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escola preliminar, que deveria fornecer o ensino primário
laico e gratuito. Mas o governo estadual não se
encarregava de construir o prédio escolar, que ficava por
conta do município, em geral sem recursos (em parte,
vários dos grupos escolares da época foram construídos
pelas elites locais e, mais tarde, absorvidos pelo Estado
mais amplamente). O governo se responsabilizava pelo
pagamento do professor, e exigia que este fosse
normalista ou formado pela Escola Normal da Capital, e
fornecia os livros oficiais, aliás, os únicos permitidos. Essas
escolas podiam funcionar com meninas e meninos.
Duravam quatros anos, com aulas das nove da manhã às
duas da tarde. As disciplinas eram Leitura, Escrita e
Caligrafia, Moral Prática, Educação Física, Geografia
Geral, Cosmografia, Geografia do Brasil, Noções de Física,
Química e História Natural (Higiene), História do Brasil e
Leitura Sobre a Vida dos Grandes Homens, Leitura de
Música e Canto, Exercícios Ginásticos e Militares e, por
fim, Trabalhos Manuais, este últimos, então, separavam
meninas e meninos e separavam também faixas etárias de
modo específico. Os exames eram rigorosos, sempre em
dupla forma, oral e escrito. Os alunos que recebiam aulas
em suas próprias casas, com professores particulares
poderiam participar dos exames. A reunião de quatro a dez
escolas preliminares (escola ou classe) formava um grupo
escolar.
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Mas será somente a partir da década de 20, com a instalação do
capitalismo e a efetivação do processo de industrialização que se criará uma
atmosfera de otimismo e entusiasmo no campo educacional.
Alguns estudiosos da historia econômica e social Brasileira
apontam a década de 1920 como o período de passagem
de um sistema colonial, induzido, para outro, autônomo;
constitui essa década a fase de instalação do capitalismo
no Brasil, e, portanto se define como período intermediário
entre o sistema agrário-comercial e o urbano-industrial, os
dois grandes ciclos da vida econômica brasileira.
39
Tendo em vista o princípio liberal de educação onde “a escola não
deve estar a serviço de nenhuma classe, de nenhum privilégio de herança ou
38
SOUZA, R. F. de. The infancy militarism: expressions of nationalism in the Brazilian
culture. Cad. CEDES, Nov. 2000, vol.20, no.52, p.106.
39
NAGLE, J. Educação e sociedade na primeira República. Rio de Janeiro: EPU/
Fundação Nacional de Material Escolar, 1974.p. 134.