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HUSSEN MACHADO
ATIVIDADE DOS FLAVONÓIDES RUTINA E NARINGINA SOBRE O
TUMOR ASCÍTICO DE EHRLICH “IN VIVO”.
VIÇOSA
MINAS GERAIS–BRASIL
2006
Dissertação apresentada à Universidade
Federal de Viçosa, como parte das exigências
do Programa de Pós-Graduação em
Bioquímica Agrícola, para obtenção do titulo
de "Magister Scientiae".
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HUSSEN MACHADO
ATIVIDADE DOS FLAVONÓIDES RUTINA E NARINGINA SOBRE O
TUMOR ASCÍTICO DE EHRLICH “IN VIVO”.
APROVADA: 02 maio de 2006
Dissertação apresentada à Universidade
Federal de Viçosa, como parte das exigências
do Programa de Pós-Graduação em Bioquímica
Agrícola, para obtenção do titulo de "Magister
Scientiae".
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Dedico essa tese a meus pais, Milton e Marion, pela educação, dedicação e
principalmente por compreenderem minha ausência. Pois, os filhos crescem e saem para
o mundo, mas sem perder de vista o porto seguro, com o seu farol sempre aceso, atento
a tudo e de portas abertas. É essa segurança, de saber que estou sempre protegido que
me da a força necessária para seguir em frente. A vocês dedico não só está vitória, mas
o fato de existir. Amo e admiro muito vocês não apenas como filho, mas com Homem.
A minha irmã Francely, pela cumplicidade e torcida por minhas realizações.
AGRADECIMENTOS
À minha orientadora e amiga Dra. Tânia Toledo de Oliveira, pela confiança, sinceridade
e orientação tanto científica como de vida. “Pois, Umas são mulheres; algumas
professoras; poucas são mestres. As primeiras escuta-se; as segundas respeita-se; as
últimas segue-se”. Um obrigado de seu eterno amigo.
Ao professor Dr. Marcelo José Vilela, exemplo de sinceridade, amizade e seriedade
profissional. Muito obrigado. Pois, “Os melhores professores são aqueles que se fazem
de ponte e convidam seus alunos a atravessá-la depois, de facilitada a atravessia, eles se
desfazem com prazer, incentivando seus alunos a construírem suas próprias pontes”.
Ao professor Dr. Tanus Jorge Nagem pelo apoio, conselhos e tão calorosa acolhida,
possibilitando meu crescimento profissional.
À professora Dra. Marlene Isabel Vargas Viloria pela colaboração imprescindível
durante a leitura das lâminas.
A Silvana Lages Ribeiro Garcia pelas análises estatísticas realizadas com carinho e
dedicação. Obrigado.
Ao meu primo Salustiano, pela confiança, conselhos e orientação profissional. Muito
obrigado pela ajuda e contribuição para a realização de meus sonhos.
A Cristiane pela amizade e enorme dedicação para a realização de nosso trabalho.
A Santuzza, pela dedicação, paciência e carinho diário. Obrigado por sempre acreditar
em mim e em meu sucesso.
A Maria Aparecida Leão, pela grande amizade e ajuda para a conclusão desse trabalho.
Ao José Geraldo Pinto, pelo apoio indispensável nas análises sangüíneas.
A todos os estagiários do Laboratório de Biofármacos que muito contribuíram para a
realização desta obra, durante o desenvolvimento dos experimentos. A todos muito
obrigado!
Aos estagiários do laboratório do Câncer que não mediram esforços para me ajudar. A
ajuda de vocês foi imprescindível.
Ao meu eterno amigo Dr. Rodrigo Vilela Rodrigues, pela amizade, lealdade ao longo de
nossa carreira estudantil.
Ao futuro Dr. Eduardo Rodrigues de Castro pela amizade e confiança construída em tão
pouco tempo de convivência.
Aos meus amigos de república Toninho, Vinícius, Renato e Felipe e todos que por aqui
passaram.
À Universidade Federal de Viçosa pela oportunidade e à coordenação do Programa de
Pós Graduação em Bioquímica Agrícola que possibilitaram a realização deste curso.
A todos que, direta ou indiretamente, me ajudaram na realização deste trabalho.
BIOGRAFIA
HUSSEN MACHADO, filho de Milton José Machado e Marion Pessoa
Machado, nasceu em Boa Esperança, MG, em 01 de novembro de 1978.
Concluiu o curso de graduação em Farmácia na Universidade Federal de Juiz de
Fora (Juiz de Fora, MG), em janeiro de 2004.
Em agosto de 2004 foi aceito no programa de Pós-Graduação do Departamento
de Bioquímica e Biologia Molecular da Universidade Federal de Viçosa, onde deu
início aos trabalhos do mestrado na área de Bioquímica Agrícola.
CONTEÚDO
LISTA DE FIGURAS ------------------------------------------------------
ix
LISTA DE TABELAS------------------------------------------------------
LISTA DE SÍMBOLOS, ABREVIATURAS---------------------------
RESUMO --------------------------------------------------------------------
xvi
ABSTRACT -----------------------------------------------------------------
xvii
1. INTRODUÇÃO ---------------------------------------------------------- 1
2. OBJETIVOS ------------------------------------------------------------- 3
2.1 Objetivos Geral ------------------------------------------------------ 3
2.2 Objetivos Específicos ----------------------------------------------- 3
3. REVISÃO DE LITERATURA ---------------------------------------- 4
3.1. Câncer ------------------------------------------------------------- -- 4
3.1.1. Invasão e Metástase-----------------------------------------
8
3.2. Tumor de Ehrlich----------------------------------------------------
12
3.3. Flavonóides e Câncer-----------------------------------------------
14
3.3.1. Flavonóides---------------------------------------------------
19
3.4. Mecanismo de ação dos flavonóides----------------------------- 25
3.4.1 Ação Antioxidante ------------------------------------------- 25
3.4.2 Atividade inibitória da síntese de óxido nítrico ---------- 28
3.4.3 Ação Antiinflamatória --------------------------------------
31
3.4.4 Interação de flavonóides com outros sistemas
xi
xiv
enzimáticos----------------------------------------------------------
36
3.3.5 Ação anti-estrogênicas dos flavonóides-------------------
38
3.3.6 Inibição do proteasoma-------------------------------------- 39
4. MATERAL E MÉTODOS -------------------------------------------- 41
4.1 Animais --------------------------------------------------------------- 41
4.2 Obtenção doTumor Ascítico de Ehrlich -------------------------- 42
4.3 Preparação das células tumorais para inoculação ---------------
42
4.4 Inoculação dos animais--------------------------------------------- 43
4.5 Grupos e protocolo de tratamento --------------------------------- 43
4.5.1. Primeiro experimento - prevenção do tumor ascítico
de ehrlich com flavonóides----------------------------------------
43
4.5.2. Segundo experimento - tratamento de camundongos
com TAE com flavonóides ---------------------------------------
4.5.3. Neotaxel-------------------------------------------------------
45
45
4.6 Eutanásia dos camundongos, coleta de sangue, coleta de
líquido ascítico e coleta do fígado para histopatologia--------------
46
4.7 Análise do tempo de vida-------------------------------------------
4.8 Análise estatística ---------------------------------------------------
47
48
5. RESULTADOS E DISCUSÃO---------------------------------------- 49
5.1 Prevenção do Tumor Ascítico de Ehrlich em camundongos
tratados com diferentes flavonóides por 18 dias ---------------------
49
5.2 Tratamento de camundongos com Tumor Ascítico de Ehrlich
com diferentes flavonóides por 18 dias -------------------------------
64
5.3 Morfologia Hepática------------------------------------------------ 81
5.3 Modificações histopatológicas encontradas---------------------- 82
6. CONCLUSÕES ---------------------------------------------------------- 86
7. PERSPECTIVAS FUTURAS------------------------------------------
8. BIBLIOGRAFIA -------------------------------------------------------
88
89
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Os múltiplos passos da carcinogênese------------------------
5
Figura 2 Mecanismos pelo qual um oncogene pode promover o
crescimento celular----------------------------------------------
6
Figura 3 Comparação entre tumor benigno do miotério
(leiomioma) e tumor maligno de origem semelhante
(leiomiuossarcoma)----------------------------------------------
9
Figura 4 Representação esquemática dos múltiplos eventos
apoptóticos--------------------------------------------------------
18
Figura 5 Representação esquemática simplificada da biossíntese de
flavonóides--------------------------------------------------------
21
Figura 6 Representação esquemática dos processos fisiológicos
desempenhados pelo oxido nítrico-----------------------------
29
Figura 7 Representação simplificada do potencial de indução de
COX em macrófagos ativados na indução da angiogênese
em lesões pré-neoplásicas--------------------------------------
33
Figura 8 Estrutura do proteasoma----------------------------------------
40
Figura 9 Administração dos flavonóides por gavage------------------
43
Figura 10 Inoculação das células tumorais intraperitoneal-------------
44
Figura 11 Corte de tecido hepático de animal normal que recebeu
ração, onde são observados hepatócitos e espaço
sinusóide ----------------------------------------------------------
84
Figura 12 Corte de tecido hepático de animal com TAE que recebeu
ração, onde são observados hepatócitos, espaço sinusóide
e adesão de células tumorais -----------------------------------
84
Figura 13
Corte de tecido hepático de animal com TAE que recebeu
o flavonóide naringina, onde são observados, espaço
sinusóide e adesão de células tumorais------------------------
85
Figura 14 Corte de tecido hepático de animal com TAE que recebeu
a associação dos flavonóide rutina + naringina, onde são
observadas, hemácias e adesão de células tumorais---------
85
Figura 15 Corte de tecido hepático de animal com TAE que recebeu
o medicamento Neotaxel
®
, onde são observados
hepatócitos, espaço sinusóide e adesão de células
tumorais-----------------------------------------------------------
85
Figura 16 Corte de tecido hepático de animal com TAE que recebeu
o medicamento rutina, onde são observadas hemácias e
adesão de células tumorais--------------------------------------
85
LISTA DE TABELAS
Tabela 1
Estrutura química de certos flavonóides de ocorrência
natural em plantas -------------------------------------------
24
Tabela 2
Distribuição de animais por grupo------------------------
44
Tabela 3
Distribuição dos animais em cada grupo e seus
respectivos tratamentos ------------------------------------
45
Tabela 4
Valores médios de proteínas totais no soro sangüíneo
de camundongos tratados com flavonóides por 20 dias
com posterior indução do tumor ascítico de Ehrlich ---
49
Tabela 5
Valores médios de aspartato aminotransferase no soro
sangüíneo de camundongos tratados com flavonóides
por 20 dias com posterior indução do tumor ascítico
de Ehrlich-----------------------------------------------------
51
Tabela 6
Valores médios de alanina aminotransferase no soro
sangüíneo de camundongos tratados com flavonóides
por 20 dias com posterior indução do tumor ascítico
de Ehrlich-----------------------------------------------------
52
Tabela 7
Valores médios de albumina no soro sangüíneo de
camundongos tratados com flavonóides por 20 dias
com posterior indução do tumor ascítico de Ehrlich ---
53
Tabela 8
Efeito dos flavonóides na prevenção do TAE. Número
de células tumorais viáveis presentes no líquido
ascítico dos camundongos ---------------------------------
54
Tabela 9
Efeito dos flavonóides na prevenção do TAE. Número
de células tumorais mortas presentes no líquido
ascítico dos camundongos ---------------------------------
55
Tabela 10
Efeito dos flavonóides na prevenção do TAE. Número
de células tumorais totais presentes no líquido ascítico
dos camundongos -------------------------------------------
57
Tabela 11 Efeito dos flavonóides na prevenção do TAE.
Viabilidade celular presente no líquido ascítico dos
camundongos ------------------------------------------------
59
Tabela 12
Efeito dos flavonóides na prevenção do TAE. Volume
do líquido ascítico dos camundongos --------------------
60
Tabela 13
Atividade preventiva de flavonóides sobre o tempo de
vida de camundongos com TAE --------------------------
63
Tabela 14
Valores médios de proteínas totais (g/dL) no soro
sanguíneo de camundongos com tumor ascítico de
Ehrlich tratados com flavonóides por 18 dias -----------
64
Tabela 15
Valores médios de Aspartato aminotransferase – AST
- (U/mL) do soro sanguíneo de camundongos com
tumor ascítico de Ehrlich tratados com flavonóides
por 18 dias----------------------------------------------------
65
Tabela 16
Valores médios de Alanina aminotransferase – ALT -
(U/mL) do soro sanguíneo de camundongos com
tumor ascítico de Ehrlich tratados com flavonóides
por 18 dias ---------------------------------------------------
66
Tabela 17
Valores médios de albumina (g/dL) do soro sanguíneo
de camundongos com tumor ascítico de Ehrlich
tratados com diferentes flavonóides por 18 dias --------
68
Tabela 18
Valores médios de proteínas totais (g/dL) do líquido
ascítico de camundongos com tumor ascítico de
Ehrlich tratados com diferentes flavonóides por 18
dias ------------------------------------------------------------
69
Tabela 19
Valores médios de aspartato aminotransferase (AST)
do líquido ascítico de camundongos com tumor
ascítico de Ehrlich tratados com diferentes
flavonóides por 18 dias ------------------------------------
70
Tabela 20
Valores médios de Alanina aminotransferase – ALT
do líquido ascítico de camundongos com tumor
ascítico de Ehrlich tratados com diferentes
flavonóides por 18 dias ------------------------------------
70
Tabela 21
Valores médios de albumina no líquido ascítico de
camundongos com tumor ascítico de Ehrlich tratados
com diferentes flavonóides por 18 dias------------------
71
Tabela 22
Efeito dos flavonóides no tratamento do TAE.
Número de células tumorais viáveis presentes no
líquido ascítico dos camundongos-------------------------
72
Tabela 23
Efeito dos flavonóides no tratamento do TAE.
Número de células tumorais mortas presentes no
líquido ascítico dos camundongos-------------------------
73
Tabela 24
Efeito dos flavonóides no tratamento do TAE.
Número de células tumorais totais no líquido ascítico
dos camundongos-------------------------------------------
74
Tabela 25 Efeito dos flavonóides no tratamento do TAE.
Viabilidade celular no líquido ascítico dos
camundongos------------------------------------------------
76
Tabela 26 Efeito dos flavonóides no tratamento do TAE.
Volume do líquido ascítico dos camundongos ----------
77
Tabela 27 Atividade dos flavonóides e tempo de vida de
camundongos com TAE -----------------------------------
80
LISTA DE ABREVIATURAS
%ILS- Percentagem de aumento do tempo de sobrevida
AIDS – Síndrome da imunodeficiência adquirida
ALT- Alanina aminotransferase
ANG- Angioprotéinas
AST- Aspartato aminotransferase
ATP- Adenosina trifosfato
CDK 1- Quinase dependente de ciclina 1
CDK 2- Quinase dependente de ciclina 2
CDK 5- Quinase dependente de ciclina 5
CDKs- Quinases dependentes de ciclinas
cNOS- Óxido nítrico sintetase constitutiva
COX 2- Cicloxigenase 2
COX- Ciclogenase
CYPs- Enzimas do citocromo p450
DMBA- 9,10 dimetil -1,2-benzantraceno
DNA- Ácido desoxirribonucléico
ECM- Matriz extracelular
EGCG- Epigalocatequina galato
ERs- Receptores de estrógenos
FAP- Fator ativador plaquetário
FGF- Fator de crescimento de fibroblasto
GADD 45- Growth arrest DNA damage inducible
GST- Glutationa transferase
iNOS- Óxido nítrico sintetase induzida
LDLs- lipoproteínas de baixa densidade
MDM 2- Mouse double minute 2
MDV- Densidade de microvasos
MECB – Extrato metanólico de Cesalpinia bonducella.
MHC- Complexo maior de histocompatibilidade
MMPs- Metaloproteína de matriz
MST- Tempo médio de sobrevida dos animais
NADPH- Nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfato
NO- Óxido nítrico
NSAID- Antiinflamatório não esteroidal
PD-ECGF- Fator crescimento endotelial celular derivado de plaqueta
PDGF- Fator de crescimento derivado de plaquetas
PGE 2- Prostaglandina E2
PGs- Prostaglandinas
PI3 K- Fosfoinositol 3 quinase
PIGF- Fator de crescimento derivado da placenta
PKC- Proteína quinase C
RNS- Espécies reativas de nitrogênio
ROS- Espécies reativas de oxigênio
S1P- Esfingosina 1 fosfato
SGLT 1- Transportador de glicose sódio dependente
TAE- Tumor ascítico de Ehrlich
TGF β- Fator de transformação de crescimento beta
TNF α- Fator de necrose tumoral alfa
TXA 2- Tromboxano A2
TXs- Tromboxanos
UPF- Fator de permeabilidade vascular
VEGF- Fator de crescimento endotelial vascular
VEGFr- Receptor de fator de crescimento endotelial vascular
VEGFRs- - Receptores de fator de crescimento endotelial vascular
RESUMO
MACHADO, Hussen, M.S., Universidade Federal de Viçosa, maio de 2006. Atividade
dos flavonóides rutina e naringina sobre o tumor ascítico de Ehrlich “in vivo”.
Orientadora: Tânia Toledo de Oliveira. Co-Orientadores: Marcelo José Vilela e
Tanus Jorge Nagem.
O presente trabalho avaliou a atividade dos flavonóides rutina e naringina na
prevenção e tratamento do tumor ascítico de Ehrlich, com intuito de esclarecer alguns
aspectos relacionados à viabilidade celular tumoral, parâmetros sanguíneos e tempo de
vida dos animais. Para avaliar o efeito preventivo dos flavonóides sobre o tumor
ascítico de Ehrlich, os animais foram tratados, por via oral, com 10mg/kg dos
flavonóides por 20 dias. No 21
º-
dia os animais foram inoculados com 1,66 x 10
4
cel/100
µL em PBS pH 7,4 por via intraperitoneal. Neste mesmo dia foi suspenso o tratamento
com o flavonóide. Após 18 dias da inoculação das células tumorais, os animais sofreram
eutanásia e os devidos fluídos corporais foram coletados para análises. Para avaliar o
efeito de tratamento dos flavonóides sobre o tumor ascítico de Ehrlich, no 1
º-
dia do
experimento os animais foram inoculados com 1,66 x 10
4
cel/100 µL em PBS pH 7,4
por via intraperitoneal. Após 24 horas de inoculação, iniciou-se o tratamento com os
flavonóides na dosagem de 10mg/kg; Após 18 dias de tratamento com os flavonóides,
os animais sofreram eutanásia e os devidos fluídos foram coletados para análises.
Utilizou-se o medicamento Neotaxel
®
como controle positivo. O tempo médio de vida
dos animais (MST) e a porcentagem de aumento do tempo de vida (%ILS) foram
avaliados durante 40 dias.
ABSTRACT
MACHADO, Hussen, M.S., Universidade Federal de Viçosa, May, 2006. Effect the
flavonoids rutin and naringin on the Ehrlich ascitic tumor “in vivo”. Adviser:
Tânia Toledo de Oliveira. Co-advisers: Marcelo José Vilela and Tanus Jorge
Nagem.
The present research is evalvating the flavonóids rutin and naringin effect in the
prevention and treatment on the Ehrlich ascitic tumor; with the intention of having a
better understernding of the viability of tumor cells, sanguine parameters and animals
life. To evaluate the preventive effect of flavonoid on the the Ehrlich ascitic tumor, the
animals were medicated, through an oral way, with 10mg/kg of flavonoid for 20 days.
In the 21
st
day the animals were inoculated with 1,66 x 10
4
cel/100 µL in PBS pH 7,4 in
an intraperitoneal way. The treatment with flavonoids was interrupted in the same day.
After 18 days of the tumor cell inoculation, the animals were submitted to euthanasia
and respectives corporal fluid was collected for analyze. To evaluate the effect of
flavonoid treatment on the the Ehrlich ascitic tumor, in the 1
st
experimental day the
animals were inoculated with 1,66 x 10
4
cel/100 µL in PBS pH 7,4, in a intraperitoneal
way. Twenty-four hours after the inoculation the treatment started with the flavonoids in
a proportiur of 10mg/kg; Then, 18 days after the use of flavonóids, the animals were
submitted to euthanasia and respectives corporal fluid was collected for analyze. To
have a positive control, Neotaxel
®
was used as a medication. The median survival time
of the animals (MST) and the increased percentage of this survival (%ILS) was
evaluated a during 30 day period.
1. INTRODUÇÃO
Câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em
comum o crescimento desordenado (maligno) de células que invadem os tecidos e
órgãos, podendo espalhar-se (metástase) para outras regiões do corpo. Dividindo-se
rapidamente, estas células tendem a ser muito agressivas e incontroláveis, determinando
a formação de tumores (acúmulo de células cancerosas) ou neoplasias malignas. Por
outro lado, um tumor benigno significa simplesmente uma massa localizada de células
que se multiplicam vagarosamente e se assemelham ao seu tecido original, raramente
constituindo um risco de vida (INCA, 2004)
O câncer está entre as doenças que mais causam mortes no mundo. Segundo
dados do INCA (2004), as neoplasias constituem a segunda maior causa de morte no
Brasil, precedida somente por doenças cardiovasculares.
Os grandes avanços na área da oncologia experimental e o conhecimento do
comportamento da célula tumoral e seus mecanismos de disseminação foram em grande
parte resultado do uso de modelos tumorais em animais. Nos estudos da biologia do
câncer, questões específicas como viabilidade celular tumoral, volume de líquido
ascítico e tempo médio de vida dos animais, somente podem ser respondidas por um
modelo experimental adequado. Obviamente que os diversos modelos experimentais
não respondem todas as perguntas para os inúmeros sistemas animais e o extenso
número de enfermidades do homem. Mesmo assim, os modelos animais são
inestimáveis para a elucidação de possíveis respostas do hospedeiro frente ao tumor,
além de permitir o estudo das características referentes ao crescimento neoplásico e os
possíveis mecanismos de disseminação favorecendo, dessa forma nosso conhecimento a
respeito da biologia e terapia da enfermidade neoplásica (RIZZO, 2000).
O tumor de Ehrlich tem a capacidade de crescimento em suspensão no líquido
ascítico após sua inoculação na cavidade peritoneal em camundongos. Dos tumores
experimentais utilizados para estudos in vivo o tumor de Ehrlich na forma ascítica tem
sido um recurso útil principalmente por permitir uma padronização do número de
células a serem inoculadas, quantificação do crescimento e regressão da massa tumoral
(DAGLI, 1989).
A literatura indica que muitos produtos naturais são estudados como agentes
quimioprotetores contra cânceres de ocorrência mundial (REDDY, 2003). Estudos
epidemiológicos sugerem a relação inversa entre risco de câncer e consumo de vegetais,
frutas, cereais e grãos de uma maneira geral, fibras dietética, certos micronutrientes,
certos tipos de gordura (ácidos graxos ϕ-3) e também hábitos de vida, como prática de
atividade física (GREENWALD, 2001).
Um grande número de flavonóides e isoflavonóides (BIRT, 2001) têm sido
pesquisados por suprimir a carcinogênese em vários modelos animais (RASHMI, 2003).
Existe um considerável interesse nesses compostos que exercem efeitos benéficos em
mecanismos que envolvem a patogênese do câncer. Em recentes anos, uma considerável
atenção tem sido dada a habilidade desses compostos em inibir o ciclo celular, a
proliferação celular, o estresse oxidativo e na indução da detoxificação de enzimas,
apoptose e no sistema imune (BIRT, 2001).
No presente trabalho avaliou-se o efeito dos flavonóides rutina, naringina e do
quimioterápico Neotaxel® na prevenção e no tratamento do tumor ascítico de Ehrlich in
vivo.
2. OBJETIVOS
2.1. OBJETIVOS GERAIS
Avaliar o efeito dos flavonóides rutina, naringina na prevenção e no tratamento
de camundongos inoculados com tumor ascítico de Ehrlich.
2.2.OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Avaliar a atividade preventiva dos flavonóides rutina e naringina no
desenvolvimento do tumor ascítico de Ehrlich em camundongos.
Avaliar a atividade dos flavonóides rutina e naringina no desenvolvimento
do tumor ascítico de Ehrlich em camundongos.
Verificar alterações histológicas no fígado dos camundongos com TAE
tratados com os flavonóides rutina e naringina.
Comparar o efeito do quimioterápico Neotaxel
®
com os flavonóides rutina e
naringina no tratamento de camundongos com TAE.
3. REVISÃO DE LITERATURA
3.1. CÂNCER
A palavra câncer é derivada do latim e significa caranguejo. Este nome foi dado
a essa doença devido à semelhança com que este crustáceo se adere firmemente a sua
presa, assim como o tumor se adere ao local do corpo onde se desenvolve (BOLD et al.,
1997).
Provavelmente, o mais antigo reconhecimento da ocorrência de câncer em seres
humanos refere-se à descrição encontrada em papiros do antigo Egito, datados de 1500
a.C, referentes a úlceras cutâneas resistentes a tratamentos. Ao longo dos anos, marcos
importantes no estudo do câncer puderam ser registrados, como a classificação de
Galeno, no ano de 150 de nossa era, que incluía os hoje conhecidos tumores benignos e
malignos como fenômenos “contrários à natureza” (DAGLI, 1989).
O câncer pode ser genericamente definido como tumor ou neoplasma.
Neoplasma (do grego neos: novo, e plasma: algo formado) significa "novo
crescimento" (HARNDEN & MCGEE, 1992). Segundo Ruppert Wíllis, citado por
(BAAK, 2003), neoplasia é “uma massa anormal de tecido cujo crescimento excede e
não está coordenada ao crescimento dos tecidos normais e que persiste mesmo cessada a
causa que a provocou”.
As neoplasias são classificadas de acordo com a origem embrionária dos tecidos
dos quais são derivados: os carcinomas são originários de células epiteliais, derivadas
de qualquer uma das três camadas germinativas (ectodérmica, mesodérmica e
endodérmica). Logo, os carcinomas com padrão microscópio de crescimento glandular
são definidos como adenocarcinomas. Os sarcomas são derivados de tecido
mesenquimatoso como osso, cartilagem e gordura. Os linfomas são neoplasias
originárias de tecido linfóide, enquanto que as leucemias são de células hematopoéticas
de origem medular (COTRAN et al., 2000).
A carcinogênese pode ser compreendida como um processo complexo no qual se
encontram envolvidos muitos genes, particularmente os que regulam a estabilidade e o
reparo do DNA, crescimento celular, imunidade e quimio-resistência às drogas
(JÚNIOR, 2002). A vida da célula normalmente necessita da expressão equilibrada dos
genes proliferativos que favorecem o desencadeamento da divisão celular e da
diferenciação celular; e dos genes antiproliferativos (supressores de tumores) os quais,
inibem o ciclo celular ou induzem a morte celular programada (apoptose). Sendo assim,
o câncer é decorrente das transformações celulares que promovem a ruptura do
equilíbrio fisiológico (MADELAINE, 2005). A figura 1 demonstra alguns dos passos da
indução carcinogênica:
Figura 1 – Os múltiplos passos da carcinogênese.
Célula normal
Dano ao DNA
Mutação no genoma
das células somáticas
Alteração de genes
que regulam a
apoptose
Inativação de
genes
supressores do
tumor
Agentes
ambientais
Ativação de
promotores
de crescimento de
oncogêneses
reparo do DNA
Mutações em genes que
afetam o reparo do DNA
falencia no
reparo do DNA
Fonte: Robbins, 2005.
Uma das causas relacionadas ao desenvolvimento neoplásico é o funcionamento
inadequado de genes reguladores da proliferação celular. Em condições normais, o
crescimento celular é controlado por duas classes de genes os proto-oncogenes e os
Expressão de produtos de genes
alterados e perda dos produtos de
genes regulatórios
Expansão clonal, Mutações adicionais
(progressão).
Câncer
genes supressores que codificam proteínas capazes de regular o crescimento celular,
evitando o comportamento maligno das células (ALBERTS et al., 1997).
Os proto-oncogenes são genes celulares que promovem o crescimento e
diferenciação normal da célula. Estes genes quando mutados tomam-se amplificados no
número de cópias e funcionam como promotores da expansão clonal da célula tumoral,
passando a ser denominados de oncogenes. Nestas condições, as onco-proteínas
codificadas por estes genes são responsáveis pela proliferação anormal das células que
uma vez desreguladas, superam a parada do ciclo celular no ponto R, onde seria feita a
checagem do DNA. Assim, se houver dano ao genoma, não haverá tempo suficiente
para sua reparação, tampouco haverá tempo para a célula danificada entrar no processo
de apoptose. Deste modo, as alterações do genoma serão herdadas pelo clone celular
após a divisão, perpetuando os danos no DNA (NERY, 2004). A figura 2 representa
alguns dos mecanismos utilizados pelos oncogenes para promover o crescimento
celular.
Figura 2 - Mecanismos pelo qual um oncogene pode promover o crescimento celular
Maior produção de fator de
crescimento
Gene ativado
do fator de
crescimento
Gene do
receptor do
fator de
crescimento
Maior número de receptores para
fatores de crescimento
Fonte: Robbins,2005
A mais importante contribuição para o aparecimento do câncer é o dano ao
DNA. As mutações ocorrem em proto-oncogênes, que são normalmente expressos
durante o desenvolvimento embrionário e também em células maduras, e em genes
supressores tumorais, geralmente por perda de função e inativação de alelos (ALBERTS
et al., 1997; BROOKS et al, 2000; JORD et al, 2000). Sabe-se que para ocorrer a
transformação maligna de células em cultura requerem-se duas ou mais alterações de
oncogenes e freqüentemente são necessárias quatro a seis diferentes genes alterados
para o crescimento tumoral (ZORNIG et al., 2001).
Células do corpo que se dividem rapidamente são mais susceptíveis a
carcinogênese devido a menor oportunidade do DNA ser reparado antes da
divisão celular (REDDY, 2003). Uma célula anormal que não prolifere mais do
que suas vizinhas normais não provoca danos significativos, mas se sua
proliferação está fora de controle irá originar um tumor ou neoplasma, ou seja,
um crescimento incansável de uma massa de células anormais (ALBERTS,
1997). A resistência à apoptose fisiológica é uma das características
fundamentais da célula cancerosa (MEDELAINE, 2005).
Vários outros fatores favorecem o aparecimento do câncer: influências
ambientais, como agentes físicos (raio ultravioleta, radiação ionizante), químicos
(aflatoxinas) e biológicos (vírus); e também as influências culturais (alimentação,
estresse, tabagismo), raciais (possivelmente genéticos), e principalmente fatores como a
idade e a hereditariedade que podem culminar em sucessivas mutações contribuindo
para o aparecimento de diversas neoplasias (COTRAN et al., 2000; MADELAINE,
2005).
Gene do
receptor
mutante do
fator de
crescimento
Receptor defeituoso do fator
de crescimento é ativado
continuamente
Mutações nos
trantransdutores
Proteína mutante
transdutora de sinal
A dieta possui uma grande contribuição na etiologia e prevenção do câncer
(GREENWALD, 2001). A literatura reconhece que os fatores dietéticos representam
cerca de 30% das causas de câncer (PADILHA, 2004) e no caso de câncer de cólon,
essa porcentagem sobe para 80%. Quando se adiciona consumo de álcool e cigarro à
dieta, ocorre um aumento para 60%. Predisposição genética ao câncer está associada a
20% dos casos. Os carcinógenos ambientais incluem poluição do ar e água, radiação e
medicamentos (REDDY, 2003).
Segundo Kroeff (2004) em 35 anos de trabalho experimental sobre câncer em
animais de laboratório, a humanidade aprendeu muito mais do que em todos os séculos
de empirismo, transcorridos.
3.1.1. INVASÃO E METÁSTASE
Segundo Alberts (1997) a capacidade de invasão geralmente implica na habilidade
das células tumorais em escapar, entrar na corrente sanguínea e/ou vasos linfáticos e
formar tumores secundários ou metástases em outros locais do corpo. Quanto mais
metástases um câncer for capaz de produzir, mais difícil a sua erradicação.
A medida que células neoplásicas permanecem agrupadas numa massa única, o
tumor é dito benigno e a cura completa pode ser obtida pela remoção da massa
cirurgicamente. Um tumor é considerado como câncer somente se for maligno, se as
células tiverem o poder de invadir tecidos vizinhos. Geralmente, o sufixo –oma é
empregado para designar os tumores benignos, assim fibroma é um tumor benigno que
surge de células fibroblásticas, condroma um tumor cartilaginoso e osteoma, um tumor
de osteoblastos (ALBERTS, 1997).
As características que diferenciam neoplasias benignas e malignas podem
convenientemente ser discutidas sob quatro aspectos: (a) diferenciação e anaplasia; (b)
taxa de crescimento; (c) invasão local; (d) metástase.
Diferenciação e anaplasia: Diferenciação refere-se ao grau de
semelhança entre as células neoplásicas e as células normais comparáveis
tanto morfológica quanto funcionalmente. Em geral, os tumores benignos são
bem diferenciados. Os neoplasmas malignos compostos de células
indiferenciadas são ditos anaplásicos, pois, literalmente no sentido da palavra,
“regridem”, indicando uma reversão de um alto nível de diferenciação para um
nível inferior. A falta de diferenciação ou anaplasia é marcada por várias
alterações morfológicas e funcionais como pleomorfismo (variação de tamanho
e forma tanto das células como dos núcleos), os núcleos apresentam uma
abundância de DNA e são normalmente escuros (hipercromáticos). A forma
nuclear é geralmente muito variável, e a cromatina freqüentemente está
aglomerada e distribuída ao longo da membrana nuclear. Grandes nucléolos
geralmente estão presentes nestes núcleos. Os tumores indiferenciados em
geral possuem um grande número de mitoses, refletindo a maior atividade
proliferativa das células parenquimatosas.
Taxa de crescimento: Em geral a maioria dos tumores benignos cresce
lentamente durante um período de anos, enquanto a maioria dos cânceres
cresce rapidamente, às vezes a uma velocidade errática, eventualmente se
espalhando e matando seus hospedeiros.
Invasão local: A maioria dos tumores benignos cresce como massas
coesivas em expansão, permanecendo situadas em seu local de origem, sem a
capacidade de se infiltrarem, invadirem ou metastatizarem para locais
distantes, como ocorre nos tumores malignos, nos quais o crescimento é
acompanhado de infiltração progressiva, invasão e destruição do tecido vizinho
(Figura 3).
Figura 3 – Comparação entre tumor benigno do miotério (leiomioma) e
tumor maligno de origem semelhante (leiomiossarcoma).
Fonte: COTRAN, 2000.
Metástase: O termo "metástase" vem do Grego (meta = além; stasis = parar)
sendo originalmente empregado no contexto da Teoria Fisiológica Humoral vigente
400-500 anos a.C., segundo a qual, o equilíbrio da homeostase corporal era dado pelo
perfeito balanceamento entre os quatro humores orgânicos: sangue, bile amarela, bile
negra e fleuma. Esta teoria fisiopatológica foi criada em analogia à Teoria dos "Quatro
Elementos", sendo documentada por Hipócrates e posteriormente traduzida por Galeno
no século II d.C., passando então à Escola Escolástica de Medicina da Idade Média
(MEOHAS, 2005)
Segundo a “Teoria Fisiológica Humoral”, o organismo cozinhava o excesso ou o
eliminava através dos dejetos orgânicos. Caso o material não fosse completamente
cozido ou eliminado, era depositado ("apostasis") ou mandado para outra parte do corpo
("metástases"). Acreditava-se que o acúmulo de bile negra era responsável pelo
surgimento dos tumores e que as metástases eram depósitos desta bile transportados
para outra parte do organismo. Estes conceitos influenciaram o meio científico até o
século XIX, quando importantes descobertas delinearam um novo panorama no campo
da oncologia (MEOHAS, 2005)
O termo "metástase" foi introduzido por Récamier. Entretanto, coube a Thiersch
(1822-1895) e Waldeyer (1865-1921) a estrutura das bases da Teoria Mecanicista que
ganhou espaço a partir do século XIX através da comprovação morfológica de êmbolos
metastáticos de células epiteliais em vasos linfáticos e linfonodos. De acordo com esta
teoria, plenamente aceita no final do século XIX, as células tumorais seriam distribuídas
via vasos sangüíneos e linfáticos, formando colônias tumorais no local onde fossem
depositadas (BROWN, 2001).
Dentre um dos primeiros estudos experimentais sobre metástases Takahashi
(1915), citado por Dagli (1989), descreveu a existência das vias linfática e hematógena
de disseminação das neoplasias, aceitando a hipótese do transporte de êmbolos
tumorais. O mesmo autor afirmou constituir-se de duas fases o processo metastático,
seja de tumor espontâneo ou transplantável: uma fase inicial, na qual as células tumorais
penetram pelo endotélio vascular, e uma segunda fase, na qual os êmbolos, após
transporte vascular mecânico, estabelecem união com a parede vascular dos órgãos-alvo
e penetram pelo endotélio. E importante ressaltar, que o processo de entrada da célula
tumoral no componente vascular pode ocorrer de forma passiva, pelos vasos
neoformados que irrigam a massa tumoral, ou de forma ativa, atravessando o endotélio
e a membrana basal (BRENTANI et al, 1988).
Sabe-se, atualmente, que as células tumorais passam por várias fases antes de
estabelecerem focos metastáticos. Após o crescimento e a vascularização do tumor
original elas devem, inicialmente, separar-se da massa tumoral, invadirer localmente a
matriz tecidual adjacente, adentrar a parede de vasos sanguíneos ou linfáticos,
sobreviver na circulação sanguínea ou linfática, ligar-se ao endotélio capilar do tecido
em que se estabelecerão, iniciar agregação plaquetária, atravessar a parede capilar,
invadir o tecido local, e então proliferar. A metástase é, portanto, o resultado final de
várias etapas interdependentes, um processo multifacetado que inclui uma complexa
interação entre o tumor e organismo hospedeiro, uma seqüência de eventos que ainda
hoje não está completamente esclarecida (BROWN, 2001).
Em geral, as localizações anatômicas de tumores primários diferem do sitio
inicial de metástase. As células neoplásicas que sobrevivem, multiplicam-se e
extravasam para o parênquima dos órgãos formando novos focos tumorais (RIZZO,
2000). Alterações genéticas influenciam a adesividade celular, favorecendo o
desprendimento das células do tumor primário, além da neovascularização, que não só
serve para manter as necessidades metabólicas inerentes ao desenvolvimento do tumor,
como também para prover uma rota de "fuga" pela qual as células neoplásicas podem
deixar o tumor primário (TANAKA et al., 2002) e adentrar o sistema linfático ou
circulatório, caracterizando a disseminação linfática e hematogênica, respectivamente
(CNAMBERS et aI., 2002).
Aventa-se a possibilidade de que a pressão exercida pelo tumor seja um
mecanismo passivo de que se valem as células tumorais para invadirem tecidos
adjacentes. Isso pode ocorrer devido a mecanismos enzimáticos, alterações no
citoesqueleto celular, diminuição do número de junções intercelulares ou a um
decréscimo na biossíntese de componentes da matriz extra-celular (DAGLI, 1989).
Outro fator importante para a circulação de células neoplásicas dentro do organismo é a
atividade do citoesqueleto, particularmente a formação, desintegração, contração e
relaxamento de feixes de filamentos de actina; associados a eles, existem diferentes
proteínas que na maioria das vezes são reguladas diretamente por concentrações de Ca
+2
ou indiretamente via calmodulina (ROOS, 1984).
Iwasaki (1915) citado por Dagli (1989), considerou que as células tumorais,
apesar de serem originárias do próprio organismo, são tratadas como corpos estranhos
na corrente sanguínea. Este autor realizou estudo histológico de neoplasias em seres
humanos e, experimentalmente, inoculou células tumorais em ratos e camundongos pela
veia femural. Observando histologicamente a presença de êmbolos tumorais em vasos, e
em muitos casos a ausência de formações metastáticas, Iwasaki concluiu haver
destruição de células tumorais na corrente sanguínea.
Sabe-se, por exemplo, que após injeção intravenosa experimental de células
tumorais, apenas 0,01% destas irão conseguir formar um foco tumoral. Essa baixa
percentagem deve-se às várias etapas interdependentes que compõem a complexa
cascata de eventos necessários ao estabelecimento do implante secundário (BROWN,
2001). Tumores histologicamente comparáveis podem ter potencial metastático
extremamente divergente, dependendo do genótipo e influências ambientais locais. O
potencial metastático é influenciado pelo micro-ambiente local, angiogênese, interações
tumor-estroma, elaboração de citocinas pelo tecido local, e mais significativamente por
seu genótipo molecular (LIOTTA & KOHW, 2000).
As metástases são os aspectos mais insidiosos e ameaçadores do câncer, sendo a
principal causa de morbidade, mortalidade e de falhas em tratamento de pacientes com
neoplasias, uma vez que a cada dez mortes pela doença nove são resultados de
metástases (GIBBS, 2003). Cerca de 30% dos pacientes com diagnóstico de tumores
malignos sólidos (com exceção do câncer de pele não-melanoma) desenvolve
metástases, fato que reduz acentuadamente a possibilidade de cura (COTRAN et al.,
2000).
3.2. TUMOR DE EHRLICH
Dos inúmeros tumores experimentais utilizados para estudo in vivo em animais,
o uso de tumores transplantáveis na forma ascítica tem sido um recurso útil pelas
seguintes razões: facilidade na padronização do número de células a serem inoculadas;
quantificação do crescimento e regressão da massa tumoral e também porque permitem
o estudo comparativo com os mesmos métodos desenvolvidos para a pesquisa de
células na corrente sanguínea e demais fluidos corporais (DAGLI et al., 1989; SAAD-
HOSSNE et al., 2004).
Historicamente, os primeiros relatos de transplante de neoplasias datam de 1773
quando PEYRILHE inoculou material extraído de neoplasias mamárias humanas sob a
pele de cães. De modo geral, quer para os estudos básicos de biologia tumoral, quer para
a investigação de novas modalidades terapêuticas (cirúrgica, medicamentosa,
radioterápica) dispõem-se hoje de uma variedade de tumores experimentais, já
catalogados (SAAD-HOSSNE, 2002).
O tumor de Ehrlich foi introduzido por Paul Ehrlich em 1886 e descrito em 1906
como um carcinoma mamário de camundongos fêmeas (DAGLI, 1989; RIZZO, 2000).
Devido a suas características e facilidade de manuseio experimental, o tumor de Ehrlich
tem sido extensamente aplicado para a chamada Oncologia Experimental (DAWE,
1982).
Inicialmente, o tumor de Ehrlich foi desenvolvido experimentalmente sob a
forma sólida, sendo transplantado em animais da mesma espécie. Somente em 1932,
com Loewenthal & Jahn, é que surgiu a forma ascítica, ou seja, aquela desenvolvida no
peritônio de animais inoculados com células tumorais (DAGLI, 1989).
O termo ascite (do grego askites, que significa bexiga, barriga ou bolsa) é
definido como sendo o acúmulo de líquido na cavidade peritoneal. Esta patologia ocorre
devido a um aumento da pressão venosa, a qual se estende aos capilares do peritônio
causando a transudação de líquido para o abdômen ou quando aumenta a pressão nos
sinusóides hepáticos (de 5 a 10 mm de Hg) podendo haver a transudação pela própria
superfície do fígado. Uma terceira causa de ascite pode ser a diminuição da pressão
coloidosmótica do plasma. Muitas vezes as três causas podem estar envolvidas
(HAUSBERGER et al., 2001).
O tumor de Ehrlich tem a capacidade de crescimento em suspensão no líquido
ascítico e em tecido celular subcutâneo e após a sua implantação na cavidade peritoneal
em camundongos sadios tem como resultado a formação de líquido ascítico tumoral
(DAGLI, 1989; SAAD-HOSSNE, 2004). Estima-se que 10% de todos os casos de ascite
em humanos, são de origem neoplásica, sendo a maioria destas provenientes de tumores
gastrointestinais e ovarianos (SAAD-HOSSNE et al., 2004). Várias doenças estão
associadas à ascite, dentre elas a carcinomatose peritoneal que é responsável por causar
uma exsudação de fluído proteináceo das células tumorais, fazendo com que o líquido
extracelular entre na cavidade peritoneal para restabelecer o balanço osmótico. Em
metástases maciças no fígado e no carcinoma hepatocelular, ocorre hipertensão portal
secundária, desencadeando um mecanismo semelhante ao da cirrose, que ocasiona
aumento dos níveis de oxido nítrico, causando uma vasodilatação que simula um
decréscimo no volume arterial efetivo e possivelmente, leva ao aumento do hormônio
retentor de sódio, diminuindo a filtração renal. A ascite quilosa, secundária ao linfoma
maligno, aparece como conseqüência da obstrução dos linfonodos pelo tumor e pela
ruptura dos vasos linfáticos (HAUSBERGER et al., 2001).
Histologicamente, o tumor sólido de Ehrlich apresenta extensas áreas de
necrose, oriundas da morte das células neoplásicas, a qual é bastante intensa já na
primeira semana pós-inoculação. Intensa atipia e células extremamente anaplásicas são
também comumente vistas no tumor. O tumor possui poucas células inflamatórias e
estroma escasso. Alto índice mitótico e de invasividade caracterizam essa neoplasia
(GABAI et al., 1995; DAGLI, 1989). Quando observado em maior aumento ao
microscópio de luz, é evidente a presença de células epiteliais neoplásicas arranjadas
concentricamente a um foco de necrose do tipo coagulativa. Essas células exibem
intenso pleomorfismo, hipercromatismo nuclear e alteração da relação núcleo
citoplasma. Observaram-se também células multinucleadas com núcleos, muitas vezes,
gigantes, evidenciando ainda mais intensa atipia nuclear, com citoplasma bastante
amplo. O estroma é bastante escasso, com pouca vascularização (OLIVEIRA et al.,
2003).
Segundo Dagli (2002), o exame histoquímico de uma gota de líquido ascítico do
tumor de Ehrlich revela células pleomórficas, com diâmetros 2 a 3 vezes superiores as
das hemácias do camundongo, que contêm numerosas gotículas de tamanho variável
com material birrefringente em seu interior. Essas gotículas são lipídeos, os quais estão
presentes devido a um processo degenerativo que leva ao acúmulo lipídico no interior
da célula ou a uma desregulação genômica que provoca a intensificação da produção de
lipídios pelas células.
O tumor ascítico de Ehrlich pode ser transplantado para qualquer linhagem de
camundongo, provavelmente devido à perda da expressão do MHC. Esta característica
exclui o principal papel do linfócito T citotóxico durante o desenvolvimento do tumor,
indicando que talvez a imunidade celular não seja o principal mecanismo de defesa do
hospedeiro contra o tumor ascítico de Ehrlich (BERGAMI-SANTOS et al., 2004).
Segundo Sugiura (1965), citado por Gentile (2001), não há ocorrência de metástases no
coração, rins, adrenais, fígado ou baço. Além disso, é sabido que as células do tumor de
Ehrlich podem ser inoculadas por via intravenosa sendo de grande utilidade nos estudos
sobre migração de células e desenvolvimento de metástases, visto que, na forma sólida,
não há ocorrência de crescimento secundário (RIZZO, 2000). Dentre outros modelos, o
tumor ascítico de Ehrlich é utilizado para auxiliar na investigação de novas modalidades
terapêuticas em biologia tumoral (SAAD-HOSSNE, 2002), e principalmente na
fisiopatologia do câncer e das metástases.
3.3. FLAVONÓIDES E CÂNCER
O câncer é um dos mais antigos males da humanidade Djuric e colaboradores
(2001) estimaram, para o ano de 2000, que o número de novos casos de câncer no
mundo seria mais de 10 milhões, dentre os quais, 53% dos casos ocorreriam nos países
em desenvolvimento. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (2004), no Brasil,
as estimativas para o ano de 2005 apontavam para a ocorrência de mais de 467.440
novos casos de câncer. Os tipos mais incidentes, à exceção de pele não melanoma, serão
os de próstata e pulmão no sexo masculino e mama e colo do útero para o sexo
feminino, acompanhando a mesma magnitude observada no mundo.
Das 520 drogas aprovadas entre 1983 e 1994, 39% eram derivadas de produtos
naturais das quais, 60% eram antibióticos e anticarcinogênicos (CRAGG, 1997). Entre
esses produtos naturais encontram-se os “alimentos funcionais”, que nas últimas
décadas tornaram-se apreciados por profissionais da área de saúde e pelo público em
geral devido a seus benefícios à saúde. Segundo Lander (2001) a sociedade não deveria
negligenciar o poder dos compostos naturais no tratamento das doenças humanas.
Segundo Yang et al., (2001) vários flavonóides têm demonstrado suprimir a
carcinogênese em modelos animais. Há relatos interessantes considerando que os
flavonóides exercem um efeito benéfico em vários mecanismos que envolvem a
patogenia do câncer.
Os flavonóides representam um grande grupo de fitoquímicos que são
conhecidos por exercerem uma atividade anti-tumoral. Assim, estudos investigativos
têm demonstrado que os possíveis mecanismos de inibição da carcinogênese por
polifenóis estejam relacionados com o aumento da expressão de superóxido dismutase
(MANSON, 2003), inibição da cicloxigenase e lipoxigenase (HONG, 2001; SAKATA,
2003), indução de apoptose e repressão do ciclo celular, como demonstrado em células
carcinogênicas humanas in vitro (MANSON, 2003).
Os flavonóides vêm sendo extensivamente pesquisados como protetores das
células contra danos de raios-X, bloqueando a progressão do ciclo celular e a síntese de
prostaglandinas e inibindo mutações em experimentos animais (REDDY, 2003).
Quercetina, luteolina e genisteína têm mostrado capacidade de inibir o dano oxidativo
do DNA induzido por irradiação ultravioleta (WEISS, 2003). Reddy (2003) relata que a
propriedade antioxidante dos flavonóides faz com que eles tenham a propriedade de
inibir vários tipos de câncer.
Existem diferentes “mecanismos de ação” desempenhados pelos flavonóides
como agentes anti-mutagênicos. Certos flavonóides podem influenciar diretamente a
atividade enzimática envolvida no reparo do DNA e/ou modular expressão de genes
(FERGUSON, 2001). De acordo com Marchand (2002), os flavonóides afetam a
progressão do ciclo celular. O flavonóide quercetina bloqueou o ciclo celular na fase
G1/S de células cancerosas de cólon e gástrica. Já em linhagens de células de mama e
laringe esse flavonóide mostrou bloquear a fase G2/M do ciclo celular (FORMICA,
1995). O metabolismo rápido da quercetina forma o metabólito metilado isorhamnetina,
que possui efeito no retardamento das fases G0-G1 do ciclo celular em baixas
concentrações em linhagens de células HepG2 (hepatocarcinoma).
A isorhamnetina e o flavonóide miricetina, em diferentes concentrações,
afetaram diferentes enzimas envolvidas na transdução de sinais, dessa forma
interromperam o ciclo celular em estágios específicos (RUSAK, 2005). Alguns
flavonóides como apigenina, luteolina e quercetina induzem a apoptose por mecanismos
dependentes do gene p-53. A proteína p-53 funcional apresenta meia vida curta (10 a 20
minutos) e atua na regulação do ciclo celular, reparo de DNA e, dependendo da
extensão da lesão, indução da apoptose das células geneticamente instáveis, mantendo
desta forma a integridade do genoma (JUNIOR, 2002; SCHUTZ, 2003).
Evidências in vitro mostraram que a quercetina pode inibir a proliferação celular
através do bloqueio da atividade da ornitina carboxilase e da incorporação da timidina
ao DNA além de, modular a apoptose em cultura de células. Resultados mostraram
ainda que a quercetina inibiu tanto a mitose quanto a apoptose em cultura de células
glomerulares. O mecanismo molecular envolvido no efeito anti-mitótico e anti-
apoptótico da quercetina são largamente obscuros, mas investigações sugerem que os
flavonóides inibem a tirosina quinase e MAP quinase podendo ser estes os possíveis
alvos farmacológicos (MARCHAND, 2002).
As proteínas quinases regulam e controlam muitas atividades fisiológicas,
consequentemente interferem nas enzimas que estão associadas ao crescimento tumoral.
Flavonóides podem inibir a promoção do tumor através de efeitos inibitórios na
fosforilase C e proteína quinase. A atividade da proteína tirosina quinase foi inibida
pelo flavonóide quercetina em tumores mamários de ratos induzidos pelo (DMBA) 9,10
dimetil -1,2-benzantraceno (FORMICA, 1995). Segundo Williams (2004), diversos
flavonóides como epicatequina, epicatequina galato, epigalocatequina galato (EGCG) e
quercetina vêm sendo pesquisados como citoprotetores nas rotas de sinalização do ciclo
celular. Uma ação citoprotetora importante desses compostos está envolvida na inibição
da caspase-3 e ativação de proteínas MAP quinases que são pró-apoptóticas.
Os efeitos celulares dos flavonóides são dependentes da associação deles com as
células, pela interação com a membrana ou pela entrada deles no citosol. Flavonóides
possuem a capacidade de se ligar aos sítios de ligação do ATP de um grande número
de proteínas, incluindo ATPase mitocondrial, cálcio plasma membrana ATPase,
proteína quinase A, proteína quinase C e topoisomerase. Os flavonóides hesperidina
e naringenina têm sido pesquisados por possuírem a atividade inibitória de
numerosas proteínas quinases. Essa inibição é mediada via ligação dos flavonóides
ao sítio de ligação do ATP, presumivelmente por causar trocas na estrutura
tridimensional das quinases levando à sua inatividade. Flavonóides também podem
interagir com a mitocôndria, interferindo em passos do metabolismo intermediário
e/ou baixa regulação da expressão de adesão de moléculas. Quercetina, um flavonol,
expressa efeitos antiproliferativos e induz a morte celular de células tumorais
predominantemente por mecanismos apoptóticos em diversas linhagens de células
cancerosas. Os flavonóides induzem a ativação da caspase-3, caspase-9 em linhagens
de células malignas (WILLIAMS, 2004).
Flavonóides possuem atividade anti-tumoral, causando inativação do
carcinógeno, paralisação do ciclo celular, indução da apoptose e inibição da
angiogênese. A figura 4 representa esquematicamente os eventos apoptóticos, onde 1
assinala os múltiplos estímulos da apoptose. Estes incluem ligantes de morte
específicos (fator de necrose tumoral – FNT), subtração de fatores de crescimento ou
hormônios e agentes nocivos (radiação). Alguns estímulos (como células citotóxicas)
ativam diretamente as caspases executoras. O controle e regulação são influenciados
por membros da família Bcl-2 de proteínas, que podem inibir ou promover a morte
celular. As caspases executoras ativam endonucleases citoplasmáticas latentes e
proteases que degradam proteínas do citoesqueleto e núcleo. Isso resulta em uma
cascata de degradação intracelular, incluindo fragmentação da cromatina nuclear e
ruptura do citoesqueleto. Resultado final é a formação de corpúsculos apoptóticos
que contêm várias organelas intracelulares e outros componentes do citosol; esses
corpúsculos também expressam novos ligantes para ligação e captação por células
fagocíticas (CHEVET, 2001).
A naringenina (flavonóide) causa citotoxicidade e apoptose via indução da
atividade de caspase-3/CPP32, mas não da atividade da caspase-1, em linhagens de
células humanas promielo leucêmicas (HL-60). Esses achados sugerem que a
naringenina pode inibir o crescimento tumoral. Agentes com habilidade de induzir
apoptose em tumores têm sido usados na terapia anti-tumoral. Flavonóides produzem
diferentes efeitos biológicos e a atividade deles em induzir apoptose tem sido
identificada em muitos estudos. Estudos in vivo, mostram o efeito da naringenina em
inibir o crescimento do tumor em camundongos induzidos com sarcoma S-180. A
ação sobre as caspases é importante porque a morte celular por apoptose é seguida
pela ativação de proteínas efetivas chamadas caspases, que participam de cascatas
enzimáticas que terminarão na desmontagem celular (SCHULTZ, 2003).
Figura 4 – Representação esquemática dos múltiplos eventos apoptóticos.
Fonte: COTRAN, 2000
Porém, ainda, muitas questões precisam ser esclarecidas, incluindo exatamente
como específicos fatores dietéticos estão relacionados na prevenção do câncer.
Estudos epidemiológicos, embasados em dados in vivo e in vitro têm contribuído
imensamente para ajudar elucidar a ligação existente entre dieta e prevenção de
câncer (GREENWALD, 2001). Razões tiveram Ewing e Greenough em dizer: "O
diagnóstico e o tratamento do câncer já deixou de ser trabalho de um só homemno
longer one man job". Enunciaram uma verdade (KROEFF, 2004).
3.3.1. FLAVONÓIDES
Em 1930 uma nova substância química foi isolada de laranjas e acreditava-se
tratar de mais um novo membro da família das vitaminas e essa substância foi
designada como vitamina P. Quando estudos demonstraram tratar-se de um flavonóide,
a Rutina, uma agitação na pesquisa formou-se na tentativa do isolamento deste e de
vários outros flavonóides (NIJVELDT et al., 2001). Sendo assim, desde que foi
identificada, a natureza química dos flavonóides vem sendo estudada extensivamente
(WOO, 2005).
Polifenóis, especialmente os flavonóides, são metabólitos secundários de plantas
biossintetizados a partir da via dos fenilpropanóides (SIMÕES et al., 2000) e definidos
quimicamente como substâncias compostas por um núcleo comum de fenilcromanona
(C
6
-C
3
-C
6
) com substituição em uma ou mais hidroxilas, incluindo derivados ligados a
açucares (BIRT, 2001).
A estrutura dos flavonóides está baseada no núcleo flavilium, o qual consiste de
três anéis fenólicos. O benzeno do primeiro anel é condensado com o sexto carbono do
terceiro anel, que na posição 2 carrega um grupo fenila como substituinte. O terceiro
anel pode ser um pirano heterocíclico, gerando as estruturas básicas das
leucoantocianinas (ou pró-antocianinas ou catequinas) e as antocianidinas, denominado
de núcleo flavana. Devido ao fato do terceiro anel apresentar-se como uma pirona,
ocorre a formação das flavonas, flavonóis, flavanonas, isoflavonas, chalconas e auronas,
recebendo a denominação de núcleo 4-oxo-flavonóide (AHERNE & O’BRIEN, 2002).
As atividades bioquímicas dos flavonóides e de seus metabólitos dependem de
sua estrutura química, que podem variar com substituições incluindo hidrogenação,
hidroxilações, metilações, malonilações, sulfatações e glicosilações. Flavonóides e
Isoflavonóides ocorrem comumente como ésteres, éteres ou derivados glicosídicos ou
ainda uma mistura deles (BIRT, 2001). Exceto o grupo das leucoantocianinas, os
demais flavonóides ocorrem em plantas sempre acompanhados por glicídios recebendo
assim, a denominação de glico-flavonóide ou flavonóides glicosilados (DEGÁSPARI,
2004). As substituições glicídicas incluem D-glicose, L-rhamnose, glicorhamnose,
galactose, lignina e arabinose (BIRT, 2001). Quando se apresentam isentos de glicídios,
a estrutura recebe o nome de aglicona (DEGÁSPARI, 2004).
O termo "fenólico" ou "polifenol" pode ser definido como sendo uma substância
que tem um ou mais núcleos aromáticos contendo substituintes hidroxilas e/ou seus
derivados funcionais como ésteres, metoxilas, glicosídeos e outros. Essa definição
também engloba a classe dos flavonóides . Entretanto, uma definição levando em conta
somente a estrutura química não é apropriada, uma vez que existem compostos
contendo hidroxilas fenólicas, fazendo parte de outras classes de metabólitos diferentes
dos flavonóides. Dessa forma, é mais conveniente empregar-se uma definição que leva
em conta também a origem biogenética (SIMÕES et al., 2000). Uma representação
esquemática da biossíntese de flavonóides está representada na figura 5.
Os flavonóides representam um dos grupos mais importantes e diversificados
entre os produtos de origem vegetal e natural. Essa classe de compostos é amplamente
distribuída no reino vegetal. Com poucos relatos em algas, alguns representantes foram
identificados em briófitas, existindo apenas um relato de ocorrência em fungos. Em
pteridófitas também foram encontrados, mas sua variabilidade estrutural é pequena.
Todavia estão presentes em abundância nas angiospermas, apresentando nesse grupo
enorme diversidade estrutural (SIMÕES et al., 2000).
A distribuição dos flavonóides nos vegetais depende de diversos fatores de
acordo com a fila/ordem/família do vegetal, bem como da variação das espécies.
Geralmente, flavonóides encontrados nas folhas podem ser diferentes daqueles
presentes nas flores, nos galhos, raízes e frutos. O mesmo composto ainda pode
apresentar diferentes concentrações dependendo do órgão vegetal em que se encontra
(SIMÕES, 2000). É importante ressaltar que fatores abióticos naturais como a radiação
solar, raios UV, períodos de seca ou chuva, nutrientes e estações do ano influenciam no
metabolismo e na produção destes compostos e ainda, fatores artificiais, como
poluentes, podem interferir também nesse mecanismo (CATHERINE, 2003;
DEGÁSPARI, 2004). Em períodos de chuva os compostos mais polares são eliminados
das plantas por lixiviação. Também em regiões poluídas a planta pode produzir maior
quantidade de metabólitos secundários, incluindo flavonóides, como mecanismo de
defesa contra patógenos como vírus, bactérias, fungos, insetos.
A maioria dos flavonóides presentes nos alimentos ocorre principalmente na
forma glicosilada de 3-O-glicosídeo e polímeros (HEIM, 2002).
Figura 5 - Representação esquemática simplificada da biossíntese de
flavonóides.
Fonte: SIMÕES et al., 2000.
Não surpreendentemente, a
β
-ligação destes açúcares ao anel fenólico é
resistente a hidrólises por enzimas pancreáticas. Assim sendo, acreditou-se que a
microbiota intestinal era responsável pela
β
-hidrólise de muitos açúcares dessas
moléculas. Porém, duas
β
-endoglicosidases foram caracterizadas no intestino delgado
humano como capazes de hidrolisar flavonóides glicosilados incluindo lactase
phlorizina hidrolase e uma enzima citosólica não específica capaz de desglicosilação de
flavonóides, permitindo assim, sua conjugação com outros grupos (HEIM, 2002).
Spencer et al., citado por Heim (2002), demonstraram que os flavonóides 7-glicosil
luteolina, 3-glicosil Kaemferol e 3-glicosil quercetina são hidrolisados e absorvidos
pelo intestino delgado pela ação da enzima glicosidase.
As cinéticas de absorção variem consideravelmente entre alimentos devido à
heterogeneidade de açúcares e outros grupos funcionais ligados ao núcleo de flavonas.
Além do mais, a absorção também é dependente da dosagem, veículo de administração,
antecedentes da dieta, diferenças sexuais, população microbiana do cólon e de
flavonóides que são absorvidos ligados a proteínas (WALLE, 2004).
O preparo dos alimentos para consumo pode, algumas vezes, resultar em perdas
destes compostos, em maior ou menor grau, variando de acordo com o tipo de alimento
e o tipo de preparo empregado. Todavia, os flavonóides são compostos relativamente
estáveis, pois resistem à oxidação, altas temperaturas e moderadas variações de acidez
(PETERSON & DWYER, 1998). Flavonóides e isoflavonóides compreendem uma
classe de fitoquímicos que não podem ser sintetizados por humanos, ocorrendo somente
através da ingestão dietética (PETERSON & DWYER 1998; BIRT, 2001).
Em 1995, Hollman et al., citado por Walle (2004), baseado em evidências
indiretas, propôs que os flavonóides glicosilados poderiam ser absorvidos intactos pelo
intestino delgado usando um transportador de glicose sódio dependente (SGLT 1).
Mais tarde, este postulado foi confirmado através da pesquisa de que os flavonóides são
usualmente absorvidos por difusão passiva pelos enterócitos, após serem glicosilados
e/ou convertidos em agliconas (MARCHAND, 2002) por glicosidases presentes em
alimentos, mucosa gastrointestinal ou na microflora do cólon (YANG, 2001). Segundo
Heim (2002), agliconas apresentam um maior poder antioxidante que seus
correspondentes glicosilados.
Após sua absorção, os flavonóides são conjugados no intestino delgado e no
fígado pela glicuronidação, sulfatação ou metilação ou metabolizados a pequenos
compostos fenólicos (MARCHAND, 2002; YANG, 2001; HEIM, 2002). Ao sofrerem
essas modificações, os flavonóides podem tornar-se metabólitos mais ativos ou serem
eliminados do organismo mais facilmente por tornarem-se mais polares; dessa forma,
muitos desses produtos metabólicos podem ser detectados na urina e fezes humanas
(WALLE, 2004).
O metabolismo bacteriano de flavonóides, principalmente no cólon, tem sido
bem reportado em estudos com animais e pode ser um passo limitante na
biodisponibilidade de muitos flavonóides em humanos e animais. Bactérias da
microflora do cólon são responsáveis pela hidrólise de flavonóides glicosilados e
conjugados, gerando numerosos compostos fenólicos menores, ácido carboxílico assim
como a produção de dióxido de carbono (WALLE, 2004).
Recentes avanços em pesquisas com biologia molecular no genoma e proteoma
definiram o papel dos flavonóides no desenvolvimento de plantas e sua aplicação
potencial na agricultura e farmacoterapia (WOO, 2005). Diversas funções são atribuídas
aos flavonóides nas plantas. Entre elas, pode-se citar a proteção contra a incidência de
raios ultravioleta, proteção contra microrganismos patogênicos, ação antioxidante,
agentes alelopáticos e inibição enzimática (SIMÕES, 2000; HARBORNE, 2000; HEIM,
2002). Segundo Heim (2002) e Degáspari (2004), os pigmentos derivados de
antocianinas em flores atraem insetos polinizadores e são responsáveis pela
característica cor vermelha e azul de bagas, vinhos e certos vegetais que são as maiores
fontes de flavonóides na dieta humana.
Atualmente mais de 6000 diferentes flavonóides têm sido descritos
(MARCHAND, 2002; YANG, 2001), sendo suas maiores classes os flavonóis,
flavonas, flavanonas, catequinas, antocianinas, isoflavonas, diidroflavonóis e chalconas
(COOK & SAMMAN, 1996). Na tabela 1 observa-se as estruturas dos flavonóides das
principais classes já estudadas
O interesse econômico dos flavonóides é decorrente de suas diferentes
propriedades. Ensaios biológicos usando combinações isoladas revelam que os
flavonóides exibem uma grande ação sobre os sistemas biológicos demostrando efeitos
antimicrobiano, antiviral, antiulcerogênico, citotóxico, antineoplásico, antioxidante,
antihepatotóxico, antihipertensivo, hipolipidêmico, antiinflamatório, antiplaquetário.
Também demonstraram aumento na permeabilidade capilar, inibição da exudação
protéica e migração de leucócitos (PELZER, 1998). Estes efeitos podem estar
relacionados às propriedades inibitórias que os flavonóides desempenham nos vários
sistemas enzimáticos incluindo hidrolases, isomerases, oxigenases, oxidoredutases,
polimerases, fosfatases, proteínas fosfoquinases e amino ácido oxidases (FERGUSON,
2001).
Tabela 1- Estrutura química de alguns flavonóides de ocorrência natural em
plantas.
Fonte: BIRT, 2001.
3.4. MECANISMOS DE AÇÃO DOS FLAVONÓIDES.
3.4.1. ATIVIDADE ANTIOXIDANTE
Antioxidantes são compostos que podem retardar ou inibir a oxidação de lipídios
ou outras moléculas, evitando o início ou propagação das reações de oxidação em
cadeia (DEGÁSPARI, 2004). O oxigênio, indispensável para a vida, pode resultar em
danos reversíveis ou até irreversíveis, quando os seres vivos são expostos a ele em
concentrações superiores à encontrada na atmosfera, podendo inclusive, levar à morte
celular (MANSON, 2003).
O oxigênio atua em organismos aeróbicos como aceptor final de elétrons e,
dessa forma, o oxigênio envolvido no processo respiratório é estável, mas em certas
condições pode ser transformado nas seguintes espécies: ânion superóxido (O
2
-
), radical
hidroxila (OH
-
) e peróxido de hidrogênio (H
2
0
2
) que são responsáveis por danos
celulares (CODY at al., 1986).
Os radicais livres então, podem ser definidos como qualquer espécie química
capaz de existência independente, que contenha um ou mais elétrons desemparelhados,
sendo portanto, altamente reativos e capazes de atacar qualquer biomolécula. A
formação desses compostos é determinada pela perda ou ganho de um elétron ficando
com um elétron desemparelhado (MARRONI, 2002). A formação destas espécies
reativas de oxigênio (ROS) ocorre durante os processos oxidativos biológicos, sendo
assim, formados fisiologicamente nos sistemas biológicos a partir de compostos
endógenos (MARRONI, 2002) ou em circunstâncias patológicas incluindo
envelhecimento, reações inflamatórias, câncer, desordens cardiovasculares, doença de
Alzheimer, doença de Parkinson, catarata e diabetes (CODY at al., 1986).
Células corporais e tecidos são constantemente ameaçados por danos causados
por radicais livres e espécies de oxigênio (GRACE, 1994; WALLE, 2004). O
mecanismo e seqüência de eventos pelos quais os radicais livres interferem na função
celular ainda não são completamente entendidos, mas um dos mais importantes eventos
parece ser a peroxidação lipídica que resulta em danos à membrana celular. Esses danos
celulares causam uma troca na carga líquida da membrana provocando mudanças de
pressão osmótica que resultam em lise celular. Radicais livres podem agir sobre vários
mediadores inflamatórios contribuindo para uma inflamação geral responsável por
danos aos tecidos (NIJVELDT, 2001), além de estarem ligados com processos de
envelhecimento corporal (DEGÁSPARI, 2004).
Com a evolução dos seres vivos no planeta, surgiram mecanismos para combater
esses efeitos deletérios causados por espécies reativas de oxigênio. Contra os radicais
livres, os organismos viventes desenvolveram vários mecanismos efetivos. São os
mecanismos antioxidantes enzimáticos e não enzimáticos (MANSON, 2003).
Os mecanismos de defesa contra radicais livres no corpo incluem enzimas como
superóxido dismutase, catalase e glutationa peroxidase; e cofatores enzimáticos como
glutationa, ácido ascórbico e α-tocoferol (CODY at al., 1986). É difícil fazer uma
medição direta da oxidação nos componentes celulares devido a sua alta reatividade,
porém é possível uma determinação indireta pelos efeitos por eles causados, através da
oxidação dos lipídios, dos grupamentos sulfidrila das proteínas, das bases púricas e
pirimídicas, o que leva a uma alteração no DNA e no balanço tiol/dissulfeto (BASU,
1999). Foi descoberto que uma série de doenças entre as quais câncer, aterosclerose,
diabetes, artrite, malária, AIDS, doenças do coração, podem estar ligadas aos danos
causados por formas de oxigênio extremamente reativas denominadas de ROS ou
“substâncias reativas oxigenadas” (DEGASPARI, 2004).
Diversos estudos têm demonstrado que o consumo de substâncias antioxidantes
na dieta diária pode produzir uma ação protetora efetiva contra estes processos
oxidativos que ocorrem no organismo (DEGASPARI, 2004). A proteção antioxidante
dos flavonóides foi o primeiro mecanismo de ação estudado, em particular, com relação
a seus efeitos protetores em doenças cardiovasculares (BRAVO, 1998). A atividade
antioxidante de compostos fenólicos é principalmente devida às suas propriedades de
óxido-redução, as quais podem desempenhar um importante papel na absorção e
neutralização de radicais livres, quelando o oxigênio tripleto e singleto ou decompondo
peróxidos (DEGÁSPARI, 2004). Dessa forma, eles demonstram grande eficiência no
combate de vários tipos de moléculas oxidantes, incluindo oxigênios reativos e vários
radicais livres (BRAVO, 1998) que estão envolvidos em danos no DNA e promoção de
tumores (MARCHAND, 2002).
A atividade antioxidante dos flavonóides tem sido bem estudada in vitro, mas a
atividade antioxidante na prevenção do câncer in vivo ainda esta sendo pesquisada.
Quimicamente, os flavonóides e isoflavonóides são doadores de elétrons. Eles servem
como derivados de estruturas conjugadas em anel e grupos hidroxila que tem potencial
de ação como antioxidantes em cultura de células ou em sistemas de células livres por
reagirem e inativarem ânions superóxido, oxigênio singleto, radicais peróxido de
lipídios e/ou estabilizando radicais livres envolvidos no processo oxidativo através da
hidrogenação ou complexação com espécies oxidantes (BIRT, 2001).
Das & Pereira, (1990) citado por Harborne (2000), demonstraram que o grupo
carbonila em C-4 e a dupla ligação entre C-2 e C-3 desempenham um importante papel
na ação antioxidante dos flavonóides. Além disso, a configuração das hidroxilas no
anel
β
é determinante no processo de eliminação de ROS e RNS. Em outras palavras,
os flavonóides estabilizam espécies reativas de oxigênio porque apresentam grupos
hidroxila altamente reativos, os quais estabilizam os radicais (KORKINA, 1997).
A atividade antioxidante e a relação estrutura-atividade dos flavonóides têm sido
intensamente investigadas por Djuric, (2001) e Loo, (2003). Este último relata que a
ação antioxidante deve-se ao número e à posição dos grupos hidroxilas, que são capazes
de doar os átomos de hidrogênio na “varredura” dos ROS. Essa idéia tem sido
desenvolvida principalmente porque H
2
O
2
ou produtos da reação com OH
-
, são
essenciais para a transdução do sinal e a ativação de genes específicos que promovam a
proliferação de células carcinogênicas. Assim, a varredura desses ROS com substâncias
fenólicas inibiu esse processo celular e consequentemente, a proliferação de células
cancerosas.
A ação antioxidante dos flavonóides é desempenhada de acordo com as
equações abaixo:
Flavonoid(OH) + R• > flavonoid(O•) + RH
Flavonoid(OCH
3
) + R• > flavonoid(O•) + RCH
3
As diferenças na atividade antioxidante de flavonóides por polihidroxilação ou
polimetoxilação ocorrem, provavelmente, devido a diferenças em hidrofobicidade e
configurações estruturais dos radicais livres. Após a doação de grupos hidroxila e metila
pelos flavonóides esses radicais livres perdem sua reatividade, dessa forma não são
capazes de atacar biomoléculas do organismo (HEIM, 2002).
3.4.2. ATIVIDADE INIBITÓRIA DA SÍNTESE DE ÓXIDO NÍTRICO
A inibição de RNS através de flavonóides envolve o mesmo mecanismo básico
de eliminação de ROS. Os flavonóides são conhecidos por sua ação antioxidante por
reagirem diretamente com peroxinitritos e seu progenitor superóxidos (HEIM, 2002).
Quando flavonóides são usados como antioxidantes ocorre uma eliminação na
reatividade dos radicais livres corporais; dessa forma, uma menor quantidade de radicais
livres reagirá com óxido nítrico, causando menores danos à célula (SHUTENKO et al.,
1999). O óxido nítrico pode ser considerado um radical livre e foi demonstrado que é
diretamente eliminado por flavonóides (VAN ACKER et al. 1995).
Vários flavonóides, incluindo a quercetina, provocaram a redução de danos
causados por radicais livres através da interferência na atividade da óxido nítrico sintase
(SHOSKES, 1998). Existem também muitas evidências que os flavonóides podem
modular a produção de óxido nítrico pelo endotélio vascular; sendo assim, os
flavonóides podem agir como agentes antinflamatórios em inflamações agudas
(HUANG et al., 2004).
Na década de 80, a descoberta do óxido nítrico (NO) como um mensageiro
molecular para os vários sistemas do organismo de mamíferos revolucionou as
pesquisas acerca da extensão de sua atividade biológica. Desde então, um crescente
número de pesquisas acerca da molécula NO, na fisiopatologia humana e animal, são
desenvolvidas (COSTA et al., 2003).
O NO é um gás extremamente reativo, que participa de muitos processos
fisiológicos relacionados aos sistemas nervoso central e periférico. Na figura 6 estão
representados alguns desses processos fisiológicos desempenhados pelo oxido nítrico.
Na verdade, os compostos reativos intermediários do nitrogênio incluem o nitrito
(N0
2
-
) e nitrato (N0
3
-
), e óxidos altamente reativos como o óxido nítrico (NO) e dióxido
de nitrogênio (NO
2
). Dentre estes compostos, o NO é o composto intermediário de vida
curta, com potente atividade biológica, sendo sintetizado por uma família de enzimas
(óxido nítrico sintases), expressas em uma grande variedade de células de mamíferos
(miócitos cardíacos, células pancreáticas, células renais e neurônios), através da catálise
enzimática do aminoácido essencial L-arginina pela enzima óxido nítrico sintase, cuja
ação é dependente de NADPH (MONCADA et al., 1991; COSTA et al., 2003; DUDA
et al., 2004).
Figura 6 - Representação esquemática dos processos fisiológicos desempenhados pelo
oxido nítrico.
Fonte: LACCHINI, 2004.
A catálise enzimática da reação do aminoácido L-arginina e oxigênio, que
resulta na formação de L-citrulina e óxido nítrico (NO), é feita por enzimas que são
designadas de constitutivas (cNOS) ou induzidas (iNOS). As cNOS são enzimas que
estão presentes em muitas células; sua liberação depende da concentração intracelular
de cálcio/calmodulina e, uma vez liberadas, sintetizam NO por curtos períodos com o
propósito básico de sinalização celular. O NO formado por esta via participa de muitos
processos homeostáticos. Por outro lado, as iNOS independem da concentração
intracelular de cálcio, e são liberadas por macrófagos (incluindo células de Kupffer),
neutrófilos e outros tipos celulares como células endoteliais, hepatócitos, neurônios e
fibroblastos (MONCADA et al., 1991; COSTA et al., 2003; DUDA et al., 2004).
O óxido nítrico desempenha um importante papel no controle de muitas
infecções, apresentando atividade antibacteriana, antiparasitária e antiviral, entretanto
em excesso pode ser tóxico. Sendo assim, o descontrole na síntese de NO está
implicado na patogênese de doenças cardiovasculares, autoimunes, rejeição de
transplantes, sépsis, doenças cerebrais, indução de câncer, genotoxicidade e na
inflamação (COSTA et al., 2003). A ativação de macrófagos durante as respostas
imunes in vivo ou pela exposição a certas citocinas in vitro, mostra uma marcada
elevação dos níveis de (N0
2
-
)
e (N0
3
-
). Portanto, a citotoxicidade de macrófagos ativados
contra organismos estranhos é também dependente da via L-arginina – óxido nítrico
(RIZZO, 2000).
O óxido nítrico também apresenta ação anti-tumoral. Entretanto, a atividade
anti-tumoral do NO depende de sua quantidade gerada e da interação das células do
hospedeiro com as do tumor. Esta interação pode gerar efeitos ora estimulantes, ora
inibitórios na imunidade anti-tumoral. A diversidade de efeitos do óxido nítrico parece
estar relacionada às concentrações de NO gerados, a sensibilidade individual das células
e à duração do fenômeno (COSTA et al., 2003). Segundo hipótese de Wang et al.,
(2000), citado por Costa et al., (2003), a microvasculatura hepática regula a apreensão e
o destino de células metastáticas de câncer através da liberação de NO. Estes autores
concluíram que existe um mecanismo de defesa natural contra metástases de câncer por
meio do qual a apreensão de células tumorais no fígado induz uma grande liberação de
NO endógeno, levando à morte das células tumorais no sinusóides e reduzindo a
formação de metástase hepática.
Macrófagos ativados têm a capacidade de selecionar e eliminar de forma
eficiente um grande número de células neoplásicas por processos não fagocíticos
(contato-dependente). Durante esta interação, macrófagos ativados induzem alterações
metabólicas características nas células tumorais, incluindo a inibição na síntese de
DNA, respiração mitocondrial (inibição do complexo I e II do sistema de transporte de
elétrons) e da enzima aconitase presente no ciclo dos ácidos cítricos, enquanto que
outras vias metabólicas, como a glicólise, mantém-se funcionais. Além disso, a inibição
das várias atividades enzimáticas são acompanhadas pela liberação intracelular de ferro
das células alvo, causando injúria ou morte celular (RIZZO, 2000).
O papel do NO como agente promotor de câncer possivelmente se deve à
geração de espécies reativas de óxido de nitrogênio (RNOS), geradas a partir das
sintases de NO. As reações seguintes à formação das RNOS dão origem ao estresse
oxidativo e nitrosativo e apresentam efeitos potencialmente genotóxicos (HEIM, 2002).
Experimentos com óxido nítrico demonstraram que ele apresenta um papel
fundamental dentro da regulação da “cadeia transportadora de elétrons” devido à sua
habilidade em inibir reversivelmente o citocromo C oxidase (complexo IV), aceptor
final de elétrons (CLEETER et al., 1994). Porém, uma superprodução de óxido nítrico
está associada a uma inibição prolongada do transporte de elétrons, que resulta em um
extravasamento de elétrons da matriz, aumentando a geração de oxigênio reativo, os
quais conduzem a um rompimento celular. Além do mais, o NO pode afetar a expressão
e a atividade de proteínas críticas no ciclo celular e, por sua vez, também ser alvo das
mutações do DNA celular (GHAFOURIFAR et al., 2001; HEIM, 2002).
Na regulação da apoptose, o NO parece apresentar efeitos contraditórios.
Aparentemente, a morte celular mediada por NO ocorre tanto por necrose como por
apoptose. Os efeitos pré-apoptóticos parecem estar mais relacionados a condições
patofisiológicas, onde grandes quantidades de NO são produzidas por síntese induzida
de NO (COSTA et al., 2003). Nestas circunstâncias, a grande atividade de macrófagos
aumenta simultaneamente, a produção de óxido nítrico e superóxido de amônia. O
óxido nítrico reage com os radicais livres e produz assim, peroxinitritos altamente
prejudiciais, os quais são responsáveis pela oxidação direta de LDL’s resultando em
danos irreversíveis à membrana da célula (HEIM, 2002).
Vale lembrar, que a função do NO na biologia tumoral ainda não é bem
compreendida, porém existem dados recentes demonstrando que o NO produzido por
células tumorais seria responsável pelas características de invasividade e angiogênese.
Sendo a angiogênese um marcador patológico de carcinogênese, doenças inflamatórias
e de várias isquemias (CARMELIET, 2000), o desenvolvimento do tumor, sua
vascularização e seu potencial invasivo estão relacionados à reduzidas concentrações de
NO produzidas pelas células tumorais (COSTA et al., 2003) incluindo os carcinomas
ovarianos, uterinos, tumores do sistema nervoso central, câncer de mama, carcinoma
gástrico, prostático e pulmonar (RIZZO 2000).
Neste mesmo contexto, Maeda & Akaike (1998), sugeriram que o NO gerado
em tumores sólidos experimentais, poderia facilitar a permeabilidade vascular e
conseqüentemente, o suprimento nutricional do tecido e o rápido crescimento do tumor.
3.4.3. ATIVIDADE ANTIINFLAMATÓRIA.
Em 1930 dois ginecologistas americanos, Kurzrok & Lieb, observaram que
fatias do útero humano se relaxavam ou se contraíam quando expostas ao sêmen
humano. Von Euler descreveu a substância ativa como um ácido lipossolúvel, que ele
denominou "prostaglandina". Anos mais tarde, a compreensão de que as prostaglandinas
"conhecidas classicamente" constituíam apenas uma fração dos produtos
fisiologicamente ativos do metabolismo do araquidonato, resultou nas descobertas do
tromboxano A2 (TXA2), da prostaciclina, dos leucotrienos e dos fosfolipídios
modificados, hoje em dia representados pelo fator ativador plaquetário (FAP)
(GOODMAN & GILMAN, 2003).
As famílias das prostaglandinas, leucotrienos e compostos relacionados são
conhecidas como eicosanóides, pois são derivadas dos ácidos graxos essenciais de 20
carbonos, que contêm três, quatro ou cinco ligações duplas: ácido 8,11,l4-
eicosatrienóico (ácido diomo-y-linolênico), ácido 5,8,11,14-eicosatetraenóico (ácido
araquidônico) e ácido 5,8,11,14,17-eicosapentaenóico. O araquidonato é então
esterificado em fosfolipídios das membranas celulares ou outros lipídios complexos
(SHARMA, 2001). Em outras palavras, os eicosanóides formam uma família
complexa de derivados de ácidos graxos poliinsaturados (principalmente do
araquidônico), sintetizados por quase todas as células dos mamíferos (FONSECA,
2002).
O aumento da biossíntese dos eicosanóides é regulado e ocorre em resposta a
estímulos físicos, químicos e hormonais diversos. Essas alterações levam as células
agredidas a adquirir comportamentos diferentes: movimentos novos, alterações de
forma e liberação de enzimas e substâncias farmacológicas que possuem efeitos
intracelulares importantes nos líquidos teciduais, tanto em condições fisiológicas como
patológicas. Toda essa transformação morfológica e funcional do tecido, característica
dos processos inflamatórios, visa destruir, diluir ou isolar o agente lesivo, sendo,
portanto, uma reação de defesa e de reparação do dano tecidual (NOVELLI, 2000).
Como a concentração do araquidonato livre na célula é muito pequena, a
biossíntese dos eicosanóides depende principalmente da sua disponibilidade para as
enzimas que os sintetizam; essa disponibilidade depende de sua liberação a partir das
reservas adiposas pelas hidrolases acíclicas, principalmente a fosfolipase A2 e a lipase
do diacilglicerol. O primeiro passo na síntese das PGs e dos tromboxano (TXs) é
mediado pela enzima Ciclooxigenase (COX), a qual catalisa a incorporação de oxigênio
ao ácido araquidônico, com subseqüente formação de endoperóxidos cíclicos
(FONSECA, 2002). Esses endoperóxidos contribuem para alguns processos fisiológicos
e patológicos, incluindo inflamação, tônus da musculatura lisa, hemostasia, trombose,
parto e secreções gastrintestinais (FUKUDA, 2003).
A ciclooxigenase-2 (COX-2) catalisa a formação de prostaglandinas e
tramboxanos a partir do ácido araquidônico. A COX-2 e sua isoenzima, COX-1 estão
envolvidas também na indução da angiogênese. A super expressão de COX-2 tem sido
implicada na tumorígenese de cânceres de cólon, reto, estômago, pulmão, mama, cabeça
e pescoço. A redução da atividade de COX está relacionada com o aumento da
apoptose, diminuição da proliferação celular, redução da adesão célula-célula, redução
da aderência de células a matrix extracelular e a indução da angiogênese (figura 7).
Estudos mostram que enzimas como COX-2 e/ou óxido nítrico sintase (iNOS),
em associação com resposta inflamatória podem ter um papel central na carcinogênese
(SURH, 2003). Em alguns tumores humanos, como no esôfago de Barrett, foram
identificados elevados níveis de mRNA para iNOS e para COX-2. Para os
pesquisadores, estes resultados sugerem que tanto a iNOS como a COX-2 estejam
envolvidas na progressão neoplásica associada ao esôfago de Barrett (COSTA et al.,
2003). Além disso, estudo de Etherton (2002) sugere que COX-2, mediada por
sinalização parácrina de macrófagos, pode ser o pivô central na progressão de tumores
do cólon.
Figura 7 – Representação simplificada do potencial de indução de COX em macrófagos
ativados na indução da angiogênese em lesões pré-neoplásicas.
Fonte: SHARMA, 2001.
A formação de prostaglandina E
2
, catalisada por COX-2, induz a síntese do
principal fator de crescimento angiogênico, o VEGF. Estudos de formação do VEGF
Fator de crescimento EGF
bactérias
Cox 2
induz
PGE
2
adesão
angiogênese
Fator de crescimento
angiogênico (VEGF)
Apoptose
proliferação
Substâncias químicas
promotoras de tumor
foram obtidos em culturas de linhagens de células normais, sinoviais, de osteoblastos e
de células malignas. COX-2 também modula a atividade de peptídeos regulatórios de
crescimento, como TGF-β (SHARMA, 2001). A promoção do crescimento e os efeitos
pró-angiogênicos do TGF-β têm sido vistos quando células epiteliais são expostas a
outras citoquinas, que induzem a expressão da COX-2, como de fatores de crescimento
epidérmico. Tem-se observado ainda, nos processos inflamatórios, a migração de
macrófagos ativados para a região da inflamação, estando estes associados à indução da
angiogênese.
A inflamação crônica é um passo importante na etiologia do câncer e inibidores
de COX-2 têm sido estudados como agentes quimioprotetores contra câncer coloretal
(MARCHAND, 2002). A quimioprevenção é considerada um dos propósitos mais
promissores na prevenção de cânceres humanos (SAKATA, 2003). Pai et al., (2003)
demonstraram que (PGE
2
) além de atuar no seu próprio receptor, estimula a produção
de fatores de crescimento epidermal, potencializando o crescimento tumoral. Segundo
Fukuda (2003), prostaglandina (PGE
2
) pode induzir a angiogênese e aumentar a
resistência das células à apoptose, o que enfatiza a promoção da carcinogênese pela
COX-2.
Estudos de Takahashi (1999), citado em Shan (2004), demonstraram que a
superprodução de COX-2 induz a produção de uma metaloproteína de matriz (MMPs)
envolvida na invasão da matriz extracelular. Dessa forma, COX-2 é uma enzima
essencial na manutenção da migração de células tumorais (DORMOND, 2001). Além
disso, COX-2 estimula diretamente a produção de fatores angiogênicos (VEGF, PDGF,
bFGF e TGF-β); esses mediadores angiogênicos e seus receptores aumentam a
permeabilidade vascular, induzindo a proliferação e migração celular (FOSSLIEN,
2001).
Em 1995, Tsujii e Dubois criaram, através da engenharia genética, uma
linhagem de ratos que expressavam uma superprodução de COX-2 em células do
epitélio intestinal. Essas células demonstraram um aumento na resistência a apoptose
(Butirato induzida), que foi confirmada pelo aumento da expressão de fatores anti-
apoptóticos como BCL
2
e TGF-β. Segundo Narko (1997) e Sheng (1998), a
superprodução de COX-1 ou a adição de PGE
2
em culturas celulares poderiam também
aumentar a resistência a apoptose.
Certos flavonóides podem afetar (usualmente inibindo) processos biosintéticos
de eicosanóides. Eles também são responsável pela inibição de processos mitogênicos,
interações célula-célula, incluindo possíveis efeitos na adesão molecular (WILLIAMS,
2004). O mecanismo de inibição exercido pelos flavonóides sobre as enzimas
ciclooxigenase e lipoxigenase está sendo extensivamente pesquisado (NIJVELTD,
2001). Flavonóides como a quercetina e a apigenina têm demonstrado possuir ação
antiinflamatória por causar inibição de COX-2 e de óxido nítrico sintase. (MUTOH et
al., 2000; RASO et al., 2001). Segundo Friesenecker et al., (1995), flavonóides como a
quercetina e a luteolina podem reduzir a ativação do sistema complemento, diminuindo
a adesão de células inflamatórias ao endotélio, resultando em uma redução da resposta
inflamatória.
A hesperidina é um flavonóide de ocorrência natural encontrado em frutas e
vegetais. Quando sozinha ou combinada com diosmina, exerce ação anticarcinogênica
em modelos animais para câncer de língua, intestino, esôfago e bexiga (WILLIAMS,
2004). Etherton (2002) relatou que flavonóides possuem efeito antitrombótico, como
resultado da menor agregação plaquetária, redução da síntese de mediadores pró-
trombóticos e pró-inflamatórios e diminuição da expressão de adesão molecular.
Flavonóides podem ainda, inibir a atividade de ciclooxigenase, reduzindo a agregação
plaquetária e tendência à trombose (ETHERTON, 2002). Ferguson (2001) observou que
quercetina inibe a agregação plaquetária in vitro e reduz síntese de tromboxano in vivo.
Vários grupos de medicamentos, em especial as drogas antiinflamatórias não-
esteróides, têm seus efeitos terapêuticos atribuíveis ao bloqueio da produção dos
eicosanóides. Eles atuam no processo de redução da reação inflamatória por inibirem a
liberação de prostaglandinas, atuando em etapas pré-estabelecidas na via do ácido
araquidônico. Seus maiores efeitos farmacológicos são redução do edema, eritema e
dano tecidual resultante de processos inflamatórios cíclicos (FONSECA, 2002).
Estudos indicam que alguns tipos de flavonóides incluindo a hesperidina e
naringina possuem atividade antiinflamatória (SURH, 2003). Atualmente, o Daflon
®
500mg, um flavonóide purificado (vendido comercialmente) contém 90% de diosmina e
10% de hesperidina, possuindo uma atividade antiinflamatória e atua na insuficiência
venosa; e existe uma possível correlação entre efeito antiinflamatório e atividade
quimioprotetora de hesperidina (SAKATA, 2003).
Estudos epidemiológicos indicaram que, o uso de antinflamatórios a longo
prazo, está associado a uma redução de 30% a 50% no risco de mortes causadas por
câncer (RODRIGUEZ, 2000). Além disso, pesquisas sugerem que a duração e a
consistência no tratamento com antiinflamatórios são mais importantes que as dosagens
utilizadas. Outros estudos epidemiológicos observaram uma associação entre o uso de
antiinflamatórios e uma menor incidência de mortes causadas por câncer de esôfago,
estômago, mama, pulmão, próstata, bexiga e ovário (MORAN, 2002; THUN et al.,
2002). Tentativas clínicas utilizando NSAID em populações de risco demonstraram uma
redução no número e tamanho de adenomas (CALALUCE, 2000; HULS, 2003).
Seed et al. (1997), citado por Shan (2004), demonstraram que um inibidor de
ciclooxigenase não específico (diclofenaco), suprime o aumento de COX-2 em modelos
animais, bloqueando a angiogênese tumoral. Similarmente, os flavonóides
desempenham um efeito interessante em sistemas enzimáticos, inibindo ambas as
enzimas ciclooxigenase e lipoxigenase (FERRANDIZ, 1991; PELZER, 1998) e
reduzindo, dessa forma, o metabolismo do ácido araquidônico (RASO et al., 2001). Isso
confere aos flavonóides uma característica antiinflamatória, antitrombótica
(ETHERTON, 2002) e antilipoperoxidante (CODY, 1987).
3.4.4. INTERAÇÃO DE FLAVONÓIDES COM OUTROS SISTEMAS
ENZIMÁTICOS.
Outro possível mecanismo de ação dos flavonóides é a interação com vários
outros sistemas enzimáticos. Em analogia com o metabolismo de drogas e outros
compostos exógenos, imaginava-se que flavonóides eram metabolizados por enzimas do
citocromo P-450 (CYPs). Assim, estudos focados em interações entre flavonóides e
(CYPs) demonstraram uma potente inibição da atividade enzimática das CYPs, em
particular CYP1A1 e CYP1A2 pelos flavonóides (HEIM, 2002; WALLE, 2004). Essas
enzimas apresentam um importante papel na ativação de um grande número de
suspeitos carcinógenos humanos, como hidrocarbonetos policíclicos e aminas
heterocíclicas.
Muitos carcinógenos químicos requerem uma transformação metabólica para sua
maior reatividade com o DNA assim, se as mutações não forem reparadas pelo sistema
de triagem celular isso possivelmente, promoverá a carcinogênese (MARCHAND,
2002). As principais enzimas envolvidas nessas transformações metabólicas sofridas
pelo carcinógenos químicos são as enzimas CYPs. Os flavonóis Quercetina e
Kaempferol, Galangina e a flavona Apigenina demonstraram possuir efeitos inibitórios
a nível de Citocromo P-450 e de enzimas da família CYP1A, dessa forma, os
flavonóides impedem as transformações metabólicas desses carcinógenos químicos
impedindo assim a maior reatividade desses compostos com o DNA (LAUTRAITE,
2002). Além disso, alguns efeitos dos flavonóides podem ser resultados da combinação
da eliminação de radicais livres e de interações com enzimas do sistema hepático
responsáveis pela detoxcificação de drogas e medicamentos (NIJVELDT, 2001).
Outros mecanismos de ação de flavonóides são realizados na rota metabólica de
síntese de ácido úrico. Essa síntese é bem conhecida causar danos oxidativos aos tecidos
e as enzimas Xantina oxidase e Xantina desidrogenase estão envolvidas no metabolismo
de Xantina em ácido úrico. A Xantina desidrogenase é uma forma da enzima presente
em baixas concentrações em condições fisiológicas, mas sua configuração é mudada
para Xantina oxidase em condições de isquemia (SANHUEZA, 1992). Sendo assim, a
Xantina oxidase é uma fonte produtora de oxigênio reativo, pois na fase de
reoxigenação a Xantina oxidase reage com moléculas de oxigênio dessa forma,
resultando em radicais superóxidos reativos. Há pelo menos dois flavonóides,
Quercetina e Silibina que inibem a atividade da Xantina oxidase resultando em
decréscimos de danos oxidativos (CHANG, 1993; SHOSKES, 1998). Segundo COS et
al (1998) Luteolina (3, 4, 5, 7 tetrahidroxiflavona) provocou uma inibição mais potente
na Xantina oxidase.
Valerio (2001) descreve em seu trabalho que os flavonóides aumentam a
atividade de vários detoxificantes e enzimas antioxidantes como catalase, quinona
redutase, glutationa peroxidase, redutase, S-redutase. Certos flavonóides podem induzir
enzimas como a glutationa transferase (GST), aumentar a excreção de espécies
oxidantes ou induzir enzimas antioxidantes como as metalotioneínas (metal ligado à
proteína com atividade antioxidante) (FERGUSON, 2001).
A habilidade de certos flavonóides de se ligarem a minerais pode ser benéfica
em muitos casos (WILLIAMS, 2004). Quando oxigênios reativos estão na presença de
FE
+2
, isso resulta em peroxidação lipídica (NELSON, 1992). Flavonóides específicos
são conhecidos por serem quelantes de ferro e cobre prevenindo a participação deles em
reações tipo Fenton e na geração de radicais hidroxila altamente reativos (FERRALI,
1997; YANG 2001). Dessa forma, os flavonóides removem fatores que auxiliam na
peroxidação lipídica. Por exemplo, o ácido tânico (polifenol) inibiu a formação de
radicais hidroxila devido a sua capacidade de complexar com íons ferro. Muitos
polifenóis com função antioxidante eliminaram os radicais livres e também podem
quelar íons metálicos que são capazes de catalisar a peroxidação de lipídios
(WILLIAMS, 2004).
3.4.5. AÇÃO ANTI-ESTROGÊNICA DOS FLAVONÓIDES
Vários flavonóides têm sido pesquisados e seus mecanismos de ação
demonstrados como estrogênicos e anti-estrogênicos. Muitos estudos in vitro indicam
que vários fitoestrógenos agem similarmente aos estrógenos esteroidais. Eles ligam aos
receptores de estrógenos, induzem genes, estimulam o crescimento de células
cancerosas e suas ações podem ser bloqueadas pelos antiestrógenos (SHIRAI, 2002).
Fitoestrógenos são geralmente mais fracos que estrógenos esteroidais
endógenos, e sugere-se que eles ajam como antiestrógenos pela competição com
estrógenos endógenos mais potentes por ligarem aos receptores estrogênicos (ERs). Um
estudo relata que fitoestrógenos como genisteína são bons ligantes aos ERs (FRITZ,
2002). Fitoestrógenos possuem uma afinidade maior de ligação a um subtipo do
receptor - ER
β
. (SHEIKE, 2003).
Os estrógenos não esteroidais ligam-se preferencialmente aos receptores do tipo
β, principalmente os distribuídos nos tecidos ósseo, cérebro e endotélio vascular. Os
flavonóides (estrógenos esteroidais) exercem atividade antioxidante, antiproliferativa e
anti-angiogênica. Eles reduzem a formação de fatores de crescimento, afetam a
atividade de tirosina quinase e tem potencial anti-carcinogênico. Os flavonóides
possuem diferentes afinidades aos receptores de estrógeno do subtipo α e β. A
genisteína possui uma afinidade 20 vezes maior pelo receptor β do que pelo receptor α
(FRITZ, 2002). Numerosos estudos in vitro, relatam que muitos, mas não todos os
fitoestrógenos, inibem muitas enzimas chave na biossíntese de estrógenos e andrógenos.
Essas incluem 17-β-hidroxiesteróide oxidorredutase tipo 1 e 2, aromatase e 5-α-redutase
(STRAUSS, 1998).
Muitos fitoestrógenos têm sido relatados em exercer várias ações (efeitos) que
não estejam relacionados ao ERs. Esses efeitos incluem atividade antiproliferativa,
inibição da tirosina quinase, proteína quinase C, DNA topoisomerase II, atividade
antioxidante, inibição da angiogênese (STRAUSS, 1998). Segundo Tapiero (2002), os
compostos com ação estrogênica, como os flavonóides, podem produzir:
- resposta hormonal normal;
- resposta anormal bloqueando os sítios dos receptores de estrógenos, impedindo
que esses hormônios liguem-se aos receptores (ação anticarcinogênica);
- ligam-se aos receptores e criam uma nova reação ou interferem indiretamente
na ação hormonal normal;
- alteram a produção e degradam os receptores hormonais como também
modificam a resposta endócrina de hormônios naturais;
- ligam-se a receptores de estrógeno interferindo na síntese de proteínas;
- a atividade estrogênica também está relacionada com a reprodução dos
animais, afetando-a seriamente.
3.4.6. INIBIÇÂO DO PROTEASSOMA
Outra forma de atuação dos flavonóides é a inibição do proteasoma. Os passos do
processo de ubiquitina-proteasoma são importantes na regulação tanto do ciclo
celular quanto apoptose (CHEN, 2005). Para remover danos e proteínas não
necessárias, a proteólise mediada por proteasoma tem sido um mecanismo
importante na regulação protéica dentro da célula. A rapidez e a irreversibilidade do
proteasoma eliminam proteínas, sendo o pivô da modulação da ativação e repressão
de passos da transdução de sinais, incluindo proliferação e morte celular (WÓJCIK,
2003).
O proteasoma 26S é composto por subunidades protéicas múltiplas, um núcleo
proteolítico complexo de 20S e duas subunidades regulatórias de 19S presente no
citoplasma e núcleo de todas as células eucarióticas. O proteasoma 20S consiste em 28
subunidades (14 diferentes), 21-31kDa de massa molecular, organizada em 4 anéis
heptaméricos (Figura 8). Os 2 anéis exteriores contêm subunidades (1-7, verde) e
aminoterminal que está na abertura central do cilindro. Os 2 anéis internos contêm duas
cópias da subunidade (1-7, azul e vermelho) três das quais (1,2,5, vermelhas) ocupam
seis locais ativos. A subunidade 19S inclui e subestruturas. A base que prende aos dois
anéis está composta de seis ATPase (roxo) e duas subunidades não-ATPase (laranja). A
tampa que contém até 10 subunidades não-ATPase (laranja) é responsável pela ligação
ao substrato (Nature Reviews Molecular Cell Biology, 2001).
Proteínas marcadas para degradação pelos proteasomas são covalentemente
modificadas para a cadeia protéica poli-ubiquitina que e reconhecida pela subunidade
19S. Uma vez reconhecida pelo complexo regulatório, as cadeias de ubiquitina são
removidas e a proteína é desnaturada e levada para o centro do complexo 20S. A
proteólise pelo proteasoma 26S é um processo metabólico essencial. Porém, os
mecanismos envolvidos não estão totalmente claros, células cancerosas e células
normas parecem responder diferentemente aos efeitos da inibição do proteasoma.
Quando tratados com inibidor de proteasoma, o ciclo celular usualmente é detido em
células normais, já em células cancerosas é mais provável que sejam submetidos a
apoptose. Taxa de proliferação parece não ser importante na sensibilização de células
com câncer porque células malignas com baixa taxa de proliferação são também
sensíveis à inibição do proteasoma (ADAMS, 2003; WÓJCIK, 2003).
Figura 8 - Composição do proteasoma.
Fonte: Nature Reviews Molecular Cell Biology, 2001
Os flavonóides inibem a atividade proteasômica ligada a quimiotripsina em dose
e tempo dependente em estudos realizados “in vitro” em cultura de células leucêmicas.
A ordem de potência de quatro flavonóides em inibir a atividade de proteasoma e
induzir a apoptose em células tumorais é: apigenina > quercetina> kaempferol >
miricetina (CHEN, 2005).
4. MATERIAL E MÉTODOS
Para o estudo dos efeitos de flavonóides e do medicamento Neotaxel
®
(controle
positivo) em modelos animais com tumor ascítico de Ehrlich foram realizados dois
experimentos:
- 1
o
experimento: foram estudados os flavonóides rutina, naringina, rutina +
naringina como possíveis agentes preventivos da multiplicação celular tumoral, in vivo.
- 2
o
experimento: foram estudados os flavonóides rutina, naringina, rutina +
naringina como possíveis agentes medicamentosos no tratamento do tumor ascítico de
Ehrlich e o quimioterápico Neotaxel
®
.
4.1. ANIMAIS
Para a realização do presente estudo, utilizaram-se 202 camundongos albinos
Swiss, não isogênicos, machos, com 6-8 semanas de idade, pesando de 20 a 25 g,
obtidos do Biotério Central da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Durante o
período de realização do estudo, os animais permaneceram em sala experimental do
Laboratório de Biofármacos da UFV, alojados em caixas de policarbonato, com período
de 12 horas claro-escuro, temperatura de 22 ± 2
o
C e umidade de 45-65%. Os animais
permaneceram durante cinco dias, no referido laboratório, em período de adaptação
antes de iniciar os tratamentos. No período de experimentação os animais receberam
água e ração comercial balanceada (Labina
®
) ad libitum.
4.2. OBTENÇÃO DO TUMOR ASCÍTICO DE EHRLICH
As células do tumor ascítico de Ehrlich (TAE) encontravam-se congeladas em
nitrogênio líquido e foram cedidas pelo Laboratório de Biologia do Câncer do
Departamento de Biologia Animal da UFV, coordenado pelo Professor Dr. Marcelo
José Vilela. Para manutenção do TAE em laboratório, descongelou-se a temperatura
ambiente uma alíquota de 500µL de células tumorais que foram inoculadas
intraperitonealmente, com auxílio de seringas de insulina em camundongos receptores.
Para a manutenção do tumor foram colhidos de animais portadores cerca de 0,3 mL do
fluido ascítico contendo aproximadamente 10
8
células tumorais e inoculados por via
intraperitoneal em camundongos receptores (normais). Esse procedimento foi repetido a
cada 10 dias durante 30 dias.
4.3. PREPARAÇÃO DAS CÉLULAS TUMORAIS PARA INOCULAÇÃO
Para obtenção das células tumorais para serem inoculadas, os camundongos
foram eutanasiados com uma superdosagem de éter etílico por inalação e em seguida
imersos em álcool 70
o
por 5 minutos. A seguir, sob condições estéreis, em capela de
fluxo laminar, foram retirados 5 mL do líquido ascítico da cavidade abdominal e
misturados com o mesmo volume de PBS (tampão fosfato salino), pH 7,4 e
centrifugados a 7100 x g por 5 minutos para lavagem das células. O sobrenadante foi
descartado, as células foram ressuspendidas em tubos de centrífuga com PBS, sendo
este procedimento repetido por 3 vezes.
Foram feitas contagens das células pelo método de exclusão com azul de tripano
(responsável pela coloração de todas as células mortas presentes na amostra) a 0,4%,
utilizados na proporção 1:1. Para contagem das células utilizou-se Hemocitômetro de
Newbauer, contando as células dos quatro quadrados externos e no quadrado central. As
células que apresentaram coloração azul eram consideradas inviáveis levando em
consideração a viabilidade maior que 90%.
4.4. INOCULAÇÃO DOS ANIMAIS
Após a contagem das células, preparou-se uma suspensão de 1,66 x 10
4
cel/100
µL em PBS pH 7,4, sendo inoculada por via intraperitoneal nos camundongos.
4.5. GRUPOS E PROTOCOLOS DE TRATAMENTO
O trabalho foi dividido em duas etapas distintas, onde na primeira etapa foi feito
um estudo de prevenção com os flavonóides, na segunda etapa, um estudo de tratamento
com os flavonóides sobre o TAE .
4.5.1. PRIMEIRO EXPERIMENTO - PREVENÇÃO DO TUMOR
ASCÍTICO DE EHRLICH COM FLAVONÓIDES
Nessa primeira etapa, os camundongos foram tratados com uma emulsão (água e
óleo mineral, 1:1) de flavonóides que foram administrados por gavage (figura 9) na
concentração de 10 mg/Kg (para os flavonóides rutina, naringina) e 5 mg/Kg de cada na
associação de, rutina + naringina durante um período de 20 dias como descrito na
tabela 2.
Os flavonóides foram obtidos da SIGMA
®
.
Figura 9 - Administração dos
flavonóides através de gavage.
Tabela 2 – Distribuição dos animais por grupo.
Grupos Número de
animais
Tratamentos
Grupo 1 – animais não inoculados
com TAE
12 Ração (R)
Grupo 2 – animais com TAE 14 Ração (R)
Grupo 3 – animais tratados 14 R + Rutina
Grupo 4 - animais tratados 14 R + Naringina
Grupo 5 – animais tratados 14 R + Rutina + Naringina
No 21-° dia após o tratamento diário com os flavonóides, procedeu-se a
inoculação das células tumorais do tumor ascítico de Ehrlich (1,66 x 10
4
cel/100 µL em
PBS pH 7,4) por via intraperitoneal conforme a figura 10. Nesse mesmo dia foi
suspenso o tratamento com os flavonóides.
Após 18 dias de inoculação (39-º de experimentação) os animais foram
eutanasiados para execução das análises propostas no (item 4.6).
Figura 10 – Inoculação intraperitoneal das células tumorais.
4.5.2. SEGUNDO EXPERIMENTO - TRATAMENTO DE CAMUNDONGOS
COM TAE COM FLAVONÓIDES
No segundo experimento avaliou-se o efeito dos flavonóides no tratamento de
animais com TAE.
Os camundongos foram inoculados com as células tumorais do TAE por via
intraperitoneal na concentração de 1,66 x 10
4
cel/100 µL em PBS, pH 7,4. Após 24
horas de inoculação, iniciou-se o tratamento com os flavonóides na dosagem de
10mg/kg durante 18 dias conforme a tabela 3 .
Tabela 3 - Distribuição dos animais em cada grupo e seus respectivos tratamentos.
Grupos Número de
animais
Tratamentos
Grupo 1 – animais não inoculados
com TAE
12 Ração (R)
Grupo 2 – animais com TAE 16 Ração (R)
Grupo 3 – animais com TAE tratados 16 R + Rutina
Grupo 4 - animais com TAE tratados 16 R + Naringina
Grupo 5 – animais com TAE tratados 16 R + Medicamento Neotaxel
®
Grupo 6- animais com TAE tratados 16 R + Rutina + Naringina
4.5.3. NEOTAXEL
O medicamento Neotaxel
®
foi cedido pela empresa Quiral Química do Brasil
S.A. A administração do medicamento Neotaxel
®
ocorreu em dose única por via
endovenosa na veia da cauda do camundongo na dosagem de 100mg/m
2
(1 quilograma
de peso corporal é equivalente a 6,6 m
2
) , após 24 horas da inoculação das células
tumorais.
As informações abaixo foram retiradas da bula do medicamento Neotaxel
®
,
produzido pela empresa Quiral Química do Brasil S.A.
Docetaxel é um agente antineoplásico pertencente à família dos taxóides. É
preparado por semi-síntese, sendo o seu precursor extraído de uma fonte renovável
de folhas de espécies do gênero Taxus. É um pó quase branco, com fórmula empírica
C
43
H
53
NO
14
e massa molecular de 807,9.
O docetaxel, princípio ativo do Neotaxel
®
é um agente que atua promovendo a
agregação das tubulinas na formação de microtúbulos estáveis, inibindo a sua
despolimerização, causando a diminuição da tubulina livre. A ligação do docetaxel
aos microtúbulos não altera o número de protofilamentos.
O docetaxel tem demonstrado, in vitro, romper a rede de microtúbulos, a qual é
essencial para a interfase vital e função mitótica da célula. Mostrou ser citotóxico, in
vitro, contra várias linhagens de células tumorais humanas e de roedores. Mostrou
também ser ativo em linhagens celulares, destacando-se a p-glicoproteína, a qual é
codificada por um gene multirresistente à drogas. In vitro, docetaxel demonstrou
experimentalmente ter um largo espectro de atividade antitumoral contra enxertos
tumorais avançados em humanos e roedores.
Baseado em estudos in vitro, isoenzimas do citocromo P450 parecem estar
envolvidas no metabolismo do docetaxel. Cerca de 95% desse medicamento se
encontra ligado às proteínas plasmáticas.
É indicado no tratamento de câncer de mama localmente avançado ou metastático,
após falha na quimioterapia prévia. Também em câncer de pulmão e carcinoma
metastático de ovário.
4.6. EUTANÁSIA DOS CAMUNDONGOS, COLETA DE SANGUE,
COLETA DE LÍQUIDO ASCÍTICO E COLETA DO FÍGADO PARA
HISTOPATOLOGIA.
Após 18 dias da inoculação das células tumorais, os animais sofreram eutanásia
e retirou-se o sangue por punção cardíaca com auxílio de uma seringa de 5 mL. As
amostras de sangue dos animais foram centrifugadas a 7100 x g durante 15 minutos para
obtenção do soro. As dosagens sorológicas de proteínas totais, alanina aminotransferase
(ALT ou TGP), aspartato aminotransferase (AST ou TGO) e albumina foram efetuadas
no equipamento de dosagens multiparamétrico de Bioquímica (Alizé) utilizando kits da
marca BioMérieux®.
Com o auxílio de uma seringa de 10 mL foi coletado todo o líquido ascítico da
cavidade abdominal do camundongo, sendo este colocado em proveta graduada para
mensuração do volume. Para a contagem das células presentes nesse líquido, foi retirado
uma alíquota de 100 µL do líquido ascítico e colocado em um ependorf contendo 100
µL de azul de tripano e 800 µL de solução fisiológica (NaCl, 0,9%) . As células foram
contadas em Hemocitômetro de Newbauer usando a técnica de exclusão pelo azul de
tripano.
As amostras do líquido ascítico dos animais foram centrifugadas a 7100 x g
durante 15 minutos para precipitação das células. As dosagens no líquido ascítico de
proteínas totais, alanina aminotransferase (ALT ou TGP), aspartato aminotransferase
(AST ou TGO) e albumina foram efetuadas no equipamento de dosagens
multiparamétrico de Bioquímica (Alizé) utilizando kits da marca BioMérieux®.
Após a retirada do sangue e líquido ascítico, foram coletados fragmentos de
fígado para análise histopatológica verificando a adesão de células tumorais e focos
metastáticos. Os fragmentos coletados foram imediatamente colocados em formol
neutro tamponado a 10%, sendo que após as primeiras 6 horas de fixação foram
recortados em fragmentos menores de aproximadamente 5 mm de espessura e colocados
novamente em formol por 24 horas. Decorrido esse tempo, foram desidratados em
soluções crescentes de álcoois 70
o
, 80
o
, 90
o
e 100%, diafanizados em xilol, incluídos em
parafina e cortados em micrótomo de rotação na espessura de 5 µm e estendidos em
lâmina de vidro com polipep, sendo corados pela hematoxilina/eosina (H&E).
4.7. ANÁLISE DO TEMPO DE VIDA
Para avaliar a mortalidade dos animais foi registrada diariamente a ocorrência de
morte dos mesmos para posterior confecção da curva de mortalidade. O ponto final do
experimento foi determinado pela morte espontânea dos animais.
O tempo médio de sobrevida dos animais (MST) e a porcentagem de aumento do
tempo de sobrevida (%ILS) foram avaliados durante 40 dias. A %ILS e MST foi
calculada usando a equação segundo GUPTA et al (2004):
MST = (1
o
dia de morte + último dia de morte)
2
ILS(%) = MST grupo tratado 1 x 100
De acordo com ORSOLIC (2005) e GUPTA et al (2004) se a MTS dos grupos
tratados dividido pela média do tempo de sobrevida do grupo controle exceder 125% e
ILS exceder 25%, é um indicativo que a droga testada possui uma atividade antitumoral
significativa.
4.8. ANÁLISE ESTATÍSTICA
As médias dos tratamentos (ou grupos) foram comparadas por meio do teste t
para amostras independentes, adotando-se %5
=
α
como nível de significância.
(Banzatto e Kronka, 1989; Gomes, 1985). A comparação entre os tempos foi feita por
meio do teste
F
de Snedecor, também adotando-se %5
=
α
como nível de significância,
uma vez que a relação
2
tF = é válida quando se comparam apenas dois tratamentos.
O programa estatístico utilizado para efetuar os testes foi o Sistema de Análises
Estatísticas e Genéticas, desenvolvido pelo Prof. Ricardo Frederico Euclydes, do
Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Viçosa-MG.
5. RESULTADOS E DISCUSSÂO
5.1 PREVENÇÃO DO TUMOR ASCÍTICO DE EHRLICH (TAE) EM
CAMUNDONGOS TRATADOS COM DIFERENTES FLAVONÓIDES POR 20
DIAS.
Na tabela 4 são apresentados os níveis médios de proteínas totais de camundongos
tratados com flavonóides com posterior indução do Tumor ascítico de Ehrlich (TAE).
Tabela 4 - Valores médios de proteínas totais (± desvio padrão) no soro sangüíneo de
camundongos tratados com flavonóides por 20 dias com posterior indução do tumor
ascítico de Ehrlich
Tratamentos
Proteínas Totais (
g
/dl)
21 dias
Proteínas Totais (g/dl)
39 dias
Ração (G1) 55,9 ± 3,67 a ---------------
Ração + câncer induzido (G2) ------------ 48,8 ± 9,08 a
Ração + Rutina (G3) 53,12 ± 7,94 Aab 60,13 ± 36,7 Aa
Ração + Naringina (G4) 49,76 ± 3,03 Bb 66,26 ± 10,2 Aa
Ração + Rutina + Naringina (G5) 54,70 ± 8,37 Aab 66,32 ± 21,99 Aa
Em cada coluna, médias seguidas de pelo menos uma mesma letra minúscula, não diferem entre si pelo
teste t de Student (P>0,05). Em cada tratamento A difere de B (na horizontal) pelo teste F (P<0,05).
De acordo com os resultados bioquímicos, obtidos na tabela acima, observou-se
que os animais tratados com os flavonóides Rutina (G3), Naringina (G4) e associação
de Rutina + Naringina (G5) apresentaram valores médios de proteínas totais circulantes
próximos ao valor médio do grupo controle normal (G1) grupo esse, não submetido a
nenhuma forma de tratamento durante o experimento.
Esses resultados são importantes considerando que a maioria das proteínas
plasmáticas são sintetizadas pelo fígado. Sendo assim, a variação não significativa nos
níveis desse parâmetro são indícios que os flavonóides testados não causam toxicidade
aos hepatócitos.
As proteínas plasmáticas representam um grupo heterogêneo, de diferentes
pesos moleculares. Consistem basicamente de albumina, que é a menor e a de maior
ocorrência, α-globulinas, β-globulinas, γ-globulinas e fibrinogênio. Quando dosadas no
soro, apresentam um valor menor do que no plasma, já que o fibrinogênio é perdido na
formação do coágulo (AMARAL, 1996). Elas são o principal componente do tecido
muscular, dos hormônios e das enzimas, e correspondem aos anticorpos, elementos de
defesa orgânica do animal contra doenças (MELLO, 1988).
É importante ressaltar, que apenas o grupo (G4), após 20 dias de tratamento,
apresentou um redução nos níveis de proteínas totais circulantes estatisticamente
significativos em relação ao grupo (G1). Valores diminuídos na concentração de
proteínas totais do soro sangüíneo podem estar relacionados com doenças renais,
hepáticas ou em casos de hiperhidratação, desnutrição grave, síndrome de má absorção,
deficiência de cálcio e de vitamina D (MEYER et al, 1992).
Outro fato, importante a ser relatado foi o aumento durante o período
experimental de 34% nos níveis de proteínas totais circulantes ocorrido no grupo (G4) e
essa variação foi estatisticamente significativa. Nota-se, no entanto, que no 21º- dia de
experimentação todos os animais encontravam-se normais (não haviam sido submetidos
a indução carcinogênica por TAE), recebendo apenas os flavonóides, e após 38º- dias
todos os animais encontravam-se doentes apresentado sinais claros de ascite.
Na tabela 5 encontram-se registrados os valores médios de Aspartato Amino
Transferase (também chamada de AST ou GOT ou TGO) do soro sanguíneo de
camundongos, tratados durante 20 dias com flavonóides, com posterior indução do
tumor ascítico de Ehrlich.
De acordo com os resultados bioquímicos obtidos na tabela 5 pode-se observar
que não ocorreram variações estatisticamente significativas nos níveis de atividade de
(AST) após 21º dias de experimentação, entre os grupos submetidos aos diferentes
tratamentos. Resultados semelhantes ocorreram aos 39º dias de experimentação.
Tabela 5 - Valores médios de aspartato aminotransferase (± desvio padrão) no soro
sangüíneo de camundongos tratados com flavonóides por 20 dias com posterior indução
do tumor ascítico de Ehrlich
Tratamentos AST (U/ml)
21 dias
AST (U/ml)
39 dias
Ração (G1) 587,56 ± 75,60 a ----------
Ração + câncer induzido (G2) ----------- 2021,25 ± 492,11 a
Ração + Rutina (G3) 333,36 ± 176,28 Ba 1276,85 ± 1006,78 Aa
Ração + Naringina (G4) 700,96 ± 487,03 Ba 1680,88 ± 282,97 Aa
Ração + Rutina + Naringina (G5) 561,34 ± 371,78 Ba 2076,58 ± 1204,68 Aa
Em cada coluna, médias seguidas de pelo menos uma mesma letra minúscula, não diferem entre si pelo
teste t de Student (P>0,05). Em cada tratamento A difere de B (na horizontal) pelo teste F (P<0,05).
A transaminase (AST) é uma enzima hepática cujo nível no sangue aumenta
freqüentemente, mas não sempre, quando há lesões das células hepáticas (hepatócitos)
provocadas por qualquer tipo de agressões, como vírus da hepatite (A, B ou C),
consumo excessivo de álcool, processos carcinogênicos ou drogas. Existem no fígado
mais de 60 reações que produzem transaminases, porém as únicas com valor clínico são
a AST (também conhecida pelas siglas GOT, ASAT, TGO ou SGOT) e a ALT (também
conhecida pelas siglas GPT, ALAT, TGP ou SGPT), sendo que, estas não são
produzidas exclusivamente no fígado e se encontram extensamente distribuídas pelo
organismo (VARALDO, 2005).
Comparando-se os valores médios das atividades de (AST) aos 21º- dia e aos
39º- dia de experimentação, entre os grupos submetidos ao mesmo tratamento, notou-se
um aumento abrupto na atividade enzimática da transaminase, valores esses,
estatisticamente significativos nos grupos (G3), (G4) e (G5). Lembrando sempre, que os
animais sofreram indução carcinogênica após o vigésimo dia de tratamento hipótese
essa que pode elucidar o aumento abrupto nos níveis de AST.
Como podemos observar na tabela acima, os flavonóides testados não
desencadearam um aumento na atividade de AST após 21-º dias de tratamento, mas um
aumento estatisticamente significativo foi observado após a inoculação de células do
TAE nos animais.
A AST é uma enzima catalítica encontrada primariamente no coração, fígado e
tecido muscular sendo que, níveis altos de AST na corrente sanguínea nem sempre
indicam danos hepáticos. Por exemplo, até mesmo exercícios vigorosos podem elevar
os níveis de AST no corpo. Essa transaminase catalisa a reação do ácido oxaloacético +
acido glutâmico para produzir ácido α-cetoglutárico + ácido aspártico. As variações na
atividade dessa enzima podem ser encontradas em hepatites infecciosas, hepatopatias
crônicas, carcinomas hepáticos e infarto do miocárdio (LIMA, 2003).
Na tabela 6 encontram-se registrados os valores médios de Alanina amino
transaminase (também chamada de ALT ou GPT ou TGP) do soro sanguíneo de
camundongos, tratados durante 20 dias com flavonóides, com posterior indução do
tumor ascítico de Ehrlich.
Tabela 6 - Valores médios de alanina aminotransferase (± desvio padrão) no soro
sangüíneo de camundongos tratados com flavonóides por 20 dias com posterior indução
do tumor ascítico de Ehrlich
Tratamento ALT (U/ml)
21 dias
ALT (U/ml)
39 dias
Ração (G1) 50,00 ± 17,79 a ------------
Ração + câncer induzido (G2) ------------- 53,40 ± 18,23 a
Ração + Rutina (G3) 29,2 ± 4,55 Abc 43,25 ± 19,41 Aa
Ração + Naringina (G4) 25,20 ± 4,92 Ac 58,99 ± 36,59 Aa
Ração + Rutina + Naringina (G5) 38,60 ± 13,54 Aab 30,20 ± 16,05 Aa
Em cada coluna, médias seguidas de pelo menos uma mesma letra minúscula, não diferem entre si pelo
teste t de Student (P>0,05). Em cada tratamento A difere de B (na horizontal) pelo teste F (P<0,05).
De acordo com os resultados bioquímicos obtidos na tabela 6, no 21º- dia de
experimentação, os grupos submetidos ao tratamento com os flavonóides rutina (G3) e
naringina (G4) apresentaram atividade enzimática de ALT reduzida em relação ao
grupo ração (G1) e essa variação foi estatisticamente significativa.
A alanina aminotransferase (ALT) também é responsável por reações de
transaminações (LIMA, 2003). A ALT é uma enzima produzida pelo fígado e
encontrada em certos líquidos corporais (bile, líquido cefalorraquidiano, plasma, saliva),
no fígado, na musculatura esquelética, no pâncreas e nos rins. Sua dosagem é
comumente efetuada para avaliar lesões hepáticas, quando seus níveis podem aumentar
e atingir até 50 vezes seu valor normal (MEYER,1992).
Os valores bioquímicos de ALT encontrados no trabalho reforção a premissa de
que os flavonóides testados em nosso experimento, na concentração de 10mg/Kg, não
desencadearam lesões hepáticas nos animais. Segundo Coles (1986b) esta enzima está
presente em grandes quantidades no citoplasma dos hepatócitos. A pequena quantidade
existente no soro é decorrente da substituição fisiológica de algumas células do tecido
hepático, com a subseqüente liberação da enzima. O aumento da atividade sérica reflete
anormalidade das células hepáticas.
A ALT estará aumentada no soro quando houver degeneração ou necrose do
fígado; nestes casos ocorre extravazamento da enzima do citoplasma do hepatócito para
o sangue. Meyer et al. (1992a) acrescentaram que a ALT estará aumentada no soro
também por processos que alterem a permeabilidade de membrana dos hepatócitos,
como agressão por toxinas e hipóxia.
Na tabela 7 encontram-se registrados os valores médios de Albumina (g/dl) do
soro sanguíneo de camundongos, tratados durante 20 dias com flavonóides, com
posterior indução do tumor ascítico de Ehrlich.
Tabela 7 - Valores médios de albumina (± desvio padrão) no soro sangüíneo de
camundongos tratados com flavonóides por 20 dias com posterior indução do tumor
ascítico de Ehrlich.
Em cada coluna, médias seguidas de pelo menos uma mesma letra minúscula, não diferem entre si pelo
teste t de Student (P>0,05). Em cada tratamento A difere de B (na horizontal) pelo teste F (P<0,05).
De acordo com os resultados bioquímicos obtidos, no 21º dia de
experimentação, observou-se que as concentrações de albumina sofreram uma redução
estatisticamente significativa apenas no grupo dos animais submetidos ao tratamento
com naringina (G4) em relação ao grupo ração (G1). Sendo assim, a redução dos níveis
de albumina no grupo (G4) desencadeou conseqüentemente, uma redução dos níveis de
proteínas totais presentes no soro sangüíneo dos animais do mesmo grupo, pois estes
Tratamentos Albumina (g/dl)
21 dias
Albumina (g/dl)
39 dias
Ração (G1) 3,78 ± 0,25 Aa --------------
Ração + câncer induzido (G2) ------------ 3,48 ± 0,44 ab
Ração + Rutina (G3) 3,37 ± 0,48 Aa 2,90 ± 0,88 Aab
Ração + Naringina (G4) 2,28 ± 1,19 Bb 3,74 ± 0,58 Aa
Ração + Rutina + Naringina (G5) 3,76 ± 0,45 Aa 2,86 ± 0,69 Bb
parâmetros encontram-se correlacionados. Nesse estudo, essa correlação pode ser
observada, pois o tratamento com o flavonóide naringina (G4) apresentou valores
estatisticamente significativos também na redução de proteína totais em comparação
com o grupo ração (G1).
Pode-se observar também, que os níveis de albumina no grupo (G4)
apresentaram um aumento estatisticamente significativo ao longo do tempo de
experimentação como pode ser comprovado em análises bioquímicas realizadas no
mesmo grupo aos 21º e 39º dias. Segundo Meyer, (1992) valores elevados de albumina
podem ocorrer em carcinomatose metastática, colite ulcerativa, nefrose, neoplasias entre
outras.
Outro fato observado foi que a associação entre os flavonóides rutina +
naringina grupo (G5) sofreu um redução estatisticamente significativa nas
concentrações de albumina ao longo do experimento.
Os valores referentes ao número de células tumorais vivas presentes no líquido
ascítico encontram-se registrados na tabela 8.
Tabela 8 - Efeito dos flavonóides na prevenção do TAE. Número de células tumorais
viáveis (± desvio padrão) presentes no líquido ascítico dos camundongos
Tratamento Células tumorais viáveis (N x 10
7
)
Ração + Animal com câncer (G2)
10,84 ± 1,44 a
Ração + Rutina (G3)
4,99 ± 1,54 b
Ração + Naringina (G4)
6,78 ± 1,24 b
Ração + Rutina + Naringina (G5)
5,95 ± 1,97 b
Em cada coluna, médias seguidas de pelo menos uma mesma letra minúscula, não diferem entre si pelo
teste t de Student (P>0,05).
De acordo com os resultados obtidos na tabela 8 observou-se que os grupos
submetidos a diferentes tratamentos com flavonóides, como forma de prevenção,
apresentaram resultados estatisticamente significativos na redução do número de células
tumorais viáveis do líquido ascítico de camundongos em comparação com o grupo
(G2). Os tratamentos (G3), (G4) e (G5) não diferem estatisticamente na redução no
número de células viáveis.
Kennedy, (2002) demonstrou que o extrato de chá verde, galoil polifenol e
epigalocatequinas (ricos em flavonóides) têm demonstrado possuir efeito inibitório nas
células do TAE e muitos mecanismos têm sido elucidados. Muitos deles incluem
redução da atividade da ornitina descarboxilase, glutationa celular e de proteínas que
contêm o grupo SH. Polifenóis e flavonóides causam paralisação do ciclo celular na fase
G0-G1, levando subsequentemente a apoptose.
Os resultados da ação dos flavonóides na redução do número de células vivas
presentes no liquido ascítico de camundongos pode ser melhor visualizado no gráfico 1.
Gráfico 1 - Número delulas viáveis doTAE em camundongos tratados
com diferentes flavonóides durante 20 dias com indução posterior do
TAE.
0,00E+00
2,00E+07
4,00E+07
6,00E+07
8,00E+07
1,00E+08
1,20E+08
rutina r + n naringina controle
tratamentos
Células viáveis
abbb
Em cada coluna, médias seguidas de pelo menos uma mesma letra minúscula, não diferem entre si pelo
teste t de Student (P>0,05).
Os valores referentes ao número de células tumorais mortas presentes no líquido
ascítico encontram-se registrados na tabela 9.
Tabela 9 - Efeito dos flavonóides na prevenção do TAE. Número de células tumorais
mortas (± desvio padrão) presentes no líquido ascítico dos camundongos
Tratamento Células tumorais mortas (N x 10
7
)
Ração + Animal com câncer (G2)
0,046 ± 0,020 b
Ração + Rutina (G3)
0,378 ± 0,090 a
Ração + Naringina (G4)
0,315 ± 0,177ab
Ração + Rutina + Naringina (G5)
0,278± 0,198 ab
Em cada coluna, médias seguidas de pelo menos uma mesma letra minúscula, não diferem entre si pelo
teste t de Student (P>0,05).
De acordo com a tabela 9, pode-se observar que o número de células tumorais
mortas do grupo tratado com o flavonóide rutina aumentou de forma estatisticamente
significativa em relação ao grupo (G2).
Os flavonóides podem exercer efeitos modulatórios nas células, independentes
da sua atividade antioxidante clássica, através de ações seletivas em diferentes rotas de
sinalização das proteínas quinases. Ações inibitórias ou estimuladoras dessas rotas
afetam profundamente a função celular por alterar a fosforilação de moléculas alvos
e/ou por modular a expressão gênica. Ações inibitórias seletivas dessas quinases podem
ser benéficas no tratamento do câncer, doenças proliferativas, inflamação e
neurodegeneração que podem ser deteriorantes durante o desenvolvimento
(WILLIAMS, 2004). Quercetina e genisteína inibem a proteína tirosina quinase que
também está envolvida na proliferação celular.
Os resultados das ações dos flavonóides na indução da mortalidade de células
presentes no líquido ascítico de camundongos, pode ser melhor visualizado no gráfico
2.
Em cada coluna, médias seguidas de pelo menos uma mesma letra minúscula, não diferem entre si pelo
teste t de Student (P>0,05).
Orsolic (2005) realizou um estudo preventivo com o objetivo de avaliar a
atividade terapêutica da própolis e dos flavonóides naringenina, crisina e quercetina em
camundongos com TAE. Para realização do estudo os camundongos foram tratados com
Gráfico 2 - Número de células mortas do TAE de
camundongos tratados com diferentes flavonóides
durante 20 dias com posterior indução do TAE
0,0E+00
5,0E+05
1,0E+06
1,5E+06
2,0E+06
2,5E+06
3,0E+06
3,5E+06
4,0E+06
Tratamentos
Células morta
s
rutina naringina R + N controle
a
ab
ab
b
50mg/kg desses compostos, por via oral, por 7º dias e no 8
o
dia ocorreu a indução do
TAE. As análises de viabilidade celular, volume do líquido ascítico e número de células
tumorais totais foram realizadas no 14
o
dia de experimentação. Esse autor afirma que a
atividade terapêutica da própolis é dependente principalmente da presença de
flavonóides, entre eles, quercetina, naringenina, crisina, galangina, etc. Quando foi
avaliado o número de células tumorais mortas, observou-se um aumento de 4,3% no
número dessas células quando os animais foram tratados com o flavonóide naringenina
comparado ao grupo de animais com TAE não tratados e de 3,79% quando utilizado o
flavonóide quercetina. Esse mesmo pesquisador afirma que a combinação de
flavonóides apresenta melhores resultados na redução do número de células tumorais
mamárias induzidas por DMBA e em cultura de células mamárias humanas da linhagem
MDA-MB-435.
Os resultados encontrados nesse trabalho estão de acordo com os resultados de
Orsolic (2005). Ao avaliar o número de células tumorais mortas contidas no líquido
ascítico dos camundongos com TAE tratados como a associação dos flavonóides rutina
+ naringina encontrou-se um aumento significativo (p<0,05) no número de células
tumorais mortas quando comparado aos animais do grupo com TAE não tratados.
Na tabela 10 encontram-se expostos os valores encontrados na contagem das
células tumorais totais presentes no líquido ascítico dos diferentes grupos.
Tabela 10 - Efeito dos flavonóides na prevenção do TAE. Número de células tumorais
totais (± desvio padrão) presentes no líquido ascítico dos camundongos
Tratamento Células tumorais totais (N x 10
7
)
Ração + Animal com câncer (G2)
10,89 ± 1,46 a
Ração + Rutina (G3)
5,37 ± 1,63 b
Ração + Naringina (G4)
7,10 ± 1,22 b
Ração + Rutina + Naringina (G5)
6,23 ± 2,17 b
Em cada coluna, médias seguidas de pelo menos uma mesma letra minúscula, não diferem entre si pelo
teste t de Student (P>0,05).
Como pode-se observar na tabela 10 os grupos (G3), (G4) e (G5) apresentaram
menores valores, referentes a totalidade de células, comparado ao grupo (G2) e esses
valores foram estatisticamente significativos. Os resultados encontrados nesse estudo
estão de acordo com os resultados encontrados por Orsolic (2005) que constatou em seu
estudo preventivo uma redução estatisticamente significativa de 79% no número de
células tumorais totais quando os animais foram tratados com própolis; 74% quando
tratados com o flavonóide naringenina e 57% com o flavonóide quercetina.
Quando comparou-se a eficácia na redução do número de células tumorais, entre
os grupos (G3), (G4) e (G5) pode-se observar que não ocorreram variações
estatisticamente significativas entre eles. Através dessa análise matemática, pode-se
afirmar que os diferentes tratamentos apresentaram um mesmo padrão de redução no
número total de células tumorais no líquido ascítico de camundongos.
Esses dados podem ser melhor visualizados no gráfico 3.
Gráfico 3 - Número de células tumorais totais do TAE de
camundongos tratados com diferentes flavonóides por 20 dias com
indução posterior do TAE
0,00E+00
2,00E+07
4,00E+07
6,00E+07
8,00E+07
1,00E+08
1,20E+08
1
Tratamentos
Células totais
rutina R + N narin
g
ina controle
Em cada coluna, médias seguidas de pelo menos uma mesma letra minúscula, não diferem entre si pelo
teste t de Student (P>0,05).
Os resultados referentes a viabilidade celular tumoral de Ehrlich encontram-se
registrados na tabela 11.
De acordo com os resultados obtidos para a viabilidade celular observou-se que
os grupos submetidos a diferentes tratamentos com flavonóides, como forma de
prevenção da multiplicação celular tumoral, apresentaram resultados estatisticamente
significativos apenas, quando os animais foram submetidos ao tratamento com o
flavonóide rutina (G3) comparando ao grupo (G2). Esse resultado pode ser melhor
visualizado no gráfico 4.
b
b b a
Tabela 11 - Efeito dos flavonóides na prevenção do TAE. Viabilidade celular ± desvio
padrão presente no líquido ascítico dos camundongos
Em cada coluna, médias seguidas de pelo menos de uma mesma letra minúscula, não diferem entre si
pelo teste t de Student (P>0,05).
Em cada coluna, médias seguidas de pelo menos uma mesma letra minúscula, não diferem entre si pelo
teste t de Student (P>0,05).
Segundo Woo (2005), flavonóides inibem a proliferação celular pela modulação
da atividade de ciclinas dependente de quinase, moléculas chave envolvidas na
regulação do ciclo celular. Os flavonóides causam paralisação do crescimento de células
tumorais por impedirem a progressão da fase G0-G1 do ciclo celular, levando
subseqüentemente a célula a apoptose. A paralisação do ciclo celular é mediada através
da indução de fatores nucleares e da baixa modulação da ciclina D1 e E. Essa
paralisação também pode estar associada com a inibição de CDK2, CDK 4 e CDK5 pela
expressão de inibidores de cdk (p21 e p27).
Orsolic (2005) observou em seu estudo que os animais tratados com o
flavonóide quercetina apresentaram no líquido ascítico uma viabilidade celular de
96,21%, e de 95,7% quando os animais foram tratados com o flavonóide naringenina.
Tratamento Viabilidade celular (%)
Ração + Animal com câncer (G2)
99,5 ± 0,12 a
Ração + Rutina (G3)
92,8 ± 0,61 b
Ração + Naringina (G4)
95,0 ± 2,00 ab
Ração + Rutina + Naringina (G5)
95,8 ± 1,91 ab
Gráfico 4 - Viabilidade celular do tumor ascítico de Ehrlich em
camundongos submetidos a diferentes tratamentos
89
90
91
92
93
94
95
96
97
98
99
100
101
1
Tratamentos
Viabilidade Celular (%
)
Rutina Naringina R + N Controle
b ab
ab
a
Gráfico 4 - Viabilidade celular do TAE em camundongos tratados
com diferentes flavonóides
p
or 20 dias com indu
ç
ão
p
osterior de TAE
Sendo assim, os resultados encontrados nesse trabalho estão em concordância com os
resultados encontrados por Orsolic (2005). Em nosso estudo foi constatado que os
animais tratados, com o flavonóide rutina, apresentaram uma viabilidade celular de
92,8%.
Na tabela 12 encontram-se destacados os valores referentes ao volume do
líquido ascítico, acumulado ao longo do experimento, na cavidade abdominal dos
animais.
Tabela 12 - Efeito dos flavonóides na prevenção do TAE. Volume do líquido ascítico(±
desvio padrão) dos camundongos
Tratamento Volume do liquido ascítico (mL)
Ração + Animal com câncer (G2)
14,9 ± 2,35 b
Ração + Rutina (G3)
27,0 ± 6,36 a
Ração + Naringina (G4)
16,9 ± 2,71 ab
Ração + Rutina + Naringina (G5)
23,7 ± 4,8 a
Em cada coluna, médias seguidas de pelo menos uma mesma letra minúscula, não diferem entre si pelo
teste t de Student (P>0,05).
De acordo com os resultados obtidos observou-se que o grupo (G3), tratado com
o flavonóide rutina, apresentou o maior valor em volume de líquido ascítico presente na
cavidade abdominal dos animais quando comparado aos demais grupos. Valor esse,
estatisticamente significativo em relação ao grupo (G2).
Orsolic (2005), ao realizar seu estudo de prevenção com os flavonóides
quercetina, naringenina administrados de forma oral e intraperitoneal, observou uma
redução estatisticamente significativa no volume do líquido ascítico dos animais
tratados em relação aos animais com TAE (não tratados). Os dados encontrados em
nosso estudo mostraram que os animais tratados com os diferentes flavonóide (rutina,
naringina, rutina + naringina) por 20 dias na prevenção do TAE, tiveram um aumento
significativo no volume do líquido ascítico. Sendo assim, os resultados encontrados por
Orsolic (2005) não estão em concordância com os resultados encontrados nesse
trabalho.
Quando comparou-se os tratamentos (G3), (G4) e (G5) observou-se que não
ocorreram diferenças estatisticamente significativas nos valores referentes ao volume de
líquido acumulado na cavidade abdominal dos animais.
Esses resultados podem ser melhor visualizados no gráfico 5.
Gráfico 5 - Volume do líquido ascítico em camundongos
tratados com diferentes flavonóides durante 20 dias com
indução posterior do TAE
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
1
Tratamentos
Volume (mL)
Controle Naringina R + N Rutina
b
ab
a
a
Em cada coluna, médias seguidas de pelo menos uma mesma letra minúscula, não diferem entre si pelo
teste t de Student (P>0,05).
O gráfico 6 destaca os resultados da freqüência de mortalidade dos
camundongos tratados com diferentes flavonóides por 20 dias com posterior indução do
TAE.
De acordo com os resultados obtidos observou-se que o grupo controle, referente
aos animais não submetidos a nenhuma forma de tratamento, apresentou taxa de
mortalidade acumulada de 80% dos animais aos 21 dias de experimentação.
Percentagem de mortalidade ocorrida aos 22 dias ao grupo tratado com o flavonóide
Rutina.
O grupo tratado com o flavonóide Naringina apresentou taxa de mortalidade
acumulada de 80% da população de camundongos aos 23 dias. Quando os flavonóides
Rutina e Naringina foram associados observou-se um sinergismo de adição no potencial
terapêutico, fato esse observado pela maior longevidade dos animais com taxa de
mortalidade acumulada de 80% da população aos 25 dias de experimentação.
Frequência de mortalidade
-20
0
20
40
60
80
100
120
13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
Dias
porcentagem
Rutina Naringina Controle R + N
Nesse trabalho os camundongos foram tratados diariamente por 20 dias com
10mg/kg dos diferentes flavonóides por via oral e no 21º dia do experimento ocorreu a
indução do TAE. Observou-se um aumento de 8,0 % na expectativa de vida dos
camundongos que receberam o flavonóide rutina quando comparado ao grupo controle.
Quando os animais foram tratados com a naringina esse aumento foi de 13,5%. A
associação dos flavonóides rutina + naringina prolongou a vida dos animais em 29,7%.
De acordo com Orsolic (2005), em um estudo preventivo testando diferentes
flavonóides em camundongos com TAE, foi observado um aumento de 15,83% no
tempo de vida dos animais que foram tratados com o flavonóide naringenina na
concentração de 50mg/kg por 7 dias. Quando o tratamento foi efetuado com a
quercetina, o aumento observado foi de 6,66% . O autor afirma que esses tratamentos
aumentam o tempo de vida dos animais, confirmando assim, a eficácia dos compostos
testados.
Os resultados obtidos nesse experimento estão em concordância com os
resultados publicados por Orsolic dessa forma, podemos afirmar que os flavonóides
testados aumentam o tempo de vida dos animais com TAE.
A análise do tempo de vida dos animais também foi realizada através de cálculos
de MST (Tempo médio de sobrevida dos animais) e de %ILS (percentagem de aumento
do tempo de sobrevida). Esses resultados podem ser visualizados na tabela 13.
Gráfico 6 - Freqüência de mortalidade de camundongos tratados com
diferentes flavonóides durante 20 dias com
p
osterior indu
ç
ão do TAE
Ao analisar esses resultados observou-se que os flavonóides rutina e naringina
quando administrados previamente por 20 dias nos camundongos não possuíram uma
atividade antitumoral significativa de acordo com o critério de NCI citado por Orsolic
(2005). Pois segundo esse critério, e a MTS dos grupos tratados dividido pela média do
tempo de vida do grupo controle exceder 125% e ILS exceder 25%, é um indicativo que
a droga testada possui uma atividade antitumoral significativa.
Um atividade antitumoral significativa de acordo com a MTS e ILS pode ser
observada apenas na associação das drogas.
Tabela 13 – Atividade preventiva de flavonóides sobre o tempo de vida de
camundongos com TAE
Tratamentos Variação do
tempo de vida
MST (d)
a
ILS (%)
b
T/C (%)
c
Eficácia
Ração 15 -22 18,5 ------ ------
Ração + rutina 17-23 20,0 8,0 108,0 -
Ração + naringina 19-23 21,0 13,5 113,5 -
Ração + rutina +
naringina
22-26 20,0 29,7 129,7 +
a) MST=(1
o
dia de morte + ultimo dia de morte)/2; b) ILS% = (MST grupo tratado /MST grupo controle)-
1 x 100; c) T/C % = (MST grupo tratado /MST grupo controle) x 100
Um atividade antitumoral significativa de acordo com a MTS e ILS pode ser
observada apenas na associação das drogas.
5.2 - TRATAMENTO DE CAMUNDONGOS COM TUMOR ASCÍTICO DE
EHRLICH (TAE) COM DIFERENTES FLAVONÓIDES POR 18 DIAS.
Na tabela 14 encontram-se registrados os valores médios de Proteínas Totais do
soro sanguíneos de camundongos com Tumor ascítico de Ehrlich tratados durante 18
dias com diferentes flavonóides.
Tabela 14 - Valores médios de proteínas totais (± desvio padrão) no soro sanguíneo de
camundongos com tumor ascítico de Ehrlich tratados com flavonóides por 18 dias .
Tratamentos Proteínas Totais (g/dl)
18 dias
Ração (G1) 54,63 ± 2,67 b
Ração + Animal com câncer (G2) 48,80 ± 5,08 c
Ração + Rutina (G3) 74,32 ± 8,42 a
Ração + Naringina (G4) 64,48 ± 16,60 ab
Ração + Rutina + Naringina (G5) 52,73 ± 3,28 bc
Ração + Neotaxel (G6) 60,13 ± 7,49 b
Em cada coluna, médias seguidas de pelo menos uma letra minúscula, não diferem entre si pelo teste t de
Student (P>0,05).
De acordo com os resultados obtidos observou-se que o grupo (G2), animais
doentes com tumor ascítico de Ehrlich não submetidos a tratamento, apresentou a menor
média na concentração de proteínas totais após 18 dias de experimentação. Segundo
Meyer, (1992) hipoproteinemia pode ocorrer quando a um aumento do volume
plasmático como na emodiluição por intoxicação hídrica, na cirrose ou quando a ascite
está presente.
Quando análises foram efetuadas comparando-se os diferentes tratamentos com
o grupo (G2) pode-se observar, com exceção do tratamento utilizando a associação
Rutina + Naringina, que os diferentes tratamentos desencadearam um aumento nas
concentrações de proteínas totais e esses resultados foram estatisticamente
significativos. Esses aumentos, nos níveis de proteínas totais pelos flavonóides são de
grande importância, pois essas proteínas estão envolvidas com transporte de fármacos,
reparo de tecidos lesados e em respostas imunológicas.
De acordo com Meyer, (1992), as proteínas séricas totais sintetizadas no fígado e
no sistema retículo-endotelial constituem mais de 100 substâncias diferentes,
classificadas como albumina e globulinas. As proteínas séricas são essenciais para
regulação da pressão coloidosmótica. Elas incluem fatores de coagulação, enzimas,
hormônios e são responsáveis por crescimento e reparo dos tecidos e tampões de pH,
anticorpos, transportam componentes sanguíneos (bilirrubina, cálcio, esteróides,
hormônios tireóideos, lipídeos, metais, oxigênio e vitaminas) e são preservadoras dos
cromossomos.
É importante observar que os animais com câncer (G2) tiveram menores
concentrações plasmáticas de proteínas totais e isso é coerente, pois no processo de
carcinogênese diversas proteases são liberadas e suas atividades aumentadas dessa
forma, ocorre uma maior degradação protéica, embora formem-se novas proteínas
(oncoproteínas).
Na tabela 15 encontram-se registrados os valores médios da atividade de
Aspartato Amino Transferase (também chamada de AST ou GOT ou TGO) no soro
sanguíneo de camundongos, com tumor ascítico de Ehrlich, tratados durante 18 dias
com diferentes flavonóides.
Tabela 15 - Valores médios de Aspartato aminotransferase – AST - (± desvio padrão)
do soro sanguíneo de camundongos com tumor ascítico de Ehrlich tratados com
flavonóides por 18 dias
Tratamentos AST (U/ml)
18 dias
Ração (G1) 587,56 ± 75,60 c
Ração + Animal com câncer (G2) 2021,25 ± 492,11 c
Ração + Rutina (G3) 4818,63 ± 698,95 a
Ração + Naringina (G4) 2375,25 ± 709,73 bc
Ração + Rutina + Naringina (G5) 2949,00 ± 553,94 b
Ração + Neotaxel (G6) 2803,80± 558,71b
Em cada coluna, médias seguidas de pelo menos uma letra minúscula, não diferem entre si pelo teste t de
Student (P>0,05).
De acordo com os resultados obtidos, os tratamentos efetuados ao longo do
experimento, com exceção do grupo G4, desencadearam um aumento na atividade de
(AST) de forma estatisticamente significativa em relação ao grupo G1 e G2.
Gupta e colaboradores 2004 realizaram um estudo com uma planta da Índia, a
Cesalpinia bonducella, que possui associação de flavonóides, terpenos, saponinas e
alcalóides. Para avaliar a toxicidade da planta em camundongos normais (sem TAE)
foram testadas dosagens diferentes (50, 100, 200 e 300mg/kg) do extrato metanólico
dessa planta (MECB). Esse extrato foi dissolvido em propileno glicol e administrado
intraperitonealmente em camundongos. Após 14 dias de tratamento, foi observado um
aumento estatisticamente significativo (P<0,05) na atividade sérica das enzimas
(transaminases) quando comparou o grupo controle (animal normal) em relação ao
grupo tratado com 300mg/kg do extrato. As demais concentrações desse extrato
provocaram um aumento da atividade dessas enzimas, porém esses resultados não foram
estatisticamente significativos. Os autores concluíram que uma alta concentração do
extrato da planta (300 mg/kg) provocou um aumento na atividade de transaminases
indicando assim, a ocorrência de disfunções hepato-renais e alterações no metabolismo.
Os resultados encontrados nesse trabalho demonstraram um aumento na
atividade de AST nos grupos (G3), (G5) e (G6) em comparação ao grupo (G2) dessa
forma, estes resultados estão em concordância com os resultados de Gupta et al, mas
alterações hepato-renais não foram observadas em análises histopatológicas de fígado
realizadas em nosso experimento.
Na tabela 16 encontram-se registrados os valores médios da atividade de alanina
amino transaminase (também chamada de ALT ou GPT ou TGP) no soro sanguíneo de
camundongos, com tumor ascítico de Ehrlich, tratados durante 18 dias com diferentes
flavonóides.
Tabela 16 - Valores médios de Alanina aminotransferase – ALT - (± desvio padrão) do
soro sanguíneo de camundongos com tumor ascítico de Ehrlich tratados com
flavonóides por 18 dias.
Tratamentos ALT (U/ml)
18 dias
Ração (G1) 50,00 ± 17,79 b
Ração + Animal com câncer (G2) 53,40 ± 18,23 b
Ração + Rutina (G3) 120,75 ± 69,96 a
Ração + Naringina (G4) 27,50 ± 2,29 bc
Ração + Rutina + Naringina (G5) 12,00 ± 2,60 cd
Ração + Neotaxel (G6) 12,38 ± 2,56 cd
Em cada coluna, médias seguidas de pelo menos uma letra minúscula, não diferem entre si pelo teste t de
Student (P>0,05).
De acordo com os resultados bioquímicos demonstrados na tabela acima, os
animais submetidos ao tratamento com o flavonóide Rutina (G3) apresentaram a maior
atividade enzimática de (ALT), estatisticamente significativa, em relação aos demais
grupos. Outro fato, que merece ser destacado é a redução na atividade de (ALT)
decorrentes dos tratamentos (G5) e (G6) quando comparados ao grupo (G2). Essas
reduções ocorreram de forma estatisticamente significativa como podemos observar na
tabela 16.
Matsuzaki et al (2003) realizaram um estudo com a planta Pfaffia paniculata
(Ginseng brasileiro), que contém flavonóides e é um estimulante tônico e coadjuvante
no tratamento do câncer. Foram testadas doses de 200 e 400mg/kg do extrato dessa
planta administrados por via oral durante 10 dias em camundongos com TAE. Os
resultados demonstraram que não ocorreram alterações histopatológicas em fígado e
rins desses animais. Ao avaliar a atividade sérica da enzima ALT no soro sanguíneo dos
animais que receberam 400mg/kg do extrato de Ginseng, observou-se uma redução na
atividade dessa enzima quando comparado ao grupo de animais com TAE, não tratados.
Nassair et al (2000), analisando a hepatotoxidade de flavonóides em culturas de
hepatócitos de ratos, observaram que esses compostos não apresentaram efeitos tóxicos.
Esses dados foram obtidos através da avaliação da liberação de lactato desidrogenase,
inibição da respiração mitocondrial e do desacoplamento da fosforilação oxidativa.
Os resultados encontrados por Matsuzaki e Nassair estão em concordância com
os resultados encontrados nesse trabalho, onde foram observadas reduções na atividade
de ALT nos grupos G4 e G5 e a não toxicidade dos flavonóides testados. Essa não
toxicidade pode ser comprovada através de análises histopatológicas de fígado
realizadas em nosso trabalho.
Na tabela 17 encontram-se registrados os valores médios da concentração de
albumina no soro sanguíneo de camundongos, com tumor ascítico de Ehrlich, tratados
durante 18 dias com flavonóides.
De acordo com os resultados bioquímicos obtidos os grupos (G4) e (G5)
apresentaram as menores concentrações plasmáticas de albumina e esses resultados
foram estatisticamente significativos quando comparados ao grupo (G2). Segundo
Meyer, (1992) em presença de ascite de qualquer causa a albumina sérica não é um bom
índice da capacidade sintética dos hepatócitos, pois na ascite a síntese de albumina pode
estar normal ou mesmo alterada, no entanto os teores séricos podem estar baixos devido
ao grande volume de distribuição. Mas, o objetivo da análise de albumina nesse trabalho
não foi o de avaliar danos hepáticos e sim, a capacidade de transporte de drogas
(flavonóides) na corrente sangüínea pela albumina.
Tabela 17 - Valores médios de albumina (± desvio padrão) do soro sanguíneo de
camundongos com tumor ascítico de Ehrlich tratados com diferentes flavonóides por 18
dias
Tratamentos Albumina (g/dl)
18 dias
Ração (G1) 3,78 ± 0,25 a
Ração + Animal com câncer (G2) 3,48 ± 0,44 a
Ração + Rutina (G3) 3,61 ± 0,43 a
Ração + Naringina (G4) 2,94 ± 0,36 b
Ração + Rutina + Naringina (G5) 2,81 ± 0,26 b
Ração + Neotaxel (G6) 3,71 ± 0,83 a
Em cada coluna, médias seguidas de pelo menos uma letra minúscula, não diferem entre si pelo teste t de
Student (P>0,05).
O grupo tratado com o medicamento Neotaxel
®
(G6) apresentou valores
semelhantes aos grupos (G1), (G2) e (G3) e esses valores não foram estatisticamente
significativos. É importante ressaltar que além da função de transporte a albumina pode
determinar a proporção de um fármaco livre farmacologicamente ativo disponível no
plasma. Esses resultados demonstraram que o flavonóide rutina e o medicamento
Neotaxel
®
encontravam-se em maiores proporções livres no plasma conseqüentemente,
eles desempenharam uma maior ação farmacológica que os demais flavonóides
testados.
Além da sua função como molécula fixadora e de transporte, a albumina
desempenha um papel importante na nutrição. Argumenta-se que a proteína está
constituída de tal modo que é facilmente metabolizada, contendo todos os aminoácidos
essenciais (MEYER et al, 1992). Albumina representa de 40% a 60% das proteínas
totais de um animal adulto, sendo produzida exclusivamente no fígado. A principal
função da albumina normal é o transporte e armazenagem de uma ampla variedade de
substâncias de baixo peso molecular, como o cortisol, hormônios sexuais, fármacos,
ácidos graxos, cálcio e várias drogas. A fixação, e consequentemente a detoxificação,
constituem outra das funções primaria da albumina no recém-nascido (AMARAL,
1996).
Na tabela 18 encontram-se registrados os valores médios da concentração de
proteínas totais (g/dl), no líquido ascítico de camundongos, tratados durante 18 dias
com diferentes flavonóides.
Tabela 18 - Valores médios de proteínas totais (± desvio padrão) do líquido ascítico de
camundongos com tumor ascítico de Ehrlich tratados com diferentes flavonóides por 18
dias
Tratamentos Proteínas Totais (g/dl)
18 dias
Ração + Animal com câncer (G2)
37,72 ± 2,92 a
Ração + Rutina (G3)
40,14 ± 5,32 a
Ração + Naringina (G4)
39,18 ± 2,05 a
Ração + Rutina + Naringina (G5)
36,76 ± 2,13 a
Ração + Neotaxel (G6)
37,22 ± 2,74 a
Em cada coluna, médias seguidas de pelo menos uma letra minúscula, não diferem entre si pelo teste t de
Student (P>0,05).
De acordo com os resultados obtidos na tabela 18, foram observadas pequenas
variações na concentração de proteínas totais, presentes no liquido ascítico. Essas
variações não foram estatisticamente significativas. Dessa forma, os flavonóides
testados não provocaram danos hepáticos aos animais.
Na tabela 19 encontram-se registrados os valores médios da concentração de
aspartato amino transferase (também chamada de AST ou GOT ou TGO), no líquido
ascítico de camundongos, tratados durante 18 dias com diferentes flavonóides.
De acordo com os resultados bioquímicos expostos na tabela 19, os grupos (G3)
e G4) apresentaram menor atividade enzimática de (AST) quando comparados ao grupo
(G2) e esses resultados foram estatisticamente significativos. Sendo assim, os
flavonóides rutina e naringina promoveram uma proteção aos hepatócitos quando
administrados na concentração de 10mg/Kg.
Tabela 19 - Valores médios de aspartato aminotransferase - AST (± desvio padrão) do
líquido ascítico de camundongos com tumor ascítico de Ehrlich tratados com diferentes
flavonóides por 18 dias.
Tratamentos
AST (U/ml)
18 dias
Ração + Animal com câncer (G2)
236,00 ± 60,52 a
Ração + Rutina (G3)
31,67 ± 32,35 b
Ração + Naringina (G4)
109,00 ± 101,53 b
Ração + Rutina + Naringina (G5)
284,25 ± 68,28 a
Ração + Neotaxel (G6)
265,20 ± 38,05 a
Em cada coluna, médias seguidas de pelo menos uma letra minúscula, não diferem entre si pelo teste t de
Student (P>0,05).
Na tabela 20 encontram-se registrados os valores médios de alanina amino
transaminase (também chamada de ALT ou GPT ou TGP), no liquido ascítico de
camundongos, tratados durante 18 dias com diferentes flavonóides.
Tabela 20 - Valores médios de Alanina aminotransferase – ALT (± desvio
padrão) do líquido ascítico de camundongos com tumor ascítico de Ehrlich tratados com
diferentes flavonóides por 18 dias
Tratamentos
ALT (U/ml)
18 dias
Ração + Animal com câncer (G2)
21,25 ± 4,43 d
Ração + Rutina (G3)
71,67 ± 22,05 a
Ração + Naringina (G4)
33,75 ± 10,24 bc
Ração + Rutina + Naringina (G5)
66,60 ± 40,07 ab
Ração + Neotaxel (G6)
25,00 ± 4,69 cd
Em cada coluna, médias seguidas de pelo menos uma letra minúscula, não diferem entre si pelo teste t de
Student (P>0,05).
De acordo com os resultados obtidos observou-se que o grupo de animais tratado
com o flavonóide rutina (G3) obteve o mais alto valor na atividade enzimática de (ALT)
e esse valor foi estatisticamente significativo quando comparado ao grupo de animais
com câncer (G2). Resultado semelhante pode ser observado no grupo (G5).
A atividade da ALT encontra-se elevada na presença de danos hepáticos. Sendo
assim os tratamentos dos grupos G3 e G5 podem ter desencadeado lesões aos
hepatócitos as quais, não foram confirmadas por análises histológicas.
Quando comparamos o grupo (G2), com o grupo tratado com o quimioterápico
Neotaxel
®
, (G6) observamos que não ocorreram variações estatisticamente
significativas em valores de atividade enzimática de (ALT) entre os grupos.
Na tabela 21 encontram-se registrados os valores médios da concentração de
Albumina (g/dl), no líquido ascítico de camundongos, tratados durante 18 dias com
diferentes flavonóides.
Tabela 21 - Valores médios de albumina (± desvio padrão) no liquido ascítico de
camundongos com tratados com diferentes flavonóides por 18 dias.
Tratamentos
Albumina (g/dl)
18 dias
Ração + Animal com câncer (G2)
2,73 ± 0,25 ab
Ração + Rutina (G3)
2,75 ± 0,33 ab
Ração + Naringina (G4)
2,79 ± 0,14 a
Ração + Rutina + Naringina (G5)
2,64 ± 0,11 b
Ração + Neotaxel (G6)
2,59 ± 0,18 b
Em cada coluna, médias seguidas de pelo menos uma letra minúscula, não diferem entre si pelo teste t de
Student (P>0,05).
De acordo com os resultados bioquímicos, demonstrados na tabela 21, observou-
se que os grupos (G4), (G5) e (G6) apresentaram valores em concentração de albumina
semelhantes ao grupo de animais com câncer (G2) e esses resultados não foram
estatisticamente significativos. Isso indica que a capacidade de transporte da albumina
não foi alterada na presença dos flavonóides testados.
Na tabela 22 encontram-se registrados os valores referentes a contagem de
células tumorais vivas presentes no líquido ascítico dos grupos submetidos a diferentes
tratamentos.
De acordo com os resultados obtidos, o número de células vivas tumorais
presentes no líquido ascítico dos camundongos apresentou uma redução,
estatisticamente significativa em todos os grupos, quando comparados ao grupo (G2). É
importante ressaltar que, os diferentes tratamentos reduziram o número de células
tumorais vivas em aproximadamente 40.000.000 milhões de células.
Tabela 22 - Efeito dos flavonóides no tratamento do TAE. Número de células tumorais
viáveis presentes no líquido ascítico dos camundongos
Tratamento Células tumorais viáveis (N x 10
7
)
Ração + Animal com câncer (G2)
9,23 ± 1,37 a
Ração + Rutina (G3)
4,56 ± 1,60 b
Ração + Naringina (G4)
4,99 ± 0,56 b
Ração + Rutina + Naringina (G5)
4,93 ± 1,41 b
Ração + Neotaxel
®
(G6)
4,88 ± 0,13 b
Em cada coluna, médias seguidas de pelo menos uma letra minúscula, não diferem entre si pelo teste t de
Student (P>0,05).
Como podemos observar na tabela acima, os flavonóides e a associação de
flavonóides apresentaram resultados estatisticamente semelhantes ao grupo (G6). Esses
mesmos resultados podem ser melhor visualizados no gráfico 7.
Gráfico 7- Número de células tumorais vivas do tumor ascitico de Ehrlich
em camundongos tratamentos com diferentes flavonóides.
0,00E+00
2,00E+07
4,00E+07
6,00E+07
8,00E+07
1,00E+08
rutina medicamento rutina + naringina naringina controle
tratamentos
Células viva
s
a
b b b b
Gupta, (2004) avaliaram a atividade anti-tumoral de uma planta da Índia,
Cesalpinia bonducella, que possui associação de flavonóides, terpenos, saponinas e
alcalóides. Camundongos com TAE foram tratados por 14 dias com dosagens diferentes
do extrato metanólico dessa planta. Ao avaliar o número de células viáveis presentes no
líquido ascítico dos camundongos com Tumor Ascítico de Ehrlich (TAE) e tratados
Em cada coluna, médias seguidas de pelo menos uma letra minúscula, não diferem entre si pelo teste t de
Student (P>0,05).
com o extrato da planta, os pesquisadores encontraram reduções significativas (p<0,01)
no número de células tumorais viáveis nos animais dos grupos tratados com 50 e
200mg/kg do extrato quando comparado com os animais do grupo com TAE não
tratados.
Os resultados encontrados por Gupta et al (2004) estão de acordo com resultados
encontrados esse estudo, onde também foram observadas reduções significativas
(p<0,05) no número de células tumorais viáveis quando os camundongos com TAE
foram tratados com 10mg/kg dos flavonóides rutina, naringina e rutina + naringina.
Na tabela 23 encontram-se registrados os valores referentes a contagem de
células tumorais mortas presentes no líquido ascítico dos grupos submetidos a
diferentes tratamentos.
Tabela 23 - Efeito dos flavonóides no tratamento do TAE. Número de células tumorais
mortas ± desvio padrão presentes no líquido ascítico dos camundongos.
Tratamento Células tumorais mortas (N x 10
6
)
Ração + Animal com câncer (G2)
0,11 ±0,12 b
Ração + Rutina (G3)
1,18 ±0,46 a
Ração + Naringina (G4)
0,27 ± 0,06 b
Ração + Rutina + Naringina (G5)
0,34 ± 0,16 b
Ração + Neotaxel
®
(G6)
0,78 ± 0,16 a
Em cada coluna, médias seguidas de pelo menos uma letra minúscula, não diferem entre si pelo teste t de
Student (P>0,05).
De acordo com os resultados obtidos o grupo tratado com o flavonóide Rutina
(G3) apresentou um aumento no número de células tumorais mortas 10 vezes maior do
que o grupo controle (G2). Como podemos observar também, o grupo (G3) apresentou
resultados semelhantes ao grupo (G6) comprovando assim, a eficácia desse tratamento
no aumento do número de células tumorais mortas presentes no líquido ascítico.
Quando Gupta et al, (2004) avaliaram o número de células tumorais mortas
presentes no líquido ascítico dos camundongos com TAE e tratados com diferentes
dosagens do extrato da planta (Cesalpinia bonducella), eles observaram que os animais
do grupo tratados com 50mg/kg tiveram um aumento significativo (p<0,01) de 96% no
número de células mortas. Os animais dos grupos tratados com 100 e 200mg/kg tiveram
um aumento significativo (p<0,01) de 162% e 343% respectivamente, quando
comparados com os animais do grupo com TAE não tratados.
Os resultados de Gupta (2004) estão de acordo com os resultados encontrados
nesse trabalho. Ao avaliar o número de células tumorais mortas contidas no líquido
ascítico dos camundongos com TAE tratados como o flavonóide rutina, encontrou-se
um aumento significativo (p<0,05) no número de células tumorais mortas quando
comparado aos animais do grupo com TAE não tratados.
Esses resultados podem ser melhor visualizados no gráfico 8.
Gráfico 8- Células tumorais mortas do tumor ascítico de Ehrlich
em camundongos submetidos a diferentes tratamentos
0,0E+00
2,0E+06
4,0E+06
6,0E+06
8,0E+06
1,0E+07
1,2E+07
1,4E+07
1
Tratamentos
Células mortas
rutina medicamento R + N naringina controle
a a b b b
A contagem do número de células tumorais totais, presentes no líquido ascítico
dos animais submetidos a 18 dias de tratamento encontram-se registrados na tabela 24.
Tabela 24 - Efeito dos flavonóides no tratamento do TAE. Número de células tumorais
totais presentes no líquido ascítico dos camundongos.
Tratamento Células tumorais totais (N x 10
7
)
Ração + Animal com câncer (G2)
9,33 ±1,24 a
Ração + Rutina (G3)
5,73 ±1,22 b
Ração + Naringina (G4)
5,26 ± 0,60 b
Ração + Rutina + Naringina (G5)
5,28 ± 1,57 b
Ração + Neotaxel
®
(G6)
5,66 ± 0,28 b
Em cada coluna, médias seguidas de pelo menos uma letra minúscula, não diferem entre si pelo teste t de
Student (P>0,05).
Em cada coluna, médias seguidas de pelo menos uma letra minúscula, não diferem entre si pelo teste t
de Student (P>0,05).
De acordo com os resultados obtidos, os grupos (G3), (G4), (G5) e (G6)
apresentaram valores estatisticamente significativos menores no número de células
tumorais totais, quando comparados ao grupo controle (G2). Lembrando sempre, que
essa redução no número de células tumorais abrange a casa dos milhões.
Matsuzaki et al (2003) realizaram um estudo para avaliar o efeito do Ginseng
brasileiro (planta rica em flavonóides) em camundongos com TAE e observaram que
quando os animais foram tratados com 200mg/kg do extrato por 20 dias, ocorreu uma
redução de 30% no número de células tumorais totais presentes no líquido ascítico dos
animais. Sendo assim, os resultados encontrados por Matsuzaki estão em concordância
com os resultados encontrados nesse trabalho.
É importante observar também, que os grupos (G3), (G4) e (G5) não diferem
estatisticamente do resultado obtido quando os animais foram tratados com o
quimioterápico Neotaxel
®
(G6). Esses resultados são semelhantes aos encontrados por
Rusak (2005), onde ele afirmou que os flavonóides inibem de forma significativa o
crescimento de linhagens de HL-60 (célula humana leucêmica) e sua eficácia
antiproliferativa foi equivalente ou um pouco maior que os agentes anticarcinogênicos
tradicionais como doxorrubicina, vincristina e metotrexato.
Esses resultados podem ser melhor visualizados no gráfico 9.
Gráfico 9 - Número de células tumorais do tumor ascítico de
Ehrlich em camundon
g
os tratados com diferentes flavonóides
0,00E+00
2,00E+07
4,00E+07
6,00E+07
8,00E+07
1,00E+08
1
Tratamentos
Células totais
narin
g
ina R + N medicamento rutina controle
b b b b a
Em cada coluna, médias seguidas de pelo menos uma letra minúscula, não diferem entre si pelo teste t de
Student (P>0,05).
As porcentagens de viabilidade celular no líquido ascítico de camundongos,
submetidos a diferentes tratamento, encontram-se registradas na tabela 25.
Tabela 25 - Efeito dos flavonóides no tratamento do TAE. Viabilidade celular ± desvio
padrão no líquido ascítico dos camundongos.
Tratamento Viabilidade celular (%)
Ração + Animal com câncer (G2)
98,67 ±1,62 a
Ração + Rutina (G3)
77,80 ±12,3 c
Ração + Naringina (G4)
94,93 ±0,85 b
Ração + Rutina + Naringina (G5)
93,73 ±1,07 b
Ração + Neotaxel
®
(G6)
86,37 ±2,03 bc
Em cada coluna, médias seguidas de pelo menos uma letra minúscula, não diferem entre si pelo teste t de
Student (P>0,05).
De acordo com os resultados obtidos, todos os tratamentos reduziram a
viabilidade celular das células tumorais em valores estatisticamente significativos
quando comparado ao grupo (G2).
Observou-se que o flavonóide rutina (G3) apresentou uma maior eficácia na
redução da viabilidade celular tumoral, efeitos esses similares aos produzidos pelo
quimioterápico Neotaxel
®.
Esses resultados, podem ser melhor visualizados no
gráfico10.
Gráfico 10 - Viabilidade celular do tumor ascítico de Ehrlich em
camundongos submetidos a diferentes tratamentos
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
1
Tratamentos
Viabilidade Celular (%)
Rutina medicamento R + N naringina Controle
c bc b b a
Em cada coluna, médias seguidas de pelo menos uma letra minúscula, não diferem entre si pelo teste t de
Student (P>0,05).
Os flavonóides possuem uma dupla ação quimioprotetora no câncer, eles
suprimem o crescimento tanto das células tumorais quanto das células endoteliais
(O´PREY, 2003). Luteolina, genistéina, apigenina, quercetina e fisitina inibem culturas
de células tumorais e endoteliais em concentrações similares. (GOSSLAU, 2004). Tem
sido sugerido que flavones, 3,4-diidroxiflavone, reservatrol e luteolina são alguns dos
mais potentes polifenóis anti-endoteliais que suprimem a proliferação celular (CAO,
2002).
Os valores referentes ao volume do líquido ascítico encontram-se registrados na
tabela 26.
Tabela 26 - Efeito dos flavonóides no tratamento do TAE. Volume do líquido ascítico
dos camundongos.
Tratamento Volume do liquido ascítico (mL)
Ração + Animal com câncer (G2)
17,00 ± 1,91 c
Ração + Rutina (G3)
19,10 ± 1,15 bc
Ração + Naringina (G4)
26,30 ± 2,69 a
Ração + Rutina + Naringina (G5)
24,00 ± 2,65 a
Ração + Neotaxel
®
(G6)
22,33 ± 2,89 ab
Em cada coluna, médias seguidas de pelo menos uma letra minúscula, não diferem entre si pelo teste t de
Student (P>0,05).
De acordo com os resultados obtidos na tabela 26 observou-se que os grupos
(G4), (G5) e (G6) apresentaram valores aumentados em volume de líquido ascítico e
esses foram estatisticamente significativos quando comparados aos grupos (G2).
Gupta et al (2004) avaliaram o volume do líquido ascítico presente na cavidade
abdominal dos camundongos com TAE e tratados com diferentes dosagens do extrato
da planta Cesalpinia bonducella. Eles observaram que independente das concentrações
do extrato da planta, houve uma redução significativa (p<0,01) no volume desse líquido
comparado ao grupo de animais com TAE que não receberam tratamento. Os dados
encontrados nesse trabalho não estão de acordo com os resultados obtidos por esses
pesquisadores. Nesse estudo observamos um aumento no volume do líquido ascítico dos
camundongos tratados com os flavonóides naringina e rutina + naringina e estes
resultados foram estatisticamente significativos (p<0,05) quando comparado ao grupo
de animais com TAE não tratados.
Matsuzaki et al (2003) realizaram um estudo para avaliar o efeito do Ginseng
brasileiro em camundongos com TAE e observaram que quando os camundongos com
TAE foram tratados com 200mg/kg do extrato por 20 dias, observou-se uma redução no
volume do líquido ascítico (p<0,05) desses animais, quando comparado ao grupo de
animais com TAE não tratados. Sendo assim, o resultado encontrado por estes
pesquisadores também não estão em concordância com os resultados encontrados nesse
trabalho.
O grupo (G3) quando comparados ao grupo (G2), não apresentou variações
significativas em volume de liquido ascítico. Esses resultados podem ser melhor
visualizados no gráfico11.
Gráfico 11 - Volume do líquido ascítico em camundon
g
os
submetidos a diferentes tratamentos
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
30
1
Tratamentos
Volume (mL)
Controle rutina medicamento R + N naringina
cbcabaa
Em cada coluna, médias seguidas de pelo menos uma letra minúscula, não diferem entre si pelo teste t de
Student (P>0,05).
Os resultados da mortalidade dos camundongos com câncer induzidos e tratados
com flavonóides durante 18 dias encontram-se registrados no gráfico 12.
Observou que os grupos tratados com os diferentes flavonóide obtiveram
resultados melhores sobre a sobrevida dos animais quando comparado ao grupo
controle. O grupo composto pela associação de flavonóides obteve o melhor resultado
em sobrevida animal quando comparado aos demais tratamentos.
De acordo com os resultados obtidos o grupo controle com câncer não tratado
teve 80% de mortalidade dos animais aos 20 dias de experimentação. O grupo de
animais tratado com medicamento alcançou 80% de mortalidade aos 24 dias. Já o grupo
tratado com rutina foi aos 21 dias e com naringina aos 23 dias.
Frequência de mortalidade
-20
0
20
40
60
80
100
120
5 6 7 8 9 101112131415161718192021222324252627
Dias
porcent age
m
Série1 Série2 Série3 Série4 Série5
Em cada coluna, médias seguidas de pelo menos uma letra minúscula, não diferem entre si pelo teste t de
Student (P>0,05).
De acordo com Gupta et al (2004), ao avaliar a percentagem do aumento de vida
de camundongos com TAE tratados por 14 dias com diferentes concentrações do extrato
da planta Cesalpinia bonducella, eles observaram que houve um aumento do tempo de
vida de 24,44%, 58,88% e 87,22% quando os animais foram tratados com 50, 100 e
200mg/kg do extrato, respectivamente.
Nesse trabalho testaram-se os flavonóides rutina e naringina isoladamente na
concentração de 10mg/kg administrados oralmente por 18 dias, como forma de
tratamento, e foi observado um aumento de 8,8% no tempo de vida dos animais tratados
com o flavonóide rutina em comparação com o tempo de vida dos animais com TAE
que não receberam tratamento. Quando os animais foram tratados com a naringina,
houve um aumento do tempo de vida em 11,7%. Os resultados obtidos nesse
experimento estão em concordância com os resultados publicados por Gupta dessa
Controle Medicamento Rutina Naringina R+N
Gráfico 12 – Freqüência de mortalidade de camundongos com TAE
tratados com diferentes flavonóides
%
forma, podemos afirmar que os flavonóides testados aumentam o tempo de vida dos
animais com TAE.
Quando Gupta et al (2004) injetaram diariamente 20mg/kg, intraperitonealmente
do medicamento 5-fluorouracil (quimioterápico), obtiveram um aumento de 119,49%
no tempo de vida dos camundongos em comparação com o grupo de animais com TAE
não tratados. O fármaco utilizado em nosso trabalho foi o Neotaxel
®
administrado em
uma única dosagem intravenosa 24 horas após a indução do câncer na concentração de
100mg
/
m
2
. Observou-se que ocorreu uma redução de 9% no tempo de vida dos animais.
A análise do tempo de vida dos animais também foi realizada através de cálculos
de MST (Tempo médio de sobrevida dos animais) e de %ILS (percentagem de aumento
do tempo de sobrevida). Esses resultados podem ser visualizados na tabela 27.
Tabela 27 – Atividade dos flavonóides e tempo de vida de camundongos com
TAE
Tratamentos Variação do
tempo de vida
MST (d)
a
ILS (%)
b
T/C (%)
c
Eficácia
Ração 10 -24 17,0 ------ ------
Ração + Neotaxel® 7-24 15,5 -8,8 91,1 -
Ração + rutina 13-24 18,5 8,8 108,8 -
Ração + naringina 14-24 19,0 11,7 111,7 -
Ração + rutina +
naringina
14-27 20,5 20,5 120,5 -
a) MST=(1
o
dia de morte + ultimo dia de morte)/2; b) ILS% = (MST grupo tratado /MST grupo controle)-
1 x 100; c) T/C % = (MST grupo tratado /MST grupo controle) x 100
Ao analisar esses resultados observou-se que nenhuma das substâncias testadas
possuiu uma atividade antitumoral significativa de acordo com o critério de NCI citado
por ORSOLIC (2005). Pois segundo esse critério, e a MTS dos grupos tratados dividido
pela média do tempo de sobrevida do grupo controle exceder 125% e ILS exceder 25%,
é um indicativo que a droga testada possui uma atividade antitumoral significativa.
5.3.MORFOLOGIA HEPÁTICA
O fígado é a maior glândula do corpo humano, localizado no quadrante superior
do abdômen, é composto por quatro lóbulos separados de tecido conjuntivo, que
sustentam vasos sangüíneos e condutos biliares com disposição arboriforme e uma
grande massa de células parenquimatosas que se dispõem ao longo dos ramos mais
finos da árvore vascular formando placas contínuas de células (CONTRAN, 2000).
A unidade estrutural clássica do fígado é o lóbulo hepático descrito com um
prisma hexagonal de tecido, com diâmetro aproximado de 0.7 x 2 mm, contendo células
parenquimatosas anastomosadas e um labirinto sistêmico de sinusóides. A massa de
células parenquimatosas corresponde a 60% do peso do fígado. As paredes dos
sinusóides são constituídas de células endoteliais e células integrantes do sistema
retículo-endotelial, chamadas células de Kupffer, dotadas de funções imunológicas,
hematopoiéticas e fagocitárias (WEISS, 1977).
O lóbulo hepático é composto por uma veia central eferente, tributária da veia
hepática para a qual convergem radialmente sinusóides, oriundos das subdivisões de
ramos da veia porta e artéria hepática, presentes nos espaços portais periféricos. Vasos
sanguíneos eferentes e ductos biliares encontram-se distribuídos a longo das
extremidades do poliedro. Todas as funções bioquímicas do fígado são efetuadas pelas
células epiteliais parenquimatosas do fígado, os hepatócitos, e são dependentes de
relações complexas entre sistema vascular e o sistema de drenagem da bile (STEVENS,
2001).
O fígado funciona com uma glândula endócrina e exócrina. O sistema excretor
inicia-se no interior do lóbulo, em espaços tubulares finos que resultam de sulcos
opostos nas faces de contato de hepatócitos contíguos. Esses canalículos biliares não
têm paredes próprias, anastomosam-se ricamente, formando um retículo que envolve as
células hepáticas e drenam em dutos biliares terminais de paredes finas, localizados na
periferia do lóbulo denominados colangíolos ou canais de Hering. Os colangíolos, por
sua vez, são tributários dos dutos biliares mais calibrosos nos espaços portais
interlobulares. A bile secretada pelo fígado é responsável pela emulsificação das
gorduras no duodeno (STEVENS, 2001). O fígado também sintetiza muitas substâncias
em resposta às demandas do corpo como albumina, colesterol e glicogênio, além de
metabolizar drogas participando assim, do mecanismo de detoxificação do organismo
(WEISS,1977).
Essencial para a vida, o fígado junto com outros órgãos participa da homeostase
metabólica normal, isso inclui o processamento dos aminoácidos, carboidratos, lipídios
e vitaminas alimentares; síntese de proteínas séricas, desintoxicação e excreção na bile
de resíduos endógenos e xenobióticos poluentes (COTRAN, 2000). Com grande poder
de regeneração, os hepatócitos do rato apresentam vida média que varia entre 191 a 453
dias.
5.4. MODIFICAÇÕES HISTOPATOLÓGICAS ENCONTRADAS
Nesse trabalho foram analisados cortes de tecidos hepáticos de três animais de
cada grupo, escolhidos ao acaso, com objetivo de avaliar possíveis alterações no tecido
causado pelo TAE e/ou pelos diferentes flavonóides testados.
A morfologia hepática pertencente aos animais do grupo tratado apenas com
ração e não submetidos à indução do TAE encontra-se representada na figura 11.
Como podemos observar na figura 11 os núcleos dos hepatócitos são grandes,
esféricos e centrais. Muitas células são binucleadas, sendo que os núcleos
frequentemente são poliplóides. Podemos observar também, a presença de espaços
sinusóide ao longo do tecido hepático.
A morfologia hepática pertencente aos animais do grupo tratado apenas com
ração e submetidos à indução do TAE encontra-se representada na figura 12.
Ao analisar o corte de tecido hepático dos animais com TAE que receberam
somente ração observou-se uma grande adesão das células do TAE na cápsula hepática.
Os núcleos hepáticos encontram-se dilatados e um grande número de hemácias pode ser
observado no interior dos espaços sinusóides quando, comparamos o tecido
representado na figura 12 com o tecido da figura 11.
A morfologia hepática pertencente aos animais com TAE tratados com o
flavonóide naringina por 18 dias encontra-se representada na figura 13.
O fígado dos animais com TAE tratados com o flavonóide naringina na
concentração de 10mg/Kg por 18 dias apresentou aparentemente uma redução na
quantidade de células tumorais aderidas (linha branca) quando comparado ao grupo com
TAE não tratado, porém observou-se que essa adesão foi aparentemente maior ao
comparar com o grupo de animais com TAE tratados com o medicamento Neotaxel
®
.
Outro fato observado foi a formação de angiogênese (seta azul) pelas células
tumorais, mas não foi observado a presença de hemácias nos espaços sinusóides (setas
pretas) que encontram-se dilatados.
Como podemos observar, o flavonóide naringina não causou alterações
histopatológica aos tecidos hepáticos analisados, consequentemente o flavonóide
testado não demonstrou ser tóxico às células do tecido na concentração de 10mg/Kg por
18 dias.
A morfologia hepática pertencente aos animais com TAE tratados com a
associação dos flavonóides rutina + naringina por 18 dias encontra-se representada na
figura 14.
Os animais com TAE tratados com a associação dos flavonóides rutina +
naringina apresentaram aparentemente em análise histopatológica do fígado uma menor
adesão (linha branca) das células do TAE na cápsula hepática quando comparado aos
animais que não receberam tratamento. Porém, essa adesão foi aparentemente maior que
nos animais dos grupos tratados com medicamento Neotaxel
®
e com o flavonóide
rutina. Foi possível observar também, a presença de hemácias (seta azul) no interior dos
espaços sinusóides como também, a formação de angiogênese pelas células do tumor
ascítico de Ehrlich.
Como podemos observar, a associação dos flavonóides rutina + naringina não
causou alterações histopatológica aos tecidos hepáticos analisados, consequentemente a
associação testada não demonstrou ser tóxica às células do tecido na concentração de
10mg/Kg por 18 dias
A morfologia hepática pertencente aos animais com TAE tratados com o
medicamento Neotaxel
®
encontra-se representada na figura 15.
O fígado dos animais com TAE que receberam uma dosagem única do
quimioterápico Neotaxel
®
, por via intravenosa, apresentou aparentemente em análise
histopatológica uma pequena adesão das células do TAE na cápsula hepática como pode
ser verificado na figura 15. Além disso, pode-se observar a presença de angiogênese
formada pelas células do TAE. Os espaços sinusóides apresentaram pequenas variações
ao comparar com os animais com TAE não tratados.
Como podemos observar o medicamento Neotaxel
®
não causou alterações
histopatológica aos tecidos hepáticos analisados, consequentemente o medicamento
testado não demonstrou ser tóxico às células do tecido na concentração de 100mg/m
2
em dosagem única. Informações essas, de não toxicidade hepática relatadas na bula do
medicamento.
A morfologia hepática pertencente aos animais com TAE tratados com o
flavonóide rutina por 18 dias encontra-se representada na figura 16.
Ao analisar o corte de tecido hepático dos animais com TAE tratados com o
flavonóide rutina observou-se que o tratamento apresentou aparentemente uma maior
eficácia na redução da adesão das células do TAE à cápsula hepática. Porém, um grande
número de hemácias pode ser observado no interior dos sinusóides hepáticos.
Como podemos observar, o flavonóide rutina não causou alterações
histopatológica aos tecidos hepáticos analisados, consequentemente o flavonóide
testado não demonstrou ser tóxico às células do tecido na concentração de 10mg/Kg por
18 dias.
Figura 11 - Corte de tecido hepático de
animal normal que recebeu ração, onde
são observados hepatócitos (seta
amarela) e espaço sinusóide (seta preta).
Figura 12 - Corte de tecido hepático de
animal com TAE que recebeu ração,
onde são observados hepatócitos (seta
amarela), espaço sinusóide (seta preta) e
adesão de células tumorais (linha
branca).
Figura 16 - Corte de tecido hepático de
animal com TAE que recebeu o flavonóide
rutina, onde são observadas hemácias (seta
verde) e adesão de células tumorais (linha
b
ranca
)
.
Figura 15 - Corte de tecido hepático de
animal com TAE que recebeu o
medicamento Neotaxel
®
, onde são
observados hepatócitos (seta amarela),
espaço sinusóide (seta preta) e adesão de
células tumorais (linha branca).
Figura 14 - Corte de tecido hepático de
animal com TAE que recebeu a associação
dos flavonóide rutina + naringina, onde são
observadas, hemácias (seta verde) e adesão
de células tumorais (linha branca).
Figura 13 - Corte de tecido hepático de
animal com TAE que recebeu o flavonóide
naringina, onde são observados, espaço
sinusóide (seta preta) e adesão de células
tumorais (linha branca).
6. CONCLUSÕES
6.1. Conclusões do experimento de prevenção
¾ O flavonóide naringina reduziu os valores médios de proteínas totais (g/dl) no
soro sangüíneo dos animais.
¾ Os flavonóides rutina e naringina reduziram a atividade de alanina
aminotransferase (ALT) no soro sangüíneo dos animais
¾ O flavonóide naringina reduziu os valores médios de albumina (g/dl) no soro
sangüíneo dos animais
¾ Com relação a viabilidade celular das células tumorais de Ehrlich observou-se
uma redução significativa no tratamento utilizando o flavonóide rutina.
¾ O tratamento preventivo com a associação de flavonóides (rutina + naringina)
demonstrou atividade anti-tumoral significativa de acordo com os critérios de
NCI.
6.2. Conclusões do experimento de tratamento
¾ Os animais com TAE tratados com o flavonóide rutina e os animais tratados
com o flavonóide naringina apresentaram um aumento nos valores médios de
proteínas totais (g/dl) no soro sangüíneo.
¾ Os animais com TAE tratados com o flavonóide rutina e com a associação
(rutina + naringina) aumentaram a atividade de aspartato amino transferase
(AST) no soro sangüíneo
¾ A associação de flavonóides (rutina + naringina) reduziu a atividade de alanina
aminotransferase (ALT) no soro sangüíneo dos animais
¾ Os tratamentos efetuados com o flavonóide naringina e associação dos
flavonóides (rutina + naringina) reduziram os níveis de albumina no soro
sangüíneo dos animais
¾ Com relação a viabilidade celular das células tumorais todos os tratamentos
efetuados com os flavonóides apresentaram redução em comparação aos animais
controle.
¾ Observou-se que o flavonóide rutina apresentou valores semelhantes na redução
da viabilidade celular ao do medicamento Neotaxel
®
.
¾ É importante ressaltar, que os melhores resultados na redução da viabilidade
celular foram obtidos durante os experimentos de tratamento.
7. PERSPECTIVAS FUTURAS
¾ Pela grande facilidade de transplantação, padronização e crescimento rápido do
TAE este modelo favorece o estudo de associações de flavonóides como
quimioterápicos.
¾ Avaliar a presença de marcadores tumorais no soro sangüíneo dos animais
tratados com diferentes flavonóides.
¾ Atuação dos flavonóides sobre a forma sólida do tumor de Ehrlich que
possibilite uma avaliação experimental por um tempo maior.
¾ Estudos in vitro que possibilitem avaliar quais os mecanismos de atuação dos
flavonóides na redução da viabilidade celular.
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