Anexo 7.3.4 – Relato das Entrevistas S102 e S108
S102 - 45 anos, sexo feminino, casada, assistente social - Fatores de risco
associados: Diabetes tipo dois, sedentarismo, mudanças bruscas e perdas
que caracterizam crise.
Passou por várias situações de mudanças na dinâmica das relações familiares.
Após exames, a paciente constatou que era estéril, então o casal decidiu adotar
um bebê. Há oito anos recebeu o diagnóstico de diabetes tipo 2, (o avô era
diabético) ignorou a doença e não fez dieta. (S102, está acima do peso).
Recentemente voltou a sentir várias dores e desconfortos. Fez novos exames e
constatou uma hipercolesterolomia. As dificuldades do ambiente doméstico foram
se somando; o relacionamento conjugal, nunca foi bom ou estável, pois no
passado enfrentou situações de infidelidade por parte do marido. No último ano, o
casal soube da existência de uma filha, dele, em decorrência de uma relação
anterior ao casamento. Estas dificuldades fizeram-na, entrar em crise, o que
acredita ter agravado o quadro da doença. Entretanto, admite não seguir as
recomendações médicas, toma os remédios, mas quando melhora, abandona o
tratamento. Relatou um diálogo com o marido em que admite que o seu maior
medo é não viver tempo suficiente para criar sua filha (3anos). Quando perguntei
se ela já pensou em procurar psicoterapia, ela me respondeu que sim, mas não
acredita que é realmente importante e que o tratamento possa trazer as mudanças
que precisa. Admite que perdeu alguns quilos, mas não em função de dieta.
Atualmente diz não ter vontade de fazer nada. Acredita estar entrando em
depressão.
Separou-se do marido, apresenta-se muito frágil emocionalmente e fisicamente
limitada. Cansa-se facilmente e não consegue se alimentar bem. Seu esposo
pediu para que se afastassem por determinado período e após este tempo irão
decidir se permaneceriam ou não juntos. S102 sofreu muito, o que parece ter
agravado o quadro da doença. Ela viajou para casa dos pais em outro estado do
país e iria retomar sua vida na cidade de origem, entretanto não conseguiu e
retornou a São Paulo, ela disse que o período na casa dos pais ajudou-a a ver a
situação de forma mais clara. Não quer se separar, admitiu também que sua vida
profissional está alicerçada aqui e que não tem mais amigos na sua cidade de
origem. Seus amigos e colegas estão em São Paulo; resolveu permanecer
morando com o marido, porém este não aceitou a sua decisão e saiu de casa,
para morar em outro bairro da capital. Alimenta esperanças de refazer a vida
conjugal, atualmente está mais tranqüila e relatou que tem recebido forte apoio
dos amigos.
Conclusão: S102,parece usar de mecanismos de defesa primitivos. Até certo
ponto nega a realidade à sua volta. Entretanto, o contato com os familiares,
parece ter possibilitado realmente uma visão mais adequada, permitindo maior
tranqüilidade. Demonstra muita fé e alta espiritualidade o que a ajuda neste
momento de crise.