O termo "metástase" foi introduzido por Récamier. Entretanto, coube a Thiersch
(1822-1895) e Waldeyer (1865-1921) a estrutura das bases da Teoria Mecanicista que
ganhou espaço a partir do século XIX através da comprovação morfológica de êmbolos
metastáticos de células epiteliais em vasos linfáticos e linfonodos. De acordo com esta
teoria, plenamente aceita no final do século XIX, as células tumorais seriam distribuídas
via vasos sangüíneos e linfáticos, formando colônias tumorais no local onde fossem
depositadas (BROWN, 2001).
Dentre um dos primeiros estudos experimentais sobre metástases Takahashi
(1915), citado por Dagli (1989), descreveu a existência das vias linfática e hematógena
de disseminação das neoplasias, aceitando a hipótese do transporte de êmbolos
tumorais. O mesmo autor afirmou constituir-se de duas fases o processo metastático,
seja de tumor espontâneo ou transplantável: uma fase inicial, na qual as células tumorais
penetram pelo endotélio vascular, e uma segunda fase, na qual os êmbolos, após
transporte vascular mecânico, estabelecem união com a parede vascular dos órgãos-alvo
e penetram pelo endotélio. E importante ressaltar, que o processo de entrada da célula
tumoral no componente vascular pode ocorrer de forma passiva, pelos vasos
neoformados que irrigam a massa tumoral, ou de forma ativa, atravessando o endotélio
e a membrana basal (BRENTANI et al, 1988).
Sabe-se, atualmente, que as células tumorais passam por várias fases antes de
estabelecerem focos metastáticos. Após o crescimento e a vascularização do tumor
original elas devem, inicialmente, separar-se da massa tumoral, invadirer localmente a
matriz tecidual adjacente, adentrar a parede de vasos sanguíneos ou linfáticos,
sobreviver na circulação sanguínea ou linfática, ligar-se ao endotélio capilar do tecido
em que se estabelecerão, iniciar agregação plaquetária, atravessar a parede capilar,
invadir o tecido local, e então proliferar. A metástase é, portanto, o resultado final de
várias etapas interdependentes, um processo multifacetado que inclui uma complexa
interação entre o tumor e organismo hospedeiro, uma seqüência de eventos que ainda
hoje não está completamente esclarecida (BROWN, 2001).
Em geral, as localizações anatômicas de tumores primários diferem do sitio
inicial de metástase. As células neoplásicas que sobrevivem, multiplicam-se e
extravasam para o parênquima dos órgãos formando novos focos tumorais (RIZZO,
2000). Alterações genéticas influenciam a adesividade celular, favorecendo o
desprendimento das células do tumor primário, além da neovascularização, que não só
serve para manter as necessidades metabólicas inerentes ao desenvolvimento do tumor,