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CARLOS ALBERTO MORENO ZACONETA
AVALIAÇÃO IN VITRO DE DOIS APARELHOS PARA CPAP NASAL DE USO
NEONATAL
Dissertação apresentada ao Programa
de Pós-Graduação da Faculdade de
Medicina da Universidade de Brasília,
como requisito parcial à obtenção do
grau de Mestre.
Orientador: Prof. Paulo Tavares
BRASÍLIA
2006
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ii
ZACONETA, Carlos Moreno
Avaliação in vitro de dois aparelhos para CPAP nasal de uso
neonatal/Carlos Moreno Zaconeta.. Brasília, UnB, Faculdade de
Medicina, 2006.
xii,102 p., il.
Dissertação (Mestrado) – Universidade de Brasília, Faculdade de
Medicina, 2006.
1. CPAP nasal. 2. Neonatologia. 3. assistência respiratória
neonatal.
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TERMO DE APROVAÇÃO
CARLOS ALBERTO MORENO ZACONETA
AVALIAÇÃO IN VITRO DE DOIS APARELHOS PARA CPAP NASAL DE
USO NEONATAL
Dissertação aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre
no Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Medicina da Universidade de
Brasília, pela seguinte banca examinadora:
Orientador: Prof. Dr. Paulo Tavares
Prof. Dr. André Luiz Lopes Sampaio
Prof. Dr. Carlos Alberto de Assis Viegas
Brasília, 03 de março de 2006.
iii
A
Victor, Rosário, Raúl e Arminda, meus avós, pelo exemplo de consagração à
Família.
Rubén e Ruth, meus pais, pelos princípios morais que nos incutiram na
infância.
Raúl, meu irmão; por mostrar o mundo que havia fora de casa.
Albertinho, meu gêmeo, meu melhor amigo, parceiro inesquecível de todos os
momentos. O que há de bom em mim aprendi com ele.
Ana Paula, minha esposa, que me ensinou a amar e perdoar. Obrigado
por se preocupar tanto comigo, por abraçar a minha vida sempre agitada,
sempre cheia de pacientes, sempre cheia de estudos. Por enxergar e amar o
homem que existe por trás do médico.
Victor, nosso filho, presente de Deus. Sorrisinho que ilumina nosso lar.
iv
AGRADECIMENTOS
- Ao Dr. Oscar Giacomantone (Medicina Interna, Universidad Nacional de La
Plata – Argentina) que me ensinou a conversar com os pacientes no tempo do
internato.
- Ao Dr. Paulo Roberto Margotto, que despertou em mim o interesse pela
neonatologia.
- Ao Dr. Nelson Diniz, meu eterno mestre, minha fonte de inspiração. Com ele
aprendi que a tecnologia e o conhecimento científico devem nos aproximar e
não nos afastar dos doentes, e que os olhos atentos do médico jamais
poderão ser substituídos por sofisticados aparelhos.
- Ao Professor Paulo Tavares, meu orientador, sempre paciente e disponível. A
convivência com ele é um estímulo para prosseguir aprendendo e estudando.
Obrigado pela orientação e os ensinamentos.
- Ao Dr. Jefferson Resende, colega e amigo que muito me ensina desde os
tempos da residência médica.
- Ao Professor César Augusto Melo e Silva. Digno discípulo do professor Paulo,
sem os seus conhecimentos este trabalho não teria sido possível.
- À Licenciada Hercília Maria Nogueira de Resende, que realizou a revisão de
português deste trabalho com muito interesse e dedicação.
- À equipe de neonatologia do HRAS. Aprendo todos os dias com os colegas,
residentes, enfermeiras, fisioterapeutas e auxiliares de enfermagem. O
carinho de todos faz deste serviço o meu segundo lar.
- À equipe de neonatologia do Hospital Santa Lúcia CEBRAN, onde milagres
acontecem. Obrigado por me deixar aprender com vocês.
- Às Mães dos pacientes. Por entregar confiantes nas nossas mãos humanas,
o que mais tem de valioso, os seus filhos.
- Aos pequenos pacientes, futuro da humanidade. A sua saúde e a sua alegria
são a razão da minha vida.
v
A neonatologia é a ciência dos detalhes
Dr. Nelson Diniz de Oliveira.
vi
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS................................................................................................vi
LISTA DE GRÁFICOS........................................................................................... .vii
LISTA DE TABELAS ..............................................................................................viii
LISTA DE SIGLAS...................................................................................................ix
RESUMO .................................................................................................................x
ABSTRACT .............................................................................................................xi
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................1
2 REVISÃO DA ITERATURA....................................................................................6
2.1 HISTÓRICO.........................................................................................................................7
2.2 O SISTEMA CPAP NASAL..............................................................................................12
2.2.1 Circuito ara fluxo contínuo da mistura de gases..............................................................12
2.2.2 Interface de conexão do sistema às vias aéreas da criança..............................................13
2.2.3 Dispositivo para geração de pressão positiva..................................................................14
2.2.4 Indicações e contra-indicações do CPAP nasal...............................................................15
2.2.5 Complicações do uso do CPAP nasal..............................................................................15
2.2.6 Guia prático para instalação e manutenção do CPAP nasal............................................16
2.3 TRABALHOS RELEVANTES..........................................................................................18
3 OBJETIVOS..........................................................................................................................36
4 MATERIAIS E MÉTODOS................................................................................................38
5 RESULTADOS.....................................................................................................................43
6 DISCUSSÃO..........................................................................................................................61
7 CONCLUSÃO.......................................................................................................................79
REFERÊNCIAS.......................................................................................................................82
ANEXOS...................................................................................................................................94
vii
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 – APARELHO HUDSON
®
DE CPAP NASAL...........................................41
FIGURA 2 – APARELHO INCA
®
DE CPAP NASAL..................................................42
FIGURA 3 – MEDIDAS DA PRONGA NASAL NÚMERO 0 DA MARCA
HUDSON
®
.............................................................................................44
FIGURA 4 – MEDIDAS DA PRONGA NASAL NÚMERO 4 DA MARCA
HUDSON
®
.............................................................................................45
FIGURA 5 – MEDIDAS DO JOELHO DE CONEXÃO COM O RAMO INSPIRATÓRIO
DO APARELHO DE CPAP NASAL DA MARCA HUDSON
®
................46
FIGURA 6 – MEDIDAS DO JOELHO DE CONEXÃO COM O RAMO EXALATÓRIO
DO APARELHO DE CPAP NASAL DA MARCA HUDSON
®
................47
FIGURA 7 – MEDIDAS DAS MANGUEIRAS CORRUGADAS DO APARELHO DE
CPAP NASAL DA MARCA HUDSON
®
.................................................48
FIGURA 8 – MEDIDAS DA PRONGA NASAL NÚMERO 7,5 DA MARCA
INCA
®
....................................................................................................49
FIGURA 9 – MEDIDAS DA PRONGA NASAL NÚMERO 15 DA MARCA
INCA
®
....................................................................................................50
FIGURA 10 – MEDIDAS DA PEÇA PARA CONEXÃO DO MANÔMETRO DO
APARELHO DA MARCA INCA
®
...........................................................51
FIGURA 11 – MEDIDAS DAS MANGUEIRAS CORRUGADAS DO APARELHO DE
CPAP NASAL DA MARCA INCA
®
........................................................52
viii
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1 – MÉDIAS DAS PRESSÕES LIDAS SIMULTÁNEAMENTE NOS
DIFERENTES PONTOS DO APARELHO DE MARCA HUDSON
®
COM DIFERENTES FLUXOS DE AR, USANDO A PRONGA
NUMERO 0........................................................................................54
GRÁFICO 2 – MÉDIAS DAS PRESSÕES LIDAS SIMULTÁNEAMENTE NOS
DIFERENTES PONTOS DO APARELHO DE MARCA INCA
®
COM
DIFERENTES FLUXOS DE AR, USANDO A PRONGA NÚMERO
7,5......................................................................................................54
GRÁFICO 3 – DIFERENÇAS DE PRESSÃO ENTRE OS PONTOS A E PEEP, PARA
DIFERENTES FLUXOS DE AR NOS APARELHOS DE MARCA
HUDSON
®
E INCA
®
...........................................................................56
GRÁFICO 4 – DIFERENÇAS DE PRESSÃO ENTRE OS PONTOS B E PEEP, PARA
DIFERENTES FLUXOS DE AR NOS APARELHOS DE MARCA
HUDSON
®
E INCA
®
...........................................................................56
GRÁFICO 5 – DIFERENÇAS DE PRESSÃO ENTRE OS PONTOS A E B, PARA
DIFERENTES FLUXOS DE AR NOS APARELHOS DE MARCA
HUDSON
®
E INCA
®
...........................................................................57
GRÁFICO 6 – PRESSÕES LIDAS NOS PONTOS A, B E PEEP, COM FLUXO DE 14
LITROS POR MINUTO, UTILIZANDO PRONGAS HUDSON
®
NÚMERO 0 E 4..................................................................................60
GRÁFICO 7 – PRESSÕES LIDAS NOS PONTOS A, B E PEEP, COM FLUXO DE 14
LITROS POR MINUTO, UTILIZANDO PRONGAS INCA
®
NÚMERO
7,5 E 15..............................................................................................60
ix
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – RESUMO DAS PRINCIPAIS MEDIDAS DAS PEÇAS DOS SITEMAS
DE CPAP NASAL INCA
®
E HUDSON
®
.............................................53
TABELA 2 – COMPARAÇÃO DAS MÉDIAS DE DIFERENÇA DE PRESSÃO
ENTRE OS PONTOS A-B NOS APARELHOS DE CPAP NASAL
HUDSON
®
E INCA
®
COM DIFERENTES FLUXOS DE
GÁS....................................................................................................57
TABELA 3 – COMPARAÇÃO DAS MÉDIAS DE DIFERENÇA DE PRESSÃO
ENTRE OS PONTOS B-PEEP NOS APARELHOS DE CPAP NASAL
HUDSON
®
E INCA
®
COM DIFERENTES FLUXOS DE
GÁS....................................................................................................58
TABELA 4 – COMPARAÇÃO DAS MÉDIAS DE DIFERENÇA DE PRESSÃO
ENTRE OS PONTOS A-PEEP NOS APARELHOS DE CPAP NASAL
HUDSON
®
E INCA
®
COM DIFERENTES FLUXOS DE
GÁS....................................................................................................58
TABELA 5 – COMPONENTES LAMINAR E TURBULENTO DO FLUXO
NOS DIFERENTES SEGMENTOS DO SISTEMA HUDSON
®
.........59
TABELA 6 – COMPONENTES LAMINAR E TURBULENTO DO FLUXO
NOS DIFERENTES SEGMENTOS DO SISTEMA INCA
®
................59
TABELA 7- COMPARAÇÃO DO FLUXO LAMINAR NOS DIFERENTES
SEGMENTOS DOS DOIS APARELHOS...........................................59
TABELA 8- COMPARAÇÃO DO FLUXO TURBULENTO NOS DIFERENTES
SEGMENTOS DOS DOIS APARELHOS...........................................59
x
RESUMO
Foi realizada uma análise laboratorial, morfológica e funcional dos dispositivos de
CPAP nasal marcas Hudson
®
e Inca
®
. As peças de cada sistema foram pesadas e
medidas. Com os sistemas em funcionamento, foi aferida simultaneamente a
pressão ao nível da pronga nasal (ponto A), no local onde o fabricante orienta que a
pressão seja medida (ponto B) e no resistor gerador de pressão positiva (ponto
PEEP). Foram utilizados fluxos de 2,4,6,8,10,12,e,14 litros por minuto. As pressões
lidas simultaneamente nestes pontos foram diferentes, tanto no aparelho Hudson
®
como no Inca
®
. As diferenças de pressão se amplificaram com o aumento do fluxo.
Contudo, a discordância entre as pressões nos pontos A, B e PEEP foi diferente para
as duas marcas de aparelhos. Em ambas marcas, a maior divergência de pressões
aconteceu nos pontos A e PEEP. O equipamento Hudson
®
evidenciou diferença
superior 1 cmH
2
O na pressão aferida nos pontos A e PEEP com fluxos de 10 litros
por minuto ou superiores. No aparelho de marca Hudson
®
, a diferença entre as
pressões nos pontos A e B excederam 1 cmH
2
O com fluxo de 14 litros por minuto.
No dispositivo Inca
®
o fluxo de gases é predominantemente laminar em todos os
segmentos. No aparelho Hudson
®
, o fluxo é predominantemente laminar nos
segmentos A-B e B-PEEP, mas se torna predominantemente turbulento no trecho A-
PEEP devido às características físicas do joelho que conecta a pronga nasal com o
ramo exalatório. Omero da pronga não influencia nos resultados encontrados em
nenhuma das marcas de aparelhos avaliados.
Palavras-chave: CPAP nasal; neonatologia; assistência respiratória neonatal.
xi
ABSTRACT
A laboratorial, morphological and functional analysis of nasal CPAP devices from
Hudson
®
and Inca
®
has been made. Each part of both systems has been weighted
and measured. With both systems working, the pressures at nasal prong (point A), at
the point where the system’s producer tells us to measure (point B) and at the resistor
which generates the positive pressure (PEEP point), have been simultaneously
measured. 2, 4, 6, 8, 10, 12 and 14 liters per minute flows have been used. The
pressures which have been simultaneously obtained at those points were different,
both in Hudson
®
and Inca
®
devices. The pressure differences increased with raising
flows. However, the pressure differences at A, B and PEEP points were different in
both marks. In both marks, the highest pressure difference was obtained at A and
PEEP points. The Hudson
®
device showed differences higher than 1 cmH
2
0 on the
pressure measured at A and PEEP points with 10 liter per minute and higher flows. In
the Hudson
®
device the pressure differences at points A and B exceeded 1 cmH
2
0
with a 14 liters per minute flow. In the Inca
®
device, the gas flow is mainly plated in all
segments. In the Hudson
®
device, the gas flow is mainly plated in segments A-B and
B-PEEP, but it becomes mainly turbulent in segment A-PEEP due to physic features
of the device that connects the nasal prong with the exhaling branch. The prong
number did not affect the results in none of the analyzed device marks.
Key-words: Nasal CPAP; neonatology; respiratory assistance in newborns.
xii
1. INTRODUÇÃO
Na atualidade, a industria de equipamentos médico-hospitalares, está em
processo de produção permanente de tecnologias inovadoras. Decorrente disso, o
médico constantemente se diante de equipamentos desconhecidos ou de novos
modelos de equipamentos já existentes.
Poder-se-ia pensar que, se um determinado equipamento médico-hospitalar
está no mercado, é porque passou previamente por um crivo meticuloso que garanta
a sua confiabilidade, eficácia e segurança. Contudo, a literatura internacional é rica
em artigos que testam ou comparam equipamentos existentes no mercado, e que
freqüentemente revelam diferenças ou desvios dos padrões esperados (Barnes e
McGarry, 1990; Connors et al., 1993; Turki et al, 2005).
Tanto durante a graduação, como na pós-graduação dica, o debate a
respeito de equipamentos médico-hospitalares é pouco estimulado, debate esse que
deveria construir uma postura analítica que, através de um julgamento científico e
crítico, fornecesse argumentos bem fundamentados que permitissem ao médico
escolher um determinado equipamento, dentre muitos, com base na eficiência,
segurança e relação custo-benefício. Em não havendo esse entendimento, o médico
acaba por tornar-se apenas um consumidor de tecnologia, incapaz de questionar se
os aparelhos produzidos pela indústria realmente respondem aos objetivos médicos.
No entender do autor, o dico não deve se adequar às opções que a industria lhe
apresenta, mas sim deve acontecer a adequação dos fabricantes de equipamentos
médico-hospitalares às necessidades do paciente, estas definidas pelo dico.
Nesse contexto, cabe às Universidades a responsabilidade, de através dos seus
laboratórios e hospitais assistenciais, realizar pesquisas que validem ou refutem,
2
conforme o caso, as alternativas terapêuticas, e após, a divulgação dos resultados à
comunidade científica e à sociedade.
O presente trabalho, realizado no Laboratório de Fisiologia Respiratória da
Universidade de Brasília, analisa, do ponto de vista laboratorial, dois dispositivos
médicos destinados ao fornecimento de pressão positiva contínua na via aérea
(CPAP), via nasal, para recém-nascidos.
A maioria dos recém-nascidos prematuros com menos de 34 semanas de
idade gestacional ao nascer apresenta algum grau de insuficiência respiratória,
devido à síntese ainda insuficiente de surfactante pulmonar. Esses bebês,
freqüentemente, nascem com baixa complacência pulmonar e desenvolvem
insuficiência respiratória precoce, requerendo assistência ventilatória. Contudo, a
ventilação mecânica não é inócua para os recém-nascidos prematuros, podendo
acarretar, a esses, o desenvolvimento da Doença Pulmonar Crônica, pois o pulmão,
em desenvolvimento, é agredido pelo uso das pressões necessárias à troca gasosa.
Tem sido uma preocupação permanente dos diferentes serviços de neonatologia,
procurar estratégias que evitem a doença crônica no pulmão neonatal induzida pela
ventilação mecânica.
Um momento histórico na assistência respiratória em neonatologia veio em
1973, quando Kattwinkel eta al. publicaram um trabalho apresentando um novo
dispositivo de fornecimento de CPAP, por via nasal, para uso neonatal (Kattwinkel et
al., 1973).
A rápida difusão do seu uso e a vasta literatura médica mostrando os
benefícios do mesmo, fez com que o CPAP nasal fosse considerado, num artigo
3
recente, entre os dez avanços mais significativos da neonatologia (Nelson, 2000).
Atualmente vários centros no Brasil e no mundo, recomendam o CPAP nasal como
primeira opção de assistência respiratória para recém-nascidos prematuros,
indicando-se a ventilação mecânica apenas quando fracassa a primeira opção, muita
menos invasiva. (Schnitzler e Musante, 2002; Hany, 2001). Por outro lado, existem
cidades onde a ventilação mecânica é inacessível e o único recurso disponível é o
CPAP nasal (Kamper 1999).
Os primeiros dispositivos de CPAP nasal para uso neonatal foram fabricados
artesanalmente (Procianoy e Oliveira, 1991; Ahumada e Goldsmith, 1996).
Posteriormente, vários equipamentos foram desenvolvidos pela indústria para a
aplicação da pressão positiva contínua nas vias aéreas, e hoje existe uma ampla
gama de dispositivos diferentes para este fim. Contudo, o aparelho ideal para se
aplicar CPAP nasal em neonatologia ainda não foi definido (De Paoli et al., 2002),
embora a literatura seja rica em trabalhos tentando comparar a eficiência clínica
entre eles (Davis, Davies e Faber, 2001; Courtney et al., 2001; Rego e Martinez,
2002; Buettiker et al., 2004), são escassos os artigos que se detêem na avaliação
experimental dos aparelhos em si mesmos (De Paoli et al., 2002; Sampietro,
Azevedo e Resende, 2000).
Na Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal (SES DF), o CPAP
nasal, para uso neonatal, foi introduzido no inicio da década de 90. Desde esse
tempo, o dispositivo de CPAP nasal utilizado solitariamente era o fabricado pela
Hudson
®
(Hudson RCI, Temecula, Califórnia, USA). Contudo, a partir do ano 2003,
foi introduzido também o sistema fabricado pela Ackrad Laboratories, Inc., Cranford,
4
NJ, USA denominado Inca
®
; à primeira vista, estes dois aparelhos são diferentes
quanto a sua forma e a localização onde o fabricante orienta que a pressão seja
medida (figuras 1 e 2).
O autor, então, conjeturou que a pressão lida no portal específico para o
manômetro poderia divergir da pressão produzida pelo gerador de pressão e que
poderia, também, não refletir a pressão presente na pronga nasal, que é o ponto de
interface com o doente. Considerando as morfologias diferentes entre os dois
sistemas, o autor imaginou a possibilidade de existirem, além das divergências nas
pressões medidas nos diversos pontos de interesse, diferenças nos valores de
pressão medidos em aparelhos de fabricantes diferentes.
Para testar a hipótese, foi medida a pressão simultaneamente em diferentes
pontos do sistema, com diferentes fluxos de gases, nos equipamentos de ambos os
fabricantes.
5
2. REVISÃO DA LITERATURA
6
2.1 Histórico:
A Pressão de Distensão Contínua (PDC) pode ser definida como a
manutenção de uma pressão transpulmonar positiva durante a fase expiratória da
respiração. A PDC é atingida por meio de CPAP quando o paciente está respirando
espontaneamente ou por meio da pressão positiva no final da expiração (PEEP),
quando o mesmo está sob assistência ventilatória mecânica.
A terapêutica com pressão positiva por meio de máscara facial para o
tratamento da insuficiência respiratória aguda foi descrita por Poulton e Oxon (1936).
Bulowa citado por Ahumada e Goldsmith (1996, p.151), descreveu o uso de pressão
positiva por scara para o tratamento de pacientes com pneumonia, enquanto
Barach et al. (1937), utilizavam esse recurso em casos de edema pulmonar e
obstrução respiratória. Na década de 40, a pressão positiva foi usada também em
vôos de grande altitude e começou a se falar nos seus possíveis efeitos sobre o
retorno venoso cardíaco.
Os potenciais efeitos adversos hemodinâmicos desalentaram o uso da PDC
por alguns anos até que, em 1967, Ashbaugh et al., citado por Ahumada e Goldsmith
(1996, p. 151), introduziram a PEEP no contexto da ventilação mecânica para tratar
hipoxemia em pacientes com Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo do
Adulto.
Harrison et al., citado por Resende e Margotto (2006, p.231), tinham
demonstrado que a eliminação do gemido expiratório em neonatos com Doença da
Membrana Hialina (DMH), conseguida mediante a colocação de uma cânula
7
endotraqueal, estava associada à diminuição do volume residual funcional, piora
clínica e queda da PaO
2
. Desde essa ocasião sabe-se que o gemido expiratório
observado na fase aguda da DMH gera uma pressão positiva subglótica que oscila
ao redor de 4 cmH
2
O, e representa um recurso defensivo da criança para aumentar a
Capacidade Residual Funcional e evitar a atelectasia pulmonar (Miranda e Almeida,
1998).
Com base nesses conhecimentos, Gregory (1971) apresentou um mecanismo
de ampliação e manutenção deste mecanismo fisiológico de defesa, descrevendo o
uso de CPAP em recém-nascidos com Doença da Membrana Hialina em respiração
espontânea.
Considerando que praticamente 100% do fluxo inspiratório e expiratório do
recém-nascido ocorre através das narinas, Kattwinkel et al. (1973), apresentaram um
dispositivo de fornecimento de CPAP por via nasal. O aparelho era idêntico ao
desenvolvido por Gregory, mas a interface com o doente era realizada através de
uma peça nasal. Vinte e duas crianças, com idade gestacional entre 28 e 36
semanas, e peso de nascimento entre 960 e 2500 gramas, foram submetidas ao
novo tratamento. O critério de inclusão era apresentar PaO
2
menor que 60 mmHg
sob FiO
2
de 70%. Os resultados foram deslumbrantes para a época: 18 pacientes
(82%) foram tratados com sucesso e sobreviveram, sem precisar de outras formas
de suporte ventilatório, e sem haver pneumotórax em nenhum dos casos.
Kattwinkel et al. (1975), evidenciaram também que, além do tratamento da
Doença da Membrana Hialina, o CPAP nasal era útil no tratamento da apnéia
idiopática da prematuridade. Em um estudo envolvendo 18 recém-nascidos
8
prematuros, compararam o efeito profilático da estimulação cutânea e do CPAP
nasal. A freqüência de apnéia reduziu em 35% no primeiro grupo e em 69% no grupo
de CPAP nasal. Posteriormente Speidel e Dunn (1976), ratificaram que o uso do
CPAP nasal, não apenas estabilizava o padrão respiratório de prematuros com DMH,
mas também prevenia ou reduzia a incidência de episódios de apnéia da
prematuridade.
Engelke, Roloff e Kuhns (1982), realizaram um trabalho comparando recém-
nascidos que, no período pós extubação imediato, recebiam capacete de oxigênio ou
CPAP nasal, evidenciaram que o CPAP nasal melhorava a oxigenação; os níveis de
CO
2;
a freqüência respiratória e o aspecto radiográfico. Higgins, Richter e Davis
(1991), confirmaram esse efeito também para os recém-nascidos de extremo baixo
peso em um trabalho randomizado com bebês de peso inferior a 1000 gramas: no
grupo tratado com capacete de oxigênio, a extubação foi bem sucedida em 30% dos
casos, contra 75%, no grupo de CPAP nasal.
O CPAP nasal é atualmente um modo consagrado de suporte respiratório
neonatal e é freqüentemente usado como o tratamento de escolha na assistência
ventilatória, sendo que o seu uso tem se estendido para o tratamento de quase todas
as causas pulmonares de desconforto respiratório em neonatos e não mais somente
no tratamento da DMH (Ahumada e Goldsmith, 1996). Nos trinta anos de história do
CPAP nasal, a população neonatal tem mudado substancialmente, apresentando
desafios antes inimagináveis (Rego e Martinez, 2000; Schnitzler, 2002). Enquanto no
inicio da era CPAP o desafio consistia em tratar prematuros com peso inferior a 2500
gramas e idade gestacional inferior a 34 semanas, na atualidade o desafio são os
9
prematuros extremos, com peso inferior a 1000 gramas e Idade Gestacional de 24
semanas; mesmo assim, o CPAP nasal tem acompanhado esta evolução.
O tratamento inicial dos prematuros extremos, freqüentemente inclui
intubação, ventilação com pressão positiva e administração de surfactante exógeno.
Embora este tratamento possa salvar vidas, a ventilação mecânica está associada
ao desenvolvimento de Displasia Bronco Pulmonar, infecção pulmonar e sistêmica e
lesão de vias aéreas superiores. Atualmente, evitar a intubação endotraqueal é uma
das estratégias mais importantes do tratamento desses prematuros (Davis, Davies e
Faber, 2001). O risco específico de Doença Pulmonar Crônica em Unidade de
Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) está diretamente associado com a decisão de se
colocar um prematuro extremo em ventilação mecânica (Robertson e Hamilton, 1998;
Klerk et al., 2001).Por ser menos invasivo do que a ventilação mecânica, o CPAP
nasal é a alternativa recomendada para prevenção da lesão pulmonar em
prematuros extremos (Michna et al, 1999; Suguihara e Lessa, 2005).
Atualmente, na Dinamarca, os prematuros com peso de nascimento inferior a
1000 gramas são tratados preferencialmente com CPAP nasal exclusivo. Um estudo
retrospectivo dos anos 1994-1995 demonstrou que, das 269 crianças nascidas
abaixo desse peso ou com menos de 28 semanas, e que sobreviveram, 164 (61%)
não precisaram de ventilação mecânica em nenhum momento (Hansen et al., 2004).
No departamento de neonatologia da George Washington University se enfatiza o
uso de CPAP nasal imediato, como o primeiro modo de assistência respiratória em
todos os recém-nascidos prematuros, sendo que apenas 15% dos prematuros
extremos precisam de intubação e ventilação mecânica.
10
Até o ano 2000, o uso de CPAP nasal não era a primeira opção no tratamento
do desconforto respiratório dos prematuros com menos de 1000 gramas de peso na
Austrália e Nova Zelândia (Darlow, Cust e Donoghue, 2003). Neste país, apenas o
Middlemore Hospital tinha uma política de preferência do CPAP nasal para estes
pacientes, desde 1996. Um estudo comparando este hospital com as outras 28 UTIs
Neonatais dos dois países evidenciou que, embora a população do Middlemore
Hospital tivesse menor Idade Gestacional, precisou de menos dias de oxigênio e
apresentou menor taxa de Displasia Broncopulmonar (Meyer, Midenhall e Wong,
2004).
Nas últimas duas décadas, vários métodos de aplicação de CPAP foram
avaliados e disponibilizados, incluindo cânulas endotraqueais, máscaras faciais,
prongas nasais e naso faríngeas, entre outros (Pandit et al, 2001; Roux e Hilbert,
2003).
Não obstante haja reconhecimento mundial da utilidade do uso clínico do
CPAP nasal em neonatologia, ainda existem pontos em que não consenso, e o
debate esse respeito permanece em aberto na comunidade científica (De Paoli,
2003;Sinclair et al, 2003; Morley e Davis, 2004; Bowe e Clarke, 2005). Como toda
técnica terapêutica, o CPAP nasal deve ser sempre submetido a testes
experimentais e clínicos.
11
2.2 O Sistema de CPAP nasal
O sistema de CPAP nasal utilizado em neonatologia está formado basicamente
por três componentes (Roux, 2003; Miranda e Almeida, 1998):
- Um circuito para fluxo contínuo da mistura gasosa
- Uma interface de conexão do sistema às vias aéreas da criança
- Um dispositivo para geração de pressão positiva.
2.2.1 Circuito para fluxo contínuo da mistura de gases :
O sistema de CPAP precisa ser “alimentado”, de modo contínuo, por uma
mistura de ar comprimido medicinal e oxigênio, ambos umedecidos e aquecidos.
Esta mistura deve percorrer o circuito com um fluxo capaz de gerar uma pressão
positiva e constante e que seja suficiente, também, para evitar a retenção de CO
2
no
paciente. Um fluxo total de, pelo menos, três vezes o volume minuto respiratório do
paciente (produto do volume corrente estimado pela freqüência respiratória da
criança), tem sido recomendado como sendo suficiente para compensar as possíveis
perdas, gerar a pressão positiva desejada e evitar retenção de CO
2
(Kopelman,
2001). Baixos fluxos podem ser incapazes de produzir a pressão positiva desejada
dentro do sistema ou podem ser insuficientes para atender a demanda volumétrica
do recém nascido, caso em que aumenta a possibilidade de causar flutuações de
pressão na via aérea e ou aumento do trabalho respiratório (De Paoli et al., 2003).
12
Por outro lado, fluxos exagerados podem produzir turbulência e aumento de
resistência (Sampietro, Azevedo e Resende, 2000), além de gerar gastos
desnecessários de oxigênio e ar comprimido medicinal.
Na prática clínica, o fluxo equivalente ao triplo do volume minuto respiratório
nem sempre é respeitado, sendo mais freqüente o uso de fluxos entre 5-10 litros por
minuto (Kopelman, 2001).
Basicamente, existem duas formas de se obter uma fonte geradora de fluxo
contínuo de gases. No CPAP artesanal de selo d’água, utilizam-se fluxômetros de
oxigênio e ar comprimido, a FiO
2
sendo controlada pela somatória dos fluxos, de
acordo com a proporção de cada gás na mistura. Quando o CPAP é ofertado através
do ventilador mecânico, as fontes de gás estão interligadas ao aparelho, e os ajustes
de fluxo e FiO
2
são feitos nos botões específicos para cada parâmetro, enquanto que
a PEEP é fornecida por uma válvula expiratória, no circuito do ventilador mecânico.
2.2.2 Interface de conexão do sistema às vias aéreas da criança
O sistema de CPAP precisa estar conectado ao paciente por meio de uma
interface para poder lhe transmitir, ao mesmo, uma pressão positiva.
O CPAP que utiliza o tubo endotraqueal como interface propicia o surgimento
de complicações inerentes às nulas endotraqueais: irritação das vias aéreas,
aumento das secreções e risco de obstrução ou deslocamento do local ideal
(Gregory, 1971).
13
As opções de interfaces utilizadas para o fornecimento de CPAP por via nasal
incluem a cânula nasofaríngea, as prongas nasais simples, as prongas duplas curtas
(binasais), as duplas longas (nasofaríngeas) e a máscara facial.
2.2.3 Dispositivo para geração de pressão positiva
Os meios mais comumente empregados para a geração de pressão positiva
no sistema são: a válvula ajustável, colocada na extremidade de saída de uma bolsa
ventilatória; a válvula expiratória do circuito de um respirador mecânico; ou o simples
mergulhar da extremidade distal do circuito da CPAP em um frasco de água, modelo
este inicialmente apresentado por Gregory (Gregory, 1971). O resistor gerador de
pressão é conectado à mangueira exalatória do circuito.
A principal vantagem do sistema de selo de água é o baixo custo, o que torna
a técnica aplicável, inclusive em regiões economicamente menos favorecidas. Outro
benefício teórico do CPAP com selo de água é que, havendo queda de pressão no
sistema, por escape de ar ou por aumento da demanda do doente, o sistema pára de
borbulhar, indicando assim a necessidade de se aumentar o fluxo de gases
oferecido; a mesma circunstância seria mais difícil de ser identificada na utilização do
ventilador mecânico como gerador de pressão (De Paoli et al., 2003; Morley e Davis,
2004). Existem serviços que misturam ambos os sistemas, utilizando o ventilador
mecânico como fonte e misturador de gases, e usando o selo de água como gerador
de pressão; nesse caso, a aparente vantagem econômica do sistema de selo de
água pode ser desconsiderada.
14
2.2.4 Indicações e contra-indicações do CPAP nasal:
Durante muito tempo, o CPAP nasal foi reservado exclusivamente para os
casos de doença de membrana hialina, de leve e moderada gravidade, ocorridos em
prematuros maiores. Aqueles de peso muito baixo deveriam ser intubados
sistematicamente e submetidos à ventilação mecânica. Na atualidade,
independentemente do peso de nascimento, os recém-nascidos com desconforto
respiratório são candidatos a CPAP nasal. Alguns prematuros muito extremos podem
ser assistidos exclusivamente com CPAP nasal, sem os riscos da intubação traqueal
e ventilação mecânica. Pode-se dizer que o CPAP nasal está indicado em quase
todas as causas de desconforto respiratório do recém-nascido de origem pulmonar,
incluindo a síndrome de aspiração de mecônio, no pós-operatório de cirurgia
cardíaca, na apnéia da prematuridade e no desmame da ventilação mecânica.
O CPAP nasal está contra-indicado nas crianças com hérnia diafragmática,
suspeita ou comprovada, nos defeitos do nariz, face ou palato, como o lábio leporino
com fenda, e nos pacientes com suspeita de doença cística pulmonar congênita.
2.2.5 Complicações do uso do CPAP nasal
Pneumotórax, pneumatocele adquirido, obstrução nasal por secreções, lesões
nasais, que podem ser desde a hiperemia até necrose de septo com deformidade do
nariz, distensão gástrica, perfuração gástrica e flutuações na PaO
2
foram
relatadas (Czervinske, 2004). Altas pressões no CPAP podem levar também a
15
diminuição do retorno venoso ao coração, acidose metabólica, hipotensão arterial e
diminuição da filtração glomerular (Miranda e Almeida, 1998;Kopelman, 2001;
Ahumada e Goldsmith, 1996; Bie et al., 2002; Garland et al., 1985; Baldelli, Tartagni
e Felici, 2003). Mesmo que a pressão positiva possa ser variada dentro de limites
amplos, o emprego rotineiro de uma pressão intermediária, de 5 cmH
2
O, parece
produzir uma melhor relação risco/benefício do que as pressões extremas (Gounaris
et al., 2004; Liptsen et al, 2005).
É importante lembrar que o refinamento da técnica e a experiência reduzem
consideravelmente as complicações (Michna, Jobe e Iiegami, 1999).
Uma maior padronização e um rigoroso treinamento de médicos e enfermeiras
no uso desta técnica são necessários como o primeiro passo antes da sua aplicação
em um centro de neonatologia.
2.2.6 Guia prático para instalação e manutenção dO CPAP nasal (Kopelman,2001;
Morley, 1999 ; Kopelman, 2001).
1- Instalar a CPAP nasal, o mais precocemente possível, diante de sinais de
insuficiência respiratória no período neonatal.
2- Escolher o tamanho da pronga adequada para o recém-nascido.
3- Aspirar previamente a oro e nasofaringe.
4- Distender as narinas, suavemente, e antes da aplicação da pronga, com cotonete
embebido em soro fisiológico. Repetir o procedimento a intervalos regulares de,
16
por exemplo, 3 em 3 horas ou menos, sempre precedido de aspiração das vias
aéreas altas.
5- Ajustar adequadamente a pronga nasal, não permitindo que toque o septo nasal,
e prender o sistema, com alfinetes, à touca cefálica.
6- Adaptar o fluxo da mistura gasosa aquecida e umedecida, na concentração de
oxigênio adequada às necessidades da criança.
7- Verificar e medir continuamente a pressão gerada pelo sistema.
8- Manter a criança com sonda gástrica calibrosa. Se estiver em uso de dieta deixar
a sonda aberta e em posição vertical uma hora após a mesma.
9- Verificar, periodicamente, as conexões do sistema para certificar-se de que o
borbulhamento está correto no frasco de selo de água.
10-Manter o recém-nascido “confortável”.
11-Verificar o bom funcionamento do sistema a cada hora.
12-Trocar o circuito a cada 24 horas.
17
2.3 Trabalhos relevantes.
Se na década de 70, a taxa da sobrevivência de recém-nascidos menores de
1000 gramas era menor que 10%, hoje as taxas de sobrevida são superiores a 70%.
Contudo, essa diminuição da mortalidade veio acompanhada de maior morbidade,
principalmente em relação à doença pulmonar crônica ou Displasia Bronco-pulmonar
(Jobe e Bancalari, 2001). A prevalência dessa doença nos menores de 1000 gramas
pode chegar a 50% (Lopes, 2000). Trata-se de uma doença crônica que requer
muitos recursos para seu tratamento, e que a longo prazo, demandam do Estado um
alto custo, não apenas econômico, mas também social. Os avanços nas áreas de
obstetrícia, das Unidades de Terapia Intensiva Neonatais e, principalmente, na
ventilação mecânica, têm sido responsáveis pelo aumento da incidência dessa
doença (Jobe e Ikegami, 2001). Existem evidências claras das vantagens do CPAP
sobre a ventilação mecânica na prevenção da lesão do pulmão prematuro. Estudos
realizados em ovelhas prematuras mostraram que o CPAP diminui a migração de
ganulócitos e a formação de peróxido de hidrogênio (ambos marcadores de lesão
aguda) no lavado alveolar (Rodriguez, 2003).
O aumento do conhecimento e da tecnologia nos últimos 20 anos não
conseguiu diminuir eficientemente a incidência da Doença Pulmonar Crônica em
prematuros extremos. Um dos principais motivos para este fenômeno, é a dificuldade
de se transportar os achados das pesquisas para a prática clínica (Sharek et al.,
2003). Em função disso, foi criado o Neonatal Intensive Care Quality Improvement
Collaborative Year 2000 (NIC/Q2000), cuja missão é a de munir os serviços
18
participantes das ferramentas necessárias para efetivar as mudanças. Nove hospitais
integrantes desse grupo reuniram-se com o objetivo de estabelecer metas que
auxiliassem na redução da Doença Pulmonar Crônica neonatal. Para isto fizeram
uma listagem das melhores práticas potencialmente úteis na diminuição dessa
doença, classificando-as em 5 níveis, de acordo com a quantidade de evidências
científicas que as sustentam. O uso de CPAP pós extubação e o seu uso na sala de
parto para os recém nascidos com menos de 1000 gramas foi listado como sendo de
nível de evidência 1, quer dizer, que tem fortes evidências científicas para respalda-
lo (Sharek et al., 2003).
A política de atendimento na sala de parto dos recém-nascidos com peso de
nascimento inferior a 1000 gramas, no serviço de neonatologia da Universidade de
Ulm, Alemanha, mudou ao longo de 1995. Até o ano de 1994, o suporte respiratório
inicial era o seguinte: após aspiração das vias aéreas superiores, se o paciente
apresentasse o mínimo sinal de desconforto respiratório, ele era ventilado com bolsa
auto-inflável e, posteriormente, colocado em ventilação mecânica. Em 1996, a
abordagem nesses pacientes era a seguinte: após aspiração das vias aéreas
superiores, inseria-se uma nula orofaríngea e aplicava-se uma pressão controlada
de 20 cmH
2
O de água, durante 15 segundos, no intuito de aumentar a capacidade
residual funcional; para a preservação da mesma, o paciente era colocado,
imediatamente após, em CPAP de 4-6 cmH
2
O e, apenas se não melhorasse com
este tratamento, era colocado em ventilação mecânica. Lindner et al. (1999),
realizaram um estudo de coorte retrospectivo incluindo todos os recém nascidos com
peso de nascimento inferior a 1000 gramas e idade gestacional maior que 24
19
semanas, que nasceram nos anos 1994 (n=56) e 1996 (n= 67), e verificaram que a
ventilação mecânica na sala de parto havia diminuído de 84% em 1994 para 40% em
1996. Descreveram também que em 1996, 25% dos nascidos com menos de 1000
gramas não precisaram de ventilação mecânica ao longo de toda a internação (7%
em 1994). Quando compararam os pacientes nascidos em 1996 que precisaram de
ventilação mecânica com os correspondentes de 1994, constataram não haver
diferença na mortalidade, nem na morbidade. Além disso, os pacientes que não
precisaram de ventilação mecânica precoce tiveram menor morbidade (displasia
broncopulmonar e hemorragia cerebral) e menor tempo de internação.
No início do ano 2000, na UTIN do Cincinnati Children’s Hospital Medical
Center, a rotina de atendimento na sala de parto, para recém nascidos com peso
inferior a 1000 gramas, foi alterada. Antes desse período, esses pacientes eram
ventilados com bolsas auto-infláveis; intubados e colocados em ventilação mecânica,
assim que possível; sendo raro o uso do CPAP nasal nos primeiros dias de vida. A
partir do ano 2000, seguindo as orientações da Universidade de Columbia, essa
população de pacientes recebia CPAP nasal, com pronga Hudson, com 5 cmH
2
O de
pressão, gerada pelo sistema de selo de água, imediatamente após o nascimento.
Narendran et al. (2003), realizaram um trabalho para testar se a introdução de CPAP
nasal precoce, na sala de parto, trouxera risco para esses pacientes ou, ao
contrário, a melhora nos resultados, do ponto de vista respiratório. Com essa
finalidade, todos os menores de 1000 gramas nascidos nos anos 2000 e 2001 foram
comparados com controles históricos do mesmo peso, nascidos nos anos 1998 e
1999. Os resultados da comparação mostraram que, após a mudança, houve
20
diminuição, estatisticamente significativa, nas intubações na sala de parto; nos dias
de ventilação mecânica, e na necessidade de esteróide pós-natal. Houve, também,
melhora do ganho de peso no segundo período. A Doença Pulmonar Crônica,
definida como a necessidade de oxigênio com idade gestacional pós conceptual igual
ou maior que 36 semanas, experimentou diminuição, porém o estatisticamente
significativa. Os autores esclarecem que, a não ser a introdução precoce de CPAP,
não aconteceram outras mudanças importantes na rotina de atendimento aos
prematuros extremos durante o período 1998-2001; admitem, porém, que a literatura
surgida no ano 2000, correlacionando o uso abusivo de corticóide pós-natal com
maus resultados no desenvolvimento neurológico, pode ter influenciado na
diminuição de uso desta medicação, independentemente do CPAP precoce. Os
autores concluem que o CPAP nasal precoce na sala de parto, no atendimento de
prematuros de extremo baixo peso, é um procedimento seguro, barato, e uma
maneira eficiente de evitar a intubação.
O CPAP nasal precoce associado a mínimo manuseio possível é a primeira
linha de tratamento para prematuros extremos na Dinamarca (Kamper, 1999). O
CPAP nasal foi incorporado ao atendimento neonatal na Dinamarca nas décadas de
70 e 80. Nos anos 90, o CPAP nasal, aplicado precocemente após o nascimento,
tornou-se a primeira alternativa terapêutica para os recém-nascidos com menos de
1000 gramas de peso, nesse país. Hansen et al. (2004), realizaram um trabalho com
o objetivo de avaliar os resultados no desenvolvimento neuromotor aos 5 anos de
idade, em um grupo de prematuros tratados principalmente com CPAP nasal durante
o período neonatal. Foi então realizado um estudo prospectivo, em nível nacional,
21
incluindo todos os recém nascidos com menos de 1000 gramas ou menos de 28
semanas de idade gestacional, que nasceram entre 1994 e 1995 e sobreviveram (n=
269). É interessante ressalvar que, 164 (61%) desses pacientes, utilizaram apenas
CPAP nasal como suporte ventilatório no período neonatal; e os outros 39%
precisaram de ventilação mecânica em algum momento da internação. Ambos os
grupos foram avaliados por médicos e psicólogos aos 5 anos de idade e submetidos
a testes visuais, audiométricos, comportamentais e neurológicos. Os autores
concluíram que não houve diferença estatisticamente significativa, do ponto de vista
neuro-comportamental, entre os dois grupos. Isto quer dizer que, o fato de adiar a
intubação e a ventilação mecânica, não aumenta o risco de seqüela neurológica nos
prematuros extremos. Contudo, nesse mesmo trabalho, os autores não especificam
a maneira de como foi aplicado o CPAP nasal: o fornecedor de fluxo, o tipo de
pronga nasal e o sistema gerador de pressão não foram devidamente especificados.
Este dado seria importante, uma vez que permite comparações com outras
modalidades de CPAP nasal neonatal.
Gittermann et al. (1997), do Univerity Women´s Hospital de Berna Suiça,
imaginaram que o uso de CPAP nasal aplicado nos primeiros 15 minutos de vida,
pudesse reduzir a necessidade de intubação, a duração da ventilação mecânica e a
incidência de Doença Pulmonar Crônica, em prematuros nascidos com menos de
1500 gramas. Com esse objetivo, realizaram um estudo retrospectivo, comparando
os resultados do ano 1990 com os de 1993, considerando que nos anos 1991 e 1992
foi introduzido o CPAP nasal na sala de parto, e que em 1993, qualquer sinal de
desconforto respiratório era indicativo de CPAP nasal nos prematuros extremos, nos
22
primeiros 15 minutos de vida. Foram comparadas, também, como objetivos
secundários, as incidências de hemorragia cerebral, de retinopatia da prematuridade
e de infecção hospitalar, essa última definida como a necessidade de
antibióticoterapia iniciada após o quarto dia de internação. Setenta e um prematuros
nascidos em 1990 e 97 nascidos em 1993 foram comparados. Não houve diferença
na linha de base em relação a peso, Idade Gestacional e Apgar. Contudo, o
amadurecimento pulmonar pré-natal com corticosteróides foi estatisticamente maior
nas crianças nascidas em 1993, e isto pode explicar outras diferenças entre os
grupos. A freqüência de intubação foi menor em 1993 e não houve associação,
estatisticamente significativa, com o uso de corticóide pré–natal. A duração da
ventilação mecânica e a prevalência de Doença Pulmonar Crônica não apresentaram
diferença estatisticamente significativa. A introdução de CPAP precoce não afetou
negativamente a incidência de hemorragia cerebral, retinopatia ou infecção
hospitalar, segundo os autores. Os mesmos concluíram que o uso de CPAP nasal
nos primeiros 15 minutos de vida dos prematuros de muito baixo peso, com
desconforto respiratório leve a moderado, reduz significativamente a necessidade de
intubação, sem influenciar em outros resultados. Os autores não detalham a pressão
e nem a fração inspiratória de oxigênio iniciais, nem o tipo de dispositivo utilizado no
fornecimento de CPAP nasal, nesse serviço.
Lee et al. (1998), observaram que as crianças em uso de CPAP com selo d’água
apresentavam, devido ao borbulhamento d’água, vibração torácica similar à de bebês
em Ventilação de Alta Freqüência, e deduziram que o borbulhamento do CPAP
poderia influenciar no volume corrente respiratório. Projetaram, então, um estudo
23
aleatório e cego, com dez recém-nascidos prematuros em ventilação mecânica,
aptos para a extubação. Um grupo foi colocado em CPAP com selo de água e o
outro no CPAP usando a válvula expiratória de um ventilador mecânico. Os autores
observaram uma redução de 39% no volume minuto e 7% de redução na freqüência
respiratória, sem nenhuma mudança na saturação de O
2
e nem na medida
transcutânea de CO
2,
no grupo de CPAP sob selo de água, em relação ao outro
grupo. Concluíram, então, que a geração de pressão positiva via selo de água era
benéfica, uma vez que, em função das vibrações torácicas, diminuía o esforço e
conseqüentemente o risco de fadiga respiratória. Este achado é um dos argumentos
mais freqüentemente utilizados pelos defensores do sistema de selo de água.
Contudo, neste trabalho, a interface em ambos os grupos era um tubo endotraqueal,
e não há ainda evidências de que o mesmo efeito ocorresse com o uso de CPAP por
via nasal, uma vez que o escape de ar certamente é diferente. Por outro lado, os
critérios de inclusão exigiam que as crianças estivessem com os seguintes
parâmetros de ventilação mecânica: freqüência respiratória de 10 ciclos por minuto e
necessidade de FiO
2
de 21%, teoricamente para se perceber melhor as
necessidades de incremento da FiO
2
e para garantir que os pacientes da amostra
apresentassem função pulmonar relativamente boa. Esta pode ser uma grande
limitação do trabalho, pois, talvez, esses resultados não possam ser extrapolados
para recém nascidos com função pulmonar mais comprometida, precisando de maior
requerimento de oxigênio, como é o caso da maioria de neonatos precisando de
CPAP nasal.
24
Com o objetivo de comparar o sistema de selo de água com o CPAP
acoplado ao aparelho de ventilação mecânica, Lima et al. (2004), realizaram um
experimento medindo as pressões médias geradas em dois sistemas de CPAP
nasal. Um dos sistemas era alimentado por gases vindos de um fluxômetro de
parede e o sistema de geração de pressão era o selo de água. No outro sistema,
tanto o fluxo de gás quanto o gerador de pressão faziam parte de um ventilador
mecânico. Os autores relataram que as pressões geradas no sistema que utilizava o
ventilador mecânico eram mais estáveis, com uma variação menor de 1 cmH
2
O e no
outro sistema, a variação foi em torno de 2 a 4 cmH
2
O, em virtude do borbulhamento
da água. Contudo, aqui pode existir um viés de confundimento, pois neste caso, as
variações de pressão talvez não sejam devidas apenas ao borbulhamento no selo de
água, mas também à instabilidade do fluxo de gases fornecido pelos fluxômetros de
parede, usados no sistema com borbulhamento. Como os autores não mediram o
fluxo aferente de gases, permanece a dúvida se as variações de pressão não são
decorrentes das variações de fluxo.
A máscara facial era uma alternativa utilizada quando o conhecimento a
respeito de CPAP nasal estava ainda em face de organização, porém, os vários
efeitos adversos relatados com o seu uso, tornaram preferíveis as outras opções. A
dificuldade de fixação promovia vedamento inadequado ao redor do nariz, com
conseqüente escape de ar (Gregory, 1971). Distensão e ruptura gástrica, lesões por
compressão afetando a pele, os olhos e a face, e até hemorragia cerebelar (19%) em
prematuros menores de 1500 gramas, foram relatadas com o uso da máscara facial
25
em um estudo envolvendo 106 prematuros, com peso de nascimento inferior a 1500
gramas (Pape, Armstrong e Fitzhardinge, 1976; Allen et al., 1977).
Considerando que os recém-nascidos respiram obrigatoriamente pelo nariz, a
maneira menos invasiva, mais simples e econômica de transmitir a pressão do
sistema ao paciente parece ser através das prongas nasais. Em relação à escolha
das prongas nasais, as evidências apontam uma preferência pelas prongas curtas
binasais. De Paoli et al. (2004), realizaram uma revisão sistemática, para a Cochrane
Library, a respeito dos dispositivos de fornecimento de CPAP nasal em recém
nascidos prematuros, visando esclarecer qual tipo de pronga e qual o tipo de gerador
de pressão reduziriam, mais eficientemente, a necessidade de outros tipos de
suporte respiratório. Os critérios de seleção para a pesquisa incluíram trabalhos
randomizados e quase-randomizados, comparando diferentes interfaces e diferentes
geradores de fluxo para fornecimento de CPAP nasal a recém-nascidos prematuros,
que eram extubados após ventilação com pressão positiva intermitente para o
tratamento da Doença da Membrana Hialina. Os autores concluíram que as prongas
curtas bi-nasais eram mais eficientes que as prongas simples na redução da taxa de
re-intubação traqueal, e que devido ao menor requerimento de oxigênio e da menor
freqüência respiratória, as prongas curtas bi-nasais pareciam ser mais eficientes do
que as prongas nasofaríngeas. Concluíram também que, com base na literatura
produzida até agora, ainda não é possível determinar qual o modelo de pronga curta
binasal é mais eficiente.
Buettiker et al. (2004), do Hospital Universitário de Zurich, compararam em
um estudo randomizado, uma cânula nasofaríngea Vygon
®
e dois modelos de
26
prongas nasais (Hudson
®
e Infant Flow
®
), do ponto de vista do tempo de necessidade
do CPAP; freqüência de efeitos adversos e custo dos aparelhos. O tubo
nasofaríngeo era o mais econômico, custando quase a metade do valor da pronga
Hudson
®
e um quarto do valor da pronga Infant Flow
®
. Nos resultados clínicos, a
média de dias de uso de CPAP foi de 1,1 para a pronga Hudson
®
, 1,3 para os que
usaram pronga Infant Flow
®
e 0,9 para os que usaram a cânula nasofaríngea. Entre
as complicações, não foi referida a ocorrência de pneumotórax, houve uma criança
com lesão nasal leve e outra com lesão moderada entre os usuários do tubo
nasofaríngeo. Dois recém-nascidos apresentaram lesão nasal leve e uma lesão
grave no grupo Infant Flow
®
. No grupo que usou pronga Hudson
®
houve dois casos
de lesão moderada. Não houve outras complicações. Os autores concluíram que o
uso da cânula nasal é um método eficaz e seguro de se fornecer CPAP a recém
nascidos. Em relação a esse trabalho, os autores utilizaram aparelhos de ventilação
mecânica similares para o fornecimento de fluxo e para a geração de pressão nos
três grupos comparados, deste modo anularam as variáveis confundidoras,
focalizando na interface do sistema, que era a única diferença entre os grupos.
No Royal Women’s Hospital de Melbourne, Austrália, serviço com mais de 10
anos de experiência com pronga nasal simples, Davis et al. (1998), influenciados
pelos relatos de superioridade em relação a pronga Hudson
®
, realizaram um trabalho
randomizado comparando o sucesso na extubação e os resultados a médio prazo,
em recém nascidos com peso de nascimento extremamente baixo. Foram incluídas
todas as crianças com menos de 1000 gramas de peso de nascimento, independente
do tempo de uso de ventilação mecânica, que usavam freqüência respiratória do
27
aparelho 20 ciclos por minutos, FiO
2
<50% e que tinham condições de extubação,
segundo indicação médica. Após receber uma dose de aminofilina, os bebês eram
destinados aleatoriamente para uma modalidade de CPAP nasal. Quarenta e seis
crianças usaram a pronga simples Portex
®
e 41 usaram a pronga binasal Hudson
®
.
Ambos os grupos usaram o ventilador mecânico como fonte de fluxo e gerador de
pressão. A pressão inicial era de 7 cmH
2
O, que era reduzida de acordo como estado
do paciente. Considerava-se insucesso na extubação: mais de 6 episódios de apnéia
em um período de 6 horas, um episódio de apnéia que precisasse de ventilação com
máscara, necessidade de incremento da FiO
2
> 15% ou PCO2 > 50 mmHg. No grupo
que usou a pronga Hudson
®
, 24% tiveram insucesso na extubação, contra 57% no
grupo que usou tubo Portex
®
. Quando considerados os menores de 800 gramas, 4
dos 17 pacientes (24%) que usou pronga Hudson
®
tiveram insucesso na extubação ,
contra 14 de 16 pacientes (88%) no grupo Portex
®
. Contudo, não houve diferença
significativa na incidência de Displasia Broncopulmonar, Hemorragia Cerebral,
Sepse, tolerância alimentar, ganho de peso e dias de internação em UTI neonatal.
Os autores concluíram que a pronga Hudson
®
é mais eficiente na extubação de
pacientes de extremo baixo peso.
A UTIN do Instituto Gaslini, da Universidade de Génova, na Itália, usava
a cânula nasofaríngea simples, como interface do sistema de CPAP, desde 1977.
Posteriormente, começou a usar o Infant Flow Driver (IFD) como alternativa de
fornecimento de CPAP em recém nascidos, no ano de 1997. Percebendo que os
bebês pareciam melhorar mais rapidamente e pareciam precisar menos de
ventilação mecânica, Mazzella et al. (2001), realizaram um estudo prospectivo,
28
randomizado e controlado, de dois anos de duração, comparando o IFD com o CPAP
nasal com pronga simples no tratamento de prematuros com DMH. Todas as
crianças com menos de 12 horas de vida e Idade Gestacional inferior a 36 semanas,
que tinham indicação de CPAP nasal por critérios clínicos e ou gasométricos, eram
consideradas adequadas para participar do estudo. Recém-Nascidos com asfixia
grave, malformações maiores, doenças neuromusculares, sepse grave, persistência
de canal arterial ou apnéia grave, não eram incluídos na pesquisa. Um total de 36
crianças foram designadas aleatoriamente em dois grupos. As diferenças entre
ambos os grupos foram avaliadas usando o teste Fisher e pelo teste t. O grupo que
usou o IFD requereu menos oxigênio e obteve melhora mais rápida da freqüência
respiratória. Além disso, a probabilidade de não precisar de oxigênio às 48 horas de
vida foi maior que no grupo CPAP nasal com pronga simples. Não houve diferença
estatística em relação à saturação de O
2
, PaCO
2
, freqüência cardíaca, pressão
arterial média ou necessidade de incremento da pressão de distensão contínua.
Noventa e quatro por cento dos pacientes do grupo IFD tiveram sucesso na
extubação, contra 72% no grupo controle. Duas crianças do grupo que usou CPAP
nasal convencional, e que tinham critério de intubação, devido a hipoxemia, foram
colocadas no IFD apresentando melhora e evitando a ventilação mecânica. No
entanto, este é mais um trabalho que apresenta viés de confundimento. Não é
correto extrapolar estes resultados para todas as prongas simples, pois fica difícil
atribuir os resultados deste trabalho a quaisquer componentes do sistema de CPAP,
uma vez que o grupo que recebia CPAP nasal com cânula simples utilizou, como
fonte de gás, um fluxômetro, e como gerador de pressão, o sistema de selo de água.
29
Isso quer dizer que os grupos diferiam na fonte de gás, no tipo de pronga e no
gerador de pressão. Qualquer desses componentes, de maneira isolada, pode ser
responsável pelos resultados. Tanto as variações de fluxo, como o gerador de
pressão de selo de água podem propiciar instabilidade da pressão oferecida ao
paciente (Lima, 2004).
Stefanescu et al. (2003), da Wake Forest University, vendo que o IFD ganhava
ampla difusão na Europa e nos Estados Unidos, não obstante a falta de evidências,
segundo os autores, decidiram realizar um trabalho randomizado e controlado, de
três anos de duração, comparando o IFD com o CPAP nasal tradicional que usava
um ventilador mecânico como fonte de fluxo e gerador de pressão, e como interface,
usava prongas binasais curtas da marca Inca
®
. O objetivo principal era comparar o
sucesso na extubação, definido como a não necessidade de re-intubação por 7 dias,
em recém nascidos com peso de nascimento inferior a 1000 gramas. O objetivo
secundário era comparar a evolução, a médio prazo, em ambos grupos. Os critérios
de inclusão consistiam em ter peso de nascimento inferior a 1000 gramas, ter
condições clínicas de extubação e possuir o consentimento escrito por parte dos pais
ou responsável. No período de 1997 a 2000, 162 crianças preencheram esses
critérios e foram aleatoriamente designadas em dois grupos, não havendo diferença,
estatisticamente significativa, entre os grupos em relação à idade gestacional, peso
de nascimento, uso antenatal de corticóide, uso pós-natal de surfactante ou
avaliação de risco, pelo escore CRIB. Não houve diferença, estatisticamente
significativa, no sucesso da extubação (61,5% no grupo IFD e 61,9% no grupo CPAP
nasal convencional). Dentre os pacientes que não toleraram a extubação, não houve
30
diferença no tempo que demoraram antes de retornar à ventilação mecânica, nos
dois grupos estudados. Em relação aos resultados a médio prazo, não houve
diferença estatística entre os grupos, quando se avaliou a mortalidade, a freqüência
de displasia broncopulmonar e os dias de necessidade de uso de CPAP. Os autores
concluíram que o IFD é um método eficiente de aplicação de CPAP em prematuros
extremos, porém não superior ao CPAP nasal convencional.
O recrutamento alveolar e o padrão respiratório foram comparados para três
dispositivos de CPAP nasal na Universidade de Camdem, Nova Jersey (Courtney,
2001). Foram incluídos todos os prematuros com peso inferior a 1800 gramas, em
uso de CPAP por apnéias ou por desconforto respiratório moderado (n= 32). Cada
criança foi colocada nos três sistemas em ordem aleatória. As três modalidades de
CPAP nasal foram: a) pronga nasal Inca
®
, usando ventilador mecânico como fonte de
fluxo e gerador de pressão, b) cânula nasal Salter
®,
usando também ventilador
mecânico como fonte de fluxo e gerador de pressão e c) Aparelho de fluxo variável
Infant Flow Medi Corp
®
, com pronga da mesma marca, associada ao aparelho. A
expansão torácica era medida com fitas colocadas ao redor do tórax e a pressão
esofagiana, medida com o auxilio de cateteres específicos. Os pacientes foram
submetidos, em cada aparelho, a pressões de 8,6,4 e 0 cmH
2
O. O volume pulmonar
diminuiu com a diminuição da pressão, em todos os aparelhos. O recrutamento
alveolar foi igual para a pronga Inca
®
e a cânula nasal, porém, maior para o Infant
Flow Medi Corp
®.
Não houve diferenças no volume corrente, entre os três aparelhos.
Os autores concluíram que a cânula nasal e as prongas nasais curtas promovem
igual recrutamento alveolar e que este é menor que o obtido com o Infant Flow Medi
31
Corp
®
. Cabem aqui duas críticas ao trabalho: em primeiro lugar, o aumento do
diâmetro torácico nem sempre é sinônimo de maior recrutamento, uma vez que pode
ser produto de hiper insuflação pulmonar; em segundo lugar, estes resultados não
podem ser extrapolados para todas as prongas nasais curtas.
As apnéias da prematuridade acontecem em crianças nascidas com menos
de 34 semanas de Idade Gestacional, e o mais freqüentes e intensas, quanto
menor a Idade Gestacional. Classicamente, estas apnéias são tratadas com
metilxantinas ou com CPAP nasal, contudo, alguns prematuros com apnéia da
prematuridade que estão em tratamento com CPAP nasal, mesmo em associação
com metilxantinas, apresentam episódios freqüentes de apnéia e requerem
intubação e ventilação mecânica, com todos os efeitos adversos que isto implica.
Considerando que adultos e crianças maiores, com as mais variadas doenças
pulmonares, se beneficiam da ventilação com pressão positiva intermitente oferecida
via interface nasal (VPPIN), tentou-se aplicar esta técnica a prematuros extremos.
Lemyre, Davis e de Paoli (2003), realizaram uma revisão sistematizada para a base
de dados Cochrane, com o objetivo de verificar se o tratamento com VPPIN, em
prematuros com apnéia recorrente diminuiriam os episódios de apnéia e a incidência
de intubação nos pacientes em uso de CPAP nasal. Para este fim, os três autores
selecionaram, independentemente, trabalhos randomizados e quase randomizados
na base de dados Medline. Os trabalhos totalizaram 54 pacientes e os autores
concluíram que a Ventilação com Pressão Positiva Intermitente por via nasal pode
ser um método útil para se evitar a intubação desses pacientes. Cabe aqui o
comentário de que, em conseqüência dos rijos critérios de inclusão, esta metanálise
32
envolveu apenas dois trabalhos, contudo, a perspectiva é de que esta modadlidade
ventilatória cobre força também em neonatologia (Suguihara e Lessa, 2005;
Procianoy e Leone, 2004; Halliday, 2004).
O insucesso na extubação precoce dos prematuros com peso de nascimento
inferior a 1000 gramas é, também, um fato freqüente, e é atribuído a atelectasias
alveolares ou falência na mecânica respiratória. Estes pacientes podem apresentar
episódios de apnéias, acidose respiratória, quedas freqüentes da saturação e
incremento das necessidades de oxigênio (Davis et al., 1998). Isto torna necessária a
re-intubação e a continuidade da ventilação mecânica intermitente, com os aumentos
conseqüentes da morbidade e dos custos hospitalares. Mais recentemente surgiram
estudos fornecendo evidências de que, o uso de VPPIN poderia prevenir o insucesso
na extubação de prematuros extremos. Jackson et al. (2003), do serviço de
neonatologia da Universidade de Missouri – Kansas, testaram a introdução da VPPIN
nesse centro, usando a proposta de mudanças do Vermont Oxford Network
Collaborative. Esta proposta consiste em ciclos curtos de mudanças, com objetivos e
metas bem definidas e com uma cuidadosa observação dos resultados. No primeiro
ciclo, de três meses de duração, a VPPIN foi aplicada em todos os prematuros
extremos extubados e colocados em CPAP nasal, mas que apresentavam critérios
de re intubação. A VPPIN foi aplicada com prongas nasofaríngeas longas
Neotech
®
, e utilizando ventilador mecânico como fonte de fluxo e gerador de
pressão. Foram incluídos 8 prematuros, sendo que todos eles estavam em uso de
cafeína endovenosa. Sete deles (88%) apresentaram melhora radiográfica;
diminuição da PCO
2
sanguínea; diminuição importante dos episódios de apnéia e
33
das quedas da saturação. Apenas uma criança precisou de re-intubação. Os
resultados foram informados a toda a equipe e foi mudado o protocolo de tratamento
da “falha de extubação” de prematuros extremos. No segundo ciclo (4 meses de
duração), com os conhecimentos e experiências do primeiro ciclo, foi testada uma
pronga naso-faríngea curta. Deste modo, todos os pacientes que recebiam VPPIN
com pronga longa e apresentavam episódios de apnéia ou dessaturações eram
submetidos à troca de pronga por uma naso-faríngea curta. Ao mesmo tempo, foram
distribuídos questionários entre os dicos, enfermeiras e fisioterapeutas para que
atribuíssem uma nota para cada tipo de pronga. Foram incluídos 12 prematuros, com
peso entre 500 e 1200 gramas; oito deles apresentaram importante diminuição das
apnéias e das quedas da saturação, além de apresentar menor distensão abdominal
que com as prongas longas. Os 4 pacientes que precisaram ser re-intubados,
mesmo após a troca da pronga, foram extubados 24 horas após e colocados em
VPPIN com pronga curta, com sucesso; os questionários respondidos pelos
profissionais assistentes mostraram clara preferência pela pronga naso-faríngea
curta. No terceiro ciclo (1 mês de duração), foi avaliado o impacto dessa mudança no
serviço. Foram obtidos, por sorteio, 10 prontuários de pacientes menores de 1000
gramas, nascidos após a instalação da mudança. Noventa por cento deles
precisaram de VPPIN, e, quando comparados pacientes do mesmo peso antes e
após a mudança, a duração da intubação endotraqueal foi de 27±20 dias e 17±17
dias respectivamente. Houve também significativa diminuição no número de
prematuros extremos que recebia alta hospitalar em uso de oxigênio (75% e 47%
34
respectivamente). Este trabalho somou evidências de que a VPPIN pode ser uma
ferramenta de grande valor em neonatologia.
Hoje, com as vantagens e desvantagens descritas para cada modalidade de
interface de conexão da CPAP, as prongas nasais curtas, de menor resistência ao
fluxo do que as longas, e, aparentemente melhor efeito terapêutico, vêm sendo
utilizadas por um número maior de adeptos (Miranda e Almeida, 1998). E, mesmo
quando falamos de prongas curtas binasais, existe, na atualidade, uma ampla
variedade delas destinadas ao fornecimento de CPAP nasal em neonatos. Contudo,
ainda é escassa a informação comparando as mesmas (De Paoli et al., 2002;
Hoeven, Brouwer e Blsnco, 1998).
Rego e Martinez (2000), realizaram um trabalho prospectivo e randomizado
comparando as prongas das marcas Hudson
®
e Argyle
®
. Um total de 99 prematuros,
com peso inferior a 2500 gramas, foram, randomicamente, alocados para o uso de
uma ou outra marca. Foi comparado o número de vezes em que a pronga ficava fora
das narinas; o tempo de necessidade de uso de CPAP nasal; as freqüências
cardíaca e respiratória; o grau de desconforto respiratório; a gasometria; a presença
de distensão abdominal e o grau de traumatismo das narinas. Os autores concluíram
que as duas marcas tinham igual eficiência do ponto de vista clínico, mas que as
prongas da marca Argyle
®
apresentavam maior dificuldade de permanecer nas
narinas dos pacientes com atividade normal, além de causar, mais freqüentemente,
hiperemia nasal, considerado como o primeiro sinal de traumatismo das narinas.
35
3. OBJETIVOS
36
4.1 Objetivo geral:
O objetivo geral do presente estudo foi o de realizar uma análise laboratorial,
morfológica e funcional dos dois dispositivos de CPAP nasal utilizados no Distrito
Federal para uso neonatal.
4.2 Objetivos específicos:
Medir o comprimento e os diâmetros interno e externo de todas as peças
de ambos os aparelhos.
Avaliar o peso dos dois sistemas de CPAP nasal.
Com o aparelho em funcionamento, medir, simultaneamente, a pressão
gerada pelo resistor, a pressão na pronga nasal e a pressão lida no local
onde o fabricante orienta que a mesma seja medida, tanto no aparelho
marca Hudson
®
quanto no marca Inca
®
. Realizar esta verificação com
diferentes fluxos de gás.
Na hipótese de existirem diferenças de pressão entre os diferentes pontos,
comparar estas diferenças entre as marcas de ambos os fabricantes.
Avaliar as características do fluxo de ar nos diferentes segmentos de cada
um dos aparelhos estudados.
37
4. MATERIAIS E MÉTODOS
38
Foram testados aparelhos de CPAP nasal das marcas Hudson
®
(Hudson
RCI, Temecula, Califórnia, USA) e Inca
®
(Ackrad Laboratories, Inc., Cranford , NJ,
USA). Para evitar que, eventualmente, o dispositivo de uma das marcas comparadas
estivesse com defeito de fabricação ou de uso, testamos três sistemas novos de
cada fabricante.
Apesar da existência de diferentes números de pronga INCA (7,5; 9,0; 10,5;
12,0 e 15,0) e Hudson® (0, 1, 2, 3 e 4), foram utilizadas, inicialmente, apenas as
prongas de menor tamanho, isto é, “0” no sistema Hudson e “7,5” no sistema INCA.
Os diâmetros interno e externo, bem como o comprimento de cada peça do
aparelho, foram medidas com um Paquímetro digital Mitutoyo
®
modelo digimatic
caliper, SP, Brasil. Cada dispositivo foi pesado, utilizando uma balança eletrônica de
marca Filizola
®
, com intervalos de 5 gramas. Para as aferições das pressões, cada
sistema foi montado de acordo com a indicação do fabricante. A mangueira
corrugada aferente foi conectada a um fluxômetro de ar comprimido, marca White
Martins, Brasil, previamente calibrado, conectado a um cilindro de ar comprimido.
Foram realizadas as aferições com fluxos de dois, quatro, seis, oito, dez, doze e
quatorze litros por minuto. Para garantir o fluxo aferente exato, foi conectado,
previamente à mangueira aferente, um pneunotacógrafo, integrado a um polígrafo
(7C GRASS
®
, Instrument Co QUINCY - MASS, USA), permitindo assim a leitura
do fluxo oferecido em tempo real. Para maior exatidão, o fluxo foi medido em
mililitros por segundo e, posteriormente, convertido a litros por minuto. Do polígrafo,
39
os sinais foram exportados para um dulo condicionador de sinais biológicos
desenhado para a medida da mecânica ventilatória (EMGYSISTEM DO BRASIL, São
José dos Campos, São Paulo, Brasil) e posteriormente enviados para um
microcomputador onde, através de um conversor analógico-digital (CAD 1232
LYNX Tecnologia Eletrônica, São Paulo, Brasil) eram digitalizados para
armazenamento e posterior análise dos dados.
Na extremidade da mangueira eferente ao circuito, foi conectado a um resistor
de mola marca Schinköeth
®
(Schinköeth
®
Brasília, Brasil), para gerar uma pressão de
5 cm de H
2
O, pois esta é a pressão inicial mais comumente oferecida aos recém
nascidos em CPAP nasal.
A pressão (cmH
2
O) foi simultaneamente medida em três pontos (ver figuras 1
e 2), no ramo nasal proximal da pronga (Ponto A), que é a pressão no ponto de
interface com o doente (o ramo nasal distal foi ocluído), no portal do circuito
específico para este fim (Ponto B), que é o local recomendado pelo fabricante para
se aferir a pressão, e no resistor, que é o gerador de pressão no sistema (ponto
PEEP). O registro das pressões foi feito através de transdutores absolutos de
pressão conectados a um polígrafo (7C GRASS®, Instrument Co QUINCY -
MASS, USA) que exportava os dados para um micro computador, como detalhado
acima. Foram realizadas oito aferições para cada fluxo e para cada um dos três
circuitos de cada fabricante. Após cada aferição, a PEEP era zerada no resistor e re-
calibrada em 5 cmH
2
O.
Posteriormente, foram realizadas oito aferições para cada marca, utilizando a
pronga de maior tamanho e com fluxo de 14 litros por minuto.
40
A analise estatística foi realizada utilizando o programa Microsoft Excel 2000.
B
A
41
Figura 1. Aparelho Hudson
®
de CPAP nasal mostrando, da direita para a
esquerda: mangueira corrugada inspiratória, joelho de conexão do ramo
inspiratório com a pronga, pronga nasal com ramos nasais proximal (ponto A)
e distal, joelho de conexão com o ramo exalatório contendo a porta específica
para conectar manômetro (ponto B) e mangueira corrugada exalatória que é
conectada ao gerador de pressão.
A
B
42
Figura 2. Aparelho Inca
®
de CPAP nasal mostrando da direita para esquerda:
mangueira corrugada inspiratória, adaptador, continuação da mangueira corrugada
do ramo inspiratório, pronga nasal com ramos nasais proximal (ponto A) e distal,
mangueira corrugada exalatória, peça específica para conexão do manômetro (ponto
B) e continuação da mangueira corrugada exalatória que é conectada ao gerador de
pressão.
5. RESULTADOS
43
O sistema Hudson
®
completo pesou 55 gramas e a pronga isolada pesou 5
gramas. O sistema Inca
®
pesou 50 gramas completo, enquanto que o peso da
pronga foi de 5 gramas.
As medidas dos componentes de cada sistema são apresentados a seguir
(figuras 3 a 11).
44
FIGURA 3 – MEDIDAS DA PRONG NASAL NÚMERO 0 DA MARCA HUDSON
®
45
FIGURA 4 – MEDIDAS DA PRONG NASAL NÚMERO 4 DA MARCA HUDSON
®
46
FIGURA 5 MEDIDAS DO JOELHO DE CONEXÃO COM O RAMO INSPIRATÓRIO
DO APARELHO DE CPAP NASAL MARCA HUDSON
®
47
FIGURA 6 MEDIDAS DO JOELHO DE CONEXÃO COM O RAMO EXALATÓRIO
DO APARELHO DE CPAP NASAL MARCA HUDSON
®
48
FIGURA 7 MEDIDAS DAS MANGUEIRAS CORRUGADAS DO APARELHO DE
CPAP NASAL MARCA HUDSON
®
49
FIGURA 8 – MEDIDAS DA PRONG NASAL NÚMERO 7,5 DA MARCA INCA
®
50
51
FIGURA 9 – MEDIDAS DA PRONG NASAL NÚMERO 15 DA MARCA INCA
®
52
FIGURA 10 MEDIDAS DA PEÇA PARA CONEXÃO DO MANÔMETRO DO
APARELHO DE MARCA INCA
®
53
FIGURA 11 MEDIDAS DAS MANGUEIRAS CORRUGADAS DO APARELHO DE
CPAP NASAL MARCA INCA
®
54
TABELA 1 – RESUMO DAS PRINCIPAIS MEDIDAS DAS PEÇAS DOS
SITEMAS DE CPAP NASAL INCA
®
E HUDSON
®
MENOR DIÂMETRO
INTERNO EM
MILÍMETROS
MAIOR
DIÂMETRO EXTERNO
EM MILÍMETROS
Mangueiras Hudson
®
11 14
Mangueiras INCA
®
10,2 13,7
Pronga Nasal Hudson
®
6,5 8,5
Pronga Nasal INCA
®
6 12,6
Ramo Nasal da Pronga
Hudson
®
0
2,5 3,5
Ramo Nasal da Pronga
Hudson
®
4
4,5 5,5
Ramo Nasal da Pronga
INCA
®
7,5
1,5 2,3
Ramo Nasal da Pronga
INCA
®
15
3,5 5
Joelho Hudson
®
4,2 10,5
Em relação às pressões, foram realizadas oito aferições em cada ponto e para
cada fluxo, em três aparelhos novos da marca Hudson
®
e em três aparelhos novos
da marca Inca
®
, como descrito na seção de materiais e métodos. Contudo, utilizando
a Análise da Variância (ANOVA) ao nível de 5%, não houve diferença
estatisticamente significativa nas pressões lidas entre os diferentes aparelhos do
mesmo fabricante, quer dizer não houve diferença entre os aparelhos 1, 2 e 3 da
marca Hudson
®
nem entre os aparelhos 1, 2 e 3 da marca Inca
®
. Por este motivo, e
para evitar improveitosa repetição, serão descritos e discutidos apenas os resultados
obtidos no primeiro aparelho testado de cada fabricante.
Como pode ser evidenciado nos gráficos 1 e 2, as pressões lidas
simultaneamente, nos pontos A, B e PEEP foram diferentes, tanto no aparelho
Hudson
®
como no Inca
®
. Esta diferença se amplificou com o aumento do fluxo de ar.
55
GRÁFICO 1 - MÉDIAS DAS PRESSÕES LIDAS SIMULTÁNEAMENTE NOS
DIFERENTES PONTOS DO APARELHO DE MARCA HUDSON
®
COM
DIFERENTES FLUXOS DE AR, USANDO A PRONGA NUMERO 0.
GRÁFICO 2 - MÉDIAS DAS PRESSÕES LIDAS SIMULTÁNEAMENTE NOS
DIFERENTES PONTOS DO APARELHO DE MARCA INCA
®
COM DIFERENTES
FLUXOS DE AR, USANDO A PRONGA NÚMERO 7,5.
4,5
5
5,5
6
6,5
7
2. 4. 6. 8. 10. 12. 14.
Fluxo (Litros/minuto)
Pressão (cm de H2O)
A
B
PEEP
4,5
5
5,5
6
6,5
2. 4. 6. 8. 10. 12. 14.
Fluxo (Litros/minuto)
Pressão (cm de H2O)
A
B
PEEP
56
No aparelho de marca Hudson
®
, houve diferença estatisticamente significativa,
utilizando o teste ANOVA com alfa de 0,05, entre as pressões lidas simultaneamente
nos pontos A e PEEP, para todos os fluxos estudados. O mesmo é verdadeiro para a
pressão lida simultaneamente nos pontos A e B. Em relação às pressões lidas
simultaneamente nos pontos B e PEEP, não houve diferença estatisticamente
significativa quando se utilizou fluxos de 2 e 4 Litros por minuto, porem houve
diferença estatisticamente significativa com os demais fluxos estudados. A maior
divergência aconteceu entre as pressões lidas simultaneamente nos pontos A e
PEEP.
No aparelho de marca Inca
®
, também houve diferença estatisticamente
significativa utilizando o teste ANOVA com alfa de 0,05,entre as pressões lidas
simultaneamente nos pontos A e PEEP, para todos os fluxos estudados. O mesmo
foi também válido para a pressão lida simultaneamente nos pontos A e B. Em
relação às pressões lidas simultaneamente nos pontos B e PEEP, não houve
diferença estatisticamente significativa quando se utilizou fluxo de 2 litros por minuto,
porém houve diferença estatisticamente significativa com os demais fluxos
estudados. A maior divergência aconteceu também entre as pressões lidas
simultaneamente nos pontos A e PEEP.
A diferença de pressão entre os pontos A, B e PEEP não foi igual para os
aparelhos de ambos os fabricantes (gráficos 3,4,e 5 e tabelas 2,3 e 4).
57
GRÁFICO 3 - DIFERENÇAS DE PRESSÃO ENTRE OS PONTOS A E PEEP, PARA
DIFERENTES FLUXOS DE AR NOS APARELHOS DE MARCA HUDSON
®
E INCA
®
GRÁFICO 4 - DIFERENÇAS DE PRESSÃO ENTRE OS PONTOS B E PEEP, PARA
DIFERENTES FLUXOS DE AR NOS APARELHOS DE MARCA HUDSON
®
E INCA
®
Diferença de pressão entre os pontos
A e PEEP
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1,6
2. 4. 6. 8. 10. 12. 14.
Fluxo (Litros/minuto)
Pressão (cm de H2O)
A-PEEP Hudson
A-PEEP Inca
DIFERENÇA DE PRESSÃO ENTRE
OS PONTOS B E PEEP
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
2. 4. 6. 8. 10. 12. 14.
Fluxo (litros/minuto)
Pressão (cm de H2O)
B-PEEP Hudson
B-PEEP Inca
58
GRÁFICO 5 - DIFERENÇAS DE PRESSÃO ENTRE OS PONTOS A E B, PARA
DIFERENTES FLUXOS DE AR NOS APARELHOS DE MARCA HUDSON
®
E INCA
®
TABELA 2 – COMPARAÇÃO DAS MÉDIAS DE
DIFERENÇA DE PRESSÃO ENTRE OS PONTOS A-B NOS
APARELHOS DE CPAP NASAL HUDSON
®
E INCA
®
COM
DIFERENTES FLUXOS DE GÁS.
FLUXO
(Litros/minuto)
P A-B (cm H
2
O)
HUDSON
®
INCA
®
2 0,38 0,28
4 0,41 0,30
6 0,49 0,34
8 0,62 0,37
10 0,75 0,43
12 0,95 0,49
14 1,06 0,54
DIFERENÇA DE PRESSÃO ENTRE OS
PONTOS A E B
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
2. 4. 6. 8. 10. 12. 14.
Fluxo (litros/minuto)
Pressão (cm de H2O)
Hudson
Inca
59
TABELA 3 – COMPARAÇÃO DAS MÉDIAS DE
DIFERENÇA DE PRESSÃO ENTRE OS PONTOS
B-PEEP NOS APARELHOS DE CPAP NASAL HUDSON
®
E INCA
®
COM DIFERENTES FLUXOS DE GÁS.
FLUXO
(Litros/minuto)
P B-PEEP (cm H
2
O)
HUDSON
®
INCA
®
2 0,03 0,01
4 0,05 0,05
6 0,11 0,10
8 0,17 0,17
10 0,27 0,25
12 0,34 0,32
14 0,44 0,40
TABELA 4 – COMPARAÇÃO DAS MÉDIAS DE
DIFERENÇA DE PRESSÃO ENTRE OS PONTOS
A-PEEP NOS APARELHOS DE CPAP NASAL
HUDSON
®
E INCA
®
COM DIFERENTES FLUXOS DE GÁS.
FLUXO
(Litros/minuto)
P A-PEEP (cm H
2
O)
HUDSON
®
INCA
®
2 0,35 0,26
4 0,46 0,36
6 0,60 0,44
8 0,79 0,55
10 1 0,68
12 1,29 0,81
14 1,5 0,95
No equipamento de marca Inca
®
o fluxo de gases é predominantemente
laminar em todos os segmentos. no equipamento de marca Hudson
®
, o fluxo é
predominantemente laminar nos segmentos A-B e B-PEEP, mas se torna
predominantemente turbulento no segmento A-PEEP.
60
TABELA - 5 COMPONENTES LAMINAR E TURBULENTO DO FLUXO
NOS DIFERENTES SEGMENTOS DO SISTEMA HUDSON
®
Segmento Componentes do fluxo
Laminar Turbulento
A-B 0,19 (±0,02) 0,059 (±0,005)
B-PEEP 0,08(±0,02) 0,035 (±0,005)
A-PEEP 0,07(±0,02) 0,099 (±0,005)
TABELA - 6 COMPONENTES LAMINAR E TURBULENTO DO FLUXO
NOS DIFERENTES SEGMENTOS DO SISTEMA INCA®
Segmento Componentes do fluxo
Laminar Turbulento
A-B 0,22 (± 0,03) 0,02 (±0,00)
B-PEEP 0,07(±0,01) 0,032 (±0,005)
A-PEEP 0,13(±0,02) 0,05(±0,005)
TABELA - 7 COMPARAÇÃO DO FLUXO LAMINAR NOS DIFERENTES
SEGMENTOS DOS DOIS SISTEMAS DE CPAP NASAL.
Segmento Fluxo laminar
Hudson Inca p valor
A-B 0,19 (±0,02) 0,22 (± 0,03) 0,489
B-PEEP 0,08(±0,02) 0,07(±0,01) 0,121
A-PEEP 0,07(±0,02) 0,13(±0,02) 0,08
TABELA - 8 COMPARAÇÃO DO FLUXOTURBULENTO NOS DIFERENTES
SEGMENTOS DOS DOIS SISTEMAS DE CPAP NASAL
Segmento Fluxo turbulento
Laminar Turbulento p valor
A-B 0,059 (±0,005) 0,02 (±0,00) 0,01
B-PEEP 0,035 (±0,005) 0,032 (±0,005) 0,1
A-PEEP 0,099 (±0,005) 0,05(±0,005) 0,01
Para finalizar, foram comparadas as pressões nos diferentes pontos do
sistema, utilizando a menor e a maior pronga de cada fabricante e com fluxo aferente
de 14 litros por minuto (gráficos 6 e 7).
61
Usando prongas Hudson
®
número 0 e 4, as diferenças de pressão entre os
pontos A-B e A-PEEP, mostraram diferença estatisticamente significativa entre
ambos números de pronga. Esta diferença sempre foi inferior a 0,1 cmH
2
O.
Usando prongas Inca
®
numero 7,5 e 15, com fluxo de 14 litros por minuto, as
diferenças de pressão entre os diferentes pontos do sistema, não mostraram
diferença estatisticamente significativa entre ambos números de pronga.
GRÁFICO 6 - PRESSÕES LIDAS NOS PONTOS A, B E PEEP, COM FLUXO DE 14
LITROS POR MINUTO, UTILIZANDO PRONGAS HUDSON NUMERO 0 E 4
GRÁFICO 7 - PRESSÕES LIDAS NOS PONTOS A, B E PEEP, COM FLUXO DE 14
LITROS POR MINUTO, UTILIZANDO PRONGAS INCA NUMERO 7,5 E 15
0
1
2
3
4
5
6
7
A B PEEP
Ponto de aferição
Pressão (cm de H2O)
PRONGA 0
PRONGA 4
0
1
2
3
4
5
6
7
A B PEEP
Pontos de aferição
Preso (cm de H2O)
PRONGA 7,5
PRONGA 15
62
6. DISCUSSÃO
63
Não houve diferença clinicamente significativa entre os dois aparelhos, em
relação ao peso.O peso do sistema de CPAP nasal é importante, pois mangueiras
muito pesadas podem tracionar a pronga contra as narinas, sendo uma das causas
de lesão nasal (efeito adverso freqüente), e que pode determinar o retorno do
prematuro extremo à ventilação mecânica.
Em contrapartida, nas medidas dos componentes de cada sistema, houve
diferenças entre as duas marcas testadas (figuras 3 a 11 e tabela 1).
O fabricante do sistema Hudson
®
recomenda que a pronga número 0 seja
usada para recém nascidos com peso inferior a 700 gramas. O fabricante do sistema
Inca
®
recomenda o uso da pronga numero 7,5 para recém-nascidos nessa mesma
faixa de peso. As prongas da marca Inca
®
número 7,5 são menores e têm diâmetro
externo e interno menor ao nível do ramo nasal da pronga do que as da marca
Hudson
®
número zero. Um fator que pode alterar a eficácia de qualquer dispositivo
de CPAP nasal é o escape de ar ao redor da pronga (Courtney, 2001). Ao mesmo
tempo, prongas excessivamente grandes podem lesionar as narinas dos pacientes.
Do ponto de vista prático é útil saber que os ramos nasais da pronga Inca
®
número
7,5 têm diâmetro externo menor que os da pronga Hudson
®
número zero, pois,
dependendo das narinas do paciente, e estando ambas as marcas disponíveis, isto
pode determinar a escolha de uma delas para determinado paciente.
Como ficou evidente nos gráficos 1 e 2, os dados obtidos com este
experimento revelaram que, nos circuitos das duas marcas, acontece um aumento
64
da pressão no sentido ponto PEEP ponto A. Isto equivale a dizer que a pressão
experimenta uma queda no sentido proximal para distal ou, dito de outro modo, no
sentido do fluxo. Este achado era previsível e é condizente com a literatura a respeito
da dinâmica dos fluidos, que para se movimentar um objeto sólido sobre uma
superfície, é necessária a aplicação de uma força suficiente para vencer as forças de
atrito. De igual modo, para que um gás se movimente através de um percurso, é
necessário existir uma diferença de pressão positiva na direção do movimento. O
fluxo de gás se estabelecerá em função dessa diferença de pressão, e o seu sentido
será do ponto de maior para o de menor pressão; a pressão será, então, a força
motriz do fluxo, sem a qual não existiria movimento do gás dentro do circuito (Rocco
e Zinn, 1991). Portanto, é de se esperar que exista uma queda da pressão dentro do
sistema, no sentido do fluxo.
Embora as pressões lidas concomitantemente nos diferentes pontos
dos sistemas sejam, estatisticamente, diferentes na quase totalidade dos fluxos
oferecidos, estas diferenças poderiam não ter repercussão clínica relevante em todos
os casos. Contudo, se considerarmos como clinicamente significativa uma diferença
de pressão de 1 cmH
2
O, o equipamento da marca Hudson evidenciou uma diferença
superior a esta na pressão aferida simultaneamente nos pontos A e PEEP, com
fluxos de 10 litros por minuto ou superiores. Importante lembrar que o próprio
fabricante recomenda, no manual de instruções do aparelho, que seja utilizado um
fluxo de 5 a 10 litros por minuto. Por outro lado este dado é relevante considerando
que, contrariando as recomendações do fabricante, que orienta usar um manômetro
permanente, na maioria dos berçários da rede pública do Distrito Federal, este não é
65
utilizado no portal específico, em virtude de seu alto custo, e se considera apenas a
pressão gerada pelo resistor (ponto PEEP), acreditando-se que esta pressão é a
mesma ao nível da pronga.
Também no aparelho de marca Hudson
®
, a diferença entre as pressões lidas
simultaneamente nos pontos A e B excederam a 1 cmH
2
O, quando se utilizou fluxo
de 14 litros por minuto. Este achado sugere que, com fluxos iguais ou maiores que
14 l/min, mesmo se usando manômetro no sitio específico recomendado pelo
fabricante no monitoramento da pressão, haverá uma diferença de pressão
clinicamente significativa em relação à pressão presente na pronga nasal, que é o
sítio de interface com o paciente. A pressão na pronga será maior que aquela lida no
manômetro.
Em ambos os casos, seja usando fluxos maiores de 10 litros por minuto sem
manômetro acoplado ao sistema CPAP, seja usando fluxos superiores a 14 litros por
minuto com manômetro acoplado, a pressão na interface com o doente será maior
que aquela teoricamente oferecida ao doente. Este achado é muito importante, pois
a função do CPAP nasal é a de melhorar a Capacidade Residual Funcional e,
portanto, modificar o volume pulmonar, aumentando a complacência pulmonar por
meio do aumento do tamanho dos alvéolos; da prevenção de atelectasias e pelo
recrutamento dos alvéolos colapsados (Mariani e Carlo,1998; Brochard, 2001;
Sadeck, 2004). Contudo, se em virtude de pressão excessiva, o volume pulmonar
aumentar em demasia, pode provocar hiperdistensão alveolar e a complacência
pulmonar poderá a diminuir (Bancalari, 2001). Em condições fisiológicas, a
complacência do sistema respiratório é constante na faixa de volumes pulmonares
66
compreendidos entre 25% e 75% da capacidade vital. Abaixo e acima desta faixa,
tende a cair progressivamente. Na hiper insuflação, por exemplo, quando se
ultrapassa75% da capacidade vital, algumas regiões pulmonares atingiram o seu
ponto ximo de distensão elástica e os pulmões tornam-se menos complacentes
(ZIN 1990). A hiperdistensão alveolar pode causar aumento da pressão nos
capilares pulmonares, aumentando a resistência vascular pulmonar. Os alvéolos
serão ventilados, mas não perfundidos, com desequilíbrio da relação V/Q. Por outro
lado, pressões elevadas de CPAP podem ser transmitidas para o espaço pleural e
intrapleural, levando à compressão da veia cava superior e átrio direito, dificultando o
retorno venoso e, conseqüentemente, o débito cardíaco (Haney et al., 2001). As
manifestações clínicas dessa diminuição incluem hipotensão arterial, acidose
metabólica e taquicardia (Leone e Diniz, 2002). É necessário também lembrar que,
na vigência de hiperdistensão pulmonar, haverá ampliação da pressão em ventrículo
direito, com repercussão na pressão venosa central, o que eleva a pressão
intracraniana, em relação diretamente proporcional à pressão aplicada. Isto parece
estar relacionado à patogenia da hemorragia intracraniana, especialmente nos
prematuros extremos, que apresentam a matriz germinativa cerebral extremamente
frágil (Procianoy e Leone, 2004; Leone e Diniz, 2002). Vale a pena destacar que, o
nível de CPAP que pode causar essas alterações depende da complacência
pulmonar e, portanto, varia durante o curso da doença. Quando a complacência
pulmonar começa a melhorar, é importante ir “desmamando” o paciente do CPAP,
por meio da redução da pressão oferecida, dependendo do estágio da doença em
que o paciente se encontre e do ponto atingido na curva pressão volume,
67
diferenças de 1 e 1,5 cm de água podem ser clinicamente relevantes ( Pedersen e
Nielsen, 1994).
O incremento da PEEP o é inócuo para os prematuros. Hausdorf e
Hellwege, em 1987, realizaram um interessante estudo. A população foi formada por
10 prematuros com Doença da Membrana Hialina (DMH); após a fase aguda da
mesma, os pacientes estavam em ventilação mecânica, tinham idade gestacional
média de 34 semanas e peso médio de 2600 gramas. Todos os pacientes estavam
estáveis hemodinamicamente, sem uso de drogas vaso-ativas, com boa diurese e
com hidratação venosa de 150 mililitros por kilo de peso. Foi realizado
ecocardiograma com Doppler nos pacientes, inicialmente com PEEP de 0 cm de
água e após 6 minutos de estabilização, a PEEP era aumentada para 4 e,
posteriormente, para 8 cmH
2
O. Os autores observaram que com PPEP de 4 cmH
2
O
o fluxo sanguíneo sistêmico e pulmonar, assim como o volume de ejeção do
ventrículo esquerdo, sofriam diminuição desprezível. sob PEEP de 8 cmH
2
O, o
desempenho cardíaco piorava consideravelmente, com profunda queda do fluxo
sanguíneo sistêmico e pulmonar, diminuição importante da fração de ejeção de
ambos os ventrículos e aumento reflexo da resistência vascular sistêmica. Teria sido
interessante que os autores incrementassem a PEEP de 1 em 1 cmH
2
O, a fim de
saber se valores intermediários de PEEP, entre 4 e 8 cmH
2
O, não afetariam também
o desempenho cardíaco. Cabe considerar também, que este trabalho foi realizado
quase 20 anos, e que nesse período, as características da população neonatal
atendida mudaram enormemente em neonatologia. Atualmente o desafio nesta
especialidade consiste em melhorar a sobrevida de recém nascidos com peso
68
inferior a 1000 gramas, e, é de se esperar que esta população de pacientes seja
mais vulnerável a pequenas mudanças na PEEP. Por outro lado, a população deste
trabalho tinha superado a fase aguda da DMH, entanto que os prematuros quer
precisam de CPAP nasal normalmente estão ainda na fase aguda desta doença,
quando a complacência pulmonar ainda está diminuída e são, portanto mais
susceptíveis aos aumentos da pressão oferecida. A complacência do sistema
respiratório do recém-nascido varia entre 3 e 6 mililitros por cmH
2
O; no prematuro
com Doença da Membrana Hialina a complacência diminui para 0,5-1 mililitros/cm de
H2O (Carlo e Martin, 1986). O exagero na PEEP (superior a 5-6 cmH
2
O) pode
diminuir o volume corrente e diminuir a complacência pulmonar, levando o paciente a
hipoventilação e hipercapnia (Carlo e Martin, 1986). Tulassay et al, 1983,
demonstraram que o uso de CPAP com pressões de 6 cmH
2
O, altera a filtração
glomerular em prematuros. Tem sido relatada também uma maior incidência de
pneumotórax e pneumomediastino, em prematuros com doença da membrana
Hialina em uso de CPAP nasal, quando comparados com aqueles que não recebem
esta modalidade terapetica (Hall e Rhodes, 1975; Migliori et al., 2003).
Existe tanta preocupação com a pressão oferecida para aos prematuros por
via nasal que, inclusive, na chamada oferta de oxigênio semi-invasiva, através de
cateter nasal, recomendações de supervisão cuidadosa. Frey e Shann (2003),
advertem que cateteres nasais introduzidos 1 milímetro na narina de prematuros
extremos podem gerar PEEP incontrolada, com fluxos acima de 2 litros/minuto. Por
outro lado, em relação ao CPAP nasal, o Comitê de Estudos fetais e neonatais da
Sociedade Argentina de Pediatria orienta medir a pressão do CPAP de hora em hora
69
(COMITÉ DE ESTUDIOS FETONEONATALES-CEFEN, 2001). Neste contexto de
extrema precaução, é importante para os neonatologistas, que não dispõem de
manômetro permanente, saberem que, em se utilizando fluxos a partir de 10 litros
por minuto, a pressão presente na pronga nasal apresenta diferença clinicamente
significativa em relação a aquela gerada pelo resistor. No mesmo contexto, era de se
esperar que os fabricantes desta marca de aparelho informassem que, a partir de
fluxos de 14 litros por minuto, a pressão presente na pronga nasal é maior que
aquela lida no manômetro, e que, dependendo do estágio da doença do paciente,
essa diferença pode ser clinicamente relevante.
Chama a atenção o fato de nunca ter sido questionado, na literatura, se o sítio
de aferição da pressão no sistema faz diferença, e também que não existe a
preocupação de se saber qual o segmento do sistema que reflete melhor a pressão
ao nível da pronga, assim como a carência de recomendações internacionais a
respeito.
Como anteriormente citado, o fabricante desta marca de aparelho recomenda
que sejam utilizados fluxos de 5 a 10 litros por minuto. Contudo, embora não seja
freqüente o uso de fluxos iguais ou maiores que 10 litros por minuto no fornecimento
de CPAP nasal para recém nascidos prematuros. Esses fluxos podem ser
necessários em neonatos a termo, se é que se leva em conta a recomendação
clássica de se oferecer um fluxo que exceda três vezes o volume minuto respiratório
do paciente. Por exemplo, um recém nascido de 4,7 quilos de peso e volume
corrente de 47 mililitros, que apresente uma freqüência respiratória de 100 incursões
por minuto, precisará de CPAP nasal com fluxo superior a 14,1 litros por minuto.
70
Cabe levar em consideração também, não a instabilidade dos fluxômetros de
parede, que podem fornecer fluxo maior que aquele mostrado pela esfera de aço,
como também o incremento do fluxo de forma não proposital. Zaconeta et al. (2005),
realizaram um estudo observacional em quatro berçários da rede pública do Distrito
Federal, escolhidos aleatoriamente. Dos 32 pacientes em uso de CPAP nasal
avaliados, 10 não tinham o fluxo a ser empregado constando na prescrição.
Naqueles pacientes nos quais o fluxo a ser empregado constava na prescrição, o
fluxo observado era maior que o prescrito em 7 pacientes (32%), menor em 2 (9%) e
adequado em 13 casos (59%).
É interessante também notar que, embora fosse a expectativa do autor a
existência de discordância nas pressões lidas simultaneamente nos pontos A, B e
PEEP, esta queda na pressão entre os diferentes segmentos do circuito não foi igual
nos aparelhos de ambos fabricantes, como pode ser observado nos gráficos 3, 4 e 5
e com mais detalhes nas tabelas 2, 3 e 4.
Ao encontrarmos diferença na queda de pressão entre os aparelhos
Hudson
®
e Inca
®
, utilizando fluxos similares, podemos deduzir que ambos os
circuitos têm diferentes resistências ao fluxo de gases.
A pronga número 0 da marca Hudson
®
, tem um diâmetro interno de 6,5 mm e
comprimento de 56 mm, enquanto que a pronga 7,5 da marca Inca
®
tem diâmetro
interno de 6 mm e comprimento de 43,5 mm. A parte da pronga que faz a interface
com o nariz do paciente (ponto A) tem um diâmetro interno de 2,5 mm na pronga
Hudson número 0 e de 1,5 mm na marca Inca
®
número 7,5. Isto quer dizer que a
71
pronga Inca
®
número 7,5 é menor em todas as dimensões que a pronga Hudson
número 0.
Considerando os princípios físicos que determinam a resistência ao fluxo de
gases, podemos prever qual das prongas apresentará maior resistência ao fluxo
gasoso. Sabe-se que a pressão necessária para produzir um certo fluxo depende
diretamente do comprimento do tubo e é inversamente proporcional à quarta
potencia do raio (Rocco e Zin, 1991). Dessa forma, o raio do tubo terá grande
relevância na determinação da resistência ao fluxo. Se o comprimento for
incrementado em quatro vezes, para manter constante o fluxo, a pressão deverá ser
quadruplicada. No entanto, se o raio do tubo for reduzido à metade, a pressão
deverá ser aumentada em 16 vezes para manter o fluxo constante. Hagen e
Poiseuille sistematizaram esses dados sob a forma da equação que conhecemos
como Lei de Hagen-Poiseuille (ou, mais comumente, Lei de Poiseulle) para fluxo
laminar.
2
8
r
VL
P
=
π
µ
Onde
V
é o fluxo aéreo; L é o comprimento do tubo; r o seu raio e
µ
a
viscosidade.
Com estas informações, seria de se esperar que a pronga Inca
®
apresentasse
maior resistência ao fluxo de ar que a pronga Hudson
®
e, portanto, que as pressões
medidas em pontos distais às prongas (Pontos B e PEEP) apresentassem uma
queda nos seus valores, sendo esta queda mais significativa no aparelho de marca
Inca
®
, contudo, como ficou evidente nos resultados, embora houvesse uma queda
72
nas pressões no sentido proximal para distal em ambos os dispositivos, a diferença
de pressão entre os pontos A e B e A e PEEP, foi maior nos aparelhos da marca
Hudson
®
para todos os fluxos de gás. Esta aparente contradição pode ser
esclarecida quando se valoriza o percurso do gás, não apenas através da pronga
nasal, mas através do sistema como um todo.
No sistema Inca
®
(figura 2), o gás entra por uma mangueira sanfonada que
alterna segmentos com diâmetro interno 10,2 mm e 11,2 mm, atravessa o conector
de 7,7 mm de diâmetro, retorna à mangueira sanfonada e, após uma curva de ângulo
variável, o percurso sofre uma constrição na entrada da pronga, cujo diâmetro
interno é de 6mm na pronga número 7,5. Em seguida, o gás segue para a
mangueira sanfonada, realiza outra curva, e, neste ponto, o percurso sofre nova
constrição, na entrada da peça em T para o manômetro, cujo diâmetro interno é de
7,7 mm; finalmente o gás chega à mangueira sanfonada que irá conectada ao
gerador de pressão.
no sistema Hudson
®
, (figura 1), o gás entra por uma mangueira sanfonada,
que alterna segmentos com diâmetro interno de 11 mm e 12 mm, penetra no joelho
do ramo inspiratório e, aqui, o percurso sofre uma constrição inicial onde o diâmetro
reduz para 8mm; realiza um angulo de 45 graus e apresenta uma segunda queda do
diâmetro, desta vez para 4,1mm. O gás se dirige, então, para a entrada da pronga,
cujo diâmetro interno é de 6,5mm. Posteriormente o gás penetra no joelho do ramo
exalatório onde o percurso sofre diminuição do diâmetro para 4,2mm, realiza um
angulo de 45 graus e aumenta o diâmetro para 8 mm. Finalmente o gás sugue para a
mangueira sanfonada, que irá conectada ao gerador de pressão.
73
Independente do aparelho a ser utilizado, a pressão que realmente importa é a
do ponto A, que é a interface com o paciente. Esta pressão dependerá do fluxo de
gases e da resistência que o mesmo encontrar. Considerando que a pronga Hudson
®
número 0 tem diâmetro interno e comprimento maior que a pronga Inca
®
número 7,5,
e levando em conta que as mangueiras sanfonada da marca Hudson
®
têm maior
diâmetro interno que as da marca Inca
®
, faz sentido pensar que o ponto de
incremento da resistência no aparelho Hudson
®
se encontre no joelho exalatório.
Para confirmar esta hipótese, foram analisadas as características do fluxo de ar em
cada segmento dos aparelhos.
A relação entre a diferença de pressão entre dois pontos de um tubo e o fluxo
de gases através do mesmo representa a resistência da via aérea (Rva) entre esses
dois pontos.
Rva = (PA – PB)/Fluxo
PA: Pressão na entrada do segmento
PB: Pressão na saída do segmento
A resistência aumenta com a elevação do fluxo. Esse aumento da resistência
em função do fluxo é explicado pelas características do fluxo que se estabelece
dentro do circuito. Para baixos fluxos, as moléculas de gás se movimentam em
camadas concêntricas. A camada em contato com a parede do tubo apresenta
velocidade zero, enquanto que as demais deslizam entre si, ordenadamente,
74
seguindo o mesmo sentido e direção, alcançando velocidade máxima no centro do
tubo; este tipo de fluxo se denomina laminar. Com o aumento do fluxo, as moléculas
de gás não mais fluem em paralelo, mas se desintegram, e apresentam
movimentação desalinhada, com trajetórias diferentes; a esse comportamento
randômico das linhas de fluxo denomina-se fluxo turbilhonar. A pressão necessária
para manter esse fluxo é consideravelmente maior do que quando o fluxo é laminar.
(Rocco e Zin, 1991).
No caso de fluxo turbulento, a equação que relaciona a queda de pressão
entre dois pontos de um tubo e o fluxo através do mesmo é dada por:
2
21 FluxoKFluxoKPBPA +=
(equação de Rohrer).
As constantes K
1
e K
2
representam os componentes da resistência para fluxo laminar
e turbulento respectivamente. A partir da equação anterior, podemos dividir cada
componente pelo fluxo (Zin, 1990):
Fluxo
FluxoK
Fluxo
FluxoK
Fluxo
PBPA
2
21
+
=
portanto,
FluxoKKRva += 21
Aqui chegamos à equação da reta (y = a + bx).
75
Com os dados conseguidos é possível obter, através da regressão linear
múltipla, o componente de fluxo laminar e de fluxo turbulento para cada segmento do
circuito em ambas marcas de aparelhos, que é o que foi feito (Tabelas 5 e 6).
Fundamentado nos princípios de mecânica dos fluidos, o autor
interpretou que o aumento na turbulência no segmento A-PEEP, que é o trajeto de
maior turbulência do circuito Hudson
®
, se deve às características físicas do joelho
que conecta a pronga nasal com o ramo exalatório. Nesta peça, o percurso sofre três
acidentes (figura 6): uma diminuição de 35% no seu diâmetro, uma curva com angulo
de 90º e uma bifurcação. Qualquer um destes acidentes de forma isolada é capaz
de aumentar a resistência ao fluxo de ar. Nos tubos com curvatura, o fluxo que
inicialmente é maior no centro do tubo, posteriormente se move em direção à parte
externa da curva, ocorrendo retardo do fluxo próximo à parede. Isto propicia o
estabelecimento de um fluxo secundário, e o perfil de velocidade axial no plano de
curvatura é distorcido. Essa movimentação requer energia, de modo que maior
pressão será necessária para que haja fluxo na parte do tubo que apresenta a
curvatura (Rocco e Zin, 1991). Na presença de bifurcações no trajeto, o fluxo
principal se subdivide e apresenta novas camadas limites próximas à parede interna,
sendo a velocidade máxima de fluxo na parede externa; durante a subdivisão do
fluxo, se estabelecem fluxos secundários com formação de redemoinhos locais e
incremento da resistência (West, 1996). A importância da redução do diâmetro do
percurso já foi discutida anteriormente.
76
Recentemente foi realizado um trabalho com o objetivo de aferir a pressão
faríngea de prematuros em uso de CPAP nasal com pronga Hudson, utilizando o
sistema de selo de água como gerador de pressão (De Paoli et al., 2005). A idade
média dos pacientes foi a de 14 dias, com idade gestacional média de 30,6 semanas
e peso médio de 1151 gramas. Cateteres French Nº 6, duplo lúmen, foram
introduzidos através da boca (7 pacientes) ou nariz (4 pacientes). O posicionamento
na abertura da faringe era confirmado pela observação de um aumento da pressão
quando a abertura distal do cateter entrava no esfíncter esofágico superior, momento
no qual o cateter era levemente retraído. Os transdutores de pressão mediam a
pressão na extremidade externa, por dois canais. A saída era amplificada,
digitalizada e gravada, usando um software específico, e observada em tempo real.
Antes de cada estudo, o sistema era calibrado usando-se um manômetro de água.
As pressões faríngeas foram medidas com a boca dos pacientes na posição passiva
e de fechamento ativo, com pressões do dispositivo de CPAP variando entre 3-8
cmH
2
O. A pressão na pronga Hudson
®
era medida simultaneamente com outro
transdutor. O teste t simples para amostras pareadas, com intervalo de confiança de
95%, foi usado para comparar as diferenças. Com a boca em posição passiva, a
pressão faríngea tendia a ampliar com os aumentos da PEEP. O fechamento ativo
da boca resultava em incremento da pressão faríngea. A média da pressão faríngea
sempre aumentou com o incremento do CPAP, embora este aumento não fosse
significativo em todas às vezes. A média da queda de pressão do ponto específico
para o manômetro da pronga Hudson para a faringe foi de 3,2 cmH
2
O com a boca
em posição passiva e de 2,2 cmH
2
O com a boca fechada. Fica claro que a amostra é
77
pequena para se fazer inferências de grande valor clínico, contudo o trabalho é
relevante. Mais uma vez, cabe aqui o comentário de que estes dados não devem ser
extrapolados para todas as prongas bi-nasais curtas, como freqüentemente se faz,
pois segundo o que foi mostrado no presente experimento, é provável que a queda
de pressão seja mais acentuada quando se mede a mesma nos pacientes usando a
pronga Inca
®
do que usando a pronga Hudson
®
.
Para finalizar, com o objetivo de demonstrar que o número da pronga não
influencia nos resultados deste estudo, foi realizada a comparação entre a menor e
maior pronga de cada marca apenas com fluxo de 14 litros por minuto, raciocinando
que, se com um fluxo elevado existe pouca diferença nas pressões, se espera que
com fluxos menores estas diferenças sejam mais desprezíveis ainda. Em ambas as
marcas de aparelhos a diferença entre as pressões lidas nos diferentes pontos,
usando a maior e a menor pronga de uso neonatal, foram inferiores a 0,1 cmH
2
O, o
que quer dizer que, do ponto de vista clinico, não existe diferença significativa
(gráficos 6 e 7).
Estes achados no modelo INCA
®
se justificam devido o fato de as prongas 7,5
e 15 terem o mesmo comprimento e diâmetro interno, exceto nos ramos nasais das
mesmas, onde a número 15 tem um diâmetro interno 2mm maior. Como, durante a
experimentação, o ramo nasal proximal estava conectado a um manômetro e o ramo
distal estava ocluído, isto anula as diferenças entre a prongas. As peças de conexão
e as mangueiras são idênticas.
Com relação ao sistema HUDSON
®
, embora a pronga número 4 tenha
comprimento 27 milímetros maior, e diâmetro interno 2 milímetros maior ao nível dos
78
ramos nasais em comparação com a pronga 0, ao ficar o ramo nasal proximal
conectado a um manômetro e o ramo nasal distal ocluído, a única diferença recairia
no comprimento da pronga que, como foi citado anteriormente, não exercem grande
influência na resistência ao fluxo de ar. O diâmetro interno da pronga, os joelhos de
conexão e das mangueiras, são idênticos.
Como foi observado na revisão da literatura, ainda não se chegou a um
consenso em relação ao melhor meio de se fornecer CPAP nasal de uso neonatal
(Ho et al., 2004). A maioria dos trabalhos são clínicos e não isentos de fatores de
confundimento. Nesse ponto os trabalhos experimentais controlam melhor as
variáveis. Segundo De Paoli (2003), obter medidas exatas da pressão faríngea por
tempo prolongado em RN prematuros em uso de CPAP nasal é difícil. Artefatos
devido à deglutição, movimentação e salivação tornam os registros ininterpretáveis.
As amplas variações de uso de sistemas de CPAP nasais, certamente refletem a
carência de trabalhos conclusivos ao respeito (Bowe e Clarke, 2005). Por outro lado,
no entender do autor desta dissertação, o problema consiste em que a maioria dos
trabalhos considera todas as técnicas de CPAP como se fossem apenas uma
quando comparada com a ventilação mecânica. Quer dizer, extrapolam os resultados
de determinado trabalho para todos os tipos de CPAP nasal, sem considerar, no
trabalho em questão, qual era a fonte de fluxo, qual o tipo de interface e qual o
sistema gerador de pressão.
O mesmo acontece quando se refere a prongas bi - nasais curtas. Parte-se do
principio, não comprovado, de que todas as prongas são iguais e permitem
generalizar resultados de um tipo para todos os tipos de prongas. Morley e Davis
79
(2004) referem que, dada à universalização do uso das prongas nasais, é
surpreendentemente pequeno o número de trabalhos comparando as mesmas.
Nesse contexto, o presente trabalho é inédito, na comparação de dois sistemas em
funcionamento utilizando o mesmo tipo de geradores de fluxo e pressão e
conhecendo o valor exato do fluxo aferente de gases.
80
7. CONCLUSÕES
81
1. Os aparelhos de CPAP nasal marca Hudson
®
e Inca
®
, não têm diferença
clinicamente significativa em relação ao peso dos mesmos;
2. Para tamanhos correspondentes, as prongas da marca Inca
®
o menores e
têm diâmetro externo e interno menor no nível do ramo nasal da pronga que
as da marca Hudson
®
;
3. As pressões lidas simultaneamente, nos pontos A, B e PEEP, foram
discordantes tanto no aparelho Hudson
®
como no Inca
®
, sendo que a pressão
experimenta queda no sentido do fluxo e ampliou com o aumento do fluxo de
ar;
4. O aparelho da marca Hudson evidenciou uma diferença superior a 1 cmH
2
O
na pressão aferida simultaneamente nos pontos A e PEEP com fluxos de 10
litros por minuto ou superiores;
5. No aparelho de marca Hudson
®
, a diferença entre as pressões lidas
simultaneamente nos pontos A e B excederam 1 cmH
2
O quando se utilizou
fluxo de 14 litros por minuto;
6. A discordância entre as pressões lidas simultaneamente nos pontos A, B e
PEEP foi diferente para as duas marcas de aparelhos;
7. No aparelho de marca Inca
®
o fluxo de gases é predominantemente laminar
em todos os segmentos;
82
8. No aparelho de marca Hudson
®
, o fluxo é predominantemente laminar nos
segmentos A-B e B-PEEP, mas se torna predominantemente turbulento no
trecho A-PEEP;
9. O aumento na turbulência no trecho A-PEEP do circuito Hudson
®
, se deve às
características físicas do joelho que conecta a pronga nasal com o ramo
exalatório;
10.O número da pronga não influencia nos resultados encontrados em nenhuma
das marcas de aparelhos avaliados.
83
REFERÊNCIAS
84
AHUMADA, C; GOLDSMITH, J. P.Continuous Distending Pressure.In; GOLDSMITH,
J. P; KAROTKIN, E. H. Assisted ventilation of the neonate. 3 ed. Philadelphia:
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nasal CPAP in second level neonatal disease. Assist. Inferm. Ric., v. 22, n.4, p.199-
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95
ANEXOS
96
TABELA 9 – PRESSÕES NOS DIFERENTES PONTOS DO APARELHO DE
CPAP NASAL MARCA HUDSON
®
COM PRONGA NÚMERO
ZERO E FLUXO DE 2 LITROS POR MINUTO
AMOSTRA FLUXO FLUXO PONTO DE AFERIÇÃO
PEEP A B
(ml/seg) (Litros/min) (cm de H
2
O)
1. 34,7 2,082 5,08 5,37 5
2. 34,7 2,082 5 5,37 4,95
3. 34,7 2,082 5,17 5,5 5,13
4. 34,7 2,082 4,95 5,31 4,91
5. 31,5 1,89 5,13 5,43 5,08
6. 31,5 1,89 4,95 5,37 4,95
7. 31,5 1,89 4,95 5,31 4,95
8. 31,5 1,89 4,95 5,31 4,95
TABELA 10 – PRESSÕES NOS DIFERENTES PONTOS DO APARELHO DE
CPAP NASAL MARCA HUDSON
®
COM PRONGA NÚMERO
ZERO E FLUXO DE 4 LITROS POR MINUTO
AMOSTRA FLUXO FLUXO PONTO DE AFERIÇÃO
PEEP A B
(ml/seg) (Litros/min) (cm de H
2
O)
1. 63 3,78 5 5,43 5,04
2. 63 3,78 5,04 5,5 5,08
3. 63 3,78 4,95 5,43 5
4. 63 3,78 5,08 5,56 5,13
5. 63 3,78 5,08 5,56 5,17
6. 63 3,78 4,95 5,43 5
7. 63 3,78 5,04 5,5 5,08
8. 63 3,78 4,95 5,43 5
97
TABELA 11 – PRESSÕES NOS DIFERENTES PONTOS DO APARELHO DE
CPAP NASAL MARCA HUDSON
®
COM PRONGA NÚMERO
ZERO E FLUXO DE 6 LITROS POR MINUTO
AMOSTRA FLUXO FLUXO PONTO DE AFERIÇÃO
PEEP A B
(ml/seg) (Litros/min) (cm de H
2
O)
1. 100,8 6,048 5,04 5,62 5,13
2. 100,8 6,048 5,08 5,68 5,22
3. 100,8 6,048 5 5,62 5,13
4. 100,8 6,048 5,04 5,68 5,17
5. 100,8 6,048 5,08 5,68 5,17
6. 100,8 6,048 5,08 5,68 5,17
7. 100,8 6,048 4,95 5,56 5,08
8. 100,8 6,048 5,08 5,68 5,17
TABELA 12 – PRESSÕES NOS DIFERENTES PONTOS DO APARELHO DE
CPAP NASAL MARCA HUDSON
®
COM PRONGA NÚMERO
ZERO E FLUXO DE 8 LITROS POR MINUTO
AMOSTRA FLUXO FLUXO PONTO DE AFERIÇÃO
PEEP A B
(ml/seg) (Litros/min) (cm de H
2
O)
1. 135,5 8,13 5,08 5,87 5,22
2. 135,5 8,13 5,04 5,87 5,22
3. 135,5 8,13 5,13 5,93 5,31
4. 135,5 8,13 5 5,81 5,17
5. 135,5 8,13 5,13 5,93 5,31
6. 135,5 8,13 5,04 5,81 5,22
7. 135,5 8,13 5,04 5,81 5,22
8. 135 8,1 4,95 5,75 5,13
98
TABELA 13 – PRESSÕES NOS DIFERENTES PONTOS DO APARELHO DE
CPAP NASAL MARCA HUDSON
®
COM PRONGA NÚMERO
ZERO E FLUXO DE 10 LITROS POR MINUTO
AMOSTRA FLUXO FLUXO PONTO DE AFERIÇÃO
PEEP A B
(ml/seg) (Litros/min) (cm de H
2
O)
1. 170,1 10,206 5 6,06 5,31
2. 170,1 10,206 5,04 6,06 5,31
3. 170,1 10,206 5 6 5,26
4. 170,1 10,206 5,04 6,06 5,31
5. 170,1 10,206 5,08 6,12 5,35
6. 170,1 10,206 5,04 6,06 5,31
7. 170,1 10,206 5,08 6,12 5,35
8. 170,1 10,206 4,95 5,93 5,22
TABELA 14 – PRESSÕES NOS DIFERENTES PONTOS DO APARELHO DE
CPAP NASAL MARCA HUDSON
®
COM PRONGA NÚMERO
ZERO E FLUXO DE 12 LITROS POR MINUTO
AMOSTRA FLUXO FLUXO PONTO DE AFERIÇÃO
PEEP A B
(ml/seg) (Litros/min) (cm de H
2
O)
1. 204,8 12,288 5 6,31 5,39
2. 204,8 12,288 4,95 6,25 5,31
3. 204,8 12,288 4,95 6,25 5,31
4. 204,8 12,288 5,08 6,37 5,39
5. 204,8 12,288 5,08 6,37 5,44
6. 204,8 12,288 5,04 6,31 5,39
7. 204,8 12,288 5,13 6,43 5,44
8. 204,8 12,288 5,04 6,31 5,35
TABELA 15 – PRESSÕES NOS DIFERENTES PONTOS DO APARELHO DE
CPAP NASAL MARCA HUDSON
®
COM PRONGA NÚMERO
ZERO E FLUXO DE 14 LITROS POR MINUTO
99
AMOSTRA FLUXO FLUXO PONTO DE AFERIÇÃO
PEEP A B
(ml/seg) (Litros/min) (cm de H
2
O)
1. 233,1 13,986 5,08 6,62 5,53
2. 233,1 13,986 5 6,5 5,44
3. 233,1 13,986 5,08 6,62 5,53
4. 233,1 13,986 5,13 6,68 5,57
5. 233,1 13,986 4,95 6,43 5,39
6. 233,1 13,986 5 6,5 5,44
7. 233,1 13,986 5,08 6,5 5,53
8. 233,1 13,986 5,04 6,56 5,48
TABELA 16 – PRESSÕES NOS DIFERENTES PONTOS DO APARELHO DE
CPAP NASAL MARCA HUDSON
®
COM PRONGA NÚMERO 4 E
FLUXO DE 14 LITROS POR MINUTO
AMOSTRA FLUXO FLUXO PONTO DE AFERIÇÃO
PEEP A B
(ml/seg) (Litros/min) (cm de H
2
O)
1. 233,1 13,986 5,04 6,5 5,35
2. 230 13,8 5,04 6,56 5,44
3. 230 13,8 5 6,5 5,53
4. 233,1 13,986 5,08 6,56 5,44
5. 233,1 13,986 5,04 6,56 5,39
6. 233,1 13,986 5,04 6,56 5,44
7. 233,1 13,986 5,04 6,5 5,39
8. 233,1 13,986 5,04 6,56 5,44
TABELA 17 – PRESSÕES NOS DIFERENTES PONTOS DO APARELHO DE
CPAP NASAL MARCA INCA
®
COM PRONGA NÚMERO 7,5 E
FLUXO DE 2 LITROS POR MINUTO
100
AMOSTRA FLUXO FLUXO PONTO DE AFERIÇÃO
PEEP A B
(ml/seg) (Litros/min) (cm de H
2
O)
1. 31,5 1,89 5,04 5,25 4,95
2. 31,5 1,89 5,08 5,37 5,08
3. 31,5 1,89 5,13 5,37 5,08
4. 31,5 1,89 5,08 5,37 5,08
5. 31,5 1,89 5,08 5,37 5,08
6. 31,5 1,89 5,04 5,31 5,04
7. 31,5 1,89 5,04 5,31 5,04
8. 31,5 1,89 5,04 5,31 5,04
TABELA 18 – PRESSÕES NOS DIFERENTES PONTOS DO APARELHO DE
CPAP NASAL MARCA INCA
®
COM PRONGA NÚMERO 7,5 E
FLUXO DE 4 LITROS POR MINUTO
AMOSTRA FLUXO FLUXO PONTO DE AFERIÇÃO
PEEP A B
(ml/seg) (Litros/min) (cm de H
2
O)
1. 66,2 3,972 5,04 5,37 5,08
2. 66,2 3,972 5,04 5,43 5,13
3. 66,2 3,972 5,04 5,43 5,08
4. 66,2 3,972 5,04 5,37 5,08
5. 66,2 3,972 5 5,37 5,04
6. 66,2 3,972 5 5,37 5,04
7. 66,2 3,972 5,08 5,43 5,17
8. 66,2 3,972 5,04 5,43 5,13
TABELA 19 – PRESSÕES NOS DIFERENTES PONTOS DO APARELHO DE
CPAP NASAL MARCA INCA
®
COM PRONGA NÚMERO 7,5 E
FLUXO DE 6 LITROS POR MINUTO
AMOSTRA FLUXO FLUXO PONTO DE AFERIÇÃO
PEEP A B
101
(ml/seg) (Litros/min) (cm de H
2
O)
1. 100,8 6,048 5,08 5,56 5,17
2. 100,8 6,048 5,04 5,5 5,17
3. 100,8 6,048 5 5,43 5,13
4. 100,8 6,048 5,04 5,5 5,13
5. 100,8 6,048 5 5,43 5,08
6. 100,8 6,048 5,08 5,5 5,17
7. 100,8 6,048 5,08 5,5 5,17
8. 100,8 6,048 5,04 5,5 5,17
TABELA 20 – PRESSÕES NOS DIFERENTES PONTOS DO APARELHO DE
CPAP NASAL MARCA INCA
®
COM PRONGA NÚMERO 7,5 E
FLUXO DE 8 LITROS POR MINUTO
AMOSTRA FLUXO FLUXO PONTO DE AFERIÇÃO
PEEP A B
(ml/seg) (Litros/min) (cm de H
2
O)
1. 135,5 8,13 5 5,56 5,17
2. 135,5 8,13 5 5,56 5,17
3. 135,5 8,13 5,04 5,62 5,22
4. 135,5 8,13 5,04 5,56 5,22
5. 135,5 8,13 5,04 5,56 5,22
6. 135,5 8,13 5,04 5,62 5,22
7. 135,5 8,13 5 5,5 5,17
8. 132,3 7,938 5,04 5,62 5,22
TABELA 21 – PRESSÕES NOS DIFERENTES PONTOS DO APARELHO DE
CPAP NASAL MARCA INCA
®
COM PRONGA NÚMERO 7,5 E
FLUXO DE 10 LITROS POR MINUTO
AMOSTRA FLUXO FLUXO PONTO DE AFERIÇÃO
102
PEEP A B
(ml/seg) (Litros/min) (cm de H
2
O)
1. 167 10,02 5 5,62 5,22
2. 167 10,02 5,08 5,81 5,35
3. 170,1 10,206 5,17 5,87 5,39
4. 167 10,02 5,08 5,75 5,35
5. 167 10,02 5 5,68 5,22
6. 167 10,02 5,08 5,75 5,35
7. 167 10,02 5 5,68 5,26
8. 167 10,02 5,04 5,75 5,31
TABELA 22 – PRESSÕES NOS DIFERENTES PONTOS DO APARELHO DE
CPAP NASAL MARCA INCA
®
COM PRONGA NÚMERO 7,5 E
FLUXO DE 12 LITROS POR MINUTO
AMOSTRA FLUXO FLUXO PONTO DE AFERIÇÃO
PEEP A B
(ml/seg) (Litros/min) (cm de H
2
O)
1. 201,6 12,096 5 5,81 5,31
2. 201,6 12,096 5,08 5,93 5,44
3. 201,6 12,096 5 5,81 5,31
4. 201,6 12,096 5 5,81 5,31
5. 201,6 12,096 5,04 5,87 5,35
6. 201,6 12,096 5,04 5,87 5,39
7. 201,6 12,096 5,04 5,81 5,35
8. 201,6 12,096 5,13 5,93 5,44
TABELA 23 – PRESSÕES NOS DIFERENTES PONTOS DO APARELHO DE
CPAP NASAL MARCA INCA
®
COM PRONGA NÚMERO 7,5 E
FLUXO DE 14 LITROS POR MINUTO
AMOSTRA FLUXO FLUXO PONTO DE AFERIÇÃO
PEEP A B
103
(ml/seg) (Litros/min) (cm de H
2
O)
1. 230 13,8 5,04 6 5,44
2. 230 13,8 5 5,93 5,39
3. 230 13,8 5,04 6 5,44
4. 233,1 13,986 5,08 6,06 5,53
5. 233,1 13,986 5 6 5,44
6. 233,1 13,986 5,04 6 5,44
7. 230 13,8 5 5,93 5,39
8. 230 13,8 5,08 6 5,48
TABELA 24 – PRESSÕES NOS DIFERENTES PONTOS DO APARELHO DE
CPAP NASAL MARCA INCA
®
COM PRONGA NÚMERO 15 E
FLUXO DE 14 LITROS POR MINUTO
AMOSTRA FLUXO FLUXO PONTO DE AFERIÇÃO
PEEP A B
(ml/seg) (Litros/min) (cm de H
2
O)
1. 230 13,8 5 5,87 5,31
2. 230 13,8 5,04 6 5,44
3. 230 13,8 5 5,87 5,31
4. 230 13,8 5 5,87 5,31
5. 233,1 13,986 5 5,87 5,31
6. 230 13,8 5,04 5,93 5,35
7. 230 13,8 5 5,81 5,31
8. 233,1 13,986 5,08 5,93 5,35
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