfalto ao invés de em
uma quantidade mínima necessária de asfalto dentro da mistura, pois a quantidade mínima de
asfalto que deve ser incorporada à mistura para proporcionar-lhe durabilidade, varia conforme
a granulometria. Esse assunto será tratado, em detalhes, no Capítulo 6.
O valor do RBV especificado pelos métodos Marshall e Superpave têm gerado divergências
na comunidade científica. Pesquisadores como Cominsky et al. (1998) apresentam como valor
de referência 75% e comentam que se utilizados valores de RBV menores que 65% em mis-
Tabela 5.4: Especificação Superpave para RBV
Tráfego (ESALs) RBV
(%)
< 3 × 10
5
70 80
< 30 × 10
6
65 78
< 1 × 10
8
65 75
1 × 10
8
65 75
Cominsky et al. (1998)
122 5. Propriedades Volumétricas e Seleções Granulométricas
turas projetadas para rodovias com volume de tráfego médio a alto, podem ocorrer problemas
de endurecimento prematuro ou excessivo do asfalto, ocasionando trincas e desagregação do
pavimento, enquanto valores maiores que 85% podem levar à exsudação de asfalto, ou ainda, à
corrugação e à deformação permanente da mistura. Hand & Epps (2000) acham redundante
especificar valores mínimos e máximos de RBV se os limites estabelecidos para o Vv e VAM
forem respeitados. Chama à atenção também que no Brasil especifica-se valores de RBV entre
75 e 82% para revestimentos asfálticos (NBR 12891), limites estes bastante superiores aos
admitidos tanto pelo Superpave quanto pelo método Marshall em normas estadunidenses.
Como visto, as propriedades volumétricas das misturas são a base para o desenvolvimento
de projetos e influenciam diretamente o desempenho das misturas. Os fatores principais que
controlam e alteram essas propriedades volumétricas são: a granulometria, assunto que será
abordado neste Capítulo, o volume de agregados na mistura, discutido no Capítulo 4, o grau de
compactação, que será tratado no Capítulo 6, e o teor de asfalto, discutido ao longo de todo o
trabalho.
5.2 Granulometria
A importância da graduação dos agregados foi reconhecida como essencial para o desen-
volvimento adequado de projetos de misturas asfálticas muito antes do estabelecimento dos
métodos formais de projeto de misturas (Huber & Shuler, 1992). Ao longo dos anos, vários
métodos de análise de graduações dos agregados foram pesquisados na tentativa de se obter
uma "lei", a qual pudesse ser usada na seleção da granulometria "ideal" da mistura. Uma das
mais conhecidas é a da curva de Fuller, proposta por Fuller & Thompson em 1907
1
apud
Roberts et al. (1991), que propõe a obtenção da curva de densidade máxima da mistura através
da utilização da Equação 5.1. Os estudos realizados por Fuller & Thompson demonstraram que
a densidade máxima pode ser obtida quando n = 0, 5.
P = 100 × (
d
D
)
n
(5.1)
onde:
P = porcentagem passante total;
d = diâmetro da peneira em questão;
D = diâmetro máximo do agregado.
1
Fuller, W. B. e Thompson S. E. (1907) The laws of proportioning concrete. Journal of Transportation Division,
American Society of Civil Engineers, vol. 59.
5.2. Granulometria 123
Por volta de 1920, durante o desenvolvimento do método Hubbard Field de projeto de
misturas, a importância do volume de vazios foi reconhecida como um parâmetro chave para o
controle do desempenho das misturas no campo (Hubbard & Field, 1932). O projeto de misturas
Hubbard Field tem como princípio estabelecer o volume de vazios necessários para garantir uma
quantidade mínima de asfalto na mistura, onde tanto o Vv como o VAM são especificados.
Além desses dois métodos citados, muitos outros foram elaborados, mas todos baseados na
certeza da existência dessa "lei de graduação", a qual controlaria o conjunto de características
das partículas dos agregados, responsáveis pelo formação do esqueleto estrutural da mistura.
Associada à lei de graduação, estava a idéia da existência de uma granulometria "ideal" que
proporcionasse espaço suficiente para que a mistura tivesse uma quantidade mínima de asfalto
e de volume de vazios e, ao mesmo tempo, proporcionasse estabilidade adequada à mistura sob
a ação do tráfego.
Entre 1940 e 1960, vários pesquisadores propuseram curvas granulométricas que acredi-
tavam representar a graduação "ideal" para proporcionar o melhor arranjo estrutural entre as
partículas de agregados. Uma das publicações mais importantes foi a de Nijboer em 1948
2
apud Huber & Shuler (1992), quando demonstra experimentalmente que o arranjo mais denso
das partículas de agregados são obtidos da granulometria plotada em um gráfico log-log de
porcentagem passante versus abertura da peneira, tendo inclinação de 0, 45. Com base nesse
conhecimento, Goode & Lufsey (1962) desenvolveram o gráfico de potência 0, 45 para avaliar
as graduações dos agregados, sendo no eixo vertical a porcentagem passante do agregado, em
escala aritmética, e no eixo horizontal a abertura das peneiras elevadas à potência de 0, 45. Esse
gráfico, além de ser utilizado para avaliar as graduações dos agregados, destinava-se a estimar
os vazios do agregado mineral da mistura compactada.
Porém, na publicação original, Goode & Lufsey omitiram o método de determinação da
linha de densidade máxima. Em resposta à curiosidade da comunidade científica, eles reco-
mendaram um método de seleção do diâmetro máximo dependendo da forma da curva granu-
lométrica. Esse método não foi muito aceito. Então, foram propostos vários outros métodos
de determinação da linha de densidade máxima. No entanto, existem diferenças significativas
entre esses métodos, sendo que nenhum deles mostra-se superior aos outros (Huber & Shuler,
1992).
Uma grande vantagem da utilização da linha de densidade máxima é poder aumentar ou
diminuir o VAM ao afastar ou aproximar a curva granulométrica dessa linha. Mas, devido aos
2
Nijboer, L. W. (1948) Plasticity as a factor in the design of dense bituminous road carpets, Elsevier.
124 5. Propriedades Volumétricas e Seleções Granulométricas
vários métodos de determinação da linha de densidade máxima, dúvidas quanto à execução
correta de seu traçado.
5.2.1 Linha de Densidade Máxima
A história da linha de máxima densidade como usada na indústria do asfalto é baseada
nos trabalhos de Campen (1940), Nijboer (1948) e Goode & Lufsey (1962). Campen (1940)
demonstrou como obter a mais densa graduação, ou seja, a linha de densidade máxima para
os agregados por ele estudados. Nijboer ao avaliar várias granulometrias, com um mesmo
diâmetro máximo, plotadas como retas em um gráfico log-log de porcentagem passante e
abertura da peneira em mícrons, pôde determinar, além do VAM das misturas, as suas diferentes
inclinações (n), como mostra a Figura 5.1. Ao plotar o VAM de cada mistura compactada contra
a sua inclinação (n), verificou que os vazios do agregado mineral mínimo ocorriam quando
a inclinação da granulometria, no gráfico log-log, era de 0, 45, como mostra a Figura 5.2.
Nijboer, ao repetir seus experimentos com misturas de agregados britados (angulares) e naturais
(arredondados), obteve os mesmos resultados.
Figura 5.1: Granulometrias utilizadas para avaliar o arranjo entre as partículas de agregados
(Nijboer (1948) apud Huber & Shuler (1992))
Em sua publicação de 1962, Goode & Lufsey reproduziram os experimentos de Nijboer com
misturas de agregados naturais (arredondados), confirmando que a reta da granulometria obtida
no gráfico log-log, com inclinação de 0, 45, proporcionava o menor VAM. Esse artigo traz a
descrição do desenvolvimento matemático do gráfico de potência 0, 45, tendo no eixo vertical
5.2. Granulometria 125
Figura 5.2: VAM da mistura versus inclinação das curvas granulométricas (Nijboer (1948) apud
Huber & Shuler (1992))
a porcentagem passante, em escala aritmética, e no eixo horizontal a abertura de cada peneira,
expressa em mícrons e elevada à potência 0, 45.
Goode & Lufsey (1962) também utilizaram o gráfico de potência 0, 45 para avaliar as
granulometrias que não apresentavam linhas retas, quando plotadas no gráfico 0, 45. Eles
desenvolveram uma série de experimentos usando granulometrias idealizadas, as quais tinham
diferentes níveis de "corcunda" na peneira 0, 60 mm, ilustradas na Figura 5.3. Três grupos de
granulometrias curvas foram avaliadas. O primeiro grupo tinha quantidade alta de agregado
fino, o outro média e o terceiro baixa. Eles estudaram também as granulometrias abertas, as
quais tinham quantidades deficientes de material entre as peneiras 4, 75 mm e 2, 36 mm. Goode
& Lufsey (1962) observaram que as granulometrias abertas não reagiam da mesma forma que
as de granulometrias curvas. Então, eles sugeriram que as granulometrias abertas poderiam
produzir misturas mais densas que as de granulometrias de linhas curvas plotadas acima da
linha de densidade máxima. A Figura 5.4 mostra algumas das granulometrias estudadas por
Goode & Lufsey (1962) de números 12, 22, 23 e 24, com os correspondentes vazios do agregado
mineral. A linha de densidade máxima, sugerida por eles, está desenhada passando pela origem
do gráfico e pela peneira de maior diâmetro. A granulometria 12 está mais próxima da linha
de densidade máxima e apresenta valor de VAM mais alto do que os das granulometrias 23 e
24, apesar da granulometria 24 estar mais distante da linha de densidade máxima. Goode &
Lufsey (1962) concluem que, para granulometrias abertas, vazios do agregado mineral baixos
estão associados com as curvas que ficam abaixo da linha de densidade máxima. Segundo eles,
esse fato deve ser levado em conta quando a linha de densidade máxima for utilizada como
referência para o ajuste de curvas granulométricas abertas.
126 5. Propriedades Volumétricas e Seleções Granulométricas
Figura 5.3: Granulometrias estudadas por Goode & Lufsey (1962)
O gráfico de potência 0, 45 teve grande aceitação, porém as recomendações de Goode &
Lufsey (1962) a respeito da obtenção da linha de densidade máxima, não. Vários métodos de
obtenção da linha de densidade máxima estão em uso, mas não um consenso a respeito do
melhor método a ser utilizado. Na tentativa de resolver esse impasse, Huber & Shuler (1992)
fizeram um experimento, realizado pelo Asphalt Institute, para avaliar a relação entre o VAM das
misturas e as distâncias da curva granulométrica dessas misturas à linha de densidade máxima.
A linha de densidade máxima usada como referência foi a utilizada no Asphalt Institute, que
define diâmetro máximo nominal (DMN) como a primeira peneira a reter algum material e
como diâmetro máximo (DM) a menor peneira através da qual todo o agregado passa, sendo
o traçado da linha passando pela origem e pelo diâmetro máximo. Considerando a hipótese
de que o afastamento da linha de densidade máxima para a obtenção de um VAM maior é
válida, então o VAM deveria aumentar progressivamente com o afastamento progressivo da
curva granulométrica. Porém, os resultados encontrados foram o inverso disso, ou seja, os
VAM decresceram e então aumentaram novamente, conforme a curva se afastava da linha de
densidade máxima.
Por definição, a linha de densidade máxima é a granulometria que proporciona um arranjo
mais denso entre as partículas de agregados. Então, quanto mais próxima a granulometria está
em relação à linha de densidade máxima, mais denso deve ser o arranjo entre as partículas.
Como as curvas granulométricas ensaiadas não satisfizeram a definição da linha de densidade
máxima, poder-se-ia imaginar que o VAM não estivesse relacionado com a distância da linha
de densidade máxima. No entanto, julgando pelos VAM de cada granulometria e considerando
5.2. Granulometria 127
Figura 5.4: Granulometrias do tipo "S" estudadas por Goode & Lufsey (1962)
o aumento com posterior decréscimo do VAM, a linha de máxima densidade parecia estar em
algum lugar mais ou menos central a essas granulometrias.
Então, surgiu a hipótese de que essa suposta localização incorreta da linha de densidade
máxima pudesse estar relacionada às definições diversas em relação à peneira de diâmetro
máximo nominal. O diâmetro máximo nominal e o traçado da linha de densidade máxima
são dois pontos técnicos que sempre causaram confusão. Pelo menos duas diferentes definições
de peneira de diâmetro máximo nominal são habitualmente usadas pelas agências dos Estados
Unidos, ASTM e Asphalt Institute.
O Asphalt Institute define:
Diâmetro máximo nominal: a primeira peneira a reter algum material;
Diâmetro máximo: a menor peneira através da qual todo o agregado passa.
A ASTM define:
Diâmetro máximo nominal: a maior peneira que retém algumas partículas de agregado,
mas geralmente não mais que 10%;
Diâmetro máximo: a menor peneira através da qual 100% das partículas da amostra
passam.
128 5. Propriedades Volumétricas e Seleções Granulométricas
Portanto, Huber & Shuler (1992) reavaliaram os dados de Goode & Lufsey, de LeFebvre
3
e
do Projeto 74 da Federal Highway Administration
4
, quanto à relação entre a distância da curva
granulométrica das misturas à linha de densidade máxima de referência, em função do VAM, na
tentativa de responder à questão de qual método deve ser usado para traçar a linha de densidade
máxima.
As avaliações foram realizadas utilizando as três bases de dados acima citadas e utilizando
dois métodos de traçado da linha de densidade máxima:
da origem à peneira de diâmetro máximo nominal;
da origem à peneira de diâmetro máximo.
As definições de diâmetro máximo nominal e de diâmetro máximo utilizadas na análise de
Huber & Shuler (1992) foram as sugeridas por McLeod (1987):
Diâmetro máximo nominal: é uma peneira maior que a primeira peneira que retém mais
que 10% do agregado;
Diâmetro máximo: é uma peneira superior à do diâmetro máximo nominal.
As distâncias da linha de densidade máxima foram quantificadas por Huber & Shuler (1992)
como a soma das diferenças absolutas entre a linha de densidade máxima e a granulometria da
mistura em cada peneira utilizada, como mostra a Equação 5.2.
def =
abs(P
x
P
m
x
) (5.2)
onde:
def = soma da diferença entre os valores absolutos;
abs = valor absoluto;
P
x
= porcentagem passante na peneira x;
P
m
x
= porcentagem passante na peneira x da linha de densidade máxima considerada.
Ao reanalisar os dados de Goode & Lufsey, de LeFebvre e do Projeto 74, com base nas novas
considerações estabelecidas, Huber & Shuler (1992) concluem que existe correlação entre o
3
LeFebvre, J. (1957) Recent investigations of design of asphalt paving mixtures. Proceedings of the Association
of Asphalt Paving Technologists vol.26, p.321-294.
4
D’Angelo, J. A.; Ferragut, T. (1991) Summary of simulation studies from demonstration project n.74: Field
management of asphalt mixes. Proceedings of the Association of Asphalt Paving Technologists vol.60.
5.2. Granulometria 129
VAM e a distância da linha de densidade máxima, quando a linha de densidade máxima é
traçada, em um gráfico 0, 45, passando pela origem e pela peneira de diâmetro máximo com
100% de material passante. Os autores concluem que o diâmetro máximo nominal deve ser
um tamanho maior que a primeira peneira que retém mais que 10% do agregado e que o
diâmetro máximo deve ser definido como a menor abertura da peneira através da qual passa
todo o material, ou seja, uma peneira maior que o diâmetro máximo nominal, como já sugerido
por McLeod (1987).
A reavaliação dos dados permitiu aos autores concluírem também que, para uma dada
granulometria, a angularidade e a textura dos agregados influenciam o arranjo estrutural entre as
partículas, verificando que agregados arredondados produzem misturas com aproximadamente
1% menos de VAM que agregados britados. Portanto, comparações granulométricas válidas,
utilizando a linha de densidade máxima, podem ser realizadas entre agregados de mesmo
tipo, assim como, o efeito das características superficiais dos agregados, como forma, angula-
ridade e textura superficial, pode ser determinado através da comparação de misturas numa
mesma granulometria. Os pesquisadores concluíram também que comparações entre misturas
com diferenças grandes nas porcentagens de material passante na peneira 0, 075 mm não devem
ser realizadas utilizando as distâncias da linha de densidade máxima.
5.2.2 Método Bailey
Atualmente, tem-se pesquisado no Brasil e em alguns outros países como Dubai, Emirados
Árabes Unidos, França, Canadá e Estados Unidos a utilização do método Bailey para a determi-
nação de granulometrias mais adequadas. O método Bailey foi desenvolvido pelo engenheiro
Robert Bailey do Departamento de Transportes de Illinois, Estados Unidos, com base em
sua experiência prática no desenvolvimento de projetos de misturas asfálticas. O objetivo
principal do engenheiro Bailey era desenvolver um método que proporcionasse misturas com
características estruturais melhores, como forma de combater a deformação permanente e, ao
mesmo tempo, manter as propriedades de durabilidade das misturas.
Conceitualmente, esse método considera as características superficiais das partículas para
a obtenção de curvas granulométricas que possibilitem um arranjo melhor entre partículas e,
portanto, com esqueleto estrutural mais resistente. Os parâmetros do método estão relacio-
nados diretamente com os vazios do agregado mineral, volume de vazios e propriedades de
compactação. Por ser um método sistemático de determinação granulométrica, a variação de
seus parâmetros de controle permite modificar o intertravamento das partículas e, portanto, o
130 5. Propriedades Volumétricas e Seleções Granulométricas
esqueleto estrutural das misturas asfálticas. Fundamentalmente, o método Bailey apresenta
ferramentas que permitem a avaliação da combinação de agregados considerando suas carac-
terísticas superficiais de forma, angularidade e textura para obtenção de granulometrias que
satisfaçam às necessidades do pavimento ao qual a mistura é designada.
O método Bailey promove uma seleção granulométrica de agregados, por volume, com
objetivo de otimizar os vazios e o intertravamento entre as partículas, de maneira a promover
misturas com maiores estabilidades, utilizando dois princípios básicos:
Arranjo entre partículas de agregados;
Definições de agregados grossos e finos.
Com base nesses princípios, os passos principais do método são:
avaliar o arranjo entre agregados grossos e finos, individualmente;
definir a peneira de divisão entre agregados grossos e finos;
avaliar a proporção de diferentes diâmetros de partículas;
avaliar os agregados individualmente e suas combinações, por volume.
Arranjo entre partículas de agregados
O arranjo entre partículas deve ser o mais próximo possível, mas ao mesmo tempo deve
destinar espaço suficiente para a incorporação de quantidades adequadas de asfalto, visando
a durabilidade da mistura. O grau de arranjamento entre partículas depende dos aspectos
seguintes:
Tipo e grau de compactação. Vários tipos de esforço de compactação podem ser usados,
incluindo pressão estática e impacto. Densidades mais altas podem ser alcançadas pelo
acréscimo de energia de compactação.
Forma das partículas. Partículas planas e alongadas tendem a ter maiores dificuldades de
arranjarem-se que partículas cúbicas, em uma configuração densa.
Angularidade das partículas. Partículas arredondadas tendem a se arranjar com maior
proximidade e facilidade quando comparadas às partículas angulares.
5.2. Granulometria 131
Textura superficial das partículas. Partículas com textura superficial lisa tendem a deslizar
umas sobre as outras, sem contudo promover intertravamento.
Graduação das partículas. Partículas de um diâmetro têm arranjamento menos denso
que partículas de diâmetros variados.
Resistência das partículas. A resistência das partículas afeta diretamente o grau de de-
gradação que ocorre durante a compactação da mistura. Agregados menos resistentes
geralmente degradam-se mais que agregados mais resistentes e, sendo assim, pode-se
obter misturas com maiores quantidades de finos que a projetada inicialmente.
Definição de Agregados Grossos e Finos
O método define agregados grossos e finos como:
Agregado grosso: maior partícula de agregado que, quando colocada em uma unidade de
volume, cria vazios;
Agregado fino: partículas de agregados que podem preencher os vazios criados pelo
agregado grosso na mistura.
A definição de agregado grosso e fino depende do diâmetro máximo nominal da partícula. A
peneira de divisão entre agregado grosso e fino é denominada de Primeira Peneira de Controle
(PPC). Essa peneira é determinada de acordo com o Diâmetro Máximo Nominal (DMN), que,
segundo Bailey, é um tamanho maior que a primeira peneira que retém mais que 10% do
agregado, como sugerido por McLeod (1987), afirmado por Huber & Shuler (1992) e também
definido pelo Superpave. A PPC é definida como a peneira mais próxima do valor do diâmetro
obtido através da Equação 5.3. A Figura 5.5 ilustra a divisão entre o agregado grosso e fino,
determinada através da PPC.
P P C = DMN × 0, 22 (5.3)
O valor 0, 22 utilizado foi determinado através de análises bidimensionais (2D) e tridimensi-
onais (3D) do arranjamento entre partículas de agregados grossos de formas distintas. A análise
2D da combinação de partículas mostra taxas de diâmetros de partículas da ordem de 0, 155
(todas arredondadas) a 0, 289 (todas planas), com valor médio de 0, 22, como apresentado na
Figura 5.6.
132 5. Propriedades Volumétricas e Seleções Granulométricas
Figura 5.5: Peneiras de controle - Primeira Peneira de Controle (PPC)
Figura 5.6: Combinação entre formas de partículas e vazios resultantes (Vavrik et al., 2001)
Ao analisar a Figura 5.6 pode-se compreender que quando todas as faces das partículas são
arredondadas, o espaço vazio entre elas é 0, 15 vezes o diâmetro da partícula (0, 15d) e quando
todas são planas o espaço vazio entre elas é 0, 29 vezes o diâmetro da partícula. As análises
3D da combinação de partículas, realizadas por Mavko et al.
5
, Reed
6
e Bourbie
7
, forneceram
resultados similares, com taxas de diâmetros de partículas da ordem de 0, 15 a 0, 42. Ainda que
0, 22 não seja exatamente correto para todas as misturas asfálticas, a análise da granulometria
não é afetada se os valores estiverem entre 0, 18 a 0, 28, além de que o fator 0, 22 é a condição
média de muitos arranjos entre partículas diferentes (Vavrik et al., 2002).
5
Mavko, G. T.; Mukerji, T.; Dvorkin J. The rock physics handbook-Tools for seismic analysis in porous media
Cambridge University Press, Mass.
6
Reed, J. S. (1988) Introduction to the principles of ceramic processing John Wiley & Sons, New York.
7
Bourbie, T.; Coussy, O.; Zinszner, B (1987) Acoustics of porous media. Gulf Publishing Co., Houston, Tex.
5.2. Granulometria 133
A fração grossa do agregado de qualquer mistura pode ser definida como a porção de
material retida na PPC. No entanto, o agregado grosso pode ser subdividido em uma fração
grossa do agregado grosso e em uma fração fina do agregado grosso, utilizando uma Peneira
Média (PM), a qual determina esse ponto de separação (Figura 5.7). A peneira média é definida
como sendo a peneira de abertura mais próxima da metade do diâmetro máximo nominal da
mistura, como mostra a Equação 5.4.
P M = DMN × 0, 50 (5.4)
Figura 5.7: Peneiras de controle - Peneira Média (PM)
A PM representa uma divisão na estrutura formada pelo agregado grosso. As características
da estrutura formada pelas partículas da fração grossa do agregado grosso podem ser alteradas
através da proporção de Agregado Grosso (AG). É importante lembrar que não existe partícula
pertencente à fração grossa do agregado (formadoras de espaços) que possa preencher os vazios
criados por elas.
A proporção do AG na mistura pode ser alterada em função da porcentagem do material
passante na PPC e na PM, como mostra a Equação 5.5.
AG =
%P M %P P C
100% %P M
(5.5)
onde:
%P M = porcentagem passante na peneira média;
134 5. Propriedades Volumétricas e Seleções Granulométricas
%P P C = porcentagem passante na primeira peneira de controle.
As partículas passantes na PM, correspondentes às partículas finas do agregado grosso,
são chamadas de interceptoras. São chamadas assim por serem muito grandes para preencher
os vazios criados pelas partículas da fração grossa, tendo então a função de espalhá-las ou
dispersá-las. O balanceamento dessas partículas pode ser usado para o ajuste das propriedades
volumétricas da mistura, ou seja, através de alterações nas quantidades das partículas intercepto-
ras é possível alterar o VAM, com o intuito de promover um arranjo estrutural mais balanceado
entre as partículas grossas (formadoras de espaços). Ter uma mistura com arranjo estrutural
balanceado significa dizer que essa mistura permitirá uma compactação adequada no campo e
apresentará estabilidade satisfatória sob a ação das cargas no pavimento.
Variações na proporção AG podem alterar o arranjo estrutural formado pelas partículas
da fração grossa do agregado. Segundo Vavrik et al. (2002), a proporção AG de misturas
densas deve permanecer entre 0, 30 e 0, 80 para que um arranjo estrutural balanceado seja
formado. Misturas com valores baixos da proporção AG são controladas estruturalmente pelos
agregados finos. Valores muito altos da proporção AG (> 1) devem ser evitados, pois as
misturas tornariam-se muito ricas em partículas interceptoras, fato que poderia causar dificul-
dades de compactação da mistura, devido à tendência de movimentação das partículas durante
a passagem do rolo compactador.
Outras divisões entre frações grossas e finas são utilizadas pelo método. Utilizando uma
Segunda Peneira de Controle (SPC), é realizada uma divisão na fração fina do agregado, consi-
derando uma fração grossa do agregado fino e uma fração fina do agregado fino. As partículas
de agregado que passam pela Primeira Peneira de Controle (PPC) e ficam retidas na Segunda
Peneira de Controle (SPC) são denominadas de fração grossa do agregado fino e as partículas
que passam pela SPC são denominadas de fração fina do agregado fino (Figura 5.8). A SPC é
determinada através da Equação 5.6.
SP C = P P C × 0, 22 (5.6)
O agregado fino pode ser visto como uma mistura composta por partículas grossas e partí-
culas finas, onde as partículas grossas criam vazios que devem ser preenchidos por partículas
finas, porém sem excesso, para que seja preservado algum espaço vazio dentro dessa estrutura
criada. As características do arranjo estrutural formado entre as partículas da fração grossa do
5.2. Granulometria 135
Figura 5.8: Peneiras de controle - Segunda Peneira de Controle (SPC)
agregado fino podem ser alteradas através da proporção Grossa do Agregado Fino (GAF).
GAF =
%SP C
%P P C
(5.7)
onde:
GAF = proporção grossa do agregado fino;
%SP C = porcentagem passante na segunda peneira de controle;
%P P C = porcentagem passante na primeira peneira de controle.
A proporção GAF de misturas densas deve permanecer entre 0, 35 e 0, 50. Valores su-
periores a 0, 50 comprometem o preenchimento dos vazios formados pela fração grossa do
agregado fino com quantidades excessivas da fração fina do agregado fino, causando problemas
estruturais na mistura, particularmente se areias naturais forem utilizadas. A proporção GAF
pode ser utilizada para o controle da quantidade de vazios na mistura, ou seja, se o objetivo for
diminuir o Vv e o VAM, deve-se elevar a proporção GAF ou se for aumentar o Vv e o VAM,
então a proporção GAF deve ser diminuída.
Uma Terceira Peneira de Controle (TPC) também é utilizada para controlar a fração fina
do agregado fino. Para tanto, procede-se uma subdivisão entre uma fração grossa e uma fração
fina, da fração fina do agregado fino. A TPC é determinada através da Equação 5.8 e está
representada na Figura 5.9.
T P C = SP C × 0, 22 (5.8)
136 5. Propriedades Volumétricas e Seleções Granulométricas
Figura 5.9: Peneiras de controle - Terceira Peneira de Controle (TPC)
O mesmo conceito de criação de vazios pela fração grossa da fração fina do agregado fino
pode ser considerado. A fração fina do agregado fino pode ser vista como uma mistura que
contém partículas grossas e partículas finas. As partículas grossas criam vazios que devem ser
preenchidos com partículas finas, sem, no entanto, preencher esses vazios excessivamente. As
características da estrutura formada entre as partículas grossas da fração fina do agregado fino
podem ser estimadas através da proporção Fina do Agregado Fino (FAF).
F AF =
%T P C
%SP C
(5.9)
onde:
F AF = proporção fina do agregado fino;
%T P C = porcentagem passante na terceira peneira de controle;
%SP C = porcentagem passante na segunda peneira de controle.
Assim como a proporção GAF, a proporção FAF deve permanecer entre 0, 35 e 0, 50 para
prevenir o preenchimento excessivo dos vazios criados pelas partículas mais grossas. Mudanças
nessa proporção também afetam os vazios da mistura de maneira similar, ou seja, com o
aumento da proporção FAF ocorre um decréscimo dos vazios da mistura.
Na Tabela 5.5, estão apresentados os valores recomendados por Vavrik et al. (2002) para as
proporções de AG, GAF e FAF, considerando misturas densas, em função do diâmetro máximo
nominal do agregado.
5.2. Granulometria 137
Tabela 5.5: Valores recomendados para as proporções de AG, GAF e FAF em misturas densas
Diâmetro Máximo Nominal (mm)
37, 5 25, 0 19, 0 12, 5 9, 5 4, 75
AG 0, 80 0, 95 0, 70 0, 85 0, 60 0, 75 0, 50 0, 65 0, 40 0, 55 0, 30 0, 45
GAF 0, 35 0, 50 0, 35 0, 50 0, 35 0, 50 0, 35 0, 50 0, 35 0, 50 0, 35 0, 50
F AF 0, 35 0, 50 0, 35 0, 50 0, 35 0, 50 0, 35 0, 50 0, 35 0, 50 0, 35 0, 50
Combinação dos Agregados por Volume
Após a definição das frações grossa e fina, a próxima etapa é a combinação dos agregados
por volume, como estabelece o método Bailey. É prática comum a combinação de agrega-
dos pela massa, porém, essa forma de combinação não permite uma avaliação realística das
proporções volumétricas dos agregados na mistura, pois, agregados com densidades diferentes
têm volumes diferentes se considerada uma mesma massa. Portanto, essa maneira simplificada
de combinar agregados pela massa pode ser feita se as densidades dos vários agregados
utilizados na mistura forem iguais.
Porém, antes que a combinação de agregados seja feita por volume, informações sobre
o grau de entretecimento, ou seja, a quantidade de vazios formados entre as partículas após
arranjarem-se entre si, são necessárias. Em vista disso, para cada agregado grosso utilizado na
mistura é necessária a determinação de sua massa específica solta e compactada e, para cada
agregado fino utilizado é necessária apenas a determinação de sua massa específica compac-
tada. O objetivo dessas informações volumétricas é representar o arranjamento e o grau de
entretecimento das partículas dos agregados. O procedimento para a determinação das massas
específicas solta e compactadas dos agregados estão descritos no item 5.3.2 deste capítulo.
O próximo passo, após a determinação das massas específicas solta e compactada, é a
escolha do grau de entretecimento desejado para o agregado grosso (formador de espaços) na
mistura. A escolha do grau de entretecimento desejado do agregado grosso, ou simplesmente a
massa específica escolhida do agregado grosso, subentende na escolha do tipo de mistura que
pretende-se projetar, ou seja, se pretende-se projetar uma mistura fina, uma mistura grossa ou
uma mistura SMA (Stone Matrix Asphalt). Com o auxílio da Figura 5.10, pode-se obter maiores
esclarecimentos sobre a seleção da massa específica escolhida.
A massa específica solta, apresentada na Figura 5.10, corresponde ao limite inferior de
intertravamento entre partículas de agregados grossos, ou seja, teoricamente, seria a linha di-
visória entre uma mistura fina e uma mistura grossa. Por exemplo, se fosse escolhida uma
massa específica do agregado grosso menor que a massa específica solta, significaria dizer que
138 5. Propriedades Volumétricas e Seleções Granulométricas
Figura 5.10: Seleção da massa específica solta dos agregados grossos para misturas densas
as partículas de agregados grossos estariam espalhadas umas em relação às outras, ou melhor,
longe da condição de contato e intertravamento. Então, escolher um valor de massa específica
do agregado grosso abaixo do valor da massa específica solta é o mesmo que optar por utilizar
uma mistura fina, com esqueleto estrutural formado apenas por agregados finos. Por outro
lado, a massa específica compactada (Figura 5.10) é considerada como o limite máximo de
intertravamento do agregado grosso para misturas densas, cujo valor de densidade é geralmente
próximo de 110% da massa específica solta. Portanto, se escolhida uma massa específica do
agregado grosso próxima desse valor, significa dizer que as misturas projetadas serão grossas
e bastante densas. Misturas assim, muitas vezes, apresentam dificuldades construtivas devido
à sua densidade elevada, necessitando de um aumento significativo no esforço de compactação
para alcançar a densidade de campo.
Segundo Vavrik et al. (2001), se a opção for por projetar misturas grossas densas, então
a porcentagem da massa específica escolhida deve ficar entre 95 e 105% da massa específica
solta, pois valores acima de 105% podem resultar em misturas difíceis de serem compactadas
no campo e valores abaixo de 95% podem resultar em misturas sem intertravamento adequado
do agregado grosso.
Depois de selecionada a massa específica escolhida do agregado grosso, determina-se o
volume de agregados finos necessário para preencher os vazios criados pelo agregado grosso,
utilizando a massa específica compactada do agregado fino. O procedimento para a deter-
minação dessa massa específica compactada do agregado fino está descrito no item 5.3.2,
deste capítulo. O objetivo de fazer uso da massa específica compactada do agregado fino
5.2. Granulometria 139
para a determinação do volume necessário desse agregado no preenchimento dos vazios é que
o esqueleto estrutural formado esteja o mais próximo possível de sua estabilidade máxima.
Um exemplo detalhado sobre a utilização do Método Bailey, como instrumento de seleção
granulométrica em misturas asfálticas densas, pode ser encontrado nos anexos da dissertação
de mestrado de Cunha (2004).
5.2.3 Método Superpave
Como comentado anteriormente, as pesquisas do SHRP desenvolveram métodos de análise
de ligantes asfálticos e de misturas, inicialmente, sem se preocupar com os agregados. Na
tentativa de consertar o equívoco cometido, o grupo de especialistas realizou uma abordagem
consensual, mediante utilização do método de Delfos modificado, com o objetivo de conseguir
informações relevantes, em um curto espaço de tempo e com um mínimo de pesquisa biblio-
gráfica e experimental. Ainda que a granulometria tenha sido considerada a propriedade mais
importante da mistura, houve considerável desacordo quanto ao método ou métodos de controle
da granulometria que deveriam ser adotados (Anderson & Bahia, 1997).
A Tabela 5.6 traz o resumo classificatório das notas dadas pelos especialistas do SHRP
quanto aos métodos que acreditavam ser os mais adequados para o controle da granulometria.
Como se pode observar, o método de controle da granulometria, que considera pontos de
controle e zona restrita, teve a pontuação mais baixa e a mais aceita foi a que considera somente
os pontos de controle. Essa pontuação baixa indica a ocorrência de controvérsias sobre a zona
restrita durante o desenvolvimento do SHRP.
Tabela 5.6: Resumo classificatório das notas dadas pelos especialistas do SHRP para os métodos
de controle da granulometria
Limites Granulométricos Média
a
desvio padrão
mínimo/máximo 4, 50 1, 95
pontos de controle/zona restrita 4, 14 1, 79
pontos de controle somente 5, 29 1, 68
(Cominsky et al., 1994)
a
escala de notas:
1 - desacordo total
2 - desacordo forte
3 - desacordo
4 - neutro
5 - concordância
6 - concordância forte
7 - concordância total
140 5. Propriedades Volumétricas e Seleções Granulométricas
Figura 5.11: Representação gráfica da especificação granulométrica Superpave, para o diâmetro
máximo nominal de 12,5 mm
O Superpave estabelece que seja usado o método das tentativas para a escolha da granulo-
metria associado ao gráfico de potência 0, 45 contendo pontos de controle, zona de restrição e
linha de densidade máxima (Figura 5.11). A Figura 5.11 apresenta uma representação do gráfico
de potência 0, 45 contendo a linha de densidade máxima, corresponde a uma reta que parte da
origem e vai até o ponto do diâmetro máximo, zona de restrição, que repousa sobre a linha de
densidade máxima, entre as peneiras intermediárias 4, 75 ou 2, 36 mm e 0, 30 mm e os pontos
de controle, que funcionam como limites dentro dos quais a curva granulométrica deve passar,
fixados nas peneiras de diâmetro máximo, diâmetro máximo nominal, uma peneira abaixo do
diâmetro máximo nominal e nas peneiras de aberturas 2, 36 mm e 0, 075 mm. Os pontos de
controle e zona de restrição foram definidos pelo Superpave de acordo com o diâmetro máximo
nominal dos agregados, de 37, 5 mm, 25 mm, 19 mm, 12, 5 mm e 9, 5 mm, como mostram as
Tabelas 5.7, 5.8 ,5.9, 5.10 e 5.11.
A escolha dos métodos de controle da granulometria foi bastante controversa e não parece
claro o motivo ou motivos que levaram a zona restrita a tornar-se parte das especificações
Superpave, com vistas em sua pontuação baixa que reflete o desacordo de opiniões a seu
respeito. Posteriormente, muitas controvérsias foram e vêm sendo levantadas em relação às
especificações granulométricas Superpave, principalmente no que tange a zona restrita. O mo-
tivo principal dessas dúvidas e controvérsias é que muitas misturas densas, as quais transpõem
a zona restrita, vinham e vêm apresentando desempenho bom em campo (Kandhal & Cooley
Jr., 2002; Hand & Epps, 2001).
5.2. Granulometria 141
Tabela 5.7: Especificação granulométrica para o diâmetro máximo nominal de 37, 5 mm
Peneiras Pontos de Controle Limites da Zona de Restrição
(mm) Mínimo Máximo Mínimo Máximo
50 100 100 - -
37, 5 90 100 - -
25 - -
19 - -
12, 5 - -
9, 5 - -
4, 75 - 34, 7 34, 7
2, 36 15 41 23, 3 27, 3
1, 18 - - 15, 5 21, 5
0, 6 - - 11, 7 15, 7
0, 3 - - 10 10
0, 15 - - - -
0, 075 0 6 - -
Tabela 5.8: Especificação granulométrica para o diâmetro máximo nominal de 25 mm
Peneiras Pontos de Controle Limites da Zona de Restrição
(mm) Mínimo Máximo Mínimo Máximo
37, 5 100 100 - -
25 90 100 - -
19 90 - -
12, 5 - -
9, 5 - -
4, 75 39, 5 39, 5
2, 36 19 45 26, 8 30, 8
1, 18 - 18, 1 24, 1
0, 6 - - 13, 6 17, 6
0, 3 - - 11, 4 11, 4
0, 15 - - - -
0, 075 1 7 - -
Tabela 5.9: Especificação granulométrica para o diâmetro máximo nominal de 19 mm
Peneiras Pontos de Controle Limites da Zona de Restrição
(mm) Mínimo Máximo Mínimo Máximo
25 100 100 - -
19 90 100 - -
12, 5 90 - -
9, 5 - -
4, 75 - - -
2, 36 23 49 34, 6 34, 6
1, 18 - - 22, 3 28, 3
0, 6 - - 16, 7 20, 7
0, 3 - - 13, 7 13, 7
0, 15 - - - -
0, 075 2 8 - -
142 5. Propriedades Volumétricas e Seleções Granulométricas
Tabela 5.10: Especificação granulométrica para o diâmetro máximo nominal de 12, 5 mm
Peneiras Pontos de Controle Limites da Zona de Restrição
(mm) Mínimo Máximo Mínimo Máximo
19 100 100 - -
12, 5 90 100 - -
9, 5 90 - -
4, 75 - - -
2, 36 28 58 39, 1 39, 1
1, 18 - - 25, 6 31, 6
0, 6 - - 19, 1 23, 1
0, 3 - - 15, 5 15, 5
0, 15 - - - -
0, 075 2 10 - -
Tabela 5.11: Especificação granulométrica para o diâmetro máximo nominal de 9, 5 mm
Peneiras Pontos de Controle Limites da Zona de Restrição
(mm) Mínimo Máximo Mínimo Máximo
12, 5 100 100 - -
9, 5 90 100 - -
4, 75 90 - -
2, 36 32 67 47, 2 47, 2
1, 18 - - 31, 6 37, 6
0, 6 - - 23, 5 27, 5
0, 3 - - 18, 7 18, 7
0, 15 - - - -
0, 075 2 10 - -
As especificações granulométricas Superpave, parte integrante do procedimento de projeto
de misturas Superpave, recomenda, em seu relatório SHRP-A-408 de Cominsky et al. (1994),
que se evite granulometrias que passem através da zona de restrição e também que seja dada
preferência à utilização de misturas mais grossas (passando abaixo da zona de restrição - BZR)
em relação às misturas mais finas (passando Acima da Zona de Restrição - AZR) em pavimentos
com alto volume de tráfego.
As razões para a inclusão da zona restrita foi informada no texto original do relatório
SHRP-A-410 de Kennedy et al. (1994):
limitar a inclusão de quantidades elevadas de agregado de areia natural;
desencorajar o uso de granulometrias que se situem sobre a linha de densidade máxima,
que freqüentemente apresentam valores inadequados de VAM.
Pode-se ler em outro trecho desse mesmo relatório: "Deve-se dar preferência ao desen-
volvimento de granulometrias que passem abaixo da zona restrita àquelas que passem acima.
5.2. Granulometria 143
Isso produzirá granulometrias mais grossas e maximizará o desenvolvimento de esqueletos
estruturais mais robustos". Porém, não foram encontradas as razões que encorajaram os autores
dos relatórios SHRP-A-408 e SHRP-A-410 a estimular o uso de granulometrias que passem
abaixo da zona de restrição (BZR).
Apesar dos relatórios do SHRP apresentarem apenas recomendações quanto a evitar que
as curvas granulométricas passem através da zona de restrição e que seja dada preferência à
utilização de misturas mais grossas (BZR), muitas agências de pavimentação estadunidenses
têm rejeitado categoricamente o uso de granulometrias que passem pela zona restrita e têm
utilizado quase que exclusivamente misturas BZR. Isso tem causado muitas controvérsias pois,
em muitos estados, historicamente têm sido observados pavimentos com bom desempenho que
utilizam granulometrias que passam através da zona restrita (Watson et al., 1997).
Essas controvérsias ganharam força após a constatação do desempenho fraco das misturas
grossas (BZR) quando comparadas com as finas (AZR) em campo (Hand & Epps, 2001).
Provavelmente, o motivo das agências de pavimentação entenderem essa recomendação como
forma de proibição deve-se ao texto produzido pelo Asphalt Institute-Superpave Mix Design
8
e
Federal Highway Administration-Background of Superpave Asphalt Mixture Design and Analy-
sis
9
apud Hand & Epps (2001), os quais foram publicados da seguinte forma: "A zona restrita
representa uma área através da qual a granulometria não pode passar".
Recentes pesquisas vêm sendo desenvolvidas especificamente a respeito do impacto da zona
restrita sobre o desempenho das misturas asfálticas. Pesquisadores variaram o tipo, a forma e
a angularidade dos agregados, o tipo de asfalto e a granulometria das misturas, não observando
relação alguma entre curvas que passam acima (AZR), através (TRZ) ou abaixo (BZR) da
zona restrita com a deformação permanente, quando utilizados agregados com angularidade
do agregado fino (AAF) adequada aos requisitos Superpave. Porém, quando utilizados agre-
gados com AAF abaixo do especificado, mesmo que em pequenas porcentagens, as misturas
apresentaram desempenhos piores quanto à deformação permanente comparadas às demais,
independentemente da localização da curva em relação à zona restrita (Kandhal & Cooley
Jr., 2001; Chowdhury et al., 2001; Mallick et al., 1998; Anderson & Bahia, 1997; McGennis,
1997; Sebaaly et al., 1997; Roberts et al., 1991). Esses resultados são bastante esclarecedores,
pois mostram que passar ou não pela zona restrita não interfere no desempenho das misturas e
ressaltam a importância da angularidade dos agregados finos como critério a ser respeitado para
projetar misturas com bom desempenho.
8
Superpave Mix Design Manual Series SP-2 (1996). Asphalt Institute, Lexington, Kentucky.
9
Background of Superpave Asphalt Mixture Design and Analysis FHWA-SA-95-003 (1995). Federal Highway
Administration, U. S. Department of Transportation, Washington, D.C.
144 5. Propriedades Volumétricas e Seleções Granulométricas
A recomendação Superpave de dar preferência a curvas granulométricas mais grossas com
o objetivo de desenvolver esqueletos estruturais mais resistentes, também têm levantado con-
trovérsias e estimulado muitas pesquisas sobre o assunto. Essa recomendação reavivou o velho
ideal de encontrar a granulometria perfeita. Então, pesquisas se sucederam procurando desco-
brir qual seria o melhor arranjo granulométrico, aquele com misturas mais finas (AZR) e (TZR),
ou então aquele com misturas grossas (BZR). Um vasto levantamento bibliográfico foi reali-
zado sobre o assunto, através de trabalhos investigativos que levaram em conta uma variedade
grande de tipos de agregados com diferentes características de superfície e físicas, diâmetros
máximos nominais e granulometrias, além de uma variedade grande de ferramentas de análise
de desempenho das misturas. Sem mais, todos os artigos pesquisados indicaram claramente
que granulometrias mais finas (AZR e TZR) podem produzir misturas com desempenho bom
e, a maioria desses artigos mostraram que as granulometrias AZR e TZR produzem misturas
com desempenho melhor que granulometrias BZR (Prowell et al., 2005; Kandhal & Cooley
Jr., 2001; Chowdhury et al., 2001; Hand et al., 2001; Mallick et al., 1998; Anderson & Bahia,
1997; McGennis, 1997; Sebaaly et al., 1997). Em resumo, as pesquisas consultadas mostram
claramente que não existe relação entre a zona restrita e o desempenho das misturas quanto à
deformação permanente e à fadiga, tampouco foi verificada a superioridade de desempenho de
misturas com granulometria BZR.
Como resposta a todas essas pesquisas e ao forte apelo da comunidade científica, a zona de
restrição foi retirada da publicação mais atual das especificações Superpave (AASHTO M323).
Contudo, apesar da forte indicação de que granulometrias grossas ou finas podem igualmente
produzir misturas com desempenho adequado, resultados estes corroborados com os publicados
no relatório de 2000 do National Center for Asphalt Technology (Prowell et al., 2005), ainda
nada foi divulgado a esse respeito.
5.3 Experimentos Laboratoriais
5.3.1 Seleções Granulométricas
Três tipos de granulometrias foram estudadas nesta pesquisa, uma AZR determinada através
dos procedimentos Superpave e duas Bailey, determinadas utilizando o sistema de seleção
granulométrica Bailey.
Os agregados foram previamente secos em estufa, por um período mínimo de 12 horas, e
deixados esfriar, em temperatura ambiente, por mais 12 horas. Não foi promovida a lavagem de
5.3. Experimentos Laboratoriais 145
nenhum dos agregados estudados pois isso anularia o efeito dos finos plásticos, quantificados
através do ensaio de equivalente de areia, cuja propriedade é avaliada nesta pesquisa. Além de
que, provavelmente em campo, esses agregados não seriam submetidos à lavagem por terem
apresentado valores de equivalente de areia dentro dos limites aceitáveis para utilização em
misturas de concreto asfáltico.
Os materiais foram peneirados manualmente e fracionados utilizando peneiras de abertura
de 19, 00; 12, 50; 9, 50; 4, 75; 2, 36; 1, 18; 0, 60; 0, 30; 0, 15; 0, 075 mm, remisturados de
acordo com as três curvas granulométricas adotadas e colocados em pequenos sacos plásticos,
compondo a quantidade de material necessária para a confecção de um corpo-de-prova.
A curva granulométrica AZR, utilizada nesta pesquisa para a confecção de misturas asfálti-
cas compostas por agregados de gabro (AZRg), basalto (AZRb) e areia natural (AZRa), passa
acima da zona de restrição e, quase totalmente, acima da linha de densidade máxima, respei-
tando os pontos de controle. A granulometria AZR estudada está apresentada na Tabela 5.12 e
pode ser visualizada na Figura 5.12.
Tabela 5.12: Curva granulométrica AZR
Peneiras (mm) Porcentagem Passante
19, 00 100
12, 50 95
9, 50 86
4, 75 61
2, 36 45
1, 18 35
0, 60 26
0, 30 19
0, 15 11
0, 075 3, 5
Utilizando o método Bailey de seleção granulométrica, foram determinadas mais duas cur-
vas distintas, uma para cada tipo de material (basalto e gabro), apresentadas na Tabela 5.13. A
curva Bailey determinada para o agregado de basalto (Bb) passa, em sua fração grossa, acima da
linha de densidade máxima e, em sua fração fina, abaixo da linha de densidade máxima, respei-
tando os pontos de controle e a zona de restrição (Figura 5.13). a curva Bailey determinada
para o agregado de gabro (Bg) inicia-se acima da linha de densidade máxima, cruza a zona
de restrição e termina abaixo da linha de densidade máxima, sempre respeitando os pontos
de controle (Figura 5.14). Na Figura 5.15, estão apresentadas as três curvas granulométricas
estudadas nesta pesquisa.
146 5. Propriedades Volumétricas e Seleções Granulométricas
Figura 5.12: Curva granulométrica AZR utilizada na composição de misturas asfálticas com
agregados de gabro (AZRg), basalto (AZRb) e areia natural (AZRa)
Figura 5.13: Curva granulométrica Bailey para agregado de basalto (Bb)
5.3. Experimentos Laboratoriais 147
Figura 5.14: Curva granulométrica Bailey para agregado de gabro (Bg)
Figura 5.15: Curvas granulométricas utilizadas
148 5. Propriedades Volumétricas e Seleções Granulométricas
Tabela 5.13: Curvas granulométricas Bailey
Peneiras Porcentagem Passante
(mm) Basalto Gabro
19, 00 100 100
12, 50 97 95
9, 50 76 90
4, 75 62 65
2, 36 39 46
1, 18 26 30
0, 60 17 20
0, 30 12 14
0, 15 9 8
0, 075 3, 5 3, 5
Tanto as misturas AZR quanto as Bailey, além de terem controladas as porcentagens passan-
tes na peneira de abertura de 0, 075 mm em 3, 5%, apenas um tipo de fíler, pó de areia natural,
foi utilizado. O propósito do uso do de areia natural como fíler é eliminar a variação de
propriedades decorrentes da utilização de fíleres distintos e em quantidades diferentes. Tayebali
et al. (1998) concluíram em suas pesquisas, sobre o efeito do tipo e da quantidade de fíler
mineral em misturas asfálticas dosadas utilizando o método Marshall, que o desempenho de
duas misturas de agregados distintos é bastante próximo quando são utilizadas quantidades de
fíler baixas (em torno de 4%).
Não foram produzidas misturas Bailey com areia natural, pois, além do material não atender
aos requisitos de caracterização de agregados Superpave e apresentar propriedades volumétricas
das misturas em desacordo com os requisitos volumétricos especificados pelo Superpave, houve
a impossibilidade de composição da fração fina do agregado com base no método Bailey, pois
o material proveniente da mineradora Jundu foi fornecido previamente peneirado e ensacado, o
que inviabilizou o levantamento da curva granulométrica das frações do agregado que chegam
da pedreira, que é um requisito de entrada do método.
5.3.2 Massas Específicas dos Agregados
Pode-se definir como massa específica solta do agregado a massa de agregados necessária
para preencher um cilindro de volume conhecido, sem que haja qualquer forma de compactação
da amostra. Essa forma de determinação representa um contato mínimo entre as partículas de
agregado.
5.3. Experimentos Laboratoriais 149
A massa específica solta é obtida ao verter uma amostra dentro de um cilindro de volume
conhecido, até preenchê-lo completamente. A altura de queda da amostra não deve ser superior
a 5 cm do topo do cilindro. Cuidados devem ser tomados para prevenir, tanto quanto possível, a
segregação das partículas que compõem a amostra. O diâmetro do cilindro deve ter no mínimo
10 vezes o diâmetro máximo nominal, para minimizar o efeito da parede do cilindro no arranjo
entre as partículas (Vavrik et al., 2001). Então, a massa específica solta do agregado pode
ser determinada através da razão entre a massa de agregados soltos contidos no cilindro pelo
volume do cilindro, considerando à média de três determinações.
Pode-se definir como massa específica compactada do agregado a massa de agregados ne-
cessária para preencher um cilindro de volume conhecido, quando sofre a ação de compactação,
de maneira a aumentar o contato entre as partículas. A determinação da massa específica
compactada consiste em preencher, com o auxílio de uma pá, 1/3 do cilindro com a amostra,
despejando-a de uma altura máxima de 5 cm em relação ao topo do cilindro e, em seguida,
compactar essa primeira camada com 25 golpes de um soquete de ferro com 16 mm de diâmetro
e 600 mm de comprimento. Após, procede-se a colocação da segunda camada, preenchendo
2/3 do volume do cilindro e desferindo mais 25 golpes do soquete. Na terceira camada, após
a compactação com mais 25 golpes, retira-se o material em excesso, através do arrasamento
da amostra. A massa específica compactada do agregado pode então ser determinada através
da razão entre a massa de agregado compactada contida no cilindro pelo volume do cilindro,
correspondente à média de três determinações.
A determinação da massa específica deve ser realizada para cada fração do agregado re-
cebido da pedreira, por exemplo, pedra 1, pedrisco e pó. De acordo com o método Bailey,
deve-se determinar a massa específica compactada para as frações grossas e finas dos agregados
e a massa específica solta apenas para as frações grossas do agregado. O procedimento de
determinação das massas específicas dos agregados está baseado nas normas AASHTO T 19 e
ASTM C 29.
5.3.3 Execução dos Corpos-de-Prova Marshall
Através das dosagens Marshall foram produzidas misturas AZR com agregados de gabro,
de basalto e de areia natural e misturas Bailey com agregados de gabro e de basalto, dentro dos
critérios volumétricos Superpave. As misturas de agregados foram compostas, em suas frações
grossa e fina, por apenas um tipo de agregado (gabro, basalto ou areia natural) e, como fíler, pó
de areia natural.
150 5. Propriedades Volumétricas e Seleções Granulométricas
A temperatura de aquecimento do asfalto CAP 20 utilizado foi de 160
o
C, correspondente
a uma viscosidade Saybolt-Furol de 85 segundos, determinada a partir da curva de viscosidade
versus temperatura do material, ilustrada na Figura 5.16. o agregado foi aquecido a 175
o
C,
ou seja, 15
o
C acima da temperatura do asfalto, como estabelece a norma NBR 12891.
A temperatura de compactação da mistura foi mantida a 146
o
C, correspondente a uma
viscosidade Saybolt-Furol de 130 segundos. Essa temperatura encontra-se dentro da faixa
limite especificada para a temperatura de compactação, na qual o ligante deve apresentar uma
viscosidade Saybolt-Furol de 140 ± 15 segundos (Figura 5.16).
Figura 5.16: Curva de viscosidade Saybolt-Furol versus temperatura do asfalto
Para um maior controle das temperaturas de aquecimento, tanto do asfalto como do agre-
gado, foi utilizado um termômetro digital com haste, ilustrado na Figura 5.17(a). A temperatura
de compactação das misturas foi controlada através de um termômetro a laser, que possibilita
leituras rápidas (Figura 5.17(b)).
Após o processo de mistura do agregado com o asfalto, realizado individualmente na con-
fecção de cada corpo-de-prova, a massa asfáltica resultante de cada mistura foi colocada em
uma vasilha de alumínio e levada à estufa, onde permaneceu por 2 horas na temperatura de
compactação, conforme estabelece a norma AASHTO PP2. Horan (2001), pesquisador do
Asphalt Institute, denomina esse período de permanência da mistura em estufa, na temperatura
de compactação, antes da compactação, de tempo de cura em laboratório. Maiores detalhes
sobre o tempo de cura em laboratório pode ser encontrado no item 5.6 deste capítulo.
5.3. Experimentos Laboratoriais 151
(a) Termômetro digital com haste (b) Termômetro digital a laser
Figura 5.17: Controle da temperatura
Passadas as 2 horas de cura, iniciou-se a compactação dos corpos-de-prova com energia
de 75 golpes por face, a qual é recomendada para pressões de enchimento de pneu entre
0, 7 e 1, 4 MPa. A Figura 5.18 ilustra o equipamento empregado para a compactação dos
corpos-de-prova Marshall.
Figura 5.18: Compactador Marshall
Após a compactação, os corpos-de-prova permaneceram em seus moldes metálicos cilíndri-
cos em temperatura ambiente, durante cerca de 3 horas. Nesse período, ocorre o resfriamento da
mistura e esta passa a ter consistência suficiente para evitar a deformação dos corpos-de-prova,
no momento de sua extração dos moldes metálicos.
152 5. Propriedades Volumétricas e Seleções Granulométricas
Terminada a extração, os corpos-de-prova foram deixados em temperatura ambiente, por
no mínimo 12 horas, para, após esse período, ser determinada a densidade aparente da mistura
utilizando o método de secagem superficial dos corpos-de-prova (AASHTO T 166).
5.4 Resultados e Análises dos Resultados
5.4.1 Dosagens das Misturas Asfálticas AZR
Os resultados das dosagens das misturas AZR com agregado de gabro, basalto e areia natural
estão apresentados nas Tabelas 5.14, 5.15 e 5.16, respectivamente. Nessas tabelas, constam a
porcentagem de asfalto adicionada à mistura (Pb), absorção de água pelo corpo-de-prova após
permanência de 2 minutos submerso (%Ab
cp
), a densidade aparente (d), a densidade máxima
medida (DMM), o volume de vazios (Vv), os vazios do agregado mineral (VAM), a relação
betume-vazios (RBV) e a estabilidade (E) e fluência (F ) Marshall.
Na Tabela 5.17, encontra-se o resumo dos cálculos necessários para a elaboração do dia-
grama de componentes das misturas AZR produzidas com agregados de gabro, basalto e areia
natural, obtendo-se as propriedades volumétricas, a porcentagem de asfalto absorvido pelo
agregado, a porcentagem de asfalto efetivo na mistura e a espessura do filme de asfalto que cobre
o agregado. A Figura 5.19 apresenta a representação gráfica das propriedades volumétricas das
misturas AZR obtidas nas dosagens.
Tabela 5.14: Dosagem Marshall - mistura AZR - gabro
P b %Ab
cp
d DM M V v V AM RBV E F
(%) (%) (%) (N) (mm)
5, 2 0, 45 2, 387 2, 573 7, 2 17, 3 58, 3 16.299 36
5, 7 0, 31 2, 396 2, 553 6, 2 17, 5 64, 8 16.838 39
6, 2 0, 10 2, 423 2, 533 4, 3 17, 0 74, 5 17.583 42
6, 7 0, 07 2, 444 2, 513 2, 8 16, 7 83, 5 16.848 47
7, 2 0, 04 2, 440 2, 493 2, 2 17, 3 87, 5 15.249 49
Tabela 5.15: Dosagem Marshall - mistura AZR - basalto
P b %Ab
cp
d DM M V v V AM RBV E F
(%) (%) (%) (N) (mm)
5, 2 0, 49 2, 400 2, 631 8, 8 20, 5 57, 3 11.010 36
5, 7 0, 14 2, 424 2, 609 7, 1 20, 2 64, 9 11.219 39
6, 2 0, 10 2, 445 2, 588 5, 5 19, 9 72, 3 11.915 42
6, 7 0, 06 2, 467 2, 567 3, 9 19, 6 80, 3 12.837 44
7, 2 0, 03 2, 470 2, 546 3, 0 19, 9 85, 0 12.209 49
5.4. Resultados e Análises dos Resultados 153
Tabela 5.16: Dosagem Marshall - mistura AZR - areia natural
P b %Ab
cp
d DM M V v V AM RBV E F
(%) (%) (%) (N) (mm)
3, 4 0, 16 2, 371 2, 483 4, 5 12, 3 63, 4 9.463 24
3, 9 0, 09 2, 393 2, 464 2, 9 12, 0 75, 7 9.581 27
4, 4 0, 06 2, 410 2, 446 1, 5 11, 8 87, 4 9.071 28
4, 9 0, 04 2, 419 2, 429 0, 4 11, 9 96, 8 8.140 29
5, 4 0, 02 2, 410 2, 411 0, 03 12, 7 99, 8 6.443 30
Tabela 5.17: Propriedades das misturas AZR
Propriedades Gabro Basalto Areia Natural
Volume Total (V t) 1 1 1 cm
3
Densidade Aparente da Mistura (d) 2, 423 2, 467 2, 371 g/cm
3
Densidade do Asfalto (ρ
b
) 1, 02 1, 02 1, 02 g/cm
3
Porcentagem de Asfalto (P b) 6, 2 6, 7 3, 4 %
Densidade Aparente do Agregado (ρ
ap
) 2, 742 2, 860 2, 612 g/cm
3
Densidade Efetiva do Agregado (ρ
ef
) 2, 808 2, 880 2, 615 g/cm
3
Porcentagem do Fíler (%F ) 3, 5 3, 5 3, 5 %
Área Superficial do Agregado (AS) 7, 66 7, 66 7, 66 m
2
/kg
Massa Total da Mistura (M t) 2, 423 2, 467 2, 371 g
Massa do Asfalto (Mb) 0, 150 0, 165 0, 081 g
Massa do Agregado (Ma) 2, 273 2, 302 2, 290 g
Volume Efetivo do Agregado (V
ef
) 0, 809 0, 799 0, 876 cm
3
Volume Aparente do Agregado (V
ap
) 0, 830 0, 805 0, 877 cm
3
Volume do Asfalto (V b) 0, 147 0, 162 0, 079 cm
3
Volume do Asfalto Absorvido (V b
abs
) 0, 021 0, 006 0, 001 cm
3
Volume do Asfalto Efetivo (V b
ef
) 0, 127 0, 156 0, 078 cm
3
Volume de Ar (V
ar
) 0, 043 0, 039 0, 045 cm
3
Massa do Asfalto Efetivo (M b
ef
) 0, 129 0, 159 0, 080 g
Massa do Asfalto Absorvido (Mb
abs
) 0, 021 0, 006 0, 001 g
Porcentagem de Volume de Vazios (V v) 4, 3 3, 9 4, 5 %
Vazios do Agregado Mineral (V AM) 17, 0 19, 5 12, 3 %
Relação Betume Vazios (RBV ) 74, 5 80, 2 63, 4 %
Asfalto Efetivo (P b
ef
) 5, 3 6, 5 3, 4 %
Asfalto Absorvido (A
abs
) 0, 9 0, 3 0, 04 %
Densidade Máxima Medida (DM M) 2, 533 2, 567 2, 483
Espessura do Filme de Asfalto (Ef
b
) 7, 3
6
8, 9
6
4, 5
6
m
154 5. Propriedades Volumétricas e Seleções Granulométricas
Figura 5.19: Propriedades volumétricas obtidas na dosagem das misturas AZRg, AZRb e AZRa
5.4. Resultados e Análises dos Resultados 155
Com base nos resultados das dosagens das misturas AZR, pode-se perceber que o maior
teor de asfalto de projeto é o da mistura AZR basalto (AZRb) com 6, 7%, seguido da mistura
AZR gabro (AZRg) com 6, 2% e da mistura AZR areia natural (AZRa) com 3, 4%. Lembrando
que o agregado de gabro absorve cerca de 0, 9% de asfalto, portanto, a análise correta deve
ser feita considerando o teor de asfalto efetivo das misturas, que é de 6, 5% para a mistura
AZRb, 5, 3% para a mistura AZRg e 3, 4% para a AZRa, sempre para um volume de vazios de
aproximadamente 4% (Tabela 5.17). Considerando que essas misturas têm a mesma granulome-
tria, poder-se-ia imaginar que os valores do teor de asfalto de projeto das três misturas fossem
próximos. Porém, foram observados teores bem diferentes entre as misturas, por exemplo, a
mistura AZRb apresentou teor de asfalto de projeto cerca de 1, 2% mais elevado que o teor
de projeto obtido para a mistura AZRg e aproximadamente 3% maior que o teor de projeto
da mistura AZRa. Esse fato evidencia a influência direta das características de superfície
do agregado de basalto no VAM e, conseqüentemente, no teor de asfalto de projeto, pois,
quando o valor do VAM é alto, o teor de asfalto adicionado à mistura também é alto, para
satisfazer a condição de Vv em torno de 4%. Analisando esse aspecto, fica clara a influência das
propriedades de forma, de angularidade e de textura superficial das partículas de cada agregado
no arranjo entre partículas e, conseqüentemente, nas propriedades volumétricas das misturas,
particularmente no VAM.
A areia natural, que apresenta forma arredondada, porcentagem baixa de partículas fratura-
das, AAF baixo (40, 7) e textura superficial lisa, apresenta um arranjo entre partículas bastante
próximo, levando a VAM baixos (12, 3%) e, conseqüentemente, impedindo que uma quantidade
suficiente de asfalto seja adicionada à mistura, como pode ser observado ao analisar a espessura
do filme de asfalto de 4, 5 µm (Figura 5.20) e RBV de 63, 4% (Tabela 5.17).
Nesta pesquisa, a espessura do filme de asfalto foi calculada em função do volume de asfalto
efetivo na mistura, da área superficial de cobertura do agregado, da densidade da mistura e da
porcentagem de agregado na mistura, como mostra a Equação 5.10. A espessura média do filme
de asfalto considerada adequada para muitas misturas é de 8 µm, sendo conhecidas misturas
com desempenho satisfatório com espessuras do filme de asfalto entre 6 µm e 10 µm (Kandhal
et al., 1998).
Ef
b
=
V b
ef
AS × (d × P a)
(5.10)
onde:
Ef
b
= Espessura do filme de asfalto, µm;
V b
ef
= Volume de asfalto efetivo na mistura, cm
3
;
AS = Área superficial do agregado, cm
2
;
d = Densidade aparente da mistura;
156 5. Propriedades Volumétricas e Seleções Granulométricas
P a = Agregado na mistura, %.
O gabro, apesar de apresentar forma arredondada, tem 100% de suas partículas grossas
com mais de duas faces fraturadas, AAF de 48, 3%, acima do valor de referência mínimo de
45%, e textura superficial rugosa. As partículas de gabro proporcionaram um arranjo bom
entre partículas, porém não muito próximo, permitindo um VAM de 17%, superior ao limite
mínimo de 14% especificado. Esse valor de VAM permitiu que fosse adicionada à mistura
5, 3% de asfalto efetivo, possibilitando a cobertura das partículas com película de asfalto de
aproximadamente 7, 3 µm (Figura 5.20) e RBV de 74, 5%, próximo do limite superior de 75%
especificado pelo Superpave (Tabela 5.17).
O basalto tem, segundo a avaliação Superpave, parte de suas partículas com forma lamelar
ou, segundo a avaliação da ASTM D 4791, parte de suas partículas planas, apresentando an-
gularidade alta tanto do agregado grosso quanto do agregado fino (51, 1) e textura superficial
rugosa, que proporciona um arranjo entre partículas menos próximo, levando a valores de VAM
bastante altos (19, 6%). Conseqüentemente, a quantidade de asfalto efetivo na mistura também
é alta (6, 5%), que permite uma espessura de filme de asfalto em torno de 8, 9 µm (Figura 5.20) e
RBV de 80, 3%, valor este acima do limite máximo especificado pelo Superpave, porém abaixo
do limite máximo especificado pelo DNER (82%) (Tabela 5.17). O excesso de asfalto na mistura
pôde ser percebido visualmente, no momento da mistura asfalto/agregado, e também após a
compactação do corpo-de-prova. A aparência final do corpo-de-prova era brilhante e grudenta
ao toque, diferente dos corpos-de-prova feitos com o agregado de gabro e areia natural e também
dos de experiências anteriores.
O Superpave, ao especificar valores mínimos de VAM, tenta assegurar que as misturas
tenham asfalto em quantidade suficiente para garantir durabilidade à mistura e, ao mesmo
tempo, ao especificar valores máximos de RBV, tenta limitar a introdução excessiva de asfalto
nessa mistura. Porém, esse é outro assunto que causa controvérsias. Alguns pesquisadores,
como Kandhal et al. (1998), acham que especificar valores de VAM é uma forma errada de
controlar o teor de asfalto na mistura, visto que o VAM pode ser influenciado por vários fatores
além da granulometria. Os resultados desta pesquisa concordam com essa afirmação e permitem
dizer que a maneira simplista proposta pelo Superpave de controlar o teor de asfalto na mistura,
através do VAM, pode ser enganosa, pois, como se pode observar, misturas produzidas com
agregados com características diferentes de forma e de angularidade, porém, com uma mesma
granulometria, apresentam valores muito diferentes de VAM e, portanto, teores de asfalto e
espessuras do filme de asfalto também bastante diferentes (Figura 5.20).
5.4. Resultados e Análises dos Resultados 157
Figura 5.20: Espessura do filme de asfalto obtidas na dosagem das misturas AZRg, AZRb e
AZRa
O agregado de basalto, devido às suas características de superfície, apresentou VAM muito
alto e, conseqüentemente, para um Vv de 4%, valor de RBV também alto (80, 3%), acima
do limite superior de 75% especificado pelo Superpave. Portanto, para que o valor do RBV
ficasse dentro da faixa de especificação Superpave, o valor do VAM da mistura deveria ser
mais baixo. Um cálculo rápido permite estabelecer limites para o VAM com vistas no RBV,
ou seja, para que o RBV da mistura permanecesse dentro do limite de 65% a 75% os valores
do VAM deveriam conservar-se entre 11, 5% e 16%, considerando um Vv de 4%. Valores de
VAM superiores a esses produziriam misturas com excesso de asfalto. Alguns autores sugerem,
quando o VAM da mistura é alto, que se altere a granulometria. Porém, analisando os resultados
apresentados, pode-se perceber que não se trata apenas de um problema de granulometria e sim
de características de forma e de angularidade do agregado, pois ocorreram misturas com VAM
muito alto (AZRb), VAM adequado (AZRg) e VAM abaixo do limite especificado (AZRa), para
uma mesma curva granulométrica. Além disso, é de conhecimento da comunidade científica que
misturas com agregados mais angulares e com textura superficial rugosa apresentam resistência
à compactação elevada. Esses dois fatos despertam a idéia de que, talvez, a mistura AZRb,
que apresenta VAM muito alto e resistência à compactação elevada, devesse ser compactada
com mais energia na tentativa de diminuir o VAM, melhorando dessa maneira o arranjo entre
partículas, diminuindo o RBV, além de melhorar a estabilidade da mistura. Essa idéia será
melhor explorada no Capítulo 6.
A concepção de que com arranjos mais próximos melhora-se a estabilidade das misturas
pôde ser verificada através dos resultados de estabilidade Marshall obtidos. O melhor arranjo
entre as partículas do agregado de gabro (VAM de 17%), em decorrência de suas características
158 5. Propriedades Volumétricas e Seleções Granulométricas
de forma, de angularidade e de textura superficial, pode ser verificado quando comparados os
valores de sua estabilidade Marshall aos das outras misturas AZR. A mistura AZRg apresentou
estabilidade Marshall, obtida através do ensaio de compressão diametral, de 17.583 N, enquanto
a mistura AZRb teve um valor de 12.837 N e a mistura AZRa apresentou um valor de 9.463 N,
no teor de projeto (Figura 5.21).
A fluência Marshall, que corresponde à deformação sofrida pelo corpo-de-prova até o mo-
mento da ruptura, foi de 42 mm para a mistura AZRg, 44 mm para a mistura AZRb, considera-
dos estatisticamente iguais com um nível de confiança de 95% e 24 mm para a mistura AZRa
(Figura 5.21).
Figura 5.21: Estabilidade e Fluência Marshall obtidas na dosagem das misturas AZRg, AZRb
e AZRa
5.4. Resultados e Análises dos Resultados 159
5.4.2 Dosagens das Misturas Asfálticas Bailey
Os resultados da dosagem das misturas Bailey, com agregado de gabro e basalto, estão
apresentados nas Tabelas 5.18 e 5.19, respectivamente. Nessas Tabelas, constam a porcentagem
de asfalto adicionada à mistura (Pb), a permeabilidade ou absorção de água pelo corpo-de-prova,
após 2 minutos de imersão (%Ab
cp
), a densidade aparente da mistura (d), a densidade máxima
medida da mistura (DMM), o volume de vazios (Vv), os vazios do agregado mineral (VAM), a
relação betume-vazios (RBV) e a estabilidade (E) e fluência (F ) Marshall.
Tabela 5.18: Dosagem Marshall - mistura Bailey - gabro
P b %Ab
cp
d DMM V v V AM RBV E F
(%) (%) (%) (N ) (mm)
6, 0 0, 32 2, 338 2, 541 8, 0 19, 8 59, 8 13.327 36
6, 5 0, 09 2, 348 2, 521 6, 8 19, 9 65, 6 12.827 38
7, 0 0, 04 2, 372 2, 501 5, 2 19, 5 73, 6 13.317 41
7, 5 0, 03 2, 388 2, 482 3, 8 19, 4 80, 6 12.798 40
8, 0 0, 02 2, 392 2, 463 2, 9 19, 7 85, 4 12.719 45
Tabela 5.19: Dosagem Marshall - mistura Bailey - basalto
P b %Ab
cp
d DMM V v V AM RBV E F
(%) (%) (%) (N ) (mm)
5, 5 0, 15 2, 421 2, 618 7, 5 20, 1 62, 5 9.503 35
6, 0 0, 08 2, 440 2, 596 6, 0 19, 8 69, 7 10.199 40
6, 5 0, 06 2, 462 2, 575 4, 4 19, 6 77, 6 9.875 42
6, 8 0, 03 2, 464 2, 562 3, 8 19, 7 80, 6 9.985 42
7, 0 0, 03 2, 465 2, 554 3, 5 19, 9 82, 6 9.208 42
7, 5 0, 03 2, 468 2, 534 2, 6 20, 2 87, 2 10.101 48
Na Tabela 5.20, encontra-se o resumo dos cálculos necessários para a elaboração do dia-
grama de componentes das misturas Bailey com agregados de gabro e de basalto, obtendo-se as
propriedades volumétricas, a porcentagem de asfalto absorvido pelo agregado, a porcentagem
de asfalto efetivo na mistura e a espessura do filme de asfalto. A Figura 5.22 apresenta uma
representação gráfica das propriedades volumétricas das misturas Bailey obtidas nas dosagens.
160 5. Propriedades Volumétricas e Seleções Granulométricas
Tabela 5.20: Propriedades das misturas Bailey
Propriedades Gabro Basalto
Volume Total (V t) 1 1 cm
3
Densidade Aparente da Mistura (d) 2, 388 2, 464 g/cm
3
Densidade de Asfalto (ρ
b
) 1, 02 1, 02 g/cm
3
Porcentagem do Asfalto (P b) 7, 5 6, 8 %
Densidade Aparente do Agregado (ρ
ap
) 2, 742 2, 860 g/cm
3
Densidade Efetiva do Agregado (ρ
ef
) 2, 808 2, 880 g/cm
3
Porcentagem do Fíler (%F ) 3, 5 3, 5 %
Área Superficial do Agregado (AS) 7, 66 7, 66 m
2
/kg
Massa Total da Mistura (Mt) 2, 388 2, 464 g
Massa do Asfalto (Mb) 0, 179 0, 168 g
Massa do Agregado (Ma) 2, 209 2, 297 g
Volume Efetivo do Agregado (V
ef
) 0, 787 0, 798 cm
3
Volume Aparente do Agregado (V
ap
) 0, 806 0, 803 cm
3
Volume do Asfalto (V b) 0, 176 0, 164 cm
3
Volume do Asfalto Absorvido (V b
abs
) 0, 019 0, 005 cm
3
Volume do Asfalto Efetivo (V b
ef
) 0, 157 0, 159 cm
3
Volume de Ar (V
ar
) 0, 038 0, 038 cm
3
Massa do Asfalto Efetivo (Mb
ef
) 0, 160 0, 162 g
Massa do Asfalto Absorvido (Mb
abs
) 0, 019 0, 005 g
Porcentagem de Volume de Vazios (V v) 3, 8 3, 8 %
Vazios do Agregado Mineral (V AM ) 19, 4 19, 7 %
Relação Betume Vazios (RBV ) 80, 5 80, 6 %
Asfalto Efetivo (P b
ef
) 6, 7 6, 6 %
Asfalto Absorvido (A
abs
) 0, 9 0, 2 %
Densidade Máxima Medida (DM M) 2, 482 2, 562
Espessura do Filme de Asfalto (Ef
b
) 9, 3
6
9, 0
6
m
5.4. Resultados e Análises dos Resultados 161
Figura 5.22: Propriedades volumétricas obtidas nas dosagens das misturas Bg e Bb
162 5. Propriedades Volumétricas e Seleções Granulométricas
As misturas Bailey gabro (Bg) e Bailey basalto (Bb), diferentemente das misturas AZR, não
têm mesma granulometria. Portanto, a análise comparativa entre essas misturas deve ser feita
em função do arranjo entre partículas e das propriedades volumétricas.
Com base nos resultados das dosagens das misturas Bailey apresentados, pode-se perceber
que o teor de asfalto efetivo de projeto das misturas Bg e Bb são muito próximos, 6, 7% para
a mistura Bg e 6, 6% para a mistura Bb (Tabela 5.20). As propriedades volumétricas das duas
misturas são também aproximadamente iguais, sendo os valores de VAM de 19, 4% e 19, 7%,
RBV de 80, 5% e 80, 6%, para as misturas Bg e Bb, respectivamente, considerando um Vv de
3, 8% para ambas as misturas (Tabela 5.20). As espessuras do filme de asfalto para as duas
misturas também são muito similares, a mistura Bg apresenta aproximadamente 9, 3 µm e a
mistura Bb apresenta 9, 0 µm. Isso pode indicar que, apesar das diferentes características de
forma e angularidade dos agregados, a utilização do método Bailey permitiu que se configurasse
um arranjo similar entre as partículas dos dois tipos de granulometrias, compondo misturas
com características volumétricas similares. Destaca-se, portanto, a capacidade do método de
considerar as propriedades de superfície das partículas na obtenção de curvas granulométricas.
Mas apesar da similaridade das propriedades volumétricas, as misturas Bailey apresentaram
VAM altos e, conseqüentemente, RBV acima do valor limite de 75%. Os corpos-de-prova com-
pactados apresentaram também excesso aparente de asfalto, mais explícito nos corpos-de-prova
da mistura Bb, com aparência bastante brilhante e grudentos ao toque.
Isso demonstra que misturas com agregados de diferentes características de forma e angu-
laridade, mesmo utilizando o método Bailey, que considera essas diferenças, podem apresentar
valores altos de VAM e, portanto, também de teores de asfalto efetivo altos. Esse fato reforça
a idéia da possível utilização de energias de compactação mais elevadas para a diminuição do
VAM das misturas, pois teores de asfalto superiores ao necessário podem ocasionar problemas
de deformação permanente e aumentar o custo da obra de pavimentação.
A mistura Bg apresentou estabilidade Marshall de 12.798 N enquanto a mistura Bb de
9.985 N. Porém, ao analisar as Tabelas 5.18 e 5.19 e a Figura 5.23, pode-se verificar que
a estabilidade, tanto da mistura Bg como da Bb, oscilam com a variação do teor de asfalto
sem aparentemente apresentar alguma tendência, ao contrário da maioria das misturas que
tendem a aumentar a estabilidade Marshall ao se aproximar do teor efetivo de projeto. Uma
possível explicação poderia ser que a estabilidade da mistura está tão condicionada ao esqueleto
estrutural formado pelas partículas dos agregados que, ao variar o teor de asfalto, este pouco
contribui para o aumento ou diminuição da estabilidade da mistura. Mas, considerando apenas
5.4. Resultados e Análises dos Resultados 163
esse ensaio, essa idéia deve ser encarada apenas como uma possível suposição. A fluência
Marshall foi de 40 mm para a mistura Bg e de 42 mm para a mistura Bb (teor de projeto),
podendo ser consideradas iguais ao analisar a dispersão dos resultados (Figura 5.23).
Figura 5.23: Estabilidade e Fluência Marshall obtidas na dosagem das misturas Bg e Bb
164 5. Propriedades Volumétricas e Seleções Granulométricas
5.4.3 Comparando Misturas AZR e Bailey
Na Figura 5.24, pode-se visualizar a variação do VAM das misturas AZR e Bailey. A mistura
AZRg apresenta VAM inferior ao da mistura Bg, indicando um arranjo entre as partículas mais
próximo. Esse arranjo mais próximo, somado às boas características de forma, angularidade e
textura superficial das partículas, produzem um melhor intertravamento entre as partículas, que
pode ser constatado através da maior estabilidade Marshall da mistura AZRg comparada à das
outras misturas, como representado nos gráficos da Figura 5.25.
Figura 5.24: VAM das misturas AZRg, AZRb, AZRa, Bg e Bb
Vale notar que VAMs muito baixos também são indesejáveis, como é o caso do mistura
AZRa. Devido às características de forma, angularidade e textura superficial das partículas do
agregado de areia, elas assumem posições muito próximas umas das outras, permitindo que
uma quantidade de asfalto pequena seja adicionada à mistura, ocasionando uma espessura do
filme de asfalto muito delgada. As partículas de areia natural, com cantos arredondados e
textura superficial lisa, não proporcionam intertravamento adequado, que pode ser percebido
em razão da menor estabilidade Marshall da mistura em comparação às outras (Figura 5.25).
Essas partículas, devido aos seus cantos arredondados e à sua textura superficial lisa, tendem
a escorregar umas sobre as outras ao invés de intertravarem-se e, assim, a capacidade de carga
resistida pelo esqueleto estrutural formado é prejudicada.
as misturas AZRb e Bb, que apresentaram VAM similares, mostram valores de estabi-
lidade Marshall distintos. A estabilidade Marshall da mistura AZRb é superior à da mistura
Bb, 12.837 e 9.985, respectivamente. Isso pode demonstrar que, apesar dos valores do VAM
serem similares, um melhor arranjo entre as partículas da mistura AZRb foi formado, mas essa
5.4. Resultados e Análises dos Resultados 165
Figura 5.25: Comparação entre a estabilidade e fluência Marshall das misturas AZR e Bailey
hipótese poderá ou não ser validada através de outros ensaios realizados com essas mesmas
misturas, que serão apresentados nos próximos capítulos.
Pode-se notar que tanto as misturas AZR quanto as Bailey, para os agregados de gabro
e basalto, demonstram forte similaridade quanto à fluência Marshall (Figura 5.25), apesar de
apresentarem valores distintos de asfalto efetivo (Figura 5.26).
De forma geral, os resultados indicam que quanto maior o VAM, maior a quantidade de as-
falto efetivo na mistura e, VAMs similares (AZRb, Bg e Bb) produzem valores muito próximos
de asfalto efetivo (6, 5; 6, 7 e 6, 6%), de RBV (80, 2; 80, 5 e 80, 6%) e de espessura do filme de
asfalto (8, 9; 9, 3 e 9, 3 µm), respectivamente.
166 5. Propriedades Volumétricas e Seleções Granulométricas
Figura 5.26: Comparação entre o asfalto efetivo, espessura do filme de asfalto e relação
betume-vazios das misturas AZR e Bailey
5.4. Resultados e Análises dos Resultados 167
A Tabela 5.21 traz as distâncias da linha de densidade máxima (LDM), em relação à curva
granulométrica utilizada, e os valores de VAM encontrados para essas misturas produzidas com
agregados de mesma origem.
Tabela 5.21: Comparação entre as distâncias da linha de densidade máxima e VAM
Mistura Distância da LDM VAM
AZRg 57, 5 17, 0
Bg 57, 5 19, 4
AZRb 57, 5 19, 5
Bb 41, 5 19, 7
A mistura AZRg e Bg têm mesma distância da LDM, calculada através da Equação 5.2,
porém os valores do VAM são diferentes (Tabela 5.21). a mistura AZRb tem distância da
LDM maior que a mistura Bb, portanto deveria apresentar VAM maior, o que também não
ocorreu, pelo contrário, o VAM da mistura Bb mostra-se ligeiramente mais elevado. Como
visto anteriormente, a LDM estaria associada à granulometria que resultaria do arranjo mais
denso formado entre as partículas dos agregados. Portanto, teoricamente, quanto mais próxima
a granulometria estivesse da LDM, mais denso seria o arranjo formado entre as partículas.
Contudo, as curvas granulométricas ensaiadas não satisfizeram a definição da LDM, mesmo
utilizando o traçado da LDM proposto por McLeod (1987), defendido por Huber & Shuler
(1992) e também utilizado pelo Superpave.
Através do gráfico da Figura 5.15, pode-se ver que a granulometria AZR é mais fina que a
granulometria Bg. A mistura AZR possui menor quantidade de partículas grossas, em sua fração
grossa, e possui maior quantidade de partículas finas, em sua fração fina, quando comparada à
mistura Bg. A quantidade menor de partículas grossas e a quantidade maior de partículas finas,
preenchedoras dos vazios formados pelas partículas grossas, podem explicar o VAM menor
encontrado para a mistura AZR, em comparação à mistura Bg, que possui quantidade maior
de partículas grossas, em sua fração grossa, e quantidade menor de partículas finas, em sua
fração fina. Isso demonstra que apenas a avaliação da distância da LDM não permite dizer
se as misturas terão VAMs maiores ou menores, se não for levado em conta as características
granulométricas das misturas. A porcentagem de agregados grossos (formadores de espaços) e
a porcentagem de agregados finos (preenchedores desses espaços) também influenciam o valor
do VAM, ou seja, além da distância da LDM, as características das curvas granulométricas
devem ser consideradas. Portanto, a hipótese de que ao afastar a curva granulométrica da LDM
seriam encontrados VAMs mais altos, para agregados de mesma origem, pode ser refutada, pois
há mais a que se considerar que apenas a distância da LDM.
168 5. Propriedades Volumétricas e Seleções Granulométricas
Uma explicação possível para o desacordo entre os resultados encontrados por Huber &
Shuler (1992) e os relatados nesta pesquisa é que Huber & Shuler (1992) compararam o VAM
entre curvas granulométricas com características granulométricas semelhantes, ou seja, havia
um balanceamento constante entre as frações grossas e finas das curvas granulométricas anali-
sadas. Já as curvas granulométricas estudadas nesta pesquisa não têm balanceamento constante,
como visto no parágrafo anterior. Portanto, os resultados apontam que a distância da LDM
parece não estar relacionada com o VAM de maneira tão direta e simplista como relatado por
Huber & Shuler (1992).
A não correlação observada entre o VAM e a LDM pode não ser uma problema de lo-
calização incorreta da linha, como suposto por Huber & Shuler (1992), mas talvez seja a
desconsideração do balanceamento entre as proporções de frações grossas, formadoras de va-
zios, e finas, preenchedoras de vazios. Parece razoável afirmar que comparações entre curvas
granulométricas, com o objetivo de avaliar o VAM através da distância da LDM, podem
ser válidas se as curvas granulométricas tiverem formas parecidas, ou seja, comparações entre
curvas do tipo "S" e curvas que passam acima ou abaixo da LDM proporcionariam resultados
inconsistentes quanto ao VAM.
5.5 Conclusões
Os ensaios realizados serviram para avaliar os efeitos das características de superfície dos
agregados e da granulometria. Um dos objetivos do experimento foi avaliar a granulometria sem
confundi-la com os efeitos das diferentes formas, angularidades e texturas superficiais dos agre-
gados. Para tanto, foram comparados os VAMs das misturas, as quais possuíam granulometrias
idênticas, mas com agregados de características de superfície diferentes (forma, angularidade e
textura superficial). Também foram comparados os VAMs das misturas que possuíam o mesmo
tipo de agregado, mas com granulometrias diferentes.
Foram pesquisados três tipos de agregados, gabro com taxa de absorção de asfalto média,
basalto com taxa de absorção de asfalto baixa e uma areia natural com taxa de absorção baixa,
e três curvas granulométricas, AZR, determinada conforme as especificações Superpave, Bg e
Bb, determinadas através do método Bailey. Todas as granulometrias selecionadas para este
estudo continham 3, 5% de material passante na peneira 0, 075 mm.
Ao serem realizadas as dosagens Marshall para cada uma das três granulometrias e para
cada um dos três tipos de agregados estudados, pôde-se estabelecer comparações entre tipo de
5.5. Conclusões 169
agregado e VAM e, entre granulometria e características de superfície do agregado. O VAM
foi utilizado como modo de comparar as densidades relativas das misturas produzidas com
agregados com características de superfície diferentes, pois, a densidade relativa da mistura
pode ser expressa através da quantidade de vazios formados entre as partículas do agregado
mineral, após a compactação da mistura.
Os experimentos realizados permitem concluir que:
Para uma dada granulometria, as características de forma, angularidade e textura superfi-
cial do agregado influenciam o arranjo entre partículas;
Partículas arredondadas, de angularidade baixa e textura superficial lisa, produzem mis-
turas com arranjo entre partículas muito próximos e, conseqüentemente, VAMs cerca de
5% mais baixos que agregados angulares e de textura superficial rugosa;
Valores muito baixos de VAM impossibilitam que uma quantidade suficiente de asfalto
seja adicionada à mistura e, conseqüentemente, as partículas do agregado são envolvidas
por uma películas de asfalto muito fina, podendo comprometer a durabilidade da mistura;
Para uma mesma granulometria, agregados com diferentes características de forma e
angularidade podem apresentar valores muito diferentes de VAM e, portanto, teores de
asfalto bastante distintos;
Apesar das diferentes características de forma e angularidade dos agregados de gabro e
basalto estudados, a utilização do método Bailey permitiu que se configurasse um arranjo
similar entre as partículas das misturas Bg e Bb, compondo misturas com características
volumétricas similares, o que vem destacar a capacidade do método de considerar as
propriedades de superfície das partículas para a obtenção de curvas granulométricas;
As misturas AZRb, Bg e Bb apresentaram um excesso aparente de asfalto após compac-
tadas, provavelmente devido aos valores altos do VAM dessas misturas;
As estabilidades Marshall das misturas Bailey oscilaram com a variação do teor de asfalto,
sem aparentemente apresentar uma tendência, ao contrário da maioria das misturas, que
tendem a aumentar a estabilidade Marshall ao se aproximar do teor de asfalto efetivo de
projeto;
Quanto maior o VAM, mais elevado é o teor de asfalto de projeto da mistura, para satis-
fazer a condição de Vv em torno de 4%. As misturas estudadas que apresentaram VAM
altos, conseqüentemente, apresentaram RBV acima do valor limite de 75% especificado
pelo Superpave;
170 5. Propriedades Volumétricas e Seleções Granulométricas
VAMs similares (AZRb, Bg e Bb) produzem valores muito próximos de asfalto efetivo,
de RBV e de espessura do filme de asfalto;
Apenas a avaliação da distância da LDM não permite concluir se as misturas terão VAMs
maiores ou menores, se não for levado em conta as características granulométricas das
misturas. A distância da LDM não está relacionada com o VAM de maneira tão direta e
simplista como relatado por Huber & Shuler (1992). A não correlação observada, nesta
pesquisa, entre o VAM e a LDM pode não ser um problema de localização incorreta da
LDM, como suposto por Huber & Shuler (1992), mas, talvez, seja a desconsideração
do balanceamento entre as proporções de frações grossas, formadoras de vazios, e finas,
preenchedoras desses vazios. Comparações entre curvas granulométricas, com o objetivo
de avaliar o VAM através da distância da LDM, só podem ser válidas se as curvas tiverem
formas parecidas, ou seja, se houver balanceamento entre as proporções de frações gros-
sas e finas. Comparações entre curvas do tipo "S"e curvas que passam acima ou abaixo
da LDM podem proporcionar resultados inconsistentes quanto ao VAM.
5.6 Considerações Finais
O objetivo do processo de cura em laboratório é possibilitar que ocorra a absorção de asfalto
dentro dos poros dos agregados, durante o processo de mistura. Pois, considerando que o asfalto
absorvido não faz mais parte do volume da mistura, a DMM real não pode ser obtida até que a
absorção ocorra.
O tempo de cura em laboratório estabelecido pelo Superpave é de 4 horas, mas como
normalmente o tempo de cura em laboratórios estadunidenses é de 2 horas, o AASHTO Sub-
committee on Materials alterou o tempo de cura de 4 para 2 horas (Horan, 2001). Segundo
Horan (2001), essa especificação da AASHTO sugere a utilização de um tempo de cura de
2 horas quando utilizados agregados não absorsores na mistura, porém, esta não define agre-
gado absorsor nem esclarece qual deveria ser o tempo de cura a ser considerado se utilizados
agregados absorsores.
Horan (2001) propõe que a distinção entre agregados que absorvem e que não absorvem
asfalto seja feita considerando os valores de absorção de água desses agregados. Segundo ele,
quando um agregado apresenta absorção menor que 2, 5%, este deve ser considerado como não
absorsor ou de absorção baixa. Porém, essa hipótese de classificação entre agregados que absor-
vem e que não absorvem asfalto, tendo como base a absorção de água, deve ser vista com muita
5.6. Considerações Finais 171
cautela, pois, os dados sobre absorção levantados nesta pesquisa (apresentados no Capítulo 4)
permitem que essa hipótese seja refutada. O agregado de gabro estudado, mesmo apresentando
absorção de água de 1, 67%, apresentou absorção de asfalto em torno de 0, 9% para 2 horas
de cura, valor este que pode acarretar sensíveis diferenças nas propriedades volumétricas das
misturas caso essa absorção não seja considerada, como demonstrado no Capítulo 4. Portanto, o
valor de 2, 5% proposto por Horan (2001) parece estar muito acima do valor limite de absorção
de água que pode influenciar os cálculos das propriedades volumétricas das misturas. Uma
das idéias defendidas neste trabalho de pesquisa é que a capacidade de absorção de água de
um agregado não deve ser utilizada como forma de classificação de agregados e muito menos
para predizer o grau de absorção de asfalto desse agregado, pois, como visto no Capítulo 3,
muitos fatores podem afetar a porcentagem de asfalto absorvido em comparação à porcentagem
de água absorvida pelo agregado, dentre eles o tipo do agregado, o tamanho dos poros e sua
distribuição, a temperatura do asfalto e a espessura da película de asfalto.
Deve-se sempre ter em mente que o propósito base do processo de cura é permitir que
a quantidade de asfalto absorvido durante o projeto da mistura seja equivalente à absorção
de asfalto que ocorrerá durante a prática de produção de misturas no campo. Portanto, o
método de predição da absorção que parece mais realístico para o campo é o proposto nesta
pesquisa e apresentado no Capítulo 3, que sugere o traçado da reta absorção versus DMM como
forma de predição das propriedades volumétricas das misturas, após a compactação em campo,
transcorrido um determinado tempo de armazenamento e transporte.
Com base nos resultados apresentados neste capítulo, pode-se concluir que o VAM é in-
fluenciado diretamente pelas características de forma, angularidade e textura superficial das
partículas, além da granulometria. No entanto, no momento da escolha do agregado ou dos agre-
gados que serão utilizados no desenvolvimento de um projeto de mistura, essas características
de superfície do agregado geralmente não são levadas em conta para a obtenção do VAM e, con-
seqüentemente, o VAM é obtido aleatoriamente. Também é comum, quando se faz necessário
aumentar ou diminuir o VAM, simplesmente prescrever alterações na granulometria da mistura,
mas, como visto neste capítulo, muitas vezes a granulometria não é a responsável principal
pela obtenção de VAM altos ou baixos, mas sim as características de forma, angularidade e
textura superficial das partículas dos agregados. Além de que o ajuste granulométrico pode,
muitas vezes, apresentar resultados confusos, pois, em alguns casos, o afastamento da curva
granulométrica da LDM, com o objetivo de aumentar o VAM, pode provocar a sua diminuição.
Portanto, granulometria e propriedades de superfície das partículas não podem ser dissociadas
quando se trata do VAM da mistura.
172 5. Propriedades Volumétricas e Seleções Granulométricas
A proporção final entre agregados grossos e finos e suas propriedades individuais determi-
nam o conjunto geral de características da mistura para um dado tipo e esforço de compactação.
É de conhecimento consolidado que quanto maior a angularidade e quanto mais rugosas forem
as partículas, maior será a resistência à compactação e, portanto, maior deverá ser o esforço de
compactação necessário para a obtenção da densificação desejada da mistura. Esse fato levanta
a hipótese de que talvez as misturas produzidas com agregados bastante angulares apresentem
VAM muito altos devido à resistência à compactação elevada imposta por suas partículas.
Como o VAM é dependente do tipo e grau de compactação das misturas, um maior esforço
de compactação poderia proporcionar uma diminuição do VAM, proporcionando um arranjo
mais próximo entre as partículas, formando um esqueleto estrutural mais resistente. Essa hipó-
tese será estudada no capítulo próximo, onde se pretende avaliar a variação das propriedades
volumétricas das misturas em função da energia de compactação, com variação do número de
golpes do soquete Marshall.
CAPÍTULO
6
Vazios do Agregado Mineral e
Energia de Compactação
6.1 Considerações Iniciais
A função do VAM tem mudado desde sua introdução como critério de projeto de misturas.
Inicialmente, alguns projetistas tentaram minimizar o VAM para aumentar a estabilidade das
misturas, outros, alteraram seu valor na tentativa de garantir durabilidade à mistura. Na década
de 1950, o VAM era um parâmetro periférico e não muito enfatizado. Nessa época, o Corps
of Engineers especificava valores para RBV em projetos de misturas Marshall, mas não para o
VAM. No período entre 1955 e 1962, Norman McLeod demonstrou a necessidade de utilização
de um VAM mínimo como critério de projeto, em vários artigos publicados. Então, em 1962,
o Asphalt Institute passou a adotar a sugestão de McLeod quanto a utilização do VAM como
critério de projeto.
Atualmente, com a implementação do Superpave, novas pesquisas sobre o VAM vêm sendo
desenvolvidas, com abordagem principal às dificuldades de alcançar o VAM mínimo especi-
ficado. Alguns pesquisadores, como Anderson & Bahia (1997), ressaltam que o processo de
avaliação e seleção da granulometria, com o objetivo de alterar o VAM para enquadrá-lo nas
especificações Superpave, é bastante difícil, além do grande tempo consumido no processo.
Outros, como Hinrichsen & Heggen (1996), salientam que as especificações para o VAM
mínimo são muito restritivas e muitas vezes impedem projetos econômicos de misturas com
desempenho aceitável.
174 6. Vazios do Agregado Mineral e Energia de Compactação
Mas o problema abordado pelos pesquisadores estadunidenses é sempre a dificuldade de
encontrar o VAM mínimo especificado. Esse problema aparentemente está associado à elevação
do esforço de compactação devido ao uso do compactador giratório, durante a implementação
do Superpave (Kandhal et al., 1998). No entanto, os resultados desta pesquisa evidenciam o
problema inverso, misturas que apresentam VAMs bastante altos e, conseqüentemente, RBVs
acima dos especificados pelo Superpave.
Partindo do princípio que o problema de não atingir o VAM mínimo nos Estados Unidos
esteja realmente associado à energia de compactação mais elevada atualmente utilizada, faz-se,
então, a seguinte indagação: "estariam as misturas produzidas com agregados brasileiros sendo
subestimadas quanto às suas potencialidades mecânicas, devido ao uso de energias de com-
pactação inadequadas, ou melhor, inferiores ao que realmente seria necessário para promover
um arranjo mais próximo entre partículas e produzir misturas com esqueleto estrutural mais
resistente?"
O número de giros do compactador giratório Superpave é função do clima no qual a mis-
tura vai ser colocada e do nível de tráfego. Quanto mais quente a região de pavimentação e
quanto maior o nível de tráfego, maior o número de giros do compactador giratório. Porém,
na compactação Marshall, são especificados apenas três níveis de esforços de compactação
possíveis: 35 golpes por face para níveis de tráfego baixo; 50 golpes por face para níveis de
tráfego médio e 75 golpes por face para níveis de tráfego alto. Essa limitação relativa, que
impossibilita a diminuição do VAM através de um maior esforço de compactação, pode fazer
com que as misturas produzidas com agregados mais angulares e rugosos, que sabidamente
impõem uma maior resistência à compactação, tenham sua capacidade de carga subestimada,
pois a diminuição do VAM, supostamente, resultaria em misturas com arranjos estruturais mais
densos e, portanto, mais resistentes à deformação permanente.
O ideal seria que o esforço de compactação pudesse ser fixado em função tanto do tipo
quanto das características de superfície dos agregados, além do clima da região e do nível de
tráfego. Porém, que um processo como esse ainda não foi divulgado no meio científico,
neste capítulo, pretende-se avaliar os efeitos do aumento da energia de compactação sobre as
propriedades volumétricas das misturas asfálticas, utilizando o compactador Marshall, que é o
equipamento disponível na grande maioria dos laboratórios de pesquisa brasileiros.
6.2. Vazios do Agregado Mineral 175
6.2 Vazios do Agregado Mineral
Vários estudos foram desenvolvidos enfocando de maneira direta ou indireta o VAM das
misturas. Uma revisão bibliográfica vasta, realizada durante o desenvolvimento desta pesquisa,
permite, através de pinceladas conclusivas dos pesquisadores, vislumbrar conceitualmente o
VAM:
minimizar o VAM é uma forma de conseguir granulometrias adequadas e de aumentar a
estabilidade das misturas (Hudson & Davis, 1965);
não é aconselhável estabelecer limites para o VAM, considerando aplicações universais,
devido à versatilidade das aplicações dos materiais betuminosos e dos vários tipos e
granulometrias de agregados (Marshall (1949)
1
apud Coree & Hislop (1998));
os agregados finos são os componentes mais críticos para o controle do VAM e os que
mais contribuem para a estabilidade das misturas. Deve-se sempre utilizar agregados finos
angulares, com textura superficial rugosa e com distribuição granulométrica adequada
(Lefebvre, 1957);
quantidades maiores de agregados grossos podem ser usadas para controle do VAM, em
misturas densas (Vavrik et al., 2002);
em misturas densas, os valores do VAM controlam a quantidade de asfalto que pode ser
incorporada à mistura (Field, 1978).
Vários fatores foram citados como influentes no VAM e, dentre os mais citados, encontram-se:
características de superfície do agregado, como forma, angularidade e textura superficial;
arranjo entre partículas e grau de compactação da mistura;
granulometria;
proporção entre agregados grossos e finos na mistura;
proporção e características de superfície dos agregados finos;
teor de fíler.
1
The Marshall Method for the Design and Control of Bituminous Paving Mixtures, 3
rd
rev., Marshall
Consulting and Testing Laboratory, Jackson, MS 1949.
176 6. Vazios do Agregado Mineral e Energia de Compactação
6.3 Vazios do Agregado Mineral e Energia de Compactação
Considerando uma mesma granulometria, o VAM depende do grau de compactação e das
características de superfície dos agregados, que por sua vez, influenciam o arranjo entre partícu-
las. VAMs mais elevados são encontrados quando misturas com agregados bastante angulares
e com textura superficial rugosa são utilizados para a produção de misturas. Agregados assim
apresentam resistência à compactação mais elevada que agregados de angularidade baixa e/ou
textura superficial lisa (Kandhal & Cooley Jr., 2001). Isso foi demonstrado por Anderson &
Bahia (1997) quando correlacionaram o VAM com a inclinação da curva de densificação da
mistura, utilizando o compactador giratório Superpave. A inclinação, K, foi calculada como
a variação da porcentagem da densidade máxima medida como uma função do logaritmo do
número de giros. Essa propriedade indica a resistência da mistura à compactação. Os resultados
também mostraram que quanto mais angulares e com textura superficial mais rugosa forem os
agregados usados na mistura, maior será a resistência à compactação e, portanto, maior o valor
de K.
Uma maneira apropriada de vencer essa resistência à compactação elevada, derivada do ar-
ranjo formado entre partículas angulares e rugosas, seria a elevação da energia de compactação
aplicada à mistura. De acordo com Anderson & Bahia (1997), uma energia de compactação
mais elevada pode ser encarada de duas maneiras:
um esforço de compactação maior resulta em misturas com teores de asfalto menores;
um esforço de compactação maior resulta em misturas com uma estrutura granular mais
resistente.
A primeira maneira influencia diretamente a espessura do filme de asfalto, que é um ele-
mento chave à durabilidade da mistura. A durabilidade da mistura refere-se à sua habilidade de
reter propriedades originais, com o passar do tempo (Chadbourn et al., 2000). Se a espessura do
filme de asfalto for muito fina, pode-se criar um problema de falta de coesão entre as partículas
do agregado, ou então, a mistura pode sofrer mais rapidamente os efeitos da oxidação do asfalto.
Se a espessura do filme for muito grossa, ou seja, a mistura estiver com excesso de asfalto, isso
pode acarretar vários problemas, dentre eles exsudação e instabilidade da mistura.
Nesta pesquisa, pode-se encarar a diminuição da película de asfalto, devido à elevação da
energia de compactação, de uma maneira salutar para as misturas, pois, com os VAMs altos
encontrados e, conseqüentemente, RBVs acima dos valores especificados, a preocupação
6.4. Experimentos Laboratoriais 177
quanto a ocorrência de excesso de asfalto. Portanto, neste estudo, a maneira apropriada de
ver uma energia de compactação mais elevada é considerar que esse esforço de compactação
adicional resultará em misturas com estruturas granulares mais resistentes.
Como os resultados desta pesquisa apontam valores de VAMs altos, será testada a hipótese
de que, para uma mesma granulometria (AZR), misturas produzidas com agregados com resis-
tência à compactação elevada (gabro e basalto) devem ser mais compactadas, na tentativa de
diminuir o VAM e melhorar o arranjo entre partículas, aumentando a estabilidade das misturas.
6.4 Experimentos Laboratoriais
Utilizando a granulometria AZR para produzir misturas com agregados de gabro (AZRg) e
de basalto (AZRb), foram moldados corpos-de-prova Marshall com energias de compactação
de 75, 110 e 155 golpes por face, sendo determinados os teores de projeto para cada nível de
compactação. As misturas AZRg e AZRb compactadas com energias de 110 e 155 golpes,
foram dosadas e moldadas da mesma maneira que as executadas com 75 golpes, como descrito
no Capítulo 5, item 5.3.3. A Figura 6.1 ilustra como se desenvolveu o procedimento de escolha
das energias de compactação de 110 e 155 golpes por face do corpo-de-prova. Pode-se observar
que se procurou manter o aumento padrão dos níveis de energias de compactação correntes no
método Marshall.
Figura 6.1: Procedimento para escolha das energias de compactação correspondentes a 110 e
155 golpes por face do corpo-de-prova Marshall
Com o propósito de verificar a ocorrência de quebra de partículas durante a compactação,
avaliou-se a granulometria das misturas após a compactação, através da extração de asfalto
com posterior peneiramento do agregado no mesmo conjunto de peneiras utilizado neste es-
tudo. A porcentagem de quebras de partículas foi determinada através das diferenças, entre a
178 6. Vazios do Agregado Mineral e Energia de Compactação
granulometria encontrada após a compactação Marshall e a granulometria original, em todas as
peneiras.
As amostras utilizadas na extração de asfalto foram colocadas dentro de um cesto revestido
com papel filtro, para que não houvesse perda de finos. A Figura 6.2 ilustra o equipamento
utilizado para a extração de asfalto.
Figura 6.2: Equipamento utilizado para extração de asfalto
O processo de extração de asfalto, ilustrado na Figura 6.3, consiste em retirar o asfalto
aderido às partículas de agregado, através do uso de um solvente que irá gotejar sobre a mistura,
escorrendo ao fundo do recipiente misturado ao asfalto (Figura 6.3(a)). O fundo do equi-
pamento é aquecido para que, através da fervura, promova a evaporação apenas do solvente
(Figura 6.3(b)), que, ao encontrar uma superfície fria, condensa-se, tornando a gotejar sobre a
amostra (Figura 6.3(c)). Esse processo se repete até que o gotejamento ao fundo do recipiente
torne-se límpido e a amostra encontra-se livre de asfalto (Figura 6.3(d)).
6.4. Experimentos Laboratoriais 179
(a) Asfalto diluído (b) Fervura
(c) Condensação (d) Amostra sem asfalto
Figura 6.3: Processo de extração de asfalto
180 6. Vazios do Agregado Mineral e Energia de Compactação
6.5 Resultados e Análises dos Resultados
6.5.1 Análise de Quebra de Partículas
Na Tabela 6.1, encontram-se as porcentagens de quebra sofridas pelos agregados após a
compactação com 110 e 155 golpes do soquete Marshall. Na Figura 6.4, encontram-se as
curvas granulométricas obtidas após a compactação e plotadas junto com a curva granulo-
métrica original da mistura AZR. Pode-se observar, tanto na Tabela 6.1 como na Figura 6.4,
que as porcentagens de quebra das partículas foram baixas, tanto para o agregado de gabro
quanto para o agregado de basalto, o que vem corroborar com os resultados bons de abrasão
los angeles encontrados de 18, 3% e 16, 2%, respectivamente. Pode-se observar também que
o aumento da energia de compactação de 110 para 155 golpes não alterou significativamente
as porcentagens de quebras. Portanto, a preocupação inicial quanto a possíveis quebras de
partículas que poderiam afetar as propriedades mecânicas das misturas e, portanto, os resultados
dos ensaios mecânicos realizados (apresentados no próximo capítulo), fica descartada.
Tabela 6.1: Resultados, em porcentagem, referentes à quebra de partículas
Porcentagem Passante
AZRg AZRb AZR de Projeto
Peneiras número de golpes número de golpes
(mm) 110 155 110 155
19, 0 100 100 100 100 100
12, 5 95 95 95 95 95
9, 5 87 89 88 89 86
4, 75 63 64 62 62 61
2, 36 47 45 46 46 45
1, 19 37 37 38 40 35
0, 6 27 29 29 30 26
0, 3 20 21 21 19 19
0, 15 11 12 12 12 11
0, 075 3, 6 4 4, 1 4 3, 5
%quebra 0, 9 1, 5 1, 4 1, 6
Obs.: A porcentagem de quebra corresponde à soma das diferenças, dividida pelo número de peneiras
6.5. Resultados e Análises dos Resultados 181
Figura 6.4: Curvas granulométricas AZRg e AZRb obtidas após compactação e curva
granulométrica AZR de projeto
6.5.2 Propriedades Volumétricas das Misturas AZR versus Energia de
Compactação
VAM
Os resultados das propriedades volumétricas, correspondentes à média entre aproximada-
mente 25 corpos-de-prova, compactados com 75, 110 e 155 golpes do soquete Marshall, estão
apresentados na Tabela 6.2. Os resultados mostram que o aumento da energia de compactação
realmente faz diminuir o VAM das misturas, ou seja, melhora o arranjo formado entre as
partículas dos agregados. A mistura AZRb apresentou decréscimo em torno de 2, 1% no valor
do VAM e a mistura AZRg apresentou decréscimo de aproximadamente 1% no valor do VAM
(Figura 6.5).
A mistura AZRb, que apresentava o maior valor de VAM quando compactada com energia
de 75 golpes por face, foi a que apresentou melhor entretecimento entre suas partículas com o
aumento da energia de compactação, tornando a mistura relativamente mais densa. Já a mistura
AZRg, que não apresentava VAM tão elevado quanto o da mistura AZRb, teve uma aproximação
entre partículas, porém, não tão acentuada como a da mistura AZRb. Isso pode indicar que a
mistura AZRb estava realmente sendo subestimada quanto à sua capacidade de arranjamento
entre partículas.
182 6. Vazios do Agregado Mineral e Energia de Compactação
Tabela 6.2: Resultados das propriedades volumétricas das misturas AZR para energias de
compactação de 75, 110 e 155 golpes
Propriedades Volumétricas
VAM (%) RBV (%) Vv (%)
Misturas 75 110 155 75 110 155 75 110 155
AZRg 17, 0 16, 5 16, 0 74, 5 74, 9 74, 5 4, 3 4, 1 4, 1
AZRb 19, 5 18, 3 17, 4 80, 2 79, 3 78, 4 3, 9 3, 8 3, 8
Figura 6.5: Variação dos vazios do agregado mineral das misturas AZRg e AZRb, conforme a
energia de compactação aplicada
O método Marshall especifica que se utilize energia de compactação de 75 golpes em
projetos de misturas destinadas a revestir rodovias com volume de tráfego alto. Considerando
que essa energia de 75 golpes é suficiente e adequada para promover um arranjo forte e estável
entre partículas, poder-se-ia imaginar que, ao compactar a mistura com energia de 110 golpes
por face, não haveria ganhos significativos quanto à sua densificação, indicativo de que a
mistura já estaria com arranjo bastante próximo entre suas partículas. Em vista dessa suposição
inicial, empregar energias de compactação ainda mais elevadas (por exemplo 155 golpes) seria
apenas para constatar que fora alcançado o limite de densificação das misturas. Porém, nesta
pesquisa, ao aumentar a energia de compactação de 75 para 110 golpes, observou-se a elevação
da densidade relativa das misturas, indicando que quando compactadas com 75 golpes estas
ainda não estavam próximas de seu limite de densificação. Ao elevar ainda mais a energia de
compactação, de 110 para 155 golpes, observou-se que ainda não havia sido atingido o limite
de densificação das misturas. No entanto, energias de compactação ainda mais elevadas que
155 golpes não foram testadas, na tentativa de alcançar o limite de densificação, porque, mesmo
6.5. Resultados e Análises dos Resultados 183
que a mistura permitisse ser ainda mais compactada, provavelmente sua rigidez seria tão elevada
que poderia prejudicar a sua vida de fadiga.
RBV
Os resultados, encontrados na Tabela 6.2, indicam que houve uma tendência de diminuição
do RBV conforme o aumento do esforço de compactação. A mistura AZRb apresentou um
decréscimo mais elevado de RBV comparado à mistura AZRg (Figura 6.6), porém, mesmo com
155 golpes por face, a mistura AZRb não se enquadrou na faixa de especificação Superpave.
No entanto, os corpos-de-prova compactados tanto com 110 como com 155 golpes deixaram
de aparentar excesso de asfalto. Essa aparência mais seca dos corpos-de-prova deve-se à
diminuição do teor de asfalto efetivo da mistura e, conseqüentemente, da espessura do filme
de asfalto, em decorrência da utilização de energias de compactação mais elevadas.
Figura 6.6: Variação da relação betume-vazios das misturas AZRg e AZRb conforme a energia
de compactação aplicada
6.5.3 Asfalto Efetivo e Espessura do Filme de Asfalto versus Energia de
Compactação
Na Tabela 6.3, estão apresentadas as variações dos valores do asfalto efetivo e da espessura
do filme de asfalto, conforme a energia de compactação aplicada. O aumento da energia de
compactação, tanto de 75 para 110 golpes como de 110 para 155 golpes, representou uma
184 6. Vazios do Agregado Mineral e Energia de Compactação
diminuição do asfalto efetivo da mistura AZRg em aproximadamente 0, 1% e de 0, 2%, res-
pectivamente, e uma diminuição da espessura do filme de asfalto em aproximadamente 0, 3%
e 0, 2%, respectivamente (Tabela 6.3). a mistura AZRb, com o aumento da energia de
compactação de 75 para 110 golpes, apresentou uma diminuição do asfalto efetivo em torno
de 0, 5% e entre 110 para 155 golpes uma diminuição de 0, 4%. A espessura do filme de asfalto
da mistura AZRb variou em aproximadamente 0, 8% ao aumentar a energia de compactação de
75 para 110 golpes e em 0, 5% ao aumentar a energia de 110 para 155 golpes. A Figura 6.7
traz as ilustrações gráficas da variação do teor de asfalto efetivo (Figura 6.7(a)) e da variação da
espessura do filme de asfalto (Figura 6.7(b)), conforme a energia de compactação aplicada.
Tabela 6.3: Resultados do asfalto efetivo e da espessura do filme de asfalto, para energias de
compactação de 75, 110 e 155 golpes por face
Asfalto efetivo (%) Espessura do filme de asfalto (µm)
Misturas 75 110 155 75 110 155
AZRg 5, 3 5, 2 5, 0 7, 3 7, 0 6, 8
AZRb 6, 5 6, 0 5, 6 8, 9 8, 1 7, 6
6.5.4 RBV sob Nova Óptica
Os limites mínimos e máximos de RBV estabelecidos pelo Superpave podem ser analisados
de maneira inversa. Através do controle do VAM dentro de determinados limites, poder-se-ia
assegurar que os valores mínimos e máximos do RBV especificados pelo Superpave fossem
respeitados. Por exemplo, para manter os valores de RBV entre 65 e 75%, considerando-se um
volume de vazios de 4%, as misturas deveriam ter valores de VAM entre 11, 5% e 16%.
Em vista disso, poder-se-ia conceber que misturas com granulometrias adequadas, produ-
zidas com agregados altamente angulares e rugosos, que apresentem valores de RBV acima
do limite máximo estabelecido pelo Superpave, devessem ser submetidas a esforços maiores de
compactação para vencer a resistência à compactação imposta por suas partículas, diminuindo o
VAM para valores entre 11, 5 e 16%. Esta pesquisa mostra que a mistura AZRb, mesmo quando
submetida a 155 golpes por face do corpo-de-prova, continuou apresentando RBV acima do
especificado (78, 4%). Em outras palavras, mesmo com uma energia de compactação tão
elevada não foi possível diminuir o VAM da mistura AZRb para valores dentro desse intervalo.
Isso parece indicar que os limites de RBV estabelecidos pelo Superpave são inadequados para
misturas produzidas com agregados altamente angulares e rugosos, representativos de muitos
dos agregados brasileiros.
6.5. Resultados e Análises dos Resultados 185
(a) Variação do asfalto efetivo com a energia de compactação
(b) Variação da espessura do filme de asfalto com a energia de compactação
Figura 6.7: Variação do asfalto efetivo e espessura do filme de asfalto das misturas AZRg e
AZRb, conforme a energia de compactação aplicada
186 6. Vazios do Agregado Mineral e Energia de Compactação
Assim como as especificações Superpave para agregados, os valores limites das proprieda-
des volumétricas das misturas foram escolhidos às pressas, apenas com base no conhecimento
de especialistas locais estadunidenses, ou melhor, com base na experiência que absorveram
utilizando agregados locais. É de conhecimento comum que os tipos de agregados normalmente
utilizados nos EUA em pesquisas e também em pavimentação são diferentes dos agregados
mais comumente pesquisados e utilizados na pavimentação de rodovias brasileiras. A exemplo,
a norma NBR 12891, desenvolvida com base na experiência adquirida através da produção de
misturas asfálticas com agregados nacionais, especifica valores de RBV entre 75 a 82%, valores
estes bem mais elevados que os praticados nos EUA, de 65 a 75%, para misturas Marshall
projetadas para tráfego alto. Portanto, considerando as características dos agregados nacionais
estudados, que possuem angularidades elevadas e texturas superficiais bastante rugosas, os
valores de RBV especificados pelo Superpave estão inadequados.
Apesar da importância do VAM para o controle da densidade relativa das misturas (arranjo
entre partículas) e do teor de asfalto efetivo, essa propriedades não faz parte da norma brasileira
de dosagem de misturas pelo Método Marshall, ainda tão utilizada no país. No entanto, se o
objetivo for estipular valores limites adequados para o VAM e RBV das misturas, como propõe
o Superpave, faz-se necessário ampliar os estudos, com amostragens amplas de agregados
nacionais, considerando o VAM em função das características dos agregados e também em
função do grau de compactação da mistura.
6.6 Conclusões
As porcentagens de quebra de partículas foram baixas, tanto para o agregado de gabro
quanto para o agregado de basalto, com a elevação da energia de compactação;
A elevação da energia de compactação de 75 para 110 ou de 75 para 155 golpes não
alterou significativamente as porcentagens de quebra das partículas;
A elevação da energia de compactação promoveu a diminuição do VAM das misturas;
A mistura AZRb, a qual apresentou o valor mais elevado de VAM quando compac-
tada com 75 golpes por face, teve o decréscimo mais significativo de VAM com o au-
mento da energia de compactação, indicando que suas partículas, angulosas e rugosas,
arranjaram-se de maneira mais próxima, aumentando a densidade relativa da mistura;
A mistura AZRg, que não apresentava VAM tão elevado quanto a mistura AZRb, também
teve uma aproximação entre partículas com o aumento da energia de compactação, porém,
não tão acentuada;
6.7. Considerações Finais 187
A elevação da energia de compactação promove a diminuição do asfalto efetivo e da
espessura do filme de asfalto das misturas;
A mistura AZRb apresentou um decréscimo elevado de RBV, se comparada à mistura
AZRg, porém, mesmo recebendo 155 golpes em cada face do corpo-de-prova Marshall,
a mistura AZRb continuou não se enquadrando nos limites de RBV estabelecidos pelo
Superpave;
Os valores de RBV especificados pelo Superpave mostraram-se inadequados para as mis-
turas produzidas com os agregados brasileiros estudados, que apresentam angularidades
elevadas e texturas superficiais rugosas.
6.7 Considerações Finais
Os especialistas do Strategic Highway Research Program (SHRP) estabeleceram, através
de uma escala de notas, quais das propriedades volumétricas das misturas que deveriam ser
consideradas e incorporadas pelo Superpave. A média das notas, dadas pelos especialistas
e publicadas por Cominsky et al. (1994) (SHRP A-408), podem ser vistas na Tabela 6.4.
Ao analisar a pontuação, parece claro que o VAM foi considerado como uma propriedade
importante, no entanto, o RBV não. O Vv e o VAM tiveram aceitação forte, porém, o RBV
e a porcentagem de fíler (dust asphalt ratio) tiveram aceitação neutra e a espessura do filme de
asfalto teve aceitação baixa.
Provavelmente, sob a influência da publicação do relatório SHRP A-408, no mesmo ano de
1994, o Asphalt Institute reintroduziu o RBV como critério de projeto de misturas Marshall,
mesmo este não sendo um critério muito popular entre os especialistas do SHRP, e alterou o Vv
para 4%, assim como introduziu o VAM como função do Vv e do diâmetro máximo nominal
(Coree & Hislop, 1998).
A experiência adquirida nesta pesquisa mostra que se fosse utilizado o critério do RBV, a
mistura AZRb não seria adequada aos propósitos de pavimentação por apresentar excesso de
asfalto. Mesmo aumentando a energia de compactação, ainda assim a mistura AZRb continuaria
apresentando excesso de asfalto, sob a óptica do RBV. Se fosse utilizado o critério de espessura
do filme de asfalto, essa mistura seria considerada adequada, pois apresentou, mesmo para 75
golpes, espessura de 8, 9µm, apropriada para uma mistura densa.
188 6. Vazios do Agregado Mineral e Energia de Compactação
Tabela 6.4: Resumo classificatório das notas dadas pelos especialistas do SHRP para as
características das misturas asfálticas
Características Média
b
desvio padrão "melhor" maneira de determinação
Vv 6, 77 0, 44 método Rice
VAM 6, 15 0, 90 densidade aparente do agregado
RBV 4, 00 1, 68 não definida
Dust asphalt ratio 4, 46 1, 85 não definida
Esp. do filme de asfalto 3, 31 1, 89 MS-2 Procedure
a
a
Método que considera o teor efetivo de asfalto e área superficial do agregado
b
escala de notas:
1 - desacordo total
2 - desacordo forte
3 - desacordo
4 - neutro
5 - concordância
6 - concordância forte
7 - concordância total
Existe muita polêmica quanto ao melhor critério a ser usado para garantir durabilidade à
mistura, VAM e RBV ou espessura do filme de asfalto. McLeod (1957), defensor principal do
uso do VAM para garantir durabilidade à mistura, afirma que para uma mistura compactada
com 3 a 5% de Vv, deveria ser requerido apenas um VAM mínimo de 15%, pois especificar
RBVs entre "75 e 85%" seria muito restritivo. Vale notar que o limite de RBV que McLeod
(1957) achava restritivo demais, por não permitir que uma quantidade suficiente de asfalto fosse
adicionada à misturas Marshall para garantir-lhes durabilidade, é bem superior ao especificado
pelo Superpave.
Outros pesquisadores, como Kandhal et al. (1998), afirmam que misturas asfálticas duráveis
estão diretamente relacionadas com a espessura da película de asfalto que envolve o agregado.
De acordo com esses pesquisadores, o VAM mínimo deveria ser baseado na espessura mínima
da película de asfalto ao invés de uma quantidade mínima de asfalto necessária dentro da
mistura, pois a quantidade mínima de asfalto difere entre misturas que contêm agregados com
características de superfície e granulometrias diferentes.
que o propósito da utilização do VAM é propiciar que pelo menos uma quantidade
mínima de asfalto seja adicionada à mistura, garantindo-lhe assim durabilidade, parece mais
racional que seja realmente utilizada uma espessura mínima de película de asfalto, pois, dessa
maneira, estaria sendo considerado o que realmente interessa, o quanto de asfalto está envol-
vendo cada partícula do agregado. No entanto, quão válida pode ser a espessura do filme de
6.7. Considerações Finais 189
asfalto calculada simplesmente pela divisão da área superficial do agregado (obtida de sua
granulometria) pelo teor de asfalto efetivo da mistura? É improvável que todas as partículas
na mistura tenham a mesma espessura de película envolvendo-as. Partículas de agregados mais
grossas podem ou não ter espessura de filme de asfalto mais finas que partículas mais finas
e, algumas partículas muito finas, podem ser simplesmente incorporadas ao asfalto. Além de
que, apesar de existirem muitas formas de estimar a área superficial dos agregados, as mais
comumente utilizadas partem do pressuposto de que as partículas têm textura superficial lisa e
que são completamente esféricas, o que obviamente é origem de erros apreciáveis. No entanto,
outras formas de estimar a área superficial dos agregados podem ser utilizadas, mas geralmente
são muito complexas e/ou exigem equipamentos sofisticados. Portanto, utilizando a forma atual
e mais comum de cálculo, o termo espessura do filme de asfalto é enganoso e de difícil definição.
Dúvidas permanecem quanto ao melhor critério a ser usado para permitir que uma quan-
tidade suficiente de asfalto seja adicionada à mistura, porém, o VAM pode ser um critério
adequado se, ao utilizá-lo, for levado em conta as propriedades de superfície das partículas
de agregado e o grau de compactação adequado a cada mistura.
CAPÍTULO
7
Propriedades Mecânicas e de
Adesividade das Misturas Asfálticas
7.1 Considerações Iniciais
O pavimento pode ser entendido como um sistema de camadas sujeitos às cargas dos veícu-
los que causam tensões, deformações e deslocamentos a essas camadas. Como parte integrante
desse sistema de camadas tem-se a camada de revestimento, objeto de estudo desta pesquisa,
responsável por receber a ação do rolamento dos veículos, além de propiciar comodidade e
segurança àqueles que trafegam pelo pavimento. Essa explanação exprime aquilo que foi histo-
ricamente o propósito da pavimentação no mundo, desde a construção das primeiras estradas.
O desempenho de uma camada de revestimento asfáltico está relacionado diretamente à
resposta da mistura à ação das cargas. O agregado é responsável por formar a estrutura de
sustentação ou o esqueleto estrutural da mistura, cuja função é resistir majoritariamente à
compressão e ao movimento das cargas dos veículos. Portanto, as propriedades dos agrega-
dos estão intimamente ligadas à capacidade de sustentação do esqueleto estrutural formado e,
conseqüentemente, intimamente relacionadas aos parâmetros de desempenho dos pavimentos,
tais como: deformação permanente, trincas por fadiga e desgaste.
192 7. Propriedades Mecânicas e de Adesividade das Misturas Asfálticas
7.2 Deformação Permanente
A Pesquisa sobre o Inter-relacionamento dos Custos Rodoviários (PICR), desenvolvida
pelo GEIPOT em 1982, mostra que na década de 1970 a deformação permanente não era
um problema grave para os pavimentos brasileiros. Atualmente, em função do aumento do
volume de tráfego e, principalmente, da evolução tecnológica da modalidade rodoviária, que
permitiu maiores cargas por eixo, maiores pressões de enchimento dos pneus e novos tipos de
pneus e de rodagem (pneus extralargos), a deformação permanente tem merecido toda a atenção
no dimensionamento e dosagem de misturas asfálticas e tem condicionado muitos projetos de
reabilitação de pavimentos. Nos dias atuais, o acúmulo de deformação permanente nas trilhas de
roda tornou-se uma das principais formas de deterioração dos pavimentos flexíveis brasileiros,
a exemplo do que ocorre há várias décadas nos Estados Unidos e na Europa (Figura 7.1).
Figura 7.1: Deformação permanente
Estudos realizados por Parker Jr. & Brown (1992) mostram que a pressão de enchimento dos
pneus dos caminhões e, conseqüentemente, a pressão de contato dos pneus com o pavimento,
têm aumentado, estando muito acima dos 550 kP a (75 psi), valor de referência do AASHTO
Road Test. A média de pressão dos pneus utilizada atualmente é de 700 kP a (100 psi), com
uma parcela grande de caminhões usando pressões de pneus ainda maiores, entre 900 e 960 kPa
(120 e 130 psi).
A deformação permanente desenvolve-se gradualmente com o aumento das solicitações das
cargas por eixo e geralmente aparece sob a forma de depressões longitudinais nas faixas de
7.2. Deformação Permanente 193
rodagem (trilhas de roda), acompanhadas ou não de elevações laterais ao longo dessas faixas.
A variação longitudinal da magnitude da deformação permanente causa irregularidades ao
pavimento, tornando a via menos segura e causando desconforto ao usuário, além de aumentar
os custos de operação dos veículos. A falta de segurança é mais explícita em dias chuvosos,
quando a água passa a acumular-se nas depressões longitudinais das faixas de rodagem, dimi-
nuindo o atrito pneu/pavimento. Como conseqüência, redução da resistência à derrapagem
e aumento do potencial de hidroplanagem, além do indesejável spray, que reduz a visibilidade
dos motoristas.
Geralmente, incutem-se como causas da deformação permanente a ação combinada de
densificação (compactação pelo tráfego) e de deformação por cisalhamento, ambas podendo
ocorrer em uma ou mais camadas do pavimento, inclusive no próprio subleito. A parcela
de deformação permanente causada pela densificação refere-se à compactação adicional da
camada asfáltica devida à ação do tráfego, caracterizada pela diminuição do volume da camada,
sem movimento relativo entre as partículas senão a aproximação entre elas. Isso ressalta a
importância da compactação da camada para obtenção de rigidez inicial suficiente. O termo
rigidez refere-se à capacidade de resistir à deformação.
A parcela de deformação causada por cisalhamento resulta em um fluxo plástico lateral à
trilha de roda. Segundo Roberts et al. (1991), esse tipo de deformação é causado por misturas
que apresentam rigidez insuficiente para resistir à passagem das cargas atuantes no pavimento.
A rigidez das misturas asfálticas pode ser afetada por vários fatores, dentre eles, a tempe-
ratura. Variações diárias e sazonais da temperatura causam variações na rigidez das misturas,
ou seja, a deformabilidade maior ou menor do pavimento está condicionada às variações da
temperatura do ar ou das condições meteorológicas de um modo geral (Medina, 1997). Misturas
menos suscetíveis às variações de temperatura apresentam esqueleto estrutural resistente, pois,
principalmente nos meses quentes de verão, quando a viscosidade do asfalto está mais baixa, as
cargas do tráfego são suportadas principalmente pela estrutura e capacidade de intertravamento
dos agregados. Dessa forma, independentemente da origem, método de processamento ou mi-
neralogia, espera-se que o agregado seja resistente (duro e durável) e que tenha características de
forma, angularidade e textura superficial adequadas para a formação de um esqueleto estrutural
resistente às aplicações de cargas repetidas.
Em uma mistura apenas de agregados, os fatores principais que interferem em sua resistên-
cia ao cisalhamento são: compacidade, tamanho, angularidade, textura superficial das partículas
e granulometria. A influência da compacidade pode ser percebida quando os materiais granu-
194 7. Propriedades Mecânicas e de Adesividade das Misturas Asfálticas
lares mais compactos apresentam maior rigidez que os materiais granulares fofos. Quanto ao
tamanho das partículas, tem-se observado que materiais granulares grossos apresentam mai-
ores ângulos de atrito do que os materiais finos. Nota-se, também, que materiais granulares
compostos de partículas angulares apresentam ângulos de atrito mais elevados do que materi-
ais granulares formados por partículas menos angulares, assim como partículas mais rugosas
apresentam ângulos de atrito maiores do que partículas mais lisas. Quanto à granulometria,
sabe-se que agregados bem graduados oferecem melhores oportunidades de entrosamento entre
suas partículas, que resultam em uma estrutura granular mais compacta (melhor arranjada) e,
conseqüentemente, mais rígida que uma estrutura formada por agregados mal graduados (Bueno
& Vilar, 1985).
Ao adicionar asfalto às misturas de agregados passa-se a considerar um número maior de
fatores que interferem na rigidez da mistura asfáltica formada. Por exemplo, do ponto de vista
apenas do asfalto, um decréscimo da quantidade de asfalto pode elevar a rigidez da mistura, mas,
por sua vez, causar a diminuição de sua durabilidade e de resistência à fadiga. Analogamente,
o aumento da viscosidade do asfalto pode enrijecer a mistura, porém, pode aumentar sua
suscetibilidade às trincas for fadiga. Portanto, vários pesquisadores, dentre eles Parker Jr. &
Brown (1992), são defensores de que mudanças nas propriedades dos agregados geralmente são
alternativas mais indicadas para alterar a rigidez das misturas e garantir desempenho adequado
ao pavimento.
Misturas mais rígidas são produzidas ao utilizar agregados compostos por partículas, em sua
maioria, angulares e com textura superficial rugosa (Cross & Brown, 1992; Button et al., 1990).
Os resultados obtidos por Button et al. (1990) mostram que misturas asfálticas compostas por
agregados de areia natural com formas arredondadas e angularidade baixa deformam-se plasti-
camente, sob a ação de cargas estáticas ou dinâmicas, muito mais rapidamente que misturas de
graduação similar contendo somente partículas angulares.
Também no estudo realizado por Kim et al. (1992) a mesma conclusão foi obtida, ou seja,
ao investigar a influência do tipo do agregado e da granulometria na resistência à deformação
permanente das misturas, em função dos fatores tipo do agregado, granulometria, tipo de asfalto
(maior e menor suscetibilidade térmica), teor de asfalto, volume de vazios, temperatura e nível
de tensão aplicada, os pesquisadores concluíram que o tipo do agregado afeta diretamente a
estabilidade da mistura e que o melhor intertravamento entre partículas mais angulares resulta
em deformações permanentes menores. Os resultados mostraram também que mudanças nas
proporções das frações fina e grossa dos agregados com um mesmo diâmetro máximo nominal
não afetam a deformação permanente. Um fato curioso observado pelos pesquisadores foi
7.3. Trincas por Fadiga 195
que o efeito das outras variáveis (como o tipo de asfalto, volume de vazios e temperatura)
na estabilidade da mistura foi mais pronunciado em misturas produzidas com agregados com
angularidade baixa e com textura superficial lisa. Os pesquisadores justificaram a ocorrência
desse fato devido, provavelmente, à capacidade de suporte das misturas, prejudicada pelo inter-
travamento fraco entre as partículas de agregados com angularidade baixa e textura superficial
lisa, depender muito mais da viscosidade do asfalto do que misturas com agregados mais an-
gulares que proporcionam intertravamento melhor entre suas partículas formando um esqueleto
estrutural resistente.
7.3 Trincas por Fadiga
A fadiga é um fenômeno pelo qual a estrutura da camada asfáltica é gradualmente en-
fraquecida pela ação repetida da aplicação de tensões menores que a tensão de ruptura. As
trincas por fadiga e rupturas são causadas pelo movimento da carga das rodas, que produzem
alternadamente tensões de compressão e de flexão (Maupin, 1970). As trincas iniciam-se
geralmente na parte inferior do revestimento asfáltico, propagando-se para cima até atingir a
superfície (Figura 7.2).
Figura 7.2: Trincas por fadiga
Inicialmente, a trinca por fadiga não foi reconhecida como um fenômeno devido à ação de
cargas repetidas, mas sim como um mero envelhecimento do pavimento. No entanto, por volta
196 7. Propriedades Mecânicas e de Adesividade das Misturas Asfálticas
da década de 1950, pesquisadores como Hveem passaram a incutir como causa dessas trincas a
ação repetida de flexão das camadas asfálticas sobre bases resilientes (Maupin, 1970).
Hveem entendia que o trincamento progressivo da camada asfáltica se devia à deformação
resiliente (elástica) das camadas subjacentes. Hveem passou a utilizar o termo deformação
resiliente ao invés de deformação elástica, em virtude das deformações elásticas relativas à
pavimentos serem muito maiores do que as deformações que ocorrem em sólidos elásticos
como concreto e aço, por exemplo. O termo resiliência significa energia armazenada num
corpo deformado elasticamente, a qual é devolvida quando cessam as tensões causadoras das
deformações (Medina, 1997).
As investigações de Hveem relacionaram trincas por fadiga, magnitude de deflexão e rigidez
do pavimento, indicando que, se bem projetado, o pavimento deve ser capaz de resistir às
deflexões, ou melhor, ter rigidez suficiente para reduzir as deflexões a níveis aceitáveis (Maupin,
1970). Como visto anteriormente, a rigidez da mistura pode ser afetada tanto pelo asfalto quanto
pelo agregado utilizado na mistura. Geralmente, atribui-se um peso maior à influência que o
asfalto exerce sobre o desempenho à fadiga das misturas, mas, como o agregado é o objeto de
estudo desta pesquisa, seus efeitos sobre a fadiga é que serão investigados.
Maupin (1970) ao realizar pesquisas sobre os efeitos da forma e da textura dos agrega-
dos no comportamento à fadiga obteve evidências de que misturas produzidas com agregados
com formas mais arredondadas apresentam vida de fadiga maior que misturas produzidas com
agregados com formas cúbicas e lamelares, ou seja, a vida de fadiga tende a decrescer com o
aumento da rigidez da mistura. A explicação desse fato foi vislumbrada ao seccionar as misturas
produzidas com agregados de forma arredondada, cúbica e lamelar, revelando que agregados
com partículas lamelares e cúbicas apresentavam uma melhor estrutura de intertravamento
entre suas partículas, enquanto as partículas arredondadas e com angularidade baixa pareciam
"flutuar" entre o material asfáltico. Maupin explica que quando uma mesma tensão é aplicada,
misturas produzidas com partículas que proporcionam maior intertravamento podem transmitir
tensões maiores ao filme de asfalto que envolve essas partículas, resultando em uma vida de
fadiga menor da mistura.
Maupin (1970) cita o trabalho de Monismith
1
, que apresenta resultados que mostram que as
misturas produzidas com partículas britadas (angulares) têm vida de fadiga maior que misturas
produzidas com partículas não britadas. Maupin relata como possível explicação para esse
desacordo o fato de que Monismith obteve volumes de vazios mais elevados para as misturas
1
Monismith, C. L. (1965) Asphalt Mixture Behavior in Repeated Flexure. California Div. Of. Highways, Rept.
TE-65-9
7.4. Desgaste 197
produzidas com agregados britados comparados aos obtidos com as misturas produzidas com
agregados não britados e, conseqüentemente, as misturas com Vv mais elevados seriam mais
flexíveis e, portanto, mais resistentes à fadiga.
Kim et al. (1992), ao desenvolver pesquisas sobre os efeitos do tipo do agregado na vida de
fadiga das misturas, investigaram cinco fatores: tipo do agregado, onde são testados agregados
com textura superficial rugosa e agregados com textura superficial lisa; tipo de asfalto; teor
de asfalto; volume de vazios e variação da temperatura. Os resultados obtidos mostram que
as misturas contendo agregados com textura superficial rugosa são mais resistentes à fadiga,
indicando que a textura rugosa confere à partícula uma superfície mais adequada para propor-
cionar a aderência do asfalto às partículas e o resultado dessa interface melhor para a união
asfalto agregado é uma resistência à fadiga mais elevada. Exames cuidadosos nas superfícies
de ruptura, após os ensaios de fadiga, revelaram que a ruptura (fratura) ocorrida nas misturas
contendo agregados de textura superficial lisa se dava através da interface entre o agregado e
o asfalto, provavelmente devido à união fraca entre o asfalto e a superfície lisa do agregado.
Por outro lado, a fratura em misturas contendo agregados com superfície rugosa progrediu
através das partículas dos agregados grossos, indicando uma união muito forte entre o asfalto e
o agregado.
7.4 Desgaste
O desgaste é o responsável pelo surgimento de defeitos como panelas e buracos, que são
atribuídos à desagregação da camada de rolamento. A desagregação é caracterizada pela desin-
tegração da camada de revestimento que ocorre a partir da superfície do pavimento, iniciando-se
com a perda de finos e progredindo, com a ação do tráfego, para o deslocamento de partículas
maiores do agregado. A desagregação é precedida pela perda de adesividade entre as partículas
de agregado e o asfalto. Dentre as causas que levam à desagregação podem ser citadas a
presença excessiva de finos, a segregação e a densificação baixa da camada de revestimento.
A desagregação pode ocorrer quando há excesso de finos na mistura de agregados, eviden-
ciado por uma cobertura de sobre as partículas. Essa cobertura de torna-se danosa à
mistura quando se apresenta grossa o suficiente para que o filme de asfalto una-se à ela em
vez de unir-se ao agregado. A segregação também é causa de desagregação da camada por
proporcionar a diminuição dos pontos de contato entre partículas, ou melhor explicando, em
áreas segregadas da camada asfáltica, a parcela maior de contato entre as partículas se entre
agregados grossos unidos pontualmente pelo asfalto e, com o passar do tempo, o endurecimento
198 7. Propriedades Mecânicas e de Adesividade das Misturas Asfálticas
(envelhecimento) do asfalto, além da presença de umidade, podem comprometer essa ligação
pontual asfalto/agregado e vir a ocasionar sua quebra, com posterior remoção das partículas
pela passagem dos veículos. A desagregação pode ocorrer, também, devido à baixa densidade
da capa asfáltica, resultado de uma compactação inadequada. Quando a compactação da camada
asfáltica é insuficiente, a coesão entre as partículas do agregado envoltas pela película adesiva
de asfalto também é insuficiente, tornando a mistura propensa a desagregar durante a passagem
de veículos.
Outro defeito, mais difícil de ser detectado, é o descolamento da película de asfalto do agre-
gado na presença de umidade, denominado stripping em língua inglesa. O stripping geralmente
inicia-se na parte inferior da camada de rolamento, devido aos esforços de tração resultantes da
passagem dos veículos, progredindo até a superfície (Figura 7.3).
Figura 7.3: Perda de adesividade entre o asfalto e o agregado na presença de água
Tanto na desagregação como no stripping, o problema é a perda de adesividade, devido a
uma ligação adesiva deficiente, que pode estar aliada a uma solicitação capaz de descolar o
asfalto do agregado, ou ainda à ação da água na interface asfalto/agregado. O problema da
perda de adesividade entre o asfalto e o agregado é complexo e dependente de muitas variáveis,
incluindo o tipo e o uso da mistura, as características do asfalto, as características do agregado,
os fatores climáticos, o tráfego, as práticas de construção e o uso de aditivos para melhorar a
adesividade. Entretanto, a presença de umidade é um fator comum. Na literatura, verifica-se
7.5. Experimentos Laboratoriais 199
que a perda de adesividade entre o agregado e a película de asfalto tem como causas principais
a influência da umidade, a mineralogia e a composição química do agregado. Mas, os estudos
realizados nesta pesquisa mostram evidências de que outro fator também pode influenciar a
adesividade entre o asfalto e o agregado, a absorção de asfalto.
7.5 Experimentos Laboratoriais
As propriedades mecânicas das misturas AZRg, AZRb, Bg e Bb foram avaliadas através
dos ensaios de estabilidade e fluência Marshall, fluência por compressão uniaxial uniforme
e dinâmica, resistência à tração por compressão diametral uniforme, módulo de resiliência por
compressão diametral dinâmica e fadiga por compressão diametral dinâmica. As misturas foram
avaliadas também quanto à sua suscetibilidade aos danos causados pela umidade (stripping), de
acordo com as normas AASHTO T 283 e ASTM D 4867, utilizando os ensaios de resistência
à tração por compressão diametral uniforme e módulo de resiliência por compressão diametral
dinâmica para a verificação da variação dessas propriedades mecânicas.
7.5.1 Estabilidade e Fluência Marshall
Para a determinação da estabilidade (E) e fluência (F) Marshall, os corpos-de-prova são
imersos em um banho de água a 60
o
C, por 20 minutos. Após, cada qual é imediatamente
submetido ao ensaio de compressão diametral, na forma idealizada por Marshall, para a deter-
minação da estabilidade, que corresponde à carga de ruptura, e da fluência, que corresponde à
deformação sofrida pelo corpo-de-prova até o momento da ruptura. A prensa empregada para
a compressão diametral dos corpos-de-prova tem velocidade de compressão de 50 mm/min. e
está ilustrada na Figura 7.4.
7.5.2 Ensaio de Fluência por Compressão Uniaxial Uniforme
O ensaio de fluência por compressão uniaxial uniforme, também conhecido por creep está-
tico, consiste na aplicação contínua de uma carga de compressão de 0, 1 MPa, durante 60 mi-
nutos, seguido de um período de recuperação de 15 minutos, com temperatura controlada
em 40
o
C. Essas condições de ensaio foram adotadas para atender às recomendações de De
Hilster & Van De Loo (1977), tendo em vista a permanência da mistura em seu trecho de
viscoelasticidade linear.
200 7. Propriedades Mecânicas e de Adesividade das Misturas Asfálticas
Figura 7.4: Prensa empregada na realização dos ensaios Marshall
O equipamento de compressão uniaxial uniforme é composto por componentes que perma-
necem dentro de uma câmara de isolamento térmico, com regulagem térmica, e por compo-
nentes externos a essa câmara de isolamento térmico. A parte do equipamento que permanece
dentro da câmera consiste basicamente de prensa pneumática, LVDTs, suporte para a fixação
dos LVDTs e placa metálica para a distribuição de carga sobre o corpo-de-prova. a parte
do equipamento externa à câmara de isolamento térmico consiste basicamente de indicadores
digitais de deslocamento e de tensão e de um microcomputador, necessário para o registro dos
dados obtidos no transcorrer do ensaio (Figura 7.5).
Figura 7.5: Equipamento usado nos ensaios de fluência por compressão uniaxial
7.5. Experimentos Laboratoriais 201
Procedimentos Prévios
Antes da realização dos ensaios, os corpos-de-prova têm suas bases circulares polidas com
lixa ferro n. 80, sendo o acabamento dado com uma lixa mais fina (n. 120). Após o polimento,
determinam-se as alturas dos corpos-de-prova com o auxílio de um paquímetro, com resolução
em centésimos de milímetro.
Após, encaminham-se os corpos-de-prova à estufa, mantida em 40
o
C, onde permanecem
por 12 horas precedentes ao ensaio, com o objetivo de estabilizar e homogeneizar a tem-
peratura por todo o corpo-de-prova. No momento que antecede a realização do ensaio, as
bases circulares do corpo-de-prova são lubrificadas com uma fina camada de vaselina comum.
Esse procedimento é utilizado por recomendação de Souza et al. (1991), que afirmam que os
resultados do ensaio de fluência por compressão uniaxial uniforme, quando expressos sob a
forma de deformação (variação da altura do corpo-de-provadividida por sua altura original), não
dependem do formato nem das dimensões do corpo-de-prova empregado, desde que as bases
do cilindro, delineado pelo corpo-de-prova, sejam paralelas entre si e estejam adequadamente
polidas e lubrificadas. Tanto o polimento quanto a lubrificação das bases do corpo-de-prova são
necessários para evitar o aparecimento de tensões cisalhantes, garantindo assim a uniformidade
da distribuição da tensão normal.
Pré-condicionamento
Em cada corpo-de-prova é efetuado um pré-condicionamento imediatamente anterior ao
período de realização do ensaio. No pré-condicionamento, o corpo-de-prova é mantido sob a
aplicação da carga do ensaio durante 5 minutos e, em seguida, é submetido a um período de
descanso ou de recuperação também de 5 minutos.
Realização do Ensaio
Após o pré-condicionamento, inicia-se o ensaio com aplicação da carga no corpo-de-prova
por 60 minutos, correspondente a uma tensão de compressão de 0, 1 MPa, seguido pela de-
saplicação da carga por 15 minutos, correspondente ao período de recuperação. Durante os
75 minutos de ensaio, a carga aplicada e os deslocamentos axiais sofridos pelo corpo-de-prova
são obtidos eletrônicamente através de dois sensores do tipo LVDT (Linear Variable Differential
Transducers).
202 7. Propriedades Mecânicas e de Adesividade das Misturas Asfálticas
Os ensaios são gerenciados por um programa computacional que realiza a aquisição de
dados, desenvolvido no ambiente LabView pelo professor Dr. Glauco Tulio Pessa Fabbri. Esse
programa permite o controle da prensa pneumática, registra as leituras dos deslocamentos axiais
obtidos pelo LVDT e da carga aplicada. As leituras são armazenadas na memória secundária
do microcomputador, em formato texto (arquivos .txt). O programa de cálculo, também desen-
volvido em LabView, o arquivo texto gerado durante todo o ensaio, transforma as leituras de
volt para milímetro, calcula a deformação total, a deformação elástica, a deformação plástica, a
recuperação, a declividade média ou inclinação do trecho entre 1000 e 3600 segundos (trecho de
fluência uniforme) e os módulos de fluência para 3600 e 4500 segundos e grava esses resultados
em outro arquivo texto.
A Figura 7.6 é ilustrativa de uma tela do programa obtida após a realização de um ensaio de
fluência por compressão uniaxial uniforme, onde podem ser vistas as curvas de fluência obtidas
através registros dos deslocamentos axiais e a variação da carga aplicada ao longo do ensaio. Na
Figura 7.7, pode-se visualizar uma tela do programa de cálculo, com cálculos de deformação
total, deformação elástica, deformação plástica, recuperação, inclinação do trecho entre 1000 s
e 3600 s e os módulos de fluência para 3600 s e 4500 s, referentes à média das leituras obtidas
nos dois LVDTs.
Figura 7.6: Ensaio de fluência por compressão uniaxial uniforme
7.5. Experimentos Laboratoriais 203
Figura 7.7: Cálculo do ensaio de fluência por compressão uniaxial uniforme
7.5.3 Ensaio de Fluência por Compressão Uniaxial Dinâmica
O ensaio de fluência por compressão uniaxial dinâmica, também conhecido por creep di-
nâmico, é realizado com a aplicação de 5.000 ciclos de carregamento, cada ciclo com duração
de 1 s, sendo 0, 1 s de aplicação de carga e 0, 9 s de descanso, com tensão de compressão de
0, 1 MP a (1 kgf/cm
2
) e temperatura controlada de 40
o
C. No momento imediatamente anterior
ao início do ensaio, o corpo-de-prova é submetido a um pré-condicionamento, com aplicação
de 200 ciclos de carregamento nas mesmas condições de tensão e de temperatura do ensaio.
O equipamento, a forma de aquisição de dados, a preparação dos corpos-de-prova e o con-
dicionamento térmico a que os corpo-se-prova são submetidos antes do ensaio são os mesmos
descritos para o ensaio de fluência por compressão uniaxial uniforme.
Para o processamento dos dados obtidos durante o ensaio utiliza-se um programa compu-
tacional também desenvolvido pelo professor Dr. Glauco Tulio Pessa Fabbri em LabView, que
calcula a deformação total, a inclinação da curva de deformação axial versus tempo no trecho
entre 100 s e 5.000 s e o módulo de fluência para 5.000 s. A Figura 7.8 ilustra telas do programa,
onde podem ser vistas, em geral e em detalhe, as curvas de fluência obtidas através do registro
dos deslocamentos axiais e da variação da carga aplicada ao longo do ensaio.
204 7. Propriedades Mecânicas e de Adesividade das Misturas Asfálticas
(a) geral (b) detalhe
Figura 7.8: Telas de um ensaio de fluência por compressão uniaxial dinâmica
7.5.4 Ensaios de Compressão Diametral
Os ensaios de avaliação das propriedades mecânicas das misturas procuram simular as
condições reais de solicitações no campo. O ensaio de compressão diametral, idealizado pelo
professor Fernando Luiz Lobo B. Carneiro
2
, foi desenvolvido com base na investigação da
resistência que cilindros de concreto, dentro de tubos metálicos, teriam quando solicitados
diametralmente. Tratava-se de um projeto de deslocamento de uma velha igreja para a abertura
da Avenida Presidente Vargas no Rio de Janeiro, no início dos anos de 1940 (Medina, 1997).
O ensaio de compressão diametral, conhecido mundialmente como Ensaio Brasileiro, inspi-
rou o professor Icarahy da Silveira
3
apud Medina (1997) a desenvolver estudos sobre compres-
são diametral em amostras compactadas de solos coesivos, prevendo as potencialidades desse
ensaio simples na determinação da tração de maneira indireta. Medina (1997) atribui a Schmidt
(1972) a aplicação desse ensaio, sob carregamento dinâmico, em misturas betuminosas.
Ensaio de Resistência à Tração por Compressão Diametral Uniforme
O ensaio consiste na aplicação progressiva de carga de compressão diametral uniforme até
a ruptura do corpo-de-prova (Figura 7.9). A resistência à tração é definida como a tensão de
tração sob a qual ocorre a ruptura diametral do corpo-de-prova quando submetido a uma carga
de compressão uniforme paralela ao eixo de ruptura.
2
Carneiro, F. L. L. B. (1943) Um novo método para a determinação da resistência à tração dos concretos.
Comunicação, 5. Reunião da Associação Brasileira de Normas Técnicas, publ. Instituto Nacional de Tecnologia,
Rio de Janeiro.
3
Silveira, I. (1944) Ensaio de compressão diametral em solos. R. Municipal de Engenharia, v.11, n.3 e 4, Rio
de Janeiro.
7.5. Experimentos Laboratoriais 205
Figura 7.9: Ensaio de resistência à tração por Compressão diametral uniforme
Como procedimentos prévios à realização do ensaio, determina-se as alturas médias dos
corpos-de-prova, para em seguida, acomodá-los dentro de uma sala climatizada na mesma tem-
peratura de realização do ensaio (25
o
C), durante pelo menos 24 horas. O ensaio resume-se em
submeter o corpo-de-prova, acondicionado ao suporte com frisos (Figura 7.12(a)), à aplicação
progressiva de carga pela prensa, com velocidade de compressão de 0, 8 mm/s, até a ruptura do
corpo-de-prova (Figura 7.10).
Com o valor da carga de ruptura, pode-se calcular a resistência à tração do corpo-de-prova,
através da Equação 7.1.
σ
T
ou RT =
2F
Π × D × H × 10, 2
(7.1)
onde:
σ
T
ou RT = resistência à tração indireta, MP a;
F = carga de ruptura, kgf;
D = diâmetro do corpo-de-prova, cm;
H = altura do corpo-de-prova, cm.
206 7. Propriedades Mecânicas e de Adesividade das Misturas Asfálticas
(a) Aplicação de carga até a ruptura (b) Exemplo de trinca produzida no
corpo-de-prova
(c) Exemplo da ruptura interna produzida no corpo-de-prova
Figura 7.10: Ruptura do corpo-de-prova
A resistência à tração (DNER ME 138) também foi utilizada nesta pesquisa para a definição
da carga aplicada aos corpos-de-prova submetidos aos ensaios de módulo de resiliência e de
fadiga.
Ensaio de Compressão Diametral de Cargas Repetidas
A simulação da solicitação dinâmica dos pavimentos é bastante difícil e complexa, pois os
pavimentos estão sujeitos a cargas de intensidades diferentes e freqüências variáveis ao longo
do dia e do ano. Os ensaios de carga repetida procuram reproduzir as condições de campo,
onde a força aplicada atua no sentido de compressão, de zero a um máximo e depois diminui
7.5. Experimentos Laboratoriais 207
até anular-se ou atingir um patamar inferior, para atuar novamente após um intervalo pequeno
de repouso. A amplitude da carga e seu tempo de pulso são função da velocidade do veículo e da
profundidade em que se calculam as tensões e deformações produzidas no pavimento, enquanto
a freqüência retrata o fluxo dos veículos.
O ensaio de compressão diametral de cargas repetidas é um ensaio de tração indireta con-
duzido em um corpo-de-prova cilíndrico. As cargas repetidas são de compressão, atuantes ao
longo de um plano diametral, aplicadas através de dois frisos de carga opostos (Figura 7.12(a)),
produzindo uma tensão de tração relativamente uniforme ao longo do plano diametral vertical.
Para o estado biaxial de tensões, considerando as misturas homogêneas, isotrópicas e elásticas,
as tensões de tração e de compressão, que ocorrem no centro do corpo-de-prova, podem ser
modeladas da seguinte maneira:
σ
T
=
2F
Π × D × H × 10, 2
(7.2)
σ
C
=
6F
Π × D × H × 10, 2
(7.3)
onde:
σ
T
= tensão de tração, em MPa;
σ
C
= tensão de compressão, em MPa;
F = carga de ruptura, em Kgf;
D = diâmetro do corpo de prova, em cm;
H = altura do corpo-de-prova, em cm.
Módulo de Resiliência
A resiliência das misturas asfálticas refere-se à deformação recuperável ou elástica da mis-
tura sob a ação de cargas repetidas, onde a energia armazenada no corpo-de-prova deformado
elasticamente é devolvida quando cessam as tensões causadoras da deformação. Outro termo
bastante usado também é rigidez, para indicar a capacidade das misturas asfálticas de resistir à
deformação (Medina, 1997). A repetição das deformações resilientes, na camada asfáltica do
pavimento, provoca deterioração gradual por fadiga.
Nesta pesquisa, o módulo de resiliência das misturas foi obtido através do ensaio de com-
pressão diametral dinâmica, ou ensaio de tração indireta, realizado de acordo com o método
normalizado pelo DNER ME 133, utilizando o equipamento ilustrado na Figura 7.11. Esse
208 7. Propriedades Mecânicas e de Adesividade das Misturas Asfálticas
equipamento é composto por: prensa pneumática, LVDT, frisos com suporte para a acomodação
do corpo-de-prova, suporte para a fixação dos LVDT, indicadores digitais de deslocamento e
de tensão e microcomputador, necessário para o registro dos dados obtidos no transcorrer do
ensaio. O detalhe dos frisos pode ser visto na Figura 7.12(a), do suporte para a fixação dos
LVDT na Figura 7.12(b) e do conjunto montado na Figura 7.12(c).
Figura 7.11: Equipamento do ensaio de compressão diametral
Os procedimentos que antecedem a realização do ensaio consistem em determinar as alturas
dos corpos-de-prova e mantê-los, por pelo menos 24 horas, em uma sala climatizada a 25
o
C.
Nos minutos que antecedem ao ensaio, faz-se um pré-condicionamento do corpo-de-prova,
para a redução da influência das deformações permanentes. Para tanto, são aplicados 200 ciclos
de carregamento no corpo-de-prova, com mesma carga e temperatura do ensaio e, então, as
medições das deformações resilientes começaram a ser computadas.
O ensaio é realizado a 25
o
C, com a aplicação de 500 ciclos de carregamento, tendo cada
ciclo duração de 1 s, com 0, 1 s de aplicação da carga e 0, 9 s de recuperação. A magnitude
da carga aplicada varia de 20 a 25% da resistência à tração do corpo-de-prova, com freqüência
de 60 ciclos por minuto. Segundo Medina (1997), é admissível que se aplique a teoria
da elasticidade em misturas asfálticas se os níveis de tensão de tração forem considerados
baixos (menores que 50%) em relação à tensão de ruptura e se forem utilizadas temperaturas
inferiores a 40
o
C. A Figura 7.13 ilustra a realização do ensaio, com uma visão geral do
equipamento 7.13(a) e um detalhe 7.13(b).
7.5. Experimentos Laboratoriais 209
(a) frisos (b) suporte
(c) Conjunto montado
Figura 7.12: Frisos e suporte do LVDT
(a) geral (b) detalhe
Figura 7.13: Ensaio de módulo de resiliência
210 7. Propriedades Mecânicas e de Adesividade das Misturas Asfálticas
O módulo de resiliência pode então ser calculado através da Equação 7.4.
MR =
F
× H × 10, 2
× (0, 9976µ + 0, 2692) (7.4)
onde:
MR = módulo de resiliência, MP a;
F = carga vertical repetida e aplicada diametralmente no corpo-de-prova n vezes, kgf;
= deslocamento resiliente sofrido pelo corpo-de-prova, na direção perpendicular às aplica-
ções da carga, cm;
H = altura do corpo-de-prova, cm;
µ = coeficiente de Poisson.
O controle do carregamento e a aquisição dos dados são gerenciados por um programa
computacional desenvolvido em LabView, pelo professor Dr. Glauco Tulio Pessa Fabbri, que
registra as informações, adquiridas durante o ensaio, na memória do computador, em formato
texto (arquivos .txt). A Figura 7.14 apresenta telas do programa. Outro programa, também
desenvolvido em LabView, lê o arquivo texto gerado durante o ensaio, transforma as leituras de
volt para milímetro, calcula o módulo de resiliência médio, módulo de resiliência instantâneo
e a carga média aplicada, considerando todos os ciclos, e grava os resultados em outro arquivo
texto.
(a) geral (b) detalhe
Figura 7.14: Telas obtidas após um ensaio de módulo de resiliência
A norma da AASHTO TP31 menciona dois tipos de módulo de resiliência, o módulo de
resiliência total (MR) e o módulo de resiliência instantâneo (MR
i
), determinados com base na
curva deformação versus tempo de cada ciclo de carregamento (Figura 7.15).
O módulo de resiliência instantâneo é calculado com a deformação recuperada instantane-
amente na fase de descarregamento do ciclo (deformação instantânea,
inst
), não incluindo a
7.5. Experimentos Laboratoriais 211
deformação recuperada durante o período de descanso ou recuperação, ou seja, período em que
a deformação é recuperada ao longo do tempo. A deformação instantânea é determinada pela
diferença entre a deformação máxima atingida pelo corpo-de-prova, no referido ciclo, e a defor-
mação na base do trecho de descarregamento da curva de deformação. O ponto da curva no qual
a deformação da base do trecho de descarregamento é considerada é determinado gerando-se
uma linha vertical a partir da intersecção de duas retas de regressão e estendendo-a até que
intercepte a curva de deformação. A reta de regressão denominada reta 1 (Figura 7.15) é uma
extensão da parte linear do trecho de descarregamento da curva de deformação e baseia-se em
todos os pontos localizados após o pico da curva e antes da recuperação de 75% da deformação
máxima sofrida. A reta de regressão, denominada reta 2, baseia-se nos pontos correspondentes
aos últimos 0, 75 segundos do ciclo. Essas duas retas são estendidas e interceptam-se em
um ponto, a partir do qual é traçada a linha vertical que por sua vez interceptará a curva de
deformação (Greco, 2004).
(AASHTO TP31 apud Greco (2004))
Figura 7.15: Curva de deformação versus tempo, para um ciclo de carregamento
O módulo de resiliência total (MR) é calculado a partir da deformação resiliente total
(
T otal
), que inclui tanto a deformação que é recuperada instantaneamente como a deformação
recuperada durante a fase do ciclo em que o corpo-de-prova permanece sem carregamento,
ou seja, em descanso. A deformação total é definida como a diferença entre a deformação
máxima do ciclo de carregamento e a deformação final, determinada pela média dos valores de
deformação dos últimos 75% do ciclo (Greco, 2004).
212 7. Propriedades Mecânicas e de Adesividade das Misturas Asfálticas
Estimativa da Vida de Fadiga
O ensaio de compressão diametral serve também para o estudo de fadiga das misturas
asfálticas. Para esse fim, aplicam-se vários níveis de tensão calculadas como uma porcentagem
em relação à ruptura estática. Então, determina-se o número de aplicações de carga até o
trincamento e ruptura num plano vertical.
O ensaio de fadiga é realizado a 25
o
C, sob o regime de tensão controlada (TC), isto é, com
a tensão de tração repetidamente aplicada e induzida pela força vertical distribuída no friso
da geratriz, sem sofrer alterações até a ruptura do corpo-de-prova. A aplicação de carga, com
freqüência de 60 ciclos por minuto, tem duração de 0, 1 s e recuperação de 0, 9 s. Pode-se ter
uma visão geral do equipamento utilizado na realização do ensaio na Figura 7.16(a) e um detalhe
da aplicação de carga no corpo-de-prova na Figura 7.16(b). Nesta pesquisa, utilizou-se como
critério de parada do ensaio a ruptura do corpo-de-prova, caracterizada pelo seccionamento ao
longo do plano vertical, ou a deformação vertical máxima de 4 mm.
A estimativa da vida de fadiga das misturas foi realizada através da aplicação de cargas verti-
cais repetidas de tal forma que as tensões geradas correspondessem a 20, 30 e 40% da resistência
à tração, para misturas produzidas com diferentes tipos de agregados (gabro e basalto) e de
granulometrias (AZR e Bailey). De uma maneira geral foram ensaiados dois corpos-de-prova,
para cada nível de tensão de tração atuante.
As cargas verticais aplicadas podem ser determinadas em função da resistência à tração e
do nível de tensão desejado, como mostra a Equação 7.5.
F =
Π × D × H × %RT
2
(7.5)
onde:
F = carga de ruptura, em kgf;
%RT = nível de tensão de tração, em kgf/cm
2
;
D = diâmetro do corpo de prova, em cm;
H = altura do corpo-de-prova, em cm.
A vida de fadiga é expressa pelo número N de solicitações necessárias para a conclusão do
ensaio e modelada através da diferença de tensões, no estado biaxial de tensões, como mostra a
Equação 7.6.
N = K(
1
σ
)
n
(7.6)
7.5. Experimentos Laboratoriais 213
sendo,
σ = σ
T
σ
C
(7.7)
então, no centro da amostra, para o estado biaxial de tensões:
σ
T
=
2F
Π × D × H × 10, 2
(7.8)
σ
C
=
6F
Π × D × H × 10, 2
(7.9)
onde:
N = vida de fadiga, expressa em número de solicitações de carga;
σ = diferença entre as tensões horizontal (de tração) e vertical (de compressão) no centro da
amostra, em MPa;
σ = σ
T
(σ
C
) = 4σ
T
(7.10)
K e n = parâmetros de fadiga, determinados experimentalmente;
σ
T
= tensão de tração, em MP a;
σ
C
= tensão de compressão, em MP a;
F = carga de ruptura, em kgf;
D = diâmetro do corpo de prova, em cm;
H = altura do corpo-de-prova, em cm.
214 7. Propriedades Mecânicas e de Adesividade das Misturas Asfálticas
(a) Visão geral do equipamento
(b) Detalhe da aplicação de carga no corpo-de-prova
Figura 7.16: Ensaio realizado para a estimativa da vida de fadiga das misturas
7.5. Experimentos Laboratoriais 215
7.5.5 Adesividade entre o Asfalto e o Agregado
A adesividade entre o asfalto e o agregado pode ser avaliada através de métodos de análise
visual ou de análise do comportamento mecânico das misturas asfálticas. Nesta pesquisa, foram
empregadas tanto a forma de avaliação da adesividade através de análises visuais, utilizando os
ensaios de adesividade do agregado grosso (DNER ME 078) e de adesividade do agregado
fino (DNER ME 079), como através de análises do comportamento mecânico das misturas,
utilizando os métodos de avaliação da sensibilidade à umidade das misturas, normalizados pela
ASTM D 4867 e AASHTO T 283.
Adesividade do Agregado Grosso
A propriedade de aderência entre o agregado grosso e o asfalto é avaliada visualmente
quanto ao descolamento da película de asfalto que envolve a partícula do agregado, quando
a mistura é submetida à ação da água destilada, numa temperatura de 40
0
C por 72 horas, como
estabelece a norma DNER ME 078.
Cerca de 500 g de agregado grosso, fracionado por peneiramento entre as peneiras de
abertura 19, 0 mm e 12, 5 mm, é lavado e deixado submerso em água destilada durante 1 minuto.
Após, drena-se a amostra levando-a à estufa onde permanece por 2 horas numa temperatura de
120
0
C.
A próxima etapa do ensaio é realizar a mistura asfalto/agregado. Para tanto, aquece-se o
asfalto a 120
o
C e o agregado a 100
0
C, vertendo cerca de 17, 5 g de asfalto sobre o agregado e
efetuando um completo envolvimento entre os materiais, com o auxílio de uma espátula. Logo
depois, a mistura é colocada sobre uma superfície lisa e limpa, onde permanece até que atinja a
temperatura ambiente, para então ser submersa em água destilada a 40
0
C, por 72 horas.
Após as 72 horas, analisa-se visualmente a amostra, classificando-a como de adesividade
satisfatória, quando não houver descolamento da película de asfalto, ou como não satisfatória,
quando ocorrer descolamento total ou parcial da película. A Figura 7.17 revela a aparência de
uma partícula de agregado com rompimento da película de asfalto.
216 7. Propriedades Mecânicas e de Adesividade das Misturas Asfálticas
Figura 7.17: Descolamento da película de asfalto
Adesividade do Agregado Fino
A propriedade de aderência entre o agregado fino e o asfalto é avaliada visualmente quanto
ao descolamento da película de asfalto que envolve a partícula do agregado, quando a mistura é
submetida à ação da água destilada fervente e a soluções molares de carbonato de sódio fervente,
como estabelece a norma DNER ME 079.
A amostra de agregado utilizada no ensaio é fracionada por peneiramento entre as peneiras
de abertura 0, 59 mm e 0, 21 mm, lavada e seca em estufa. Em seguida, procede-se a produção
da mistura asfalto/agregado, aquecendo cerca de 29% de asfalto a 160
o
C e 71% de agregado a
175
0
C, e efetuando um completo envolvimento entre os materiais. Após, coloca-se a mistura
sobre uma superfície lisa e limpa, onde permanece até que atinja a temperatura ambiente.
Completado o período de resfriamento, cerca de 5 g da mistura é colocada dentro de um
tubo de ensaio com água destilada. Em seguida, aquece-se uma solução de glicerina em um
bécher a aproximadamente 110
0
C (banho-maria), submetendo o conjunto (tubo, amostra e
água destilada) a submersão parcial nesse banho-maria, até que seja completado 1 minuto de
fervura da água. Em seguida, a mistura é retirada do tubo para a avaliação visual quanto ao
descolamento ou não da película de asfalto. Se houver descolamento da película, o agregado é
classificado como material de adesividade má, a exemplo do material ilustrado na Figura 7.18.
Se o descolamento não ocorrer, o ensaio é repetido, sendo agora substituída a água por
soluções de carbonato de sódio em concentrações diferentes, partindo da solução menos con-
centrada para a mais concentrada, objetivando a determinação da concentração na qual ocorrerá
o descolamento da película de asfalto. Dependendo da concentração em que ocorrer o descola-
mento, a adesividade do agregado poderá ser classificada como satisfatória, boa ou ótima.
7.5. Experimentos Laboratoriais 217
Figura 7.18: Deslocamento da película de asfalto do agregado fino
Sensibilidade das Misturas à Umidade
Os danos causados pela umidade às misturas asfálticas podem ser avaliados através dos
métodos padronizados pela ASTM D 4867 e pela AASHTO T 283. Basicamente, as diferenças
entre esses dois métodos, destinados ao mesmo propósito, estão na etapa de cura e de condi-
cionamento das misturas à umidade. Durante o estudo desses dois métodos, suspeitou-se que,
em virtude dessas diferenças, poderiam ocorrer absorções de asfalto em maior ou menor grau
pelos agregados e que, talvez isso, pudesse influenciar a suscetibilidade à umidade das misturas.
Portanto, optou-se por utilizar tanto o método da ASTM D 4867 como o da AASHTO T 283
nesta pesquisa, com o objetivo de estabelecer comparações entre os métodos e avaliar o efeito
da absorção de asfalto sobre os resultados encontrados.
De uma maneira geral, ambos os métodos consistem em avaliar a variação de uma propri-
edade mecânica da mistura, antes e depois desta ser submetida à ação da água. Para tanto,
são produzidos 6 corpos-de-prova Marshall, divididos em 2 grupos de 3 corpos-de-prova, onde
o primeiro grupo é submetido a algum tipo de condicionamento à água, chamado de grupo
condicionado, e outro não é submetido a nenhum tipo de condicionamento, denominado grupo
de controle. Ambos os métodos estabelecem como propriedade mecânica a ser avaliada a resis-
tência à tração das misturas, no entanto, em vista dos resultados apresentados por Furlan et al.
(2004) e Gouveia et al. (2004), que indicam o módulo de resiliência como uma propriedade
mecânica bastante sensível à detecção de variações sofridas pela mistura quando submetida à
ação da água, optou-se por também avaliar o módulo de resiliência das misturas antes e depois
de submetidas ao condicionamento por umidade.
218 7. Propriedades Mecânicas e de Adesividade das Misturas Asfálticas
As diferenças entre os dois procedimentos de ensaios utilizados estão na fase de cura e de
condicionamento das misturas. Quanto à cura, as misturas destinadas à realização do ensaio da
ASTM D 4867 são produzidas conforme o procedimento de moldagem utilizado nesta pesquisa,
como descrito no Capítulo 5, item 5.3.3, ou seja, são submetidas a um período de cura de
2 horas, antes da compactação. Já as misturas destinadas à realização do ensaio da AASHTO T
283, após a mistura do asfalto com o agregado, são espalhadas em bandejas e colocadas em
estufas ventiladas onde permanecem por 16 horas a uma temperatura de 60
o
C, ou seja, são
submetidas a uma fase de envelhecimento. Após as 16 horas, as misturas são colocadas numa
estufa não ventilada mantida na temperatura de compactação, onde permanecem por 2 horas,
para então serem compactadas. Nesta pesquisa, para a avaliação de ambos os métodos,
os grupos de controle foram submetidos ao ensaio de módulo de resiliência e de resistência à
tração, após 24 horas da moldagem.
O processo de condicionamento, do grupo condicionado da ASTM D 4867, consiste em
colocar os corpos-de-prova submersos em água em temperatura ambiente e submetê-los a vá-
cuo parcial até que atinjam um grau de saturação entre 55 e 80%. Após a saturação, os
corpos-de-prova são colocados submersos em água destilada a 60
o
C, por 24 horas, e, em
seguida, são submersos em água destilada a 25
o
C, por 1 hora. o condicionamento do grupo
condicionado da AASHTO T 283 consiste em, após o mesmo procedimento de saturação por
vácuo parcial (entre 55 a 80%) descrito, submeter os corpos-de-prova a uma fase de congela-
mento, onde permanecem por 16 horas a 18
o
C e, posteriormente, a uma fase de desconge-
lamento, onde permanecem por 24 horas a 60
o
C. Terminada a fase de descongelamento, os
corpos-de-prova são submersos em água destilada a 25
o
C, por 2 horas. Em ambos os métodos,
terminada a fase de condicionamento, os corpos-de-prova são submetidos ao ensaio de módulo
de resiliência e de resistência à tração. A Tabela 7.1 apresenta resumidamente os procedimentos
que compõem os ensaios da ASTM D 4867 e da AASHTO T 283.
De posse dos valores de módulo de resiliência e de resistência à tração do grupo de controle
e do grupo condicionado de ambos os métodos, pode-se calcular a relação entre os módulos
de resiliência, denominada de módulo de resiliência retido (MRR), através da razão entre o
módulo de resiliência do grupo condicionado (MR
2
) e do grupo de controle (MR
1
), e a relação
entre as resistências à tração, denominada resistência à tração retida (RT R), através da razão
entre a resistência à tração do grupo condicionado (RT
2
) e do grupo de controle (RT
1
). É
bastante aceito na literatura que misturas que apresentem propriedade retida superior a 70%,
ou seja, perda de propriedade causada pelo ação da água inferior a 30%, sejam consideradas
aceitáveis.
7.6. Resultados das Propriedades Mecânicas das Misturas 219
Tabela 7.1: Resumo dos procedimentos de ensaio da ASTM D 4867 e da AASHTO T 283
Ensaio Corpo-de-prova Cura e Envelhecimento Condicionamento Critério de aceitação
n = 6 cura: temp. de congel.: não há Propr. retida
ASTM V v = 7 ± 1% compac. por 2h aquec.: 60
o
C por 24h > 70%
ou de campo envelhec.: não há imersão: 25
o
C por 1h
n = 6 cura: não há congel.: 18
o
C por 16h Propr. retida
AASHTO V v = 7 ± 1% envelhec.: mistura descong.: 60
o
C por 24h > 70%
ou de campo solta a 60
o
C por 16h imersão: 25
o
C por 2h
7.6 Resultados das Propriedades Mecânicas das Misturas
7.6.1 Estabilidade e Fluência Marshall
Na Tabela 7.2, estão apresentados os valores médios e o desvio padrão da estabilidade e
fluência Marshall das misturas AZR executadas com energia de compactação de 75, 110 e 155
golpes por face dos corpos-de-prova Marshall, produzidas com agregados de gabro e de basalto.
Tabela 7.2: Resultados da estabilidade (E) e fluência (F) Marshall das misturas AZR compac-
tadas com energias de 75, 110 e 155 golpes por face
Agregados E(N) F (0, 1 mm)
75 110 155 75 110 155
Gabro 17.583 22.080 28.924 42 38 37
Dpadrão 531 873 1.026 1 3 1
Basalto 12.837 16.981 19.299 44 44 43
Dpadrão 873 325 219 2 2 1
Os resultados mostram que com a elevação da energia de compactação aplicada ocorre
ganho de estabilidade (Figura 7.19). O aumento da energia de compactação de 75 golpes para
110 golpes representou um ganho de estabilidade em torno de 20% para a mistura AZRg e de
24% para a mistura AZRb. Aumentando a energia de compactação de 110 para 155 golpes,
o ganho de estabilidade foi de 24% para a mistura AZRg e de 12% para a mistura AZRb. O
ganho de estabilidade, comparando as estabilidades alcançadas com energias de 75 e 155 golpes,
foi de 39% para a mistura AZRg e de 33% para a mistura AZRb. Os ganhos de estabilidade
observados, devem-se, provavelmente, à energia de compactação adicional benéfica aplicada,
que possibilitou que fosse vencida a resistência à compactação promovida pelas partículas
angulosas e de textura rugosa, tornando possível a formação de arranjos mais próximos entre
partículas, constatado através da diminuição do VAM (ver Tabela 7.3), culminado em misturas
com esqueletos estruturais mais resistentes.
220 7. Propriedades Mecânicas e de Adesividade das Misturas Asfálticas
Figura 7.19: Variação da estabilidade em função da energia de compactação aplicada
Tabela 7.3: Resultados do VAM e do asfalto efetivo, para energias de compactação de 75, 110
e 155 golpes
VAM (%) Asfalto efetivo (%)
Agregados 75 110 155 75 110 155
AZRg 17, 0 16, 5 16, 0 5, 3 5, 2 5, 0
AZRb 19, 5 18, 3 17, 4 6, 5 6, 0 5, 6
O aumento da energia de compactação, tanto de 75 para 110 golpes como de 110 para
155 golpes, representou uma diminuição do VAM em torno de 0, 5% e de asfalto efetivo em
aproximadamente 0, 1%, para a mistura AZRg (Tabela 7.3). Já a mistura AZRb, com o aumento
da energia de compactação tanto de 75 para 110 golpes como de 110 para 155 golpes, apresentou
uma diminuição mais acentuada do VAM, em torno de 1% e de asfalto efetivo de 0, 5%. No
entanto, apesar da mistura AZRg ter apresentado uma diminuição menor do VAM e, portanto,
do teor de asfalto efetivo de projeto, esta teve ganho de estabilidade mais pronunciado se
comparado ao ganho de estabilidade da mistura AZRb (Figura 7.20). Uma possível explicação
é que uma maior energia de compactação não somente aproxima as partículas entre si, mas
possibilita também que elas arranjem-se de maneira mais eficaz para promover um melhor
intertravamento entre partículas. E devido às características de forma da partícula de gabro
serem mais adequadas para promover o intertravamento entre partículas, o ganho de estabilidade
da mistura AZRg foi maior.
Vale notar também que as misturas produzidas com o agregado de gabro são mais estáveis
que as produzidas com o agregado de basalto, para todas as energias de compactação aplicadas
7.6. Resultados das Propriedades Mecânicas das Misturas 221
Figura 7.20: Variação da estabilidade Marshall em função do VAM das misturas
(Figura 7.21). Esse fato mostra a superioridade das características de forma do agregado de
gabro comparadas às do agregado de basalto e destaca a importância dessa propriedade na
formação do esqueleto estrutural da mistura.
Figura 7.21: Variação da estabilidade das misturas AZRg e AZRb em função da energia de
compactação aplicada
A fluência Marshall das misturas sofreu pouca variação com o aumento da energia de
compactação (Tabela 7.2). Estatisticamente, não houve variação da fluência da mistura AZRg
com o aumento da energia de compactação de 75 para 110 golpes ou de 110 para 155 golpes.
Somente foi verificada uma diminuição da fluência da mistura AZRg quando comparados os
valores médios obtidos com energias de compactação de 75 e 155 golpes. para a mistura
AZRb não houve variação da fluência com o aumento da energia de compactação.
222 7. Propriedades Mecânicas e de Adesividade das Misturas Asfálticas
7.6.2 Fluência por Compressão Uniaxial Uniforme
O ensaio de fluência por compressão uniaxial uniforme resulta numa curva de fluência, a
qual consiste na deformação sofrida pelo corpo-de-prova em função do tempo de realização do
ensaio. Através dessa curva de fluência pode-se calcular os parâmetros de análise do ensaio.
Esses parâmetros são a deformação total do corpo-de-prova ao final do ensaio, a deformação
plástica, aquela que permanece após o período de recuperação, a deformação elástica, determi-
nada pela diferença entre a deformação total e a deformação plástica, a recuperação elástica,
a qual representa uma relação percentual entre a deformação elástica e a deformação total,
o módulo de fluência após 3600 s de ensaio e a inclinação da curva de fluência. O módulo
de fluência pode ser obtido pela relação entre a tensão aplicada e a deformação sofrida pelo
corpo-de-prova após 3600 s de aplicação de carga, enquanto a inclinação da curva deformação
versus tempo pode ser determinada no trecho entre 1000 e 3600 s após o início da aplicação de
carga.
Nas Tabelas 7.4 e 7.5, estão apresentados os valores médios referentes a três determinações e
o desvio padrão das deformações totais (Dt), deformações elásticas (De), deformações plásticas
(Dp), recuperações (Recup.), módulos de fluência (MF) e inclinações (Inclin.), obtidos através
do ensaio de fluência por compressão uniaxial uniforme.
Tabela 7.4: Valores médios do ensaio de fluência por compressão uniaxial uniforme para
misturas produzidas com 75 golpes por face
Misturas e Dt De Dp Recup. MF Inclin.
Agregados (mm/mm) (mm/mm) (mm/mm) (%) (MP a)
AZRg 0, 00270 0, 00159 0, 00111 60 36, 39 0, 04030
Dpadrão 0, 00001 0, 00001 0, 00001 1 1, 08 0, 00098
AZRb 0, 00358 0, 00166 0, 00192 51 35, 01 0, 05993
Dpadrão 0, 00060 0, 00004 0, 00066 6 5, 59 0, 00623
Bg 0, 00292 0, 00162 0, 00131 59 34, 89 0, 05537
Dpadrão 0, 00039 0, 00008 0, 00055 10 5, 10 0, 02613
Bb 0, 00190 0, 00123 0, 00067 71 59, 18 0, 03733
Dpadrão 0, 00055 0, 00027 0, 00028 4 13, 5 0, 00391
Curva Granulométrica
Ao analisar comparativamente a granulometria das misturas AZR e Bg, produzidas com
agregado de gabro e compactadas com 75 golpes por face (Tabela 7.4), pode-se verificar que
as misturas AZRg e Bg tiveram valores considerados estatisticamente iguais de deformações
(total, elástica e plástica), assim como de recuperação, de módulo de fluência e de inclinação
7.6. Resultados das Propriedades Mecânicas das Misturas 223
(Figura 7.23). Os parâmetros analisados pelo ensaio de fluência uniaxial uniforme indicam que
as misturas produzidas com as granulometrias AZR e Bg apresentam comportamento mecânico
semelhante, não indicando superioridade de uma granulometria em relação à outra.
as misturas AZRb e Bb apresentaram apenas deformações elásticas estatisticamente
iguais. A mistura AZRb deformou-se plasticamente cerca de 65% a mais que a mistura Bb,
com deformação total 47% maior à da mistura Bb (Figura 7.22). A capacidade de recuperação
elástica da mistura Bb foi aproximadamente 28% maior que a da mistura AZRb (Figura 7.23(a)).
O módulo de fluência da mistura Bb foi 41% mais elevado que o módulo da mistura AZRb
(Figura 7.23(b)) e a inclinação da curva de fluência da mistura Bb foi cerca de 38% mais baixa
que a inclinação da mistura AZRb (Figura 7.23(c)). Os parâmetros analisados pelo ensaio de
fluência uniaxial uniforme, de uma maneira geral, indicam a superioridade da granulometria Bb
em relação à granulometria AZR para resistir às deformações permanentes.
Figura 7.22: Variações das deformações total, elástica e plástica das misturas AZRb e Bb
224 7. Propriedades Mecânicas e de Adesividade das Misturas Asfálticas
(a) Recuperação elástica
(b) Módulo de fluência
(c) Inclinação
Figura 7.23: Variações da recuperação elástica, módulo de fluência e inclinação, obtidas através
do ensaio de fluência uniaxial uniforme, das misturas AZRg, Bg, AZRb e Bb
7.6. Resultados das Propriedades Mecânicas das Misturas 225
Tipo de Agregado
Os parâmetros do ensaio encontrados para as misturas AZRg e AZRb, compactadas com 75
golpes por face (Tabela 7.4), indicam que não diferença entre as médias, ou seja, os valores
de deformação total, elástica e plástica, assim como a recuperação e módulo de fluência podem
ser considerados estatisticamente iguais. Apenas a inclinação da curvas de fluência da mistura
AZRb foi mais elevada comparada à da mistura AZRg, mas, de uma maneira geral, os desvios
padrões referentes às médias das inclinações foram relativamente altos.
Na Tabela 7.5, estão apresentados os parâmetros do ensaio encontrados para as misturas
AZRg e AZRb compactadas com 110 e 155 golpes por face do corpo-de-prova. Os resultados
também indicam que não diferença entre os valores de deformação total, elástica e plás-
tica, assim como, de recuperação, módulo de fluência e inclinação ao comparar as misturas
110AZRg e 110AZRb ou 155AZRg e 155AZRb. Portanto, pode-se concluir que, para uma
mesma granulometria AZR, o comportamento das misturas produzidas com agregado de gabro
e de basalto são semelhantes quanto à deformação permanente, considerando os parâmetros
analisados através do ensaios de fluência por compressão uniaxial uniforme.
Tabela 7.5: Valores médios do ensaio de fluência por compressão uniaxial uniforme para
misturas produzidas com 110 e 155 golpes por face
Misturas e Dt De Dp Recup. MF Inclin.
Agregados (mm/mm) (mm/mm) (mm/mm) (%) (MP a)
110AZRg 0, 00147 0, 00128 0, 00019 87 72, 69 0, 04678
Dpadrão 0, 00012 0, 00001 0, 00012 6 9, 12 0, 03221
110AZRb 0, 00172 0, 00124 0, 00049 73 62, 29 0, 08773
Dpadrão 0, 00027 0, 00013 0, 00019 7 8, 34 0, 03045
155AZRg 0, 00118 0, 00087 0, 00031 75 77, 99 0, 13120
Dpadrão 0, 00017 0, 00015 0, 00006 7 15, 40 0, 02286
155AZRb 0, 00133 0, 00086 0, 00047 67 89, 37 0, 14318
Dpadrão 0, 00010 0, 00020 0, 00030 14 13, 64 0, 04147
Energia de Compactação
Já se for considerada a variação da energia de compactação aplicada para um mesmo tipo de
agregado, outras observações podem ser conjeturadas. Para misturas produzidas com agregado
de gabro, conforme o aumento da energia de compactação de 75 golpes para 110 golpes, ocorreu
uma redução da deformação total em torno de 46%, uma redução da deformação plástica em
83% (Figura 7.24), a capacidade de recuperação elástica da mistura foi melhorada em cerca
de 31% (Figura 7.25(a)) e o módulo de fluência foi 50% maior (Figura 7.25(b)). Com base
nesses resultados, pode-se depreender que ao aumentar a energia de compactação de 75 para
226 7. Propriedades Mecânicas e de Adesividade das Misturas Asfálticas
110 golpes, na produção das misturas com gabro, há uma melhora média superior a 50% quando
à sua capacidade de resistir à deformação permanente.
Figura 7.24: Variação das deformações das misturas produzidas com gabro, obtidas através do
ensaio de fluência uniaxial uniforme, conforme o aumento da energia de compactação
No entanto, o aumento da energia de compactação de 110 para 155 golpes por face não
acrescentou ganhos significativos quanto à capacidade de resistir à deformação permanente.
Tanto a mistura 110AZRg como a mistura 155AZRg tiveram valores estatisticamente equi-
valentes quanto à deformação total e deformação plástica, recuperação e módulo de fluência
(Figura 7.25).
Também para as misturas produzidas com agregado de basalto, conforme o aumento da
energia de compactação de 75 golpes para 110 golpes, as misturas 110AZRb tiveram uma
redução da deformação total em torno de 51%, uma redução da deformação plástica em 75%
(Figura 7.26), a capacidade de recuperação elástica da mistura foi melhorada cerca de 31% e o
módulo de fluência foi 44% maior (Figura 7.25). Com base nesses resultados, pode-se concluir
que ao aumentar a energia de compactação de 75 para 110 golpes uma melhoria média
superior a 50% quando à capacidade da mistura produzida com basalto de resistir à deformação
permanente. Com a elevação da energia de compactação de 110 para 155 golpes por face, as
misturas produzidas com basalto apresentaram resultados estatisticamente equivalentes quanto
às deformações (total, elástica e plástica) e recuperação, porém, o módulo de fluência da mistura
155AZRb foi cerca de 30% maior que o módulo da mistura 110AZRb (Figura 7.25).
7.6. Resultados das Propriedades Mecânicas das Misturas 227
(a) Recuperação
(b) Módulo de fluência
Figura 7.25: Variações da recuperação e do módulo de fluência, obtidos através do ensaio de
fluência uniaxial uniforme, das misturas produzidas com agregado de gabro e de basalto, em
função da energia de compactação aplicada
228 7. Propriedades Mecânicas e de Adesividade das Misturas Asfálticas
Figura 7.26: Variação das deformações das misturas produzidas com basalto, obtidas através do
ensaio de fluência uniaxial uniforme, conforme o aumento da energia de compactação
7.6.3 Fluência por Compressão Uniaxial Dinâmica
Nas Tabelas 7.6 e 7.7, estão apresentados os valores médios referentes a três determinações
e desvio padrão das deformações totais, módulos de fluência e inclinações nos trechos entre 100
e 5000 s da curva de fluência, obtidos através do ensaio de fluência por compressão uniaxial
dinâmica.
Tabela 7.6: Valores médios do ensaio de fluência por compressão uniaxial dinâmica para
misturas produzidas com 75 golpes por face
Mistura e Tipo Dt MF Inclinação
de Agregado (mm/mm) (MP a)
AZRg 0, 00267 38, 37 0, 34798
Dpadrão 0, 00036 3, 36 0, 02520
AZRb 0, 00351 32, 09 0, 34633
Dpadrão 0, 00024 2, 83 0, 02450
Bg 0, 00396 27, 13 0, 34096
Dpadrão 0, 00021 0, 34 0, 05005
Bb 0, 00485 22, 95 0, 36388
Dpadrão 0, 00034 1, 23 0, 03078
Curva Granulométrica
Ao analisar comparativamente as curvas granulométricas AZR e Bg, produzidas com agre-
gado de gabro, pode-se observar que as misturas AZRg e Bg apresentam deformação total e
módulo de fluência estatisticamente diferentes. A mistura AZRg deformou-se cerca de 33%
7.6. Resultados das Propriedades Mecânicas das Misturas 229
menos que a mistura Bg e apresentou módulo de fluência 29% maior que o módulo da mistura
Bg (Figura 7.27). Já as inclinações das duas misturas podem ser consideradas estatisticamente
iguais. De uma maneira geral, esses resultados indicam comportamento melhor quanto à de-
formação permanente das misturas com a granulometria AZR, contrariando os resultados en-
contrados através do ensaio de fluência por compressão uniforme, que indicam comportamento
equivalente entre as duas misturas.
A mistura AZRb também apresentou deformação total cerca de 28% menor que a deforma-
ção total da mistura Bb e módulo de fluência aproximadamente 28% mais elevado que o módulo
da mistura Bb. a inclinação das duas misturas podem ser consideradas estatisticamente
iguais (Figura 7.27). Esses resultados também indicam um comportamento melhor quanto à
deformação permanente das misturas produzidas com a granulometria AZR quando comparado
ao comportamento da mistura produzida com granulometria Bb, contrariando os resultados
obtidos com o ensaio de fluência por compressão uniforme, que apontam a superioridade da
granulometria Bb para resistir à deformação permanente.
230 7. Propriedades Mecânicas e de Adesividade das Misturas Asfálticas
(a) Deformação total
(b) Módulo de fluência
(c) Inclinação
Figura 7.27: Parâmetros do ensaio de fluência uniaxial dinâmica para misturas com granulome-
trias AZR e Bailey, produzidas com agregados de gabro e de basalto
7.6. Resultados das Propriedades Mecânicas das Misturas 231
Tipo de Agregado
Na Tabela 7.6, estão apresentados os parâmetros do ensaio encontrados para as misturas
AZRg e AZRb, compactadas com 75 golpes por face. Os resultados mostram que a mistura
AZRg deformou-se cerca de 24% menos que a mistura AZRb, porém com módulos de fluência
e inclinações estatisticamente equivalentes, concordando com os resultados obtidos no ensaio
de fluência por compressão uniaxial uniforme.
Na Tabela 7.7, estão apresentados os parâmetros do ensaio de fluência uniaxial dinâmica
encontrados para as misturas AZRg e AZRb, compactadas com 110 e 155 golpes por face
do corpo-de-prova. A comparação entre os resultados das misturas 110AZRg e 110AZRb
e, 155AZRg e 155AZRb também indicam não haver diferenças estatísticas entre os valores
de deformação total, módulo de fluência e inclinação da curva de fluência das misturas (Fi-
gura 7.28). Portanto, pode-se concluir que para uma mesma granulometria AZR, mesmo em-
pregando energias de compactação diferentes, os parâmetros analisados através do ensaios
de fluência por compressão uniaxial dinâmica indicam comportamento semelhante entre as
misturas produzidas com agregado de gabro e de basalto quanto à deformação permanente,
concordando inteiramente com os resultados encontrados através do ensaio de fluência por
compressão uniaxial uniforme.
Tabela 7.7: Valores médios do ensaio de fluência por compressão uniaxial dinâmica para
misturas produzidas com 110 e 155 golpes por face
Mistura e Tipo Dt MF Inclinação
de Agregado (mm/mm) (MP a)
AZRg 0, 00267 38, 37 0, 34798
Dpadrão 0, 00036 3, 36 0, 02520
110AZRg 0, 00163 74, 93 0, 27692
Dpadrão 0, 00015 5, 47 0, 01462
155AZRg 0, 00066 174, 38 0, 18435
Dpadrão 0, 00007 20, 79 0, 02317
AZRb 0, 00351 32, 09 0, 34633
Dpadrão 0, 00024 2, 83 0, 02450
110AZRb 0, 00161 67, 59 0, 29953
Dpadrão 0, 00027 14, 32 0, 03184
155AZRb 0, 00068 166, 74 0, 16015
Dpadrão 0, 00004 7, 21 0, 00859
232 7. Propriedades Mecânicas e de Adesividade das Misturas Asfálticas
(a) Deformação total
(b) Módulo de fluência
(c) Inclinação
Figura 7.28: Parâmetros do ensaio de fluência uniaxial dinâmica das misturas produzidas com
agregados de gabro e de basalto com energias de compactação de 75, 110 e 155 golpes
7.6. Resultados das Propriedades Mecânicas das Misturas 233
Energia de Compactação
se for considerada a variação da energia de compactação aplicada (75, 110 e 155),
para um mesmo tipo de agregado (gabro ou basalto), outras considerações podem ser feitas.
Considerando as misturas produzidas com agregado de gabro, com o aumento da energia de
compactação de 75 golpes para 110 golpes houve redução da deformação total em torno de 39%,
aumento do módulo de fluência em aproximadamente 49% e redução da inclinação da curva de
fluência em aproximadamente 20% (Figura 7.29). Com base nesses resultados, pode-se concluir
que ao aumentar a energia de compactação de 75 para 110 golpes, em misturas produzidas com
gabro, há uma melhoria média superior a 35% quando à resistência à deformação permanente,
fato que vem corroborar os resultados do ensaio de fluência por compressão uniforme.
Também foi constatada uma melhora média superior a 50% quanto à capacidade da mistura
AZRg de resistir à deformação permanente, quando a energia de compactação passou de 110
para 155 golpes por face do corpo-de-prova. A mistura 155AZRg apresentou deformação total
diminuída em aproximadamente 60%, módulo de fluência majorado cerca de 57% e inclinação
da curva de fluência diminuída em 33% (Figura 7.29). Esses resultados encontrados através
do ensaio de fluência por compressão uniaxial dinâmica diferem dos resultados do ensaio de
fluência por compressão uniforme, o qual, com aumento da energia de compactação de 110
para 155 golpes, não detectou melhoria da resistência à deformação permanente das misturas.
Também para as misturas produzidas com agregado de basalto, o aumento da energia de
compactação de 75 para 110 golpes resultou numa diminuição da deformação total da mistura
110AZRb em torno de 54% e numa elevação da estabilidade, evidenciada através do aumento
do módulo de fluência, em aproximadamente 53% (Figura 7.29). Portanto, pode-se concluir
que ao aumentar a energia de compactação de 75 para 110 golpes uma melhoria média
superior a 50% quando à capacidade da mistura produzida com basalto de resistir à deformação
permanente, resultados estes concordantes com os resultados obtidos no ensaio de fluência por
compressão uniforme.
Ao aumentar a energia de compactação de 110 para 155 golpes, a mistura 155AZRb teve
sua deformação total diminuída em 58%, seu módulo de fluência elevado em cerca de 60% e a
inclinação da curva de fluência diminuída em 47%, ou seja, a elevação da energia de compacta-
ção de 110 para 155 golpes resultou numa elevação da resistência à deformação permanente da
mistura superior a 50% (Figura 7.29).
234 7. Propriedades Mecânicas e de Adesividade das Misturas Asfálticas
(a) Deformação total
(b) Módulo de fluência
(c) Inclinação
Figura 7.29: Parâmetros do ensaio de fluência uniaxial dinâmica das misturas AZRg e AZRb
ao variar a energia de compactação aplicada
7.6. Resultados das Propriedades Mecânicas das Misturas 235
Comparação entre os Resultados dos Ensaios de Fluência por Compressão Uniaxial
Uniforme e por Compressão Uniaxial Dinâmica
Os resultados encontrados através do ensaio de fluência por compressão uniaxial dinâmica
diferem dos resultados do ensaio de fluência por compressão uniforme, o qual, com aumento
da energia de compactação de 110 para 155 golpes, não detectou melhoria da resistência à
deformação permanente das misturas, os resultados obtidos através do ensaio dinâmico
mostram melhora significativa. Contudo, os resultados alcançados através do ensaio dinâmico
parecem mais realísticos, considerando que o aumento da energia de compactação de 110 para
155 produziram diminuição do VAM, indicando um aumento da densidade relativa das misturas
devido à formação de arranjos mais próximos entre partículas, também sinalizado pelo aumento
da estabilidade Marshall dessas misturas. Portanto, é razoável supor que o ensaio dinâmico
tenha sido mais sensível que o ensaio uniforme para diagnosticar ganhos de estabilidades com a
elevação da energia de compactação. Ou ainda, que o ensaio uniforme talvez não seja sensível
o suficiente para detectar variações na estabilidades de misturas muito compactadas, ou seja,
produzidas com energias de compactação muito elevadas.
Conclusões Parciais
A estabilidade Marshall varia conforme a energia de compactação aplicada, maiores
energias de compactação foram responsáveis por maiores valores de estabilidades;
As misturas com granulometria AZR, produzidas tanto com o agregado de gabro (AZRg)
como com o agregado de basalto (AZRb), apresentaram estabilidades Marshall superiores
às encontradas nas misturas Bailey gabro (Bg) e Bailey basalto (Bb);
As misturas AZRg apresentaram estabilidades Marshall mais elevadas que as misturas
AZRb, para todas as energias de compactação aplicadas (75, 110 e 155 golpes);
A fluência Marshall das misturas sofreu pouca variação com o aumento da energia de
compactação;
O ensaio de fluência uniaxial dinâmica indicou potencialidades melhores quanto a resis-
tência à deformação permanente das misturas com granulometria AZR (AZRg e AZRb)
quando comparadas às misturas com granulometrias Bailey (Bg e Bb);
O ensaio de fluência uniaxial uniforme indicou potencialidades semelhantes quanto à
deformação permanente entre as misturas com granulometria AZR e Bg, produzidas com
agregado de gabro. Os parâmetros do ensaio de fluência uniaxial uniforme, de uma
236 7. Propriedades Mecânicas e de Adesividade das Misturas Asfálticas
maneira geral, indicaram superioridade quanto à deformação permanente das misturas
com granulometria Bb em relação às misturas com granulometria AZR, produzidas com
agregado de basalto;
Considerando uma mesma granulometria AZR, o comportamento das misturas produzi-
das com agregado de gabro e de basalto foram semelhantes quanto à deformação per-
manente, para as três energias de compactação estudadas, com base nos parâmetros
analisados através do ensaios de fluência por compressão uniaxial uniforme e dinâmica;
A resistência à deformação permanente das misturas variou conforme a energia de com-
pactação aplicada, energias de compactação mais elevadas foram responsáveis por me-
lhores comportamentos quanto à deformação permanente;
De uma maneira geral, o ensaio de fluência uniaxial dinâmica demonstrou ser mais
sensível para detectar variações nas estabilidades das misturas estudadas.
7.6. Resultados das Propriedades Mecânicas das Misturas 237
7.6.4 Ensaios de Resistência à Tração e de Módulo de Resiliência
Através do ensaio de resistência à tração por compressão diametral uniforme pode-se es-
timar a tensão máxima a ser utilizada na realização do ensaio de módulo de resiliência por
compressão diametral dinâmica e também a relação MR/RT . Nas Tabelas 7.8 e 7.9, estão
apresentados os valores médios, referentes a três determinações, da resistência à tração por
compressão diametral (RT ), módulo de resiliência (MR), módulo de resiliência instantâneo
(MR
i
) e a relação módulo de resiliência/resistência à tração (MR/RT ).
Tabela 7.8: Valores médios de resistência à tração, módulo de resiliência, módulo de resiliência
instantâneo e da relação MR/RT , para misturas compactadas com 75 golpes por face
Mistura e Agregado RT MR M R
i
MR/RT
(MP a) (MP a) (MP a)
AZRg 1, 36 5.410 5.938 3.972
Dpadrão 0, 05 182 162
AZRb 1, 35 5.146 5.576 3.809
Dpadrão 0, 04 150 475
Bg 1, 16 3.528 3.922 3.041
Dpadrão 0, 04 353 409
Bb 1, 10 2.817 3.233 2.561
Dpadrão 0, 05 445 502
Tabela 7.9: Valores médios de resistência à tração, módulo de resiliência, módulo de resiliência
instantâneo e da relação MR/RT , para misturas compactadas com 110 e 155 golpes por face
Mistura e Agregado RT MR M R
i
MR/RT
(MP a) (MP a) (MP a)
110AZRg 2, 12 12.130 14.550 5.735
Dpadrão 0, 02 917 1.014
110AZRb 1, 69 7.282 8.623 4.306
Dpadrão 0, 02 787 1.053
155AZRg 2, 35 19.016 22.392 8.098
Dpadrão 0, 01 1.893 2.054
155AZRb 1, 90 11.011 12.815 5.809
Dpadrão 0, 03 1.494 1.716
238 7. Propriedades Mecânicas e de Adesividade das Misturas Asfálticas
Curva Granulométrica
Ao analisar comparativamente a granulometria das misturas AZR e Bg, produzidas com
agregado de gabro e compactadas com 75 golpes por face (Tabela 7.8), pode-se verificar que a
mistura AZRg apresenta valores de resistência à tração, de módulo de resiliência e de módulo
de resiliência instantâneo mais elevados que os valores obtidos para a mistura Bg. A resistência
à tração da mistura AZRg mostra-se cerca de 15% superior a resistência à tração da mistura Bg,
seu módulo de resiliência e módulo de resiliência instantâneo são aproximadamente 35% mais
elevados que os módulos da mistura Bg (Figura 7.30). Também o valor da relação MR/RT
obtido para a mistura AZRg é 23% superior ao valor obtido para a mistura Bg (Figura 7.31), no
entanto, esses valores são semelhantes à gama de valores de relações MR/RT encontrados em
vários trabalhos de pesquisa, dentre eles, os apresentados na Tabela 7.10.
A mistura AZRb também apresentou resistência à tração, módulo de resiliência e módulo de
resiliência instantâneo mais elevados que os valores encontrados para a mistura Bb. O valor da
resistência à tração da mistura AZRb mostra-se cerca de 19% superior a resistência à tração da
mistura Bb, seu módulo de resiliência e módulo de resiliência instantâneo são aproximadamente
45% mais elevados que os módulos da mistura Bb (Figura 7.30). Também o valor da relação
MR/RT obtido para a mistura AZRb é aproximadamente 33% maior que o valor encontrado
para a mistura Bb (Figura 7.31) e, ainda assim, esses valores podem ser considerados adequados,
pois encontram-se dentro da faixa de valores de relações MR/RT freqüentemente encontrados
(Tabela 7.10).
Como visto, a utilização da granulometria AZR gerou misturas com resistência à tração,
módulos de resiliência e relação MR/RT mais elevados que os valores dessas propriedades
obtidos para as misturas produzidas com granulometrias Bailey.
7.6. Resultados das Propriedades Mecânicas das Misturas 239
(a) Resistência à tração
(b) Módulo de resiliência
(c) Módulo de resiliência instantâneo
Figura 7.30: Resistência à tração, módulos de resiliência e módulos de resiliência instantâneo
das misturas produzidas com agregados de gabro e de basalto compactadas com 75 golpes por
face
240 7. Propriedades Mecânicas e de Adesividade das Misturas Asfálticas
Tabela 7.10: Relações MR/RT encontradas em estudos realizados a 25
o
C
Pesquisas tipo de asfalto MR/RT
Pinto (1991) CAP 20 4.347
Motta & Pinto (1994) asfalto convencional MR = 343 + 4028RT
Magalhães (2004) CAP 20 4.183
Santos (2004) CAP 20 2.671
Motta & Leite (2002) CAP 20 4.125
* valor médio obtido dentre as observações realizadas no trecho experimental denominado Rio Orla, que é parte
integrante de uma extensa pesquisa de campo realizada pelo CENPES e UFRJ
Figura 7.31: Relação MR/RT das misturas AZRg, AZRb, Bg e Bb
Tipo de Agregado
Os valores da resistência à tração, do módulo de resiliência e do módulo de resiliência ins-
tantâneo encontrados para as misturas AZRg e AZRb podem ser considerados estatisticamente
iguais, tendo em vista as misturas produzidas com energia de compactação de 75 golpes por
face do corpo-de-prova (Tabela 7.8).
No entanto, as misturas produzidas com agregado de gabro e de basalto passaram a apresen-
tar comportamentos distintos ao serem compactadas com energias mais elevadas (Tabela 7.9).
A mistura 110AZRg apresentou valor de resistência à tração cerca de 20% maior que o valor
encontrado para a mistura 110AZRb (Figura 7.33(a)), seus valores de módulo de resiliência e
de módulo de resiliência instantâneo também foram cerca de 40% mais elevados que os obtidos
para a mistura 110AZRb (Figura 7.33(b)).
O mesmo comportamento foi observado ao empregar energia de compactação de 155 golpes
por face, ou seja, a mistura 155AZRg apresentou ganhos de resistência à tração superior a 20%
7.6. Resultados das Propriedades Mecânicas das Misturas 241
e de módulos de resiliência acima de 40%, em relação aos valores encontrados para a mistura
155AZRb (Figura 7.33).
Com base nesses resultados, pode-se concluir que as misturas produzidas com agregados de
gabro e de basalto, quando compactadas com 75 golpes por face do corpo-de-prova, apresen-
tam comportamento elástico semelhante. No entanto, a elevação da energia de compactação,
proporcionando aproximação e melhor arranjo entre partículas, tornou evidente a maior rigidez
alcançada pelas misturas produzidas com o agregado de gabro em relação às misturas com
basalto, destacando a influência das características de forma desse agregado no comportamento
elástico das misturas.
A Figura 7.32 ilustra os valores da relação MR/RT das misturas AZRg, AZRb, 110AZRg,
110AZRb e 155AZRb, considerados adequados com base nos exemplos de valores freqüen-
temente observados, apresentados na Tabela 7.10. A mistura 155AZRg apresentou valor da
relação MR/RT mais alto do que o padrão observado, no entanto, vale lembrar que os va-
lores da relação MR/RT usados como referência (Tabela 7.10) foram obtidos para misturas
produzidas com energias compactação padronizadas pelo método Marshall.
Figura 7.32: Relação MR/RT das misturas AZR produzidas com agregados de gabro (AZRg)
e com agregado de basalto (AZRb), compactadas com 110 e 155 golpes por face
242 7. Propriedades Mecânicas e de Adesividade das Misturas Asfálticas
(a) Resistência à tração
(b) Módulo de resiliência
(c) Módulo de resiliência instantâneo
Figura 7.33: Resistência à tração, módulos de resiliência e módulos de resiliência instantâneo
das misturas AZR produzidas com gabro e com basalto, compactadas com 110 e 155 golpes por
face
7.6. Resultados das Propriedades Mecânicas das Misturas 243
Energia de Compactação
A resistência à tração das misturas variou conforme a energia de compactação aplicada. A
elevação da energia de compactação de 75 para 110 golpes por face do corpo-de-prova gerou
um ganho de resistência à tração na mistura 110AZRg em torno de 35%, enquanto que de 110
para 155 golpes, o ganho de resistência à tração foi de aproximadamente 10% (Figura 7.34).
nas misturas produzidas com basalto, a elevação da energia de compactação de 75 para 110
golpes proporcionou ganho de resistência à tração em torno de 20% e de 110 para 155 golpes, a
resistência à tração da mistura 155AZRb foi aproximadamente 11% mais elevada. (Figura 7.34).
Figura 7.34: Variação de resistência à tração das misturas AZR, produzidas com agregados de
gabro e de basalto, com a elevação da energia de compactação aplicada
O módulo de resiliência das misturas também variou com a energia de compactação apli-
cada. Tanto as misturas AZR produzidas com agregado de gabro quanto as produzidas com
agregado de basalto tiveram elevação do módulo de resiliência com o aumento da energia de
compactação aplicada. De 75 para 110 golpes, o aumento do módulo de resiliência da mistura
110AZRg foi de aproximadamente 55% e de 110 para 155 golpes, a mistura 155AZRg passou
a apresentar módulo de resiliência 35% superior (Figura 7.35). A mistura 110AZRb apresentou
módulo de resiliência cerca de 30% maior que a mistura AZRb e, ao aumentar ainda mais a
energia de compactação, de 110 para 155 golpes, o módulo de resiliência obtido para a mistura
155AZRb foi 34% mais elevado que o módulo da mistura 110AZRb.
A mesma análise feita para o módulo de resiliência pode ser considerada para o módulo
de resiliência instantâneo, pois os resultados do módulo de resiliência instantâneo são muito
244 7. Propriedades Mecânicas e de Adesividade das Misturas Asfálticas
Figura 7.35: Variação do módulo de resiliência das misturas AZR, produzidas com agregados
de gabro e de basalto, com a elevação da energia de compactação aplicada
semelhantes aos resultados do módulo de resiliência, tendo como diferença apenas a magnitude
de seus valores.
Com base nos resultados, pode-se concluir que a elevação da energia de compactação
promove acréscimos de resistência à tração e de módulo de resiliência nas misturas. Pode-se
concluir também (Figuras 7.34 e 7.35), que as misturas AZRg e AZRb apresentaram resistências
à tração e módulos de resiliência semelhantes quando compactadas com 75 golpes por face do
corpo-de-prova. Porém, ao aplicar energias de compactação mais elevadas, as misturas com
gabro passaram a apresentar valores de resistência à tração e de módulos de resiliência mais
elevados, trazendo à luz a influência das características de forma dos agregados no comporta-
mento resiliente e de resistência à tração das misturas.
A relação MR/RT também variou com a energia de compactação. Tanto as misturas com
gabro como as com basalto apresentaram valores mais elevados para a relação MR/RT quanto
maior a energia de compactação aplicada (Figura 7.36). Os valores da relação MR/RT das
misturas AZR produzidas com gabro saltaram de 3.972 para 5.735 e então para 8.098, ao aplicar
75, 110 e 155 golpes, respectivamente. O mesmo ocorreu com as misturas AZR produzidas com
basalto, que aumentaram seus valores de relação MR/RT de 3.809 para 4.306 e para 5.809 com
a elevação da energia de compactação de 75 para 110 e então para 155 golpes. Pode-se concluir
que o aumento da energia de compactação proporciona às misturas uma elevação gradual da
relação MR/RT . Entretanto, embora as misturas tenham se tornado mais rígidas em função de
sua maior compactação, ainda assim, as relações MR/RT encontradas são indicativas do bom
comportamento mecânico dessas misturas, combinando boa flexibilidade e resistência à tração
7.6. Resultados das Propriedades Mecânicas das Misturas 245
adequada, antecipando o que será apresentado na análise mecanística das misturas (item 7.6.5,
página 253).
Figura 7.36: Variação da relação MR/RT das misturas AZR, produzidas com agregados de
gabro e de basalto, com a elevação da energia de compactação aplicada
7.6.5 Estimativa da Vida de Fadiga
A vida de fadiga pode ser definida como sendo o número total de aplicações de carga
necessário para proporcionar fratura completa da amostra (Monismith, 1958). Nesta pesquisa,
a vida de fadiga das misturas foi estimada através da Equação 7.6. Os ensaios de fadiga a
tensão controlada foram realizados com níveis de tensão variando de 20 a 40% da resistência à
tração, com freqüência de aplicação de carga de 1Hz (carregamento de 0, 1 s e descarregamento
de 0, 9 s) e temperatura de 25
o
C. Segundo Medina (1997), as solicitações a tensão controlada
são representativas das tensões que ocorrem em pavimentos com revestimentos asfálticos muito
mais rígidos do que a camada de base, que ao resistirem às cargas determinam a magnitude das
deformações impostas ao pavimento. Medina (1997) também sugere que os ensaios de fadiga
sejam realizados a 25
o
C, com base nos vários estudos desenvolvidos no Brasil, que demonstram
que as temperaturas da superfície do revestimento betuminoso permanecem entre 10 e 40
o
C
durante cerca de 70% do ano.
Nas Tabelas 7.11, 7.12, 7.13, 7.14, 7.15, 7.16, 7.17 e 7.18, estão apresentados os resultados
dos ensaios de fadiga, com seus respectivos modelos de fadiga e coeficientes de determinação
R
2
. O R
2
corresponde à qualidade do ajuste do modelo em relação aos pontos plotados, ou
seja, quanto mais próximo de 1 estiver o R
2
, menor será a dispersão dos pontos ensaiados em
relação ao modelo (Schefler, 1988).
246 7. Propriedades Mecânicas e de Adesividade das Misturas Asfálticas
Tabela 7.11: Resultados do ensaio de fadiga das misturas produzidas com granulometria AZR
utilizando agregado de gabro e energia de compactação de 75 golpes por face
Mistura AZRg RT = 1,36 MPa MR = 5.410 MPa
CP Carga (N) %RT σ N
1 5.719 40, 6 2, 20 1.237
2 5.719 40, 6 2, 20 1.035
3 4.267 30, 3 1, 64 2.307
4 4.267 30, 3 1, 64 2.045
5 2.815 20, 0 1, 07 22.725
6 2.815 20, 0 1, 08 33.417
Modelo de fadiga N = 32.552(
1
σ
)
4,58
R
2
= 0, 94
Tabela 7.12: Resultados do ensaio de fadiga das misturas produzidas com granulometria Bailey
gabro utilizando agregado de gabro e energia de compactação de 75 golpes por face
Mistura Bg RT = 1,16 MPa MR = 3.528 MPa
CP Carga (N) %RT σ N
1 5.033 41, 0 1, 90 680
2 5.033 41, 0 1, 89 588
3 3.571 29, 1 1, 35 4.276
4 3.571 29, 1 1, 36 3.256
5 2.492 20, 3 0, 94 29.027
6 2.492 20, 3 0, 94 40.290
Modelo de fadiga N = 22.773(
1
σ
)
5,69
R
2
= 0, 99
Tabela 7.13: Resultados do ensaio fadiga das misturas produzidas com granulometria AZR
utilizando agregado de basalto e energia de compactação de 75 golpes por face
Mistura AZRb RT = 1,35 MPa MR = 5.146 MPa
CP Carga (N) %RT σ N
1 5.562 40, 9 2, 21 791
2 5.562 40, 9 2, 21 887
3 4.081 30, 0 1, 64 7.953
4 4.081 30, 0 1, 63 2.551
5 2.659 19, 5 1, 06 16.448
6 2.659 19, 5 1, 06 12.892
Modelo de fadiga N = 20.694(
1
σ
)
3,79
R
2
= 0, 88
7.6. Resultados das Propriedades Mecânicas das Misturas 247
Tabela 7.14: Resultados do ensaio de fadiga das misturas produzidas com granulometria Bailey
basalto utilizando agregado de basalto e energia de compactação de 75 golpes por face
Mistura Bb RT = 1,10 MPa MR = 2.817 MPa
CP Carga (N) %RT σ N
1 4.571 40, 7 1, 82 828
2 4.571 40, 7 1, 82 717
3 3.522 31, 4 1, 38 1.523
4 3.522 31, 4 1, 40 1.852
5 2.227 19, 8 0, 89 41.809
6 2.227 19, 8 0, 88 6.026
Modelo de fadiga N = 8.521(
1
σ
)
4,24
R
2
= 0, 82
Tabela 7.15: Resultados do ensaio de fadiga das misturas produzidas com granulometria AZR
utilizando agregado de gabro e energia de compactação de 110 golpes por face
Mistura 110AZRg RT = 2,12 MPa MR = 12.130 MPa
CP Carga (N) %RT σ N
1 8.535 39, 9 3, 37 255
2 8.535 39, 9 3, 38 315
3 6.455 30, 2 2, 57 1.396
4 6.455 30, 2 2, 57 1.195
5 4.277 20, 0 1, 70 9.194
6 4.277 20, 0 1, 70 9.654
Modelo de fadiga N = 145.412(
1
σ
)
5,10
R
2
= 1, 00
Tabela 7.16: Resultados do ensaio de fadiga das misturas produzidas com granulometria AZR
utilizando agregado de basalto e energia de compactação de 110 golpes por face
Mistura 110AZRb RT = 1,69 MPa MR = 7.282 MPa
CP Carga (N) %RT σ N
1 6.710 40, 2 2, 71 518
2 6.710 40, 2 2, 71 1.461
3 5.013 30, 0 2, 02 1.989
4 5.013 30, 0 2, 03 1.350
5 3.335 20, 0 1, 36 5.148
6 3.335 20, 0 1, 35 13.519
Modelo de fadiga N = 21.226(
1
σ
)
3,33
R
2
= 0, 82
248 7. Propriedades Mecânicas e de Adesividade das Misturas Asfálticas
Tabela 7.17: Resultados do ensaio de fadiga das misturas produzidas com granulometria AZR
utilizando agregado de gabro e energia de compactação de 155 golpes por face
Mistura 155AZRg RT = 2,35 MPa MR = 19.016 MPa
CP Carga (N) %RT σ N
1 9.329 39, 4 3, 71 363
2 9.329 39, 4 3, 71 768
3 7.044 29, 8 2, 80 2.793
4 7.044 29, 8 2, 80 2.473
5 4.728 20, 0 1, 88 7.750
6 4.728 20, 0 1, 88 7.188
Modelo de fadiga N = 95.058(
1
σ
)
3,81
R
2
= 0, 91
Tabela 7.18: Resultados do ensaio de fadiga das misturas produzidas com granulometria AZR
utilizando agregado de basalto e energia de compactação de 155 golpes por face
Mistura 155AZRb RT = 1,90 MPa MR = 11.011 MPa
CP Carga (N) %RT σ N
1 7.456 40, 3 3, 05 970
2 7.456 40, 3 3, 05 1.264
3 5.503 29, 7 2, 29 2.633
4 5.503 29, 7 2, 26 3.101
5 3.708 20, 0 1, 52 11.827
6 3.708 20, 0 1, 52 11.231
Modelo de fadiga N = 47.215(
1
σ
)
3,38
R
2
= 0, 99
7.6. Resultados das Propriedades Mecânicas das Misturas 249
Na Figura 7.37, estão ilustradas as curvas de fadiga das misturas AZRg e Bg. Pode-se
observar uma maior inclinação (n) da curva da mistura Bg em relação à curva da mistura AZRg,
indicativa de uma maior suscetibilidade da mistura Bg às variações da diferença de tensões, ou
seja, com pequenas alterações da diferença de tensões, a mistura Bg ganha ou perde capacidade
de aplicações de carga mais rapidamente do que a mistura AZRg. A Figura 7.38 mostra as
curvas de fadiga das misturas AZRb e Bb, onde se pode observar que a inclinação das curvas
são próximas, mostrando quase um paralelismo entre elas.
Figura 7.37: Curvas de fadiga das misturas AZR e Bailey produzidas com agregado de gabro e
energia de compactação de 75 golpes por face
Figura 7.38: Curvas de fadiga das misturas AZR e Bailey produzidas com agregado de basalto
e energia de compactação de 75 golpes por face
250 7. Propriedades Mecânicas e de Adesividade das Misturas Asfálticas
Na Figura 7.39, estão ilustradas as curvas de fadiga das misturas AZRg e AZRb compac-
tadas com 75 golpes por face do corpo-de-prova. Pode-se observar uma maior inclinação da
curva da mistura AZRg em relação à inclinação da curva da mistura AZRb, indicativa da maior
suscetibilidade da mistura produzida com gabro às variações da diferença de tensões.
Figura 7.39: Curvas de fadiga das misturas AZR produzidas com agregados de gabro e de
basalto com energia de compactação de 75 golpes por face
Também a comparação entre as curvas de fadiga das misturas 110AZRg e 110AZRb, com-
pactadas com 110 golpes por face do corpo-de-prova (Figura 7.40), indicam uma maior susceti-
bilidade da mistura com agregado de gabro às variações da diferença de tensões. No entanto, ao
empregar a energia de compactação de 155 golpes por face, a inclinação das curvas 155AZRg
e 155AZRb apresentaram valores próximos (Figura 7.41).
7.6. Resultados das Propriedades Mecânicas das Misturas 251
Figura 7.40: Curvas de fadiga das misturas AZR produzidas com agregados de gabro e de
basalto com energia de compactação de 110 golpes por face
Figura 7.41: Curvas de fadiga das misturas AZR produzidas com agregados de gabro e de
basalto com energia de compactação de 155 golpes por face
252 7. Propriedades Mecânicas e de Adesividade das Misturas Asfálticas
Analisando as inclinações das curvas de fadiga em função da variação da energia de com-
pactação aplicada, pode-se observar que as misturas produzidas com gabro apresentaram incli-
nações entre 4, 58 e 5, 10, cuja menor inclinação ocorreu para a mistura 155AZRg (3, 81) (Fi-
gura 7.42). as misturas com basalto apresentaram inclinações bastante próximas para os três
níveis de energias de compactação aplicadas, com n variando entre 3, 33 e 3, 79 (Figura 7.43).
Figura 7.42: Curvas de fadiga das misturas AZR produzidas com agregados de gabro com
energias de compactação de 75, 110 e 155 golpes por face
Figura 7.43: Curvas de fadiga das misturas AZR produzidas com agregados de basalto com
energias de compactação de 75, 110 e 155 golpes por face
7.6. Resultados das Propriedades Mecânicas das Misturas 253
Análise Mecanística
Análises comparativas quanto às estimativas da vida de fadiga utilizando as curvas de fadiga
de diversas misturas devem ser realizadas nos casos em que as misturas tenham rigidez, ou
especificamente, módulos de resiliência, semelhantes. Isso se deve ao fato de que misturas mais
rígidas absorvem muito mais tensões, gerando tensões de tração também maiores, não sendo
possível, nesse caso, simplesmente comparar a vida de fadiga de cada mistura para um mesmo
valor de σ (Motta, 2004, comunicação pessoal) apud (Magalhães, 2004). Portanto, a partir
de uma mesma estrutura de camadas do pavimento, deve-se calcular as tensões geradas na base
da camada asfáltica, para cada mistura estudada e, então, comparar o número de solicitações
admissíveis ou vida de fadiga.
As misturas estudadas apresentam módulos de resiliência distintos, com exceção das mis-
turas AZRg e AZRb, então, o comportamento à fadiga das misturas serão comparados a partir
de um mesmo referencial, utilizando perfis de pavimentos pertinentes ao estudo, utilizando-se
valores de tensões obtidos computacionalmente através do programa Elsym5. O procedimento
de cálculo adotado pelo programa computacional Elsym5, com base na Teoria Elástica de
Sistema de Camadas, idealiza o pavimento como um sistema elástico tridimensional de ca-
madas sobrepostas, semi-finito no plano horizontal. Os materiais são assumidos como sendo
isotrópicos e homogêneos, com comportamento elástico-linear, obedecendo à lei de Hooke
generalizada.
Dois perfis estruturais serviram como referência para a estimativa da vida de fadiga das
misturas estudadas. Ambos os perfis são compostos por 4 camadas, porém, cada perfil foi
idealizado com níveis de rigidez diferentes, como se pode observar através das Figuras 7.44(a)
e 7.44(b).
Através do programa computacional Elsym5, foram determinadas as respostas estruturais
dos pavimentos em questão para solicitações de uma carga equivalente do eixo padrão do
DNER. A Figura 7.44 ilustra as características e a localização do carregamento e as localizações
dos pontos de aferição das tensões e deformações, que nesta pesquisa localizaram-se nas fibras
inferiores da capa asfáltica.
Nas Tabelas 7.19 e 7.20 encontram-se as características mecânicas e de fadiga das misturas
estudadas, organizadas comparativamente. Estão apresentados os parâmetros do ensaio de
fadiga, assim como a diferença de tensões de tração e compressão calculadas para as estruturas
hipotéticas (1 e 2) e a vida de fadiga (N) das misturas.
254 7. Propriedades Mecânicas e de Adesividade das Misturas Asfálticas
Tabela 7.19: Características mecânicas e de fadiga das misturas - Análise 1 - Perfil 1
N = k(
1
σ
)
n
Mistura MR (MPa) RT (MPa) MR/RT k n σ (MPa) N
AZRg 5.410 1, 36 3.972 32.552 4, 58 0, 14 3, 0 × 10
8
Bg 3.528 1, 16 3.041 22.773 5, 69 0, 21 1, 6 × 10
8
AZRb 5.146 1, 35 3.809 20.694 3, 79 0, 17 1, 8 × 10
7
Bb 2.817 1, 10 2.561 8.521 4, 24 0, 24 3, 4 × 10
6
AZRg 5.410 1, 36 3.972 32.552 4, 58 0, 14 3, 0 × 10
8
AZRb 5.146 1, 35 3.809 20.694 3, 79 0, 17 1, 8 × 10
7
110AZRg 12.130 2, 12 5.735 145.412 5, 10 1, 08 9, 9 × 10
4
110AZRb 7.282 1, 69 4.306 21.226 3, 33 0, 36 6, 4 × 10
5
155AZRg 19.016 2, 35 8.098 95.058 3, 81 1, 49 5, 3 × 10
3
155AZRb 11.011 1, 90 5.809 47.215 3, 38 1, 00 2, 2 × 10
4
AZRg 5.410 1, 36 3.972 32.552 4, 58 0, 14 3, 0 × 10
8
110AZRg 12.130 2, 12 5.735 145.412 5, 10 1, 08 9, 9 × 10
4
155AZRg 19.016 2, 35 8.098 95.058 3, 81 1, 49 5, 3 × 10
3
AZRb 5.146 1, 35 3.809 20.694 3, 79 0, 17 1, 8 × 10
7
110AZRb 7.282 1, 69 4.306 21.226 3, 33 0, 36 6, 4 × 10
5
155AZRb 11.011 1, 90 5.809 47.215 3, 38 1, 00 2, 2 × 10
4
Tabela 7.20: Características mecânicas e de fadiga das misturas - Análise 2 - Perfil 2
N = k(
1
σ
)
n
Mistura MR (MPa) RT (MPa) MR/RT k n σ (MPa) N
AZRg 5.410 1, 36 3.972 32.552 4, 58 0, 23 2, 6 × 10
7
Bg 3.528 1, 16 3.041 22.773 5, 69 0, 26 4, 8 × 10
7
AZRb 5.146 1, 35 3.809 20.694 3, 79 0, 23 5, 0 × 10
6
Bb 2.817 1, 10 2.561 8.521 4, 24 0, 28 2, 0 × 10
6
AZRg 5.410 1, 36 3.972 32.552 4, 58 0, 23 2, 6 × 10
7
AZRb 5.146 1, 35 3.809 20.694 3, 79 0, 23 5, 0 × 10
6
110AZRg 12.130 2, 12 5.735 145.412 5, 10 0, 19 7, 6 × 10
8
110AZRb 7.282 1, 69 4.306 21.226 3, 33 0, 22 3, 4 × 10
7
155AZRg 19.016 2, 35 8.098 95.058 3, 81 0, 15 1, 2 × 10
8
155AZRb 11.011 1, 90 5.809 47.215 3, 38 0, 20 1, 2 × 10
7
AZRg 5.410 1, 36 3.972 32.552 4, 58 0, 23 2, 6 × 10
7
110AZRg 12.130 2, 12 5.735 145.412 5, 10 0, 19 7, 6 × 10
8
155AZRg 19.016 2, 35 8.098 95.058 3, 81 0, 15 1, 2 × 10
8
AZRb 5.146 1, 35 3.809 20.694 3, 79 0, 23 5, 0 × 10
6
110AZRb 7.282 1, 69 4.306 21.226 3, 33 0, 22 3, 4 × 10
7
155AZRb 11.011 1, 90 5.809 47.215 3, 38 0, 20 1, 2 × 10
7
7.6. Resultados das Propriedades Mecânicas das Misturas 255
(a) Perfil 1
(b) Perfil 2
Figura 7.44: Perfis utilizados, características e localização do carregamento e pontos de aferição
das tensões
256 7. Propriedades Mecânicas e de Adesividade das Misturas Asfálticas
Granulometria
Considerando o perfil estrutural 1, pode-se analisar comparativamente a influência das gra-
nulometrias AZR e Bg e das granulometrias AZR e Bb quanto à vida de fadiga estimada das
misturas compactadas com 75 golpes por face. Os resultados mostram que as misturas AZRg
apresentam vida de fadiga cerca de 2 vezes maior que a vida de fadiga obtida para as misturas
Bg. Também a vida de fadiga das misturas AZRb mostraram-se pelo menos 5 vezes mais
elevadas que a vida de fadiga obtida para as misturas Bb. Portanto, os resultados indicam uma
superioridade da granulometria AZR comparada às granulometrias Bg e Bb quanto à resistência
à fadiga, considerando os resultados obtidos com base no perfil 1.
No entanto, ao considerar uma estrutura muito mais rígida (perfil estrutural 2), a mistura Bg
passou a apresentar vida de fadiga 2 vezes maior à encontrada para a mistura AZRg. a vida
de fadiga da mistura AZRb permaneceu mais elevada que a vida de fadiga da mistura Bb. Vale
lembrar que o perfil 1 corresponde a uma estrutura de menor rigidez, ou seja, mais compatível
com a rigidez das misturas compactadas com 75 golpes por face do corpo-de-prova.
Tipo de Agregado
Analisando a influência do tipo do agregado na vida de fadiga das misturas compactadas
com 75 golpes, pode-se constatar que as misturas AZR produzidas com agregado de gabro
mostram-se pelo menos 17 vezes mais resistentes à fadiga que as misturas AZR produzidas
com basalto (Tabela 7.19).
Ainda considerando os resultados obtidos com base no perfil 1, observa-se que para misturas
mais rígidas (compactadas com 110 e 155 golpes) os resultados se invertem, ou seja, as misturas
produzidas com basalto mostram-se mais resistentes à fadiga que as misturas produzidas com
gabro. Porém, essas misturas com módulos de resiliência elevados devem ser analisadas com
base numa estrutura com maior compatibilidade quanto à rigidez (perfil 2). Ao analisá-las
com base no perfil estrutural 2, os resultados tornam a indicar a superioridade das misturas
produzidas com agregado de gabro quanto à resistência à fadiga (Tabela 7.20).
Energia de Compactação
O gráfico da vida de fadiga versus número de golpes empregados na compactação das
misturas (Figura 7.45), mostra que a elevação da energia de compactação de 75 para 110 golpes
7.6. Resultados das Propriedades Mecânicas das Misturas 257
proporcionou um aumento da vida de fadiga da mistura 110AZRg em cerca de 2, 5 vezes e que
a elevação da energia de compactação de 110 para 155 golpes ocasionou um decréscimo da vida
de fadiga da mistura 155AZRg de aproximadamente 6 vezes.
Figura 7.45: Variação da vida de fadiga das misturas AZR produzidas com agregado de gabro,
em função da energia de compactação aplicada
O mesmo comportamento, quanto à variação da vida de fadiga em função da energia de com-
pactação aplicada, foi observado para as misturas AZR produzidas com basalto (Figura 7.46).
A elevação da energia de compactação de 75 para 110 golpes fez com que a vida de fadiga da
mistura 110AZRb praticamente dobrasse; no entanto, a mistura compactada com 155 golpes
teve sua vida de fadiga diminuída em aproximadamente 3 vezes. Os resultados indicam que
tanto as misturas com gabro quanto as misturas com basalto tiveram comportamento melhor
quanto à fadiga quando compactadas com 110 golpes por face do corpo-de-prova.
Figura 7.46: Variação da vida de fadiga das misturas AZR produzidas com agregado de basalto,
em função da energia de compactação aplicada
258 7. Propriedades Mecânicas e de Adesividade das Misturas Asfálticas
É interessante notar que as misturas com agregado de gabro tiveram comportamento melhor
quanto à fadiga que as misturas com basalto, para todas as energias de compactação aplicadas
(Figura 7.47).
Figura 7.47: Comparação entre as vidas de fadiga das misturas produzidas com agregado de
gabro e agregado de basalto, em função da energia de compactação aplicada
Conclusões Parciais
As misturas produzidas com a granulometria AZR apresentaram valores de resistência à
tração, módulos de resiliência e relação MR/RT mais elevados que os valores dessas
propriedades obtidos para as misturas produzidas com granulometrias Bailey;
Ao serem compactadas com energia de 75 golpes por face do corpo-de-prova, as misturas
AZRg e AZRb apresentaram valores semelhantes de resistência à tração, de módulo de
resiliência e de módulo de resiliência instantâneo;
Tanto a elevação da energia de compactação de 75 para 110 golpes como de 110 para 155
golpes ocasionou ganho de resistência à tração em torno de 20% nas misturas produzidas
com gabro em relação ao valor obtido para as misturas produzidas com basalto, assim
como valores de módulo de resiliência e de módulo de resiliência instantâneo, cerca de
40% maiores que os obtidos para as misturas com basalto;
Quando compactadas com 75 golpes por face do corpo-de-prova, as misturas produzidas
com gabro e com basalto apresentaram módulos de resiliência e resistência à tração seme-
lhantes. Porém, energias de compactação mais elevadas tornaram evidentes a influência
das características de forma dos agregados no comportamento das misturas. O agregado
de gabro, possuidor de formas mais arredondadas, porém com angularidade e textura
7.6. Resultados das Propriedades Mecânicas das Misturas 259
superficial adequadas, gerou misturas mais rígidas e mais resistentes à tração que aquelas
produzidas com basalto, possuidor de formas mais planas;
A relação MR/RT varia com a energia de compactação aplicada, quanto maior a energia
de compactação, mais elevados os valores da relação MR/RT ;
As misturas produzidas com granulometria AZR apresentaram vida de fadiga maior que
aquelas produzidas com granulometrias Bg e Bb;
Analisando a influência do tipo do agregado na vida de fadiga das misturas compactadas
com 75, 110 e 155 golpes, foram obtidas evidências de que as misturas produzidas com
agregados com formas mais arredondadas, porém com angularidade e textura superficial
adequadas (gabro), apresentam vida de fadiga maior que as misturas produzidas com
agregados com formas mais planas (basalto), ou seja, a vida de fadiga tende a aumentar
com o aumento da rigidez das misturas;
Ao analisar a influência da energia de compactação aplicada em relação à vida de fa-
diga das misturas, pode-se verificar que o melhor comportamento à fadiga foi obtido
ao compactar as misturas com 110 golpes por face do corpo-de-prova. No entanto,
resultados satisfatórios quanto à vida de fadiga, na ordem de 10
7
e de 10
8
, também foram
observados ao empregar energias de compactação tanto de 75 como de 155 golpes por
face do corpo-de-prova.
260 7. Propriedades Mecânicas e de Adesividade das Misturas Asfálticas
7.7 Resultados de Adesividade das Misturas
7.7.1 Adesividade entre o Asfalto e o Agregado - Análise Visual
Agregado Grosso
A Figura 7.48 ilustra o modo de avaliação visual da adesividade entre o asfalto e o agregado
grosso. Como se pode perceber, houve descolamento da película de asfalto que envolve as
partículas do agregado de gabro (Figuras 7.49(a) e 7.49(b)), indicando que a ligação adesiva
do asfalto e a superfície do agregado é insatisfatória. Insatisfatórias também foram as ligações
adesivas observadas entre o asfalto e o agregado de basalto e entre o asfalto e o agregado de areia
natural. Portanto, com base nos resultados observados através do procedimento de análise visual
quanto à adesividade do agregado grosso, pode-se concluir que os três agregados estudados
apresentaram ligações adesivas asfalto/agregado insatisfatórias.
Figura 7.48: Modo de análise visual da adesividade entre o asfalto e o agregado grosso
(a) Descolamento da película (b) Detalhe
Figura 7.49: Detalhamento da análise visual da adesividade entre o asfalto e o agregado grosso
7.7. Resultados de Adesividade das Misturas 261
Agregado Fino
A Figura 7.50 ilustra a aparência dos agregados finos de gabro (Figura 7.50(a)), de basalto
(Figura 7.50(b)) e de areia natural (Figura 7.50(c)) obtida após submeter as amostras a 1 mi-
nuto de fervura em água destilada. Como se pode observar, as amostras de agregados finos
apresentaram descolamento severo da película de asfalto, logo na primeira etapa do ensaio,
quando as misturas são submetidas à ação da água fervente. Portanto, com base nos resultados
observados através do procedimento de análise visual quanto à adesividade do agregado fino,
pode-se concluir que os três agregados estudados apresentam ligações adesivas asfalto/agregado
insatisfatórias.
(a) Gabro (b) Basalto
(c) Areia natural
Figura 7.50: Análise visual da adesividade entre o asfalto e os agregados finos
262 7. Propriedades Mecânicas e de Adesividade das Misturas Asfálticas
7.7.2 Sensibilidade à Umidade das Misturas Asfálticas
Variação da Absorção de Asfalto pelos Agregados
Durante o processo de avaliação da sensibilidade à umidade das misturas, através dos méto-
dos padronizados pela ASTM D 4867 e pela AASHTO T 283, pode-se verificar a ocorrência de
variações da taxa de absorção de asfalto das misturas conforme o método de ensaio utilizado,
como mostra a Tabela7.21.
Tabela 7.21: Variação da absorção de asfalto
Agregado AASHTO ASTM
Abs (%) Abs (%)
Gabro 0, 22 0, 88
Basalto 0, 04 0, 21
As causas principais das variações da taxa de absorção de asfalto observadas são a tempe-
ratura e o tempo utilizados. Como visto anteriormente, as misturas destinadas à avaliação da
sensibilidade à umidade através do método da ASTM D 4867 são submetidas a um período de
permanência em estufa na temperatura de compactação (148
0
C) por 2 horas (sem envelheci-
mento). as misturas destinadas à avaliação da sensibilidade à umidade através do método da
AASHTO T 283 são submetidas a um período de envelhecimento, permanecendo numa estufa
ventilada a 60
0
C por 16 horas. Ao observar os resultados de absorção de asfalto obtidos para um
mesmo agregado em função do método utilizado (Tabela7.21), pode-se observar que absorções
de asfalto mais elevadas foram apresentadas pelas misturas destinadas à avaliação pelo método
da ASTM D 4867.
Provavelmente as misturas ASTM D 4867 apresentaram taxas de absorção de asfalto 4 a 5
vezes mais elevadas que as obtidas nas misturas AASHTO T 283 em função da temperatura a
que foram expostas (146
0
C), que permitiu que o asfalto se tornasse menos viscoso, facilitando
sua penetração no interior dos poros dos agregados. Como visto através dos resultados apresen-
tados no Capítulo 3, o tempo de 2 horas na temperatura de compactação é suficiente para que
ocorra a saturação dos poros dos agregados estudados. Já as misturas AASHTO T 283, embora
tenham permanecido por um tempo maior na estufa, tiveram taxa de absorção de asfalto menor,
devido à menor temperatura da mistura (60
0
C) e, conseqüentemente, à viscosidade mais elevada
do asfalto.
7.7. Resultados de Adesividade das Misturas 263
Avaliação dos Danos Causados pela Umidade
Na Tabela 7.22 estão apresentados os resultados da resistência à tração por compressão
diametral dos grupos de controle (RT
1
) e condicionado (RT
2
) e da resistência a tração re-
tida (RT R). Os resultados mostram que tanto as misturas ASTM D 4867 como as mistu-
ras AASHTO T 283 produzidas com o agregado de gabro apresentaram perdas de apenas
6%. Também foram pequenas as perdas de resistência à tração apresentadas pelas misturas
ASTM D 4867 e AASHTO T 283 produzidas com o agregado de basalto. Considerando a RTR,
pode-se verificar as misturas ASTM D 4867 e as misturas AASHTO T 283, produzidas tanto
com o agregado de gabro como com o agregado de basalto, atenderam aos critérios de aceitação
estabelecidos (ver Tabela 7.1).
Tabela 7.22: Resultados de suscetibilidade aos danos por umidade ao avaliar a propriedade de
resistência à tração
Propriedade Gabro Basalto
AASHTO T 283 ASTM D 4867 AASHTO T 283 ASTM D 4867
V v
1
(%) 4, 5 5, 0 6, 1 6, 9
RT
1
(MP a) 1, 58 1, 78 1, 34 1, 54
V v
2
(%) 4, 3 4, 8 5, 3 6, 1
RT
2
(MP a) 1, 48 1, 68 1, 46 1, 50
RT R (%) 94 94 109 97
Na Tabela 7.23 estão apresentados os resultados do módulo de resiliência dos grupos de
controle (MR
1
), condicionado (MR
2
) e do módulo de resiliência retido (MRR), além do
volume de vazios (V v) e do grau de saturação (Gs) dos corpos-de-prova ensaiados.
Os resultados mostram que as misturas ASTM D 4867 produzidas com gabro apresentam
perdas de propriedade devido a ação danosa da água em torno de 40%, ou seja, superior ao
limite máximo de 30% estabelecido. as misturas ASTM D 4867, produzidas com basalto,
apresentam perdas de propriedade aceitáveis, em torno de 15%. Considerando os resultados
obtidos com as misturas AASHTO T 283, pode-se observar o mesmo comportamento já verifi-
cado para as misturas ASTM D 4867, ou seja, as misturas produzidas com gabro apresentaram
perdas de propriedade, devido à ação danosa da água, também em torno de 40% e as misturas
com basalto mostram perdas de 26%, ou seja, inferior ao limite máximo de 30% estabelecido.
Com base nos resultados obtidos por ambos os métodos, pode-se concluir que as misturas com
gabro são mais sensíveis à ação da água que as misturas com basalto, pois apresentaram perdas
da propriedade mecânica, referente ao módulo de resiliência, superiores a 30%.
É importante lembrar que o agregado de gabro apresentou valor de equivalente de areia
(EA) de 75%, como visto no Capítulo 2, item 2.5.4. Aparentemente esse valor de EA deve-se
264 7. Propriedades Mecânicas e de Adesividade das Misturas Asfálticas
à camada de pó presente sobre suas partículas e/ou à presença excessiva de frações muito finas
do próprio agregado. Tanto a camada de quanto a presença excessiva de frações argilosas
podem influenciar negativamente a aderência asfalto/agregado, podendo levar a danos ainda
mais significativos na presença de umidade.
Tabela 7.23: Resultados de suscetibilidade aos danos por umidade ao avaliar a propriedade
módulo de resiliência
cp Gabro-ASTM4867
V v(%) Gs(%) MR
1
(MP a) MR
2
(MP a) MRR(MP a)
1 5, 0 58 14.622 6.054 0, 41
3 4, 7 55 10.669 5.444 0, 51
5 4, 9 57 10.176 7.606 0, 75
média 4, 9 57 11.822 6.368 0, 56
desvio padrão 0, 15 2 2.437 1.115 0, 17
cp Gabro-AASHTO T 283
V v(%) Gs(%) MR
1
(MP a) MR
2
(MP a) MRR(MP a)
3 4, 2 77 10.267 5.731 0, 56
4 4, 2 71 11.274 6.441 0, 57
5 4, 1 75 9.639 5.592 0, 58
média 4, 2 77 10.393 5.921 0, 57
desvio padrão 0, 06 3 825 455 0, 01
cp Basalto-ASTM4867
V v(%) Gs(%) MR
1
(MP a) MR
2
(MP a) MRR(MP a)
2 6, 8 62 8.205 6.839 0, 83
3 6, 2 59 6.482 5.304 0, 82
5 6, 1 88 7.446 6.725 0, 90
média 6, 4 70 7.378 6.289 0, 85
desvio padrão 0, 38 16 864 855 0, 04
cp Basalto-AASHTO T 283
V v(%) Gs(%) MR
1
(MP a) MR
2
(MP a) MRR(MP a)
3 6, 0 71 6.358 3.995 0, 63
4 5, 4 59 6.696 4.842 0, 72
6 5, 8 59 6.068 5.299 0, 87
média 5, 7 63 6.374 4.712 0, 74
desvio padrão 0, 31 7 314 662 0, 12
Os resultados da sensibilidade à umidade obtidos com base na variação da resistência à
tração (RTR) não foram concordantes com os resultados obtidos com base na variação do
módulo de resiliência (MRR) das misturas, embora tal feito mereça destaque, não constitui
surpresa, pois as propriedades de resistência à tração e de módulo de resiliência podem não ser
igualmente sensíveis às mudanças de comportamento das misturas quando submetidas à ação
da água.
Os valores dos módulos de resiliência, tanto das misturas ASTM D 4867 quanto das mis-
turas AASHTO T 283, produzidas com agregado de gabro, foram estatisticamente iguais (Ta-
bela 7.23). O mesmo pode-se afirmar quanto aos valores do módulo de resiliência obtidos para
7.7. Resultados de Adesividade das Misturas 265
as misturas ASTM D 4867 e AASHTO T 283, produzidas com agregado de basalto. Esses
resultados indicam que a aplicação de ambos os métodos levam a resultados semelhantes e,
portanto, induzem às mesmas conclusões sobre a sensibilidade à umidade das misturas.
Vale notar também que as misturas não envelhecidas (ASTM) apresentaram-se tão rígidas
quanto as misturas envelhecidas (AASHTO), ou seja, não foi detectada qualquer contribuição
do período de envelhecimento ao qual as misturas AASHTO T 283 foram submetidas.
As Figuras 7.51 e 7.52 mostram, graficamente, os resultados dos módulos de resiliência
obtidos para cada corpo-de-prova ensaiado, utilizando o método da ASTM D 4867 e o método
da AASHTO T 283 respectivamente. Ao observar esses gráficos pode-se notar claramente que
o ensaio de módulo de resiliência foi capaz de detectar as alterações mecânicas sofridas pelas
misturas em razão do condicionamento ao qual foram expostas.
(a) Misturas realizadas com agregado de gabro
(b) Misturas realizadas com agregado de basalto
Figura 7.51: Misturas avaliadas pelo método da ASTM D 4867
266 7. Propriedades Mecânicas e de Adesividade das Misturas Asfálticas
(a) Misturas realizadas com agregado de gabro
(b) Misturas realizadas com agregado de basalto
Figura 7.52: Misturas avaliadas pelo método da AASHTO T 283
Ainda que o método da AASHTO T 283 pareça mais severo que o método da ASTM D 4867
em termos de condicionamento, os resultados obtidos por ambos os métodos foram concor-
dantes quanto ao grau de sensibilidade à umidade das misturas avaliadas. Em vista disso, o
método da ASTM D 4867 pode ser uma opção boa para a avaliação dos efeitos da umidade em
misturas asfálticas, por ser um método mais simples e rápido quando comparado ao método da
AASHTO T 283.
Também a determinação do módulo de resiliência para avaliação das perdas de propriedade
sofrida pela mistura após o condicionamento parece promissora, pois, além do ensaio de mó-
dulo de resiliência não ser destrutível, possibilitando que determinações sejam repetidas, ele
mostra-se mais sensível às mudanças ocorridas nas misturas após serem submetidas à ação da
água. No entanto, deve-se ampliar as pesquisas nessa direção, com o intuito de averiguar se o
limite de 30% é adequado para representar perdas de propriedade aceitáveis após o condiciona-
mento da mistura à umidade.
7.7. Resultados de Adesividade das Misturas 267
7.7.3 Conclusões
Com base nos experimentos laboratoriais apresentados, pode-se concluir que:
Os resultados observados através da análise visual da adesividade do agregado grosso e
do agregado fino ao asfalto indicam que os três agregados estudados (gabro, basalto e
areia natural) possuem ligações adesivas asfalto/agregado insatisfatórias;
Taxas de absorção de asfalto mais elevadas foram obtidas para as misturas destinadas à
avaliação da sensibilidade à umidade pelo método da ASTM D 4867. As causas principais
das variações da taxa de absorção de asfalto observadas são a temperatura e o tempo;
Os resultados dos ensaios da ASTM D 4867 e da AASHTO T 283 indicam que as
misturas produzidas com gabro são mais sensíveis à umidade, pois, após submetidas à
ação da água passaram a apresentar valores de módulo de resiliência cerca de 40% mais
baixos, quando comparadas às misturas produzidas com basalto, que apresentaram perdas
aceitáveis, inferiores a 30%;
As misturas não envelhecidas (ASTM D 4867) apresentaram módulos de resiliência se-
melhantes aos módulos de resiliência das misturas envelhecidas (AASHTO T 283), in-
dicando que aparentemente essas misturas não sofreram alterações devido ao período de
envelhecimento ao qual foram submetidas;
A maior severidade aparente do método da AASHTO T 283 em relação ao método da
ASTM D 4867, em termos de condicionamento, não foi verificada;
O método da ASTM D 4867 é uma opção boa para a avaliação dos efeitos da umidade em
misturas asfálticas, pois, apesar de ser um método mais simples e mais rápido que método
da AASHTO T 283, classifica semelhantemente as misturas quanto à sensibilidade à
umidade;
A determinação do módulo de resiliência para avaliação das perdas de propriedade sofrida
pela mistura após o condicionamento parece promissora, pois, além do ensaio de módulo
de resiliência ser não destrutível, possibilitando que determinações sejam repetidas, ele
mostra-se mais sensível às mudanças ocorridas nas misturas após serem submetidas à
ação da água.
CAPÍTULO
8
Conclusões e Sugestões
para Estudos Futuros
O comportamento e o desempenho das misturas asfálticas são afetados diretamente pelas
características dos agregados utilizados em sua composição, levando-se em conta que 80 a 90%
do volume total da mistura constitui-se de agregados. Então, poder-se-ia conceber que para ter
um prognóstico aproximado do comportamento de novas misturas em campo bastaria conhecer
as propriedades dos agregados. No entanto, essa aparente facilidade não se confirma na prática.
Muitos laboratórios de pesquisa do mundo todo vêm tentando relacionar as propriedades dos
agregados com o desempenho das misturas, mas, essa não é uma tarefa fácil, tendo em vista que
uma única propriedade desse material pode influenciar propriedades fundamentais das misturas,
culminando em alterações complexas do todo.
Desde o início desta pesquisa, a importância e a influência dos agregados nas características
volumétricas e mecânicas das misturas asfálticas ficaram bastante claras. nos primeiros
passos, durante as avaliações de uma mistura teste Superpave, que passava abaixo da linha de
densidade máxima, evitando a zona de restrição, verificou-se que as misturas produzidas com os
agregados de gabro e de basalto apresentavam Vv mais elevados que o esperado. Então, deu-se
início a um processo de investigação de prováveis fatores que poderiam estar ocasionando esse
problema.
Primeiramente, verificou-se a ocorrência de problemas com a temperatura de compacta-
ção da mistura, executando outros corpos-de-prova, com o mesmo teor de asfalto das mis-
turas anteriormente executadas, porém, com temperatura de compactação mais elevada. Os
270 8. Conclusões e Sugestões para Estudos Futuros
corpos-de-prova foram compactados com temperatura de 160
o
C, cerca de 14
o
C acima da tem-
peratura utilizada na dosagem. No entanto, os valores do Vv continuaram elevados, indicando
que as misturas não eram sensíveis a grandes variações da temperatura de compactação. Como
possível explicação pode-se conceber que em razão da viscosidade baixa do asfalto, decorrente
da temperatura de compactação alta, a capacidade de carga da mistura foi desempenhada prin-
cipalmente pelo esqueleto estrutural formado pelo agregado. Então, possivelmente, devido à
granulometria das misturas e às características de forma, angularidade e textura superficial dos
agregados, formou-se um arranjo entre partículas tal que, independentemente da viscosidade do
asfalto estar ou não mais baixa, ao receberem os golpes do soquete durante a compactação, as
partículas se aproximaram uma das outras até um certo ponto e, depois, passam a resistir aos
golpes.
Também foram apontadas como possíveis causas do insucesso da mistura teste Superpave, a
escolha incorreta da densidade do agregado, assim como a negligenciação da absorção de asfalto
pelos agregados. Inicialmente, foram utilizadas a densidade real do agregado e a densidade
máxima teórica (DMT) das misturas para o cálculo das propriedades volumétricas, assumindo,
dessa maneira, que os agregados utilizados na pesquisa não absorviam asfalto. Tomada a
decisão de realizar o ensaio de determinação da densidade máxima medida (DMM), detectou-se
que os agregados absorviam asfalto e, portanto, apresentavam porosidade em suas partículas, o
que na prática representa que diferenças entre os valores das densidades aparente, efetiva
e real dos agregados. Então, os parâmetros volumétricos das misturas foram recalculados,
utilizando-se as densidades aparente e efetiva dos agregados e a DMM das misturas, sendo
observada uma sensível diminuição nos valores do volume de vazios.
Esse pontapé inicial da pesquisa revelou que não seria possível desenvolver um estudo
consistente sobre as misturas asfálticas à luz da influência dos agregados, sem o entendimento
profundo sobre o real significado de se utilizar uma ou outra densidade do agregado, sobre a
absorção de asfalto e também sobre a granulometria das misturas. Além de ter ficado a lição de
que todo agregado deve ser considerado como absorsor de asfalto até que se prove o contrário.
Então, uma investigação sobre a absorção foi direcionada em função do tempo e do teor de
asfalto, com o objetivo de prever seu comportamento durante os processos de mistura e ao longo
da vida em serviço do pavimento. Como função do tempo, observou-se que a absorção de curto
prazo aumentava ao longo das horas de exposição das misturas à temperatura de compactação,
de maneira mais acentuada nas primeiras duas a três horas, tendendo à estabilização. Como
função do teor de asfalto, observou-se que, tanto as absorções de curto prazo como as de longo
prazo, as misturas absorviam menos asfalto quando produzidas com teores de asfalto mais
271
elevados, em outras palavras, observou-se que os agregados absorviam mais asfalto quando
a espessura da película que os envolvia estava mais fina. Nesse ínterim, a hipótese levantada é a
de que quando o teor de asfalto na mistura é menor, também é menor a espessura da película de
asfalto que envolve a partícula, permitindo que o asfalto migre com mais facilidade ao interior
dos poros devido à diminuição de sua tensão superficial.
Outro fato observado foi a proximidade entre os valores da absorção de curto e de longo
prazos, indicativa de que, as misturas mesmo estando com temperaturas muito diferentes, ou
melhor, mesmo o asfalto estando com viscosidades muito diferentes, as misturas com um
mesmo teor de asfalto absorveram quantidades semelhantes de asfalto, porém, o tempo necessá-
rio para que a absorção se complete é diretamente proporcional à viscosidade. Como base nesse
fato, uma outra hipótese seria a de que o limite da absorção de asfalto é função da saturação dos
poros do agregado, independentemente de quanto tempo leve para isso.
Os testes realizados sobre o comportamento da absorção de longo prazo após 2 horas de cura
vêm corroborar as duas hipóteses levantadas, pois, foram indicativos de que o agregado absorve
asfalto durante as duas horas de permanência da mistura na temperatura de compactação, não
absorvendo mais asfalto ao longo dos próximos seis meses (hipótese da saturação), além de
terem apresentado valores muito próximos dos valores das absorções de longo prazo, para os
três teores de asfalto estudados. Também na absorção de longo prazo após 2 horas de cura
foi observado o mesmo padrão de comportamento da absorção de curto e de longo prazos em
relação à espessura da película de asfalto, ou seja, quanto mais fina a película, maior a taxa de
absorção (hipótese da espessura da película de asfalto). Essas observações podem substanciar
ainda uma outra hipótese, a de que se as misturas forem submetidas a períodos de 2 horas de
cura, estas deixarão de apresentar absorções de longo prazo, que são absorções muito difíceis
de serem previamente diagnosticadas e que podem causar danos importantes ao pavimento.
O comportamento da absorção verificado através desta pesquisa tanto em função do tempo
como do teor de asfalto são reveladores, porém, as hipóteses aqui levantadas foram concebidas
com base em observações feitas por esta pesquisa, portanto, sugere-se que estudos de maior
abrangência quanto a amostragem de agregados, além de estudos sobre a absorção à luz do
comportamento do asfalto, sejam desenvolvidos, pois, através de olhares distintos sobre o
mesmo foco, pode-se ampliar conceitualmente o entendimento do fenômeno da absorção.
A absorção de asfalto também foi estudada com vistas nas propriedades dos agregados de
gabro e de basalto estudados, ou seja, em função do comportamento da absorção em tipos
diferentes de agregados de mesma origem. Os resultados mostraram que quanto menor a
272 8. Conclusões e Sugestões para Estudos Futuros
densidade aparente entre agregados de mesma origem, maior é a absorção tanto de água como
de asfalto, devido à maior porosidade total do agregado. Essa observação leva à conclusão de
que a absorção, como função da densidade, está diretamente relacionada com a porcentagem de
interstícios (poros) da massa cristalina das partículas. Com base nisso, fica fácil perceber que
o cálculo correto das propriedades volumétricas depende da escolha correta das densidades dos
agregados a serem utilizadas e também da quantidade de asfalto absorvido pelo agregado.
Tradicionalmente no Brasil, utiliza-se a densidade real do agregado e a DMT, que levam a
erros apreciáveis no cálculo das propriedades volumétricas ao se deparar com agregados que
absorvem asfalto. Nesta pesquisa, através de exemplos ilustrativos da magnitude dos erros
cometidos no calculo das propriedades volumétricas quando são utilizados métodos que usam
equivocadamente densidades inadequadas do agregado, ficou claro que a utilização de uma
determinada densidade pode vir a estabelecer a adequação ou não da mistura projetada às
especificações requeridas em um método de dosagem, em outras palavras, significa dizer que
uma mistura pode ser aceita ou não dependendo da densidade do agregado empregada e da
existência ou não de asfalto absorvido pelos agregados. Por conseguinte, fica a sugestão de
que as propriedades volumétricas das misturas sejam sempre calculadas através de métodos
que considerem a absorção de asfalto, como o Método Seguro e o Método do Diagrama de
Componentes, pois não se pode considerar que um agregado não absorve asfalto apenas olhando
para ele.
As propriedades volumétricas das misturas, além de serem sensíveis às densidades dos
agregados e à taxa de absorção destes, são influenciadas diretamente pela granulometria, pelas
características de superfície dos agregados, assim como pela energia de compactação aplicada.
Nesta pesquisa procurou-se avaliar a granulometria sem confundí-la com os efeitos das dife-
rentes características de superfície dos agregados. Para tanto, foram comparados VAMs de
misturas com granulometrias idênticas, mas com agregados com características de superfície
diferentes (forma, angularidade e textura superficial). Os resultados mostraram que agregados
com diferentes características de forma e angularidade podem produzir misturas com valores
muito diferentes de VAM, apesar de apresentarem mesma granulometria. Isso mostra que as
características de forma, angularidade e textura superficial do agregado influenciam diretamente
o arranjo entre partículas e, conseqüentemente, influenciam os valores do teor de asfalto e da
espessura do filme de asfalto.
Os resultados desta pesquisa evidenciaram a importância de se conhecer o VAM como forma
de analisar e prever a estruturação das partículas dos agregados. No entanto, atualmente, no
momento da escolha do agregado ou dos agregados que serão utilizados no desenvolvimento
273
de um projeto de mistura, suas características de superfície geralmente não são levadas em
conta e, conseqüentemente, o VAM é obtido aleatoriamente. Também é comum, quando se
faz necessário aumentar ou diminuir o VAM, simplesmente prescrever alterações na granu-
lometria da mistura, mas, como visto neste trabalho, muitas vezes a granulometria não é a
responsável principal pela obtenção de VAM altos ou baixos, mas sim as características de
forma, angularidade e textura superficial das partículas dos agregados. Além de que o ajuste
granulométrico pode apresentar resultados confusos, pois, em alguns casos, o afastamento da
curva granulométrica da linha de densidade máxima, com o objetivo de aumentar o VAM,
pode provocar a sua diminuição. Em resumo, granulometria e propriedades de superfície das
partículas não podem ser dissociadas quando se trata do VAM da mistura.
Atualmente nos Estados Unidos, uma das dificuldades encontradas com a implementação
do Método Superpave de dosagem de misturas asfálticas tem sido alcançar os valores de VAM
mínimos especificados, destacando-se a hipótese de que o problema está associado ao aumento
do esforço de compactação provocado pelo compactador giratório Superpave. No entanto, as
misturas estudadas nesta pesquisa apresentaram o problema inverso, ou seja, apresentaram
VAMs altos e, conseqüentemente, RBV acima do valor limite de 75% especificado pelo Su-
perpave. A primeira hipótese levantada foi que esse fato poderia estar relacionado à energia
de compactação aplicada, de 75 golpes por face do corpo-de-prova, pois o V v, assim como o
V AM e o RBV , são dependentes do tipo e grau de compactação das misturas.
A limitação relativa à compactação Marshall, que impossibilita a diminuição do VAM de
misturas que contenham agregados muito angulares e rugosos, difíceis de serem compactados,
através de um maior esforço de compactação, poderia estar dissimulando as reais potencialida-
des mecânicas das misturas. Portanto, tomou-se a decisão de investigar mais detalhadamente
a influência do grau de compactação nas propriedades volumétricas e mecânicas das misturas,
variando-se gradativamente a energia de compactação de 75 golpes para 110 golpes e, então,
para 155 golpes, aplicados pelo soquete Marshall.
Neste ínterim, os estudos foram desenvolvidos com base na hipótese de que as misturas
produzidas com agregados angulares e rugosos (mais difíceis de serem compactados), poderiam
ser mais compactadas para diminuir o VAM, de maneira a melhorar o arranjo estrutural formado
entre suas partículas e, portanto, melhorar a estabilidade das misturas, sem no entanto, trazer
qualquer tipo de prejuízo. Os resultados mostraram que realmente as características volumétri-
cas das misturas são alteradas conforme a energia de compactação aplicada e, também, que as
partículas angulosas e rugosas dos agregados de gabro e de basalto estudados arranjaram-se de
maneira mais próxima com o aumento da energia de compactação aplicada. Por conseqüência,
274 8. Conclusões e Sugestões para Estudos Futuros
houve a diminuição do VAM, elevação da estabilidade e rigidez das misturas, sem causar
prejuízos à vida de fadiga, pelo contrário, houve ganho de vida de fadiga ao aumentar a energia
de compactação de 75 para 110 golpes por face do corpo-de-prova. Portanto, a hipótese de
aumentar a energia de compactação aplicada à misturas produzidas com agregados angulosos
e rugosos e que tenham resistência adequada parece promissora, porém, estudos de maior
abrangência em relação à amostragem de agregados, além de análises de desempenho das
misturas em campo devem ser realizados.
Os resultados deste estudo também permitiram constatar que, de uma maneira geral, o
agregado de gabro estudado apresentou superioridade em relação ao agregado de basalto e de
areia natural, quando analisado sozinho e também quando analisado como parte integrante das
misturas asfálticas. Suas características de forma, angularidade e textura superficial permitiram
arranjos entre partículas adequados, formando esqueletos estruturais resistentes à deformação
permanente e também à fadiga. Também as análises das misturas à luz da granulometria
mostram que, de uma maneira geral, a granulometria AZR produziu misturas mais estáveis,
mais resistentes à deformação permanente e à fadiga. Os resultados evidenciaram também que
alterações granulométricas modificam o arranjo entre partículas e alteram o espaço existente no
esqueleto estrutural formado.
Outra etapa desafiadora deste trabalho foi a de caracterizar os agregados através das propri-
edades de consenso e de origem especificadas pelo Superpave, com o objetivo de não somente
realizar ensaios para obtenção de resultados, mas também realizar uma análise crítica sobre os
critérios estabelecidos pelo SHRP para selecionar, avaliar e estabelecer limites para essas pro-
priedades. Através da experiência adquirida durante a utilização desses ensaios com agregados
brasileiros, muitas observações e conclusões puderam ser feitas, dentre elas, observou-se que
alguns dos ensaios selecionados para avaliar determinadas propriedades não foram adequados,
como é o caso do ensaio de porcentagens de faces fraturadas (ASTM D 5821), adotado pelo
Superpave para avaliação da angularidade do agregado grosso, por determinar apenas o número
de faces fraturadas da partícula, não fazendo menção à angularidade. Outros ensaios também
se mostraram inadequados, ora por não avaliarem satisfatoriamente determinada propriedade,
ora por apresentarem metodologia imprópria para o objetivo ao qual se propõe, como é o caso
do ensaio de análise de materiais deletérios (ASTM C 142).
Resumidamente, as deficiências dos ensaios que mais chamaram à atenção foram:
A incapacidade do ensaio de angularidade do agregado fino (ASTM C 1252) de diferen-
ciar agregados com formas mais apropriadas daqueles com formas menos apropriadas ao
275
propósito da pavimentação, podendo induzir a escolha de agregados com formas menos
favoráveis por apresentarem valores de AAF mais elevados.
O ensaio de determinação da forma das partículas de agregados grossos (ASTM D 4791),
se realizado utilizando razão dimensional de 5 : 1, como especifica o Superpave, torna-se
insensível para indicar mudanças de forma do agregado, dificultando a percepção das
reais características de forma das partículas, ao passo que a razão dimensional de 3 : 1
ressalta essas diferenças. Também é questionável a classificação das formas das partículas
através da avaliação de sua máxima dimensão (comprimento) e mínima dimensão (espes-
sura), como especificado pelo Superpave, pois não representa o quanto as partículas são
planas nem o quanto são alongadas. Classificar as partículas através de formas definidas
(planas, alongadas) torna possível uma compreensão melhor de suas características de
forma, permitindo julgar mais realisticamente a possibilidade de quebras dessas partí-
culas durante a compactação da mistura ou durante a vida em serviço do pavimento.
Portanto, com vistas ao desenvolvimento de novas pesquisas sobre esse assunto, visando
estabelecer um limite máximo realístico de partículas planas e alongadas que podem ser
utilizadas sem causar riscos ao pavimento, fica a sugestão de classificação das formas
das partículas através de formas definidas, assim como a sugestão de utilização da razão
dimensional de 3 : 1.
Apesar do ensaio de equivalente de areia (DNER ME 054) ser rápido e prático, portanto,
ideal para ser utilizado no campo, ele não permite a determinação exata da composição
dos finos plásticos ou da fração argilosa, levando a dúvidas quanto à presença ou não de
argilominerais no agregado.
O procedimento adotado pelo Superpave para análise de materiais deletérios (ASTM C 142)
mostrou-se inadequado ao objetivo ao qual se propõe, pois, da maneira como foi con-
cebido, apenas partículas deletérias frágeis, que podem ser quebradas com a pressão
dos dedos, são consideradas friáveis, não sendo computadas como deletérias aquelas
partículas duras e/ou resistentes não constituídas por material rochoso. Outros problemas
quanto a esse ensaio puderam ser detectados, dentre eles, a apresentação dos resultados
como porcentagem de massa e sua subjetividade.
Os especialistas do SHRP identificaram propriedades dos agregados importantes para a pa-
vimentação, no entanto, várias dessas propriedades não puderam ser adequadamente avaliadas
através dos métodos de análise selecionados. Provavelmente, parte do fracasso na seleção
dos ensaios se deve ao critério de escolha, que limitou as opções possíveis apenas entre os
ensaios comumente usados pelas agências rodoviárias estadunidenses, desconsiderando ensaios
276 8. Conclusões e Sugestões para Estudos Futuros
utilizados em outros países e consagrados por produzirem bons resultados. Vale lembrar
também que propriedades de extrema importância para o bom desempenho dos pavimentos não
foram consideradas pelo Superpave, dentre elas, forma e textura superficial do agregado grosso,
densidades, porosidade e absorção. No entanto, visto que toda a especificação Superpave
para agregados foi baseada apenas na opinião de 14 especialistas, esse malogro deveria ser
esperado.
Contudo, apesar das propriedades selecionadas pelos especialistas do SHRP serem de ex-
trema importância, os métodos utilizados para avaliá-las assim como os valores limites estipu-
lados devem ser considerados com ressalvas, visto que ainda há muito a ser estudado e compre-
endido a respeito dos agregados e também a respeito de sua interação com as propriedadas das
misturas.
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APÊNDICE
A
Análises Estatísticas
Neste Apêndice estão apresentadas as análises estatísticas dos resultados obtidos através
dos experimentos realizados nesta pesquisa. Para a comparação dos resultados foram realizadas
análises estatísticas baseadas no teste de hipóteses para diferenças entre médias de amostras
pequenas e independentes utilizando a variável t-Student. Os resultados acompanham suas
estatísticas descritivas, como os valores de média, variância e desvio padrão, assim como os
resultados das inferências estatísticas empregadas. Todas as descrições e premissas do teste de
hipóteses podem ser encontradas em Schefler (1988).
A.1 Ensaios de Estabilidade e Fluência Marshall
Tabela A.1: Análise estatística dos resultados de Estabilidade e Fluência Marshall das misturas
AZRg e Bg
Valor crítico de T igual a 2,776 com 4 graus de liberdade
Material E(N) F(mm)
AZRg 17583,41130 41,66667
Bg 12797,89056 39,79333
Estimativa da Variância 282758,07666 1,24193
Estimativa do Erro 434,17207 0,90992
Valor de T 11,02218 2,05879
Teste de Hipóteses Rejeita H0 Aceita H0
288 A. Análises Estatísticas
Tabela A.2: Análise estatística dos resultados de Estabilidade e Fluência Marshall das misturas
AZRb e Bb
Valor crítico de T igual a 2,776 com 4 graus de liberdade
Material E(N) F(mm)
AZRb 12836,93174 43,72667
Bb 9985,13989 42,33333
Estimativa da Variância 389265,05512 3,27873
Estimativa do Erro 509,42128 1,47845
Valor de T 5,59810 0,94243
Teste de Hipóteses Rejeita H0 Aceita H0
Tabela A.3: Análise estatística dos resultados de Estabilidade e Fluência Marshall das misturas
AZRg e AZRb
Valor crítico de T igual a 2,776 com 4 graus de liberdade
Material E(N) F(mm)
AZRg 17583,41130 41,66667
AZRb 12836,93174 43,72667
Estimativa da Variância 522114,19939 2,27873
Estimativa do Erro 589,97977 1,23254
Valor de T 8,04516 -1,67134
Teste de Hipóteses Rejeita H0 Aceita H0
Tabela A.4: Análise estatística dos resultados de Estabilidade e Fluência Marshall das misturas
110AZRg e 110AZRb
Valor crítico de T igual a 2,776 com 4 graus de liberdade
Material E(N) F(mm)
110AZRg 22079,69400 38,06667
110AZRb 16980,53448 43,96667
Estimativa da Variância 433797,77997 4,38433
Estimativa do Erro 537,77181 1,70965
Valor de T 9,48201 -3,45101
Teste de Hipóteses Rejeita H0 Rejeita H0
Tabela A.5: Análise estatística dos resultados de Estabilidade e Fluência Marshall das misturas
155AZRg e 155AZRb
Valor crítico de T igual a 2,776 com 4 graus de liberdade
Material E(N) F(mm)
155AZRg 28924,39914 36,88667
155AZRb 19298,90235 44,72333
Estimativa da Variância 550120,14094 1,20908
Estimativa do Erro 605,59620 0,89781
Valor de T 15,89425 -8,72869
Teste de Hipóteses Rejeita H0 Rejeita H0
A.1. Ensaios de Estabilidade e Fluência Marshall 289
Tabela A.6: Análise estatística dos resultados de Estabilidade e Fluência Marshall das misturas
AZRg e 110AZRg
Valor crítico de T igual a 2,776 com 4 graus de liberdade
Material E(N) F(mm)
AZRg 17583,41130 41,66667
110AZRg 22079,69400 38,06667
Estimativa da Variância 521936,77064 3,39413
Estimativa do Erro 589,87952 1,50425
Valor de T -7,62237 2,39323
Teste de Hipóteses Rejeita H0 Aceita H0
Tabela A.7: Análise estatística dos resultados de Estabilidade e Fluência Marshall das misturas
AZRg e 155AZRg
Valor crítico de T igual a 2,776 com 4 graus de liberdade
Material E(N) F(mm)
AZRg 17583,41130 41,66667
155AZRg 28924,39914 36,88667
Estimativa da Variância 667124,87420 0,97793
Estimativa do Erro 666,89573 0,80744
Valor de T -17,00564 5,91996
Teste de Hipóteses Rejeita H0 Rejeita H0
Tabela A.8: Análise estatística dos resultados de Estabilidade e Fluência Marshall das misturas
110AZRg e 155AZRg
Valor crítico de T igual a 2,776 com 4 graus de liberdade
Material E(N) F(mm)
110AZRg 22079,69400 38,06667
155AZRg 28924,39914 36,88667
Estimativa da Variância 906921,45546 4,03873
Estimativa do Erro 777,56948 1,64088
Valor de T -8,80269 0,71913
Teste de Hipóteses Rejeita H0 Aceita H0
Tabela A.9: Análise estatística dos resultados de Estabilidade e Fluência Marshall das misturas
AZRb e 110AZRb
Valor crítico de T igual a 2,776 com 4 graus de liberdade
Material E(N) F(mm)
AZRb 12836,93174 43,72667
110AZRb 16980,53448 43,96667
Estimativa da Variância 433975,20872 3,26893
Estimativa do Erro 537,88178 1,47624
Valor de T -7,70356 -0,16258
Teste de Hipóteses Rejeita H0 Aceita H0
290 A. Análises Estatísticas
Tabela A.10: Análise estatística dos resultados de Estabilidade e Fluência Marshall das misturas
AZRb e 155AZRb
Valor crítico de T igual a 2,776 com 4 graus de liberdade
Material E(N) F(mm)
AZRb 12836,93174 43,72667
155AZRb 19298,90235 44,72333
Estimativa da Variância 405109,46613 2,50988
Estimativa do Erro 519,68546 1,29354
Valor de T -12,43439 -0,77049
Teste de Hipóteses Rejeita H0 Aceita H0
Tabela A.11: Análise estatística dos resultados de Estabilidade e Fluência Marshall das misturas
110AZRb e 155AZRb
Valor crítico de T igual a 2,776 com 4 graus de liberdade
Material E(N) F(mm)
110AZRb 16980,53448 43,96667
155AZRb 19298,90235 44,72333
Estimativa da Variância 76996,46545 1,55468
Estimativa do Erro 226,56341 1,01806
Valor de T -10,23276 -0,74324
Teste de Hipóteses Rejeita H0 Aceita H0
A.2. Ensaios de Fluência por Compressão Uniaxial Uniforme 291
A.2 Ensaios de Fluência por Compressão Uniaxial Uniforme
Tabela A.12: Análise estatística dos resultados de fluência por compressão uniaxial uniforme
das misturas AZRg e Bg
Valor crítico de T igual a 2,776 com 4 graus de liberdade
Material Dt(mm/mm) De(mm/mm) Dp(mm/mm) Rec (%) MF (kgf/cm
2
) Inclin.
AZRg 0,00270 0,00159 0,00111 59,62 370,92 0,04030
Bg 0,00292 0,00162 0,00131 58,68 355,66 0,05537
Estimativa da Variância 0,00000 0,00000 0,00000 47,58087 1426,61444 0,00034
Estimativa do Erro 0,00022 0,00005 0,00021 5,63210 30,83952 0,01510
Valor de T -1,00049 -0,67344 -0,94156 0,16734 0,49477 -0,99842
Teste de Hipóteses Aceita H0 Aceita H0 Aceita H0 Aceita H0 Aceita H0 Aceita H0
Tabela A.13: Análise estatística dos resultados de fluência por compressão uniaxial uniforme
das misturas AZRb e Bb
Valor crítico de T igual a 2,776 com 4 graus de liberdade
Material Dt(mm/mm) De(mm/mm) Dp(mm/mm) Rec (%) MF (kgf/cm
2
) Inclin.
AZRb 0,00358 0,00166 0,00192 50,80 356,89 0,05993
Bb 0,00190 0,00123 0,00067 70,56 603,28 0,03733
Estimativa da Variância 0,00000 0,00000 0,00000 26,27233 11170,54434 0,00003
Estimativa do Erro 0,00047 0,00016 0,00038 4,18508 86,29617 0,00425
Valor de T 3,59615 2,67650 3,30814 -4,72193 -2,85515 5,31965
Teste de Hipóteses Rejeita H0 Aceita H0 Rejeita H0 Rejeita H0 Rejeita H0 Rejeita H0
Tabela A.14: Análise estatística dos resultados de fluência por compressão uniaxial uniforme
das misturas AZRg e AZRb
Valor crítico de T igual a 2,776 com 4 graus de liberdade
Material Dt(mm/mm) De(mm/mm) Dp(mm/mm) Rec (%) MF (kgf/cm
2
) Inclin.
AZRg 0,00270 0,00159 0,00111 59,62 370,92 0,04030
AZRb 0,00358 0,00166 0,00192 50,80 356,89 0,05993
Estimativa da Variância 0,00000 0,00000 0,00000 17,97476 1687,26032 0,00002
Estimativa do Erro 0,00034 0,00002 0,00032 3,46167 33,53864 0,00364
Valor de T -2,57091 -3,15063 -2,51154 2,54814 0,41842 -5,39039
Teste de Hipóteses Aceita H0 Rejeita H0 Aceita H0 Aceita H0 Aceita H0 Rejeita H0
292 A. Análises Estatísticas
Tabela A.15: Análise estatística dos resultados de fluência por compressão uniaxial uniforme
das misturas 110AZRg e 110AZRb
Valor crítico de T igual a 2,776 com 4 graus de liberdade
Material Dt(mm/mm) De(mm/mm) Dp(mm/mm) Rec (%) MF (kgf/cm
2
) Inclin.
110AZRg 0,00147 0,00128 0,00019 86,51 740,86 0,06303
110AZRb 0,00172 0,00124 0,00049 73,47 635,06 0,08773
Estimativa da Variância 0,00000 0,00000 0,00000 41,42605 7946,23055 0,00098
Estimativa do Erro 0,00017 0,00008 0,00013 5,25522 72,78384 0,02559
Valor de T -1,52535 0,52223 -2,32152 2,48071 1,45360 -0,96512
Teste de Hipóteses Aceita H0 Aceita H0 Aceita H0 Aceita H0 Aceita H0 Aceita H0
Tabela A.16: Análise estatística dos resultados de fluência por compressão uniaxial uniforme
das misturas 155AZRg e 155AZRb
Valor crítico de T igual a 2,776 com 4 graus de liberdade
Material Dt(mm/mm) De(mm/mm) Dp(mm/mm) Rec (%) MF (kgf/cm
2
) Inclin.
155AZRg 0,00118 0,00087 0,00031 75,49 795,22 0,13120
155AZRb 0,00133 0,00086 0,00047 66,88 910,68 0,14318
Estimativa da Variância 0,00000 0,00000 0,00000 122,35528 21894,57328 0,00112
Estimativa do Erro 0,00012 0,00015 0,00018 9,03162 120,81549 0,02734
Valor de T -1,35269 0,06864 -0,92012 0,95332 -0,95569 -0,43799
Teste de Hipóteses Aceita H0 Aceita H0 Aceita H0 Aceita H0 Aceita H0 Aceita H0
Tabela A.17: Análise estatística dos resultados de fluência por compressão uniaxial uniforme
das misturas AZRg e 110AZRg
Valor crítico de T igual a 2,776 com 4 graus de liberdade
Material Dt(mm/mm) De(mm/mm) Dp(mm/mm) Rec (%) MF (kgf/cm
2
) Inclin.
AZRg 0,00270 0,00159 0,00111 59,62250 370,92000 0,04030
110AZRg 0,00147 0,00128 0,00019 86,50500 740,85667 0,06303
Estimativa da Variância 0,00000 0,00000 0,00000 17,50463 4425,35523 0,00052
Estimativa do Erro 0,00007 0,00001 0,00007 3,41610 54,31608 0,01861
Valor de T 18,49448 48,02499 13,48725 -7,86935 -6,81081 -1,22152
Teste de Hipóteses Rejeita H0 Rejeita H0 Rejeita H0 Rejeita H0 Rejeita H0 Aceita H0
Tabela A.18: Análise estatística dos resultados de fluência por compressão uniaxial uniforme
das misturas AZRg e 155AZRg
Valor crítico de T igual a 2,776 com 4 graus de liberdade
Material Dt(mm/mm) De(mm/mm) Dp(mm/mm) Rec (%) MF (kgf/cm
2
) Inclin.
AZRg 0,00270 0,00159 0,00111 59,62250 370,92000 0,04030
155AZRg 0,00118 0,00087 0,00031 75,48833 795,22000 0,13120
Estimativa da Variância 0,00000 0,00000 0,00000 25,56901 12312,74597 0,00026
Estimativa do Erro 0,00010 0,00009 0,00003 4,12868 90,60076 0,01321
Valor de T 15,32880 7,97392 24,64799 -3,84283 -4,68318 -6,88254
Teste de Hipóteses Rejeita H0 Rejeita H0 Rejeita H0 Rejeita H0 Rejeita H0 Rejeita H0
A.2. Ensaios de Fluência por Compressão Uniaxial Uniforme 293
Tabela A.19: Análise estatística dos resultados de fluência por compressão uniaxial uniforme
das misturas 110AZRg e 155AZRg
Valor crítico de T igual a 2,776 com 4 graus de liberdade
Material Dt(mm/mm) De(mm/mm) Dp(mm/mm) Rec (%) MF (kgf/cm
2
) Inclin.
110AZRg 0,00147 0,00128 0,00019 86,50500 740,85667 0,06303
155AZRg 0,00118 0,00087 0,00031 75,48833 795,22000 0,13120
Estimativa da Variância 0,00000 0,00000 0,00000 41,14848 16624,57218 0,00078
Estimativa do Erro 0,00012 0,00009 0,00008 5,23759 105,27606 0,02280
Valor de T 2,43172 4,51568 -1,50962 2,10339 -0,51639 -2,98956
Teste de Hipóteses Aceita H0 Rejeita H0 Aceita H0 Aceita H0 Aceita H0 Rejeita H0
Tabela A.20: Análise estatística dos resultados de fluência por compressão uniaxial uniforme
das misturas AZRb e 110AZRb
Valor crítico de T igual a 2,776 com 4 graus de liberdade
Material Dt(mm/mm) De(mm/mm) Dp(mm/mm) Rec (%) MF (kgf/cm
2
) Inclin.
AZRb 0,00358 0,00166 0,00192 50,80167 356,88667 0,05993
110AZRb 0,00172 0,00124 0,00049 73,46833 635,05833 0,08773
Estimativa da Variância 0,00000 0,00000 0,00000 41,89618 5208,13563 0,00048
Estimativa do Erro 0,00038 0,00008 0,00034 5,28496 58,92445 0,01795
Valor de T 4,93423 5,31596 4,22583 -4,28890 -4,72082 -1,54929
Teste de Hipóteses Rejeita H0 Rejeita H0 Rejeita H0 Rejeita H0 Rejeita H0 Aceita H0
Tabela A.21: Análise estatística dos resultados de fluência por compressão uniaxial uniforme
das misturas AZRb e 155AZRb
Valor crítico de T igual a 2,776 com 4 graus de liberdade
Material Dt(mm/mm) De(mm/mm) Dp(mm/mm) Rec (%) MF (kgf/cm
2
) Inclin.
AZRb 0,00358 0,00166 0,00192 50,80167 356,88667 0,05993
155AZRb 0,00133 0,00086 0,00047 66,87833 910,68167 0,14318
Estimativa da Variância 0,00000 0,00000 0,00000 114,76103 11269,08762 0,00088
Estimativa do Erro 0,00035 0,00012 0,00036 8,74685 86,67598 0,02421
Valor de T 6,43651 6,79929 3,96417 -1,83800 -6,38926 -3,43849
Teste de Hipóteses Rejeita H0 Rejeita H0 Rejeita H0 Aceita H0 Rejeita H0 Rejeita H0
Tabela A.22: Análise estatística dos resultados de fluência por compressão uniaxial uniforme
das misturas 110AZRb e 155AZRb
Valor crítico de T igual a 2,776 com 4 graus de liberdade
Material Dt(mm/mm) De(mm/mm) Dp(mm/mm) Rec (%) MF (kgf/cm
2
) Inclin.
110AZRb 0,00172 0,00124 0,00049 73,46833 635,05833 0,08773
155AZRb 0,00133 0,00086 0,00047 66,87833 910,68167 0,14318
Estimativa da Variância 0,00000 0,00000 0,00000 122,63286 13216,23165 0,00132
Estimativa do Erro 0,00016 0,00014 0,00020 9,04186 93,86597 0,02970
Valor de T 2,35727 2,70056 0,08943 0,72883 -2,93635 -1,86667
Teste de Hipóteses Aceita H0 Aceita H0 Aceita H0 Aceita H0 Rejeita H0 Aceita H0
294 A. Análises Estatísticas
A.3 Ensaios de Fluência por Compressão Uniaxial Dinâmica
Tabela A.23: Análise estatística dos resultados de fluência por compressão uniaxial dinâmica
das misturas AZRg e Bg
Valor crítico de T igual a 2,776 com 4 graus de liberdade
Material Dt(mm/mm) MF (MPa) Inclin.
AZRg 0,00267 38,36591 0,34798
Bg 0,00396 27,13321 0,34096
Estimativa da Variância 0,00000 5,71867 0,00157
Estimativa do Erro 0,00024 1,95255 0,03235
Valor de T -5,30527 5,75284 0,21706
Teste de Hipóteses Rejeita H0 Rejeita H0 Aceita H0
Tabela A.24: Análise estatística dos resultados de fluência por compressão uniaxial dinâmica
das misturas AZRb e Bb
Valor crítico de T igual a 2,776 com 4 graus de liberdade
Material Dt(mm/mm) MF (MPa) Inclin.
AZRb 0,00351 32,09149 0,34633
Bb 0,00485 22,95269 0,36388
Estimativa da Variância 0,00000 4,77132 0,00077
Estimativa do Erro 0,00024 1,78350 0,02271
Valor de T -5,53189 5,12408 -0,77254
Teste de Hipóteses Rejeita H0 Rejeita H0 Aceita H0
Tabela A.25: Análise estatística dos resultados de fluência por compressão uniaxial dinâmica
das misturas AZRg e AZRb
Valor crítico de T igual a 2,776 com 4 graus de liberdade
Material Dt(mm/mm) MF (MPa) Inclin.
AZRg 0,00267 38,36591 0,34798
AZRb 0,00351 32,09149 0,34633
Estimativa da Variância 0,00000 9,67466 0,00062
Estimativa do Erro 0,00025 2,53964 0,02029
Valor de T -3,32079 2,47060 0,08123
Teste de Hipóteses Rejeita H0 Aceita H0 Aceita H0
A.3. Ensaios de Fluência por Compressão Uniaxial Dinâmica 295
Tabela A.26: Análise estatística dos resultados de fluência por compressão uniaxial dinâmica
das misturas 110AZRg e 110AZRb
Valor crítico de T igual a 2,776 com 4 graus de liberdade
Material Dt(mm/mm) MF (MPa) Inclin.
110AZRg 0,00163 74,92788 0,27692
110AZRb 0,00161 67,58646 0,29953
Estimativa da Variância 0,00000 117,57549 0,00061
Estimativa do Erro 0,00018 8,85345 0,02023
Valor de T 0,08310 0,82922 -1,11766
Teste de Hipóteses Aceita H0 Aceita H0 Aceita H0
Tabela A.27: Análise estatística dos resultados de fluência por compressão uniaxial dinâmica
das misturas 155AZRg e 155AZRb
Valor crítico de T igual a 2,776 com 4 graus de liberdade
Material Dt(mm/mm) MF (MPa) Inclin.
155AZRg 0,00066 174,37929 0,18435
155AZRb 0,00068 166,74384 0,16015
Estimativa da Variância 0,00000 242,21355 0,00031
Estimativa do Erro 0,00005 12,70731 0,01427
Valor de T -0,47343 0,60087 1,69583
Teste de Hipóteses Aceita H0 Aceita H0 Aceita H0
Tabela A.28: Análise estatística dos resultados de fluência por compressão uniaxial dinâmica
das misturas AZRg e 110AZRg
Valor crítico de T igual a 2,776 com 4 graus de liberdade
Material Dt(mm/mm) MF (MPa) Inclin.
AZRg 0,00267 38,36591 0,34798
110AZRg 0,00163 74,92788 0,27692
Estimativa da Variância 0,00000 20,63618 0,00042
Estimativa do Erro 0,00023 3,70910 0,01682
Valor de T 4,59221 -9,85736 4,22484
Teste de Hipóteses Rejeita H0 Rejeita H0 Rejeita H0
Tabela A.29: Análise estatística dos resultados de fluência por compressão uniaxial dinâmica
das misturas AZRg e 155AZRg
Valor crítico de T igual a 2,776 com 4 graus de liberdade
Material Dt(mm/mm) MF (MPa) Inclin.
AZRg 0,00267 38,36591 0,34798
155AZRg 0,00066 174,37929 0,18435
Estimativa da Variância 0,00000 221,85498 0,00059
Estimativa do Erro 0,00021 12,16155 0,01976
Valor de T 9,41890 -11,18388 8,27963
Teste de Hipóteses Rejeita H0 Rejeita H0 Rejeita H0
296 A. Análises Estatísticas
Tabela A.30: Análise estatística dos resultados de fluência por compressão uniaxial dinâmica
das misturas 110AZRg e 155AZRg
Valor crítico de T igual a 2,776 com 4 graus de liberdade
Material Dt(mm/mm) MF (MPa) Inclin.
110AZRg 0,00163 74,92788 0,27692
155AZRg 0,00066 1777,56667 0,18435
Estimativa da Variância 0,00000 22480,00337 0,00038
Estimativa do Erro 0,00010 122,42005 0,01582
Valor de T 10,04045 -13,90817 5,85313
Teste de Hipóteses Rejeita H0 Rejeita H0 Rejeita H0
Tabela A.31: Análise estatística dos resultados de fluência por compressão uniaxial dinâmica
das misturas AZRb e 110AZRb
Valor crítico de T igual a 2,776 com 4 graus de liberdade
Material Dt(mm/mm) MF (MPa) Inclin.
AZRb 0,00351 32,09149 0,34633
110AZRb 0,00161 67,58646 0,29953
Estimativa da Variância 0,00000 106,61397 0,00081
Estimativa do Erro 0,00021 8,43066 0,02320
Valor de T 9,01360 -4,21023 2,01769
Teste de Hipóteses Rejeita H0 Rejeita H0 Aceita H0
Tabela A.32: Análise estatística dos resultados de fluência por compressão uniaxial dinâmica
das misturas AZRg e 155AZRg
Valor crítico de T igual a 2,776 com 4 graus de liberdade
Material Dt(mm/mm) MF (MPa) Inclin.
AZRb 0,00351 32,09149 0,34633
155AZRb 0,00068 166,74384 0,16015
Estimativa da Variância 0,00000 30,03322 0,00034
Estimativa do Erro 0,00014 4,47461 0,01499
Valor de T 20,10911 -30,09253 12,42000
Teste de Hipóteses Rejeita H0 Rejeita H0 Rejeita H0
Tabela A.33: Análise estatística dos resultados de fluência por compressão uniaxial dinâmica
das misturas 110AZRb e 155AZRb
Valor crítico de T igual a 2,776 com 4 graus de liberdade
Material Dt(mm/mm) MF (MPa) Inclin.
155AZRb 0,00161 67,58646 0,29953
110AZRb 0,00068 166,74384 0,16015
Estimativa da Variância 0,00000 128,61851 0,00054
Estimativa do Erro 0,00016 9,25990 0,01904
Valor de T 5,86267 -10,70826 7,31999
Teste de Hipóteses Rejeita H0 Rejeita H0 Rejeita H0
A.4. Ensaios de Resistência à Tração e de Módulo de Resiliência 297
A.4 Ensaios de Resistência à Tração e de Módulo de
Resiliência
Tabela A.34: Análise estatística dos resultados de resistência à tração e de módulo de resiliência
das misturas AZRg e Bg
Valor crítico de T igual a 2,776 com 4 graus de liberdade
Material RT(MPa) MR (kgf/cm
2
) MRi (kgf/cm
2
)
AZRg 1,36 55144,19667 60527,88000
Bg 1,16 35968,38333 39983,10667
Estimativa da Variância 0,00210 8194489,35193 10036720,93582
Estimativa do Erro 0,03740 2337,30462 2586,72521
Valor de T 5,29041 8,20424 7,94239
Teste de Hipóteses Rejeita H0 Rejeita H0 Rejeita H0
Tabela A.35: Análise estatística dos resultados de resistência à tração e de módulo de resiliência
das misturas AZRb e Bg
Valor crítico de T igual a 2,776 com 4 graus de liberdade
Material RT(MPa) MR (kgf/cm
2
) MRi (kgf/cm
2
)
AZRb 1,35097 52461,22333 56842,28000
Bb 1,10419 28712,32000 32959,53000
Estimativa da Variância 0,00204 11461449,44907 24777118,14830
Estimativa do Erro 0,03684 2764,22978 4064,24394
Valor de T 6,69882 8,59151 5,87631
Teste de Hipóteses Rejeita H0 Rejeita H0 Rejeita H0
Tabela A.36: Análise estatística dos resultados de resistência à tração e de módulo de resiliência
das misturas AZRg e AZRb
Valor crítico de T igual a 2,776 com 4 graus de liberdade
Material RT(MPa) MR (kgf/cm
2
) MRi (kgf/cm
2
)
AZRg 1,36191 55144,19667 60527,88000
AZRb 1,35097 52461,22333 56842,28000
Estimativa da Variância 0,00227 2890407,77473 13062734,66855
Estimativa do Erro 0,03889 1388,14211 2951,01504
Valor de T 0,28111 1,93278 1,24893
Teste de Hipóteses Aceita H0 Aceita H0 Aceita H0
298 A. Análises Estatísticas
Tabela A.37: Análise estatística dos resultados de resistência à tração e de módulo de resiliência
das misturas 110AZRg e 110AZRb
Valor crítico de T igual a 2,776 com 4 graus de liberdade
Material RT(MPa) MR (kgf/cm
2
) MRi (kgf /cm
2
)
110AZRg 2,11503 123654,17667 148315,56667
110AZRb 1,69085 74226,37000 87899,66667
Estimativa da Variância 0,00047 75861027,29132 111045501,77113
Estimativa do Erro 0,01765 7111,54120 8604,08824
Valor de T 24,02880 6,95036 7,02177
Teste de Hipóteses Rejeita H0 Rejeita H0 Rejeita H0
Tabela A.38: Análise estatística dos resultados de resistência à tração e de módulo de resiliência
das misturas 155AZRg e 155AZRb
Valor crítico de T igual a 2,776 com 4 graus de liberdade
Material RT(MPa) MR (kgf/cm
2
) MRi (kgf/cm
2
)
155AZRg 2,34837 193847,79667 228259,83333
155AZRb 1,89542 112239,13333 130631,80000
Estimativa da Variância 0,00051 302197426,58928 372078550,70067
Estimativa do Erro 0,01846 14193,83497 15749,67832
Valor de T 24,53578 5,74959 6,19873
Teste de Hipóteses Rejeita H0 Rejeita H0 Rejeita H0
Tabela A.39: Análise estatística dos resultados de resistência à tração e de módulo de resiliência
das misturas AZRg e 110AZRg
Valor crítico de T igual a 2,776 com 4 graus de liberdade
Material RT(MPa) MR (kgf/cm
2
) MRi (kgf/cm
2
)
AZRg 1,36191 55144,19667 60527,88000
110AZRg 2,11503 123654,17667 148315,56667
Estimativa da Variância 0,00151 45378763,51843 54793360,22652
Estimativa do Erro 0,03175 5500,22809 6043,91486
Valor de T -23,72315 -12,45584 -14,52497
Teste de Hipóteses Rejeita H0 Rejeita H0 Rejeita H0
Tabela A.40: Análise estatística dos resultados de resistência à tração e de módulo de resiliência
das misturas AZRg e 155AZRg
Valor crítico de T igual a 2,776 com 4 graus de liberdade
Material RT(MPa) MR (kgf/cm
2
) MRi (kgf/cm
2
)
AZRg 1,36191 55144,19667 60527,88000
155AZRg 2,34837 193847,79667 228259,83333
Estimativa da Variância 0,00143 187918726,30893 220515748,87952
Estimativa do Erro 0,03091 11192,81693 12124,78863
Valor de T -31,91079 -12,39220 -13,83380
Teste de Hipóteses Rejeita H0 Rejeita H0 Rejeita H0
A.4. Ensaios de Resistência à Tração e de Módulo de Resiliência 299
Tabela A.41: Análise estatística dos resultados de resistência à tração e de módulo de resiliência
das misturas 110AZRg e 155AZRg
Valor crítico de T igual a 2,776 com 4 graus de liberdade
Material RT(MPa) MR (kgf/cm
2
) MRi (kgf/cm
2
)
110AZRg 2,11503 123654,17667 148315,56667
155AZRg 2,34837 193847,79667 228259,83333
Estimativa da Variância 0,00025 229844533,14793 272582675,61363
Estimativa do Erro 0,01288 12378,59801 13480,42224
Valor de T -18,11809 -5,67056 -5,93040
Teste de Hipóteses Rejeita H0 Rejeita H0 Rejeita H0
Tabela A.42: Análise estatística dos resultados de resistência à tração e de módulo de resiliência
das misturas AZRb e 110AZRb
Valor crítico de T igual a 2,776 com 4 graus de liberdade
Material RT(MPa) MR (kgf/cm
2
) MRi (kgf/cm
2
)
AZRb 1,35097 52461,22333 56842,28000
110AZRb 1,69085 74226,37000 87899,66667
Estimativa da Variância 0,00122 33372671,54762 69314876,21317
Estimativa do Erro 0,02857 4716,82602 6797,78769
Valor de T -11,89811 -4,61436 -4,56875
Teste de Hipóteses Rejeita H0 Rejeita H0 Rejeita H0
Tabela A.43: Análise estatística dos resultados de resistência à tração e de módulo de resiliência
das misturas AZRb e 155AZRb
Valor crítico de T igual a 2,776 com 4 graus de liberdade
Material RT(MPa) MR (kgf/cm
2
) MRi (kgf/cm
2
)
AZRb 1,35097 52461,22333 56842,28000
155AZRb 1,89542 112239,13333 130631,80000
Estimativa da Variância 0,00135 117169108,05508 164625536,48970
Estimativa do Erro 0,02996 8838,14113 10476,18049
Valor de T -18,17495 -6,76363 -7,04355
Teste de Hipóteses Rejeita H0 Rejeita H0 Rejeita H0
Tabela A.44: Análise estatística dos resultados de resistência à tração e de módulo de resiliência
das misturas 110AZRb e 155AZRb
Valor crítico de T igual a 2,776 com 4 graus de liberdade
Material RT(MPa) MR (kgf/cm
2
) MRi (kgf/cm
2
)
110AZRb 1,69085 74226,37000 87899,66667
155AZRb 1,89542 112239,13333 130631,80000
Estimativa da Variância 0,00073 148213920,73267 210541376,85817
Estimativa do Erro 0,02206 9940,28573 11847,40131
Valor de T -9,27433 -3,82411 -3,60688
Teste de Hipóteses Rejeita H0 Rejeita H0 Rejeita H0
APÊNDICE
B
Análise Petrográfica
302 B. Análise Petrográfica
303
304 B. Análise Petrográfica
305
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