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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS
CÂMPUS DE JABOTICABAL
FATORES EDÁFICOS CONDICIONANTES DA DISTRIBUIÇÃO
DAS ESPÉCIES ARBÓREAS EM REMANESCENTES DE
FLORESTA ESTACIONAL SEMIDECIDUAL E CERRADO
Alba Regina Barbosa Araujo
Orientadora: Profa. Dra Maria Esmeralda Soares Payão Demattê
Co-orientador: Prof. Dr. Antônio Sérgio Ferraudo
Tese apresentada à Faculdade de Ciências Agrárias
e Veterinárias – UNESP, Campus de Jaboticabal,
como parte das exigências para a obtenção do título
de Doutor em Agronomia - Produção Vegetal.
JABOTICABAL – SÃO PAULO – BRASIL
Julho 2006
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Ficha catalográfica elaborada pela Seção Técnica de Aquisição e Tratamento da Informação –
Serviço Técnico de Biblioteca e Documentação - UNESP, Câmpus de Jaboticabal.
Araujo, Alba Regina Barbosa.
A663f Fatores edáficos condicionantes da distribuição das espécies
arbóreas em remanescentes de Floresta Estacional Semidecidual e
Cerrado/ Araujo Alba Regina Barbosa. – Jaboticabal, 2006
xiii, 118 f.; 28 cm
Tese (doutorado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de
Ciências Agrárias e Veterinárias, 2006.
Orientador: Maria Esmeralda Soares Payão Demattê
Banca examinadora: Antônio Sérgio Ferraudo, Rinaldo Cesar de
Paula, Miguel Cooper, José Eduardo Zaia, Sérgio Valiengo Valeri.
Bibliografia
1. Floresta Estacional Semidecidual. 2. Cerrado. 3. Solos
florestais. 4. Relações solo x vegetação. 5. Análises multivariadas. 6.
serapilheira. I. Título. II. Jaboticabal-Faculdade de Ciências Agrárias e
Veterinárias.
CDU 634.0.2
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DADOS CURRICULARES DA AUTORA
Alba Regina Barbosa Araujo – Nasceu em Franca, SP. Concluiu o curso de
Ciências Biológicas pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto, da
Universidade de São Paulo – USP, Ribeirão Preto, SP, em 1989. Concluiu o Mestrado
em Biologia Vegetal, no Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas –
UNICAMP, Campinas, SP, em 1994. Iniciou o curso de Doutorado em Agronomia -
Produção Vegetal, na Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias de Jaboticabal-
UNESP, Jaboticabal, SP, em 2002. É integrante do corpo docente da Universidade de
Franca, Franca, SP, desde 1995 até a presente data. Trabalha com projetos de
caracterização e conservação de áreas de vegetação natural desde 1996, fazendo
parte do grupo de pesquisadores da Coordenadoria de Pesquisa e Extensão da
Universidade de Franca, SP.
“... Assim o homem, depois de procurar em vão os vários deuses fora de si mesmo,
completa o ciclo e volta ao ponto do qual iniciou sua busca - a alma humana.
Descobre que aquele Deus procurado sobre montes e vales, que buscava encontrar em
cada livro, em cada templo, nas igrejas e nos céus, aquele Deus que ele imaginava
sentado no paraíso, a governar o mundo, era seu próprio Eu. Nada a não ser Eu era
Deus, e o pequeno “eu” jamais existiu”.
(Swami Vivekananda)
A Deus,
Incondicionalmente,
OFEREÇO
Ao meu marido Paulo,
e aos meus filhos Rafael e Clara,
pedacinhos do Céu na Terra.
DEDICO
AGRADECIMENTOS
Á Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias de Jaboticabal (FCAV –
UNESP) e aos Professores da pós-graduação em Agronomia – Produção Vegetal, pelo
aperfeiçoamento profissional.
À Universidade de Franca e à FUNDUNESP pelo auxílio financeiro.
Aos proprietários da Fazenda Santa Cecília, por permitir que esse trabalho fosse
realizado.
À Profa. Dra Maria Esmeralda Soares Payão Demattê pela orientação, paciência
e exemplo de vida.
Ao Prof. Dr. Ricardo Ribeiro Rodrigues (ESALQ-USP) pela sugestão do tema,
participação em todas as etapas do trabalho, pela confiança e amizade.
Ao Prof. Dr. Antônio Sérgio Ferraudo pela co-orientação, entusiasmo e
disposição para ensinar e ajudar.
Ao Prof. Dr. Miguel Cooper (ESALQ – USP) pelo apoio técnico-científico na parte
de solos, pelo carinho e prontidão em me atender.
Ao Prof. Sérgio Arthur de Oliveira Campos (Universidade de Franca) pela
amizade e auxílio nas análises estatísticas.
Ao Prof. Dr. Flávio Henrique Minguante Schlittler (UNESP – Rio Claro) pelo
auxílio na parte de serapilheira.
Aos Professores, Dr. Sérgio Valiengo Valeri, Dr. Rinaldo César de Paula, Dr.
José Eduardo Zaia, Dr. José Marques Júnior, Dr. Clóvis Alberto Volpe, pela atenção,
valiosas sugestões e correções.
À Profa. Maria Inês Junqueira Garcia Teixeira (Universidade de Franca) pelo
companheirismo e estímulo.
Aos meus ex-alunos, Roberta, Christiano, Claúdia, Priscila, Fabiana, Daniel,
Sheila e Viviane, pelo auxílio nas coletas de campo.
À minha mãe Rozimeiri, à minha irmã Fabiana, aos meus sogros José Antônio e
Cidinha, pelo apoio incondicional.
A todos os meus amigos e familiares que sempre torceram por mim.
vii
SUMÁRIO
RESUMO........................................................................................................................ .x
ABSTRACT..................................................................................................................... xi
CAPÍTULO 1 – Considerações gerais.............................................................................12
1. Introdução .................................................................................................................. 12
2. Objetivos ................................................................................................................... .14
3. Materiais e Métodos ................................................................................................. 15
3.1 Localização da área e relevo....................................................................... 15
3.2 Clima ..............................................................................................................15
3.3 Geologia .........................................................................................................17
3.4 Fauna .......................................................................................................... ..17
3.5 Caracterização dos remanescentes florestais ...............................................18
4. Demarcação da área de amostragem ........................................................................18
CAPÍTULO 2 – Caracterização edáfica dos remanescentes florestais da Fazenda Santa
Cecília ...................................................................................................25
1. Introdução ...................................................................................................................25
2. Materiais e Métodos ...................................................................................................27
2.1 Área de estudo............................................................................................... 27
2.2 Demarcação da área de amostragem ...........................................................27
2.3 Determinação dos parâmetros físico-químicos dos solos .............................28
3. Resultados……………….............................................................................................29
3.1
Solos………………… .....................................................................................29
3.2 Parâmetros físicos dos solos .........................................................................30
3.2 Parâmetros químicos dos solos .....................................................................32
4. Discussão ...................................................................................................................37
5. Conclusão………………... ..........................................................................................40
viii
Capítulo 3 – Disponibilidade e dinâmica da água nos solos dos remanescentes
florestais da Fazenda Santa Cecília ...............................................................................41
1. Introdução ...................................................................................................................41
2. Materiais e Métodos ...................................................................................................43
2.1 Área de estudo ...............................................................................................43
2.2 Variação sazonal da água nos solos .............................................................43
2.3 Curvas de retenção de água dos solos..........................................................44
3. Resultados................................................................................................................. .45
3.1. Variação sazonal da água nos solos ............................................................45
3.2 Curvas de retenção de água dos solos .........................................................47
4. Discussão ................................................................................................................. .50
5. Conclusões .................................................................................................................52
CAPÍTULO 4 – Relações entre fatores dos solos e as espécies arbóreas nos
remanescentes florestais da Fazenda Santa Cecília ................................................... .53
1. Introdução ................................................................................................................ . 53
2. Materiais e Métodos ................................................................................................. 55
2.1 Área de estudo ............................................................................................ .55
2.2 Determinação dos parâmetros físico-químicos ............................................ 55
2.3 Análises multivariadas………… ................................................................... 56
3. Resultados………………........................................................................................... .58
3.1 Análises de Agrupamento ........................................................................... .58
3.2 Análises de Correspondência Multipla......................................................... . 67
4. Discussão.............................................................................................................…. .72
5. Conclusões ............................................................................................................. .76
ix
CAPÍTULO 5 – Produção, aspectos da decomposição, e macronutrientes da
serapilheira em remanescentes florestais no nordeste do Estado de São Paulo...........77
1. Introdução ................................................................................................................. 77
2. Materiais e Métodos .................................................................................................. 80
2.1 Área de estudo ............................................................................................. 80
2.2 Análises quantitativas da produção da serapilheira .......................................81
2.3 Análises quantitativas Serapilheira acumulada .............................................81
2.4 Taxa de decomposição e tempo médio de renovação ..................................81
2.5 Teores de macronutrientes na serapilheira produzida....................................82
2.6 Dados pluviométricos .....................................................................................82
2.7 Análises estatísticas dos dados .....................................................................82
3. Resultados ..................................................................................................................83
3.1 Produção anual da serapilheira .....................................................................83
3.2 Serapilheira acumulada .................................................................................85
3.3 Taxa de Decomposição e tempo médio de renovação...................................86
3.4 Retorno de macronutrientes para os solo via serapilheira .............................88
4. Discussão ...................................................................................................................91
5. Conclusões .................................................................................................................96
REFERÊNCIAS ……………………………………………………………………..………...97
APÊNDICES …………………………………………………………………………………109
x
FATORES EDÁFICOS CONDICIONANTES DA DISTRIBUIÇÃO DAS ESPÉCIES
ARBÓREAS EM REMANESCENTES DE FLORESTA ESTACIONAL SEMIDECIDUAL
E DE CERRADO
RESUMO - O estudo foi feito em remanescentes de Floresta Estacional
Semidecidual (FES) ladeados por Cerrado. Visou a avaliar as relações de atributos
químicos e físicos do solo com a vegetação, e caracterizar aspectos da produção,
decomposição e retorno de macronutrientes via serapilheira. A área estudada localiza-
se na Fazenda Santa Cecília, em Patrocínio Paulista, no extremo nordeste do Estado
de São Paulo, a 20
o
46’12” S e 47
o
14’ 24” W. As parcelas para estudo foram
distribuídas entre a FES e o Cerrado. Na área de FES, encontraram-se Nitossolo
Vermelho Eutroférrico e Argissolo Vermelho-Amarelo, e o solo no Cerrado é Neossolo
Quartzarênico. A área entre a FES e o Cerrado tem características edáficas
intermediárias. A umidade atual foi maior de setembro a março, e menor de abril a
agosto. Características de fertilidade do solo e a fração argila mostraram-se relevantes
para a determinação do gradiente de vegetação na transição entre a FES e o Cerrado.
A serapilheira produzida variou de 8,8 a 10,3 t ha
-1
ano
-1
na FES e de 3,5 a 4,2 t ha
-1
ano
-1
no Cerrado. A produção anual é sazonal, com picos em agosto e setembro. A
serapilheira acumulada variou de 6,2 a 9,6 t ha
-1
ano
-1
na FES e de 6,9 a 7,8 t ha
-1
ano
-1
no Cerrado. Os meses com maior acúmulo coincidem com a estação chuvosa na FES;
no Cerrado, não houve tendência sazonal. A taxa de decomposição (K) variou de 1 a
1,45 na FES e de 0,53 no Cerrado. O tempo médio de renovação (T50%) foi de 5,8 a
8,5 meses na FES e de 15,9 a 16,2 meses no Cerrado. Nas áreas de FES e de
Cerrado, respectivamente, as concentrações de macronutrientes obedecem à ordem
decrescente de Ca>N>K>Mg>S>P e de N>Ca>K>Mg>S>P, sendo menores no Cerrado.
Palavras-chave: Floresta Estacional Semidecidual, Cerrado, solos florestais, relações
solo x vegetação, análises multivariadas, serapilheira.
xi
"EDAFIC FACTORS CONDICIONING THE DISTRIBUTION OF TREE SPECIES IN
REMNANTS OF TROPICAL SEMIDECIDUOUS FOREST AND CERRADO"
ABSTRACT - This study was carried out in remnants of a Tropical Semideciduous
Forest (SF) bordered by Cerrado. It aimed at evaluating the relationship of soil chemical
and physical characteristics with the vegetation and describing aspects of production,
decomposition and macronutrient return via litter. The studied area is located at ‘Santa
Cecília’ Farm, Patrocínio Paulista, northeast limit of São Paulo State, 20
o
46’12” S e 47
o
14’ 24” W. The study plots were distributed between FES and Cerrado. The soils on the
SF site are classified as Rhodic Kandiudox and Typic Hapludalf, and on the Cerrado as
Typic Quartzipsamment. The area between SF and Cerrado has intermediate edafic
characteristics. The soil humidity was higher from September to March, and lower from
April to August. Soil fertility and clay fraction were significant in determining the
vegetation gradient between SF and Cerrado. The produced litter ranged from 8.8 to
10.3 t ha
-1
year
-1
in the SF and from 4.2 to 3.5 t ha
-1
year
-1
in the Cerrado. The annual
production is seasonal, with peaks in August and September. The accumulated litter
ranged from 6.2 to 9.6 t ha
-1
year
-1
in the SF and from 7.8 to 6.9 t ha
-1
year
-1
in the
Cerrado. The months with higher accumulation coincide with the rainy season in the SF;
whereas there was no seasonal trend in the Cerrado. SF decomposition rate (k) ranged
from 1 to 1.45 and it was 0.53 in the Cerrado. The average renewal time (T50%) for SF
ranged from 5.8 to 8.5 months and from 15.9 to 16.2 months for the Cerrado.
Macronutrient concentrations follow the descending order Ca>N>K>Mg>S>P and
N>Ca>K>Mg>S>P for SF and Cerrado respectively, being lower in the Cerrado.
Keywords: Tropical Semideciduous Forest, Cerrado, forest soils, relationship soil x
vegetation, multivariate analyses, litter.
12
CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS
1. INTRODUÇÃO
As florestas do interior do Estado de São Paulo, classificadas como Florestas
Estacionais Semideciduais – FES (VELOSO et al., 1991),
ocuparam extensas áreas em
um passado recente. As FES são caracteristicamente descontínuas, entremeadas, em
alguns trechos, por cerrados, campos rupestres e matas ciliares. Ocorrem em áreas de
clima e solo variados, porém com a constância climática de invernos secos e frios e
verões úmidos e quentes. São também sazonais, com um período de perda de folhas
nos meses mais frios (LEITÃO FILHO, 1982). Esse tipo de formação florestal é
razoavelmente bem estudado em algumas regiões do Estado e, nas últimas décadas,
foram desenvolvidos vários estudos florísticos e fitossociológicos (CESAR & LEITÃO
FILHO, 1990; MARTINS, 1993; GANDOLFI et al., 1995; GABRIEL, 1997, entre outros).
De acordo com RODRIGUES & SHEPHERD (1992), os primeiros
levantamentos florísticos e fitossociológicos eram principalmente descritivos, fazendo
uma reprodução fotográfica da vegetação no momento da execução do trabalho.
Posteriormente, começaram a correlacionar características florísticas, fisionômicas e
estruturais com fatores abióticos como solo, topografia, clima, e também fatores
bióticos, como produção e decomposição, histórico de perturbação, estádio sucessional
e fenologia (DE VUONO 1985; BERTONI & MARTINS, 1987; PAGANO et al. 1987;
MATTHES et al., 1988; MORELLATO et al., 1989; RODRIGUES et al., 1989;
GANDOLFI et al., 1995; GABRIEL, 1997).
Ocorre heterogeneidade florística e estrutural nas formações florestais do Estado
de São Paulo, principalmente por causa das variações de clima e solo (LEITÃO FILHO,
1982). LIEBERMAN et al. (1985) afirmaram que, dentro de cada micro-região climática,
fatores como altitude, propriedades químicas dos solos, topografia e outros podem
desempenhar papel importante na determinação florística e fitossociológica. Trabalhos
recentes têm considerado esses aspectos como condicionantes da distribuição das
13
espécies vegetais em diferentes formações (RODRIGUES, 1991; SCHIAVINI, 1992;
OLIVEIRA FILHO et al., 1994a; RUGGIERO et al., 2002).
De acordo com AB’SABER (1968), no extremo nordeste do Estado de São
Paulo, as características de fragmentação natural das FES são ainda mais acentuadas
pelo fato de situarem-se geograficamente em uma zona de transição ou de contato
entre o domínio dos chapadões florestados do Planalto Ocidental Paulista e os
chapadões revestidos de Cerrado do Triângulo Mineiro e Goiás. Esse autor descreve a
região como um "mosaico cerrado-mata".
As áreas de Cerrado no Estado de São Paulo aparecem na forma de manchas,
sendo mais contínuas em uma faixa que corta o Estado de norte a sul em sua porção
central, coincidindo, aproximadamente, com a região fisiográfica da Depressão
Periférica (GALVÃO, 1997).
BRITO (1997) relatou que essas manchas de Cerrado cobriam 14% do território
paulista e, atualmente, há menos de 4%. De acordo com DIAS (1994), essas áreas de
Cerrado estão pouco conservadas e localizadas em pequenos fragmentos ilhados,
resultantes da expansão das monoculturas e pastoreio. Assim, apresentam tamanhos
insuficientes para proteger a sua biodiversidade.
O ritmo de devastação da cobertura vegetal do Estado de São Paulo foi,
obviamente, muito maior que o ritmo de estudos e preservação, o que levou a grandes
perdas em relação ao conhecimento e à utilização racional dessas áreas. As áreas
remanescentes podem, entretanto, fornecer importantes informações sobre a cobertura
vegetal original do Estado e devem ser preservadas como bancos genéticos e
referências para reflorestamentos e reconstituição do patrimônio natural perdido.
Um dos maiores remanescentes de FES do nordeste do Estado de São Paulo,
contínuo com áreas de Cerrado, encontra-se na Fazenda Santa Cecília, município de
Patrocínio Paulista. O presente estudo foi desenvolvido em trechos desses
remanescentes, visando a contribuir com informações sobre a distribuição de FES e
Cerrado do interior do Estado.
14
2. OBJETIVOS
O presente estudo teve por objetivo avaliar as relações de atributos químicos e
físicos do solo mineral e da serapilheira com a distribuição das principais espécies
arbóreas, dentro e entre os diferentes tipos de vegetação dos remanescentes de
Floresta Estacional Semidecidual e de Cerrado da Fazenda Santa Cecília. Para isso
foram feitas as seguintes determinações:
- tipos de solos e as características físico-químicas dos solos;
- curvas de retenção de água e a variação sazonal da umidade ao longo dos
perfis dos solos;
- produção, aspectos da decomposição de serapilheira e a contribuição desta
última para o retorno de macronutrientes para o solo.
15
3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 Localização da área e relevo
A área referente ao presente estudo localiza-se na Fazenda Santa Cecília, em
Patrocínio Paulista, SP, no nordeste do Estado de São Paulo, Brasil, nas coordenadas
20
o
46’12” S e 47
o
14’ 24” W, com altitudes 775 e 836 m (Figura1).
O município de Patrocínio Paulista situa-se na província fisiográfica das Cuestas
Basálticas, precisamente na Depressão Monoclinal de Patrocínio Paulista, embutida
entre os planaltos de Franca e as elevações mineiras, parte oriental da Bacia
Sedimentar do Alto Paraná (VIEIRA, 1985).
O município é drenado por duas bacias hidrográficas que confluem com o rio
Sapucaí. Pela margem direita, a bacia do rio Esmeril e a do rio Santa Bárbara, segunda
maior bacia do nordeste paulista, que tem o rio Potreiro como um de seus principais
afluentes, e drena os municípios de Franca, Patrocínio Paulista, Itirapuã, entre outros
(VIEIRA, 1985).
3.2 Clima
O município de Patrocínio Paulista apresenta índices pluviométricos anuais entre
1300 e 1500 mm nas partes mais elevadas do relevo e, nas áreas dos vales dos rios
principais, entre 1200 e 1300 mm, e as temperaturas médias variam de 17
o
a 23
0
C
(VIEIRA, 1985). .
O clima, segundo a classificação de Köppen, é tipo Cwb (mesotérmico úmido de
altitude) nas partes mais elevadas e Cwa (mesotérmico úmido) nas partes mais baixas.
Ocorrem duas estações bem definidas, uma estação quente e chuvosa no verão, de
outubro a março, e outra fria e seca no inverno, de abril a setembro (VIEIRA, 1985). No
inverno, quando há maior permanência da massa de ar Tropical Atlântica sobre o
município, ocorre o deslocamento da massa de ar Polar Atlântica para o sul, e o tempo
fica relativamente quente. Quando o ar polar permanece, aparecem “ondas de frio”
acompanhadas de geadas por três a quatro dias no ano, sendo a geada negra ou de
vento a que afeta as encostas, e a geada branca, a que age nas áreas baixas, próximas
16
aos cursos d’água (VIEIRA, 1985). No verão, além da ação da massa de ar Tropical
Atlântica, que proporciona fortes aguaceiros, com trovoadas e chuvas convectivas, duas
correntes penetram no município de Patrocínio Paulista, pelo noroeste: a massa de ar
Equatorial Continental e a Tropical Continental, que elevam as temperaturas e
aumentam a umidade. Ainda no verão, podem ocorrer incursões da Frente Polar, que
vêm do Sul, ocasionando rápidos abaixamentos da temperatura e chuvas. Há grande
incidência de precipitações de granizo nos meses de primavera e verão, que podem
somar 60 por ano, especialmente nas áreas mais altas (VIEIRA, 1985).
Figura 1. Localização da fazenda Santa Cecília, no município de Patrocínio
Paulista, região nordeste do Estado de São Paulo, contendo coordenadas
aproximadas e municípios de fronteira.
17
3.3. Geologia
De acordo com VIEIRA (1985), a camada sedimentar mais antiga que aflora no
município de Patrocínio Paulista chama-se Formação Pirambóia, originada entre os
períodos Jurássico e Triássico, há 230 milhões de anos, com cotas altimétricas
variando de 680 m a sudeste e 1000 m a nordeste. A Formação Botucatu está exposta
numa faixa contínua, às fraldas da serra de Franca e em suas escarpas, cobrindo a
Formação Pirambóia. Uma extensa soleira de diabásio (Formação Serra Geral) está
associada à Formação Pirambóia, consolidando-se sob uma camada arenítica,
tornando-se difícil identificar o contato entre as duas formações, por se encontrarem
recobertas por coluviões e talus. Na região em questão, ocorrem numerosas falhas,
algumas com pontos diamantíferos. Esta soleira aflora ao longo dos cursos d’água, e a
fazenda Santa Cecília aloja-se sobre estes terrenos. O Grupo Bauru, composto de
arenitos de granulação diversificada e basalto, está presente no topo das serras do
município.
3.4 Fauna
POZZA (2002) identificou 173 espécies de aves na fazenda, entre elas,
Sarcoramphus papa (urubu-rei), Aratinga auricapilla (periquito-jandaia), Amazona
aestiva (papagaio-verdadeiro), Anthilophia galeata (soldadinho), Saltator atricollis (bico-
de-pimenta) e Pulsatrix perspicillata (coruja-murucututu), todas ameaçadas de extinção
no Estado de São Paulo.
Com relação aos mamíferos, o mesmo autor verificou a presença de Dasyprocta
azarae (cutia), Agouti paca (paca) e Herpailurus yagouaroundi (gato-mourisco),
espécies ameaçadas no Estado de São Paulo, Crysocylon brachyurus (lobo-guará) e
Leopardus pardalis (jaguatirica), ameaçadas de extinção no Brasil, e a presença
extremamente interessante das espécies Eira barbara (irara) e Mazama gouazoubira
(veado-mateiro), entre outras. Os répteis encontrados pelo autor foram: Boa constrictor
(jibóia), Bothrops moojeni (jararaca), Chironius bicarinatus (cobra-cipó), Oxyrophus
18
guibei (cobra-coral), Ameiva ameiva (lagarto-verde) e Tupinambis teguixim (lagarto-
teiú).
3.5 Caracterização dos remanescentes florestais
O remanescente de Floresta Estacional Semidecidual (FES) (VELOSO et al.
1991) ocorrente na área é um dos maiores da região, com 49 ha de mata primária,
preservada pelos proprietários. A mata é margeada, ao norte, por uma mancha
contínua de cerrado senso restrito e cerradões (COUTINHO, 1978; VELOSO et al.
1991), também mantidos praticamente sem intervenções humanas, como cortes
seletivos e fogo, há mais de quatro décadas. As manchas de Cerrado ocupam 98 ha.
Dentro da FES, ocorrem duas nascentes de água que contribuem para a formação do
Ribeirão do Potreiro, afluente do Sapucaí-mirim (Bacia Hidrográfica do Sapucaí-mirim/
Grande – FEHIDRO, SP). As atividades agropecuárias no entorno dos remanescentes,
no período do estudo, restringiam-se ao cultivo do café e à produção de leite.
Atualmente, áreas próximas estão sendo arrendadas para o cultivo de cana-de-açúcar.
4. DEMARCAÇÃO DA ÁREA DE AMOSTRAGEM
Por meio de caminhadas aleatórias por toda a área de estudo, assim como da
análise do mapa planialtimétrico da região, foi escolhida uma área da FES, contínua
com o Cerrado, para a demarcação de parcelas de estudo. Com o intuito de abranger o
provável gradiente de solos e de estrutura da comunidade vegetal, foi feito um transecto
pela FES, próximo à sede da Fazenda Santa Cecília, até o Cerrado adjacente ao norte
(Figura 2). Nesse transecto, foram demarcadas 110 parcelas de 10mx10m, agrupadas
em três blocos de 30 (Áreas A, B e C); 10 parcelas enfileiradas entre os blocos A e B
(Área AB) e outras 10 entre os blocos B e C (Área BC). Nessas áreas, foram estudados,
no presente trabalho, os tipos e perfis dos solos; umidades gravimétricas e curvas de
retenção de água; produção de serapilheira, aspectos da decomposição e retorno de
macronutrientes via serapilheira.
19
Figura 2. Remanescente de floresta Estacional Semidecidual (FES) e Cerrado
da Fazenda Santa Cecília, locação dos grupos de parcelas amostradas.
A - área de 0,3 ha em FES a, aproximadamente, 800 m de altitude; B -
área de 0,3 ha em (FES) a, aproximadamente, 825 m de altitude; C -
área de 0,3 ha em Cerrado a, aproximadamente, 835 m de altitude; A/B
- 0,1 ha entre as áreas A e B; B/C - 0,1 ha entre as áreas B e C.
20
Nessas parcelas, também foram levantadas as espécies arbóreas com PAP 15
cm, assim como seus parâmetros fitossociológicos, e feita a caracterização da
vegetação (TEIXEIRA, 2003). Os resultados da composição florística e da
fitossociologia das áreas A, B e C estão nas Tabelas 1, 2 e 3. Na área AB, foram
amostradas 32 espécies pertencentes a 16 famílias, sendo que três, Coussarea
contracta, Eryoteca gracilipes e Swetia fruticosa, ocorreram exclusivamente nessa área.
As outras espécies foram encontradas nas áreas de amostragem A, B e/ou B/C. Na
área BC, na transição entre as áreas B (FES) e C (Cerrado), foram amostradas 55
espécies distribuídas em 28 famílias. Dentre estas espécies, 42 ocorreram em uma ou
outra área demarcada no interior da FES. Das 13 espécies restantes, nove foram
exclusivas de BC, enquanto quatro espécies, Casearia sylvestris, Ocotea pulchella,
Virola sebifera e Zanthoxylum rhoifolium, ocorreram no Cerrado (área C) e são
consideradas iniciais ou pioneiras quando no interior de florestas.
Tabela 1. Parâmetros fitosociológicos das espécies da área A da Fazenda Santa
Cecília, município de Patrocínio Paulista, SP. N – número de indivíduos
amostrados, NA – número de parcelas em que a espécie foi amostrada, DR –
densidade relativa, DoR – dominância relativa, FR – freqüência relativa, VI –
valor de importância e VC – valor de cobertura.
Espécies N NA DR DoR FR VI VC
Micrandra elata
57 26 17.38 45.71 11.02 74.11 63.09
Morta 23 15 7.01 10.09 6.36 23.46 17.10
Aspidosperma ramiflorum
14 10 4.27 6.08 4.24 14.58 10.34
Aspidosperma polyneuron
3 3 0.91 11.86 1.27 14.04 12.77
Eugenia pluriflora
23 15 7.01 0.63 6.36 14.00 7.64
Trichilia catigua
20 15 6.10 0.51 6.36 12.96 6.60
Senna multijuga
12 11 3.66 2.68 4.66 10.99 6.33
Croton piptocalyx
13 10 3.96 2.74 4.24 10.94 6.71
Trichilia claussenii
19 8 5.79 0.81 3.39 9.99 6.61
Astronium graveolens
4 4 1.22 3.47 1.69 6.39 4.69
Alseis floribunda
8 8 2.44 0.16 3.39 5.99 2.60
Eugenia ligustrina
9 7 2.74 0.19 2.97 5.90 2.93
Nectandra megapotamica
8 7 2.44 0.19 2.97 5.59 2.63
Zanthoxyllum acuminatum
7 6 2.13 0.76 2.54 5.44 2.90
Jaracatia spinosa
7 5 2.13 0.93 2.12 5.19 3.07
Continua ...
21
Tabela 1. Continuação
Espécies N NA DR DoR FR VI VC
Ixora gardneriana
7 5 2.13 0.39 2.12 4.64 2.52
Coutarea hexandra
6 6 1.83 0.17 2.54 4.54 2.00
Siphoneugena densiflora
7 4 2.13 0.14 1.69 3.97 2.27
Alchornea glandulosa
7 4 2.13 0.13 1.69 3.96 2.26
Myroxylon peruiferum
1 1 0.30 3.04 0.42 3.77 3.35
Casearia gossypiosperma
5 4 1.52 0.31 1.69 3.53 1.84
Ficus glabra
1 1 0.30 2.44 0.42 3.17 2.75
Chrysophyllum gonocarpum
4 4 1.22 0.16 1.69 3.07 1.37
Ixora venulosa
4 4 1.22 0.15 1.69 3.06 1.37
Cariniana legalis
4 4 1.22 0.10 1.69 3.01 1.32
Chorisia speciosa
1 1 0.30 2.23 0.42 2.96 2.54
Plinia cauliflora
3 3 0.91 0.71 1.27 2.90 1.63
Guarea kuntkiana
4 3 1.22 0.17 1.27 2.66 1.39
Inga edulis
2 2 0.61 0.96 0.85 2.42 1.57
Tapirira marchandii
2 2 0.61 0.86 0.85 2.32 1.47
Ocotea sp
3 3 0.91 0.12 1.27 2.31 1.03
Daphnopsis fasciculata
3 2 0.91 0.05 0.85 1.82 0.97
Trichilia pallida
3 2 0.91 0.05 0.85 1.81 0.96
Piper amalago
3 2
0.91 0.04 0.85 1.80 0.95
Holocalyx balansae
2 2 0.61
0.08 0.85 1.53 0.68
Mollinedia uleana
2 2 0.61
0.04 0.85 1.50 0.65
Bastardiopsis densiflora
2 2 0.61
0.03 0.85 1.49 0.64
Cariniana estrellensis
2 2 0.61
0.03 0.85 1.49 0.64
Eugenia sp
2 1 0,61
0,03 0,85 1,49 0,64
Diatenopteryx sorbifolia
2 1 0.61
0.04
0.42
1.07 0.65
Urera baccifera
1 1 0.30
0.11 0.42 0.84 0.42
Guazuma ulmifolia
1 1 0.30
0.11
0.42
0.42 0.41
Ocotea odorifera
1
1
0.30 0.07
0.42
0.80 0.37
Cryptocarya aschersoniana
1 1 0.30
0.06
0.42
0.79 0.37
Guarea macrophylla
1 1 0.30
0.05
0.42
0.78 0.36
Euterpe edulis
1 1 0.30
0.04
0.42
0.76 0.34
Calyptrantes sp
1 1 0.30
0.03
0.42
0.76 0.34
Piper arboreum
1 1 0.30
0.03
0.42
0.76 0.34
Psychotria astrellantha
1 1 0.30
0.02
0.42
0.75 0.33
Psychotria valthierii
1 1 0.30 0.02 0.42
0.75 0.32
Chomelia ribesioides
1 1 0.30 0.02 0.42
0.75 0.32
Guapira opposita
1 1 0.30 0.02 0.42
0.75 0.32
Cassia ferruginea
1 1 0.30 0.02 0.42
0.75 0.32
Prunus myrtifolia
1 1 0.30 0.02 0.42
0.75 0.32
Lonchocarpus cultratus
1 1 0.30 0.02 0.42
0.74 0.32
Styrax pohlii
1 1 0.30 0.01 0.42
0.74 0.32
Andira anthelmia
1 1 0.30 0.01 0.42
0.74 0.32
Rapanea umbellata
1 1 0.30 0.01 0.42
0.74 0.32
Zollernia ellicifolia
1 1 0.30 0.01 0.42
0.74 0.32
22
Tabela 2. Parâmetros fitossociológicos das espécies amostradas na área B de FES da
Fazenda Santa Cecília, município de Patrocínio Paulista, SP. N – número de
indivíduos amostrados, NA – número de parcelas em que a espécie foi
amostrada, DR – densidade relativa, DoR – dominância relativa, FR –
freqüência relativa, VI – valor de importância e VC – valor de cobertura.
Espécies N NA DR DoR FR VI VC
Urera baccifera
57 20 13.70 13.45 7.35 34.51 27.15
Croton piptocalyx
40 17 9.62 13.98 6.25 29.85 23.60
Ficus gomelleira
3 2 0.72 22.74 0.74 24.19 23.46
Guarea kunthiana
34 20 8.17 1.98 7.35 17.50 10.15
Guarea macrophylla
17 11 4.09 8.75 4.04 16.88 12.84
Morta 23 14 5.53 3.72 5.15 14.40 9.25
Euterpe edulis
26 13 6.25 2.32 4.78 13.35 8.57
Cabralea canjerana
14 11 3.37 4.42 4.04 11.83 7.79
Aspidosperma polyneuron
22 14 5.29 0.66 5.15 11.10 5.95
Nectandra megapotamica
15 11 3.61 2.40 4.04 10.05 6.01
Jaracatia spinosa
9 6 2.16 5.59 2.21 9.96 7.75
Cariniana legalis
15 10 3.61 0.63 3.68 7.91 4.23
Inga edulis
11 10 2.64 0.97 3.68 7.29 3.61
Astronium graveolens
9 8 2.16 1.23 2.94 6.33 3.39
Cariniana estrelensis
4 4 0.96 3.89 1.47 6.32 4.85
Eugenia sp
11 8 2.64 0.42 2.94 6.01 3.07
Alchornea glandulosa
8 6 1.92 0.96 2.21 5.09 2.88
Guarea guidonia
6 5 1.44 1.43 1.84 4.71 2.87
Trichilia catigua
7 6 1.68 0.32 2.21 4.20 2.00
Inga laurina
6 5 1.44 0.20 1.84 3.48 1.65
Eugenia pluriflora
5 5 1.20 0.15 1.84 3.20 1.36
Croton celtidifolius
2 2 0.48 1.62 0.74 2.83 2.10
Cecropia glaziovii
4 2 0.96 1.04 0.74 2.74 2.00
Styrax pohlli
4 4 0.96 0.27 1.47 2.70 1,23
Chrysophyllum gonocarpum
4 4 0.96 0.23 1.47 2.66 1.19
Micrandra elata
2 1 0.48 1.16 0.37 2.01 1.64
Piper amalago
3 3 0.72 0.05 1.10 1.88 0.78
Rollinea sylvatica
1 1 0.24 1.10 0.37 1.70 1.34
Acacia poliphylla
3 2 0.72 0.24 0.74 1.70 0.97
Ardisia glauciflora
3 2 0.72 0.19 0.74 1.65 0.91
Sciadodendron excelsum
2 2 0.48 0.30 0.74 1.52 0.78
Peltophorum dubium
2 2 0.48 0.20 0.74 1.41 0.68
Tetrochidium rubrivenium
2 2 0.48 0.18 0.74 1.39 0.66
Gallesia integrifolia
2 2 0.48 0.17 0.74 1.38 0.65
Sapium glandulatum
2 2 0.48 0.09 0.74 1.31 0.57
Cupania vernalis
2 2 0.48 0.08 0.74 1.30 0.56
Trichilia clausenii
2 2 0.48 0.08 0.74 1.29 0.56
Platycymus regnellii
2 2 0.48 0.06 0.74 1.28 0.54
continua ...
23
Tabela 2. Continuação
Espécies N NA DR DoR FR VI VC
Citronella paniculata
2 1 0.48 0.16 0.37 1.01 0.64
Allophylus edulis
1 1 0.24 0.32 0.37 0.93 0.56
Chorisia speciosa
2 1 0.48 0.07 0.37 0.92 0.55
Aspidosperma ramiflorum
2 1 0.48 0.06 0.37 0.91 0.54
Mangifera indica *
1 1 0.24 0.27 0.37 0.87 0.51
Enterolobium contortisiliquum
1 1 0.24 0.23 0.37 0.84 0.47
Cordia ecalyculata
1 1 0.24 0.20 0.37 0.80 0.44
Prunus myrtifolia
1 1 0.24 0.18 0.37 0.79 0.42
Ocotea odorifera
1 1 0.24 0.18 0.37 0.78 0,42
Cordia sellowiana
1 1 0.24 0.14 0.37 0.75 0.38
Ormosia arborea
1 1 0.24 0.11 0.37 0.72 0.35
Allophylus semidentatus
1 1 0.24 0.11 0.37 0.71 0.35
Brosimum guianense
1 1 0.24 0.09 0.37 0.69 0.33
Syagrus sp
1 1 0.24 0.08 0.37 0.68 0.32
Agonandra englerri
1 1 0.24 0.07 0.37 0.68 0.31
Piper arboreo
1 1 0.24 0.07 0.37 0.68 0.31
Matayba guianensis
1 1 0.24 0.07 0.37 0.67 0.31
Tapirira guianenses
1
1
0.24 0.06 0.37 0.67 0.30
Trichilia pallida
1
1
0.24 0.04 0.37 0.65 0.28
Trichilia hirta
1 1 0.24 0.04 0.37 0.65 0.28
Miconia pussiliflora
1 1 0.24 0.03 0.37 0.64 0.27
Solanum argenteum
1 1 0.24 0.03 0.37 0.64 0.27
Zollernia ilicifolia
1 1 0.24 0.03 0.37 0.64 0.27
Myrcia sp
1 1 0.24 0.03 0.37 0.64 0.27
Daphnopsis fasciculata
1 1 0.24 0.03 0.37 0.63 0.27
Ixora gardneriana
1 1 0.24 0.02 0.37 0.63 0.26
Siphoneugena densiflora
1 1 0.24 0.02 0.37 0.63 0.26
Cassia ferruginea
1 1 0.24 0.02 0.37 0.63 0.26
Chomelia ribesioides
1 1 0.24 0.02 0.37 0.62 0.26
* espécie exótica.
Tabela 3. Parâmetros fitossociológicos das espécies amostradas na área C de cerrado
da fazenda Santa Cecília, município de Patrocínio Paulista, SP. N – número
de indivíduos amostrados, NA – número de parcelas em que a espécie foi
amostrada, DR – densidade relativa, DoR – dominância relativa, FR –
freqüência relativa, VI – valor de importância e VC – valor de cobertura.
Espécies N NA DR DoR FR VI VC
Qualea grandiflora
127 28 24,85 27,90 9,62 62,38 52,75
Morta 45 22 8,81 9,33 7,56 25,70 18,14
Dalbergia miscolobium
42 26 8,22 5,09 8,93 22,24 13,31
Styrax camporum
37 20 7,24 7,75 6,87 21,86 14,99
Ocotea corymbosa
25 11 4,89 9,35 3,78 18,02 14,24
Qualea parviflora
28 15 5,48 4,34 5,15 14,97 9,82
Qualea multiflora
22 14 4,31 2,35 4,81 11,46 6,65
Bowdichia virgilioides
8 6 1,57 6,16 2,06 9,79 7,73
Qualea cordata
11 10 2,15 2,74 3,44 8,33 4,89
Myrcia rostrata
15 10 2,94 1,17 3,44 7,54 4,11
Continua ...
24
Tabela 3. Continuação
Espécies N NA DR DoR FR VI VC
Aegiphila lhotskiana
10 7 1,96 2,13 2,41 6,49 4,09
Virola sebifera
11 8 2,15 0,98 2,75 5,88 3,13
Myrcia bella
9 7 1,76 1,26 2,41 5,43 3,02
Ouratea spectabilis
8 7 1,57 1,35 2,41 5,32 2,92
Myrcia variabilis
9 8 1,76 0,60 2,75 5,11 2,36
Copaifera langsdorffii
4 4 0,78 2,66 1,37 4,82 3,44
Pterodon emarginatus
5 4 0,98 1,76 1,37 4,11 2,74
Acosmium subelegans
3 3 0,69 2,46 1,03 4,08 3,05
Dimorphandra mollis
5 4 0,98 1,31 1,37 3,66 2,29
Acosmium dasycarpum
6 5 1,17 0,47 1,72 3,36 1,64
Myrcia lasiantha
5 5 0,98 0,61 1,72 3,31 1,59
Sthyphnodendron
adstringens
5 5 0,98 0,61 1,72 3,30 1,59
Kielmeyera coriacea
5 4 0,98 0,85 1,37 3,20 1,83
Ocotea pulchella
5 5 0,98 0,35 1,72 3,04 1,33
Myrcia tomentosa
5 4 0,98 0,35 1,37 2,70 1,33
Byrsonima coccolobifolia
3 2 0,59 1,05 0,69 2,33 1,64
Gochnatia polymorpha
4 3 0,78 0,39 1,03 2,20 1,17
Kielmeyera variabilis
4 3 0,78 0,29 1,03 2,10 1,07
Byrsonima intermedia
4 3 0,78 0,27 1,03 2,08 1,05
Platypodium elegans
3 3 0,59 0,34 1,03 1,96 0,93
Annona crassiflora
3 3 0,59 0,21 1,03 1,83 0,80
Caryocar brasiliense
3 2 0,59 0,45 0,69 1,72 1,04
Rapanea guianensis
2 2 0,39 0,55 0,69 1,62 0,94
Tapirira guianensis
2 2
0,39 0,39 0,69 1,47 0,78
Erythroxylum suberosum
2 2 0,39
0,21 0,69 1,29 0,60
Erythroxylum tortuosum
2 2 0,39
0,15 0,69 1,23 0,54
Diospyros hispida
2 2 0,39
0,14 0,69 1,22 0,53
Xylopia aromatica
2 2 0,39
0,13 0,69 1,21 0,52
Miconia ligustroides
2 2 0,39
0,12
0,69
1,20 0,51
Xylopia sericea
2 2 0,39
0,10
0,69
1,18 0,50
Symplocos pubescens
2 1 0,39
0,15 0,34 0,89 0,54
Siparuna guianensis
2 1 0,39
0,14
0,34
0,87 0,53
Austroplenkia populnea
1 1 0,20
0,18
0,34
0,72 0,38
Alibertia sessilis
1 1 0,20
0,16
0,34
0,70 0,35
Machaerium villosum
1 1 0,20
0,10
0,34
0,64 0,30
Casearia sylvestris
1 1 0,20
0,90
0,34
0,63 0,29
Connarus suberosus
1 1 0,20
0,08
0,34
0,61 0,27
Styrax ferrugineus
1 1 0,20
0,07
0,34
0,61 0,26
Guapira noxia
1 1 0,20
0,06
0,34
0,61 0,26
Zanthoxylum rhoifolium
1 1 0,20
0,05
0,34
0,60 0,26
Miconia albicans
1 1 0,20 0,05 0,34
0,59 0,25
Tabebuia ochracea
1 1 0,20 0,05 0,34
0,59 0,25
Aspidosperma tomentosum
1 1 0,20 0,05 0,34
0,59 0,25
Bauhinia rufa
1 1 0,20 0,05 0,34
0,59 0,25
25
CAPÍTULO 2 – CARACTERIZAÇÃO EDÁFICA DOS REMANESCENTES
FLORESTAIS DA FAZENDA SANTA CECÍLIA
RESUMO – O presente estudo foi feito em um remanescente de Floresta Estacional
Semidecidual (FES) do extremo nordeste do Estado de São Paulo, ladeado por
Cerrado. Os remanescentes dispõem-se de modo a sugerir a ocorrência de um
gradiente de vegetação e de solos entre eles. Com o intuito de verificar a existência do
gradiente de solos, foi feita uma caracterização edáfica de trechos desses
remanescentes. A área estudada localiza-se na Fazenda Santa Cecília, em Patrocínio
Paulista (SP), nas coordenadas 20
o
46’12” S e 47
o
14’ 24” W. Foram demarcadas 110
parcelas de 10mx10m, distribuídas entre a FES e o Cerrado. Essas parcelas foram
agrupadas em três blocos de 30 (Áreas A, B e C); 10 parcelas enfileiradas entre os
blocos A e B (Área AB), e outras 10, entre os blocos B e C (Área BC). As descrições
dos perfis e tipos de solos foram feitas em trincheiras. Para as determinações dos
parâmetros físico-químicos dos solos, foram coletadas amostras simples, em cada
parcela, seguindo a distribuição diferenciada dos horizontes em cada solo. Na área de
Floresta Estacional Semidecidual, encontraram-se dois tipos de solos, Nitossolo
Vermelho Eutroférrico e Argissolo Vermelho-Amarelo, e o solo no Cerrado é Neossolo
Quartzarênico. Observou-se um gradiente de aumento de areia e de diminuição da
argila e do silte a partir da Área A até o bloco de parcelas C (área C). Os solos das
áreas A, AB e B são eutróficos, e na área BC e C, o solo é distrófico álico. A área BC
tem características edáficas intermediárias entre as áreas da FES e do Cerrado.
Palavras-chave: Floresta Estacional Semidecidual, Cerrado, solos florestais.
1. INTRODUÇÃO
Verifica-se, na literatura especializada recente, uma constante preocupação com
conservação e sustentabilidade de florestas nativas ou cultivadas, tanto em relação à
manutenção da biodiversidade quanto à obtenção de produtos florestais. Vários
autores, nos últimos anos, têm tentado decifrar a intricada complexidade de interações
entre as plantas e os fatores do meio físico e, mesmo, fatores biológicos que mantêm
as florestas de modo geral (RODRIGUES et al., 1989; GABRIEL, 1997;
SCHOENHOLTZ et al., 2000; RUGGIERO et al., 2002).
Dentre os vários fatores físicos das florestas, destacam-se os solos, com suas
diversas propriedades e conseqüentes múltiplas funções.
De acordo com SCHOENHOLTZ et al. (2000), o solo é a base ou a fundação da
floresta e, como tal, apresenta múltiplas funções. Tais funções são produzir biomassa;
26
manter a saúde e a produção animal; reciclar nutrientes; estocar carbono; promover a
infiltração e o armazenamento de água da chuva; tamponar a acidificação
antropogênica; remediar lixos humanos e excrementos animais, e regular as
transformações energéticas.
Ainda de acordo com esses autores, os solos têm sido degradados
mundialmente de diversas maneiras, por meio de processos erosivos, salinização,
compactação, esgotamento (depleção) da matéria orgânica e desequilíbrio no balanço
de nutrientes. Salientam que a manutenção da qualidade do solo e conseqüente
preservação das funções do solo são componentes cruciais do manejo florestal.
RANGER & TURPAULT (1999) consideraram que a fertilidade do solo, definida
como a soma dos fatores físicos, químicos e biológicos que caracterizam a produção de
biomassa, não é um recurso renovável. Assim, é preciso avaliar constantemente a
fertilidade do solo nos dois aspectos: em curto prazo, as reservas ou “pool” de
nutrientes diretamente disponíveis para as plantas, e, em longo prazo, os fluxos de
nutrientes provindos do solo mineral e dos depósitos atmosféricos.
No caso de florestas tropicais nativas, tratando-se de exploração racional ou
mesmo de conservação de estoques genéticos, conhece-se muito pouco sobre as
relações das propriedades dos solos com a vegetação, e os resultados obtidos não
foram compilados em uma revisão para que se possam entender os processos que
promovem a sustentabilidade das atividades exploratórias e conservacionistas.
As Florestas Estacionais Semideciduais do Estado de São Paulo ocorrem sobre
diferentes solos (GABRIEL,1997). Apresentam grande variação na sua estrutura
fitossociológica, que tem sido objeto de estudo na maioria dos trabalhos realizados
nessas áreas (TORRES et al., 1997, GABRIEL, 1997). De modo geral, os trabalhos
fazem uma caracterização geral dos solos, mas não correlacionam os solos com a
distribuição, a densidade ou qualquer parâmetro da vegetação.
Os solos sob os Cerrados também são bastante variados, embora as
informações a respeito da distribuição desses solos sejam fundamentadas,
principalmente, em levantamentos generalizados, sendo poucos os trabalhos realizados
em semidetalhe (MOTTA et al., 2002). Aproximadamente 90% dos solos sob Cerrado
27
são distróficos, ou seja, ácidos, com baixa fertilidade e altas concentrações de ferro e
alumínio (LOPES & COX, 1977; FURLEY & RATTER, 1988; Alho & Martins apud
JUHÁSZ, 2005). No entanto, somente alguns trabalhos têm descrito os solos sob os
Cerrados, com níveis de detalhamento e delineamento experimental de modo a permitir
análises de relações diretas entre as características dos solos e o crescimento e a
distribuição da vegetação (SILVA JÚNIOR et al., 1987; BATISTA, 1988; OLIVEIRA
FILHO et al., 1989; RUGGIERO et al., 2002; JUHÁSZ, 2005; AMORIM & BATALHA,
2006).
Os remanescentes de Floresta Estacional Semidecidual e de Cerrado da
Fazenda Santa Cecília, no nordeste do Estado de São Paulo, dispõem-se de modo a
sugerir a ocorrência de um gradiente de vegetação e de solos entre eles. Com o intuito
de verificar a existência do gradiente de solos, foi feita uma caracterização edáfica de
trechos desses remanescentes.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
2.1 Área de estudo
A área referente ao presente estudo localiza-se na Fazenda Santa Cecília, em
Patrocínio Paulista (SP), no nordeste do Estado de São Paulo, Brasil, nas coordenadas
20
o
46’12” S e 47
o
14’ 24” W, com altitudes de 775 a 836 m (Figura1, Capítulo 1).
2.2 Demarcação das áreas de amostragem
Utilizando-se do mapa planialtimétrico e do reconhecimento local dos
remanescentes da Fazenda Santa Cecília, foram alocados blocos de parcelas (áreas A,
B, AB, C e BC) para a caracterização edáfica (Capítulo 1, Figura 2).
Foram feitas tradagens exploratórias, com trado tubular de aço tipo Holandês,
por toda a área de estudo, para a determinação dos tipos de solos e a escolha dos
locais de abertura de trincheiras e coletas de amostras. Foi aberta uma trincheira de 1m
de largura por 1,5 m de profundidade na área A, outra na área B e mais uma na área C.
Nas trincheiras, foram feitas descrições morfológicas em cada perfil de solo, segundo
LEMOS & SANTOS (2002). Nas áreas AB e BC, não foram abertas trincheiras, por
28
apresentarem os mesmos tipos de solos encontrados nas áreas A e B. As unidades de
solo foram classificadas até o terceiro nível categórico, de acordo com o Sistema
Brasileiro de Classificação de Solos (EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA
AGROPECUÁRIA, 1999).
2.3 Determinação dos parâmetros físico-químicos
A determinação dos parâmetros físico-químicos foi feita por meio de coletas de
amostras simples, utilizando trado holandês, em cinco pontos aleatórios em cada bloco
de parcelas (áreas A, B, C, AB e BC). Seguindo a distribuição diferenciada dos
horizontes em cada solo, foram escolhidas diferentes profundidades para as
amostragens. Nos blocos A e AB, as amostras foram coletadas nas profundidades de 0-
20 cm, 20-40 cm, 40-60 cm, 70-90 cm e 100-120 cm. Nos blocos B e BC, nas
profundidades de 0-20 cm, 20-40 cm e 60-80 cm. No bloco C, nas profundidades de 0-
20 cm, 40-60 cm, 80-100 cm e 140-160 cm.
As amostras, acondicionadas em sacos de plástico, foram encaminhadas para o
laboratório do Departamento de Solos e Nutrição de Plantas da Escola Superior de
Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ-USP). Após secagem ao ar e conseqüente
obtenção da TFSA (Terra Fina Seca ao Ar), foram realizadas as seguintes análises:
granulometria, pelo Método do Densímetro (CAMARGO et al., 1986); pH em CaCl
2
(0,01M); teor de matéria orgânica (MO) oxidada por dicromato de potássio de H
2
SO
4
e
quantificada por colorimetria; teores de fósforo (P), de potássio (K), de cálcio (Ca) e de
magnésio (Mg), pelo Método de Resina trocadora de íons; alumínio trocável (Al),
extraído por KCl 1mol.L
-1
e determinado por titulação ácido-base; acidez potencial
(H+Al), pelo método do acetato de cálcio 1mol.L
-1
. Foram calculadas a saturação por
bases (V%), a saturação de alumínio (m%) e a capacidade de troca catiônica (T). Os
métodos analíticos seguiram os procedimentos descritos por RAIJ et al. (1987).
Para verificar as diferenças nas características químicas dos solos, realizou-se
uma análise de variância – ANOVA, com valores das cinco amostras coletadas em cada
área ou blocos de parcelas. A comparação entre as médias foi feita pelo teste de Tukey
29
(p<0,05) ou pelo teste T de Student (p<0,001). As análises foram feitas utilizando-se
dos programas STATISTICA (2004).
3. RESULTADOS
3.1 Solos
Na área de Floresta Estacional Semidecidual, encontram-se dois tipos de solos,
Nitossolo Vermelho Eutroférrico e Argissolo Vermelho-Amarelo. O solo do cerrado é
classificado como Neossolo Quartzarênico (EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA
AGROPECUÁRIA, 1999).
As áreas A e AB estão sobre Nitossolo Vermelho Eutroférrico (Terra Roxa
Estruturada, de acordo com CAMARGO et al. ,1987), com o seguinte perfil:
- Horizonte A: 0-20 cm; blocos subangulares pequenos, textura argilosa;
ligeiramente duro, friável, ligeiramente plástico e ligeiramente pegajoso;
- Horizonte BA: 20-37 cm; blocos subangulares médios a grandes,
moderados a fortes; textura argilosa; ligeiramente duro, friável, ligeiramente plástico
e ligeiramente pegajoso;
- Horizonte Bt: 72-90 cm; blocos subangulares médios a grandes,
moderados a fortes; textura argilosa; ligeiramente duro, friável, ligeiramente plástico
e ligeiramente pegajoso;
- Horizonte Bw: 90-120 cm; blocos subangulares médios, moderados a
fracos, que se desfazem em estrutura microgranular pequena e forte; textura
argilosa; ligeiramente duro, friável, ligeiramente plástico e ligeiramente pegajoso.
As áreas B e BC apresentam solo do tipo Argissolo Vermelho-Amarelo
(Podzólico Vermelho-Amarelo, de acordo com CAMARGO et al., 1987):
- Horizonte A: 0-16 cm; blocos subangulares médios, moderados; textura
areia/média; ligeiramente duro, friável, ligeiramente plástico e ligeiramente pegajoso;
- Horizonte E: 16-57 cm, blocos subangulares médios, moderados a fracos;
textura arenosa; solto, friável, ligeiramente plástico e ligeiramente pegajoso;
30
- Horizonte Bt: 57-86 cm; blocos subangulares médios, fortes; textura
argilosa; duro, firme, plástico e pegajoso;
- Horizonte C: 86 cm.
A área C apresenta solo Neossolo Quartzarênico (Areia Quartzosa, profundo,
com textura areia/média de acordo com CAMARGO et al., 1987) :
- Horizonte A: 0-15 cm; blocos subangulares médios, fracos; textura arenosa;
solto, muito friável, não plástico e não pegajoso;
- Horizonte C1: 15-120 cm; blocos subangulares médios, fracos; textura arenosa;
solto, muito friável, não plástico e não pegajoso;
- Horizonte C2: 120-200+ cm; blocos subangulares médios, moderados; textura
média; solto, muito friável, não plástico e não pegajoso.
Ocorre nesse bloco um gradiente suave entre o pacote arenoso e o argiloso
3.2 Parâmetros físicos dos solos
Ocorre um gradiente de aumento de areia total e de diminuição da argila e do
silte a partir do bloco de parcelas A (área A) até o bloco de parcelas C (área C). Os
parâmetros físicos dos solos estão representados na Figura 1.
A Área A apresenta as menores quantidades de areia total (34 a 22,8%) e os
maiores teores de argila (47,6 a 59,6%) e silte (18,4 a 17,6%) totais. A textura é argilosa
em todo o perfil, e ocorre aumento gradual de argila à medida que se aprofunda nos
horizontes. A Área AB apresenta textura de areia média a argilosa (textura argilo-
arenosa), com valores de areia total variando de 37% a 42% e argila, de 46% a 51%.
Os teores de silte variaram entre 13,2 a 9,0%, sendo maiores que nos Blocos B,
BC e C.
A textura na área B é média-arenosa, com valores de areia total variando de
69,2% a 75,0% e argila total, de 16,5 a 23%. Os teores de silte diminuem ainda mais,
variando de 10,4 a 7,2%.
31
Areia Total
Areia Total (%)
0 102030405060708090100
Profundidade (cm)
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
Bloco A
Bloco AB
Bloco B
Bloco BC
Bloco C
Argila Total
Argila Total (%)
0 102030405060708090100
Profundidade (cm)
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
Bloco A
Bloco AB
Bloco B
Bloco BC
Bloco C
Silte
SIlte (%)
0 102030405060708090100
Profundidade (cm)
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
Bloco A
Bloco AB
Bloco B
Bloco BC
Bloco C
Figura 1. Variação dos valores em porcentagem de argila , silte e areia ao longo dos
perfis dos solos nas Áreas A, AB, B, BC e C, nos remanescentes florestais da
Fazenda Santa Cecília , Patrocínio Paulista (SP).
A Área C apresenta textura arenosa, com 88% de areia total na profundidade de
0-20 cm e 84% a 160 cm. A argila total ao longo do perfil varia de 8,4 a 10,4%. Os
teores de silte variam de 3,6 a 4,8%. A argila e o silte aumentam à medida que se
aprofunda no perfil.
A análise das variâncias (ANOVA) dos valores totais de areia, silte e argila,
seguida do teste de Tukey (p<0,05), mostrou diferenças significativas entre as três
áreas, em todas as profundidades dos perfis de solo (Tabela 1).
32
Tabela 1. Comparações da granulometria nos horizontes diagnósticos dos solos das
áreas A, B e C, nos remanescentes da Fazenda Santa Cecília, Patrocínio
Paulista (SP). (ANOVA p<0,05; Tukey p<0,05)
Áreas Areia total (%) Silte Total (%) Argila Total (%)
A 0-20 cm 34,0 c 18,4 a 47,6 a
B 0-20 cm 75,2 b 8,4 b 16,4 b
C 0-20 cm 88,0 a 3,6 c 8,4 c
A 20-40 cm 31,2 c 14,8 a 54,0 a
B 20-40 cm 75,4 b 8,0 b 16,4 b
C 40-60 cm 87,2 a 4,4 c 8,4 c
A 40 – 60 cm 25,8 c 14,4 a 59,8 a
B 60 – 80 cm 69,2 b 7,2 b 23,6 b
C 80 – 100cm 86,0 a 4,0 b 10,0 b
Médias seguidas pela mesma letra, no sentido vertical, não diferem significativamente.
3.3 Parâmetros químicos dos solos
A acidez ativa do solo é representada pelo pH em soluções salinas com CaCl
2
.
Os valores de pH são mostrados na Figura 2. São mais altos na Área B, porém
próximos aos valores encontrados nas Áreas A e AB. O solo fica mais ácido na Área BC
e mais ainda, na Área C. Observa-se um caráter transicional entre as Áreas BC e C.
A matéria orgânica (Figura 2) ocorre em maiores quantidades nas Áreas A e AB,
de Nitossolo Vermelho Eutroférrico, diminui nas Áreas B e BC, de Argissolo Vermellho-
Amarelo, e na Área C, de Neossolo Quartzarênico. A quantidade de matéria orgânica
(MO) é, aproximadamente, a metade da que ocorre nos blocos da FES. Na Área C,
observa-se, novamente, a uniformidade de valores nos horizontes do perfil. Verifica-se
um gradiente de diminuição da MO a partir da Área A até a Área C.
Os teores de fósforo diminuem à medida que se aprofunda no perfil (Figura 2). A
Área AB apresenta os maiores valores de P. Entre as Áreas A e B, não há diferenças
significativas. Na área BC, os valores de fósforo são ainda mais baixos, evidenciando,
novamente, a transição para o solo mais pobre em nutrientes do Cerrado. Neste, os
valores de P são baixos e uniformes ao longo do perfil.
33
pH
pH
34567
Profundidade (cm)
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
Bloco A
Bloco AB
Bloco B
Bloco BC
Bloco C
Matéria Orgânica
Materia Orgânica (g/kg)
0 1020304050607080
Profundidade (cm)
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
Bloco A
Bloco AB
Bloco B
Bloco BC
Bloco C
Fósforo
P (mg/kg)
01234567891011121314151617181920
Profundidade (cm)
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
Bloco A
Bloco AB
Bloco B
Bloco BC
Bloco C
Figura 2. Valores de pH, Matéria Orgânica e Fósforo nas Áreas A, AB, B, BC e C, nos
remanescentes florestais da Fazenda Santa Cecília, Patrocínio Paulista (SP).
34
No perfil da área B, a profundidade de 40 cm do horizonte E apresentou os
menores valores de MO, pH e P. Este horizonte é o que apresenta textura arenosa,
enquanto o horizonte Bt, logo abaixo, tem textura argilosa.
Os teores de K e Mg nas Áreas A e B são próximos, porém os teores de Ca
aumentam na Área B (Tabelas 2, 3 e 4). A Área AB apresenta teores de K e Mg
maiores que os valores encontrados nas Áreas A e B. A Área BC apresenta metade dos
teores de K e Mg, e 1/3 dos teores de Ca que ocorrem nas outras áreas da FES.
Novamente, a Área BC mostra-se como intermediária ou transicional entre a FES e o
Cerrado.
A Área B apresenta o maior valor de soma de bases – S (94,38 mmolc.dm
3
).
Entretanto, a capacidade de troca catiônica – CTC (108,78 mmolc.dm
3
) é menor que na
área AB (123,18 mmolc.dm
3
) e também apresenta menores valores de saturação por
bases – V%. A Área AB apresenta maiores valores de S e CTC que a Área A, porém
apresenta o mesmo valor de saturação por bases (Figura 3).
De acordo com PRADO (1993), os solos as Áreas A, AB e B são eutróficos, por
apresentarem graus de saturação por bases acima de 50%. Na Área BC, os valores de
V% variam de 53,8 a 46,4% e, portanto, o solo é mais distrófico que os outros, dentro
da FES. Nessa Área, os valores de S variam de 46,4 a 16,9% e a CTC, de 78,8 a
36,7%.
A acidez potencial (H+Al) equivale ao teor de Al no solo mineral e indica o quanto
da capacidade de troca catiônica está ocupada por alumínio. Isso também pode ser
evidenciado pela saturação por alumínio - m% (LOPES, 1989). As áreas A e AB
apresentam pequenas quantidades de alumínio trocável, que diminuem muito na área B
(Tabelas 2, 3 e 4). Assim, as porcentagens de saturação por alumínio – m% são muito
baixas nas Áreas A e AB, e nulas no Bloco B. Aumentam significativamente na Área
BC, variando de 11,6% a 20 cm de profundidade até 15,2% a 80 cm, o que parece
indicar uma transição para o solo do Cerrado. No Cerrado, a saturação por alumínio é
superior a 50% nos horizontes mais superficiais e diminui com a profundidade.
35
Soma de Bases
Soma de Bases (mmol
c
kg
-1
)
0 50 100 150 200 250
Profundidade (cm)
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
Bloco A
Bloco AB
Bloco B
Bloco BC
Bloco C
V
V (%)
0 102030405060708090100
Profundidade (cm)
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
Bloco A
Bloco AB
Bloco B
Bloco BC
Bloco C
CTC
CTC (mmol
c
kg
-1
)
0 50 100 150 200 250
Profundidade (cm)
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
Bloco A
Bloco AB
Bloco B
Bloco BC
Bloco C
Figura 3. Variação dos valores de Soma de bases (S), Saturação por bases (V) e
Capacidade de troca catiônica (CTC) nas Áreas A, AB, B, BC e C, nos
remanescentes florestais da Fazenda Santa Cecília, Patrocínio Paulista (SP).
36
A área C apresenta valores muito baixos de S, T e V%, uniformes ao longo do
perfil, quando comparados com os blocos da FES. Esses valores aumentam um pouco
na profundidade de 160 cm. A profundidade de 160 cm apresenta melhores condições
de fertilidade que a de 20 cm, provavelmente porque os nutrientes são lixiviados e
tendem a se acumular nas profundidades maiores. Assim, o solo na área C é distrófico
álico.
Resumos dos parâmetros químicos e granulométricos dos solos estão descritos
nos Apêndices A e B.
As Tabelas 2, 3 e 4 mostram os resultados das análises das variâncias das
médias dos parâmetros químicos dos solos das áreas A, B e C. As diferenças das
variâncias (ANOVA) foram significativas (p<0,05%) para todas as características, nas
diferentes profundidades, com exceção do K nas maiores profundidades (Tabela 4).
Tabela 2. Comparações químicas dos solos das Àreas A, B e C, na profundidade 0-20
cm, da Fazenda Santa Cecília, Patrocínio Paulista (SP).
Profundidade pH M.O. P K Ca Mg Al H+Al SB T V m
CaCl
2
g dm
- 3
mg.dm
- 3
mmolc dm
- 3
%
Area A 5,3a 48,6a 9,2a 2,6a 50,6a 11,6a 0,2b 26,0a 64,8a 90,8a 69,8b 0,4b
Área B 5,7a 42,2a 9,6a 2,8a 80,2a 11,4a 0,0 b 14,4b 94,4a 108,8a 86,2a 0,0b
Área C 3,8b 20,4b 3,8 b 0,5b 1,0 b 1,0b 4,8a 30,6a 2,4b 33,06b 7,4c 56,8a
Médias seguidas pela mesma letra, no sentido vertical, não diferem significativamente a 0,05%, pelos
testes de Tukey e Student.
37
Tabela 3. Comparações químicas dos solos das Áreas A (profundidade de 20-40 cm), B
(profundidade de 20-40 cm) e C (profundidade de 40-60 cm), da Fazenda
Santa Cecília, Patrocínio Paulista (SP).
Profundidade pH M.O. P K Ca Mg Al H+Al SB T V m
CaCl
2
g dm
- 3
mg dm
- 3
mmolc dm
- 3
%
Área A 5,2a 39,6a 7,0a 2,1a 43,2a 9,8a 0,2b 25,2ab 55,1a 80,3a 64,1a 0,6b
Área B 5,3a 28,8b 7,4a 2,0a 57,2a 8,0 a 0,0 b 15,4b 67,2a 82,6a 80,0a 0,0b
Área C 3,82b 19,4 b 2,4 b 0,4b 1,0 b 1,0b 4,2a 29,0a 2,38b 31,38b 8,0b 3,2a
Médias seguidas pela mesma letra, no sentido vertical, não diferem significativamente a 0,05%, pelos
testes de Tukey e Student.
Tabela 4. Comparações químicas dos solos das Áreas A (profundidade de 40-60 cm), B
(profundidade de 60-80 cm) e C (profundidade de 80-100 cm), da Fazenda
Santa Cecília, Patrocínio Paulista (SP).
Profundidade pH M.O. P K Ca Mg Al H+Al SB T V m
CaCl
2
g dm
- 3
mg dm
- 3
mmolc dm
- 3
%
Área A 5,5a 29,2a 7,4a 2,26 38,2a 8,0a 0,2b 23,0a 48,4a 80,3a 63,2a 1,2b
Área B 5,8a 21,4b 8,0a 1,16 45,0a 8,0a 0,0b 15,4b 54,16a 82,6a 76,8a 0,0b
Área C 3,94b 16,4 b 2,2 b 0,3 1,0 b 1,0b 3,0a 22,0ab 2,30b 31,38b 9,4 b 56,4a
Médias seguidas pela mesma letra, no sentido vertical, não diferem significativamente a 0,05%, pelos
testes de Tukey e Student.
4. DISCUSSÃO
De acordo com REATTO et al. (1998), a Areia Quartzosa é a terceira classe mais
comum de solos ocorrentes em áreas de Cerrado. São, geralmente, solos profundos, de
38
textura arenosa a franco-arenosa, relacionados com sedimentos arenosos de cobertura
e com alteração de rochas quartzíticas e areníticas.
Os remanescentes de Floresta Estacional Semidecidual (FES) do Estado de São
Paulo ocorrem em diferentes tipos de solos, sendo a maioria Latossolos Vermelho-
Amarelos, fase rasa, distróficos ácidos ou álicos (RODRIGUES et al., 1989; GABRIEL,
1997; TORRES et al., 1997). Solos eutróficos sob FES, no Estado de São Paulo, foram
encontrados em Rio Claro – Latossolo Vermelho Amarelo, fase arenosa (PAGANO &
LEITÃO FILHO, 1987), Bauru – Latossolo Roxo e Latossolo Vermelho Escuro
(CAVASSAN et al., 1984) e Santa Rita do Passa-Quatro – Latossolo Roxo (MARTINS,
1993). Em remanescentes de FES no município de Anhembi (SP), o solo foi
classificado como Areia Quartzosa (ASSUMPÇÃO et al., 1982). Ocorrem também FES
sob solos litólicos (RODRIGUES, 1999).
GABRIEL (1997) fez uma excelente revisão dos estudos das formações florestais
do Estado de São Paulo, separando-os pelas cinco regiões fisiográficas: Planície
Litorânea, Planalto Atlântico, Depressão Periférica, Cuestas Basálticas e Planalto
Ocidental. Na região das Cuestas Basálticas, incluindo o próprio trabalho de Gabriel,
em um remanescente florestal de FES, situado próximo aos municípios de Anhembi e
Bofete (SP), quatro estudos foram feitos, e apenas este último abordou características
físico-químicas do solo. O solo da área em questão foi classificado com Latossolo
Vermelho Amarelo álico (LVa), A moderado, textura média. Apresentou altos teores de
areia (solo arenoso), é profundo, pobre em nutrientes e com alto teor de alumínio, o que
contrasta com a maior fertilidade encontrada nas áreas de FES da Fazenda Santa
Cecília.
Nas áreas da FES da Fazenda Santa Cecília, o teor de nutrientes seguiu o
padrão dos solos florestais, sendo mais elevados na camada superficial dos solos
minerais, imediatamente abaixo da serapilheira (IVANAUSKAS, 2002). Segundo
SPAROVEK & CAMARGO (1997), o elevado gradiente dos nutrientes em profundidade
nas Florestas Tropicais, com ocorrência de uma grande concentração imediatamente
abaixo da serapilheira acumulada, pode ser explicado pela pouca influência do solo
39
mineral no ciclo biológico dos nutrientes, sendo que estes são rapidamente absorvidos
pelas raízes nessa camada superficial.
As áreas de FES apresentam valores de pH altos quando comparadas a outras
áreas florestais tropicais, segundo SCHOENHOLTZ et al., 2000. Os autores salientaram
que o pH do solo influencia, simultaneamente, vários processos químicos e biológicos;
por isso, o pH é sempre determinado em análises de fertilidade dos solos.
Os solos da FES da Fazenda Santa Cecília apresentam níveis intermediários de
matéria orgânica. A matéria orgânica do solo ou o carbono orgânico do solo é,
comumente, reconhecido como a chave dos parâmetros qualitativos dos solos. Por
causa do seu papel na estabilidade da agregação, o carbono orgânico do solo influencia
a porosidade do solo, as reações de trocas gasosas e as relações hídricas. É uma parte
crítica do ciclo do carbono e uma receptora de nutrientes. A MO tem sido utilizada em
classes de porcentagens que indicam solos bons, médios e ruins. Apesar da
importância estrutural e funcional da MO na capacidade produtiva dos solos cultivados
e florestais, nenhuma relação quantitativa entre MO e a qualidade dos solos florestais
ou a produtividade florestal foi feita ou estabelecida (Nambiar, 1997, citado por
SCHOENHOLTZ et al., 2000).
Os teores de P diminuem das áreas de floresta em direção ao Cerrado. De
acordo com LOPES (1989), baixos teores de fósforo estão relacionados a com a acidez
do solo e, em solos com pH ácido, o fósforo trocável reage com o ferro, com o alumínio
e com o manganês, formando compostos insolúveis, indisponíveis para as plantas.
A fertilidade do solo depende, além das propriedades químicas do solo, dos
fatores físicos, da toxicidade e da profundidade dos solos. Acessar a composição
química é sempre importante, porém não se pode esquecer do papel da ciclagem dos
nutrientes (ciclos biogeoquímicos), da deposição de serapilheira e da decomposição da
matéria orgânica. A deposição e a decomposição da serapilheira são importantes ou
imprescindíveis em muitos solos, como repositoras de nutrientes (SCHOENHOLTZ et
al., 2000).
40
Aspectos da ciclagem de nutrientes nos remanescentes de FES e Cerrado da
Fazenda Santa Cecília são discutidos no Capítulo 5.
5. CONCLUSÕES
As análises físico-químicas dos solos dos remanescentes florestais da Fazenda
Santa Cecília caracterizam um gradiente de solos que ocorre dentro da Floresta
Estacional Semidecidual, com uma área de transição para o Cerrado, entre as cotas
altimétricas de 825 e 850 m (Bloco de parcelas ou Área BC).
Os solos dentro da Floresta Estacional Semidecidual são eutróficos, argilosos,
pouco ácidos, com pouco alumínio trocável. Dentro do Estado de São Paulo, esse
remanescente florestal é o único, até agora estudado, que ainda permanece sob solos
bastante férteis, Nitossolo Vermelho Eutroférrico e solo Argissolo Vermelho-Amarelo.
41
CAPÍTULO 3. DISPONIBILIDADE E DINÂMICA DA ÁGUA NOS SOLOS DOS
REMANESCENTES FLORESTAIS DA FAZENDA SANTA CECÍLIA
RESUMO O presente trabalho descreve aspectos da dinâmica da água ao longo dos
perfis dos solos em trechos contínuos de Floresta Estacional Semidecidual (FES) e
Cerrado, em remanescentes do nordeste do Estado de São Paulo. O intuito foi verificar
a ocorrência de um gradiente de umidade, possível condicionante da distribuição
desses tipos de vegetação. Foram coletadas amostras indeformadas de solo, em
cilindros metálicos de 100 cm
3
, para a obtenção das curvas de retenção de água.
Acompanhou-se a variação da água nos solos, por meio da medida da umidade
gravimétrica nas profundidades, seguindo a distribuição diferenciada dos horizontes em
cada solo, em dois trechos de FES (Áreas A e B) e em uma área de Cerrado (área C).
Esses valores de umidade foram contrastados com a precipitação durante 12 meses. A
umidade atual apresentou um pico sazonal, com os maiores valores de setembro a
março, e menores valores de abril a agosto. Chuvas esporádicas durante o período
seco aumentaram a umidade gravimétrica nos horizontes superficiais. Ocorre um
gradiente de diminuição da umidade atual e da capacidade de retenção de água nos
solos da FES em direção ao Cerrado. As curvas de retenção de água nas três áreas
estudadas na Fazenda Santa Cecília são características de solo argiloso (Área A), solo
argilo-arenoso (Área B) e solo arenoso (Área C). No Cerrado, a baixa retenção de água,
principalmente nas camadas superficiais, ao longo do ano, pode ser determinante da
existência de vegetação de Cerrado ao invés de Floresta Estacional Semidecidual.
Palavras–chave: Floresta Estacional Semidecidual, Cerrado, umidade do solo,
retenção de água.
1. INTRODUÇÃO
Uma fração importante da água que cai sobre a superfície do solo (precipitações,
água de irrigação) transita por este, por meio dos processos de infiltração,
redistribuição, evaporação e drenagem. Assim, o solo é um compartimento essencial do
ciclo da água (COOPER, 1999).
O solo opera como um reservatório de água, fornecendo-a para as plantas, na
medida das suas necessidades. Como a recarga natural (precipitação) deste
reservatório é descontínua, o volume disponível para as plantas é variável e, com a
escassez de chuvas, as plantas podem exaurir as reservas de água no solo e atingir
42
estado de déficit hídrico (REICHARDT, 1985). O conhecimento do regime hídrico dos
solos sob florestas e de sua variação anual é muito importante, uma vez que o
crescimento de uma floresta é mais dependente da umidade do solo do que qualquer
outro fator do meio (LIMA, 1993).
Para a caracterização hidrodinâmica do solo, as propriedades de interesse são a
curva de retenção e o funcionamento físico-hídrico (COOPER, 1999). Essas
características podem ser quantificadas pela curva de retenção de água e por
levantamento da variação espaço-temporal da umidade do solo. Esta última pode ser
acessada por meio de medidas diretas das umidades gravimétricas ou por medidas do
potencial matricial, utilizando tensiometria, no perfil dos solos.
A dinâmica da água nos solos influencia a ocorrência de diferentes
fitofisionomias regionais e a própria distribuição das espécies, como tem sido
demonstrado por alguns estudos recentes. IVANAUSKAS (2002) caracterizou a
variação da umidade do solo em um trecho florestal de interflúvio, na bacia do Alto
Xingu, no município de Gaúcha do Norte (MT). A autora discutiu a classificação
fisionômica das florestas do sul da Amazônia, sugerindo a inclusão dessas florestas no
sistema de classificação brasileiro como Floresta Estacional Perenifólia, e não,
Semidecidual, sugerindo também que sejam feitos mais estudos sobre a hidrodinâmica
dos solos da região, para que se possa entender melhor a distribuição das formações
florestais. RODRIGUES (1991), SCHIAVINI (1992), VAN DER BERG & OLIVEIRA
FILHO (1999) e SOUZA et al. (2003) discutiram a distribuição das espécies em matas
ciliares do sudeste do Brasil. Esses estudos demonstraram as variações significativas
da fertilidade dos solos, de acordo com o relevo, porém sugerem que o regime de água
parece ser o principal fator de distribuição das espécies arbóreas nas formações
florestais ciliares.
A Fazenda Santa Cecília possui um dos maiores remanescentes de Floresta
Estacional Semidecidual contíguo com áreas de Cerrado do extremo nordeste do
Estado de São Paulo. Esses remanescentes ocorrem lado a lado, sugerindo a
ocorrência de um gradiente de vegetação e de solos. O presente trabalho descreve
43
aspectos da dinâmica da água ao longo dos perfis dos solos em trechos contínuos de
Floresta e Cerrado, com o intuito de verificar a ocorrência de um gradiente de umidade,
possível condicionante da distribuição desses tipos de vegetação.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
2.1 Área de estudo
A Fazenda Santa Cecília localiza-se no município de Patrocínio Paulista, no
nordeste do Estado de São Paulo, Brasil, nas coordenadas 20
o
46’12” S e 47
o
14’ 24”
W, com altitudes 775 a 836 m (Figura 1, Capítulo 1).
2.2 Variação sazonal da água nos solos
Acompanhou-se a variação sazonal da água nos solos, por meio da medida da
umidade gravimétrica, nas profundidades descritas para cada tipo de solo das áreas de
estudo A, B e C (Figura 2, Capítulo 1). Na área A, as amostras foram coletadas nas
profundidades de 0-20 cm, 20-40 cm, 40-60 cm, 70-90 cm e 100-120 cm. Na área B,
nas profundidades de 0-20 cm, 20-40 cm e 60-80 cm. Na área C, nas profundidades de
0-20 cm, 40-60 cm, 80-100 cm e 140-160 cm.
Coletas quinzenais de amostras simples de solos, nas diferentes profundidades,
foram realizadas durante 12 meses, de outubro de 1999 a setembro de 2000. Em cada
área de estudo, foram coletadas cinco amostras simples, aleatoriamente, com o auxílio
de trado holandês; as amostras foram acondicionadas em sacos de plástico e levadas
para o Laboratório de Estudos Ambientais da Universidade de Franca, em Franca (SP).
Foram determinadas as massas do material úmido de cada amostra, em balança
analítica, e, após secagem em estufa a 105
o
C por 48 h, obtidos os valores de massa do
material seco. Calcularam-se, então, as umidades à base de massa ou gravimétricas
por horizonte, em cada área, de acordo com a EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA
AGROPECUÁRIA (1997). O conteúdo de água é obtido dividindo-se a diferença entre a
massa de solo úmido e a massa de solo seco pela massa de solo seco. Obtém-se a
umidade gravimétrica em gramas de água por gramas de solo (g/g).
44
Os valores de umidade atual obtidos foram contrastados com a precipitação
diária, em milímetros, medida por um pluviômetro instalado na Fazenda Santa Cecília
pela Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL. Acompanharam-se, assim, as
respostas dos horizontes do solo às precipitações ao longo de um ano, descrevendo as
variações sazonais.
Foram calculadas a umidade média anual (Ume), a Umidade mínima (Umi) e a
Umidade máxima (Uma), para os horizontes A (0-20 cm) e horizontes diagnósticos Bt e
C (70-90 cm no Bloco A, 60-80 cm no Bloco B e 140-160 cm no Bloco C). Esses valores
foram submetidos à análise de variância, seguida do teste de Tukey, para verificação
das diferenças entre as áreas de estudo.
2.3 Curvas de retenção da água dos solo
A curva de retenção relaciona o conteúdo da água no solo com a energia
potencial matricial (Ψm), que é a força com que a água se encontra retida no espaço
poral do solo (COOPER, 1999).
Nas trincheiras de 1 m de largura por 1,5 m de profundidade, nas áreas A, B e C,
foram coletadas amostras indeformadas de solo, em cilindros metálicos de 100 cm
3
,
para a obtenção das curvas de retenção. Em cada profundidade descrita nos perfis dos
solos (Capítulo 2), foram coletados três cilindros, considerados estatisticamente como
repetições. Nas áreas AB e BC, não foram feitas coletas para a determinação da curva
de retenção de água, por apresentarem os mesmos tipos de solos encontrados nas
áreas A e B.
A determinação da umidade volumétrica e do potencial mátrico correspondente
foi realizada, e na fase de dessorção, nas amostras indeformadas, os potenciais
determinados foram 0,001; 0,003; 0,005; 0,008; 0,01; 0,033; 0,1; 0,5 e 1,5MPa. Na
obtenção dos potenciais mátricos, utilizaram-se câmaras de Richards (EMPRESA
BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA, 1997). Trata-se de uma câmara
metálica, desmontável, resistente a alta pressão, ligada à atmosfera por uma membrana
semipermeável. A montagem se faz colocando, no fundo da placa, uma tela metálica
45
para facilitar drenagem da água; depois, coloca-se a membrana semipermeável; sob
esta última, são colocados anéis de borracha para receber as amostras de terra, que
devem estar saturadas de água. Fechado o aparelho e aplicada pressão em seu
interior, a água da amostra atravessa a membrana e sai pelo dreno externo. A remoção
da água ocorre até o ponto de equilíbrio entre a pressão aplicada e a tensão com que
ela está retida, ou seja, o potencial matricial do solo.
3. RESULTADOS
3.1 Variação sazonal da água dos solos
De modo geral, a umidade apresenta um pico sazonal, com os maiores valores
de setembro a março, e menores valores de abril a agosto. Chuvas esporádicas durante
o período seco aumentam a umidade gravimétrica nos horizontes superficiais. Nos
horizontes mais profundos, ocorrem menores amplitudes de variação (Figura 1).
Na Área A, de Nitossolo Vermelho Eutroférrico e mais argiloso, ocorreram os
maiores valores de umidade na época chuvosa. A amplitude de variação de umidade
gravimétrica foi menor (0,18 a 0,33 g/g) e mais uniforme ao longo do perfil. A textura e a
estrutura descritas para esse solo (Capítulo 2) mostram grande uniformidade entre os
horizontes, o que pode estar associado a menor amplitude de variação da umidade no
perfil. Na Área B, com solo Argissolo Vermelho-Amarelo, a umidade mínima foi de 0,08
g/g e, nos meses mais chuvosos, atingiu 0,25 g/g. Nessa área, ocorreram as maiores
variações de umidade entre os horizontes. O horizonte A (0-16 cm de profundidade)
apresenta textura média argilosa, e o horizonte E (16-57 cm) tem textura arenosa;
assim, esses horizontes apresentam menor capacidade de retenção e, portanto,
maiores variações de umidade de acordo com o aumento ou diminuição da
precipitação. O horizonte Bt (60-80 cm) é argiloso e retém por mais tempo a água da
chuva. No Cerrado, com Neossolo Quartzarênico, a amplitude da umidade gravimétrica
ficou entre 0,04 e 0,15 g/g. Além desses baixos valores, há grande uniformidade de
valores de umidade ao longo do ano.
46
Figura 1. Variação da umidade atual ao longo de um ano, contrastada com a
precipitação, nas áreas A e B (Floresta Estacional Semidecidual) e C
(Cerrado), na Fazenda Santa Cecília, município de Patrocínio Paulista (SP).
Bloco A
Quinzenas
0 5 10 15 20 25
Umidade g/g
0.00
0.05
0.10
0.15
0.20
0.25
0.30
0.35
0.40
0.45
0.50
0.55
0.60
Dias
-15 0 15 30 45 60 75 90 105 120 135 150 165 180 195 210 225 240 255 270 285 300 315 330 345 360
Precipitação (mm)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
120
130
140
150
160
170
180
190
200
A Hor 0-20
Chuva
A Hor 20-40
A Hor 40-60
A Hor 70-90
A Hor 100-120
Bloco B
Quinzenas
0 5 10 15 20 25
Umidade g/g
0.00
0.05
0.10
0.15
0.20
0.25
0.30
0.35
0.40
0.45
0.50
0.55
0.60
Dias
-15 0 15 30 45 60 75 90 105 120 135 150 165 180 195 210 225 240 255 270 285 300 315 330 345 360
Precipitação (mm)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
120
130
140
150
160
170
180
190
200
B Hor 0-20
Chuva
B Hor 20-40
B Hor 60-80
Bloco C
Quinzenas
0 5 10 15 20 25
Umidade g/g
0.00
0.05
0.10
0.15
0.20
0.25
0.30
0.35
0.40
0.45
0.50
0.55
0.60
Dias
-15 0 15 30 45 60 75 90 105 120 135 150 165 180 195 210 225 240 255 270 285 300 315 330 345 360
Precipitação (mm)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
120
130
140
150
160
170
180
190
200
C Hor 0-20
Chuva
C Hor 40-60
C Hor 80-100
C Hor 140-160
47
Os valores de umidade atual medida para os solos nas áreas A, B e C da
Fazenda Santa Cecília estão resumidos na Tabela 1. As diferenças entre os valores de
umidade média, mínima e máxima foram significativas (ANOVA e Tukey p< 0,05) nas
profundidades estudadas.
Tabela 1. Valores médios da umidade dos solos sob Floresta Estacional Semidecidual
(áreas A e B) e Cerrado (C), nos remanescentes da Fazenda Santa Cecília,
município de Patrocínio Paulista (SP). Ume: umidade média; Umi: umidade
mínima; Umax: umidade máxima.
Umidade Área A
0-20cm
Área B
0-20cm
Área C
0-20cm
Área A
70-90cm
Área B
60-80cm
Área C
140-160cm
Ume 0,258 0,162 0,078 0,261 0,165 0,079
Umi 0,242 0,153 0,072 0,259 0,150 0,077
Umax 0,256 0,171 0,101 0,267 0,179 0,080
Observou-se, nas áreas estudadas, um gradiente de umidade, com maiores
valores de umidade atual na área A (800 m de altitude), valores menores na área B
(825 m de altitude) e mais baixos na área C (Cerrado a 835 m de altitude).
3.2 Curvas de retenção de água dos solos
A Área A apresenta curvas de retenção de água menos acentuadas e uniformes
ao longo do perfil do solo (Figura 2). O ponto de saturação desse solo é 0,41 g/g, e o
ponto de murcha permanente é 0,20 g/g. Isso ocorre em todos os horizontes. Verifica-
se que os horizontes mais profundos retêm maior quantidade de água nos potenciais
mais baixos (0,001 a 0,01 MPa), provavelmente em decorrência dos maiores teores de
argila e dos menores teores de areia encontrados nos horizontes mais profundos. Há
um aumento considerável de argila à medida que se aprofunda no perfil. A capacidade
de retenção de água na área A é maior que na Área B, e o valor do PMP da Área A é o
valor de umidade a 0,01 MPA do da Área B. Na Área A, o ponto de saturação é de 0,37
g/g a 0,001 MPa e decresce rapidamente para 0,20 g/g a 0,01 MPA. O horizonte A
responde rapidamente às variações de precipitação, ganhando e perdendo água mais
48
rapidamente. Isso é evidenciado no gráfico de umidade e também, pela curva de
retenção. Nesta, verifica-se que a água é rapidamente drenada desse horizonte, à
medida que o potencial matricial (Ψm) torna-se mais negativo.
As maiores diferenças na forma das curvas de retenção entre os horizontes são
encontradas no Bloco B (Figura 2). O horizonte A, amostrado entre 0-20 cm, apresenta
um pronunciado gradiente de umidade entre os potenciais baixos e altos. Este horizonte
apresenta altos teores de areia e baixa porcentagem de argila. È o horizonte com
maiores valores de umidade nos potenciais altos (0,001 a 0,01MPa), porém com menor
capacidade de retenção de água nos potenciais altos (0,033 a 1,5MPa), quando
comparado com o horizonte Bt (60-80 cm).
Na Área B, o horizonte E também apresenta pronunciado gradiente de umidade
entre os potenciais baixos e altos, mas com valores sempre menores que os horizontes
A e Bt. O gradiente de umidade no horizonte Bt é menos pronunciado e com valores de
umidade intermediários entre A e E nos potenciais mais baixos e os maiores valores de
umidade nos potenciais altos (0,033 a 1,5MPa). Este horizonte é o que tem menores
teores de areia e maiores de argila, retendo, assim, maior quantidade de água. A água
do horizonte E parece drenar para o Bt, ficando aí retida por mais tempo. È importante
lembrar que, abaixo do horizonte Bt, já ocorre rocha. O ponto de saturação é diferente
para cada horizonte: 0,37 g/g no horizonte A; 0,27 g/g no horizonte E e 0,32 g/g no Bt.
No PMP, a umidade chega a 0,09 g/g no horizonte A; 0,07 g/g no horizonte E e 0,13 g/g
no horizonte Bt.
A Área C apresenta também grande uniformidade de retenção de água no seu
perfil (Figura 2). Há um gradiente brusco entre os potenciais altos e baixos. Nos
potenciais abaixo de 0,01, ocorre diminuição gradativa da umidade até,
aproximadamente, 0,04 g/g a 1,5 MPa, em todos os horizontes. Comparativamente, o
Bloco C apresenta os menores valores de retenção de água, sendo 0,25 g/g a umidade
de saturação e 0,04 g/g o PMP.
49
Bloco A
Potencial Matricial (pF)
01234
Umidade gravimetrica (g/g)
0.00
0.05
0.10
0.15
0.20
0.25
0.30
0.35
0.40
0.45
A 0-20cm
A 20-40cm
A 40-60cm
A 70-90cm
A 100-120cm
Bloco B
Potencial Matricial (pF)
01234
Umidade gravimetrica (g/g)
0.00
0.05
0.10
0.15
0.20
0.25
0.30
0.35
0.40
0.45
B 0-20cm
B 20-40cm
B 60-80cm
Bloco C
Potencial Matricial (pF)
01234
Umidade gravimetrica (g/g)
0.00
0.05
0.10
0.15
0.20
0.25
0.30
0.35
0.40
0.45
C 0-20cm
C 40-60cm
C 80-100cm
C 140-160cm
Figura 2. Curvas de retenção de água nas Áreas ou nos Blocos A e B (Floresta
Estacional Semidecidual) e C (Cerrado), na Fazenda Santa Cecília, município
de Patrocínio Paulista (SP).
50
4. DISCUSSÃO
Maiores amplitudes de variação da umidade gravimétrica nos horizontes
superficiais verificada nas áreas do presente estudo também foram encontradas por
LEITE et al. (1997). Os autores, estudando o efeito de diferentes tipos de cobertura
vegetal no regime hídrico do solo, verificaram que as maiores variações de umidade
ocorreram nas camadas superficiais, onde se concentra a maioria das raízes de
absorção.
JUHÁSZ (2005), estudando solos sob vegetação de Cerrado, verificou que o
comportamento físico-hídrico e a retenção de água nos solo são influenciados tanto
pela textura e estrutura dos solos, quanto pelos eventos pluviométricos. Também
verificou que, em superfície, nos cinco perfis estudados, a oscilação de umidade no solo
é muito freqüente, com os picos de umidade seguindo imediatamente cada evento
pluviométrico. O autor constatou que a umidade ao longo do ano sempre se mantém
em níveis baixos, inclusive na estação chuvosa. O mesmo pode ser verificado para a
área de Cerrado da Fazenda Santa Cecília. OLIVEIRA et al. (2005) sugeriram que a
zona de maior suprimento de água na época seca, no Cerrado, deve ser a das
camadas mais profundas do solo.
De acordo com REICHARDT (1987), muitos fatores afetam a retenção de água
em um solo, sendo a textura o principal. A textura determina, diretamente, a área de
contato entre as partículas sólidas e a água, e as proporções de poros de diferentes
tamanhos. A estrutura também afeta a retenção de água, pois determina o arranjo das
partículas e, conseqüentemente, a distribuição de poros.
VAN DER BERG & OLIVEIRA FILHO (1999) caracterizaram os solos de uma
Floresta Estacional Semidecidual Montana, a 920 m de altitude, que forma mata ciliar
na região de Lavras (MG), descrevendo um gradiente de diminuição de umidade atual
do solo (umidade média, umidade mínima e umidade máxima) desde a margem do rio
até o campo limpo (formação de Cerrado) que circunda a mata. Verificaram que o
conteúdo da água no solo durante o ano está relacionado com a topografia da área e
com o distanciamento do córrego. Os autores sugeriram que um dos fatores
governantes do limite entre a Floresta e o Campo é a umidade do solo, e que esta seria
51
determinante da distribuição da vegetação. Também verificaram que os teores menores
de argila ao longo do gradiente estão relacionados com os menores valores de
umidade.
JORGE & PRADO (1988), comparando os atributos porosidade e densidade
global com os parâmetros hídricos de quatro solos com diferentes usos, também
verificaram que a capacidade de retenção de água na Terra Roxa Estruturada
(Nitossolo Vermelho) foi 50% maior que nos solos Podzólicos Vermelho-Amarelos
(Argissolo Vermelho- Amarelo).
CENTURION et al. (1997), comparando métodos para a determinação da curva
de retenção de água em diferentes tipos de solos, concluíram que, independentemente
do método utilizado, ocorre maior retenção de água em solos com predomínio de
textura fina, confirmando a importância da fração argila. O Latossolo Roxo, textura
argilosa, apresentou valores de retenção de água próximos aos encontrados na área A
da Fazenda Santa Cecília. O solo Podzólico Vermelho-Amarelo, textura média, também
apresentou maiores variações de retenção de água nos diferentes horizontes e valores
próximos aos determinados para o Argissolo Vermelho-Amarelo da Fazenda Santa
Cecília.
CENTURION & ANDRIOLI (2000) comentaram que a água disponível, ou seja, a
porção de água presente no solo em condições de ser absorvida pelas raízes das
plantas, é considerada como o teor de água retida entre a capacidade de campo e o
ponto de murcha permanente. Fizeram uma caracterização hídrica dos solos do
Câmpus de Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias de Jaboticabal da
Universidade Estadual Paulista (Unesp), verificando que ocorre maior retenção de água
em solos com predominância de textura mais fina. Assim, a retenção de água, nas
tensões correspondentes à capacidade de campo e ao ponto de murcha permanente,
mostrou-se dependente das frações silte+argila.
52
5. CONCLUSÕES
Ocorre um gradiente de diminuição da umidade atual e da capacidade de
retenção de água nos solos da Floresta Estacional Semidecidual em direção ao
Cerrado.
Ocorrem os maiores valores de umidade atual e maior capacidade de retenção
de água na área A, com Nitossolo Vermelho Eutroférrico, na cota de altitude mais baixa
(800 m), valores menores na área B, com solo Argissolo Vermelho-Amarelo a 825 m de
altitude, e valores muito menores na área C, com Neossolo Quartzarênico a 835 m.
No Cerrado, a baixa retenção de água, principalmente nas camadas superficiais,
ao longo do ano, pode ser determinante da existência de vegetação de Cerrado ao
invés de Floresta Estacional Semidecidual.
53
CAPÍTULO 4 – RELAÇÕES ENTRE FATORES DOS SOLOS E AS ESPÉCIES
ARBÓREAS NOS REMANESCENTES FLORESTAIS DA FAZENDA SANTA CECÍLIA
RESUMO - Para evidenciar as relações entre os parâmetros físico-químicos do solo e a
distribuição das espécies vegetais em remanescentes de Floresta Estacional
Semidecidual (FES) e Cerrado no extremo nordeste do Estado de São Paulo, foram
feitas análises de agrupamentos, utilizando a distância euclidiana, como medida de
semelhança entre as amostras, e o método de Ward, como estratégia de agrupamento;
Análises de Componentes Principais (ACP) e mapas perceptuais obtidos por Análises
de Correspondências Múltiplas (ACP). Os resultados das análises multivariadas
mostraram que características de fertilidade do solo e a fração argila são relevantes
para a determinação do gradiente de vegetação que ocorre na transição entre a FES e
o Cerrado. Na ACP, a área de Cerrado separou-se das áreas de FES pela alta acidez
potencial (H+Al), no eixo CP1. Ocorre, também, discriminação entre as áreas A e B,
dentro da FES. A variabilidade responsável por essa discriminação (21,49%) ficou
retida em CP2 e caracterizada por maiores valores de pH, na área B, e matéria
orgânica (MO), argila e H+Al com maiores valores na área A. As análises de
correspondência mostraram que, no solo argiloso da área A, a distribuição das
principais espécies foi mais influenciada pelas variações dos valores de H+Al, pH,
teores de P, K e V. Na área B, as parcelas com maior fertilidade e com mais argila
separaram-se totalmente das parcelas com menor fertilidade e menos argila. Na área C,
os teores de Mg e argila foram os que mais se associaram às principais espécies,
seguidos de P e MO.
Palavras–chave: Floresta Estacional Semidecidual, Cerrado, relações solo x
vegetação, análises multivariadas.
1. INTRODUÇÃO
A vegetação nativa original do Estado de São Paulo, atualmente, encontra-se
muito fragmentada e ainda com fortes pressões de desmatamento, devido,
principalmente, à atual expansão da agroindústria de açúcar e álcool (RODRIGUES,
1991; DIAS, 1994; BRITO, 1997). Essa fragmentação confere certa fragilidade aos
remanescentes e mostra a urgente necessidade de se avaliar a diversidade biológica,
assim como compreender a organização espacial da comunidade em resposta às
variações do ambiente, para subsidiar medidas de conservação e, mesmo, recuperação
de áreas degradadas
54
Os remanescentes de Florestas Estacionais Semideciduais (FES) do interior do
Estado de São Paulo apresentam-se caracteristicamente entremeados, em alguns
trechos, por cerrados, campos rupestres e matas ciliares. Os limites entre essas
diferentes fitofisionomias são, muitas vezes, abruptos e só recentemente estudados por
alguns autores.
No Estado de São Paulo, RODRIGUES (1991), em um estudo sobre a vegetação
às margens do Rio Passa Cinco, em Ipeúna, identificou as características edáficas do
sítio de estudo como importantes para a compreensão do gradiente vegetacional
presente na área. Aplicando métodos de correlação entre espécies, variáveis físico-
químicas do solo e variações anuais da profundidade do lençol freático, verificou a
ocorrência de uma distribuição diferenciada das espécies em função desses parâmetros
ambientais.
RUGGIERO et al. (2002) fez um levantamento de fatores do solo, relacionando-
nos com as fitofisionomias de Cerrado e de florestas existentes na gleba Cerrado Pé-
de-gigante, do Parque Estadual de Vassununga, no interior do Estado de São Paulo.
Concluiu que as fisionomias de Cerrado não foram separadas entre si pelas análises
multivariadas, tanto por meio de dados do solo quanto de dados de densidade absoluta
das espécies. No entanto, quando consideradas juntas, constituindo o Cerrado sensu
lato, podem facilmente ser separadas das fisionomias florestais, estando esta
separação associada à variação de algumas características do solo, principalmente a
maiores valores de saturação por alumínio. As florestas ripárias parecem estar
associadas a maiores teores de fósforo no solo, e a floresta estacional semidecídua
apresentou-se mais associada a maiores porcentagens de argila e maiores teores de
bases.
JUHÁSZ (2005) fez uma excelente caracterização da morfologia e de
propriedades físico-hídricas dos solos sob Cerrado na Estação Experimental de Assis,
SP. O autor fez uma boa revisão dos trabalhos que investigam as relações solo-
vegetação no Cerrado, e os resultados obtidos poderão ser diretamente
correlacionados com a distribuição das espécies ocorrentes na área.
55
Próximo à divisa entre os Estados de São Paulo de Minas Gerais, na região do
médio e alto Rio Grande, têm sido realizados trabalhos importantíssimos, que
determinam as correlações entre as espécies, fitofisionomias de matas ciliares, cerrado
e campos com as variáveis ambientais, como fatores físico-químicos dos solos,
drenagem, topografia e outros (OLIVEIRA FILHO et al., 1994 a, b c, d; VAN DER BERG
& OLIVEIRA FILHO, 1999; BOTREL et al., 2002; SOUZA, et al., 2003).
Um dos maiores remanescentes de FES no extremo nordeste do Estado de São
Paulo encontra-se na fazenda Santa Cecília, no município de Patrocínio Paulista (SP),
sendo a FES ladeada por Cerrados (cerrado senso restrito e cerradões). Essas duas
formações apresentam bom estado de conservação e ocorrem lado a lado, com um
limite abrupto entre elas.
Com base nessas considerações, o presente trabalho teve por objetivos verificar
as relações entre fatores do solo e a distribuição das espécies vegetais, no gradiente
entre FES e Cerrado remanescentes da Fazenda Santa Cecília.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
2.1 Área de estudo
Utilizaram-se, novamente, os trechos de Floresta Estacional Semidecidual (FES)
e de Cerrado demarcados para os estudos de caracterização florística, fitossociológica
e edáfica (capítulos 1, 2 e 3), na Fazenda Santa Cecília, em Patrocínio Paulista, SP.
2.2 Determinação dos parâmetros físico-químicos
A determinação dos parâmetros físico-químicos foram feitas por meio de coletas
de amostras simples, na profundidade de 0-20cm, em cada parcela de 10x10m, nas
áreas A, B, e C. As profundidades superficiais têm apresentado maiores correlações
com as espécies, por estarem diretamente abaixo do reservatório repositor de
nutrientes, que é a serapilheira (SILVA JÚNIOR et al., 1987; SPAROVEK & CAMARGO,
1997; RUGGIERO et al., 2000). As áreas AB e BC não foram consideradas nas
análises multivariadas, por apresentarem muitas características de fertilidade e
granulometria parecidas com as áreas A e/ou B. Em uma análise multivariada prévia,
56
utilizando os dados descritos nos capítulos 2 e 3, as parcelas misturam-se muito entre
as áreas A, AB, B e BC, o que dificulta a interpretação dos dados.
As amostras de solos, acondicionadas em sacos de plástico, foram
encaminhadas para os laboratórios de análise de solo da Faculdade de Ciências
Agrárias e Veterinárias (FCAV), Unesp, Jaboticabal (SP). As amostras, após secagem
ao ar e conseqüente obtenção da TFSA (Terra Fina Seca ao Ar), foram analisadas nos
seguintes aspectos: granulometria, pelo Método do Densímetro (CAMARGO et al.,
1986); pH em CaCl
2
(0,01M); teor de matéria orgânica (MO) oxidada por dicromato de
potássio de H
2
SO
4
e quantificada por colorimetria; teores de fósforo (P), de potássio
(K), de cálcio (Ca) e de magnésio (Mg), pelo Método de Resina trocadora de íons;
alumínio trocável (Al), extraído por KCl 1mol.l
-1
e determinado por titulação ácido-base;
acidez potencial (H+Al), pelo método do acetato de cálcio 1mol.l-1. Foram calculadas a
saturação por bases (V%), a saturação de alumínio (m%) e a capacidade de troca
catiônica (T). Os métodos analíticos seguiram os procedimentos descritos por RAIJ et
al. (1987).
Foi produzida uma matriz de dados com as seguintes características edáficas:
pH, MO, P, K, Ca, Mg, H+Al, SB, T, V, Al e fração Argila (Apêndice C). Após análise
preliminar, foram eliminadas as variáveis SB e Al, por serem redundantes com os teores
de bases e acidez potencial, respectivamente.
As densidade das espécies por parcela foram calculadas a partir da planilha de
dados obtidos no levantamento fitossociológico realizado nas áreas de estudo
(TEIXEIRA, 2003; TEIXEIRA et al., 2004). Foram incluídas na matriz somente as
espécies com oito ou mais indivíduos, pois espécies com números menores de
indivíduos aumentam o volume de cálculos sem, no entanto, influenciar
consideravelmente os resultados (GAUCH JR, 1982; VALENTIN, 2000). A matriz de
espécies e suas respectivas densidades está no Apêndice C.
2.3 Análises multivariadas
Com a finalidade de se verificarem as semelhanças edáficas entre as 90
parcelas amostradas nas áreas de FES e Cerrado, e se estas seguem algum padrão
57
coerente com o gradiente ambiental, foi realizada uma análise de agrupamentos,
utilizando a distância euclidiana como medida de semelhança e o método de Ward,
como algoritmo de ligação de grupos (WARD, 1963). O resultado é um dendrograma
com a classificação das parcelas em grupos, tendo máxima similaridade intragrupos e
máxima distância entre os grupos.
Análises de Componentes Principais (ACP) foram realizadas, com a matriz de
características do solo, para verificar os fatores de solos que mais influenciam a
classificação das parcelas. Esse é um método de ordenação e, como tal, consiste em
organizar as parcelas amostradas ao longo dos eixos correspondentes em relações
ordenadas, de forma a mostrar seus arranjos espaciais. Na análise, foi utilizada a matriz
de covariâncias das características de solo. Uma descrição detalhada desse método é
encontrada em HAIR et al. (1995).
Com o objetivo de relacionar a distribuição das densidades das principais
espécies, em cada área ou bloco de parcelas (A, B e C), com as variáveis de solo,
procedeu-se a uma outra ordenação por meio de Análise de Correspondência Múltipla
(ACM). De acordo com CUNHA JÚNIOR (2000), a Analise de Correspondência (AC),
nas suas versões bivariada ou multivariada, pode ser classificada no conjunto de
técnicas associadas a mapas perceptuais/intuitivos. Estes são uma representação
visual das percepções de objetos de um indivíduo em duas ou mais dimensões,
Normalmente, este mapa tem níveis opostos de dimensões nos extremos dos eixos X e
Y. Cada objeto tem, então, uma posição espacial perceptual refletindo a relativa
similaridade ou preferência em relação a outros objetos segundo as dimensões do
mapa perceptual (HAIR, et al, 1995). Ainda, de acordo com os autores citados, a AC
visa à redução de dados a serem analisados, para que se possa analisar um número
menor de variáveis simultaneamente, a partir de um espaço com dimensões reduzidas.
A representação gráfica produzida é a principal contribuição proveniente da CA, por sua
riqueza de informações e facilidade de interpretação. A Análise de Correspondência
Múltipla (ACM) possui a propriedade de representar, num mesmo gráfico, as categorias
de variáveis e os indivíduos que compõem a amostra, permitindo que sejam criadas
58
medidas de similaridade ou proximidades a partir da distância euclidiana entre os
indivíduos (CUNHA JÚNIOR, 2000).
A matriz de dados utilizada na ACM foi feita com os dados de solo e espécies
separados em faixas, para facilitar a análise e a interpretação.
As análises de classificação e ordenação citadas foram feitas por meio do
programa STATISTICA (2004).
Tanto a análise de componentes principais como a Análise de Correspondência
Múltipla são construídas a partir dos autovalores da matriz de covariância dos dados e
expressam a quantidade da variabilidade original retida em cada autovetor
(componentes principais).
3. RESULTADOS
3.1 Análises de agrupamento
A classificação das parcelas das áreas A, B e C pelo método de Ward é
visualizada no dendrograma da Figura 1. Um primeiro corte ou separação determinou
dois grupos bastante dissimilares: um grupo com as parcelas do Cerrado (C) e outro
com as parcelas da FES (A e B). Dentro do grupo de FES, ocorre outra separação,
formando um grupo com a maioria (22 parcelas) da área B e outro, com a maioria (26
parcelas) da área A.
No gráfico de distribuição das amostras produzido pela ACP (Figura 2), o CP1
contrasta também as parcelas do Cerrado e da FES. Este eixo explica 75,27% da
variação original contida nas características dos solos. As parcelas do Cerrado
separam-se das parcelas da FES pela maior acidez potencial (H+Al). Todas as outras
características de solo apresentaram autovalores negativos (Tabela 1) e, portanto, são
relacionadas com as parcelas da FES.
59
CCCCCCCCCCC CCCCCCCCCCCCCCCCCCCB BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBAAAAAABBBAAAAAA AAAAAAAAAAAAABBBABBAAAA
0
20
40
60
80
100
120
140
160
distância euclidiana
Figura 1: Dendrograma produzido pela classificação hierárquica das parcelas pelo
método de Ward, das áreas A, B e C dos remanescentes florestais da Fazenda
Santa Cecília, Patrocínio Paulista (SP).
Figura 2: Análise de componentes principais – ACP das parcelas da área A, B e C dos
remanescentes florestais da Fazenda Santa Cecília, Patrocínio Paulista (SP).
60
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
B
B
B
B
B
B
B
B
B
B
B
B
B
B
B
BB
B
B
B
B
B
B
B
B
B
B
B
B
pH
M.O
H+Al
Arg
-2,5 -2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5
CP1- 54,06%
-1,2
-1,0
-0,8
-0,6
-0,4
-0,2
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
CP2 - 21,49%
Tabela 1: Importância de cada característica em cada componente principal na Análise
de Componentes Principais – ACP das parcelas da área A, B e C dos
remanescentes florestais da Fazenda Santa Cecília, Patrocínio Paulista (SP).
pH: Acidez em CaCl
2
; MO: Matéria orgânica; P: Fósforo, K: Potássio, Ca: Cálcio; Mg: Magnésio, H+Al:
Acidez potencial; SB: Soma de Bases; T: Capacidade de troca catiônica; V: Saturação por bases; Arg:
fração argila.
Considerando somente amostras das áreas A e B de FES em uma nova análise
de componentes principais, aparece também uma discriminação entre A e B, como
pode ser visualizada na Figura 3. A variabilidade responsável por essa discriminação
(21,49%) ficou retida em CP2 e caracterizada por maior presença de pH nas áreas B, e
MO, Arg e H+Al com maior presença nas áreas A.
Figura 3. Análise de Componentes Principais – ACP das parcelas da área A e B dos
remanescentes florestais da Fazenda Santa Cecília, Patrocínio Paulista (SP).
Eixos pH MO P K Ca Mg H+Al SB T V Arg
CP1 -0,89 -0,87 -0,92 -0,69 -0,95 -0,9 0,82 -0,97 -0,93 -0,94 -0,59
CP2 -0,38 0,35 0,21 -0,23 0,2 0,06 0,48 0,17 0,32 -0,28 -0,1
61
3.2 Análises de Correspondência Múltipla (ACM)
As espécies com densidades maiores ou iguais a oito indivíduos nas áreas A, B e
C foram identificadas por TEIXEIRA (2003) e são apresentadas nas Tabelas 1, 2 e 3 do
Capítulo 1.
Os diagramas de dispersão produzidos pela Análise de Correspondência Múltipla
– ACM (CUNHA JÚNIOR, 2000) permitem analisar as tendências das espécies a se
associarem a determinados parâmetros dos solos. Os atributos e espécies que
aparecem nos diagramas com as maiores distâncias entre os seus valores, e mais nos
extremos dos eixos X e Y, são os mais determinantes das variações dentro de cada
bloco ou área de parcelas. As contribuições à inércia (“eigenvalues” ou autovalores) de
cada categoria (atributo ou espécie) complementam a interpretação do gráfico,
permitindo a identificação de grupos a partir de uma ou mais dimensões. Quanto maior
a contribuição relativa (positiva ou negativa) de uma determinada categoria, mais
característica essa categoria será daquelas outras com elevada contribuição ao eixo.
Assim, dentro da área A, a acidez potencial (H+Al), o pH, os teores de fósforo
(P), de potássio (K) e a saturação por bases (V) são os mais determinantes da variação
(Figuras 4 e 5).
Micranda elata (mamoninha), na análise fitossociológica feita por TEIXEIRA
(2003), apresentou o maior número de indivíduos e maior valor de importância (VI), na
área A. Ocorre nas parcelas com até 2 indivíduos (com menores densidades),
associada aos menores teores de K e aos maiores valores de pH, de matéria orgânica
(MO), de fósforo (P), de cálcio (Ca), de magnésio (Mg) e de capacidade de troca
catiônica (T). Também tem tendência a associar-se com menor acidez potencial (H+Al).
No diagrama de dispersão, as maiores densidades da espécie (4-6 indivíduos por
parcela) formam um grupo com os menores valores de MO e T, embora as distâncias
entre esses fatores e a espécie sejam maiores do que o descrito para associação com
os maiores valores desses atributos. As densidades maiores também apresentam
tendência a se associar com o aumento dos teores de K. O percentual de informações
restituídas pelos eixos 1 e 2 do gráfico foi de 55,7%.
62
PH< 5 ,7
PH> 5, 7
MO<37
MO> 37
P<8
P>8
K<2,7
K>2,7
Ca<8 0
Ca>80
Mg<2 0
Mg>2 1
H+A l<24
H+A l>2 5
T<120
T>120
V<80
V>80
Arg<390
Arg>390
Eligus_0-2
Eligus_3-4
-2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5
Dimension 1; Eigenvalue: ,39848 (39,85% of Inertia)
-5
-4
-3
-2
-1
0
1
2
Dimension 2; Eigenvalue: ,14886 (14,89% of Inertia)
PH< 5,7
PH>5,7
MO<37
MO>37
P<8
P>8
K<2,7
K>2,7
Ca<80
Ca>80
Mg<20
Mg>21
H+Al<24
H+Al>25
T<120
T>120
V<80
V>80
Arg <390
Arg >390
Tclaus_0-3
Tclaus_4-6
-2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5
Dimensi on 1; Eig envalue: ,39848 (39,85% of Iner tia)
-2
-1
0
1
2
Dimension 2; Eigenvalue: ,14886 ( 14,89% of Inertia)
PH< 5 , 7
PH> 5, 7
MO<37
MO> 37
P<8
P>8
K<2,7
K>2,7
Ca<80
Ca>8 0
Mg<2 0
Mg>2 1
H+A l<24
H+A l>25
T<120
T>1 20
V<80
V>80
Arg<390
Arg>390
Smult_0-1
Smult_2-3
-2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5
Dimension 1; Eigenvalue: ,39747 (39,75% of Inertia)
-2,0
-1,5
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
Dimension 2; Eigenvalue: ,13880 (13,88% of Inertia)
PH< 5 , 7
PH> 5, 7
MO< 37
MO>37
P<8
P>8
K<2,7
K>2,7
Ca<80
Ca>8 0
Mg <2 0
Mg>2 1
H+A l<24
H+A l>25
T<120
T>120
V<80
V>80
Arg<390
Arg>390
Aramif_0-2
Aramif_3-4
-2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5
Dimension 1; Eigenvalue: ,39823 (39,82% of Inertia)
-2,5
-2,0
-1,5
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
1,5
Dimension 2; Eigenvalue: ,15880 (15,88% of Inertia)
PH< 5 , 7
PH> 5, 7
MO<37
MO> 37
P<8
P>8
K<2,7
K>2,7
Ca<80
Ca>8 0
Mg<2 0
Mg>2 1
H+A l<24
H+A l>25
T<120
T>1 20
V<80
V>80
Arg<390
Arg>390
Cpipt_0-2
Cpipt_3-4
-2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5
Dimension 1; Eigenvalue: ,39747 (39,75% of Inertia)
-2,0
-1,5
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
Dimension 2; Eigenvalue: ,13880 (13,88% of Inertia)
Figura 4. Análise de Correspondência Múltipla entre os fatores do solo e as principais
espécies da área A, nos remanescentes de FES da Fazenda Santa Cecília,
Patrocínio Paulista (SP). E ligs = Eugenia ligustrina; T claus = Trichilia claussenii; S
mult = Senna multijuga; A ramif = Aspidosperma ramiflorum; C pipt = Croton
piptocalyx.
63
PH< 5 ,7
PH> 5, 7
MO< 37
MO> 37
P<8
P>8
K<2,7
K>2,7
Ca<8 0
Ca>8 0
Mg<2 0
Mg>2 1
H+A l<24
H+A l>25
T<120
T>120
V<80
V>80
Arg<390
Arg>390
Melata_0-2
Melata_4-6
-2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5
Dimens ion 1; Eigenvalue: ,39823 (39,82% of Inertia)
-2,5
-2,0
-1,5
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
1,5
Dimension 2; Eigenvalue: ,15880 (15,88% of Inertia)
PH< 5 ,7
PH> 5, 7
MO<37
MO>37
P<8
P>8
K<2,7
K>2,7
Ca<80
Ca>8 0
Mg <2 0
Mg >2 1
H+A l<24
H+A l>25
T<120
T>120
V<80
V>80
Arg<390
Arg>390
Nmeg_0-1
Nm eg _2- 3
-2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5
Dimension 1; Eigenvalue: ,39688 (39,69% of Inertia)
-5
-4
-3
-2
-1
0
1
2
3
Dimension 2; Eigenvalue: ,14681 (14,68% of Inertia)
PH< 5 ,7
PH> 5, 7
MO< 37
MO>37
P< 8
P>8
K<2,7
K>2,7
Ca<8 0
Ca>80
Mg <2 0
Mg>2 1
H+A l<24
H+A l>25
T<120
T>120
V<80
V>80
Arg<390
Arg>390
Tcatig_0-2
Tcatig_3-5
-2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5
Dimension 1; Eigenvalue: ,40520 (40,52% of Inertia)
-2,0
-1,5
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
Dimension 2; Eigenvalue: ,13838 (13,84% of Inertia)
PH< 5 ,7
PH> 5, 7
MO< 37
MO>37
P< 8
P>8
K<2,7
K>2,7
Ca<8 0
Ca>80
Mg <2 0
Mg>2 1
H+A l<24
H+A l>25
T<120
T>120
V<80
V>80
Arg<390
Arg>390
Eplurif_0-2
Eplurif_3-5
-2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5
Dimension 1; Eigenvalue: ,40520 (40,52% of Inertia)
-2,0
-1,5
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
Dimension 2; Eigenvalue: ,13838 (13,84% of Inertia)
Figura 5. Análise de Correspondência Múltipla entre os fatores do solo e as principais espécies
da área A, nos remanescentes de FES da Fazenda Santa Cecília, Patrocínio Paulista
(SP). M elata = Micrandra elata; N meg = Nectandra megapotamica; T catg = Trichila
catigua; E plurif = Eugenia plurifora
Aspidosperma ramiflorum (guatambu) foi a segunda espécie com maior VI e
maior número de indivíduos na área A. Aparece no diagrama de dispersão da ACM com
densidades maiores (3-4 indivíduos por parcela), formando um grupo bem próximo aos
maiores valores de MO e T, seguidos de maiores valores de P, Ca, V%, Mg. Os teores
de K mostraram-se indiferentes para essa espécie. Há, também, uma tendência maior
de ocorrência dessa espécie em parcelas com menores teores de argila, menores
valores de acidez potencial e maiores valores de pH. O percentual de informações
restituídas pelos eixos 1 e 2 do gráfico também foi de 55,7%.
Eugenia plurifora (pitanga) e Croton piptocalyx (capixingui) aparecem com as
maiores densidades associadas aos menores teores de argila e maiores valores de T.
No mesmo grupo, embora mais distantes, estão os menores valores de acidez potencial
64
e maiores valores de Ca e V%. O percentual de informações restituídas pelos eixos 1 e
2 do gráfico foi em torno de 54%.
As espécies Senna multijuga e Eugenia ligustrina não parecem estar sendo
influenciada pelos fatores de solo estudados. As maiores densidades estão nos
extremos do eixo 1, distantes dos valores dos atributos do solo.
As espécies Trichilia catiga (catiguá) e Trichilia claussenii apresentam as
mesmas tendências a associarem-se, com as maiores densidades, aos menores
valores de argila e maiores valores de T. Ocorrem com menores densidades
associadas ao grupo de atributos: maiores valores de MO, pH, P, Mg, Ca, V% e
menores valores de acidez potencial. O percentual de informações restituídas pelos
eixos 1 e 2 do gráfico foi em torno de 54%.
Nectandra megapotâmica mostra tendência ao aumento de densidade nas
parcelas com maiores teores K. Os outros fatores do solo parecem influenciá-la menos,
porém, pode-se afirmar que a sua ocorrência tende a estar mais associada às parcelas
com maior fertilidade, maiores valores de pH (pH>5,7) e menores teores de argila. O
percentual de informações restituídas pelos eixos 1 e 2 foi de 56, 4%.
Na área B, o eixo vertical (eixo 2) dos diagramas produzidos pela ACM separa as
parcelas em dois grupos bem distintos: um grupo com maior acidez potencial (H+Al),
pH<6,4, menores valores de V% e T e menores teores de MO, argila, P, Ca, Mg e K;
outro grupo com menor acidez potencial, pH>6,4 e maiores valores dos atributos
citados. As espécies com as maiores densidades associam-se com um ou outro grupo
(Figuras 6 e 7).
Os fatores do solo mais determinantes da distribuição de Urera baccifera
(urtigão-vermelho) são pH e acidez potencial (H+Al), sendo as maiores densidades
mais associadas ao pH menor que 6,4 e aos maiores valores de H+Al. A explicação da
variação restituída pelos eixos 1 e 2 do diagrama de dispersão foi de 45,8%.
Croton piptocalix é a segunda espécie com maior valor de importância na área B.
Aparece no diagrama (Figura 6) formando um grupo com os fatores de maior fertilidade
e bem próxima aos maiores valores de V%. Na área A, esta espécie também está mais
associada às parcelas com maior fertilidade. Assim como na Área A, a espécie está
65
ausente ou com até dois indivíduos (menor densidade) nas parcelas com os menores
teores de K (K>2,7 na área A e K<2,8 na área B). Assim, os padrões de distribuição
apresentados pela espécie nas áreas A e B são próximos, indicando coerência na
análise de correspondência.
Ph<6,4
Ph>6,4
MO<38
MO>68
P<13
P>13
K<2,8
K>2,8
Ca<80
Ca>80
Mg<20
Mg>20
H+Al<14
H+Al>14
T<100
T>100
V<86
V>86
Arg<150
Arg>150
Ag lan d_0
Agland_1,0-2,0
-1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5
Dimensi on 1; Eig envalue: ,34323 ( 34,32% of Inertia)
-1,0
-0,8
-0,6
-0,4
-0,2
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
Dimension 2; Eigenvalue: ,16715 (16,72% of Iner tia)
Ph <6 , 4
Ph >6 , 4
MO<3 8
MO> 68
P<1 3
P>1 3
K<2,8
K>2,8
Ca<8 0
Ca>80
Mg<2 0
Mg>2 0
H+A l<14
H+A l>14
T<100
T>100
V<86
V>86
Arg<150
Arg>150
Apoly_0-1
Apoly_2,0-3,0
-1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5
Dimension 1; Eigenvalue: ,32038 (32,04% of Inertia)
-1,0
-0,8
-0,6
-0,4
-0,2
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
Dimension 2; Eigenvalue: ,13435 (13,44% of Inertia)
Ph <6 , 4
Ph >6 , 4
MO<38
MO>68
P<1 3
P>1 3
K<2,8
K>2,8
Ca<8 0
Ca>8 0
Mg<2 0
Mg >2 0
H+A l< 14
H+A l> 14
T<100
T>100
V<86
V>86
Arg<150
Arg>150
Agrav_0
Agrav_1,0-2,0
-1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5
Dimension 1; Eigenvalue: ,30861 (30,86% of Inertia)
-2,0
-1,5
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
1,5
Dimension 2; Eigenvalue: ,14417 (14,42% of Inertia)
Ph <6 , 4
Ph >6 , 4
MO<38
MO>68
P<1 3
P>1 3
K<2,8
K>2,8
Ca<8 0
Ca>8 0
Mg<2 0
Mg >2 0
H+A l< 14
H+A l> 14
T<100
T>100
V<86
V>86
Arg<150
Arg>150
Clegal_0-1
Clegal_2,0-5,0
-1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5
Dimension 1; Eigenvalue: ,30861 (30,86% of Inertia)
-2,0
-1,5
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
1,5
Dimension 2; Eigenvalue: ,14417 (14,42% of Inertia)
Ph <6 , 4
Ph >6 , 4
MO<38
MO>6 8
P<1 3
P> 1 3
K<2,8
K>2,8
Ca<80
Ca>8 0
Mg <2 0
Mg>2 0
H+A l< 14
H+A l> 14
T<100
T>100
V<86
V>86
Arg<150
Arg>150
Ccanj_0
Ccanj_1,0-2,0
-1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5
Dimension 1; Eigenvalue: ,32038 (32,04% of Inertia)
-1,0
-0,8
-0,6
-0,4
-0,2
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
Dimension 2; Eigenvalue: ,13435 (13,44% of Inertia)
Ph <6 , 4
Ph >6 , 4
MO< 38
MO>6 8
P<1 3
P>1 3
K<2,8
K>2,8
Ca<80
Ca>8 0
Mg <2 0
Mg >2 0
H+A l< 14
H+A l> 14
T<100
T>100
V<86
V>86
Arg<150
Arg>150
Cpipto_0-2
Cpipto_3,0-5,0
-1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5
Dimension 1; Eigenvalue: ,29956 (29,96% of Inertia)
-1,5
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
1,5
Dimension 2; Eigenvalue: ,14868 (14,87% of Inertia)
Figura 6. Análise de Correspondência Múltipla entre os fatores do solo e as principais espécies
da área B, nos remanescentes de FES da Fazenda Santa Cecília, Patrocínio Paulista
(SP). A gland = Alchornea glandulosa; A poly = Aspidosperma polyneuron; A grav =
Astronium graveolens; C legal = Cariniana legalis; C canj = Cabralea canjerana; C
pipto = Croton piptocalyx.
66
Guarea kuntiana (marinheiro) apresentou tendência de ocorrer com maior
número de indivíduos nas parcelas com valores de pH<6,4. As maiores densidades
também estão mais associadas aos maiores teores de argila e T. O percentual de
explicação da variação foi de 45,8%.
O palmito Euterpe edulis ocorre com até cinco indivíduos (maiores densidades)
nas parcelas com maiores de teores de K e altos teores de Ca. Também está bem
próximo aos maiores valores de P, Mg, T, argila e MO. A explicação da variação foi de
45%.
Aspidosperma polyneuron (peroba-rosa) aparece na área B com grande número
de indivíduos (22 indivíduos/3000m
2
). Apresenta tendência de associação com pH<6,4,
com menores valores de V% e maiores valores de acidez potencial. É importante
ressaltar que a acidez potencial no Bloco B é bastante baixa, o que pode ser
evidenciado pelo valor nulo da saturação por alumínio (m%=0) da área (Capítulo 2). A
espécie está ausente ou ocorre com apenas um indivíduo, associada exatamente aos
valores opostos dos mesmos fatores citados. A explicação da variação restituída pelos
eixos 1 e 2 também foi de 45%. Na área A, esta espécie apresenta o quarto maior valor
de importância (VI), devido ao grande porte dos indivíduos, mas ocorre apenas com três
indivíduos/3000m
2
. Pelo histórico do remanescente florestal da FES, esta espécie foi
uma das que sofreu maior impacto por corte seletivo, o que pode ter influenciado a sua
dinâmica populacional.
Guarea macrophylla aparece com maiores densidades no extremo do eixo 2,
mostrando ser um dos fatores mais determinantes das variações no Bloco B. O mesmo
ocorre com Cariniana legalis (jequitibá-branco). As maiores densidades das espécies
estão associadas no mesmo grupo, com os valores menores de MO, argila, Ca, P, Mg,
K e T. A ausência das espécies ou a ocorrência com apenas um indivíduo está
associada ao outro grupo dos mesmos fatores de solo com valores contrários. O
percentual de explicação restituído pelos eixos foi de 45%.
67
Ph <6 , 4
Ph >6 , 4
MO<38
MO>6 8
P<1 3
P> 1 3
K<2,8
K>2,8
Ca<80
Ca>8 0
Mg <2 0
Mg>2 0
H+A l< 14
H+A l> 14
T<100
T>100
V<86
V>86
Arg<150
Arg>150
Eedul_0-1
Eedul_2,0-5,0
-1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5
Dimension 1; Eigenvalue: ,32038 (32,04% of Inertia)
-1,0
-0,8
-0,6
-0,4
-0,2
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
Dimension 2; Eigenvalue: ,13435 (13,44% of Inertia)
Ph <6 , 4
Ph >6 , 4
MO< 38
MO>6 8
P<1 3
P>1 3
K<2,8
K>2,8
Ca<80
Ca>8 0
Mg <2 0
Mg >2 0
H+A l< 14
H+A l> 14
T<100
T>100
V<86
V>86
Arg<150
Arg>150
Gkunt_0-1
Gkunt_2,0-4,0
-1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5
Dimension 1; Eigenvalue: ,29956 (29,96% of Inertia)
-1,5
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
1,5
Dimension 2; Eigenvalue: ,14868 (14,87% of Inertia)
Ph <6 , 4
Ph >6 , 4
MO<38
MO>68
P<1 3
P>1 3
K<2,8
K>2,8
Ca<8 0
Ca>8 0
Mg<2 0
Mg >2 0
H+A l< 14
H+A l> 14
T<100
T>100
V<86
V>86
Arg<150
Arg>150
Iedul_0
Iedul_1,0-2,0
-1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5
Dimension 1; Eigenvalue: ,30861 (30,86% of Inertia)
-2,0
-1,5
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
1,5
Dimension 2; Eigenvalue: ,14417 (14,42% of Inertia)
Ph <6 , 4
Ph >6 , 4
MO< 38
MO>6 8
P<1 3
P>1 3
K<2,8
K>2,8
Ca<80
Ca>8 0
Mg <2 0
Mg >2 0
H+A l< 14
H+A l> 14
T<100
T>100
V<86
V>86
Arg<150
Arg>150
Gmacro_0-1
Gmacro_2,0-5,0
-1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5
Dimension 1; Eigenvalue: ,29956 (29,96% of Inertia)
-1,5
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
1,5
Dimension 2; Eigenvalue: ,14868 (14,87% of Inertia)
Ph <6 , 4
Ph >6 , 4
MO<38
MO>68
P<1 3
P>1 3
K<2,8
K>2,8
Ca<8 0
Ca>8 0
Mg<2 0
Mg >2 0
H+A l< 14
H+A l> 14
T<100
T>100
V<86
V>86
Arg<150
Arg>150
Jspino_0
Jspino_1,0-4,0
-1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5
Dimension 1; Eigenvalue: ,30861 (30,86% of Inertia)
-2,0
-1,5
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
1,5
Dimension 2; Eigenvalue: ,14417 (14,42% of Inertia)
Ph <6 , 4
Ph >6 , 4
MO<38
MO>6 8
P<1 3
P> 1 3
K>2,8
Ca<80
Ca>8 0
Mg <2 0
Mg>2 0
H+A l< 14
H+A l> 14
T<100
T>100
V<86
V>86
Arg<150
Arg>150
Nme ga_0
Nmega_1,0-2,0
-1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5
Dimension 1; Eigenvalue: ,32038 (32,04% of Inertia)
-1,0
-0,8
-0,6
-0,4
-0,2
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
Dimension 2; Eigenvalue: ,13435 (13,44% of Inertia)
Ph <6 , 4
Ph >6 , 4
MO< 38
MO>6 8
P<1 3
P>1 3
K<2,8
K>2,8
Ca<80
Ca>8 0
Mg <2 0
Mg >2 0
H+A l< 14
H+A l> 14
T<100
T>100
V<86
V>86
Arg<150
Arg>150
Ubacc_0-2
Ubacc_3,0-7,0
-1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5
Dimension 1; Eigenvalue: ,29956 (29,96% of Inertia)
-1,5
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
1,5
Dimension 2; Eigenvalue: ,14868 (14,87% of Inertia)
Figura 7. Análise de Correspondência Múltipla entre os fatores do solo e as principais espécies
da área B, nos remanescentes de FES da Fazenda Santa Cecília, Patrocínio Paulista
(SP). E edu = Euterpe edulis; G kunt = Guarea kuntiana; I edul = Inga edulis; G
macro = Guarea macrohylla; J spino = Jaracatia spinosa; N mega = Nectandra
megapotamica; U bacc = Urera baccifera.
68
Nectandra megapotamica (canelinha) parece associar-se, nas parcelas, com os
maiores valores de saturação por bases (V%), menores valores de acidez potencial e
maior pH (pH>6,4). Forma um grupo na extremidade oposta aos menores valores de pH
e V%, e maior acidez potencial. Na área A, essa tendência também foi registrada. A
restituição da explicação da variação apresentada pelos eixos 1 e 2 foi de 45%.
Cabralea canjerana (canela-batalha) formou um grupo com os menores valores
de pH, que, no diagrama de dispersão, está associado aos menores valores de V% e
maiores teores de H+Al. A espécie parece ter tendência à proximidade dos valores de
menor fertilidade do solo, principalmente menores teores de P, K, Mg e MO, e menores
teores de argila. O percentual de explicação dessas variações foi de 45%.
A espécie Astronium graveolens está presente somente nas parcelas associadas
aos menores teores de argila e K. Nesse mesmo grupo de fatores, estão também os
menores teores de Mg, MO, P e, mais distantes, os menores teores de Ca e T. Na área
A, esta espécie ocorre com poucos indivíduos, e o que diferencia mais a área A da área
B são, justamente, os maiores teores de argila e K da primeira, o que pode indicar uma
certa associação da espécie com esses fatores do solo. A restituição da explicação da
variação apresentada pelos eixos 1 e 2 foi de 45%.
Alchornea glandulosa aparece associada aos maiores valores de acidez
potencial e pH<6,4. Esta espécie não ocorre nas parcelas com menores valores de
acidez potencial e pH>6,4. O percentual de explicação dessas variações foi de 56%.
Inga edulis (ingá) aparece bastante associada aos menores valores de MO e
argila. No mesmo grupo, estão os menores valores de fertilidade. A espécie não ocorre
nas parcelas com maiores teores de argila e maiores valores de fertilidade do solo. A
restituição da explicação da variação apresentada pelos eixos 1 e 2 foi de 45%.
Jaracatia spinosa mostrou forte tendência a associar-se, principalmente, com os
maiores teores de matéria orgânica. A presença da espécie nas parcelas forma também
um grupo com os maiores teores de Ca, K, Mg, P e argila. A restituição da explicação
da variação apresentada pelos eixos 1 e 2 também foi de 45%.
Os diagramas de dispersão produzidos pela ACM com as parcelas do Cerrado
(área C) mostram três grupos bastante separados: um com maiores teores de Mg,
69
argila e P; outro com maiores teores de MO, T e H+Al; e outro com maior pH (pH=3,9),
maiores teores de Ca e de saturação por bases (V). Esses grupos, nas extremidades,
mostram-se mais determinantes das variações ocorrentes nas parcelas estudadas. Os
outros fatores, como teores de K, os menores valores de argila, pH, MO, P, Ca, Mg, T e
V ocorrem todos agrupados, contribuindo menos para a explicação das variações
(Figuras 8 e 9).
As restituições da explicação da variação apresentadas pelos eixos 1 e 2 para a
área de Cerrado foram de 42% a 47%.
Qualea grandiflora (pau-terra) é a espécie com maior valor de importância na
área de Cerrado estudada, ocorrendo com densidade de 127 indivíduos/3000m
2
. No
digrama produzido pela ACM, esta espécie pode ocorrer nas parcelas com menores
teores de argila e menor fertilidade do solo, porém, aumenta visivelmente a densidade
nas parcelas com maiores teores de argila e Mg. Qualea parviflora é a quinta espécie
de maior VI na área e apresenta a mesma tendência de associação com os maiores
teores de argila e de Mg. Qualea cordata também apresenta tendência de associação
com os maiores teores de Mg, argila, K e P, sendo este um pouco mais distante, porém,
no mesmo grupo.
Há uma clara tendência de associação da espécie Qualea multiflora (pau-
terrinha) com os maiores teores de MO, T e H+Al. As maiores densidades estão
associadas com esses valores, enquanto a ausência ou ocorrência de um indivíduo
associa-se com o grupo oposto, de menores valores das características citadas.
Dalbergia miscolobium (caviúna) é a segunda de maior VI na área e apresenta
tendência a ocorrer mais associada nas parcelas com os menores teores de argila. No
grupo formado com esta espécie, estão os maiores teores de K, os menores teores de
Mg, P e MO, e menores valores de acidez potencial e T. As distâncias desses fatores
de solo estão muito próximas no diagrama, e fica difícil afirmar qual deles influencia
mais as maiores densidades da espécie.
70
PH<3,8
PH>3,8
MO< 2 0
MO> 2 0
P<5
P>5
K<0,7
K>0,7
Ca<5
Ca>5
Mg _1
Mg _2
H+Al<45
H+Al>45
T<55
T>55
V<13
V>13
Arg<100
Arg>100
Scamp_0-1
Scamp_2-4
-2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0
Dimension 1; Eigenvalue: ,28521 (28,52% of Inertia)
-2,5
-2,0
-1,5
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
Dimension 2; Eigenvalue: ,14176 (14,18% of Inertia)
PH< 3, 8
PH> 3, 8
MO< 20
MO> 20
P<5
P>5
K<0,7
K>0,7
Ca<5
Ca>5
Mg_1
Mg_2
H+A l<45
H+A l>4 5
T<55
T>55
V<13
V>13
Arg<100
Arg>100
Qparv_0-1
Qparv_2-4
-2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5
Dimension 1; Eigenvalue: ,28655 (28,66% of Inertia)
-2,0
-1,5
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
Dimension 2; Eigenvalue: ,14018 (14,02% of Inertia)
PH< 3, 8
PH> 3, 8
MO< 20
MO> 20
P<5
P>5
K<0,7
K>0,7
Ca<5
Ca>5
Mg_1
Mg_2
H+A l<45
H+A l>4 5
T<55
T>55
V<13
V>13
Arg<100
Arg>100
Qm ult_0-1
Qmult_2-3
-2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5
Dimension 1; Eigenvalue: ,28655 (28,66% of Inertia)
-2,0
-1,5
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
Dimension 2; Eigenvalue: ,14018 (14,02% of Inertia)
PH< 3, 8
PH> 3, 8
MO< 20
MO> 20
P<5
P>5
K<0,7
K>0,7
Ca<5
Ca>5
Mg_1
Mg_2
H+A l<45
H+A l>4 5
T<55
T>55
V<13
V>13
Arg<100
Arg>100
Qcord_0
Qcord_1_2
-2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5
Dimension 1; Eigenvalue: ,28655 (28,66% of Inertia)
-2,0
-1,5
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
Dimension 2; Eigenvalue: ,14018 (14,02% of Inertia)
PH<3 ,8
PH> 3, 8
MO< 20
MO>20
P<5
P>5
K<0,7
K>0,7
Ca<5
Ca>5
Mg _1
Mg_2
H+A l<45
H+A l>45
T<55
T>55
V<13
V>13
Arg<100
Arg>100
Os p e ct_0
Ospe ct_1-2
-2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5
Dimension 1; Eigenvalue: ,28167 (28,17% of Inertia)
-2,5
-2,0
-1,5
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
1,5
Dimension 2; Eigenvalue: ,16169 (16,17% of Inertia)
PH< 3, 8
PH> 3, 8
MO< 20
MO> 20
P<5
P>5
K<0,7
K>0,7
Ca<5
Ca>5
Mg_1
Mg_ 2
H+A l<45
H+A l>4 5
T<55
T>55
V<13
V>13
Arg<100
Arg>100
Qgrand_0-7
Qgrand_8-13
-2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0
Dimension 1; Eigenvalue: ,28521 (28,52% of Inertia)
-2,5
-2,0
-1,5
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
Dimension 2; Eigenvalue: ,14176 (14,18% of Inertia)
Figura 8. Análise de Correspondência Múltipla entre os fatores do solo e as principais espécies
da área C, nos remanescentes de FES da Fazenda Santa Cecília, Patrocínio Paulista
(SP). S camp = Sytrax camporum; Q parv = Qualea parviflora; Q mult = Qualea
multijuga; Q grand = Qualea grandiflora; Q cord = Qualea cordata; O spect = Ouratea
spectabilis.
Styrax camporum apresentou tendência a associar-se com os menores teores de
argila e de Mg. Ocorrem no mesmo grupo os menores valores de P, MO, T e H+Al. Os
maiores valores de K também estão no mesmo grupo, mas parecem ter uma
contribuição pequena.
71
Ocotea corymbosa aparece com tendência a associar-se com os maiores teores
de P, MO, Mg e argila. As maiores densidades ocorrem na extremidade do eixo 1, com
forte contribuição para a variação dentro da área.
PH< 3, 8
PH> 3, 8
MO< 20
MO> 20
P<5
P>5
K<0,7
K>0,7
Ca<5
Ca>5
Mg_1
Mg_2
H+A l<45
H+A l>4 5
T<55
T>55
V<13
V>13
Arg<100
Arg>100
Ocorym_0-2
Ocorym_2-6
-3,0 -2,5 -2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0
Dimension 1; Eigenvalue: ,28521 (28,52% of Inertia)
-2,5
-2,0
-1,5
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
Dimension 2; Eigenvalue: ,14176 (14,18% of Inertia)
PH< 3, 8
PH> 3, 8
MO< 20
MO>2 0
P<5
P>5
K<0,7
K>0,7
Ca<5
Ca>5
Mg_1
Mg_2
H+A l<4 5
H+A l>45
T<55
T>55
V<13
V>13
Arg<100
Arg>100
Mvaria_0
Mvaria_1-2
-2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5
Dimension 1; Eigenvalue: ,28167 (28,17% of Inertia)
-2,5
-2,0
-1,5
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
1,5
Dimension 2; Eigenvalue: ,16169 (16,17% of Inertia)
PH< 3, 8
PH> 3, 8
MO< 20
MO> 20
P<5
P>5
K<0,7
K>0,7
Ca<5
Ca>5
Mg_1
Mg_2
H+A l<4 5
H+A l>4 5
T<55
T>55
V<13
V>13
Arg<100
Arg>100
Mrostr_0-1
Mrostr_2-3
-2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0
Dimension 1; Eigenvalue: ,31500 (31,50% of Inertia)
-2,5
-2,0
-1,5
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
1,5
Dimension 2; Eigenvalue: ,15168 (15,17% of Inertia)
PH< 3, 8
PH> 3, 8
MO< 20
MO>2 0
P<5
P>5
K<0,7
K>0,7
Ca<5
Ca>5
Mg_1
Mg_2
H+A l<4 5
H+A l>45
T<55
T>55
V<13
V>13
Arg<100
Arg>100
Mbella_0
Mbella_1-2
-2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5
Dimension 1; Eigenvalue: ,28167 (28,17% of Inertia)
-2,5
-2,0
-1,5
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
1,5
Dimension 2; Eigenvalue: ,16169 (16,17% of Inertia)
PH< 3, 8
PH> 3, 8
MO< 20
MO> 20
P<5
P>5
K<0,7
K>0,7
Ca<5
Ca>5
Mg_1
Mg_ 2
H+A l<45
H+A l>4 5
T<55
T>55
V<13
V>13
Arg<100
Arg>100
Dmisco_0-2
Dmisco_2-4
-2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0
Dimension 1; Eigenvalue: ,28521 (28,52% of Inertia)
-2,5
-2,0
-1,5
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
Dimension 2; Eigenvalue: ,14176 (14,18% of Inertia)
PH< 3, 8
PH> 3, 8
MO< 20
MO> 20
P<5
P>5
K<0,7
K>0,7
Ca<5
Ca>5
Mg_1
Mg_2
H+A l<45
H+A l>4 5
T<55
T>55
V<13
V>13
Arg<100
Arg>100
Bvir g _0
Bvirg_1_2
-2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5
Dimension 1; Eigenvalue: ,28655 (28,66% of Inertia)
-2,0
-1,5
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
Dimension 2; Eigenvalue: ,14018 (14,02% of Inertia)
Figura 9. Análise de Correspondência Múltipla entre os fatores do solo e as principais espécies
da área C, nos remanescentes de FES da Fazenda Santa Cecília, Patrocínio Paulista
(SP). O corym = Ocotea corymbosa; M varia = Myrcia variabilis; M rostr = Myrcia
rostrata; M bella = Myrcia bella; D misc = Dalbergia miscolobium; B virg = Bowdichia
virgilioides; A lhots = Aegiphila lhotskiana; V seb = Virola sebifera.
72
Myrcia rostrata e Myrcia variabilis ocorrem com maiores densidades formando
um grupo com os menores valores de V, K e Ca, e pH mais baixo (3,8). Os valores
maiores dos fatores descritos estão em oposição a esse grupo. Os maiores teores de
argila também estão mais próximos a este grupo e poderiam ser um fator mais
relevante para essas espécies.
Myrcia bella apresenta clara tendência de associar-se aos maiores teores de
argila e Mg, e não ocorre nas parcelas com os menores teores desses fatores. Maiores
teores de MO também podem estar associados à ocorrência da espécie.
As maiores densidades de Virola sebifera aparecem mais distantes dos fatores
de solo, mais na extremidade do eixo 2, porém, estão mais associadas aos maiores
teores de Mg e argila. No mesmo grupo, mais distantes, estão os maiores valores de
MO, T e P, além de maior acidez potencial.
Ouratea spectabilis aparece mais associada aos maiores teores de argila e Mg. A
ausência da espécie também está associada aos menores valores desses dois fatores
do solo. A ocorrência da espécie Bowdichia virgilioides também se associa mais com os
maiores teores de argila e de Mg. Maiores teores de P também estão no mesmo grupo.
Aegiphyla lhotskiana ocorre no grupo de parcelas com menores valores de
acidez potencial e argila. Os menores valores de MO, P, Mg e T também estão
próximos à espécie.
Os fatores argila e Mg foram os que mais se associaram com as densidades das
principais espécies do Cerrado, seguidos por P e MO.
4. DISCUSSÃO
As espécies levantadas no estudo florístico e fitossociológico realizado nas áreas
de estudo separam as áreas A e B dentro da FES e a área C de Cerrado, mostrando
uma preferência das espécies pelos habitats das áreas A, B ou C (TEIXEIRA, 2003). Os
resultados no presente estudo evidenciam que os fatores de solo também separam as
três áreas.
Os teores de alumínio também separaram áreas de Cerrado e de FES em outros
trabalhos. RUGGIERO et al. (2002) verificou que a quantidade de nutrientes parece ser
73
um componente ambiental importante na distinção entre Cerrado e FES, especialmente
os teores de Al e P e os valores de pH. Maiores teores de alumínio ocorrem nas
camadas superficiais das áreas de Cerrado, enquanto, nas áreas de FES, o pH é mais
elevado, assim como os teores de P. Os teores de Ca e Mg também apresentaram
correlações com as áreas de Floresta. A fração argila nas maiores profundidades
também parece ser importante para a ocorrência da FES, ao invés de fisionomias de
Cerrado. No que se refere às densidades das principais espécies, os fatores mais
determinantes nas camadas superficiais do solo foram os teores de K e argila (eixo 1) e
pH, Ca e V (eixo 2).
VAN DER BERG & OLIVEIRA FILHO (1999), analisando um gradiente entre
Floresta Estacional Semidecidual que forma mata ciliar e os campos de altitude
(formação de Cerrado), também consideraram que as análises descritivas dos fatores
de solo e vegetação evidenciaram melhor a transição do que as análises de
agrupamento e de correspondência canônica. Os autores encontraram os fatores Al, pH
e P como os mais significativos no gradiente entre floresta ciliar e campo. O solo de
floresta ciliar tem muita influência do rio, com teores altos de P, e umidade maior,
decorrente do lençol freático mais superficial. O Al aumenta em direção ao campo,
embora não fossem muito significativas as diferenças entre esse fator nos ambientes
estudados.
Nas FES da Serra do Japi, no Estado de São Paulo, também ocorreu
coincidência entre os grupos de parcelas produzidos pelas ACPs com os dados de solo
e com os dados de vegetação (RODRIGUES, et al., 1989). Solo e vegetação
produziram dois grupos distintos de parcelas em cotas de altitudes diferentes, sendo
teores de Al, soma de bases (S) e pH os fatores mais determinantes. A transição entre
os dois grupos também foi melhor evidenciada nas análises descritivas dos fatores de
solos e vegetação.
OLIVEIRA FILHO et al (1994a) estudaram a vegetação e os fatores ambientais
relacionados às distribuições das espécies arbóreas que ocorrem nas florestas da
Reserva de Poço Bonito, Lavras (MG). Na Análise de Correspondência Canônica
(CCA) produzida, o eixo 1 destacou o papel desempenhado pela textura (maiores
74
teores de areia) e pela presença de voçoroca associadas ao grupo de parcelas que
representam, na área, a transição para um campo rupestre. O eixo 2 destacou o teor de
matéria orgânica, de T, a influência do córrego e as variáveis topográficas na
distribuição das parcelas.
IVANAUSKAS (2002) também caracterizou um gradiente de solos em um trecho
de Floresta Estacional de interflúvio, na Bacia do Alto Xingu, em Gaúcha do Norte (MG).
Os fatores que mais diferenciaram as áreas da floresta foram K, pH e MO, na camada
superficial, e os teores de Al em subsuperfície.
Outros estudos recentes em FES que formam matas ciliares também
evidenciaram a relevância dos fatores químicos e físicos do solo nas variações
ocorrentes dentro das florestas.
OLIVEIRA FILHO et al (1994b) também descreveram as influências dos fatores
do solo e de variáveis topográficas em mata ciliar, em Bom Sucesso, no sul do Estado
de Minas Gerais. Na CCA produzida, os fatores T, CA, pH e Mg, nessa ordem, foram
os mais correlacionados negativamente com o eixo 1, e os teores de K e P e o fator
erosão foram os mais correlacionados positivamente. No eixo 2, as variáveis
topográficas de elevação do terreno foram as mais correlacionadas, e com valores
negativos.
Classes de drenagem dos solos, saturação por bases (V), teores de Al e
proporções de areia foram altamente correlacionadas com as abundâncias das
espécies, explicando parte das variações ocorrentes na FES que forma mata ciliar em
Ingaí, MG (BOTREL et al , 2002).
SOUZA et al (2003) estudaram as variações florísticas e estruturais da
comunidade arbórea, e os fatores edáficos, topográficos e de um fragmento de Floresta
Estacional Semidecidual às margens do rio Capivari, Lavras (MG). Realizaram Análise
de Correspondência Canônica (CCA) para verificar as correspondências das espécies
com os fatores ambientais. As variáveis ambientais que apresentaram altas relações
com as abundâncias das espécies (95% a 78,1% de correlação para os eixos 1 e 2 da
CCA) foram: cotas médias (topografia) combinadas com o posicionamento das parcelas
em relação à distância do rio, desnível das parcelas, areia, argila e pH.
75
Nas análises de componentes principais, não houve detecção de áreas de
transição entre a FES e o Cerrado. A transição fica mais evidente nas análises do
gradiente de solos, descritas nos capítulos anteriores, que mostram as diferenças
significativas dos fatores de solo entre as áreas A, AB, B, BC e C.
No que se refere às análises de correspondência, algumas espécies foram
correlacionadas com os fatores de solos em outros trabalhos ou associadas a outros
fatores.
Micrandra elata pode ter maiores densidades como conseqüência de antigos
cortes seletivos de outras espécies, como Aspidosperma polyneuron (peroba-rosa), que
aparece na área com um número menor de indivíduos do que o esperado (TEIXEIRA,
2003).
Embora o maior número de indivíduos de Urera baccifera nas parcelas da área B
possam estar sendo influenciado pela maior disponibilidade de luz, por ser uma espécie
pioneira (TEIXEIRA, 2003), ocorre uma clara tendência de associação com fatores de
solo, pH e acidez potencial (H+Al).
O fator Argila parece ser indiferente para as principais espécies da área A. O solo
é muito argiloso e as pequenas diferenças na quantidade de argila não se mostraram
muito determinantes da distribuição das espécies dentro do bloco de parcelas A.
No Cerrado, Qualea apresentaram tendência a associarem-se aos maiores
valores de MO, T e H+Al. De acordo com Barros (1979) apud SILVA JÚNIOR et al.
(1987), a matéria orgânica é um reservatório de nutrientes e pode reduzir o efeito
negativo de altas concentrações de Al, pela formação de quelados. Os teores de Mg,,
K e P, e a fração argila apresentaram tendência a associarem-se com Qualea
grandiflora, Qualea parviflora e Qualea cordata. Essas características do solo também
aparecem influenciando o maior crescimento e o aumento de densidade dessas
espécies em áreas de Cerrado em Mogi-Guaçu, SP e Paraopeba, MG (BATISTA, 1988;
SILVA JÚNIOR et al., 1987).
Ouratea spectabilis mostrou pouca sensibilidade aos fatores químicos e físicos
do solo, apresentando correlações significativas apenas com o Ca e com soma de
76
bases (BATISTA, 1988). Seriam necessários estudos mais específicos para verificar
essas associações.
As explicações das variações ocorrentes, de modo geral, nas áreas de FES e de
Cerrado do presente estudo podem ser consideradas bastante significativas, pois
somente fatores de fertilidade dos solos e a fração argila foram computados na análise
de correspondência. Deve-se, porém, ter bastante cautela na interpretação da
distribuição das espécies em consonância com as variáveis ambientais, pois variáveis
fundamentais com luz e água, e os fatores de dispersão das espécies, não são
facilmente perceptíveis e mensuráveis, segundo BOTREL et al. (2002). Esses autores
enfatizaram também que as espécies são sensíveis às variáveis ambientais de uma
forma interativa e não, isoladamente, além de responderem a elas num ambiente de
competição entre espécies. Assim, há sempre uma parte da variação ambiental que não
consegue ser explicada. São necessárias varias repetições das tendências
apresentadas pelas espécies em outras áreas, para que se possam estabelecer
padrões de distribuição das espécies nas formações florestais estudadas.
5. CONCLUSÕES
As características de fertilidade do solo e a fração argila são bastante relevantes
para a determinação do gradiente de vegetação que ocorre na transição entre a
Floresta Estacional Semidecídua e o Cerrado, na Fazenda Santa Cecília.
No solo argiloso da área A, a distribuição das principais espécies foi mais
influenciada pelas variações dos valores de H+Al, pH, P, K e V.
Na área B, as parcelas com maior fertilidade e com mais argila separaram-se
totalmente das parcelas com menor fertilidade e menos argila. Os fatores mais
discriminantes dos dois grupos foram pH, H+Al, V e T.
Na área C, os teores de Mg e argila foram os que mais se associaram às
principais espécies, seguidos de P e MO.
77
CAPÍTULO 5- PRODUÇÃO, ASPECTOS DA DECOMPOSIÇÃO E
MACRONUTRIENTES DA SERAPILHEIRA EM REMANESCENTES FLORESTAIS NO
NORDESTE DO ESTADO DE SÃO PAULO
RESUMO - A produção e a decomposição da serapilheira são os processos mais
importantes do ciclo mineral nas florestas, principalmente em relação ao retorno dos
nutrientes e de substâncias orgânicas para o solo. Esse estudo foi desenvolvido em
remanescentes de Floresta Estacional Semidecidual (FES) e Cerrado no nordeste do
Estado de São Paulo, Brasil (20
0
40’12” S, 47
0
14’24” W). Foram quantificadas a
serapilheira produzida (L) e a acumulada (X), durante dois anos; determinados a taxa
instantânea de decomposição, o tempo médio de renovação da serapilheira e a
contribuição dessa para o retorno de macronutrientes para o solo. A serapilheira
produzida na FES variou de 8,8 a 10,3 t ha
-1
ano
-1
. A produção anual no Cerrado foi de
3,5 a 4,2 t ha
-1
ano
-1
. A produção anual é sazonal, com picos em agosto e setembro. A
serapilheira acumulada variou de 6,2 a 9,6 t ha
-1
ano
-1
, nas áreas de FES e, de 6,9 a 7,8
t ha
-1
ano
-1
no Cerrado. Os meses com maior acúmulo coincidem com a estação
chuvosa na FES e, no Cerrado, não houve tendência sazonal. A produção e o acúmulo
de serapilheira apresentaram correlação significativa com a precipitação apenas na
área B. A taxa de decomposição (K) variou de 1 a 1,45 na FES e foi de 0,53 no
Cerrado. O tempo médio de renovação foi de 5,8 a 8,5 meses nas áreas de FES e de
15,9 a 16,2 meses no Cerrado. Nas áreas de floresta, as concentrações de
macronutrientes obedecem à ordem decrescente Ca>N>K>Mg>S>P, sendo a área B a
com maiores concentrações. No Cerrado, os macronutrientes apresentaram,
comparativamente, as menores concentrações, com a ordem decrescente
N>Ca>K>Mg>S>P.
Palavras-chave: Floresta Estacional Semidecidual, Cerrado, ciclagem de nutrientes,
taxa instantânea de decomposição, floresta tropical.
1. INTRODUÇÃO
Dentro do funcionamento dos ecossistemas, um dos aspectos mais importantes
é a ciclagem de nutrientes. Juntamente com a transferência de energia nas cadeias
alimentares, há também a movimentação dos nutrientes, que circulam entre os
organismos e entre estes e o meio físico (BRAY & GORHAN, 1964; Vitousek &
Stanford, 1986 apud MORAES et al., 1999; OLIVEIRA & LACERDA, 1993; Gooley et al.
apud MARTINS & RODRIGUES, 1999). A estabilidade da maioria dos ecossistemas
terrestres é altamente influenciada pela disponibilidade de nutrientes e de água. O ciclo
78
mineral em florestas é, portanto, um importante processo que afeta a produtividade
(MEGURO et al., 1979a; PROCTOR, 1983; CUNHA et al., 1993; SCHLITLLER et al.,
1993b).
Dentre os vários fluxos intercompartimentais que compõem a ciclagem de
nutrientes, destaca-se a produção de serapilheira, em virtude de constituir um
parâmetro indicativo da maior ou menor eficiência deste ciclo nos ecossistemas
(DURIGAN et al., 1996). A produção tem sido adotada como uma estimativa de
produção primária líquida mínima de diferentes ecossistemas florestais (DURIGAN et
al., 1996).
As florestas tropicais úmidas são, freqüentemente, mencionadas como o melhor
exemplo de ecossistema auto-sustentável. Extremamente complexas, têm, na sua alta
diversidade e na eficiente ciclagem de elementos minerais, algumas das explicações
para o seu equilíbrio e sua aparente perpetuidade (DURIGAN et al., 1996).
BRAY & GORHAN (1964) afirmaram que a produção da serapilheira é de fácil
acesso e medição, em comparação com métodos de alto custo, para medidas da
produtividade primária de uma floresta e, também, que pode servir como índice simples
e conveniente da produção primária. A estimativa da relação entre a serapilheira
produzida e a acumulada anualmente no solo é um procedimento que pode indicar a
taxa de decomposição da serapilheira, desde que se admita que o ecossistema
estudado esteja em equilíbrio dinâmico (OLSON, 1963). De acordo com DINIZ &
PAGANO (1997), a produção e a decomposição de folhedo ou serapilheira são os
processos mais importantes na ciclagem de nutrientes, principalmente em relação ao
retorno dos nutrientes e de substâncias orgânicas à superfície do solo. A quantificação
do fluxo de nutrientes associados à produção de serapilheira é importante para o
entendimento da dinâmica dos ecossistemas, podendo também facilitar a determinação
do grau de fragilidade ou degradação destes (MEGURO et al, 1980; CÉSAR, 1993a;
MORAES et al., 1999).
Jordan & Herrera (1981) apud CÉSAR (1993a) alertaram para o fato de que os
desmatamentos em florestas tropicais para atividades agrícolas podem resultar em
rápida lixiviação de nutrientes do solo, na perda da fertilidade e no declínio da
79
produtividade potencial, uma vez que, ao que tudo indica, a maior parte dos nutrientes é
estocada na biomassa.
CÉSAR (1993) ressaltou que, apesar da ocorrência de diversos tipos de
formações vegetacionais no Brasil, poucos trabalhos que abordem a ciclagem de
nutrientes são encontrados na literatura corrente. O autor citou os trabalhos de Klinge &
Rodrigues (1968), Went & Stark (1968), Coutinho & Lamberti (1971), Stark (1971),
Fittkau & Klinge (1973), Klinge (1977), Stark & Spratt (1977), Herrera et al. (1978), Stark
& Jordan (1978), Adis et al. (1979), Franken (1979), Gooley et al. (1980), Luizão (1982)
e Silva & Lobo (1982), todos realizados na Floresta Amazônica, enfocando a produção
e a decomposição da serapilheira, o conteúdo de nutrientes no solo e na vegetação,
hipóteses sobre os mecanismos de conservação de nutrientes, aspectos químicos e
biológicos da lixiviação e remoção dos nutrientes da serapilheira, respiração edáfica e
outros aspectos. Além desses trabalhos, há os de SILVA (1984) e DANTAS &
PHILLIPISON (1989), em florestas de terra firme na Amazônia. Recentemente, foram
feitos estudos sobre aspectos da ciclagem de nutrientes de florestas decíduas no Rio
Grande do Sul (CUNHA et al., 1993; KÖNIG et al., 2002) e em trechos de floresta
estacional semidecidual no município de Ouro Preto, MG (WERNECK et al., 2001).
Estudos em áreas de reflorestamento têm mostrado que a produção e a taxa de
decomposição da serapilheira são indicadores da retomada do funcionamento do
ecossistema que está se restabelecendo (ARATO et al., 2003; SCHUMACHER et al.,
2003; SCHUMACHER et al., 2004). GABRIEL (1997) fez uma boa revisão de trabalhos
sobre ciclagem de nutrientes no Estado de São Paulo, nas diferentes regiões ou
províncias geomorfológicas.
As Florestas Estacionais Semideciduais (FES) do sudeste do Brasil ocuparam
expressivas áreas, ao longo dos Estados de São Paulo, parte do Paraná, Minas Gerais,
parte de Mato Grosso e Goiás e, em menor área, os Estados do Espírito Santo, Rio de
Janeiro e sul da Bahia (LEITÃO FILHO, 1982). Ainda de acordo com LEITÃO FILHO
(1982) no Estado de São Paulo, essas florestas eram entremeadas por trechos de
Cerrados e campos rupestres. De acordo com PAGANO (1989a), o ritmo de devastação
dessas formações florestais foi muito rápido e, nas regiões mais densamente povoadas,
80
essas fisionomias tornaram-se, atualmente, manchas isoladas que correm o risco de
desaparecerem a curto prazo, sem que se conheçam seus aspectos básicos
fundamentais, como estrutura e funcionamento.
No extremo nordeste do Estado de São Paulo, de acordo com AB’SABER (1968),
as características de fragmentação natural das FES são ainda mais acentuadas, pelo
fato de situarem-se geograficamente em uma zona de transição ou de contato entre o
domínio dos chapadões florestados do Planalto Ocidental Paulista e os chapadões
revestidos de Cerrado do Triângulo Mineiro e Goiás. Esse autor descreveu a região
como um "mosaico cerrado-mata". Estudos que abordam os fatores que condicionam
essa distribuição em mosaico não foram encontrados na literatura especializada.
Um dos maiores remanescentes de FES da região encontra-se na fazenda Santa
Cecília, no município de Patrocínio Paulista (SP), sendo ladeado por Cerrados (cerrado
senso restrito e cerradões). O presente trabalho faz parte de uma investigação sobre a
distribuição das principais espécies arbóreas e seus fatores edáficos condicionantes em
um trecho de FES com gradiente de vegetação e solos, contínuo com área de Cerrado,
da Fazenda Santa Cecília. Teve por objetivos específicos: quantificar a produção anual
da serapilheira e a média anual de serapilheira acumulada; determinar a taxa
instantânea de decomposição (K) e o tempo médio de renovação (T50%), e verificar a
contribuição da serapilheira para o retorno de macronutrientes para o solo, no gradiente
vegetacional de FES e Cerrado.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
A área referente ao presente estudo localiza-se na Fazenda Santa Cecília, em
Patrocínio Paulista, no nordeste do Estado de São Paulo, Brasil, nas coordenadas 20
o
46’12” S e 47
o
14’ 24” W, com altitudes 775 e 836 m (Figura1, Capítulo 1).
Foi feita uma malha de parcelas, iniciando no sul da FES, próximo à sede da
Fazenda Santa Cecília, até o Cerrado adjacente, ao norte (Figura 2, Capítulo 1). Foram
81
demarcadas 90 parcelas de 10 m x 10 m, sendo agrupadas em três blocos de 30 (Áreas
A, B e C).
2.1 Análises quantitativas da produção de serapilheira
Para a estimativa da produção anual de serapilheira, foram usadas 45 caixas
coletoras de madeira com 0,25 m
2
de superfície, 15 cm de altura e fundo de tela de
náilon com malha de 1x1 mm, situada a 30 cm de altura do solo. Em cada conjunto de
parcelas (áreas A, B e C), foram colocadas 15 caixas, dispostas do seguinte modo: 8
caixas ao longo das linhas das parcelas, com distâncias de, no mínimo, 30 m; 3 caixas
30 m abaixo das parcelas e mais 4 caixas 30 m acima do bloco de parcelas (Figura 2,
Capítulo 1). O material nelas depositado foi coletado no último dia de cada mês, durante
o período de dois anos, de outubro de 1999 a setembro de 2001. As amostras foram
acondicionados em sacos de plástico, para uma pré-secagem ao ar livre e, depois,
colocadas em sacos de papel para secagem em estufa de circulação de ar, a 70
o
C, até
a estabilização das massas. Foram pesadas em balança semi-analítica, para a
determinação da produção mensal e anual da serapilheira e de seus respectivos
desvios-padrão em t ha
-1
.
2.2 Análise quantitativas da Serapilheira acumulada
O acúmulo da serapilheira foi estimado por meio de coletas mensais de seis
amostras de 0,25 m
2
nas áreas A, B e C, nos mesmos dias da coleta da serapilheira
produzida. Na coleta do material acumulado, foi usado um quadrado de madeira
lançado aleatoriamente sobre a superfície das áreas de estudo. Toda a serapilheira
dentro do quadrado foi recolhida, colocada em sacos de plástico e, no laboratório, seca
em estufa de circulação de ar, a 70
o
C, até massa constante. As médias mensais e seus
respectivos desvios-padrão, em t ha
-1
,
foram obtidos a partir desses valores.
2.3 Taxa de decomposição e tempo médio de renovação
A taxa de decomposição da serapilheira foi estimada pela fórmula de OLSON
(1963):
82
X
ss
L
K =
em que: K= taxa instantânea de decomposição;
L= produção anual da quantidade de serapilheira (g/m
2
);
X= quantidade média de serapilheira acumulada ao longo do ano
(considera-se que o ecossistema esteja em equilíbrio dinâmico – “steady state”).
O tempo médio de renovação ou o tempo necessário para a decomposição de
metade da serapilheira acumulada (T50
%
) foi determinado pela expressão deduzida por
OLSON (1963):
T50
%
= - ln 0,5/K.
2.4 Teores de macronutrientes na serapilheira produzida
Cinco amostras mensais de serapilheira produzida foram separadas
aleatoriamente de cada área de amostragem (áreas A, B e C), nos dois anos, sendo
retiradas alíquotas para análises químicas. Estas foram realizadas nos laboratórios de
análises de solos do Departamento de Solos e Nutrição de Plantas da ESALQ-USP,
Piracicaba (SP). Foram determinadas as concentrações dos macronutrientes N, P, K,
Ca, Mg e S, em gramas por quilo de serapilheira. Os métodos utilizados são descritos
com detalhes por MALAVOLTA et al. (1989).
2.5 Dados pluviométricos
A precipitação mensal, de outubro de 1999 a setembro de 2001, foi calculada
com uso das medidas diárias de um pluviômetro instalado pela ANEEL (Agência
Nacional de Energia Elétrica) do Brasil, na Fazenda Santa Cecília, há mais de uma
década.
2.6 Análises estatísticas dos dados
Para verificar a ocorrência de diferenças na produção, no acúmulo de
serapilheira e nas concentrações de macronutrientes nas três áreas
estudadas, utilizou-
83
se da Análise de Variância (ANOVA), seguida pelo teste de Tukey. Foram feitas
correlações entre a precipitação mensal e produção da serapilheira, e entre a
precipitação mensal e a serapilheira acumulada. Essas análises estatísticas foram
feitas usando-se o programa STATISTICA (2004).
3. RESULTADOS
3.1 Produção Anual de Serapilheira
A quantidade de serapilheira produzida (L) na área A, no primeiro ano de estudo,
foi de 970,48 g/m
2
ou 9,7 t ha
-1
e, na área B, foi de 951,19 g/m
2
ou 9,5 t ha
-1
. No
segundo ano, na área A, foram produzidas 886,8 g/m
2
ou 8,8 t ha
-1
e na área B, 1035,87
g/m
2
ou 10,3 t ha
-1
. A serapilheira produzida na área de Cerrado (área C), no primeiro
ano, foi de 418g/m
2
ou 4,2 t ha
-1
e, no segundo ano, foi de 356,6g/m
2
ou 3,5 t ha
-1
. As
diferenças das produções entre as áreas e entre os anos de estudo estão resumidas na
Tabela 1.
Tabela 1. Diferenças entre a serapilheira produzida (L) e a serapilheira acumulada (X)
nas áreas A e B (Floresta Estacional Semidecidual) e área C (Cerrado) da
Fazenda Santa Cecília, município de Patrocínio Paulista, SP. (Teste de Tukey
a 0,05%).
ÁREAS Ano 1 Ano 2
Serapilheira Produzida Serapilheira Produzida
A 970,48a 886,80b
B 951,19a 1035,87a
C 418,00b 356,6c
Serapilheira acumulada Serapilheira acumulada
A 846,9a 624,5b
B 961,0a 712,1a
C 784,4c 691,1c
84
Figura 1. Produção mensal de serapilheira (g/m
2
) durante o primeiro e o segundo anos
de estudo nas áreas A e B (Floresta Estacional Semidecidual) e área C
(Cerrado) da Fazenda Santa Cecília, município de Patrocínio Paulista (SP).
Área A
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
Out Nov Dez Jan Fev Mar Abril Maio Jun Jul Ago Set
Ano 1
Ano 2
Área B
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
Out Nov Dez Jan Fev Mar Abril Maio Jun Jul Ago Set
Ano 1
Ano 2
Área C
0
20
40
60
80
Out Nov Dez Jan Fev Mar Abril Maio Jun Jul Ago Set
Ano 1
Ano 2 "
85
A produção mensal de serapilheira é marcadamente sazonal (Figura 1). Verifica-
se que ocorreram as maiores produções de folhedo nos meses de agosto e setembro,
nas três áreas, no primeiro e no segundo anos, sem exceções. São os meses de fim de
inverno e início de primavera. Nas áreas de FES, ocorreram também valores altos de
produção nos meses de julho, outubro e novembro. Na área de Cerrado, as maiores
produções foram nos meses de julho, agosto e setembro.
Na área de Cerrado (área C), os totais mensais de serapilheira produzidos
apresentaram correlações com as precipitações totais mensais, nos dois anos de
estudo, sendo o coeficiente de determinação r
2
= 0,23 e P< 0,05. Nas áreas de FES,
essas correlações foram pouco significativas, sendo r
2
= 0,14 e P=0,05 para a área A, e
r
2
=0,27 e P=0,05 para a área B.
3.2 Serapilheira Acumulada
A média anual da quantidade de serapilheira acumulada (X) no primeiro ano, na
área A, foi de 846,9 ± 379,2 g/m
2
ou 8,4 ± 3,8 t ha
-1
e, no segundo ano, foi de 624,5 ±
168,4 g/m
2
ou 6,2 ± 1,7 t ha
-1
. Na área B, os valores foram de 961,0 ± 321,2 g/m
2
ou
9,6 ± 3,2 t ha
-1
, no primeiro ano, e 712,1 ± 156,9 g/m
2
ou 7,1 ± 1,5 t ha
-1
no segundo
ano. No Cerrado (área C), obtiveram-se os valores de 784,4 ± 160,3 g/m
2
ou 7,8 t ha
-1
e
691,1
± 100,5g/m
2
ou 6,9 t ha
-1
para o primeiro e segundo anos, respectivamente
(Tabela1).
Na FES, acumulou-se mais folhedo na área B nos dois anos de estudo do que na
área A. No Cerrado, acumulou-se menos folhedo no ano 1 em relação às duas áreas de
FES. No ano 2, o Cerrado acumulou um pouco mais de folhedo que na área A da FES.
Nas áreas A e B, os meses com maior acúmulo de serapilheira coincidem com a
estação chuvosa, ou seja, os meses de outubro, novembro, dezembro, janeiro e
fevereiro. Houve variação entre os meses nos dois anos de estudo (Figura 2). Na área
A, houve correlação entre a serapilheira acumulada e a precipitação mensal, sendo
86
r
2
=0,20 e P<0,05. Na área B, não houve correlação entre a serapilheira acumulada e a
precipitação mensal.
Na área de Cerrado, não se observa tendência à sazonalidade da serapilheira
acumulada (Figura 2). As médias mensais de serapilheira acumulada apresentaram
correlação com os totais mensais de precipitação, sendo o coeficiente de determinação
r
2
=0,19 e P<0,05.
3.3 Decomposição da serapilheira
As taxas instantâneas de decomposição de serapilheira (K) e os tempos
necessários para a decomposição de 50% do folhedo (T
50%
), em meses, para o primeiro
e o segundo anos, estão na Tabela 2.
Houve diferença entre os dois anos estudados nas áreas A e B de FES. No
entanto, entre essas duas áreas, não houve diferença. No Cerrado, não ocorreu
diferença de um ano para o outro na taxa de decomposição, mas ocorre acentuada
diferença entre as taxas de decomposição do Cerrado e as das áreas de FES.
Considerando a FES, o tempo necessário para a decomposição de 50% da
serapilheira foi de 7,9 meses no primeiro ano e de 5,8 meses no segundo ano. O
Cerrado apresentou o dobro do tempo de decomposição (T
50%
) em relação às áreas de
FES.
Tabela 2. Taxas instantâneas de decomposição da serapilheira (K) e tempo necessário
para a decomposição de 50% do folhedo (T
50%
) em meses, nas áreas A e B
(Floresta Estacional Semidecidual) e área C (Cerrado) da Fazenda Santa
Cecília, município de Patrocínio Paulista (SP).
Áreas Ano 1 Ano 2 Ano 1 Ano 2
K K
T
50%
T
50%
A 1,14 1,42 7,4 5,8
B 1 1,45 8,5 5,8
C 0,53 0,52 15,9 16,2
87
Figura 2. Totais mensais de serapilheira acumulada (g/m
2
) no primeiro e segundo anos,
nas áreas A e B (Floresta Estacional Semidecidual) e na área C (Cerrado) da
Fazenda Santa Cecília, município de Patrocínio Paulista (SP).
Área A
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ago Set
Ano 1
Ano 2
Área B
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ago Set
Ano 1
Ano 2
Área C
0
200
400
600
800
1000
1200
Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ago Set
Ano 1
Ano 2 "
88
3.4 Retorno de macronutrientes para o solo via serapilheira
Nas áreas de FES (A e B), as concentrações de macronutrientes obedecem à
ordem decrescente Ca>N>K>Mg>S>P (Figuras 3 e 4).
As concentrações de Ca variaram ao longo dos meses no primeiro e no segundo
anos, sem apresentarem sazonalidade. Houve variações nas concentrações mensais
de N ao longo do primeiro e do segundo anos, com pequena diminuição nos meses de
junho, julho e agosto.
Na área B, no primeiro ano, esse decréscimo na concentração de N ocorreu nos
meses de abril, maio e junho. As concentrações de K também variaram ao longo dos
meses, porém são marcadamente maiores nos meses de abril a julho. As
concentrações de Mg apresentam pequenas variações ao longo dos meses, sem
sazonalidade, e as concentrações de P e S, praticamente, não variaram ao longo dos
meses, nos dois anos.
Na área de Cerrado, as concentrações de nutrientes obedecem à ordem
decrescente N>Ca>K>Mg>S>P (Figuras 3 e 4). A concentração de N é maior do que a
de Ca, diferentemente do que ocorre nas áreas de FES.
Comparando-se o retorno dos nutrientes nas três áreas de estudo, verifica-se
que as concentrações são diferentes entre todos os nutrientes analisados e entre as
três áreas (Tabela 3). A área B é a que apresenta as maiores concentrações médias de
N, P, K, Ca, Mg e S, seguida da área A e, por último, a área C.
Nas Áreas A e B, somente as concentrações de Ca e Mg apresentaram
diferenças significativas entre os dois anos. Na Área C, somente as concentrações de
Mg foram diferentes entre os dois anos de estudo.
89
Figura 3: Concentrações de nutrientes em g/kg de serapilheira produzida no primeiro
ano de estudo, nas áreas A e B (Floresta Estacional Semidecidual) e na área
C (Cerrado) da Fazenda Santa Cecília, município de Patrocínio Paulista (SP).
Área A
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
30
32
34
36
38
Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ago Set
Á
rea B
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
30
32
34
36
38
40
Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ago Set
Área C
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ago Set
N P K Ca Mg S
90
Figura 4: Concentrações de nutrientes em g/kg de serapilheira produzida no segundo
ano de estudo, nas áreas A e B (Floresta Estacional Semidecidual) e na área
C (Cerrado) da Fazenda Santa Cecília, município de Patrocínio Paulista (SP).
Área A
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
30
32
34
36
38
Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ago Set
Área B
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
30
32
34
36
38
40
42
44
46
48
50
52
54
56
58
60
Out Nov Dez Jan Fev M ar A br M aio Jun Jul Ago Set
N P K Ca Mg S
Área C
0
2
4
6
8
10
12
14
16
Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ago Set
N P K Ca Mg S
91
Tabela 3. Médias das concentrações de macronutrientes (g/kg) na serapilheira
produzida em dois anos, na Fazenda Santa Cecília, Patrocínio Paulista, SP
(Teste de Tukey a 0,05%).
Nutrientes Área A Área B Área C
N 17,39 b 19,47 a 12,13 c
P 0,76 b 1,05 a 0,46 c
K 7,25 b 9,82 a 2,14 c
Ca 28,56 b 35,09 a 6,50 c
Mg 3,39 b 4,19 a 1,6 c
S 1,33 b 1,67 a 0,8 c
Médias seguidas por letras diferentes, apresentam diferenças
significativamente.
Tendo-se as concentrações médias de macronutrientes e as quantidades médias
de serapilheira produzida nos dois anos, calcularam-se as quantidades dos nutrientes
que retornam para o solo, via serapilheira. As quantidades de nutrientes em kg ha
-1
ano
-1
estão resumidas na Tabela 4.
Tabela 4. Quantidades de macronutrientes (kg ha
-1
ano
-1
) transferidas via serapilheira
para o solo, nos remanescentes da Fazenda Santa Cecília, Patrocínio
Paulista.
Nutrientes Área A Área B Área C
N 161,3 193,4 47,0
P 7,0 10,43 1,8
K 67,3 97,5 8,3
Ca 265 348,6 25,2
Mg 31,4 41,6 6,2
S 12,3 16,6 3,1
4. DISCUSSÃO
A produção de serapilheira entre áreas de FES (áreas A e B) não diferiu no
primeiro ano, mas no segundo ano, sim. Diferenças entre a produção de serapilheira
entre os anos parecem ser comuns em outras áreas de Florestas Estacionais
Semidecíduas do Estado de São Paulo (PAGANO, 1989a; SANTOS & VÁLIO, 2002).
92
PAGANO (1989a) sugeriu a ocorrência de uma estratégia que se repete no espaço de
alguns anos, no sentido de restringir a produção de folhedo, havendo partilha de
recursos entre atividades reprodutivas e vegetativas. Assim, em um ano, haveria um
esforço reprodutivo para a produção de descendentes e, em outros, a atividade maior
seria na manutenção dos indivíduos. Os valores estão de acordo com os obtidos para
FES bem conservadas, em outras áreas do Estado de São Paulo (Tabela 5).
Tabela 5. Valores de serapilheira produzida para áreas de Floresta Estacional
Semidecidual no Estado de São Paulo.
Autores Locais Produções de serapilheira
t ha
-1
ano
-1
MEGURO et al., 1979 São Paulo 9,4
CARPANEZZI, 1980 Lençóis Paulista (mata
ciliar)
10,5
PAGANO, 1989a Rio Claro 8,6
SCHLITTLER, 1990 Teodoro Sampaio 7,5
MORELLATO, 1992 Jundiaí (1170m)
Jundiaí (870m)
7,0
8,6
MORELLATO, 1992 Jundiaí (1170m)
Jundiaí (870m)
7,0
8,6
CÉSAR, 1993 Anhembi 8,8
DURIGAN et al., 1996 Marília (mata ciliar)
Tarumã (mata ciliar)
8,8 e 11,1
9,7
DINIZ, & PAGANO, 1997 Araras 11,6
GABRIEL, 1997 Anhembi e Bofete 7,9 e 8,5
MARTINS &
RODRIGUES,1999
Campinas (clareiras) 5,9
Presente estudo Patrocínio Paulista 8,8 a 10,3
93
Os valores de serapilheira produzida na área de Cerrado (área C) estão pouco
abaixo do encontrado para um cerradão (mata ciliar) em Assis (SP), que foi de 5,3 t ha
-1
ano
-1
, na faixa próxima ao curso d’água, e de 6,4 na faixa de solo bem drenado, a mais
de 10 m de distância do curso d’água. Entretanto, os valores obtidos para o Cerrado do
presente estudo estão de acordo com o descrito por DELLITI (1984), que foi de 3,2 t
ha
-1
ano
-1
de serapilheira, em uma área de Cerrado não-ciliar. Esse mesmo autor
encontrou produção de 6,7 t ha
-1
ano
-1
em Cerrado que forma mata ciliar. Nesses
trabalhos com cerrado que formam ou não
formam
matas ciliares, não foram feitas
correlações com a dinâmica da água no solo, que poderia ser fator determinante da
maior ou menor produção de serapilheira. Não se pode descartar a questão da
composição florística, pois ocorre grande variação de perda de folhas entre as espécies
e, mesmo, entre indivíduos de uma mesma espécie (SANTOS & VÁLIO, 2002).
Apesar da sazonalidade da produção de serapilheira, com picos maiores nos
meses de fim de inverno e início de primavera, período mais seco, esta não se
correlacionou com a precipitação. Correlações entre produção de folhedo e velocidade
dos ventos e umidade relativa do ar foram significativas nas clareiras da FES da
Reserva de Santa Genebra, Campinas (SP), estudada por MARTINS & RODRIGUES
(1999). Entretanto, ausência de correlações com variáveis climáticas foi verificada por
PAGANO (1989a), CÉSAR (1993) e SCHLITTLER et al. (1993a). MORELLATO (1992)
associou a sazonalidade da serapilheira produzida ao estresse hídrico, ao
fotoperiodismo, à evapotranspiração, à baixa disponibilidade de nutrientes e à
porcentagem de espécies decíduas e semidecíduas.
A fertilidade dos solos foi discutida por GABRIEL (1997), em uma ampla revisão
de literatura, como fator condicionante da produção de serapilheira. O autor concluiu
que a produção não parece ser diretamente influenciada pelos tipos e fertilidade dos
solos, pois os fragmentos de FES já estudados para o Estado de São Paulo
apresentam valores próximos e grande variação de propriedades dos solos. Na
Fazenda Santa Cecília, em Patrocínio Paulista (SP), os solos da área A e da área B,
embora apresentem diferenças na fertilidade e na dinâmica de água (Araújo et al., em
preparação), apresentaram diferenças na produção de serapilheira apenas no segundo
94
ano de estudo. PAGANO (1989a) sugeriu maior período de estudo (3 a 4 anos) para
que se possam discutir padrões.
A serapilheira acumulada nas áreas de FES apresentou valores altos, quando
comparados com os de outras florestas do Estado de São Paulo (Tabela 6).
Tabela 6. Valores de serapilheira acumulada nas áreas de Floresta Estacional
Semidecidual no Estado de São Paulo.
Autores Locais Serapilheira acumulada
kg ha
-1
ano
-1
K
MEGURO et al. ,
1979
São Paulo 6655 0,86
PAGANO, 1989 a Rio Claro 8250 1,15
SCHLITTLER et al.,
1993a
Teodoro Sampaio 7379 1,02
MORELLATO, 1992 Jundiaí (mata de
altitude)
5500 1,06
CÉSAR, 1993 Anhembi 8600 1,06
DINIZ & PAGANO,
1997
Araras - 1,40
GABRIEL, 1997 Anhembi e Bofete 7199 1,11
Presente estudo Patrocínio Paulista 8469 a 9610 1,06 e 1,40
Os valores de K estão dentro do intervalo encontrado para as FES já estudadas,
com exceção de MEGURO et al. (1979), que encontrou taxa instantânea de
decomposição de 0,86, porém, em uma floresta secundária. PAGANO (1989a)
ressaltou que essas taxas são elevadas, ou seja, o processo de decomposição é
rápido, sugerindo um rápido aproveitamento de nutrientes pela vegetação desse tipo de
formação florestal no Estado de São Paulo.
Vários fatores são apontados por ANDERSON & SWIFT (1983) para explicar as
diferentes taxas de decomposição das florestas tropicais: baixa concentração de
95
nutrientes, grande quantidade de lignina, redução das atividades da fauna do solo e
umidade do húmus. Entretanto, nenhum fator, isoladamente, pode explicar o processo
de decomposição. Para MORELLATO (1992), a dominância de espécies semidecíduas
e a quantidade superior de nutrientes no solo e na serapilheira proporcionam altas taxas
de decomposição.
Witkamp (1966) apud MEGURO et al. (1980) menciona que a interdependência
entre temperatura, umidade, estação do ano, composição do substrato e população dos
microrganismos do solo torna bastante complexa a avaliação global do processo de
decomposição em ambientes naturais.
Em relação ao retorno de macronutrientes para o solo, as quantidades desses
elementos são altas, do mesmo modo que em outras áreas de FES estudadas no
Estado de São Paulo até o momento, indicando a grande relevância da serapilheira no
processo de ciclagem de nutrientes desses ecossistemas. PAGANO (1989b) discutiu as
taxas altas de nutrientes na serapilheira das FES, sugerindo ausência de mecanismos
de conservação de nutrientes por parte da vegetação. Essa ausência parece
independer da fertilidade e de outros fatores do solo, pois ocorre em todas as FES
estudadas e que apresentam grande variação de propriedades do solo. Ocorre grande
variação nas quantidades de nutrientes na serapilheira, como foi mostrado por
PAGANO (1989b), SCHLITTLER et al. (1993b) e DINIZ & PAGANO (1997), o que
sugere a necessidade de mais estudos em outros fragmentos para que se possa
discutir um padrão.
No Cerrado da Fazenda Santa Cecília, a seqüência das quantidades de
nutrientes segue a ordem decrescente N>Ca>K>Mg>S>P, encontrada na maioria das
formações de FES do Estado de São Paulo, sejam matas ciliares ou não. Não foi
encontrado, na literatura, estudo sobre os nutrientes na serapilheira em outras áreas de
Cerrado. Entretanto, na FES estudada, o elemento Ca apresentou-se em maior
quantidade que o N, o que foi verificado também por CARPANEZZI (1980), em um
fragmento de mata ciliar em Lençóis Paulista (SP). MEGURO et al. (1980) e PAGANO
(1989b) mostraram que a quantidade de Ca foi maior que a de N, em Florestas Pluviais
96
e Tropicais Úmidas na Colômbia, na Austrália e na África; no entanto, não há
discussões sobre tal fato. MORAES et al. (1999) encontraram mais Ca do que N na
serapilheira produzida em uma área de restinga, na Ilha do Cardoso (SP), atribuindo tal
fato ao escleromorfismo oligotrófico da vegetação. No entanto, no mesmo estudo, em
área de floresta de encosta (“Atlantic Forest”), a seqüência decrescente de
macronutrientes na serapilheira foi N>Ca>K>Mg>S>P. Na Fazenda Santa Cecília, no
Cerrado que tem escleromorfismo, a concentração de Ca foi menor que a de N e, nas
áreas de FES, com solo fértil e sem escleromorfismo, a concentração de Ca foi maior
que a de N. Na Floresta Estacional Semidecidual de Altitude, na Serra do Japi,
MORELLATO (1993) encontrou baixa concentração de nutrientes, em comparação com
a Floresta Estacional Semidecidual Submontana, da mesma área. A autora apresentou
uma discussão em que sugeriu um mecanismo de conservação de nutrientes na
floresta de altitude sob solo pobre; na submontana, com solo mais fértil, os nutrientes
na serapilheira são mais abundantes. Na FES da Fazenda Santa Cecília, os solos têm
alta fertilidade, e a vegetação poderia, então, não reter ou não translocar nutrientes
antes da queda das folhas e outros detritos.
5. CONCLUSÕES
Os valores de produção, taxa instantânea de decomposição e tempo médio de
renovação ou estimativa para o desaparecimento de 50% da serapilheira produzida, e o
retorno de macronutrientes ao solo, determinados para os fragmentos de FES e
Cerrado na Fazenda Santa Cecília, mostram que, apesar de estarem sujeitos a
intervenções antrópicas, como cortes seletivos de madeira, esses fragmentos
conseguem ainda ter aspectos da ciclagem de nutrientes típicos dessas formações e
podem, portanto, se auto-sustentarem.
Os resultados apresentados podem ser integrados no conjunto de dados obtidos
em outros remanescentes de vegetação do Estado de São Paulo, contribuindo para o
entendimento de padrões de ciclagem de nutrientes.
97
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109
APÊNDICES
110
APÊNCICE A. Atributos químicos dos solos nos remanescentes da Fazenda Santa
Cecília, Patrocínio Paulista, SP.
Tabela 1 A. Valores médios dos atributos químicos do solo da Área A – Nitossolo Vermelho Eutroférrico,
da Fazenda Santa Cecília, município de Patrocínio Paulista – SP.
Profundidade pH M.O P K Ca Mg Al H+Al SB T V m
CaCl
2
g dm
- 3
mg dm
- 3
mmolc dm
- 3
%
0-20 cm 5,36 48,6 9,2 2,66 50,6 11,6 0,2 26,0 64,86 90,86 69,8 0,4
20-40 cm 5,18 39,6 7,0 2,16 43,2 9,8 0,2 25,2 55,16 80,36 64,8 0,6
40-60 cm 5,48 29,2 7,4 2,26 38,2 8,0 0,2 23,0 48,46 71,46 63,2 1,2
70-90 cm 5,44 21,0 3,8 1,04 16,4 4,6 0,0 21,4 22,04 43,44 47,8 0,0
100-120 cm 5,48 17,8 2,8 0,88 16,6 4,0 0,2 18,6 21,48 40,08 45,6 2,2
Tabela 2 A. Valores médios dos atributos químicos do solo da Área AB – Nitossolo Vermelho Eutroférrico,
da Fazenda Santa Cecília, município de Patrocínio Paulista – SP.
Profundidade pH M.O P K Ca Mg Al H+Al SB T V m
CaCl
2
g dm
- 3
mg dm
- 3
mmolc dm
- 3
%
0-20 cm 5,14 52,4 12,4 4,18 64,4 19,8 0,6 34,8 88,38 123,18 65,4 2,0
20-40 cm 5,18 39,0 11,6 2,56 32,8 13,6 1,2 41,0 48,96 89,96 49,2 9,0
40-60 cm 4,96 29,8 11,0 1,66 19,0 10,6 0,8 40,0 31,26 71,26 42,6 5,8
70-90 cm 4,76 23,0 6,2 0,84 9,80 4,8 0,8 38,4 15,44 53,84 28,6 12,4
100-120 cm 4,92 21,0 5,4 1,20 8,40 3,8 0,6 32,6 13,40 46,00 28,6 7,8
111
Tabela 3A. Valores médios dos atributos químicos do solo da Área B – Argissolo Vermelho Amarelo, da
Fazenda Santa Cecília, município de Patrocínio Paulista – SP.
Profundidade pH M.O P K Ca Mg Al H+Al SB T V m
CaCl
2
g dm
- 3
mg dm
- 3
mmolc dm
- 3
%
0-20 cm 5,76 42,2 9,6 2,78 80,2 11,4 0,0 14,4 94,38 108,78 86,2 0,0
20-40 cm 5,30 28,8 7,4 2,0 57,2 8,0 0,0 15,4 67,2 82,6 80,0 0,0
60-80 cm 5,80 21,4 8,0 1,16 45,0 8,0 0,0 15,4 54,16 69,56 76,8 0,0
Tabela 4A. Valores médios dos atributos químicos do solo da área BC – Argissolo Vermelho Amarelo, da
Fazenda Santa Cecília, município de Patrocínio Paulista – SP.
Profundidade pH M.O P K Ca Mg Al H+Al SB T V m
CaCl
2
g dm
- 3
mg dm
- 3
mmolc dm
- 3
%
0-20 cm 4,84 39,6 5,4 1,86 34,8 9,8 1,8 32,4 46,46 78,86 53,8 11,6
20-40 cm 4,58 31,0 4,4 1,34 28,8 7,2 1,8 26,8 37,34 64,14 51,4 14,8
60-80 cm 4,7 19 2,8 0,56 12,2 4,2 1,0 19,8 16,96 36,76 42,0 15,2
Tabela 5A. Valores médios dos atributos químicos do solo da Área C – Neossolo Quartzarênico, da
Fazenda Santa Cecília, município de Patrocínio Paulista – SP.
Profundidade pH M.O P K Ca Mg Al H+Al SB T V m
CaCl
2
g dm
- 3
mg dm
- 3
mmolc dm
- 3
%
0-20 cm 3,80 20,4 3,8 0,46 1,0 1,0 4,8 30,6 2,46 33,06 7,4 56,8
40-60 cm 3,82 19,4 2,4 0,38 1,0 1,0 4,2 29,0 2,38 31,38 8,0 63,2
80-100 cm 3,94 16,4 2,2 0,30 1,0 1,0 3,0 22,0 2,30 24,30 9,4 56,4
140-160 cm 4,14 14,4 2,2 0,12 2,8 1,0 1,0 18,4 3,92 22,32 16,4 22,8
112
Apêndice B: Atributos granulométricos dos solos, da Fazenda Santa Cecília, município
de Patrocínio Paulista – SP.
Tabela 1B. Valores médios dos atributos granulométricos do solo da Área A – Nitossolo Vermelho
Eutroférrico, da Fazenda Santa Cecília, município de Patrocínio Paulista – SP.
Profundidade Areia Total (%) Silte Total (%) Argila Total (%)
0-20 cm 34,0 18,4 47,6
20-40cm 31,2 14,8 54,0
40-60 cm 25,8 14,4 59,8
70-90 cm 24,2 16,2 59,6
100-120 cm 22,8 17,6 59,6
Tabela 2B. Valores médios dos atributos granulométricos do solo da Área AB – Nitossolo Vermelho
Eutroférrico, da Fazenda Santa Cecília, município de Patrocínio Paulista – SP.
Profundidade Areia Total (%) Silte Total (%) Argila Total (%)
0-20 cm 40,6 13,2 46,2
20-40cm 39,2 12,6 48,2
40-60 cm 38,6 12,0 49,4
70-90 cm 37,8 11,2 51,0
100-120 cm 42,4 9,0 48,6
113
Tabela 3B. Valores médios dos atributos granulométricos do solo da Área B – Argissolo Vermelho
Amarelo, da Fazenda Santa Cecília, município de Patrocínio Paulista – SP.
Profundidade Areia Total (%) Silte Total (%) Argila Total (%)
0-20 cm 75,2 8,4 16,4
20-40cm 75,4 8,0 16,6
60-80 cm 69,2 7,2 3,6
Tabela 4B. Valores médios dos atributos granulométricos do solo da Área BC – Argissolo Vermelho
Amarelo, da Fazenda Santa Cecília, município de Patrocínio Paulista – SP.
Profundidade Areia Total (%) Silte Total (%) Argila Total (%)
0-20 cm 72,8 10,4 16,8
20-40cm 74,8 9,2 16,0
60-80 cm 73,6 7,2 19,2
Tabela 5B. Valores médios dos atributos químicos do solo da Área C – Neossolo Quartzarênico, da
Fazenda Santa Cecília, município de Patrocínio Paulista – SP.
Profundidade Areia Total (%) Silte Total (%) Argila Total (%)
0-20 cm 88,0 3,6 8,4
40-60 cm 87,2 4,4 8,4
80-100 cm 86,0 4,0 10,0
100-120 cm 84,8 4,8 10,4
114
APÊNDICE C. Parâmetros dos solos e densidade das espécies por parcela, nos
remanescentes florestais da Fazenda Santa Cecília, Patrocínio Paulista, SP.
Tabela 1C. Parâmetros de solo utilizados nas análises de classificação e ordenação das parcelas das
áreas A, B e C, dos remanescentes florestais da Fazenda Santa Cecília, Patrocínio
Paulista. Parc: Parcela; pH: acidez em CaCl
2
; MO: matéria orgânica; P: Fósforo; K:
Potássio; Ca: Cálcio; Mg: Magnésio; Al: Alumínio; H+Al: acidez potencial; SB: Soma de
bases; T: Capacidade de troca catiônica; V: Saturação por bases; m: saturação por
alumínio; as letras a, b e c, indicam as parcelas das áreas A, B e C respectivamente.
Parc pH M.O P K Ca Mg H+Al SB T V Al Arg
1a 6,8 48 12 1,3 106 30 12 137,3 149,3 92 0 360
2a 6,5 55 11 2,6 104 18 15 124,6 139,6 89 0 400
3a 6,5 47 13 2 140 16 15 158 173 91 0 380
4a 6,7 34 14 4,8 82 30 11 116,8 127,8 91 0 370
5a 6,5 38 11 3,6 69 21 13 93,6 106,6 88 0 390
6a 6,6 39 11 12 74 30 12 116 128 91 0 380
7a 5,5 10 2 0,7 6 5 18 11,7 29,7 39 0 380
8a 6,2 42 12 2,7 88 18 16 108,7 124,7 87 0 380
9a 5 27 5 1,7 25 7 38 33,7 71,7 47 0 500
10a 4,7 32 6 1,9 19 9 20 29,9 49,9 60 1 400
11a 6,1 57 16 4 150 40 20 194 214 91 0 400
12a 6,1 46 12 2,2 83 20 20 105,2 125,2 84 0 380
13a 5,6 53 17 2,6 77 21 31 100,6 131,6 76 0 380
14a 5,3 54 12 2,4 160 30 20 192,4 212,4 91 0 400
15a 4,9 61 8 1,9 55 17 28 73,9 101,9 73 0 440
16a 6,3 56 16 2,6 210 50 15 262,6 277,6 95 0 390
17a 6,2 50 14 2,7 99 50 18 151,7 169,7 89 0 390
18a 6,5 47 15 3,5 180 30 13 213,5 226,5 94 0 400
19a 5,8 50 10 1,8 150 18 22 169,8 191,8 89 0 430
20a 6,5 52 14 2 140 30 15 172 187 92 0 390
21a 6,5 33 10 2,5 86 30 15 118,5 133,5 89 0 380
22a 6,5 62 14 3 190 30 15 223 238 94 0 390
23a 5,1 38 5 1,8 35 9 31 45,8 76,8 60 0 430
24a 6,1 44 11 2,5 78 30 16 110,5 126,5 87 0 400
25a 6,4 53 15 4,7 160 40 16 204,7 220,7 93 0 390
26a 6,5 49 11 1,3 86 14 15 101,3 116,3 87 0 410
27a 5,8 38 11 2,1 51 19 25 72,1 97,1 74 0 400
28a 5,8 41 11 2,9 46 19 31 67,9 98,9 69 0 430
29a 5,2 36 6 1,6 32 18 38 51,6 89,6 58 0 400
30a 6,2 12 1 2,8 13 9 16 24,8 40,8 61 0 530
1b 6,2 37 11 1,5 87 15 16 103,5 119,5 87 0 170
2b 6,2 25 8 1,2 53 15 15 69,2 84,2 82 0 140
115
Tabela1. Cont.
3b 6,1 19 5 1,5 43 13 18 57,5 75,5 76 0 140
4b 6,5 23 10 2,7 69 18 12 89,7 101,7 88 0 130
5b 6,9 18 96 3,6 92 17 9 112,6 121,6 93 0 100
6b 6,8 17 7 2 59 6 10 67 77 87 0 110
7b 6,4 24 6 2,1 52 11 12 65,1 77,1 84 0 140
8b 6,2 31 7 1,3 53 12 15 66,3 81,3 82 0 160
9b 6,5 25 7 1,4 44 10 12 55,4 67,4 82 0 160
10b 6,4 27 11 1,5 59 17 12 77,5 89,5 87 0 140
11b 6 35 11 3,2 78 19 15 100,2 115,2 87 0 150
12b 6,2 68 15 2,9 150 21 15 173,9 188,9 92 0 140
13b 6,2 59 15 1,7 108 21 12 130,7 142,7 92 0 150
14b 6,2 41 12 1,4 79 19 16 99,4 115,4 86 0 160
15b 6,6 63 25 3,2 215 35 10 253,2 263,2 96 0 160
16b 6,3 38 12 1,7 108 19 12 128,7 140,7 91 0 150
17b 6,4 37 13 2,1 105 21 10 128,1 138,1 93 0 160
18b 6,4 41 12 2,5 86 14 10 102,5 112,5 91 0 190
19b 6,2 47 15 2,7 88 18 13 108,7 121,7 89 0 160
20b 6,4 40 15 2,8 103 20 12 125,8 137,8 91 0 160
21b 6,6 38 13 1,2 145 12 10 158,2 168,2 94 0 240
22b 6,2 50 13 2,6 89 50 13 141,6 154,6 92 0 190
23b 6,2 21 10 5,3 69 40 10 114,3 124,3 92 0 160
24b 6,1 44 12 1,6 93 16 18 110,6 128,6 86 0 210
25b 6,3 24 7 0,8 64 18 10 82,8 92,8 89 0 130
26b 5,9 36 9 2,3 52 14 20 68,3 88,3 77 0 120
27b 6,3 35 13 2,4 94 40 13 136,4 149,4 91 0 180
28b 6,5 22 8 1,6 88 11 12 100,6 112,6 89 0 190
29b 6,5 54 18 7 170 40 12 217 229 95 0 150
30b 6,9 33 7 1,3 103 11 11 115,3 126,3 91 0 150
1c 3,9 13 4 0,6 5 1 42 6,6 48,6 14 7 110
2c 3,8 10 3 0,4 4 1 42 5,4 47,4 11 7 110
3c 3,9 12 3 0,5 3 1 38 4,5 42,5 11 6 110
4c 3,9 12 3 0,5 3 1 34 4,5 38,5 12 6 120
5c 3,8 14 3 0,6 3 1 38 4,6 42,6 11 6 120
6c 3,8 24 4 0,7 4 1 58 5,7 63,7 9 11 100
7c 3,8 13 4 0,7 4 1 38 5,7 43,7 13 7 100
8c 3,8 12 3 0,7 4 1 38 5,7 43,7 13 8 100
9c 3,8 13 3 0,6 4 1 38 5,6 43,6 13 7 100
10c 3,8 13 4 0,7 2 1 47 3,7 50,7 7 8 90
11c 3,8 16 4 0,9 5 1 42 6,9 48,9 14 8 100
12c 3,8 15 4 0,7 4 1 42 5,7 47,7 12 7 90
116
Tabela 1 Cont.
13c 3,8 15 4 0,7 4 1 42 5,7 47,7 12 8 100
14c 3,8 17 3 0,5 2 1 38 3,5 41,5 8 7 90
15c 3,8 23 6 1 3 2 42 6 48 13 8 110
16c 3,8 26 5 0,9 3 1 52 4,9 56,9 9 9 110
17c 3,9 17 3 0,9 6 2 38 8,9 46,9 19 5 100
18c 3,8 25 5 0,6 3 2 52 5,6 57,6 10 6 110
19c 3,8 17 3 0,3 2 1 34 3,3 37,3 9 5 100
20c 3,8 25 4 0,4 3 2 58 5,4 63,4 9 8 100
21c 3,8 23 4 0,4 3 2 47 5,4 52,4 10 7 90
22c 3,8 17 3 0,3 4 2 42 6,3 48,3 13 6 110
23c 3,8 27 5 0,4 3 2 58 5,4 63,4 9 7 110
24c 3,8 20 5 0,4 3 1 47 4,4 51,4 9 8 110
25c 3,8 29 6 0,4 3 1 64 4,4 68,4 6 9 110
26c 3,9 15 3 0,3 3 1 38 4,3 42,3 10 5 100
27c 3,8 14 3 0,3 2 1 34 3,3 37,3 9 4 100
28c 3,8 14 3 0,3 2 1 34 3,3 37,3 9 5 100
29c 3,8 22 4 0,4 2 1 52 3,4 55,4 6 8 100
30c 3,8 15 4 0,3 2 1 42 3,3 45,3 7 6 100
Tabela 2C. Densidades das principais espécies, utilizadas nas análises de classificação e ordenação das
parcelas da Área A dos remanescentes florestais da Fazenda Santa Cecília, Patrocínio
Paulista, SP.
Parc
M.
elata
A.
ramif
E
plurif
T.
catig
S.
multi
C.
pipto
T.
claus
E.
ligus
N.
mega
J.
spino
1a 1 0 4 1 0 0 0 0 1 0
2a 2 1 2 2 0 0 0 0 0 0
3a 2 0 0 3 0 0 6 1 0 0
4a 2 1 1 0 1 1 0 0 0 0
5a 4 2 1 1 0 0 1 0 0 0
6a 1 3 0 1 0 1 0 0 0 0
7a 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1
8a 2 1 1 0 1 0 3 0 0 1
9a 1 0 0 1 0 1 0 0 0 2
10a 3 0 1 0 0 0 0 1 0 0
11a 6 0 1 1 1 0 0 1 2 0
12a 1 1 3 0 0 0 0 0 0 0
13a 1 1 0 0 2 1 0 0 0 2
14a 2 0 0 0 0 1 0 0 0 0
15a 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0
16a 2 0 0 1 1 0 1 0 1 0
17a 0 1 1 3 0 1 1 0 0 1
18a 2 0 1 1 0 0 3 0 0 1
19a 0 0 0 0 1 1 0 0 0 1
20a 1 1 0 0 0 4 0 0 1 1
21a 0 0 3 1 0 0 0 1 0 0
117
Tabela 2
Cont.
22a 2 0 0 0 0 0 2 1 0 0
23a 2 0 0 0 0 0 0 0 1 0
24a 1 0 1 1 1 1 0 0 1 0
25a 3 2 0 0 1 1 0 0 0 0
26a 3 0 1 1 0 0 0 0 0 0
27a 3 0 0 1 0 0 0 1 0 0
28a 2 0 1 0 1 0 2 3 1 0
29a 1 0 0 1 1 0 0 0 0 0
30a 4 0 1 0 0 0 0 0 0 0
* M. elata: Micrandra elata; A. ramif: Aspidosperma ramiflorum; E. plurif: Eugenia pluriflora; T. catig:
Trichila catigua; S. mult: Senna multijuga; C. pipto: Croton piptocalyx; T. claus: Trichilia
clausseni; E. ligus: Eugenia ligustrina; N. mega: Eugenia megapotamica; J. spino: Jaracatia
spinosa;
Tabela 3C. Densidades das principais espécies, utilizadas nas análises de classificação e ordenação das
parcelas da Área B, dos remanescentes florestais da Fazenda Santa Cecília, Patrocínio
Paulista, SP.
Parc
U
bacc
C.
pipto
G.
kunt
G.
macro
E.
edul
C.
canj
A.
poly
N.
mega
J.
spino
C.
legal
I.
edul
A.
grav.
A.
gland
1b 0 0 2 0 0 1 2 1 0 0 0 0 0
2b 0 0 2 1 1 0 2 0 0 0 0 0 0
3b 0 0 2 2 4 1 3 2 0 0 0 1 1
4b 2 0 0 2 0 0 1 2 0 1 0 0 0
5b 1 0 1 5 2 0 1 1 0 0 0 2 0
6b 0 2 1 1 0 2 2 0 0 0 1 0 0
7b 1 0 0 1 0 1 1 0 0 2 1 0 0
8b 10 2 1 1 0 0 0 0 0 0 1 0 0
9b 1 2 1 0 0 0 0 0 1 0 1 1 0
10b 4 4 3 0 0 1 0 0 0 0 2 0 0
11b 4 0 2 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0
12b 3 0 2 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0
13b 0 0 2 2 0 0 0 0 1 0 0 0 0
14b 0 0 0 2 0 0 2 0 0 1 1 0 2
15b 0 0 1 5 2 0 2 1 0 0 0 0 0
16b 5 2 1 1 1 0 2 0 0 1 0 1 2
17b 6 0 0 1 1 1 1 0 0 0 0 0 0
18b 2 2 1 1 1 0 0 2 0 0 0 0 1
19b 0 2 1 0 1 1 0 0 0 0 0 1 0
20b 0 4 2 0 3 2 0 0 1 0 0 0 0
21b 1 2 0 0 4 0 1 1 0 1 0 0 0
22b 3 1 1 0 2 0 0 1 1 0 0 0 0
23b 0 2 2 0 3 0 0 0 0 1 1 0 0
24b 3 3 0 0 0 0 0 0 4 1 0 0 1
25b 2 0 0 1 0 0 1 1 0 0 0 0 0
26b 4 0 0 0 0 2 1 2 0 1 0 0 0
27b 1 3 1 1 0 0 0 0 0 5 1 0 0
118
Tabela 3.
Cont
.
28b 3 5 0 0 0 0 0 1 0 0 1 1 0
29b 2 3 0 0 0 0 0 0 1 0 1 0 1
30b 2 0 1 0 1 0 0 0 0 1 0 1 0
* U. bacc: Urera baccifera; G. macro: Guarea macrophylla; E. edu: Euterpe edulis; C. canj: Cabralea
canjerana; A. poly: Aspidosperma polyneuron; C. lega: Cariniana legalis; I. edul: Inga edulis; A. grav:
Astronium graveolens; A. gland: Alchornea glandulosa.
Tabela 4C. Densidades das principais espécies, utilizadas nas análises de classificação e ordenação das
parcelas da Área A dos remanescentes florestais da Fazenda Santa Cecília, Patrocínio
Paulista, SP.
Parc Q.
grand
D.
misco
S.
campor
O.
corym
Q.
parvi
Q.
mult
B.
virg
Q.
cord
M.
rostr
A.
lhots
V.
sebif
M.
bella
O.
spect
M.
varia
1c 3 1 2 1 0 0 0 0 1 2 2 0 1 0
2c 7 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0
3c 11 1 1 0 2 0 0 1 1 1 0 0 0 1
4c 6 4 1 0 4 1 1 0 0 0 0 0 1 0
5c 12 2 0 0 0 0 0 2 3 1 0 0 0 1
6c 1 3 3 2 1 3 0 1 1 0 0 0 1 0
7c 1 2 3 1 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0
8c 1 0 0 0 1 1 0 0 0 1 0 0 0 0
9c 2 2 3 1 0 0 0 0 1 2 0 0 0 0
10c 0 1 0 0 2 0 0 1 0 0 2 0 0 0
11c 0 1 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0
12c 2 4 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1
13c 2 1 3 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0
14c 1 1 1 0 0 0 0 0 0 0 1 1 0 0
15c 4 2 1 1 0 1 0 1 0 0 0 2 0 0
16c 7 1 0 8 2 2 0 1 0 0 3 1 1 0
17c 13 2 1 0 3 0 1 1 0 0 0 0 0 0
18c 8 2 4 1 3 1 0 0 0 0 1 1 0 1
19c 1 0 0 1 2 0 0 0 0 0 1 0 0 1
20c 3 1 0 1 1 0 1 0 2 0 0 0 1 0
21c 3 1 0 1 1 0 1 0 2 0 0 0 1 0
22c 4 1 0 0 2 1 1 0 1 0 0 0 0 0
23c 2 1 1 6 0 3 2 1 0 0 0 0 0 1
24c 6 1 0 2 0 0 2 0 2 0 0 0 0 0
25c 8 0 0 0 0 0 0 1 1 0 0 1 1 1
26c 1 2 2 0 2 1 0 0 0 0 0 1 0 0
27c 6 1 1 0 0 0 0 1 0 0 0 1 0 0
28c 5 2 0 0 2 2 0 1 0 0 0 0 0 0
29c 1 1 2 0 0 1 0 0 0 0 1 0 0 0
30c 9 1 2 0 0 2 0 0 0 1 0 0 0 2
* Q. grand: Qualea grandiflora; D. misco: Dalbergia miscolobium; S. campr: Styrax camporum; O. corym:
Ocotea corymbosa; Q.parvi: Qualea parviflora; Q.mult: Qualea multiflora; B.virg: Bowdichia virgilioides; Q.
cord: Qualea cordata; M.rostr: Myrcia rostrata; A.lhots: Aegiphilla lhotskiana; V.seb: Virola sebifera; M.bella:
Myrcia bella; O.spect: Ouratea spectabilis; M. varia: Myrcia variabilis.
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