Download PDF
ads:
CARLOS ROBERTO DA SILVA
EXPLORANDO EQUAÇÕES CARTESIANAS E
PARAMÉTRICAS EM UM AMBIENTE INFORMÁTICO
MESTRADO EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA
PUC/SP
São Paulo
2006
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
CARLOS ROBERTO DA SILVA
EXPLORANDO EQUAÇÕES CARTESIANAS E
PARAMÉTRICAS EM UM AMBIENTE INFORMÁTICO
Dissertação apresentada à Banca
Examinadora da Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo, como exigência parcial
para obtenção do título de MESTRE EM
EDUCAÇÃO MATEMÁTICA, sob a orientação
da Professora Doutora Celina Aparecida
Almeida Pereira Abar.
PUC/SP
São Paulo
2006
ads:
Banca Examinadora
____________________________________
____________________________________
____________________________________
Autorizo,
exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total
ou parcial desta Dissertação e por processos de fotocopiadoras ou eletrônicos.
Assinatura: _______________________________________
Local e Data: ______________
"Não é o ângulo reto que me atrai, nem a
linha reta, dura, inflexível, criada pelo
homem. O que me atrai é a curva livre e
sensual. A curva que encontro nas
montanhas do meu país, no curso sinuoso
dos seus rios, nas ondas do mar, nas nuvens
do céu, no corpo da mulher preferida”.
(Oscar Niemeyer)
Dedico este trabalho a
minha família e aos
meus pais pelo apoio
e compreensão de
minhas ausências.
AGRADECIMENTO
À Celina por sua orientação administrada com competência, pela dedicação,
amizade e paciência.
Aos professores Doutores Marlene Alves Dias e Saddo Ag Almouloud pelas
sugestões oferecidas na qualificação.
À todos os professores do Programa de Estudos Pós-Graduados da Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo, pelos ensinamentos que orientaram aos
caminhos da pesquisa em Educação Matemática.
Aos meus amigos e colegas do Mestrado Acadêmico – 2004, André, Marcelo,
Yumi, Ubiratan, Raquel, Cleber, João Pedro, Maurício, Lourival, Edith, Marinete,
Renato, Vera, Diana, Renata, Rosimeire, enfim, a todos que de alguma forma
contribuíram para esta pesquisa.
Ao Francisco, da secretaria que sempre se prontificou na minha parte
documental.
À PUC pela sua excelência.
À Secretaria da Educação do Estado de São Paulo pela bolsa mestrado que me
foi concedida.
À Márcia, Renata, Cida e Magali pela amizade e revisão deste trabalho.
Aos meus companheiros de trabalho pela amizade e incentivo.
Aos alunos que contribuíram para a realização da seqüência didática.
À Rosangela, Nicole e Gleice que compreenderam as minhas ausências e de
alguma forma propiciaram o desenvolvimento desta pesquisa.
RESUMO
Esta dissertação tem por objetivo verificar se um ambiente informático permite ao
aluno reconhecer algumas propriedades de curvas, por meio de representações e
interpretações gráficas de maneira dinâmica, com o uso de parâmetros, para uma
melhor compreensão de suas equações. Identificamos que a articulação entre os
pontos de vista cartesiano e paramétrico e as conversões entre alguns registros
de representação semiótica possibilitam ao aluno refletir sobre a correlação entre
algumas propriedades geométricas de curvas planas e suas equações
cartesianas ou paramétricas. Para esta pesquisa, elaboramos uma seqüência
didática com base em alguns elementos de uma Engenharia Didática e aplicamos
durante cinco sessões a um grupo de 10 alunos da série do Ensino Médio.
Verificamos que as construções gráficas de algumas curvas planas, variando os
valores reais de parâmetros em suas equações, para o desenvolvimento de um
GIF animado, permitem ao aluno observarem os efeitos geométricos provocados
pela sua variação, favorecendo o entendimento da noção de parâmetro na
geometria analítica.
Palavras-Chave: geometria analítica, parâmetro, equações cartesianas ou
paramétricas, curvas planas, winplot.
ABSTRACT
This research has as objective verify if in a computer science environment allows
to the student to recognize some curves properties through representations and
graphical interpretations in dynamic way with the use of parameters for one
comprehension better of its equations. We verified that the articulating between
the points of view cartesian and parametric and the conversions among some
registers of semiotic representation it makes the student think about the
correlation that exists between some properties geometric of the plane curves and
its cartesian or parametric equations. For this research we elaborate a didactic
sequence based on some topics of the Didactic Engineering and we apply during
five sessions in a group of 10 students taking the third year of high school. We
verified that the graphic constructions of some plane curves varying the real
values of its parameters in its equations for the development of an GIF (Graphic
Information Format), they allow the students to observe the geometric effect
caused by this variation what it favors the understanding of the parameter notion in
analytical geometry.
Key-words: analytical geometry, parameter, cartesian or parametric
equations, plain curves, Winplot.
SUMÁRIO
CAPÍTULO I: APRESENTAÇÃO DA PESQUISA ............................................... 18
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 18
2. A QUESTÃO DE PESQUISA ........................................................................... 21
3. HIPÓTESES DE PESQUISA............................................................................ 22
4. REFERENCIAIS TEÓRICOS ........................................................................... 23
4.1 REGISTROS DE REPRESENTAÇÃO SEMIÓTICA ............................ 25
4.2 A MUDANÇA DE QUADROS .............................................................. 35
4.3 FLEXIBILIDADE ENTRE PONTOS DE VISTA .................................... 36
5. METODOLOGIA DE PESQUISA ..................................................................... 39
CAPÍTULO II: ESTUDOS SOBRE O OBJETO MATEMÁTICO ........................... 41
1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA E ESTUDO SOBRE O OBJETO MATEMÁTICO 41
2. CONSIDERAÇÕES GERAIS INERENTES ÀS ORIGENS DA GEOMETRIA
ANALÍTICA........................................................................................................... 47
2.1. O INÍCIO DO SIMBOLISMO ALGÉBRICO E O CONCEITO DE
PARÂMETRO............................................................................................ 48
2.2. COORDENADAS, GRÁFICOS DE FUNÇÕES E VARIÁVEL............. 51
2.3 ORIGENS DA GEOMETRIA ANALÍTICA ............................................ 54
2.4. AS CURVAS PLANAS ALGÉBRICAS OU TRANSCENDENTES....... 60
2.5 OUTRAS CURVAS PLANAS E A IMPORTÂNCIA DO USO DE
PARÂMETROS.......................................................................................... 70
2.6 A REPRESENTAÇÃO PARAMÉTRICA DE CURVAS E O USO DE
PARÂMETROS.......................................................................................... 87
2.7 CONSIDERAÇÕES DIDÁTICAS E EPISTEMOLÓGICAS GERAIS. ... 90
CAPÍTULO III: A NOÇÃO DE PARÂMETRO NA GEOMETRIA ANALÍTICA: DE
OBJETO CIENTÍFICO A OBJETO DE ENSINO-APRENDIZAGEM ................... 98
1. ALGUNS CONCEITOS DIDÁTICOS LIGADOS AO PROCESSO DE ENSINO-
APRENDIZAGEM................................................................................................. 98
2. PROPOSTA, PARÂMETROS E ORIENTAÇÕES CURRICULARES DE
MATEMÁTICA PARA O ENSINO MÉDIO............................................................ 99
3. ALGUNS PRINCÍPIOS NORTEADORES DA INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO
............................................................................................................................109
3.1. AMBIENTE INFORMÁTICO ..............................................................110
3.2. A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA ........................................................ 110
3.3. A TRANSPOSIÇÃO INFORMÁTICA. ................................................111
3.4 O SOFTWARE WINPLOT ..................................................................113
3.4.1. LIMITAÇÕES DO SOFTWARE WINPLOT...........................116
3.4.2. CONSIDERAÇÕES RELEVANTES .....................................117
3.5 GIF ANIMATOR.................................................................................118
3.5.1. LIMITAÇÕES DO GIF ANIMATOR ......................................119
CAPÍTULO IV: A SEQUÊNCIA DIDÁTICA.........................................................120
1. JUSTIFICATIVAS DAS ESCOLHAS FEITAS..................................................120
2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS........................................................122
3. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE A PRIORI DA SEQÜÊNCIA DIDÁTICA. ........124
CAPÍTULO V: A EXPERIMENTAÇÃO E A ANÁLISE A POSTERIORI.............185
1. EXPERIMENTAÇÃO, ANÁLISE A POSTERIORI E VALIDAÇÃO...................185
1.1 EXPERIMENTAÇÃO ..........................................................................186
1.2 A ORGANIZAÇÃO DA EXPERIMENTAÇÃO......................................186
1.2.1 A COLETA DE DADOS.........................................................189
1.2.2 PÚBLICO ALVO....................................................................189
2. ANÁLISE DAS OBSERVAÇÕES DAS DUAS PRIMEIRAS SESSÕES. .........191
3. ANÁLISE DAS OBSERVAÇÕES DAS TRÊS ÚLTIMAS SESSÕES. ..............196
4. CONCLUSÃO DA ANÁLISE A POSTERIORI .................................................216
CAPÍTULO VI: CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................222
1. OBJETIVOS E RESULTADOS DA PESQUISA. .............................................222
2. ANÁLISE DOS RESULTADOS EM FUNÇÃO DOS FUNDAMENTOS
TEÓRICOS E METODOLÓGICOS. ....................................................................224
3. ANÁLISE DOS RESULTADOS EM FUNÇÃO DAS HIPÓTESES DE
PESQUISA..........................................................................................................225
4. QUESTÕES FUTURAS PARA O ENSINO E APRENDIZAGEM DA NOÇÃO DE
PARÂMETRO NA GEOMETRIA ANALÍTICA......................................................226
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................229
ANEXOS
ANEXO 1:SESSÃO I ...........................................................................................233
ANEXO 2: SESSÂO II ........................................................................................ 239
ANEXO 3: SESSÃO III ........................................................................................243
ANEXO 4: SESSÃO IV........................................................................................246
ANEXO 5: SESSÃO V.........................................................................................249
ANEXO 6 – CONVITE..........................................................................................253
ANEXO7–CERTIFICADO................................................................................... 254
ÍNDICE DE FIGURAS
FIGURA1:PARÁBOLA DE APOLÔNIO (BOYER 1996, P.105)............................ 27
FIGURA 2: CÔNICA DE DESCARTES COMO ELIPSE ...................................... 27
FIGURA 3: FIGURA-FUNDO: CAMPO QUADRICULADO E GRÁFICO DA RETA
............................................................................................................................. 30
FIGURA 4: FIGURA-FUNDO:CAMPO QUADRICULADO E GRÁFICO DA RETA
............................................................................................................................. 31
FIGURA 5: LATITUDE E LONGITUDE (BOYER 1996, P. 181) ........................... 53
FIGURA 6: CÔNICA DE DESCARTES COMO CIRCUNFERÊNCIA ................... 57
FIGURA 7: CÔNICA DE DESCARTES COMO HIPÉRBOLE.............................. 58
FIGURA 8: CÔNICA DE DESCARTES COMO ELIPSE ...................................... 58
FIGURA 9: CÔNICA DE DESCARTES COMO RETA ......................................... 59
FIGURA 10: CÔNICA DE DESCARTES COMO PARÁBOLA.............................. 59
FIGURA 11 : CÚBICA DE DESCARTES (BOYER 1996, P. 233) ........................ 61
FIGURA 12: O TRIDENTE DE DESCARTES ...................................................... 62
FIGURA 13 : CISSÓIDE DE DIOCLÉS ................................................................ 65
FIGURA 14: CONCHÓIDE DE NICOMEDES ...................................................... 65
FIGURA 15: ESPIRAL DE ARQUIMEDES........................................................... 66
FIGURA 16: QUADRATRIZ DE HÍPIAS............................................................... 66
FIGURA 17: HIPÉRBOLES DE FERMAT ............................................................ 68
FIGURA 18: PARÁBOLAS DE FERMAT ............................................................. 68
FIGURA 19: ESPIRAL DE FERMAT .................................................................... 69
FIGURA 20: CURVA DE AGNESI....................................................................... 69
FIGURA 21: CICLÓIDE........................................................................................ 70
FIGURA 22: LIMAÇON DE PASCAL ................................................................... 71
FIGURA 23: HIPÉRBOLES DE DESCARTES ..................................................... 72
FIGURA 24: PARÁBOLAS DE DESCARTES ...................................................... 72
FIGURA 25: CIRCUNFERÊNCIAS DE DESCARTES.......................................... 73
FIGURA 26: PÉROLAS DE SLUZE ..................................................................... 74
FIGURA 27: INVOLUTA DE UM CÍRCULO ......................................................... 74
FIGURA 28: PARÁBOLA DIVERGENTE DE NEWTON ...................................... 75
FIGURA 29: LEMNISCATA DE BERNOULLI....................................................... 76
FIGURA 30: ESPIRAL SINUSOIDAL COMO HIPÉRBOLE EQÜILÁTERA.......... 77
FIGURA 31: ESPIRAL SINUSOIDAL COMO RETA ............................................ 78
FIGURA 32: ESPIRAL SINUSOIDAL COMO PARÁBOLA................................... 78
FIGURA 33: ESPIRAL SINUSOIDAL COMO CÚBICA DE TSCHIRNHAUS....... 79
FIGURA 34: CÚBICA DE TSCHIRNHAUS........................................................... 80
FIGURA 35: ESPIRAL SINUSOIDAL COMO CARDIÓIDE .................................. 81
FIGURA 36: ESPIRAL SINUSOIDAL COMO CIRCUNFERÊNCIA...................... 81
FIGURA 37: ESPIRAL SINUSOIDAL COMO LEMNISCATA DE BERNOULLI.... 82
FIGURA 38: EPICICLÓIDE .................................................................................. 83
FIGURA 39: EPITROCÓIDE ................................................................................ 84
FIGURA 40: HIPOCICLÓIDE ............................................................................... 85
FIGURA 41: HIPOTROCÓIDE ............................................................................. 86
FIGURA 42: CICLÓIDE DE EULER..................................................................... 88
FIGURA 43:PARÁBOLA DE APOLÔNIO (BOYER 1996, P.105)......................... 91
FIGURA 44 : LATITUDE E LONGITUDE (BOYER 1996, P. 181) ........................ 91
FIGURA 45: CÔNICA DE DESCARTES .............................................................. 92
FIGURA 46: PARÁBOLAS DE FERMAT ............................................................. 92
FIGURA 47 : CISSÓIDE DE DIOCLÉS ................................................................ 92
FIGURA 48: LIMAÇON DE PASCAL ................................................................... 92
FIGURA 49: EPITROCÓIDE ................................................................................ 92
FIGURA 50: HIPOTROCÓIDE ............................................................................. 93
FIGURA 51: MENU “EQUAÇÃO” DO WINPLOT ................................................114
FIGURA 52: MENU “VER” DO WINPLOT...........................................................115
FIGURA 53 – SESSÃOI: 1A................................................................................129
FIGURA 54 – SESSÃOI: 2A................................................................................130
FIGURA 55 – SESSÃOI: 1B................................................................................130
FIGURA 56 – SESSÃOI: 2B................................................................................131
FIGURA 57 – SESSÃOI: 3A................................................................................134
FIGURA 58 – SESSÃOI: 3C................................................................................134
FIGURA 59 – SESSÃOI: 3A................................................................................136
FIGURA 60 – SESSÃOI:3C.................................................................................136
FIGURA 61 – SESSÃO II: EQUAÇÕES PARAMÉTRICAS.................................139
FIGURA 62 – SESSÃOII: 1A...............................................................................144
FIGURA 63 - SESSÃO III:1A..............................................................................155
FIGURA 64 - SESSÃO III: 1C .............................................................................156
FIGURA 65 - SESSÃO III: 1D .............................................................................157
FIGURA 66 - SESSÃO III: 1D .............................................................................158
FIGURA 67 - SESSÃO III: 1E............................................................................. 159
FIGURA 68 - SESSÃO III: 2A..............................................................................160
FIGURA 69 - SESSÃO III: 2B..............................................................................161
FIGURA 70 - SESSÃO III: 2C .............................................................................148
FIGURA 71 - SESSÃO III: 3A..............................................................................163
FIGURA 72- SESSÃO III: 3A...............................................................................164
FIGURA 73- SESSÃO IV: 1A ..............................................................................171
FIGURA 74- SESSÃO IV: 1A ..............................................................................172
FIGURA 75 – SESSÃO IV: 1A ............................................................................172
FIGURA 76 – SESSÃO IV: CONCHÓIDE DE NICOMEDES ..............................173
FIGURA 77 – SESSÃO IV: INVOLUTA DE UM CÍRCULO .................................174
FIGURA 78 – SESSÃO V: ATIVIDADE 1............................................................175
FIGURA 79 – SESSÃO V: 1A .............................................................................181
FIGURA 80 – SESSÃO V : ATIVIDADE 2 (CARTESIANO) ................................183
FIGURA 81 – SESSÃO V : GIF ANIMADO .........................................................183
FIGURA 82 – SESSÃO II: RESPOSTA 1A .........................................................194
FIGURA 83 – SESSÃO III: RESPOSTA 1D ........................................................198
FIGURA 84 – SESSÃO III: RESPOSTA 1D. .......................................................198
FIGURA 85 – SESSÃO III: RESPOSTA 3A ........................................................199
FIGURA 86 – SESSÃO III: RESPOSTA 3B ........................................................199
FIGURA 87 –SESSÃO IV: 1A .............................................................................202
FIGURA 88 – SESSÃO IV: 1A ............................................................................202
FIGURA 89 – SESSÃOIV : 2C ............................................................................203
FIGURA 90 – SESSÃO IV : 2..............................................................................204
FIGURA 91 - SESSÃO IV : 2G...........................................................................205
FIGURA 92 – SESSÃO IV : 2F............................................................................206
FIGURA 93 – SESSÃO V : RESPSOTAS 1A......................................................208
FIGURA 94 – SESSÃO V: 1BG1.........................................................................208
FIGURA 95 – SESSÃO V: RESPOSTAS 1B.......................................................209
FIGURA 96 – SESSÃO V: GIFG1.......................................................................210
FIGURA 97 – SESSÃO V: GIFG1.......................................................................210
FIGURA 98 – SESSÃO V: GIFG2.......................................................................211
FIGURA 99 – SESSÃO V: GIFG2.......................................................................211
FIGURA 100 – SESSÃO V: GIFG3.....................................................................212
FIGURA 101 – SESSÃO V: GIFG3.....................................................................213
FIGURA 102 – SESSÃO V: GIFG4.................................................................... 213
FIGURA 103 – SESSÃO V: GIFG4.....................................................................214
FIGURA 104 - SESSÃO V: JUSTIFICATIVAS ....................................................214
FIGURA 105 – SESSÃO V: PROCEDIMENTOS ................................................215
ÍNDICE DE TABELAS
TABELA 1: REPRESENTAÇÃO SIMBÓLICO-TABULAR .................................... 26
TABELA 2: REGISTRO SIMBÓLICO .................................................................. 30
TABELA 3: REPRESENTAÇÃO SIMBÓLICO-TABULAR ................................... 31
TABELA 4: CASOS PARTICULARES DA ESPIRAL SINUSOIDAL. (EVES 2004,
P. 411).................................................................................................................. 77
TABELA 5 : SESSÃO II:ATIVIDADE 1 ................................................................139
TABELA 6 : SESSÃO II:ATIVIDADE 1 ...............................................................140
TABELA 7 – SESSÃO II:ATIVIDADE 1 ...............................................................140
TABELA 8 : SESSÃO II: ATIVIDADE 1B............................................................145
TABELA 9 : SESSÃO IV:ATIVIDADE 1..............................................................165
TABELA 10: SESSÃO V:ATIVIDADE 1C ...........................................................175
TABELA 11- SESSÃO V: 1C..............................................................................182
ÍNDICE DE QUADROS
QUADRO 1- (DUVAL 2003, P.18)........................................................................ 29
QUADRO 2: PONTO DE VISTA PARAMÉTRICO .............................................. 38
QUADRO 3- PONTO DE VISTA CARTESIANO .................................................. 39
QUADRO 4- POSSÍVEIS TRANSFORMAÇÕES DE REGISTROS SEMIÓTICOS.
............................................................................................................................. 93
QUADRO 5- CURVAS ALGÉBRICAS E TRANSCENDENTES E PONTOS DE
VISTA................................................................................................................... 96
QUADRO 6- ANÁLISE QUANTITATIVA .............................................................. 96
QUADRO 7- TRANSPOSIÇÃO INFORMÁTICA .................................................112
QUADRO 8- SOFTMAT (BATISTA ET AL. 2004, P.9)........................................118
QUADRO 9 - SESSÃO I:QUADROS...................................................................126
QUADRO 10- SESSÃO I: VARIÁVEIS DIDÁTICAS............................................127
QUADRO 11- SESSÃO II: TRANSFORMAÇÕES...............................................141
QUADRO 12 - SESSÃO II:QUADROS................................................................142
QUADRO 13 - SESSÃO II: VARIÁVEIS DIDÁTICAS..........................................142
QUADRO 14 - SESSÃO III:CONVERSÃO ENTRE REGISTROS......................152
QUADRO 15 - SESSÃO III: QUADROS..............................................................152
QUADRO 16 - SESSÃO III: VARIÁVEIS DIDÁTICAS.........................................153
QUADRO 17 - SESSÃO IV: CONVERSÃO DE REGISTROS.............................168
QUADRO 18 - SESSÃO IV: QUADROS .............................................................168
QUADRO 19 - SESSÃO IV: VARIÁVEIS DIDÁTICAS ........................................169
QUADRO 20- SESSÃO V: TRANSFORMAÇÕES EM REGISTROS..................178
QUADRO 21- SESSÃO V: QUADROS ...............................................................178
QUADRO 22 – SESSÃO V: VARIÁVEIS DIDÁTICAS.........................................179
QUADRO 23 - SESSÃO I...................................................................................191
QUADRO 24 - SESSÃO II...................................................................................193
QUADRO 25 - SESSÃO III..................................................................................197
QUADRO 26 - SESSÃO IV ................................................................................201
QUADRO 27 - SESSÃO V: TRANSFORMAÇÕES ............................................207
QUADRO 28 - RESULTADOS ........................................................................... 221
18
CAPÍTULO I: APRESENTAÇÃO DA PESQUISA
Neste capítulo apresentamos a introdução, a questão e as hipóteses da
pesquisa em que se baseia este trabalho. Complementamos com o referencial
teórico e a metodologia de pesquisa.
1. Introdução
Como professor de matemática do Ensino Médio onze anos, juntamente
com outros colegas de profissão, constatamos que muitos alunos apresentam
dificuldades ao lidar com as diversas representações gráficas e algébricas de
curvas planas. Outro fato notório é que, em geral, as equações paramétricas são
trabalhadas no ensino médio por meio de aulas presenciais que valorizam a
memorização mecânica como: técnicas, regras e algoritmos, dando-se ênfase à
representação algébrica.
Como pesquisas em Educação Matemática podem contribuir para o ensino
e a aprendizagem da noção de parâmetro e equações paramétricas?
Motivados por esta inquietação e inseridos na linha de pesquisa do grupo
de Tecnologias e Meios de Expressão em Matemática TecMEM do Programa
de Estudo Pós-Graduados em Educação Matemática da Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo, no qual temos desenvolvido nosso trabalho, estamos
interessados em pesquisar sobre o uso das novas tecnologias na Educação
Matemática, especificamente no que se refere às representações gráficas de
pontos e curvas planas, de acordo com as suas respectivas coordenadas, e
principalmente as equações paramétricas com a utilização de um plotador gráfico.
No último ano do Ensino Médio, inserido no contexto da geometria
19
analítica, o estudo das equações paramétricas, pode torna-se interessante se
realizado com a utilização de um software, que permita obter um trabalho
dinâmico com gráficos de curvas.
O computador, neste caso, apresenta-se como ferramenta de grande
potencial frente aos obstáculos inerentes ao processo de aprendizagem,
privilegiando uma avaliação somativa, formativa e investigativa.
Deste modo, queremos verificar se um ambiente informático permite ao
aluno reconhecer algumas propriedades de curvas, por meio de representações e
interpretações gráficas de maneira dinâmica, com o uso de parâmetros, para uma
melhor compreensão de suas equações.
O público alvo desta investigação foram dez alunos da série do Ensino
Médio de uma escola pública em Diadema, no Estado de São Paulo. Para que
pudéssemos submeter os alunos a esta experimentação, propusemos uma
seqüência didática que validasse o experimento.
Na seqüência didática apresentamos, também, atividades que envolviam
pontos genéricos, família de pontos, representação de curvas na forma
paramétrica e cartesiana e a parametrização da curva.
Diante do exposto, dividimos nosso trabalho como segue:
Neste capítulo I, mostramos a nossa questão de pesquisa, suas hipóteses,
os fundamentos teóricos e a metodologia.
No capítulo II, apresentamos estudos preliminares relativos ao assunto
pesquisado. Este estudo nos guiou na direção dos temas e dos problemas
relacionados à representação de curvas na forma paramétrica ou cartesiana.
Complementamos com um breve histórico da geometria analítica, das curvas
planas, das noções de variáveis e parâmetro, das representações paramétricas
20
de curvas e algumas considerações epistemológicas.
No capítulo III, analisamos a Proposta Curricular para o Ensino de
Matemática de São Paulo no grau (1992), os Parâmetros Curriculares
Nacionais do Ensino Médio (PCNEM) de 1999, os PCNEM plus de 2004 e as
Orientações Curriculares para o Ensino Médio de 2006, no que diz respeito à
geometria analítica e ao uso de parâmetros em equações. Por fim, apresentamos
algumas características importantes de um ambiente informático, como a
transposição informática.
O estudo desta evolução conceitual, apresentada nos capítulos II e III, nos
respalda-nos para a construção da seqüência didática.
No capítulo IV, expomos a seqüência didática e os aspectos teórico-
metodológicos, assim como as justificativas das escolhas feitas, os procedimentos
metodológicos utilizados e a análise a priori da seqüência elaborada.
No capítulo V, apresentamos a experimentação, que consiste na aplicação
e na descrição do que aconteceu na seqüência didática. Inclui-se aqui também a
análise a posteriori, que é a interpretação dos dados recolhidos durante a
experimentação. Confrontando os elementos previstos na análise a priori com o
que efetivamente aconteceu na aplicação da seqüência didática, temos elementos
que poderão responder à nossa questão de pesquisa.
No capítulo VI, manifestamos as considerações finais com os principais
resultados da pesquisa e a análise desses resultados com base nos fundamentos
teóricos e metodológicos considerados para o nosso trabalho. Por fim
apresentamos sugestões para futuros estudos sobre o tema abordado, ou seja, a
noção de parâmetro em geometria analítica.
21
2. A questão de pesquisa
Parametrizar objetos geométricos, como curvas e superfícies, é uma das
idéias mais importantes e eficazes em áreas de estudo da matemática, como o
cálculo, geometria diferencial e a topologia algébrica. A parametrização é utilizada
para descrever dispositivos mecânicos na engenharia e movimentos de corpos
em função do tempo na física. Se, em um dado momento, o aluno deparar com
uma dessas áreas, o prévio estudo dela é de extrema importância para a
formação do conhecimento matemático desse aluno.
Subjacentes a estes conceitos estão as equações paramétricas,
cartesianas, curvas planas e parametrização de curvas, objetos de estudo em
cursos de geometria analítica no Ensino Médio e Superior. Assim, dada esta
importância, entendemos ser possível desenvolver uma pesquisa sobre o uso de
parâmetros presentes em equações de curvas, utilizando como ferramenta
facilitadora um ambiente informático. Este recurso permite a visualização da
representação gráfica de algumas curvas planas e suas propriedades.
Para investigar as reais potencialidades de um ambiente informático no
processo didático de ensino-aprendizagem tomamos como referência o artigo de
JESUS e SOARES (2005), que apresenta modos de construção de gráficos de
curvas e suas equações cartesianas ou paramétricas com o uso do software
Winplot.
Segundo JESUS e SANTOS (2002), é possível, com este programa,
trabalhar atividades que proporcionem melhor compreensão dos conceitos
básicos da geometria analítica, assim como o desenvolvimento de atividades de
cálculo, como integral, limites e derivadas.
22
Diante do exposto, colocamos a questão norteadora de nosso trabalho:
Um ambiente informático, que possibilita a construção de gráficos de
curvas, de maneira dinâmica, articulado com a conversão entre registros de
representação semiótica, favorece o entendimento da noção de parâmetro?”
3. Hipóteses de pesquisa
Com base nesta questão de pesquisa, formulamos as seguintes hipóteses:
a) A articulação entre os pontos de vista cartesiano e paramétrico e as
conversões entre os registros de representação semiótica da linguagem Winplot,
a gráfica e a simbólico-algébrica possibilitam ao aluno refletir sobre a correlação
entre algumas propriedades geométricas de curvas planas e suas equações
cartesianas ou paramétricas.
b) Em um ambiente informático, o uso de softwares gratuitos, por exemplo,
o Winplot e o GIF Animator, como ferramentas, facilitam a compreensão da noção
de parâmetro.
c) A construção gráfica de algumas curvas planas, alterando-se os valores
reais dos parâmetros de suas equações, variando-os e observando os efeitos
geométricos provocados pela sua variação para a construção de um GIF
animado, também favorece ao aluno um melhor entendimento da noção de
parâmetro.
d) O uso de parâmetros estabelece uma identificação significativa entre os
gráficos e as equações de algumas curvas famosas desenvolvidas ao longo da
história da geometria analítica.
Conforme a primeira hipótese, para a seqüência didática preparamos
atividades que se iniciam com a representação gráfica de ponto, reta e parábola
23
até o estudo de outras curvas planas que permitem investigar a articulação entre
os pontos de vista cartesiano e paramétrico e as conversões entre os registros de
representação semiótica da linguagem Winplot, a gráfica e a simbólico-algébrica.
Para a segunda hipótese, elaboramos atividades que englobam desde a
família de pontos a um parâmetro até os gráficos de algumas curvas planas
parametrizadas.
À terceira hipótese cabem as construções gráficas de algumas curvas
planas com a variação dos valores reais de parâmetros em suas equações para o
desenvolvimento de um GIF
1
animado.
Por fim, para a quarta hipótese, sugere-se o acesso a algumas curvas
historicamente famosas, evidenciando as dificuldades encontradas pelos
matemáticos, desde os diversos cálculos para se estabelecer uma equação que
represente a curva até a sua construção gráfica com papel, lápis e instrumentos
de medida.
Atualmente, a partir destas equações é possível descobrir com facilidade
os diversos gráficos destas curvas utilizando-se de uma ferramenta facilitadora
como o Winplot.
4. Referenciais teóricos
Para o desenvolvimento desta pesquisa, consideramos como
fundamentação alguns elementos teóricos sobre os registros de representação
semiótica de DUVAL (2003), a noção de mudança de quadros de DOUADY
(1986), os problemas de articulação entre pontos de vista cartesiano e
paramétrico de DIAS (1998) e a noção da transposição informática de
1
GIF: Graphic Information Format. Arquivos no formato GIF são "imagens de apresentação" como:
gráficos, figuras ou imagens de texto. GIFs simulam movimento usando uma série de imagens individuais.
24
BALACHEFF (1994).
A teoria de Raymond Duval tem auxiliado nas análises de atividades
matemáticas, em termos de registros de representação. Os seus trabalhos têm
servido de base para várias pesquisas referentes à aquisição do conhecimento
matemático e à organização de situações de aprendizagens desses
conhecimentos. (MACHADO 2003, p. 8). O conhecimento matemático se
estabelece pela representação de seus objetos e é neste ponto que se a
contribuição de Raymond Duval.
Na aprendizagem da matemática verificamos a dificuldade de nossos
alunos para compreender a diferença entre o objeto matemático e a sua
representação. É muito importante para a aquisição do conhecimento matemático
que esta distinção seja estabelecida e, neste sentido, a teoria das
Representações Semióticas auxilia de maneira decisiva, em particular, no que se
refere às diversas representações de pontos, retas e curvas no plano.
A noção de mudança de quadros foi introduzida na Didática da Matemática
por Régine Douady como um dos instrumentos importantes de análise dos
fenômenos de ensino-aprendizagem da Matemática (ALMOULOUD 2000, p.26).
Utilizamos esta noção para a construção e instrumento de análise da seqüência
didática proposta neste trabalho.
DIAS (1998), também contribuiu para a elaboração de situações-problema
em nossa seqüência didática, quando destaca a flexibilidade entre as formas de
conhecimento e os registros de representação semiótica por meio da articulação
de diferentes quadros, registros e pontos de vista que podem ser associados aos
conceitos que compõem a geometria analítica.
25
4.1 Registros de Representação Semiótica
DUVAL (2003), descreve a teoria dos registros de representações
semióticas, enfatizando a importância da diversidade de registros e a articulação
entre eles nas atividades matemáticas.
Segundo DUVAL (2003, p. 13-14), a diferença entre a atividade cognitiva
requerida pela matemática e aquela requerida em outros domínios do
conhecimento não deve ser procurada nos conceitos e, sim, na importância
primordial das representações semióticas e na grande variedade de utilização das
mesmas.
Ainda de acordo com DUVAL (2003, p.13), sobre a importância primordial
das representações semióticas: “é suficiente observar a história do
desenvolvimento da matemática para ver que o desenvolvimento das
representações semióticas foi uma condição essencial para a evolução do
pensamento matemático”.
Neste sentido, verificamos a importância das representações semióticas no
desenvolvimento do estudo de curvas na geometria analítica.
Sobre a grande variedade de representações semióticas utilizadas em
matemática, DUVAL (2003, p.14) afirma:
[...] além dos sistemas de numeração, existem as figuras geométricas,
as escritas algébricas e formais, as representações gráficas e a
linguagem natural, mesmo se ela é utilizada de outra maneira que não
a da linguagem corrente. Para designar os diferentes tipos de
representações semióticas utilizadas em matemática, falaremos,
parodiando Descartes, de “registro” de representação.
De acordo com esta teoria, utilizamos uma variedade de representações
designadas por registro de representação semiótica, tais como:
No registro simbólico temos:
- A representação simbólico-algébrica.
26
Por exemplo, a equação cartesiana:
2 2
y ay bxy cx dx
= + .
As equações paramétricas:
x=(( )cos( ) cos(( / ) 1) )
a b t c a b t
y a b sen t csen a b t
+ +
= + +
- A representação simbólico-tabular.
Por exemplo, uma tabela com valores inteiros das variáveis x, y e t:
TAB. 1: Representação simbólico-tabular
Para o registro linguagem natural temos:
- A representação linguagem natural.
Por exemplo, considere as coordenadas dos seguintes pontos A=(1;2),
B=(2;3), C=(2;1), D=(-3;0) , E=(-4;-3). Sabe-se que 3 deles estão alinhados.
Represente os pontos no plano cartesiano e justifique quais são estes 3 pontos
que estão alinhados.
- A representação linguagem Winplot.
Por exemplo, escrever a equação,
2 2
y ay bxy cx dx
= + , na linguagem
do software Winplot : Menu “Equação” “Implícita” e digitar y^2=ay-bxy+cx-dx^2.
No registro figural geométrico temos:
- A representação figural.
Um exemplo, a parábola de Apolônio representada na FIG. 1:
t x Y
0
-7
-9
1
-4
-6
2
3
4
5
27
FIG.1:Parábola de Apolônio (BOYER 1996, p.105)
Para o registro gráfico temos:
- A representação gráfica.
Um exemplo, a cônica de Descartes como elipse representada na FIG. 2.
Segundo DUVAL (2003, p.14), “a originalidade da atividade matemática
está na mobilização simultânea de ao menos dois registros de representação ao
mesmo tempo, ou na possibilidade de trocar a todo o momento de registro de
representação”.
FIG. 2: cônica de Descartes como elipse
Ainda sobre os tipos de representações semióticas, DUVAL (2003, p.15-16)
comenta que:
Existe uma diferença-chave para analisar a atividade matemática numa
perspectiva de aprendizagem (e de ensino) e não em uma perspectiva
de pesquisa matemática por matemáticos. Existem dois tipos de
transformações de representações semióticas que são radicalmente
diferentes: os tratamentos e as conversões.
- Os Tratamentos são transformações de representações dentro do
mesmo registro: por exemplo, efetuar um cálculo ficando estritamente
no mesmo sistema de escrita ou de representação dos números;
resolver uma equação ou um sistema de equações; completar uma
figura segundo critérios de conexidade e de simetria.
- As Conversões são transformações de representações que consistem
−4 −3 −2 −1 1 2 3 4 5
−3
−2
−1
1
2
3
4
5
x
y
28
em mudar de registro conservando os mesmos objetos denotados: por
exemplo, passar da escrita algébrica de uma equação à sua
representação gráfica.
Para a construção da seqüência didática, procuramos analisar os dois
tipos de transformações, com principal ênfase na conversão entre registros.
Sobre a importância da conversão entre registros sob a ótica matemática,
DUVAL (2003, p. 16) comenta que [...] do ponto de vista cognitivo, é a atividade
de conversão que, ao contrário, aparece como a atividade de mecanismos
subjacentes à compreensão”.
Neste sentido, a nossa pesquisa está focada para a conversão entre
registros, observando a compreensão do ponto de vista cognitivo por parte dos
alunos no que se refere aos objetos matemáticos em estudo.
DUVAL considera que é absolutamente necessário levar em conta o ponto
de vista cognitivo nas análises das aprendizagens e nos processos de
compreensão. Para tanto, são apresentadas razões que não se situam apenas no
plano das observações, mas que se baseiam em uma análise teórica.
Segundo este autor:
O ato da conversão seria uma das formas mais simples de tratamento,
pois bastaria aplicar regras de correspondência para “traduzir”. Assim,
passar de uma equação à sua representação gráfica constituiria uma
codificação em que seria suficiente aplicar a regra segundo a qual um
ponto está associado a um par de números sobre um plano
quadriculado por dois eixos graduados. [...]Uma tal visão é superficial e
enganadora não somente nos fatos concernentes às aprendizagens
(Duval 1988), mas igualmente de um ponto de vista teórico, pois a
regra de codificação permite somente uma leitura pontual das
representações gráficas. Essa regra não permite uma apreensão global
e qualitativa. Ora, é essa apreensão global e qualitativa que é
necessária para extrapolar, interpolar, ou para utilizar os gráficos para
fins de controle, ou de exploração, relacionados aos tratamentos
algébricos. (Id., 2003, p. 17)
Para a seqüência de ensino, proporemos atividades, como sugere o autor,
que visam a uma apreensão global e qualitativa sobre as representações gráficas
de pontos e curvas planas relacionadas a suas equações.
29
A conversão entre os gráficos de pontos e curvas e as equações supõe
que se consigam levar em conta, de um lado, as variáveis visuais próprias dos
gráficos, como inclinação, intersecção com os eixos, translação, entre outras; e,
de outro, os valores reais de parâmetros das equações, como os coeficientes
positivos ou negativos, maiores ou iguais a 1 etc.
Segundo as concepções de DUVAL, o quadro abaixo representa o
esquema de organização semiótica e de funcionamento das representações
gráficas.
QUADRO 1: (DUVAL 2003, p.18)
De acordo com o quadro acima, como exemplo apresentamos uma das
atividades propostas na seqüência didática. Primeiramente uma conversão do
registro gráfico para o simbólico.
Representamos uma correspondência entre os pontos A, B, C, D e E
marcados no campo quadriculado do plano cartesiano e pelos pares de números
como coordenadas dos respectivos pontos ( “REGISTRO GRÁFICO”), em
seguida realizamos o traçado de uma reta, conforme FIG. 3, como um registro de
partida.
30
A partir de cálculos (“A`: CÁLCULO”), encontramos uma equação
cartesiana da reta (TAB. 2) por meio dos valores numéricos das coordenadas de
pelo menos dois de seus pontos, obtendo no registro de chegada uma
representação da reta como a escrita simbólica y=x+2 no “REGISTRO
SIMBÓLICO” , ou seja, realizamos uma conversão entre os registros de
representação semiótica do gráfico para o simbólico.
FIG. 3 - Figura-fundo: campo quadriculado e gráfico da reta
.
Agora vamos realizar uma conversão do registro simbólico para o gráfico.
Representamos a equação
y x 2
= +
(“REGISTRO SIMBÓLICO”), uma
escrita simbólica de alguma relação como um registro de partida.
Realizamos um tratamento no registro simbólico representado pela tabela
(TAB. 3).
E por meio da (“A : LOCALIZAÇÃO DE POSIÇÕES”) correspondência
entre os valores numéricos dados a partir da equação
y x 2
= +
, obtemos no
registro de chegada a representação gráfica da reta (“REGISTRO GRÁFICO”),
conforme FIG. 4, ou seja, realizamos uma conversão entre os registros de
representação semiótica do simbólico para o gráfico.
TAB. 2: Registro simbólico
A`: CÁLCULO
f(0)=2
f(1)=3
f(x)=x+2
REGISTRO
SIMBÓLICO
y=x+2
31
TAB.3 -representação simbólico-tabular
FIG.4 -Figura-fundo:campo quadriculado e gráfico da reta
Obtemos segundo DUVAL, uma apreensão global dos valores visuais
posicionais (gráfico da reta) e dos valores dos parâmetros correspondentes à
equação
y x 2
= +
, neste caso da equação reduzida y=ax+b temos
a 1 e b 2.
= =
(“B: APREENSÃO GLOBAL”)
Esta apreensão global seria uma coordenação de ambas as conversões
entre os registros gráfico e simbólico.
Segundo o autor, “as ligações A e A` permitem somente uma leitura
pontual dos gráficos. Somente a coordenação B permite uma apreensão global
qualitativa”. (p. 18)
Nesse momento, o autor se questiona:
Mas será que somente essa coordenação permite reconhecer a forma
de uma equação (ou de inequação), olhando a forma e a posição de
retas e curvas (em um gráfico não-quadriculado)? Ora, para a maioria
dos alunos, essa coordenação não é jamais efetuada, mesmo ao fim do
ensino médio (18 anos). (p. 18)
Este questionamento é pertinente ao nosso projeto de pesquisa, que trata
do estudo dos conhecimentos do aluno, relacionado à geometria analítica, como a
representação de pontos e curvas, no plano, por coordenadas e equações na
forma cartesiana ou paramétrica.
Um estudo importante sobre a discriminação de variáveis visuais
X
( ) 2
f x x
= +
y
-1
( 1) 1 2
f
= − +
1
0
(0) 0 2
f
= +
2
1
(1) 1 2
f
= +
3
2
(2) 2 2
f
= +
4
32
pertinentes (do gráfico) e sobre a percepção das variações correspondentes na
escrita é apresentado por DUVAL (1988, p. 235-253). Onde o autor evidencia as
dificuldades existentes por alunos do Ensino Médio, quando se trata de
conversões entre os registros gráfico e algébrico e vice-versa.
Este autor considera que a razão das dificuldades identificadas por
diferentes pesquisas quanto às tarefas de leitura e interpretação de
representações gráficas está no desconhecimento, pelo aluno, da
correspondência semiótica entre o registro das representações gráficas e da
escrita algébrica. Por exemplo, a passagem de uma equação à sua representação
gráfica com construção ponto por ponto, freqüentemente favorecida no ensino,
não somente é inadequada, mas constitui um obstáculo. Desta forma, o autor
propõe uma descrição sistemática das variáveis visuais levando em conta o
procedimento de interpretação global. (DUVAL 1988, p. 235)
DUVAL (1988, p.236) apresenta três tratamentos heterogêneos das
representações gráficas, explicita as variáveis visuais pertinentes que
correspondem às características significativas de uma escrita algébrica e ilustra a
pertinência de sua análise, mostrando alguns resultados de uma pesquisa por ele
elaborada.
Os três tratamentos das representações gráficas são:
1) O procedimento por pontos;
2) O procedimento de extensão de um traçado efetuado;
3) O procedimento de interpretação global das propriedades figurais.
Em relação aos dois primeiros procedimentos, MORETTI (2003, p. 151)
comenta:
O procedimento 1 é o que mais aparece nos livros didáticos: pontos
obtidos por substituição na expressão da função são localizados em um
sistema de eixos graduados para que em seguida, “[ ] 2”, a curva
33
possa ser traçada por meio da junção desses pontos. Nesse modo, não
ligação entre o gráfico e a expressão algébrica da função
correspondente. Diversos problemas podem surgir dessa forma de
proceder, pelo fato de que se congruência semântica entre um par
ordenado e a sua representação cartesiana, o mesmo não se pode
dizer de um conjunto de pontos no plano cartesiano e uma regra
matemática a ele equivalente.
No procedimento 3, contrariamente ao primeiro, o conjunto traçado e eixo
formam uma imagem que representa um objeto descrito por uma equação
algébrica. Para MORETTI (2003, p. 151), “[...] este modo permite que se
identifiquem as modificações possíveis conjuntamente na imagem e na expressão
algébrica”.
Sobre o procedimento 3, DUVAL (1988, p. 237) afirma que:
[...] com esse procedimento, não estamos mais na presença da
associação “um ponto um par de números”, mas da associação
“variável visual da representação – unidade significativa da escrita
algébrica”. (tradução livre)
Em uma análise das variáveis visuais realizada, este autor afirma:
O custo muito desigual das passagens entre escrita simbólica e
representação gráfica aparece aqui precisamente. Para ir da escrita
simbólica à representação gráfica, é suficiente uma única aplicação
ponto a ponto: dão-se valores particulares a x, sem ter a preocupação
das suas propriedades, por encontrar pares de números, ou seja,
pontos. Mas, para ir da representação gráfica à escrita algébrica, aqui
não deixa de ser possível: é necessário identificar cada um dos valores
das variáveis visuais e integrar o todo. Em outros termos, a passagem
da representação gráfica à escrita algébrica aumenta de uma
interpretação global. Ao contrário da aplicação ponto a ponto, ou
mesmo o da extensão representativa, a aplicação de interpretação
exige que centre a atenção num conjunto de propriedades e não sobre
os valores específicos tomados um a um. (DUVAL 1988, p. 241,
tradução livre)
Neste trabalho aproveitamos essa conclusão do autor para a elaboração
de atividades que, ao contrário de ponto a ponto, exigirá atenção para um
conjunto de propriedades geométricas.
Conforme este autor, uma análise não se limita, evidentemente, ao caso,
por exemplo, da reta de equação reduzida y = ax+b. Isto sugere, para a
34
seqüência de ensino, uma análise da conversão entre os registros gráficos e
simbólicos e vice-versa, também de algumas curvas planas que permitem uma
apreensão global qualitativa.
DUVAL (2003, p. 25) apresenta a utilização da conversão como um
instrumento de análise, de acordo com as seguintes condições:
dar-se a representação a mais elementar possível,
1
R
, de um
objeto em um registro de saída A e sua representação convertida
1
`
R
em um registro de chegada B;
proceder a todas as variações possíveis de
1...
n
R R
que conservem
nas diferentes representações um valor de representação de alguma
coisa no registro de saída A, e observar as variações concomitantes
de
1
`
R
no registro de chegada B. [...] As representações
1...
n
R R
do
registro A se separam, então, em duas classes: aquelas para as
quais existe somente uma representação concomitante
`
i
R
no
registro de chegada B e aquelas que têm cada uma representação
concomitante diferente no registro de chegada.
Segundo este autor, com este método é possível discriminar, entre todas
as variáveis estruturais
2
possíveis das representações de um dado registro,
aquelas que são cognitivamente importantes.
Este método é sistematicamente utilizado em trabalhos, desenvolvidos por
este autor, sobre a complexidade cognitiva da articulação entre gráficos e
equações, como apresentado no QUADRO 1.
Os critérios para categorizar os dados coletados e organizá-los em
resultados interpretáveis, limitam-se às situações de investigação e “a todos os
testes organizados em função de uma variação sistemática de representações
nas tarefas de conversão”. (DUVAL 2003, p. 27)
2
As variáveis estruturais são as variações internas a um registro que transformam uma representação à
condição que se tenha ainda uma representação identificável como uma representação do mesmo registro.
(ALMOULOUD 2000, p.42)
35
Sobre a organização e categorização das respostas coletadas, segundo
DUVAL (2003, p. 27), deve-se ocorrer uma divisão para cada item, sendo esta
“[...] entre as respostas corretas ou aceitáveis de um ponto de vista matemático,
que se tenha levado em conta ou não em considerações as exigências de
justificação matemática, e aquelas que não o são”.
Conforme este autor, utilizaremos a conversão entre registros semióticos
como um instrumento de análise para a construção da seqüência didática e coleta
dos dados.
4.2 A mudança de quadros
Analisando o funcionamento dos matemáticos DOUADY (1986 apud
ALMOULOUD, 2000), evidenciou o papel das mudanças de quadros no
desenvolvimento das questões matemáticas. A noção de mudança de quadros
tem como objetivo evidenciar que uma das características importantes da
matemática é a capacidade de mudar de ponto de vista, de traduzir um problema
de um quadro para outro, com a finalidade específica de acessar outras
ferramentas de resolução, além daquelas inicialmente encaminhadas. (p. 28).
DOUADY (1986 apud ALMOULOUD, 2000) traça a seguinte definição para
quadro:
Um quadro é constituído de ferramentas de uma parte da matemática
de relações entre os objetos, suas formulações eventualmente
diferentes e de imagens mentais associadas a essas ferramentas e
relações. Dois quadros podem ter os mesmos objetos e serem
diferentes por causa das imagens mentais e da problemática
desenvolvida. (p. 28)
Para a seqüência didática, estamos interessados em desenvolver
atividades que articulem a mudança dos seguintes quadros: algébrico, numérico,
36
funções e geométrico. No geométrico estamos interessados especificamente em
um dos seus subquadros: o da geometria analítica
3
.
No quadro algébrico, interessam-nos os estudos das relações entre formas
escritas, como as equações cartesianas ou paramétricas e resolução de
equações, como do 1º e 2º graus.
No quadro numérico, o cálculo sobre coordenadas no plano (geometria
analítica) e em equações (algébrico).
No quadro de funções, há o estudo de funções do 1º e 2º graus.
No quadro da geometria analítica, expõe-se a representação gráfica de
ponto, reta, parábola e outras curvas planas e estudo de algumas propriedades
geométricas de curvas.
Neste quadro temos como objetivo evidenciar a articulação entre os pontos
de vista paramétrico ou cartesiano e as conversões entre os registros simbólico e
gráfico na representação de curvas planas.
4.3 Flexibilidade entre Pontos de Vista
Em sua tese, DIAS (1998 apud DORIER, 1998) interessou-se pela questão
da flexibilidade cognitiva. Observa que na didática da matemática, a flexibilidade
entre as formas de conhecimento e de representação semiótica tendem a ser
reconhecidas como um componente essencial da conceitualização e eficácia do
funcionamento matemático. Para isso, faz uma revisão crítica e compara os
3
Segundo ALMOULOUD(2000, p.63), a geometria analítica é um subquadro da geometria.
37
detalhes de diversos trabalhos franceses e anglo-saxões, onde a flexibilidade
ocupa um lugar mais ou menos importante.
DIAS (1998 apud DORIER, 1998) interessou-se também pelos problemas
de articulação entre diferentes sistemas de representação simbólica em Álgebra
Linear, abordados no quadro de estudos globais da flexibilidade entre dois pontos
de vista, cartesiano e paramétrico.
No início de suas pesquisas (1993 a 1995), a autora tinha distinguido em
Álgebra Linear:
- Dois quadros: algébrico e geométrico; alegando que as primeiras noções
são introduzidas em geral no quadro algébrico em R
n
, mas que o ensino
favorece um jogo com o quadro geométrico de duas ou três dimensões.
A autora, após um estudo mais intenso nos seus últimos trabalhos
considera agora cinco tipos de quadros: os da álgebra linear, da geometria afim
euclidiana, dos sistemas lineares, das matrizes e dos determinantes. E quatro
registros de representação semiótica: a representação simbólica intrínseca, a
representação por coordenadas, a representação por equações e a
representação por matrizes. A autora contempla também dois pontos de vista: o
cartesiano e o paramétrico.
Em nossa pesquisa, o trabalho de DIAS (1998) contribui para a elaboração
e análise da seqüência didática em alguns problemas de articulação entre
diferentes sistemas de representação como o simbólico e gráfico em geometria
analítica, abordados no quadro da flexibilidade entre os pontos de vista cartesiano
e paramétrico.
38
Apresentamos, a seguir (QUADRO 2), um exemplo da conversão entre os
registros semióticos da representação simbólico-algébrica para a gráfica em dois
pontos de vista.
O segmento de uma reta localizado entre os pontos A=(2;-3) e B=(5;2).
No ponto de vista paramétrico a partir de cálculos desenvolvemos a escrita
algébrica das equações paramétricas (registro de partida) e no registro gráfico
representamos o segmento (registro de chegada).
QUADRO 2: Ponto de vista paramétrico
Agora vamos encontrar a equação por outro ponto de vista (QUADRO 3).
No ponto de vista cartesiano a partir de cálculos encontramos a equação
cartesiana (registro de partida) e no registro gráfico representamos novamente o
segmento (registro de chegada).
1 1 2 2
1 2 1
1 2 1
A=( ; ) e B=( ; )
um parâmetro
( ).
2 (5 2).
( ). 3 (2 3).
2 3 ( ) 2 3
; com 0 t 1
3 5 ( ) 3 5
Equações paramétricas da reta
Registro simlico
Re
Sejam x y x y
t
x x x x t
x t
y y y y t y t
x t f t t
y t g t t
= +
= +
= + = + +
= + = +
= + = +
gistro gráfico
Quadro das funções
Quadro da geoemetria analítica
Ponto de vista paramétrico
39
QUADRO 3: Ponto de vista cartesiano
Pretende-se observar aqui que, para o aluno, um mesmo problema pode
ser fácil de um ponto de vista e difícil de outro.
5. Metodologia de Pesquisa
Como metodologia de pesquisa, utilizamos alguns elementos de uma
Engenharia Didática segundo ARTIGUE (1996). Foi elaborada e aplicada uma
seqüência didática e posterior análise dos dados coletados. Com estes
resultados, foi realizada a validação e conclusão da pesquisa, bem como os
caminhos que elas sugerem para o ensino e aprendizagem de Geometria
Analítica e a noção de parâmetro.
Segundo ARTIGUE (1996):
A engenharia didática, vista como metodologia de investigação,
caracteriza-se antes de mais por um esquema experimental baseado
em "realizações didática" na sala de aula, isto é, na concepção
4
, na
4
Sobre a concepção entendemos como construção.
1 1 2 2
1 1
2 2
Sejam ( ; ) e ( ; )
, a equação reduzida da reta
Portanto:
3 .2 3 2 ( )
2 .5 2 5 ( )
Substituindo-se (I) em (II), temos:
5 25 19
2 5. 2
3 3 3
Logo:
5
3
A x y B x y
y ax b
y ax b a b b a I
y ax b a b b a II
b b b
y x
= =
= +
= + = + =
= + = + =
= = =
=
19
, com 2 5
3
Registro simbólico
Registro gráfico
Quadro das funções
Quadro da geometria analítica
Ponto de vista cartesiano
x
40
realização, na observação e na análise de seqüências de ensino.
(p.196)
A noção de Engenharia Didática que inclui uma parte experimental é
empregada nas pesquisas da Didática da Matemática, desde o início da década
de 1980. O objetivo é usar este termo para elaborar uma forma de trabalho
didático comparável ao trabalho de um engenheiro que, para realizar um projeto
preciso, apóia-se nos conhecimentos científicos do seu domínio, aceita submeter-
se a um controle de tipo científico, mas, ao mesmo tempo, encontra-se obrigado a
trabalhar sobre os objetos muito mais complexos que os objetos depurados da
ciência e, conseqüentemente, deve tratar de uma maneira prática, com todos os
meios dos quais dispõe, dos problemas que a ciência não quer ou não pode levar
em conta.
Distinguimos quatro fases no processo da Metodologia da Engenharia
Didática:
As análises prévias ou preliminares;
A construção e análise a priori;
A experimentação;
A análise a posteriori e validação.
Estudaremos cada uma das quatro fases nos diferentes capítulos a seguir.
41
CAPÍTULO II: ESTUDOS SOBRE O OBJETO MATEMÁTICO
Neste capítulo, trataremos dos estudos realizados, da revisão bibliográfica
e do objeto matemático, para tentar identificar quais são os fenômenos didáticos
relacionados à noção de parâmetro e qual a sua importância neste contexto.
Estes estudos preliminares vão nos auxiliar na construção e análise a priori da
seqüência didática.
Em pesquisas com o apoio da Engenharia Didática, segundo ARTIGUE
(1996), a fase dos estudos preliminares ocorre em um quadro didático teórico
geral e em conhecimentos didáticos adquiridos no domínio que está sendo
estudado, com base em um determinado número de análises preliminares, a
serem considerados tendo em conta os objetivos específicos da pesquisa:
Análise epistemológica dos conteúdos visados pelo ensino;
Análise do ensino usual e seus efeitos;
Análise das concepções dos estudantes, das dificuldades e dos
obstáculos que caracterizam seu desenvolvimento;
Análise do campo das limitações em que se situa a realização
didática efetiva.
1. Revisão Bibliográfica e Estudo sobre o Objeto Matemático
Algumas pesquisas apontaram para uma falta de entendimento da noção
de parâmetro em geometria analítica e nos direcionaram na busca de ferramentas
que possam facilitar uma compreensão significativa deste tema no ensino
aprendizagem.
42
Estes trabalhos foram obtidos após pesquisas no banco da CAPES, no
LUMEM (sistema de busca das bibliotecas da PUC de São Paulo), no DEDALUS
(sistema de busca da biblioteca da USP), no portal de bibliotecas da UNESP e no
SBU (sistema de bibliotecas da UNICAMP). A escolha deste tema se deu porque
estes estudos tratam das dificuldades no ensino-aprendizagem da geometria
analítica com o uso de parâmetros.
A seguir, apresentamos um breve estudo das pesquisas correlatas que
justificam a nossa problemática.
SIDERICOUDES (1998), sobre tópicos da Geometria Analítica, em especial
a Geometria das Coordenadas, afirma que:
A abordagem desse conteúdo numa aula tradicional, teórica, tendo
como recurso giz e quadro-negro normalmente é desenvolvida
apresentando num primeiro momento os conceitos referentes ao
assunto programado para determinada classe. Após as apresentações
desses conceitos, solicita-se a resolução de exercícios extraídos de um
livro didático, ou talvez, criados no momento. Essa é a prática habitual
na abordagem tradicional. O aluno espera o professor conduzi-lo
durante as aulas, determinando o quê e como realizar qualquer tarefa
proposta. O processo de formalização dos conceitos matemáticos
antecipa-se ao processo de exploração, de construção do
conhecimento. (p. 4)
No estudo da geometria das coordenadas, como os gráficos de curvas no
2
R
, pretende-se propor uma abordagem diferente da tradicional, como descrita
por SIDERICOUDES.
MORETTI (2003), em um dos seus artigos sobre a translação como
recurso no esboço de curvas por meio da interpretação global de propriedades
figurais, comenta que:
Apesar da importância que é dada, o esboço ainda é tratado quase que
exclusivamente por meio da junção de pontos localizados no plano
cartesiano, pontos estes obtidos por intermédio de substituições na
expressão matemática correspondente. Para uma nova equação,
mesmo pertencendo à mesma família de curvas, todo esse mesmo
processo de ponto por ponto deve ser repetido sem que, na maioria das
vezes, qualquer relação seja estabelecida com alguma outra curva.
43
Esse modo de proceder, esboçar individualmente cada curva,
impossibilita que se perceba que modificações na equação são
responsáveis por modificações no gráfico e vice-versa. (p. 149-150).
Ainda segundo MORETTI (2003, p.150), “[...] essa percepção pode se
tornar possível desde que se leve em conta, sempre que possível, a família à qual
a curva pertence”.
Entendemos que, se os alunos iniciassem um estudo a partir de uma
família de pontos de uma determinada curva no plano, como por exemplo,
(x;y)=(
2
a;a
), ou uma família de curvas, como por exemplo y=
ax +b
, onde a e b
são parâmetros, evidenciariam com mais facilidade a família à qual os pontos ou
a curva pertencem. Neste sentido, seguimos nossa pesquisa no que se refere ao
estudo de parâmetros e o seu uso em equações.
Em uma outra pesquisa, BIANCHINI e ALMOULOUD (1995, p.220)
apresentam uma análise dos erros mais freqüentes na resolução de sistemas
lineares e, em uma questão específica, afirmam que: ”[...] pretendia-se
diagnosticar os conhecimentos de cada um sobre a teoria de sistemas lineares.
Mais precisamente, gostaríamos de comprovar a hipótese de J. L. Dorier a
respeito da confusão que o aluno faz entre incógnita e parâmetro”.
Diante desta hipótese, os resultados apresentados por BIANCHINI e
ALMOULOUD (1995, p.221) evidenciam que os alunos confundem parâmetro
com incógnita, pois o índice de acerto foi de apenas 3%.
Os autores chegam à seguinte conclusão:
Realmente existe para o aluno a confusão do que é o parâmetro e do
que é a incógnita, parece que o que fica claro para ele é que se deve
achar uma resposta para o problema e não é feita uma reflexão sobre
quem deve ficar em função de quem. Alguns isolaram x, outros y e
outros a. (p. 222)
Levando-se em conta que equações cartesianas são mais estudadas do
que equações paramétricas, tanto no ensino fundamental, quanto no ensino
44
médio, torna-se visível a confusão que fazem, os alunos, quando estudam
sistemas de equações lineares com parâmetros. Esta dificuldade pode ser
compreendida pelos pontos de vista paramétrico e cartesiano e nos faz refletir e
seguir na busca de outros trabalhos que evidenciam dificuldades conceituais com
a noção de parâmetro na geometria analítica.
DI PINTO (2000) apresenta uma análise de produções científicas sobre
ensino e aprendizagem da Geometria Analítica, objetivando fornecer o estado em
que se encontram as pesquisas preocupadas com este tema, feitas por brasileiros
na década de 90. Com intuito de mostrar as contribuições deixadas pelos autores,
DI PINTO apresenta algumas conclusões das obras estudadas. Vamos
apresentar uma destas obras que consideramos importante para a nossa
pesquisa, pois se trata do uso de parâmetros em equações.
Este autor analisou o trabalho de Ivete Mendes Freitas, apresentando
inicialmente: título, tipo de obra, objetivo da pesquisa, metodologia, referencial
teórico, sendo:
Tìtulo: Resolução de Sistemas Lineares Parametrizados e seu
significado para o aluno.
Tipo de obra: Dissertação de mestrado defendida no Programa de
Estudos Pós-graduados em Educação Matemática da PUC SP, 1999.
Objetivo da pesquisa: Investigar a interpretação que alunos do 2º grau
dão às soluções de um sistema de equações lineares parametrizado.
Metodologia: A pesquisa foi do tipo diagnóstico, com uma parte
empírica. Nos estudos preliminares, houve uma análise do assunto em
livros didáticos e uma reflexão sobre o desenvolvimento histórico do
assunto.
Referencial teórico: Para justificar a escolha de seu tema, a autora se
apoiou na teoria dos Registros de representação semiótica de
Raymond Duval. (FREITAS, 1999 apud DI PINTO, 2000, p. 14, grifo do
autor)
Em seguida, apresenta conclusões desta pesquisa:
Sobre o desenvolvimento do estudo de sistemas lineares nos livros
didáticos analisados, a autora constatou a inexistência do quadro
geométrico com conseqüente ênfase no quadro algébrico. Constatou
também a pouca importância dada ao termo e exploração de parâmetro
nos livros examinados. Essa pouca ou nenhuma importância dedicada
ao estudo da noção de parâmetro em matemática reflete no
45
desempenho dos alunos, quando enfrentam um sistema linear
parametrizado. (FREITAS, 1999 apud DI PINTO, 2000, p. 16)
Aqui estamos diante de um fato interessante que é a constatação da falta
de estudos no que diz respeito à noção de parâmetros e o seu uso em equações,
seja na forma paramétrica ou cartesiana.
DI PINTO apresenta também as sugestões da autora, (FREITAS, 1999
apud DI PINTO, 2000, p. 16), comentando: “[...] sugere que os professores
trabalhem com a variação dos valores dos parâmetros, a fim de favorecer a
compreensão e a atribuição de significado aos sistemas lineares parametrizados”.
E, finalmente, sobre o mesmo tema, FREITAS (1999 apud DI PINTO, 2000,
p. 17) comenta: “a autora termina conjecturando se a utilização do software
Winplot poderia facilitar o estudo de sistemas lineares parametrizados”.
Entendemos que a utilização do software Winplot pode facilitar a
interpretação da solução de um sistema linear parametrizado, como possível
(determinado ou indeterminado) ou impossível, bastando, para isso, analisar o
comportamento gráfico das retas imediatamente após a realização de variações
nos valores dos parâmetros de suas equações.
Analisando uma ferramenta para a representação gráfica de funções reais
e curvas no plano, GRAVINA (1998) apresenta argumentos que favorecem o uso
de um plotador gráfico, dizendo:
A partir de uma função básica e de seu gráfico, o aluno passa a explorar
família de funções. O recurso de múltiplas representações, no caso
analítica e geométrica, favorece a construção de relações entre
operações algébricas na expressão da função e movimentos
geométricos em gráficos. Em uma família, a função básica é a que tem
a expressão algébrica mais simples, e as demais funções são obtidas a
partir de operações algébricas sobre a expressão da função básica. Os
gráficos dos elementos da família são identificados a partir de
movimentos geométricos aplicados ao gráfico da função básica:
translação vertical ou horizontal; dilatação ou contração nas direções
horizontais e verticais; reflexões. Com a possibilidade de plotar
simultaneamente diversos elementos da família, o aluno explora o tipo
de movimento aplicado ao gráfico da função básica. (p. 19)
46
Entendemos que, utilizar recursos de múltiplas representações gráficas,
como família de pontos ou gráficos de curva a um parâmetro, em geometria
analítica, favorece ao aluno, a construção de relações entre algumas
propriedades geométricas de curvas planas e suas equações cartesianas ou
paramétricas. Consideramos os dois pontos de vista, paramétrico e cartesiano,
importantes, pois em geral, no ensino dio, os livros trabalham quase sempre,
somente o ponto vista cartesiano em
2
R
. Essa ênfase pode se tornar um
obstáculo didático
5
para o desenvolvimento posterior da geometria analítica em
outras dimensões. Um exemplo é a introdução da noção de vetor, articulada no
ponto de vista paramétrico.
Em seguida, apresentamos um breve estudo histórico da evolução de
alguns conceitos da geometria analítica, especificamente sobre parâmetro,
incógnita, variável, sistema de coordenadas cartesianas, gráficos de curvas na
forma paramétrica e cartesiana em
2
R
e a parametrização de curvas.
Para estes estudos, utilizamos como fonte, livros de história da
matemática, de álgebra vetorial e geometria analítica, cônicas e quádricas e de
história das curvas. Por meio dos trabalhos de EVES e BOYER identificaremos
alguns obstáculos epistemológicos.
Este estudo nos possibilitará o entendimento de quais são as concepções
6
inerentes ao desenvolvimento de importantes conceitos, tais como as
diferenciações entre incógnita, parâmetro e variável, as representações analíticas
de curvas geométricas na forma paramétrica ou cartesiana e a evolução de
algumas curvas no plano, contribuindo para a elaboração da seqüência didática, a
5
Segundo ALMOULOUD ( 2000, p.125) “os obstáculos de origem didática são aqueles que parecem
depender apenas de uma escolha ou de um projeto do sistema educativo que resultam de uma transposição
didática".
6
Concepção (construção ou elaboração) segundo ARTIGUE (1996).
47
construção e análise a priori das atividades propostas.
2. Considerações gerais inerentes às origens da Geometria Analítica.
Segundo VENTURI (2003, p.13), foi extraordinário o incremento dado à
geometria plana e espacial pelos matemáticos helenísticos, como: Pitágoras (560-
500 a.C.); Euclides (c.325-c. 265 a.C.);Arquimedes (287-212 a.C.); Apolônio de
Perga (262 -190 a.C.). Com estes, a matemática deixa seu caráter meramente
intuitivo e empírico (egípcios e babilônicos) e se assume, a partir da criação de
definições, axiomas, postulados e teoremas, como disciplina racional, dedutiva e
lógica. Porém, ainda não dispunha de uma representação algébrica adequada.
Esta temática está presente no ensino médio quando os saberes a ensinar
são a geometria plana e espacial. Em nosso trabalho, necessitamos que os
alunos tenham uma noção conceitual prévia pelo menos no que se refere à
representação algébrica da geometria plana.
Ainda segundo VENTURI (2003, p.17), “a Álgebra possui uma dupla
paternidade: Diofanto e Al-Khowarizmi”.
BOYER (1996, p. 121) comenta que Diofanto é freqüentemente chamado o
pai da álgebra, mas tal designação não deve ser tomada literalmente, pois outros
autores consideram como tal François Viète (1540 – 1603).
Segundo EVES (2004, p.206), comentando sobre a álgebra grega antiga:
Em 1842, G.H.F. Nesselmann caracterizou, com propriedade, três
estágios no desenvolvimento da notação algébrica. Primeiro se tem a
álgebra retórica em que os argumentos da resolução de um problema
são escritos em prosa pura, sem abreviações ou símbolos específicos.
A seguir vem a álgebra sincopada em que se adotam abreviações para
algumas quantidades e operações que se repetem mais
freqüentemente. Finalmente chega-se ao último estágio, o da álgebra
simbólica, em que as resoluções se expressam numa espécie de
taquigrafia matemática formada de símbolos que aparentemente nada
têm a ver com os entes que representam.
Diofanto de Alexandria viveu no século III d.C., tendo como principal
48
trabalho o livro Aritmética, com a utilização de notações, uma linguagem mais
sincopada e mais simbólica para a matemática. Porém, ainda segundo EVES
(2004, p.206), a álgebra retórica continuou por centenas de anos, exceto na Índia.
Na Europa Ocidental, permaneceu até o século XV, mesmo com o surgimento da
álgebra simbólica no século XVI, somente pela metade do século XVII, esta
álgebra simbólica acabou se impondo.
Para BOYER (1996, p.156), o titulo “pai da álgebra” pertence mais a Al-
Khowarizmi do que a Diofanto, o livro Al-jabr Wa’l muqabalah está mais próximo
da álgebra elementar de hoje que as obras de Diofanto, pois “[...] o livro não se
ocupa de problemas difíceis de análise indeterminada, mas contém uma
exposição direta e elementar da resolução de equações, especialmente de
segundo grau”.
Al-Khowarizmi viveu por volta de 800 d.C., na cidade de Bagdá,
considerada então como uma nova Alexandria. Sua principal obra, Al-Jabr,
deixou marcas consistentes em toda a Europa. Al-Jabr recebeu a forma latinizada
Algebrae, para nós Álgebra.
Em nosso trabalho, dos três estágios no desenvolvimento da notação
algébrica (retórica, sincopada e simbólica), vamos nos ater à álgebra simbólica
das equações cartesianas ou paramétricas de curvas planas em geometria
analítica.
2.1. O início do simbolismo algébrico e o conceito de parâmetro.
Segundo BOYER (1996, p. 176), Jordanus Nemorarius (séc. XIII) escreveu
livros de aritmética, geometria e astronomia, e um destes denominado Arithmetica
é significativo, especialmente por usar letras em vez de numerais para denotar
49
números, o que torna possível enunciar teoremas algébricos gerais.
BOYER (1996, p.176), comenta que:
Nos teoremas aritméticos de Os elementos VII-IX de Euclides os
números eram representados por segmentos de retas a que eram
associadas letras, e as provas geométricas na Álgebra de al khowarizmi
usavam diagramas com letras; mas todos os coeficientes nas equações
usadas na Álgebra são números específicos, sejam representados em
numerais, sejam escritos em palavras. A idéia de generalidade está
contida na exposição de al-khowarizmi, mas ele não tinha um método
para exprimir algebricamente as proposições gerais que aparecem tão
claramente em geometria. Na Arithmetica o uso de letras sugere o
conceito de “parâmetro”, mas os sucessores de Jordanus em geral
abandonaram o uso de letras.
A história da matemática, em especial da álgebra, mostra a importância da
escrita, seja por meio de segmentos, numeral ou letras para justificar o seu
desenvolvimento. Em nosso trabalho, o entendimento histórico desta álgebra nos
permite compreender e justificar, em parte, o uso de parâmetros em uma álgebra
simbólica.
Segundo EVES (2004, p.308), somente no século XVI, François Viète
(1540-1603) ou, em latim, Franciscus Vieta, considerado o maior matemático
francês da época, apresentou em um dos seus trabalhos, denominado In artem, o
desenvolvimento do simbolismo algébrico:
Neste texto Viète introduziu a prática de se usar vogais para representar
incógnitas e consoantes para representar constantes. A convenção
atual de se usar as últimas letras do alfabeto para indicar as incógnitas
e as primeiras para as constantes foi introduzida por Descartes em
1637.
No decorrer da seqüência didática, apresentamos aos alunos este
momento histórico, que vai de Viète a Descartes, no que se refere ao uso de
incógnitas e parâmetros em equações.
BOYER (1996, p.208), sobre François Viète, comenta que:
Sem dúvida foi à álgebra que Viète deu suas mais importantes
contribuições, pois foi aqui que chegou mais perto das idéias modernas.
[…] Não poderia haver grande progresso na teoria da álgebra enquanto
a preocupação principal fosse a de encontrar a “coisa” numa equação
50
com coeficientes numéricos específicos. Tinham sido desenvolvidos
símbolos e abreviações para uma incógnita e suas potências, bem
como para operações e a relação de igualdade. Stifel tinha ido ao ponto
de escrever AAAA para indicar a quarta potência de uma quantidade
incógnita; no entanto não tinha um esquema para escrever uma
equação que pudesse representar qualquer dentre uma classe toda de
equações. [...] Um geômetra num diagrama, poderia fazer ABC
representar todos os triângulos, mas um algebrista não tinha um
esquema correspondente para escrever todas as equações de segundo
grau.
Sobre esta álgebra, nos questionamos se não é isso que se reproduz com
os alunos. Quando se resolve uma equação cartesiana com coeficientes
numéricos específicos, a preocupação principal é a de encontrar o valor da
incógnita, como apresentado historicamente? Não temos aqui a pretensão de
responder, mas evidenciar que, no ensino de equações algébricas, trabalha-se
bastante com a noção de incógnita e muito pouco ou raramente com a noção de
parâmetro.
Ainda segundo BOYER (1996, p. 208):
Desde os dias de Euclides que letras tinham sido usadas para
representar grandezas, conhecidas ou desconhecidas, e Jordanus
fizera isso constantemente; mas não havia meios de distinguir
grandezas supostas conhecidas das quantidades desconhecidas que
devem ser achadas. Aqui Viète introduziu uma convenção tão simples
quanto fecunda. Usou uma vogal para representar, em álgebra, uma
quantidade supostamente desconhecida, ou indeterminada, e uma
consoante para representar uma grandeza ou números supostos
conhecidos ou dados. Aqui encontramos, pela primeira vez na álgebra,
uma distinção clara entre o importante conceito de parâmetro e a idéia
de uma quantidade desconhecida.
Vemos que, somente no século XVI, Viète estabeleceu uma diferenciação
na álgebra simbólica entre grandezas conhecidas e desconhecidas e, pela
primeira vez, a denominação que uma constante (quantidade conhecida) numa
equação representada por uma letra denomina-se parâmetro.
René Descartes (1596-1650), na sua obra La géométrie, em 1637,
introduz o simbolismo para as equações, com o uso de letras do começo do
alfabeto para parâmetros e do fim para as incógnitas; a adaptação da notação
exponencial a essas letras e o uso dos mbolos germânicos + e -, simbolismo
51
muito próximo do usado nos dias atuais. No entanto, enquanto consideramos as
incógnitas e os parâmetros como números, Descartes pensava neles como
segmentos, como relata BOYER (1996, p. 232):
Se, pois, queremos resolver qualquer problema, primeiro supomos a
solução efetuada, e damos nomes a todos os segmentos que parecem
necessários à construção aos que são desconhecidos e aos que são
conhecidos. Então, sem fazer distinção entre segmentos conhecidos e
desconhecidos, devemos esclarecer a dificuldade de modo que mostre
mais naturalmente as relações entre esses segmentos, até
conseguirmos exprimir uma mesma quantidade de dois modos. Isso
constituirá uma equação (numa única incógnita) pois os termos de uma
dessas expressões são juntas iguais aos termos da outra.
Neste momento histórico, Descartes, na primeira metade do século XVII,
apresenta finalmente o que usamos hoje: as primeiras letras do alfabeto
(a, b, c, d,...) representando os parâmetros e as últimas (x,y,z,t,...) representando
as incógnitas numa equação cartesiana. Percebemos também uma primeira
mudança de quadros, do geométrico para o algébrico, ou conversão de registros:
de uma representação gráfica para uma representação simbólico-algébrica.
Sobre quantidades desconhecidas, é importante distinguir o pensamento
entre Viète e Descartes. Este último usava quantidades desconhecidas como
variável e Viète como incógnita. (SILVA, 1994)
7
2.2. Coordenadas, gráficos de funções e variável.
Um dos maiores matemáticos do século XVI foi Nicole Oresme (1323–1382
d. C). Segundo BOYER (1996, p.180), a maior influência de Nicole Oresme foi a
seguinte:
Por quase um século antes de seu tempo os filósofos escolásticos
8
vinham discutindo a quantificação das “formas” variáveis, um conceito
de Aristóteles aproximadamente equivalente à qualidade. Entre tais
7
Artigo sobre o desenvolvimento da Geometria Analítica e a Influência de Descartes e Euler na Obra de
Auguste Comte . 1994. Disponível em <http://www.ufes.br/circe/artigos/artigo65.htm > Acessado em
30/06/2006.
8
Segundo Dicionário Aurélio: Doutrinas teológico-filosóficas dominantes na Idade Média, dos sécs. IX ao
XVII, caracterizadas sobretudo pelo problema da relação entre a e a razão, problema que se resolve pela
dependência do pensamento filosófico, representado pela filosofia greco-romana, da teologia cristã.
52
formas havia coisas como a velocidade de um objeto móvel e a variação
da temperatura, de ponto para ponto, num objeto com temperatura não
uniforme. As discussões eram interminavelmente prolixas, pois os
instrumentos de análise disponíveis eram inadequados. Apesar dessa
falta, os lógicos em Merton College tinham obtido, como vimos, um
importante teorema quanto ao valor médio de uma forma
“uniformemente diforme”- isto é, uma em que a taxa de variação da taxa
de variação é constante. Oresme conhecia bem esse resultado, e
ocorreu-lhe em algum momento antes de 1361 um pensamento
brilhante – porque não traçar uma figura ou gráfico da maneira pela qual
variam as coisas? Vemos aqui, é claro, uma sugestão antiga daquilo
que agora chamamos representação gráfica de funções.
Neste momento histórico, século XIV, além da representação gráfica de
funções, de variável contínua e pontos móveis, observa-se uma relação
interessante entre a matemática, a física e a filosofia com o estudo do movimento
por meio de uma interdisciplinaridade.
Nicole Oresme nasceu na Normandia por volta de 1323. Faleceu em 1382.
Entre os seus trabalhos, este sobre a localização de pontos por coordenadas se
destaca um século mais tarde, influenciando matemáticos do Renascimento (séc.
XV), até mesmo Descartes (1596-1650 d.C), e antecipando, desta forma, a
Geometria Analítica.
Para Nicole Oresme, tudo que é mensurável é imaginável na forma
contínua, como o traço de um gráfico velocidade-tempo para um corpo que se
move com aceleração constante, ou seja, as primeiras noções sobre pontos
móveis que representam a trajetória de uma curva. Para representar uma
situação, FIG.5, Nicole Oresme apresenta, ao longo de uma reta horizontal,
alguns pontos representando instantes de tempo, denominados de longitudes, e
para cada instante, traça perpendicularmente à reta de longitudes um segmento
de reta, denominado de latitude, cujo comprimento representa a velocidade.
53
FIG.5: Latitude e longitude (BOYER 1996, p. 181)
As latitudes e longitudes usadas por Oresme são, em certo sentido, as
nossas abscissa e ordenada, com uma representação gráfica muito próxima da
geometria analítica. Segundo BOYER (1996, p. 181), “seu uso de coordenadas, é
claro, não era novo, pois Apolônio, e outros antes dele, tinham usado sistemas de
coordenadas, mas sua representação gráfica de uma quantidade variável era
novidade”.
Nicole Oresme, além de perceber o princípio fundamental de poder
representar uma função de uma variável como uma curva, verificou parte do
principio fundamental da Geometria Analítica
9
, desenvolvido por Fermat, em que
uma curva plana pode ser representada, em relação a um sistema de
coordenadas, como uma função de uma variável. O autor apresenta as primeiras
noções de pontos móveis, que em instantes inicial e final, de maneira contínua,
define a trajetória do intervalo de uma curva, no caso uma reta. BOYER (1996, p.
181) observa:
Ao passo que dizemos que o gráfico da velocidade num movimento
uniformemente acelerado é uma reta, Oresme escrevia. “Toda
qualidade uniformemente diforme terminando em intensidade zero é
imaginada como um triângulo retângulo”, isto é, Oresme se interessava
mais pelos aspectos de cálculo da situação: 1) o modo pelo qual a
função varia (isto é, a equação diferencial da curva) e, 2) o modo pela
qual a área sob a curva varia (isto é, a integral da função).
Percebemos que Nicole Oresme realiza implicitamente uma mudança de
9
Segundo BOYER (1996,p.238), Fermat define o princípio fundamental da geometria analítica, como :
“sempre que numa equação final encontram-se duas quantidades incógnitas, temos um lugar, a extremidade
de uma delas uma linha, reta ou curva.”
Quadro da geometria analítica:
Conversão entre registros de
representação semiótica:
- Do geométrico figural para o
gráfico.
54
quadros, da geometria analítica (representações gráficas) para o de funções (de
uma variável).
2.3 Origens da Geometria Analítica
Apolônio (262–190 a.C), em sua obra As cônicas, é o primeiro a utilizar um
sistema de coordenadas, o que contribui para o surgimento da geometria
analítica.
BOYER (1996, p. 106 -107), em relação ao uso de coordenadas, aponta
que:
Os métodos de Apolônio, em As cônicas, em muitos pontos são tão
semelhantes aos modernos que às vezes se considera seu tratado
como uma geometria analítica, antecipando a de Descartes por 1800
anos....As distâncias medidas ao longo do diâmetro a partir do ponto de
tangência são as abscissas, e os segmentos paralelos à tangente e
cortados entre o eixo e a curva o as ordenadas...Da geometria grega
podemos dizer que as equações o determinadas pelas curvas, mas
não que curvas fossem determinadas pelas equações. Coordenadas,
variáveis e equações eram noções subsidiárias derivadas de uma
situação geométrica específica; e infere-se que do ponto de vista grego
não era suficiente definir curvas abstratamente como lugares
satisfazendo a condições dadas sobre as coordenadas.
A relação entre os dois quadros, algébrico (equações) e geométrico
(curvas), e vice-versa torna-se evidente na história e facilita o surgimento da
geometria analítica.
A obra La géométrie, de Descartes, poderia ser descrita não como uma
aplicação da álgebra à geometria, mas como sendo a tradução de operações
algébricas em linguagem geométrica, como relata BOYER (1996, p. 233): “o
objetivo do seu método, portanto, era duplo: 1) por processos algébricos libertar a
geometria de diagramas e 2) dar significados às operações da álgebra por meio
de interpretações geométricas”.
Em contrapartida, Pierre de Fermat, em 1629, por meio do seu trabalho
como restaurador de obras, propôs-se a reconstruir uma das obras de Apolônio,
55
Lugares planos, obtendo resultados desse esforço. Em 1636, descobriu o
principio fundamental da geometria analítica: “sempre que numa equação final
encontram-se duas quantidades incógnitas, temos um lugar, a extremidade de
uma delas, uma linha, reta ou curva”. BOYER (1996, p.238)
Comparando o trabalho de ambos, e em se tratando do mesmo período,
enquanto René Descartes partia de um lugar geométrico (representação gráfica)
e encontrava sua equação (representação simbólico-algébrica), Pierre de Fermat
partia de uma equação e estudava o lugar geométrico correspondente.
Vemos uma articulação (conversão) separada entre os registros. Enquanto
Descartes partia de uma representação gráfica para a simbólico-algébrica, Fermat
partia da simbólico-algébrica para a gráfica. Neste trabalho, temos a intenção de
analisar situações em ambos os casos.
EVES (2004, p.382) sobre a essência da idéia, que geometria analítica,
quando aplicada em
2
R
:
[…] consiste em estabelecer uma correspondência entre pontos do
plano e pares ordenados de números reais, viabilizando assim uma
correspondência entre curvas do plano e equações em duas variáveis,
de maneira tal que para cada curva do plano está associada uma
equação bem definida f(x,y)=0 e para cada equação dessas está
associada uma curva (ou conjuntos de pontos) bem definida do plano.
Estabelece-se, além disso, uma correspondência entre as propriedades
algébricas e analíticas da equação f(x,y)=0 e as propriedades
geométricas da curva associada.
A essência da geometria analítica apresentada por EVES é interessante,
porém, historicamente, encontramos uma dificuldade na articulação entre os
registros simbólico e gráfico, pois para que a geometria analítica desempenhasse
plenamente o seu papel, teve de esperar o desenvolvimento do simbolismo
algébrico. Como provavelmente é realizado em sala de aula, primeiro desenvolve-
se o simbólico algébrico, como o estudo de equações do e graus, para,
depois, o estudo das propriedades geométricas da curva associada a sua
56
equação, como a reta ou a parábola, ou seja, este último é sempre estudado em
um segundo momento, talvez um dos motivos das dificuldades apresentadas por
alunos na conversão do registro gráfico para o simbólico.
Ainda segundo EVES(2004, p. 383):
[…] parece mais correto concordar com a maioria dos historiadores que
consideram as contribuições decisivas feitas no século XVII pelos
matemáticos franceses René Descartes e Pierre de Fermat como a
origem essencial do assunto.
Em sua obra, La Géométrie, Descartes não apresenta nada de sistemático
sobre coordenadas retangulares, assumindo ordenadas oblíquas. Segundo
BOYER (1996, p. 235-236), em relação à geometria analítica de hoje:
[…] não fórmulas para distâncias, inclinação, ponto de divisão,
ângulos entre duas retas, ou outro material semelhante. Além disso, em
toda a obra não uma única curva nova traçada diretamente a partir
da equação, e o autor se interessa tão pouco por esboçar curvas que
nunca entendeu completamente o significado de coordenadas
negativas.
Mesmo hoje, com o uso destas fórmulas citadas por BOYER, as
dificuldades em articular a representação de curvas por equações permanecem
as mesmas, ou melhorou muito pouco. No entanto, quando se utiliza um plano
cartesiano quadriculado ou um plotador gráfico, como ferramentas facilitadoras,
que permite ao aluno a construção de pontos e curvas, é visível seu interesse em
esboçar os diferentes gráficos de uma curva no plano.
O princípio fundamental da geometria analítica, em que equações
indeterminadas em duas incógnitas correspondem a lugares, aparece
acidentalmente em sua obra:
A solução de qualquer desses problemas sobre lugares não é mais do
que achar um ponto para cuja completa determinação falta uma
condição ... Em todo caso assim se pode obter uma equação contendo
duas incógnitas. (BOYER 1996, p. 236)
Ainda segundo BOYER (1996, p.236), Descartes examinou com detalhes a
equação geral de uma cônica,
2 2
y = ay -bxy +cx - dx
, passando pela origem com
57
coeficientes literais positivos, muito próximo da família de secções cônicas.
Descartes indicou condições sobre os coeficientes sob as quais a cônica é uma
reta, uma parábola, uma elipse ou uma hipérbole. Neste caso, destacam-se como
importantes na análise desta equação de Descartes, além das conversões entre
os registros simbólico e gráfico, a utilização dos parâmetros a, b, c e d, pois são
eles que permitem distinguir a referida cônica.
Utilizando um plotador gráfico, no caso o Winplot, construiremos alguns
gráficos das cônicas de Descartes, inclusive apresentando em alguns casos
valores negativos para os coeficientes literais (parâmetros) na tentativa de
evidenciar algumas de suas propriedades geométricas.
Iniciamos com a circunferência, depois a hipérbole, a elipse, a reta e, por
fim. a parábola.
Exemplo 1: a circunferência
FIG. 6: cônica de Descartes como circunferência
Alterando os valores do parâmetro a para qualquer número real e
mantendo constantes os valores dos parâmetros b, c e d como apresentados na
−3 −2 −1 1 2 3 4 5 6
−2
−1
1
2
3
4
5
x
y
Quadro da geometria analítica
-Equação cartesiana:
2 2
y = ay -bxy +cx - dx
Parâmetros:
a,b,c e d
Variáveis:
x e y
Gráficos:
vermelho : a = 2;b = 0;c = 3 e d =1
verde :a = 3;b = 0;c = 3 e d =1
amarelo : a = 4;b = 0;c = 3 e d =1
azul: a = 5;b = 0;c = 3 e d =1
rosa : a =1;b = 0;c = 3 e d =1
preto : a = 0,5;b = 0;c = 3 e d =1
Conversão entre registros de representação
semiótica:
-Da representação simbólico-algébrica para
a linguagem winplot
-Da linguagem winplot para a gráfica
Ponto de vista cartesiano
58
FIG.6 , os gráficos são de uma circunferência.
Exemplo 2: a hipérbole
FIG. 7: cônica de Descartes como hipérbole
Alterando os valores do parâmetro a ou c para qualquer número real e
mantendo constantes os valores dos parâmetros b e d, como apresentados na
FIG.7, os gráficos são de uma hipérbole.
Exemplo 4: a elipse
FIG. 8: cônica de Descartes como elipse
Alterando os valores do parâmetro c para qualquer número real e
−5 −4 −3 −2 −1 1 2 3 4
−2
−1
1
2
3
4
5
x
y
Quadro da geometria analítica
-Equação cartesiana:
2 2
y = ay -bxy + cx - dx
Parâmetros:
a,b,c e d
Variáveis:
x e y
Gráficos:
vermelho: a = 2;b = 4;c = 4 e d =1
azul: a = -3;b = 4;c = 3 e d=1
Conversão entre registros de representação:
-Da representação simbólico-algébrica para a
linguagem winplot
-Da linguagem winplot para a gráfica
Ponto de vista cartesiano
−4 −3 −2 −1 1 2 3 4 5
−3
−2
−1
1
2
3
4
5
x
y
Quadro da geometria analítica
-Equação cartesiana:
2 2
y = ay -bxy +cx - dx
Parâmetros:
a,b,c e d
Variáveis:
x e y
Gráficos:
vermelho: a = 3;b =1;c = 5 e d =1
laranja :a = 3;b =1;c = 4 e d =1
verde : a = 3;b =1;c = 3 e d =1
amarelo: a = 5;b = 0;c = 2 e d =1
azul: a = 3;b =1;c =1 e d =1
rosa: a = 3;b =1;c = 0 e d =1
preto: a = 3;b =1;c = -1 e d=1
Conversão entre registros de representação
semiótica:
-Da representação simbólico-algébrica para a
linguagem winplot e desta para a gráfica
Ponto de vista cartesiano
59
mantendo constantes os valores dos parâmetros em a=3, b=1 e d=1 como
apresentados alguns na FIG.8, os gráficos são de uma elipse.
Exemplo 5: a reta
FIG. 9: cônica de Descartes como reta
Alterando os valores do parâmetro a para qualquer número real e
mantendo iguais a zero os valores dos parâmetros c e d e b=1, obtemos
representações gráficas da reta paralelas, conforme FIG.9.
Exemplo 6: a parábola
−4 −3 −2 −1 1 2 3 4
5
−4
−3
−2
−1
1
2
3
4
x
y
Quadro da geometria analítica
-Equação cartesiana:
2 2
y = ay -bxy + cx - dx
Parâmetros:
a,b,c e d
Variáveis:
x e y
Gráficos:
vermelho : a = 3;b =1;c = 0 e d = 0
laranja : a = 2;b =1;c = 0 e d = 0
verde : a =1;b =1;c = 0 e d = 0
amarelo : a = 0;b =1;c = 0 e d = 0
azul: a = -1;b =1;c = 0 e d = 0
rosa : a = -2;b =1;c = 0 e d = 0
preto : a = -3;b =1;c = 0 e d = 0
Conversão entre registros de representação
semiótica:
- Da representação simbólico-algébrica
para a linguagem winplot e desta para a
gráfica Ponto de vista cartesiano
−4 −3 −2 −1 1 2 3 4
5
−4
−3
−2
−1
1
2
3
4
x
y
Quadro da geometria analítica
-Equação cartesiana:
2 2
y = ay - bxy + cx - dx
Parâmetros:
a,b,c e d
Variáveis:
x e y
Gráficos:
vermelho : a = 0;b = 0;c = -5 e d = 0
preto : a = 0;b = 0;c = -2 e d = 0
rosa : a = 0;b = 0;c = -1 e d = 0
laranja : a = 0;b = 0;c = 5 e d = 0
verde : a = 0;b = 0;c = 2 e d = 0
azul: a = 0;b = 0;c =1 e d = 0
Conversão entre registros semióticos:
-Da representação simbólico-algébrica para a
linguagem Winplot e desta para a gráfica
Ponto de vista cartesiano
FIG. 10: cônica de Descartes como parábola
60
Alterando os valores reais do parâmetro c para qualquer número real e
mantendo os valores dos parâmetros a, b e d iguais a zero como apresentados
em alguns casos como na FIG.10, então os gráficos serão de uma parábola.
Observamos novamente o quão difícil deve ter sido a validade observada
por Descartes. Entendemos que algumas ferramentas, como o uso de um
plotador, facilitam o entendimento histórico de algumas curvas com suas
propriedades, como estas apresentadas, e permitem evidenciar a importância do
uso de parâmetros.
Sobre a geometria analítica em
3
R
, o livro II de La Géométrie apresenta o
enunciado de um princípio fundamental da Geometria Analítica: “se faltam duas
condições para a determinação de um ponto, o lugar do ponto é uma superfície”.
(BOYER 1996, p. 236). Porém, segundo este autor, não qualquer exemplo
para tais equações dessa sugestão de geometria analítica no espaço.
2.4. As curvas planas algébricas ou transcendentes.
A seguir continuamos nossa pesquisa procurando evidenciar o uso de
parâmetros e a sua importância na história das curvas planas.
BOYER (1996, p. 107) comenta sobre a pouca importância que os antigos,
como Apolônio (c. 225 a. C), deram às curvas:
Na verdade, aos antigos escapou quase completamente o papel que
curvas de vários tipos desempenham no mundo que os cercava... . O
método cinemático e o uso de secções planas de superfícies admitem
generalizações de grande alcance, no entanto apenas uma dúzia de
curvas era familiar aos antigos. Mesmo a ciclóide gerada por um ponto
de um círculo que rola sobre a reta, parece não ter sido percebida por
eles. Que Apolônio, o maior geômetra da antiguidade, não tenha
desenvolvido a geometria analítica se deveu provavelmente à pobreza
de curvas mais do que de idéias.
Este comentário nos permite refletir sobre as dificuldades existentes no
estudo de curvas e conseqüentemente no desenvolvimento da geometria analítica
61
e sobre como poderíamos trabalhar algumas curvas históricas, em
2
R
, com
alunos de modo geral.
Em se tratando de curvas, o método de René Descartes, no livro La
Géométrie, consistia em partir de um problema geométrico, traduzí-lo para uma
representação algébrica, uma equação, simplificando-a ao máximo para depois
resolvê-lo geometricamente.
Sobre as curvas, BOYER (1996, p. 233) comenta: “Descartes ficou muito
impressionado com a força de seu método no tratamento do lugar das três e
quatro retas, e por isso passou a generalizações desse problema”.
Em um caso de quatro retas paralelas e uma perpendicular às outras,
conforme FIG.11, Descartes chegou à seguinte conclusão:
“Se a constante de proporcionalidade no problema de Papus
10
é
tomada como sendo uma constante a, então o lugar é dado por
(a+x).(a-x).(2a-x)=axy, uma cúbica que Newton mais tarde chamou a
parábola ou tridente de Descartes.” (BOYER 1996, p. 234)
Em um artigo sobre o desenvolvimento da geometria analítica, SILVA
(1994) ressalta: “o importante na obra de Descartes é que a associação da
Geometria com a Álgebra simbólica encoraja o desenvolvimento de técnicas
10
Papus de Alexandria (290-350), grande geômetra que tem como trabalho a Coleção Matemática.
Quadro da geometria
analítica:
-Lugar geométrico
-Equação cartesiana:
(a+ x).(a - x).(2a - x) = axy
Variáveis: x e y
(segmentos)
Parâmetro a (quantidade
conhecida)
Conversão entre
registros:
-Representação gráfica
para
Representação
simbólico-algébrica
FIG. 11 : Cúbica de Descartes (BOYER 1996, p. 233)
62
algébricas, independente de visualizações geométricas”.
Esta autora evidencia a importância da mudança de quadros, do
geométrico para o algébrico, e a falta de uma representação gráfica mais
moderna. No caso do tridente de Descartes, considerando a constante a como
parâmetro, temos a sua representação gráfica, no Winplot, conforme a FIG.12:
FIG. 12: O tridente de Descartes
Ao realizar variações nos valores reais do parâmetro a, identificamos que a
é diferente de zero, ou seja, uma condição de existência para representações
gráficas da curva.
Observando a evolução histórica de curvas como esta, gera-se o interesse
em pesquisar outros exemplos de curvas e trabalhá-las com os alunos, na
tentativa de apresentar a dificuldade em encontrar uma curva por meio de sua
representação gráfica a partir de sua equação.
Descartes, entendendo que os antigos nunca tinham aceitado como
legítimas as construções que usassem curvas diferentes de retas e círculos, o
−4 −3 −2 −1 1 2 3 4 5 6
7
−5
−4
−3
−2
−1
1
2
3
4
5
6
7
x
y
Quadro da geometria analítica:
-Equação cartesiana:
(a+x)(a- x)(2a- x)=axy, com a 0.
Parâmetro:a
Variáveis: x e y
Gráficos:
azul: a =1;
vermelho:a = 2
verde:a = 3
Conversão entre registros:
-Da representação simbólico-algébrica para a
linguagem winplot
-Da linguagem winplot para a gráfica
Ponto de vista cartesiano
63
que se constitui em um obstáculo epistemológico
11
(embora Papus o
reconhecesse), resolveu especificar uma classificação ortodoxa de problemas
geométricos determinados, explicando:
[...] Aqueles, que levam a equações quadráticas e podem portanto ser
construídos com régua e compasso, ele colocou na primeira classe; os
que levam à equações cúbicas e quárticas, cujas raízes não podem ser
construídas por meio de secções cônicas, na classe número dois; os
que levam a equações de grau cinco ou seis podem ser construídos
introduzindo uma cúbica como o tridente ou parábola superior
3
y=x
, e
esses ele colocou na classe três. Descartes continuou assim, reunindo
problemas geométricos e equações algébricas em classes, assumindo
que a construção das raízes de uma equação de grau 2n ou 2n -1 era
um problema de classe n. BOYER (1996, p. 234)
Aqui surge uma primeira classificação das curvas algébricas. No ensino
atual, parece que repetimos com nossos alunos o mesmo obstáculo
epistemológico, trabalhando, quando possível, em geometria analítica, com retas,
circunferências e secções cônicas. No trabalho do professor ao tentar
desenvolver com os alunos a construção de outras curvas, sugerimos
construções com o uso do Winplot.
Sobre a classificação, quando uma curva plana é representada
analiticamente por uma equação a duas variáveis, como, por exemplo, em
Ax +By = C,
2 2
x + y =10
ou
ou y = sinx
12
, denomina-se curva plana algébrica ou
transcendente. A diferença básica é que: “uma curva é dita algébrica quando
possui uma equação cartesiana polinomial a coeficientes reais, uma curva não
algébrica é dita transcendente.
13
(tradução livre)
Segundo (BOYER 1996, p. 235), Descartes ao introduzir as curvas de que
necessitava para construções geométricas além de grau quatro, acrescentara
mais um axioma aos usuais da geometria, sendo este: “duas ou mais retas (ou
11
São obstáculos que tiveram um papel importante no desenvolvimento histórico dos conhecimentos e cuja
rejeição precisou ser integrada explicitamente no saber transmitido. [...] São inerentes ao saber identificáveis
pelas dificuldades encontradas pelos matemáticos para os superar na história. (ALMOULOUD 2000, p.124)
12
y sin(x) y sen(x)
= =
13
Disponível em: < http://www.mathcurve.com/courbes2d/algebric/algebric.shtml >. A
cesso em 30/06/2006.
64
curvas) podem ser movidas, uma sobre a outra, determinando por suas
intersecções novas curvas”.
Do mesmo modo, eram obtidas as curvas construídas pelos gregos em sua
geração cinemática como: a quadratriz, a cissóide, a conchóide e a espiral.
Descartes, no entanto, fez distinções cuidadosas:
[…] a cissóide e a conchóide, que chamaríamos de algébricas, e outras
como a quadratriz e a espiral, que hoje são chamadas transcendentes.
Ao primeiro tipo Descartes deu reconhecimento geométrico total, junto
com a reta, círculo, e as cônicas, chamando todas de “curvas
geométricas"; o segundo tipo ele excluiu totalmente da geometria,
estigmatizando-as como “curvas mecânicas”.(BOYER 1996, p. 235)
Aqui se observa que Descartes realmente classificou as curvas planas
algébricas e excluiu as transcendentes, chamando-as de curvas mecânicas, que
mais tarde serão estudadas por Newton (1643–1727) e Euler (1707–1783),
provavelmente pelo uso demasiado de ferramentas, como régua e compasso,
para construção de suas representações gráficas em problemas elementares.
Apresentamos, a seguir, algumas possíveis representações gráficas das
referidas curvas, cissóide
14
, conchóide
15
, quadratriz
16
e espiral
17
, no Winplot.
É importante ressaltar que, por meio das equações de curvas planas
disponíveis nesta pesquisa e da variação dos valores de seus respectivos
parâmetros, é possível identificar algumas propriedades geométricas destas
curvas estudadas.
A cissóide de Dioclés e a conchóide de Nicomedes são curvas planas
algébricas.
1. A cissóide de Dioclés (FIG. 13 ):
14
Esta curva foi inventada por Diocles (c. 180 a.C) com o objetivo de apresentar uma solução para a
duplicação do cubo. (EVES 2004, p. 135).
15
Inventada por Nicomedes (c. 240 a.C), também com o mesmo objetivo. (EVES 2004, p. 138).
16
Hípias ( c. 425 a.C) inventou uma curva transcendente, chamada quadratriz, por meio da qual se pode
multisseccionar ângulos e quadrar círculos. (EVES 2004, p. 154).
17
Inventada por Arquimedes (c. 225 a.C) usada com o objetivo de apresentar uma solução para o problema
da quadratura do círculo. (EVES 2004, p. 138).
65
FIG. 13: cissóide de Dioclés
2. A conchóide de Nicomedes (FIG. 14):
FIG. 14: conchóide de Nicomedes
Ao realizar variações nos valores do parâmetro a identificamos que a
diferente de zero é uma condição de existência para as representações
gráficas das curvas, (FIG.13) e (FIG. 14). A seguir apresentamos as demais
curvas.
x
y
Quadro da geometria analítica
-Equação cartesiana:
2 3
y = x /(2a - x), com a 0.
Parâmetro : a
Variáveis : x e y
Gráficos :
rosa : a = 6;
verde : a = 4
vermelho : a = -6
preto : a = -4
Conversão entre registros:
-Da representação simbólico-algébrica
para a linguagem winplot
-Da linguagem winplot para a gráfica
Ponto de vista cartesiano
−30
30
x
y
Quadro da geometria analítica:
-Equação cartesiana:
2 2 2 2 2
(x - b) (x + y )- (a x ) = 0, com a 0.
Parâmetros : a e b
Variáveis : x e y
Gráficos :
vermelho : a = 8;b = 2
azul : a =10;b = 2
rosa : a =12;b = 2
Conversão entre registros:
-Da representação simbólico-
algébrica para a linguagem winplot
-Da linguagem winplot para a gráfica
Ponto de vista cartesiano
66
A espiral de Arquimedes e a quadratriz de Hípias são curvas planas
transcendentes.
3. A espiral de Arquimedes (FIG. 15):
FIG. 15: espiral de Arquimedes
4. A quadratriz de Hípias (FIG. 16):
FIG. 16: quadratriz de Hípias
Até este momento, o período histórico evidencia, em se tratando de curvas
x
y
Quadro da geometria analítica
-Equação cartesiana:
2 2
x + y = aarctan(y/x)
Parâmetro : a
Variáveis : x e y
Gráfico :
azul: a = 2
Conversão entre registros:
-Da representação simbólico-algébrica para a
linguagem winplot
-Da linguagem winplot para a gráfica
Ponto de vista cartesiano
x
y
x
y
Quadro da geometria analítica
-Equação cartesiana:
πx
y = xcot , com a 0.
2a
Parâmetro : a
Variáveis : x e y
Gráficos :
vermelho : a = -0,5
azul : a = 0,5
Conversão entre registros:
-Da representação simbólico-algébrica para a
linguagem winplot
-Da linguagem winplot para a gráfica
Ponto de vista: cartesiano
67
algébricas ou transcendentes, o uso de parâmetros em equações e a dificuldade
existente na construção de suas representações gráficas, daí a exclusão por
Descartes de curvas planas como Quadratriz de Hípias e a Espiral de Arquimedes
que são transcendentes.
Em geometria analítica, no ensino médio, trabalha-se com os alunos
equações da reta, parábola e circunferência, algumas de suas representações
gráficas e não mais que isso. Raramente se discute o objeto matemático, no caso
a curva, muito próximo das descobertas de Fermat.
Sobre a participação de Fermat na geometria analítica, VENTURI (2003,
p.18) comenta:
Coube a Pierre de Fermat (1601-1665) a descoberta das equações da
reta e da circunferência, e as equações mais simples da elipse, da
parábola e da hipérbole. Aplicou a transformação equivalente à atual
rotação de eixos para reduzir uma equação do 2º grau à sua forma mais
simples.
Segundo BOYER (1996, p. 239), em se tratando de três dimensões,
Fermat percebia a existência de uma geometria analítica a mais que duas
dimensões, pois, em outra conexão, ele escreveu:
certos problemas que envolvem uma incógnita e que podem ser
chamados determinados, para distingui-los dos problemas de lugares.
outros que envolvem duas incógnitas e que nunca podem ser
reduzidos a uma só; esses são os problemas de lugares. Nos primeiros
problemas, procuramos um ponto único, nos segundos uma curva. Mas
se o problema proposto envolve três incógnitas, deve-se achar, para
satisfazer à equação, não apenas um ponto ou curva, mas toda uma
superfície. Assim aparecem superfícies como lugares, etc.
Após um entendimento sobre a representação gráfica no plano, como
pontos e curvas, outra dificuldade em evidência é a representação gráfica de
pontos e superfícies no espaço. Assim acontece quando os alunos estão no
ensino superior. Deste modo, vamos propor atividades a serem desenvolvidas em
2
R
, tentando minimizar as dificuldades existentes para um futuro estudo de
superfícies cilíndricas reguladas em curvas planas.
68
A seguir apresentamos algumas curvas propostas por Fermat, como
hipérboles, parábolas, espirais e a curva Agnesiana, que posteriormente seria
chamada de feiticeira de Agnesi (1724-1780).
1. As hipérboles de Fermat (FIG. 17):
FIG. 17: Hipérboles de Fermat
2. As parábolas de Fermat (FIG. 18):
x
y
-Equação cartesiana:
m n
x y = a, com a 0
parâmetros : a,m e n
variáveis : x e y
Gráficos :
preto : a = -5; m =1; n =1
verde : a = -1;m =1;n =1
vermelha : a =1;m =1;n =1
azul: a = 5;m =1;n =1
Conversão entre registros:
-Da representação simbólico-algébrica para
a linguagem winplot
-Da linguagem winplot para a gráfica
Ponto de vista: cartesiano
FIG. 18: Parábolas de Fermat
−4 −3 −2 −1 1 2 3 4
5
−5
−4
−3
−2
−1
1
2
3
4
x
y
Quadro da geometria analítica:
-Equação cartesiana:
n m
y = ax , com a 0
Parâmetros : a,m e n
Variáveis : x e y
vermelho : a = 3; m = 2; n =1
verde : a =1;m = 2;n =1
azul: a = 0,5;m = 2;n =1
rosa: a = -3;m = 2;n =1
preto : a = -1;m = 2;n =1
amarelo: a = -0,5;m = 2;n =1
Conversão entre registros:
-Da representação simbólico-algébrica para a
linguagem winplot e desta para a gráfica.
Ponto de vista cartesiano
69
3. A espiral de Fermat (FIG. 19):
FIG. 19: Espiral de Fermat
4. A curva de Agnesi (FIG. 20):
FIG.20: Curva de Agnesi
Em todos os gráficos de curvas apresentados até aqui, é verídico o quão
importante é a presença de parâmetros em equações algébricas ou
−2π −π π 2π
3π
−6
−5
−4
−3
−2
−1
1
2
3
4
5
6
x
y
−2π −π π 2π
−6
−5
−4
−3
−2
−1
1
2
3
4
5
6
x
y
Quadro da geometria analítica:
-Equações paramétricas:
2
2
(x;y)=(f(t);g(t))
x =tcos(kt )
; com k 0
y =tsin(kt )
Pametro:k e t
Variáveis: x e y
Gráficos:
azul:k =0,75 e 0 t 2 rad
preto:k =-0,75 e 0 t 2 rad
π
π
Conversão entre registros:
-Da representação simbólico-algébrica para a
linguagem winplot
-Da linguagem winplot para a gráfica
Ponto de vista paramétrico
x
y
Quadro da geometria analítica:
-Equação cartesiana:
2 2 3
y(x +a ) = a , a 0
Parâmetro : a
Variáveis : x e y
Gráficos :
rosa : a = 2
azul: a =1;
vermelha : a = 0,5
amarelo : a = -2
verde : a = -1
preto : a = -0,5
Conversão entre registros:
-Da representação simbólico-
algébrica para a linguagem winplot
-Da linguagem winplot para a gráfica
Ponto de vista cartesiano
70
transcendentes para a conversão de registros do simbólico para o gráfico.
2.5 Outras curvas planas e a importância do uso de parâmetros.
Sobre o aparecimento de novas curvas, Galileu Galilei (1564-1642),
segundo BOYER (1996, p. 224), é um dos que observaram o assunto
rapidamente, porém, sem nenhum preparo matemático suficiente. Entre estas
curvas, destaca-se a hoje chamada de ciclóide, que:
[...] traçada por um ponto sobre o bordo de uma roda quando esta rola
num carrinho horizontal, e tentou achar a área sob um arco
dela...Galileu abandonou o estudo da curva limitando-se a sugerir que a
ciclóide fornecia um belo arco para uma ponte; muitos anos mais tarde
seu discípulo Torricelli estudou a curva com grande sucesso.
Provavelmente Galileu abandonou o estudo da ciclóide por falta de
recursos teóricos para considerá-los e mais adiante foi estudada por outros.
Marin Mersenne (1588–1648), tendo talvez ouvido falar da curva através de
Galileu, em 1628, propôs ao jovem Gilles Personne de Roberval (1602–1675) que
a estudasse, sendo que o mesmo provou que a área sob um arco da curva é
exatamente três vezes a área do círculo gerador. (BOYER 1996, p. 245).
Representamos alguns gráficos da ciclóide (FIG. 21):
2π 4π 6π 8π 10π 12π 14π 16π 18π 20π 22π 24π
x
y
Quadro da geometria analítica:
-Equações paramétricas:
(x;y)=(f(t);g(t))
x=a(t-sin(t))
,com a 0
y=a(1-cos(t))
Parâmetros:a e t
Variáveis:x e y
vermelha:a=4;0 t 6 rad
azul:a=2;0 t 12 rad
rosa:a=1;0 t 24 rad
π
π
π
Conversão entre registros:
-Da representação simbólico-algébrica
para a linguagem winplot
-Da linguagem Winplot para a gráfica
Ponto de vista paramétrico
FIG. 21: ciclóide
71
Após realizar variações nos valores do parâmetro a, identificamos diversas
representações gráficas da curva, exceto quando a=0.
A curva limaçon de Pascal, deve-se ao pai, Etienne Pascal (1588–1651), e
não ao filho, Blaise Pascal (1623–1662). Esta curva foi chamada por Jordanus
Nemorarius (1125–1260) como “a conchóide do círculo”. (BOYER 1996, p. 249).
Eis alguns dos seus gráficos (FIG. 22):
FIG. 22: limaçon de Pascal
Na Limaçon de Pascal, também identificamos diversas representações
gráficas ao variar os parâmetros a e b desde que ambos sejam diferentes de
zero.
Descartes recebeu e aprovou um comentário bastante extenso de
Debeaune (1601-1652) sobre a geometria, sob o título Notae breves. Apresentou
as idéias de Descartes, com ênfase maior, sobre os lugares representados por
equações simples de segundo grau, muito no estilo de Fermat, e mostrou que
2
y = xy +bx,
2
y = -2dy +bx
2 2
e y = bx - x
representam, respectivamente,
hipérboles, parábolas e elipses. BOYER (1996, p. 255).
−5 −4 −3 −2 −1 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
−6
−5
−4
−3
−2
−1
1
2
3
4
5
6
x
y
Quadro da geometria analítica:
-Equação cartesiana:
2 2 2 2 2 2
(x + y - 2ax) = b (x + y )
com a e b 0
Parâmetros : a e b
Variáveis : x e y
vermelha : a = 1,5; b = 1
azul : a =1,5;b = 2
verde : a =1,5;b = 3
rosa : a =1,5;b = 4
Conversão entre registros:
-Da simbólico-algébrica para a linguagem
winplot
-Da linguagem winplot para a gráfica
Ponto de vista cartesiano
72
Obervando algumas propriedades geométricas com a variação do valores
reais de seus parâmetros representamos alguns gráficos destas curvas obtidos
no Winplot.
1. As hipérboles de Descartes (FIG. 23):
x
y
Quadro da geometria analítica:
-Equação cartesiana:
2
y = xy +bx, com b 0
Parâmetro : b
Variáveis : x e y
Gráficos :
rosa : b = 2
verde : b =1
azul: b = 0,5
Conversão entre registros:
-Da representação simbólico-algébrica para
a linguagem winplot
-Da linguagem winplot para a gráfica
Ponto de vista cartesiano
FIG. 23: hipérboles de Descartes
Variando os valores do parâmetro b, identificamos a representação de
diversas hipérboles desde que b seja diferente de zero.
2. As parábolas de Descartes (FIG. 24):
FIG. 24: parábolas de Descartes
x
y
Quadro da geometria analítica:
-Equação cartesiana:
2
y = -dy +bx, com b 0
Parâmetros : b e d
Variáveis : x e y
rosa: b =1;d = 2
azul: b = 2;d = 2
verde : b = 3;d = 2
vermelho : b = 4;d = 2
Conversão entre registros:
-Da representação simbólico-
algébrica para a linguagem winplot
-Da linguagem winplot para a
gráfica
Ponto de vista cartesiano
73
Variando os valores do parâmetro b e d para quaisquer números reais,
identificamos representações gráficas de diversas parábolas desde que b seja
diferente de zero.
3. As circunferências de Descartes (FIG. 25):
FIG. 25: circunferências de Descartes
Após variar os valores do parâmetro b e observar o comportamento gráfico
da curva, como representados na FIG. 25, observamos que não se trata de
elipses, conforme sugerido por BOYER, mas de circunferências.
Em seguida, vamos investigar uma família dos gráficos de uma curva
representada por equações da forma
m n b
y = kx (a- x)
, com expoentes inteiros
positivos, que foram estudadas por René François de Sluse (1622-1685) e
denominadas por Pascal de “pérolas” de Sluze. (BOYER 1996, p. 257).
Apresentamos gráficos, na FIG. 26, de casos particulares da curva
Pérolas de Sluze.
x
y
Quadro da geometria analítica:
-Equação cartesiana:
2 2
y = bx - x , com b 0
Parâmetro : b
Variáveis: x e y
rosa: (1º ) b =1;(2º )b = -1
azul:(1º ) b = 2;(2º )b = -2
vermelha :(1º ) b = 3;(2º )b = -3
verde :(1º ) b = 4;(2º )b = -4
preta :(1º ) b = 5;(2º )b = -5
Conversão entre registros:
-Da representação simbólico-
algébrica para a linguagem winplot
-Da linguagem winplot para a gráfica
Ponto de vista cartesiano
74
FIG. 26: pérolas de Sluze
Variando os valores reais do parâmetro k observou-se que, quando
k < 0 ou a < 0
, não temos representações gráficas.
A curva denominada involuta de um Círculo
18
, FIG. 27, surge na obra de
Huygens (1629-1695) sobre involutas e evolutas, publicada em 1673, no tratado
Horologium Oscillatorium. (BOYER 1996, p. 260).
FIG. 27: involuta de um Círculo
18
A involuta de um círculo é o trajeto seguido para fora por um ponto em uma linha reta que role em torno de
um círculo. Disponível em: <http://www-history.mcs.st-andrews.ac.uk/history/Curves/Involute.html>. Acesso
em 03 de outubro de 05. (tradução livre).
x
y
Quadro da geometria analítica:
-Equação cartesiana:
m n b
y =kx (a-x)
Parâmetros: m,k,n,a e b.
Variáveis: x e y
vermelho: m=2; k=10; n=4; a=2 e b=3
preto:m=2; k=8; n=4; a=2 e b=3
rosa:m=2; k=5; n=4; a=2 e b=3
verde:m=2;k=3;n=4;a=2 e b=3
azul:m=2; k=1; n=4; a=2 e b=3
Conversão entre registros:
-Da representação simbólico-algébrica
para a linguagem winplot
-Da linguagem winplot para a gráfica
Ponto de vista cartesiano
x
y
Quadro da geometria analítica:
-Equações paramétricas:
(x;y)=(f(t);g(t))
x=a(cos(t)+tsin(t))
y=a(sin(t)-tcos(t))
Parâmetros:a e t
Variáveis: x e y
vermelho:a=0,4;0 t 10 rad
azul:a=-0,4;0 t 10 rad
π
π
Conversão entre registros:
-Da representação simbólico-algébrica
para a linguagem winplot
-Da linguagem winplot para a gráfica
Ponto de vista cartesiano
75
Variando os valores do parâmetro a, identificamos diversos gráficos da
Involuta de um Círculo, exceto quando a=0.
Em um pequeno tratado chamado Enumerativo linearum tertii ordinis
(Enumeração de curvas de terceiro grau), Newton (1642-1727) apresenta setenta
e duas espécies de cúbicas, sendo uma a uma curva cuidadosamente traçada.
Em relação ao tratado de Newton, BOYER (1996, p. 282) explica:
Pela primeira vez são usados sistematicamente dois eixos, e não
hesitação quanto a coordenadas negativas. Entre as propriedades
interessantes das cúbicas indicadas nesse tratado estão o fato de uma
curva de terceiro grau não poder ter mais de três assíntotas (assim
como uma cônica não pode ter mais de duas) e que assim como todas
as cônicas são projeções do círculo, também todas as cúbicas são
projeções de uma “parábola divergente”
2 3 2
y = ax +bx +cx +d
.
Neste momento, século XVII, as curvas passam a ter um destaque
importantíssimo, visto que não houve mais hesitação quanto às coordenadas
negativas, um obstáculo epistemológico.
E é no século XVII que se inicia o desenvolvimento de um dos mais
importantes ramos da matemática, a Análise Matemática. Sobre as cúbicas de
Newton, vamos representar algumas cúbicas com a equação da parábola
divergente.
FIG. 28: Parábola Divergente de Newton
x
y
Quadro da geometria analítica:
-Equação cartesiana:
2 3 2
y =ax +bx +cx+d
Parâmetros: a; b; c e d.
Variáveis: x e y
vermelho: a=-0,2; b=1; c=12; d=-10
azul:a=-0,2; b=2; c=12; d=-10
preto:a=-0,2; b=3; c=12; d=-10
verde:a=-0,2; b=4; c=12; d=-10
rosa:a=-0,2; b=5; c=12; d=-10
Conversão entre registros:
-Da representação simbólico-algébrica para a
linguagem winplot e desta para a gráfica
Ponto de vista cartesiano
76
Mantendo constantes os valores dos parâmetros como
a = -0,2; c =12 e d = -10,
com
a 0
, e alterando os valores de b para qualquer
número real, obtemos gráficos da Parábola Divergente de Newton.
Em 1694 Jacob Bernoulli (1654–1705) publicou, em um artigo no Acta
Eruditorumon, uma curva semelhante a um oito, ou um nó, ou a curva de uma
fita denominada lemniscata de Bernoulli de equação cartesiana
2 2 2 2 2 2
(x + y ) = a (x - y )
. (BOYER 1996, p. 288)
Eis alguns dos seus gráficos (FIG. 29):
FIG. 29: Lemniscata de Bernoulli
Variando os valores do parâmetro a desta equação, conseguimos com o
Winplot, representar alguns gráficos da lemniscata de Bernoulli, conforme
FIG.29, desde que a seja diferente de zero.
Em 1718, Colin Maclaurin (1698–1746) estudou a espiral sinusoidal,
representada pela equação polar
n n
r a cos(nt) com n racional
= , apresentando
casos particulares para valores de n, conforme TAB. 4. (EVES 2004, p. 411).
x
y
Quadro da geometria analítica:
-Equação cartesiana:
2 2 2 2 2 2
(x +y ) =a (x -y )
Parâmetro: a
Variávies:x e y
vermelho: a=1; verde:a=2;
preto:a=3; azul:a=4.
Conversão entre registros:
-Da representação simbólico-algébrica para a
linguagem winplot
-Da linguagem winplot para a gráfica
Ponto de vista cartesiano
77
Vamos representar cada uma destas curvas derivadas da espiral
sinusoidal, porém agora alterando também os valores do parâmetro a com
0 t 2 rad
π
.
1. A espiral sinusoidal como hipérbole eqüilátera (FIG. 30):
FIG. 30: espiral sinusoidal como hipérbole eqüilátera
Alterando os valores do parâmetro a, com a
0, identificamos diversos
gráficos de uma hipérbole eqüilátera.
2. A espiral sinusoidal como reta (FIG. 31):
n curva
-2 hipérbole eqüilátera
-1 reta
-1/2 parábola
-1/3
cúbica de Tschirnhausen
1/2 cardióide
1 circunferência
2 lemniscata de Bernoulli
TAB. 4: Casos particulares da espiral sinusoidal. (EVES 2004, p. 411)
Quadro da geometria analítica:
-Equação polar:
1
n
n
r=(acos(nt))
parâmetros: a;n e t
vermelho: a=12;n=-2 e 0 t 2 rad
azul:a=10;n=-2 e 0 t 2 rad
amarelo:a=8;n=-2 e 0 t 2 rad
preto:a=6;n=-2 e 0 t 2 rad
verde:a=4;n=-2 e 0 t 2 rad
rosa: a=2;n=-2 e 0 t 2 rad
π
π
π
π
π
π
Conversão entre registros:
-Da representação simbólico-
algébrica para a linguagem winplot
-Da linguagem winplot para a gráfica
Ponto de vista polar
78
Quadro da geometria analítica:
-Equação polar:
1
n
n
r=(a cos(nt))
parâmetros: a;n e t
vermelho: a=12; n=-1 e 0 t 2 rad
azul:a=10; n=-1 e 0 t 2 rad
amarelo:a=8; n=-1 e 0 t 2 rad
preto:a=6; n=-1 e 0 t 2 rad
verde:a=4; n=-1 e 0 t 2 rad
rosa: a=2; n=-
π
π
π
π
π
1 e 0 t 2 rad
π
Conversão
entre registros:
-Da representação simbólico-algébrica para
a linguagem winplot
-Da linguagem winplot para a gráfica
Ponto de vista polar
Neste caso, FIG. 31, identificamos diversas representações de retas para
qualquer a real.
Para a seqüência didática que será proposta, não estamos interessados
em atividades com representações gráficas de curvas planas no sistema de
coordenadas polares, e, sim, em estudar a importância do uso de parâmetros em
equações de algumas curvas.
A seguir, apresentam-se as demais curvas estudadas por Maclaurin.
3. A espiral sinusoidal como parábola (FIG. 32):
FIG. 31: espiral sinusoidal como reta
FIG. 32: espiral sinusoidal como parábola
Quadro da geometria analítica:
-Equação polar:
1
n
n
r=(acos(nt))
parâmetros: a;n e t
vermelho: a=12;n=-0,5 e 0 t 2 rad
azul:a=10;n=-0,5 e 0 t 2 rad
amarelo:a=8;n=-0,5 e 0 t 2 rad
preto:a=6;n=-0,5 e 0 t 2 rad
verde:a=4;n=-0,5 e 0 t 2 rad
rosa: a=2;n=-0,5 e
π
π
π
π
π
0 t 2 rad
π
Conversão entre registros:
-Da representação simbólico-algébrica
para a linguagem winplot
-Da linguagem winplot para a gráfica
Ponto de vista polar
79
Neste caso, FIG. 32, identificamos diversas representações de parábola
desde que a seja maior que zero.
4. A espiral sinusoidal como cúbica de Tschirnhaus (FIG. 33):
FIG. 33: espiral sinusoidal como cúbica de Tschirnhaus
Após realizarmos diversas variações nos valores do parâmetro a e
observamos as representações gráficas em cada instante, com a
0
, além das
apresentadas na FIG. 33, deparamos com gráficos que se aproximam de uma
cúbica de Tschirnhaus
19
(1651-1708). Para esclarecer tal fato, apresentamos
abaixo a referida cúbica
20
.
19
Segundo EVES (2004, p.401), Ehrenfried Valter von Tschirnhaus era um matemático alemão que dedicou
grande parte de seu tempo à matemática e à física, deixando sua marca no estudo das curvas e na teoria
das equações.
20
Cúbica de Tschirnhaus. Disponível em: <http://www-history.mcs.st-
andrews.ac.uk/history/Curves/Tschirnhaus.html> . Acesso em 30 de junho de 06. (tradução livre)
Quadro da geometria analítica:
-Equação polar:
1
n
n
r=(acos(nt))
parâmetro: a;n e t
vermelho: a=12;n=-1/3 e 0 t 2 rad
azul:a=10;n=-1/3 e 0 t 2 rad
amarelo:a=8;n=-1/3 e 0 t 2 rad
preto:a=6;n=-1/3 e 0 t 2 rad
verde:a=4;n=-1/3 e 0 t 2 rad
rosa: a=2;n=-1/3 e 0
π
π
π
π
π
t 2 rad
π
Conversão entre registros:
-Da representação simbólico-algébrica
para a linguagem winplot
-Da linguagem winplot para a gráfica
Ponto de vista polar
80
x
y
Quadro da geometria analítica:
Equação cartesiana:
2 2
3ay =x(x-a) , com a 0
Parâmetro: a
Varveis:x e y
verde: a=-3; preto:a=-2
amarelo:a=-1; azul:a=1
vermelho:a=2; rosa: a=3
Conversão entre registros:
-Da representação simbólico-algébrica para a
linguagem winplot
-Da linguagem winplot para a gráfica
Ponto de vista cartesiano
FIG. 34: cúbica de Tschirnhaus
Observa-se que mudanças de pontos de vista, do polar para o cartesiano,
apresentam alterações gráficas que não foram consideradas, talvez pela falta de
recursos teóricos. Mas o que permite de fato diferenciar estas representações
gráficas, neste momento, é a variação nos valores dos parâmetros de ambas as
equações, seja na forma polar ou cartesiana.
Ainda sobre este caso particular, FIG. 34, identificamos que, quando o
parâmetro a em
R
assume o valor zero, a curva não tem representação gráfica.
Continuando investigações sobre os casos particulares da espiral
sinusoidal apresentados por EVES, apresentamos a cardióide, a circunferência e
a lemniscata de Bernoulli representada por alguns de seus gráficos quando o
parâmetro n vale respectivamente, ½, 1 e 2.
5. A espiral sinusoidal como cardióide (FIG. 35):
81
Quadro da geometria analítica:
-Equação polar:
1
n
n
r=(a cos(nt)) , com a>0
parâmetro: a;n e t
vermelho: a=12; n=1/2 e 0 t 2 rad
azul:a=10; n=1/2 e 0 t 2 rad
amarelo:a=8; n=1/2 e 0 t 2 rad
preto:a=6; n=1/2 e 0 t 2 rad
verde:a=4; n=1/2 e 0 t 2 rad
rosa:
π
π
π
π
π
a=2; n=1/2 e 0 t 2 rad
π
Conversão entre registros:
-Da representação simbólico-algébrica
para a linguagem winplot
-Da linguagem winplot para a gráfica
Ponto de vista polar
FIG. 35: espiral sinusoidal como cardióide
Alterando os valores do parâmetro a, neste caso particular da FIG.35,
identificamos que só existem gráficos de uma cardióide nos casos em que
a 0
>
.
6. A espiral sinusoidal como circunferência (FIG. 36):
FIG. 36: espiral sinusoidal como circunferência
Neste caso, FIG. 36, variando os valores numéricos do parâmetro a,
identificamos que, para a existência de gráficos de uma circunferência, a assume
qualquer valor real exceto o zero.
Quadro da geometria analítica:
-Equação polar:
1
n
n
r=(a cos(nt)) , com a 0
parâmetro: a; n e t
vermelho: a=12;n=1 e 0 t 2 rad
azul:a=10;n=1 e 0 t 2 rad
amarelo:a=8;n=1 e 0 t 2 rad
preto:a=6;n=1 e 0 t 2 rad
verde:a=4;n=1 e 0 t 2 rad
rosa: a=2;n=1 e 0 t 2
π
π
π
π
π
π
rad
Conversão
entre registros:
-Da representação simbólico-algébrica para a
linguagem winplot
-Da linguagem winplot para a gráfica
Ponto de vista polar
82
7. A espiral sinusoidal como lemniscata de Bernoulli (FIG. 37):
FIG. 37: espiral sinusoidal como lemniscata de Bernoulli
Novamente notamos a necessidade de explicitar que o parâmetro a é
diferente de zero. Desta forma teremos as diversas representações gráficas da
lemniscata de Bernoulli, como um caso particular da espiral sinusoidal, conforme
algumas na FIG. 37 apresentadas.
Ainda investigando na história algumas curvas planas e a importância do
uso de parâmetros em suas equações, deparamos com quatro curvas que são
relacionadas entre si. São elas: epiciclóide, epitrocóide, hipociclóide e a
hipotrocóide, todas são seguidas por um ponto P em um círculo de raio b o qual
gira ao redor de um círculo fixo de raio a.
Estas curvas
21
foram estudadas por Dürer (1525), Desargues (1640),
Huygens (1679), Leibniz, Newton (1686), de L'Hôpital (1690), Jacob Bernoulli
(1690), La Hire (1694), Johann Bernoulli (1695), Daniel Bernoulli (1725) e Euler
(1745-781).
21
Dados disponíveis em:<http://www-history.mcs.st-andrews.ac.uk/history/Curves/Epicycloid.html>. Acesso
em 03 de outubro de 05 às 22: 30hs.
Quadro da geometria analítica:
-Equação polar:
1
n
n
r=(a cos(nt)) , com a 0
Parâmetros: a;n e t
vermelho: a=12; n=2 e 0 t 2 rad
azul:a=10; n=2 e 0 t 2 rad
amarelo:a=8; n=2 e 0 t 2 rad
preto:a=6; n=2 e 0 t 2 rad
verde:a=4; n=2 e 0 t 2 rad
rosa: a=2
π
π
π
π
π
; n=2 e 0 t 2 rad
π
Conversão entre registros:
-Da representação simbólico-algébrica
para a linguagem winplot
-Da linguagem winplot para a gráfica
Ponto de vista polar
83
A seguir representamos os gráficos
22
das respectivas curvas planas.
1. A epiciclóide (FIG. 38):
FIG. 38: Epiciclóide
Alguns dos gráficos da epiciclóide, apresentados na FIG.38, foram obtidos
segundo SHIKIN (1995, p. 193), como os de cor azul e rosa.
22
Dados disponíveis em: <http://www-history.mcs.st-andrews.ac.uk/history/Curves/Epicycloid.html>. Acesso
em 30 de outubro de 05.
−6π −4π −2π 6π
x
y
−2π
x
y
x
y
Quadro da geometria analítica:
-Equações paramétricas:
(x;y)=(f(t);g(t))
x=((a+b)cos(t)-bcos((a/b)+1)t)
y=((a+b)sin(t)-bsin((a/b)+1)t)
Parâmetros:a,b e t
Variáveis: x e y
Gráficos:
vermelha:a=8;b=5 e 0 t 10 rad
azul:a=1;b=3 e 0 t 10 rad
4
rosa:a=1;b= e 0 t 10 r
3
π
π
π
ad
Conversão entre registros de representação
semiótica:
-Da representação simbólico-algébrica para
a linguagem winplot
-Da linguagem winplot para a gráfica
Ponto de vista paramétrico
84
2. A epitrocóide (FIG.39):
FIG. 39: Epitrocóide
Após realizar variações nos valores dos parâmetros a, b, c, e t,
representamos alguns gráficos (FIG. 39) da Epitrocóide.
Provavelmente os estudos históricos de algumas curvas planas como estas
valorizam o uso de parâmetros em suas equações pela variedade de gráficos
representados de uma mesma curva.
−5π −4π −3π −2π −π π 2π 3π 4π 5π
6π
x
y
−5π −4π −3π −2π −π π 2π 3π 4π
6π
x
y
−4π −3π −2π −π π 3π 4π
x
y
Quadro da geometria analítica:
-Equações paramétricas:
(x;y) =(f(t);g(t))
x =((a+b)cos(t)-ccos((a/b)+1)t)
y =((a+b)sin(t)-csin((a/b)+1)t)
Parâmetros:a,b e t
Varveis: x e y
Gráficos:
azul:a=5;b=3;c =5 e 0 t 2a rad
preta:a=5;b = 4;c =5 e 0 t 2a rad
rosa: a =5;b=0,6;c =5
π
π
e 0 t 2a rad
π
Conversão entre registros de representação
semiótica:
-Da representação simbólico-algébrica para a
linguagem winplot
-Da linguagem winplot para a gráfica
Ponto de vista paramétrico
85
3. A hipociclóide (FIG. 40):
FIG. 40: Hipociclóide
Variando os valores reais dos parâmetros a, b e t, apresentamos alguns
dos gráficos (FIG. 40) de uma hipociclóide.
4. A hipotrocóide (FIG. 41):
−3π −2π −π π 2π 3π
−8
−4
4
8
x
y
−3π −2π π π 3π
−8
−4
4
8
x
y
−3π −2π −π π 3π
−8
−4
4
8
x
y
Quadro da geometria analítica:
-Equações paramétricas:
(x;y)=(f(t);g(t))
x=((a-b)cos(t)-bcos((a/b)+1)t)
y=((a-b)sin(t)-bsin((a/b)+1)t)
Parâmetros:a,b e t
Varveis:x e y
Gráficos:
vermelho:a=9,5;b=2 e 0 t 10 rad
preta:a=9;b=7.2 e 0 t 10 rad
azul:a=9;b=4 e 0 t
π
π
10 rad
π
Conversão entre registros de
representação semiótica:
-Da representação simbólico-algébrica
para a linguagem winplot
-Da linguagem winplot para a gráfica
Ponto de vista paramétrico
86
FIG. 41: Hipotrocóide
Variando os valores reais dos parâmetros a, b e t, apresentamos alguns
dos gráficos (FIG. 41) de uma hipotrocóide.
Seria possível representar uma enorme variedade de gráficos das últimas
quatro curvas, mas não teríamos tempo hábil para tanto. O importante, nestes
dados históricos, é que o uso de parâmetros em equações possibilita observar,
−2π −π π 2π
3π
−8
−4
4
8
x
y
x
y
x
y
Quadro da geometria analítica:
-Equações paramétricas:
(x;y)=(f(t);g(t))
x =((a-b)cos(t)+ccos((a/b)-1)t)
y =((a-b)sen(t)-csen((a/b)+1)t)
Parâmetros: a,b e t
Varveis: x e y
Gráficos:
vermelho:a =5;b=7;c =2,2
e 0 t 10 rad
azul: a =19,6;b=7;c =8,6
e 0 t 10 rad
preto: a=
π
π
-5,6;b =-7;c =8.6
e 0 t 10 rad
π
Conversão entre registros de representação
semiótica:
-Da representação simbólico-algébrica para
a linguagem winplot
-Da linguagem winplot para a gráfica
Ponto de vista paramétrico
87
com o uso de um plotador gráfico, algumas das propriedades geométricas de
cada uma das curvas.
Observamos que várias curvas apresentadas no século XVII são
transcendentes e um dos grandes responsáveis pelo estudo gráfico destas é
Euler.
BOYER (1996, p. 318), sobre Euler e o segundo volume de seu livro,
intitulado Introductio, comenta:
Esse livro fez mais do que qualquer outro para tornar o uso de
coordenadas, tanto em duas quanto em três dimensões, a base para
um estudo sistemático das curvas e superfícies. Em vez de se
concentrar em secções cônicas, Euler deu uma teoria geral de curvas,
baseada no conceito de função que era central no primeiro volume. As
curvas transcendentes não eram desprezadas como de costume, de
modo que aqui, praticamente pela primeira vez, o estudo gráfico das
funções trigonométricas tornava-se parte da geometria analítica.
Aqui encontramos uma flexibilidade na mudança de quadros, de funções
para o da geometria analítica e vice-versa. Esta conexão entre o estudo analítico
de curvas com a noção de função tornou-se um fato muito importante na
matemática.
Sobre este momento histórico, SILVA (1994) esclarece:
Para Euler, função era uma expressão analítica numa variável,
composta pelo uso da adição, subtração, divisão, extração de raízes,
operações trigonométricas e logarítmicas. A idéia de função estava
conectada com o estudo analítico de curvas. A curva, representada por
uma equação algébrica ou transcendente, era chamada curva contínua.
Pensando em curvas contínuas e na noção de parâmetro, pesquisamos a
conexão entre ambas na representação paramétrica de uma curva.
2.6 A representação paramétrica de curvas e o uso de parâmetros.
Dos gráficos até aqui apresentados, observamos, em diversos momentos,
a importância do uso de equações paramétricas. Por meio da variação dos
88
valores de seus parâmetros, foi possível identificar algumas representações
gráficas de uma mesma curva.
Sobre o uso das equações paramétricas BOYER (1996, p. 319) comenta:
A Introductio de Euler foi também a grande responsável pelo uso
sistemático do que se chama a representação paramétrica de curvas,
isto é, a expressão de cada uma das coordenadas cartesianas como
uma função de uma variável independente auxiliar. Para a ciclóide, por
exemplo, Euler usou a forma:
cos
z
x b
a
z
y z bsin
a
=
= +
Esta mesma equação e o gráfico (FIG. 42) da ciclóide apresentados por
Euler nos dias atuais ficariam da seguinte forma:
Nos trabalhos de Euler torna-se visível a passagem do ponto de vista
cartesiano para o paramétrico, provavelmente devido ao estudo das curvas,
transcendentes e contínuas. Neste caso, as representações paramétricas são
ferramentas facilitadoras no entendimento de suas propriedades.
Em 1890, Giuseppe Peano (1858–1932) mostrou curvas dadas por
equações paramétricas x=f(t), y=g(t), onde f e g são funções reais contínuas no
intervalo
0 t 1
, cujos pontos preenchem completamente o quadrado unitário
0 x 1, 0 y 1.
(BOYER 1996, p. 416)
FIG. 42: Ciclóide de Euler
x
y
z
= t z = at,
a
Substituindo,temos :
x = b -cost
y = at +bsint
Parâmetros :a, b e t
Variáveis : x e y
Gráfico :
a = -1; b =1 e -5
πrad t 5πrad
89
Em um dos seus livros de geometria analítica, LEHMANN (1970, p.237),
define equações paramétricas como:
Seja, em geral,
F(x,y) 0,
=
a equação cartesiana de uma curva C e
sejam x e y cada uma função de uma terceira variável
t
de maneira que
podemos escrever:
x f(t) e y g(t).
= =
Se, para qualquer valor
permissível da variável independente
t
, as equações
x f(t) e y g(t)
= =
determinam um par de valores reais de
x e y
que satisfazem a equação
F(x,y) 0,
=
então as equações
x f(t) e y g(t)
= =
são denominadas equações paramétricas.
No caso das equações paramétricas, observa-se que a variável auxiliar é
o que, nesta pesquisa, chamamos de parâmetro.
Em se tratando do ponto de vista cartesiano, também é visível a
importância de parâmetros em equações, permitindo identificar gráficos e
propriedades de algumas curvas apresentadas até aqui. A letra grega "
λ
" parece
ter sido utilizada pela primeira vez por Gergonne, em 1829, como parâmetro, para
indicar a família de todos os círculos que passam pela interseção dos dois
círculos: C=x
2
+y
2
+ ax + by + c = 0 e C' = x
2
+ y
2
-f a'x + b'y + c' = 0. Gergonne
denotou por: C +
λ
C' = O, de onde surgiu o termo "lambdalizar" utilizado na
Geometria Analítica. Plücker (1801 - 1868), na mesma época, usou C +
µ
C' = O,
o que deu origem à expressão "
µ
de Plücker". (BOYER 1996, p. 374).
No século XVIII, segundo EVES (2004, p. 601 -602), com Gaspard Monge
(1746-1818), surge a Geometria Diferencial. Esta tem como objetivo o estudo das
propriedades das curvas e superfícies, e suas generalizações, por meio do
cálculo, ou seja, ocorre uma mudança de ponto de vista do cartesiano ou
paramétrico para o do cálculo e uma mudança de quadros da geometria analítica
para a diferencial.
Carl Friedrich Gauss (1777–855), introduz o método singularmente
produtivo de estudar a geometria diferencial de curvas e superfícies por meio de
90
representações parametrizadas desses objetos. (EVES 2004, p. 602).
Entendemos uma curva parametrizada no plano como um par de funções
x f(t) e y g(t)
= =
contínuas de t, com t variando em um intervalo real, portanto o
parâmetro t é uma variável real independente.
A representação de pontos no plano, com t pertencendo a um intervalo
real, é chamada de traço da curva.
Para obtermos estas representações de uma curva plana parametrizada é
necessário o uso de parâmetros em equações, ou seja, estamos diante de uma
conversão entre registros de representação semiótica, da simbólico-algébrica
para a gráfica e vice-versa. Sobre estas conversões no trabalho de Lacroix
(1765–1843), SILVA (1994) explica:
O princípio da Geometria Analítica surge muito claramente em Lacroix
(1799), quando ele diz: “a equação de uma curva é obtida expressando
analiticamente uma de suas propriedades” e “uma equação lugar a
uma curva, cujas propriedades tornam-se conhecidas pela equação”.
Historicamente a articulação entre os pontos de vista cartesiano ou
paramétrico e a conversão entre registros semióticos têm um papel importante na
geometria analítica, principalmente quando se trata do estudo de curvas.
Pretendemos transpor parte desse estudo para a seqüência didática.
2.7 Considerações didáticas e epistemológicas gerais.
Nestas considerações, visamos a identificar a evolução da Geometria
Analítica, especificamente do uso de parâmetros em equações cartesianas ou
paramétricas de curvas planas, como objeto matemático, e sua relação com os
registros de representação semiótica como: o gráfico, o simbólico, a linguagem
natural e a articulação entre os pontos de vista cartesiano e paramétrico.
A seguir, apresentamos um quadro, identificando o período histórico e suas
91
respectivas personalidades com as possíveis transformações de registros,
conversão e tratamento, no quadro da geometria analítica.
REGISTRO
MOMENTOS E
PERSONALIDADES
HISTÓRICOS
DE PARTIDA
DE CHEGADA
Período
Helenístico
23
:
Pitágoras
(560-500.a.C.);
Euclides.
(325-265a.C.);
Arquimedes
(287-212a.C.);
Apolônio
(262 -190 a.C.).
Representação figural-geométrica:
Ex:
FIG.43:Parábola de Apolônio (BOYER
1996, p.105)
Conversão para a Linguagem
natural:
Ex:
Se A é o vértice de uma parábola
2
,
y px
= e se G é um ponto no eixo
tal que
AG p
>
, e se N é um ponto
entre A e G tal que
,
NG p
=
e se
NP é traçado perpendicularmente ao
eixo, encontramos a parábola em P
(FIG. 43), então PG é o segmento
de reta mínimo de G à curva e,
portanto é normal à parábola em P.
(BOYER 1996, p.104)
Diofanto e
Al-Khowarizmi:
Álgebra Retórica e
Álgebra Sincopada
Linguagem natural:
Ex:
Encontre três números, tais que a
soma de todos é um quadrado e a
soma de dois quaisquer deles
também é um quadrado.
(EVES 2004, p.208)
Conversão para o Registro
simbólico-algébrico
2
2
2
2
x + y + z = w
x + y = t
y + z = a
x + z = b
Segundo EVES (2004, p.208)
“Resposta de Diofanto: 80,320,41
Nicole Oresme:
-Localização de
pontos por
coordenadas;
-Representação
gráfica de funções;
-Pontos móveis;
-Variável contínua
Registro gráfico.
Ex:
FIG.44 : Latitude e longitude (BOYER 1996,
p. 181)
Tratamento no Registro gráfico.
Ex:
-gráfico de funções.
-pontos móveis
-variável contínua
Viète e Descartes:
Álgebra simbólica e a
introdução do
conceito de
parâmetro.
Registro simbólico
Ex:
3
x +3ax =b
Tratamento no Registro simbólico.
x:quantidade desconhecida
(incógnita)
a e b :
quantidade conhecida
(parâmetros)
23
O Período helenístico normalmente é entendido como um momento de transição entre o
esplendor da cultura grega e o desenvolvimento da cultura romana. Tal concepção está
associada a uma visão eurocêntrica de cultura e portanto torna secundários os elementos de
origem oriental, persa e egípcia, apesar de ter esses elementos como formadores da cultura
helenística. Disponível em:
<http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=541>. Acesso em 10 de
outubro de 2005.
92
Registro gráfico (Descartes)
−3 −2 −1 1 2 3 4 5 6
−2
−1
1
2
3
4
5
x
y
Fig.45: cônica de Descartes
como circunferência
Registro simbólico (Descartes):
2 2
y = ay - bxy +cx - dx
Fermat e Descartes:
origens da Geometria
Analítica.
Registro simbólico (Fermat)
n m
y = ax
Registro gráfico (Fermat)
−4 −3 −2 −1 1 2 3 4
5
−5
−4
−3
−2
−1
1
2
3
4
x
y
FIG. 46: Parábolas de Fermat
Descartes: classificação
de curvas algébricas
Registro gráfico
x
y
FIG.47 : Cissóide de Dioclés
Registro Simbólico
2 3
y = x /(2a - x)
Diversos:
Curvas planas e a
importância do uso de
parâmetros em
equações.
Registro gráfico
−5 −4 −3 −2 −1 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
−6
−5
−4
−3
−2
−1
1
2
3
4
5
6
x
y
FIG. 48: Limaçon de Pascal
Registro simbólico
2 2 2 2 2 2
(x + y - 2ax) = b (x + y )
Euler e as curvas
transcendentes
Registro Simbólico
(x;y) = (f(t);g(t))
x = ((a+b)cos(t)-ccos((a/b)+1)t)
y = ((a+b)sin(t)-csin((a/b)+1)t)
Registro Gráfico
−4π −3π −2π −π π 2π 3π 4π
x
y
FIG. 49: Epitrocóide
93
Euler e Peano:
representação
paramétrica de curvas.
Registro simbólico
(x;y)= (f(t);g(t))
x =((a -b)cos(t)+ccos((a/b)-1)t)
y =((a -b)sen(t)- csen((a/b)+1)t)
Registro gráfico
−2π −π π 2π
−8
−4
4
8
x
y
FIG. 50: Hipotrocóide
Lacroix e o princípio
da geometria analítica
Registro gráfico
ou
Registro simbólico.
Registro gráfico
ou
Registro simbólico.
QUADRO 4 – Possíveis transformações de registros semióticos.
A análise da evolução dos conceitos em estudo nos leva a entender,
conforme o QUADRO 4, que o desenvolvimento conceitual de parâmetro e o seu
respectivo uso em equações, sempre estiveram articulados com os dois tipos de
transformação de representações semióticas: a conversão e o tratamento. Em
especial, sobre a conversão entre registros, a geometria analítica de Descartes
parte do gráfico para o simbólico enquanto que a de Fermat parte do simbólico
para o gráfico. Este pensamento fermatiano está muito próximo do que acontece
em sala de aula, no entanto somente em Lacroix é que temos, segundo DUVAL,
uma apreensão global qualitativa no estudo de curvas.
A seguir, no QUADRO 5, procuramos identificar as curvas planas
pesquisadas até aqui, classificando-as em algébrica ou transcendente, suas
respectivas equações, os pontos de vista e os parâmetros utilizados.
94
Curva Plana Algébrica
Ponto de vista
cartesiano
Transcendente
Pontos de vista
paramétrico ou polar
Variação
nos valores dos
parâmetros
Alguns casos
particulares
Cônica de
Descartes
(FIG.:6;7;8;9;
10)
2 2
y = ay -bxy +cx - dx
{ }
circunferência:
b = 0;c = 3; d =1
a 0,5;1;2;3;4;5
{ }
hipérbole :
b = 4;c = 3;d = 1
a -3;2
{ }
elípse :
a = 3;b =1;d =1
c -1;0;1;2;3;4;5
{ }
reta :
a = 3;b =1;c = 0 e d = 0
b =1;c = 0; d = 0
a -3;-2;-1;0;1;2
{ }
parábola :
a = 0;b = 0;d = 0
c -5;-2;-1;1;2;5
O tridente de
Descartes
(FIG. 12)
(a+ x)(a - x)(2a- x) = axy
0
com a
{
}
1;2;3
a
Cissóide de
Dioclés
(FIG. 13)
2 3
y = x /(2a- x),
com a 0
{
}
-6;-4;4;6
a
Conchóide de
Nicomedes
(FIG. 14)
2 2 2 2 2
(x -b) (x + y ) - (a x ) = 0
com a 0
{
}
8;10;12 e b = 2
a
Espiral de
Arquimedes
(FIG. 15)
2 2
x + y = aarctan(y/x)
*ponto de vista
cartesiano
a = 2
Quadratriz de
Hípias
(FIG. 16)
x
y = xcot ,
2a
π
com 0
a
*ponto de vista
cartesiano
{
}
a -0,5;0,5
Hipérboles de
Fermat
(FIG. 17)
m n
x y = a,
com a 0
{ }
m =1; n =1
a -5;-1;1;5
Parábolas de
Fermat
(FIG. 18)
n m
y = ax ,
com a 0
{ }
m = 2; n =1
a -3;-1;-0,5;0,5;1;3
Espiral de
Fermat
(FIG. 19)
2
2
(x;y) = (f(t);g(t))
x = tcos(kt )
y = tsin(kt )
com k 0
{ }
0 t 2 rad
k -075;0,75
π
95
Curva de
Agnesi
(FIG. 20)
2 2 3
y(x +a ) = a
a 0
{
}
a -2;-1;-0,5;0,5;1;2
Ciclóide
(FIG. 21)
(x;y) = (f(t);g(t))
x = a(t - sin(t))
y = a(1- cos(t))
com a 0
{ }
0 6a rad
a 1;2;4
t
π
Limaçon de
Pascal
(FIG. 22)
2 2 2
2 2 2
(x + y - 2ax) =
b (x + y )
com a e b 0
{ }
a =1,5
b 1;2;3;4
Hipérboles de
Descartes
(FIG. 23)
2
y = xy +bx
com b 0
{
}
b 0,5;1;2
Parábolas de
Descartes
(FIG. 24)
2
y = -dy +bx
com b 0
{ }
d = 2;
b 1;2;3;4
Circunferência
s de
Descartes
(FIG. 25)
2 2
y = bx - x
com b 0
b {-5;-4;-3;-2;-1;
1;2;3;4;5}
Pérolas de
Sluze
(FIG. 26)
m n b
y = kx (a - x)
com k 0 e a 0
{ }
m = 2;n = 4;a = 2;b = 3
k 1;3;5;8;10
Involuta de
um Círculo
(FIG. 27)
(x;y) = (f(t);g(t))
x = a(cos(t)+ tsin(t))
y = a(sin(t)- tcos(t))
com a 0
{ }
0 10 rad;
-0,4;0,4
t
a
π
Parábola
Divergente de
Newton
(FIG. 28)
2 3 2
y = ax +bx +cx +d
{ }
a = -0,2;c =12;d = -10
b 1;2;3;4;5
Lemniscata
de Bernoulli
(FIG. 29)
2 2 2
2 2 2
(x + y ) =
a (x - y )
com a 0
{
}
a 1;2;3;4
Espiral
sinusoidal
1
n
n
r = (a cos(nt))
(*) 0
(**) 0
com a
ou
a
>
(*)Hipérbole eqüilátera
(FIG.30)
{ }
n = -2; 0 t 2 rad
a 2;4;6;8;10;12
π
Reta (FIG.31 )
{ }
n = -1 e 0 t 2 rad
a 2;4;6;8;10;12
π
(**)Parábola
(FIG. 32)
{ }
n = -0,5 e 0 t 2 rad
a 2;4;6;8;10;12
π
(*)Cúbica de
Tschirnhaus
(FIG. 29)
{ }
n = -1/3 e 0 t 2 rad
a 2;4;6;8;10
π
(**)
Cardióide
(FIG. 31)
96
{ }
n =1/2 e 0 t 2 rad
a 2;4;6;8;10;12
π
(*)Circunferência
(FIG. 32)
{ }
n =1 e 0 t 2 rad
a 2;4;6;8;10;12
π
(*)Lemniscata de
Bernoulli (FIG. 33)
{ }
n = 2; 0 t 2 rad
a 2;4;6;8;10;12
π
Cúbica de
Tschirnhaus
(FIG. 30)
2 2
3ay = x(x -a)
com a 0
{
}
a -3;-2;-1;1;2;3
Epiciclóide
(FIG. 34)
(x; y) = (f(t);g(t))
x = ((a + b)cos(t) -
bcos((a/b) +1)t)
y = ((a + b)sin(t) -
bsin((a/b) +1)t)
{ }
0 10 ;
4
a 1;8 ; b ;3;5
3
t rad
π
Epitrocóide
(FIG. 35)
(x;y) = (f(t);g(t))
x = ((a+b)cos(t) -
ccos((a/b)+1)t)
y = ((a+b)sin(t)-
csin((a/b)+1)t)
{ }
a = 5;c = 5; 0 t 2a rad
b 0,6;3;4
π
Hipociclóide
(FIG. 36)
(x;y) = (f(t);g(t))
x = ((a -b)cos(t)-
bcos((a/b)+1)t)
y = ((a -b)sin(t)-
bsin((a/b)+1)t)
{ }
{ }
0 t 10 rad;
a 9;9,5
b 2;7,2;4
π
Hipotrocóide
(FIG. 37)
(x;y) = (f(t);g(t))
x = ((a -b)cos(t)+
ccos((a/b)-1)t)
y = ((a -b)sen(t)-
csin((a/b)+1)t)
{ }
{ }
{ }
0 t 10 rad;
a -5,6;5;19,6 ;
b -7;7 ;
c 2,2;8,6
π
Ciclóide de
Euler
(FIG. 38)
x = b - cost
y = at +bsint
a = -1;b =1
-5 rad t 5 rad
π π
QUADRO 5: Curvas algébricas e transcendentes e pontos de vista.
CURVAS Ponto de vista
cartesiano
Ponto de vista
paramétrico
Ponto de vista polar
36 21 8 7
QUADRO 6: Análise quantitativa
97
Conforme o QUADRO 6, de uma análise quantitativa, os momentos
históricos das curvas planas privilegiam o ponto de vista cartesiano.
No QUADRO 5, as diversas equações de algumas curvas planas
algébricas ou transcendentes, evidenciam a importância do uso de parâmetros
para identificar as possíveis representações gráficas de uma curva.
De um modo geral, as curvas planas ganham destaque no século XVII,
provavelmente devido à contribuição de Newton e Euler sobre o uso de
coordenadas negativas e de curvas transcendentes_ obstáculos epistemológicos.
Assim a análise contribui para a compreensão dos fatores que interferem
no processo de ensino-aprendizagem da geometria analítica, pois constatamos,
em parte, na evolução histórica de incógnita, parâmetro, variável, equações
cartesianas, paramétrica ou polar, curvas planas algébricas e transcendentes, o
constante envolvimento dos diferentes registros de representação semiótica e
suas transformações.
Acreditamos que, na geometria analítica, os estudos históricos de algumas
curvas planas, como apresentados, transpostos para a sala de aula, valorizam o
entendimento de incógnita, variável e parâmetro em suas equações, por isso,
tornam-se importantes para a apreensão da noção destes conceitos no que se
refere ao aluno.
98
CAPÍTULO III: A NOÇÃO DE PARÂMETRO NA GEOMETRIA
ANALÍTICA: DE OBJETO CIENTÍFICO A OBJETO DE ENSINO-
APRENDIZAGEM
Neste capítulo, continuamos com os estudos preliminares. Aqui temos
como objetivo apresentar a Proposta Curricular para o Ensino de Matemática de
São Paulo no grau, os Parâmetros Curriculares Oficiais de Matemática do
Ensino Médio e as Orientações Curriculares Nacionais para o Ensino Médio,
quando a temática é a geometria analítica, especificamente, no que se refere à
noção de parâmetro e ao seu uso em equações cartesianas ou paramétricas.
1. Alguns conceitos didáticos ligados ao processo de ensino-aprendizagem.
No estudo histórico do conceito de parâmetro e de seu uso na geometria
analítica, vimos como a articulação entre os diferentes pontos de vista e as
conversões e tratamentos como transformação de representações semióticas
foram fatores importantes para a evolução de conceitos na geometria analítica.
Quando nos referimos aos registros de representação, segundo DUVAL
(2003, p. 14), “a originalidade da atividade matemática está na mobilização
simultânea de ao menos dois registros de representação ao mesmo tempo, ou na
possibilidade de trocar a todo o momento de registro de representação”.
Sobre os dois tipos de transformação de representações semióticas, os
tratamentos e as conversões, DUVAL (2003, p. 16) os difere da seguinte forma:
Os tratamentos são transformações de representações de um mesmo
registro: por exemplo, efetuar um cálculo ficando estritamente no
mesmo sistema de escrita ou de representação dos números; resolver
99
uma equação ou um sistema de equações; completar uma figura
segundo critérios de conexidade e de simetria.
As conversões são transformações de representações que consistem
em mudar de registro conservando os mesmos objetos denotados: por
exemplo, passar da escrita algébrica de uma equação à sua
representação gráfica.
Observaremos, então se a Proposta e os Parâmetros Curriculares no que
diz respeito a alguns conceitos desenvolvidos na geometria analítica, como os
estudos de curvas, possibilitam a articulação entre as transformações em
registros de representação semiótica e os pontos de vista paramétrico e
cartesiano.
2. Proposta, Parâmetros e Orientações Curriculares de Matemática para o
Ensino Médio.
Vamos analisar os conteúdos, as formas de abordagem, bem como as
sugestões para o ensino da geometria analítica, que se a partir do ensino
médio, na Proposta Curricular para o Ensino de Matemática de São Paulo no
grau (1992), nos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio (PCNEM)
de 1999, no PCNEM plus, de 2004 e nas Orientações Curriculares Nacionais para
o Ensino Médio de 2006.
Na Proposta Curricular, sobre os conteúdos propostos para o ensino médio
(antigo 2º grau), temos:
Considerando como conteúdos significativos ao aluno, também aqueles
que realimentam a própria Matemática e os que favorecem a
interdisciplinaridade. [...] Tendo em vista essas questões, sugerimos
que o aluno trabalhe prioritariamente com os seguintes conteúdos:
Funções, Geometria, Trigonometria, Análise Combinatória,
Probabilidade, Geometria Analítica, Matemática Financeira e Estatística.
(SECRETARIA DA EDUCAÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO, 1992,
p. 14)
Esta proposta curricular inclui a geometria analítica como um dos temas
prioritários para o ensino médio, especificando-se na grade curricular da 3ª série.
100
No planejamento, com objetivos e comentários sobre a geometria analítica,
a referida proposta recomenda como objetivo geral: “tratar algebricamente
conceitos e propriedades da Geometria Plana” (p. 36). Neste caso, fica evidente,
o privilégio dado somente à geometria plana e ao tratamento no registro
simbólico.
Em seguida a proposta apresenta dois conteúdos da geometria analítica
com os seus respectivos objetivos, comecemos pelo primeiro:
Conteúdo 1: Estudo do Ponto e da Reta:
Objetivo: Utilizar o conceito de distância entre dois pontos e condição de
alinhamento entre pontos para resolver problemas geométricos.
Determinar e relacionar as várias formas de equação da reta.
Explicitar e aplicar as condições de paralelismo entre retas.
Calcular distância de ponto a reta e área de triângulo. (SECRETARIA
DA EDUCAÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO, 1992, p.36)
Em relação a este conteúdo, interessa-nos a condição de alinhamento
entre pontos para resolver problemas geométricos e a determinação de várias
formas de equação da reta.
Sobre a primeira, observamos que, provavelmente, esta propõe, como
apresentado em PAIVA (2003,p.313)
24
, utilizar o seguinte conceito: “três pontos
A A B B C C
A(x ;y ),B(x ;y ), e C(x ;y )
são colineares se, e somente se,
AB BC
m m
=
ou
não existem
AB BC
m e m
”, ou seja, resolver o problema geométrico, da
colinearidade de pontos, no registro simbólico. Mas em nenhum momento
propõe, a partir da representação gráfica de alguns pontos no plano cartesiano,
estudar a condição de alinhamento e tentar explicitar o conceito algebricamente,
ou seja, uma conversão do registro gráfico para o simbólico.
Sobre a determinação e relação das várias formas de equação da reta, em
nenhum momento é explicitada como equação geral, reduzida ou paramétricas da
24
Escolhemos o livro didático de PAIVA (2003) por ter sido adotado em 2006 na escola onde aplicamos
seqüência didática.
101
reta, ou seja, uma mudança de ponto de vista passando por uma nova
representação, como do cartesiano para o paramétrico.
No segundo conteúdo, temos:
Conteúdo 2: Estudo da circunferência. Posições relativas entre pontos,
retas e circunferências.
Objetivo: Determinar o centro e o raio de uma circunferência, a partir de
sua equação.
Utilizar as várias formas de equação de uma circunferência na
resolução de problemas.
Identificar as posições relativas entre ponto e circunferência, entre reta
e circunferência e entre circunferência e circunferência. (p. 36)
Em relação a este conteúdo, interessa-nos novamente as várias formas de
equação de uma circunferência na resolução de problemas. Aqui, outra vez, não
são explicitadas quais são, por exemplo, equação reduzida, normal ou
paramétricas de uma circunferência, ou seja, quais as mudanças de pontos de
vista na representação da nova equação.
Tanto no conteúdo 2 como no conteúdo 1, vê-se privilegiado o uso do
registro simbólico, mas não é explicitado em quais pontos de vista.
Observamos que os conteúdos, no quadro da geometria analítica, não são
apresentados com o objetivo da mudança de ponto de vista e da conversão
simultânea de ao menos dois registros de representação ao mesmo tempo, ou da
possibilidade de trocar a todo momento de registro de representação, ou seja, a
conversão. Segundo DUVAL (2004, p. 21), “A compreensão em matemática
implica a capacidade de mudar de registro. Isso porque não se deve jamais
confundir um objeto e sua representação”.
A articulação entre mudanças de ponto de vista, cartesiano e paramétrico,
e a conversão entre o registro simbólico e gráfico e vice-versa não é apresentada
na proposta.
102
Por fim, a geometria analítica é recomendada em relação aos dois
conteúdos e objetivos, porém não constam sugestões para esta temática, como
atividades e situações-problema que foram apresentadas para outras temáticas
como: funções, análise combinatória, probabilidade, geometria espacial e
matemática financeira.
Já em livros didáticos constam sugestões para esta temática, mas de
acordo com os objetivos da proposta. A noção de parâmetro é explicitada nas
equações paramétricas da reta, mas não definida. Vejamos um exemplo no livro
de PAIVA (2003, p. 325):
Generalizando, para qualquer equação que relacione apenas as
variáveis
e
x y
, podemos apresentar essas variáveis em função de um
parâmetro t:
x f(t)
y g(t)
=
=
Se essas equações têm como gráfico uma reta r, então são chamadas
de equações paramétricas da reta r.
Porém as equações paramétricas não passam da representação de uma
reta e por isso são deixadas de lado no estudo de outras curvas planas. Também
não se explicita o uso de parâmetros em outras equações. Eis alguns exemplos:
No livro de PAIVA (2003, p.319) a equação geral da reta é definida como:
“toda reta do plano cartesiano é gráfico de uma equação da forma
ax by c 0
+ + =
,
em que
x e y
são variáveis e
a, b e c
são números reais, com
a e b
não nulos”.
Segundo Viète e Descartes, neste caso,
a, b e c
são as quantidades conhecidas,
ou seja, os parâmetros, evidenciados em livros didáticos como coeficientes
literais. Supomos que a variação dos valores de parâmetros em equações e a
construção de gráficos de algumas curvas planas, como a reta, de maneira
dinâmica, permitem ao aluno um melhor entendimento de algumas de suas
propriedades geométricas.
103
Os PCNEM, de maneira bem geral, apresentam como critério central para
escolhas de temas ou tópicos matemáticos, o da contextualização e da
interdisciplinaridade e a relevância cultural do tema, tanto no que diz respeito às
suas aplicações dentro ou fora da Matemática, como à sua importância histórica
no desenvolvimento da própria ciência. (BRASIL, 1999, p.255)
Expõe um exemplo em que a temática função é apresentada como tema
isolado e não permite a exploração do caráter integrador que possui. “as
propriedades de retas e parábolas estudadas em geometria analítica são
propriedades dos gráficos das funções correspondentes”. (BRASIL, 1999, p. 255).
Desta forma reduz o estudo da geometria analítica ao estudo de funções.
Apresenta a temática função como critério central para o estudo da
geometria analítica, porém, não se diz mais nada, a o ser o estudo de retas e
parábolas, provavelmente associado à função afim e quadrática.
Apenas de forma implícita, as competências e habilidades a serem
desenvolvidas em geometria analítica são apresentadas quando o assunto é a
representação e comunicação:
Ler, interpretar e utilizar representações matemáticas (tabelas, gráficos,
expressões, etc).
Transcrever mensagens matemáticas da linguagem corrente para
linguagem simbólica (equações, gráficos, diagramas, fórmulas, tabelas,
etc.) e vice-versa.
Exprimir-se com correção e clareza, tanto na língua materna, como na
linguagem matemática, usando a terminologia correta. (BRASIL, 1999,
p.259)
Implicitamente constata-se uma proposta de conversão entre a linguagem
natural, o simbólico e o gráfico, mas não é possível identificar como desenvolver
estas conversões.
Os PCNEM PLUS, em relação à importância do ensino da geometria
analítica, comentam que a mesma tem a função de:
104
Tratar algebricamente as propriedades e os elementos geométricos. O
aluno do ensino médio terá a oportunidade de conhecer essa forma de
pensar que transforma problemas geométricos na resolução de
equações, sistemas ou inequações.
O aluno deve perceber que um mesmo problema pode então ser
abordado com diferentes instrumentos matemáticos de acordo com
suas características. Por exemplo, a construção de uma reta que passe
por um ponto dado e seja paralela a uma reta dada pode ser obtida de
diferentes maneiras. Se o ponto e a reta estão desenhados em papel, a
solução pode ser feita por meio de uma construção geométrica, usando-
se instrumentos. No entanto, se o ponto e a reta são dados por suas
coordenadas e equações, o mesmo problema possui uma solução
algébrica, mas que pode ser representada graficamente.
Então, mais importante do que memorizar diferentes equações para um
mesmo ente geométrico é necessário investir para garantir a
compreensão do que a geometria analítica propõe. Para isso, o trabalho
com este tema pode ser centrado em estabelecer a correspondência
entre as funções de 1o e 2o graus e seus gráficos e a resolução de
problemas que exigem o estudo da posição relativa de pontos, retas,
circunferências e parábolas.
Além de conhecer uma forma de pensar em Matemática, entender o
mundo do século 17, que deu origem ao cartesianismo, pode ser uma
excelente oportunidade para que o aluno perceba o desenvolvimento
histórico do conhecimento e como certos momentos dessa história
transformaram a ciência e a forma de viver da humanidade. (BRASIL,
2004, p. 124)
De forma implícita, os PCNEM PLUS supõem uma mudança de quadros,
do geométrico para o algébrico e vice-versa, também uma conversão entre os
registros simbólico e gráfico e vice-versa.
Observamos que o desenho de uma reta ou de um ponto localizado em um
plano cartesiano é considerado como um registro gráfico.
De acordo com os PCNEM PLUS, nossa seqüência didática estabelecerá
inicialmente uma correspondência entre as funções do 1º e 2º graus e seus
gráficos com o estudo da posição relativa de pontos no plano em dois pontos de
vista: o cartesiano e o paramétrico.
Em se tratando de conteúdos (como representações no plano cartesiano e
equações; intersecção e posições relativas de figuras) e habilidades a serem
desenvolvidas para a unidade temática geometria analítica, os PCNEM PLUS
sugerem:
Interpretar e fazer uso de modelos para a resolução de problemas
geométricos.
105
Reconhecer que uma mesma situação pode ser tratada com diferentes
instrumentais matemáticos, de acordo com suas características.
Associar situações e problemas geométricos a suas correspondentes
formas algébricas e representações gráficas e vice-versa.
Construir uma visão sistemática das diferentes linguagens e campos
de estudo da Matemática, estabelecendo conexões entre eles.
(BRASIL, 2004, p. 125)
Interessa-nos o reconhecimento de que uma mesma situação pode ser
tratada nos diferentes instrumentos matemáticos. Supomos implicitamente as
mudanças de quadro, de registro e de pontos de vista.
Também nos interessa a associação de atividades no quadro da geometria
analítica com os registros de representação semiótica e os pontos de vista.
As Orientações Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, no que se
refere a geometria analítica, procura caracterizá-la da seguinte forma:
a) o estudo das propriedades geométricas de uma figura com base em
uma equação (nesse caso, são as figuras geométricas que estão sob o
olhar da álgebra);
b) o estudo dos pares ordenados de números (x,y) que são soluções de
uma equação, por meio das propriedades de uma figura geométrica
(nesse caso, é a álgebra que está sob o olhar da geometria) . Esses
dois aspectos merecem ser trabalhados na escola.
O trabalho com a geometria analítica permite a articulação entre
geometria e álgebra. Para que essa articulação seja significativa para o
aluno, o professor deve trabalhar as duas vias: o entendimento de
figuras geométricas, via equações, e o entendimento de equações, via
figuras geométricas. (BRASIL, 2006, p. 77)
Notamos que as Orientações Curriculares, propõe implicitamente, uma
conversão entre os registros de representação simbólico e gráfico e uma
articulação entre os quadros geométrico e algébrico.
Sobre o uso de parâmetros em equações na geometria analítica, as
Orientações Curriculares recomendam:
Entendido o significado de uma equação, deve-se iniciar o estudo das
equações da reta e do círculo. Essas equações devem ser deduzidas, e
não simplesmente apresentadas aos alunos, para que, então, se
tornem significativas, em especial quanto ao sentido geométrico de
seus parâmetros. (BRASIL, 2006, p. 77, grifo nosso)
106
Aqui, entendemos que surge, pela primeira vez, a necessidade da noção
de parâmetro e o seu uso em equações para um entendimento significativo das
propriedades geométricas da reta e da circunferência.
No geral a Proposta Curricular, os PCNEM, os PCNEM PLUS e as
Orientações Curriculares Nacionais para o Ensino Médio apresentados enfatizam
a importância do ensino da geometria analítica com suas devidas competências e
habilidades a serem desenvolvidas pelos alunos. Porém, notamos a falta do
estudo de curvas e suas representações que vão além de retas, parábolas e
circunferências, articulando os pontos de vista paramétrico e cartesiano e a
conversão entre registros simbólico e gráfico.
Assim como a história apresentada por BOYER (1996, p. 318-319), tanto a
Proposta quanto os Parâmetros e as Orientações Curriculares não valorizam
outras curvas algébricas, como as secções cônicas, e não apresentam as curvas
transcendentes, trabalhadas na teoria geral de curvas de Euler, como as curvas
trigonométricas.
Conseqüentemente supomos que, em livros didáticos, a noção de
parâmetro se limita, explicitamente, ao estudo das equações paramétricas e à
representação da reta em geometria analítica vista no Ensino Médio.
Entendendo a necessidade de desenvolver uma seqüência didática que
enfatize a importância da noção de parâmetro na representação gráfica de pontos
e curvas planas, a Proposta e os Parâmetros Curriculares nos direcionam para
estudos em um ambiente informático.
O uso de novas tecnologias no ensino como ferramenta facilitadora permite
ao aluno a construção de pontos, ponto genérico, família de pontos por meio da
107
investigação de algumas curvas planas representadas por equações na forma
cartesiana ou paramétrica e facilita o entendimento da noção de parâmetro.
Sobre estes ambientes informáticos e a importância dos mesmos no estudo
da Matemática, os PCNEM comentam:
Esse impacto da tecnologia, cujo instrumento mais relevante é hoje o
computador, exigirá do ensino da Matemática um redirecionamento sob
uma perspectiva curricular que favoreça o desenvolvimento de
habilidades e procedimentos com os quais o indivíduo possa se
reconhecer e se orientar nesse mundo do conhecimento em constante
movimento. [...] as funções da Matemática descritas anteriormente e a
presença da tecnologia nos permitem afirmar que aprender Matemática
no Ensino Médio deve ser mais que memorizar resultados dessa ciência
e que a aquisição do conhecimento matemático deve estar vinculado ao
domínio de um saber fazer Matemática e de um saber pensar
matemático (BRASIL, 1999, p.252)
A Proposta e os Parâmetros (PCNEM e PCNEM PLUS), de um modo geral,
recomendam, implicitamente, em geometria analítica, as mudanças de quadros
(do geométrico para o algébrico), a importância das transformações (conversões
e tratamentos) em registros semióticos (linguagem natural, simbólico e gráfico) e
os pontos de vista cartesiano e paramétrico. Portanto estes resultados são
fundamentais para nossa pesquisa na medida em que, no quadro da geometria
analítica (subquadro da geometria), a seqüência didática se respalda na
conversão entre os registros simbólico e gráfico e vice-versa e os pontos de vista
paramétrico e cartesiano.
Em se tratando do uso de tecnologia em matemática nas Orientações
Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, surgem algumas novidades.
Estas Orientações Curriculares comentam a necessidade de se contemplar
uma formação escolar dois sentidos, são eles: “[...] a Matemática como
ferramenta para entender a tecnologia, e a tecnologia como ferramenta para
entender a Matemática”. (BRASIL, 2006, p. 87).
108
Em nosso trabalho vamos nos ater ao segundo caso, a tecnologia como
ferramenta para entender a noção de parâmetro na geometria analítica.
Sobre este segundo caso, estas Orientações Curriculares sugerem:
[...] programas de computador (softwares) nos quais os alunos
podem explorar e construir diferentes conceitos matemáticos, referidos
a seguir como programas de expressão. Programas de expressão
apresentam recursos que provocam, de forma muito natural, o
processo que caracteriza o “pensar matematicamente”, ou seja, os
alunos fazem experimentos, testam hipóteses, esboçam conjecturas,
criam estratégias para resolver problemas. (BRASIL, 2006, p. 88).
Consideramos o software Winplot, segundo (BRASIL, 2006), um programa
de expressão.
Na busca de programas de expressão para o estudo da geometria analítica
as Orientações Curriculares, indicam:
[..] tem-se uma grande variedade de programas de expressão. Em
muitos desses programas, pode-se trabalhar tanto com coordenadas
cartesianas como com coordenadas polares. Os recursos neles
disponibilizados facilitam a exploração algébrica e gráfica, de forma
simultânea, e isso ajuda o aluno a entender o conceito de função, e o
significado geométrico do conjunto- solução de uma equação
inequação. (BRASIL, 2006, p.89).
Novamente, entendemos que o Winplot é um dos programas que, segundo
(BRASIL, 2006), trabalha-se tanto com coordenadas cartesianas ou polares e
facilitam a exploração algébrica e gráfica, consequentemente o entendimento do
significado geométrico de uma equação em geometria analítica.
Aqui temos, nas Orientações Curriculares como sugestões do uso de
programas de expressão, como o Winplot, implicitamente, uma articulação entre
os pontos de vista cartesiano e polar e as conversões entre os registros de
representação simbólico e gráfico. Estas Orientações Curriculares, contribuem
para o desenvolvimento de atividades em ambientes informáticos.
109
Interessados em desenvolver a seqüência didática em um ambiente
informático, a seguir, apresentamos uma fundamentação teórica que nos respalda
nesta abordagem.
3. Alguns princípios norteadores da Informática na Educação
ALMOULOUD (2000, p. 198) define o uso de ferramentas, como o
microcomputador, como algo privilegiado para a avaliação somativa, formativa e
diagnóstica, possibilitando:
o estudo do comportamento dos alunos;
tornar os alunos autônomos na gestão de sua aprendizagem;
tratar no tempo real uma parte da avaliação;
integrar numerosas informações multidimensionais;
diminuir o efeito emocional da avaliação.
As atividades propostas para a seqüência de ensino procuram estudar o
comportamento dos alunos, mas principalmente torná-los autônomos na gestão
de sua aprendizagem sob a orientação do professor.
Segundo VALENTE (1993 apud ALMOULOUD, 2000, p. 199), analisando
as possibilidades do computador em contextos educacionais, comenta:
O uso do computador como máquina de ensinar, informatizando os
métodos de ensino tradicionais, tendo sobre o papel, lousa e giz as
vantagens das animações, som e repetições sucessivas para a melhor
compreensão por parte do educando, caracterizando o paradigma
instrucionista. (p. 199)
O computador como ferramenta, auxiliando na construção do
conhecimento: [...] a mudança nos paradigmas educacionais vem
acompanhada pela introdução de novas ferramentas tecnológicas.
Assim sendo, não é suficiente que os educadores tenham à sua
disposição ou apenas saibam operar esses elementos tecnológicos, é
preciso que aprendam a elaborar e a intervir significativamente no
processo educativo. (p. 200)
[ ...] se o objetivo principal do processo educativo é oportunizar o
desenvolvimento do processo de construção do conhecimento, com o
aprendiz no centro do processo educativo, compreendendo conceitos e
reconhecendo a sua aplicabilidade em situações por ele vivenciadas,
defendemos a utilização do computador como ferramenta, facilitando a
descrição, reflexão e depuração de idéias. (p. 200)
110
Como sugere este autor, com o uso do computador nas atividades da
seqüência, procura-se fugir do papel, da lousa e do giz, visando a animações
gráficas de pontos e curvas. O computador, como ferramenta facilitadora da
descrição, reflexão e depuração, permite uma melhor compreensão da noção de
parâmetro no estudo de pontos e curvas e suas propriedades.
3.1. Ambiente Informático
Na seqüência, apresentamos atividades voltadas ao uso de um software
educativo, o Winplot, para fins de ensino aprendizagem. O software será
considerado, segundo ALMOULOUD (2000, p. 200), “[...] como um conjunto de
recursos informáticos desenvolvidos no intuito de serem usados em contextos de
ensino e aprendizagem”.
O processo do saber a ser ensinado é influenciado em parte pelo software
utilizado, pelo uso de recursos informáticos, e não somente pelo professor. Desta
forma, a transposição didática origem à transposição informática
(BALACHEFF, 1994), tornando-se um conceito teórico fundamental para esta
pesquisa, visto que os alunos terão acesso às representações de softwares.
3.2. A transposição didática
CHEVALLARD (1991 apud ALMOULOUD, 2000, p. 200) define a
transposição didática como o conjunto das transformações que o saber científico
sofre em seu processo de ensino. Desta definição distingui-se bem “o saber
científico” do “saber ensinado” (institucional).
111
Da escolha do saber à sua adaptação ao sistema didático, existe todo um
processo gerador de modificações, que termina no que chamamos de saber
escolar.
Sobre o desenvolvimento dos ambientes informáticos, ALMOULOUD
(2000, p. 202), relata: “a introdução dessas tecnologias na escola e na formação
de professores, é acompanhado de novos fenômenos do mesmo tipo que aqueles
da Transposição didática”.
Segundo BALACHEFF (1994 apud ALMOULOUD, 2000, p. 202), “além dos
entraves da Transposição didática, temos aqueles da modelagem e da
implementação informática: entraves da modelagem compatível, entraves ligados
à linguagem informática e à capacidade das máquinas”.
BALACHEFF (1994 apud ALMOULOUD, 2000, p. 202) analisa a seguinte
problemática:
Uma “representação do mundo” não é o “mundo”, pois essa
representação tem propriedades herdadas, ao mesmo tempo, das
escolhas de modelagem que são feitas e das características dos meios
semióticos escolhidos. Por outro lado, como dispositivo material, o
computador impõe um conjunto de exigências que vão necessitar de
uma transformação do “mundo” para permitir implementar sua
representação. (p. 202)
Desta forma, o autor, introduz a noção de “Transposição Informática” para
falar desse tratamento do conhecimento que permite representá-lo e implementá-
lo num dispositivo informático.(p. 202)
3.3. A transposição informática.
Em se tratando do uso de um software educativo, esta noção torna-se
importante e significativa, pois apresenta uma contextualização do conhecimento
112
(individual) que pode ter conseqüências importantes sobre os resultados das
aprendizagens. (p.202)
O esquema a seguir, dado por BALACHEFF (1994 apud ALMOULOUD,
2000, p. 203), resume em que nível a Transposição informática está situada no
processo da Transposição didática.
QUADRO 7: Transposição Informática
O esquema do QUADRO 7 evidencia as transformações que determinado
saber deve passar a fim de se tornar um saber do aluno em um ambiente
informatizado.
Uma vez que o saber a ensinar é identificado, resta especificar a
arquitetura da aprendizagem, sofrendo adaptações relacionadas a concepções
113
dos professores sobre este saber e os meios de seu ensino. Na utilização de
dispositivos informáticos, existe outra transformação no saber a ensinar antes de
se tornar saber ensinado, sendo este o saber implementado. Este se refere não
somente às concepções dos professores, mas também às representações do
software e sua interface.
Para a implementação da seqüência de atividades, utilizaremos um
ambiente informático com softwares gratuitos, como o plotador gráfico, Winplot, e
o construtor de GIF's animados, GIF Animator. Serão utilizados como ferramentas
facilitadoras para as representações gráficas de pontos e curvas no plano. A
transposição informática, como referência teórica, desempenha um papel
fundamental nessa pesquisa.
A seguir apresentamos os softwares, algumas de suas características
importantes que utilizaremos nesta pesquisa e uma análise sobre os efeitos da
transposição informática.
3.4 O Software Winplot
O Winplot
25
, desenvolvido por Richard Parris, da Philips Exeter Academy,
é um dos principais softwares free da linha Peanut Softwares
26
, que contém uma
lista com vários programas matemáticos gratuitos. Trata-se de um plotador
gráfico, de fácil instalação, que ocupa pouco espaço (menos de 1MB), com a
opção de representar gráficos em 2D (bidimensional) ou 3D (tridimensional). O
que o torna atrativo são os parâmetros dinâmicos que permitem "animar" gráficos
alterando os seus valores presentes.
25
Winplot foi traduzido para o Português em 2001 por Adelmo Ribeiro de Jesus.
26
Site Oficial da Peanut Softwares: http://www.exeter.edu/pages/index.html
114
No menu “Equação”, FIG.51, é possível representar diversos tipos de
gráficos de equações com uma ou duas variáveis na forma explícita, implícita,
paramétrica ou polar, assim como pontos e segmentos. Os gráficos construídos e
suas respectivas equações podem ser automaticamente salvos num inventário,
sendo possível esconder e mostrar os dados a qualquer momento.
FIG. 51: Menu “Equação” do Winplot
Existe uma biblioteca com o arquivo de todas as funções elementares
(representações da linguagem Winplot) que podem ser interpretadas pelo
software, tais como: pi, ln , log , exp , sin , cos , tan , csc , sec , cot , sinh , cosh ,
tanh , sqr = sqrt = [raiz quadrada ]. Eis alguns sinais usuais da representação
simbólico- algébrica que são usados:
- Exponenciação é representada por ^, embora seja mais fácil escrever xx
do que x^2.
- O símbolo multiplicativo * pode geralmente ser dispensado. Por exemplo,
5x é interpretado para significar 5*x.
115
No menu “Ver”, FIG. 52, pode-se alterar o tamanho e aspecto da janela
(tela do winplot) como: zoom, tamanho, com ou sem eixos, grade quadriculada,
determinação de valores explícitos nos eixos ortogonais, e ajuda explicando todos
os detalhes deste menu.
FIG. 52: Menu “ver” do Winplot
O menu “Anim” permite o estudo de uma família de pontos, ou seja,
representá-la graficamente por meio da alteração dos valores reais dos
parâmetros de um ponto genérico. Permite também representar diversos gráficos
de uma curva plana algébrica ou transcendente por meio da alteração dos valores
reais dos parâmetros de suas respectivas equações paramétricas, cartesianas ou
polares.
O menu “Misc” permite fazer retoques finais como: pôr setas nos eixos,
colorir o fundo, fazer anotações no caderno de rascunho, entre outros.
É possível trabalhar com várias janelas abertas ao mesmo tempo,
possibilitando comparações e articulações entre as diversas representações
gráficas possíveis no Winplot.
116
3.4.1. Limitações do software Winplot
Uma das principais limitações do Winplot é que, sozinho, como todos os
programas educacionais, não garante uma aprendizagem eficiente.
Segundo ALMOULOUD (2000, p. 210), “[...] é preciso incluí-lo num
dispositivo didático, no qual o professor estará encarregado, entre outras tarefas,
da construção das situações-problema e do gerenciamento da sala de aula”, nem
que seja à distância.
O aluno, analisando as diversas representações gráficas de uma curva
plana, por exemplo, uma parábola, deve concluir que esta variação lhe permite
substituir a prova matemática, como as suas propriedades geométricas, ou seja, o
Winplot “[...] mostrou a veracidade e não necessidade de uma justificação
matemática. ALMOULOUD (2000, p. 210)
A partir de uma equação de curva, a representação gráfica é automática,
distanciando-se de uma construção contínua da curva ou ponto a ponto com
papel e lápis. Novamente o aluno sente a necessidade de não justificar
matematicamente como obteve o gráfico.
Mesmo sendo um software de fácil manuseio, pode ser cansativo, pois a
sua diversidade, em termos de descobertas, é imensa.
Para alunos que tenham facilidade com uso de softwares ou aplicativos,
o Winplot torna-se descomplicado; porém, para alunos do ensino fundamental ou
inexperientes, é necessário uma ajuda extra, como apostilas ou tutoriais de aulas
específicas que podem ser realizados pelo professor.
117
No menu “Anim”, existe um recurso de auto animação dos valores reais de
parâmetros, porém nem sempre ele é aconselhável, pois em grande parte das
vezes o programa trava e perde-se tudo o que foi realizado.
Existe um outro detalhe: não há como voltar atrás em alguns casos em que
a equação foi apagada “sem querer”, ou seja, é preciso refazer tudo outra vez.
O programa não funciona em alguns sistemas operacionais Linux, como o
GNU-Linux.
3.4.2. Considerações relevantes
Em um curso de extensão realizado em 2003 e 2004 (com carga horária
total de 60 horas e carga horária semanal de 4 horas), pela CEFET Campos
27
e
UENF
28
, para professores de Matemática do Ensino Médio e alunos de
Licenciatura em Matemática, com um total de 24 participantes usuários potenciais
de softwares educacionais, o Winplot foi um dos softwares avaliados
29
, sendo
considerado pelos avaliadores como um dos mais coerentes com os PCNEM.
Conforme o QUADRO 8, entendemos que a diferença básica entre o
Winplot e outros plotadores gráficos de baixo custo ou gratuitos é a promoção da
“animação” de gráficos a partir dos parâmetros de suas equações.
27
CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA, situado na cidade de Campos dos Goytacazes/RJ.
28
Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF
29
Avaliação disponível em: <http://www.es.cefetcampos.br/softmat/>, acesso em 10/07/2006.
118
QUADRO 8: SOFTMAT (BATISTA et al. 2004, p.9)
3.5 GIF Animator
O GIF Animator é um dos softwares desenvolvidos pela Microsoft. Permite
construir GIF`s animados e é distribuído gratuitamente. O que o torna interessante
é a possibilidade do educando, envolvido por uma ferramenta facilitadora,
desenvolver uma autonomia própria na criação e construção de um GIF animado
como se fosse um grande pintor que, por meio de propriedades geométricas,
encanta com a arte da geometria e, por que não, das curvas.
Este programa permite a realização de um desenho animado que exija
destreza e paciência até o último desenho que corresponde à última cena.
Se o Winplot permite animar os gráficos de curvas planas, o GIF Animator
as imortaliza como uma animação constante. Observa-se que, em grande parte,
são os GIF`s que dão vida às páginas da Internet, com seus banners ou
logomarcas
30
, ou seja, o trabalho final é muito interessante.
30
Segundo Dicionário Aurélio: qualquer representação gráfica padronizada e distintiva utilizada como marca1
(22); representação visual de uma marca1 (22).
119
3.5.1. Limitações do GIF Animator
Não é um software educativo, é técnico;
Não é fácil encontrá-lo na internet
31
, provavelmente por ser gratuito;
Está em inglês, o que torna o seu manuseio difícil de entender.
Para a montagem do GIF, temos que selecionar, de uma em uma, cada
imagem gráfica localizada em uma pasta pré-estabelecida e todas no formato .gif,
tornando a tarefa um trabalho árduo. Porém, entendemos o programa como um
bom motivador para os alunos.
31
Software GIF Animator disponível em: <http://www.diadematematica.com/downloads/gifsetup.exe>. Acesso
em 10 de julho de 2006.
120
CAPÍTULO IV: A SEQUÊNCIA DIDÁTICA
Neste capítulo, apresentamos uma seqüência didática, com o objetivo de
tentar responder as hipóteses de pesquisa de nosso trabalho.
Apresentamos as justificativas das escolhas feitas, os procedimentos
metodológicos e o instrumento experimental.
Nesta fase, segundo alguns elementos de uma engenharia didática,
proposta por ARTIGUE (1996), apresentamos a construção e análise a priori das
atividades.
Na construção exporemos as escolhas globais, como o ambiente, o público
alvo e o tema a ser pesquisado.
Em seguida, as escolhas locais, como a organização de uma sessão
relacionada ao conteúdo didático a ser pesquisado, que é o caso desse trabalho.
A análise a priori tem como objetivo antecipar como as escolhas realizadas,
globais ou locais, funcionarão didaticamente com alunos, prevendo os
comportamentos, as estratégias e as dificuldades nas atividades propostas.
1. Justificativas das escolhas feitas.
No breve estudo histórico da geometria analítica, apresentado no capítulo
II, observamos, em um primeiro momento, a importância do simbolismo algébrico;
em um segundo momento, o surgimento das curvas algébricas e uma primeira
classificação; e, no terceiro momento, as curvas transcendentes. Vimos também
que as curvas planas são representadas por diversas equações e gráficos e que
os seus lugares geométricos têm representações analíticas que podem ser
121
expressas por uma única equação com no máximo duas variáveis (valores
desconhecidos) e, nos demais casos, com parâmetros (valores conhecidos). Este
último nos interessa como objeto de estudo por razões apresentadas nos
capítulos I, II e III.
Eis algumas destas razões: observamos que, ao longo da história, o uso de
parâmetros em equações para possíveis representações gráficas de curvas
planas foi importante para o desenvolvimento da geometria analítica. A Proposta
Curricular, os Parâmetros (PCNEM e PCNEM PLUS) e as Orientações
Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, em geral, norteiam os conteúdos
apresentados nos livros didáticos e se limitam a recomendações para o estudo da
reta e de algumas secções cônicas, como a circunferência. É por essa falta do
estudo de outras curvas planas que se verifica a ausência da noção de
parâmetro, pois, em equações de retas e de circunferências, os parâmetros são
tratados como coeficientes literais, números conhecidos, mas não explicitados
como parâmetros, a não ser no caso de equações paramétricas da reta.
Ferramentas facilitadoras, como o ambiente informático, o consideradas
pelas propostas curriculares, porém o uso desses recursos anda a “passos de
tartaruga”, assim como na história em que as curvas eram construídas com papel,
lápis e instrumentos de medidas. Os recursos informáticos provavelmente
facilitariam o estudo destas curvas planas e conseqüentemente se tornaria
explícita a importância da noção de parâmetro.
122
2. Procedimentos metodológicos
Construímos uma seqüência de atividades que possibilita investigar se, em
um ambiente informático, por meio de representações e interpretações gráficas,
de maneira dinâmica e com o uso de parâmetros em equações, será permitido ao
aluno visualizar algumas propriedades de curvas planas e, conseqüentemente, ter
uma melhor compreensão da noção de parâmetro.
Em um primeiro momento, nas duas primeiras sessões, procuramos
desenvolver atividades muito próximas das recomendadas pela Proposta
Curricular, pelos PCNEM e as Orientações Curriculares Nacionais para o Ensino
Médio observadas, em particular, no livro de PAIVA (2003).
Em um segundo momento, elencamos, atividades que envolvem pontos
genéricos, família de pontos, representação de curvas na forma paramétrica e
cartesiana e curvas parametrizadas.
Nos encontros previstos em um ambiente informático, os alunos
trabalharam em dupla, por entendermos que esta dinâmica produz diálogos,
reflexões, troca de hipóteses e conclusões de forma espontânea.
A seqüência foi dividida em cinco sessões com duas aulas de 50 minutos
de duração cada e com cinco duplas de alunos.
Em todas as sessões, os alunos tiveram como material de trabalho: régua,
lápis, borracha e caneta. Nas três últimas sessões, as atividades foram
desenvolvidas com o uso do computador, sendo um para cada dupla. No final de
cada sessão, houve uma discussão entre os alunos e o professor sobre
estratégias e soluções propostas pelos alunos e relatos de aplicação das
atividades que descreveremos.
123
O aplicador da seqüência foi o próprio pesquisador e havia um observador,
professor de matemática há nove anos e mestrando em Educação.
O público alvo desta investigação foram 10 alunos da série do Ensino
Médio de uma escola pública em Diadema no Estado de São Paulo. São alunos
que estudam no período noturno, mas as sessões foram realizadas fora do
horário de aula, aos sábados no período matutino.
Inicialmente, avisamos os alunos que se tratava de um projeto de pesquisa
e que, ao término da realização da seqüência, receberiam, além da construção do
GIF animado, todas as atividades desenvolvidas por eles em um CD, uma
publicação dos GIF's animados em uma página na Internet e um certificado de
participação do projeto desta pesquisa.
Antes da experimentação, trabalhamos a familiarização do software
Winplot com os alunos para o reconhecimento de um plano cartesiano, da
localização de coordenadas no plano, equação reduzida da reta, coeficientes
angular e linear, equações paramétricas e a retomada de alguns conceitos de
funções importantes para o desenvolvimento das atividades da seqüência como
as funções: afim e linear, quadrática, cúbica, exponencial e algumas
trigonométricas, bem como a conversão de ângulos em graus para radianos.
Além disso, com o software GIF Animator, trabalhamos alguns GIF`s
animados.
Nas duas primeiras sessões, as atividades foram desenvolvidas sem a
interferência do ambiente informático.
Na primeira sessão, as atividades deveriam ser respondidas, como coleta
de dados, em um formulário adequado com papel e lápis, como se estivessem em
sala de aula, e eram focadas em ponto, reta e parábola.
124
Na segunda sessão, as atividades também foram planejadas para serem
respondidas em papel e lápis, e retratavam as equações paramétricas da reta.
Na terceira sessão, as atividades foram desenvolvidas em um ambiente
informático, com o uso do software Winplot, retomando-se algumas das atividades
desenvolvidas nas sessões I e II, de maneira dinâmica com a construção de uma
família de pontos da reta e da parábola.
Escolhemos o software Winplot por ser gratuito, de fácil manuseio e por
não requerer computadores potentes.
As atividades evidenciavam família de pontos a um parâmetro e os pontos
de vista paramétrico e cartesiano em gráficos de reta e parábola.
Na quarta sessão, as atividades também foram propostas em um ambiente
informático, com o uso do software Winplot, e focadas na parametrização da reta
e no estudo de outras curvas planas algébricas ou transcendentes.
Na quinta e última sessão, as atividades se dividiram em dois momentos.
Primeiro com papel e lápis, sem o uso do ambiente informático, com o objetivo de
desenvolver equações paramétricas a partir das coordenadas de alguns pontos e,
em um segundo momento, visando a desenvolver animações gráficas de outras
curvas planas para a construção de um GIF animado.
3. Apresentação e análise a priori da seqüência didática.
Apresentamos uma seqüência didática a ser aplicada, seguida da sua
análise a priori de cada sessão, com o enunciado, os objetivos, a análise didática
e matemática de cada uma das atividades que foram desenvolvidas, levando-se
125
em conta os trabalhos de DUVAL (2003), DOUADY (1986), DIAS (1998) e
BALACHEFF (1994) e os estudos históricos de algumas curvas planas.
Sessão I: Gráficos de ponto, reta e parábola
Nesta sessão, pretendemos realizar uma breve introdução da geometria
analítica com os conceitos de ponto, reta e parábola.
Em nossa análise da Proposta Curricular e dos PCNEM, constatamos a
recomendação do ensino da geometria analítica, como uma introdução a partir
das representações de pontos, retas e parábolas no plano cartesiano, mas não se
sugere como tal introdução deva ser desenvolvida e nem se apontam atividades
neste caminho.
Sessão I:
Atividade 1:
a) Considere as coordenadas dos seguintes pontos A=(1;2), B=(2;3), C=(2;1),
D=(-3;0) , E=(-4;-3). Sabe-se que 3 deles estão alinhados. Represente os
pontos no plano cartesiano e justifique quais são estes 3 pontos que estão
alinhados.
b) Existem outros pontos de coordenadas (x,y) que continuam alinhados com
os três anteriores e possuem uma relação entre as variáveis x e y .
Represente-os no plano cartesiano, apresentado anteriormente, e escreva
pelo menos outros três pontos deste alinhamento.
c) Desta relação entre as variáveis x e y obtém-se uma equação algébrica.
Utilize o rascunho, caso necessário, e escreva abaixo esta equação.
Atividade 2:
126
a) Considere as coordenadas dos seguintes pontos A=(-2;4), B=(2;4), C=(-
5;6), D=(3;9), E=(6;-5) e F=(-1,1). Sabe-se que 4 deles pertencem ao
gráfico de uma parábola. Represente os pontos no plano cartesiano e
justifique quais são estes 4 pontos que pertencem à parábola.
b) Existem outros pontos de coordenadas (x,y) que pertencem ao gráfico da
parábola com os quatro pontos anteriores e possuem uma relação de
dependência entre as variáveis x e y. Represente-os no plano cartesiano,
apresentado anteriormente e escreva pelo menos outros três pontos desta
parábola.
c) Desta relação entre as variáveis x e y obtém-se uma equação algébrica.
Utilize o rascunho, caso necessário, e escreva abaixo esta equação.
Análise didática:
Na elaboração das atividades 1 e 2 da sessão I, temos como prioridade os
seguintes objetivos:
Investigar se a conversão entre os registros (linguagem natural, simbólica e
gráfica) permite verificar se os alunos são capazes de entender e representar
pontos por coordenadas (x,y) no plano cartesiano, encontrar gráficos de uma reta
e uma parábola e representar a equação algébrica que valide a relação entre as
variáveis x e y .
Estão em jogo, os seguintes quadros e conceitos:
Geometria analítica Algébrico Numérico Funções
-ponto
-reta
-parábola
-representações
gráficas no plano.
-equações cartesianas;
-escritas algébricas com
variáveis, incógnitas e
parâmetros.
-cálculo sobre coordenadas
no plano (geometria
analítica);
-cálculo em equações
cartesianas (algébrico).
-funções do
1º e 2º graus.
QUADRO 9 - Sessão I:quadros
No QUADRO 10, apresentamos as variáveis didáticas e os conhecimentos
mobilizados nessa sessão.
127
Variáveis didáticas Conhecimentos mobilizados
-Números inteiros;
-Representação gráfica de ponto, reta e
parábola;
-Escrita algébrica de equações.
-Propriedades de equações do 1º e 2º
graus;-Leitura e interpretação gráfica;
-Pontos alinhados;
-Variável, incógnita e parâmetro.
-Operações com números inteiros;
-Par ordenado associado a uma relação;
-Cálculo e representação gráfica de ponto, reta e
parábola.
- Resolução de equações do 1º e 2ºgraus;
- Plano cartesiano.
- Funções do 1º e 2º graus.
QUADRO 10 – Sessão I: variáveis didáticas
Novos conhecimentos em jogo: equação algébrica cujas coordenadas de
pontos no plano mantêm uma relação de dependência.
As atividades 1 e 2 foram preparadas para que os alunos procurassem
realizar transformações de registros, conversão e tratamento, nas
representações de ponto, reta e parábola.
(1a e 2a) Conversão entre registros: da linguagem natural para o gráfico.
Como pré-requisito, o entendimento de coordenadas cartesianas no plano
foi trabalhado no estudo de algumas funções, portanto, acreditamos que os
alunos possam mobilizar esses conhecimentos prévios na resolução deste item.
(1b e 2b) Conversão do registro gráfico para a linguagem natural.
Observando no registro gráfico a representação de alguns pontos no plano,
é possível que os alunos tracem uma reta e uma parábola e, por fim, consigam
responder aos respectivos itens.
(1c e 2c) Conversão do registro gráfico para o simbólico.
Observando a representação gráfica da reta e da parábola e alguns de
seus pontos, é realizado um tratamento que, por meio de cálculos, a partir de
valores numéricos, encontra-se a equação cartesiana (representação simbólico-
algébrica) conforme QUADRO 1: (DUVAL 2003, p.18).
128
Para encontrar as equações, espera-se que os alunos identifiquem no
tratamento, por meio de cálculos, uma relação de dependência entre as variáveis
x e y
, atribuindo valores numéricos a estas variáveis.
No caso das equações da reta e parábola, espera-se a mobilização, pelo
aluno, do tema função polinomial do 1º e 2º grau.
Ocorrerá, no final da sessão, institucionalização local do tratamento no
registro gráfico, da conversão deste para o simbólico, por considerar que talvez
nem todos os alunos consigam atingir tal objetivo, como mostraremos a seguir
nas concepções inadequadas ou dificuldades esperadas dessas atividades.
1. Com relação à representação gráfica de pontos no plano cartesiano.
- Os alunos apresentam dificuldades na conversão da linguagem natural para o
gráfico: o enunciado pode ser lido, mas não compreendido por eles. Neste
momento o professor deve esclarecer as dúvidas do enunciado, sem, contudo,
dar repostas passo a passo;
2. Sobre a conversão do registro gráfico para a linguagem natural.
- dificuldades na identificação gráfica dos pontos de uma reta ou parábola e,
conseqüentemente, os alunos não apresentam outros pontos que pertencem à
reta ou parábola.
- troca de ordem nas coordenadas de pontos representados no plano, como o
valor da ordenada no lugar da abscissa e vice-versa.
3. Com relação à conversão do registro gráfico para o simbólico.
- Não é feito um tratamento no registro gráfico, pois, por meio de cálculos
inadequados, atribuem valor a uma das variáveis e encontram valores falsos que
não correspondem a outra variável, portanto não se encontra uma relação de
129
dependência entre as variáveis
x e y
, representando-se uma equação que não
corresponde à solução esperada.
A seguir, apresentamos uma análise matemática destas atividades.
Análise matemática:
Superadas as dificuldades ou erros mencionados, esperamos que os
alunos possam responder às atividades, como descreveremos a seguir:
Questão 1a) Resposta esperada
Uma possível resposta é que se representem todos os cinco pontos do
enunciado no plano cartesiano quadriculado. Em seguida, que se traçasse a reta
que contém os pontos A,B e E pelo seu alinhamento, como na FIG. 53..
FIG. 53 – SessãoI: 1a
Talvez os alunos não tracem a reta, mas, sim, identifiquem o alinhamento
dos pontos pela facilidade da malha ser quadriculada e os valores das
coordenadas serem números inteiros.
Questão 2a) Resposta esperada
−4 −3 −2 1 1 2 3 4
5
4
3
2
1
1
2
3
4
x
y
A
B
C
D
E
130
Aqui, o ideal é que os alunos representem os seis pontos no plano, FIG.
54, em seguida identifiquem e tracem a parábola que contém quatro dos pontos
apresentados. São eles: A, B, D e F.
Talvez os alunos não tracem a parábola, mas identifiquem os pontos no
registro simbólico, por meio da equação, antecipando a questão 2c.
Questão 1b) Resposta esperada
Entre diversas respostas, uma das possíveis é a marcação de três pontos
estratégicos sobre o gráfico da reta e identificação desses pontos por meio de
suas coordenadas.
Estes pontos devem ser representados, de preferência, com coordenadas
de números inteiros, como os pontos F, G e H representados na FIG. 55.
−10 −9 −8 −7 −6 −5 −4 −3 −2 −1 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
−5
−4
−3
−2
−1
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
x
y
A B
D
F
C
E
FIG. 54 – SessãoI: 2a
131
FIG. 55 – SessãoI: 1b
Novamente pode ocorrer de se encontrarem os pontos, sem a referência
da reta, utilizando as intersecções dos quadriculados representados no plano.
Questão 2b) Resposta esperada
Entre diversas respostas, uma das possíveis é a marcação de pelo menos
outros três pontos, estratégicos, sobre o gráfico da parábola e identificação
desses pontos por meio de suas coordenadas, que devem ser representados de
preferência com coordenadas de números inteiros como os pontos G, H e I
representados na FIG. 56.
FIG. 56 – SessãoI: 2b
−4 −3 −2 1 1 2 3 4
5
−4
−3
−2
−1
1
2
3
4
x
y
A
B
C
D
E
F
G
H
−10 −9 −8 −7 −6 −5 −4 −3 −2 −1 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
−5
−4
−3
−2
−1
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
x
y
A B
D
F
C
E
G
H
I
132
Os pontos G e H, assim como outros também, são estratégicos por serem
simétricos, respectivamente, aos pontos F e D da parábola.
E o vértice da parábola no ponto H(0;0).
Questão 1c) Resposta esperada
Uma das possíveis soluções para a questão é observar a representação
gráfica da reta, FIG. 55, e de alguns de seus pontos, e realizar uma conversão
que, por meio de cálculos a partir de valores numéricos, leve a encontrar a
equação cartesiana da reta (registro simbólico).
Cálculos:
f(x) ax b ou y ax b
A f 2 a.1 b 2 a b(I)
B f 3 a.2 b 3 2a b(II)
E f 4 a.( 3) b
= + = +
= + =
= + =
→ − = +
Substituindo se (I)em(II), temos :
3 2a 2 a 1a 1 a 1
Substituindo se a 1 em (I), temos :
2 1 b b 1
Logo :
y 1x 1
= → − = =
=
= =
= +
Outra solução seria como segue:
A(1;2) , B(2;3) e E(-4;-3)
A: 1+1=2
B: 2+1=3
E: 4 1 3
Generalizando-se para qualquer ponto, te
mos:
x 1 y
+ =
+ =
Questão 2c) Resposta esperada
Como na questão 1c, observando a representação gráfica da parábola,
FIG. 56, e de alguns de seus pontos, realiza-se um tratamento que, por meio de
133
cálculos a partir de valores numéricos, leve a encontrar a equação cartesiana da
parábola (representação simbólico-algébrica).
Cálculos:
2 2
2
2
2
g(x) ax bx c ou y ax bx c
I g 0 a.0 b.0 c c 0 (I)
G g 1 a.1 b.1 c a b c 1 (II)
F g 1 a.( 1) b.( 1) c a b c 1 (III)
Substituindo se (I) em (II) e (III),temos :
a b 0 1 a b 1 a 1 b (IV)
a b 0 1 a b 1 a 1
= + + = + +
= + + =
= + + + + =
= + + + =
+ + = + = =
+ = = = +
2 2
b (V)
Substituindo se (IV) em (V),temos :
1 b 1 b 2b 0 b 0 (VI)
Substiruindo se (VI) em (IV),temos :
a 0 1 a 1
Logo :
y 1x 0x 0 y x
= + → − = =
+ = =
= + + =
Outra solução seria usar pontos com valores inteiros em suas coordenadas
e de preferência simétricos:
2
(0;0) , (1;1), ( 1;1), (3,9) e ( 3;9)
A: 0.0 0
B: 1.1 1
E:( 1).( 1) 1
: 3.3 9
: ( 3).( 3) 9
Generalizando-se para qualquer ponto, te
mos
.
I B F D H
D
H
x x y x y
=
=
=
=
=
= =
Atividade 3:
a) Considerando o gráfico da reta apresentado abaixo e os pontos de
coordenadas (x,y) que pertencem à reta, escreva pelo menos cinco pontos desta
reta.
134
FIG. 57 – SessãoI: 3a
b) Deste gráfico e da relação de dependência entre as coordenadas dos pontos
que pertencem à reta, obtém-se uma equação algébrica. Utilize o rascunho, caso
necessário, e escreva abaixo esta equação.
c) Considerando o gráfico da parábola apresentado abaixo e os pontos de
coordenadas (x,y) que pertencem a ela, escreva pelo menos cinco pontos desta
parábola.
FIG. 58 – SessãoI: 3c
d) Deste gráfico e da relação de dependência entre as coordenadas destes
pontos que pertencem à parábola, obtém-se uma equação algébrica. Escreva
abaixo esta equação. Utilize o rascunho, caso necessário, e escreva abaixo a
equação.
−4.0 −3.0 −2.0 −1.0 1.0 2.0 3.0 4.0
5.0
−3.0
−2.0
−1.0
1.0
2.0
3.0
4.0
5.0
6.0
x
y
−4.0 −3.0 −2.0 −1.0 1.0 2.0 3.0 4.0
5.0
−1.0
1.0
2.0
3.0
4.0
5.0
6.0
7.0
8.0
9.0
10.0
x
y
135
Análise matemática:
Na elaboração da atividade 3, temos como prioridade investigar se a
conversão entre os registros gráfico e simbólico permite verificar se os alunos
serão capazes de representar pontos por coordenadas (x,y) no plano cartesiano
a partir de gráficos de reta e parábola, e apresentar a equação algébrica que
valide a relação entre as variáveis x e y.
Nosso principal objetivo é observar se a atividade anterior, em consonância
com a atividade 3, permite aos alunos realizarem com certa facilidade a
conversão entre os registros gráfico e simbólico.
3a e 3c) Tratamento no registro gráfico.
Observando no registro gráfico a representação da reta e parábola, o
objetivo é que os alunos representem pelo menos cinco pontos que pertencem
aos gráficos e respondam à questão proposta com certa facilidade.
3b e 3 d) Conversão entre os registros do gráfico para o simbólico.
Idem às atividades 1c e 2c.
Possíveis concepções inadequadas ou dificuldades esperadas nessas
atividades.
1.Com relação à representação gráfica de pontos no plano cartesiano.
- Apresentam dificuldades no tratamento do registro gráfico, trocando a ordem da
abscissa e ordenada.
2. Sobre a conversão do registro gráfico para o simbólico
- Não é feito um tratamento no registro gráfico que, por meio de cálculos
inadequados, atribuem valor a uma das variáveis e encontram valores falsos que
136
correspondem à outra variável. Portanto, não se encontra uma relação de
dependência entre as variáveis
x e y
, pois representam uma equação que não
corresponde à solução esperada ou simplesmente não respondem às questões.
Superadas as dificuldades ou erros mencionados, esperamos que os
alunos possam responder as atividades como descreveremos a seguir:
Questões 3a e 3c) Resposta esperada.
Entre diversas respostas para 3a, uma das possíveis é a marcação de
cinco pontos, estratégicos, sobre o gráfico da reta e da parábola e identificação
desses pontos por meio de suas coordenadas.
Pontos representados, de preferência com coordenadas de números
inteiros, como os pontos A, B, C, D e E mostrados na FIG. 59.
FIG. 59 – SessãoI: 3a
Para 3b, pontos representados de preferência com coordenadas de
números inteiros e simétricos, como os pontos A. B, C, D e E mostrados na
FIG.60.
−5 −4 −3 −2 −1 1 2 3 4
−3
−2
−1
1
2
3
4
5
6
x
y
A
B
C
D
E
137
FIG. 60 – SessãoI:3c
Questões 3b e 3 d) Resposta esperada.
Uma das possíveis estratégias para a solução dessas questões são as
observações das representações gráficas da reta e da parábola e de alguns de
seus pontos. Realiza-se um tratamento no registro simbólico em que, por meio de
cálculos, a partir de valores numéricos, encontram-se as respectivas equações
cartesianas.
Cálculos para 3b:
f(x) ax b ou y ax b
A f 4 a.2 b 4 2a b(I)
B f 3 a.1 b 3 a b(II)
Substituindo se (I)em(II),temos :
3 a 4 2a 1a 1
Substituindo se a 1 em (I),temos :
4 2(1) b b 2
Logo :
y 1x 2
= + = +
= + =
= + =
= =
=
= =
= +
Outra possível solução seria:
−5 −4 −3 −2 −1 1 2 3 4 5
−1
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
x
y
A
B
C
D
E
138
A(2;4) , B(1;3) e C(0;2)
A: 2 2 4
B: 1 2 3
C: 0 2 2
Generalizando-se para qualquer ponto, te
mos:
x 2 y
+ =
+ =
+ =
+ =
Cálculos para 3 d:
2 2
Substituindo se (IV)em(V),temos :
4(1 b) 2b 4 4 4b 2b 4 2b 0 b 0(VI)
Substituindo se (VI)em(IV),temos :
a 1 0 a 1
Logo :
y 1x 0x 1 y x 1
+ = + = → − = =
= =
= + + = +
Sessão II: As equações paramétricas da reta
Nesta sessão, pretendemos realizar uma introdução das equações
paramétricas da reta. Na análise da Proposta, dos Parâmetros (PCNEM e
PCNEM PLUS) e das Orientações Curriculares, observamos que, de um modo
geral, recomendam, implicitamente, em geometria analítica, a importância das
transformações (conversões e tratamentos) em registros semióticos (linguagem
natural, simbólico e gráfico) e os pontos de vista cartesiano e paramétrico.
Atividade 1:
2 2
2
2
2
g(x) ax bx c ou y ax bx c
A g 1 a.0 b.0 c c 1(I)
B g 2 a.1 b.1 c a b c 2(II)
D g 5 a.(2) b.(2) c 4a 2b c 5(III)
Substituindo se (I)em(II) e (III),temos :
a b 1 2 a b 1 a 1 b(IV)
4a 2b 1 5 4a 2b 4(V)
= + + = + +
= + + =
= + + + + =
= + + + + =
+ + = + = =
+ + = + =
139
Seja o seguinte problema: Roberta e Alexandre estão participando de um
jogo semelhante a uma batalha naval. Os dois jogadores estão localizados na
mesma planilha, representados pelos pontos A (Alexandre) e R (Roberta). Ambos
têm como objetivo, com um míssel cada, atingir o submarino “S”.
A planilha cobre uma área de 400
2
km
e mostra uma espécie de mapa
cartesiano da região: a imagem que aparece na tela é uma janela de [-10,10] por
[-10,10], conforme mostra o esquema abaixo.
Explorando os dados fornecidos nesta tabela e no gráfico, a seguir
responda:
a) Quem realmente consegue atingir o alvo, no caso o submarino “S”? Justifique.
b) A tabela abaixo mostra as coordenadas x e y do míssel A, em cada instante de
tempo indicado. Sabendo que o míssel se desloca com velocidade constante,
complete esta tabela.
10 −9 −8 −7 6 5 4 −3 2 −1 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
x
y
A
S
R
FIG. 61 – Sessão II: equações paramétricas
Coordenadas em t=0
Coordenadas em t=1
Míssel A
(-8; 9) (-3;7)
Míssel R
(-7;-9) (-4;-6)
TAB.5 – Sessão II:atividade 1
140
c) Use a tabela obtida no item anterior, para expressar a coordenada x do míssel
“A” em função do tempo t. Faça o mesmo para a coordenada y.
d) Use as equações obtidas no item anterior e responda qual a posição
(coordenadas) do míssel “A”, decorridos 2 minutos após o início do lançamento?
e ) A tabela abaixo mostra as coordenadas x e y do míssel “R”, em cada instante
de tempo indicado. Sabendo que o míssel se desloca com velocidade constante,
complete esta tabela.
TAB.7 – Sessão II:atividade 1
f) Use a tabela obtida no item anterior, para expressar a coordenada x do míssel
“R” em função do tempo t. Faça o mesmo para a coordenada y.
g) Use as equações obtidas no item anterior e responda qual a posição
(coordenadas) do míssel “R”, decorridos 2 minutos após o início do lançamento?
h) É necessário que Alexandre ou Roberta alterem a rota de algum dos mísseis
para que o submarino seja atingido? Justifique.
i) Alexandre ou Roberta atingiu o submarino? Se afirmativo, quantos minutos
foram necessários?
t x y
0 -8 9
1 -3 7
2
3
4
5
TAB. 6 – Sessão II:atividade 1
t x y
0
-7
-9
1
-4
-6
2
3
4
5
141
Análise didática:
Visando a uma articulação entre os pontos de vista e as transformações de
registros semióticos na seqüência, propomos, a partir das representações de
pontos e retas, uma introdução às equações paramétricas da reta na resolução de
uma atividade.
Temos como principal objetivo investigar se as articulações entre o ponto
de vista paramétrico e as transformações em registros semióticos facilitam o
entendimento da noção de parâmetro e o seu uso em equações paramétricas.
Sobre as transformações em registros semióticos procuramos analisar em
bloco:
Para encontrar as equações paramétricas da reta, como representação
simbólico-algébrica, espera-se que os alunos identifiquem no tratamento, por
meio de cálculos, uma relação de dependência entre as variáveis
x e y
, nos
inteiros, e o parâmetro
t
, nos naturais, atribuindo valores numéricos a estas
variáveis.
Espera-se que as atividades anteriormente realizadas auxiliem o aluno no
entendimento da mudança de ponto de vista do cartesiano para o paramétrico e
no desenvolvimento das equações paramétricas.
Estão em jogo os seguintes quadros e conceitos:
Transformação Itens da atividade
Conversão da linguagem natural para o gráfico 1a.
Conversão do registro gráfico para a linguagem
natural
1a;1h
Tratamento no registro simbólico 1a;1b;1c;1d;1e;1f;1g;1h;1i.
QUADRO 11 - Sessão II: transformações
142
No quadro a seguir, apresentamos as variáveis didáticas e os
conhecimentos mobilizados nessa sessão.
Variáveis didáticas Conhecimentos mobilizados
-Números inteiros;
-Representação gráfica de ponto, reta;
-Escrita algébrica de equações;-
Propriedades das equações paramétricas;
-Leitura e interpretação gráfica;
-Alinhamento de pontos sobre uma reta;
-Representação paramétrica da reta;
-Variável, incógnita e parâmetro.
-Operações com números inteiros;-Par ordenado
associado a uma relação;
-Cálculo e representação gráfica de ponto e reta
no plano;
-Resolução de equações do 1º e 2º graus;
-Funções polinomiais do 1º e 2º grau
-Equações paramétricas.
QUADRO 13 – Sessão II: variáveis didáticas
Novos conhecimentos em jogo: representação gráfica de reta na forma
paramétrica e cálculo das coordenadas de pontos em função de um parâmetro.
Ocorrerá, no final da sessão, institucionalização local do tratamento no
registro simbólico, por considerar que talvez nem todos os alunos consigam
atingir tal objetivo, como mostraremos a seguir nas concepções inadequadas ou
dificuldades esperadas dessas atividades.
1. Com relação à representação gráfica de reta no plano cartesiano.
- Os alunos apresentam dificuldades na conversão da linguagem natural
para o gráfico: o enunciado pode ser lido, mas não compreendido pelos alunos.
Neste momento, o professor deve esclarecer as dúvidas do enunciado, sem,
contudo, dar repostas passo a passo;
2. Sobre a conversão do registro gráfico para a linguagem natural.
- Há dificuldade na identificação gráfica de uma reta a partir de dois pontos,
conseqüentemente, não se justificam as questões 1a e 1h.
Geometria analítica Algébrico Numérico Funções
-ponto
-reta
-representações
gráficas no plano;
-representação
paramétrica da reta.
-equações paramétricas;
-escritas algébricas com
variáveis, incógnitas e
parâmetros.
-cálculo sobre
coordenadas no plano
(geometria analítica);
-cálculo em equações
paramétricas (algébrico).
-função
polinomial do 1º
grau.
QUADRO 12 - Sessão II:quadros
143
- Ocorre troca de ordem nas coordenadas de pontos representados no
plano, como o valor da ordenada no lugar da abscissa e vice-versa.
3. O tratamento no registro simbólico.
- Não é feito um tratamento no registro simbólico que, por meio de cálculos
inadequados, faz com que os alunos atribuam valor a uma das variáveis e
encontrem valores falsos que correspondem à outra variável. Portanto não se
encontram as equações paramétricas adequadas em função do parâmetro t,
representando equações que não correspondem à solução esperada.
- Os alunos não conseguem representar equações paramétricas a partir
das coordenadas de dois pontos.
A seguir, apresentamos uma análise matemática destas atividades.
Superadas as dificuldades ou erros mencionados, esperamos que os
alunos possam responder às atividades como descreveremos a seguir:
Questão 1a) Resposta esperada
Uma possível resposta é que se tracem gráficos de retas obtidas a partir do
alinhamento dos pontos A e S, em seguida, R e S. É improvável que, neste
momento, utilizem-se de propriedades como o cálculo do coeficiente angular
como condição de alinhamento de três pontos para justificar a questão, pois não
têm este conceito institucionalizado. Esperamos uma justificativa por meio da
interpretação gráfica da reta.
144
FIG.62 – SessãoII: 1a
Talvez os alunos não tracem retas, mas as semi-retas com início no ponto
A, passando pelas coordenadas (-3;7) e identifiquem que não contém o ponto S.
Portanto Alexandre não atinge o objetivo. Enquanto que a semi-reta com início em
R, passando pelas coordenadas (-4;-6), contém o ponto S, ou seja, Roberta, com
o seu míssel, atinge o objetivo.
Questão 1b e 1e) Resposta esperada
Uma reposta esperada é que consigam completar a tabela sem muita
dificuldade, bastando para isso, desenvolver alguns cálculos aritméticos.
Provavelmente para os cálculos das variáveis x e y em função do
parâmetro t, os alunos calculem a diferença entre as variáveis para t=1 e t=0. Por
exemplo, na questão 1b:
−10 −9 −8 −7 −6 −5 −4 −3 −2 −1 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
−10
−9
−8
−7
−6
−5
−4
−3
−2
−1
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
x
y
A
S
R
0
1
2
t 1 t
1 0
2 1
3 3 3
Observando que:
para t 0 x 8
para t 1 x 3
e para t 2 x 2
A diferença, entre x e x é constante, po
rtanto:
p/ t 0 : x x 3 ( 8) 3 8 5
p/ t 1: x x 2 ( 3) 2 3 5
Logo: x 2 5 x 5 2 x 7
+
= = −
= =
= =
= = − = − + =
= = = + =
= = + =
E assim sucessivamente.
145
0
1
Para y temos:
para t 0 y 9
para t 1 y 7
= =
= =
t 1 t
1 0
2 1
2 2 2
A diferença, entre y e y é co
nstante, portanto:
p / t 0 : y y 7 9 2
p / t 1: y y 2
Logo : y 7 2 y 7 2 y 5
E assim sucessivamente.
+
= = = −
= = −
= − = =
Os mesmos procedimentos de cálculos são realizados para completarem a tabela
da questão 1e, conforme TAB.8.
1b) “A”
t
x y
0
-8 9
1
-3 7
2
2 5
3
7 3
4
12
1
5
17
-1
1e) “R”
t x y
0
-7
-9
1
-4
-6
2
-1
-3
3
2 0
4
5 3
5
8 6
Questão 1c e 1f) Resposta esperada
Nessas questões espera-se que os alunos consigam desenvolver as
equações paramétricas, desde que as questões 1b e 1e tenham sido bem
sucedidas.
t t 1 t
t t 1 t
Equações paramétricas da reta:
x x (x x )t
x f(t)
(I)
y g(t) y y (y y )t
+
+
= +
=
= = +
Questão1c:
0 0
1 1
quando t 0 (x ;y ) ( 8;9)
quando t 1 (x ;y ) ( 3;7)
Substituindo-se em (I) temos:
x 8 ( 3 ( 8))t x 8 5t
y 9 (7 9)t y 9 2t
= =
= =
= − + = − +
= + =
TAB. 8 - Sessão II: atividade 1b
146
Questão 1f:
0 0
1 1
quando t 0 (x ;y ) ( 7; 9)
quando t 1 (x ;y ) ( 4; 6)
Substituindo-se em (I) temos:
x 7 ( 4 ( 7))t x 7 3t
y 9 ( 6 ( 9))t y 9 3t
= =
= =
= − + = − +
= − + = − +
Questão 1 d e 1g) Resposta esperada
Espera-se que os alunos consigam, satisfatoriamente, desenvolver
cálculos a partir das equações paramétricas obtidas anteriormente,
portanto dependem das atividades anteriores.
Questão 1 d:
Posição do míssel “A” após 2 minutos?
Por 1c, sabemos que:
x 8 5t
y 9 2t
Para t 2, temos:
x 8 5.2 x 8 10 x 2
y 9 2.2 y 9 4 y 5
Logo : a posição do míssel 2 minutos após
o lançamento é (2;5).
= − +
=
=
= − + = + =
= = =
Questão 1g:
Posição do míssel “R” após 2 minutos?
Por 1f, sabemos que:
Por 1f, sabemos que:
x 7 3t
y 9 3t
Para t 2, temos:
x 7 3.2 x 7 6 x 1
y 9 3.2 y 9 6 y 3
Logo : a posição do míssel "R" 2 minutos a
pós o lançamento é (-1;-3).
= − +
= − +
=
= − + = + = −
= − + = + = −
147
Ou podem resolver o problema observando as tabelas preenchidas nas
questões 1b e 1e que, estando corretas, facilitarão a identificação das posições
(2;5) e (-1;-3).
Questão 1h) Resposta esperada
Para essa questão, espera-se que se responda com certa facilidade, caso
tenham tido sucesso na questão 1a, apenas observando que a reta (ou semi-reta)
traçada corresponde à trajetória do míssel de Alexandre e não contém o ponto S,
ponto de referência da localização do submarino.
Outra solução seria realizando cálculos da diferença entre as coordenadas
x (
x
) e da diferença entre as coordenadas y (
y
) da posição inicial de
Alexandre e do míssel e identificando que não correspondem as constantes
apresentadas na questão 1b.
Como apresentamos:
0 0
k k
k 0
Posição inicial do míssel "A" de Alexand
re: t 0.
Posição do submarino "S", alvo de "A": t k.
para t 0 (instante inicial) (x ;y ) ( 8;9)
para t k (instante final ) (x ;y ) (5;3)
x x x x 5 ( 8) 13 5 (1
=
=
= =
= =
= → ∆ = =
k 0
b)
y y y y 3 9 6 2(1b) = → ∆ = =
Logo o míssel de Alexandre não atinge o alvo, sendo necessário alterar a
sua rota.
Com os mesmos procedimentos de cálculos, verifica-se o sucesso de
Roberta ou, nesse caso, apenas observando os valores obtidos, na questão 1e,
das variáveis x e y, se encontram as coordenadas (5;3) que correspondem ao
alvo do submarino. Portanto Roberta não precisa alterar a rota.
148
Questão 1i) Resposta esperada
Se observarem os valores da tabela, caso estejam corretos, será fácil
identificar que Roberta atingiu o submarino, conforme questão anterior, quando
4
t
=
, portanto foram necessários quatro minutos.
Outra possível resposta é a substituição dos valores das coordenadas do
submarino nas equações paramétricas, obtidas em 1f do míssel “R” e encontrar o
valor t.
x 7 3t
Substituindo-se x 5 e y 3,temos :
5 7 3t 12 3t t 4
= − +
= =
= − + = =
Bastando encontrar t em uma das equações.
Sessão III: Família de pontos a um parâmetro e gráficos de reta e
parábola.
Nesta sessão, as atividades foram desenvolvidas para um ambiente
informático com o uso do software Winplot, retomando-se algumas das atividades
desenvolvidas nas sessões I e II, mas agora os alunos constroem de maneira
dinâmica uma família de pontos da reta e da parábola.
Com o uso do computador nas atividades da seqüência procuramos fugir
do papel, lousa e giz, visando a animações gráficas de pontos e curvas.
Queremos observar se o computador, como ferramenta facilitadora, permite uma
melhor compreensão da noção de parâmetro no estudo de pontos, curvas e suas
propriedades geométricas no plano.
Nas atividades, como na história, procuramos identificar o parâmetro em
equações como uma variável real conhecida (quantidade conhecida) enquanto
nas demais variáveis reais como desconhecidas (quantidades desconhecidas).
149
A incógnita se enquadra em uma quantidade desconhecida, por exemplo,
na equação
y x 1
= +
da questão 1e, quando
x 2
=
, substitui-se a quantidade
desconhecida
x
por 2, a variável
y
passa a ser uma incógnita,
y 2 1
= +
, e nosso
valor desconhecido é 3, representando as coordenadas do ponto
A (2;3)
=
no
plano.
Atividades
Atividade 1:
1a) Represente os pontos A=(1;2), B=(2;3), C=(2;1), D=(-3;0) , E=(-4;-3) no plano
cartesiano do software Winplot. Sabendo-se que 3 deles estão alinhados, quais
são estes 3 pontos?
1b) Represente o ponto F=(t;1+t) no Winplot. Observe que ao clicar ok” temos o
ponto F=(0;1). Que valor assumiu o parâmetro “t”?
1c) Faça variações nos valores de “t” e, em seguida, determine:
C1) Qual o valor de “t” para obter o ponto B?
C2) Qual o valor de “t” para obter o ponto E?
1d) Mantendo os pontos representados anteriormente no Winplot, represente o
ponto G=(3+a;4+a) e clique em “família”. Na nova janela, faça as seguintes
opções “a”, mínimo= - 7, máximo=0, passos=10, retraso=10. Clique em “olhar” e
“definir”, observe os pontos representados na tela e em seguida aumente os
passos para 100 e retraso para 100 e clique em “definir”. Descreva o que você
observa:
150
1e) Observando os pontos da atividade 1, escreva uma equação paramétrica
((x;y)=(f(t);g(t)) ou cartesiana (y=f(x)) da reta que contenha três destes pontos.
1f) Utilizando o Winplot, verifique se sua resposta está correta.
Sim ( ) ou não ( )? Caso não, procure reescrever a equação da reta que
contenha pelo menos três dos pontos do item a.
Salve como “ativ1G...” seguido do número do grupo.
Atividade 2:
2a) Represente no Winplot os pontos A=(-2;4), B=(1;3), C=(3;9), D=(-5;6),
E=(-2;-5) e F=(-1,1). Sabe-se que 3 deles pertencem ao gráfico de uma parábola.
Represente o ponto G=
2
(a;a )
. Observe que ao clicar “ok” temos o ponto G=(0;0).
Faça variações alterando o valor de
a
”. Observe os pontos obtidos e escreva os
três pontos que pertencem à parábola.
2b) Utilizando o ponto G=
2
( ; )
a a
represente uma família de pontos que pertence à
parábola. Descreva o que você observa:
2c) Represente a parábola desta atividade 2 na forma de equação paramétrica ou
equação cartesiana.
2d) Utilizando o Winplot, verifique se sua resposta está correta.
Sim ( ) ou não ( )? Caso não, procure reescrever a equação da parábola
que contenha pelo menos três dos pontos do item a.
Salve como “ativ2G...” seguido do número do grupo.
151
Atividade 3:
3a) Escreva a equação na forma “paramétrica” x= t e y= 1+t, “t mín” 0 e “t máx” 3.
Observe o gráfico representado por esta equação. O que representa este gráfico?
Quais as coordenadas dos pontos extremos (início e final) do gráfico
representado?
3b) Acrescente um novo parâmetro “k” à equação paramétrica anterior obtendo
x=kt e y=1+kt,. Observe que o gráfico desapareceu. Faça variações determinando
quais devem ser os valores do parâmetro k para obter os instantes inicial e final
da atividade anterior. Salve como “ativ3aG...” seguido do número do grupo.
3c) Escreva a equação do item a na forma cartesiana, com 0<x<3.
Análise didática:
Na elaboração das atividades da sessão III, temos como prioridade os
seguintes objetivos:
Investigar se a articulação entre os pontos de vista cartesiano ou
paramétrico e as conversões entre os registros de representação da linguagem
Winplot, simbólico-algébrica e gráfica, em um ambiente informático, possibilitam
ao aluno refletir sobre a correlação entre algumas propriedades geométricas da
reta e da parábola e as suas equações cartesianas ou paramétricas.
Este objetivo não se limita apenas à simples visualização de seus gráficos
representados na tela do Winplot, mas estende-se à relação mútua entre
diferentes gráficos e equações representando um mesmo objeto matemático,
como ponto, reta e parábola observadas em pontos de vista distintos.
152
Utilizar o Winplot facilita o trabalho, pois o aluno não precisa fazer diversos
cálculos e pode repetir diversas vezes a mesma atividade, dando uma resposta
articulada com as diferentes atividades desenvolvidas.
Queremos verificar ainda se os alunos tentam fazer alguma relação das
atividades feitas no papel e lápis das sessões I e II com o computador.
Sobre a conversão entre os registros de representação, como são diversos
itens, vamos analisar em blocos:
Transformação Itens da atividade
Conversão do registro de representação da
simbólico-algébrica para a linguagem Winplot e
respectivamente para a gráfica.
1a; 1b;1c;1d;1f;2a; 2b;2d; 3a e 3b.
Conversão do gráfico para o simbólico 1e; 2c;3c
QUADRO 14 - sessão III:conversão entre registros
Espera-se que as atividades realizadas auxiliem o aluno no
entendimento da mudança de ponto de vista, do cartesiano para o paramétrico, e
no desenvolvimento das equações paramétricas e cartesianas.
Nas atividades, estão em jogo os seguintes quadros e conceitos:
Geometria analítica Algébrico Numérico Funções
-ponto
-reta
-representações gráficas no
plano;
-representações
paramétricas e cartesianas
de ponto reta e parábola;
-pontos e curvas planas
parametrizadas;
-famílias de pontos como
um lugar geométrico.
-equações cartesianas
e paramétricas;
-escritas algébricas
com variáveis,
incógnitas e
parâmetros.
-cálculo sobre
coordenadas no plano
(geometria analítica);
-cálculo em equações
paramétricas e
cartesianas (algébrico).
-função
polinomial do
1º e 2º grau.
QUADRO 15 - sessão III: quadros
No quadro a seguir, apresentamos as variáveis didáticas e os
conhecimentos mobilizados nessa sessão.
153
Novos conhecimentos em jogo: família de pontos a um parâmetro e lugar
geométrico de uma reta ou parábola.
Ocorrerá, no final da sessão, uma institucionalização local das conversões
entre os registro simbólico e gráfico, por considerar que ainda persistem
dificuldades ou concepções inadequadas entre as representações de ponto, reta
e parábola em pontos de vista distintos, como o paramétrico ou cartesiano.
1. Com relação à conversão da representação simbólico-algébrica para a
linguagem Winplot e respectivamente para a gráfica.
- Os alunos apresentam dificuldades na conversão do registro de
representação da linguagem Winplot para a gráfica: a variação nos valores do
parâmetro da equação não é reconhecida no software Winplot.
- Ocorre dificuldade na representação simbólico-algébrica para a linguagem
Winplot: a escrita algébrica pode ser lida, mas não compreendida pelos alunos. O
professor deve procurar esclarecer as dúvidas.
- Há dificuldades técnicas como: teclado com defeito ou problemas no
software que não permitem o tratamento. O professor deve auxiliar procurando
solucionar o problema técnico.
Variáveis didáticas Conhecimentos mobilizados
-Números reais;
-Representação gráfica de ponto, reta e
parábola.
-Escrita algébrica de equações;
-Propriedades das equações paramétricas;
-Leitura e interpretação gráfica;
-Família de pontos de reta e parábola a um
parâmetro;
-Representação paramétrica e cartesiana
da reta;
-Variável, incógnita e parâmetro.
-Winplot
-Operações com números reais;
-Par ordenado associado a uma relação;
-Cálculo e representação gráfica de ponto, reta e
parábola no plano;
-Resolução de equações do 1º e 2º graus;
-Funções do 1º e 2º graus.
-Equações cartesianas e paramétricas da reta e
parábola.
QUADRO 16 – Sessão III: variáveis didáticas
154
- também dificuldade em reescrever uma equação da reta ou da
parábola, dados alguns de seus pontos (1f e 2d);
2. Da conversão do registro gráfico para o simbólico.
- Não é realizado um tratamento no registro gráfico que, por meio de
cálculos inadequados, atribue valor a uma das variáveis e encontra valores falsos
que não correspondem à outra variável. Portanto, com as coordenadas de alguns
pontos da reta, de preferência com números inteiros, não se encontra uma
relação de dependência entre as variáveis
x e y
. Como conseqüências,
representam uma equação que não corresponde à solução esperada ou não
respondem à questão (1e; 2c; 3c).
A seguir, apresentamos uma análise matemática destas atividades.
Análise matemática
Superadas as dificuldades ou concepções inadequadas mencionadas,
esperamos que os alunos possam responder às atividades como descreveremos
a seguir:
Questões 1a) Resposta esperada.
Uma possível resposta é que se representem todos os cinco pontos do
enunciado no plano cartesiano do Winplot. Em seguida, prosseguir por
observações ou tentativa de imaginar uma reta que contenha os pontos A, B e E
pelo seu alinhamento (FIG. 63). Esta atividade foi desenvolvida na sessão I,
queremos investigar se, refazendo a atividade agora em um ambiente informático,
os alunos encontram a mesma facilidade na sua resposta, sem o uso de fórmulas,
como o cálculo do coeficiente angular ou conhecimentos não interiorizados.
155
Provavelmente vão utilizar uma régua disponível ou mobilizar os
conhecimentos da sessão I, como a equação da reta que contém os três pontos.
FIG. 63 - Sessão III:1a
Questão 1b) Resposta esperada.
Espera-se que após representar o ponto F=(t;1+t) no Winplot e,
observando a sua representação gráfica como um dos pontos alinhados obtidos
anteriormente, por meio de cálculos, os alunos identifiquem o valor de t com certa
facilidade.
Cálculos:
F (0;1) (t;1 t) (0;1)
t 0
ou
1 t 1 t 0
= + =
=
+ = =
A particularidade é que as coordenadas do ponto F estão escritas como
equações paramétricas em função do parâmetro t, como:
F (x;y)
x(t) t
y(t) 1 t
=
=
= +
156
Nessa pesquisa, assim como em outras atividades, consideramos F como
um ponto genérico.
Questão 1c) Resposta esperada
Com a conversão entre os registros (simbólico, linguagem natural e gráfico)
da representação simbólico-algébrica para a linguagem Winplot e,
respectivamente, para a gráfica, espera-se que os alunos identifiquem com
facilidade os valores de t” para obter os pontos B e E, bastando variar os valores
reais de “t” no Winplot. Alterando de maneira dinâmica os valores reais de “t”,
como apresentado na FIG. 64, quando t=2, o ponto F assume a posição do ponto
B.
E quando t= -4 a posição do ponto E.
Essa maneira dinâmica de alterar os valores reais do parâmetro “t” permite
identificar o lugar geométrico da reta.
Questão 1d) Resposta esperada
FIG. 64 - Sessão III: 1c
157
Após executar os procedimentos pedidos no Winplot, esperamos repostas
como:
- No primeiro momento, FIG.65, uns 10 pontos representados estão
alinhados com os demais.
- Representam-se alguns pontos de uma reta.
- Observam-se uns dez pontos representados rapidamente do ponto E até
o ponto de coordenadas (3;4).
A função “passos” representa a quantidade de valores reais discretos que
serão assumidos pelo parâmetro “a”, calculados automaticamente, e
representados como gráfico, ou seja, representa uma família de pontos a um
parâmetro. Enquanto que a função “retraso” tem a ver com a velocidade com que
se representa cada um dos pontos na tela do Winplot: quanto maior o valor,
menor a velocidade da representação gráfica.
- No segundo momento, FIG. 66, uns 100 pontos representados estão
alinhados com os demais reproduzindo uma reta;
FIG. 65 - Sessão III: 1d
158
- Representam-se diversos pontos do traçado de uma reta;
- uns dez pontos representados, rapidamente, do ponto E até o ponto
de coordenadas (3;4).
Esperamos que a representação gráfica da família de pontos torne visível e
compreensível, aos alunos, o alinhamento dos pontos, evidenciando-se a noção
de reta ou segmento de reta, visto que o parâmetro “a” assume diversos valores
reais de maneira discreta entre -7 e 0. Se realizarem uma aproximação (zoom)
dos pontos, verifica-se que estes estão muito próximos, ou seja, uma família
de pontos.
Neste caso, obtém-se um entendimento gráfico da reta como uma linha
que é a figura gerada pelas posições sucessivas de um ponto móvel com
movimento constante, denominada de reta.
Questão 1e) Resposta esperada
Espera-se como resposta que este é o gráfico da equação cartesiana
y x 1 ,
= +
ou de equações paramétricas
=
= +
x t
y 1 t
, como apresentado na
FIG. 66 - Sessão III: 1d
159
FIG. 67. Provavelmente, ao responderem, vão escolher o ponto de vista
cartesiano por ser, neste caso, mais familiar ao aluno.
Aqui provavelmente após escolher o ponto de vista de sua equação, o
aluno não realize diversos cálculos, repetindo-se algumas equações como
conjecturas de uma equação representante da reta que contém os pontos A, B, E
e infinitos outros, articulados com as diferentes atividades já desenvolvidas.
FIG. 67 - Sessão III: 1e
Conseguindo representar a equação algébrica a partir do gráfico no plano
cartesiano do Winplot, obtém-se um entendimento da reta como um lugar
geométrico de pontos que satisfazem a uma determinada condição, tendo como
registro simbólico a equação da reta
y x 1
= +
.
Questão 1f) Resposta esperada
Como foi dito na questão anterior, espera-se que os alunos respondam
satisfatoriamente, validando a questão anterior como “sim” e, no caso do “não”,
160
repetem-se algumas equações como conjecturas de uma equação que represente
a reta contendo os pontos A, B e E.
Questão 2a) Resposta esperada
Após a conversão do registro de representação simbólico-algébrica para a
linguagem Winplot e respectivamente para a gráfica, espera-se que os alunos
visualizem facilmente os três pontos e que, para conseguir façam variações nos
valores reais de a” no Winplot, até que o ponto G assuma a posição dos três
pontos na parábola. Alterando de maneira dinâmica os valores reais de “a”, como
apresentado na FIG. 68, quando a=-2, o ponto G assume a posição do ponto A.
Quando a=-1, o ponto G assume a posição de F e quando a=3, assume o
ponto C.
FIG. 68 - Sessão III: 2a
Essa maneira dinâmica de alterar os valores reais do parâmetro “a”
permite, ao aluno, identificar o lugar geométrico da parábola.
161
Questão 2b) Resposta esperada
Considerando as atividades anteriores, após executar os procedimentos
pedidos no Winplot, esperamos repostas como:
-Uns 100 pontos representados estão alinhados com os demais,
construindo uma parábola;
-Representam diversos pontos do traçado de uma parábola;
-Diversos pontos representados que pertencem à parábola.
FIG. 69 - Sessão III: 2b
Esperamos que a representação gráfica da família de pontos se torne
visível e compreensível, aos alunos, evidenciando-se a noção de parábola e a
importância do parâmetro “a”, pois o ponto genérico G assume diversos valores
reais de maneira discreta entre valores máximos e mínimos atribuídos
aleatoriamente.
A atividade proporciona ao aluno, no modo discreto, o entendimento de
uma família de pontos a um parâmetro como um lugar geométrico da parábola.
Questão 2c) Resposta esperada
162
Espera-se como resposta, na conversão do gráfico para o simbólico, a equação
cartesiana
2
y x
=
, como apresentado na FIG. 70, neste caso, mais familiar ao aluno.
Assim como na atividade 1e, provavelmente o aluno não realize diversos
cálculos, repetindo-se algumas equações como conjecturas de uma equação
representante da parábola que contém a família de pontos verificados na
atividade anterior.
Conseguindo representar a equação algébrica e seu gráfico no plano
cartesiano do Winplot, espera-se obter um entendimento da parábola como um
lugar geométrico de pontos que satisfazem a uma determinada condição, tendo
como registro simbólico a equação da parábola
2
y x
= .
Questão 2d) Resposta esperada
Espera-se como resposta o “sim” e, no caso do “não”, repetem-se algumas
equações como conjecturas de uma equação que represente a parábola como da
FIG. 70.
FIG. 70 - Sessão III: 2c
163
Questão 3a) Resposta esperada
Representa um segmento de reta ou traço de reta, como FIG. 71, com
pontos inicial em (0;1) e final em (3;4) ou pontos limites do intervalo como (0;1) e
(3;4).
FIG. 71 - Sessão III: 3a
Questão 3b) Resposta esperada
No instante inicial k=0 e no final k=1.
Espera-se que, articulada com a atividade anterior, a inserção de um novo
parâmetro nas equações paramétricas permita um melhor entendimento do traço
de uma reta, como se estivesse construindo com papel, lápis e régua o gráfico
deste segmento.
Desta forma, deve ser possível identificar, com maior facilidade, a
representação gráfica de maneira contínua no ponto vista paramétrico.
Na FIG. 72, apresentamos alguns dos possíveis gráficos observados pelos
alunos.
164
FIG. 72- Sessão III: 3a
Questão 3c) Resposta esperada
Articulando as duas atividades anteriores com outras desenvolvidas nas
sessões I e II, espera-se que os alunos consigam responder com a equação
y x 1
= +
.
Espera-se também, de maneira implícita, a identificação de equações
cartesianas ou paramétricas, como representações do mesmo objeto matemático,
no caso a reta.
A variação dos valores reais de parâmetros em equações e a construção
de gráficos da reta e parábola, de maneira dinâmica, com a articulação entre os
pontos de vista paramétrico e cartesiano e algumas conversões entre os registros
semióticos permitem ao aluno um melhor entendimento de algumas de suas
propriedades geométricas com as suas equações.
165
Sessão IV: Curvas planas algébricas e transcendentes.
Nesta sessão, as atividades também foram desenvolvidas para um
ambiente informático com o uso do software Winplot, retomando-se algumas das
atividades desenvolvidas na sessão II.
Visando a animações gráficas de curvas planas famosas na história da
geometria analítica. Queremos observar se um ambiente informático, como
ferramenta facilitadora, favorece o entendimento da noção de parâmetro no
estudo de curvas e suas propriedades geométricas no plano.
Atividade 1:
Voltamos ao problema de Roberta e Alexandre que participam de um jogo.
Vamos recordar:
Os dois jogadores estão localizados em uma planilha, representados pelos
pontos “A” (Alexandre) e “R” (Roberta). Ambos têm como objetivo, com um míssel
cada, atingir o submarino “S”, fixo em um local de coordenadas (5;3),
considerando que cada míssel viaja em linha reta com velocidade constante. A
tabela abaixo mostra as coordenadas (posição) dos dois mísseis no momento em
que começa o lançamento simultâneo, isto é, o momento inicial (t = 0), e um
minuto mais tarde (t = 1) após os lançamentos.
Explorando os dados fornecidos nesta tabela e utilizando o Winplot, faça o
que se pede:
Coordenadas em t=0 Coordenadas em t=1
Míssel A (-8;9) (-3;7)
Míssel R (-7;-9) (-4;-6)
TAB. 9 – Sessão IV:atividade 1
166
No Winplot, em ponto (x,y) represente as coordenadas dos mísseis A e R
em função do parâmetro t ((x;y)=(f(t);g(t)), variando o parâmetro “t” e responda:
a) Alexandre ou Roberta atingiram o submarino? Se afirmativo quantos
minutos foram necessários? ?
b) É necessário que Alexandre ou Roberta alterem as suas rotas para
atingirem o alvo? Se afirmativo, qual deverá ser a nova rota?
Atividade 2:
Na História, objetos matemáticos como as curvas, demoravam séculos de
estudos para que fossem representadas por alguns matemáticos através de
gráficos ou equações.
Hoje, com o auxílio de uma ferramenta computacional, como o Winplot, é
possível verificar a beleza e o encanto destas curvas, em forma de gráficos, de
maneira dinâmica e com facilidade.
Historicamente foi o uso de parâmetros nas equações que possibilitou a
representação gráfica destas curvas no plano.
Voltemos à atividade:
Utilizando as equações abaixo, faça as construções de seus respectivos
gráficos no Winplot. Em seguida, faça variações nos valores reais de seus
parâmetros para uma animação gráfica da curva no plano.
Salve cada item como “ativ2...” seguido do número do item e do grupo.
a) Conchóide de Nicomedes:
2 2 2 2 2
(x - b) . (x + y ) - (a x ) = 0
b) Ciclóide :
167
x=a(1-sin(t)) e y=a(1-cos(t))
c) Limaçon de Pascal :
(x
2
+ y
2
- 2ax)
2
= b
2
(x
2
+ y
2
)
d) Pérola de Sluze:
m n b
y = x (a - x)
e) Involuta de um Círculo:
x=a(cos(t) + t sin(t)) e y=a(sin(t) - t cos(t))
f) Lemniscata de Bernoulli:
2 2 2 2 2 2
(x + y ) = a (x - y )
g) Epiciclóide:
x = (a + b) cos(t) - b cos((a/b + 1)t) ; y=(a + b) sin(t) – b sin((a/b + 1)t)
h) Epitrocóide:
x= 14cos(t)-8cos(3.5t) e y= 14sin(t)-8sin(3.5t)
i) Hipociclóide :
x = (a - b) cos(t) + b cos((a/b - 1)t) ; y = (a - b) sin(t) - b sin((a/b - 1)t)
j) Hipotrocóide:
x=(a-b)cos(t)+ccos((a/b-1)t) ; y=(a-b)sin(t)-csin((a/b-1)t)
Análise didática:
Na elaboração das atividades da sessão IV, temos como prioridade os
seguintes objetivos:
Investigar se a articulação entre os pontos de vista cartesiano ou
paramétrico e as conversões entre os registros de representação, como
simbólico-algébrica, linguagem Winplot e gráfico, em um ambiente informático,
possibilitam ao aluno refletir sobre a correlação entre algumas propriedades
geométricas de curvas planas e suas equações cartesianas ou paramétricas.
Em um primeiro momento retomamos uma atividade desenvolvida na
sessão II: a parametrização da reta. Agora, no ambiente informático, queremos
168
investigar se o Winplot facilita o trabalho dos alunos nas conjecturas de suas
soluções.
Articulando as atividades da sessão III com outras curvas planas,
queremos observar se o uso de parâmetros estabelecerá uma identificação
significativa entre os gráficos e equações de algumas curvas planas famosas na
história. Na realidade, os alunos têm tempo para rever cada caso das curvas
planas, pois não precisam refazer os diversos cálculos realizados pelos
matemáticos. Pode-se refazer este trabalho dos matemáticos até certo ponto, por
exemplo, encontrando os gráficos a partir de suas equações.
O quadro abaixo representa as transformações em registros semióticos das
atividades desenvolvidas na sessão :
Nas atividades da sessão, estão em jogo os seguintes quadros e conceitos:
QUADRO 18- sessão IV: quadros
No próximo quadro, apresentamos as variáveis didáticas e os
conhecimentos mobilizados nessa sessão.
Transformação
Itens da atividade
Conversão da representação simbólico-
algébrica para a linguagem Winplot e
respectivamente para a gráfica.
1a;1b;2a;2b;2c;...;2j
Conversão do gráfico para o simbólico 1b
QUADRO 17 - sessão IV: conversão de registros
Geometria analítica Algébrico Numérico Funções
-ponto, reta.
-curvas planas algébricas
e transcendentes
-representações
paramétricas e
cartesianas de curvas
planas;
-ângulos em radianos.
-equações cartesianas e
paramétricas;
-escritas algébricas com
variáveis, incógnitas e
parâmetros;
-cálculo sobre
coordenadas no plano
(geometria analítica);
-cálculo em equações
paramétricas e
cartesianas (algébrico).
-funções
do 1º e 2º graus;
- funções
trigonométricas
169
Novos conhecimentos em jogo: gráficos e equações de algumas curvas
planas algébricas ou transcendentes.
No final da sessão, será realizada uma institucionalização local das
equações paramétricas da reta, por considerar que talvez nem todos os alunos
consigam atingir o objetivo da questão 1b, como mostraremos a seguir nas
concepções inadequadas ou dificuldades esperadas nas atividades.
1. Na conversão da representação simbólico-algébrica para a linguagem
Winplot e conseqüentemente para a gráfica, constatam-se os seguintes dados:
- Não representam as equações paramétricas da reta com coordenadas em
função do parâmetro “t” dos mísseis “A” ou “R” e, em conseqüência não
respondem às questões 1a ou 1b ou ambas.
- Não conseguem uma representação das equações paramétricas da reta
na linguagem Winplot e, conseqüentemente, não realiza uma conversão para a
representação gráfica (1a).
- Não convertem as equações cartesianas ou paramétricas para a
linguagem Winplot por lapsos (2a;2b;2c;...;2j).
- Desenvolvem equações inadequadas (obtidas no registro simbólico) e
não representam gráficos de curvas esperados (1a;2a;2b;2c;...;2j).
Variáveis didáticas Conhecimentos mobilizados
-Números reais;
-Representação gráfica de ponto, reta e
parábola.
-Escrita algébrica de equações;
-Propriedades das equações paramétricas e
cartesianas;
-Leitura e interpretação gráfica;
-Representação paramétrica e cartesiana
de curvas planas;
-Variável, incógnita e parâmetro.
- Winplot
-Operações com números reais;
-Par ordenado associado a uma relação
-Cálculo e representação gráfica de ponto e reta
no plano;-Ângulos em radianos;
-Resolução de equações do 1º e 2º graus;
-Funções do 1º e 2º graus;
-Funções trigonométricas;
-Equações cartesianas e paramétricas da reta e
parábola.
QUADRO 19 – Sessão IV: variáveis didáticas
170
2. Da conversão do gráfico para o simbólico:
- Não conseguem converter o gráfico, a partir de cálculos, na
representação simbólico-algébrica como as equações paramétricas da reta. (1b)
Análise matemática:
Superadas as concepções inadequadas e as dificuldades mencionadas,
esperamos que os alunos possam responder às atividades como descreveremos
a seguir:
Questão 1a) Resposta esperada :
Após desenvolver cálculos com as coordenadas dos mísseis apresentados
em função do parâmetro ‘’ t’’ , como nas atividades 1c e 1f da sessão II, os alunos
devem encontrar as suas equações paramétricas, representando-as no Winplot e
conseqüentemente os gráficos de retas que possibilitam identificar que foram
necessários 4 minutos para o míssel de Roberta atingir o submarino.
t t 1 t
t t 1 t
Equações paramétricas da reta:
x x (x x )t
x f(t)
(I)
y g(t) y y (y y )t
+
+
= +
=
= = +
0 0
1 1
Míssel "A":
quando t 0 (x ;y ) ( 8;9)
quando t 1 (x ;y ) ( 3;7)
Substituindo-se em (I) temos:
x 8 ( 3 ( 8))t x 8 5t
y 9 (7 9)t y 9 2t
= =
= =
= − + = − +
= + =
0 0
1 1
Míssel "R":
quando t 0 (x ;y ) ( 7; 9)
quando t 1 (x ;y ) ( 4; 6)
Substituindo-se em (I) temos:
x 7 ( 4 ( 7))t x 7 3t
y 9 ( 6 ( 9))t y 9 3t
= =
= =
= − + = − +
= − + = − +
No Winplot: primeiramente, com as equações paramétricas, é possível
representar graficamente o problema em coordenadas de pontos com “t”
assumindo valores inteiros, FIG. 73.
171
FIG. 73- Sessão IV: 1a
Por se tratar da mesma atividade, é possível que os alunos, lembrando-se
das equações desenvolvidas nas atividades anteriores, e apenas observando a
representação gráfica, respondam adequadamente sem desenvolver os cálculos
para obter as equações paramétricas da reta.
Outra possibilidade é a conversão entre os registros de representação
semiótica, da simbólico-algébrica com as equações paramétricas do traço de reta
compreendido entre
0 t 5
, para a gráfica, como apresentado na FIG. 74,
identificando nas coordenadas do submarino que
x 5
=
e substituindo-se na
equação
x 7 3t
= − +
. Assim tem-se
5 7 3.t
= − +
t 4
=
, ou seja, Roberta atingirá
o alvo em quatro minutos.
172
Questão 1b) Resposta esperada :
É necessário que Alexandre altere a sua rota e, para obtê-la, devem-se
recalcular as equações paramétricas para o míssel, usando como pontos de
referência os pontos A e S, como :
0 0
1 1
Míssel "A":
quando t 0 (x ;y ) ( 8;9)
quando t 1 (x ;y ) (5;3)
Substituindo-se em (I) temos:
x 8 (5 ( 8))t x 8 13t
y 9 (3 9)t y 9 6t
= =
= =
= − + = − +
= + =
Neste caso, FIG. 75, Alexandre atingiria o míssel em um minuto.
FIG. 74- Sessão IV: 1a
FIG. 75 – sessão IV: 1a
173
Portanto, uma das possíveis respostas esperadas como uma nova rota
são coordenadas de equações paramétricas
x 8 13t e y 9 6t
= − + =
.
Como comentamos, a atividade será institucionalizada por considerá-la
uma questão de difícil entendimento.
Nas próximas questões da atividade 2, por se tratar de equações
paramétricas ou cartesianas e como são várias, vamos escolher duas curvas e
representar alguns dos seus gráficos, como pontos de vista distintos e algumas
das construções esperadas.
Questão 2a) Construção esperada :
Na conchóide de Nicomedes, representada pela equação
2 2 2 2 2
(x - b) . (x + y ) - (a x ) = 0
, mantendo-se constante o valor real de do
parâmetro
b e variando-se a
, obtém-se uma animação gráfica como na FIG. 76.
FIG. 76 – sessão IV: conchóide de Nicomedes
174
Com a variação de parâmetros em diversas equações cartesianas, como a
apresentada, espera-se do aluno um entendimento, da importância da noção de
parâmetro em equações cartesianas para a representação de curvas planas.
Questão 2b) Construção esperada
Na involuta de um círculo representada pelas equações paramétricas,
x a(cos(t) tsin(t))
= +
e
y a(sin(t) tcos(t))
=
, com
0 t 10 rad
π
, variando os
valores reais do parâmetro a, obtém-se diversos gráficos, entre estes o da FIG. 77.
FIG. 77 – sessão IV: Involuta de um círculo
Com a variação de parâmetros em diversas equações paramétricas de
curvas planas, espera-se do aluno, talvez, um entendimento da importância da
noção de parâmetro em equações paramétricas para a representação de curvas
planas.
SESSÃO V : Curvas planas e construção de GIF's animados
Nesta última sessão, as atividades se dividiram em dois momentos.
Primeiro com papel e lápis, sem o uso do ambiente informático, com o objetivo de
desenvolver equações paramétricas a partir das coordenadas de alguns pontos e,
175
em um segundo momento, visando a desenvolver animações gráficas de outras
curvas planas para a construção de um GIF animado.
Atividades
Atividade 1 (sem o uso do computador):
a)Escreva as coordenadas de quatro pontos alinhados: A=(__,___), B=(__,___),
C=(__,___) e D=(__,___). Se necessário, utilize o campo quadriculado.
b) Escreva as equações paramétricas da reta que contém estes pontos.
c) Utilizando as equações paramétricas encontradas, complete a tabela abaixo.
t x y
0
2
3
4
TAB. 10 – Sessão V:atividade 1c
d) Quais são os respectivos valores de t para os pontos alinhados do item 1?
Para o ponto A temos t = _____
Para o ponto B temos t = _____
10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 0
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
x
y
FIG. 78 – sessão V: atividade 1
176
Para o ponto C temos t = _____
Para o ponto D temos t = _____
Atividade 2 : ( utilizando o computador)
Como já conhecemos algumas curvas famosas que foram desenvolvidas
ao longo da história da geometria analítica, vamos construir GIF's animados
utilizando os softwares gratuitos Winplot e GIF Animator. Neste caso, escolha
qualquer uma das equações de curvas apresentadas abaixo e, em seguida,
construa um GIF animado.
O tridente de Descartes:
(a+x)(a-x)(2a-x)=axy
Cissóide de Dioclés:
2 3
y = (x )/(2a - x)
Conchóide de Nicomedes:
2 2 2 2 2
(x - b) . (x + y ) - (a x ) = 0
Quadratriz de Hípias:
y = xcot((pi)x/2a)
Hipérbole de Fermat:
m n
(x )(y )=a
Parábola de Fermat:
n m
y =ax
Curva de Agnesi:
2 2 3
y(x + a ) = a
Ciclóide:
x=a(1-sin(t)) e y=a(1-cos(t))
Limaçon de Pascal:
(x
2
+ y
2
- 2ax)
2
= b
2
(x
2
+ y
2
)
Pérola de Sluze:
m n b
y = x (a - x)
177
Involuta de um Círculo:
x=a(cos(t) + t sin(t)) e y=a(sin(t) - t cos(t))
Parábola Divergente de Newton:
2 3 2
y =ax +bx +cx+d
Lemniscata de Bernoulli:
2 2 2 2 2 2
(x + y ) = a (x - y )
Epiciclóide:
x = (a + b) cos(t) - b cos((a/b + 1)t) ; y=(a + b) sin(t) – b sin((a/b + 1)t)
Epitrocóide:
x= 14cos(t)-8cos(3.5t) e y= 14sin(t)-8sin(3.5t)
Hipociclóide:
x = (a - b) cos(t) + b cos((a/b - 1)t) ; y = (a - b) sin(t) - b sin((a/b - 1)t)
Hipotrocóide:
x=(a-b)cos(t)+ccos((a/b-1)t) ; y=(a-b)sin(t)-csin((a/b-1)t)
Salve como “GIFG...” seguido do número do grupo.
O que é necessário para a construção do GIF animado de uma curva?
Justifique.
Quais os procedimentos que foram executados?
Análise didática:
Primeiramente, pretendemos investigar se os resultados das sessões
anteriores favorecem ao aluno, no ponto de vista paramétrico, o desenvolvimento
de equações paramétricas a partir de pontos quaisquer alinhados no plano e
conseqüentemente o entendimento da noção de parâmetro sem a interferência do
ambiente informático.
A atividade no ambiente informático visa a investigar, como na sessão IV,
se a articulação entre os pontos de vista cartesiano ou paramétrico e a conversão
entre os registros de representação como a linguagem Winplot, a gráfica e a
178
simbólico-algébrica, neste ambiente, possibilita ao aluno refletir sobre a
correlação entre algumas propriedades geométricas de curvas planas e suas
equações cartesiana ou paramétrica.
Primordialmente, queremos investigar se, no caso de outras curvas
planas, alterando-se os valores reais dos parâmetros de suas equações,
variando-os e observando os efeitos geométricos provocados pela sua variação
para a construção de GIF's animados, favorece-se o entendimento da noção
parâmetro.
O quadro abaixo representa as transformações em registros semióticos das
atividades desenvolvidas na sessão :
Transformação Itens da atividade
Conversão da linguagem natural para o gráfico.
1a
Conversão da representação simbólico-
algébrica para a linguagem Winplot e
respectivamente para a gráfica.
2a;2b;2c;...;2q
Conversão do gráfico para o simbólico 1b
Tratamento no registro simbólico:
- da representação simbólico-algébrica para
simbólico-tabular.
1c; 1d
QUADRO 20- sessão V: transformações em registros
Nas atividades da sessão, estão em jogo os seguintes quadros e conceitos:
QUADRO 21- sessão V: quadros
Geometria analítica Algébrico Numérico Funções
-ponto, reta;
-curvas planas
algébricas e
transcendentes;
-representações
paramétricas e
cartesianas de curvas
planas;
-ângulos em radianos.
-equações cartesianas
e paramétricas;
-escritas algébricas
com variáveis,
incógnitas e
parâmetros.
-cálculo sobre
coordenadas no plano
(geometria analítica);
-cálculo em equações
paramétricas e
cartesianas
(algébrico).
-funções
do 1º e 2º graus;
- funções
trigonométricas.
179
No quadro abaixo, apresentamos as variáveis didáticas e os
conhecimentos mobilizados nessa sessão.
Variáveis didáticas Conhecimentos mobilizados
-Números reais;
-Representações gráficas no plano.-Escrita
algébrica de equações;
-Propriedades das equações paramétricas e
cartesianas;
-Leitura e interpretação gráfica;
-Representação paramétrica e cartesiana
de curvas planas;
-Variável, incógnita e parâmetro;
-Parametrização de curvas planas.
-Winplot e Gif Animator (gratuitos)
-Operações com números reais;
-Par ordenado associado a uma relação;
-Cálculo e representação gráfica de ponto e reta
no plano;-Ângulos em radianos;
-Resolução de equações do 1º e 2º graus;
-Funções do 1º e 2º graus;-Funções
trigonométricas;
-Equações cartesianas e paramétricas de algumas
curvas planas.
-Parametrização da reta.
QUADRO 22 – Sessão V: variáveis didáticas
Os novos conhecimentos em jogo são os gráficos e equações de algumas
curvas planas algébricas ou transcendentes e a parametrização de curvas.
No final da sessão, será realizada uma institucionalização local das
equações de curvas planas, por considerar que talvez nem todos os alunos
consigam apresentar os procedimentos esperados para a construção de um GIF
animado de uma curva, como mostraremos a seguir nas concepções
inadequadas ou dificuldades esperadas nas atividades.
1. Com relação à conversão da linguagem natural para o gráfico:
- Dificuldades em representar as coordenadas de pontos alinhados, pois
provavelmente não articulam a atividade com outras já desenvolvidas ou não
utilizam o plano quadriculado, que é uma ferramenta facilitadora.(1a).
2. Sobre a conversão da representação simbólico-algébrica para a
linguagem Winplot e respectivamente para a gráfica.
- O aluno não converte as equações cartesianas ou paramétricas para a
linguagem Winplot por lapsos. (2a;2b;2c;...;2q). Neste momento, o professor deve
180
esclarecer as dúvidas do enunciado, sem, contudo, dar repostas passo a passo
para as atividades;
- Equações inadequadas (obtidas no registro simbólico) que não
representam gráficos de curvas esperados. (1a;2a;2b;2c;...;2q);
- Dificuldades em representar equações na linguagem Winplot,
conseqüentemente, não se representam gráficos de curvas.
3. Sobre a conversão do gráfico para o simbólico.
- Dificuldade em observar os valores das coordenadas dos pontos
representados no plano e, por meio de cálculos escrever uma das equações
paramétricas da reta que contém os quatro pontos alinhados.
4. Do tratamento no registro simbólico.
- Não sendo apresentando uma das equações paramétricas da reta (1b),
não se completa uma tabela ou valores do parâmetro t” (1c, 1d), ou seja, uma
conversão no mesmo registro, da representação simbólico-algébrica para a
simbólico-tabular.
- Dificuldade em apresentar, como um dos procedimentos executados a
variação dos valores reais dos parâmetros das equações de curvas no Winplot.
Talvez os alunos não tenham desenvolvido um entendimento da noção de
parâmetro.
Análise matemática:
Superadas as concepções inadequadas e dificuldades mencionadas,
esperamos que os alunos possam responder às atividades como descreveremos
a seguir:
Questão 1a) Resposta esperada
181
Uma possível resposta seria a escolha aleatória de coordenadas de quatro
pontos alinhados no plano quadriculado, como na FIG. 79. Talvez escolham
valores inteiros positivos para as coordenadas dos pontos, pois, como
apresentado na história da geometria analítica o uso de coordenadas negativas
são obstáculos epistemológicos.
Questão 1b) Resposta esperada
Em conseqüência da escolha realizada na questão 1a, a partir de dois
pontos, como A e B, desenvolvem-se cálculos para se obterem as equações
paramétricas da reta em função de um parâmetro.
t t 1 t
t t 1 t
Equações paramétricas da reta:
x x (x x )t
x f(t)
(I)
y g(t) y y (y y )t
+
+
= +
=
= = +
0 0
1 1
ponto A: quando t 0 (x ;y ) (0;0)
ponto B: quando t 1 (x ;y ) (1;1)
Substituindo-se em (I) temos:
x 0 (1 0)t x 1t
y 0 (1 0)t y 1t
= =
= =
= + =
= + =
(Questão 1c) Resposta esperada.
5 −4 −3 2 1 1 2 3 4 5 6
4
3
2
1
1
2
3
4
x
y
A
B
C
D
FIG. 79 – Sessão V: 1a
182
Utilizando as equações paramétricas obtidas na questão anterior,
x t e y t
= =
, substituindo-se os valores de
t
, obtém-se o preenchimento da
tabela, como na TAB. 11:
TAB. 11- Sessão V: 1c
Questão 1d) Resposta esperada.
A partir das equações paramétricas, é possível calcular o valor de t como:
Para o ponto A temos t = 0
Para o ponto B temos t = 1
Para o ponto C temos t = 2
Para o ponto D temos t =3
Os itens da atividade 1 estão articulados, portanto, caso encontrem as
equações paramétricas da reta que contém os quatro pontos alinhados
escolhidos, então esperam-se respostas satisfatórias para a atividade.
Nas próximas questões da atividade 2, por se tratar de equações
paramétricas ou cartesianas e como são várias, vamos escolher uma delas, como
proposto na atividade, e consequentemente apresentaremos os procedimentos
para representar a possível construção de um GIF animado.
Escolhemos a Limaçon de Pascal com equação cartesiana, (x
2
+ y
2
-2ax)
2
=
b
2
(x
2
+ y
2
).
Inicialmente os gráficos são salvos no Paint
32
como limaçon1.gif,
limaçon2.gif e assim sucessivamente até o último instante da animação gráfica da
curva.
32
Criador e editor de desenhos disponível nos sistemas operacionais da Microsoft.
t x y
0 0 0
2 2 2
3 3 3
4 4 4
183
Apresentamos uma seqüência de gráficos esperados da Limaçon de
Pascal.
FIG.80 – Sessão V : atividade 2 (cartesiano)
Após a construção de diversos gráficos (FIG. 80), estes são transportados
para o GIF Animator, como apresentado na FIG. 81 :
FIG. 81 – Sessão V : GIF animado
184
Fizemos quatro gráficos, mas espera-se que os alunos construam muito
mais para a animação gráfica de uma ou mais curvas. Isso dependerá da
criatividade de cada um.
No final da sessão, sobre o que é necessário para a construção do GIF
animado de uma curva, esperam-se dos alunos justificativas como:
- Um plotador gráfico como o Winplot, um construtor de GIF's como o GIF
Animator, um programa para salvar os gráficos como o Paint, e equações de
curvas.
E sobre quais os procedimentos que foram executados, espera-se:
- Escrever a equação da curva no Winplot, em seguida variar os valores
reais de seus parâmetros, salvando cada um dos seus gráficos no Paint com
formato.gif para, finalmente, construir o GIF animado com o GIF Animator.
Com as atividades da sessão articulada com as demais, espera-se, após a
experimentação, obter subsídios suficientes para responder às hipóteses de
pesquisa.
185
CAPÍTULO V: A EXPERIMENTAÇÃO E A ANÁLISE A POSTERIORI
Neste capítulo, apresentamos a experimentação e a análise a posteriori.
Nesta fase, segundo alguns elementos de uma Engenharia Didática, a
experimentação consiste na aplicação e descrição do que aconteceu na
seqüência didática. a análise a posteriori é a interpretação dos dados
recolhidos durante a experimentação.
1. EXPERIMENTAÇÃO, ANÁLISE A POSTERIORI E VALIDAÇÃO.
Segundo ARTIGUE(1996), durante a experimentação são realizadas
observações sobre as sessões de ensino, e as produções escritas dos alunos em
sala ou fora dela.
É importante também, como coleta de dados, serem realizadas gravações
em áudio e vídeo, imagens fotográficas, arquivos de programas computacionais,
pois quanto maior o número de informações sobre a experimentação, melhor para
a análise a posteriori.
Na análise a posteriori, apresentamos o que ocorreu, a análise didática dos
fenômenos observados, as concepções inadequadas e as dificuldades que
surgiram no decorrer das atividades.
O confronto entre a análise a priori e a análise a posteriori, levando-se em
consideração a questão de pesquisa, os fundamentos teóricos e as hipóteses de
pesquisa, permite avaliar a eficácia da seqüência didática para o processo de
ensino - aprendizagem, subsidiando a conclusão deste trabalho.
186
Na conclusão, é analisada se a questão de pesquisa (Um ambiente
informático, que possibilita a construção de gráficos de curvas, de maneira
dinâmica, articulado com a conversão entre registros de representação semiótica,
favorece o entendimento da noção de parâmetro?) foi respondida segundo as
hipóteses elaboradas.
1.1 Experimentação
A aplicação da seqüência durou 5 semanas, sendo uma sessão por
semana com duração de 1 hora e 40 minutos, totalizando 8 horas e 20 minutos.
As sessões foram distribuídas da seguinte forma:
Sessão I: ponto, reta e parábola.
Sessão II: equações paramétricas da reta.
Sessão III: família de pontos a um parâmetro e gráficos de reta e parábola.
Sessão IV: parametrização da reta e outras curvas planas.
Sessão V: Animação gráfica de curvas planas.
1.2 A organização da experimentação
A seqüência experimental se desenvolveu em três etapas:
1º) Familiarização do aluno com os softwares Winplot e GIF Animator.
Antes da aplicação da seqüência didática, realizamos algumas atividades
com os dez alunos participantes da pesquisa para uma familiarização com o
software Winplot e com o GIF Animator. Foram dois sábados, com duração de
1hora e 40minutos cada.
187
Apresentamos atividades que proporcionassem o reconhecimento por parte
dos alunos com o uso do software Winplot que seriam importantes para a
experimentação como:
- O plano cartesiano e a localização de coordenadas no plano;
- A equação reduzida da reta e os coeficientes angular e linear;
- Equações paramétricas da reta;
- Funções: afim, linear, quadrática, cúbica, exponencial e algumas
trigonométricas;
- A conversão de ângulos de graus para radianos;
- Resolução de equações do 1º e 2º grau;
- Incógnita e variável;
Na primeira etapa, não tivemos um observador, sendo o professor o próprio
pesquisador.
2º) Experimentação das duas primeiras sessões
Após a familiarização com as ferramentas do software Winplot, iniciamos
as atividades das duas primeiras sessões, que foram desenvolvidas sem a
interferência do ambiente informático. Para algumas atividades a serem
trabalhadas, os alunos tiveram como material disponível papel, lápis, régua,
caneta e plano cartesiano quadriculado para a construção de gráficos.
A primeira sessão ocorreu no dia 29 de abril de 2006 e, dos dez alunos,
faltaram dois, provavelmente por causa do feriado prolongado ocorrido nos dois
dias anteriores. Para as nossas análises, nesta etapa, não levamos em
consideração a participação da dupla.
Os grupos, em dupla, foram divididos da seguinte forma:
188
G1: alunos A e R.
G2: alunos C e J.
G3: alunos Jô e D.
G4: alunos Re e L.
Nesta fase da experimentação, procuramos propiciar um ambiente
adequado aos alunos, que favorecesse a realização de transformações de
registros, como conversão e tratamento, e as representações de ponto, reta e
parábola.
3º) Experimentação das atividades no ambiente informático.
Como comentamos anteriormente, esta etapa corresponde às sessões III,
IV e V.
Nas sessões III e IV, as atividades da primeira etapa são retomadas para
serem confirmadas ou refutadas no ambiente informático com o uso do plotador
gráfico Winplot. Na sessão V, inicialmente sem o uso do ambiente informático,
as atividades semelhantes às da sessão II são também retomadas para serem
confirmadas ou refutadas.
No ambiente informático, os alunos deveriam resolver atividades que
estivessem relacionadas com a noção de parâmetro, como família de pontos a um
parâmetro, e gráficos de curvas planas parametrizadas, como a reta, a parábola e
outras. Estas atividades permitiram investigar se a articulação entre as
conversões de registros semióticos e os pontos de vista paramétrico e cartesiano
possibilita ao aluno refletir sobre a correlação entre algumas propriedades
geométricas de curvas planas e suas equações cartesianas ou paramétricas.
189
Com relação ao horário, as sessões sempre tiveram inicio às 09h30 com
término previsto para 11h10, e, em algumas, como nas sessões II, III e V, foram
prorrogadas para no máximo 11h30.
Entre as sessões IV e V tivemos alguns problemas como a falta de energia
elétrica, pois a fiação da escola foi roubada. Adiando a quinta sessão por duas
semanas.
O observador, por motivos pessoais, esteve ausente nas sessões II e III.
Também houve perda de áudio nas sessões I e II, por problemas técnicos
no gravador de voz.
1.2.1 A coleta de dados
As análises que serão realizadas se apóiam nos seguintes dados
coletados:
1) Formulário respondido pelos 8 alunos no decorrer de cada atividade
em todas as etapas.
2) Gravação em áudio de dois dos grupos nas sessões III, IV e V.
3) Gravação em vídeo de todas as sessões.
4) Análise das sessões realizadas pelo observador e pelo pesquisador.
1.2.2 Público alvo
O projeto de pesquisa foi submetido e aprovado pela diretora e pelo
coordenador pedagógico da Escola Estadual General José Artigas, da cidade de
Diadema, que oferece ensino fundamental e médio, pois, além do uso de novas
190
tecnologias ser um atrativo, seria oferecido um certificado aos alunos, pela
participação de um curso de elaboração de GIF's animados, em um ambiente
informático, com base na geometria analítica.
O projeto foi apresentado aos alunos do ano do ensino médio, em forma
de curso, não havendo pré-seleção para a participação.
Inicialmente, 10 alunos se comprometeram a participar do curso e, ao
longo do mesmo, somente 8 alunos tiveram freqüência regular.
Antes de iniciar as atividades da seqüência, apresentamos aos alunos
nosso projeto de pesquisa, procurando estabelecer como seriam desenvolvidas
as sessões e a relação professor, observador e aluno.
Ficou evidente para os alunos que não teriam uma nota como resultado do
curso, mas seriam avaliadas as suas ações sobre as atividades propostas pela
pesquisa.
A familiarização com o software Winplot, que não será aqui analisada, foi
útil na medida em que propiciou aos alunos um primeiro contato com a geometria
analítica a partir de conceitos mobilizados, como funções do e graus e as
suas representações gráficas, importantes para a seqüência de atividades
propostas.
Outro detalhe importante foi a presença considerável dos alunos em um dia
não letivo: sábado.
191
2. Análise das observações das duas primeiras sessões.
Neste momento, descrevemos como os alunos desenvolveram as
atividades propostas, procurando interpretar a produção dos alunos nos dados
coletados da experimentação.
Na primeira sessão, observamos atividades desenvolvidas no ponto de
vista cartesiano e, na segunda sessão, atividades no ponto de vista paramétrico.
Análise da sessão I: representação de ponto, reta e parábola.
Os alunos deveriam realizar transformações em registros semióticos das
representações de ponto, reta e parábola, utilizando papel, lápis e um plano
cartesiano quadriculado.
Tendo como finalidade investigar se a conversão entre os registros:
linguagem natural, simbólica e gráfica, permite verificar se os alunos serão
capazes de entender e representar pontos por coordenadas (x,y) no plano
cartesiano, encontrar gráficos de uma reta e uma parábola e representar a
equação algébrica que valide a relação entre as variáveis x e y .
Resumimos abaixo os resultados encontrados pelos alunos.
G1 G2 G3 G4 TRANSFORMAÇÕES EM REGISTROS Atividades
Sim
Não
Sim
Não
Sim
Não
Sim
Não
1a X X X X Conversão entre registros: da linguagem
natural para o gráfico.
2a X X X X
1b X X X X Conversão do registro gráfico para a
linguagem natural.
2b X X X X
1c X X X X
2c X X X X
3b X X X X
Conversão do registro gráfico para o
simbólico.
3d X X X X
3a X X X X Tratamento no registro gráfico
3c X X X X
QUADRO 23: Sessão I
Como prevíamos, os alunos mobilizaram conhecimentos prévios na
resolução das atividades 1a e 2a, respondendo de maneira satisfatória, talvez
192
pela facilidade da malha quadriculada e dos valores das coordenadas serem
números inteiros. Em todas as respostas, no registro gráfico, foi traçada uma reta
ou um segmento de reta facilitando o entendimento das próximas questões.
Nas atividades 1b e 2b, o G3 não conseguiu representar outros pontos,
como prevíamos, provavelmente por dificuldades na identificação gráfica dos
pontos de uma reta ou parábola e, conseqüentemente, não se apresentaram
outros pontos que pertencem à reta ou parábola.
nas atividades 1c e 2c, metade dos grupos não conseguiram
representar as equações da reta, como
y x 1
= +
e da parábola, como
2
y x
=
.
Como prevíamos, provavelmente não realizaram um tratamento no registro
gráfico e, por meio de cálculos inadequados, atribuíram valores a uma das
variáveis e encontraram valores falsos que não correspondem à outra variável.
Portanto não encontraram uma relação de dependência entre as variáveis
x e y
e, conseqüentemente não representaram as equações.
O grupo G3 é justificado por não apresentar uma solução correta nos itens
anteriores, já o G1 simplesmente não respondeu.
Nas atividades 3a e 3c, todos os grupos conseguiram representar as
coordenadas de pontos pertencentes à reta ou parábola. Como prevíamos, entre
diversas respostas, escolheram pontos estratégicos sobre os gráficos e,
conseqüentemente, identificaram os pontos por meio de suas coordenadas.
Nas atividades 3b e 3d, metade dos grupos não conseguiu representar as
equações da reta, como
y x 2
= +
e da parábola, como
2
y x 1
= +
. Como
prevíamos, não realizaram um tratamento no registro gráfico e, provavelmente,
por meio de cálculos inadequados, atribuíram valores a uma das variáveis e
encontraram valores falsos que correspondem à outra variável. Não encontraram
193
uma relação de dependência entre as variáveis
x e y
e, os grupos não
responderam às atividades.
Análise da sessão II: equações paramétricas da reta
Os alunos tinham que resolver as atividades com papel, lápis, borracha,
régua e plano cartesiano quadriculado.
O principal objetivo foi investigar se as articulações entre o ponto de vista
paramétrico e as transformações em registros semióticos facilitariam o
entendimento da noção de parâmetro e de seu uso em equações paramétricas.
Resumimos abaixo os resultados encontrados pelos alunos.
G1 G2 G3 G4 TRANSFORMAÇÕES EM REGISTROS Atividades
Sim
Não
Sim
Não
Sim
Não
Sim
Não
Conversão da linguagem natural para o
gráfico
1a X X X X
1a X X X X Conversão do registro gráfico para a
linguagem natural.
1h X X X X
1a X X X X
1b e 1e X X X X
1c e 1f X X X X
1d e 1g X X X X
1h X X X X
Tratamento no registro simbólico.
1i X X X X
QUADRO 24: Sessão II
Em relação às questões 1a e 1h e a conversão do registro gráfico para a
linguagem natural, o grupo G1 conseguiu responder 1a, mas não respondeu à
questão 1h, pois, provavelmente, perdeu tempo nas questões iniciais, o que não
foi previsto na análise a priori.
Atividades com tratamento no registro simbólico (transformação no mesmo
sistema semiótico):
Na questão 1a, o grupo G3 foi o único que preferiu justificar a resolução da
questão no registro simbólico, representando, conforme FIG. 82, a equação
cartesiana da reta. Foi justamente o grupo que, na sessão anterior, não havia
194
conseguido resolver a atividade por meio das conversões. É provável que a
institucionalização local tenha interferido.
Os demais grupos preferiram responder por meio da conversão entre a
linguagem natural e o gráfico. Também isso não foi previsto na análise a priori.
Já nas questões 1b e 1e, como previsto, os alunos conseguiram completar
a tabela sem muita dificuldade, bastando para isso, desenvolver alguns cálculos
aritméticos.
Nas questões 1c e 1f, apenas o grupo G4 conseguiu desenvolver as
equações paramétricas, como previsto, em conseqüência de respostas bem
sucedidas das questões 1b e 1e. Os demais grupos, também previsto, realizaram
um tratamento no registro simbólico, por meio de cálculos inadequados ou
atribuíram valor a uma das variáveis e encontraram valores falsos que
correspondiam à outra variável. Portanto, ou não encontraram as equações
paramétricas adequadas em função do parâmetro t, representando equações que
não correspondiam à solução esperada ou não responderam às questões pela
dificuldade de representar as equações paramétricas a partir das coordenadas de
dois pontos.
Em particular, e não previsto, o grupo G3, como resposta, representou
equações cartesianas como se fossem paramétricas:
1c) “y=x+5” e “x= y-2”
1f) “y=x+3” e “x= y+3”
FIG. 82 – Sessão II: resposta 1a
195
Nas questões 1d e 1g, como previsto, os grupos G3 e G4 conseguiram
responder o esperado, pois desenvolveram as equações paramétricas nas
questões 1c e 1f, ou observando as tabelas preenchidas de maneira correta nas
questões 1b e 1e, ou identificando facilmente as posições (2;5) e (-1;-3).
Os grupos G1 e G2 não responderam às questões 1d e 1g, como previsto,
provavelmente por não terem desenvolvido as equações paramétricas ou por não
observarem as tabelas das questões 1b e 1e que foram respondidas de maneira
correta.
A questão 1h foi bem sucedida pelos grupos G2 e G4, como previsto e,
apenas observando os gráficos de reta ou semi-reta, foi possível justificar as
questões.
O grupo G1 provavelmente, como previsto, não respondeu devido à não
conversão do registro gráfico para a linguagem natural, ocorrida também na
questão 1a.
O grupo G3 respondeu que Alexandre deveria alterar a sua rota, mas
apresentou coordenadas inadequadas para atingir o alvo, uma situação não
prevista.
Para a questão 1i, como previsto, os grupos G2, G3 e G4 provavelmente
observaram os valores da tabela preenchida corretamente para identificar que
Roberta atingiu o submarino em quatro minutos.
O grupo G1, mesmo com a tabela preenchida corretamente, não
respondeu à questão. Provavelmente perdeu tempo nas questões iniciais, o que
não foi previsto na análise a priori.
196
3. Análise das observações das três últimas sessões.
Na terceira sessão, observamos atividades desenvolvidas nas sessões
anteriores, porém agora, de maneira dinâmica, para as quais os alunos constroem
gráficos de ponto, reta e parábola.
Na quarta sessão, observamos a resolução de algumas questões da
sessão II, agora no ambiente informático, e seguiu-se com um estudo gráfico de
algumas curvas planas algébricas e transcendentes a partir de algumas de suas
respectivas equações.
Na quinta sessão, inicialmente sem o uso do ambiente informático,
observamos o desenvolvimento de equações paramétricas da reta a partir de
pontos quaisquer alinhados no plano. No segundo momento, agora no ambiente
informático, houve atividades de outras curvas, como na sessão IV, para a
construção de um GIF animado.
Análise da sessão III: família de pontos a um parâmetro e gráficos de reta e
parábola.
Os alunos resolveram estas atividades no ambiente informático.
Investigamos se a articulação entre os pontos de vista cartesiano ou
paramétrico e a conversão entre os registros de representação da linguagem
Winplot, da simbólico-algébrica e a gráfica, em um ambiente informático,
possibilitaram ao aluno refletir sobre a correlação entre algumas propriedades
geométricas da reta e da parábola e as suas equações cartesianas ou
paramétricas.
Resumimos abaixo os resultados das questões articuladas com a
conversão de registros de representação semiótica encontrados pelos alunos:
197
G1 G2 G3 G4 TRANSFORMAÇÕES EM
REGISTROS
Atividades
Sim Não Sim
Não Sim Não Sim Não
1a X X X X
1b X X X X
1c X X X X
1d X X X X
1f X X X X
2a X X X X
2b X X X X
2d X X X X
3a X X X X
Da representação simbólico-
algébrica para a linguagem
Winplot e respectivamente
para a gráfica.
3b X X X X
1e X X X X
2c X X X X
Da representação gráfica
para a simbólico-algébrica.
3c X X X X
QUADRO 25 - Sessão III
Questão 1a: como previsto, os alunos responderam de maneira
plenamente satisfatória.
Questão 1b: como previsto, após representarem o ponto F=(t;1+t) no
Winplot e observando a sua representação gráfica como um dos pontos
alinhados, obtidos na questão 1a por meio de cálculos, os alunos identificaram
t=0.
Questão 1c: como previsto, após a conversão entre os registros de
representação da simbólico-algébrica para a linguagem Winplot e
conseqüentemente para a gráfica, os alunos identificaram com facilidade os
valores de “t”, obtendo os pontos B e E, quando t=2 e t=4 respectivamente.
Questão 1d: como previsto, o grupo G1 respondeu satisfatoriamente.
Apresentamos na FIG. 83, a sua resposta.
198
FIG. 83 – Sessão III: resposta 1d
Os grupos G2, G3 e G4, como também foi previsto na análise a priori, não
mencionaram como pontos da reta ou segmento de reta, mas como uma família
de pontos. Apresentamos na FIG. 84 a resposta do G4.
FIG. 84 – Sessão III: resposta 1d.
Questão 2a: como previsto, os alunos visualizaram no Winplot os três
pontos. Para conseguirem, variaram os valores reais do parâmetro a” no
Winplot, até obterem a posição dos três pontos, A, F e C, na parábola.
Questão 2b: os grupos G2 e G4, como previsto, responderam que “o
Winplot mostrou vários pontos que pertencem à parábola” e “que os pontos
traçam a linha da parábola”. Nessa resposta, entendemos “linha” como caminho
ou lugar geométrico.
Os grupos G1 e G3 não responderam e o G1 tentou, mas não conseguiu.
Não houve uma intervenção do professor.
As dificuldades dos dois grupos foram em responder, na linguagem natural,
palavras como caminho, traçado, lugar geométrico, que não são familiares para
os alunos, portanto esta dificuldade, não prevista, fez com que os grupos não
199
respondessem. Outro detalhe é que parte da resposta já estava explícita na
questão, deixando os alunos com dúvidas. Neste momento, o professor deveria
intervir, sem necessariamente dar a resposta.
Questão 3a: os grupos não responderam como esperado. No lugar de
traço de reta ou segmento de reta, escreveram reta, como FIG. 85 do G2. Como
previsto, três dos grupos apresentaram as coordenadas dos pontos inicial e final.
FIG. 85 – Sessão III: resposta 3a
O G1 também não respondeu como esperado os pontos inicial e final do
traço de reta.
Novamente não previsto, como na questão anterior, algumas palavras não
eram familiares para o vocabulário dos alunos, como traço da reta, limite do
intervalo, e não houve a intervenção do professor.
Questão 3b: todos os grupos responderam como previsto, FIG. 86 do G4:
FIG. 86 – Sessão III: resposta 3b
Questões 1e e 3c: três dos quatro grupos responderam como previsto.
Apresentaram como resposta a equação cartesiana “
y x 1
= +
” .
O G1, como previsto, apresentou dificuldade em escrever uma equação da
reta, dados alguns de seus pontos. Não encontrou uma relação de dependência
entre as variáveis
x e y
e, como conseqüência, representou uma equação não
200
correspondente à solução esperada. No caso da questão 3c, não previsto,
bastaria observar a questão 3a e identificar x=t, substituindo-o em y=1+t .
Questão 2c: dois grupos responderam como previsto.
Os grupos G1 e G3, como na questão anterior, apresentaram dificuldades
em escrever uma equação da parábola, dados alguns de seus pontos. Não
responderam provavelmente, como previsto, em conseqüência de não terem
concretizado a questão 2b.
Questão 1f: três dos quatro grupos responderam como previsto.
O G1, como previsto, apresentou dificuldade em escrever uma equação da
reta, dados alguns de seus pontos.
Questão 2d: os grupos G2 e G4 apresentaram respostas, como previsto,
e conseqüentemente conseguiram representar a equação na questão 2c.
O G1 e G3, como previsto, apresentaram dificuldade em escrever uma
equação da parábola, dados alguns de seus pontos.
Análise da sessão IV: curvas planas algébricas e transcendentes.
As atividades foram realizadas no ambiente informático.
Investigamos se a articulação entre os pontos de vista cartesiano ou
paramétrico e a conversão entre os registros de representação semiótica em um
ambiente informático, possibilitam ao aluno refletir sobre a correlação entre
201
algumas propriedades geométricas de curvas planas e suas equações cartesiana
ou paramétrica.
Inicialmente foi retomada uma atividade desenvolvida na sessão II: a
parametrização da reta, agora no ambiente informático. Investigamos se o Winplot
facilitou o trabalho dos alunos nas conjecturas de suas soluções.
Articulando as atividades da sessão III com outras curvas planas,
observamos se o uso de parâmetros estabeleceria uma identificação significativa
entre os gráficos e as equações de curvas com a história de algumas das curvas.
Sessão IV:
Resumimos abaixo os resultados das questões, articuladas com as
conversões entre os registros de representação, encontrados pelos alunos:
G1 G2 G3 G4 TRANSFORMAÇÕES EM
REGISTROS
Ativida
des
Sim Não Sim Não Sim Não Sim o
Questão 1a: como previsto, o grupo G2, após desenvolver cálculos,
FIG.87, com as coordenadas dos mísseis apresentados em função do parâmetro
‘’ t’’, como nas atividades 1c e 1f da sessão II, encontrou as suas equações
paramétricas, representando-as no Winplot e conseqüentemente os gráficos de
retas possibilitaram identificar os necessários quatro minutos para o míssel de
Roberta atingir o submarino.
os demais grupos, relembrando as equações desenvolvidas nas
atividades anteriores e observando a representação gráfica, responderam à
1a X X X X
1b X X X X
Da representação simbólico-
algébrica para a linguagem
Winplot e respectivamente
para a gráfica.
2a;2b;
2c;...;2j
X X X X
X X X X
Da representação gráfica para
a simbólico-algébrica.
1b
QUADRO 26 - Sessão IV
202
questão sem desenvolver os cálculos para obter as equações paramétricas da
reta.
Míssel “R” Míssel “A”
FIG.87 –Sessão IV: 1a
A atividade traria melhores resultados se fossem alterados os valores das
coordenadas iniciais dos mísseis. Assim poderíamos investigar se os demais
grupos utilizariam cálculos, como fez o G2.
Questão 1b: como previsto, todos responderam que Alexandre deveria
mudar a rota, mas não conseguiram justificar apresentando a nova rota do míssel.
Alguns grupos, como o G2 e o G3, FIG. 88, até que obtiveram êxito
apresentando a coordenada x como o esperado,
x 8 13t
= − +
, porém não
aconteceu o mesmo para a coordena y,
y 9 6t
=
.
FIG. 88 – Sessão IV: 1a
G2:
G3:
203
Atividade 2 :
Para a atividade 2, vamos expor uma representação gráfica de cada grupo,
pois foram desenvolvidas todas as questões.
Uma das construções desenvolvidas pelo grupo G1 foi a Limaçon de
Pascal :
FIG. 89 – SessãoIV : 2c
204
Como previsto, o grupo G1, variando os valores reais dos parâmetros de a
e b na equação cartesiana (x
2
+ y
2
- 2ax)
2
= b
2
(x
2
+ y
2
) da curva limaçon de
Pascal, obteve alguns de seus gráficos, FIG. 89, analisando na curva algébrica,
de maneira implícita, algumas de suas propriedades geométricas. Em especial, o
grupo utilizou um recurso do Winplot não previsto: uma família de gráficos da
limaçon a um parâmetro.
Do grupo G2, escolhemos a representação da curva hipociclóide:
FIG. 90 – Sessão IV : 2
205
Como previsto, o grupo G2, variando os valores reais dos parâmetros de a
e b nas equações paramétricas,
x = (a-b)cos(t)+bcos((a/b-1)t)
;
y =(a-b)sin(t)-bsin((a/b-1)t)
, com
0 t 2 rad
π
da curva hipociclóide, obteve
alguns de seus gráficos, FIG. 90, analisando na curva transcendente, de maneira
implícita, algumas de suas propriedades geométricas. Em especial, o grupo
utilizou um recurso do Winplot não previsto: o plano cartesiano implícito na tela do
Winplot.
Do grupo G3, escolhemos a epiciclóide.
FIG.91- Sessão IV : 2g
Como previsto, o grupo G2, variando os valores reais dos parâmetros de a
e b nas equações paramétricas,
x =(a+b)cos(t)-bcos((a/b+1)t)
;
206
y=(a + b)sin(t)-bsin((a/b+1)t)
, com
0 t 10 rad
π
da curva epiciclóide, obteve
alguns de seus gráficos, FIG. 91, analisando na curva transcendente, de maneira
implícita, algumas de suas propriedades geométricas. O grupo também utilizou o
plano cartesiano implícito na tela do Winplot.
Das representações gráficas do grupo G4, escolhemos a curva lemniscata
de Bernoulli :
FIG. 92 – Sessão IV : 2f
Como previsto, o grupo G4, variando os valores reais do parâmetro a na
equação cartesiana
2 2 2 2 2 2
(x + y ) = a (x - y )
da curva lemniscata de Bernoulli,
obteve alguns de seus gráficos, FIG. 92, analisando na curva algébrica, de
maneira implícita, algumas de suas propriedades geométricas.
Análise da sessão V: Curvas planas e construção de GIF's animados.
Primeiramente investigamos se os resultados das sessões anteriores
favoreceram ao aluno, no ponto de vista paramétrico, o desenvolvimento de
207
equações paramétricas a partir de pontos quaisquer alinhados no plano e,
conseqüentemente, o entendimento da noção de parâmetro sem a interferência
do ambiente informático.
A atividade no ambiente informático investigou também, como na sessão
IV, se a articulação entre os pontos de vista cartesiano ou paramétrico e as
conversões entre os registros de representação, como simbólico-algébrica,
linguagem Winplot e gráfico, em um ambiente informático, possibilitam ao aluno
refletir sobre a correlação entre algumas propriedades geométricas de curvas
planas e suas equações cartesianas ou paramétricas.
Como prioridade, investigamos se, no caso de outras curvas planas,
alterando-se os valores reais dos parâmetros de suas equações, variando-os e
observando os efeitos geométricos provocados pela sua variação para a
construção de GIF's animados, favorece-se o entendimento da noção parâmetro.
Resumimos abaixo os resultados das questões, articuladas com as
transformações de representação semiótica, encontrados pelos alunos:
G1 G2 G3 G4 TRANSFORMAÇÕES EM
REGISTROS
Atividad
es
Sim Não Sim Não
Sim Não Sim Não
Conversão da linguagem
natural para o gráfico.
1 a
X X X X
Conversão do gráfico para o
simbólico.
1 b
X X X X
1c
X X X X
Tratamento no registro
simbólico:
Da representação simbólico-
algébrica para simbólico-
tabular.
1d
X X X X
Conversão da representação
simbólico-algébrica para a
linguagem Winplot e
respectivamente para a
gráfica.
2a;2b;2c;
...;2q
X X X X
QUADRO 27 - Sessão V: transformações
Questão 1a: como previsto, todos os grupos escolheram aleatoriamente,
conforme FIG.93, as coordenadas de quatro pontos alinhados no plano
208
quadriculado e aproveitaram a malha quadriculada como estratégia na
identificação dos pontos.
FIG. 93 – Sessão V : Respsotas 1a
Questão 1b: Apenas um dos grupos, o G1, não correspondeu ao
esperado, como previsto, por dificuldade nos cálculos. Em contra partida, os
demais grupos, em conseqüência da escolha realizada na questão 1a, a partir de
dois pontos, desenvolveram cálculos para se obterem as equações paramétricas
da reta em função do parâmetro t.
Apresentamos abaixo as respostas e cálculos desenvolvidos pelos grupos:
O G1, por meio de cálculos, apresentou a coordenada x como esperado,
mas não a coordenada y. Uma resposta adequada seria y=-6+3t.
FIG. 94 – Sessão V: 1bg1
os demais, como apresentamos no quadro seguinte, por meio de
cálculos encontraram as equações paramétricas a partir de dois pontos quaisquer
G1 :
G2:
G3 :
G4 :
209
correspondentes ao alinhamento. É interessante observar que o grupo G2
desenvolveu cálculos de maneira implícita.
FIG. 95 – Sessão V: respostas 1b
Questão 1c e 1d: Utilizando as equações paramétricas obtidas na questão
anterior e substituindo-se os valores de
t
, os grupos G2, G3 e G4 obtiveram o
preenchimento adequado da tabela e dos valores de
t
para os quatro pontos
alinhados.
Como previsto, o G1 não apresentou uma das equações paramétricas da
reta (1b), portanto completou a tabela (1c) e a dos valores de
t
para os quatro
pontos alinhados com valores inadequados.
Atividade 2 :
G2:
G3:
G4:
210
Para a atividade 2, exporemos representações gráficas da construção de
um GIF animado de cada grupo.
O grupo G1 escolheu o tridente de Descartes com equação cartesiana
(a+x)(a-x)(2a-x)=axy
. Apresentamos alguns de seus gráficos.
FIG. 96 – Sessão V: GIFG1
Para a representação dos gráficos, conforme inventário, o G1 realizou
variações nos valores reais do parâmetro a .
Após construir vários gráficos, pode-se desenvolver o GIF animado no GIF
Animator. Apresentamos abaixo alguns momentos da construção:
FIG. 97 – Sessão V: GIFG1
211
O grupo G2 escolheu a parábola divergente de Newton com equação
cartesiana,
2 3 2
y =ax +bx +cx+d
. Eis alguns dos gráficos construídos:
FIG. 98 – Sessão V: GIFG2
Em especial, este grupo desenvolveu, a partir dos diversos gráficos
construídos, desenhos no Paint
33
, complementado a animação gráfica do GIF no
software GIF Animator. Alguns momentos da construção foram estes:
FIG. 99 – Sessão V: GIFG2
33
Um criador e editor de desenhos disponível nos sistemas operacionais da Microsoft.
212
O grupo G3 escolheu a curva de Agnesi com equação cartesiana
2 2 3
y(x + a ) = a
. Apresentamos, conforme FIG.100, alguns dos seus gráficos
desenvolvidos:
FIG.100 – Sessão V: GIFG3
Para a representação dos gráficos, conforme inventário, o G3 inseriu um
novo parâmetro “b” na equação e realizou variações nos valores reais de
a e b
.
213
Após construir vários gráficos, pode-se desenvolver o GIF animado no GIF
Animator. Eis alguns momentos da construção:
FIG. 101 – Sessão V: GIFG3
O grupo G4 escolheu a curva epiciclóide com equações paramétricas,
x=(a + b)cos(t)-bcos((a/b + 1)t) ; y=(a + b) sin(t)–b sin((a/b + 1)t). A seguir alguns
dos seus gráficos desenvolvidos:
FIG. 102 – Sessão V: GIFG4
Para a representação dos gráficos, conforme inventário, o G4 considerou
o parâmetro “t” como
0 t 6
e realizou variações nos valores reais de
e
a b
.
Após construir vários gráficos pode-se desenvolver o GIF animado no
software GIF Animator. Mais alguns momentos da construção:
214
FIG.103 – Sessão V: GIFG4
No final da sessão, sobre o que é necessário para construção do GIF
animado de uma curva, na sua maioria, as justificativas atenderam o previsto. Eis
algumas:
G1:
G2:
G3:
G4:
FIG. 104 - Sessão V: justificativas
O G1 justificou apenas parte do que era necessário: como escrever a
equação da curva no Winplot. O G2 justificou realmente como previsto.
215
Sobre o G3, entendemos “cálculos”, como a variação dos valores reais dos
parâmetros de equações. Em seguida, o grupo justificou a necessidade dos
programas Winplot e GIF Animator.
sobre o G4, entendemos “variação do tempo” como a variação dos
valores reais dos parâmetros de equações, portanto uma justificativa parcial do
previsto.
A respeito de quais eram os procedimentos que foram executados, os
grupos responderam:
Como parcialmente previsto, o G1 apresentou como procedimento,
primeiramente, escrever as equações cartesianas (explícita ou implícita) ou
paramétricas, e em seguida “animar”. Entendemos como uma variação dos
valores reais dos parâmetros.
G1:
G2:
G3:
G4:
FIG. 105 – Sessão V: procedimentos
216
O G2 apresentou os procedimentos como previsto.
O G3, também como previsto, porém parcialmente, como escrever a
equação da curva no Winplot e, em seguida, variar os valores reais de seus
parâmetros.
É interessante observar que o G2 e o G3 entenderam a necessidade dos
parâmetros nas equações para os diferentes gráficos de uma curva,
atendendo em parte a proposta da pesquisa.
Porém entendemos que o G4 apenas identificou como procedimento a
variação dos valores reais dos parâmetros de suas equações. Provavelmente
interpretaram a importância do parâmetro para a determinação das posições
de pontos e curvas no plano em cada instante de tempo, ou seja, em cada
momento em que o parâmetro assume um valor.
4. CONCLUSÃO DA ANÁLISE A POSTERIORI
Na sessão I comprovou-se, em parte, a dificuldade existente na conversão
do registro gráfico para o registro simbólico de reta e parábola no ponto de vista
cartesiano. Para DUVAL (1988, p. 235-253), a razão das dificuldades identificadas
por diferentes pesquisas quanto às tarefas de leitura e interpretação de
representações gráficas, está no desconhecimento pelo aluno da correspondência
semiótica entre o registro das representações gráficas e da e escrita algébrica.
No final da sessão, realizamos uma institucionalização local, com
discussões entre os grupos sobre as respostas dadas e a identificação
das dificuldades apresentadas em relação à representação da reta ou
parábola como equações cartesianas. Por fim articulamos a noção de função
217
com a resolução das atividades propostas para encontrar as respectivas
equações.
Na sessão II, comprovou-se em parte a dificuldade existente no tratamento
simbólico da representação simbólico-tabular para a simbólico-algébrica no ponto
de vista paramétrico. A atividade se limitou muito mais ao tratamento no registro
simbólico do que às conversões. Segundo DUVAL (2003, p.14), “a originalidade
da atividade matemática está na mobilização simultânea de ao menos dois
registros de representação ao mesmo tempo, ou na possibilidade de trocar a todo
o momento de registro de representação”.
No final da sessão, realizamos uma institucionalização local, com
discussões entre os grupos sobre as respostas dadas e a identificação das
dificuldades apresentadas a respeito das equações paramétricas como
representação da reta.
Na sessão III, investigamos se a articulação entre os pontos de vista
cartesiano ou paramétrico e as conversões entre os registros de representação da
linguagem Winplot, simbólico-algébrica e gráfica, em um ambiente informático,
possibilita, em parte, ao aluno, refletir sobre a correlação entre algumas
propriedades geométricas da reta e da parábola e as suas equações cartesianas
ou paramétricas.
O Winplot facilitou parte do trabalho, pois os alunos não precisaram realizar
diversos cálculos e repetiram diversas vezes a mesma atividade, dando uma
resposta articulada com as diferentes atividades já desenvolvidas.
Conseqüentemente o computador, como ferramenta facilitadora, permitiu
de alguma forma uma melhor compreensão da noção de parâmetro no estudo de
pontos, curvas e algumas de suas propriedades geométricas no plano.
218
Mesmo verificando algumas relações entre as atividades realizadas no
papel, nas sessões I e II, com o ambiente informático, ainda persistem
dificuldades na conversão do registro gráfico para o simbólico, o que não permite,
segundo DUVAL (2003, p.18), uma apreensão global qualitativa da coordenação
de ambas às conversões entre os registros gráfico e simbólico.
Para a conversão do gráfico para o simbólico, os alunos preferem
representar as equações cartesianas. Talvez aqui esteja detectado um problema,
a escolha do ponto vista.
No final da sessão, também ocorreu uma institucionalização local, com
trocas de informações entre os grupos sobre as conversões entre os registros
simbólico e gráfico realizadas na sessão, pois consideramos que ainda persistiam
dificuldades ou concepções inadequadas entre as representações de ponto, reta
e parábola em pontos de vista paramétrico ou cartesiano. Por fim
institucionalizamos os novos conhecimentos como: família de pontos a um
parâmetro e lugar geométrico de uma reta ou parábola.
Na quarta sessão, foi possível validar que a articulação entre os pontos de
vista cartesiano ou paramétrico e as conversões entre os registros de
representação (como simbólico-algébrica, linguagem Winplot e gráfico), em um
ambiente informático, possibilitaram ao aluno refletir sobre a correlação entre
algumas propriedades geométricas de curvas planas e suas equações
cartesianas ou paramétricas, mesmo de maneira implícita.
Inicialmente foi retomada uma atividade desenvolvida na sessão II, a
parametrização da reta, agora, no ambiente informático. Investigamos se o
Winplot facilita o trabalho dos alunos nas conjecturas de suas soluções, chegando
à seguinte conclusão: a atividade proposta poderia ter sido reformulada para outro
219
contexto ou apenas trocando as coordenadas das posições dos mísseis. Como a
atividade era idêntica à da sessão II, o interesse em resolvê-la mesmo no
ambiente informático foi pequeno.
Mesmo assim, conseguimos identificar que é possível desenvolver mais
atividades que utilizem equações paramétricas da reta. O ponto de vista
paramétrico se mostrou mais fácil para atividades como essa.
Articulando as atividades desenvolvidas na sessão III com outras curvas
planas, observamos que o uso de parâmetros estabeleceu uma identificação
significativa entre os gráficos e as equações de algumas curvas famosas
desenvolvidas ao longo da história da geometria analítica.
Os alunos tiveram tempo para rever cada caso das curvas planas
apresentadas, pois não precisaram refazer os diversos cálculos realizados pelos
matemáticos. Pode-se refazer parte desse trabalho dos matemáticos, como a
construção dos gráficos, a partir de suas equações.
Na quarta sessão, observou-se o entusiasmo estampado nas faces dos
alunos. Era como se as curvas estivessem sendo redescobertas ali, naquele
momento. Talvez fosse interessante desenvolver, em estudos posteriores, o
levantamento histórico de cada uma das curvas planas com o objetivo de
explicitar as suas propriedades geométricas.
Como previsto, no final da sessão, a questão 1b foi institucionalizada por
ter sido considerada uma questão de difícil entendimento.
Na quinta e última sessão, inicialmente, investigamos que realmente os
resultados das sessões anteriores favoreceram ao aluno, no ponto de vista
paramétrico, no desenvolvimento de equações paramétricas a partir de pontos
220
quaisquer alinhados no plano e, conseqüentemente, o entendimento da noção de
parâmetro sem a interferência do ambiente informático.
No segundo momento, com a atividade no ambiente informático, foi
possível investigar que a articulação entre os pontos de vista cartesiano ou
paramétrico e as conversões entre os registros de representação como:
simbólico-algébrica, linguagem Winplot e gráfico, em um ambiente informático,
possibilitam ao aluno refletir sobre a correlação entre algumas propriedades
geométricas de curvas planas e suas equações cartesianas ou paramétricas,
mesmo de maneira implícita.
Como prioridade, foi possível investigar e constatar que, no caso de outras
curvas planas, alterando-se os valores reais dos parâmetros de suas equações,
variando-os e observando os efeitos geométricos provocados pela sua variação
para a construção de gif's animados, favorece-se o entendimento da noção de
parâmetro pelo aluno.
Por fim constatou-se que, em um ambiente informático, o uso de softwares
gratuitos como o Winplot e o GIF Animator, como ferramentas, facilitou a
compreensão da noção de parâmetro.
É possível afirmar, com base na validação de nossas hipóteses, que o
entendimento da noção de parâmetro na geometria analítica articulado com
noções de quadros (geométrico, algébrico e geometria analítica), com os pontos
de vista (paramétrico e cartesiano) e com as transformações em registros de
representação semiótica (simbólico-algébrica, gráfica e linguagem Winplot)
permite ao aluno aprofundar-se nos estudos das curvas no
2
»
e posteriormente
no estudo de superfícies no
3
»
.
221
O conjunto de atividades propostas para a seqüência didática
(QUADRO 28), com a retomada de atividades anteriores e um aprofundamento
nas demais, propiciou aos alunos, como resultado, uma evolução conceitual.
SESSÕES NOVOS CONHECIMENTOS EM JOGO
SESSÃO I - Equação algébrica cujas coordenadas de
pontos no plano mantém uma relação de
dependência.
SESSÃO II -Representação gráfica de reta na forma
paramétrica;
-Cálculo das coordenadas de pontos em função
de um parâmetro.
SESSÃO III -Família de pontos a um parâmetro;
-Lugar geométrico de uma reta ou parábola.
SESSÃO IV -Gráficos e equações de algumas curvas
planas algébricas ou transcendentes.
SESSÃO V -Gráficos e equações de algumas curvas
planas algébricas ou transcendentes e a
parametrização de curvas.
QUADRO 28 - Resultados
Com base nos resultados apresentados (QUADRO 28) da seqüência
didática, no desempenho dos alunos, no confronto das análises a priori e a
posteriori, e na confirmação de nossas hipóteses de pesquisa, temos condições
de afirmar que a questão de pesquisa (“Um ambiente informático, que possibilita a
construção de gráficos de curvas, de maneira dinâmica, articulado com a
conversão entre registros de representação semiótica, favorece o entendimento
da noção de parâmetro?”) foi respondida de maneira satisfatória.
222
CAPÍTULO VI: CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste capítulo, apresentamos as considerações finais de nosso trabalho, a
análise dos resultados em função dos fundamentos teóricos e metodológicos e
questões futuras para o ensino e aprendizagem da noção de parâmetro na
geometria analítica.
1. Objetivos e resultados da pesquisa.
Iniciamos os estudos a partir de uma inquietação: como pesquisas em
Educação Matemática podem contribuir para o ensino e a aprendizagem da
noção de parâmetro e equações paramétricas?
Participando do grupo TecMEM, onde desenvolvemos nosso trabalho,
pesquisamos sobre o uso das novas tecnologias na Educação Matemática,
especificamente sobre as representações gráficas de pontos e curvas planas, de
acordo com as suas respectivas coordenadas, e, principalmente, as equações
paramétricas com a utilização de um plotador gráfico.
Nosso objetivo era verificar se um ambiente informático permite ao aluno
reconhecer algumas propriedades de curvas com o uso de parâmetros e, por
meio de representações e interpretações gráficas de maneira dinâmica,
compreender melhor suas equações.
Procuramos investigar as reais potencialidades de um ambiente informático
no processo didático de ensino-aprendizagem da geometria analítica tomando
como referência o artigo de JESUS e SOARES (2005) que propõe modos de
construção de gráficos de curvas e suas equações cartesianas ou paramétricas
223
com o uso do software Winplot.
Deste modo, a partir de um referencial teórico e estudos preliminares,
construímos uma seqüência didática. O confronto entre as análises a priori e a
posteriori desta seqüência, foi fundamental para a confirmação das hipóteses que
permitiram responder à questão de pesquisa de maneira satisfatória. Concluímos
que se pode favorecer ao aluno o entendimento da noção de parâmetro em
geometria analítica as seguintes situações:
- A articulação entre os pontos de vista paramétrico e cartesiano e as
conversões entre registros semióticos;
- Atividades em sala de aula, sem a interferência do ambiente informático,
tais como o desenvolvimento de equações paramétricas a partir de pontos
quaisquer alinhados no plano;
- No caso de curvas planas, como algumas famosas na história da
geometria analítica, a alteração dos valores reais dos parâmetros de suas
equações e a observação dos efeitos geométricos provocados pela sua variação
para a construção de GIF's animados;
- O uso de softwares gratuitos, como o Winplot e o GIF Animator, em um
ambiente informático, como ferramentas.
Destacamos nesta pesquisa o estudo dos momentos históricos de algumas
curvas planas que privilegiam o ponto de vista cartesiano, com diversas
representações para uma mesma curva algébrica ou transcendente, evidenciando
a importância do uso de parâmetros nestas equações para as possíveis
representações gráficas da curva.
A análise epistemológica contribuiu para a compreensão dos fatores que
interferem no processo de ensino-aprendizagem da geometria analítica.
224
Constatamos, na evolução histórica de incógnita, parâmetro, variável, equações
cartesiana, paramétrica ou polar, curvas planas algébricas e transcendentes, os
momentos de envolvimento dos diferentes registros de representação semiótica e
suas transformações.
2. Análise dos resultados em função dos fundamentos teóricos e
metodológicos.
Em nossa fundamentação teórica, as pesquisas de DUVAL (2003),
DOUADY (1986), DIAS (1998), BALACHEFF (1994) e ARTIGUE (1996) nos
subsidiaram para o desenvolvimento da pesquisa.
Em DUVAL (2003), encontramos alguns elementos teóricos sobre os
registros de representação semiótica, como a conversão entre os registros gráfico
e simbólico. Verificamos a importância das representações semióticas no
desenvolvimento do estudo de curvas planas, como a importância da apreensão
global e qualitativa sobre as representações gráficas de pontos e curvas com
relação às suas equações.
Em DOUADY (1986), a noção de mudança de quadros nos proporcionou o
desenvolvimento de uma seqüência de atividades no subquadro da geometria: o
da geometria analítica, com mudanças entre os quadros numérico, algébrico e de
funções. No quadro da geometria analítica, foi possível ao aluno o estudo de
algumas propriedades geométricas de pontos e curvas planas.
Em DIAS (1998), verificamos alguns problemas de articulação entre os
diferentes sistemas de representação como o simbólico e gráfico em geometria
analítica, abordados no quadro da flexibilidade entre os pontos de vista cartesiano
225
e paramétrico. Observamos que, para o aluno, um mesmo problema pode ser fácil
de um ponto de vista e difícil de outro, como na sessão III atividades 1e e 2c.
Em BALACHEFF (1994), obtivemos as noções da transposição informática
para a implementação da seqüência de atividades nas quais utilizamos um
ambiente informático com softwares gratuitos, como o plotador gráfico, Winplot, e
o construtor de GIF`s animados, GIF Animator, usados como ferramentas
facilitadoras para as representações gráficas de pontos e curvas no plano.
Consideramos não somente as concepções do professor, mas também as
representações dos softwares e sua interface na transposição informática como
um papel fundamental nesta pesquisa.
Como metodologia de pesquisa, utilizamos alguns elementos de uma
Engenharia Didática segundo ARTIGUE (1996). Foi possível elaborar e aplicar
uma seqüência didática e, posteriormente, fazer uma análise dos dados
coletados, no confronto entre as análises a priori e a posteriori. Estes resultados
permitiram a validação das hipóteses formuladas e, conseqüentemente, encontrar
respostas à nossa questão de pesquisa.
3. Análise dos resultados em função das hipóteses de pesquisa.
Nossa pesquisa propiciou resultados importantes, no confronto entre as
análises a priori e a posteriori da seqüência didática.
Com a articulação entre os pontos de vista cartesiano e paramétrico e as
conversões entre os registros de representação da linguagem Winplot, a gráfica e
a simbólico-algébrica, foi possível ao aluno desenvolver atividades de
representações gráficas de ponto, reta, parábola e outras curvas planas,
226
possibilitando a ele refletir sobre a correlação entre algumas propriedades
geométricas de curvas planas e suas equações cartesianas ou paramétricas,
mesmo de maneira implícita.
As atividades que englobam desde a família de pontos a um parâmetro até
os gráficos de algumas curvas planas parametrizadas possibilitaram ao aluno
construir em um ambiente informático e com o uso de softwares gratuitos como o
Winplot e o GIF Animator, a construção destes gráficos. Estes programas
facilitaram a compreensão da noção de parâmetro.
As construções gráficas de algumas curvas planas com a variação dos
valores reais de parâmetros, em suas equações, para o desenvolvimento de um
GIF animado, permitiram ao aluno observar os efeitos geométricos provocados
pela sua variação e favoreceram o entendimento da noção de parâmetro.
O acesso a algumas curvas, historicamente famosas, evidenciou as
dificuldades encontradas pelos matemáticos, desde os diversos cálculos para se
estabelecer uma equação que represente a curva até a sua construção gráfica
com papel, lápis e instrumentos de medida. Foi possível ao aluno, a partir destas
equações, observar que o uso de parâmetros estabelece uma identificação
significativa entre os gráficos e as equações de algumas curvas planas.
Por fim concluímos que as hipóteses formuladas permitiram obter
resultados que favorecem ao aluno o entendimento da noção de parâmetro na
geometria analítica.
4. Questões futuras para o ensino e aprendizagem da noção de parâmetro
na geometria analítica.
Na seqüência didática, foram propostas atividades com ou sem a
227
interferência de um ambiente informático, investigando se este ambiente permite
ao aluno reconhecer algumas propriedades de curvas, por meio de
representações e interpretações gráficas, com o uso de parâmetros, para uma
melhor compreensão de suas equações.
Na sessão I, sem o ambiente informático, comprovou-se, em parte, a
dificuldade existente na conversão do registro gráfico para o registro simbólico de
reta e parábola no ponto de vista cartesiano. E, na sessão II, comprovou-se em
parte a dificuldade existente da transformação de uma representação simbólico-
tabular para uma representação simbólico-algébrica no ponto de vista
paramétrico, um tratamento no sistema simbólico.
Para futuras pesquisas sobre o uso de equações cartesianas ou
paramétricas sem influência de um ambiente informático, sugerimos atividades
em situações de referência com a articulação entre os pontos de vista paramétrico
ou cartesiano e as transformações em registros semióticos, visto que, nesta
pesquisa, trabalhamos apenas com um caso na sessão II.
Observamos que a atividade proposta poderia ter sido reformulada para um
outro contexto ou as coordenadas das posições dos mísseis poderiam ter sido
alteradas. Como a atividade era idêntica, o interesse em resolvê-la mesmo no
ambiente informático foi pequeno por parte do aluno. De qualquer modo,
identificou-se que é possível desenvolver outras atividades que utilizem equações
paramétricas da reta. O ponto de vista paramétrico se mostrou mais fácil para o
aluno neste caso.
No geral, ao explorar equações paramétricas ou cartesianas em atividades
desenvolvidas para um ambiente informático, foi favorável ao aluno para o
entendimento da noção de parâmetro.
228
Na pesquisa, identificamos o parâmetro em equações como uma variável
auxiliar, com valores conhecidos, o que difere de uma variável com valores
desconhecidos.
Em uma das sessões, sobre representações gráficas de outras curvas
planas famosas na história da geometria analítica, comentada anteriormente,
observou-se que os alunos ficaram entusiasmados. Era como se as curvas
estivessem sendo redescobertas ali, naquele momento.
É oportuno propor para futuras pesquisas o levantamento histórico, pelo
aluno, de cada uma das curvas planas algébricas e transcendentes com o
objetivo de explicitar as suas propriedades geométricas, articulando-se com os
diferentes pontos de vista, como paramétrico, cartesiano ou polar e as
transformações em registros de representação semiótica, favorecendo o
entendimento da noção de incógnita, parâmetro e variável.
Por fim, também com o uso de softwares gratuitos como o Winplot e o GIF
Animator, sugerimos, em futuras pesquisas, o estudo, na geometria analítica, de
superfícies no espaço.
229
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMOULOUD, Saddo Ag. Fundamentos de Didática da Matemática, São
Paulo: Programa de Estudos Pós-graduados em Educação Matemática/PUC,
2000.
ARTIGUE, M., Engenharia Didática. In: Didática das Matemáticas, BRUN, J.
(org). Lisboa: Instituto Piaget , 1996, p. 193-217.
BALACHEFF, N. La transposition informatique note sur um nouveau
probleme pour la didactique vingt ans de didactique dês mathematiques em
France, p.364-370, Grenoble : La Pensée Sauvage Editions, 1994.
BATISTA et al.. Avaliar é Preciso: o caso de softwares educacionais para
Matemática no Ensino Médio. In Workshop de Ciências da Computação e
Sistemas da Informação da Região Sul - WorkComp Sul, 1, 2004, Palhoça,
SC. Anais...Palhoça, SC: UNISUL, 2004.
BIANCHINI, L. B. ; ALMOULOUD, S. A.. O erro ligado ao ensino/aprendizagem
de sistemas lineares. PUC – SP, 1995.
BOYER, Carl B. História da Matemática. São Paulo: Edgard Blucher, 1996.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica.
Parâmetros Curriculares do Ensino Médio: ciências da natureza,
matemática e suas tecnologias. Brasília: MEC/Semtec. 1999.
______. PCNEM plus Ensino Médio: orientações educacionais
complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: MEC/Seb,
2004.
______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Orientações
Curriculares para o Ensino Médio: ciências da natureza, matemática e suas
tecnologias. Brasília: MEC/Seb, v.2, 135p., 2006.
DIAS, M. A. Les problemes d'articulation entre points de vue "cartesien" et
"parametrique" dans l'enseignement de l'algebre lineaire.
Univesité de Paris VII – Denis Diderot, 1998.
DI PINTO, Marco Antonio. Ensino e aprendizagem da Geometria Analítica: as
pesquisas brasileiras na década de 90. São Paulo: PUC/SP 2000. Dissertação
de mestrado. Orientador: Silvia D. A. Machado.
DORIER, J. L . État de l’art de la recheche em Didactique à propôs de
l’enseignement de l’algèbre linéaire. RDM, vol. 18, nº 2, pp. 191-230, 1998.
230
DOUADY, R. Jeux de cadre et dialectique outil-object. Recherche en
Didactique des Mathématiques. Grenoble: La Pensée Sauvage-Éditions, v.
7.2, p. 5-31, 1986.
DUVAL, R. Graphiques et Equations: L’Articullation de deux registres. Annales
de Didactique et Sciences Cognitives. IREM de Strasbourg. 1988, p. 235-253.
____________ . Registros de Representações Semióticas e Funcionamento
Cognitivo da Compreensão em Matemática In: Aprendizagem em matemática:
registros de representação semiótica.1 ed.Campinas : Papirus, 2003, v.1, p.
11-33.
EVES, Howard. Introdução à História da Matemática. Trad. Hygino H.
Domingues. São Paulo: Editora da Unicamp, 2004.
FREITAS, Ivete Mendes. Resolução de sistemas Lineares parametrizados e
seu significado para o aluno.São Paulo: PUC, 1999.Dissertação de mestrado.
Orientador: Silvia D. A. Machado.
GRAVINA, M. A. A aprendizagem da matemática em ambientes
informatizados - acta do IV Congresso Ibero-americano de Informática na
Educação, Brasília, 1998.
JESUS, A. R. de; SANTOS, M.M.G.; Visualizando Funções com o Winplot.
Belo Horizonte-MG, UFMG, I Bienal da SBM, 2002.
JESUS, A. R.; SOARES, E. P. Gráficos animados no Winplot. Revista do
Professor de Matemática, v. 56, p. 34-44, 2005.
LEHMANN, Charles H. Geometria Analítica. Trad. Ruy Pinto da Silva
Sieczkowski. Porto Alegre: Editora Globo, 1970.
MACHADO, Silvia Dias de Alcântara (Org.). Aprendizagem em matemática:
Registros de representação semiótica. São Paulo: Papirus, 2003.
MORETTI, M. T. A Translação como recurso no esboço de curvas por meio da
interpretação global de propriedades figurais In: Aprendizagem em matemática:
registros de representação semiótica.1 ed.Campinas : Papirus, 2003, v.1, p.
149-160.
PAIVA, Manoel. Matemática.2 ed.São Paulo: Moderna, 2003.
PARRIS, Richard. Softwares Peanut: Winplot. Disponível em
<http://www.exeter.edu/pages/index.html >. Acesso em 05 de março de 2005.
SECRETARIA DA EDUCAÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO, Proposta
Curricular para o Ensino de Matemática; grau, Edição. São Paulo:
Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas (CENP), 1992.
231
SHIKIN, Eugene V. Handbook and atlas of curves. Boca Raton, Flórida: CRC
Press, 1995.
SIDERICOUDES, O. A Formalização de Conceitos da Geometria Analítica através
do Micromundo Logo. In: Congresso Ibero-Americano de Informática Educativa -
RIBIE98, 1997, Brasília. Anais do Congresso Ibero-Americano de Informática
Educativa - RIBIEee98 - Brasília., 1998.
SILVA, C. M.S.. O Desenvolvimento da Geometria Analítica e A Influencia de
Descartes e Euler Na Obra de Auguste Comte.1994. Disponível em
<http://www.ufes.br/circe/artigos/artigo65.htm >. Acesso em 30/06/2006.
VENTURI, Jacir J..Álgebra Vetorial e Geometria Analítica, 8ª ed., Curitiba:
Positivo, 2003.
______________. Cônicas e Quádricas, 5ª ed., Curitiba: Positivo, 2003.
232
ANEXOS
233
ANEXO 1:SESSÃO I
SESSÃO I : ATIVIDADE 1
a) Considere as coordenadas dos seguintes pontos A=(1;2), B=(2;3),
C=(2;1), D=(-3;0) , E=(-4;-3). Sabe-se que 3 deles estão alinhados.
Represente os pontos no plano cartesiano e justifique quais são estes 3
pontos que estão alinhados:
Resp.:____________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
b) Existem outros pontos de coordenadas (x,y) que continuam alinhados
com os três anteriores e possuem uma relação entre as variáveis x e y .
Represente-os no plano cartesiano, apresentado anteriormente, e
escreva pelo menos outros três pontos deste alinhamento.
6 5 4 3 2 1 1 2 3 4 5 6
5
4
3
2
1
1
2
3
4
5
x
y
234
Resp.:____________________________________________________________
_________________________________________________________________
c) Desta relação entre as variáveis x e y obtém-se uma equação algébrica.
Utilize o rascunho, caso necessário, e escreva abaixo esta equação.
Resp.:____________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
Rascunho:
235
SESSÃO I: ATIVIDADE 2
a) Considere as coordenadas dos seguintes pontos A=(-2;4), B=(2;4),
C= (-5;6), D=(3;9), E=(6;-5) e F=(-1,1). Sabe-se que 4 deles pertencem ao
gráfico de uma parábola. Represente os pontos no plano cartesiano e
justifique quais são estes 4 pontos que pertencem a parábola:
Resp.:____________________________________________________________
_________________________________________________________________
b) Existem outros pontos de coordenadas (x,y) que pertencem ao gráfico da
parábola com os quatro pontos anteriores e possuem uma relação de
dependência entre as variáveis x e y. Represente-os no plano cartesiano,
apresentado anteriormente e escreva pelo menos outros três pontos desta
parábola.
9 −8 7 6 −5 4 3 −2 1 1 2 3 4 5 6 7 8 9
10
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
1
2
3
4
5
6
7
8
9
x
y
236
Resp.:____________________________________________________________
_________________________________________________________________
c) Desta relação entre as variáveis x e y obtém-se uma equação algébrica.
Utilize o rascunho, caso necessário, e escreva abaixo esta equação.
Resp.:____________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
Rascunho:
237
SESSÃO I: ATIVIDADE 3
a) Considerando o gráfico da reta apresentado abaixo e os pontos de
coordenadas (x,y) que pertencem à reta, escreva pelo menos cinco pontos
desta reta.
Resp.:____________________________________________________________
_________________________________________________________________
b) Deste gráfico e da relação de dependência entre as coordenadas dos
pontos que pertencem à reta, obtém-se uma equação algébrica. Utilize o
rascunho, caso necessário, e escreva abaixo esta equação.
Resp.:_______________________________________________________
−4.0 −3.0 −2.0 −1.0 1.0 2.0 3.0 4.0
5.0
−3.0
−2.0
−1.0
1.0
2.0
3.0
4.0
5.0
6.0
x
y
Rascunho:
238
c) Considerando o gráfico da parábola apresentado abaixo e os pontos de
coordenadas (x,y) que pertencem a ela, escreva pelo menos cinco pontos
desta parábola.
Resp.:____________________________________________________________
_________________________________________________________________
d) Deste gráfico e da relação de dependência entre as coordenadas destes
pontos que pertencem à parábola, obtém-se uma equação algébrica.
Escreva abaixo esta equação. Utilize o rascunho, caso necessário, e
escreva abaixo a equação.
Resp.:____________________________________________________________
____________________________________________________________
−4.0 −3.0 −2.0 −1.0 1.0 2.0 3.0 4.0
5.0
−1.0
1.0
2.0
3.0
4.0
5.0
6.0
7.0
8.0
9.0
10.0
x
y
Rascunho:
239
ANEXO 2: SESSÂO II
SESSÃO II: ATIVIDADE 1
Seja o seguinte problema: Roberta e Alexandre estão participando de um
jogo semelhante a uma batalha naval. Os dois jogadores estão localizados na
mesma planilha, representados pelos pontos A (Alexandre) e R (Roberta). Ambos
têm como objetivo, com um míssel cada, atingir o submarino “S”.
A planilha cobre uma área de 400
2
km
e mostra uma espécie de mapa
cartesiano da região: a imagem que aparece na tela é uma janela de [-10,10] por
[-10,10], conforme mostra o esquema abaixo.
Vamos considerar que Alexandre e Roberta se encontram nas posições,
respectivamente, de coordenadas A=(-8;9) e R=(-7;-9) de onde lançam os mísseis
simultaneamente, como momento inicial (t = 0), e de coordenadas (-3;7) e (-4;-6)
um minuto mais tarde (t = 1) após o lançamento.
Coordenadas em t=0
Coordenadas em t=1
Míssel A
(-8; 9) (-3;7)
Míssel R
(-7;-9) (-4;-6)
Explorando os dados fornecidos nesta tabela, a seguir responda:
10 −9 −8 7 6 5 −4 −3 −2 1 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
x
y
A
S
R
240
a) Quem realmente consegue atingir o alvo, no caso o submarino “S”?
Justifique.
Resp.:____________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
b) A tabela abaixo mostra as coordenadas x e y do míssel A, em cada
instante de tempo indicado. Sabendo que o míssel se desloca com
velocidade constante, complete esta tabela.
c) Use a tabela obtida no item anterior, para expressar a coordenada x do
míssel “A” em função do tempo t. Faça o mesmo para a coordenada y.
Resp.:____________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
t x y
0
-8
9
1
-3
7
2
3
4
5
Rascunho:
Rascunho:
241
d) Use as equações obtidas no item anterior e responda qual a posição
(coordenadas) do míssel “A”, decorridos 2 minutos após o início do
lançamento?
Resp.:____________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
e) A tabela abaixo mostra as coordenadas x e y do míssel “R”, em cada
instante de tempo indicado. Sabendo que o míssel se desloca com
velocidade constante, complete esta tabela.
f) Use a tabela obtida no item anterior, para expressar a coordenada x do
míssel “R” em função do tempo t. Faça o mesmo para a coordenada y.
Resp.:____________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
t x y
0
-7
-9
1
-4
-6
2
3
4
5
Rascunho:
Rascunho:
242
g) Use as equações obtidas no item anterior e responda qual a posição
(coordenadas) do míssel R”, decorridos 2 minutos após o início do
lançamento?
Resp.:____________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
h) É necessário que Alexandre ou Roberta alterem a rota de algum dos
mísseis para que o submarino seja atingido? Justifique.
Resp.:____________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
i) Alexandre ou Roberta atingiram o submarino? Se afirmativo, quantos
minutos foram necessários?
Resp.:____________________________________________________________
_________________________________________________________________
Rascunho:
Rascunho:
Rascunho:
243
ANEXO 3: SESSÃO III
SESSÃO III: Atividade 1
a) Represente os pontos A=(1;2), B=(2;3), C=(2;1), D=(-3;0) , E=(-4;-3) no
plano cartesiano do software Winplot. Sabendo-se que 3 deles estão
alinhados, quais são estes 3 pontos?
Resp.:____________________________________________________________
_________________________________________________________________
b) Represente o ponto F=(t;1+t) no Winplot. Observe que ao clicar “ok” temos
o ponto F=(0;1). Que valor assumiu o parâmetro “t”?
Resp.:__________________________________________________________
c) Faça variações nos valores de “t” e, em seguida, determine:
c1) Qual o valor de “t” para obter o ponto B?_______________________
c2) Qual o valor de “t” para obter o ponto E?_______________________
d) Mantendo os pontos representados anteriormente no Winplot, represente o
ponto G=(3+a;4+a) e clique em “família”. Na nova janela, faça as seguintes
opções “a”, mínimo= - 7, máximo=0, passos=10, retraso=10. Clique em
“olhar” e “definir”, observe os pontos representados na tela e, em seguida,
aumente os passos para 100 e retraso para 100 e clique em “definir”.
Descreva o que você observa:
Resp.:____________________________________________________________
_________________________________________________________________
e) Observando os pontos da atividade 1, escreva uma equação paramétrica
((x;y)=(f(t);g(t)) ou cartesiana (y=f(x)) da reta que contenha três destes
pontos.
244
Resp.:__________________________________________________________
f) Utilizando o Winplot, verifique se sua resposta está correta.
Sim ( ) ou não ( )? Caso não, procure reescrever a equação da reta que
contenha pelo menos três dos pontos do item a.
Salve como “ativ1G...” seguido do número do grupo.
SESSÃO III: Atividade 2
a) Represente no Winplot os pontos A=(-2;4), B=(1;3), C=(3;9), D=(-5;6),
E=(-2;-5) e F=(-1,1). Sabe-se que 3 deles pertencem ao gráfico de uma
parábola. Represente o ponto G=
2
( ; )
a a
. Observe que ao clicar “ok” temos
o ponto G=(0;0). Altere os valores de
a
”. Observe os pontos obtidos e
escreva os três pontos que pertencem à parábola.
Resp.:_______________________________________________________
b) Utilizando o ponto G=
2
( ; )
a a
represente uma família de pontos que
pertence à parábola. Descreva o que você observa:
Resp.:_______________________________________________________
_______________________________________________________________
___________________________________________________________
c) Represente a parábola desta atividade 2 na forma de equação
paramétrica ou equação cartesiana.
Resp.:__________________________________________________________
_______________________________________________________________
d) Utilizando o Winplot, verifique se sua resposta está correta.
Sim ( ) ou não ( )? Caso não, procure reescrever a equação da parábola
que contenha pelo menos três dos pontos do item a.
Salve como “ativ2G...” seguido do número do grupo.
245
SESSÃO III: Atividade 3
a) Escreva a equação na forma “paramétrica” x= t e y= 1+t, “t mín” 0 e “t máx”
3. Observe o gráfico representado por esta equação. O que representa
este gráfico? Quais as coordenadas dos pontos extremos (início e final) do
gráfico representado?
Resp.:____________________________________________________________
________________________________________________________
b) Acrescente um novo parâmetro “k” à equação paramétrica anterior obtendo
x=kt e y=1+kt, Observe que o gráfico desapareceu. Faça variações
determinando quais devem ser os valores do parâmetro k para obter os
instantes inicial e final da atividade anterior.
Resp.: _________________________________________________________
Salve como “ativ3aG...” seguido do número do grupo.
c) Escreva a equação do item a na forma cartesiana, com 0<x<3.
Resp.: _________________________________________________________
246
ANEXO 4: SESSÃO IV
SESSÃO IV: Atividade 1 (Ponto parametrizado)
Voltamos ao problema de Roberta e Alexandre que participam de um jogo.
Vamos recordar:
Os dois jogadores estão localizados em uma planilha, representados pelos
pontos “A” (Alexandre) e “R” (Roberta). Ambos têm como objetivo, com um míssel
cada, atingir o submarino “S”, fixo em um local de coordenadas (5;3),
considerando que cada míssel viaja em linha reta com velocidade constante. A
tabela abaixo mostra as coordenadas (posição) dos dois mísseis no momento em
que começa o lançamento simultâneo, isto é, o momento inicial (t = 0), e um
minuto mais tarde (t = 1) após os lançamentos.
Coordenadas em t=0
Coordenadas em t=1
Míssel A
(-8;9) (-3;7)
Míssel R
(-7;-9) (-4;-6)
Explorando os dados fornecidos nesta tabela e utilizando o Winplot, faça o
que se pede:
No Winplot, em ponto (x,y) represente as coordenadas dos aviões A e R
em função do parâmetro t ((x;y)=(f(t);g(t)), variando o parâmetro “t” e responda:
a) Alexandre ou Roberta atingiram o submarino? Se afirmativo, quantos minutos
foram necessários?
Resp.:____________________________________________________________
_________________________________________________________________
b) É necessário que Alexandre ou Roberta alterem as suas rotas para atingirem o
alvo? Se afirmativo, qual deverá ser a nova rota?
Resp.:____________________________________________________________
_________________________________________________________________
Salve como “ativ1G...” seguido do número do grupo.
247
SESSÃO IV: Atividade 2 (Curvas parametrizadas)
Na História, objetos matemáticos como as curvas, demoravam séculos de
estudos para que fossem representadas por alguns matemáticos através de
gráficos ou equações.
Hoje, com o auxílio de uma ferramenta computacional, como o Winplot, é
possível verificar a beleza e o encanto destas curvas, em forma de gráficos, de
maneira dinâmica e com facilidade.
Historicamente foi o uso de parâmetros nas equações que possibilitou a
representação gráfica destas curvas no plano.
Voltemos à atividade:
Utilizando as equações abaixo, faça as construções de seus respectivos
gráficos no Winplot. Em seguida, faça variações nos valores reais de seus
parâmetros para uma animação gráfica da curva no plano.
Salve cada item como “ativ2...” seguido do número do item e do grupo.
a) Conchóide de Nicomedes:
2 2 2 2 2
(x - b) . (x + y ) - (a x ) = 0
b) Ciclóide:
x=a(1-sin(t)) e y=a(1-cos(t))
c) Limaçon de Pascal:
(x
2
+ y
2
- 2ax)
2
= b
2
(x
2
+ y
2
)
d) Pérola de Sluze:
m n b
y = x (a - x)
e) Involuta de um Círculo:
x=a(cos(t) + t sin(t)) e y=a(sin(t) - t cos(t))
f) Lemniscata de Bernoulli:
2 2 2 2 2 2
(x + y ) = a (x - y )
248
g) Epiciclóide:
x = (a + b) cos(t) - b cos((a/b + 1)t) ; y=(a + b) sin(t) – b sin((a/b + 1)t)
h) Epitrocóide:
x= 14cos(t)-8cos(3.5t) e y= 14sin(t)-8sin(3.5t)
i) Hipociclóide:
x = (a - b) cos(t) + b cos((a/b - 1)t) ; y = (a - b) sin(t) - b sin((a/b - 1)t)
j) Hipotrocóide:
x=(a-b)cos(t)+ccos((a/b-1)t) ; y=(a-b)sin(t)-csin((a/b-1)t)
249
ANEXO 5: SESSÃO V
SESSÃO V: Construção de GIF`s animados.
Atividade 1 (sem o uso do computador)
a) Escreva as coordenadas de quatro pontos alinhados:
A=(__,___), B=(__,___), C=(__,___) e D=(__,___).
Se necessário utilize o campo quadriculado.
10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
x
y
250
b) Escreva as equações paramétricas da reta que contém estes pontos.
Resposta:____________________________________________________
c) Utilizando as equações paramétricas encontradas, complete a tabela
abaixo.
t x y
0
2
3
4
d) Quais são os respectivos valores de t para os pontos alinhados do item
1?
Para o ponto A temos t = _____
Para o ponto B temos t = _____
Para o ponto C temos t = _____
Para o ponto D temos t = _____
251
Atividade 2 (utilizando o computador)
Como já conhecemos algumas curvas famosas que foram desenvolvidas
ao longo da história da geometria analítica, vamos construir GIF´s animados
utilizando os softwares gratuitos Winplot e GIF Animator. Neste caso, escolha
qualquer uma das equações de curvas apresentadas abaixo e, em seguida,
construa um GIF animado.
O tridente de Descartes:
(a+x)(a-x)(2a-x)=axy
Cissóide de Dioclés:
2 3
y = (x )/(2a - x)
Conchóide de Nicomedes:
2 2 2 2 2
(x - b) . (x + y ) - (a x ) = 0
Quadratriz de Hípias:
y = xcot((pi)x/2a)
Hipérbole de Fermat:
m n
(x )(y )=a
Parábola de Fermat:
n m
y =ax
Curva de Agnesi:
2 2 3
y(x + a ) = a
Ciclóide :
x=a(1-sin(t)) e y=a(1-cos(t))
Limaçon de Pascal
(x
2
+ y
2
- 2ax)
2
= b
2
(x
2
+ y
2
)
Pérola de Sluze:
m n b
y = x (a - x)
Involuta de um Círculo:
x=a(cos(t) + t sin(t)) e y=a(sin(t) - t cos(t))
Parábola Divergente de Newton:
2 3 2
y =ax +bx +cx+d
252
Lemniscata de Bernoulli:
2 2 2 2 2 2
(x + y ) = a (x - y )
Epiciclóide:
x = (a + b) cos(t) - b cos((a/b + 1)t) ; y=(a + b) sin(t) – b sin((a/b + 1)t)
Epitrocóide:
x= 14cos(t)-8cos(3.5t) e y= 14sin(t)-8sin(3.5t)
Hipociclóide:
x = (a - b) cos(t) + b cos((a/b - 1)t) ; y = (a - b) sin(t) - b sin((a/b - 1)t)
Hipotrocóide:
x=(a-b)cos(t)+ccos((a/b-1)t) ; y=(a-b)sin(t)-csin((a/b-1)t)
Salve como “GIFG...” seguido do número do grupo.
O que é necessário para a construção do GIF animado de uma curva?
Justifique.
Resposta:_______________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
Quais os procedimentos que foram executados?
Resposta:_______________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
253
Convite
Convidamos você, aluno do 3º ano do Ensino Médio a participar do curso de
elaboração de GIF`s animados em um ambiente informático com base na geometria
analítica, com direito a certificado.
Este curso é parte integrante de um projeto de mestrado em educação matemática
da Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP.
Para o curso serão utilizados softwares gratuitos.
O curso terá duração de 7 semanas. Será aos sábados com início às 9:30 h. e
termino às 11:10h. Totalmente gratuito.
Com início previsto para 15 de abril de 2006.
Os interessados devem se inscrever com o coordenador da escola.
O curso será realizado no laboratório de informática da E.E. Gal. José Artigas.
254
Esse documento certifica que
______________________,
participou do curso “elaboração de GIF`s animados em um ambiente informático com base na
geometria analítica”, proferido pelo Professor Mestrando Carlos Roberto da Silva da Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo, realizado na E.E. Gal. José Artigas, no período de 15/04/2006 a
10/06/2006, carga horária de 10 horas.
Diadema, 10 de junho de 2006.
_________________ _________________
Diretor(a) da Escola Professor
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo