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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS - UFSCAR
Centro de Ciências Exatas e de Tecnologia
Programa de Pós-Graduação em Química
ASPECTOS DA INTERAÇÃO DO HOMEM COM PESTICIDAS NO
AMBIENTE: FOCANDO A COTONICULTURA E COM ÊNFASE ÀS
BORDAS DO ALTO PANTANAL, MATO GROSSO, BRASIL.
Arno Rieder
Tese apresentada como parte dos
requisitos para obtenção do título de
DOUTOR EM CIÊNCIAS, área de
concentração: QUÍMICA ANALÍTICA.
Orientador: Prof. Dr. Antônio Aparecido Mozeto
São Carlos (SP)
2005
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Ficha catalográfica
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Folha de aprovação
DEDICAÇÃO
Dedico o louro deste trabalho, aos meus familiares de origem, em especial aos pais
Frederico W. Rieder e Maria A. B. Rieder, e a família que constituí, em especial a
minha esposa Vera M.D. Rieder e filho(a)s.
Não existem problemas, mas sim desafios.
Desafios que, em si, querem melhorar a qualidade de vida da humanidade.
A dinâmica da vida é estimulada pelos desafios.
Os desafios nos fazem suscitar horizontes tentadores.
A tentação nos faz criar caminhos para ir ao encontro destes horizontes.
Mas quando chegamos lá, o horizonte estará sempre alguns passos a nossa frente.
“Nesse ínterim”, se desvelam e se iluminam caminhos, que nos aproximam da
verdade.
Enquanto acreditarmos ativamente que algo a descobrir e encontrar em
horizontes, estaremos vivos e vivendo.
Mas a verdade está no horizonte, ou o horizonte está na verdade!?!.
E a verdade: é Deus.
Arno Rieder
AGRADECIMENTOS
Pelas relevantes e fundamentais contribuições, dedicações, orientações e apoios
prestados no período em que realizamos o doutoramento, nossos sinceros
reconhecimentos e profundos agradecimentos:
-Ao orientador Dr. Antonio Aparecido Mozeto - Biogeoquímica Ambiental-UFSCar
-Aos Coordenadore(a)s do Curso de Pós-Graduação em Química_UFSCar:
Dr. Orlando Fatibello-Filho e Dra. Maria Fátima das Graças F. da Silva;
-Aos nossos Professore(a)s da UFSCar: Drª Ana Rita A. Nogueira, Antonio
Aparecido Mozeto, Orlando Fatibello-Filho, Dr. Eduardo Fausto de Almeida Neves,
Drª Ivani Aparecida Carlos, Dr. Joaquim de Araújo Nóbrega; Da UFMT: Drª Eliana
Freire Gaspar de Carvalho Dores;
-Aos integrantes da banca de qualificação: Prof. Dr. Antonio Aparecido Mozeto; Prof.
Dr. Eduardo Fausto de Almeida Neves; Profa. Dra. Ivani Aparecida Carlos; Prof. Dr.
Orlando Fatibello Filho;
-Aos integrantes da banca de avaliação do Seminário: Professores Dr. Antonio
Aparecido Mozeto, Dr. Eduardo Fausto de Almeida Neves, Dr. Joaquim de Araújo
Nóbrega;
-Aos integrantes da comissão examinadora da tese: Professores Dr. Antonio
Aparecido Mozeto, Dr. Joaquim de Araújo Nóbrega, Dr. Antonio Carneiro Barbosa,
Dr. Marcos Roberto L. do Nascimento e Dr. José Roberto Guimarães.
-Aos colegas e equipe contemporânea do Laboratório de Biogeoquímica Ambiental
da UFSCar, coordenada pelo Prof. Dr. Antonio A. Mozeto: Raul Inácio Cazotti,
Marcos Roberto Lopes do Nascimento, Aluísio Soares, Patrícia Ferreira Silvério,
Júlio Cesar Thomaz, Ronaldo Jo Torres, Araceli C. Prezoto Gomes, Maria de
Lourdes A. Santinoni, Marcelo Montini, Érida F. Araújo Silva;
-Aos colegas da Universidade do Estado de Mato Grosso-UNEMAT, em especial a
Profª Edna André Soares de Melo, a bolsista PIBIC Nataly Manrique Rocha, aos ex-
bolsistas PIBIC e atuais Lic. Biologia Juliana Leite dos Santos, Anna Frida Hatsue
Modro e Paulo Luiz da Silva; ao Adm. José Roberto Mercado;
-Aos colegas da Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão
Rural S. A. - EMPAER-MT: Engºs Agrºs M. Sc. João Acássio Muniz - de
Rondonópolis (MT); M. Sc. José Vieira de Primavera do Leste (MT); Antonio Alves
da Cruz de Glória do Oeste (MT); Samir Curi da PROALMAT-Secretaria de
Desenvolvimento Rural (MT); José Antonio Gonçalves Coord. Regional de
Cáceres; Valter Martins de Almeida – da Central Cuiabá (MT).
Às 100 (cem) famílias de Agricultores do Facão e de Barra Nova desta tese;
Aos membros da banca de defesa da tese.
Agradecimento especial a minha família: Esposa Vera Maria D’Elia Rieder, filhos
Julio César D’Elia Rieder, Frederico D’Elia Rieder; Laura da Guia Nascimento,
Vanusa A. S. Lesbon.
vi
LISTA DE ALGUMAS ABREVIATURAS
Abreviatura Significado
A
Ambiente
ABH Associação Brasileira de Horticultura
AL
Estado de Alagoas
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária
APROFAC Associação dos Produtores do Projeto Facão
ATSDR Agency for Toxic Substances and Disease Registry
Aw
i
Tipo climático de Köppen:Savana tropical-verão úmido/inverno seco
BA
Estado da Bahia
C
1
Comunidade Facão
C
1
wA’a’, Tipo climático – conformeThornthwaite: 3º Megatérmico, seco
C
2
Comunidade Barra Nova
C
2
wA’a’ Tipo climático – conforme Thornthwaite: 3º Megatérmico, sub-
úmido
CAS Chemical Abstract Service
CE
Estado do Ceará
(CE) Concentrado emulsionável
c
f
Categoria focada
CG Cromatógrafo a gás (cromatografia gasosa)
C
i=1,2
Comunidades 1 e 2
c
ñ
Categoria não-focada
CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente
CONFEA Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia
Csb Concentração na solução base
(CS) Concentrado solúvel
CT
Classes Toxicológicas
CTC Capacidade de troca catiônica
DDT Diclorodifeniltricloroetano
DL
50
A dose letal do produto para 50% da população de cobaias machos
E
i=1,2,3
Camadas superficiais de solos: 1, 2 e 3
EMATER-MT Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Mato Grosso
EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
EMPAER-MT
Empresa Mato-grossense de pesquisa, assistência e extensão rural SA
EPI
Equipamento de proteção individual
ES
Estado do Espírito Santo
EXTOXNET Extension Toxicology Network
FAO Food and Agricultural Organization
FDA Food and Drug Administration
GL Graus de liberdade
glc gas and liquid-chromatography
GO
Estado de Goiás
H
Homem
H-P-A
Interação “Homem-Pesticidas-Ambiente”
Hplc ou Clae
High-performance liquid chromatography ou Cromatografia liquida
de alta eficiência
i.a. Ingredientes ativos
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IDA Ingestão Diária Aceitável de produto tóxico, em mg kg
-1
pv
-1
INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
vii
INPEV Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias
ISO International Organization for Standardization
IUPAC International Union Of Pure And Applied Chemistry
K
D
Relação concentrações adsorvidas no solo e dissolvidas na solução
aquosa em equilíbrio neste
K
oc
Fração de K
D
atribuída à matéria orgânica do solo em questão
LC
50
Concentração da substância no ar ou água capaz de matar 50 %
dos animais expostos de um experimento em certo tempo
LDM Limite de quantificação ou de determinação do método analítico
LHA Indicador de alerta à saúde, estabelecido pela EPA, baseado no
nível de concentração do produto tóxico no meio em questão
LMR
Limite mínimo de resíduos
MG
Estado de Minas Gerais
MO
Matéria orgânica
MP
Metil paration
MS
Estado do Mato Grosso do Sul
MT
Estado de Mato Grosso
N/P Nitrogênio/Fósforo
P
Pesticida
PE
Estado de Pernambuco
P
i=1,2,3
Posições (1, 2 e 3) topográficas de solos
P
ow
Coeficiente de partição água/octanol
PPA
Classes de Potencial de Periculosidade Ambiental
PR
Estado do Paraná
r Coeficiente de correlação de Pearson
r
1
Maior risco
r
2
Menor risco
RA Receituário Agronômico
R
CDPAH
Risco de contaminação e de danos por pesticidas ao ambiente e a
saúde humana
R
S
Coeficiente de correlação de Spearman
Run off Escorrimento superficial (de água de chuvas)
SE
Estado do Sergipe
SEMA Secretaria Especial do Meio Ambiente
SINITOX Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas
SP
Estado de São Paulo
t
i=0,1,2
Intervalos de tempo: 0, 1, 2
UNEMAT
Universidade do Estado de Mato Grosso
UFMT
Universidade Federal de Mato Grosso
UFSCar
Universidade Federal de São Carlos
UFPel
Universidade Federal de Pelotas
US EPA United States Environmental Protection Agency
τ
ττ
τ
Coeficiente de correlação de Kendal
α
Nível de significância estatística
χ
2
Qui-quadrado
µ
g/mL
Microgramas/mililitro
υ
i
Variável em estudo
viii
LISTA DE TABELAS
TABELA 2.1 - Variáveis consideradas no estudo de duas comunidades cotonícolas
(C
1
, C
2
), Cáceres, MT, Brasil, safras 1992-97...........................................................53;
TABELA 3.1 - Expressão proporcional de variáveis consideradas no fator Homem
(H), segundo suas categorias de risco, em duas comunidades cotonícolas (C
1
, C
2
),
Cáceres, MT, Brasil, safras 1992-97.........................................................................59;
TABELA 3.2 Ocasião do uso de pesticidas em lavouras de algodão (Gossypium
hirsutum L.) em 2 comunidades (C
1
,C
2
), Cáceres, MT, Brasil, safras 1992-97........62;
TABELA 3.3 - Expressão proporcional de variáveis consideradas no fator Pesticidas
(P), segundo suas categorias de risco, em duas comunidades cotonícolas (C
1
, C
2
),
Cáceres, MT, Brasil, safras 1992-97 ........................................................................63;
TABELA 3.4 - Expressão de categorias focadas (c
f
) ou de maior risco(r
1
) de variáveis
do fator P(Pesticidas) diante de uma atividade pesticida-dependente, em duas
comunidades cotonícolas (C
1
, C
2
), Cáceres, MT, Brasil, safras 1992-97.................65;
TABELA 3.5 - Expressão proporcional de variáveis consideradas no fator Ambiente
(A), segundo suas categorias de risco, em duas comunidades cotonícolas (C
1
, C
2
),
Cáceres, MT, Brasil, safras 1992-97. .......................................................................68;
TABELA 3.6 - Resultados de análises química e física de amostras de solos
coletadas na camada arável (0-20cm) em estabelecimentos rurais de duas
comunidades cotonícolas (C
1
, C
2
), Cáceres, MT, Brasil, 1998................................73;
TABELA 3.7 - Expressão proporcional de variáveis nas interações dos fatores H-P-
A, sub-fator Aspectos da cotonicultura local, segundo suas categorias de risco, em
duas comunidades cotonícolas (C
1
, C
2
), Cáceres, MT, Brasil, safras 1992-97........75;
TABELA 3.8 – Expressão recorrente de categorias focadas (c
f
) ou de maior risco (r
1
)
de variáveis da interação Homem(H)-Pesticida(P)-Ambiente(A) em duas
comunidades cotonícolas (C
1
, C
2
), Cáceres, MT, Brasil, safras 1992-97.................78;
TABELA 3.9 - Expressão proporcional de variáveis nas interações dos fatores H-P-
A, sub-fator “Aspectos do uso e manejo de pesticidas”, segundo as categorias de
risco,em comunidades cotonícolas (C
1
,C
2
), Cáceres,MT, Brasil, safras 1992-97....83;
TABELA 3.10 - Expressão proporcional de variáveis consideradas nas interações
dos fatores H-P-A, sub-fatores Aquisição e Armazenagem dos Pesticidas” e
“Medidas de Proteção Ambiental”, segundo suas categorias de risco, em duas
comunidades cotonícolas (C
1
, C
2
), Cáceres, MT, Brasil, safras 1992-97.................87;
TABELA 3.11 - Expressão proporcional de variáveis consideradas nos sub-fatores
“Medidas de Proteção Pessoal”, “Medidas de Desintoxicação” e “Intoxicações por
Pesticidas” e de todas as interações dos fatores H-P-A, segundo suas categorias de
risco,em comunidades cotonícolas(C
1
,C
2
), Cáceres, MT, Brasil, safras 1992-97....90;
TABELA 3.12 - Correlação de Pearson (r), Kendal (
τ
ττ
τ
) e de Spearman (R
S
) entre as
variáveis da interação Homem-Pesticida-Ambiente, Cáceres, MT, Brasil................96;
TABELA 3.13 - Resumo da comparação relativa de indicadores de risco devido aos
fatores homem -H, pesticida -P e ambiente -A e suas interações (H-P-A), em duas
comunidades cotonícolas (C
1
, C
2
), Cáceres, MT, Brasil, safras 1992-97...............101;
TABELA 3.14 - Síntese das expressões proporcionais das categorias de risco (r
i
)
nos fatores Homem-H, Pesticidas-P, Ambiente-A e em suas interações, em duas
comunidades cotonícolas (C
1
,C
2
), Cáceres, MT, Brasil, safras 1992-97................102;
ix
TABELA 3.15 - Freqüência das categorias de risco ao ambiente e à saúde humana,
diante dos fatores H-homem, P-pesticida, A-ambiente” e de suas interações, em
duas comunidades (C
1
,C
2
), Cáceres, MT, Brasil, safras 1992-97..........................105;
TABELA 6.1 - Tempo de retenção do pesticida MP em seis injeções da mesma
solução padrão (média, desvio padrão e coeficiente de variação),........................128;
TABELA 6.2 - Área do pico do MP em 6 injeções seqüenciais da solução de
concentração 0,02 µg/mL (média, desvio padrão e coeficiente de variação).........128;
TABELA 6.3 - Dados de linearidade do detector (concentração e áreas)..............129;
TABELA 6.4 - Dados de precisão do método analítico utilizado para o pesticida MP,
UFMT, Cuiabá (MT),............................................................................................. ..129;
TABELA 6.5 - Recuperação, limites de detecção e de quantificação do método
analítico adotado para o MP, UFMT, Cuiabá (MT), .............................................. .129;
TABELA 6.6 - Estatísticas de tratamentos de resíduos do pesticida MP lixiviados, em
três momentos (t
i
), em colunas de solo de três espessuras (E
i
), de amostras de três
posições topográficas (P
i
) de duas comunidades rurais (C
i
), em triplicatas (blocos-R
s
)
e duplicatas de injeções cromatográficas- repetições (R
c
)......................................132;
TABELA 6.7–Testes estatísticos para efeitos das fontes de variação sobre a variável
dependente “Ranking da concentração de MP na água percolada por solos.........133;
TABELA 6.8 - Estatísticas do ensaio de resíduos de MP lixiviados em três momentos
(t
i=1,2,3
) e três espessuras (E
i=1,2,3
) de colunas de solos de três posições (P
i=1,2,3
) em
vertentes de duas comunidades rurais (C
i=1,2
, Cáceres, MT, Brasil........................134;
TABELA 6.9 - Resíduos de MP lixiviados em colunas de solos provindos de duas
comunidades (C
1
, C
2
), Alto Pantanal, Cáceres, MT, Brasil.....................................135;
TABELA 6.10 - Atributos de solos (usados no ensaio de lixiviação de pesticidas),
provindos de duas comunidades (C
1
, C
2
), Alto Pantanal, Cáceres, MT, Brasil .....136;
TABELA 6.11 - Atributos de solos (usados em ensaio de lixiviação de pesticidas) de
3 posições de vertentes de 2 comunidades (C
1
,C
2
), Cáceres, MT, Brasil..............136;
TABELA 6.12 - Atributos da água percolada em ensaios de colunas de solos
provindos de duas comunidades (C
1
,
C
2
), Cáceres, MT, Brasil..............................138;
TABELA 6.13. Atributos da água percolada em ensaios de colunas de solos de três
posições de vertentes (P
i=1,2,3
) de 2 comunidades (C
1
,C
2
), Cáceres, MT, Brasil....138;
TABELA 6.14a, b - Correlações entre atributos dos solos ensaiados, e de atributos
de solos com os da água percolada nos mesmos, de amostras provindas de duas
comunidades (C
1
,
C
2
), Cáceres, MT, Brasil............................................................140;
TABELA 6.15 - Correlação dos teores de MP hidromobilizados em colunas de solos
(provindos de C
1
e C
2
) com os valores de atributos destes, e da água percolada em
ensaios laboratoriais
(1)
, UFMT................................................................................142;
TABELA 6.16 a, b - Resíduos de MP na água percolada por colunas de solos
contaminados em função de alguns atributos desta água e dos solos usados
(provindos de C
1
e C
2
) ensaiados em laboratórios da UFMT, Cuiabá, MT. ...........143;
TABELA 6.17 - Comparação relativa do risco de danos ao ambiente e à saúde
humana devido ao uso de pesticidas, influenciados por fatores do meio físico
(R
CDPAH/Ci,Pi,Ei,ti
) de duas comunidades (C
1
, C
2
), Cáceres, MT, Brasil, entre 1992-97..147
x
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 2.1 – Localização da área de estudo no continente sul-americano............51;
FIGURA 2.2 Localização das comunidades de estudo (Facão e Barra Nova) no
Alto Pantanal, Cáceres, Mato Grosso, Brasil............................................................51;
FIGURA 3.1 - Municípios (em azul) com as cinco maiores áreas plantadas de
algodão no Estado de Mato Grosso, no período das safras de 1990-1996............108;
FIGURA 3.2 - Municípios (em azul) com as cinco maiores áreas plantadas de
algodão no Estado de Mato Grosso, no período das safras de 1997-2002............108;
FIGURA 6.1 - Fórmula estrutural do (a) metil paration e do (b) 4- nitrofenol..........130;
xi
RESUMO
RIEDER, Arno. ASPECTOS DA INTERAÇÃO DO HOMEM COM PESTICIDAS NO
AMBIENTE: FOCANDO A COTONICULTURA E COM ÊNFASE ÀS BORDAS DO
ALTO PANTANAL, MATO GROSSO, BRASIL. Tese de Doutorado. Departamento
de Química, Universidade Federal de São Carlos - UFSCar, São Carlos, (SP), 2005.
Caracterizou-se a interação homem-pesticida-ambiente (H-P-A), em áreas
cotonícolas e, efetuou-se um estudo laboratorial sobre mobilidade do pesticida metil
paration (MP) em colunas de solo. Reconheceram-se impactos antrópicos e
indicadores de risco de contaminação por pesticidas do ambiente e da saúde
humana (R
CDPAH
). O estudo foi efetuado em duas comunidades cotonícolas (Facão -
C
1
e Barra Nova -C
2
), município de Cáceres, bordas do Alto Pantanal, de Mato
Grosso (MT), Brasil, sistematicamente durante seis safras (1992-97). Para a
caracterização da interação H-P-A, os dados foram coletados com apoio do serviço
de assistência à cotonicultura de MT, assim como através de observações in situ.
Ensaios de mobilização de resíduos de pesticida foram conduzidos em laboratório
usando colunas preenchidas de solos de três posições topográficas (P
i=1,2,3
) de
camadas superficiais (E
i=1,2,3
) originadas de lavouras de algodão (Gossypium
hirsutum L.) de duas comunidades (C
i=1,2
). As superfícies das camadas das colunas
de solos foram contaminadas com MP e a lixiviação foi induzida em três intervalos
de tempo (t
i=0,1,2
). O percolado foi coletado para analisar presença de resíduos de
pesticidas, através de cromatografia a gás com detector termoiônico N/P (CG 500 A)
e integrador processador CG 300. Os resultados mostraram que as características
relacionadas aos fatores H-P-A e suas interações podem também se constituir em
indicadores de risco (R
CDPAH
). Estes indicadores expressos em termos de maior (r
1
)
e de menor risco (r
2
), mostraram que as duas comunidades foram similares no fator
pesticida (P: r
1
= 40,5 %), mas distintas nos fatores homem (H:
C
1,
r
1
= 48,2 % > C
2,
r
1
= 33,2 %), ambiente (A: C
1,
r
1
= 49,1 % < C
2,
r
1
= 59,0 %) e nas interações dos três
fatores (H-P-A: C
1,
r
1
= 45,6 % < C
2,
r
1
= 53,9 %). As comunidades (C
1
, r
1
= 44,57 % <
C
2
, r
1
= 47,2 %) assim como as seis safras consideradas (safra
1995
, r
1
= 34,7 % <
safras
1992-94 e 1996-97
, r
1
: situado entre 37,6 % e 41,5 %) distinguiram-se referente aos
fatores em conjunto e também quanto as suas interações. Enquanto o ensaio
revelou que resíduos de MP penetraram nas colunas de solo, mas foram baixos os
teores que alcançaram profundidades maiores que 3 cm. Solos com maiores teores
de matéria orgânica (MO) apresentaram reduzidas penetrações de resíduos de MP.
Diferentes teores de resíduos de MP mobilizados através das colunas de solos, em
função dos fatores C
i
, P
i
, E
i
e, t
i
, podem ser devidos a algumas características do
solo afetadas pela MO. Solos bem manejados, mesmo que arenosos, mas com
teores adequados de MO, apresentam baixo risco de contaminação de águas
subterrâneas por lixiviação de resíduos de MP, exceto se o lençol de água aflorar na
superfície. As variações nos indicadores de risco (R
CDPAH
) resultam da dinâmica da
interação H-P-A. Portanto, o risco é passível de ser minimizado através do
treinamento técnico das pessoas que trabalham com pesticidas. Neste contexto
estruturas governamentais, não-governamentais e as tecnologias especializadas
podem alcançar o agricultor através de treinamento, assistência, monitoramento e
de inspeção das práticas rotineiras; protegendo assim os ecossistemas do Pantanal.
xii
RIEDER, Arno. ASPECTS OF THE INTERACTION OF MAN WITH PESTICIDES IN
THE ENVIRONMENT: FOCUSSING COTTON CROP EMPHASING THE BORDERS
OF THE HIGH PANTANAL, STATE OF MATO GROSSO, BRAZIL. Thesis of
Doctorate. Department of Chemistry, Federal University of o Carlos - UFSCar,
São Carlos, (SP), 2005.
The interaction man-pesticide-environment (M-P-E), in cotton areas was
characterized and, a laboratorial study on mobility of the pesticide parathion methyl
(PM) into soil columns was developed. Antropic impacts and risk indicators of
environmental contamination by pesticides and risks to human health were identified
(R
CDPEH
). This study was carried on in two cotton communities (Facão - C
1
and Barra
Nova - C
2
), municipality of ceres, at the High Pantanal borders, Mato Grosso state
(MT), Brazil, during six harvest periods (1992-97). For the characterization of the M-
P-E interaction, data were collected with support of the service of assistance to the
cotton farmers of MT, as well as through perceptions in situ. Assays on mobilization
of pesticide residues were carried on in laboratory using columns filled with top soil
from three topographical positions (P
i=1,2,3
) with three depths (E
i=1,2,3
) collected in
cotton farms (Gossypium hirsutum L.) of two communities (C
i=1,2
). PM was applied at
the top of soil columns and leaching was induced in three time intervals (t
i=0,1,2
). The
percolate was collected to analyze PM residues, using gas chromatography with
termoionic detector N/P (CG 500) and an integrator processor (CG 300). Results
showed that the characteristics related to the M-P-E factors and their interactions can
also consist in risk indicators (R
CDPEH
). These indicators expressed in terms of
greater (r
1
) and lesser risk (r
2
) showed that the two communities were similar in the
factor pesticide (P: r
1
= 40,5 %), but distinct in the factors man (M: C
1
, r
1
= 48,2 % >
C
2
, r
1
= 33,2 %), environment (E: C
1
, r
1
= 49.1 % < C
2
, r
1
= 59,0 %) and in the
interactions of these three factors (M-P-E: C
1
, r
1
= 45,6 % < C
2
, r
1
= 53,9 %). The
communities (C
1
, r
1
= 44,57 % < C
2
, r
1
= 47,2 %) as well as the six considered
harvest periods (1995 harvest, r
1
= 34,7 % < 1992-94 and 1996-97 harvest periods,
r
1
: ranging from 37,6 % to 41,5 %) behaved differently in relation to the factors as a
whole and to their interactions. The laboratory assays indicated that PM residues can
leach in soils columns, but small amounts reached depths higher than 3 cm. Soil with
higher organic matter (OM) content showed reduced leaching of PM residues.
Different amounts of residues of PM mobilized through soils columns, as a function of
factors C
i
, P
i
, E
i
and t
i
, can be due to soil characteristics affected by OM. Therefore,
well managed soils, even if sandy, but with adequate OM contents, present low risk
of groundwater contamination with PM residues, except if the water table depth is
low. The variations in the risk indicators (R
CDPEH
) resulted from the dynamics of the
M-P-E interaction. Therefore, the risks are likely to being minimized through the
adequate technical training of the people who work with pesticides. In this context
governmental, non-governmental structures and the specialized technologies can
reach the agriculturist through training, assistance, monitoring and inspection of the
practical routine; thus protecting the Pantanal ecosystems.
xiii
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO............................................................................. 1
1.1 - Delimitação do estudo.................................................................................. 2
1.1.1 – Temática.................................................................................................... 2
1.1.2 – Hipóteses................................................................................................... 2
1.1.3 – Objetivos....................................................................................................3
1.2 - Revisão bibliográfica pertinente................................................................... 4
1.2.1 - O Homem no Mato Grosso – (H)................................................................ 4
1.2.1.1 - Histórico de ocupação regional............................................................... 4
1.2.1.2 – Duas comunidades situadas nas Bordas do Alto Pantanal.................... 4
1.2.2 – Referenciais sobre Pesticidas - (P).......................................................... 5
1.2.2.1 - Considerações iniciais............................................................................. 5
1.2.2.2 – Histórico................................................................................................. 6
1.2.2.3 – Legislação.............................................................................................. 7
1.2.2.4 - Pesticidas na atividade primária.............................................................. 8
1.2.2.5 - Pesticidas no combate de vetores de agentes daninhos........................ 9
1.2.2.6 – Trajetória tecnológica............................................................................. 9
1.2.2.7 – Os acidentes .................................................................................... 10
1.2.2.8 - O receituário agronômico (RA)................................................................ 11
1.2.2.9 – Perigos envolvidos.................................................................................. 12
1.2.2.10 - O solo na proteção ambiental diante da poluição química................... 12
1.2.2.11 - Os riscos de danos atribuídos ao uso de pesticidas............................. 14
1.2.2.12 - O pesticida mais usado em C
1
e C
2
: Metil Paration (MP).................... 23
1.2.3 - O Ambiente Regional - (A)......................................................................... 30
1.2.3.1 - Aspectos gerais: borda do Pantanal e montante de influência............... 31
1.2.3.2 - Aspectos hídricos da Bacia do Alto Pantanal de Cáceres...................... 31
1.2.3.3 - Aspectos climáticos................................................................................ 31
1.2.3.4 - Aspectos da vegetação no Pantanal e em sua bordadura...................... 32
1.2.3.5 - Considerações sobre o relevo................................................................. 32
1.2.3.6 - Aspectos geológicos, geomorfológicos e de solos.................................. 33
1.2.4 – A Interação Homem-Pesticida-Ambiente (H-P-A).................................... 34
1.2.4.1 - Considerações gerais............................................................................. 34
1.2.4.2 - Situação no Alto Pantanal e nas áreas de estudo................................... 35
1.2.4.3 – Perfil da cotonicultura............................................................................ 40
SEÇÃO 1 (S1) - ESTUDO DE CAMPO............................................................... 49
ASPECTOS DA RELAÇÃO HOMEM-PESTICIDA-AMBIENTE (H-P-A) NA BORDA
NOROESTE DO PANTANAL DE MATO GROSSO
CAPITULO 2 - MATERIAL E MÉTODOS DA SEÇÃO 1...................................... 49
2.1 - Retrato cotonícola de Mato Grosso............................................................... 50
2.2 - Comunidades objeto de estudo específico.................................................... 50
xiv
2.3 - Localização das comunidades...................................................................... 50
2.4 - Universo e população.................................................................................... 50
2.4.1 – Universo.................................................................................................... 50
2.4.2 - População do período restrito.................................................................... 50
2.5 - Período do estudo......................................................................................... 52
2.6 - Método aplicado à coleta de dados............................................................... 52
2.7 - Variáveis estudadas...................................................................................... 53
2.8 - Magnitude assumida pelas variáveis consideradas...................................... 53
2.9 – Indicadores de risco devido ao uso de pesticidas........................................ 54
2.10 - Valoração de dados qualitativos.................................................................. 54
2.11 - Análise estatística dos dados...................................................................... 55
2.12 - Unidades de investigação no estudo........................................................... 55
2.13 – Execução, validação e fontes da pesquisa.................................................55
CAPÍTULO 3 – RESULTADOS E DISCUSSÃO DA SEÇÃO 1............................. 57
ASPECTOS DOS FATORES HOMEM (H), PESTICIDA (P) E AMBIENTE (A) E DA
INTERAÇÃO DESTES (H-P-A)............................................................................ 57
3.1 - A identidade do homem envolvido com pesticidas........................................58
3.1.1 - Naturalidade dos agricultores.................................................................... 58
3.1.2 - História migratória dos cotonicultores........................................................ 58
3.1.3 - Idade dos agricultores................................................................................ 58
3.1.4 – Escolaridade.............................................................................................. 60
3.1.5 - Tamanho das famílias de cotonicultores.................................................... 60
3.1.6 - Renda anual familiar................................................................................... 60
3.2 - Quali-quantificação dos pesticidas adotados................................................ 61
3.2.1 - Produtos comerciais.................................................................................. 61
3.2.2 - Grupos químicos......................................................................................... 64
3.2.3 - Categorização de grupos químicos com e sem piretróides ou fosforados. 64
3.2.4 - Pacotes de pesticidas adotados................................................................. 65
3.2.5 - Ingredientes ativos (i.a.)............................................................................ 65
3.2.6 - Modo de ação............................................................................................. 66
3.2.7 - Classes Toxicológicas (CT)....................................................................... 66
3.2.8 - Classes de Potencial de Periculosidade Ambiental (PPA)........................ 67
3.3 - O ambiente das áreas de estudo.................................................................. 67
3.3.1 - Área da propriedade................................................................................... 67
3.3.2 – Vegetação................................................................................................. 69
3.3.3 - Aspectos do relevo das comunidades........................................................ 69
3.3.4 - Recursos hídricos....................................................................................... 70
3.3.5 - Condições climáticas.................................................................................. 71
3.3.6 - Solos e alguns de seus atributos............................................................... 71
3.3.7 - Impacto sobre a fauna................................................................................ 72
3.4 - Interação Homem-Pesticida-Ambiente (H-P-A)............................................ 74
3.4.1 - Domínio na atividade ......................................................................... 74
3.4.2 - Regime de ocupação das terras................................................................. 77
3.4.3 - Características do cultivo........................................................................... 79
3.4.4 - Uso e manejo de pesticidas....................................................................... 81
3.4.5 - Aquisição e armazenagem de pesticidas................................................... 86
3.4.6 - Medidas de proteção ambiental adotadas.................................................. 88
3.4.7 - Medidas de proteção pessoal adotadas..................................................... 89
xv
3.4.8 - Medidas curativas adotadas nos casos de intoxicações............................ 91
3.4.9 - Casos de intoxicações por pesticidas........................................................ 91
3.5 - Estudo de correlação.................................................................................... 95
3.5.1 - Relações entre agricultor, comunidade e área da propriedade................. 95
3.5.2 - Relações de aspectos da cotonicultura local............................................ 97
3.5.3 - Algumas relações com intoxicações.......................................................... 97
3.6 - Resumo dos aspectos estudados................................................................ 97
3.6.1 - A magnitude das variáveis........................................................................ 97
3.6.2 – Riscos envolvidos ao ambiente e à saúde humana (R
CDPAH
)................... 100
3.7 - Dinâmica da atividade cotonícola em MT.................................................... 106
3.7.1 - Tecnologia de produção utilizada.............................................................. 106
3.7.2 - Mão de obra envolvida.............................................................................. 106
3.7.3 - Relação entre cotonicultor e mercado....................................................... 107
3.7.4 - O mapa da cotonicultura no MT................................................................ 107
3.7.5 - A industrialização do algodão..................................................................... 109
3.7.6 – Regiões produtoras e demandadoras de algodão..................................... 109
3.7.7 - Fatores bióticos concorrentes em lavouras de algodão............................. 110
CAPITULO 4 – SÍNTESE DA SEÇÃO I............................................................... 113
SEÇÃO 2 - ENSAIO LABORATORIAL............................................................. 117
RESÍDUOS DO PESTICIDA METIL PARATION (MP) NA ÁGUA PERCOLADA
ATRAVÉS DE COLUNAS DE SOLOS ORIUNDOS DA BORDA DO ALTO
PANTANAL, MATO GROSSO
CAPITULO 5 - MATERIAL E MÉTODO DA SEÇÃO 2 .............................. 117
5.1 – Solos utilizados............................................................................................ 118
5.1.1 - Considerações iniciais............................................................................... 118
5.1.2 - Material e procedimentos de coleta........................................................... 118
5.1.3 - Padronização do material e preparo das amostras de solos..................... 118
5.2 - Análises químicas e físicas das amostras de solos...................................... 119
5.3 - Análises químicas e físicas da água percolada .......................................... 119
5.4 - Análise e monitoramento do ambiente do ensaio........................................ 119
5.5 - Descrição da parte experimental.................................................................. 119
5.5.1 - Montagem de colunas de solo................................................................... 120
5.5.2 - Preparo das amostras de pesticidas.......................................................... 121
5.6 - Extração e concentração da amostra............................................................ 122
5.7 - Identificação e quantificação do pesticida MP .......................................... 122
5.8 - Reagentes utilizados..................................................................................... 122
5.9 - Limpeza e descontaminação da vidraria...................................................... 123
5.10 - Padrões e soluções analíticas de referência............................................... 123
5.10.1 - Solução estoque....................................................................................... 123
5.10.2 - Solução intermediária.............................................................................. 123
5.10.3 - Soluções de trabalho................................................................................ 123
5.11 - Análise dos extratos.................................................................................... 123
5.11.1 - Instrumentos e condições de operação................................................... 123
5.11.2 - Determinação do analito nas amostras.................................................... 124
5.12 - Teste de eficiência do método analítico..................................................... 124
5.13 - Limite de detecção do método analítico..................................................... 125
xvi
5.14 - Limite de quantificação ou de determinação (LDM).................................. 125
5.15 - Análises estatísticas.................................................................................... 125
5.15.1 - Correlações entre pesticida lixiviado, carbono orgânico, argila e areia
presente na amostra de solo................................................................................ 125
5.15.2 - Demais análises...................................................................................... 126
CAPITULO 6 - RESULTADOS E DISCUSSÃO DA SEÇÃO 2.............................. 127
6.1 - Método para determinação de resíduos de MP............................................ 128
6.1.1 - Consistência e avaliação da eficiência....................................................... 128
6.2 - A lixiviação de resíduos do pesticida MP em distintos solos........................ 129
6.2.1 - Consistência do estudo.............................................................................. 130
6.2.2 - As revelações do ensaio............................................................................ 134
6.3 - Possíveis influências nos ensaios desenvolvidos......................................... 134
6.3.1 - Efeito de alguns fatores.............................................................................. 134
6.3.1.1 - (S
o
) - Atributos dos solos....................................................................... 134
6.3.1.2 - (MO)- Matéria orgânica dos solos........................................................... 137
6.3.1.3 - (A
p
)- Atributos da água percolada pelas colunas de solo....................... 137
6.3.1.4 - (C
i
)- Localidade ou comunidades........................................................... 137
6.3.1.5 - (P
i
)- Posição ocupada no relevo pelos terrenos envolvidos.................... 137
6.3.1.6 - (E
i
) - Camadas de solo............................................................................ 137
6.3.1.7 - (t
i
) - Momento da indução da percolação de água em solos................... 137
6.3.1.8 - O pesticida MP nas condições regionais................................................. 138
6.3.2 - Interação dupla de fatores.......................................................................... 139
6.3.3 - Interação tripla de fatores........................................................................ 149
6.3.4 - Tetra interação entre fatores.................................................................. 155
6.4 – Riscos revelados pelo ensaio................................................................... 156
CAPITULO 7 - SÍNTESE DA SEÇÃO 2............................................................ 157
CAPITULO 8 - CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS........................ 159
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................. 162
APÊNDICES E ANEXOS................................................................................... 185
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO
2
1.1 -
DELIMITAÇÃO DO ESTUDO
1.1.1 - Temática
Os pesticidas químicos foram desenvolvidos e usados largamente após
a descoberta do diclorodifeniltricloroetano (DDT) e hexaclorociclohexano (HCH).
Ajudaram a revolucionar o setor agrícola, mas também geraram
problemas e preocupações com danos ambientais e com a saúde humana, devido a
efeitos colaterais, residuais, cumulativos, de espectro raramente específico e,
também, pela sua derivação e mobilidade para áreas distintas à do alvo.
Às bordas do Alto Pantanal de Mato Grosso, Brasil, até o final do
século XX, os pesticidas eram largamente usados, mas pouco se sabia sobre seus
impactos, formas de ação e destino final dos produtos nos ecossistemas atingidos.
Em algumas comunidades desta região, como em Barra Nova (C
2
),
lavouras de algodão, submetidas a pesticidas, vinham sendo desenvolvidas
sistematicamente mais de 20 anos e, outras, tal como a comunidade do Facão
(C
1
), ingressaram depois da década de 1990 nesta atividade.
Os escassos estudos indicavam que os agricultores destas
comunidades usavam estas armas químicas baseados principalmente na orientação
de comerciantes destes produtos ou então com base no que aprenderam com seus
pais, vizinhos ou pela própria experiência. Então, a caracterização mais ampla e as
conseqüências desta interação homem(H)-pesticida(P)–ambiente (A) nas bordas do
Pantanal, na atividade cotonícola, precisava ser estudada em maior profundidade.
Suposições de riscos crescentes de contaminação de aqüíferos e de
danos aos ecossistemas do Pantanal e à saúde humana, em conseqüência do uso
de pesticidas às bordas e montante desta planície, motivaram os estudos
específicos regionais que pudessem dar sustentação a conclusões e inferências
consistentes sobre a magnitude, as especificidades e a periculosidade da questão.
Então, o presente trabalho revela como ocorre esta interação (H-P-A) e
algumas conseqüências relacionadas. A primeira parte (seção I) descreve alguns
relevantes aspectos desta interação (H-P-A), seleciona variáveis indicadoras de
risco por pesticidas e analisa a dinâmica da cotonicultura no Mato Grosso, em
especial entre 1990 e 2003. Expressões dos aspectos analisados ao longo de seis
anos (1992-97) e também de duas comunidades cotonicolas (Facão-C
1
e Barra
Nova-C
2
, Município de Cáceres, Bordas do Alto Pantanal, Mato Grosso, Brasil) são
contrastadas. A segunda parte (seção II) apresenta resultados de ensaios
laboratoriais com solos das comunidades cotonícolas, sobre a mobilização edafo-
hídrica de resíduos do pesticida tradicionalmente mais utilizado nestas lavouras: o
metil paration (MP). A lixiviação MP nas condições ensaiadas é retratada.
Assim, os resultados das duas seções oferecem respostas às
hipóteses e objetivos formulados e às indagações do meio popular e científico sobre
o risco atribuído ao uso de pesticidas às bordas e no montante do Pantanal.
O presente documento, em sua parte textual, está organizado conforme segue:
1° - Começa com a introdução que delimita o estudo e oferece uma revisão
bibliográfica pertinente;
2° - Depois apresenta duas seções, com capítulos respectivos de: o material e
métodos, resultados e discussões, e sínteses;
3° - Por último, apresenta as conclusões gerais.
1.1.2 - Hipóteses
Geral: uso continuado e inadequado de pesticidas em áreas
cotonícolas de Mato Grosso, inclusive situadas às bordas do Alto Pantanal, e que
impactam negativamente o homem e o ambiente.
3
Esta hipótese geral está desdobrada em específicas:
H1: As comunidades, objeto deste estudo (Facão: C
1
; Barra Nova: C
2
)
e as safras cotonícolas consideradas (1992-97), são similares em suas principais
características, inclusive na interação do homem com pesticidas no ambiente;
H2: Características destas comunidades e das safras podem se
constituir em indicadores de risco de contaminação e de danos causados por
pesticidas ao ambiente e ao homem (R
CDPAH
);
H3: As expressões destes indicadores de risco são semelhantes nas
duas comunidades e nas safras consideradas;
H4: A contaminação da superfície de solos, pelo tipo de pesticidas
usados às bordas do Pantanal, se propaga para dentro do perfil dos mesmos,
atingindo águas subterrâneas;
H5: Características ambientais, tais como tipo de solos (C
i=1,2
), posição
ocupada pelos terrenos na vertente (P
i=1,2,3
), espessura de camadas de solo (E
i=1,2,3
)
e momento de indução (t
i=0,1,2
) da percolação de água pelo solo contaminado
superficialmente por pesticidas, apresentam-se semelhantes e influem, de modo
similar nas duas comunidades, sobre a quantidade de resíduos mobilizados
hidricamente para dentro dos respectivos solos. E, embora haja efeito similar nas
duas comunidades, estas características ambientais concorrem para estabelecer o
nível de risco de contaminação de águas subterrâneas nestas localidades;
H6: A matéria orgânica exerce um papel fundamental para minimizar a
mobilização edafo-hídrica de resíduos de pesticidas derivados de contaminações
superficiais, principalmente em solos com baixos teores de argila.
H7: A partir da década de 1990 a cotonicultura em Mato Grosso
intensificou sua dinamicidade espacial, tecnológica.
1.1.3 - Objetivos
Geral:
Suscitar aspectos importantes da interação do homem (H) com
pesticidas (P) no ambiente (A), com base na cotonicultura atividade altamente
dependente de pesticidas, praticada em duas comunidades rurais (Facão: C
1
; Barra
Nova: C
2
) de Cáceres, às bordas do Alto Pantanal, Mato Grosso, Brasil.
Específicos:
Caracterizar a interação do homem com pesticidas no ambiente (H-P-
A) através de um conjunto de variáveis e de suas expressões, espacial (C
1
; C
2
) e
periodicamente (1992-97) às bordas do Alto Pantanal;
Selecionar, entre estas variáveis, as que também se caracterizam
como indicadoras de risco de contaminação e de danos ao ambiente e ao homem
por pesticidas (R
CDPAH
);
Comparar as duas comunidades (C
1
; C
2
) e as seis safras (1992-97)
pelas expressões de suas características e dos indicadores de risco considerados;
Revelar a dinâmica da cotonicultura (altamente dependente de
pesticidas) no tempo (>1990) e no espaço territorial em Mato Grosso (MT);
Avaliar a possibilidade de contaminação de águas subterrâneas (que
fluem para o Pantanal e abastecem demandas domésticas) pelo pesticida metil
paration (MP) através de respostas obtidas em ensaio de percolação multifatorial:
comunidades (C
i=1,2
), posição dos terrenos no relevo (P
i=1,2,3
); espessura de
camadas de solos (E
i=1,2,3
) e momento da drenagem (t
i=0,1,2
);
Selecionar, entre os fatores do ensaio, os que constituem indicadores
de risco, e comparar as comunidades através de suas expressões.
4
1.2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA PERTINENTE
1.2.1 - O Homem no Mato Grosso – (H)
1.2.1.1 - Histórico de ocupação regional
Milhares de anos antes da vinda dos primeiros europeus para o Brasil
(1500) e para o Mato Grosso (1516) sociedades autóctones já habitavam no Centro-
Oeste brasileiro, inclusive no Pantanal (AB’SABER, 1988).
A história de ocupação regional e de alguns desdobramentos está
apresentada, a seguir, conforme alguns autores (MENDES, 1973; MENDONÇA,
1982; SUDECO, 1986; BLUMENSCHEIN, NEUBURGER & REMPPIS, 1996).
A penetração inicial de não-autoctones no Mato Grosso foi motivada
pela busca e exploração de riquezas, tais como ouro, e que seriam transferidas
principalmente para os domínios europeus. A depredação ambiental e cultural
começou neste período promovido por estes não nativos.
A fixação ou colonização por não nativos se deu pela necessidade de
garantir o domínio sobre os espaços territoriais e suas riquezas.
Na segunda metade do século XX políticas de ocupação dos espaços
ainda não desbravados (principalmente em direção ao Centro-Oeste, Noroeste e
Norte do Brasil) foram incentivadas por governos, com o objetivo de resolver
questões relacionadas (a) à soberania sobre o território nacional ainda pouco
habitado e, (b) ao alívio das tensões e eminentes conflitos sociais no centro-sul,
devido à redução dos espaços territoriais per capita, o crescimento populacional e o
potencial de desemprego na década de 1970, visando (c) ao aumento da produção
agrícola exportável, numa linha política de melhorar a balança comercial do Brasil
em curtíssimo prazo. Nas décadas de 1990 e seguinte, no MT, a soja e algodão
tiveram importância progressiva pelo crescimento de área plantada, produtividade,
ativação sócio-econômica, e pela geração de impacto ambiental conseqüente.
Os pesticidas passaram a fazer parte dos pacotes de tecnologia
moderna, sendo introduzidos (ex.: crédito rural) nas atividades agropecuárias
resultantes do estímulo à ocupação dos espaços vazios do centro-oeste brasileiro,
como foi o caso de Mato Grosso. A cotonicultura, dependente de pesticidas, foi uma
destas atividades. Isto também ocorreu na Bacia do Alto Pantanal.
1.2.1.2 – Duas comunidades situadas nas Bordas do Alto Pantanal
1.2.1.2.1 - Barra Nova (C
2
)
A comunidade C
2
é uma, entre várias, situada na Fazenda Nacional da
Caiçara, cuja ocupação recente se deu predominantemente por invasão e posse de
terras, o que está descrito em RIEDER (1995).
A mesma está localizada entre 35 e 55 km de Cáceres, cujo acesso
principal se via BR-070 e depois pela BR-164, sentido Caramujo. Após 3 km
deste distrito, entrando pela esquerda, em uma estrada de terra, ao longo e margens
da qual se encontra a comunidade rural referida.
As propriedades novas geradas, principalmente a partir da década de
1970, nesta comunidade, vêm sendo regularizadas pelo INCRA (1980). Os
ocupantes atuais, ali fixados predominantemente nos últimos 30 anos, são, em sua
maioria, de origem migrante naturais de estados nordestinos, que passaram pelo
sudeste e centro oeste para, depois se enraizarem em C
2
(RIEDER, 1983).
Conforme relatado em RIEDER (1995; 1999), na sua maioria a
comunidade esteve formada de pequenos agricultores, que entre 1960-1990,
empenhavam-se em desbravar as suas terras virgens, através da força braçal e
animal. Neste período predominava a pequena agricultura e criação (amendoim,
5
mandioca, arroz, milho, feijão, café, frutíferas, algodão, aves, suínos, bovino mista,
etc.) desenvolvida nos limites da força familiar, com ocasional auxílio extra-familiar.
na década de 1990 na região de ação da comunidade o havia mais nada a
desbravar. Quase toda a área estava desmatada, em que se praticava uma
agricultura rotativa (5-10 anos) com pastagens destinadas à pecuária leiteira e mista.
Continuavam as atividades alicerçadas na força familiar, mas já com mais freqüente
participação extra-familiar, inclusive com serviços tratorizados contratados. Em
meados da década de 1990 a cotonicultura foi novamente intensificada (RIEDER et
al., 1995a), mas em 1997 já mostrava sinais de desestímulo.
1.2.1.2.2 - Facão (C
1
)
A comunidade C
1
está localizada na área do Projeto Facão, a 12 km da
sede do município de Cáceres - MT, com acesso pela rodovia BR-070, sentido
Cáceres - Cuiabá, à margem direita. O Projeto Facão (Cáceres, Mato Grosso MT)
foi concebido conforme descrito por PEREIRA LEITE (1990). O mesmo se constitui
de uma área de terras, de recursos naturais e de benfeitorias, concebido pelo setor
público, destinado para multifunções integradas (Reserva Pesquisa, Fomento,
Ensino Superior, Assentamento de Colonos, etc.).
A implantação da colonização do Facão começou em 1989, em que a
fase e módulo I foram constituídos de 65 lotes com área média de 4,27 ha/lote,
contemplando, respectivamente, o mesmo número de famílias de colonos.
Em 10 de fevereiro de 1990 foi fundada a Associação dos Produtores
do Projeto Facão APROFAC.
Parte da área adquirida da Fazenda Facão pelo Governo do Estado de
MT teve a posse reintegrada ao proprietário anterior, por decisão judicial, devido ao
não cumprimento financeiro das condições contratuais efetuadas na compra
(AMARAL, 1998), o que reduziu o Projeto Facão atual à colonização do Facão e à
Pesquisa e Experimentação Agropecuária desenvolvida pela EMPAER-MT
(Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural S.A.).
Os colonos ocupantes da fase e módulo I estão distribuídos no
quadrante limitado pelas coordenadas geográficas: 57º39’20 “e 57º36’50” longitude
W. Gr.; 16º11’20 “e 16º09’00” Latitude Sul.
O Projeto Facão de colonização foi estruturado em três fases/módulos.
Objetivando garantir acesso facilitado à assistência agrotécnica, 5 lotes
da colonização do Facão foram destinados a famílias de técnicos em agropecuária.
Os contemplados com lotes no Projeto Facão submeteram-se a
condicionamentos contratuais para terem direito definitivo ao lote. Contudo, a
exeqüibilidade plena de tais exigências ficava condicionada à implantação e oferta
da contrapartida do Estado, o que não foi plenamente cumprido em tempo hábil.
Assim, os colonos de boa fé, tiveram que criar alternativas que lhes
rendesse não apenas a produção de alimentos de subsistência, mas também
produtos comercializáveis (como o cultivo de algodão, altamente dependente de
pesticidas) para angariarem algum saldo em dinheiro, e assim cumprirem com as
necessidades básicas mínimas para a sustentação das famílias.
1.2.2 – Referenciais sobre Pesticidas - (P)
1.2.2.1 - Considerações iniciais
Entre as funções do setor primário, uma delas é produzir alimentos, de
modo sustentável, em vista de atender as necessidades básicas da humanidade.
Principalmente em regiões sob condições de ambiente tropical, o estado de saúde
das populações ainda está fortemente dependente da aplicação e eficácia de
técnicas de controle de vetores de agentes causadores de doenças típicas (como
6
malária, dengue, febre amarela, leishmaniose e outras). Em ambos os casos, para
aumentar o volume de produção do setor primário ou para maximizar o controle de
vetores de doenças, são utilizados armas químicas: os pesticidas. Entretanto, o
desenvolvimento sustentável requer a utilização de recursos que impactam pouco.
A palavra pesticida significa um instrumento ou todo capaz de matar
agentes causadores de pestes. Segundo NASCENTES (1988), pestis no Latim
significa calamidade, desgraça, ou qualquer epidemia sem caráter definido, que
produza grande mortandade. Nos textos de comunicação mundial para povos de
diferentes idiomas observa-se o uso predominante da palavra pesticida. Outras
denominações como biocidas (NUNES et al., 2002), defensivos agrícolas
(BARBOSA, 1995; RESENDE, 2005), venenos ou “remédios” (PERES, 1999;
PERES et al., 2001; ROZEMBERG & PERES, 2003; PERES et al. 2005) também
são utilizados em função das diferentes conotações e interesses envolvidos.
Na legislação brasileira, pesticidas utilizados na agropecuária são
denominados de agrotóxicos. Conforme BRASIL (2002), o Decreto nº. 4.074
(4/01/2002) regulamenta a Lei Federal nº. 7.802 (11/07/1989) de uso de
agrotóxicos. Estes definem os múltiplos aspectos relacionados aos pesticidas.
Assim agrotóxico é constituído por produto químico destinado ao uso nos setores
de produção, no armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas
pastagens, na proteção de florestas, nativas ou implantadas, e de outros
ecossistemas e também de ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja finalidade
seja alterar a composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da ação
danosa de seres vivos considerados nocivos, bem como as substâncias e produtos,
empregados como desfolhantes, dessecantes, estimuladores e inibidores de
crescimento. Na legislação de MT os Agrotóxicos estão tratados no Decr. nº. 1959
de 21/09/1992, que regulamenta a Lei nº. 5.850, de 22/10/1991 (AEA-MT, 1995).
O Capítulo I e Artigo do Decreto regulamentador (nº. 4.074) da Lei
dos Agrotóxicos no Brasil definem os vários aspectos e terminologias envolvidas.
Conforme encontrado em BRASIL (2002), lá temos o significado aplicado para:
aditivo, adjuvante, agente biológico de controle, agrotóxicos e afins, centro ou
central de recolhimento, comercialização, componentes, controle, embalagem, EPI,
exportação, fabricante, fiscalização, formulador, importação, impureza, ingrediente
ou princípio ativo, ingrediente inerte ou outro ingrediente, inspeção, intervalo de
reentrada, intervalo de segurança ou período de carência, LMR, manipulador,
matéria-prima, mistura em tanque, novo produto, país de origem, país de
procedência, pesquisa e experimentação, posto de recebimento, pré-mistura,
prestador de serviço, produção, produto de degradação, produto formulado, produto
formulado equivalente, produto técnico, produto técnico equivalente, receita ou
receituário, registrante de produto, registro de empresa e de prestador de serviço,
registro de produto, RET, resíduo, titular de registro, venda paliçada”.
1.2.2.2 - Histórico
Segundo NAKANO (1986), a descoberta de inseticidas organo-
sintéticos trouxe aos homens meios poderosos e eficazes ao controle de pragas.
Com a introdução do DDT, em 1940, a humanidade passou a usufruir uma maior
disponibilidade de alimentos e segurança, além de maior êxito no combate de
insetos vetores de doenças. O controle de pragas em nível econômico teria sido
impossível sem estes inseticidas e, em várias regiões do mundo os humanos
teriam sido eliminados pela fome. Lavouras, como de algodão, soja, tomate o
exemplos de atividades economicamente dependentes de pesticidas.
Não se pode negar a grande contribuição dada pelos pesticidas
químicos sintéticos no aumento da eficiência no combate às pragas que afetavam o
7
setor de produção agropecuária e infestavam o ambiente como transmissores de
moléstias graves que atingiam a humanidade (PESSANHA, 1982). Os pesticidas
contribuíram para aumentar as colheitas da agricultura e para maior êxito das
campanhas de saúde pública no combate de transmissores de agentes causadores
de malária, da doença de Chagas, da peste bubônica, do tifo exantemático e da
encefalite (PUGA & MELLO, 1982). Entretanto os pesticidas, além da função de
protegerem as culturas das pragas, doenças e plantas daninhas, oferecem risco à
saúde humana e ao ambiente (SPADOTTO, 1996).
Entre os produtos pesticidas que são colocados no mercado, existem
alguns extremamente tóxicos para o homem, outros para vertebrados e para insetos
úteis, com diferentes mecanismos bioquímicos de ação (PUGA & MELLO, 1982).
A euforia com as possibilidades do controle químico de pragas e
doenças veio a ser repensada a partir de 1957, graças à publicação, nos Estados
Unidos, da obra “Primavera Silenciosa” de Rachel Carson (NAKANO, 1986). A
publicação demonstrou o que aconteceria ao ambiente com o uso indiscriminado
dos produtos químicos. A partir desta obra foram retomados estudos de métodos
alternativos, integrados ou de substituição aos químicos para controle de pestes.
Por isto, técnicas de controle de pragas que reduzam o uso de
inseticidas devem ser encorajadas (PARENCIA, 1986).
1.2.2.3 - Legislação
MENDES (1986) citando Berg (1957) menciona que os primeiros
programas de controle de pragas, em nível oficial, surgiram no século XIX. Em 1909
foram instituídos o Regulamento de Proteção ou Quarentena Vegetal, na Austrália, e
a Lei de Quarentena Vegetal (Plant Quarantine Act), nos Estados Unidos, em 1912.
Neste ano o Brasil também dispunha de um Regulamento de Defesa Sanitária
Vegetal (Decreto nº. 24.114 de 12/4/1934). Os precursores dos regulamentos de
proteção ou quarentena vegetal tiveram origem, na Idade Média, quando na Itália, as
autoridades de Gênova e Veneza estabeleciam a detenção de barcos vindos de
países assolados pela peste bubônica, febre amarela, cólera e outras enfermidades,
pelo espaço de quarenta dias, não permitindo que as pessoas, inclusive tripulação,
desembarcassem, enquanto estivessem sob suspeita de serem portadoras daquelas
epidemias. Podem-se citar também alguns organismos internacionais mais recentes
e importantes, como o US EPA (United States Environmental Protection Agency) e o
FDA (Food and Drug Administration) os quais também estabelecem normas
regulamentadoras de referência mundial, como os níveis aceitáveis de resíduos de
pesticidas em água e alimentos.
Conforme consta em BRASIL (2002), a regulamentação (Decreto
4.074, de 4/1/2002) da Lei . 7.802 (11 de julho de 1989) que trata de agrotóxicos
e afins no Brasil, definiu atos de infração relacionados. Entre os quais encontramos:
armazenar agrotóxicos, seus componentes e afins, sem respeitar as condições de
segurança, quando haja risco à saúde humana e ao meio ambiente; comercializar
agrotóxicos e afins sem receituário; utilizar inadequadamente agrotóxicos, seus
componentes e afins, bem como não utilizar equipamentos de proteção da saúde do
trabalhador; utilizar agrotóxicos, seus componentes e afins sem os devidos
cuidados com a proteção da saúde humana e do meio ambiente; utilizar
agrotóxicos e afins em desacordo com o receituário; dispor, de forma inadequada,
as embalagens ou restos de agrotóxicos, seus componentes e afins; dar
destinação indevida à embalagem, aos restos e resíduos dos agrotóxicos, seus
componentes e afins. Com relação ao destino final dos resíduos e embalagens a Lei
nº. 9.974 de 6/6/2000 (BRASIL, 2000), o Decreto Federal 4.074 de 4/1/2002
(BRASIL, 2002), e sobre os procedimentos de recebimento de embalagens vazias
8
de destes produtos, a Resolução nº. 334 de 3/4/2003 (CONAMA, 2005) definem as
normas brasileiras atuais que regem o assunto.
De acordo com o Art. 3º § 3º da Lei Federal nº. 7802 de 11 de julho de
1989, entidades públicas e privadas de ensino, assistências técnicas e de pesquisa
poderão realizar experimentação e pesquisas, assim como fornecer laudos no
campo da agronomia, toxicologia, resíduos químicos e meio ambientes. Nesta Lei
está definido que caberá à autoridade competente tomar imediatas providências
quando houver alerta para riscos ou desaconselhamento de uso de agrotóxicos,
seus componentes e afins. A mesma lei ainda define (Art.13) que a venda de
agrotóxicos e afins aos usuários será feita através de receituário próprio, e
estabelece (Art.14) que, tanto profissionais, usuário, comerciante, produtor e
empregador podem ser responsabilizados pelos danos causados à saúde das
pessoas e ao meio ambiente, em caso de descumprimento da legislação. Por sua
vez o Poder Executivo (Art. 19) desenvolverá ações de instrução, divulgação e
esclarecimento, que estimulem o uso seguro e eficaz de agrotóxicos, seus
componentes e afins, com o objetivo de reduzir os efeitos prejudiciais para os seres
humanos e ao meio ambiente, e prevenir acidentes decorrentes de sua utilização.
Existem coletâneas da legislação brasileira sobre pesticidas
disponíveis e ricas para consulta, como a de GELMINI (1991).
Na década de 1990, uma medida introduzida, de proteção importante
ao homem e ao ambiente, foi a tríplice lavagem dos vasilhames dos pesticidas para
posterior armazenagem em local apropriado, ou devolução à central de recebimento
mais próxima de embalagem destes poluentes, o que passa a constar das
recomendações ao agricultor em diretrizes técnicas (EMPAER-MT, 1998).
Atualmente a tríplice lavagem e a devolução das embalagens vazias de produtos
pesticidas devem ser efetivadas e 53 do Decreto Federal 4.074 (BRASIL, 2002)
cujos procedimentos e etapas estão definidos na Lei Federal 9.974 (BRASIL, 2000)
e no Decreto 334(CONAMA, 2005), todos já mencionados.
Diante das exigências legais atuais relacionadas ao manuseio correto,
cuidadoso e destino final de resíduos e embalagens vazias o Instituto Nacional de
Processamento de Embalagens Vazias - INPEV tem coordenado campanhas de
treinamento e conscientização do agricultor sobre a tríplice lavagem ou lavagem sob
pressão e posterior recolhimento das vasilhas (CONFEA, 2004; INPEV, 2005). Os
Estados de MT e PR têm apresentado excelentes respostas à estas campanhas
com altos índices de devolução de embalagens vazias em 2005 (ABH, 2005).
Objetivando o uso correto de pesticidas, instruções têm sido editadas e
publicadas por firmas fabricantes, de assistência técnica e extensão rural (tal como
da EMATER-PR/ACARPA, 1981; Diretrizes Técnicas da EMPAER-MT, 1992 a; 1992
b; 1997; 1998), de pesquisa (Informe Agropecuário 14 (162), 1989), grupos de
pesquisadores universitários (SALAZAR CAVERO, 1982 e 1998).
1.2.2.4 - Pesticidas na atividade primária
Atualmente, no setor primário, os pesticidas o usados largamente.
Estes são agrupados conforme os enfoques a serem dados. Um deles é quanto a
classe de uso Os herbicidas o disponibilizados para o combate de plantas não
desejadas, os inseticidas para combate de insetos, a princípio insetos-pragas, os
fungicidas para controle de fungos, a princípio os causadores de doenças e assim
por diante. Entretanto, para aperfeiçoar a abordagem na legislação brasileira
vigente, o art. nº. 95 do Decreto Federal n°4.074 de 04/01/2002 que regulamenta a
lei dos agrotóxicos (Lei nº. 7.802, 11/7/1989), institui Comitê cnico de
Assessoramento para Agrotóxicos o qual, entre outras competências, propõem
critérios de diferenciação de agrotóxicos, seus componentes e afins em classes, em
9
função de sua utilização, de seu modo de ação e de suas características
toxicológicas, ecotoxicológicas ou ambientais (ANVISA, 2002).
O tipo, volume e freqüência de aplicações de pesticidas são variáveis
com a fase, tipo e estágio da planta ou criação, com as condições do ambiente
objeto de controle e com o tipo, características e severidade do alvo indesejado.
Algumas atividades rurais, tais como a cotonicultura, a cultura do
tomate, a viticultura, a cultura da soja, a bovinocultura, a avicultura e outras, tornam-
se dependentes de pesticidas, devido a dinâmica populacional de seres indesejados
associadas às mesmas. Assim, por exemplo, as lavouras de tomate e de uva
demandam muitas aplicações de fungicidas, enquanto a de soja consome herbicidas
e, junto com a de algodão, freqüentes aplicações de inseticidas. as criações de
bovinos e de aves requerem rotineiras aplicações de antiparasitários.
O mercado de pesticidas passou a ser um negócio de grande
movimento financeiro. A partir da revisão e aperfeiçoamento da legislação brasileira
no início da década de 1990 e da adequação das estaduais, a comercialização
deveria estar rigorosamente controlada, exigindo-se o cadastramento periódico de
firmas e produtos interessados na venda. No Estado de Mato Grosso, em cadastro
realizado até 20 de agosto de 1994 haviam se manifestado 30 empresas
inscrevendo 472 produtos pesticidas, requerendo a sua comercialização no espaço
territorial do Estado (AEA-MT, 1995). Havia, também, uma lista de 37 produtos
comerciais mais utilizados para o controle químico de pragas do algodão.
1.2.2.5 - Pesticidas no combate de vetores de agentes daninhos
Após o surgimento de pesticidas do grupo químico dos clorados, o
HCH e o DDT constituíram-se como produtos abundantemente empregados nas
campanhas de combate aos transmissores de doenças no Brasil. Mesmo após a
proibição (1985) do uso agrícola da maioria dos clorados no Brasil, em campanhas
de saúde pública ainda se encontrava o HCH e o DDT em uso, inclusive até meados
da década de 1990, conforme RIEDER (1994b) observou em comunidades de
Cáceres (MT). Segundo citações de GELMINI (1991), o registro de pesticidas
organoclorados teria sido cancelado no Brasil em 11 de maio de 1990.
Entretanto, no início deste século (XXI) alguns clorados ainda estavam com uso
permitido, em geral para controle de formigas, cupins e ou tratamento antifúngico de
madeiras, tal como endossulfan lindano, pentaclorofenol e dicofol sendo necessário
seu registro no IBAMA para conservante de madeiras (ANVISA, 2005d). Ao estudar
a possível contaminação de leite materno de senhoras em Cuiabá, no ano de 1996,
OLIVEIRA (1997) encontrou todas as amostras contaminadas por resíduos de
organoclorados, tais como lindano, p-p’DDE, p-p’DDT, aldrin e heptacloro. Um
estudo de revisão mais recente continua confirmando presença de resíduos de
clorados em leites bovino e humano mesmo em países que já proibiram totalmente o
uso destes pesticidas (CISCATO, GEBARA & SPINOSA, 2004). Outro trabalho que
investigou a presença de resíduos de pesticidas em frutos de tomates
(Lycopersicum esculentum Mill.) comercializados em supermercados de Cuiabá, nos
anos de 1996-97, também identificou a presença de resíduos de clorados em
algumas amostras (VIEIRA, 1998). Além dos pesticidas do grupo dos clorados eram
também usados produtos do grupo dos clorofosforados, fosforados, carbamatos e,
mais recentemente foram introduzidos pesticidas do grupo dos piretróides sintéticos,
principalmente para preencherem a lacuna deixada pela retirada dos clorados.
1.2.2.6 – Trajetória tecnológica
Segundo PARENCIA (1986), na década de 1920 foi descoberto a
eficiência do arseniato de cálcio como inseticida, em especial, na luta contra o
10
bicudo do algodoeiro (Anthonomus grandis Boheman) nos Estados Unidos. Antes
do arseniato de cálcio, no início do século XX, usava-se o Verde-Paris e o arseniato
de chumbo para controlar surto de curuquerê (Alabama argillacea Huebner). O
enxofre e a creolina também eram usados contra outras pragas do algodoeiro.
Entretanto, em 31 de dezembro de 1972, o uso do DDT
(organoclorado) em algodão foi banido pela EPA (United Stades Environmental
Protection Agency) nos Estados Unidos.
Esta mesma Agência anunciou, em 2 de agosto de 1999, o início de
um processo de banimento do pesticida metil paration- MP (organofosforado), não
podendo ser mais usado, nos EUA, em algumas plantações pertinentes a
horticultura (maçãs, pêssegos, pêras, nectarinas, cerejas, cenouras, feijões,
tomates), (EPA, 1999). No Brasil, uma tentativa de discussão efetiva sobre o futuro
do MP se deu por iniciativa de um projeto de lei (PL 1518/1999) na Câmara Federal
dos Deputados (GABEIRA, 1999), sendo arquivado em 2001. Também em 1999 a
ANVISA (1999) editou a Resolução nº. 6 (14/10/1999) para suspender à aprovação e
avaliação toxicológica de novos produtos a base de MP e para reavaliar os já
autorizados. Contudo, em outubro de 2005 ainda não se tinha instrumentos
restritivos efetivos a respeito do uso do MP no Brasil, pelo menos registrados na
ANVISA (2005). Por outro lado, o ingrediente ativo clorpirifós, do grupo dos
clorofosforados, foi acrescentado à lista dos pesticidas saneantes proibidos no
Brasil, através da RDC nº. 206 (23/8/2004) (ANVISA, 2004), cujos efeitos desta
resolução foram restabelecidos pelo Supremo Tribunal Federal, em 1/7/2005.
Outros produtos clorofosforados, pelo risco que representam, também
deveriam ser proibidos no Brasil, como o dicofol e o endossulfan (PARANÁ, 2003)
Com a proibição dos clorados foi apressado o desenvolvimento e
lançamento de vários produtos pesticidas a base de piretróides (Cipermetrina,
Ciflutrina, Betaciflutrina, Lambdacihalotrina e outros) entre as décadas de 1970-90.
1.2.2.7 – Os acidentes
O acesso não seletivo a qualquer pesticida e a falta de treinamento
adequado de aplicadores destes pode gerar acidentes humanos e ambientais.
A etiologia de acidentes por pesticidas, na década de 1980, conforme
dados de vários autores (GUERRA, 1978; PUGA & MELLO, 1982; PESSANHA,
1982), estava, principalmente, relacionada ao despreparo do agricultor para usar o
pesticida indicado, de modo correto e em condições ambientais tecnicamente bem
definidos. Isto continuava sendo válido ainda na primeira década do século XXI.
No Brasil, na década de 1970, a expansão do consumo de defensivos
agrícolas (1964: 16 mil t; 1970: 40 mil t; 1974: 100 mil t), a utilização de formulações
mais concentradas, a sofisticação nas técnicas e equipamentos de aplicação, sem
um acompanhamento adequado de preparação de mão-de-obra, explica o aumento
na incidência de casos de intoxicação de trabalhadores rurais e de poluição
ambiental, com enormes prejuízos à flora e à fauna das regiões agrícolas mais
avançadas do país (PESSANHA, 1982).
Entre 1983 e 1993 (260 mil t), no Brasil, o consumo de pesticidas
cresceu 44 %, aumentando de 1 kg ha
-1
para 1,44 kg ha
-1
, enquanto em fevereiro de
1997 (US$ 88 milhões) as vendas destes produtos tinham aumentado em 26,16 %
nos últimos 12 meses (TOMITA & PERES, 1999). Dados do IBAMA indicam que o
consumo de agrotóxicos no Brasil no ano de 2000 foi 131.970 toneladas, mas
segundo estudos do SINDAG (Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para
Defesa Agrícola) a venda sofreu uma redução no ano seguinte da ordem de 8,5%
(2000: US$ 2.499.958.000; 2001: US$ 2.287.482.000), BRASIL (2003).
PESSANHA (1982) menciona ainda que as intoxicações por pesticidas
11
em nosso país sensibilizaram mais a sociedade brasileira no final da década de
1970. O Centro de Controle de Intoxicações do Rio Grande do Sul, entre outubro de
1978 e setembro de 1979, registrou 707 casos de acidentes, com 7 mortes, sendo
que as causas para tais acidentes eram conseqüentes, principalmente, do
desconhecimento do usuário sobre o perigo que envolvia a utilização de substâncias
de elevada toxidez. Mas, os toxicologistas sugeriam que a causa básica estava na
liberdade da comercialização de pesticidas, que qualquer pessoa, naqueles anos,
podia comprar pesticida e aplicá-lo como, quando e onde desejasse.
Um estudo de intoxicações por agrotóxicos ocorridos entre 1992-2002
mostra que 35% dos casos registrados em Mato Grosso do Sul ocorreram na
microrregião de Dourados, e estes, predominantemente, tiveram causa acidental ou
profissional, provocados mais por inseticidas, e entre os quais, os organofosforados,
havendo ainda correlação positiva significante entre casos de intoxicações e área
cultivada com algodão ou com feijão (PIRES; CALDAS & RECENA, 2005).
De acordo com o SINITOX (2004) as intoxicações e envenenamentos
humanos, entre 1996-2001 apresentaram as médias de 72477 e 4907 casos
registrados por ano, respectivamente, em todo país e na região Centro-oeste. Estes
casos geraram, em media por ano, respectivamente, no país e no centro-oeste, 421
e 11 óbitos, correspondendo às letalidades de 0,58 % e 0,23 %. Os pesticidas de
uso agrícola (PUA), de uso doméstico (PUD), os raticidas (PUR), os produtos de uso
veterinário (PUV) e os produtos domissanitários (DOM) somaram por ano, em
média, 23,74 % e 17,01 % de todas as intoxicações, e foram responsáveis por 54,25
% e 41,17 % dos óbitos, no país e centro-oeste, respectivamente, no período
considerado. A mais alta letalidade foi registrada para os PUA, sendo de 3,02 % e
1,11 % para o país e para o centro-oeste, respectivamente. Isto mostra que as
letalidades dos pesticidas de uso agrícola foram 5,2 e 4,8 vezes maiores que as
letalidades gerais das intoxicações registradas, respectivamente, no país e na região
centro-oeste. de se considerar que os registros de intoxicações e
envenenamentos no Brasil ainda não conseguem contemplar todos os casos
ocorrentes. Pois os dados analisados são apenas uma amostra da realidade.
1.2.2.8 - O receituário agronômico
(RA)
Conforme GUERRA (1978), os riscos de acidentes humanos e
ecotoxicológicos podem ser minimizados por medidas preventivas, como: exata
indicação do produto a ser usado, correta aplicação, competente supervisão
operacional, restrição ao acesso (no comércio vendedor de pesticidas), aquisição
com orientação técnica, uso de aparelhos apropriados e em bom estado para as
aplicações, aplicações corretas, oportunas e em condições locais ideais, de preparo
operacional psicológico, educativo e técnico, assim como incorporação de
procedimentos higiênicos adequados. A capacitação do técnico e a orientação do
usuário devem ser indispensáveis à prevenção de acidentes. O RA orienta o
aplicador favorecendo o uso adequado de pesticidas. No meio rural, chocantes
casos foram verificados, como: menor seminu (só de calção) sinalizando trajetória
de aplicação para a aviação agrícola; gestante aplicando e se expondo a pesticida;
índios aplicadores serem pagos com uma garrafa de cachaça, no final do dia,
transformando a mão-de-obra barata em um homem esquecido como ser humano.
Segundo GUERRA (1978), o tempo de exposição deve ser controlado
para o imediato afastamento do operário ao atingir o nível de contaminação
permissível. As graves intoxicações, em geral, ocorrem por inalação.
Com a instituição do RA no Brasil, em 1981 (Port. 007/81 de
13/01/1981- MA), as relações homem - pesticida - ambiente começavam a se alterar.
Hábitos anteriores de uso e manejo eram substituídos por regência dos
12
responsáveis pelo RA e legislação relacionada.
Segundo SALAZAR CAVERO (1998), inicialmente, a idéia do RA
procurava enfatizar instruções de uso adequado dos pesticidas e a não-
recomendação de inseticidas clorados no tratamento de plantas comestíveis e de
fumo. Os objetivos iniciais do RA foram se aperfeiçoando. Hoje se sabe que o RA
exige o conhecimento da fenologia dos fatores etiológicos, dos recursos
tecnológicos fitossanitários disponíveis, dos aspectos básicos de várias áreas da
ciência envolvida e da legislação pertinente. Por isto o RA pode ser fornecido por
um especialista competente na área, sendo também a único responsável pelas
conseqüências que possam provocar as suas recomendações.
1.2.2.9 – Perigos envolvidos
O homem se sente pressionado a obter o controle eficaz de pragas e
doenças. Com isto teria condições de ampliar a oferta de alimentos e reduzir o risco
a ocorrência de doenças transmitidas por vetores. Isto estaria reduzindo dramas,
flagelo humano e, por conseguinte, melhorando a qualidade de vida da humanidade.
Mas de outro lado, apesar do benefício proporcionado pelos pesticidas à
humanidade, alguns de seus produtos podem ser extremamente perigosos e
constituir, às vezes danos equivalentes a ou até maiores que o benefício deles
esperado, quando mal escolhidos, incorretamente destinado e inadequadamente
manejado. Alerta esta feita mais de duas décadas, por RIEDER & D’ELIA (1976).
A falta de treinamento adequado aumenta o risco de danos ambientais e de
acidentes na família de usuários. o potencial de periculosidade ambiental (PPA)
de pesticidas, no Brasil, é estabelecido pelo IBAMA através da Port. nº. 84 de
15/10/1996, em quatro classes (I Produto Altamente Perigoso, II Produto Muito
Perigoso, III – Produto Perigoso, IV – Produto Pouco Perigoso), cujo enquadramento
considera parâmetros como persistência; transporte; bioacumulação; toxicidade a
organismos do solo, aquáticos, para mamíferos, aves e abelhas e, em especial os
resultados de testes de reprodução, muta, terato e carcinogênese e, ainda, levando
em consideração as vias de exposição (ANVISA, 2005c).
1.2.2.10 - O solo na proteção ambiental diante da poluição química
Aplicações de pesticidas na porção aérea das plantas derivam grande
parte para a superfície do terreno (BARTSCH, 1973). Segundo KHAN (1980), ao ser
lançado no ambiente, a maior porção do pesticida entra em contato com o solo e
água. TOLEDO (1993) recomenda que o solo deva estar incluído, como objeto de
estudo, em programas de monitoramento de resíduos de contaminantes em
alimentos e água para consumo humano.
A matriz solo é importante no trato de poluição ambiental, pois o
destino final de poluentes químicos, como de pesticidas, normalmente é nesta,
conforme citam BARTSCH (1973), LAMBAIS (1992) e MUSUMECI (1992), mesmo
que sejam originalmente lançados em outros compartimentos.
O solo exerce importante papel no processo de destinação secundária,
desativação e degradação completa de pesticidas.
De um modo geral a adsorção é talvez, o principal evento que controla
a mobilidade e a disponibilidade ativa do pesticida no solo. Partículas muito
pequenas no ambiente podem contribuir fortemente na adsorção de pesticidas.
DORES (1996) cita que a adsorção por material particulado é dependente do
tamanho das partículas, quantidade de argila, conteúdo de matéria orgânica e das
propriedades físico-químicos do pesticida, tal como capacidade de dissociação,
solubilização em água, presença de grupos complexantes e pressão de vapor.
O poder de proteção que o solo exerce sobre os ecossistemas, diante
da introdução de poluentes químicos como de pesticidas, está fortemente
13
relacionado com a sua capacidade de adsorção, retenção, atividade, reatividade,
infiltração, tipo e população microbiana, entre outros. Os efeitos são variáveis
conforme a magnitude das características e atributos do solo. As propriedades de
solos são dependentes do tipo, quantidade e distribuição de materiais coloidais
presentes no mesmo, de alguns elementos ou substâncias químicas e do pH.
Características físicas e químicas do solo, em especial os teores de
argila e de matéria orgânica, devido a elevada capacidade de adsorção, influenciam
diretamente a inativação de pesticidas no solo (OLIVEIRA & BEGAZO, 1989).
A retenção e a desativação de resíduos de pesticidas que atingem os
terrenos dependem do poder de adsorção de seus solos (HAMAKER, 1975) que, por
sua vez, tem uma relação direta com o nível da CTC do meio (ADAMS Jr., 1973) e,
esta, pode ser extremamente dependente dos teores de matéria orgânica presentes
(BERG, LEPSCH & SAKAI, 1987), principalmente se o solo não estiver bem suprido
de argilominerais, como é o caso em solos arenosos. As argilas e a matéria orgânica
com suas substâncias húmicas são preponderantes e comandam tais processos.
A degradação de pesticidas é afetada pela matéria orgânica, pH, argila,
óxidos de ferro e de alumínio e a população microbiana (GORING et al., 1975).
Entre os vários componentes do solo, por estimular eventos físicos,
químicos e biológicos no meio, a matéria orgânica exerce importante influência
sobre o comportamento e destino final de pesticidas no solo (WEED & WEBER,
1974; GORING et al., 1975; HAMAKER, 1975; HAQUE, 1975; WAGENET &
HUTSON, 1990; LAMBAIS, 1992; MUSUMECI, 1992), sendo determinante na
desativação do efeito nocivo e da degradação de poluentes naquele ambiente.
Quando se trata de solos bastante arenosos, bons teores de matéria
orgânica podem suprir as deficiências em argilominerais no exercício das funções
ativas e reativas do solo, tanto no que se refere à fertilidade (KIEHL, 1979;
BUCKMAN, 1983; PRIMAVESI, 1988; MELO, 1994 e SILVA, LEMAINSKI & RESCK,
1994) e provavelmente no que tange ao poder de proteção do ambiente diante dos
riscos da poluição química, como aquela atribuída a pesticidas.
A matéria orgânica exerce efeito de reforço a mecanismos físicos de
proteção contra a remoção e mobilização de material da superfície das terras, que
pode estar, eventualmente, retendo poluentes. Como, por exemplo, melhorando a
estrutura do solo, aumentando a infiltração de água no mesmo, o que desacelera
processos erosivos na superfície dos terrenos (BARUQUI & FERNANDES, 1985;
RESENDE, 1985; CASTRO, 1987). Atua ainda sobre a capacidade calorífica,
capacidade de retenção de água, capacidade de troca de íons, poder tampão, ação
quelatante (MELO, 1994), o que provavelmente ajuda compor um meio
bioquimicamente estimulado à desativação de moléculas de pesticidas.
Os solos bem supridos em matéria orgânica oferecem efeitos de
proteção ambiental graças aos importantes atributos e atividades das substâncias
húmicas. Segundo LOPES & GUIDOLIN (1989), o húmus nada mais é que produto
de decomposição da matéria orgânica, por transformação biológica e, em geral,
como colóide, apresenta um balanço de cargas negativas durante o processo de sua
formação, razão pela qual pode atrair e reter partículas com cargas positivas.
As substâncias húmicas aumentam o poder de adsorção do solo,
propiciam a elevação da capacidade de troca catiônica (CTC) (HAQUE, 1975),
dinamizam o poder de reação do solo (QUAGGIO, 1986 e RAIJ, 1986). A matéria
orgânica também se constitui de fonte nutricional e de energia para a multiplicação e
crescimento dos organismos (MELO, 1994), o que favorece o acentuamento da
atividade microbiana biodegradadora (GORING et al., 1975). As condições
climáticas e população microbiana promovem a degradação de pesticidas, embora a
14
intensidade desta seja dependente das características químicas de cada produto de
pesticida, conforme estudos referenciados por OLIVEIRA & BEGAZO (1989).
Foi constatado que num solo bem suprido de MO, expressiva quantia
do pesticida MP estava ligada a partículas do solo, tendo sua atividade reduzida e
estando indisponível para degradação biológica ou química (KATAN, FUHREMANN
& LICHTENSTEIN, 1976). Isto pode estar representando apenas uma proteção
temporária do ambiente, pois poderá voltar a ser liberado ou reativado.
Diferentes pesticidas sob mesmas condições ambientais podem
apresentar comportamentos distintos. LAABS et al. (1998), estudando a taxa de
dissipação de vários pesticidas (atrazina, clorpirifós, lambdacihalotrina, deltametrina,
α-endosulfan, metamidofós, metolaclor, monocrotofós, simazina e trifluralina) na
camada superficial (35 cm) de um Latossolo (Oxisol típico), sob condições de campo
e em ambiente tropical, na microbacia hidrográfica do rio São Lourenço (adentra no
Pantanal), na região da Chapada de Cuiabá, coletaram a água de percolação
(usando lisímetro instalado na profundidade de 35 cm) para determinar a perda de
pesticidas para além da principal zona do sistema radicular de plantas nas primeiras
quatro semanas após a aplicação dos pesticidas. Entre os pesticidas envolvidos,
demonstraram algum potencial de lixiviação (0,1-1,6 % da quantidade aplicada) para
a camada mais profunda do subsolo os produtos metolaclor, simazina e atrazina,
enquanto que foram determinados, na água de percolação, apenas traços de
trifluralina, α-endosulfan, monocrotofós e clorpirifós. Alguns pesticidas são mais
sujeitos que outros a penetrarem no perfil de solos via mobilização hídrica.
O mais importante constituinte do solo à retenção de pesticidas no
mesmo é a matéria orgânica (TRAUTMANN, POTER & WAGENET, 1998).
Os principais fatores que influenciaram a sorção do MP em três solos
de São Paulo foram os seus teores de matéria orgânica e de argila (CASTANHO et
al., 2003). Utilizando amostras de turfa e de três diferentes solos ROTICH et. al.
(2004) concluíram que é o conteúdo da matéria orgânica do solo que comanda o
processo de adsorção do MP nestes.
Estudos apresentados pela FAO (2000) demonstram que as
concentrações do pesticida MP adsorvido em relação aos dissolvidos na solução
aquosa em equilíbrio (K
D
) em solos e a fração disto atribuída a matéria orgânica
(K
oc
) destes solos foram crescentes com os seus % de C. A FAO (2000) também
apresenta estudos que não conseguiram detectar resíduos do pesticida MP no
solução percolada provinda de colunas de 30 cm de altura de solos contaminados
por MP, superficialmente, e submetidas a chuvas simuladas. Portanto, o houve
mobilização de MP na extensão da coluna destes solos.
1.2.2.11 - Os riscos de danos atribuídos ao uso de pesticidas
1.2.2.11.1 -Considerações sobre exposição, contaminação e intoxicação
AB’SABER (1988) e RESENDE et al. (1994) acreditam que a
intensificação do uso agropecuário de áreas a montante do Pantanal, que drenam
suas águas à planície inundável, deve estar colocando em risco ecossistemas
locais, com a provável contaminação por poluentes químicos, como por pesticidas.
Um estudo sobre degradação ambiental no Pantanal (ALHO; LACHER
& GONÇALVES, 1988) levou a suspeitar que a morte de, aproximadamente,
500.000 kg de peixes do rio Miranda no Pantanal, em 1985, tenha sido causada por
intoxicação com os pesticidas picloram e 2,4D usados a montante.
Embora as condições específicas do ambiente em que são aplicados
pesticidas possam expressar certo grau de perigo, o risco de acidentes está
fortemente atrelado ao perfil da ação antrópica com o uso das armas químicas
15
(RIEDER, CASTRO e SILVA & MORAES, 1995c).
Segundo SPADOTTO (1996), pesticidas oferecem riscos ao ambiente
e para a saúde do homem através da contaminação dos solos, das águas, dos
alimentos e pela intoxicação direta dos trabalhadores e produtores rurais. Conforme
o autor, no Brasil ainda não estava sendo considerada devidamente a exposição,
tanto humana como ambiental na análise de risco atribuído a pesticidas, apesar de
mencionar que a FAO (1989) orientava que fossem considerados (na análise de
risco) os efeitos dos pesticidas, através de estudos toxicológicos e ecotoxicológicos,
e a exposição humana e ambiental a esses produtos.
Índices de intoxicações encontrados na cotonicultura do sudoeste de
MT, com base em relatos de agricultores que se dedicavam a lavouras de algodão,
situavam-se em patamares preocupantes (em RIEDER, 1990: 26,82 %; FREIRE et
al., 1993: 15,29 %; RIEDER, DORES & MORAES, 1998: 16,6 % de cotonicultores).
Segundo ALMEIDA (1985), um estudo em São Paulo indicou que 12 %
de trabalhadores expostos a praguicidas se intoxicavam nas operações de
manipulação e aplicação dos pesticidas.
Segundo RIEDER (1991), nos primeiros três anos da década de 1980,
no município de Cáceres, os cotonicultores se intoxicavam mais freqüentemente
com produtos a base de metil paration (MP). Em geral, sem considerar o tipo de
pesticida, o índice de intoxicação de, pelo menos, um integrante por família de
cotonicultores chegava a 76,9 % e 48,7 % em mais de uma safra agrícola.
Por outro lado, o agricultor, nestes anos todos de dedicação a atividade
altamente dependente de pesticidas, não foi treinado ou preparado para trabalhar
corretamente com tais armas químicas. Tanto para proteger o homem como o
ambiente, estas deficiências de treinamento, de um modo geral, o problemas a
resolver em todo o Brasil, conforme vários autores (RIEDER & D’ELIA, 1976;
ALMEIDA, 1982; LUTZEMBERGER, 1982; PUGA & MELO, 1982; RIEDER et al.,
1998). RIEDER (1991) revela que apenas 20,51 % dos agricultores, nos primeiros
anos da década de 1980, em várias comunidades envolvidas com a cultura de
algodão, afirmavam terem sido influenciados por ensinamentos em fitossanidade
prestados por profissionais da assistência técnica. Os vendedores de pesticidas
influenciaram 69,23 % dos cotonicultores, no manejo de pesticidas. Este e outros
estudos (ARANTES et al., 1990; FREIRE et al., 1993; RIEDER, 1994b, RESENDE
et al., 1994; EMBRAPA,1997) referindo-se ao destino de embalagens vazias, de
soqueiras; prevenção de acidentes; segurança pessoal e da família; preparo das
soluções de pesticidas; jornada e horário de aplicação; misturas e dosagens de;
trajes utilizados; medidas de proteção ambiental utilizadas e outros aspectos de
influência sobre a saúde do homem e do ambiente, indicavam que o quadro reinante
nas áreas de algodão na borda do Alto Pantanal era preocupante e, provavelmente,
oferecia alto risco de contaminação e de acidentes humano e ambiental.
Conforme RIEDER (1991), cotonicultores, no município de Cáceres, da
faixa de bordadura do Pantanal, na safra 1982-83, revelaram que havia três famílias
com casos de intoxicações em cada quatro expostas, duas tendo reincidência de
intoxicação na mesma pessoa e uma com mais que uma pessoa intoxicada entre os
componentes da família vitimada. A maioria dos usuários de pesticidas não
demonstrava ter consciência sobre o destino correto que deveria ser dado às
embalagens vazias, resto de caldas e às lavagens de equipamentos utilizados na
aplicação de pesticidas, com vistas à preservação ambiental. Na ocasião, 76,9 %
dos cotonicultores largavam as embalagens usadas na roça ou as jogavam no
“mato” ou ainda as deixavam em qualquer lugar, enquanto que outros (7,6 %)
aproveitavam as embalagens para uso caseiro, acondicionando alimentos.
16
Os riscos de impactos negativos no ambiente, devido a contaminação
por pesticidas usados no meio rural, são altos, enquanto não houver a formação de
uma consciência e preparo verdadeiramente responsável com a utilização de armas
químicas no controle de pestes (RIEDER & D’ELIA, 1976; LUTZEMBERGER, 1982;
ALMEIDA, 1982; DONZEL & DORN, 1982; LASKOWSKI et al., 1983; SALAZAR
CAVERO, 1982; GUERRA, 1985 e TOLEDO, 1993).
Apesar deste alto risco com o uso de pesticidas estarem fortemente
determinado pelo fator humano, o mesmo poderá ser minimizado com programas de
treinamento adequado e sistemático dos operadores e de suas famílias.
1.2.2.11.2 - Pesticidas no solo e a contaminação de águas subterrâneas
O risco de contaminação do perfil do solo e de águas subterrâneas por
pesticidas, a partir da mobilização do poluente lançado na superfície de terrenos, é
dependente dos fatores que afetam a sua degradação e do seu deslocamento no
ambiente. Assim influem as características do pesticida e as condições gerais do
ambiente no espaço e no tempo. No período de aplicação de pesticidas, a
intensidade e distribuição e a recorrência de chuvas, a luminosidade, a temperatura
e umidade do ar e do solo, os ventos reinantes, as oscilações do lençol freático, os
movimentos hídricos na superfície dos terrenos e no perfil do solo, o grau de
cobertura da superfície dos terrenos, os tratos dados aos solos, entre outras
variáveis, afetam o destino e distribuição dos pesticidas na superfície e para dentro
do perfil dos solos. A declividade, as irregularidades na superfície, a posição relativa
das terras no relevo, atributos químicos e físicos das camadas do solo, exercem
efeito sobre a dinâmica do processo de contaminação ambiental por pesticidas
usados na superfície dos terrenos. O tempo de exposição e da concentração do
pesticida às condições ambientais, o momento da incidência da primeira chuva e da
recorrência de outras chuvas, após a contaminação da superfície do solo, também
influem sobre a mobilização e distribuição dos resíduos deslocados e retidos no
caminho ou na via percorrida. BARRIUSO (1994), GARCÍA GONZALES (1997),
RACKE et al. (1997) destacam estes fatores que comandam o destino de pesticidas
no ambiente, em especial, em solos tropicais.
Entre outras, duas características afetam fortemente a mobilização de
pesticidas na matriz solo para além do ponto de contaminação. São elas:(a)
persistência e, (b) solubilidade (hidro e lipossolubilidade).
As características de uma poluição por pesticida são determinadas
principalmente pela retenção do solo e pela persistência do poluente no ambiente,
sendo que a distribuição do mesmo no solo é fortemente dependente das condições
pedoclimáticas reinantes (BARRIUSO, 1994). Embora existam relativamente poucos
estudos consistentes em ambientes tropicais, quando comparado com zonas
temperadas, há indicações que a dissipação de pesticidas no primeiro é mais rápida
e, que o mais proeminente mecanismo que acelera este processo parece ser
induzido pelo efeito do clima tropical, o que inclui a incrementação da volatilidade, da
alteração química e da taxa de degradação microbial (RACKE et al., 1997).
O comportamento e destino de um pesticida em meio aquático e sua
mobilização hídrica são afetados pelo material particulado e adsorvente em
suspensão, sedimento de fundo, organismos do meio aquático e águas. Estes
compartimentos podem acumular, afetar as reações de transformação e influir no
transporte de poluentes para regiões distantes da aplicação (HIGASHI, 1991).
Alguns estudos (AHARONSON et al., 1987 e BARCELÓ, 1991)
confirmam que existe risco de contaminação de águas subterrâneas por pesticidas
usados na superfície de solos. HUANG & FRINK (1989) encontraram resíduos de
pesticidas (herbicidas) no perfil de solos de Connecticut (EUA) em amostras
17
coletadas até 2,25 m de profundidade e em água de cinco poços. Concluíram que,
de fato, existe risco potencial de lixiviações contínuas de pesticidas e de seus
resíduos, distribuídos através do perfil de solos, para águas subterrâneas. Além
disto, em várias áreas da borda do Pantanal, onde existem atividades dependentes
de pesticidas, foi constatado que o nível da lâmina de águas subterrâneas tende a
se aproximar da superfície do solo após a remoção da vegetação nativa local e o
desenvolvimento de atividades agropecuárias (COUTO & SANDANIELO, 1995;
RIEDER, 1995), além de oscilar bastante entre o período chuvoso e seco. A
elevação do nível das águas deve ser decorrente da alteração do balanço hídrico
nas microbacias antropizadas (desequilíbrios na relação “entradas e saídas de
águas”) (RIEDER, 1999). O potencial de um pesticida atingir águas subterrâneas a
partir de mobilizações da superfície do solo contaminada está também relacionado a
algumas propriedades do pesticida, tal como sua solubilidade em água. Conforme
informações da EXTOXNET (1998a), se o pesticida é muito solúvel em água, o
mesmo é mais facilmente carreado pela água de chuva, através do escorrimento
superficial ou para dentro do perfil do solo, vindo a contaminar águas subterrâneas
(por lixiviação). Quando fica misturado nas águas superficiais, o pesticida pode
produzir efeitos adversos a peixes e outros organismos. Se for muito insolúvel em
água, o mesmo tende a ficar aderido ao solo e também preso a corpos arrastados
pelo run-off, sendo assim menos disponível para os organismos.
A variação de características do solo (areia, matéria orgânica, metais,
pH) e de seus valores, afeta o comportamento do pesticida nesta matriz. O
movimento e o destino de pesticidas também podem ser afetados pelas
características da água mobilizadora dos resíduos (acidez, profundidade,
temperatura, turbidez). Ainda, segundo informações da EXTOXNET (1998a), o
movimento de um pesticida no solo está, também, relacionado à sua persistência,
mensurada por sua meia-vida. Assim, pesticidas de meia vida curta teriam menor
chance de serem mobilizados para longe no ambiente. Entretanto, mesmo os de
meia vida curta, se forem muito solúveis em água e as condições forem favoráveis,
podem se mover rapidamente em certos solos. O pesticida em movimento na
superfície tem mais chance de ser degradado por agentes como a luz solar e
bactérias. Mas quando o pesticida é percolado no perfil de solos, a degradação é
mais lenta, e isto aumenta a probabilidade de alcançar águas subterrâneas. MACIEL
et al. (1997), estudando a matéria orgânica no transporte de pesticida no solo
promovido por microrganismos, encontraram, embora reduzido, um transporte do
pesticida dicofol previamente acumulado na Pseudomonas fluorescens deslocado da
célula da mesma para o solo. Pesticidas não persistentes (meia vida curta, tal como
aldicarb) foram encontrados em águas subterrâneas, o que demonstra que esta
categoria também pode penetrar no perfil do solo. Por outro lado, pesticidas muito
persistentes associados e de baixa solubilidade em água podem limitar a sua
mobilização no ambiente (Ex: clorados). Entre os pesticidas usados em lavouras de
algodão na borda do Alto Pantanal, o malation e o metil paration (MP) apresentam
baixa persistência no solo (meia vida, no máximo de 30 dias), o carbaril, o
carbofuran, o diazinon e o etil paration com persistência moderada (meia vida de 30
a 100 dias) e, a trifluralina, paraquat e outros, também usados no passado recente
(Clorados), de alta persistência (meia vida maior que 100 dias).
O material suspenso nas águas de rios pode se constituir em
reservatório de contaminantes. Estes podem ter sido apreendidos desde a origem do
material arrastado por escorrimento superficial, como em transito antes ou após
chegar aos rios. Assim, as águas com maior material em suspensão, apresentam um
potencial de acumular mais contaminantes, especialmente os pouco hidrossolúveis.
18
Num estudo recente (2001/2002) sobre a possível contaminação por
pesticidas, NUNES et al. (2002), em coletas efetuadas no início (nov. 2001) e auge
(fev. 2002) do período chuvoso, nos principais contribuidores de águas para o
Pantanal, encontraram mais de 200 mg/l de matéria seca total (MST) nas amostras
dos rios São Lourenço
2
(SL
2
), Vermelho (RV), Coxim (RC
o
) e Aquidauana (RA
q
), de
100-200 mg/l (MST) nas amostras dos rios Cabaçal(RC
a
), Cuiabá
1,2
(RC
u: 1,2
),
Taquari
1,2
(RT
1,2
) e Rio Negro (RN), enquanto os com menos de 100 mg/l (MST)
foram os rios Jauru (RJ), Sepotuba (RS
e
), Paraguai
1,2,3
(RP
1,2,3
), São Lourenço
1
(SL
1
), Itiquira (RI), Correntes (RC
s
), Miranda
1,2,3
(RM
1,2,3
), Salobra (RS
a
) e Apa (RA
p
).
Sondaram também se havia ou não a presença de pesticidas de sete classes
químicas (
1.Organoclorados-OCl: 10. heptaclor, 11.DDT, 12.DDE, 13.dieldrin, 14.aldrin, 15.endrin,
16.endossulfan II; 17. endosulfan sulfato, 18.clordane, 19.metoxiclor; 2.Organofosforados-OFo:
20.monocrotofós, 21.dimetoato, 22.diazinon, 23.metilparation, 24.clorpirifós, 25.ditalinfós, 26.triazofós,
27.mevinfós 28.forate, 29.fenitrotion; 3.Piretróides-OPi: 30.cipermetrina, 31.lamdacialotrina,
32.permetrina, 33.fenvalerato; 4.Carbamatos-OCa: 40.carbaril; 5.Triazinas-Tri: 50.atrazina, 51.desetil
atrazina, 52.desisopropil atrazina, 53.cimazina, 54.metribuzina, 55.terbutilazina, 56.ametrina;
6.Acetanilida-Ace: 60.metolaclor, 61.alaclor, 62.acetoclor; 7. Dinitroanilina-Din: 70.trifluralina
) em
sedimentos e água destes rios, totalizando 35 princípios ativos. Destes, 19 foram
detectados em amostras de sedimentos (
5 OCl: 11, 12, 14, 16 e 18; 6 OFo: 20, 22, 23, 24, 25
e 27; 2 OPi: 30 e 31; 2 Tri: 55 e 56; 3 Ace: 60, 61 e 62; 1 Din: 70
) e 11 em amostras de águas
(5
OCl: 13, 16, 17, 18 e 19; 2 OFo: 22 e 26; 2 OPi: 32 e 33; 1 Tri: 50; 1 Din: 70
) destes rios. Tanto
em sedimentos(s) como em água (a), para um mesmo rio e ponto de coleta foram
encontrados apenas um OCl (SL
2
: 16) e um Din (RA
q
: 70). Mesmos pesticidas
ocorreram em sedimentos (s) e em água (a), embora em rios e/ou locais distintos de
coleta - de mesmos cursos de água (16: SL
2
, RT
1
, RS
a
em a; RJ, RP
3
, RC
u:1,2
, SL
1, 2
,
RV, RC
s
RI, RC
o
, RA
p
em s; 18: RM
3
em a; SL
1
, RT
2
em s; 22: RC
o
, RT
1
, RS
a
em a;
RV, RI, RC
u:2
em s; 70: RA
q
em a e em s). Os rios das bordas do Pantanal Norte
continham resíduos, em s de: três OCl (11, 12 e 16), de dois OF
o
(24 e 25), de um
Opi (30), de um Tri (55) e de um Ace (60); enquanto em a de apenas um OCl (19).
Dos rios (4) do Pantanal Norte estudado o RJ apresentou maior número de
princípios ativos (7) em sedimentos, enquanto em amostras de água apenas houve
a presença do pesticida “19” em dois rios (RS
e
, RP
3
). Estes dados revelam a
persistência de produtos usados outrora (clorados) na dinâmica ambiental atual,
como também a derivação para o ambiente pantaneiro de resíduos de pesticidas
usados atualmente na agropecuária à montante das bordas do Pantanal. Isto alerta
para a necessidade de aprofundamento e continuidade de estudos que possam
orientar ações mais adequadas com vistas a proteção do Pantanal.
Os clorados eram intensamente usados no Mato Grosso, inclusive na
região do Alto Pantanal, até o ano de 1985, quando ocorreu a proibição dos
mesmos, para uso agrícola no Brasil (RIEDER, 1991). A partir daí os produtos
inseticidas mais usados na agricultura regional foram fosforados, seguidos de
piretróides e carbamatos, e para herbicidas, foram derivados da glicina, entre outros
(RIEDER et al., 2002). Observando a portaria 84/96 do IBAMA, os produtos da
Classe II (Muito Perigosos) de PPA (Potencial de Periculosidade Ambiental)
constituíram quase a metade de todos os receitados nos anos agrícolas de 1999 e
2000 em 24 municípios inseridos no Pantanal Norte mato-grossense (RIEDER et al.,
2004). A contaminação por pesticidas do ambiente (RIEDER, 1999; DORES, 2000),
de alimentos (VIEIRA, 1998) e do leite humano (OLIVEIRA, 1997) vem sendo
estudado progressivamente no MT, contemplando também a região do Pantanal.
Referente ao MP, segundo informações da EXTOXNET (1998b), é
improvável que o pesticida possa ser encontrado em fluxos de escorrimento
superficial (run off). Um produto de decomposição do MP é o 4-nitrofenol, o qual não
19
é adsorvido pelas partículas do solo e pode, por isto, contaminar águas
subterrâneas. Tem sido detectado, embora raramente, em águas subterrâneas
distantes dos pontos de seu uso. No Mississipi foram encontrados 8 µg/L em
águas subterrâneas. Também foram encontradas altas concentrações de MP em
amostras de água coletadas em alguns rios da Bacia hidrográfica do Atoya em
Nicarágua, onde cultivam algodão (CASTILHO, 2000)
Diferentes solos podem condicionar de forma distinta o comportamento
e o destino de pesticidas, por efeito da capacidade de adsorção, atividade
microbiana e reação do solo. Assim, solos com B textural provavelmente
condicionem uma dinâmica de interação e de processos de desativação diferenciada
de pesticidas em relação a solos sem B textural ou sem descontinuidade litológica.
Solos em distintas posições na paisagem podem apresentar
comportamentos diferentes na interação com contaminantes químicos, em face do
dinamismo próprio da posição (diferenciações topossequenciais). Aspectos
relacionados ao relevo também podem afetar a infiltração e, portanto a percolação
de água no solo. HORNSBY et al. (1993) e COHEN et al. (1995), citam que a
declividade afeta a lixiviação de pesticidas. AINSWORTH, FREDERICKSON &
SMITH (1993) constataram que as interações entre substrato ou material do solo,
superfícies deste e a utilização microbial são importantes para entender o que ocorre
com os compostos orgânicos, como é o caso de pesticidas em questão.
Os fatores que afetam a percolação de água no solo, provavelmente,
influenciam também o arraste de pesticida para dentro do perfil. Entre os fatores
condicionantes tem-se a condutividade hidráulica, teor de matéria orgânica,
profundidade do horizonte A, (GOSS, 1992), permeabilidade (HORNSBY et al., 1993
e COHEN et al. 1995). Segundo BENOIT et al. (1996), a matéria orgânica é um dos
mais importantes componentes do solo que afeta a sorção de pesticidas e de outros
poluentes orgânicos. Outros atributos do solo também exercem efeito no movimento
e destino de pesticidas naquele meio, conforme ANDERSON, RICHARDS &
WHITWORTH, (1967), BAILEY & WHITE (1970), BLANCO et al. (1983).
É possível que diferentes solos permitam comportamento e destinos
semelhantes a pesticidas nele lançados, desde que os atributos de influência
manifestem poderes com resultados parecidos. Um solo X arenoso, mas com bons
teores de matéria orgânica, e um solo Y argiloso, mas pobre em matéria orgânica,
embora distintos, podem induzir a resultados semelhantes sobre a mobilização,
retenção e degradação de contaminantes químicos. BUYANOVSKY et al. (1993),
em estudos relacionando à degradação de pesticidas com a profundidade no solo,
constataram que a atividade e a habilidade de comunidades microbianas para
degradar pesticidas são diferentes nas camadas superficiais (0-10 cm) em relação
àquelas abaixo de 50 cm. Verificaram também que as comunidades microbianas da
camada superficial se adaptam em um tempo bem menor aos acréscimos de
produtos químicos que as de camadas mais profundas. Constataram que a
quantidade de pesticida degradado entre 0-30 cm foi 3 a 5 vezes maior que o
situado abaixo de 50 cm no solo, razão pela qual a persistência de pesticida pode
incrementar-se dramaticamente quando atinge camadas mais profundas do solo.
A mobilidade de resíduos de pesticidas na superfície ou no perfil de
solos é influenciada pela interação da solubilidade (em água), adsorção (no solo) e
persistência (no ambiente) com a quantidade e qualidade de água presente e com
propriedades físicas e químicas do solo (GARCÍA GONZÁLES, 1997).
Solos bem supridos de matéria orgânica, mesmo que arenosos,
apresentam boa capacidade de adsorção de moléculas orgânicas, tais como
pesticidas. O normal é o teor de matéria orgânica decrescer da superfície para
20
dentro do perfil de solos, conforme constatou RIEDER (1995) num estudo sobre os
solos ocorrentes em uma das comunidades do presente trabalho. Este decréscimo
se ajusta bem a um modelo descrito por uma equação hiperbólica do tipo y =
1/(a+bx), onde y é o teor de matéria orgânica, x a posição do ponto considerado no
perfil (profundidade) e “a” e “b” coeficientes da equação. Em Barra Nova (C
2
) a
equação que melhor se ajustou foi y (%) = 1/(0,137+0,0104x). Por isto se espera que
o poder de retenção de pesticidas, no caso de MP, seja máximo na camada mais
superficial e decresça com a penetração no perfil do solo, salvo em terrenos que
apresentem aumento de poder de adsorção com a penetração no perfil. Isto significa
que o poder de mobilização de resíduos para dentro do perfil deva aumentar com a
penetração em profundidade quando as demais condições não se alteram. Porém,
mesmo com o aumento do teor de argila em profundidade, BENEVENUTO (1983),
mostrou que não houve efeito marcante sobre a mobilização, mas sim as alterações
dos teores da matéria orgânica foram as que determinaram o comportamento da
mobilização hídrica e retenção de pesticidas no perfil. As variações de pH,
substâncias ou radicais ácidos ou alcalinos, salinidade, alcalinidade, condutividade
elétrica, porosidade, condutividade hidráulica e de outras propriedades também
possuem potencial de influência sobre a retenção, mobilização e degradação de
poluentes nos extratos do perfil de solos.
O aumento dos teores de areia nos solos com a aproximação à
superfície, sem considerar os demais fatores, é uma situação que facilita a
mobilização de resíduos de poluentes para dentro do perfil. Perturbações antrópicas
nas superfície dos terrenos podem mudar a dinâmica de interação pesticida-solo.
A camada de solo que fica mais susceptível ao processo de foto e
termo decomposição de moléculas orgânicas é a superficial do terreno. Entretanto,
menções de WOLFE et al. (1990) indicavam que a fotólise de pesticidas na
superfície do solo ainda era pouco entendida na última década do século XX, pela
carência de estudos e de dados sobre o tema. Citavam, porém, que a temperatura
do solo afeta a volatilização e a taxa de fotólise de pesticidas. Temperaturas na
superfície do solo exposta aos raios solares geralmente são maiores que em outras
posições do perfil e, também sofrem maiores variações diurnas. Por isto os
pesticidas presentes na superfície do solo ficam submetidos a condições de
degradação bem mais intensas que em outras posições dentro do perfil.
Geralmente, a atividade microbiana e a biodegradação é máxima na interface solo-
ar, e decresce com a penetração no perfil. mais recentemente, GARBIN et al.
(2002) mencionam que a fotodegradação de pesticidas em ambiente aquático
depende de diversas variáveis, entre as quais comprimento de onda e intensidade
da luz incidente, espectro de absorção dos resíduos, características químicas e
concentração das demais substâncias presentes.
Provavelmente, em condições tropicais, a atuação dos processos de
mobilização e destino de pesticidas no solo, se contaminado superficialmente, seja
mais intensa e diferenciada que a situação encontrada em condições não tropicais.
Na região deste estudo, há períodos do ano em que são mais elevadas
as temperaturas, radiação solar direta, umidade do ar e do solo (SANDANIELO,
1986; SANDANIELO, 1987; NIMER & BRANDÃO, 1989; RESENDE et al., 1994).
GREEN, SCHNEIDER & GAVENDA (1993) mencionam haver grandes
diferenças nos dados publicados sobre parâmetros de sorção e degradação, pois o
solo ou sedimentos usados e as condições experimentais em que são desenvolvidos
variam muito, uma vez que a meia-vida degradativa é sensível às diferenças de
substrato, às temperaturas e às condições de umidade durante as incubações.
TAYLOR & SPENCER (1990) mencionam que a temperatura exerce
21
efeito sobre a pressão de vapor do pesticida. Em altas concentrações no solo o
efeito da temperatura é semelhante à verificada em seus compostos puros, mas em
concentrações não saturadas a influência da temperatura é mais complexa.
FELSOT & SHELTON (1993) mencionam que a umidade do solo se
constitui numa expressão de efeito crítico sobre o acentuamento da biodegradação
de pesticidas. A umidade afeta a fisiologia da microflora biodegradadora de
pesticidas e a taxa de dessorção de pesticidas no solo. TAYLOR & SPENCER
(1990) destacam que a interação entre temperatura, umidade do solo e a atividade
dos resíduos de pesticidas é da maior importância no controle da perda de resíduos
de muitos pesticidas sobre a superfície do solo.
No campo, áreas contaminadas são submetidas à mobilização hídrica
de seus resíduos, no sentido da penetração no perfil, classicamente através da
incidência de chuvas e da irrigação. Fluxos capilares e a flutuação do lençol freático
também podem afetar a mobilização de pesticidas no local e em suas vizinhanças.
Como o período de aplicação de pesticidas em lavouras de algodão, no
Mato Grosso, começa na época da existência de intensas e freqüentes precipitações
pluviométricas e termina no período de estiagens (FREIRE et al., 1993, EMBRAPA,
1997), várias são as possibilidades de distribuição das lâminas e de momentos de
ocorrência de chuvas nas lavouras tratadas. Entre outras, uma possibilidade é de
ocorrer uma chuva intensa (c
i
) (Ex: c
i
= 90 mm) sobre uma lavoura imediatamente
após a aplicação de pesticidas (Ex: 30 min.).
Chuvas fortes poderão se repetir dentro de uma mesma semana (Ex:
no e dia após a aplicação de pesticida nas lavouras), pelo menos na fase
vegetativa até a diferenciação floral no algodão (janeiro - abril) do período de cultivo
utilizado no sudoeste de Mato Grosso. Chuvas intensas podem disseminar
contaminantes, remover pesticidas do seu alvo, acarretando danos e perdas.
Estudos sobre a probabilidade de chuvas no sudoeste de MT indicam
que valores mensais confiáveis (probabilidade de 75 %) maiores que 90 mm (c
i
)
ocorrem em cinco meses (novembro - março), conforme SANDANIELO (1986).
Quando uma chuva intensa ocorre logo após a aplicação de um pesticida, a fração
removida é, provavelmente, maior que o conteúdo arrastado por chuvas igualmente
intensas, mas ocorrentes em dias seguintes às aplicações. Pesticidas lançados,
seguidos de chuvas intensas e sucessivas têm seus resíduos remanescentes
removidos rapidamente tanto para dentro do perfil como pela superfície em direção a
cursos de água e áreas de sedimentação. Isto mostra que a mobilização hídrica
dispersa os pesticidas no ambiente, aumentando a abrangência da contaminação
mas diminuindo a sua concentração. BENEVENUTO (1983) verificou que as
variações no teor de água do solo são previsivelmente mais importantes na
adsorção do pesticida do que a natureza de seus componentes, mesmo orgânicos.
A contaminação de águas subterrâneas é preocupante devido a
possíveis ações nocivas sobre componentes dos ecossistemas e por tratar-se de
águas para consumo humano atual ou potencial, o que também é enfatizado por
ENFIELD & YATES (1990). As atividades agrícolas utilizam pesticidas e, a
preocupação passa a ser mais aguçada quando são desenvolvidas próximas a leitos
ou sistemas acumuladores, inclusive de água. Existem várias atividades que adotam
pesticidas na borda do Pantanal, entre estas, de forma intensa, a cotonicultura.
Tecnologias alternativas para o controle de pragas existentes podem
minimizar os riscos à saúde ambiental e humana. Recursos da biotecnologia e da
engenharia genética estão permitindo isto. A transgenia é um caminho promissor
para tal, embora alguns grupos sociais se posicionem contrariamente a sua
aplicação e desenvolvimento no Brasil. Isto poderá retardar o nosso país dos que
22
estão na ponta deste conhecimento. Por exemplo, para descontaminar o solo
poderia ser possível inocular massa de microrganismos capazes de conduzirem o
metabolismo e degradarem resíduos de pesticidas. Entretanto, conforme menciona
BOLLAG & LIU (1990), isto só é aceitável se forem atendidas duas condições
básicas, a de não causar danos à saúde humana e também não causarem sérios
distúrbios na ecologia do solo. ENFIELD & YATES (1990) versando sobre
monitoramento e previsões de contaminação de águas subterrâneas sugerem muito
cuidado com as generalizações a partir de modelos desenvolvidos por alguns
estudos, uma vez que existem grandes variações climáticas e de solo considerando
as condições de campo, onde ocorre de fato o destino do poluente. Pesticidas no
ambiente produzem impacto biológico, tanto sobre os organismos alvos como em
não-alvos, na água, e na qualidade do ar, contaminando ainda alimentos, direta ou
indiretamente, conforme MADHUM & FREED (1990). Mas afirmam que a morbidade
e mortalidade atribuída aos pesticidas têm sido muito baixas em relação a outras
causas injuriantes e mortíferas. Porém, as aplicações repetidas de pesticidas podem
resultar em resíduos remanescentes no solo ou lixiviados para águas subterrâneas.
Contudo, do uso de pesticidas decorrem riscos a saúde humana e ao
ambiente. Segundo SEVERN & BALLARD (1990), a estimativa quantificada do risco
a saúde humana é obtida pela avaliação da exposição e da toxicologia do pesticida,
enquanto que a avaliação do risco ecológico envolve uma lista extensa de
componentes que concorrem para tal.
1.2.2.11.3 - O risco atribuído ao uso de pesticidas e a sua avaliação
A importância que os pesticidas possuem na prática da agricultura é
reconhecida, mas também são conhecidos os seus efeitos indesejáveis sobre a
saúde ambiental e humana, geralmente conseqüentes do uso impróprio e manejo
inadequado dos pesticidas, (CHENG, 1990). Por isto deve haver avaliação do risco
atribuído à pesticidas. Segundo HIMEL, LOATS & BAYLEY (1990), avaliação de
risco é uma expressão usada para se reportar à probabilidade de ocorrer um
impacto adverso com o uso de um pesticida, por ser tóxico ou perigoso para saúde
humana e/ou para o ambiente.
O risco está presente onde dinamismo ou onde ocorrem interações.
O próprio momento da concepção do ser vivo é um evento muito concorrido.
O risco é a probabilidade de dano, enfermidade ou morte diante de
circunstâncias específicas (EPA, 1991). No presente trabalho, o interesse é com a
percepção de risco derivado da interação homem-pesticida-ambiente, ou seja, do
uso de pesticidas pelo homem no ambiente em comunidades que se dedicam à
cotonicultura, sob condições tropicais, nas Bordas do Alto Pantanal, MT, Brasil.
Todas as atividades humanas implicam em certo grau de risco, sendo a
sua determinação quantitativa geralmente difícil de ser efetivada e, em muitos casos
o risco só pode ser descrito qualitativamente como alto, baixo ou insignificante (EPA,
1991; CÂMARA & GALVÃO, 1995).
Uma avaliação de risco é um processo quantitativo e qualitativo para
caracterizar a natureza e a magnitude dos riscos para a saúde pública devido a
exposição à substâncias perigosas ou à contaminantes emitidos em sítios
específicos e, incluem os seguintes componentes: (a) identificação do perigo; (b)
avaliação de dose-resposta; (c) avaliação da exposição e (d) caracterização do risco
(ATSDR, 1992). Vários modelos são propostos para estimar o risco à saúde humana
e ou ao ambiente. MOZETO (2001a) em sua revisão do trabalho Making Better
Environmental Deciosionsde Mary O’Brian (2000), enfatiza os erros que cometem
os modelos clássicos de avaliação de risco, basicamente por considerarem e
estudarem insuficientemente as alternativas possíveis de oferecerem saldos mais
23
favoráveis no balanço de impactos (positivos - negativos = saldo). E, para
aprimoramento metodológico na avaliação de risco e haver mais acerto nas
decisões ambientais, reforça a indicação do uso de “avaliações alternativas de riscos
ambientais”. Nesta proposição são mais consideradas a diversidade de concepções
e o pressuposto da existência de várias alternativas, suscitadas em discussões
democráticas amplamente participativas, e que o dano tem uma concepção muito
personalizada ou individual. Ainda MOZETO (2001b) em outra revisão, enfatiza que
as avaliações de risco, muitas vezes pecam por considerarem as interligações, as
interdependências e os impactos adversos, com efeito em cadeia, envolvidas nos
casos ou propostas colocados em questionamento.
RIEDER; CASTRO e SILVA & MORAES (1995c) apresentaram uma
proposta de determinação do nível de risco à saúde humana e ao ambiente atribuído
ao uso de pesticidas. Para avaliar o risco à saúde são necessários dados e
informações do local específico considerado e, segundo a ATSDR (1992) precisam
ser seguidos seis passos: (a) avaliar as informações físicas, geográficas, históricas e
de colocação operacional do sítio; (b) identificar as preocupações de saúde das
comunidades afetadas; (c) selecionar os contaminantes de interesse para a
localidade; (d) identificar e avaliar as rotas de exposição (mecanismos de transporte
ambiental e vias de exposição humana); (e) determinar as implicações na saúde
pública baseada nas fontes de dados disponíveis sobre os efeitos na saúde
específicos da comunidade e outras informações toxicológicas e médicas; e (f)
determinar as conclusões e recomendações.
Manuais fundamentam e orientam o processo de avaliação de risco,
tal como o Manual de Testes para Avaliação da Ecotoxicidade de Agentes Químicos
(SEMA, 1988), Princípios de Avaliação de Risco (EPA, 1991), Manual de Avaliação
de Riscos na Saúde pela Exposição a Resíduos Perigosos (ATSDR, 1992).
O nível de risco de contaminação e de danos por pesticidas sobre o
ambiente e o homem (NR
CDPAH
) resulta da contribuição de vários fatores e de suas
variáveis envolvidas, (RIEDER et al., 1995c). Para se chegar ao nível de risco global
(NRG
CDPAH
) é necessário identificar as componentes que concorrem para o risco e,
também, a magnitude de contribuição de cada meio e duração da exposição.
Os desafios são: identificar componentes, formas de inter-
relacionamento e o sentido da ação destas; reconhecer a magnitude e a amplitude
das ações e; um quarto desafio é a decodificação do tipo e da intensidade de ação
de cada uma, para uma escala universal de valores que permita traduzir as
contribuições individuais em nível de risco global (NRG
CDPAH
).
É possível reconhecer indicadores de risco, sem haver necessidade de
determinar a probabilidade de ocorrência de contaminação e de danos ao ambiente
e à saúde humana devido ao uso de pesticidas. Porém pode ser assumido que o
nível de risco é uma variável dependente da interação de várias outras. Pode o risco
ter uma relação de proporcionalidade (direta ou inversa) com os valores
expressados pelas variáveis consideradas. Assim, por exemplo, se a freqüência de
aplicações de pesticidas afeta o nível de risco (NR
CDPAH
), e quanto maior o número
de aplicações mais exposição ao pesticida acontece, então o crescimento da
freqüência implica no aumento do nível de risco.
1.2.2.12 - O pesticida mais usado em C
1
e C
2
: Metil Paration
(MP)
Este pesticida é intensamente utilizado no cultivo de algodão (BAYER,
1974). O seu uso na cotonicultura brasileira está registrado na literatura pelo
menos três décadas (SALAZAR CAVERO et al., 1976; GAEIRAS & REIS, 1978). No
Mato Grosso, na década de 1970, o pesticida aparecia recomendado oficialmente,
pelo menos, para três tipos de pragas do algodão (EMATER-MT, 1977).
24
Mesmo com o cancelamento do MP para a sua utilização em várias
culturas nos EUA, a partir de 2 de agosto de 1999, não houve restrição para seu uso
na cotonicultura, salvo limitações para aplicações aéreas em grandes áreas
(EPA,1999). Diante das restrições relacionadas ao uso do MP em outros países, no
Brasil a Resolução RDC nº. 6, de 14 de outubro de 1999 suspende etapas para o
registro de novos produtos e/ou formulações a base de MP, determina a reavaliação
toxicológica dos que autorizados pelo Ministério da Saúde e ordena a revisão da
monografia do MP (ANVISA, 2005).
Nas safras de 1982-83, em Cáceres (MT), um estudo, que incluía a
comunidade de Barra Nova (C
2
), mostrava que o “Folidol” (a base de MP) era o
pesticida mais utilizado em lavouras de algodão (> 93 %) e, também o mais
freqüente causador de intoxicações (> 73 % dos casos) (RIEDER, 1983; RIEDER,
1991). Outros registros nas décadas de 1980-90 indicaram a continuidade da
recomendação e do uso, geralmente predominante, de produtos à base de MP na
cotonicultura de MT e, em especial, nas bordas do Alto Pantanal (RIEDER, 1986;
ARANTES et al., 1990; RIEDER, 1990; RIEDER, 1991; EMPAER-MT, 1992a e b;
FREIRE et al., 1993; RIEDER, 1994a e b; EMBRAPA, 1997). Diretrizes técnicas de
algodão para MT em 1997 recomendavam este pesticida para controle de pragas na
cotonicultura (EMPAER-MT, 1997; EMPAER-MT, 1998). A persistência do uso deste
pesticida em pulverização, e em polvilhamentos (1970-80), no algodão, por várias
décadas nas bordas do Pantanal, por ser extremamente tóxico (classe I) (SALAZAR
CAVERO, 1998) e, por ser o pesticida mais usado nas comunidades observadas (C
1
e C
2
) na década de 1990 (26,89 %), o MP constituiu-se no primeiro produto a
compor ensaios de mobilização edafohídrica de pesticidas, em colunas de solos
amostrados em áreas cotonícolas das bordas do Pantanal. Estes ensaios foram
desenvolvidos nos Laboratórios da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)
entre 1995-1999, conforme registrado em RIEDER et al (1999).
Por isto o MP passa a ser descrito detalhadamente, conforme segue.
1.2.2.12.1 - Identidade do MP, conforme a FAO (2000)
I) Denominações:
Nome comum ISO (International Organization for Standardization):
parathion methyl ou seja, metil paration.
Nome químico: O,O-dimethyl O-4-nitrophenyl phosphorothioate (IUPAC -
International Union Of Pure And Applied Chemistry) ou seja, 0,0 - dimetil 0 - 4 -
nitrofenil fosforotioato (ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária);
II) Número do CAS (Chemical Abstract Service): 298-00-01
III)Fórmulas
Estrutural:
Molecular: C
8
H
10
NO
5
PS
IV) Massa molar: 263,2 g/mol
1.2.2.12.2 - Propriedades físicas e químicas (FAO, 2000)
I)Ingrediente ativo puro:
a)Aparência e odor: incolor, sólido cristalino, odor típico de ovo ou de
alho estragado;
b)Pressão de vapor: 1,72(± 0,09) x 10
-5
mm Hg a 25 ºC;
c)Ponto de fusão: 35-36 ºC;
d)Coeficiente de partição água/octanol: P
ow
= 629, log P
ow
= 2,8;
25
e)Solubilidade:
- em água: 70,3 ± 2,73 mg L
-1
a 25 ºC;
- prontamente solúvel na maioria dos solventes de hidrocarbonetos
aromáticos, álcoois, ésteres e cetonas;
- ligeiramente solúvel em petróleo e óleos minerais;
f) Densidade específica: 1,358 (d
20
4
);
g)Hidrólise: meia-vida hidrolítica a 25 ºC no escuro sob condições de
ambiente esterilizado e a uma concentração inicial de 4 mg L
-1
:
- pH 5: 68 dias;
- pH 7: 40 dias;
- pH 9: 33 dias.
O produto dominante da hidrólise ácida é o dimetil paration-metil e sob
hidrólise alcalina 4-nitrofenol. Em condições neutras formam-se quantidades
aproximadamente iguais de ambos os derivados.
h) Fotólise: o MP tem uma meia vida definida aproximadamente em 49
horas na água conforme estudos de fotodegradação.
i)Estabilidade térmica: Aquecimento a 150 ºC por 6 h e 30 min
resultaram em 91 % de isomerizações para O,S-dimetil-paration-metil, seguido por
geração de dimetil sulfito, dióxido de enxofre e outras substâncias.
II) Material técnico (FAO, 2000):
a)Pureza: mínimo 80 % (concentrado técnico, 80 % de MP em xileno);
b)Ponto de fusão: 17 ºC;
c) Impureza principal: 4-nitrofenol, menos que 0,2 %.
d) Estabilidade: Amostras de material técnico concentrado de MP foram
estocadas em recipientes de vidro lacrados e submetidos a ambiente escuro a 20
ºC, 40 ºC e 55 ºC. O conteúdo inicial de MP foi 77,7 % o qual decresceu
marginalmente para 76,6 % e 75,0 % após 2 anos a 20 ºC e 40 ºC respectivamente.
Depois da armazenagem a 55 ºC por 20 semanas o conteúdo de MP foi 73,2 %, e
após um ano nesta mesma temperatura o material esteve polimerizado.
Conforme referências da EXTOXNET (1998b), substâncias alcalinas
hidrolisam o pesticida e, por isto é incompatível com essas. Pode reagir com
oxidantes fortes. Com a sua decomposição rápida acima de 100ºC, gera risco de
perigosa explosão. A decomposição térmica pode liberar fumigantes xicos, como
dimetil sulfito, dióxido de enxofre, monóxido e dióxido de carbono, pentóxido de
fósforo, e óxido de nitrogênio. Por isto o pesticida não pode ficar exposto a
temperaturas acima de 55 ºC.
O ponto de ebulição é de 154 ºC na pressão de 1,0 mm Hg (BAYER,
1974) ou 109 ºC na pressão de 0,05 mm Hg (EXTOXNET, 1998b).
Ainda segundo a BAYER (1974) o pesticida é relativamente estável
com pH 1-7, mas com pH 8-9 se decompõe rapidamente; expressa volatilidade a 20
ºC - 0,14 mg m
-3
, a 30 ºC – 0,53 mg m
-3
e a 40 ºC – 1,35 mg m
-3
;
Conforme EXTOXNET (1998b) apresenta ponto de fulgor a 42 ºC; e
Koc: 5100 g.mL
-1
.
1.2.2.12.3 - Toxicidade
Conforme dados da EXTOXNET (1998b), o quadro geral do processo
de intoxicação por MP apresenta efeitos agudos e crônicos, apresentados a seguir.
É altamente tóxico por ingestão e inalação, e moderadamente tóxico
por absorção dermal. Como todos os fosforados, é facilmente absorvido pela pele.
Por isto, a pele deve ser imediatamente lavada com água e sabão em eventual
contaminação e, a roupa atingida também deve ser removida. Exposições acidentais
inalatórias e da pele têm causado fatalidades humanas. O pesticida pode causar
26
queimaduras de contato na pele e nos olhos.
Devido ao pesticida ter uma meia-vida curta (1 h na planta) quando
aplicado na cotonicultura, o risco de exposição de trabalhadores rurais é baixo. Mas,
necessário é considerar a condição ambiental (climática) e a magnitude da
exposição para uma avaliação mais precisa. Trabalhadores das fábricas de
pesticidas que manejam quantidades de MP concentrado estão submetidos a alto
risco. Exposições podem ocorrer durante a mistura, pulverização ou aplicação do
pesticida, durante a limpeza e reparo de equipamento ou durante a re-entrada
precoce nas lavouras tratadas. Pessoas com problemas respiratórios, exposição
recente a inibidores da colinesterase, problemas com a colinesterase, ou com fígado
em mau funcionamento têm o risco aumentado quando expostos ao pesticida.
Temperaturas elevadas ou exposições à luz visível ou ultravioleta podem aumentar
a toxicidade do MP.
Os inseticidas organofosforados são inibidores da colinesterase. São
altamente tóxicos por todas as vias de exposição. Quando inalados, o primeiro
efeito, usualmente respiratório, pode incluir sangramento ou corrimento nasal, tosse,
desconforto torácico, respiração curta ou difícil, e chiado devido a constrição ou
excesso de fluído nos brônquios. O contato com a pele pode causar transpiração
localizada e contrações musculares involuntárias. Contato com os olhos pode causar
dor, cegueira, lacrimejamento, contração das pupilas, e visão turva. Por qualquer via
de exposição, outros efeitos sistêmicos podem começar em poucos minutos ou
demorar até mais de12 horas. Isto inclui palidez, náuseas, vômitos, diarréia, torção
abdominal, dor de cabeça, tonteira, dor nos olhos, visão turva, constrição ou
dilatação das pupilas, lacrimejamento, salivação, sudorese, e confusão. Intoxicações
severas podem afetar o sistema nervoso central, produzindo perda de coordenação,
fala confusa, perda de reflexos, fraqueza, fadiga, contração muscular involuntária,
contorção, tremores na língua ou pálpebras, e eventualmente paralisia nas
extremidades do corpo e nos sculos respiratórios. Nos casos severos pode
ocorrer defecação ou micção, psicose, batimentos cardíacos irregulares, perda da
consciência, convulsões e coma. A morte pode ser causada pela falência
respiratória ou parada cardíaca.
Alguns organofosforados podem causar sintomas tardios manifestados
1 a 4 semanas após a exposição aguda que pode ou não ter produzido sintomas
imediatos. Em cada caso, dormência, formigamento, debilidades, cãibra podem
aparecer lentamente e progredir para incoordenção e paralisia. Melhorias podem
ocorrer após meses ou anos, mas alguns danos residuais podem permanecer.
A dose letal (DL
50
) oral do MP em ratos está entre 10,8 mg kg
-1
(BAYER, 1974) e 50 mg kg
-1
(EXTOXNET, 1998b), para camundongos entre 14,5-
19,5 mg kg
-1
(EXTOXNET, 1998b), em coelhos e gatos é de 75 mg kg
-1
(BAYER,
1974), em galinha angola é de 1270 mg kg
-1
, em cachorro é de 90 mg kg
-1
(EXTOXNET, 1998b). SALAZAR CAVERO (1998) cita que estudos recentes indicam
uma DL
50
de 6 mg kg
-1
pv
-1
.
A dose letal (DL
50
) dermal em ratos está entre 63-491 mg kg
-1
, em
camundongos é de 1200 mg kg
-1
, e em coelhos é de 300 mg kg
-1
(EXTOXNET,
1998b).
A concentração 50 % letal (LC
50
) é a concentração do produto químico
no ar ou água capaz de matar 50 % dos animais expostos de um experimento por
certo tempo. A LC
50
inalatória por 4 horas de MP em ratos é de 34 mg m
-3
, e para
camundongos é de 120 mg m
-3
(EXTOXNET, 1998b).
A prova funcional de pele mostrou que a substância ativa não causou
nenhuma irritação na pele abdominal depilada em ratas (BAYER, 1974).
27
Com relação a manifestações crônicas, também segundo dados da
EXTOXNET (1998b), exposições prolongadas ou repetidas a organofosforados
podem resultar nos mesmos efeitos de exposições agudas, incluindo os sintomas
tardios. Outros efeitos apresentados em trabalhadores submetidos a exposições
repetidas incluem perda de memória e de concentração, desorientação, depressões
severas, irritabilidade, confusão, cefaléias, dificuldades na fala, retardamento nos
reflexos (reações tardias), pesadelos, sonambulismo, sonolência ou insônia. Estado
gripal com cefaléia, náuseas, fraqueza, perda de apetite também tem sido reportado.
Estudos com voluntários humanos encontraram que 1-22
mg/pessoa/dia podem não manifestar efeito sobre a atividade da colinesterase.
Voluntários, na quarta semana, receberam 22, 24, 26, 28 ou 30 mg/pessoa/dia de
pesticida, aparecendo suave inibição colinesterásica em alguns indivíduos dos
grupos de dosagem de 24, 26 e 28 mg. No de 30 mg pessoa
-1
dia
-1
(± 0,43 mg kg
-
1
dia
-1
), a atividade colinesterásica de glóbulos vermelhos foi deprimida em 37 %.
Quando o MP foi dado para cães por doze semanas, ao nível de 1,25 mg kg
-1
causou breve, mas significante depressão de células de glóbulos vermelhos e
colinesterase plasmática. O nível de dieta de 0,125 mg kg
-1
não produziu efeitos.
A EPA estabeleceu como LHA (um indicador de alerta para a saúde) o
nível de 60 microgramas por litro (µg L
-1
) de 4-nitrofenol (produto de quebra do metil
paration) na água de consumo humano. Acreditam que veis iguais ou inferiores de
4-nitrofenol são aceitáveis em água bebida diariamente durante algum tempo, e sem
apresentar problemas para a saúde. Entretanto, consumo de 4-nitrofenol acima
destes níveis por longo período de tempo, pode causar efeitos adversos à saúde,
incluindo danos ao fígado, stress respiratório, e inflamação estomacal em animais.
Entre as várias formulações e marcas comerciais existentes no
mercado brasileiro (Bravik 600 CE, Folisuper 600 BR, Mentox, Paracap 450 CS,
Parathion 600 CE Pikapau, Parathion metílico Pikapau, Folidol CS) está o Folidol
600 CE, autorizado para uso como acaricida e inseticida, pertencente as classes
toxicológica II (altamente tóxico), ANVISA (2005b).
1.2.2.12.4 – Danos e periculosidade
Primariamente o MP afeta o sistema nervoso através da inibição da
colinesterase, enzima requerida para propiciar o funcionamento dos nervos.
Adversidade sobre a saúde, incluindo danos no fígado, stress respiratório e
inflamações estomacais podem ser provocados pelo produto da quebra do metil
paration: o 4-nitrofenol (EXTOXNET, 1998b).
Uma única aplicação oral da substância ativa em galinhas não
demonstrou neurotoxicidade (BAYER, 1974).
Ensaios usando caninos machos e fêmeas, com administrações de 5,
20 e 50 mg/L da substância ativa na alimentação, durante doze semanas mostraram
inibição da atividade da colinesterase no plasma com 20 mg/L, e da colinesterase
eritrócitos com 50 mg/L. Com 5 mg/L não foi comprovada inibição (BAYER, 1974).
Dados da EXTOXNET (1998b) resumem alguns efeitos, a seguir.
Em três gerações de ratos submetidos a dietas de 0,0; 0,5 ou 1,5 mg
kg
-1
dia
-1
de pesticida MP, mostraram redução de sobrevivência no desmame e de
peso no desmame, e um incremento no número de natimortos ao nível de 1,5 mg.kg
-
1
. Alguns desses efeitos também ocorreram ao nível de 0,5 mg.kg
-1
. Em ratos e
camundongos, uma única injeção na taxa da DL
50
durante a prenhêz causou
supressão do crescimento do feto e de formação de ossos à sobrevivência da prole.
Tal injeção causou também alta mortalidade fetal. Pela corrente sangüínea, o MP
pode atravessar a placenta. Altas doses injetadas em ratas e camundongas prenhes
reduziram o tamanho da cria e a sobrevida da prole.
28
O MP é um possível agente teratogênico humano. Porém, não foram
observados efeitos mutagênicos em camundongos que receberam dosagens de 5 a
100 mg.kg
-1
de pesticida, também não quando submetidos a dietas por sete
semanas. Culturas de células em crescimento oriundas de trabalhadores de fábricas
de pesticidas expostos a baixos níveis de MP por longo período de tempo, também
não revelaram alterações mutagênicas. Também não há suspeita e evidências de
que o MP possa ser carcinogênico.
indícios que pássaros são altamente tolerantes ao efeito do MP.
Porém, mencionam que o MP é xico para peixes e para animais que comem
peixes. Peixes podem morrer por uma seqüência de efeitos. O pesticida pode matar
insetos e crustáceos (Ex: lagostas) que se alimentam de algas. Quando estes
organismos morrem, a população de alga rapidamente atinge um pico, consumindo
todo oxigênio disponível nos tanques de água. Assim, a falta de oxigênio mata os
peixes. Considerando outros animais não-alvos, as menções o de que o MP é
moderadamente tóxico para mamíferos tais como ratos, cachorros e coelhos.
A BAYER (1974) menciona estudos com peixes que apresentaram
CL
50
em Tilapia spp. de 5-10 ppm (24 h)
-1
e 1-5 ppm (48 h)
-1
, em Cyprinus carpio 7,5
ppm (48 h)
-1
, em Cyprinus auratus > 10 ppm (48 h)
-1
, em Orizias latipes >10 ppm (48
h)
-1
e em Puntius puckelli de 2,7 ppm (48 h)
-1
e 2,1 ppm (96 h)
-1
. Cita também que a
substância ativa é nociva para as abelhas. Quanto o potencial de periculosidade
ambiental da marca comercial Folidol 600, conforme ANVISA (2005b), no relatório
do agrotóxico” apresenta classificação Ambiental II (Produto muito perigoso),
embora algumas possam ter classificação Ambiental III (Produto perigoso),
1.2.2.12.5 – Destino
O MP é rapidamente absorvido na corrente sangüínea a partir de todas
as vias normais de exposição. A seguir da administração de dose oral única, a mais
alta concentração do pesticida no tecido do corpo ocorre de 1-2 h. O metabolismo
ocorre no fígado, eventualmente para fenóis que podem ser detectados na urina. O
MP não acumula no corpo. É quase totalmente excretado pela urina em 24 h
(EXTOXNET, 1998b).
O princípio ativo possui uma persistência curta e uma pequena
capacidade de deslocamento no ambiente (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1985), ou
seja, baixa mobilidade. Segundo a SEMA (1988), a baixa mobilidade é delimitada
pelo intervalo definido pelo R
F
(relação de frentes) situado entre 0,1 e 0,34,
caracterizando a classe 2.
O MP é rapidamente metabolizado por plantas e animais e, por isto,
normalmente considera-se desprezível a sua persistência ou bioconcentração
(EXTOXNET, 1998b).
Acredita-se que, em ambiente tropical, o tempo de degradação e de
mineralização completa do MP, deve ser menor que em condições de clima frio ou
temperado. O perfil do destino ambiental do pesticida deve ser variável com os solos
(textura, permeabilidade, capacidade de adsorção, etc.) e climas (temperaturas,
regime de chuvas, etc.).
1.2.2.12.6 - Decomposição química
Conforme dados da EXTOXNET (1998b), o MP é adsorvido nas
partículas do solo e se degrada rapidamente. Mesmo assim, eventualmente, pode
contaminar águas subterrâneas, deslocar-se para outras áreas. Primariamente, a
sua degradação ocorre por fotólise e biodegradação. Temperaturas crescentes e
aumento da insolação aceleram o processo de degradação do pesticida. No solo a
biodegradação vai de dez dias até dois meses. Solos sob condições de maior
umidade aceleram o processo de degradação e, nestes pode ocorrer a
29
mineralização. Alguma perda pode se dar também por volatilização por ocasião da
aplicação de pesticida. Altas concentrações nas contaminações ambientais podem
retardar o início do processo de degradação. Não se tem certeza se o MP pode
também estar sendo mobilizado pelo run off.
Por sua solubilidade em água as medidas de controle da erosão pouco
efeito têm sobre a mobilização hídrica do mesmo (RESENDE et al., 1994).
Um produto da degradação do MP é o 4-nitrofenol (inseticida). Este
metabólico não é adsorvido pelo solo e contamina águas subterrâneas (EXTOXNET,
1998b). Estudos laboratoriais (VAN VELD & SPAIN, 1983) indicam que o 4-nitrofenol
degrada mais rapidamente em sistemas ambientais não perturbados. Sistemas
perturbados (Ex: água suja e agitada) podem retardar a degradação.
O pesticida MP degrada-se rapidamente em água do mar, lagos, água
de rios, com 100 % de degradação ocorrendo dentro de duas semanas até um s
ou mais. Na presença de sedimentos a degradação é mais acelerada, e é também
mais rápida em água fresca ou pura do que na salgada. A mineralização ocorre
numa taxa de 5-11 % em 4 dias em rios, e mais lentamente em águas do mar. Na
água, o MP é sujeito a fotólise, com meia-vida de 8 dias no verão e 38 dias no
inverno (EXTOXNET, 1998b).
BOURQUIN, PRITCHARD & SPAIN (1981) verificaram que, na água
fresca, populações de microrganismos degradam mais rapidamente o metabólico do
MP “p-nitrofenol” depois de se exporem a nitro compostos.
O metabolismo do MP nas plantas é razoavelmente rápido. Quatro dias
após a aplicação nas folhas de cereais, estará quase totalmente metabolizado
(EXTOXNET, 1998b).
1.2.2.12.7 – Informações técnicas, recomendações e precauções.
Segundo informações da EXTOXNET (1998b), quase todas as
aplicações de MP podem ser classificadas como de pesticidas de uso restrito pela
Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (Environmental Protection
Agency - EPA). Só podem ser adquiridos e usados por aplicadores certificados
(treinados). Os produtos contendo MP devem portar a advertência de perigo. Em
área ou lavoura tratada, a reentrada é permitida após 48 horas do tratamento. É
um inseticida e acaricida usado no controle de insetos (brocas, mastigadores e
sugadores) das lavouras. Mata os insetos por contato, ingestão e inalação. Está
disponível nas formulações de pó, concentrado emocionável, líquido ULV (ultra
baixo volume), microcapsulado e molhável. É um pesticida organofosforado. Sua
ação química interfere na atividade da colinesterase, uma enzima essencial ao
controle funcional do sistema nervoso humano, de animais e de insetos.
É um inseticida de muito amplo espectro de ação, sendo empregado
em quase todos os cultivos vegetais, de rápido efeito inicial, inclusive atingindo
pragas escondidas e minadoras devido a capacidade da substância ativa penetrar
nos tecidos vegetais (BAYER, 1974).
Conforme SALAZAR CAVERO (1998), no Brasil, existem vários
fabricantes e diversos nomes comerciais de produtos contendo MP. Cita que o MP
também atua por fumigação e profundidade. Referente a fitotoxicidade, apenas
algumas cultivares de alface e de sorgo apresentam certa sensibilidade.
Segundo o MINISTÉRIO DA SAÚDE (1985), produtos a base de MP
tem, no Brasil, autorização indicada para aplicação em partes aéreas de vegetais na
agropecuária mas não estão autorizados como domissanitários. Os intervalos de
segurança recomendados, em geral, situam-se entre 15 (Ex: frutas e hortaliças) e 30
dias (Ex: café e pastagens), enquanto a tolerância, no geral, está estabelecida entre
0,01 ppm (café em grão) e 1 ppm (amendoim).
30
Segundo SALAZAR CAVERO (1998), o poder residual nos vegetais
situa-se entre 7-10 dias e no solo em menor tempo e, a IDA (Ingestão Diária
Aceitável) é de 0,001 mg kg
-1
pv
-1
.
Na cultura do algodão, as dosagens ou concentração da substância
ativa indicada são variáveis conforme a praga e autores. A BAYER (1974)
recomenda uso de dosagens de 120-500 g ha
-1
(para controle do Thysanópteros) até
de 1000-2000 g ha
-1
(para controle de Heliothis spp.), enquanto SALAZAR CAVERO
(1998) expressa dosagens situadas entre 120 e 600 g ha
-1
e GAEIRAS & REIS
(1978) recomendam concentrações situadas entre 240 e 600 g ha
-1
.
1.2.2.12.8 - Análise do pesticida
Resíduos de pesticidas organofosforados podem ser determinados por
diferentes todos, variando também conforme o tipo de amostra a ser analisada.
Conforme VAZ et al. (1996), os métodos cromatográficos são os principais para
análise de pesticidas e, entre estes se destacam as cromatografias gasosa (CG) e
líquida (CL), sendo precisos, sensíveis e seletivos, mas trabalhosos e relativamente
caros. Conforme SANTOS NETO & SIQUEIRA (2005) a principal técnica para
quantificação de organofosforados é a cromatografia em fase gasosa, sendo os
detector de nitrogênio sforo (NPD) um dos mais utilizados.
CAPOBIANGO &
CARDEAL (2005) verificaram que a análise de resíduos de pesticidas
organofosforados, por exemplo, em amostras de peixes, pode ser efetuada por
cromatografia gasosa (CG) com detector de nitrogênio e fósforo (NP), seletivo de
massa (SM), de captura de elétrons (CE) e por cromatografia líquida de alta
eficiência (CLAE) com detector ultra-violeta (UV), utilizando diferentes métodos de
extração. SILVA et al. (1999) determinaram resíduos de vários pesticidas
organofosforados, em níveis de ng/L, na água, utilizando como técnica de extração e
pré-concentração a microextração em fase sólida, seguida de análise por
cromatografia gasosa de alta resolução usando um detector seletivo de massas, e
concluíram que o procedimento apresentou vantagens sendo recomendável.
Mas segundo WORTHING & HANCE (1991) a análise de produtos a
base de MP pode ser efetuada por GLC (cromatografia Gás-Líquido de coluna
capilar) ou hplc (Cromatografia líquida de alta eficiência - CLAE) ou quando da
hidrólise para 4-nitrofenol pode ser determinado calorimetricamente. Os resíduos
podem ser determinados por GLC.
1.2.3 - O Ambiente Regional - (A)
O estado de Mato Grosso (MT), submetido a clima tropical, está
contemplado por partes das bacias Amazônica, Platina e do Araguaia, demarcado
em ambiente bastante diverso referente a geologia, geomorfologia, solos, relevo,
hidrografia, com vários e ricos biomas, inclusive com complexidades ecológicas
compreendidas através de teorias como a dos “Refúgios” de AB’SABER (1988).
o ambiente de ceres, que inclui a borda noroeste do Pantanal, é
constituído também de clima tropical, vegetação nativa reunindo várias fases entre
campo, cerrado, pantanal e floresta tropical, solos bastante variados
taxonomicamente, em fertilidade e em textura, relevo plano a acidentado,
representantes florísticos e da fauna bastante variados, e com a macrobacia
hidrograficamente rica.
1.2.3.1 - Aspectos gerais: borda do Pantanal e montante de influência
O Pantanal é considerado uma das mais importantes reservas
ecológicas do mundo (PAIVA, 1984) abrangendo três países (Brasil, Bolívia e
Paraguai) com área de 168.000 km
2
no Brasil (CARVALHO, 1986). Entretanto,
pouco se sabe sobre o potencial e a estrutura de funcionamento dos mecanismos
31
naturais de defesa do ambiente existentes no Pantanal e em sua área de influência,
diante de eventuais lançamentos de poluentes químicos, como no caso de
pesticidas. Assim, existem questões pertinentes a serem esclarecidas, tais como:
influências de solos, relevos e de ações antrópicas neste ambiente.
A faixa de bordadura é um trecho marginal externo às terras
normalmente inundáveis do Pantanal, embora seja difícil definir claramente seus
limites. Estudiosos referem-se a ela como zona de transição entre a planície e região
vizinha ou como regiões limítrofes do Pantanal, não-inundáveis (BROWN JR., 1986),
ou ainda como região circundante ao Pantanal (CUNHA et al., 1995).
A bordadura também pode ser uma faixa que retém material erodido e,
portanto, funciona como um cinturão de proteção ao Pantanal.
RESENDE, SANDANIELO & COUTO (1994) mencionam que áreas
com vegetação florestal ao longo de rios que despejam suas águas no Pantanal
apresentam seus solos funcionando como uma faixa de proteção que retém os
detritos e os resíduos que chegam aos cursos de água, entre eles os pesticidas.
Segundo SILVA et al. (1986), vários estudos confirmam o efeito positivo de faixas de
retenção no controle da erosão. Porém, menções de RESENDE et al. (1994)
indicam que práticas de controle de erosão associadas a existência de faixa
protetora de vegetação ao longo de rios, embora ajudem, podem ser incapazes, na
estação chuvosa, de evitar a poluição das águas por pesticidas.
A borda do Pantanal deve ser objeto de cuidadosos estudos para
aprimorar o entendimento e trato da mesma.
1.2.3.2 - Aspectos hídricos da Bacia do Alto Pantanal de Cáceres
O Pantanal ocupando terras planas e baixas da bacia do rio Paraguai
constitui-se num ambiente extremamente dependente da dinâmica hídrica regional.
Conforme CARVALHO (1986), o rio Paraguai tem uma declividade
fraca ao longo de seu curso abaixo de Cáceres, indo de 6,3 cm.km
-1
e decrescendo
na confluência do rio Apa até 1,0 cm.km
-1
. As cheias dos rios, na região de Cáceres,
são crescentes entre janeiro e março. Por ocasião das enchentes, o rio Paraguai
comporta-se como uma larga faixa de água que escoa lentamente rumo ao sul
demorando até seis meses para sair de território brasileiro. Durante as cheias, as
águas de inundação veiculam material erodido e espalham sedimentos no Pantanal,
incluindo grande quantidade de matéria orgânica.
A área C
2
(B. Nova), inserida na zona de bordadura do Pantanal, está
na microbacia do córrego Caramujo, cujas águas nascem na Serra Olho d’Água (do
Caeté ou do Pe. Inácio - constituída de rochas calcárias) e são drenadas para o rio
Paraguai. O nível da água de lagoas da microbacia vem se elevando
progressivamente com a ampliação da remoção da vegetação primária e do uso
agropecuário das áreas. Os pontos de afloramento do lençol freático, no período
chuvoso, estão se multiplicando e avançando para posições mais elevadas dos
terrenos, fenômenos estes já notificados por RIEDER (1995).
Os processos de poluição por pesticidas, na faixa de bordadura do
Pantanal, podem estar condicionados pelas flutuações do lençol freático nas áreas
de cultivo (dependente de pesticidas).
1.2.3.3 - Aspectos climáticos
Diversas variáveis climáticas exercem efeito sobre fontes e agentes
poluidores, tais como temperatura, pluviosidade, ventos, radiação solar.
ADÁMOLI (1986a) menciona que o Pantanal está submetido a
variabilidades climáticas inter e plurianuais.
A latitude tropical e a continentalidade, aliada à topografia deprimida e
baixa determina o caráter megatérmico ao Pantanal, sendo observadas em Cáceres
32
temperaturas médias anuais de 21,5 ºC (Jul.) a 26,8 ºC (Out.) com amplitude
máxima absoluta de 42 ºC e com normais de pluviosidade mensal superior a 75 mm
para outubro a abril e inferior a 12 mm em junho, julho e agosto (TARIFA, 1986).
De abril a dezembro a chuva em Cáceres é inferior à necessidade
ambiental, e a água disponível nos solos não permite que a evapotranspiração
potencial seja muito superior à real, salvo entre agosto e outubro, resultando em
clima Subúmido Seco e do Terceiro Megatérmico (NIMER & BRANDÃO, 1989).
Interpretando-se dados da EMBRAPA (1982), e de acordo com a
classificação de Köppen, nas comunidades do presente estudo (C
1
e C
2
) o tipo
climático é o Awi (Savanas tropicais com verão úmido e inverno seco). pela
classificação de Thornthwaite as áreas encontram-se praticamente nos limites do
tipo climático C
2
wA’a’ para C
1
wA’a’, diferenciando-se apenas por oscilarem entre
sub-úmido e seco. Mas segundo AB’SABER (1988) climas pretéritos mais áridos do
que os atuais devem ter atuado na Planície do Pantanal.
1.2.3.4 - Aspectos da vegetação no Pantanal e em sua bordadura
Segundo ADÁMOLI (1986b), os Cerrados constituem a área de maior
expressão fitogeográfica do Pantanal, apesar da ocorrência de alternâncias
fisionômicas entre Cerradão, Cerrados, Campos Cerrados, Campos, Campos
inundáveis e Matas de Galeria. AMARAL FILHO (1986) menciona que o fator de
maior limitação no desenvolvimento de floresta e originador de savana, no Pantanal
norte, é o excesso de água, resultante da oscilação do lençol freático e inundação
prolongada. Entretanto, CONCEIÇÃO & PAULA (1986) encontraram formações
florísticas bastante diversificadas com mistura de espécies e de tipos de outras
regiões (vegetação fenotípica e floristicamente semelhante à da caatinga e agreste
do Nordeste brasileiro - vegetação xerófita), o que se corrobora com a teoria dos
refúgios (AB’SABER, 1988). GUARIM NETO (1991 e 1992), observando e
estudando a vegetação do Pantanal por mais de uma cada identificou 111
espécies de angiospermas, distribuídas em 54 famílias ocorrentes em diferentes
formações florísticas, desde áreas alagadas até as não alagadas.
A fitomassa de algodão herbáceo, em substituição a vegetação nativa,
tem se mostrado pouco eficaz contra processos erosivos (CASTRO, 1987).
As formações encontradas na área específica do presente estudo
parecem expressar associações sob influência das condições do ambiente
pantaneiro. Na área há efeito de zonações hidrófila, higrófila e mesófila. Em meados
da década de 1990, em C
2
, restava apenas uma pequena parcela da vegetação
nativa em face da substituição por atividades agropecuárias, conforme observações
de CARNIELO & RIEDER (1995).
Para a Gleba do Facão, AMARAL (1998) lista a ocorrência de 150
espécies, 117 gêneros distribuídos em 54 famílias da flora de fanerógamas.
1.2.3.5 - Considerações sobre o relevo
O Pantanal é uma região relativamente plana (inclinação de Leste para
Oeste de 25 cm.km
-1
e menor ainda de Norte para Sul, com quase 2 cm.km
-1
, perto
do rio Paraguai), com altitudes inferiores a 80 m, embora a parte alta da bacia tenha
altitudes superiores a 200 m (CARVALHO, 1986) .
Em geral, as altitudes na faixa de bordadura do Pantanal se situam
entre 120 m e 190 m, conforme registros em BRASIL (1982) e EMBRAPA (1982).
A área de Barra Nova (C
2
), com relevo plano a suave ondulado, de
altitude dentro dos limites de 130 m e 145 m (RIEDER, 1995), está localizada numa
faixa de transição entre a província da Baixada do Alto Paraguai e a Planície do
Pantanal, segundo interpretações efetuadas no trabalho da EMBRAPA (1982).
A declividade em C
2
, tomada na secção transversal da bacia do
33
córrego Caramujo, na sua margem direita até o afastamento de 840 m é, em média,
de 12,94 (por mil), sendo no seu platô mais elevado, de 1,29 e no trecho de
maior acentuamento de sua rampa, de 42,50 ‰, o que está situado nas
proximidades da planície inundável do córrego (RIEDER, 1995). Enquanto no Facão
(C
1
) a declividade predominante nos lotes dos colonos é mais acentuada que a de
Barra Nova (C
2
) (RIEDER et al., 1990).
1.2.3.6 - Aspectos geológicos, geomorfológicos e de solos
Segundo as descrições constantes no Boletim de Pesquisa nº. 17
(EMBRAPA, 1982), as áreas de estudo estão inseridas, geologicamente na região
do Grupo das Araras (Eocambriano) com discordâncias erosivas e presença
distribuída de dolomitos, calcários, arenenitos, folhelhos, siltitos, marlitos. Podem ser
encontrados também mármores e ardósias locais. O ambiente de sedimentação foi o
marinho nerítico, de águas quentes, em plataforma subsidente. Entretanto, envolto
pelo grupo Araras também é encontrado o grupo Cubrencranquém, do Pré-
cambriano Superior, com quartzitos e metaconglomerados. A formação Pantanal, na
planície pantaneira constitui-se de camadas de natureza arenosa fina e síltico-
argilosa. Os Leques Aluviais se constituem de depósitos dos rios com material
provindo das bordas de serras areníticas (Província Serrana). Ocorrem ainda
lateritos ferruginosos, filitos da série Cuiabá, tilitos do Grupo Jangada e basaltos da
serra de Tapirapuã.
Quanto a geomorfologia, a porção sob influência da Baixada do Alto
Paraguai está coberta de sedimentos recentes a partir de camadas eopaleozóicas
não dobradas que repousam sobre o Complexo Brasileiro. a parte influenciada
pela Planície do Pantanal está nos limites das bordas dos terrenos sedimentares
pré-Parecis (EMBRAPA, 1982).
Os solos do Pantanal são os depositários da bacia e suas
características afetam a resposta do ambiente diante da poluição por pesticidas.
Quanto a classificação dos solos, no último ano do século 20 foi
implantando o atual Sistema Brasileiro de Classificação dos mesmos (EMBRAPA,
1999) em substituição a classificação anteriormente usada, havendo correlação
entre classes de solos do antigo com o novo sistema (a seguir, em negrito).
No Pantanal, AMARAL FILHO (1986) verificou haver dominância de
solos hidromórficos (Gleissolos, Planossolos e Plintossolos) (92,52 %),
granulometria superficial arenosa (65,80 %), granulometria subsuperficial média e
argilosa (80,07 %), deficiência de fertilidade natural moderada e forte (78,91 %),
não-sódico e não-solódico (61,76 %), cujas variações e distribuição permitem ao
autor sub-dividir o Pantanal Mato-grossense em seis sub-regiões com características
peculiares (uma inundável, quatro inundáveis e/ou sujeitas à elevação do lençol
freático e, uma não - inundável). O mesmo autor menciona ainda que no Pantanal
norte predominam Planossolos e Laterita Hidromórfica (Plintossolos). Já a faixa de
bordadura do Pantanal, segundo menções de BROWN JR. (1986), trata-se de um
trecho não-inundável, limítrofe e de solos melhores que os da planície inundável do
Pantanal. Entretanto, podem ser encontrados também solos bastante arenosos
(BRASIL, 1982) que, por apresentarem sérias limitações em alguns atributos,
trechos de terras chegam a ser considerados como inaptos à agricultura, mesmo no
manejo A (EMBRAPA, 1982), o que inclui uma área do presente estudo (C
2
).
Perfis de solos localizados na zona de bordadura noroeste do
Pantanal, mencionados no Boletim de Pesquisa nº. 17, (EMBRAPA, 1982), revelam
a presença de uma considerável diversidade de solos no trecho, entre os quais
representantes de baixa (distróficos) e até alta (eutróficos) saturação de bases e,
também com saturação de alumínio extraível abaixo e acima de 50 % (álico). Os
34
perfis de solos na borda citada do Pantanal revelaram a presença de Latossolo
Amarelo Álico, Podzólico Vermelho Amarelo Eutrófico (Argissolo), Podzólico
Vermelho Amarelo Álico(Argissolo), Plintossolo Álico, Areia Quartzosa
Hidromórfica Distrófica (Neossolo), Solo Aluvial Gleico Álico (Neossolo). No
horizonte mais superficial destes solos os teores de matéria orgânica variaram entre
0,6 % e 1,9 %, enquanto os valores de argila situaram-se entre 8 % e 43 %.
Segundo RIEDER (1995) em C
2
, objeto do presente estudo, foram
encontrados (a) Podzólico Amarelo Eutrófico Tb A Chernozênico (Ariglossolos) (b)
Areia Quartzosa Eutrófica Tb A Chernozênico (Neossolos) e, (c) Latossolo Amarelo
Podzólico Eutrófico A Chernozênico (Latossolos).
Enquanto na outra área do estudo (Facão C
1
) foram encontrados o
Latossolo Vermelho-Amarelo associado (Latossolos), mais na base para o alto das
Serras, com solos Litólicos (Neossolos), segundo FIGUEIREDO (1996).
Alguns estudos mostram que a posição dos terrenos na vertente pode
condicionar a existência de distintos teores de matéria orgânica nos respectivos
solos (LUZ, SANTOS & MERMUT, 1992 e SOUZA, RIBEIRO & FERREIRA, 1993) e
também afetar a sua suscetibilidade à erosão (CARVALHO, 1994).
Porém, a ação antrópica compõe um conjunto de variáveis que podem
alterar expressivamente os teores e a distribuição de matéria orgânica de solos
(ABRÃO et al., 1979; CINTRA, MIELNICZUK & SCOPEL, 1983 ; VIEIRA & MUZILI,
1984; CERRI, FELLER & CHAUVEL, 1987 ; PRIMAVESI, 1988; TESTA, TEIXEIRA
& MIELNICZUK, 1992; ANJOS et al. 1994; SILVA et al., 1994). O uso inadequado
dos recursos naturais gera erosão hídrica, degradação de solos, poluição de
mananciais e enchentes, conforme constatado no Paraná (BRAGAGNOLO, 1994).
1.2.4 – A Interação Homem-Pesticida-Ambiente (H-P-A)
1.2.4.1 - Considerações gerais
Segundo CUNHA, PRADO & RAVIEL (1995) a planície pantaneira,
está ocupada por campos de pastagens naturais, plantas invasoras e florestas,
estas últimas, geralmente presentes em posições livres da inundação anual.
A principal atividade na planície inundável do Pantanal é a criação de
bovinos alicerçada, predominantemente, em pastagens naturais. A agricultura não
prospera dentro da planície. A agropecuária, na forma que é desenvolvida dentro do
Pantanal, provavelmente seja pouco impactante.
O uso atual de áreas em trechos da faixa de bordadura noroeste do
Pantanal, conforme descrições encontradas no Boletim de Pesquisa . 17
(EMBRAPA, 1982), no ano de 1981, teve a presença predominante de pastagem
mas, podiam ser encontradas também atividades agrícolas que reuniam a cultura do
milho, feijão, arroz, mandioca, quiabo e cana-de-açúcar.
Em outros trechos da bordadura do Pantanal, como na área do
presente estudo (C
1
, C
2
), a vegetação primária passou a ser removida
progressivamente nas últimas duas décadas (1970-90), permanecendo algo em
torno dos 20 % de reserva legal exigido oficialmente. Entretanto, o aumento de
invasão de patrimônio público e privado por agressores da lei, e de pressão socio-
política dos movimentos da reforma agrária, aceleram a remoção de vegetação
primária remanescente, adentrando em reservas legais, inclusive em áreas situadas
nas margens do Pantanal, cujos indícios já haviam sido relatados por RIEDER
(1995). Estes terrenos de bordadura foram inicialmente utilizados para a agricultura
de pequenas propriedades no sistema de manejo A (baixo nível tecnológico). Em
média, após 5 anos de safras agrícolas, as roças passam a ser substituídas por
pastos cultivados destinados a bovinocultura mista (corte-leite), podendo haver
repetição de uso das terras com a sucessão agricultura-pecuária. Entre as
35
atividades agrícolas instaladas está a cotonicultura (ARANTES et al., 1990; FREIRE
et al., 1993; RIEDER, 1994a, b; RIEDER, MORAES & DORES, 1995a), presente há
mais de duas décadas na área.
1.2.4.2 - Situação no Alto Pantanal e nas áreas de estudo
1.2.4.2.1 - Geral
Além da agropecuária de subsistência, em geral rudimentar, o garimpo,
o desmatamento, o extrativismo de madeira nobre marcaram períodos de intensa
ação na Bacia do Alto Pantanal. Destaca-se também o extrativismo da poaia
(Psychotria ipecacuanha (Brot.) Stokes Rubiaceae), com poder farmacológico
emético e amebicida (ASSIS & GIULETTI,1999), o que despertou grande interesse
mercadológico estrangeiro em extrair das raízes deste vegetal dois alcalóides
(emetina e a cefelina).
Com os programas especiais para desenvolvimento do Centro-Oeste
brasileiro, principalmente a partir da década de 1970, a região experimentou a
implantação de seringais, de cafezais, ampliação do cultivo de arroz de sequeiro e
de milho como culturas preparatórias de terras para a pecuária. Também ocorreu um
surto de desmatamentos para fins de ampliação de áreas com pastagens cultivadas,
assim como a introdução da cultura de algodão, da cana-de-açúcar e da soja para
fins comerciais, todas fortes consumidoras de insumos químicos.
Entre as atividades agrícolas potencialmente poluidoras, está a
cotonicultura, sendo a mesma altamente dependente de pesticidas. Tais lavouras
também estavam presentes nas três últimas décadas do século passado (XX) nas
borda do Alto Pantanal, como na comunidade do Facão (C
1
) e Barra Nova (C
2
),
município de Cáceres, sudoeste de Mato Grosso, Brasil. Os ecossistemas locais
(borda) e a jusante (planície) podem estar sendo alterados aceleradamente com as
atividades degradadoras e poluentes praticadas nestas comunidades e à sua
montante, conforme alertam AB’SABER (1988) e RESENDE et al. (1994).
Pesticidas pulverizados e mobilizados através do ar podem ter destino
a outros compartimentos ambientais como o solo ou água (EXTOXNET, 1998 a).
possibilidade destes poluentes sofrerem mobilização hídrica para posições mais
baixas da vertente, inclusive alcançarem à planície Pantaneira. Pesticidas com
propriedades físico-químicas favoráveis (persistência, solubilidade) à sua
mobilização deve ser objeto de atenção e monitoramento, mesmo que lançados a
longas distâncias vertentes acima das bordas do Pantanal. Mas com a abolição do
uso de pesticidas clorados na agricultura brasileira desde 1985 os risco decorrentes
devem ter-se reduzido. Pesticidas com meia vida curta no ambiente, dificilmente
teriam a chance de serem mobilizados a longas distâncias, mesmo que fossem
altamente hidrossolúveis. Mas pesticidas pouco persistentes no ambiente,
hidrossolúveis ou não, lançados no período de intensas chuvas, em áreas próximas
ao Chaco, podem atingir a planície pantaneira antes que o ingrediente ativo seja
degradado. Um estudo efetuado na foz de alguns rios que adentram no Pantanal,
entre 2000-2002, revelou que em sedimentos e águas coletadas, havia presença de
resíduos de pesticidas fosforados e piretróides da lista dos produtos em uso atual, e
também ainda de clorados, usados no passado (NUNES et al., 2002).
Podem ser identificadas atividades de grande, média e pequena
abrangência dentro da bacia hidrográfica, que utilizam pesticidas, a montante do
Pantanal. Entre as de grande abrangência, lançando pesticidas em extensas áreas,
temos a pecuária. a sojicultura e a cultura da cana de açúcar estão presentes
apenas em algumas sub-bacias hidrográficas do rio Paraguai. A cotonicultura no
final do culo passado se enquadrou melhor como de média abrangência (devido
ao cultivo, com a força familiar braçal, predominante em pequenas propriedades) em
36
algumas sub-bacias e sub - sub bacias hidrográficas do rio Paraguai.
Mas os anos 90 (Séc. XX) foram de transição. Em que a cotonicultura
familiar diminuía (Ex: C
1
e C
2
em Cáceres-MT) e aumentava a altamente
motomecanizada de lavouras extensas em outras regiões de MT (Ex: Campo Novo
dos Parecis, Sapezal, Campo Verde, Primavera do Leste, Itiquira, Pedra Preta).
A horticultura consome considerável volume de pesticidas, embora
exercitada em pequenas áreas, mas distribuída em várias microbaciais. O cultivo da
videira (uva) e do tomate, p. ex., consomem bastante pesticidas por unidade de
área, transformando este item no principal componente do custo de produção.
O programa de combate a vetores de doenças, no serviço de saúde
pública, também dissemina considerável quantia de pesticidas no ambiente. Neste
serviço, produtos a base de organoclorados ainda estiveram em uso na década de
1990. Pesticidas organofosforados, carbamatos e piretróides também o
largamente usados em saúde pública. Além da aplicação doméstica e em fundo de
quintais, pesticidas são usados em ambiente extensivo no combate aos
transmissores da dengue, malária e da febre amarela. Nestas campanhas os lançam
a partir das ruas para dentro das quadras urbanas, estando elas habitadas ou não
por qualquer ser. Muitas dúvidas permanecem sobre o saldo de benefícios reais
destas campanhas às pessoas e ao meio afetados. Cabe, paralelamente,
implementar uma campanha de esclarecimento da população sobre as propriedades
e riscos advindos da adoção destes pesticidas pelo serviço de saúde pública.
Também são encontrados garimpos de ouro e diamante ativos ou
desativados à montante do Pantanal (Ex: Poconé, Arenápolis, Nortelândia, Alto
Paraguai) que perturbam cabeceiras e margens de rios, além do lançamento de
metais pesados no ambiente, tal como mercúrio.
Conforme pode ser constatado nas diretrizes e sistemas de produção
de arroz, feijão e algodão adotadas em Mato Grosso (EMATER-MT, 1984; EMATER-
MT, 1985a e b; EMPAER-MT, 1997), o uso de pesticidas na primeira cultura se
mais intensamente no período inicial ao ascendente de chuvas, enquanto que para
as duas outras culturas a maior demanda por pesticidas começa no período mais
intenso e segue até o término das chuvas.
Conforme acompanhamento e observações cnicas efetuadas e as
indicações em diretrizes técnicas e sistemas de produção para Mato Grosso e outros
registros (EMATER-MT, 1980; EMATER-MT, 1984; EMATER-MT, 1985 b; RIEDER,
1990; RIEDER, 1991; FREIRE et al., 1993; RESENDE et al., 1994; EMPAER-MT,
1997), no período pós 1970 foram utilizados, na bacia hidrográfica que contribui para
o Alto Pantanal, numerosos ingredientes ativos de:
1) herbicidas (sendo os mais comuns: 2,4,5-T; 2,4,5-D, 2,4-D, picloram,
paraquat, diuron, propanil, metribuzina, glifosato, oxadiazon, linuron, atrazina,
ametrina, pendimetalin, tiobencarb, trifluralina, metolaclor);
2) inseticidas [tendo como os mais comuns, nos grupos seguintes]:
-organoclorados (HCH, DDT, lindano, aldrin, dieldrin, dodecacloro,
heptacloro);
-organoclorofosforados (clorpirifós, profenofós, triclorfon);
-organofosforados (azinfós, diazinon, malation, fentoato, fenitrotion,
triazofós, etil e metil paration, acefato, demeton-S-metil, dicrotofós,
monocrotofós, dimetoato, disulfoton, ometoato, protoato, vamidotion,
metamidofós);
-carbamatos (carbaril, carbofuran, metomil, aldicarb);
-piretróides (deltametrina, fenvalerato, cipermetrina, permetrina,
ciflutrina, betaciflutrina, lambdacihalotrina, zetametrina);
37
3) acaricidas (dicofol, binapacril, abamectin, propargite, diafentiuron) e;
4) fungicidas (quintozene -PCNB, captafol, oxicloreto de cobre, benomil,
maneb, probineb, triforina, oxicarboxin, triciclazol, kitazin-P, edifenfós, thiran).
Na década de 1990, na cotonicultura regional, os pesticidas mais
freqüentemente adotados pertencem ao grupo dos organofosforados (metil paration,
metamidofós, monocrotofós) e dos piretróides (deltametrina, cipermeterina,
permetrina, ciflutrina, betaciflutrina, lambdacihalotrina), (RIEDER, 1994a e b RIEDER
et al., 1995b; RIEDER et al., 1998). Destes produtos usados, o estudo de NUNES et
al. (2002) confirmou a presença de clorpirifós, DDT e cipermetrina, em sedimentos
de fundo coletados no rio Paraguai e na foz de outros que adentram neste.
1.2.4.2.2 - Comunidade rural do Facão (
C
1
)
Na primeira metade do culo XX uma considerável área do Facão
estava em uso por atividades agropecuárias que davam sustentação a uma usina de
aguardente e açúcar, e às demandas de subsistência das famílias envolvidas. A
cana-de-açúcar era a principal cultura. Com a desativação da usina, nas décadas de
1970-80 predominava a pecuária, a qual imprimia desmatamentos crescentes para a
ampliação de áreas de pastagens cultivadas. Desde a época de operação da usina
até recentemente havia um forte extrativismo local por madeira de lei.
A área de C
1
era rica em aroeira (Astronium sp.), preferida para postes.
Com o atual Projeto Facão, no final da década de 1980, a remoção da
vegetação nativa foi acelerada, para dar lugar aos interesses do adensamento
ocupacional. Em 1999, salvo raras exceções, os lotes não possuíam mais
remanescentes da floresta nativa. Havia inclusive uma pressão de remoção da
vegetação de áreas consideradas de reserva do entorno do loteamento. A
implantação do loteamento acelerou o processo de degradação do solo devido ao
uso precário das áreas e da implantação defeituosa de estradas.
RIEDER (1990) demonstrou que a intenção plantios à safra de 1990/91
na colonização do módulo I, quando havia forte credibilidade sobre a viabilização do
projeto de irrigação para a comunidade, contemplava vários cultivos de sequeiro
além dos irrigados. Na colonização I, na ocasião, 49 % das famílias pretendiam
cultivar arroz (Oryza sativa L.) e milho (Zea mays L.) em condições de sequeiro, em
torno de 1 ha por cultura. Ainda, 43 % das famílias tinham intenção de se dedicarem
ao cultivo de milho verde irrigado (0,50 ha família
-1
). Entretanto, o feijão (Phaseolus
vulgaris L.) seria plantado por 55 % e 92 % das famílias, respectivamente, em
sistema de sequeiro (1,18 ha família
-1
) e irrigado (0,50 ha família
-1
).
Entre as culturas perenes ou semi-perenes [abacate (Persea
americana Mill.), abacaxi (Ananas comosus (L.) Merril), ata (Anona spp.), banana
(Musa spp.), caju (Anacardium occidentale L.) citros (Citrus spp.), coco (Cocus
nucifera L.), figo (Ficus carica L.), jaca (Artocarpus integrifolia L.), manga (Mangifera
indica L.), mamão (Carica papaya L.), café (Coffea arabica L. e Coffea canephora),
pimenta do reino (Piper nigrum L.)] desejadas ao cultivo pelas famílias da
colonização I, as mais freqüentemente requeridas foram citrus (54 %, com 0,79 ha
família
-1
), café (34 %, com 0,25 ha família
-1
), abacate (29 %, com 0,19 ha família
-1
),
banana (26 %, com 0,32 ha família
-1
) e abacaxi (20 %, com 0,07 ha família
-1
).
Entre as plantas olerícolas [abóboras secas e verde (Cucurbita spp.),
alface (Lactuca sativa L.), alho (Allium sativa L.), almeirão (Chicorium spp.), batata-
doce (Ipomoea batatas Poir), batatinha (Solanum tuberosum L.), beringela (Solanum
spp.), beterraba (Beta vulgaris L.), cebola e cebolinha (Allium spp.), cenoura
(Daucus carota ), chuchu (Sechium edule), couve (Brassica oleracea L..), feijão
vagem (Phaseolus spp.), jiló (Solanum spp.), mandioca (Manihot utilissima Pohl),
maxixe (Cucumins anguria), melancia (Citrullus vulgaris), melão (Cucumins melo),
38
nabo (Brassica napus), pepino (Cucumins sativus), pimentão (Solanum pseudo
capsicum), quiabo (Hibiscus esculentus L.), repolho (Brassica spp.), rúcula (Brassica
spp.), salsa (Petroselinum sativum) e tomate (Lycopersicum esculentum L.)] as mais
requeridas a plantar foram tomate (54 %, com 0,11 ha família
-1
), repolho (37 %, com
0,11 ha família
-1
), pimentão (35 %, com 0,12 ha família
-1
), melancia (29 %, com 0,17
ha família
-1
), pepino (29 %, com 0,11 ha família
-(1)
, cenoura (24 %, com 0,09 ha
família
-1
) e alface (23 %, com 0,09 ha família
-1
). Tal diversificação, de fato tornaria
possível a sustentação econômico-financeira e de subsistência das famílias.
Entretanto, em 1992 alguns colonos começavam a introduzir a
cultura de algodão herbáceo, como uma atividade comercial alternativa, em face do
atraso da implantação das estruturas básicas à irrigação. Então, o número de
produtores de algodão como as suas áreas plantadas aumentavam a cada ano.
Com o atraso da alocação de água para fins de irrigação na
comunidade do Facão, a pressão de sobrevivência básica sobre as famílias se
tornaria cada vez mais aguda. Talvez isto tenha sido um dos principais motivos dos
desvios ocorridos em relação às intenções iniciais assumidas pelos colonos e da
introdução e crescimento da cultura de algodão (altamente dependente de pesticidas
químicos) na área. De fato, um estudo realizado por RIEDER (1992) mostra que a
área mínima necessária para uma família (5 pessoas) sustentar suas necessidades
básicas mínimas, em condições ambientais normais, nas terras da Colonização I do
Projeto Facão, devia ser de 6,76 ha quando adotado o sistema de cultivo em
sequeiro, isto por curto prazo (2 a 3 anos) de uso das terras.
1.2.4.2.3 - Comunidade de Barra Nova (C
2
)
Relatos de moradores antigos indicam que entre a década de 1960-70
a floresta nativa era fortemente explorada em suas madeiras mais nobres. Havia
uma presença considerável de louro-preto (Nectandra mollis), muito valorizada na
época, da qual restam poucos exemplares nos dias atuais. Os relatos mencionados
e RIEDER (1995) mostram que, antes da substituição da vegetação nativa por
cultivada, havia a ocorrência periódica de queimadas (incêndios florestais) naquela
área por ocasião da estação de seca, acarretando efeitos sobre a velocidade de
mineralização e reciclagem de nutrientes, taxa de reposição de matéria orgânica,
diversidade e população microbiana no solo, assim como poluição do ar por fumaça.
Acredita-se que as queimadas tinham efeito sobre a fauna e flora local ressurgente.
Com menores propriedades rurais e substituição da vegetação nativa,
C
2
transformava rapidamente a sua paisagem local entre a década de 1960-80. Na
década de 1990, a vegetação florestal nativa remanescente era bastante escassa, e
em 2004 restavam apenas algumas árvores esparsas no meio de pastagens
deixadas em por ocasião das derrubadas, e em margens de córregos ou brejos,
trechos descontínuos de vegetação remanescente.
suspeitas que as condições sanitárias (poluição de cursos e de
fontes de água, de entorno de residências, etc.), a qualidade da água (contaminação
conseqüentes de atividades antrópicas) e as características fisico-químicas do solo
(perda de matéria orgânica) tenham se alterado substancialmente nas duas últimas
décadas, e no sentido de perda de qualidade de vida e de fragilização do meio.
O acompanhamento dessas comunidades desde os anos de 1970
permite historiá-las. Nos primeiros anos de abertura das áreas as culturas
predominantes foram arroz de sequeiro, milho, feijão e mandioca, com pousios
posteriores de 5 a 10 anos ou então implantação de pastagens. Moradores locais
mencionam que a recuperação da fertilidade de áreas agricultadas requer em torno
de 5 anos de uso pecuário. O processo de abertura de suas propriedades foi
predominantemente iniciado entre 1971 e 1975 e concluído na década de 80.
39
Em 1994, em torno de 65 % da área total da comunidade estava
ocupada com pastagens cultivadas, 15 % com agricultura e os 20 % restantes
incluíam áreas das sedes, capoeiras, várzeas e reservas com mata virgem.
A área média cultivada situava-se entre 1 - 2,5 ha para arroz, 1 - 5 ha
para milho, 1 - 2,5 ha para feijão, 2,5 - 5,0 ha para algodão, embora as de cereais
foram maiores nos primeiros anos de exploração. Entre 1973 e 1978 havia também
cultivo de amendoim em C
2
com área média situada entre 0,5 - 3,5 ha/produtor.
Nos primeiros anos de exploração das áreas as produtividades médias
máximas situavam-se entre 2000 - 4200 kg ha
-1
para arroz, 1500 - 2700 kg ha
-1
para
milho, 500 - 1500 kg ha
-1
para feijão, 1500 - 2200 kg ha
-1
para algodão e 1500 - 3900
kg ha
-1
para amendoim. Em 1994 ainda foram observadas produtividades situadas
entre 1200 - 4200 kg ha
-1
para arroz, 500 - 1500 kg ha
-1
para milho, 300 - 500 kg ha
-1
para feijão, 900 - 1300 kg ha
-1
para algodão.
No que se refere a planos futuros, em 1994, os produtores
manifestaram intenção de continuar a cultivar arroz entre 1 - 2,3 ha por família, milho
entre 05 - 2,5 ha, feijão entre 0,5 - 2,5 ha, enquanto que 75 % dos que cultivavam
algodão não tinham ainda decidido se iriam continuar com a atividade, em face da
praga do bicudo (Anthonomus grandis Boheman 1843) que estava começando a
ocorrer nas lavouras. Além disto a cultura de amendoim e de mandioca estava
incluída nos planos de 25 - 35 % de famílias da comunidade. Os agricultores, ao
pensarem em desistir da cotonicultura tiveram dificuldade em escolher atividades
alternativas promissoras àquela e, por isto, requeriam a pesquisa agropecuária
ajuda à solução da questão.
A tendência expressada por estas famílias era de se dedicarem
preferencialmente à pecuária mista, associada a agricultura subsistencial.
Desde a abertura das áreas das propriedades, o sistema de manejo
predominante na comunidade de C
2
foi o “A” (pouca aplicação de tecnologia
atualizada, pouco emprego de capital, uso predominante da força braçal). A força de
tração mais utilizada era a manual-braçal familiar auxiliada, na maioria das
propriedades, pela força animal. Na década de 1990, por volta de 40 % dos
agricultores haviam contratado serviços de terceiros tratorizados para a operação do
preparo do solo. Nas operações de semeadura/plantio, tratos culturais e colheita, os
serviços tratorizados estavam totalmente ausentes. As colheitas eram efetuadas
manualmente, fase em que alguns agricultores contratam terceiros para auxiliá-los.
Os produtores não usavam correção e adubação do solo, salvo
eventualmente alguns aplicavam adubo foliar. Consideravam que nos primeiros anos
(3 - 5) o solo expressava boa fertilidade, decrescendo depois, indicado pela queda
de produtividade, em especial, pelas lavouras de algodão e milho. A adoção de
sementes melhoradas ocorria em situações de incentivo. Nas lavouras de
algodão utilizavam pesticidas com média de 8 aplicações por safra, mas outrora
(1960-80) chegavam a efetuar aplicações semanais. Na década de 1990 realizavam
rodízio de uso das áreas, num esquema “agricultura x pastagens-bovinocultura x
agricultura”. Em torno de 75 % dos agricultores mencionaram que evitavam o uso da
queima, sempre que possível, embora seja recomendada para restos culturais da
cotonicultura (EMPAER-MT, 1997). Mais de 50 % dos agricultores destinavam restos
culturais do arroz, milho, feijão e algodão para os bovinos. Mencionavam que as
limitações nas propriedades se enquadram em alguns dos seguintes casos: (a) solo
que se desgasta (fertilidade) com poucos anos de uso; (b) solo muito arenoso; (c)
perda de fertilidade com o uso agrícola contínuo, em especial com cotonicultura; (d)
encharcamento superficial das terras; (e) área da propriedade muito reduzida.
1.2.4.3 – Perfil da cotonicultura
40
1.2.4.3.1 – Ambiente para o algodão
Todos os solos profundos, bem drenados e que não sejam
demasiadamente arenosos prestam-se ao cultivo de algodão (BARUQUI, 1978).
O algodão tem sido cultivado em áreas ecologicamente contrastantes.
PURCINO (1982) menciona que em Minas Gerais, lavouras de algodão são
encontradas em terras de Latossolo Roxo onde a precipitação pluviométrica pode
atingir 1000 mm durante o ciclo da cultura e, também, em áreas com Latossolo
Vermelho Escuro, Latossolo Vermelho Amarelo e em Solos Aluviais (Neossolos)
franco-arenosos situados em clima semi-árido. No período de cultivo de algodão não
podem ocorrer geadas, os dias devem ser ensolarados, as chuvas (500-1500 mm)
bem distribuídas, mas no final do ciclo deverá ter um período seco bem demarcado;
e a temperatura do mês mais quente não deve ser inferior a 22ºC enquanto a
temperatura média no ciclo da cultura deve ser superior a 20ºC (ANTUNES, 1978).
No Brasil, o cultivo de algodão tem se expandido para além das regiões
produtoras tradicionais (nordeste, sudeste e sul). Em 1993, os Estados de Rondônia
(RO) e de MT já contribuíam com uma parcela importante no cenário nacional
(FREIRE et al., 1993). Conforme a EMBRAPA (2003a), a região Centro-Oeste em
1990 cultivava apenas 123.000 ha (8,8 % da área de algodão do país) passando
para 479.000 ha cultivados em 2002, correspondendo a 63,0 % do total da área.
Destaca-se que deste montante brasileiro, apenas MT abarcou 44 % e 54 %,
respectivamente, da área e da produção total.
A fibra do algodão de regiões de tipo climático Awi, no MT, tem sido
considerada de excelente qualidade, devido as condições climáticas favoráveis em
seu ciclo de cultivo. Na fase vegetativa e de diferenciação floral, geralmente o solo
está suprido adequadamente de água diante da demanda da cultura, pois em tal
sub-ciclo (janeiro - abril) ocorrem satisfatórias precipitações pluviométricas. Por sua
vez na maturação, abertura dos capulhos e colheita (maio-julho), se instala,
progressivamente, um período seco (escassas chuvas e com baixa umidade do ar).
No município de Cáceres (MT), nas comunidades C
1
e C
2
, uma
considerável variabilidade espacial de solos (Neossolos, Argilossolos e Latossolos) e
o tipo climático reinante, conforme a classificação de Köppen, é o Awi. Isto permite
iniciar o cultivo no período chuvoso e encerrar a colheita no período seco.
1.2.4.3.2 - O cotonicultor
a) - Aspectos gerais
A cotonicultura familiar era socialmente importante nas comunidades
por envolver bastante mão-de-obra (ARANTES et al. 1990).
Segundo o IBGE (1982), o IX recenseamento geral do Brasil de 1980
revelou que 54,98 % da população brasileira nata encontrada, naquela ocasião, na
microrregião Alto Guaporé/Jauru, eram pessoas não naturais do município em que
residiam e, 49,32 % também não eram naturais de MT. Por outro lado, neste período
de expansão da cotonicultura, em Cáceres a população ainda era
predominantemente natural do próprio município (74,19 %) ou do próprio MT (78,99
%). Contudo um estudo de RIEDER (1983), junto a cotonicultores de Cáceres, na
safra 1982/1983, mostrou que, predominantemente, estes agricultores eram natos
de algum Estado do Nordeste brasileiro, embora anteriormente a chegada em
Cáceres tenham estabelecido um roteiro migratório que passou por São Paulo (SP)
e/ou Paraná (PR) e/ou Mato Grosso do Sul (MS).
Conforme dados constantes no Recenseamento Geral do Brasil de
1980 (IBGE, 1982), considerando as pessoas com pelo menos 10 anos de idade, na
microrregião Alto Guaporé/Jauru, 74,79 % não possuíam curso completo nem
41
mesmo o grau elementar, enquanto que no município de Cáceres (MT) tal indicador
alcançava a cifra de 67,11 %. Na microrregião Alto Guaporé/Jauru, possuíam nível
completo (pessoas com 10 ou mais anos de idade), 20,06 %, 3,33 %, 1,34 %, 0,44
% e 0,01 % das pessoas, respectivamente, com os cursos elementar, Grau,
Grau, Superior e Mestrado ou Doutorado. Já Cáceres (MT) apresentou para a
mesma seqüência de cursos, os seguintes percentuais de pessoas com curso
completo: 23,48 %, 5,68 %, 2,79 %, 0,88 % e 0,02 %, respectivamente.
O Recenseamento Geral de 1980 no Brasil indicou que o número
médio de pessoas por família em MT era de 4,75, na Microrregião Alto Guaporé/
Jauru de 4,92 e no município de Cáceres era de 4,87 (IBGE, 1982). Dados do Censo
Demográfico de 1991 revelam que a média de moradores por domicílio na
microrregião do Guaporé e do Município de Cáceres (MT) foi, respectivamente, 4,35
e 4,70 no meio rural e, 4,48 e 4,59 no meio urbano (IBGE, 1997).
Conforme a EMPAER-MT (1992a e b), em 1992, a diretriz técnica para
o algodão em MT aglomerava os cotonicultores em duas categorias: (a) os que
utilizavam e (b) os que o utilizavam a mecanização motorizada, adubação de
plantio, mão-de-obra contratada. A segunda categoria plantava até 5 ha de lavoura
No Brasil, a cotonicultura abrange desde a exploração braçal e familiar
até a empresarial altamente tecnificada. Em MT, segundo estudos de FREIRE et al.
(1993), em 94,4 % das lavouras a colheita vinha sendo efetuada manualmente.
Entre os cotonicultores, nas safras de 1992/93, 46,1 % desenvolviam a atividade
apenas com a mão-de-obra familiar, enquanto 97,56 % dos cotonicultores do
sudoeste de MT, na safra de 1986/87, utilizavam mão-de-obra familiar (4 ou 5
pessoas/família) nas atividades da cultura do algodão, apesar de 31,70 %
contratarem ocasionalmente terceiros (3 ou 4 pessoas/contratante) para auxiliarem
no período de maior demanda no serviço (RIEDER, 1990). Conforme a EMBRAPA
(2003b), na década de 1990 as regiões cotonicultoras baseadas na agricultura
familiar passaram a sofrer impacto negativo no mercado de algodão imposto pela
globalização da economia brasileira, havendo, porém a expansão rápida da
cotonicultura comercial, como no MT, usando tecnologia competitiva com os
principais países produtores de algodão. Dados da CONAB (2005) comparam as
áreas plantadas (mil ha) e respectivas produtividades (kg/ha) de lavouras de algodão
no Brasil (BR) e Mato Grosso (MT) nas safras de 2001/1 (BR: 868,4; 2.834; MT:
392,0; 3.510), 2001/2 (BR: 747,7; 2.690; MT: 312,6; 3.225), 2002/3 (BR: 735,1;
3.010; MT: 300,3; 3.570), 2003/4 (BR: 1.100,0; 3.099; MT: 438,4; 3.615), 2004/5
(BR: 1.172,4; 2.897; MT: 452,6; 3.420).
b) - Caracterização da atividade
Conforme PARO (2000), em 1933, com o uso da variedade Texas,
deu-se início a cotonicultura no antigo Estado de Mato Grosso, no município de Três
Lagoas (hoje situado no MS). Em 1962 a cotonicultura começou instalar sua história
no atual estado de Mato Grosso (MT), no município de Rondonópolis e vizinhanças,
cuja produção abastecia indústrias de SP.
FREIRE et al. (1993) revela que em MT no ano de 1993,
aproximadamente 1/3 dos cotonicultores tinham propriedades com áreas superiores
a 100 ha, enquanto em outras regiões do Brasil (PR, Nordeste) o cultivo de algodão
predominava em minifúndios. Em 1993, 71,15 %, 14,74 % e 14,10 % da área
cultivada de algodão estavam distribuídas, respectivamente, em áreas pequenas (1-
20 ha), medianas (21-100 ha) e grandes (> 100 ha). Entretanto, houve indicação, a
partir de 1986, de redução na proporção de pequenos produtores e aumento de
médios e grandes agricultores.
Dois terços dos cotonicultores de MT, em 1993, eram proprietários das
42
terras em que estavam suas lavouras (FREIRE et al.,1993).
Os mesmos autores revelam a maioria dos cotonicultores em MT, em
1993, se dedicava também ao cultivo de arroz, milho e feijão.
No ano de 1993, segundo FREIRE et al. (1993), na cotonicultura de
MT, apenas em torno de 25 % dos agricultores cultivavam algodão mais de 7
anos, mas, em 1996 (EMBRAPA, 1997) esse contingente passou para 36,2 %.
As áreas médias cultivadas de algodão por cotonicultor, no sudoeste
de MT, foram de 6,17 ha e de 4,89 ha, respectivamente, nas safras de 1985/86
(RIEDER, 1986) e de 1986/87 (RIEDER, 1990). ARANTES et al. (1990) mencionam
que no sudoeste de MT predomina o minifúndio com pequenas lavouras de algodão
que, em sua maioria, situavam-se entre 1 e 10 ha. Um levantamento efetuado junto
a nove localidades do município de Cáceres (MT) mostrou que a área média das
lavouras de algodão variou pouco entre as três safras de 1992-94, situando-se em
torno de 4,438 ha agricultor
-1
, embora houvesse incremento do total de área
plantada no município na seqüência daqueles anos (RIEDER, 1994b). Mas nos anos
de 1990 o quadro da cotonicultura no MT experimentou rápidas e profundas
mudanças em que o modelo da cotonicultura baseada em pequenas áreas
conduzida pela força familiar foi se extinguindo a favor do cultivo de grandes áreas e
altamente tecnificadas, migrando inclusive de municípios e regiões deste estado. Ao
longo do desenvolvimento deste trabalho isto ficará mais bem caracterizado. CRUZ
& CARVALHO (2004), com base em estudos do Ministério da Agricultura do Brasil,
mostram a evolução do mercado brasileiro de algodão, em que as áreas plantadas
entre as safras 2002/03 e 2007/08 podem ascender de 735 mil para 1597 mil ha.
1.2.4.3.3 - Pesticidas adotados
A cotonicultura consome altos volumes de pesticidas. Além do
tratamento curativo, alguns agricultores adotavam o preventivo, o que aumentava os
custos e a probabilidade de intoxicações (PASSOS, CANÉCHIO FILHO &
JOSÉ,1973). As aplicações preventivas ainda foram encontradas nas duas últimas
décadas (RIEDER, 1983; RIEDER, 1991). Em SP, no início da década de 1970,
eram recomendados mais os pesticidas sistêmicos, via líquida, para pragas
sugadoras [pulgão (Aphis gossypii Glover, 1876, e Myzus persicae Sulzer, 1776),
trips (Thrips tabaci Lind. 1888 e Frankliniella sp.)], os clorados, em polvilhamento,
para ácaros e broca da raiz (Eutinobothrus brasiliensis Hambl., 1937), clorados, por
via líquida para pragas mastigadores, fosforados não sistêmicos para combate do
curuquerê (Alabama argillacea Huebn., 1818) (PASSOS et al., 1973).
As diretrizes técnicas de algodão para MT, editadas entre 1977 e 1985,
apresentavam pesticidas clorados, clorofosforados, fosforados, carbamatos,
dinitrocompostos, derivados do fenoxiciclo hexil-base sulfeto, fisiológicos, biológicos
e piretróides, recomendados por fase e/ou tipo de pragas. Mas, na segunda metade
do ciclo da cultura, eram usadas, em polvilhamento, preferencialmente, misturas de
clorados e fosforados ou carbamatos e, na primeira metade do ciclo da cultura
podiam ser usadas fosforados de contato ou sistêmicos mas acrescidos de algum
clorado, solução líquida (RIEDER, 1990).
No sudoeste de MT, safra 1986/87, a permanência do uso dos
clorados era pequena (por estarem proibidos), mas, os pesticidas fosforados
sistêmicos e não sistêmicos eram os mais freqüentemente usados, acompanhados
de perto por pesticidas do grupo dos piretróides (RIEDER, 1990).
No início da década de 1970 a lista de pesticidas recomendados para
controle de pragas de algodoais era enorme, entre os quais estava citado o endrin,
EPN, malix, thiodan, canfeno clorado, (PASSOS et al., 1973).
No Manual de Entomologia - versão de 1978 (GALLO et al., 1978), os
43
pesticidas recomendados para controle das pragas também apareciam relacionados
conforme a fase de incidência e o tipo de pragas. Havia também no mercado o
produto microbiano a base de Bacillus thuringiensis para pulverização contra
lagartas, podendo ser usado em alternância com os químicos.
Quando os clorados ainda não estavam proibidos (antes de 2/9/1985
Port. 329 -Ministério da Agricultura do Brasil), o HCH, DDT, endrin e aldrin eram
intensamente utilizados, principalmente compondo misturas comerciais com
produtos de outros grupos químicos (Ex: fosforados - metil paration). Entretanto,
agricultores também faziam misturas de vários produtos comerciais, no âmbito de
sua propriedade. Este hábito de misturarem foi constatado ao longo dos tempos de
acompanhamento da atividade (RIEDER, 1983; RIEDER, 1990; RIEDER, 1994 b).
Um dos produtos fosforados mais largamente usados no tempo e no
espaço, na atividade cotonícola da borda do Pantanal, tem sido o metil paration
(MP). O mesmo está presente, em quase todos os estudos de qualquer lugar e
época, sendo apontado como um dos mais usados, o que é confirmado no trabalho
de ARANTES et al., (1990). Em média, a demanda de consumo (em toneladas) do
ingrediente ativo de MP no Brasil (BR) e no Mato Grosso (MT), entre os anos de
2000-2004 continuou a crescer (2000 - BR: 695,385; MT: 36,256; 2001 - BR:
1.112,242; MT: 56,235; 2002 - BR: 873,366; MT: 32,645; 2003 - BR: 975,381; MT:
66,533; 2004 - BR: 2.656,507; MT: 482,791) conforme JANNUZZI (2005).
Entretanto, nos Estados Unidos da América do Norte (EUA) a Agência
de Proteção do Meio Ambiente (EPA) cancelou, em 2 de agosto de 1999, o uso de
produtos a base de MP para várias culturas, embora não para algodão e, restringiu
sua aplicação por pulverizações aéreas extensas (EPA, 1999).
A proibição dos organoclorados levou comunidades cotonícolas
tradicionais (C
2
), a usarem piretróides com maior freqüência e intensidade.
Na comunidade C
1
os produtos mais usados pertenciam aos grupos
organo sintéticos fosforados e piretróides. Mas, mesmo na década de 1990, foram
encontrados pesticidas clorados, embora proibidos, ainda em uso em algumas
comunidades da borda do Pantanal (RIEDER, 1994b).
Segundo FREIRE et al. (1993), no MT, nas lavouras de algodão da
safra de 1992/93, os seis pesticidas mais freqüentemente usados foram
metamidofós (31,94 % das menções), deltametrina (12,25 %), monocrotofós (11,34
%), cipermetrina (8,66 %), metil paration (8,06 %) e profenofós (1,49 %).
1.2.4.3.4 - Implantação da lavoura e procedimentos fitossanitários
a) - Época de plantio
Devido a variabilidade das condições climáticas, somente a
experimentação por vários anos pode indicar a melhor época de plantio e, a
observância desta oferece maior possibilidade de êxito diante de variações de clima
a que está sujeita a lavoura (PASSOS et al. 1973). Atrasos nos plantios infestam
mais com pragas tardias implicando em sérios danos para a cultura e, induzindo um
maior número de controles fitossanitários, resultando em aumento do custo da
produção (LACA-BUENDIA & ALVES-FARIAS, 1978) e dos riscos à saúde do
homem e do ambiente. A não observância da melhor época de plantio também pode
comprometer a qualidade da produção e a produtividade (perda de a 60 % da
produção), mas a antecipação da implantação das lavouras pode resultar numa
maior incidência de pragas, conforme menções de LACA-BUENDIA & ALVES-
FARIAS (1982). As épocas de plantio variam com as condições climáticas, de solo,
e com o material genético específico em questão. Para as condições de MT e para o
material genético disponível e usado no começo da década de 1990, as épocas de
plantio recomendadas, segundo microrregiões homogêneas, eram: (a) região
44
Amazônica e Cáceres, de 07/01 a 28/02 (tolerância até 15/3); (b) região Sul e
Sudoeste, de 20/12 a 10/02 (tolerância até 25/02); (c) região Médio Norte, de 01/12
a 30/01 (tolerância até 15/03 quando se trata de plantios em sucessão), (EMPAER-
MT, 1992a e b). Um diagnóstico sobre o que caracteriza o cotonicultor de MT, na
safra de 1992/93, revelou que a maior concentração dos plantios ocorreu nos meses
de janeiro (47,00 %) e fevereiro (39,50 %) mas, houve os que plantaram em
dezembro (4,50 %), março (8,50 %) e abril (0,5 %) (FREIRE et al., 1993). No
sudoeste de MT, na safra de 1985/86, as preferências dos agricultores para
implantar as lavouras foram os meses de dezembro (5,17 %), janeiro (41,38 %),
fevereiro (44,88 %), março (6,89 %) e abril (1,72 %) (RIEDER, 1986).
b) - Escolha e aquisição de pesticidas
Na cotonicultura de Cáceres no ano de 1983, os vendedores eram os
principais definidores para o agricultor (61,36 %) sobre os produtos pesticidas que
deveria comprar, mas 15,90 % baseavam-se em experiências anteriores, 9,09 %
seguiam o aconselhamento de vizinhos e, apenas 13,63 % procuravam orientação
de técnicos da área de defesa sanitária vegetal e, além disto, 95 % dos produtores
adquiriam os pesticidas no comércio de intermediários e apenas os 5 % restantes
compravam no comércio regularmente instalado na região (RIEDER,1991).
A EMPAER-MT (1992b) menciona alguns fatores a considerar para a
escolha de pesticidas, tais como, eficiência, toxicidade, seletividade, período de
carência, poder residual, método de aplicação, formulação, preço e o produto deve
ser indicado por um profissional habilitado, através de receituário agronômico.
c) - Início dos tratamentos com pesticidas
As Normas Técnicas de Algodão para a Região de Dourados
(EMATER-MT, 1977) recomendavam a primeira aplicação quando a lavoura tivesse
20 a 30 dias, com pesticida fosforado de contato (líquido ou em pó).
Na concepção de manejo integrado de pragas deve haver
intervenção quando o controle natural o é suficiente para manter a população da
praga abaixo do nível de dano econômico e, portanto, a necessidade da aplicação
de algum método de controle é sinalizada quando a praga começa a ocasionar
prejuízos ou danos econômicos (FERREIRA, 1982). Isto requer vigilância
permanente. Para o manejo integrado de pragas, a EMPAER-MT (1992a e b)
apresenta um calendário de amostragem de pragas, alertando que os trips, o
precoces, e assim devem ser acompanhados até 20 dias.
No caso de pragas iniciais, como infestação por broca da raiz
(Eutinobothrus brasiliensis Hambl., 1937), a diretriz técnica da EMATER-MT (1988),
recomenda que a primeira aplicação de pesticida deve ocorrer aos 10 dias quando
as sementes usadas não estiveram tratadas, caso contrário aos 20 dias é feito a
primeira aplicação de um pesticida de contato.
No sudoeste de MT, safra 1986/87, foi constatado que alguns
agricultores iniciavam a aplicação de pesticidas 20 dias pós-plantio (RIEDER, 1990).
d) - Doses e misturas de pesticidas usadas nos tratamentos
Os dados sobre dose de pesticida a usar podem ser encontrados em
várias fontes (Inf. Agropec.,1979a e b; SALAZAR CAVERO, 1982; ANDREI, 1996;
Instruções do fabricante) e, também, em outras direcionadas, como Informes ou
Diretrizes Técnicas de Algodão (EMATER-MT, 1977; Inf. Agropec.,1982; EMATER-
MT,1983b; EMATER-MT,1985b; EMATER-MT, 1988; EMPAER-MT, 1992a;
EMPAER-MT, 1992b; EMBRAPA, 2003a).
A dose a usar pode depender de fatores relacionados ao produto
pesticida, às condições ambientais, às pragas e a planta alvo. Por exemplo, para a
45
cultura de algodão, o pesticida metil paration (MP), representado pelo Folidol 600
CE, é indicado nas dosagens de 270-350 mL ha
-1
quando se trata de alvejar as
pragas iniciais como pulgão (Aphis gossypii) e trips (Thrips tabaci, Selenothrips
rubrocinctus, Frankliniella spp), 500 mL ha
-1
para a broca (Eutinobothrus
brasiliensis), 450-675 mL ha
-1
para o ácaro vermelho (Tetranychus ludeni),
percevejos (Horcias nobilellus, Dysdercus spp) e curuquerê (Alabama argillacea),
800 mL ha
-1
para o bicudo (Anthonomus grandis) e de 750-1000 mL ha
-1
para a
lagarta da maçã (Heliothis virescens), (ANDREI, 1996). Considera-se que o
consumo médio de calda.ha
-1
seja de 400 L. Dados de SALAZAR CAVERO,
GUERRA & SILVEIRA (1976) mostram que o Folidol 600 CE, recomendado para
controle de pragas do algodão, é de 12-30 mL do produto (20 L de água)
-1
.
Na safra de 1986/87 no sudoeste de MT, foi constatada que 19,50 %
dos agricultores abordados usavam super dosagem do produto Decis, 4,87 % de
Folidol 600, 4,87 % de Arrivo, 2,43 % de Rodhiatox mas, o Endrex era usado em
subdosagens por 2,43 % dos cotonicultores (RIEDER, 1990). Sub e super dosagens
também estiveram em uso na safra 1982/83 na área de algodão de Cáceres -MT
(RIEDER, 1991). Um estudo de RIEDER (1994b), junto a nove comunidades de
Cáceres (MT), com base em três safras de algodão de 1992-94, revelou que 41,64
% das doses usadas eram constituídas exatamente de 50 mL de pesticida (20 L de
água)
-1
, sendo ela a mais freqüentemente usada e, curiosamente, coincidia com a
capacidade volumétrica máxima do dosador do produto comercial que o acompanha.
No sudoeste de MT havia um hábito quase que comum entre os
agricultores de misturarem produtos no preparo da calda para, em seguida,
aplicarem nas lavouras. Em Cáceres, safra de 1982/83 de algodão, foi observada
misturas de até quatro produtos pesticidas numa mesma calda (RIEDER, 1991), e
na safra 1986/87, os agricultores continuavam a usar caldas mistas de dois ou mais
produtos comerciais de pesticidas (RIEDER, 1990). Em sete comunidades de
Cáceres, na safra de 1993/94, 43,20 % da área cultivada de algodão foi submetida a
aplicações com caldas de misturas de dois ou mais produtos pesticidas efetuadas
pelo agricultor. Isto envolvia 51,94 % das lavouras e absorvia 30,61 % de todo
volume de pesticidas usados na safra (RIEDER, 1994b). Os agricultores justificavam
este procedimento, dizendo que: “(a) os pesticidas individualmente não estariam
produzindo o efeito desejado, por serem muito fracos (expressão do agricultor); (b)
para poder combater todo o tipo de praga existente através de uma mesma
aplicação, e assim não precisar gastar mais serviço e se expor desnecessariamente
aos pesticidas; (c) por ter aprendido assim e sempre deu certo”.
De fato, na década de 1970, documentos técnicos mencionavam o uso
de mistura de pesticidas para controle de pragas em lavouras de algodão, em que
apareciam produtos compostos de pesticidas fosforados e mais clorados e/ou
carbamatos (PASSOS et al., 1973; EMATER-MT, 1977).
Mas devido aos altos riscos que isto acarretava no campo não é mais
permitido efetuar misturas. Pode-se dizer que a legislação brasileira sobre pesticidas
avançou bastante nas três últimas décadas, conforme verificável em GELMINI
(1991), BRASIL (2002), BRASIL (2005).
e) - As opções de pesticidas por fase da cultura
Algumas pragas são típicas de determinada fase da cultura. A diretriz
técnica para algodão em MT (EMPAER-MT, 1992b), indica para o algodão um
período do ciclo da planta de maior ocorrência de pragas, reforçando a adoção do
manejo integrado destas. No início do ciclo do algodoal deve ser efetuada uma
avaliação criteriosa para indicar a necessidade de intervenção com pesticidas para o
controle de pragas e, constatada a necessidade, para a escolha dos pesticidas deve
46
se considerar também a proteção dos inimigos naturais.
Segundo a EMPAER-MT (1992b), o uso indiscriminado de pesticidas
na fase inicial pode afetar drasticamente a ação dos inimigos naturais e, por isto,
deve-se começar com pesticidas relativos, de curto período residual e não requerer
100 % de controle. Com isto se mantém o alimento à atração dos inimigos naturais.
Nos anos de 1970 ainda havia a recomendação do uso mais drástico
de pesticidas na cotonicultura, em que eram indicados: aos 20-30 dias, a aplicação
de fosforados de contato (líquido ou pó); na seqüência (40-45 dias), sistêmicos e
fosforados de contato (líquidos); depois (55-65 dias ou 70-80 dias), o monocrotofós
mais clorados (líquido); e após (85-95; 100-105; 110-120; 125-135 dias), aplicações
de DDT misturado ao paration ou a um carbamato (Pó), (EMATER-MT, 1977).
Um diagnóstico da situação cotonícola no sudoeste de MT,
referenciando a safra de 1985/86 revelou que 98,27 % dos cotonicultores
compravam os pesticidas de intermediários sem recorrer ao receituário agronômico
(RIEDER, 1986), enquanto que na safra seguinte tal condição ainda envolvia mais
de 90 % de agricultores (RIEDER, 1990).
f ) - Encerramento dos tratamentos fitossanitários
No antigo Estado de Mato Grosso, em 1977, era recomendado que a
última aplicação de pesticida fosse realizada entre 125-135 dias de idade da lavoura,
polvilhando com “DDT mais paration ou com um carbamato” (EMATER-MT, 1977).
O calendário de amostragem no manejo integrado de pragas (MIP),
para as tardias estabelecia que fossem realizadas até os 120 dias, caso da lagarta
rosada (Pectinophora gossypiella Saund., 1844), ácaros (Tetranychus urticae Koch,
1836; Polyphagotarsonemus latus Banks, 1904; Tetranychus ludeni Zacher, 1913) e
percevejos ( Horcias nobilellus Berg., 1883 e Dysdercus spp), e para o curuquerê
(Alabama argillacea Hubner, 1918) até o final da cultura (EMPAER-MT, 1992 b).
Na década de 1980, no sudoeste de MT, as aplicações de pesticidas
se estendiam até meados da colheita da lavoura (120-150 dias) (RIEDER, 1990).
g) - Freqüência e número total de aplicações
PASSOS et al. (1973), com referência aos procedimentos vigentes na
década de 1970, mencionam que, além do combate curativo, era adotado o controle
preventivo de pragas em lavouras de algodão. Esta combinação elevava o número
de tratamentos com pesticidas em 12 e até 15 vezes durante uma safra.
Segundo FERREIRA (1982), se aplicado corretamente o conceito de
manejo integrado de pragas (MIP: conjunto de medidas que protegem e estimulam
os inimigos naturais de pragas, com o uso de inseticidas seletivos e somente
quando o controle natural não é suficiente para manter a população da praga abaixo
do nível de dano econômico), o cotonicultor consegue reduzir em mais de 50 % o
número de aplicações de pesticidas, diminuindo custos de produção e os riscos de
deterioração da saúde do homem e do ambiente.
As normas técnicas de algodão para a região de Dourados, na
segunda metade da década de 1970, recomendavam a realização de oito aplicações
de pesticidas no ciclo completo da cultura (EMATER-MT, 1977).
Em Cáceres (MT), safra de 1982/83, houve o uso de um número muito
elevado de aplicações de pesticidas no ciclo completo da lavoura, em que 5,25 %
dos lavoureiros usavam mais de 20 aplicações, 34,20 % mais de 15, 68,41 % mais
de 10 e, 97,35 % efetuavam mais de 5 tratamentos com pesticidas (RIEDER, 1991).
No sudoeste de MT, um estudo da safra de 1985/86 de algodão
mostrou que 62 % dos cotonicultores usaram entre duas a cinco aplicações de
pesticidas, 31 % entre seis a oito tratamentos e 7 % adotaram nove ou mais
aplicações de pesticidas no ciclo completo da cultura, sendo que esta variabilidade
47
reforça que o número de aplicações é induzido pela freqüência e a intensidade de
pragas, inseticida usado, condições climáticas e grau de conhecimento do
cotonicultor, em relação à cultura e pragas (ARANTES et al., 1990). Na mesma safra
e região outro estudo indicava 80 % dos cotonicultores usando entre três a cinco
aplicações, enquanto os demais 20 % usavam entre seis até onze tratamentos
(RIEDER, 1986). Na safra seguinte (1986/87), na mesma região, em torno de 2/3
dos cotonicultores usavam a cinco aplicações de pesticidas no ciclo da lavoura
mas, por volta de 5 % adotavam mais que 10 tratamentos (RIEDER, 1990).
No MT, safra de 1993 houve 59,09 % de cotonicultores usando de duas
até cinco aplicações de pesticidas no ciclo completo da lavoura, mas 36,36 %
usavam de 6 a 8 e 5,55 % mais de nove aplicações (FREIRE et al., 1993).
A média de aplicações de pesticidas no ciclo das lavouras de algodão
no sudoeste de MT mostrou um decréscimo entre 1982 e 1987, embora a amplitude
dos casos encontrados fosse bastante larga (>20) (RIEDER, 1990; RIEDER, 1991).
O ideal seria ocorrerem menos de cinco aplicações no ciclo completo.
PESSANHA (1982) cita que a redução de aplicações diminuiria os riscos de
contaminação ambiental, à saúde das pessoas, além de reduzir custos de produção.
Em Cáceres, no período de tratamento do algodão, as aplicações de
pesticidas repetiam-se, mais freqüentemente, entre 7-15 dias (RIEDER, 1990).
Os números distintos de aplicações entre localidades e safras podem
ter sido induzidos por múltiplas razões.
h) - Volume de pesticidas usados
Vários fatores alheios ao agricultor, definidos por terceiros, contribuem
para estabelecer o volume de pesticidas aplicados numa lavoura de algodão
(RIEDER, 1994b). Influem também a prática adotada pelo aplicador, tipo de produto,
dosagem e número de tratamentos, momento, habilidade, hábito do mesmo, além
das condições ambientais reinantes (ARANTES et al., 1990).
Conforme RIEDER (1994b), em nove localidades de Cáceres (MT),
safra de 1993/94, foi verificado que os quatro pesticidas (entre treze) aplicados em
maior volume foram o lambdacihalotrina, metil paration (MP), metamidofós e o
monocrotofós. O volume médio consumido, dos produtos comerciais dos pesticidas
usados naquela safra, foi de 2,0345 litros.ha
-1
, o que representou um consumo de
9,09 litros por cotonicultor. Porém, as referências consultadas, não permitiram
esclarecer se este volume para mesmos produtos e de princípios ativos era maior ou
não em relação a períodos pretéritos. Mas em face da crescente ocorrência da
praga do bicudo, a expectativa era de aumentar o volume de pesticidas gastos por
unidade de área plantada com algodão nas safras posteriores a 1994.
1.2.4.3.5 - Aspectos gerais da cotonicultura na região de Cáceres (MT)
Para o agricultor os pesticidas são identificados como venenos. Alguns
também os denominam de remédios para plantas. Estas denominações não são
específicas em Cáceres (MT), sendo encontradas no sul ao centro-norte brasileiro.
Segundo NASCENTES (1988), veneno é sinônimo de tóxico (do grego:
toxikón, pelo latim: toxicum ou venenum). O dicionário do autor citado define veneno
como substância, de origem vegetal, animal ou mineral, a qual, ingerida ou aplicada
exteriormente, sendo absorvida, é capaz de alterar ou destruir as funções vitais; todo
e qualquer elemento de infecção ou corrupção moral.
Registros de DEBARBA & RIEDER (1974) e HULLMAN & RIEDER
(1974) indicavam que na primeira metade da década de 1970, no município de
Cáceres (MT), a cotonicultura herbácea estava introduzida. No ano de 1975, a
cultura do algodão tinha uma posição destacada na economia regional
(Municípios de Cáceres e de Mato Grosso - hoje Vila Bela da Santíssima Trindade)
48
(CANELLAS, 1976). Entretanto, nesta época os materiais, instrumentais e insumos
necessários (inclusive pesticidas) ao cultivo eram fornecidos por um sistema de
crédito informal (Caderneta de anotações dos fornecimentos para descontar com a
produção) intermediado comercialmente para agentes de outros Estados (Ex: SP). O
comprador do produto final (pluma de algodão em caroço) era o mesmo que fornecia
os insumos ao cultivo. Na época não existia agroindústria na região para
desencarroçamento e processamento do algodão. Desta forma, a margem de
benefício regional ou local com esta atividade, era muito pequena e, talvez, num
cômputo mais amplo, até negativa, se incluíssemos os impactos na saúde e no
ambiente com a atividade usuária de pesticidas (na época, volumes altos de
produtos organoclorados eram usados: DDT, HCH, lindano, aldrin, dieldrin, entre
outros). Este quadro relatado acontecia também em localidades muito próximas à
linha limítrofe da planície pantaneira (borda do Pantanal), tal como nas comunidades
rurais de Caiçara, Caramujo, Pé de Anta, Cem Alqueires, Santa Luzia, Itiquira, Santa
Rita, Barreirão, Curvelândia, Nova Limeira, Vila Nova, Barra Nova (C
2
) e outras. A
cotonicultura herbácea, altamente dependente de pesticidas (RESENDE et
al.,1994), foi a atividade agrícola comercial mais persistente desde a década de
1970, também em C
2
do presente estudo (RIEDER, 1983; ARANTES et al., 1990;
RIEDER, 1995), e na faixa de bordadura norte-pantaneira (RIEDER et al., 1995a),
executada nos limites proporcionados pela força braçal familiar, auxiliada, às vezes,
pela tração animal e, raramente envolvendo a motomecanização (RIEDER, 1990).
Antes de meados da década de 1980, os produtos mais usados para
combate de pragas na cotonicultura do sudoeste de MT, Bacia do Alto Pantanal,
eram constituídos por pesticidas das classes químicas dos organoclorados,
clorofosforados, fosforados e carbamatos (RIEDER, 1983).
Por imposição da legislação brasileira concernente à pesticidas,
associado às ofertas dos avanços tecnológicos pertinentes, o perfil de uso das
classes mudou na década de 90. Houve uma expressiva incorporação de vários
produtos pesticidas do grupo dos piretróides sintéticos, em substituição dos clorados
principalmente, embora continuem usando consideráveis quantias de pesticidas
fosforados (RIEDER, 1994b; RIEDER, MORAES & DORES, 1995b).
As lavouras de algodão no sudoeste de MT, em trechos das Bordas do
Pantanal eram implantadas no período chuvoso e permaneciam até o auge do
período seco. Os cultivos eram anuais e, normalmente, os plantios iniciavam em
janeiro e as colheitas se encerravam em agosto. Os lançamentos de pesticidas no
ambiente acompanham os anos de cultivo de algodão e as aplicações repetem-se
durante o ciclo das lavouras.
Estudos que comentam o preparo do agricultor ou operador de
pesticidas às aplicações nas lavouras de algodão indicam a ausência generalizada
de treinamentos específicos para a habilitação de pessoal a tal tarefa, salvo poucos
casos de orientações não sistemáticas e raras palestras sobre o tema. Os estudos
ainda mencionam um elevado índice de analfabetos entre os aplicadores de
pesticidas (RIEDER, 1990; RIEDER, 1991 e RIEDER, MORAES & DORES, 1996).
SEÇÃO 1 (S
1
)
- ESTUDO DE CAMPO
ASPECTOS DA RELAÇÃO HOMEM-PESTICIDA-AMBIENTE (H-P-A)
NA BORDA NOROESTE DO PANTANAL DE MATO GROSSO
CAPITULO 2 - MATERIAL E MÉTODOS DA SEÇÃO 1
50
Esta parte envolve um estudo de múltiplos aspectos e,
conseqüentemente, utiliza vários recursos materiais e metodológicos à sua
execução, conforme descritos a seguir.
2.1 - RETRATO COTONÍCOLA DE MATO GROSSO
Para apresentar um retrato da mobilidade no território mato-grossense,
ao longo do tempo, das maiores somas municipais de área plantada de algodão por
safra e dos produtos químicos preferenciais nela aplicados, recorreu-se a várias
fontes de dados e informações, tais como: publicações, relatórios e historizações
escritas e verbalizadas, disponibilizadas por órgãos afins(EMATER-MT, EMPA,
EMPAER-MR, UFMT, EMBRAPA, CONSULTORIA GUERRA) comentadas por seus
profissionais.Utilizaram-se também a própria experiência e os apontamentos
efetuados ao longo da atuação no PROJETO RONDON-CAMPUS AVANÇADO
(1974-1979),EMATER-MT (1979-1990), EMPAER-MT (desde 1990) e UNEMAT
(desde 1981) em MT.
2.2 - COMUNIDADES OBJETO DE ESTUDO ESPECÍFICO
Foram selecionadas duas comunidades (Facão C
1;
Barra Nova C
2
):
dedicadas, entre outras, à atividade cotonícola utilizando predominante o sistema de
manejo A; constituídas de, pelo menos, 30 famílias de pequenos ou mini
agricultores; assistidas pelo mesmo serviço oficial de pesquisa, assistência e
extensão rural; localizadas no mesmo município (Cáceres) e às bordas do Alto
Pantanal, uma em microbacia da margem esquerda do rio Paraguai (C
1
) e a outra na
margem direita (C
2
), com suas lavouras distribuídas em vertentes de talude estreito
(<5 km) em relação ao curso de água afluente direto do rio Paraguai; e utilizarem
poços de água para consumo doméstico.
2.3 - LOCALIZAÇÃO DAS COMUNIDADES
A primeira, C
1
(57º 39’ 20” e 57º 36’ 50Long. W. Gr.; 16º 11’ 20” e 16º
09’ 00” Lat. Sul) e a segunda, C
2
(57º 50’ 00” e 58º 00’ 00” Long. W.Gr.; 15º 50’ 00”e
16º 00’ 00” Lat. Sul), estão inseridas na faixa de bordadura do Alto Pantanal,
município de ceres, sudoeste do Estado de MT (Fig. 2.1 e 2.2). As áreas de
interesse específico foram as constituídas de lavouras de algodão.
2.4 - UNIVERSO E POPULAÇÃO
2.4.1 - Universo
Conjunto dos estabelecimentos ou unidades de Barra Nova (C
2
) e do
Facão (C
1
)
que cultivavam algodão no período considerado.
2.4.2 - População do período restrito
2.4.2.1 - Atores (cotonicultor e família)
Comunidades C
1
e C
2
, respectivamente, com 52 e 48 atores estudados.
Seis safras (1992-97): envolveram-se 100 atores, havendo nos anos de 1992,
1993, 1994, 1995, 1996 e 1997, respectivamente, 37, 47, 60, 73, 49 e 36 atores.
Persistiram em 1, 2, 3, 4, 5 e 6 safras, respectivamente, 31 (C
1
: 20, C
2
:11), 15
(C
1
: 11, C
2
:4), 15 (C
1
: 11, C
2
:4); 12 (C
1
: 4, C
2
:8); 15 (C
1
: 4, C
2
:11) e 12 atores (C
1
:
0, C
2
:12).
O estudo apresentou variabilidade temporal de atores e de lavouras
envolvidas na atividade cotonícola.
51
FIGURA 2.1. – Localização da área de estudo no continente sul-americano
FIGURA 2.2 – Localização das comunidades de estudo (Facão e Barra Nova) no
Alto Pantanal, Cáceres, Mato Grosso, Brasil.
CÁCERES
FACÃO
PANTANAL
Barra Nova
52
2.4.2.2 - Lavouras (Ambiente interativo)
Nas duas comunidades e no período estudado (1992-97) foram envolvidas 302
lavouras (C
1
: 113; C
2
:189) cultivadas pelas 100 famílias (atores);
Nas safras de 1992, 1993, 1994, 1995, 1996 e 1997 foram estudadas,
respectivamente, 37, 47, 60, 73, 49 e 36 lavouras.
2.4.2.3 - Adoções de produtos pesticidas
Nas 2 comunidades, nas 6 safras, nas 302 lavouras desenvolvidas, os 100 atores
adotaram 831 vezes produtos pesticidas (C
1
: 319; C
2
: 512). Cada adoção
representa o uso de determinado produto pesticida em uma safra. Produtos de
mesmo nome podem ter sido adquiridos e utilizados em outras safras ou em
outras lavouras ou por outros agricultores, o que se constituía em uma adoção
considerada distinta.
Nas safras de 1992, 1993, 1994, 1995, 1996 e 1997 foram constatadas,
respectivamente, 91, 116, 171, 212, 141, e 101 adoções de produtos pesticidas.
2.5 - PERÍODO DO ESTUDO
Restrito: 1992-97 (Estudo das relações H-P-A em seis safras de algodão
herbáceo);
Amplo: 1976-2003 (monitoramento da cotonicultura em C
1
e C
2
, e de modo
genérico no MT).
2.6 - MÉTODO APLICADO À COLETA DE DADOS
O estudo nas comunidades (C
1
, C
2
) utilizou-se da metodologia descrita
em MINAYO (1994), por entrevista e observação (com um roteiro guia básico e
questionário semi-estruturado, conforme Quadro 1.1 no Apêndice), incluindo a :
Observação Participante ou Observador-como-Participante [Investigação
científica com o observador presente numa situação, face a face com os
observados, participando na vida deles, no seu cenário cultural, colhendo
dados; sendo uma observação quase que formal, em curto espaço de tempo,
empregada como estratégia complementar ao uso das entrevistas. A
aplicação do método esteve centrado em três fatores e suas interações (H-P-
A), efetuando-se o reconhecimento in loco, no contexto doméstico e de
lavouras, as relações, procedimentos e outros].
Participação Observante ou Participante-como-Observador [Observação
informal temporária vivenciando e acompanhando a rotina cotidiana, junto dos
acontecimentos importantes].
Como regra geral, as informações obtidas na observação participante
e na participação observante tanto complementavam como orientavam as
entrevistas e validavam o conteúdo para o banco de dados da pesquisa. O
informante era o responsável - proprietário pela lavoura em estudo, geralmente
chefe de família.
Dados complementares ao questionário-guia, e as referentes a
dinâmica da cotonicultura no território de MT foram obtidas junto a instituições
ligadas à cotonicultura mato-grossense (EMATER-MT, EMPA, INDEA-MT,
EMPAER-MR, UFMT, EMBRAPA, CONSULTORIA GUERRA, SEDER-MT), através
de consultas à suas publicações, relatórios e registro de relatos e comentários
escritos e verbais de seus profissionais.
53
2.7 - VARIÁVEIS ESTUDADAS (TAB. - 2.1)
TABELA 2.1 - Variáveis consideradas no estudo de duas comunidades cotonícolas
(C
1
, C
2
), Cáceres, MT, Brasil, safras 1992-97.
H-Homem cotonicultor (H) P-Pesticida usados A-Ambiente alvo
ν
1
.Naturalidade,
ν
2
.Migração,
ν
3
.Idade,
ν
4
.Escolaridade,
ν
5
.Pessoas na família,
ν
6
.Renda anual
ν
7
.Produtos comerciais,
ν
8
.Grupos químicos,
ν
9
.Categorias de grupos químicos
ν
10
.Pacotes,
ν
11
.Ingredientes ativos,
ν
12
.Modo de ação;
ν
13
.Classes toxicológicas;
ν
14
.Classes de Potencial de
Periculosidade Ambiental (PPA);
ν
15
.Área da propriedade,
ν
16
.Vegetação,
ν
17
.Relevo,
ν
18
.Aspectos hídricos,
ν
19
.Clima,
ν
20
.Solo,
ν
21
.Fauna;
Int
erações
H
-
P
-
A
, envolvendo:
Sub-fator “acl”:Aspectos da cotonicultura local
Sub-Sub-Fator “dm”: Domínio da atividade
ν
22
.Fonte do saber,
ν
23
.Conceito de pesticida bom,
ν
24
.Tempo de experiência (vivência) cotonícola,
Sub-Sub-Fator “rot”:Regime de ocupação
ν
25
Regime de ocupação da terras;
Sub-Sub-Fator“acc”:Algumas características do
cultivo
ν
26
.Força de trabalho usada,
ν
27
.Época de plantio,
ν
28
.Área plantada,
ν
29
.Colheita do algodão,
ν
30
.Produção da lavoura,
ν
31
.Produtividade da lavoura;
Sub-Fator“aap”:Aquisição e armazenagem de
pesticidas
ν
38
.Via de aquisição,
ν
39
.Local de aquisição,
ν
40
.Local de armazenagem;
Sub-fator“mpa”:
Medidas de proteção ambiental
adotadas
ν
41
.Destino da embalagem vazia,
ν
42
.Destino de soqueiras;
Sub-fator“mpp”:
Medidas de proteção pessoal
ν
43
: Preventivas
Sub-fator“mdp”:
Medidas de desintoxicação de
pessoas
ν
44
:Curativas
Sub-fator“amp”:Aspectos do uso e manejo de
pesticidas
ν
32
.Início do tratamento com pesticidas,
ν
33
.Término dos tratamentos,
ν
34
.Número de tratamentos na safra,
ν
35
.Mistura de pesticidas,
ν
36
.Doses usadas,
ν
37
.Volume aplicado na lavoura;
Sub-fator“intox”:Intoxicações por pesticidas
ν
45
.Agentes intoxicantes,
ν
46
.Causas intoxicadoras,
ν
47
.Gravidade das intoxicações,
ν
48
.Intoxicações.
2.8 - MAGNITUDE ASSUMIDA PELAS VARIÁVEIS CONSIDERADAS
As magnitudes das variáveis foram avaliadas (teste de
χ
2
, ou F e
Tukey) e contrastadas espacial (C
1
e C
2
) e temporalmente (safras 1992-97) através
das expressões observadas em cada uma, pelas freqüências de ocorrência ou
medidas próprias das mesmas. Assim tem-se expressão qualitativa e quantitativa.
Para as avaliações qualitativas das variáveis, analisou-se a distribuição das
freqüências de categorias encontradas ou binomiais do tipo focada (c
f
) e não-focada
(c
ñ
). Tendo como referência o conhecimento existente e as recomendações técnicas
pertinentes, a categoria focada (c
f
) reunia os casos menos desejáveis ou mais
inadequados, incorretos ou prejudiciais. Enquanto a categoria não-focada (c
ñ
)
contemplava as situações menos prejudiciais, ou mais desejadas, corretas,
adequadas. A significância das diferenças, para fins de estabelecer a similaridade ou
não, nos espaços e nos tempos considerados, foi estabelecida pelo valor de α <
0,05 (ou seja, probabilidade de erro de conclusão menor que 5 %).
54
2.9 – INDICADORES DE RISCO DEVIDO AO USO DE PESTICIDAS
Visou-se suscitar indicadores para avaliação de risco coletivo ou
comunitário por pesticidas usados em cotonicultura nas bordas do Pantanal sob
condições de ambiente tropical estacional. Foi estabelecida uma metodologia para
reconhecer variáveis indicadoras que exercem efeito sobre o risco (R) de
contaminação
_C
e de danos
_D
ambientais
_A
e humanos
_H
atribuído ao uso e manejo
de pesticidas
_P
. Doravante, onde referência a tal risco, o mesmo estará
identificado assim: R
CDPAH/variável indicadora em questão
. Pontos duplos (:) a seguir desta
convenção (R
CDPAH/x
:), anunciam a apresentação do resultado comparativo nas
comunidades (C
i
) ou safras (1992-97) do risco com questão. Ex.: (R
CDPAH/x
:C
1
> C
2
).
Pelas definições dadas a categoria focada (c
f
) e a não-focada (c
ñ
),
ambas também são, respectivamente, as que reúnem os casos de maior (r
1
) e de
menor (r
2
) risco relativo. Portando, a variável que for indicadora de risco, apresenta
sua categoria c
f
= r
1
e c
ñ
= r
2
. Como r
1
e r
2
são complementares, a soma unitária ou
percentual das mesmas (r
u
1
+ r
u
2
) é igual, respectivamente, a 1 ou 100 %. De onde
se extrai que r
1
/(r
1
+ r
2
) =1- r
2
/(r
1
+ r
2
). Comportam-se como uma função de
distribuição binomial. Diante disto foi possível expressá-las, em cada nível
hierárquico de dependência (variável ou fatores), pela proporção de ocorrência de
casos. Assim se determinou e se analisou a proporção do maior e do menor risco
assumido pelas variáveis nas comparações efetuadas (C
1
, C
2
; safras1992-97).
Contudo, para desvelar indicadores de risco foi assumido que as
variáveis (Vi) podiam (Vcer) ou não (Vser) exercer efeito sobre o risco (R). Havendo
efeito, à faixa de variação da expressão de cada variável corresponderia uma escala
de valores de risco produzido por esta variável. Entretanto, esta metodologia, nesta
fase, não deseja determinar o exato valor do risco, mas identificar a existência de
efeito ou não e o sentido da variação do mesmo, ou no máximo um significado
relativo (de proporcionalidade).
Tal relação pode ser direta (Vcer · R) ou indiretamente proporcional
(Vcer 1/ R). A inexistência de associação entre o nível de risco (R) e os valores
expressos por uma variável representam efeito nulo da mesma (R = f(Vser) = 0).
Não sendo nulo o efeito, a expressão de determinada variável induzirá, então, risco
crescente ou decrescente [R = f(Vcer) 0].
Também foi efetuada uma análise dos reflexos da variação da magnitude da
expressão de cada variável {V
i
} para identificar o sentido do efeito ( - ou +)
induzido pela mesma no risco {R} à saúde e ao ambiente.
A magnitude considerada, para efeito de comparações, foi aquela
efetivamente expressa no estudo.
A análise temporal não foi efetuada para todas as variáveis
consideradas na análise espacial, em função de algumas limitações encontradas.
As comunidades (C
1
, C
2
) e as safras (1992-97) foram então
comparadas diante das expressões das variáveis, pelos fatores (H, P, A), nas
interações destes, e no global, através das totalizações obtidas nas respectivas
categorias (c
f
,
c
ñ
; r
1
, r
2
).
2.10 - VALORAÇÃO DE DADOS QUALITATIVOS
As variáveis ν
43
- medidas preventivas (mpp)” e ν
44
- curativas (mdp)”
adotadas pelos agricultores, foram analisadas para identificar se efetivamente
poderiam ter algum efeito anti ou desintoxicante. o havendo efeito (valor zero) ou
havendo o mesmo poderia ser a favor (+) ou contrário (-) ao fim desejado. A
amplitude da dispersão, foi estabelecida entre -1 (mínimo) e +1 (máximo), sendo que
os valores intermediários indicam a existência de efeitos, mas situados entre os
55
máximos e mínimos. Em cada variável ou sub-variável podia então assumir valores
negativos (r
1
- prejudiciais à saúde), nulos (inofensivas à saúde) ou positivos
(auxiliares à saúde), as quais somadas resultavam no valor final da variável. Desta
maneira, as medidas preventivas (mp) e curativas (mc), constituíam as variáveis
derivadas “valor das medidas preventivas (vmp) e curativas (vmc)”. Por último, as
comunidades foram comparadas pela proporção de ocorrência das categorias r
1
e r
2
.
2.11 - ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS DADOS
Foram efetuadas, de acordo com a pertinência, análises de variância
(F), estudos de correlação (Pearson, Kendall e Spearman) e testes estatísticos (χ
2
,
Fisher,Tukey) com nível de significância α 0,05.
2.12 - UNIDADES DE INVESTIAÇÃO NO ESTUDO
Para efeito de tratamento estatístico, foram consideradas como
unidades experimentais ou de investigação, no caso de variáveis relacionadas: (1) à
safra agrícola, o evento a safra de algodão de um agricultor; (2) com o cotonicultor, o
dado do mesmo; (3) a usos e procedimentos, a informação específica pertinente; (4)
a acontecimentos, fatos, submissões e manifestações, o próprio evento.
2.13 – EXECUÇÃO, VALIDAÇÃO E FONTES DA PESQUISA
A partir de 1976 começou o envolvimento funcional com a comunidade
de Barra Nova e, a partir de 1989 com a comunidade do Facão. Alguns dados
utilizados foram reunidos de estudos de realidades (documentos de uso interno para
fins de elaboração de planos de ação, no Campus Avançado de Cáceres do Projeto
Rondon, na EMATER-MT e posteriormente na EMPAER-MT). Outros são frutos de
experiências interativas propiciadas a partir de projetos de assisncia técnica e
extensão rural desenvolvidos nestas comunidades. Uma terceira parcela de dados
foi disponibilizada por instituições (INDEA, EMPAER-MT) através de seus
profissionais em documentos e relatos. Uma quarta parte foi obtida através da
interação pesquisador-pesquisados, envolvendo os atores das comunidades, por
ocasião de visitas de acompanhamento das atividades, de assistência ao
cotonicultor e a sua família, cuja freqüência programada era de pelo menos três
visitas por safra. E completando, os principais dados caracterizadores da relação H-
P-A referentes às seis safras de algodão (1992-97) nas comunidades (C
1
e C
2
)
foram obtidas em visitas do pesquisador aos cotonicultores, e finalizadas na ocasião
da colheita ou logo após. No ano de 2003 voltou-se às duas comunidades, para fins
de verificar, junto a cada ator, sua continuidade ou não na atividade cotonícola após
1997. E assim, então, teve-se posse dos dados necessários a conclusão do
presente estudo.
Os parâmetros analíticos medidos constam do formulário-guia utilizado
e estão apresentados no Apêndice 1.
Os procedimentos metodológicos para obtenção das informações,
aplicadas no presente trabalho, vinham sendo adotados em estudos anteriores,
com eficácia, servindo de suporte à elaboração de planos de ação institucionais
(EMATER-MT e EMPAER-MT) como também resultando em várias publicações
(RIEDER, 1983, 1986, 1990, 1991; ARANTES et al. 1990), as quais vêm sendo
referenciadas por outros autores (RESENDE et al. 1994; ALVES, 1998).
CAPÍTULO 3
– RESULTADOS E DISCUSSÃO DA SEÇÃO 1
ASPECTOS DOS FATORES HOMEM (H), PESTICIDA (P) E
AMBIENTE (A) E DA INTERAÇÃO DESTES (H-P-A)
HOMEM: Agricultores que usam pesticidas em seus cultivos de algodão
PESTICIDA: Armas químicas usadas para combater pragas de algodão
AMBIENTE: De regiões que cultivam algodão com uso de pesticidas
58
3.1 - A IDENTIDADE DO HOMEM ENVOLVIDO COM PESTICIDAS
3.1.1 - Naturalidade dos agricultores
Doze Estados brasileiros (Paraná-PR, São Paulo-SP, Mato Grosso do
Sul Estado - MS, Espírito Santo - ES, Minas Gerais - MG, Goiás - GO, Bahia - BA,
Sergipe - SE, Alagoas - AL, Pernambuco - PE, Cea - CE e Mato Grosso - MT)
contribuíram para a constituição do grupo de cotonicultores das áreas estudadas. Os
dois Estados com representação mais freqüente de plantadores de algodão foram
MT (21,6 %) e SP (19,2 %) mas, ao considerar agrupamentos de Estados tem-se a
seguinte ordem decrescente de freqüência destes: Nordeste > Centro-Sul (PR, SP,
MS) > MT > Outros Estados. Na comunidade C
2
não foram encontrados
cotonicultores de outra origem que não fossem nordestinos (53,8 %), sulistas (PR,
SP, MS) (38,4 %) e mato-grossenses (7,6 %); enquanto na comunidade C
1
, havia
nordestinos (20,4 %), sulistas (31,8 %), mato-grossenses (34,0 %) e, 13,6 % de
agricultores naturais de três outros Estados (ES,MG,GO). Esta distribuição, embora
diferencie significativamente as duas comunidades (χ
2
, GL= 3, < 0,05 ), não é
discordante de outros estudos levantados por RIEDER (1983) em Cáceres (MT).
A comunidade C
2
, por estar composta de uma maior proporção de
agricultores oriundos de Estados produtores mais tradicionais de algodão (Nordeste,
SP,PR, MS), teria tido um melhor domínio da atividade cotonícola - dependente de
pesticidas, e por conseguinte assume-se que esteve sujeita a menor risco devido a
naturalidade (R
CDPAH
/
nat:
C
1
> C
2
) em comparação a comunidade C
1
, constituída com
menor proporção de famílias oriundas de zonas cotonícolas (TAB. 3.1ν
1
).
3.1.2 - História migratória dos cotonicultores
A constituição atual das duas comunidades estudadas é
predominantemente integrada de não mato-grossenses (C
1
: 65,9 %; C
2
: 92,3 %). Em
C
2
(69,23 %) existem mais cotonicultores que estiveram e fixaram atividades em,
pelo menos, três Estados brasileiros que em relação aos de C
1
(38,6 %).
Aceitando-se que a migração pelos estados de SP, PR e/ou MS, com
certo tempo de permanência nos mesmos, em atividade cotonícola, teria
oportunizado um melhor aprimoramento do agricultor ao manuseio mais adequado
de pesticidas, em face do contato com uma agricultura mais tecnificada, conforme
citam PASSOS et al. (1973), sugere-se então que o risco devido o tipo de história
migratória (R
CDPAH
/
mig:
C
1
> C
2
) foi maior na comunidade C
1
que em C
2
, uma vez que
em C
1
havia maior proporção de cotonicultores com passagem em regiões de
cotonicultura relativamente menos avançada que em C
2
(TAB. 3.1ν
2
).
3.1.3 - Idade dos agricultores
Diversas lavouras consideradas no presente estudo (>13,9 %) foram
conduzidas por pessoas com mais de 60 anos de idade.
A média de idade em C
1
se assemelhou (Tukey, α > 0,05) à de C
2
,
estando em torno de 44 anos.
Constatou-se que a freqüência observada de lavoureiros com 45 anos
ou mais foi praticamente a mesma do grupo com menos de 45 anos.
A variável idade pode ser considerada como um indicador de risco, ao
assumir-se que diferentes grupos etários estariam sujeitos, com intensidade
diferente, à exposição e danos por pesticidas (Ex.: crianças e idosos são mais
vulneráveis).
59
TABELA 3.1 - Expressão proporcional de variáveis consideradas no fator Homem (H), segundo suas categorias de risco, em duas
comunidades cotonícolas (C
1
, C
2
), Cáceres, MT, Brasil, safras 1992-97.
Comunidades e as Expressões de r
1
Facão (C
1
) Barra Nova (C
2
)
Variáveis (ν
i
) do fator H
Categoria focada (cf) ou de maior
risco- r
1
em cada variável
(em oposição à não-focada (cñ) ou de
menor risco – r
2
; sendo r
1
+ r
2
=total)
Proporções de r
i
em C
1
[
%(n
ri
/n
c1
)]
Relatividade
do risco r
i
em C
1
Proporções de r
i
em C
2
[
%(n
ri
/n
c2
)]
Relatividade
do risco r
i
em C
2
Expressão proporcional e
comparativa
(igual:=;
desigual:
)
Fator Homem (H)
(**)
ν
1
:Naturalidade
(**)
Estado não tradicional-cotonicultura
44,89 (44/98) a + 5,66 (9/159) b -
20,62 (53/257)
ν
2
:Migração
(*)
Por regiões menos desenvolvidas 41,83 (41/98) a + 11,87 (19/160) b -
23,25 (60/258)
ν
3
:Idade 45 anos (Idade média=44,1 anos)
50,87 (58/114) s
49,16 (88/179) s
=49,82(146/293)
ν
4
:Escolaridade
Sem estudo 42,98 (49/114) s
38,54 (69/179) s
= 40,27 (118/293)
ν
5
:Nº pessoas/família > que a mediana (4)
45,61 (52/114) s
49,72 (89/179) s
= 48,12(141/293)
ν
6
:Renda anual/família
(**)
que média (R$6.885,25)
96,87 (31/32) a + 54,90 (28/51) b -
71,08 (59/83)
Expressões relativas das categorias r
1
nas 6 variáveis do fator “H 3a; 3s
3(+);3()
3b; 3s
3(-);3() 3(=);3()
> Risco (r
1
) 48,24 (275/570)a 33,29 (302/907)b
39,06(577/1477)
Soma dos casos no fator H
(**)
(χ
2
=32,9; GL=1; n=1477; α=0,000)
< Risco(r
2
) 51,75 (295/570)b 66,70 (605/907)a
60,93 (900/1477)
OBS.: Relatividade qualitativa das proporções ou expressões em pauta: semelhante [s ou ]; maior [a ou +]; menor [b ou -]; Igual [=]; Diferente [];
Significância pelo teste χ
2
: (**): α < 0,01; (*):α < 0,05.
60
Considerando a semelhança etária entre os lavoureiros das duas
comunidades (C
1
; C
2
), o risco havido atribuível à variável idade (R
CDPAH
/
id
: C
1
= C
2
),
não deve ter assumido valores distintos em C
1
e C
2
(TAB. 3.1ν
3
).
3.1.4 - Escolaridade
As freqüências observadas e esperadas foram concordantes nas
categorias com e sem escolaridade nas duas comunidades.
Em média, nas seis safras agrícolas consideradas (1992-97), 39,8 %
dos agricultores não possuíam estudo escolar algum (escolaridade zero: e
0
) 51,1 %
tinham até quatro anos de escolaridade (e
4
) e 8,9 % estudaram em escola por cinco
a onze anos (e
11
). Houve maior concentração de cotonicultores nas categorias de
mais baixa escolaridade. Dados do recenseamento geral do Brasil de 1980 (IBGE,
1982), também confirmam para a região estudada uma maior concentração de
pessoas nas categorias mais baixas de escolaridade.
Se aceita, a princípio, que o aumento da escolaridade permite às
pessoas melhor compreensão e relacionamento e, portanto, possibilita melhor
proteção ambiental em suas ações. Assume-se, então, que o nível de escolaridade
constitui um indicador de risco no uso de pesticidas (R
CDPAH
/
esc
). Assim, o
predominante baixo nível de estudo em C
1
e C
2
, deve ter contribuído para elevar,
semelhantemente em ambas, o risco (R
CDPAH
/esc: C
1
= C
2
)
(TAB. 3.1ν
4
).
3.1.5 - Tamanho das famílias de cotonicultores
Quatro pessoas por família foi mais freqüentemente encontrado. A
distribuição do número de atuais integrantes por família não diferiu (χ
2
, α > 0,05) nas
duas comunidades (C
1
e C
2
) e, também não, nas seis safras agrícolas consideradas
(1992-97). Os dados do censo demográfico de 1980 (IBGE, 1982) também apontam
entre 4 e 5 indivíduos e os dados de 1991 (IBGE, 1997) confirmam a mesma faixa
de pessoas por família (4,4 no meio rural de Cáceres). Nas duas comunidades e nas
seis safras agrícolas, famílias de cotonicultores com até quatro integrantes estiveram
presentes com freqüências semelhantes (χ
2
, α > 0,05) em relação aos com família
mais numerosa. Então, quanto ao tamanho das famílias de cotonicultores, as duas
comunidades e as seis safras agrícolas se assemelharam. Famílias mais
numerosas, e com seus componentes envolvidos na atividade cotonícola, estariam
expondo um maior número de pessoas ao tratamento com pesticidas e, portanto,
esta variável pode ser considerada como um indicador de risco. Por conseguinte,
nas duas comunidades, devido à semelhança dos valores desta variável, o eventual
efeito da mesma sobre o risco (R
CDPAH
/
npf: :
C
1
= C
2
) deve ter sido também
semelhante (TAB. 3.1ν
5
).
3.1.6 - Renda anual familiar
A renda média anual (1996-97) por família cotonicultora foi de R$
6.885,25 (seis mil, oitocentos e oitenta e cinco reais e vinte e cinco centavos).
Considerando que, em média, as famílias estavam constituídas de cinco pessoas, a
renda per capita anual foi de R$1.377,05 (mil, trezentos e setenta e sete reais e
cinco centavos). Entretanto, em C
1
, 96,9 % das famílias apresentaram renda inferior
à média mas, em C
2
tal categoria constituiu-se de 54,9 %.
A renda familiar nas comunidades foi constituída pela soma da
produção obtida por todos os componentes presentes na família em todas as
atividades desenvolvidas. As atividades agropecuárias próprias foram as principais
que contribuíam para a formação da renda. Atividades bastante diversificadas
desenvolvidas por cotonicultores de MT também foram constatadas em outros
estudos, tal como lavouras de milho, arroz, feijão (RIEDER, 1990; FREIRE et al.,
61
1993; EMBRAPA, 1997), soja (EMBRAPA, 1997), café, banana, bovinocultura de
leite e corte (RIEDER, 1990), contribuindo com a renda familiar do cotonicultor.
Entretanto, em algumas situações, atividades externas também auxiliavam para
complementar a renda familiar. Em C
1
(3,13 %) eram, significativamente (χ
2
, <0,05),
menos famílias de contonicultores que obtiveram renda maior que a média de todos
os informantes em comparação aos de C
2
(45,10 % das famílias)
(TAB. 3.1ν
6
). Além
disso, em C
2
a composição da renda familiar era oriunda predominantemente da
atividade pecuária mista e do cultivo de algodão, enquanto que em C
1
a pecuária era
inexpressiva, mas envolvia outros produtos agrícolas mais básicos (arroz, milho,
feijão, mandioca, frutas e hortaliças), atividades externas mais freqüentes (serviços
braçais para terceiros) além da cotonicultura. Diante do maior envolvimento em
outras atividades agrícolas, também dependentes de pesticidas, que concorriam
para formação de uma renda menor em C
1
, e das limitações que isto impõe ao
acesso de melhor escolha, preparo e manuseio, os agricultores dessa comunidade
provavelmente submetiam o ambiente e a eles próprios a um maior risco (R
CDPAH
/
ren
:
C
1
> C
2
), quando comparado com C
2
. Pelo exposto, a “renda” constitui um indicador
de risco, pressupondo-se haver efeito direto sobre o nível de risco.
3.2 - QUALI-QUANTIFICAÇÃO DOS PESTICIDAS ADOTADOS
Os pesticidas usados foram categorizados por produtos comerciais;
grupos químicos; categorias de grupos químicos; pacotes; ingredientes ativos; modo
de ação; classe toxicológica e; classe de periculosidade ambiental (PPA).
3.2.1 - Produtos comerciais
Provavelmente, a enorme lista de produtos comerciais usados na
cotonicultura tenha influência, não apenas da concorrência de fabricantes e da
opção do agricultor não tecnicamente orientada, mas também da grande variedade,
ao longo do tempo, de princípios ativos sugeridos pela assistência técnica, conforme
constatado em RIEDER (1990) e EMPAER-MT (1997). Esta situação pode justificar
a adoção, entre 1992-97 de uma lista enorme de produtos pesticidas comerciais em
C
1
(21 produtos) e em C
2
(15 produtos) (TAB. 3.2). Mesmo que os usuários sejam
treinados para uso adequado de cada produto, assume-se que o risco é somativo,
pois o conjunto de erros cometidos na aplicação resulta da soma daqueles ocorridos
com cada produto. Assim, a ampliação do número de marcas comerciais em uso
conduz à soma dos riscos individuais e, portanto, aumenta o risco global
(ΣR
CDPAH
/Σ
pcom
). Assim, esta variável se constitui em um indicador de risco.
Assumindo-se como aceitável, que o uso de uma diversidade maior de
marcas comerciais de pesticidas concorreu para aumentar o risco, pode-se sugerir
que o nível de risco (R
CDPAH
/
pcom
: C
1
> C
2
) foi maior em C
1
que em C
2
(TAB. 3.3ν
νν
ν
7’
).
Produtos comerciais a base de MP foram usados em proporção similar
mas relativamente expressiva nas duas comunidades (26,83 %). Foram três as
marcas comerciais de MP usadas nestas duas comunidades (C
1
, C
2
) ao longo de
seis safras (1992-97) (TAB. 3.2; TAB. 3.3ν
νν
ν
7”
).
Quanto à formulação dos produtos usados, constatou-se que 75,4 %
das adoções foram de concentrados emulsionáveis (CE), 18,6 % de concentrados
solúveis (CS), e 6,0 % as demais formulações. As freqüências observadas e
esperadas, nas categorias de formulados, foram concordantes nas duas
comunidades.
62
TABELA 3.2 Ocasião do uso de pesticidas em lavouras de algodão (Gossypium hirsutum L.) em duas comunidades (C
1
,C
2
),
Cáceres, MT, Brasil, safras 1992-97.
Freqüências absoluta de ocasião de uso de produtos nas safras (1992-97), comunidades (C
1
, C
2
) e totais (Tc
i
; T
1992-97
)
1992 1993 1994 1995 1996 1997 Total
1992-97
Pesticidas usados: Grupo químico (GQ),
nome técnico, nome comercial.
C
1
C
2
T
c
i
C
1
C
2
T
c
i
C
1
C
2
T
c
i
C
1
C
2
T
c
i
C
1
C
2
T
c
i
C
1
C
2
T
c
i
C
1
C
2
T
c
i
GQOrgano sintéticos fosforados(OFo)
7 46
53
21
47
68
42 46
88
49 34 83
18
45
63
20
24
44
157
242
399
Metamidofós (
Tamaron BR; Stron
)
Monocrotofós
(
Azodron 400; Nuvacron 400)
Metil Paration
(Folidol 600;Folisuper
600BR
;Bravic
600 CE
)
Etil Paration (
Rhodiatox
)
4
-
3
-
13
3
30
-
17
3
33
-
11
3
6
1
13
3
31
-
24
6
37
1
21
5
15
1
16
3
27
-
37
8
42
1
16
1
32
-
11
-
23
-
27
1
55
-
5
-
13
-
19
2
24
-
24
2
37
-
8
-
12
-
17
-
7
-
25
-
19
-
65
9
81
2
89
11
142
-
154
20
223
2
GQ_Piretróides(Opi)
3 28
31
10
30
40
29 44
73
46 55 101
19
46
65
26
21
47
133
224
357
Deltametrina (
Decis 25 CE
)
Cipermetrina
(Arrivo 20 CE; Cynoff-PM; Ripcord 100)
Cipertrina (
Cepertrin
)
Ciflutrina (
Baytroid CE
)
Betaciflutrina (
Bulldog 125 SC
)
Lambdacihalotrina (
Karate 50 CE
)
2
-
-
1
-
-
23
5
-
-
-
-
25
5
-
1
-
-
5
2
-
3
-
-
23
7
-
-
-
-
28
9
-
3
-
-
8
12
-
8
-
1
21
21
-
1
1
-
29
33
-
9
1
1
10
20
-
1
3
12
10
28
-
2
4
11
20
48
-
3
7
23
2
4
-
5
2
6
8
25
5
-
3
5
10
29
5
5
5
11
4
11
-
7
-
4
3
12
3
1
-
2
7
23
3
8
-
6
31
49
-
25
5
23
88
98
8
4
8
18
119
147
8
29
13
41
GQ_
Clorofosforado+Piretróide(OClFo+OPi)
- 7 7 - 7 7 2 7 9 12 10 22
6 5 11
- - - 20 36 56
Profenofós+Cipermetrina
(
Polytrin 400/40 CE
)
- 7 7 - 7 7 2 7 9 12 10 22
6 5 11
- - - 20 36 56
GQ_Carbamatos(Oca): - - - - - - - - - 5 1 6 - 2 2 1 6 7 6 9 15
Carbofuran (
Furadan 350 TS
)
Metomil (
Lannate BR
)
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
5
-
1
-
6
-
-
-
2
-
2
-
-
1
-
6
-
7
5
1
3
6
8
7
GQ_Clorados (OCl): - - - 1 - 1 - - - - - - - - - - - - 1 - 1
DDT (
DDT- PM
) - - - 1 - 1 - - - - - - - - - - - - 1
-
1
GQ_Clorofosforado(OClFo):
- - - - - - - - - - - - - - - 1 - 1 1 - 1
Clorpirifós (
Lorsban 480 BR
) - - - - - - - - - - - - - - - 1 - 1 1
-
1
GQ_Outros: (Creolina)
- - - - - - - - - - - - - - 1 1 2 1 1 2
Totais_C
1
,C
2
, T
C
i
10
81
91
32
84
116
73 97
170
112
100
212
43
98
141
49
52
101
319
512
831
63
TABELA 3.3 - Expressão proporcional de variáveis consideradas no fator Pesticidas (P), segundo suas categorias de risco, em
duas comunidades cotonícolas (C
1
, C
2
), Cáceres, MT, Brasil, safras 1992-97.
Comunidades e as Expressões de r
1
Facão (C
1
)
Barra Nova (C
2
)
Variáveis (ν
i
), sub-variáveis (ν
i
ou
” ) do fator P
Categoria focada(c
f
) ou de maior risco-
r
1
em cada variável
(em oposição à não-focada(c
ñ
) ou de
menor risco – r
2
; sendo r
1
+ r
2
=total)
Proporções de r
i
em C
1
[
%(n
ri
/n
c1
)]
Relatividade
do risco r
i
em C
1
Proporções de r
i
em C
2
[
%(n
ri
/n
c2
)]
Relatividade
do risco r
i
em C
2
Expressão proporcional
e comparativa
(igual:=;
desigual:
)
Fator Pesticidas usados (P)
ν
7
Diversidade usada (nº)
(***)
21a + 15b -
22
ν
νν
ν
7
:Produtos
comerciais(PC)
ν
7
A base de metil paration
(Folidol, Bravic,
Folisuper)
26,21 (81/309) s
27,73 (142/512) s
=26,83 (223/831)
ν
8
Diversidade usada(nº)
(***)
7a + 5b -
7
ν
νν
ν
8
:Grupos Químicos(GQ)
ν
8
Não-Piretróides
58,30 (186/319) s
56,25 (288/512) s
=57,03 (474/831)
ν
νν
ν
9
:Categorias de GQ
Sem Piretróides na formulação
51,88(165/318) s
49,11 (251/511) s
=50,18 (416/829)
ν
νν
ν
10
:Pacotes usados (PU)
Mais que 3 produtos comerciais
19,64 (22/112) s
15,95 (30/188) s
=17,33 (52/300)
ν
νν
ν
11
:Ingredientes ativos(IA)
Do GQ fosforados (OFo)
48,45 (157/324) s
46,99 (242/515) s
=47,55 (399/839)
ν
12
Fumigante
35,42 (113/319) s
36,91 (189/512) s
=36,34 (302/831)
ν
νν
ν
12
:Modos de ação(MA)
ν
12
Sistêmica
25,07 (80/319) s
21,28 (109/512) s
=22,74 (189/831)
ν
νν
ν
13
:Classes Toxicológicas(CT)
(*)
Altamente tóxicos (CT-I)
(*)
59,11 (188/318) a + 51,46 (263/511)b -
54,40 (451/829)
ν
νν
ν
14
:Classes de Periculosidade
Ambiental (PPA)
Altamente Perigosos (PPA- I)
33,44 (104/311)s
39,80 (205/515)s
=37,40 (309/826)
Expressões relativas das categorias r
1
nas 8 variáveis do fator “P
3a; 8s
3(+);8()
3b; 8s
3(-);8() 8(=);3()
> Risco (r
1
)
41,20 (1096/2660)s
40,08(1717/4283)s
=40,51(2813/6943)
Soma dos casos no fator P
(χ
2
=0,845;GL=1; n=6943; α=0,357)
< Risco(r
2
)
58,80 (1564/2660)s
59,92(2566/4283)s
=59,48(4130/6943)
OBS.: Relatividade qualitativa das proporções ou expressões em pauta: semelhante [s ou ]; maior [a ou +]; menor [b ou -]; Igual [=]; Diferente [];
Significância pelo teste χ
2
: (**): α < 0,01; (*):α < 0,05. (***)-Diferença numérica absoluta nas comunidades na categoria “diversidade usada” da variável em questão.
64
3.2.2 - Grupos químicos
Nas duas comunidades (C
1
e C
2
) em seis safras (1992-97), identificou-
se o uso de produtos pertencentes aos grupos químicos (GQ) organo sintéticos
fosforados (OFo: 48,0 %), piretróides (OPi: 42,9 %), mistura de clorofosforado e
piretróide (OClFo+OPi: 6,7 %), carbamatos (OCa: 1,8 %), clorofosforados (OClFo:
0,1 %), clorados (OCl: 0,1 %) e outros não praguicidas (Ou: 0,2 %) (TAB. 3.2).
Porém, na comunidade C
2
houve o uso de apenas quatro grupos
químicos praguicidas, enquanto em C
1
usou seis grupos, inclusive, um clorado.
Os clorados, pelas razões de sua proibição, expõem os agricultores a
um risco mais elevado que os não clorados em uso. Além disso o uso de um maior
número de grupos químicos de pesticidas requer, concomitantemente, um preparo
mais ampliado para garantir o uso correto. Assume-se, porém, que a diversificação
de treinamentos concorre para aumentar o risco (R
CDPAH
/Gqui). Assim sendo esta
variável constitui-se em um indicador de risco.
Considerando, então, o uso de clorados e uma maior diversidade de
grupos químicos de pesticidas em C
1
pode-se sugerir que nesta comunidade o nível de
risco (R
CDPAH
/Gqui: C
1
> C
2
) deva ter sido maior que em C
2
, no período estudado
(1992-97) (TAB. 3.3ν
νν
ν
8’
). Entretanto, em outros períodos (década de 1980) estudos
mostram que pesticidas do grupo dos clorados também eram usados em C
2
(RIEDER,
1983), e NUNES et al.(2002) encontraram em sedimentos coletados na foz, com o rio
Paraguai, de rios que recebem águas destas áreas produtoras de algodão.
3.2.3 - Categorização de grupos químicos com e sem piretróides ou
fosforados
As freqüências observadas das categorias de grupos químicos (TAB.
3.3ν
νν
ν
8 “,
ν
νν
ν
9 e
ν
νν
ν
11
) identificados como sem (50,2 %) e com piretróide-OPi (49,8 %)”,
não diferiram (α<0,05) das esperadas equiprováveis nas duas comunidades. E as
freqüências das categorias fosforados-OFo (47,5 %) e não fosforados (52,5 %)”,
também não diferiram (α > 0,05).
Na cotonicultura das duas comunidades (C
1
; C
2
), juntando as seis
safras (1992-97), predominou o uso de princípios ativos de pesticidas à base de OFo
(47,55 %) e de OPi (49,82 %) (TAB. 3.3ν
νν
ν
9 e
ν
νν
ν
11
).
A dinâmica de adoção de OPi e de OFo foi complementar, ou seja, nas
safras em que eram acrescidos piretróides, diminuía-se a adoção de fosforados e,
vice-versa (TAB. 3.2). Os produtos com OPi apresentaram uma preferência
crescente de adoção de 1992 (41,7 %) até 1995 (57,9 %) e depois experimentaram
um declínio até o último ano estudado - 1997 (46,5 %). Já os OFo apresentaram um
decréscimo de adoção entre os anos de 1992 (58,2 %) e 1995 (39,1 %) com
pequena recuperação nos dois anos seguintes (1997: 43,5 %).
Apesar da semelhança entre as duas comunidades (C
1
; C
2
) no que se
refere aos percentuais de adoção nas duas categorias (com e sem, ou presença e
ausência) de ambos nas junções de grupos químicos (OPi e OFo), o nível de risco
devido estas categorias químicas (R
CDPAH
/
catqui
: C
1
= C
2
; Safras 92 e 93 > 95) não se
mantive semelhante ao longo das seis safras, podendo-se sugerir que assumiu os
valores mais elevados nas safras de 1992-93 e o valor mais baixo em 1995,
oportunidades em que, percentualmente, ocorreu a adoção de maiores e menores
quantias de pesticidas do OFo, respectivamente. Assumindo-se que o OFo tem um
potencial maior, em relação ao OPi, de causar danos ambientais e à saúde nos
casos de contaminação, atribuiu-se um risco relativo maior ao OFo. Segundo
NARVAEZ VALDEZ (1995), o maior risco de intoxicação aguda ou crônica do OFo
ocorre nos países do terceiro mundo, constituindo um problema de saúde pública e,
65
sendo as suas morbidade e mortalidade sub-notificadas. Além dos efeitos bem
difundidos, alguns OFo o capazes de promover a neurotoxicidade retardada
induzida, em razão da inibição das estereases suscetível a neurotoxicante.
3.2.4 - Pacotes de pesticidas adotados
No ciclo da lavoura de algodão os agricultores podem estar usando um
ou vários produtos pesticidas (pacotes) em face da época, do ciclo da planta, das
pragas existentes e devido a critérios próprios, inclusive os não recomendados.
Nas safras de 1992-97 constatou-se que apenas no último ano (1997)
não houve tendência de crescimento da freqüência do uso de pacotes com mais de
três produtos em contraste aos pacotes com menos de três produtos (TAB. 3.4ν
νν
ν
10
).
Foram encontrados pacotes variados (1 até 6 produtos). Entretanto,
prevaleceram pacotes com até três produtos (82,7 %), sendo as freqüências
esperadas e observadas de adoção discordantes entre safras (χ
2
, α <0,05), e
concordantes nas duas comunidades (χ
2
, α > 0,05) (TAB. 3.3ν
νν
ν
10
; TAB. 3.4ν
νν
ν
10
).
Assume-se que quanto maior o número de produtos pesticidas usados,
reduz-se a possibilidade do uso correto e, portanto, haveria maior exposição e risco.
Então a variável “pacotes...” constitui-se também em um indicador de risco.
Um estudo de RIEDER (1994b) no município de Cáceres (MT), safras
de 1992 a 1994, indicou o uso de dezenas de distintos pacotes de pesticidas, cuja
diversidade foi se ampliando de uma safra para a seguinte, mas predominando
pacotes de três e, em seguida, de dois produtos. No presente estudo, houve o uso
de pacotes com até seis distintos produtos pesticidas, mas a distribuição das
categorias de pacotes ( 3 ou > 3 produtos) foi semelhante nas duas comunidades,
mas não nas safras. Isto leva a crer que esta variável deve ter exercido efeito, sobre
o nível de risco em pauta (R
CDPAH
/
pac
: C
1
= C
2
), semelhante nas duas comunidades,
mas distinto entre safra(R
CDPAH
/pac: entre safras).
TABELA 3.4 - Expressão de categorias focadas (c
f
) ou de maior risco (r
1
) de
variáveis do fator P(Pesticidas) diante de uma atividade pesticida-dependente, em
duas comunidades cotonícolas (C
1
, C
2
), Cáceres, MT, Brasil, safras 1992-97.
Safras agrícolas
(Freqüência observada na safra - % e
sinal de tendência da variação em relação ao ano anterior)
Variáveis do fator P
Categorias
focadas(c
f
) ou de
maior risco(r
1
)
1992 1993 1994 1995 1996 1997
Geral
Fator P- Pesticidas usados”(α=0,0008)
(**)
ν
10
: Pacotes adotados
(**)
Mais que 3
produtos
comerciais
2,7
2,1
16,9
26,0
29,2
19,4
17,3
(52/300)
ν
13
:
Classes
Toxicológicas
(*)
Altamente tóxicos
(CT-I)
59,3
61,2
56,7
43,4
53,3
62,6
54,3
(451/830)
ν
14
:
Classes Potencial
Periculosidade Ambiental
(**)
Altamente perigosos
(PPA-I)
49,5
50,0
42,2
25,6
32,6
35,4
37,3
(307/822)
100 129 177 165 135 104 810
r
1
:Maior
risco
%
45,66 46,57 44,69 33,26 40,90 44,44 41,49
119 148 219 331 195 130 1142
r
2
:Menor
risco
%
54,33 53,43 55,30 66,73 59,09 55,55 58,50
Total geral
(
r
1
1995=33,26 % <
r
1
1992,1993,1994,1996,1997:
40,90 a 46,57 %; n=1952;
χ
2
=20,898; GL=5;α=0,0008)
(**)
Total de casos (Σ n)
219 277 396 496 1263 833 1952
Obs: Nas variáveis assinaladas com asteriscos (** ou *), as freqüências observadas discordam das esperadas (Teste χ
2
, α <0,01
**
ou 0,05
*
).
Sinais usados: : Tendência ascendente em relação ao dado do ano anterior; : Tendência descendente em relação ao dado do ano anterior;
: Ascendência em relação ao ano anterior, em distribuição não concordante entre freqüências observadas e esperadas;
: Descendência em
relação ao ano anterior, em distribuição não concordante entre freqüências observadas e esperadas;
: Invariabilidade em relação ao ano
anterior.
3.2.5 - Ingredientes ativos (i.a.)
Como foi expressa antes, a diversidade de i.a.”, devido às suas
66
diferentes características, afeta o risco. Deste modo, essa variável constitui-se em
um indicador de risco.
No decorrer de seis safras agrícolas (1992-97) foram usadas, no geral,
quinze i.a.: 4 OFo, 6 OPi, 1 mistura de OClFo + OPi, 2 OCa, 1 OClFo e 1 OCl. A
comunidade C
1
usou 14 i.a.”, enquanto a de C
2
apenas 12 i.a.”. O uso de um maior
número de i.a.”, inclusive com a presença de um clorado (cujo uso agrícola está
proibido) em C
1
, sugere que o risco devido a variável ingredientes ativos” utilizados
(R
CDPAH
/ia: C
1
> C
2
), tenha sido maior na comunidade C
1
que na C
2
(TAB. 3.2; TAB.
3.3ν
νν
ν
11
).
Dos piretróides, o deltametrina e o cipermetrina foram menos usados
(χ
2
; α < 0,05) em C
1
(31,35 %) que em relação a C
2
(43,36 %), enquanto que, dos
fosforados, o metamidofós e o metil paration tiveram adoção semelhante (χ
2
; α >
0,05) em ambas as comunidades ( 45,37 %).
Outros estudos também indicam, na cotonicultura de MT, em safras
pretéritas, o uso de numerosos i.a.” de pesticidas (RIEDER, 1983; RIEDER, 1991).
3.2.6 - Modo de ação
Os pesticidas usados (TAB. 3.2), apresentaram produtos que agem
por: (a) contato e ingestão; (b) contato, ingestão e fumigação; (c) contato, ingestão,
fumigação e profundidade; (d) contato e sistêmico; (e) contato, ingestão e sistêmico;
(f) contato, fumigação e sistêmico; (g) contato, ingestão e repelência e; (h)
repelência. Ao serem categorizados em sistêmicos-AS e o sistêmicos-NS ou em
fumigantes-AF e não fumigantes-NF, constatou-se que as freqüências observadas e
esperadas foram concordantes (χ
2
; α > 0,05) nas duas comunidades (TAB. 3.3ν
νν
ν
12’ e
ν
νν
ν
12”
). O modo de ação dos pesticidas constitui-se em um indicador de risco. O uso
mais intenso de produtos AS e AF, assume-se que induzem a um maior risco que
seus simétricos.
Em face disto, pode-se assumir que esta variável contribuiu de forma
semelhante, nas duas comunidades nos níveis de risco (R
CDPAH
/mac: C
1
= C
2
).
Contudo, a ação combinada de, pelo menos, contato e ingestão prevaleceu em mais
de ¾ dos produtos pesticidas usados. Dos produtos pesticidas recomendados pelas
diretrizes técnicas, publicadas entre 1977-85, para algodão em MT, 31 % dos
mesmos também possuíam ação sistêmica (RIEDER, 1990).
3.2.7 - Classes Toxicológicas (CT)
As freqüências esperadas equiprováveis foram discordantes (χ
2
; α <
0,05) das observadas nas CT ao longo de seis safras (1992-97) em C
1
, C
2
e no
Geral (TAB. 3.3ν
νν
ν
13
; TAB. 3.4ν
νν
ν
13
).
Os pesticidas adotados, ao longo de seis safras (1992-97), se
enquadraram na CT I e II, tanto em C
1
(I: 59,1 % ; II: 40,9 %) como na de C
2
(I: 51,5
% ; II:48,5 %). Mais da metade dos pesticidas adotados pertenceu à CT I (C
1
: 59,1
%; Geral: 54,3 %; C
2
: 51,5 %). Nas seis safras (1992-97), a CT I foi a mais
predominantemente usada, com exceção em 1995 quando prevaleceu ligeiramente
(56,6 %) a CT II. O ano de 1995 expressou inversão de tendências, ocasião em que
houve, em ambas as comunidades, pique de opção por pesticidas da CT II em
substituição aos da CT I. Nos dois anos seguintes (1996-97) houve um retorno a
pesticidas da CT I em troca dos da CT II. Como as CT expressam potencial biocida
(mortandade e morbidade), esta variável constitui-se em um importante indicador de
risco.
Considerando que os pesticidas da CT I oferecem um risco maior que
os da classe II, assume-se que esse risco (R
CDPAH
/CT: C
1
> C
2
) foi maior no C
1
que
em C
2
. Portanto, o agricultor deve ser orientado quanto aos cuidados gerais e
67
específicos a adotar diante de pesticidas das várias CT, o que deve acontecer,
inicialmente, na instrução do receituário agronômico, conforme enfatiza SALAZAR
CAVERO (1998).
3.2.8 - Classes de Potencial de Periculosidade Ambiental (PPA)
Nenhum dos produtos pesticidas usados, nas duas comunidades
durante as safras de 1992 a 1997 se enquadrou nas classes de PPA III (Perigoso) e
IV(Pouco Perigoso). Mas, 37,4 % e 62,6 % dos mesmos pertenciam às classes de
PPA I (Altamente Perigoso) e II (Muito Perigoso), respectivamente (TAB. 3.3ν
νν
ν
14
;
TAB. 3.4ν
νν
ν
14
). A proporção dos pesticidas usados destas duas classes foi semelhante
(χ
2
= 3,264; GL= 1; α > 0,05) nas duas comunidades, mas não a foi ao longo das
seis safras consideradas, havendo proporção significavamente maior que a
esperada (χ
2
= 29,118; GL= 5; α < 0,05) de uso da classe de PPA I em 1992 (49,5
%) e 1993 (50,5 %), e menor em 1995 (25,6 %). A predominância de pesticidas da
classe de PPA II também se confirmou num estudo de pesticidas usados em 24
municípios inseridos na bacia hidrográfica do Alto Pantanal, em duas safras (1999 e
2000) havendo também alteração significante na proporção das classes de PPA de
um ano para outro (RIEDER et al., 2004). Esta variável se constitui em um
importante indicador de risco (R
CDPAH
/PPA), pois sinaliza o perigo em potencial que
quando determinado produto químico é usado. Quanto maior o número de
pesticidas mais perigosos em uso, maior será o risco e, portanto, no presente estudo
nas comunidades (R
CDPAH
/PPA: C
1
= C
2
) foram assumidos valores semelhantes de
risco, mas nas safras, não (R
CDPAH
/PPA: Safras 92 e 93 > 94, 95, 96 e 97; Safra 95 <
94, 96 e 97).
3.3 - O AMBIENTE DAS ÁREAS DE ESTUDO
3.3.1 - Área da propriedade
Em C
1
predominaram (83,18 %) áreas não maiores que 5 ha e não
havia propriedades com área superior a 50 ha, enquanto que em C
2
prevaleceram
áreas entre 5 e 25 ha (TAB. 3.5ν
νν
ν
15
). Ao todo, constata-se que 75 % das
propriedades não superam, individualmente, 25 ha e, em cada oito ocorre apenas
uma propriedade (12,3 %) com área maior que 50 ha. As áreas dias das
propriedades ao longo das seis safras de algodão (1992-97) não diferiram
significativamente (α > 0,05), mas a dia de C
1
(4,6 ha) foi menor (α < 0,05) que a
de C
2
(34,2 ha), em qualquer safra considerada. Assume-se, em geral, que o
aumento da área de propriedades rural permite ampliar, dispersar e diversificar as
atividades rurais. Isto facilita a implantação de esquemas de cultivos em rotação,
incluindo pousios. Quando as atividades agrícolas são dependentes de pesticidas, o
risco de contaminação também se expande dentro da propriedade, mas a freqüência
da contaminação pode se apresentar mais reduzida quando do uso de rodízios que
incluem atividades menos dependentes de pesticidas e de pousios intercalados.
Acredita-se, desta maneira, que os danos decorrentes do uso de pesticidas sejam
menos drásticos e mais recuperáveis em áreas maiores, quando não haja um
crescimento, na mesma razão, das áreas dependentes de pesticidas. Áreas
diminutas induzem a intensificação de uso do espaço territorial e de recursos
tecnológicos, assim como torna mais próximas as distâncias entre as atividades e
entre estas, o próprio ambiente doméstico. Quando se trata de atividades
dependentes de pesticidas, haverá então o uso mais intenso e freqüente de
pesticidas no espaço territorial e, pela proximidade das parcelas, e do meio
doméstico, o risco devido a esta variável (R
CDPAH
/área) é maior e mais contínuo
68
TABELA 3.5 - Expressão proporcional de variáveis consideradas no fator Ambiente (A), segundo suas categorias de risco, em
duas comunidades cotonícolas (C
1
, C
2
), Cáceres, MT, Brasil, safras 1992-97.
Comunidades e as Expressões de r
1
Facão (C
1
) Barra Nova (C
2
)
Fatores e Variáveis(ν
i
)
Categoria focada(c
f
) ou de maior risco-
r
1
em cada variável
(em oposição à não-focada(c
ñ
) ou de
menor risco – r
2
; sendo r
1
+ r
2
=total)
Proporções de r
i
em C
1
[
%(n
ri
/n
c1
)]
Relatividade
do risco r
i
em C
1
Proporções de r
i
em C
2
[
%(n
ri
/n
c2
)]
Relatividade
do risco r
i
em C
2
Expressão proporcional e
comparativa
(igual:=;
desigual:
)
Fator Ambiente alvo(A)
ν
15
:Área da propriedade
(**)
a 5 ha 83,18 (94/113)a + 7,40 (14/189) b - 35,76 (108/302)
ν
16
:Vegetação
(**)
Natural menos conservada 46,90(53/113) b - 80,42(152/189) a + 67,88(205/302)
ν
17
:Relevo
(**)
Mais acidentado 87,61 (99/113) a + 18,51(35/189) b - 44,37(134/302)
ν
18
:Aspectos hídricos
(**)
Águas mais próximas das
aplicações
5,30 (6/113) b - 64,55(122/189)a + 42,38(128/302)
ν
19
:Clima
Aw
1
e lavouras < protegidas do
vento
72,56 (82/113) s 76,19 (144/189)s =74,83(226/302)
ν
20
:Solos
(**)
C/ < poder de adsorção(< MO e
<Arg)
9,73 (11/113) b - 80,42(152/189)a + 53,97 (163/302)
ν
21
:Fauna
(**)
Mais diversa e mais não-alvos 38,93 (44/113) b - 85,71(162/189)a + 68,21 (206/302)
Expressões relativas das categorias r
1
nas 7 variáveis do fator “A 2a; 4b 1s
2(+);
4(-);1()
4a 2b; 1s
4(+);
2(-);1()
1(=);6()
> Risco (r
1
) 49,17 (389/791)b 59,03(781/1323)a 55,34(1170/2114)
Soma dos casos no fator A
(**)
(χ
2
=19,450; GL=1; n=2114; α=0,000)
< Risco(r
2
) 50,82(402/791)a 40,96(542/1323)b
44,65(944/2114)
OBS Relatividade qualitativa das proporções ou expressões em pauta: semelhante [s ou ]; maior [a ou +]; menor [b ou -]; Igual [=]; Diferente [];
Significância pelo teste χ
2
: (**): α < 0,01; (*):α < 0,05.
69
em pequenas, em relação a médias e grandes propriedades, desde que estas
últimas não estejam dominadas de lavouras dependentes de pesticidas. Assim, essa
variável constitui-se em um indicador de risco. A distribuição das áreas de
propriedades (Área_C
1
< Área_C
2
) associada a esta linha de raciocínio leva a
sugerir que, em C
1
, o risco (R
CDPAH
/área: C
1
> C
2
) tenha sido maior que em C
2.
Entretanto, as duas comunidades estudadas são de cotonicultura de pequenos
agricultores utilizando, predominantemente, a força familiar braçal e animal, distinta
da situação dia encontrada pela EMBRAPA (1997) e dos dados recentes
disponibilizados pelo IBGE (2004), em que predominam grandes áreas e cada vez
menos a força braçal.
3.3.2 - Vegetação
Em C
1
, entre os anos de 1992-97, a vegetação natural arbórea inicial
nos lotes de terra dos produtores estava removida quase que completamente,
dando lugar para espécies cultivadas. Embora as ervas consideradas daninhas
marcassem presença intensa e bastante diversificada no período chuvoso e de
cultivo, a composição original foi alterada drasticamente, pela retirada de espécies
naturais e também pela introdução de exóticas (cultivadas e daninhas).
Na comunidade C
2
, no início do período de estudo (1992) havia pouca
cobertura vegetal arbórea nativa remanescente. Entretanto, pelas descrições em
RIEDER (1995), a vegetação nativa original predominante na comunidade C
2
se
assemelhava à da mencionada em C
1
. Porém, algumas distinções podiam ser
identificadas, como a presença de áreas tendendo a cerrado com o afastamento
pela margem direita do córrego Caramujo, e de vegetação tendendo à do Pantanal,
nas proximidades do córrego citado. Áreas antropizadas tinham uso agrícola similar
à de C
1
mas com presença mais freqüente de pastagens (Brachyaria sp.).
O processo de remoção completa da vegetação arbórea na
comunidade C
2
foi anterior à de C
1
, confirmado em EMATER-MT (1983a) e em
MATO GROSSO (1990). Este fato, no período estudado (1992-97) pode ter
proporcionado uma redução mais drástica, em C
2
, da população de inimigos naturais
das pragas que atacam as lavouras de algodão que, por sua vez, induzem o uso de
pesticidas. Além disto, em C
1
, entre 1992-97, áreas de vegetação nativa intactas
estavam mais próximas das lavouras que as de C
2.
Portanto, a vegetação nativa
disponível e acessível próximas a lavouras (Veg_C
1
> Veg_C
2
), deve alojar melhor e
mais predadores de pragas, controlando-as melhor e, por conseguinte requerendo
menos aplicações de pesticidas, nas situações em que esta relação se confirma
(TAB. 3.5ν
νν
ν
16
). Assim, assume-se que, em C
1
, a variável “vegetação” concorreu para
proporcionar menor risco (R
CDPAH
/
veg
: C
1
< C
2
) que em C
2
. Por isto, assume-se que
esta variável constitui um indicador de risco quando do uso de pesticidas.
3.3.3 - Aspectos do relevo das comunidades
Em C
2
, entre 1992-97, havia mais lavouras de algodão em terrenos
com menor declividade (planos e levemente ondulados) que em relação às de C
1
.
Em C
1
os lotes estavam situados numa vertente com declividade média situada
entre 2 % e 3 %
Diante da maior declividade encontrada (BRASIL, 1982; EMBRAPA,
1982; MATO GROSSO, 1990; RIEDER, 1995), o relevo em C
1
deixa suas áreas
mais vulneráveis ao arraste superficial de partículas contaminadas por pesticidas.
Por isto, teria havido, em C
1
, uma ação erosiva mais intensa e disseminadora de
poluentes para as superfícies vizinhas. Por outro lado, o relevo mais acentuado teria
desfavorecido o arraste vertical do poluente (para dentro do perfil do solo).
Considerando que a maior parte dos resíduos de pesticidas é adsorvida na camada
70
mais superficial do solo e, sendo esta, a primeira a ser erodida e, devido o processo
erosivo ser afetado pelo relevo, assume-se que esta variável (rel = ν
νν
ν
17
) é um
indicador de risco. Assim, devido às características de ν
νν
ν
17
o risco (R
CDPAH
/rel: C
1
>
C
2
) foi maior em C
1
que em C
2
(TAB. 3.5ν
νν
ν
17
). O risco de contaminação do ambiente
pantaneiro, em face do exercício de atividades dependentes de pesticidas à sua
montante, é também discutido por AB’SABER (1978) e RESENDE et al. (1994).
3.3.4 - Recursos hídricos
Em C
1
existem dois córregos, de água salobra (com gosto de sal), entre
os quais está situada a colonização I do Projeto de Assentamento. Também são
utilizadas fontes de água subterrânea (poços de até 25 m de profundidade). São
poucos os poços constituídos de água não salobra. Um poço semi - artesiano,
também de água salobra, complementa o atendimento de demandas de consumo
doméstico.
Em C
2
, o córrego do Caramujo é a fonte mais volumosa de água
disponível aos agricultores, estando o mesmo situado na base da vertente das terras
daquela comunidade. Existem também duas importantes várzeas e olhos d’água, as
quais, transversalmente ao sentido longitudinal da comunidade, drenam suas águas
para o córrego Caramujo. Os agricultores também utilizam águas subterrâneas
através de poços por eles perfurados, cujo nível das águas se aproxima, com o
passar dos anos, da superfície do solo. A profundidade do nível da água nos poços
é variável desde além de 20 m até a superfície. o foi mencionada e nem
encontrada a existência de águas salobras, de qualquer fonte utilizada nesta
comunidade. A distribuição e intensidade de chuvas em ambas as comunidades
acredita-se ser semelhante aos registros efetuados no Posto Meteorológico de
Cáceres.
Assume-se que as características dos recursos hídricos, existentes e
utilizados em atividades dependentes de pesticidas constituem uma variável
indicadora de risco.
Pesticidas aplicados sobre o solo podem ser hidromobilizados,
atingindo rios, lagos ou percorrer o perfil de solos atingindo águas subterrâneas
(ALVES, 1998).
Por um lado, em C
1
as águas utilizadas para o preparo de caldas de
pesticidas derivam de fontes salobras, conforme constatado por extensionístas
rurais por ocasião da implantação do Projeto de Irrigação da Colonização do C
1
(MATO GROSSO, 1990). Porém, em C
2
as águas são aparentemente doces,
segundo constatações rotineiras pessoais verificadas, adicionadas a relatos dos
agricultores locais, desde a década de 1970. Assumindo-se que a salobridade
relativa maior seja um indicador de alcalinidade também mais elevada, então as
águas de C
1
teriam um poder maior de neutralização, desativação de pesticidas e de
seus resíduos, inclusive podendo afetar a eficácia durante as próprias aplicações de
pesticidas nas lavouras. A literatura cita os meios alcalinos como incompatíveis com
maioria dos pesticidas (SALAZAR CAVERO, 1998), inclusive os usados na
cotonicultura local. Entretanto, a aproximação do lençol de água à superfície do solo
de algumas lavouras, em períodos mais chuvosos, em C
2
, pode estar favorecendo a
contaminação (por resíduos de pesticidas) de águas subterrâneas. Nesta linha de
discussão as águas salobras concorrem para que na comunidade C
1
haja,
provavelmente, um menor risco de impactos negativos sobre a saúde e ao ambiente
atribuível ao fator água, (R
CDPAH
/
hid
: C
1
< C
2
), mas, em compensação, deve haver
menor eficácia com os tratamentos fitossanitários, em relação a C
2
, o que poderia
justificar uso de maiores dosagens e maior número de tratamentos. De modo
71
semelhante, considerando a proximidade das águas subterrâneas em relação à
superfície do solo das lavouras, em C
1
o risco de contaminação em profundidade
também deve ter sido menor que em C
2
(R
CDPAH
/hid: C
1
< C
2
) (TAB. 3.5ν
νν
ν
18
). A
elevação do lençol de águas subterrâneas, a formação e o aumento do nível de
lagoas, com o tempo de utilização antrópica, das áreas de C
2
é abordada por
COUTO & SANDANIELO (1995) e RIEDER(1999).
3.3.5 - Condições climáticas
Dados de temperatura e precipitação pluviométrica registrada em
Cáceres no período de 1992-97 confirmam o tipo climático Aw
i
. Apesar de não se
possuir registros de séries de dados meteorológicas especificamente nas duas
comunidades estudadas, com base na vivência na área desde 1974 e associado às
informações dos moradores mais antigos das duas localidades, assume-se que a
condição climática em C
1
e em C
2
é semelhante àquela registrada em Cáceres (TAB.
3.5ν
νν
ν
19
).
Razão pela qual não deve ter havido efeito diferenciado, nas duas
comunidades, da variável climática sobre o risco (R
CDPAH
/cli: C
1
= C
2
). Eventos
climáticos como chuvas e a temperaturas podem afetar o processo de adsorção e
dessorção de pesticidas no solo (STEINDORFF, 1973). Entretanto, a boa
penetração luminosa no dossel, as temperaturas relativamente altas e a manutenção
de elevada umidade na superfície do solo na primeira metade do ciclo da cultura nas
lavouras das duas comunidades, oferecem uma condição favorável a um processo
mais acentuado de degradação de resíduos de pesticidas quando comparado com
regiões ou épocas mais frias, menos úmidas ou menos chuvosas e com dossel mais
fechado com menor penetração luminosa.
Acredita-se, então, que na presente condição tropical, o processo de
degradação de resíduos de pesticidas lançados no ambiente deva ser mais
acentuado que em ambiente de clima subtropical ou temperado. Entretanto,
considerando-se a existência, durante o ciclo da cultura, de uma primeira metade
mais chuvosa, com temperaturas mais elevadas e com melhor iluminação e uma
segunda metade com queda de temperatura, de chuvas e de luminosidade no
ambiente das lavouras, o processo de degradação de resíduos de pesticidas
lançados pela atividade cotonícola provavelmente se desacelera da primeira para a
última aplicação de pesticidas. As últimas aplicações praticamente se o em
condições de ausência de chuvas e com superfície de solo seco. Estudos de
RAJENDRAN & SUBRAMANIAN (1997), desenvolvidos na Índia, sugerem que o
destino ambiental de pesticidas (em especial clorados) em situação tropical é
fortemente determinado pelas condições climáticas reinantes. Assim, esta variável
constitui um importante indicador de risco (sazonal e espacial).
3.3.6 - Solos e alguns de seus atributos
Em C
1
podem ser encontrados Neossolos, Gleissolos, Alissolos e
Latossolos. Na área da colonização I da comunidade, foi encontrado o predomínio
de Latossolos com horizontes C profundos (> 20 m), enquanto, na colonização II da
C
1
os solos são mais rasos e mais pobres no que se refere à fertilidade.
Na comunidade C
2
, conforme RIEDER (1995), os solos descritos na
área de estudo são Argissolos, Neossolos, Latossolos. Os teores de argila nos perfis
destes três solos situaram-se, respectivamente, na faixa de 59-68 g dm
-3
, 55-110 g
dm
-3
e 70-120 g dm
-3
.
Atributos e/ou características de solos constituem-se em importantes
indicadores de risco nas situações de uso de pesticidas, pois o principal destino final
de seus resíduos e os processos envolvidos se dá nesta matriz.
72
No que se refere ao nível de risco atribuído a variável solo
(NR
CDPAH
/solo) na camada de 0-20 cm do perfil, assume-se, como importantes
componentes os teores de areia total (areia fina + areia grossa: mais areia, maior o
risco), matéria orgânica (maior teor, menor o risco), magnésio trocável (maior teor,
menor o risco), lcio trocável (maior teor, menor o risco), hidrogênio trocável (maior
teor, menor o risco), a faixa de pH (maior alcalinidade, menor o risco), a porosidade
total (maior porosidade, maior a infiltração, maior o risco de contaminação de águas
subterrâneas) e a profundidade do perfil de solos (maior profundidade, maior a
dispersão da concentração do contaminante, mas maior é a abrangência da
contaminação) e o nível de água nos poços (menor a profundidade e maior a
flutuação estacional, maior o risco de contaminação de águas subterrâneas) de
consumo doméstico nas duas estações do ano (período chuvoso e de estiagens).
Segundo ALVES (1998), várias podem ser as fontes de entrada de pesticidas no
ambiente e também as suas rotas, podendo ser movimentadas, a partir de
deposições no solo, para locais distantes de sua aplicação.
Vários são os componentes de solo que afetam a mobilização e a
atividade de um pesticida ingressado nessa matriz. Assim, pode-se sugerir que os
valores encontrados (TAB. 3.6), para as variáveis areia total, matéria orgânica, pH
em água, magnésio trocável, cálcio trocável, a profundidade do perfil de solos e o
nível da água de poços são, por si só, indicadores do nível de risco que resultam no
chamado risco devido ao solo (NR
CDPAH
/solo). Diante da expressão destas
características, assume-se que os solos se apresentaram mais vulneráveis ao
impacto negativo com os pesticidas usados na comunidade C
2
que em C
1
(TAB.
3.5ν
νν
ν
20
). Entretanto, em C
1
a contribuição do hidrogênio trocável e a porosidade total
devem ter favorecido mais o risco que em C
2
. Considerando o número de
características dos solos com expressões não semelhantes entre as comunidades,
assume-se o nível de risco devido ao solo (NR
CDPAH
/solo:C
2
> C
1
) foi maior em C
2
que no C
1
.
3.3.7 - Impacto sobre a fauna
A fauna silvestre encontrada em C
1
, antes da remoção completa da
vegetação (Ex.: paca, tatu, cutia, anta, macacos, tamanduá, papagaios, tucanos,
araras, peixes em dois córregos vizinhos), foi alterada com as atividades antrópicas
locais, surgindo populações prevalecentes de outras espécies (ratos, raposas,
cobras, aves predadoras, animais e insetos predadores e pragas e, presença pouco
freqüente dos animais antes citados). Os animais domésticos constituem-se de
caninos, felinos, aves - galináceos, suínos, poucos bovinos e poucos eqüinos ou
muares.
Com a substituição dos ecossistemas complexos e equilibrados por
outros mais simplificados e instáveis (criações e cultivos agrícolas) a fauna
associada também se alterou. Pragas das plantas cultivadas e das criações, assim
como os predadores das mesmas também se instalaram ou alteraram a dinâmica de
flutuações da densidade populacional, como eram de se esperar. Na tentativa de
controlar as pragas, o homem passa a impactar este novo ecossistema com
pesticidas, no caso em foco, nas lavouras de algodão.
A situação descrita em C
2
é semelhante à de C
1
, com exceção de
presença maior de representantes da fauna que utilizam o ambiente aquático -
córrego Caramujo, várzeas inundáveis e nascentes de água (aves, répteis, anfíbios
e peixes). Ainda, na comunidade C
2
algumas famílias de agricultores estão
introduzindo a apicultura. Em C
2
um contingente populacional bem mais
numeroso de bovinos (misto e leiteiro) que no C
1
.
73
TABELA 3.6 - Resultados de análises química e física de amostras de solos coletadas na camada arável (0-20 cm) em
estabelecimentos rurais de duas comunidades cotonícolas (C
1
, C
2
), Cáceres, MT, Brasil, 1998.
Variáveis Comunidade do Facão (C
1
) Comunidade de Barra Nova (C
2
)
(3)
Nome Unidade Solos da
comunidade
(1)
Latossolos
(2)
Argissolos Neossolos Latossolo
Faixa
%
Estabel.
agrícolas
Amplitude e
Amplitude e Média
Amplitude e Amplitude e
Matéria Orgânica g.dm
-
3
20-50 >80 39-57 (49) 30-90 (60) 21-38 (34) 31-47 (45)
Argila g.dm
-
3
20-30 71 40-280(160) 59-68 (63) 55-111 (79) 70-124 (98)
Porosidade total dm
3
.dm
-
3
0,50-0,71
100 0,46-0,49 (0,47)
0,38-0,52 (0,44)
0,37-0,47 (0,42)
0,38-0,46 (0,42)
pH em água - > 5,0 100 6,5-7,5(7,0) 6,1-7,1 (6,7) 6,1-6,3 (6,2) 5,8-6,2 (6,1)
H
+
cmol
c
.dm
-
3
> 5,0 63 1,5-2,6(2,1) 1,3-4,2 (2,4) 2,7-3,5 (2,9) 3,6-4,1 (3,8)
Al
+++
cmol
c
.dm
-
3
< 0,7 100 - - - -
K
+
cmol
c
.dm
-
3
< 0,15
63 > 0,15 (0,38) < 0,15 (0,08) < 0,15 (0,12) < 0,15 (0,09)
Mg
++
cmol
c
.dm
-
3
< 2,0 59 1,7-2,8 (2,3) 1,4-2,8 (2,7) 0,3-1,9 (1,5) 0,6-1,7 (1,4)
Ca
++
cmol
c
.dm
-
3
> 5,0 85 6,0-9,5 (7,3) 5,5-13,5 (7,6) 3,4-5,7 (4,2) 5,2-7,6 (6,1)
P - disponível
mg.kg
-
1
< 9,5 100 20-51 (34,4) 3,7-121 (6,8) 1,6-8,9 (4,9) 1,9-9,4 (5,3)
Obs.:
(1)
- Resultados analíticos apresentados e obtidos em RIEDER et al. (1990);
(2)
- Resultados obtidos no presente estudo;
(3)
- Resultados analíticos apresentados e obtidos em RIEDER (1995).
74
Embora os pesticidas tenham sido desenvolvidos para auxiliar o
homem, podem provocar drástico impacto no ambiente e na saúde humana, além de
danos sobre outros mamíferos, peixes, pássaros, microorganismos, abelhas e outros
insetos não alvos (MADHUN & FREED, 1990). Mesmo com a carência de estudos,
pelo fato de haver em C
2
uma maior densidade populacional de animais domésticos
(bovinos, principalmente), criados nas vizinhanças de lavouras submetidas a
pesticidas, presença de apicultura e fauna aquática mais populosa e próxima dos
ambientes diretamente tratados, assume-se que o uso de pesticidas na comunidade
C
2
concorre para um maior risco (R
CDPAH
/fauna: C
2
> C
1
), em relação à situação do
C
1
(TAB. 3.5ν
νν
ν
21
). Assim, a variável “fauna” (a ser protegida e a interferente direta ou
indiretamente na incidência de pragas, alvos de pesticidas) constitui um indicador de
risco.
3.4 - INTERAÇÃO HOMEM-PESTICIDA-AMBIENTE (H-P-A)
O homem, impulsionado para sobreviver e vencer desafios que a
própria sociedade e o meio lhe impõem, é criativo para intervir no ambiente de forma
progressivamente eficaz ou radical diante de seus objetivos. Entre os instrumentos e
métodos que utiliza para tal estão os pesticidas, objetivando eliminar pestes ou
inimigos biológicos interferentes em suas atividades e ambientes.
3.4.1 - Domínio na atividade
3.4.1.1 - Fonte do saber do agricultor
Constatou-se que os procedimentos aplicados no uso e manejo de
pesticidas deriva de conhecimentos adquiridos por experiência própria ou por
herança, de vizinhos ou amigos, de vendedores de pesticidas, da leitura de bulas e
de técnicos da área fitossanitária. Pois 93,4 % dos cotonicultores não receberam
treinamento específico para trabalhar com pesticidas em cotonicultura. Assim,
restaram apenas 6,6 % de casos em que os operadores tinham recebido algumas
informações cnicas (5,2 % via palestras e 1,4 % via cursos). SIMON (1993)
menciona que a educação e o treinamento de agricultores devem continuar recebendo
especial consideração por parte da indústria de pesticidas. FREIRE et al. (1993)
verificou no MT, em 1993, que 86,67 % dos cotonicultores manifestaram o desejo de
receberem treinamentos, enquanto três anos após a EMBRAPA (1997), verificou que
91,7 % dos agricultores queriam ser treinados e, 83,3 % dos extensionistas que os
atendem, também necessitavam de treinamento.
Mas no presente estudo, ao se considerar a leitura da bula e o
ensinamento de técnicos da área como fonte melhor habilitada e confiável para
transmissão correta do saber sobre uso e manejo de pesticidas, verifica-se que
apenas 15,2 % dos casos se baseiam em tais fontes (TAB. 3.7ν
νν
ν
22
). Assim, 84,8 %
dos casos de uso e manejo de pesticidas têm os procedimentos adotados baseados
em conhecimentos próprios e/ou adquiridos com vizinhos, amigos e/ou com
vendedores de pesticidas, e não em fontes mais habilitadas. Os percentuais
mencionados sobre a origem deste saber não diferiram (χ
2
, α > 0,05) nas duas
comunidades. Com a origem deste saber pode afetar a correção dos procedimentos,
assume-se que esta variável constitui um indicador de risco. Embora o agricultor
consolide e defina a sua ptica (como fazer) com base no exercício repetitivo ou de
tentativas de aproximação, estimulado para acertar a partir do errar (como fazer melhor
observando o próprio fazer e seu resultado), são poucos os agricultores que o
reconhecem a necessidade de receberem treinamentos especializados, de fontes
externas.
75
TABELA 3.7 - Expressão proporcional de variáveis nas interações dos fatores H-P-A, sub-fator Aspectos da cotonicultura local,
segundo suas categorias de risco, em duas comunidades cotonícolas (C
1
, C
2
), Cáceres, MT, Brasil, safras 1992-97.
Comunidades e as Expressões de r
1
Facão (C
1
) Barra Nova (C
2
)
Fatores e Variáveis(ν
i
)
Categoria focada(c
f
) ou de maior risco-
r
1
em cada variável
(em oposição à não-focada(c
ñ
) ou de
menor risco – r
2
; sendo r
1
+ r
2
=total)
Proporções de r
i
em C
1
[
%(n
ri
/n
c1
)]
Relatividade
do risco r
i
em C
1
Proporções de r
i
em C
2
[
%(n
ri
/n
c2
)]
Relatividade
do risco r
i
em
C
2
Expressão proporcional e
comparativa
(igual:=;
desigual:
)
Interação dos fatores
H-P-A
: Sub-fator “Aspectos da cotonicultura local-acl”– Sub-sub fator “Domínio na atividade - dm”
ν
22
:Fonte do saber
Influência predominante de leigos 83,03 (93/112)s 85,95 (153/178) s =84,82 (246/290)
ν
23
:Conceito Pesticida bom
(**)
Entre outros, ser mais persistente 2,67(3/112) b - 23,86(42/176) a + 15,62(45/288)
ν
24
: Vivência
cotonicola
(**)
Menos que a média(<21,3 anos) 67,30 (35/52) a + 47,82(22/46) b - 58,16(57/98)
Expressões relativas das categorias r
1
nestas 3 variáveis
1a; 1b 1s
1(+);1(-);
1()
1a 1b; 1s
1(+);1(-);
1()
1(=);2()
> Risco (r
1
) 47,46(131/276)s
54,25(217/400)s
=51,47(348/676)
Soma dos casos em dm
(χ
2
=3,011; GL=1; n=676; α=0,0827)
< Risco(r
2
) 52,53(145/276)s
45,75(183/400)s
=48,52(328/676)
Sub-sub fator “regime de ocupação das terras-rot”
Expressão relativa da categoria r
1
nesta variável 1s 1() 1s 1() 1(=)
> Risco (r
1
) [Não-proprietários] 31,85(36/113)s
35,97(68/189)s
=34,43 (104/302)
ν
25
:Regime de ocupação
(χ
2
=0,531; GL=1; n=302; α=0,4659)
< Risco(r
2
)[Proprietários] 68,14(77/113)s
64,02 (121/189)s
=65,56 (198/302)
Sub-sub fator “Algumas características do cultivo-acc”
ν
26
:Força
-
instrumentos labor
Predominantemente manual 100,0(113/113)s 100,0 (189/189) s =100,0 (302/302)
ν
27
:Época de se
meadura
(**)
Datas não recomendadas 17,02(16/94) a + 1,12 (1/89) b - 9,28(17/183)
ν
28
: Área plantada
(**)
Maior que a média(>3,29 ha) 13,39 (15/112) b - 51,59(97/188) a + 37,33(112/300)
ν
29
: Colheita do algodão
(**)
Predominantemente manual 100,0(113/113)s 100,0 (189/189) s =100,0 (302/302)
ν
30
: Produção da lavoura
(**)
Maior que a média(>3645 kg) 20,35 (23/113) b Ise 45,40(84/185) a Ise 35,90(107/298)
ν
31
: Produtividade/lavoura
(**)
Maior que a média(>1169,25 kg/ha) 55,75 (63/113) a Ise 40,54(75/185) b Ise 46,30(138/298)
Expressões relativas das categorias r
1
nestas 6 variáveis em acc
2a; 2b 2s
1(+);1(-);
2(); 2(Ise)
2a 2b; 2s
1(+);1(-);
2();2(Ise)
2(=);2(); 2 Ise
> Risco (r
1
) 52,12(343/658) b - 61,95(635/1025) a + 58,11(978/1683)
Soma dos casos em acc
(**)
(χ
2
=15,887; GL=1; n=1683; α=0,000)
< Risco(r
2
) 47,87(315/658) a + 38,04(390/1025) b - 41,88 (705/1683)
Expressões relativas das categorias r
1
com base na soma dos casos de dm +
rot +acc, deste sub-fator acl
3a; 3b 4s
3(+);3(-);
2(); 2(Ise)
3a 3b; 4s
3(+);3(-);
2();2(Ise)
2(=);2(); 2 Ise
> Risco (r
1
) 48,71(510/1047) b - 57,00(920/1614) a + 53,73(1430/2661)
Soma dos casos em acl
(**)
(χ
2
=17,558; GL=1; n=2661; α=0,000)
< Risco(r
2
) 51,28(537/1047) a + 42,99(694/1614) b - 46,26 (1231/2661)
OBS.: Relatividade qualitativa das proporções ou expressões em pauta: semelhante [s ou ]; maior [a ou +]; menor [b ou -]; Igual [=]; Diferente []; Significância pelo teste χ
2
: (**): α < 0,01; (*):α < 0,05.
76
Nas áreas de algodão de MT, em 1993 apenas 13,3 % dos cotonicultores
julgavam não necessitar de treinamento especializado de fonte externa (FREIRE et al.,
1993) enquanto que em 1996 este percentual caiu para 8,3 % (EMBRAPA, 1997).
Diante das freqüências o distintas na origem destes saberes, em
ambas as comunidades, assume-se que o risco atribuído a esta variável deva ter sido
semelhante nas mesmas (R
CDPAH
/
sab
: C
1
= C
2
), mas com efeito forte sobre o risco
global.
3.4.1.2 - Conceito de pesticida bom ou pesticida mais eficiente
O conceito sobre algo que nos custa dinheiro normalmente está
associado à utilidade prática e eficácia deste diante da finalidade de sua aquisição.
Nas comunidades estudadas, houve um número minoritário de ocasiões em que
agricultores, das duas comunidades (C
1
, C
2
), consideraram os atributos como
persistência (2,7 % e 23,9 %) (TAB. 3.7ν
νν
ν
23
), dose necessária (20,5 % e 16,5 %),
odor e toxicidade humana (12,5 % e 19,9 %) e, existência de bioindicadores (13,4 %
e 7,4 %) para avaliar a qualidade do pesticida. Mas, um percentual bem maior usou
como referencial a toxicidade e o espectro de ação (55,4 % e 43,8 %) e/ou a rapidez
da ação biocida do pesticida (53,6 % e 48,3 %).
Os atributos próprios de um pesticida, considerados mais desejáveis
pelo agricultor, podem não concordar com os de técnicos da área, consumidores de
produtos agrícolas e também não com os de ecologistas e com a legislação vigente.
O conceito de pesticida bom, para o cotonicultor, está alicerçado em
um ou mais atributos que, em geral, garantam o controle de pragas por um prazo
mais prolongado possível. As freqüências observadas e esperadas, nas duas
comunidades, são concordantes quando se considera sua associação ou não com
atributos tal como bioindicadores, toxicidade a insetos e espectro de ação, dose
necessária, rapidez de ação e, odor e toxicidade humana. Mas, quando o conceito
esteve associado a persistência ou não, as freqüências observadas foram
discordantes das esperadas (χ
2
, α < 0,05) nas duas comunidades. Neste caso, os
cotonicultores de C
2
e C
1,
respectivamente em 23,9 % e 2,7 % das manifestações,
adotaram a persistência (preferência por produto mais persistente) como indicadora
de pesticida bom.
Outro estudo de RIEDER (1990) também revelou que agricultores da
região sudoeste de MT, na safra 1986/87, consideravam determinado pesticida
como “o melhor”, em relação aos demais, quando apresentava ação mortífera mais
rápida ou fulminante e sobre maior número possível de tipo de pragas. A
interferência prática destes conceitos de bom pesticida ou mais eficaz se reflete na
escolha do produto a adquirir e, também sobre os esquemas de uso e manejo dos
mesmos. Assim, é mais provável (χ
2
;α < 0,05) que um agricultor de C
2
venha
adquirir um produto mais persistente que um outro contonicultor de C
1
. Então
assume-se que esta variável conceitual de pesticida bom é um indicador de risco
(R
CDPAH
/
pbom
: C
2
> C
1
) e teve efeito maior em C
2
que em C
1
, diante da distinção
freqüencial.
3.4.1.3 - Vivência na cotonicultura
O tempo que o agricultor trabalha em lavouras de algodão representa
tempo de experiência ou vivência (T
V
) na atividade como também de envolvimento
com pesticidas. O T
V
pode ser fracionado em tempos de experiência local ou em sua
comunidade atual (T
L
) e não-local ou externo (T
E
). Assim, T
V
= T
L
+ T
E
.
Entre 1992-97, os cotonicultores de C
2
trabalhavam com lavouras de
algodão há mais tempo (T
V
_C
2
: 25 anos e 255 dias > T
V
_C
1
: 14 anos 255 dias) que
os seus pares do C
1
. Nas seis safras (1992-97) o T
V
médio (21 anos e 215 dias ±
77
15anos e 281 dias) manteve-se semelhante (α > 0,05; Teste de Tukey). Em
nenhuma das seis safras de algodão (1992-97), a comunidade C
2
teve a
participação de agricultores com T
V
menor que cinco anos, enquanto que em C
1
isto
houve em todas as safras.
Alguns agricultores migraram para as comunidades deste estudo
trazendo experiências cotonícolas anteriores (T
E
), enquanto outros vieram a tê-la
em sua comunidade atual ou já estavam com alguns anos de experiência local (T
L
).
Em C
1
o T
L
foi menor que o de seus pares de C
2
(C
1
: 2 anos < C
2
: 12
anos e 146 dias; α < 0,05). Entretanto, no período considerado (1992-97) a média de
T
L
foi semelhante (α > 0,05) nas seis safras (8 anos e 183 dias ± 6 anos e 292 dias).
Agricultores naturais das comunidades e outros de origem migratória
envolveram-se com lavouras locais de algodão com base, também, em
aprendizagens de cultivo adquiridas com suas vizinhanças. Áreas cotonícolas
estudadas no MT em 1993 (FREIRE et al., 1993) apresentavam um contingente
menor de agricultores (24,6 %) com mais de sete anos na atividade que os
encontrados (36,2 %) no ano de 1996 (EMBRAPA, 1997).
Partindo-se do princípio que o T
V
concorre para melhorar o domínio
sobre a atividade, embora outras variáveis também possam influir sobre tal, assume-
se que a probabilidade de uso e manejo inadequado neste labor diminui. Para o
presente estudo, com as devidas ressalvas, assume-se que C
1,
com menor T
V
,
submeteu-se a um maior risco (R
CDPAH
/T
V
: C
1
> C
2
), em relação a C
2
, com maior T
V
.
Pois as freqüências esperadas e observadas nas duas categorias de T
V
(I dia:
21,3 anos; II- > média: 21,3 anos) foram discordantes nas comunidades (TAB.
3.7ν
νν
ν
24
). Desta maneira esta variável (T
V
) constitui um importante indicador para
avaliação de risco atribuído ao uso de pesticidas (R
CDPAH
).
3.4.2 - Regime de ocupação das terras
A distribuição de proprietários (65,6 %) e não-proprietários (34,4 %)
das terras foi semelhante (χ
2
, α > 0,05) em C
1
e C
2
(TAB. 3.7ν
νν
ν
25
). Mas, nos dois
últimos anos, das seis safras (1992-97), houve uma alteração substancial (χ
2
, α<
0,05) na proporção de proprietários e não proprietários (TAB. 3.8ν
νν
ν
25
). Estes dados
concordam com os encontrados para o Estado de MT na safra 92/93 (FREIRE et al.,
1993), mas não se confirmam no ano de 1996, em que o percentual de proprietários
se reduziu para o patamar próximo da metade (51 %) (EMBRAPA, 1997). Enquanto
que na região de Cáceres (MT), na safra 86/87 de algodão, os proprietários
constituíam 85 % dos lavoureiros (RIEDER, 1990).
Esta dinâmica pode estar relacionada ao ingresso e saída de
agricultores na atividade e a expansão da mesma; diminuição da disponibilidade de
terrenos para cultivo de algodão dentro da estrutura atual da propriedade,
principalmente a de pequenos agricultores; queda da fertilidade dos solos e;
infestação de pragas de áreas anteriormente cultivadas.
Assume-se que o regime de ocupação ou a situação fundiária em que
se encontram os usuários de pesticidas afeta o nível de interação destes com o
ambiente e, portanto, tal variável constitui um indicador de risco. RIEDER (1999) faz
uma análise mais detalhada para reconhecê-la com um indicador de risco.
No presente estudo, os cotonicultores não proprietários estiveram
presentes em menor percentual no ano de 1993 (21,3 %), mas aumentando nos
anos seguintes, alcançado a proporção mais elevada em 1997 (47,2 %). Isto sugere
que o risco por pesticidas, pela contribuição da variável “regime de ocupação”
(R
CDPAH
/
rocup
: 1997 > 1993) não se manteve semelhante ao longo do período
estudado, assumindo valores mais alto e baixo, respectivamente, em 1997 e 1993.
78
TABELA 3.8 – Expressão recorrente de categorias focadas (c
f
) ou de maior risco (r
1
)
de variáveis da interação Homem(H)-Pesticida(P)-Ambiente(A) em duas
comunidades cotonícolas (C
1
, C
2
), Cáceres, MT, Brasil, safras 1992-97.
Safras agrícolas
(Freqüência observada na safra - % e
sinal de tendência da variação em relação ao ano anterior)
Fatores, variáveis e
sub-variáveis
Categorias
focadas(c
f
) ou de
maior risco(r
1
)
1992 1993 1994 1995 1996 1997
Geral
Interações H-P-A: (r
1
=36,04 %;n=4739;
χ
2
=2,372; GL=5;
α
=0,7956)
Sub
-
fator “Aspectos da cotonicultura local
-
acl
”(r
1
=35,88
%
;n=602;
χ
2
=3,13; GL=5;
α
=0,679)
ν
25
:
Regime de
ocupação
(
*
)
Não proprietários
27,0
21,3
30,0
35,6
46,9
47,2
34,4
(104/302)
ν
28
:
Área plantada
(
**
)
Maior que a média
(>3,29 ha)
51,4 55,3
42,4
28,8
33,3
13,9
37,3
(112/300)
Sub-fator: “Aspectos do uso e manejo de pesticidas-amp
(r
1
=36,93 %;n=3495; χ
2
=1,079; GL=5;α=0,956)
ν
32
:
Início dos
tratamentos
Mais cedo
( 30 dias
após a semeadura)
- - 82,9 87,7
85,4
80,6
84,9
(163/192)
ν
33
:
Encerramento dos
tratamentos
(
**
)
Mais tarde
(> 4 meses
após a semeadura)
- - 14,3
24,7
4,2
2,8
13,5
(26/192)
ν
34
:
Número de
tratamentos
Mais que 9
aplicações
- - 48,6
34,2
47,9
38,9
41,1
(79/192)
ν
35
:
Mistura produtos
comerciais?
Sim(289/716)
35,5
34,9
37,2
44,4
40,4
43,3
40,4
(289/716)
ν
36
> 50 mL/20Lágua
3,3 3,4
6,4
9,0
22,7
13,3
9,9
(82/828)
ν
36
:
Doses
aplicadas
(
**
)
ν
36
= 50 mL/20Lágua
76,9
73,3
67,8
58,8
49,6
61,2
63,2
(523/828)
ν
37
:
Volume aplicado
Maior que a média
(>2,20 L/Lavoura)
- - 19,4 22,3
31,2
21,4
23,9
(131/548)
Sub-fator: “Intoxicações por pesticidas-intox
(r
1
=31,30 %;n=642; χ
2
=2,84 GL=5;α=0,7324)
ν
45
:
Agentes
intoxicantes
(
**
)
ν
45”
Do grupo dos
fosforados
18,2 44,4
40,5
12,8
15,0
40,0
26,1
(36/138)
ν
46
:
Causas
intoxicadoras
(
**
)
Dúbias (Não
identificadas)
66,7
42,9
45,8
69,2
3,7
0,0
37,6
(35/93)
ν
47
:
Gravidade das
intoxicações
Muito grave
42,9
40,0
16,2
24,4
29,6
33,3
26,3
(36/137)
ν
48
Mais que
um/família
28,6
13,3
8,1
6,7
14,8
16,7
10,9
(15/137)
ν
48
:
Casos de
intoxicações ν
48
Mais que uma
vez/vítima
57,1
46,7
54,1
57,8
70,4
50,0
57,7
(79/137)
237 307 524 658 478 314 2518
r
1
:Maior risco
%
41,43 40,60 38,13 34,76 37,84 37,69 37,63
335 449 850 1235 785 519 4173
r
2
:Menor
risco
%
58,56 59,39 61,86 65,24 62,15 62,30 62,36
Total geral (P + HPA)
(
r
1
1995=34,76 % <
r
1
1992,1993,1994,1996,199
7: 37,5 a 41,5 % n=6691;
χ
2
=13,205;
GL=5;α=0,02150)
Total de casos (Σ n)
572 756 1374 1893 1263 833 6691
Obs: Nas variáveis assinaladas com asteriscos (** ou *), as freqüências observadas discordam das esperadas (Teste χ
2
, α <0,01
**
ou 0,05
*
).
Sinais usados: : Tendência ascendente em relação ao dado do ano anterior; : Tendência descendente em relação ao dado do ano anterior;
: Ascendência em relação ao ano anterior, em distribuição não concordante entre freqüências observadas e esperadas;
: Descendência em
relação ao ano anterior, em distribuição não concordante entre freqüências observadas e esperadas;
: Invariabilidade em relação ao ano
anterior.
Porém, devido a semelhança na distribuição freqüencial das categorias desta
variável nas duas comunidades a mesma não deve ter contribuído para diferenciar
tal risco (R
CDPAH
/rocup: C
1
= C
2
) em ambas.
79
3.4.3 - Características do cultivo
3.4.3.1 - Força e instrumentos de trabalho
Conforme observações efetuadas no tempo de convivência com as
comunidades (C
1
: 1989-97; C
2
: 1976-97) e anotações efetuadas no período da
realização da pesquisa (1992-97; 2003), foi verificado que as lavouras de algodão
eram desenvolvidas, essencialmente, por famílias de pequenos agricultores que
utilizavam o sistema de manejo A (baixo nível tecnológico, emprego de pouco capital
e predomínio da força braçal), havendo, além da força braçal, o uso da tração animal
e, eventualmente o uso da força motor. Em geral, a mão-de-obra envolvida era
familiar com, eventual contratação de serviços de terceiros em momentos de maior
demanda de serviço, como na colheita do algodão. Os recursos instrumentais
utilizados para implantação, condução e colheita de algodão, foram,
predominantemente: (a) no preparo do solo: instrumentos manuais (foice, machado,
enxada) e/ou animais (arado, grade e sulcador animal); (b) na semeadura:
plantadeira manual (matraca) e/ou animal (semeadeira); (c) nos tratos culturais:
raleação manual, para controle de ervas daninhas instrumentos manuais e de animal
(enxada, riscador, sulcador) e, para controle de pragas e doenças, pulverizadores
costais manual ou motorizados; (d) na colheita: catação manual.
Isso concorda com outros estudos (ARANTES, RIEDER & CANÇADO,
1990; RIEDER, 1990), nos casos de predomínio de pequenos agricultores. Entretanto,
estudos descritivos da atividade em MT, mais amplos em 1993, mostravam uma
tendência de substituição de mão de obra braçal por motomecanizada (FREIRE et. al,
1993; EMBRAPA, 1997). A partir de 1998 a cotonicultura nas comunidades C
1
e C
2
foi
se tornando inexpressiva, ausentando-se a partir do ano 2000. A contonicultura
migrou expandindo-se em outras regiões de MT, baseada em modelos altamente
tecnificados. A automação e modernização tecnológica têm priorizado questões de
seguraa envolvidas, por isto leva a acreditar que o uso da força braçal e de
equipamentos costais manuais de aplicação de pesticidas expõe mais os operadores à
contaminação de pesticidas que em relação aos que utilizam mais as operações
motomecanizadas. Em ambas as comunidades estudadas, de forma semelhante, as
aplicações de pesticidas eram efetuadas predominantemente sem o uso dos recursos
mais modernos, ou seja com pulverizações manuais. Desta forma, assume-se que a
“força e instrumentos utilizados” na aplicação de pesticidas afetaram o risco
(R
CDPAH
/
forint
:C
1
= C
2
) mas, de modo similar nas duas comunidades (TAB. 3.7ν
νν
ν
26
).
Nesta linha de abordagem, esta variável (ν
νν
ν
26
) constitui um indicador de risco (R
CDPAH
).
3.4.3.2 - Época de semeadura
A semeadura de algodão, nas duas comunidades, ocorria entre
dezembro e abril. Nos meses de janeiro (32,7 %) e fevereiro (57,9 %) ocorria a maior
concentração dos plantios. A semeadura em outros meses (9,2 %), em geral, esteve
relacionada à desocupação de áreas com culturas anteriores (Ex.:arroz, milho).
As semeaduras em época não-recomendada foram mais freqüentes
(χ
2
, α < 0,01) em C
1
(17,0 %) que em C
2
(1,1 %) (TAB. 3.7ν
νν
ν
27
).
Lavouras estabelecidas em época menos apropriada, em geral, sujeitam-
se a ataques mais danosos de pragas, o que induz ao uso mais intensivo de
pesticidas. Assim, esta variável é um indicador de risco. Como conseqüência, devido à
maior taxa de exposição, o ambiente e os operadores de pesticidas nas lavouras
implantadas, ficam submetidos a maior risco de contaminação e de acidentes por
pesticidas que em relação a de lavouras implantadas dentro da época recomendada.
Por isto, assume-se que o risco por pesticidas devido a esta variável (R
CDPAH
/
esem
: C
1
>
C
2
), foi maior em C
1
que em C
2
. Estudos mais abrangentes em MT também confirmam
80
a existência de semeaduras fora do período recomendado (13,5 %, segundo FREIRE
et al., 1993; 14,29 %, conforme EMBRAPA, 1997).
3.4.3.3 - Área plantada
A área média plantada de algodão por agricultor em C
1
(2,00 ha) foi
menor (α < 0,05) que em C
2
(4,05 ha). A freqüência observada de lavouras com
tamanho maior que a área média geral (3,29 ha) foi bem inferior (α < 0,05) em C
1
(13,4 %) que em C
2
(51,6 %), o que indica a presença mais freqüente de lavouras de
área maior na comunidade C
2
(TAB. 3.7ν
νν
ν
28
).
No Estado MT, predominam lavouras menores de 20 hectares (FREIRE
et al., 1993: 71,1 %; EMBRAPA, 1997 : 62,5 %).
O tamanho da área plantada influi sobre o tipo, volume e às vezes
também no manejo de pesticidas usados, o que, por sua vez, afeta a exposição e
contaminação ambiental. Por isto esta variável constitui um indicador de risco
(R
CDPAH
/
apl
: C
2
> C
1
). Assim, assume-se que na comunidade C
2
o risco devido a
variável área plantada, foi mais acentuado que em C
1
.
Nas safras analisadas (1992-97) das duas comunidades, embora não
de forma linear, constatou-se um crescimento, na freqüência de agricultores que
plantaram áreas menores que a média de cada ano. Isto indica, também, que um
menor número de agricultores plantavam áreas maiores que as referências de anos
anteriores (TAB. 3.8ν
νν
ν
28
). Assim, o maior percentual de agricultores nas safras de
1992-93, com áreas maiores que a média, pode estar sugerindo que estas duas
safras (1992: 51,4 % e 1993: 55,3 %) tenham apresentado um risco (R
CDPAH
/
apl
: 1992
e 1993 > 1997) maior que em 1997 (13,9 %), quando foi constatado o mais baixo
valor do período. Entretanto, a partir de então a cotonicultura foi abandonada nestas
comunidades. Após 1997 apenas três agricultores arriscaram continuar plantando
algodão, encontrando extrema dificuldades à comercialização de sua produção e,
por isto, não houve cultivo de algodão em C
1
e C
2
no ano de 2000 e subseqüentes.
Contudo, neste começo de século (XXI), a cotonicultura baseada em “tecnologia de
ponta” continua vigorando ou se expandindo em outras regiões de MT.
3.4.3.4 - Colheita
A colheita de algodão, nas comunidades estudadas, ocorria no período
de pouca incidência de chuvas (maio a agosto). Desta forma, a qualidade da
produção esteve favorecida.
Na colheita, a circulão sobre superfície de solo seco, das pessoas
envolvidas, mobiliza mais material particulado que em solo o totalmente seco.
Devido a aplicações recentes (fase final do ciclo) de pesticidas nas lavouras, existe a
possibilidade de ficarem resíduos remanescentes aderidos no material particulado
mobilizável. Nas duas comunidades observou-se poeira aderida na pele e na
vestimenta dos trabalhadores por ocasião da colheita. No fim da jornada de trabalho as
áreas expostas (desprotegidas de indumentária), como a mão, parte dos ante-braços,
do pé, perna, do pescoço e rosto ficavam recobertas por uma camada considerável de
material particulado, aderido pelo suor. Nestas condições ambientais e de trabalho
destas famílias, sopros de limpeza das narinas chegam a expulsar concreções
volumosas de material particulado (poeira) adensada pela secrão das mucosas.
Por isto, os colheitadores manuais de algodão, em regiões onde a
maturação ocorre na estação seca, estariam sujeitos a risco maior atribuído a reduos
de pesticidas presentes na poeira (R
CDPAH
/
col
) em relação a seus pares de regiões sem
seca ou que a colheita esteja programada para não coincidir com a mesma. Por
exemplo, quando executada por colheitadeiras com os seus operadores protegidos em
cabines seguras. Desta maneira, esta variável constitui um indicador de risco. Mas
81
diante dos procedimentos similares de colheita em C
1
e C
2
assume-se que a fração do
risco atribuído a ν
νν
ν
29
o diferiu nas mesmas (R
CDPAH
/
col
: C
1
= C
2
) (TAB. 3.7ν
νν
ν
29
).
Nas principais zonas produtoras de algodão em MT, a 1997, as
colheitas se caracterizavam por utilizarem predominantemente a mão de obra familiar e
ser manual com múltiplas catações (EMBRAPA, 1997).
3.4.3.5 - Produção
O volume de produção de algodão das lavouras em C
1
(2510,37 kg) foi
menor (α < 0,05) que o de C
2
(4338,06 kg), e a freqüência observada de lavouras
com resultados maiores que a produção média de algodão (3645,0 kg) também foi
menor (α < 0,05) em C
1
(20,35 %) que em C
2
(45,4 %) (TAB. 3.7ν
νν
ν
30
). As diferenças
encontradas no volume de produção se devem, essencialmente, a discrepância do
tamanho das lavouras em C
1
e C
2
, pois a produtividade média foi maior em C
1
.
Com uma taxa de 5 % ao ano de aumento no consumo de algodão pela
indústria têxtil brasileira, havia uma previsão de necessidade de produção de 1,2
milhões toneladas de fibra para 2000 no Brasil (FREIRE et al. 1993). Esta taxa de
demanda, associada a outros fatores (pro, mercado externo), impulsionou a
ampliação de área plantada em MT e, conseqüentemente o volume produzido.
Entretanto, no enfoque de impacto, a posvel influência da produção (volume) sobre o
vel de risco por pesticidas usados (R
CDPAH
/
vpr
), está considerada na variável “área
plantada”, ao assumir-se que as demais condições o iguais para as situações em
comparação. Nestas circunstâncias, a variável “produção” pode ser um indicador de
risco, mas neutra.
3.4.3.6 - Produtividade
A produtividade média das lavouras de algodão de seis safras (1992-
97) em C
1
(1357,89 kg/ha) foi maior (α < 0,05) que em C
2
(1054,02 kg/ha). A
freqüência de produtividades acima da média geral (1169,25 kg/ha) foi maior (χ
2
, α <
0,05) em C
1
(55,75 %) que em C
2
(40,54 %) (TAB. 3.7ν
νν
ν
31
).
A produtividade pode estar associada ao vel tecnológico adotado, à
adequação do sistema de cultivo e, também, às condições ambientais reinantes. É
possível que a produtividade de C
1
tenha se apresentada maior que em C
2
em função
das lavouras terem sido implantados em solos ainda melhor supridos de nutrientes e
menos desgastados que os da comunidade C
2.
Pois a tecnologia de produção em C
2
parecia estar mais consistente que a aplicada em C
1
, como conseqüência de tempo
mais amplo de experiência. No estado de MT houve um crescimento na freqüência das
faixas de produtividade mais baixas entre as safras de 1993 e 1996 (FREIRE et
al.,1993; EMBRAPA, 1997) o que, se reflete em diminuição da produtividade dia
das lavouras. AZEVEDO (1995) cita que a produtividade de lavouras, na bacia do Alto
Paraguai (MT) ainda se mantinha muito baixa, com exceção da cultura da soja.
Contudo, as produtividades de algodão nas regiões de MT altamente tecnificadas,
entre 1995-2000, cresceram acentuadamente (IBGE, 2004).
A produtividade obtida nas lavouras, por si só, não permite inferir sobre
seu efeito no vel de risco ambiental e à saúde do homem atribuído ao uso de
pesticidas (R
CDPAH
/
prd
), mas reflete o efeito de um conjunto de interferências ambientais
e tecnológicas.
3.4.4 - Uso e manejo de pesticidas
3.4.4.1 - Início dos tratamentos
Em C
2
os agricultores começavam aplicar pesticidas em torno da quinta
semana das lavouras(idade da planta), enquanto em C
1
iniciavam 5-6 dias antes.
Então em C
1
foi mais freqüente (χ
2
; α < 0,05) os agricultores iniciarem antes as
82
aplicações de pesticidas nas lavouras que em C
2
(TAB. 3.9ν
νν
ν
32
). Esta preferência pela
antecipação pode estar associada ao menor tempo de experiência dos primeiros na
atividade. Nas safras de 1994-97 as freqüências observadas de aplicações iniciadas
em lavouras com idade de plantas não superior a 30 dias se mantiveram em torno
de 84,9 %, não diferindo das freqüências esperadas (χ
2
; α < 0,05) (TAB. 3.8ν
νν
ν
32
).
A Diretriz Técnica do ano de 1997, para a região tradicional de
Algodão no Estado de MT, recomenda o uso de sementes tratadas para reduzir o
risco com doenças e pragas iniciais (EMPAER-MT, 1997). Entretanto, iniciar antes
as aplicações de pesticidas implica em exposição mais precoce do ambiente e do
homem aos poluentes. Por isto, a variável “início dos tratamentos” constitui-se em
um indicador de risco e, diante dos tratamentos mais antecipados em C
1,
assume-se
que a fração do risco por pesticidas devido a esta variável (R
CDPAH
/
itr
: C
1
> C
2
) foi
maior que na outra comunidade C
2
. Porém diante da semelhança das preferências
dadas para iniciar os tratamentos nas quatro safras analisadas (1994-97) considera-
se que o risco devido a este fator (R
CDPAH
/itr: Safras 1994=95=96=97) se manteve
similar naquele período.
3.4.4.2 - Encerramento dos tratamentos
Esta variável também afeta o tempo de exposição aos pesticidas.
Portanto, a mesma constitui-se em um indicador de risco(R
CDPAH
/
etr
).
Em C
1
o encerramento das aplicações se dava ao redor da segunda
semana de junho (125 dias após o plantio e 101 dias após o início de aplicação de
pesticidas), enquanto em C
2
a finalização ocorria na quarta semana de maio (122
dias após o plantio e 93 dias após o início das aplicações de pesticidas).
Em C
2
, 98 % das aplicações foram encerradas, no máximo, quatro
meses após o plantio de algodão, enquanto que em C
1
, 25,5 % das aplicações foram
além dos quatro meses, o que mostra diferenças significantes entre os níveis de
exposição das comunidades (χ
2
; α < 0,05) quanto à ocasião do término dos
tratamentos (TAB. 3.9ν
νν
ν
33
).
A maior freqüência de encerramentos mais tardios das aplicações de
pesticidas na cotonicultura em C
1
provavelmente estejam associados ao menor
tempo de experiência e domínio da atividade em relação a C
2
. Tais circunstâncias
conduzem a sugerir que o risco decorrente dos valores assumidos pela variável
“encerramento dos tratamentos” de pesticidas (R
CDPAH
/
utr
: C
1
> C
2
) foi maior em C
1
que em C
2
. Entretanto, recomendações da assistência técnica mencionam a
necessidade de monitorar a presença e nível populacional de algumas pragas até o
final do ciclo da cultura (EMPAER-MT, 1992b). Lavouras de diferentes idades
favorecem a persistência de pragas(EMBRAPA, 2003a) podendo induzir a dilatação
dos tratamentos.
Nas quatro safras consideradas (1994-97), as freqüências observadas
e esperadas foram discordantes (χ
2
; α < 0,05) nas categorias de encerramento das
aplicações, e em 1996-97 as aplicações que perduravam mais de quatro meses
foram menos freqüentes que nas duas safras anteriores (1994-95) (TAB. 3.8ν
νν
ν
33
).
Por isso, acredita-se que o risco devido a contribuição desta variável
(R
CDPAH
/
utr
: nas safras de 1994-97) foi distinto entre safras no período 1994-97,
sendo maior em 1995 e menor em 1997.
83
TABELA 3.9 - Expressão proporcional de variáveis nas interações dos fatores H-P-A, sub-fator “Aspectos do uso e manejo de
pesticidas”, segundo as categorias de risco,em comunidades cotonícolas (C
1
,C
2
), Cáceres,MT, Brasil, safras 1992-97.
Comunidades e as Expressões de r
1
Facão (C
1
) Barra Nova (C
2
)
Fatores e Variáveis(ν
i
)
Categoria focada(c
f
) ou de maior risco-
r
1
em cada variável
(em oposição à não-focada(c
ñ
) ou de
menor risco – r
2
; sendo r
1
+ r
2
=total)
Proporções de r
i
em C
1
[
%(n
ri
/n
c1
)]
Relatividade
do risco r
i
em C
1
Proporções de r
i
em C
2
[
%(n
ri
/n
c2
)]
Relatividade
do risco r
i
em C
2
Expressão proporcional e
comparativa
(igual:=;
desigual:
)
Interação dos fatores H-P-A: ...Continuação.....Sub fator “Aspectos do uso e manejo de pesticidas - amp
ν
32
:Início dos tratamentos
(*)
Mais cedo ( 30 dias após
semeadura)
90,42(85/94) a + 79,59 (78/98) b - 84,89 (163/192)
ν
33
:Encerramento dos
tratamentos
(**)
Mais tarde(>4 meses após
semeadura)
25,53(24/94) a + 2,04 (2/98) b - 13,54(26/192)
ν
34
: Número de
tratamentos
(**)
Mais que 9 aplicações 55,31 (52/94) a + 27,55(27/98) b - 41,14(79/192)
ν
35
: Mistura de produtos?
Sim 42,94(137/319)s 38,28 (152/397) s =40,36 (289/716)
ν
36
: Doses aplicadas
(**)
Maior que 50 mL/ 20 L solução 61,00 (194/318) b - 80,55(410/509) a + 73,03(604/827)
ν
37
: Volume aplicado
(**)
Maior que a média(> 2,20
L/Lavoura)
17,10 (46/269) b - 30,57(85/278) a + 23,94(231/547)
Expressões relativas das categorias r
1
nestas 6 variáveis em amp 3a; 2b 1s
3(+);2(-);
1()
2a 3b; 1s
2(+);3(-);
1()
1(=);5();
> Risco (r
1
) 45,28(538/1188)b - 51,01(754/1478)a + 48,46(1292/2666)
Soma dos casos no sub fator
amp
(**)
(χ
2
=8,6539; GL=1; n=2666;
α=0,003)
< Risco(r
2
) 54,71(650/1188)a + 48,98(724/1478)b
- 51,53(1374/2666)
Obs.:
Relatividade qualitativa das proporções ou expressões em pauta: semelhante [s ou ]; maior [a ou +]; menor [b ou -]; Igual [=]; Diferente [];
Significância pelo teste χ
2
: (**): α < 0,01; (*):α < 0,05.
84
3.4.4.3 - Número de tratamentos na safra
Em C
1
, a média, durante o ciclo da lavoura, situou-se em torno de 10
de aplicações de pesticidas, mas em C
2
foram, duas a menos.
A freqüência de adoções de mais de nove aplicações de pesticidas por
safra (categoria 2) foi maior (χ
2
; α < 0,05) em C
1
(55,31 %) que em C
2
(27,55 %)
(TAB. 3.8ν
νν
ν
34
). Entretanto, ao longo de quatro safras (1994-97) as freqüências
observadas e esperadas foram concordantes (χ
2
; α > 0,05) diante das duas
categorias desta variável (TAB. 3.8ν
νν
ν
34
).
O maior número de aplicações de pesticidas por lavoura foi decorrente
do menor intervalo entre tratamentos e da maior amplitude do período entre a
primeira e última aplicação. O elevado número de aplicações de pesticidas em
lavouras de algodão, para controle das principais pragas, também foi constatado na
safra de 1997/98 no sudoeste goiano (SOUZA, AMORIM NETO & FARIAS, 1998).
FREIRE et al. (1993) mencionam que o ideal seria que houvesse menos de cinco
aplicações no ciclo da lavoura, o que, segundo PESSANHA (1982) diminuiria os
riscos de contaminação ambiental, à saúde do homem (agricultor e consumidor),
além de reduzir custos de produção. Os tratamentos mais freqüentes em C
1
podem
ter sido definidos devido o menor tempo de experiência destes agricultores na
cotonicultura em relação aos de C
2
. Esta variável constitui-se em um indicador de
risco, pois quanto maior o número de aplicações de pesticidas numa lavoura maior
será a exposição do meio e mais se elevará o risco pelo uso de pesticidas
(R
CDPAH
/
ntr
) e vice-versa. Então, diante da situação encontrada, pode-se sugerir que
o risco atribuído a variável número de aplicações(R
CDPAH
/
ntr
: C
1
> C
2
) foi maior em
C
1
que em C
2
, mas foi similar ao longo das quatro safras analisadas (R
CDPAH
/
ntr
: =
Safras 1994-97). Porém de se analisar em maior profundidade a alteração anual
da velocidade de degradação de resíduos, em áreas submetidas a pesticidas em
várias safras seguidas. Pois FELSOT (1989), menciona que a progressão das
aplicações nas lavouras, ao disponibilizar pesticidas aos microorganismos pesticida-
dependentes, pode acentuar o processo de degradação biológica. Estes,
especializados, buscam sua fonte energética no pesticida, permitindo o crescimento
populacional e, daí, acelerando a degradação do produto químico.
3.4.4.4 - Uso de misturas
A legislação atual não autoriza o agricultor efetuar mistura de
pesticidas que não estejam registrados para tal. No passado haviam produtos
previstos para serem misturados e, prontas no comércio, contendo dois ou mais
princípios ativos, principalmente formulações em pó. É possível, que a herança
desse procedimento do passado associada a outros fatores, tal como a assistência e
treinamento específico deficiente ao agricultor, sejam fortemente responsáveis pelos
40 % de casos de persistência do hábito de preparar a calda de aplicação com
mistura de produtos pesticidas. Nas duas comunidades e também ao longo das seis
safras estudas (1992-97) as freqüências observadas de adoção de misturas o
diferiram (α > 0,05) das esperadas (TAB. 3.8ν
νν
ν
35
; TAB. 3.9ν
νν
ν
35
).
Pelas razões de não estar autorizado a mistura de produtos no preparo
das caldas, assume-se que tal procedimento se constitui em um indicador de risco.
Então, sugere-se que a fração do risco devido o considerável hábito de efetuarem
misturas de pesticidas (R
CDPAH
/
mist
: C
1
= C
2
; Safras_1992 =...= 97), foi alto mas
semelhante tanto nas comunidades como nas safras referidas. Em outro estudo
RIEDER (1994a e b) mencionava que o hábito de misturar vários produtos podia
acentuar vários efeitos indesejáveis, tanto no aspecto econômico, de eficácia e de
85
aumento do risco de contaminação ambiental e de intoxicações.
3.4.4.5 - Dose aplicada
Considerando as três categorias de doses adotadas pelos agricultores
(1:<50; 2: 50 e 3: > 50 mL (20 L)
-1
), a freqüência de uso de 50 mL e de menos de 50
mL foram, respectivamente, maior e menor em C
2
(70,9 %; 19,4 %) que em C
1
(50,9
%; 39,0 %). Ao verificar-se a proporção de usuários de doses 50 mL (20 L)
-1
(categoria focada - c
f
ou de maior risco - r
1
) foi constatado (TAB. 3.9ν
νν
ν
36
)
diferenciação entre comunidades (C
1
= 61,00 % e C
2
= 80,55 %). Com isso,
confirma-se que a concentração média de pesticida na calda utilizada foi maior nas
lavouras de C
2
que nas de C
1
. A dose predominantemente usada (63,2 %) foi igual a
capacidade máxima do recipiente dosador (50 mL), o qual, normalmente,
acompanha o produto comercial. Esta alta freqüência pode estar sendo sugerida, ao
agricultor, pela capacidade volumétrica máxima do dosador que acompanha o
produto comercial, o que estaria obscurecendo a recomendação técnica específica
do pesticida. Outro estudo realizado, entre 1992-94, junto a nove comunidades de
Cáceres (MT) também indicou que a dose mais freqüentemente adotada era de 50
mL (RIEDER, 1994 b). Super e sub-dosagens também foram constatadas em uso na
safra de algodão de Cáceres em 1983, (RIEDER, 1991). Mas, aceitando-se que
concentrações mais elevadas ou mais baixas, aumentam ou diminuem,
respectivamente, o perigo de acidente com o uso e manuseio, pode-se sugerir que
este aspecto constitui um indicador de risco por pesticidas (R
CDPAH
/
dose
). Então,
estima-se que o risco tenha sido maior em C
2
que em C
1
devido a variável
“dose”R
CDPAH
/
dose
: C
2
> C
1
) em conseqüência das diferenças descritas nas duas
comunidades. Nas safras estudadas (1992-97), as tendências das opções de doses
usadas (TAB. 3.8ν
νν
ν
36’ e
ν
νν
ν
36”
), sugerem que este risco (R
CDPAH
/
dose
: Safras_1993 <
1996) não tenha sido semelhante, havendo menor valor em 1993 e maior em 1996.
Especula-se que distintas doses usadas entre safras por mesmos
agricultores podem estar associadas à variações na incidência de pragas,
resistência de pragas às doses anteriores (menores), ineficácia de doses menores,
entre outras motivações.
3.4.4.6 - Volume aplicado nas lavouras
As freqüências observadas e esperadas, para as categorias de
volumes, se distinguiram nas comunidades (TAB. 3.9ν
νν
ν
37
). O uso de volumes maiores
que a média das quantidades de pesticidas por lavoura, apresentaram freqüência
maior (χ
2
; α < 0,05) em C
2
(30,6 %) que em C
1
(17,1 %). A relação média geral de
produto comercial de pesticida aplicado sobre uma lavoura, no presente estudo, foi
de 0,66869 l/ha. A partir desta relação e uma vez identificada a concentração do
princípio ativo de cada pesticida, é possível determinar a concentração média dos
pesticidas lançados no ambiente com as aplicações. Durante as quatro safras
analisadas (1994-97) as freqüências observadas e esperadas de lavouras
consumidoras de volumes nas duas categorias em pauta se manteve similar (χ
2
; α >
0,05) (TAB. 3.8ν
νν
ν
37
).
No início da década de 1990, a média geral de consumo de pesticidas
no Brasil foi 1,3 kg de i.a. por hectare (GOELLNER, 1993). Outro estudo realizado
junto a nove comunidades rurais do município de Cáceres (MT), na safra de 1994,
indicou o gasto de 9,09 litros cotonicultor
-1
e 2,03 litros hectare
-1
de lavoura
(RIEDER, 1994b). A variável volume usado de pesticidas” constitui-se em um
importante indicador de risco, pois volumes maiores podem atingir com maior
possibilidade não-alvos. Diante da situação encontrada neste estudo pode-se
assumir que em C
1
esse risco (R
CDPAH
/
vpest
: C
1
< C
2
) foi menor que em C
2
e, oscilou,
86
sem diferenças significantes (R
CDPAH
/vpest: = Safras_1994_97) ao longo das safras
consideradas.
3.4.5 - Aquisição e armazenagem de pesticidas
3.4.5.1 - Via de aquisição
A variável “via de aquisição de pesticidas constitui-se em um
importante indicador de risco com o uso e manejo dos mesmos.
Embora fosse alta a freqüência de aquisição sem receituário
agronômico (RC) em ambas as comunidades, em C
2
(96,51 %), onde a cotonicultura
é mais antiga, a obtenção do pesticida por tal meio ilegal foi maior (χ
2
; α < 0,05) que
em C
1
(89,18 %) (TAB. 3.10ν
νν
ν
38
).
Infelizmente, a aquisição de pesticidas através do RC foi pouco
freqüente. No máximo, uma em cada dez aquisições de pesticidas foi efetuada
através do RC. Na safra de 1996, no estado de MT, o RC era utilizado também por
menos da metade dos agricultores (42,4 %), (EMBRAPA, 1997). Provavelmente, o
risco (R
CDPAH
) seria reduzido sensivelmente com o aumento da adoção do RC.
Portanto, pode-se sugerir que o risco (R
CDPAH
/
viaqui
: C
1
< C
2
) foi maior na comunidade
que adotou menos o RC, ou seja, em C
2
. Apesar do impedimento legal, entre 1992-
97 ainda haviam vendas de pesticidas sem RC.
3.4.5.2 - Local de aquisição
Os produtos comerciais de pesticidas usados foram adquiridos no
comércio regular e também no não regular ou não legalmente autorizados para tal. A
parcela de cotonicultores de C
2
(85,00 %) que adquiriram pesticidas no comércio
irregular foi substancialmente mais numerosa (χ
2
; α < 0,05) que a de C
1
(26,53 %)
(TAB. 3.10ν
νν
ν
39
).
Os pioneiros da cotonicultura regional relatam que a atividade iniciou
por estímulo dos intermediários do algodão, os quais forneciam as sementes,
pesticidas, máquinas e equipamentos, embalagens e compravam a produção. O
problema era mais acentuado em C
2
onde apenas 15 % dos cotonicultores
efetuavam aquisições no comércio regular, enquanto em C
1
, 73,5 % o faziam. No
estado de MT, safra de 1996, 58,3 % das sementes utilizadas e 52,7 % da produção
de algodão foi viabilizada através de “intermediários” (EMBRAPA,1997). Observou-
se também que 61,3 % dos insumos utilizados foram adquiridos para serem pagos
na colheita ou com algodão, o que confirma a existência da mesma relação pretérita,
descrita pelos agricultores pioneiros.
O “local de aquisição” (tipo de comércio) é um indicador de risco diante
do uso e manejo de pesticidas. Assumindo-se, então, que a aquisição de pesticidas
no comércio regular minimiza equívocos com o uso e manejo correto de pesticidas,
sugere-se que o risco com os mesmos (R
CDPAH
/
laq
: C
2
> C
1
) tenha sido maior em C
2
que em C
1,
diante das vias de aquisição adotadas, relatadas antes. O presente risco
é induzido pelo tipo de comércio fornecedor de pesticida ao agricultor.
Mas a partir de 1998 os “intermediários” do algodão e os agentes do
comércio regular não mais se interessaram em continuar dando o suporte à
atividade cotonícola baseada na agricultura familiar em Cáceres. Por sua vez, a
política agrícola e ões de Estado nada fizeram de substancial para viabilizar a
continuidade desta atividade importante para as comunidades rurais baseadas em
agricultura familiar.
3.4.5.3 - Local de armazenagem
A variável “local de armazenagem” de pesticidas constitui um indicador
de risco.
87
TABELA 3.10 - Expressão proporcional de variáveis consideradas nas interações dos fatores H-P-A, sub-fatores Aquisição e
Armazenagem dos Pesticidas” e “Medidas de Proteção Ambiental”, segundo suas categorias de risco, em duas comunidades
cotonícolas (C
1
, C
2
), Cáceres, MT, Brasil, safras 1992-97.
Comunidades e as Expressões de r
1
Facão (C
1
) Barra Nova (C
2
)
Fatores e Variáveis(ν
i
)
Categoria focalizada(c
f
) ou de maior
risco- r
1
em cada variável
(em oposição à não-focalizada(c
ñ
) ou
de menor risco – r
2
; sendo r
1
+ r
2
=total)
Proporções de r
i
em C
1
[
%(n
ri
/n
c1
)]
Relatividade
do risco r
i
em C
1
Proporções de r
i
em C
2
[
%(n
ri
/n
c2
)]
Relatividade
do risco r
i
em C
2
Expressão proporcional e
comparativa
(igual:=;
desigual:
)
Interação dos fatores H-P-A: .....Continuação...... Sub fator “Aquisição e armazenagem dos pesticidas - aap”
ν
38
:Via de aquisição
(*)
Sem receituário agronômico 89,18(99/111) b - 96,51 (166/172) a + 93,63 (265/283)
ν
39
:Local de aquisição
(**)
Comércio irregular 26,53(26/98) b - 85,0 (85/100) a + 56,06(111/198)
ν
40
: Local de armazenagem
Ambiente não recomendado 78,94 (30/38) s 82,35(42/51) s =80,89(72/89)
Expressões relativas das categorias r
1
nestas 3 variáveis em aap 2b 1s 2(-);1() 2a 1s 2(+);1() 1(=);2();
> Risco (r
1
) 62,75(155/247)b - 90,71(293/323)a + 78,59(448/570)
Soma dos casos no sub fator
aap
(**)
(χ
2
=65,040; GL=1; n=570;
α=0,000)
< Risco(r
2
) 37,24(92/247)a + 9,28(30/323)b - 21,40(122/570)
Sub fator “Medidas de proteção ambiental -mpa
ν
41
:Destino de embalagem
vazia
Inadequado 25,00(10/40) s 10,00 (5/50) s =16,66 (15/90)
ν
42
:Destino da soqueira
(**)
Não a elimina 7,69(6/78) b - 25,26 (24/95) a + 17,34(30/173)
Expressões relativas das categorias r
1
nestas 2 variáveis em mpa 1b 1s 1(-);1() 1a 1s 1(+);1() 1(=);1();
> Risco (r
1
) 13,55(16/118)s
20,00(29/145)s
=17,11(45/263)
Soma dos casos no sub fator
mpa
(χ
2
=1,9028; GL=1; n=263;
α=0,1678)
< Risco(r
2
) 86,44(102/118)s
80,00(116/145)s
=82,88(218/263)
Obs.: Relatividade qualitativa das proporções ou expressões em pauta: semelhante [s ou ]; maior [a ou +]; menor [b ou -]; Igual [=]; Diferente [];
Significância pelo teste χ
2
: (**): α < 0,01; (*):α < 0,05.
88
As opções de local de armazenagem encontradas foram: (a) dentro de
casa; (b) na roça ou mato (pendurado em árvores, encostado ou sobre tocos, em
pau oco, etc.); (c) em galpão para pesticidas; (d) em galpão também utilizado
para armazenar produtos alimentares; (e) em galpão de ferramentas e; (f) em sacola
fechada, longe de casa e em local alto ou pendurada. Classificando todos os casos
mencionados nas categorias de (1) local aceitável e (2) local não recomendável foi
observado que menos de 1/5 dos agricultores (19,11 %) armazenava ou guardava
os pesticidas em local aceitável e, não foi encontrado caso algum que
acondicionasse os pesticidas em condições estritamente recomendadas (TAB.
3.10ν
νν
ν
40
). A distribuição das freqüências observadas e esperadas (χ
2
; α > 0,05).nas
categorias desta variável foram semelhantes em C
1
e C
2
.
Os resultados mostraram que o agricultor não possuía um lugar
especialmente preparado para guardar os pesticidas e, adotava vários locais para
armazená-los.
No estado de MT, safra de 1996, outro estudo da EMBRAPA (1997) indicou
que 91,7 % de produtores e 83,3 % de extensionistas ligados à cotonicultura
necessitavam de treinamento. Isto reforça a necessidade de equacionamento
urgente do problema.
Quanto à contribuição da variável “local de armazenagem” sobre o
risco por pesticidas (R
CDPAH
/
Larmez
:C
1
= C
2
) pode-se sugerir que nas duas
comunidades as influências foram semelhantes, considerando a similaridade dos
procedimentos adotados nas mesmas.
3.4.6 - Medidas de proteção ambiental adotadas
3.4.6.1 - Destino de embalagens vazias
Apenas 16,66 % dos entrevistados recolhiam e/ou guardavam as
embalagens vazias de produtos pesticidas usados nas lavouras, enquanto que os
demais davam outros destinos às mesmas (TAB. 3.10ν
νν
ν
41
). A distribuição das
freqüências observadas e esperadas nas duas categorias de destino não foi
discordante entre as comunidades. Entre os outros destinos, os agricultores
deixavam as embalagens amontoadas ou aleatoriamente jogadas na roça, no mato,
às margens de trilhas; entre outras providências, queimavam as embalagens,
jogavam num buraco, deixavam pendurado em árvores ou colocavam sobre ou ao
lado de tocos na roça. SCHNEIDER et al. (1998) também verificaram uma
destinação preocupante das embalagens de pesticidas em área de agricultura
moderna em municípios do Triângulo Mineiro.
O serviço oficial de assistência técnica e extensão rural do Estado de
MT tem prestado orientações às duas comunidades, com relação a medidas de
proteção ambiental, além do destino de menor risco (ao ambiente e à saúde humana
e animal) a ser dado às embalagens vazias, incluindo a tríplice lavagem dos
vasilhames dos pesticidas (EMPAER-MT, 1997). SIMON (1993) menciona que um
dos principais riscos de segurança no uso de pesticidas é o descarte sem cuidado.
No presente estudo, apenas em C
1
, por influência de um esporádico
trabalho de orientação de uma organização não governamental, em uma das safras
estudadas (1995), os agricultores foram orientados para não darem outros destinos,
mas guardarem as embalagens vazias em local reservado, as quais seriam
posteriormente recolhidas por um agente de defesa ambiental. Tal atitude pode ter
oferecido uma proteção adicional ao ambiente naquele ano, em relação aos
procedimentos corriqueiros. Entretanto, essa iniciativa não teve continuidade. em
C
2
, o destino aleatório das embalagens vazias pode ser mais preocupante que em
C
1
, em face da existência mais próxima de recursos hídricos e de atividades mais
89
intensas e próximas de criações de animais. O destino dado às embalagens vazias é
um indicador de risco e, predominantemente, foi efetivado, de modo similar, de
forma inadequada nas duas comunidades. Por isso, o risco devido a esta variável
(R
CDPAH
/
dev
:C
1
= C
2
) deva ter sido também semelhante em ambas as comunidades.
3.4.6.2 - Destino da soqueira
Denomina-se soqueira de algodão o conjunto de plantas de algodão
que remanescem na lavoura depois de efetuada a colheita da pluma bruta (com
caroço). Tratar-se de planta de algodão já colhida ou abandonada. Segundo a
EMPAER-MT (1997), a destruição da soqueira tem alta importância profilática no
controle do bicudo (Anthonomus grandis Boheman 1843), lagarta rosada
(Pectinophora gossypiella Saunders), broca da raiz (Eutinobothrus brasiliensis
Hamboleton) e ramulose (Colletotrichum gossypii South variedade
Cephalosporiordes A.S. Costa). Por isso, a destruição da soqueira de algodão, logo
após o encerramento da colheita, por lei, é uma prática obrigatória (EMPAER-MT,
1997; EMBRAPA, 2003b).
Diante dos procedimentos adotados, a freqüência observada em C
2
foi
maior que a esperada para a categoria dos que colocam gado e também para os
que não eliminam a soqueira de algodão. As diferenças (χ
2
; α < 0,05) são que em C
1
98,7 % dos agricultores não colocavam gado na soqueira, mas 92,31 % a
eliminavam, enquanto que em C
2
62,1 % colocavam gado na soqueira, mas 25,26 %
não a eliminavam (TAB. 3.10ν
νν
ν
42
). Os que eliminavam a soqueira o faziam cortando,
arrancando, queimando os restos ou gradeando a área da lavoura.
O destino dado às soqueiras de algodão constitui-se em um indicador
de risco. O destino correto diminui a incidência de pragas e, por conseguinte,
também o volume e freqüência de uso de pesticidas que, por sua vez, reduzem a
exposição de não-alvos à contaminação, conforme discutido em RIEDER (1999).
Portanto, em C
2
, por ter havido mais “não eliminação de soqueiras” e
também maior uso das restêvas para alimentação de gado, assume-se que o risco
atribuído ao destino dado a soqueira, (R
CDPAH
/
soq
: C
2
> C
1
) foi maior que em C
1
.
3.4.7 - Medidas de proteção pessoal adotadas
Diante do risco de sofrerem intoxicações por pesticidas, os agricultores
adotaram medidas preventivas recorrendo a recursos diversos (vmpd), de caráter
higiênico (vmph), fitoderivados (vmpf), alimentares (vmpa) e indumentárias (vmpi).
Essas medidas foram valoradas (atribuídos valores) diante de seu potencial de
efetivamente beneficiarem (+), serem inertes (nulo) ou prejudicarem (-) o fim
desejado. Ao categorizar o potencial do efeito das medidas preventivas adotadas em
benéficas(+: 87,8 %), inertes(0: 2,0 %) e prejudiciais(-: 10,2 %), foi constatado que
suas freqüências nas duas comunidades não diferiram (χ
2
; α > 0,05). Enquanto que
ao serem atribuídos os valores 3, 2 e 1, respectivamente, por recurso com efeito
benéfico, inerte ou maléfico, os resultados para as medidas preventivas adotadas
(vmpt), estatisticamente (F;Tukey; α < 0,05), se diferenciaram nas duas
comunidades (Valor_C
1
= 2,647B; n
1
: 51; Valor_C
2
= 2,914A; n
2
: 47). Mas a
proporção de medidas prejudiciais (r
1
: 10,20 %) ou não (r
2
) foram similares nas
comunidades (C
1
; C
2
) (TAB. 3.11ν
νν
ν
43
).
rias medidas adotadas protegeram pouco e, às vezes, até
contribuíram para tornarem mais vulneráveis as pessoas à contaminação. O
manuseio de pesticidas sem a adoção de medidas e equipamentos adequados à
proteção pessoal, também está relatada num trabalho referente a região de
agricultura moderna de Cerrado nos municípios do Triângulo Mineiro (MG, Brasil)
(SCHNEIDER et al., 1998).
90
TABELA 3.11 - Expressão proporcional de variáveis consideradas nos sub-fatores “Medidas de Proteção Pessoal”, “Medidas de
Desintoxicação” e “Intoxicações por Pesticidas” e de todas as interações dos fatores H-P-A, segundo suas categorias de risco,em
comunidades cotonícolas(C
1
,C
2
), Cáceres, MT, Brasil, safras 1992-97
Comunidades e as Expressões de r
1
Facão (C
1
) Barra Nova (C
2
)
Fatores, variáveis(ν
i
) e sub-
variáveis(ν
i
”)
Categoria focada(c
f
) ou de maior risco-
r
1
em cada variável
(em oposição à não-focada(c
ñ
) ou de
menor risco – r
2
; sendo r
1
+ r
2
=total)
Proporções de r
i
em C
1
[
%(n
ri
/n
c1
)]
Relatividade
do risco r
i
em
C
1
Proporções de r
i
em C
2
[
%(n
ri
/n
c2
)]
Relatividade
do risco r
i
em
C
2
Expressão proporcional
e comparativa
(igual:=;
desigual:
)
Interação dos fatores H-P-A: .............Continuação................Sub fator “Medidas de proteção pessoal-mpp
Expressões relativas das categorias r
1
nesta variável mpp 1s 1() 1s 1() 1(=)
> Risco (r
1
) [Prejudiciais] 15,68(8/51)s
4,25(2/47)s
=10,20 (10/98)
ν
43
:Preventivas(χ
2
=3,4880; GL=1;
n=98; α=0,0618)
< Risco(r
2
)[Não prejudiciais] 84,31(43/51)s
95,74(45/47)s
=89,79(88/98)
Sub fator “Medidas de desintoxicação de pessoas-mdp
Expressões relativas das categorias r
1
nesta variável mdp 1s 1(Ir) 1s 1(Ir) 1 (=)
> Risco (r
1
) [Prejudiciais] 35,29(12/34)s
Ir
37,83(14/37)s
Ir
=36,61 (26/71)
ν
44
:Curativas(χ
2
=0,0494; GL=1;
n=71; α=0,8241)
< Risco(r
2
)[Não prejudiciais] 64,70(22/34)s
Ir
62,16(23/37)s
Ir
=63,38(45/71)
Sub fator “Intoxicações por pesticidas-intox”
ν
45
:Agentes intoxicantes
Não-
piretróides(OFo+OCa+OCl+OClFo)
50,00(31/62) s Ir 39,23 (51/130) s Ir =42,70 (82/192)
ν
46
:Causas intoxicadoras
Dúbias(não identificadas) 34,92(22/63) s Ir 41,77 (33/79) s Ir =38,73 (55/142)
ν
47
:Gravidade-intoxicações
Muito grave 32,25(20/62) s Ir 37,09 (46/124) s Ir =35,48 (66/186)
ν
48
:Casos intoxicações
ν
48”
Mais que uma vez/vítima 45,90(28/61) s Ir 55,64 (69/124) s Ir =52,43(97/185)
Expressões relativas das categorias r
1
nestas 4 variáveis em intox 4s 4 (Ir) 4s 4 (Ir) 4(=)
> Risco (r
1
) 40,72(101/248)s
Ir
43,54(199/457)s
Ir
=42,55(300/705)
Soma dos casos em intox
(χ
2
=0,52; GL=1; n=705; α=0,46)
< Risco(r
2
) 59,27(147/248)s
Ir
56,45(258/457)s
Ir
=57,44(405/705)
Expressões relativas das categorias r
1
nas interações H-P-A
6a; 8b; 13s
6(+);8(-);
6(Ir);5();
2(Ise)
8
a; 6b; 13s
6(+);8(-);
6(Ir);5();
2(Ise)
14();13(=)
> Risco (r
1
) 45,68(1340/2933)b
-
53,91(2211/4101)a
+
50,48(3551/7034)
Soma dos casos em H-P-A
(**)
(χ
2
=49,297; GL=1; n=7034; α=0,000)
< Risco(r
2
) 54,31(1593/2933)a
+
46,08(1890/4101)b
-
49,51(3483/7034)
Obs.: Relatividade qualitativa das proporções ou expressões em pauta: semelhante [s ou ]; maior [a ou +]; menor [b ou -]; Igual [=]; Diferente [];(Ise): Indicadora sem efeito; (Ir):Indicadora resultante Significância
pelo teste χ
2
: (**): α < 0,01; (*):α < 0,05.
91
A variável “medidas preventivas” adotadas constitui-se em um
indicador de risco por pesticidas (R
CDPAH
/
vmpt
: C
1
= C
2
), assumindo-se, então, ter
havido risco similar em C
1
e C
2
, em face da diferença não-significante na proporção
de adotantes de medidas r
1
e r
2
, embora os resultados das valorações das medidas
adotadas possam sugerir ter havido melhor proteção em C
2
. Estudos mais profundos
então ficam sugeridos para este aspecto.
3.4.8 - Medidas curativas adotadas nos casos de intoxicações
As medidas supostamente curativas adotadas pelos cotonicultores,
diante de quadros de intoxicações, foram classificadas em: formais (vmcr),
alimentares (vmca), fitoderivadas (vmcf), higiênicas (vmch), diversas (vmcd) e de
todas somadas (vmct).
Estas medidas constituem-se em importantes indicadores de risco
diante do uso e manejo de pesticidas. Embora o processo inicial de intoxicação
possa ter se instalado, a intervenção curativa adequada interrompe o
desenvolvimento de danos decorrentes, mas a inapropriada não.
Ao categorizar o potencial do efeito das medidas curativas adotadas
em benéficas (+: 57,7 %), inertes (0: 5,6 %) e prejudiciais (-: 36,6 %), foi constatado
que suas freqüências observadas e esperadas nas duas comunidades não diferiram
(χ
2
; α > 0,05), o que se confirmou também ao categorizá-las em prejudiciais (r
1
) ou
não prejudiciais (r
2
) (TAB. 3.11ν
νν
ν
44
). Enquanto que ao serem atribuídos os valores 3,
2 e 1, respectivamente, para cada recurso com efeito benéfico, inerte ou maléfico, os
resultados para as vmct, estatisticamente (F;Tukey; α<0,05), não se diferenciaram
nas duas comunidades (Valor_C
1
= 2,205A; n
1
: 34; Valor_C
2
= 2,216A; n
2
: 37). Isto
significa que as vmct foram semelhantemente pouco eficazes nas duas
comunidades.
Em geral, em C
1
e C
2
os cotonicultores devem ter sido bastante
vulneráveis à intoxicações por pesticidas. Vários são os fatores que concorreram
para aumentar o risco com os agentes tóxicos usados. Entre os quais, algumas vmct
concorreram para agravar o problema, quando foram equivocadamente escolhidas e
incorretamente aplicadas. As indicações de medidas de socorro e curativas, por
exigência legal, devem estar expressas no rótulo, nas bulas e nas instruções
específicas dos fabricantes, além de serem encontradas na literatura especializada
sobre o assunto (Inf.Agropec.,1979a; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1985; ANDREI,
1996; SALAZAR CAVERO, 1998).
A variável “medidas curativas” adotadas constitui-se em um indicador
de risco por pesticidas (R
CDPAH
/vmct: C
1
= C
2
), assumindo-se, então, ter havido risco
semelhante em C
1
e C
2
, em face da similaridade das proporções r
1
e r
2
e das
valorações correspondentes antes referidas.
3.4.9 - Casos de intoxicações por pesticidas
A análise de impactos produzidos por pesticidas, como intoxicações
ocorridas permitem ou facilitam entender o que aconteceu. Assim, ao se tratar de
riscos por pesticidas (R
CDPAH
), estes se referem a o que provavelmente já aconteceu.
Entretanto, tais avaliações são úteis para indicar procedimentos corretivos e alertar
sobre riscos, agora sim, futuros, quando determinadas situações ocorrerem.
3.4.9.1 - Agentes intoxicadores
Pesticidas que provocaram intoxicações o denominados aqui por
agentes intoxicadores. Então, resultam da concretização de um risco havido. Passa-
se de uma probabilidade de algo acontecer, para a constatação do acontecimento.
Pesticidas do grupo dos piretróides (OPi) ou suas misturas foram identificadas como
os responsáveis mais freqüentes (57,3 %) dos casos de intoxicações relatados no
92
período (1992-97) e comunidades estudadas (C
1
e C
2
) (TAB. 3.11ν
νν
ν
45’
). Enquanto os
pesticidas organo sintéticos fosforados (OFo), foram responsáveis por 29,2 % dos
casos relatados de intoxicações. Os demais casos foram atribuídos a pesticidas de
outros grupos químicos (organo sintéticos clorados - OCl: 4,7 %, misturas com
clorados: 4,2 %, organo sintéticos carbamatos - OCa: 4,2 %). Ao se comparar a
distribuição das categorias de “agentes intoxicadores relatados”, entre comunidades,
as respectivas freqüências observadas e esperadas foram semelhantes (χ
2
; α >
0,05).
Entre os pesticidas, os inseticidas foram os que mais causaram
intoxicações. Essa predominância dos inseticidas (70,1 %), também foi constatada
por um estudo de GRANDO et al. (1998) nos casos atendidos pelo Centro de
Informações Toxicológicas de Santa Catarina (CIT/SC).
Nas safras consideradas (1992-97), das comunidades em questão (C
1
e C
2
), os pesticidas do OPi causaram mais de 80 % das intoxicações relatadas nos
anos de 1995-96, e em torno de 60 % nos demais anos, o que está coerente com a
adoção também mais freqüente do mesmo grupo de pesticidas naqueles anos.
Assim, ao uso mais freqüente do OPi está associado um crescimento de casos de
intoxicação atribuídos aos mesmos. Em Santa Catarina, GRANDO et al. (1998)
também verificaram que os piretróides constituíram o grupo químico mais envolvido
nos casos de intoxicações atendidos pelo CIT/SC. Sugere-se que o risco pretérito de
impacto global por pesticidas (R
CDPH:
) possa ter como um indicador neutro
importante a variável “agentes intoxicadores relatados-agintox”. Embora uma
intoxicação seja um fato concretizado antes aventado por uma probabilidade
(risco) entre múltiplos efeitos danosos, os registros de freqüências de intoxicações
por agente químico, além de outras utilidades, são importantes sinalizadores do
impacto passado global. Portanto, agentes que tem causado maior número de
intoxicações, supõe-se que sejam também os que provocavam dano global maior
(ambiente exposto). Considerando a similaridade freqüencial nas categorias de
“agentes intoxicadores” nas duas comunidades sugere-se que a parcela atribuída
aos componentes desta variável no risco pretérito global (R
CDPH
/
agintox
C
1
= C
2
)
também deva ter sido semelhante em C
1
e C
2
, confirmando impactos concretos.
Assumindo-se que os pesticidas fosforados apresentam um potencial maior de
deixarem danos mais drásticos no ambiente e na saúde do homem, supõe-se que a
parcela devida aos “agentes intoxicadores” no risco global (R
CDPH
/
aginto
: entre
Safras: (1993 > 1995)) oscilou entre safras (1992-97), tendo sido mais elevado em
1993 e menor em 1995 (TAB. 3.8ν
νν
ν
45”
). Agrotóxicos em uso continuado que
causaram intoxicações numa comunidade cotonícola, sem melhorarem o sistema de
manejo dos mesmos, devem ser considerados ao se estimar riscos devido ao
conjunto de pesticidas usados num determinado lugar e época (R
CDPH
/
aginto
: espaço e
tempo)
3.4.9.2 - Conhecimento de causas
Vários aspectos de interação inadequada do homem-pesticida-
ambiente(H-P-A) concorreram para aumentar a exposição ao contaminante e os
conseqüentes riscos de danos à saúde. Entre tais têm-se: (a) o uso de indumentária
não apropriada ou deficitária; (b) jornadas de trabalho muito exaustivas; (c)
adversidades ambientais; (d) equipamentos de aplicação em condições inadequadas
e defeituosas; (e) não observância do prazo mínimo de re-entrada em lavoura
tratada; (f) uso de caldas fortificadas irregularmente; (g) falta de cuidados higiênicos.
Entretanto, em várias situações de casos de intoxicações ocorridas os seus
relatores, em ambas as comunidades (C
1
,C
2
), similarmente, não conseguiram
93
associar (38,73 %), com convicção, suas causas de modo específico (TAB. 3.11ν
νν
ν
46
).
Porém, no presente estudo, nas duas categorias de causas das intoxicações (r
1
-
conhecidas; r
2
- não conhecidas), a distribuição das freqüências observadas e
esperadas não foi discordante nas duas comunidades (χ
2
; α > 0,05), mas o foi nas
seis safras estudadas (1992-97) (χ
2
; α < 0,05), sendo que nos dois últimos anos
(1996-97) praticamente todas as timas associavam a intoxicação a alguma causa
especificada (TAB. 3.8ν
νν
ν
46
).
Em outro estudo de 1983, RIEDER (1991) relata que 15,3 % das
vítimas reconhecem que a intoxicação se instalou devido ao fato de terem fumado
durante as aplicações de pesticidas. GRANDO et al. (1998) verificou que as
intoxicações do meio urbano, mais freqüentemente ocorrem por acidente, mas no
meio rural por motivos ocupacionais. Aceitando-se que as causas de intoxicações
são conseqüentes de interações inadequadas ou acidentais do homem com
pesticidas, e tendo havido semelhança nas freqüências observadas e esperadas das
categorias de conhecimento das mesmas (cocau) em C
1
e C
2
, assume-se que a
parcela devida a esta variável no risco global (R
CDPH
/
cocau:
C
1
= C
2
) nas duas
comunidades também foi semelhante. Mas esta semelhança não se confirmou ao
longo das seis safras (1992-97). Em contraste com as safras anteriores, os anos de
1996 e 1997, tinham poucos intoxicados que não fizeram associações entre efeitos e
causas. Assume-se, então, que o risco global (R
CDPH
/
cocau:
nas safras: 1996-97 <
1992-95) foi distinto entre algumas safras estudadas. Nos anos em que houve mais
intoxicados com dúvidas sobre quais foram às causas efetivas que as levou a se
intoxicarem, pelo desconhecimento, estavam mais vulneráveis, e o risco então foi
maior que nos anos menos dúbios quanto as causas. Pode ter havido uma melhor
interação do homem com pesticida no ambiente, nas safras de 1996-97. O nível de
ignorância quanto ao perigo que estas armas químicas representam e sobre os
fatores que favorecem ou desfavorecem a contaminação, deixam o seu operador, e
demais expostos, proporcionalmente vulnerável ao potencial danoso dos mesmos.
3.4.9.3 - Gravidade dos envenenamentos
No presente estudo, 35,5 % e 64,5 % das intoxicações relatadas foi
qualificado, respectivamente, como muito graves e não muito graves, sendo
concordantes as freqüências observadas e esperadas nas duas comunidades (TAB.
3.11ν
νν
ν
47
). As intoxicações qualificadas como muito graves (categoria r
1
), além da
menção do informante, foram aquelas em que a vítima relatou que se sentiu muito
mal e, por isso teve de recorrer ao atendimento de pronto socorro ou hospital e
assistido por médico, o que não significa ter havido óbito. Enquanto que as não
muito graves (categoria r
2
) foram aquelas que, no máximo, exigiram recorrer ao
médico, mas sem necessidade de internação em hospital ou pronto socorro. As
intoxicações nas seis safras (1992-97) apresentaram freqüências observadas e
esperadas não discordantes (χ
2
; α > 0,05) para as duas categorias (r
1
= 26,27 %)
(TAB. 3.8ν
νν
ν
47
).
Pouco mais de 1/3 dos intoxicados recorreram à assistência médica
hospitalar. Estas comunidades, em primeiro momento de necessidade de
atendimento aos problemas de saúde, tinham o habito de recorrerem ao recurso do
saber popular e familiar, e de atendimento de farmácia. As freqüências observadas e
esperadas de intoxicações muito graves (r
1
) e não muito graves (r
2
), não foram
discordantes nas comunidades (C
1
e C
2
) e nos seis anos acompanhados (1992-97).
Isso leva a sugerir que o risco por pesticidas (R
CDAH
/
gravi:
C
1
= C
2
), interpretado a
partir desta variável, tenha se expressado semelhante nas duas comunidades e
também ao longo dos seis anos. Um outro estudo, com base nos atendimentos do
94
CIT/SC (1994-96), indicou que 90,7 % dos casos foram de intoxicação aguda e, em
todos os casos, 86,3 % dos pacientes se curaram, sem seqüelas (GRANDO et al.,
1998). No ano de 1996, a letalidade e intoxicações por pesticidas, na região Centro-
Oeste (7,25 %) superou o dobro da dia do Brasil (3,09 %) FIOCRUZ/SINITOX
(1998).
3.4.9.4 - Quantidade de intoxicações
A quantidade de intoxicações sofridas constitui-se em um indicador dos
mais próximos do efetivo risco de danos globais por pesticidas e, também um bom
estimador do espectro e profundidade dos impactos efetivamente produzidos em
face da exposição e contaminação havida. Esta variável sintetiza um conjunto de
fatores (outros indicadores) que contribuíram para estabelecer um risco e deflagrar
efetivamente o dano.
A memória da história de vida relatada pelo agricultor, indica que mais
da metade (57,7 %) das vítimas sofreu mais de uma intoxicação, entretanto não foi
identificada discordância (χ
2
; α > 0,05) entre as freqüências observadas e esperadas
nas duas comunidades e nem no período estudado considerando as duas categorias
de intoxicações sofridas (1 - uma única vez; 2 - mais de uma vez).
Em 1983, na zona produtora de algodão do Município de Cáceres (MT)
foi encontrado que em torno de ¼ das famílias tinham mais de uma vítima entre os
seus integrantes, atingida por intoxicações (RIEDER, 1991). Outro estudo realizado
entre março de 1983 e maio de 1984, junto a agricultores de Santa Rosa (RS)
indicou que havia 42 % de suspeitas de intoxicação entre os agricultores aplicadores
de pesticidas, (GARCIA, s/d).
Normalmente as exposições aos pesticidas se concentram sobre o
operador ou poucas pessoas da família. Mas o operador é o mais vulnerável, devido
a sua exposição direta como continuada aos produtos químicos xicos. Embora
semelhante nas duas comunidades, é possível que o número mais elevado de
pessoas com intoxicações reincidentes (52,43 %) em relação não-reincidentes
(47,57 %) possa estar associado a vários fatores tais como: (a) quantidade de
aplicações, (b) amplitude do período dos tratamentos, (c) toxicidade dos produtos
usados, (d) concentração de pesticida nas caldas usadas, (e) uso de misturas, (f)
nível de preparo ou treinamento dos operadores e, (g) tempo de envolvimento com
pesticidas. A quantidade de intoxicados no espaço e no tempo é um bom indicador
sintético da situação do passado, do risco (R
CDPH
) havido, decorrente do uso e
manejo de pesticidas.
No presente estudo, a maior reincidência de intoxicações em mesmas
pessoas, sinaliza que o risco foi alto (R
CDPH
/
Qintox
:C
1
= C
2
), embora semelhante, nas
duas comunidades (TAB. 3.11ν
νν
ν
48
). Nas seis safras consideradas (1992-97), em
média, mais da metade (57,7 %) das vítimas por pesticidas foram intoxicados em
mais de uma oportunidade, mas em torno de das famílias atingidas tiveram
mais que um integrante intoxicado (TAB. 3.8ν
νν
ν
48
).
No geral, foi constatada a ocorrência de um caso de intoxicação (CI)
relatado para cada seis oportunidades de adoção de produtos pesticidas (Op). Isto
permite as seguintes combinações básicas (entre agricultores-H, pesticidas-P e
safras-S) de situações possíveis de oportunidades (Op = H x P x S):
(a)Se um agricultor (H = 1), numa determinada safra (S = 1), adquirir
seis produtos pesticidas (P = 6), um deles causará um caso de intoxicação (CI = 1);
(b) Se um agricultor (H = 1) utilizar apenas um produto pesticida (P = 1)
por safra, em seis safras (S = 6) haverá uma em que se produzirá um caso de
intoxicação (CI = 1) por aquele pesticida usado;
95
(c) Havendo seis agricultores (H = 6) numa determinada safra (S = 1),
cada um utilizando apenas um produto pesticida (P = 1), um dos usuários
desenvolverá um caso de intoxicação (CI = 1).
Outras combinações intermediárias podem ocorrer, desde que o
produto Op seja igual a seis (Op = H x P x S; Ex
1
: Op = 1 x 2 x 3; Ex
2
: Op = 1 x 3 x 2;
Ex
3
: Op = 3 x 2 x 1).
Portanto, a soma dos casos de intoxicações [Ci = Op x (6)
-1
] podem
ser obtidos a partir da soma das oportunidades (Op) resultantes da interação dos
números de usuários de pesticidas, de produtos tóxicos adotados e de lavouras ou
safras agrícolas.
Uma versão de melhor aproximação de estimativa de casos de
intoxicação (CI) teria de levar em conta outros componentes importantes, como
intensidade ou freqüência de uso, tamanho das lavouras, jornada de trabalho, uso
de equipamentos de proteção (EPI), treinamento recebido.
Entretanto, nas comunidades C
1
e C
2
, no intervalo de 1998 a 2003,
período em que os agricultores abandonaram a cotonicultura, foram relatados casos
de intoxicações, apenas por 3 famílias informantes (ex-cotonicultores) entre as 15
mais tradicionais. Isto representou a ocorrência de 1 caso de intoxicação, em cada 2
anos, entre 15 agricultores.
3.5 - ESTUDO DE CORRELAÇÃO (TAB. 3.12)
3.5.1 - Relações entre agricultor, comunidade e área da
propriedade
Foi constatada, através de uma correlação (r) dia, que à idade dos
lavoureiros corresponde uma variação inversa da escolaridade (r = -0,518; α =
0,0001) e direta de tempo de experiência total com lavouras de algodão (r = 0,514; α
= 0,0001).
A relação direta entre idade e tempo de experiência total com a
cotonicultura indicou tratar-se de uma atividade predominantemente tradicional entre
os agricultores pesquisados e, sua continuidade transmitida entre as gerações que
se sucedem. A correlação talvez não tenha sido mais acentuada em função de
interrupções e descontinuidades do exercício da atividade pelo agricultor ao longo
dos anos, assim como também pelo ingresso temporário, recente e de curta duração
de antigos agricultores na atividade. A relação inversa entre idade e escolaridade
deve estar confirmando que as oportunidades e condições para escolarização às
gerações mais jovens estão efetivamente melhorando com o passar dos anos.
A renda familiar mostrou-se estar, através de r
médio
, vinculada
diretamente (r = 0,597; α = 0,0001) com a área do estabelecimento agrícola. Na
proporção em que havia áreas maiores de estabelecimentos rurais a renda familiar
de seus proprietários também passava a ser crescente.
Houve sinalização (τ
ττ
τ
Kendall
= 0,673; α = 0,000) que os intoxicados por
pesticidas com grau de escolaridade mais elevada tinham também mais
freqüentemente dificuldade de identificar as causas de intoxicação que os de
escolaridade menor. Existem, então, outros fatores indutores do resultado
mencionado. Esta relação inversa é contestadora que, a princípio, se poderia
esperar, carecendo, portanto de estudos mais profundos e específicos sobre o tema.
96
TABELA 3.12 -Correlação de Pearson (r), Kendall (
τ
ττ
τ
) e de Spearman (R
S
) entre as variáveis da interação Homem-Pesticida-
Ambiente, Cáceres, MT,Brasil.
Variável 1
(1)
Variável 2
(1)
n
r
t
Sgnificância
(α)
Área plantada Produção da lavoura 298 0,862 29,263 0,0001
Área plantada Consumo de pesticidas 298 0,733 14,700 0,0001
Consumo de pesticidas Produção da lavoura 185 0,643 11,375 0,0001
Área da propriedade Renda Familiar 83 0,597 6,706 0,0001
Época de plantio Término das aplicações 184 0,594 9,960 0,0001
Idade Tempo de experiência total 292 0,514 10,220 0,0001
Escolaridade Idade 293 -0,518 -10,343 0,0001
Tempo de experiência local Valor med. curativas Total (vmct) 39 -0,601 -4,580 0,0000
n
τ
ττ
τ
z
2
(α)
Agente intoxicante Período da intoxicação
179
τ=0,722
14,367 0,000
Anos do estudo (Escolaridade) Causas de intoxicações
142
τ=0,673
11,896 0,000
Causas de intoxicações Razões abandono cotonicultura
8
τ=0,714
2,474 0,006
Causas de intoxicações condensado Via d’ contaminação condensada
141
τ=0,991
17,436 0,000
Gravidade da intoxicação Sinais de intoxicação
186
τ=0,679
13,761 0,000
Intoxicações sofridas Razões abandono cotonicultura
8
τ=0,928
3,216 0,000
Tempo exper. local condensado Valor med. curativas. Total (vmct)
38
τ=0,798
7,052 0,000
n
R
S
Z
2
(α)
Comunidade Tempo exper. local condensado
291 r
S
=0,696 SPSS 0,000
Comunidade Tempo de experiência local
292 r
S
=0,804 SPSS 0,000
Obs.:
(1)
-Decodificação de variáveis, conforme segue:
Causas de intoxicação condensadas: (1:Adversidades ambientais, despreparo ao uso e manejo, falta de EPI; 2: Não identificadas ou outras); Período de intoxicação: (1: No período de estudo; 2:
Anterior ao período de estudo); Tempo Exper. local condensado: [ 1: que a média; 2: > que a média (8,476 anos)]; Valor das medidas curativas e preventivas: [ Resultam da soma dos
valores dos efeitos das várias medidas: indesejados ( valores negativos); Sem efeito; (valor nulo); desejados (valores positivos)] ; Via de contaminação condensada: (1: Dérmica e/ou inalatória;
2: Não identificada); Razões do abandono da cotonicultura: [0: Não apresentou; 10-30: relacionadas a pesticidas e pragas; 30-50: relacionadas a problemas de mão-de-obra e de saúde; 50-60:
relacionadas a resultados produtivos desestimulantes; 60-70: desconhecimento da atividade; 70-80: relacionada a dificuldades financeiras; 80-90: relacionadas a problemas de solo; 90-100:
oportunidade de mudança de atividade]; Intoxicantes: Grupo químico do pesticida: (1: Fosforados; 2: Piretróides; 3: Carbamatos; 4: Mistura com Piretróides; 5: Clorados; 6: Clorofosforados; 7:
Outros); Tempo exper. local condensado: [ 1: que a média; 2: > que a média (8,476 anos)]; Comunidades (1=Facão; 2=Barra Nova).
(2)
- Nas células, da coluna z, em que aparecem valores numéricos e não numéricos, as análises estatísticas foram efetuadas pelos programas SAEG-4.0 e SPSS , respectivamente
97
3.5.2 - Relações de aspectos da cotonicultura local
Foi constatado, no geral (
τ
ττ
τ
= 0,798; α = 0,000), que o grupo de
agricultores com tempo de experiência local maior que a média, na atividade
cotonícola, escolhia medidas curativas desintoxicantes mais adequadas que o grupo
com menor tempo de vivência. Mas quando o tempo de vivência local não foi
agrupado, havia uma relação inversa significante (r = -0,601; α = 0,0000) entre este
tempo e a respectiva soma dos valores das medidas curativas desintoxicantes por
eles adotadas. Isso pode estar significando a instalação de um fenômeno de
familiarização com o perigo, de desorientação ou de falta de assistência competente,
no que se refere a cuidados com a saúde, nas comunidades cotonícolas, com o
passar dos tempos de dedicação na atividade.
Os atrasos nos plantios implicaram (r = 0,594; α = 0,0001) no
retardamento da finalização das aplicações de pesticidas nas lavouras.
A variação da área plantada foi acompanhada, no mesmo sentido, da
variação na produção (r = 0,868; α = 0,0001) e do volume (r = 0,733; α = 0,0001) de
pesticidas lançados nas lavouras.
A evolução no volume de algodão produzido, esteve acompanhado de
variações, em mesmo sentido, de consumo (r = 0,643; α = 0,0001) de pesticidas.
3.5.3 - Algumas relações com intoxicações
O número de intoxicações sofridas e o receio de sofrê-las se
relacionavam positivamente (
τ
ττ
τ
= 0,928; α = 0,000) com a desistência de safras
seguintes. Mas a desistência também incluía motivos relacionados à deficiência de
mão-de-obra, resultados produtivos o compensatórios, carência de recursos
financeiros, enfraquecimento do solo e oportunidade de mudança de atividade.
Houve uma tendência de mudança (
τ
ττ
τ
= 0,722; α = 0,000) dos principais
grupos de pesticidas causadores de intoxicações, entre o período do presente
estudo (principalmente OFo e OPi e, com menor freqüência OCa) e o anterior (além
de OFo, OCa, também a presença de OClFo e OCl).
As causas que levaram o agricultor a se intoxicar e os motivos que o
conduziram a desistir da atividade cotonícola também estão associadas (
τ
ττ
τ
= 0,714; α
= 0,006). Foi constatado haver relação direta (
τ
ττ
τ
= 0,991; α = 0,000) entre a
identificação ou não-identificação da causa que desencadeou o processo de
contaminação e a via de entrada do agente intoxicante no organismo da vítima.
A gravidade relatada dos casos de intoxicações apresentou associação
(
τ
ττ
τ
= 0,679; α = 0,000) com a especificidade dos sinais e sintomas mencionados.
3.6 - RESUMO DOS ASPECTOS ESTUDADOS (TAB. 3.13ν
νν
ν
I
)
3.6.1 - A magnitude das variáveis (
ν
νν
ν
i = 1
48
)
3.6.1.1 - No espaço avaliado (C
1
; C
2
)
Das 48 variáveis consideradas (
ν
νν
ν
i
), apenas três estavam divididas em 2
sub-variáveis cada uma, todas binomiais [2 categorias: focada (
c
f
) e não-focada
(
c
ñ
)]. Isto constituiu 51 categorias
c
f
e, em oposição, outras 51 categorias
c
ñ
.
Diante das variáveis consideradas, as categorias focadas (
c
f
=
r
1
) que
apresentaram, estatisticamente (χ
2
; α < 0,05), proporção maior de atores, foram:
1) Na comunidade C
1
:
- nascidos em Estados não-tradicionais em cotonicultura (C
1
: 44,89 %;
C
2
: 5,66 %), migrantes que não passaram por regiões mais desenvolvidas (C
1
: 41,83
%; C
2
: 11,87 %), cujas famílias tinham renda anual não superior a média geral (C
1
:
96,87 %; C
2
: 54,9 %), sendo estas categorias das variáveis do fator H, (TAB. 3.1);
98
- usuários de produtos da classe altamente tóxica (C
1
: 59,11 %; C
2
:
51,46 %) e maior número (diversidade) de produtos comerciais (C
1
: 21 C
2
: 15) e
grupos químicos (C
1
: 7; C
2
: 5), sendo estas categorias das variáveis do fator
Pesticidas (P) (TAB. 3.2 e TAB. 3.3);
- que possuíam unidades de produção com área não superior a 5 ha
(C
1
: 83,18 %; C
2
: 7,40 %), e com relevo mais acidentado(C
1
: 87,61 %; C
2
:18,51 %),
sendo estas categorias das variáveis do fator Ambiente (A) (TAB. 3.5 e TAB. 3.6);
- que tinham tempo de vivência na cotonicultura menor que a média
geral (C
1
: 67,30 %; C
2
: 47,82 %), executavam semeaduras de algodão em épocas
não recomendadas (C
1
: 17,02 %; C
2
: 1,12 %), obtinham produtividades maiores que
a média (C
1
: 55,75 %; C
2
: 40,54 %), sendo estas categorias das variáveis do sub-
fator “aspectos da cotonicultura local” da interação “H-P-A” (TAB. 3.7);
- que iniciavam mais cedo (C
1
: 90,42 %; C
2
: 79,59 %) e encerravam
mais tarde (C
1
: 25,53 %; C
2
: 2,04 %) os tratamentos com pesticidas nas lavouras,
efetuavam mais que 9 aplicações por safra (C
1
: 55,31 %; C
2
: 27,55 %), sendo estas
categorias das variáveis do sub-fator “aspectos do uso e manejo de pesticidas” da
interação “H-P-A” (TAB. 3.7).
2) Na comunidade C
2
:
- que possuíam unidades de produção com vegetação natural mais
escassa e menos conservada (C
1
: 46,90 %; C
2
: 80,42 %), águas mais próximas das
aplicações de pesticidas (C
1
: 5,30 %; C
2
: 64,55 %), solos de menor poder de
adsorção (C
1
: 9,73 %; C
2
: 80,42 %), fauna mais diversa e com mais não-alvos
próximos (C
1
: 38,93 %; C
2
: 85,71 %), sendo estas categorias das variáveis do fator
Ambiente (A) (TAB. 3.5 e TAB. 3.6);
- que consideravam pesticida bom àquele que era mais persistente -
entre outros atributos (C
1
: 2,67 %; C
2
: 23,86 %), tinham área plantada de algodão
maior que a média geral (C
1
: 13,39 %; C
2
: 51,59 %), obtiveram produção maior que
a média geral (C
1
: 20,35 %; C
2
: 45,40 %), sendo estas categorias das variáveis do
sub-fator “aspectos da cotonicultura local” da interação “H-P-A” (TAB. 3.7);
- que aplicavam volume de pesticidas (por lavoura) maior que média
geral (C
1
: 17,10 %; C
2
: 30,57 %), sendo esta categoria da variável do sub-fator
“aspectos do uso e manejo de pesticidas” da interação “H-P-A” (TAB. 3.9);
- que adquiriam os produtos pesticidas sem receituário agronômico (C
1
:
89,18 %; C
2
: 96,51 %) e em comércio irregular (C
1
: 26,53; C
2
: 85,00 %), sendo estas
categorias das variáveis do sub-fator “aquisição e armazenagem de pesticidas” da
interação “H-P-A” (TAB. 3.10);
- que o eliminavam apropriadamente a soqueira de algodão após a
colheita (C
1
: 7,69 %; C
2
: 25,26 %), sendo esta categoria da variável do sub-fator
“medidas de proteção ambiental” da interação “H-P-A” (TAB. 3.10);.
Mas C
1
e C
2
apresentaram proporção semelhante (χ
2
; α> 0,05) de
atores:
- que tinham 45 anos ou mais de idade (49,82 %), eram sem
escolaridade (40,27 %) e possuíam mais de 4 pessoas na família atual (48,12 %),
sendo estas categorias das variáveis do fator Homem(H) (TAB. 3.1);
- que usaram produtos comerciais: mais de 3 por safra (17,33 %), a
base de metil paration (26,83 %), pertencentes a grupos químicos não-piretróides
(57,03 %), sem piretróides em sua formulação (50,18 %), com ingredientes ativos do
grupo dos organo-sintético fosforados (47,55 %), de ação fumigante (36,34 %), de
ação sistêmica (22,74 %), altamente perigosos (37,40 %), sendo estas categorias
das variáveis do fator Pesticidas(P) (TAB. 3.2 e TAB. 3.3);
99
- cuja unidade de produção estava submetida ao clima Aw
i
mas com
lavouras menos protegidas do vento (74,83 %), sendo esta categoria da variável do
fator Ambiente (A) (TAB. 3.5);
- que usavam e manejavam os pesticidas com base em orientações
predominantemente de leigos (84,82 %), não eram proprietários das terras onde
cultivavam algodão (34,43 %), usavam predominantemente a força braçal para
desenvolverem suas lavouras (100 %), e colhiam o algodão manualmente (100 %),
sendo esta categoria da variável do sub-fator “aspectos da cotonicultura local” da
interação “H-P-A” (TAB. 3.7);
- que misturavam distintos produtos comerciais de pesticidas (por
ocasião do preparo das caldas) contrariando a legislação pertinente (40,36 %),
guardavam os produtos pesticidas em ambiente não-recomendado (80,89 %),
davam destino inadequado às embalagens vazias de pesticidas (16,66 %), sendo
estas categorias das variáveis, respectivamente, dos sub-fatores “aspectos do uso e
manejo de pesticidas” (TAB. 3.9), “aquisição e armazenagem dos pesticidas” e
“medidas de proteção ambiental” da interação “H-P-A” (TAB. 3.10);
- que usavam medidas prejudiciais de proteção pessoal (10,20 %) e
também de desintoxicação (36,61 %), sendo estas categorias das variáveis,
respectivamente, dos sub-fatores “medidas de proteção pessoal” e de “medidas de
desintoxicações de pessoas” da interação “H-P-A” (TAB. 3.11);
- que foram intoxicados por pesticidas não-piretróides (42,70 %), não
conseguiram identificar as causas ou vias da contaminação (38,73 %), apresentaram
quadro clínico muito grave (35,48 %) e tiveram reincidência de intoxicações nas
mesmas pessoas (52,43 %), sendo estas categorias das variáveis do sub-fator
intoxicações por pesticidas” da interação “H-P-A”(TAB. 3.11).
3.6.1.2 - No tempo avaliado (Safras de 1992 a 1997)
Das 48 variáveis consideradas (
ν
νν
ν
i
), apenas 15 foram incluídas no
estudo temporal. Em 2 se considerou duas sub-variáveis (
ν
νν
ν
36’
e
ν
νν
ν
36”
;
ν
νν
ν
48’
e
ν
νν
ν
48”
). As
expressões das variáveis, como das sub-variáveis, foram agrupadas binomialmente
[2 categorias: focada (c
f
) e não-focada (c
ñ
)]. Isto constituiu 17 categorias focadas e,
em oposição, outras 17 categorias não-focadas. De forma similar ao estudo
espacial, considerando cada variável ou sub-variável como um indicador de risco
(R
CDPAH
), as categorias focadas (c
f
) foram definidas para representarem a situação
de maior risco (r
1 =
c
f
), enquanto as não-focadas (c
ñ
), de menor risco (r
2
= c
ñ
).
Diante das variáveis consideradas, as categorias focadas (c
f =
r
1
) que
apresentaram, estatisticamente (χ
2
; α<0,05), proporção diferente de atores, ao longo
das seis safras, foram:
-No fator P (TAB.3.4), o uso: (
ν
νν
ν
10:
r
1
)
de mais de 3 marcas pelo
agricultor em uma lavoura (r
1
maior, safra 1995: 26,0 %; r
1
menor, na safra de 1992:
2,7 %); (
ν
νν
ν
13:
r
1
) de produtos da classe altamente tóxica (r
1
maior, na safra de 1997:
62,6 %; r
1
menor, na safra de 1995: 43,4 %) e; (
ν
νν
ν
14:
r
1
) da classe de PPA altamente
perigosa (r
1
maior, na safra de 1993: 50,0 %; r
1
menor, na safra de 1995: 25,6 %).
-Nas interações dos fatores H-P-A (TAB. 3.8): (
ν
νν
ν
25:
r
1
) em ocupantes
não-proprietários (r
1
maior, na safra de 1997: 47,2 %; r
1
menor, na safra de 1993:
21,3 %); (
ν
νν
ν
28:
r
1
) área plantada maior que a média (r
1
maior, na safra de 1993: 55,3
%; r
1
menor, na safra de 1997: 13,9 %); (
ν
νν
ν
32:
r
1
) em encerramentos mais tardios dos
tratamentos das lavouras com pesticidas(r
1
maior, na safra de 1995: 24,7 %; r
1
menor, na safra de 1997: 2,8 %); (
ν
νν
ν
36’:
r
1
) com o uso de doses de pesticidas maiores
que 50 mL/ 20 L água (r
1
maior, na safra de 1996: 22,7 %; r
1
menor, na safra de
1992: 3,3 %); (
ν
νν
ν
36”:
r
1
) e também iguais a 50 mL/ 20 L água (r
1
maior, na safra de
100
1992: 96,9 %; r
1
menor, na safra de 1996: 49,6 %); (
ν
νν
ν
45:
r
1
) a presença do grupo dos
fosforados como causador de intoxicações (r
1
maior, na safra de 1993: 44,4 %; r
1
menor, na safra de 1995: 12,8 %) e; (
ν
νν
ν
46:
r
1
) quanto as causas o-identificadas das
intoxicações (r
1
maior, na safra de 1995: 69,2 %; r
1
menor, na safra de 1997: 0,0 %).
Contudo, as categorias focadas (c
f =
r
1
) que apresentaram,
estatisticamente, proporção semelhante (χ
2
; α > 0,05) de atores, ao longo das seis
safras, foram verificadas nas interações dos fatores H-P-A (TAB.3.4), nos casos de:
(
ν
νν
ν
32:
r
1
) início mais cedo dos tratamentos das lavouras com pesticidas (r
1
= 84,9 %);
(
ν
νν
ν
34:
r
1
) mais de 9 de tratamentos com pesticidas no ciclo das lavouras (r
1
= 41,1 %);
(
ν
νν
ν
35:
r
1
) adoção de mistura de diferentes marcas no preparo das caldas (r
1
= 40,4 %);
(
ν
νν
ν
37:
r
1
) volume de produto pesticida usado maior que média (r
1
= 23,9 %); (
ν
νν
ν
47:
r
1
)
intoxicações muito graves (r
1
= 26,3 %); (
ν
νν
ν
48’;
r
1
) mais de uma pessoa intoxicada por
família (r
1
= 10,9 %); (
ν
νν
ν
48”:
r
1
) mais de uma intoxicação sofrida por uma mesma
vítima (r
1
= 57,7 %).
3.6.2 – Riscos envolvidos ao ambiente e à saúde humana (R
CDPAH
)
3.6.2.1 - No espaço avaliado (C
1
; C
2
)
As análises permitiram reconhecer as 48 variáveis [3 (
ν
νν
ν
7,
ν
νν
ν
8,
ν
νν
ν
12
) com
duas sub-variáveis cada uma] anteriormente consideradas como indicadoras de
risco, todas categorizadas binomialmente (maior - r
1
e de menor - r
2
risco). Isto
resultou, ao todo em 51 categorias de maior risco (r
1
) e outras tantas de menor risco
(r
2
). Duas variáveis (
ν
νν
ν
30,
ν
νν
ν
31
) foram qualificadas como indicadoras eventuais de risco,
mas não interferentes sobre o mesmo ou neutras. Mas 46 variáveis foram assumidas
como indicadoras efetivas de risco [41 interferentes e 5 resultantes (
ν
νν
ν
44,
ν
νν
ν
45
,
ν
νν
ν
46,
ν
νν
ν
47
,
ν
νν
ν
48
)]; 24 variáveis (uma -
ν
νν
ν
12,
com as duas sub-variáveis) apresentaram-se
estatisticamente semelhantes nas duas comunidades, diante das expressões em
suas 25 (49,01 %) categorias de maior risco - r
1
. Mas, 14 variáveis (27,45 %)
apresentaram expressões r
1
mais acentuadas em C
1
e 12 (23,52 %) em C
2
,
enquanto as manifestações relativamente menos acentuadas invertem os números
anteriores nas comunidades (TAB.3.13).
Houve semelhança em C
1
e C
2
na proporção expressa pelas categorias
r
1
: de 3 variáveis (
ν
νν
ν
3
,
ν
νν
ν
4
,
ν
νν
ν
5
) do fator H mas não em sua síntese (TAB. 3.1; TAB.
3.14); de 4 sub-variáveis (
ν
νν
ν
7
”,
ν
νν
ν
8
”,
ν
νν
ν
12
’,
ν
νν
ν
12
)
e de 4 variáveis (
ν
νν
ν
9
,
ν
νν
ν
10
,
ν
νν
ν
11
,
ν
νν
ν
14
) do
fator P inclusive em sua ntese (40,51 %) (TAB. 3.3 TAB. 3.14); de 1 variável (
ν
νν
ν
19
)
do fator A mas não em sua síntese (TAB. 3.5; TAB. 3.14); de 13 variáveis (
ν
νν
ν
22
,
ν
νν
ν
25
,
ν
νν
ν
26
,
ν
νν
ν
29
,
ν
νν
ν
35
,
ν
νν
ν
40
,
ν
νν
ν
41
,
ν
νν
ν
43
,
ν
νν
ν
44
,
ν
νν
ν
45
,
ν
νν
ν
46
,
ν
νν
ν
47
,
ν
νν
ν
48
) nas interações dos fatores H-P-A,
embora não em sua síntese (TAB. 3.14), mas sim nas de seus sub-fatores:
“intoxicações por pesticidas” (42,55 %), “medidas de desintoxicação” (36,61 %),
“medidas de proteção pessoal” (10,20 %) (TAB. 3.11), “medidas de proteção
ambiental” (17,11 %) (TAB. 3.10) e nos sub-sub fatores “domínio da atividade”
(51,47 %) e “regime de ocupação” (34,43 %) ambos do sub-fator “aspectos da
cotonicultura local” (TAB. 3.7). Embora havidas estas semelhanças, a preocupação
se mantém alta com a situação encontrada, pois as proporções assumidas por r
1
ultrapassam a referência de 1/3 no fator P (TAB. 3.3), em dois sub-sub fatores (TAB.
3.7) e em dois sub-fator (TAB. 3.11). Isto indica acentuadas deficiências na escolha
mais apropriada de pesticidas, no adequado preparo do agricultor para a
cotonicultura, na adoção de medidas curativas apropriadas em casos de
contaminação ou intoxicações por pesticidas, entre outras. Medidas de solução
destas carências precisam ser implementadas.
101
TABELA 3.13 - Resumo da comparação relativa de indicadores de risco devido aos
fatores homem -H, pesticida -P e ambiente -A e suas interações (H-P-A), em
duas comunidades cotonícolas (C
1
, C
2
), Cáceres, MT, Brasil, safras 1992-97.
Comunidades(C
1
e C
2
) / Valor Qualitativo das variáveis(Magnitude:a,b,s)
e Indicadores de Risco (VQIR:+,
-
,=;
;
;se)
Comparando
C
1
e C
2
pelo
Fatores, sub-fatores e
interações
Facão (C
1
) Barra Nova (C
2
) VQIR
Magnitude
da variável
VQIR Magnitude da
variável
VQIR (igual:=;
desigual:
)
a b s + -
se
a b s + -
se
= se
Fator Homem
(Cotonicultor)-H
3 3 3 3 3 3 3 3 3 3
Fator Pesticidas Usados-P
3 8 3 8 3 8 3 8 3 8
Fator Ambiente Alvo-A
2 4 1 2 4 1 4 2 1 4 2 1 6 1
Interação H-P-A-
Aspectos da cotonicultura
local
3 3 4 3 3 4 2
3 3 4 3 3 4 2 6 4 2
Interação H-P-A-
Aspectos do uso e manejo
de pesticidas
3 2 1 3 2 1 2 3 1 2 3 1 5 1
Interação H-P-A-
Aquisição e armazenagem
de pesticidas
2 1 2 1 2 1 2 1 2 1
Interação H-P-A-
Medidas de proteção
ambiental adotadas
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
Interação H-P-A-
Medidas de proteção
pessoal adotadas
1 1 1 1 1
Interação H-P-A-
Medidas de desintoxicação
adotadas
1 1 1 1 1
Interação H-P-A- Casos
de intoxicação por
pesticidas
4 4 4 4 4
Totais
14 12 25 14 12 25 2 12 14 25 12 14 25 2 26 25 2
OBS.: (s) ou : Magnitude semelhante;
(a) ou (+) : Magnitude maior;
(b) ou (-): Magnitude menor;
(se): Sem efeito;
(=): Igual;
():Diferente.
102
TABELA 3.14 - Síntese das expressões proporcionais das categorias de risco (r
i
) nos fatores Homem(H), Pesticidas(P),
Ambiente(A) e em suas interações, em duas comunidades cotonícolas (C
1
,C
2
), Cáceres, MT, Brasil, safras 1992-97.
Comunidades e as Expressões de r
1
Facão (C
1
) Barra Nova (C
2
)
Fatores
Categoria focada(c
f
) ou de maior risco-
r
1
em cada variável
(em oposição à não-focada(c
ñ
) ou de
menor risco – r
2
; sendo r
1
+ r
2
=total)
Proporções de r
i
em C
1
[
%(n
ri
/n
c1
)]
Relatividade do
risco r
i
em C
1
Proporções de r
i
em
C
2
[ %(n
ri
/n
c2
)]
Relatividade do
risco r
i
em C
2
Expressão proporcional
e comparativa
(igual:=;
desigual:
)
Fator Homem (H)
Expressões relativas das categorias r
1
de 6 variáveis do fator “H
3a; 3s
3(+);3()
3b; 3s
3(-);3() 3(=);3()
> Risco (r
1
)
48,24 (275/570)a + 33,29 (302/907)b +
39,06(577/1477)
Síntese no fator H
(**)
(χ
2
=32,9; GL=1; n=1477; α=0,000)
< Risco(r
2
)
51,75 (295/570)b - 66,70 (605/907)a -
60,93 (900/1477)
Fator Pesticidas usados (P)
Expressões relativas das categorias r
1
de 8 variáveis do fator “P
3a; 8s
3(+);8()
3b; 8s
3(-);8() 8(=);3()
> Risco (r
1
)
41,20 (1096/2660)s
40,08(1717/4283)s
=40,51(2813/6943)
Síntese no fator P
(χ
2
=0,845;GL=1;
n=6943; α=0,357)
< Risco(r
2
)
58,80 (1564/2660)s
59,92(2566/4283)s
=59,48(4130/6943)
Fator Ambiente (A)
Expressões relativas das categorias r
1
de 7 variáveis do fator “A
2a; 4b 1s
2(+);
4(-);1()
4a 2b; 1s
4(+);
2(-);1()
1(=);6()
> Risco (r
1
)
49,17 (389/791)b - 59,03(781/1323)a + 55,34(1170/2114)
Síntese no fator A
(**)
(χ
2
=19,450; GL=1; n=2114; α=0,000)
< Risco(r
2
)
50,82(402/791)a + 40,96(542/1323)b - 44,65(944/2114)
Interação dos Fatores H-P-A
Expressões relativas das categorias r
1
nas 27 interações H-P-A
6a; 8b; 13s
6(+),8(-),
13(); 2(Ise)
8
a; 6b; 13s
8(+),6(-),
13();2(Ise)
14();13(=)
> Risco (r
1
)
45,68(1340/2933)b
-
53,91(2211/4101)a
+
50,48(3551/7034)
Soma dos casos em H-P-A
(**)
(χ
2
=49,297; GL=1; n=7034; α=0,000)
< Risco(r
2
)
54,31(1593/2933)a
+
46,08(1890/4101)b
-
49,51(3483/7034)
Síntese geral (H+P+A + interações H-P-A)
Expressões relativas das categorias r
1
nas interações H-P-A
14a; 12b; 25s
14(+),12(-);
25(); 5(Ir), 2(Ise)
12a; 14b; 25s
12(+),14(-),
25(); 5(Ir), 2(Ise)
26();25(=)
> Risco (r
1
)
44,57(3100/6954)b
-
47,21(5011/10614)a
+
46,16(8111/17568)
Soma dos casos em H-P-A
(**)
(χ
2
=11,715; GL=1; n=17568; α=0,0006)
< Risco(r
2
)
55,42(3854/6954)a
+
52,78(5603/10614)b
-
53,83(9457/17568)
Obs.:Relatividade qualitativa das proporções ou expressões em pauta: semelhante [s ou ]; maior [a ou +]; menor [b ou -]; Igual [=]; Diferente [];(Ise): Indicadora sem efeito; (Ir):Indicadora resultante;
Significância pelo teste χ
2
: (**): α < 0,01; (*):α < 0,05.
103
Mas as expressões de r
1
foram mais elevadas:
1) na comunidade C
1
:
-Em 3 variáveis (
ν
νν
ν
3
,
ν
νν
ν
4
,
ν
νν
ν
5
) do fator H e na síntese deste fator (C
1
:
48,24 %; C
2
: 33,29 %) (TAB. 3.1; TAB. 3.14); em 2 sub-variáveis (
ν
νν
ν
7
’,
ν
νν
ν
8
) e 1
variável (
ν
νν
ν
13
) do fator P mas não em sua síntese (TAB. 3.3; TAB. 3.14); em 2
variáveis (
ν
νν
ν
15
,
ν
νν
ν
17
) do fator A mas não em sua síntese (TAB. 3.5; TAB. 3.14); nas
interações dos fatores H-P-A em 1 variável (
ν
νν
ν
24
) do sub-sub fator “domínio da
atividade”, em 2 variáveis (
ν
νν
ν
27
,
ν
νν
ν
31
) do sub-sub fator “algumas características do
cultivo” (TAB. 3.7), em 3 variáveis (
ν
νν
ν
32
,
ν
νν
ν
33
,
ν
νν
ν
34
) do sub-fator “aspectos do uso e
manejo de pesticidas”, mas não em suas sínteses (TAB. 3.9; TAB. 3.14);
2) na comunidade C
2
:
-Em 4 variáveis (
ν
νν
ν
16
,
ν
νν
ν
18
,
ν
νν
ν
20
,
ν
νν
ν
21
) do fator A e na síntese deste fator
(C
1
: 49,17 %; C
2
: 59,03 %) (TAB. 3.5; TAB. 3.14); na síntese das interações dos
fatores H-P-A (C
1
: 45,68 %; C
2
: 53,91 %) (TAB. 3.14) e em 1 variável (
ν
νν
ν
23
) do sub-
sub fator “domínio da atividade”, em 2 variáveis (
ν
νν
ν
28
,
ν
νν
ν
30
) do sub-sub fator “algumas
características do cultivo” e nas sínteses deste (C
1
: 52,12 %; C
2
: 61,95 %) e de seu
sub-fator “aspectos da cotonicultura local” (C
1
: 48,71 %; C
2
: 57,00 %) (TAB. 3.7), em
2 variáveis (
ν
νν
ν
36
,
ν
νν
ν
37
) do sub-fator: “aspectos do uso e manejo de pesticidas” e na
síntese deste (C
1
: 45,28 %; C
2
: 51,01 %) (TAB. 3.9), em 2 variáveis (
ν
νν
ν
38
,
ν
νν
ν
39
) do sub-
fator “aquisição e armazenagem de pesticidas” e na síntese deste (C
1
: 62,75 %; C
2
:
90,71 %), e em 1 variável (
ν
νν
ν
42
) do sub-fator “medidas de proteção ambiental” mas
não em sua síntese(TAB. 3.10).
Apesar de r
1
apresentar-se menor, nestes aspectos, em uma das
comunidades, a sua proporção síntese, em nenhum dos casos se expressa inferior a
1/3, o que requer implementação de medidas minimizadoras (redução da proporção
de r
1
) em ambas as comunidades (TAB. 3.14). Analisando a parte as proporções
mais elevadas, em C
1
significam que, os cotonicultores estiveram mais vulneráveis
aos pesticidas, quanto a seu perfil sócio-cultural para esta atividade, e ao seu nível
de preparo, tanto para trabalhar com pesticidas como para se protegerem. Em C
2
os
cotonicultores possuíam o fator ambiental mais frágil, tornando-os mais vulneráveis
aos pesticidas. Esta maior vulnerabilidade também foi constada em conseqüência
da(o)s: forma inadequada de interagirem com pesticidas no ambiente, isto desde a
aquisição dos agrotóxicos, manejo e armazenagem dos mesmos; características de
cultivo adotados e; nível de preparo para evitarem contaminação ambiental. Apesar
de C
2
representar uma comunidade mais tradicional na cotonicultura local, as
carências estão identificadas e requerem ações corretivas.
Em síntese, das 51 categorias focadas (f
c
) ou de maior risco (r
1
) dos
aspectos analisados, 25 expressaram proporção similar nas duas comunidades, mas
26 não, tendo havido 14 mais expressivas em C
1
e 12 em C
2
(TAB. 3.13). Apesar
disto, pelas expressões da categoria de maior risco (r
1
) de todos os fatores e
interações (H+P+A+ H-P-A), a comunidade C
2
diferenciou-se, de forma mais
expressiva, de C
1
(C
1
: 44,57 %; C
2
: 47,21 %) (TAB. 3.14).
Isto revela que C
2
, diante do conjunto de variáveis e fatores avaliados,
no período considerado, esteve mais vulnerável ao potencial danoso de pesticidas,
ou seja, o R
CDPAH
deve ter sido mais acentuado em C
2
(TAB. 3.14). Embora tenha
sido constatada esta diferença, em ambas as comunidades, a proporção síntese
final da categoria de maior risco foi elevada (r
1
> 46 %). Esta situação requer
intervenções educativas, assistenciais, fiscalizadas e de criação ou oferta de
alternativas mais eficazes neste sistema, no sentido de minimizar riscos de danos,
ao ambiente e ao homem, com o uso destas armas químicas.
104
3.6.2.2 - No tempo avaliado (Safras de 1992 a 1997)
De um conjunto de 15 variáveis e 2 sub-variáveis consideradas, no
período estudado (1992-97), foi constatado que 37,63 % de todos os casos
contabilizados, se enquadravam na categoria que assumiu o risco maior (r
1
) (TAB.
3.15). Dez das dezessete categorias r
1
apresentaram, nas seis safras (1992-97),
distribuição de freqüências observadas discordantes das esperadas. Isto significa
que as categorias de risco destas variáveis variaram nas safras.
Houve semelhança nas safras na proporção expressa pelas categorias
r
1
: de 4 variáveis (
ν
νν
ν
32
,
ν
νν
ν
34
,
ν
νν
ν
35
,
ν
νν
ν
37
) no sub-fator “aspectos do uso e manejo de
pesticidas - ampe em sua síntese (36,93 %), como também em de 2 variáveis -
uma com 2 sub-variáveis (
ν
νν
ν
47
,
ν
νν
ν
48
’,
ν
νν
ν
48
) no sub-fator “intoxicações por pesticidas
intoxe em sua síntese (31,30 %), pertencentes a interação dos fatores H-P-A; nas
sínteses do sub-fator “aspectos da cotonicultura local - acl (35,88 %) e das
interações H-P-A (36,04 %).
As proporções assumidas por r
1
ultrapassam a referência de 1/3, nos
casos de semelhanças entre anos, em 3 (
ν
νν
ν
32
,
ν
νν
ν
34
,
ν
νν
ν
35
) de 4 variáveis (
ν
νν
ν
32
,
ν
νν
ν
34
,
ν
νν
ν
35
,
ν
νν
ν
37
) do sub-fator ampe em 1 (
ν
νν
ν
48
) de 2 (
ν
νν
ν
47
,
ν
νν
ν
48
’,
ν
νν
ν
48
) do sub-fator “intox”. De
forma, similar aos comentários feitos para as comunidades, isto evidencia
deficiências no adequado preparo do agricultor para lidar corretamente com a
cotonicultura e com os pesticidas usados. Este quadro também se confirma pela alta
proporção de mais de uma intoxicação de vitimados por pesticidas. Estas carências
precisam ser urgentemente resolvidas, merecendo atenção prioritária.
Mas as expressões de r
1
apresentaram-se, em algumas variáveis, (a)
mais elevadas nas safras de 1992 (
ν
νν
ν
36
”, r
1
= 76,9 %), 1993 (
ν
νν
ν
14
, r
1
= 50,0 %;
ν
νν
ν
28
, r
1
=
55,3 %;
ν
νν
ν
45
”, r
1
= 44,4 % ), 1995 (
ν
νν
ν
33
, r
1
= 24,7 %;
ν
νν
ν
46
, r
1
= 69,2 %), 1996 (
ν
νν
ν
10
, r
1
=
29,2 %;
ν
νν
ν
36
’, r
1
= 22,7 %), 1997 (
ν
νν
ν
13
, r
1
= 62,6 %;
ν
νν
ν
25
, r
1
= 47,2 %) e, por outro lado,
(b) mais baixas nas safras de 1992 (
ν
νν
ν
36
’, r
1
= 3,3 %), 1993 (
ν
νν
ν
10
, r
1
= 2,1 %;
ν
νν
ν
25
, r
1
=
21,3 %), 1995 (
ν
νν
ν
13
, r
1
= 43,4 %;
ν
νν
ν
14
, r
1
= 25,6;
ν
νν
ν
45
, r
1
= 12,8 %), 1996 (
ν
νν
ν
36
”, r
1
= 49,6
%) e 1997 (
ν
νν
ν
28
, r
1
= 13,9 %;
ν
νν
ν
33
, r
1
= 2,8 %;
ν
νν
ν
46
, r
1
= 0,0 %). Observa-se que a safra
de 1994 é a única que não possui situações extremas de r
1
, portanto, destituído de
casos mais elevados e de mais baixos.
Apenas o fator P, entre os sub-fatores e fatores analisados, expressou
proporção diferenciada dos r
1
ao longo das seis safras, assumindo valor mais baixo
em 1995 (r
11995
= 33,26 % < r
11992,1993,1994,1996,1997
: 40 a 47 %; n = 1952; χ
2
= 20,89;
GL = 5; α = 0,0008) (TAB. 3.8).
Ao efetuar-se a reunião das expressões de maior risco (r
1
) de todos os
fatores e interações (H+P+A+ H-P-A) as safras de 1995 (r
1
= 34,76 %) e de 1992 (r
1
= 41,43 %) assumiram, respectivamente o menor e o maior valor, diferenciando-se
assim (n = 6691; χ
2
= 13,205; GL = 5; α = 0,0215) (TAB. 3.15).
No conjunto de variáveis e fatores avaliados, nas duas comunidades
(C
1
, C
2
), tem-se que a vulnerabilidade oscilou nas safras (1992-1997) diante do
potencial danoso de pesticidas, ou seja, o R
CDPAH
foi menos acentuado em 1995.
Além destas diferenças, os casos da categoria de maior risco (r
1
) em
cada uma das seis safras ultrapassaram a proporção de 1/3 (r
1
> 33 %).
105
TABELA 3.15 - Freqüência das categorias de risco ao ambiente e à saúde humana,
diante dos fatores H-homem, P-pesticida, A-ambiente” e de suas interações, em
duas comunidades (C
1
,C
2
), Cáceres, MT, Brasil, safras 1992-97.
Safras agrícolas e as freqüências observadas por
categoria de risco
Variáveis
Categorias de maior
risco (r
1=
c
f
), em
oposição as de menor
risco (r
2=
c
ñ
)
1992 1993 1994 1995 1996 1997 Geral
Fator
P
-
Pesticidas usados
r
1
(>3 produtos)
1 1 10 19 14 7 52
ν
10
: Pacote pesticida
usado
(**)
r
2
(
3 produtos)
36 46 49 54 34 29 248
r
1
(CT I)
54 71 97 92 75 62 451
ν
13
: Classes
Toxicológicas
(*)
r
2
(CT II)
37 45 74 120 66 37 379
r
1
(PPA I)
45 57 70 54 46 35 307
ν
14
:
Classes de
Periculosidade
Ambiental
(**)
r
2
(PPA
-
II)
46 57 96 157 95 64 515
Interação de fatores H-P-A
: Sub
-
fator “Aspectos da cotonicultura local
-
acl
r
1
(não
-
proprietários)
10 10 18 26 23 17 104
ν
25
: Regime de
ocupação
(*)
r
2
(proprietários)
27 37 42 47 26 19 198
ν
28
: Área plantada
(**)
r
1
(> média)
19 26 25 21 16 5 112
r
2
(
média)
18 21 34 52 32 31 188
Sub-fator “Aspectos do uso e manejo de pesticidas-
amp
r
1
(
30 dias)
- - 29 64 41 29 163
ν
32
: Primeiro tratamento
r
2
(> 30 dias)
- - 6 9 7 7 29
r
1
(>4 meses)
- - 5 18 2 1 26
ν
33
: Último tratamento
(**)
r
2
(
4
meses)
- - 30 55 46 35 166
r
1
(> 9 )
- - 17 25 23 14 79
ν
34
: Número de
tratamentos
r
2
(
9)
- - 18 48 25 22 113
r
1
(Sim )
22 29 51 87 57 42 288
ν
35
: Mistura agrotóxicos?
r
2
(Não)
40 54 86 109 84 55 428
r
1
(> 50 mL )
3 4 11 18 32 13 81
ν
36
r
2
(
50 mL)
88 112 160 193 109 85 747
r
1
(= 50 mL )
70 83 116 124 70 60 523
ν
36
: Dose
usada
(**)
ν
36
r
2
(
50 mL)
21 33 55 87 71 38 305
r
1
(> média )
- - 20 46 44 21 131
ν
37
: Consumo de
pesticidas
r
2
(
média)
- - 83 160 97 76 416
Sub
-
fator “Intoxicações por pesticidas
-
intox
r
1
(Fosforado )
2 8 15 6 3 2 36
ν
45
: Agente
intoxicante
(**)
r
2
(Outr
os)
9 10 22 41 17 3 102
r
1
(Não ident.)
2 3 11 18 1 0 35
ν
46
: Causas da
intoxicação
(**)
r
2
(Identif. )
1 4 13 8 26 6 58
r
1
(Mt grave.)
3 6 6 11 8 2 36
ν
47
: Gravidade da
intoxicação
r
2
(ñ mt grave )
4 9 31 34 19 4 101
r
1
(>1)
2 2 3 3 4 1 15
ν
48
r
2
(1)
5 13 34 42 23 5 122
r
1
(> 1 )
4 7 20 26 19 3 79
ν
48
: Casos de
intoxicações
ν
48
r
2
(1)
3 8 17 19 8 3 58
237 307 524 658 478 314 2518
r
1
:Maior risco
% 41,43 40,60 38,13 34,76 37,84 37,69 37,63
335 449 850 1235 785 519 4173
r
2
:Menor risco
% 58,56 59,39 61,86 65,24 62,15 62,30 62,36
Total geral
(r
1
1995=34,7 % <
r
1
1992,1993,1994,1996,1997:
37,5 a 41,5 % n=6691;
χ
2
=13,205; GL=5;α=0,02150)
Total de casos (Σ n)
572 756 1374 1893 1263 833 6691
Obs: Nas variáveis assinaladas com asteriscos (** ou *), as freqüências observadas discordam das esperadas (Teste χ
2
, α <0,01
**
ou 0,05
*
)
(1) –
Foi considerado que há maior risco quando a freqüência ou os valores assumidos por uma variável ultrapassa um referencial e, por
isso estariam induzindo a uma probabilidade maior de ocorrência de contaminação, acidentes e danos ambientais e humanos. Foi
considerado risco menor quando se tem a situação inversa da anterior.
106
Provavelmente estas oscilações temporais na expressão proporcional
das categorias de risco, tenham sido mais devido a intensa dinamicidade migratória
de atores à cotonicultura (ingressos e egressos). Entretanto, as expressões
reveladas em proporções preocupantes na categoria de risco maior (r
1
), ao longo
dos anos, sugerem ações eficazes para o alcance de declínio sucessivo e não
oscilatório nos próximos anos em áreas de cultivo de algodão. Sugere-se, como
proposta razoável, nas atividades agrícolas dependentes de pesticidas, o
estabelecimento de metas e ações que venham, em curto prazo, reduzir o maior
risco (r
1
) para valores abaixo de 1/3 e com coeficiente de variação menores a 20 %.
3.7 - DINÂMICA DA ATIVIDADE COTONÍCOLA EM MT
O início da cultura do algodão em MT é retratado em PARO (2000).
Mas enfocando os últimos 30 anos os acompanhamentos, relatos de envolvidos com
a atividade e as constatações próprias indicam profundas modificações no que se
refere: (1) a tecnologia de produção utilizada, (2) a mão-de-obra envolvida, (3) ao
tipo de relação e dependência do agricultor com o mercado fornecedor e comprador,
(4) a distribuição dos municípios cultivadores, (5) ao processamento fabril da
produção, (6) a interdependência onerosa e distante entre regiões produtoras e
industrializadoras do algodão, e (7) aos métodos de controle de pragas, estes
fortemente induzidos por imposição legal e influência do movimento ecológico com
vistas à busca da minimização de impactos e do desenvolvimento auto-sustentado.
3.7.1 - Tecnologia de produção utilizada
Neste início do século XXI (2000-2004) a cotonicultura no MT está
estruturada em alicerces altamente tecnicificados visando a competividade no
mercado nacional e internacional. O preparo do solo, o plantio, os tratos culturais e
fitossanitários, a colheita, o transporte e processamento da produção são efetuados
predominantemente pela força motomecânica de alta capacidade, e em muitos
casos, de forma sofisticada. Os materiais genéticos, pesticidas, fertilizantes,
máquinas e equipamentos de última geração vêm sendo crescentemente
demandados pelo setor. O cotonicultor tradicional do século passado está cada vez
mais em extinção, sendo substituído pelo “empresário do algodão” continuamente se
atualizando para produzir conforme as perspectivas de potencial de demanda
internacional, utilizando o que há de melhor no processo produtivo, otimizando os
fatores de produção, se organizando em associações para dar sustentabilidade
técnica, econômica e política ao setor.
Entretanto até a última década do culo passado (XX) a atividade
cotonícola estava tradicionalmente baseada no pequeno agricultor com uso
predominante da força familiar, comercialmente viabilizada por intermediários na
maioria dos municípios produtores. Mas também foi nessa década que o modelo
predominante desta atividade mudou de forma marcante. Este quadro de mudança
foi fortemente influenciado por acréscimos substâncias, em curto prazo, de
investimentos à viabilização da grande produção, colheita mecânica e, com a
implantação de beneficiadoras, com processamento na própria região produtora.
3.7.2 - Mão de obra envolvida
A cotonicultura regional do século XXI, no MT, está baseada no uso
primordial da motomecanização, sendo a mão de obra envolvida restrita
principalmente a operação destas e ao gerenciamento dos negócios. Portanto
requerendo alta qualificação e presumidamente bem remunerada. Enquanto que o
modelo anterior, baseado na produção familiar, usava essencialmente a força braçal,
podendo no preparo do solo e tratos culturais iniciais haver uso de tração animal ou
trator, este último com presença progressiva nas últimas décadas. Esta cotonicultura
107
baseada na pequena produção usava intensamente a mão-de-obra familiar e
também, sazonalmente, mão-de-obra contratada, em especial na colheita. A
qualificação desta mão-de-obra não era diferenciada da tradicional, sendo a
remuneração baseada nos padrões vigentes para o servidor braçal, tarefeiro ou
estabelecido um referencial de produtividade, como, por exemplo, arrobas catadas
na colheita. Esta cotonicultura, altamente dependente de pesticidas, no modelo
passado colocava muitos trabalhadores, freqüentemente, em área relativamente
pequena, a intensa exposição aos pesticidas por ocasião das aplicações, mantendo
elevado, assim, o risco de sua contaminação e intoxicação por agrotóxicos. O risco
de contaminação e de danos ambientais diante dos dois modelos é algo que ainda
necessita de avaliação comparativa.
3.7.3 - Relação entre cotonicultor e mercado
A cotonicultura deste início de século XXI em MT quase não tem mais
aquela rede de intermediação comercial que se mantinha nesta atividade do século
passado. Naquela ocasião os fornecedores de insumos e os compradores de
algodão (Ex.: Empresários em SP) estavam geograficamente distantes das lavouras
(Ex.: Agricultores em MT) e forneciam os insumos e equipamentos ao plantador de
algodão, anotando em caderneta. Compravam a produção e, no final faziam o acerto
de contas, baseado em preços e juros estabelecidos unilateralmente pelos
intermediários. Alguns agricultores identificavam estes agentes como um “mal
necessário”, à sobrevivência da atividade e do agricultor. Atualmente, as
organizações de produtores ou grandes empresários rurais possuem estruturas de
beneficiamento instaladas na própria unidade de produção ou nas redondezas das
comunidades concentradoras da atividade. As aquisições de insumos passaram a
ser predominantemente mais diretas do fabricante ou dos grandes distribuidores
formais. No passado a relação de compra e venda estava mais alicerçada no
comércio informal. Os grandes produtores progressivamente vêm se organizando,
com freqüente apoio de políticas de Estado, no sentido de concretizar a
verticalização da produção e agregação de valores à mesma, de preferência
localmente. A orientação e assistência técnica ao cultivo, em especial a relacionada
ao uso e manejo de agrotóxicos ou pesticidas, predominantemente é prestado por
firmas especializadas no assunto que, prestam serviços desde a identificação da
necessidade de uso de produtos químicos, sua escolha, aplicação (sendo
constatado uso crescente da aviação agrícola), até a destinação final de
embalagens. Uma associação de produtores de algodão de MT (AMPA), inclusive
investe recursos em pesquisa e monitoramento ambiental, com vistas à minimização
de impactos com a atividade, em especial devida aos produtos químicos tóxicos e
ambientalmente perigosos usados na cotonicultura.
Enquanto pequenos cotonicultores, atuais e em potenciais, constatam
a necessidade de se organizarem coletivamente para permanecerem e competirem
com êxito neste mercado.
3.7.4 - O mapa da cotonicultura no MT (FIG. 3.1 e 3.2)
Nas três últimas décadas do século passado (XX) o algodão esteve
presente na agricultura de MT. O atual sudeste, sudoeste e norte do Estado tiveram
períodos em que a cotonicultura (predominantemente de pequenas áreas com base
na força braçal) constituiu-se em uma atividade de grande importância regional. Os
municípios de MT que haviam plantado as cinco maiores áreas de algodão, segundo
várias fontes (PARO, 2000; IBGE, 2004; INDEA-MT, 2004) foram em: (1) 1990 2
da região norte e 3 do sudoeste; (2) 1991- 1 do sudeste, 1 do norte, 1 do centro-
oeste e
108
FIGURA 3.1 - Municípios (em azul) com as cinco maiores áreas plantadas de
algodão no Estado de Mato Grosso, no período das safras de 1990-1996.
FIG URA 3.2 - Municípios (em azul) com as cinco maiores áreas
plantadas de algodão no Estado de Mato Grosso, no período das
safras de 1997-2002.
109
2 do sudoeste; (3) 1992 - 1 do centro-oeste, 2 do norte e 2 sudoeste; (4) 1993 - 1 do
norte e 4 do sudoeste; (5) 1994 os 5 do sudoeste; (6) 1995 1 sudeste e 4 do
sudoeste; (7) 1996 1 do norte, 1 sudoeste e 3 do sudeste; (8) 1997 1 do centro-
oeste, 2 do sudeste e 2 do centro-leste; (9) 1998 – 1 do centro-oeste, 2 do sudeste e
2 do centro-leste; (10) 1999 1 do centro-oeste, 1 do sudeste e 3 do centro-leste;
(11) 2000 1 do centro-oeste, 1 sudeste e 3 do centro-leste; (12) 2001 – 1 sudeste,
1 do centro-leste e 3 do centro-oeste; (13) 2002 – 1 do sudeste, 2 do centro-leste e 2
do centro-oeste. Isto mostra que na primeira metade da década de 1990 os
municípios que mais plantavam algodão estavam no sudoeste, mas depois os
municípios que acumulavam as maiores áreas plantadas passaram a se situar no
sudeste, centro-leste e centro-oeste do Estado. A média de área plantada por
município entre 1990-1997 se manteve entre 828 e 1346 ha. Mas a partir de 1998
estas cresceram progressivamente de 1663 para 7455 ha. Porém as plantações de
algodão migraram no período de 1990-2002, entre 43 e 64 municípios (de 139
existentes em MT no ano de 2002). Depois que os principais municípios plantadores
de algodão se situaram no sudeste, centro-leste e centro-oeste a soma de área
plantada em MT passou a crescer acentuadamente a cada ano (de 42 mil para 412
mil ha), com exceção de 2002 a qual se reduziu um pouco (328 mil ha) em relação
ao ano anterior. Esta variação deve ter induzido incrementação semelhante de
pesticidas lançados no ambiente das lavouras e proximidades. Os riscos
conseqüentes do uso de pesticidas devem ter se expandidos espacialmente em
proporção semelhante ao crescimento de área plantada.
3.7.5 - A industrialização do algodão
Para a obtenção do algodão em pluma, o desencarroçamento do
produto colhido no MT veio a ser efetivado no próprio Estado a partir da última
década do século passado. Antes disto o produto não-beneficiado era transportado
para outros Estados (Ex: MS, SP, GO) para nestes então ser processado.
Os produtores de algodão, empresários e o Estado vêm unindo forças
no final e início de século para industrializar a produção o mais próximo possível das
regiões produtoras, inclusive atraindo a indústria têxtil para tal. Isto estaria
agregando valores, reduzindo custo e tornando os produtos mais competitivos.
3.7.6 – Regiões produtoras e demandadoras de algodão
Fatores técnicos, sociais, econômicos e ecológicos, ainda no século
passado, fizeram com que as áreas produtoras de algodão se afastassem
progressivamente dos grandes centros consumidores de fibra vegetal. Além da
baixa remuneração do trabalho do agricultor, ao mesmo tempo, agregavam-se
custos ao produto final devido ao fator distância. Os fabricantes de insumos,
equipamentos e estruturas comerciais e de beneficiamento da produção não se
deslocavam, na mesma proporção, velocidade e sentido das regiões produtoras. O
desenvolvimento genético e dos sistemas de cultivo, principalmente a partir da
década de 1990, passou a ser efetivado nestas novas regiões produtoras. Um fator
que contribuiu para tal foi à possibilidade da produção de algodão de fibra longa e de
boa qualidade em regiões com tipo climático mais favorável, como é o caso de MT.
Embora o grande mercado consumidor de fibra e de óleo vegetal
resultante do algodão esteja afastado do mapa atual das lavouras, os principais
fatores que afetam os custos vêm sendo equacionados, em especial pela
modernização das organizações e estruturas de suporte aos processos envolvidos.
O acesso enormemente facilitado, nos últimos 15 anos, a informação tecnológica e
comercial, a comunicação de abrangência mundial e imediata, a melhoria das
condições de transporte e o barateamento da mesma contribuíram muito para os
agronegócios brasileiros mais competitivos, entre estes os do algodão. Isto nos
110
mostra que o tipo de dependência entre as regiões produtoras, intermediadoras e
demandadoras de algodão no início do século XXI é diferente daquela que havia em
um passado recente. A atual está mais vinculada a soluções virtuais imediatas entre
atores, enquanto no passado fatores físicos limitavam o êxito das transações.
3.7.7 - Fatores bióticos concorrentes em lavouras de algodão
As lavouras de algodão são consideradas como altamente
dependentes de pesticidas. Esta idéia se estabeleceu pelo fato desta planta atrair
vários insetos e ácaros que sugam a seiva ou se alimentam de partes da planta,
danificando-a. Com o desenvolvimento do controle químico destas pragas os danos
às plantas foram diminuídos expressivamente. De modo que se evidenciou uma
enorme diferença nos resultados produtivos de lavouras não-tratadas em relação às
tratadas quimicamente. Por outro lado o uso indiscriminado e de doses
inapropriadas, as aplicações freqüentes de certos pesticidas durante o ciclo da
lavoura, a não eliminação de soqueiras e a continuidade de uso de mesmos
pesticidas nas safras subseqüentes favoreceram o desenvolvimento de mecanismo
de resistência em algumas espécies e a eliminação de outras. Isto estabeleceu certo
desequilíbrio ecológico, e um novo equilíbrio pouco estável e pesticida-dependente.
Assim, as demandas tanto em tipo, como em quantidade e freqüência de aplicações
de pesticidas se requeriam. Produtos do grupo químico de organo sintéticos
clorados, bastante usados em lavouras de algodão até meados da década de 1980,
devido as suas características, facilitavam o desenvolvimento do mecanismo de
resistência, da dependência progressiva e de danos colaterais e altamente
impactantes na rede de espécies da cadeia trófica.
Pelo menos em MT, até a penúltima cada do século passado (XX) a
grande demanda por pesticidas era para controle de pragas (insetos e ácaros).
A partir da década de 1990 a praga do bicudo (Anthonomus grandis)
demarcou uma época por induzir a diversificação de produtos usados, intensificarem
a aplicação dos mesmos e, também por enfatizar medidas preventivas. As
prevenções baseavam-se na obrigatoriedade de eliminação de soqueiras, em alertas
e ações rigorosas de controle fitossanitário nas fronteiras do Estado, em especial
nas rodovias, reduzindo o risco de ingresso de material infestado, e no
monitoramento de lavouras, baseado em armadilhas atrativas feromoniais.
No início da década de 1990, em algumas localidades (Ex. Pontes e
Lacerda, Jauru, SJ dos Quatro Marcos, Mirassol D’Oeste), houve progressiva
procura por pesticidas para controle de doenças (Ex.: ramulária, ramulose) que
criavam danos expressivos nas lavouras. Isto se deveu a introdução de cultivares de
fibra longa (Acala) susceptíveis aos agentes causadores destas doenças.
Os pesticidas para controle de vegetais (herbicidas), em regiões de
cultivo de algodão, depois de meados da década de 1990, passaram a ser usados
progressivamente com a instalação de lavouras mecanizadas inclusive as colheitas.
Estas lavouras, geralmente com áreas pelo menos cinco vezes maiores que as de
sistema tradicional passaram a ser preparadas através do uso de herbicidas visando
o plantio direto. O processo de mecanização da cotonicultura também requeria
procedimentos de dessecagem à colheita, visando a padronização das condições
para tal. Isto passou a ser executado através de produtos herbicidas-dessencantes.
Resumidamente, a dinâmica evolutiva dos sistemas de controle dos
concorrentes bióticos das lavouras de algodão no MT vem sendo influenciada por
vários fatores, entre os quais: (a) impositivos legais; (b) avanços em conhecimentos;
(c) aprimoramento tecnológico; (d) exigências de movimentos ambientalistas; (e)
requerimentos sócio-econômicos; (f) dinamicidade e características dos bioagentes
adversos do algodão e de seus predadores.
111
O desenvolvimento de pesticidas do grupo dos piretróides foi
estimulado pelas restrições de uso de clorados, a partir de 1985. Estes por sua vez,
embora menos perigosos para seres de sangue quente, em geral atuam
nocivamente sobre abelhas e facilitam a explosão populacional de ácaros. Isto induz
o uso mais acentuado de acaricidas específicos. Com disseminação da praga do
bicudo, na década de 1990, intensificam-se as doses e as freqüências de aplicações
de pesticidas e estabelecem-se medidas preventivas ao controle desta praga, entre
elas a lei da eliminação de soqueiras de algodão. A lei que introduz o receituário
agronômico representa um avanço técnico e ambiental para a agricultura brasileira,
desta se esperando minimização de impactos com o uso de pesticidas. O rigor para
os fabricantes obterem o registro para comercialização e uso autorizado de produtos
pesticidas no Brasil também representou um importante avanço.
O melhoramento genético, o desenvolvimento de técnicas e produtos
ecologicamente mais corretos (por serem de menor impacto negativo no ambiente)
no cultivo de algodão faz acreditar, que em decorrência disto, por um lado esteja
havendo uma minimização de riscos de contaminação e de danos ao homem e ao
ambiente. Porém, a expansão de área cultivada, a ampliação do uso de herbicidas
no preparo de terrenos ao plantio direto e dessecação para a colheita, as aplicações
moto-mecanizadas de pesticidas, inclusive por aviação agrícola, aumentam a
exposição do ambiente e de pessoas às derivas e aos resíduos, o que aumenta
riscos de contaminação e de danos provocados pelos pesticidas usados.
A manifestação de movimentos ambientalistas tem induzido
organizações de cotonicultores a investirem mais em pesquisas, assistência e
treinamento de pessoal envolvido na atividade, como é o caso da AMPA.
Entre os pesticidas químicos usados nas safras deste início de século
continuavam presentes o metil paration (MP), objeto do estudo constante na
segunda seção desta tese. Vários outros inseticidas e acaricidas conhecidos pela
cotonicultura continuavam em uso, nos principais municípios produtores de MT, nos
três primeiros anos verificados deste século. Contribuições de DORES (2004),
GUERRA CONSULTORIA (2004), MUNIZ (2004) e de CRUZ (2005), mostram o uso
de organo-sintético fosforados sistêmicos “monocrotofós, acefato, metamidofós”;
organo-sintético fosforados não-sistêmicos “metil paration entre outros”; organo-
sintéticos clorados ou mais especificamente o grupo éster do ácido sulfuroso de um
dial cíclico “endosulfam”; organo-sintéticos clorofosforados profenofós, clorpirifós”;
organo-sintéticos carbamatos “metomil, carbosulfan”; piretróides sintéticos
“fenpropatrina, bifentrina, cipermetrina, deltametrina, betaciflutrina, lambdacialotrina,
cipertrina”, entre outros. Desta lista, estiveram ausentes o etil paration (retirado do
mercado) e a ciflutrina, em comparação aos pesticidas encontrados em uso na
cotonicultura de C
1
e C
2
(Cáceres-MT) nas seis safras de 1992-97. Contudo, nos
últimos anos em que se acompanhou a cultura de algodão no MT foram introduzidos
produtos novos na lista dos demandados por esta cultura, como os de gerações
mais recentes, os neonicotinóides “acetamiprid e tiametoxam”, conforme SIQUERI
(2000). Também foram relatados (CRUZ, 2005) usos recentes de reguladores do
crescimento de insetos-pragas, tal como teflubenzuron (interferente na síntese da
quitina de Lepidópteros, conforme SALAZAR CAVERO, 1998) e lufenuron
(transovariano-ativo em Lepidópteros, conforme PRATISSOLI et al. (2004)).
CAPITULO 4 – SÍNTESE DA SEÇÃO I
114
1. A cada lavoura de algodão esteve associado o uso de agrotóxicos,
confirmando tratar-se de uma atividade pesticida-dependente;
2. Com relação ao fator homem (H), os cotonicultores de ambas as
comunidades (C
1
, C
2
) tinham médias semelhantes de idade, escolaridade e
de tamanho de sua família, mas diferiam quanto as categorias de
naturalidade, de regiões pelas quais migraram e de sua renda familiar
anual;
3. Com relação ao fator pesticida (P), entre os agrotóxicos adquiridos, as duas
comunidades (C
1
, C
2
) usaram proporção semelhante de produtos: a base de
metil paration, com ingredientes ativos do grupo químico organo sintético
fosforados, de grupos químicos o-piretróides ou sem piretróides em sua
formulação, que possuem modo de ação fumigante, sistêmicos, pertencentes
às duas classes mais perigosas ambientalmente; mas usaram quantidades
distintas de produtos comerciais, grupos químicos e também diferentes
proporções de classes toxicológicas; enquanto a proporção de lavouras
contempladas nas categorias de pacotes (conjunto de produtos comerciais)
de pesticidas usados em cada lavoura, as duas comunidades também se
assemelharam;
4. Quanto ao fator ambiente (A), as lavouras de C
1
e C
2
apresentaram nas em
área da propriedade, vegetação reinante, diversidade da fauna local e de
espécies não-alvos, relevo predominante, recursos hídricos próximos das
áreas submetidas à aplicações de agrotóxicos e também referente ao poder
de adsorção de pesticidas (presumível) pelos solos locais;
5. Com relação a interação dos fatores H-P-A:
5.1. No sub-fator “aspectos da cotonicultura local - acl”, as lavouras de ambas as
comunidades (C
1
, C
2
), na abordagem sobre:
5.1.1. o “domínio da atividade - dmesteve submetido a proporções semelhantes
expressas pelas categorias de origem do saber norteador de suas ações;
mas as proporções se diferenciaram nas categorias do conceito de
“agrotóxico bom” relacionado a persistência da ação dos mesmos, e
também nas categorias de anos de vivência na cotonicultura;
5.1.2. o “regime de ocupação - rot” das terras exploradas, apresentaram
proporções semelhantes nas categorias consideradas;
5.1.3. “algumas características do cultivo - acc”, estiveram submetidas a
proporções semelhantes quanto a força e instrumentos de trabalho
predominantemente usados, e quanto a colheita manual adotada; mas se
distinguiram com relação as proporções das categorias de época de
semeadura, área plantada, produção e produtividade das lavouras;
5.2. No sub-fator “aspectos do uso e manejo de pesticidas - amp”, produtos
comerciais foram misturados por ocasião do preparo das caldas de
aplicação, por proporção semelhante em ambas as comunidades (C
1
, C
2
);
mas as proporções se diferenciaram quanto as categorias de doses e
volumes aplicados para os agrotóxicos, e também quanto as categorias de
início, encerramento e número de tratamentos com agrotóxicos nas lavouras;
5.3.No sub-fator “aquisição e armazenagem dos pesticidas - aap”, nas duas
comunidades (C
1
, C
2
), foram semelhantes as proporções de agricultores que
armazenava os agrotóxicos em ambiente não recomendado; enquanto foram
distintas as proporções dos que adquiriram os agrotóxicos sem receituário
agronômico, e em comércio irregular;
115
5.4.No sub-fator “medidas de proteção ambiental - mpa”, nas duas comunidades
(C
1
, C
2
), foram semelhantes as proporções de agricultores que destinavam
inadequadamente as embalagens vazias de agrotóxicos; mas as proporções
diferenciaram-se nas categorias do destino dado às soqueiras de algodão;
5.5. Nos sub-fatores “medidas de proteção pessoal - mpp e “medidas de
desintoxicação de pessoas - mdp”, nas duas comunidades (C
1
, C
2
), foram
semelhantes as proporções de famílias de cotonicultores que utilizavam
recursos prejudiciais ao seu intento;
5.6. No sub-fator “intoxicações por pesticidas - intox”, nas duas comunidades
(C
1
, C
2
), foram semelhantes as proporções de casos relatados de categorias
de pesticidas responsáveis pelo desenvolvimento de intoxicações, assim
como da gravidade e da reincidência destas em mesmas vítimas, e de causas
acometedoras do organismo pelos intoxicantes;
6. Em cada 6 exposições a pesticidas desenvolvia-se 1 caso de intoxicação
humana relatado;
7. Ficou revelado que, aproximadamente, em cada 100 intoxicações: 42 foram
ocasionadas por pesticidas de grupos químicos que não eram piretróides; 35
foram vitimados por mais de um agrotóxico; para 38 as vítimas tinham
dúvida sobre como teria ocorrido a contaminação; para 35 os sintomas eram
muito graves para a saúde das vítimas; pelo menos 52 eram reincidentes; 9
eram de famílias com mais de uma vítima;
8. Estas situações de intoxicações relatadas revelaram percepções de impacto
negativo sofrido pelos atores envolvidos, mas também podem estar ocultando
outros danos que acometeram componentes dos ecossistemas;
9. Referente ao risco (R
CDPAH
),
com base nas expressões das categorias
binomiais (c
f
= r
1
ou de maior risco; c
ñ
= r
2
ou de menor risco) das variáveis
ou sub-variáveis consideradas, constatou-se que:
9.1.No total, as duas comunidades (C
1
, C
2
) foram similares em 25 (49,01 %)
entre 51 situações, e as seis safras (1992-1997) por 7 (41,17 %) entre 17
situações avaliadas;
9.2.Em síntese, contabilizadas todos os casos ou situações estudadas nos
fatores H, P, A e em suas interações, as duas comunidades (C
1
, r
1
= 44,57 %;
C
2
, r
1
= 47,21 %) e também as seis safras (Safra
1995
, r
1
= 34,7 % <
Safras
demais
, r
1
: situado entre 37,6 % e 41,5 %), não foram globalmente
similares diante da distribuição das proporções nas categorias de risco,
significando que, no geral, C
1
e a safra de 1995 esteve menos vulnerável, que
as demais, ao potencial danoso derivado de pesticidas usados nestas
comunidades no período avaliado;
9.3. No fator P as duas comunidades foram globalmente similares (r
1
= 40,5 %)
diante da distribuição das proporções nas categorias de risco, mas as seis
safras não o foram (Safra
1995
, r
1
= 33,2 % < Safras
demais
, r
1
: situado entre 40,9
% e 46,6 %);
9.4. Nos fatores H (C
1
, r
1
= 48,2 %; C
2
, r
1
= 33,2 %) e A (C
1
, r
1
= 49,1 %; C
2
, r
1
=
59,0 %), as duas comunidades não foram globalmente similares diante da
distribuição das proporções nas categorias de risco;
9.5. Na interação dos fatores H-P-A (C
1
, r
1
= 45,6 %; C
2
, r
1
= 53,9 %) as duas
comunidades não foram globalmente similares diante da distribuição das
proporções nas categorias de risco, mas as seis safras o foram (r
1
= 36,0 %);
10. A freqüência de uso e manejo inadequado de pesticidas contribuiu para
manter alta (>1/3) a proporção da categoria focada (c
f
) ou de maior risco (r
1
),
e de forma diferenciada nas duas comunidades (C
1
, r
1
= 45,37 %; C
2
, r
1
=
116
51,01 %), mas de modo similar durante as seis safras consideradas (r
1
=
36,93 %);
11. Foram reconhecidas no presente estudo, 48 variáveis como indicadoras do
risco de contaminação e de danos por pesticidas ao ambiente e ao homem
(R
CDPAH
), entre estas, 41 ativas, 5 resultantes e duas 2 inertes ou ocasionais;
12. A cultura de algodão herbáceo no estado de MT, especialmente nos últimos
dez anos (1995-2005), transformou-se profundamente;
13. Antes do meado da última década a cotonicultura usava predominante a força
braçal e animal, portanto com características essencialmente familiar de
pequeno porte mas de grande número de agricultores envolvidos;
14. Na década presente, aquele sistema inviabilizou-se pela introdução de uma
contonicultura altamente tecnificada-empresarial-global em todas as fases;
15. Esta metamorfose mudou o mapa da cotonicultura de MT, havendo
deslocamento espacial de áreas plantadas na última década, safra após
safra;
16. A cotonicultura continua sendo altamente dependente de pesticidas, mas a
possibilidade do uso da transgenia está em discussão para controle pragas;
17. Embora tenham ocorrido estas mudanças substanciais na cotonicultura mato-
grossense, as alterações ou inovações referentes aos pesticidas aplicados
foram poucas, mantendo-se em uso o inseticida metil paration e a maioria dos
demais antes usados, e introduzindo alternativamente nicotinóides e alguns
fisiológicos.
SEÇÃO 2 - ENSAIO LABORATORIAL
RESÍDUOS DO PESTICIDA METIL PARATION (MP) NA ÁGUA
PERCOLADA ATRAVÉS DE COLUNAS DE SOLOS ORIUNDOS DA
BORDA DO ALTO PANTANAL, MATO GROSSO
CAPITULO 5 - MATERIAL E MÉTODO DA SEÇÃO 2
118
5.1 – SOLOS UTILIZADOS
5.1.1 - Considerações iniciais
Em função de várias limitações, a investigação foi executada em
condições de laboratório, embora a intenção inicial visasse realizar estudos em
condições de campo sobre a mobilização de pesticidas no perfil do solo.
5.1.2 - Material e procedimentos de coleta
Foram utilizados solos de áreas cotonícolas das comunidades do
Facão (C
1
) e de Barra Nova (C
2
). As coletas foram efetuadas entre o final do período
de estiagens e início do período de chuvas (set-dez), em três posições no relevo:
uma área da parte baixa (P
1
), outra da parte mediana (P
2
) e, uma terceira da parte
alta da vertente (P
3
). Os solos de C
2
, conforme RIEDER (1995), em C
2
P
1
, C
2
P
2
e
C
2
P
3
, são respectivamente: Podzólico Amarelo Eutrófico Tb A Chernozênico textura
arenosa/média fase floresta/cerradão semidecidual relevo plano/suave ondulado;
Areia Quartzosa Eutrófica A Chernozênico fase floresta/cerradão semidecíduo relevo
plano/suave ondulado e; Latossolo Amarelo Podzólico Eutrófico A Chernozênico
textura arenosa/média fase floresta/cerradão semidecíduo relevo plano/suave
ondulado. Os solos de C
1
, segundo FIGUEIREDO (1996) são todos (C
1
P
1
, C
1
P
2
e
C
1
P
3
) Latossolos. Porém, com o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos,
estabelecido e publicado no final do século passado (XX) (EMBRAPA, 1999), a partir
de então aqueles solos em C
2
P
1
, C
2
P
2
e C
2
P
3
, respectivamente, passaram a
denominar-se: ARGILOSSOLO AMARELO Eutrófico (PAe), NEOSSOLO
QUARTZARÊNICO Órtico êutrico(RQo) e LATOSSOLO AMARELO Eutrófico(LAe);
enquanto os solos do Facão confirmam-se na classificação anterior.
Foram efetuadas coletas por camada (E
i
) no perfil dos solos
objetivando o estudo do efeito das mesmas sobre a mobilização hídrica de resíduos
de pesticidas, pois se assumiu que a expressão de atributos dos solos geralmente
varia com a profundidade. Em C
2
a coleta de amostras de E
i
foi efetuada em
trincheiras abertas por ocasião de estudos morfológicos. Em C
1
a coleta foi efetuada
com trados especiais retirando nas profundidades E
i
(0-1 cm, 0-2 cm, 0-3 cm).
Também foram recolhidas amostras nas profundidades de 0-5 cm, 5-10 cm, 10-15
cm e 15-20 cm.
As amostras coletadas foram acondicionadas em sacolas plásticas de
várias capacidades. As coletas foram efetuadas em vértices de polígonos descritos
sobre o terreno em zig-zag. Em cada vértice foi efetuada uma amostra simples de
mesma profundidade para formar a amostra composta constituída de dez simples.
O transporte das amostras, do local de coleta ao laboratório, foi
efetuado em sacolas com o solo, fechadas e mantidas sob temperatura ambiente.
5.1.3 - Padronização do material e preparo das amostras de solos
a) Secagem do solo ao ar
Amostras provindas do campo foram esparramadas em fina camada
(±1 cm de espessura) sobre lâminas de papel, em sala fechada, mas com janela
passível de ventilação e entrada de luz difusa. Tempo mínimo de permanência da
secagem ao ar, em condições normais de ambiente: 7 dias.
b)
Tamisação da terra seca ao ar
Foi definido trabalhar com amostras deformadas de solo para
constituição do ensaio. Efetuou-se o peneiramento da amostra de solo seca ao ar,
em malha de 2 mm, com aproveitamento do material de solo que passava na
tamisarão, o que se constitui em TFSA (EMBRAPA, 1979).
119
5.2 - ANÁLISES QUÍMICAS E FÍSICAS DAS AMOSTRAS DE SOLOS
Estas foram efetuadas de acordo com as orientações constantes no
Manual da EMBRAPA (1979). Estiveram envolvidas nestas análises laboratoriais a
Empresa Mato-grossense de Pesquisa Assistência e Extensão Rural S/A -
EMPAER-MT, Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT e Universidade Federal
de Pelotas - UFPEL.
5.3 - ANÁLISES QUÍMICAS E FÍSICAS DA ÁGUA PERCOLADA
Foram efetuadas determinações de: (a) metais através de
espectrofotometria de absorção atômica (CG modelo ABC 7000, por digestão ácida
com HNO
3
) para Ca, Mg, Fe, Mn, Cu, Zn, e para K e Na por fotometria de chama; (b)
alcalinidade da água e presença de radicais ácidos e básicos (OH
-
; CO
3
2-
; HCO
3
-
),
por titulação (método titrimétrico de determinação de alcalinidade, segundo a APHA
(1975)); (c) pH, condutividade elétrica, turbidez, temperatura, salinidade e oxigênio
dissolvido, através do instrumento Water Checker U-10 HORIBA.
As amostras utilizadas para efetuar as análises da água percolada, nas
colunas de solo, foram obtidas através da aplicação dos mesmos procedimentos
adotados à obtenção de amostras de água percolada contaminadas por pesticidas
(cujas concentrações estão apresentadas no item 5.5.2.5 e Tab. 6.9).
5.4 - ANÁLISE E MONITORAMENTO DO AMBIENTE DO ENSAIO
A temperatura do ambiente do ensaio foi monitorada com termômetro e
controlada para manter-se entre 25-30 ºC, através de sistema de ar condicionado e
da abertura e fechamento de janelas do laboratório. Entretanto, as condições dos
locais de coleta (campo) onde desenvolviam a cotonicultura, com base nos registros
da Estação Meteorológica de Cáceres, apresentaram como normais anuais de
temperatura do ar máxima, média e mínima, respectivamente, na faixa de 29,7-34,3
ºC, 21,5-26,8 ºC e 15,0-22,6 ºC (RIEDER, 1984).
A iluminação natural do ambiente de ensaio esteve constituída apenas
por uma fração de luz difusa, em face da posição das paredes e aberturas do
espaço laboratorial e de janelas com vidraça. O ensaio correspondente ao
tratamento de tempo t
0
(30 min) foi submetido apenas a luminosidade natural média
diurna reinante no ambiente, enquanto que os tratamentos de tempo t
1
(2 dias) e t
2
(4 dias) ficaram também submetidos à luminosidade natural média noturna no
ambiente, por duas e quatro oportunidades, respectivamente. Esses tempos (t
i = 30
min, 2 e 4 dias
) foram definidos em função da possibilidade de ocorrência de chuvas nos
dias seguintes e logo após a aplicação de pesticidas, ainda com a presença de
resíduos, considerando a meia vida do ingrediente ativo (i.a.).
5.5 - DESCRIÇÃO DA PARTE EXPERIMENTAL
a) Estimativa do espaço poroso da coluna de solo (EMBRAPA, 1979):
Com base nos dados de densidade real ou das partículas do solo (d
p
) e
da densidade aparente ou do solo (d
a
), obtidas através de análises físicas anteriores,
também de acordo com a metodologia descrita pela EMBRAPA (1979), o espaço
poroso (Ep) foi estimado pela fórmula: Ep= [1-(d
a
/d
p
)].100= [(d
p
-d
a
)/d
p
].100
b) Umedecimento do solo à capacidade de campo (CC)
Para fins de desenvolvimento dos ensaios, no presente estudo se
elegeu como referência de umidade retida no solo, no ato da contaminação por
pesticidas, o parâmetro conhecido como capacidade de campo (CC). CURI et al.
(1993) definem capacidade de campo in situ como teor máximo de água retido pelo
solo, após saturação, depois de cessado o movimento gravitacional.
Para obter a capacidade de campo (CC), aplicou-se um volume de
120
água sobre a coluna de solo, igual ao do Ep estimado pela fórmula acima.
Aguardou-se a infiltração e umedecimento. O excedente e o movimento gravitacional
de água foi drenado pelo fundo do tubo. Cessada a drenagem (± 6 horas após a
aplicação, variando um pouco com a textura e teor de matéria orgânica do solo), a
coluna de solo foi considerada apta para ser contaminada com o pesticida MP.
c)
Umidade residual e massa da amostra contida na coluna de solo:
A medida da umidade e massa foi efetuada no ato da confecção da
coluna, separando e destinando uma fração de solo à secagem na estufa (110 °C
por 24 h). Efetuou-se a pesagem da coluna do solo, como também da amostra
controle (que foi para estufa). Com as pesagens (antes e depois da secagem) da
amostra de terra fina seca à estufa (TFSE), foi calculada a umidade residual retida e
a massa de solo contida na coluna.
5.5.1 - Montagem de colunas de solo:
Os instrumentos, a montagem e os procedimentos adotados foram
desenvolvidos nesta tese.
5.5.1.1 - Tubos para moldar e reter coluna de solo
Foram recortados tubos de vidro, inclusive funis confeccionados a partir
de garrafas com fundo cortado, para a montagem dos ensaios laboratoriais de
percolação de água contaminada por pesticidas através de colunas de solo. Tais
tubos foram confeccionados especialmente para o presente estudo.
5.5.1.2 - Fundo telado nos tubos para colunas de solo
O fundo telado foi necessário para retenção da coluna de solo no tubo
e também para permitir a livre drenagem da água de percolação.
Nos tubos de vidro, a tela de constituição e de recobrimento do fundo
foi fixada, acondicionada por uma abraçadeira (rosqueada) e, em seguida colada
com fita crepe a qual, externamente ao tubo, retinha a tela pela sua saia.
Sobre a base interna do fundo dos tubos colocava-se um rculo de
papel filtro. Outro papel filtro foi colocado após a composição da coluna de solo
sobre a mesma, para amortecer o impacto da aplicação da lâmina de água.
5.5.1.3 - Constituição das colunas de solo
As colunas de solo foram constituídas com TFSA preenchendo-se o
espaço interno de tubos de vidro
interno
= 3,6 cm; Ø
externo
= 3,9 cm; H = 25 cm) até
as alturas desejadas (h
i
= 1 cm, 2 cm, e 3 cm). A construção das colunas de solo
deu-se com o acréscimo de TFSA tomada com uma medida (copo graduado) com
opções de alturas ajustadas previamente. Após a colocação da terra (TFSA) no
tubo, visando assentamento e acomodação do material, foram efetuadas 10 batidas
leves (equivalente a soltar o tubo de uma altura de 2 cm, em queda livre) com o
fundo do tubo sobre uma superfície plana (pedaço de tábua ou sobre uma mesa)
revestida de papel toalha. Encerrada a formação da coluna de solo, o tubo que a
continha passou a ser mantido em posição vertical. As colunas de solos, de 1, 2 e 3
cm de altura, foram confeccionadas, respectivamente, por amostras oriundas de
coletas de campo efetuadas nas profundidades de 0-1, 0-2 e 0-3 cm.
Essas espessuras foram definidas com base em resultados de ensaios
preliminares desenvolvidos com colunas de várias espessuras maiores desde 0-5
cm até 0-50 cm. Porém, o teste para espessuras decrescentes indicou que até a
camada de 0-5 cm não ocorria contaminação da água percolada. A partir disso,
foram utilizadas no teste camadas menores que 0-5 cm, ficando então definido que o
ensaio deveria se limitar aos extratos de 0-1 cm, 0-2 cm e 0-3 cm.
Estudos em campo e com amostras de solos indeformados, podem
121
representar melhor o que ocorre na realidade. Embora inicialmente pretendido isto, o
projeto de tese teve de adotar outra opção, a de ensaio laboratorial, por razões de
tempo, custo, possibilidade de controle e exeqüibilidade.
5.5.2 - Preparo das amostras de pesticidas
As referências e os procedimentos aplicados ao preparo das amostras
foram desenvolvidos com base em indicadores da seção I desta tese.
5.5.2.1 - Produto pesticida
Foi usado o pesticida organo sintético fosforado (MP), obtido do
produto comercial Folidol 600 fabricado pela Bayer do Brasil S.A.. O produto foi
adquirido no comércio de Cuiabá (MT), em 13 de outubro de 1997, sendo do Lote -
Partida 092 1997 5000, com validade indicada até Julho de 1998. Os ensaios foram
executados entre novembro de 1997 até maio de 1998.
5.5.2.2 - Solução base (calda)
A solução base ou calda foi aquela que tivesse a concentração
desejada de ingrediente ativo para o presente estudo.
A calda de pesticida MP (concentração 600 g (1000 mL)
-1
foi definida
considerando-se a dose máxima (100 mL de produto comercial (20 L)
-1
de água):
4,93% de agricultores adotantes) mais freqüente encontrada entre os usuários deste
produto na cotonicultura local, multiplicado pelo fator 1,5 (ajuste ou de ampliação,
em 50%, da dose relatada). Definiu-se a calda com a dosagem de 150 mL de Folidol
600 (20 L)
-1
de água, o que corresponde a 7,5 mL de Folidol 600 (L)
-1
de água.
5.5.2.3 - Concentração na calda (C
sb
)
Como o produto comercial usado (Folidol 600) possui teoricamente 600
g de i.a.(ingrediente ativo) (L)
-1
de solução, a calda (C
sb
) devia estar constituída de
4,5 g de i.a. (L)
-1
ou 4,5 mg de i.a. (mL)
-1
de água da solução.
Na memória de cálculo tem-se: [
Dose (D): 0,150 L de Folidol 600;
Concentração no produto Folidol (C): 600 g de i.a. (L)
-1
de solução; Volume do pulverizador (V): 20 L.
Portanto:(C
sb
) =[D x C/V] =[0,150 L x 600 g.L
-1
(20 L)
-1
] =[
4,5 g.L
-1
]].
Entretanto, a posteriori, as análises cromatográficas efetuadas
detectaram, em média, uma concentração de ingrediente ativo de MP em torno de
7,7 µg/m
L
-1
.
Por isto, os percentuais de resíduos constantes na Tab. 6.9 foram
calculados com base nestes 7,7 µg/m
L
-1
.
5.5.2.4 - Superfície de solo submetida à contaminação
A superfície das colunas de solo foi de 10,18 cm
2
(φ = 3,6 cm)
5.5.2.5 - Volume de calda
Adotou-se, como referência, o consumo de 600 L de solução de
pesticida (situação crítica) para pulverizar (pulverizador costal) um hectare de
algodão. Isso equivale a uma aplicação de 60 mL [600L (10000 m
2
)
-1
] de calda de
pesticida (Folidol 600) em um metro quadrado, ou a 0,006 mL.cm
-2
de superfície de
terreno no qual está um alvo a ser atingido. Como a calda tem uma concentração
4,5 mg de i.a. (mL)
-1
, 1 cm
2
de superfície de coluna de solo foi submetido a 0,027 mg
de i.a. de MP ou de 0,045 mL do produto comercial em questão.
Para as colunas de vidro de diâmetro interno de 3,6 cm (S = 10,178
cm
2
), o volume de calda aplicado foi aproximado para 0,061 mL ou seja, 61 µL.
Depois de diluído em 10 mL de água (solução de aplicação), para permitir melhor
uniformidade de aplicação, usando maior volume, foi efetuado contaminação da
superfície da coluna de solo com os supostos 0,2745 mg de MP.
122
5.5.2.6 - Contaminação, irrigação, percolação
Após o término do preparo da solução de aplicação, por meio de uma
pipeta graduada efetuava-se imediatamente a contaminação uniforme da superfície
do solo na coluna. Passados 30 min, 2 dias e 4 dias da contaminação, aplicava-se,
respectivamente, uma lâmina de água para completar o volume equivalente a uma
chuva de referência definida no projeto (90 mm). O escorrimento para dentro do tubo
foi efetuado com o uso de um bastão de vidro, garantindo assim baixo impacto com
a superfície da coluna de solo. A água percolada pela coluna era coletada em
béquer, constituindo-se a amostra contaminada processada na rotina de extração.
5.6 - EXTRAÇÃO E CONCENTRAÇÃO DA AMOSTRA
As análises deste pesticida, nas amostras envolvidas, basearam-se na
metodologia para organofosforados em água da CETESB (1988), adaptada para 100
mL de percolado (ao invés de 1000 mL), como descrito a seguir:
a) Colocar a amostra contaminada em um funil ou balão de decantação;
b) Adicionar 10 mL de diclorometano; agitar por 2 min com cuidado de liberar,
a formação de pressão por gases; efetuar novamente, pelo menos, mais uma série
de agitações pendulares e deixar decantar por 10 min;
c) Drenar o decantado via funil com papel filtro e sulfato de sódio anidro, para
um balão de fundo redondo;
d) Repetir os procedimentos b e c por mais duas vezes;
e) Levar o balão com o conteúdo para um evaporador rotatório à vácuo;
f) Concentrar o diclorometano do balão até aproximadamente 1 mL ;
g) Adicionar 5 mL de n-hexano ao balão, agitar para dissolução da amostra
concentrada e, reconcentrar sob corrente de nitrogênio, em banho - Maria a uma
temperatura entre 40-45 ºC .
h) Repetir o procedimento g;
i) Acertar com n-hexano o volume final (5 mL) do concentrado, agitar e
transferir o conteúdo para um frasco de acondicionamento da amostra para fins de
sua injeção posterior no cromatógrafo (etiquetar, de forma segura, a amostra). O
vidro de acondicionamento da amostra utilizado foi de cor âmbar (para filtragem da
radiação luminosa), com capacidade volumétrica pouco superior ao volume nele
colocado, com tampa de rosca protegida com fita de teflon
j) Antes de fechar o vidro com a tampa rosqueada, assentar sobre a boca (do
vidro) um pedaço de papel alumínio e selar a abertura e pescoço da embalagem
(vidro) com fita teflon (para impedir contaminação e perdas por evaporação do
conteúdo interno). Rosqueada a tampa, repassou-se nela fita teflon (veda-rosca).
l) Levar o vidro etiquetado do extrato concentrado para a geladeira e guardá-
lo para, no tempo mais breve possível, injetá-lo no cromatógrafo.
5.7 - IDENTIFICAÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DO PESTICIDA MP
Após a concentração final do eluato (n-hexano: 5 mL), a presença de
pesticida era determinada por cromatografia gasosa com detector termoiônico de
Nitrogênio e Fósforo (N/P). Todas as amostras foram ensaiadas em seis repetições
e injetadas no cromatógrafo, pelo menos, em duplicata.
5.8 - REAGENTES UTILIZADOS
Os reagentes utilizados (extração: diclorometano; solvente: n-hexano;
desidratante: sulfato de sódio anidro) possuíam, todos, grau de pureza para análise
de resíduos de pesticidas, marca Merck e Mallinckrodt
123
5.9 - LIMPEZA E DESCONTAMINAÇÃO DA VIDRARIA
A limpeza de descontaminação da vidraria utilizada, para a sua
reutilização, foi efetuada rotineiramente, deixando-se a mesma de molho durante um
período mínimo de 6 h em solução aquosa a 2% v/v de detergente Extran Alcalino
MA-01 (Merck). Após retirar o detergente com água de torneira (várias enxaguadas)
ainda foi efetuada uma última enxaguada com água destilada deionizada. A vidraria,
após a lavagem, era colocada para secagem ao ar livre (em bancada revestida de
papel-toalha) ou em estufa. Após essa secagem e, antes de guardá-lo ou de nova
utilização, toda vidraria era enxaguada também por dentro com acetona p.a.. O
material, após o enxaguar com acetona era revestido ou tampado com papel
alumínio, reutilizado ou guardado em armário fechado até o momento do uso.
5.10 - PADRÕES E SOLUÇÕES ANALÍTICAS DE REFERÊNCIA
As soluções padrão utilizadas foram preparadas a partir do composto
sólido puro de MP (grau de pureza 91%) fornecido pela SUPELCO no kit 52 de
pesticidas organofosforados.
5.10.1 - Solução estoque
Para preparar a solução estoque, a massa utilizada do sólido foi
medida em balança analítica e, em seguida, dissolvida em acetato de etila, obtendo-
se uma solução com concentração conhecida de aproximadamente 200 µg (mL)
-1
. A
solução estoque foi conservada em freezer pelo tempo de 6 meses.
5.10.2 - Solução intermediária
A partir da solução estoque de MP foi tomada uma alíquota diluída no
mesmo solvente, acetato de etila, para formar a solução intermediária de
concentração 10 vezes menor que a da solução inicial. A solução intermediária, com
concentração aproximada de 20 µg (mL)
-1
, foi conservada em freezer por 6 meses.
5.10.3 - Soluções de trabalho
De posse da solução intermediária, foram preparadas soluções de
trabalho, diluindo alíquotas previamente definidas no solvente acetato de etila. As
concentrações elaboradas de soluções de trabalho do pesticida MP, entre outras,
foram de 2,0; 1,0; 0,4; 0,2; 0,04; 0,02 µg (mL)
-1
. O tempo de conservação destas
soluções de trabalho foi de 1 mês em refrigerador.
5.11 - ANÁLISE DOS EXTRATOS
5.11.1 - Instrumentos e condições de operação
A identificação e quantificação do pesticida MP foi efetuada com o uso
de um cromatógrafo a gás marca CG modelo 500 A, com detector de nitrogênio e
fósforo. Os cromatogramas foram obtidos em integrador processador CG-300.
Para as determinações do analito, foi usada, no aparelho, coluna
cromatográfica de lica fundida DB - 5 (5% fenil dimetil siloxano) 15 m x 0,53 mm e
0,5 µm de espessura de fase estacionária. As condições operacionais do
cromatógrafo foram: (a)operação isotérmica; (b) temperatura da coluna: 210 ºC; (c )
temperatura do vaporizador: 250 ºC; (d) temperatura do detector: 280 ºC; (e) fluxo de
gás de arraste, nitrogênio : 10 mL (min)
-1
; (f) velocidade do papel no integrador: 10
mm (min)
-1
; (g) volume de solução injetada: 0,5 µL ; (h) vazão no detector do gás H
2
foi de 4 mL (min)
-1
e do ar sintético foi de 120 mL (min)
-1
.
Mantiveram-se as condições instrumentais e operacionais tão
invariáveis quanto possível, ao longo de todo o estudo.
124
5.11.2 - Determinação do analito nas amostras
Os extratos das amostras foram injetados (com micro seringa Hamilton
10 µL) no cromatógrafo, pelo menos em duplicata, obtendo-se os cromatogramas
correspondentes. A descontaminação da seringa antes e após as injeções no
cromatógrafo foi efetuada com n-hexano. As soluções padrão de trabalho eram
injetadas, normalmente, no início, meio e final da jornada. Quando se estabeleciam
alterações nas condições de trabalho do aparelho (ex.:atenuação, corrente elétrica)
novas injeções das soluções padrão tinham que ser efetuadas.
A identificação do pesticida MP, para as várias concentrações
utilizadas e diante de cada condição específica de funcionamento instrumental
estabelecida, foi feita através da comparação do tempo de retenção nas soluções
padrão de trabalho e nos extratos injetados.
A determinação quantitativa utilizada foi a mesma descrita e adotada
por ALVES (1998). Foi efetuada a comparação das áreas dos picos das amostras
com os das soluções padrão pelo método do padrão externo.
Em seguida, calculou-se a concentração do pesticida MP no extrato da
amostra com base na seguinte equação:
C
E
= S
cA
.[C
P
.(S
c
P
)
-1
], sendo C
E
e C
P
, respectivamente, a concentração
do pesticida no extrato da amostra, (µg.(mL)
-1
); e na solução padrão, (µg.(mL)
-1
); S
cA
é a área calculada do pico do pesticida no cromatograma da amostra; S
cP
é a área
calculada do pico do pesticida no cromatograma da solução padrão.
A massa do pesticida presente na amostra foi obtida por cálculo na
concentração de MP no extrato da amostra, conforme segue:
m
A
= C
E
. V
E
, em que m
A
é a massa do pesticida na amostra, (µg );
V
E
é o volume do extrato da amostra, (mL).
Concentração do pesticida na amostra (C
A
): C
A
= m
A
.(V
A
)
-1
, em que V
A
é
o volume da amostra.
Por último, identificou-se a concentração percentual (%) de MP
determinado nas amostras de percolado em relação ao do controle (prova em
branco): MP
lixiviado
(%)= 100 x CE
lixiviado
/CE
controle
ou 100 x m
A
lixiviada
/
m
A
controle
.
5.12 - TESTE DE EFICIÊNCIA DO MÉTODO ANALÍTICO
A avaliação da eficiência do todo adotado foi efetuada através da
execução de ensaios de recuperação.
O ensaio de recuperação visa determinar a capacidade do método
analítico empregado em acusar a fração do analito presente numa amostra em
relação ao teor real de contaminante existente na mesma.
O ensaio de recuperação foi constituído de amostras não
contaminadas, de água deionizada e também de água percolada em colunas dos
mesmos solos utilizados no experimento geral. Essas amostras de água foram
posteriormente fortificadas (contaminadas) com concentrações conhecidas do
pesticida MP (0,02; 0,04; 0,2; 0,4 µg (mL)
-1
) e, a seguir, submetidas à rotina do
processo analítico aplicado às amostras reais. A confirmação das amostras não
contaminadas, utilizadas no ensaio de recuperação, foi indicada pelo processamento
cromatográfico de alíquotas do extrato amostral e a obtenção de cromatogramas
isentos de picos na região correspondente ao pesticida em questão.
O cálculo da fração recuperada para o pesticida MP em água
percolada no solo foi obtido pela seguinte equação:
R%=[m
d
.(m
ad
)
-1
].100, em que R% é a percentagem de recuperação do
pesticida; m
d
é a massa detectada do pesticida na amostra, pela cromatografia, (µg);
m
ad
é a massa do pesticida adicionada à amostra, (µg).
125
5.13 - LIMITE DE DETECÇÃO DO MÉTODO ANATICO
A determinação do limite de detecção do pesticida MP foi calculada
com base em procedimentos descritos por THIER & ZEUMER (1987).
Determinou-se, a reta ajustada (y = a+bx), com base nas médias das
concentrações medidas (y
i
) e os correspondentes níveis de fortificação (x
i
), onde y é
uma estimativa da concentração média; x é um nível de fortificação; a é o coeficiente
linear da reta (ordenada de intersecção no eixo y);
b é o coeficiente angular da reta (tangente do ângulo θ; θ é o ângulo de
inclinação da reta ajustada, no gráfico de fortificação versus concentração medida
ou detectada, com o eixo x). b tem uma correspondência com a sensibilidade, (S).
Conforme ALVES (1998), a razão das medidas da magnitude da
concentração respondida pelo instrumental e a concentração real do analito
considerado é uma expressão de sensibilidade, (S). Então assume-se que b = S.
Para se chegar ao limite de detecção também foi necessário o cálculo
do desvio padrão combinado, (S
c
), sendo obtido pela seguinte equação:
S
c
= , em que S
C
é o desvio padrão combinado;
S
2
a
é a variância das concentrações medidas no mais baixo nível de fortificação
usada no ensaio; S
2
b
é a variância das respostas das determinações em branco; m é
o número de determinações efetuadas no mais baixo nível de fortificação; n é o
número de determinações em branco efetuadas.
De posse das informações componentes, obteve-se, então, a
estimativa do limite de detecção calculado, (LDC), por meio da equação seguinte:
LDC= , em que LDC é o limite de detecção calculado; S
C
é o
desvio padrão combinado; S é a sensibilidade, (S = b); t
(f; 95)
é o t de Student
unilateral, com f graus de liberdade para um nível de confiança de 95%; f é o grau de
liberdade (f = d-1 ); d é o número de determinações efetuadas em cada nível de
fortificação, ou seja, o número de replicatas.
5.14 - LIMITE DE QUANTIFICAÇÃO OU DE DETERMINAÇÃO (LDM)
Com base nas orientações de THIER & ZEUMER (1987), o LDM,
considera o menor valor correspondente que atenda os três requisitos a seguir:
(i)
O limite de determinação é ≥ que o limite de detecção (LDM LDC);
(ii)
No limite de determinação, a recuperação é ≥ que 70% (R 0,70);
(iii)
O coeficiente de variação, (CV%), no limite de quantificação é ≤ que 20%
Diante de tais critérios, os dois limites (LDM e LDC), ao assumirem o mesmo valor,
estabelecem um divisor entre o quantificável e não quantificável. Na prática, o LDM
mensurável, precisa estar, pelo menos, um nível acima do LDC.
5.15 - ANÁLISES ESTATÍSTICAS
5.15.1 - Correlações entre pesticida lixiviado, carbono orgânico,
argila e areia presente na amostra de solo
As correlações foram efetuadas pelo coeficiente de Pearson (dados
paramétricos), e de Spearman - r
s
(dados não paramétricos), conforme o caso.
Consideraram-se aceitáveis correlações r
s
|0,60| para p-valores
menor do que o nível de significância α = 0,05 (p< 0,05). A qualificação das
correlações (r = |1|: perfeita; |0,90 r < 1|: fortíssima; |0,60 r < 0,90|; forte) baseou-
)2(
)1()1(
22
+
+
nm
SnSm
ba
S
St
Cf
..2
)95,0(
100
...
% x
medidasoesconcentraçdasMedia
aoDesvioPadr
CV =
126
se na proposição apresentada por PEREIRA(1978).
5.15.2 - Demais análises
Interpretações estatísticas foram efetuadas utilizando-se a análise de
variância, testes F, de médias por meio de Tuckey, χ
2
(Qui-quadrado).
CAPITULO 6 - RESULTADOS E DISCUSSÃO DA SEÇÃO 2
128
6.1 - MÉTODO PARA DETERMINAÇÃO DE RESÍDUOS DE MP
6.1.1 - Consistência e avaliação da eficiência
A análise dos resultados do tempo de retenção, área do pico,
concentração de áreas e de recuperação do pesticida MP indicou que os
procedimentos escolhidos e o manuseio adotado foram suficientemente consistentes
para a validação do todo cromatográfico usado (TAB. 6.1, TAB. 6.2, TAB. 6.3,
TAB. 6.4 e TAB. 6.5), conforme indicações descritas em THIER & ZEUMER (1987) e
em ALVES (1998).
6.1.1.1 - Tempo de retenção do MP
TABELA 6.1 - Tempo de retenção do pesticida MP em seis (6) injeções da mesma
solução padrão (média, desvio padrão e coeficiente de variação).
Número de injeções (nº)
Tempo de retenção (min)
1 3,89
2 3,85
3 3,87
4 3,89
5 3,87
6 3,86
Média 3,87
Desvio Padrão (s) 0,016
Coeficiente de variação (CV %) 0,42
6.1.1.2 - Área do pico do pesticida MP
TABELA 6.2 - Área do pico do MP em 6 injeções seqüenciais da solução de
concentração 0,02 µg/mL (média, desvio padrão e coeficiente de variação).
Número de injeções (nº)
Área do pico (mm
2
)
1 280
2 260
3 300
4 260
5 280
6 300
Média 280
Desvio Padrão (s) 17,88
Coeficiente de variação (CV %) 6,38
6.1.1.3 - Linearidade do detector
As determinações do ensaio realizado (TAB. 6.3) permitiram calcular o
coeficiente de correlação (r) e de determinação (r
2
), cujos resultados (r= 0,996; r
2
=
0,992) sinalizaram para uma associação quase que perfeita e positiva entre as
variáveis confrontadas (área do pico x concentração do pesticida) (FIG. 6.1).
A equação de regressão (y= a+ bx) obtida a partir dos dados do ensaio
é a que segue: y= -3,950 + 461,815. x , em que y é a área do pico no cromatograma
correspondente ao pesticida (em mm
2
); a é o coeficiente linear da reta ou ponto em
que a reta intercepta o eixo da ordenada; b é o coeficiente angular ou grau de
inclinação da reta e; x é a concentração do padrão em µg (mL)
-1
129
TABELA 6.3 - Dados de linearidade do detector (concentração e áreas).
Concentração do padrão
µ
Área 1 (mm
2
) Área 2 (mm
2
) Área média
(mm
2
)
0,02 8 8 8
0,04 14 12 13
0,2 76 96 86
0,4 188 176 182
A equação da reta que estabelece a relação entre concentração do MP
[C , em µg (mL)
-1
] e a área do pico correspondente no cromatograma (S, em mm
2
), é
(C) = 0,0097 + 0,0021.(S), com r = 0,99
6.1.1.4 - Precisão do método utilizado
TABELA 6.4 - Dados de precisão do método analítico utilizado para o pesticida MP,
UFMT, Cuiabá (MT).
Nível de
fortificação
(µg/mL)
Concentração medida
(n=4 para cada
fortificação) (µg/mL)
Médias de
concentração
(µg/mL)
Desvio Padrão Coeficiente de variação
(CV %)
0
0
(branco) 0 0 0 0
0
0.0010
0,001 0,0014 0,0011 0,0002 18,18
0,0010
0,0010
0,0015
0,002 0,0015 0,00175 0,00028 16,49
0,0020
0,0020
0,0070
0,01 0,0065 0,0070 0,0007 10,10
0,0065
0,0080
0,013
0,02 0,014 0,01375 0,00095 6,96
0,013
0,015
6.1.1.5 - Faixa de recuperação e limites de detecção e de quantificação
TABELA 6.5 - Recuperação, limites de detecção e de quantificação do método
analítico adotado para o MP, UFMT, Cuiabá (MT).
Percentagem de recuperação
Nível de
fortificação
(µg/mL)
Intervalo Média Desvio Padrão
Limite de
detecção
(µg/mL)
Limite de
quantificação
(µg/mL)
0,001
100
-
140
110
17,3
0,002 75-100 88 12,5 0,001 0,001
0,01 65-80 70 6,1
0,02 65-75 69 4,2
Obs.: n= 5
6.2 - A LIXIVIÃO DE RESÍDUOS DO PESTICIDA MP EM
DISTINTOS SOLOS
O MP (FIG. 6.1a) tem uma pequena capacidade de deslocamento no
ambiente, MINISTÉRIO DA SAÚDE (1985). Entretanto, o produto de sua
degradação (FIG 6.1b), o 4-nitrofenol ou NO
2
C
6
H
4
OH, que também é um inseticida,
não é adsorvido pelo solo e contamina águas subterrâneas (EXTOXNET, 1998 b).
130
a
b
FIGURA 6.1 - Fórmula estrutural do (a) metil paration (MP) e do (b) 4- nitrofenol
6.2.1 - Consistência do estudo
6.2.1.1 - A situação de campo e de laboratório
A mobilização de pesticidas nas condições de campo pode ter um
comportamento diferente daquele simulado em laboratório (RACKE et al., 1997;
NRA, 1999). Por um lado, no campo, é muito mais difícil ter-se o controle sobre a
complexidade das interações entre os multifatores influentes, embora seja a própria
situação real a de interesse. Mas, no laboratório, apesar de não ser exatamente a
situação real, procura-se a melhor aproximação possível da mesma, enquanto se
estabelecem estratégias de controle sobre as influências. Assim, um experimento
bem conduzido no laboratório permite reduzir o risco de erro conclusivo sobre a
influência de fatores específicos, embora o aspecto interativo com o todo fique
incompleto. Mas, no campo o risco de erro conclusivo sobre o efeito de fatores
específicos, geralmente é maior que na situação de laboratório.
rios estudos têm sido desenvolvidos para dar suporte ao dilema
entre experimentos de campo e de laboratório, levando em conta não apenas a
redução dos riscos com erros de conclusão, mas também aspectos relacionados a
custos, facilidades de execução e tempo demandado para as pesquisas pertinentes.
No que se refere à mobilização de pesticidas no ambiente, HEYER & STAN (1995),
trabalhando com alaclor, verificaram que as lixiviações dos resíduos ocorrida em
condições de campo e de laboratório mostraram resultados semelhantes. Contudo,
resultados distintos também podem ser verificados (NRA,1999).
6.2.1.2 - Os dados e a estatística aplicada
Conforme PIMENTEL GOMES (1981), a validação de conclusões
experimentais e de ensaios laboratoriais tem suas dificuldades de reprodutividade,
como também os estudos de campo normalmente estão submetidos a fatores de
desinteresse, mas de difícil controle de suas influências. Assim, os resultados
obtidos por qualquer tipo de estudo, devem considerar os erros provenientes das
várias fontes de influência, além do que os modelos estatísticos de análise isolam
e indicam, em seus esboços, às interpretações ao pesquisador.
No presente caso, os ensaios de lixiviação de MP em geral
manifestaram certa heterogeneidade por fatores que não foram possíveis de serem
totalmente controlados. TOMITA & PERES (1999) identificam a etapa de preparo de
amostra a que mais erro introduz no resultado final do processo de detecção,
identificação e quantificação de analitos, além de consumir mais tempo, mão de obra
e reagentes durante todo o processo analítico.
PIMENTEL GOMES (1984) cita que, embora se esperem baixos (<
10%) coeficientes de variação (CV) nos resultados de estudos laboratoriais, nem
sempre os seus experimentos expressam a precisão esperada. Como por exemplo,
dados de análise de solo que, não raro, apresentam CV alto (20-30%) e até muito
alto (> 30%), especialmente nos casos de solos pobres, como os de cerrados, cuja
variabilidade se confirma em estudos de especialistas com estes solos (LOPES &
GUIDOLIN, 1989 e LOPES & GUILHERME, 1992). Embora expressem um alto
coeficiente de variação, os dados analisados indicam (TAB. 6.6) que existe diferença
131
significante (0,01
α
< 0,05; % tratamentos: 14,81%) e altamente significante (
α
<
0,01; % tratamentos: 57,40%) entre blocos para a maioria dos tratamentos, apesar
do coeficiente de variação predominante estar abaixo de 20%. Mesmo com a
elevada variabilidade encontrada os testes adotados indicaram existência de
desigualdade entre valores assumidos nas circunstâncias consideradas pelas
variáveis. Importantes comportamentos estatísticos que diferenciam ou assemelham
determinados grupos de tratamentos também são verificados (TAB.6.7), tais como:
(a) A comunidade C
1
foi a que apresentou a maior incidência de tratamentos sem
diferença estatística; (b) em pelo menos um tratamento, uma das três posições (P
i
)
não apresentou diferença significativa para a comunidade do C
1
; (c) Na comunidade
de C
2
apenas as posições P
2
e P
3
, não apresentaram diferença significativa, em pelo
menos um tratamento; (d) em ambas as comunidades, um dos três tempos (t
i
) não
apresentou diferença significativa; (e) a comunidade de C
2
apresentou maior e o
menor coeficiente de variação nos tratamentos estudados (C.V
C2P2E1t0
= 1,38%;
C.V
C2P3E2t2
= 157,85%); (f) a espessura E
2
em C
1
, sempre apresentou diferença
significativa, nos diversos tratamentos; (g) para C
2
, em pelo menos um tratamento,
uma das três espessuras (E
i
) não apresentou diferença significativa.
Colunas de solo para estudar lixiviação de pesticidas também foram
utilizadas por BOEIRA et al.(2003).
6.2.1.3 - Considerações sobre as situações experimentais
Para algumas análises os pressupostos de aderência dos resíduos, a
distribuição normal e a homocedasticidade não foram satisfeitas, no entanto o
pressuposto da aditividade do modelo foi atendido (conforme verificado pela análise
de gráficos de dispersão entre médias e variâncias), sendo adotado o modelo não
paramétrico, assumido a randomização do experimento e a robustez do modelo.
Resultados de testes de efeitos das componentes consideradas sobre a variável
dependente estão apresentados (TAB. 6.7).
132
TABELA 6.6 - Estatísticas de tratamentos de resíduos do pesticida MP lixiviados, em
três momentos (t
i
), em colunas de solo de três espessuras (E
i
), de amostras de três
posições topográficas (P
i
) de duas comunidades rurais (C
i
), em triplicatas (blocos-R
s
)
e duplicatas de injeções cromatográficas- repetições (R
c
)
Ensaio Fatorial 3
3
x 2 , delineados em 3 blocos casualizados (R
s
) com 2 repetições(R
c
)
Estatísticas dos tratamentos em blocos casualizados
Tratamento
Média Bloco (Rep Dado Quadrado Quadrado Coef. F- teste Significânci
C
1
P
1
E
1
t
0
1,7908
3
2
6
4,191027
0,005105
3,99
2042,8
0,00002
C
1
P
1
E
1
t
1
0,0533
3
2
6
0,000190
0,000035
11,11
12,17
0,03631
C
1
P
1
E
1
t
2
0,0613
3
2
6
0,000025
0,000022
7,81
1,30
0,39065
C
1
P
1
E
2
t
0
0,6130
3
2
6
0,070649
0,001921
7,15
90,30
0,00209
C
1
P
1
E
2
t
1
0,0437
3
2
6
0,000259
0,000012
8,22
49,
00
0,00512
C
1
P
1
E
2
t
2
0,0131
3
2
6
0,000033
0,000000
4,90
206,98
0,00061
C
1
P
1
E
3
t
0
0,0609
3
2
6
0,001474
0,000029
8,96
122,09
0,00134
C
1
P
1
E3t
1
0,0344
3
2
6
0,002007
0,000104
29,68
46,37
0,00555
C
1
P
1
E
3
t
2
0,0066
3
2
6
0,000005
0,000001
19,19
7,00
0
,07413
C
1
P
2
E
1
t
0
3,0529
3
2
6
0,192984
0,005059
2,33
93,35
0,00199
C
1
P
2
E
1
t
1
0,1149
3
2
6
0,002362
0,001631
35,15
2,12
0,26633
C
1
P
2
E
1
t
2
0,0632
3
2
6
0,000004
0,000005
3,75
0,80
xxxxxxx
C
1
P
2
E
2
t
0
1,0679
3
2
6
0,093086
0,003956
5,89
57,24
0,00408
C
1
P
2
E
2
t
1
0,0849
3
2
6
0,000057
0,000021
5,45
5,40
0,10130
C
1
P
2
E
2
t
2
0,0210
3
2
6
0,000136
0,000002
7,56
133,99
0,00116
C
1
P
2
E
3
t
0
1,6507
3
2
6
1,431851
0,438152
40,10
6,66
0,07873
C
1
P
2
E
3
t
1
0,0605
3
2
6
0,000014
0,000016
6,74
0,77
xxxxxxx
C
1
P
2
E
3
t
2
0,0320
3
2
6
0,000615
0,000010
10,08
146,44
0,00102
C
1
P
3
E
1
t
0
1,3227
3
2
6
0,676177
0,001791
3,20
940,17
0,00006
C
1
P
3
E
1
t
1
0,0947
3
2
6
0,003091
0,000408
21,34
17,43
0,02230
C
1
P
3
E
1
t
2
0,0845
3
2
6
0,000252
0,000076
10,35
6,77
0,07714
C
1
P
3
E
2
t
0
0,
3124
3
2
6
0,036100
0,000239
4,95
375,94
0,00025
C
1
P
3
E
2
t
1
0,0516
3
2
6
0,000576
0,000008
5,64
168,31
0,00083
C
1
P
3
E
2
t
2
0,0195
3
2
6
0,000049
0,000000
4,64
148,33
0,00100
C
1
P
3
E
3
t
0
0,0227
3
2
6
0,000942
0,000001
4,72
2046,2
0,00002
C
1
P
3
E
3
t
1
0,01
48
3
2
6
0,000084
0,000002
9,69
102,06
0,00174
C
1
P
3
E
3
t
2
0,0082
3
2
6
0,000037
0,000000
10,99
114,48
0,00147
C
2
P
1
E
1
t
0
4,1797
3
2
6
6,417608
0,323598
13,61
48,04
0,00527
C
2
P
1
E
1
t
1
0,0426
3
2
6
0,000169
0,000022
11,09
17,37
0,02240
C
2
P
1
E
1
t
2
0,0343
3
2
6
0,000269
0,000000
1,88
1612,8
0,00003
C
2
P
1
E
2
t
0
0,0577
3
2
6
0,222595
0,000335
31,75
15,07
0,02724
C
2
P
1
E
2
t
1
0,0469
3
2
6
0,000327
0,000038
13,22
19,78
0,01871
C
2
P
1
E
2
t
2
0,0226
3
2
6
0,000148
0,000015
17,22
22,89
0,01525
C
2
P
1
E
3
t
0
0,0716
3
2
6
0,007761
0,000085
12,90
225,83
0,00054
C
2
P
1
E3t
1
0,0266
3
2
6
0,000265
0,000029
20,41
21,00
0,01721
C
2
P
1
E
3
t
2
0,0142
3
2
6
0,000012
0,000000
4,48
75,38
0,00273
C
2
P
2
E
1
t
0
6,0975
3
2
6
0,913553
0,007080
1,38
318,50
0,00032
C
2
P
2
E
1
t
1
0,0304
3
2
6
0,001391
0,000002
5,51
1235,8
0,00004
C
2
P
2
E
1
t
2
0,0110
3
2
6
0,000092
0,000004
18,55
54,84
0,00434
C
2
P
2
E
2
t
0
2,4634
3
2
6
0,374666
0,103503
13,06
7,55
0,06746
C
2
P
2
E
2
t
1
0,0436
3
2
6
0,002079
0,000038
14,18
134,05
0,00116
C
2
P
2
E
2
t
2
0,0127
3
2
6
0,000102
0,000006
20,60
35,79
0,00806
C
2
P
2
E
3
t
0
1,5197
3
2
6
0,345979
0,011839
7,16
71,50
0,00295
C
2
P
2
E
3
t
1
0,3461
3
2
6
0,003364
0,001673
11,82
3,52
0,16294
C
2
P
2
E
3
t
2
0,0230
3
2
6
0,000016
0,000016
17,82
-
-
C
2
P
3
E
1
t
0
5,7560
3
2
6
0,779512
0,007
062
1,46
271,50
0,00041
C
2
P
3
E
1
t
1
0,1183
3
2
6
0,001764
0,000293
14,48
13,57
0,03138
C
2
P
3
E
1
t
2
0,0316
3
2
6
0,000225
0,000056
23,84
8,47
0,05834
C
2
P
3
E
2
t
0
1,1072
3
2
6
1,302565
0,070024
23,90
44,98
0,00580
C
2
P
3
E
2
t
1
0,1153
3
2
6
0,000127
0,000133
10,02
0,92
xxxxxxx
C
2
P
3
E
2
t
2
0,0890
3
2
6
0,018496
0,018505
152,85
0,99
xxxxxxx
C
2
P
3
E
3
t
0
0,7551
3
2
6
0,164673
0,006084
10,33
66,14
0,00333
C
2
P
3
E
3
t
1
0,2272
3
2
6
0,000416
0,000275
7,31
2,30
0,24781
C
2
P
3
E
3
t
2
0,0583
3
2
6
0,000256
0,000003
2,97
211,96
0,00059
Obs.
(1)
- C.V.
resíduo
%= (
residuo
QM
/
__
X
) x 100. C= Comunidade (C
1
= Facão; C
2
=Barra Nova); P= Posição na vertente (P
1
=Terço
inferior; P
2
=Terço médio; P
3
= Terço superior); E= Espessura da coluna de solo (E
1
=0 - 1 cm; E
2
= 0 - 2 cm; E
3
= 0 - 3 cm); t=
Momento da indução da percolação (t
0
= 30 min; t
1
= 2 dias; t
2
= 4 dias após contaminação da superfície do solo); R
s
= Blocos ;
R
c
=Repetições .
133
Observa-se que, pelo ranking da concentração dia de resíduos de
MP na água percolada pelas colunas de solos, se diferenciaram significativamente:
(a
1
) comunidades (C
i=1,2
); (a
2
) espessuras de colunas de solos (E
i=1,2,3
); (a
3
) posições
consideradas do terreno na vertente (P
i=1, 2, 3
); (a
4
) momentos da indução da
drenagem de resíduos (t
i=0,1,2
). Também se diferenciaram estatisticamente, quanto à
lixiviação de resíduos de pesticida MP, as interações duplas dos fatores: (b
1
)
comunidades (C
i=1,2
) e espessuras de colunas de solos (E
i =1,2,3
); (b
2
) comunidades
(C
i=1,2
) e posições consideradas do terreno na vertente (P
i=1, 2, 3
); (b
3
) comunidades
(C
i=1,2
) e os momentos da indução da drenagem (t
i=0,1,2
); (b
4
) espessuras de colunas
de solos (E
i =1,2,3
) e posições consideradas do terreno na vertente (P
i=1, 2, 3
); (b
5
)
espessuras de colunas de solos (E
i =1,2,3
) e os momentos da indução da drenagem
(t
i=0,1,2
); (b
6
) posições consideradas do terreno na vertente (P
i=1, 2, 3
) e os momentos
da indução da drenagem (t
i=0,1,2
). Nas interações triplas de fatores se diferenciou
apenas a das comunidades (C
i=1,2
) vs espessuras de colunas de solos submetidas a
lixiviação de resíduos de pesticida MP (E
i =1,2,3
) vs posições consideradas do terreno
na vertente (P
i=1, 2, 3
). Também não houve diferenciação significativa na tetra-
interação dos fatores comunidades (C
i=1,2
) vs espessuras de colunas de solos
submetidas a lixiviação de resíduos (E
i =1,2,3
) vs posições consideradas do terreno na
vertente (P
i=1, 2, 3
) vs momentos da indução da drenagem de resíduos (t
i=0,1,2
).
Os solos das três posições topográficas consideradas, da comunidade
C
1
se enquadram todos como LATOSSOLOS VERMELHOS-AMARELOS (LVA),
enquanto que os três de C
2
são distintos, sendo o do terço inferior da vertente
ARGILOSSO AMARELO Eutrófico (PAe), o do terço médio um NEOSSOLO
QUARTZARÊNICO Órtico (RQo), e o do terço superior da vertente um LATOSSOLO
AMARELO Eutrófico (LAe), conforme a classificação atual (EMBRAPA, 1999).
TABELA 6.7–Testes estatísticos para efeitos das fontes de variação sobre a variável
dependente “Ranking da concentração de MP na água percolada por solos.
Fontes de variação GL
(1)
Qui-Quadrado
α
(Significância)
Modelo corrigido 53 31,955 0,9902
Interseção 1 5927,550 0,0000
Comunidade (
C
i
=1,2
)
1 11,086 0,0008
Camadas de solos(
E
i
=1,2,3)
2 62,268 0,0000
Posição do terreno na vertente (
P
i
=1,2,3
)
2 34,081 0,0000
Tempo ou Momento da drenagem (t
i=0,1,2
)
2 474,132 0,0000
C
i
x
E
i
2 42,447 0,0000
C
i
x
P
i
2 46,324 0,0000
E
i
x
P
i
4 22,047 0,0001
C
i
x t
i
2 7,164 0,0278
E
i
x t
i
4 17,461 0,0015
P
i
x t
i
4 14,781 0,0051
C
i
x
E
i
x
P
i
4 10,669 0,0305
C
i
x
E
i
x t
i
4 8,984 0,0615
C
i
x
P
i
x t
i
4 3,635 0,4575
E
i
x
P
i
x t
i
8 1,205 0,9965
C
i
x
E
i
x
P
i
x t
i
8 3,716 0,8817
Erro 270
Total 324
Total corrigido 323
(
1
)- GL= Graus de liberdade;
134
6.2.2 - As revelações do ensaio
Constatou-se efeito diferenciado de aspectos do ambiente sobre a
lixiviação de MP no solo (TAB. 6.7; 6.8; 6.9). Houve diferença estatística (α < 0,05)
para a média dos resíduos lixiviados nos ensaios de amostras provindas de: duas
comunidades (C
i=1,2
) e, pelo menos; duas de três posições do terreno no relevo
(P
i=1,2,3
); duas de três camadas superficiais do solo (E
i =1,2,3
); dois de três momentos
de indução da drenagem (t
i=0,1,2
)
TABELA 6.8 - Estatísticas do ensaio de resíduos de MP lixiviados em três momentos
(t
i=1,2,3
) e três espessuras (E
i=1,2,3
) de colunas de solos de três posições (P
i=1,2,3
) em
vertentes de duas comunidades rurais (C
i=1,2
, Cáceres, MT, Brasil.
Lixiviação de
MP
em colunas de solo contaminadas superficialmente
Variáveis envolvidas Número de
repetições (r
i
)
% média
(
X
)
(1)
Desvio padrão
(
S
)
Coeficiente de
variação (CV%)
t
0
: 30 min
Momentos : t
1
: 2 dias
t
2
: 4 dias
108
108
108
23,35 A
1,12 B
0,44 B
26,20
1,10
0,52
112,20
98,21
118,18
E
1
=0-1 cm
Espessura :E
2
=0-2 cm
E
3
=0-3 cm
108
108
108
16,52 A
4,82 B
3,55 B
28,11
8,97
7,56
170,15
186,09
212,95
P
1
=T
erço
inferior
Posição :P
2
=
T
erço
médio
P
3
=T
erço
superior
108
108
108
5,54 B
12,02 A
7,34 AB
16,01
20,86
17,79
288,98
173,54
242,46
Comunidades: Facão C
1
)
B.Nova(C
2
)
162
162
5,16 B
11,43 A
11,18
23,24
216,66
203,32
Total C
(:1,2)
324 8,30 18,48 222,65
Obs.: (
1
) - Letras iguais ou diferentes seguidas aos números em cada variável indicam, respectivamente, haver (α>0,05) ou
não haver (α < 0,05) semelhança entre os mesmos, segundo o teste de Tukey.
6.3 - POSSÍVEIS INFLUÊNCIAS NOS ENSAIOS DESENVOLVIDOS
Conforme capítulos anteriores, a veiculação de resíduos de pesticidas
no solo é dependente de vários fatores e variáveis. Entre os quais se tem: - as
características e atributos da matriz solo contaminado (Ex.: materiais adsorventes,
sítios de troca e de retenção, reatividade, textura, estrutura, condutividade hidráulica,
camadas descontínuas e de impedimento no perfil do solo); - as condições do meio
biofísico da vizinhança e da própria matriz (Ex.: aspectos relacionados ao clima,
micro e edafoclima, lençol de água, interações biológicas, relevo); - as
características do agente mobilizador (Ex.: chuvas freqüência, intensidade,
recorrência, águas de irrigação freqüência, intensidade, qualidade); - as
características do próprio contaminante (Ex.: concentração, polaridade, solubilidade,
persistência, mobilidade); - as características do processo de contaminação (Ex.:
fonte e abrangência inicial, continuidade da contaminação) e; - do tempo de
oportunidade à indução da percolação (Ex.: momento, volume e taxa de incidência e
de reincidência de chuvas ou de águas de irrigação).
6.3.1 - Efeito de alguns fatores
6.3.1.1 - (S
o
) - Atributos dos solos
Atributos físicos [níveis de areias, silte, argilas, densidades (da, d
p
) e
porosidade total (P
t
)] e químicos do solo [pHs; potássio (K
+
), cálcio (Ca
++
),
magnésio (Mg
++
) trocáveis; hidrogênio livre (H
+
); soma (S) e saturação (V) de
bases trocáveis; capacidade de troca de cátions (CTC); níveis de fósforo
disponível (P); matéria orgânica (MO)] foram determinados (TAB. 3.6; 6.10; 6.11).
135
TABELA 6.9 - Resíduos de MP lixiviados em colunas de solos provindos de duas
comunidades (C
1
, C
2
), Alto Pantanal, Cáceres, MT, Brasil.
Variáveis consideradas
Posição (Pi) relativa do terreno na vertente (Relevo)
Espessura
coluna solo
Momento
percolação
Terço inferior
(P
1
)
Terço médio
(P
2
)
Terço superior
(P
3
)
Geral
Comunidade do Facão (C
1
) - valores expressos em µ
µµ
µg/mL (%)
(1)
t
0
: 30 min 1,790 (23,22) 3,052 (39,58) 1,322 (17,15) 2,055 (26,65) A
E1
E
1
: 0 - 1cm t
1
: 2 dias 0,053 (0,69) 0,114 (1,49) 0,094 (1,23) 0,087 (1,14)B
E1
t
2
: 4 dias 0,061 (0,80) 0,062 (0,81) 0,084 (1,10) 0,069 (0,90)B
E1
Sub-E
1
0,635 (8,23) a A
P1
1,077(13,96)a A
P2
0,500 (6,49)a A
P3
0,737 (9,56)A
E
t
0
: 30 min 0,613 (7,95) 1,067 (13,84) 0,312 (4,05) 0,664 (8,61)A
E2
E
2
: 0 - 2 cm t
1
: 2 dias 0,043 (0,57) 0,084 (1,10) 0,051 (0,67) 0,060 (0,78) B
E2
t
2
: 4 dias 0,013 (0,17) 0,021 (0,27) 0,019 (0,25) 0,017 (0,23) B
E2
Sub-E
2
0,223 (2,90) b A
P1
0,391 (5,07)a B
P2
0,127 (1,66) b B
P3
0,247 (3,21) B
E
β
E2
t
0
: 30 min 0,060 (0,79) 1,6509 (21,40) 0,022 (0,30) 0,578 (7,50) A
E3
E
3
: 0 - 3 cm t
1
: 2 dias 0,034 (0,45) 0,060 (0,78) 0,014 (0,19) 0,036 (0,47)B
E3
t
2
: 4 dias 0,006 (0,09) 0,032 (0,41) 0,008 (0,11) 0,015 (0,20)B
E3
Sub-E
3
0,034 (0,44) b A
P1
0,581 (7,53)a B
P2
0,015 (0,20)b B
P3
0,210 (2,72)B
E
α
E3
t
0
: 30 min 0,821 (10,65) A
P1
1,923(24,94)A
P2
0,552 (7,17)A
P3
1,099 (14,25) A
t
Total E
1
...
3
t
1
: 2 dias 0,043 (0,57)B
P1
0,086 (1,13) B
P2
0,053 (0,70)B
P3
0,061 (0,80) B
t
t
2
: 4 dias 0,027 (0,35) B
P1
0,038 (0,50)B
P2
0,037 (0,49) B
P3
0,034 (0,45)B
t
Total C
1
0,297 (3,86) b α
αα
α
P1
0,683 (8,86)a β
ββ
β
P2
0,214 (2,78)b β
ββ
β
P3
0,398 (5,16)±
±±
±0,862 (11,18) β
ββ
β
Comunidade de Barra Nova (C
2
) - valores expressos em µ
µµ
µg/mL (%)
(1)
t
0
: 30 min 4,179 (54,19) 6,097 (79,05) 5,756 (74,62) 5,344 (69,29)A
t
E
1
: 0 - 1 cm t
1
: 2 dias 0,042 (0,55) 0,030 (0,39) 0,118 (1,53) 0,033 (0,44)B
t
t
2
: 4 dias 0,034 (0,45) 0,011 (0,14) 0,031 (0,41) 0,025 (0,33)B
t
Sub-E
1
1,418 (18,39)a A
P1
2,046 (26,53)aA
P2
1,968 (25,52)a A
P3
1,811 (23,48) A
E
t
0
: 30 min 0,577 (7,48) 2,463 (31,94) 1,107 (14,35) 1,382 (17,92)A
E2
E
2
: 0 - 2 cm t
1
: 2 dias 0,046 (0,61) 0,043 (0,57) 0,115 (1,50) 0,068 (0,89) B
E2
t
2
: 4 dias 0,022 (0,29) 0,012 (0,16) 0,089 (1,15) 0,041 (0,54)B
E2
Sub-E
2
0,215 (2,80)b B
P1
0,839 (10,89)a
B
P2
0,437 (5,67)ab B
P3
0,497 (6,45) B
E
α
E2
t
0
: 30 min 0,071 (0,93) 1,519 (19,70) 0,755 (9,79) 0,782 (10,14) A
E3
E
3
: 0 - 3 cm t
1
: 2 dias 0,026 (0,35) 0,346 (4,49) 0,227 (2,95) 0,200 (2,59) B
E3
t
2
: 4 dias 0,014 (0,19) 0,022 (0,29) 0,058 (0,76) 0,031 (0,41) B
E3
Sub-E
3
0,037 (0,49) b B
P1
0,629 (8,16) a
B
P2
0,346 (4,50) a
B
P3
0,338 (4,38) B
E
α
E3
t
0
: 30 min 1,609 (20,87) A
P1
3,360(43,56) A
P2
2,539 (32,92)A
P3
2,503 (32,45) A
E3
Total E
1
...
3
t
1
: 2 dias 0,038 (0,50) B
P1
0,140 (1,82) B
P2
0,153 (1,99)B
P3
0,110 (1,44) B
E3
t
2
: 4 dias 0,023 (0,31)B
P1
0,015 (0,20)B
P2
0,059 (0,77)B
P3
0,033 (0,43)B
E3
Total C
2
0,557 (7,23) a α
αα
α
P1
1,171(15,19)a α
αα
α
P2
0,917 (11,90)a α
αα
α
P3
0,882(11,43)±
±±
±1,793(23,24)B
E
α
αα
α
E3
Geral (C
1
+ C
2
) - valores expressos em µ
µµ
µg/mL (%)
(1)
t
0
: 30 min 2,985 (38,70) 4,575 (59,31) 3,539 (45,88) 3,700 (47,97) A
E
1
: 0 - 1 cm t
1
: 2 dias 0,048 (0,62) 0,072 (0,94) 0,106 (1,38) 0,075 (0,98) B
t
2
: 4 dias 0,047 (0,62) 0,037 (0,48) 0,058 (0,75) 0,047 (0,62) B
Sub-E
1
1,027(13,31)aA
E1P1
1,561(20,25)aA
E1P2
1,234(16,01)aA
E1P3
1,274 (16,52)A
E1(G)
t
0
: 30 min 0,595 (7,71) 1,765 (22,89) 0,709 (9,20) 1,023 (13,27) A
E
2
: 0 - 2 cm t
1
: 2 dias 0,045 (0,59) 0,064 (0,83) 0,083 (1,08) 0,064 (0,83) B
t
2
: 4 dias 0,017 (0,23) 0,016 (0,22) 0,054 (0,70) 0,029 (0,39)B
Sub-E
2
0,219 (2,85)b B
E2P1
0,615 (7,98)a B
E2P2
0,282 (3,66) bB
E2P3
0,372 (4,83) B
E2(G)
t
0
: 30 min 0,066 (0,86) 1,585 (20,55) 0,388 (5,04) 0,680 (8,82) A
E
3
: 0 - 3 cm t
1
: 2 dias 0,030 (0,40) 0,203 (2,64) 0,121 (1,57) 0,118 (1,53) B
t
2
: 4 dias 0,010 (0,14) 0,027 (0,35) 0,033 (0,43) 0,023 (0,31) B
Sub-E
3
0,035 (0,46) bB
E3P1
0,605 (7,85) aB
E3P2
0,181 (2,35)b B
E3P3
0,274 (3,55)B
E3(G)
t
0
: 30 min 1,215 (15,76)A
t0P1
2,642 (34,25)A
t0P2
1,546 (20,04)A
t0P3
1,801(23,35)A
t0(G)
Total E
1
...
3
t
1
: 2 dias 0,041 (0,54) B
t1P1
0,113 (1,47)B
t1P2
0,103 (1,34) B
t1P3
0,086 (1,12) B
t1©
t
2
: 4 dias 0,025 (0,33) B
t2P1
0,027 (0,35) B
t2P2
0,048 (0,63) B
t2P3
0,033 (0,44)B
t2(G)
Total Geral 0,427 (5,54) b 0,927 (12,02) a 0,566 (7,34)ab
0,640(8,30)
±
±±
±
1,425 (18,48)
Obs.: - Letras minúsculas comparam, pelo teste de Tukey, dados da mesma linha e as maiúsculas os de mesma coluna. Letras iguais ou diferentes,
nas direções de comparação, indicam haver semelhança (α > 0.05) ou diferença significante (α<0.05) entre os dados, respectivamente.
(1)
- Os valores fora do parêntesis são expressões em µg/mL e os entre parêntesis em % de resíduos lixiviados pelas colunas de solo em
relação aos aplicados. Porém, as análises indicaram que as dosagens aplicadas, teoricamente previstas-calculadas, foram menores que as
cromatograficamente identificadas nas provas em branco e efetivamente consideradas (em torno de 7,7 µg/mL) no cálculo % dos resultados.
No cálculo % de resíduos lixiviados nos momentos subseqüentes avaliados (t
1
e t
2
), foram considerados os teores remanescentes.
136
TABELA 6.10 - Atributos de solos (usados no ensaio de lixiviação de pesticidas),
provindos de duas comunidades (C
1
, C
2
), Alto Pantanal, Cáceres, MT, Brasil.
Comunidades rurais
Atributos do
solo das áreas representadas no ensaio
(C
1
):
X
_ _
(C
2
):
X
_ _
Geral
X
_ _
± S
Fósforo disponível no solo (mg kg
-
1
)
51,655 a
37,833
b
44,744
±
35,450
Matéria orgânica no solo (g kg
-
1
)
55,00 a
44,55 b
49,77
±
13,26
Areia no solo (g kg
-
1
)
796,66 b
818,77 a
807,72
±
22,87
Silte no solo (g kg
-
1
)
61,11 b
91,77 a
76,44
±
21,80
Argila no solo (g kg
-
1
)
142,22 a
89,44 b
115,83
±
35,11
Potássio trocá
vel no solo (cmol
c
kg
-
1
)
0,475 a
0,108 b
0,291
±
0,191
Capacidade de troca de cátions no solo (cmol
c
kg
-
1
)
13,408 a
12,703 a
13,055
±
2,799
Soma de bases trocáveis no solo (cmol
c
kg
-
1
)
11,275 a
9,625 b
10,450
±
3,206
Saturação de bases trocáveis no
solo (%)
83,674 a
73,768 b
78,721
±
9,387
pH
em água no solo
7,000 a
6,177 b
6,588
±
0,554
pH
em CaCl
2
no solo
6,477 a
5,400 b
5,938
±
0,716
Hidrogênio livre no solo (cmol
c
kg
-
1
)
2,133 b
3,077 a
2,605
±
0,847
Cálcio trocável no solo (cmol
c
kg
-
1
)
8,766 a
8,466
a
8,616
±
2,853
Magnésio trocável no solo (cmol
c
kg
-
1
)
2,033 a
1,366 a
1,700
±
0,989
Densidade aparente do solo (kg dm
-
3
)
1,204 b
1,454 a
1,329
±
0,185
Densidade das partículas do solo (kg dm
-
3
)
2,660 a
2,609 a
2,634
±
0,082
Porosidade total no solo (m
3
m
-
3
)
0,547 a
0,443 b
0,495
±
0,065
Obs:
.
X
_ _
: Média; S: Desvio padrão;
. Médias seguidas de mesmas ou distintas letras na linha, respectivamente, não diferem ou diferem estatisticamente (F, Tukey a 5%).
TABELA 6.11 - Atributos de solos (usados em ensaio de lixiviação de pesticidas) de
três posições de vertentes de duas comunidades (C
1
,C
2
), Cáceres, MT, Brasil.
Posição relativa das áreas de estudo na vertente de C
1
e C
2
Atributos do
solo das áreas representadas no ensaio
Terço inferior
P
1
Terço médio
P
2
Terço superior
P
3
Geral (
X
_ _
± S)
Fósforo disponível
(mg kg
-
1
)
75,616 a
40,333 b
18,283 c
44,744
±
35,450
Matéria orgânica (g kg
-
1
)
63,66 a
41,33 b
44,33 b
49,77
±
13,26
Areia
(g kg
-
1
)
816,00 a
814,16 a
793,00 a
807,72
±
22,87
Silte
(g kg
-
1
)
85,33 a
75,66 a
68,33 a
76,44
±
21,80
Argila
(g kg
-
1
)
98,66 b
110,16 b
138,66 a
115,83
±
35,11
Potássio trocável
(cmol
c
kg
-
1
)
0,296 a
0,273 a
0,305 a
0,291
±
0,191
Capacidade de troca de cátions
(cmol
c
kg
-
1
)
16,628 a
10,572 c
11,96
6 b
13,055
±
2,799
Soma de bases trocáveis (cmol
c
kg
-
1
)
14,528 a
7,856 c
8,966 b
10,450
±
3,206
Saturação de bases trocáveis
(%)
87,405 a
73,798 b
74,960 b
78,721
±
9,387
pH
em água
7,033 a
6,500 b
6,233 c
6,588
±
0,554
pH
em CaCl
2
6,516 a
5,750 b
5,550 b
5,
938
±
0,716
Hidrogênio livre (cmol
c
kg
-
1
)
2,100 b
2,716 ab
3,000 a
2,605
±
0,847
Cálcio trocável
(cmol
c
kg
-
1
)
12,383 a
6,400 b
7,066 b
8,616
±
2,853
Magnésio trocável
(cmol
c
kg
-
1
)
2,350 a
1,183 a
2,350 a
1,700
±
0,989
Densidade aparente
(kg dm
-
3
)
1,174 b
1,44
7 a
1,367 a
1,329
±
0,185
Densidade das partículas
(kg dm
-
3
)
2,552 b
2,694 a
2,656 a
2,634
±
0,082
Porosidade total
(m
3
m
-
3
)
0,539 a
0,462 b
0,484 b
0,495
±
0,006
Obs
.:
X
_ _
: Média; S: Desvio padrão; .
X
_ _
: Média; S: Desvio padrão;
. Médias seguidas de mesmas ou distintas letras na linha, respectivamente, não diferem ou diferem estatisticamente (F, Tukey a 5%).
Conforme as proposições interpretativas de LOPES & GUIDOLIN
(1989) e EMBRAPA (1999), os solos utilizados, em média, apresentaram reatividade
(acidez ou alcalinidade) entre moderadamente ácida e praticamente alcalina; acidez
potencial expressa sem contribuição de Al
+++
; classes texturais entre arenosa e
média; níveis altos de Ca
++
, Mg
++
, MO, S’, CTC, V mas baixos de K
+
. Os níveis
destes atributos nos solos utilizados afetaram a adsorção, a mobilização de resíduos
e a velocidade degradação de pesticidas ingressados nesta matriz, conforme pode
ser verificado em discussões seguintes.
137
6.3.1.2 - (MO)- Matéria orgânica dos solos
Este componente (MO) é o mais importante do solo que determina a
retenção de pesticidas nesta matriz, sendo a força de adsorção uma função da
quantidade de MO presente (TRAUTMANN; PORTER & WAGENET, 1998). Nos
solos com baixos teores de argila, como os do presente estudo, a MO determina o
poder de adsorção nestes, e portanto, comanda os processos de mobilização de
moléculas de pesticidas veiculadas no solo. O conteúdo de MO dos solos (TAB. 3.6;
6.10; 6.11) nas camadas estudadas, em média, situaram-se ao redor de 50 g kg
-1
(média: 49,77 g kg
-1
; desvio padrão: 13,26 g kg
-1
; coeficiente de variação: 26,64%
n=18). RIEDER (1995) já havia encontrado níveis altos (> 30 g kg
-1
) de MO em solos
do presente estudo, mas confirmou que o uso continuado reduz estes conteúdos
inicialmente altos, depauperando-os quando a MO é inapropriadamente manejada.
6.3.1.3 - (A
p
)- Atributos da água percolada pelas colunas de solo
No ensaio foi usada água deionizada para provocar a lixiviação de
resíduos de MP. Portanto, todos os constituintes encontrados (TAB. 6.12; 6.13). na
análise do percolado foram contribuições do meio (colunas de solo) onde se deu a
passagem da água. Por isto uma forte correlação de atributos da água (pH,
turbidez) com vários atributos do solo
6.3.1.4 - (C
i
)- Localidade ou comunidades
O ensaio de percolação se limitou a estudar duas comunidades (C
1
,
C
2
), tomando solos de terrenos cultivados historicamente com algodão herbáceo.
Além dos aspectos ambientais, as ações antrópicas nos terrenos amostrados podem
ter contribuído para definir a performance da lixiviação de MP nos ensaios.
6.3.1.5 - (P
i
)- Posição ocupada no relevo pelos terrenos envolvidos
Mesmo que uma superfície seja bastante irregular em sua extensão, é
possível determinar a declividade média da mesma em relação a um plano
horizontal de referência. Este plano inclinado (rampa) pode ser divido em três sub-
planos: a porção mais baixa (terço inferior - P
1
), a intermediária (terço médio - P
2
) e
a mais elevada (terço superior - P
3
). A vulnerabilidade à degradação do ambiente a
processos naturais e antrópicos de ação no meio, nestes três compartimentos, se
diferencia pela posição no relevo que ocupam. Com este pressuposto, verificou-se o
efeito de P
i
na mobilização edafo-hídrica de pesticidas em seus solos, o que está
discutido adiante, nos tópicos que analisam interações de fatores.
6.3.1.6 - (E
i
) - Camadas de solo
Partiu-se da hipótese de haver efeito da espessura sobre a retenção de
pesticida na percolação de águas por colunas de solos contaminadas superficial e
previamente. Modelos computadorizados de previsão do comportamento e destino
de pesticidas no solo incluem a espessura das camadas de interesse, por a
considerarem elemento importante na alimentação de dados (COHEN et al., 1995).
Os ensaios verificaram o efeito da variável espessura de camadas de
solo (E
i
), utilizando-se de três extratos: E
1
= 0-1 cm; E
2
= 0-2 cm; E
3
= 0-3 cm.
6.3.1.7 - (t
i
) - Momento da indão da percolação de água em solos
O momento em si teria contribuição sob o aspecto do tempo de
oportunidade para eventos acontecerem e se desenvolverem. Entretanto, a
periodicidade e intensidade desses eventos podem ter importância e contribuição
fundamental na destinação intermediária e final dos pesticidas no solo, como por
exemplo o regime e distribuição de chuvas. Chuvas, principalmente na primeira
metade do ciclo da cultura, podem ocorrer freqüente e intensamente nas lavouras de
138
TABELA 6.12 - Atributos da água percolada em ensaios de colunas de solos provindos
de duas comunidades (C
1
, C
2
), Cáceres, MT, Brasil.
Comunidades rurais Atributos da água percolada
nas colunas
de solo do ensaio
(C
1
)
X
_ _
(C
2
)
X
_ _
Geral
X
_ _
± S
Cálcio (
g L
-
1
)
1,336.10
-
3
b
4,379.10
-
3
a
2,858.10
-
3
±
3,932.10
-
3
Magnésio (
g L
-
1
)
0,524.10
-
3
b
1,612.10
-
3
a
1,068.10
-
3
±
0,939.10
-
3
Potássio (
g L
-
1
)
11,777.10
-
3
a
4,666.10
-
3
b
8,222.10
-
3
±
5,557.10
-
3
Sódio (
g L
-
1
)
11,583.10
-
3
a
9,583.10
-
3
a
10,583.10
-
3
±
5,038.10
-
3
Ferro (
g L
-
1
)
0,311.10
-
3
a
0,265.10
-
3
a
0,288.10
-
3
±
0,131.10
-
3
Manganês (
g L
-
1
)
0,013.10
-
3
b
0,028.10
-
3
a
0,021.10
-
3
±
0,010.10
-
3
Cobre (
g L
-
1
)
0,012.10
-
3
a
0,001.10
-
3
a
0,007.10
-
3
±
0,018.10
-
3
Zinco (
g L
-
1
)
<
0,00
1
.10
-
3
a
0,008.10
-
3
a
0,004.10
-
3
±
0,008.10
-
3
Alcalinidade (
µ
g L
-
1
em CaCO
3
)
30,222 a
2
6,111 a
28,166
±
11,947
pH
6,545 a
5,986 b
6,266
±
0,343
Condutividade elétrica (nS cm
-
1
)
0,087 a
0,055 b
0,717
±
0,315
Turbidez (NTU)
24,555 b
50,333 a
37,444
±
22,963
Temperatura (ºC)
22,666 b
23,133 a
22,900
±
0,293
Potencial de oxidação (
µ
V)
231
,777 a
241,000 a
236,388
±
13,521
Obs.:.
X
_ _
: Média; S: Desvio padrão;
. Médias seguidas de mesmas ou distintas letras na linha, respectivamente, não diferem ou diferem estatisticamente (F, Tukey a 5%).
TABELA 6.13. Atributos da água percolada em ensaios de colunas de solos provindos de
três posições relativas de vertentes (P
i=1,2,3
) da comunidade rural do Facão (C
1
)
e de
Barra Nova (C
2
), Cáceres (MT).
Posição relativa das áreas de estudo na vertente
Atributos da água percolada
Terço inferior
P
1
Terço médio
P
2
Terço superior
P
3
Geral (
)
__
SX ±
)
Cálcio (
g L
-
1
)
7,068.10
-
3
a
0,632.10
-
3
b
0,874.10
-
3
b
2,858.10
-
3
±
3,932.10
-
3
Magnésio (
g L
-
1
)
1,920.10
-
3
a
0,610.10
-
3
b
0,676.10
-
3
b
1,068.10
-
3
±
0,939.10
-
3
Potássio (
g L
-
1
)
9,333
.10
-
3
a
9,500.10
-
3
a
5,833.10
-
3
a
8,222.10
-
3
±
5,557.10
-
3
Sódio (
g L
-
1
)
11,750.10
-
3
a
10,833.10
-
3
a
9,166.10
-
3
a
10,583.10
-
3
±
5,038.10
-
3
Ferro (
g L
-
1
)
0,293.10
-
3
ab
0,369.10
-
3
a
0,202.10
-
3
b
0,288.10
-
3
±
0,131.10
-
3
Manganês (
g L
-
1
)
0,015.10
-
3
b
0,021.1
0
-
3
ab
0,026.10
-
3
a
0,021.10
-
3
±
0,010.10
-
3
Cobre (
g L
-
1
)
0,005.10
-
3
a
<
0,00
1
.10
-
3
a
0,016.10
-
3
a
0,007.10
-
3
±
0,018.10
-
3
Zinco (
g L
-
1
)
0,005.10
-
3
a
0,003.10
-
3
a
0,003.10
-
3
a
0,004.10
-
3
±
0,008.10
-
3
Alcalinidade (
µ
g L
-
1
em CaCO
3
)
42,333 a
23,500 b
18,6
66 b
28,166
±
11,947
pH
6,4666 a
6,240 b
6,091 c
6,266
±
0,343
Condutância elétrica (nS
cm
-
1
)
0,101 a
0,069 b
0,044 c
0,717
±
0,315
Turbidez (NTU)
28,833 a
50,500 a
33,000 a
37,444
±
22,963
Temperatura (ºC)
23,033 a
22,933 a
22,733 b
22,900
±
0,293
Potencial de oxidação (
µ
V)
240,166 a
232,833 a
236,166 a
236,388
±
13,521
Obs.:
X
_ _
: Média; S: Desvio padrão.
Médias seguidas de mesmas ou distintas letras na linha, respectivamente, não diferem ou diferem estatisticamente (F, Tukey a 5%).
algodão da região da borda do Alto Pantanal no sudoeste de Mato Grosso. Chuvas
imediatas e reincidentes logo após a aplicação de pesticidas também podem ocorrer.
LANGENBACH & SCHROLL (1999) também alertam que é essencial considerar as
diferenças climáticas, como o regime pluviométrico, no estudo da degradação e
distribuição de pesticidas no solo. Por isso, o ensaio incluiu a variável momento de
aplicação de água sobre as colunas de solo. Utilizaram-se três momentos: t
0
= 30 min
após a aplicação do produto; t
1
= dois dias após e; t
2
= quatro dias após a aplicação do
produto na superfície da coluna de solo sob ensaio. Os resultados estão discutidos na
apreciação das interações de fatores relacionados.
6.3.1.8 - O pesticida MP nas condições regionais
O ambiente regional favorece a aceleração do processo de degradação
de pesticidas, pois é tipicamente tropical (Aw
i
, pela classificação de Köppen; oscilando
entre C
1
wA’a’ e C
1
wA’a’, pela classificação de Thornthwaite). Apresenta alta insolação,
139
elevadas temperaturas e de pequena variação, expressando verão úmido e inverno
seco. Isto estabelece condições para manter também elevada a atividade microbiana
no solo, em especial nas camadas superficiais, se bem supridas de MO. Entre os
organofosforados o MP é considerado um dos mais estáveis para uso na agricultura
(OLIVEIRA, 2000), de baixa solubilidade em água, com meia vida no solo entre 1-18
dias em condições laboratoriais, degradando-se principalmente por ação microbiana e
hidrólise química (FAO, 2005). Mas segundo a EPA (2005) dissipa-se também por
fotólise aquosa e por incorporação na MO do solo. Para solos minerais arenosos a
argilosos o K
oc
de adsorção pode estar entre 230 e 590, e o de dessorção entre 350 e
950, o que permite considerá-lo moderadamente adsorvido nestes solos (NRA, 1999).
Segundo dados da EPA (2005) o MP é móvel a relativamente móvel no solo, sendo que
o “runoff” e a lixiviação podem ser rotas potenciais a sua dissipação. Portanto, por um
lado, se os fatores climáticos, acrescidos da elevada atividade microbiana reinante,
diante dos bons teores de MO nas camadas (E
i
) superficiais dos solos, das diferentes
posições no relevo (P
i
), das comunidades (C
i
) estudadas, acentuam provavelmente o
processo degradativo de MP; por outro lado, é um pesticida altamente tóxico (CT-1) e
perigoso (PPA-1), e se mal manuseado tanto o pesticida como o ambiente (ex.: perdas
de MO), o que ocorre regionalmente, os riscos de danos bióticos tornam-se elevados.
6.3.2 - Interação dupla de fatores
6.3.2.1 - (S
o
x MO) - Atributos do solo (S
o
) com sua própria matéria
orgânica (MO)
Exceto as frações granulométricas (areias, silte e argilas), a d
p
e o K
+
, as
demais variáveis citadas estiveram fortemente correlacionadas negativa (d
a
e H
+
) e
positivamente (pH, Mg
++
, Ca
++
, CTC, S’, V’%, P e Pt) com os teores de MO dos solos
(TAB. 6.14a).
Excetuando o K
+
que não expressou correlação forte com a MO, mas sim
com os teores de argila, as demais constatações, convergentes, indicam que cabe a
MO a função fundamental nesses solos no comando dos eventos químico-físicos
naquele meio edáfico.
6.3.2.2 - (S
o
x A
p
) - Atributos do solo (S
o
) e da água percolada pelo mesmo
(A
p
)
O pH da água esteve positivamente correlacionado com algumas
variáveis do solo (pHs do solo: r = 0,90; S’: r = 0,60; V’%: r = 0,80; e MO: r = 0,67) e,
inversamente relacionado com o H
+
(r = -0,78), (TAB. 6.14a, b). Nestes solos, por terem
baixos teores de outros materiais sortivos, parece então que coube a MO do solo
exercer comando principal na determinação direta e indireta no pH da água percolada,
juntamente com as bases trocáveis liberadas pelo solo.
6.3.2.3 - (S
o
x C
i
) - Atributos de solos (S
o
) nas comunidades estudadas (C
i
)
Os atributos dos solos utilizados no ensaio se apresentaram (TAB. 6.10),
alguns com valores menores (areia, silte, H
+
e d
a
), outros maiores (P, MO, argila, K
+
, S,
V’%, pH do solo e P
t
) e terceiros com teores ou níveis semelhantes (CTC, Ca
++
, Mg
++
e
d
p
) na comunidade C
1
em relação a C
2
.
6.3.2.4 - (S
o
xP
i
)-Posição do solo no relevo(P
i
) e os atributos do mesmo(S
o
)
Verificou-se (TAB. 6.11) que a argila, H
+
, d
a
e d
p
do solo, manifestaram
valores mais baixos nas amostras provindas do terço inferior (P
1
) das vertentes (zona
de maior acumulação de sedimentos) quando comparado com a situação encontrada
no terço médio (P
2
) ou superior (P
3
).
140
TABELA 6.14a, b - Correlações entre atributos dos solos ensaiados, e de atributos
de solos com os da água percolada nos mesmos, de amostras provindas de duas
comunidades (C
1
, C
2
), Cáceres (MT).
Variável relacionada n
Correlação “r Qualific. da “r
Valor de T Significância
(a) - Teores de matéria orgânica(MO) com:
Densidade aparente do solo 18 -0,8366 Forte -6,1093 0,0000
Turbidez da água 18 -0,6685 Forte -3,5950 0,0012
Concentração média pesticida 18 -0,6622 Forte -3,5350 0,0014
Hidrogênio livre do solo 18 -0,6259 Forte -3,2105 0,0027
Manganês na água 18 -0,6134 Forte -3,1067 0,0034
Posição 18 -0,6125 Forte -3,0993 0,0034
Cálcio na água 18 0,6172 Forte 3,1380 0,0032
Condutividade elétrica da água 18 0,6360 Forte 3,2970 0,0023
pH da água
18 0,6709 Forte 3,6186 0,0012
pH em água do solo
18 0,6867 Forte 3,7782 0,0008
Magnésio do solo 18 0,6928 Forte 3,8427 0,0007
pH em CaCl
2
do solo
18 0,7033 Forte 3,9568 0,0006
Porosidade total do solo 18 0,7621 Forte 4,7087 0,0001
Fósforo do solo 18 0,8014 Forte 5,3590 0,0000
Alcalinidade da água 18 0,8357 Forte 6,0868 0,0000
Cálcio do solo 18 0,8393 Forte 6,1747 0,0000
CTC do solo 18 0,8399 Forte 6,1909 0,0000
Saturação de bases trocáveis do solo 18 0,8648 Forte 6,8903 0,0000
Soma de bases do solo 18 0,8987 Forte 8,1966 0,0000
(b) - pH em água do solo com:
Densidade aparente do solo 18 -0,8162 Forte -5,6498 0,0000
Manganês na água percolada 18 -0,7934 Forte -5,2133 0,0000
Hidrogênio livre do solo 18 -0,6952 Forte -3,8686 0,0007
Concentração média pesticida 18 -0,6213 Forte -3,1719 0,0030
Posição 18 -0,6066 Forte -3,0521 0,0038
Alcalinidade da água 18 0,6633 Forte 3,5451 0,0013
Matéria orgânica do solo 18 0,6867 Forte 3,7782 0,0008
Soma de bases trocáveis do solo 18 0,6981 Forte 3,9000 0,0006
Potássio trocável do solo 18 0,7377 Forte 4,3710 0,0002
Saturação de bases trocáveis do solo 18 0,7705 Forte 4,8346 0,0001
Porosidade total do solo 18 0,8549 Forte 6,5913 0,0000
pH da água 18 0,9034
Fortíssima
8,4248 0,0000
Condutividade elétrica da água 18 0,9169
Fortíssima
9,1909 0,0000
pH em CaCl
2
do solo 18 0,9898
Fortíssima
27,8280 0,0000
Obs.:
(1)
- Estão listadas apenas as variáveis que apresentaram correlação, pelo menos, forte e significante (r > 0,6; α <
0,05). A qualificação da correlação em forte (0,6 r <0,9) e fortíssima (0,9 r < 1 ) se baseia na proposição de
PEREIRA (1978).
Constatou-se também ter havido uma diferenciação significante (F;
Tukey; α < 0,05) entre posição no terreno das parcelas estudas (Pi
=1,2,3
) com a soma
de bases trocáveis (S
P
1
>
S
P
3
> S
P
2
)
6.3.2.5 - (S
o
x E
i
)-Camadas de solos (E
i
) e os atributos destes (S
o
)
Um trabalho anterior de RIEDER (1995), nos solos de uma das
comunidades estudadas (C
2
), identificou a relação existente entre a magnitude(y
i
)
assumida pelos atributos do solo em função da penetração(x
i
) no perfil destes.
Com tendência decrescente não oscilatória, diante dos modelos de
regressão testados y
i
= f(x
i
), apresentaram melhor ajuste para: pH do solo, a função
linear (y = a+bx); MO, S’, Ca
++
+Mg
++
, CTC e para a areia grossa, funções
hiperbólicas (y= 1/(a+bx)); K
i
, a função logaritmo neperiano (y = a+b.ln x); Kr, a
função logaritmo decimal (y = a+b.Log x); P, a função potencial (y = a.x
b
); H+ Al, a
função exponencial (y = a.b
x
); Ca e para P
2
O
5
, funções do tipo cúbica (y =
a+bx+cx
2
+dx
3
); Mg e para areia total, funções do tipo cúbica-raiz (y =
141
a+bx
1/2
+cx+dx
3/2
).
Com tendência decrescente oscilatória, apresentaram melhor ajuste
para: V% e para a relação silte/argila, funções do tipo cúbica (y = a+bx+cx
2
+dx
3
); K
+
e para o silte, funções do tipo cúbica-raíz (y = a+bx
1/2
+cx+dx
3/2
).
Com tendência de acréscimos lineares em profundidade, o Fe
2
O
3
e o
SiO
2
apresentaram melhor ajuste, funções lineares típicas (y = a+bx).
Com tendência de acréscimos curvilíneos não oscilatórios,
apresentaram melhor ajuste para: d
p
, a função potencial (y = a.x
b
); argila dispersa, a
função exponencial (y = a.b
x
); Al
2
O
3
, a função cúbica (y = a+bx+cx
2
+dx
3
); argila total,
a função cúbica-raíz (y = a+bx
1/2
+cx+dx
3/2
).
Com tendência de acréscimos curvilíneos oscilatórios, a d
a
, apresentou
melhor ajuste para a função cúbica (y = a+bx+cx
2
+dx
3
).
Com tendência de acréscimos e decréscimos alternados a P
t
apresentou melhor ajuste para a função cúbica-raiz (y = a+bx
1/2
+cx+dx
3/2
).
Entre todos os atributos do solo, apenas a MO, o K, a argila dispersa
em água e a relação silte/argila, confirmaram nos diferentes perfis e tipos de solos
analisados, o mesmo tipo próprio de função matemática que melhor se ajustava para
os modelos de regressão testados.
6.3.2.6 - (S
o
x MP) - Atributos dos solos (S
o
) e a lixiviação de pesticida
MP
Foi constatado (TAB. 6.15) que a quantidade de resíduos lixiviados
esteve fortemente correlacionada, de forma positiva, com a d
a
e, de modo negativo,
com a P
t
, K
+
, MO, pHs, S’, V’% e Mg
++
. A correlação positiva d
a
com os resíduos
lixiviados, explica-se provavelmente mais pela correlação negativa daquela com os
teores de MO do solo. Pois esta tem efeito sobre a estruturação dos solos e, é
determinante do poder de adsorção de pesticidas nestes.
Enquanto a correlação negativa dos resíduos lixiviados com algumas
variáveis do solo [P
t
, V’%, S’ e Mg
++
] pode também ser explicada pelo efeito
positivamente correlacionado com os teores de MO, a qual oferece uma ampliação
de sítios de adsorção ou de troca no solo com moléculas de pesticidas por ocasião
de sua passagem pelos condutos de drenagem, retendo resíduos cumulativamente.
A correlação negativa (r = -0,69) de resíduos lixiviados com os teores de K
+
no solo,
provavelmente possa ser explicada pela correlação positiva (r = 0,77) com os teores
de argila (contribuindo para o poder de sorção), embora estejam em patamares
baixos (115,8 ± 35,1 g kg
-1
). Pois, as moléculas do pesticida podem concorrer, direta
ou indiretamente, com sítios de troca ocupados pelo tion K
+
. O pH do solo está
associado aos teores de compostos de reação alcalina presentes, os quais possuem
poder de neutralizar a molécula do pesticida MP. Isto deve estabelecer um ambiente
favorável ao processo de desativação ou degradação acelerada deste produto
químico fosforado.
Os valores dos atributos dos solos ensaiados, ao agrupa-los em duas
categorias [categoria 1 (k
1
): valores menores que um referencial geralmente a
média; categoria 2 (k
2
): valores maiores que os de k
1
], ficou evidenciado que
determinadas variáveis [P, MO, V’%, pH em água do solo, Mg
++
e P
t
] em sua
categoria k
1
permitiram lixiviar mais resíduos (F; α < 0,05), que nos casos da
categoria k
2
. Mas as diferenciações entre categorias se inverteram em outras
variáveis [silte, d
a
] (TAB. 6.16a).
Porém, para certas variáveis [areia, H
+
, d
p
, argila , K
+
, CTC, S’, pH em
CaCl
2
e Ca
++
], as médias de resíduos lixiviados não se diferenciaram,
significativamente (F; α > 0,05), nas duas categorias.
142
TABELA 6.15 - Correlação dos teores de MP hidromobilizados em colunas de solos
(provindos de C
1
e C
2
) com os valores de atributos destes, e da água percolada em
ensaios laboratoriais
(1)
, UFMT
Variável relacionada
N
Correlação “r Qualific. “r
Valor de T Significância
Concentração média de
MP
na água percolada com:
Porosidade total do solo 18 -0,8555 Forte -6,6080 0,0000
Potássio do solo 18 -0,6909 Forte -3,8225 0,0007
Matéria orgânica do solo 18 -0,6622 Forte -3,5350 0,0014
Saturação de bases trocáveis do solo 18 -0,6575 Forte -3,4906 0,0015
pH em CaCl
2
do solo
18 -0,6426 Forte -3,3549 0,0020
Soma de bases do solo 18 -0,6345 Forte -3,2838 0,0023
Magnésio do solo 18 -0,6336 Forte -3,2758 0,0024
pH em água do solo
18 -0,6213 Forte -3,1719 0,0030
pH da água
18 -0,6024 Forte -3,0191 0,0041
Turbidez da água 18 0,6088 Forte 3,0699 0,0037
Densidade aparente do solo 18 0,8730 Forte 7,1598 0,0000
Obs.:
(1)
- Estão listadas apenas as variáveis que apresentaram correlação, pelo menos, forte e significante (r > 0,6; α <
0,05). A qualificação da correlação em forte (0,6 r <0,9) e fortíssima (0,9 r < 1) se baseia na proposição de
PEREIRA (1978).
Como mencionado anteriormente e de acordo com diversos estudos
(ADAMS Jr.,1973; WEED & WEBER, 1974; GORING et al.,1975; OLIVEIRA &
BEGAZO, 1989; MELO,1994), vários atributos da matriz solo exercem efeito sobre a
mobilização e destino de pesticidas quando da contaminação da superfície dos
terrenos. Entre os quais citam a MO, argila, pH, teores de Ca
++
, Mg
++
, CTCatiônica e
CTAniônica, P
t
, condutividade hidráulica, presença de camadas de adensamento,
alterações bruscas no gradiente textural no perfil do solo, localização e oscilações
no lençol freático.
6.3.2.7 - (MO x A
p
) - Matéria orgânica (MO) e atributos da água
percolada (A
p
)
Foram fortes e negativas as correlações entre a MO dos solos do
ensaio com o Mn (r = -0,61) e turbidez (r = -0,67) da água e, fortes e positivas com o
Ca (r = 0,61), pH (r = 0,67), condutividade elétrica (r = 0,63) e alcalinidade da água
(r=0,83). Por sua vez, verificou-se também que o pH da água expressou uma
correlação forte e positiva com a condutância elétrica da água (r = 0,72) e forte e
negativa o Mn da água (r = -0,83) (TAB. 6.14a).
6.3.2.8 - (MO x C
i
) - Matéria orgânica no solo (MO) das comunidades
(C
i
)
Os teores médios de matéria orgânica dos solos (MO) foram mais
elevados em C
1
(55,00 g kg
-1
) em relação a C
2
(44,55 g kg
-1
). Os teores dios
menores em C
2
podem estar relacionados com o maior tempo de uso agropecuário
ininterrupto, com perdas ao longo dos anos, em face do tipo de manejo não-
sustentado aplicado.
6.3.2.9 - (MO x P
i
) - Matéria orgânica (MO) nas várias posições do
relevo (P
i
)
Houve também uma diferenciação entre as posições ocupadas pelos
terrenos no relevo (Pi
=1,2,3
) com os teores de MO de seus solos [MO
P
1
= (
63,66 g kg
-1
)
>
MO
P
2
(41,33 g kg
-1
) = MO
P
3
(44,33 g kg
-1
)] (TAB. 6.11).
Isto indicou uma correlação forte e negativa (r = -0,61) entre os teores
de MO e a posição ocupada pelo terreno na rampa (TAB. 6.14a). Evidenciou-se
assim que os maiores teores de MO estavam na parte mais baixa da rampa.
143
TABELA 6.16 a,b - Resíduos de MP na água percolada por colunas de solos
contaminados em função de alguns atributos desta água e dos solos usados
(provindos de C
1
e C
2
) ensaiados em laboratórios da UFMT, Cuiabá, MT.
Atributos avaliados
Categorias binomiais
Média de
MP
(
µ
µµ
µ
g mL
-
1
)
Confronto(Tukey)
n
(a) - Condizente aos valores nos solos usados no ensaio
1 (< 30 ppm)
0,8426
a
8
Fósforo disponível
2 (
30 ppm)
0,4786
b
10
1 (<4
5g.dm
-
3
)
0,9201
a
7
Matéria orgânica
2 (
45 g.dm
-
3
)
0,4624
b
11
1 (<820 g.dm
-
3
)
0,5963
a
11
Areia
2 (
820 g.dm
-
3
)
0,7095
a
7
1 (<75 g.dm
-
3
)
0,4619
b
10
Silte
2 (
75 g.dm
-
3
)
0,8635
a
8
1 (<125 g.dm
-
3
)
0,7311
a
10
Argila
2 (
125 g.dm
-
3
)
0,5270
a
8
1 (<0,25cmol
c
.dm
-
3
)
0,8823
a
9
Potássio trocável
2((
0,25cmol
c
.dm
-
3
)
0,3984
a
9
1 (<12,5 cmol
c
.dm
-
3
)
0,7468
a
12
Capacidade de troca de cátions
2 ((
12,5 cmol
c
.dm
-
3
g)
0,4274
a
6
1 (<11 cmol
c
.dm
-
3
)
0,7468
a
12
Soma de bases trocáveis
2((
11 cmol
c
.dm
-
3
)
0,4274
a
6
1 (<75%)
0,9795
a
7
Saturação de bases trocáveis
2 ((
75%)
0,4245
b
11
1 (<6,5)
0,8602
a
8
pH em água
2 ((
6,5)
0,4645
b
10
1 (<6,0)
0,7836
a
9
pH em CaCl
2
2 ((
6,0)
0,4971
a
9
1 (<2,5 cmol
c
.dm
-
3
)
0,4652
a
9
Hidrogênio livre
2 (
2,5 cmol
c
.dm
-
3
)
0,8156
a
9
1 (9,0 cmol
c
.dm
-
3
)
0,7468
a
12
Cálcio trocável
2(
9,0 cmol
c
.dm
-
3
)
0,4274
a
6
1 (<2,0 cmol
c
.dm
-
3
)
0,7808
a
12
Magnésio trocável
2 (
2,0 cmol
c
.dm
-
3
)
0,3596
b
6
1 (<1,35 kg dm
-
3
)
0,3796
b
10
Densidade aparente
2(
1,35 kg dm
-
3
)
0,9663
a
8
1 (<2,60
kg dm
-
3
)
0,4478
a
5
Densidade das partículas
2 (
2,60
kg dm
-
3
)
0,7144
a
13
1 (<0,475m
3
.m
-
3
)
0,9653
a
7
Porosidade total
2 ((
0,475 m
3
.m
-
3
)
0,4336
b
11
(b) - Condizente aos valores na água percolada por colunas de solo
1 (<2,5 mg L
-
1
)
0,7366
a
13
Cálcio
2 (
2,5 mg L
-
1
)
0,3902
a
5
1 (< 1,0 mg L
-
1
)
0,6343
a
11
Magnésio
2 (
1,0 mg L
-
1
)
0,6500
a
7
1 (<8,23 mg L
-
1
)
0,7222
a
13
Potássio
2 (
8,23 mg L
-
1
)
0,4275
a
5
1 (<10,5834 mg L
-
1
)
0,7233
a
10
Sódio
2 (
10,5834 mg L
-
1
)
0,5367
a
8
1 (<0,3 mg L
-
1
)
0,5238
a
9
Ferro
2 (
0,3 mg L
-
1
)
0,7569
a
9
1 (<0,002 mg L
-
1
)
0,5037
a
7
Manganês
2(
0,002 mg L
-
1
)
0,7273
a
11
1 (<0,005 mg L
-
1
)
0,8434
a
10
Cobre
2 (
0,005 mg L
-
1
)
0,3865
b
8
1 (< 0,005 mg L
-
1
)
0,6096
a
14
Zinco
2 (
0,005 mg L
-
1
)
0,7482
a
4
1 (<30
µ
g L
-
1
em CaCO
3
)
0,7570
a
10
Alcalinidade
2 (
30
µ
g L
-
1
em CaCO
3
)
0,4946
a
8
1 (< 6,3)
0,9401
a
7
pH
2 (
6,3)
0,4496
b
11
1 (<0,08 nS cm
-
1
)
0,7154
a
12
Condutância elétrica
2 (
0,08 nS cm
-
1
)
0,4903
a
6
1 (<40 NTU)
0,48
94
b
14
Turbidez
2 (
40 NTU)
1,1687
a
4
1 (<22,8 ºC)
0,4211
a
5
Temperatura
2 (
22,8 ºC)
0,7247
a
13
1(<230
µ
V )
0,6662
a
6
Potencial de oxidação
2(
230
µ
V)
0,6274
a
12
144
6.3.2.10 - (MO x E
i
) - Matéria orgânica (MO) nas camadas iniciais de
solos (E
i
)
Estudando a distribuição de atributos do solo em seus perfis de
amostras de áreas do presente estudo, RIEDER (1995) encontrou, entre vários
testados, que o modelo matemático hiperbólico do tipo y = 1/(a+bx) melhor se
ajustava para explicar as variações dos teores de MO (y) em função da profundidade
(x) do perfil. Os teores mais elevados de MO, nos perfis analisados, em média,
encontravam-se nas camadas E
1
(58,7 g kg
-1
), E
2
(52,65 g kg
-1
) e E
3
(49,43 g kg
-1
).
No primeiro extrato do solo (0-10cm), as análises foram efetuadas a cada centímetro
de espessura, encontrando-se, em média, nas camadas de 0-1 cm, 1-2cm e 2-3cm,
respectivamente, 58,7 g kg
-1
, 46,6 g kg
-1
e 43,0 g kg
-1
de MO.
Contudo, os teores das camadas E
2
(0-2 cm) e E
3
(0-3 cm), além de
incluírem sucessivamente suas anteriores, na parcela seguinte de espessura, ainda
apresentavam consideráveis teores de MO.
6.3.2.11 - (MO x MP)-Matéria orgânica (MO) e a mobilização de
resíduos de MP
Utilizando-se das discussões desenvolvidas em outros tópicos no que
se refere às relações encontradas entre lixiviação de MP e atributos de solos e da
água de drenagem, os resultados deste trabalho evidenciam que a MO, direta ou
indiretamente, foi a principal responsável pela definição da quantidade de resíduos
de MP lixiviados nos ensaios (TAB. 6.14a; 6.15; 6.16a). Por ter havido elevados
teores de areia e baixos de argila nestes solos (TAB.3.6; 6.10), a MO comandou o
poder de sorção ou troca de íons, e daí também a retenção de pesticidas nestes
solos; assim como ainda respondeu acentuadamente pelo poder de reatividade
conferido a estes solos.
6.3.2.12 - (A
p
x C
i
)-Atributos da água percolada (A
p
) pelos ensaios das
comunidades (C
i
)
Atributos da água percolada, como os níveis de pH, K e condutividade
elétrica foram menores em C
2
em relação os de C
1
, mas o nível de Fe, Na, Cu, Zn,
alcalinidade e potencial de oxidação foram semelhantes, sendo maiores os teores de
Ca, Mg, Mn, temperatura e turbidez da água (TAB. 6.12). Portanto, a água, ao
percolar por solos de C
2
se supre distintamente, em relação a C
1
, de alguns atributos
químico-físicos propiciados pela composição da matriz solo.
6.3.2.13 - (A
p
x P
i
) - Atributos da água percolada (A
p
) por colunas de
solos de diferentes posições dos terrenos no relevo (P
i
)
Em 14 variáveis relacionadas com atributos da água percolada, 6 (K,
Na, Cu, Zn, turbidez e potencial de oxidação) expressaram valores semelhantes nas
três posições da vertente. Outras 8 foram maiores em P
1
(Ca, Mg, pH, temperatura,
alcalinidade e condutância elétrica), em P
2
(Fe) ou em P
(Mn), enquanto os valores
mais baixos estiveram distribuídos em P
1
(Mn), P
2
(Ca, Mg) e P
3
(Fe, pH, temperatura,
alcalinidade e condutância elétrica) (TAB. 6.13). Isto demonstra efeitos diferenciados
da posição de solos na vertente sobre sua caracterização físico-química, o que
ajuda a entender respostas diferenciadas destes solos diante das interações do
homem neste ambiente.
145
6.3.2.14 - (A
p
x MP) - Atributos da água percolada (A
p
) por colunas de
solos e os teores de resíduos de MP mobilizados
Efeitos do pH e da turbidez da água percolada sobre os teores de
resíduos do pesticida MP mobilizados também foram constatadas através de
correlações fortes, negativa e positiva, respectivamente (TAB. 6.15).
Os valores de atributos da água percolada, pelas colunas de solos dos
ensaios, também foram agrupados, binomialmente, em k
1
e k
2
. Quando o Cu e pH
da água estavam situados na categoria k
1
(k
1Cu
< 0,005 mg L
-1
k
1pH da água
< 6,3) havia
mais (F, α < 0,05) resíduos lixiviados (MPk
1
Cu
: 0,8434 µg mL
-1
< MPk
2
Cu
: 0,3865 µg
mL
-1
; MPk
1p
H
: 0,9401 µg mL
-1
< MPk
2
pH
: 0,4496 µg mL
-1
) que na categoria k
2
(k
2Cu
0,005 mg L
-1
; k
2pH da água
6,3). De modo inverso ocorreu em relação a turbidez da
água [MPk
1
Tur<40NTU
: 0,4894 µg mL
-1
< MPk
2
Tur
40 NTU: 1,1687 µg mL
-1
] (TAB. 6.16b).
Estudos de WOLFE et al. (1990) indicam que mesmo pequenas
concentrações de sais de cobre (Cu
2+
) podem reduzir ou desativar altas
concentrações de pesticidas organofosforados presentes em substrato contaminado.
WEBER, BEST & GONESE (1993) mencionam que a degradação e a
persistência de compostos com características de bases fracas, ácidos fracos,
anfotéricas são dependentes do pH. Segundo a BAYER (1974) o MP é relativamente
estável quando submetido a um meio com pH entre 1 e 7 mas, em pH avançando
até 9, ocorre rápida decomposição. Quando é inevitável usar preparados de reação
alcalina, sugerem a aplicação imediata destas caldas, pois este pesticida se
decompõe rapidamente sob pH alto.
Por sua vez, no presente estudo, as quantidades lixiviadas de MP
foram semelhantes (α > 0,05) nas situações k
1
e k
2
de valores na água de Ca, K, Na,
Fe, Mn, Zn, alcalinidade, temperatura da água, e de condutividade elétrica da água
(TAB. 6.16b).
6.3.2.15 - (P
i
x C
i
) - Posição dos terrenos das lavouras no relevo (P
i
) nas
comunidades (C
i
)
Identificados os terços inferior (P
1
), médio (P
2
), e superior (P
3
) das
rampas dos terrenos no relevo das áreas cotonícolas de cada localidade, constatou-
se que em ambas as comunidades (C
1
e C
2
) os mais degradados (erodido e
empobrecido) eram os solos que ocupavam a posição P
2
, enquanto os menos
negativamente impactados eram os terrenos situados na posição P
1
.
6.3.2.16 - (E
i
x C
i
)-Camadas de solos (E
i
) das comunidades estudadas
(C
i
)
Em áreas não antropizadas as camadas superficiais de solo, quando
estudadas, coincidem com uma fração da espessura de seus primeiros horizontes.
Mas quando revolvidas pelos cultivos, estas ficam desfiguradas quanto a suas
características originais. No presente estudo, para ambas as comunidades (C
1
, C
2
),
a camada de maior interesse foi a superficial, de espessura não superior a 0,50 m.
Sendo que o ensaio preliminar utilizou vários extratos entre 0,00-0,50 m, enquanto o
ensaio efetivo, em função das indicações do anterior, se utilizou apenas de três
extratos (E
1
= 0-1 cm; E
2
= 0-2 cm; E
3
= 0-3 cm), pois havia evidencias de estar
nestas localizados os maiores potenciais de retenção do pesticida ensaiado.
6.3.2.17 - (t
i
x C
i
) - Momento de indução (t
i
) da mobilização hídrica nos
ensaios de solos das comunidades (C
i
)
As localidades ou comunidades (C
i=1
,
2
) estavam submetidas a
condições climáticas regionais similares reinantes no período em que eram
146
aplicados pesticidas (inclusive produtos a base de MP) nas lavouras de algodão.
Esta similaridade climática referida inclui a distribuição e a periodicidade de
ocorrência de chuvas de determinadas lâminas precipitadas (mm). Diante desta
semelhança de chuvas incidentes e reincidentes em mesmos intervalos de tempo,
estabeleceu-se o momento de indução da mobilização hídrica de resíduos de MP
nos ensaios (t
i=0,1,2
).
6.3.2.18 - (MP x Ci) - Resíduos de MP
lixiviado
s nos solos das
comunidades (C
i
)
O teor médio lixiviado de resíduos de MP foi menor (F;α < 0,05) na
comunidade C
1
(5,16%) que em C
2
(11,43%), resultando que os ensaios com solos
de C
2
deixaram lixiviar 2,21 vezes mais resíduos que em relação aos solos de C
1
(TAB. 6.7; 6.8; 6.9; 6.17). Portanto, em C
1
os resíduos de MP resistem mais a sua
mobilização vertical no solo, o que, por conseguinte mantém a contaminação mais
superficialmente, em comparação a C
2
. Assim, resíduos de MP atingem maiores
profundidades em C
2
que em relação a C
1
.
6.3.2.19 - (P
i
x E
i
) - Posição do terreno no relevo (P
i
) e camadas de seus
solos (E
i
)
É de se esperar que cada uma das três camadas de solos (E
i =1,2,3
) em
cada posição topográfica dos terrenos no relevo (P
i=1,2,3
) se diferenciem entre si e
entre posições. Isto devido aos aspectos pedogenéticos envolvidos, como pela
diferenciada dinâmica biótica e abiótica própria de cada local. Tais aspectos afetam
o potencial de adsorção e de degradação de pesticidas quando seus solos são
contaminados. Por isto espera-se também que a performance da lixiviação de
resíduos de MP venha se diferenciar nos ensaios das combinações possíveis (E
i
x
P
i
). Entretanto, atributos do solo e da água interferentes e em desproporcionalidade
com as premissas, podem levar a manifestação de comportamentos distintos dos
esperados em algumas interações E
i
x P
i
. O que de fato ocorreu no presente estudo,
por exemplo, entre E
2
e E
3
de qualquer P
i
e, entre P
1
, P
2
e P
3
da camada E
1
, com
relação a quantidade de pesticida mobilizado.
6.3.2.20 - (P
i
x t
i
) - Posição do terreno no relevo (P
i
) e o momento da
indução (t
i
) da percolação de água nestes
As diferentes posições que um terreno pode ocupar numa rampa do
relevo, inclusive se tivessem solos iguais em todas a suas características, quando
submetidos a chuvas de mesma altura e intensidade, havendo escorrimento
superficial, haveria volume e oportunidade diferenciada, ladeira abaixo, de água para
infiltrar. Isto devido aos acréscimos dos excedentes diferenciais do run-off à
quantidade precipitada em cada superfície local. Também devido a progressiva
oportunidade de infiltração ladeira abaixo, cujos sucessivos pontos continuam
recebendo, por um tempo diferencial, água em escorrimento superficial, até o
esgotamento total desta fonte. Portanto, nas condições mencionadas, os fatos
mostram que, ao não haver infiltração local integral das chuvas ocorridas, haverá
escorrimento superficial. E, neste caso então, a lâmina de água disponibilizada (mm)
e o tempo de oportunidade (t
i
) de indução da mobilização edafo-hídrica com esta,
147
TABELA 6.17 - Comparação relativa do risco de danos ao ambiente e à saúde
humana devido ao uso de pesticidas, influenciados por fatores do meio físico
(R
CDPAH/Ci,Pi,Ei,ti
) de duas comunidades (C
1
, C
2
), Cáceres, MT, Brasil, entre 1992-97.
Comunidades / expressões comparativas
(% de pesticida lixiviado)
(2)
Facão (C
1
) Barra Nova (C
2
)
Fatores do meio físico, influentes
no risco (
R
CDPAH/Ci,Pi,Ei,ti
)
Magnitude
da variável
Risco
relativo
Magnitude
da variável
Risco
relativo
Saldo comparativo
do risco entre
comunidades (C
1,
C
2
)
(igual:=,;
Desigual:)
Comunidade-Solos
(1)
5,16 b - 11,43 a +
P
3-
Terço superior
2,78 b - 11,89 a +
P
2-
Terço médio
8,85 b - 15,19 a +
Posição no relevo
P
1-
Terço inferior
3,85 s
7,22 s
=5,54%
E
1-
( 0-1 cm)
9,56 b - 23,48 a +
E
2-
( 0-2 cm)
3,21 b - 6,45 a +
Espessura-coluna
solo
E
3-
(0- 3 cm)
2,72 s
4,38 s
=3,55%
t
0
( 30 min)
14,25 b - 32,45 a +
t
1
(2 dias)
0,80 b - 1,44 a +
Momento
percolação
t
2
(4 dias)
0,45 s
0,43 s
=0,44%
Semelhante (s)/ ()
3
3(
)
3
3(
) 3/3(
)
Maior(a)/(+)
0
0(+)
7
7 (+) 0/7 (+)
Totais
Dife-
rente
Menor (b)/(-)
7
7 (-)
0
0 (-) 7/0 (-)
Soma Geral (sem repetição) 10 10 10 10 10/10
OBS.:
(1)-
Solos:-No Facão (C
1
), nas três posições P
1,
P
2,
P
3,
ocorre uma classe de solo;-Na Barra Nova (C
2
), ocorrem, nas
posições P
1
, P
2
e P
3
distintos solos.
(2)
Convenções utilizadas: (s) ou
: Magnitude semelhante; (a) ou (+): Magnitude maior; b ou (-): Magnitude menor;
(=): Igual; (
): Diferente, tudo com base em testes estatísticos (F, Tukey a 5%)
será crescente dos terrenos em posição mais alta (P
3
) para os situados na parte
mais baixa (P
1
) da ladeira. Diante destas considerações, o modelo de ensaio usado
tem ressalvas, e os resultados do presente estudo validam-se apenas para as
situações que recebem a mesma lâmina de água para ser integralmente infiltrada
em mesmo tempo de oportunidade (t
i
) nas colunas de solo.
6.3.2.21 - (P
i
x MP) - Posição no relevo (P
i
) e resíduos de MP lixiviados
O teor lixiviado de MP foi menor (F, α < 0,05) no terço inferior (P
1
:
5,54%) e, maior no terço médio (P
2
: 12,02%), enquanto no terço superior (P
3
: 7,34%)
não diferiu de ambos os anteriores
(TAB. 6.7; 6.8; 6.9). Portanto, demonstra-se efeito
diferenciado de posições que um terreno pode ocupar no relevo sobre a mobilização
edafo-hidrica de pesticidas nestes.
6.3.2.22 - (E
i
x t
i
) - Camadas de solos (E
i
) e o momento de indução (t
i
) da
percolação de água nestes
Nas interpretações dos resultados deste tipo de ensaios deve ser
considerado que as lâminas de água mobilizadoras perfil adentro são decrescentes,
pois os trechos anteriores retêm uma porção diferencial. Salvam-se as situações em
que toda a lâmina aplicada se constituir em água gravitacional (ou de movimentação
livre), o que acontece quando o solo esteja suprido até a capacidade de campo”,
ou seja, quantidade de água capaz de ser retida, pelo solo, com tensão superior a
1/3 de atmosfera. Na primeira camada de solo (E
1
), devido ao maior volume
excedente de água disponibilizado a esta, um pequeno diferencial, em relação as
camadas seguintes (E
i =1
,
2
), de tempo de oportunidade(t
i
) à mobilização hídrica.
Quando estudos de altíssima precisão são requeridos, isto deve ser considerado.
148
6.3.2.23 - (E
i
x MP) - Camadas de solos (E
i
) e resíduos de MP lixiviados
Inicialmente efetuou-se estudo em vários extratos mais espessos (5- 50
cm) que os definitivos (0-3 cm), contaminados superficialmente por MP. Porém, nos
extratos mais espessos que 5 cm não foram detectados presença de resíduos de
MP na água percolada pelos mesmos. Revisões da NRA (1999) mencionam
pesquisas de campo que também não detectaram o pesticida MP e seus
metabólicos abaixo de 10 cm de camada de solos, distintamente dos resultados de
ensaios laboratoriais de mobilização. Conforme sugere NASCIMENTO (2005),
então, se eventualmente resíduos de MP venham a ser encontrados em águas de
lagoas, rios e poços, é mais provável que sua origem derive de processos erosivos,
runoff ou mesmo ventos.
A camada de solo de espessura E
1
(0-1 cm) permitiu a mobilização
hídrica, em média, de 16,52% da concentração do pesticida MP aplicado
previamente na superfície, enquanto que as de espessuras E
2
(0-2 cm: 4,83%) e E
3
(0-3 cm: 3,55%) permitiram a lixiviação de teores semelhantes (α > 0,05), mas entre
3,4 e 4,6 vezes menores (α < 0,05) que os resíduos mobilizados em E
1
(TAB. 6.7;
6.8; 6.9).
6.3.2.24 - (t
i
x MP) - Momento da indução (t
i
) da mobilização de água nos
ensaios e os resíduos de MP lixiviados nestes
Em conseqüência da lâmina de água aplicada (90 mm) em cada
tratamento, observou-se em t
o
(indução da drenagem após a contaminação-im: 30
min) lixiviar mais resíduos de MP que em t
1
(im: 2º dia) e em t
2
(im: 4º dia).
Os teores de resíduos de MP lixiviados foram 53 vezes mais elevados
(α <0,05) em t
0
(23,35%) que o arraste remanescente, quando provocados dois dias
(t
1
: 1,12%) e quatro dias após (t
2
: 0,44%)
(TAB. 6.7; 6.8; 6.9).
A mobilização hídrica, quando ocorre imediatamente após a
contaminação pelo pesticida MP, pode não dar um tempo de oportunidade suficiente
para o potencial de retenção exercer seus efeitos plenos. Provavelmente seja uma
das razões que fluxos hídricos (tais como infiltrações de águas de chuvas) imediatos
conseguem remover quantidades maiores de resíduos de pesticidas que os
ocorrentes depois de algum tempo (Ex.: t
1
, t
2
). de se considerar, também, que o
retardamento da manifestação dos eventos mobilizantes (chuvas, irrigação)
oportuniza o início e, também, um maior tempo aos processos de degradação.
WOLFE, MINGELGRIN & MILLER (1990) mencionam que poucas horas de
oportunidade podem ser insuficientes também para estabelecer populações
microbiais requeridas ao processo de biodegradação.
Porém, chuvas mais tardias teriam disponíveis quantidades menores
de pesticidas para serem removidos. Em conjunto, isso estaria explicando o
decréscimo, com o passar do tempo, da concentração de resíduos do pesticida MP
na água percolada em colunas de solo contaminadas previamente.
Entretanto, conforme BOLLAG & LIU (1990), em futuro breve,
provavelmente se terá desenvolvido e disponível uma tecnologia (engenharia
genética microbial) embutida nos pesticidas capaz de degradar ou desativar o
veneno logo após ter produzido o efeito desejado sobre o alvo (tempo mínimo). É
possível que tais tecnologias venham contribuir, inclusive, para a despoluição de
ambientes quimicamente contaminados.
A transgenia é promissora para um breve futuro, vindo a superar
paradigmas atuais e revolucionar também as tecnologias fitossanitárias do presente,
devendo minimizar riscos de poluição e de impactos aos ambiente e homem.
Estudos complementares sobre o efeito da intensidade e freqüência de
149
chuvas no transporte edafohídrico de resíduos de pesticidas ficam sugeridos, o que
permitiria relacionar a mobilização de resíduos de pesticidas com a distribuição de
chuvas normais ocorrentes, em diferentes regiões climáticas.
6.3.3 - Interação tripla de fatores
6.3.3.1 - (S
o
x MO x MP) Atributos do solo (S
o
), matéria orgânica (MO) e
os resíduos de MP lixiviados
Dos atributos físicos do solo, tanto a densidade aparente (d
a
) como a
porosidade (P
t
), estiveram correlacionadas de modo forte com a MO, e de forma
negativa e positiva, respectivamente. Enquanto, dos atributos químicos do solo, com
a MO estiveram correlacionados, de forma positiva e forte o pH, o Mg
++
a Se a V’%
.
Porém, os teores de MP lixiviados estiveram correlacionados de modo forte e
negativamente com a MO
.
Enquanto atributos físicos (d
p
, P
t
), positiva e
negativamente, e químicos (pH, Mg
++
, S’, V’%) negativamente, estiveram
correlacionados, todos de modo forte, com os teores de resíduos de MP lixiviados
.
Isto mostra efeito interativo e interdependente da lixiviação de MP de atributos do
solo que estão relacionados com a MO (TAB. 6.14a; 6.15).
6.3.3.2 - (S
o
x A
p
x MP) - Atributos do solo (S
o
), da água (A
p
) e os
resíduos de MP lixiviados
A turbidez da água percolada estava relacionada com alguns atributos
de solo, e também com os teores de resíduos de MP lixiviados. A diminuição dos
níveis de MO (r
tur
= -0,66), de P
t
(r
tur
= -0,66), de V’% (r
tur
= -0,64) e a elevação da d
p
(r
tur
= 0,63), implicou em aumento da turbidez da água (tur) que, por sua vez, revelou
a lixiviação de maiores teores de resíduos de MP (r
tur
= 0,60) (TAB. 6.14a; 6.15).
Contudo, a turbidez pode não ser propriamente um indutor de lixiviação
de pesticidas, mas sim um revelador indireto do efeito dos teores de MO na
mobilização ou retenção de resíduos de MP no solo. Os teores de MO indicaram
estar inversamente associados a turbidez. Isto significa que a água percolada
provinda de solos com menos MO se apresentou mais turva. Esta maior turbidez
supõe-se que esteja relacionada a presença de maiores teores de argila dispersa.
Estes materiais coloidais removidos, durante a mobilização hídrica, provavelmente
trouxeram consigo MP já adsorvido, misturando-se na água percolada.
Foi constatado também que o teor de MP mobilizado esteve forte e
negativamente correlacionado com os valores de pH da água de percolação (r = -
0,60) (TAB. 6.14b). Entretanto, deve ser observado que este pH esteve
correlacionado positivamente, com alguns atributos do solo, de modo forte, com os
valores de MO (r = 0,67), K
+
(r = 0,82), V’% (r = 0,80) e S (r = 0,60) e; de modo
fortíssimo com os valores de pH do solo (r = 0,90). Com exceção do K
+
, as demais
variáveis correlacionadas com o pH da água percolada estiveram também
correlacionados, pelo menos de modo forte, com os teores de MO dos solos usados
(TAB. 6.14a).
Entretanto, o K
+
no solo também mostrou estar correlacionado (r = -
0,69) com a lixiviação de resíduos do pesticida MP nas colunas ensaiadas (TAB.
6.15). Porém, efeitos similares não foram encontrados na literatura consultada.
Mas é possível que solos melhor supridos em K
+
tenham propiciado, na
disputa por sítios de adsorção, maiores oportunidades de troca com moléculas do
pesticida MP. Com isto pode ter havido maior liberação de K
+
do solo para a água de
percolação e, conseqüentemente, maior retenção de MP da água contaminada em
processo de drenagem.
150
6.3.3.3 - (S
o
x C
i
x MP) Atributos de solos (S
o
) nas comunidades (C
i
)
estudadas, e os resíduos do pesticida MP lixiviados
Além da MO, atributos de solos que estiveram correlacionados
fortemente com os teores de MP lixiviados foram o K
+
, pH, S e V’%, d
a
e P
t
dos
solos (TAB. 6.10; 6.15). Destes, apenas a d
a
esteve correlacionado positivamente
com o MP, enquanto os demais negativamente (TAB. 6.16a).
6.3.3.4 - (S
o
x P
i
x MP) Posições dos terrenos no relevo (P
i
), atributos
de seus solos (S
o
), e os resíduos do pesticida MP lixiviados
Os menores teores de resíduos de MP lixiviados foram verificados no
ensaio representativo da posição P
1
(5,54%) (TAB. 6.8), que possuía menores teores
de argila (98,66 g kg
-1
), de H
+
(2,100 cmol
c
kg
-1
), menor d
p
(2,552 kg dm
-3
), mas
possuía os maiores níveis de MO (63,66 g kg
-1
), CTC (16,68 cmol
c
kg
-1
), S’ (14,528
cmol
c
kg
-1
), V’% (87,40%), Ca
++
(12,383 cmol
c
kg
-1
), pH em água e em CaCl
2
do solo
(7,0 e 6,5, respectivamente), e maior P
t
(0,539 m
3
m
-3
) (TAB. 6.11). Em oposição, as
mais altas lixiviações de MP foram reveladas na posição P
2
(12,02%), que possuía,
também baixos teores de argila (110,16 g kg
-1
), os menores níveis de MO (41,33 g
kg
-1
), CTC (10,572 cmol
c
kg
-1
), S’ (7,856 cmol
c
kg
-1
), V’% (73,798%), Ca
++
(6,400
cmol
c
kg
-1
), pH em água e em CaCl
2
do solo (6,5 e 5,7, respectivamente), e menor P
t
(0,462 m
3
m
-3
), mas possuía maiores valores de d
a
(1,447 kg dm
-3
) e d
p
(2,694 kg
dm
-3
). As posições (P
i=1,2,3
) estiveram forte e negativamente correlacionadas com o
pH do solo (r= -0,60), S’ (r = -0,73) e MO (r = -0,61) (TAB. 6.14a,b). Isto significa que
os níveis de pH, S e MO diminuem ladeira acima (TAB. 6.11). Estas mesmas três
variáveis se correlacionam também forte e negativamente com os teores de MP
lixiviados (TAB.6.15). Também se diferenciaram, em sua magnitude, entre posições
(Pi), e estiveram correlacionados fortemente com os teores de MP lixiviados, V’%, a
d
a
e P
t
dos solos (TAB. 6.11; 6.15). Destes, a d
a
esteve correlacionado positivamente
com o MP, enquanto V% e P
t
negativamente.
RIEDER (1995) verificou que o solo do terço médio(P
2
) da vertente
estudada, em relação aos do terço superior(P
3
) e inferior(P
1
), possuía menor teor de
argila e de MO nas camadas analisadas, o que é coerente com os resultados do
presente trabalho.
6.3.3.5 - (E
i
x S
o
x MP) Camadas (E
i
)
e atributos de solos (S
o
) e a
mobilização hídrica de MP nestes
Atributos do solo que exercem forte influencia na adsorção (Ex.: MO)
ou que aceleram o processo de degradação (Ex.: S’, Ca
++
, K
+
, Mg
++
) de pesticidas,
geralmente, se apresentam em maior magnitude nas proximidades da superficial dos
solos. Uma investigação de RIEDER (1995) confirmou tendência de decréscimo dos
valores assumidos por estes atributos da superfície para dentro do perfil dos solos
estudados. Assim, tanto a adsorção como a degradação de pesticidas deve ocorrer
com mais intensidade na superfície do solo e em suas proximidades, ou seja, nas
primeiras camadas do solo, decrescendo em profundidade. Os resultados no
presente estudo confirmam isto. Contudo, a quantidade de moléculas de pesticidas
que ultrapassa determinada camada do perfil deste solo é inversamente
proporcional a extensão do trecho que as mesmas terão oportunidade de percorrer,
ou seja, no presente estudo, a espessura das colunas de solos. Sob enfoque
contrário, pode-se afirmar que a quantidade de moléculas retidas ao longo das
colunas de solos é proporcional a extensão percorrida pela água mobilizadora das
mesmas. Pois aumenta a chance das mesmas serem aprisionadas nos sítios de
adsorção expostos ao longo do caminho da água de drenagem. Isto explica o
151
decréscimo dos teores de resíduos de MP com o aumento da espessura das
colunas de solo do presente estudo.
6.3.3.6 - (MO x A
p
x C
i
) - Relação de atributos da água percolada (A
p
)
com a matéria orgânica do solo (MO) em comunidades estudadas (C
i
)
Alguns atributos da água percolada (TAB. 6.12), com valores menores
na comunidade C
1
, estiveram fortemente correlacionados positiva (Ca
++
) e
negativamente (Mn
++
e turbidez) com a MO do solo (TAB. 6.14a). Enquanto outros
(pH e condutividade elétrica), com valores maiores em C
1
, estiveram forte e
positivamente correlacionados com os teores de MO do solo. Embora a alcalinidade
tenha sido semelhante (F; α > 0,05) nas duas comunidades (TAB. 6.12), a mesma
apresentou-se forte e positivamente correlacionada com os teores de MO do solo
(TAB. 6.14a).
6.3.3.7 - (MO x A
p
x MP) - Matéria orgânica dos solos (MO), atributos da
água (A
p
) e a mobilização de MP nos ensaios
De modo semelhante aos efeitos dos atributos dos solos, em geral, os
da água percolada correlacionados com os teores de resíduos nela presentes
indicam, também, a existência de relação direta ou indireta com os teores e funções
da matéria orgânica nestes solos (TAB. 6.14a; 6.15; 6.16).
6.3.3.8 - (MO x C
i
x MP) - Matéria orgânica de solos (MO), comunidades
estudadas (C
i
), e a mobilização de resíduos de MP nos ensaios
Os solos de C
1
e de C
2
estudados, apesar de terem apresentados
(TAB. 3.6; 6.14) elevados teores de areia (700-850 g kg
-1
) e baixos teores de argila
(80-200 g kg
-1
) e silte (50-100 g kg
-1
) demonstraram poder considerável de retenção
de resíduos de pesticidas em suas camadas superficiais (TAB. 6.8; 6.9). Essa
retenção ou resistência à mobilização provavelmente esteja sendo comandada mais
intensamente pela presença de bons teores de matéria orgânica presentes nessas
camadas (TAB. 6.14; 6.16a). BENEVENUTO (1983) confirma essas previsões,
constatando que solos com menos de 10g/kg de carbono orgânico, proporcionarão
arraste mais acentuado de pesticida para as camadas mais profundas, podendo
ocasionar contaminação no lençol freático, quando este estiver mais próximo da
superfície do terreno
.
6.3.3.9 - (MO x P
i
x MP) - Matéria orgânica dos solos (MO), posições dos
terrenos no relevo (P
i
) e a mobilização de resíduos de MP nos ensaios
Os ensaios de colunas de solo das diferentes posições do relevo (P
1
,
P
2
e P
3
) mais bem supridas em MO (P
1
: 63,66 g kg
-1
; P
3
: 44,33 g kg
-1
) (TAB. 6.11)
deixaram lixiviar menos MP(P
1
: 5,54 % P
3
: 7,34 % P
2
:12,02 %) que na posição
com teores mais baixos de MO (P
2
: 41,33 g kg
-1
)
(TAB. 6.8; 6.9; 6.11). Isto evidencia,
em mais um aspecto, o poder de interferência da MO nestes processos.
6.3.3.10 - (MO x E
i
x MP) - Matéria orgânica (MO), camadas dos solos
estudados (E
i
), e a mobilização de MP nos ensaios
As três primeiras camadas superficiais dos solos, bem supridas de MO
(MO
E1
> MO
E2
> MO
E3
), exerceram retenção do 96,45% do pesticida MP aplicado na
superfície das colunas de solo dos ensaios (E
1
= 1 cm: 83,48%; E
1
+1 cm = E
2
:
95,17%; E
2
+1 cm = E
3
: 96,45%) (TAB. 6.9). Este maior potencial de retenção de
pesticidas das camadas superficiais do solo, verificadas no presente estudo, está
coerente com menções de ADAMS Jr. (1973), HAMAKER (1975), HAQUE (1975),
KATAN et al.,(1976) e BERG; LEPSCH & SAKAI (1987).
152
Porém ficou constatado uma retenção diferencial de MP
desproporcional nas camadas seguintes (E
2
ou E
3
), as quais derivam da anterior (E
1
ou E
2
) acrescida de 1 cm, o que não pode ser atribuído unicamente a diferenças nos
atributos dos solo eventualmente existentes entre camadas.
RIEDER (1995), estudando a distribuição da MO nos perfis de três
sistemas de uso e manejo atual de solos (S
1
- área virgem; S
2
- Pastagem; S
3
-
Agricultura) da comunidade C
2
, encontrou que o modelo matemático Hiperbólico do
tipo y = 1/(a+bx) melhor se ajustava para explicar as variações dos teores de MO (y)
em função da profundidade(x) do perfil, de qualquer um dos três sistemas. Contudo,
em S
1
as três camadas inicias possuíam, em média, teores 2,3 vezes superiores de
MO que em S
2
, enquanto que, no presente estudo, S
2
deixou lixiviar teores de MP
2,1 vezes maiores que em S
1
. Os solos representativos destes três sistemas (S
1,2,3
),
no presente estudo, deixaram, em média, lixiviar 3,64 vezes mais resíduos de MP na
camada E
1
(0-1 cm) que na camada E
2
(0-2 cm), porém desta para E
3
(0-3 cm) a
diferença não foi o expressiva (1,47 vez). Isto indica que em E
1
,
E
2
e E
3
ficaram
retidos, respectivamente, 76,52 %, 93,55% e 95,62 % do total de MP aplicado na
superfície dos ensaios (TAB. 6.8; 6.9). O que se observa, nos leva a suspeitar que o
elevado poder de retenção de MP em E
1
de fato possa ser atribuída aos bons teores
de MO neste solo. Embora a MO possa ter sido a principal componente, neste
modelo experimental, que teria determinado o tipo de mobilização de MP, outros
fatores como, os tempos de oportunidade às interações entre MP, água e solo
(contendo MO) podiam ainda não ter se completado.
Os indicativos no presente trabalho levam a acreditar que as camadas
superficiais de solos, estando bem supridas de MO e adequadamente manejadas,
sejam as mais potentes para reterem, exercerem resistência à mobilização e para
favorecerem a decomposição ou desativação de pesticidas lançados no ambiente.
Por outro lado, em solos submetidos a ações antrópicas pouco
preparadas para resguardarem ou recomporem níveis adequados de MO, em
especial com referência a camadas superficiais, a mobilização de poluentes
químicos no perfil fica facilitada, principalmente se os solos forem muito arenosos.
6.3.3.11 - (A
p
x C
i
x MP) - Atributos da água (A
p
), comunidades (C
i
) e a
lixiviação de MP
A princípio acreditava-se que a mobilização de MP e seus metabólicos
nos ensaios referentes à comunidade C
1
, em relação dos de C
2
(TAB. 6.8; 6.9), seria
favorecida pelo pH mais elevado da correspondente água de percolação (TAB.
6.12). Mas houve uma relação negativa ou inversa entre pH da água percolada e
teores de MP mobilizados por esta (TAB. 6.15; 6.16b). O que pode significar que em
ambientes mais ácidos, superficialmente contaminados, fluxos hídricos podem
arrastar maiores teores de pesticidas “perfil adentro”, a exemplo do ocorrido no
presente ensaio com o MP. Contudo, os valores do pH da água e os teores de MP
lixiviados estiveram, ambos, correlacionados de modo forte com a MO (r
pHágua x MO
=
0,67; r
MP x MO
= -0,66; r
pHágua x MP
= -0,60) (TAB. 6.14a).
6.3.3.12 - (A
p
x P
i
x MP) - Atributos da água de percolação (A
p
), posições
ocupadas no relevo pelos solos (P
i
) e os resíduos de MP lixiviados
Ao relacionar os resíduos de MP mobilizados na posição P
1
(5,54%) -
onde foram menores (TAB.6.8; 6.9), com atributos da água de percolação
(TAB.6.13), constatou-se que nestas havia a presença de maiores níveis de Ca
(7,068.10
-3
g L
-1
), Mg (1,920.10
-3
g L
-1
), alcalinidade (42,333 µg L
-1
em CaCO
3
), pH
(6,46), condutância elétrica (0,101 nS cm
-1
) e temperaturas (23,03 ºC); mas ocorriam
os mais baixos teores de Mn (0,015.10
-3
g L
-1
). Em contraste, na posição P
2
153
(12,02%), onde ocorreram as mais altas mobilizações de MP, na água de percolação
de seus ensaios, havia os mais baixos teores Ca (0,632.10
-3
g L
-1
) e Mg (0,610.10
-3
g L
-1
), e o mais alto teor de Fe (0,369.10
-3
g L
-1
). O pH da água apresentou
correlações forte e negativa com o Mn (r = -0,84) e, forte e positiva com a
condutância elétrica da água (r = 0,73) e com a MO (r = 0,67) do solo usado nas
colunas de percolação (TAB. 6.14a). O Ca da água apresentou correlação forte e
positiva com a MO (r = 0,62). Os maiores teores de Ca e Mg em água percolada
foram encontrados na posição que mobilizou menos resíduos de MP, enquanto os
respectivos menores teores foram verificados na posição que mais mobilizou MP em
seus correspondentes ensaios de percolação (TAB 6.8; 6.9; 6.13). O que leva supor
a existência de funções de dependência entre os teores lixiviados e os níveis destas
variáveis, direta ou indiretamente.
6.3.3.13 - (t
i
x A
p
x MP) - Momento da indução (t
i
) da mobilização hídrica
em solos, atributos da água percolada (A
p
), e os resíduos de MP nesta
Suspeita-se que entre o início da drenagem e até a extração do analito
possam ocorrer também transformações abióticas, induzidas por algumas
propriedades da água como o seu pH (o que mais afeta a estabilidade do pesticida),
diante das condições ambientais (microclima) e de íons que possuem afinidade
reativa com as moléculas de resíduos de MP.
6.3.3.14 - (C
i
x P
i
x MP) Comunidades (C
i
), posições do terreno no
relevo (P
i
) e os resíduos do pesticida MP lixiviados
Embora os solos sejam de mesmas classes na comunidade C
1
ao
longo da vertente estudada (P
1
, P
2
, P
3
) (TAB. 3.6), os teores de resíduos lixiviados
nos respectivos ensaios foram mais elevados (F; Tukey; α < 0,05) no terço médio
(P
2
= 8,85 %) em relação aos do terços inferior (P
1
= 3,85 %) e superior (P
3
= 2,78 %)
da vertente, estas últimas não diferindo entre si (F; Tukey; α > 0,05) (TAB.6.9). Na
comunidade C
1
, a média de resíduo de MP lixiviado na posição P
2
foi 3,18 vezes
maior que em P
3
. As diferenças devem estar relacionadas aos distintos potenciais de
sorção das amostras analisadas, o que concorda com observações similares de
HAMAKER (1975). Estudando também um pesticida organofosforado (malation),
HIRATA et al. (1986) verificaram que a velocidade de degradação variou conforme o
tipo de solo com que interage, estando estreitamente ligada a fenômenos de sorção.
Já na comunidade C
2
,
com solos distintos nas três posições da vertente
(P
1
, P
2
e P
3
) (TAB. 3.6), os teores de resíduos lixiviados de MP nas respectivas
colunas também diferiram entre si (F; Tukey; α < 0,05), havendo em P
2
(15,19 %)
1,27 e 2,10 vezes mais resíduos de pesticida lixiviados que em P
3
(11,89 %) e em P
1
(7,22 %) (TAB. 6.9).
6.3.3.15 - (C
i
x E
i
x MP) Comunidades (C
i
), camadas do solo (E
i
) e os
resíduos do pesticida MP lixiviados em ensaios com seus solos
Nas comunidades C
1
e C
2
os teores de resíduos de MP lixiviados foram
mais elevados (F; Tukey; α < 0,05) nos respectivos ensaios da camada E
1
(9,56 % e
23,48 %) em relação às camadas E
2
(3,21 % e 6,45 %) e E
3
(2,72 % e 4,38%), estas
duas não diferindo entre si em ambas as comunidades (TAB. 6.9; 6.17). Mas os
teores lixiviados tanto nas camadas E
1
como E
2
distinguiram-se entre C
2
e C
1
,
sendo, respectivamente, 2,45 e 2,00 vezes maiores nas camadas de solos de C
2
.
O decréscimo de concentração de resíduos na água percolada com a
ampliação da espessura das camadas de solo, verificada através do ensaio de
colunas de solos de C
1
e de C
2
, indica a continuidade da existência de sítios de
retenção com a penetração no perfil (colunas de solo). Pode haver diferentes
154
respostas entre solos e, também pode não se conservar uma razão constante entre
resíduos lixiviados e a espessura de sucessivas camadas de solos atravessadas
pela água, observações que conferem com resultados obtidos com triazinas por
LANGENBACH & SCHROLL (1999).
6.3.3.16 - (t
i
x C
i
x MP) - Momento da indução (t
i
) da mobilização hídrica
em solos de distintas comunidades (C
i
), e os resíduos de MP lixiviados
Os teores de resíduos do pesticida MP lixiviados, nos dois primeiros
momentos de indução t
0
(30 min) e t
1
(2 dias) foram mais elevados (α < 0,05) nas
colunas de solo da comunidade C
2
(t
0
= 32,45 % e t
1
= 1,44 %) do que nas de C
1
(t
0
=
14,25 % e t
1
= 0,80 %) (TAB. 6.9; TAB. 6.17). Entretanto, no terceiro momento de
indução (t
2
: 4 dias) os teores de MP lixiviados foram semelhantes (α > 0,05) nas
duas comunidades (0,44 %). Os resultados do ensaio indicaram que chuvas
imediatas após a contaminação da superfície do solo são capazes de arrastar para
dentro do perfil teores expressivos de pesticidas. Sendo que na comunidade C
2
os
solos expressaram-se mais frágeis à retenção, propiciando a maior concentração de
veneno na água percolada.
6.3.3.17 - (Pi x E
i
x MP) Posições do terreno no relevo (P
i
), camadas do
solo (E
i
) e os teores de resíduos de MP mobilizados
Os teores de MP lixiviados, nas três posições relativas na vertente dos
terrenos amostrados (P
1
, P
2
e P
3
), foram sensivelmente mais acentuados (α < 0,05)
nas camadas E
1
(13,3 %; 20,25 % e 16,01 %) em relação aos teores lixiviados de
suas camadas E
2
e E
3
, estas últimas não se diferenciando entre si (P
1
E
1
: 13,31 % >
P
1
E
2
: 2,85 % =
P
1
E
3
:
0,46 %; P
2
E
1
: 20,25 % >
P
2
E
2
:7,98 % = P
2
E
3
:
7,85 %; P
3
E
1
:
16,01 % >
P
3
E
2
: 3,66 % =
P
3
E
3
:
2,35 %) (TAB. 6.9)
.
Mas observa-se que os teores
lixiviados de MP nas camadas E
2
e E
3
em P
2
foram maiores que nas
correspondentes camadas de P
1
e de P
3
. Houve uma enorme distinção entre as três
posições quanto a proporcionalidade de lixiviação ocorrida em suas camadas E
1
com relação as de E
3
. Com base nas análises de outros fatores efetuadas, as
evidências indicam que estas distinções se devem principalmente devido ao efeito
dos teores de MO em todos os P
i
e E
i
.
6.3.3.18 - (t
i
x P
i
x MP) - Momento da indução (t
i
) da mobilização drica,
posições no relevo (P
i
), e os resíduos de MP lixiviados
Nas três posições relativas na vertente dos terrenos amostrados (P
1
, P
2
e P
3
) a mobilização hídrica do pesticida MP foi sensivelmente mais acentuada (α <
0,05) quando a percolação foi induzida 30 min (t
0
) após a contaminação da
superfície do que nas induções à lixiviação de resíduos remanescentes, em dois
outros momentos (t
1
: 2 dias; t
2
: 4 dias), estes últimos não se diferenciando (P
1
t
o
:
15,76 % > P
1
t
1
: 0,54 % =
P
1
t
2
:
0,33 %; P
2
t
o
: 34,25 % >
P
2
t
1
:1,47 % = P
2
t
2
:
0,35 %; P
3
t
o
:
20,04 % >
P
3
t
1
: 1,34 % =
P
3
t
2
:
0,63 %) (TAB. 6.9)
.
Mas observa-se que os teores
lixiviados de MP em P
1
(15,76% e 0,54%%) foram menores que em P
2
(34,25 % e
1,47 %), tanto nas induções t
o
como em t
1
, o que deve estar relacionado
principalmente as diferenças nos teores de MO nos solos destas duas posições
(TAB.6.14a; 6.11; 6.15; 6.16a). Mas, independente da posição do terreno (P
i
), a
lixiviação de resíduos MP foi expressivamente maior na primeira indução (t
o
) da
mobilização edafo-hídrica, mas não é necessariamente de mesma magnitude entre
as posições (TAB. 6.8).
155
6.3.3.19 - (E
i
x t
i
x MP) - Momento da indução (t
i
) da drenagem, camadas
do solo (E
i
), e os teores de resíduos de MP lixiviados
Nas três colunas de solo estudadas (E
1
, E
2
e E
3
) a mobilização hídrica
do pesticida MP foi sensivelmente mais acentuada (α < 0,05) quando induzida 30
min (t
0
) após a contaminação da superfície do que nos outros dois momentos (t
1
: 2
dias; t
2
: 4 dias) [(E
1
t
o
: 47,976 % > E
1
t
1
: 0,98 % =
E
1
t
2
:
0,62 %; E
2
t
o
: 13,27 % >
E
2
t
1
:
0,83 % = E
2
t
2
:
0,39 %; E
3
t
o
: 8,82 % >
E
3
t
1
: 1,53 % =
E
3
t
2
:
0,31 %)] (TAB. 6.9). Estas
distinções entre camadas (E
i
) e momentos da drenagem (t
i
), provavelmente, também
estejam fortemente influenciadas pelos seus teores diferenciados de MO (sendo MO
= 1/(a+bE
i
)
,
pelo conteúdo remanescente de MP no solo, pelos níveis e processos
de ocupação e desocupação dos sítios de sorção e, pela degradação ocorrida
.
Em conformidade com outros estudiosos, condições climáticas
(OLIVEIRA & BEGAZO, 1989) e os agentes da biodegradação (GORING et al.,
1975), com efeitos combinados e potencializados em ambientes tropicais, devem
estar, provavelmente, no dia, intensificando o processo de destinação final do
pesticida.
6.3.4 - Tetra interação entre fatores
6.3.4.1 - (S
o
x A
p
x Ci x MP) - Atributos de solos (S
o
), da água percolada
(A
p
), comunidades envolvidas (C
i
), e os resíduos de MP mobilizados
A magnitude dos atributos do solo e da água (TAB. 6.10; 6.12; 6.13)e
suas relações verificadas (TAB. 6.14; 6.15; 6.16), robustecem a tese que as
principais razões de ter havido menos resíduos lixiviados nas condições estudadas
de C
1
(TAB. 6.9; 6.17) foram devido à presença de teores mais elevados de MO nos
solos dos respectivos ensaios, o que também propiciou uma, relativamente, elevada
CTC, S e V’% (principalmente devido a metais alcalinos) conferindo isto um pH
próximo a 7 para a solução do solo (TAB. 3.6; 6.10). Portanto, a menor lixiviação em
C
1
estaria explicada, principalmente, pela oferta de condições mais favoráveis para
prevalência de dois fenômenos naquele meio: as maiores inativação e adsorção no
solo das moléculas de pesticidas veiculadas, quando comparado com o que
aconteceu em C
2
.
6.3.4.2 - (P
i
x E
i
x MO x MP) - Posição no relevo (P
i
), camadas (E
i
) e
matéria orgânica dos solos (MO), e os resíduos de MP lixiviados
Seja qual for a posição do terreno no relevo (P
i
), as camadas
superficiais (E
i=1,2,3,...,20
) são as de maior interesse agroecológico, em especial
quando se trata de solos cuja principal responsável pelo processo de sorção é a MO
presente. Em geral, conforme constatado por RIEDER (1995), os terrenos em
posição P
1
são os que possuem teores mais acentuadamente diferenciados de MO
nas camadas E
1
, E
2
, E
3
, e a diferenciação menos acentuada ou até inexistente
ocorre na posição P
2
. Isto é explicado pela diferença de intensidade dos processos
erosivos atuantes. Assim, a posição P
2
é a que sofre maior remoção de matéria e a
P
1
é a maior receptora dos materiais derivados das outras posições (TAB. 6.11). Isto
tem reflexo pronunciado na diferenciação da susceptibilidade à lixiviação de
resíduos de pesticidas nas camadas de solo de cada posição ocupada pelo terreno
no relevo, comandado principalmente pela MO. Contudo as camadas de 0-1 cm (E
1
)
das posições P
i=1,2,3
, podem se constituir em uma exceção no que se refere a
lixiviação de pesticida. No presente estudo, de fato os teores médios mobilizados de
MP nas camadas E
1
nas posições P
1
(13,31 %), P
2
(20,25 %) e P
3
(16,01 %)
estatisticamente não se distinguiram, embora numericamente sinalizaram uma
tendência para a sua diferenciação (TAB. 6.9). Porém, nas camadas E
2
e E
3
as
156
lixiviações de MP foram estatisticamente (F; α < 0,05) maiores em P
2
(7,98 % e 7,85
%) e menores em P
1
(2,85 % e 0,46 %) conforme esperado.
É, portanto, de extrema necessidade que os agricultores sejam
orientados sobre a importância da MO em ambientes que sofrem contaminação por
pesticidas. Assim como também para aplicação de manejos adequados para a
manutenção ou recuperação da mesma, tanto em termos de conteúdo como de
distribuição no perfil do solo. Pois a MO, principalmente em solos arenosos, é a
componente de solo, administrável, capaz de afetar substancialmente a mobilização
hídrica de moléculas químicas danosas no meio edafopedológico.
6.3.4.3 - (C
i
x P
i
x E
i
x MP) Comunidades (C
i
), posições no relevo (P
i
),
camadas (E
i
) de solos estudados e a lixiviação de MP através destas
As interpretações e discussões mais consistentes desenvolvidas neste
estudo sugerem que as diferenças encontradas de teores de resíduos de pesticidas
de MP lixiviados entre tratamentos, se devem as distintas capacidades de adsorção
das várias origens (C
i
x P
i
x E
i
) das amostras de solos utilizados nos ensaios (TAB.
6.7; 6.8; 6.9). O que é fortemente regido pelo conteúdo e distribuição da matéria
orgânica nestas amostras de solos (TAB. 6.14a; 6.10; 6.11; 6.16). De fato,
SANCHEZMARTIN & SANCHEZCAMAZANO (1991), trabalhando com oito solos de
variados conteúdos de argila e MO, identificaram que a adsorção do pesticida MP é
governada pelos conteúdos de MO presentes nesta matriz contaminada.
6.4 – RISCOS REVELADOS PELO ENSAIO
Havendo correspondência entre uma escala de risco e os teores de MP
lixiviados nos solos, pode-se considerar que os fatores comunidade (C
i
)”, posição
ocupada pelo terreno no relevo (P
i
)”, espessura de extratos do perfil (E
i
) e
momento da indução da percolação (t
i
)submeteram a comunidade C
2
a um nível
de risco (NR
CDPAH/Ci,Pi,Ei,ti
) maior que a C
1
(TAB. 6.17). O estudo demonstra que os
efeitos de C
i
, P
i
, E
i
e de t
i
propiciaram, no geral, um maior teor de resíduos lixiviados
do pesticida MP em C
2
que em C
1
(TAB. 6.9).
Em dez situações, sete mostraram concentrações significativamente
maiores de resíduos na água percolada em C
2
que em C
1
(TAB. 6.17).
As outras três situações foram semelhantes nas duas comunidades.
Com base nos resultados e discussões havidas neste estudo, assume-
se que os teores de pesticidas lixiviados constituem um importante indicador de risco
de contaminação ambiental e de danos bióticos.
Entretanto, é necessário considerar, que nas condições estudadas e
metodologia utilizada, os teores de resíduos translocados através de camadas mais
espessas (3-50 cm) de solos que a de 0-3 cm foram desprezíveis, não detectados
ou muito menores que os verificados nos três primeiros centímetros. Isso foi
constatado no estudo preliminar à definição do modelo de ensaio laboratorial a
utilizar na presente investigação.
CAPITULO 7 - SÍNTESE DA SEÇÃO 2
158
1. Os ensaios da comunidade C
2
deixaram lixiviar mais resíduos de MP nos solos
que os de C
1
. Em C
1
os teores de MO foram mais elevados que em C
2
.
2. Solos dos terços inferior (P
1
) e médio (P
2
) das vertentes demonstraram,
respectivamente, maior e menor retenção de resíduos de MP nas camadas
iniciais, em relação às outras posições, diante de fluxos hídricos. Nestas posições
teve-se, respectivamente, o solo melhor e pior suprido de MO.
3. A fração de MP que adentrou no solo concentra-se mais no primeiro centímetro
das camadas superficiais, decrescendo acentuadamente com a penetração no
solo. O primeiro centímetro de solo é também o melhor suprido de MO.
4. A quantidade de MP mobilizado para além dos primeiros 3 cm da superfície foram
entre 2,5 a 28 vezes menores das quantias que atravessaram a camada de 0-1
cm, sendo afetados por alguns atributos do solo e da água de percolação.
5. o foram constatadas presença de resíduos de MP em águas percoladas de
ensaios com colunas de solos mais espessos que 5 cm.
6. Isto sugere que águas subterrâneas não-aflorantes destas localidades
apresentam risco desprezível de serem contaminadas por este pesticida.
7. Foi constatado também que quanto mais precoce a incidência de água sobre
solos contaminados por MP mais resíduos são mobilizados no perfil dos mesmos.
8. Mesmo quatro dias após a contaminação da superfície por MP, percolações ainda
fazem lixiviar em torno de 0,44% resíduos de MP nas camadas de solo de 0-3 cm.
9. A fração da quantidade de pesticida MP aplicado em lavouras de algodão que é
hidromobilizada da superfície para dentro dos primeiros centímetros do perfil dos
solos está associada a alguns atributos do solo e da própria água de percolação.
10. Os atributos do solo que afetaram fortemente os teores de MP lixiviados foram
seus níveis de MO, K
+
, Mg
++
, pH, soma (S’) e saturação (V’%) de bases trocáveis,
e também a sua densidade aparente (d
a
) e porosidade total (P
t
).
11. Os atributos de solos fortemente correlacionados com o teor de resíduos
mobilizados estiveram fortemente correlacionados com a MO (g.dm
-3
), exceto K
+
.
12. Os atributos da água percolada que exerceram efeito diferenciado significante e
estiveram fortemente associados aos teores de MP mobilizados, foram os seus
níveis de pH, Cu
++
, e a turbidez da mesma.
13. As camadas mais próximas da superfície do solo foram as que mais seguraram
resíduos de MP, graças aos mais altos teores de MO, mas são os mais
vulneráveis à erosão e aos desgastes pelo uso antrópico. Por isso, é
recomendável o uso de medidas de manutenção de bons teores de matéria
orgânica e de técnicas adequadas de conservação de solo e anti-erosivas.
14. Lavouras dependentes de pesticidas, nas bordas do Pantanal, em solos, mesmo
arenosos, mas bem supridos por matéria orgânica, desde que o lençol freático
não se aproxime mais de 20 cm da superfície do solo, possibilitam risco mínimo
de contaminação de águas subterrâneas por MP. Entretanto, medidas efetivas de
controle erosivo devem ser adotadas, para evitar deslocamento do material
contaminado a outros ambientes. A ameaça do MP ao Pantanal usado às suas
bordas, cresce com a intensificação dos escorrimentos superficiais (“runoff”) e
com a redução dos teores de MO. Assim, a recomendação é o controle da erosão
e a manutenção ou incorporação de adequados teores de MO nestas áreas.
CAPITULO 8 - CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS
160
Respondendo aos objetivos iniciais do projeto de tese, com base nas
demonstrações de seções anteriores, para os limites das áreas e períodos
estudados, pode-se concluir que:
1. As duas comunidades (C
1
,
C
2
) não podem ser consideradas iguais em todas as
características analisadas, relacionadas aos fatores Homem ou Cotonicultor (H),
Pesticidas usados (P), Ambiente de atuação (A) e suas interações (H-P-A);
embora ambas estejam localizadas no mesmo município (Cáceres-MT), às
bordas do Pantanal, constituídas de famílias de pequenos agricultores,
tradicionalmente cotonícolas.
1.1. As comunidades (C
1
, C
2
), foram similares em 25 (49,01 %) entre 51
características, e as seis safras (1992-1997) em 7 (41,17 %) entre 17
características avaliadas;
1.2. As comunidades (C
1
, C
2
) se distinguiram no fator H, nas expressões de 3 (
υ
1,
, υ
2
, e
υ
6
) entre 6 características; no fator P, nas expressões de 3 (
υ
7
,
υ
8
’, e υ
13
) entre 11
características; no fator A, nas expressões de 6 (
υ
15,
υ
16
, υ
17
, υ
18
, υ
20
, υ
21
) entre 7
características; e nas interações dos H-P-A, nas expressões de 14 (
υ
23,
υ
24
, υ
27
, υ
28
, υ
30
,
υ
31
, υ
32
, υ
33
, υ
34
, υ
36
, υ
37
, υ
38
, υ
39
e υ
42
)
entre 27 características avaliadas;
2. As seis safras de algodão (1992-1997) também se distinguiram em alguns
aspectos mas não em outros;
2.1. As distinções se verificaram no fator P, nas expressões de 3 (
υ
10,
υ
13
, e υ
14
) entre 3
características; e nas interações de H-P-A, nas expressões de 7 (
υ
25,
υ
28
, υ
33
, υ
34
, υ
36
e
υ
36
”, υ
45
, υ
46
) entre 14 características avaliadas;
3.Verificou-se que características relacionadas aos fatores H, P, A e suas
interações, em geral, podem também se constituir em indicadores de risco de
contaminação e de danos decorrentes do potencial danoso dos pesticidas
usados (R
CDPAH
);
3.1. Das características analisadas que compõem os fatores H, P, A e suas
interações, 51 foram selecionadas e reconhecidas como sendo indicadoras do
risco (R
CDPAH
);
4. As duas comunidades (C
1
, C
2
) foram similares no fator P (r
1
= 40,5%), mas foram
distintas nos fatores H (
C
1
, r
1
= 48,2 % > C
2
, r
1
= 33,2 %),
A (
C
1
, r
1
= 49,1% < C
2
, r
1
= 59,0 %),
e
interações H-P-A (
C
1
, r
1
= 45,6 % < C
2
, r
1
= 53,9 %),
diante das proporções assumidas
pelas categorias de maior (r
1
) e de menor (r
2
) risco (R
CDPAH
), considerando o
conjunto dos casos analisados;
5. No período estudado, as seis safras (1992-97) distinguiram-se no fator P (
Safra
1995
,
r
1
= 33,2% < Safras
demais
, r
1
: situado entre 40,9 % e 46,6 %)
e se assemelharam na interação
dos fatores H-P-A (r
1
= 36,0 %) com relação às proporções r
1
e r
2
;
6. As duas comunidades (
C
1
, r
1
= 44,57 % < C
2
, r
1
= 47,21 %)
e também as seis safras
(
Safra
1995
, r
1
= 34,7 % < Safras
demais
, r
1
: situado entre 37,6 % e 41,5 %
), apresentaram proporções
distintas nas categorias de risco, significando que, no geral, C
1
e a safra de 1995
estiveram menos vulneráveis, que as demais situações, ao potencial danoso
derivado de pesticidas usados nos ambientes e safras avaliadas;
7. Os agricultores declararam freqüente uso e manejo inadequado de pesticidas,
revelando alta (>1/3) a proporção da categoria focada (c
f
) ou de maior risco (r
1
),
e de forma diferenciada nas duas comunidades (C
1
,
r
1
= 45,37 % <
C
2
,
r
1
= 51,01 %
),
mas de modo similar durante as seis safras consideradas (r
1
= 36,93 %);
161
8. O perfil da cotonicultura, após o ano de 1990, foi se alterando substancialmente
no território mato-grossense.
8.1. Estas alterações se deram quanto a sua importância sócio-econômica, aos
sistemas de cultivo praticados, a tecnologia aplicada, ao tipo de agricultor
envolvido, a comercialização e industrialização da produção, as áreas cultivadas,
aos principais municípios e regiões plantadoras de algodão;
8.2. Ocorrem alterações também quanto aos produtos usados, formas
predominantes de aplicação e, suspeita-se, com isto, que o nível de risco
ambiental e à saúde das pessoas tenha sofrido modificações também;
8.3. Porém, mesmo nas safras mais recentes (2000-2003), o pesticida metil paration
(MP) continua em uso na cotonicultura de MT.
9. Nas condições de C
2
, os atributos ambientais (C
i
,P
i
, E
i
; Solos) e de tempo (t
o
)
considerados permitiram um maior percentual de mobilização edafohídrica de
resíduos de MP através de colunas de seus solos, do que nas de C
1
.
9.1. O que deve ter deixado C
2
mais vulnerável a impactos negativos pela maior
contaminação ambiental originada pelo uso de pesticidas, em relação a C
1
.
10. Os resultados sugerem que os fatores considerados (C
i
, P
i
, E
i
e t
i
) nos ensaios
de lixiviação de resíduos de MP em colunas de solo possam constituir indicadores
relativos de risco de contaminação ambiental e de conseqüentes danos
biológicos;
11. Os bons teores de matéria orgânica nos solos não permitiram os resíduos de MP
lixiviarem para profundidades maiores que 5 cm iniciais das colunas de solos de
ambas as comunidades;
11.1. Isso indica que o risco de contaminação de águas e ambientes subterrâneos,
por MP, devido a mobilização edafohídrica, foi desprezível, salvo nas
proximidades da superfície do solo (0-5 cm);
11.2. Pelo poder que a MO mostrou ter à retenção de resíduos de MP no processo
de percolação, esta constituinte do solo caracteriza-se como uma indicadora
consistente do risco de contaminação ambiental, em especial de águas
subterrâneas e superficiais, e de conseqüentes danos biológicos;
12. Conclui-se então, que o risco relativo de contaminação e de danos ao ambiente
e à saúde humana, nas áreas cotonícolas das bordas do Alto Pantanal, foi
desprezível quanto o comportamento químico e físico dos resíduos de MP
lixiviados pelo perfil de solos com bons teores de matéria orgânica, mas foram
substanciais e distintos quanto os aspectos socioeconômicos, no trato com
pesticidas, dos agricultores das comunidades do Facão (C
1
) e de Barra Nova (C
2
),
entre 1992-97.
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APÊNDICES
E
ANEXOS
186
APÊNDICE 1
QUADRO 1.1 - Guia formulado e utilizado para orientar e sistematizar a coleta de
dados referente aos aspectos da interação Homem (H)-Pesticida (P)-Ambiente (A)
Informante (Titular): Data: Coletor:
Facão(C
1
) Barra Nova(C
2
)
Aspectos a considerar
92 93 94 95 96 97 92 93 94 95 96 97
1.O Homem cotonicultor (H)
1.1.Naturalidade
1.2. Regime migratório
1.3.Escolaridade (grau)
1.4.Idade (anos)
1.5.Pessoas dependentes- família (nº)
1.6..Renda familiar (Vol. físico e em
R$)
2. Os pesticidas na cotonicultura(P)
2.1. Pesticidas comerciais usados
2.2.Formulação
2.3.Grupo químico
2.4.Agrupamentos químicos
2.5. Pacote de pesticidas usados
2.6.Ingrediente ativo
2.7.Modo de ação
2.8 Classe Toxicológica
3.O ambiente da cotonicultura (A)
3.1.Área da propriedade (ha)
3.2.Vegetação (descrição)
3.3.Relevo(descrição)
3.4.Aspectos hídricos (descrição)
3.5.Clima(Registros existentes)
3.6.Solos (Descrição)
3.7.Fauna (Descrição)
4.Interações H-P-A
4.1.Aspectos da cotonicultura local
4.1.1.Domínio na atividade
4.1.1.1.Fonte do saber
4.1.1.2.Treinamento recebido
4.1.1.3.Conceito de veneno bom
4.1.1.4.Tempo experiência total (anos)
4.1.1.5.Tempo experiência local(anos)
4.1.2.Regime de ocupação das terras
4.1.2.1.Regime de ocupação
4.1.3.Características do cultivo
4.1.3.1.Força de trabalho usada
4.1.3.2.Época de plantio (período)
4.1.3.3.Área plantada (ha)
4.1.3.4.Colheita de algodão (período)
4.1.3.5.Produção (kg)
4.1.3.6.Produtividade(kg/ha)
187
Continuação...QUADRO 1
92 93 94 95 96 97 92 93 94 95 96 97
4.2.O uso e manejo de pesticidas
4.2.1.Início do trat. Fitossanit.(data)
4.2.2.Término trat. fitossanit.(data)
4.2.3.Número de tratamentos
4.2.4.Mistura de pesticidas-caldas
4.2.5.Fase de uso por pesticida
4.2.6.Dose usada por pest. (mL/20L)
4.2.7.Volume total usado por pest.(L)
4.3.Medidas de proteção ambiental
4.3.1.Destino da embalagem vazia
4.3.2.Destino da soqueira-lavoura
4.4.Medidas de proteção pessoal
4.4.1.Alimentares
4.4.2 Indumentárias
4.4.3.Fitoderivadas
4.4.4.Higiênicas
4.4.5.Diversas/outras
4.5.Medidas curativas(desintoxicação)
4.5.1.Alimentares
4.5.2.Higiênicas
4.5.3.Fitoderivadas
4.5.4.Formais/oficiais
4.5.5.Diversas/outras
4.6.Aquisição e armazenagem pest.
4.6.1.Via de aquisição (R.A.)
4.6.2.Local de aquisição(tipo comércio)
4.6.3.Local de armazenagem do pest.
4.7.Casos de intoxicação por pest.
4.7.1. Agentes intoxicantes
4.7.2. Ano da intoxicação
4.7.3. Causas intoxicantes
4.7.4. Gravidade da intoxicação
4.7.5. Nº pessoas vítimas/família
4.7.6. Nº intoxicações sofridas
4.7.7. Intoxicações-mesmas vítimas
4.7.8. Via de entrada do intoxicante
4.7.9 Sinais de intoxicação relatados
Obs.:
-Cada célula ou quadrinho (cruzamento da variável com o ano) representa um ambiente de informação específica no presente
estudo, cujo espaço foi adequado conforme a necessidade.
-Outros dados complementares e de aprofundamento também foram coletados, mas não incluídos nos resultados apresentado no
presente trabalho
188
APÊNDICE 2: CROMATOGRAMAS
FIGURA 1.1 – Cromatogramas de metil paration (MP) obtido com os procedimentos e condições de trabalhos adotados.
Obs.:Cromatógrafo CG Mod. 500 A com detetor de N e P, processador CG 300 ; coluna de sílica fundida DB –5 (5% fenil dimetil sloxano) 14 m x 0,53 mm e 0,5 µm de
espessura de fase estacionária; operação isotérmica; temperatura da coluna : 210ºC; temperatura do vaporizador : 250ºC; temperatura do detector: 280 ºC; fluxo de gás de
arraste : nitrogênio (10mL/ min); velocidade do papel integrador: 10 mm/min; volume de solução injetada: 0,5 µL; vazão no detetor do gás H
2
e do ar sintético: 4 mL/min e
120 mL/ min, respectivamente.
189
ANEXO I:
Aspectos climáticos no município de estudo (Quadros 1; 2)
QUADRO 1 - Temperaturas (ºC) mínimas e máximas médias mensais registradas na Estação Meteorológica de Cáceres no
período de 1992-97 e as normais da localidade, Cáceres (MT), 1998.
Meses 1992 1993 1994 1995 1996 1997 Normais (1931-60)
(1)
Max Min Max Min Max Min Max Min Max Min Max Min Max Med Min
Janeiro
32,2 23,4 32,9 20,3 32,0 23,6 30,2 23,6 31,7 19,4 32,1 21,1 32,1 26,4 22,6
Fevereiro
32,3 23,6 31,9 22,9 32,5 23,1 31,9 23,0 32,7 17,2 32,3 21,2 32,1 26,4 22,7
Março
32,3 23,5 33,9 23,5 32,6 23,0 33,0 22,0 31,8 22,3 32,1 21,3 32,1 26,2 22,5
Abril
33,0 22,7 32,6 22,3 32,5 22,3 30,7 20,1 31,9 18,7 31,0 22,8 31,5 25,3 20,8
Maio
32,1 22,2 30,2 21,2 31,3 20,4 29,4 18,2 30,8 16,1 30,5 19,2 30,8 23,5 18,3
Junho
31,8 19,4 29,7 16,7 29,7 18,1 30,0 17,5 27,8 10,6 30,1 18,5 29,7 22,1 16,6
Julho
28,5 14,3 29,1 15,4 29,1 15,7 32,1 16,6 31,2 10,0 31,6 16,7 30,4 21,5 15,0
Agosto
29,8 17,7 30,6 16,5 32,9 16,4 31,2 15,6 34,7 16,2 32,0 18,0 33,2 23,9 16,6
Setembro
30,4 19,6 33,1 20,2 34,7 21,1 34,7 19,9 33,2 17,1 36,1 22,7 34,3 26,1 19,7
Outubro
32,8 19,2 21,9 34,7 23,0 34,8 17,6 34,7 18,9 35,2 23,9 34,2 26,8 21,6
Novembro
32,2 20,2 34,4 23,5 33,4 23,2 33,8 18,5 32,6 19,9 34,7 23,8 32,9 26,6 22,1
Dezembro
32,3 21,0 33,1 23,8 31,7 23,3 31,8 18,8 33,3 22,1 34,6 23,1 32,6 26,6 22,5
Anual
33,0 14,3 34,4 15,4 34,7 15,7 34,8 15,6 34,7 10,0 36,1 16,7 32,2 25,1 20,1
Fontes: Adaptado a partir de dados do INMET - 9º Distrito - Esmet de Cáceres/Conv. Esc. Agrotec. Fed. de Cáceres;
(1)
Com base em adaptações de RIEDER (1984) a partir de dados
do Escritório de Meteorologia do Ministério da Agricultura - Brasil.
190
Quadro 2 - Precipitação pluviométrica ( mm ) total mensal e ximas em 24 hs, na Estação Meteorológica de Cáceres
no período de 1992-97, e normais de precipitação total e máximas em 24 horas da localidade, Cáceres (MT), 1998.
Meses 1992 1993 1994 1995 1996 1997
Normais
(
1931-60
)
(1)
Total Max
(24 hs)
Total Max
(24 hs)
Total Max
(24 hs)
Total Max
(24 hs)
Total Max
(24 hs)
Total Max
(24 hs)
Total Max
(24 hs)
Janeiro
132,6 106,0 202,0 202,0 329,1 50,5 388,5 62,5 215,0 79,0
Fevereiro
137,8 130,8 177,8 376,7 113,9 27,0 298,8 75,0 206,0 116,8
Março
227,6 114,7 81,6 209,3 240,2 82,0 205,2 49,0 170,8 102,0
Abril
288,8 128,0 45,5 79,2 52,4 20,9 96,0 26,0 77,5 102,0
Maio
38,2 27,7 113,1 95,7 23,3 19,0 28,9 18,2 47,9 75,0
Junho
9,0 16,0 44,2 42,3 1,0 1,0 69,2 35,4 19,6 65,0
Julho
4,0 0,4 13,0 4,20 0,0 0,0 0,0 0,0 11,3 30,0
Agosto
31,2 7,1 0,0 0,0 28,0 28,0 2,4 2,0 7,2 29,0
Setembro
142,6 3,6 31,2 19,2 96,5 45,0 55,9 28,3 35,7 67,6
Outubro
48,0 120,5 191,5 94,8 54,7 8,0 98,6 41,0 93,8 109,5
Novembro
174,2 83,4 127,2 113,5 300,3 61,6 172,1 43,0 157,0 80,1
Dezembro 226,9 242,5 234,6 267,1 192,0 60,3 249,3 87,6 196,6 82,5
Anual
1460,9 980,7 1261,7 1504,0 1431,0 1664,9 1238,4 116,8
Fontes: Adaptado a partir de dados do INMET - Distrito - Esmet de Cáceres/Conv. Esc. Agrotec. Fed. de Cáceres;
(1)
Com base em
adaptações de RIEDER (1984) a partir de dados do Escritório de Meteorologia do Ministério da Agricultura - Brasil.
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