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AUREA PORTES FERRIANI
ESTAQUIA DE VASSOURÃO-BRANCO (Piptocarpha angustifolia
DUSÉN) COM USO DE ÁCIDO INDOL BUTÍRICO
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Agronomia, área de concentração em
Produção Vegetal, Departamento de Fitotecnia e
Fitossanitarismo, Setor de Ciências Agrárias,
Universidade Federal do Paraná, como requisito
parcial à obtenção do título de Mestre em Ciências.
Orientadora: Prof
a
. Dr
a
. Katia Christina Zuffellato-Ribas
Co-orientadores: Prof. Dr. Henrique Soares Koehler
Dr. Antonio Aparecido Carpanezzi
CURITIBA
2006
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Livros Grátis
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Milhares de livros grátis para download.
Aos meus pais Emília e Adúlio e aos meus irmãos Emerson e
Leandro que, pela convivência amorosa e digna, me ensinaram
a lutar honestamente pelos meus objetivos;
Ao grande parceiro Emi, pelo amor e apoio incondicionais;
Aos meus filhos Gabriel e André pela compreensão e por
sempre me inspirarem a fé num mundo melhor.
Dedico
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AGRADECIMENTOS
A Deus pelos dons concedidos.
Aos professores do Curso de Mestrado em Agronomia da Universidade
Federal do Paraná: Adriana Martinelli Seneme, Antonio Carlos Nogueira, Cícero
Deschamps, Flávio Zanette, Francine Lorena Cuquel, Henrique Soares Koehler e
Katia Christina Zuffellato-Ribas;
Às colegas do Departamento de Fitotecnia e Fitossanitarismo Marisa Oliveira,
Lucimara Antunes e Maria de Lourdes da Silva Wos pela atenção, auxílio e simpatia
de sempre;
À Professora Cleusa Bona e Juliana Mayer pela assistência nas análises
anatômicas;
Ao Sr. Edson Luiz e Camila Terezinha do Instituto Ambiental do Paraná pelas
informações e envio de material essencial ao trabalho; à Professora Yoshiko Saito
Kunyoshi e Sr. JoIco da Silva do Laboratório de Sementes Florestais pelo auxílio
durante os experimentos;
Aos colegas da Embrapa Florestas Ivar Wendling, Marcos Raschwal, Paulino
Graaf, Carlos Amílcar de Carvalho Silva, Vero Oscar Cardoso dos Santos, Leonides
de Jesus Tanner, Wilson Maschio, Irineu Antonio Olinisky, Rafael Possete, Dant de
Oliveira Macedo e Lucas Batista Crivelari pela ajuda tão valiosa;
Às bibliotecárias Simone Amadeu e Simone Sopchaki pelo auxílio durante a
pesquisa e revisão deste trabalho;
À minha orientadora Prof
a
. Dr
a
. Katia Christina Zuffellato-Ribas pela amizade e
atenção constantes, às caríssimas “Zuffelletes” e aos meus co-orientadores Dr.
Henrique Soares Koehler e Antonio Aparecido Carpanezzi pelo apoio ao longo do
desenvolvimento da pesquisa;
A todos os valiosos companheiros encontrados durante a jornada do
Mestrado, em especial à Michele Fernanda Bortolini que compartilhou comigo as
alegrias e angústias da vida acadêmica.
À CAPES, FINEP, CT INFRA e Embrapa Florestas pelo apoio financeiro e
logístico concedido a esta pesquisa.
“A natureza é o reino da liberdade e, para
descrever com toda intensidade as concepções
e as possibilidades de gozo, despertadas por
uma apreciação profunda da natureza, seria
preciso, igualmente, dar ao pensamento uma
expressão livre e nobre, em harmonia com a
grandeza e majestade da Criação.”
Alexander Humboldt, 1855
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS ...........................................................................................
..
vii
LISTA DE FIGURAS ..............................................................................................
ix
LISTA DE ANEXOS ............................................................................................. xi
RESUMO................................................................................................................
xii
ABSTRACT............................................................................................................ xiii
1 INTRODUÇÃO GERAL ...................................................................................... 1
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................... 3
2.1 Caracterização da espécie............................................................................... 3
2.2 Estaquia …………………………………………………………………………….. 5
2.3 Fatores internos relacionados ao enraizamento de estacas............................ 6
2.4 Tratamento com reguladores vegetais.. ………………………………………….
8
2.5 Fatores externos relacionados ao enraizamento de estacas ……………... ......
9
2.6 Rejuvenescimento …………………………………………………………………. 12
REFERÊNCIAS...................................................................................................... 13
3 CAPÍTULO I: ENRAIZAMENTO DE ESTACAS SEMILENHOSAS DE
BROTAÇÕES DO ANO DE Piptocarpha angustifolia
DUSÉN (ASTERACEAE) COM USO DE ÁCIDO INDOL
BUTÍRICO..............................................................................
19
RESUMO ...............................................................................................................
19
ABSTRACT............................................................................................................ 20
3.1 INTRODUÇÃO................................................................................................. 21
3.2 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................ 24
3.2.1 Estaquia ........................................................................................................
24
3.2.2 Análises anatômicas .....................................................................................
26
3.2.3 Análises bioquímicas de açúcares totais e proteínas....................................
26
3.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................
27
3.3.1 Estaquia ........................................................................................................
27
3.3.1.1 Primavera de 2004 .................................................................................... 27
3.3.1.2 Verão de 2005............................................................................................ 28
3.3.1.3 Outono de 2005 .........................................................................................
28
3.3.1.4 Inverno de 2005..........................................................................................
29
3.3.2 Análises anatômicas......................................................................................
30
3.3.3 Análises bioquímicas de açúcares totais e proteínas....................................
40
3.4 CONCLUSÕES ............................................................................................... 42
REFERÊNCIAS .....................................................................................................
43
4 CAPÍTULO II:
ENRAIZAMENTO DE ESTACAS SEMILENHOSAS DE
BROTAÇÕES DE CEPA DE Piptocarpha angustifolia
DUSÉN (ASTERACEAE) COM O USO DE ÁCIDO INDOL
BUTÍRICO...............................................................................
47
RESUMO ...............................................................................................................
47
ABSTRACT .......................................................................................................... 48
4.1 INTRODUÇÃO................................................................................................. 49
4.2 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................ 51
4.2.1 Estaquia.........................................................................................................
51
4.2.2 Análises bioquímicas de açúcares totais e proteínas ...................................
52
4.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................
53
4.3.1 Estaquia ........................................................................................................
53
4.3.1.1 Verão de 2005 ........................................................................................... 53
4.3.1.2 Outono de 2005 .........................................................................................
54
4.3.1.3 Inverno de 2005 .........................................................................................
56
4.3.2 Análises bioquímicas de açúcares totais e proteínas....................................
57
4.4 CONCLUSÕES ............................................................................................... 59
REFERÊNCIAS .....................................................................................................
60
5 CAPÌTULO III
MINIESTAQUIA DE Piptocarpha angustifolia DUSÉN COM
O USO DE ÁCIDO INDOL BUTÍRICO.....................................
62
RESUMO ...............................................................................................................
62
ABSTRACT............................................................................................................ 63
5.1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 64
5.2 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................ 66
5.2.1 Produtividade de brotações...........................................................................
66
5.2.2 Enraizamento de miniestacas……………….…………………..……………… 66
5.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ….……………………………...……………..... 67
5.3.1 Produtividade de brotações...........................................................................
67
5.3.2 Enraizamento de miniestacas…..………………….…………………………… 69
5.4 CONCLUSÃO...................................................................................................
73
REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 74
CONSIDERAÇÕES GERAIS..........…….....………………....…………...……….... 76
6 CONCLUSÃO GERAL ........................................................................................
80
LISTA DE TABELAS
TABELA 1
Análise de variância das porcentagens de estacas de Piptocarpha
angustifolia Dusén com calos e mortas, na primavera (novembro
de 2004)...........................................................................................
27
TABELA 2
Comparação de médias das porcentagens de estacas
Piptocarpha angustifolia Dusén com calos e mortas, na primavera
(novembro de 2004).........................................................................
27
TABELA 3
Análise de variância das porcentagens de estacas de Piptocarpha
angustifolia Dusén vivas e mortas no outono (maio de
2005)................................................................................................
28
TABELA 4
Comparação de médias das porcentagens de estacas de
Piptocarpha angustifolia Dusén vivas e mortas provenientes de
plantas adultas em cada tratamento, no outono (maio de
2005)................................................................................................
29
TABELA 5
Análise de variância das porcentagens de estacas de Piptocarpha
angustifolia Dusén enraizadas, com calos, vivas e mortas
provenientes de brotações de cepa, no verão (fevereiro de 2005)..
53
TABELA 6
Comparação de médias das porcentagens de estacas de
Piptocarpha angustifolia Dusén enraizadas, com calos, vivas e
mortas provenientes de brotações de cepa, no verão (fevereiro de
2005)................................................................................................
53
TABELA 7
Análise de variância das porcentagens de estacas de Piptocarpha
angustifolia Dusén com calos, vivas e mortas provenientes de
brotações de cepa no outono (maio de 2005).................................
55
TABELA 8
Comparação de médias das porcentagens de estacas de
Piptocarpha angustifolia Dusén com calos, vivas e mortas
provenientes de brotações de cepa, no outono (maio de 2005)......
55
TABELA 9
Análise de variância das porcentagens de estacas de Piptocarpha
angustifolia Dusén com calos, vivas e mortas provenientes de
brotações de cepa, no inverno (agosto de
2005)................................................................................................
56
TABELA 10
Comparação de médias das porcentagens de estacas de
Piptocarpha angustifolia Dusén com calos, vivas e mortas
provenientes de brotações de cepa, no inverno (agosto de
2005)................................................................................................
56
TABELA 11
Produtividade de brotações de Piptocarpha angustifolia Dusén
por plântula, em cada coleta, durante as épocas outono e
primavera de 2005...........................................................................
68
TABELA 12
Análise de variância das porcentagens de miniestacas
enraizadas, com calos, vivas e mortas de Piptocarpha angustifolia
Dusén, no inverno (agosto de 2005)................................................
69
TABELA 13
Comparação de médias das porcentagens de miniestacas de
Piptocarpha angustifolia Dusén enraizadas, com calos, vivas e
mortas, no inverno (agosto de 2005)...............................................
70
TABELA 14
Análise de variância para número médio de raízes e média das
três maiores raízes em miniestacas de Piptocarpha angustifolia
Dusén...............................................................................................
71
TABELA 15
Comparação de médias para número médio de raízes e
comprimento médio das três maiores raízes de miniestacas de P.
angustifolia Dusén............................................................................
72
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 Vista geral das secções transversais da base das estacas
caulinares semilenhosas de Piptocarpha angustifolia Dusén:
Primavera/2004 (A); Verão/2005 (B); Outono/2005 (C);
Inverno/2005 (D). Barra = 200 µm....................................................
32
FIGURA 2 Detalhes das secções transversais da base das estacas
caulinares semilenhosas de Piptocarpha angustifolia Dusén:
Primavera de 2004 (A); Verão de 2005 (B); Outono de 2005 (C);
Inverno de 2005 (D). Barra = 100 µm...............................................
33
FIGURA 3 Testes com lugol para detecção de amido em secções
transversais da base das estacas caulinares semilenhosas de
Piptocarpha angustifolia Dusén: Primavera de 2004 (A); Verão de
2005 (B); Outono de 2005 (C); Inverno de 2005 (D). Barra = 50
µm.....................................................................................................
35
FIGURA 4
Testes microquímicos com cloreto férrico em secções
transversais da base das estacas semilenhosas de Piptocarpha
angustifolia Dusén na primavera de 2004 (A); verão de 2005 (B);
Outono (C); inverno (D). Deposição de substância preexistente
(setas). Barra = 50 µm......................................................................
37
FIGURA 5 Primórdio radicial em secção transversal da base de estaca
semilenhosa de Piptocarpha angustifolia Dusén. Barra = 200 µm
(A); Barra =100 µm (B); Barra = 100 µm (C). Elemento de vaso
obliterado por mucilagem. Barra = 25 µm (D)...................................
39
FIGURA 6
Teores de açúcares totais e proteínas em estacas de Piptocarpha
angustifolia Dusén provenientes de plantas matrizes adultas na
primavera de 2004, verão, outono e inverno de
2005..................................................................................................
41
FIGURA 7
Teores de açúcares totais e proteínas em estacas de P.
angustifolia provenientes de rebrota no verão, outono e inverno de
2005..................................................................................................
58
FIGURA 8
Porcentagens de estacas de Piptocarpha angustifolia Dusén com
calos, vivas e mortas provenientes de brotações do ano em todas
as épocas avaliadas..........................................................................
76
FIGURA 9
Porcentagens de estacas de Piptocarpha angustifolia Dusén com
calos, vivas e mortas provenientes de brotações de cepa em todas
as épocas avaliadas..........................................................................
77
FIGURA 10
Porcentagens de miniestacas de Piptocarpha angustifolia Dusén
com calos, vivas e mortas provenientes de plântulas no inverno
(junho/2005)......................................................................................
78
FIGURA 11
Porcentagens de estacas de Piptocarpha angustifolia Dusén
provenientes de plântulas (miniestacas), poda (brotações de cepa)
e brotações do ano (adultas) enraizadas, com calos, vivas e
mortas, no inverno de 2005........................................
79
LISTA DE ANEXOS
ANEXO 1
Piptocarpha angustifolia, Colombo – PR, 2004. Planta matriz adulta
(A); Rebrota de touça (B); Instalação do experimento de estaquia
(C); Estaca proveniente de rebrota enraizada (verão de 2005)
(D).......................................................................................................
82
ANEXO 2
Material juvenil de Piptocarpha angustifolia. Minicepas com
brotações (A); Minijardim clonal (B); Miniestacas enraizadas
(C)........................................................................................................
83
ANEXO 3
Precipitações e temperaturas médias mensais no período de março
de 2004 a agosto de 2005, registradas pela estação meteorológica
de Curitiba e fornecidas pelo SIMEPAR, 2005....................................
84
ANEXO 4
Precipitação mensal, temperaturas médias, dia das mínimas e
média das máximas no período de março de 2004 a agosto de
2005, registradas pela estação meteorológica de Curitiba e
fornecidas pelo SIMEPAR, 2005.........................................................
85
RESUMO
Piptocarpha angustifolia Dusén (Asteraceae) é uma espécie arbórea nativa pioneira,
pertencente à Floresta Ombrófila Mista (Floresta com Araucária), com potencial
ambiental para recuperação de ecossistemas degradados e econômico em plantios
para produção madeireira. Apresenta formação de poucas sementes viáveis, com
tamanho reduzido (< 3mm), o que dificulta sua coleta. Este trabalho teve como
objetivo verificar a resposta de enraizamento de estacas semilenhosas de brotações
do ano provenientes de plantas matrizes adultas, brotações de cepa e miniestacas
de plântulas coletadas em diferentes épocas, no município de Colombo, estado do
Paraná, Brasil, submetidas a tratamentos com uso de soluções alcoólicas do
regulador vegetal ácido indol butírico: 0, 500, 1000, 1500 e 3000mgL
-1
IBA. Foram
avaliadas as porcentagens de estacas enraizadas, com calos, vivas e mortas num
delineamento experimental inteiramente casualizado (DIC) composto por quatro
repetições de 20 estacas por tratamento. Análises anatômicas e bioquímicas de
açúcares totais e proteínas foram realizadas. Não houve resposta de enraizamento
adventício para estacas coletadas de brotações do ano de plantas matrizes adultas
e de brotações de cepa nas estações analisadas. A presença de fibras não foi
relacionada ao impedimento da iniciação radicial. Os testes microquímicos revelaram
a presença de amido na primavera de 2004, outono e inverno de 2005 nas estacas.
Os açúcares totais e proteínas não foram correlacionados ao enraizamento. As
miniestacas apresentaram média de enraizamento de 14,6% no inverno de 2005,
com os maiores resultados dispensando a aplicação do regulador vegetal. O material
juvenil apresentou condições favoráveis à indução radicial adventícia.
Palavras-chave: espécie nativa brasileira, enraizamento, miniestaquia, auxina,
rejuvenescimento, anatomia
ABSTRACT
Piptocarpha angustifolia (Asteraceae) is a brazilian woody native species belonging
to Mixed Rain Forest (Araucaria´s Forest) with environmental potential for ecosystem
restoration and economic planting for woody production. It presents seeds poor
feasible seeds with very small size (< 3mm), that difficult its collection. This work
aims verify the rooting response for semihardwood cuttings from mature trees,
sprouts from severe hedging and minicuttings form seedlings in different seasons in
Colombo, Paraná state, Brazil, submitted to treatments with plant growth regulator
indolebutyric acid: 0, 500, 1000, 1500 e 3000mgL
-1
IBA. The evaluation included
rooting percentage, callus cuttings, alive and dead cuttings. The statistical analyses
were made in completly randomized design with four replications of twenty cuttings
by treatment. Anatomical and biochemical analysis of total carbohydrates and
proteins were made to verify rooting inhibition. The adventitious rotting response do
not ocurred in cuttings from mature trees and sprouts. The presence of fibers was not
related to rooting initiation. The biochemical tests revealed the presence of starch in
spring 2004, autumn and winter 2005. The total carbohydrates and proteins were not
related with rooting. The average of rooting of minicuttings was 14,6% in winter 2005,
with major results dispending plant growth regulator. The juvenile material shows
favorable conditions to adventitious rooting initiation.
Palavras-chave: brazilian native species, rooting, minicuttings, auxin, rejuvenation,
anatomy
1 INTRODUÇÃO GERAL
A Floresta Ombrófila Mista, também denominada Floresta com Araucária,
sofreu intensa devastação a partir do início do século 20 como conseqüência da
expansão das fronteiras agrícolas. Segundo CARVALHO (2003) espécies como o
pinheiro-brasileiro (Araucaria angustifolia (Bert.) O. Kuntze.), imbuia (Ocotea porosa
Nees et Martius ex Nees) e cedro (Cedrella fissilis Vell.) foram consumidas pela
exploração madeireira, a erva-mate (Ilex paraguariensis St. Hil.) para produção de
bebida e, como produto da intervenção inicial, a bracatinga (Mimosa scabrella
Benth.) para lenha.
Frente à necessidade da recuperação de ecossistemas degradados, matas
ciliares e reservas legais ou para fins comerciais tem-se a demanda crescente de
mudas de espécies nativas. Entretanto, muitas espécies deixam de ser utilizadas
pelo desconhecimento de suas características silviculturais (SEITZ, 1976) ou ainda,
por apresentarem problemas relacionados à produção e coleta de sementes, o que
dificulta a propagação via seminal (HIRANO, 2004).
As técnicas de propagação vegetativa são utilizadas para produção de mudas
em larga escala, entre as quais a estaquia representa uma alternativa de menor
custo devido à alta produtividade em curto período de tempo (ZUFFELLATO-RIBAS;
RODRIGUES, 2001). O processo de enraizamento pode ser otimizado pela
utilização de reguladores vegetais, dentre os quais destaca-se o ácido indol butírico
(IBA), responsável pelo aumento do número de raízes formadas, melhor qualidade
do sistema radicial e uniformidade no enraizamento (HARTMANN et al., 2002).
espécies que apresentam dificuldade na regeneração de raízes mesmo
sob estímulo do regulador vegetal, devido a formação de barreiras anatômicas e
bioquímicas relacionadas à maturação dos tecidos. Nestes casos, são indicadas
técnicas de reversão ao período juvenil, como poda drástica para emissão de
brotações de touça ou ainda, poda de plântulas para estímulo da emissão de
brotações que originam miniestacas com potencial endógeno favorável ao
enraizamento.
Com o objetivo de acompanhar a resposta de enraizamento da espécie
Piptocarpha angustifolia Dusén (Asteraceae), foram realizados experimentos de
estaquia e miniestaquia com uso de ácido indol butírico (IBA) em fontes distintas de
material vegetativo, organizados em três capítulos.
O primeiro capítulo aborda a estaquia semilenhosa de brotações do ano.
Foram realizados quatro experimentos de acordo com as diferentes épocas do ano
(primavera de 2004, verão, outono e inverno de 2005) com a utilização de diferentes
concentrações do regulador vegetal ácido indol butírico (IBA), além de análises
anatômicas e bioquímicas de açúcares totais e proteínas.
O segundo capítulo descreve a estaquia semilenhosa de brotações de cepa
resultantes de corte raso. Foram realizados três experimentos em épocas distintas
(verão, outono e inverno de 2005), com a utilização de diferentes concentrações do
ácido indol butírico, além de análises bioquímicas de açúcares totais e proteínas.
O terceiro capítulo relata: a) a produção de brotações a partir de plântulas
originadas via semente, e b) um experimento para verificação da resposta de
enraizamento (inverno de 2005) para miniestacas obtidas das brotações de
plântulas, utilizando as mesmas concentrações de ácido indol butírico empregadas
nos experimentos anteriores.
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Caracterização da espécie
Piptocarpha angustifolia Dusén, popularmente conhecida como vassourão-
branco, pertence à divisão Magnoliophyta (Angiospermae), classe Magnoliopsida
(Dicotiledonae), ordem Asterales, família Asteraceae, tribo Vernoniae (CRONQUIST,
1988).
A família Asteraceae apresenta hábito muito variado entre ervas, subarbustos,
trepadeiras e excepcionalmente árvores, sendo a grande maioria (cerca de 98%)
constituída por plantas de pequeno porte (JOLY, 1975). São cultivadas como
ornamentais a margarida (Leucanthemum vulgare) e os crisântemos
(Chrysanthemum spp.); utilizadas na alimentação como a alface (Lactuca sativa),
chicória, almeirão e escarola (pertencentes a Cichorium intybus); incluídas entre
plantas medicinais como a carqueja (Baccharis trimera e outras espécies do gênero),
camomila (Matricaria recucita) e estévia (Stevia rebaudiana) e como plantas
invasoras o picão-preto (Bidens pilosa) e dente-de-leão (Taraxacum officinale)
(SOUZA; LORENZI, 2005).
A família possui distribuição cosmopolita, constituindo a maior família de
Eudicotiledôneas com aproximadamente 1600 gêneros e 23000 espécies; no Brasil
ocorrência de aproximadamente 300 gêneros e 2000 espécies (SOUZA;
LORENZI, 2005). O gênero Piptocarpha compreende cerca de 28 espécies da
América tropical, desde o México até o norte da Argentina, incluindo arbustos,
arvoretas, lianas e árvores (CABRERA; KLEIN, 1980). No Brasil, a ocorrência natural
de Piptocarpha angustifolia é observada entre as latitudes 22º30' S (Rio de Janeiro)
e 29º30' S (Rio Grande do Sul), com variação altitudinal de 400m a 1200m (Santa
Catarina) (CARVALHO, 2003).
É uma árvore perenifólia, com 5 a 15m de altura e 20 a 40cm de DAP
(diâmetro à altura do peito), com tronco quase reto e de seção cilíndrica a irregular,
com fuste de 5 a 15m de comprimento. A ramificação da copa é racemosa, esparsa,
formando copa alta, alongada, de folhagem cinza-clara muito característica, que
vista de longe, toma um tom prateado muito evidente. Suas folhas são simples,
alternas ou opostas, curtamente pecioladas, estreitamente lanceoladas, com os
bordos serreados ou quase inteiros, glabras na parte ventral e acinzentada no dorso,
com presença de pêlos estrelados, apresentando grande dimorfismo na fase jovem e
adulta: medem até 20cm de comprimento por 5cm de largura e são revestidas de
pêlos esparsos na submata de florestas naturais, e até 9cm de comprimento e 1,5cm
de largura na fase adulta, quando são caracteristicamente discolores.
Suas gemas floríferas iniciam seu desenvolvimento em julho, com o
aparecimento das flores de agosto a dezembro, no Estado do Paraná, apresentando
como vetores de polinização abelhas e diversos insetos pequenos (SEITZ, 1976). A
frutificação ocorre de outubro a janeiro no Estado Paraná, e de novembro a
fevereiro, no Estado do Rio Grande do Sul. Segundo SEITZ (1976) as sementes são
aderidas ao fruto (aquênio) e muito pequenas (cerca de 3mm), com a produção de
aproximadamente 10% de sementes em relação ao número de flores, apresentando
dispersão de frutos e sementes pela síndrome anemocórica.
CABRERA e KLEIN (1980) apresentam Piptocarpha angustifolia Dusén como
espécie inicial, característica da vegetação secundária, comum nas clareiras, nos
capoeirões e na floresta secundária. Caracteriza-se como uma das melhores
indicadoras de vegetação semi-devastada no Planalto Sul-Brasileiro, parecendo não
ser afetada pela baixa fertilidade química dos solos pelo bom desenvolvimento em
solos com superfícies alteradas pela terraplanagem. A espécie não é encontrada em
solos encharcados ou muito úmidos, somente em solos rasos ou profundos com boa
drenagem e de textura que varia de franca a argilosa (SEITZ, 1976; CARVALHO,
2003).
O vassourão-branco (P. angustifolia) é uma espécie heliófila e tolerante a
temperaturas mínimas de -10°C (SEITZ, 1976), cujo plantio a pleno sol é
recomendado ecologicamente, pois a espécie pode ser usada em plantio misto e no
tutoramento de espécies umbrófilas. Apresenta excelente regeneração natural na
floresta secundária, sendo viável a utilização de mudas provindas da regeneração
natural, pela emissão de brotações de touça (CARVALHO, 2003).
A produção de mudas de Piptocarpha angustifolia Dusén via seminal é
reduzida devido a baixa relação semente germinada/cipsela, aliada ao tamanho
reduzido (3mm, aproximadamente) (SEITZ, 1976). As mudas atingem porte
adequado para plantio cerca de seis meses após a semeadura e repicagem para
sacos plásticos. A madeira produzida pode ser utilizada em construção civil,
tabuado, caixotaria e em obras internas; chapas de madeira compensada e
aglomerada e mourões de curta duração (SEITZ, 1976; LELLES, 1977; INOUE,
RODERJAN, KUNIYOSHI, 1984). Em reflorestamento para recuperação ambiental, a
espécie é recomendada para terrenos erodidos e degradados devido ao sistema
radicular profundo, atingindo, às vezes, mais de 2m de profundidade (SEITZ, 1976;
CABRERA, KLEIN, 1980).
2.2 Estaquia
Segundo JANICK (1966) e HARTMANN et al. (2002) a estaquia é uma das
formas de propagação vegetal que, para fins produtivos, possibilita uniformidade das
plantas, grande número de mudas produzidas a partir de uma planta matriz, além da
antecipação do período de florescimento, pela redução do período juvenil.
As espécies apresentam comportamento variável quanto à emissão de raízes,
pois estacas que emitem raízes com facilidade, outras com facilidade relativa e
aquelas denominadas de difícil enraizamento. Trabalhos apresentados por
TOFANELLI (1999) e PAES (2003) demonstram, inclusive, variação da capacidade
de enraizamento entre cultivares.
JANICK (1966) cita que a eficácia do enraizamento varia com a fase de
desenvolvimento da planta, tipo e localização da estaca, bem como época do ano.
ONO e RODRIGUES (1996) apontam que a utilização de ramos terminais de
maturação recente provenientes de plantas sadias e vigorosas podem garantir a
viabilidade do enraizamento. De acordo com HARTMANN et al. (2002) a estaca
caulinar é o tipo mais importante, subdividido em quatro grupos de acordo com a
natureza do lenho: estacas lenhosas (apresentam tecidos endurecidos); herbáceas
(apresentam tecidos tenros); semilenhosas e semi-herbáceas (apresentam-se num
estágio intermediário entre os dois extremos).
Estacas menos lignificadas quando comparadas às estacas lenhosas (basais)
são mais sensíveis à desidratação, apresentando menor capacidade de
sobrevivência (JANICK,1966). ZANETTE (1995) ressalta que as estacas de
consistência mais herbácea exigem instalações com irrigação constante, enquanto
as de consistência lenhosa demandam cuidados e custos menores, o que torna a
prática mais acessível economicamente. No entanto, estacas mais lignificadas
apresentam maior dificuldade para enraizar, seja pela presença de um anel de
esclerênquima contínuo, que pode constituir uma barreira física à emergência das
raízes, ou pela menor habilidade fisiológica em formar primórdios radiciais
(TOFANELLI, 1999).
Estacas semilenhosas em determinadas espécies têm apresentado
capacidade superior de enraizamento (COUVILLON, 1988). ARAUJO et al. (1999)
compararam diferentes padrões de estacas de limeira ácida “Tahiti” (Citrus latifolia
Tanaka) verificando que o material de baixa lignificação (estacas semilenhosas)
apresentou melhores índices de enraizamento. Na estaquia semilenhosa de guaco
(Mikania glomerata Sprengel), o grau de hidratação das estacas foi relacionado à
ativação dos meristemas ou na ação como solvente sobre substâncias inibidoras do
enraizamento (LIMA et al., 2003b).
Com relação ao tamanho das estacas, HARTMANN et al. (2002)
estabeleceram que, para ramos lenhosos arbóreos, o comprimento pode variar entre
10 e 70cm, dependendo da espécie, enquanto nos ramos lenhosos arbustivos e
semilenhosos pode variar entre 7,5 e 12,5cm.
2.3 Fatores internos relacionados ao enraizamento de estacas
O conjunto das características internas da planta matriz, tais como o conteúdo
de água, teor de reservas e de nutrientes influenciam a resposta ao enraizamento.
Nutrientes como nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, zinco e boro estão envolvidos
nos inúmeros processos metabólicos associados com a desdiferenciação e
formação de meristemas na iniciação de raízes (BLAZICH, 1988). SCHWAMBACH,
FADANELLI, FETT-NETO (2005) investigaram a influência da nutrição mineral no
enraizamento adventício de microestacas de eucalipto Eucalyptus globulus Labill. e
verificaram que tratamentos contendo nitrato e zinco induziram significativamente a
porcentagem de enraizamento, chegando a 100% em relação ao controle (75%).
A presença de carboidratos é um parâmetro que reflete a condição de
desenvolvimento da planta matriz que pode coincidir com sua capacidade de
enraizamento (VEIERSKOV, 1988) e representa a principal fonte de energia e de
carbono para a síntese de substâncias necessárias ao enraizamento de estacas
(HAISSIG, 1986; TOFANELLI, 1999).
A presença de folhas é necessária à produção de auxinas e co-fatores de
enraizamento que são translocados para a base das estacas, contribuindo para o
processo morfogenético de formação de novos tecidos, como as raízes
(COUVILLON, 1988; HARTMANN et al., 2002). LIMA et al. (2003a) compararam
diferentes áreas foliares mantidas em estacas semilenhosas de duas espécies de
guaco (Mikania laevigata Schultz Bip Ex. Baker e Mikania glomerata Sprengel) e
verificaram que o aumento desta variável gerou aumento na porcentagem de
enraizamento e redução da mortalidade em ambas as espécies. Estacas de
abacateiro (Persea americana Mill.) mantidas com folhas apresentaram aumento da
porcentagem de enraizamento devido a elevação dos índices de sacarose na base
das estacas obtidos cinco semanas a partir da instalação do experimento
(REUVENI; RAVIV, 1981).
O suprimento artificial de fotoassimilados pode interferir positiva ou
negativamente na sobrevivência das estacas e, conseqüentemente, no seu
enraizamento. SILVA (1984) obteve aumento na porcentagem de estacas de canela-
guaicá (Ocotea puberula Benth. & Hook.) com formação de calos com a associação
de sacarose ao regulador vegetal. WIESMAN e LAVEE (1995) verificaram o
incremento da porcentagem de enraizamento, número e comprimento de raízes em
estacas de oliveira (Olea europea L.) com a aplicação exógena de sacarose
associada ao regulador vegetal. Entretanto, o excesso desses compostos pode
gerar efeito limitante sobre o enraizamento pela inibição da sacarose-sintetase,
reduzindo a habilidade da sacarose em promover o enraizamento (ONO;
RODRIGUES, 1996; ZUFFELLATO-RIBAS; RODRIGUES, 2001).
Os compostos fenólicos apresentam-se como sinergistas ou antagonistas ao
enraizamento devido seu efeito sobre o sistema de degradação da auxina (IAA-
oxidase); dessa maneira, um composto poderá ter efeito promotor ou inibidor
durante o processo. A enzima peroxidase relaciona-se à degradação da auxina, pelo
controle da atividade do sistema IAA-oxidase/peroxidase, uma vez que sua variação
de concentração é inversa àquela apresentada pelo IAA livre endógeno (KEVERS et
al., 1997).
Com relação às alterações anatômicas ocorridas nas estacas, FACHINELLO
et al. (1995) apontam que a formação de raízes ocorre em resposta ao traumatismo
produzido pelo corte durante a confecção, gerando lesão nos tecidos do xilema e
floema. LOVELL e WHITE (1986) citam que a formação de raízes ocorrida em
regiões embrionárias ou de crescimento primário é denominada adventícia e sua
produção pode variar entre espécies, cultivares, com a idade ou natureza da parte
utilizada na confecção da estaca, formando-se próximas aos tecidos vasculares com
crescimento entre os tecidos localizados ao redor de seu ponto de origem
(APPEZZATO-DA-GLÓRIA; HAYASHI, 2004).
A dificuldade de enraizamento pode estar relacionada a barreiras anatômicas
específicas. Para algumas espécies, a presença de fibras e esclereídes no floema
primário do caule da estaca forma um anel contínuo na região cortical do caule, que
bloqueia mecanicamente o primórdio radicial formado (LOVELL; WHITE, 1986).
Segundo APPEZZATO-DA-GLÓRIA e HAYASHI (2004) caules mais velhos
apresentam uma bainha de esclerênquima perivascular que pode constituir um
obstáculo ao crescimento da raiz ou desviar o curso de seu crescimento radial.
2.4 Tratamento com reguladores vegetais
Os reguladores vegetais são utilizados na propagação vegetativa com o
objetivo de potencializar o enraizamento na indução, aumento do número e
qualidade do sistema radicial. Segundo ALVARENGA e CARVALHO (1983) o ácido
indol butírico (IBA) é uma substância mais estável, de ação localizada e pouco tóxico
em relação ao ácido naftaleno acético (NAA). Os tratamentos utilizando auxinas
sintéticas podem ser sob a forma de solução aquosa ou em presença de solventes
orgânicos, gel ou talco (ONO et al., 1994, HARTMANN et al., 2002). A aplicação de
reguladores vegetais em talco talco é mais utilizada por ser de fácil manuseio e, na
maioria dos casos, gerar bons resultados (ONO et al., 1994, FORTES, 1998), uma
vez que sua absorção mais lenta pode favorecer a indução radicial. Porém, a
lixiviação pode acarretar a não uniformidade de raízes em todo o diâmetro da estaca
(FORTES, 1998).
A dosagem de auxina sintética a ser aplicada é variável de acordo com a
espécie considerada; essas variações podem gerar uma grande porcentagem de
enraizamento ou se tornarem tratamentos tóxicos para a planta (ONO;
RODRIGUES, 1996). IRITANI, SOARES e GOMES (1986) utilizaram tratamentos de
3000 e 5000 mgKg
-1
de ácido indol acético (IAA) e ácido indol butírico (IBA) sob a
forma de talco, obtendo em ambos aumento do número de estacas e de raízes por
estaca, estímulo à brotação, assim como diminuição na queda de folhas e do
período requerido para o enraizamento em erva-mate (Ilex paraguariensis St. Hil.).
O uso de reguladores vegetais em solução deve manter uma combinação
entre a concentração e o tempo de aplicação. Dosagens utilizando baixas
concentrações devem ser aplicadas num tempo de imersão prolongado, enquanto
concentrações maiores o realizadas com imersão mais rápida (geralmente 5 a 10
segundos) (FACHINELLO et al., 1995; FORTES, 1998). Outros trabalhos
apresentam resultados das variações de combinações entre concentração e tempo
de imersão empregadas (RODRIGUES; LUCCHESI, 1987; NACHTIGAL et al.,1994;
REIS et al., 2000; WASSNER; RAVETTA, 2000; FERREIRA et al., 2001).
2.5 Fatores externos relacionados ao enraizamento de estacas
O processo de enraizamento é diretamente influenciado pela intensidade
luminosa, principalmente com relação à fotossíntese e à degradação de compostos
fotolábeis como as auxinas (JANICK, 1966; ZUFFELLATO-RIBAS; RODRIGUES,
2001; HARTMANN et al., 2002). As variações qualitativas e quantitativas da luz que
incidem sobre as plantas matrizes podem favorecer a síntese inadequada de ácido
indol acético (IAA), a inibição de co-fatores para o enraizamento, o aumento da
atividade da peroxidase e a formação de barreiras histológicas ao desenvolvimento
das raízes (HARTMANN et al., 2002), justificando a influência do período de coleta
sobre a indução radicial das estacas. Em espécies de fácil enraizamento, as estacas
podem ser colhidas em qualquer época do ano, enquanto para outras espécies o
período de maior enraizamento coincide com a estação de repouso ou com a
estação de crescimento (PAIVA; GOMES, 1993).
HARTMANN et al. (2002) destacam que as estacas coletadas em um período
de crescimento vegetativo intenso (primavera/verão) apresentam-se mais
herbáceas, e as colhidas em um período de repouso vegetativo ou de dormência
(outono/inverno) apresentam-se mais lignificadas e de um modo geral tendem a
enraizar menos. Porém, segundo ANTUNES et al. (1996) a coleta no outono permite
a obtenção de estacas com folhas num período em que a planta apresenta uma
concentração elevada de reservas, o que pode favorecer o enraizamento. DUARTE,
FACHINELLO e SANTOS FILHO (1992) compararam as estações do outono e verão
para a coleta e indução do enraizamento em estacas semilenhosas de goiabeira
serrana (Feijoa sellowiana Berg.) e obtiveram resultado superior no outono (31,66%),
com índice 10% maior nesta estação em relação ao verão. Para a espécie Platanus
acerifolia (Ait.) Willd. A coleta do material no outono favoreceu o enraizamento,
enquanto o peso e comprimento de raízes obtidos foram maiores em estacas
coletadas na primavera (ONO et al., 1994).
ZANETTE (1995) em pesquisa sobre a estaquia lenhosa da pereira (Pyrus
comunis L.), descreveu o período de repouso vegetativo (final do outono, inverno e
início da primavera) como o mais favorável, obtendo porcentagens acima de 50%
com a utilização de solução alcoólica com 1000mgL
-1
de IBA. No caso da espécie
nativa pau-de-leite (Sapium glandulatum (Vell.) Pax.) o verão correspondeu ao
melhor período para coleta de estacas semilenhosas, com 28% de enraizamento
(FERREIRA et al., 2001). Em estacas de quaresmeira (Tibouchina pulchra (Cham.)
Cogn.) a primavera foi a época mais favorável para coleta de estacas em relação às
demais, com 28% de enraizamento (KNAPIK, 2003).
A umidade e a temperatura contribuem para o ambiente favorável à indução
radicial. COUVILLON (1988) aponta que o aumento na porcentagem de
enraizamento para determinadas espécies ocorreu graças ao desenvolvimento de
técnicas de nebulização e aquecimento do ambiente de enraizamento, recomendado
entre 25 e 30°C para condições tropicais e sub-tropicais (BERTOLOTI;
GONÇALVES,1980). NACHTIGAL (1994) adverte que para espécies de difícil
enraizamento, a permanência prolongada na câmara de nebulização e o excesso de
umidade podem prejudicar a sobrevivência das estacas.
O teor de água presente nas estacas é necessário para manutenção da
turgescência e para que ocorra a divisão celular, pois seu potencial de perda de
água é muito grande (FACHINELLO et al., 1995). A nebulização tem a finalidade de
prevenir a morte das estacas, pois a morte do caule como resultado da dessecação,
antes do período requerido para o enraizamento é uma das principais causas do
fracasso da propagação por estacas (JANICK, 1966; ZUFFELLATO-RIBAS;
RODRIGUES, 2001).
O substrato para enraizamento de estacas influencia a propagação, pois deve
reunir qualidades que auxiliem o processo de iniciação radicial nas estacas (PAIVA;
GOMES, 1993) por constituir o suporte da estaca durante o processo de
enraizamento, proporcionando umidade, facilidade de trocas gasosas e penetração
das raízes, sendo relativamente livre de contaminações (JANICK, 1966).
Propriedades físicas como aeração e retenção de umidade são importantes para
manter o espaço poroso adequado à difusão de oxigênio para as raízes (SOUZA;
NACHTIGAL; KERSTEN, 1995).
Componentes orgânicos como turfa, casca de árvore, de serra, casca de
arroz e esfagno podem ser combinados com porções inorgânicas de poliestireno,
grânulos de argila, de rocha, perlita (lava vulcânica expandida) e vermiculita (mica
expandida); areia ou água podem ser suficientes para espécies de fácil
enraizamento (JANICK, 1966). A porção orgânica tem a função de absorver água e
proporcionar porosidade enquanto a porção inorgânica visa constituir macroporos
para melhorar a drenagem (LOACH, 1988). WENDLING e GATTO (2002) apontam a
vermiculita como um mineral praticamente inerte que apresenta grande capacidade
de aeração, alta capacidade de troca catiônica (CTC) e de retenção de água, livre de
microorganismos patogênicos. Entretanto, necessita de adubação paralela e
apresenta dificuldade de agregação com o sistema radicial da muda, dificultando o
manuseio da mesma.
PAIVA e GOMES (1993) destacam que a vermiculita, turfa, serragem areia,
casca de arroz carbonizada, moinha de carvão, terriço e diversas misturas destes
constituintes têm sido utilizadas, devendo-se considerar a espécie e condições
específicas na escolha. Em estudo sobre o enraizamento de estacas de acácia-
negra (Acacia mearnsii De Wild.) com a utilização da mistura de terra, vermiculita e
húmus (1:1:1) foram obtidas porcentagens superiores a 80% (BORGES; MARTINS-
CORDER, 2000). Para LIMA et al. (2003a), a estaquia de duas espécies de guaco
(Mikania glomerata Sprengel e M. laevigata Schultz Bip. Ex. Baker) revelou maiores
porcentagens de enraizamento em casca de arroz (94,38%), seguida pela areia
(85%) e solo (65%). Para estes autores, o melhor desempenho do substrato casca
de arroz carbonizada foi decorrente da maior capacidade de retenção de água e
espaço poroso, além de menor densidade, contrastando com os demais substratos
utilizados.
2.6 Rejuvenescimento
No ciclo de vida de muitas plantas, as fases juvenil e adulta apresentam
características anatômicas, fisiológicas e bioquímicas distintas (SALISBURY; ROSS,
1992). BONGA (1982) cita que a capacidade de formar raízes encontra-se ligada à
fase juvenil de crescimento, além das características relacionadas à época do ano e
ao tipo de estaca (JANICK, 1966; HARTMANN et al., 2002). Ramos da copa
maduros apresentam dificuldade em emitir raízes devido ao balanço hormonal
diferencial daquele que a planta apresenta no estado juvenil, necessitando de
tratamentos que promovam o rejuvenescimento e maior emissão de raízes
(COUVILLON, 1988).
Práticas de rejuvenescimento por meio de poda demonstram a otimização na
capacidade de enraizamento de estacas, induzindo a emissão de brotações que
apresentam características juvenis, favoráveis à indução radicial. PALANISAMY e
SUBRAMANIAN (2001) obtiveram índices entre 74 e 91% no enraizamento de
brotações da espécie teca (Tectona grandis L.) com a utilização de 2000mgKg
-1
de
IBA em talco em diferentes épocas, demonstrando que a resposta de enraizamento
foi mais dependente do estado fisiológico da planta matriz em relação ao período de
coleta das estacas.
A técnica da miniestaquia, desenvolvida a partir de 1996 para o gênero
Eucalyptus utiliza o material juvenil proveniente de via seminal (plântulas) ou
vegetativa (estacas) como fonte permanente de brotações, o que segundo
WENDLING; FERRARI; DUTRA (2005) pode ser utilizado para espécies destinadas
a plantios de recomposição ambiental. Apresenta como vantagens a redução da
área do jardim clonal que proporciona maior controle ambiental, fitopatológico e
nutricional, resultando em aumento da produtividade por unidade de área, aumento
da taxa de enraizamento, redução do uso de reguladores vegetais e maior
uniformidade (HIGASHI; SILVEIRA; GONÇALVES, 2000). XAVIER, SANTOS e
OLIVEIRA, (2003) obtiveram 100% de enraizamento para miniestacas de cedro-rosa
(Cedrela fissilis Vell.) sem utilização de regulador vegetal.
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3 CAPÍTULO I: ENRAIZAMENTO DE ESTACAS SEMILENHOSAS DE
BROTAÇÕES DO ANO DE Piptocarpha angustifolia DUSÉN
(ASTERACEAE) COM USO DE ÁCIDO INDOL BUTÍRICO
RESUMO
Piptocarpha angustifolia Dusén (Asteraceae) é uma espécie arbórea nativa
brasileira, pertencente à Floresta Ombrófila Mista (Floresta com Araucária), com
potencial ambiental para recuperação de ecossistemas e econômico em plantios
para produção madeireira. As sementes apresentam tamanho reduzido (< 3mm), o
que dificulta a coleta e baixa germinação pela formação de poucas sementes
viáveis, sugerindo a propagação vegetativa como alternativa para a produção de
mudas com qualidades desejáveis aos fins específicos. Este trabalho teve como
objetivo verificar o enraizamento de estacas semilenhosas de brotações do ano
provenientes de plantas matrizes adultas, coletadas na primavera de 2004, verão,
outono e inverno de 2005, no município de Colombo, estado do Paraná, Brasil,
submetidas a tratamentos com uso do regulador vegetal ácido indol butírico na forma
de solução alcoólica (50% v/v): 0, 500, 1000, 1500 e 3000mgL
-1
IBA. Foram
avaliadas as porcentagens de estacas enraizadas, com calos, vivas e mortas, num
delineamento experimental inteiramente casualizado (DIC) composto por quatro
repetições de 20 estacas por tratamento. Paralelamente, foram efetuadas análises
anatômicas e bioquímicas de açúcares totais e proteínas. Não houve resposta de
enraizamento adventício em qualquer dos tratamentos realizados nas épocas
estudadas. A presença de fibras não foi relacionada ao impedimento da iniciação
radicial. Os testes microquímicos revelaram a presença de amido na primavera de
2004, outono e inverno de 2005, não sendo conclusivos para a presença de
compostos fenólicos. Os açúcares totais e proteínas não foram correlacionados ao
enraizamento adventício.
Palavras-chave: vassourão-branco, espécie nativa brasileira, estaquia, auxina,
anatomia
3 CHAPTER I: SEMIHARDWOOD CUTTINGS ROOTING OF ANNUAL SHOOTS
OF Piptocarpha angustifolia DUSÉN (ASTERACEAE) WITH
INDOLEBUTYRIC ACID USE
ABSTRACT
Piptocarpha angustifolia Dusén (Asteraceae) is a brazilian native woody species
belonging to Mixed Rain Forest (Araucaria´s Forest) with potential use for
enviromental restoration and economical plantation for woody production. The seeds
presents reduced size that difficults collection and low germination by poor number of
feasible seeds; suggesting the plant propagation by cuttings as alternative for plants
production with quality for specific uses. This work aims to verify the rooting response
for cuttings of annual shoots from mature plants, collected in spring 2004, summer,
autumn and winter 2005 in Colombo, Paraná state, Brazil and submitted a different
treatments by alcoholic solution use of plant growth regulator indolebutyric
acid: 0, 500, 1000, 1500 e 3000mgL
-1
IBA. The evaluation included rooting
percentage, callus cuttings, alive and dead cuttings The statistical analyses were
made by completely randomized design with four replications of twenty cuttings.
Anatomical and biochemical analysis of total carbohydrates and proteins were made.
No adventitous rooting response was verified in all seasons studied. The presence of
fibers was not related as anatomical barrier to rooting. The specific tests revealed
presence of starch in spring 2004, autumn and winter 2005. Total carbohydrates and
proteins weren´t correlated to rooting.
Palavras-chave: white-brush, brazilian native species, cutting, auxin, anatomy
3.1 INTRODUÇÃO
A ação humana relacionada à urbanização, agricultura, industrialização e
outras atividades impactam os ecossistemas naturais levando a um crescente
aumento no total de áreas degradadas e, conseqüentemente, paisagens
fragmentadas com baixa conectividade entre os remanescentes, biodiversidade
reduzida e risco de extinção local de espécies (KAGEYAMA; GANDARA, 2003).
Espécies arbóreas pioneiras da sucessão secundária vêm sendo
consideradas as mais aptas na revegetação de áreas degradadas, devido suas
características de rusticidade, crescimento rápido e plasticidade; entretanto, um
número muito reduzido dessas espécies é utilizado devido à falta de informações
silviculturais, especialmente as relacionadas ao seu manejo (GARCIA; ABREU;
SOUSA, 2000).
A utilização de mudas de espécies nativas apresenta importância sob vários
aspectos econômicos e sociais. Os sistemas agroflorestais representam alternativas
viáveis para a recuperação de áreas degradadas em pequenas propriedades e para
a fixação do pequeno produtor no campo (REIS; HILDEBRAND, 2000), assim como
para o enriquecimento de reservas florestais (XAVIER; SANTOS, 2002). Entretanto,
com a crescente demanda, a inexistência ou escassez de mudas de espécies
nativas dificulta a implantação da restauração (XAVIER; SANTOS, 2002), supridas
por iniciativas pontuais de instituições públicas e privadas que desenvolvem projetos
de manejo visando a silvicultura para espécies de interesse particular para produção
de mudas e estudos sobre plantio, espaçamento, sistemas de condução do fuste,
nutrição, além de características da reprodução sexuada e assexuada (ROCHA,
2002).
Segundo PAIVA e GOMES (1993) os meios de propagação vegetativa
utilizados são a enxertia, estaquia e cultura de tecidos ou micropropagação. Porém,
com relação à viabilidade econômica, a estaquia é a técnica que permite o
estabelecimento de plantios para multiplicação de genótipos selecionados a um
custo menor, em curto período de tempo (DUARTE; FACHINELLO; SANTOS FILHO,
1992; LEONEL; RODRIGUES, 1993; ZUFFELLATO-RIBAS; RODRIGUES, 2001).
A estaquia é um método amplamente difundido para muitas espécies
lenhosas como o eucalipto e para a maioria das frutíferas comerciais (DUARTE;
FACCHINELO; SANTOS FILHO, 1992; LEONEL; RODRIGUES, 1993; ROCHA,
2002) que permite a produção de indivíduos de maneira seletiva e rápida,
principalmente quando a espécie não apresenta sementes em quantidade ou
qualidade desejadas (PAIVA; GOMES, 1993; ROCHA, 2002).
O princípio da propagação vegetativa por estaquia consiste em destacar parte
da planta matriz (estaca), obtendo-se a regeneração da parte ou partes que estão
faltando, a fim de formar uma planta nova e completa, pela indução do enraizamento
adventício (FACHINELLO et al., 1995; HARTMANN et al., 2002), que necessita da
presença de certos níveis de substâncias de crescimento natural na planta, como
açúcares, proteínas e outros co-fatores que, como as auxinas, contribuem para a
indução do enraizamento (PAIVA; GOMES, 1993; ONO; RODRIGUES, 1996;
ZUFFELLATO-RIBAS; RODRIGUES, 2001). Porém, diante da dificuldade de
enraizamento que envolve fatores relacionados à própria planta ou a condições
ambientais (BIASI, 1996) o uso de reguladores vegetais é aconselhável
(TOFANELLI, 1999).
Outros fatores relacionados à juvenilidade do material a ser propagado
interferem no processo de indução do enraizamento, pois estacas provenientes de
plantas matrizes mais adultas fornecem material vegetativo que apresenta maior
dificuldade para enraizar (HARTMANN et al., 2002), necessitando de técnicas de
rejuvenescimento que resgatem condições favoráveis ao enraizamento e
crescimento (HIGASHI; SILVEIRA; GONÇALVES, 2000), e pode ser obtido por
técnicas como poda drástica, aplicações de citocininas ou herbicidas, propagação
seriada via enxertia ou via estaquia e micropropagação (HIGASHI; SILVEIRA;
GONÇALVES, 2000), ou ainda, pela utilização da miniestaquia que vem
demonstrando resultados promissores (WENDLING, 1999).
Piptocarpha angustifolia Dusén (Asteraceae), também denominada
vassourão-branco, é uma espécie florestal nativa pioneira, com potencial
aproveitamento econômico e ambiental, cuja abrangência coincide com regiões de
distribuição natural do pinheiro-brasileiro (SEITZ, 1976; INOUE; RODERJAN;
KUNIYOSHI, 1984; CARVALHO, 2003). Apresenta desenvolvimento satisfatório em
solos alterados e crescimento rápido (SEITZ, 1976), com 1000 plantas alcançando a
produtividade de 30m
3
ha
-1
ano
-1
aos 7 anos de idade (CARVALHO, 2003).
A necessidade da obtenção de informações sobre a propagação de espécies
florestais nativas e o potencial aproveitamento econômico e ambiental da espécie,
contraposto por sua dificuldade de propagação via seminal devido à baixa
porcentagem de sementes viáveis, apontam a estaquia como possível alternativa
viável para a produção de mudas desta espécie.
Esta pesquisa teve como objetivos verificar o enraizamento de Piptocarpha
angustifolia Dusén pela estaquia semilenhosa em brotações do ano de plantas
matrizes adultas com a realização de coletas nas quatro estações do ano e
utilização de diferentes concentrações do ácido indol butírico. Paralelamente foram
realizadas análises anatômicas e bioquímicas das estacas com a finalidade de
verificar possíveis impedimentos à iniciação do enraizamento adventício no material
vegetativo utilizado.
3.2 MATERIAL E MÉTODOS
3.2.1 Estaquia
Foram selecionados dez pontos de coleta para plantas matrizes adultas
(Anexo 1-A), com diâmetro à altura do peito (DAP) variando entre 20 e 40cm (Anexo
1) a uma distância mínima de 100 metros entre árvores ou entre agrupamentos de
indivíduos, denominados “reboleiras”, com o objetivo de garantir a variabilidade entre
indivíduos. As coletas foram realizadas nos bairros Monte Castelo, Roseira e
Imbuial, localizados no município de Colombo (25° 19' 18,48139"S e 49° 09'
32,87741"W), a uma altitude média de 950 m, estado do Paraná, Brasil. Pelo
Sistema Internacional de Köeppen, o clima da região é do tipo Cfb, subtropical
úmido, sem estação seca (1410 mm de chuva por ano), com temperatura média
anual de 16,5°C e inverno rigoroso. A exsicata do material botânico utilizado
encontra-se depositada no Herbário da Embrapa Florestas, registrada sob número
HFC 7090.não aparentados (INA) no experimento (RESENDE, 2002).
Cada coleta foi realizada no último mês de cada estação do ano:
Primavera de 2004: 23/11/2004
Verão de 2005: 25/02/2005
Outono de 2005: 13/05/2005
Inverno de 2005: 12/08/2005
As saídas a campo para coleta foram realizadas sempre nas primeiras horas
da manhã, visando evitar a desidratação do material, onde foram coletadas
brotações da copa, desprezando-se as porções terminais herbáceas, para
confecção de estacas caulinares semilenhosas. O padrão de comprimento foi de
12cm e diâmetro entre 0,5 e 1,0cm, mantendo-se dois a três entrenós; corte em bisel
na base e corte reto na porção superior, onde foram mantidas duas folhas com área
reduzida à metade, com objetivo de reduzir a perda de água pela transpiração foliar.
Durante o processo de confecção, as estacas foram mantidas em baldes com água
para evitar desidratação do material.
Para a desinfestação, as estacas foram tratadas com hipoclorito de sódio a
0,5% por 10 minutos, lavagem posterior em água corrente por 5 minutos e imersão
das bases em fungicida Benomyl (0,25gL
-1
) durante 15 minutos. Em seguida, cerca
de 1,5cm das bases das estacas foram mergulhadas em solução alcoólica (50% v/v)
de ácido indol butírico (IBA) [Ácido 4-(3-indolil butírico P.S.) do Laboratório Vetec
Química Fina Ltda.], por 10 segundos de imersão conforme os seguintes
tratamentos:
0 mgL
-1
IBA
500 mgL
-1
IBA
1000 mgL
-1
IBA
1500 mgL
–1
IBA
3000 mgL
-1
IBA
A testemunha (0 mgL
-1
IBA) foi preparada somente com a utilização de água e
álcool (50%), sem adição do regulador vegetal ácido indol butírico. O plantio foi
realizado em tubetes de polipropileno com 53cm
3
, contendo vermiculita de
granulometria média como substrato, em casa-de-vegetação climatizada com
nebulização intermitente (>80% UR umidade relativa) do Setor de Ciências
Biológicas, da Universidade Federal do Paraná, em Curitiba, Estado do Paraná
(Anexo 1-C).
Após 70 dias da instalação foram analisadas as seguintes variáveis:
porcentagem de estacas enraizadas, número de raízes por estaca, comprimento das
três maiores raízes por estaca, porcentagem de estacas com calos (sem raízes e
com calos), porcentagem de estacas vivas (sem raízes e sem calos) e porcentagem
de estacas mortas. O delineamento foi inteiramente casualizado composto por cinco
tratamentos com quatro repetições de 20 estacas por parcela, totalizando 400
estacas em cada época. Os resultados foram submetidos ao teste de Bartllet para
verificação de homogeneidade das variâncias dos tratamentos, à análise de
variância (teste F), e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade.
3.2.2 Análises anatômicas
Para a análise anatômica qualitativa foram coletadas amostras das bases de
duas estacas no momento de instalação do experimento na primavera de 2004 e
verão, outono e inverno de 2005.
A fixação das amostras foi feita em FAA 70 (JOHANSEN, 1940) durante 24
horas, e depois conservadas em álcool 70%. Para a preparação das lâminas
permanentes, os materiais foram emblocados em historresina (GMA-glicol
metacrilato), segundo a técnica de FEDER e O’BRIEN (1968).
Os blocos foram seccionados em micrótomo de rotação. Os cortes foram
obtidos com 7µm de espessura e corados com azul de toluidina (FEDER; O’BRIEN
1968). As lâminas foram montadas com resina sintética (Permalte
). Lâminas semi-
permanentes também foram montadas para realizar testes microquímicos, com lugol
para detecção da presença de amido e cloreto férrico para detecção de compostos
fenólicos (JOHANSEN, 1940).
3.2.3 Análises bioquímicas de açúcares totais e proteínas
Para análises referentes às concentrações de açúcares totais e de proteínas
na primavera de 2004, verão, outono e inverno de 2005, foram utilizadas amostras
com o padrão das estacas utilizadas nos experimentos de estaquia, com duas ou
três repetições por análise. Cada estaca foi macerada com 10ml de álcool 80° e a
extração dos açúcares feita em banho-maria (70-80°C) durante 10 minutos
(adaptado de NASCIMENTO et al, 1998). Após este período, realizou-se a filtragem,
com o resíduo submetido a mais duas extrações. O filtrado final foi evaporado a
50°C e o extrato ressuspenso em 3ml de água destilada, sendo mantido em
congelador.
As amostras foram posteriormente utilizadas para análise de açúcares totais
pelo método fenol-sulfúrico (DUBOIS et al., 1956) utilizando glucose como padrão,
com leitura em espectrofotômetro em absorbância de 490nm.
Os mesmos procedimentos de maceração, extração e filtragem foram
utilizados para proteínas, sendo determinadas pelo método de BRADFORD (1976),
com a utilização do padrão albumina bovina (BSA).
3.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.3.1 Estaquia
3.3.1.1 Primavera de 2004
Não houve registro de estacas enraizadas ou vivas, somente estacas com
calos e mortas; os tratamentos tiveram efeito significativo para essas duas variáveis
analisadas (Tabela 1).
TABELA 1 - Análise de variância das porcentagens de estacas de Piptocarpha
angustifolia Dusén com calos e mortas, na primavera (novembro de
2004).
QUADRADO MÉDIO
FONTES DE VARIAÇÃO G.L.
CALOS MORTAS
Tratamentos 4 214,37
** 7314,37**
Erro 15 7,96 6,90
Total 19
Coeficiente de Variação (%) 62,72 3,48
Teste de Bartlett (χ
2
)
99,39
ns
99,50
ns
** significativo ao nível de 1% de probabilidade
ns
não significativo
A maior porcentagem (17,5%) de estacas com calos foi obtida sem uso do
regulador vegetal; a adição do ácido indol butírico interferiu significativamente, com
redução na formação de calos e aumento da mortalidade das estacas (Tabela 2).
TABELA 2 - Comparação de médias das porcentagens de estacas de Piptocarpha
angustifolia Dusén com calos e mortas, na primavera (novembro de
2004).
TRATAMENTOS
(mgL
-1
IBA)
ESTACAS COM CALOS
(%)
ESTACAS MORTAS
(%)
0 17,5 A 82,5 B
500 2,5 B 97,5 A
1000 0,0 B 100,0 A
1500 1,3 B 98,7 A
3000 1,3 B 98,7 A
Médias seguidas da mesma letra maiúscula nas colunas e minúsculas nas linhas não diferem
estatisticamente pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
O período de florescimento da espécie tem início nesta época. Segundo
LOPES e BARBOSA (2000), a floração e a frutificação competem com o
enraizamento, pois a síntese de giberelina pode atuar antagonicamente à síntese de
auxina e, conseqüentemente, à formação de raízes. ONO et al. (1994) observaram
em Platanus acerifolia (Ait.) Willd. que o menor número de estacas enraizadas
ocorreu na primavera, provavelmente em conseqüência do alto nível de giberelina
verificado nesta época.
3.3.1.2 Verão de 2005
As estacas semilenhosas de brotações do ano de Piptocarpha angustifolia
Dusén submetidas aos cinco tratamentos apresentaram 100% de mortalidade. Foi
verificada a perda rápida de folhas e intensa desidratação, mesmo sob regime de
nebulização intermitente. Provavelmente fatores relacionados à temperatura e ao
período de florescimento podem estar relacionados a estes resultados, conforme
descrito por LEONEL e RODRIGUES (1993) na estaquia de lichieira (Litchi chinensis
Sonn.) onde destacaram que, mesmo sob regime de nebulização não houve
reposição suficiente da grande perda de água ocorrida pela transpiração.
3.3.1.3 Outono de 2005
Não houve registros de estacas enraizadas. Duas estacas com calos foram
desconsideradas na análise estatística. A análise de variância (Tabela 3) revelou
que não houve efeito significativo entre os tratamentos para estacas vivas ou mortas.
TABELA 3 - Análise de variância das porcentagens de estacas de Piptocarpha
angustifolia Dusén vivas e mortas, no outono (maio de 2005).
FONTES DA VARIAÇÃO G.L.
QUADRADO MÉDIO
VIVAS MORTAS
Tratamentos
Erro
4
15
158,80
ns
86,20
193,09
ns
85,32
Total 19
Coeficiente de Variação (%)
Teste de Bartlett (χ
2
)
61,53
81,91
ns
10,95
86,13
ns
ns
não significativo
A solução testemunha e a dosagem de 500mgL
-1
IBA foram as que
apresentaram maiores valores numéricos para estacas vivas e os menores para
estacas mortas (Tabela 4), sugerindo inadequação das dosagens do regulador
vegetal utilizadas nos tratamentos, conforme citado por LEONEL e RODRIGUES
(1993) para estaquia de lichieira (Litchi chinensis Sonn.) cujas estacas foram
coletadas na mesma época e tratadas com 2000mgL
-1
de IBA.
TABELA 4 - Comparação de médias entre as porcentagens de estacas vivas e
mortas provenientes de brotações do ano de plantas adultas de
Piptocarpha angustifolia Dusén, no outono (maio de 2005).
TRATAMENTOS
(mgL
-1
IBA)
ESTACAS VIVAS
(%)
ESTACAS MORTAS
(%)
0 18,6 A 80,1 A
500 23,8 A 74,9 A
1000 10,6 A 89,4 A
1500 14,6 A 85,4 A
3000 8,0 A 92,0 A
Média geral
15,1 84,4
Médias seguidas da mesma letra nas colunas não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey ao
nível de 5% de probabilidade.
Foi observado um alto índice de estacas mantidas vivas e com folhas que não
apresentaram formação de calos, mas o desenvolvimento de brotações, indicando o
provável consumo de reservas relacionadas ao período de repouso vegetativo da
espécie. HARTMANN et al. (2002) cita que para algumas espécies o consumo de
reservas utilizadas para formação de brotações prejudicam o enraizamento. A
relação de redirecionamento de energia (fonte - dreno) foi observada por ADAMS e
ROBERTS (1987), quando o desenvolvimento de gemas em estacas de três
cultivares do gênero Rhododendron inibiu a iniciação radicial.
3.3.1.4 Inverno de 2005
Houve mortalidade geral das estacas provenientes de brotações do ano
provenientes de plantas matrizes adultas. Foi observada a queda de folhas que
antecedeu a necrose das bases das estacas.
3.3.2 Análises anatômicas
As observações realizadas em secções transversais de estacas de
Piptocarpha angustifolia Dusén provenientes de plantas matrizes adultas revelaram
epiderme com células alongadas no sentido anticlinal e 6 a 9 camadas de
parênquima cortical (Figura 1). As camadas mais externas desse parênquima
apresentam fibras dispostas em camadas ou fileiras descontínuas, sendo
denominadas fibras do floema primário (Figura 2 A-C). RAVEN, EVERT e
EICHHORN (2001) descreveram estas fibras como células que apresentam parede
espessa, localizadas externamente ao floema secundário.
BEAKBANE (1961) observou a influência da estrutura anatômica do floema
primário sobre a capacidade da formação de raízes em estacas de frutíferas e
concluiu que plantas de difícil enraizamento freqüentemente apresentam alto grau
de esclerificação. Segundo ONO e RODRIGUES (1996) o grau de continuidade da
camada esclerenquimática é inversamente proporcional à capacidade de
enraizamento das estacas. WHITE e LOVELL (1984) verificaram em estacas de
plantas adultas de Griselinia littoralis e G. lucida, a formação de um anel contínuo
formado por fibras e esclereídes no floema primário do caule impedindo a emissão
dos primórdios radiciais. Em Piptocarpha angustifolia Dusén, a camada de fibras
apresenta uma descontinuidade, indicando a possibilidade de não constituir uma
barreira mecânica ao enraizamento.
O cilindro vascular (Figura 2 A) é composto de feixes colaterais com floema
primário, limitado externamente por calotas de fibras pericíclicas e xilema primário.
Todas as estacas analisadas apresentaram crescimento secundário inicial (Figura 2
A-D). O floema secundário é depositado internamente ao floema primário,
apresentando raios parenquimáticos largos e contínuos com a região interfascicular.
St HILAIRE, BERWART e PERES-MUÑOZ verificaram que na região de células
parenquimáticas do floema adjacente ao câmbio ocorreu a formação das raízes
adventícias em Mussaenda erytrophylla L. Schum & Thonn. A região do xilema
secundário apresenta raios parenquimáticos mais estreitos próximos à região cortical
e vasos isolados ou agrupados com raios parenquimáticos largos mais internamente.
O crescimento do câmbio apresentou-se mais avançado nas estações
outono, inverno e primavera, coincidindo com os períodos de maior acúmulo de
açúcares totais nas estacas (Figura 1 A-C-D). IRITANI, SOARES e GOMES
observaram em erva-mate (Ilex paraguariensis St. Hil.) que o aumento da atividade
cambial induzido pelas auxinas favoreceu a formação de calos e a iniciação radicial.
A observação dos cortes nas quatro estações do ano (Figura 1) revelou menor
atividade do câmbio nas estações da primavera e outono (Figura 1 A-C), e maior
atividade no verão e inverno (Figura 1 B-D), com presença de maior quantidade de
células em diferenciação. Embora o inverno seja tipicamente um período de repouso
vegetativo, as elevações de temperatura verificadas (Anexo 3) possivelmente
contribuíram para esse fenômeno.
Segundo ANGYALOSSI-ALFONSO e MARCATI (2004) o câmbio pode sofrer
dormência durante períodos de estresse, onde a disponibilidade hídrica nos trópicos
induz a sazonalidade cambial. Nestes períodos a divisão celular cessa, resultando
em uma região cambial mais estreita em relação aos períodos favoráveis ao
crescimento.
FIGURA 1 - A-D. Vista geral das secções transversais da base das estacas
caulinares semilenhosas de Piptocarpha angustifolia Dusén:
Primavera/2004 (A); Verão/2005 (B); Outono/2005 (C);
Inverno/2005 (D). Visualizar a medula (M) e o xilema (X). Barra =
200 µm.
FIGURA 2 A-D. Detalhes das secções transversais da base das estacas
caulinares semilenhosas de Piptocarpha angustifolia Dusén:
Primavera/2004 (A); Verão/2005 (B); Outono/2005 (C);
Inverno/2005 (D). Visualizar a medula (M); o xilema (X); o
câmbio (C); as fibras do floema secundário (F2); as fibras do
floema primário (F1); o floema secundário (Fl); o córtex (Ct) e as
fibras pericíclicas (Seta). Barra = 100 µm.
Os testes microquímicos com lugol (Figura 3) revelaram a presença de amido
na região da endoderme durante as estações do outono, inverno e primavera (Figura
3 A-C-D), concentrando-se nas camadas de células mais internas do córtex,
delimitado por fibras pericíclicas. Para o enraizamento de oliveira (Olea europea L.),
o amido constituiu a maior fonte de carboidratos requeridos ao processo de indução
radicial, uma vez que a taxa de fotossíntese permanece reduzida nas estacas
(WIESMAN e LAVEE, 1995).
Não foi verificada deposição de amido no verão (Figura 3 B), possivelmente
devido ao consumo relacionado ao período de floração. Segundo ONO e
RODRIGUES (1996), a presença de amido nas estacas pode ser resultado do
acúmulo realizado durante o período de dormência; nas estações subseqüentes este
amido é disponibilizado para consumo durante os períodos de floração e frutificação.
FIGURA 3 A–D. Testes com lugol para detecção de amido em secções
transversais da base das estacas caulinares semilenhosas de
Piptocarpha angustifolia Dusén: Primavera/2004 (A);
Verão/2005 (B); Outono/2005 (C); Inverno/2005 (D). Barra = 50
µm.
Os testes microquímicos com cloreto férrico (Figura 4) o evidenciaram
conclusivamente a presença de compostos fenólicos específicos pela alteração
coloração devido a preexistência de uma substância de coloração intercelular
escura. O corte do caule e a imersão das bases das estacas em soluções de
hipoclorito de sódio e Benomyl podem ter causado a oxidação dos tecidos e
conseqüente liberação de compostos fenólicos. Testes específicos seriam
necessários para identificar a composição química dessa substância a fim de
esclarecer a influência desse composto sobre o enraizamento, pois a presença de
compostos classificados genericamente como mono e polifenóis pode interferir no
processo de indução radicial por atuarem, respectivamente, como ativadores e
inibidores do sistema IAA-oxidase (ONO; RODRIGUES,1996).
FIGURA 4 A-D. Testes microquímicos com reagente cloreto rrico em
secções de transversais da base das estacas semilenhosas de
Piptocarpha angustifolia Dusén na primavera/2004 (A);
verão/2005 (B); Outono (C); inverno (D). Deposição de
substância preexistente (setas). Barra = 50 µm.
O corte realizado em estaca com formação de calo proveniente de planta
matriz adulta na avaliação no outono/2005 apresentou a formação de primórdio
radicial originado provavelmente na região do câmbio (Figura 5)
.
Segundo
McMAHON, KOFRANEK e RUBATZKY (2002), as raízes em estacas de plantas
perenes lenhosas originam-se no tecido do floema secundário jovem ou de outros
tecidos, como o câmbio e a medula.
A iniciação radicial pode ocorrer de maneira direta ou indireta, pela formação
do calo. Em Piptocarpha angustifolia Dusén foi observada a formação da massa
celular indiferenciada na qual ocorreu a iniciação. O primórdio surgiu na região
correspondente ao câmbio interfascicular, deslocando as estruturas adjacentes para
a periferia no momento da emergência, com possível evidência da formação da
conexão vascular. O local de formação do primórdio radicial verificada em
Piptocarpha angustifolia Dusén correspondeu ao descrito por BOEGER, ALQUINI e
NEGRELLE (2004) que verificaram a formação de raízes adventícias de guaco
(Mikania glomerata Sprengel) no câmbio fascicular. St. HILAIRE, BERWART e
PEREZ-MUÑOZ (1996) verificaram a formação de raízes em Mussaenda
erytrophylla L. Schum & Thonn a partir da desdiferenciação de células
parenquimáticas do floema, adjacentes ao câmbio vascular.
Nos cortes analisados foi observada a presença de uma substância densa
(Figura 6-D), provavelmente mucilagem, de coloração roxa (com azul de toluidina)
obstruindo o lume dos elementos de vaso, provavelmente produzidas pelas células
adjacentes a esses elementos. Esta deposição é feita pela calose, um
polissacarídeo composto de resíduos de glicose arranjados espiraladamente que
surgem como resposta à injúria e possivelmente relacionada a mecanismos da
defesa vegetal contra patógenos (RAVEN; EVERT; EICHHORN, 2001).
FIGURA 5 – A-D. Primórdio radicial em secção transversal da base de estaca
semilenhosa de Piptocarpha angustifolia Dusén (inverno de 2005).
Barra = 200 µm (A); Barra =100 µm (B); Barra = 100 µm (C).
Elemento de vaso obliterado por mucilagem. Barra = 25 µm (D).
3.3.3 Análises bioquímicas de açúcares totais e proteínas
As maiores concentrações de açúcares totais (Figura 6) foram obtidas no
outono e inverno, respectivamente, sendo que no outono foram verificados os
índices mais elevados de estacas vivas. Estes resultados coincidem parcialmente
com os citados por ZANETE (1995) sobre o período de repouso vegetativo das
espécies, no qual as reservas se acumulam nos tecidos para o posterior período de
florescimento e frutificação.
As reservas de amido e a fotossíntese constituem a fonte de carboidratos nos
tecidos das estacas (HARTMANN et al., 2002), sendo mobilizados durante o
processo de enraizamento; o excesso desses compostos, porém, pode gerar efeito
limitante sobre o enraizamento causado pela inibição da sacarose-sintetase, que
reduz a habilidade da sacarose em promover a emissão de raízes (ONO;
RODRIGUES, 1996; ZUFFELLATO-RIBAS; RODRIGUES, 2001).
Com relação à variação dos teores de proteínas (Figura 6), serão necessárias
análises qualititativas que possam elucidar de que forma enzimas específicas atuam
sobre o enraizamento das estacas. O aumento da concentração de várias enzimas
logo após o período de confecção das estacas, dentre elas a peroxidase, que tem
sido utilizada como marcador da fase de indução ao enraizamento (HARTMANN et
al., 2002).
0
100
200
300
400
500
600
700
Primavera/04 Verão/2005 Outono/2005 Inverno/2005
mgg-1 tecido
Açúcares totais Protnas
FIGURA 6 Teores de açúcares totais e proteínas em estacas de Piptocarpha
angustifolia Dusén provenientes de plantas matrizes adultas na
primavera de 2004, verão, outono e inverno de 2005
5 CONCLUSÕES
Nas condições em que foi desenvolvido o experimento foi possível concluir
que a estaquia semilenhosa de brotações do ano de plantas adultas de Piptocarpha
angustifolia Dusén não é viável, mesmo com a aplicação de ácido indol butírico.
A presença de fibras possivelmente o constituiu barreira anatômica à
indução radicial.
As concentrações de açúcares totais e proteínas não apresentaram
correlação com o enraizamento adventício.
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4 CAPÍTULO II: ENRAIZAMENTO DE ESTACAS SEMILENHOSAS DE
BROTAÇÕES DE CEPA DE Piptocarpha angustifolia
DUSÉN (ASTERACEAE) COM O USO DE ÁCIDO INDOL
BUTÍRICO
RESUMO
Piptocarpha angustifolia Dusén (Asteraceae) é uma espécie arbórea nativa
brasileira, pertencente à Floresta Ombrófila Mista (Floresta com Araucária) que
possui potencial ambiental e econômico para utilização na construção civil e
caixotaria. A produção de sementes apresenta baixa viabilidade, além da dificuldade
de coleta. Este trabalho teve como objetivo verificar a resposta de enraizamento de
estacas provenientes de brotações de cepa coletadas no verão, outono e inverno de
2005 no município de Colombo, estado do Paraná, Brasil, submetidas a tratamentos
com uso do regulador vegetal ácido indol butírico na forma de solução: 0, 500, 1000,
1500 e 3000mgL
-1
IBA. Foram avaliadas as porcentagens de estacas enraizadas,
com calos, vivas e mortas num delineamento experimental inteiramente casualizado
(DIC) composto por 4 repetições de 20 estacas por tratamento. Paralelamente foram
efetuadas análises bioquímicas de açúcares totais e proteínas para verificação de
possível inibição da iniciação radicial. O enraizamento adventício (1,3%) ocorreu
somente no verão de 2005. Os açúcares totais apresentaram maior concentração no
outono e inverno de 2005, períodos de repouso vegetativo da espécie, não sendo
correlacionados ao enraizamento. O ácido indol butírico o promoveu a iniciação
radicial em estacas provenientes de brotações de cepa.
Palavras-chave: vassourão-branco, estaquia, rejuvenescimento, auxina, poda.
4 CHAPTER II: SEMIHARDWOOD CUTTINGS ROOTING OF Piptocarpha
angustifolia DUSÉN (ASTERACEAE) SPROUTS BY
PRUNING WITH INDOLEBUTYRIC ACID USE
ABSTRACT
Piptocarpha angustifolia Dusén (Asteraceae) is a brazilian native woody species
belonging to Mixed Rain Forest (Araucaria´s Forest) with environmental and
economical potential for timber use. The seeds production presents poor feasibles
and collection difficult. This work aims to verify the rooting response by cuttings of
sprouts by pruning collected in summer, autumn and winter 2005 in Colombo city,
Paraná state, Brazil and submitted a different treatments with use of plant growth
regulator indolebutyric acid by solution: 0, 500, 1000, 1500 e 3000mgL
-1
IBA. The
evaluation included rooting percentage, callus cuttings, alive and dead cuttings. The
statistical analyses were made according to completely randomized design with four
replications of twenty cuttings per experimental unit. Analysis of total carbohydrates
and proteins were made to verify inhibition of rooting. Adventitious rooting (1,3%)
occurred only in summer 2005 and the major concentration of total carbohydrates
occurred in autumn and winter 2005, in vegetative rest of the species and weren´t
related with rooting response. The indolebutyric acid didn´t promote rooting initiation
on cuttings by sprouts.
Key-words: white-brush, cuttings, rejuvenation, auxin, pruning
4.1 INTRODUÇÃO
Entre os principais fatores que interferem na propagação vegetativa têm-se a
maturação/juvenilidade dos propágulos, nutrição mineral da planta matriz,
reguladores vegetais, luminosidade, temperatura, umidade e técnica de propagação
empregada (WENDLING, 1999).
A maturação nas plantas lenhosas induz variações na capacidade da
propagação vegetativa (ZOBEL; TALBERT, 1984, BIASI, 1996; HARTMANN et al.,
2002). Segundo COUVILLON (1988) os ramos da copa maduros apresentam
dificuldade em emitir raízes devido ao balanço hormonal diferente daquele que a
planta apresenta no estado juvenil, com necessidade de técnicas especiais para
reversão à juvenilidade e resgate de condições favoráveis ao enraizamento e
crescimento (HIGASHI; SILVEIRA; GONÇALVES, 2000).
O processo de reversão da fase adulta à fase juvenil é chamado
rejuvenescimento, amplamente utilizado para o gênero Eucalyptus como técnica
para otimização do enraizamento. ALFENAS et al. (2004) citam que as brotações
emitidas na cepa possuem características morfológicas e fisiológicas juvenis,
fundamentais para a recuperação da competência do enraizamento, garantindo a
manifestação de todo o potencial genético do material selecionado. Para espécies
florestais, o rejuvenescimento pode ser obtido através de poda drástica, aplicações
de citocininas ou herbicidas, propagação seriada via enxertia, propagação seriada
via estaquia e micropropagação (HIGASHI; SILVEIRA; GONÇALVES, 2000). Nos
casos de poda drástica, porém, devem ser consideraradas as restrições geradas
pela legislação ambiental vigente quanto ao abate de árvores adultas de espécies
nativas para a obtenção de tais brotações (XAVIER; SANTOS, 2002).
A formação de raízes adventícias em brotações provenientes de poda em
plantas matrizes adultas de teca (Tectona grandis L.) foi semelhante às
porcentagens obtidas em plantas jovens (PALANISAMY; SUBRAMANIAN, 2001); os
mesmos resultados foram obtidos por CARPANEZZI, TAVARES e SOUSA (2001) na
comparação entre o enraizamento de brotações jovens de corticeira-do-banhado
(Erythrina crista-galli L.) e estacas coletadas de plantas adultas. Para MARKS
(1991), o rejuvenescimento a partir de poda drástica de plantas matrizes de azaléia-
arbórea (Rhododendron yakushimanum) proporcionou maior eficiência no
enraizamento.
Piptocarpha angustifolia Dusén (Asteraceae), também denominada
vassourão-branco, é uma espécie pioneira nativa pertencente à Floresta Ombrófila
Mista (Floresta com Araucária), que possui potencial importância econômica e
ambiental (SEITZ, 1976). Brotações de cepa originadas de corte raso realizado
previamente, foram coletadas em algumas épocas do ano e, a partir destas, foram
confeccionadas estacas semilenhosas submetidas a tratamentos com diferentes
concentrações do ácido indol butírico, visando o enraizamento da espécie.
Paralelamente foram realizadas análises bioquímicas de açúcares totais e proteínas
com a finalidade de verificar barreiras relacionadas à iniciação radicial nesse tipo de
material vegetativo.
4.2 MATERIAL E MÉTODOS
4.2.1 Estaquia
Foram utilizadas brotações de cepa (Anexo 1-B) de oito árvores adultas (DAP
20 a 30cm), localizadas no bairro Imbuial, município de Colombo (25° 19'
18,48139"S e 49° 09' 32,87741"W), estado do Paraná. As coletas foram realizadas
no último mês em cada estação do ano:
Verão de 2005: 25/02/2005
Outono de 2005: 13/05/2005
Inverno de 2005 : 12/08/2005
As estacas foram confeccionadas com comprimento foi de 12 cm e diâmetro
entre 0,7 e 1,0cm, mantendo-se dois a três entrenós; corte em bisel na base e corte
reto na porção superior, onde foram mantidas duas folhas com área reduzida à
metade, com objetivo de reduzir a perda de água pela transpiração foliar. Durante o
processo de confecção, as estacas foram mantidas em baldes com água para evitar
desidratação do material. Para a desinfestação, as estacas foram tratadas com
hipoclorito de sódio a 0,5% por 10 minutos, lavagem posterior em água corrente por
5 minutos e imersão das bases em fungicida Benomyl
(0,25gL
-1
) por 15 minutos. Em
seguida, as bases das estacas foram mergulhadas cerca de 1,5cm em soluções
alcoólicas (50% v/v) de ácido indol butírico (IBA) [Ácido 4-(3-indolil butírico P.S.) do
Laboratório Vetec Química Fina Ltda.], por 10 segundos de imersão conforme os
seguintes tratamentos:
0 mgL
-1
IBA
500 mgL
-1
IBA
1000 mgL
-1
IBA
1500 mgL
-1
IBA
3000 mgL
-1
IBA
O plantio foi realizado em tubetes de polipropileno com 53cm
3
, contendo
vermiculita de granulometria dia como substrato. As estacas foram mantidas em
casa-de-vegetação climatizada com nebulização intermitente (> 80% UR) do Setor
de Ciências Biológicas, da Universidade Federal do Paraná, em Curitiba, estado do
Paraná (Anexo 1-C).
Após 70 dias da instalação foram analisadas as seguintes variáveis:
porcentagem de estacas enraizadas, número médio de raízes por estaca,
comprimento médio das três maiores raízes por estaca, porcentagem de estacas
com calos (sem raízes e com calos), porcentagem de estacas vivas (sem raízes e
sem calos) e porcentagem de estacas mortas. O delineamento foi inteiramente
casualizado composto por cinco tratamentos com quatro repetições de 20 estacas
por parcela, totalizando 400 estacas por experimento em cada época de coleta. Os
resultados foram submetidos ao teste de Bartllet, à análise de variância (teste F) e
as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
4.2.2 Análises bioquímicas de açúcares totais e proteínas
Para análises referentes às concentrações de açúcares totais e de proteínas,
foram utilizadas amostras com o padrão das estacas utilizadas nos experimentos de
estaquia, com duas ou três repetições por análise. Cada estaca foi macerada com
10ml de álcool 80° e a extração dos açúcares feita em banho-maria (70-80°C)
durante 10 minutos (adaptado de NASCIMENTO et al, 1998). Após este período,
realizou-se a filtragem, com o resíduo submetido a mais duas extrações. O filtrado
final foi evaporado a 50°C e o extrato ressuspenso em 3ml de água destilada, sendo
mantido em congelador.
As amostras foram posteriormente utilizadas para análise de açúcares totais
pelo método fenol-sulfúrico (DUBOIS et al., 1956) utilizando glucose como padrão,
com leitura em espectrofotômetro em absorbância de 490nm.
Os mesmos procedimentos de maceração, extração e filtragem foram
utilizados para proteínas, sendo determinadas pelo método de BRADFORD (1976),
com a utilização do padrão albumina bovina (BSA).
4.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.3.1 Estaquia
4.3.1.1 Verão de 2005
Nesta época houve enraizamento de estacas (Anexo 1-D) e presença de
estacas com calos, estacas vivas e estacas mortas. Não houve qualquer efeito
significativo entre os tratamentos para todas as variáveis (Tabela 5).
TABELA 5 - Análise de variância das porcentagens de estacas de Piptocarpha
angustifolia Dusén enraizadas, com calos, vivas e mortas
provenientes de brotações de cepa, no verão (fevereiro de 2005)
QUADRADO MÉDIO
FONTES DE VARIAÇÃO G.L.
ENRAIZADAS CALOS VIVAS MORTAS
Tratamentos 4 12,50
ns
53,12
ns
12,50
ns
84,37
ns
Erro 15 10,51 47,01 18,20 50,83
Total 19
Coeficiente de Variação (%) 259,44 109,71 170,65 7,92
Teste de Bartlett (χ
2
)
57,13
ns
60,85
ns
65,64
ns
41,19
ns
ns
não significativo
O maior valor numérico de enraizamento (Tabela 6) ocorreu no tratamento de
1000mgL
-1
(3,8%), seguido do tratamento contendo 3000mgL
-1
de IBA (2,5%), não
ocorrendo nos demais. Apesar das baixas porcentagens obtidas, os resultados
sugerem que a idade do material vegetativo utilizado associada à aplicação do
regulador vegetal apresentaram efeito positivo sobre a indução radicial em relação à
testemunha.
TABELA 6 - Comparação de médias das porcentagens de estacas de Piptocarpha
angustifolia Dusén enraizadas, com calos, vivas e mortas provenientes
de brotações de cepa, no verão (fevereiro de 2005)
TRATAMENTOS
(mgL
-1
IBA)
ESTACAS
ENRAIZADAS
(%)
ESTACAS
COM CALOS
(%)
ESTACAS
VIVAS
(%)
ESTACAS
MORTAS
(%)
0 0,0 A 2,5 A 0,0 A 97,5 A
500 0,0 A 11,3 A 3,7 A 85,0 A
1000 3,8 A 3,7 A 3,7 A 88,8 A
1500 0,0 A 8,7 A 1,3 A 90,0 A
3000 2,5 A 5,0 A 3,7 A 88,8 A
Média geral
1,3 6,2 2,5 90,0
Médias seguidas da mesma letra nas colunas não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey
ao nível de 5% de probabilidade.
A média geral obtida para porcentagem de estacas com calos foi de 6,2% e,
numericamente, o tratamento contendo 500mgL
-1
de IBA resultou em maior
porcentagem (11,3%), seguido do tratamento de 1500mgL
-1
(8,7%); os demais
tratamentos apresentaram porcentagens iguais ou inferiores a 5%. Entre as
porcentagens de estacas vivas os tratamentos 500mgL
-1
, 1000mgL
-1
e
3000mgL
-1
apresentaram resultados semelhantes (3,7%) e superiores.
Para a variável porcentagem de estacas mortas, a média geral dos
tratamentos foi de 90%, com a testemunha apresentando valor numérico superior
(97,5%); os demais tratamentos apresentaram valores numéricos inferiores devido a
presença de estacas com calos e de estacas vivas.
O baixo índice de estacas enraizadas, de estacas com calos e vivas pode
estar relacionado à perda da juvenilidade do material utilizado, uma vez que o tempo
de espera pela produção de brotações de cepa em quantidade suficiente ao
delineamento do experimento diminuiu a resposta de enraizamento. Estacas de
corticeira-do-banhado (Erythrina crista-galli L.) provenientes de brotações de touça
com diâmetro entre 3 e 6mm apresentaram melhores resultados de enraizamento
quando comparadas às mais espessas (CARPANEZZI; TAVARES; SOUSA, 2001).
Com relação à utilização do regulador vegetal, houve aumento de estacas
enraizadas, com calos ou vivas e conseqüente redução da mortalidade nos
tratamentos em que houve aplicação do ácido indol butírico, em comparação ao
tratamento testemunha, sugerindo que a utilização deste produto pode favorecer a
indução radicial em estacas de Piptocarpha angustifolia, Dusén, necessitando novas
pesquisas nesse sentido.
4.3.1.2 Outono de 2005
Não houve enraizamento em qualquer dos tratamentos, somente presença de
estacas com calos, vivas e mortas. A análise de variância (Tabela 7) revelou efeito
significativo entre os tratamentos para a variável porcentagem de estacas mortas.
TABELA 7 - Análise de variância para porcentagens de estacas de Piptocarpha
angustifolia Dusén com calos, vivas e mortas, no outono (maio de
2005)
QUADRADO MÉDIO
FONTES DE VARIAÇÃO G.L.
CALOS VIVAS MORTAS
Tratamentos 4 56,99
ns
36,09
ns
50,14*
Erro 15 63,14 97,04 72,24
Total 19
Coeficiente de Variação (%) 64,08 56,70 12,10
Teste de Bartlett (χ
2
)
12,67
ns
41,21
ns
68,66
ns
ns
não significativo
* significativo ao nível de 5% de probabilidade
A média geral entre as porcentagens de estacas com calos foi de 12,4%
(Tabela 8). O tratamento de 500mgL
-1
(18,4%) apresentou valor numericamente
superior aos demais, verificando-se que o aumento das concentrações gerou
redução do valor dessa variável. Para porcentagens de estacas vivas, a média geral
foi de 17,4%, com o tratamento 3000mgL
-1
IBA apresentando o maior valor numérico
dessa variável (21%).
TABELA 8 - Comparação de médias das porcentagens de estacas de Piptocarpha
angustifolia Dusén com calos, vivas e mortas, provenientes de
brotações de cepa, no outono (maio de 2005)
TRATAMENTOS
(mgL
-1
IBA)
ESTACAS COM CALOS
(%)
ESTACAS VIVAS
(%)
ESTACAS MORTAS
(%)
0 13,2 A 18,5 A 68,3 A
500 18,4 A 15,8 A 65,8 B
1000 11,9 A 13,2 A 74,8 A
1500 9,3 A 18,4 A 72,3 A
3000 9,3 A 21,0 A 69,7 A
Média geral
12,4 17,4
Médias seguidas da mesma letra na linha o diferem estatisticamente pelo teste de Tukey ao
nível de 5% de probabilidade.
Houve diferença estatisticamente significativa para porcentagens de estacas
mortas. O tratamento de 500mgL
-1
IBA apresentou o menor índice de mortalidade,
reunindo resultados superiores aos demais na associação entre as variáveis
formação de calos e sobrevivência. Foi observado que os tratamentos contendo
maiores dosagens de regulador vegetal aumentaram a mortalidade das estacas.
4.3.1.3 Inverno de 2005
Não houve estacas enraizadas; somente estacas com calos, vivas e mortas. A
análise de variância (Tabela 9) revelou efeito significativo entre os tratamentos
apenas para a variável porcentagem de estacas com calos.
TABELA 9 - Resultados da análise de variância para a porcentagem de estacas
enraizadas de Piptocarpha angustifolia Dusén com calos, vivas e
mortas, no inverno (agosto de 2005)
QUADRADO MÉDIO
FONTES DE VARIAÇÃO G.L.
CALOS VIVAS MORTAS
Tratamentos 4 66,87
* 13,75
ns
55,00
ns
Erro 15 45,35 96,66 122,92
Total 19
Coeficiente de Variação (%) 141,77 34,50 16,61
Teste de Bartlett (χ
2
)
6,35
ns
56,25
ns
34,33
ns
ns
não significativo
* significativo ao nível de 5% de probabilidade
Os resultados apresentados pela Tabela 10 demonstram que os tratamentos
testemunha e 500mgL
-1
de IBA
apresentaram as maiores porcentagens de formação
de calos (8,8%).
TABELA 10 - Comparação de médias das porcentagens de estacas de Piptocarpha
angustifolia Dusén com calos, vivas e mortas, provenientes de
brotações de cepa, no inverno (agosto de 2005)
TRATAMENTOS
(mgL
-1
IBA)
ESTACAS COM CALOS
(%)
ESTACAS VIVAS
(%)
ESTACAS MORTAS
(%)
0 8,8 A 26,2 A 65,0 A
500 8,8 A 28,7 A 62,5 A
1000 0,0 B 27,5 A 72,5 A
1500 1,3 B 31,2 A 67,5 A
3000 5,0 A 28,7 A 66,3 A
Média geral
28,5 66,8
Médias seguidas da mesma letra na linha o diferem estatisticamente pelo teste de Tukey ao
nível de 5% de probabilidade.
Para estacas vivas, a média entre os tratamentos foi de 28,5%, com valores
numericamente superiores nos tratamentos em que foi realizada a aplicação do
regulador vegetal. Entre as porcentagens de estacas mortas, a média foi de 66,8%,
não havendo diferença estatisticamente significativa entre os tratamentos.
Comparando-se as todas as variáveis por tratamento observa-se que os tratamentos
testemunha e 500mgL
-1
de IBA apresentaram, em conjunto, as maiores
porcentagens de estacas com calos e vivas e as menores porcentagens de estacas
mortas, sugerindo que a ausência da aplicação ou menores dosagens possam
promover melhores resultados.
4.3.2 Análises de açúcares totais e proteínas
Os resultados obtidos pelos testes (Figura 7) revelaram um aumento gradativo
dos teores de açúcares totais a partir do verão, seguido das coletas realizadas no
outono, com o maior índice no inverno. Nas duas últimas estações este acúmulo
está relacionado ao período de dormência da espécie, e que correspondeu às
épocas de maior formação de calos e de sobrevivência da estacas.
Embora os carboidratos não contribuam isoladamente para a resposta de
enraizamento, constituem fonte de energia e carbono para a síntese de substâncias
essenciais à formação de raízes (HESS, 1969). NANDA e ANAND (1970) verificaram
em Populus nigra L. que o conteúdo de amido é alto no inverno, diminuindo na
primavera e verão, havendo uma relação inversamente proporcional entre o índice
de enraizamento e o conteúdo de amido. ONO e RODRIGUES (1996) destacam que
a mobilização do amido é decorrente da ativação de enzimas hidrolíticas,
determinadas pelo estado morfo-fisiológico dos ramos, sob efeito da produção de
auxina endógena.
Possivelmente a manutenção do material em casa-de-vegetação por um
período maior poderia favorecer a indução radicial com a utilização dessas reservas.
ONO e RODRIGUES (1996) apontam que as reservas de amido acumuladas são
convertidas em carboidratos solúveis disponibilizados aos processos metabólicos
requeridos pela espécie.
Com relação a variação dos teores de proteínas ao longo das estações, serão
necessárias investigações a respeito de sua possível influência sobre a iniciação
radicial nas estacas de Piptocarpha angustifolia Dusén.
0
100
200
300
400
500
600
700
800
Veo/05 Outono/05 Inverno/05
mgg-1 de tecido
Açúcares totais Proteínas
FIGURA 7 - Teores deúcares totais e proteínas em estacas de Piptocarpha
angustifolia Dusén provenientes de rebrotação no verão, outono e
inverno de 2005
4 CONCLUSÕES
Nas condições em que foi desenvolvido o experimento foi possível concluir
que o ácido indol butírico não promoveu a iniciação radicial em estacas de
Piptocarpha angustifolia Dusén provenientes de brotações de cepa.
As concentrações de açúcares totais e proteínas não apresentaram
correlação com o enraizamento adventício de estacas de P. angustifolia.
REFERÊNCIAS
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do eucalipto. Viçosa: UFV, 2004, 442p.
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Biochemistry, New York, v. 72, p. 248-254, 1976.
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banhado Erythrina crista-galli L. Comunicado Técnico Embrapa Florestas,
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cuttings of Populus nigra and its relationship with mobilization of starch. Physiologia
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ZOBEL, B.; TALBERT J. Vegetative propagation. In: Applied forest tree
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5 CAPÌTULO III MINIESTAQUIA DE Piptocarpha angustifolia DUSÉN COM O
USO DE ÁCIDO INDOL BUTÍRICO
RESUMO
Piptocarpha angustifolia (Asteraceae) é uma espécie arbórea nativa brasileira,
pertencente à Floresta Ombrófila Mista (Floresta com Araucária), cujos plantios se
destinam à produção de madeira para construção civil e ambiental para recuperação
de ecossistemas. Possui sementes muito pequenas (< 3mm) de difícil coleta e
formação de poucas sementes viáveis. A miniestaquia constitui alternativa para
propagação da espécie por utilizar material juvenil com potencial endógeno favorável
ao enraizamento. Este trabalho teve como objetivo verificar a resposta de
enraizamento de miniestacas provenientes de plântulas originadas por via seminal,
coletadas no inverno de 2005 , no município de Colombo, estado do Paraná, Brasil,
submetidas a tratamentos com e sem o uso do regulador vegetal ácido indol butírico
na forma de solução: água, 0, 500, 1000, 1500 e 3000mgL
-1
IBA. Foram avaliadas as
porcentagens de miniestacas enraizadas, com calos, vivas e mortas, num
delineamento experimental inteiramente casualizado composto por 4 repetições de
10 estacas por tratamento. Houve enraizamento adventício de miniestacas, com a
média geral de 14,6%, com a maior porcentagem (27,5%) obtida no tratamento sem
adição do regulador vegetal. O número médio de raízes foi de 7,7 raízes/miniestaca
e o comprimento médio de 3,6 cm. A miniestaquia é viável para iniciação radicial da
espécie.
Palavras-chave: vassourão-branco, miniestaquia, plântulas, auxina, brotações
5 CHAPTER III MINICUTTINGS OF Piptocarpha angustifolia DUSÉN WITH
INDOLEBUTYRIC ACID USE
ABSTRACT
Piptocarpha angustifolia is a native tree species belonging to Asteraceae family
occurring in Mixed Rain Forest (Araucaria´s Forest) having economical use in
plantation for woody production and enviromental restoration. It presents very little
seeds (<3mm) and poor number of feasible seeds. The minicuttings constitutes an
alternative for propagation by use of juvenile material with endogenous potential for
rooting. This work aims to verify the rooting response for minicuttings originated by
seeds, collected in winter 2005 at Colombo, Paraná State, Brazil and submitted to
different treatments with or without use of plant growth regulator indolebutyric acid
by solution: water, 0, 500, 1000, 1500 e 3000mgL
-1
IBA. The evaluation included
rooting percentage, callus cuttings, alive and dead cuttings. The statistical analyses
were made according to completely randomized design with four replications of ten
cuttings per experimental unit. There weren´t statistical differences between the
treatments, the average of adventitious rooting in minicuttings was 14,6% and major
percentage (27,5%) was obtained in the treatment without plant growth regulator.
The average number of roots was 7,7 per minicutting and the average length of 3,6
cm. Minicuttings is feasible to initiation of rooting for this species.
Key-words: white-brush, minicuttings, seedlings, auxin, sprout
5.1 INTRODUÇÃO
Algumas espécies enraízam prontamente quando suas estacas são
provenientes de plântulas, mas apresentam dificuldade de enraizamento quando
estas são retiradas de plantas matrizes com mais idade. Este fenômeno é
particularmente observado nas espécies lenhosas (LOVELL, WHITE, 1986), cuja
capacidade de formar raízes encontra-se ligada à fase juvenil de crescimento
(BONGA, 1982).
Segundo ALFENAS et al. (2004) a técnica da miniestaquia, implantada a
partir da década de 90, tem possibilitado a clonagem de genótipos de difícil
enraizamento, com ampliação da porcentagem de miniestacas enraizadas e
melhoria do sistema radicular, influenciando diretamente o desempenho a campo.
Na propagação por miniestaquia podem ser utilizadas brotações de plantas
propagadas por material seminal ou pelo método de estaquia convencional como
fontes de propágulos vegetativos. Numa seqüência esquemática em Eucalyptus,
inicialmente, faz-se a poda do ápice da brotação da estaca enraizada (muda com
aproximadamente 60 dias de idade), e em intervalos de 10 a 25 dias (variáveis em
função da época do ano, do clone/espécie, das condições nutricionais, entre outras)
a emissão de novas brotações, que são coletadas e postas para enraizar. Assim,
a parte basal da brotação da estaca podada constitui uma minicepa, que fornecerá
as brotações (miniestacas) para a formação das futuras mudas. O conjunto das
minicepas forma um minijardim clonal (WENDLING, 1999; XAVIER, SANTOS, 2002).
O protocolo de utilização da miniestaquia apresenta-se bem desenvolvido
para Eucalyptus, apresentando-se como alternativa viável para espécies florestais
nativas, uma vez que para determinadas espécies o processo de Estaquia
convencional resulta em percentual de enraizamento variável e com baixa qualidade
na formação de raízes (SOUZA; ALMADO, 2002).
Segundo XAVIER e SANTOS (2002) a avaliação de eficiência desta cnica
em espécies nativas pode contribuir para a ampliação de conhecimentos sobre
processos de produção de mudas por propagação vegetativa, suportando a base da
silvicultura com fins econômicos, além de possibilitar o resgate de genótipos adultos
de espécies de interesse.
Como incremento à capacidade de formação de raízes adventícias são
utilizados reguladores vegetais, que podem contribuir com o aumento da
porcentagem de enraizamento e melhoria da velocidade e qualidade na produção de
raízes (HARTMANN et al.,2002). Dentre eles, o ácido indol butírico apresenta como
vantagens a estabilidade química e menor toxicidade para as plantas (PAIVA;
GOMES,1993)
A espécie Piptocarpha angustifolia Dusén (Asteraceae), também denominada
vassourão-branco, é uma essência florestal nativa pioneira, cuja abrangência
coincide com regiões de distribuição natural do pinheiro-brasileiro (SEITZ, 1976;
CARVALHO, 2003). Apresenta potencial aproveitamento econômico e ambiental,
devido a seu desenvolvimento satisfatório em solos alterados e crescimento rápido,
atingindo a produtividade de 30m
3
ha
-1
ano
-1
em 1000 plantas aos 7 anos de idade
(SEITZ, 1976; INOUE; RODERJAN; KUNIYOSHI, 1984; CARVALHO, 2003).
O presente trabalho teve por objetivo verificar a resposta de enraizamento de
vassourão-branco (Piptocarpha angustifolia Dusén) utilizando a miniestaquia sob
diferentes concentrações do ácido indol butírico (IBA).
5.2 MATERIAL E MÉTODOS
As plântulas foram produzidas por sementes coletadas em outubro de 2004,
no município de Tunas do Paraná PR, das quais foram selecionadas 130, com
altura aproximada de 40cm. Posteriormente houve o transplantio (maio de 2005)
para porta-mudas de polietileno (1700cm
3
) contendo mistura de
vermiculita:Plantmax
®
:casca de arroz carbonizada (1:1:1), distribuídas em cinco
repetições de 26 plântulas cada.
5.2.1 Produtividade de brotações
Cada uma das plântulas foi podada a uma altura média de 7 a 10cm do colo,
com permanência de uma ou duas folhas. Este material foi mantido em estufa com
fertirrigação semanal contendo solução com 10L de água, 80g de uréia, 60g de
superfosfato simples, 5g FTE BR12 (9% Zn, 3% Fe, 2% Mn, 0,1% Mo, 1,8% B, 0,8%
Cu) e 60g de nitrato de potássio.
O acompanhamento da produção de brotações/plântula (Anexo 2 A-B) foi
realizado semanalmente, com cinco coletas consecutivas para verificação da
produção de miniestacas/minicepa/coleta, realizadas de acordo com a formação de
quantidade suficiente de material vegetativo destinado ao experimento de
enraizamento.
5.2.2 Enraizamento de miniestacas
O experimento foi realizado no mês de agosto, em período correspondente ao
inverno/2005, onde miniestacas herbáceas foram coletadas a partir das brotações
de minicepas, confeccionadas com comprimento de 2,0 a 3,0cm e 0,5cm de
diâmetro, mantendo-se duas folhas reduzidas (Anexo 2-B). Após a coleta, foram
imediatamente acondicionadas em caixas de isopor contendo água para reduzir
perdas por desidratação.
Não foi realizado tratamento fitossanitário, somente aplicações dos
tratamentos específicos. Aproximadamente 1,5cm das bases das estacas foram
mergulhadas em soluções alcoólicas (50% v/v) de ácido indol butírico (IBA) [Ácido 4-
(3-indolil butírico P.S.) do Laboratório Vetec Química Fina Ltda.], durante 10
segundos de imersão conforme os seguintes tratamentos:
água
solução alcoólica 50% (v/v)
500mgL
-1
IBA
1000mgL
-1
IBA
1500mgL
-1
IBA
3000mgL
-1
IBA
O plantio foi realizado em tubetes de polipropileno (53cm
3
) contendo
vermiculita de granulometria média, mantidos em casa-de-vegetação climatizada da
Embrapa Florestas (> 80% UR). O delineamento experimental foi inteiramente
casualizado, composto por seis tratamentos, composto por quatro repetições de dez
estacas, totalizando 240 estacas no experimento. As avaliações foram realizadas 53
dias pós-instalação devido a emergência de raízes para fora do tubete,
considerando as variáveis porcentagem de miniestacas enraizadas, número médio
de raízes por miniestaca, comprimento médio das três maiores raízes, porcentagem
de miniestacas com calos, porcentagem de miniestacas vivas (sem raízes e sem
formação de calos) e porcentagem de miniestacas mortas. Os resultados à análise
de variância (teste F), e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade.
5.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.3.1 Produtividade de brotações
A Tabela 11 apresenta o resultado das avaliações das cinco coletas de
miniestacas realizadas em intervalos médios de 35 dias. Durante este período houve
perda de três minicepas; duas da repetição número 2 e uma da repetição número 5.
TABELA 11 - Produtividade de brotações de Piptocarpha angustifolia Dusén por
plântula, em cada coleta, no outono de 2005 e primavera de 2005
COLETA
DATA
INTERVALO
COLETAS (DIAS)
PRODUTIVIDADE MÉDIA
BROTAÇÕES/
PLÂNTULA
BROTAÇÕES/
M
2
1 13/06/2005 38 2,3 AB 8,8
2 16/08/2005 62 1,5 BC 5,8
3 02/09/2005 17 1,1 C 4,2
4 06/10/2005 34 1,9 ABC 7,3
5 01/11/2005 25 2,5 A 9,6
Média geral 35
Teste de Bartlett (χ
2
)
65,43
CV (%) 14,68
Médias seguidas da mesma letra nas colunas não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey ao
nível de 5% de probabilidade
Os resultados observados para produção de miniestacas/minicepa/coleta
variaram de 1,1 a 2,5 nos recipientes contendo 1700cm
3
de substrato,
apresentando-se ligeiramente superiores aos obtidos por XAVIER et al. (2003);
XAVIER; SANTOS e OLIVEIRA (2003) na miniestaquia de cedro-rosa (Cedrela
fissilis Vell.) e SANTOS (2002) na miniestaquia de mogno (Swietenia macrophylla
King.) com a utilização de tubetes de 53cm
3
, sugerindo que o aumento na
quantidade de substrato pode incrementar a produção de brotações.
A variação entre os períodos de coleta de brotações ocorreu em função do
crescimento das mesmas, observando-se que nos períodos de temperatura mais
elevadas, as brotações cresceram com maior intensidade. WENDLING e SOUZA
JÚNIOR (2003) utilizaram material juvenil de erva-mate (Ilex paraguariensis St. Hil.)
e obtiveram 2,2 miniestacas por minicepa com intervalos de 35 dias entre as coletas.
Com relação à sobrevivência das plântulas, houve perda de três plântulas
devido a poda inadequada que reduziu drasticamente a área foliar da minicepa.
Desconsiderando-se estes incidentes, a totalidade das minicepas sobreviveu ao
longo do experimento. CUNHA, WENDLING e SOUZA JÚNIOR (2003) verificaram
em corticeira-do-mato (Erythrina falcata Bentham) que a sobrevivência das
miniestacas com folhas foi superior a 80%. A sobrevivência e a produção de
miniestacas em coletas sucessivas indicam a viabilidade técnica do sistema para
extração contínua de propágulos visando a produção de mudas (HIGASHI;
SILVEIRA; GONÇALVES, 2000).
A utilização da fertirrigação contendo solução de macro e micronutrientes
favoreceu o estado nutricional das minicepas, possibilitando a maior produtividade
de brotações. As alterações nas condições fisiológicas da planta matriz contribuem
para o acúmulo de reservas, que podem incrementar o crescimento dos propágulos
(PAIVA; GOMES, 1993).
5.3.2 Enraizamento de miniestacas
A análise de variância (Tabela 12) revelou que não houve efeito significativo
dos tratamentos para as variáveis porcentagem de miniestacas enraizadas (Anexo
2-D), com presença de calos e vivas. Porém houve efeito significativo entre os
tratamentos para a porcentagem de miniestacas mortas.
TABELA 12 - Análise de variância das porcentagens de miniestacas enraizadas,
com calos, vivas e mortas de Piptocarpha angustifolia Dusén, no
inverno (agosto de 2005)
QUADRADO MÉDIO
FONTES DE VARIAÇÃO G.L.
miniestacas
enraizadas
(%)
miniestacas
com calos
(%)
miniestacas
vivas
(%)
miniestacas
mortas
(%)
Tratamentos 5 254,16
ns
436,66
ns
147,50
ns
1870,00**
Erro 18 118,05 230,55 173,61 280,55
Total 23
CV (%) 74,51 118,81 70,27 28,59
Teste de Bartlett (χ
2
)
88,25
ns
49,80
ns
87,48
ns
82,32
ns
** significativo ao nível de 1% de probabilidade
ns
não significativo
Embora não haja diferença estatisticamente significativa entre as médias para
porcentagens de miniestacas enraizadas (Tabela 13), o tratamento sem uso do
regulador vegetal apresentou maior índice de enraizamento (27,5%), concordando
com os dados obtidos por SANTOS (2002) e XAVIER et al. (2003a) para cedro-rosa
(Cedrela fissilis Vell.) e SANTOS (2002) para mogno (Swietenia macrophylla).
TABELA 13 - Comparação de médias das porcentagens de miniestacas de
Piptocarpha angustifolia Dusén enraizadas, com calos, vivas e
mortas em cada tratamento, no inverno (agosto de 2005)
TRATAMENTOS
(mgL
-1
IBA)
MINIESTACAS
ENRAIZADAS
(%)
MINIESTACAS
COM CALOS
(%)
MINIESTACAS
VIVAS
(%)
MINIESTACAS
MORTAS
(%)
água 27,5 A 30,0 A 27,5 A 15,0 B
0 15,0 A 15,0 A 22,5 A 47,5 AB
500 7,5 A 12,5 A 10,0 A 70,0 A
1000 20,0 A 7,5 A 15,0 A 57,5 A
1500 7,5 A 5,0 A 17,5 A 70,0 A
3000 10,0A 0,0 A 20,0 A 70,0 A
Média geral 14,6 11,7 18,7
Médias seguidas da mesma letra maiúscula na coluna não diferem estatisticamente pelo teste de
Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
A utilização do tratamento testemunha (água) demonstrou ser um veículo
economicamente viável para a indução radicial da espécie em estudo, concordando
com BONGA (1982) e HARTMANN et al. (2002) que declararam que a juvenilidade
do material utilizado reúne condições favoráveis ao enraizamento.
Os resultados obtidos para porcentagem de miniestacas com calos apontam
que estas não diferiram estatisticamente entre si, sendo numericamente a maior
delas (30%) pertencente ao tratamento sem uso de regulador vegetal, seguido do
tratamento contendo solução alcoólica (15%), 500mgL
-1
(12,5%), 1000 mgL
-1
(7,5%)
e 1500 mgL
-1
(5%). Foi observado um decréscimo das porcentagens na variável
formação de calos à medida que aumentava a dosagem do regulador vegetal,
sugerindo possível inibição de acordo com a maior concentração da solução
contendo ácido indol butírico, salientando o potencial fitotóxico da aplicação do
regulador vegetal.
A formação de calos na base das miniestacas não constituiu pré-requisito
para a formação de raízes, uma vez que algumas apresentaram formação de raízes
sem a formação de calos e outras apresentaram formação de raízes e calos
simultaneamente, conforme resultados verificados por PAES (2002) em dois
cultivares de kiwizeiro (Actinidia deliciosa A. Chevalier).
Com relação às miniestacas vivas não houve diferenças significativas entre os
tratamentos. O tratamento sem uso de regulador vegetal apresentou a maior
porcentagem, seguido pelo tratamento contendo a solução alcoólica (22,5%). Os
demais tratamentos apresentaram porcentagens iguais ou inferiores a 20%.
Para estacas mortas houve diferença significativa entre as médias, sendo o
menor índice observado no tratamento sem uso de regulador vegetal. Os demais
tratamentos apresentaram porcentagens estatisticamente superiores sugerindo
possível efeito fitotóxico do regulador vegetal, conforme resultados obtidos por
NACHTIGAL et al. (1994) para estaquia de araçazeiro (Pisidium cattleyanum
Sabine).
Com relação à variável número médio de raízes por miniestaca e comprimento
médio das três maiores raízes, a análise de variância (Tabela 14) revelou a não
existência de efeito significativo entre os tratamentos.
TABELA 14 - Análise de variância para número dio de raízes e média das três
maiores raízes em miniestacas de Piptocarpha angustifolia Dusén
VALOR DE F
FONTES DE VARIAÇÃO G.L.
NRE CRE
Tratamentos 5 1,34
ns
0,25
ns
Erro 18
Total 23
CV (%) 70,25 99,90
Teste de Bartlett (χ
2
)
11,09
ns
71,72
ns
ns
não significativo
NRE: Número de raízes por miniestaca
CRE: Comprimento médio das três maiores raízes
A comparação de médias (Tabela 15) revelou que os maiores valores
numéricos para número médio de raízes por estaca foram obtidos nos tratamentos
testemunha e solução alcoólica. Nesse experimento, a aplicação do ácido indol
butírico (IBA) não apresentou efeito estimulador para esta variável nesta espécie,
discordando de PAIVA e GOMES, (1993) e ZUFFELLATO-RIBAS e RODRIGUES
(2001) que apontam o uso das auxinas com a finalidade de estimular o
enraizamento de estacas, aumentar a porcentagem de estacas enraizadas em
menor espaço de tempo, com maior número e maior vigor das raízes, aumentando
também sua uniformidade.
TABELA 15 - Comparação de médias para número médio de raízes e comprimento
médio das três maiores raízes de miniestacas de P. angustifolia
Dusén
TRATAMENTOS
(mgL
-1
IBA)
NRE
CRE
água 10,8 A 3,4 A
0 10,0 A 3,5 A
500 5,5 A 3,5 A
1000 8,3 A 5,3 A
1500 2,5 A 2,9 A
3000 9,0 A 2,8 A
Média Geral 7,7 3,6
Médias seguidas da mesma letra maiúscula na coluna o diferem estatisticamente pelo teste de
Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
NRE: Número de raízes por miniestaca
CRE: Comprimento médio das três maiores raízes
Para a variável comprimento médio das três maiores raízes por miniestaca,
numericamente o tratamento 1000 mgL
-1
apresentou comportamento de maior valor
em relação aos demais tratamentos. ANTUNES et al. (1996) trabalhando com o
enraizamento de ra (Pyrus calleryana Chantyclear) pontuaram que, além da
porcentagem de enraizamento, o número e comprimento de raízes formadas pelas
estacas foram as variáveis mais relevantes na produção de mudas. O incremento
destas variáveis favorece o desenvolvimento da muda, uma vez que mudas com
melhor sistema radicial terão maiores chances de sobrevivência quando
transplantadas para vaso ou campo (REIS et al., 2000).
Embora o emprego do regulador vegetal seja amplamente difundido para
estimular o enraizamento, aumentando a quantidade e uniformidade das raízes
adventícias, pôde-se constatar, neste experimento, que o material juvenil apresenta
potencial endógeno estimulador da indução e desenvolvimento de raízes, conforme
descrito por HARTMANN et al. (2002).
3 CONCLUSÃO
Nas condições em que foi desenvolvido o experimento foi possível concluir
que a miniestaquia é viável para a indução radicial adventícia de Piptocarpha
angustifolia Dusén, dispensando a utilização de ácido indol butírico, necessitando
estudos comparativos entre períodos de coleta dos propágulos, nutrição e
substratos.
REFERÊNCIAS
ALFENAS, A. C.; ZAUZA, E. A. V.; MAFIA, R.G; ASSIS, T. F. Clonagem e doenças
do eucalipto. Viçosa: UFV, 2004, 442p.
ANTUNES, L. E. C.; HOFFMANN, A.; RAMOS, J. D.; CHALFUN. N. N. J.; OLIVEIRA
JÚNIOR, A. F. Efeito do método de aplicação e de concentrações do ácido
indolbutírico no enraizamento de estacas semilenhosas de Pyrus calleryana, Revista
Brasileira de Fruticultura, Cruz das Almas, v. 18, n. 3, p. 371-376, 1996.
BONGA, J. M. Vegetative propagation in relation to juvenility, maturity and
rejuvenation. In BONGA, J.M; DURZAN, D.J.Tissue culture in forestry. Martinus
Nijholff/Dr. W. Junk, The Hague, p. 387-412, 1982.
CARVALHO, P. E. R. Espécies arbóreas brasileiras. Brasília: Embrapa Informação
Técnica, 2003, 1039 p.
CUNHA, A. C. M. C. M.; WENDLING, I.; SOUZA JÚNIOR, L. Influência da presença
ou ausência de folhas no enraizamento de miniestacas de corticeira-do-mato
(Erythrina falcata Bentham) obtidas em sistema hidropônico. Comunicado técnico
Embrapa Florestas, Colombo, n. 89, p. 1-5, 2003.
HARTMANN, H. T.; KESTER, D. E.; DAVIES JÚNIOR, F. T.; GENEVE, R. L. Plant
Propagation: Principles and Practices. 7 ed. New York: Englewood Clipps, 2002.
880p.
HIGASHI, E. N.; SILVEIRA, R. L. A.; GONÇALVES, A. N. Propagação vegetativa de
Eucalyptus: princípio básicos e a sua evolução no Brasil. Circular Técnica IPEF,
Piracicaba, n. 192, 2000, 13p.
INOUE, M. T.; RODERJAN, C. V.; KUNIYOSHI, Y. S. Projeto madeira do Paraná.
Curitiba, Fundação de pesquisas florestais do Paraná, 1984, 260p.
LOVELL, J.; WHITE, P. H. Anatomical changes during adventitious root formation. In
JACKSON, M. B. New root formation in plants and cuttings.
Dordrecht/Boston/Lancaster, Martinus Nijhoff Publishers, p. 111-140, 1986.
NACHTIGAL, J. C.; HOFFMANN, A.; KLUGE, R. A.; FACHINELLO, J. C.; MAZZINI,
A. R. A. Enraizamento de estacas semilenhosas de araçazeiro (Pisidium cattleyanum
Sabine) com o uso do ácido indolbutírico. Revista Brasileira de Fruticultura, Cruz
das Almas, v. 16, n.1, p.229-235, 1994.
Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social. Normas para apresentação de documentos
científicos; 9., Curitiba: Ed. da UFPR, 2000.
PAES, E. G. B. Enraizamento de estacas de kiwizeiro com regulador vegetales
nas quatro estações do ano. Curitiba, 2002. 68f. Dissertação (Mestrado em
Agronomia – Produção Vegetal). Universidade Federal do Paraná.
PAIVA, H. N.; GOMES, J. M. Propagação vegetativa de espécies florestais.
Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 1993, 40p.
REIS, J. M. R.; CHALFUN, N. N. J.; LIMA, L. C. O.; LIMA, L. C. Efeito do
estiolamento e do ácido indol butírico no enraizamento de estacas do porta-enxerto
Pyrus calleryana Dcne. Ciência Agrotécnica, Lavras, v. 24, n. 4, p.931-938, 2000.
SANTOS, G.A. Propagação vegetativa de mogno, cedro rosa, jequitibá rosa e
angico vermelho por miniestaquia. Viçosa, 2002, 75f. Monografia (Monografia).
Universidade Federal de Viçosa.
SEITZ, R. Algumas características ecológicas e silviculturais do vassourão-
branco. Curitiba, 1976, 114f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Florestal).
Universidade Federal do Paraná.
SOUZA, M. R.; ALMADO, R. P. Produção de mudas na CAF Santa Bárbara Ltda.
Miniestaquia clonal em Eucalyptus sp. In ROCHA, M. G. B. Melhoramento de
espécies arbóreas nativas. Minas Gerais: Instituto Estadual de Florestas, 2002,
171p.
WENDLING, I. Propagação clonal de híbridos de Eucalyptus spp. por
miniestaquia. Viçosa, 1999, 70f. Dissertação (Mestrado em Ciência Florestal),
Universidade Federal de Viçosa.
WENDLING, I.; SOUZA JÚNIOR, L. Propagação vegetative de erva-mate (Ilex
paraguariensis Saint Hilaire) por miniestaquia de material juvenil. In: CONGRESSO
SUL-AMERICANO DA ERVA-MATE, 3., Chapecó. Anais [Chapecó]: EPAGRI, 2003,
CD-ROM.
XAVIER, A.; SANTOS, G. A. Clonagem de espécies florestais nativas. In ROCHA, M.
G. B. Melhoramento de espécies arbóreas nativas. Minas Gerais: Instituto
Estadual de Florestas, 2002, 171p.
XAVIER, A; SANTOS, G. A.; WENDLING, I.; OLIVEIRA, M. L. Propagação
vegetativa de cedro-rosa por miniestaquia. Revista Árvore. Viçosa, v. 27, n. 2, p.
139-143, 2003.
XAVIER, A.; SANTOS, G. A.; OLIVEIRA, M. L. Enraizamento de miniestaca caulinar
e foliar na propagação vegetativa de cedro-rosa (Cedrela fissilis Vell.). Revista
Árvore, Viçosa, v. 27, n.3, p.351-356, 2003.
ZUFFELLATO-RIBAS, K. C.; RODRIGUES, J. D. Estaquia: uma abordagem dos
principais aspectos fisiológicos. Curitiba: [K. C. Zuffellato-Ribas]. 2001, 39p.
5. CONSIDERAÇÕES GERAIS
A Figura 8 apresenta uma síntese das médias gerais obtidas em todos os
tratamentos utilizados nas estações em que foram realizados experimentos de
estaquia semilenhosa proveniente de plantas matrizes adultas de Piptocarpha
angustifolia Dusén.
0
20
40
60
80
100
P
r
i
m
a
v
e
r
a
/
2
0
0
4
V
e
r
ã
o
/
2
0
0
5
O
u
t
o
t
n
o
/
2
0
0
5
I
n
v
e
r
n
o
/
2
0
0
5
% geral
estacas com calos estacas vivas estacas mortas
FIGURA 8 - Porcentagens de estacas de Piptocarpha angustifolia Dusén com calos,
vivas e mortas provenientes de brotações do ano em todas as épocas
avaliadas
Com relação aos resultados obtidos, pode-se sugerir alguns aspectos
possivelmente relacionados ao não desenvolvimento de raízes nas estacas
provenientes de plantas matrizes adultas utilizadas ao longo do experimento, tais
como idade do material vegetativo utilizado e aplicação do regulador vegetal. Neste
aspecto, pode ter havido inadequação do tipo utilizado, das doses de ácido indol
butírico utilizadas e do veículo para administração das mesmas, concordando com
as conclusões de LEONEL e RODRIGUES (1993) para propagação vegetativa de
lichieira (Litchi chinensis Sonn.).
A perda precoce de folhas pelas estacas também pode ter contribuído para a
não formação de raízes, uma vez que constituem o aparato fotossintético necessário
ao metabolismo das substâncias atuantes no processo de enraizamento. Observou-
se que a queda de folhas antecedeu a morte das estacas; além disso todas as
estacas que mativeram pelo menos uma das metades foliares emitiram brotações e
permaneceram vivas ao momento da avaliação, com ou sem emissão de raízes
ou calos.
A Figura 9 apresenta uma síntese das médias gerais obtidas em todos os
tratamentos utilizados nas estações em que foram realizados experimentos de
estaquia semilenhosa proveniente de brotações de cepa de Piptocarpha angustifolia
Dusén.
0
20
40
60
80
100
Veo/2005 Outono/2005 Inverno/2005
% geral
estacas com calos estacas vivas estacas mortas
FIGURA 9 - Porcentagens de estacas de Piptocarpha angustifolia Dusén com calos,
vivas e mortas provenientes de brotações de cepa em todas as épocas
avaliadas
Com a realização de experimentos utilizando estacas provenientes de
brotações de cepa a partir do verão/2005, pôde-se observar maiores porcentagens
de estacas vivas e com formação de calos e menores porcentagens de mortalidade,
quando comparadas ao mesmo período nos experimentos utilizando brotações do
ano. Foi possível constatar que a juvenilidade interferiu favoravelmente nestes
resultados, embora brotações mais precoces, com menor diâmetro pudessem
apresentar melhores resultados.
A Figura 10 apresenta os resultados obtidos pelo experimento com a
utilização de miniestacas provenientes de plântulas realizado no inverno/2005.
0
20
40
60
80
100
Inverno/2005
% geral
estacas enraizadas estacas com calos estacas vivas estacas mortas
FIGURA 10 - Porcentagens de miniestacas de Piptocarpha angustifolia Dusén com
calos, vivas e mortas provenientes de plântulas no inverno
(junho/2005)
A miniestaquia desenvolvida com a utilização de brotações provenientes de
plântulas originadas via semente apresentou resultado favorável para o
enraizamento, principalmente em relação à viabilidade econômica originada pela
não utilização de regulador vegetal. São necessários novos experimentos em
estações distintas para comparação dos resultados, assim como teste de outros
substratos e nutrição das fontes de propágulos.
A Figura 11 apresenta os resultados comparativos entre as fontes de material
(miniestacas, brotações de touça e brotações do ano) no inverno de 2005. Neste
período houve a realização concomitante dos experimentos.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Miniestacas Rebrota Adultas
% geral
Estacas enraizadas Estacas com calos Estacas vivas Estacas mortas
FIGURA 11 - Porcentagens de estacas de Piptocarpha angustifolia Dusén
provenientes de plântulas (miniestacas), poda (brotações de cepa)
e brotações do ano (adultas) enraizadas, com calos, vivas e
mortas, no inverno de 2005
De maneira geral, os dados obtidos nestes experimentos apontam um melhor
desempenho de miniestacas em relação às estacas semilenhosas provenientes de
brotações e àquelas obtidas de plantas matrizes adultas, concordando com
HARTMANN et al. (2002) que descreve o material juvenil como menos lignificado e
mais favorável ao enraizamento.
6. CONCLUSÃO GERAL
Nas condições em que foram desenvolvidos os experimentos é possível
concluir que estacas provenientes de brotações do ano não apresentaram
capacidade de enraizamento, mesmo com a utilização do ácido indol butírico.
Estacas obtidas de brotações de cepa manifestaram favorabilidade à formação de
raízes adventícias, necessitando novos estudos com relação à nutrição, substratos,
tipo e dosagens do regulador vegetal. O material juvenil proveniente de miniestacas
apresentou maior capacidade de enraizamento adventício, necessitando
aperfeiçoamento da técnica.
ANEXOS
ANEXO 1 Piptocarpha angustifolia Dusén, Colombo PR, 2004. Planta matriz
adulta (A); brotações de cepa (B); Instalação do experimento de
estaquia (C); Estaca proveniente de rebrotação enraizada (verão de
2005) (D).
Fonte: Ferriani, A. P., 2004/2005
A
C
B
D
ANEXO 2 – Material juvenil de Piptocarpha angustifolia. Minicepas com brotações (A);
Instalação de miniestaquia (B); Minijardim clonal (C); Miniestacas
enraizadas (D).
Fonte: FERRIANI, A. P., 2005
A
C
B
D
ANEXO 3 Precipitações e temperaturas médias mensais no período de março de
2004 a agosto de 2005, registradas pela estação meteorológica de
Curitiba e fornecidas pelo SIMEPAR, 2005.
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
M A M J J A S O N D J F M A M J J A
mm chuva/mês
0
5
10
15
20
25
T média mensal (°C)
Chuva (mm) T° média
2004 2005
ANEXO 4 - Precipitação mensal, temperaturas médias, média das mínimas e média
das ximas no período de março de 2004 a agosto de 2005,
registradas pela estação meteorológica de Curitiba e fornecidas pelo
SIMEPAR, 2005.
Mês/ano
Chuva
(mm)
Temperatura (°C)
Média
Média
das
mínimas
Média
das
máximas
Agosto de 2005 158,8 16,2 4,5 29,7
Julho de 2005 91,1 13,9 2,7 26,2
Junho de 2005 66,1 16,4 8,6 26,2
Maio de 2005 104,8 17,1 7,0 28,2
Abril de 2005 114,4 19,7 10,8 30,7
Março de 2005 72,8 20,7 12,6 33,4
Fevereiro de 2005
64,8 20,6 13,8 31,2
Janeiro de 2005 164,6 20,4 13,6 31,2
Dezembro de 2004
128,0 19,4 12,5 31,3
Novembro de 2004
92,1 18,4 12,0 31,1
Outubro de 2004 152,0 16,5 6,3 30,5
Setembro de 2004
52,5 18,0 8,6 32,4
Agosto de 2004 11,6 15,0 1,8 28,3
Julho de 2004 117,8 13,2 1,7 25,2
Junho de 2004 58,4 14,3 -0,3 24,5
Maio de 2004 134,6 13,8 4,9 26,2
Abril de 2004 87,4 18,9 11,5 34,0
Março de 2004 152,3 19,3 11,1 30,7
Fonte: SIMEPAR (Sistema Meteorológico do Paraná), 2005
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