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PPG-SEA
Programa de Pós-graduação em Ciências da Engenharia Ambiental
Dayani de Fátima Pereira
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservatório recém-construído
(Reservatório do Lajeado), UHE Luis Eduardo Magalhães – TO
Tese apresentada à Escola de Engenharia de São
Carlos, da Universidade de São Paulo, como
parte dos requisitos para obtenção do Título de
Doutor em Ciências da Engenharia Ambiental.
Orientadora: Prof
a
. Dr
a
. Takako Matsumura
Tundisi
São Carlos – SP
2005
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Tese apresentada à Escola de
Engenharia de São Carlos, da
Universidade de São Paulo, como parte
dos requisitos para obtenção do Título
de Doutor em Ciências da Engenharia
Ambiental.
São Carlos – SP
2005
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“perto de muita água, tudo é feliz”
(fala de Riobaldo, personagem do livro Grande Sertão: Veredas de Guimarães Rosa)
Dedico este trabalho ao meu pai, Taurino, aos
meus irmãos Dayse e Alexandre, e principalmente
a minha mãe, Fátima, pelo seu amor, dedicação e
apoio nesta e em todas as etapas da minha vida.
Este trabalho de pesquisa foi desenvolvido e realizado nos laboratórios do
Instituto Internacional de Ecologia-São Carlos/SP e no Laboratório de Limnologia da
Usina Hidrelétrica Luis Eduardo Magalhães-Lajeado/TO
Agradecimentos
À Prof
a
. Dr
a
. Takako Matsumura Tundisi, por ter aceitado orientar-me no doutorado, pela
confiança no meu trabalho e pelos seus preciosos ensinamentos sobre ecologia;
Ao Prof. Dr. José Galizia Tundisi pela sua contribuição e incentivo à este trabalho;
Ao CNPq pela bolsa concedida;
À INVESTCO S/A por possibilitar a realização deste trabalho (INVESTCO/IIE – contrato
2002/2003);
Ao Instituto Internacional de Ecologia pelo apoio e facilidades concedidas para o
desenvolvimento deste trabalho;
Ao Prof. Dr. Evaldo Luíz Gaeta Espíndola pela amizade, paciência e apoio à todos do
curso de Pós Graduação em Ciências da Engenharia Ambiental;
Às Prof
as
. Dr
a
. Maria José Santos Wisniewski e Dr
a
. Lourdes El-Moor Loureiro pela ajuda
na identificação;
À Valéria, Anna, Dani, Guilherme, Corina, Donato pelo convívio e amizade, ao Willian
pela ajuda na identificação dos Cyclopoida e a todos do Instituto Internacional de Ecologia;
À todos os amigos do CRHEA: Julieta, Érica, Maurício e Carol, pela amizade, carinho,
apoio nos momentos difíceis e por todos os momentos alegres que vivemos durantes estes anos
de convívio;
Aos amigos: Valmir, Vitinho, Ângela, Fernanda, Mauritia, Renato, Dennis, Deusdedit,
Marta, Fei, Gabriel, Lúcia, Silvia e Flavinha.
Aos irmãos que fiz em São Carlos: Nesk, Bianca Miranda, Bianca Habib, Dani e Satya,
muito agradecida por tudo;
Aos irmãos que fiz em Brasília: Verônica, Ângela, Daniel, Sebben, Zé Filho, Érica, Joana e
Bruno pelo amor, preocupação e apoio incondicionais;
Às amigas de sempre: Andréa, Lane e Clarissa;
À todos do Rochedo de Ouro, Flor de Babaçu e Flor de Pequi;
À minha família pelo incentivo, apoio e amor.
ÍNDICE
LISTA DE FIGURAS.............................................................................................................
LISTA DE TABELAS.............................................................................................................
RESUMO..............................................................................................................................
ABSTRACT...........................................................................................................................
I. INTRODUÇÃO.................................................................................................................. 1
1. Distúrbios em ecossistemas: estabilidade, diversidade e ecossistemas emergentes.............. 1
2. A construção de reservatórios como um dos impactos ao meio ambiente............................ 3
2.1 Impactos nas diferentes fases da construção de um reservatório...................................... 7
3. Reservatórios como ecossistema emergente...................................................................... 9
3.1 Alterações ambientais.................................................................................................... 9
3.2 Alterações nas comunidades........................................................................................... 12
II. OBJETIVO...................................................................................................................... 18
III. MATERIAL E MÉTODOS................................................................................................ 19
1. Área de estudo................................................................................................................... 19
1.1 Hidrografia.................................................................................................................... 20
1.2 Geologia....................................................................................................................... 22
1.3 Clima........................................................................................................................... 22
1.4 Vegetação..................................................................................................................... 23
2. Local e época de coleta...................................................................................................... 23
3. Dados climatológicos.......................................................................................................... 24
3.1 Temperatura do ar........................................................................................................ 24
3.2 Pluviometria.................................................................................................................. 24
4. Variáveis Físicas e Químicas................................................................................................
24
5. Biomassa fitoplanctônica - Clorofila a................................................................................... 24
6. Zooplâncton....................................................................................................................... 26
7. Tratamento dos dados........................................................................................................ 26
7.1 Índice de diversidade..................................................................................................... 26
7.2 Freqüência de ocorrência............................................................................................... 27
7.4 Abundância das espécies de Rotifera, Cladocera e Copepoda e outros organismos
presentes........................................................................................................................... 27
IV. RESULTADOS................................................................................................................ 28
1. Dados Climatológicos.......................................................................................................... 28
2. Variáveis físicas e químicas................................................................................................. 29
2.1. Estrutura térmica da represa......................................................................................... 29
2.2 Oxigênio dissolvido........................................................................................................ 31
2.3 Potencial Hidrogeniônico (pH)........................................................................................ 33
2.4 Condutividade elétrica.................................................................................................... 35
2.5 Sólidos Totais Dissolvidos (STD)..................................................................................... 37
2.6 Turbidez....................................................................................................................... 39
3. Clorofila
a
.......................................................................................................................... 41
4. Comunidade Zooplanctônica................................................................................................ 44
4.1 Freqüência de ocorrência............................................................................................... 50
4.2 Abundância Total........................................................................................................... 50
4.3 Variação Espacial da Densidade da Comunidade Zooplanctônica no reservatório da UHE
Luis Eduardo Magalhães...................................................................................................... 56
4.4 Variação Temporal da Densidade da Comunidade Zooplanctônica no reservatório da UHE
Luis Eduardo Magalhães...................................................................................................... 65
4.5 Distribuição temporal e espacial das espécies mais abundantes nas estações de coleta 70
4.6 Análise dos Copepoda.................................................................................................... 83
4.7 Riqueza e Diversidade da Comunidade Zooplanctônica..................................................... 87
V. DISCUSSÃO.................................................................................................................... 90
1. Condições limnológicas do reservatório da UHE Luis Eduardo Magalhães após o seu
enchimento........................................................................................................................... 90
2. Composição zooplanctônica do reservatório UHE Luis Eduardo Magalhães.............................. 94
3. Variação temporal do zooplâncton total e das espécies mais abundantes................................ 100
4. Diversidade zooplanctônica do reservatório do Lajeado......................................................... 104
5. Compartimentalização espacial do reservatório..................................................................... 108
VI. CONCLUSÕES................................................................................................................ 112
VII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................... 114
VIII. ANEXOS
CATÁLOGO DAS ESPÉCIES
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Zonas longitudinais observadas em reservatórios com suas respectivas
características limnológicas................................................................................................... 11
Figura 2 Localização do reservatório do Lajeado (UHE Luis Eduardo Magalhães) no Estado de
Tocantins e as principais cidades presentes na sua área de influência...................................... 21
Figura 3 Localização das oito estações de coleta, UHE Luis Eduardo Magalhães...................... 25
Figura 4 Pluviosidade e média da temperatura do ar na área de influência do reservatório da
UHE Luis Eduardo Magalhães no ano de 2002 ...................................................................... 28
Figura 5 Variação da temperatura na superfície e no fundo da UHE Luis Eduardo Magalhães –
TO, no período de março a dezembro de 2002, nas estações de coleta (R1, R2, R3, R4, R5,
R6, R7 e R8).......................................................................................................................
30
Figura 6 Valores médios da temperatura medida na superfície e no fundo nas oito estações
de coleta da UHE Luis Eduardo Magalhães – TO, obtidas no período de março a dezembro de
2002.................................................................................................................................. 31
Figura 7 Variação da concentração de oxigênio dissolvido na superfície e no fundo da UHE
Luis Eduardo Magalhães – TO, no período de março a dezembro de 2002 , nas estações de
coleta (R1, R2, R3, R4, R5, R6, R7 e R8)..............................................................................
32
Figura 8 Valores médios da concentração de oxigênio dissolvido, obtidos no período de
março a dezembro de 2002, na superfície e no fundo das oito estações do reservatório da
UHE Luis Eduardo Magalhães............................................................................................... 33
Figura 9 Variação do pH da superfície e do fundo da UHE Luis Eduardo Magalhães – TO, no
período de março a dezembro de 2002 , nas estações de coleta (R1, R2, R3, R4, R5, R6, R7 e
R8)..................................................................................................................................... 34
Figura 10 Valores médios de pH, obtidos no período de março a dezembro de 2002, na
superfície e no fundo das oito estações do reservatório da UHE Luis Eduardo Magalhães.......... 35
Figura 11 Variação da condutividade elétrica da superfície e do fundo da UHE Luis Eduardo
Magalhães – TO, no período de março a dezembro de 2002, nas estações de coleta (R1, R2,
R3, R4, R5, R6, R7 e R8).....................................................................................................
36
Figura 12 Valores médios de condutividade elétrica, obtidos no período de março a dezembro
de 2002, na superfície e no fundo das oito estações do reservatório da UHE Luis Eduardo
Magalhães............................................................................................................. 37
Figura 13 Variação da concentração de Sólidos Totais Dissolvidos na superfície e no fundo da
UHE Luis Eduardo Magalhães – TO, no período de março a dezembro de 2002, nas estações
de coleta (R1, R2, R3, R4, R5, R6, R7 e R8)..........................................................................
38
Figura 14 Valores médios da concentração de Sólidos Totais Dissolvidos, obtidos no período
de março a dezembro de 2002, na superfície e no fundo das oito estações do reservatório da
UHE Luis Eduardo Magalhães............................................................................................... 39
Figura 15 Variação da turbidez na superfície da UHE Luis Eduardo Magalhães – TO, no
período de março a dezembro de 2002, nas estações de coleta (R1, R2, R3, R4, R5, R6, R7 e
R8)....................................................................................................................................
40
Figura 16 Valores médios de turbidez obtida no período de março a dezembro de 2002, na
superfície das oito estações do reservatório da UHE Luis Eduardo Magalhães.......................... 41
Figura 17 Variação da concentração de clorofila a nas oito estações de coleta no período de
março a agosto e no mês de dezembro................................................................................ 42
Figura 18 Valores médios da concentração de clorofila a, obtida no período de março a
dezembro de 2002, na superfície e no fundo das oito estações do reservatório da UHE Luis
Eduardo Magalhães............................................................................................................. 43
Figura 19 Número de táxons registrados para as famílias de Rotifera e ordem Bdelloidea no
reservatório da UHE Luis Eduardo Magalhães........................................................................ 48
Figura 20 Número de táxons registrados nas famílias de Cladocera coletados no reservatório
da UHE Luis Eduardo Magalhães........................................................................................... 48
Figura 21 Número de táxons registrados nas famílias de Copepoda (Cyclopoida e Calanoida)
coletados no reservatório da UHE Luis Eduardo Magalhães..................................................... 49
Figura 22 Abundância de táxons de Rotifera observadas no reservatório da UHE Luis Eduardo
Magalhães........................................................................................................................... 54
Figura 23 Abundância de táxons de Cladocera observadas no reservatório da UHE Luis
Eduardo Magalhães............................................................................................................. 55
Figura 24 Abundância de táxons de Copepoda observadas no reservatório da UHE Luis
Eduardo Magalhães............................................................................................................. 55
Figura 25 Variação da densidade zooplanctônica nas oito estações de coleta do reservatório
UHE Luis Eduardo Magalhães............................................................................................... 56
Figura 26 Variação da abundância relativa dos principais grupos zooplanctônicos e de outros
organismos aquáticos nas oito estações de coleta (R1 a R8) do reservatório da UHE Luis
Eduardo Magalhães.............................................................................................................
57
Figura 27 Abundância relativa das fases de desenvolvimento dos Copepoda nas oito estações
de coleta............................................................................................................................ 58
Figura 28 Variação temporal da densidade de zooplâncton do reservatório da UHE Luis
Eduardo Magalhães no período de janeiro a dezembro de 2002.............................................. 65
Figura 29 Variação temporal da densidade zooplanctônica em cada uma das oito estações de
coleta, no período de janeiro a dezembro de 2002...........................
67
Figura 30 Variação da abundância relativa dos principais grupos zooplanctônicos no período
de janeiro a dezembro de 2002, no reservatório da UHE Luis Eduardo Magalhães.................... 68
Figura 31 Variação temporal da abundância relativa dos principais grupos zooplanctônicos
nas oito estações de coleta, no período de janeiro a dezembro de 2002.................................. 69
Figura 32 Variação temporal da abundância relativa de
Conochilus unicornis
nas estações de
coleta R1, R3, R4 (a) e R5, R6 e R7 (b), durante o período de janeiro a dezembro de 2002......
71
Figura 33 Variação temporal da abundância relativa de
Conochilus coenobais
nas estações de
coleta R1, R2 e R3 (a) e R4, R5 e R6 (b), durante o período de janeiro a dezembro de 2002.... 72
Figura 34 Variação temporal da abundância relativa de
Lecane proiecta
nas estações de
coleta R1, R2, R7 e R8, durante o período de janeiro a dezembro de 2002.............................. 73
Figura 35 Variação temporal da abundância relativa de
Epiphanes
cf.
mac ourus
nas estações
de coleta R5 e R6 durante o período de janeiro a dezembro de 2002......................................
r
73
Figura 36 Variação temporal da abundância relativa de Bdelloidea nas estações de coleta R7
e R8, durante o período de janeiro a dezembro de 2002......................................................... 74
Figura 37 Variação temporal da abundância relativa de
Brachionus
calyciflorus
nas estações
de coleta R3 e R4, durante o período de janeiro a dezembro de 2002..................................... 74
Figura 38 Variação temporal da abundância relativa de
Brachionus
dolabratus
e
B
.
zahniseri
nas estações de coleta R2 e R3, respectivamente, durante o período de janeiro a dezembro de
2002................................................................................................................................... 75
Figura 39 Variação temporal da abundância relativa de
Ceriodaphnia
rigaudi
nas estações de
coleta R1, R2 e R3 (a) e R4, R5 e R7 (b), durante o período de janeiro a dezembro de 2002.... 76
Figura 40 Variação temporal da abundância relativa de
Diaphanosoma
birgei
nas estações de
coleta R1 e R2 (a) e R4 e R5 (b), durante o período de janeiro a dezembro de 2002................
77
Figura 41 Variação temporal da abundância relativa de
Moina
minuta
nas estações de coleta
R3, R4, R5 e R6, durante o período de janeiro a dezembro de 2002........................................ 78
Figura 42 Variação temporal da abundância relativa de
Bosminopsis
deitersi
nas estações de
coleta R6, R7 e R8, durante o período de janeiro a dezembro de 2002.................................... 78
Figura 43 Variação temporal da abundância relativa de
Diaphanosoma
spinulosum
nas
estações de coleta R2 e R6, durante o período de janeiro a dezembro de 2002........................
79
Figura 44 Variação temporal da abundância relativa de
Bosmina
hagmani
nas estações de
coleta R7 e R8, durante o período de janeiro a dezembro de 2002.......................................... 79
Figura 45 Variação temporal da abundância relativa de
Daphnia
gessneri
na estação de
coleta R1, durante o período de janeiro a dezembro de 2002.................................................. 80
Figura 46 Variação temporal da abundância relativa de
Macrothrix
spinosa
na estação de
coleta R8, durante o período de janeiro a dezembro de 2002.................................................. 80
Figura 47 Variação temporal da abundância relativa de
Notodiaptomus
cea ensis
e
Notodiaptomus n. sp. nas oito estações de coleta, durante o período de janeiro a dezembro de
2002...................................................................................................................................
r
81
Figura 48 Variação temporal da abundância relativa de
Thermocyclops
minutus
e
Thermocyclops
decipiens
. nas oito estações de coleta, durante o período de janeiro a
dezembro de 2002............................................................................................................... 82
Figura 49 Variação temporal da densidade das diferentes fases de desenvolvimento dos
Copepoda (náuplio, copepoditos e adultos) nas oito estações de coleta, durante o período de
janeiro a dezembro de 2002................................................................................................. 85
Figura 50 Variação temporal da densidade de Calanoida e Cyclopoida nas oito estações de
coleta, durante o período de janeiro a dezembro de 2002....................................................... 86
Figura 51 Variação da riqueza zooplanctônica nas oito estações do reservatório da UHE Luis
Eduardo Magalhães............................................................................................................. 87
Figura 52 Variação da diversidade de rotíferos e cladóceros nas oito estações de coleta, no
reservatório da UHE Luis Eduardo Magalhães........................................................................ 88
Figura 53 Variação da riqueza de zooplâncton durante o período de janeiro a dezembro de
2002, no reservatório da UHE Luis Eduardo
Magalhães........................................................... 89
Figura 54 Riqueza observada nas fases de rio, enchimento (Reis, 2002) e pós-enchimento
(lago) do reservatório da UHE Luis Eduardo Magalhães.......................................................... 105
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Localização geográfica das estações de coleta localizadas ao longo do reservatório
da UHE Luis Eduardo Magalhães-TO..................................................................................
23
Tabela 2 Variáveis físicas e químicas analisadas nas oito estações de coleta e metodologia
utilizada...........................................................................................................................
24
Tabela 3 Freqüência de ocorrência e classificação dos táxons de Rotifera registrados nas
oito estações de coleta durante o período de janeiro a dezembro de 2002 (F <10% - rara;
10% < F < 50% - comum; F > 50% - constante)..............................................................
51
Tabela 4 Freqüência de ocorrência e classificação dos táxons de Cladocera registradas nas
oito estações de coleta durante o período de janeiro a dezembro de 2002 (F <10% - rara;
10% < F < 50% - comum; F > 50% - constante)..............................................................
52
Tabela 5 Freqüência de ocorrência e classificação das espécies de Copepoda registradas
nas oito estações de coleta durante o período de janeiro a dezembro de 2002 (F <10% -
rara; 10% < F < 50% - comum; F > 50% - constante)......................................................
52
Tabela 6 Freqüência de ocorrência e classificação de outros organismos aquáticos
registrados nas oito estações de coleta durante o período de janeiro a dezembro de 2002 (F
<10% - rara; 10% < F < 50% - comum; F > 50% - constante)..........................................
53
Tabela 7 Densidade e abundância relativa das espécies de Rotifera nas oito estações de
coleta. As espécies abundantes (densidade maior que a densidade média da estação) em
cada estação estão com suas densidades destacadas..........................................................
60
Tabela 8 Densidade e abundância relativa das espécies de Cladocera nas oito estações de
coleta. As espécies abundantes (densidade maior que a densidade média da estação) em
cada estação estão com suas densidades destacadas..........................................................
62
Tabela 9 Densidade e abundância relativa das espécies de Copepoda nas oito estações de
coleta. As espécies abundantes (densidade maior que a densidade média da estação) em
cada estação estão com suas densidades destacadas..........................................................
63
Tabela 10 Densidade de outros organismos registrados nas oito estações de coleta do
reservatório da UHE Luis Eduardo Magalhães.....................................................................
64
Tabela 11 Valores de equitabilidade do grupo Rotifera e Cladocera das estações R1 a R8
do reservatório do Lajeado............................................................................................... 88
Tabela 12 Comparação entre características gerais de reservatórios construídos na região
amazônica e no cerrado....................................................................................................
92
RESUMO
O Reservatório do Lajeado, formado pelo barramento do rio Tocantins, está localizado no bioma
Cerrado, no Estado de Tocantins, região norte do Brasil. Seu enchimento teve início em
setembro de 2001, sendo finalizado em fevereiro de 2002. O presente trabalho tem como
objetivo analisar as variáveis limnológicas do reservatório após o período de enchimento, a
ocorrência de variação temporal das variáveis analisadas e a presença de compartimentos
horizontais. Desta forma, foram analisadas a comunidade zooplanctônica, clorofila
a
e variáveis
físicas e químicas da água do reservatório (temperatura da água, oxigênio dissolvido, pH,
condutividade elétrica, sólidos totais dissolvidos e turbidez) no período de janeiro a dezembro de
2002, em oito estações de coleta localizadas no corpo central do reservatório. As estações mais
próximas à barragem apresentaram estratificação térmica e química durante quase todo período
de estudo. Foram coletadas 103 espécies, sendo 54 de Rotifera, 31 de Cladocera, 8 de
Copepoda e 10 espécies ocasionalmente planctônicas pertencentes a outros grupos
taxonômicos. As espécies mais importantes do reservatório foram os Rotifera
Conochilus
unicornis
,
Conochilus coenobais
,
Lecane p oiec a
, os Cladocera
Moina minuta
,
Ceriodaphnia
cornuta
f.
rigaudi
,
Diaphanosoma
birgei
e os Copepoda
Thermocyclops
minutus
e
T
.
decipiens
.
Os maiores valores de densidade zooplanctônica foram encontrados no início do período
chuvoso em decorrência do aumento no número de indivíduos de algumas poucas espécies. No
entanto, a flutuação ao longo do tempo da maioria das espécies abundantes não esteve
associada à variações climáticas. Com relação à riqueza, o número de espécies encontradas
durante o ano de 2002 foi maior do que o registrado antes e durante a fase de enchimento do
reservatório. Foi observada a formação de quatro compartimentos ao longo do eixo horizontal
do reservatório, diferenciados pelos seguintes fatores: velocidade de fluxo, processos de
estratificação e mistura da coluna d’água, turbidez e estrutura da comunidade zooplanctônica,
sendo que o segundo compartimento, que corresponde a região onde estão localizadas as
cidades de Palmas e Porto Nacional, foi o que mostrou estratificação térmica e química durante
todo o período de estudo, apresentando também os maiores valores de densidade e riqueza
zooplanctônicas.
r t
ABSTRACT
The Lajeado Reservoir formed by the impoundment of the Tocantins River, is located in the
cerrado biome, in the state of Tocantins northern region of Brazil. Its filling began in September
2001 and finished in February 2002. The goal of the currente project is to analyze the
limnologics variables of the reservoir after the filling period, the occurrence of the temporal
variation of the variable analyzed and the presence of horizontal compartments. In this way,
were analised the zooplankton community, chlorophyll
a
and the physical and chemical variables
of the water (water temperature, dissolved oxigen, pH, condutivity, total solids dissolved and
turbidity) in the period between January 2002 and December 2002, at 8 stations located in the
main body of the reservatory. The stations closest to the dam displayed thermal and chemical
stratification during the entire study period. 103 species were collected, 54 Rotifera, 31
Cladocera, 8 Copepoda and 10 species that are ocasionally planktonics belonging to other
taxonomic groups. The most important species of the reservoir were the Rotifera
Conochilus
unicornis
,
Conochilus coenobais
,
Lecane proiecta
, the Cladocera
Moina minuta
,
Ceriodaphnia
cornuta
f.
rigaudi
,
Diaphanosoma
birgei
and the Copepoda
Thermocyclops
minutus
e
T
.
decipiens
. The highest zooplankton density values were found at the beginning of the rainy
period due to the increase in the number of organisms in a few species. However, the long term
fluctuation of the majority of the abundant species wasn’t related to the weather variations. In
relation to richness, the number of species found in 2002 was greater than that registered
before and during the filling fase of the reservoir. The results showed the existence of four
horizontal compartments, differentiated by the following factors: flow velocity, processes of
stratification and water column mixture, turbidity and zooplankton community structure, being
that the second compartiment, that corresponds with the region where the cities of Palmas and
Porto Nacional are located, was what showed the thermal and chenical stratification throughout
the entire study period, also presenting the greatest values in richness and density of the
zooplankton.
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
1
I. INTRODUÇÃO
1. Distúrbios em ecossistemas: estabilidade, diversidade e ecossistemas emergentes
Os ecossistemas naturais têm sofrido perturbações antrópicas de diversas magnitudes
com conseqüências desastrosas na estabilidade e diversidade das suas comunidades biológicas.
Geralmente, estas perturbações podem promover perda de habitats, diminuição de recursos,
alteração nas relações tróficas, resultando em mudanças no funcionamento do ecossistema e na
estrutura das comunidades.
A estrutura da comunidade, por sua vez, é o resultado da seleção pelo ambiente e
adaptação para o ambiente por espécies que compõem a comunidade. No entanto, tanto o
ambiente quanto a comunidade nunca são constantes no tempo: sua estrutura varia quando o
ambiente for modificado (RAVERA, 1996).
Com intuito de compreender a resposta das comunidades frente à perturbações,
avaliando principalmente a relação entre a estabilidade da comunidade e a riqueza de espécies,
vários estudos têm sido realizados considerando a resistência – habilidade da comunidade de
resistir à perturbações, resiliência – habilidade da comunidade em retornar a níveis normais de
funcionamento após sofrer algum distúrbio (PIMM, 1991), e invasibilidade – a facilidade com a
qual “novatos” tornam-se membros estabelecidos de uma comunidade (LEVINE & D’ANTONIO,
1999).
Dentre os fatores que afetam a estabilidade do ecossistema, destacam-se:
- Freqüência e intensidade do distúrbio;
- Diversidade e história de vida das espécies, interações simbióticas, tais como
competição inter-específica, intra-específica e predação;
- Complexidade trófica, e estrutura da cadeia alimentar;
- Ciclagem de nutrientes e fluxo de energia.
Até o presente momento, no entanto, os ecólogos ainda não conseguiram definir
claramente quando um ecossistema pode ser considerado estável e qual o papel da diversidade
na estabilidade, ou seja, ainda existem dúvidas se um ecossistema mais diverso poderia ser
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
2
considerado mais estável, frente à perturbações, do que um ecossistema com uma diversidade
menor. Desta forma, verifica-se a necessidade de um maior número de pesquisas para avaliar
essa questão, principalmente no ecossistema aquático, visto que, a maioria dos trabalhos
realizados referem-se às comunidades vegetais e ao ecossistema terrestre (e.g. TILMAN &
DOWNING, 1994; TILMAN, 1996).
Atualmente, além das considerações sobre estabilidade e diversidade dos ecossistemas,
um novo conceito tem sido levantado na pesquisa ecológica com relação a criação de novos
ecossistemas, os chamados “
Ecossistemas Emergentes
”.
O termo Ecossistema Emergente foi discutido primeiramente em um workshop realizado
em 2002 na cidade Granada, na Espanha, promovido pela UNESCO (United Nations Educational,
Scientific and Cultural Organisation). Neste evento Ecossistema Emergente foi definido como
aquele no qual a composição de espécies e a abundância relativa não tenha ocorrido
previamente em um dado bioma (MILTON, 2003). Eles resultam da resposta biótica às
condições abióticas induzidas pelo homem e/ou da entrada de novos elementos bióticos. Suas
principais características são:
- Novidade: combinação de novas espécies, com o potencial para mudança no
funcionamento de ecossistemas;
- Ação humana: o ecossistema é resultado de uma deliberada ou inadvertida ação
humana.
As comunidades de plantas e animais emergentes de paisagens tranformadas diferem
daquelas típicas de biomas naturais e pequeno é o conhecimento das suas possíveis trajetórias
ecológicas, estabilidade, resiliência ou custos e benefícios para a sociedade ( MILTON, 2003).
Os reservatórios são exemplos típicos de ecossistemas emergentes, cuja composição e
abundância de espécies encontradas após a sua construção é distinta daquela encontrada antes
do represamento.
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
3
O manejo permanente destes ecossistemas, construído basicamente para suprir as
necessidades do homem, ainda promove constantes mudanças na estrutura das comunidades
aquáticas. Como exemplo desta situação, têm-se os estudos recentes de MATSUMURA-TUNDISI
& TUNDISI (2003) realizados no reservatório de Barra Bonita (SP) com relação à composição de
espécies de Copepoda Calanoida durante 20 anos de observação, mostrando uma substituição
das espécies dominantes. Neste trabalho foi observado que as espécies presentes no início do
estudo, tais como
Argyrodiaptomus furcatus
e
Scolodiaptomus corderoi
não são mais
encontradas.
Atualmente, muitos ecossistemas aquáticos estão sujeitos a distúrbios antropogênicos,
que têm efeitos consideráveis na qualidade do habitat, na biota associada, na disponibilidade,
quantidade e qualidade do recurso hídrico. Isto porque, dentre os recursos naturais, um dos que
apresenta os mais variados, legítimos e correntes usos é indubitavelmente a água. Os principais
impactos das atividades antrópicas sobre o meio ambiente, citados em STRASKRABA & TUNDISI
(2000) são:
Desflorestamento
Mineração
Construção de ferrovias e estradas de rodagem
Construção de reservatórios
Lançamento de esgotos e outros dejetos
Desenvolvimento urbano
Agricultura e agroindústria
Irrigação
Salinização e inundação de campos
Recreação e turismo
Construção de hidrovias e transporte fluvial
Construção de canais, retificação de rios e transferência de água
Destruição das várzeas
Deslocamento populacional
Introdução de espécies exóticas
Exploração inadequada de biomassa
Transferência ou retiradas de água induzindo uma menor recarga das águas
subterrâneas
Poluição atmosférica pelas indústrias ou automóveis, causando chuvas ácidas
2. A construção de reservatórios como um dos impactos ao meio ambiente
Uma das atividades antrópicas mais impactantes para o ecossistema hídrico é a
construção de barragens em cursos naturais de rios, visto que, apesar de trazer vários
benefícios para o homem, ela produz distúrbios sociais, ambientais e econômicos, muitos
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
4
deles irreversíveis. STRASKRABA & TUNDISI (1999) apresentam os possíveis efeitos
ambientais positivos e negativos que a construção de um reservatório pode trazer ao meio
ambiente, sendo que nem todos os eventos podem ocorrer em casos específicos:
Efeitos positivos
Produção de energia – hidroeletricidade
Criação de purificadores de água com baixa energia
Retenção de água no local
Fonte de água potável e para sistemas de abastecimento
Representativa diversidade biológica
Maior prosperidade para parte das populações locais
Criação de possibilidades de recreação
Proteção contra cheias das áreas a jusante
Aumento das possibilidades de pesca
Armazenamento de água para períodos de seca
Navegação
Aumento do potencial para irrigação
Efeitos negativos
Deslocar populações
Emigração humana excessiva
Deterioração das condições da população original
Propagação de doenças hidricamente transmissíveis
Perda de espécies nativas de peixes de rios
Perdas de terras férteis e de madeira
Perda de várzeas e ecótonos terra/água – estruturas naturais úteis. Perda de terrenos
alagáveis e alterações em habitats de animais
Perda de biodiversidade; deslocamento de animais selvagens
Perda de terras agrícolas cultivadas por gerações, como arrozais
Excessiva imigração humana para a região do reservatório, com conseqüentes problemas
sociais, econômicos e de saúde
Necessidade de compensação pela perda de terras agrícolas, locais de pesca e
habitações, bem como peixes, atividades de recreio e de subsistência
Degradação da qualidade hídrica local
Redução das vazões a jusante do reservatório e aumento nas suas variações
Redução da temperatura e do material em suspensão nas vazões liberadas para jusante
Redução do oxigênio no fundo e nas vazões liberadas
Aumento do H
2
S e do CO
2
no fundo e nas vazões liberadas
Barreira à imigração de peixes
Perda de valiosos recursos históricos e culturais
Perda de valores estéticos
Todos estes impactos só acontecem porque a água doce é vital para a vida e
empreendimentos humanos, desta forma, não é surpresa que ecossistemas de água doce do
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
5
mundo inteiro tenham sido altamente modificados. Segundo POSTEL
et al
. (1996), mais que
50% da água doce superficial já foi apropriado para uso humano. Devido a este uso excessivo
dos mananciais existe atualmente uma maior preocupação com relação ao gerenciamento dos
usos, monitoramento da qualidade, conservação, preservação e recuperação dos recursos
hídricos.
De acordo com MATSUMURA- TUNDISI (1999), a construção de barragens causa um
impacto permanente no curso natural das águas, uma vez que grandes áreas de habitats
terrestres e pântanos são freqüentemente inundados, causando mudanças nos sistemas
hidrológicos e biológicos do corpo de água.
Essas barragens têm sido construídas há milhares de anos para controlar inundações,
gerar energia hidrelétrica, fornecer água para consumo humano direto, uso industrial,
recreação, piscicultura ou para irrigar plantações. De acordo com a COMISSÃO MUNDIAL DE
BARRAGENS (2000), já foram construídas pelo menos 45.000 barragens para atender demandas
de água ou energia. Hoje, quase metade dos rios do mundo tem ao menos uma grande
barragem.
Em muitos países, em especial na América do Sul, os reservatórios são construídos com
a finalidade de favorecer o desenvolvimento econômico da região. No Brasil, a construção de
reservatórios em larga escala, evitou por muitos anos a implementação do uso de outros tipos
de geração de energia, como a nuclear.
Os impactos causados pelo barramento de um rio são relativamente bem documentados
para muitas bacias hidrográficas e estão relacionados ao tamanho, volume, tempo de retenção
do reservatório, localização geográfica e localização no
continuum
do rio (TUNDISI
et al.
, 1999).
Dentre as alterações ecológicas destacam-se o aumento da superfície e da área de evaporação
e evapotranspiração com conseqüente modificação nas trocas gasosas; alterações nas variáveis
físicas e químicas da água como penetração de luz, oxigênio dissolvido, condutividade elétrica e
pH; alterações nas variáveis biológicas como produção primária e diversidade de organismos. De
acordo com TUNDISI (1990), os principais distúrbios ecológicos resultantes da construção de
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
6
reservatórios estão relacionados com a introdução de um novo modelo energético no sistema
que foi previamente um rio. As mudanças no fluxo de energia sucedem como resultado de
várias alterações nas características físicas típicas de rio, tais como velocidade de corrente,
sedimento de rio, fluxo de água, temperatura, oxigênio dissolvido e nutrientes inorgânicos.
A construção de barragens também implica importantes mudanças no perfil longitudinal
do sistema rio e na formação de novos padrões dentro do sistema aquático (BARBOSA &
ESPÍNDOLA, 2003). Segundo De FILIPPO
et al
. (1999), as implicações limnológicas mais diretas
da construção de um reservatório estão relacionadas ao estoque e à retirada da água. Desta
forma, se a estocagem de água promove a retenção e estratificação de materiais e calor, a
retirada da água promove a exportação e a mistura de calor e matéria. A alternância desses
processos é que caracteriza o reservatório e, desse modo, esse sistema pode ser considerado
intermediário entre rio e lago.
Estudos em reservatórios recém construídos têm sido necessários e exigidos por leis
ambientais com o intuito de avaliar e minimizar os impactos provocados nos ecossistemas
aquático e terrestre. De acordo com TUNDISI & BARBOSA (1981), a pesquisa biológica
relacionada com a construção de reservatórios, possibilita a previsão das prováveis alterações
que podem ocorrer e o momento da estabilização do novo ecossistema. No entanto, esses
estudos geralmente não seguem metodologias padronizadas, principalmente com relação ao
período de avaliação, sendo as pesquisas realizadas apenas na fase pré-enchimento e durante o
enchimento. A análise das mudanças que ocorrem após o enchimento do reservatório tem sido
negligenciada e, desta forma, pouco se sabe sobre o tempo necessário para a reestruturação
dos processos ecológicos e conseqüentemente, pequena é a possibilidade de previsão dos
impactos a longo prazo. Segundo UHLMAN (1998), um período de aproximadamente 10 anos
parece ser necessário para alcançar um estágio no qual a taxa de mudança seja
substancialmente retardada.
De acordo com AGOSTINHO
et al
. (1999), os efeitos do represamento nas características
estruturais e funcionais do ecossistema lótico podem ser conhecidos através de monitoramento
do tipo “antes-depois da intervenção”, considerando, neste caso, a intervenção como sendo o
fechamento da barragem. Esta interferência no rio é abrupta e permanente e pouco se sabe
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
7
sobre os seus efeitos à longo prazo, principalmente em reservatórios tropicais. Os autores
chamam a atenção para a dificuldade na realização de estudos de longo prazo em reservatórios,
devido a influência dos processos operacionais da barragem na avaliação das mudanças
ambientais ao longo dos anos.
2.1 Impactos nas diferentes fases da construção de um reservatório
De acordo com ACKERMAN
et al.
(1973), a construção de um reservatório envolve
quatro estágios:
I. Estudo e discussão para decidir sobre a realização ou não da obra;
II. Elaboração do desenho final e construção da barragem;
III. Fechamento da barragem, enchimento, fase de instabilidade;
IV. Ajuste gradual com possível estabilização.
No estágio III, quando ocorre o fechamento da barragem e inicia-se a fase de
enchimento, uma série de mudanças ocorre tanto no sistema terrestre como no sistema hídrico.
Características da fase de enchimento
A construção da barragem gera uma complexa rede de impactos e sua ação inicial é
abrupta. A transformação das condições terrestre e lótica para aquática e lacustre é rápida e
grosseiramente evidente (ACKERMAN
et al
.,1973).
Durante a fase de enchimento o ambiente terrestre e lótico desaparece
progressivamente e o ambiente lacustre se origina e se expande (ACKERMAN
et al.
,
op. cit.
),
alagando grandes extensões de áreas, muitas vezes cobertas por vegetação nativa. Desta
forma, ela é caracterizada por um aumento excessivo na carga de matéria orgânica facilmente
degradável, iniciada pela inundação do solo com a vegetação (UHLMAN, 1998).
Essa etapa é considerada como um período de transformações rápidas e intensas.
Decomposição na matéria orgânica submersa, aumento no tempo de retenção (THOMAZ
et al.
,
1997), liberação de nutrientes, aumento na transparência da água, diminuição na turbulência e
desenvolvimento de estratificação térmica são fatores chaves nessa transição (AGOSTINHO
et
al.
, 1999). As inter-relações entre o sistema biológico e outros componentes do ecossistema
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
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(especialmente o sistema hidrológico) estão em rápida transição. Com as mudanças no
reservatório, as comunidades de plantas e animais também mudam. Nota-se uma mudança
seqüencial da dominância de espécies e comunidades de ambientes lóticos para aquelas de
águas mais calmas (ACKERMAN
et al.
, 1973).
VAN DER HEIDE (1982) descreveu detalhadamente as transformações ocorridas durante
o período de enchimento do lago Brokopondo, no Rio Suriname, nas características físicas,
químicas e biológicas. O autor destaca que a inundação da floresta tropical úmida durante o
enchimento do reservatório provocou um processo de decomposição que influenciou as
características hidrológicas e biológicas do lago por vários anos.
A construção de reservatório de Samuel (RO) na Bacia Amazônica, cuja fase de
enchimento foi acompanhada nos seus aspectos físicos, químicos e biológicos, mostrou grandes
mudanças destes fatores ao passar da fase lótica para lêntica (MATSUMURA-TUNDISI
et al
.,
1991; FALÓTICO, 1993; MAGRIN, 1993).
Ainda sobre a fase de enchimento destaca-se o trabalho realizado por AGOSTINHO &
GOMES (1997), no Reservatório de Segredo-PR, pertencente à Bacia do Paraná, no qual estão
descritas informações limnológica e ictiológicas colhidas durante três anos de amostragem após
o fechamento da barragem. Dentre as transformações ocorridas nesse período destaca-se o
aumento na concentração de fósforo.
No reservatório da UHE Luis Eduardo Magalhães, REIS-PEREIRA (2002), avaliou as
características limnológicas do rio Tocantins, na área de influência do reservatório e
acompanhou as mudanças ocorridas nestas características após o fechamento da barragem. De
acordo com a autora, foi observada alteração na composição de espécies fitoplanctônicas e
zooplanctônicas, na estrutura térmica e química da água.
Características da fase pós-enchimento
Após a fase de enchimento, a liberação de nutrientes, especialmente nas camadas
profundas, ainda continua, provocando na maioria das vezes alteração no nível trófico do
reservatório (THOMAZ
et al
., 1997).
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
9
Segundo STRASKRABA & TUNDISI (2000), o termo “envelhecimento do reservatório” é
utilizado para descrever as rápidas alterações e a qualidade da água deteriorada que ocorrem
durante os primeiros anos após o “enchimento” do reservatório. Esse período também é
chamado de explosão trófica, uma vez que nele ocorre uma alta produção biológica. As
principais modificações observadas estão relacionadas ao aumento nas concentrações de
matéria orgânica, intensificação da cor, baixas concentrações de oxigênio, altas concentrações
de nutrientes, crescimento excessivo de vegetação, aumento da produção de fitoplâncton e
aumento de peixes. AGOSTINHO
et al.
(1999), classificam essa fase como estágio de
colonização.
De acordo com ACKERMAN
et al.
(1973), o estágio de estabilização na história de vida de
um reservatório é alcançado quando flutuações nos parâmetros biológicos de produção
excedem um pouco ao encontrado em lagos com características físicas similares, semelhantes
em latitude e altitude. Em um sistema idealizado, estabilização biológica também ocorre quando
o equilíbrio é alcançado entre mortalidade e natalidade de organismos do sistema e quando,
além disso, a composição e abundância das espécies tornam-se relativamente fixas.
3. Reservatório como ecossistema emergente
3.1 Alterações ambientais
A construção de uma barragem em um rio promove a formação de um novo
ecossistema, no entanto, os fatores que controlam sua estrutura biótica e seu funcionamento
como tal ainda não são bem conhecidos, em particular quando se diz respeito aos corpos d’água
tropicais e subtropicais (UHLMANN, 1998).
Um reservatório não mantém completamente as características de um rio, nem reflete
totalmente as características de um lago natural. O novo ecossistema é um complexo híbrido
que demonstra a mistura de caracteres desses dois ecossistemas em termos físicos, assim como
em funcionamento. O ecossistema terrestre contribui para as características químicas advindas
do solo e da estrutura geológica. Além disso, ele afeta as características físicas e morfométricas
resultando no molde da bacia inundada. A vegetação submersa contribui para os primeiros
estágios de sedimento orgânico e fertilidade do novo ecossistema (ACKERMAN
et al.
, 1973,
KIMMEL
et al.
, 1990).
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
10
O rio fornece a estrutura material para o novo ecossistema: a água abastece o novo
ambiente, e a fauna e flora abastecem a nova comunidade. O resultado da interação desses
dois sistemas no estágio inicial é um ecossistema de lago artificial com suas próprias
características limnológicas, suas populações diversificadas de bentos, plâncton, grandes
invertebrados, vertebrados e plantas, e seus próprios padrões de transferência de energia nos
vários níveis tróficos (ACKERMAN
et al
., op cit.).
Segundo TUNDISI (1996), os reservatórios, como ecossistemas, apresentam diferentes
características que são importantes descrever:
I. Função e estrutura são determinadas por funções de força tais como climatologia e
fatores hidrológicos (e em caso de reservatórios, inclui o componente
manejo/operacionalização da barragem);
II. Reservatórios têm sistemas de auto-projeção, sendo capaz de organizar-se após o
fechamento da barragem;
III. Elementos são reciclados em reservatórios;
IV. Homeostase é um resultado de interação entre composição química e função biológica;
V. Reservatórios têm escalas de tempo características, e escalas espaciais;
VI. Diversidade química e biológica contribui para a capacidade tampão dos reservatórios;
VII. Reservatórios têm padrões de pulso tanto artificiais quanto naturais;
VIII. Reservatórios têm complexas redes de componentes biológicos que interagem com seu
regime hidrológico e entradas da bacia hidrográfica;
IX. Muitos reservatórios têm alto grau de heterogeneidade tanto espacial quanto temporal.
Os reservatórios, após a sua formação, também são considerados sistemas ecológicos
sujeitos a constantes impactos, seu estado de estabilidade se desloca freqüentemente
necessitando um certo período de tempo para o seu restabelecimento. Os principais impactos
são as entradas de material e energia que deriva dos tributários, assim como o mecanismo
operacional da barragem, que altera o tempo de residência, e acelera o processo de
eutrofização (MATSUMURA-TUNDISI & TUNDISI, 2002).
A compartimentalização espacial típica de reservatórios, decorrentes da sua formação em
vales de rios, da entrada de afluentes e do sistema operacional da barragem é uma
característica marcante neste sistema recém-construído. Vários estudos têm mostrado a
formação de zonas específicas, compartimentos com características próprias com relação à
comunidade presente, desencadeadas pela alteração na concentração de nutrientes, oxigenação
e material em suspensão dentre outros fatores abióticos. Ao final do preenchimento do
reservatório podem ser distinguidos em três regiões bem distintas: o rio, a zona de transição e o
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
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reservatório propriamente dito (Figura 1). Os compartimentos apresentam diferenças com
relação à largura, profundidade, velocidade de fluxo, concentração de nutrientes e de matéria
orgânica e grau de trofia (KIMMEL & GROEGER, 1984).
Essa compartimentalização produz um grande número de sistemas, os quais podem
interferir consideravelmente na qualidade da água no eixo maior do reservatório. Deve-se ainda
considerar que nestes compartimentos, fenômenos específicos podem ocorrer, os quais estão
relacionados com os despejos domésticos, o acúmulo de macrófitas aquáticas e os processos de
circulação (TUNDISI, 1985).
Zona da represa
- Mais larga
- Mais profunda
- Fluxo reduzido
- Concentração de nutrientes e
matéria orgânica reduzida
- Oligotrófica
Zona de transição
- Longo
- Profundo
- Fluxo reduzido
- Média concentração de nutrientes e
matéria orgânica
- Mesotrófica
Zona de rio
- Estreito
- Raso
- Fluxo alto
- Alta concentração de nutrientes
- Matéria orgânica alóctone
- Mais eutrófica
Figura 1 Zonas longitudinais observadas em reservatórios com suas respectivas características
limnológicas (retirado de KIMMEL & GROEGER, 1984).
De acordo com MARGALEF (1983), mesmo apresentando características lênticas, os
reservatórios conservam os gradientes longitudinais, típicos dos rios, graças aos influxos
promovidos pelo rio principal e afluentes, e ao defluxo efetuado pela barragem.
O tamanho do reservatório, o índice de desenvolvimento de margem e a entrada de
afluentes também contribuem para a formação de regiões com condições ambientais distintas
dentro de um lago (INFANTE, 1993).
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
12
Segundo ARMENGOL
et al
. (1999), a combinação de fenômenos hidrodinâmicos,
climáticos e nutricionais também promovem a geração de gradientes longitudinais de
temperatura e matéria, afetando conseqüentemente as comunidades biológicas.
A situação das zonas horizontais varia de acordo com cada reservatório, dependendo de
sua morfometria, tempo de retenção, estratificação térmica, estação climática e localização
geográfica, além disso, a distribuição longitudinal das variáveis depende da extensão das zonas
de forma individual (STRASKRABA & TUNDISI, 2000). Segundo HENRY
et al.
(1998), em função
do tempo de residência e da distribuição advectiva dos sedimentos e nutrientes introduzidos
pelos tributários, a extensão de cada uma das três zonas pode ampliar-se ou reduzir-se muito.
Além disso, em função do padrão dentrítico complexo, do possível desenvolvimento de
estratificação térmica e da tomada de água para a geração de energia elétrica em diferentes
alturas da barragem, os diferentes compartimentos constituintes dos reservatórios apresentam
tempos de residência distintos.
Como conseqüência da variação espacial das características físicas, químicas e biológicas,
alguns estudos mostram diferenças no nível trófico dentro de um reservatório, ou seja, um
mesmo corpo d’água apresentando compartimentos com diferentes graus de trofia, como foi
verificado por NOGUEIRA
et al.
(1999) no reservatório Jurumirim-SP.
3.2 Alterações nas comunidades
Atualmente é comum abordar as modificações na estrutura das comunidades aquáticas
quando se quer avaliar os impactos causados por atividades antrópicas em ecossistemas
aquáticos. Esses estudos geralmente avaliam a modificação na riqueza e diversidade de
espécies ou a presença de espécies indicadoras do impacto avaliado, as chamadas espécies
bioindicadoras.
Apesar do grande número de trabalhos realizados para avaliar as mudanças ocorridas na
estrutura das comunidades aquáticas em decorrência de diversos tipos de distúrbios, como
eutrofização, por exemplo, o conhecimento é ainda escasso a respeito das alterações
observadas na estrutura das comunidades aquáticas após o barramento de um rio (AGOSTINHO
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
13
et al.
, 1999). Tais informações seriam essenciais para mitigar o impacto da construção de
reservatórios na comunidade aquática (BONECKER
et al
. 2001).
De acordo com MATSUMURA-TUNDISI (1999), a construção de um reservatório em um
ecossistema de rio leva a uma interrupção não somente em termos de continuidade de rio, mas
para muitos organismos o barramento representa uma barreira à dispersão e reprodução. A
própria barragem é uma barreira física à montante e em alguns casos ao movimento a jusante.
Com o represamento de um rio são observadas modificações na composição,
abundância, diversidade e distribuição espaço-temporal principalmente das comunidades
fitoplanctônicas, zooplanctônicas, zoobênticas e ícticas. No entanto, o acesso à informação
sobre essas transformações é limitado, visto que a maioria dos trabalhos realizados em
reservatórios recém-contruídos, se restringem a relatórios técnicos solicitados pelo órgão
ambiental da região na qual está sendo implementado o reservatório.
Dentre os trabalhos publicados, que consideram várias comunidades aquáticas, destaca-
se o de VAN DER HEIDE (1982), realizado no lago Brokopondo, no Suriname, no qual foi
observado um desenvolvimento excessivo de plâncton, macrófitas aquáticas e peixes em
decorrência do aumento do aporte de nutrientes. Mais recentemente, AGOSTINHO & GOMES
(1997) publicaram dados referentes às modificações nas variáveis limnológicas durante a fase
de enchimento do reservatório de Segredo-PR. Este trabalho mostrou que houve uma
diminuição da riqueza e abundância do fitoplâncton ao longo do período de enchimento; a
comunidade zooplanctônica já apresentou uma estrutura similar a outros reservatórios
brasileiros mais antigos; foram observadas também modificações na abundância, distribuição
espacial e na atividade reprodutivas de algumas espécies de peixes.
Analisando especificamente as alterações ambientais ocorridas em decorrência do
barramento de um rio, verifica-se a importância do estudo da comunidade zooplanctônica no
intuito de avaliar essas alterações através da modificação da estrutura de tal comunidade. Isto
porque reservatórios podem ser considerados ambientes favoráveis para o desenvolvimento do
zooplâncton, que pode estabelecer comunidades diversificadas em períodos de tempo
relativamente curtos após o barramento (ROCHA
et al.
, 1999). A dispersão do zooplâncton
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
14
nesse novo ambiente é rápida proporcionando, desta forma, alterações mais rápidas na
composição de espécies de reservatórios do que em lagos naturais antigos (MARZOLF, 1990).
Essa composição poderá ainda ser influenciada por diversos fatores tais como tamanho do lago
(PATALAS, 1971), estágio evolutivo (STRASKRABA & TUNDISI, 1999), grau de trofia (GANNON
& STEMBERGER, 1978) além de fatores abióticos associados às interações bióticas (ARMENGOL
& MIRACLE, 1999).
Devido sua posição intermediária na cadeia alimentar da maioria dos ecossistemas
aquáticos, aliado ao pequeno tamanho e curto tempo de desenvolvimento, espécies de
zooplâncton são boas indicadoras de condições ambientais particulares ou suas mudanças,
como revelados em vários estudos, apesar de muitos terem sido realizados em lagos e
reservatório das regiões temperadas (GÜNTZEL
et al
., 2002). Estudos mostram que as
mudanças ocorridas nas variáveis físicas, químicas e biológicas da água, decorrentes do
represamento, promovem um aumento na biomassa e uma rápida alteração na composição de
espécies (MARZOLF, 1990). No entanto, o impacto relativo de suas variáveis nas populações
zooplanctônicas é difícil de determinar, visto que elas freqüentemente variam
interdependentemente durante o represamento (CAMPBELL
et al.
, 1998).
A composição zooplanctônica de um lago artificial difere da composição de lagos naturais
fundamentalmente na abundância relativa dos principais grupos componentes. Em lagos
artificiais há uma predominância considerável do grupo dos Rotifera, devido a origem lótica
desses ambientes, onde espécies de rotíferos são encontradas com maior abundância do que a
de outros grupos do zooplâncton, fazendo parte das comunidades perifíticas (MATSUMURA-
TUNDISI
et al.
, 1990).
Dentre os trabalhos realizados para avaliar as alterações na comunidade zooplanctônica,
decorrentes da construção de um reservatório, destacam-se os de VASCONCELOS (1994), POPP
et al.
(1996), CAMPBELL
et al.
(1998), THOUVENOT
et al
. (2000), BONECKER
et al.
, (2001),
VELHO
et al.
(2001).
No trabalho de VASCONCELOS (1994), foi abordado apenas as flutuações sazonais dos
rotíferos planctônicos após o período de enchimento do reservatório Azibo, em Portugal. Já
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
15
POPP
et al
. (1996), conduziu um estudo para verificar a resposta da comunidade zooplanctônica
ao envelhecimento do reservatório e observou um aumento na densidade do zooplâncton e uma
diminuição na riqueza de espécies.
Em CAMPBELL
et al
. (1998), foram estudadas as alterações na biomassa e composição
de espécies zooplanctônicas em um reservatório recém-construído no Canadá.
Dentre os estudos mais recentes que mostra as alterações observadas em reservatórios
após fase de enchimento, destaca-se o realizado por THOUVENOT
et al.
(2000). Em trabalho
efetivado no reservatório Sep, localizado na região central da França, esses autores mostram as
mudanças temporais na comunidade planctônica e as relações entre o metazooplâncton e suas
presas potenciais, além de enfatizarem a importância de organismos da rede alimentar
microbiana na nutrição do metazooplâncton.
BONECKER
et al
. (2001) e VELHO
et al.
(2001) avaliaram a modificações ocorridas com o
grupo dos Copepoda e suas distribuições temporais e espaciais, respectivamente, no
reservatório de Corumbá – GO.
O zooplâncton também sofre influências da compartimentalização horizontal observada
em reservatórios, principalmente levando em consideração a estrutura da comunidade.
Geralmente notam-se variações quanto à biomassa, densidade, riqueza e diversidade nos vários
compartimentos do reservatório.
Segundo FREIRE & PINTO-COELHO (1986), a eventual identificação dos padrões de
distribuição espacial de organismos planctônicos pode ser um eficiente meio para a elaboração
de um zoneamento ecológico de um lago ou reservatório. Uma das mais interessantes
aplicações desse zoneamento é a identificação e monitoramento de gradientes ecológicos
relacionados com fontes de poluição tais como efluentes de estações de esgotos domésticos e
instalações industriais, córregos poluídos etc.
Além dessa variação espacial do zooplâncton, estes organismos geralmente sofrem
flutuações temporais decorrentes de vários fatores. De acordo com TUNDISI (1990), o
acoplamento entre os efeitos das funções de forças climatológicas (vento, precipitação e
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
16
radiação solar) e a operação do sistema produz uma compartimentalização temporal que implica
em alterações constantes de fluxo, velocidade, transporte de biomassa e nutrientes,
reorganizações periódicas na estrutura espacial do sistema e, conseqüentemente, das
populações planctônicas.
Segundo PANARELLI
et al.
(2001), a adaptação de populações ao ambiente limnético é
resultado de um complexo processo evolutivo mediado por interações entre fatores bióticos e
abióticos. Variações no ambiente podem promover mudanças erráticas ou cíclicas nas atividades
dos organismos, flutuações de curto ou longo prazo na abundância de populações ou até
substituição de espécies. Informações sobre como a comunidade varia, em diferentes escalas
temporais, podem contribuir para um melhor entendimento do funcionamento e evolução do
ecossistema. A obtenção deste tipo de informação pode ser ainda mais importante quando se
trata de um ecossistema recém construído.
Percebe-se que os reservatórios tornam-se únicos com relação à suas espécies devido ao
grande número de fatores influenciando as comunidades. A modificação física causada pela
construção da barragem cria um “ecossistema emergente” através da alteração do regime
hidrológico, qualidade da água, características térmicas, entrada de sedimento e matéria
orgânica (HOBBS
et. al
., 2004). Nestes ecossistemas, espécies invasoras generalistas com altas
taxas reprodutivas e de dispersão, estando aptas ao sucesso na colonização (KOLAR & LODGE,
2002). De acordo com TUNDISI (1986), estudos sobre a sucessão espacial e temporal das
comunidades biológicas e sua relação com os processos hidrodinâmicos e ecológicos que
operam dentro dos reservatórios são fundamentais para o acompanhamento do estágio de
evolução destes ecossistemas.
De acordo com NOGUEIRA (2001), estudos sobre a estrutura e funcionamento da
comunidade planctônica em ecossistemas de reservatórios fornece oportunidades para
investigar padrões de respostas à variações cíclicas e distúrbios episódicos. O entendimento da
dinâmica do plâncton em reservatórios também pode ser usado para avaliar a resiliência deste
tipo de ecossistema, que pode apresentar profundas mudanças nas condições limnológicas em
períodos relativamente curtos, visto que, estes organismos atuam como sensores refinados das
propriedades ambientais e refletem a dinâmica do ecossistema (MARGALEF, 1983; LEGENDRE
et
al
. 1985).
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
17
O presente trabalho constitui parte do Projeto desenvolvido pelo Instituto Internacional
de Ecologia para empresa de construção de barragens INVESTCO sobre o “gerenciamento e
otimização de usos múltiplos da bacia hidrográfica da UHE Luis Eduardo Magalhães” em
Tocantins. Este projeto envolveu o estudo das mudanças ambientais ocorridas na bacia e nas
características limnológicas dos recursos hídricos desde a fase de implantação da construção da
barragem até o enchimento do reservatório, com a formação de um grande lago. Dentre outros,
a comunidade zooplanctônica foi objeto de estudo para avaliar a evolução das condições
limnológicas do lago.
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
18
II. OBJETIVO
O presente trabalho tem como objetivo avaliar as modificações na estrutura e
organização da comunidade zooplanctônica em um reservatório recém-construído no
rio Tocantins (UHE – Luis Eduardo Magalhães/TO). Para alcançar tal objetivo, algumas
metas foram traçadas:
¾ Estudar a riqueza e abundância relativa da comunidade zooplanctônica e sua variação
após a fase de enchimento do reservatório;
¾ Analisar a distribuição espacial da comunidade zooplanctônica ao longo do reservatório;
¾ Analisar a ocorrência de variação espacial das características físicas e químicas ao longo
do reservatório;
¾ Analisar a formação de compartimentos longitudinais em virtude variação espacial das
características limnológicas do reservatório;
¾ Analisar a variação temporal da comunidade zooplanctônica durante o período de um
ano, após a fase de enchimento;
¾ Analisar a variação temporal das variáveis físicas e químicas após o período de
enchimento do reservatório.
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
19
III. MATERIAL E MÉTODOS
1. Área de estudo
O reservatório em estudo é o da Usina Hidrelétrica (UHE) Luis Eduardo Magalhães,
também conhecido como Reservatório do Lajeado, localizado no Rio Tocantins, a uma distância
de 1030 Km da foz, entre as cidades de Miracema do Tocantins e Lajeado. Na Figura 2 estão
indicadas as principais cidades localizadas ao longo do reservatório.
O reservatório iniciou seu enchimento em 15 de setembro de 2001 e alcançou a cota
máxima de 212m em 07 fevereiro de 2002. Abaixo estão descritas algumas características do
reservatório publicadas em REIS (2002).
Área total do lago 626 Km
2
Área de drenagem 184.219 Km
2
Extensão do lago 172 Km
Profundidade média 3 m
Profundidade junto à barragem 35 m
Volume útil do reservatório para operação 5.5 bilhões de m
3
Tempo de residência 24 dias
Vida útil do reservatório 100 anos
Potencia instalada 902 MW
De acordo com IIE/HYDROMARES (2002), em trabalho realizado para estimar a Energia
Cinética Turbulenta do reservatório, o aterro construído para suportar uma ponte erguida
próxima a cidade de Palmas está agindo como uma barreira para o fluxo de água. Na região
central do reservatório os valores de energia cinética são mais baixos, indicando que esta é uma
área de remanso. A energia cinética torna a aumentar na região à montante do reservatório
devido, principalmente, a maior intensidade de fluxo, causado pelo afunilamento do leito do rio
Tacantins e na região próxima à barragem devido ao sistema operacional da barragem.
À montante da UHE de Lajeado estão as usinas hidrelétricas de Serra da Mesa, Cana
Brava, Peixe e Ipueiras (as duas últimas em fase de viabilidade). À jusante, encontraram-se as
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
20
UHEs Tupiratins, Estreito (viabilidade), Serra Quebrada (em fase de projeto) e Tucuruí (em
construção da 2ª fase).
1.1 Hidrografia
A Bacia Araguaia-Tocantins localiza-se entre as coordenadas 46º e 55ºW e 2º e 18ºS,
drenando 767.000 Km
2
dos quais 343.000 Km
2
correspondem ao Tocantins, 382.000 Km
2
ao rio
Araguaia e 42.000 Km
2
ao rio Itacaiúnas. É limitada pelas bacias do Paraná-Paraguai ao sul, do
Xingu a oeste, do São Francisco a leste a da Parnaíba a Noroeste (RIBEIRO,
et al
., 1995).
O rio Tocantins com seu principal afluente, o Araguaia, constitui um abacia própria, ora
denominada Bacia do Tocantins, ora Bacia do Tocantins-Araguaia. Nascido no planalto central
brasileiro, percorre grandes extensões recobertas por cerrados antes de penetrar em áreas de
floresta amazônica densa, já no Estado do Pará, onde estásituada a UHE Tucuruí (Comissão
Mundial de Barragens, 1999).
O rio Tocantins apresenta uma extensão aproximada de 2.5000 km até a sua
desembocadura, na Bacia do Marajó. Cerca de 1.100 Km corresponde ao Alto Tocantins e 370
km ao trecho que alcança a localidade de Miracema, no Médio Tocantins, área de influência da
UHE Lajeado (THEMAG, 1996).
A Bacia Araguaia-Tocantins apresenta uma vazão média de 11.000 m
3
/s, sendo a
contribuição do Araguaia de 5.500 m
3
/s, a do rio Itacaiúnas de 450 m
3
/s e a do rio Tocantins de
5.000 m
3
/s antes da sua confluência com o rio Araguaia (PRODIAT, 1982).
A área de drenagem do rio Tocantins na região da UHE Luis Eduardo Magalhães é da
ordem de 184.200 Km
2
. Nesta área destacam-se, da barragem para montante, os seguintes
tributários: ribeirões Santa Luzia, Água Fria, Taquarussu, São João (Palmas), Mangues, Água
Suja, São João (Porto Nacional) e rios do Carmo, Areias e Crixás (REIS-PEREIRA, 2002).
O rio tem características típicos daqueles presentes em planaltos, visto que, no alto e
médio cursos do Rio Tocantins se observa um grande número de cachoeiras e corredeiras, que
evidenciam a geologia e tectônica dos terrenos atravessados.
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
21
Figura 2 Localização do reservatório do Lajeado (UHE Luis Eduardo Magalhães) no Estado de
Tocantins e as principais cidades presentes na área sua ares de influência (9º43’S e 48º21’W).
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
22
1.2 Geologia
A área de influência do reservatório do Lajeado tem uma superfície aproximada de
30.000 Km
2
, englobando cerca de 22 unidades litográficas, das quais sete referem-se a
depósitos sedimentares fanerozóicos, com idade siluriano-devoninas até holocênicas e 15
correspondem a rochas pré-cambrianas do Proterozóico e Arqueano (COSTA, 1985
apud
REIS-
PEREIRA, 2002; RADAM/BRASIL, 1981).
As unidades sedimentares ocupam toda porção norte-oriental da área, além de
recobrirem as unidades pré-cambrianas em trechos localizados na parte meridional da área,
enquanto as unidades pré-silurianas distribuem-se ao sul e a oeste da mesma (RANZANI, 1996;
RODRIGUES NETO, 2001).
Na área da bacia predominam os latossolos vermelho-amarelo e vermelho-escuro, com
texturas variáveis de média a argilosa, associados a solos concrecionários, areias quartzosas,
solos podzólicos vermelho-amarelo, dentre outros (REIS-PEREIRA, 2002).
Na margem direita do rio Tocantins predomina o latossolo vermelho-amarelo distrófico e
álico textura média, enquanto que na margem esquerda ocorrem, principalmente, solos de
textura argilosa (REIS-PEREIRA, 2002).
1.3 Clima
O clima predominante no Estado do Tocantins é o tropical (úmido e sub-úmido),
condicionado, fundamentalmente, pela ampla extensão latitudinal. Nesta região, observa-se a
presença de dois períodos bem distintos, um chuvoso, de outubro a março, e outro seco, eu se
estende de abril a setembro, concentrando 85 e 15% do total da precipitação anual,
respectivamente (THEMAG, 1996).
A área do reservatório sofre influência de dois tipos de clima, o úmido, (B1wA´a`)
caracterizado por moderada deficiência hídrica no inverno, evapotranspiração potencial
apresentando uma variação média anual entre 1.400 e 1.700mm e o úmido subúmido
(B1wA´a`), também com moderada deficiência hídrica no inverno e evapotranspiração média
anual de 1.500 mm (REIS-PEREIRA, 2002).
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
23
1.4 Vegetação
O Cerrado aparece como vegetação predominante na bacia do Médio Tocantins, e a
floresta perenifolia tropical aparece em áreas descontínuas e duramente atingida pelo
desmatamento e queimadas, como conseqüência da expansão das atividades agropecuárias
(ELETRONORTE, 1986; THEMAG, 1996).
A vegetação predominante encontrada próxima à área do reservatório é campo cerrado
e as atividades empregadas na região responsáveis pelo uso e ocupação do solo são agricultura
e pecuária.
2. Local e época de coleta
Dentre os pontos de coleta estabelecidos para as análises limnológicas do Programa
Ambiental aprovados pela Secretaria do Meio Ambiente do Estado de Tocantins (Naturatins),
foram selecionados oito pontos localizados ao longo do canal principal do reservatório (Tabela
1). A escolha das estações levou em consideração a representatividade dos principais
compartimentos do reservatório e a influência dos principais afluentes.
Tabela 1 Localização geográfica das estações de coleta localizadas ao longo do reservatório da
UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
Estação Localidade Posição Geográfica
Profundidade
média
Distância da
barragem (Km)
R 01 Montante UHE
22L 0787908
UTM 8919390
29,2 0,3
R 02 Rio Tocantins jusante Santa Luzia
22L 0789395
UTM 8915892
22,9 5
R 03 Rio Tocantins – Palmas
22L 0783617
UTM 8875716
20,6 53
R 04 Rio Tocantins – Montante dos Mangues
22L 0782767
UTM 8844530
18,8 77
R 05 Rio Tocantins – Porto Nacional
22L 0781792
UTM 8816052
17,4 94
R 06 Rio Tocantins – Cachimbo
22L 0781969
UTM 8796714
8,9 116
R 07 Brejinho de Nazaré
22L 0767493
UTM 8781560
8,2 136
R 08 Rio Tocantins
22L 0771392
UTM 8781560
5,6 154
Na Figura 3 são apresentadas as oito estações de coleta localizadas ao longo do
reservatório do Lajeado, UHE Luis Eduardo Magalhães.
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
24
As coletas foram realizadas com intervalos mensais, e iniciadas logo após a fase de
enchimento do reservatório, em janeiro de 2002, sendo finalizadas em dezembro de 2002,
completando assim um ano de amostragens.
3. Dados climatológicos
3.1 Temperatura do ar
Os dados de temperatura do ar foram obtidos através da leitura direta no U-10 Horiba
durante cada coleta.
3.2 Pluviometria
Os dados de pluviometria serão obtidos junto à INVESTCO.
4. Variáveis Físicas e Químicas
As variáveis físicas e químicas analisadas com suas respectivas metodologias e
equipamentos utilizados na análise estão descritas na Tabela 2:
Tabela 2 Variáveis físicas e químicas analisadas nas oito estações de coleta e metodologia
utilizada.
Variável Metodologia Equipamento/Método
Temperatura superficial da água Medida direta Termômetro de mercúrio/Horiba U-23
Oxigênio Dissolvido (mg/L) Titulometria Winkler (Golterman
et al
., 1978)
Potencial Hidrogeniônico - pH Medida direta Horiba U-23/Sonda YSI
Condutividade Elétrica (µS/cm)
Medida direta Horiba U-23/Sonda YSI
Sólidos Totais Dissolvido – STD (g/L) Medida direta Horiba U-23/Sonda YSI
Turbidez (NTU) Medida direta Horiba U-23/Sonda YSI
5. Biomassa fitoplanctônica - Clorofila
a
A concentração da clorofila
a
foi determinada através do método de extração com etanol
90% a quente, segundo método descrito em NUSH (1980).
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
25
Palmas
Barra
g
em
R 01 – Montante UHE
R 02 – Mares
R 03 – RTO Palmas
R 04 - Mont. Mangues
R 05 – TOC Porto Nacional
R 06 – RTO Cachimbo
R 07 – Brejinho de Nazaré
R 08 – RTO Santa Tereza
Figura 3 Localização das oito estações de coleta, UHE Luis Eduardo Magalhães.
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
26
6. Zooplâncton
Para o estudo da composição da comunidade zooplanctônica foram feitos arrastos
verticais do fundo à superfície com rede de plâncton de 68 µm. O material coletado foi colocado
em frasco de polietileno e fixado solução de formaldeído à 4%.
O zooplâncton foi analisado para verificar: riqueza de espécies, abundância relativa e
dominância de espécies.
A contagem e identificação dos microcrustáceos (formas jovens e adultas) foram feitas
com auxílio de estereoscópio e microscópio óptico. Subamostras foram feitas de tal maneira a
obter o mínimo de 200 organismos.
Os rotíferos e náuplios de Cyclopoida e Calanoida foram contados e identificados em
câmaras de Sedgwick-Rafter, com capacidade de 1mL com auxílio de microscópio óptico.
Para identificação dos organismos foram utilizadas obras especializadas, sendo as
principais: PENNAK (1953), EDMONDSON (1959), KOSTE (1978), MATSUMURA-TUNDISI (1986),
REID (1985), EL-MOOR LOUREIRO (1997), SMIRNOV (1974).
Será feita aquisição de imagem de todas as espécies identificadas de Rotifera, Cladocera
e Copepoda.
7 Tratamento dos dados
7.1 Índice de diversidade
Para cada estação de coleta será calculada a diversidade através do Índice de Shanon-
WEANER (1949):
H = -S (ni/N) . ln (ni/N)
Onde:
H = Índice de Shannon Weaner
ni = número de indivíduos de cada uma das espécies encontradas
N = número de indivíduos totais
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
27
7.2 Freqüência de ocorrência
Para análise da freqüência foi adotado o critério segundo GOMES (1989), definindo-se a
freqüência (F), expressa em percentagem, como sendo a relação entre a ocorrência das
diferentes espécies e o número total de amostras. As espécies são consideradas constantes
quando F > 50%, comuns 10%< F < 50% e raras quando F < 10%.
7.3 Abundância das espécies de Rotifera, Cladocera e Copepoda e outros organismos
presentes
Para análise de abundância, o critério utilizado para determinação das espécies
abundantes e dominantes foi descrito em LÔBO & LEIGHTON (1986). São consideradas
abundantes aquelas cuja ocorrência numérica é maior do que o valor médio do número total de
indivíduos das espécies presentes na amostra e dominantes, aquelas cuja ocorrência numérica
supera 50% do número total de indivíduos presentes.
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
28
IV RESULTADOS
1. Dados Climatológicos
Em janeiro registrou-se a maior precipitação de todo o período de coleta, com ausência
de chuvas entre os meses de maio a setembro. Não houve precipitação no período de maio a
setembro. A média da temperatura do ar variou de 26,8ºC a 33,1ºC, os quais foram registrados
nos meses de outubro e agosto, respectivamente (Figura 4).
Os dados de pluviosidade coletados no período de estudo representou o padrão
observado para a região, com maiores índices pluviométricos no verão, correspondendo aos
meses de outubro a março. A precipitação total foi de aproximadamente 1.482 mm.
0
100
200
300
400
500
600
JFMAMJJASOND
Pluviosidade (mm
0
5
10
15
20
25
30
35
TemperaturaC) -dia
Pluviosidade
Temperatura
Figura 4 Pluviosidade e média da temperatura do ar na área de influência do reservatório da
UHE Luis Eduardo Magalhães no ano de 2002 (Dados fornecidos pela INVESTCO).
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
29
2. Variáveis físicas e químicas
2.1. Estrutura térmica da represa
A Figura 5 mostra a flutuação da temperatura medida na superfície e no fundo, nos
pontos R1 - R8 da represa durante o período de março a dezembro de 2002, em intervalos
mensais. Nessa figura pode-se observar que as temperaturas mais altas nos pontos de coleta,
em torno de 30 a 31
o
C, ocorreram entre março e abril, e as temperaturas abaixo de 29ºC foram
observadas entre os meses de junho e setembro. A estratificação térmica, com uma diferença
de 2
o
C, ocorrem nas estações R1 e R2 durante os meses mais chuvosos do ano, ou seja, de
outubro até abril. Nas estações R3 e R4 essa estratificação foi observada também nos meses
mais secos, isto é, de junho a setembro. A estação R5 apresentou estratificação mais acentuada
nos meses de julho a setembro, enquanto que nas estações R6, R7 e R8 a estratificação foi
praticamente inexistente em todo período do ano.
A Figura 6 apresenta os valores médios de temperatura da superfície e do fundo obtidos
de março a dezembro de 2002, nas estações R1 a R8. Observa-se que na estação R4 houve
maior amplitude de diferença entre a média da temperatura da superfície e do fundo. Contribuiu
para este resultado os valores de temperatura da superfície de 29,5
o
C e do fundo de 26,4
o
C,
registrados no mês de julho, nesta estação.
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
30
R1
25
26
27
28
29
30
31
32
Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Dez
Temperatura (ºC)
Superfície
Fundo
R2
25
26
27
28
29
30
31
32
Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Dez
Temperatura (ºC)
Superfície
Fundo
R3
25
26
27
28
29
30
31
32
Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Dez
Temperatura (ºC)
Superfície
Fundo
R4
25
26
27
28
29
30
31
32
Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Dez
Temperatura (ºC)
Superfície
Fundo
R5
25
26
27
28
29
30
31
32
Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Dez
Temperatura (ºC)
Superfície
Fundo
R6
25
26
27
28
29
30
31
32
Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Dez
Temperatura (ºC)
Superfície
Fundo
R7
25
26
27
28
29
30
31
32
Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Dez
Temperatura (ºC)
Superfície
Fundo
R8
25
26
27
28
29
30
31
32
Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Dez
Temperatura (ºC)
Superfície
Fundo
Figura 5 Variação da temperatura na superfície e no fundo do reservatório do Lajeado, UHE
Luis Eduardo Magalhães – TO, no período de março a dezembro de 2002, nas oito estações de
coleta (R1, R2, R3, R4, R5, R6, R7 e R8).
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
31
Barragem Rio
25
26
27
28
29
30
31
32
R1 R2 R3 R4 R5 R6 R7 R8
Temperatura (ºC)
Superfície
Fundo
Figura 6 Valores médios da temperatura medida na superfície e no fundo nas oito estações de
coleta do reservatório do Lajeado, UHE Luis Eduardo Magalhães – TO, obtidas no período de
março a dezembro de 2002.
2.2 Oxigênio dissolvido
A Figura 7 mostra a distribuição de oxigênio dissolvido na superfície e no fundo das oito
estações de amostragem (R1, R2, R3, R4, R5, R6, R7 e R8) ao longo da represa durante o
período de março a dezembro de 2002. Nas estações R1, R2, R3 e R4, observa-se uma hipoxia
ou anoxia nos meses de alta precipitação. Nas estações R1 e R2 houve completa oxigenação
nos meses de julho e agosto, meses de resfriamento térmico da água. As máximas de
concentração de oxigênio obtidas nestes pontos, na superfície, foi de 9,0 mg/L, no mês de
julho. Os pontos R5, R6, R7 e R8 praticamente não apresentaram diferença na concentração de
oxigênio da superfície e do fundo. Nesses pontos, altas concentrações de oxigênio de até
10mg/L foram registradas entre os meses de maio e setembro, com valor mais elevado no
ponto R8 em julho, quando foi registrada uma concentração de 13,44 mg/L.
A Figura 8 se refere aos valores médios de concentração de oxigênio medida
mensalmente, no período de março a dezembro de 2002, na superfície e no fundo de cada
estação. Observa-se que nas estações R1, R2, R3 e R4 ocorre uma estratificação química com
diminuição de oxigênio no fundo. Nas estações R5, R6, R7 e R8 não houve estratificação.
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
32
R1
0
2
4
6
8
10
12
14
Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Dez
Oxigê nio Disso lvido
(mg/L)
Superfície
Fundo
R2
0
2
4
6
8
10
12
14
Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Dez
Oxigê nio Disso lvido
(mg/L)
Superfície
Fundo
R3
0
2
4
6
8
10
12
14
Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Dez
Oxigê nio Disso lvido
(mg/L)
Superfície
Fundo
R4
0
2
4
6
8
10
12
14
Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Dez
Oxigê nio Disso lvido
(mg/L)
Superfície
Fundo
R5
0
2
4
6
8
10
12
14
Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Dez
Oxigê nio Disso lvido
(mg/L)
Superfície
Fundo
R6
0
2
4
6
8
10
12
14
Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Dez
Oxigê nio Disso lvido
(mg/L)
Superfície
Fundo
R7
0
2
4
6
8
10
12
14
Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Dez
Oxigê nio Disso lvido
(mg/L)
Superfície
Fundo
R8
0
2
4
6
8
10
12
14
Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Dez
Oxigê nio Disso lvido
(mg/L)
Superfície
Fundo
Figura 7 Variação da concentração de oxigênio dissolvido na superfície e no fundo do
reservatório do Lajeado, UHE Luis Eduardo Magalhães – TO, no período de março a dezembro
de 2002 , nas estações de coleta (R1, R2, R3, R4, R5, R6, R7 e R8).
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
33
Barragem Rio
0
2
4
6
8
10
12
R1 R2 R3 R4 R5 R6 R7 R8
Oxigênio Dissolvid
o
(mg/L)
Superfície
Fundo
Figura 8 Valores médios da concentração de oxigênio dissolvido, obtidos no período de março a
dezembro de 2002, na superfície e no fundo das oito estações do reservatório do Lajeado, UHE
Luis Eduardo Magalhães-TO.
2.3 Potencial Hidrogeniônico (pH)
A Figura 9 mostra a variação do pH medido na superfície e no fundo, no período de
março a dezembro de 2002, nas oito estações de coleta. O pH mínimo registrado na superfície
foi 4,5 e o máximo 8,7, no entanto, durante quase todo o período de estudo, os valores de pH
estiveram acima de 7.
Não foi observada diferença entre o pH de superfície e fundo durante todo período
analisado em quase todas as estações de coleta. Exceção foi observada apenas na estação R2,
no mês de julho, quando os valores de pH da superfície e do fundo foram 3,76 e 8,17. Em
agosto houve uma queda desses valores em quase todas as estações, ficando abaixo de 6,5.
No fundo o pH variou de 3,8 a 8,7. Em todas as estações os valores mais baixos de pH
foram registrados no mês de agosto. Nas estações R1, R3, R6, R7 e R8 os valores mais altos de
pH foram registrados em julho, sendo que na estação R8 o pH máximo registrado foi 8,6. Nas
estações R4 e R5 os valores máximos de pH foram medidos no mês de setembro, 8,2 e 8,5,
respectivamente. Já na estação R2, o mês de dezembro apresentou o valor máximo alcançando
7,9.
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
34
A Figura 10 mostra a média do pH da superfície e do fundo nas estações R1 - R8. Não
foi observada variação dos valores médios do pH nas oito estações de coleta, os valores
registrados estiveram próximos de 7. Também não houve diferença entre as médias de
superfície e fundo.
R1
0
2
4
6
8
10
Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Dez
pH
Superfície
Fundo
R2
0
2
4
6
8
10
Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Dez
pH
Superfície
Fundo
R3
0
2
4
6
8
10
Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Dez
pH
Superfície
Fundo
R4
0
2
4
6
8
10
Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Dez
pH
Superfície
Fundo
R5
0
2
4
6
8
10
Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Dez
pH
Superfície
Fundo
R6
0
2
4
6
8
10
Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Dez
pH
Superfície
Fundo
R7
0
2
4
6
8
10
Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Dez
pH
Superfície
Fundo
R8
0
2
4
6
8
10
Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Dez
pH
Superfície
Fundo
Figura 9 Variação do pH da superfície e do fundo da UHE Luis Eduardo Magalhães – TO, no
período de março a dezembro de 2002, nas estações de coleta (R1, R2, R3, R4, R5, R6, R7 e
R8).
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
35
Barragem Rio
0
2
4
6
8
10
R1 R2 R3 R4 R5 R6 R7 R8
pH
Superfície
Fundo
Figura 10 Valores médios de pH, obtidos no período de março a dezembro de 2002, na
superfície e no fundo das oito estações do reservatório da UHE Luis Eduardo Magalhães.
2.4 Condutividade elétrica
A Figura 11 mostra a distribuição da condutividade elétrica na superfície e no fundo das
oito estações de amostragem (R1, R2, R3, R4, R5, R6, R7 e R8) ao longo da represa durante o
período de março a dezembro de 2002.
Durante quase todo período analisado não houve diferença com relação aos valores de
condutividade da superfície e do fundo nas estações R1 – R8. A condutividade elétrica da
superfície e do fundo esteve acima de 70 µS/cm durante quase todo o período de estudo, no
entanto, no mês de junho na estação R6, a condutividade da superfície declinou para 9 µS/cm.
O maior valor, 125 µS/cm, foi registrado também na superfície, em março na estação R8.
A Figura 12 se refere aos valores médios de condutividade elétrica medida mensalmente,
no período de março a dezembro de 2002, na superfície e no fundo de cada estação. Não foi
observada variação entre as estações e entre a superfície e o fundo para a média da
condutividade elétrica. Na superfície, os valores médios variaram de 81,56 a 96,33 µS/cm,
registrados nas estações R6 e R8. No fundo a variação foi de 83 a 94,1 µS/cm, valores
registrados nas estações R4 e R8, respectivamente.
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
36
R1
0
25
50
75
100
125
Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Dez
Cond. Elétrica
(
S/cm)
Superfície
Fundo
R2
0
25
50
75
100
125
Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Dez
Cond. Elétrica
(
S/cm)
Superfície
Fundo
R3
0
25
50
75
100
125
Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Dez
Cond. Elétrica
(
S/cm)
Superfície
Fundo
R4
0
25
50
75
100
125
Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Dez
Cond. Elétrica
(
S/cm)
Superfície
Fundo
R5
0
25
50
75
100
125
Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Dez
Cond. Elétrica
(
S/cm)
Superfície
Fundo
R6
0
25
50
75
100
125
Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Dez
Cond. Elétrica
(
S/cm)
Superfície
Fundo
R7
0
25
50
75
100
125
Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Dez
Cond. Elétrica
(
S/cm)
Superfície
Fundo
R8
0
25
50
75
100
125
Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Dez
Cond. Elétrica
(
S/cm)
Superfície
Fundo
Figura 11 Variação da condutividade elétrica da superfície e do fundo da UHE Luis Eduardo
Magalhães – TO, no período de março a dezembro de 2002, nas estações de coleta (R1, R2, R3,
R4, R5, R6, R7 e R8).
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
37
Barragem Rio
0
25
50
75
100
125
R1 R2 R3 R4 R5 R6 R7 R8
Cond. Elétrica
(
S/cm)
Superfície
Fundo
Figura 12 Valores médios de condutividade elétrica, obtidos no período de março a dezembro
de 2002, na superfície e no fundo das oito estações do reservatório da UHE Luis Eduardo
Magalhães.
2.5 Sólidos Totais Dissolvidos (STD)
A Figura 13 mostra a distribuição da concentração de sólidos totais dissolvidos na
superfície e no fundo das oito estações de amostragem (R1, R2, R3, R4, R5, R6, R7 e R8) ao
longo da represa durante o período de março a dezembro de 2002.
Em todas as estações analisadas não foi observada variação marcante da concentração
de Sólidos Totais Dissolvidos durante o período de estudo, apenas no mês de julho foi notado
um aumento nos valores em todas as estações. Os Sólidos Totais Dissolvidos na superfície
variaram de 0,045 mg/L, no mês de março na estação R2, a 0,089 mg/L, valor registrado na
estação R5, no mês de julho. No fundo, os valores variaram de 0,035 a 0,091, valores
registrados em abril na estação R4 e em julho na estação R8, respectivamente. Em julho foi
observado um aumento na concentração de STD em todas as estações.
A Figura 14 se refere aos valores médios de pH medidos mensalmente, no período de
março a dezembro de 2002, na superfície e no fundo de cada estação. Não foi observada
variação entre as estações com relação à média da concentração de sólidos totais dissolvidos na
superfície e no fundo. Os valores variaram de 0,055 a 0,062 mg/L.
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
38
R1
0.000
0.025
0.050
0.075
0.100
Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Dez
STD (mg/L)
Superfície
Fundo
R2
0.000
0.025
0.050
0.075
0.100
Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Dez
STD (mg/L)
Superfície
Fundo
R3
0.000
0.025
0.050
0.075
0.100
Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Dez
STD (mg/L)
Superfície
Fundo
R4
0.000
0.025
0.050
0.075
0.100
Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Dez
STD (mg/L)
Superfície
Fundo
R5
0.000
0.025
0.050
0.075
0.100
Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Dez
STD (mg/L)
Superfície
Fundo
R6
0.000
0.025
0.050
0.075
0.100
Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Dez
STD (mg/L)
Superfície
Fundo
R7
0.000
0.025
0.050
0.075
0.100
Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Dez
STD (mg/L)
Superfície
Fundo
R8
0.000
0.025
0.050
0.075
0.100
Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Dez
STD (mg/L)
Superfície
Fundo
Figura 13 Variação da concentração de Sólidos Totais Dissolvidos na superfície e no fundo do
reservatório do Lajeado, UHE Luis Eduardo Magalhães – TO, no período de março a dezembro
de 2002, nas estações de coleta (R1, R2, R3, R4, R5, R6, R7 e R8).
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
39
Barragem Rio
0,000
0,025
0,050
R1 R2 R3 R4 R5 R6 R7 R8
STD (mg/L
)
Superfície
Fundo
Figura 14 Valores médios da concentração de Sólidos Totais Dissolvidos, obtidos no período de
março a dezembro de 2002, na superfície e no fundo das oito estações do reservatório do
Lajeado, UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
2.6 Turbidez
A Figura 15 se refere aos valores médios de turbidez medida mensalmente, no período
de março a dezembro de 2002, na superfície de cada estação.
No mês de abril foi registrado o menor valor de turbidez (0,5 NTU) na estação R2. O
maior valor foi encontrado na estação R8 (47,6 NTU), no mês de dezembro. Em julho, agosto,
setembro e outubro todas as estações apresentaram valores muito próximos, sempre abaixo de
10 NTU. Já no mês de dezembro foi notado um aumento nos valores da turbidez nas estações
R5, R6, R7 e R8. Na estação R5 o valor registrado neste mês foi 26,2 NTU e já nas estação R6,
R7 e R8 os valores encontrados ultrapassaram 40 NTU.
A Figura 16 mostra a distribuição da turbidez na superfície das oito estações de
amostragem (R1, R2, R3, R4, R5, R6, R7 e R8) ao longo da represa durante o período de março
a dezembro de 2002.
Foi observado um aumento gradual dos valores médios de turbidez em direção a
montante do reservatório. A estação R2 foi a que apresentou menor valor (2,17 NTU), sendo
que na estação R8 obteve-se o maior valor (14,23 NTU).
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
40
R1
0
10
20
30
40
50
Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Dez
Turbidez (NTU
)
R2
0
10
20
30
40
50
Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Dez
Turbidez (NTU
)
R3
0
10
20
30
40
50
Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Dez
Turbidez (NTU
)
R4
0
10
20
30
40
50
Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Dez
Turbidez (NTU
)
R5
0
10
20
30
40
50
Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Dez
Turbidez (NTU
)
R6
0
10
20
30
40
50
Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Dez
Turbidez (NTU
)
R7
0
10
20
30
40
50
Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Dez
Turbidez (NTU
)
R8
0
10
20
30
40
50
Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Dez
Turbidez (NTU
)
Figura 15 Variação da turbidez na superfície da UHE Luis Eduardo Magalhães – TO, no período
de março a dezembro de 2002, nas estações de coleta (R1, R2, R3, R4, R5, R6, R7 e R8).
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
41
Barragem Rio
0
2
4
6
8
10
12
14
16
R1 R2 R3 R4 R5 R6 R7 R8
Turbidez (NTU
)
Figura 16 Valores médios de turbidez obtida no período de março a dezembro de 2002, na
superfície das oito estações do reservatório do lajeado, UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
3. Clorofila
a
A Figura 17 mostra a distribuição da concentração de clorofila
a
na superfície das oito
estações de amostragem (R1, R2, R3, R4, R5, R6, R7 e R8), ao longo da represa durante o
período de março a dezembro de 2002.
O maior valor foi encontrado na estação R6, no mês de abril (9,8 µg/L). Nas estações R3
e R8, no mês de março, não foi possível detectar as concentrações de clorofila
a
com o método
utilizado. Devido a problemas durante a coleta não foi possível fazer as medições da
concentração da clorofila nos meses de setembro e outubro.
A Figura 18 se refere aos valores médios da concentração de clorofila
a
medida
mensalmente, no período de março a dezembro de 2002, na superfície de cada estação.
As estações R5, R6 e R7 foram as que apresentaram maiores valores médios de
concentração de concentração de clorofila
a
. Os valores médios variaram de 4,11 a 6,14 µg/L,
registrados nas estações R3 e R5, respectivamente.
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
42
R1
0
2
4
6
8
10
12
Mar Abr Mai Jun Jul Ago Dez
Clorofila
a
(µg/L)
R2
0
2
4
6
8
10
12
Mar Abr Mai Jun Jul Ago Dez
Clorofila
a
(µg/L)
R3
0
2
4
6
8
10
12
Mar Abr Mai Jun Jul Ago Dez
Clorofila
a
(µg/L)
R4
0
2
4
6
8
10
12
14
Mar Abr Mai Jun Jul Ago Dez
Clorofila
a
(µg/L)
R5
0
2
4
6
8
10
12
Mar Abr Mai Jun Jul Ago Dez
Clorofila
a
(µg/L)
R6
0
2
4
6
8
10
12
Mar Abr Mai Jun Jul Ago Dez
Clorofila
a
(µg/L)
R7
0
2
4
6
8
10
12
Mar Abr Mai Jun Jul Ago Dez
Clorofila
a
(µg/L)
R8
0
2
4
6
8
10
12
Mar Abr Mai Jun Jul Ago Dez
Clorofila
a
(µg/L)
Figura 17 Variação da concentração de clorofila
a
nas oito estações de coleta no período de
março a agosto e no mês de dezembro.
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
43
Barragem Rio
0
1
2
3
4
5
6
7
R1 R2 R3 R4 R5 R6 R7 R8
Clorofila a ( g/L)
Figura 18 Valores médios da concentração de clorofila
a
, obtidos no período de março a
dezembro de 2002, na superfície das oito estações do reservatório do Lajeado, UHE Luis
Eduardo Magalhães.
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
44
4. Comunidade Zooplanctônica
Nas 96 amostras analisadas foram identificados 103 táxons que serão relacionados
seguindo a nomenclatura adotada em EDMONDSON (1959) e ISMAEL
et al
. (1997).
Filo: Rotifera
Classe: M
ONOGONONTA
Ordem: P
LOIMIDA
Família: B
RACHIONIDAE
Anuraeopsis
cf.
fissa
(Gosse, 1851)
Brachionus calyciflorus
(Palla, 1766)
Brachionus caudatus
(Barrois & Daday, 1894)
Brachionus dolabratus
(Harring, 1914)
Brachionus falcatus
(Zacharias, 1898)
Brachionus mirus
(Daday, 1905)
Brachionus patulus
(OF Muller, 1786)
Brachionus quadridenta us
(Herman, 1783)
t
t
f
Brachionus zahniseri
(Ahlstrom, 1934)
Kellicottia longispina
(Kellicott, 1879)
Keratella americana
(Carlin, 1943)
Keratella cochlearis
(Gosse, 1851)
Keratella lenzi
(Hauer, 1953)
Keratella tropica
(Apstein, 1907)
Platyias leloupi
(Gillard, 1957)
Platyias quadricornis
(Ehrenberg, 1832)
Macrochaetus
sp.
Trichotria
etractis
(Ehrenberg, 1832)
Mytilina ventralis
(Ehrenberg, 1832)
Euchlanis
sp.
Epiphanes
cf.
macrourus
(Barrois & Daday, 1894)
Família: Colurellidae
Lepadella
cf.
patela
(OF Müller, 1786)
Família: L
ECANIDAE
Lecane bulla
(Gosse, 1886)
Lecane cornuta
(Müller, 1786)
Lecane signi era
(Jennings, 1896)
Lecane leontina
(Turner, 1892)
Lecane ludwigi
(Eckstein, 1883)
Lecane curvicornis
(Murray, 1913)
Lecane lunaris
(Ehrenberg, 1832)
Lecane monostyla
(Gosse, 1886)
Lecane proiecta
(Hauer, 1956)
Família: T
RICHOCERCIDAE
Trichocerca chattoni
(de Beauchamp, 1907)
Trichocerca similis
(Wierzejski, 1893)
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
45
Trichocerca
cf.
pusilla
(Lauterborn, 1898)
Família: G
ASTROPODIDAE
Ascomorpha ovalis
(Bergendal, 1892)
Ascomorpha saltans
(Kolisko, 1938)
Gastropus
sp.
Família: D
ICRANOPHORIDAE
Dicranopho us
sp.
r
t
Família: A
SPLANCHNIDAE
Asplanchna sieboldi
(Leydig, 1854)
Família: S
YNCHATIDAE
Polyarthra vulgaris
(Carlin, 1943)
Synchaeta s ylata
(Wierzejski, 1893)
Ordem: F
LOSCULARIACEA
Família: T
ESTUDINELLIDAE
Filinia longiseta
(Ehrenberg, 1834)
Filinia opoliensis
(Zacharias, 1898)
Horaella tomassoni
(Koste, 1973)
Testudinella
sp.
Testudinella patina
(Herman, 1783)
Família: HEXARTHRIDAE
Hexarthra intermedia
(Wiszniewski, 1929)
Família:
FLOSCULARIIDAE
Floscularia
sp.
Ptygura libera
(Myers, 1934)
Sinantherina spinosa
(Thorpe, 1889)
Família: CONOCHILIDAE
Conochilus coenobais
(Skorikow, 1914)
Conochilus unicornis
(Rousselet, 1892)
Ordem: C
OLLOTHECACEA
Família: C
OLLOTHECIDAE (Harring, 1913)
Collotheca ornata
Classe: D
IGONONTA
Ordem: B
DELLOIDEA
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
46
Filo: ARTHROPODA
Subfilo: C
RUSTACEA (Brünnich, 1772)
Classe: B
RANCHIOPODA (Latreille, 1817)
Ordem: Cladocera (Latreille, 1829)
Família: D
APHNIDAE (Straus, 1820)
Ceriodaphnia cornuta
(Sars, 1885)
Ceriodaphnia cornuta
f.
rigaudi
(Richard, 1894)
Ceriodaphnia silvestrii
(Daday, 1902)
Daphnia gessneri
(Herbst, 1967)
Moina minuta
(Hansen, 1899)
Simocephalus
serrulatus
Família: B
OSMINIDAE (Baird, 1845)
Bosminopsis brandorffi
(Rey & Vasquez, 1989)
Bosminopsis deitersi
(Richard, 1895)
Bosmina hagmani
(Stingelin, 1904)
Bosmina tubicen
(Brehm, 1949)
Família: M
ACROTHRICIDAE (Norman & Brady, 1867)
Grimaldina brazzai
(Richard, 1892)
Ilyocriptus spinifer
(Herrick, 1982)
Macrothrix
spinosa
(King, 1853)
cf.
Família: CHYDORIDAE (Stebbing, 1902)
Alona affinis
(Leydigi, 1960)
Alonella clathratula
(Sars, 1896)
Alonella daday
(Birge, 1910)
Alona eximia
(Kiser, 1948)
Alona guttata
(Sars, 1862)
Alona monacantha
(Sars, 1901)
Alona poppei (Richard, 1897) cf.
Alona
sp.
Chydorus eurynotus
(Sars, 1901)
Chydorus pubescens
(Sars, 1901)
Euryalona orientalis
(Daday, 1898)
Euryalona
brasiliensis
(Brehm & Thomsen, 1936)
Graptoleberis testudinaria
(Fischer, 1848)
Leydigia
ipojucae
Família: S
IDIDAE (Baird, 1850)
Diaphanosoma birgei
(Korineck, 1981)
Diaphanosoma brevireme
(Sars, 1901)
Diaphanosoma fluviatile
(Hansen, 1899)
Diaphanosoma spinulosum
(Herbst, 1967)
Classe: C
OPEPODA (Milne-Edwards, 1840)
Ordem: C
ALANOIDA (G. O. Sars, 1903)
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
47
Família: DIAPTOMIDAE (BAIRD, 1850)
Notodiaptomus cearensis
(Wright, 1936)
Notodiaptomus
n. sp. (Matsumura-Tundisi, a ser descrita)
Ordem: C
YCLOPOIDA (Burmeister, 1834)
Família: C
YCLOPIDAE (Dana, 1846)
Eucyclops elegans
(Herrick, 1884)
Mesocyclops aspericornis
(Daday, 1906)
Mesocyclops meridianus
(Kiefer, 1926)
Metacyclops leptopus
(Kiefer, 1927)
Thermocyclops decipiens
(Kiefer, 1929)
Thermocyclops minutus
(Lowndes, 1934)
Foram ainda registradas espécies pertencentes a outros grupos que são ocasionalmente
planctônicas: Ostracoda, Insecta (
Chaoborus
e outra larva de inseto não identificada-NI),
Diptera, Neuroptera, Odonata, Coleoptera, Turbellaria e Nematoda.
A maioria dos táxons identificados foi registrada com aquisição de imagem (marca
“Opitronics”) acoplada ao microscópio e ao computador com um programa “Image Plus”. As
imagens obtidas foram organizadas e apresentadas no “Atlas de Rotifera, Cladocera e Copepoda
do reservatório da UHE Luis Eduardo Magalhães – Tocantins” (em anexo).
ROTIFERA
Entre os Rotifera foi registrada a presença de 55 táxons pertencentes às classes
Monogononta e Digononta. A classe Monogonta foi representada pelas ordens: Ploimida,
Flosculareacea e Collothecacea.
Da ordem Ploimida foram coletadas espécies pertencentes a sete famílias, da
Flosculariacea, quatro famílias e Collothecacea apenas uma.
Na Figura 19 está representado o número de espécies presentes em cada família de
Rotifera.
A família melhor representada foi a Brachionidae, com 21 espécies; seguida da
Lecanidae, com nove; Testudinellidae com cinco; Gastropodidae e Flosculariidae com três;
Synchatidae, Trichocercidae e Conochilidae com duas espécies cada; Colurellidae,
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
48
de táxons
0 5 10 15 20 25
Brachionidae
Lecanidae
Trichocercidae
Gastropodidae
Dicranophoridae
Asplanchnidae
Synchatidae
Testudinellidae
Hexartridae
Floscularidae
Conochilidae
Collothecidae
Bdelloidae
Dicranophoridae, Asplanchnidae, Hexartridae e Colothecidae com uma espécie cada. A ordem
Bdelloidea foi representada por uma espécie não identificada.
Figura 19 Número de táxons registrados para as famílias de Rotifera e ordem Bdelloidea no
reservatório da UHE Luis Eduardo Magalhães.
CLADOCERA
Dos Cladocera foi registrada a presença de 31 espécies, distribuídas em cinco famílias:
Daphnidae, Bosminidae, Macrothricidae, Chydoridae e Sididae.
A família Chydoridae foi a que apresentou o maior número de espécies (14), seguida da
Daphinidae (6), Sididae e Bosminidae (4) e Macrothricidae (3) (Figura 20).
0246810121416
Daphnidae
Bosminidae
Macrothricidae
Chydoridae
Sididae
de Táxons
Figura 20 Número de táxons registrados nas famílias de Cladocera coletados no reservatório da
UHE Luis Eduardo Magalhães.
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
49
COPEPODA
Da classe Copepoda registrou-se a presença de oito espécies pertencentes às ordens
Calanoida, Cyclopoida e Harpacticoida. Os Calanoida foram representados pela família
Diaptomidae e o Cyclopoida pela Cyclopidae.
A Figura 21 representa a distribuição das espécies de Copepoda nas suas respectivas
famílias.
A família Diaptomidae foi representada pela espécie
Notodiaptomus cearensis
e por uma
nova espécie de
Notodiap omus
ainda não descrita.
t
Dos Cyclopidae foram identificadas seis espécies.
de Táxons
01234567
Cyclopidae
Diaptomidae
Figura 21 Número de táxons registrados nas famílias de Copepoda (Cyclopoida e Calanoida)
coletados no reservatório da UHE Luis Eduardo Magalhães.
Foram ainda registradas espécies pertencentes a outros grupos que são ocasionalmente
planctônicas: Ostracoda, Insecta (Chaoborus e outra larva de inseto não identificada), Diptera,
Neuroptera, Odonata, Coleoptera, Turbellaria e Nematoda.
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
50
4.1 Freqüência de ocorrência
Nas Tabelas 3, 4, 5 e 6 estão descritos todos os táxons coletados com suas respectivas
freqüências e classificação.
Dentre os Rotifera, os táxons classificados como constantes foram
Conochilus coenobais
,
Conochilus unicornis
e
Keratella americana
.
Entre os Cladocera,
Bosmina hagmani
,
Bosminopsis deitersi
,
Ceriodaphnia rigaudi
,
Diaphanosoma birgei
e
D
.
spinulosum
foram as espécies classificadas como constantes.
Entre os Copepoda verificou-se que a única espécie considerada constante foi
Thermocyclops minutus
.
Uma espécie de Ostracoda não identificada esteve presente em 52 das 96 amostras,
classificada desta forma como constante.
4.2 Abundância Total
No Filo dos Rotifera, os táxons classificados como abundantes (densidade > 8.559
ind./m
3
) foram
Conochilus unicornis
,
Conochilus coenobasis
,
Lecane proiecta
,
Keratella
americana
,
Brachionus calyciforus
,
Epiphanes
sp., Bdelloidea,
Polyarthra vulgaris
,
Brachionus
patulus
e
Brachionus dolabra us
(Figura 22). Não foi observada presença de espécies
dominantes.
t
Dentre os Cladocera, as espécies classificadas como abundantes foram
Moina minuta
,
Ceriodaphnia rigaudi
,
Diaphanosoma birgei
,
Bosminopsis deitersi
,
Diaphanosoma spinulosum
,
Daphnia gessneri
,
Bosmina hagmani
e
Ceriodaphnia cornuta
(Figura 23). Não foi registrada a
presença de espécies dominantes.
A espécie
Thermocyclops minutus
foi a que apresentou maior densidade dentre os
Copepoda, alcançando 6.861 ind./m
3
(Figura 24).
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
51
Tabela 3 Freqüência de ocorrência e classificação dos táxons de Rotifera registrados nas oito
estações de coleta durante o período de janeiro a dezembro de 2002 (F <10% - rara; 10% < F
< 50% - comum; F > 50% - constante).
Rotifera Freqüência (%) Classificação
Anuraeopsis
cf.
fissa
8,33
rara
Ascomorpha ovalis
15,63
comum
Ascomorpha sal ans t
t
r
r
t
t
t
5,21
rara
Asplanchna sieboldi
28,13
comum
Bdelloidea
37,50
comum
Brachionus calyciflorus
27,08
comum
Brachionus caudatus
26,04
comum
Brachionus dolabratus
15,63
comum
Brachionus falcatus
15,63
comum
Brachionus mirus
1,04
rara
Brachionus patulus
43,75
comum
Brachionus quadriden atus
3,13
rara
Brachionus zahnise i
4,17
rara
Collotheca o nata
16,67
comum
Conochilus coenobais
57,29
constante
Conochilus unicornis
75,00
constante
Dicranophorus
sp.
2,08
rara
Epiphanes
cf.
macrourus
28,13
comum
Euchlanis
sp.
3,13
rara
Filinia longiseta
26,04
comum
Filinia opoliense
1,04
rara
Floscularia
sp.
15,63
comum
Gastropus
sp.
2,08
rara
Hexarthra intermédia
34,38
comum
Horaela tomassoni
2,08
rara
Kelico tia longispina
3,13
rara
Keratella americana
78,13
constante
Keratella cochlearis
41,67
comum
Keratella lenzi
8,33
rara
Keratella tropica
28,13
comum
Lecane bulla
10,42
comum
Lecane cornuta
3,13
rara
Lecane signifera
1,04
rara
Lecane leon ina
1,04
rara
Lecane ludwigi
1,04
rara
Lecane curvicornis
5,21
rara
Lecane lunares
5,21
rara
Lecane monostyla
3,13
rara
Lecane proiecta
31,25
comum
Lepadella
cf.
patela
1,04
rara
Mytilina
ventralis
2,08
rara
Pla yias leloupi
2,08
rara
Platyias quadricornis
2,08
rara
Polyathra vulgaris
38,54
comum
Ptygura libera
14,58
comum
Sinantherina spinosa
19,79
comum
Synchata stylata
23,96
comum
Testudinella anphora
1,04
rara
Testudinella patina
2,08
rara
Trichocerca cilíndrica
16,67
comum
Trichocerca
cf.
pusilla
10,42
comum
Trichocerca similis
2,08
rara
Trichotria
tetractis
2,08
rara
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
52
Tabela 4 Freqüência de ocorrência e classificação dos táxons de Cladocera registradas nas oito
estações de coleta durante o período de janeiro a dezembro de 2002 (F <10% - rara; 10% < F
< 50% - comum; F > 50% - constante).
Cladocera Freqüência (%) Classificação
Alona afinis
3,13
rara
Alona clathratula
t
r
i
r t
j
rr
1,04
rara
Alona eximia
2,08
rara
Alona gutta a
2,08
rara
Alona monachantha
1,04
rara
Alona poppei
cf.
19,79
comum
Alona
sp.
1,04
rara
Alonella dadai
6,25
rara
Bosmina hagmani
70,83
constante
Bosmina tubicen
7,29
rara
Bosminopsis b andorffi
3,13
rara
Bosminopsis deitersi
68,75
constante
Ceriodaphna rigaudi
82,29
constante
Ceriodaphnia cornuta
f.
rigaudi
41,67
comum
Ceriodaphnia silvestrii
16,67
comum
Chydorus eurynotus
1,04
rara
Chydorus pubescens
6,25
rara
Daphnia gessner
43,75
comum
Diaphanosoma birgei
68,75
constante
Diaphanosoma brevireme
15,63
comum
Diaphanosoma fluviatile
2,08
rara
Diaphanosoma spinulosum
54,17
constante
Euryalona orientalis
1,04
rara
Euryalona brasiliensis
1,04
rara
Graptolebe is tes udinaria
1,04
rara
Grimaldina brazzai
1,04
rara
Ilyocriptus spnifer
17,71
comum
Leydigia
ipo ucae
5,21
rara
Macrothrix
cf.
spinosa
23,96
comum
Moina minuta
66,67
comum
Simocephalus
se ulatus
10,42
comum
Tabela 5 Freqüência de ocorrência e classificação das espécies de Copepoda registradas nas
oito estações de coleta durante o período de janeiro a dezembro de 2002 (F <10% - rara; 10%
< F < 50% - comum; F > 50% - constante).
Copepoda Freqüência (%) Classificação
Eucyclops elegans
1,04
rara
Mesocyclops aspericornis
t
10,42
comum
Mesocyclops meridianus
2,08
rara
Metacyclops lep opus
1,04
rara
Notodiaptomus cerarensis
33,33
comum
Notodiaptomus
n. sp.
16,67
comum
Thermocyclops decipiens
45,83
comum
Thermocyclops minutus
56,25
constante
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
53
Tabela 6 Freqüência de ocorrência e classificação de outros organismos aquáticos registrados
nas oito estações de coleta durante o período de janeiro a dezembro de 2002 (F <10% - rara;
10% < F < 50% - comum; F > 50% - constante).
Outros Freqüência (%) Classificação
Chaoborus
7,29
rara
Coleóptera
1,04
rara
Harpacticoida
15,63
comum
Larva de Diptera
41,67
comum
Neuroptera
2,08
rara
Odonata
1,04
rara
Ostracoda
54,17
constante
Turbelária
7,29
rara
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
54
0 102030405060708090100
Lecane ludwigi
Filinia opoliense
Lepadella patela
Lecane signifera
Gastropus sp
Testudinela patina
Trichocerca similis
Lecane leontina
Lecane cornuta
Dicranophorus sp.
Platyias leloupi
Testudinela sp
Lecane monostyla
Brachionus mirus
Mytilina ventralis
Platyias quadricornis
Horaela tomassoni
Trichotria tetractis
Euchlanes sp.
Brachionus
Lecane lunaris
Kellicottia longispina
Lecane curvicornis
Keratella lenzi
Ascomorpha ovalis
Lecane bulla
Anuraeopsis fissa
Floscularia sp
Sinantherina spinosa
Asplanchna sieboldi
Keratella tropica
Collotheca ornata
Trichocerca chatoni
Brachionus falcatus
Ascomorpha saltans
Trichocerca cf. pusilla
Brachionus caudatus
Filinia longiseta
Brachionus zahniseri
Synchaeta stylata
Keratella cochlearis
Hexartrha intermedia
Ptygura libera
Macrochaetus sp.
Brachionus dolabratus
Brachionus patulus
Polyarthra vulgaris
Bdelloidea
Epiphanes macrourus
Brachionus calyciforus
Keratella americana
Lecane proiecta
Conochilus coenobais
Conochilus unicornis
Densidade (ind./m
3
.10
3
)
Figura 22 Abundância de táxons de Rotifera observadas no reservatório da UHE Luis Eduardo
Magalhães.
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
55
0 102030405060708
Graptoleberis testudinaria
Grimaldina brazzai
Alona monacantha
Alonela clatrathula
Alona gutatta
Alona sp
Alona affinis
Euryalona brasiliensis
Chydorus eurynotus
Alonela dadai
Alona eximia
Euryalona orientalis
Leydigia ipojucae
Bosmina tubicen
Bosminopsis brandorffi
Chydorus pubescens
Ilyocriptus spinifer
Alona poppei
Diaphanosoma fluviatile
Simocephalus serrulatus
Macrothrix spinosa
Diaphanosoma brevireme
Ceriodaphnia silvestrii
Ceriodaphnia cornuta
Bosmina hagmani
Daphnia gessneri
Diaphanosoma spinulosum
Bosminopsis deitersi
Diaphanosoma birgei
Ceriodaphnia rigaudi
Moina minuta
Densidade (ind./m
3
.10
3
)
0
Figura 23 Abundância de táxons de Cladocera observadas no reservatório da UHE Luis Eduardo
Magalhães.
01234567
Metacyclops leptopus
Eucyclops elegans
Mesocyclops meridianus
Mesocyclops aspericornis
Notodiaptomus sp
Notodiaptomus cearensis
Thermocyclops decipiens
Thermocyclops minutus
Densidade (ind./m
3
.10
3
)
8
Figura 24 Abundância de táxons de Copepoda observadas no reservatório da UHE Luis
Eduardo Magalhães.
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
56
4.3 Variação Espacial da Densidade da Comunidade Zooplanctônica no reservatório
da UHE Luis Eduardo Magalhães
As estações localizadas na porção central do reservatório apresentaram maiores valores
de densidade total. A estação R4 foi a que apresentou maior densidade total zooplanctônica,
com 173.832 ind./m
3
, e o menor valor foi encontrado na estação R7, com 21.710 ind./m
3
. O filo
dos Rotifera apresentou maiores valores de densidade nas estações R4 e R5, alcançando na
estação R5 uma densidade de 95.811 ind./m
3
. Já a maior densidade da ordem Cladocera foi
registrada na estação R4 (74.457 ind./m
3
). A classe Copepoda apresentou baixas densidades de
formas adultas em todas as estações analisadas, sendo que o maior valor foi registrado na
estação R3 com 3.930 ind./m
3
. (Figura 25).
Barra
g
e
m
Rio
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
Densidade
(ind./m
3
.10
3
)
R1 R2 R3 R4 R5 R6 R7 R8
Rotifera Cladocera Copepoda Outros
Figura 25 Variação da densidade zooplanctônica nas oito estações de coleta do reservatório
UHE Luis Eduardo Magalhães.
Na Figura 26 está representada a abundância relativa dos principais grupos
zooplanctônicos presentes nas oito estações de coleta (R1 a R8) do reservatório do Lajeado.
Nas estações R1 e R2 os Rotifera e Cladocera apresentaram valores de abundância relativa
muito próximos, entre 46 e 48%. Nas estações R3 e R4 os Rotifera apresentaram um pequeno
aumento nos seus valores alcançando uma abundância de 51% na estação R3 e 54% na
estação R4. Nas estações R5 e R6 este grupo apresentou abundâncias relativas ainda um pouco
maiores que nas estações anteriores (65 e 57%, respectivamente). Nas estações R7 e R8 os
Rotifera dominaram a comunidade, alcançando uma abundância de 88 e 96%, respectivamente.
A abundância relativa dos Copepoda não ultrapassou 4% em todas as estações analisadas.
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
57
Rotifera
47,80%
Cladocera
48,10%
Copepoda
2,02%
Outros
2,08%
Rotif era
46,47%
Cladocera
46,66%
Copepoda
3,03%
Outros
3,83%
Rot if er a
51,12%
Cladocera
42,78%
Copepoda
3,08%
Outros
3,02%
Rotif er a
54,34%
Cladocera
42,83%
Copepoda
1,67%
Outros
1,16%
Rot if er a
65,80%
Cla doc er a
32,93%
Copepoda
1,09%
Outros
0,18%
Rotif era
57,74%
Cladocera
41,53%
Copepoda
0,37%
Outros
0,36%
Rotif er a
88,44%
Cladocera
7,78%
Copepoda
0,68%
Outros
3,09%
Rotif era
96,02%
Cladocera
1,67%
Copepoda
0,65%
Outros
1,66%
R1
R2
R3
R4
R5
R6
R7
R8
Rotifera
47,80%
Cladocera
48,10%
Copepoda
2,02%
Outros
2,08%
Rotif era
46,47%
Cladocera
46,66%
Copepoda
3,03%
Outros
3,83%
Rot if er a
51,12%
Cladocera
42,78%
Copepoda
3,08%
Outros
3,02%
Rotif er a
54,34%
Cladocera
42,83%
Copepoda
1,67%
Outros
1,16%
Rot if er a
65,80%
Cla doc er a
32,93%
Copepoda
1,09%
Outros
0,18%
Rotif era
57,74%
Cladocera
41,53%
Copepoda
0,37%
Outros
0,36%
Rotif er a
88,44%
Cladocera
7,78%
Copepoda
0,68%
Outros
3,09%
Rotif era
96,02%
Cladocera
1,67%
Copepoda
0,65%
Outros
1,66%
R1
R2
R3
R4
R5
R6
R7
R8
Figura 26 Variação da abundância relativa dos principais grupos zooplanctônicos e de outros
organismos aquáticos nas oito estações de coleta (R1 a R8) do reservatório do Lajeado.
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
58
Analisando apenas a classe Copepoda, pode-se observar que os náuplios apresentaram a
maior densidade representando mais de 60% da densidade total em todas as estações
analisadas (Figura 27). A ordem Cyclopoida dominou em quase todas as estações, com exceção
apenas para a estação R6. A densidade dos náuplios de Cyclopoida variou de 493 a 74.701
ind./m
3
, valores registrados nas estações R7 e R1, respectivamente, enquanto que a densidade
de náuplios de Calanoida variou de 686 (estação R8) a 16.854 ind./m
3
(estação R6) .
0
30
60
90
Densidade
(ind./m
3
.10
3
)
Cyclopoida
Calanoida
Cyclopoida
Calanoida
Cyclopoida
Calanoida
Cyclopoida
Calanoida
Cyclopoida
Calanoida
Cyclopoida
Calanoida
Cyclopoida
Calanoida
Cyclopoida
Calanoida
R1 R2 R3 R4 R5 R6 R7 R8
Náuplio
Copepodito
Adulto
Barragem Rio
Figura 27 Abundância relativa das fases de desenvolvimento dos Copepoda nas oito estações
de coleta.
Na porção intermediária do reservatório, compreendendo as estações R3, R4, R5 e R6,
as espécies abundantes de Rotifera foram, em ordem decrescente:
Conochilus unicornis
,
Conochilus coenobasis
,
Epiphanes
cf.
macrourus
,
Brachionus calyciflorus
,
Keratela americana
,
Lecane proiecta
,
Polyarthra vulgaris
,
Brachionus patulus
,
Hexarthra intermedia
,
Macrochaetus
sp.,
Ptygura libera
e
Ascomorpha saltans
, sendo que
C
.
unicornis
,
C
.
ceonobasis
e
Epiphanes
sp.
representaram 50,07% da densidade total de Rotifera. Estas espécies também foram as
principais responsáveis pelo aumento na densidade total do zooplâncton nessa região. As únicas
espécies exclusivamente abundantes na zona intermediária foram
Macrochaetus
sp.,
A
.
saltans
,
B
.
patulus
e
H
.
intermedia
.
Nas estações R1 e R2 as espécies abundantes, em ordem decrescente foram
Lecane
proiecta
,
Conochilus unicornis
,
Conochilus coenobasis
,
Brachionus dolabra us
,
Keratela
t
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
59
americana
e
Ptygura libera
. Somente as espécies
L
.
proiecta
,
C
.
unicornis
e
C
.
coenobasis
representaram 55,85% da densidade total de Rotifera nessa região.
B
.
dolabratus
foi a única
espécie exclusivamente abundante nesta região.
A região de maior influência lótica, que compreende as estações R7 e R8, na qual foi
observada a menor densidade, teve como espécies abundantes de rotíferos, em ordem
decrescente:
Lecane proiecta
, Bdelloidea,
Conochilus unicornis
,
Brachionus zahniseri
,
Keratella
americana
,
Brachionus calyciflorus
,
Epiphanes
cf.
macrourus
,
Polyarthra vulgaris
e
Conochilus
unicornis
.
L
.
proiecta
, Bdelloidea e
C
.
unicornis
representaram 53,71% da densidade total de
rotíferos nessa região.
B
.
zahniseri
foi exclusivamente abundante nesta região.
As espécies
C
.
unicornis
,
C
.
coenobasis
,
L
.
proiecta
e
K
.
americana
foram as únicas
espécies abundantes em todas as estações de coleta, representando 55% da densidade total de
rotíferos.
Na porção intermediária do reservatório as espécies de Cladocera abundantes foram
Moina minuta
,
Ceriodaphnia rigaudi
,
Diaphanosoma birgei
,
Bosminopsis deitersi
,
Diaphanosoma
spinulosum
e
Bosmina hagmani
. As espécies
M
.
minuta
e
C. rigaudi
representaram
aproximadamente 51% da densidade total de Cladocera.
Nas Tabelas 7, 8 e 9 estão descritos os valores de densidade e abundância relativa das
espécies de Rotifera, Copepoda e Cladocera presentes nas oito estações de coleta.
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
60
Tabela 7 Densidade e abundância relativa das espécies de Rotifera nas oito estações de coleta. As espécies abundantes em cada
estação estão com suas densidades destacadas.
R1 R2 R3 R4 R5 R6 R7 R8
Espécie
ind./m
3
%
ind./m
3
ind./m
3
ind./m
3
ind./m
3
ind./m
3
ind./m
3
ind./m
3
% % % % % % %
Anuraeopsis
cf.
fissa
20 0,07 49 0,08 371 0,39 105 0,11 209 0,29 254 0,88
Ascomorpha ovalis
132
0,29 59 0,20 188 0,29 322 0,34 120 0,13 92 0,13
Ascomorpha saltans
222 0,49 489 1,67 2556 3,92
Asplanchna sieboldi
457 1,00 282 0,96
483 0,74 1269 1,34 1285 1,34 766 1,06
Bdelloidea 65 0,14 348 0,53 2321 2,46 7632 7,97 4356 6,03 4374 22,78 4384 15,12
8061 12,36 14309 15,15 5107 5,33 153 0,80 2517 8,68
Brachionus calyciflorus
846 1,85 1588
5,42
640 0,89
Brachionus caudatus
192 0,42 227 0,35 321 0,34 1446 1,51 1458 2,02 442
2,30
314
1,08
4672
10,23
4233 14,45
Brachionus dolabratus
1314 2,02 526 0,56 298 0,31 92 0,13
Brchionus falcatus
86 0,29 223 0,34 303 0,32 1149 1,20 1371 1,90 98 0,51
Brachionus mirus
141 0,49
4412 6,77 3328 3,52 2906
3,03
Brachionus patulus
522 1,14 741 2,53 1198 1,66 408 2,13 207 0,71
Brachionus quadridentatus
42 0,04 158 0,16 104 0,14
4680
16,14
Brachionus zahniseri
80 0,11
Collotheca ornata
54 0,12 200 0,68 1367 2,10 685 0,73 169 0,18 80 0,42
5848 12,80 3811 13,01 12374 18,98 16294 17,25 19464 20,33 15399 21,33 1462 7,61
Conochilus coenobasis
285 0,98
6944 15,20 3631 12,39 13228 20,29 22713 24,04
19249
20,10 16142 22,36 2519 13,12 2195 7,57
Conochilus unicornis
Dicranophorus
sp. 42 0,04 61 0,21
Epiphanes
cf.
macrourus
141 0,31 262 0,89 533 0,82 1728 1,83 10699 11,17
16372
22,67 2519 9,61 209 0,72
Euchlanis
sp. 19 0,06 196 0,20 46 0,24
Filinia longiseta
157 0,34 57 0,19 268 0,41 1634 1,73 1328 1,39 553 0,77 197 1,03 347 1,20
Filinia opoliense
36 0,04
Floscularia
sp.
460 1,01 28 0,10 223 0,34 74 0,08 142 0,15 82 0,11
Gastropus
sp. 30 0,05 30 0,03
Hexartrha intermedia
434 0,95 436 1,49 1190 1,83 3021 3,20 717 0,75 668 0,93 203 1,06
Horaella tomassoni
50 0,05 186 0,97
Kellicottia bostoniensis
268 0,59 25 0,04 160 0,83
Keratella americana
4932 10,80 3212 10,96 4726 7,25 8954 9,48 7532 7,87 4051 5,61 1144 5,96 1616 5,57
Keratella cochlearis
368 0,81 294 1,00 931 1,43 1181 1,25 1305 1,36 454 0,63 545 2,84 602
2,08
Keratella lenzi
38 0,08 30 0,10 50 0,08 84 0,09 344 0,36 82 0,11 119 0,62
Keratella tropica
147 0,32 101 0,34 520 0,80 969 1,03 496 0,52 92 0,13 165 0,86 4 0,01
Lecane bulla
38 0,08 19 0,06 49 0,05 120 0,17 342 1,78 188 0,65
Lecane cornuta
98 0,34
Lecane curvicornis
38 0,08 74 0,11 169 0,18 241 0,33 98 0,51 197 0,68
Lecane leontina
98 0,51
Lecana ludwigi
26 0,03 96 0,13
Lecane lunaris
19 0,06 30 0,05 42 0,04 87 0,09
Lecane monostyla
84 0,09 49 0,05
Lecane proiecta
14905 32,62 6769 23,10 5832 8,95 3591 3,80 5875 6,14 951 1,32 2790 14,53 9628 33,20
Lecane signifera
49 0,05
Lepadella patela
38 0,13
Macrochaetus
sp. 117 0,12 722 0,75 3752 5,20
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
61
Tabela 7 Continua
ç
ão...
Mytilina ventralis
39 0,04 104 0,14
Platyias leloupi
104 0,14 80 0,417
Platyias quadricornis
212 0,22
Polyarthra vulgaris
475 1,04 446 1,52 1703 2,61 5011 5,30 3800
3,97 1992 2,76 1068 5,56 697 2,40
Ptygura libera
2304 5,04 1540 5,26 2299 3,53 804 0,85 50 0,05
Sinantherina spinosa
178 0,39 380 1,30 458 0,70 47 0,05 75 0,39
Synchaeta stylata
394 0,86 343 1,17 232 0,36 1748 1,85 1735 1,81 69 0,10 226 1,18 98 0,34
Testudinella patina
84 0,09
Testudinella
sp. 120 0,17
Trichocerca capuccina
429 0,94 178 0,61 1200 1,84 50 0,05 488 0,51 135 0,70
Trichocerca
cf.
pusilla
27 0,06 29 0,10 41 0,06 1864 1,97 886 0,93 395 0,55 44 0,23 98 0,34
Trichocerca similis
42 0,04 49 0,05
Trichotria
tetractis
98 0,51 141 0,49
Total 45687 29302 65195 94461 95762 72205 19201 28999
Média 1575 1010 2037 2422 2660 2256 662 1208
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
62
Tabela 8 Densidade e abundância relativa das espécies de Cladocera nas oito estações de coleta. As espécies abundantes em cada
estação estão com suas densidades destacadas.
R1 R2 R3 R4 R5 R6 R7 R8
Espécie
ind./m
3
%
ind./m
3
% ind./m
3
% ind./m
3
% ind./m
3
% ind./m
3
% ind./m
3
% ind./m
3
%
Alona afinis
2,00 0,00 2,00 0,00 4,00 0,01
Alona eximia
40 0,05 1 0,06
Alona gutatta
2 0,00 2 0,396
Alona monacantha
2 0,00
Alona
cf.
poppei
25 0,05 6 0,01 65 3,85 50 9,90
Alona
sp. 5 0,30
Alonella clatrathula
3 0,59
Alonella dadayi
12 0,02 4 0,01 3 0,18 10 1,98
Bosmina hagmani
1640 3,56 3241 11,02 3255 5,96 6325 8,49 911 1,90 352 0,68 215 12,72 76 15,05
Bosmina tubicen
40 0,09 3 0,00 5 0,01 15 0,8876
Bosminopsis brandorffi
82 0,15 1 0,198
Bosminopsis deitersi
1568 3,41 3827 13,01 8096 14,83 8481 11,39 7803 16,27 5759 11,06 354 20,95 86 17,03
Ceriodaphnia cornuta
3277 7,12 678 2,30 1352 2,48 1700 2,28 291 0,61 173 0,33 19 1,12
Ceriodaphnia cornuta
f.
rigaudi
11310 24,58 5618
19,10
13129 24,05 21153 28,41 9344 19,48 2809 5,39 423 25,03 52 10,3
Ceriodaphnia silvestrii
1155 2,51 109 0,20 138 0,19 11 0,02 9 0,02 11 0,65 2 0,396
Chydorus eurinotus
23 0,03
Chydorus pubescens
52 0,11 45 0,15 7 0,01 2 0,00 6 0,01
Daphnia gessneri
8931 19,41 1927 6,55 2195 4,02 2791 3,75 127 0,26 161 0,31 106 6,27 19 3,76
Diaphanosoma birgei
11656
25,33 8955
30,44 11355 20,80 17574 23,60 8146 16,99 5129 9,85 96 5,68 57 11,29
Diaphanosoma brevireme
41 0,09 5 0,02 218 0,40 709 0,95 9 0,02 11 0,02 1 0,06 6 1,19
Diaphanosoma fluviatile
182 0,35
Diaphanosoma spinulosum
4942 10,74 4176
14,19 5985 10,96 4209 5,65 3543 7,39 4004 7,69 61 3,61 28 5,54
Euryalona orientalis
41 0,09
Euryalona
brasiliensis
10 0,02
Graptoleberis testudinaria
1 0,00
Grimaldina brazzai
1 0,00
Ilyocriptus spinifer
5 0,02 7 0,01 25 0,03 44 0,09 29 0,06 31 1,83 1 0,20
Leydigia
ipojucae
31 0,07 4 0,01 2 0,00 19 1,12 3 0,59
Macrothrix spinosa
3 0,01 4 0,01 31 0,06 56 0,11 65 3,85 81 16,04
Moina minuta
1206 2,62 937 3,18 8704 15,95 11251 15,11 17666
36,84 33395 64,11 197 11,66 28 5,54
Simocephalus serrulatus
109 0,24 6 0,02 69 0,13 25 0,03 3 0,18
Total 46012 29420 54584 74457 47958 52090 1690 505
Média 2707 2452 2873 3919 2997 3064 89 30
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
63
Tabela 9 Densidade e abundância relativa das espécies de Copepoda nas oito estações de coleta. As espécies abundantes em cada
estação estão com suas densidades destacadas.
R1 R2 R3 R4 R5 R6 R7 R8
ind./m
3
%
ind./m
3
% ind./m
3
% ind./m
3
% ind./m
3
ind./m
3
% ind./m
3
% ind./m
3
% ind./m
3
Cyclopoida
Eucyclops elegans
0 0 0 0 42 3,14 0 0 0
Mesocyclops aspericornis
5
0,29 34 2,41 67 1,95 29 1,02 29 2,17 0 0 0
Mesocyclops meridianus
0 29 2,05 6 0,17 8 0,28 0,00 0 0 0
Metacyclops leptopus
0 0 0 0 0,00 0 6 6,67 0
Thermocyclops decipiens
840 48,47 429 30,36 725 21,06 1238 43,53 605 45,18 149 61,83 36 40 149 80,98
Thermocyclops minutus
888 51,24
921 65,18
2645 76,82
1569 55,17
663 49,51
92 38,17 48 53,33
35 19,02
Total 1733 1413 3443 2844 1339 241 90 184
Média
577,7 353,3 860,8 711 334,8 120,5 30 92
Calanoida
Notodiaptomus
n. sp. 15 7,43 48 9,60 46 9,45 55 100,00 42 17,21 2 0,89
Notodiaptomus cearensis
187
92,57 452 90,40 441 181,11
202 82,79 222 99,11 58 100,00
13 100
Total 202 500 487 55 244 224 58 13
Média 101 250 243,5 55 122 112 58 13
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
64
Dentre os outros organismos encontrados no plâncton, destaca-se a presença de
Ostracoda nas estações mais próximas ao reservatório (Tabela 10).
Tabela 10 Densidade de outros organismos registrados nas oito estações de coleta do
reservatório da UHE Luis Eduardo Magalhães.
R1 R2 R3 R4 R5 R6 R7 R8 Total
Densidade (ind./m
3
)
Chaoborus
170 38
9 9
3 229
Harpacticoida 15 1
22 19 33 41 19 150
Larva de Diptera NI 20 38
70 101 232 426 233 1120
Ostracoda 1600 2215 3781 1769 139 140 144 172 9960
Turbelaria 186 113 70 65
9
443
Nematoda 1
9 29 46 85
Neuroptera 7
1
8
Odonata 3
40
37 21 26 127
Coleoptera
40
1 41
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
65
4.4 Variação Temporal da Densidade da Comunidade Zooplanctônica no reservatório
da UHE Luis Eduardo Magalhães
A densidade de zooplâncton foi maior no início do período seco, meses de maio e junho.
Um aumento de densidade também foi observado em fevereiro, assim que o reservatório atingiu
sua cota máxima, e em outubro, quando reiniciaram as chuvas. A densidade total variou de
17.682 a 229.975 ind./m
3
, valores registrados em dezembro e junho, respectivamente. Em
junho nota-se que tanto Rotifera quanto Copepoda foram responsáveis pelo aumento de
densidade registrado, o mesmo foi observado no mês de fevereiro. Em junho Rotifera
apresentou uma densidade de 104.187 ind./m
3
. Já em fevereiro o grupo com maior densidade
foi o dos Copepoda com 84.944 ind./m
3
(Figura 28).
0
50
100
150
200
250
JFMJFMJFMJFM
Densidade
(ind./m
3
.10
3
)
Rotifera Cladocera Copepoda Outros
Figura 28 Variação temporal da densidade de zooplâncton do reservatório da UHE Luis
Eduardo Magalhães no período de janeiro a dezembro de 2002.
Na estação R1 a maior densidade foi observada em fevereiro, 41.126 ind./m
3
. Já na R2 o
maior valor de densidade foi observado em março 36.868 ind./m
3
. Nas estações R3, R7 e R8 os
maiores valores foram observados em junho, sendo que na R3 a densidade registrada foi de
49.939 ind./m
3
, enquanto que em R7 e R8 registrou-se 8.997 e 13.761 ind./m
3
,
respectivamente. Na estação R4 a maior densidade foi registrada em outubro com 42.663
ind./m
3
. Em R5 registrou-se uma densidade de 40.868 ind./m
3
em abril. A maior amplitude de
variação foi observada na estação R6, cuja densidade variou de 8 a 77.105 ind./m
3
.
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
66
Nas estações R1, R2, R3 e R5 observa-se comportamentos semelhantes para a variação
da densidade dos principais grupos zooplanctônicos. Nestas estações os copépodos foram os
principais responsáveis pelos aumentos de densidade registrados, alcançando em fevereiro, na
estação R1, uma densidade de 35.007 ind./m
3
.
Na estação R4, o pico de densidade observado no período chuvoso foi devido
principalmente aos rotíferos que alcançaram uma densidade de 19.383 ind./m
3
.
Na estação R6, em maio, Cladocera e Copepoda foram os principais responsáveis pelo
pico de densidade. Suas densidade foram de 37.774 e 26.217 ind./m
3
, respectivamente.
Já as estações R7 e R8, apresentaram um comportamento muito semelhante de
distribuição da densidade dos grupos zooplanctônicos, nestas estações Rotifera foi responsável
pelos picos de densidade registrados em fevereiro e junho. Em junho, na estação R8 sua
densidade foi de 13.001 ind./m
3
.
A Figura 29 mostra a variação temporal da densidade dos principais grupos
zooplanctônicos nas oito estações de coleta.
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
67
R1
0
10
20
30
40
50
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Densidade
(ind./m
3
.10
3
)
Rotifera Cladocera Copepoda Outros
R2
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Densidade
(ind./m
3
.10
3
)
Rotifera Cladocera Copepoda Outros
R3
0
10
20
30
40
50
60
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Densidade
(ind./m
3
.10
3
)
Rotifera Cladocera Copepoda Outros
R4
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Densidade
(ind./m
3
.10
3
)
Rotifera Cladocera Copepoda Outros
R5
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Densidade
(ind./m
3
.10
3
)
Rotifera Cladocera Copepoda Outros
R6
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Densidade
(ind./m
3
.10
3
)
Rotifera Cladocera Copepoda Outros
R7
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Densidade
(ind./m
3
.10
3
)
Rotifera Cladocera Copepoda Outros
R8
0
2
4
6
8
10
12
14
16
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Densidade
(ind./m
3
.10
3
)
Rotifera Cladocera Copepoda Outros
Figura 29 Variação temporal da densidade zooplanctônica em cada uma das oito estações de
coleta, no período de janeiro a dezembro de 2002.
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
68
Analisando o reservatório como um todo, verifica-se que em fevereiro, março e maio, os
copépodos apresentaram maiores valores de abundância relativa. Os cladóceros dominaram os
meses de abril, setembro e dezembro. Nos demais meses os rotíferos apresentaram maiores
valores, chegando a 58,96% em novembro (Figura 30).
0
20
40
60
80
100
Abundância Relativa (%)
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Rotifera
Cladocera
Copepoda
Outros
Figura 30 Variação da abundância relativa dos principais grupos zooplanctônicos no período de
janeiro a dezembro de 2002, no reservatório da UHE Luis Eduardo Magalhães.
Nas estações R1, R2 e R3 o comportamento de variação da abundância relativa dos
grupos zooplanctônicos foi bastante semelhante, com Copepoda dominando a comunidade no
final do período chuvoso e na estiagem e Rotifera dominando no período chuvoso. Em março,
na estação R1, Copepoda apresentou uma abundância relativa de 90,78%.
Nas estações R4 e R5 os copépodos apresentaram maiores valores apenas no início da
estação seca (maio e junho). Em quase todo período restante os rotíferos dominaram a
comunidade, sendo que em agosto este grupo representou 84,47% da comunidade.
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
69
Na estação R6, os cladóceros dominaram no final do período chuvoso e na maioria dos
outros meses os Rotifera apresentaram maiores valores de abundância relativa, chegando a
99,59% em fevereiro. Em R7 e R8 os rotíferos apresentaram maiores valores de abundância
relativa, alcançando 98,57% em fevereiro na estação R7, sendo que a partir de setembro houve
alternância na dominância dos grupos (Figura 31).
0
20
40
60
80
100
Abundância Relativa
(%)
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
R1
Rotifera Cladocera Copepoda Outros
0
20
40
60
80
100
Abundância Relativa
(%)
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
R2
Rotifera Cladocera Copepoda Outros
0
20
40
60
80
100
Abundância Relativa
(%)
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
R3
Rotifera Cladocera Copepoda Outros
0
20
40
60
80
100
Abundância Relativa
(%)
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
R4
Rotifera Cladocera Copepoda Outros
0
20
40
60
80
100
Abundância Relativa
(%)
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
R5
Rotifera Cladocera Copepoda Outros
0
20
40
60
80
100
Abundância Relativa
(%)
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
R6
Rotifera
Cladocera
Copepoda
Outros
0
20
40
60
80
100
Abundância Relativa
(%)
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
R7
Rotifera Cladocera Copepoda Outros
0
20
40
60
80
100
Abundância relativa
(%)
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
R8
Rotifera Cladocera Copepoda Outros
Figura 31 Variação temporal da abundância relativa dos principais grupos zooplanctônicos
nas oito estações de coleta, no período de janeiro a dezembro de 2002.
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
70
4.5 Distribuição temporal e espacial das espécies mais abundantes nas estações de
coleta
ROTIFERA
O reservatório foi caracterizado pela abundância dos seguintes táxons em ordem
decrescente:
Conochilus unicornis
,
Conochilus coenobasis
,
Lecane proiec a
,
Epiphanes
cf.
macrourus
, Bdelloidea,
Brachionus calyciflorus
,
Brachionus dolabratus
e
Brachionus zahniseri
.
t
r
As espécies
Conochilus unicornis
e
C. coenobasis
estiveram entre as mais abundantes
em quase todos os pontos de coleta ao longo do reservatório. A Figura 34a e b mostra a
flutuação da população de
C
.
unico nis
nos pontos R1, R3 e R4 (Figura 32a) e nos pontos R5,
R6 e R7 (Figura 32b).
A Figura 33 a e b refere-se a flutuação da população de
C
.
coenobasis
nas estações R1,
R2 e R3 (Figura 33a) e nas estações R4, R5 e R6 (Figura 33b).
Essas duas populações, pertencentes ao gênero
Conochilus
, não apresentaram nenhum
padrão típico de flutuação na sua abundância tanto no tempo quanto no espaço. Ambas as
espécies ocorreram em todo reservatório e apresentaram picos de abundância irregulares sem
nenhum padrão de distribuição relacionado com fatores climáticos ou com a operação da
barragem.
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
71
0
20
40
60
80
Abundância
Relativa (%)
JFMAMJJASOND
R5
R6
R7
Conochilus unicornis
0
20
40
60
80
100
Abundância
Relativa (%)
JFMAMJJASONDR1
R3
R4
Conochilus unicornis
a
b
Figura 32 Variação temporal da abundância relativa de
Conochilus unicornis
nas estações de
coleta R1, R3, R4 (a) e R5, R6 e R7 (b), durante o período de janeiro a dezembro de 2002.
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
72
0
20
40
60
Abundância
Relativa (%)
JFMAMJJASOND
R4
R5
R6
Conochilus coenobasis
0
20
40
60
80
Abundância
Relativa (%)
JFMAMJJASOND
R1
R2
R3
Conochilus coenobasis
b
a
Figura 33 Variação temporal da abundância relativa de
Conochilus coenobais
nas estações de
coleta R1, R2 e R3 (a) e R4, R5 e R6 (b), durante o período de janeiro a dezembro de 2002.
A espécie
Lecane p oiecta
não apresentou nenhum padrão de distribuição espacial, visto
que ela esteve entre as mais abundantes tanto nas estações próximas à barragem, quanto nas
mais distantes. Nestas estações a população mostrou um padrão de flutuação temporal com
pico de abundância no período de estiagem. Seus maiores valores de abundância relativa foram
registrados no início do período de estiagem. No entanto, uma elevação da abundância também
foi observada quando reiniciaram as chuvas. Seus maiores valores foram registrados no mês de
junho, nas estações R1 (89,71%), e R8 (70,99%) como demonstrado na Figura 34.
r
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
73
0
20
40
60
80
100
Abundância
Relativa (%)
JFMAMJJASONDR1
R2
R7
R8
Lecane proiec ta
Figura 34 Variação temporal da abundância relativa de
Lecane proiec a
nas estações de coleta
R1, R2, R7 e R8, durante o período de janeiro a dezembro de 2002.
t
r
A espécie
Epiphanes
cf.
mac ourus
esteve entre as mais abundantes nas estações
localizadas na porção intermediária do reservatório. Sua população apresentou picos de
abundância no período de estiagem, no entanto, também foi observado uma pequena elevação
dos seus valores no mês de outubro (Figura 35). A espécie registrada de Bdelloidea apresentou
maior abundância nas estações à montante do reservatório. Já sua variação temporal,
provavelmente, esteve relacionada com os pulsos de precipitação, visto que apresentou pico de
abundância durante o período chuvoso (Figura 36).
0
20
40
60
Abundância
Relativa (%)
JFMAMJJASOND
R5
R6
Epiphanes
cf.
macrourus
Figura 35 Variação temporal da abundância relativa de
Epiphanes
sp. nas estações de coleta
R5 e R6 durante o período de janeiro a dezembro de 2002.
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
74
0
20
40
60
80
100
Abundância
Relativa (%)
JFMAMJJASOND
R7
R8
Bdelloidea
Figura 36 Variação temporal da abundância relativa de Bdelloidea
nas estações de coleta R7 e
R8, durante o período de janeiro a dezembro de 2002.
A espécie
Brachionus calyciflorus
esteve entre as mais abundantes em estações
localizadas na região intermediária do reservatório. Sua flutuação temporal, provavelmente,
esteve relacionada com o período de estiagem. Em julho, na estação R4, sua abundância
relativa alcançou 83,21% (Figura 37).
0
20
40
60
80
100
Abundância
Relativa (%)
JFMAMJJASOND
R3
R4
Brachionus calyciflorus
Figura 37 Variação temporal da abundância relativa de
Brachionus calyciflorus
nas estações de
coleta R3 e R4, durante o período de janeiro a dezembro de 2002.
A espécie
B. dolab atus
esteve entre as mais abundantes apenas na estação R2, no
entanto, ela não chegou a dominar os rotíferos, visto que sua abundância relativa foi de
r
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
75
41,46%. Esta espécie também não apresentou um padrão de distribuição espacial. Sua
população apresentou um pico de abundância somente no mês de outubro.
Brachionus zahniseri
esteve entre as espécies mais abundantes na estação mais distante
da barragem. Sua abundância relativa em novembro foi de 84,34%.
Na Figura 38 está representada a flutuação temporal das espécies
B
.
dolabratus
,
ocorrendo na estação R2
e
B
.
zahniseri
ocorrendo, na estação R8.
0
20
40
60
80
100
Abundância
Relativa (%)
JFMAMJJASOND
Brachionus dolabratus
Brachionus zahniseri
R2 - Brachionus dolabratus
R8 - Brachionus zahniseri
R8
R2
Figura 38 Variação temporal da abundância relativa de
Brachionus dolabra us
e
B. zahniseri
nas estações de coleta R2 e R3, respectivamente, durante o período de janeiro a dezembro de
2002.
t
Cladocera
No reservatório do Lajeado os cladóceros foram representados principalmente pelas
espécies
Ceriodaphnia rigaudi
,
Diaphanosoma birgei
,
Moina minuta
,
Bosminopsis deitersi
,
Diaphanosoma spinulosum
,
Bosmina hagmani
,
Diaphanosoma spinulosum
e
Macrothrix spinosa
.
A espécie
C.eriodaphnia rigaudi
esteve entre as mais abundantes nas estações mais
próximas da barragem. No entanto, não foi observado nenhum padrão de variação temporal da
sua abundância relativa. O maior valor de abundância relativa foi observado na estação R3, no
mês de março, onde a espécie alcançou 68,47% (Figura 39 a e b).
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
76
a
0
20
40
60
80
Abundância
Relativa (%)
JFMAMJJASOND
R1
R3
Ceriodaphnia cornuta
f.
rigaudi
0
20
40
60
Abundância
Relativa (%)
JFMAMJJASOND
R4
R7
Ceriodaphnia cornuta
f.
rigaudi
b
Figura 39 Variação temporal da abundância relativa de
Ceriodaphnia rigaudi
nas estações de
coleta R1, R2 e R3 (a) e R4, R5 e R7 (b), durante o período de janeiro a dezembro de 2002.
A espécie
Diaphanosoma birgei
demonstrou esteve entre as espécies mais abundantes
nas quatro estações mais próximas à barragem (R1, R2, R3, e R4) Sua população também
apresentou padrão de flutuação temporal, com maiores valores de abundância relativa no
período de estiagem, apesar de ter sido observado um decréscimo nos seus valores nas
estações R4 e R5 no mês de agosto (Figuras 40 a e b).
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
77
0
20
40
60
80
100
Abundância
Relativa (%)
JFMAMJJASOND
R1
R2
Diaphanosoma birgei
a
0
20
40
60
Abundância
Relativa (%)
JFMAMJJASOND
R4
R5
Diaphanosoma birgei
b
Figura 40 Variação temporal da abundância relativa de
Diaphanosoma birgei
nas estações de
coleta R1 e R2 (a) e R4 e R5 (b), durante o período de janeiro a dezembro de 2002.
A espécie
M. minu a
esteve entre as espécies mais abundantes nas estações localizadas
na porção intermediária do reservatório, entre as estações R3 e R6. Nas estações R3 e R4 a
espécie apresentou picos de abundância no período de chuva. Já nas estações R5 e R6 não foi
observado nenhum padrão de flutuação temporal, as populações apresentaram picos
esporádicos de abundância durante todo período analisado (Figura 41).
t
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
78
0
20
40
60
80
Abundância
Relativa (%)
JFMAMJJASOND
R3
R4
R5
R6
Moina minuta
Figura 41 Variação temporal da abundância relativa de
Moina minuta
nas estações de coleta
R3, R4, R5 e R6, durante o período de janeiro a dezembro de 2002.
A espécie
Bosminopsis deitersi
esteve entre as mais abundantes nas estações mais
distantes da barragem. Sua abundância relativa variou durante todo período analisado, não
apresentando desta forma, um padrão de distribuição temporal. Seu maior valor foi registrado
na estação R6, no mês de novembro, onde sua abundância relativa alcançou 63,20% (Figura
42).
0
20
40
60
80
Abundância
Relativa (%)
JFMAMJJASOND
R6
R7
R8
Bosminopsis deitersi
Figura 42 Variação temporal da abundância relativa de
Bosminopsis deitersi
nas estações de
coleta R6, R7 e R8, durante o período de janeiro a dezembro de 2002.
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
79
Diaphanosoma spinulosum
apresentou pico de abundância na estação R2 no mês de
fevereiro e na estação R6 em janeiro (Figura 43).
0
20
40
60
80
100
Abundância
Relativa (%)
JFMAMJJASOND
R2
R6
Diaphanosoma spinulosum
Figura 43 Variação temporal da abundância relativa de
Diaphanosoma spinulosum
nas
estações de coleta R2 e R6, durante o período de janeiro a dezembro de 2002.
Bosmina hagmani
esteve entre as espécies mais abundantes nas estações mais à
montante da barragem. Para esta espécie também foi observada semelhante variação temporal
da abundância relativa nas estações, no entanto, este padrão não demonstrou estar relacionado
com a variação climática (Figura 44).
0
20
40
Abundância
Relativa (%)
JFMAMJJASOND
R7
R8
Bosmina hagmani
Figura 44 Variação temporal da abundância relativa de
Bosmina hagmani
nas estações de
coleta R7 e R8, durante o período de janeiro a dezembro de 2002.
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
80
Daphnia gessneri
dominou os cladóceros apenas na estação mais próxima à barragem.
Por outro lado, não foi observado um padrão de flutuação temporal da sua abundância relativa,
já que só foi observado um pico de abundância no mês de abril (Figura 45).
0
20
40
60
80
100
Abundância
Relativa (%)
JFMAMJJASOND
R1
Daphnia gessneri
Figura 45 Variação temporal da abundância relativa de
Daphnia gessneri
na estação de coleta
R1, durante o período de janeiro a dezembro de 2002.
Macrothrix spinosa
foi dominante na estação R8, indicando uma preferência desta
espécie pela região do reservatório de maior influência lótica. A espécie apresentou picos de
abundância principalmente no período de estiagem, apesar de ter sido notado um decréscimo
no seu valor no mês de julho (Figura 46).
0
20
40
60
80
Abundância
Relativa (%)
JFMAMJJASOND
R8
Macrothrix
spinosa
Figura 46 Variação temporal da abundância relativa de
Mac othrix spinosa
na estação de coleta
R8, durante o período de janeiro a dezembro de 2002.
r
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
81
Copepoda Calanoida
Não foi observado nenhum padrão de variação espacial para as espécies
Notodiaptomus
cearensis
e
Notodiaptomus
n. sp.
Notodiaptomus cearensis
dominou em quase todas as
estações de coleta. Também não foi notado padrão típico de flutuação temporal para essas
espécies. Foram observados picos esporádicos de abundância durante todo período de coleta
(Figura 47).
0
20
40
60
80
100
Abundância
Relativa (%)
JFMAMJJASOND
R1
N. cearensis
Notodiaptomus n. sp.
0
20
40
60
Abundância
Relativa (%)
JFMAMJJASOND
R2
N. cearensis
Notodiaptomus n. sp.
0
20
40
60
80
100
Abundância
Relativa (%)
JFMAMJJASOND
R3
N. cearensis
Notodiaptomus n. sp.
0
20
40
Abundância
Relativa (%)
JFMAMJJASOND
R4
Notodiaptomus n. sp.
0
20
40
Abundância
Relativa (%)
JFMAMJJASOND
R5
N. cearensis
Notodiaptomus n. sp.
0
20
40
60
80
100
Abundância
Relativa (%)
JFMAMJJASOND
R6
N. cearensis
Notodiaptomus n. sp.
0
20
40
60
80
Abundância
Relativa (%)
JFMAMJJASOND
R7
N. cearensis
0
20
40
60
80
100
Abundância
Relativa (%)
JFMAMJJASOND
R8
N. cearensis
Figura 47 Variação temporal da abundância relativa de
Notodiaptomus cearensis
e
Notodiaptomus
n. sp. nas oito estações de coleta, durante o período de janeiro a dezembro
de 2002.
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
82
Copepoda Cyclopoida
As espécies
Thermocyclops minutus
e
Thermocyclops decipiens
não apresentaram
padrão de variação espacial. Nota-se que nos primeiros meses após o enchimento o reservatório
foi dominado por
T. decipiens
principalmente nas estações R1, R2 e R3. A partir de abril
T.
minutus
passou a ser a espécie dominante (Figura 48).
0
20
40
60
80
100
Abundância
Relativa (%)
JFMAMJJASOND
R1
T. minutus
T. decipiens
0
20
40
60
80
100
Abundância
Relativa (%)
JFMAMJJASOND
R2
T. minutus
T. decipiens
0
20
40
60
80
100
Abundância
Relativa (%)
JFMAMJJASOND
R3
T. minutus
T. decipiens
0
20
40
60
80
100
Abundância
Relativa (%)
JFMAMJJASOND
R4
T. minutus
T. decipiens
0
20
40
60
80
100
Abundância
Relativa (%)
JFMAMJJASOND
R5
T. minutus
T. decipiens
0
20
40
60
80
100
Abundância
Relativa (%)
JFMAMJJASOND
R6
T. minutus
T. decipiens
0
20
40
60
80
100
Abundância
Relativa (%)
JFMAMJJASOND
R7
T. minutus
T. decipiens
0
20
40
60
80
100
Abundância
Relativa (%)
JFMAMJJASOND
R8
T. minutus
T. decipiens
Figura 48 Variação temporal da abundância relativa de
T
hermocyclops minutus
e
T
hermocyclops
decipiens
. nas oito estações de coleta, durante o período de janeiro a dezembro de 2002
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
83
4.6 Análise dos Copepoda
Variação espaço-temporal das diferentes fases de desenvolvimento
Não foi observada influência da variação climática na flutuação da densidade das
diferentes fases de desenvolvimento dos Copepoda.
Também não foi observado nenhum padrão de distribuição espacial, sendo que os
náuplios foram os mais abundantes em todas as estações de coleta.
Nas estações R1 e R2 a variação temporal da densidade das fases de desenvolvimento
dos Copepoda apresentaram o mesmo comportamento. Os náuplios apresentaram maiores
valores de densidade nos meses de fevereiro e março, sendo que copepoditos e adultos
mostraram baixas densidades durante todo período de estudo. Em fevereiro a densidade de
náuplios na estação R1, foi de 31.244 ind./m
3
e no mês de mao, na estação R2, foi de 26.462
ind./m
3
.
R3 e R4 também apresentaram padrões semelhantes entre si, houve alternância dos
picos de densidade de náuplios e um incremento na densidade de copepoditos em maio. A
densidade de náuplios alcançada em fevereiro na estação R3 foi de 19.229 ind./m
3
, enquanto na
estação R4, no mês de maio, os náuplios apresentaram uma densidade de 8.722 ind./m
3
.
Já nas estações R5 e R6, apesar de ser notado comportamento semelhante na
distribuição temporal da densidade de náuplios, copepoditos e adultos, observa-se que em R5
os náuplios apresentaram maiores valores em junho, 20.239 ind./m
3
, enquanto que em R6 o
pico de densidade foi verificado no mês de maio, 17.747 ind./m
3
.
Nas estações R7 e R8 nota-se uma flutuação na densidade de náuplios durante todo
período de estudo, sendo que os maiores valores foram observados em fevereiro, sendo 987
ind./m
3
para a estação R7 e 394 ind./m
3
para R8.
Na Figura 49 está representada a variação temporal da densidade de náuplios,
copepoditos e adultos nas oito estações analisadas.
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
84
Relação Calanoida/Cyclopoida
Não foi observado um padrão temporal na variação da relação Calanoida:Cyclopoida. Da
mesma forma como não houve um padrão de variação espacial. Cyclopoida foram mais
abundantes que Calanoida durante quase todo período de estudo em todas as estações
analisadas.
Este comportamento foi diferente apenas em alguns meses nas estações R6, R7 e R8.
No mês de maio na estação R6, Calanoida apresentou uma densidade de 20.572 ind./m
3
,
enquanto que Cyclopoida alcançou 5.645 ind./m
3
. Na estação R7, Calanoida foi mais abundantes
no mês de abril, 1.040 ind./m
3
, e em outubro. Nesses mesmos meses, os Calanoida foram mais
abundante na estação R8, alcançando uma densidade de 313 ind./m
3
em outubro. Cyclopoida
alcançou seu maior valor de densidade em fevereiro, na estação R2, 26.462 ind./m
3
(Figura 50).
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
85
0
10
20
30
40
Ind./m
3
.10
3
JFMAMJJASOND
R1
Adulto
Copepodito
uplio
0
10
20
30
Ind./m
3
.10
3
JFMAMJJASOND
R2
Adulto
Copepodito
uplio
0
5
10
15
20
Ind./m
3
.10
3
JFMAMJJASOND
R3
Adulto
Copepodito
uplio
0
2
4
6
8
10
Ind./m
3
.10
3
JFMAMJJASOND
R4
Adultos
Copepoditos
uplios
0
5
10
15
20
25
Ind./m
3
.10
3
JFMAMJJASOND
R5
Adulto
Copepodito
uplio
0
5
10
15
20
Ind./m
3
.10
3
JFMAMJJASOND
R6
Adulto
Copepodito
uplio
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
Ind./m
3
.10
3
JFMAMJJASOND
R7
Adulto
Copepodito
uplio
0
0,1
0,2
0,3
0,4
Ind./m
3
.10
3
JFMAMJJASOND
R8
Adulto
Copepodito
uplio
Figura 49 Variação temporal da densidade das diferentes fases de desenvolvimento dos
Copepoda (náuplio, copepoditos e adultos) nas oito estações de coleta, durante o período de
janeiro a dezembro de 2002.
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
86
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Ind./m
3
.10
3
JFMAMJJASOND
R1
Calanoida
Cyclopoida
0
5
10
15
20
25
30
Ind./m
3
.10
3
JFMAMJJASOND
R2
Calanoida
Cyclopoida
0
5
10
15
20
25
30
Ind./m
3
.10
3
JFMAMJJASOND
R3
Calanoida
Cyclopoida
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
Ind./m
3
.10
3
JFMAMJJASOND
R4
Calanoida
Cyclopoida
0
5
10
15
20
25
30
Ind./m
3
.10
3
JFMAMJJASOND
R5
Calanoida
Cyclopoida
0
5
10
15
20
25
30
Ind./m
3
.10
3
JFMAMJJASOND
R6
Calanoida
Cyclopoida
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
Ind./m
3
.10
3
JFMAMJJASOND
R7
Calanoida
Cyclopoida
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
Ind./m
3
.10
3
JFMAMJJASOND
R8
Calanoida
Cyclopoida
Figura 50 Variação temporal da densidade de Calanoida e Cyclopoida nas oito estações de
coleta, durante o período de janeiro a dezembro de 2002.
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
87
4.7 Riqueza e Diversidade da Comunidade Zooplanctônica
Variação Espacial
As estações localizadas na zona intermediária do reservatório apresentaram os maiores
valores de riqueza. A riqueza nas estações variou de 51 a 70, nas estações R8 e R4,
respectivamente. Em todas as estações analisadas foi registrado um maior número de espécies
de Rotifera, seguido de Cladocera. Rotifera também apresentou um aumento no número de
espécies na zona intermediária do reservatório, sendo que na estação R4 foram identificadas 39
espécies pertencentes a este filo (Figura 51).
0
10
20
30
40
50
60
70
80
R1 R2 R3 R4 R5 R6 R7 R8
Riqueza
Rotifera
Cladocera
Copepoda
Outros
Figura 51 Variação da riqueza zooplanctônica nas oito estações do reservatório da UHE Luis
Eduardo Magalhães.
Não foi observada variação espacial da diversidade para Rotifera e Cladocera. Rotifera
apresentou maiores valores de diversidade em todas as estações em comparação aos
cladóceros. O Índice de Diversidade de Shannon-Wiener para os rotíferos variou de 2,1
(estações R1 e R8) a 2,6 bits (R7). Para os cladóceros a variação foi de 1,2 a 2,0 bits, valores
registrados nas estações R6 e R7, respectivamente (Figura 52).
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
88
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
R1 R2 R3 R4 R5 R6 R7 R8
H' (bits)
Rotifera Cladocera
Figura 52 Variação da diversidade de rotíferos e cladóceros nas oito estações de coleta, no
reservatório da UHE Luis Eduardo Magalhães.
A equitabilidade para Rotifera variou de 0,64 (valor registrados nas estações R1 e R6) a
0,76 (valor calculado para a estação R7). Para os cladóceros a equitabilidade variou de 0,43 a
0,70, valores registrados nas estações R6 e R2, respectivamente.
Na Tabela 11 estão descritos os valores do Índice de Equitabilidade calculados para
Rotifera e Cladocera nas oito estações de coleta (R1 a R8).
Tabela 11 Índice de Equitabilidade dos grupos Rotifera e Cladocera calculado para as oito
estações de coleta do reservatório do Lajeado.
R1 R2 R3 R4 R5 R6 R7 R8
Rotifera 0,64 0,71 0,72 0,68 0,70 0,64 0,76 0,67
Cladocera 0,65 0,70 0,61 0,61 0,56 0,43 0,68 0,58
Variação temporal
Considerando todo o reservatório, não foi observado um padrão de flutuação temporal
da riqueza com relação aos pulsos de precipitação. Em fevereiro foi registrada a maior riqueza
de espécies, neste mês foram encontradas 62 espécies. Setembro foi o mês com menor riqueza,
nele foi registrada a presença de 34 espécies. Os rotíferos apresentaram maior número de
espécies durante todo período de estudo, seguido do grupo dos Cladocera. Em fevereiro foi
registrada a presença de 36 táxons de Rotifera (Figura 53).
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
89
0
10
20
30
40
50
60
70
JFMAMJJASOND
Riqueza
Rotifera
Cladocera
Copepoda
Outros
Figura 53 Variação da riqueza de zooplâncton durante o período de janeiro a dezembro de
2002, no reservatório da UHE Luis Eduardo Magalhães.
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
90
V Discussão
1. Condições limnológicas do reservatório da UHE Luis Eduardo Magalhães após o
seu enchimento
A construção de uma barragem em um rio proporciona a criação de um novo
ecossistema, com características singulares em decorrência, dentre outros fatores, da sua
localização geográfica. As condições climatológicas, características geológicas da região, as
formas de uso e ocupação da bacia hidrográfica, o tipo de vegetação, as características físicas e
químicas do sistema lótico represado, além da biota presente, são fatores primordiais que
poderão influenciar no funcionamento deste ecossistema emergente.
Reservatórios construídos em regiões de floresta tropical úmida, como na Bacia
Amazônica, onde prevalecem altas temperaturas, alto índice de pluviosidade durante todo ano e
grande quantidade de biomassa vegetal, apresentam características funcionais distintas
daqueles construídos em região onde predomina a vegetação de cerrado. Nesta última, apesar
da região também apresentar temperaturas elevadas, a distribuição das chuvas ao longo do ano
é diferente, com períodos bem distintos de seca e de chuva. Sua vegetação geralmente é de
médio porte resultante das características climáticas, da freqüência de queimadas, das
características geoquímicas do solo pobre em nutrientes. Conseqüentemente, as características
resultantes da inundação de áreas de cerrado se apresentam diferentes daquelas de floresta
tropical úmida.
Reservatórios construídos em áreas de floresta tropical mostram uma intensa
decomposição da biomassa vegetal, sendo esta a principal responsável pela desoxigenação da
água. Tal situação foi observada em reservatórios construídos na Bacia Amazônica (VAN DER
HEIDE, 1982; MATSUMURA-TUNDISI
et al
., 1991; FALÓTICO, 1993; MORENO, 1996). Nas
camadas mais profundas do reservatório, a anoxia é mais evidenciada, pois além da
decomposição, a permanência das árvores que não foram retiradas e a ocorrência de
estratificação térmica dificultam a circulação da coluna d’água (VAN DER HEIDE, 1982). Em
reservatórios tropicais o comprometimento das águas das camadas mais profundas quanto à
concentração de oxigênio encontra-se relacionado com a natureza da vegetação inundada,
tempo de residência e velocidade do fluxo das correntes.
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
91
Em reservatórios recém construídos em áreas de cerrado, o consumo de oxigênio
causado pela decomposição da biomassa inundada geralmente é menos pronunciado, desta
forma, os períodos de anoxia geralmente se restringem à fase de enchimento, e nas camadas
mais profundas do reservatório durante períodos de estratificação térmica, como foi observado
no reservatório da Serra da Mesa (DE FILIPPO, 1999).
Reservatórios como Balbina (Rio Uatumã-AM), Samuel (Rio Jamari-RO), Tucuruí (Rio
Tocantins-PA), Curuá-Una (Rio Curuá-Una-AM) e Brokopondo (Rio Suriname-Suriname), são
alguns dos reservatórios construídos em áreas de floresta tropical úmida, que sofreram uma
severa desoxigenação da água durante e logo após o período de enchimento. Já o reservatório
do Lajeado, apesar de também estar localizado na região norte do país, a área inundada com o
represamento é basicamente constituída por campo cerrado, sendo que durante a sua
construção houve remoção da maior parte da vegetação na área a ser inundada.
Além da sua vegetação, o reservatório do Lajeado apresenta outras características
diferenciadas daquelas encontradas em reservatórios construídos também em baixas latitudes.
Sua pequena profundidade média, alta vazão, baixo tempo de residência, grande extensão e
ausência de braços laterais, são fatores que fazem deste ecossistema um interessante objeto de
estudo para documentar os distúrbios ambientais e a reestruturação ecológica após a sua fase
de enchimento.
Na Tabela 12 estão apresentadas algumas características de reservatórios construídos na
região amazônica e no cerrado.
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
92
Tabela 12 Comparação entre características gerais de reservatórios construídos na região amazônica e no cerrado.
Reservatório Coordenadas
Vazão Média
(m
3
/s)
Tempo de
Residência (dias)
Área
Inundada (Km
2
)
Comprimento
Total (Km)
Bibliografia
Balbina 0º15’ S e 58º34’ W 645 351 2.360 210 MORENO (1996)
Tucuruí 3º55’ S e 49º41’ W 11.000 51 2.830 170 FORTES (2000)
Samuel 8º45’ S e 63º25’ W 265 105 560 140 FALÓTICO (1993)
Brokopondo 4º26’ S e 54º45’ W 100-500 933.6 1.776 56 VAN DER HEIDE (1982)
Serra da Mesa 13º00’ S e 49º30’ W 886-1273 770 1784 116 DE FILIPPO
et al
. (1998)
Lajeado 9º43’ S e 48º21’ W 2.547 24 626 172 REIS-PEREIRA (2002)
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
93
Durante o período de estudo as condições climatológicas da área onde está localizado o
reservatório seguiu o padrão encontrado na região, com temperaturas elevadas durante o ano
inteiro e períodos bem marcados de chuva e seca, com o período de estiagem se estendendo de
abril a setembro.
Os pulsos de precipitação e, provavelmente, a ação do vento, são uns dos principais
fatores climatológicos responsáveis por mudanças observadas nas características limnológicas
do reservatório ao longo do período de estudo, principalmente com relação aos processos de
mistura e estratificação da coluna d’água. No entanto, algumas características como
morfometria e a permanência de vegetação não removida no fundo do reservatório também
influenciaram nas suas características físicas, químicas e biológicas.
As estações mais próximas à barragem mostraram estratificações térmica e química
durante quase todo período de estudo. Foi observada mistura da coluna d’água apenas na
estação R1 e R2 no período de estiagem. As estações localizadas a mais de 100 Km da
barragem (a partir da estação R6) não apresentaram estratificação térmica e química na maior
parte do ano. Características morfométricas, como profundidade e largura, e hidrológicas, como
velocidade de fluxo, foram as principais responsáveis por essa variação na oxigenação e
estrutura térmica observada ao longo do reservatório.
Semelhantemente ao que ocorre em reservatórios da região amazônica (VAN DER
HEIDE, 1982; MORENO, 1996), no reservatório do Lajeado, fatores como precipitação, ventos,
força da vazão afluente, podem ser os responsáveis pelos processos de estabilidade ou de
mistura entre as águas de diferentes estratos que ocorre durante o período de diminuição da
temperatura da água superficial.
No presente reservatório em estudo não foi observado período crítico de desoxigenação
como foi encontrado em Balbina (MORENO, 1996) ou na Represa de Samuel, o qual a uma
profundidade de 5,0 metros já apresentava uma completa desoxigenção (MATSUMURA-TUNDISI
et al
., 1991).
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
94
No reservatório de Serra da Mesa, construído em área de cerrado, a decomposição da
biomassa vegetal também não afetou o sistema por período muito prolongado. A oxigenação da
coluna d’água ficou comprometida apenas no estágio inicial de enchimento, e durante um curto
período de mistura da coluna d’água (DE FILIPPO
et al
., 1999).
Já no reservatório de Tucuruí, a modificação no fluxo hidrológico do rio Tocantins e o
afogamento de extensas áreas de florestas, contribuiu para a acentuada redução nos teores de
oxigênio dissolvido nos primeiros meses após o enchimento, principalmente no período de
estiagem, onde foi encontrada uma faixa anóxica pronunciada, proporcionando atividades
biológicas anaeróbicas e, conseqüentemente, a formação de substâncias em estado químico
reduzido (FORTES, 2000).
No reservatório de Brokopondo, VAN DER HEIDE (1982) observou uma severa
desoxigenação da coluna d’água na zona de transição do reservatório e anoxia permanente no
hipolímnio da zona lacustre durante os três anos de enchimento. De acordo com o autor, essas
condições foram determinadas principalmente pela degradação da matéria orgânica.
2. Composição zooplanctônica do reservatório UHE Luis Eduardo Magalhães
Uma grande mudança no ecossistema, como a construção de um reservatório, pode
promover efeitos adversos na sua biodiversidade, algumas vezes causando mudanças
irreversíveis como a extinção de espécies locais, devido a limitação de recursos, aumento das
relações competitivas e/ou através do surgimento e apropriação de novos nichos por espécies
recém chegadas, iniciando-se o processo sucessional.
A sucessão, por sua vez, é vista como a ocupação de uma área por organismos
envolvidos em um incessante processo de ação e reação, que com o tempo, resulta nas
mudanças no ambiente e na comunidade, influenciando reciprocamente renovações e
ajustamentos contínuos (MARGALEF, 1968).
Para alcançar sucesso na colonização de um habitat, uma espécie deve conseguir
primeiramente chegar no ambiente e, em seguida, estabelecer uma população viável (LOUTTE
& DE MEESTER, 2004). Desta forma, fatores regionais (dispersão) e locais (condições abióticas
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
95
e morfométricas e interações bióticas) são importantes na estruturação da composição de
espécies de uma comunidade local (CALEY & SCHLUTER, 1997).
A dispersão dos organismos em reservatórios recém construídos depende de atributos
morfológicos das espécies que estão sendo transportadas, atributos estes que permitem
flutuação sobre a água ou vento e facilitem o transporte direto por aves e insetos aquáticos
(SCHLICHTING & SIDES, 1969). Geralmente, nestes ecossistemas emergentes, as espécies que
iniciam este processo sucessional ou pertencem ao potamoplâncton, que é acumulado durante a
fase de enchimento do reservatório (ROCHA
et al
., 1999), ou pertencem a corpos d’água
adjacentes (POPP, 1996). Com o passar do tempo espécies mais adaptadas à condições lóticas
se restringem à pequenas populações e ocorre o desenvolvimento daquelas aptas à condições
lênticas.
No reservatório do Lajeado, logo após a sua fase de enchimento, percebe-se o rápido
desenvolvimento de espécies zooplanctônicas comuns em sistemas lênticos, no entanto, ainda
nota-se a permanência daquelas também encontradas em rios, principalmente na zona
litorânea. Dentre as espécies encontradas nessa última condição, destacam-se os rotíferos
Conochilus coenobasis, Keratella americana
,
Brachionus zahniseri
e as espécies da família
Lecanidae, e o cladócero
Bosminopsis deitersi
, além daqueles pertencentes à família
Chydoridae.
Segundo VAN DER HEIDE (1982) a ocorrência de espécies lênticas não é muito
significativa no momento do barramento, mas pode haver um incremento temporário dessas
espécies logo após a estagnação do fluxo, devido a diminuição da turbidez da água. No
Reservatório Brokopondo, o autor observou que na fase inicial de enchimento, a comunidade
zooplanctônica lótica se manteve, havendo ausência de alguns representantes das regiões
pelágicas, como
Keratella americana
.
Em muitos reservatórios da Amazônia, nos primeiros anos de formação do lago, devido
ao acúmulo de uma carga muito grande de detritos orgânicos provenientes de floresta
inundada, pode ocorrer uma explosão de alguns organismos, como aconteceu no reservatório
de Tucuruí, onde foi detectado o desenvolvimento em abundância do camarão
Macrobrachium
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
96
amazonicum
, que são detritívoros e, conseqüentemente, o aumento da biomassa de peixes
(TUNDISI,
et al
., 1993). No reservatório de Samuel também foi observado uma explosão de
Cladocera
Moina reticulata
, em um dos braços do reservatório rico em matéria orgânica
(MATSUMURA-TUNDISI
et al
., 1991)
Apesar de muitas espécies encontrarem condições favoráveis para o seu
desenvolvimento após a estagnação do fluxo d’água, alterações na qualidade da água, devido
principalmente a decomposição da matéria orgânica, com conseqüente desoxigenação da água,
pode selecionar algumas espécies adaptadas a essas condições adversas.
Os organismos zooplanctônicos não constituem bons indicadores do grau de trofia dos
sistemas, pois a maioria das espécies seja do grupo dos Rotifera, Cladocera ou Copepoda são
euriécios, ocorrendo em todos os tipos de ambientes. No entanto, algumas espécies apresentam
um melhor desenvolvimento em condições eutróficas, como os Rotifera
Asplanchna sieboldi
e
Brachionus calyciflorus
e os Cladocera
Diaphanosoma spinulosum
e
Bosmina longirostris
, que
substituem
Diaphanosoma birgei
e
Bosmina hagmanni
, comuns em ambientes oligotróficos.
Dentre os Copepoda Calanoida, estudos recentes mostram a abundância de
No odiaptomus
iheringi
e
Notodiaptomus cearensis
em ambientes mais eutrofizados (MATSUMURA-TUNDISI &
TUNDISI, 2003) e
Thermocyclops decipiens
substituindo
Thermocyclops minutus
em ambientes
oligotróficos (SILVA & MATSUMURA-TUNDISI, 2002).
t
O grupo dos Rotifera foi o que apresentou maior número de espécies após a fase de
enchimento do reservatório do Lajeado. Estudos mostram que o domínio dos Rotifera em
ambientes perturbados é decorrente da característica oportunista desses organismos, típica de
espécies r-estrategistas, permitindo o seu sucesso em ambientes instáveis e dinâmicos
(ROBERTSON & HARDY, 1984; GREEN, 1993; MATSUMURA-TUNDISI, 1999).
MORENO (1996), relacionou a alta riqueza de rotíferos encontrada no reservatório de
Balbina, a sua característica oportunista, rápida reprodução e a sua relação com cadeias tróficas
microbianas. De acordo com o autor, as conseqüências iniciais na formação de um reservatório
em áreas de florestas tropicais, com alto predomínio de energia detrital e condições redutoras,
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
97
favoreceria as espécies de escala taxonômica inferiores, que possuem amplo espectro
adaptativo, em função das baixas exigências metabólicas.
Dentre os Rotifera, as famílias Brachionidae e Lecanidae foram as mais representadas no
reservatório do Lajeado. Estas famílias são consideradas freqüentes em ambientes tropicais.
O gênero
B achionus
é altamente endêmico da América do Sul e Austrália (DUMONT,
1983). Os organismos pertencentes a este gênero habitam águas quentes e são bem
representados em populações de rotíferos da Amazônia (ROBERTSON & HARDY, 1984).
r
r
. t
Antes do represamento do rio Tocantins, REIS-PEREIRA (2002) registrou também um
grande número de espécies de
B achionus
, sendo que das seis espécies encontradas neste
período, cinco permaneceu no reservatório após a fase de enchimento, verificando-se o
desaparecimento apenas da espécie
Brachionus angularis
e o aparecimento das espécies
B.
zahniseri
,
B quadriden atus
e
B. mirus
.
Com relação ao gênero
Lecane
sabe-se que ele é bem distribuído e diverso nos trópicos,
e geralmente está presente na vegetação litorânea (DABÉS, 1995; BONECKER
et al
., 1998).
No reservatório do Lajeado este gênero esteve presente em todo o sistema com
destaque para
Lecane proiecta
, uma das espécies mais abundantes.
Esta espécie é endêmica da
região neotropical (JOSÉ DE PAGGI, 2001) e típica de ambientes litorâneos e presente também
em planícies de inundação (JOSÉ DE PAGGI, 2001). ESPÍNDOLA
et al.
(2000), também registrou
sua presença, no reservatório de Tucuruí, associadas a regiões de menores profundidades.
A ocorrência de um grande número de espécies de Lecanidae pode estar associada ao
baixo tempo de residência do reservatório do Lajeado. De MANUEL & ARMENGOL (1993),
observaram a ocorrência de espécies de Rotifera tipicamente litorâneos e bentônicos, da família
Lecanidae, em reservatórios da Espanha caracterizados pelo baixo tempo de residência.
Outras espécies de Rotifera que se destacaram no reservatório do Lajeado foram os
Conochilidae
Conochilus unicornis
e
Conochilus coenobasis
, sendo as mais abundantes em todo
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
98
período analisado. Antes do represamento do rio Tocantins, estas espécies estiveram presentes
em baixas densidades, no entanto, elas já se tornaram abundantes no final do período de
enchimento do reservatório do Lajeado (REIS-PEREIRA, 2002). A associação entre estas duas
espécies tem sido comumente encontrada em reservatórios (RODRIGUES & MATUSUMURA-
TUNDISI, 2000; ESPÍNDOLA
et al
. 2000). SLADECEK (1983), as considera indicadoras de
ambientes oligotróficos de regiões temperadas. Porém em regiões tropicais as duas espécies são
encontradas em grande abundância em ambientes eutrofizados (MATSUMURA-TUNDISI
et al
.,
1990 , LUCINDA
et al
., 2004).
Com relação aos cladóceros, foi encontrado um número elevado de espécies no
reservatório do Lajeado, principalmente quando comparado com outros reservatórios brasileiros
(quais?). As poucas espécies encontradas por REIS-PEREIRA (2002), antes do represamento e
durante o enchimento do reservatório, mantiveram-se após o enchimento e surgiram outras
espécies de Daphnidae, Bosminidae e principalmente Chydoridae.
De acordo com DUMONT (1994), o conceito de que a fauna de cladóceros tropicais é
pobre deve ser refutada, visto que quase metade das espécies de cladóceros atualmente
conhecidas ocorre exclusivamente nas regiões tropicais e subtropicais. O que têm provocado
essa subestimação da riqueza de cladóceros seriam os métodos inadequados de coleta ou
técnicas de amostragem. Além disso, segundo este autor, apesar do gênero
Daphnia
ser pouco
presente nos trópicos, ao contrário do observado nas regiões temperadas, ele é substituído por
espécies das famílias Sididae, Moinidae e Bosminidae.
A presença marcante dos Chydoridae em todo o reservatório pode ser em decorrência
das populações remanescentes do período de enchimento, ou pelo surgimento de novos nichos,
proporcionados pelas árvores não retiradas durante a construção do reservatório, que
permanecem no fundo. Os organismos pertencentes a esta família vivem usualmente associados
à macrófitas, perifíton ou sedimento (ELMOR-LOUREIRO, 1997; SANTOS-WISNIEWSKI
et al
.,
2002). Eles apresentam grande sucesso na exploração dos litorais lacustres devido,
principalmente, à capacidade que possuem de coletar partículas suspensas na água, aderidas ao
fundo, à vegetação de macrófitas e ao sedimento litorâneo (FRYER, 1968).
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
99
As espécies de Cladocera mais abundantes do reservatório foram
Moina minuta
,
Ceriodaphnia cornuta
f.
rigaudi
e
Diaphanosoma birgei
. São espécies comuns encontradas em
todos corpos de água principalmente nos menos eutrofizados.
A Classe Copepoda foi o que apresentou menor número de espécies e este é um fato
comum nos reservatórios brasileiros. Antes da construção da barragem, REIS-PEREIRA (2002)
registrou apenas a presença de formas imaturas de Copepoda e durante o enchimento do
reservatório foi encontrada uma espécie de
Notodiaptomus
.
Este pequeno número de espécies de Copepoda é um padrão encontrado em quase
todos os reservatórios brasileiros. Geralmente encontra-se de 2 a 4 especies de Calanoida
(MATSUMURA-TUNDISI & TUNDISI, 2003) e de 3 a 7 espécies de Cyclopoida (SILVA, 2003).
No reservatório do Lajeado, foram registradas as espécies
Notodiaptomus cearensis
e
Notodiaptomus
n. sp.(a ser descrita por Matsumura-Tundisi). A associação destas duas espécies
foi encontrada também no reservatório de Barra Bonita por MATSUMURA-TUNDISI & TUNDISI
(2003).
Dentre os Cyclopoida, foram registradas as espécies
Thermocyclops minutus
e
Themocyclops decipiens
,
sendo que a primeira ocorreu em maior abundância do que a segunda
(51% e 46% respectivamente). A ocorrência de
Thermocyclops minutus
em maior abundância
que o
T
.
decipiens mostra
que o reservatório tem características mesotróficas, uma vez que o
T.
decipiens
é uma espécie freqüente e abundante em ambientes eutróficos (SILVA &
MATSUMURA-TUNDISI, 2002). Segundo ROCHA
et al
. (1995),
Thermocyclops minutus
é uma
espécie restrita na América do Sul enquanto que
Thermocyclops decipiens
é pantropical.
Apesar de algumas espécies encontradas no reservatório do Lajeado serem típicas de
ecossistemas amazônicos, como o Rotifera
Brachionus zahniseri
e o Cladocera
Bosminopsis
brandorffi
, a composição zooplanctônica encontrada foi bastante similar àquela presente em
reservatórios pertencentes à Bacia do Prata, como Barra Bonita (MATSUMURA-TUNDISI, 1990),
Jurumirim (NOGUEIRA, 2001) e Furnas (LANDA
et al
., 2002). Um fator que pode estar
contribuindo para a semelhança entre a comunidade das duas bacias é o fato de que um dos
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
100
principais formadores do rio Tocantins, o rio maranhão, nasce em uma região do Planalto
Central denominada “águas emendadas”, que recebe este nome justamente por ser uma área
de conexão entre várias Bacias, dentre elas a do Prata e do Tocantins, permitindo desta forma
uma ligação entre a biota aquática.
3. Variação temporal do zooplâncton total e das espécies mais abundantes
A comunidade zooplanctônica do reservatório do Lajeado variou ao longo do tempo com
relação à riqueza e densidade. Tal variação provavelmente esteve relacionada com o reajuste às
novas condições ambientais, decorrentes do barramento, e com variações climáticas,
considerando principalmente os pulsos de precipitação.
Um maior número de espécies foi registrado no período chuvoso. No mês de fevereiro,
assim que o reservatório atingiu sua cota máxima, foi registrada a maior riqueza, sendo que o
grupo dos rotíferos foi o que contribuiu com maior número de espécies, devido principalmente a
sua característica oportunista e a sua facilidade em colonizar ambientes perturbados.
Ao contrário da riqueza, a densidade zooplanctônica foi maior no período de estiagem
(maio e junho), em decorrência da abundância de poucas espécies de Rotifera como
Epiphanes
cf.
macrourus
.,
Conochilus coenobasis
,
Conochilus unicornis
,
Lecane proiecta
,
Brachionus
calyciflorus
, e de Cladocera como
Ceriodaphnia rigaudi
,
Diaphanosoma birgei
,
Bosmina hagmani
e
Moina minuta
. De acordo com MATSUMURA-TUNDISI & OKANO (1983), uma maior
abundância zooplanctônica ocorre em períodos de águas baixas, quando os lagos são
enriquecidos com material em decomposição introduzido durante as águas altas. No entanto,
períodos prolongados de estiagem também podem promover uma diminuição na produção
primária e, conseqüentemente, na densidade zooplanctônica devido a redução da quantidade de
material alóctone e nutrientes provenientes da bacia de drenagem transportados pela chuva.
Esta pode ser a causa do declínio da densidade zooplanctônica do reservatório do Lajeado nos
meses mais secos (agosto e setembro).
Em meses de maior precipitação (janeiro e dezembro) foram encontradas as menores
densidades. De acordo com PAYNE (1986), o impacto das chuvas sobre a comunidade
zooplanctônica pode ocorrer através do seu efeito diluidor, alterando as características químicas
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
101
da água ou carreando substâncias orgânicas ou minerais da bacia, aumentando a cor e a
turbidez do sistema. Esses efeitos podem desencadear alterações nas interações competitivas
ou de predação entre os diversos componentes do zooplâncton.
Alguns picos de densidade zooplanctônica também foram observados no período
chuvoso, porém, em meses de baixa precipitação, em decorrência do desenvolvimento de
algumas poucas populações de rotíferos e de cladóceros como
Conochilus unicornis
,
Conohilus
coenobasis
,
Brachionus calyciflorus
,
Ceriodaphnia rigaudi
e
Moina minuta
.
A entrada de material alóctone durante a estação chuvosa geralmente proporciona um
aumento na concentração de nutrientes e, conseqüentemente, na produção primária,
fornecendo maior quantidade de alimentos aos organismos zooplanctônicos. A entrada de
detritos no reservatório, transportados pela chuva, pode ser uma rica fonte de alimento
principalmente para os Rotifera e Cladocera.
O desenvolvimento de algumas poucas espécies é decorrente das condições favoráveis
para o seu desenvolvimento, como novos nichos a serem colonizados, grande disponibilidade de
recursos, poucos competidores e predadores. A habilidade de algumas espécies obterem mais
sucesso que outras também depende de requerimentos ecológicos como temperatura,
alcalinidade, química da água e condições alimentares (MATSUMURA-TUNDISI & OKANO, 1983).
Em reservatórios brasileiros podem ser encontrados vários padrões de variação temporal
da comunidade zooplanctônica. Existem alguns organismos que exibem maiores densidades em
períodos chuvosos, outros apresentam melhor desenvolvimento no período seco e existem
aqueles que se desenvolvem de forma errática durante todo o ano como é o caso da maioria
dos rotíferos e pequenos cladóceros (PINTO-COELHO, 1987). Os Rotifera, principalmente,
devido a sua alta taxa de crescimento intrínseco e plasticidade alimentar, desenvolvem grande
populações transitórias (ALLAN, 1976), sendo classificados como r-estrategistas, cujo
desenvolvimento é favorecido em ambientes instáveis (MATSUMURA-TUNDISI
et al
., 1990).
A flutuação da densidade zooplanctônica pode ser causada pela limitação por nutrientes
para os produtores primários, pela variação na composição fitoplanctônica, ciclo reprodutivo das
espécies e presença ou ausência de predadores. No reservatório Lajeado o declínio e o aumento
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
102
da densidade zooplanctônica esteve relacionado, principalmente, com os períodos de estiagem e
precipitação, sendo que os picos de densidade foram causados pelo desenvolvimento de poucas
populações.
Em reservatórios, particularmente nos recém-construídos, é comum a ocorrência de
poucas espécies dominantes devido ao processo de adaptação das espécies que requer um
certo tempo às novas condições ambientais. O período de “envelhecimento do reservatório”,
aqui usando o termo proposto por STRASKRABA & TUNDISI (2000), é um fator determinante
para o estabelecimento da comunidade zooplanctônica em reservatórios. As interações bióticas,
tais como competição e predação, determinam as populações que prevalecem no sistema
(ROCHA
et al
., 1999).
A análise das populações dominantes de Rotifera do reservatório Lajeado não mostrou
padrões claros de flutuação ao longo do tempo associados à algum fator tais como temperatura,
precipitação ou alguma interação biótica.
Conochilus unicornis
e
C
.
coenobasis
, por exemplo,
apresentaram picos erráticos de densidade, porém, em períodos diferentes ao longo do ano. De
acordo com MATSUMURA-TUNDISI
et al
., (1990) que observaram a mesma situação para essas
espécies no reservatório de Barra Bonita, a coexistência de organismos estreitamente
relacionados pode ocorrer através da segregação de populações no tempo, desta forma, quando
em um ambiente ocorre mais de uma população dominando a comunidade, os picos de
abundância de cada espécie ocorre em épocas diferentes.
No entanto, algumas espécies como
L
.
proiecta
e
Brachionus
calicyflorus
, apresentaram
picos de abundância apenas nos meses de estiagem, porém, em regiões diferentes do
reservatório, assim como os táxons
B. dolabratus,
B. zahniseri
e Bdelloidea que apresentaram
abundâncias elevadas no período chuvoso, porém em meses do ano e regiões distintas do
reservatório. Isto indica uma segregação espacial e temporal entre estas espécies abundantes
como uma estratégia adaptativa para a co-ocorrência.
Quanto às populações de Cladocera as espécies que dominaram o reservatório tais como
Moina minuta
,
Ceriodaphnia cornuta
f.
rigaudi
e
Diaphanosoma birgei
, apresentaram padrões de
flutuação de abundância diferente ao longo do tempo. A flutuação da população de
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
103
Ceriodaphnia cornuta
f.
rigaudi
foi irregular não apresentando nenhuma tendência da sua
abundância durante o ciclo de um ano. Já as populações de
Diaphanosoma birgei
e de
Moina
minuta
apresentaram maior abundância, no caso da primeira espécie durante os meses de
estiagem (de julho a outubro) e a segunda espécie entre os meses de janeiro a julho. O
comportamento ecológico dessas espécies de Cladocera é pouco conhecido, havendo poucos
dados na literatura que possa explicar essa variação na abundância das espécies que coexistem
no ambiente.
t
Em relação aos Copepoda, as duas subordens Calanoida e Cyclopoida que se diferenciam
na maneira como se obtém o alimento, pois a primeira é fitradora e a segunda é raptorial, em
geral os Cyclopoida foram mais abundantes que os Calanoida neste reservatório. As espécies de
Cyclopoida dominantes no reservatório, que foram
Thermocyclops minutus
e
Thermocyclops
decipiens
mostraram nitidamente uma alternância na sua abundância relativa em quase todas
as estações. Essas duas espécies provavelmente devem possuir requerimentos ecológicos muito
próximos, e assim, para evitar a competição interespecifica por alimento, devem possuir épocas
de reprodução diferentes. SILVA & MATSUMURA-TUNDISI (2002) observaram nas represas em
cascata construídas no Médio e Baixo Rio Tietê que nas represas eutrofizadas havia dominância
de
Thermocyclops decipiens
sobre
Thermocyclops minutus
, enquanto que nas menos
eutrofizadas ocorria o inverso. Em condições mesotróficas, essas duas espécies co-ocorrem em
igual abundância, como foi verificado no reservatório UHE Luis Eduardo Magalhães, porém,
mostrando uma alternância sazonal. Este tipo de comportamento foi verficado por ROCHA
et al
.,
(1995, 1999), SAMPAIO
et al
. (2002) e Silva & MATSUMURA-TUNDISI (2003), em reservatórios
do Estado de São Paulo.
As populações de Calanoida, representadas pelas espécies
Notodiap omus cearensis
e
Notodiaptomus
n.sp foram mais abundantes do que os Cyclopoida nas estações mais à
montante do reservatório e somente em alguns meses do ano.
A grande abundância da fase naupliar dos Copepoda presentes no reservatório durante
quase todo período analisado é decorrente da contínua reprodução desses organismos com
superposição de várias cohorts (EDMONDSON, 1959), visto que nesses sistemas é importante
que a taxa reprodutiva compense a perda de indivíduos por morte ou processo de advecção
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
104
(MARZOLF, 1990; VELHO, 2001). Esta também é uma característica de sistemas lacustres que
sofrem constantes distúrbios. Em sistemas lacustres estáveis, como o lago Dom Helvécio do
Parque Florestal do Rio Doce – MG, o número de copepoditos e de adultos é maior do que o de
náuplios, provavelmente devido a maior taxa de predação destes organismos na zona limnética
(MATSUMURA-TUNDISI & OKANO, 1983).
4. Diversidade zooplanctônica do reservatório do Lajeado
A medida mais utilizada pra avaliar a diversidade de um determinado ecossistema é a
quantificação do número de espécies. Em um reservatório a diversidade do zooplâncton varia no
tempo, no espaço e também em decorrência do estado trófico que o mesmo se encontra.
Entretanto, para avaliar a riqueza de espécies é importante considerar o esforço de
amostragem, pois em uma amostragem ocasional local, àquelas espécies consideradas raras
dificilmente serão capturadas. Desta forma, para o levantamento das espécies presentes em um
determinado ecossistema é importante considerar a heterogeneidade de habitats, analisar a
variação temporal e empregar uma metodologia adequada para a coleta e análise, a fim de
minimizar ao máximo o erro decorrente de observações humanas.
Tratando-se do estudo de um ecossistema emergente, desta forma, resultante da ação
antrópica, o levantamento das espécies presentes é importante para o acompanhamento do
processo de colonização, dispersão, sucessão ecológica, identificação de espécies resistentes a
mudanças ambientais drásticas, além de ser útil na avaliação da magnitude do impacto causado.
Segundo AGOSTINHO
et al.
(1999), é esperada uma diminuição na riqueza
zooplanctônica durante a fase de enchimento, devido a redução dos ciclos do ambiente lótico e
uma gradual simplificação da comunidade nos primeiros anos logo após o barramento.
No entanto, no reservatório do Lajeado, essa diminuição na riqueza não foi observada. O
número de espécies registradas após o enchimento do reservatório, no ano de 2002, foi maior
do que o registrado por REIS-PEREIRA (2002) nas fases anteriores, no período de 1999 a 2001,
sendo que a maioria das espécies anteriormente presentes manteve-se em 2002. A Figura 54
resume a riqueza de espécies de Rotifera, Cladocera e Copepoda encontradas nas fases de rio,
enchimento e pós enchimento.
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
105
0
10
20
30
40
50
60
Riqueza
Fase de rio Fase de
enchimento
Fase de lago
Rotifera
Cladocera
Copepoda
Figura 54 Riqueza observada nas fases de rio, enchimento (REIS-PEREIRA, 2002) e pós-
enchimento (lago) do reservatório da UHE Luis Eduardo Magalhães.
Em reservatórios recém construídos, além da presença de espécies lóticas e lênticas, a
diversidade é alterada pela “sucessão ecológica” e pelos “distúrbios” que o sistema sofre.
De acordo com GARRIDO & BOZELLI (2000), em um reservatório recém construído, a
comunidade zooplanctônica passa por um longo período de sucessão, até que a comunidade
adquira o equilíbrio tornando-se estável com ciclos persistentes de mudança, sendo que nos
estágios intermediários desse processo de sucessão, as comunidades se tornam mais diversas e
complexas (RICKLEFS, 1990).
Os distúrbios ecológicos causados pela operacionalização da barragem, pelos pulsos de
precipitação e pelos processos de mistura e estratificação da coluna d’água também podem
proporcionar um incremento na diversidade zooplanctônica.
A Hipótese do Distúrbio Intermediário de CONNELL (1978), de que os níveis
intermediários de distúrbio podem promover um aumento na diversidade, em virtude do
aparecimento de novos nichos temporários, tem sido aplicado por muitos estudiosos em
reservatórios para as comunidades de fitoplâncton e zooplâncton. TUNDISI & MATSUMURA-
TUNDISI (1994), comparando o comportamento funcional diferente de dois lagos, um
monomitico quente (lago Dom Helvécio no Parque Florestal do Rio Doce em Minas Gerais) e
outro polimítico (Represa de Barra Bonita, Estado de São Paulo), observaram que neste ultimo,
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
106
um sistema instável, ocorria uma maior riqueza de espécies na comunidade zooplanctônica
através da contribuição principal do grupo dos Rotifera, considerado grupo oportunista que se
adapta facilmente à qualquer distúrbio.
Comparando com outros reservatórios construídos na região de cerrado como Corumbá
(LANSAC-TÔHA, 1999) e Serra da Mesa (GARRIDO & BOZELLI, 2000), o reservatório do Lajeado
apresentou uma maior riqueza de espécies, provavelmente devido ao estágio sucessional no
qual o reservatório se encontra, que permite a permanência de espécies de ambientes lóticos e
desenvolvimento de espécies típicas de ambientes lênticos, e aos distúrbios decorrentes dos
pulsos de precipitação.
A diversidade de uma comunidade sob o aspecto ecológico, no entanto, é mais do que
um simples número de espécies presentes numa determinada área, pois a diversidade depende
da abundância relativa de cada espécie no ambiente considerado. Em um ecossistema, uma
maior diversidade significa cadeias alimentares maiores, mais casos de parasitismos e simbiose
(MARGALEF, 1968).
A diversidade de espécies de um determinado ecossistema é controlada por uma
combinação de fatores históricos, bióticos e abióticos (TERRIAULT & KOLASA, 1999). Como um
fenômeno histórico, a diversidade pode representar o equilíbrio e perda de espécies durante o
tempo (FISCHER, 1960). Com relação aos fatores bióticos, as pesquisas mostram que eles
influenciam a diversidade de espécies através de fatores como predação, competição,
mutualismo e interferência (PIANKA, 1994). Considerando os abióticos, vários estudos têm
encontrado relação entre diversidade e latitude, clima, heterogeneidade e tamanho de habitat
(TERRIAULT & KOLASA,
op. cit.
).
Para avaliar a diversidade de uma comunidade sob aspecto ecológico foram
desenvolvidos vários índices, sendo que o mais utilizado é o de Shannon-Wiener que leva em
consideração a riqueza e a equitabilidade, ou seja, a distribuição da abundância relativa das
espécies.
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
107
O índice de diversidade de Shannon-Wiener calculado para a comunidade zooplanctônica
difere do obtido para cada grupo taxonômico. Isso porque os principais grupos que compõe o
zooplâncton (Rotifera, Cladocera e Copepoda), estão em escalas evolutivas distintas,
apresentando características reprodutivas tais como ciclo de vida e taxa reprodutiva diferentes.
Além da riqueza de espécies, o numero de espécies de cada grupo que dominam o
ambiente influencia no índice de diversidade. O número de espécies de Rotifera geralmente
encontrados em lagos é superior a 15, enquanto que o de Cladocera varia entre 8 a 10 especies
e os de Copepoda Calanoida 2 a 3 especies e Cyclopoida 5 a 6 espécies.
No reservatório do Lajeado onde foram encontradas 54 espécies de Rotifera, 31 espécies
de Cladocera e oito espécies de Copepoda, o valor médio do índice obtido para comunidade
zooplanctônica foi 2,7 bits. Porém, o índice calculado para cada grupo é de 2,4 bits para Rotifera
e 1,9 bits para microcrustáceos (Cladocera e Copepoda). Neste reservatório, as espécies de
microcrustáceos dominantes, foram três do grupo dos Cladocera,
Moina minuta
,
Ceriodaphnia
rigaudi
e
Diaphanosoma birgei,
que juntas representaram 75% do total, enquanto que para o
grupo dos Rotifera teve maior numero de espécies participando como espécies dominantes
(
Conochilus unicornis
,
Conochilus coenobasis
,
Lecane proiecta
,
Keratella americana
,
Brachionus
calyciflorus
,
Epiphanes
cf.
macrourus
e Bdelloidea), o que contribuiu para um maior índice de
diversidade.
No reservatório de Tucuruí, também pertencente à bacia do Tocantins, os índices de
diversidade calculados para os Rotifera e Cladocera foram maiores do que os registrados no
Lajeado, sendo que os Rotifera também apresentaram maior diversidade que os Cladocera, com
médias de 3,21 e 2,22, respectivamente (ESPÍNDOLA
et al
., 2000). Como a riqueza dos grupos
foi menor em Tucuruí (34 espécies de Rotifera e 15 de Cladocera), o que proporcionou uma
diversidade maior neste reservatório foi sua equitabilidade que foi em média 0,8 e 0,7, para
rotíferos e cladóceros, respectivamente. No Lajeado os valores de equitabilidade foram 0,7 para
rotíferos e 0,6 para cladóceros.
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
108
5. Compartimentalização espacial do reservatório
No reservatório do Lajeado foi detectada a presença de quatro compartimentos
diferenciados principalmente com relação a velocidade de fluxo, processos de estratificação e
mistura da coluna d’água, turbidez e estrutura da comunidade zooplanctônica.
O primeiro compartimento (compartimento A), no qual estão inseridas as estações R1 e
R2, é o que mais sofre influência do sistema operacional da barragem. Trata-se da região com
maior profundidade, apresenta um fluxo de água acelerado e uma baixa turbidez. Manteve-se
estratificado durante quase todo ano, apresentando período de circulação da coluna d’água
durante a estiagem.
Neste compartimento, Rotifera e Cladocera apresentaram valores de abundância relativa
muito próximos. As espécies de Rotifera
Lecane proiecta
e de Cladocera
Diaphanosoma birgei
e
Ceriodaphnia cornuta
f.
rigaudi
foram as mais abundantes. Não foram encontradas espécies
exclusivas a esta região, no entanto, o rotífero
Brachionus dolabratus
e o cladócero
Daphnia
gessneri
foram abundantes apenas neste compartimento. Esta última espécie apresenta um
melhor desenvolvimento em regiões com alta transparência e pouca quantidade de peixes,
condições geralmente encontradas na zona próxima à barragem. A alta predação por peixes e a
alta concentração de sólidos suspensos que dificulta os mecanismos de filtração, são fatores
limitantes para esta espécie (CARVALHO, 1984).
r t
A abundância de
L
.
proiecta
nesta região pode estar relacionada ao fato do reservatório
ser recém-construído, permitindo desta forma a presença de espécies pertencentes ao sistema
lótico represado ou deve-se a migrações ocasionais (RUTNER-KOLISKO,1974). Um outro fator
que pode explicar a abundância dessa espécie é o fato de que à 25 Km à montante da
barragem, aproximadamente, ocorre um aumento no fluxo da água e a presença de uma curva
na calha do rio. Nesta região, pode estar havendo um arraste de alguns organismos presentes
na zona litorânea. A presença de
Lecane p oiec a
na região limnética mostra a importância da
zona litorânea como importante fonte de plâncton (SAUNDERS & LEWYS, 1988).
O segundo compartimento (compartimento B) do reservatório do Lajeado, que
compreende as estações de coleta R3 e R4, se comporta como um lago, e tem como
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
109
características principais o fluxo reduzido e o aumento na turbidez. Esta região esteve
estratificada térmica e quimicamente durante todo período de estudo. Além das características
morfométricas e hidrológicas, um outro fator que pode estar colaborando para essa situação de
estratificação é a presença de uma grande quantidade de árvores que não foram retiradas
durante a construção do reservatório, que podem estar atuando como barreira física à
circulação da água (VAN DER HEIDE, 1982).
Esta é a região onde foi encontrada a maior densidade e riqueza zooplanctônicas,
provocada principalmente pelo aumento no número de indivíduos e espécies de rotíferos. A
decomposição das árvores presentes no fundo do reservatório fornece uma maior quantidade de
nutrientes para o ambiente, com conseqüente aumento da produção primária e secundária. Em
trabalho realizado por INVESTCO/IIE (2002), foi observada que esta é a região do reservatório
com maior densidade fitoplanctônica. Provavelmente a presença destas árvores no fundo
proporciona um ambiente favorável para o desenvolvimento de perifíton.
Além de proporcionar um aumento na quantidade de recursos alimentares para o
zooplâncton, essas árvores podem ser utilizadas como área de refúgio. Esta condição também
promove um aumento no número de nichos e uma conseqüente diminuição na competição
inter-específica. Algumas espécies de ocorrência perifítica como
Tes udinela patina
,
Platyias
quadricornis
,
Dicranophorus
sp. foram encontradas neste compartimento e, provavelmente,
podem estar utilizando as árvores como nichos.
t
Esta mesma situação foi encontrada por ESPÍNDOLA
et al
. (2000) no reservatório de
Tucuruí. Neste reservatório, as áreas não desmatadas durante a sua construção foram propícias
para o desenvolvimento fitoplanctônico, aumentando desta forma, a disponibilidade de alimento
para o zooplâncton, além de servirem como áreas de refúgio.
Foi observado também que nessa região ocorre uma diminuição expressiva na
abundância de
Lecane proiecta
e um aumento na de
Brachionus calyciflorus
, o que pode indicar
uma segregação espacial entre estas duas escies. Dentre os Cladocera, as espécies
Ceriodaphnia rigaudi
e
Diaphanosoma birgei
continuam sendo as mais abundantes.
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
110
O terceiro compartimento (compartimento C), que parece ser uma região de transição
entre condições lóticas e lênticas, engloba as estações R4 e R5. Comparativamente às zonas à
montante, este compartimento apresenta menor profundidade, maior fluxo e turbidez. Não foi
observada estratificação térmica e química na maior parte do tempo.
Nessa região a densidade zooplanctônica também foi alta, em relação aos outros
compartimentos, no entanto, foi menor do que a encontrada no compartimento anterior. De
acordo com GARRIDO & BOZELLI (2000), em reservatórios recém-construídos, altas densidades
têm geralmente ocorrido em áreas que com o tempo são consideradas zonas intermediárias do
reservatório. Esta é onde, teoricamente, as condições mais favoráveis para o zooplâncton são
encontradas, no que diz respeito ao regime hidráulico e à quantidade de recursos particulados.
Nesta região destaca-se a abundância de
Epiphanes
cf.
macrourus
dentre os Rotifera e a
dominância de
Moina minuta
dentre os Cladocera.
O último compartimento (compartimento D) do lago é onde ocorre a maior influência do
rio. Comparando com os outros compartimentos, é nesta região onde ocorrem as menores
profundidades, o fluxo é mais rápido e a água é mais turva. Trata-se também da região mais
estreita do reservatório.
É neste compartimento que se encontra a menor densidade zooplanctônica, devido
principalmente ao fluxo acelerado da água e ao aumento da turbidez. De acordo com PAGGI &
JOSÉ DE PAGGI (1990), as partículas suspensas na água afetam negativamente o zooplâncton,
diretamente através de efeitos mecânicos ou o indiretamente devido a diminuição da penetração
da luz e produção fitoplanctônica.
A comunidade zooplanctônica foi basicamente formada por rotíferos. Deste grupo
destaca-se a abundância de
Lecane proiecta
e
Brachionus zahniseri
, espécies tipicamente
amazônicas e dentre os Cladocera,
Macrothrix spinosa
, espécie comum em ambientes
litorâneos.
Em todo o reservatório, as formas imaturas de Copepoda foram dominantes, no entanto,
nesta região houve um pequeno aumento na densidade de adultos. Geralmente, quando ocorre
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
111
algum
stress
ambiental, como limitação de recursos, alguns copépodos podem deslocar para
estas regiões com o intuito de depositarem ovos de resistência no sedimento (FRYER, 1996). De
acordo com ROCHA
et al
. (1982), a reprodução em regiões litorâneas de muitas espécies de
Diaptomidae também pode defender os náuplios da predação.
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
112
VI - CONCLUSÕES
1- O reservatório da UHE Luis Eduardo Magalhães (reservatório do Lajeado) construído na
bacia do Médio Rio Tocantins onde a vegetação predominante é o Cerrado, não
desenvolveu logo após o seu enchimento uma fase crítica de severa desoxigenação
provocada pela intensa decomposição de florestas inundadas como tem acontecido com
as represas construídas na bacia amazônica;
2- Com a remoção parcial da vegetação presente na área inundada, somente nas estações
com maiores profundidades, localizadas próximas à barragem, houve o desenvolvimento
de estratificação térmica e desoxigenação nas camadas mais profundas;
3- O reservatório apresentou grande riqueza de espécies de zooplâncton contabilizando 103
táxons (54 Rotifera, 31 Cladocera, 8 Copepoda e 9 espécies pertencentes a outros
grupos ocasionalmente planctônicos), alguns de natureza tipicamente limnética e outros
de natureza litorânea;
4- A composição zooplanctônica da Represa do Lajeado da Bacia do Tocantins se
assemelha muito à composição do zooplâncton das represas da Bacia do Prata (Represas
do Estado de São Paulo). Dentre os Rotifera,
Conochilus unicornis
,
Conochilus coenobais
e
Lecane proiecta
foram as populações de maior freqüência e abundância; dentre os
Cladocera
Moina minu a,
Ceriodaphnia cornuta
f.
rigaudi
e
Diaphanosoma birgei
., foram
as mais abundantes e entre os Copepoda, os Cyclopoida representados principalmente
por
Thermocyclops minutus
e
Thermocyclops decipiens
foram mais abundantes que os
Calanoida representados por duas espécies:
Notodiaptomus cearensis
e
Notodiaptomus
n.sp;
t
5- No período pós-enchimento o Reservatório do Lajeado apresentou maiores valores de
riqueza e densidade quando comparado com os períodos anteriores a esta fase.
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
113
6- No Reservatório do Lajeado foi possível identificar quatro compartimentos diferenciados
pela velocidade de fluxo, processo de estratificação e mistura da coluna d’água, turbidez
e estrutura da comunidade zooplanctônica
Estudo da comunidade zooplanctônica em um reservarório recém-construído (Reservatório do Lajeado) – UHE Luis Eduardo Magalhães-TO.
114
V
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