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Tese apresentada à Divisão de Pós-Graduação do Instituto Tecnológico de
Aeronáutica como parte dos requisitos para obtenção do título de MESTRE
EM CIÊNCIA no Curso de Engenharia de Infra-Estrutura Aeronáutica,
Área de Infra-Estrutura Aeroportuária.
RONALDO GONÇALVES DE CARVALHO
CORRELAÇÕES ENTRE OS ENSAIOS DCP E CBR PARA
SOLOS SAPROLÍTICOS DE TEXTURA FINA
Tese aprovada em sua versão final pelos abaixo assinados:
Prof. Eugênio Vertamatti
Orientador
Prof. Homero Santiago Maciel
Chefe da Divisão de Pós-Graduação
Campo Montenegro
São José dos Campos, SP – Brasil
2005
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Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
Divisão Biblioteca Central do ITA/CTA
Carvalho, Ronaldo Gonçalves de
Correlações entre os ensaios DCP e CBR para solos saprolíticos de textura fina / Ronaldo Gonçalves
de Carvalho.
São José dos Campos, 2005.
141f.
Tese de mestrado – Curso de Engenharia de Infra-Estrutura Aeronáutica, Área de Infra-Estrutura
Aeroportuária – Instituto Tecnológico de Aeronáutica, 2005. Orientador: Prof. Dr. Eugênio Vertamatti.
1. Penetrômetro Dinâmico. 2. Tecnologia de Solos Tropicais. 3. Solos Saprolíticos. I. Centro Técnico
Aeroespacial. Instituto Tecnológico de Aeronáutica. Divisão de Engenharia de Infra-Estrutura
Aeronáutica. II. Título.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
CARVALHO, Ronaldo Gonçalves de. Correlações entre os ensaios DCP e CBR para solos
saprolíticos de textura fina. 2005. 141 f. Tese de Mestrado em Engenharia de Infra-Estrutura
Aeronáutica – Área de Infra-Estrutura Aeroportuária – Instituto Tecnológico de Aeronáutica,
São José dos Campos.
CESSÃO DE DIREITOS
NOME DO AUTOR: Ronaldo Gonçalves de Carvalho
TÍTULO DO TRABALHO: Correlações entre os ensaios DCP e CBR para solos saprolíticos de
textura fina
TIPO DO TRABALHO / ANO: Tese de Mestrado / 2005
É concedida ao Instituto Tecnológico de Aeronáutica permissão para reproduzir cópias desta
tese e para emprestar ou vender cópias somente para propósitos acadêmicos e científicos. O
autor reserva outros direitos de publicação e nenhuma parte desta tese pode ser reproduzida
sem a autorização do autor.
___________________________
Ronaldo Gonçalves de Carvalho
H-9-A Apto 604 CTA
12228-610 – São José dos Campos-SP
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CORRELAÇÕES ENTRE OS ENSAIOS DCP E CBR PARA
SOLOS SAPROLÍTICOS DE TEXTURA FINA
RONALDO GONÇALVES DE CARVALHO
Composição da Banca Examinadora:
Prof. Anderson Ribeiro Correia, PhD. – Presidente – ITA
Prof. Eugênio Vertamatti, DC. – Orientador – ITA
Prof. Flávio Massayuki Kuwajima, PhD. – ITA
Prof. Luiz Eduardo de Oliveira, DC. – UNESP
Prof. Paulo Ivo Braga de Queiroz, DC. – ITA
ITA
à minha querida esposa TATIANA, pelo
companheirismo, compreensão, palavras de
estímulo e carinho, mesmo nos momentos mais
difíceis desta longa jornada;
aos meus pais, ROBERTO e VÂNIA, eternos
professores, pelo apoio incondicional em
todas as fases da vida.
AGRADECIMENTOS
Não poderia deixar de expressar minha enorme gratidão a todas as pessoas que
contribuíram, incentivaram ou acreditaram na concretização deste projeto, em especial:
Ao amigo e orientador Prof. Eugênio Vertamatti, pelo motivação, dedicação e orientação
na condução dos trabalhos;
Aos professores Paulo Ivo Braga de Queiroz, Flávio Massayuki Kuwajima e Delma de
Matos Vidal pelas suas valiosas contribuições ao longo da jornada;
Aos amigos do laboratório, Guilherme e Reinaldo, pela disposição e dedicação de parte de
seu tempo em apoio à realização dos ensaios;
Aos colegas e amigos do programa de mestrado, em especial ao Frank, Bárbara, Catarina e
Betânia, pelo companheirismo e amizade;
Aos colegas professores, alunos e funcionários da Divisão de Engenharia de Infra-
Estrutura Aeronáutica do ITA;
Aos meus familiares e amigos, que mesmo à distância, torceram e acreditaram no sucesso
dessa empreitada.
a todos, Muito Obrigado!
“A simplicidade é o último grau de sofisticação.”
Leonardo da Vinci
RESUMO
Como método alternativo para a avaliação da capacidade de suporte de solos, tanto na
condição de subleitos e corpos de aterro, quanto compondo camadas estruturais de
pavimentos, destaca-se o ensaio DCP (Dynamic Cone Penetrometer) pela sua agilidade e
simplicidade de operação, garantindo a obtenção de resultados confiáveis, como valores de
CBR e perfis de resistência, de forma rápida e com custos reduzidos.
O Instituto Tecnológico de Aeronáutica – ITA adaptou e construiu a sua própria versão do
penetrômetro dinâmico, nomeada DCP-ITA, e vem trabalhando para o estabelecimento de
correlações DCP x CBR confiáveis para solos tropicais classificados geneticamente segundo a
metodologia MCT (Miniatura - Compactado - Tropical). Lima (2000) obteve correlações para
solos lateríticos de textura fina. Com outro enfoque, este trabalho propõe-se a estudar o
comportamento de solos saprolíticos.
Para o estabelecimento das correlações DCP x CBR, foram coletadas e ensaiadas 04 (quatro)
amostras de solos saprolíticos de textura fina com granulometria variando de arenosa a
argilosa. Para cada amostra, analisou-se o efeito da energia e umidade de compactação nos
resultados de ambos os ensaios. As correlações obtidas foram comparadas com resultados
publicados por outros autores, identificando a influência da granulometria e gênese dos
materiais no desenvolvimento das equações. Propôs-se ainda, uma correlação generalizada,
em função dos parâmetros c’ e e’ da Metodologia MCT, válida para solos saprolíticos de
textura fina.
ABSTRACT
As an alternative method for evaluate the soils bearing capacity relative to both
subgrades and landfills condition and when composing pavement structural layers, the DCP
(Dynamic Cone Penetrometer) essay stands out due to its agility and simplicity of operation,
leading to the attainment of reliable results in a quick and economic way.
The Technological Institute of Aeronautics has adapted and constructed its own Dynamic
Penetrometer version, named DCP-ITA, and it has been working with the purpose to establish
reliable DCP x CBR correlations for tropical soils geneticaly classified, according to the MCT
(Miniature, Compacted, Tropical) methodology. Lima (2000) obtained correlations for fine-
texture lateritic soils. With another approach, the present research aims at studying the
saprolitic soils behavior.
In order to establish the DCP x CBR correlations, 04 (four) fine-texture saprolitic soil samples
were collected and essayed, with their granulometry varying from sandy to clayey soils. For
each sample, the energy and compaction moisture were analyzed concerning both essay
results. The correlations achieved were compared with results published by other authors, so
as to identify granulometry and genesis influence on the equations shape. A multiple
correlation was still proposed, depending on the c’ and e’ MCT parameters, which is valid for
fine-texture saprolitic soils.
SUMÁRIO
1 – INTRODUÇÃO..................................................................................................................18
1.1 – Contexto Técnico-Científico ...........................................................................................20
2 – OS SOLOS TROPICAIS....................................................................................................24
2.1 – Generalidades ..................................................................................................................24
2.2 - Os Solos Lateríticos .........................................................................................................27
2.3 - Os Solos Saprolíticos .......................................................................................................28
2.4 - Os Solos Transicionais.....................................................................................................29
2.5 - A Classificação MCT.......................................................................................................30
3 – O CBR – CALIFÓRNIA BEARING RATIO....................................................................37
3.1 - Generalidades...................................................................................................................37
4 – O DCP – PENETRÔMETRO DINÂMICO DE CONE.....................................................39
4.1 – Generalidades ..................................................................................................................39
4.2 – O Equipamento e o Ensaio DCP......................................................................................40
4.3 – O DCP-ITA .....................................................................................................................42
4.4 – Aperfeiçoamento do Equipamento DCP .........................................................................44
4.5 – Aplicabilidade do Ensaio DCP........................................................................................47
4.6 – Correlações DCP x CBR .................................................................................................50
4.6.1 – Modelo Matemático......................................................................................................50
4.6.2 – Correlações Existentes..................................................................................................52
4.7 – Correlações DCP x Módulo de Resiliência.....................................................................61
4.8 – Correlações com outros parâmetros ................................................................................64
5 – ENSAIOS DE LABORATÓRIO .......................................................................................65
5.1 – Coleta e Seleção das Amostras........................................................................................65
5.2 – Ensaios de Caracterização...............................................................................................69
5.3 – Moldagem dos Corpos de Prova......................................................................................76
5.4 – Ensaios CBR....................................................................................................................81
5.5 – Ensaios DCP....................................................................................................................85
5.5 – Resultados Finais dos Ensaios de Laboratório................................................................88
6 – ANÁLISE DOS RESULTADOS.......................................................................................91
6.1 – Correlações DCP x CBR obtidas para as amostras ensaiadas.........................................91
6.2 – Determinação e análise de curvas iso-DCP e iso-CBR...................................................96
6.3 – Influência da granulometria dos solos...........................................................................105
6.4 – Comparação entre o comportamento de solos saprolíticos e lateríticos........................107
6.5 – Os solos tropicais versus as correlações de autores estrangeiros..................................110
6.6 – Correlação múltipla em função de parâmetros da Metodologia MCT..........................111
6.7 – Análise de Erros ............................................................................................................115
7 – CONCLUSÕES................................................................................................................121
7.1 – Recomendações para trabalhos futuros .........................................................................122
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................................124
APÊNDICE A ........................................................................................................................129
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.01 – Perfil de intemperismo típico em regiões de clima tropical..............................26
Figura 2.02 – Equipamento de compactação Mini-MCV .......................................................32
Figura 2.03 – Ábaco da Classificação MCT (NOGAMI & VILLIBOR, 1980) .....................33
Figura 2.04 – Ábaco da Classificação MCT-M (VERTAMATTI, 1988)...............................35
Figura 4.01 – Esquematização do DCP – Dynamic Cone Penetrometer................................40
Figura 4.02 – Exemplo típico de gráfico obtido durante a realização do ensaio DCP............42
Figura 4.03 – Equipamento DCP desenvolvido pelo ITA (DCP-ITA)...................................43
Figura 4.04 – Sistema eletrônico de aquisição de dados (Applied Research Associates, Inc.)45
Figura 4.05 – Interface do programa WinDCP 5.0 (CSIR Transportek).................................45
Figura 4.06 – Automatic Dynamic Cone Penetrometer (Dynatest, Inc.)................................46
Figura 4.07 – ADCP (Ministère des Transports du Quebec - Canadá)...................................46
Figura 4.08 – Fluxograma de controle de compactação utilizando o DCP (ALVES, 2002) ..48
Figura 4.09 – Correlações DCP x CBR obtidas por Harison (1986, 1987) ............................54
Figura 4.10 – Correlações DCP x CBR obtidas por Webster et al. (1992).............................55
Figura 4.11 – Correlações DCP x CBR obtidas por Lima (2000)...........................................59
Figura 4.12 – Correlações DCP x CBR obtidas por Alves (2002)..........................................59
Figura 4.13 – Correlações DCP x CBR obtidas por diferentes autores...................................60
Figura 5.01 – Mapa com a indicação dos locais de coleta......................................................66
Figura 5.02 – Visão geral do talude onde foi coletada a Amostra 01 – NA............................67
Figura 5.03 – Visão geral do talude onde foi coletada a Amostra 02 – NS’...........................67
Figura 5.04 – Visão geral do talude onde foi coletada a Amostra 03 – NS’G’.......................68
Figura 5.05 – Visão geral do talude onde foi coletada a Amostra 04 – NG’..........................68
Figura 5.06 – Posicionamento das amostras ensaiadas no ábaco MCT-M.............................70
Figura 5.07 – Curvas granulométricas das amostras de solo ensaiadas..................................71
Figura 5.08 – Imagem ampliada da fração retida na peneira #200 – Amostra 01 - NA..........72
Figura 5.09 – Imagem ampliada da fração retida na peneira #200 – Amostra 02 – NS’........72
Figura 5.10 – Imagem ampliada da fração retida na peneira #200 – Amostra 03 – NS’G’....73
Figura 5.11 – Imagem ampliada da fração retida na peneira #200 – Amostra 04 – NG’........73
Figura 5.12 – Esquema básico de moldagem dos corpos de prova.........................................77
Figura 5.13 – Compactador mecânico Ploog Engineering CO, modelo M-100. ....................77
Figura 5.14 – Seqüência de distribuição de golpes pelo equipamento compactador..............78
Figura 5.15 – Curvas de compactação obtidas para as 04 amostras ensaiadas .......................79
Figura 5.16 – Procedimento de ensaios CBR e DCP ..............................................................80
Figura 5.17 – Conjunto de equipamentos utilizados para os ensaios CBR.............................83
Figura 5.18 – Curva de calibração do equipamento CBR.......................................................84
Figura 5.19 – Equipamento DCP de bancada..........................................................................86
Figura 5.20 – Detalhe da execução do 1
o
golpe do DPC em solos de diferentes resistências 87
Figura 6.01 – Correlação DCP x CBR obtida para a Amostra 01 - NA..................................92
Figura 6.02 – Correlação DCP x CBR obtida para a Amostra 02 – NS’ ................................92
Figura 6.03 – Correlação DCP x CBR obtida para a Amostra 03 – NS’G’............................93
Figura 6.04 – Correlação DCP x CBR obtida para a Amostra 04 – NG’................................93
Figura 6.05 – Correlação DCP x CBR para todos os pontos obtidos......................................94
Figura 6.06 – Conjunto de correlações DCP x CBR obtidas para os solos analisados...........95
Figura 6.07 – Resultados dos ensaios DCP (mm/golpe) em função de w (%) e γ
s
(g/cm
3
) ....98
Figura 6.08 – Resultados dos ensaios CBR (%) em função de w (%) e γ
s
(g/cm
3
).................99
Figura 6.09 – Variação da resistência de cisalhamento em ensaios UU (PINTO, 2000)......100
Figura 6.10 – Resultados dos ensaios DCP (mm/gp), em função de w e γ
s
(LIMA, 2000)..103
Figura 6.11 – Resultados dos ensaios CBR (%), em função de w e γ
s
(LIMA, 2000)..........104
Figura 6.12 – Correlações DCP x CBR para solos saprolíticos de textura fina....................105
Figura 6.13 – Correlações DCP x CBR obtidas por Harison (1986 e 1987).........................106
Figura 6.14 – Correlações DCP x CBR obtidas por Lima (2000).........................................106
Figura 6.15 – Correlações DCP x CBR obtidas por Alves (2002)........................................107
Figura 6.16 – Comparação entre as correlações da Amostra 01 – NA e Amostra TA’ ........109
Figura 6.17 – Comparação entre as correlações da Amostra 04 – NG’ e Amostra TG’.......110
Figura 6.18 – Comparação entre as bases de dados (DCP, CBR) com outras correlações...111
Figura 6.19 – Variação de A’ em função dos parâmetros da Metodologia MCT.................114
Figura 6.20 – Variação de B em função dos parâmetros da Metodologia MCT...................114
Figura 6.21 – Ábaco de dimensionamento de pavimentos flexíveis para aeronave B767....116
Figura 6.22 – Espessura total requerida para o pavimento em função do índice CBR.........117
Figura 6.23 – Análises de erro realizadas para a Amostra 01 – NA .....................................119
Figura 6.24 – Análises de erro realizadas para a Amostra 02 – NS’.....................................119
Figura 6.25 – Análises de erro realizadas para a Amostra 03 – NS’G’.................................120
Figura 6.26 – Análises de erro realizadas para a Amostra 04 – NG’....................................120
LISTA DE TABELAS
Tabela 2.01 – Propriedades dos solos segundo a Metodologia MCT .....................................34
Tabela 4.01 – Estimativas de CBR a partir de correlações obtidas por diferentes autores.....56
Tabela 5.01 – Localização dos taludes onde as amostras selecionadas foram coletadas........66
Tabela 5.02 – Parâmetros da classificação MCT-M obtidos para as amostras ensaiadas.......70
Tabela 5.03 – Principais minerais identificados pelo ensaio de difração espectral.................74
Tabela 5.04 – Resumo das características geotécnicas das amostras ensaiadas......................75
Tabela 5.05 – Valores de γ
max
e w
ótima
para as quatro amostras ensaiadas..............................80
Tabela 5.06 – Resultados dos ensaios de laboratório relativos à Amostra 01 – NA...............88
Tabela 5.07 – Resultados dos ensaios de laboratório relativos à Amostra 02 – NS’ ..............89
Tabela 5.08 – Resultados dos ensaios de laboratório relativos à Amostra 03 – NS’G’..........89
Tabela 5.09 – Resultados dos ensaios de laboratório relativos à Amostra 04 – NG’..............90
Tabela 6.01 – Resumo das correlações DCP x CBR obtidas a partir dos ensaios realizados .95
Tabela 6.02 – Valores de DCP e CBR para os pontos com umidade próxima da ótima.......108
Tabela 6.03 – Parâmetros das correlações DCP x CBR e da Metodologia MCT .................112
LISTA DE SÍMBOLOS
c’ inclinação do segmento retilíneo da curva de compactação Mini-MCV
CBR índice de resistência CBR
d’ inclinação (x1000) do ramo seco da curva de compactação de 12 golpes
DCP índice de penetração DCP
e’ parâmetro que expressa o caráter genético do solo
IP índice de plasticidade
LA – areia laterítica
LA’ – laterítico arenoso
LA’G’ – laterítico areno-argiloso
LG’ – laterítico argiloso
LL limite de liquidez
LP limite de plasticidade
M
R
módulo de resiliência
NA areia não laterítica
NG’ não laterítico argiloso
NS’ não laterítico siltoso
NS’G’ não laterítico silto-argiloso
P
#200
fração passante na peneira 200
Pi perda de massa por imersão
R
2
coeficiente de determinação
R
S
resistência à compressão simples
S grau de saturação
TA’ – transicional arenoso
TA’G’ – transicional areno-siltoso
TG’ – transicional argiloso
w – umidade
w
ótima
umidade ótima
γ
s
massa específica aparente seca
γ
s.máx
massa específica aparente seca máxima
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
ASTM American Society for Testing and Materials
CBR – California Bearing Ratio
CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
COMARA Comissão de Aeroportos da Região Amazônica
DCP – Dynamic Cone Penetrometer
DNER – Departamento Nacional de Estradas e Rodagem
DIRENG – Diretoria de Engenharia da Aeronáutica
FAA – Federal Aviation Administration
FAPESP Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
FWD – Falling Weight Deflectometer
HRB – Highway Research Board
ITA – Instituto Tecnológico de Aeronáutica
MCT Miniatura - Compactado - Tropical
MCT-M Miniatura - Compactado - Tropical - Modificado
MCV – Moisture Condition Value
MCV-ITA MCV modificado no Instituto Tecnológico de Aeronáutica
Mini-MCV – MCV miniatura
M.E.A.S Massa Específica Aparente Seca
MnDOT Minnesota Departament of Transportantion
RADAM Projeto “Radar na Amazônia”
SERENG Serviço Regional de Engenharia
SISMETRA Sistema de Metrologia Aeroespacial
USCS – Unified Soil Classification System
TRD – Transvaal Road Department
TRL Transport Research Laboratory
TRRL Transport and Road Research Laboratory
UFSC Universidade Federal de Santa Catarina
USACE – US Army Corps of Engineers
18
1 – INTRODUÇÃO
A adequada compactação de solos é um dos fatores mais críticos na construção de
obras viárias. A durabilidade e estabilidade das estruturas estão diretamente relacionadas às
propriedades que os solos adquirem após a compactação. Conseqüentemente, um rigoroso
controle tecnológico é necessário, de forma a assegurar o bom desempenho dos pavimentos
ao longo da vida útil do empreendimento.
Os métodos correntes utilizados no controle de qualidade de compactação, como o método do
frasco de areia rotineiramente empregado no Brasil, baseiam-se na comparação entre a massa
específica aparente seca (γ
s
) dos materiais, medida no campo, e a massa específica aparente
seca máxima (γ
s.máx
), obtida através do ensaio Proctor conduzido em laboratório. A
determinação da resistência dos materiais é realizada de maneira indireta a partir de
associações entre o γ
s
e o índice CBR.
Segundo Lima (2000), esta correlação é válida para materiais granulares. Entretanto, para o
caso dos solos tropicais, tal procedimento não tem apresentado bons resultados em função da
gênese e dos distintos arranjos estruturais de partículas produzidos no campo e em
laboratório. Além disto, estes procedimentos não consideram as reais características de
resistência de subleitos in situ por serem efetuados a partir de amostras deformadas.
Com o objetivo de se determinar in situ as características de resistência dos materiais, em seu
estado natural ou em camadas compactadas, foi desenvolvido pela USACE (US Army Corps
of Engineers), um outro ensaio, denominado CBR in situ. Tal ensaio preserva as mesmas
características físicas e metodologias do índice CBR obtido em laboratório. No entanto, sua
19
realização demanda maior tempo e requer a utilização de equipamentos sofisticados, o que
torna o ensaio lento e oneroso.
Como método alternativo para a avaliação da capacidade de suporte de solos, destaca-se o
DCP (Dynamic Cone Penetrometer) pela sua agilidade e simplicidade de operação,
garantindo a obtenção de resultados confiáveis de forma rápida e econômica. Similarmente ao
ensaio CBR, o DCP associa seus resultados à resistência ao cisalhamento dos materiais e por
isso confere uma correlação mais acurada com este índice do que os métodos baseados na
massa específica aparente seca.
Conforme relatam autores como Van Vuuren (1969) e Smith & Pratt (1983), as relações entre
CBR e DCP tem conduzido à obtenção de bons resultados. Comparando os resultados de
ensaios CBR e DCP, Smith & Pratt (1983) constataram que o ensaio DCP apresenta menores
coeficientes de variação que o ensaio CBR in situ. Outro aspecto importante está associado ao
fato do ensaio CBR in situ permitir apenas uma avaliação pontual da resistência da camada,
geralmente na superfície, enquanto que o DCP possibilita uma análise global da distribuição
de resistência ao longo da estrutura do pavimento.
Neste contexto, o presente trabalho tem como objetivo estudar a aplicabilidade do
equipamento DCP, através do uso de correlações com o índice CBR, para a avaliação da
capacidade de suporte de subleitos constituídos por solos saprolíticos de textura fina. Para
isso, foram realizados ensaios DCP e CBR, sob diversas condições de umidade e energia de
compactação, para 04 amostras de solo saprolítico com diferentes origens e composições
granulométricas. A partir dos resultados obtidos, plotados num gráfico de umidade de
compactação (w) versus massa específica aparente seca (γ
s
), foram determinadas e analisadas,
20
para cada um dos ensaios, as curvas de mesma resistência. As correlações obtidas foram
comparadas com resultados publicados por outros autores, identificando a influência da
granulometria e gênese dos materiais no desenvolvimento das equações. Propôs-se, ainda, o
estabelecimento de uma correlação generalizada, baseada nos parâmetros c’ e e’ da
Metodologia MCT, de modo a estender a aplicabilidade das equações para outros solos
saprolíticos de textura fina.
1.1 – Contexto Técnico-Científico
Os pavimentos, de forma geral, são construídos de modo a fornecer um suporte
adequado às cargas impostas pelo tráfego. Deste modo, precisam ser corretamente projetados
e construídos, produzindo uma superfície firme e estável sob quaisquer condições climáticas
ou outras situações deterioradoras. A execução de tais pavimentos requer a coordenação de
muitos fatores ligados ao planejamento, construção, inspeção e manutenção, de forma a
assegurar a melhor combinação possível dos materiais disponíveis e um alto padrão de
acabamento.
O desempenho de um pavimento é fortemente condicionado pelas propriedades que suas
camadas exibem ao longo da vida de serviço. Neste contexto, em especial nas regiões de
clima tropical, os solos desempenham um papel fundamental. Em muitos locais, observa-se a
escassez de materiais rochosos contrastada pela presença, em abundância, de solos lateríticos
de bom comportamento geotécnico. Para a utilização desses materiais na execução das
camadas do pavimento, são necessários estudos para que se conheçam as condições de
resistência e compressibilidade capazes de tornar adequado o suporte das cargas do tráfego.
21
Por outro lado, mesmo em regiões de clima tropical, nota-se a ocorrência de solos pouco
intemperizados que ainda mantêm as características estruturais e a natureza das rochas de
origem. Conforme relatado por Vertamatti (1994), esses solos, chamados de saprolíticos
segundo os conceitos da Tecnologia de Solos Tropicais, apresentam-se normalmente em
camadas heterogêneas e anisotrópicas, podendo atingir grandes espessuras. Seu
comportamento varia bastante em função das características de seus minerais e da
complexidade de suas frações granulométricas, apresentando-se desde altamente plásticos,
expansivos e de contração elevada (saprólitos de folhelhos e argilitos) até não-plásticos e não-
expansivos (saprólitos de quartzo).
Para a implantação de empreendimentos viários, freqüentemente depara-se com a presença de
solos de origem saprolítica. Muito embora sua utilização direta na composição das camadas
do pavimento possa não ser adequada sem um estudo prévio de estabilização, é comum
encontrá-los na constituição de materiais de subleito, especialmente em regiões de corte ou de
deposições sedimentares.
O Laboratório de Solos Tropicais do ITA vem estudando o comportamento de diferentes
materiais encontrados em regiões de clima tropical. Dentro de tal abordagem, Oliveira (1998),
pesquisando o desempenho dos solos transicionais encontrados na região do Vale do Paraíba
– SP, constatou a eficácia do ensaio DCP como parâmetro de projeto de obras viárias urbanas
de baixo volume de tráfego.
Visando atingir a excelência nos padrões de qualidade no âmbito aeronáutico, foi criado, em
1991, o SISMETRA (Sistema de Metrologia Aeroespacial), cujo objetivo é a padronização
22
das atividades relacionadas com a metrologia através da normatização de procedimentos,
supervisão técnica e fiscalização das atividades metrológicas, além do apoio à formação e
atualização de recursos humanos. O ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), através do
seu Laboratório de Solos Tropicais, foi inserido nesse contexto, tornando-se referência de
qualidade para os diversos laboratórios de geotecnia no âmbito do Sistema de Engenharia da
Aeronáutica.
Tendo em vista as necessidades do Comando da Aeronáutica, que por meio da DIRENG
(Diretoria de Engenharia da Aeronáutica), dos SERENG´s (Serviços Regionais de
Engenharia) e da COMARA (Comissão de Aeroportos da Região Amazônica), é responsável
pelo projeto, construção, recuperação, fiscalização e controle de diversas obras aeroportuárias
em todos os pontos do país, foi confiada ao ITA, a missão de projetar, construir e
operacionalizar uma versão própria do penetrômetro dinâmico, nomeada de DCP-ITA,
visando a padronização do controle tecnológico dessas obras como forma de garantir a
confiabilidade dos resultados e a otimização dos custos envolvidos.
Dentro deste contexto, Lima (2000) estudou o uso do DCP-ITA no controle de qualidade de
compactação de obras viárias executadas com solos lateríticos de textura fina. Em sua
pesquisa, optou-se pelo estabelecimento de correlações com o ensaio CBR como forma de
associar o ensaio DCP a métodos de dimensionamento de pavimentos existentes.
O ensaio DCP, segundo Lima (2000), apresenta um vasto potencial de utilização, podendo ser
aplicado no controle de compactação de obras viárias, na verificação da colapsividade de
solos porosos, na identificação de deficiências estruturais em pavimentos existentes, na
23
avaliação real e expedita da capacidade de suporte de solos de subleito visando a elaboração
de projetos, etc.
O presente trabalho, em conjunto com outros estudos em andamento no ITA, tais como o de
Amaral (em fase de elaboração)
1
e Rezende (em fase de elaboração)
2
, objetiva a
complementação do ciclo de estudos sobre o uso do equipamento DCP para a avaliação de
solos encontrados no ambiente tropical, iniciado por Lima (2000), tendo em vista a utilização
confiável desta nova ferramenta no âmbito do Sistema de Engenharia da Aeronáutica.
1
Estudo de Mestrado de Frank Cabral de Freitas Amaral, abordando o comportamento de areias como subleito e
camadas estruturais de pavimentos à luz do ensaio DCP.
2
Estudo de Doutorado de Álvaro Andrade de Rezende, apresentando uma avaliação do comportamento de solos
lateríticos concrecionados com base na metodologia MCT e no ensaio DCP.
24
2 – OS SOLOS TROPICAIS
2.1 – Generalidades
Os processos pedogenéticos ou de formação dos solos são estudados por um ramo das
Ciências da Terra, a Pedologia, cujas noções básicas e conceitos fundamentais foram
definidos pelo cientista russo Dokouchaev (1877 apud VARGAS, 1977). Desde então, o solo
deixou de ser considerado simplesmente um corpo inerte para ser identificado como um
material que evolui no tempo.
No âmbito da engenharia, considera-se solo todo tipo de material orgânico ou inorgânico,
inconsolidado ou parcialmente cimentado, encontrado na superfície da terra. Em outras
palavras, é considerado solo qualquer material que possa ser escavado com pá, picareta,
escavadeiras, etc, sem a necessidade de explosivos.
Teixeira et al. (2000) descrevem o solo como um produto do intemperismo, do
remanejamento e da organização das camadas superiores da crosta terrestre, sob ação da
atmosfera, da biosfera e das trocas de energia envolvidas. Os solos são originados a partir da
decomposição das rochas pela ação das intempéries. Esta decomposição é influenciada por
diversos fatores: a natureza da rocha matriz, o clima, o relevo, a ação do tempo e a atividade
de organismos vivos tais como plantas e animais.
Segundo Vertamatti (1994), o processo de formação dos solos pode ser dividido em duas
importantes etapas sucessivas. A primeira corresponde à evolução geológica e acontece em
25
todas as regiões do planeta. Em seguida, de forma intensa nas regiões de clima tropical,
ocorre a evolução pedológica que dá origem aos solos lateríticos.
De uma maneira geral, a evolução geológica dos solos se processa pela ação do intemperismo
físico e químico dos materiais rochosos. Em respostas às variações bruscas de temperatura, as
rochas sofrem expansão e contração térmica alternadamente, provocando o aparecimento de
micro e macro fissuras ao longo da sua estrutura, o que permite a infiltração de ácidos naturais
e a ação de organismos vivos. A desintegração mecânica das rochas promove um aumento da
superfície específica das frações minerais sem modificação de sua estrutura cristalina. A
presença de ácidos no interior das fissuras, associada a temperaturas favoráveis, dá inicio a
uma série de reações químicas cuja predominância varia em função das condições ambientais
e da composição mineralógica das rochas. A oxidação e o ataque por ácidos naturais
provocam a alteração química dos minerais da rocha matriz, dando origem às areias, siltes e
argilas.
Vargas (1977) relata que quando o solo permanece no próprio local de formação, ele é
chamado de residual. Porém, muitas vezes as partículas minerais liberadas são carregadas e
depositadas em outros locais, dando origem aos solos transportados. Este transporte se
processa de diversas maneiras: pela própria ação da gravidade em regiões de relevo
acidentado originando os solos coluviais, pelo carregamento de partículas pela água formando
os solos aluviais ou, até mesmo, pela força do vento criando os solos eólicos.
A evolução pedológica consiste em uma série de processos físico-químicos e biológicos. Estes
processos compreendem a lixiviação de sais solúveis e acúmulo de húmus na camada
superficial combinada à concentração de partículas coloidais em camadas mais profundas.
26
Cinco fatores influenciam a evolução pedológica: clima, topografia, natureza mineralógica da
rocha matriz, ação de organismos vivos e tempo de exposição.
Estas camadas de composição distinta são chamadas de horizontes e a seqüência vertical de
horizontes desde a superfície até a rocha é chamada de perfil de solo. O horizonte mais
elevado, ou horizonte A, é rico em material orgânico. O horizonte B é a camada intermediária
na qual foi depositada parte do material solúvel e coloidal. E o horizonte C é a zona dos
resíduos fragmentados, em grande parte inalterados, que se estende até o leito rochoso.
Como conseqüência dos processos geológicos e pedológicos, o perfil típico de intemperismo
em regiões de clima tropical é apresentado na Figura 2.01.
Figura 2.01 – Perfil de intemperismo típico em regiões de clima tropical
27
2.2 - Os Solos Lateríticos
Nas regiões de clima tropical, a alternância de secas no inverno e abundância de
chuvas e altas temperaturas no verão, favorece a formação dos chamados solos lateríticos.
Tais solos, altamente intemperizados pelo processo pedológico, apresentam textura
homogênea em razão da destruição de sua macro-estrutura.
A fração argila é constituída predominantemente por minerais cauliníticos e, em decorrência
do processo de lixiviação dos sais solúveis, observa-se uma elevada concentração de óxidos e
hidróxidos de Fe e Al, o que lhes confere geralmente uma coloração avermelhada ou
amarelada.
A fração areia é constituída predominantemente por quartzo, mas pode apresentar outros
minerais resistentes, como a magnetita, a turmalina, o zircão, etc. Pode-se, ainda, observar a
presença de concreções lateríticas ferruginosas e aluminosas de alta resistência ou grumos
estáveis, resultado da aglomeração de partículas finas do solo sob a ação cimentante destes
óxidos.
Santana & Gontijo (1987) relatam que os solos lateríticos, em geral, apresentam índice CBR
relativamente alto e expansão baixa, parâmetros LL e IP elevados e altos módulos de
resiliência. Quando em contato com a água, não perdem muita resistência pois possuem
aglomeração bem desenvolvida, tornando-se impermeáveis e resistentes à erosão. Quando
secos, podem apresentar contração significativa.
28
De forma geral, os solos lateríticos apresentam bom desempenho quando utilizados na
composição de camadas de base e sub-base de pavimentos.
2.3 - Os Solos Saprolíticos
Em camadas mais profundas, onde o processo pedológico ainda não atuou,
encontramos solos menos intemperizados conhecidos como saprolíticos. Os solos saprolíticos,
quando de origem residual, ainda apresentam as características estruturais e a natureza da
rocha mãe ou, quando transportados, identificam estruturas típicas da atuação do processo de
transporte. Normalmente apresentam heterogeneidade muito grande. Porém, quando a origem
é sedimentar, podem apresentar perfil homogêneo.
Vertamatti (1994) cita que na fração argila, podem ser encontrados minerais expansivos das
famílias da ilita e da montmorilonita, bem como qualquer outro argilo-mineral. A caulinita de
origem saprolítica pode ter comportamento diferente da caulinita estabilizada pelo processo
de laterização, pelo fato do Fe ainda não estar agregado na estrutura.
A fração areia é geralmente composta de quartzo e fragmentos de rocha, podendo ser
observada a presença de magnetita e minerais instáveis ao intemperismo tropical, como mica
e feldspato. A fração silte também apresenta-se com constituição variada, podendo ocorrer a
presença de argilo-minerais sob a forma de “sanfonas” de caulinita, mica, quartzo, magnetita
e ilmenita.
29
Quanto à plasticidade, os solos saprolíticos apresentam grande variabilidade conforme a
complexidade da fração argila e areia. Os folhelhos e argilitos, por exemplo, têm alta
plasticidade e expansibilidade, enquanto que os saprólitos de quartzo são não plásticos e não
expansivos. Na maioria dos casos, são altamente susceptíveis à erosão e podem ser
colapsíveis se houver saturação. A curva de compactação difere bastante da dos solos
lateríticos pois não apresenta pico acentuado, possuindo o ramo seco bastante aberto.
A presença de mica na fração areia pode causar problemas de ordem geotécnica. Na fração
silte, a elevada concentração desse mineral torna o solo muito expansivo, tanto na molhagem
quanto na secagem.
Na implantação de empreendimentos viários, freqüentemente depara-se com a presença de
solos de origem saprolítica. Valle (1994) pondera que solos saprolíticos oriundos da
decomposição de granitos e gnaisses têm sido muito utilizados como material de reforço do
subleito e sub-base de pavimentos rodoviários em Santa Catarina.
2.4 - Os Solos Transicionais
Estudando o comportamento dos solos da região amazônica, Vertamatti (1988)
identificou solos parcialmente afetados pela evolução pedológica. Estes materiais
apresentavam características geotécnicas muito diferentes dos solos saprolíticos, porém seu
comportamento ainda não permitia que fossem tratados como solos lateríticos. Desta forma,
foram classificados em uma nova categoria denominada de solos transicionais.
30
Os solos transicionais são normalmente associados às formações sedimentares e encontram-se
na camada superior do perfil do terreno, podendo apresentar condições de drenagem que
favorecem sua evolução genética.
A fração areia é constituída predominantemente por quartzo e os grãos podem apresentar
formato arredondado devido ao processo de transporte. Normalmente não são observados
conglomerados laterizados, comuns em solos lateríticos mais evoluídos. A fração argila pode
apresentar minerais que ainda não foram totalmente intemperizados, como minerais argílicos
diferentes da caulinita.
As características geotécnicas dos solos transicionais variam em função do seu grau de
laterização. Quanto mais evoluídos, melhor o comportamento geotécnico esperado. Oliveira
(1998) constatou o bom desempenho de solos transicionais encontrados na região do Vale do
Paraíba – SP quanto utilizados em camadas de pavimentos com baixo volume de tráfego.
2.5 - A Classificação MCT
Os métodos convencionais de classificação de solos (HRB, USCS) foram
desenvolvidos em países de clima temperado visando, basicamente, a caracterização de
materiais de natureza e comportamento muito diferentes dos existentes em regiões de clima
tropical. Desta forma, é natural que apresentem limitações e incompatibilidades quando
aplicados aos solos brasileiros.
31
Buscando uma nova metodologia que descrevesse de forma mais precisa o comportamento
dos solos tropicais utilizados em obras viárias, Nogami & Villibor (1980) propuseram um
novo método classificatório denominado MCT (Miniatura, Compactado, Tropical). Esta nova
metodologia permitia avaliar propriedades fundamentais dos solos como contração,
permeabilidade, expansão, coeficiente de penetração d’água, coesão, capacidade de suporte e
curvas de compactação.
A metodologia MCT classifica os solos de acordo com seu caráter laterítico, avaliando-os na
condição mais próxima possível da sua utilização em campo, ou seja, quando compactados.
Para isso, são realizados ensaios de compactação com corpos-de-prova de 50 mm de
diâmetro, denominados Mini-MCV, e ensaios de perda de massa por imersão.
O ensaio Mini-MCV é baseado no MCV (Moisture Condition Value), proposto por Parsons
(1976), para a determinação da condição de umidade dos solos. Utiliza-se um equipamento de
compactação de dimensões reduzidas (Figura 2.02). Em geral, são moldados cinco a seis
corpos de prova com diferentes teores de umidade. Como resultado, são obtidos gráficos dos
quais são extraídos dois importantes parâmetros da metodologia: os coeficientes c’ e d’.
O primeiro gráfico correlaciona a variação de altura do corpo de prova devido à variação de
energia versus o logaritmo do número de golpes aplicados. O coeficiente c’ é obtido por
interpolações a partir dos coeficientes angulares dos trechos mais retilíneos das curvas de
deformação. O segundo gráfico corresponde à família de curvas de compactação obtidas para
diferentes números de golpes. O coeficiente d’ representa o coeficiente angular do ramo seco
da curva de compactação correspondente a 12 golpes.
32
Figura 2.02 – Equipamento de compactação Mini-MCV
O ensaio de perda de massa por imersão consiste em deixar imersos em água, por um período
de 24 horas, na posição horizontal e com 01 cm fora do cilindro de compactação, os corpos
de prova resultantes do ensaio de compactação Mini-MCV. O índice Pi corresponde à
relação, em porcentagem, entre a massa de solo seco desprendida após o tempo de imersão e
massa de solo seco correspondente a 01 cm de corpo de prova. Este ensaio tem como objetivo
reproduzir o comportamento dos solos lateríticos e saprolíticos quando em contato com a
água. Sabe-se que os solos lateríticos apresentam uma elevada resistência à ação
desagregadora da água, enquanto que os solos de comportamento saprolítico desagregam-se
facilmente quando em contato com a mesma.
33
De posse dos valores de d’ e Pi (%) é calculado o parâmetro e’ através da seguinte expressão:
3
20
100
Pi
e' +=
(2.01)
Segundo autores como Vertamatti (1988), o coeficiente c’ reflete a influência da
granulometria do solo na compactação e o coeficiente e’ expressa o caráter genético do solo.
Villibor et al. (1996 apud MARSON, 2004) colocam que as curvas de deformabilidade
podem substituir satisfatoriamente o ensaio granulométrico, com a vantagem de fornecerem
resultados mais rápidos, pois não há necessidade de determinação do teor de umidade.
A Figura 2.03 apresenta o ábaco de classificação MCT introduzido por Nogami & Villibor
(1980). Observa-se a existência de sete grupos de solos divididos em duas diferentes classes
de comportamento: laterítico (letra L) e não-laterítico (letra-N). A Tabela 2.01 mostra as
propriedades esperadas para os solos correspondentes a cada grupo da classificação.
ÁBACO DE CLASSIFICAÇÃO MCT
0.50
1.00
1.50
2.00
0.00 0.50 1.00 1.50 2.00 2.50
c'
e'
NS'
NG'
LA'
NA'
NA
LA
LG'
Figura 2.03 – Ábaco da Classificação MCT (NOGAMI & VILLIBOR, 1980)
34
Tabela 2.01 – Propriedades dos solos segundo a Metodologia MCT
NA NA´ NS´ NG´ LA LA´ LG´
AREIAS ARENOSOS SILTOSOS ARGILOSOS AREIAS ARENOSOS ARGILOSOS
areias, areias areias siltosas siltes (k, m), argilas, argilas areias com areias argilosas, argilas, argilas
siltosas e siltes areias argilosas siltes arenosos arenosas pouca argila argilas arenosas arenosas
(q) e argilosos argilas siltosas
MINI-CBR muito alto > 30 alto médio alto
sem imersão alto 12 a 30 a alto a alto alto a alto
(%) dio 4 a 12 médio alto muito alto
baixo < 4
Perda de alta > 70 média
Suporte por média 40 a 70 a baixa alta alta baixa baixa baixa
(2) Imersão (%) baixa < 40 baixa
alta > 3 baixa baixa alta alta a média baixa baixa baixa
média 0,5 a 3 ------------------- ------------------- ------------------- ------------------- ------------------- ------------------- -------------------
baixa < 0,5 baixa a média baixa a média média alta a média baixa baixa a média baixa a alta
alta > (-3) média média média dia
média (-3) a (-6) a baixa a a a baixa baixa
baixa < (-6) alta baixa baixa baixa
(%) IP LL baixa média média NP baixa média
alta >30 > 70 a a a alta a a a
média 7 a 30 30 a 70 NP NP alta baixa média alta
baixa < 7 < 30
CLASSES
QUADRO II -
PROPRIEDADES TÍPICAS DOS GRUPOS DE SOLOS (1) q = quartzo, m = mica, k = caulinita; (2) Corpos de prova compactados na
umidade ótima da energia "Normal", com sobrecarga padrão quando pertinentes, sem fração retida na peneira de 2 mm de abertura
N - Solos de Comportamento "NÃO LATERÍTICO" L - Solos de Comportamento "LATERÍTICO"
GRANULOMETRIAS TÍPICAS
(minerais)
-1
GRUPOS
Capacidade de SuportePlasticidade
Expansão (%) (2)
----------------------
Contração (%) (2)
Permeabilidade
log (K(cm/s))
(2)
Estudando os solos amazônicos, Vertamatti (1988) identificou materiais parcialmente
laterizados, encontrados predominantemente em bacias sedimentares. Esses solos possuíam
comportamento geotécnico diferente dos solos lateríticos e saprolíticos e por isso foram
tratados e classificados em uma nova categoria denominada solos transicionais. Devido a esta
modificação, o método, renomeado para MCT-M (MCT - Modificado), passou a contar com
onze grupos distintos distribuídos entre três diferentes classes de comportamento. São eles:
NA (areia não laterítica); NG’ (solo argiloso não laterítico); NS’ (solo siltoso não laterítico);
NS’G’ (solo sito-argiloso não laterítico); TA’ (solo arenoso transicional); TA’G’ (solos areno-
argiloso transicional); TG´ (solo argiloso transicional); LA (areia laterítica); LA’ (solo
arenoso laterítico); LA’ G’ (solo areno-argiloso laterítico) e LG’ (solo argiloso laterítico).
A Figura 2.04 apresenta o ábaco da classificação MCT-M proposto por Vertamatti (1988).
35
ÁBACO DE CLASSIFICAÇÃO MCT-M
0.50
1.00
1.50
2.00
0.00 0.50 1.00 1.50 2.00 2.50
c'
e'
NS'
NG'
TG'
LA'
TA'
NA
LA
NS'G'
LA'G
'
TA'G'
LG'
Figura 2.04 – Ábaco da Classificação MCT-M (VERTAMATTI, 1988)
A metodologia MCT, conforme proposta inicialmente, só era aplicável a solos que passavam
integralmente na peneira de 2,00 mm, o que não permitia a classificação de solos com
granulometria mais grosseira.
Visando reduzir tal deficiência, Vertamatti (1988) sugeriu que fosse adaptado à metodologia
MCT um equipamento semelhante ao MCV, onde pudessem ser moldados corpos de prova
com solos pedregulhosos em cilindros com diâmetro de 10 cm. Foi então idealizado e
construído, com o apoio financeiro do CNPq e da FAPESP, um protótipo deste equipamento,
denominado MCV-ITA.
Como extensão da metodologia MCT aos solos com frações granulométricas mais grossas,
Rezende (1998) pesquisou a utilização do ensaio MCV-ITA para caracterização de solos
lateríticos concrecionados, propondo o primeiro esboço do ábaco classificatório MCT-M para
esse tipo de solo.
36
Marson (2004) realizou uma análise crítica sobre a classificação MCT cujo objetivo principal
foi identificar a possibilidade de modificação de seus procedimentos, no sentido de torná-la
mais simples e rápida, sem prejudicar sua principal característica, que é a identificação da
gênese do solo. Como resultado de seu trabalho, foram sugeridas simplificações nos ensaios
de compactação Mini-MCV e perda de massa por imersão, modificações nos limites do ábaco
de classificação MCT-M e uma nova fórmula para o cálculo do parâmetro e’, com a
eliminação do coeficiente d’ e a consideração de um novo atributo relacionado ao formato das
curvas Pi x Mini-MCV. A seguir é apresentada a nova equação proposta para o cálculo do
coeficiente e’.
At.
100
Pi
e'=
(2.02)
onde:
Pi – perda de massa por imersão (%); e
At – atributo referente à forma da curva Pi x Mini-MCV, variando de 1 a 3.
37
3 – O CBR – CALIFÓRNIA BEARING RATIO
3.1 - Generalidades
As primeiras contribuições significativas para o desenvolvimento da tecnologia de
pavimentação ocorreram por volta da década de 20, impulsionadas pelo acelerado
crescimento dos sistemas de transporte, em especial as rodovias e aeroportos. Até então, as
construções eram realizadas pelo processo de tentativa e erro, baseadas puramente em
experiências isoladas.
Como resultado de um amplo programa de avaliação estrutural de rodovias, realizado no
estado americano da Califórnia, Porter (1938) propôs a realização de um novo ensaio,
denominado CBR (California Bearing Ratio), como forma de se avaliar, em laboratório, a
capacidade de suporte e a expansibilidade dos solos de subleito visando o dimensionamento
de pavimentos rodoviários.
Devido ao seu caráter extremamente prático, o ensaio CBR foi posteriormente modificado e
adotado pelo Corpo de Engenheiros do Exército Americano (USACE) como parâmetro para
os projetos de pavimentos aeroportuários durante a Segunda Guerra Mundial, fato que o
tornou mundialmente conhecido. Apesar dos métodos de dimensionamento de pavimentos
mais modernos utilizarem modelos de previsão de desempenho mecanístico-empíricos,
diversos países ainda adotam o ensaio CBR como parâmetro de dimensionamento de seus
pavimentos. É o caso do Brasil, onde os pavimentos flexíveis rodoviários são dimensionados
através do método DNER e os pavimentos aeroportuários pelo método da FAA.
38
Os modelos de dimensionamento baseados no ensaio CBR foram inicialmente desenvolvidos
para atender as necessidades e problemas construtivos dos pavimentos de países
desenvolvidos, normalmente localizados em regiões de clima temperado. Os países em
desenvolvimento, por outro lado, tornaram-se usuários diretos dessa tecnologia sem que
houvesse uma adequação às suas realidades.
Segundo Vertamatti (1988), a aplicação direta desses métodos baseados no CBR para o
dimensionamento de pavimentos localizados em países de clima tropical, como o Brasil, pode
levar a soluções conservadoras, uma vez que nesses países não são observados os problemas
de ruptura plástica sob condições de encharcamento do subleito, característica comum durante
o degelo da primavera em regiões de clima temperado.
O ensaio CBR consiste, basicamente, em um ensaio de penetração conduzido a uma taxa
uniforme de deformação. A pressão necessária para produzir uma penetração no material
ensaiado é comparada com a pressão necessária para produzir a mesma penetração em uma
pedra britada padronizada. O resultado se expressa como uma proporção das duas pressões.
Deste modo, um solo com um valor CBR = 15 indica que o material em questão oferece 15 %
da resistência à penetração observada pela pedra padrão.
39
4 – O DCP – PENETRÔMETRO DINÂMICO DE CONE
4.1 – Generalidades
Segundo relatos de diversos autores, o penetrômetro dinâmico surgiu na Austrália
durante a década de 1950. Empenhado no projeto de recuperação e duplicação das estradas de
seu país, Scala, em 1956, propôs a construção de um equipamento capaz de medir a
capacidade de suporte in-situ dos materiais constituintes das camadas do pavimento de forma
confiável, simples e com custo reduzido. Neste contexto foi desenvolvido o Scala
Penetrometer.
O DCP (Dynamic Cone Penetrometer) consiste em uma versão modificada do penetrômetro
de Scala desenvolvida pelo TRD (Transvaal Road Department) da África do Sul no ano de
1973 (KLEYN, 1975) e posteriormente adotada em estudos realizados em diversos países
incluindo Argentina, Brasil, Chile, Estados Unidos, Inglaterra, Israel, Malásia, Sri Lanka e
Tailândia. Nazzal (2002) reforça que diversos estados americanos como California, Florida,
Illinois, Minessota, Kansas, Mississipi e Texas têm utilizado o equipamento DCP para a
caracterização in situ de subleitos e camadas de pavimento.
Em 2003, a ASTM International publicou a Norma Técnica D6951-03 “Standard Test Method
for Use of the Dynamic Cone Penetrometer in Shallow Pavement Applications”, contribuindo
ainda mais para a padronização internacional das características do equipamento e dos
procedimentos de ensaio.
40
4.2 – O Equipamento e o Ensaio DCP
O DCP é constituído basicamente de uma haste metálica de 16 mm de diâmetro com
uma ponteira cônica de aço temperado com 20 mm de diâmetro e ângulo de ataque de 60º
acoplada na ponta. O conjunto penetra no solo sob ação da queda de um martelo de aço de 8,0
kgf balizado por uma haste cursora de 25 mm de diâmetro a partir de uma altura constante de
575 mm. A Figura 4.01 apresenta um esquema detalhado do equipamento.
Figura 4.01 – Esquematização do DCP – Dynamic Cone Penetrometer
41
Durante a realização do ensaio, são anotados os valores da penetração acumulada da ponteira
no solo após a aplicação de um número conveniente de golpes do martelo. Para materiais
pouco resistentes recomenda-se a realização de leituras após cada golpe efetuado, enquanto
que para materiais de maior resistência, as medidas podem ser realizadas após a aplicação de
uma série predeterminada de golpes.
Lima (2000) recomenda que o ensaio seja realizado com a participação de 03 operadores. O
primeiro fica responsável pela leitura e registro das penetrações, o segundo realiza a aplicação
dos golpes e o último mantém o equipamento posicionado na vertical.
Com base nos valores obtidos, é construída a curva da penetração da haste no solo em função
do número de golpes do martelo. A Figura 4.02 apresenta um modelo típico de gráfico obtido
durante a realização do ensaio. O índice DCP corresponde à relação entre a penetração, em
mm, e o número de golpes aplicados.
Segundo Vertamatti & Oliveira (1997), a razãodia de penetração do DCP, em mm/golpe,
através de cada camada constituinte de um pavimento, é considerada como uma medida
indireta da resistência ao cisalhamento das mesmas. Desta forma, quanto maior a inclinação
da reta obtida, menor será a resistência da camada avaliada.
Além disto, através do ensaio DCP, são determinadas não somente as resistências à
penetração das camadas do pavimento, mais também suas respectivas espessuras. Uma
mudança de inclinação na curva do ensaio sinaliza uma alteração de resistência, de forma que
a diferença de profundidade entre dois trechos sucessivos representa a espessura efetiva da
camada.
42
Figura 4.02 – Exemplo típico de gráfico obtido durante a realização do ensaio DCP
Lima (2000) acrescenta que a alteração de inclinação desses segmentos, e conseqüentemente
da resistência dos materiais das camadas, pode ocorrer em função de fatores como a variação
do teor de umidade, alterações do estado de compactação ou mudança do material constituinte
das camadas.
Webster (1992) recomenda a utilização de um martelo de peso menor (4,6 kgf) para a
determinação da resistência de solos de menor capacidade de suporte (CBR<10).
4.3 – O DCP-ITA
Tendo em vista a extensa aplicabilidade do equipamento, a confiabilidade dos
resultados obtidos e a simplicidade de operação, o Instituto Tecnológico de Aeronáutica
43
adaptou e construiu a sua própria versão do penetrômetro dinâmico, denominada DCP-ITA,
para a aplicação direta no âmbito do Sistema de Engenharia da Aeronáutica.
O DCP-ITA possui as mesmas características técnicas do equipamento desenvolvido pelo
TRD e apresenta, como uma das inovações, a possibilidade de se realizar as leituras de
penetração através de uma trena com mostrador digital acoplada ao equipamento e o controle
da verticalidade da haste através da instalação de um nível de bolha no aparelho. A Figura
4.03 apresenta o DCP-ITA.
Figura 4.03 – Equipamento DCP desenvolvido pelo ITA (DCP-ITA)
44
4.4 – Aperfeiçoamento do Equipamento DCP
Preservando as características físicas do equipamento original, diferentes versões e
acessórios para o DCP têm sido comercializados por empresas especializadas em
equipamentos para geotecnia ou desenvolvidas diretamente por organizações governamentais.
A Applied Research Associates, Inc., dos Estados Unidos, fabrica um sistema eletrônico de
coleta de dados para o DCP (Figura 4.04). Um sensor colocado sobre o solo próximo à haste
do aparelho é responsável pelo registro das leituras de penetração.
A CSIR Transportek, da África do Sul, desenvolveu o programa computacional WinDCP 5.0
para a análise dos resultados de ensaios realizados com o equipamento DCP. A Figura 4.05
apresenta a interface do programa. A partir de correlações empíricas, é possível estimar os
índices de resistência à compressão simples e CBR dos solos estudados. O programa
apresenta, ainda, um método de dimensionamento de pavimentos baseado no índice DCP.
A Dynatest, Inc., dos Estados Unidos, comercializa uma versão automatizada do equipamento
DCP (Figura 4.06). Durante o ensaio, o martelo é levantado mecanicamente com o auxílio de
uma correia em movimento e as leituras de penetração são realizadas automaticamente. O
equipamento é capaz de executar até 24 golpes por minuto.
Lavoie (2004) apresenta a versão automática do DCP utilizada pelo Ministério dos
Transportes de Quebec, no Canadá. (Figura 4.07). O equipamento permite que o operador
selecione automaticamente o peso do martelo a ser utilizado no ensaio (4,6 ou 8,0 kgf).
45
Figura 4.04 – Sistema eletrônico de aquisição de dados (Applied Research Associates, Inc.)
Figura 4.05 – Interface do programa WinDCP 5.0 (CSIR Transportek)
46
Figura 4.06 – Automatic Dynamic Cone Penetrometer (Dynatest, Inc.)
Figura 4.07 – ADCP (Ministère des Transports du Quebec - Canadá)
47
Muito embora as inovações apresentadas sejam úteis para a otimização das análises e o
aumento da produtividade dos ensaios, em muitos casos perde-se em dois dos principais
aspectos da concepção original do aparelho DCP: a simplicidade na utilização do aparelho e
os baixos custos de aquisição e operação do equipamento.
4.5 – Aplicabilidade do Ensaio DCP
O ensaio DCP apresenta uma extensa variedade de aplicações. Lima (2000) descreve
uma lista de atividades nas quais a utilização do DCP apresenta vantagens significativas
quando comparadas com os métodos tradicionais, dentre elas destacando-se:
Avaliação estrutural de pavimentos existentes com a discretização das espessuras e
resistências das camadas;
Controle de compactação de camadas de aterro de pavimentos e de corpos de barragem;
Identificação e delimitação da ocorrência de “borrachudos” durante a execução de aterros
compactados;
Estudos da eficiência de compactação de equipamentos compactadores;
Verificação da variação de resistência de camadas estruturais ao longo das estações
climáticas;
Verificação qualitativa da colapsividade de solos porosos;
Alves (2002) propõe um método de controle de compactação de camadas de aterro a partir do
estabelecimento de correlações entre os ensaio DCP e CBR. De acordo com a metodologia
proposta, ao se construir a curva de compactação do solo da jazida, seriam moldados 02
corpos de prova em condições idênticas para cada umidade de compactação, totalizando pelo
48
menos 05 pares de corpos de prova. No intuito de correlacionar o ensaio DCP (realizado in
situ) com o índice CBR de projeto (realizado na condição saturada), executar-se-ia, em um
dos corpos de prova de cada par, o ensaio DCP na condição sem imersão e, no corpo de prova
correspondente, o ensaio CBR na condição com imersão. A partir da curva de correlação entre
estes dois parâmetros, seria obtido o valor do índice DCP de referência (DN
ref
)
correspondente ao CBR de projeto. O DN
ref
seria utilizado no campo como parâmetro de
decisão durante o controle de qualidade de compactação. A Figura 4.08 apresenta o
fluxograma completo da metodologia proposta.
Figura 4.08 – Fluxograma de controle de compactação utilizando o DCP (ALVES, 2002)
49
Nazzal (2002) e Abu-Farsakh et al. (2004) comentam que diversos departamentos de
transporte e agências federais dos Estados Unidos vêm utilizando o DCP para estimativa da
resistência e uniformidade de camadas de pavimentos rodoviários.
Burnham (1997) coloca que o Minnesota Departament of Transportantion – MnDOT utiliza o
equipamento DCP desde 1991 e que este tem se mostrado uma ferramenta eficiente para a
estimativa da resistência de subleitos e camadas de pavimentos. Apresenta especificações de
serviço para a utilização do DCP no controle de qualidade de compactação de camadas de
base executadas com materiais granulares e para a execução de reaterros de valetas abertas ao
longo de pavimentos. Reforça, ainda, o potencial de uso do DCP para a investigação de áreas
com deficiência estrutural sob o pavimento, a determinação das condições de subleitos e
camadas de base em pavimentos flexíveis trincados e o monitoramento da eficiência de
estabilização de subleitos.
Amini (2003) afirma que a maioria das aplicações do equipamento DCP é possível graças ao
estabelecimento de correlações com outros parâmetros de resistência ou deformabilidade
como o Índice de Suporte Califórnia (CBR), a Resistência à Compressão Simples (UCS), o
Índice de Resistência à Ruptura por Cisalhamento (DS) e o Módulo de Resilência (M
R
),
Dentre os trabalhos publicados, destacam-se os que apresentam correlações entre os índices
CBR e DCP, uma vez que os altos coeficientes de determinação (R
2
) obtidos mostram uma
evidente confiabilidade dos resultados obtidos.
50
4.6 – Correlações DCP x CBR
Diversos estudos para o estabelecimento de correlações entre os ensaios CBR e DCP
vêm sendo realizados em vários países do mundo desde a década de 70.
4.6.1 – Modelo Matemático
Harison (1986) apresenta um modelo matemático para explicar a correlação entre os
parâmetros CBR e DCP. Segundo o autor, a resistência à penetração do ensaio DCP pode ser
obtida de forma simplificada a partir da seguinte equação:
+
+
=
21
2
2
11
WW
W.eW
.
D
h.W
R
(4.01)
onde:
R : resistência à penetração;
1
W
: peso do martelo;
2
W
: peso total do equipamento excluído o peso do martelo;
h : altura de queda do martelo;
D : profundidade de penetração;
e
: coeficiente de restituição do aço
Considerando as características físicas do equipamento DCP, tem-se que os parâmetros
(
, , , e) são constantes. Desta forma, a resistência à penetração R é função inversa da
profundidade de penetração D, que por sua vez, é dependente das propriedades do solo.
1
W
2
W
h
51
()
1
D .AR
=
ou (4.02)
()
1
DCP .AR
=
onde:
(
)
21
2
2
11
WW
W.eW.h.W
A
+
+
= = constante
A resistência à penetração corresponde à resistência do material testado e por isso, pode-se
admitir que R seja representado como função de outros parâmetros de resistência, como por
exemplo, o CBR. Desta forma:
()
1
DCP.ACBR
= (4.03)
A equação 4.03 seria válida apenas caso o sistema fosse 100% eficiente. Considerando que
existem perdas de energia durante a realização dos ensaios, como por exemplo, pela
compressão da haste metálica e pela compressão elástica do solo, o autor propõe a seguinte
modificação ao modelo:
()
B
DCP.ACBR
=
(4.04)
onde:
A e B são constantes
A equação 4.04 pode ser reescrita no seguinte formato:
DCP Log.BA LogCBR Log
=
(4.05)
52
A grande maioria dos trabalhos publicados apresenta correlações no formato da equação 4.05,
o que sugere que este modelo é o mais adequado para o estabelecimento da relação
matemática entre os dois parâmetros.
4.6.2 – Correlações Existentes
Internacionalmente, destacam-se as correlações obtidas por Kleyn (1975), Smith &
Pratt (1983), TRRL (1986), Harison (1986 e 1987), Livneh & Ishia (1987) e Webster (1992),
uma vez que seus trabalhos são freqüentemente citados na bibliografia. No Brasil, citam-se as
pesquisas publicadas por Heyn (1986), Oliveira (1988), Trichês & Cardoso (1998), Lima
(2000) e Alves (2002).
Smith & Pratt (1983) e Livneh & Ishia (1987) utilizaram penetrômetros dinâmicos de
características físicas diferentes do DCP da TRD. Visando uma análise comparativa entre as
diversas correlações existentes foram selecionadas apenas aquelas que utilizaram
penetrômetros com características físicas idênticas ao DCP utilizado no presente trabalho.
Conforme discutido por Oliveira (1998) e Lima (2000), a maioria das correlações publicadas
não faz referência às condições de realização dos ensaios, das características dos materiais
empregados, do número de testes realizados e dos valores dos coeficientes de determinação
das equações encontrados. Desta forma, o uso indiscriminado de tais correlações pode
implicar em erros significativos de interpretação e a conseqüente previsão incorreta da
resistência dos solos.
53
Kleyn (1975), na África do Sul, obteve uma correlação baseada em ensaios de laboratório
realizados em 2000 pares (DCP; CBR). A equação apresentada é atualmente adotada pelo
Saskatchewan Highways and Transportation. Detalhes dos procedimentos de ensaio e das
amostras utilizadas não foram mencionados, assim como o coeficiente de determinação (R
2
)
obtido. A equação 4.06 apresenta a correlação encontrada:
DCP Log 1,28 -2,63 CBR Log =
(4.06)
O Transport Research Laboratory - TRL (1986), da Inglaterra, também desenvolveu a sua
própria correlação. Não foram apresentados os procedimentos de ensaio, as características
geotécnicas dos materiais, o número de pares considerados e o respectivo coeficiente de
determinação R
2
. A equação 4.07 apresenta a correlação utilizada pelo TRL:
DCP Log 1,06 -2,48 CBR Log =
(4.07)
Harison (1986 e 1987), na Austrália, obteve uma série de correlações com base em ensaios
laboratoriais realizados em solos argilosos, arenosos bem graduados e pedregulhosos. A
seguir são apresentadas as correlações encontradas:
DCP Log 1,16 -2,56 CBR Log =
R
2
= 0,97 para solos argilosos (4.08)
DCP Log 1,51 -3,03 CBR Log =
R
2
= 0,92 para solos arenosos (4.09)
DCP Log 0,96 -2,55 CBR Log =
R
2
= 0,96 para solos pedregulhosos (4.10)
DCP Log 1,32 -2,81 CBR Log =
R
2
= 0,98 para todos os tipos de solos (4.11)
54
Webster et al (1992), nos Estados Unidos, desenvolveram as correlações utilizadas pelo US
Army Corps of Engineers (USACE) e posteriormente adotadas como referência pela ASTM
International. O estudo é baseado na análise in situ de diferentes tipos de solos. Não foram
informados o número de pares considerados e o coeficiente de determinação (R
2
) obtido. A
seguir são apresentadas as equações encontradas:
DCP Log 2,00 -3,54 CBR Log =
para solos de classificação CL com CBR < 10 (4.12)
DCP Log 1,00 -2,54 CBR Log =
para solos de classificação CH (4.13)
DCP Log 1,12 -2,47 CBR Log =
para todos os outros tipos de solo (4.14)
As Figuras 4.09 e 4.10 mostram os gráficos DCP x CBR obtidos a partir das séries de
equações apresentadas, respectivamente, por Harison (1986 e 1986) e Webster (1992).
CORRELAÇÕES DCP x CBR
Harison (1986 e 1987)
1
10
100
110
DCP (mm/golpe)
CBR (%)
100
Equação 4.08 , solos argilosos Equação 4.09 , solos arenosos
Equação 4.10 , solos pedregulhosos Equação 4.11 , todos os solos
Figura 4.09 – Correlações DCP x CBR obtidas por Harison (1986, 1987)
55
CORRELAÇÕES DCP x CBR
Webster et al. (1992)
1
10
100
110
DCP (mm/golpe)
CBR (%)
100
Equação 4.12 , solos CL com CBR < 10 Equação 4.13 , solos CH Equação 4.14 , outros solos
Figura 4.10 – Correlações DCP x CBR obtidas por Webster et al. (1992)
Visando uma análise comparativa entre as correlações publicadas por Kleyn (1975), TRRL
(1986), Harison (1986 e 1987) e Webster (1992), tidas como válidas para todos ou quase
todos os tipos de solos, são apresentados os valores do índice CBR estimados a partir de cada
uma delas em função do aumento do índice DCP (Tabela 4.01).
Observa-se uma relativa similaridade nas estimativas de CBR obtidas pelas correlações de
Kleyn (1975), TRRL (1986) e Webster (1992). No entanto, a correlação obtida por Harison
(1986) apresenta valores de CBR comparativamente altos para certos índices DCP (DCP < 10
mm/golpe). Para DCP > 20 mm/golpe, os valores de CBR obtidos a partir de cada uma das
equações não apresentam diferenças significativas. Observa-se, ainda, que a correlação de
Webster (1992) é a mais conservadora, conduzindo a estimativas de CBR menores para os
mesmos valores de DCP.
56
Tabela 4.01 – Estimativas de CBR a partir de correlações obtidas por diferentes autores
Equação 4.06 Equação 4.07 Equação 4.11 Equação 4.14 CBRnimo CBR máximo
(mm/golpe) Kleyn (1975) TRRL (1986) Harison (1986) Webster (1992) (%) (%)
2 176 145 259 136 136 259
4 72 69 104 62 62 104
6 434561404061
8 303341292941
10 22 26 31 22 22 31
15 13 17 18 14 13 18
20 9 131210 9 13
25 7 10 9 8 7 10
30587758
35576657
40465546
45354435
50354435
60243324
70232323
80232223
CBR (%)
DCP
Heyn (1986), no Paraná, obteve uma correlação a partir de análise de solos encontrados nas
estradas do estado. Não foram divulgadas informações relativas às características geotécnicas
dos solos, do número de pontos considerados e do coeficiente de determinação R
2
. A seguir é
apresentada a equação encontrada:
DCP Log 1,30 -2,64 CBR Log =
(4.15)
Oliveira (1998), em São José dos Campos - SP, obteve correlações baseadas em ensaios
laboratoriais realizados nas condições com e sem imersão. Em sua pesquisa, foram utilizados
latossolos de classificação genética transicional, característicos da região do Vale do Paraíba,
totalizando 70 pares (CBR, DCP). A seguir são apresentadas as correlações encontradas:
57
DCP Log 1,07 -2,51 CBR Log =
condição sem imersão R
2
= 0,98; N = 31 (4.16)
DCP Log 1,02 -2,44 CBR Log =
condição com imersão R
2
= 0,93; N = 39 (4.17)
DCP Log 1,06 -2,49 CBR Log =
todos os pontos R
2
= 0,96; N = 70 (4.18)
Trichês & Cardoso (1998), em Santa Catarina, trabalhado com solos das classes A-7-6, A-4 e
A-2-4, coletados nas proximidades de Florianópolis – SC, obtiveram uma correlação baseada
em ensaios de laboratório realizados nas condições com e sem imersão. Foram considerados
53 pares (DCP; CBR). Obteve-se um coeficiente de determinação R
2
= 0,90. A equação 4.19
apresenta a equação encontrada:
DCP Log 1,25 -2,71 CBR Log =
R
2
= 0,90; N = 53 (4.19)
Lima (2000), em São José dos Campos, trabalhando com solos lateríticos de textura fina,
obteve correlações distintas para quatro amostras de diferentes granulometrias. Ambos os
ensaios, CBR e DCP, foram realizados na condição sem imersão e não foi utilizada
sobrecarga de confinamento. A seguir são apresentadas as correlações encontradas:
DCP Log 1,09 -2,41 CBR Log =
Amostra 01 – LG’ R
2
= 0,94; N = 19 (4.20)
DCP Log 1,44 -2,98 CBR Log =
Amostra 02 – TG’ R
2
= 0,94; N = 22 (4.21)
DCP Log 1,34 -2,97 CBR Log =
Amostra 03 – TA’ R
2
= 0,96; N = 20 (4.22)
DCP Log 1,40 -3,03 CBR Log =
Amostra 04 – TA’G’ R
2
= 0,92; N = 18 (4.23)
DCP Log 1,29 -2,81 CBR Log =
Todos os pontos R
2
= 0,86; N = 79 (4.24)
58
Alves (2003), em Santa Catarina, também obteve correlações a partir de ensaios laboratoriais
realizados na condição sem imersão. Foram analisados solos de cinco classes distintas: A-4,
A-7-5, A-7-6, A-2-7 e A-2-4.. A seguir são apresentadas as equações obtidas:
DCP Log 1,21 -2,70 CBR Log =
Grupo A-4 R
2
= 0,89 (4.25)
DCP Log 1,06 -2,39 CBR Log =
Grupo A-7-5 R
2
= 0,82 (4.26)
DCP Log 1,37 -2,95 CBR Log =
Grupo A-7-6 R
2
= 0,96 (4.27)
DCP Log 1,27 -2,97 CBR Log =
Grupo A-2-7 R
2
= 0,82 (4.28)
DCP Log 1,05 -2,54 CBR Log =
Grupo A-2-4 R
2
= 1,00 (4.29)
DCP Log 1,10 -2,56 CBR Log =
Todos os pontos R
2
= 0,83 (4.30)
As Figuras 4.11 e 4.12 mostram os gráficos DCP x CBR obtidos a partir das séries de
equações apresentadas respectivamente por Lima (2000) e Alves (2002). Observa-se que as
amostras mais finas, LG’ (P
#200
= 83,3%) e A-7-5 (P
#200
= 61,4%), apresentaram
comportamento notadamente diferente das outras. O ensaio CBR nestas amostras produziu
resultados sensivelmente menores considerando os mesmos valores de DCP. A mesma
observação é válida para as equações de Harison (Figura 4.09).
Comparando agora as retas de correlação obtidas para os solos brasileiros (todos os solos)
com as apresentadas por autores estrangeiros (Figura 4.13), observa-se uma similaridade
grande entre as correlações de Kleyn (1975) e Heyn (1986), TRRL (1986) e Oliveira (1998) e
Harison (1986 e 1987) e Lima (2000). No entanto, nenhuma das correlações nacionais
apresentou resultados similares à correlação apresentada por Webster (1992) e utilizada como
referência pela ASTM International (2003).
59
CORRELAÇÕES DCP x CBR
Lima (2000)
1
10
100
110
DCP (mm/golpe)
CBR (%)
100
Equação 4.20 , LG' Equação 4.21 , TG' Equação 4.22 , TA' Equação 4.23 , TA'G' Equação 4.24 , todos os pontos
Figura 4.11 – Correlações DCP x CBR obtidas por Lima (2000)
CORRELAÇÕES DCP x CBR
Alves (2002)
1
10
100
110
DCP (mm/golpe)
CBR (%)
100
Equação 4.25 , A-4 Equação 4.26 , A-7-5 Equação 4.27 , A-7-6
Equação 4.28 , A-2-7 Equação 4.29 , A-2-4 Equação 4.30 , todos os pontos
Figura 4.12 – Correlações DCP x CBR obtidas por Alves (2002)
60
CORRELAÇÕES DCP x CBR
Diversos Autores
1
10
100
110100
DCP (mm/golpe)
CBR (%)
Equação 4.06 - Kleyn (1975) * Equação 4.07 - TRRL (1986) * Equação 4.11 - Harison (1986) *
Equação 4.14 - Webster (1992) * Equação 4.15 - Heyn (1986) ** Equação 4.18 - Oliveira (1998) **
Equação 4.19 - Trichês & Cardoso (1998) ** Equação 4.24 - Lima (2000) ** Equação 4.30 - Alves (2002) **
* autores extrangeiros (linha tracejada) / ** autores brasileiros (linha contínua)
Figura 4.13 – Correlações DCP x CBR obtidas por diferentes autores
61
4.7 – Correlações DCP x Módulo de Resiliência
Em função de suas formulações empíricas, a confiabilidade de aplicação dos métodos
tradicionais de dimensionamento de pavimentos praticamente limita-se às condições
climáticas, de tráfego e de materiais de construção existentes nos trechos experimentais onde
os ensaios foram realizados.
Rodrigues (2000) coloca que esses métodos não são capazes de prever, no desempenho dos
pavimentos, o reflexo de variações nas propriedades mecânicas dos materiais e nas
configurações de tráfego (distribuição de freqüências das cargas de eixo, tipos de suspensão e
de pneus, pressão de inflação dos pneus e geometria dos eixos), bem com das mudanças
sazonais de temperatura e umidade. Além disto, não fornecem uma previsão da condição
estrutural e funcional futura do pavimento, inviabilizando a análise econômica de alternativas
de solução ao longo do ciclo de vida do pavimento.
Dentro deste contexto, diversas pesquisas têm sido realizadas para a elaboração de novos
modelos de previsão de desempenho, baseados em formulações mecanístico-empíricas, e que
utilizam para o dimensionamento dos pavimentos, parâmetros como o Módulo de Resiliência
(M
R
) das camadas.
O Módulo de Resiliência (M
R
) pode ser estimado diretamente através de correlações com o
índice CBR, com por exemplo:
0,64
R
.CBR 6,17)MPa(M = (POWELL et al., 1984 apud RODRIGUES, 1997) (4.31)
62
No entanto, utilizar equações deste tipo para a determinação de M
R
a partir de ensaios DCP
envolveria o acúmulo dos erros obtidos por duas equações de correlação, o que diminuiria a
confiabilidade dos resultados.
Seyman (2003) coloca que vários estudos foram publicados tentando correlacionar
diretamente o índice DCP com o Módulo de Resiliência (M
R
) de materiais de camadas de
pavimentos obtido a partir da retroanálise de resultados de ensaios deflectométricos realizados
com o Falling Weight Deflectometer – FWD. Dentre estes estudos, cita o trabalho de Chen et
al. (1999 apud SEYMAN, 2003 e NAZZAL, 2003), conduzido no estado de Kansas, Estados
Unidos. Para obtenção da correlação foram utilizados dados de ensaios FWD e DCP
realizados em 05 diferentes seções de pavimento. Os valores de M
R
foram obtidos através do
programa de retroanálise elástico linear Evercalc, desenvolvido pelo Departamento de
Transporte do Estado de Washington. A seguir, é apresentada a correlação obtida:
39,0
R
)DCP.(388M
= R
2
= 0,42 N = 140 (4.32)
onde:
R
M : Módulo de Resilência (MPa);
DCP : Índice de Penetração (mm/golpe);
Angelone et al. (1991, apud ALVES, 2002), na Argentina, trabalhando com solos de
classificação A-4 e A-6, obteve a seguinte correlação:
44,0
R
)DCP.(201M
= (46
d
=
σ ) (4.33)
63
onde:
R
M : Módulo de Resilência (MPa);
DCP
: Índice de Penetração (mm/golpe);
d
σ : Desvio Padrão dos erros da correlação
Alves (2002), em Santa Catarina, trabalhando com solos residuais graníticos, obteve uma
correlação a partir dos resultados de deflexões obtidas com a Viga Benkelman. Para a
retroanálise utilizou-se o programa ELSYM5 (Elastic Layered System Computer Program),
desenvolvido na Universidade da Califórnia, Estados Unidos. A seguir é apresentada a
correlação encontrada:
58,0
R
)DCP.(188M
= R
2
= 0,48 N = 20 (4.34)
onde:
R
M : Módulo de Resilência (MPa);
DCP : Índice de Penetração (mm/golpe).
Observa-se que as diversas correlações DCP x M
R
publicadas não apresentaram bons índices
de correlação. Como possível justificativa para a dispersão de pontos observada, destaca-se
que M
R
é um parâmetro de deformabilidade dos materiais enquanto que o DCP corresponde a
um parâmetro de resistência ao cisalhamento. Além disto, os métodos empregados na
retroanálise baseiam-se na Teoria da Elasticidade, considerando o subleito como um meio
semi-infinito, homogêneo e isotrópico, situação diferente da realidade de campo.
64
4.8 – Correlações com outros parâmetros
Ponce et al. (1991) cita a correlação utilizada pelo Trasvaal Road Department, da
África do Sul, para a estimativa da resistência à compressão simples (R
S
) a partir do índice
DCP:
)DCPLog( 1,078 - 3,119 )R(Log
S
= (4.35)
onde:
R
S
: resistência à compressão simples (kN); e
DCP : índice de penetração DCP (mm/golpe).
Edil & Benson (2004), nos Estados Unidos, apresentam estimativas do índice de penetração
DCP em função da umidade e do peso específico aparente seco dos solos:
s
15,28- w0,96 - 50,338DCP
γ
= R
2
= 0,73 solos arenosos (4.36)
s
12,12- w2,62 96,242DCP
γ
+= R
2
= 0,66 solos argilosos (4.37)
s
13,21- w0,20 35,290DCP
γ
+= R
2
= 0,67 todos os solos (4.38)
onde:
w : umidade (%);
s
γ
: peso específico aparente seco (kN/m
2
).
65
5 – ENSAIOS DE LABORATÓRIO
Neste capítulo são apresentados os procedimentos e resultados dos ensaios de
laboratório realizados para a obtenção das correlações DCP x CBR para solos saprolíticos de
textura fina.
5.1 – Coleta e Seleção das Amostras
Visando a representatividade dos solos saprolíticos, procurou-se obter amostras de
composições granulométricas distintas, variando de extremamente argilosa a arenosa.
Inicialmente foi realizado um trabalho de campo, sendo coletadas um total de 08 (oito)
amostras de solo de diferentes características. Após a realização dos ensaios de classificação
MCT-M, observou-se que 03 (três) dos solos coletados apresentavam classificação
transicional e por isso foram descartados. Outros 02 (dois) solos tinham características
geotécnicas semelhantes, sendo selecionado apenas um para a realização dos ensaios. Desta
forma, das 08 (oito) amostras originalmente coletadas, selecionou-se, para a obtenção das
correlações DCP x CBR, 04 (quatro) amostras representativas de cada um dos grupos de solos
não lateríticos (NA, NS’, NS’G’ e NG’).
Devido à facilidade de visualização do perfil de intemperismo e de acesso ao material do
horizonte saprolítico, buscou-se coletar materiais de taludes de corte localizados em margens
de rodovias próximas ao município de São José dos Campos - SP.
66
A tabela 5.01 apresenta informações quanto à localização dos taludes onde as 04 amostras
selecionadas foram coletadas e a Figura 5.01 mostra o mapa da região do Vale do Paraíba –
SP com a indicação dos locais de coleta. As Figuras 5.02 a 5.05 apresentam vistas gerais dos
respectivos taludes de corte.
Tabela 5.01 – Localização dos taludes onde as amostras selecionadas foram coletadas
Solo Amostra 01 - NA Amostra 02 - NS' Amostra 03 - NS'G' Amostra 04 - NG'
Local de Coleta
Rod. Carvalho Pinto Rod. dos Tamoios Rod Ayrton Senna Rod. Ayrton Senna
Município
Caçapava - SP Jambeiro - SP Jacareí - SP Mogi das Cruzes - SP
Latitude
S 23
o
13' 19,9'' S 23
o
18' 50,3'' S 23
o
20' 07,3'' S 23
o
23' 54,6''
Longitude
W 45
o
45' 54,1'' W 45
o
45' 51,2'' W 46
o
07' 54,5'' W 46
o
10' 40,5''
Elevação
616 m660 m606 m651 m
Figura 5.01 – Mapa com a indicação dos locais de coleta
67
Ponto de Coleta da
Amostra 01 - NA
Figura 5.02 – Visão geral do talude onde foi coletada a Amostra 01 – NA
Ponto de Coleta da
Amostra 02 – NS’
Figura 5.03 – Visão geral do talude onde foi coletada a Amostra 02 – NS’
68
Ponto de Coleta da
Amostra 03 – NS’G’
Figura 5.04 – Visão geral do talude onde foi coletada a Amostra 03 – NS’G’
Ponto de Coleta da
Amostra 04 – NG’
Figura 5.05 – Visão geral do talude onde foi coletada a Amostra 04 – NG’
69
5.2 – Ensaios de Caracterização
Além dos ensaios básicos, como determinação de curvas granulométricas e de limites
de consistência, foram realizados ensaios de classificação segundo a metodologia MCT-M,
análises microscópicas da fração areia e análises mineralógicas da fração fina através da
difração de raio-X. Procedeu-se, ainda, a análise dos mapas geológico, pedológico e
geomorfológico, desenvolvidos pelo Projeto RADAMBRASIL (1983), das áreas onde os
solos foram coletados.
Inicialmente, as amostras foram submetidas aos ensaios de caracterização preconizados pelas
Normas Brasileiras da ABNT. A preparação obedeceu aos procedimentos da NBR-6457/86
(Preparação de amostras de solo para ensaios de caracterização). Posteriormente, foram
realizados ensaios em conformidade com as normas NBR-7181/84 (Análise granulométrica
dos solos por peneiramento e sedimentação), NBR-6459/84 (Limite de liquidez de solos),
NBR-7180/84 (Limite de plasticidade de solos) e NBR-6508/84 (Determinação da massa
específica dos grãos de solo que passam na peneira 4,8mm).
Procedeu-se, então, a classificação das amostras segundo a metodologia MCT-M proposta por
Vertamatti (1988). Os ensaios foram realizados conforme descrito nas normas DNER-ME
258/94 (Solos compactados com equipamento miniatura – Mini-MCV) e DNER-ME 256/94
(Solos compactados com equipamento miniatura – determinação da perda de massa por
imersão). Os resultados dos ensaios realizados são apresentados na Tabela 5.02. A Figura 5.06
mostra o posicionamento das quatro amostras ensaiadas no ábaco de classificação MCT-M
(Vertamatti, 1988).
70
Tabela 5.02 – Parâmetros da classificação MCT-M obtidos para as amostras ensaiadas
01 02 03 04
Perda por Imersão - Pi
180% 230% 140% 250%
Coeficiente d'
10 5 23 55
Coeficiente c'
0.3 1.0 1.7 1.9
Coeficiente e'
1.6 1.9 1.3 1.4
Grupo MCT-M NA NS' NS'G' NG'
Amostra
Parâmetro
ÁBACO DE CLASSIFICAÇÃO MCT-M
0.50
1.00
1.50
2.00
0.00 0.50 1.00 1.50 2.00 2.50
c'
e'
Amostra 01 - NA Amostra 02 - NS' Amostra 03 - NS'G' Amostra 04 - NG'
NS'
NG'
TG'
LA'
TA'
NA
LA
NS'G'
LA'G'
TA'G'
LG'
Figura 5.06 – Posicionamento das amostras ensaiadas no ábaco MCT-M
As amostras foram ordenadas conforme as curvas granulométricas apresentadas (Figura 5.07)
e nomeadas de acordo com os resultados da classificação MCT-M. Desta forma, o solo mais
arenoso recebeu a denominação Amostra 01 - NA enquanto que o extremamente argiloso foi
denominado Amostra 04 - NG’. Os solos com granulometria intermediária receberam as
denominações: Amostra 02 - NS’ e Amostra 03 - NS’G’.
71
GRANULOMETRIA
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0.0001 0.0010 0.0100 0.1000 1.0000 10.0000 100.0000
Amostra 01 - NA
Amostra 02 - NS'
Amostra 03 - NS'G'
Amostra 04 - NG'
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
PORCENTAGEM QUE PASSA
PORCENTAGEM RETIDA
AREIA FINA
SILTE
A.GROSSAARGILA AREIA MÉDIA PEDREGULHO
CLASSIFICAÇÃO
ABNT
PENEIRAS (ASTM)
N
o
270 200 140 100 60 40 20 10 4
Figura 5.07 – Curvas granulométricas das amostras de solo ensaiadas.
Coerentemente com as observações de Nogami & Villibor (1990), quanto mais fina a
granulometria do solo, maior o valor do parâmetro c’ encontrado. Desta forma, obteve-se uma
amostra representativa de cada um dos quatro grupos de solos não-lateríticos.
Para a análise microscópica da fração areia de cada uma das amostras, foi utilizado um
equipamento pertencente ao Laboratório de Geologia de Engenharia do ITA constituído por
uma câmera acoplada a um micro-computador. As Figuras 5.8 a 5.11 apresentam as imagens
ampliadas das frações areia das 04 amostras analisadas.
72
Figura 5.08 – Imagem ampliada da fração retida na peneira #200 – Amostra 01 - NA
Figura 5.09 – Imagem ampliada da fração retida na peneira #200 – Amostra 02 – NS’
73
Figura 5.10 – Imagem ampliada da fração retida na peneira #200 – Amostra 03 – NS’G’.
Figura 5.11 – Imagem ampliada da fração retida na peneira #200 – Amostra 04 – NG’.
74
A fração areia das amostras 01, 03 e 04 apresenta o quartzo como mineral predominante,
sendo que nas amostras 01 e 04, os grãos são de diâmetro maior e formato anguloso enquanto
que na amostra 03 observa-se a presença de grãos menores e arredondados. A fração areia da
amostra 02 mostra uma alta concentração do mineral mica.
Realizaram-se, ainda, análises mineralógicas da fração passante na peneira #200. O
equipamento utilizado foi um difratômetro de Raio-X da marca PHILIPS, modelo PW 1830,
pertencente ao IAE/AMR – Instituto de Aeronáutica e Espaço / Divisão de Materiais. A
detecção dos raios difratados foi realizada por varredura contínua, de ângulos de
espalhamento 2θ
9
com velocidade de 1
o
/mm, obtendo gráficos de intensidade em função do
ângulo de espalhamento. Através deste ensaio foi possível determinar qualitativamente os
tipos de minerais presentes na fração fina das amostras, sem fazer referência às porcentagens
de ocorrência. Os resultados obtidos são apresentados na Tabela 5.03.
Tabela 5.03 – Principais minerais identificados pelo ensaio de difração espectral.
Amostra 01 - NA Amostra 02 - NS' Amostra 03 - NS'G' Amostra 04 - NG'
Ortoclásio Quartzo Quartzo Ortoclásio
Diopsídio Caolinita Muscovita Quartzo
Caolinita Muscovita Caolinita Caolinita
Muscovita Montmorilonita Montmorilonita
75
A Tabela 5.04 apresenta um resumo completo dos ensaios de caracterização.
Tabela 5.04 – Resumo das características geotécnicas das amostras ensaiadas
Amostra 01 - NA Amostra 02 - NS' Amostra 03 - NS'G' Amostra 04 - NG'
Areia silto-argilosa Solo micáceo Solo argilo-arenoso Argila siltosa
Local de Coleta
Rod. Carvalho Pinto Rod. dos Tamoios Rod. Ayrton Senna Rod. Ayrton Senna
Município
Caçapava–SP Jambeiro–SP Jacareí–SP Mogi das Cruzes–SP
Latitude
S 23
o
13' 19,9'' S 23
o
18' 50,3'' S 23
o
20' 07,3'' S 23
o
23' 54,6''
Longitude
W 45
o
45' 54,1'' W 45
o
45' 51,2'' W 46
o
07' 54,5'' W 46
o
10' 40,5''
Mapa Geológico
TQt
P
ε
ps
TQt TQt
Mapa Pedológico
LVa PVa PVa PVa
Mapa Geomorfológico
G1 G2 G1 G1
Areia Grossa
1.0% 2.1% 0.0% 0.0%
Areia Média
53.5% 22.3% 0.0% 2.0%
Areia Fina
29.5% 52.6% 38.4% 8.9%
Silte
8.9% 15.8% 21.6% 20.8%
Argila
7.2% 7.2% 40.0% 68.3%
26% 36% 39% 59%
18% 26% 22% 28%
8% 10% 17% 31%
NA NS' NS'G' NG'
A-2-4 A-2-4 A-6 A-7-6
SC SM CL CH
Simbologia Projeto RADAM (1983):
Mapa Geológico
TQt Grupo Taubaté: arenitos, arcóseos, conglomerados, argilitos e folhelhos betuminosos
P
ε
ps
Complexo Paraíba do Sul: gnaisses e variações, migmatitos, lentes e quartzitos
Mapa Pedológico
LVa Latossolo vermelho-amarelo álico
PVa Podzólico vermelho-amarelo álico
Mapa Geomorfológico
G1 Depressão do médio Parba do Sul
G2 Planalto de Paraitinga-Paraibuna
Classificação USC
Granulometria
Limite de Plasticidade - LP
Limite de Liquidez - LL
Classificação MCT
Solo
Descrição
Classificação HRB
Índice de Plasticidade - IP
Projeto
RADAM
Procedência
76
5.3 – Moldagem dos Corpos de Prova
A moldagem dos corpos de prova foi realizada de acordo com o método de ensaio
DNER ME 49-94 “Solo - determinação do Índice de Suporte Califórnia utilizando amostras
não trabalhadas”. Inicialmente as quatro amostras foram secas ao ar, destorroadas, passadas
na peneira n
o
04 e homogeneizadas. Em seguida, foram colocadas em tonéis de plástico e
estocadas no laboratório de Solos Tropicais do ITA.
Para cada amostra de solo coletada, foi moldado um total aproximado de 15 (quinze) corpos
de prova cilíndricos de 150 mm de diâmetro, compactados em 05 (cinco) camadas,
distribuídos em três diferentes energias de compactação: normal (12 golpes por camada),
intermediária (26 golpes por camada) e modificada (55 golpes por camada).
Visando a obtenção de curvas de compactação bem definidas, para cada energia procurou-se
moldar pelo menos dois corpos de prova com teor de umidade abaixo da ótima (ramo seco),
um corpo de prova com teor de umidade próximo da ótima e dois corpos de prova com teor de
umidade acima da ótima (ramo úmido). Sempre que necessário, corpos de prova adicionais
foram efetuados para permitir uma melhor definição das curvas de compactação. A Figura
5.12 apresenta, na forma de um organograma, o esquema básico de distribuição das condições
de moldagem dos corpos de prova.
A compactação foi realizada com o auxílio de um compactador mecânico, modelo M-100,
fabricado nos Estados Unidos pela empresa Ploog Engineering CO. Antes do início das
atividades, uma revisão completa no equipamento foi efetuada. O equipamento compactador
utilizado é apresentado na Figura 5.13.
77
Moldagem dos Corpos de Prova
(para cada amostra)
Proctor Normal Proctor Intermediário Proctor Modificado
ramo seco: 02 CPs ramo seco: 02 CPs ramo seco: 02 CPs
umidade ótima: 01 CP umidade ótima: 01 CP umidade ótima: 01 CP
ramo úmido: 02 CPs ramo úmido: 02 CPs ramo úmido: 02 CPs
Figura 5.12 – Esquema básico de moldagem dos corpos de prova
Figura 5.13 – Compactador mecânico Ploog Engineering CO, modelo M-100.
Conforme proposto por Lima (2000), o prato giratório do equipamento compactador foi
substituído por um sistema fixo dotado de rolamentos, permitindo a livre movimentação do
cilindro CBR. Este procedimento visou garantir a homogeneidade da compactação ao longo
78
da superfície dos corpos de prova, isto é, que as resistências no centro e nos bordos
apresentassem valores iguais. A compactação foi, portanto, realizada de forma semi-
automática, deixando o operador responsável pela distribuição dos golpes através da
translação do cilindro na base do equipamento compactador. O esquema da seqüência de
distribuição dos golpes é apresentado na Figura 5.14. Após a aplicação de golpes múltiplos de
nove, a seqüência de distribuição era reiniciada até a conclusão do número de golpes
correspondente à energia de compactação utilizada.
Figura 5.14 – Seqüência de distribuição de golpes pelo equipamento compactador
Finalizada a moldagem de um corpo de prova, o cilindro era então submetido à pesagem
visando o cálculo da massa específica aparente seca (γ
s
). A partir dos pares (w; γ
s
) foram
construídas as curvas de compactação para cada uma das energias utilizadas. A Figura 5.15
apresenta as curvas de compactação obtidas para as 04 (quatro) amostras ensaiadas. Os pontos
de máximo, correspondentes aos valores da umidade ótima de compactação (w
ótima
) e da
massa específica aparente seca máxima (γ
max
), são apresentados na Tabela 5.05.
79
Amostra 01 - NA
1.40
1.45
1.50
1.55
1.60
1.65
1.70
1.75
1.80
1.85
1.90
1.95
2.00
2.05
2.10
2.15
2.20
4.0 6.0 8.0 10.0 12.0 14.0 16.0 18.0 20.0 22.0 24.0 26.0 28.0 30.0 32.0
Umidade (%)
Massa Específica (g/cm3)
Proctor Normal Proctor Intermediário Proctor Modificado
Amostra 03 - NS'G'
1.40
1.45
1.50
1.55
1.60
1.65
1.70
1.75
1.80
1.85
1.90
1.95
2.00
2.05
2.10
2.15
2.20
4.0 6.0 8.0 10.0 12.0 14.0 16.0 18.0 20.0 22.0 24.0 26.0 28.0 30.0 32.0
Umidade (%)
Massa Específica (g/cm3)
Proctor Normal Proctor Intermediário Proctor Modificado
Amostra 04 - NG'
1.40
1.45
1.50
1.55
1.60
1.65
1.70
1.75
1.80
1.85
1.90
1.95
2.00
2.05
2.10
2.15
2.20
4.0 6.0 8.0 10.0 12.0 14.0 16.0 18.0 20.0 22.0 24.0 26.0 28.0 30.0 32.0
Umidade (%)
Massa Específica (g/cm3)
Proctor Normal Proctor Intermediário Proctor Modificado
Amostra 02 - NS'
1.40
1.45
1.50
1.55
1.60
1.65
1.70
1.75
1.80
1.85
1.90
1.95
2.00
2.05
2.10
2.15
2.20
4.0 6.0 8.0 10.0 12.0 14.0 16.0 18.0 20.0 22.0 24.0 26.0 28.0 30.0 32.0
Umidade (%)
Massa Específica (g/cm3)
Proctor Normal Proctor Intermediário Proctor Modificado
Figura 5.15 – Curvas de compactação obtidas para as 04 amostras ensaiadas
80
Tabela 5.05 – Valores de γ
max
e w
ótima
para as quatro amostras ensaiadas
γ
x
(g/cm
3
)
w
ótima
(%)
γ
máx
(g/cm
3
)
w
ótima
(%)
γ
máx
(g/cm
3
)
w
ótima
(%)
AMOSTRA 01 -NA 1.78 12.9 1.87 11.1 1.94 9.7
AMOSTRA 02 - NS' 1.59 18.2 1.68 14.8 1.76 13.4
AMOSTRA 03 - NS'G' 1.67 18.3 1.76 15.6 1.85 14.0
AMOSTRA 04 - NG' 1.51 24.8 1.69 23.2 1.68 17.9
AMOSTRA
PROCTOR NORMAL PROCTOR INTERMEDIÁRIO PROCTOR MODIFICADO
Imediatamente após a moldagem de cada um dos corpos de prova realizou-se, na face inferior
dos mesmos, o ensaio CBR e, na face oposta, o ensaio DCP. Um tarugo de madeira foi
introduzido no orifício produzido pelo ensaio CBR de modo a evitar o choque da ponteira do
DCP com o disco espaçador. A Figura 5.16 ilustra o procedimento adotado para os ensaios
CBR e DCP.
Figura 5.16 – Procedimento de ensaios CBR e DCP
81
5.4 – Ensaios CBR
As determinações das capacidades de suporte CBR foram realizadas com base no
método de ensaio DNER ME 49-94 “Solo – determinação do Índice de Suporte Califórnia
utilizando amostras não trabalhadas”. No entanto, em dois aspectos não foram seguidos os
procedimentos normalizados: os cilindros não foram colocados em imersão e o teste de
penetração foi realizado sem a aplicação de sobrecarga de confinamento.
Realizando-se os ensaios na condição sem imersão é possível testar uma maior variabilidade
de resistência dos solos estudados. De forma geral, os corpos de prova moldados nos ramos
secos das curvas de compactação tendem a apresentar as maiores resistências CBR e DCP,
enquanto que os corpos de prova moldados nos extremos dos ramos úmidos dessas curvas,
apresentam resistências muito baixas. Caso os ensaios fossem realizados na condição imersa,
a saturação do solo provocaria uma redução acentuada de resistência nos corpos de prova
moldados nos ramos secos e os resultados destes ensaios seriam semelhantes aos obtidos
pelos corpos de prova moldados nos ramos úmidos.
Além disto, de acordo com as proposições originais dos métodos de dimensionamento
baseados no ensaio CBR, a imersão dos corpos de prova em água por um período de 96 horas
tem como objetivo a simulação da condição de saturação dos solos, comum durante o degelo
da primavera em países de clima temperado. Nos países tropicais, como o Brasil, os
problemas de saturação de subleitos de pavimentos estão normalmente associados à situação
de nível de lençol freático alto, sendo facilmente solucionados pela especificação e construção
de drenos profundos. Desta maneira, a realização do ensaio CBR nas condições originalmente
propostas pode levar ao super dimensionamento da estrutura dos pavimentos brasileiros.
82
Lima (2000) salienta, ainda, que a imersão em água dos corpos de prova não produz uma
saturação homogênea dos solos ensaiados. Observou-se, através de testes de laboratório, a
ocorrência de um gradiente de umidade ao longo da seção vertical dos cilindros de ensaio.
Corpos de prova moldados com solos arenosos apresentaram perda de umidade mais
acentuada na parte superior exposta à atmosfera. Corpos de prova moldados com solos
argilosos necessitaram, para a completa saturação, muito mais tempo em imersão do que as 96
horas propostas pela Norma, reduzindo com isso, a praticidade e a confiabilidade nos
resultados de ensaio, caso esse procedimento fosse adotado.
Quanto à utilização ou não de sobrecarga durante os ensaios, vale ressaltar que uma das
principais aplicações do equipamento DCP consiste no controle de qualidade de compactação
de camadas estruturais e aterros de obras viárias. Para este controle, são realizados ensaios em
camada exposta, onde não se observa o efeito da sobrecarga de confinamento. Conforme
procedimento já adotado por Lima (2000), visando uma maior confiabilidade nas correlações
CBR x DCP, especialmente para aplicações como esta, optou-se pela realização de ambos os
ensaios, CBR e DCP, sem a aplicação de sobrecarga.
Lima (2000), trabalhando com um solo arenoso, mais sujeito portanto ao efeito do
confinamento devido à pequena coesão, já havia observado que os resultados dos ensaios
CBR e DCP realizados com ou sem aplicação de sobrecarga de confinamento apresentaram
variações menores que a própria dispersão característica dos ensaios.
Os ensaios CBR foram realizados com a utilização de uma prensa hidráulica, modelo S-610
CBR/UCC, fabricada nos Estados Unidos pela empresa Brainard - Kilman. Utilizou-se uma
83
célula de carga com capacidade de 5000 libras, produzida pelo próprio fabricante do
equipamento.
A aquisição de dados foi realizada automaticamente através de um microcomputador
acoplado diretamente à célula de carga. O software utilizado, desenvolvido pelo Prof. Flávio
Massayuki Kuwajima, realizava leituras da pressão exercida na célula de carga, em kgf/cm
2
, a
cada 10 segundos da penetração do pistão no corpo de prova. Como forma de evitar valores
de pico de sinal, para cada tempo de leitura, o programa executava 1.000 leituras via entrada
serial e fornecia a média das mesmas.
Durante a realização do ensaio, o desenvolvimento da curva CBR – penetração (mm) x
pressão (kgf/cm
2
) – podia ser acompanhado diretamente pelo monitor do computador. A
Figura 5.17 apresenta a bancada de ensaios CBR utilizada para a execução do trabalho.
Figura 5.17 – Conjunto de equipamentos utilizados para os ensaios CBR
84
Antes do início das atividades, o conjunto de equipamentos foi devidamente calibrado a partir
de uma célula de carga padrão de 10.000 libras, fabricada pela empresa americana BLH
Eletronics. A curva de calibração obtida é apresentada na Figura 5.18. O eixo das abscissas
corresponde às leituras obtidas pelo sistema de aquisição de dados e o eixo das ordenadas, às
leituras fornecidas diretamente pelo leitor da célula de carga padrão. A equação de calibração
é apresentada a seguir:
[]
[
]
879,1(kgf) Sistema do Leitura971,0(kgf) Corrigida Leitura
+
= (5.01)
Ensaio CBR
Curva de Calibração
y = 0.971 x + 1.879
R
2
= 1
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000
Leitura do Sistema de Aquisição de Dados (kgf)
Célula de Carga Padrão (kgf)
Figura 5.18 – Curva de calibração do equipamento CBR
Durante a realização dos ensaios foi observado o rompimento da cabeça de alguns dos corpos
de prova. Esta ruptura podia ser imediatamente notada através da inversão de declividade no
85
desenvolvimento da curva do ensaio CBR. No entanto, sua ocorrência não influenciou os
resultados dos ensaios, uma vez que a ruptura acontecia sempre após a penetração de 2,54 mm
e 5,08 mm do pistão no corpo de prova, pontos considerados na determinação do índice CBR.
As curvas originais (sem correção) obtidas durante a realização do ensaio CBR são
apresentadas no Apêndice A. Quando necessário, estas curvas foram devidamente corrigidas
na origem visando à obtenção dos índices CBR de cada um dos corpos de prova, conforme
determina a Norma do ensaio.
5.5 – Ensaios DCP
Para a realização dos ensaios de penetração DCP foi utilizado um equipamento de
bancada desenvolvido pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica – ITA (Figura 5.19). Este
equipamento garante o posicionamento vertical da haste, evitando uma possível fonte de erro
durante a execução do ensaio.
Utilizaram-se os mesmos corpos de prova moldados para a realização do ensaio CBR. Na face
inferior do cilindro realizou-se o ensaio CBR. Em seguida, o corpo de prova foi invertido para
a execução do ensaio DCP na face oposta.
As leituras de penetração realizaram-se após a aplicação de cada golpe do martelo por meio
de um paquímetro digital acoplado ao conjunto. Para o início do ensaio, a ponteira do DCP foi
posicionada no centro do corpo de prova, sob a ação estática do peso do martelo. O mostrador
do paquímetro foi, então, zerado para o início da aplicação dos golpes.
86
Figura 5.19 – Equipamento DCP de bancada
O índice DCP foi determinado a partir do coeficiente angular da reta de regressão linear das
leituras de penetração efetuadas durante a realização do ensaio. Considerou-se apenas o trecho
mais retilíneo da curva DCP. Desta forma, procurou-se desconsiderar o primeiro golpe
efetuado, uma vez que a superfície de contato entre a ponteira e o solo não é mesma dos
golpes subseqüentes, ocasionando variações de inclinação no desenvolvimento da curva, e
também os pontos finais, devido à influência do furo do ensaio CBR.
Porém, em alguns corpos de prova, especificamente aqueles moldados no ramo úmido da
curva de compactação, a execução de apenas um golpe do martelo foi suficiente para uma
87
penetração superior à metade da altura do cilindro, forçando a interrupção do ensaio já no
primeiro golpe. Numa análise inicial, diria-se que a determinação do índice DCP nesses casos
fora prejudicada e o corpo de prova seria descartado. No entanto, ao plotar os pares (CBR,
DCP) e construir as retas de correlação, observou-se que os pontos obtidos a partir desses
corpos de prova não se distanciaram da curva de correlação entre os dois parâmetros, o que
mostra que os problemas ocorridos durante a realização do ensaio do DCP não provocaram
erros significativos nos resultados.
Numa análise mais criteriosa, observou-se que o próprio peso estático do martelo no início do
ensaio já era suficiente para promover uma penetração inicial da ponteira do DCP, de forma
que a superfície da mesma permanecesse quase inteiramente em contato com o solo,
minimizando o erro provocado pela aplicação do primeiro golpe. Além disto, conforme
ilustrado na Figura 5.20, solos mais frágeis produzem penetrações por golpe maiores, de
forma que o erro relativo provocado por uma eventual perda de contato inicial entre a ponteira
e solo é menor do que em solos mais resistentes, onde a penetração por golpe é menor.
Figura 5.20 – Detalhe da execução do 1
o
golpe do DPC em solos de diferentes resistências
88
As curvas DCP obtidas para cada um dos corpos de prova ensaiados também estão
apresentadas no Apêndice A, em conjunto com as curvas dos ensaios CBR.
5.5 – Resultados Finais dos Ensaios de Laboratório
As Tabelas 5.06 a 5.09 apresentam os resultados dos ensaios de laboratório realizados
para as 04 amostras coletadas.
Tabela 5.06 – Resultados dos ensaios de laboratório relativos à Amostra 01 – NA
Ponto Umidade de Energia de
γ
s
N
o
Compactação (%) Compactação (g/cm3)
01 9.0 Normal 1.74 30 18.7
02 10.5 Normal 1.75 31 * 19.8
03 12.0 Normal 1.78 32 * 20.2
04 15.6 Normal 1.77 9 58.8 **
05 17.4 Normal 1.71 4 88.9 **
06 7.1 Intermediário 1.80 46 11.7
07 9.0 Intermediário 1.85 49 * 11.5
08 10.5 Intermediário 1.87 52 * 11.6
09 12.0 Intermediário 1.87 40 12.9
10 15.6 Intermediário 1.77 6 74.3 **
11 5.9 Modificado 1.88 74 * 6.7
12 7.1 Modificado 1.89 79 * 7.0
13 9.0 Modificado 1.95 90 * 6.9
14 10.5 Modificado 1.95 71 * 8.1
15 12.0 Modificado 1.90 31 12.9
16 15.6 Modificado 1.79 5 82.4 **
AMOSTRA 01 - NA
(mm/golpes)
CBR
(%)
DCP
(*) Rompimento da cabeça do corpo de prova durante a execução do ensaio CBR
(**) Índice DCP obtido a partir da execução de apenas um golpe do martelo
89
Tabela 5.07 – Resultados dos ensaios de laboratório relativos à Amostra 02 – NS’
Ponto Umidade de Energia de
γ
s
N
o
Compactação (%) Compactação (g/cm3)
01 14.2 Normal 1.54 9 37.7
02 16.1 Normal 1.56 9 39.0
03 17.6 Normal 1.59 9 35.4
04 20.3 Normal 1.58 4 73.8 **
05 22.5 Normal 1.53 3 83.5 **
06 9.5 Intermediário 1.61 16 17.6
07 12.0 Intermediário 1.67 18 17.3
08 14.2 Intermediário 1.67 16 19.6
09 16.1 Intermediário 1.70 13 21.5
10 17.6 Intermediário 1.65 7 32.0
11 22.5 Intermediário 1.54 3 96.4 **
12 7.1 Modificado 1.63 22 14.5
13 9.5 Modificado 1.74 27 13.4
14 12.0 Modificado 1.78 27 15.0
15 14.2 Modificado 1.78 24 17.6
16 16.1 Modificado 1.71 12 21.3
17 17.6 Modificado 1.69 6 41.6
18 22.5 Modificado 1.56 3 100.5 **
(*) Rompimento da cabeça do corpo de prova durante a execução do ensaio CBR
(**) Índice DCP obtido a partir da execução de apenas um golpe do martelo
AMOSTRA 02 - NS'
DCP
(mm/golpes)
CBR
(%)
Tabela 5.08 – Resultados dos ensaios de laboratório relativos à Amostra 03 – NS’G’
Ponto Umidade de Energia de
γ
s
N
o
Compactação (%) Compactação (g/cm3)
01 13.6 Normal 1.60 28 8.3
02 15.6 Normal 1.64 27 12.1
03 17.3 Normal 1.66 22 21.9
04 19.2 Normal 1.67 12 30.7
05 21.7 Normal 1.63 7 49.1
06 24.0 Normal 1.56 5 86.9 **
07 10.7 Intermediário 1.68 50 4.7
08 13.6 Intermediário 1.74 47 6.9
09 15.6 Intermediário 1.76 34 11.3
10 17.3 Intermediário 1.75 24 18.1
11 21.7 Intermediário 1.64 6 72.7 **
12 8.6 Modificado 1.72 82 2.1
13 10.7 Modificado 1.79 74 3.5
14 13.6 Modificado 1.87 65 5.9
15 15.6 Modificado 1.85 34 11.4
16 17.3 Modificado 1.78 23 17.6
17 19.2 Modificado 1.71 8 46.4
18 21.7 Modificado 1.62 4 85.3 **
(*) Rompimento da cabeça do corpo de prova durante a execução do ensaio CBR
(**) Índice DCP obtido a partir da execução de apenas um golpe do martelo
(mm/golpes)(%)
AMOSTRA 03 - NS'G'
DCPCBR
90
Tabela 5.09 – Resultados dos ensaios de laboratório relativos à Amostra 04 – NG’
Ponto Umidade de Energia de
γ
s
N
o
Compactação (%) Compactação (g/cm3)
01 20.5 Normal 1.45 21 13.1
02 23.2 Normal 1.50 21 19.0
03 25.4 Normal 1.51 14 35.6
04 27.3 Normal 1.49 8 68.2 **
05 29.8 Normal 1.44 5 97.8 **
06 19.0 Intermediário 1.55 38 8.0
07 21.0 Intermediário 1.58 32 11.6
08 23.9 Intermediário 1.59 26 * 20.3
09 25.2 Intermediário 1.57 14 40.2
10 27.7 Intermediário 1.50 9 61.4 **
11 14.0 Modificado 1.65 81 3.4
12 17.3 Modificado 1.67 70 4.5
13 19.0 Modificado 1.68 58 * 7.0
14 20.3 Modificado 1.68 44 * 11.1
15 22.9 Modificado 1.63 26 * 17.5
16 26.0 Modificado 1.56 14 38.8
(*) Rompimento da cabeça do corpo de prova durante a execução do ensaio CBR
(**) Índice DCP obtido a partir da execução de apenas um golpe do martelo
CBR
(%)
DCP
(mm/golpes)
AMOSTRA 04 - NG'
91
6 – ANÁLISE DOS RESULTADOS
Neste capítulo serão apresentadas e analisadas as correlações DCP x CBR obtidas a
partir dos ensaios de laboratório. Coerentemente com os trabalhos publicados por outros
autores, o modelo bi-logarítmico foi o que melhor explicou o comportamento entre os dois
parâmetros analisados.
6.1 – Correlações DCP x CBR obtidas para as amostras ensaiadas
As correlações DCP x CBR foram determinadas através da análise de regressão linear
(método dos mínimos quadrados) dos pontos obtidos durante a realização dos ensaios.
As Figuras 6.01 a 6.04 apresentam as correlações obtidas individualmente para as quatro
amostras analisadas. Os pares (DCP, CBR) encontram-se identificados conforme a energia de
compactação utilizada na moldagem dos corpos de prova.
São identificados, ainda, os pontos cujos índices DCP foram obtidos a partir da aplicação de
apenas um golpe do equipamento. Nota-se que os distanciamentos desses pontos em relação
às retas de correlação são menores do que os de vários outros pares nos quais não se
observaram tais problemas. Desta forma, conforme já discutido na descrição dos ensaios,
estes pontos não foram desconsiderados nas análises.
Por fim, encontram-se destacados os pares correspondentes às umidades ótimas de cada uma
das energias utilizadas.
92
CORRELAÇÃO CBR x DCP
AMOST RA 01 - NA
LOG(CBR) = 2,87 - 1,12.LOG(DCP)
R
2
= 0,98
N = 16
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5
Log (DCP)
Log (CBR)
Proctor Normal Proctor Intermediário Proctor Modificado
Índice DCP obtido a partir da execão
de apenas um golpe do equipamento
Pontos de umidade ótima
Figura 6.01 – Correlação DCP x CBR obtida para a Amostra 01 - NA
CORRELAÇÃO CBR x DCP
AMOSTRA 02 - NS'
LOG(CBR) = 2,65 -1,12.LOG(DCP)
R
2
= 0,95
N = 18
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5
Log (DCP)
Log (CBR)
Proctor Normal
Proctor Intermediário
Proctor Modificado
Í
ndice DCP obtido a partir da execução
de apenas um golpe do equipamento
Pontos de umidade ótima
Figura 6.02 – Correlação DCP x CBR obtida para a Amostra 02 – NS’
93
CORRELAÇÃO CBR x DCP
AMOSTRA 03 - NS'G'
LOG(CBR) = 2,33 - 0,83.LOG(DCP)
R
2
= 0,96
N = 18
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5
Log (DCP)
Log (CBR)
Proctor Normal Proctor Intermediário Proctor Modificado
Índice DCP obtido a partir da execão
de apenas um golpe do equipamento
Pontos de umidade ótima
Figura 6.03 – Correlação DCP x CBR obtida para a Amostra 03 – NS’G’
CORRELAÇÃO CBR x DCP
AMOSTRA 04 - NG'
LOG(CBR) = 2,38 - 0,80. LOG (DCP)
R
2
= 0,96
N = 16
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5
Log (DCP)
Log (CBR)
Proctor Normal Proctor Intermediário Proctor Modificado
Índice DCP obtido a partir da execão
de apenas um golpe do equipamento
Pontos de umidade ótima
Figura 6.04 – Correlação DCP x CBR obtida para a Amostra 04 – NG’
94
Obteve-se, também, a correlação correspondente à análise simultânea de todos pontos obtidos
durante a realização dos ensaios. A Figura 6.05 mostra a reta de correlação encontrada. Os
pares (DCP, CBR) encontram-se identificados conforme a amostra ensaiada.
CORRELAÇÃO CBR x DCP
TODAS AS AMOSTRAS
Log(CBR) = 2,54 -0,96.Log(DCP)
R
2
= 0,90
N = 68
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5
Log (DCP)
Log (CBR)
Amostra 01 - NA Amostra 02 - NS' Amostra 03 - NS'G' Amostra 04 - NG'
Figura 6.05 – Correlação DCP x CBR para todos os pontos obtidos
Quando todos os pares são considerados simultaneamente, observa-se uma diminuição
significativa do coeficiente de determinação (R
2
) da correlação obtida, mostrando uma maior
dispersão dos pontos analisados. Desta forma, conclui-se que é sempre preferível utilizar a
correlação individual para cada tipo solo, pois esta proporcionará uma maior confiabilidade
nas estimativas de CBR efetuadas.
95
Um resumo completo do conjunto de correlações obtidas a partir da análise dos resultados dos
ensaios é apresentado na Tabela 6.01. A representação gráfica das mesmas, em escala bi-
logarítmica, é mostrada na Figura 6.06.
Tabela 6.01 – Resumo das correlações DCP x CBR obtidas a partir dos ensaios realizados
N
o
de Pontos Coeficiente de
(N)
Determinação (R
2
)
Amostra 01 - NA Log(CBR) = 2,87 - 1,12 Log(DCP) 16 0.98
Amostra 02 - NS' Log(CBR) = 2,65 - 1,12 Log(DCP) 18 0.95
Amostra 03 - NS'G' Log(CBR) = 2,33 - 0,83 Log(DCP) 18 0.96
Amostra 04 - NG' Log(CBR) = 2,38 - 0,80 Log(DCP) 16 0.96
Todos os Pontos Log(CBR) = 2,54 - 0,96 Log(DCP) 68 0.90
Amostra Correlação
CORRELAÇÕES DCP x CBR
Solos Saprolíticos de Textura Fina
1
10
100
110
DCP (mm/golpe)
CBR (%)
100
Amostra 01 - NA Amostra 02 - NS' Amostra 03 - NS'G' Amostra 04 - NG' Todos os pontos
Figura 6.06 – Conjunto de correlações DCP x CBR obtidas para os solos analisados
96
6.2 – Determinação e análise de curvas iso-DCP e iso-CBR
Pode-se dizer que as propriedades dos solos compactados dependem da umidade e do
processo de compactação, dos quais resultam a massa específica, o grau de saturação e o
travamento estrutural das partículas do solo.
Segundo Valle (1994), o processo de compactação impõe uma deformação irreversível ao
material que melhora as suas propriedades mecânicas, propiciada pela modificação da
geometria da estrutura das partículas. O aumento de γ
s
traz, como vantagens, o acréscimo do
módulo de elasticidade, da coesão e do ângulo de atrito interno. O crescimento geral das
propriedades mecânicas conduz a maiores valores de capacidade de carga, Índice de Suporte
Califórnia e resistência ao penetrômetro, entre outros.
Por outro lado, a compactação também propicia o aumento do grau de saturação do solo. As
quantidades de partículas sólidas e água permanecem constantes ao longo do processo, sendo
que o aumento de γ
s
é conseqüência da eliminação de ar dos vazios. Este aumento do grau de
saturação acarreta a redução da sucção do solo, contribuindo para a diminuição da sua
resistência. Desta forma, o benefício proporcionado pela melhoria no travamento estrutural
das partículas é parcialmente neutralizado.
No intuito de analisar a influência destes fatores nas diversas propriedades mecânicas dos
solos compactados construiu-se gráficos de massa específica aparente seca (γ
s
) em função da
umidade de compactação (w) e plotou-se a posição correspondente a cada corpo de prova
moldado, identificando a energia de compactação utilizada e o resultado do ensaio a ser
analisado (DCP ou CBR). Traçou-se, então, por interpolação dos resultados, curvas de igual
97
valor desta propriedade, chamada de curvas iso (iso-DCP ou iso-CBR). Nesta representação,
tem-se uma visão de como os parâmetros de compactação (energia e umidade) influenciam as
características determinadas.
As Figuras 6.07 e 6.08 apresentam, respectivamente, os resultados dos ensaios DCP e CBR
em função da umidade de compactação (w) e da massa específica aparente seca (γ
s
) dos
corpos prova para cada uma das amostras ensaiadas. Encontram-se representadas as curvas
iso-DCP e iso-CBR.
Observa-se que, de forma geral, os solos mais arenosos, Amostra 01 – NA e Amostra 02 –
NS´, apresentam curvas iso-DCP (Figura 6.07) inclinadas, praticamente paralelas aos ramos
secos das curvas de compactação, enquanto que os solos mais argilosos, Amostras 03 –
NS´G´ e Amostra 04 – NG´, apresentam curvas iso-DCP quase verticais.
Analisando as curvas iso-CBR obtidas (Figura 6.08), nota-se um comportamento muito
semelhante ao observado no ensaio DCP. No entanto, as amostras argilosas apresentam
curvas iso-CBR menos verticais.
Para justificar as diferenças de comportamento entre os solos arenosos e argilosos e entre os
ensaios DCP e CBR, analisou-se as características individuais de cada um dos ensaios,
identificando-se algumas particularidades importantes.
O DCP é um ensaio de carregamento rápido. Durante a execução de cada golpe do martelo,
não há tempo para a expulsão da água presente no interior dos vazios e por isso pode ser
considerado como um ensaio do tipo “não drenado”.
98
Resultados do Ensaio DCP (mm/golpe)
Amostra 01 - NA
18,7
19,8
20,2
58,8
88,9
74,3
11,7
11,5
11,6
12,9
6,7
7,0
6,9
8,1
12,9
82,4
1,60
1,65
1,70
1,75
1,80
1,85
1,90
1,95
2,00
2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0 18,0 20,0
Umidade (%)
Massa Específica (g/cm3)
Proctor Normal Proctor Intermediário Proctor Modificado
8,0
10,0
12,0
14,0
20,0
40,0
60,0
S = 100%
Resultados do Ensaio DCP (mm/golpe)
Amostra 03 - NS'G'
8,3
12,1
21,9
30,7
49,1
86,9
72,7
4,7
6,9
11,3
18,1
85,3
2,1
3,5
5,9
11,4
17,6
46,4
1,55
1,60
1,65
1,70
1,75
1,80
1,85
1,90
1,95
8,0 10,0 12,0 14,0 16,0 18,0 20,0 22,0 24,0 26,0
Umidade (%)
Massa Específica (g/cm3)
Proctor Normal Proctor Intermediário Proctor Modificado
4,0
6,0
8,0 12,0
18,0
30,0
S = 100%
Resultados do Ensaio DCP (mm/golpe)
Amostra 04 - NG'
97,8
68,2
35,6
19,0
13,1
61,4
40,2
20,3
11,6
8,0
38,8
17,5
11,1
7,0
4,5
3,4
1,40
1,45
1,50
1,55
1,60
1,65
1,70
1,75
1,80
13,0 15,0 17,0 19,0 21,0 23,0 25,0 27,0 29,0 31,0
Umidade (%)
Massa Específica (g/cm3)
Proctor Normal Proctor Intermediário Proctor Modificado
4,0
6,0
8,0
12,0
16,0 20,0
40,0
S = 100%
Resultados do Ensaio DCP (mm/golpe)
Amostra 02 - NS'
83,5
73,8
35,4
39,0
37,7
96,4
32,0
21,5
19,617,3
17,6
100,5
41,6
21,3
17,6
15,0
13,4
14,5
1,50
1,55
1,60
1,65
1,70
1,75
1,80
1,85
1,90
6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0 18,0 20,0 22,0 24,0
Umidade (%)
Massa Específica (g/cm3)
Proctor Normal Proctor Intermediário Proctor Modificado
16,0
18,0
20,0
30,0 40,0
15,0
S = 100%
Figura 6.07 – Resultados dos ensaios DCP (mm/golpe) em função de w (%) e γ
s
(g/cm
3
)
99
Resultados do Ensaio CBR (%)
Amostra 01 - NA
4
9
32
31
30
40
52
49
46
6
5
32
71
90
79
74
1,60
1,65
1,70
1,75
1,80
1,85
1,90
1,95
2,00
2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0 18,0 20,0
Umidade (%)
Massa Específica (g/cm3)
Proctor Normal Proctor Intermediário Proctor Modificado
80
60
40
30
20
50
S = 100%
Resultados do Ensaio CBR (%)
Amostra 03 - NS'G'
5
7
12
22
27
28
24
34
47
50
6
8
22
34
65
74
82
4
1,55
1,60
1,65
1,70
1,75
1,80
1,85
1,90
1,95
8,0 10,0 12,0 14,0 16,0 18,0 20,0 22,0 24,0 26,0
Umidade (%)
Massa Específica (g/cm3)
Proctor Normal Proctor Intermediário Proctor Modificado
80
60
40
30
20 10
S = 100%
Resultados do Ensaio CBR (%)
Amostra 04 - NG'
21
21
14
8
5
38
32
26
14
9
81
70
58
44
26
14
1,40
1,45
1,50
1,55
1,60
1,65
1,70
1,75
1,80
13,0 15,0 17,0 19,0 21,0 23,0 25,0 27,0 29,0 31,0
Umidade (%)
Massa Específica (g/cm3)
Proctor Normal Proctor Intermediário Proctor Modificado
70
60
40
30
25
20
15
S = 100%
Resultados do Ensaio CBR (%)
Amostra 02 - NS'
3
5
9
9
9
3
7
13
1618
16
3
6
12
24
27
27
22
1,50
1,55
1,60
1,65
1,70
1,75
1,80
1,85
1,90
6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0 18,0 20,0 22,0 24,0
Umidade (%)
Massa Específica (g/cm3)
Proctor Normal Proctor Intermediário Proctor Modificado
25
20
15
12 10
6
S = 100%
Figura 6.08 – Resultados dos ensaios CBR (%) em função de w (%) e γ
s
(g/cm
3
)
100
Segundo Pinto (2000), a variação da resistência não drenada de solos compactados, em
ensaios UU, para uma certa pressão confinante, se processa conforme apresentado na Figura
6.09. Observa-se que a resistência não drenada depende fundamentalmente da umidade de
moldagem e só secundariamente da massa específica obtida na compactação. Segundo esse
autor, tal comportamento é devido ao desenvolvimento das pressões de poro e à dissolução do
ar na água. Para pressões confinantes menores, as retas de mesma resistência apresentam
aspecto menos vertical, de forma que a resistência ao cisalhamento aumenta com a melhoria
da massa específica e diminui com o aumento da umidade.
Figura 6.09 – Variação da resistência de cisalhamento em ensaios UU (PINTO, 2000)
Este comportamento é muito parecido com o que foi observado nos ensaios DCP. Salienta-se
que, durante a realização dos mesmos, as amostras foram submetidas apenas ao confinamento
lateral proporcionado pelo molde cilíndrico. Não houve confinamento vertical, uma vez que
os ensaios foram realizados sem a aplicação de sobrecarga. Esta ausência de confinamento
101
vertical pode ter influenciado, de forma mais significativa, os resultados das amostras
arenosas, devido à menor coesão dos solos, e por isso, as curvas iso-DCP dessas amostras
apresentaram aspecto inclinado.
Em relação às diferenças observadas entre os ensaios DCP e CBR, pode-se dizer que o ensaio
DCP provoca, na estrutura do solo, grandes deformações localizadas. Estas deformações
contribuem para a redução imediata do volume de vazios na área de influência do ensaio.
Como não ocorre a expulsão da água no interior destes vazios, o solo rapidamente atinge a
condição de saturação, o efeito da sucção é neutralizado e a carga do ensaio é absorvida pelo
aumento das pressões de poro. Nesta situação, a resistência é menos dependente da estrutura e
por isso, as curvas iso-DCP apresentam uma tendência mais vertical. No caso de solos pouco
coesivos, devido à ausência de confinamento vertical, as curvas de mesma resistência
apresentam aspecto inclinado.
Por outro lado, o CBR é um ensaio de carregamento mais lento, de forma que parte da água
presente no interior dos vazios é expulsa durante a realização do mesmo, podendo-se dizer
que ocorre uma drenagem parcial, principalmente se o solo for permeável. Além disto, as
deformações provocadas pelo ensaio são relativamente pequenas, diminuindo o efeito da
saturação na sua área de influência, mesmo em amostras mais argilosas. A carga do ensaio é
absorvida pelo aumento das tensões efetivas e por isso, a resistência é mais dependente do
travamento estrutural do solo. Como resultado, as curvas iso-CBR apresentam aspecto mais
inclinado.
Visando estender a presente análise a outros tipos de solo, como por exemplo, os solos
lateríticos e transicionais de textura fina estudados por Lima (2000), construiu-se gráficos de
102
γ
s
(g/cm
3
) x w (%), semelhantes aos obtidos para os solos saprolíticos, e traçou-se as curvas
iso-DCP e iso-CBR com base nos resultados publicados por esse autor. As Figuras 6.10 e 6.11
apresentam, respectivamente, os gráficos obtidos a partir dos ensaios DCP e CBR realizados
por Lima (2000).
Observa-se, novamente, o formato quase vertical das curvas iso-DCP (Figura 6.10), mesmo
nos solos mais arenosos (Amostras TA’ e TA’G’). Pode-se dizer que, para estes solos, o efeito
da ausência de sobrecarga durante os ensaios não foi tão significativo. Como possível
explicação, tem-se que os solos lateríticos apresentam uma certa coesão proporcionada pela
presença de óxidos de ferro ou alumínio.
Analisando os resultados dos ensaios CBR (Figura 6.11), observa-se que, nos ramos secos das
curvas de compactação, as linhas iso-CBR apresentam inclinações para a direita,
analogamente ao observado nas amostras de solo saprolítico estudadas. Nos ramos úmidos
dessas curvas, a inclinação das linhas iso-CBR é invertida para a esquerda, indicando uma
redução da resistência dos solos com o aumento da energia de compactação, resultado da
aproximação da situação de saturação dos corpos de prova.
Tendo em vista o formato vertical das curvas iso-DCP, conclui-se que este ensaio é mais
sensível às flutuações de umidade do que ao ganho de densidade proporcionado pelo aumento
de energia de compactação.
103
Resultados do Ensaio DCP (mm/golpe)
Amostra TA' (LIMA, 2000)
34,0
33,0
18,0
15,0
14,0
8,0
26,0
12,0
8,0
8,0
6,5
15,0
27,0
16,0
9,0
8,0
6,6
5,3
3,4
3,5
1,85
1,90
1,95
2,00
2,05
2,10
2,15
6,0 8,0 10,0 12,0 14,0
Umidade (%)
Massa Específica (g/cm3)
Proctor Normal Proctor Intermediário Proctor Modificado
4,0
6,0
8,0
10,0 15,0
20,0
S = 100%
Resultados do Ensaio DCP (mm/golpe)
Amostra TG' (LIMA, 2000)
42,0
32,0
25,0
20,5
15,7
13,0
10,2
36,0
21,0
15,2
9,6
8,7
25,0
42,0
33,0
20,0
16,0
13,0
10,2
8,0
5,5
25,0
1,35
1,40
1,45
1,50
1,55
1,60
1,65
1,70
1,75
18,0 20,0 22,0 24,0 26,0 28,0
Umidade (%)
Massa Específica (g/cm3)
Proctor Normal Proctor Intermediário Proctor Modificado
6,0
8,0
10,0
12,0 15,0
20,0
25,0
S = 100%
Resultados do Ensaio DCP (mm/golpe)
Amostra LG' (LIMA, 2000)
42,0
34,0
26,0
20,0
10,0
5,4
27,0
21,0
10,7
9,0
7,9
4,0
4,0
12,8
12,0
6,8
5,8
3,0
2,8
1,35
1,40
1,45
1,50
1,55
1,60
1,65
1,70
1,75
21,0 23,0 25,0 27,0 29,0 31,0 33,0
Umidade (%)
Massa Específica (g/cm3)
Proctor Normal Proctor Intermediário Proctor Modificado
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
20,0 25,0
S = 100%
Resultados do Ensaio DCP (mm/golpe)
Amostra TA'G' (LIMA, 2000)
33,0
20,0
13,0
12,0
11,4
9,0
17,0
11,0
8,0
7,5
7,0
10,0
7,6
6,2
6,0
5,0
4,0
4,0
1,85
1,90
1,95
2,00
2,05
2,10
2,15
8,0 10,0 12,0 14,0
Umidade (%)
Massa Específica (g/cm3)
Proctor Normal Proctor Intermediário Proctor Modificado
4,0
6,0
8,0 10,0 12,0
15,0
20,0
S = 100%
Figura 6.10 – Resultados dos ensaios DCP (mm/gp), em função de w e γ
s
(LIMA, 2000)
104
Resultados do Ensaio CBR (%)
Amostra TA' (LIMA, 2000)
6
10
22
26
37
51
12
34
54
85
93
24
10
22
42
48
87
104
142
157
1,85
1,90
1,95
2,00
2,05
2,10
2,15
6,0 8,0 10,0 12,0 14,0
Umidade (%)
Massa Específica (g/cm3)
Proctor Normal Proctor Intermediário Proctor Modificado
150
100
80
40
30
20
10
S = 100%
Resultados do Ensaio CBR (%)
Amostra TG' (LIMA, 2000)
5
8
13
19
25
27
31
5
12
21
43
47
9
4
5
10
13
21
29
54
70
7
1,35
1,40
1,45
1,50
1,55
1,60
1,65
1,70
1,75
18,0 20,0 22,0 24,0 26,0 28,0
Umidade (%)
Massa Específica (g/cm3)
Proctor Normal Proctor Intermediário Proctor Modificado
50
30
20
12
8
S = 100%
Resultados do Ensaio CBR (%)
Amostra LG' (LIMA, 2000)
4
5
7
13
26
32
6
8
23
32
40
43
44
12
15
34
54
71
81
1,35
1,40
1,45
1,50
1,55
1,60
1,65
1,70
1,75
21,0 23,0 25,0 27,0 29,0 31,0 33,0
Umidade (%)
Massa Específica (g/cm3)
Proctor Normal Proctor Intermediário Proctor Modificado
70
40
30
20
10
8
S = 100%
Resultados do Ensaio CBR (%)
Amostra TA'G' (LIMA, 2000)
8
17
38
44
44
46
15
27
53
85
88
26
50
92
94
112
139
140
1,85
1,90
1,95
2,00
2,05
2,10
2,15
8,0 10,0 12,0 14,0
Umidade (%)
Massa Específica (g/cm3)
Proctor Normal Proctor Intermediário Proctor Modificado
100
80
40
20
S = 100%
Figura 6.11 – Resultados dos ensaios CBR (%), em função de w e γ
s
(LIMA, 2000)
105
6.3 – Influência da granulometria dos solos
De forma geral, a análise das correlações CBR x DCP obtidas para as 04 amostras
ensaiadas, visualizadas na Figura 6.12, mostra que para um mesmo valor do índice DCP, o
solo micáceo (Amostra 02 – NS’) foi o que apresentou a menor capacidade de suporte medida
através do ensaio CBR. Em seguida, observam-se os solos argilosos (Amostra 03 – NS’G’ e
Amostra 04 – NG’) e por último, o solo mais arenoso (Amostra 01 – NA).
CORRELAÇÕES DCP x CBR
Solos Saprolíticos de Textura Fina
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 102030405
DCP (mm/golpe)
CBR (%)
0
Amostra 01 - NA Amostra 02 - NS' Amostra 03 - NS'G' Amostra 04 - NG'
Figura 6.12 – Correlações DCP x CBR para solos saprolíticos de textura fina
Este padrão de comportamento, relacionado as granulometrias de solos argilosos e arenosos,
também foi observada por outros autores. As Figuras 6.13, 6.14 e 6.15 apresentam,
respectivamente, os conjuntos de correlações obtidas por Harison (1986 e 1987), Lima (2000)
e Alves (2002).
106
CORRELAÇÕES DCP x CBR
Harison (1986 e 1987)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 102030405
DCP (mm/golpe)
CBR (%)
0
Equação 4.08 , solos argilosos Equação 4.09 , solos arenosos Equação 4.10 , solos pedregulhosos
A
umento da granulometria
Figura 6.13 – Correlações DCP x CBR obtidas por Harison (1986 e 1987)
CORRELAÇÕES DCP x CBR
Lima (2000)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 102030405
DCP (mm/golpe)
CBR (%)
0
Equação 4.20 , LG' Equação 4.21 , TG' Equação 4.22 , TA' Equação 4.23 , TA'G'
A
umento da granulometria
Figura 6.14 – Correlações DCP x CBR obtidas por Lima (2000)
107
CORRELAÇÕES DCP x CBR
Alves (2002)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 102030405
DCP (mm/golpe)
CBR (%)
0
Equação 4.25 , A-4 Equação 4.26 , A-7-5 Equação 4.27 , A-7-6
Equação 4.28 , A-2-7 Equação 4.29 , A-2-4
A
umento da granulometria
Figura 6.15 – Correlações DCP x CBR obtidas por Alves (2002)
Os resultados apresentados por cada um dos autores mostram que quanto mais grossa for a
granulometria dos solos, maior será o valor do índice CBR obtido, considerando o mesmo
valor de DCP. Isto sugere que os ensaios DCP e CBR apresentam sensibilidade diferente em
relação à variação da granulometria dos solos. De forma geral, pode-se afirmar que o ensaio
CBR conduz a melhores valores de resistência quanto a granulometria é aumentada do que o
ensaio DCP.
6.4 – Comparação entre o comportamento de solos saprolíticos e lateríticos
Para a análise da influência da gênese dos solos no desenvolvimento das correlações
DCP x CBR, comparou-se os resultados de laboratório obtidos para as amostras saprolíticas
com a base de dados de solos lateríticos de textura fina publicada por Lima (2000).
108
Buscou-se comparar solos de comportamentos genéticos distintos, porém com curvas
granulométricas e umidades ótimas de compactação semelhantes. Desta forma, entre os solos
arenosos, a Amostra 01 – NA foi associada à Amostra TA’ (LIMA, 2000) e entre os solos
argilosos, associou-se a Amostra 04 – NG’ à Amostra TG’ (LIMA, 2000). Não se observou
uma associação satisfatória entre as outras amostras, uma vez que suas umidades ótimas de
compactação não apresentaram semelhança.
A Tabela 6.02 apresenta, para cada amostra analisada, os resultados dos ensaios DCP e CBR,
correspondentes aos corpos de prova moldados com umidade de compactação próxima a
ótima, considerando cada uma das energias de compactação utilizadas.
Tabela 6.02 – Valores de DCP e CBR para os pontos com umidade próxima da ótima
Energia de Compactação Umidade (%) DCP (mm/golpe) CBR (%)
Proctor Normal
12.0 20.2 32
Proctor Intermediário
10.5 11.6 52
Proctor Modificado
9.0 6.9 90
Proctor Normal
11.1 18.0 22
Proctor Intermediário
9.9 8.0 54
Proctor Modificado
8.8 5.3 104
Proctor Normal 25.4 35.6 14
Proctor Intermediário 23.9 20.3 26
Proctor Modificado 20.3 11.1 44
Proctor Normal 25.1 25.0 13
Proctor Intermediário 23.0 15.2 21
Proctor Modificado 20.5 8.0 54
Argilosos
Amostra 01 - NA
Amostra TA' (LIMA, 2000)
Amostra 04 - NG'
Amostra TG' (LIMA, 2000)
Arenosos
Solos
109
A Figuras 6.16 apresenta a comparação entre as correlações obtidas para a Amostra 01 – NA e
para Amostra TA’ (LIMA, 2000). Encontram-se identificados, os pares de pontos referentes
às umidades ótimas de compactação, conforme mostrado na Tabela 6.02. A Figura 6.17
apresenta a análise correspondente às correlações obtidas para a Amostra 04 – NG’ e
Amostra TG’ (LIMA, 2000).
De forma geral, observa-se, em ambas as Figuras, que os pontos referentes aos solos
lateríticos encontram-se deslocados para a esquerda em relação aos correspondentes pontos
das amostras saprolíticas. Desta forma, pode-se concluir que, considerando as mesmas
condições de compactação (umidade e energia), os solos lateríticos tendem a apresentar
melhores índices de penetração DCP do que os solos saprolíticos.
CORRELAÇÕES DCP x CBR
Amostra 01 - NA x Amostra TA' (LIMA, 2000)
R
2
= 0.96
R
2
= 0.98
1
10
100
1000
1.0 10.0 100.0
DCP (mm/golpe)
CBR (%)
Amostra 01 - NA Amostra TA' (LIMA, 2000)
Proctor Normal Proctor Intermediário Proctor Modificado
Figura 6.16 – Comparação entre as correlações da Amostra 01 – NA e Amostra TA’
110
CORRELAÇÕES DCP x CBR
Amostra 04 - NG' x Amostra TG' (LIMA, 2000)
R
2
= 0.94
R
2
= 0.96
1
10
100
1000
1.0 10.0 100.0
DCP (mm/golpe)
CBR (%)
Amostra 04 - NG' Amostra TG' (LIMA, 2000)
Proctor Normal Proctor Intermediário Proctor Modificado
Figura 6.17 – Comparação entre as correlações da Amostra 04 – NG’ e Amostra TG’
6.5 – Os solos tropicais versus as correlações de autores estrangeiros
A Figura 6.18 apresenta uma comparação entre a base de dados dos pares (DCP, CBR)
obtidos para os solos saprolíticos e para os solos lateríticos (LIMA, 2000) com as diferentes
correlações comumente citadas na literatura.
Observa-se que a grande maioria dos pontos encontra-se acima das retas de correlação, de
forma que o uso dessas equações para a estimativa de CBR a partir de resultados de ensaios
DCP conduzem a valores menores do que o índice CBR real do solo. Desta forma, conclui-se
que as correlações publicadas pelos autores estrangeiros são conservadoras quando utilizadas
para estimar a resistência CBR dos solos brasileiros.
111
CORRELAÇÕES DCP x CBR
Solos Tropicais x Autores Estrangeiros
1
10
100
1000
1 10 100
DCP (mm/golpe)
CBR (%)
Equação 4.06 - Kleyn (1975) Equação 4.07 - TRRL (1986) Equação 4.11 - Harison (1986)
Equação 4.14 - Webster (1992) Solos lateríticos (LIMA, 2000) Solos saprolíticos
Figura 6.18 – Comparação entre as bases de dados (DCP, CBR) com outras correlações
6.6 – Correlação múltipla em função de parâmetros da Metodologia MCT
Constatada a influência da granulometria e gênese dos solos no desenvolvimento das
correlações, procurou-se obter uma equação de correlação múltipla, baseada nos parâmetros
da metodologia MCT, com o objetivo de estender, de forma mais confiável, o uso das
correlações obtidas a outras amostras de solos.
Conforme observado, o modelo potência, representado pela equação 6.02, foi o que melhor
descreveu a relação existente entre os índices DCP e CBR para todas as amostras de solo
analisadas.
112
()
B
DCP.ACBR
=
(6.02)
Este modelo, quando reescrito na forma bi-logarítmica (equação 6.03), apresenta-se no
formato de uma reta com coeficiente linear A’ e coeficiente angular B.
DCP Log.B'ACBR Log =
(6.03)
onde:
A Log'A =
A grande maioria dos autores não apresenta análises sobre o significado físico dos
coeficientes A’ e B. Lima (2000) sugere que o parâmetro A’ estaria associado mais às
características físicas do equipamento e o parâmetro B, às características dos solos, como
gênese, granulometria ou plasticidade.
Conforme constatando no presente trabalho, as características individuais dos solos
influenciam ambos os coeficientes, A’ e B. A Tabela 6.03 relaciona os coeficientes das
correlações DCP x CBR obtidas para cada uma das amostras com seus respectivos parâmetros
de classificação segundo a Metodologia MCT.
Tabela 6.03 – Parâmetros das correlações DCP x CBR e da Metodologia MCT
A' B c' e'
Amostra 01 - NA 2.87 1.12 0.3 1.56
Amostra 02 - NS' 2.65 1.12 1.0 1.85
Amostra 03 - NS'G' 2.33 0.83 1.7 1.31
Amostra 04 - NG' 2.38 0.80 1.9 1.42
Amostra
Correlações DCP x CBR Metodologia MCT
113
Nogami & Villibor (1990) explicam que o coeficiente c’ expressa bem os aspectos
granulométricos dos solos e o coeficiente e’ está relacionado com o caráter laterítico dos
mesmos.
Foram efetuadas diversas tentativas de se correlacionar os parâmetros individuais dos solos
analisados, através de relações do tipo
, onde m e n são números inteiros, com os
coeficientes A’ e B das retas de correlação obtidas para os solos saprolíticos de textura fina.
Dentre as diversas opções testadas, destacaram-se as equações 6.04 e 6.05, pelo elevado
coeficiente de determinação (R
nm
)'e.()'c(
2
) encontrado. As Figuras 6.19 e 6.20 apresentam graficamente
as equações obtidas.
97,2'c34,0'A += R
2
= 0,96 (6.04)
20,1))'e/('c.(39,0B
2
+= R
2
= 0,96 (6.05)
Observa-se uma relação direta entre o parâmetro A’, coeficiente linear das retas de correlação,
e a granulometria dos solos medida através do coeficiente c’. O parâmetro B, correspondente
ao coeficiente angular, seria influenciado tanto pela granulometria, quanto pelo gênese dos
solos estudados.
As equações 6.04 e 6.05 foram testadas para os solos lateríticos de textura fina (LIMA, 2000).
Porém, os resultados não se mostraram satisfatórios. Desta forma, as relações obtidas não
devem ser utilizadas para solos de gênese diferente dos materiais estudados no presente
trabalho.
114
A' = -0.34.c' + 2.97
R
2
= 0.96
0.00
0.50
1.00
1.50
2.00
2.50
3.00
3.50
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2 1.4 1.6 1.8 2.0
c'
A'
Amostra 01 - NA Amostra 02 - NS´ Amostra 03 - NS´G´ Amostra 04 - NG´
Figura 6.19 – Variação de A’ em função dos parâmetros da Metodologia MCT
B = -0.39.c´/(e´)
2
+ 1.20
R
2
= 0.96
0.00
0.20
0.40
0.60
0.80
1.00
1.20
1.40
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2
c'/(e')
2
B
Amostra 01 - NA Amostra 02 - NS´ Amostra 03 - NS´G´ Amostra 04 - NG´
Figura 6.20 – Variação de B em função dos parâmetros da Metodologia MCT
115
6.7 – Análise de Erros
Mais importante do que o erro na estimativa do índice CBR, seria a sua conseqüência
no dimensionamento do pavimento. Considerando que as correlações DCP x CBR obtidas
individualmente para cada solo são as que melhor descrevem o comportamento das amostras
ensaiadas, estudou-se o efeito dos erros no dimensionamento de pavimentos aeroportuários
caso outras correlações fossem utilizadas. Para cada uma das amostras ensaiadas, três
diferentes situações foram analisadas:
Situação 01: correlação única obtida a partir do conjunto de pares (DCP, CBR) das quatro
amostras simultaneamente;
Situação 02: correlações individuais obtidas com base nos parâmetros c` e e` da
metodologia MCT; e
Situação 03: correlações propostas pela norma ASTM D 6951-03 (Webster et al, 1992).
No Brasil, os pavimentos flexíveis aeroportuários são projetados conforme as recomendações
da
AC 150/5320-6D – Airport Pavement Design and Evaluation, publicada pela FAA.
Visando a análise comparativa entre as diferentes correlações, foi escolhida como parâmetro
de projeto uma aeronave Boeing 767, operando com peso máximo de decolagem (325.000 lb)
e freqüência anual de 3000 decolagens. Essa situação é comumente observada em alguns
aeroportos internacionais brasileiros.
A Figura 6.21 apresenta o ábaco de dimensionamento de pavimentos utilizado para a
aeronave B767. Para a determinação da espessura total do pavimento, requerida para um certo
valor de CBR do subleito, parte-se do ponto correspondente localizado no eixo horizontal
116
superior, percorre-se verticalmente até a interceptação da reta referente ao peso bruto da
aeronave (lb), horizontalmente até a reta do número de operações anuais e se obtém o valor
procurado no eixo horizontal inferior.
Figura 6.21 – Ábaco de dimensionamento de pavimentos flexíveis para aeronave B767
117
O ábaco de dimensionamento, na forma que foi apresentado, limita a determinação da
espessura total do pavimento para valores de CBR entre 3% e 50%. Considerando o peso e a
freqüência de operação da aeronave de projeto, construiu-se uma nova curva de
dimensionamento (Figura 6.22) ampliando a faixa de CBR de 0 até 100%.
CURVA DE DIMENSIONAMENTO DE PAVIMENTO FLEVEL
Boeing 767 (325.000 lb - 3.000 dec./ano)
1
10
100
1000
1 10 100
CBR (%)
ESPESSURA TOTAL (cm)
Figura 6.22 – Espessura total requerida para o pavimento em função do índice CBR
Para cada situação analisada, foram determinadas as espessuras de pavimento (H
i
) requeridas
para índices DCP variando de 5 a 80 mm/golpe. Os valores obtidos foram comparados com as
espessuras recomendadas considerando as correlações individuais de cada amostra (H). Desta
forma, o erro relativo (H
i
) a cada situação é obtido a partir da equação 6.06. As Figuras 6.23
a 6.26 apresentam os gráficos das análises de erro realizadas cada uma das amostras
ensaiadas.
118
H
HH
.100(%)H
i
i
=
(6.06)
onde:
(%)H
i
: erro relativo considerando a situação i;
i
H : altura total requerida considerando a situação i; e
H
: altura total requerida considerando a correlação individual do solo.
As correlações individuais obtidas a partir dos parâmetros da metodologia MCT (situação 01)
foram as que apresentaram menores variações (-16 a 24%) na espessura total requerida para o
pavimento analisado. Este comportamento já era esperado, uma vez que, para estes solos, os
parâmetros A’ e B das equações de correlação apresentaram bons coeficientes de
determinação (R
2
) com os parâmetros c` e e` da classificação MCT.
A correlação obtida a partir de todos os pares (DCP, CBR) das quatro amostras ensaiadas
(situação 02) apresentou variações significativa (-29 a 43%) na espessura total requerida para
o pavimento, mostrando que esta correlação deve ser utilizada apenas quando não se dispuser
das correlações individuais dos solos.
Por último, observa-se que os erros nas estimativas de CBR, relativos às retas de correlação
recomendadas pela ASTM (situação 03), poderiam ocasionar diferenças brutais (-4 a 514%)
na espessura total requerida para o pavimento estudado. Nota-se um acentuado
conservadorismo destas correlações resultando num aumento significativo e desnecessário no
custo da obras. Estas correlações só deveriam ser utilizadas para a obtenção de estimativas
grosseiras do índice CBR.
119
A
mostra 01 - NA
0
20
40
60
80
100
120
0 102030405060708090
DCP (mm/golpe)
H (%)
Situão 01 - Correlação única para as quatro amostras
Situão 02 - Correlação baseada nos parâmetros da Metodologia MCT
Situão 03 - Correlações da Norma ASTM D-6951-03
i
i
i
H
HH
H
= (%)
Figura 6.23 – Análises de erro realizadas para a Amostra 01 – NA
A
mostra 02 - NS'
-40
-30
-20
-10
0
10
20
30
40
50
0102030405060708090
DCP (mm/golpe)
H (%)
Situão 01 - Correlação única para as quatro amostras
Situão 02 - Correlação baseada nos parâmetros da Metodologia MCT
Situão 03 - Correlações da Norma ASTM D-6951-03
i
i
i
H
HH
H
= (%)
Figura 6.24 – Análises de erro realizadas para a Amostra 02 – NS’
120
A
mostra 03 - NS'G'
-100
0
100
200
300
400
500
600
0 102030405060708090
DCP (mm/golpe)
H (%)
Situação 01 - Correlão única para as quatro amostras
Situação 02 - Correlão baseada nos parâmetros da Metodologia MCT
Situação 03 - Correlões da Norma ASTM D-6951-03
i
i
i
H
HH
H
= (%)
Figura 6.25 – Análises de erro realizadas para a Amostra 03 – NS’G’
A
mostra 04 - NG'
-20
-10
0
10
20
30
40
50
60
0102030405060708090
DCP (mm/golpe)
H (%)
Situão 01 - Correlação única para as quatro amostras
Situão 02 - Correlação baseada nos parâmetros da Metodologia MCT
Situão 03 - Correlações da Norma ASTM D-6951-03
i
i
i
H
HH
H
= (%)
Figura 6.26 – Análises de erro realizadas para a Amostra 04 – NG’
121
7 – CONCLUSÕES
O estabelecimento das correlações entre os ensaios DCP e CBR para os solos
saprolíticos de textura fina e as diversas análises efetuadas ao longo do presente trabalho
contribuíram para o entendimento do comportamento dos solos tropicais em relação a ambos
os ensaios, podendo-se afirmar que:
As correlações DCP x CBR obtidas individualmente para os solos saprolíticos de textura
fina apresentam um elevado índice de correlação, conduzindo a estimativas confiáveis do
índice CBR a partir de ensaios DCP;
Em virtude da significativa dispersão de pontos nas análises conjuntas de diferentes
amostras, deve-se preferencialmente obter uma correlação individual para cada solo;
As curvas de mesma resistência DCP (iso-DCP), visualizadas através dos gráficos de
massa específica aparente seca (γ
s
) versus umidade de compactação (w), apresentam-se
com desenvolvimento vertical, sugerindo que o índice DCP é mais sensível à variação da
umidade do que ao aumento de densidade proporcionado pela compactação dos solos;
As correlações obtidas para os solos saprolíticos mostraram-se sensíveis às variações de
granulometria dos solos estudados. De forma geral, quanto mais grossa é a granulometria
dos solos, maiores são resultados dos índices CBR, considerando um mesmo valor do
índice DCP;
122
A gênese dos solos interfere no desenvolvimento das correlações. De forma geral, os
solos lateríticos estudados por Lima (2000) apresentaram correlações DCP x CBR
deslocadas para a esquerda quando comparadas às amostras de solos saprolíticos;
As correlações obtidas por Webster et al. (1992 e 1994), recomendadas pela Norma
Técnica
D6951-03 “Standard Test Method for Use of the Dynamic Cone Penetrometer in
Shallow Pavement Applications”
, publicada pela ASTM International, fornecem
estimativas de CBR extremamente conservadoras quando aplicadas aos solos saprolíticos
e lateríticos de textura fina estudados. Desta forma, o uso indiscriminado dessas
correlações pode acarretar na subavaliação da resistência dos solos;
É possível obter uma reta de correlação múltipla, variável em função dos coeficientes c’e
e’ da metodologia MCT, que possa ser utilizada para os solos saprolíticos de textura fina.
7.1 – Recomendações para trabalhos futuros
Conforme já mencionado, a presente pesquisa tem como objetivo final, a utilização
confiável do equipamento DCP para a avaliação dos solos encontrados no ambiente tropical.
Tendo em vista os resultados obtidos neste trabalho, sugere-se a realização de novas pesquisas
visando à complementação e extensão do ciclo de estudos já iniciado. Entre elas destacam-se:
Ampliação do espaço amostral das correlações DCP x CBR, no intuito de verificar o
comportamento de outros tipos de solos em relação a ambos os ensaios;
123
Análise mais aprofundada dos mecanismos de ruptura associados ao ensaio CBR
(carregamento distribuído e estático) e ao DCP (carregamento pontual e dinâmico) e a
influência da sucção nos resultados dos ensaios;
Análise mais aprofundada dos parâmetros A’ e B das equações de correlação e seus fatores
influentes, com o estabelecimento de correlações múltiplas válidas tanto para solos
saprolíticos, como para solos lateríticos e transicionais;
Elaboração de propostas de normatização visando à padronização da utilização do
equipamento DCP nas suas diversas aplicações;
Estabelecimento de correlações entre os resultados do ensaio DCP e Módulos de
Resiliência (M
R
) obtidos a partir de ensaios triaxiais conduzidos em laboratório ou de
retroanálise de resultados de deflexões por meio de Viga Benkelman ou FWD;
124
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129
APÊNDICE A
GRÁFICOS DOS ENSAIOS DCP E CBR
130
AMOSTRA 01 - NA
ENSAIO CBR - PROCTOR NORMAL
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
8,0
9,0
10,0
0,00 2,54 5,08 7,62 10,16
Penetração (mm)
Pressão (MPa)
Umidades: 9,0% 10,5% 12,0% 15,6% 17,4%
AMOSTRA 01 - NA
ENSAIO DCP - PROCTOR NORMAL
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 5 10 15 20
mero de Golpes
Penetração (mm)
Umidades: 9,0% 10,5% 12,0% 15,6% 17,4%
131
AMOSTRA 01 - NA
ENSAIO CBR - PROCTOR INTERMEDIÁRIO
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
8,0
9,0
10,0
0,00 2,54 5,08 7,62 10,16
Penetração (mm)
Pressão (MPa)
Umidades: 7,1% 9,0% 10,5% 12,0% 15,6%
AMOSTRA 01 - NA
ENSAIO DCP - PROCTOR INTERMEDRIO
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 5 10 15 20
mero de Golpes
Penetração (mm)
Umidades: 7,1% 9,0% 10,5% 12,0% 15,6%
132
AMOSTRA 01 - NA
ENSAIO CBR - PROCTOR MODIFICADO
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
8,0
9,0
10,0
0,00 2,54 5,08 7,62 10,16
Penetração (mm)
Pressão (MPa)
Umidades: 5,9% 7,1% 9,0% 10,5% 12,0% 15,6%
AMOSTRA 01 - NA
ENSAIO DCP - PROCTOR MODIFICADO
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 5 10 15 20
mero de Golpes
Penetração (mm)
Umidades: 5,9% 7,1% 9,0% 10,5% 12,0% 15,6%
133
AMOSTRA 02 - NS'
ENSAIO CBR - PROCTOR NORMAL
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
0,00 2,54 5,08 7,62 10,16
Penetração (mm)
Pressão (MPa)
Umidades: 14,2% 16,1% 17,6% 20,3% 22,5%
AMOSTRA 02 - NS'
ENSAIO DCP - PROCTOR NORMAL
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 5 10 15 20
mero de Golpes
Penetração (mm)
Umidades: 14,2% 16,1% 17,6% 20,3% 22,5%
134
AMOSTRA 02 - NS'
ENSAIO CBR - PROCTOR INTERMEDIÁRIO
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
0,00 2,54 5,08 7,62 10,16
Penetração (mm)
Pressão (MPa)
Umidades: 9,5% 12,0% 14,2% 16,1% 17,6% 22,5%
AMOSTRA 02 - NS'
ENSAIO DCP - PROCTOR INTERMEDRIO
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 5 10 15 20
mero de Golpes
Penetração (mm)
Umidades: 9,5% 12,0% 14,2% 16,1% 17,6% 22,5%
135
AMOSTRA 02 - NS'
ENSAIO CBR - PROCTOR MODIFICADO
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
0,00 2,54 5,08 7,62 10,16
Penetração (mm)
Pressão (MPa)
Umidades: 7,1% 9,5% 12,0% 14,2% 16,1% 18,6% 22,5%
AMOSTRA 02 - NS'
ENSAIO DCP - PROCTOR MODIFICADO
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 5 10 15 20
mero de Golpes
Penetração (mm)
Umidades: 7,1% 9,5% 12,0% 14,2% 16,1% 17,6% 22,5%
136
AMOSTRA 03 - NS'G'
ENSAIO CBR - PROCTOR NORMAL
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
0,00 2,54 5,08 7,62 10,16
Penetração (mm)
Pressão (MPa)
Umidade: 13,6% 15,6% 17,3% 19,2% 21,7% 24,0%
AMOSTRA 03 - NS'G'
ENSAIO DCP - PROCTOR NORMAL
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 5 10 15 20
mero de Golpes
Penetração (mm)
Umidades: 13,6% 15,6% 17,3% 19,2% 21,7% 24,0%
137
AMOSTRA 03 - NS'G'
ENSAIO CBR - PROCTOR INTERMEDIÁRIO
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
0,00 2,54 5,08 7,62 10,16
Penetração (mm)
Pressão (MPa)
Umidade: 10,7% 13,6% 15,6% 17,3% 21,7%
AMOSTRA 03 - NS'G'
ENSAIO DCP - PROCTOR INTERMEDRIO
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 5 10 15 20
mero de Golpes
Penetração (mm)
Umidades: 10,7% 13,6% 15,6% 17,3% 21,7%
138
AMOSTRA 03 - NS'G'
ENSAIO CBR - PROCTOR MODIFICADO
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
0,00 2,54 5,08 7,62 10,16
Penetração (mm)
Pressão (MPa)
Umidades: 8,6% 10,7% 13,6% 15,6% 17,3% 19,2% 21,7%
AMOSTRA 03 - NS'G'
ENSAIO DCP - PROCTOR MODIFICADO
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 5 10 15 20
mero de Golpes
Penetração (mm)
Umidades: 8,6% 10,7% 13,6% 15,6% 17,3% 19,2% 21,7%
139
AMOSTRA 04 - NG'
ENSAIO CBR - PROCTOR NORMAL
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
0,00 2,54 5,08 7,62 10,16
Penetração (mm)
Pressão (MPa)
Umidades: 20,5% 23,2% 25,4% 27,3% 29,8%
AMOSTRA 04 - NG'
ENSAIO DCP - PROCTOR NORMAL
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 5 10 15 20
mero de Golpes
Penetração (mm)
Umidades: 20,5% 23,2% 25,4% 27,3% 29,8%
140
AMOSTRA 04 - NG'
ENSAIO CBR - PROCTOR INTERMEDIÁRIO
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
0,00 2,54 5,08 7,62 10,16
Penetração (mm)
Pressão (MPa)
Umidades: 19,0% 21,0% 23,9% 25,2% 27,7%
AMOSTRA 04 - NG'
ENSAIO DCP - PROCTOR INTERMEDRIO
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 5 10 15 20
mero de Golpes
Penetração (mm)
Umidades: 19,0% 21,0% 23,9% 25,2% 27,7%
141
AMOSTRA 04 - NG'
ENSAIO CBR - PROCTOR MODIFICADO
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
0,00 2,54 5,08 7,62 10,16
Penetração (mm)
Pressão (MPa)
Umidades: 14,0% 17,3% 19,0% 20,3% 22,9% 26,0%
AMOSTRA 04 - NG'
ENSAIO DCP - PROCTOR MODIFICADO
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 5 10 15 20
mero de Golpes
Penetração (mm)
Umidades: 14,0% 17,3% 19,0% 20,3% 22,9% 26,0%
FOLHA DE REGISTRO DO DOCUMENTO
1.
CLASSIFICAÇÃO/TIPO
TM
2.
DATA
07 de fevereiro de 2006
3.
DOCUMENTO N°
CTA/ITA-IEI/TM-014/2005
4.
N° DE PÁGINAS
141
5.
TÍTULO E SUBTÍTULO:
Correlações entre os Ensaios DCP e CBR para Solos Saprolíticos de Textura Fina
6.
AUTOR(ES):
Ronaldo Gonçalves de Carvalho
7..INSTITUIÇÃO(ÕES)/ÓRGÃO(S) INTERNO(S)/DIVISÃO(ÕES):
Instituto Tecnológico de Aeronáutica. Divisão de Engenharia de Infra-Estrutura Aeronáutica. ITA/IEI
8.
PALAVRAS CHAVE SUGERIDAS PELO AUTOR:
DCP, Penetrômetro Dinâmico de Cone, Tecnologia de Solos Tropicais, Solos Saprolíticos
9.PALAVRAS-CHAVE RESULTANTES DE INDEXAÇÃO:
Compactação (solos); Controle de qualidade; Rodovias; Solos tropicais; Mecânica dos solos; Ensaio de
materiais; Engenharia geotécnica; Engenharia de transportes; Engenharia civil
10.
APRESENTAÇÃO: X Nacional Internacional
ITA, São José dos Campos, 2005, 141 páginas
11.
RESUMO:
Como método alternativo para a avaliação da capacidade de suporte de solos, tanto na condição de
subleitos e corpos de aterro, quanto compondo camadas estruturais de pavimentos, destaca-se o
ensaio DCP (Dynamic Cone Penetrometer) pela sua agilidade e simplicidade de operação, garantindo
a obtenção de resultados confiáveis, como valores de CBR e perfis de resistência, de forma rápida e
com custos reduzidos.
O Instituto Tecnológico de Aeronáutica – ITA adaptou e construiu a sua própria versão do
penetrômetro dinâmico, nomeada DCP-ITA, e vem trabalhando para o estabelecimento de correlações
DCP x CBR confiáveis para solos tropicais classificados geneticamente segundo a metodologia MCT
(Miniatura - Compactado - Tropical). Lima (2000) obteve correlações para solos lateríticos de textura
fina. Com outro enfoque, este trabalho propõe-se a estudar o comportamento de solos saprolíticos.
Para o estabelecimento das correlações DCP x CBR, foram coletadas e ensaiadas 04 (quatro)
amostras de solos saprolíticos de textura fina com granulometria variando de arenosa a argilosa. Para
cada amostra, analisou-se o efeito da energia e umidade de compactação nos resultados de ambos os
ensaios. As correlações obtidas foram comparadas com resultados publicados por outros autores,
identificando a influência da granulometria e gênese dos materiais no desenvolvimento das equações.
Propôs-se ainda, uma correlação generalizada, em função dos parâmetros c’ e e’ da Metodologia
MCT, válida para solos saprolíticos de textura fina.
12.
GRAU DE SIGILO:
(X ) OSTENSIVO ( ) RESERVADO ( ) CONFIDENCIAL ( ) SECRETO
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