Download PDF
ads:
ADRIANO GONÇALVES VIANA
CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA DE POLISSACARÍDEOS NEUTROS E
SULFATADOS ISOLADOS DE ALGAS VERMELHAS E CINÉTICA QUÍMICA
DA REAÇÃO DE CICLIZAÇÃO EM GALACTANAS SULFATADAS.
Tese apresentada ao Curso de Pós-
Graduação em Bioquímica e Biologia
Molecular, Setor de Ciências Biológicas,
Universidade Federal do Paraná, como
requisito parcial para à obtenção do título de
Doutor em Ciências.
Orientador: Prof. Dr. Miguel Daniel Noseda
Co-orientadora: Prof
a
. Dr
a
. Maria Eugênia
Duarte Noseda
CURITIBA
2005
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
ADRIANO GONÇALVES VIANA
CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA DE POLISSACARÍDEOS NEUTROS E
SULFATADOS ISOLADOS DE ALGAS VERMELHAS E CINÉTICA QUÍMICA
DA REAÇÃO DE CICLIZAÇÃO EM GALACTANAS SULFATADAS.
Tese apresentada ao Curso de Pós-
Graduação em Bioquímica e Biologia
Molecular, Setor de Ciências Biológicas,
Universidade Federal do Paraná, como
requisito parcial para à obtenção do título
de Doutor em Ciências.
Orientador: Prof. Dr. Miguel Daniel Noseda
Co-orientadora: Prof. Dra. Maria Eugênia
Duarte Noseda
CURITIBA
2005
ads:
Adriano Gonçalves Viana
CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA DE POLISSACARÍDEOS NEUTROS E
SULFATADOS ISOLADOS DE ALGAS VERMELHAS E CINÉTICA QUÍMICA
DA REAÇÃO DE CICLIZAÇÃO EM GALACTANAS SULFATADAS.
Tese aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de
Doutor, pelo Curso de Pós-Graduação em Ciências Área de
concentração Bioquímica do Setor de Ciências Biológicas da UFPR, pela
seguinte banca examinadora:
Dedico esta tese a minha mãe Janira, ao
meus irmãos Cris e Luís e ao meu sobrinho
João Luís.
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Miguel D. Noseda e à Prof
a
. Ma. Eugênia D. Noseda, pela
orientação e ensinamentos oferecidos durante todos estes longos anos de
convivência (estágio, monitoria, iniciação científica, mestrado e doutorado),
obrigado.
Ao Prof. Marcelo Iacomini e à Prof
a
. Selma F. Z. Baggio, por terem aceito
prontamente o convite para integrarem a banca interna examinadora deste
tese.
Banca examinadora
Às Prof
as
. Nair S. Yokoya e Silvia M. P. B. Guimarães do Instituto de
Botânica do estado de São Paulo e ao Prof. José Marcos de C. Nunes da UFBA
pela coleta e identificação de algumas das algas estudadas neste trabalho.
À Rosiane, mais que uma companheira de laboratório, mais que uma
grande amiga, um modelo de caráter, respeito, competência e
profissionalismo. Você é e sempre será uma fonte de inspiração para todos
aqueles que tiverem a sorte, que eu tive, de tela ao lado. Te adoro!!!
Ao meu amIIIIgo Rodrigo Vassoler (o Vassa), por nossa amizade que se
consolidou nestes últimos anos, pelo companheirismo, pelas farras, pelos
longos papos de cantina e boteco, e por não deixar que nenhuma “pedrase
colocasse no nosso caminho. Valeu cara!!!
A Juliana, amorzinho meu, gralhinha e pipipi pipipiiii pipi pipi!!!!! Sem
você essa 248 não teria a menor graça!!!! Te adoro, você mora no meu
coração!!!!!
Ao Alan, por nossa amizade, pelas bebedeiras, caronas, festas,
academias, ensinamentos, “Dragon Mega I”, longos papos, praias e por que
não, pelas nossas brigas. Valeu garoto!!!
À Fernanda, pela amizade e pelos bons momentos, muito obrigado por
tudo, você sempre estará no meu coração e nas minhas lembranças.
À Paula, pela nossa amizade, companheirismo, conversas, risadas e
caronas. Você é uma grande amiga, te adoro!!!
Ao Diogo, ao Marco, a Luciana e ao Sérgio pela nossa amizade, pela
solidariedade, pelos ensinamentos e pelas trocas de experiências, mas
principalmente pelas boas risadas que deixavam o dia a dia muito divertido.
À Lilian, ao Luciano e à Carol, pelas festas da época da faculdade e
pelas mais recentes, pelas viagens, pelo “Dragon Mega I” e principalmente
pela nossa amizade antiga e com certeza ainda mais duradoura, valeu
galera!!!!!.
Ao Leonardo, à Giovana, à Rose Adele, ao Helisson, `a Lys, à Juliana
Ramos, ao Humberto e ao Stefan pela nossa amizade, pelas festas,
brincadeiras, companheirismo e pela sempre divertida convivência, muito
obrigado vocês são D+!!!
Ao Guilherme e à Elaine “the crazy”, por nossa amizade e risadas, mas
principalmente pelos conselhos, ensinamentos, disponibilidade e por me
transmitirem suas experiências, sempre de muita valia, obrigado.
À Ana Helena, à Carol M., ao Rodrigo Reis, ao Ricardo W., ao Thales, à
Ana Paula e à Andréia pela amizade, companheirismo, boa convivência e pelo
intensivo intercâmbio de reagentes!!!
À Angela e à Michele pelas nossas aventuras, desventuras e atividades
extra-universidade. Para um bom divertimento nada melhor que essa dupla
dinâmica!!!! Muito obrigado pela amizade e pela presença constante.
À Caxambu, cidade que nos acolheu muitas vezes e palco de muitas
histórias que renderam muitas cervejas e muitas gargalhadas. Também a
cidade natal do terrível ‘Dragon Mega II’, o bicho de nove cabeças.
À Andréia (de novo!!!), Rosane e Lauro pelas análises de GPC, GC e GC-
MS, obrigado.
Aos demais colegas do departamento de Bioquímica que de uma forma
ou de outra contribuíram nesta tese.
À D. Marilza, aos funcionários do departamento e as bibliotecárias, pela
colaboração, obrigado.
INTRODUÇÃO
OBJETIVOS
MATERIAIS E MÉTODOS
RESULTADOS E DISCUSSÃO
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANEXOS
i
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS.......................................................................................
v
LISTA DE TABELAS......................................................................................
ix
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS....................................................
xii
RESUMO............................................................................................................
xv
ABSTRACT.......................................................................................................
xvi
1. INTRODUÇÃO.............................................................................................
1
1.1. ALGAS: ASPECTOS GERAIS......................................................................
1
1.2. CLASSIFICAÇÃO DAS ALGAS...................................................................
2
1.2.1. A DIVISÃO RHODOPHYTA.......................................................................
2
1.3. A PAREDE CELULAR..................................................................................
4
1.4. AS GALACTANAS SULFATADAS..............................................................
5
1.4.1. A CLASSIFICAÇÃO DAS CARRAGENANAS..........................................
7
1.4.2. A CLASSIFICAÇÃO DAS AGARANAS....................................................
11
1.5. XILANAS.......................................................................................................
14
1.6. MANANAS E XILOMANANAS.....................................................................
16
1.7. TRATAMENTO ALCALINO E REAÇÃO DE CICLIZAÇÃO.........................
17
1.8. MECANISMO DE FORMAÇÃO DE GÉIS.....................................................
22
1.9. OBTENÇÃO DE OLIGOSSACADEOS ATRAVÉS DE HIDRÓLISE
REDUTIVA PARCIAL...........................................................................................
23
2. OBJETIVOS.................................................................................................
27
2.1. OBJETIVOS GERAIS....................................................................................
27
2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS.........................................................................
27
3. MATERIAIS E MÉTODOS........................................................................
28
3.1. MATERIAL....................................................................................................
28
3.1.1. POSICIONAMENTO SISTEMÁTICO DAS ESPÉCIES ESTUDADAS......
29
3.2. EXTRAÇÃO DOS POLISSACARÍDEOS......................................................
31
3.3. OBTENÇÃO DOS POLISSACARÍDEOS NEUTROS E SULFATADOS
(PRECIPITAÇÃO COM CETAVLON)..................................................................
31
3.4. PRECIPITAÇÃO COM KCL..........................................................................
32
ii
3.5. MÉTODOS ANALÍTICOS GERAIS...............................................................
3.5.1. DOSAGEM DE AÇÚCAR TOTAL..............................................................
32
3.5.2. DETERMINAÇÃO DO TEOR DE GRUPOS SULFATO.............................
32
3.5.3. DOSAGEM DE PROTEÍNAS.....................................................................
33
3.5.4. DOSAGEM DO TEOR DE 3,6-ANIDROGALACTOSE..............................
33
3.5.5. DETERMINAÇÃO DO TEOR DE CINZAS.................................................
33
3.5.6. DOSAGEM DE AÇÚCARES REDUTORES..............................................
34
3.5.7. POLARIMETRIA.........................................................................................
34
3.6. MÉTODOS HIDROLÌTICOS..........................................................................
34
3.6.1. HIDRÓLISE ÁCIDA TOTAL.......................................................................
34
3.6.2. HIDRÓLISE ÁCIDA TOTAL DO TIPO HIDRÓLISE REDUTIVA...............
34
3.6.3. METANÓLISE............................................................................................
35
3.7. MODIFICAÇÃO QUÍMICA DOS POLISSACARÍDEOS................................
35
3.7.1. DESSULFATAÇÂO DOS POLISSACARÌDEOS.......................................
35
3.7.2. DEGRADAÇÃO CONTROLADA DE SMITH.............................................
36
3.7.3. TRATAMENTO ALCALINO.......................................................................
36
3.7.3.1. METODO PREPARATIVO......................................................................
36
3.7.3.2. METODO ANALÍTICO.............................................................................
36
3.7.4. HIDRÓLISE REDUTIVA ÁCIDA PARCIAL OBTENÇÃO DE
OLIGOSSACADEOS........................................................................................
37
3.8. ANÁLISE DE METILAÇÃO...........................................................................
37
3.9. MÉTODOS CROMATOGRÁFICOS..............................................................
38
3.9.1. CROMATOGRAFIA DE TROCA IONICA EM DEAE-SEPHACEL ...........
38
3.9.2. CROMATOGRAFIA DE TROCA IONICA EM DEAE-
SEPHAROSE
CL-6B...................................................................................................................
38
3.9.3 CROMATOGRAFIA LÍQUIDO-GASOSA (CG)...........................................
39
3.9.4. CROMATOGRAFIA GASOSA ACOPLADA À ESPECTROMETRIA DE
MASSA (CG-EM)..................................................................................................
39
3.9.5. CROMATOGRAFIA DE EXCLUSÃO ESTÉRICA DE ALTA PRESSÃO
(HPSEC) ACOPLADA A DETECTOR DE ÍNDICE DE REFRAÇÃO
DIFERENCIAL E ESPALHAMENTO DE LUZ EM MUL
TIÂNGULOS
(MALLS)...............................................................................................................
40
iii
3.9.5.1. ANÁLISE DE HOMOGENEIDADE..........................................................
40
3.10. MÉTODOS ESPECTROSCÓPICOS...........................................................
40
3.10.1. ANÁLISES DE INFRAVERMELHO.........................................................
40
3.10.2. RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NUCLEAR..............................................
41
3.10.2.1. RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NUCLEAR DE CARBONO-
13
(RMN-
13
C).............................................................................................................
41
3.10.2.2. RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NUCLEAR
DE PRÓTON
(RMN –
1
H)...........................................................................................................
41
3.10.2.3. HMQC (HETERONUCLEAR MULTIPLE QUANTUM
CORRELATION SPECTROSCOPY)...................................................................
41
3.11. ESTUDO CINÉTICO DA REAÇÃO DE CICLIZAÇÃO................................
42
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO..............................................................
43
4.1. CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA DOS POLISSACARÍDEOS NEUTROS E
SULFATADOS ISOLADOS DE ALGAS VERMELHAS......................................
43
4.1.1. ESTRUTURA DAS XILANAS PRESENTES NAS FRAÇÕES
SOLÚVEIS............................................................................................................
49
4.1.2. ESTRUTURAS DAS XILOMANANAS SULFATADAS PRESENTES
NAS FRAÇÕES PRECIPITADAS COM CETAVLON..........................................
66
4.2. CARACTERIZAÇÃO ESTRUTURAL E ESTUDO DA CINÉTICA
QUÍMICA DA REAÇÃO DE CICLIZAÇÃO EM GALACTANAS SULFATADAS
ISOLADAS DE ALGAS VERMELHAS................................................................
93
4.2.1. EXTRAÇÂO DOS POLISSACARÍDEOS SULFATADOS..........................
94
4.2.1.1. DETERMINAÇÃO DA ESTRUTURA QUÍMICA DE ECW......................
97
4.2.1.2. DETERMINAÇÃO DA ESTRUTURA QUÍMICA DE F1 E F2..................
108
4.2.2. ESTUDO CINÉTICO DA REAÇÃO DE CICLIZAÇÃO NOS
POLISSACARÍDEOS ECW E FS2.......................................................................
119
4.2.2.1. OBTENÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DOS OLIGISSACARÍDEOS DE
F2S2.....................................................................................................................
126
4.2.2.2. ESTUDO CINÉTICO DA REAÇÃO DE CICLIZAÇÃO NOS
OLIGOSSACADEOS F-C E F-D.......................................................................
136
5.0. CONCLUSÕES........................................................................................
141
6.0. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÀFICAS..................................................
143
iv
ANEXOS............................................................................................................
158
v
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - ESTRUTURA IDEAL REPETITIVA APRESENTADA PELAS
CARRAGENANAS...............................................................................................
8
FIGURA 2 - ESTRUTURA IDEAL REPETITIVA APRESENTADA PELAS
AGARANAS.........................................................................................................
11
FIGURA 3 - ESTRUTURA QUÍMICA DA PORFIRANA....................................... 13
FIGURA 4 - ESTRUTURA DAS XILANAS ESTRUTURAIS (A E B) E
SOLÚVEIS (C) ISOLADAS DE ALGAS VERMELHAS........................................
15
FIGURA 5 - ESTRUTURA DAS MANANAS, XILOMANANAS E
GALACTOXILOMANANAS ISOLADAS DE ALGAS VERMELHAS....................
17
FIGURA 6 - REAÇÃO DE CICLIZAÇÃO EM AGARANAS (A) E
CARRAGENANAS (B)..........................................................................................
18
FIGURA 7 - INTERAÇÃO ENTRE O GRUPO SULFATO EM C-2 DA β
ββ
β-D-
GALACTOSE COM A HIDROXILA LIVRE EM C-3 DA α
αα
α-L-GALACTOSE EM
LAMBDA-CARRAGENANA (CIANCIA ET AL., 1993).........................................
20
FIGURA 8 - INTERAÇÃO ENTRE O GRUPO SULFATO EM C-4 DA β
ββ
β-D-
GALACTOSE COM OS GRUPOS SULFATO EM C-2 (A) E C-6 (B) DA α
αα
α-L-
GALACTOSE EM MU/NU-CARRAGENANAS (NOSEDA; CEREZO,
1994)......................................................................................................................
21
FIGURA 9 - PRODUTOS DE HIDRÓLISE REDUTIVA PARCIAL OBTIDOS A
PARTIR DA AGAROSE (A) E DA KAPPA-CARRAGENANA (B) CONTENDO
3,6-ANIDROGALACTOSE (USOV, 1998)............................................................
26
FIGURA 10 - ALGAS VERMELHAS G. marginata (A), G. obtusata (B), T.
cylindrica (C), T. fragilis (D), S. halliae (E), P. palmata (F), E. denticulatum
(G) E F. lumbricalis (H).......................................................................................
30
FIGURA 11 – FLUXOGRAMA DE EXTRAÇÃO DOS POLISSACARÍDEOS
DAS ALGAS Galaxaura marginata, G. obtusata, Tricleocarpa cylindrica, T.
fragilis, Scinaia halliae E Palmaria palmata.....................................................
44
FIGURA 12 - TEOR DE CINZAS DE FRAGMENTOS DA ALGA E DO
RESÍDUO FINAL APÓS EXTRAÇÃO AQUOSA DA ALGA Tricleocarpa
fragilis..................................................................................................................
46
vi
FIGURA 13 - ESPECTROS DE RMN DE C
13
DAS XILANAS CONSTITUINTES
DAS FRAÇÕES SOLÚVEIS GMs (A), GOs (B), TCs (C), TFs (D), SHs (E) e
PPs (F)...................................................................................................................
51
FIGURA 14 PADRÃO DE SUBSTITUIÇÃO DA XILANA GMs (A) E SEU
ESPECTRO DE RMN DE C
13
(B). ........................................................................
52
FIGURA 15 - ESPECTROS DE RMN DE H
1
DAS XILANAS CONSTITUINTES
DAS FRAÇÕES SOLÚVEIS GMs (A), GOs (B), TCs (C), TFs (D), SHs (E) E
PPs (F)..................................................................................................................
55
FIGURA 16 PADRÃO DE SUBSTITUIÇÃO DA XILANA GMs (A) E SEU
ESPECTRO DE RMN DE H
1
(B)...........................................................................
56
FIGURA 17 - ESPECTRO DE CORRELAÇÃO HMQC (C
13
/H
1
) DA FRAÇÃO
GOs.......................................................................................................................
58
FIGURA 18 - ESPECTROS DE FT-IR DAS FRAÇÕES TFS E GOS ANTES (A)
E APÓS METILAÇÃO (B).....................................................................................
61
FIGURA 19 UNIDADES PARCIALMEN
TE METILADAS
OBTIDAS A PARTIR DAS XILANAS CONSTITUINT
ES DAS
FRAÇÕES SOLÚVEIS..........................................................................................
63
FIGURA 20 CROMATOGRAMA DE HPSEC-MALLS DAS FRAÇÕES GM
P
(A) E TFP (B).........................................................................................................
FIGURA 21 ESPECTROS DE RMN DE C
13
* DAS XILOMANANAS
CONSTITUINTES DAS FRAÇÕES
GMp (A) e
TFp (B)..................................................................................................................
67
68
FIGURA 22 CROMATOGRAMA DE HPSEC-MALLS DAS FRAÇÕES GMp-
B (A), TFp-B (B) E TFp-C (C)...............................................................................
72
FIGURA 23 - ESPECTROS DE RMN DE C
13
DAS XILOMANANAS
CONSTITUINTES DAS SUB-FRAÇÕES GMp-B (A), TFp-
B (B)
E TFp-C (C)...........................................................................................................
74
FIGURA 24 - ESPECTROS DE RMN DE C
13
DAS FRAÇÕES GMp-B (A),
GMp-Bds (B), TFp-C (C) E TFp-Cds (D)..............................................................
78
FIGURA 25 - ESPECTROS DE RMN DE C
13
DAS FRAÇÕES TFp-B (A) E
TFp-BDS (B)..........................................................................................................
79
FIGURA 26 - UNIDADES MONOSSACARÍDICAS PRESENTES NAS
vii
XILOMANANAS DAS FRAÇÕES GMp-B, TFp-B E TFp-C, NATIVAS E
DESSULFATADAS E SEUS DERIVADOS PARCIALME
NTE
METILADOS..........................................................................................................
84
FIGURA 27 - ESPECTROS DE RMN DE C
13
* DAS XILOMANANAS
CORRESPONDENTES AS FRAÇÕES TFp (A), TFp-S (B) E TFp-Sds
(C)..........................................................................................................................
88
FIGURA 28 - ESPECTROS DE CORRELAÇÃO HMQC*
DA FRAÇÃO
TFp-Sds.................................................................................................................
89
FIGURA 29 - ESTRUTURA APRESENTA
DA PELA MANANA
CONSTITUINTE DA FRAÇÃO TFp-S (A) E DA XILOMANAN
A
CONSTITUINTE DAS FRAÇÕES GMp E TFp (B)...............................................
92
FIGURA 30 - FLUXOGRAMA DE EXTRAÇÃO DOS POLISSACARÍDEOS
DAS ALGAS Eucheuma denticulatum E Furcellaria lumbricalis....................
95
FIGURA 31 – ESTRUTURA QUÍMICA (A) E ESPECTROS DE RMN* DE H
1
(B)
E C
13
(C) DA CARRAGENANA CONSTITUINTE DA FRAÇÃO ECW.................
98
FIGURA 32 - ESTRUTURA QUÍMICA (A) E ESPECTROS DE RM
N*
DE H
1
(B) E C
13
(C) DA CARRAGENANA
CONSTITUINTE DA
FRAÇÃO ECWTA.................................................................................................
101
FIGURA 33 - PERFIL CROMATOGRÁFICO APRESENTADO PELAS
FRAÇÕES ECW (A) E ECWTA (B) MEDIANTE ANÁ
LISE POR
HPSEC-MALLS.....................................................................................................
102
FIGURA 34 UNIDADES MONOSSACARÍDICAS PARCIALMENTE
METILADAS OBTIDAS A PARTIR DAS FRAÇÕES ECW (NU/IOTA-
CARRAGENANA) E ECWTA (IOTA-CARRAGENANA)......................................
105
FIGURA 35 - UNIDADES MONOSSACARÍDICAS NÃO USUAIS PRESENTES
NOS POLISSACARÍDEOS DAS FRAÇÕES ECW (NU/IOTA-
CARRAGENANA) E ECWTA (IOTA-CARRAGENANA)......................................
106
FIGURA 36 - ESPECTRO DE FT-IR DAS FRAÇÕES ECW E ECWTA...............
107
FIGURA 37 - ESPECTROS DE RMN DE C
13
* OBTIDOS A PARTIR DAS
CARRAGENANAS CONSTITUINTES DAS FRAÇÕES F1 (1) E F2 (2)..............
110
FIGURA 38 CROMATOGRAMA DE HPSEC-MALLS APRESENTADO
PELAS FRAÇÕES FS2 (A) E F2S2 (B)...............................................................
112
viii
FIGURA 39 - ESPECTROS DE RMN DE C
13
* OBTIDOS A PARTIR DAS
FRAÇÕES FS2 (1) E F2S2 (2)..............................................................................
114
FIGURA 40 - ESTRUTURA APRESENTADA PELA MU/KAPPA- (A) E
BETA/GAMMA-CARRAGENANA (B)..................................................................
115
FIGURA 41 - ESPECTROS DE RMN DE C
13
* OBTIDOS A PARTIR DAS
FRAÇÕES FS2 (1) E FS2TA (2). .........................................................................
117
FIGURA 42 TRATAMENTO ALCALINO DAS FRAÇÕES ESTUDADAS
ECW (A) E FS2 (B)................................................................................................
120
FIGURA 43 DETERMINAÇÃO DA VELOCIDADE DA REAÇÃO DE
CICLIZAÇÃO PARA A NU-CARRAGENANA (ECW) A DIFERENTES
TEMPERATURAS.................................................................................................
121
FIGURA 44 - DETERMINAÇÃO DA VELOCIDADE DA REAÇÃO DE
CICLIZAÇÃO PARA A MU/GAMMA-CARRAGENANA (FS2) A DIFERENTES
TEMPERATURAS.................................................................................................
122
FIGURA 45 - ESPECTROS DE RMN DE C
13
DA FRAÇÃO F2S2HP..................
129
FIGURA 46 - ESPECTRO DE RMN DE C
13
DA FRAÇÃO FA.............................
130
FIGURA 47 ESPECTROS DE RMN DE C
13
DAS SUB-
FRAÇÕES FB, FC,
FD E F-E................................................................................................................
133
FIGURA 48 ESPECTROS DE RMN DE C
13
DAS SUB-FRAÇÕES FC-TA,
FD-TA E FE-TA.....................................................................................................
135
FIGURA 49 INTEGRAÇÃO DOS CARBONOS ANOMÉRICOS DAS
UNIDADES DE 3,6-ANIDRO-α
αα
α-D-GALACTOPIRANOSE PERTENCENTES A
KAPPA- E A BETA-CARRAGENANA EM FC-TA (A), FD-TA (B) E FE-TA
(C)..........................................................................................................................
136
FIGURA 50 TRATAMENTO ALCALINO NAS CARRAGENANAS DAS
FRAÇÕES FC E FD, SOB DIFERENTES TEMPERATURAS..............................
137
FIGURA 51 - DETERMINAÇÃO DA VELOCIDADE DA REAÇÃO DE
CICLIZAÇÃO NAS CARRAGENANAS DAS FRAÇÕES
FS2, FC E
FD A 70 °C............................................................................................................
139
ix
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 CLASSIFICAÇÃO DAS CARRAGENANAS DE ACORDO COM
A DISTRIBUIÇÃO DOS GRUPOS SULFATO NA UNIDADE A (MODIFICADA
DE KNUTSEN ET AL., 1994)...............................................................................
10
TABELA 2 CARACTERÍSTICAS DAS FRAÇÕES NEUTRAS (S)
E SULFATADAS (P) OBTIDAS APÓS TRATAMENTO
COM
CETAVLON..........................................................................................................
45
TABELA 3 COMPOSIÇÃO MONOSSACARÍDICA DAS FRAÇÕES
NEUTRAS (S) E SULFATADAS (P) OBTIDAS MEDIANTE TRATAMENTO
COM CETAVLON.................................................................................................
45
TABELA 4 ASSINALAMENTOS QUÍMICOS ATRIBUÍDOS AOS
CARBONOS DAS UNIDADES DE β
ββ
β-D-XILOPIRANOSE CONSTITUINTES
DAS XILANAS MISTAS (FRAÇÕES SOLÚVEIS)...............................................
53
TABELA 5 ASSINALAMENTOS QUÍMICOS ATRIBUÍDOS AOS PRÓTONS
DAS UNIDADES DE β
ββ
β-D-XILOPIRANOSE CONSTITUINTES DAS XILANAS
MISTAS (FRAÇÕES SOLÚVEIS)........................................................................
59
TABELA 6 - ANÁLISE DE METILAÇÃO, RAZÃO ENTRE AS LIGAÇÕES,
GRAU DE POLIMERIZAÇÃO (DP) E MASSA MOLECULAR DETERMIN
ADA
PARA AS FRAÇÕES SOLÚVEIS........................................................................
62
TABELA 7 - COMPOSIÇÃO MONOSSACARÍDICA DAS FRAÇÕES GMp E
TFp.......................................................................................................................
66
TABELA 8 ASSINALAMENTOS QUÍMICOS DE RMN DE C
13
* DAS
FRAÇÕES NATIVAS GMp E TFp........................................................................
70
TABELA 9 - RENDIMENTO, TEOR DE GRUPOS SULFATO E PROTEÍNAS
DAS SUB-FRAÇÕES OBTIDAS A PARTIR DE TFp E GMp MEDIANTE
CROMATOGRAFIA DE TROCA IÔNICA EM DEAE-SEPHACEL......................
70
TABELA 10 - COMPOSIÇÃO MONOSSACARÍDICA DAS SUB-FRAÇÕES
OBTIDAS A PARTIR DE TFp E GMp MEDIANTE CROMATOGRAFIA DE
TROCA IÔNICA EM DEAE-SEPHACEL.............................................................
71
TABELA 11 - ASSINALAMENTOS QUÍMICOS DE RMN DE C
13
* DAS
x
FRAÇÕES SUB-FRAÇÕES GMp-B, TFp-B E TFp-C.........................................
75
TABELA 12 - CARACTERÍSTICAS DAS SUB-FRAÇÕES GMp-B, TFp-B E
TFp-C ANTES E APÓS DESSULFATAÇÃO SOLVOLÍTICA.............................
76
TABELA 13 - ASSINALAMENTOS QUÍMICOS DE RMN DE C
13
* DAS
FRAÇÕES DESSULFATADAS GMp-Bds, TFp-Bds E TFp-Cds.......................
80
TABELA 14 - ANÁLISE DE METILAÇÃO DAS FRAÇÕES GMp-B, TFp-B E
TFp-C....................................................................................................................
81
TABELA 15 - RENDIMENTO, TEOR DE SULFATO E COMPOSIÇÃO
MONOSSACARÍDICA DAS FRAÇÕES OBTIDAS A PARTIR DE TFP
MEDIANTE DEGRADAÇÃO CONTROLADA DE SMITH (TFp-S) E
DESSULFATAÇÃO SOLVOLÍTICA (TFp-Sds)...................................................
85
TABELA 16 - ASSINALAMENTOS QUÍMICOS DE RMN DE C
13
* DAS
FRAÇÕES TFp, TFp-S E TFp-Sds......................................................................
87
TABELA 17 - ANÁLISE DE METILAÇÃO DAS FRAÇÕES TFp-
S
E TFp-Sds............................................................................................................
90
TABELA 18 - RENDIMENTO, ANÁLISES E COMPOSIÇÃO
MONOSSACARÍDICA DAS FRAÇÕES ECW, F1 E F2......................................
95
TABELA 19 - ASSINALAMENTOS QUÍMICOS DE RMN DE C
13
DAS
FRAÇÕES ECW (NU/IOTA-CARRAGENANA) E ECWTA (IOTA-
CARRAGENANA)................................................................................................
99
TABELA 20 - RENDIMENTO, ANÁLISES E COMPOSIÇÃO
MONOSSACARÍDICA DAS FRAÇÕES ECW E ECWTA....................................
100
TABELA 21 ANÁLISE DE METILAÇÃO DAS FRAÇÕES NATIVA ECW E
MODIFICADA ECWTA.........................................................................................
103
TABELA 22 - PICOS DE ABSORÇÃO OBSERVADOS NOS ESPECTROS
DE FT-IR DAS FRAÇÕES ECW E ECWTA E SEUS GRUPOS FUNCIONAIS
CORRESPONDENTES........................................................................................
108
TABELA 23 - RENDIMENTO, TEOR DE SULFATO E COMPOSIÇÃO
MONOSSACARÍDICA DAS SUB-FRAÇÕES OBTIDAS A PARTIR DE F1 E
F2 MEDIANTE TRATAMENTO COM KCL..........................................................
109
TABELA 24 - ASSINALAMENTOS QUÍMICOS DE RMN DE C
13
DAS
FRAÇÕES NATIVAS F1 E F2 E SOLÚVEIS EM KCL 2M FS2 E F2S2..............
113
xi
TABELA 25 - ASSINALAMENTOS QUÍMICOS DE RMN DE C
13
DA FRAÇÃO
NATIVA FS2 E QUIMICAMENTE MODIFICADA FS2TA....................................
118
TABELA 26 - VELOCIDADE DE REAÇÃO (k) E TEMPO DE MEIA VIDA (T
½
)
PARA AS CARRAGENANAS CONSTITUINTES DAS FRAÇÕES ECW E FS2
EM 1M DE NAOH, SOB DIFERENTES TEMPERATURAS, COMPARADAS
COM OUTRAS GALACTANAS SULFATADAS, PREVIAMENTE
ESTUDADAS........................................................................................................
123
TABELA 27 - RENDIMENTO E COMPOSIÇÃO MONOSSACARÍDICA DAS
SUB-FRAÇÕES OBTIDAS A PARTIR DE F2S2.................................................
128
TABELA 28 - ASSINALAMENTOS QUÍMICOS DE RMN DE C
13
DAS SUB-
FRAÇÕES OBTIDAS A PARTIR DE F2S2 POR CROMATOGRAFIA DE
TROCA IÔNICA....................................................................................................
128
TABELA 29 - ASSINALAMENTOS QUÍMICOS* DE RMN DE C
13
DAS
UNIDADES DE α
αα
α-D-GLUCOPIRANOSE (AMIDO DAS FLORÍDEAS) NA SUB-
FRAÇÃO FA.........................................................................................................
130
TABELA 30 - ASSINALAMENTOS QUÍMICOS DE RMN DE C
13
DAS SUB-
FRAÇÕES FC-TA, FD-TA E FE-TA.....................................................................
134
TABELA 31 - VELOCIDADE DE REAÇÃO (k) E TEMPO DE MEIA VIDA (T
½
)
PARA OS OLIGOSSACARÍDEOS CONSTITUINTES DAS FRAÇÕES FC E
FD EM 1M DE NAOH, SOB DIFERENTES TEMPERATURAS,
COMPARADOS A OUTRAS GALACTANAS SULFATADAS............................
140
xii
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
α
αα
α
D
25
rotação óptica específica (a 25 °C)
13
C - carbono 13
1
H - próton
4-MMB – complexo 4-metil morfolina borano
A
- absorbância a tempo infinito
A
0
- absorbância a tempo inicial (zero minuto)
A
t
- absorbância a tempo t
BaCl
2
cloreto de bário
cetavlon - cetyltrimethylammonium bromide
CLG – cromatografia líquido-gasosa
CG-EM – cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massa
CHCl
3
clorofórmio
D
2
O – água deuterada
DEAE - dietilaminoetil
DMSO – dimetil sulfóxido
FT-IR – infravermelho – transformada de Fourrier
H
2
SO
4
ácido sulfúrico
HCl – ácido clorídrico
HMQC - heteronuclear multiple quantum correlation spectroscopy
HPLC – cromatografia líquida de alta performance
HPSEC-MALLS - cromatografia de exclusão estérica de alta pressão (hpsec)
acoplada a detector de índice de refração diferencial e espalhamento de luz em
multiângulos (malls)
Hz - hertz
ICH
3
iodo metano
k - velocidade da reação
KBr – brometo de potássio
KCl – cloreto de potássio
MeOH – metanol
xiii
MHz – mega hertz
NaBD
4
borohidreto de sódio deuterado
NaBH
4
borohidreto de sódio
NaCl – cloreto de sódio
NaHCO
3
bicarbonato de sódio
NaIO
4
metaperiodato de sódio
NaNO
3
nitrito de sódio
NaOH – hidróxido de sódio
p/v – peso/volume
ppm - partes por milhão
RMN – ressonância magnética nuclear
t
½ -
tempo de meia-vida
TFA – ácido trifluoracético
Vt – volume total
ECW - extrato polissacarídico obtido por extração aquosa da alga E. denticulatum
ECWTA – fração ECW após tratamento alcalino
F1 - extrato polissacarídico obtido a partir da primeira extração aquosa da alga F.
fastigiata
F1TA - fração F1 após tratamento alcalino
F2 - extrato polissacadico obtido a partir da segunda extração aquosa da alga F.
fastigiata
F2S2 - fração solúvel em 2 M obtida a partir de F2 mediante tratamento com KCl
F2S2hp – fração obtida após hidrólise redutiva parcial de F2S2
F2TA - fração F2 após tratamento alcalino
F-A fração oligossacarídica obtida após cromatografia em DEAE-Shephadex A-25
da fração F2S2hp (eluente: água)
F-B - fração oligossacarídica obtida após cromatografia em DEAE-Shephadex A-25
da fração F2S2hp (eluente: NaCl 0,1 M)
F-C - fração oligossacarídica obtida após cromatografia em DEAE-Shephadex A-25
da fração F2S2hp (eluente: NaCl 0,25 M)
F-D - fração oligossacarídica obtida após cromatografia em DEAE-Shephadex A-25
da fração F2S2hp (eluente: NaCl 0,5 M)
xiv
F-E - fração oligossacarídica obtida após cromatografia em DEAE-Shephadex A-25
da fração F2S2hp (eluente: NaCl 1,0 M)
FS2 – fração solúvel em 2 M obtida a partir de F1 mediante tratamento com KCl
FS2TA - fração FS2 após tratamento alcalino
GM - extrato polissacarídico obtido por extração aquosa da alga G. marginata
GMp - fração precipitada obtida a partir de GM mediante tratamento com cetavlon
GMp-B – fração eluída com NaCl 0,5 M mediante cromatografia em DEAE-Sephacel
da fração GMp
GMp-Bds – fração obtida após dessulfatação de GMp-B
GMs - fração solúvel obtida a partir de GM mediante tratamento com cetavlon
GO - extrato polissacarídico obtido por extração aquosa da alga G. obtusata
GOp - fração precipitada obtida a partir de GO mediante tratamento com cetavlon
GOs - fração solúvel obtida a partir de GO mediante tratamento com cetavlon
PP - extrato polissacarídico obtido por extração aquosa da alga P. palmata
PPp - fração precipitada obtida a partir de PP mediante tratamento com cetavlon
PPs - fração solúvel obtida a partir de PP mediante tratamento com cetavlon
SH - extrato polissacarídico obtido por extração aquosa da alga S. halliae
SHp - fração precipitada obtida a partir de SH mediante tratamento com cetavlon
SHs - fração solúvel obtida a partir de SH mediante tratamento com cetavlon
TC - extrato polissacarídico obtido por extração aquosa da alga T. cylindrica
TCp - fração precipitada obtida a partir de TC mediante tratamento com cetavlon
TCs - fração solúvel obtida a partir de TC mediante tratamento com cetavlon
TF - extrato polissacarídico obtido por extração aquosa da alga T. fragilis
TFp - fração precipitada obtida a partir de TF mediante tratamento com cetavlon
TFp-B - fração eluída com NaCl 0,5 M mediante cromatografia em DEAE-Sephacel
da fração TFp
TFp-Bds - fração obtida após dessulfatação de TFp-B
TFp-C - fração eluída com NaCl 1,0 M mediante cromatografia em DEAE-Sephacel
da fração TFp
TFp-Cds - fração obtida após dessulfatação de TFp-C
TFp-S – fração obtida após degradação controlada de Smith a partir de TFp
TFp-Sds – fração obtida após dessulfatação de TFp-S
TFs - fração solúvel obtida a partir de TF mediante tratamento com cetavlon
A vida não é uma pergunta a ser respondida. É um mistério a ser vivido.
Buda.
"Pouco conhecimento faz com que as criaturas se tornem orgulhosas. Muito conhecimento, que
se tornem humildes...
Leonardo Da Vinci
1
1. INTRODUÇÃO
1.1. ALGAS: ASPECTOS GERAIS
As algas compreendem um grupo muito diverso de organismos,
fotossintetizadores, não vasculares, dotados de estruturas reprodutivas
desprotegidas (Cryptogâmia), produtoras de esporos e desprovidas de sementes e
flores (SOUTH; WHITTICK, 1987).
São denominadas de talófitas, ou plantas inferiores, por não apresentarem
uma estrutura vegetal diferenciada em raiz, caule e folhas (VAN DEN HOEK et al.,
1989).
Este grupo inclui desde organismos procarióticos à eucarióticos e unicelulares
à pluricelulares (agregados, filamentos ou talos parenquimatosos), apresentando
assim uma variação morfológica extremamente diversa (VAN DEN HOEK et al.,
1989). Tanta diversidade também é observada nas formas de reprodução adotadas,
processos vegetativos, assexuais e sexuais estão envolvidos e em muitas formas
pode ocorrer alternância de gerações, ao ponto da reprodução sexual na divisão
Rhodophyta ser considerada como a mais complexa do reino vegetal (SOUTH;
WHITTICK, 1987).
Bioquímica e fisiologicamente as algas são similares em muitos aspectos às
outras plantas, possuindo as mesmas vias bioquímicas básicas, possuem clorofila a
como principal pigmento fotossintético e carotenóides (β-caroteno e fucoxantina),
ficocianina e ficoeritrina como pigmentos acessórios (SOUTH; WHITTICK, 1987).
Ainda seus polissacarídeos e proteínas biossintetizados são comparáveis àqueles
das plantas superiores (SOUTH; WHITTICK, 1987).
As algas ocorrem em praticamente todos as condições ambientais na Terra,
porém se mostram mais abundantes nos ambientes aquáticos, onde representam os
maiores produtores de compostos orgânicos e desempenham papel central na base
da cadeia alimentar e liberam o oxigênio necessário para o metabolismo dos
consumidores (LEE, 1989).
Algumas algas são utilizadas como fonte de alimento humano ou de extratos
químicos que são amplamente utilizados na manufatura de alimentos e muitos
2
outros produtos (SOUTH; WHITTICK, 1987). Apesar de seus carboidratos não
serem digeridos pelo homem, as algas representam excelentes fontes de vitaminas
C (equivalente aos frutos cítricos), A, D, B
1
, B
12
e E e ainda fornecem aminoácidos
livres, carotenóides e diversos elementos traços requeridos para a nutrição humana
(SOUTH; WHITTICK, 1987; GRAHAM; WILCOX, 2000).
1.2. CLASSIFICAÇÃO DAS ALGAS
As algas constituem um grupo polifilético de organismos que apresentam um
histórico evolutivo muito diverso, englobando representantes de diferentes reinos
como Eubacteria, Protista e Plantae (LOBBAN; HARRISON, 1994; GRAHAM;
WILCOX, 2000).
Atualmente são reconhecidas nove divisões de algas: Cyanobacteria,
Glaucophyta, Euglenophyta, Cryptophyta, Haptophyta, Dinophyta (dinoflagelados),
Ochrophyta (englobando as diatomáceas, algas pardas e outras), Rhodophyta (algas
vermelhas) e Chlorophyta (algas verdes), as quais são classificadas utilizando-se
critérios como estrutura celular, bioquímica, biologia molecular, pigmentos
fotossintéticos, natureza química dos produtos de reserva e composição da parede
celular, morfologia e ciclo de vida (GRAHAM; WILCOX, 2000).
1.2.1. A DIVISÃO RHODOPHYTA
A divisão Rhodophyta provavelmente representa um dos mais antigos grupos
de algas eucarióticas, possui apenas uma única classe, a Rhodophyceae, que se
divide em duas sub-classes: Bangioideae e Florideae. Englobam cerca de 5500
espécies, distribuídas em aproximadamente 600 gêneros, destes, 20 compreendem
representantes de água doce e 10 contêm plantas unicelulares. Os demais gêneros
contêm unicamente organismos pluricelulares de ambiente marinho (LEE, 1989;
VAN DEN HOEK et al., 1989).
A maioria das algas marinhas é vermelha e existem mais rodofitas do que
todos os outros maiores grupos de algas marinhas combinados, mesmo assim se
trata de uma divisão pequena, uma vez que, Compositeae, por exemplo, uma mera
3
família de dicotiledôneas, contém cerca de 900 gêneros e 20.000 espécies (RAVEN
et al., 1996; VAN DEN HOEK et al., 1989, COLE; SHEATH, 1990).
As algas vivem presas a rochas, substratos calcários, paredes oceânicas ou
ainda sobre conchas de moluscos ou sobre outras algas (RAVEN et al., 1996; VAN
DEN HOEK et al., 1989). São mais abundantemente encontradas em regiões
quentes próximas ao equador onde apresentam tamanho reduzido, porém podem
ser encontradas também em regiões de águas frias, atingindo nestas localidades
maiores proporções (VAN DEN HOEK et al., 1989; LEE, 1989). Poucas espécies de
algas vermelhas são encontradas em regiões polares e sub-polares, onde as algas
pardas e verdes são mais abundantes (VAN DEN HOEK et al., 1989; LEE, 1989).
Apesar de apresentarem com freqüência coloração avermelhada, devido a
presença do pigmento fotossintético acessório ficoeritrina no interior dos
cloroplastos, também podem apresentar coloração violeta, marrom, preta ou azul,
variações atribuídas a presea dos pigmentos ficocianina e aloficocianina (VAN
DEN HOEK et al., 1989; SOTH; WHITTICK, 1987). Caso cresçam em regiões com
incidência direta de luz podem ainda apresentar coloração amarelo-marrom ou até
mesmo verde, pois a clorofila a e os carotenóides (α-caroteno, β-caroteno, luteína e
zeaxantina) mascaram as ficobiliproteínas (nome atribuído aos pigmentos acessórios
ficocianina e aloficocianina quando associados a proteínas). Quando morrem,
tendem a tornarem-se verdes, pois as ficobiliproteínas, ao contrário da clorofila, são
solúveis em água (VAN DEN HOEK et al., , 1989).
Algumas ordens de algas vermelhas apresentam ainda calcificação da parede
celular, processo este, relacionado com as vias de fixação do carbono, onde íons
carbonato (CO
3
2-
) se combinam com íons cálcio (Ca
2+
) resultando no depósito de
carbonato de cálcio (CaCO
3
) nos espaços intercelulares na forma de calcita, como
em Corallinales, ou aragonita, como em algumas espécies de Nemaliales (SOTH;
WHITTICK, 1987; COLE; SHEATH, 1990; GRAHAM; WILCOX, 2000).
Uma estrutura celular especializada, denominada de conexões pit (“pit
plugs”), cuja função parece relacionar-se com o transporte intercelular, é uma das
características exclusivas desta divisão e se mostra ausente apenas em poucas
ordens de Bangioideae (SOTH; WHITTICK, 1987).
A maioria das algas vermelhas apresenta uma estrutura filamentosa, que
cresce a partir de uma única célula apical se dividindo seqüencialmente em
4
segmentos originando um eixo, que por sua vez, forma verticilos de ramos laterais.
Poucos gêneros, como Porphyra, possuem células justapostas formando lâminas de
apenas uma ou duas camadas (RAVEN et al., 1996).
As algas vermelhas têm importante papel econômico em pses como Japão,
China e Filipinas, entre outros, onde muitas espécies de algas vermelhas como
Porphyra, Eucheuma e Gracilaria são coletadas diretamente de fontes naturais ou de
áreas de cultivo para uso alimentar ou extração de seus ficocolóides (RAVEN et al.,
1996; VAN DEN HOEK et al., 1989; GRAHAM; WILCOX, 2000).
Ficocolóide é o nome genérico dado aos polissacarídeos solúveis extraídos
de algas, sendo as carragenanas e as agaranas os principais obtidos a partir de
rodofitas. Apresentam elevado interesse comercial devido a suas propriedades
geleificantes e viscosantes, sendo assim amplamente utilizados em diversas áreas
da indústria, principalmente alimentícia, têxtil, petroquímica e farmacêutica (DE
RUITER, RUDOLPH, 1997; USOV, 1998).
Outros ficocolóides não apresentam propriedades geleificantes ou
viscosantes, mas se mostram muito promissores na área biomédica, atuando como
compostos biologicamente ativos, sendo descrito para estes polímeros
propriedades antiviral, antiangiogênica e anticoagulante (CARLUCCI et al., 1997).
1.3. A PAREDE CELULAR
A parede celular das algas eucarióticas é composta por dois componentes
principais, um denominado fibrilar, o qual forma o esqueleto da parede e outro
denominado amorfo, o qual forma uma matriz na qual o fibrilar se encontra embebido
(KLOAREG; QUATRANO, 1988).
O componente fibrilar representa cerca de 9% da parede celular, conferindo
rigidez e é comumente formado por fibras de celulose (COLE; SHEATH, 1990). Em
Rhodophyta, porém, este componente pode apresentar uma composição química
diferenciada, podendo ser composto por unidades de D-xilose ou D-manose (COLE;
SHEATH, 1990). Em Bangiophycidae, os gêneros Porphyra e Bangia, na fase
macroscópica ou gametofítica, apresentam o componente fibrilar formado por uma
trama de β(13)-xilanas ou β(13)-mananas, estando a celulose, nestes dois
5
gêneros, restrita unicamente a fase microscópica ou conchoceles (KLOAREG;
QUATRANO, 1988; GRETZ et al., 1980; BALDAN et al., 1995).
O componente amorfo é sintetizado no complexo de Golgi, pode compreender
até 70% do peso seco da parede celular, possuir composição química variada e
conferir flexibilidade e resistência à estrutura vegetal (KLOAREG; QUATRANO,
1988; RAVEN et al., 1996; VAN DEN HOEK et al., 1989; SOTH; WHITTICK, 1987;
LEE, 1989; McCANDLESS; CRAIGIE, 1979).
Na divisão Rhodophyta, o componente amorfo é mais freqüentemente
composto por unidades de D-xilose, D-manose, D- e L-galactose (COLE; SHEATH,
1990; USOV, 1984). O mais comum e abundante polímero encontrado nesta divisão
é a galactana sulfatada (agaranas e carragenanas USOV, 1980, 1984, 1998),
porém mananas, xilomananas e galactoxilomananas, também sulfatadas, têm sido
observadas em representantes das ordens Nemaliales (COLE; SHEATH, 1990;
USOV, 1984; KOLENDER et al., 1997), bem como frações solúveis de xilanas
lineares em representantes da ordem Palmariales (COLE; SHEATH, 1990; USOV,
1984, LAHAYE, et al., 2003). É possível encontrar um ou mais destes
polissacarídeos sendo sintetizados por uma mesma espécie de alga vermelha. Por
exemplo, frações de xilanas solúveis, mananas sulfatadas, xilomananas e
xilogalactanas sulfatadas foram obtidas a partir de Nothogenia fastigiata,
pertencente a ordem Nemaliales e anteriormente denominada de Chaetangium
fastigiatum (MATULEWICZ; CEREZO, 1987
1,2
; MATULEWICZ et al., 1994; HAINES
et al., 1990).
Uma descrição mais detalhada destes diferentes polissacarídeos será dada
nos itens que se seguem.
1.4. AS GALACTANAS SULFATADAS
Na maior parte dos gêneros pertencentes à divisão Rhodophyta, o
componente amorfo da parede celular é um polissacarídeo de alta massa molecular,
rico em galactose denominado de galactana sulfatada. Este polímero apresenta
como característica única, uma estrutura linear formada por unidades de β-D-
galactopiranose substituídas glicosidicamente no carbono 3 (unidade A) e de α-
6
galactopiranose substituídas no carbono 4 (unidade B), mostrando um arranjo
dissacarídico alternante repetitivo:
[3)-β-D-galactopiranose-(14)-α-galactopiranose-(1]n
unidade A unidade B
Enquanto a unidade A sempre se apresenta na configuração enantiomérica D,
a unidade B pode se apresentar sob ambas as configurações D- ou L-. Baseando-se
na estereoquímica da unidade B estas galactanas podem ser classificadas como
carragenana, quando esta unidade pertencer a série D-, ou agarana, quando
pertencer a série L- (McCANDLESS; CRAIGIE, 1979; PAINTER, 1983; USOV, 1984,
1998; STORTZ; CEREZO, 2000).
A unidade dissacarídica repetitiva apresentada por estas galactanas pode
ainda apresentar variado padrão e grau de substituição por grupos éster sulfato,
metil éter e acetal de ácido pirúvico, o que lhes confere uma ampla variabilidade
estrutural. Diferentes padrões de glicosilação e a substituição da α-galactose por seu
derivado ciclizado 3,6-anidrogalactose também se somam aos fatores que
aumentam a complexidade estrutural destes polissacarídeos (PAINTER, 1983;
USOV, 1984, 1998; STORTZ; CEREZO, 2000; ERREA; MATULEWICZ, 2003;
CHIOVITTI et al., 2004).
Classicamente considera-se que o mais abundante grupo substituínte
encontrado nas carragenanas é o éster sulfato, grupos metil éter e acetal ácido
pirúvico também podem ser encontrados, porém em baixos níveis (CHIOVITTI et al.,
1997; STORTZ; CEREZO, 2000; ERREA; MATULEWICZ, 2003). Em contrapartida,
as agaranas podem apresentar elevados níveis de substituição por sulfato, metil,
acetal de ácido pirúvico e glicosilação (PAINTER, 1983; ERREA; MATULEWICZ,
2003).
Porém relatos mais recentes mostram que nem sempre este padrão de
substituição é verdadeiro, uma vez que carragenanas ricas em grupos acetal de
ácido pirúvico (CHIOVITTI et al., 1997; FALSHAW et al., 2003) e em metil éter
(CHIOVITTI et al., 2004) já foram isoladas e descritas na literatura.
A descoberta destes novos padrões de substituição em carragenanas foram
atribuídos ao desenvolvimento e a sofisticação das técnicas de análise empregadas
7
na pesquisa da química de carboidratos (STORTZ; CEREZO, 2000; CHIOVITTI, et
al., 2004). A estes mesmos fatores também se deve a identificação do terceiro grupo
de galactanas sulfatadas, os D/L-híbridos, ou carrágar (STRORTZ; CEREZO, 2000;
CHOPIN et al., 1999).
Neste tipo estrutural, uma mesma molécula pode apresentar a unidade B
tanto numa configuração D- como L-:
[3)-β-D-galactopiranose-(14)-α-D/L-galactopiranose-(1]n
unidade A unidade B
De acordo com a proporção de unidades B com a configuração L-, estas
galactanas podem ser divididas em D/L-híbridas com um predomínio da estrutura de
carragenana ou D/L-híbridas com um predomínio da estrutura de agarana (STORTZ;
CEREZO, 2000).
Nestes polímeros, as unidades monossacarídicas provavelmente estariam
dispostas em blocos de agarana e blocos de carragenana, uma vez que nenhum
oligossacarídeo D/L-híbrido foi encontrado (STORTZ; CEREZO, 2000).
A ordem Halymeniales é uma reconhecida produtora de híbridos D-/L-
(KNUTSEN et al., 1994; ZIBETTI, 2001), porém algumas espécies pertencentes a
outras ordens como Plocamiales (FALSHAW et al., 1999), Gigartinales (CIANCIA et
al., 1993; ESTEZEZ et al.,2000, 2001; CHOPIN et al., 1999; FARIA, 2002),
Rhodymeniales (TAKANO et al., 1994; MILLER et al., 1996) e Ceramiales (TAKANO
et al., 1999 e 2003), também têm se mostrado produtoras deste tipo de
polissacarídeo.
1.4.1. A CLASSIFICAÇÃO DAS CARRAGENANAS
Como mencionado, as carragenanas apresentam uma estrutura
dissacarídica básica repetitiva, dita ideal, formada por unidades de β-D-
galactopiranose (unidade A) e α-D-galactopiranose (unidade B), como mostrado na
FIGURA 1.
8
FIGURA 1 - ESTRUTURA IDEAL REPETITIVA APRESENTADA PELAS
CARRAGENANAS.
unidade A unidade B
A classificação das carragenanas é feita de acordo com o padrão de
sulfatação e com a presença ou ausência do anel anidro na unidade B.
Baseando-se no padrão de sulfatação da unidade A, apresentado pelas
diferentes estruturas de carragenanas descritas, as mesmas podem ser agrupadas
em quatro famílias distintas: Kappa, Lambda, Beta e Omega, como estabelecido por
MOLLION et al. (1986).
À família Kappa pertencem todas as carragenanas cuja unidade A se mostra
4-O-sulfatada (TABELA 1), podendo a unidade B ser 3,6-anidro-α-D-galactose
(kappa-carragenana), 3,6-anidro-α-D-galactose 2-sulfato (iota-carragenana), α-D-
galactose 6-sulfato (mu-carragenana) ou galactose 2,6-dissulfato (nu-carragenana).
À família Lambda pertencem todas aquelas cuja unidade A se mostra 2-O-
sulfatada (TABELA 1) podendo a unidade B ser α-D-galactose 2,6-dissulfato
(lambda-carragenana), α-D-galactose 2-sulfato (xi-carragenana) ou 3,6-anidro-α-D-
galactose 2-sulfato (theta-carragenana), a pi-carragenana [3)-4,6-O-(1-
carboxietilideno)-β-D-galactose-2-sulfato-(14)-α-D-galactose 2-sulfato-(1]
também pertence a este grupo.
A família Beta caracteriza-se por englobar carragenanas desprovidas de
grupo sulfato na unidade A (TABELA 1) sendo a B 3,6-anidro-α-D-galactose (beta-
O
OH
OH
O
OH
OH
O
O
OH
OH
OH
CH
3
n
9
carragenana), 3,6-anidro α-D-galactose 2-sulfato (alfa-carragenana), α-D-galactose
6-sulfato (gamma-carragenana) ou α-D-galactose 2,6-dissulfato (delta-carragenana).
Por último, a família Omega inclui aquelas carragenanas que possuem a
unidade A sulfatada em carbono 6 (TABELA 1) e a unidade B também sulfatada
neste mesmo carbono (α-D-galactose 6-sulfato), esta denominada psi-carragenana
ou substituída por 3,6-anidro-α-D-galactose, denominada omega-carragenana.
Esta classificação porém, baseia-se em unidades dissacarídicas
denominadas “ideais”, as quais nem sempre representam a real estrutura observada
para as carragenanas estudadas, que podem apresentar uma certa percentagem de
unidades distintas das propostas no dissacarídeo ideal, unidades estas
denominadas de “mascaradas”.
As carragenanas são abundantemente extraídas a partir de algas
pertencentes aos gêneros Gigartina, Eucheuma e Hypnea, entre outros, as quais
recebem, por este motivo a denominação carragenófitas (LEE, 1989).
Carragenanas pertencentes a diferentes famílias podem ser extraídas a partir
de uma mesma espécie de alga vermelha, dependendo da fase do ciclo de vida
estudado. Por exemplo, na ordem Gigartinales, a fase tetraesporofítica é
caracterizada por sintetizar λ-carragenana, enquanto que a gametofítica por
sintetizar κ-carragenana, este fenômeno porém não é característico de todas as
famílias desta ordem (NOSEDA, 1994).
10
TABELA 1 - CLASSIFICAÇÃO DAS CARRAGENANAS DE ACORDO COM A
DISTRIBUÃO DOS GRUPOS SULFATO NA UNIDADE A (MODIFICADA DE KNUTSEN
ET AL., 1994).
GRUPO
3-O-β
ββ
β-D-galactose
UNIDADE A
4-O-α
αα
α-D-galactose
UNIDADE B
KAPPA
κ
κκ
κ (kappa)
1
4-sulfato 3,6-anidrogalactose
ι
ιι
ι (iota)
2
4-sulfato 3,6-anidrogalactose 2-sulfato
µ
µµ
µ (mu)
3
4-sulfato 6-sulfato
ν
νν
ν (nu)
4
4-sulfato 2,6-dissulfato
LAMBDA
λ
λλ
λ (lambda)
5
2-sulfato 2,6-dissulfato
π
ππ
π (pi)
6
2-sulfato; 4,6-(1-carboxietilideno) 2-sulfato
ξ
ξξ
ξ (xi)
7
2-sulfato 2-sulfato
θ
θθ
θ (theta)
8
2-sulfato 3,6-anidrogalactose
BETA
β
ββ
β (beta)
9
- 3,6-anidrogalactose
α
αα
α (alfa)
10
- 3,6-anidrogalactose 2-sulfato
γ
γγ
γ (gamma)
9
- 6-sulfato
δ
δδ
δ (delta)
10
- 2,6-dissulfato
OMEGA
ω
ωω
ω (omega)
11
6-sulfato 3,6-anidrogalactose
ψ
ψψ
ψ (psi)
12
6-sulfato 6-sulfato
estruturas primeiramente denominadas por:
1
O’NEILL, 1955;
2
ANDERSON et al., 1973;
3
ANDERSON et al., 1968;
4
STANCIOFF; STANLEY, 1969;
5
DOLAN; RESS, 1965;
6
DININNO et al., 1979;
7
PENNAN; REES, 1973;
8
ANONYMOUS, 1977;
9
GREER; YAPHE,
1984;
10
ZABLACKIS; SANTOS, 1986;
11
MOLLION et al., 1986;
12
CRAIGIE 1990.
11
1.4.2. A CLASSIFICAÇÃO DAS AGARANAS
As agaranas apresentam uma estrutura dissacarídica básica repetitiva de
unidades de β-D-galactopiranose (unidade A) e α-L-galactopiranose (unidade B),
como mostrado na FIGURA 2.
FIGURA 2 - ESTRUTURA IDEAL REPETITIVA APRESENTADA PELAS AGARANAS.
unidade A unidade B
A última classificação para agaranas publicada na literatura foi feita por
DUCKWORTH e YAPHE (1971), baseando-se nas 3 estruturas obtidas, obtidas por
eles, a partir do fracionamento de uma amostra bruta de ágar:
- agarose neutra, constituída por unidades alternantes de (13) β-D-galactose
(unidade A) e (14) 3,6-anidro-α-L-galactose (unidade B);
- agaropectina, que contém, em adição aos reduos presentes na agarose, grupos
acetal de ácido pirúvico e éster sulfato, distinguindo-se dois tipos:
- agarana piruvatada, altamente piruvatada e rica em unidades de 3,6-
anidrogalactose;
- galactana sulfatada, altamente sulfatada e pobre em unidades de 3,6-
anidrogalactose.
Porém esta classificação não reflete a complexidade estrutural encontrada
pelas galactanas relatadas na literatura.
Desta maneira, talvez seja mais conveniente classificar estes polissacarídeos
como: agarose, agares e agaroides, terminologias dependentes do padrão de
O
O
OH
O
OH
O
OH
OH
OH
OH
OH
CH
3
n
12
substituição apresentado e da força do gel formado pelo polissacarídeo (MILLER,
1997).
Assim a agarose mantém a definição mencionada acima e gera, quando em
solução aquosa um gel de força elevada. Como agares, se consideram aqueles
polímeros que possuem baixa substituição por éster sulfato ou acetal de ácido
pirúvico, teores elevados de metil éter e presença de 3,6-anidrogalactose, como
conseqüência destas substituições, o gel formado possui força reduzida. como
agaróides, se considera aqueles polímeros de maior complexidade estrutural, que
podem apresentar substituição simultânea por grupos éster sulfato, acetal de ácido
pirúvico e metil éter, ainda glicosilação, presença do açúcar 3,6-anidrogalactose e
que não formam géis, ou caso formem, estes são fracos (MILLER, 1997).
Agaranas são abundantemente obtidas a partir de espécies pertencentes aos
gêneros Porphyra, Gelidium, Pterocladia e Gracilaria, entre outros, as quais
recebem, por este motivo a denominação agarófitas (LEE, 1989).
As agaranas biossintetizadas por algas pertencentes aos gêneros Porphyra e
Bangia são genericamente denominadas de Porfiranas (ANDERSON; REES, 1965;
ASPINALL, 1970). Estruturalmente, estes polissacarídeos se assemelham a
agarose, porém se mostram pouco mais complexos, como mostrado na FIGURA 3,
devido à ocorrência natural de radicais metil, eterificando o carbono 6 de algumas
unidades de β-D-galactose e de grupos sulfato, também esterificando o carbono 6 de
unidades de α-L-galactose em substituição à algumas unidades de 3,6-anidro-α-L-
galactose (BRASCH, et al., 1981; VILLARROEL; ZANLUNGO, 1981; NOSEDA et al.,
2000). A partir da alga Porphyra columbina. Porém foi isolada uma porfirana dotada
de uma estrutura não usual, onde algumas unidades de β-D-galactose apresentaram
glicosilação por unidades de 6-O-metil β-D-galactose 4-sulfato, localizadas como
terminais não redutores (VIANA, 2001).
13
FIGURA 3 - ESTRUTURA QUÍMICA DA PORFIRANA.
R= H ou CH3
Dentro do grupo das agaranas ainda se destacam as xilogalactanas, um
grupo de polissacarídeos que foi relatado para algumas espécies de algas
vermelhas, principalmente pertencentes às ordens Corallinales, Ceramiales e
Nemaliales (FURNEAUX; STEVENSON, 1990; MATULEWICZ et al., 1994; USOV et
al., 1997).
As xilogalactanas se caracterizaram por apresentarem uma estrutura central
baseada nas agaranas, porém com um complexo padrão de substituição
(FURNEAUX; STEVENSON, 1990; MATULEWICZ et al., 1994; USOV et al., 1997).
Nestes polímeros as unidades de D-galactose podem estar totalmente ou
parcialmente metiladas em carbono 6, sulfatados em carbono 2, 4 e/ou 6 e
glicosiladas em carbono 4 ou 6 por unidades de β-D-xilose, α-L-galactose ou 4-O-
metil-α-L-galactose, enquanto que as unidades de L-galactose, por sua vez, podem
estar presentes como 3,6-anidrogalactose, ou como seu precursor α-galactose 6-
sulfato, o qual pode estar parcialmente metilado em carbono 2 e/ou substituídas em
carbono 3 (FURNEAUX; STEVENSON, 1990; MATULEWICZ et al., 1994; USOV et
al., 1997).
O
OH
OH
O
OR
O
OH
O
-O
3
SO
OH
O
OH
OH
O
OR
O
O
OH
CH
3
O
OH
n
14
1.5. XILANAS
Como mencionado anteriormente, dois tipos distintos de xilanas tem sido
descritos em algas vermelhas: as estruturais, constituintes do componente fibrilar da
parede celular e as solúveis, constituintes do componente amorfo (USOV, 1984;
KLOAREG; QUATRANO, 1988; COLE; SHEATH, 1990).
As xilanas isoladas de algas vermelhas apresentam uma estrutura linear,
neutra e constituída unicamente por unidades de β-D-xilose (CEREZO, 1972; NUNN
et al., 1973; USOV, 1984; MATULEWICZ; CEREZO, 1987
1
; JEREZ et al., 1997).
As xilanas estruturais são insolúveis e apresentam uma cadeia polissacarídica
inteiramente formada por ligações β-(13) ou β-(14) (MILLER, 1997), como
mostrado nas FIGURAS 4A e 4B, respectivamente, tendo sido isoladas a partir de
gêneros como Porphyra (MUKAI et al., 1981; BALDAN et al., 1995) e Palmaria
(TURVEY e WILLIAMS, 1970), respectivamente.
As xilanas solúveis, por sua vez, apresentam ambos os tipos de ligações
(FIGURA 4C), em diferentes proporções, geralmente na relação 1 (13) : 4 (14),
tendo sido isoladas a partir dos gêneros Palmaria (KOVAC et al., 1980; TURVEY e
WILLIAMS, 1970; LAHAYE et al., 1993; LAHAYE et al., 2003; JEREZ et al., 1997),
Nemalion (USOV ET AL., 1973 ; KOVAC et al., 1980), Nothogenia (CEREZO et al.,
1971; CEREZO, 1972; MATULEWICZ et al., 1992; NUNN et al., 1973) e Galaxaura
(USOV et al., 1981).
15
FIGURA 4 - ESTRUTURA DAS XILANAS ESTRUTURAIS (A E B) E SOLÚVEIS (C)
ISOLADAS DE ALGAS VERMELHAS.
O
OH
O
OH
OH
O
OH
O
OH
O
OH
O
OH
O
OH
O
OH
CH
3
A)
B)
C)
xilana
β
ββ
β
-(1
3)
xilana
β
ββ
β
-(1
4)
xilana
β
ββ
β
-(1
3),-(1
4)
O
OH
O
OH
OH
O
OH
O
OH
O
OH
O
OH
O
OH
O
OH
CH
3
O
OH
O
OH
OH
O
OH
O
OH
O
OH
O
OH
O
OH
O
OH
CH
3
n
n
n
16
1.6. MANANAS E XILOMANANAS
As mananas solúveis (FIGURA 5) isoladas de algas vermelhas caracterizam-
se por apresentarem uma estrutura formada por unidades de α-D-manopiranose 3-
O-substituida, sulfatadas em carbono 2 e/ou 6 (KOLENDER et al., 1995; 1997).
As xilomananas caracterizam-se por apresentarem um padrão estrutural
semelhante as mananas porém apresentam substituição por grupos sulfato em
carbonos 2, 4 e/ou 6 e glicosilação em carbono 2 por unidades de β-D-xilose
(MATULEWICZ; CEREZO, 1987
2
– FIGURA 5).
Mananas e xilomananas sulfatadas têm sido obtidas a partir de gêneros como
Nothogenia (MATULEWICZ; CEREZO, 1987
2
; KOLENDER et al., 1995; 1997) e
Nemalion (USOV ET AL., 1973 ).
As mananas sulfatadas isoladas de algas do gênero Nothogenia
apresentaram atividade antiviral, inibindo a replicação in vitro de diferentes estirpes
do vírus Herpes simplex, sendo esta atividade em alguns casos comparável a
heparina (KOLENDER et al., 1995, 1997). Esta propriedade esta relacionada com a
conformação do esqueleto de manose, com o grau de sulfatação e com a massa
molecular (KOLENDER et al., 1995, 1997).
Um novo tipo de polissacarídeo algal foi descrito no gênero Galaxaura (USOV
et al., 1981), uma xilogalactomanana sulfatada, este polímero apresentava uma
cadeia principal formada por unidades de β-D-manopiranose (13), sulfatadas em
carbono 4 (1 para cada 3 unidades) ou glicosiladas no mesmo carbono por unidades
de D-xilopiranose (3 para cada 5 unidades) ou L-galactopiranose, em menor
quantidade (FIGURA 5).
17
FIGURA 5 - ESTRUTURA DAS MANANAS, XILOMANANAS E GALACTOXILOMANANAS
ISOLADAS DE ALGAS VERMELHAS.
manana: R= H, SO
3
-
; R
1
= H; R
2
= H, SO
3
-
.
xilomanana: R= H, SO
3
-
, xilose; R
1
= H, SO
3
-
; R
2
= H, SO
3
-
).
galactoxilomanana: R= H; R
1
= H, SO
3
-
, xilose, galactose; R
2
= H.
1.7. TRATAMENTO ALCALINO E REAÇÃO DE CICLIZAÇÃO
Como já mencionado anteriormente, as galactanas sulfatadas apresentam
elevado interesse comercial e industrial devido as propriedades físico-químicas
apresentadas por estes polímeros (DE RUITER; RUDOLPH, 1997). A habilidade
destes polissacarídeos em formar géis e soluções viscosas está diretamente
relacionada com a sua conformação estrutural, enquanto que esta tem uma relação
direta com a presença de unidades de 3,6-anidrogalactose (USOV, 1984).
Este monossacarídeo, a 3,6-anidrogalactose, é mais comumente encontrado
em carboidratos de algas vermelhas, distinguindo-os dos demais polissacarídeos
biossintetizados por outros grupos vegetais (USOV, 1984; GRAHAM; WILCOX,
2000; COLE; SHEATH, 1990) e é formado naturalmente na alga através da atividade
da enzima sulfohidrolase, a partir de unidades precursoras de galactose 6-sulfato
(LAWSON; REES, 1970; WONG; CRAIGIE, 1978; MCCANDLESS; CRAIGIE, 1979;
ZINOUN et al., 1997).
Quimicamente as unidades de 3,6-anidrogalactose também podem ser
obtidas a partir das mesmas unidades precursoras, através de uma técnica
denominada tratamento alcalino, onde sob catálise básica o grupo sulfato é liberado
O
O
OR
OH
OR
1
OR
2
O
O
OR
OR
1
OR
2
O
O
OR
OR
1
OR
2
O
O
OR
OR
1
OR
2
CH
3
n
18
num processo de eliminação, seguido pela formação do anel 3,6-anidro, mediante
perda de uma molécula de água, caracteristicamente numa reação de substituição
nucleofílica bimolecular (Sn2), denominada reação de ciclização (CIANCIA, 1994).
Esta reação se processa sob temperatura variável, em meio alcalino (NaOH
1M FIGURA 6), por esta razão denominada de tratamento alcalino, e na presença
do agente redutor, estável em meio básico, borohidreto de sódio (NaBH
4
), o qual é
adicionado ao meio reacional antes e após adição da base, visando impedir a
degradação do polissacarídeo através da redução de sua extremidade redutora
(CIANCIA, 1994).
FIGURA 6 - REAÇÃO DE CICLIZAÇÃO EM AGARANAS (A) E CARRAGENANAS (B).
A)
α-L-galactose 6-sulfato (
1
C
4
) 3,6-anidro-α-L-galactose (
4
C
1
)
B)
α-D-galactose 6-sulfato (
4
C
1
) 3,6-anidro-α-D-galactose (
1
C
4
)
OH
O
O
OH
OH
OH
CH
3
OH
O
OH
O
O
CH
3
OH
O
O
O
OH
CH
3
O
OH
OH
O
OH
OH
CH
3
NaOH (1M)
NaBH
4
NaOH (1M)
NaBH
4
19
O processo de eliminação do grupo sulfato durante a reação de ciclização é
acompanhado pela inversão da configuração do átomo de carbono ao qual estava
unido, ou seja, como resultado desta reação as unidades de α-galactose passam de
uma conformação
1
C
4
para
4
C
1
em agaranas (L-galactose) e de
4
C
1
para
1
C
4
em
carragenanas (D-galactose - CIANCIA, 1994), como mostrado na FIGURA 5. A
mudança de conformação facilita a ciclização por aproximar o oxigênio em C-3 e o
sulfato em C-6, que passam a se encontrar em posições cis diaxiais favorecendo o
ataque nucleofílico.
A reação de ciclização somente se processara com as unidades de α-
galactose que possuírem sulfato no carbono 6 e hidroxila livre em carbono 3,
estando a velocidade desta reação sob controle da temperatura, concentração de
alcali, do tempo de reação e da distribuição dos grupos sulfato pela unidade A (β-D-
galactose - CIANCIA, 1993; NOSEDA et al., 2000).
O tratamento alcalino pode ser utilizado em laboratório, para se determinar
quantitativamente as unidades de α-galactose 6-sulfato presentes em uma dada
amostra polissacarídica através das diferenças nas percentagens de sulfato ou de
3,6-anidrogalactose presente na amostra antes e após o tratamento.
O todo fotocolorimétrico utilizado laboratorialmente para se quantificar o
teor de 3,6-anidrogalactose presente numa amostra polissacarídica é o método do
resorcinol (YAPHE; ARSENAULT, 1965). Esta metodologia utiliza-se da propriedade
apresentada pelos monossacarídeos de formarem 5-hidroximetil-2-furfural (HMF) em
meio fortemente ácido, após hidrólise. O HMF interage com diferentes reagentes
fenólicos em reações que promovem coloração passível de ser dosada
fotocolorimetricamente, sob diferentes comprimentos de onda. O resorcinol (1,3-
dihidroxibenzeno) é um destes reagentes utilizados para quantificar 3,6-
anidrogalactose na forma de HMF.
A reação de ciclização obedece a uma cinética de pseudo-primeira ordem.
Estudos realizados por CIANCIA et al., (1993) com carragenanas pertencentes a
família Lambda mostraram que a velocidade de reação para estes polissacarídeos é
mais lenta do que para carragenanas da família Kappa, devido a diferenças
apresentadas no padrão de sulfatação entre as duas famílias.
20
Mais detalhadamente, a lambda-carragenana apresenta grupos sulfato ao
redor da hidroxila livre em carbono 3 da α-D-galactose. Tais grupos esterificam os
carbonos 2 das unidades A e B (TABELA 1) e protegem a hidroxila em carbono 3 da
ionização, o que dificulta o processo de ciclização, uma vez que é esta a força que
dirige a reação de ciclização (CIANCIA et al., 1993). Contribui principalmente para
este efeito a formação de uma ponte de hidrogênio entre o grupo sulfato em C-2 da
unidade A e a hidroxila em C-3 da unidade B (FIGURA 7). Tais grupos sulfato não
são encontrados na família Kappa (TABELA 1).
FIGURA 7 - INTERAÇÃO ENTRE O GRUPO SULFATO EM C-2 DA β
ββ
β-D-GALACTOSE
COM A HIDROXILA LIVRE EM C-3 DA α
αα
α-L-GALACTOSE EM LAMBDA-CARRAGENANA
(CIANCIA ET AL., 1993).
O padrão de sulfatação observado nas mu/nu-carragenanas promovem um
efeito contrário ao observado nas lambda-carragenanas. Em mu/nu-carragenanas
os grupos sulfato encontrados esterificando os carbonos 4 das unidades A, podem
interagir com os grupos sulfatos que esterificam os carbonos 2 e 6 presentes na
unidade B (FIGURA 8), a repulsão gerada entre estes grupos favorecem a alteração
conformacional da unidade B (
1
C
4
para
4
C
1
) e, conseqüentemente, a ciclização
(NOSEDA; CEREZO, 1995).
O
O
OH
O
O
OH
O
OSO
3
-
OH
OSO
3
-
SO
3
-
n
21
FIGURA 8 - INTERAÇÃO ENTRE O GRUPO SULFATO EM C-4 DA β
ββ
β-D-GALACTOSE
COM OS GRUPOS SULFATO EM C-2 (A) E C-6 (B) DA α
αα
α-L-GALACTOSE EM MU/NU-
CARRAGENANA (NOSEDA; CEREZO, 1994).
Ainda, NOSEDA et al., (2000) estudaram a reação de ciclização em
porfiranas, as quais não sofreram influência de outros grupos sulfato substituintes,
uma vez que tais polissacarídeos apresentam exclusivamente grupos sulfato em C-6
da unidade B (FIGURA 3), e obtiveram uma velocidade de reação intermediária
àquelas apresentadas pelas lambda- e mu/nu-carragenanas. Estes resultados
mostraram que a velocidade da reação de ciclização não é dependente da
enantiomericidade do reduo de α-galactose, mas sim da posição e distribuição dos
grupos sulfato substituintes (NOSEDA et al., 2000).
O estudo da cinética química da reação de ciclização visa buscar melhores
condições para obtenção de ficocolóides com maior poder geleificante através de
A)
B)
OH
O
O
OSO
3
-
O
O
O
OH
O
OH
OH
CH
3
SO
3
-
SO
3
-
OH
O
O
OH
O
OSO
3
-
O
OH
OH
OH
OH
CH
3
SO
3
-
-O
3
S
n
n
22
tratamento alcalino, mediante o estudo do comportamento desta reação em
polissacarídeos modelos, tais como kappa-, nu- e lambda-carragenana e porfirana.
1.8. MECANISMO DE FORMAÇÃO DE GÉIS
A habilidade de formar géis e soluções viscosas é uma importante
característica observada somente em algumas estruturas de carragenanas e
agaranas e apresenta extremo interesse comercial e industrial (RAVEN et al., 1996;
VAN DEN HOEK et al., 1989; GRAHAM; WILCOX, 2000; USOV, 1984, 1998).
O processo de geleificação em galactanas sulfatadas é uma propriedade
termo-reversível, uma vez que o resfriamento faz com que as moléculas adquiram
uma conformação orientada em hélice e se agreguem formando o gel, enquanto que
o aquecimento torna o gel desordenado, fazendo com que as moléculas se
dispersem e adquiram uma conformação em “randon coil” (COLE; SHEATH, 1990).
A formação do gel se deve a uma associação entre diversas cadeias
polissacarídicas paralelamente arranjadas em hélice, formando uma rede
tridimensional totalmente estabilizada por pontes de hidrogênio inter-cadeias, que se
formam entre as hidroxilas livres presentes (REES, 1965; USOV, 1984; COLE;
SHEATH, 1990). As associações ocorrem entre longas seções regulares ou
repetitivas das cadeias polissacarídicas paralelas e se interrompem nas regiões
onde esta regularidade não esta presente, denominadas de zonas de união, o que
permite a associação com outras cadeias (REES, 1965; USOV, 1984; COLE;
SHEATH, 1990).
A estrutura secundária apresentada por estes polissacarídeos se deve a
presença das unidades de 3,6-anidrogalactose, pois sua conformação
1
C
4
, no caso
das carragenanas, ou
4
C
1
no caso das agaranas com ligações glicosídicas
equatoriais, difere das demais unidades presentes no polímero e causa um desvio
na direção da cadeia polissacarídica, permitindo-lhe adquirir uma conformação
helicoidal, orientada a direita nas carragenanas e a esquerda nas agaranas (REES,
1965, COLE, SHEATH, 1990; VAN DE VELDE et al., 2002).
23
O processo de geleificação em carragenanas ainda necessita da presença de
cátions específicos (cálcio e potássio) para neutralizar a carga dos grupos sulfato,
projetados para fora a partir do eixo principal da hélice, facilitando assim a
agregação lado-a-lado das hélices (COLE; SHEATH, 1990).
Portanto, a geleificação se deve à formação de uma rede tridimensional, onde
as diferenças observadas nas propriedades dos diferentes géis se devem a
capacidade de associação entre as varias cadeias polissacarídicas (USOV, 1984).
1.9. OBTENÇÃO DE OLIGOSSACARÍDEOS ATRAVÉS DE HIDRÓLISE
REDUTIVA PARCIAL
Oligossacarídeos são naturalmente encontrados em vegetais como produtos
de seu metabolismo normal e podem exercer diversas funções, desde estruturais até
reserva e osmorregulação (CROWE et al., 1987; KANDLER; HOPF, 1980).
Os oligossacarídeos podem ser biossintetizados naturalmente no vegetal a
partir de monossacarídeos ou oligossacarídeos precursores ou de um doador
glicídico pela ação de enzimas específicas denominadas de glicosiltransferases e
recebem a denominação de oligossacarídeos primários, por serem sintetizados in
vivo (KANDLER; HOPF, 1980).
Oligossacarídeos secundários, por sua vez, são aqueles que m a sua
origem atribuída à hidrólise parcial de outros açúcares, como oligossacarídeos
maiores, polissacarídeos, glicoproteínas ou glicolipídeos, por ação enzimática, tanto
in vivo como in vitro (glicosidases e hidrolases) ou por catálise ácida in vitro
(KANDLER; HOPF, 1980).
A caracterização de oligossacarídeos obtidos in vitro, tanto por hidrólise ácida
parcial como enzimática, é um método muito útil e amplamente utilizado para auxiliar
na determinação estrutural de polissacarídeos a eles relacionados, pois fornece
informações importantes como seqüência e configuração anomérica de suas
unidades monossacarídicas constituintes e tipos de ligações glicosídicas presentes
(ASPINALL, 1970, 1983).
24
Hidrólises enzimáticas são mais vantajosas que as ácidas por serem
altamente específicas, uma vez que tanto hidrolases como glicosidases se
apresentam altamente especificas por determinadas unidades monossacarídicas e
por suas configurações anoméricas (ASPINALL, 1983).
MORRICE et al., (1983) e USOV e IVANOVA (1987) utilizaram uma β-agarase
de origem bacteriana para obter oligossacarídeos por meio de hidrólise enzimática,
com a finalidade de elucidar a estrutura química das agaranas isoladas de Porphyra
umbilicalis e de Plysiphonia morrowii. Esta enzima cliva especificamente as ligações
β-D-galactopiranosídicas da agarose, liberando assim neoagarobiose (3,6-anidro-α-L-
galactopiranose-(13)-D-galactopiranose) ou oligossacarídeos maiores (ASPINALL,
1983).
A hidrólise ácida parcial é processada de forma similar a uma hidrólise
convencional, amenizando-se apenas algumas de suas condições, tais como
temperatura, tempo ou concentração ácida; por este método, polissacarídeos que
apresentem um único padrão de ligação glicosídica ou vários, porém com uma
mesma susceptibilidade à clivagem, darão origem a uma seleção representativa de
todos os oligossacarídeos possíveis. Na prática, contudo, verifica-se que a taxa de
hidrólise de diferentes ligações glicosídicas são, com freqüência, suficientemente
diferentes para que nem todos os possíveis oligossacarídeos possam ser isolados a
partir de um único método de despolimerização, rendendo assim misturas de
açúcares de relativa baixa massa molecular junto com, em alguns casos fragmentos
de alta massa molecular (ASPINALL, 1983).
Os produtos da hidrólise ácida parcial (mono, di e oligossacarídeos) antes de
serem caracterizados, devem ser primeiramente fracionados, para tanto, uma
variedade de procedimentos cromatográficos podem ser utilizados, incluindo
cromatografia de partição em celulose, cromatografia de adsorção em carvão (onde
os oligossacarídeos são progressivamente separados com água contendo
proporções crescentes de etanol WHISTLER; DURSO, 1950), cromatografia de
troca iônica ou gel filtração (ASPINALL, 1983).
USOV e ELASHVILI (1991) e STEVENSON e FURNEAUX (1991) têm
introduzido nas analises estruturais de galactanas de algas vermelhas uma variação
da hidrólise redutiva convencional, para a obtenção de oligossacarídeos. Eles
mostraram que durante uma hidrólise total, polissacadeos contendo unidades de
25
3,6-anidrogalactose, encontrada unicamente em polissacarídeos de algas
vermelhas, sofrem uma redução quantitativa destes monossacarídeos, pouco
resistentes ao meio ácido quando submetidos a condões padrões de hidrólise
(ácido trifluoracético, 100
o
C, 5 horas), enquanto que os demais monossacarídeos
permanecem quantitativamente inalterados, por esse motivo tornou-se necessário a
utilização de um método hidrolítico mais ameno para evitar a degradação dessas
unidades.
STEVENSON e FURNEAUX (1991) desenvolveram um método denominado
hidrólise redutiva, onde juntamente ao ácido trifluoracético è acrescentado um
agente redutor estável em meio ácido, o complexo de 4-metil morfolina borano (4-
MMB), o qual garante que as unidades de 3,6-anidrogalactose se mantenham
intactas durante o processo hidrolítico. Isto é possível uma vez que durante um
processo de pré-hidrólise, que ocorre em condições brandas (80
o
C durante 15
minutos), somente as ligações 3,6-anidrogalactosídicas são hidrolisadas, por serem
mais lábeis, e estas unidades monossacarídicas livres são imediatamente reduzidas
a 3,6-anidrogalactitol no meio reacional, adquirindo desta maneira estabilidade. Em
seguida, processa-se a hidrólise das demais unidades constituintes do
polissacarídeo, à 120
o
C durante 1 hora e meia, e a redução das mesmas, sendo
assim possível quantificar ao mesmo tempo todos os açúcares (na forma de
acetatos de alditol) presentes em uma amostra utilizando cromatografia líquido-
gasosa (CG).
Baseado neste método hidrolítico, porém em condições diferenciadas, USOV
e ELASHVILI (1991) desenvolveram a hidrólise redutiva parcial para obtenção de
oligossacarídeos contendo, unicamente, 3,6-anidrogalactitol como unidade terminal
(FIGURA 9). Assim, por exemplo, a hidrólise parcial da agarose resulta unicamente
no dissacarídeo agarobiitol, enquanto que de carragenanas contendo 3,6-
anidrogalactose resulta carrabiitol e/ou seus mono e dissulfato (USOV, 1998).
Tais oligossacarídeos reduzidos se mostram estáveis e mais convenientes
para separação por cromatografia do que os produtos de hidrólise ácida ou
metanólise (este último processo permite a proteção da ponta redutora com um
grupo metil, os quais poderiam ser rapidamente degradados a hidroximetilfurfural
nas condições de hidrólise), sendo que suas estruturas e posição de grupos sulfato
podem ser esclarecidas usando RMN (USOV; ELASHVILI, 1991).
26
FIGURA 9 - PRODUTOS DE HIDRÓLISE REDUTIVA PARCIAL OBTIDOS A PARTIR DA
AGAROSE (A) E DA KAPPA-CARRAGENANA (B) CONTENDO 3,6-
ANIDROGALACTOSE (USOV, 1998).
agarose agarobiitol
kappa-carragenana carrabiitol 4-sulfato
O
O
OH
OH
O
OH
O
.
O
OH
OH
O
OH
OH
O
OH
OH
O
CH
2
OH
OH
TFA 2M
60°C
4-MMB
OH
O
OH
OSO
3
-
O
OH
O
OH
O
.
OH
O
OH
OSO
3
-
O
OH
CH
2
OH
OH
O
OH
TFA 2M
60°C
4-MMB
A)
B)
27
2. OBJETIVOS
2.1. OBJETIVOS GERAIS:
Caracterizar a estrutura química fina dos polissacarídeos neutros e sulfatados
obtidos mediante extração aquosa a partir de algas vermelhas pertencentes às
ordens Nemaliales e Palmariales.
Caracterizar a estrutura química fina dos polissacarídeos sulfatados obtidos
mediante extração aquosa a partir de algas vermelhas pertencentes às famílias
Solieriaceae e Furcellariaceae (Gigartinales) e utiliza-los como modelos para o
estudo cinético da reação de ciclização.
2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
1 - Obter polissacarídeos neutros por extração aquosa a quente (80°C) a partir das
algas vermelhas Galaxaura marginata, G. obtusata, Tricleocarpa cylindrica, T.
fragilis, Scinaia halliae (Ordem Nemaliales) e Palmaria palmata (Ordem Palmariales);
2 - Obter e purificar polissacarídeos sulfatados por extração aquosa a quente (80 °C)
a partir das algas vermelhas Tricleocarpa fragilis e Galaxaura marginata;
3 - Obter e purificar polissacarídeos sulfatados por extração aquosa a frio (25 °C) a
partir das algas vermelhas Eucheuma denticulatum (Solieriaceae) e Furcellaria
lumbricalis (Furcellariaceae);
4 - Determinar a estrutura química fina destes polissacarídeos por métodos químicos
e espectroscópicos;
5 - Utilizar as carragenanas isoladas a partir das algas E. denticulatum e F.
lumbricalis como modelos no estudo da cinética química da reação de ciclização.
28
3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1. MATERIAL
Nesta pesquisa foram estudados polissacarídeos sulfatados isolados da fase
gametofítica das algas vermelhas Galaxaura marginata (J. Ellis & Sol.) J. V. Lamour.,
coletada nas praias Enseada das Garças e Mar Azul, município do Fundão (ES -
Brasil), em julho de 2003 (por: N.S. Yokoya e S.M.P.B. Guimarães) e Tricleocarpa
fragilis (L.) Huisman & R. A. Towns, coletada na praia do Ribeiro, munipio de
Bombinhas (SC - Brasil), em março de 2000 (por: M.D. Noseda e M.E.R. Duarte).
Também foram estudados os polissacarídeos neutros isolados das algas
vermelhas Galaxaura obtusata (J. Ellis & Sol.) J. V. Lamour., coletada no município
de Morro de São Paulo (BA - Brasil), em julho de 2001 (por: M.D. Noseda e M.E.R.
Duarte), G. marginata (J. Ellis & Sol.) J. V. Lamour., Tricleocarpa fragilis (L.)
Huisman & R. A. Towns, Tricleocarpa cylindrica (J. Ellis & Sol.) Huisman & Borow.,
coletada nas praias Enseada das Garças e Mar Azul, município do Fundão (ES), em
julho de 2003 (por: N.S. Yokoya e S.M.P.B. Guimarães), Scinaia halliae (Setch.)
Huisman, coletada na praia Enseada das Garças, município do Fundão (ES), em
julho de 2003 (por: N.S. Yokoya e S.M.P.B. Guimarães) e Palmaria palmata (L.) O.
Kuntze, adquirida de fonte comercial (DULSE Atlantic Mariculture Limited, Grand
Manan, New Brunswick - Canadá).
Para o estudo de cinética química foram utilizados os polissacarídeos
sulfatados isolados das algas vermelhas Eucheuma denticulatum (N.L. Burman) F.S.
Collins & Hervy, adquirida de fonte comercial (Gelymar S.A., Puerto Montt - Chile) e
Furcellaria lumbricalis (Hudson) J. V. Lamour., coletada em Prince Edward Island
(Canadá), em agosto de 2003 (por: M. D. Noseda).
Depois de retiradas do mar, os exemplares de G. obtusata, G. marginata, T.
fragilis, T. cylindrica, S. halliae e F. lumbricalis foram lavados em água corrente,
desidratados à sombra e submetido à moagem em moinho de faca.
29
3.1.1. POSICIONAMENTO SISTEMÁTICO DAS ESPÉCIES ESTUDADAS
Divisão: Rhodophyta
Classe: Rhodophyceae
Ordem: Nemaliales
Família: Galaxauraceae
Gênero: Galaxaura
Espécie: G. obtusata (J. Ellis & Sol.) J. V. Lamour.
Espécie: G. marginata (J. Ellis & Sol.) J. V. Lamour.
Gênero: Tricleocarpa
Espécie: T. fragilis (L.) Huisman & R. A. Towns
Espécie: T. cylindrica (J. Ellis & Sol.) Huisman & Borow.
Gênero: Scinaia
Espécie: S. halliae (Setch.) Huisman
Ordem: Palmariales
Família: Palmariaceae
Gênero: Palmaria
Espécie: P. palmata (L.) O. Kuntze
Ordem: Gigartinales
Família: Solieriaceae
Gênero: Eucheuma
Espécie: E. denticulatum (N.L. Burman) F.S. Collins & Hervy
Família: Furcellariaceae
Gênero: Furcellaria
Espécie: F. lumbricalis (Hudson) J. V. Lamour.
30
FIGURA 10: Algas vermelhas G. marginata (A), G. obtusata (B), T. cylindrica (C), T.
fragilis (D), S. halliae (E), P. palmata (F), E. denticulatum (G) e F. lumbricalis (H).
31
3.2. EXTRAÇÃO DOS POLISSACARÍDEOS
As algas Galaxaura marginata (4,2 g), G. obtusata (58,0 g), Tricleocarpa
cylindrica (9,4 g), T. fragilis (70,0 g), Scinaia halliae (5,6 g) e Palmaria palmata (68,0
g) foram utilizadas como fonte para obtenção dos polissacarídeos caracterizados
nesta tese. Para isso todas as algas foram submetidas, separadamente, ao mesmo
procedimento de extração descrito a seguir.
O material algal foi submetido a extração aquosa (5 g% p/v) a quente (80
o
C)
durante 4 horas sob agitação mecânica seguida por centrifugação (10.000 rpm
durante 25 minutos). Posteriormente, a fração sobrenadante foi submetida à
precipitação com 3 volumes de etanol, onde, após nova centrifugação (12.000 rpm
durante 15 minutos), os polissacarídeos precipitados foram ressolubilizados em
água, centrifugados, nas mesmas condições descritas, dialisados contra água
destilada, concentrados em rotaevaporador sob pressão reduzida e liofilizados, para
obtenção de cada fração polissacarídica, as quais foram denominadas utilizando-se
as iniciais de cada espécie: GM, GO, TC, TF, SH e PP.
Para as algas Eucheuma denticulatum e Furcellaria lumbricalis, as quais
foram utilizadas como fontes biológicas para obtenção dos polissacarídeos
caracterizados e utilizados para os estudos de cinética química, realizou-se uma
extração aquosa (5 g% p/v) a temperatura ambiente (25 °C) durante 14 horas, as
esta etapa seguiu-se a mesma metodologia descrita para as demais algas, obtendo-
se desta maneira as frações denominadas ECW (a partir da primeira alga), F1 e F2
(a partir da segunda alga).
3.3. OBTENÇÃO DOS POLISSACARÍDEOS NEUTROS E SULFATADOS
(PRECIPITAÇÃO COM CETAVLON)
Para promover a separação dos polissacarídeos neutros e sulfatados
presentes nas frações GM, GO, TC, TF, SH e PP, as mesmas foram redissolvidas
em água (0,25 g%) e a elas adicionou-se uma solução de Cetavlon
(cetyltrimethylammonium bromide) 10%. As soluções foram mantidas sob agitação
constante durante 12h e após centrifugação (7.000 rpm durante 20 minutos) o
material precipitado (complexo polissacarídeo ácido - Cetavlon) foi descomplexado
32
por meio de tratamento com NaCl 4M, durante uma noite e posteriormente
precipitado com etanol (3 volumes), enquanto que a fração sobrenadante (contendo
o material neutro sovel) foi diretamente precipitada com etanol (3 volumes). As
frações polissacarídicas GMp (3,17 %), GOp (nd), TCp (0,77 %), TFp (1,73 %), SHp
(5,10 %) e PPp (3,25 %), proveniente dos materiais precipitados e GMs (0,51 %),
GOs (18,0 %), TCs (0,24 %), TFs (0,30 %), SHs (0,38 %) e PPs (15,0 %),
provenientes dos materiais solúveis, foram obtidas após diálise contra água
destilada, concentração em rotaevaporador sob pressão reduzida e liofilização.
3.4. PRECIPITAÇÃO COM KCl
A fração polissacarídica de interesse (F1 e F2) foi primeiramente dissolvida
em água (0,25 % p/v) á temperatura ambiente e soluções de concentrações
crescentes de cloreto de potássio (0,25; 0,5; 1,0; 1,5 e 2,0 M) foram adicionadas
gradativamente. A cada adição do sal a solução foi mantida sob agitação mecânica
por aproximadamente 2 horas e deixada em repouso 14 horas à 4 °C, seguida por
centrifugação (12.000 rpm durante 15 minutos). Assim o material precipitado foi
submetido a diálise e liofilização, enquanto o sobrenadante foi submetido a um novo
tratamento com uma concentração maior de sal.
3.5. MÉTODOS ANALÍTICOS GERAIS
3.5.1. DOSAGEM DE AÇÚCAR TOTAL
As dosagens dos carboidratos totais presentes nas frações polissacarídicas
foram realizadas de acordo com o método do fenol-ácido sulfúrico descrito por
DUBOIS et al. (1956), utilizando-se galactose, manose e xilose como padrões (faixa
de sensibilidade 10 – 70 µg/ml).
3.5.2. DETERMINAÇÃO DO TEOR DE GRUPOS SULFATO
A determinação do teor de grupos sulfato das frações polissacarídicas foi
realizada através do método turbidimétrico da gelatina-BaCl
2
, após hidrólise das
33
amostras (HCl 1 M, 5 horas, 105
o
C) de acordo com DODGSON e PRICE (1962),
utilizando-se sulfato de sódio como padrão (faixa de sensibilidade 20 – 200 µg/ml).
3.5.3. DOSAGEM DE PROTEÍNAS
A detecção e dosagem do teor de proteína nas amostras foi realizada de
acordo com o método de LOWRY et al. (1951), utilizando-se soro albumina bovina
como padrão (faixa de sensibilidade 20 – 100 µg/ml).
3.5.4. DOSAGEM DO TEOR DE 3,6-ANIDROGALACTOSE
A dosagem do teor de 3,6-anidrogalactose foi realizada utilizando-se o
método do resorcinol (YAPHE, 1960; YAPHE; ARSENAULT, 1965). Alíquotas das
amostras (0,05 ml) obtidas em diferentes intervalos de tempo por tratamento alcalino
(método analítico, como descrito no item 3.7.3.2.) foram acrescidas de 0,75 ml de
água e 4 ml do reativo de resorcinol, preparado com 9 ml de solução de resorcinol
(15 mg de resorcinol em 10 ml de água), 1 ml de acetal (1 ml de acetal em 24 ml de
água) e 100 ml de ácido clorídrico fumegante. Paralelamente foi preparado o branco
com água destilada. Os tubos foram então vedados e submetidos a temperatura de
80°C em banho termostatizado por 10 minutos. Após resfriamento em banho de gelo
a dosagem do teor do anidro-açúcar foi realizada pela leitura da absorbância à 555
nm.
3.5.5. DETERMINAÇÃO DO TEOR DE CINZAS
A determinação do teor de cinzas da fração de interesse foi realizada no
Departamento de Química da UFPR. Inicialmente, o material seco em estufa a 30 °C
foi calcinado no interior de cadinhos (previamente mantidos a 900 °C por 30
minutos) em chama até completa incineração. Posteriormente o material foi mantido
em mufla a 900°C por 1 hora.
34
3.5.6. DOSAGEM DE AÇÚCARES REDUTORES
A massa molecular das frações de interesse foi estimada a partir de seus
poderes redutores de acordo com o método de PARK e JOHNSON (1949),
utilizando-se xilose como padrão (faixa de sensibilidade 1 10 µg/ml), aplicados a
fórmula Mm = 150xp/r, onde p corresponde ao peso da amostra e r a extremidade
redutora.
3.5.7. POLARIMETRIA
A determinação da rotação óptica específica (α
D
25
)
das amostras foi realizada
na concentração de 0,2 g% em solução aquosa a temperatura de 25°C, utilizando
cubetas de 10 cm de comprimento em polarímetro RUDOLPH RESEARCH, modelo
Autopol III, no comprimento de onda de 589,3 nm.
3.6. MÉTODOS HIDROLÌTICOS
3.6.1. HIDRÓLISE ÁCIDA TOTAL
As frações polissacarídicas contendo xilanas ou xilomananas sulfatadas, em
suas formas nativas ou metiladas, foram submetidas a hidrólise ácida total (ácido
trifluoracético 2 M, 121
o
C, 1,5 h) seguida por redução com NaBH
4
ou NaBD
4
por 14
horas, acetilação (anidrido acético, 120
o
C, 1,5 h) e lavagem com
água/CHCl
3
/NaHCO
3
, para posterior análise por cromatografia liquido gasosa (CLG)
e cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massa (CG-EM).
3.6.2. HIDRÓLISE ÁCIDA TOTAL DO TIPO HIDRÓLISE REDUTIVA
As frações polissacarídicas contendo galactanas sulfatadas, em suas formas
nativas ou metiladas, foram submetidas a hidrólise ácida total do tipo hidrólise
redutiva de acordo com o método de STEVENSON e FURNEAUX (1991),
modificada por FALSHAW e FURNEAUX (1994) a qual se processa em duas etapas.
Na primeira etapa, onde ocorre a liberação e a concomitante redução das unidades
35
de 3,6-anidrogalactose, o polissacarídeo foi hidrolisado à 80
o
C por 15 minutos na
presença de TFA 3 M e do complexo 4-metil morfolina borano (agente redutor
estável em meio ácido). Na segunda etapa, onde ocorre a liberação e a redução das
demais unidades monossacarídicas, o material pré-hidrolisado foi mantido a 120
o
C
por 90 minutos na presença de TFA, na concentração final de 2 M e de 4-metil
morfolina borane. Os alditóis assim obtidos foram acetiladas com anidrido acético
(0,5 ml)/ TFA concentrado (0,5 ml) durante 15 minutos a 50
o
C. Na forma de acetato
de alditol, foram analisados por cromatografia liquido gasosa (CLG) e cromatografia
gasosa acoplada a espectrometria de massa (CG-EM).
3.6.3. METANÓLISE
Somente frações metiladas foram submetidas a metanólise (MeOH/HCl 3%,
70°C, 3h) seguida por hidrólise como descrito no item 3.6.1 e redução com NaBH
4
ou NaBD
4
por 14 horas, acetilação (1 ml anidrido acético, 120
o
C, 1,5h) e lavagem
com água/CHCl
3
/NaHCO
3
, para posterior análise por cromatografia líquido gasosa
(CLG) e cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massa (CG-EM).
3.7. MODIFICAÇÃO QUÍMICA DOS POLISSACARÍDEOS
3.7.1. DESSULFATAÇÂO DOS POLISSACARÌDEOS
O processo de dessulfatação foi realizado utilizando-se o método solvolítico,
com as frações de interesse na forma de sal de piridônio. Para obtenção deste sal,
os polissacarídeos foram solubilizados em água e a elas adicionado resina catiônica
Dowex 50x8 (forma de H
+
) sob agitação magnética à temperatura ambiente por 30
minutos, até o pH do meio ficar entre 1,0-2,0. O material foi filtrado (sob pressão
reduzida), neutralizado com piridina até pH 7,0 e liofilizado.
Uma vez na forma de sal de piridônio, os polissacarídeos foram
ressolubilizados em mistura de dimetilsulfóxido:metanol:piridina (89:10:1),
respeitando-se a relação de 10mg de polissacarídeo para 3 ml de solvente
(NAGASAWA et al., 1979) e mantida a 100°C durante 6 horas. Após o resfriamento,
a fração solvolizada foi dialisada contra água destilada e liofilizada. As frações
36
quimicamente modificadas assim obtidas foram identificadas pela adição das letras
ds (dessulfatado) ao nome das frações originais.
3.7.2. DEGRADAÇÃO CONTROLADA DE SMITH
Para a realização da degradação controlada de Smith, a fração
polissacarídica de interesse foi solubilizada em água destilada (21 mg/ 6 ml)
contendo metaperiodato de sódio (NaIO
4
– 130 mg) e mantida em ambiente escuro a
temperatura ambiente durante 48 horas. Após este período a solução foi tratada com
etilenoglicol visando consumir o excesso de NaIO
4
, reduzida com boroidreto de
sódio (NaBH
4
- 10%) durante 20h, neutralizada com ácido acético, dialisada e
liofilizada (FURNEAUX; STEVENSON, 1990). O polissacarídeo assim modificado foi
submetido à hidrólise branda com TFA 1M durante 20 horas a temperatura
ambiente. A fração quimicamente modificada assim obtida foi identificada pela
adição da letra S (Smith) ao nome da fração original.
3.7.3. TRATAMENTO ALCALINO
3.7.3.1. METODO PREPARATIVO
As frações polissacarídicas foram solubilizadas em água destilada (0,2 g%) e
reduzidas com boroidreto de sódio (NaBH
4
- 10% em massa do polissacarídeo) por
16 h. Adicionou-se então hidxido de sódio 3M, para a concentração final 1M e
novamente adicionou-se NaBH
4
(5% em massa). As soluções foram então mantidas
a temperatura de 80°C em banho termostatizado por 2 horas (NOSEDA; CEREZO,
1995), sendo em seguida neutralizadas com ácido clorídrico fumegante, dializadas e
liofilizadas. As frações quimicamente modificadas assim obtidas foram identificadas
pela adição das letras TA (tratamento alcalino) ao nome das frações originais.
3.7.3.2. METODO ANALÍTICO
A amostra polissacarídica foi solubilizada em água destilada (0,2 g%) e
reduzidas com NaBH
4
(10% em massa) por 14 horas, alíquotas de 0,5 ml destas
37
soluções foram separadas em viais e a cada uma delas foi adicionado 0,25 ml de
hidróxido de sódio 3M (10 ml com 5% de NaBH
4
). Os viais foram mantidos sob
diferentes temperaturas (50, 60, 70 e 80°C) em banho termostatizado e retirados um
a um em intervalos regulares sendo então neutralizados com HCl diluído (5:1) como
descrito por CIANCIA et al. (1993). Para cada uma destas soluções foi determinado
o teor de 3,6-anidrogalactose formado utilizando o método do resorcinol (como
descrito no item 3.5.4).
3.7.4. HIDRÓLISE REDUTIVA ÁCIDA PARCIAL OBTENÇÃO DE
OLIGOSSACARÌDEOS
Para obtenção de oligossacarídeos, a fração polissacarídica foi submetida à
hidrólise redutiva ácida parcial de acordo com USOV e ELASHVILI (1991). O
polissacarídeo foi inicialmente dissolvido em água (1,3 g%) e a solução aquecida à
60°C para a completa solubilização. O complexo 4-metil morfolina borano foi
acrescentado (9 g%) seguido por TFA 2M e a mistura foi mantida à 65°C por 8
horas. Após resfriamento a solução foi dialisada contra água destilada e liofilizada. A
fração oligossacarídica assim obtida foi identificada pela adição da sigla HP
(hidrólise parcial) ao nome da fração original.
3.8. ANÁLISE DE METILAÇÃO
As amostras contendo polissacarídeos sulfatados a serem metiladas foram
inicialmente reduzidas com boridreto de sódio (NaBH
4
) e dialisadas contra solução
de trietilamina 5% (10ml), visando-se obter após liofilização, polissacarídeos
sulfatados, na forma de sal de trietilamônio, solúveis no solvente aprótico dimetil
sulfóxido (STEVENSON e FURNEAUX, 1991).
Os polissacarídeos sulfatados na forma de sal de trietilamônio foram
metilados de acordo com o método de CIUCANU e KEREK (1984), utilizando-se
iodeto de metila (ICH
3
) e hidróxido de sódio pulverizado. O material metilado foi
então neutralizado, dialisado, liofilizado, hidrolisado e analisado por CLG e CG-EM
na forma de alditóis acetilados.
38
As frações contendo polissacarídeos neutros foram metiladas de acordo com
o método descrito por HAWORTH (1915). Para tanto o material foi previamente
reduzido com NaBH
4
por aproximadamente 14 horas, dialisado contra água
destilada e liofilizado. O material reduzido foi então dissolvido em hidróxido de sódio
33 % e mantido sob agitação constante a temperatura ambiente. A cada 30 minutos
adicionou-se o agente metilante (CH
3
)
2
SO
4
e a cada 1 hora mais NaOH 33%, a
completar-se 4 horas. O processo foi então interrompido por adição de água
destilada e neutralizado com acido acético (45 %). A solução neutralizada foi então
dialisada e liofilizada antes de sofrer um novo processo de metilação, agora porém,
de acordo com o método de CIUCANU; KEREK (1984). O material parcialmente
metilado foi redissolvido em DMSO (1 %pv), NaOH seco e ICH
3
foram adicionados e
a solução mantida sob forte agitação durante 30 minutos. A reação foi então
interrompida com adição de água, neutralizada com acido acético, dialisada e
liofilizada.
3.9. MÉTODOS CROMATOGRÁFICOS
3.9.1. CROMATOGRAFIA DE TROCA IONICA EM DEAE-SEPHACEL
Para fracionamento dos polissacarídeos sulfatados de interesse, as frações
foram submetidas a cromatografia de troca-iônica em coluna de DEAE-SEPHACEL
(32x10 cm, Vt = 500 ml) utilizando-se água destilada como eluente e concentrações
crescentes de cloreto de sódio (NaCl 0,5; 1,0; 1,5; 2,0 e 4,0M). A eluição foi
monitorada pelo método do fenol-ácido sulfúrico descrito no item 3.5.1 (DUBOIS et
al., 1956). As sub-frações polissacarídicas assim obtidas foram identificadas pela
adição da concentração de NaCl, na qual eluiu, ao nome da fração original.
3.9.2. CROMATOGRAFIA DE TROCA IONICA EM DEAE-SEPHAROSE CL-6B
A mistura de oligossacarídeos obtida como produto de hidrólise redutiva ácida
parcial foi fracionada por cromatografia de troca-iônica em coluna de DEAE-
SEPHAROSE CL-6B (12x3 cm, Vt = 100 ml) utilizando-se água destilada como
eluente e concentrações crescentes de cloreto de sódio (NaCl 0,1; 0,25; 0,5; 1,0 e
39
2,0 M). A eluição foi monitorada pelo método do fenol-ácido sulfúrico descrito no item
3.5.1 (DUBOIS et al., 1956). As sub-frações oligossacarídicas assim obtidas foram
identificadas pela adição da concentração de NaCl, na qual eluiu, ao nome da fração
original.
3.9.3 CROMATOGRAFIA LÍQUIDO-GASOSA (CLG)
As análises por cromatografia líquido-gasosa (CLG) foram realizadas em
Cromatógrafo Hewlett Packard 5890, com detector de ionização de chama (300
o
C) e
injetor (250
o
C), utilizando nitrogênio como gás de arraste e coluna capilar de sílica
fundida (30 m x 0,25 mm de d. i.), revestida com DB-225 (0,25 µm) em diferentes
temperaturas: as análises cromatográficas para acetatos de alditol foram realizadas
à 220
o
C e para acetatos de alditol parcialmente metilados à 210
o
C.
3.9.4. CROMATOGRAFIA GASOSA ACOPLADA À ESPECTROMETRIA DE
MASSA (CG-EM)
As análises de CG-EM foram realizadas em cromatógrafo a gás “Varian”,
modelo 3.300, equipado com coluna capilar de sílica fundida (30 m x 0,25 mm d.i.) e
fase estacionária DB-225. acoplado a espectrômetro de massa da marca Finnigian
Mat, modelo ITD 800. As injeções no cromatógrafo foram feitas mantendo-se a
temperatura inicial em 50
o
C, seguido de aumento de acordo com a programação de
temperatura em um gradiente de 40
o
C min
-1
até 230
o
C, mantendo-se constante a
partir deste valor, utilizando-se o gás hélio como gás de arraste, com fluxo de 1
ml.min
-1
. As áreas dos picos de interesse foram determinadas por integração em
software do equipamento. Os espectros de massa foram obtidos por impacto de
elétrons a 70 meV, repetidamente a cada 1/8 de segundo, de m/e 90 a 220. Este
método foi utilizado para a identificação dos acetatos de alditol e acetatos de alditol
parcialmente metilados por meio dos seus tempos de retenção e perfis
característicos de fragmentação por impacto de elétrons (JANSSON et al., 1976).
40
3.9.5. CROMATOGRAFIA DE EXCLUSÃO ESTÉRICA DE ALTA PRESSÃO
(HPSEC) ACOPLADA A DETECTOR DE ÍNDICE DE REFRAÇÃO DIFERENCIAL E
ESPALHAMENTO DE LUZ EM MULTIÂNGULOS (MALLS)
Estas análises foram realizadas em cromatógrafo de exclusão estérica de alta
pressão (HPSEC) WATERS, equipado com detector de índice de refração diferencial
WATERS modelo 2410 e com detector de espalhamento de luz em multiângulos
(MALLS) WAYTT TECHNOLOGY modelo DAWN DSP com 18 detectores dispostos
ao redor da fotocélula em diferentes ângulos. Foram utilizadas 4 colunas de gel
permeação WATERS, com limites de exclusão de 1.10
6
, 4.10
5
, 8.10
4
e 5.10
3
, em
série. O eluente utilizado foi uma solução de NaNO
3
0,1 mol.L
-1
contendo azida de
sódio 200 ppm, pressão de 920 psi a 20
o
C.
3.9.5.1. ANÁLISE DE HOMOGENEIDADE
Para a análise de homogeneidade foram preparadas soluções de 2 mg das
amostras de interesse, em 1 ml de nitrito de sódio (NaNO
3
0,1M) e azida de sódio
(200 ppm) dissolvidas em água MQ e filtradas em membranas millipore (acetato de
celulose) de 0,45 e 0,22 µm. As análises foram realizadas utilizando-se 500 µl de
solução em HPLC acoplado a espalhamento de luz, com fluxo de 0,6 ml/min.
3.10. MÉTODOS ESPECTROSCÓPICOS
3.10.1. ANÁLISES DE INFRAVERMELHO
As análises de infravermelho foram realizadas em espectrômetro Perkin-
Elmer Series 2000, incorporando a transformada de Fourier. As amostras foram
homogeneizadas com brometo de potássio (2 mg de polissacarídeo / 100 mg de
KBr) e prensadas para serem alisadas na forma de pastilhas. Estas análises foram
realizadas no Departamento de Química da UFPR.
41
3.10.2. RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NUCLEAR
As análises de ressonância magnética nuclear (RMN) foram realizadas em
espectroscópio da marca BRUKER, modelo DRX 400, série Avance, em probe de
diâmetro externo de 5 mm ou 10 mm, com as amostras dissolvidas em água
deuterada (D
2
O), a temperatura de 30, 50 ou 80
o
C. Os deslocamentos químicos,
expressos em ppm, foram determinados utilizando acetona como padrão interno
tanto para as análises de
13
C (30,20 ppm) como para
1
H (2,224 ppm).
3.10.2.1. RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NUCLEAR DE CARBONO-13 (RMN -
13
C)
Os espectros de RMN
13
C foram obtidos na freqüência base de 100,61
MHz, com intervalo de aquisição de sinal de 0,6 segundos, sendo feitas de 4.000
70.000 aquisições, utilizando-se um intervalo de 0,1 segundo entre os pulsos.
3.10.2.2. RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NUCLEAR DE PRÓTON (RMN –
1
H)
Os espectros de RMN –
1
H foram obtidos na freqüência base de 400,13 MHz,
sendo necessário promover a troca dos hidrogênios das hidroxilas por deutério e a
remoção completa das moléculas de água presentes, através da dissolução das
frações em D
2
O, congelamento e liofilização (este processo foi repetido no mínimo
por 3 vezes), com a finalidade de diminuir a intensidade do sinal relativo ao
hidrogênio ligado à oxigênio, o qual prejudica a qualidade do espectro obtido.
3.10.2.3. HMQC (HETERONUCLEAR MULTIPLE QUANTUM CORRELATION
SPECTROSCOPY)
Esta técnica heteronuclear, permite determinar quais átomos de hidrogênio
(
1
H) estão ligados a quais átomos de carbono (
13
C) através de suas correlações
obtidas no espectro, a partir de sinais de
13
C conhecidos ou de
1
H já conhecidos.
42
3.11. ESTUDO CINÉTICO DA REAÇÃO DE CICLIZAÇÃO
Com os valores de absorbância obtidos a partir do acompanhamento do
tratamento alcalino - todo analítico pela dosagem do teor de 3,6-anidrogalactose,
aplicados a fórmula:
ln(A
0
-A
/A
t
-A
)
onde a diferença entre a absorbância inicial (A
0
- zero minuto) e a absorbância a
tempo infinito (A
) indica a concentração inicial de unidades reacionantes (unidades
precursoras de galactose 6-sulfato) e a diferença entre a absorbância a tempo t (A
t
)
e a absorbância a tempo infinito indica a concentração de unidades que a tempo t
ainda não reacionaram, foi possível calcular a constante de velocidade da reação
(k). Esta constante é representada pela pendente da reta obtida através da plotagem
dos valores obtidos pela equação (eixo Y) em função do tempo (eixo X). A partir
desta constante foi possível determinar o tempo de meia-vida (t
½
) através da
equação t
½
=ln2/k.
43
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA DOS POLISSACARÍDEOS NEUTROS E
SULFATADOS ISOLADOS DE ALGAS VERMELHAS
As algas vermelhas Galaxaura marginata, G. obtusata, Tricleocarpa cylindrica,
T. fragilis, Scinaia halliae e Palmaria palmata foram submetidas ao mesmo
procedimento de extração. O material seco e moído foi submetido à extração aquosa
(5g% p/v) a quente (80
o
C, 4 horas). Após centrifugação, o sobrenadante foi tratado
com etanol absoluto (3 volumes) precipitando os polissacarídeos presentes. A partir
deste procedimento, extratos polissacarídicos brutos foram obtidos sendo
denominados de GM, GO, TC, TF, SH e PP, fazendo-se referencia ao nome da alga
a partir da qual foram obtidos (G. marginata, G. obtusata, T. cylindrica, T. fragilis, S.
halliae e Palmaria palmata, respectivamente).
Como é descrito na literatura, as algas vermelhas pertencentes às ordens
Nemaliales e Palmariales caracterizam-se por biossintetizarem polissacarídeos
quimicamente distintos daqueles sintetizados pela maior parte das ordens de
Rhodophyta (USOV, 1984; COLE; SHEATH, 1990; MILLER 1997; CHOPIN et al.,
1999). Nestas ordens, polímeros estruturalmente diferentes, como xilanas neutras,
mananas, xilomananas e xilogalactanas sulfatadas podem ocorrer simultaneamente
numa mesma espécie de alga (HAINES et al., 1990; MATULEWICZ et al., 1994;
KOLENDER et al., 1997, MILLER 1997; CHOPIN et al., 1999).
Assim, visando promover a separação entre polissacarídeos neutros e
sulfatados que poderiam estar presentes conjuntamente nos extratos GM, GO, TC,
TF, SH e PP, os mesmos foram tratadas com Cetavlon, uma base de amônio
quaternário capaz de se complexar com polímeros dotados de carga negativa,
promovendo a precipitação destes sem afetar a solubilidade de polímeros neutros
que possam ocorrer simultaneamente numa mesma fração.
A formação de material precipitado (complexo polissacarídeo sulfatado -
cetavlon) foi observado em todas as seis frações e após tratamento com NaCl 4M
(para descomplexação) e precipitação com etanol absoluto, foram obtidas as frações
polissacarídicas GMp (3,17 %), GOp (nd), TCp (0,77 %), TFp (1,73 %), SHp (5,10 %)
e PPp (3,25 %), como mostrado na FIGURA 11. Outras seis frações denominadas
44
GMs (0,51 %), GOs (18,0 %), TCs (0,24 %), TFs (0,30 %), SHs (0,38 %) e PPs (15,0
%), foram obtidas a partir do sobrenadante resultante do tratamento com cetavlon
após precipitação com etanol 3 volumes (FIGURA 11).
As características gerais das 12 frações obtidas após esta metodologia, bem
como suas composições monossacarídicas podem ser observadas nas TABELAS 2
e 3.
FIGURA 11 - EXTRAÇÃO DOS POLISSACARÍDEOS DAS ALGAS G. marginata, G.
obtusata, T. cylindrica, T. fragilis, S. halliae e P. palmata.
Resíduo
GMs; GOs; TCs; TFs; SHs; PPs
GMp; GOp; TCp; TFp; SHp; PPp
- precipitação com etanol 3 vol.;
- centrifugação;
- diálise e liofilização.
Fração neutra
- tratamento com NaCl 4M;
- precipitação com etanol 3 vol.;
- centrifugação;
- diálise e liofilização.
Fração sulfatada
- solubilização em água (0,25g%);
-
tratamento com Cetavlon (10%);
- centrifugação;
Precipitado
Sobrenadante
Sobrenadante
Alga seca e moída
- centrifugação;
- extração aquosa (5g%, 4h, 80°C);
G. marginata; G. obtusata; T. cylindrica T. fragilis; S. halliae; P. palmata.
45
TABELA 2 - CARACTERÍSTICAS DAS FRAÇÕES NEUTRAS (S) E SULFATADAS (P)
OBTIDAS APÓS TRATAMENTO COM CETAVLON.
ALGA FRAÇÃO RENDIMENTO
(%)
A
AÇÚCAR
TOTAL
(%)
B
SULFATO
(%)
C
PROTEÍNA
(%)
D
[α
αα
α
D
25
]
)
e
G.marginata
GMs
0,51
51,6
2,8
9,0
-51,5
GMp 3,17 54,0 10,5 2,3 +19,5
G. obtusata
GOs 18,0 72,7 5,0 14,0 -58,6
GOp -
f
54,9 8,8 2,5 +16,5
T. cylindrica
TCs 0,24 67,4 2,5 3,9 -61,0
TCp 0,77 36,3 30,3 4,3 +22,5
T. fragilis
TFs 0,30 53,9 2,5 22,0 -20,5
TFp 1,73 40,5 25,0 7,0 +29,0
S. halliae
SHs 0,38 - 10,4 - -
SHp 5,10 57,0 19,7 3,2 +30,0
P. palmata
PPs 15,0 80,6 1,6 2,3 -44,0
PPp 3,25 49,5 3,2 7,7 -47,5
a
em relação à massa submetida à extração aquosa (G. marginata - 58,0g; G. obtusata - 4,2g; T.
cylindrica - 9,4g; T. fragilis - 70,0g; S. halliae - 5,6g; P. palmata - 68,0g);
b
segundo DUBOIS et al.
(1956) utilizando manose e xilose como padrões;
c
segundo DODGSON; PRICE (1961), expresso
como NaSO
3
;
d
segundo LOWRY et al. (1951), utilizando BSA como padrão;
e
rotação óptica
específica dos polissacarídeos dissolvidos em água (0,2g%);
f
não determinado.
TABELA 3 - COMPOSIÇÃO MONOSSACARÍDICA DAS FRAÇÕES NEUTRAS (S) E
SULFATADAS (P) OBTIDAS MEDIANTE TRATAMENTO COM CETAVLON.
FRAÇÃO COMPOSIÇÃO MONOSSACARÍDICA (mol%)*
4-O-metil xilose xilose manose galactose glucose
GMs
0,9
89,9
4,2
2,0
3,0
GMp
0,0 36,2 53,3 9,0 1,5
GOs
1,5 92,0 1,6 4,0 0,9
GOp
6,4 38,2 42,7 9,9 2,8
TCs
1,2 92,9 2,0 1,6 2,3
TCp
2,3 25,6 65,6 2,9 3,6
TFs
0,6 77,6 4,5 3,3 14,0
TFp
15,8 21,1 54,8 6,5 1,8
SHs
2,4 84,0 6,7 2,3 4,6
SHp
2,5 19,6 53,1 16,5 8,2
PPs
-
a
83,6 - - 16,4
PPp
- 53,7 - 35,2 11,1
* determinada mediante hidrólise ácida total (TFA 2M, 121°C, 90’), na forma de alditóis acetatos, por
CLG e CG-EM;
a
não detectado.
46
Como mostrado na TABELA 2, todas as algas pertencentes à ordem
Nemaliales, exceto G. obtusata, renderam frações que apresentaram baixos
rendimentos (0,24 3,17 %). Estes baixos valores obtidos podem ser atribuídos a
uma característica desta ordem, a impregnação do tecido vegetal por carbonato de
cálcio (MU; RIDING, 1999; COLE; SHEATH, 1990). O grau de calcificação pode
variar de espécie para espécie e tem o espaço intercelular como principal sítio de
deposição (MU; RIDING, 1999; OKAZAKI et al., 1982). Para a alga T. fragilis, por
exemplo, o material inorgânico (na forma de carbonato de cálcio) representou 96,6
% do peso seco, como determinado por dosagem do teor de cinzas, a partir de
fragmentos da alga e do resíduo final de extração (FIGURA 12).
A TABELA 2 mostra também que todas as frações obtidas por precipitação
com cetavlon são ricas em grupos sulfato (8,8 30,3%), exceto PPp (3,2 %). As
frações solúveis em Cetavlon, apresentaram baixas percentagens de grupos sulfato
(1,6 – 5,0%), exceto a fração TFs (10,4%). A mesma TABELA ainda mostra a
presença de proteínas nas 11 frações dosadas (2,3 9,0%), atingindo valores de
maior relevância para as frações GOs e TFs (14,0 e 22,0%, respectivamente).
FIGURA 12 - TEOR DE CINZAS DE FRAGMENTOS DA ALGA E DO RESÍDUO FINAL
APÓS EXTRAÇÃO AQUOSA DA ALGA Tricleocarpa fragilis.
47
Para a determinação da composição monossacarídica, as frações foram
submetidas à hidrólise ácida total utilizando TFA 2M (121°C, 90’). A análise dos
hidrolisados na forma de alditois acetatos por cromatografia líquido-gasosa (CLG) e
cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massa (CG-MS), revelou que
todas as 12 frações eram constituídas pelas mesmas unidades monossacarídicas: 4-
O-metil xilose (identificada mediante redução com NaBD
4
), xilose, manose,
galactose e glucose.
Para as frações precipitadas com Cetavlon foram observados altos teores das
seguintes unidades monossacarídicas: manose (42,7 65,6 mol%) e xilose (21,1
53,7 mol%), como pode ser observado na TABELA 3. Porém, a fração TFp ainda
apresentou teores relevantes de 4-O-metil xilose (15,8 mol%), enquanto que a fração
PPp apresentou de galactose (35,2 mol%). Os monossacarídeos xilose, manose e
galactose são comumente encontrados em frações contendo polissacarídeos
sulfatados isoladas de algas vermelhas, ao contrario do monossacarídeo 4-O-metil
xilose.
Esta pentose mono metilada não foi anteriormente observada entre os
produtos de hidrólise das frações isoladas de algas das ordens Nemaliales (USOV,
1981; MATULEWICZ; CEREZO, 1987
1
; HAINES et al., 1990; MATULEWICZ et al.,
1994; KOLENDER et al., 1995; 1997) ou Palmariales (LAHAYE et al., 1993;
DENIAUD et al., 2003; LAHAYE et al., 2003), mas já foi encontrada em espécies do
gênero Curdiea (Gracilariales FALSHAW et al., 1998), porém nunca em teor tão
elevado como o relatado na fração TFp.
A identificação da galactose como o segundo monossacarídeo majoritário da
fração PPp esta de acordo com o esperado para representantes da ordem
Palmariales, os quais caracterizam-se por biossintetizarem principalmente xilanas
neutras mas também xilogalactanas como componentes minoritários (MILLER, 1997;
CHOPIN et al., 1999).
As frações solúveis em Cetavlon, por sua vez, se mostraram majoritariamente
compostas por unidades de xilose (77,6 a 92,9 mol%).
Glucose se mostrou como o segundo monossacarídeo de maior percentagem
para as frações TFs e PPs, 14,0 e 16,4 mol% respectivamente (TABELA 3). A
presença de glucose entre os produtos de hidrólise de frações polissacarídicas
obtidas a partir de algas vermelhas é comum e pode ser atribuída a presença de
48
amido das florídeas, o polissacarídeo de reserva das algas vermelhas (MILLER,
1997; KNUTSEN; GRASDALEN, 1987). Por ser neutro, este polissacarídeo pode ter
permanecido no sobrenadante durante o processo de precipitação das frações com
Cetavlon. Os demais monossacarídeos presentes nestas frações se encontram em
baixas percentagens (TABELA 3) e provavelmente provêm de contaminação pelos
polissacarídeos sulfatados.
A TABELA 2 mostra que valores positivos de polarimetria foram observados
para as frações precipitadas (+16,5° até +30,0°), enquanto que para as solúveis
observou-se valores negativos (-20,5° até -58,6°). Tais valores sugerem que as
unidades de manose, predominantes nas frações precipitadas, apresentam
configuração α, enquanto que as unidades de xilose, predominantes nas frações
solúveis, apresentam configuração β.
Desta maneira, pode-se sugerir que as frações solúveis em Cetavlon (GMs,
GOs, TCs, TFs, SHs e PPs) são constituídas por xilanas neutras enquanto que as
cinco frações precipitadas com Cetavlon (GMp, GOp, TCp, TFp e SHp) são
constituídas por xilomananas sulfatadas e a fração PPp por uma galactoxilana ou
por uma mistura de uma xilana e uma xilomanana .
49
4.1.1. ESTRUTURA DAS XILANAS PRESENTES NAS FRAÇÕES SOLÚVEIS
Visando elucidar a estrutura química fina das xilanas constituintes das frações
solúveis isoladas das algas Galaxaura marginata, G. obtusata, Tricleocarpa
cylindrica, T. fragilis, Scinaia halliae e Palmaria palmata foram realizadas análises de
ressonância magnética nuclear de C
13
e H
1
.
Os espectros de C
13
obtidos para todas as seis frações se mostraram
extremamente similares, cada um contendo um total de onze sinais, destes, cinco de
maior intensidade e seis de menor intensidade (FIGURA 13).
Na região anomérica dos espectros, foram observados dois sinais, um
apresentado baixa intensidade, em 103,1 - 103,2 ppm, e o outro apresentando maior
intensidade, em 101,6 ppm (TABELA 4). Estes sinais foram, respectivamente,
atribuídos aos carbonos anoméricos (C-1) de unidades de β-D-xilopiranose-(13) e -
(14) ligadas (USOV et al., 1981; MATULEWICZ et al., 1992; LAHAYE, et al., 1993;
DENIAUD, et al., 2003).
De maneira mais detalhada, o sinal de menor intensidade (103,1 ppm) refere-
se ao C-1 das unidades de xilopiranose glicosiladas em C-4, que na cadeia
polissacarídica, substituem outra unidade de xilopiranose em carbono 3 (TABELA 4
e FIGURA 14). O sinal de maior intensidade (101,6 ppm), por sua vez, é
simultaneamente referente ao C-1 das unidades de xilopiranose que se encontrem
glicosiladas em C-3 ou em C-4 mas que na cadeia polissacarídica estejam
substituindo o carbono 4 de outra unidade de xilopiranose (TABELA 4). Na FIGURA
11 o espectro obtido para a xilana constituinte da fração GMs é utilizado para
exemplificar os assinalamentos acima descritos.
Como mencionado anteriormente, dois tipos distintos de xilanas podem ser
isolados a partir de algas vermelhas: as que apresentam apenas um tipo de ligação
glicosídica na cadeia polissacarídica (β-(13) ou β-(14)), e aquelas com ambas as
ligações, sendo estas denominada mistas (FIGURA 4 - KLOAREG; QUATRANO,
1988; MATULEWICZ et al., 1992; BALDAN et al., 1995; LAHAYE et al., 2003). Desta
maneira, a ocorrência dos dois sinais anoméricos nos espectros das seis frações
solúveis, evidenciou que seus polissacarídeos constituintes eram xilanas do tipo
mista.
50
Outros dois sinais, localizados entre 83,6 e 83,8, e 73,7 e 73,7 ppm
observados nestes espectros (TABELA 4), foram atribuídos aos carbonos 3 e 4
glicosilados das unidades de β-D-xilopiranose, respectivamente (USOV et al., 1981;
MATULEWICZ et al., 1992; LAHAYE, et al., 1993; DENIAUD, et al., 2003) e
confirmaram o caráter misto destas xilanas (FIGURA 14).
Ainda, como conseqüência deste padrão de substituição, três sinais variando
entre 73,2 a 73,3, 72,3 a 72,4 e 72,6 a 72,7 ppm (TABELA 4), foram identificados
nos espectros das frações e se mostraram referentes ao carbono 2 das unidades de
β-D-xilopiranose quando glicosilada em C-4 e glicosilando outra unidade em C-3,
quando glicosilada em C-3 e glicosilando em C-4 e quando glicosilada e glicosilando
em C-4, respectivamente (MATULEWICZ et al., 1992; LAHAYE, et al., 1993;
DENIAUD, et al., 2003).
Os assinalamentos completos das unidades de β-D-xilopiranose, sob cada
padrão de substituição são dados na TABELA 2 e mostraram sofrer influência
somente da glicosilação da unidade de xilose analisada (FIGURA 14).
51
FIGURA 13 - ESPECTROS DE RMN DE C
13
* DAS XILANAS CONSTITUINTES DAS
FRAÇÕES SOLÚVEIS GMs (A), GOs (B), TCs (C), TFs (D), SHs (E) e PPs (F).
ppm
* experimento realizado à 50 °C, com os polissacarídeos dissolvidos em D
2
O .
A)
B)
C)
D)
E)
F)
52
FIGURA 14 PADO DE SUBSTITUIÇÃO APRESENTADO PELA XILANA GMs (A) E
SEU ESPECTRO DE RMN DE C
13
(B).
as letras correspondem as unidades: 4)-β-D-xilopiranose-(13)- (A), 3)-β-D-
xilopiranose-(14)- (B) e 4)-β-D-xilopiranose-(14)- (C); os números são referentes aos
carbonos identificados.
O
OH
O
O
OH
O
OH
O
OH
O
OH
O
OH
CH
3
O
OH
OH
O
A)
A B C
1
3 1
4 1
4
A-1
A
-
4
C-4
C-2
B
-
1
C-1
B-3
A
-
3
C-3
A
-
5
C-5
B-5
B-4
B-2
A-2
B)
ppm
53
TABELA 4 - ASSINALAMENTOS QUÍMICOS ATRIBUÍDOS AOS CARBONOS DAS
UNIDADES DE β
ββ
β-D-XILOPIRANOSE CONSTITUINTES DAS XILANAS MISTAS
(FRAÇÕES SOLÚVEIS).
FRAÇÃO*
UNIDADE
DESLOCAMENTO QUÍMICO (ppm)**
C-1 C-2 C-3 C-4 C-5
GMs
4)-β
ββ
β-Xilp-(1
3)-
1
103,1
73,3
73,7
76,4
63,0
3)-β
ββ
β-Xilp-(1
4)-
2
101,6 72,4 83,7 67,7 64,8
4)-β
ββ
β-Xilp-(1
4)-
3
101,6 72,7 73,7 76,4 63,0
GOs
4)-β
ββ
β-Xilp-(1
3)-
103,1 73,3 73,7 76,4 63,0
3)-β
ββ
β-Xilp-(1
4)-
101,6 72,3 83,7 67,7 64,8
4)-β
ββ
β-Xilp-(1
4)-
101,6 72,7 73,7 76,4 63,0
TCs
4)-β
ββ
β-Xilp-(1
3)-
103,2 73,3 73,7 76,4 62,9
3)-β
ββ
β-Xilp-(1
4)-
101,6 72,4 83,6 67,7 64,8
4)-β
ββ
β-Xilp-(1
4)-
101,6 72,7 73,7 76,4 62,9
TFs
4)-β
ββ
β-Xilp-(1
3)-
103,1 73,2 73,7 76,4 63,0
3)-β
ββ
β-Xilp-(1
4)-
101,6 72,3 83,7 67,7 64,8
4)-β
ββ
β-Xilp-(1
4)-
101,6 72,6 73,7 76,4 63,0
SHs
4)-β
ββ
β-Xilp-(1
3)-
103,2 73,3 73,7 76,4 63,0
3)-β
ββ
β-Xilp-(1
4)-
101,6 72,4 83,6 67,7 64,8
4)-β
ββ
β-Xilp-(1
4)-
101,6 72,7 73,7 76,4 63,0
PPs
4)-β
ββ
β-Xilp-(1
3)-
103,2 73,3 73,7 76,4 63,0
3)-β
ββ
β-Xilp-(1
4)-
101,6 72,3 83,8 67,7 64,8
4)-β
ββ
β-Xilp-(1
4)-
101,6 72,7 73,7 76,4 63,0
* frações solúveis em cetavlon isoladas das algas G. marginata (GMs), G. obtusata (GOs), T.
cylindrica (TCs), T. fragilis (TFs), S. halliae (SHs) e P. palmata (PPs);
1
4)-β-D-xilopiranose-(13)-,
0
3)-β-D-xilopiranose-(14)-,
3
4)-β-D-xilopiranose-(14)-; ** δ referente ao padrão interno acetona
em 32,20 ppm para C
13
, de acordo com USOV et al. (1981); MATULEWICZ et al. (1992); LAHAYE et
al. (1993) e DENIAUD et al. (2003).
54
Análises de RMN de H
1
também foram realizadas e os espectros obtidos para
as frações solúveis, da mesma forma que observado para os de C
13
, se mostraram
muito similares (FIGURA 15).
Na região anomérica destes espectros, foram observados dois sinais, um de
baixa intensidade, em 4,68 - 4,69 ppm, e outro de maior intensidade em 4,48 ppm,
para todas as frações (TABELA 5).
Estes sinais foram atribuídos aos prótons anoméricos (H-1) de unidades de β-
D-xilopiranose-(13) e -(14) ligadas, respectivamente (LAHAYE, et al., 1993;
DENIAUD, et al., 2003 FIGURA 16) e se apresentaram como dupletes, o que
permitiu determinar o valor da constante de acoplamento para o H-1 das unidades
de xilopiranose -(13) e -(14) ligadas (TABELA 5). Estes valores permaneceram
entre 7,4 7,6 e 6,8 7,5 Hz, respectivamente, confirmando que as unidades de
xilopiranose constituintes destes polissacarídeos se encontravam como seus
anômeros β, uma vez que a configuração α apresenta uma constante em torno de
3,6 Hz (NERINCKX et al., 2004).
A integração destes sinais permitiu estabelecer uma razão entre as unidades
com ligações 13 e 14 (TABELA 5), mostrando que em todas as frações existem
no mínimo três unidades de xilose com ligação 14 para cada unidade com ligação
13.
55
FIGURA 15 - ESPECTROS DE RMN DE H
1
* DAS XILANAS CONSTITUINTES DAS
FRAÇÕES SOLÚVEIS GMs (A), GOs (B), TCs (C), TFs (D), SHs (E) e PPs (F).
ppm
* experimento realizado à 50 °C, com os polissacarídeos dissolvidos em D
2
O.
A)
B)
C)
D)
E)
F)
56
FIGURA 16 PADRÃO DE SUBSTITUIÇÃO DA XILANA GMs (A) E SEU ESPECTRO DE
RMN DE H
1
(B).
as letras correspondem as unidades: 4)-β-D-xilopiranose-(13)- (A), 3)-β-D-
xilopiranose-(14)- (B) e 4)-β-D-xilopiranose-(14)- (C); os números são referentes aos
prótons identificados.
O
OH
O
O
OH
O
OH
O
OH
O
OH
O
OH
CH
3
O
OH
OH
O
A)
A B C
1
3 1
4 1
4
B
-
1
C-1
A-1
ppm
B)
57
Uma vez identificados os prótons anoméricos de cada unidade constituinte
das xilanas, a fração, de maior rendimento, GOs foi submetida à análise
bidimensional de RMN HMQC, visando por este todo identificar os sinais
referentes aos demais prótons de cada unidade monossacarídica.
No espectro obtido para a fração GOs então, foram observadas 12
correlações C
13
/H
1
e a partir dos deslocamentos, conhecidos, de cada diferente
carbono constituinte de cada monossacarídeo foi possível identificar o seu próton
correspondente (H-2, H-3, H-4, H-5 e H-5’ - FIGURA 15).
Como esperado, os sinais anoméricos de C
13
, localizados em 103,14 e 101,62
ppm, apresentaram perfeita correlação com os sinais anoméricos de H
1
, localizados
em 4,68 e 4,48 ppm, respectivamente (FIGURA 15).
Os sinais em 73,27, 72,32 e 72,68 ppm, por sua vez correlacionaram-se com
os sinais em 3,42, 3,30 e 3,47 ppm (FIGURA 15), mostrando que estes sinais eram
referentes aos H-2 das unidades de β-D-xilopiranose glicosiladas em C-4 e
glicosilando a próxima unidade em C-3, glicosiladas em C-3 e glicosilando em C-4 e
glicosiladas e glicosilando em C-4, respectivamente (TABELA 3).
Os sinais em 73,72 e 76,40 ppm correlacionaram-se com os sinais em 3,64 e
3,79 ppm (FIGURA 15), permitindo assim assinalar estes sinais de H1 como
referentes aos H-3 e H-4 das unidades de β-D-xilopiranose glicosiladas em C-4 e
glicosilando a próxima unidade em C-3, bem como das unidades glicosiladas e
glicosilando em C-4 (TABELA 3), enquanto que os sinais em 83,72 e 67,71 ppm,
correlacionaram-se com os sinais em 3,58 e 3,78 ppm, os quais foram atribuídos aos
H-3 e H-4 das unidades de β-D-xilopiranose glicosiladas em C-3 e glicosilando em C-
4 (TABELA 3).
Por fim, o sinal em 62,98 ppm correlacionou-se com sinais em 3,37 e 4,10
ppm e o sinal em 64,82 ppm com os sinais em 4,12 e 3,39 ppm (FIGURA 15),
respectivamente atribuídos aos H-5 e H-5’ das unidades de β-D-xilopiranose
glicosiladas em C-4 e glicosilando a próxima unidade em C-3 ou C-4 e aos H5 e H-5’
das unidades de β-D-xilopiranose glicosiladas em C-3 e glicosilando a próxima
unidade em C-4 (TABELA 3).
58
FIGURA 17 - ESPECTRO DE CORRELAÇÃO HMQC (C
13
/H
1
)* DA FRAÇÃO GOs.
as letras correspondem as correlações C
13
/H
1
das unidades: 4)-β-D-xilopiranose-(13)-
(A), 3)-β-D-xilopiranose-(14)- (B) e 4)-β-D-xilopiranose-(14)- (C); os números
correspondem aos carbonos e prótons identificados; no inserto são mostradas as
correlações anoméricas; * experimento realizado à 50 °C, com os polissacarídeos
dissolvidos em D
2
O.
A-1
B
-
1
C-1
B-3
A-4, C-4
A-2
B-2
C-2
A-3, C-3
B-4
B-5
A-5, C-5
A-5’, C-5’
59
Desta maneira estabeleceu-se o completo assinalamento completo de próton
para a fração GOs, a qual foi utilizada como modelo para o completo assinalamento
das demais frações solúveis GMs, TCs, TFs, SHs e PPs (TABELA 5).
TABELA 5 - ASSINALAMENTOS QUÍMICOS ATRIBUÍDOS AOS PRÓTONS DAS
UNIDADES DE β
ββ
β-D-XILOPIRANOSE CONSTITUINTES DAS XILANAS MISTAS
(FRAÇÕES SOLÚVEIS).
FRAÇÃO*
UNIDADE**
DESLOCAMENTO QUÍMICO (ppm)***
H-1 H-2 H-3 H-4 H-5;5’
RAZÃO
b
(1
3):(1
4)
GMs
4)-β
ββ
β-Xilp-(1
3)-
4,69 (7,5)
a
3,42
3,64
3,79
4,10; 3,37
3)-β
ββ
β-Xilp-(1
4)-
4,48 (7,2) 3,30
3,57
3,78
4,12; 3,39
1,0:3,9
4)-β
ββ
β-Xilp-(1
4)-
4,48 (7,2) 3,47
3,64
3,79
4,10; 3,37
GOs
4)-β
ββ
β-Xilp-(1
3)-
4,68 (7,5) 3,42
3,64
3,79
4,10; 3,37
3)-β
ββ
β-Xilp-(1
4)-
4,48 (7,4) 3,30
3,58
3,78
4,12; 3,39
1,0:2,7
4)-β
ββ
β-Xilp-(1
4)-
4,48 (7,4) 3,47
3,64
3,79
4,10; 3,37
TCs
4)-β
ββ
β-Xilp-(1
3)-
4,69 (7,5) 3,42
3,64
3,79
4,11; 3,37
3)-β
ββ
β-Xilp-(1
4)-
4,48 (7,3) 3,30
3,57
3,78
4,12; 3,39
1,0:3,5
4)-β
ββ
β-Xilp-(1
4)-
4,48 (7,3) 3,47
3,64
3,79
4,11; 3,37
TFs
4)-β
ββ
β-Xilp-(1
3)-
4,69 (7,6) 3,43
3,64
3,80
4,11; 3,37
3)-β
ββ
β-Xilp-(1
4)-
4,48 (7,5) 3,30
3,58
3,79
4,13; 3,40
1,0:5,6
4)-β
ββ
β-Xilp-(1
4)-
4,48 (7,5) 3,47
3,64
3,80
4,11; 3,37
SHs
4)-β
ββ
β-Xilp-(1
3)-
4,69 (7,5) 3,42
3,64
3,79
4,11; 3,37
3)-β
ββ
β-Xilp-(1
4)-
4,48 (7,3) 3,30
3,58
3,78
4,12; 3,39
1,0:3,1
4)-β
ββ
β-Xilp-(1
4)-
4,48 (7,3) 3,47
3,64
3,79
4,11; 3,37
PPs
4)-β
ββ
β-Xilp-(1
3)-
4,69 (7,4) 3,42
3,64
3,79
4,11; 3,37
3)-β
ββ
β-Xilp-(1
4)-
4,48 (6,8) 3,30
3,58
3,78
4,12; 3,39
1,0:3,0
4)-β
ββ
β-Xilp-(1
4)-
4,48 (6,8) 3,47
3,64
3,79
4,11; 3,37
* frações solúveis em cetavlon isoladas das algas G. marginata (GMs), G. obtusata (GOs), T.
cylindrica (TCs), T. fragilis (TFs), S. halliae (SHs) e P. palmata (PPs); ** unidades: 4)-β-D-
xilopiranose-(13)-, 3)-β-D-xilopiranose-(14)- e 4)-β-D-xilopiranose-(14)-; *** δ referente ao
padrão interno acetona em 2,225 ppm para H
1
. Assinalamentos anoméricos de acordo com USOV et
al. (1981); LAHAYE et al. (1993) e DENIAUD et al. (2003);
a
constante de acoplamento dos prótons
anoméricos (J
1,2
, Hz);
b
obtido mediante integração dos prótons anoméricos.
60
Como mencionado anteriormente, a análise de composição monossacarídica
das frações solúveis GMs, GOs, TCs, TFs, SHs e PPs, revelou a presença,
juntamente com seu componente majoritário (xilose), de baixos teores de outros
monossacarídeos, como manose, galactose e glucose (TABELA 3), os quais podem
ter sua origem atribuída a contaminações provenientes dos polissacarídeos
sulfatados, também biossintetizados por estas algas e que se concentraram nas
frações precipitadas (GMp, GOp, TCp, TFp, SHp e PPs), não pertencendo a
estrutura destas xilanas. Como as análises de RMN de C
13
não mostraram nenhum
sinal passível de atribuição a qualquer um destes monossacarídeos, pode-se
considerar estes polissacarídeos como homopolímeros de xilose.
Grupos sulfato e proteínas também foram encontrados nestas frações,
atingindo valores elevados nas frações GOs (14,0 % de proteína), TFs (22,0 % de
proteína) e SHs (10,4 % de sulfato), como mostrado na TABELA 2. Estes valores
identificados podem ainda ser atribuídos, da mesma forma, à contaminações com os
polissacarídeos sulfatados.
Contudo, estudos recentes tem revelado que as xilanas solúveis, constituintes
do componente amorfo da parede celular da alga Palmaria palmata, são
parcialmente ácidas, devido à ocorrência de baixos teores de grupos sulfato e
fosfato em sua estrutura (LAHAYE et al., 2003; DENIAUD et al., 2003), o que pode
sugerir que, ao menos parte dos grupos sulfato em SHs possa fazer parte da
estrutura da xilana isolada.
Para confirmar a estrutura proposta para as xilanas, mediante as análises de
ressonância magnética nuclear, as frações GMs, GOs, TCs, TFs, SHs e PPs foram
submetidas ao processo de metilação, utilizando-se a metodologia descrita por
HAWORTH (1915), seguida pela descrita por CIUCANU e KEREK (1984).
Este processo de metilação foi necessário uma vez que as xilanas se
mostraram insolúveis em DMSO, sendo assim necessário realizar inicialmente uma
metilação parcial da molécula utilizando uma metodologia com solvente aquoso e na
seqüência uma metodologia com DMSO para completar a metilação dos
polissacarídeos. A completa metilação destes polissacarídeos foi observada
mediante análises de infravermelho (realizadas para as frações GOs e TFs), através
da extrema redução da banda em 3500 cm
-1
, a qual é referente a hidroxilas livres
presentes no polissacarídeo nativo e ausentes nos metilados (FIGURA 18).
61
FIGURA 18 - ESPECTROS DE FT-IR DAS FRAÇÕES TFs E GOs ANTES (A) E APÓS
METILAÇÃO (B).
A) B)
Os polissacarídeos metilados foram então submetidos a hidrólise ácida total
(TFA 2M, 121 °C, 90’) e metanólise (MeOH/HCl 3%, 70°C, 3h) seguidas por análise
de cromatografia líquido-gasosa (CLG) e cromatografia gasosa acoplada a
espectrometria de massa (CG-EM), visando obter as unidades monossacarídicas
parcialmente metiladas constituintes, as quais foram identificadas através de seus
tempos de retenção e por seus perfis característicos de fragmentação.
Os mesmos monossacarídeos parcialmente metilados foram obtidos para
todas as seis frações, tanto pelo processo hidrolítico com TFA quanto pela
metanólise (TABELA 6) e identificados como 2,3-di-O-metil xilose (64,3 81,8 %),
2,4-di-O-metil xilose (15,1 – 35,7 %) e 2,3,4-tri-O-metil xilose (0,0 – 4,8 mol%).
62
TABELA 6 - ANÁLISE DE METILAÇÃO, RAZÃO ENTRE AS LIGAÇÕES, GRAU DE
POLIMERIZAÇÃO (DP) E MASSA MOLECULAR DETERMINADA PARA AS FRAÇÕES
SOLÚVEIS.
FRAÇÃO MONOSSACARÍDEO (mol%)*
2,3,4-Xil
a
2,3-Xil
b
2,4-Xil
c
RAZÃO
(1
3):(1
4)
DP MASSA
MOLECULAR
D
GMs
3,0
81,1
15,9
1,0 : 5,1
32,3
4.000
GOs
2,4 81,8 15,8 1,0 : 5,2 40,7 4.000
TCs
4,5 80,4 15,1 1,0 : 5,1 21,2 2.700
TFs
4,8 79,7 15,5 1,0 : 5,1 19,8 4.400
SHs
1,6 81,2 17,2 1,0 : 4,7 61,5 -
PPs
0,0 64,3 35,7 1,0 : 1,8 -
e
2.112
* determinado mediante hidrólise ácida total (TFA 2M, 121°C, 90’) e metanólise (MeOH/HCl
3%, 70°C, 3h) na forma de alditóis acetatos, por CLG e CG-EM.
a
2,3,4-tri-O-metil xilose;
b
2,3-di-O-metil xilose;
c
2,4-di-O-metil xilose.
d
segundo PARK e JOHNSON (1949).
e
não determinado.
Os derivados 2,3-di-O-metil e 2,4-di-O-metil xilose, que se apresentaram
majoritariamente nas frações, originaram-se, respectivamente a partir das unidades
de xilopiranose 4- e 3-glicosiladas presentes nos polissacarídeos (FIGURA 19),
enquanto que o derivado 2,3,4-tri-O-metil xilose, originou-se a partir das unidades
terminais de xilose, ou seja, localizadas como terminais não redutores (FIGURA 19).
A ausência de unidades monossacarídicas mono metiladas ou não metiladas
entre os produtos de hidrólise das frações GMs, GOs, TCs, TFs, SHs e PPs,
mostraram que suas xilanas constituintes não possuem pontos de ramificação, se
tratando assim de polissacarídeos lineares, como já sugerido pelas análises de
RMN.
A partir das percentagens dos derivados 2,4-di-O-metil e 2,3-di-O-metil xilose
determinadas, foi possível estabelecer uma proporção entre os dois tipos de ligação
glicosídica encontradas nas xilana constituintes de cada fração, a qual foi de
aproximadamente 1,0:5,0 (TABELA 6). Ou seja, para cada unidade de xilose
substituída glicosidicamente em carbono 3 existem aproximadamente outras cinco
unidades substituídas em carbono 4. Esta proporção se mostrou a mesma para as
63
frações GMs, GOs, TCs, TFs e SHs, porém para PPs, a razão obtida foi de 1,0:2,0
(TABELA 6).
FIGURA 19 - UNIDADES PARCIALMENTE METILADAS OBTIDAS A PARTIR DAS
XILANAS CONSTITUINTES DAS FRAÇÕES SOLÚVEIS.
A proporção estimada para as xilanas das frações obtidas a partir de algas
pertencentes a ordem Nemaliales (Galaxaura marginata, G. obtusata, Tricleocarpa
cylindrica, T. fragilis e Scinaia halliae) permaneceu muito próxima à determinada
para as xilanas isoladas de outras algas pertencentes a esta mesma ordem, como
O
OH
O
OH
OH
CH
3
O
OH
O
OH
OH
CH
3
O
OH
O
OH
OH
CH
3
O
OCH
3
OH
H
3
CO
O
OCH
3
H
3
CO
OH
O
OCH
3
H
3
CO
H
3
CO
3)-xilopiranose-(1
4)-xilopiranose-(1
xilopiranose-(1
2,4-di-O-metil xilose
2,3-di-O-metil xilose
2,3,4-tri-O-metil xilose
metilação
H
+
total
metilação
H
+
total
metilação
H
+
total
~
OH, H
~
OH, H
~
OH, H
64
Galaxaura squalida (1,0:4,0 - USOV et al., 1981), Nemalion vermiculare (1,0:4,0 -
USOV et al., 1973; KOVAC et al., 1980), Chaetangium fastigiatum (1,0:3,0 -
CEREZO et al., 1971) e Chaetangium erinaceum (1,0:4,0 - NUNN et al., 1973).
O mesmo porém não foi observado para a xilana isolada da alga Palmaria
palmata, onde a proporção determinada de 1,0:2,0 ficou muito abaixo daquelas
determinadas previamente para a mesma alga (1,0:5,0 - LAHAYE et al., 1993, 2003)
ou para outros representantes da ordem Palmariales como Rhodymenia stenogona
(1,0:4,0 - KOVAC et al., 1980) e Halosaccion glandiforme (1,0:4,0 - KOVAC et al.,
1980).
A proporção entre os dois tipos de ligações presentes nas xilanas das frações
GMs, GOs, TCs, TFs, SHs e PPs também foi determinada através da integração dos
sinais em 4,68 - 4,69 e 4,48 ppm, preferentes aos prótons anoméricos das unidades
de β-D-xilopiranose-(13) e -(14), observados nos espectros de RMN de H
1
(TABELA 5). Por esta análise, os valores determinados variaram entre 1,0:2,7 a
1,0:5,6, para as frações obtidas a partir das algas da ordem Nemaliales, ficando
abaixo do determinado pelas análises químicas, e 1,0:3,0 para a alga P. palmata,
valor muito próximo ao determinado pelo método químico.
A diferença observada entre os valores determinados pelas análises de RMN
e de metilação pode ser atribuída a incompleta metilação dos polissacarídeos,
degradação preferencial das ligações -(14) ou ainda a erros na integração manual
dos picos de RMN (LAHAYE et al., 1993).
Estudos realizados com xilanas mistas tem mostrado que as ligações -(13)
se apresentam aleatoriamente distribuídas ao longo da molécula, nunca ocorrendo
em posições contíguas e conferindo desta maneira a molécula, uma conformação ao
acaso ou “random coil” (CEREZO et al., 1971; NUNN et al., 1973; MATULEWICZ et
al., 1992). Estudos mais recentes onde foram obtidos oligossacarídeos a partir das
xilanas de N. erinacea e P. palmata m sugerido a existência de um motivo
pentamérico idealizado nas xilanas das ordens Nemaliales e Palmariales, onde
existiriam quatro unidades de xilose 4-O-ligadas contíguas para cada unidade 3-O-
ligada, pequenas irregularidades neste modelo, também permitiriam a ocorrência de
menores seqüências de xilose 4-O-ligadas (DENIAUD et al., 2003, NERINCKX et al.,
2004).
65
Ainda, a presença do derivado 2,3,4-tri-O-metil xilose entre os produtos de
hidrólise das frações metiladas (TABELA 6) mostrou que as xilanas apresentam
baixo grau de polimerização (DP 19,8 – 61,5; TABELA 6), uma vez que, como
mencionado anteriormente, estes polímeros são lineares não possuindo pontos de
ramificação, sugerindo assim baixas massas moleculares.
As massas moleculares determinadas para as xilanas GMs, GOs, TCs, TFs e
SHs foi determinada utilizando-se os teores do derivado trimetilado e o valor da
massa molecular de uma unidade de xilose, como sendo 4.400, 5.500, 2.930, 2.750
e 8.250 Da, respectivamente.
Os valores determinados colorimetricamente pelo método de PARK e
JOHNSON (1949), mostrados na TABELA 6, confirmaram os valores obtidos para as
frações GMs e TCs, mas diferiram para as xilanas das frações GOs e TFs. Contudo
a análise conjunta destes valores permite dizer que as algas do gênero Galaxaura
sintetizam polímeros de maiores massas do que as do gênero Tricleocarpa.
As massas das xilanas SHs e PPs não foram confirmadas, uma vez que cada
polímero foi analisado por uma única metodologia.
Desta maneira, este conjunto de informações mostra que as xilanas presentes
nas frações solúveis isoladas das algas G. marginata, G. obtusata, T. cylindrica, T.
fragilis, S. halliae e P. palmata apresentam uma estrutura mista, linear e de baixa
massa molecular, de maneira semelhante aquelas descritas na literatura para
xilanas solúveis isoladas a partir de outras espécies de algas vermelhas.
Assim, estes resultados podem ampliar os dados disponíveis na literatura que
sugerem a utilização das xilanas mistas (solúveis) como marcadores taxonômicos
para as ordens Nemaliales e Palmariales (MILLER, 1997). Esta estrutura química
poderia ser utilizada com este fim que obedece aos critérios para ser considerada
como tal, ou seja, ser específico de um certo táxon ou grupo de organismos e ser
suficientemente abundante para ser detectado e identificado com segurança
(KARSTEN et al., 1999).
Estes polissacarídeos, apesar de alguns questionamentos (CRAIGIE 1990,
em COLE; SEATH, 1990), foram utilizados como critério decisivo na incorporação
da alga Leptosarca simplex A. et E.S. Gepp, originalmente pertencente à ordem
Gigartinales, na ordem Palmariales, como sinônimo da alga Palmaria decipiens
(Reinsch) R.W. Ricker by Ricker (FURNEAUX; MILLER, 1986).
66
4.1.2. ESTRUTURAS DAS XILOMANANAS SULFATADAS PRESENTES NAS
FRAÇÕES PRECIPITADAS COM CETAVLON
Para a caracterização da estrutura química fina das xilomananas sulfatadas,
foram escolhidas as frações GMp e TFp, isoladas a partir das algas G. marginata e
T. fragilis, respectivamente. Esta escolha foi feita baseando-se nos rendimentos
(3,17 e 1,73%, respectivamente) e na quantidade de material disponível de cada
fração, comparado às demais. Além disso, também foi utilizado como critério de
escolha a diferença observada entre suas composições monossacarídicas (TABELA
7), uma vez que GMp apresentou elevados teores de manose (53,3 mol%) e xilose
(36,2 mol%), enquanto TFp apresentou-se majoritariamente composta por manose
(54,8 mol%), xilose (21,1 mol%) e 4-O-metil xilose (15,8 mol%).
TABELA 7 CARACTERÍSTICAS GERAIS E COMPOSIÇÃO MONOSSACARÍDICA DAS
FRAÇÕES GMp E TFp.
FRAÇÃO SULFATO
(%)
a
α
αα
α
D
20
)
b
COMPOSIÇÃO MONOSSACARÍDICA (mol%)*
4xil
1
Xil
2
Man
3
Gal
4
Glc
5
GMp
10,5
+19,5
0,0
36,2
53,3
9,0
1,5
TFp
25,0 +29,0
15,8 21,1 54,8 6,5 1,8
a
segundo DODGSON; PRICE (1961), expresso como NaSO
3
;
b
rotação óptica específica dos
polissacarídeos dissolvidos em água (0,2g%); * determinada mediante hidrólise ácida total (TFA 2M,
121°C, 90’), na forma de alditóis acetatos, por CLG e CG-EM;
1
4-O-metil xilose,
2
xilose,
3
manose,
4
galactose,
5
glucose.
Análises mediante cromatografia de exclusão estérica acoplada a detectores
de espalhamento de luz e índice de refração (HPSEC-MALLS) mostraram que as
frações GMp e TFp eram compostas por um polímero de elevada massa molecular
(espalhamento de luz), apresentando um pico de eluição próximo a 40 minutos
(FIGURA 20). As análises ainda mostraram em TFp a presença de outros polímeros
de baixa massa molecular (índice de refração).
67
FIGURA 20 - CROMATOGRAMA DE HPSEC-MALLS DAS FRAÇÕES GMp (A) E TFp (B).
detector 11 (vermelho): espalhamento de luz, detector auxiliar 1 (azul): índice de refração; *
experimento realizado com os polissacarídeos dissolvidos em solução de nitrito contendo
azida sódica.
Quando submetidas à análise de ressonância magnética nuclear de C
13
, as
frações GMp e TFp geraram espectros distintos porém com alguns assinalamentos
comuns (FIGURA 21). Tais espectros apresentaram baixa resolução, provavelmente
devido à elevada viscosidade das soluções, elevada sulfatação (a qual reduz a
mobilidade molecular) e pela microheterogeneidade estrutural gerada por estes
grupos.
Na região anomérica do espectro da fração GMp, somente dois sinais foram
observados em 103,2 e 99,1 ppm (TABELA 8), enquanto que em TFp estes mesmos
sinais, localizados em 103,4 e 99,0 ppm, ocorriam juntamente com um terceiro sinal,
de baixa definição, centrado em 101,8 ppm (TABELA 8).
O sinal em campo mais baixo observado em ambos os espectros (103,4 e
103,2 ppm) foi atribuído ao C-1 de unidades de β-D-xilopiranose e ou de β-D-
xilopiranose 4-O-metiladas (4-O-metil xilose), enquanto que o localizado em campo
mais alto (99,1 e 99,0 ppm) foi atribuído ao C-1 de unidades de α-D-manopiranose,
quando esterificadas em carbono 2 por grupos sulfato (manose 2-sulfato -
KOLENDER et al., 1995 e 1997; USOV et al., 1997; FALSHAW et al., 1998).
A)
B)
68
FIGURA 21 - ESPECTROS DE RMN DE C
13
* DAS XILOMANANAS CONSTITUINTES DAS
FRAÇÕES GMp (A) E TFp (B).
as siglas correspondem as unidades: β-D-xilopiranose (X), 4-O-metil β-D-xilopiranose (4-X),
α-D-manopiranose 2-sulfato (M2S), α-D-manopiranose 4-sulfato (M4S); os números são
referentes aos carbonos identificados; as setas indicam os sinais ausentes em GMp. *
experimento realizado à 80°C com os polissacarídeos dissolvidos em D
2
O.
o sinal em 101,8 ppm, presente unicamente em TFp, foi atribuído ao C-1
de unidades de α-D-manopiranose não sulfatadas em carbono 2 (KOLENDER et al.,
1995 e 1997). Como mencionado, o sinal em 103,4 - 103,2 ppm foi atribuído ao
carbono 1 das unidades de xilose e de 4-O-metil xilose. Porém, a composição
monossacarídica determinada para estas duas frações, mostrou que a pentose
mono metilada somente estava presente em TFp (TABELA 8). Desta maneira pôde-
A)
X-1
M2S-1
X-4
M2S-2,-3
M4S-4
M(2S,4S)-6
X/4X-1
M2S-1
M2S-2,-3
M4S-4
4X-4
M(4S)-2
M(2S,4S)-6
M(4S)-1
B)
69
se considerar que o sinal em 103,4 ppm era referente a uma sobreposição dos C-1
de ambas as unidades monossacarídicas, enquanto que o sinal em 103,2 ppm
referia-se somente ao C-1 das unidades de xilose. Esta afirmação foi confirmada
mediante a identificação do sinal em 78,8 ppm em TFp e do sinal em 69,4 ppm em
GMp (TABELA 8), os quais foram respectivamente atribuídos ao carbono 4 metilado
e ao carbono 4 livre, destas referidas unidades (USOV et al., 1997; FALSHAW et al.,
1998).
A presença de unidades de α-D-manopiranose sulfatadas em carbono 2
(manose 2-sulfato), sugerida pela ocorrência dos sinais em 99,1 (GMp) e 99,0 ppm
(TFp), foi confirmada mediante a identificação do sinal em 75,8 ppm (TABELA 8), em
ambas as frações, atribuído ao referido carbono substituído por sulfato (KOLENDER
et al., 1995 e 1997).
O sinal em 101,8 ppm mostrou que, ao menos em TFp, algumas unidades de
α-D-manopiranose também ocorriam sob outros padrões de sulfatação. A
identificação dos sinais em 69,9 e 72,2 ppm (TABELA 8), nesta mesma fração,
respectivamente atribuídos ao C-2 livre e ao C-4 sulfatado, evidenciou a ocorrência a
presença de unidades de α-D-manopiranose 4-sulfato (KOLENDER et al., 1995 e
1997). A identificação do sinal em 72,6 ppm em GMp (TABELA 8) mostrou que,
também nesta fração existiam unidades de α-D-manopiranose 4-sulfatadas.
Nenhum sinal porém mostrou a possibilidade de sulfatação no carbono 6
desta hexose, estando este sempre livre em ambas as frações, como evidenciaram
os sinais centrados em 59,8 e 60,6 ppm (TABELA 8), encontrados em GMp e TFp,
respectivamente (KOLENDER et al., 1995 e 1997). Desta mesma forma não foram
identificados nestes espectros quaisquer sinais passíveis de atribuição a unidades
de galactose, apesar da ocorrência de 9,0 e 6,5 mol% (TABELA 7) deste
monossacarídeo nas frações GMp e TFp, respectivamente.
As frações brutas GMp e TFp foram, em seguida, submetidas a purificação e
fracionamento por cromatografia de troca-iônica em DEAE-Sephacel, utilizando
como eluente água e soluções de concentrações crescentes de NaCl (0,5, 1,0, 2,0 e
4,0 M). Desta maneira, cada fração originou 5 outras, cujas características gerais
podem ser observadas na TABELA 9.
70
TABELA 8 - ASSINALAMENTOS QUÍMICOS DE RMN DE C
13
* DAS FRAÇÕES NATIVAS
GMp E TFp.
UNIDADE CARBONO FRAÇÃO
GMp TFp
(4-O-metil) β
ββ
β-D-xilopiranose
C-1
103,2 103,4
α
αα
α-D-manopiranose (4-sulfato)
C-1
101,8
α
αα
α-D-manopiranose 2-sulfato
C-1
99,1 99,0
4-O-metil β
ββ
β-D-xilopiranose
C-4
78,8
α
αα
α-D-manopiranose 2-sulfato
C-2/C-3
75,8 75,8
α
αα
α-D-manopiranose 4-sulfato
C-4
72,6 72,2
α
αα
α-D-manopiranose (4-sulfato)
C-2
69,9
β
ββ
β-D-xilopiranose
C-4
69,4
α
αα
α-D-manopiranose 2-sulfato
C-6
59,8 60,6
* segundo KOLENDER et al., 1995 e 1997; USOV et al., 1997; FALSHAW et al., 1998
TABELA 9 - RENDIMENTO, TEOR DE GRUPOS SULFATO E PROTEÍNAS DAS SUB-
FRAÇÕES OBTIDAS A PARTIR DE TFp E GMp MEDIANTE CROMATOGRAFIA DE
TROCA IÔNICA EM DEAE-SEPHACEL.
FRAÇÃO [NaCl]
(M)
RENDIMENTO
(%)*
SULFATO
(%)
a
PROTEÍNA
(%)
b
GMp
10,5
3,3
GMp-A
-
c
d e e
GMp-B
0,5 48,7 8,9 3,3
GMp-C
1,0 6,5 11,5 3,8
GMp-D
2,0 3,4 11,3 9,2
GMp-E
4,0 6,0 10,6 11,2
TFp
25,0 7,0
TFP-A
-
TFp-B
0,5 17,4 11,9 4,8
TFp-C
1,0 17,1 18,2 3,8
TFp-D
2,0 7,7 17,7 6,8
TFp-E
4,0 11,0 23,9 9,0
* em relação a massa submetida a cromatografia (650 mg – TFp; 600 mg - GMp);
a
determinado segundo o método descrito por DODGSON; PRICE (1961), expresso como
NaSO
3
;
b
determinado segundo o método descrito por LOWRY et al. (1951),
c
fração obtida
utilizando-se H
2
O como eluente;
d
valor inferior a 1,0 %,
e
não determinado.
71
Todas as sub-frações obtidas se mostram sulfatadas (8,9 11,5%, para GMp
e 11,9 25,0% para TFp TABELA 9) e continham proteínas (3,3 11,2% para
GMp e 3,8 – 9,0% para TFp – TABELA 9).
A partir de GMp foi obtida somente uma sub-fração de elevado rendimento,
eluida com NaCl 0,5 M e denominada GMp-B (48,7% - TABELA 9), enquanto que a
partir de TFp, foram obtidas duas, eluidas com NaCl 0,5 e 1,0 M e denominadas
respectivamente de TFp-B (17,4%) e TFp-C (17,1% - TABELA 9).
Para a determinação da composição monossacarídica as frações foram
submetidas à hidrólise ácida total utilizando TFA 2M (121 °C, 90’). A análise dos
hidrolisados, na forma de alditois acetatos, por cromatografia quido-gasosa (CLG) e
cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massa (CG-EM), revelou que
todas as dez sub-frações eram constituídas por 4-O-metil xilose, xilose, manose,
galactose e glucose, em percentagens variadas (TABELA 10).
TABELA 10 - COMPOSIÇÃO MONOSSACADICA DAS SUB-FRAÇÕES OBTIDAS A
PARTIR DE TFp E GMp MEDIANTE CROMATOGRAFIA DE TROCA NICA EM DEAE-
SEPHACEL.
SUB-
FRAÇÃO
COMPOSIÇÃO MONOSSACARÍDICA (mol%)*
4-O-metil-xilose Xilose Manose galactose glucose
GMp
0,0
36,2
53,3
9,0
1,5
GMp-B
2,4 33,6 54,2 4,3 5,5
GMp-C
5,0 32,5 48,9 8,6 5,0
GMp-D
5,8 37,0 48,4 8,7 0,1
GMp-E
8,9 33,6 33,3 16,9 7,3
TFp
15,8 21,1 54,8 6,5 1,8
TFp-A
22,1 41,4 9,9 4,8 21,8
TFp-B
32,5 10,4 46,9 6,0 3,2
TFp-C
19,4 27,0 46,1 5,1 2,4
TFp-D
15,7 20,1 47,0 10,4 6,8
TFp-E
13,2 24,2 54,3 4,5 3,8
* Composição monossacarídica em mol%, obtida mediante hidrólise ácida total (TFA 2M,
121 °C, 90’) na forma de alditóis acetatos, por CLG.
72
A composição monossacarídica apresentada por GMp-B se mostrou
extremamente similar àquela de GMp, sendo manose (54,2 mol%) e xilose (33,6
mol%) os constituintes majoritários (TABELA 10). TFp-B e TFp-C porém,
apresentaram composições distintas daquela apresentada por TFp, uma vez que
ambas apresentaram valores inferiores de manose (46,9 46,1 mol%) e que,
enquanto TFp-B apresentou maior teor de 4-O-metil xilose (32,5 mol%), TFp-C
apresentou maior teor de xilose (27,0 mol%), como mostrado na TABELA 10.
Galactose (4,3 16,9 mol%) e glucose (0,1 21,8 mol%) também foram detectadas
em todas as sub-frações.
Estes resultados indicam que, da mesma forma que em GMp e TFp, os
polissacarídeos constituintes das sub-frações majoritárias GMp-B, TFp-B e TFp-C
eram xilomananas sulfatadas. Análises de HPSEC-MALLS mostraram que estas
sub-frações, assim como GMp e TFp, eram majoritariamente compostas por um
polímero de elevada massa molecular, o qual apresentou um pico de eluição em
aproximadamente 37,5 minutos, porém moléculas de baixa massa molecular
também compõem estas sub-frações, especialmente TFp-B e C (FIGURA 22).
Os espectros de RMN de C
13
obtidos para estas três sub-frações se
mostraram extremamente semelhantes àqueles obtidos para as suas respectivas
frações originais (GMp e TFp). Na região anomérica do espectro da fração GMp-B,
três sinais foram identificados em 103,3, 101,8 e 99,2 ppm (TABELA 11),
respectivamente atribuídos ao carbono 1 de unidades de β-D-xilopiranose, α-D-
manopiranose e α-D-manopiranose 2-sulfato (KOLENDER et al., 1995 e 1997;
USOV et al., 1997; FALSHAW et al., 1998).
Os sinais em 103,3 e 99,2 ppm eram observados no espectro da fração
GMp, porém o sinal em 101,8 ppm passou a ser observado somente após o
processo de fracionamento. Este último sinal apresentou-se em GMp-B
acompanhado pelo sinal à 69,9 ppm (TABELA 11), atribuído ao carbono 2 não
sulfatado de unidades de α-D-manopiranose (KOLENDER et al., 1995 e 1997), o
qual também não estava presente na fração bruta.
A região anomérica dos espectros das sub-frações TFp-B e TFp-C reproduziu
fielmente aquela da fração TFp (FIGURA 23), onde três sinais estavam presentes
em 103,5, 101,2 e 98,8 ppm para TFp-B e em 103,2, 101,8 e 98,8 ppm para TFp-C
(TABELA 11).
73
FIGURA 22 CROMATOGRAMA DE HPSEC-MALLS DAS FRAÇÕES GMP-B (A), TFP-B
(B) E TFP-C (C).
detector 11 (vermelho): espalhamento de luz, detector auxiliar 1 (azul): índice de refração; *
experimento realizado com os polissacarídeos dissolvidos em solução de nitrito contendo
azida sódica.
De forma coerente com a composição monossacarídica, o sinal atribuído ao
C-4 metilado das unidades de 4-O-metil β-D-xilopiranose, em 78,8 ppm (TABELA
11), apresentou maior intensidade na fração TFp-B do que em TFp-C e mostrou-se
ausente em GMp-B (FIGURA 23). Já o sinal em 69,6 ppm (TABELA 11), referente ao
carbono 4 livre da β-D-xilopiranose (TABELA 11), apresentou maior intensidade e
definição em GMp-B e TFp-C, quando comparado a fração TFp-B (FIGURA 23).
Nas sub-frações TFp-B e TFp-C foi possível ainda identificar o sinal em 58,2
ppm (FIGURA 23, TABELA 11), atribuído ao carbono metílico das unidades de 4-O-
metil β-D-xilopiranose (FALSHAW et al., 1998), presentes nestas frações.
A) B)
C)
74
FIGURA 23 - ESPECTROS DE RMN DE C
13
DAS XILOMANANAS SULFATADAS
CONSTITUINTES DAS SUB-FRAÇÕES GMp-B (A), TFp-B (B) e TFp-C (C).
siglas e condições de análise como na FIGURA 21.
X-1
M2S-1
M2S-2
M4S-4
M(4S)-2
X-4
X-5
M(2S,4S)-6
M(4S)-1
X/4X-1
M2S-1
X-4
M(2S,4S)-6
OCH
3
X-5
4X-5
4X-4
M4S-4
M(4S)-1
M2S-2
X/4X-1
M(4S)-1
M2S-1
X-4
M(2S,4S)-6
OCH
3
X-5
4X-4
4X-5
M(4S)-2
M4S-4
M2S-2
A)
B)
C)
75
Os sinais em 75,4, 75,8 e 75,9 ppm (carbono 2 sulfatado), 72,3, 72,4 e 72,4
ppm (carbono 4 sulfatado) e 60,5, 60,5 e 60,1 ppm (carbono 6 livre) em TFp-B, TFp-
C e GMp-B, respectivamente (TABELA 11) observados nas três sub-frações
confirmaram o padrão de substituição das unidades de α-D-manopiranose por grupo
sulfato em carbono 2 e 4, previamente sugerido para as frações GMp e TFp.
Também nestas sub-frações não foram identificados quaisquer sinais
passíveis de serem atribuídos a unidades de galactose.
TABELA 11 - ASSINALAMENTOS QUÍMICOS DE RMN DE C
13
* DAS FRAÇÕES SUB-
FRAÇÕES GMp-B, TFp-B E TFp-C.
UNIDADE CARBONO FRAÇÃO
GMp-B TFp-B TFp-C
(4-O-metil) β
ββ
β-D-xilopiranose
C-1
103,3 103,5 103,2
α
αα
α-D-manopiranose (4-sulfato)
C-1
101,8 101,2 101,8
α
αα
α-D-manopiranose 2-sulfato
C-1
99,2 98,8 98,8
4-O-metil β
ββ
β-D-xilopiranose
C-4
78,8 78,8
α
αα
α-D-manopiranose 2-sulfato
C-2/C-3
75,9 75,4 75,8
α
αα
α-D-manopiranose 4-sulfato
C-4
72,4 72,3 72,4
α
αα
α-D-manopiranose (4-sulfato)
C-2
69,9 69,8
β
ββ
β-D-xilopiranose
C-4
69,4 69,6 69,6
β
ββ
β-D-xilopiranose
C-5
65,2 65,2 65,2
4-O-metil β
ββ
β-D-xilopiranose
C-5
62,8 62,8
α
αα
α-D-manopiranose (2-sulfato)
C-6
60,1 60,5 60,5
4-O-metil β
ββ
β-D-xilopiranose
O-CH
3
58,2 58,2
* segundo KOLENDER et al., 1995 e 1997; USOV et al., 1997; FALSHAW et al., 1998
Para confirmar o padrão de sulfatação estabelecido pelas análises de RMN
de C
13
, as sub-frações foram submetidas ao processo de dessulfatação seguindo a
metodologia descrita por NAGASAWA et al. (1979).
Para tanto, os polissacarídeos das sub-frações GMp-B, TFp-B e TFp-C, na
forma de sal de piridônio, foram solubilizados em DMSO:MeOH:piridina (89:10:1) e
mantidos a 100 °C durante 6 horas. Após diálise contra água destilada e liofilização,
76
foram obtidas três frações denominadas de GMp-Bds, TFp-Bds e TFp-Cds, com
rendimentos de 77, 90 e 75% respectivamente (TABELA 12). Como resultado desta
metodologia, foi observado uma redução no teor de sulfatação destas sub-frações
quando comparado ao das frações nativas. Para GMp-Bds ocorreu uma redução de
cerca de 63%, enquanto que em TFp-Bds de somente cerca de 13% e em TFp-Cds
de cerca de 57% (TABELA 12).
A composição monossacarídica apresentada por estas frações também foi
determinada (TABELA 12). Para GMp-Bds verificou-se que nenhuma modificação
considerável na composição monossacarídica ocorreu como resultado deste
tratamento solvolítico, enquanto que para as frações TFp-Bds e TFp-Cds, esta
mesma metodologia acarretou em uma redução nos teores de 4-O-metil xilose e de
xilose (TABELA 12). Porém, estes monossacarídeos juntamente com a manose
continuaram a representar os componentes majoritários das frações (95,3% para
GMp-Bds; 82,6% para TFp-Bds e 72,5% para TFp-Cds). Esta análise ainda mostrou
que as frações TFp-Bds e TFp-Cds apresentavam elevados teores de galactose
(11,8 e 24,1 mol% - TABELA 12).
TABELA 12 - CARACTERÍSTICAS DAS SUB-FRAÇÕES GMp-B, TFp-B E TFp-C ANTES
E APÓS DESSULFATAÇÃO SOLVOLÍTICA.
FRAÇÃO
RENDIMENTO
(%)*
SULFATO
(%)
a
COMPOSIÇÃO MONOSSACARÍDICA(mol%)
c
4-O-Xil
1
Xil
2
Man
3
Gal
4
Glc
5
GMp-B
-
9,0
2,4
33,6
54,2
4,3
5,5
GMp-Bds
77,0 3,3 (63,3) 3,5 35,3 56,5 4,6 0,1
TFp-B
- 11,9 32,5 10,4 46,9 6,0 3,2
TFp-Bds
90,0 10,4 (12,6)
b
21,7 9,6 51,3 11,8 5,6
TFp-C
- 18,2 19,4 27,0 46,1 5,1 2,4
TFp-Cds
75,0 7,9 (56,6)
10,0 14,0 48,5 24,1 3,4
* em relação a massa submetida a dessulfatação (100mg) segundo o método de
NAGASAWA et al. (1979);
a
determinado segundo o método descrito por DODGSON;
PRICE (1961), expresso como NaSO
3
;
b
valores correspondentes a percentagem de
dessulfatação;
c
composição monossacarídica em mol%, obtida mediante hidrólise ácida
total (TFA 2M, 121 °C, 90’) na forma de alditóis acetatos, por CLG;
1
4-O-metil xilose,
2
xilose,
3
manose,
4
galactose,
5
glucose.
77
As três frações dessulfatadas foram submetidas a análises de RMN de C
13
(FIGURA 24). As frações GMp-Bds e TFp-Cds, que sofreram perdas significativas
em seus teores de sulfatação, geraram espectros distintos daqueles obtidos para as
frações nativas. Como se podia esperar, o espectro da fração TFp-Bds mostrou-se
similar ao da fração nativa (FIGURA 25), uma vez que o processo de dessulfatação,
aqui, não se processou de forma eficiente.
Nas três frações dessulfatadas, o sinal anomérico em 99,0 - 98,8 ppm,
atribuído ao C-1 das unidades de α-D-manopiranose 2-sulfato (TABELA 13),
mostrou-se reduzido, principalmente em GMp-Bds e TFp-Cds (FIGURAS 24 e 25).
Os sinais referentes aos C-2 (72,4 72,3 ppm) e C-4 (75,8 75,4 ppm) sulfatados
das unidades de α-D-manopiranose se apresentaram respectivamente ausentes em
GMp-Bds, reduzido e ausente em TFp-Bds e reduzidos em TFp-Cds (TABELA 13,
FIGURAS 24 e 25).
Ainda no espectro da fração GMp-Bds, cinco sinais em 103,6, 72,7, 76,0, 69,4
e 65,2 ppm apresentaram elevadas intensidades (FIGURA 24, TABELA 13). Tais
sinais foram atribuídos aos C-1 (glicosilação), C-2, C-3, C-4 e C-5 (livres) das
unidades de β-D-xilopiranose (USOV et al., 1997) e suas localizações confirmam a
posição destas unidades como terminais não redutores. Neste espectro, estavam
presentes também os sinais em 73,8, 69,7 e 61,0 ppm (FIGURA 24) referentes aos
carbonos 5, 2 e 6 livres da α-D-manopiranose (TABELA 13).
No espectro da fração TFp-Cds, foi possível observar um aumento na
intensidade e na definição do sinal em 69,8 ppm, atribuído ao carbono 2 livre da α-D-
manopiranose e um aumento na intensidade do sinal referente ao carbono 4 livre
desta mesma unidade, em 66,3 ppm (FIGURA 24). Ainda nesta fração, o processo
de dessulfatação permitiu a visualização do sinal em 78,3 ppm (TABELA 13,
FIGURA 24) e a sua atribuão ao C-3 da α-D-manopiranose
(KATZENELLENBOGEN et al., 2001). A localização em campo mais baixo deste
sinal mostra seu envolvimento na ligação glicosídica.
A permanência do sinal em 75,8 ppm na fração TFp-Cds, confirma que este
sinal também pode ser atribuído ao C-3 da β-D-xilopiranose.
78
FIGURA 24 - ESPECTROS DE RMN DE C
13
DAS FRAÇÕES GMp-B (C), GMp-Bds (D),
TFp-C (A) E TFp-Cds (B),
siglas e temperatura de análise como na FIGURA 25.
M4S
-
4
M
2
S
-
2
M/M2S-6
M2S
-
1
M(4S)
-
1
X/4X
-
1
A)
X-3
X
-
5
X-1
M/M2S-6
M(4S)-1
M(4S)-1
M-2
M
-
5
X
-
2
X
-
4
B)
M(4S)-1
M2S
-
1
4X-1
4X-1
M-2
M4S-4
M
-
4
OCH
3
M2S-2
X/4X
-
1
C)
OCH
3
4X-1
M
-
3
M
-
4
M-2
M2S
-
3
M(4S)
-
3
X/4X-1
4X
-
3
X
-
3
D)
79
FIGURA 25 - ESPECTROS DE RMN DE C
13
DAS FRAÇÕES TFp-B (A) E TFp-Bds (B).
as correspondem as unidades: β-D-xilopiranose (X), 4-O-metil β-D-xilopiranose (4X), α-D-
manopiranose 2-sulfato (M2S) e α-D-manopiranose 4-sulfato (M4S); os números são
referentes aos carbonos identificados; seta indica sinal ausente em TFp-Bds; * experimento
realizado à 80 °C, com os polissacarídeos dissolvidos em D
2
O.
A)
B)
M2S-1
M(4S)-1
X/4X-1
M2S-2
M4S-4
M2S-1
M(4S)-1
X/4X-1
M4S-4
80
TABELA 13 - ASSINALAMENTOS QUÍMICOS DE RMN DE C
13
* DAS FRAÇÕES
DESSULFATADAS GMp-Bds, TFp-Bds E TFp-Cds.
UNIDADE CARBONO FRAÇÃO
GMp-Bds TFp-Bds TFp-Cds
(4-O-metil) β
ββ
β-D-xilopiranose
C-1
103,6 103,4 103,3
α
αα
α-D-manopiranose (4-sulfato)
C-1
101,2 101,7 101,9
α
αα
α-D-manopiranose 2-sulfato
C-1
98,8 99,0 99,0
4-O-metil β
ββ
β-D-xilopiranose
C-4
78,8 78,8
α
αα
α-D-manopiranose
C-3
78,3
β
ββ
β-D-xilopiranose
C-3
76,0
α
αα
α-D-manopiranose 2-sulfato
C-2/C-3
75,8
4-O-metil β
ββ
β-D-xilopiranose
C-3
74,8 74,8
α
αα
α-D-manopiranose (2-sulfato)
C-5
73,8 73,8 73,6
β
ββ
β-D-xilopiranose
C-2
72,7
α
αα
α-D-manopiranose 4-sulfato
C-4
72,3 72,3
α
αα
α-D-manopiranose (4-sulfato)
C-2
69,7 69,8
β
ββ
β-D-xilopiranose
C-4
69,4 69,4 69,4
α
αα
α-D-manopiranose (2-sulfato)
C-4
66,8
β
ββ
β-D-xilopiranose
C-5
65,2
α
αα
α-D-manopiranose (2-sulfato)
C-6
61,0 60,7 60,9
4-O-metil β
ββ
β-D-xilopiranose
O-CH
3
58,0 58,2
* segundo KOLENDER et al., 1995 e 1997; USOV et al., 1997; FALSHAW et al., 1998;
KATZENELLENBOGEN et al., 2001.
As frações GMp-B, TFp-B e TFp-C nativas e dessulfatadas foram submetidas
à análise de metilação. Para tanto, utilizou-se o todo descrito por CIUCANU e
KEREK (1984) com os polissacarídeos na forma de sal de trietilamônio
(SEVENSON; FURNEAUX, 1991). As frações metiladas foram hidrolisadas (TFA 2M/
121 °C/ 90’) e analisadas por CG-EM.
Desta maneira, as xilomananas constituintes das frações originaram um
número de derivados parcialmente metilados, os quais evidenciaram a variedade
estrutural destes polissacarídeos (TABELA 14).
Entre os derivados obtidos a partir da fração GMp-B, os mais abundantes
foram 2,3,4-tri-O-metil xilose (40,7 mol%) e 2,6-di-O-metil manose (46,4 mol% -
TABELA 14). O derivado 2,3,4-tri-O-metil xilose se originou a partir das unidades de
xilose e 4-O-metil xilose, presentes no polissacarídeo nativo sob as percentagens de
81
36,0 e 2,4 mol%, respectivamente, localizadas como terminais não redutores (não
substituídas). O derivado 2,6-di-O-metil manose se originou a partir das unidades de
manose constituintes da cadeia principal e substituídas em carbonos 3 e 4 (FIGURA
26).
As percentagens quase equimolares destes dois derivados parcialmente
metilados (TABELA 14) mostraram que as unidades terminais de xilose glicosilam a
cadeia principal através do carbono 4 das unidades de manose. O teor excedente de
2,6-di-O-metil manose (5,7 mol%) corresponderia àquelas unidades de manose
sulfatadas em carbono 4, cuja presença foi primeiramente identificada pelas análises
de RMN de C
13
.
TABELA 14 - ANÁLISE DE METILAÇÃO DAS FRAÇÕES GMp-B, TFp-B E TFp-C.
DERIVADO METILADO* FRAÇÃO
GMp-B TFp-B TFp-Bds TFp-C TFp-Cds
2,3,4-tri-O-metil xilose
40,7
44,0
33,2
23,8
23,6
2,4,6-tri-O-metil manose
3,5 17,5 31,8 6,0 26,3
2,6-di-O-metil manose
46,4 34,9 28,8 37,6 39,2
2,4-di-O-metil manose
1,2 3,4 4,4
6-O-metil manose
26,6 3,7
2-O-metil manose
1,9 3,6 5,0 2,6 2,8
Manose
7,5
* obtidos após hidrólise ácida total (TFA 2M/121 °C/90’) mediante cromatografia gasosa
acoplada a espectrometria de massa (CG-EM), em mol%.
O terceiro derivado de maior percentagem detectado foi a manose (7,5 mol%
- TABELA 14). Este derivado poderia sugerir a ocorrência de unidades de manose
totalmente substituídas. Porém como mostraram as análises de RMN de C
13
, as
xilomananas desta fração não apresentam substituição em carbono 6, assim, este
derivado pode ser considerado um produto de sub-metilação, podendo estar aqui
incluídas, unidades de manose sulfatadas em carbono 2 ou 4. Por esta mesma
razão, ao derivado 2-O-metil manose (1,9 mol%), o qual poderia refletir a presença
82
de unidades de manose substituídas em carbonos 4 e 6, atribuiu-se a mesma origem
(TABELA 14).
Ainda o derivado 2,4,6-tri-O-metil manose (1,6 mol% - TABELA 14) revelou a
presença, neste polissacarídeo, de unidades de manose desprovidas de qualquer
outra substituição que não a glicosídica envolvida na cadeia principal (FIGURA 26).
Tais unidades não foram explicitadas nas análises de RMN de C
13
, provavelmente
devido ao baixo teor das mesmas.
Para a fração TFp-B foram encontrados três monossacarídeos principais
2,3,4-tri-O-metil xilose (44,0 mol%), 2,6-di-O-metil manose (34,9 mol%) e 2,4,6-tri-O-
metil manose (17,5 mol% - TABELA 14). Os mesmos monossacarídeos foram
observados na fração TFp-Bds nas proporções de 33,2, 28,8 e 31,8 mol%,
respectivamente (TABELA 14).
Nestas frações o derivado 2,3,4-tri-O-metil xilose originou-se a partir das
unidades de 4-O-metil xilose e xilose, também localizadas como terminais não
redutores (FIGURA 26). A diferença observada entre os teores deste
monossacarídeo nas frações metiladas (TABELA 14) também foi observada entre os
teores das pentoses nas frações nativas TFp-B e TFp-Bds (TABELA 14) e atribuída,
como mencionado anteriormente, a degradação ocorrida durante o processo de
dessulfatação.
As unidades de manose substituídas em carbono 4 (por grupo sulfato ou
glicosil) presentes nas frações nativas originaram o derivado 2,6-di-O-metil manose
(FIGURA 26). A substituição deste carbono por grupo sulfato foi evidenciada pela
redução (6,1 mol%) no teor desta unidade após dessulfatação da fração TFp-B
(TABELA 14). a substituão por grupo glicosil (4-O-metil xilose ou xilose) foi
evidenciada pela manutenção do elevado teor do referido derivado, em percentagem
quase equimolar ao do tri-O-metil xilose (TABELA 14).
Por fim, o derivado 2,4,6-tri-O-metil manose originou-se a partir das unidades
de manose não substituídas naturalmente presentes, em TFp-B ou geradas a partir
da completa remoção de seus grupos sulfato, em TFp-Bds (FIGURA 26). Pom,
como mostrado na TABELA 12, a fração TFp-B sofreu somente 12,6% de
dessulfatação, assim os elevados teores observados para o monossacarídeo 2,4,6-
tri-O-metil manose em ambas as frações, sugerem que uma nova dessulfatação se
83
processou nesta mocula durante a metilação ou que a dosagem de grupos sulfato
para esta fração foi super estimada (TABELA 7).
Ainda, os derivados 2,4-di-O-metil (1,2 mol% em TFp-Bds) e 2-O-metil
manose (3,6 mol% em TFp-B e 5,0 mol% em TFp-Bds) foram identificados e
considerados como produtos de sub-metilação. Como mostrado na TABELA 14, a
metilação das frações TFp-C e TFp-Cds gerou praticamente os mesmos derivados
metilados já descritos para as outras frações analisadas.
TFp-C e TFp-Cds apresentaram valores muito próximos de 2,3,4-tri-O-metil
xilose (23,8 e 23,6 mol%, respectivamente), provenientes, da mesma forma que em
TFp-B e TFp-Bds das unidades de 4-O-metil xilose e xilose. A diferença observada
entre os teores destes monossacarídeos nas frações metiladas e nas frações nativas
(TABELA 14) pode ser atribuída a um processo hidrolítico incompleto destas
unidades.
Da mesma forma, o derivado 2,6-di-O-metil manose também apresentou
valores próximos entre as frações nativa e dessulfatada (37,6 e 39,2 mol%,
respectivamente), mostrando que este monossacarídeo originou-se somente a partir
das unidades de manose localizadas como pontos de ramificação (FIGURA 26).
o derivado 2,4,6-tri-O-metil manose apresentou, como mostrado na Tabela
13, um aumento de teor entre as frações nativa (6,0 mol%) e dessulfatada (26,3
mol%). Este monossacarídeo representa as unidades de manose naturalmente não
substituídas. Em TFp-Cds porém, representa as unidades de manose que sofreram
dessulfatação simultânea em carbono 2 e 4. Esta afirmação esta de acordo com a
percentagem apresentada pelo derivado 6-O-metil manose, identificado em ambas
as frações (TABELA 14), o qual se originou a partir das unidades de manose 2,4-
dissulfato (FIGURA 26). Este monossacarídeo apresentou uma redução de 22,9
mol% após dessulfatação, um valor muito próximo aquele observado para o
aumento do derivado 2,4,6-tri-O-metil manose (20,6 mol%). A permanência do
derivado mono metilado na fração TFp-Cds (3,7 mol%) reflete a dessulfatação
incompleta desta molécula.
A identificação dos elevados teores do derivado 2,4,6-tri-O-metil manose tanto
na fração nativa como na dessulfatada confirma os resultados de RMN
anteriormente apresentados, que mostram o envolvimento do carbono 3 das
unidades de manose na ligação glicosídica da cadeia principal.
84
FIGURA 26 - UNIDADES MONOSSACARÍDICAS PRESENTES NAS XILOMANANAS DAS
FRAÇÕES GMp-B, TFp-B E TFp-C, NATIVAS E DESSULFATADAS E SEUS DERIVADOS
PARCIALMENTE METILADOS.
Uma vez estabelecido o padrão de sulfatação das xilomananas constituintes
das frações, partiu-se para a confirmação da estrutura da cadeia principal e
confirmação do padrão de glicosilação destes polissacarídeos pelas unidades de 4-
O-metil xilose e/ou xilose.
Para tanto a fração TFp foi submetida a degradação controlada de Smith, sob
condições específicas para polissacarídeos sulfatados como estabelecido por
FURNEAUX; STEVENSON (1990). Assim a fração polissacarídica foi solubilizada
em água destilada contendo metaperiodato de sódio e após ser mantida em
ambiente escuro sob temperatura ambiente durante 48 horas, redução, diálise e
metilação
H
+
total
β
ββ
β
-D-xilopiranose-(1
2,3,4-tri-O-metil xilose
metilação
H
+
total
α
αα
α
-D-manopiranose 4-R-(1
R= SO
3
-
ou xilose
2,6-di-O-metil manose
metilação
H
+
total
α
αα
α
-D-manopiranose-(1
2,4,6-tri-O-metil manose
O
O H
O H
O H
O H
O
OCH
3
H
3
CO
H
3
CO
C H
3
O
O
O
H
OH
OR
OH
O H
O
OCH
3
HO
OCH
3
C H
3
O
O
O
H
OH
OR
OH
O H
O
OCH
3
H
3
CO
OCH
3
C H
3
O
H
OH,H
OH,H
OH,H
85
liofilização, rendeu a fração degradada denominada TFp-S, obtida com 65% de
rendimento (TABELA 15).
A análise de composição monossacarídica da fração TFp-S evidenciou o
sucesso desta metodologia em promover a remoção das unidades de 4-O-metil
xilose e xilose, localizadas como terminais não redutores, uma vez que o
polissacarídeo degradado apresentou-se composto majoritariamente por unidades
de manose (92,3 mol%). Somando os teores das pentoses somente 5% do total
(TABELA 15). Esta metodologia ainda mostrou não ter alterado o grau de sulfatação
do polímero, que 23,2% de sulfato foi determinado para TFp-S, valor muito
próximo ao da fração nativa TFp de 25,0% (TABELA 15).
Para obter-se eno a cadeia principal linear e neutra do polissacarídeo
nativo, parte da fração TFp-S foi submetida a dessulfatação solvolítica, seguindo a
mesma metodologia descrita anteriormente. A fração obtida, denominada de TFp-
Sds, apresentou 80% de dessulfatação e uma composição monossacarídica
extremamente semelhante a da fração TFp-S (TABELA 15).
TABELA 15 - RENDIMENTO, TEOR DE SULFATO E COMPOSIÇÃO
MONOSSACARÍDICA DAS FRAÇÕES OBTIDAS A PARTIR DE TFp MEDIANTE
DEGRADAÇÃO CONTROLADA DE SMITH (TFp-S) E DESSULFATAÇÃO SOLVOLÍTICA
(TFp-Sds).
FRAÇÃO RENDIMENTO
(%)*
SULFATO
(%)
A
MONOSSACARÍDEOS (mol%)
b
4-me-xil
1
Xil
2
Man
3
Gal
4
Glc
5
TFp
-
25,0
15,8
11,1
64,8
6,5
1,8
TFp-S
65 23,2 1,8 3,2 92,3 2,4 0,3
TFp-Sds
45,7 4,5 (80)
c
1,5 1,1 90,5 2,5 4,4
* para TFp-S: em relação a massa submetida a degradação de Smith (300 mg), para TFp-
Sds: em relação a massa submetida a dessulfatação solvolítica (35 mg);
a
determinado
segundo DODGSON; PRICE (1961), expresso como NaSO
3
;
b
após hidrólise ácida total
(TFA 2M, 121 °C, 90’) na forma de alditóis acetatos, por CLG;
c
valor entre parênteses
corresponde a percentagem de dessulfatação;
1
4-O-metil xilose,
2
xilose,
3
manose,
4
galactose,
5
glucose.
86
As frações TFp-S e TFp-Sds foram então submetidas a análise de RMN de
C
13
. O espectro obtido para a fração TFp-S, apresentou na região anomérica
somente dois sinais, em 101,8 e 98,6 ppm (FIGURA 27). O sinal localizado em 98,6
ppm foi atribuído ao C-1 de unidades de α-D-manopiranose 2-sulfato, o sinal em
101,8 ppm ao C-1 das unidades de α-D-manopiranose não sulfatadas em carbono 2
(TABELA 16). A identificação dos sinais em 75,8 e 72,3 ppm confirmou a presença
das unidades de α-D-manopiranose 2-sulfato e 4-sulfato em TFp-S (TABELA 16).
Diferentemente da fração TFp e como resultado da degradação controlada de
Smith, em TFp-S não estavam presentes os sinais referentes ao C-1 das unidades
de β-D-xilopiranose e de 4-O-metil β-D-xilopiranose (103,4 ppm) e tampouco o
referente ao C-4 das unidades de 4-O-metil β-D-xilopiranose (78,8 ppm - FIGURA
27). Da mesma forma, o sinal em 66,3 ppm presente em TFp-S o se mostrava
presente na fração nativa (FIGURA 27). O surgimento deste sinal, referente ao
carbono 4 livre de unidades de β-D-manopiranose, no espectro da fração contendo o
polissacarídeo degradado, evidenciou de forma indireta que as unidades de 4-O-
metil β-D-xilopiranose e de β-D-xilopiranose estavam substituindo a cadeia principal
mediante a glicosilação do carbono 4 de algumas unidades de α-D-manopiranose,
como indicaram as análises de metilação. A possibilidade deste sinal ser referente a
perda do grupo sulfato por parte de algumas unidades de α-D-manopiranose 4-
sulfato pôde ser descartada mediante o fato da degradação controlada de Smith não
ter promovido dessulfatação considerável (TABELA 16).
O espectro de RMN de C
13
da fração TFp-Sds mostrou-se extremamente
simplificado, se comparado àquele da fração nativa, onde um conjunto de seis sinais
de elevada intensidade apresentaram um padrão de absorção típico para uma α-D-
manana neutra e linear (KATZENELLENBOGEN et al., 2001), a qual representa a
cadeia principal da xilomanana constituinte da fração TFp (FIGURA 27). O sinal em
101,9 ppm foi atribuído ao C-1 das unidades de α-D-manopiranose, enquanto que os
sinais em 78,3, 73,6, 69,7, 66,3 e 61,1 ppm foram atribuídos aos carbonos 3
(glicosilado), 5, 2, 4 e 6 (livre), respectivamente. O sinal em 78,3 ppm confirmou que
a cadeia principal deste polissacarídeo era uma manana α-(13) ligada.
Ainda no espectro desta fração estavam presentes os sinais de baixa
intensidade 99,0, 75,8 e 71,8 ppm (FIGURA 27). Os sinais em 99,0 e 75,8 ppm
87
referentes a unidades de α-D-manopirase 2 sulfato, sugeriu que o polissacarídeo
não sofreu completa remoção dos grupos sulfato em C-2. Já o sinal em 71,8 ppm,
também observado em TFp-S (à 71,7 ppm), foi atribuído ao carbono 4 das unidades
de manose glicosiladas por xilose ou 4-O-metil xilose (presente em TFp-S sob a
percentagem de 2,6 mol%), cujo carbono anomérico se encontraria sobreposto ao
sinal em 101,9 ppm e o carbono 5 em 66,7 ppm (TABELA 16). Este último sinal
era observado no espectro da fração nativa em 66,8 ppm (TABELA 16).
TABELA 16 - ASSINALAMENTOS QUÍMICOS DE RMN DE C
13
* DAS FRAÇÕES TFp,
TFp-S E TFp-Sds.
UNIDADE CARBONO/
PRÓTON
FRAÇÃO
TFp TFp-S TFp-Sds
(4-O-metil) β
ββ
β-D-xilopiranose
C-1
103,4
α
αα
α-D-manopiranose 4-sulfato (4-xilose)
C-1 / H-1
101,8
101,8
101,9 / 5,14
α
αα
α-D-manopiranose 2-sulfato
C-1
99,0 98,6
4-O-metil β
ββ
β-D-xilopiranose
C-4
78,8
α
αα
α-D-manopiranose
C-3 / H-3
78,3 78,3 / 4,24
α
αα
α-D-manopiranose 2-sulfato
C-2; C-3
75,8 75,8
α
αα
α-D-manopiranose (2-sulfato)
C-5 / H-5
73,4 73,6 / 4,02
α
αα
α-D-manopiranose 4-sulfato
C-4
72,2 72,3
α
αα
α-D-manopiranose
C-3
71,7 71,2
α
αα
α-D-manopiranose (4-sulfato)
C-2 / H-2
69,9 69,8 69,7 / 3,83
α
αα
α-D-manopiranose 4-xilose
C-5
66,8 66,8
α
αα
α-D-manopiranose (2-sulfato)
C-4 / H-4
66,3 66,3 / 3,80
α
αα
α-D-manopiranose (2/4-sulfato)
C-6 / H-6;6’
60,6 60,6 60,9 / 3,91; 3,78
* segundo KOLENDER et al. (1995 e 1997); USOV et al. (1997); FALSHAW et al. (1998) e
KATZENELLENBOGEN et al. (2001).
88
FIGURA 27 - ESPECTROS DE RMN DE C
13
* DAS XILOMANAS CORRESPONDENTES
AS FRAÇÕES TFp (A), TFp-S (B) E TFp-Sds (C).
as siglas correspondem as unidades: β-D-xilopiranose (X), 4-O-metil β-D-xilopiranose (4X),
α-D-manopiranose 2-sulfato (M2S), α-D-manopiranose 4-sulfato (M4S) e α-D-manopiranose
4-xilose/4-O-metil xilose (M4X); números referem-se aos carbonos identificados; setas
indicam os sinais ausentes em TFp-S e TFp-Sds; * experimento realizado à 80 °C com os
polissacarídeos dissolvidos em D
2
O.
M
-
1
M2S-1
X/4X-1
4X
-
4
M2S-2/3
M/2S-6
M-2
4X-5
M4S-4
M4X-5
M2S-1
M
-
1
M
-
3
M2S-2/3
M/2S-5
M4S-4
M-2
M/2S-4
M
-
3
M
-
2
M
-
5
M
-
4
M
-
6
M/M4X
-
1
M2S
-
2
M2S-1
M4X
-
4
M4X
-
5
C)
A)
B)
89
A manana da fração TFp-Sds foi também submetida a análise de HMQC,
onde somente 6 correlações C
13
/H
1
foram observadas (FIGURA 28), possibilitando a
identificação de todos os prótons desta estrutura (TABELA 16). Os sinais em 71,2 e
66,8 ppm, observados no espectro de RMN de C
13
da fração TFp-Sds (FIGURA 27)
não mostraram correlações nesta análise, sugerindo assim uma estrutura neutra e
linear para a manana.
As frações TFp-S e TFp-Sds foram submetidas a análises de metilação,
seguindo a mesma metodologia descrita para as frações nativas. Os polissacarídeos
presentes nestas frações deram origem aos derivados parcialmente metilados
mostrados na TABELA 17.
FIGURA 28 - ESPECTROS DE CORRELAÇÃO HMQC* DA FRAÇÃO TFp-Sds.
* os números referem-se as correlações C
13
/H
1
identificados; experimento realizado à 80 °C,
com os polissacarídeos dissolvidos em D
2
O.
C1/H1
C3/H3
C5/H5
C2/H2
C4/H4
C6/H6 C6/H6’
90
TABELA 17 - ANÁLISE DE METILAÇÃO DAS FRAÇÕES TFp-S E TFp-Sds.
DERIVADO METILADO* FRAÇÃO
TFp-S TFp-Sds
2,4,6-tri-O-metil manose
37,7
75,0
2,6-di-O-metil manose
46,2 12,2
2,4-di-O-metil manose
5,8 6,8
6-O-metil manose
5,8 1,2
2-O-metil manose
4,5 4,8
* obtidos após hidrólise ácida total (TFA 2M/121°C/90’) mediante cromatografia gasosa
acoplada a espectrometria de massa (CG-EM), em mol%.
Nenhum derivado referente a pentoses foi encontrado no produto de hidrólise
destas frações (TABELA 17), apesar dos baixos teores de 4-O-metil xilose e xilose
identificados na composição monossacarídicas destas frações (TABELA 15).
Para a fração TFp-S, os mais abundantes derivados parcialmente metilados
foram 2,4,6-tri-O-metil manose (37,7 mol%) e 2,6-di-O-metil manose (46,2 mol%), os
quais se originaram a partir de unidades de manose e de manose 4-sulfato,
respectivamente. A presença do derivado tri-metilado confirmou a estrutura da
cadeia principal deste polissacadeo (uma manana 3-substituída) e o carbono 4 da
manose como ponto de ramificação.
A diferença observada entre os teores de 2,4,6-tri-O-metil manose e a soma
das pentoses presentes na fração nativa (cerca de 11%), pode ser atribuída às
unidades de manose não substituídas originalmente presentes no polímero ou à
unidades que sofreram dessulfatação em carbono 4 durante o processo de
degradação, uma vez que, como mostra a tabela 15, o teor de sulfato da fração
sofreu uma pequena redução como resultado deste tratamento. As unidades que
não perderam seus grupos sulfato originaram o derivado 2,6-di-O-metil manose.
A presença do derivado 6-O-metil manose (5,8 mol%) revelou que todas as
unidades de manose sulfatadas em carbono 2, estão também simultaneamente
sulfatadas em carbono 4.
Para a fração TFp-Sds observou-se um significante aumento no teor do
derivado tri-metilado (75,0 mol%), acompanhado por uma sensível diminuição nos
teores dos derivados 2,6-di-O-metil (12,2 mol%) e 6-O-metil manose (1,2 mol%).
91
Esta alteração na composição monossacarídica foi resultado do processo solvolítico
ao qual a fração TFp-S foi submetida, que resultou na perda da maior parte dos
grupos sulfato da molécula, gerando um polímero praticamente neutro (4,5% de
sulfato) como evidenciou a análise desta fração por RMN de C
13
(FIGURA 27).
Os derivados 2,4-di-O-metil e 2-O-metil manose identificados tanto em TFp-S
(5,8 e 4,5 mol%, respectivamente) como em TFp-Sds (6,8 e 4,8 mol%,
respectivamente) que poderiam sugerir a ocorrência de unidades de manose
substituídas em carbono 6, foram considerados como produtos de sub-metilação,
uma vez que os espectros de RMN e C
13
destas frações não mostram sinais que
indiquem substituição neste carbono.
Esta análise confirmou a natureza da cadeia principal da xilomanana presente
na fração TFp como uma manana 3-O-ligada, com sulfatação em carbonos 2 e 4
(FIGURA 29A).
Todas estas análises conjuntamente permitiram determinar que as
xilomananas biossintetizadas pelas algas Galaxaura marginata (GMp) e Tricleocarpa
cylindrica (TFp) apresentam uma estrutura distinta daquelas isoladas a partir de
outras algas vermelhas pertencentes a ordem Nemaliales. As xilomananas GMp e
TFp apresentam uma cadeia principal formada por unidades de α-D-manopiranose
3-O-ligadas, esterificada por grupos sulfato em carbonos 2 e/ou 4 e glicosilada por
unidades de 4-O-metil β-D-xilopiranose e β-D-xilopiranose em carbono 4 (FIGURA
29B).
As xilomananas isoladas de outras espécies de algas vermelhas, como por
exemplo, Nothogenia fastigiata (anteriormente denominada Chaetangium
fastigiatum), também apresentaram uma cadeia principal formada por unidades de
α-D-manopiranose 3-O-ligadas. O padrão de substituição da cadeia principal porém,
diferia de GMp e de TFp uma vez que seus grupos sulfato se encontravam
esterificando carbonos 2 e/ou 6 das unidades de manose. Como grupos
substituintes, somente β-D-xilopiranose foi encontrada nestes polissacarídeos,
glicosilando também o carbono 2 das unidades constituintes da cadeia principal
(CEREZO et al., 1971; MATULEWICZ; CEREZO, 1987
1
; HAINES et al., 1990;
MATULEWICZ et al., 1994; KOLENDER et al., 1995; 1997).
92
O mesmo padrão estrutural também foi encontrado nas xilomananas isoladas
das algas Nothogenia erinacea (anteriormente denominada Chaetangium erinaceum
- NUNN et al., 1973 em MATULEWICZ et al., 1987
1
) e Liagora sp (USOV; DOBKINA,
1988 em HAINES et al., 1990). Entretanto, a xilomanana isolada da alga Nemalion
vermiculare diferia, de todas as mencionadas, quanto ao padrão de sulfatação, onde
estes grupos esterificavam os carbonos 4 e 6 (USOV; YAROTSKII, 1975 em
MATULEWICZ et al., 1987
1
).
FIGURA 29 - ESTRUTURA APRESENTADA PELA MANANA CONSTITUINTE DA
FRAÇÃO TFp-S (A) E DA XILOMANANA CONSTITUINTE DAS FRÕES GMp E TFp
(B).
O
O
OR
OH
RO
OH
O
O
OR
RO
OH
O
O
OR
RO
OH
O
O
OR
RO
OH
CH
3
O
O
OR
OH
RO
OH
O
O
OR
O
OH
O
OH
HO
R
1
O
O
O
OR
O
OH
O
OH
HO
R
1
O
O
O
OR
O
OH
CH
3
O
OH
OH
R
1
O
R= H, SO
3
-
,
β
ββ
β
-D-xilopiranose
α
αα
α-(1
3)-D-manana
R=H, SO
3
-
; R1= H ou CH
3
xilomanana 2,4-sulfato
A)
B)
93
4.2. CARACTERIZAÇÃO ESTRUTURAL E ESTUDO DA CINÉTICA QUÍMICA DA
REAÇÃO DE CICLIZAÇÃO EM GALACTANAS SULFATADAS ISOLADAS DE
ALGAS VERMELHAS
Como já mencionado anteriormente, a formação de unidades de 3,6-
anidrogalactose a partir de unidades precursoras de galactose 6-sulfato por
tratamento alcalino é uma importante e bem conhecida reação sofrida pelas
galactanas sulfatadas, tanto carragenanas como agaranas (PERCIVAL, 1949;
TURVEY, 1965; USOV, 1998). A cinética química desta reação de ciclização tem
sido estudada em diferentes modelos estruturais, como lambda- e kappa/iota-
carragenanas (CIANCIA et al., 1993), oligossacarídeos derivados de lambda-
carragenana (NOSEDA; CEREZO, 1995) e porfiranas (NOSEDA, et al. 2000).
Estes trabalhos mostraram que a velocidade da reação de ciclização sofre
influência direta da localização dos grupos sulfato na estrutura do polissacarídeo,
onde a presença deste grupo no carbono 2 da unidade de β-D-galactose, como em
lambda-carragenana, tem um efeito desacelerador (CIANCIA et al., 1993), enquanto
que no carbono 4, como em carragenanas da família kappa (mu- e nu-
carragenanas), acelera a reação de ciclização (CIANCIA et al., 1993).
Como descrito na literatura, as algas vermelhas Eucheuma denticulatum e
Furcellaria lumbricalis caracterizam-se por biossintetizarem galactanas sulfatadas do
tipo carragenana. A primeira alga citada é conhecida por produzir uma carragenana
híbrida onde estruturas dos tipos nu- e iota- (TABELA 1) ocorrem simultaneamente,
estando porém, a iota-carragenana, presente de forma predominante (ANDERSON
et al., 1973; SANTOS, 1989; AGUILAN et al., 2003). A segunda alga citada, produz
uma kappa-carragenana parcialmente dessulfatada, equivalente a uma galactana
híbrida kappa/beta-carragenana (TABELA 1), estando também presentes unidades
precursoras (galactose 6-sulfato) atribuídas a gamma-carragenana, esta estrutura
polissacarídica complexa é genericamente denominada de furcelarana (KNUTSEN;
GRASDALEN, 1987; KNUTSEN et al., 1990; TRUUS et al., 1997).
Baseando-se nisso, os polissacarídeos biossintetizados por estas algas se
mostraram como modelos estruturais interessantes para utilização nos estudos de
cinética química da reação de ciclização, uma vez que este estudo não foi realizado
em gamma-carragenana, uma estrutura desprovida de grupos sulfato (equivalente a
94
porfirana), bem como em mu- e nu-carragenana, separadamente, mas somente com
frações contendo uma mistura destes dois polissacarídeos (CIANCIA et al., 1993).
As galactanas sulfatadas a serem utilizadas nos estudos de cinética qmica
da reação de ciclização devem conter um unidades precursoras (galactose 6-sulfato)
em teores suficientes para que se possa acompanhar sua ciclização até unidades de
3,6-anidrogalactose, e por esta razão, as algas E. denticulatum e F. lumbricalis
foram submetidas à extração aquosa a temperatura ambiente e pH neutro
(aproximadamente 6,0), no intuito de se preservar estas unidades naturalmente
presentes nos polissacarídeos. Como pode ser observado nos trabalhos
previamente realizados com estas mesmas espécies de algas vermelhas, extrações
utilizando altas temperaturas ou condições alcalinas renderam estruturas altamente
ciclizadas, como observado mediante os elevados teores de 3,6-anidrogalactose
apresentados nestes trabalhos (ANDERSON et al., 1973; SANTOS, 1989; TRUUS et
al., 1997).
4.2.1. EXTRAÇÂO DOS POLISSACARÍDEOS SULFATADOS
As algas E. denticulatum e F. lumbricalis foram separadamente submetidas
ao mesmo procedimento de extração, onde o material seco e moído foi submetido à
extração aquosa (5g% p/v) a temperatura ambiente (25
o
C, 14 horas). Após
centrifugação do extrato aquoso (10.000 rpm, 15 minutos) fração sobrenadante foi
submetida a precipitação com etanol absoluto (3 volumes), como mostrado na
FIGURA 30.
Desta forma, a partir da alga E. denticulatum foi obtida a fração
polissacarídica denominada ECW, de elevado rendimento (24,0 %) e a partir da alga
F. lumbricalis, foi obtida a fração denominada F1, cujo baixo rendimento obtido (0,82
%) motivou um segundo processo de extração, seguindo as mesmas condições
descritas, obtendo-se assim a fração F2, com 0,75 % de rendimento (TABELA 18).
95
FIGURA 30 - FLUXOGRAMA DE EXTRAÇÃO DOS POLISSACARÍDEOS DAS ALGAS
Eucheuma denticulatum E Furcellaria lumbricalis.
Os valores de rendimento aqui obtidos são baixos se comparados aos obtidos
por outros autores, que estudaram estas mesmas espécies anteriormente, os quais
atingiram valores de até 50% (KNUTSEN; GRASDALEN, 1987; AGUILAN et al.,
2003), tais valores, porém, foram conseguidos mediante extração aquosa a quente
(60 90 °C), a qual não foi empregada aqui, uma vez que condição mais drástica
pode promover alterações estruturais não desejadas no polissacarídeo.
TABELA 18 - RENDIMENTO, ANÁLISES E COMPOSIÇÃO MONOSSACARÍDICA DAS
FRAÇÕES ECW, F1 E F2.
FRAÇÃO RENDIMENTO
(%)
a
SULFATO
(%)
b
[α
αα
α
D
20
]
)
c
MONOSSACARÍDEOS (mol%)
Gal
d
Angal
e
Glc
f
ECW
24,0 30,7 +29,0 63,9 36,1 -
h
F1 0,82 24,0 -
g
94,9 3,6 1,5
F2
0,75 25,4 +36,0
96,9 1,5 1,5
a
em relação a massa submetida a extração aquosa (E. denticulatum 7,5 g e F. lumbricalis
63,0 g);
b
segundo DODGSON e PRICE (1961), expresso como NaSO
3
;
c
rotação óptica
específica dos polissacarídeos dissolvidos em água (0,2g%);
d
galactose;
e
3,6-
anidrogalactose;
f
glucose;
g
não determinado,
h
não detectado.
- precipitação com etanol (3 volumes);
- diálise e liofilização.
Alga moída
sobrenadante
resíduo
ECW, F1, F2
- extração aquosa (1,5 g%, 15h, 25°C);
- centrifugação
96
A composição monossacarídica das frações ECW, F1 e F2 foi determinada
utilizando-se um método hidrolítico específico para galactanas sulfatadas,
denominado hidrólise redutiva, a qual preserva as unidades de 3,6-anidrogalactose,
uma vez que tais unidades se mostram lábeis a condições fortemente ácidas
(STEVENSON; FURNEAUX, 1991; FALSHAW; FURNEAUX, 1994).
Análise por CLG então revelou que todas as frações eram compostas
majoritariamente por galactose (63,9 96,9 mol%) e 3,6-anidrogalactose (1,5 – 36,1
mol%), como mostrado na TABELA 18. Ainda, unidades de glucose foram
detectadas nas frações F1 e F2 (TABELA 18), sendo a presença deste
monossacarídeo atribuída a uma contaminação por amido das florídeas, o
polissacarídeo de reserva das algas vermelhas. O teor de glucose contaminante
nestas frações se revelou mais elevado (33,5 e 17,8 mol%), quando estas frações
foram hidrolisadas sob condições mais fortes (TFA 2M).
Esta contaminação em frações polissacarídicas obtidas a partir da alga F.
lumbricalis é relatada na literatura (KNUTSEN; GRASDALEN, 1987; TRUUS et al.,
1997) e provavelmente se deve ao fato das plantas terem sido coletadas no mês de
setembro, outono no hemisfério norte, época em que o acúmulo desta glucana no
tecido vegetal é alto (KNUTSEN; GRASDALEN, 1987). Possivelmente, a ausência
de glucose na fração ECW possa ter a mesma explicação, assim a alga E.
denticulatum, provavelmente tenha sido coletada em um período do ano onde o
acúmulo do amido é baixo (inverno, primavera) e desta maneira, os teores de
galactose e de seu derivado 3,6-anidro podem ter encoberto o possível teor de
glucose presente.
Xilose foi identificada por AGUILAN et al. (2003) e 6-O-metil galactose e 2-O-
metil 3,6-anidrogalactose por TRUUS et al. (1997) entre os produtos de hidrólise dos
polissacarídeos isolados de E. denticulatum e de F. lumbricalis, respectivamente,
porém tais monossacarídeos não foram aqui encontrados entre os componentes
destes polímeros.
As frações ECW, F1 e F2 também se mostraram ricas em grupos sulfato (30,7
- 24,0%) e apresentaram valores positivos de rotação óptica específica, sugerindo
que estas frações fossem compostas por galactanas sulfatadas do tipo carragenana
(TABELA 18).
97
4.2.1.1. DETERMINAÇÃO DA ESTRUTURA QUÍMICA DE ECW
A fração ECW foi submetida a análise de RMN de C
13
visando elucidar sua
estrutura química fina. O espectro obtido para esta fração (FIGURA 31) apresentou
um grande número de sinais, sendo possível identificar na região anomérica (110
90 ppm) quatro picos de absorção, atribuídos ao C-1 das unidades de β-D-
galactopiranose 4-sulfato (104,5 e 102,0 ppm), quando glicosidicamente ligadas a
unidades de α-D-galactopiranose 2,6-dissulfato (98,1 ppm) e de 3,6-anidro-α-D-
galactopiranose 2-sulfato (91,8 ppm), respectivamente (TABELA 19).
No espectro de RMN de H
1
desta fração, também foram identificados os
sinais atribuídos aos H-1 destas mesmas unidades monossacarídicas em 4,67, 5,51
e 5,30 ppm, respectivamente (FIGURA 31).
Estes assinalamentos estão de acordo com os relatados na literatura para
nu- e iota-carragenana, onde os sinais em 104,5 e 98,1 ppm e 4,67 e 5,51 ppm são
referentes ao dissacarídeo repetitivo constituinte da primeira estrutura citada e os
sinais em 102,0 e 91,8 ppm e 4,67 e 5,30 ppm ao da segunda estrutura citada
(STORTZ; CEREZO, 1993; FALSHAW et al., 1996; VAN DE VELDE et al., 2002;
AGUILAN et al., 2003) como mostrado na FIGURA 31 e na TABELA 19.
A TABELA 19 apresenta o completo assinalamento para os demais carbonos
de cada unidade monossacarídica constituinte desta estrutura, o qual se mostra de
acordo com aqueles apresentados por outros autores (STORTZ; CEREZO, 1994;
FALSHAW et al., 1996; VAN DE VELDE et al., 2002).
A identificação destes dois padrões em uma mesma estrutura polissacarídica
se deve ao fato, conhecido, da nu-carragenana ser o precursor biológico da iota-
carragenana (REES, 1969; GREER; YAPHE, 1984).
98
FIGURA 31 ESTRUTURA QUÍMICA (A) E ESPECTROS DE RMN* DE H
1
(B) E C
13
(C)
DA CARRAGENANA CONSTITUINTE DA FRAÇÃO ECW.
as letras correspondem as unidades identificadas: A, A’ - β-D-galactopiranose 4-sulfato, B -
α-D-galactopiranose 2,6-dissulfato, C - 3,6-anidro-α-D-galactopiranose 2-sulfato; os números
correspondem aos carbonos ou prótons identificados; * experimento realizado à 70 °C com
os polissacarídeos dissolvidos em D
2
O.
O
OH
OSO
3
-
O
O
OH
O
OSO
3
-
OH
OSO
3
-
O
O
OH
OSO
3
-
O
OH
O
OSO
3
-
O
.
CH
3
A
B
A
C
B1
C1
A1, A’1
A1
A’1
B1
C1
B)
C)
A)
ppm
99
TABELA 19 - ASSINALAMENTOS QUÍMICOS DE RMN DE C
13
DAS FRAÇÕES ECW
(NU/IOTA-CARRAGENANA) E ECWTA (IOTA-CARRAGENANA).
FRAÇÃO UNIDADE DISSACARÍDICA ASSINALAMENTOS (ppm)*
C-1 C-2 C-3 C-4 C-5 C-6
ECW
3-O-β
ββ
β-D-Galp-4-S
a
104,5 69,9 79,7 70,9 74,6 61,1
4-O-α
αα
α-D-Galp-2,6-S
b
98,1 76,2 68,1 -
d
68,1 67,7
3-O-β
ββ
β-D-Galp-4-S
102,0 69,1 76,6 72,0 74,6 61,1
4-O-3,6-An-α
αα
α-D-Galp-2-S
c
91,8 74,8 77,6 78,1 76,8 69,6
ECWTA
3-O-β
ββ
β-D-Galp-4-S
102,2 69,4 76,8 72,1 74,8 61,3
4-O-3,6-An-α
αα
α-D-Galp-2-S
92,0 74,9 77,8 78,2 77,1 69,7
* de acordo com STORTZ; CEREZO, 1994; FALSHAW et al., 1996; VAN DE VELDE et al.,
2002;
a
3-O-substituída-β-D-galactopiranose-4-sulfato;
b
4-O-substituída-α-D-
galactopiranose-2,6-dissulfato;
c
4-O-substituída-3,6-anidro-α-D-galactopiranose-2-sulfato;
d
não determinado.
Visando-se confirmar o padrão estrutural acima relatado, a fração ECW foi
submetida a tratamento alcalino (NaOH 1M; 8C; 0,5h). Nestas condições as
unidades de galactose 2,6-dissulfato são convertidas a unidades de 3,6-
anidrogalactose 2-sulfato, simplificando, desta maneira, a estrutura do
polissacarídeo presente na fração submetida a este tratamento (ECWTA).
A fração modificada ECWTA (80% de rendimento) apresentou-se, desta
maneira, composta por galactose e 3,6-anidrogalactose em percentagens
praticamente equimolares (51,0 e 49,0 mol%, respectivamente – TABELA 20) e
ainda altamente sulfatada (24,3% - TABELA 20).
100
TABELA 20 - RENDIMENTO, ANÁLISES E COMPOSIÇÃO MONOSSACARÍDICA DAS
FRAÇÕES ECW E ECWTA.
FRAÇÃO RENDIMENTO
(%)
a
SULFATO
(%)
b
[α
αα
α
D
20
]
)
c
MONOSSACARÍDEOS (mol%)
Gal
d
Angal
e
ECW
- 30,7 +29,0 63,9 36,1
ECWTA
80,0 24,3 +16,5
51,0 49,0
a
em relação a massa submetida a tratamento alcalino (100 mg);
b
segundo DODGSON;
PRICE (1961), expresso como NaSO
3
;
c
rotação óptica específica dos polissacarídeos
dissolvidos em água (0,2g%);
d
galactose;
e
3,6-anidrogalactose.
O espectro de RMN de C
13
obtido para esta fração quando comparado ao da
fração nativa (ECW), mostrou-se, como esperado, mais simples (FIGURA 32), com
apenas 12 picos de absorção típicos para uma iota-carragenana (VAN DE VELDE et
al., 2002; AGUILAN et al., 2003). Na região anomérica, somente dois sinais se
mostram presentes, em 102,2 e 92,0 ppm (TABELA 19), os quais foram atribuídos
ao C-1 das unidades de β-D-galactopiranose 4-sulfato glicosidicamente ligadas a
unidades de 3,6-anidro-α-D-galactopiranose 2-sulfato, respectivamente (STORTZ;
CEREZO, 1994; FALSHAW et al., 1996; VAN DE VELDE et al., 2002). Da mesma
forma no espectro de RMN de H
1
somente os sinais em 4,66 e 5,30 ppm (FIGURA
32) referentes aos prótons anoméricos destas mesmas unidades (FALSHAW et al.,
1996) foram identificados.
O completo assinalamento deste polissacarídeo modificado, de acordo com a
literatura (STORTZ; CEREZO, 1994; FALSHAW et al., 1996; VAN DE VELDE et al.,
2002) é apresentado na TABELA 19.
101
FIGURA 32 - ESTRUTURA QUÍMICA (A) E ESPECTROS DE RMN* DE H
1
(B) E C
13
(C)
DA CARRAGENANA CONSTITUINTE DA FRAÇÃO ECWTA.
as letras A e B referem-se as unidades de β-D-galactopiranose 4-sulfato e 3,6-anidro-α-D-
galactopiranose 2-sulfato, respectivamente; os números referem-se aos carbonos ou
prótons identificados; * experimentos realizado à 70°C com os polissacarídeos dissolvidos
em D
2
O.
O
O
OH
OSO
3
-
O
OH
O
OSO
3
-
O
.
O
O
OSO
3
-
O
O
OH
OSO
3
-
O
OH
CH
3
A
A
B
B
A)
B)
C)
B-1
A-1
A-1
B-1
ppm
102
Análises mediante cromatografia de exclusão estérica acoplada a detectores
de espalhamento de luz e índice de refração (HPSEC-MALLS) mostraram que
ambas as frações, ECW e ECWTA possuíam um caráter homogêneo, compostas
majoritariamente por um polímero de elevada massa molecular, o qual apresentou
um pico de eluição em aproximadamente 37,5 minutos (FIGURA 33).
FIGURA 33 - PERFIL CROMATOGRÁFICO APRESENTADO PELAS FRAÇÕES ECW (A)
E ECWTA (B) MEDIANTE ANÁLISE POR HPSEC-MALLS.
detector 11 (vermelho): espalhamento de luz, detector auxiliar 1 (azul): índice de refração; *
experimento realizado com os polissacarídeos dissolvidos em solução de nitrito contendo
azida sódica.
Visando obter maiores detalhes quanto à estrutura química fina destes
polissacarídeos, as frações ECW e ECWTA foram submetidas à análise de
metilação (CIUCANU; KEREK, 1984). A composição monossacarídica dos produtos
parcialmente metilados foi determinada por hidrólise redutiva e CG-EM, através de
seus tempos de retenção e perfis característicos de fragmentação.
Um mesmo padrão de substituição foi evidenciado para ECW e ECWTA, uma
vez que os mesmos derivados foram encontrados no produto de hidrólise de ambas
as frações, porém em percentagens distintas (TABELA 21).
A) B)
103
TABELA 21 ANÁLISE DE METILAÇÃO DAS FRAÇÕES NATIVA ECW E MODIFICADA
ECWTA.
FRAÇÃO COMPOSIÇÃO MONOSSACARÍDICA (mol%)
2,6-MeGal
1
6-MeGal
2
3-MeGal
3
2-MeGal
4
AnGal
5
ECW
46,9
2,3
10,3
5,1
35,4
ECWTA
46,8 0,8 1,3 2,8 48,3
ligação deduzida
(3) (3) ou (4)
(4) (3) ou (4)
(4)
1
2,6-di-O-metil galactose;
2
6-O-metil galactose;
3
3-O-metil galactose;
4
2-O-metil galactose;
5
3,6-anidrogalactose.
Os derivados parcialmente metilados mais abundantes obtidos para a fração
ECW foram 2,6-di-O-metil galactose (46,9 mol%), 3,6-anidrogalactose (35,4 mol%) e
3-O-metil galactose (10,3 mol% - TABELA 21). Estes derivados originaram-se a
partir das unidades de galactose 4-sulfato, 3,6-anidrogalactose 2-sulfato e galactose
2,6-dissulfato, respectivamente, presentes no polissacarídeo nativo (FIGURA 34).
Estas percentagens somadas mostram que 93% da estrutura do
polissacarídeo constituinte da fração ECW, representa uma típica nu/iota-
carragenana híbrida (TABELA 21). Porém 7% da estrutura é representada por
unidades não usuais, uma vez que os derivados 6-O-metil e 2-O-metil galactose
foram identificadas sob baixas percentagens (2,3 e 5,1 mol%, respectivamente
TABELA 21) e podem sugerir a presença de unidades de galactose 2,4-dissulfato
(ou alternativamente galactose 2,3-dissulfato) e galactose 3,6-dissulfato (ou
alternativamente galactose 4,6-dissulfato), como mostrado na FIGURA 35.
Esta última unidade de galactose dissulfatada já havia sido relatada
anteriormente na literatura (AGUILAN et al., 2003) e juntamente com outras refletiam
diferentes padrões de sulfatação para esta mesma carragenana (ANDERSON et al.,
1973; AGUILAN et al., 2003).
Ainda, baseado nas percentagens detectadas de 3,6-anidrogalactose e de 3-
O-metil galactose, pôde-se afirmar que aproximadamente 71% da estrutura do
polissacarídeo (ou 72% como determinado pela composição monossacarídica) se
encontra como iota-carragenana e aproximadamente 21% como a precursora, nu-
carragenana.
104
Estes valores se aproximaram da percentagem obtida mediante integração
dos prótons anómericos referentes às unidades de β-D-galactopiranose 4-sulfato, α-
D-galactopiranose 2,6-dissulfato e 3,6-anidro-α-D-galactopiranose 2-sulfato,
presentes no espectro de RMN de H
1
desta fração (FIGURA 31), onde estabeleceu-
se que 30% do polímero era nu- enquanto que 70% era iota-carragenana.
Para ECWTA, entretanto, somente 2,6-di-O-metil galactose (46,8 mol%) e 3,6-
anidrogalactose (48,3 mol%) apresentaram percentagens expressivas (TABELA 21).
Estes valores, quando comparados àqueles da fração nativa, refletem a ciclização
das unidades de galactose 2,6-dissulfato à 3,6-anidrogalactose 2-sulfato, como
conseqüência do tratamento alcalino.
Baseado na percentagem detectada de 2,6-di-O-metil galactose pôde-se
afirmar que aproximadamente 94% da estrutura do polissacarídeo presente na
fração ECWTA se encontra como iota-carragenana.
A manutenção dos teores de 3,6-anidrogalactose nos polissacarídeos antes e
após metilação (TABELAS 20 e 21) mostra que este processo não causou ciclização
das unidades precursoras e desta maneira não alterou a estrutura original
apresentada pelas moléculas.
Ainda, a identificação do derivado 3-O-metil galactose (1,3 mol%) na fração
modificada (TABELA 21), indica que o processo de ciclização não ocorreu
completamente, restando ainda no polissacarídeo algumas unidades de galactose
2,6-dissulfato, cuja ocorrência, muito baixa, não permite sua detecção mediante
análise de RMN de C
13
ou H
1
(FIGURA 32). Este fenômeno também é observado
para as unidades presentes no polissacarídeo nativo e tratado, que originaram os
derivados 6-O-metil e 2-O-metil galactose, detectados na fração ECWTA sob as
percentagens de 0,8 e 2,8 mol%, respectivamente (TABELA 20).
A não detecção destas unidades por RMN de C
13
ou H
1
, pode explicar a
diferença encontrada entre a percentagem estrutural estabelecida para o
polissacarídeo da fração ECW, determinada mediante integração dos prótons
anoméricos e análise de metilação.
1
05
FIGURA 34 UNIDADES MONOSSACARÍDICAS PARCIALMENTE METILADAS
OBTIDAS A PARTIR DAS FRAÇÕES ECW (NU/IOTA-CARRAGENANA) E ECWTA (IOTA-
CARRAGENANA).
O
OH
OSO
3
-
OH
O
OH
O
O
OSO
3
-
OH
OSO
3
-
CH
3
O
O
OSO
3
-
O
CH
3
O
OCH
3
OH
HO
OCH
3
OH
O
OH
H
3
CO
OH
OH
O
OH
O
metilação
H
+
Total
metilação
H
+
Total
metilação
H
+
Total
~ OH,H
~ OH,H
~ OH,H
3)-
β
ββ
β
-D-galactopiranose 4-sulfato-(1
4)-
α
αα
α
-D-galactopiranose 2,6-dissulfato-(1
4)-3,6-anidro-
α
αα
α
-D-galactopiranose 2-sulfato-(1
2,6-di-O-metil galactose (nu/iota-)
3-O-metil galactose (nu-)
3,6-anidrogalactose (iota-)
106
FIGURA 35 - UNIDADES MONOSSACARÍDICAS NÃO USUAIS PRESENTES NOS
POLISSACARÍDEOS DAS FRAÇÕES ECW (NU/IOTA-CARRAGENANA) E ECWTA
(IOTA-CARRAGENANA).
O
OSO
3
-
OSO
3
-
OH
O
OH
O
OH
OH
HO
OCH
3
O
O
OSO
3
-
-O
3
SO
OH
CH
3
O
OH
OSO
3
-
OH
O
OSO
3
-
O
OCH
3
OH
HO
OH
O
O
OH
-O
3
SO
OSO
3
-
CH
3
~
OH, H
~
OH, H
6-O-metil galactose
2-O-metil galactose
3)-
β
ββ
β
-D-galactopiranose 2,4-dissulfato-(1
4)-
α
αα
α
-D-galactopiranose 2,3-dissulfato-(1
3)-
β
ββ
β
-D-galactopiranose 4,6-dissulfato-(1
4)-α
αα
α-D-galactopiranose 3,6-dissulfato-(1
107
As frações ECW e ECWTA foram submetidas a análises de infravermelho. Os
espectros de FT-IR obtidos para ambas se mostraram extremamente similares,
porém um aumento nos picos de absorção em 928,7 e 805,1 cm
-1
, pôde ser
observado no espectro da fração modificada (FIGURA 36).
Estes picos correspondem ao anel 3,6-anidro e ao grupo sulfato ligado ao
carbono 2 da unidade de 3,6-anidrogalactose, respectivamente (BELLION et al.,
1984; SANTOS, 1989; AGUILAN et al., 2003; PRADO-FERNÁNDEZ et al., 2003),
como mostrado na TABELA 22.
O aumento observado nestes picos, em ECW-TA, reflete a conversão das
unidades de galactose 2,6-dissulfato, presentes no polissacarídeo nativo, para 3,6-
anidrogalactose 2-sulfato como resultado do tratamento alcalino. Ainda nestes
espectros, os sinais em 867 e 830 cm
-1
, atribuídos aos carbonos 6 e 2 sulfatados do
precursor (nu-carragenana), não foram observados, apesar da fração ECW conter
10 % de unidades de galactose 2,6-dissulfato, como determinado pelas análises de
metilação (TABELA 21).
FIGURA 36 - ESPECTRO DE FT-IR DAS FRAÇÕES ECW E ECWTA.
700750800850900950100010501100115012001250130013501400
comprimento de onda cm
-1
ECW
ECWTA
1255.0
928.7
850.5
805.1
108
TABELA 22 - PICOS DE ABSORÇÃO OBSERVADOS NOS ESPECTROS DE FT-IR DAS
FRAÇÕES ECW E ECWTA E SEUS GRUPOS FUNCIONAIS CORRESPONDENTES.
COMPRIMENTO DE ONDA (cm
-1
)
GRUPO FUNCIONAL
1255,0
O=S=O (sulfato total)
928,7 C-O-C (3,6 anidrogalactose)
850,5
C-O-SO
4
(em O axial de C secundário C-4 da Gal)
805,1
C-O-SO
4
(em O axial de C secundário da 3,6 Angal)
* de acordo com BELLION et al., 1983; CHOPIN, et al., 1999; PRADO-FERNÁNDEZ et al.,
2003.
Desta maneira, a carragenana isolada e caracterizada aqui, a partir da alga E.
denticulatum, apresenta-se estruturalmente distinta daquelas extraídas da mesma
fonte e caracterizadas previamente por outros autores (ANDERSON et al., 1973;
SANTOS, 1989; AGUILAN et al., 2003).
4.2.1.2. DETERMINAÇÃO DA ESTRUTURA QUÍMICA DE F1 E F2
As frações F1 e F2 foram submetidas à análise de RMN de C
13
visando
elucidar a estrutura química fina de seus polissacarídeos constituintes. Os espectros
de RMN de C
13
obtidos para estas frações apresentaram baixa resolução, como
mostrado na FIGURA 37. Na região anomérica dos espectros de ambas as frações,
somente dois sinais foram passíveis de identificação, em 104,3 104,4 ppm,
atribuídos ao C-1 de unidades de β-D-galactopiranose e 99,7 99,7 ppm atribuídos
as unidades de α-D-glucopiranose (GREER; YAPHE, 1984; KNUTSEN;
GRASDALEN, 1987; VAN DE VELDE et al., 2002).
A identificação das unidades de α-D-glucopiranose nos espectros de F1 e F2,
confirmou o caráter heterogêneo destas frações, devido à contaminação por amido
das florídeas como inicialmente proposto, mediante análise da composição
monossacarídica.
109
Visando-se purificar as frações F1 e F2, ambas foram submetidas a
precipitação fracionada com KCl. Este processo baseia na propriedade apresentada
pelas carragenanas de geleificarem na presença de cátions, como o íon potássio, a
qual é dependente do teor de unidades de 3,6-anidrogalactose e de grupos sulfato
presente na molécula (CEREZO, 1967; NOSEDA, 1994; USOV, 1998).
Carragenanas com maiores teores de 3,6-anidrogalactose e menores de sulfato
tendem a geleificar em menores concentrações de potássio.
Para tanto, a fração F1 foi ressolubilizada em água e tratada com soluções de
concentrações crescentes de KCl (0,15; 0,3; 0,6; 1,0; 1,5 e 2M). Após a adição de
cada concentração do sal a solução foi centrifugada, os precipitados dialisados
exaustivamente contra água destilada e o sobrenadante submetido a um novo passo
de precipitação. Desta maneira sete sub-frações foram obtidas a partir de F1
(TABELA 23).
TABELA 23 - RENDIMENTO, TEOR DE SULFATO E COMPOSIÇÃO
MONOSSACARÍDICA DAS SUB-FRAÇÕES OBTIDAS A PARTIR DE F1 E F2 MEDIANTE
TRATAMENTO COM KCl.
FRAÇÃO [KCl]
(M)
RENDIMENTO
(%)
SULFATO
(%)
c
MONOSSACARÍDEO (mol%)
Gal
d
Angal
e
Glc
f
F1
- 0,82
a
24,0 94,9 3,6 1,5
F1A
0,0 - 0,15 2,5
b
15,4 71,1 0,0 28,9
F1B
0,15 - 0,3 2,0 16,8 90,0 5,7 4,3
F1C
0,3 - 0,6 1,75 15,8 89,5 4,5 6,0
F1D
0,6 - 1,0 2,25 14,1 86,2 7,6 6,3
F1E
1,0 - 1,5 1,75 16,0 84,2 2,1 13,7
F1F
1,5 - 2,0 - 5,6 76,9 9,0 14,2
FS2
solúvel em 2M 59,2 26,2 85,9 4,2 9,9
F2
- 0,75
a
25,4 96,9 1,5 1,5
F2A
0,0-2,0 4,25
b
14,0 42,1 4,6 53,3
F2S2
Solúvel em 2M 85,1 30,2
86,5 6,8 6,6
a
em relação a massa algal inicialmente submetida a extração;
b
em relação a massa de
polissacarídeo submetida a precipitação fracionada com KCl;
c
segundo DODGSON e
PRICE (1961), expresso como NaSO
3
;
d
galactose;
e
3,6-anidrogalactose;
f
glucose.
110
FIGURA 37 - ESPECTROS DE RMN DE C
13
* OBTIDOS A PARTIR DAS
CARRAGENANAS CONSTITUINTES DAS FRAÇÕES F1 (1) E F2 (2).
as letras referem-se as unidades de β-D-galactopiranose (A) e α-D-glucopiranose (B); os
números referem-se aos carbonos identificados; * experimento realizado à 70 °C com os
polissacarídeos dissolvidos em D
2
O.
A-1
B-1
A-1
B-1
1)
2)
111
A sub-fração que apresentou maior rendimento foi aquela que continha os
polissacarídeos que permaneceram solúveis em KCl 2M (FS2 TABELA 23), todas
as demais frações obtidas sob concentrações inferiores de KCl apresentaram
rendimentos desprezíveis. Baseado nisto a fração F2 foi diretamente submetida a
tratamento com KCl 2M, obtendo-se desta maneira a fração F2S2 com 85% de
rendimento (TABELA 23).
Todas as sub-frações obtidas, de maneira similar às frações de origem,
apresentaram a mesma composição monossacarídica: 3,6-anidrogalactose (0,0
9,0 mol%), galactose (71,1 – 94,9 mol%) e glucose (1,5 28,9 mol%). Grupos
sulfato também foram detectados em todas as frações (5,6 – 26,2% - TABELA 23).
As duas sub-frações de maiores rendimentos obtidas FS2 e F2S2 foram
submetidas a análise por HPSEC-MALLS. Os cromatogramas obtidos mostraram
que ambas as frações eram majoritariamente compostas por um polímero de
elevada massa molecular, o qual apresentou tempo médio de eluição de
aproximadamente 40 minutos (FIGURA 38). A fração FS2 mostrou, ainda por esta
análise, um caráter heterogêneo, uma vez que polímeros de baixa massa molecular
foram detectados. A fração F2S2, entretanto, mostrou um caráter homogêneo,
refletindo assim a eficiência do processo de purificação por precipitação com KCl, o
qual também se refletiu mediante análise de composição monossacarídica das sub-
frações, uma vez que, como mostrado na TABELA 23, as frações precipitadas com
0,15 e 2,0M concentram a maior parte da glucose contaminante (28,9 e 14,2 mol%).
Quando submetidas a análises de RMN de C
13
as sub-frações FS2 e F2S2
geraram espectros de resolução superior àqueles obtidos para as frações F1 e F2
(FIGURA 39).
Na região anomérica do espectro da fração FS2 estão presentes os sinais em
104,5, 104,4, 97,5 e 95,8 ppm (TABELA 24). Na mesma região do espectro da
fração F2S2 estão presentes sinais semelhantes, localizados em 104,4 e 102,2 ppm
(TABELA 24). Nos espectros de ambas as frações ainda estão presentes os sinais
em 69,1, 67,9, 67,1 e 61,1 ppm (FS2) e 69,1, 67,8, 67,0 e 61,0 ppm (F2S2).
112
FIGURA 38 – CROMATOGRAMA DE HPSEC-MALLS APRESENTADO PELAS FRAÇÕES
FS2 (A) E F2S2 (B).
detector 11 (vermelho): espalhamento de luz, detector auxiliar 1 (azul): índice de refração; *
experimento realizado com os polissacarídeos dissolvidos em solução de nitrito contendo
azida sódica.
Os sinais em 104,5 e 104,4 ppm (FS2), foram assinalados como C-1 das
unidades de β-D-galactopiranose e de β-D-galactopiranose 4-sulfato, constituintes
dos dissacarídeos repetitivos da gamma- e da mu-carragenana, respectivamente
(GREER; YAPHE, 1984; KNUTSEN; GRASDALEN, 1987; VAN DE VELDE et al.,
2002, 2004). Em F2S2, o sinal em 104,4 ppm provavelmente corresponde a
sobreposição dos C-1 das mesmas unidades, acima mencionadas.
Já o sinais em 97,5 e 95,8 ppm foram atribuídos ao C-1 das unidades de α-D-
galactopiranose 6-sulfato constituinte dos dissacarídeos repetitivos da mu- e da
gamma-carragenana, respectivamente (GREER; YAPHE, 1984; KNUTSEN;
GRASDALEN, 1987; VAN DE VELDE et al., 2002, 2004).
O sinal em 102,2 ppm, observado na fração F2S2, por sua vez, se mostrou
referente a sobreposição dos carbonos 1 das unidades de β-D-galactopiranose
(beta-) e de β-D-galactopiranose 4-sulfato (kappa-carragenana - GREER; YAPHE,
1984; KNUTSEN; GRASDALEN, 1987; VAN DE VELDE et al., 2002, 2004).
A)
B)
113
Ainda os sinais em 67,9 e 67,8 ppm foram atribuídos ao carbono 6 sulfatado
das unidades de α-D-galactopiranose 6-sulfato da gamma- enquanto os sinais em
67,1 e 67,0 ppm ao da mu-carragenana (GREER; YAPHE, 1984; VAN DE VELDE et
al., 2002, 2004). Por fim os sinais em 69,1 e 61,0 ppm eram referentes ao C-6 das
unidades de 3,6-anidro-α-D-galactopiranose pertencentes tanto a kappa como a
beta-carragenana (GREER; YAPHE, 1984; VAN DE VELDE et al., 2002, 2004).
Estes assinalamentos se mostraram coerentes com o padrão de absorção de
uma kappa-carragenana parcialmente dessulfatada, onde estruturas ciclizadas
(kappa/beta-) ocorrem juntamente com estruturas precursoras (mu/gamma-), como
mostra a FIGURA 40, descrita na literatura (GREER; YAPHE, 1984; KNUTSEN;
GRASDALEN, 1987; KNUTSEN et al., 1990; TRUUS et al., 1997).
O sinal observado em 100,6 ppm, no espectro da fração FS2, referente ao C-
1 das unidades de α-D-glucopiranose, indica que nela ainda esta presente o amido
das florídeas (KNUTSEN; GRASDALEN, 1987; VAN DE VELDE et al., 2002).
TABELA 24 - ASSINALAMENTOS QUÍMICOS DE RMN DE C
13
DAS FRAÇÕES NATIVAS
F1 E F2 E SOLÚVEIS EM KCl 2M FS2 E F2S2.
CARBONO
UNIDADE
ASSINALAMENTOS (ppm)
F1 FS2 F2 F2S2
ESTRUTURA*
C-1 β-D-Galp
1
104,3 104,5 104,4 104,4 Gamma-
C-1 β-D-Galp 4S
2
104,4 104,4 Mu-
C-1 β-D-Galp (4S)
102,2 Kappa-/Beta-
C-1 α-D-Glcp
3
99,7 100,6 99,7 Amido
C-1 α-D-Galp 6S
4
97,5 Mu-
C-1 α-D-Galp 6S
95,8 Gamma-
C-6 3,6-An-α-D-Galp
5
69,1 69,1 Beta-/Kappa-
C-6 α-D-Galp 6S
67,9 67,8 Gamma-
C-6 α-D-Galp 6S
67,1 67,0 Mu-
C-6 α-D-Galp
61,1 61,0
1
β-D-galactopiranose;
2
β-D-galactopiranose 4-sulfato;
3
α-D-glucopiranose;
4
α-D-
galactopiranose 6-sulfato;
5
3,6-anidro-α-D-galactopiranose; * segundo GREER e YAPHE
(1984); KNUTSEN e GRASDALEN (1987); VAN DE VELDE et al. (2002, 2004).
114
FIGURA 39 - ESPECTROS DE RMN DE C
13
* OBTIDOS A PARTIR DAS FRAÇÕES FS2
(1) E F2S2 (2).
A: unidades 3-O-substituidas; B: unidades 4-O-substituidas; Os carbonos de cada estrutura
são identificados como µ-A
n
e µ-B
n
para mu-; κ-A
n
e κ-B
n
para kappa-; γ-A
n
e γ-B
n
para
gamma- e β-A
n
e β-B
n
para beta-carragenana; * experimento realizado à 70°C com os
polissacarídeos dissolvidos em D
2
O.
O
OH
OSO
3
-
O
O
OH
O
OH
OH
OSO
3
-
O
H
CH
3
O
OH
OH
O
O
OH
O
OH
OH
OSO
3
-
O
H
CH
3
O
O
OH
OSO
3
-
O
OH
O
OH
O
.
CH
3
O
O
OH
OH
O
OH
O
OH
O
.
CH
3
µ
µµ
µ
-
γ
γγ
γ
-
A
A
B
B
κ
κκ
κ
-
β
ββ
β
-
A
A
B
B
1)
2)
γ
γγ
γ
-B1
C-1 amido
γ
γγ
γ/µ
µµ
µ-B6
µ
µµ
µ-B1
µ
µµ
µ
-A1
γ
γγ
γ
-A1
γ
γγ
γ
/
µ
µµ
µ
/
κ
κκ
κ
/
β
ββ
β
-A6
γ
γγ
γ/µ
µµ
µ/κ
κκ
κ/β
ββ
β-A6
γ
γγ
γ
/
µ
µµ
µ
-A1
γ
γγ
γ/µ
µµ
µ-B6
κ
κκ
κ
/
β
ββ
β
-
A1
γ
γγ
γ
/
µ
µµ
µ
/
κ
κκ
κ
/
β
ββ
β
-
A6
γ
γγ
γ/µ
µµ
µ/κ
κκ
κ/β
ββ
β-A6
[j1] Comentário:
A: unidades
3-O-substituidas, B: unidades 4-O-
substituidas. Os carbonos de cada
estrutura são identificados .........
115
FIGURA 40 - ESTRUTURA APRESENTADA PELA MU/KAPPA- (A) E BETA/GAMMA-
CARRAGENANA (B).
Para confirmar a estrutura acima proposta, a fração FS2 foi submetida a
tratamento alcalino (NaOH 1M; 80°C; 1,5h) visando-se obter uma fração
quimicamente modificada (FS2TA), mediante a conversão das unidades de
galactose 6-sulfato para 3,6-anidrogalactose.
A fração FS2TA (75% de rendimento), mostrou-se composta por galactose
(53,7 mol%) e 3,6-anidrogalactose (35,3 mol%) e ainda sulfatada (15,1%).
O espectro de RMN de C
13
desta fração apresentou-se, quando comparado
ao da fração nativa, mais simples (FIGURA 41), devido à inexistência dos sinais
referentes às estruturas precursoras e somente contendo os picos de absorção
típicos da estrutura de uma kappa/beta-carragenana (GREER; YAPHE, 1984;
KNUTSEN; GRASDALEN, 1987; KNUTSEN et al., 1990; TRUUS et al., 1997).
O tratamento alcalino, portanto, eliminou os sinais em 104,5, 104,4, 97,5 e
95,8 ppm presentes na fração nativa, sendo observados na fração modificada os
O
OH
OSO
3
-
O
O
OH
O
OH
OH
OSO
3
-
O
O
OH
OSO
3
-
O
OH
O
OH
O
.
CH
3
O
OH
OH
O
O
OH
O
OH
OH
OSO
3
-
O
O
OH
OH
O
OH
O
OH
O
.
CH
3
A)
B)
mu-
carragenana
gamma- carragenana
kappa-carragenana
beta-carragenana
116
sinais em 102,2, 95,0 e 94,3 ppm (FIGURA 41). Ainda, os sinais em 67,9 e 67,1 ppm
também foram eliminados pelo tratamento alcalino (FIGURA 41).
Os sinais em 102,2 e 95,0 ppm, bem como os sinais em 102,2 e 94,3 ppm, se
mostraram de acordo com os valores relatados na literatura para os carbonos
anoméricos das unidades dissacarídicas repetitivas da kappa- [3)-β-D-
galactopiranose 4-sulfato-(14)-3,6-anidro-α-D-galactopiranose-(1] e beta-
carragenana [3)-β-D-galactopiranose-(14)-3,6-anidro-α-D-galactopiranose-(1],
respectivamente (GREER; YAPHE, 1984; KNUTSEN; GRASDALEN, 1987; VAN DE
VELDE et al., 2002, 2004).
Os sinais em 73,8 e 66,2 ppm observados no espectro da fração modificada,
e atribuídos ao C-4 sulfatado da unidade de β-D-galactopiranose 4-sulfato e ao C-4
livre da β-D-galactopiranose (GREER; YAPHE, 1984; KNUTSEN; GRASDALEN,
1987; VAN DE VELDE et al., 2002, 2004), respectivamente encontrados na kappa- e
na beta-carragenana, já se mostravam presentes na fração nativa (73,4 e 66,2 ppm)
e confirmaram a estrutura proposta para os polissacarídeos constituintes das frações
FS2 e FS2TA (TABELA 25). O assinalamento completo da kappa/beta-carragenana
constituinte da fração FS2TA é mostrado na TABELA 25.
Analisando-se ainda os sinais anoméricos referentes às unidades de 3,6-
anidro-α-D-galactopiranose pertencentes a kappa- e a beta-carragenana nos
espectros de RMN de C
13
da fração modificada FS2TA, foi possível observar uma
sutil diferença entre suas intensidades (FIGURA 41). Assim estes sinais foram
integrados e mostraram que o teor de unidades de 3,6-anidrogalactose pertencentes
a beta- era pouco maior que o teor de unidades pertencentes a kappa-carragenana
(1,18:1,0). Esta mesma proporção foi observada entre os derivados 2,6-di-O-metil
galactose (54,0 mol%) e 2,4,6-tri-O-metil galactose (46,0 mol%), provenientes das
unidades de β-D-galactose 4-sulfato (mu/kappa-) e galactose (gamma/beta-
carragenana), obtidos a partir da análise de metilação da fração FS2 (1,17:1,0).
Desta maneira, a furcelarana caracterizada aqui, obtida a partir da alga F.
lumbricalis, é estruturalmente distinta daquela extraída da mesma fonte e
caracterizadas previamente por outros autores (TRUUS et al., 1997; KNUTSEN;
GRASDALEN, 1987; KNUTSEN; GRASDALEN, 1992; KNUTSEN et al., 1992).
117
FIGURA 41 - ESPECTROS DE RMN DE C
13
* OBTIDOS A PARTIR DAS FRAÇÕES FS2
(1) E FS2TA (2).
A: unidades 3-O-substituidas; B: unidades 4-O-substituidas; os carbonos de cada estrutura
são identificados como µ-A
n
e µ-B
n
para mu-; κ-A
n
e κ-B
n
para kappa-; γ-A
n
e γ-B
n
para
gamma- e β-A
n
e β-B
n
para beta-carragenana; * experimento realizado à 70°C com os
polissacarídeos dissolvidos em D
2
O.
κ
κκ
κ
/
β
ββ
β
-A1
κ
κκ
κ-B1
β
ββ
β
-B1
β
ββ
β
-A3
κ
κκ
κ/β
ββ
β-B3
κ
κκ
κ
-A3
κ
κκ
κ
-A4
β
ββ
β-A5
κ
κκ
κ
/
β
ββ
β
-B2
κ
κκ
κ/β
ββ
β-A2
κ
κκ
κ/β
ββ
β-B6
β
ββ
β
-A4
κ
κκ
κ
/
β
ββ
β
-A6
κ
κκ
κ
/
β
ββ
β
-B4
κ
κκ
κ/β
ββ
β-B5
κ
κκ
κ-A5
γ
γγ
γ-B1
C-1 amido
γ
γγ
γ
-B6
µ
µµ
µ
-B1
µ
µµ
µ-A1
γ
γγ
γ-A1
µ
µµ
µ
-B6
β
ββ
β
-A4
κ
κκ
κ
/
β
ββ
β
-A6
κ
κκ
κ
-A4
O
O
OH
OH
O
OH
O
OH
O
.
O
OH
O
O
O
OH
OSO
3
-
O
OH
CH
3
κ
κκ
κ-A
β
ββ
β-A
κ
κκ
κ-B
β
ββ
β-B
1)
2)
[j2] Comentário:
A: unidades
3-O-substituidas, B: unidades 4-O-
substituidas. Os carbonos de cada
estrutura são identificados .........
118
TABELA 25 - ASSINALAMENTOS QUÍMICOS DE RMN DE C
13
DA FRAÇÃO NATIVA FS2
E QUIMICAMENTE MODIFICADA FS2TA.
CARBONO
UNIDADE
ASSINALAMENTOS (ppm)
FS2 FS2TA
ESTRUTURA
C-1 β-D-Galp
1
104,5 Gamma-
C-1 β-D-Galp 4S
2
104,4 Mu-
C-1 β-D-Galp (4S)
102,2 Beta-/Kappa-
C-1 α-D-Glcp
3
100,6 Amido
C-1 α-D-Galp 6S
4
97,5 Mu-
C-1 α-D-Galp 6S
95,8 Gamma-
C-1 3,6-An-α-D-Galp
5
95,0 Kappa-
C-1 3,6-An-α-D-Galp
94,3 Beta-
C-3 β-D-Galp
80,1 Beta-
C-3 3,6-An-α-D-Galp
79,1 Beta-/Kappa-
C-3 β-D-Galp 4S
78,9 Kappa-
C-4 3,6-An-α-D-Galp
77,7 Beta-/Kappa-
C-5 3,6-An-α-D-Galp
76,5 Beta-/Kappa-
C-5 β-D-Galp
74,9 Beta-
C-5 β-D-Galp 4S
74,5 Kappa-
C-4 β-D-Galp 4S
73,4 73,8 Kappa-
C-2 3,6-An-α-D-Galp
69,9 Beta-/Kappa-
C-2 β-D-Galp (4S)
69,2 Beta-/Kappa-
C-6 3,6-An-α-D-Galp
69,2 Beta-/Kappa-
C-6 β-D-Galp 6S
67,9 Gamma-
C-6 β-D-Galp 6S
67,1 Mu-
C-4 β-D-Galp
66,2 66,2 Beta-
C-6 β-D-Galp (4S)
61,1 60,9
Beta-/Kappa-
1
β-D-galactopiranose;
2
β-D-galactopiranose 4-sulfato;
3
α-D-glucopiranose;
4
α-D-
galactopiranose 6-sulfato;
5
3,6-anidro-α-D-galactopiranose.
* segundo GREER e YAPHE (1984); KNUTSEN e GRASDALEN (1987); VAN DE VELDE et
al. (2002, 2004).
119
4.2.2. ESTUDO CINÉTICO DA REAÇÃO DE CICLIZAÇÃO NOS
POLISSACARÍDEOS ECW E FS2
Uma vez elucidada a estrutura química fina das carragenanas constituintes
das frações ECW e FS2, obtidas a partir das algas Eucheuma denticulatum e
Furcellaria lumbricalis, estas foram utilizadas como modelos no estudo da cinética
química da reação de ciclização.
A carragenana constituinte da fração ECW foi utilizada para estudar o
comportamento da reação de ciclização em unidades de α-D-galactopiranose 2,6-
dissulfato ligadas a unidades de β-D-galactopiranose 4-sulfato (nu-carragenana),
enquanto que a carragenana da fração FS2, em unidades de α-D-galactopiranose 6-
sulfato ligadas a unidades de β-D-galactopiranose e β-D-galactopiranose 4-sulfato
(mu/gamma-carragenana).
Para este objetivo, as frações foram submetidas a tratamento alcalino
analítico. Assim, hidróxido de sódio (3M) foi adicionado a cada amostra
polissacarídica, previamente solubilizada em água e reduzida com NaBH
4
por 14
horas. Estas soluções foram então incubadas sob uma determinada temperatura
enquanto alíquotas eram retiradas em intervalos regulares de tempo, como descrito
por CIANCIA et al. (1993). Este experimento foi realizado diversas vezes, sempre
nas mesmas condições, porém variando-se a temperatura de incubação (40, 50, 60,
70 e 80°C).
Nestas condições as unidades precursoras de galactose 6-sulfato (em FS2) e
2,6-dissulfato (em ECW) foram convertidas a unidades de 3,6-anidrogalactose e 3,6-
anidrogalactose 2-sulfato, respectivamente. O teor destas unidades
monossacarídicas, presentes em cada alíquota, foi dosado através do método
colorimétrico do resorcinol (YAPHE; ARSENAULT, 1965), sendo possível assim
observar um aumento no teor do anidro-açúcar presente na amostra com o decorrer
do tempo até atingir valores constantes (FIGURA 42).
FIGURA 42 – TRATAMENTO ALCALINO DAS FRAÇÕES ECW (A) E FS2 (B).
120
* experimento realizado à 70 °C para ambas as frações.
Com os valores de absorbância obtidos a partir do acompanhamento do
tratamento alcalino, aplicados a rmula ln(A
0
-A
/A
t
-A
), foi possível calcular a
constante de velocidade da reação (k) e o tempo de meia-vida (t
½
) para cada
polissacarídeo, sob cada diferente temperatura de incubação estudada, como
mostrado na TABELA 26. Ambas as frações estudadas apresentaram aumento
gradativo na velocidade da reação e diminuição no tempo de meia-vida, em função
do aumento da temperatura de incubação (TABELA 26, FIGURAS 43 e 44).
A velocidade de ciclização das unidades de α-D-galactopiranose 2,6-dissulfato
presentes na nu-carragenana (ECW) foi determinada sob as temperaturas de 40, 50,
0,23
0,24
0,25
0,26
0,27
0 10 20 30 40
Abs (555nm)
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0 40 80 120 160 200 240
tempo (min)
Abs (555nm)
A)
B)
121
60 e 70 °C (FIGURA 43), mostrando-se, porém extremamente rápida para ser
determinada a 80 °C (TABELA 26). A velocidade de ciclização das unidades de α-D-
galactopiranose 6-sulfato presentes na mu/gamma-carragenana (FS2), por sua vez,
mostrou-se mais lenta, sendo assim determinada sob as temperaturas de 60, 70 e
80 °C (FIGURA 44, TABELA 26).
FIGURA 43 - DETERMINAÇÃO DA VELOCIDADE DA REAÇÃO DE CICLIZAÇÃO PARA
A NU-CARRAGENANA (ECW) A DIFERENTES TEMPERATURAS.
FIGURA 44 - DETERMINAÇÃO DA VELOCIDADE DA REAÇÃO DE CICLIZAÇÃO PARA
A MU/GAMMA-CARRAGENANA (FS2) A DIFERENTES TEMPERATURAS.
0 20 40 60 80 100 120
tempo (min)
ln (A
o
-A
oo
/A
t
-A
oo
)
1,0
2,0
3,0
4,0
70°C 60°C 50°C
40°C
122
Como mostrado na TABELA 26, quando comparadas sob as temperaturas de
60 e 70 °C, a velocidade de reação em ECW (21x10
-4
e 77x10
-4
s
-1
,
respectivamente) se mostrou cerca de 7 e 13 vezes mas rápida do que em FS2
(4x10
-4
e 6x10
-4
s
-1
).
Esta diferença, observada entre as duas frações, esta diretamente
relacionada ao padrão de sulfatação encontrado em cada uma das estruturas
estudadas, uma vez que como mencionado anteriormente, em ECW todas as
unidades de β-D-galactopiranose apresentam-se sulfatadas em carbono 4 (nu-
carragenana), enquanto que em FS2 somente 54% destas unidades apresentam
sulfatação no referido carbono (mu/gamma-carragenana).
0 20 40 60 80 100 120
tempo (min)
ln (Ao-Aoo /At-Aoo )
60°C
70°C80°C
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
123
Como previamente determinado, a presença de grupos sulfato esterificando o
carbono 4 da unidade β acelera a velocidade da reação de ciclização nas mu-/nu-
carragenanas (NOSEDA; CEREZO, 1994). Este efeito acelerador pode ser explicado
124
pelas possibilidades de interação entre o grupo sulfato em carbono 4 e os grupos
sulfato em carbono 2 e 6 da unidade α, o que desestabiliza a conformação
4
C
1
apresentada por esta última unidade, facilitando sua mudança conformacional para
1
C
4
, passo necessário no processo de conversão das unidades precursoras para
3,6-anidrogalactose (NOSEDA; CEREZO, 1994).
Em FS2, o menor teor de sulfatação na unidade β e a completa ausência de
sulfatação no carbono 2 da unidade α, explica a maior lentidão na velocidade da
reação de ciclização observada neste polissacarídeo em relação a ECW. Por este
motivo, a velocidade da reação em ECW, que apresenta completa sulfatação em
carbono 2 da unidade α, se mostrou cerca de 4,5 e 6 vezes mais rápida do que em
1C
3
(CIANCIA et al., 1993), 25 e 50 vezes mais do que na PC75 (NOSEDA et al.,
2000) e 160 e 210 vezes mais do que em 1T
2
(CIANCIA et al., 1993), previamente
estudadas e relatadas na literatura, sob as mesmas temperaturas de análise, 60 e
70 °C (TABELA 26).
A explicação para tais valores reside, da mesma maneira, no padrão de
sulfatação das unidades β e α observado entre as diferentes galactanas que
constituem cada uma das frações. Enquanto 1C
3
é composta por uma mistura de nu-
e mu-carragenana (CIANCIA et al., 1993), PC75 contém uma porfirana (NOSEDA et
al., 2000) e 1T
2
uma lambda-carragenana (CIANCIA et al., 1993).
A velocidade da reação de ciclização determinada para ECW se mostrou
superior a observada para 1C
3
, e esta superior a determinada para FS2 (TABELA
25). Isto pode ser explicado através do fato de que na nu-carragenana pura presente
em ECW, todos os carbonos 2 se apresentam sulfatados, enquanto que em 1C
3
estes mesmos carbonos podem também apresentar hidroxilas livres e em FS2 todos
os carbonos 2 possuem hidroxilas livres.
Estudos prévios tem mostrado que a interação repulsiva entre as cargas
negativas formadas a partir das hidroxilas livres em C-2 e C-3, é a força que dirige a
mudança conformacional de
4
C
1
para
1
C
4
do anel piranosídico durante a ciclização
alcalina (PERCIVAL, 1949; TURVEY, 1965). Desta maneira a velocidade de
ciclização tende a ser mais rápida naquelas estruturas onde o carbono 2 se
apresenta sulfatado, ou seja, na nu-carragenana, uma vez que a hidroxila livre em
carbono 2, por apresentar um maior caráter ácido (SUGIHARA, 1953; LENZ, 1960),
125
ioniza-se primeiro e tende a estabilizar a hidroxila ciclizante em C-3 (VIANA et al.,
2004).
Por esta razão a presença conjunta da mu- com a nu-carragenana em 1C
3
foi
responsável por reduzir a velocidade em relação a ECW, uma vez que o primeiro
polissacarídeo não apresenta sulfatação no carbono 2 das unidades α, mas a
completa sulfatação em carbono 4 das unidades β, garantiu que ainda assim, fosse
maior em relação a FS2.
A fração FS2, por sua vez, mostrou-se cerca de 4 vezes mais acelerada do
que a PC75 (NOSEDA et al., 2000) e 23 e 16 do que a 1T
2
(CIANCIA et al., 1993),
sob as temperaturas de análise de 60 e 70 °C (TABELA 26).
A porfirana PC75, não apresenta sulfatação na unidade β e somente
sulfatação em C-6 na unidade α, por isso se mostrou mais lenta que ECW e que
FS2.
Ainda, o fato da lambda-carragenana apresentar a mais baixa velocidade de
ciclização, entre todos os polissacarídeos estudados, se deve a distribuição de
grupos sulfato ao redor da hidroxila livre em carbono 3 da unidade α, o que acaba
por proteger esta hidroxila da ionização, etapa primordial no processo de ciclização,
reduzindo assim a velocidade (CIANCIA et al., 1993). Soma-se a isto ainda a
presença do grupo sulfato esterificando o carbono 2 na unidade β, o qual forma uma
ponte de hidrogênio com a hidroxila em carbono 3 da unidade vizinha, dificultando
sua ionização e assim retardando a reação de ciclização (CIANCIA et al., 1993).
4.2.2.1. OBTENÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DOS OLIGOSSACARÍDEOS DE F2S2
126
Uma vez determinada a velocidade da reação de ciclização na mu/gamma-
carragenana FS2, surgiu o interesse em estudar a cinética da reação de ciclização
das unidades de α-D-galactopiranose 6-sulfato ligadas a unidades de β-D-
galactopiranose 4-sulfato (mu-carragenana), separadamente das unidades de α-D-
galactopiranose 6-sulfato ligadas a unidades de β-D-galactopiranose (gamma-
carragenana), visando-se avaliar a participação de cada modelo estrutural no
comportamento cinético apresentado pelo polissacarídeo híbrido.
Para tanto, a fração F2S2, cujas análises mostraram tratar-se de uma
carragenana estruturalmente semelhante a FS2, foi submetida à hidrólise redutiva
parcial (USOV; ELASHIVILI, 1991) visando obter oligossacarídeos representativos
das estruturas de mu- e de gamma-carragenana. Por esta metodologia, as
condições hidrolíticas geradas são capazes de romper somente as ligações 3,6-
anidrogalactosídicas preservando as demais ligações, obtendo-se desta maneira,
oligossacarídeos contendo 3,6-anidrogalactitol como unidade terminal.
Desta maneira o polissacarídeo F2S2 (em sua forma nativa) foi inicialmente
dissolvido em água e após adição do agente redutor 4-MMB e do ácido (TFA 2M), a
mistura foi mantida sob a temperatura de 65°C durante 8 horas. Após diálise (em
membrana de 2.000 Da) e liofilização, foi obtida uma fração parcialmente
depolimerizada, a qual foi denominada F2S2hp. Quando submetida à análise de
composição monossacarídica, esta fração rendeu os monossacarídeos galactose
(81,8 mol%), 3,6-anidrogalactose (7,8 mol%) e glucose (10,4 mol%). As
percentagens obtidas se mostraram similares à obtida para a fração F2S2 (TABELA
27), sugerindo desta maneira que o processo hidrolítico não promoveu degradação
de unidades monossacarídicas.
Análise de RMN de C
13
desta fração originou um espectro (FIGURA 45)
melhor definido que o obtido para a fração original (FIGURA 39). Na região
anomérica deste espectro foi possível identificar seis sinais (localizados) em 104,3,
103,1, 102,2, 100,0, 97,4 e 95,4 ppm (FIGURA 45). O sinal em 104,3 ppm refere-se
aos C-1 sobrepostos das unidades de β-D-galactopiranose 4-sulfato ou β-D-
galactopiranose glicosilando unidades de α-D-galactopiranose 6-sulfato, cujos sinais
anoméricos são observados em 97,4 ppm, quando pertencente ao dissacarídeo da
mu-carragenana e em 95,4 ppm, quando pertencente ao dissacarídeo da gamma-
127
carragenana, respectivamente (TABELA 27 GREER; YAPHE, 1984; KNUTSEN;
GRASDALEN, 1987; VAN DE VELDE et al. 2002, 2004). Os sinais referentes às
unidades precursoras não eram observados no espectro da fração F2S2 (FIGURA
39).
Como mostrado na TABELA 27, o sinal em 103,1 ppm, por sua vez é
referente às unidades de β-D-galactopiranose 4-sulfato ou β-D-galactopiranose
glicosilando unidades de 3,6-anidro-D-galactitol, cujo sinal de C-1 localiza-se em
62,7 ppm, por tratar-se de um carbono primário (GREER; YAPHE, 1984; KNUTSEN;
GRASDALEN, 1987; VAN DE VELDE et al. 2002, 2004). Este sinal em 62,7 ppm não
era observado no espectro da fração nativa.
A presença do sinal em 102,2 ppm, referente às unidades de β-D-
galactopiranose 4-sulfato ou β-D-galactopiranose ligadas a unidades de 3,6-anidro-
α-D-galactopiranose (TABELA 28 GREER; YAPHE, 1984; KNUTSEN;
GRASDALEN, 1987; VAN DE VELDE et al. 2002, 2004), sugere que nem todas as
ligações 3,6-anidrogalactosidicas foram hidrolisadas durante o processo de hidrólise
parcial. Porém, não foi observado neste espectro qualquer sinal passível de
atribuição a unidades de 3,6-anidrogalactopiranose (FIGURA 45). Por fim, o sinal
localizado em 100,0 ppm é referente ao C-1 das unidades de α-D-glucopiranose,
pertencentes ao amido das florídeas, como mostra a TABELA 28 (KNUTSEN;
GRASDALEN, 1987).
Em seguida, a fração F2S2hp foi submetida a cromatografia de troca-iônica
em coluna de DEAE-Sepharose CL6B, utilizando água destilada e concentrações
crescentes de NaCl (0,1; 0,25; 0,5 e 1,0 M) como eluentes, visando purificar e
fracionar os fragmentos produzidos na hidrólise parcial. Após diálise exaustiva contra
água destilada (em membrana de 2.000 Da) e liofilização, cinco sub-frações foram
obtidas e denominadas FA (%), FB (3,7 %), FC (5,3 %), FD ( 6,3 %) e FE ( 11,1 %),
como mostrado na TABELA 27.
Todas as sub-frações se mostraram compostas por galactose (12,4 90,4
mol%), 3,6-anidrogalactose (2,3 – 15,5 mol%) e glucose (6,8 – 84,7 mol% - TABELA
27).
TABELA 27 - RENDIMENTO E COMPOSIÇÃO MONOSSACARÍDICA DAS SUB-
FRAÇÕES OBTIDAS A PARTIR DE F2S2 (FA – FE).
128
FRAÇÃO [KCl]
(M)
RENDIMENTO
(%)
MONOSSACARÍDEO (mol%)
c
Gal
1
AnGal
2
Glc
3
F2S2
-
86,5
6,8
6,6
F2S2hp
65,0
a
81,8 7,8 10,4
FA
-* -
b
12,4 2,3 84,7
FB
0 – 0,1 3,7 68,1 15,5 16,4
FC
0,1 – 0,25 5,3 75,7 13,0 11,3
FD
0,25 – 0,5 6,3 88,8 2,4 8,8
FE
0,5 – 1,0 11,1
90,4 2,8 6,8
* fração obtida utilizando-se H
2
O como eluente;
a
relativo a massa polissacarídica submetida
a hidrólise redutiva parcial (240 mg),
b
relativo a massa submetida a cromatografia de troca-
iônica (190 mg);
c
de acordo com STEVENSON e FURNEAUX (1991) e FALSHAW e
FURNEAUX (1994);
1
galactose;
2
3,6-anidrogalactose;
3
glucose.
TABELA 28 - ASSINALAMENTOS QUÍMICOS DE RMN DE C
13
DAS SUB-FRAÇÕES
OBTIDAS A PARTIR DE F2S2 POR CROMATOGRAFIA DE TROCA IÔNICA.
CARBONO ASSINALAMENTOS DE C
13
(ppm)*
F2S2hp FB FC FD FE
ESTRUTURA
C1 β-D-Galp (4S)
1
104,3
104,3
104,3
104,4
104,3
Mu-/gamma-
C1 β-D-Galp (4S)
a
103,1 103,0 103,1 103,2 Kappa-/beta-
C1 β-D-Galp (4S)
b
102,2 102,3 102,5 Kappa-/beta-
C1 α-D-Glcp
2
100,0 100,0 100,6 100,5 Amido
C1 α-D-Galp 6S
3
97,4 97,3 97,3 97,2 97,2 Mu-
C1 α-D-Galp 6S
95,4 95,2 95,4 95,5 95,5 Gamma-
C1 3,6-D-GalOH
4
62,7 62,6 62,7 62,7 62,9
Kappa-/beta-
1
β-D-galactopiranose ou β-D-galactopiranose 4-sulfato;
2
α-D-glucopiranose;
3
α-D-
galactopiranose 6-sulfato;
4
3,6-anidro-D-galactitol;
a
β-D-galactopiranose ou β-D-
galactopiranose 4-sulfato ligado ao 3,6-anidro-D-galactitol;
b
β-D-galactopiranose ou β-D-
galactopiranose 4-sulfato ligado a 3,6-anidro-α-D-galactopiranose; * segundo GREER e
YAPHE (1984); KNUTSEN e GRASDALEN (1987); VAN DE VELDE et al. (2002, 2004).
FIGURA 45 - ESPECTRO DE RMN DE C
13
DA FRAÇÃO F2S2hp.
129
A: unidades 3-O-substituidas, B: unidades 4-O-substituidas; os carbonos de cada estrutura
são identificados como µ-A
n
e µ-B
n
para mu-; κ-A
n
e κ-B
n
para kappa-; γ-A
n
e γ-B
n
para
gamma- e β-A
n
e β-B
n
para beta-carragenana;
a
β-D-galactopiranose ou β-D-galactopiranose
4-sulfato ligado ao 3,6-anidro-D-galactitol; * experimento realizado à 30°C com os
polissacarídeos dissolvidos em D
2
O.
As cinco sub-frações foram submetidas a análise de RMN de C
13
. FA,
apresentou um espectro onde seis sinais de elevada intensidade foram observados
(FIGURA 46). O sinal anomérico em 100,0 ppm, se mostrava presente na fração
O
OH
OSO
3
-
O
O
OH
O
OH
OH
OSO
3
-
O
H
CH
3
O
O
OH
OSO
3
-
O
OH
O
OH
O
.
CH
3
O
OH
OH
O
O
OH
O
OH
OH
OSO
3
-
O
H
CH
3
O
O
OH
OH
O
OH
O
OH
O
.
CH
3
µ
µµ
µ
κ
κκ
κ
γ
γγ
γ
β
ββ
β
A
A
A
A
B
B
B
B
γ
γγ
γ
/
µ
µµ
µ
-A1
µ
µµ
µ
-B1
γ
γγ
γ
-B1
C-1 amido
κ
κκ
κ
-A4
β
ββ
β
-A4
κ
κκ
κ
/
β
ββ
β
-B1OH
κ
κκ
κ
/
β
ββ
β
-A1
a
κ
κκ
κ
/
β
ββ
β
-A1
[j3] Comentário:
A: unidades
3-O-substituidas, B: unidades 4-O-
substituidas. Os carbonos de cada
estrutura são identificados .........
130
F2S2hp e foi atribuído ao carbono 1 das unidades de β-D-glucopiranose (KNUTSEN;
GRASDALEN, 1987), enquanto o sinal em 77,3 ppm ao carbono 4 substituído
glicosidicamente, desta mesma unidade (FIGURA 46, TABELA 29). Estes resultados
demonstram que nesta sub-fração concentrou-se o amido das florídeas. A
composição monossacarídica desta fração é coerente com esta afirmação uma vez
que 84,7 mol% é composto de glucose (TABELA 27).
FIGURA 46 - ESPECTRO DE RMN DE C
13
* DA FRAÇÃO FA.
as letras correspondem aos carbonos identificados; *experimento realizado à 30°C com os
polissacarídeos dissolvidos em D
2
O.
TABELA 29 - ASSINALAMENTOS QUÍMICOS* DE RMN DE C
13
DAS UNIDADES DE α
αα
α-D-
GLUCOPIRANOSE (AMIDO DAS FLORÍDEAS) NA SUB-FRAÇÃO FA.
C-1
C-2
C-3
C-4
C-5
C-6
100,0
71,9
73,8
77,3
71,6
60,9
* de acordo com KNUTSEN e GRASDALEN (1987).
Os espectros de RMN de C
13
obtidos para as demais sub-frações (FB, FC, FD
e FE), se mostraram semelhantes ao obtido para a fração F2S2hp (FIGURAS 45 e
47). Como mostrado na TABELA 29, o sinal referente ao C-1 das unidades de 3,6-
C-1
C-4
C-3
C-2
C-5
C-6
131
anidro-D-galactitol (62,6 62,9 ppm) foi observado nas quatro sub-frações, e
apresentou maior intensidade em FB e menor intensidade em FE (FIGURA 47), de
maneira coerente com a concentração salina necessária para promover sua eluição
da coluna de troca-iônica, mostrando que a massa molecular dos oligossacarídeos
aumenta entre as frações.
Na região anomérica dos espectros foram identificados os sinais referentes
aos C-1 das unidades de β-D-galactopiranose e de α-D-galactopiranose 6-sulfato
constituintes do dissacarídeo repetitivo da gamma-carragenana em 104,4-3 e 95,5-2
ppm (TABELA 27) e das unidades de β-D-galactopiranose 4-sulfato e de α-D-
galactopiranose 6-sulfato constituintes do dissacarídeo repetitivo da mu-carragenana
em 104,3-2 e 97,4-2 ppm, respectivamente (TABELA 27 - GREER; YAPHE, 1984;
KNUTSEN; GRASDALEN, 1987; VAN DE VELDE et al., 2002, 2004). Ainda, o sinal
referente ao C-1 das unidades de β-D-galactopiranose e de β-D-galactopiranose 4-
sulfato ligadas ao 3,6-anidro-D-galactitol, estava presente nas sub-frações FB, FC e
FD, em torno de 103,1 ppm (TABELA 27), enquanto que o sinal referente ao C-1
destas mesmas unidades ligadas a 3,6-anidro-α-D-galactopiranose (102,3-5 ppm) foi
observado somente em FC e FD (TABELA 27).
A presença dos sinais em 104,4, 103,0, 97,3, 95,3 e 62,6 ppm (este último em
elevada intensidade), bem como a ausência do sinal em torno de 102,0 ppm na sub-
fração FB (FIGURA 47, TABELA 28) permitem afirmar que esta fração se encontra
constituída por uma mistura de oligossacarídeos com baixo grau de polimerização.
Dissacarídeos alditois: carrabiitol [β-D-galactopiranose-(14)-3,6-anidro-D-galactitol]
e carrabiitol 4-sulfato [β-D-galactopiranose 4-sulfato-(14)-3,6-anidro-D-galactitol],
assim como tetrassacarídeos alditois contendo unidades precursoras.
O conjunto de sinais anoméricos presentes em FE, bem como a baissima
intensidade do sinal em 62,9 ppm (FIGURA 47, TABELA 28) permitem dizer que
nesta sub-fração se encontram presentes oligossacarídeos de elevada massa
molecular (ou polissacarídeos despolimerizados), constituídos por estruturas
referentes a mu- e gamma-carragenana.
Por fim, a presença do mesmo grupo de sinais anoméricos nas sub-frações,
FC e FD (FIGURA 47, TABELA 28) sugerem que seus oligossacarídeos constituintes
apresentam estruturas extremamente semelhantes. Estruturas referentes a mu- e
132
gamma-carragenana ocorrem juntamente com estruturas de kappa e beta-
carragenana, estas últimas em menor proporção , sendo em media, os
oligossacarídeos de FC menores que os FD, como sugerem as intensidades dos
sinais em 62,7 ppm.
Com a finalidade de se confirmar às estruturas acima propostas, parte das
sub-frações FC, FD e FE foram então submetidas a tratamento alcalino (NaOH 1M;
80°C; 1,5h). As sub-frações modificadas FC-TA, FD-TA e FE-TA, obtidas após
tratamento alcalino, apresentaram, da mesma forma que as nativas, espectros de
RMN de C
13
muito similares (FIGURA 48), onde os sinais referentes às estruturas
precursoras mu- e gamma-carragenana estavam ausentes, contendo somente os
sinais referentes as estruturas de kappa- e beta-carragenana. O tratamento alcalino,
portanto, eliminou os sinais em 104,4-3, 97,3-2 e 95,5-4 ppm, referentes as
estruturas precursoras, presentes nas sub-frações nativas, sendo observados nas
modificadas somente os sinais em 102,1-0, 94,2 e 93,9 ppm, referentes as
estruturas ciclizadas (TABELA 30).
Os sinais em 102,0 e 94,2 ppm, bem como os sinais em 102,0 e 93,9 ppm,
são atribuídos aos carbonos anoméricos das unidades dissacarídicas repetitivas da
kappa- e beta-carragenana, respectivamente (GREER; YAPHE, 1984; KNUTSEN;
GRASDALEN, 1987; VAN DE VELDE et al., 2002, 2004).
FIGURA 47 - ESPECTROS DE RMN DE C
13
DAS SUB-FRAÇÕES FB, FC, FD E FE.
FB)
κ
κκ
κ
/
β
ββ
β
-B1OH
γ
γγ
γ
-B1
µ
µµ
µ
-B1
κ
κκ
κ
/
β
ββ
β
-A1
γ
γγ
γ
/
µ
µµ
µ
-A1
133
TABELA 30 - ASSINALAMENTOS QUÍMICOS DE RMN DE C
13
DAS SUB-FRAÇÕES FC-
TA, FD-TA E FE-TA.
134
C-1
ASSINALAMENTOS DE C
13
(ppm)
FC-TA FD-TA FE-TA
ESTRUTURA
β-D-Galp (4S)
1
102,0 102,1 102,1 Kappa-/beta-
3,6-α-D-Gal
2
94,2 94,2 94,2 Kappa-
3,6-α-D-Gal
93,9 93,9 93,9
Beta-
1
β-D-galactopiranose e β-D-galactopiranose 4-sulfato;
2
3,6-anidro-α-D-galactopiranose; *
segundo GREER e YAPHE (1984); KNUTSEN e GRASDALEN (1987); VAN DE VELDE et
al. (2002, 2004).
Desta maneira conclui-se que a partir da fração F2S2 não foi possível isolar
nenhum oligossacarídeos representativo de uma única estrutura de carragenana, ou
seja, todas as sub-frações obtidas continham tanto unidades precursoras que
originaram kappa- como beta-carragenana. Sugerindo, assim que nos
polissacarídeos da alga vermelha Furcellaria lumbricalis as estruturas de kappa- e
beta-carragenana, bem como seus precursores mu- e gamma-, ocorrem
aleatoriamente distribuídas e não organizadas em blocos.
Analisando-se porém os sinais anoméricos referentes as unidades de 3,6-
anidro-α-D-galactopiranose pertencentes a kappa- e a beta-carragenana nos
espectros de RMN de C
13
das frações modificadas FC-TA, FD-TA e FE-TA foi
possível observar uma sutil diferença entre suas intensidades (FIGURA 48). Assim,
estes sinais foram integrados e mostraram que o teor de unidades de 3,6-anidro-α-
D-galactopiranose pertencentes a beta-carragenana era maior na fração FC-TA (1,53
unidades para cada 1,0 unidade pertencente a kappa-carragenana), do que em FD-
TA (1,18 unidades para cada 1,0 unidade pertencente a kappa-carragenana) e em
FE-TA (1,15 unidades para cada 1,0 unidade pertencente a kappa-carragenana -
FIGURA 49).
FIGURA 48 - ESPECTROS DE RMN DE C
13
DAS SUB-FRAÇÕES FC-TA, FD-TA E FE-TA.
FC-TA)
κ
κκ
κ/β
ββ
β-A1
β
ββ
β-B1
κ
κκ
κ-B1
135
FIGURA 49 INTEGRAÇÃO DOS CARBONOS ANOMÉRICOS DAS UNIDADES DE 3,6-
ANIDRO-α
αα
α-D-GALACTOPIRANOSE PERTENCENTES A KAPPA- E A BETA-
CARRAGENANA EM FC-TA (A), FD-TA (B) E FE-TA (C).
136
as letras gregas correspondem a kappa (κ) e beta-carragenana (β); * experimento realizado
à 30°C com os polissacarídeos dissolvidos em D
2
O.
4.2.2.2 ESTUDO CINÉTICO DA REAÇÃO DE CICLIZAÇÃO NOS
OLIGOSSACARÍDEOS F-C E F-D
Uma vez determinada a estrutura dos oligossacarídeos presentes nas sub-
frações FC e FD, estas foram escolhidas para serem utilizadas como modelo no
estudo de cinética da reação de ciclização, baseado no fato da primeira apresentar
um maior caráter de gamma-carragenana enquanto a segunda de mu-carragenana.
Os oligossacarídeos FC e FD foram então submetidos a tratamento alcalino
analítico. Os experimentos foram realizados nas mesmas condições que as
utilizadas para os polissacarídeos ECW e F2S, porém somente sob as temperaturas
de 70 e 80°C.
1,0 : 1,53
1,0 : 1,18 1,0 : 1,14
ppm
A)
B) C)
κ
κκ
κ
-
β
ββ
β
-
κ
κκ
κ
-
β
ββ
β
-
κ
κκ
κ-
β
ββ
β
-
137
Como mostrado na TABELA 31 e na FIGURA 50, estas sub-frações também
apresentaram aumento gradativo na velocidade da reação e diminuição no tempo de
meia-vida, em função do aumento na temperatura de incubação.
FIGURA 50 TRATAMENTO ALCALINO NAS CARRAGENANAS DAS FRAÇÕES FC E
FD, SOB DIFERENTES TEMPERATURAS.
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
2,0
0 10 20 30 40 50 60 70 80
tempo (min)
ln(A
o
-A
oo
/A
t
-A
oo
)
Quando comparadas a 70 e 80 °C, a velocidade de reação determinada para
FC (2,0x10
-4
e 6,0x10
-4
s
-1
, respectivamente) se mostrou cerca de 4,0 e 3,3 vezes
mais lenta do que a determinada para FD (8,0x10
-4
e 19,0x10
-4
s
-1
- TABELA 31).
A diferença observada na cinética de ciclização entre estes oligossacarídeos,
da mesma forma que para os polissacarídeos, esta relacionada ao padrão de
sulfatação de cada estrutura. O oligossacarídeo FC, o qual apresenta um caráter
gamma maior que o da fração FD, não sofre o efeito acelerador do grupo sulfato em
C-4 das unidades de β-galactopiranose. Desta forma apresenta uma cinética
semelhante a da porfirana PC75. Já o oligossacarídeo FD, que apresenta um caráter
mu- ligeiramente maior, sofre o efeito acelerador do grupo sulfato, tendo assim um
comportamento semelhante as carragenanas 1C
3
e ECW.
FC 70°C
FC 80°C
FD 70°C
FD 80°C
138
A velocidade em FD se mostrou ainda superior a determinada para o
polissacarídeo FS2 (1,4 vezes), porém inferior a determinada para ECW (9,7 vezes)
e para a mistura mu/nu-carragenana (1,6 vezes - CIANCIA et al., 1993), quando
analisadas sob a temperatura de 70 °C (TABELA 31). Por sua vez, a velocidade de
FC se mostrou cerca de 3,8 vezes mais lenta que a fração FS2, quando analisadas,
também, sob a temperatura de 70 °C (TABELA 31).
O fato da velocidade da reação de ciclização na fração FS2 encontrar-se
intermediária àquelas determinadas para as frações FC e FD (FIGURA 51), sugere
que o caráter híbrido do polissacarídeo lhe confere uma cinética dupla, onde cada
diferente padrão estrutural presente apresenta uma cinética própria, mais acelerada
para mu- e mais lenta para gamma-carragenana, que em conjunto resultam em uma
terceira de comportamento intermediário.
Por fim, as diferenças observadas entre as velocidades de ciclização nas sub-
frações FC e FD se devem unicamente às diferenças observadas em relação ao
padrão estrutural presente em cada uma e não ao fato de tratarem-se de
oligossacarídeos de massas moleculares distintas, uma vez que como verificado
previamente, oligossacarídeos obtidos a partir de auto-hidrólise de lambda-
carragenana, não mostraram diferenças consideráveis em suas cinéticas quando
comparadas a porfirana PC75 (NOSEDA et al., 2000).
FIGURA 51 - DETERMINAÇÃO DA VELOCIDADE DA REAÇÃO DE CICLIZAÇÃO NAS
CARRAGENANAS DAS FRAÇÕES FS2, FC E FD A 70 °C.
139
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
2,0
0 20 40 60 80
tempo (min)
ln (A
o
-A
oo
/A
t
-A
oo
)
FC
FS2
FD
123
TABELA 26 - VELOCIDADE DE REAÇÃO (K) E TEMPO DE MEIA VIDA (T
½
) PARA AS CARRAGENANAS CONSTITUINTES DAS
FRAÇÕES ECW E FS2 EM 1M DE NaOH, SOB DIFERENTES TEMPERATURAS, COMPARADAS COM OUTRAS GALACTANAS
SULFATADAS, PREVIAMENTE ESTUDADAS.
TEMPERATURA
C)
k (x10
4
s
-1
)
ECW
1C
3
a
FS2 PC75
b
1T
2
a
t
½
(minutos)
ECW 1C
3
a
FS2 PC75
b
1T
2
a
ν- ν-/µ- µ/γ-
porfirana
λ-
ν- ν-/µ- µ/γ-
porfirana
λ-
40
2,0 - - - - 69,4 - - - -
50
7,0 2,3 - - 0,04 15,8 49,9 - - 3000
60
21,0 4,8 4,0 1,0 0,14 5,4 24,0 36,3 139,0 850
70
77,0 13,0 6,0 1,5 0,35 1,5 9,0 20,1 77,0 320
80
- 26,0 14,0 4,9 0,67
- 4,5 8,1 23,0 170
a
1C
3
: parcialmente ciclizada mu/nu-carragenana e 1T
2
: lambda-carragenana (CIANCIA et al., 1993).
b
PC75: porfirana (NOSEDA et al., 2000).
140
TABELA 31 - VELOCIDADE DE REAÇÃO (k) E TEMPO DE MEIA VIDA (T
½
) PARA OS OLIGOSSACARÍDEOS CONSTITUINTES DAS
FRAÇÕES FC E FD EM 1M DE NaOH, SOB DIFERENTES TEMPERATURAS, COMPARADOS A OUTRAS GALACTANAS SULFATADAS.
TEMP.
C)
K (x10
4
s
-1
)
ECW
1C
3
a
FD
FS2 FC PC75
b
1T
2
a
t
½
(minutos)
ECW 1C
3
a
FD FS2 FC PC75
b
1T
2
a
ν- ν-/µ- µ- µ/γ- γ-
porfirana
λ-
ν- ν-/µ- µ- µ/γ- γ-
porfirana
λ-
40
2,0 - - - - - - 69,4 - - - - - -
50
7,0 2,3 - - - - 0,04 15,8 49,9 - - - - 3000
60
21,0 4,8 - 4,0 - 1,0 0,14 5,4 24,0 36,3 - 139,0 850
70
77,0 13,0 8,0 6,0 2,0 1,5 0,35 1,5 9,0 14,6 20,1 76,7 77,0 320
80
- 26,0 19,0 14,0 6,0 4,9 0,67
- 4,5 6,2 8,1 20,7 23,0 170
a
1C
3
: mu-/nu-carragenana parcialmente ciclizada e 1T
2
: lambda-carragenana (CIANCIA et al., 1993).
b
PC75: porfirana (NOSEDA et al., 2000).
141
6.0. CONCLUSÕES
1 - A partir das algas vermelhas Galaxaura marginata, G. obtusata, Tricleocarpa
cylindrica, T. fragilis, Scinaia halliae (Ordem Nemaliales) e Palmaria palmata (Ordem
Palmariales) mediante extração aquosa à quente e tratamento com Cetavlon, foram
obtidos dois grupos de polissacarídicas: um solúvel e outro insolúvel em Cetavlon;
2 - Análises químicas e espectroscópicas dos polissacarídeos solúveis permitiram
caracteriza-los como β-D-xilanas lineares com ligações glicosídicas 13 e 14,
encontradas sempre na relação molar de 1:5 entre os representantes da ordem
Nemaliales e de 1:2 para o representante da ordem Palmariales;
3 - Os polissacarídeos insolúveis (precipitados com Cetavlon) isolados das algas G.
marginata e T. cylindrica (Nemaliales) foram caracterizados, mediante análises
químicas e espectroscópicas, como xilomananas sulfatadas dotadas de uma cadeia
principal formada por unidades de α-D-manopiranose 3-O-ligadas, esterificada por
grupos sulfato em carbonos 2 e/ou 4 e glicosilada por unidades de 4-O-metil β-D-
xilopiranose e β-D-xilopiranose em carbono 4;
5 - A partir da alga vermelha Eucheuma denticulatum (Ordem Gigartinales, Família
Solieriaceae) foi isolada uma galactana sulfatada (ECW) do tipo nu/iota-carragenana
pura, onde a forma ciclizada (iota-) representou 70% do polissacarídeo;
6 A partir da alga vermelha Furcellaria lumbricalis (Ordem Gigartinales, Família
Furcellariaceae) foram obtidas duas frações polissacarídicas (FS2 e F2S2),
contendo uma kappa-carragenana parcialmente dessulfatada, correspondente a
uma mu/gamma-carragenana;
7 - A nu/iota-carragenana (ECW), utilizada no estudo de cinética da reação de
ciclização, apresentou a 60 e 70 °C, uma velocidade cerca de 7 e 13 vezes mas
rápida do que a mu/gamma-carragenana (FS2). Esta diferença se mostrou
142
diretamente relacionada ao teor de grupos sulfato esterificando os C-4 das unidades
de β-D-galactopiranose em cada uma das estruturas estudadas e ao efeito
acelerador apresentado por este padrão de sulfatação;
8 - A velocidade de ciclização determinada para a nu-carragenana ECW foi 4,5 e 6,0
vezes superior à determinada para a mistura nu/mu-carragenana 1C
3
(CIANCIA et
al., 1993), diferença esta atribuída a presença de sulfato em C-2 da unidade
precursora;
9 - A fração F2S2, submetida à hidrólise redutiva parcial, originou cinco sub-frações
oligossacarídicas (FA - FE). Análises espectroscópicas das sub-frações FC e FD
mostraram que o teor de unidades de 3,6-anidro-α-D-galactopiranose pertencentes a
beta-carragenana era maior na primeira do que na segunda sub-fração. Quando
comparadas a 70 e 80 °C, as velocidades de reação determinadas para FC se
mostraram cerca de 4,0 e 3,3 vezes mais lentas do que as calculadas para FD,
sendo influenciadas pelo menor teor de grupos sulfato em C-4 na primeira. A
velocidade em FD foi 1,4 vezes superior a determinada para FS2, a 70 °C, e 9,7
vezes inferior a determinada para ECW, enquanto que FC, se mostrou 3,8 vezes
mais lenta que FS2, na mesma temperatura, confirmando o efeito acelerador da
reação do grupo sulfato em C-4 nas unidades de β-D-galactopiranose.
143
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ADAMS, N.M.; FURNEAUX, R.H.; MILLER, I.J. WHITEHOUSE, L.A. Xylan from
Leptosarca simplex and carrageenans from Iridaea, Cenacrum and Nemastoma
species from the subantarctic islands of New Zealand. Bot. Mar., 31: 9-14, 1988.
AGUILAN J.T., BROOM J.E., HEMMINGSON J.A., DAYNT F.M., MONTAÑO M.N.E.,
DANCEL M.C.A., NIÑONUEVO M.R.; FURNEAUX R.H. Structural analysis of
carrageenan from farmed varieties of Philippine seaweed. Bot. Mar., 46: 179-192,
2003.
ANDERSON, N.S.; DOLAN, T.C.S.; LAWSON, C.J; PENMAN, A.; REES, D.A.
Carrageenans. Part 5. The masked repeating structure of kappa- and mu-
carrageenans. Carbohydr. Res., 7: 468-473, 1968.
ANDERSON, N.S.; DOLAN, T.C.S.; REES, D.A. Carrageenans. Part VII.
Polysaccharides from Eucheuma spinosum and Eucheuma cottonii. The Covalent
Structure of ι-Carrageenan. J. Chem. Soc., 19: 2173-2176, 1973.
ANDERSON, N.S.; REES, D.A. Porphyran: a polysaccharide with a masked
repeating structure. J. Chem. Soc.: 5880-5887, 1965.
ANONYMOUS. Monograph Nr. 1. Carrageenan. FMC corporation, Marine colloids
Division, p. 6, 1977.
ASPINALL, G.O. Polysaccharides, First edition. Pergamon Press, New York.
228pp, 1970.
ASPINALL, G.O. The Polysaccharides, Vol. 2, Academic Press, New York. pp 195-
285, 1983.
144
BALDAN, B.; ANDOLFO, P.; CULOSO, F.; TRIPODI, G.; MARIANI, P.
Polysaccharide localization in the cell wall of Porphyra leucosticta (Bangiophyceae,
Rhodophyta) during the life cycle. Bot. Mar., 38: 31-36, 1995.
BELLION, C.; BRIGAND, G.; PROME, J.C; BOCIEK, D.W.S. Identification et
caractérisation des précurseurs biologiques des carraghénanes par spectroscopie de
R.M.N.-
13
C. Carbohydr. Res., 119: 31-48, 1983.
BRASCH, D.J.; CHANG, H.M.; CHUAH, C.T.; MELTON, L.D. The galactan sulfate
from the edible, red alga Porphyra columbina. Carbohydr. Res., 97: 113-125, 1981.
CARLUCCI, M.J.; PUJOL, C.A.; CIANCIA, M.; NOSEDA, M.D.; MATULEWICZ, M.C.;
DAMONTE, E.B.; CEREZO, A.S. Antiherpetic and anticoagulant properties of
carrageenans from the red seaweed Gigartina skottisbergii and their cyclized
derivatives: correlation between structure and biological activity. Int. J. Biol.
Macromol., 20: 97-105, 1997.
CEREZO, A.S.; LEZEROVICH, A.; LABRIOLA, R. A xylan from the red seaweed
Chaetangium fastigiatum. Carbohydr. Res., 19: 289-296, 1971.
CEREZO, A.S. The carrageenan system of Gigartina skottsbergii S. et G. Part I.
Studies on a fraction of kappa-carrageenan. J. Chem. Soc. Sect. C. Org. Chem.:
992-997, 1967.
CEREZO, A.S. The fine structure of Chaetangium fastigiatum xylan: studies of the
sequence and configuration of the (13)-linkages. Carbohydr. Res., 22: 209-211,
1972.
CHOPIN, T.; KERIN, B.F.; MAZEROLLE, R. Phycocolloid chemistry as a taxonomic
indicator of phylogeny in the Gigartinales, Rhodophyceae. Phycol. Res. 47 (3): 167-
188, 1999.
145
CIANCIA, M. Estudio de los carragenanos de plantas cistocarpicas del alga roja
Gigartina skottsbergii. Tesis de doutorado. Departamento de Química Orgánica,
Universidad de Buenos Aires, 307p., 1994.
CIANCIA, M.; NOSEDA, M.D.; MATULEWICZ, M.C.; CEREZO, A.S. Alkali-
modification of carrageenans: mechanism and kinetics in the kappa/iota, mu/nu and
lambda-series. Carbohydr. Polym., 20: 95-98, 1993.
CIUCANU, I.; KEREK, F. A simple and rapid method for the permethylation of
carbohydrates. Carbohydr. Res., 131: 209-217, 1984.
CHIOVITTI, A.; BACIC, A.; CRAIK, D.J.; KRAFT, G.T.; LIAO, M.L. A nearly idealized
6’-O-methylated ι-carrageenan from the Australian red algae Claviclonium ovatum
(Acrotylaceae, Gigartinales). Carbohydr. Res., 339: 1459-1466, 2004.
CHIOVITTI, A.; BACIC, A.; CRAIK, D.J.; MUNRO, S.L.A.; KRAFT, G.T.; LIAO, M.L.
Cell-wall polysaccharides from Australian red algae of the family Solieriaceae
(Gigartinales, Rhodophyta): novel, highly pyruvated carrageenans from the genus
Callophycus. Carbohydr. Res., 299: 229-243, 1997.
CHOPIN, T.; KERIN, B.F.; MAZEROLLE. Gigartinales symposium. Phycocolloid
chemistry as a taxonomic indicator of phylogeny in the Gigartinales, Rhodophyceae:
A review and current developments using Fourier transform infrared diffuse
reflectance spectroscopy. Phycol. Res., 47: 167-188, 1999.
COLE, K.M.; SHEATH, R.G. Biology of the red algae. Cambridge University Press,
Cambridge, 517pp, 1990.
CRAIGIE, J. S. Cell walls. In COLE, K.M.; SHEATH, R.G. Biology of the red algae.
Cambridge University Press, Cambridge, pp 221-257, 1990.
CROWE, J.; CROWE, L.; CARPENTER, J.; WISTROM, C. Stabilization of dry
phospholipid bilayers and proteins by sugars. Biochem. J., 242: 1-10, 1987.
146
DENIAUD, E.; QUEMENER, B.; FLEURENCE, J. LAHAYE, M. Structural studies of
the mixed-linked β-(13)/β-(14)-D-xylans from the cell wall of Palmaria palmata
(Rhodophyta). Int. J. Biol. Macromol., 33: 9-18, 2003.
DE RUITER, G.A.; RUDOLPH, B. Carrageenan biotechnology. Trends in Food
Science & Technology, 8: 389-395, 1997.
DININNO, V.; MCCANDLESS, E.L.; BELL, R.A. Pyruvic acid derivative of a
carrageenan from a marine red algae (Petrocelis species). Carbohydr. Res., 71: C1-
C4, 1979.
DOGSON, K.S.; PRICE, R.G. A note on the determination of the ester sulphate
content of sulphated polysaccharides. Biochem. J., 84: 106-110, 1962.
DOLAN, T.C.S.; REES, D.A. The carrageenans. Part 2. The positions of the
glycosidic linkages and the sulphate esters in lambda-carrageenan. J. Chem. Soc.:
3534-3539, 1965.
DUBOIS, M.K.; GILLES, K.A.; HAMILTON, J.K.; REBERS, P.A.; SMITH, F.
Colorimetric method for determination of sugars and related substances. Anal.
Chem., 28: 350-356, 1956.
DUCKWORTH, M; YAPHE, W. The structure of agar. Part I. Fractionation of a
complex mixture of polysaccharides. Carbohydr. Res., 16: 189-197, 1971.
ERREA, M.I.; MATULEWICZ, M.C. Unusual structures in the polysaccharides from
the red seaweed Pterocladiella capillacea (Gelidiaceae, Gelidiales). Carbohydr.
Res., 338: 943-953, 2003.
ESTEVEZ, J.M.; CIANCIA, M.; CEREZO, A. The system of low-molecular-weight
carrageenans and agaroids from the room-temperature-extracted fraction of
Kappaphycus alvarezii. Carbohydr. Res., 325: 287-299, 2000.
147
ESTEVEZ, J.M.; CIANCIA, M.; CEREZO, A. DL-Galactans hybrids and agarans from
gametophytes of the red seaweed Gymnogongrus torulosus. Carbohydr. Res., 331:
27-41, 2001.
FALSHAW, R.; FURNEAUX, R.H. Carrageenan from the tetrasporic stage of
Gigartina decipiens (Gigartinaceae, Rhodophyta). Carbohydr. Res., 252: 171-182,
1994.
FALSHAW, R.; FURNEAUX, R.H.; STEVENSON, D.E. Agars from nine species of
red seaweed in the genus Curdiea (Gracilariaceae, Rhodophyta). Carbohydr. Res.,
308: 107-115, 1998.
FALSHAW, R.; FURNEAUX, R.H.; WONG, H. Analysis of pyruvylated β-carrageenan
by 2D NMR spectroscopy and reductive partial hydrolysis. Carbohydr. Res., 338:
1403-1414, 2003.
FARIA, P.C. Estrutra química de carragenanas e galactanas híbridas D/L
isoladas de Gymnogongrus griffithsiae (Gigartinales, Rhodophyta). Dissertação
de Mestrado, Departamento de Bioquímica, Universidade Federal do Paraná, 96p,
2001
FURNEAUX, R.H.; STEVENSON, T.T. The xylogalactan sulfate from Chondria
macrocarpa (Ceramiales, Rhodophyta). Hydrobiologia 204/205: 615-620, 1990.
FURNEAUX, R.H.; MILLER, I.J. Isolation and
13
C-NMR spectral study of the water
soluble polysaccharides from four South African red algae. Bot. Mar., 29: 3-10, 1986.
GRAHAM, L.E.; WILCOX, L.W. Algae. First edition. Prentice-Hall, Inc. Upper Saddle
River. 640pp, 2000.
GREER, C.W.; YAPHE, W. Characterization of hybrid (Beta-Kappa-Gamma)
carrageenan from Eucheuma gelatinae J. Agardh. (Rhodophyta, Sollieriaceae) using
148
carrageenases, infrared and
13
C nuclear magnetic resonance spectroscopy. Bot.
Mar., 27: 473-478, 1984.
GRETZ, M.R.; ARONSON, J.M.; SOMMERFELD, M.R. Cellulose in the cell wall of
the Bangiophyceae (Rhodophyta). Science, 207: 779-780, 1980.
HAWORTH, W.N. A new method of preparing alkylated sugars. J. Chem. Soc.: 8-16,
1915.
HAINES,H.H.; MATULEWICZ, M.C.; CEREZO, A.S. sulfated galactans from the red
seaweed Nothogenia fastigiata (Nemaliales, Rhodophyta). Hydrobiologia, 204/205:
637-643, 1990.
JANSSON, P.; KENNE, L.; LIEDRGREN, H.; LINDEBERG, B.; JÖNNGREN, J. A
pratical guide to the metylation analysis of carbohydrates. Chem. Commun., 8: 1-71,
1976.
JEREZ, J.R.; MATSUHIRO, B.; URZÚA, C.C. Chemical modifications of the xylan
from Palmaria decipiens. Carbohydr. Polym., 32: 155-159, 1997.
KANDLER, O.; HOPF, H. Occurrence, metabolism and function of oligosaccharides.
In STUMPF, P.K.; CONN, E.E. (eds). The biochemistry of plants a
comprehensive treatise – Carbohydrates: structure and function, New York:
Academic Press, v.3: 221-226, 1980.
KARSTEN,U.; WEST, J.A.; ZUCCARELLO, G.C.; NIXDORF, O.; BARROW, K.D.;
KING, R.J. Low molecular weight carbohydrate patterns in the Bangiophyceae
(RHODOPHYTA). J. Phycol., 35: 967-976, 1999.
KATZENELLENBOGEN, E.; KOCHAROVA, N.A.; ZATONSKY, G.V.; KÜBLER-
KIELB, J.; GAMIAN, A.; SHASHKOV, A.S.; KNIREL, Y.A.; ROMANOWSKA, E.
Structural and serological studies on Hafnia alvei O-specific polysaccharide of α-D-
149
mannan type isolated from the lipopolysaccharide of strain PCM 1223. FEMS
Immunology and Medical Microbiology, 30: 223-227, 2001.
KLOAREG, B.; QUATRANO, R.S. Structure of the cell walls of marine algae and
ecophysiological functions of the matrix polysaccharides. Oceanogr. Mar. Biol.
Annual Review, 26: 259-315, 1988.
KNUTSEN, S.H.; GRASDALEN, H. Characterization of water-extractable
polysaccharides from Norwegian Furcellaria lumbricalis (Huds.) Lamour.
(Gigartinales, Rhodophyceae) by IR and NMR Spectroscopy. Bot. Mar., 30: 497-505,
1987.
KNUTSEN, S.H.; MYLABODSKY, D.E.; GRASDALEN, H. Characterization of
carrageenan fractions from Norwegian Furcellaria lumbricalis (Huds.) Lamour. By 1H-
nmr spectroscopy. Carbohydr. Res., 206: 367-372, 1990.
KNUTSEN, S.H.; MYLABODSKY, D.E.; LARSEN, B.; USOV, A.I. A modified system
of nomenclature for red algal galactans. Bot. Mar., 37: 163-169, 1994.
KOLENDER, A.A.; MATULEWICZ, M.C.; CEREZO, A.S. Structural analysis of
antiviral sulfated α-D(13)-linked mannans. Carbohydr. Res., 273: 179-185, 1995.
KOLENDER, A.A.; PUJOL, C.A.; DAMONTE, E.B.; MATULEWICZ, M.C.; CEREZO,
A.S. The system of sulfated α-(13)-linked D-mannans from the red seaweed
Nothogenia fastigiata: Structures, antiherpetic and anticoagulant properties.
Carbohydr. Res., 304: 53-60, 1997.
KOVAC, P.; HIRSCH, J.; SHASHKOV A.S.; USOV, A.I.; YAROSTKY, S.V.
13
C-nmr
spectra of xylo-oligosaccharides and their application to the elucidation of xylan
structures. Carbohydr. Res., 85, 177-185, 1980.
150
LAHAYE, M.; MICHEL, C.; BARRY, J.L. Chemical, physicochemical and in-vitro
fermentation characteristics of dietary fibres from Palmaria palmata (L.) Kuntze.
Food Chemistry, 47, 29-36, 1993.
LAHAYE, M.; RONDEAU-MOURO, C.; DENIAUD, E.; BULÉON, A. Solid-state
13
C
spectroscopy studies of xylans in the cell wall of Palmaria palmata (L. Kuntze,
Rhodophyta). Carbohydr. Res., 338, 1559-1569, 2003.
LAWSON, C.J.; REES, D.A. An enzyme for the metabolic control of polysaccharide
conformation and function. Nature, 227: 392-393, 1970.
LEE, R.E. Phycology, Second edition. Cambridge University Press, Cambridge.
645pp, 1989.
LENZ, R.W. Distribution of methoxyl groups in the methylation of the monosodio
derivatives of methyl α-D-glucopiranoside and cellulose. J. Am. Chem. Soc., 82:
182-186, 1960.
LOBBAN, C.S.; HARRISON, P.J. Seaweed ecology and physiology. First edition.
Cambridge University Press, Cambridge. 366pp, 1994.
LOWRY, O.L.; ROSEBROUGH, N.J.; FARR, .L.A.; RANDALL, K.L. Protein
measurement with the folin phenol reagent. J. Biol. Chem., 193: 265-275, 1951.
MATULEWICZ, M.C.; CEREZO, A.S
2
. Alkali-soluble polysaccharides from
Chaetangium fastigiatum: structure of a xylan. Phytochem., 26: 1033-1035, 1987.
MATULEWICZ, M.C.; CEREZO, A.S, JARRET, R.M.; SYN, N. High resolution
13
C-
nmr spectroscopy of “mixed linkage xylans”. Int. J. Biol. Macromol., 14: 29-32,
1992.
151
MATULEWICZ, M.C.; CEREZO, A.S
1
Water-soluble sulfated polysaccharides from
the red seaweed Chaetangium fastigiatum. Analysis of the system and the structure
of the α-D-(13)-linked mannans. Carbohydr. Polym., 7: 121-132, 1987.
MATULEWICZ, M.C.; HAINES, H.H.; CEREZO, A.S. Sulphated xylogalactans from
Nothogenia fastigiata. Phytochem., 36: 97-103, 1994.
McCANDLESS, E.L.; CRAIGIE, J.S. Sulfated polysaccharides in red and brown
algae. Annual Ver. Plant Physiology, 30: 41-53, 1979.
MILLER, I.J. The chemotaxonomic significance of the water-soluble red algal
polysaccharides. Recent. Devel. In Phytochem., 1: 531-565, 1996.
MOLLION, J.; MOREAU, S.; CHRISTIAEN, D. Isolation of a new type of carrageenan
from Rissoella verruculosa (Bert.) J. Ag. (Rhodophyta, Gigartinales). Bot. Mar., 29:
549-552, 1986.
MORRICE, L.M.; McLEAN, M.W. LONG, W.F.; WILLIAMSON, F.B. Porphyran
primary structure: An investigation using β-agarase I from Pseudomonas atlantica
and
13
C-NMR spectroscopy. European Journal of Biochemistry, 133: 673-684,
1983.
MU, X.; RIDING, R. Skeletal ultrastructure of the calcified red alga Galaxaura
oblongata, Hainan Island, China. Review of Palaeobotany and Palynology, 104:
205-212, 1999.
MUKAI, L.S.; CRAIGIE, J.S.; BROWN, R.G. Chemical composition and structure of
the cell walls of the conchocelis and thallus phases of Porphyra tenera
(Rhodophyceae). J. Phycol., 17: 192-198, 1981.
NAGASAWA, K.; INOUE, Y.; TOKUYASU, T. An improved method for the
preparation of the chondroitin by solvolitic desulfation of chondroitin sulfates. J. Biol.
Chem., 86: 1323-1327, 1979.
152
NERINCKX, W.; BROBERG, A.; DUUS, J.O.; NTARIMA, P.; PAROLIS, L.A.S.;
PARILIS, H.; CLAEYSSENS, M. Hydrolysis of Nothogenia erinacea xylan by
xylanases from families 10 and 11. Carbohydr. Res., 339: 1047-1060, 2004.
NOSEDA, M.D.; CEREZO, A.S. Alkali modification of carrageenans-II. The
cyclization of model compounds containing non-sulfated β-D-galactose units.
Carbohydr. Polym., 26: 1-3, 1995.
NOSEDA, M.D. Polissacarídeos sulfatados isolados da fase tetrasporofítica de
Gigartina skottisbergii (Rhodophyta, Gigartinales). Tese de doutorado,
Departamento de Bioquímica, Universidade Federal do Paraná. 173p, 1994.
NOSEDA, M.D., VIANA, A.G., DUARTE, M.E.R.; CEREZO, A.S. Alkali modification
of carrageenans. Part IV. Porphyrans as model compounds. Carbohydr. Polym., 42:
301-305, 2000.
NUNN, J.R.; PAROLIS, H.; RUSSEL, I. Polysaccharides of red alga Chaetangium
erinaceum. Part I. Isolation and characterization of the water-soluble xylan.
Carbohydr. Res., 26: 169-180, 1973.
OKAZAKI, M.; ICHIKAWA, K.; FURUYA, K. Studies on the calcium carbonate
deposition of algae IV. Initial calcification site calcareous red algae Galaxaura
fastigiata Decaisne. Bot. Mar., 25: 511-517, 1982.
O’NEILL, A.N. Derivatives of 4-O-β-D-galactopyranosyl-3,6-anhydro-D-galactose from
kappa-carrageenin. J. Am. Chem. Soc., 77: 6324-6326, 1955.
PAINTER, T.J., in ASPINALL, G.O. (Ed.) The Polysaccharides, Vol. 2, Academic
Press, New York. pp 195-285, 1983.
PARK, J.T.; JOHNSON, M.J. A Submicrodetermination of glucose. J. Biol. Chem.,
181, 1949.
153
PENNAN, A.; REES, D.A. Carrageenans. Part 9. Methylation analysis of galactan
sulphates from Furcellaria fastigiata, Gigartina canaliculata, Gigartina chamissoi,
Gigartina atropurpurea, Ahnfeltia durvillaei, Gymnogongrus furcellatus, Eucheuma
isiforme, Eucheuma uncinatum, Aghardiella tenera, Pachymenia hymantophora and
Gloiopeltis cervicornis. Structure of xi-carrageenan. J. Chem. Soc. Perkin Trans. 1:
2182-2187, 1973.
PERCIVAL, E.J.V. Carbohydrate sulfates. Quart. Rev. 3: 369-384, 1949.
PRADO-FERNÁNDEZ, J.; RODRÍGUEZ-VÁSQUEZ, J.A.; TOJO, E.; ANDRADE,
J.M. Quantitation of κ-, ι- and λ-carrageenans by mid-infrared spectroscopy and PLS
regression. Analytica Chemica Acta, 480: 23-37, 2003.
RAVEN, P.H.; EVERT, R.F.; EICHHORN, S.E. Biologia Vegetal, Quinta edição.
Guanabara/Koogan, Rio de Janeiro. p 248-259, 1996.
REES, D.A. Structure, conformation and mechanism in the formation of
polysaccharide gels and networks. Adv. Carbohydr. Chem., 24: 267-332, 1965.
SANTOS, G.A. Carrageenans of species of Eucheuma J. Agardh and Kappaphycus
Doty (Solieriaceae, Rhodophyta). Aquatic Botany, 36: 55-67, 1989.
SOUTH, G.R.; WHITTICK, A. Introduction to Phycology, First publication.
Blackwell Scientific Publications, Oxford. 341pp, 1987.
STANCIOFF, D.J.; STANLEY, N.F. Infrared and chemical studies on algal
polysaccharides. Proc. Int. Seaweed Symp. 6: 595-609, 1969.
STEVENSON, T.T.; FURNEAUX, R.H. Chemical methods for the analysis of sulfated
galactans from red algae. Carbohydr. Res., 210: 277-298, 1991.
154
STORTZ, C.A.; BACON, B.E.; CHERNIAK, R.; CEREZO, A.S. High-field NMR
spectrocopy of cystocarpic and tetrasporic carrageenans from Iridaea undulosa.
Carbohydr. Res., 261: 317-326, 1994.
STORTZ, C.A.; CASES, M.R.; CEREZO, A.S. The system of agaroids and
carrageenans from the soluble fraction of the tetrasporic stage of the red seaweed
Iridea undulosa. Carbohydr. Res. 34 (1-2): 61-65, 1997.
STORTZ, C.A.; CEREZO, A.S. Novel findings in carrageenans, agarans and “hybrid”
red seaweed galactans. Curr. Topics Phytochem., 4: 121-134, 2000.
STORTZ, C.A.; CEREZO, A.S. The system of carrageenans from cystocarpic and
tetrasporic stages from Iridaea undulosa: fractionation with potassium chloride and
methylation analysis of the fractions. Carbohydr. Res., 242: 217-227, 1993.
SUGIHARA, J.M. Relative reactivities of hydroxyl groups of carbohydrates. Adv.
Carbohydr. Chem., 8: 1-44, 1953.
TAKANO, R.; HAYASHI, K.; HARA, S.; HIRASE, S. Funoran from red seaweed,
Gloiopeltis complanata: polysaccharides with sulphated agarose structure and their
precursor structure. Carbohydr. Polym, 35: 81-87, 1994.
TAKANO, R.; SHIOMOTO, K.; KAMEI, K.; HARA, S.; HIRASE, S. Occurrence of
carrageenan structure in an agar from the red seaweed Digenea simplex (Wulfen) C.
Agardh (Rhodomelaceae, Ceramiales) with a short review of carrageenan-
agarocolloid hybrid in the Florideophycidae. Bot. Mar., 46: 142-150, 2003.
TAKANO, R.; YOKOI, T.; KAMEI, K.; HARA, S.; HIRASE, S. Coexistence of agaroid
and carrageenan structures in a polysaccharide from the red seaweed Rhodomela
larise (Turner) C. Ag. Bot. Mar., 42: 183-188, 1999.
TURVEY, J.R. sulfates of the simple sugars. Adv. Carbohydr. Chem., 20: 183-218,
1965.
155
TURVEY, J.R.; WILLIAMS, E.L. The structure of some xylans from red algae.
Phytochem., 9: 2383-2388, 1970.
TRUSS, K.; VAHER, M.; USOV, A.I.; PEHK, T.; KOLLIST, A. Gelling galactans from
the red algal community of Furcellaria lumbricalis and Coccotylus truncatus (the
Baltic Sea, Estonia): a structure-properties study. Int. Biol. Macromol., 21: 89-96,
1997.
USOV, A.I.; ADAMYANTS, K.S.; YAROTSKY, S.V.; ANOSHINA, A.A.;
KOCHETKOV, N.K. The isolation of a sulphated mannan and a neutral xylan from
the red seaweed Nemalion vermiculare Sur. Carbohydr. Res., 26: 282-283, 1973.
USOV, A.I.; BILAN, M.I.; SHASHKOV, A.S. Structure of a sulfated xylogalactan from
the calcareous red alga Corallina pilulifera P. et R. (Rhodophyta, Corallinaceae).
Carbohydr. Res., 303: 93-102, 1997.
USOV, A.I.; DOBKINA, I.M. Polysaccharides of algae. XXXVIII. Polysaccharide
composition of the red seaweed Liagora sp. And the structure of sulfated
xylomannan. Bioorg. Khim. 14: 642-651, 1988.
USOV, A. I.; ELASHVILI, Y.A. Polysaccharides of Algae: 44. Investigation of Sulfated
Galactan from Laurencia nipponica Yamada (Rhodophyta, Rhodomelaceae) Using
Partial Reductive Hydrolysis. Bot. Mar., 34: 553-560, 1991.
USOV, A.I.; IVANOVA, E.G. Polysaccharides of Algae XXXVII: Characterization of
Hybrid Structure of Substituted Agarose from Polysiphonia morrowii (Rhodophyta,
Rhodomelaceae) Using β-Agarase and
13
C-NMR Spectroscopy. Bot. Mar., 30: 365-
370, 1987.
USOV, A.I. NMR Spectroscopy of Red Seaweed Polysaccharides: Agars,
Carrageenans and Xylans. Bot. Mar., 27: 189-202, 1984.
156
USOV, A.I. Structural analysis of red Seaweed galactans of agar and carrageenan
groups. Food Hydrocolloids, 12: 301-308, 1998.
USOV, A.I.; YAROTSKII, S.V.; ESTEVEZ, M.L. Polysaccharides of algae. XXXII.
Polysaccharides of the red seaweed Galaxaura squalida Kjellm. Zh. Obshch.
Khim.7: 1261-1270, 1981.
USOV, A.I.; YAROTSKII, S.V. Polysaccharides of algae. XXI. Alkaline degradation of
sulfated mannan from the red alga Nemalion vermiculare Sur. Bioorg. Khim. 1: 919-
922.
USOV, A.I.; YAROTSKII, S.V.; SHASHKOV, A.S. 13C-NMR spectroscopy of red
algal galactans. Biolpolymers, 19: 977-990, 1980.
VAN DE VELDE, F.; KNUTSEN, S.H.; USOV, A.I.; ROLLEMA, H.S.; CEREZO, A.S.
1
H and
13
C high resolution NMR spectroscopy of carrageenans: application in
research and industry. Trends in Food Science & Technology, 13: 73-92, 2002.
VAN DE VELDE, F.; PEREIRA, L.; ROLLEMA, H.S. The revised NMR chemical shift
data of carrageenans. Carbohydr. Res., 339: 2309-2313, 2004.
VAN DEN HOEK, C.; MANN, D.G.; JAHNS, H.M. ALGAE, An introduction to
phycology, First edition. Cambridge University Press, Cambridge. 627pp, 1989.
VIANA, A.G. Estudo de uma porfirana com estrutura não usual obtida da alga
vermelha Porphyra columbina Montagne (Bangiales, Rhodophyta). Dissertação
de Mestrado. Departamento de Bioquímica, Universidade Federal do Parana. 97p,
2000.
VIANA, A.G.; NOSEDA, M.D.; DUARTE, M.E.R.; CEREZO, A.S. Alkali modification
of carrageenans. Part V. The iota-nu hybrid carrageenan from Eucheuma
denticulatum and its cyclization to iota-carrageenan. Carbohydr. Polym., 58: 455-
460, 2004.
157
VILLARROEL, L.H.; ZANLUNGO, A.B. Structural studies on the porphyran from
Porphyra columbina (Montagne). Carbohydr. Res., 88: 139-145, 1981.
WHISTLER, R.L.; DURSO, D.F. Chromatographic separation of sugars on charcoal.
J. Am. Chem. Soc., 72: 677-679, 1950.
WONG, K.F.; CRAIGIE, J.C. Sulfohydrolase Activity and Carrageenan Biosynthesis
in Chondrus crispus (Rhodophyceae). Plant. Physiol., 61: 663-666, 1978.
YAPHE, W. Colorimetric determination of 3,6-anhydrogalactose and galactose in
marine algal polysaccharides. Anal. Chem., 32: 1327-1330, 1960.
YAPHE, W.; ARSENAULT, G.P. Improved resorcinol reagent for determination of
fructose and 3,6-anhydrogalactose in polysaccharides. Anal. Biochem., 13: 143-
148, 1965.
ZABLACKIS, E.; SANTOS, G.A. The carrageenan of Catenella nipae Zanard., a
marine red alga. Bot. Mar.., 29: 319-322, 1986.
ZIBETTI, R.G.M. Determinação da estrutura química de galactanas híbridas D/L
isoladas da alga vermelha Cryptonemia crenulata (Cryptonemiales,
Rhodophyta). Dissertação de Mestrado. Departamento de Bioquímica, Universidade
Federal do Parana. 68p, 2000.
ZINOUN, M.; DIOURIS, M.; POTIN, P.; FLOC’H, J.Y.; DESLANDES, E. Evidence of
Sulfohydrolase Activity in the Red Alga Calliblepharis jubata. Bot. Mar., 40: 49-53,
1997.
RESUMO
O componente amorfo constituinte da parede celular da maior parte das algas
vermelhas é freqüentemente composto por galactanas sulfatadas, porém xilanas,
mananas sulfatadas e xilomananas sulfatadas também têm sido encontradas nas
ordens Nemaliales e Palmariales. Neste trabalho estudou-se os polissacadeos
solúveis em água isolados das algas vermelhas Galaxaura marginata, G. obtusata,
Tricleocarpa cylindrica, T. fragilis, Scinaia halliae (Nemaliales) e Palmaria palmata
(Palmariales). Mediante extração aquosa a 80 °C, seguida por tratamento com
Cetavlon e precipitação com etanol, foram obtidos dois grupos de polissacarídeos:
um neutro (frações GMs, GOs, TCs, TFs, SHs e PPs) e outro sulfatado (frações
GMp, GOp, TCp, TFp, SHp e PPp). Os polissacarídeos neutros apresentaram
atividade óptica negativa e se mostraram ricos em unidades de xilose. Análises de
RMN de
1
H,
13
C e HMQC revelaram tratar-se de β-D-xilanas lineares glicosiladas em
C-3 e C-4 na proporção de 1:5 (para Nemaliales) e 1:2 (para Palmariales), como
verificado por análises de metilação e integração dos prótons anoméricos. Os
polissacarídeos presentes nas frações sulfatadas apresentaram atividade óptica
positiva e elevados teores de manose, xilose e 4-O-metil xilose. As xilomananas
sulfatadas GMp e TFp renderam após fracionamento as sub-frações homogêneas
GMp-B, TFp-B e TFp-C, cujas análises de metilação e RMN de
13
C, de suas formas
nativas e modificadas, evidenciaram como cadeia principal uma α-D-manana 3-
glicosilada, sulfatada em C-2 e/ou C-4 e glicosilada em C-4. Estes resultados
mostram que as algas vermelhas estudadas biossintetizam dois polímeros distintos
como polissacarídeos solúveis. A reação de ciclização, formação de unidades de
3,6-anidrogalactose a partir de unidades precursoras de galactose 6-sulfato ou 2,6-
dissulfato, tem sido estudada em diferentes tipos de galactanas sulfatadas e neste
trabalho nas carragenanas isoladas das algas Eucheuma denticulatum e Furcellaria
lumbricalis, mediante extração aquosa a temperatura ambiente, contidas nas frações
ECW, F1 e F2. Análises de metilação, FT-IR e RMN de
13
C e
1
H revelaram que a
galactana homogênea ECW era uma parcialmente ciclizada nu-carragenana. As
galactanas homogêneas FS2 e F2S2, obtidas após purificação de F1 e F2, foram
caracterizadas por metilação e RMN de
13
C como uma mu/gamma-carragenana. A
nu/iota-carragenana ECW, quando submetida a tratamento alcalino, apresentou uma
velocidade de ciclização, a 60 e 70 °C, cerca de 7 e 13 vezes mas rápida do que a
obtida para a mu/gamma-carragenana FS2. A fração F2S2, após hidrólise redutiva
parcial, originou os oligossacarídeos FC (de elevado caráter gamma-) e FD (de
elevado caráter mu-). Quando comparadas a 70 e 80 °C, a velocidade de reação em
FC se mostrou cerca de 4,0 e 3,3 vezes mais lenta do em FD. A velocidade em FD
se mostrou 1,4 vezes superior a determinada para FS2 e 9,7 vezes inferior a
determinada para ECW, a 70 °C, enquanto que FC, se mostrou 3,8 vezes mais lenta
que FS2, sob a mesma temperatura. As diferenças observadas entre as velocidades
nas diferentes frações relacionam-se ao padrão de sulfatação presente em cada
galactana estudada. O fato da velocidade em FS2 ser intermediária as de FC e FD,
sugere que o caráter híbrido do polissacarídeo lhe confere uma cinética dupla, onde
cada padrão estrutural (mu- e gamma-carragenana) apresenta uma cinética própria
que em conjunto, resulta noutra intermediária.
ABSTRACT
The cell-wall in the division Rhodophyta is frequently constituted by sulfated
galactans, however neutral xylans, sulfated mannans and sulfated xylomannans
have been extracted from red algae belonging to the order Nemaliales and
Palmariales. Here were studied the water soluble polysaccharides from the
seaweeds Galaxaura marginata, G. obtusata, Tricleocarpa cylindrica, T. fragilis,
Scinaia halliae (Nemaliales) e Palmaria palmata (Palmariales). By extraction with
water at 80
o
C, followed by Cetavlon treatment and ethanol precipitation, were
obtained two kinds of polysaccharides: one neutral (GMs, GOs, TCs, TFs, SHs and
PPs fractions) and other sulfated (GMp, GOp, TCp, TFp, SHp and PPp fractions).
The first ones polysaccharides showed negative optical rotation and xylose as
majority residue. The
1
H,
13
C and HMQC NMR analyses showed that these
polysaccharides were a linear (13)- and (14)-linked β-D-xylan on the ratio 1:5 (to
Nemaliales) and 1:2 (to Palmariales), as confirmed by methylation and integration
analysis. The last ones polysaccharides showed positive optical rotation and
mannose, xylose and 4-O-methyl xylose as majority residues. The homogeneous
sulfated xylomannans GMp-B, TFp-B e TFp-C, obtained after GMs and TFs
fractionation, had a 3-linked α-D-mannan as main chain, sulfated at C-2 and/or C-4
and xylosilated at C-4, as showed the
13
C NMR and methylation analysis of its native
and modified forms. These results shows that the studied red seaweeds produce two
differents polymers as soluble polysaccharides. The cyclization reaction, formation of
the 3,6-anhydrogalactose units from precursor units (galactose 6 or 2,6 sulfated), has
been studied in differents seaweed polysaccharides and in these work in the
carrageenans isolated from Eucheuma denticulatum and Furcellaria lumbricalis by
extraction with water at room temperature, contained in the fractions ECW, F1 and
F2. Methylation, FT-IR,
1
H and
13
C-NMR analysis showed that the homogeneous
galactan from ECW was a partially cyclized nu-carrageenan. The homogeneous
galactans FS2 and F2S2, obtained after F1 and F2 purification, was characterized by
methylation and
13
C-NMR analysis as a mu/gamma-carrageenan. The nu/iota
carrageenan ECW showed, at 60 and 70 °C, a rate constant 7 and 13 times faster
than the mu/gamma-carrageenan FS2. The fraction F2S2 yielded, after reductive
partial hydrolysis, the oligosaccharides FC (major gamma- character) and FD (major
mu-character). When analyzed at 70 and 80 °C, the rate constant of FC was 4 and
3,3 times lower than FD. The rate constant of FD was 1,4 times faster than FS2 and
9,7 times lower than ECW, at 70 °C, while FC was 3,8 times lower than FS2, at the
same temperature. The viewed differences between the rate constants were related
to the sulfatation pattern of the each carrageenan. And the fact of rate constant in
FS2 to be between FC e FD, suggest that the hybrid character of these
polysaccharide produce a double kinetic, where each structural pattern (mu- and
gamma-carrageenan) show a own kinetic, that in joint result in a intermediary other
one.
Alkali modification of carrageenans. Part V. The iota–nu hybrid
carrageenan from Eucheuma denticulatum and its cyclization
to iota-carrageenan
*
Adriano G. Viana
a
, Miguel D. Noseda
a,
*
,1
, Maria Euge
ˆ
nia R. Duarte
a
, Alberto S. Cerezo
b,
*
,2
a
Departamento de Bioquı
´
mica e Biologia Molecular, Universidade Federal do Parana
´
. P.O. Box 19046, CEP 81531-990 Curitiba, Parana
´
, Brasil
b
Departamento de Quı
´
mica Orga
´
nica (CIHIDECAR-CONICET), Facultad de Ciencias Exactas y Naturales, Pabello
´
n 2, Ciudad Universita
´
ria,
1428, Buenos Aires, Argentina
Received 6 May 2004; revised 20 July 2004; accepted 9 August 2004
Abstract
A homogeneous iota/nu-hybrid carrageenan (71% iota- and 21% nu-) isolated from Eucheuma denticulatum was used as a model
compound to study the cyclization reaction of a-
D-galactose 2,6-disulfate units to 3,6-anhydro-a-D-galactose 2-sulfate. The rate of
cyclization, at 70 8C, of this carrageenan is about 50 times faster than that of a porphyran (non-sulfated b-
D-galactose linked to a-L-galactose
6-sulfate) and 210 times faster when compared with a lambda-carrageenan (2-sulfated b-
D-units linked to a-D-galactose 2,6-disulfate). The
use of this model compound confirms the previous hypothesis of the accelerating effect of the b-
D-4-sulfate group as well as suggests the
influence of the 2-sulfate of the a-
D-galactose units on the
4
C
1
/
1
C
4
chair forms interchange. The easy of cyclization indicates that to
produce commercial iota-carrageenans milder alkaline treatments could be used, avoiding degradation and increasing the gel strength.
q 2004 Elsevier Ltd. All rights reserved.
Keywords: Alkaline treatment; Cyclization rate; Iota-carrageenan; Eucheuma denticulatum
1. Introduction
Formation of 3,6-anhydro-a-
D-galactopyranose units
from a-
D-galactopyranose 6-sulfate residues by alkaline
treatment is an important and well-known reaction under-
gone by carrageenans (Percival, 1949; Turvey, 1965). We
have studied the kinetics of this reaction in lambda- and
kappa/iota-carrageenans (Ciancia, Noseda, Matulewicz, &
Cerezo, 1993), lambda-derived oligosaccharides (Noseda
and Cerezo, 1995) and porphyrans (Noseda, Viana, Duarte,
& Cerezo, 2000). These works show the influence that the
sulfate groups have on the cyclization rates. The presence of
sulfate at C-2 of b-
D-galactose unit as in lambda-
carrageenans has a decelerating effect, whereas at C-4 as
in carrageenans of the kappa family accelerates the
cyclization reaction. Fig. 1 shows the disaccharide repeating
units of the before mentioned polysaccharides.
In this paper we extended these studies to an iota-
carrageenan that was extracted from the commercially
cultivated algae Eucheuma denticulatum. Alkaline extrac-
tion of this red seaweed is commonly used for the industrial
production of the gel forming polysaccharide iota-carra-
geenan (Van de Velde, Knutsen, Usov, Rollema, & Cerezo,
2002; Aguilan et al., 2003). Nevertheless, in spite of the
high commercial value of the seaweed and of its
polysaccharide, detailed studies have not been carried out
on the structure of the biosynthesized carrageenan and on
the best conditions for the alkaline cyclization of its
‘precursor units’ to produce a ‘nearly pure’ iota-carragee-
nan. Thus, in this paper the iota/nu hybrid carrageenan
extracted from the seaweed with water at room temperature
was worked out with modern techniques and used
0144-8617/$ - see front matter q 2004 Elsevier Ltd. All rights reserved.
doi:10.1016/j.carbpol.2004.08.006
Carbohydrate Polymers 58 (2004) 455–460
www.elsevier.com/locate/carbpol
*
For Part IV, see Noseda et al. (2000).
* Corresponding authors. Tel.: C55-413611663; fax: C55-412662042.
E-mail addresses: [email protected] (M.D. Noseda), [email protected].
uba.ar (A.S. Cerezo).
1
Research member of the National Research Council of Brazil (CNPq).
2
Research member of the National Research Council of Argentina
(CONICET). Tel./fax: C54-11-45763346.
as a model compound to study the kinetics of the cyclization
of the (1/4)-linked a-
D-galactopyranose 2,6-disulfate
units to (1/4)-linked 3,6-anhydro-a-
D-galactopyranose 2-
sulfate residues, in a ‘pure’ nu-structure and to determine its
rate constant and half-life.
2. Material and methods
2.1. Material
Commercial samples of E. denticulatum (N.L. Burman)
F.S. Collins & Hervy from Philippines were obtained from
Gelymar S.A. (Puerto Montt, Chile).
2.2. Extraction of polysaccharides
The milled seaweed was extracted with water (5 g% w/v)
at room temperature (25 8C), with mechanical stirring, for
14 h. The residue was removed by centrifugation and the
supernatant was poured into ethanol (three volumes)
yielding the polysaccharide fraction ECW. This fraction
was purified by redissolution in water, dialysis, centrifu-
gation and lyophilization (yield 24%).
2.3. Alkaline treatment
The analytical alkaline treatment was carried out as
described by Ciancia et al. (1993). 3 M sodium hydroxide
(1 ml) was added to the sample (4 mg), previously dissolved
in water (2 ml) and reduced with sodium borohydride
(10% w/w), reaching the final concentration of M sodium
hydroxide. This solution was then heated at 40, 50, 60 and
70 8C. Samples were taken at regular intervals, the reaction
stopped by cooling in an ice bath and neutralized with M
hydrochloric acid. 3,6-anhydrogalactose content was deter-
mined by resorcinol method (Yaphe, 1960). From these
results, the rate constants and half-life were determined at
each temperature. The preparative alkaline treatment of
ECW was carried out at 80 8C in M sodium hydroxide. After
0.5 h of treatment the solution was cooled, neutralized,
dialyzed and freeze-dried rendering the alkali-modified
polysaccharide ECW-m (yield 80%).
Fig. 1. Disaccharide repetitive structures of carrageenans.
A.G. Viana et al. / Carbohydrate Polymers 58 (2004) 455–460456
2.4. Chemical analyses
The monosaccharide composition of ECW and ECW-m
was determined after reductive hydrolysis (Stevenson &
Furneaux, 1991; Falshaw & Furneaux, 1994) by GC. The
sulfate content was determined as described by Dodgson
and Price (1962).
2.5. Optical rotation analysis
Optical rotation of aqueous solution of polysaccharide
samples (0.2%), were measured at 20 8C, using a 10 cm cell
and sodium D line (589.3 nm) with a Rudolph Autopol III
automatic polarimeter.
2.6. Fourier-transform infrared analysis (FT-IR)
The FTIR spectra of KBr pellets of polysaccharides
(2/100 mg KBr) were recorded in a Perkin–Elmer Series
2000 FTIR spectrophotometer (eight scans, at a resolution
of 4 cm
K1
) scanning between 4000 and 400 cm
K1
.
2.7. Methylation analysis
Methylation analysis was carried out by the method of
Ciucanu and Kerek (1984) on the triethylammonium salts of
the carrageenans (Stortz & Cerezo, 1993) using methyl iodide.
The permethylated polysaccharides were hydrolyzed follow-
ing the reductive hydrolysis procedure (Stevenson & Furneaux,
1991; Falshaw & Furneaux, 1994) and analyzed by GC and
GC-MS as partially methylated alditol acetates. Iota- and nu-
structure percentages were calculated from the amount of 3,6-
anhydrogalactose and 3-O-methyl galactose, respectively, in
ECW and from 2,6-di-O-methyl galactose (iota-) in ECW-m.
2.8. Gas chromatography (GC) and gas chromatography-
mass spectrometry (GC-MS) analysis
GC analyses were carried out with a HP-5890 gas
chromatograph equipped with a flame ionization detector
(FID), using a fused silica capillary column (30 m!
0.25 mm) coated with DB-225. Chromatography was run
isothermically at 210 8C. Both injector and FID temperature
were at 250 8C. Nitrogen was used as carrier gas at a flow
rate of 1 ml/min and a split ratio of 100:1. GC-MS analyses
were performed using a Varian 3300 chromatograph and a
Finnigan Mat ITD spectrometer. The chromatograph was
programmed to run at 50 8C for 1 min, then 50–220 8Cat
40 8C/min. Helium was used as the carrier gas at 1 ml/min.
2.9. Nuclear magnetic resonance spectroscopy (NMR)
analysis
For NMR spectroscopic analysis the lyophilized sample
was dissolved in D
2
O (20 mg/0.6 ml). The NMR spectrum
of the solution was recorded at 70 8C using a Bruker Avance
DRX400 NMR spectrometer.
13
C NMR spectra of ECW and
ECW-m were obtained using a multinuclear inverse
detection 5 mm probe. Chemical shifts are expressed in
ppm using acetone as internal standard at 30.2 ppm.
2.10. High-pressure size-exclusion chromatography
(HPSEC) analysis
HPSEC analysis was carried out with a 2 mg/ml solution of
polysaccharide, using a multidetection equipment with a
Waters 2410 differential refractometer (RI) and a Wyatt
Technology Dawn F multiangle laser light scattering
(MALLS) detector adapted on-line. Four Waters Ultra-
hydrogel 2000/500/250/120 columns were connected in series
and coupled to the multidetection equipment. A 0.1 M NaNO
3
solution, containing NaN
3
(0.5 g/l), was used as eluent.
3. Results
The seaweed was extracted with water at room
temperature and the polysaccharide was recovered by
precipitation with ethanol and purified by redissolution
and dialysis. The polysaccharide fraction (ECW), homo-
geneous as determined by HPSEC-MALLS, was obtained
with 24% yield, containing 30.7% of sulfate (2.2 mol of
sulfate every disaccharide unit), galactose and 3,6-anhydro-
galactose as monosaccharide constituents (Table 1).
Table 1
Yield, analysis and monosaccharide compositions of native and permethylated ECW and ECW-m
Sample Yield
a
(%) [a]
D
20
(8)SO
3
Na (%) Monosaccharide (mol%) Methylation analysis (mol%)
AnGal
b
Gal
c
2,6-MGal
d
6-MGal
e
3-MGal
f
2-MGal
g
AnGal
ECW 24 C29.0 30.7 36.1 63.9 46.9 2.3 10.3 5.1 35.4
ECW-m 80 C16.5 24.3 49.0 51.0 46.8 0.8 1.3 2.8 48.3
a
Related to milled seaweed submitted to extraction (ECW) and polysaccharide mass initially submitted to preparative alkaline treatment (ECW-m).
b
3,6-Anhydrogalactose.
c
Galactose.
d
2,6-Di-O-methyl galactose.
e
6-O-Methyl galactose.
f
3-O-Methyl galactose.
g
2-O-Methyl galactose.
A.G. Viana et al. / Carbohydrate Polymers 58 (2004) 455–460 457
This product was submitted to a preparative alkaline
treatment for 0.5 h, giving a homogeneous fraction ECW-
m, with 80% yield and 24.3% of sulfate. Its
13
C NMR
spectrum (Fig. 2b) showed 12 absorption peaks typical of an
iota-carrageenan (Usov & Shashkov, 1985) different from
the original one (ECW, Fig. 2a), in which this pattern of
absorption was shown together with a minor one of a nu-
carrageenan (Stortz, Bacon, Cherniak, & Cerezo, 1994).
Both FTIR spectra were very similar, with an increase in
the absorptions at 928.7 and 805.1 cm
K1
in the alkali-
treated derivative corresponding to the 3,6-anhydro ring and
sulfate linked to C-2 of 3,6-anhydrogalactose, respectively
(Bellion, Brigand, Prone, & Bociek, 1983; Prado-Ferna
´
ndez,
Rodrı
´
guez-Va
´
squez, Tojo, & Andrade, 2003). No signals
corresponding to nu-carrageenan (absorptions of equatorial
and primary sulfate groups) were detected in the spectrum of
the original product in spite of the 10.3% of 2,6-disulfated
a-
D-galactopyranosyl units, determined by methylation
analysis (Table 1). Comparison of the percentages of
3,6-anhydrogalactose in the original and methylated
products indicates that no cyclization was produced during
the methylation. Methylation analysis of both, original and
alkali-treated products (ECW and ECW-m) also indicate the
presence of 46.9–46.8% of 2,6-di-O-methyl galactose and
35.4 and 48.3%, respectively, of 3,6-anhydrogalactose
(Table 1), showing that the original one contained about
71% of iota-structure (compositional analysis showed 72%
of iota-structure, Table 1) together with approximately 21%
of nu-backbone while the treated one contained 94% of
iota-structure. The alkaline derivative showed together with
the increase in 3,6-anhydrogalactose, indicative of the
cyclization of the 4-linked 2,6-disulfated a-
D-galactose
units into the 2-sulfate 3,6-anhydrogalactose, traces of
3-O-methyl galactose (1.3%), compatible with a slightly
incomplete cyclization (Table 1). Small amounts of
6-o-methyl galactose (2.3–0.8%) and 2-O-methyl galactose
(5.1–2.8%) detected for both fractions could suggest the
presence of unusual units such as 3-linked 2,4-disulfate b-
D-
galactose (alternatively 4-linked 2,3-disulfate a-
D-galactose
residues) and 4-linked 3,6-disulfate a-
D-galactose (alter-
natively 3-linked 4,6-disulfate b-
D-galactose), respectively.
The cyclization reaction of ECW follows, as the previous
ones (Ciancia et al., 1993), a pseudo first-order kinetics as
determined by the plot ln (A
o
KA
f
)/(A
t
KA
f
) as a function
of time (Fig. 3). Table 2 shows the rate constant and half-life
for ECW in M sodium hydroxide, at different temperatures,
compared with those previously reported for different
carrageenans (Ciancia et al.), carrageenan derivatives
(Noseda & Cerezo, 1995) and porphyran (Noseda et al.,
2000). The cyclization was too fast to be measured at 80 8C.
At 60 and 70 8C(Table 2) the reaction constants are about
25 and 50 times higher than that of porphyran PC75, an
agaran without sulfation on the b-
D-unit and 6-sulfation on
the a-
L-residue. Table 2 also shows that the cyclization of
ECW is about 160–210 times faster than that of a lambda-
carrageenan (1T
2
) with non-sulfated and 2-sulfated b-D-
units and 2,6-disulfated a-
D-residues (Ciancia et al.).
Fig. 2.
13
C NMR spectra of partially cyclized nu-carrageenan (ECW) before (a) and after (b) alkaline treatment (ECW-m).
Fig. 3. Determination of the rate constants of the cyclization reaction for
nu-carrageenan ECW, at 40, 50, 60 and 70 8C.
A.G. Viana et al. / Carbohydrate Polymers 58 (2004) 455–460458
4. Discusio
´
n
The carrageenan from E. denticulatum (former E.
spinosum) was studied firstly by Anderson, Dolan, and
Rees (1973). They obtained, by hot water extraction, an iota/
nu-hybrid carrageenan (using the current nomenclature)
with about 8–9% of precursor, 2,6-disulfate a-
D-galactose
units and small amounts (6 and 4%, respectively) of non-
sulfated (1/3)- and (1/4)-linked residues.
The carrageenan from E. denticulatum has become most
valuable to industry since it produces a ‘nearly ideal’ iota-
carrageenan upon alkali modification, and the seaweed is
now currently farmed in the Philippines and other countries
of the Far East. Its high commercial value has promoted
studies on the alkali-treated modification (Santos, 1989;
Aguilan et al., 2003) but they did not deepen into the
structure of the original product.
Thus, extraction of the seaweed with water at 115–120 8C
gave a polysaccharide (40–50% yield), which was worked out
through its alkali-treated derivative (Aguilan et al., 2003).
This alkaline-modified product contains not only galactose
and 3,6-anhydrogalactose but also a small amount of xylose,
which is not usual in carrageenans. Methylation analysis
showed the expected iota-structural units but also small
amounts of 3,6-anhydrogalactose, (1/4) linked a-
D-galac-
tose, a disulfated unit and non-reducing end-chain galactose.
As the carrageenans are non-branched linear polysaccharides
the last residue (3.5%), indicating a molecular weight about
4.6 kDa, suggests degradation during the extraction or the
alkaline treatment of the original carrageenan.
The extraction of the carrageenan from E. denticulatum
was carried out different from previous works this time at
room temperature on the basis that the distribution of the
precursor unit in the carrageenan molecules would produce,
even if with lower yield, a sample with higher amounts of
2,6-disulfate a-
D-galactopyranosyl units and, as a conse-
quence, higher solubility.
The product obtained was 92% an iota/nu-hybrid
carrageenan with approximately 21% of nu-structure (see
Experimental) and only 7% of ‘unusual units’. Thus, it was a
good natural model to study the cyclization rate of the 2,6-di-
O-sulfated a-
D-galactopyranosyl units linked to b-D-galac-
tose 4-sulfate residues. The cyclization of the nu-structure in
the carrageenan from E. denticulatum was the fastest
determined (Table 2). Comparison of its rate constant with
that obtained in the cyclization of 1C
3
(the nearest value,
Table 2) is not straightforward due to the structural
complexity of 1C
3
(it contains non-sulfated and 4-sulfated
b-
D-units together with 6- and 2,6-sulfated a-D-residues
(Ciancia et al., 1993)) but a rough appreciation of the data
(Table 2) suggests that the cyclization of a ‘pure’
mu-carrageenan should be slower than that of a ‘pure’
nu-carrageenan. This difference could be rationalized
supposing that the ionization of the C-3–OH in the a-units
(the repulsive interaction between the negative charges in the
C-2 and C-3 groups of the pyranose cycle is the driven force
for the exchange of the
4
C
1
/
1
C
4
chair forms, for the
mechanism of the alkaline cyclization, see refs. Percival,
1949; Turvey, 1965) could be suppressed more efficiently by
the C-2 hydroxide anion (C-2–O
K
) in a mu-carrageenan (the
C-2 hydroxyl of the same unit would ionize first due to its
higher acidity (Lenz, 1960; Sugihara, 1953)) than by the C-2
sulfate anion (C-2–O–SO
3
K
) in a nu-carrageenan, consider-
ing that this last group would situate the negative charge
farther apart.
The extraction from E. denticulatum of an iota/nu-hybrid
carrageenan with a higher percentage of nu-precursor units,
and therefore more adequate for the kinetic studies, by
choosing the conditions of the extractions exemplify the
importance of this step in the study of the structurally
dispersed polysaccharides. Alkaline extractions of seaweeds
producing carrageenans of the kappa family must be avoided,
even at room temperature, as the products obtained could be
different of the native ones. The ease with which the
cyclization reaction takes place in the carrageenans of the
kappa family (this paper and Ciancia et al., 1993) indicates
that the alkaline treatments used industrially to increase the
gelling properties of crude carrageenans could be carried out
under milder conditions giving products with lower degra-
dation and, consequently, higher gel strengths.
Acknowledgements
The authors are indebted to Mr Jaime Zamorano from
Gelymar S.A. for the algal material. The work was
Table 2
Cyclization reactions for nu-carrageenan ECW in M NaOH, at different temperatures
Temperature (8C) Rate constant k (10
4
s
K1
)t
½
(min)
ECW 1C
3
a
PC75
b
1T
2
a
ECW 1C
3
PC75 1T
2
40 2.0 69.4
50 7.0 2.3 0.04 15.8 49.9 3000
60 21.0 4.8 1.0 0.14 5.4 24.0 139.0 850
70 77.0 13.0 1.5 0.35 1.5 9.0 77.0 320
80 26.0 4.9 0.67 4.5 23.0 170
90 59.0 11.0 1.11 2.0 10.5 130
a
1C
3
: Partially cyclized mu/nu-carrageenan and 1T
2
: lambda-carrageenan (Ciancia et al., 1993).
b
PC75: Porphyran (Noseda et al., 2000).
A.G. Viana et al. / Carbohydrate Polymers 58 (2004) 455–460 459
supported by grants from Pronex-Carboidratos (CNPq),
CONICET and University of Buenos Aires. One of the
authors (AGV) also acknowledges the financial support
from CNPq (PhD fellowship).
References
Aguilan, J. T., Broom, J. E., Hemmingson, J. A., Dayrit, F. M., Montan
˜
o,
M. N. E., Dancel, M. C. A., Nin
˜
onuevo, M. R., & Furneaux, R. H.
(2003). Structural analysis of carrageenan from farmed varieties of
Philippine seaweed. Botanica Marina, 46, 179–192.
Anderson, N. S., Dolan, T. C. S., & Rees, D. A. (1973). Carrageenans. Part
VII. Polysaccharides from Eucheuma spinosum and Eucheuma cottonii.
The covalent structure of i-carrageenan. Journal of Chemical Society,
19, 2173–2176.
Bellion, C., Brigand, G., Prome, J. C., & Bociek, D. W. S. (1983).
Identification et caracte
´
risation des pre
´
curseurs biologiques des
carraghe
´
nanes par spectroscopie de R.M.N.-
13
C. Carbohydrate
Research, 119, 31–48.
Ciancia, M., Noseda, M. D., Matulewicz, M. C., & Cerezo, A. S. (1993).
Alkali-modification of carrageenans: mechanism and kinetics in the
kappa/iota, mu/nu and lambda-series. Carbohydrate Polymers, 20,
95–98.
Ciucanu, I., & Kerek, F. (1984). A simple and rapid method for the perme-
thylation of carbohydrates. Carbohydrate Research, 131, 209–217.
Dodgson, K. S., & Price, R. G. (1962). A note on the determination of the
sulphate ester of sulphated polysaccharide. Biochemical Journal, 84,
106–110.
Falshaw, R., & Furneaux, R. H. (1994). Carrageenan from the tetrasporic
stage of Gigartina decipiens (Gigartinaceae Rhodophyta). Carbo-
hydrate Research, 252, 171–182.
Lenz, R. W. (1960). Distribution of methoxyl groups in the methylation of
the monosodio derivative of methyl alfa-
D-glucopyranose and cellulose.
Journal of American Chemical Society, 82, 182–186.
Noseda, M. D., & Cerezo, A. S. (1995). Alkali modification of
carrageenans-II. The cyclization of model compounds containing
non-sulfated b-
D-galactose units. Carbohydrate Polymers, 26, 1–3.
Noseda, M. D., Viana, A. G., Duarte, M. E. R., & Cerezo, A. S. (2000).
Alkali modification of carrageenans. Part IV. Porphyrans as model
compounds. Carbohydrate Polymers, 42, 301–305.
Percival, E. J. V. (1949). Carbohydrate sulfates. Quarterly Reviews, 3,
369–384.
Prado-Ferna
´
ndez, J., Rodrı
´
guez-Va
´
squez, J. A., Tojo, E., & Andrade, J. M.
(2003). Quantitation of k-, i- and l-carrageenans by mid-infrared
spectroscopy and PLS regression. Analytica Chimica Acta, 480, 23–37.
Santos, G. A. (1989). Carrageenans of species of Eucheuma J. Agardh and
Kappaphycus Doty (Solieriaceae, Rhodophyta). Aquatic Botany, 36,
55–67.
Stevenson, T. T., & Furneaux, R. H. (1991). Chemical methods for the
analysis of sulfated galactans from red algae. Carbohydrate Research,
210, 277–298.
Stortz, C. A., Bacon, C. F., Cherniak, R., & Cerezo, A. S. (1994). High field
NMR spectroscopy of cystocarpic and tetrasporic carrageenans from
Iridaea undulosa. Carbohydrate Research, 261, 317–326.
Stortz, C. A., & Cerezo, A. S. (1993). The system of carrageenans from
cystocarpic and tetrasporic stages from Iridaea undulosa: fractionation
with potassium chloride and methylation analysis of the fractions.
Carbohydrate Research, 242, 217–227.
Sugihara, M. J. (1953). Relative reactivities of hydroxyl groups in
carbohydrates. Advances in Carbohydrate Chemistry, 8, 1–44.
Turvey, J. R. (1965). Sulfates of the simple sugars. Advances in
Carbohydrate Chemistry, 20, 183–218.
Usov, A., & Shashkov, A. S. (1985). Polysaccharides of algae. 34. Detection
of iota-carrageenan in Phyllophora brodiaei (Turn.) J.Ag. (Rhodophyta)
using
13
C-NMR spectroscopy. Botanica Marina, 28, 367–373.
Van de Velde, F., Knutsen, S. H., Usov, A. I., Rollema, H. S., & Cerezo,
A. S. (2002).
1
H and
13
C high resolution NMR spectroscopy of
carrageenans: application in research and industry. Trends in Food and
Technology, 13, 73–92.
Yaphe, W. (1960). Colorimetric determination of 3,6-anhydrogalactose and
galactose in marine algal polysaccharides. Analytical Chemistry, 32,
1327–1330.
A.G. Viana et al. / Carbohydrate Polymers 58 (2004) 455–460460
ADRIANO GONÇALVES VIANA
CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA DE POLISSACARÍDEOS NEUTROS E
SULFATADOS ISOLADOS DE ALGAS VERMELHAS E CINÉTICA QUÍMICA
DA REAÇÃO DE CICLIZAÇÃO EM GALACTANAS SULFATADAS.
Tese apresentada ao Curso de Pós-
Graduação em Bioquímica e Biologia
Molecular, Setor de Ciências Biológicas,
Universidade Federal do Paraná, como
requisito parcial para à obtenção do título de
Doutor em Ciências.
Orientador: Prof. Dr. Miguel Daniel Noseda
Co-orientadora: Prof
a
. Dr
a
. Maria Eugênia
Duarte Noseda
CURITIBA
2005
ADRIANO GONÇALVES VIANA
CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA DE POLISSACARÍDEOS NEUTROS E
SULFATADOS ISOLADOS DE ALGAS VERMELHAS E CINÉTICA QUÍMICA
DA REAÇÃO DE CICLIZAÇÃO EM GALACTANAS SULFATADAS.
Tese apresentada ao Curso de Pós-
Graduação em Bioquímica e Biologia
Molecular, Setor de Ciências Biológicas,
Universidade Federal do Paraná, como
requisito parcial para à obtenção do título
de Doutor em Ciências.
Orientador: Prof. Dr. Miguel Daniel Noseda
Co-orientadora: Prof. Dra. Maria Eugênia
Duarte Noseda
CURITIBA
2005
Adriano Gonçalves Viana
CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA DE POLISSACARÍDEOS NEUTROS E
SULFATADOS ISOLADOS DE ALGAS VERMELHAS E CINÉTICA QUÍMICA
DA REAÇÃO DE CICLIZAÇÃO EM GALACTANAS SULFATADAS.
Tese aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de
Doutor, pelo Curso de Pós-Graduação em Ciências Área de
concentração Bioquímica do Setor de Ciências Biológicas da UFPR, pela
seguinte banca examinadora:
Dedico esta tese a minha mãe Janira, ao
meus irmãos Cris e Luís e ao meu sobrinho
João Luís.
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Miguel D. Noseda e à Prof
a
. Ma. Eugênia D. Noseda, pela
orientação e ensinamentos oferecidos durante todos estes longos anos de
convivência (estágio, monitoria, iniciação científica, mestrado e doutorado),
obrigado.
Ao Prof. Marcelo Iacomini e à Prof
a
. Selma F. Z. Baggio, por terem aceito
prontamente o convite para integrarem a banca interna examinadora deste
tese.
Banca examinadora
Às Prof
as
. Nair S. Yokoya e Silvia M. P. B. Guimaes do Instituto de
Botânica do estado de São Paulo e ao Prof. José Marcos de C. Nunes da UFBA
pela coleta e identificação de algumas das algas estudadas neste trabalho.
À Rosiane, mais que uma companheira de laboratório, mais que uma
grande amiga, um modelo de caráter, respeito, competência e
profissionalismo. Vo é e sempre será uma fonte de inspiração para todos
aqueles que tiverem a sorte, que eu tive, de tela ao lado. Te adoro!!!
Ao meu amIIIIgo Rodrigo Vassoler (o Vassa), por nossa amizade que se
consolidou nestes últimos anos, pelo companheirismo, pelas farras, pelos
longos papos de cantina e boteco, e por não deixar que nenhuma “pedrase
colocasse no nosso caminho. Valeu cara!!!
A Juliana, amorzinho meu, gralhinha e pipipi pipipiiii pipi pipi!!!!! Sem
você essa 248 não teria a menor graça!!!! Te adoro, você mora no meu
coração!!!!!
Ao Alan, por nossa amizade, pelas bebedeiras, caronas, festas,
academias, ensinamentos, “Dragon Mega I”, longos papos, praias e por que
não, pelas nossas brigas. Valeu garoto!!!
À Fernanda, pela amizade e pelos bons momentos, muito obrigado por
tudo, você sempre estará no meu coração e nas minhas lembranças.
À Paula, pela nossa amizade, companheirismo, conversas, risadas e
caronas. Você é uma grande amiga, te adoro!!!
Ao Diogo, ao Marco, a Luciana e ao Sérgio pela nossa amizade, pela
solidariedade, pelos ensinamentos e pelas trocas de experiências, mas
principalmente pelas boas risadas que deixavam o dia a dia muito divertido.
À Lilian, ao Luciano e à Carol, pelas festas da época da faculdade e
pelas mais recentes, pelas viagens, pelo “Dragon Mega I” e principalmente
pela nossa amizade antiga e com certeza ainda mais duradoura, valeu
galera!!!!!.
Ao Leonardo, à Giovana, à Rose Adele, ao Helisson, `a Lys, à Juliana
Ramos, ao Humberto e ao Stefan pela nossa amizade, pelas festas,
brincadeiras, companheirismo e pela sempre divertida convivência, muito
obrigado vocês são D+!!!
Ao Guilherme e à Elaine “the crazy”, por nossa amizade e risadas, mas
principalmente pelos conselhos, ensinamentos, disponibilidade e por me
transmitirem suas experiências, sempre de muita valia, obrigado.
À Ana Helena, à Carol M., ao Rodrigo Reis, ao Ricardo W., ao Thales, à
Ana Paula e à Andréia pela amizade, companheirismo, boa convivência e pelo
intensivo intercâmbio de reagentes!!!
À Angela e à Michele pelas nossas aventuras, desventuras e atividades
extra-universidade. Para um bom divertimento nada melhor que essa dupla
dinâmica!!!! Muito obrigado pela amizade e pela presença constante.
À Caxambu, cidade que nos acolheu muitas vezes e palco de muitas
histórias que renderam muitas cervejas e muitas gargalhadas. Também a
cidade natal do terrível ‘Dragon Mega II’, o bicho de nove cabeças.
À Andréia (de novo!!!), Rosane e Lauro pelas análises de GPC, GC e GC-
MS, obrigado.
Aos demais colegas do departamento de Bioquímica que de uma forma
ou de outra contribuíram nesta tese.
À D. Marilza, aos funcionários do departamento e as bibliotecárias, pela
colaboração, obrigado.
INTRODUÇÃO
OBJETIVOS
MATERIAIS E MÉTODOS
RESULTADOS E DISCUSSÃO
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANEXOS
i
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS.......................................................................................
v
LISTA DE TABELAS......................................................................................
ix
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS....................................................
xii
RESUMO............................................................................................................
xv
ABSTRACT.......................................................................................................
xvi
1. INTRODUÇÃO.............................................................................................
1
1.1. ALGAS: ASPECTOS GERAIS......................................................................
1
1.2. CLASSIFICAÇÃO DAS ALGAS...................................................................
2
1.2.1. A DIVISÃO RHODOPHYTA.......................................................................
2
1.3. A PAREDE CELULAR..................................................................................
4
1.4. AS GALACTANAS SULFATADAS..............................................................
5
1.4.1. A CLASSIFICAÇÃO DAS CARRAGENANAS..........................................
7
1.4.2. A CLASSIFICAÇÃO DAS AGARANAS....................................................
11
1.5. XILANAS.......................................................................................................
14
1.6. MANANAS E XILOMANANAS.....................................................................
16
1.7. TRATAMENTO ALCALINO E REAÇÃO DE CICLIZAÇÃO.........................
17
1.8. MECANISMO DE FORMAÇÃO DE GÉIS.....................................................
22
1.9. OBTENÇÃO DE OLIGOSSACADEOS ATRAVÉS DE HIDRÓLISE
REDUTIVA PARCIAL...........................................................................................
23
2. OBJETIVOS.................................................................................................
27
2.1. OBJETIVOS GERAIS....................................................................................
27
2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS.........................................................................
27
3. MATERIAIS E MÉTODOS........................................................................
28
3.1. MATERIAL....................................................................................................
28
3.1.1. POSICIONAMENTO SISTEMÁTICO DAS ESPÉCIES ESTUDADAS......
29
3.2. EXTRAÇÃO DOS POLISSACARÍDEOS......................................................
31
3.3. OBTENÇÃO DOS POLISSACARÍDEOS NEUTROS E SULFATADOS
(PRECIPITAÇÃO COM CETAVLON)..................................................................
31
3.4. PRECIPITAÇÃO COM KCL..........................................................................
32
ii
3.5. MÉTODOS ANALÍTICOS GERAIS...............................................................
3.5.1. DOSAGEM DE AÇÚCAR TOTAL..............................................................
32
3.5.2. DETERMINAÇÃO DO TEOR DE GRUPOS SULFATO.............................
32
3.5.3. DOSAGEM DE PROTEÍNAS.....................................................................
33
3.5.4. DOSAGEM DO TEOR DE 3,6-ANIDROGALACTOSE..............................
33
3.5.5. DETERMINAÇÃO DO TEOR DE CINZAS.................................................
33
3.5.6. DOSAGEM DE AÇÚCARES REDUTORES..............................................
34
3.5.7. POLARIMETRIA.........................................................................................
34
3.6. MÉTODOS HIDROLÌTICOS..........................................................................
34
3.6.1. HIDRÓLISE ÁCIDA TOTAL.......................................................................
34
3.6.2. HIDRÓLISE ÁCIDA TOTAL DO TIPO HIDRÓLISE REDUTIVA...............
34
3.6.3. METANÓLISE............................................................................................
35
3.7. MODIFICAÇÃO QUÍMICA DOS POLISSACARÍDEOS................................
35
3.7.1. DESSULFATAÇÂO DOS POLISSACARÌDEOS.......................................
35
3.7.2. DEGRADAÇÃO CONTROLADA DE SMITH.............................................
36
3.7.3. TRATAMENTO ALCALINO.......................................................................
36
3.7.3.1. METODO PREPARATIVO......................................................................
36
3.7.3.2. METODO ANALÍTICO.............................................................................
36
3.7.4. HIDRÓLISE REDUTIVA ÁCIDA PARCIAL OBTENÇÃO DE
OLIGOSSACADEOS........................................................................................
37
3.8. ANÁLISE DE METILAÇÃO...........................................................................
37
3.9. MÉTODOS CROMATOGRÁFICOS..............................................................
38
3.9.1. CROMATOGRAFIA DE TROCA IONICA EM DEAE-SEPHACEL ...........
38
3.9.2. CROMATOGRAFIA DE TROCA IONICA EM DEAE-
SEPHAROSE
CL-6B...................................................................................................................
38
3.9.3 CROMATOGRAFIA LÍQUIDO-GASOSA (CG)...........................................
39
3.9.4. CROMATOGRAFIA GASOSA ACOPLADA À ESPECTROMETRIA DE
MASSA (CG-EM)..................................................................................................
39
3.9.5. CROMATOGRAFIA DE EXCLUSÃO ESTÉRICA DE ALTA PRESSÃO
(HPSEC) ACOPLADA A DETECTOR DE ÍNDICE DE REFRAÇÃO
DIFERENCIAL E ESPALHAMENTO DE LUZ EM MUL
TIÂNGULOS
(MALLS)...............................................................................................................
40
iii
3.9.5.1. ANÁLISE DE HOMOGENEIDADE..........................................................
40
3.10. MÉTODOS ESPECTROSCÓPICOS...........................................................
40
3.10.1. ANÁLISES DE INFRAVERMELHO.........................................................
40
3.10.2. RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NUCLEAR..............................................
41
3.10.2.1. RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NUCLEAR DE CARBONO-
13
(RMN-
13
C).............................................................................................................
41
3.10.2.2. RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NUCLEAR
DE PRÓTON
(RMN –
1
H)...........................................................................................................
41
3.10.2.3. HMQC (HETERONUCLEAR MULTIPLE QUANTUM
CORRELATION SPECTROSCOPY)...................................................................
41
3.11. ESTUDO CINÉTICO DA REAÇÃO DE CICLIZAÇÃO................................
42
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO..............................................................
43
4.1. CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA DOS POLISSACARÍDEOS NEUTROS E
SULFATADOS ISOLADOS DE ALGAS VERMELHAS......................................
43
4.1.1. ESTRUTURA DAS XILANAS PRESENTES NAS FRAÇÕES
SOLÚVEIS............................................................................................................
49
4.1.2. ESTRUTURAS DAS XILOMANANAS SULFATADAS PRESENTES
NAS FRAÇÕES PRECIPITADAS COM CETAVLON..........................................
66
4.2. CARACTERIZAÇÃO ESTRUTURAL E ESTUDO DA CINÉTICA
QUÍMICA DA REAÇÃO DE CICLIZAÇÃO EM GALACTANAS SULFATADAS
ISOLADAS DE ALGAS VERMELHAS................................................................
93
4.2.1. EXTRAÇÂO DOS POLISSACARÍDEOS SULFATADOS..........................
94
4.2.1.1. DETERMINAÇÃO DA ESTRUTURA QUÍMICA DE ECW......................
97
4.2.1.2. DETERMINAÇÃO DA ESTRUTURA QUÍMICA DE F1 E F2..................
108
4.2.2. ESTUDO CINÉTICO DA REAÇÃO DE CICLIZAÇÃO NOS
POLISSACARÍDEOS ECW E FS2.......................................................................
119
4.2.2.1. OBTENÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DOS OLIGISSACARÍDEOS DE
F2S2.....................................................................................................................
126
4.2.2.2. ESTUDO CINÉTICO DA REAÇÃO DE CICLIZAÇÃO NOS
OLIGOSSACADEOS F-C E F-D.......................................................................
136
5.0. CONCLUSÕES........................................................................................
141
6.0. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÀFICAS..................................................
143
iv
ANEXOS............................................................................................................
158
v
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - ESTRUTURA IDEAL REPETITIVA APRESENTADA PELAS
CARRAGENANAS...............................................................................................
8
FIGURA 2 - ESTRUTURA IDEAL REPETITIVA APRESENTADA PELAS
AGARANAS.........................................................................................................
11
FIGURA 3 - ESTRUTURA QUÍMICA DA PORFIRANA....................................... 13
FIGURA 4 - ESTRUTURA DAS XILANAS ESTRUTURAIS (A E B) E
SOLÚVEIS (C) ISOLADAS DE ALGAS VERMELHAS........................................
15
FIGURA 5 - ESTRUTURA DAS MANANAS, XILOMANANAS E
GALACTOXILOMANANAS ISOLADAS DE ALGAS VERMELHAS....................
17
FIGURA 6 - REAÇÃO DE CICLIZAÇÃO EM AGARANAS (A) E
CARRAGENANAS (B)..........................................................................................
18
FIGURA 7 - INTERAÇÃO ENTRE O GRUPO SULFATO EM C-2 DA β
ββ
β-D-
GALACTOSE COM A HIDROXILA LIVRE EM C-3 DA α
αα
α-L-GALACTOSE EM
LAMBDA-CARRAGENANA (CIANCIA ET AL., 1993).........................................
20
FIGURA 8 - INTERAÇÃO ENTRE O GRUPO SULFATO EM C-4 DA β
ββ
β-D-
GALACTOSE COM OS GRUPOS SULFATO EM C-2 (A) E C-6 (B) DA α
αα
α-L-
GALACTOSE EM MU/NU-CARRAGENANAS (NOSEDA; CEREZO,
1994)......................................................................................................................
21
FIGURA 9 - PRODUTOS DE HIDRÓLISE REDUTIVA PARCIAL OBTIDOS A
PARTIR DA AGAROSE (A) E DA KAPPA-CARRAGENANA (B) CONTENDO
3,6-ANIDROGALACTOSE (USOV, 1998)............................................................
26
FIGURA 10 - ALGAS VERMELHAS G. marginata (A), G. obtusata (B), T.
cylindrica (C), T. fragilis (D), S. halliae (E), P. palmata (F), E. denticulatum
(G) E F. lumbricalis (H).......................................................................................
30
FIGURA 11 – FLUXOGRAMA DE EXTRAÇÃO DOS POLISSACARÍDEOS
DAS ALGAS Galaxaura marginata, G. obtusata, Tricleocarpa cylindrica, T.
fragilis, Scinaia halliae E Palmaria palmata.....................................................
44
FIGURA 12 - TEOR DE CINZAS DE FRAGMENTOS DA ALGA E DO
RESÍDUO FINAL APÓS EXTRAÇÃO AQUOSA DA ALGA Tricleocarpa
fragilis..................................................................................................................
46
vi
FIGURA 13 - ESPECTROS DE RMN DE C
13
DAS XILANAS CONSTITUINTES
DAS FRAÇÕES SOLÚVEIS GMs (A), GOs (B), TCs (C), TFs (D), SHs (E) e
PPs (F)...................................................................................................................
51
FIGURA 14 PADRÃO DE SUBSTITUIÇÃO DA XILANA GMs (A) E SEU
ESPECTRO DE RMN DE C
13
(B). ........................................................................
52
FIGURA 15 - ESPECTROS DE RMN DE H
1
DAS XILANAS CONSTITUINTES
DAS FRAÇÕES SOLÚVEIS GMs (A), GOs (B), TCs (C), TFs (D), SHs (E) E
PPs (F)..................................................................................................................
55
FIGURA 16 PADRÃO DE SUBSTITUIÇÃO DA XILANA GMs (A) E SEU
ESPECTRO DE RMN DE H
1
(B)...........................................................................
56
FIGURA 17 - ESPECTRO DE CORRELAÇÃO HMQC (C
13
/H
1
) DA FRAÇÃO
GOs.......................................................................................................................
58
FIGURA 18 - ESPECTROS DE FT-IR DAS FRAÇÕES TFS E GOS ANTES (A)
E APÓS METILAÇÃO (B).....................................................................................
61
FIGURA 19 UNIDADES PARCIALMEN
TE METILADAS
OBTIDAS A PARTIR DAS XILANAS CONSTITUINT
ES DAS
FRAÇÕES SOLÚVEIS..........................................................................................
63
FIGURA 20 CROMATOGRAMA DE HPSEC-MALLS DAS FRAÇÕES GM
P
(A) E TFP (B).........................................................................................................
FIGURA 21 ESPECTROS DE RMN DE C
13
* DAS XILOMANANAS
CONSTITUINTES DAS FRAÇÕES
GMp (A) e
TFp (B)..................................................................................................................
67
68
FIGURA 22 CROMATOGRAMA DE HPSEC-MALLS DAS FRAÇÕES GMp-
B (A), TFp-B (B) E TFp-C (C)...............................................................................
72
FIGURA 23 - ESPECTROS DE RMN DE C
13
DAS XILOMANANAS
CONSTITUINTES DAS SUB-FRAÇÕES GMp-B (A), TFp-
B (B)
E TFp-C (C)...........................................................................................................
74
FIGURA 24 - ESPECTROS DE RMN DE C
13
DAS FRAÇÕES GMp-B (A),
GMp-Bds (B), TFp-C (C) E TFp-Cds (D)..............................................................
78
FIGURA 25 - ESPECTROS DE RMN DE C
13
DAS FRAÇÕES TFp-B (A) E
TFp-BDS (B)..........................................................................................................
79
FIGURA 26 - UNIDADES MONOSSACARÍDICAS PRESENTES NAS
vii
XILOMANANAS DAS FRAÇÕES GMp-B, TFp-B E TFp-C, NATIVAS E
DESSULFATADAS E SEUS DERIVADOS PARCIALME
NTE
METILADOS..........................................................................................................
84
FIGURA 27 - ESPECTROS DE RMN DE C
13
* DAS XILOMANANAS
CORRESPONDENTES AS FRAÇÕES TFp (A), TFp-S (B) E TFp-Sds
(C)..........................................................................................................................
88
FIGURA 28 - ESPECTROS DE CORRELAÇÃO HMQC*
DA FRAÇÃO
TFp-Sds.................................................................................................................
89
FIGURA 29 - ESTRUTURA APRESENTA
DA PELA MANANA
CONSTITUINTE DA FRAÇÃO TFp-S (A) E DA XILOMANAN
A
CONSTITUINTE DAS FRAÇÕES GMp E TFp (B)...............................................
92
FIGURA 30 - FLUXOGRAMA DE EXTRAÇÃO DOS POLISSACARÍDEOS
DAS ALGAS Eucheuma denticulatum E Furcellaria lumbricalis....................
95
FIGURA 31 – ESTRUTURA QUÍMICA (A) E ESPECTROS DE RMN* DE H
1
(B)
E C
13
(C) DA CARRAGENANA CONSTITUINTE DA FRAÇÃO ECW.................
98
FIGURA 32 - ESTRUTURA QUÍMICA (A) E ESPECTROS DE RM
N*
DE H
1
(B) E C
13
(C) DA CARRAGENANA
CONSTITUINTE DA
FRAÇÃO ECWTA.................................................................................................
101
FIGURA 33 - PERFIL CROMATOGRÁFICO APRESENTADO PELAS
FRAÇÕES ECW (A) E ECWTA (B) MEDIANTE ANÁ
LISE POR
HPSEC-MALLS.....................................................................................................
102
FIGURA 34 UNIDADES MONOSSACARÍDICAS PARCIALMENTE
METILADAS OBTIDAS A PARTIR DAS FRAÇÕES ECW (NU/IOTA-
CARRAGENANA) E ECWTA (IOTA-CARRAGENANA)......................................
105
FIGURA 35 - UNIDADES MONOSSACARÍDICAS NÃO USUAIS PRESENTES
NOS POLISSACARÍDEOS DAS FRAÇÕES ECW (NU/IOTA-
CARRAGENANA) E ECWTA (IOTA-CARRAGENANA)......................................
106
FIGURA 36 - ESPECTRO DE FT-IR DAS FRAÇÕES ECW E ECWTA...............
107
FIGURA 37 - ESPECTROS DE RMN DE C
13
* OBTIDOS A PARTIR DAS
CARRAGENANAS CONSTITUINTES DAS FRAÇÕES F1 (1) E F2 (2)..............
110
FIGURA 38 CROMATOGRAMA DE HPSEC-MALLS APRESENTADO
PELAS FRAÇÕES FS2 (A) E F2S2 (B)...............................................................
112
viii
FIGURA 39 - ESPECTROS DE RMN DE C
13
* OBTIDOS A PARTIR DAS
FRAÇÕES FS2 (1) E F2S2 (2)..............................................................................
114
FIGURA 40 - ESTRUTURA APRESENTADA PELA MU/KAPPA- (A) E
BETA/GAMMA-CARRAGENANA (B)..................................................................
115
FIGURA 41 - ESPECTROS DE RMN DE C
13
* OBTIDOS A PARTIR DAS
FRAÇÕES FS2 (1) E FS2TA (2). .........................................................................
117
FIGURA 42 TRATAMENTO ALCALINO DAS FRAÇÕES ESTUDADAS
ECW (A) E FS2 (B)................................................................................................
120
FIGURA 43 DETERMINAÇÃO DA VELOCIDADE DA REAÇÃO DE
CICLIZAÇÃO PARA A NU-CARRAGENANA (ECW) A DIFERENTES
TEMPERATURAS.................................................................................................
121
FIGURA 44 - DETERMINAÇÃO DA VELOCIDADE DA REAÇÃO DE
CICLIZAÇÃO PARA A MU/GAMMA-CARRAGENANA (FS2) A DIFERENTES
TEMPERATURAS.................................................................................................
122
FIGURA 45 - ESPECTROS DE RMN DE C
13
DA FRAÇÃO F2S2HP..................
129
FIGURA 46 - ESPECTRO DE RMN DE C
13
DA FRAÇÃO FA.............................
130
FIGURA 47 ESPECTROS DE RMN DE C
13
DAS SUB-
FRAÇÕES FB, FC,
FD E F-E................................................................................................................
133
FIGURA 48 ESPECTROS DE RMN DE C
13
DAS SUB-FRAÇÕES FC-TA,
FD-TA E FE-TA.....................................................................................................
135
FIGURA 49 INTEGRAÇÃO DOS CARBONOS ANOMÉRICOS DAS
UNIDADES DE 3,6-ANIDRO-α
αα
α-D-GALACTOPIRANOSE PERTENCENTES A
KAPPA- E A BETA-CARRAGENANA EM FC-TA (A), FD-TA (B) E FE-TA
(C)..........................................................................................................................
136
FIGURA 50 TRATAMENTO ALCALINO NAS CARRAGENANAS DAS
FRAÇÕES FC E FD, SOB DIFERENTES TEMPERATURAS..............................
137
FIGURA 51 - DETERMINAÇÃO DA VELOCIDADE DA REAÇÃO DE
CICLIZAÇÃO NAS CARRAGENANAS DAS FRAÇÕES
FS2, FC E
FD A 70 °C............................................................................................................
139
ix
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 CLASSIFICAÇÃO DAS CARRAGENANAS DE ACORDO COM
A DISTRIBUIÇÃO DOS GRUPOS SULFATO NA UNIDADE A (MODIFICADA
DE KNUTSEN ET AL., 1994)...............................................................................
10
TABELA 2 CARACTERÍSTICAS DAS FRAÇÕES NEUTRAS (S)
E SULFATADAS (P) OBTIDAS APÓS TRATAMENTO
COM
CETAVLON..........................................................................................................
45
TABELA 3 COMPOSIÇÃO MONOSSACARÍDICA DAS FRAÇÕES
NEUTRAS (S) E SULFATADAS (P) OBTIDAS MEDIANTE TRATAMENTO
COM CETAVLON.................................................................................................
45
TABELA 4 ASSINALAMENTOS QUÍMICOS ATRIBUÍDOS AOS
CARBONOS DAS UNIDADES DE β
ββ
β-D-XILOPIRANOSE CONSTITUINTES
DAS XILANAS MISTAS (FRAÇÕES SOLÚVEIS)...............................................
53
TABELA 5 ASSINALAMENTOS QUÍMICOS ATRIBUÍDOS AOS PRÓTONS
DAS UNIDADES DE β
ββ
β-D-XILOPIRANOSE CONSTITUINTES DAS XILANAS
MISTAS (FRAÇÕES SOLÚVEIS)........................................................................
59
TABELA 6 - ANÁLISE DE METILAÇÃO, RAZÃO ENTRE AS LIGAÇÕES,
GRAU DE POLIMERIZAÇÃO (DP) E MASSA MOLECULAR DETERMIN
ADA
PARA AS FRAÇÕES SOLÚVEIS........................................................................
62
TABELA 7 - COMPOSIÇÃO MONOSSACARÍDICA DAS FRAÇÕES GMp E
TFp.......................................................................................................................
66
TABELA 8 ASSINALAMENTOS QUÍMICOS DE RMN DE C
13
* DAS
FRAÇÕES NATIVAS GMp E TFp........................................................................
70
TABELA 9 - RENDIMENTO, TEOR DE GRUPOS SULFATO E PROTEÍNAS
DAS SUB-FRAÇÕES OBTIDAS A PARTIR DE TFp E GMp MEDIANTE
CROMATOGRAFIA DE TROCA IÔNICA EM DEAE-SEPHACEL......................
70
TABELA 10 - COMPOSIÇÃO MONOSSACARÍDICA DAS SUB-FRAÇÕES
OBTIDAS A PARTIR DE TFp E GMp MEDIANTE CROMATOGRAFIA DE
TROCA IÔNICA EM DEAE-SEPHACEL.............................................................
71
TABELA 11 - ASSINALAMENTOS QUÍMICOS DE RMN DE C
13
* DAS
x
FRAÇÕES SUB-FRAÇÕES GMp-B, TFp-B E TFp-C.........................................
75
TABELA 12 - CARACTERÍSTICAS DAS SUB-FRAÇÕES GMp-B, TFp-B E
TFp-C ANTES E APÓS DESSULFATAÇÃO SOLVOLÍTICA.............................
76
TABELA 13 - ASSINALAMENTOS QUÍMICOS DE RMN DE C
13
* DAS
FRAÇÕES DESSULFATADAS GMp-Bds, TFp-Bds E TFp-Cds.......................
80
TABELA 14 - ANÁLISE DE METILAÇÃO DAS FRAÇÕES GMp-B, TFp-B E
TFp-C....................................................................................................................
81
TABELA 15 - RENDIMENTO, TEOR DE SULFATO E COMPOSIÇÃO
MONOSSACARÍDICA DAS FRAÇÕES OBTIDAS A PARTIR DE TFP
MEDIANTE DEGRADAÇÃO CONTROLADA DE SMITH (TFp-S) E
DESSULFATAÇÃO SOLVOLÍTICA (TFp-Sds)...................................................
85
TABELA 16 - ASSINALAMENTOS QUÍMICOS DE RMN DE C
13
* DAS
FRAÇÕES TFp, TFp-S E TFp-Sds......................................................................
87
TABELA 17 - ANÁLISE DE METILAÇÃO DAS FRAÇÕES TFp-
S
E TFp-Sds............................................................................................................
90
TABELA 18 - RENDIMENTO, ANÁLISES E COMPOSIÇÃO
MONOSSACARÍDICA DAS FRAÇÕES ECW, F1 E F2......................................
95
TABELA 19 - ASSINALAMENTOS QUÍMICOS DE RMN DE C
13
DAS
FRAÇÕES ECW (NU/IOTA-CARRAGENANA) E ECWTA (IOTA-
CARRAGENANA)................................................................................................
99
TABELA 20 - RENDIMENTO, ANÁLISES E COMPOSIÇÃO
MONOSSACARÍDICA DAS FRAÇÕES ECW E ECWTA....................................
100
TABELA 21 ANÁLISE DE METILAÇÃO DAS FRAÇÕES NATIVA ECW E
MODIFICADA ECWTA.........................................................................................
103
TABELA 22 - PICOS DE ABSORÇÃO OBSERVADOS NOS ESPECTROS
DE FT-IR DAS FRAÇÕES ECW E ECWTA E SEUS GRUPOS FUNCIONAIS
CORRESPONDENTES........................................................................................
108
TABELA 23 - RENDIMENTO, TEOR DE SULFATO E COMPOSIÇÃO
MONOSSACARÍDICA DAS SUB-FRAÇÕES OBTIDAS A PARTIR DE F1 E
F2 MEDIANTE TRATAMENTO COM KCL..........................................................
109
TABELA 24 - ASSINALAMENTOS QUÍMICOS DE RMN DE C
13
DAS
FRAÇÕES NATIVAS F1 E F2 E SOLÚVEIS EM KCL 2M FS2 E F2S2..............
113
xi
TABELA 25 - ASSINALAMENTOS QUÍMICOS DE RMN DE C
13
DA FRAÇÃO
NATIVA FS2 E QUIMICAMENTE MODIFICADA FS2TA....................................
118
TABELA 26 - VELOCIDADE DE REAÇÃO (k) E TEMPO DE MEIA VIDA (T
½
)
PARA AS CARRAGENANAS CONSTITUINTES DAS FRAÇÕES ECW E FS2
EM 1M DE NAOH, SOB DIFERENTES TEMPERATURAS, COMPARADAS
COM OUTRAS GALACTANAS SULFATADAS, PREVIAMENTE
ESTUDADAS........................................................................................................
123
TABELA 27 - RENDIMENTO E COMPOSIÇÃO MONOSSACARÍDICA DAS
SUB-FRAÇÕES OBTIDAS A PARTIR DE F2S2.................................................
128
TABELA 28 - ASSINALAMENTOS QUÍMICOS DE RMN DE C
13
DAS SUB-
FRAÇÕES OBTIDAS A PARTIR DE F2S2 POR CROMATOGRAFIA DE
TROCA IÔNICA....................................................................................................
128
TABELA 29 - ASSINALAMENTOS QUÍMICOS* DE RMN DE C
13
DAS
UNIDADES DE α
αα
α-D-GLUCOPIRANOSE (AMIDO DAS FLORÍDEAS) NA SUB-
FRAÇÃO FA.........................................................................................................
130
TABELA 30 - ASSINALAMENTOS QUÍMICOS DE RMN DE C
13
DAS SUB-
FRAÇÕES FC-TA, FD-TA E FE-TA.....................................................................
134
TABELA 31 - VELOCIDADE DE REAÇÃO (k) E TEMPO DE MEIA VIDA (T
½
)
PARA OS OLIGOSSACARÍDEOS CONSTITUINTES DAS FRAÇÕES FC E
FD EM 1M DE NAOH, SOB DIFERENTES TEMPERATURAS,
COMPARADOS A OUTRAS GALACTANAS SULFATADAS............................
140
xii
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
α
αα
α
D
25
rotação óptica específica (a 25 °C)
13
C - carbono 13
1
H - próton
4-MMB – complexo 4-metil morfolina borano
A
- absorbância a tempo infinito
A
0
- absorbância a tempo inicial (zero minuto)
A
t
- absorbância a tempo t
BaCl
2
cloreto de bário
cetavlon - cetyltrimethylammonium bromide
CLG – cromatografia líquido-gasosa
CG-EM – cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massa
CHCl
3
clorofórmio
D
2
O – água deuterada
DEAE - dietilaminoetil
DMSO – dimetil sulfóxido
FT-IR – infravermelho – transformada de Fourrier
H
2
SO
4
ácido sulfúrico
HCl – ácido clorídrico
HMQC - heteronuclear multiple quantum correlation spectroscopy
HPLC – cromatografia líquida de alta performance
HPSEC-MALLS - cromatografia de exclusão estérica de alta pressão (hpsec)
acoplada a detector de índice de refração diferencial e espalhamento de luz em
multiângulos (malls)
Hz - hertz
ICH
3
iodo metano
k - velocidade da reação
KBr – brometo de potássio
KCl – cloreto de potássio
MeOH – metanol
xiii
MHz – mega hertz
NaBD
4
borohidreto de sódio deuterado
NaBH
4
borohidreto de sódio
NaCl – cloreto de sódio
NaHCO
3
bicarbonato de sódio
NaIO
4
metaperiodato de sódio
NaNO
3
nitrito de sódio
NaOH – hidróxido de sódio
p/v – peso/volume
ppm - partes por milhão
RMN – ressonância magnética nuclear
t
½ -
tempo de meia-vida
TFA – ácido trifluoracético
Vt – volume total
ECW - extrato polissacarídico obtido por extração aquosa da alga E. denticulatum
ECWTA – fração ECW após tratamento alcalino
F1 - extrato polissacarídico obtido a partir da primeira extração aquosa da alga F.
fastigiata
F1TA - fração F1 após tratamento alcalino
F2 - extrato polissacadico obtido a partir da segunda extração aquosa da alga F.
fastigiata
F2S2 - fração solúvel em 2 M obtida a partir de F2 mediante tratamento com KCl
F2S2hp – fração obtida após hidrólise redutiva parcial de F2S2
F2TA - fração F2 após tratamento alcalino
F-A fração oligossacarídica obtida após cromatografia em DEAE-Shephadex A-25
da fração F2S2hp (eluente: água)
F-B - fração oligossacarídica obtida após cromatografia em DEAE-Shephadex A-25
da fração F2S2hp (eluente: NaCl 0,1 M)
F-C - fração oligossacarídica obtida após cromatografia em DEAE-Shephadex A-25
da fração F2S2hp (eluente: NaCl 0,25 M)
F-D - fração oligossacarídica obtida após cromatografia em DEAE-Shephadex A-25
da fração F2S2hp (eluente: NaCl 0,5 M)
xiv
F-E - fração oligossacarídica obtida após cromatografia em DEAE-Shephadex A-25
da fração F2S2hp (eluente: NaCl 1,0 M)
FS2 – fração solúvel em 2 M obtida a partir de F1 mediante tratamento com KCl
FS2TA - fração FS2 após tratamento alcalino
GM - extrato polissacarídico obtido por extração aquosa da alga G. marginata
GMp - fração precipitada obtida a partir de GM mediante tratamento com cetavlon
GMp-B – fração eluída com NaCl 0,5 M mediante cromatografia em DEAE-Sephacel
da fração GMp
GMp-Bds – fração obtida após dessulfatação de GMp-B
GMs - fração solúvel obtida a partir de GM mediante tratamento com cetavlon
GO - extrato polissacarídico obtido por extração aquosa da alga G. obtusata
GOp - fração precipitada obtida a partir de GO mediante tratamento com cetavlon
GOs - fração solúvel obtida a partir de GO mediante tratamento com cetavlon
PP - extrato polissacarídico obtido por extração aquosa da alga P. palmata
PPp - fração precipitada obtida a partir de PP mediante tratamento com cetavlon
PPs - fração solúvel obtida a partir de PP mediante tratamento com cetavlon
SH - extrato polissacarídico obtido por extração aquosa da alga S. halliae
SHp - fração precipitada obtida a partir de SH mediante tratamento com cetavlon
SHs - fração solúvel obtida a partir de SH mediante tratamento com cetavlon
TC - extrato polissacarídico obtido por extração aquosa da alga T. cylindrica
TCp - fração precipitada obtida a partir de TC mediante tratamento com cetavlon
TCs - fração solúvel obtida a partir de TC mediante tratamento com cetavlon
TF - extrato polissacarídico obtido por extração aquosa da alga T. fragilis
TFp - fração precipitada obtida a partir de TF mediante tratamento com cetavlon
TFp-B - fração eluída com NaCl 0,5 M mediante cromatografia em DEAE-Sephacel
da fração TFp
TFp-Bds - fração obtida após dessulfatação de TFp-B
TFp-C - fração eluída com NaCl 1,0 M mediante cromatografia em DEAE-Sephacel
da fração TFp
TFp-Cds - fração obtida após dessulfatação de TFp-C
TFp-S – fração obtida após degradação controlada de Smith a partir de TFp
TFp-Sds – fração obtida após dessulfatação de TFp-S
TFs - fração solúvel obtida a partir de TF mediante tratamento com cetavlon
A vida não é uma pergunta a ser respondida. É um mistério a ser vivido.
Buda.
"Pouco conhecimento faz com que as criaturas se tornem orgulhosas. Muito conhecimento, que
se tornem humildes...
Leonardo Da Vinci
1
1. INTRODUÇÃO
1.1. ALGAS: ASPECTOS GERAIS
As algas compreendem um grupo muito diverso de organismos,
fotossintetizadores, não vasculares, dotados de estruturas reprodutivas
desprotegidas (Cryptogâmia), produtoras de esporos e desprovidas de sementes e
flores (SOUTH; WHITTICK, 1987).
São denominadas de talófitas, ou plantas inferiores, por não apresentarem
uma estrutura vegetal diferenciada em raiz, caule e folhas (VAN DEN HOEK et al.,
1989).
Este grupo inclui desde organismos procarióticos à eucarióticos e unicelulares
à pluricelulares (agregados, filamentos ou talos parenquimatosos), apresentando
assim uma variação morfológica extremamente diversa (VAN DEN HOEK et al.,
1989). Tanta diversidade também é observada nas formas de reprodução adotadas,
processos vegetativos, assexuais e sexuais estão envolvidos e em muitas formas
pode ocorrer alternância de gerações, ao ponto da reprodução sexual na divisão
Rhodophyta ser considerada como a mais complexa do reino vegetal (SOUTH;
WHITTICK, 1987).
Bioquímica e fisiologicamente as algas são similares em muitos aspectos às
outras plantas, possuindo as mesmas vias bioquímicas básicas, possuem clorofila a
como principal pigmento fotossintético e carotenóides (β-caroteno e fucoxantina),
ficocianina e ficoeritrina como pigmentos acessórios (SOUTH; WHITTICK, 1987).
Ainda seus polissacarídeos e proteínas biossintetizados são comparáveis àqueles
das plantas superiores (SOUTH; WHITTICK, 1987).
As algas ocorrem em praticamente todos as condições ambientais na Terra,
porém se mostram mais abundantes nos ambientes aquáticos, onde representam os
maiores produtores de compostos orgânicos e desempenham papel central na base
da cadeia alimentar e liberam o oxigênio necessário para o metabolismo dos
consumidores (LEE, 1989).
Algumas algas são utilizadas como fonte de alimento humano ou de extratos
químicos que são amplamente utilizados na manufatura de alimentos e muitos
2
outros produtos (SOUTH; WHITTICK, 1987). Apesar de seus carboidratos não
serem digeridos pelo homem, as algas representam excelentes fontes de vitaminas
C (equivalente aos frutos cítricos), A, D, B
1
, B
12
e E e ainda fornecem aminoácidos
livres, carotenóides e diversos elementos traços requeridos para a nutrição humana
(SOUTH; WHITTICK, 1987; GRAHAM; WILCOX, 2000).
1.2. CLASSIFICAÇÃO DAS ALGAS
As algas constituem um grupo polifilético de organismos que apresentam um
histórico evolutivo muito diverso, englobando representantes de diferentes reinos
como Eubacteria, Protista e Plantae (LOBBAN; HARRISON, 1994; GRAHAM;
WILCOX, 2000).
Atualmente são reconhecidas nove divisões de algas: Cyanobacteria,
Glaucophyta, Euglenophyta, Cryptophyta, Haptophyta, Dinophyta (dinoflagelados),
Ochrophyta (englobando as diatomáceas, algas pardas e outras), Rhodophyta (algas
vermelhas) e Chlorophyta (algas verdes), as quais são classificadas utilizando-se
critérios como estrutura celular, bioquímica, biologia molecular, pigmentos
fotossintéticos, natureza química dos produtos de reserva e composição da parede
celular, morfologia e ciclo de vida (GRAHAM; WILCOX, 2000).
1.2.1. A DIVISÃO RHODOPHYTA
A divisão Rhodophyta provavelmente representa um dos mais antigos grupos
de algas eucarióticas, possui apenas uma única classe, a Rhodophyceae, que se
divide em duas sub-classes: Bangioideae e Florideae. Englobam cerca de 5500
espécies, distribuídas em aproximadamente 600 gêneros, destes, 20 compreendem
representantes de água doce e 10 contêm plantas unicelulares. Os demais gêneros
contêm unicamente organismos pluricelulares de ambiente marinho (LEE, 1989;
VAN DEN HOEK et al., 1989).
A maioria das algas marinhas é vermelha e existem mais rodofitas do que
todos os outros maiores grupos de algas marinhas combinados, mesmo assim se
trata de uma divisão pequena, uma vez que, Compositeae, por exemplo, uma mera
3
família de dicotiledôneas, contém cerca de 900 gêneros e 20.000 espécies (RAVEN
et al., 1996; VAN DEN HOEK et al., 1989, COLE; SHEATH, 1990).
As algas vivem presas a rochas, substratos calcários, paredes oceânicas ou
ainda sobre conchas de moluscos ou sobre outras algas (RAVEN et al., 1996; VAN
DEN HOEK et al., 1989). São mais abundantemente encontradas em regiões
quentes próximas ao equador onde apresentam tamanho reduzido, porém podem
ser encontradas também em regiões de águas frias, atingindo nestas localidades
maiores proporções (VAN DEN HOEK et al., 1989; LEE, 1989). Poucas espécies de
algas vermelhas são encontradas em regiões polares e sub-polares, onde as algas
pardas e verdes são mais abundantes (VAN DEN HOEK et al., 1989; LEE, 1989).
Apesar de apresentarem com freqüência coloração avermelhada, devido a
presença do pigmento fotossintético acessório ficoeritrina no interior dos
cloroplastos, também podem apresentar coloração violeta, marrom, preta ou azul,
variações atribuídas a presea dos pigmentos ficocianina e aloficocianina (VAN
DEN HOEK et al., 1989; SOTH; WHITTICK, 1987). Caso cresçam em regiões com
incidência direta de luz podem ainda apresentar coloração amarelo-marrom ou até
mesmo verde, pois a clorofila a e os carotenóides (α-caroteno, β-caroteno, luteína e
zeaxantina) mascaram as ficobiliproteínas (nome atribuído aos pigmentos acessórios
ficocianina e aloficocianina quando associados a proteínas). Quando morrem,
tendem a tornarem-se verdes, pois as ficobiliproteínas, ao contrário da clorofila, são
solúveis em água (VAN DEN HOEK et al., , 1989).
Algumas ordens de algas vermelhas apresentam ainda calcificação da parede
celular, processo este, relacionado com as vias de fixação do carbono, onde íons
carbonato (CO
3
2-
) se combinam com íons cálcio (Ca
2+
) resultando no depósito de
carbonato de cálcio (CaCO
3
) nos espaços intercelulares na forma de calcita, como
em Corallinales, ou aragonita, como em algumas espécies de Nemaliales (SOTH;
WHITTICK, 1987; COLE; SHEATH, 1990; GRAHAM; WILCOX, 2000).
Uma estrutura celular especializada, denominada de conexões pit (“pit
plugs”), cuja função parece relacionar-se com o transporte intercelular, é uma das
características exclusivas desta divisão e se mostra ausente apenas em poucas
ordens de Bangioideae (SOTH; WHITTICK, 1987).
A maioria das algas vermelhas apresenta uma estrutura filamentosa, que
cresce a partir de uma única célula apical se dividindo seqüencialmente em
4
segmentos originando um eixo, que por sua vez, forma verticilos de ramos laterais.
Poucos gêneros, como Porphyra, possuem células justapostas formando lâminas de
apenas uma ou duas camadas (RAVEN et al., 1996).
As algas vermelhas têm importante papel econômico em pses como Japão,
China e Filipinas, entre outros, onde muitas espécies de algas vermelhas como
Porphyra, Eucheuma e Gracilaria são coletadas diretamente de fontes naturais ou de
áreas de cultivo para uso alimentar ou extração de seus ficocolóides (RAVEN et al.,
1996; VAN DEN HOEK et al., 1989; GRAHAM; WILCOX, 2000).
Ficocolóide é o nome genérico dado aos polissacarídeos solúveis extraídos
de algas, sendo as carragenanas e as agaranas os principais obtidos a partir de
rodofitas. Apresentam elevado interesse comercial devido a suas propriedades
geleificantes e viscosantes, sendo assim amplamente utilizados em diversas áreas
da indústria, principalmente alimentícia, têxtil, petroquímica e farmacêutica (DE
RUITER, RUDOLPH, 1997; USOV, 1998).
Outros ficocolóides não apresentam propriedades geleificantes ou
viscosantes, mas se mostram muito promissores na área biomédica, atuando como
compostos biologicamente ativos, sendo descrito para estes polímeros
propriedades antiviral, antiangiogênica e anticoagulante (CARLUCCI et al., 1997).
1.3. A PAREDE CELULAR
A parede celular das algas eucarióticas é composta por dois componentes
principais, um denominado fibrilar, o qual forma o esqueleto da parede e outro
denominado amorfo, o qual forma uma matriz na qual o fibrilar se encontra embebido
(KLOAREG; QUATRANO, 1988).
O componente fibrilar representa cerca de 9% da parede celular, conferindo
rigidez e é comumente formado por fibras de celulose (COLE; SHEATH, 1990). Em
Rhodophyta, porém, este componente pode apresentar uma composição química
diferenciada, podendo ser composto por unidades de D-xilose ou D-manose (COLE;
SHEATH, 1990). Em Bangiophycidae, os gêneros Porphyra e Bangia, na fase
macroscópica ou gametofítica, apresentam o componente fibrilar formado por uma
trama de β(13)-xilanas ou β(13)-mananas, estando a celulose, nestes dois
5
gêneros, restrita unicamente a fase microscópica ou conchoceles (KLOAREG;
QUATRANO, 1988; GRETZ et al., 1980; BALDAN et al., 1995).
O componente amorfo é sintetizado no complexo de Golgi, pode compreender
até 70% do peso seco da parede celular, possuir composição química variada e
conferir flexibilidade e resistência à estrutura vegetal (KLOAREG; QUATRANO,
1988; RAVEN et al., 1996; VAN DEN HOEK et al., 1989; SOTH; WHITTICK, 1987;
LEE, 1989; McCANDLESS; CRAIGIE, 1979).
Na divisão Rhodophyta, o componente amorfo é mais freqüentemente
composto por unidades de D-xilose, D-manose, D- e L-galactose (COLE; SHEATH,
1990; USOV, 1984). O mais comum e abundante polímero encontrado nesta divisão
é a galactana sulfatada (agaranas e carragenanas USOV, 1980, 1984, 1998),
porém mananas, xilomananas e galactoxilomananas, também sulfatadas, têm sido
observadas em representantes das ordens Nemaliales (COLE; SHEATH, 1990;
USOV, 1984; KOLENDER et al., 1997), bem como frações solúveis de xilanas
lineares em representantes da ordem Palmariales (COLE; SHEATH, 1990; USOV,
1984, LAHAYE, et al., 2003). É possível encontrar um ou mais destes
polissacarídeos sendo sintetizados por uma mesma espécie de alga vermelha. Por
exemplo, frações de xilanas solúveis, mananas sulfatadas, xilomananas e
xilogalactanas sulfatadas foram obtidas a partir de Nothogenia fastigiata,
pertencente a ordem Nemaliales e anteriormente denominada de Chaetangium
fastigiatum (MATULEWICZ; CEREZO, 1987
1,2
; MATULEWICZ et al., 1994; HAINES
et al., 1990).
Uma descrição mais detalhada destes diferentes polissacarídeos será dada
nos itens que se seguem.
1.4. AS GALACTANAS SULFATADAS
Na maior parte dos gêneros pertencentes à divisão Rhodophyta, o
componente amorfo da parede celular é um polissacarídeo de alta massa molecular,
rico em galactose denominado de galactana sulfatada. Este polímero apresenta
como característica única, uma estrutura linear formada por unidades de β-D-
galactopiranose substituídas glicosidicamente no carbono 3 (unidade A) e de α-
6
galactopiranose substituídas no carbono 4 (unidade B), mostrando um arranjo
dissacarídico alternante repetitivo:
[3)-β-D-galactopiranose-(14)-α-galactopiranose-(1]n
unidade A unidade B
Enquanto a unidade A sempre se apresenta na configuração enantiomérica D,
a unidade B pode se apresentar sob ambas as configurações D- ou L-. Baseando-se
na estereoquímica da unidade B estas galactanas podem ser classificadas como
carragenana, quando esta unidade pertencer a série D-, ou agarana, quando
pertencer a série L- (McCANDLESS; CRAIGIE, 1979; PAINTER, 1983; USOV, 1984,
1998; STORTZ; CEREZO, 2000).
A unidade dissacarídica repetitiva apresentada por estas galactanas pode
ainda apresentar variado padrão e grau de substituição por grupos éster sulfato,
metil éter e acetal de ácido pirúvico, o que lhes confere uma ampla variabilidade
estrutural. Diferentes padrões de glicosilação e a substituição da α-galactose por seu
derivado ciclizado 3,6-anidrogalactose também se somam aos fatores que
aumentam a complexidade estrutural destes polissacarídeos (PAINTER, 1983;
USOV, 1984, 1998; STORTZ; CEREZO, 2000; ERREA; MATULEWICZ, 2003;
CHIOVITTI et al., 2004).
Classicamente considera-se que o mais abundante grupo substituínte
encontrado nas carragenanas é o éster sulfato, grupos metil éter e acetal ácido
pirúvico também podem ser encontrados, porém em baixos níveis (CHIOVITTI et al.,
1997; STORTZ; CEREZO, 2000; ERREA; MATULEWICZ, 2003). Em contrapartida,
as agaranas podem apresentar elevados níveis de substituição por sulfato, metil,
acetal de ácido pirúvico e glicosilação (PAINTER, 1983; ERREA; MATULEWICZ,
2003).
Porém relatos mais recentes mostram que nem sempre este padrão de
substituição é verdadeiro, uma vez que carragenanas ricas em grupos acetal de
ácido pirúvico (CHIOVITTI et al., 1997; FALSHAW et al., 2003) e em metil éter
(CHIOVITTI et al., 2004) já foram isoladas e descritas na literatura.
A descoberta destes novos padrões de substituição em carragenanas foram
atribuídos ao desenvolvimento e a sofisticação das técnicas de análise empregadas
7
na pesquisa da química de carboidratos (STORTZ; CEREZO, 2000; CHIOVITTI, et
al., 2004). A estes mesmos fatores também se deve a identificação do terceiro grupo
de galactanas sulfatadas, os D/L-híbridos, ou carrágar (STRORTZ; CEREZO, 2000;
CHOPIN et al., 1999).
Neste tipo estrutural, uma mesma molécula pode apresentar a unidade B
tanto numa configuração D- como L-:
[3)-β-D-galactopiranose-(14)-α-D/L-galactopiranose-(1]n
unidade A unidade B
De acordo com a proporção de unidades B com a configuração L-, estas
galactanas podem ser divididas em D/L-híbridas com um predomínio da estrutura de
carragenana ou D/L-híbridas com um predomínio da estrutura de agarana (STORTZ;
CEREZO, 2000).
Nestes polímeros, as unidades monossacarídicas provavelmente estariam
dispostas em blocos de agarana e blocos de carragenana, uma vez que nenhum
oligossacarídeo D/L-híbrido foi encontrado (STORTZ; CEREZO, 2000).
A ordem Halymeniales é uma reconhecida produtora de híbridos D-/L-
(KNUTSEN et al., 1994; ZIBETTI, 2001), porém algumas espécies pertencentes a
outras ordens como Plocamiales (FALSHAW et al., 1999), Gigartinales (CIANCIA et
al., 1993; ESTEZEZ et al.,2000, 2001; CHOPIN et al., 1999; FARIA, 2002),
Rhodymeniales (TAKANO et al., 1994; MILLER et al., 1996) e Ceramiales (TAKANO
et al., 1999 e 2003), também têm se mostrado produtoras deste tipo de
polissacarídeo.
1.4.1. A CLASSIFICAÇÃO DAS CARRAGENANAS
Como mencionado, as carragenanas apresentam uma estrutura
dissacarídica básica repetitiva, dita ideal, formada por unidades de β-D-
galactopiranose (unidade A) e α-D-galactopiranose (unidade B), como mostrado na
FIGURA 1.
8
FIGURA 1 - ESTRUTURA IDEAL REPETITIVA APRESENTADA PELAS
CARRAGENANAS.
unidade A unidade B
A classificação das carragenanas é feita de acordo com o padrão de
sulfatação e com a presença ou ausência do anel anidro na unidade B.
Baseando-se no padrão de sulfatação da unidade A, apresentado pelas
diferentes estruturas de carragenanas descritas, as mesmas podem ser agrupadas
em quatro famílias distintas: Kappa, Lambda, Beta e Omega, como estabelecido por
MOLLION et al. (1986).
À família Kappa pertencem todas as carragenanas cuja unidade A se mostra
4-O-sulfatada (TABELA 1), podendo a unidade B ser 3,6-anidro-α-D-galactose
(kappa-carragenana), 3,6-anidro-α-D-galactose 2-sulfato (iota-carragenana), α-D-
galactose 6-sulfato (mu-carragenana) ou galactose 2,6-dissulfato (nu-carragenana).
À família Lambda pertencem todas aquelas cuja unidade A se mostra 2-O-
sulfatada (TABELA 1) podendo a unidade B ser α-D-galactose 2,6-dissulfato
(lambda-carragenana), α-D-galactose 2-sulfato (xi-carragenana) ou 3,6-anidro-α-D-
galactose 2-sulfato (theta-carragenana), a pi-carragenana [3)-4,6-O-(1-
carboxietilideno)-β-D-galactose-2-sulfato-(14)-α-D-galactose 2-sulfato-(1]
também pertence a este grupo.
A família Beta caracteriza-se por englobar carragenanas desprovidas de
grupo sulfato na unidade A (TABELA 1) sendo a B 3,6-anidro-α-D-galactose (beta-
O
OH
OH
O
OH
OH
O
O
OH
OH
OH
CH
3
n
9
carragenana), 3,6-anidro α-D-galactose 2-sulfato (alfa-carragenana), α-D-galactose
6-sulfato (gamma-carragenana) ou α-D-galactose 2,6-dissulfato (delta-carragenana).
Por último, a família Omega inclui aquelas carragenanas que possuem a
unidade A sulfatada em carbono 6 (TABELA 1) e a unidade B também sulfatada
neste mesmo carbono (α-D-galactose 6-sulfato), esta denominada psi-carragenana
ou substituída por 3,6-anidro-α-D-galactose, denominada omega-carragenana.
Esta classificação porém, baseia-se em unidades dissacarídicas
denominadas “ideais”, as quais nem sempre representam a real estrutura observada
para as carragenanas estudadas, que podem apresentar uma certa percentagem de
unidades distintas das propostas no dissacarídeo ideal, unidades estas
denominadas de “mascaradas”.
As carragenanas são abundantemente extraídas a partir de algas
pertencentes aos gêneros Gigartina, Eucheuma e Hypnea, entre outros, as quais
recebem, por este motivo a denominação carragenófitas (LEE, 1989).
Carragenanas pertencentes a diferentes famílias podem ser extraídas a partir
de uma mesma espécie de alga vermelha, dependendo da fase do ciclo de vida
estudado. Por exemplo, na ordem Gigartinales, a fase tetraesporofítica é
caracterizada por sintetizar λ-carragenana, enquanto que a gametofítica por
sintetizar κ-carragenana, este fenômeno porém não é característico de todas as
famílias desta ordem (NOSEDA, 1994).
10
TABELA 1 - CLASSIFICAÇÃO DAS CARRAGENANAS DE ACORDO COM A
DISTRIBUÃO DOS GRUPOS SULFATO NA UNIDADE A (MODIFICADA DE KNUTSEN
ET AL., 1994).
GRUPO
3-O-β
ββ
β-D-galactose
UNIDADE A
4-O-α
αα
α-D-galactose
UNIDADE B
KAPPA
κ
κκ
κ (kappa)
1
4-sulfato 3,6-anidrogalactose
ι
ιι
ι (iota)
2
4-sulfato 3,6-anidrogalactose 2-sulfato
µ
µµ
µ (mu)
3
4-sulfato 6-sulfato
ν
νν
ν (nu)
4
4-sulfato 2,6-dissulfato
LAMBDA
λ
λλ
λ (lambda)
5
2-sulfato 2,6-dissulfato
π
ππ
π (pi)
6
2-sulfato; 4,6-(1-carboxietilideno) 2-sulfato
ξ
ξξ
ξ (xi)
7
2-sulfato 2-sulfato
θ
θθ
θ (theta)
8
2-sulfato 3,6-anidrogalactose
BETA
β
ββ
β (beta)
9
- 3,6-anidrogalactose
α
αα
α (alfa)
10
- 3,6-anidrogalactose 2-sulfato
γ
γγ
γ (gamma)
9
- 6-sulfato
δ
δδ
δ (delta)
10
- 2,6-dissulfato
OMEGA
ω
ωω
ω (omega)
11
6-sulfato 3,6-anidrogalactose
ψ
ψψ
ψ (psi)
12
6-sulfato 6-sulfato
estruturas primeiramente denominadas por:
1
O’NEILL, 1955;
2
ANDERSON et al., 1973;
3
ANDERSON et al., 1968;
4
STANCIOFF; STANLEY, 1969;
5
DOLAN; RESS, 1965;
6
DININNO et al., 1979;
7
PENNAN; REES, 1973;
8
ANONYMOUS, 1977;
9
GREER; YAPHE,
1984;
10
ZABLACKIS; SANTOS, 1986;
11
MOLLION et al., 1986;
12
CRAIGIE 1990.
11
1.4.2. A CLASSIFICAÇÃO DAS AGARANAS
As agaranas apresentam uma estrutura dissacarídica básica repetitiva de
unidades de β-D-galactopiranose (unidade A) e α-L-galactopiranose (unidade B),
como mostrado na FIGURA 2.
FIGURA 2 - ESTRUTURA IDEAL REPETITIVA APRESENTADA PELAS AGARANAS.
unidade A unidade B
A última classificação para agaranas publicada na literatura foi feita por
DUCKWORTH e YAPHE (1971), baseando-se nas 3 estruturas obtidas, obtidas por
eles, a partir do fracionamento de uma amostra bruta de ágar:
- agarose neutra, constituída por unidades alternantes de (13) β-D-galactose
(unidade A) e (14) 3,6-anidro-α-L-galactose (unidade B);
- agaropectina, que contém, em adição aos reduos presentes na agarose, grupos
acetal de ácido pirúvico e éster sulfato, distinguindo-se dois tipos:
- agarana piruvatada, altamente piruvatada e rica em unidades de 3,6-
anidrogalactose;
- galactana sulfatada, altamente sulfatada e pobre em unidades de 3,6-
anidrogalactose.
Porém esta classificação não reflete a complexidade estrutural encontrada
pelas galactanas relatadas na literatura.
Desta maneira, talvez seja mais conveniente classificar estes polissacarídeos
como: agarose, agares e agaroides, terminologias dependentes do padrão de
O
O
OH
O
OH
O
OH
OH
OH
OH
OH
CH
3
n
12
substituição apresentado e da força do gel formado pelo polissacarídeo (MILLER,
1997).
Assim a agarose mantém a definição mencionada acima e gera, quando em
solução aquosa um gel de força elevada. Como agares, se consideram aqueles
polímeros que possuem baixa substituição por éster sulfato ou acetal de ácido
pirúvico, teores elevados de metil éter e presença de 3,6-anidrogalactose, como
conseqüência destas substituições, o gel formado possui força reduzida. como
agaróides, se considera aqueles polímeros de maior complexidade estrutural, que
podem apresentar substituição simultânea por grupos éster sulfato, acetal de ácido
pirúvico e metil éter, ainda glicosilação, presença do açúcar 3,6-anidrogalactose e
que não formam géis, ou caso formem, estes são fracos (MILLER, 1997).
Agaranas são abundantemente obtidas a partir de espécies pertencentes aos
gêneros Porphyra, Gelidium, Pterocladia e Gracilaria, entre outros, as quais
recebem, por este motivo a denominação agarófitas (LEE, 1989).
As agaranas biossintetizadas por algas pertencentes aos gêneros Porphyra e
Bangia são genericamente denominadas de Porfiranas (ANDERSON; REES, 1965;
ASPINALL, 1970). Estruturalmente, estes polissacarídeos se assemelham a
agarose, porém se mostram pouco mais complexos, como mostrado na FIGURA 3,
devido à ocorrência natural de radicais metil, eterificando o carbono 6 de algumas
unidades de β-D-galactose e de grupos sulfato, também esterificando o carbono 6 de
unidades de α-L-galactose em substituição à algumas unidades de 3,6-anidro-α-L-
galactose (BRASCH, et al., 1981; VILLARROEL; ZANLUNGO, 1981; NOSEDA et al.,
2000). A partir da alga Porphyra columbina. Porém foi isolada uma porfirana dotada
de uma estrutura não usual, onde algumas unidades de β-D-galactose apresentaram
glicosilação por unidades de 6-O-metil β-D-galactose 4-sulfato, localizadas como
terminais não redutores (VIANA, 2001).
13
FIGURA 3 - ESTRUTURA QUÍMICA DA PORFIRANA.
R= H ou CH3
Dentro do grupo das agaranas ainda se destacam as xilogalactanas, um
grupo de polissacarídeos que foi relatado para algumas espécies de algas
vermelhas, principalmente pertencentes às ordens Corallinales, Ceramiales e
Nemaliales (FURNEAUX; STEVENSON, 1990; MATULEWICZ et al., 1994; USOV et
al., 1997).
As xilogalactanas se caracterizaram por apresentarem uma estrutura central
baseada nas agaranas, porém com um complexo padrão de substituição
(FURNEAUX; STEVENSON, 1990; MATULEWICZ et al., 1994; USOV et al., 1997).
Nestes polímeros as unidades de D-galactose podem estar totalmente ou
parcialmente metiladas em carbono 6, sulfatados em carbono 2, 4 e/ou 6 e
glicosiladas em carbono 4 ou 6 por unidades de β-D-xilose, α-L-galactose ou 4-O-
metil-α-L-galactose, enquanto que as unidades de L-galactose, por sua vez, podem
estar presentes como 3,6-anidrogalactose, ou como seu precursor α-galactose 6-
sulfato, o qual pode estar parcialmente metilado em carbono 2 e/ou substituídas em
carbono 3 (FURNEAUX; STEVENSON, 1990; MATULEWICZ et al., 1994; USOV et
al., 1997).
O
OH
OH
O
OR
O
OH
O
-O
3
SO
OH
O
OH
OH
O
OR
O
O
OH
CH
3
O
OH
n
14
1.5. XILANAS
Como mencionado anteriormente, dois tipos distintos de xilanas tem sido
descritos em algas vermelhas: as estruturais, constituintes do componente fibrilar da
parede celular e as solúveis, constituintes do componente amorfo (USOV, 1984;
KLOAREG; QUATRANO, 1988; COLE; SHEATH, 1990).
As xilanas isoladas de algas vermelhas apresentam uma estrutura linear,
neutra e constituída unicamente por unidades de β-D-xilose (CEREZO, 1972; NUNN
et al., 1973; USOV, 1984; MATULEWICZ; CEREZO, 1987
1
; JEREZ et al., 1997).
As xilanas estruturais são insolúveis e apresentam uma cadeia polissacarídica
inteiramente formada por ligações β-(13) ou β-(14) (MILLER, 1997), como
mostrado nas FIGURAS 4A e 4B, respectivamente, tendo sido isoladas a partir de
gêneros como Porphyra (MUKAI et al., 1981; BALDAN et al., 1995) e Palmaria
(TURVEY e WILLIAMS, 1970), respectivamente.
As xilanas solúveis, por sua vez, apresentam ambos os tipos de ligações
(FIGURA 4C), em diferentes proporções, geralmente na relação 1 (13) : 4 (14),
tendo sido isoladas a partir dos gêneros Palmaria (KOVAC et al., 1980; TURVEY e
WILLIAMS, 1970; LAHAYE et al., 1993; LAHAYE et al., 2003; JEREZ et al., 1997),
Nemalion (USOV ET AL., 1973 ; KOVAC et al., 1980), Nothogenia (CEREZO et al.,
1971; CEREZO, 1972; MATULEWICZ et al., 1992; NUNN et al., 1973) e Galaxaura
(USOV et al., 1981).
15
FIGURA 4 - ESTRUTURA DAS XILANAS ESTRUTURAIS (A E B) E SOLÚVEIS (C)
ISOLADAS DE ALGAS VERMELHAS.
O
OH
O
OH
OH
O
OH
O
OH
O
OH
O
OH
O
OH
O
OH
CH
3
A)
B)
C)
xilana
β
ββ
β
-(1
3)
xilana
β
ββ
β
-(1
4)
xilana
β
ββ
β
-(1
3),-(1
4)
O
OH
O
OH
OH
O
OH
O
OH
O
OH
O
OH
O
OH
O
OH
CH
3
O
OH
O
OH
OH
O
OH
O
OH
O
OH
O
OH
O
OH
O
OH
CH
3
n
n
n
16
1.6. MANANAS E XILOMANANAS
As mananas solúveis (FIGURA 5) isoladas de algas vermelhas caracterizam-
se por apresentarem uma estrutura formada por unidades de α-D-manopiranose 3-
O-substituida, sulfatadas em carbono 2 e/ou 6 (KOLENDER et al., 1995; 1997).
As xilomananas caracterizam-se por apresentarem um padrão estrutural
semelhante as mananas porém apresentam substituição por grupos sulfato em
carbonos 2, 4 e/ou 6 e glicosilação em carbono 2 por unidades de β-D-xilose
(MATULEWICZ; CEREZO, 1987
2
– FIGURA 5).
Mananas e xilomananas sulfatadas têm sido obtidas a partir de gêneros como
Nothogenia (MATULEWICZ; CEREZO, 1987
2
; KOLENDER et al., 1995; 1997) e
Nemalion (USOV ET AL., 1973 ).
As mananas sulfatadas isoladas de algas do gênero Nothogenia
apresentaram atividade antiviral, inibindo a replicação in vitro de diferentes estirpes
do vírus Herpes simplex, sendo esta atividade em alguns casos comparável a
heparina (KOLENDER et al., 1995, 1997). Esta propriedade esta relacionada com a
conformação do esqueleto de manose, com o grau de sulfatação e com a massa
molecular (KOLENDER et al., 1995, 1997).
Um novo tipo de polissacarídeo algal foi descrito no gênero Galaxaura (USOV
et al., 1981), uma xilogalactomanana sulfatada, este polímero apresentava uma
cadeia principal formada por unidades de β-D-manopiranose (13), sulfatadas em
carbono 4 (1 para cada 3 unidades) ou glicosiladas no mesmo carbono por unidades
de D-xilopiranose (3 para cada 5 unidades) ou L-galactopiranose, em menor
quantidade (FIGURA 5).
17
FIGURA 5 - ESTRUTURA DAS MANANAS, XILOMANANAS E GALACTOXILOMANANAS
ISOLADAS DE ALGAS VERMELHAS.
manana: R= H, SO
3
-
; R
1
= H; R
2
= H, SO
3
-
.
xilomanana: R= H, SO
3
-
, xilose; R
1
= H, SO
3
-
; R
2
= H, SO
3
-
).
galactoxilomanana: R= H; R
1
= H, SO
3
-
, xilose, galactose; R
2
= H.
1.7. TRATAMENTO ALCALINO E REAÇÃO DE CICLIZAÇÃO
Como já mencionado anteriormente, as galactanas sulfatadas apresentam
elevado interesse comercial e industrial devido as propriedades físico-químicas
apresentadas por estes polímeros (DE RUITER; RUDOLPH, 1997). A habilidade
destes polissacarídeos em formar géis e soluções viscosas está diretamente
relacionada com a sua conformação estrutural, enquanto que esta tem uma relação
direta com a presença de unidades de 3,6-anidrogalactose (USOV, 1984).
Este monossacarídeo, a 3,6-anidrogalactose, é mais comumente encontrado
em carboidratos de algas vermelhas, distinguindo-os dos demais polissacarídeos
biossintetizados por outros grupos vegetais (USOV, 1984; GRAHAM; WILCOX,
2000; COLE; SHEATH, 1990) e é formado naturalmente na alga através da atividade
da enzima sulfohidrolase, a partir de unidades precursoras de galactose 6-sulfato
(LAWSON; REES, 1970; WONG; CRAIGIE, 1978; MCCANDLESS; CRAIGIE, 1979;
ZINOUN et al., 1997).
Quimicamente as unidades de 3,6-anidrogalactose também podem ser
obtidas a partir das mesmas unidades precursoras, através de uma técnica
denominada tratamento alcalino, onde sob catálise básica o grupo sulfato é liberado
O
O
OR
OH
OR
1
OR
2
O
O
OR
OR
1
OR
2
O
O
OR
OR
1
OR
2
O
O
OR
OR
1
OR
2
CH
3
n
18
num processo de eliminação, seguido pela formação do anel 3,6-anidro, mediante
perda de uma molécula de água, caracteristicamente numa reação de substituição
nucleofílica bimolecular (Sn2), denominada reação de ciclização (CIANCIA, 1994).
Esta reação se processa sob temperatura variável, em meio alcalino (NaOH
1M FIGURA 6), por esta razão denominada de tratamento alcalino, e na presença
do agente redutor, estável em meio básico, borohidreto de sódio (NaBH
4
), o qual é
adicionado ao meio reacional antes e após adição da base, visando impedir a
degradação do polissacarídeo através da redução de sua extremidade redutora
(CIANCIA, 1994).
FIGURA 6 - REAÇÃO DE CICLIZAÇÃO EM AGARANAS (A) E CARRAGENANAS (B).
A)
α-L-galactose 6-sulfato (
1
C
4
) 3,6-anidro-α-L-galactose (
4
C
1
)
B)
α-D-galactose 6-sulfato (
4
C
1
) 3,6-anidro-α-D-galactose (
1
C
4
)
OH
O
O
OH
OH
OH
CH
3
OH
O
OH
O
O
CH
3
OH
O
O
O
OH
CH
3
O
OH
OH
O
OH
OH
CH
3
NaOH (1M)
NaBH
4
NaOH (1M)
NaBH
4
19
O processo de eliminação do grupo sulfato durante a reação de ciclização é
acompanhado pela inversão da configuração do átomo de carbono ao qual estava
unido, ou seja, como resultado desta reação as unidades de α-galactose passam de
uma conformação
1
C
4
para
4
C
1
em agaranas (L-galactose) e de
4
C
1
para
1
C
4
em
carragenanas (D-galactose - CIANCIA, 1994), como mostrado na FIGURA 5. A
mudança de conformação facilita a ciclização por aproximar o oxigênio em C-3 e o
sulfato em C-6, que passam a se encontrar em posições cis diaxiais favorecendo o
ataque nucleofílico.
A reação de ciclização somente se processara com as unidades de α-
galactose que possuírem sulfato no carbono 6 e hidroxila livre em carbono 3,
estando a velocidade desta reação sob controle da temperatura, concentração de
alcali, do tempo de reação e da distribuição dos grupos sulfato pela unidade A (β-D-
galactose - CIANCIA, 1993; NOSEDA et al., 2000).
O tratamento alcalino pode ser utilizado em laboratório, para se determinar
quantitativamente as unidades de α-galactose 6-sulfato presentes em uma dada
amostra polissacarídica através das diferenças nas percentagens de sulfato ou de
3,6-anidrogalactose presente na amostra antes e após o tratamento.
O todo fotocolorimétrico utilizado laboratorialmente para se quantificar o
teor de 3,6-anidrogalactose presente numa amostra polissacarídica é o método do
resorcinol (YAPHE; ARSENAULT, 1965). Esta metodologia utiliza-se da propriedade
apresentada pelos monossacarídeos de formarem 5-hidroximetil-2-furfural (HMF) em
meio fortemente ácido, após hidrólise. O HMF interage com diferentes reagentes
fenólicos em reações que promovem coloração passível de ser dosada
fotocolorimetricamente, sob diferentes comprimentos de onda. O resorcinol (1,3-
dihidroxibenzeno) é um destes reagentes utilizados para quantificar 3,6-
anidrogalactose na forma de HMF.
A reação de ciclização obedece a uma cinética de pseudo-primeira ordem.
Estudos realizados por CIANCIA et al., (1993) com carragenanas pertencentes a
família Lambda mostraram que a velocidade de reação para estes polissacarídeos é
mais lenta do que para carragenanas da família Kappa, devido a diferenças
apresentadas no padrão de sulfatação entre as duas famílias.
20
Mais detalhadamente, a lambda-carragenana apresenta grupos sulfato ao
redor da hidroxila livre em carbono 3 da α-D-galactose. Tais grupos esterificam os
carbonos 2 das unidades A e B (TABELA 1) e protegem a hidroxila em carbono 3 da
ionização, o que dificulta o processo de ciclização, uma vez que é esta a força que
dirige a reação de ciclização (CIANCIA et al., 1993). Contribui principalmente para
este efeito a formação de uma ponte de hidrogênio entre o grupo sulfato em C-2 da
unidade A e a hidroxila em C-3 da unidade B (FIGURA 7). Tais grupos sulfato não
são encontrados na família Kappa (TABELA 1).
FIGURA 7 - INTERAÇÃO ENTRE O GRUPO SULFATO EM C-2 DA β
ββ
β-D-GALACTOSE
COM A HIDROXILA LIVRE EM C-3 DA α
αα
α-L-GALACTOSE EM LAMBDA-CARRAGENANA
(CIANCIA ET AL., 1993).
O padrão de sulfatação observado nas mu/nu-carragenanas promovem um
efeito contrário ao observado nas lambda-carragenanas. Em mu/nu-carragenanas
os grupos sulfato encontrados esterificando os carbonos 4 das unidades A, podem
interagir com os grupos sulfatos que esterificam os carbonos 2 e 6 presentes na
unidade B (FIGURA 8), a repulsão gerada entre estes grupos favorecem a alteração
conformacional da unidade B (
1
C
4
para
4
C
1
) e, conseqüentemente, a ciclização
(NOSEDA; CEREZO, 1995).
O
O
OH
O
O
OH
O
OSO
3
-
OH
OSO
3
-
SO
3
-
n
21
FIGURA 8 - INTERAÇÃO ENTRE O GRUPO SULFATO EM C-4 DA β
ββ
β-D-GALACTOSE
COM OS GRUPOS SULFATO EM C-2 (A) E C-6 (B) DA α
αα
α-L-GALACTOSE EM MU/NU-
CARRAGENANA (NOSEDA; CEREZO, 1994).
Ainda, NOSEDA et al., (2000) estudaram a reação de ciclização em
porfiranas, as quais não sofreram influência de outros grupos sulfato substituintes,
uma vez que tais polissacarídeos apresentam exclusivamente grupos sulfato em C-6
da unidade B (FIGURA 3), e obtiveram uma velocidade de reação intermediária
àquelas apresentadas pelas lambda- e mu/nu-carragenanas. Estes resultados
mostraram que a velocidade da reação de ciclização não é dependente da
enantiomericidade do reduo de α-galactose, mas sim da posição e distribuição dos
grupos sulfato substituintes (NOSEDA et al., 2000).
O estudo da cinética química da reação de ciclização visa buscar melhores
condições para obtenção de ficocolóides com maior poder geleificante através de
A)
B)
OH
O
O
OSO
3
-
O
O
O
OH
O
OH
OH
CH
3
SO
3
-
SO
3
-
OH
O
O
OH
O
OSO
3
-
O
OH
OH
OH
OH
CH
3
SO
3
-
-O
3
S
n
n
22
tratamento alcalino, mediante o estudo do comportamento desta reação em
polissacarídeos modelos, tais como kappa-, nu- e lambda-carragenana e porfirana.
1.8. MECANISMO DE FORMAÇÃO DE GÉIS
A habilidade de formar géis e soluções viscosas é uma importante
característica observada somente em algumas estruturas de carragenanas e
agaranas e apresenta extremo interesse comercial e industrial (RAVEN et al., 1996;
VAN DEN HOEK et al., 1989; GRAHAM; WILCOX, 2000; USOV, 1984, 1998).
O processo de geleificação em galactanas sulfatadas é uma propriedade
termo-reversível, uma vez que o resfriamento faz com que as moléculas adquiram
uma conformação orientada em hélice e se agreguem formando o gel, enquanto que
o aquecimento torna o gel desordenado, fazendo com que as moléculas se
dispersem e adquiram uma conformação em “randon coil” (COLE; SHEATH, 1990).
A formação do gel se deve a uma associação entre diversas cadeias
polissacarídicas paralelamente arranjadas em hélice, formando uma rede
tridimensional totalmente estabilizada por pontes de hidrogênio inter-cadeias, que se
formam entre as hidroxilas livres presentes (REES, 1965; USOV, 1984; COLE;
SHEATH, 1990). As associações ocorrem entre longas seções regulares ou
repetitivas das cadeias polissacarídicas paralelas e se interrompem nas regiões
onde esta regularidade não esta presente, denominadas de zonas de união, o que
permite a associação com outras cadeias (REES, 1965; USOV, 1984; COLE;
SHEATH, 1990).
A estrutura secundária apresentada por estes polissacarídeos se deve a
presença das unidades de 3,6-anidrogalactose, pois sua conformação
1
C
4
, no caso
das carragenanas, ou
4
C
1
no caso das agaranas com ligações glicosídicas
equatoriais, difere das demais unidades presentes no polímero e causa um desvio
na direção da cadeia polissacarídica, permitindo-lhe adquirir uma conformação
helicoidal, orientada a direita nas carragenanas e a esquerda nas agaranas (REES,
1965, COLE, SHEATH, 1990; VAN DE VELDE et al., 2002).
23
O processo de geleificação em carragenanas ainda necessita da presença de
cátions específicos (cálcio e potássio) para neutralizar a carga dos grupos sulfato,
projetados para fora a partir do eixo principal da hélice, facilitando assim a
agregação lado-a-lado das hélices (COLE; SHEATH, 1990).
Portanto, a geleificação se deve à formação de uma rede tridimensional, onde
as diferenças observadas nas propriedades dos diferentes géis se devem a
capacidade de associação entre as varias cadeias polissacarídicas (USOV, 1984).
1.9. OBTENÇÃO DE OLIGOSSACARÍDEOS ATRAVÉS DE HIDRÓLISE
REDUTIVA PARCIAL
Oligossacarídeos são naturalmente encontrados em vegetais como produtos
de seu metabolismo normal e podem exercer diversas funções, desde estruturais até
reserva e osmorregulação (CROWE et al., 1987; KANDLER; HOPF, 1980).
Os oligossacarídeos podem ser biossintetizados naturalmente no vegetal a
partir de monossacarídeos ou oligossacarídeos precursores ou de um doador
glicídico pela ação de enzimas específicas denominadas de glicosiltransferases e
recebem a denominação de oligossacarídeos primários, por serem sintetizados in
vivo (KANDLER; HOPF, 1980).
Oligossacarídeos secundários, por sua vez, são aqueles que m a sua
origem atribuída à hidrólise parcial de outros açúcares, como oligossacarídeos
maiores, polissacarídeos, glicoproteínas ou glicolipídeos, por ação enzimática, tanto
in vivo como in vitro (glicosidases e hidrolases) ou por catálise ácida in vitro
(KANDLER; HOPF, 1980).
A caracterização de oligossacarídeos obtidos in vitro, tanto por hidrólise ácida
parcial como enzimática, é um método muito útil e amplamente utilizado para auxiliar
na determinação estrutural de polissacarídeos a eles relacionados, pois fornece
informações importantes como seqüência e configuração anomérica de suas
unidades monossacarídicas constituintes e tipos de ligações glicosídicas presentes
(ASPINALL, 1970, 1983).
24
Hidrólises enzimáticas são mais vantajosas que as ácidas por serem
altamente específicas, uma vez que tanto hidrolases como glicosidases se
apresentam altamente especificas por determinadas unidades monossacarídicas e
por suas configurações anoméricas (ASPINALL, 1983).
MORRICE et al., (1983) e USOV e IVANOVA (1987) utilizaram uma β-agarase
de origem bacteriana para obter oligossacarídeos por meio de hidrólise enzimática,
com a finalidade de elucidar a estrutura química das agaranas isoladas de Porphyra
umbilicalis e de Plysiphonia morrowii. Esta enzima cliva especificamente as ligações
β-D-galactopiranosídicas da agarose, liberando assim neoagarobiose (3,6-anidro-α-L-
galactopiranose-(13)-D-galactopiranose) ou oligossacarídeos maiores (ASPINALL,
1983).
A hidrólise ácida parcial é processada de forma similar a uma hidrólise
convencional, amenizando-se apenas algumas de suas condições, tais como
temperatura, tempo ou concentração ácida; por este método, polissacarídeos que
apresentem um único padrão de ligação glicosídica ou vários, porém com uma
mesma susceptibilidade à clivagem, darão origem a uma seleção representativa de
todos os oligossacarídeos possíveis. Na prática, contudo, verifica-se que a taxa de
hidrólise de diferentes ligações glicosídicas são, com freqüência, suficientemente
diferentes para que nem todos os possíveis oligossacarídeos possam ser isolados a
partir de um único método de despolimerização, rendendo assim misturas de
açúcares de relativa baixa massa molecular junto com, em alguns casos fragmentos
de alta massa molecular (ASPINALL, 1983).
Os produtos da hidrólise ácida parcial (mono, di e oligossacarídeos) antes de
serem caracterizados, devem ser primeiramente fracionados, para tanto, uma
variedade de procedimentos cromatográficos podem ser utilizados, incluindo
cromatografia de partição em celulose, cromatografia de adsorção em carvão (onde
os oligossacarídeos são progressivamente separados com água contendo
proporções crescentes de etanol WHISTLER; DURSO, 1950), cromatografia de
troca iônica ou gel filtração (ASPINALL, 1983).
USOV e ELASHVILI (1991) e STEVENSON e FURNEAUX (1991) têm
introduzido nas analises estruturais de galactanas de algas vermelhas uma variação
da hidrólise redutiva convencional, para a obtenção de oligossacarídeos. Eles
mostraram que durante uma hidrólise total, polissacadeos contendo unidades de
25
3,6-anidrogalactose, encontrada unicamente em polissacarídeos de algas
vermelhas, sofrem uma redução quantitativa destes monossacarídeos, pouco
resistentes ao meio ácido quando submetidos a condões padrões de hidrólise
(ácido trifluoracético, 100
o
C, 5 horas), enquanto que os demais monossacarídeos
permanecem quantitativamente inalterados, por esse motivo tornou-se necessário a
utilização de um método hidrolítico mais ameno para evitar a degradação dessas
unidades.
STEVENSON e FURNEAUX (1991) desenvolveram um método denominado
hidrólise redutiva, onde juntamente ao ácido trifluoracético è acrescentado um
agente redutor estável em meio ácido, o complexo de 4-metil morfolina borano (4-
MMB), o qual garante que as unidades de 3,6-anidrogalactose se mantenham
intactas durante o processo hidrolítico. Isto é possível uma vez que durante um
processo de pré-hidrólise, que ocorre em condições brandas (80
o
C durante 15
minutos), somente as ligações 3,6-anidrogalactosídicas são hidrolisadas, por serem
mais lábeis, e estas unidades monossacarídicas livres são imediatamente reduzidas
a 3,6-anidrogalactitol no meio reacional, adquirindo desta maneira estabilidade. Em
seguida, processa-se a hidrólise das demais unidades constituintes do
polissacarídeo, à 120
o
C durante 1 hora e meia, e a redução das mesmas, sendo
assim possível quantificar ao mesmo tempo todos os açúcares (na forma de
acetatos de alditol) presentes em uma amostra utilizando cromatografia líquido-
gasosa (CG).
Baseado neste método hidrolítico, porém em condições diferenciadas, USOV
e ELASHVILI (1991) desenvolveram a hidrólise redutiva parcial para obtenção de
oligossacarídeos contendo, unicamente, 3,6-anidrogalactitol como unidade terminal
(FIGURA 9). Assim, por exemplo, a hidrólise parcial da agarose resulta unicamente
no dissacarídeo agarobiitol, enquanto que de carragenanas contendo 3,6-
anidrogalactose resulta carrabiitol e/ou seus mono e dissulfato (USOV, 1998).
Tais oligossacarídeos reduzidos se mostram estáveis e mais convenientes
para separação por cromatografia do que os produtos de hidrólise ácida ou
metanólise (este último processo permite a proteção da ponta redutora com um
grupo metil, os quais poderiam ser rapidamente degradados a hidroximetilfurfural
nas condições de hidrólise), sendo que suas estruturas e posição de grupos sulfato
podem ser esclarecidas usando RMN (USOV; ELASHVILI, 1991).
26
FIGURA 9 - PRODUTOS DE HIDRÓLISE REDUTIVA PARCIAL OBTIDOS A PARTIR DA
AGAROSE (A) E DA KAPPA-CARRAGENANA (B) CONTENDO 3,6-
ANIDROGALACTOSE (USOV, 1998).
agarose agarobiitol
kappa-carragenana carrabiitol 4-sulfato
O
O
OH
OH
O
OH
O
.
O
OH
OH
O
OH
OH
O
OH
OH
O
CH
2
OH
OH
TFA 2M
60°C
4-MMB
OH
O
OH
OSO
3
-
O
OH
O
OH
O
.
OH
O
OH
OSO
3
-
O
OH
CH
2
OH
OH
O
OH
TFA 2M
60°C
4-MMB
A)
B)
27
2. OBJETIVOS
2.1. OBJETIVOS GERAIS:
Caracterizar a estrutura química fina dos polissacarídeos neutros e sulfatados
obtidos mediante extração aquosa a partir de algas vermelhas pertencentes às
ordens Nemaliales e Palmariales.
Caracterizar a estrutura química fina dos polissacarídeos sulfatados obtidos
mediante extração aquosa a partir de algas vermelhas pertencentes às famílias
Solieriaceae e Furcellariaceae (Gigartinales) e utiliza-los como modelos para o
estudo cinético da reação de ciclização.
2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
1 - Obter polissacarídeos neutros por extração aquosa a quente (80°C) a partir das
algas vermelhas Galaxaura marginata, G. obtusata, Tricleocarpa cylindrica, T.
fragilis, Scinaia halliae (Ordem Nemaliales) e Palmaria palmata (Ordem Palmariales);
2 - Obter e purificar polissacarídeos sulfatados por extração aquosa a quente (80 °C)
a partir das algas vermelhas Tricleocarpa fragilis e Galaxaura marginata;
3 - Obter e purificar polissacarídeos sulfatados por extração aquosa a frio (25 °C) a
partir das algas vermelhas Eucheuma denticulatum (Solieriaceae) e Furcellaria
lumbricalis (Furcellariaceae);
4 - Determinar a estrutura química fina destes polissacarídeos por métodos químicos
e espectroscópicos;
5 - Utilizar as carragenanas isoladas a partir das algas E. denticulatum e F.
lumbricalis como modelos no estudo da cinética química da reação de ciclização.
28
3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1. MATERIAL
Nesta pesquisa foram estudados polissacarídeos sulfatados isolados da fase
gametofítica das algas vermelhas Galaxaura marginata (J. Ellis & Sol.) J. V. Lamour.,
coletada nas praias Enseada das Garças e Mar Azul, município do Fundão (ES -
Brasil), em julho de 2003 (por: N.S. Yokoya e S.M.P.B. Guimarães) e Tricleocarpa
fragilis (L.) Huisman & R. A. Towns, coletada na praia do Ribeiro, munipio de
Bombinhas (SC - Brasil), em março de 2000 (por: M.D. Noseda e M.E.R. Duarte).
Também foram estudados os polissacarídeos neutros isolados das algas
vermelhas Galaxaura obtusata (J. Ellis & Sol.) J. V. Lamour., coletada no município
de Morro de São Paulo (BA - Brasil), em julho de 2001 (por: M.D. Noseda e M.E.R.
Duarte), G. marginata (J. Ellis & Sol.) J. V. Lamour., Tricleocarpa fragilis (L.)
Huisman & R. A. Towns, Tricleocarpa cylindrica (J. Ellis & Sol.) Huisman & Borow.,
coletada nas praias Enseada das Garças e Mar Azul, município do Fundão (ES), em
julho de 2003 (por: N.S. Yokoya e S.M.P.B. Guimarães), Scinaia halliae (Setch.)
Huisman, coletada na praia Enseada das Garças, município do Fundão (ES), em
julho de 2003 (por: N.S. Yokoya e S.M.P.B. Guimarães) e Palmaria palmata (L.) O.
Kuntze, adquirida de fonte comercial (DULSE Atlantic Mariculture Limited, Grand
Manan, New Brunswick - Canadá).
Para o estudo de cinética química foram utilizados os polissacarídeos
sulfatados isolados das algas vermelhas Eucheuma denticulatum (N.L. Burman) F.S.
Collins & Hervy, adquirida de fonte comercial (Gelymar S.A., Puerto Montt - Chile) e
Furcellaria lumbricalis (Hudson) J. V. Lamour., coletada em Prince Edward Island
(Canadá), em agosto de 2003 (por: M. D. Noseda).
Depois de retiradas do mar, os exemplares de G. obtusata, G. marginata, T.
fragilis, T. cylindrica, S. halliae e F. lumbricalis foram lavados em água corrente,
desidratados à sombra e submetido à moagem em moinho de faca.
29
3.1.1. POSICIONAMENTO SISTEMÁTICO DAS ESPÉCIES ESTUDADAS
Divisão: Rhodophyta
Classe: Rhodophyceae
Ordem: Nemaliales
Família: Galaxauraceae
Gênero: Galaxaura
Espécie: G. obtusata (J. Ellis & Sol.) J. V. Lamour.
Espécie: G. marginata (J. Ellis & Sol.) J. V. Lamour.
Gênero: Tricleocarpa
Espécie: T. fragilis (L.) Huisman & R. A. Towns
Espécie: T. cylindrica (J. Ellis & Sol.) Huisman & Borow.
Gênero: Scinaia
Espécie: S. halliae (Setch.) Huisman
Ordem: Palmariales
Família: Palmariaceae
Gênero: Palmaria
Espécie: P. palmata (L.) O. Kuntze
Ordem: Gigartinales
Família: Solieriaceae
Gênero: Eucheuma
Espécie: E. denticulatum (N.L. Burman) F.S. Collins & Hervy
Família: Furcellariaceae
Gênero: Furcellaria
Espécie: F. lumbricalis (Hudson) J. V. Lamour.
30
FIGURA 10: Algas vermelhas G. marginata (A), G. obtusata (B), T. cylindrica (C), T.
fragilis (D), S. halliae (E), P. palmata (F), E. denticulatum (G) e F. lumbricalis (H).
31
3.2. EXTRAÇÃO DOS POLISSACARÍDEOS
As algas Galaxaura marginata (4,2 g), G. obtusata (58,0 g), Tricleocarpa
cylindrica (9,4 g), T. fragilis (70,0 g), Scinaia halliae (5,6 g) e Palmaria palmata (68,0
g) foram utilizadas como fonte para obtenção dos polissacarídeos caracterizados
nesta tese. Para isso todas as algas foram submetidas, separadamente, ao mesmo
procedimento de extração descrito a seguir.
O material algal foi submetido a extração aquosa (5 g% p/v) a quente (80
o
C)
durante 4 horas sob agitação mecânica seguida por centrifugação (10.000 rpm
durante 25 minutos). Posteriormente, a fração sobrenadante foi submetida à
precipitação com 3 volumes de etanol, onde, após nova centrifugação (12.000 rpm
durante 15 minutos), os polissacarídeos precipitados foram ressolubilizados em
água, centrifugados, nas mesmas condições descritas, dialisados contra água
destilada, concentrados em rotaevaporador sob pressão reduzida e liofilizados, para
obtenção de cada fração polissacarídica, as quais foram denominadas utilizando-se
as iniciais de cada espécie: GM, GO, TC, TF, SH e PP.
Para as algas Eucheuma denticulatum e Furcellaria lumbricalis, as quais
foram utilizadas como fontes biológicas para obtenção dos polissacarídeos
caracterizados e utilizados para os estudos de cinética química, realizou-se uma
extração aquosa (5 g% p/v) a temperatura ambiente (25 °C) durante 14 horas, as
esta etapa seguiu-se a mesma metodologia descrita para as demais algas, obtendo-
se desta maneira as frações denominadas ECW (a partir da primeira alga), F1 e F2
(a partir da segunda alga).
3.3. OBTENÇÃO DOS POLISSACARÍDEOS NEUTROS E SULFATADOS
(PRECIPITAÇÃO COM CETAVLON)
Para promover a separação dos polissacarídeos neutros e sulfatados
presentes nas frações GM, GO, TC, TF, SH e PP, as mesmas foram redissolvidas
em água (0,25 g%) e a elas adicionou-se uma solução de Cetavlon
(cetyltrimethylammonium bromide) 10%. As soluções foram mantidas sob agitação
constante durante 12h e após centrifugação (7.000 rpm durante 20 minutos) o
material precipitado (complexo polissacarídeo ácido - Cetavlon) foi descomplexado
32
por meio de tratamento com NaCl 4M, durante uma noite e posteriormente
precipitado com etanol (3 volumes), enquanto que a fração sobrenadante (contendo
o material neutro sovel) foi diretamente precipitada com etanol (3 volumes). As
frações polissacarídicas GMp (3,17 %), GOp (nd), TCp (0,77 %), TFp (1,73 %), SHp
(5,10 %) e PPp (3,25 %), proveniente dos materiais precipitados e GMs (0,51 %),
GOs (18,0 %), TCs (0,24 %), TFs (0,30 %), SHs (0,38 %) e PPs (15,0 %),
provenientes dos materiais solúveis, foram obtidas após diálise contra água
destilada, concentração em rotaevaporador sob pressão reduzida e liofilização.
3.4. PRECIPITAÇÃO COM KCl
A fração polissacarídica de interesse (F1 e F2) foi primeiramente dissolvida
em água (0,25 % p/v) á temperatura ambiente e soluções de concentrações
crescentes de cloreto de potássio (0,25; 0,5; 1,0; 1,5 e 2,0 M) foram adicionadas
gradativamente. A cada adição do sal a solução foi mantida sob agitação mecânica
por aproximadamente 2 horas e deixada em repouso 14 horas à 4 °C, seguida por
centrifugação (12.000 rpm durante 15 minutos). Assim o material precipitado foi
submetido a diálise e liofilização, enquanto o sobrenadante foi submetido a um novo
tratamento com uma concentração maior de sal.
3.5. MÉTODOS ANALÍTICOS GERAIS
3.5.1. DOSAGEM DE AÇÚCAR TOTAL
As dosagens dos carboidratos totais presentes nas frações polissacarídicas
foram realizadas de acordo com o método do fenol-ácido sulfúrico descrito por
DUBOIS et al. (1956), utilizando-se galactose, manose e xilose como padrões (faixa
de sensibilidade 10 – 70 µg/ml).
3.5.2. DETERMINAÇÃO DO TEOR DE GRUPOS SULFATO
A determinação do teor de grupos sulfato das frações polissacarídicas foi
realizada através do método turbidimétrico da gelatina-BaCl
2
, após hidrólise das
33
amostras (HCl 1 M, 5 horas, 105
o
C) de acordo com DODGSON e PRICE (1962),
utilizando-se sulfato de sódio como padrão (faixa de sensibilidade 20 – 200 µg/ml).
3.5.3. DOSAGEM DE PROTEÍNAS
A detecção e dosagem do teor de proteína nas amostras foi realizada de
acordo com o método de LOWRY et al. (1951), utilizando-se soro albumina bovina
como padrão (faixa de sensibilidade 20 – 100 µg/ml).
3.5.4. DOSAGEM DO TEOR DE 3,6-ANIDROGALACTOSE
A dosagem do teor de 3,6-anidrogalactose foi realizada utilizando-se o
método do resorcinol (YAPHE, 1960; YAPHE; ARSENAULT, 1965). Alíquotas das
amostras (0,05 ml) obtidas em diferentes intervalos de tempo por tratamento alcalino
(método analítico, como descrito no item 3.7.3.2.) foram acrescidas de 0,75 ml de
água e 4 ml do reativo de resorcinol, preparado com 9 ml de solução de resorcinol
(15 mg de resorcinol em 10 ml de água), 1 ml de acetal (1 ml de acetal em 24 ml de
água) e 100 ml de ácido clorídrico fumegante. Paralelamente foi preparado o branco
com água destilada. Os tubos foram então vedados e submetidos a temperatura de
80°C em banho termostatizado por 10 minutos. Após resfriamento em banho de gelo
a dosagem do teor do anidro-açúcar foi realizada pela leitura da absorbância à 555
nm.
3.5.5. DETERMINAÇÃO DO TEOR DE CINZAS
A determinação do teor de cinzas da fração de interesse foi realizada no
Departamento de Química da UFPR. Inicialmente, o material seco em estufa a 30 °C
foi calcinado no interior de cadinhos (previamente mantidos a 900 °C por 30
minutos) em chama até completa incineração. Posteriormente o material foi mantido
em mufla a 900°C por 1 hora.
34
3.5.6. DOSAGEM DE AÇÚCARES REDUTORES
A massa molecular das frações de interesse foi estimada a partir de seus
poderes redutores de acordo com o método de PARK e JOHNSON (1949),
utilizando-se xilose como padrão (faixa de sensibilidade 1 10 µg/ml), aplicados a
fórmula Mm = 150xp/r, onde p corresponde ao peso da amostra e r a extremidade
redutora.
3.5.7. POLARIMETRIA
A determinação da rotação óptica específica (α
D
25
)
das amostras foi realizada
na concentração de 0,2 g% em solução aquosa a temperatura de 25°C, utilizando
cubetas de 10 cm de comprimento em polarímetro RUDOLPH RESEARCH, modelo
Autopol III, no comprimento de onda de 589,3 nm.
3.6. MÉTODOS HIDROLÌTICOS
3.6.1. HIDRÓLISE ÁCIDA TOTAL
As frações polissacarídicas contendo xilanas ou xilomananas sulfatadas, em
suas formas nativas ou metiladas, foram submetidas a hidrólise ácida total (ácido
trifluoracético 2 M, 121
o
C, 1,5 h) seguida por redução com NaBH
4
ou NaBD
4
por 14
horas, acetilação (anidrido acético, 120
o
C, 1,5 h) e lavagem com
água/CHCl
3
/NaHCO
3
, para posterior análise por cromatografia liquido gasosa (CLG)
e cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massa (CG-EM).
3.6.2. HIDRÓLISE ÁCIDA TOTAL DO TIPO HIDRÓLISE REDUTIVA
As frações polissacarídicas contendo galactanas sulfatadas, em suas formas
nativas ou metiladas, foram submetidas a hidrólise ácida total do tipo hidrólise
redutiva de acordo com o método de STEVENSON e FURNEAUX (1991),
modificada por FALSHAW e FURNEAUX (1994) a qual se processa em duas etapas.
Na primeira etapa, onde ocorre a liberação e a concomitante redução das unidades
35
de 3,6-anidrogalactose, o polissacarídeo foi hidrolisado à 80
o
C por 15 minutos na
presença de TFA 3 M e do complexo 4-metil morfolina borano (agente redutor
estável em meio ácido). Na segunda etapa, onde ocorre a liberação e a redução das
demais unidades monossacarídicas, o material pré-hidrolisado foi mantido a 120
o
C
por 90 minutos na presença de TFA, na concentração final de 2 M e de 4-metil
morfolina borane. Os alditóis assim obtidos foram acetiladas com anidrido acético
(0,5 ml)/ TFA concentrado (0,5 ml) durante 15 minutos a 50
o
C. Na forma de acetato
de alditol, foram analisados por cromatografia liquido gasosa (CLG) e cromatografia
gasosa acoplada a espectrometria de massa (CG-EM).
3.6.3. METANÓLISE
Somente frações metiladas foram submetidas a metanólise (MeOH/HCl 3%,
70°C, 3h) seguida por hidrólise como descrito no item 3.6.1 e redução com NaBH
4
ou NaBD
4
por 14 horas, acetilação (1 ml anidrido acético, 120
o
C, 1,5h) e lavagem
com água/CHCl
3
/NaHCO
3
, para posterior análise por cromatografia líquido gasosa
(CLG) e cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massa (CG-EM).
3.7. MODIFICAÇÃO QUÍMICA DOS POLISSACARÍDEOS
3.7.1. DESSULFATAÇÂO DOS POLISSACARÌDEOS
O processo de dessulfatação foi realizado utilizando-se o método solvolítico,
com as frações de interesse na forma de sal de piridônio. Para obtenção deste sal,
os polissacarídeos foram solubilizados em água e a elas adicionado resina catiônica
Dowex 50x8 (forma de H
+
) sob agitação magnética à temperatura ambiente por 30
minutos, até o pH do meio ficar entre 1,0-2,0. O material foi filtrado (sob pressão
reduzida), neutralizado com piridina até pH 7,0 e liofilizado.
Uma vez na forma de sal de piridônio, os polissacarídeos foram
ressolubilizados em mistura de dimetilsulfóxido:metanol:piridina (89:10:1),
respeitando-se a relação de 10mg de polissacarídeo para 3 ml de solvente
(NAGASAWA et al., 1979) e mantida a 100°C durante 6 horas. Após o resfriamento,
a fração solvolizada foi dialisada contra água destilada e liofilizada. As frações
36
quimicamente modificadas assim obtidas foram identificadas pela adição das letras
ds (dessulfatado) ao nome das frações originais.
3.7.2. DEGRADAÇÃO CONTROLADA DE SMITH
Para a realização da degradação controlada de Smith, a fração
polissacarídica de interesse foi solubilizada em água destilada (21 mg/ 6 ml)
contendo metaperiodato de sódio (NaIO
4
– 130 mg) e mantida em ambiente escuro a
temperatura ambiente durante 48 horas. Após este período a solução foi tratada com
etilenoglicol visando consumir o excesso de NaIO
4
, reduzida com boroidreto de
sódio (NaBH
4
- 10%) durante 20h, neutralizada com ácido acético, dialisada e
liofilizada (FURNEAUX; STEVENSON, 1990). O polissacarídeo assim modificado foi
submetido à hidrólise branda com TFA 1M durante 20 horas a temperatura
ambiente. A fração quimicamente modificada assim obtida foi identificada pela
adição da letra S (Smith) ao nome da fração original.
3.7.3. TRATAMENTO ALCALINO
3.7.3.1. METODO PREPARATIVO
As frações polissacarídicas foram solubilizadas em água destilada (0,2 g%) e
reduzidas com boroidreto de sódio (NaBH
4
- 10% em massa do polissacarídeo) por
16 h. Adicionou-se então hidxido de sódio 3M, para a concentração final 1M e
novamente adicionou-se NaBH
4
(5% em massa). As soluções foram então mantidas
a temperatura de 80°C em banho termostatizado por 2 horas (NOSEDA; CEREZO,
1995), sendo em seguida neutralizadas com ácido clorídrico fumegante, dializadas e
liofilizadas. As frações quimicamente modificadas assim obtidas foram identificadas
pela adição das letras TA (tratamento alcalino) ao nome das frações originais.
3.7.3.2. METODO ANALÍTICO
A amostra polissacarídica foi solubilizada em água destilada (0,2 g%) e
reduzidas com NaBH
4
(10% em massa) por 14 horas, alíquotas de 0,5 ml destas
37
soluções foram separadas em viais e a cada uma delas foi adicionado 0,25 ml de
hidróxido de sódio 3M (10 ml com 5% de NaBH
4
). Os viais foram mantidos sob
diferentes temperaturas (50, 60, 70 e 80°C) em banho termostatizado e retirados um
a um em intervalos regulares sendo então neutralizados com HCl diluído (5:1) como
descrito por CIANCIA et al. (1993). Para cada uma destas soluções foi determinado
o teor de 3,6-anidrogalactose formado utilizando o método do resorcinol (como
descrito no item 3.5.4).
3.7.4. HIDRÓLISE REDUTIVA ÁCIDA PARCIAL OBTENÇÃO DE
OLIGOSSACARÌDEOS
Para obtenção de oligossacarídeos, a fração polissacarídica foi submetida à
hidrólise redutiva ácida parcial de acordo com USOV e ELASHVILI (1991). O
polissacarídeo foi inicialmente dissolvido em água (1,3 g%) e a solução aquecida à
60°C para a completa solubilização. O complexo 4-metil morfolina borano foi
acrescentado (9 g%) seguido por TFA 2M e a mistura foi mantida à 65°C por 8
horas. Após resfriamento a solução foi dialisada contra água destilada e liofilizada. A
fração oligossacarídica assim obtida foi identificada pela adição da sigla HP
(hidrólise parcial) ao nome da fração original.
3.8. ANÁLISE DE METILAÇÃO
As amostras contendo polissacarídeos sulfatados a serem metiladas foram
inicialmente reduzidas com boridreto de sódio (NaBH
4
) e dialisadas contra solução
de trietilamina 5% (10ml), visando-se obter após liofilização, polissacarídeos
sulfatados, na forma de sal de trietilamônio, solúveis no solvente aprótico dimetil
sulfóxido (STEVENSON e FURNEAUX, 1991).
Os polissacarídeos sulfatados na forma de sal de trietilamônio foram
metilados de acordo com o método de CIUCANU e KEREK (1984), utilizando-se
iodeto de metila (ICH
3
) e hidróxido de sódio pulverizado. O material metilado foi
então neutralizado, dialisado, liofilizado, hidrolisado e analisado por CLG e CG-EM
na forma de alditóis acetilados.
38
As frações contendo polissacarídeos neutros foram metiladas de acordo com
o método descrito por HAWORTH (1915). Para tanto o material foi previamente
reduzido com NaBH
4
por aproximadamente 14 horas, dialisado contra água
destilada e liofilizado. O material reduzido foi então dissolvido em hidróxido de sódio
33 % e mantido sob agitação constante a temperatura ambiente. A cada 30 minutos
adicionou-se o agente metilante (CH
3
)
2
SO
4
e a cada 1 hora mais NaOH 33%, a
completar-se 4 horas. O processo foi então interrompido por adição de água
destilada e neutralizado com acido acético (45 %). A solução neutralizada foi então
dialisada e liofilizada antes de sofrer um novo processo de metilação, agora porém,
de acordo com o método de CIUCANU; KEREK (1984). O material parcialmente
metilado foi redissolvido em DMSO (1 %pv), NaOH seco e ICH
3
foram adicionados e
a solução mantida sob forte agitação durante 30 minutos. A reação foi então
interrompida com adição de água, neutralizada com acido acético, dialisada e
liofilizada.
3.9. MÉTODOS CROMATOGRÁFICOS
3.9.1. CROMATOGRAFIA DE TROCA IONICA EM DEAE-SEPHACEL
Para fracionamento dos polissacarídeos sulfatados de interesse, as frações
foram submetidas a cromatografia de troca-iônica em coluna de DEAE-SEPHACEL
(32x10 cm, Vt = 500 ml) utilizando-se água destilada como eluente e concentrações
crescentes de cloreto de sódio (NaCl 0,5; 1,0; 1,5; 2,0 e 4,0M). A eluição foi
monitorada pelo método do fenol-ácido sulfúrico descrito no item 3.5.1 (DUBOIS et
al., 1956). As sub-frações polissacarídicas assim obtidas foram identificadas pela
adição da concentração de NaCl, na qual eluiu, ao nome da fração original.
3.9.2. CROMATOGRAFIA DE TROCA IONICA EM DEAE-SEPHAROSE CL-6B
A mistura de oligossacarídeos obtida como produto de hidrólise redutiva ácida
parcial foi fracionada por cromatografia de troca-iônica em coluna de DEAE-
SEPHAROSE CL-6B (12x3 cm, Vt = 100 ml) utilizando-se água destilada como
eluente e concentrações crescentes de cloreto de sódio (NaCl 0,1; 0,25; 0,5; 1,0 e
39
2,0 M). A eluição foi monitorada pelo método do fenol-ácido sulfúrico descrito no item
3.5.1 (DUBOIS et al., 1956). As sub-frações oligossacarídicas assim obtidas foram
identificadas pela adição da concentração de NaCl, na qual eluiu, ao nome da fração
original.
3.9.3 CROMATOGRAFIA LÍQUIDO-GASOSA (CLG)
As análises por cromatografia líquido-gasosa (CLG) foram realizadas em
Cromatógrafo Hewlett Packard 5890, com detector de ionização de chama (300
o
C) e
injetor (250
o
C), utilizando nitrogênio como gás de arraste e coluna capilar de sílica
fundida (30 m x 0,25 mm de d. i.), revestida com DB-225 (0,25 µm) em diferentes
temperaturas: as análises cromatográficas para acetatos de alditol foram realizadas
à 220
o
C e para acetatos de alditol parcialmente metilados à 210
o
C.
3.9.4. CROMATOGRAFIA GASOSA ACOPLADA À ESPECTROMETRIA DE
MASSA (CG-EM)
As análises de CG-EM foram realizadas em cromatógrafo a gás “Varian”,
modelo 3.300, equipado com coluna capilar de sílica fundida (30 m x 0,25 mm d.i.) e
fase estacionária DB-225. acoplado a espectrômetro de massa da marca Finnigian
Mat, modelo ITD 800. As injeções no cromatógrafo foram feitas mantendo-se a
temperatura inicial em 50
o
C, seguido de aumento de acordo com a programação de
temperatura em um gradiente de 40
o
C min
-1
até 230
o
C, mantendo-se constante a
partir deste valor, utilizando-se o gás hélio como gás de arraste, com fluxo de 1
ml.min
-1
. As áreas dos picos de interesse foram determinadas por integração em
software do equipamento. Os espectros de massa foram obtidos por impacto de
elétrons a 70 meV, repetidamente a cada 1/8 de segundo, de m/e 90 a 220. Este
método foi utilizado para a identificação dos acetatos de alditol e acetatos de alditol
parcialmente metilados por meio dos seus tempos de retenção e perfis
característicos de fragmentação por impacto de elétrons (JANSSON et al., 1976).
40
3.9.5. CROMATOGRAFIA DE EXCLUSÃO ESTÉRICA DE ALTA PRESSÃO
(HPSEC) ACOPLADA A DETECTOR DE ÍNDICE DE REFRAÇÃO DIFERENCIAL E
ESPALHAMENTO DE LUZ EM MULTIÂNGULOS (MALLS)
Estas análises foram realizadas em cromatógrafo de exclusão estérica de alta
pressão (HPSEC) WATERS, equipado com detector de índice de refração diferencial
WATERS modelo 2410 e com detector de espalhamento de luz em multiângulos
(MALLS) WAYTT TECHNOLOGY modelo DAWN DSP com 18 detectores dispostos
ao redor da fotocélula em diferentes ângulos. Foram utilizadas 4 colunas de gel
permeação WATERS, com limites de exclusão de 1.10
6
, 4.10
5
, 8.10
4
e 5.10
3
, em
série. O eluente utilizado foi uma solução de NaNO
3
0,1 mol.L
-1
contendo azida de
sódio 200 ppm, pressão de 920 psi a 20
o
C.
3.9.5.1. ANÁLISE DE HOMOGENEIDADE
Para a análise de homogeneidade foram preparadas soluções de 2 mg das
amostras de interesse, em 1 ml de nitrito de sódio (NaNO
3
0,1M) e azida de sódio
(200 ppm) dissolvidas em água MQ e filtradas em membranas millipore (acetato de
celulose) de 0,45 e 0,22 µm. As análises foram realizadas utilizando-se 500 µl de
solução em HPLC acoplado a espalhamento de luz, com fluxo de 0,6 ml/min.
3.10. MÉTODOS ESPECTROSCÓPICOS
3.10.1. ANÁLISES DE INFRAVERMELHO
As análises de infravermelho foram realizadas em espectrômetro Perkin-
Elmer Series 2000, incorporando a transformada de Fourier. As amostras foram
homogeneizadas com brometo de potássio (2 mg de polissacarídeo / 100 mg de
KBr) e prensadas para serem alisadas na forma de pastilhas. Estas análises foram
realizadas no Departamento de Química da UFPR.
41
3.10.2. RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NUCLEAR
As análises de ressonância magnética nuclear (RMN) foram realizadas em
espectroscópio da marca BRUKER, modelo DRX 400, série Avance, em probe de
diâmetro externo de 5 mm ou 10 mm, com as amostras dissolvidas em água
deuterada (D
2
O), a temperatura de 30, 50 ou 80
o
C. Os deslocamentos químicos,
expressos em ppm, foram determinados utilizando acetona como padrão interno
tanto para as análises de
13
C (30,20 ppm) como para
1
H (2,224 ppm).
3.10.2.1. RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NUCLEAR DE CARBONO-13 (RMN -
13
C)
Os espectros de RMN
13
C foram obtidos na freqüência base de 100,61
MHz, com intervalo de aquisição de sinal de 0,6 segundos, sendo feitas de 4.000
70.000 aquisições, utilizando-se um intervalo de 0,1 segundo entre os pulsos.
3.10.2.2. RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NUCLEAR DE PRÓTON (RMN –
1
H)
Os espectros de RMN –
1
H foram obtidos na freqüência base de 400,13 MHz,
sendo necessário promover a troca dos hidrogênios das hidroxilas por deutério e a
remoção completa das moléculas de água presentes, através da dissolução das
frações em D
2
O, congelamento e liofilização (este processo foi repetido no mínimo
por 3 vezes), com a finalidade de diminuir a intensidade do sinal relativo ao
hidrogênio ligado à oxigênio, o qual prejudica a qualidade do espectro obtido.
3.10.2.3. HMQC (HETERONUCLEAR MULTIPLE QUANTUM CORRELATION
SPECTROSCOPY)
Esta técnica heteronuclear, permite determinar quais átomos de hidrogênio
(
1
H) estão ligados a quais átomos de carbono (
13
C) através de suas correlações
obtidas no espectro, a partir de sinais de
13
C conhecidos ou de
1
H já conhecidos.
42
3.11. ESTUDO CINÉTICO DA REAÇÃO DE CICLIZAÇÃO
Com os valores de absorbância obtidos a partir do acompanhamento do
tratamento alcalino - todo analítico pela dosagem do teor de 3,6-anidrogalactose,
aplicados a fórmula:
ln(A
0
-A
/A
t
-A
)
onde a diferença entre a absorbância inicial (A
0
- zero minuto) e a absorbância a
tempo infinito (A
) indica a concentração inicial de unidades reacionantes (unidades
precursoras de galactose 6-sulfato) e a diferença entre a absorbância a tempo t (A
t
)
e a absorbância a tempo infinito indica a concentração de unidades que a tempo t
ainda não reacionaram, foi possível calcular a constante de velocidade da reação
(k). Esta constante é representada pela pendente da reta obtida através da plotagem
dos valores obtidos pela equação (eixo Y) em função do tempo (eixo X). A partir
desta constante foi possível determinar o tempo de meia-vida (t
½
) através da
equação t
½
=ln2/k.
43
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA DOS POLISSACARÍDEOS NEUTROS E
SULFATADOS ISOLADOS DE ALGAS VERMELHAS
As algas vermelhas Galaxaura marginata, G. obtusata, Tricleocarpa cylindrica,
T. fragilis, Scinaia halliae e Palmaria palmata foram submetidas ao mesmo
procedimento de extração. O material seco e moído foi submetido à extração aquosa
(5g% p/v) a quente (80
o
C, 4 horas). Após centrifugação, o sobrenadante foi tratado
com etanol absoluto (3 volumes) precipitando os polissacarídeos presentes. A partir
deste procedimento, extratos polissacarídicos brutos foram obtidos sendo
denominados de GM, GO, TC, TF, SH e PP, fazendo-se referencia ao nome da alga
a partir da qual foram obtidos (G. marginata, G. obtusata, T. cylindrica, T. fragilis, S.
halliae e Palmaria palmata, respectivamente).
Como é descrito na literatura, as algas vermelhas pertencentes às ordens
Nemaliales e Palmariales caracterizam-se por biossintetizarem polissacarídeos
quimicamente distintos daqueles sintetizados pela maior parte das ordens de
Rhodophyta (USOV, 1984; COLE; SHEATH, 1990; MILLER 1997; CHOPIN et al.,
1999). Nestas ordens, polímeros estruturalmente diferentes, como xilanas neutras,
mananas, xilomananas e xilogalactanas sulfatadas podem ocorrer simultaneamente
numa mesma espécie de alga (HAINES et al., 1990; MATULEWICZ et al., 1994;
KOLENDER et al., 1997, MILLER 1997; CHOPIN et al., 1999).
Assim, visando promover a separação entre polissacarídeos neutros e
sulfatados que poderiam estar presentes conjuntamente nos extratos GM, GO, TC,
TF, SH e PP, os mesmos foram tratadas com Cetavlon, uma base de amônio
quaternário capaz de se complexar com polímeros dotados de carga negativa,
promovendo a precipitação destes sem afetar a solubilidade de polímeros neutros
que possam ocorrer simultaneamente numa mesma fração.
A formação de material precipitado (complexo polissacarídeo sulfatado -
cetavlon) foi observado em todas as seis frações e após tratamento com NaCl 4M
(para descomplexação) e precipitação com etanol absoluto, foram obtidas as frações
polissacarídicas GMp (3,17 %), GOp (nd), TCp (0,77 %), TFp (1,73 %), SHp (5,10 %)
e PPp (3,25 %), como mostrado na FIGURA 11. Outras seis frações denominadas
44
GMs (0,51 %), GOs (18,0 %), TCs (0,24 %), TFs (0,30 %), SHs (0,38 %) e PPs (15,0
%), foram obtidas a partir do sobrenadante resultante do tratamento com cetavlon
após precipitação com etanol 3 volumes (FIGURA 11).
As características gerais das 12 frações obtidas após esta metodologia, bem
como suas composições monossacarídicas podem ser observadas nas TABELAS 2
e 3.
FIGURA 11 - EXTRAÇÃO DOS POLISSACARÍDEOS DAS ALGAS G. marginata, G.
obtusata, T. cylindrica, T. fragilis, S. halliae e P. palmata.
Resíduo
GMs; GOs; TCs; TFs; SHs; PPs
GMp; GOp; TCp; TFp; SHp; PPp
- precipitação com etanol 3 vol.;
- centrifugação;
- diálise e liofilização.
Fração neutra
- tratamento com NaCl 4M;
- precipitação com etanol 3 vol.;
- centrifugação;
- diálise e liofilização.
Fração sulfatada
- solubilização em água (0,25g%);
-
tratamento com Cetavlon (10%);
- centrifugação;
Precipitado
Sobrenadante
Sobrenadante
Alga seca e moída
- centrifugação;
- extração aquosa (5g%, 4h, 80°C);
G. marginata; G. obtusata; T. cylindrica T. fragilis; S. halliae; P. palmata.
45
TABELA 2 - CARACTERÍSTICAS DAS FRAÇÕES NEUTRAS (S) E SULFATADAS (P)
OBTIDAS APÓS TRATAMENTO COM CETAVLON.
ALGA FRAÇÃO RENDIMENTO
(%)
A
AÇÚCAR
TOTAL
(%)
B
SULFATO
(%)
C
PROTEÍNA
(%)
D
[α
αα
α
D
25
]
)
e
G.marginata
GMs
0,51
51,6
2,8
9,0
-51,5
GMp 3,17 54,0 10,5 2,3 +19,5
G. obtusata
GOs 18,0 72,7 5,0 14,0 -58,6
GOp -
f
54,9 8,8 2,5 +16,5
T. cylindrica
TCs 0,24 67,4 2,5 3,9 -61,0
TCp 0,77 36,3 30,3 4,3 +22,5
T. fragilis
TFs 0,30 53,9 2,5 22,0 -20,5
TFp 1,73 40,5 25,0 7,0 +29,0
S. halliae
SHs 0,38 - 10,4 - -
SHp 5,10 57,0 19,7 3,2 +30,0
P. palmata
PPs 15,0 80,6 1,6 2,3 -44,0
PPp 3,25 49,5 3,2 7,7 -47,5
a
em relação à massa submetida à extração aquosa (G. marginata - 58,0g; G. obtusata - 4,2g; T.
cylindrica - 9,4g; T. fragilis - 70,0g; S. halliae - 5,6g; P. palmata - 68,0g);
b
segundo DUBOIS et al.
(1956) utilizando manose e xilose como padrões;
c
segundo DODGSON; PRICE (1961), expresso
como NaSO
3
;
d
segundo LOWRY et al. (1951), utilizando BSA como padrão;
e
rotação óptica
específica dos polissacarídeos dissolvidos em água (0,2g%);
f
não determinado.
TABELA 3 - COMPOSIÇÃO MONOSSACARÍDICA DAS FRAÇÕES NEUTRAS (S) E
SULFATADAS (P) OBTIDAS MEDIANTE TRATAMENTO COM CETAVLON.
FRAÇÃO COMPOSIÇÃO MONOSSACARÍDICA (mol%)*
4-O-metil xilose xilose manose galactose glucose
GMs
0,9
89,9
4,2
2,0
3,0
GMp
0,0 36,2 53,3 9,0 1,5
GOs
1,5 92,0 1,6 4,0 0,9
GOp
6,4 38,2 42,7 9,9 2,8
TCs
1,2 92,9 2,0 1,6 2,3
TCp
2,3 25,6 65,6 2,9 3,6
TFs
0,6 77,6 4,5 3,3 14,0
TFp
15,8 21,1 54,8 6,5 1,8
SHs
2,4 84,0 6,7 2,3 4,6
SHp
2,5 19,6 53,1 16,5 8,2
PPs
-
a
83,6 - - 16,4
PPp
- 53,7 - 35,2 11,1
* determinada mediante hidrólise ácida total (TFA 2M, 121°C, 90’), na forma de alditóis acetatos, por
CLG e CG-EM;
a
não detectado.
46
Como mostrado na TABELA 2, todas as algas pertencentes à ordem
Nemaliales, exceto G. obtusata, renderam frações que apresentaram baixos
rendimentos (0,24 3,17 %). Estes baixos valores obtidos podem ser atribuídos a
uma característica desta ordem, a impregnação do tecido vegetal por carbonato de
cálcio (MU; RIDING, 1999; COLE; SHEATH, 1990). O grau de calcificação pode
variar de espécie para espécie e tem o espaço intercelular como principal sítio de
deposição (MU; RIDING, 1999; OKAZAKI et al., 1982). Para a alga T. fragilis, por
exemplo, o material inorgânico (na forma de carbonato de cálcio) representou 96,6
% do peso seco, como determinado por dosagem do teor de cinzas, a partir de
fragmentos da alga e do resíduo final de extração (FIGURA 12).
A TABELA 2 mostra também que todas as frações obtidas por precipitação
com cetavlon são ricas em grupos sulfato (8,8 30,3%), exceto PPp (3,2 %). As
frações solúveis em Cetavlon, apresentaram baixas percentagens de grupos sulfato
(1,6 – 5,0%), exceto a fração TFs (10,4%). A mesma TABELA ainda mostra a
presença de proteínas nas 11 frações dosadas (2,3 9,0%), atingindo valores de
maior relevância para as frações GOs e TFs (14,0 e 22,0%, respectivamente).
FIGURA 12 - TEOR DE CINZAS DE FRAGMENTOS DA ALGA E DO RESÍDUO FINAL
APÓS EXTRAÇÃO AQUOSA DA ALGA Tricleocarpa fragilis.
47
Para a determinação da composição monossacarídica, as frações foram
submetidas à hidrólise ácida total utilizando TFA 2M (121°C, 90’). A análise dos
hidrolisados na forma de alditois acetatos por cromatografia líquido-gasosa (CLG) e
cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massa (CG-MS), revelou que
todas as 12 frações eram constituídas pelas mesmas unidades monossacarídicas: 4-
O-metil xilose (identificada mediante redução com NaBD
4
), xilose, manose,
galactose e glucose.
Para as frações precipitadas com Cetavlon foram observados altos teores das
seguintes unidades monossacarídicas: manose (42,7 65,6 mol%) e xilose (21,1
53,7 mol%), como pode ser observado na TABELA 3. Porém, a fração TFp ainda
apresentou teores relevantes de 4-O-metil xilose (15,8 mol%), enquanto que a fração
PPp apresentou de galactose (35,2 mol%). Os monossacarídeos xilose, manose e
galactose são comumente encontrados em frações contendo polissacarídeos
sulfatados isoladas de algas vermelhas, ao contrario do monossacarídeo 4-O-metil
xilose.
Esta pentose mono metilada não foi anteriormente observada entre os
produtos de hidrólise das frações isoladas de algas das ordens Nemaliales (USOV,
1981; MATULEWICZ; CEREZO, 1987
1
; HAINES et al., 1990; MATULEWICZ et al.,
1994; KOLENDER et al., 1995; 1997) ou Palmariales (LAHAYE et al., 1993;
DENIAUD et al., 2003; LAHAYE et al., 2003), mas já foi encontrada em espécies do
gênero Curdiea (Gracilariales FALSHAW et al., 1998), porém nunca em teor tão
elevado como o relatado na fração TFp.
A identificação da galactose como o segundo monossacarídeo majoritário da
fração PPp esta de acordo com o esperado para representantes da ordem
Palmariales, os quais caracterizam-se por biossintetizarem principalmente xilanas
neutras mas também xilogalactanas como componentes minoritários (MILLER, 1997;
CHOPIN et al., 1999).
As frações solúveis em Cetavlon, por sua vez, se mostraram majoritariamente
compostas por unidades de xilose (77,6 a 92,9 mol%).
Glucose se mostrou como o segundo monossacarídeo de maior percentagem
para as frações TFs e PPs, 14,0 e 16,4 mol% respectivamente (TABELA 3). A
presença de glucose entre os produtos de hidrólise de frações polissacarídicas
obtidas a partir de algas vermelhas é comum e pode ser atribuída a presença de
48
amido das florídeas, o polissacarídeo de reserva das algas vermelhas (MILLER,
1997; KNUTSEN; GRASDALEN, 1987). Por ser neutro, este polissacarídeo pode ter
permanecido no sobrenadante durante o processo de precipitação das frações com
Cetavlon. Os demais monossacarídeos presentes nestas frações se encontram em
baixas percentagens (TABELA 3) e provavelmente provêm de contaminação pelos
polissacarídeos sulfatados.
A TABELA 2 mostra que valores positivos de polarimetria foram observados
para as frações precipitadas (+16,5° até +30,0°), enquanto que para as solúveis
observou-se valores negativos (-20,5° até -58,6°). Tais valores sugerem que as
unidades de manose, predominantes nas frações precipitadas, apresentam
configuração α, enquanto que as unidades de xilose, predominantes nas frações
solúveis, apresentam configuração β.
Desta maneira, pode-se sugerir que as frações solúveis em Cetavlon (GMs,
GOs, TCs, TFs, SHs e PPs) são constituídas por xilanas neutras enquanto que as
cinco frações precipitadas com Cetavlon (GMp, GOp, TCp, TFp e SHp) são
constituídas por xilomananas sulfatadas e a fração PPp por uma galactoxilana ou
por uma mistura de uma xilana e uma xilomanana .
49
4.1.1. ESTRUTURA DAS XILANAS PRESENTES NAS FRAÇÕES SOLÚVEIS
Visando elucidar a estrutura química fina das xilanas constituintes das frações
solúveis isoladas das algas Galaxaura marginata, G. obtusata, Tricleocarpa
cylindrica, T. fragilis, Scinaia halliae e Palmaria palmata foram realizadas análises de
ressonância magnética nuclear de C
13
e H
1
.
Os espectros de C
13
obtidos para todas as seis frações se mostraram
extremamente similares, cada um contendo um total de onze sinais, destes, cinco de
maior intensidade e seis de menor intensidade (FIGURA 13).
Na região anomérica dos espectros, foram observados dois sinais, um
apresentado baixa intensidade, em 103,1 - 103,2 ppm, e o outro apresentando maior
intensidade, em 101,6 ppm (TABELA 4). Estes sinais foram, respectivamente,
atribuídos aos carbonos anoméricos (C-1) de unidades de β-D-xilopiranose-(13) e -
(14) ligadas (USOV et al., 1981; MATULEWICZ et al., 1992; LAHAYE, et al., 1993;
DENIAUD, et al., 2003).
De maneira mais detalhada, o sinal de menor intensidade (103,1 ppm) refere-
se ao C-1 das unidades de xilopiranose glicosiladas em C-4, que na cadeia
polissacarídica, substituem outra unidade de xilopiranose em carbono 3 (TABELA 4
e FIGURA 14). O sinal de maior intensidade (101,6 ppm), por sua vez, é
simultaneamente referente ao C-1 das unidades de xilopiranose que se encontrem
glicosiladas em C-3 ou em C-4 mas que na cadeia polissacarídica estejam
substituindo o carbono 4 de outra unidade de xilopiranose (TABELA 4). Na FIGURA
11 o espectro obtido para a xilana constituinte da fração GMs é utilizado para
exemplificar os assinalamentos acima descritos.
Como mencionado anteriormente, dois tipos distintos de xilanas podem ser
isolados a partir de algas vermelhas: as que apresentam apenas um tipo de ligação
glicosídica na cadeia polissacarídica (β-(13) ou β-(14)), e aquelas com ambas as
ligações, sendo estas denominada mistas (FIGURA 4 - KLOAREG; QUATRANO,
1988; MATULEWICZ et al., 1992; BALDAN et al., 1995; LAHAYE et al., 2003). Desta
maneira, a ocorrência dos dois sinais anoméricos nos espectros das seis frações
solúveis, evidenciou que seus polissacarídeos constituintes eram xilanas do tipo
mista.
50
Outros dois sinais, localizados entre 83,6 e 83,8, e 73,7 e 73,7 ppm
observados nestes espectros (TABELA 4), foram atribuídos aos carbonos 3 e 4
glicosilados das unidades de β-D-xilopiranose, respectivamente (USOV et al., 1981;
MATULEWICZ et al., 1992; LAHAYE, et al., 1993; DENIAUD, et al., 2003) e
confirmaram o caráter misto destas xilanas (FIGURA 14).
Ainda, como conseqüência deste padrão de substituição, três sinais variando
entre 73,2 a 73,3, 72,3 a 72,4 e 72,6 a 72,7 ppm (TABELA 4), foram identificados
nos espectros das frações e se mostraram referentes ao carbono 2 das unidades de
β-D-xilopiranose quando glicosilada em C-4 e glicosilando outra unidade em C-3,
quando glicosilada em C-3 e glicosilando em C-4 e quando glicosilada e glicosilando
em C-4, respectivamente (MATULEWICZ et al., 1992; LAHAYE, et al., 1993;
DENIAUD, et al., 2003).
Os assinalamentos completos das unidades de β-D-xilopiranose, sob cada
padrão de substituição são dados na TABELA 2 e mostraram sofrer influência
somente da glicosilação da unidade de xilose analisada (FIGURA 14).
51
FIGURA 13 - ESPECTROS DE RMN DE C
13
* DAS XILANAS CONSTITUINTES DAS
FRAÇÕES SOLÚVEIS GMs (A), GOs (B), TCs (C), TFs (D), SHs (E) e PPs (F).
ppm
* experimento realizado à 50 °C, com os polissacarídeos dissolvidos em D
2
O .
A)
B)
C)
D)
E)
F)
52
FIGURA 14 PADO DE SUBSTITUIÇÃO APRESENTADO PELA XILANA GMs (A) E
SEU ESPECTRO DE RMN DE C
13
(B).
as letras correspondem as unidades: 4)-β-D-xilopiranose-(13)- (A), 3)-β-D-
xilopiranose-(14)- (B) e 4)-β-D-xilopiranose-(14)- (C); os números são referentes aos
carbonos identificados.
O
OH
O
O
OH
O
OH
O
OH
O
OH
O
OH
CH
3
O
OH
OH
O
A)
A B C
1
3 1
4 1
4
A-1
A
-
4
C-4
C-2
B
-
1
C-1
B-3
A
-
3
C-3
A
-
5
C-5
B-5
B-4
B-2
A-2
B)
ppm
53
TABELA 4 - ASSINALAMENTOS QUÍMICOS ATRIBUÍDOS AOS CARBONOS DAS
UNIDADES DE β
ββ
β-D-XILOPIRANOSE CONSTITUINTES DAS XILANAS MISTAS
(FRAÇÕES SOLÚVEIS).
FRAÇÃO*
UNIDADE
DESLOCAMENTO QUÍMICO (ppm)**
C-1 C-2 C-3 C-4 C-5
GMs
4)-β
ββ
β-Xilp-(1
3)-
1
103,1
73,3
73,7
76,4
63,0
3)-β
ββ
β-Xilp-(1
4)-
2
101,6 72,4 83,7 67,7 64,8
4)-β
ββ
β-Xilp-(1
4)-
3
101,6 72,7 73,7 76,4 63,0
GOs
4)-β
ββ
β-Xilp-(1
3)-
103,1 73,3 73,7 76,4 63,0
3)-β
ββ
β-Xilp-(1
4)-
101,6 72,3 83,7 67,7 64,8
4)-β
ββ
β-Xilp-(1
4)-
101,6 72,7 73,7 76,4 63,0
TCs
4)-β
ββ
β-Xilp-(1
3)-
103,2 73,3 73,7 76,4 62,9
3)-β
ββ
β-Xilp-(1
4)-
101,6 72,4 83,6 67,7 64,8
4)-β
ββ
β-Xilp-(1
4)-
101,6 72,7 73,7 76,4 62,9
TFs
4)-β
ββ
β-Xilp-(1
3)-
103,1 73,2 73,7 76,4 63,0
3)-β
ββ
β-Xilp-(1
4)-
101,6 72,3 83,7 67,7 64,8
4)-β
ββ
β-Xilp-(1
4)-
101,6 72,6 73,7 76,4 63,0
SHs
4)-β
ββ
β-Xilp-(1
3)-
103,2 73,3 73,7 76,4 63,0
3)-β
ββ
β-Xilp-(1
4)-
101,6 72,4 83,6 67,7 64,8
4)-β
ββ
β-Xilp-(1
4)-
101,6 72,7 73,7 76,4 63,0
PPs
4)-β
ββ
β-Xilp-(1
3)-
103,2 73,3 73,7 76,4 63,0
3)-β
ββ
β-Xilp-(1
4)-
101,6 72,3 83,8 67,7 64,8
4)-β
ββ
β-Xilp-(1
4)-
101,6 72,7 73,7 76,4 63,0
* frações solúveis em cetavlon isoladas das algas G. marginata (GMs), G. obtusata (GOs), T.
cylindrica (TCs), T. fragilis (TFs), S. halliae (SHs) e P. palmata (PPs);
1
4)-β-D-xilopiranose-(13)-,
0
3)-β-D-xilopiranose-(14)-,
3
4)-β-D-xilopiranose-(14)-; ** δ referente ao padrão interno acetona
em 32,20 ppm para C
13
, de acordo com USOV et al. (1981); MATULEWICZ et al. (1992); LAHAYE et
al. (1993) e DENIAUD et al. (2003).
54
Análises de RMN de H
1
também foram realizadas e os espectros obtidos para
as frações solúveis, da mesma forma que observado para os de C
13
, se mostraram
muito similares (FIGURA 15).
Na região anomérica destes espectros, foram observados dois sinais, um de
baixa intensidade, em 4,68 - 4,69 ppm, e outro de maior intensidade em 4,48 ppm,
para todas as frações (TABELA 5).
Estes sinais foram atribuídos aos prótons anoméricos (H-1) de unidades de β-
D-xilopiranose-(13) e -(14) ligadas, respectivamente (LAHAYE, et al., 1993;
DENIAUD, et al., 2003 FIGURA 16) e se apresentaram como dupletes, o que
permitiu determinar o valor da constante de acoplamento para o H-1 das unidades
de xilopiranose -(13) e -(14) ligadas (TABELA 5). Estes valores permaneceram
entre 7,4 7,6 e 6,8 7,5 Hz, respectivamente, confirmando que as unidades de
xilopiranose constituintes destes polissacarídeos se encontravam como seus
anômeros β, uma vez que a configuração α apresenta uma constante em torno de
3,6 Hz (NERINCKX et al., 2004).
A integração destes sinais permitiu estabelecer uma razão entre as unidades
com ligações 13 e 14 (TABELA 5), mostrando que em todas as frações existem
no mínimo três unidades de xilose com ligação 14 para cada unidade com ligação
13.
55
FIGURA 15 - ESPECTROS DE RMN DE H
1
* DAS XILANAS CONSTITUINTES DAS
FRAÇÕES SOLÚVEIS GMs (A), GOs (B), TCs (C), TFs (D), SHs (E) e PPs (F).
ppm
* experimento realizado à 50 °C, com os polissacarídeos dissolvidos em D
2
O.
A)
B)
C)
D)
E)
F)
56
FIGURA 16 PADRÃO DE SUBSTITUIÇÃO DA XILANA GMs (A) E SEU ESPECTRO DE
RMN DE H
1
(B).
as letras correspondem as unidades: 4)-β-D-xilopiranose-(13)- (A), 3)-β-D-
xilopiranose-(14)- (B) e 4)-β-D-xilopiranose-(14)- (C); os números são referentes aos
prótons identificados.
O
OH
O
O
OH
O
OH
O
OH
O
OH
O
OH
CH
3
O
OH
OH
O
A)
A B C
1
3 1
4 1
4
B
-
1
C-1
A-1
ppm
B)
57
Uma vez identificados os prótons anoméricos de cada unidade constituinte
das xilanas, a fração, de maior rendimento, GOs foi submetida à análise
bidimensional de RMN HMQC, visando por este todo identificar os sinais
referentes aos demais prótons de cada unidade monossacarídica.
No espectro obtido para a fração GOs então, foram observadas 12
correlações C
13
/H
1
e a partir dos deslocamentos, conhecidos, de cada diferente
carbono constituinte de cada monossacarídeo foi possível identificar o seu próton
correspondente (H-2, H-3, H-4, H-5 e H-5’ - FIGURA 15).
Como esperado, os sinais anoméricos de C
13
, localizados em 103,14 e 101,62
ppm, apresentaram perfeita correlação com os sinais anoméricos de H
1
, localizados
em 4,68 e 4,48 ppm, respectivamente (FIGURA 15).
Os sinais em 73,27, 72,32 e 72,68 ppm, por sua vez correlacionaram-se com
os sinais em 3,42, 3,30 e 3,47 ppm (FIGURA 15), mostrando que estes sinais eram
referentes aos H-2 das unidades de β-D-xilopiranose glicosiladas em C-4 e
glicosilando a próxima unidade em C-3, glicosiladas em C-3 e glicosilando em C-4 e
glicosiladas e glicosilando em C-4, respectivamente (TABELA 3).
Os sinais em 73,72 e 76,40 ppm correlacionaram-se com os sinais em 3,64 e
3,79 ppm (FIGURA 15), permitindo assim assinalar estes sinais de H1 como
referentes aos H-3 e H-4 das unidades de β-D-xilopiranose glicosiladas em C-4 e
glicosilando a próxima unidade em C-3, bem como das unidades glicosiladas e
glicosilando em C-4 (TABELA 3), enquanto que os sinais em 83,72 e 67,71 ppm,
correlacionaram-se com os sinais em 3,58 e 3,78 ppm, os quais foram atribuídos aos
H-3 e H-4 das unidades de β-D-xilopiranose glicosiladas em C-3 e glicosilando em C-
4 (TABELA 3).
Por fim, o sinal em 62,98 ppm correlacionou-se com sinais em 3,37 e 4,10
ppm e o sinal em 64,82 ppm com os sinais em 4,12 e 3,39 ppm (FIGURA 15),
respectivamente atribuídos aos H-5 e H-5’ das unidades de β-D-xilopiranose
glicosiladas em C-4 e glicosilando a próxima unidade em C-3 ou C-4 e aos H5 e H-5’
das unidades de β-D-xilopiranose glicosiladas em C-3 e glicosilando a próxima
unidade em C-4 (TABELA 3).
58
FIGURA 17 - ESPECTRO DE CORRELAÇÃO HMQC (C
13
/H
1
)* DA FRAÇÃO GOs.
as letras correspondem as correlações C
13
/H
1
das unidades: 4)-β-D-xilopiranose-(13)-
(A), 3)-β-D-xilopiranose-(14)- (B) e 4)-β-D-xilopiranose-(14)- (C); os números
correspondem aos carbonos e prótons identificados; no inserto são mostradas as
correlações anoméricas; * experimento realizado à 50 °C, com os polissacarídeos
dissolvidos em D
2
O.
A-1
B
-
1
C-1
B-3
A-4, C-4
A-2
B-2
C-2
A-3, C-3
B-4
B-5
A-5, C-5
A-5’, C-5’
59
Desta maneira estabeleceu-se o completo assinalamento completo de próton
para a fração GOs, a qual foi utilizada como modelo para o completo assinalamento
das demais frações solúveis GMs, TCs, TFs, SHs e PPs (TABELA 5).
TABELA 5 - ASSINALAMENTOS QUÍMICOS ATRIBUÍDOS AOS PRÓTONS DAS
UNIDADES DE β
ββ
β-D-XILOPIRANOSE CONSTITUINTES DAS XILANAS MISTAS
(FRAÇÕES SOLÚVEIS).
FRAÇÃO*
UNIDADE**
DESLOCAMENTO QUÍMICO (ppm)***
H-1 H-2 H-3 H-4 H-5;5’
RAZÃO
b
(1
3):(1
4)
GMs
4)-β
ββ
β-Xilp-(1
3)-
4,69 (7,5)
a
3,42
3,64
3,79
4,10; 3,37
3)-β
ββ
β-Xilp-(1
4)-
4,48 (7,2) 3,30
3,57
3,78
4,12; 3,39
1,0:3,9
4)-β
ββ
β-Xilp-(1
4)-
4,48 (7,2) 3,47
3,64
3,79
4,10; 3,37
GOs
4)-β
ββ
β-Xilp-(1
3)-
4,68 (7,5) 3,42
3,64
3,79
4,10; 3,37
3)-β
ββ
β-Xilp-(1
4)-
4,48 (7,4) 3,30
3,58
3,78
4,12; 3,39
1,0:2,7
4)-β
ββ
β-Xilp-(1
4)-
4,48 (7,4) 3,47
3,64
3,79
4,10; 3,37
TCs
4)-β
ββ
β-Xilp-(1
3)-
4,69 (7,5) 3,42
3,64
3,79
4,11; 3,37
3)-β
ββ
β-Xilp-(1
4)-
4,48 (7,3) 3,30
3,57
3,78
4,12; 3,39
1,0:3,5
4)-β
ββ
β-Xilp-(1
4)-
4,48 (7,3) 3,47
3,64
3,79
4,11; 3,37
TFs
4)-β
ββ
β-Xilp-(1
3)-
4,69 (7,6) 3,43
3,64
3,80
4,11; 3,37
3)-β
ββ
β-Xilp-(1
4)-
4,48 (7,5) 3,30
3,58
3,79
4,13; 3,40
1,0:5,6
4)-β
ββ
β-Xilp-(1
4)-
4,48 (7,5) 3,47
3,64
3,80
4,11; 3,37
SHs
4)-β
ββ
β-Xilp-(1
3)-
4,69 (7,5) 3,42
3,64
3,79
4,11; 3,37
3)-β
ββ
β-Xilp-(1
4)-
4,48 (7,3) 3,30
3,58
3,78
4,12; 3,39
1,0:3,1
4)-β
ββ
β-Xilp-(1
4)-
4,48 (7,3) 3,47
3,64
3,79
4,11; 3,37
PPs
4)-β
ββ
β-Xilp-(1
3)-
4,69 (7,4) 3,42
3,64
3,79
4,11; 3,37
3)-β
ββ
β-Xilp-(1
4)-
4,48 (6,8) 3,30
3,58
3,78
4,12; 3,39
1,0:3,0
4)-β
ββ
β-Xilp-(1
4)-
4,48 (6,8) 3,47
3,64
3,79
4,11; 3,37
* frações solúveis em cetavlon isoladas das algas G. marginata (GMs), G. obtusata (GOs), T.
cylindrica (TCs), T. fragilis (TFs), S. halliae (SHs) e P. palmata (PPs); ** unidades: 4)-β-D-
xilopiranose-(13)-, 3)-β-D-xilopiranose-(14)- e 4)-β-D-xilopiranose-(14)-; *** δ referente ao
padrão interno acetona em 2,225 ppm para H
1
. Assinalamentos anoméricos de acordo com USOV et
al. (1981); LAHAYE et al. (1993) e DENIAUD et al. (2003);
a
constante de acoplamento dos prótons
anoméricos (J
1,2
, Hz);
b
obtido mediante integração dos prótons anoméricos.
60
Como mencionado anteriormente, a análise de composição monossacarídica
das frações solúveis GMs, GOs, TCs, TFs, SHs e PPs, revelou a presença,
juntamente com seu componente majoritário (xilose), de baixos teores de outros
monossacarídeos, como manose, galactose e glucose (TABELA 3), os quais podem
ter sua origem atribuída a contaminações provenientes dos polissacarídeos
sulfatados, também biossintetizados por estas algas e que se concentraram nas
frações precipitadas (GMp, GOp, TCp, TFp, SHp e PPs), não pertencendo a
estrutura destas xilanas. Como as análises de RMN de C
13
não mostraram nenhum
sinal passível de atribuição a qualquer um destes monossacarídeos, pode-se
considerar estes polissacarídeos como homopolímeros de xilose.
Grupos sulfato e proteínas também foram encontrados nestas frações,
atingindo valores elevados nas frações GOs (14,0 % de proteína), TFs (22,0 % de
proteína) e SHs (10,4 % de sulfato), como mostrado na TABELA 2. Estes valores
identificados podem ainda ser atribuídos, da mesma forma, à contaminações com os
polissacarídeos sulfatados.
Contudo, estudos recentes tem revelado que as xilanas solúveis, constituintes
do componente amorfo da parede celular da alga Palmaria palmata, são
parcialmente ácidas, devido à ocorrência de baixos teores de grupos sulfato e
fosfato em sua estrutura (LAHAYE et al., 2003; DENIAUD et al., 2003), o que pode
sugerir que, ao menos parte dos grupos sulfato em SHs possa fazer parte da
estrutura da xilana isolada.
Para confirmar a estrutura proposta para as xilanas, mediante as análises de
ressonância magnética nuclear, as frações GMs, GOs, TCs, TFs, SHs e PPs foram
submetidas ao processo de metilação, utilizando-se a metodologia descrita por
HAWORTH (1915), seguida pela descrita por CIUCANU e KEREK (1984).
Este processo de metilação foi necessário uma vez que as xilanas se
mostraram insolúveis em DMSO, sendo assim necessário realizar inicialmente uma
metilação parcial da molécula utilizando uma metodologia com solvente aquoso e na
seqüência uma metodologia com DMSO para completar a metilação dos
polissacarídeos. A completa metilação destes polissacarídeos foi observada
mediante análises de infravermelho (realizadas para as frações GOs e TFs), através
da extrema redução da banda em 3500 cm
-1
, a qual é referente a hidroxilas livres
presentes no polissacarídeo nativo e ausentes nos metilados (FIGURA 18).
61
FIGURA 18 - ESPECTROS DE FT-IR DAS FRAÇÕES TFs E GOs ANTES (A) E APÓS
METILAÇÃO (B).
A) B)
Os polissacarídeos metilados foram então submetidos a hidrólise ácida total
(TFA 2M, 121 °C, 90’) e metanólise (MeOH/HCl 3%, 70°C, 3h) seguidas por análise
de cromatografia líquido-gasosa (CLG) e cromatografia gasosa acoplada a
espectrometria de massa (CG-EM), visando obter as unidades monossacarídicas
parcialmente metiladas constituintes, as quais foram identificadas através de seus
tempos de retenção e por seus perfis característicos de fragmentação.
Os mesmos monossacarídeos parcialmente metilados foram obtidos para
todas as seis frações, tanto pelo processo hidrolítico com TFA quanto pela
metanólise (TABELA 6) e identificados como 2,3-di-O-metil xilose (64,3 81,8 %),
2,4-di-O-metil xilose (15,1 – 35,7 %) e 2,3,4-tri-O-metil xilose (0,0 – 4,8 mol%).
62
TABELA 6 - ANÁLISE DE METILAÇÃO, RAZÃO ENTRE AS LIGAÇÕES, GRAU DE
POLIMERIZAÇÃO (DP) E MASSA MOLECULAR DETERMINADA PARA AS FRAÇÕES
SOLÚVEIS.
FRAÇÃO MONOSSACARÍDEO (mol%)*
2,3,4-Xil
a
2,3-Xil
b
2,4-Xil
c
RAZÃO
(1
3):(1
4)
DP MASSA
MOLECULAR
D
GMs
3,0
81,1
15,9
1,0 : 5,1
32,3
4.000
GOs
2,4 81,8 15,8 1,0 : 5,2 40,7 4.000
TCs
4,5 80,4 15,1 1,0 : 5,1 21,2 2.700
TFs
4,8 79,7 15,5 1,0 : 5,1 19,8 4.400
SHs
1,6 81,2 17,2 1,0 : 4,7 61,5 -
PPs
0,0 64,3 35,7 1,0 : 1,8 -
e
2.112
* determinado mediante hidrólise ácida total (TFA 2M, 121°C, 90’) e metanólise (MeOH/HCl
3%, 70°C, 3h) na forma de alditóis acetatos, por CLG e CG-EM.
a
2,3,4-tri-O-metil xilose;
b
2,3-di-O-metil xilose;
c
2,4-di-O-metil xilose.
d
segundo PARK e JOHNSON (1949).
e
não determinado.
Os derivados 2,3-di-O-metil e 2,4-di-O-metil xilose, que se apresentaram
majoritariamente nas frações, originaram-se, respectivamente a partir das unidades
de xilopiranose 4- e 3-glicosiladas presentes nos polissacarídeos (FIGURA 19),
enquanto que o derivado 2,3,4-tri-O-metil xilose, originou-se a partir das unidades
terminais de xilose, ou seja, localizadas como terminais não redutores (FIGURA 19).
A ausência de unidades monossacarídicas mono metiladas ou não metiladas
entre os produtos de hidrólise das frações GMs, GOs, TCs, TFs, SHs e PPs,
mostraram que suas xilanas constituintes não possuem pontos de ramificação, se
tratando assim de polissacarídeos lineares, como já sugerido pelas análises de
RMN.
A partir das percentagens dos derivados 2,4-di-O-metil e 2,3-di-O-metil xilose
determinadas, foi possível estabelecer uma proporção entre os dois tipos de ligação
glicosídica encontradas nas xilana constituintes de cada fração, a qual foi de
aproximadamente 1,0:5,0 (TABELA 6). Ou seja, para cada unidade de xilose
substituída glicosidicamente em carbono 3 existem aproximadamente outras cinco
unidades substituídas em carbono 4. Esta proporção se mostrou a mesma para as
63
frações GMs, GOs, TCs, TFs e SHs, porém para PPs, a razão obtida foi de 1,0:2,0
(TABELA 6).
FIGURA 19 - UNIDADES PARCIALMENTE METILADAS OBTIDAS A PARTIR DAS
XILANAS CONSTITUINTES DAS FRAÇÕES SOLÚVEIS.
A proporção estimada para as xilanas das frações obtidas a partir de algas
pertencentes a ordem Nemaliales (Galaxaura marginata, G. obtusata, Tricleocarpa
cylindrica, T. fragilis e Scinaia halliae) permaneceu muito próxima à determinada
para as xilanas isoladas de outras algas pertencentes a esta mesma ordem, como
O
OH
O
OH
OH
CH
3
O
OH
O
OH
OH
CH
3
O
OH
O
OH
OH
CH
3
O
OCH
3
OH
H
3
CO
O
OCH
3
H
3
CO
OH
O
OCH
3
H
3
CO
H
3
CO
3)-xilopiranose-(1
4)-xilopiranose-(1
xilopiranose-(1
2,4-di-O-metil xilose
2,3-di-O-metil xilose
2,3,4-tri-O-metil xilose
metilação
H
+
total
metilação
H
+
total
metilação
H
+
total
~
OH, H
~
OH, H
~
OH, H
64
Galaxaura squalida (1,0:4,0 - USOV et al., 1981), Nemalion vermiculare (1,0:4,0 -
USOV et al., 1973; KOVAC et al., 1980), Chaetangium fastigiatum (1,0:3,0 -
CEREZO et al., 1971) e Chaetangium erinaceum (1,0:4,0 - NUNN et al., 1973).
O mesmo porém não foi observado para a xilana isolada da alga Palmaria
palmata, onde a proporção determinada de 1,0:2,0 ficou muito abaixo daquelas
determinadas previamente para a mesma alga (1,0:5,0 - LAHAYE et al., 1993, 2003)
ou para outros representantes da ordem Palmariales como Rhodymenia stenogona
(1,0:4,0 - KOVAC et al., 1980) e Halosaccion glandiforme (1,0:4,0 - KOVAC et al.,
1980).
A proporção entre os dois tipos de ligações presentes nas xilanas das frações
GMs, GOs, TCs, TFs, SHs e PPs também foi determinada através da integração dos
sinais em 4,68 - 4,69 e 4,48 ppm, preferentes aos prótons anoméricos das unidades
de β-D-xilopiranose-(13) e -(14), observados nos espectros de RMN de H
1
(TABELA 5). Por esta análise, os valores determinados variaram entre 1,0:2,7 a
1,0:5,6, para as frações obtidas a partir das algas da ordem Nemaliales, ficando
abaixo do determinado pelas análises químicas, e 1,0:3,0 para a alga P. palmata,
valor muito próximo ao determinado pelo método químico.
A diferença observada entre os valores determinados pelas análises de RMN
e de metilação pode ser atribuída a incompleta metilação dos polissacarídeos,
degradação preferencial das ligações -(14) ou ainda a erros na integração manual
dos picos de RMN (LAHAYE et al., 1993).
Estudos realizados com xilanas mistas tem mostrado que as ligações -(13)
se apresentam aleatoriamente distribuídas ao longo da molécula, nunca ocorrendo
em posições contíguas e conferindo desta maneira a molécula, uma conformação ao
acaso ou “random coil” (CEREZO et al., 1971; NUNN et al., 1973; MATULEWICZ et
al., 1992). Estudos mais recentes onde foram obtidos oligossacarídeos a partir das
xilanas de N. erinacea e P. palmata m sugerido a existência de um motivo
pentamérico idealizado nas xilanas das ordens Nemaliales e Palmariales, onde
existiriam quatro unidades de xilose 4-O-ligadas contíguas para cada unidade 3-O-
ligada, pequenas irregularidades neste modelo, também permitiriam a ocorrência de
menores seqüências de xilose 4-O-ligadas (DENIAUD et al., 2003, NERINCKX et al.,
2004).
65
Ainda, a presença do derivado 2,3,4-tri-O-metil xilose entre os produtos de
hidrólise das frações metiladas (TABELA 6) mostrou que as xilanas apresentam
baixo grau de polimerização (DP 19,8 – 61,5; TABELA 6), uma vez que, como
mencionado anteriormente, estes polímeros são lineares não possuindo pontos de
ramificação, sugerindo assim baixas massas moleculares.
As massas moleculares determinadas para as xilanas GMs, GOs, TCs, TFs e
SHs foi determinada utilizando-se os teores do derivado trimetilado e o valor da
massa molecular de uma unidade de xilose, como sendo 4.400, 5.500, 2.930, 2.750
e 8.250 Da, respectivamente.
Os valores determinados colorimetricamente pelo método de PARK e
JOHNSON (1949), mostrados na TABELA 6, confirmaram os valores obtidos para as
frações GMs e TCs, mas diferiram para as xilanas das frações GOs e TFs. Contudo
a análise conjunta destes valores permite dizer que as algas do gênero Galaxaura
sintetizam polímeros de maiores massas do que as do gênero Tricleocarpa.
As massas das xilanas SHs e PPs não foram confirmadas, uma vez que cada
polímero foi analisado por uma única metodologia.
Desta maneira, este conjunto de informações mostra que as xilanas presentes
nas frações solúveis isoladas das algas G. marginata, G. obtusata, T. cylindrica, T.
fragilis, S. halliae e P. palmata apresentam uma estrutura mista, linear e de baixa
massa molecular, de maneira semelhante aquelas descritas na literatura para
xilanas solúveis isoladas a partir de outras espécies de algas vermelhas.
Assim, estes resultados podem ampliar os dados disponíveis na literatura que
sugerem a utilização das xilanas mistas (solúveis) como marcadores taxonômicos
para as ordens Nemaliales e Palmariales (MILLER, 1997). Esta estrutura química
poderia ser utilizada com este fim que obedece aos critérios para ser considerada
como tal, ou seja, ser específico de um certo táxon ou grupo de organismos e ser
suficientemente abundante para ser detectado e identificado com segurança
(KARSTEN et al., 1999).
Estes polissacarídeos, apesar de alguns questionamentos (CRAIGIE 1990,
em COLE; SEATH, 1990), foram utilizados como critério decisivo na incorporação
da alga Leptosarca simplex A. et E.S. Gepp, originalmente pertencente à ordem
Gigartinales, na ordem Palmariales, como sinônimo da alga Palmaria decipiens
(Reinsch) R.W. Ricker by Ricker (FURNEAUX; MILLER, 1986).
66
4.1.2. ESTRUTURAS DAS XILOMANANAS SULFATADAS PRESENTES NAS
FRAÇÕES PRECIPITADAS COM CETAVLON
Para a caracterização da estrutura química fina das xilomananas sulfatadas,
foram escolhidas as frações GMp e TFp, isoladas a partir das algas G. marginata e
T. fragilis, respectivamente. Esta escolha foi feita baseando-se nos rendimentos
(3,17 e 1,73%, respectivamente) e na quantidade de material disponível de cada
fração, comparado às demais. Além disso, também foi utilizado como critério de
escolha a diferença observada entre suas composições monossacarídicas (TABELA
7), uma vez que GMp apresentou elevados teores de manose (53,3 mol%) e xilose
(36,2 mol%), enquanto TFp apresentou-se majoritariamente composta por manose
(54,8 mol%), xilose (21,1 mol%) e 4-O-metil xilose (15,8 mol%).
TABELA 7 CARACTERÍSTICAS GERAIS E COMPOSIÇÃO MONOSSACARÍDICA DAS
FRAÇÕES GMp E TFp.
FRAÇÃO SULFATO
(%)
a
α
αα
α
D
20
)
b
COMPOSIÇÃO MONOSSACARÍDICA (mol%)*
4xil
1
Xil
2
Man
3
Gal
4
Glc
5
GMp
10,5
+19,5
0,0
36,2
53,3
9,0
1,5
TFp
25,0 +29,0
15,8 21,1 54,8 6,5 1,8
a
segundo DODGSON; PRICE (1961), expresso como NaSO
3
;
b
rotação óptica específica dos
polissacarídeos dissolvidos em água (0,2g%); * determinada mediante hidrólise ácida total (TFA 2M,
121°C, 90’), na forma de alditóis acetatos, por CLG e CG-EM;
1
4-O-metil xilose,
2
xilose,
3
manose,
4
galactose,
5
glucose.
Análises mediante cromatografia de exclusão estérica acoplada a detectores
de espalhamento de luz e índice de refração (HPSEC-MALLS) mostraram que as
frações GMp e TFp eram compostas por um polímero de elevada massa molecular
(espalhamento de luz), apresentando um pico de eluição próximo a 40 minutos
(FIGURA 20). As análises ainda mostraram em TFp a presença de outros polímeros
de baixa massa molecular (índice de refração).
67
FIGURA 20 - CROMATOGRAMA DE HPSEC-MALLS DAS FRAÇÕES GMp (A) E TFp (B).
detector 11 (vermelho): espalhamento de luz, detector auxiliar 1 (azul): índice de refração; *
experimento realizado com os polissacarídeos dissolvidos em solução de nitrito contendo
azida sódica.
Quando submetidas à análise de ressonância magnética nuclear de C
13
, as
frações GMp e TFp geraram espectros distintos porém com alguns assinalamentos
comuns (FIGURA 21). Tais espectros apresentaram baixa resolução, provavelmente
devido à elevada viscosidade das soluções, elevada sulfatação (a qual reduz a
mobilidade molecular) e pela microheterogeneidade estrutural gerada por estes
grupos.
Na região anomérica do espectro da fração GMp, somente dois sinais foram
observados em 103,2 e 99,1 ppm (TABELA 8), enquanto que em TFp estes mesmos
sinais, localizados em 103,4 e 99,0 ppm, ocorriam juntamente com um terceiro sinal,
de baixa definição, centrado em 101,8 ppm (TABELA 8).
O sinal em campo mais baixo observado em ambos os espectros (103,4 e
103,2 ppm) foi atribuído ao C-1 de unidades de β-D-xilopiranose e ou de β-D-
xilopiranose 4-O-metiladas (4-O-metil xilose), enquanto que o localizado em campo
mais alto (99,1 e 99,0 ppm) foi atribuído ao C-1 de unidades de α-D-manopiranose,
quando esterificadas em carbono 2 por grupos sulfato (manose 2-sulfato -
KOLENDER et al., 1995 e 1997; USOV et al., 1997; FALSHAW et al., 1998).
A)
B)
68
FIGURA 21 - ESPECTROS DE RMN DE C
13
* DAS XILOMANANAS CONSTITUINTES DAS
FRAÇÕES GMp (A) E TFp (B).
as siglas correspondem as unidades: β-D-xilopiranose (X), 4-O-metil β-D-xilopiranose (4-X),
α-D-manopiranose 2-sulfato (M2S), α-D-manopiranose 4-sulfato (M4S); os números são
referentes aos carbonos identificados; as setas indicam os sinais ausentes em GMp. *
experimento realizado à 80°C com os polissacarídeos dissolvidos em D
2
O.
o sinal em 101,8 ppm, presente unicamente em TFp, foi atribuído ao C-1
de unidades de α-D-manopiranose não sulfatadas em carbono 2 (KOLENDER et al.,
1995 e 1997). Como mencionado, o sinal em 103,4 - 103,2 ppm foi atribuído ao
carbono 1 das unidades de xilose e de 4-O-metil xilose. Porém, a composição
monossacarídica determinada para estas duas frações, mostrou que a pentose
mono metilada somente estava presente em TFp (TABELA 8). Desta maneira pôde-
A)
X-1
M2S-1
X-4
M2S-2,-3
M4S-4
M(2S,4S)-6
X/4X-1
M2S-1
M2S-2,-3
M4S-4
4X-4
M(4S)-2
M(2S,4S)-6
M(4S)-1
B)
69
se considerar que o sinal em 103,4 ppm era referente a uma sobreposição dos C-1
de ambas as unidades monossacarídicas, enquanto que o sinal em 103,2 ppm
referia-se somente ao C-1 das unidades de xilose. Esta afirmação foi confirmada
mediante a identificação do sinal em 78,8 ppm em TFp e do sinal em 69,4 ppm em
GMp (TABELA 8), os quais foram respectivamente atribuídos ao carbono 4 metilado
e ao carbono 4 livre, destas referidas unidades (USOV et al., 1997; FALSHAW et al.,
1998).
A presença de unidades de α-D-manopiranose sulfatadas em carbono 2
(manose 2-sulfato), sugerida pela ocorrência dos sinais em 99,1 (GMp) e 99,0 ppm
(TFp), foi confirmada mediante a identificação do sinal em 75,8 ppm (TABELA 8), em
ambas as frações, atribuído ao referido carbono substituído por sulfato (KOLENDER
et al., 1995 e 1997).
O sinal em 101,8 ppm mostrou que, ao menos em TFp, algumas unidades de
α-D-manopiranose também ocorriam sob outros padrões de sulfatação. A
identificação dos sinais em 69,9 e 72,2 ppm (TABELA 8), nesta mesma fração,
respectivamente atribuídos ao C-2 livre e ao C-4 sulfatado, evidenciou a ocorrência a
presença de unidades de α-D-manopiranose 4-sulfato (KOLENDER et al., 1995 e
1997). A identificação do sinal em 72,6 ppm em GMp (TABELA 8) mostrou que,
também nesta fração existiam unidades de α-D-manopiranose 4-sulfatadas.
Nenhum sinal porém mostrou a possibilidade de sulfatação no carbono 6
desta hexose, estando este sempre livre em ambas as frações, como evidenciaram
os sinais centrados em 59,8 e 60,6 ppm (TABELA 8), encontrados em GMp e TFp,
respectivamente (KOLENDER et al., 1995 e 1997). Desta mesma forma não foram
identificados nestes espectros quaisquer sinais passíveis de atribuição a unidades
de galactose, apesar da ocorrência de 9,0 e 6,5 mol% (TABELA 7) deste
monossacarídeo nas frações GMp e TFp, respectivamente.
As frações brutas GMp e TFp foram, em seguida, submetidas a purificação e
fracionamento por cromatografia de troca-iônica em DEAE-Sephacel, utilizando
como eluente água e soluções de concentrações crescentes de NaCl (0,5, 1,0, 2,0 e
4,0 M). Desta maneira, cada fração originou 5 outras, cujas características gerais
podem ser observadas na TABELA 9.
70
TABELA 8 - ASSINALAMENTOS QUÍMICOS DE RMN DE C
13
* DAS FRAÇÕES NATIVAS
GMp E TFp.
UNIDADE CARBONO FRAÇÃO
GMp TFp
(4-O-metil) β
ββ
β-D-xilopiranose
C-1
103,2 103,4
α
αα
α-D-manopiranose (4-sulfato)
C-1
101,8
α
αα
α-D-manopiranose 2-sulfato
C-1
99,1 99,0
4-O-metil β
ββ
β-D-xilopiranose
C-4
78,8
α
αα
α-D-manopiranose 2-sulfato
C-2/C-3
75,8 75,8
α
αα
α-D-manopiranose 4-sulfato
C-4
72,6 72,2
α
αα
α-D-manopiranose (4-sulfato)
C-2
69,9
β
ββ
β-D-xilopiranose
C-4
69,4
α
αα
α-D-manopiranose 2-sulfato
C-6
59,8 60,6
* segundo KOLENDER et al., 1995 e 1997; USOV et al., 1997; FALSHAW et al., 1998
TABELA 9 - RENDIMENTO, TEOR DE GRUPOS SULFATO E PROTEÍNAS DAS SUB-
FRAÇÕES OBTIDAS A PARTIR DE TFp E GMp MEDIANTE CROMATOGRAFIA DE
TROCA IÔNICA EM DEAE-SEPHACEL.
FRAÇÃO [NaCl]
(M)
RENDIMENTO
(%)*
SULFATO
(%)
a
PROTEÍNA
(%)
b
GMp
10,5
3,3
GMp-A
-
c
d e e
GMp-B
0,5 48,7 8,9 3,3
GMp-C
1,0 6,5 11,5 3,8
GMp-D
2,0 3,4 11,3 9,2
GMp-E
4,0 6,0 10,6 11,2
TFp
25,0 7,0
TFP-A
-
TFp-B
0,5 17,4 11,9 4,8
TFp-C
1,0 17,1 18,2 3,8
TFp-D
2,0 7,7 17,7 6,8
TFp-E
4,0 11,0 23,9 9,0
* em relação a massa submetida a cromatografia (650 mg – TFp; 600 mg - GMp);
a
determinado segundo o método descrito por DODGSON; PRICE (1961), expresso como
NaSO
3
;
b
determinado segundo o método descrito por LOWRY et al. (1951),
c
fração obtida
utilizando-se H
2
O como eluente;
d
valor inferior a 1,0 %,
e
não determinado.
71
Todas as sub-frações obtidas se mostram sulfatadas (8,9 11,5%, para GMp
e 11,9 25,0% para TFp TABELA 9) e continham proteínas (3,3 11,2% para
GMp e 3,8 – 9,0% para TFp – TABELA 9).
A partir de GMp foi obtida somente uma sub-fração de elevado rendimento,
eluida com NaCl 0,5 M e denominada GMp-B (48,7% - TABELA 9), enquanto que a
partir de TFp, foram obtidas duas, eluidas com NaCl 0,5 e 1,0 M e denominadas
respectivamente de TFp-B (17,4%) e TFp-C (17,1% - TABELA 9).
Para a determinação da composição monossacarídica as frações foram
submetidas à hidrólise ácida total utilizando TFA 2M (121 °C, 90’). A análise dos
hidrolisados, na forma de alditois acetatos, por cromatografia quido-gasosa (CLG) e
cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massa (CG-EM), revelou que
todas as dez sub-frações eram constituídas por 4-O-metil xilose, xilose, manose,
galactose e glucose, em percentagens variadas (TABELA 10).
TABELA 10 - COMPOSIÇÃO MONOSSACADICA DAS SUB-FRAÇÕES OBTIDAS A
PARTIR DE TFp E GMp MEDIANTE CROMATOGRAFIA DE TROCA NICA EM DEAE-
SEPHACEL.
SUB-
FRAÇÃO
COMPOSIÇÃO MONOSSACARÍDICA (mol%)*
4-O-metil-xilose Xilose Manose galactose glucose
GMp
0,0
36,2
53,3
9,0
1,5
GMp-B
2,4 33,6 54,2 4,3 5,5
GMp-C
5,0 32,5 48,9 8,6 5,0
GMp-D
5,8 37,0 48,4 8,7 0,1
GMp-E
8,9 33,6 33,3 16,9 7,3
TFp
15,8 21,1 54,8 6,5 1,8
TFp-A
22,1 41,4 9,9 4,8 21,8
TFp-B
32,5 10,4 46,9 6,0 3,2
TFp-C
19,4 27,0 46,1 5,1 2,4
TFp-D
15,7 20,1 47,0 10,4 6,8
TFp-E
13,2 24,2 54,3 4,5 3,8
* Composição monossacarídica em mol%, obtida mediante hidrólise ácida total (TFA 2M,
121 °C, 90’) na forma de alditóis acetatos, por CLG.
72
A composição monossacarídica apresentada por GMp-B se mostrou
extremamente similar àquela de GMp, sendo manose (54,2 mol%) e xilose (33,6
mol%) os constituintes majoritários (TABELA 10). TFp-B e TFp-C porém,
apresentaram composições distintas daquela apresentada por TFp, uma vez que
ambas apresentaram valores inferiores de manose (46,9 46,1 mol%) e que,
enquanto TFp-B apresentou maior teor de 4-O-metil xilose (32,5 mol%), TFp-C
apresentou maior teor de xilose (27,0 mol%), como mostrado na TABELA 10.
Galactose (4,3 16,9 mol%) e glucose (0,1 21,8 mol%) também foram detectadas
em todas as sub-frações.
Estes resultados indicam que, da mesma forma que em GMp e TFp, os
polissacarídeos constituintes das sub-frações majoritárias GMp-B, TFp-B e TFp-C
eram xilomananas sulfatadas. Análises de HPSEC-MALLS mostraram que estas
sub-frações, assim como GMp e TFp, eram majoritariamente compostas por um
polímero de elevada massa molecular, o qual apresentou um pico de eluição em
aproximadamente 37,5 minutos, porém moléculas de baixa massa molecular
também compõem estas sub-frações, especialmente TFp-B e C (FIGURA 22).
Os espectros de RMN de C
13
obtidos para estas três sub-frações se
mostraram extremamente semelhantes àqueles obtidos para as suas respectivas
frações originais (GMp e TFp). Na região anomérica do espectro da fração GMp-B,
três sinais foram identificados em 103,3, 101,8 e 99,2 ppm (TABELA 11),
respectivamente atribuídos ao carbono 1 de unidades de β-D-xilopiranose, α-D-
manopiranose e α-D-manopiranose 2-sulfato (KOLENDER et al., 1995 e 1997;
USOV et al., 1997; FALSHAW et al., 1998).
Os sinais em 103,3 e 99,2 ppm eram observados no espectro da fração
GMp, porém o sinal em 101,8 ppm passou a ser observado somente após o
processo de fracionamento. Este último sinal apresentou-se em GMp-B
acompanhado pelo sinal à 69,9 ppm (TABELA 11), atribuído ao carbono 2 não
sulfatado de unidades de α-D-manopiranose (KOLENDER et al., 1995 e 1997), o
qual também não estava presente na fração bruta.
A região anomérica dos espectros das sub-frações TFp-B e TFp-C reproduziu
fielmente aquela da fração TFp (FIGURA 23), onde três sinais estavam presentes
em 103,5, 101,2 e 98,8 ppm para TFp-B e em 103,2, 101,8 e 98,8 ppm para TFp-C
(TABELA 11).
73
FIGURA 22 CROMATOGRAMA DE HPSEC-MALLS DAS FRAÇÕES GMP-B (A), TFP-B
(B) E TFP-C (C).
detector 11 (vermelho): espalhamento de luz, detector auxiliar 1 (azul): índice de refração; *
experimento realizado com os polissacarídeos dissolvidos em solução de nitrito contendo
azida sódica.
De forma coerente com a composição monossacarídica, o sinal atribuído ao
C-4 metilado das unidades de 4-O-metil β-D-xilopiranose, em 78,8 ppm (TABELA
11), apresentou maior intensidade na fração TFp-B do que em TFp-C e mostrou-se
ausente em GMp-B (FIGURA 23). Já o sinal em 69,6 ppm (TABELA 11), referente ao
carbono 4 livre da β-D-xilopiranose (TABELA 11), apresentou maior intensidade e
definição em GMp-B e TFp-C, quando comparado a fração TFp-B (FIGURA 23).
Nas sub-frações TFp-B e TFp-C foi possível ainda identificar o sinal em 58,2
ppm (FIGURA 23, TABELA 11), atribuído ao carbono metílico das unidades de 4-O-
metil β-D-xilopiranose (FALSHAW et al., 1998), presentes nestas frações.
A) B)
C)
74
FIGURA 23 - ESPECTROS DE RMN DE C
13
DAS XILOMANANAS SULFATADAS
CONSTITUINTES DAS SUB-FRAÇÕES GMp-B (A), TFp-B (B) e TFp-C (C).
siglas e condições de análise como na FIGURA 21.
X-1
M2S-1
M2S-2
M4S-4
M(4S)-2
X-4
X-5
M(2S,4S)-6
M(4S)-1
X/4X-1
M2S-1
X-4
M(2S,4S)-6
OCH
3
X-5
4X-5
4X-4
M4S-4
M(4S)-1
M2S-2
X/4X-1
M(4S)-1
M2S-1
X-4
M(2S,4S)-6
OCH
3
X-5
4X-4
4X-5
M(4S)-2
M4S-4
M2S-2
A)
B)
C)
75
Os sinais em 75,4, 75,8 e 75,9 ppm (carbono 2 sulfatado), 72,3, 72,4 e 72,4
ppm (carbono 4 sulfatado) e 60,5, 60,5 e 60,1 ppm (carbono 6 livre) em TFp-B, TFp-
C e GMp-B, respectivamente (TABELA 11) observados nas três sub-frações
confirmaram o padrão de substituição das unidades de α-D-manopiranose por grupo
sulfato em carbono 2 e 4, previamente sugerido para as frações GMp e TFp.
Também nestas sub-frações não foram identificados quaisquer sinais
passíveis de serem atribuídos a unidades de galactose.
TABELA 11 - ASSINALAMENTOS QUÍMICOS DE RMN DE C
13
* DAS FRAÇÕES SUB-
FRAÇÕES GMp-B, TFp-B E TFp-C.
UNIDADE CARBONO FRAÇÃO
GMp-B TFp-B TFp-C
(4-O-metil) β
ββ
β-D-xilopiranose
C-1
103,3 103,5 103,2
α
αα
α-D-manopiranose (4-sulfato)
C-1
101,8 101,2 101,8
α
αα
α-D-manopiranose 2-sulfato
C-1
99,2 98,8 98,8
4-O-metil β
ββ
β-D-xilopiranose
C-4
78,8 78,8
α
αα
α-D-manopiranose 2-sulfato
C-2/C-3
75,9 75,4 75,8
α
αα
α-D-manopiranose 4-sulfato
C-4
72,4 72,3 72,4
α
αα
α-D-manopiranose (4-sulfato)
C-2
69,9 69,8
β
ββ
β-D-xilopiranose
C-4
69,4 69,6 69,6
β
ββ
β-D-xilopiranose
C-5
65,2 65,2 65,2
4-O-metil β
ββ
β-D-xilopiranose
C-5
62,8 62,8
α
αα
α-D-manopiranose (2-sulfato)
C-6
60,1 60,5 60,5
4-O-metil β
ββ
β-D-xilopiranose
O-CH
3
58,2 58,2
* segundo KOLENDER et al., 1995 e 1997; USOV et al., 1997; FALSHAW et al., 1998
Para confirmar o padrão de sulfatação estabelecido pelas análises de RMN
de C
13
, as sub-frações foram submetidas ao processo de dessulfatação seguindo a
metodologia descrita por NAGASAWA et al. (1979).
Para tanto, os polissacarídeos das sub-frações GMp-B, TFp-B e TFp-C, na
forma de sal de piridônio, foram solubilizados em DMSO:MeOH:piridina (89:10:1) e
mantidos a 100 °C durante 6 horas. Após diálise contra água destilada e liofilização,
76
foram obtidas três frações denominadas de GMp-Bds, TFp-Bds e TFp-Cds, com
rendimentos de 77, 90 e 75% respectivamente (TABELA 12). Como resultado desta
metodologia, foi observado uma redução no teor de sulfatação destas sub-frações
quando comparado ao das frações nativas. Para GMp-Bds ocorreu uma redução de
cerca de 63%, enquanto que em TFp-Bds de somente cerca de 13% e em TFp-Cds
de cerca de 57% (TABELA 12).
A composição monossacarídica apresentada por estas frações também foi
determinada (TABELA 12). Para GMp-Bds verificou-se que nenhuma modificação
considerável na composição monossacarídica ocorreu como resultado deste
tratamento solvolítico, enquanto que para as frações TFp-Bds e TFp-Cds, esta
mesma metodologia acarretou em uma redução nos teores de 4-O-metil xilose e de
xilose (TABELA 12). Porém, estes monossacarídeos juntamente com a manose
continuaram a representar os componentes majoritários das frações (95,3% para
GMp-Bds; 82,6% para TFp-Bds e 72,5% para TFp-Cds). Esta análise ainda mostrou
que as frações TFp-Bds e TFp-Cds apresentavam elevados teores de galactose
(11,8 e 24,1 mol% - TABELA 12).
TABELA 12 - CARACTERÍSTICAS DAS SUB-FRAÇÕES GMp-B, TFp-B E TFp-C ANTES
E APÓS DESSULFATAÇÃO SOLVOLÍTICA.
FRAÇÃO
RENDIMENTO
(%)*
SULFATO
(%)
a
COMPOSIÇÃO MONOSSACARÍDICA(mol%)
c
4-O-Xil
1
Xil
2
Man
3
Gal
4
Glc
5
GMp-B
-
9,0
2,4
33,6
54,2
4,3
5,5
GMp-Bds
77,0 3,3 (63,3) 3,5 35,3 56,5 4,6 0,1
TFp-B
- 11,9 32,5 10,4 46,9 6,0 3,2
TFp-Bds
90,0 10,4 (12,6)
b
21,7 9,6 51,3 11,8 5,6
TFp-C
- 18,2 19,4 27,0 46,1 5,1 2,4
TFp-Cds
75,0 7,9 (56,6)
10,0 14,0 48,5 24,1 3,4
* em relação a massa submetida a dessulfatação (100mg) segundo o método de
NAGASAWA et al. (1979);
a
determinado segundo o método descrito por DODGSON;
PRICE (1961), expresso como NaSO
3
;
b
valores correspondentes a percentagem de
dessulfatação;
c
composição monossacarídica em mol%, obtida mediante hidrólise ácida
total (TFA 2M, 121 °C, 90’) na forma de alditóis acetatos, por CLG;
1
4-O-metil xilose,
2
xilose,
3
manose,
4
galactose,
5
glucose.
77
As três frações dessulfatadas foram submetidas a análises de RMN de C
13
(FIGURA 24). As frações GMp-Bds e TFp-Cds, que sofreram perdas significativas
em seus teores de sulfatação, geraram espectros distintos daqueles obtidos para as
frações nativas. Como se podia esperar, o espectro da fração TFp-Bds mostrou-se
similar ao da fração nativa (FIGURA 25), uma vez que o processo de dessulfatação,
aqui, não se processou de forma eficiente.
Nas três frações dessulfatadas, o sinal anomérico em 99,0 - 98,8 ppm,
atribuído ao C-1 das unidades de α-D-manopiranose 2-sulfato (TABELA 13),
mostrou-se reduzido, principalmente em GMp-Bds e TFp-Cds (FIGURAS 24 e 25).
Os sinais referentes aos C-2 (72,4 72,3 ppm) e C-4 (75,8 75,4 ppm) sulfatados
das unidades de α-D-manopiranose se apresentaram respectivamente ausentes em
GMp-Bds, reduzido e ausente em TFp-Bds e reduzidos em TFp-Cds (TABELA 13,
FIGURAS 24 e 25).
Ainda no espectro da fração GMp-Bds, cinco sinais em 103,6, 72,7, 76,0, 69,4
e 65,2 ppm apresentaram elevadas intensidades (FIGURA 24, TABELA 13). Tais
sinais foram atribuídos aos C-1 (glicosilação), C-2, C-3, C-4 e C-5 (livres) das
unidades de β-D-xilopiranose (USOV et al., 1997) e suas localizações confirmam a
posição destas unidades como terminais não redutores. Neste espectro, estavam
presentes também os sinais em 73,8, 69,7 e 61,0 ppm (FIGURA 24) referentes aos
carbonos 5, 2 e 6 livres da α-D-manopiranose (TABELA 13).
No espectro da fração TFp-Cds, foi possível observar um aumento na
intensidade e na definição do sinal em 69,8 ppm, atribuído ao carbono 2 livre da α-D-
manopiranose e um aumento na intensidade do sinal referente ao carbono 4 livre
desta mesma unidade, em 66,3 ppm (FIGURA 24). Ainda nesta fração, o processo
de dessulfatação permitiu a visualização do sinal em 78,3 ppm (TABELA 13,
FIGURA 24) e a sua atribuição ao C-3 da α-D-manopiranose
(KATZENELLENBOGEN et al., 2001). A localização em campo mais baixo deste
sinal mostra seu envolvimento na ligação glicosídica.
A permanência do sinal em 75,8 ppm na fração TFp-Cds, confirma que este
sinal também pode ser atribuído ao C-3 da β-D-xilopiranose.
78
FIGURA 24 - ESPECTROS DE RMN DE C
13
DAS FRAÇÕES GMp-B (C), GMp-Bds (D),
TFp-C (A) E TFp-Cds (B),
siglas e temperatura de análise como na FIGURA 25.
M4S
-
4
M
2
S
-
2
M/M2S-6
M2S
-
1
M(4S)
-
1
X/4X
-
1
A)
X-3
X
-
5
X-1
M/M2S-6
M(4S)-1
M(4S)-1
M-2
M
-
5
X
-
2
X
-
4
B)
M(4S)-1
M2S
-
1
4X-1
4X-1
M-2
M4S-4
M
-
4
OCH
3
M2S-2
X/4X
-
1
C)
OCH
3
4X-1
M
-
3
M
-
4
M-2
M2S
-
3
M(4S)
-
3
X/4X-1
4X
-
3
X
-
3
D)
79
FIGURA 25 - ESPECTROS DE RMN DE C
13
DAS FRAÇÕES TFp-B (A) E TFp-Bds (B).
as correspondem as unidades: β-D-xilopiranose (X), 4-O-metil β-D-xilopiranose (4X), α-D-
manopiranose 2-sulfato (M2S) e α-D-manopiranose 4-sulfato (M4S); os números são
referentes aos carbonos identificados; seta indica sinal ausente em TFp-Bds; * experimento
realizado à 80 °C, com os polissacarídeos dissolvidos em D
2
O.
A)
B)
M2S-1
M(4S)-1
X/4X-1
M2S-2
M4S-4
M2S-1
M(4S)-1
X/4X-1
M4S-4
80
TABELA 13 - ASSINALAMENTOS QUÍMICOS DE RMN DE C
13
* DAS FRAÇÕES
DESSULFATADAS GMp-Bds, TFp-Bds E TFp-Cds.
UNIDADE CARBONO FRAÇÃO
GMp-Bds TFp-Bds TFp-Cds
(4-O-metil) β
ββ
β-D-xilopiranose
C-1
103,6 103,4 103,3
α
αα
α-D-manopiranose (4-sulfato)
C-1
101,2 101,7 101,9
α
αα
α-D-manopiranose 2-sulfato
C-1
98,8 99,0 99,0
4-O-metil β
ββ
β-D-xilopiranose
C-4
78,8 78,8
α
αα
α-D-manopiranose
C-3
78,3
β
ββ
β-D-xilopiranose
C-3
76,0
α
αα
α-D-manopiranose 2-sulfato
C-2/C-3
75,8
4-O-metil β
ββ
β-D-xilopiranose
C-3
74,8 74,8
α
αα
α-D-manopiranose (2-sulfato)
C-5
73,8 73,8 73,6
β
ββ
β-D-xilopiranose
C-2
72,7
α
αα
α-D-manopiranose 4-sulfato
C-4
72,3 72,3
α
αα
α-D-manopiranose (4-sulfato)
C-2
69,7 69,8
β
ββ
β-D-xilopiranose
C-4
69,4 69,4 69,4
α
αα
α-D-manopiranose (2-sulfato)
C-4
66,8
β
ββ
β-D-xilopiranose
C-5
65,2
α
αα
α-D-manopiranose (2-sulfato)
C-6
61,0 60,7 60,9
4-O-metil β
ββ
β-D-xilopiranose
O-CH
3
58,0 58,2
* segundo KOLENDER et al., 1995 e 1997; USOV et al., 1997; FALSHAW et al., 1998;
KATZENELLENBOGEN et al., 2001.
As frações GMp-B, TFp-B e TFp-C nativas e dessulfatadas foram submetidas
à análise de metilação. Para tanto, utilizou-se o todo descrito por CIUCANU e
KEREK (1984) com os polissacarídeos na forma de sal de trietilamônio
(SEVENSON; FURNEAUX, 1991). As frações metiladas foram hidrolisadas (TFA 2M/
121 °C/ 90’) e analisadas por CG-EM.
Desta maneira, as xilomananas constituintes das frações originaram um
número de derivados parcialmente metilados, os quais evidenciaram a variedade
estrutural destes polissacarídeos (TABELA 14).
Entre os derivados obtidos a partir da fração GMp-B, os mais abundantes
foram 2,3,4-tri-O-metil xilose (40,7 mol%) e 2,6-di-O-metil manose (46,4 mol% -
TABELA 14). O derivado 2,3,4-tri-O-metil xilose se originou a partir das unidades de
xilose e 4-O-metil xilose, presentes no polissacarídeo nativo sob as percentagens de
81
36,0 e 2,4 mol%, respectivamente, localizadas como terminais não redutores (não
substituídas). O derivado 2,6-di-O-metil manose se originou a partir das unidades de
manose constituintes da cadeia principal e substituídas em carbonos 3 e 4 (FIGURA
26).
As percentagens quase equimolares destes dois derivados parcialmente
metilados (TABELA 14) mostraram que as unidades terminais de xilose glicosilam a
cadeia principal através do carbono 4 das unidades de manose. O teor excedente de
2,6-di-O-metil manose (5,7 mol%) corresponderia àquelas unidades de manose
sulfatadas em carbono 4, cuja presença foi primeiramente identificada pelas análises
de RMN de C
13
.
TABELA 14 - ANÁLISE DE METILAÇÃO DAS FRAÇÕES GMp-B, TFp-B E TFp-C.
DERIVADO METILADO* FRAÇÃO
GMp-B TFp-B TFp-Bds TFp-C TFp-Cds
2,3,4-tri-O-metil xilose
40,7
44,0
33,2
23,8
23,6
2,4,6-tri-O-metil manose
3,5 17,5 31,8 6,0 26,3
2,6-di-O-metil manose
46,4 34,9 28,8 37,6 39,2
2,4-di-O-metil manose
1,2 3,4 4,4
6-O-metil manose
26,6 3,7
2-O-metil manose
1,9 3,6 5,0 2,6 2,8
Manose
7,5
* obtidos após hidrólise ácida total (TFA 2M/121 °C/90’) mediante cromatografia gasosa
acoplada a espectrometria de massa (CG-EM), em mol%.
O terceiro derivado de maior percentagem detectado foi a manose (7,5 mol%
- TABELA 14). Este derivado poderia sugerir a ocorrência de unidades de manose
totalmente substituídas. Porém como mostraram as análises de RMN de C
13
, as
xilomananas desta fração não apresentam substituição em carbono 6, assim, este
derivado pode ser considerado um produto de sub-metilação, podendo estar aqui
incluídas, unidades de manose sulfatadas em carbono 2 ou 4. Por esta mesma
razão, ao derivado 2-O-metil manose (1,9 mol%), o qual poderia refletir a presença
82
de unidades de manose substituídas em carbonos 4 e 6, atribuiu-se a mesma origem
(TABELA 14).
Ainda o derivado 2,4,6-tri-O-metil manose (1,6 mol% - TABELA 14) revelou a
presença, neste polissacarídeo, de unidades de manose desprovidas de qualquer
outra substituição que não a glicosídica envolvida na cadeia principal (FIGURA 26).
Tais unidades não foram explicitadas nas análises de RMN de C
13
, provavelmente
devido ao baixo teor das mesmas.
Para a fração TFp-B foram encontrados três monossacarídeos principais
2,3,4-tri-O-metil xilose (44,0 mol%), 2,6-di-O-metil manose (34,9 mol%) e 2,4,6-tri-O-
metil manose (17,5 mol% - TABELA 14). Os mesmos monossacarídeos foram
observados na fração TFp-Bds nas proporções de 33,2, 28,8 e 31,8 mol%,
respectivamente (TABELA 14).
Nestas frações o derivado 2,3,4-tri-O-metil xilose originou-se a partir das
unidades de 4-O-metil xilose e xilose, também localizadas como terminais não
redutores (FIGURA 26). A diferença observada entre os teores deste
monossacarídeo nas frações metiladas (TABELA 14) também foi observada entre os
teores das pentoses nas frações nativas TFp-B e TFp-Bds (TABELA 14) e atribuída,
como mencionado anteriormente, a degradação ocorrida durante o processo de
dessulfatação.
As unidades de manose substituídas em carbono 4 (por grupo sulfato ou
glicosil) presentes nas frações nativas originaram o derivado 2,6-di-O-metil manose
(FIGURA 26). A substituição deste carbono por grupo sulfato foi evidenciada pela
redução (6,1 mol%) no teor desta unidade após dessulfatação da fração TFp-B
(TABELA 14). a substituão por grupo glicosil (4-O-metil xilose ou xilose) foi
evidenciada pela manutenção do elevado teor do referido derivado, em percentagem
quase equimolar ao do tri-O-metil xilose (TABELA 14).
Por fim, o derivado 2,4,6-tri-O-metil manose originou-se a partir das unidades
de manose não substituídas naturalmente presentes, em TFp-B ou geradas a partir
da completa remoção de seus grupos sulfato, em TFp-Bds (FIGURA 26). Pom,
como mostrado na TABELA 12, a fração TFp-B sofreu somente 12,6% de
dessulfatação, assim os elevados teores observados para o monossacarídeo 2,4,6-
tri-O-metil manose em ambas as frações, sugerem que uma nova dessulfatação se
83
processou nesta mocula durante a metilação ou que a dosagem de grupos sulfato
para esta fração foi super estimada (TABELA 7).
Ainda, os derivados 2,4-di-O-metil (1,2 mol% em TFp-Bds) e 2-O-metil
manose (3,6 mol% em TFp-B e 5,0 mol% em TFp-Bds) foram identificados e
considerados como produtos de sub-metilação. Como mostrado na TABELA 14, a
metilação das frações TFp-C e TFp-Cds gerou praticamente os mesmos derivados
metilados já descritos para as outras frações analisadas.
TFp-C e TFp-Cds apresentaram valores muito próximos de 2,3,4-tri-O-metil
xilose (23,8 e 23,6 mol%, respectivamente), provenientes, da mesma forma que em
TFp-B e TFp-Bds das unidades de 4-O-metil xilose e xilose. A diferença observada
entre os teores destes monossacarídeos nas frações metiladas e nas frações nativas
(TABELA 14) pode ser atribuída a um processo hidrolítico incompleto destas
unidades.
Da mesma forma, o derivado 2,6-di-O-metil manose também apresentou
valores próximos entre as frações nativa e dessulfatada (37,6 e 39,2 mol%,
respectivamente), mostrando que este monossacarídeo originou-se somente a partir
das unidades de manose localizadas como pontos de ramificação (FIGURA 26).
o derivado 2,4,6-tri-O-metil manose apresentou, como mostrado na Tabela
13, um aumento de teor entre as frações nativa (6,0 mol%) e dessulfatada (26,3
mol%). Este monossacarídeo representa as unidades de manose naturalmente não
substituídas. Em TFp-Cds porém, representa as unidades de manose que sofreram
dessulfatação simultânea em carbono 2 e 4. Esta afirmação esta de acordo com a
percentagem apresentada pelo derivado 6-O-metil manose, identificado em ambas
as frações (TABELA 14), o qual se originou a partir das unidades de manose 2,4-
dissulfato (FIGURA 26). Este monossacarídeo apresentou uma redução de 22,9
mol% após dessulfatação, um valor muito próximo aquele observado para o
aumento do derivado 2,4,6-tri-O-metil manose (20,6 mol%). A permanência do
derivado mono metilado na fração TFp-Cds (3,7 mol%) reflete a dessulfatação
incompleta desta molécula.
A identificação dos elevados teores do derivado 2,4,6-tri-O-metil manose tanto
na fração nativa como na dessulfatada confirma os resultados de RMN
anteriormente apresentados, que mostram o envolvimento do carbono 3 das
unidades de manose na ligação glicosídica da cadeia principal.
84
FIGURA 26 - UNIDADES MONOSSACARÍDICAS PRESENTES NAS XILOMANANAS DAS
FRAÇÕES GMp-B, TFp-B E TFp-C, NATIVAS E DESSULFATADAS E SEUS DERIVADOS
PARCIALMENTE METILADOS.
Uma vez estabelecido o padrão de sulfatação das xilomananas constituintes
das frações, partiu-se para a confirmação da estrutura da cadeia principal e
confirmação do padrão de glicosilação destes polissacarídeos pelas unidades de 4-
O-metil xilose e/ou xilose.
Para tanto a fração TFp foi submetida a degradação controlada de Smith, sob
condições específicas para polissacarídeos sulfatados como estabelecido por
FURNEAUX; STEVENSON (1990). Assim a fração polissacarídica foi solubilizada
em água destilada contendo metaperiodato de sódio e após ser mantida em
ambiente escuro sob temperatura ambiente durante 48 horas, redução, diálise e
metilação
H
+
total
β
ββ
β
-D-xilopiranose-(1
2,3,4-tri-O-metil xilose
metilação
H
+
total
α
αα
α
-D-manopiranose 4-R-(1
R= SO
3
-
ou xilose
2,6-di-O-metil manose
metilação
H
+
total
α
αα
α
-D-manopiranose-(1
2,4,6-tri-O-metil manose
O
O H
O H
O H
O H
O
OCH
3
H
3
CO
H
3
CO
C H
3
O
O
O
H
OH
OR
OH
O H
O
OCH
3
HO
OCH
3
C H
3
O
O
O
H
OH
OR
OH
O H
O
OCH
3
H
3
CO
OCH
3
C H
3
O
H
OH,H
OH,H
OH,H
85
liofilização, rendeu a fração degradada denominada TFp-S, obtida com 65% de
rendimento (TABELA 15).
A análise de composição monossacarídica da fração TFp-S evidenciou o
sucesso desta metodologia em promover a remoção das unidades de 4-O-metil
xilose e xilose, localizadas como terminais não redutores, uma vez que o
polissacarídeo degradado apresentou-se composto majoritariamente por unidades
de manose (92,3 mol%). Somando os teores das pentoses somente 5% do total
(TABELA 15). Esta metodologia ainda mostrou não ter alterado o grau de sulfatação
do polímero, que 23,2% de sulfato foi determinado para TFp-S, valor muito
próximo ao da fração nativa TFp de 25,0% (TABELA 15).
Para obter-se eno a cadeia principal linear e neutra do polissacarídeo
nativo, parte da fração TFp-S foi submetida a dessulfatação solvolítica, seguindo a
mesma metodologia descrita anteriormente. A fração obtida, denominada de TFp-
Sds, apresentou 80% de dessulfatação e uma composição monossacarídica
extremamente semelhante a da fração TFp-S (TABELA 15).
TABELA 15 - RENDIMENTO, TEOR DE SULFATO E COMPOSIÇÃO
MONOSSACARÍDICA DAS FRAÇÕES OBTIDAS A PARTIR DE TFp MEDIANTE
DEGRADAÇÃO CONTROLADA DE SMITH (TFp-S) E DESSULFATAÇÃO SOLVOLÍTICA
(TFp-Sds).
FRAÇÃO RENDIMENTO
(%)*
SULFATO
(%)
A
MONOSSACARÍDEOS (mol%)
b
4-me-xil
1
Xil
2
Man
3
Gal
4
Glc
5
TFp
-
25,0
15,8
11,1
64,8
6,5
1,8
TFp-S
65 23,2 1,8 3,2 92,3 2,4 0,3
TFp-Sds
45,7 4,5 (80)
c
1,5 1,1 90,5 2,5 4,4
* para TFp-S: em relação a massa submetida a degradação de Smith (300 mg), para TFp-
Sds: em relação a massa submetida a dessulfatação solvolítica (35 mg);
a
determinado
segundo DODGSON; PRICE (1961), expresso como NaSO
3
;
b
após hidrólise ácida total
(TFA 2M, 121 °C, 90’) na forma de alditóis acetatos, por CLG;
c
valor entre parênteses
corresponde a percentagem de dessulfatação;
1
4-O-metil xilose,
2
xilose,
3
manose,
4
galactose,
5
glucose.
86
As frações TFp-S e TFp-Sds foram então submetidas a análise de RMN de
C
13
. O espectro obtido para a fração TFp-S, apresentou na região anomérica
somente dois sinais, em 101,8 e 98,6 ppm (FIGURA 27). O sinal localizado em 98,6
ppm foi atribuído ao C-1 de unidades de α-D-manopiranose 2-sulfato, o sinal em
101,8 ppm ao C-1 das unidades de α-D-manopiranose não sulfatadas em carbono 2
(TABELA 16). A identificação dos sinais em 75,8 e 72,3 ppm confirmou a presença
das unidades de α-D-manopiranose 2-sulfato e 4-sulfato em TFp-S (TABELA 16).
Diferentemente da fração TFp e como resultado da degradação controlada de
Smith, em TFp-S não estavam presentes os sinais referentes ao C-1 das unidades
de β-D-xilopiranose e de 4-O-metil β-D-xilopiranose (103,4 ppm) e tampouco o
referente ao C-4 das unidades de 4-O-metil β-D-xilopiranose (78,8 ppm - FIGURA
27). Da mesma forma, o sinal em 66,3 ppm presente em TFp-S o se mostrava
presente na fração nativa (FIGURA 27). O surgimento deste sinal, referente ao
carbono 4 livre de unidades de β-D-manopiranose, no espectro da fração contendo o
polissacarídeo degradado, evidenciou de forma indireta que as unidades de 4-O-
metil β-D-xilopiranose e de β-D-xilopiranose estavam substituindo a cadeia principal
mediante a glicosilação do carbono 4 de algumas unidades de α-D-manopiranose,
como indicaram as análises de metilação. A possibilidade deste sinal ser referente a
perda do grupo sulfato por parte de algumas unidades de α-D-manopiranose 4-
sulfato pôde ser descartada mediante o fato da degradação controlada de Smith não
ter promovido dessulfatação considerável (TABELA 16).
O espectro de RMN de C
13
da fração TFp-Sds mostrou-se extremamente
simplificado, se comparado àquele da fração nativa, onde um conjunto de seis sinais
de elevada intensidade apresentaram um padrão de absorção típico para uma α-D-
manana neutra e linear (KATZENELLENBOGEN et al., 2001), a qual representa a
cadeia principal da xilomanana constituinte da fração TFp (FIGURA 27). O sinal em
101,9 ppm foi atribuído ao C-1 das unidades de α-D-manopiranose, enquanto que os
sinais em 78,3, 73,6, 69,7, 66,3 e 61,1 ppm foram atribuídos aos carbonos 3
(glicosilado), 5, 2, 4 e 6 (livre), respectivamente. O sinal em 78,3 ppm confirmou que
a cadeia principal deste polissacarídeo era uma manana α-(13) ligada.
Ainda no espectro desta fração estavam presentes os sinais de baixa
intensidade 99,0, 75,8 e 71,8 ppm (FIGURA 27). Os sinais em 99,0 e 75,8 ppm
87
referentes a unidades de α-D-manopirase 2 sulfato, sugeriu que o polissacarídeo
não sofreu completa remoção dos grupos sulfato em C-2. Já o sinal em 71,8 ppm,
também observado em TFp-S (à 71,7 ppm), foi atribuído ao carbono 4 das unidades
de manose glicosiladas por xilose ou 4-O-metil xilose (presente em TFp-S sob a
percentagem de 2,6 mol%), cujo carbono anomérico se encontraria sobreposto ao
sinal em 101,9 ppm e o carbono 5 em 66,7 ppm (TABELA 16). Este último sinal
era observado no espectro da fração nativa em 66,8 ppm (TABELA 16).
TABELA 16 - ASSINALAMENTOS QUÍMICOS DE RMN DE C
13
* DAS FRAÇÕES TFp,
TFp-S E TFp-Sds.
UNIDADE CARBONO/
PRÓTON
FRAÇÃO
TFp TFp-S TFp-Sds
(4-O-metil) β
ββ
β-D-xilopiranose
C-1
103,4
α
αα
α-D-manopiranose 4-sulfato (4-xilose)
C-1 / H-1
101,8
101,8
101,9 / 5,14
α
αα
α-D-manopiranose 2-sulfato
C-1
99,0 98,6
4-O-metil β
ββ
β-D-xilopiranose
C-4
78,8
α
αα
α-D-manopiranose
C-3 / H-3
78,3 78,3 / 4,24
α
αα
α-D-manopiranose 2-sulfato
C-2; C-3
75,8 75,8
α
αα
α-D-manopiranose (2-sulfato)
C-5 / H-5
73,4 73,6 / 4,02
α
αα
α-D-manopiranose 4-sulfato
C-4
72,2 72,3
α
αα
α-D-manopiranose
C-3
71,7 71,2
α
αα
α-D-manopiranose (4-sulfato)
C-2 / H-2
69,9 69,8 69,7 / 3,83
α
αα
α-D-manopiranose 4-xilose
C-5
66,8 66,8
α
αα
α-D-manopiranose (2-sulfato)
C-4 / H-4
66,3 66,3 / 3,80
α
αα
α-D-manopiranose (2/4-sulfato)
C-6 / H-6;6’
60,6 60,6 60,9 / 3,91; 3,78
* segundo KOLENDER et al. (1995 e 1997); USOV et al. (1997); FALSHAW et al. (1998) e
KATZENELLENBOGEN et al. (2001).
88
FIGURA 27 - ESPECTROS DE RMN DE C
13
* DAS XILOMANAS CORRESPONDENTES
AS FRAÇÕES TFp (A), TFp-S (B) E TFp-Sds (C).
as siglas correspondem as unidades: β-D-xilopiranose (X), 4-O-metil β-D-xilopiranose (4X),
α-D-manopiranose 2-sulfato (M2S), α-D-manopiranose 4-sulfato (M4S) e α-D-manopiranose
4-xilose/4-O-metil xilose (M4X); números referem-se aos carbonos identificados; setas
indicam os sinais ausentes em TFp-S e TFp-Sds; * experimento realizado à 80 °C com os
polissacarídeos dissolvidos em D
2
O.
M
-
1
M2S-1
X/4X-1
4X
-
4
M2S-2/3
M/2S-6
M-2
4X-5
M4S-4
M4X-5
M2S-1
M
-
1
M
-
3
M2S-2/3
M/2S-5
M4S-4
M-2
M/2S-4
M
-
3
M
-
2
M
-
5
M
-
4
M
-
6
M/M4X
-
1
M2S
-
2
M2S-1
M4X
-
4
M4X
-
5
C)
A)
B)
89
A manana da fração TFp-Sds foi também submetida a análise de HMQC,
onde somente 6 correlações C
13
/H
1
foram observadas (FIGURA 28), possibilitando a
identificação de todos os prótons desta estrutura (TABELA 16). Os sinais em 71,2 e
66,8 ppm, observados no espectro de RMN de C
13
da fração TFp-Sds (FIGURA 27)
não mostraram correlações nesta análise, sugerindo assim uma estrutura neutra e
linear para a manana.
As frações TFp-S e TFp-Sds foram submetidas a análises de metilação,
seguindo a mesma metodologia descrita para as frações nativas. Os polissacarídeos
presentes nestas frações deram origem aos derivados parcialmente metilados
mostrados na TABELA 17.
FIGURA 28 - ESPECTROS DE CORRELAÇÃO HMQC* DA FRAÇÃO TFp-Sds.
* os números referem-se as correlações C
13
/H
1
identificados; experimento realizado à 80 °C,
com os polissacarídeos dissolvidos em D
2
O.
C1/H1
C3/H3
C5/H5
C2/H2
C4/H4
C6/H6 C6/H6’
90
TABELA 17 - ANÁLISE DE METILAÇÃO DAS FRAÇÕES TFp-S E TFp-Sds.
DERIVADO METILADO* FRAÇÃO
TFp-S TFp-Sds
2,4,6-tri-O-metil manose
37,7
75,0
2,6-di-O-metil manose
46,2 12,2
2,4-di-O-metil manose
5,8 6,8
6-O-metil manose
5,8 1,2
2-O-metil manose
4,5 4,8
* obtidos após hidrólise ácida total (TFA 2M/121°C/90’) mediante cromatografia gasosa
acoplada a espectrometria de massa (CG-EM), em mol%.
Nenhum derivado referente a pentoses foi encontrado no produto de hidrólise
destas frações (TABELA 17), apesar dos baixos teores de 4-O-metil xilose e xilose
identificados na composição monossacarídicas destas frações (TABELA 15).
Para a fração TFp-S, os mais abundantes derivados parcialmente metilados
foram 2,4,6-tri-O-metil manose (37,7 mol%) e 2,6-di-O-metil manose (46,2 mol%), os
quais se originaram a partir de unidades de manose e de manose 4-sulfato,
respectivamente. A presença do derivado tri-metilado confirmou a estrutura da
cadeia principal deste polissacadeo (uma manana 3-substituída) e o carbono 4 da
manose como ponto de ramificação.
A diferença observada entre os teores de 2,4,6-tri-O-metil manose e a soma
das pentoses presentes na fração nativa (cerca de 11%), pode ser atribuída às
unidades de manose não substituídas originalmente presentes no polímero ou à
unidades que sofreram dessulfatação em carbono 4 durante o processo de
degradação, uma vez que, como mostra a tabela 15, o teor de sulfato da fração
sofreu uma pequena redução como resultado deste tratamento. As unidades que
não perderam seus grupos sulfato originaram o derivado 2,6-di-O-metil manose.
A presença do derivado 6-O-metil manose (5,8 mol%) revelou que todas as
unidades de manose sulfatadas em carbono 2, estão também simultaneamente
sulfatadas em carbono 4.
Para a fração TFp-Sds observou-se um significante aumento no teor do
derivado tri-metilado (75,0 mol%), acompanhado por uma sensível diminuição nos
teores dos derivados 2,6-di-O-metil (12,2 mol%) e 6-O-metil manose (1,2 mol%).
91
Esta alteração na composição monossacarídica foi resultado do processo solvolítico
ao qual a fração TFp-S foi submetida, que resultou na perda da maior parte dos
grupos sulfato da molécula, gerando um polímero praticamente neutro (4,5% de
sulfato) como evidenciou a análise desta fração por RMN de C
13
(FIGURA 27).
Os derivados 2,4-di-O-metil e 2-O-metil manose identificados tanto em TFp-S
(5,8 e 4,5 mol%, respectivamente) como em TFp-Sds (6,8 e 4,8 mol%,
respectivamente) que poderiam sugerir a ocorrência de unidades de manose
substituídas em carbono 6, foram considerados como produtos de sub-metilação,
uma vez que os espectros de RMN e C
13
destas frações não mostram sinais que
indiquem substituição neste carbono.
Esta análise confirmou a natureza da cadeia principal da xilomanana presente
na fração TFp como uma manana 3-O-ligada, com sulfatação em carbonos 2 e 4
(FIGURA 29A).
Todas estas análises conjuntamente permitiram determinar que as
xilomananas biossintetizadas pelas algas Galaxaura marginata (GMp) e Tricleocarpa
cylindrica (TFp) apresentam uma estrutura distinta daquelas isoladas a partir de
outras algas vermelhas pertencentes a ordem Nemaliales. As xilomananas GMp e
TFp apresentam uma cadeia principal formada por unidades de α-D-manopiranose
3-O-ligadas, esterificada por grupos sulfato em carbonos 2 e/ou 4 e glicosilada por
unidades de 4-O-metil β-D-xilopiranose e β-D-xilopiranose em carbono 4 (FIGURA
29B).
As xilomananas isoladas de outras espécies de algas vermelhas, como por
exemplo, Nothogenia fastigiata (anteriormente denominada Chaetangium
fastigiatum), também apresentaram uma cadeia principal formada por unidades de
α-D-manopiranose 3-O-ligadas. O padrão de substituição da cadeia principal porém,
diferia de GMp e de TFp uma vez que seus grupos sulfato se encontravam
esterificando carbonos 2 e/ou 6 das unidades de manose. Como grupos
substituintes, somente β-D-xilopiranose foi encontrada nestes polissacarídeos,
glicosilando também o carbono 2 das unidades constituintes da cadeia principal
(CEREZO et al., 1971; MATULEWICZ; CEREZO, 1987
1
; HAINES et al., 1990;
MATULEWICZ et al., 1994; KOLENDER et al., 1995; 1997).
92
O mesmo padrão estrutural também foi encontrado nas xilomananas isoladas
das algas Nothogenia erinacea (anteriormente denominada Chaetangium erinaceum
- NUNN et al., 1973 em MATULEWICZ et al., 1987
1
) e Liagora sp (USOV; DOBKINA,
1988 em HAINES et al., 1990). Entretanto, a xilomanana isolada da alga Nemalion
vermiculare diferia, de todas as mencionadas, quanto ao padrão de sulfatação, onde
estes grupos esterificavam os carbonos 4 e 6 (USOV; YAROTSKII, 1975 em
MATULEWICZ et al., 1987
1
).
FIGURA 29 - ESTRUTURA APRESENTADA PELA MANANA CONSTITUINTE DA
FRAÇÃO TFp-S (A) E DA XILOMANANA CONSTITUINTE DAS FRÕES GMp E TFp
(B).
O
O
OR
OH
RO
OH
O
O
OR
RO
OH
O
O
OR
RO
OH
O
O
OR
RO
OH
CH
3
O
O
OR
OH
RO
OH
O
O
OR
O
OH
O
OH
HO
R
1
O
O
O
OR
O
OH
O
OH
HO
R
1
O
O
O
OR
O
OH
CH
3
O
OH
OH
R
1
O
R= H, SO
3
-
,
β
ββ
β
-D-xilopiranose
α
αα
α-(1
3)-D-manana
R=H, SO
3
-
; R1= H ou CH
3
xilomanana 2,4-sulfato
A)
B)
93
4.2. CARACTERIZAÇÃO ESTRUTURAL E ESTUDO DA CINÉTICA QUÍMICA DA
REAÇÃO DE CICLIZAÇÃO EM GALACTANAS SULFATADAS ISOLADAS DE
ALGAS VERMELHAS
Como já mencionado anteriormente, a formação de unidades de 3,6-
anidrogalactose a partir de unidades precursoras de galactose 6-sulfato por
tratamento alcalino é uma importante e bem conhecida reação sofrida pelas
galactanas sulfatadas, tanto carragenanas como agaranas (PERCIVAL, 1949;
TURVEY, 1965; USOV, 1998). A cinética química desta reação de ciclização tem
sido estudada em diferentes modelos estruturais, como lambda- e kappa/iota-
carragenanas (CIANCIA et al., 1993), oligossacarídeos derivados de lambda-
carragenana (NOSEDA; CEREZO, 1995) e porfiranas (NOSEDA, et al. 2000).
Estes trabalhos mostraram que a velocidade da reação de ciclização sofre
influência direta da localização dos grupos sulfato na estrutura do polissacarídeo,
onde a presença deste grupo no carbono 2 da unidade de β-D-galactose, como em
lambda-carragenana, tem um efeito desacelerador (CIANCIA et al., 1993), enquanto
que no carbono 4, como em carragenanas da família kappa (mu- e nu-
carragenanas), acelera a reação de ciclização (CIANCIA et al., 1993).
Como descrito na literatura, as algas vermelhas Eucheuma denticulatum e
Furcellaria lumbricalis caracterizam-se por biossintetizarem galactanas sulfatadas do
tipo carragenana. A primeira alga citada é conhecida por produzir uma carragenana
híbrida onde estruturas dos tipos nu- e iota- (TABELA 1) ocorrem simultaneamente,
estando porém, a iota-carragenana, presente de forma predominante (ANDERSON
et al., 1973; SANTOS, 1989; AGUILAN et al., 2003). A segunda alga citada, produz
uma kappa-carragenana parcialmente dessulfatada, equivalente a uma galactana
híbrida kappa/beta-carragenana (TABELA 1), estando também presentes unidades
precursoras (galactose 6-sulfato) atribuídas a gamma-carragenana, esta estrutura
polissacarídica complexa é genericamente denominada de furcelarana (KNUTSEN;
GRASDALEN, 1987; KNUTSEN et al., 1990; TRUUS et al., 1997).
Baseando-se nisso, os polissacarídeos biossintetizados por estas algas se
mostraram como modelos estruturais interessantes para utilização nos estudos de
cinética química da reação de ciclização, uma vez que este estudo não foi realizado
em gamma-carragenana, uma estrutura desprovida de grupos sulfato (equivalente a
94
porfirana), bem como em mu- e nu-carragenana, separadamente, mas somente com
frações contendo uma mistura destes dois polissacarídeos (CIANCIA et al., 1993).
As galactanas sulfatadas a serem utilizadas nos estudos de cinética qmica
da reação de ciclização devem conter um unidades precursoras (galactose 6-sulfato)
em teores suficientes para que se possa acompanhar sua ciclização até unidades de
3,6-anidrogalactose, e por esta razão, as algas E. denticulatum e F. lumbricalis
foram submetidas à extração aquosa a temperatura ambiente e pH neutro
(aproximadamente 6,0), no intuito de se preservar estas unidades naturalmente
presentes nos polissacarídeos. Como pode ser observado nos trabalhos
previamente realizados com estas mesmas espécies de algas vermelhas, extrações
utilizando altas temperaturas ou condições alcalinas renderam estruturas altamente
ciclizadas, como observado mediante os elevados teores de 3,6-anidrogalactose
apresentados nestes trabalhos (ANDERSON et al., 1973; SANTOS, 1989; TRUUS et
al., 1997).
4.2.1. EXTRAÇÂO DOS POLISSACARÍDEOS SULFATADOS
As algas E. denticulatum e F. lumbricalis foram separadamente submetidas
ao mesmo procedimento de extração, onde o material seco e moído foi submetido à
extração aquosa (5g% p/v) a temperatura ambiente (25
o
C, 14 horas). Após
centrifugação do extrato aquoso (10.000 rpm, 15 minutos) fração sobrenadante foi
submetida a precipitação com etanol absoluto (3 volumes), como mostrado na
FIGURA 30.
Desta forma, a partir da alga E. denticulatum foi obtida a fração
polissacarídica denominada ECW, de elevado rendimento (24,0 %) e a partir da alga
F. lumbricalis, foi obtida a fração denominada F1, cujo baixo rendimento obtido (0,82
%) motivou um segundo processo de extração, seguindo as mesmas condições
descritas, obtendo-se assim a fração F2, com 0,75 % de rendimento (TABELA 18).
95
FIGURA 30 - FLUXOGRAMA DE EXTRAÇÃO DOS POLISSACARÍDEOS DAS ALGAS
Eucheuma denticulatum E Furcellaria lumbricalis.
Os valores de rendimento aqui obtidos são baixos se comparados aos obtidos
por outros autores, que estudaram estas mesmas espécies anteriormente, os quais
atingiram valores de até 50% (KNUTSEN; GRASDALEN, 1987; AGUILAN et al.,
2003), tais valores, porém, foram conseguidos mediante extração aquosa a quente
(60 90 °C), a qual não foi empregada aqui, uma vez que condição mais drástica
pode promover alterações estruturais não desejadas no polissacarídeo.
TABELA 18 - RENDIMENTO, ANÁLISES E COMPOSIÇÃO MONOSSACARÍDICA DAS
FRAÇÕES ECW, F1 E F2.
FRAÇÃO RENDIMENTO
(%)
a
SULFATO
(%)
b
[α
αα
α
D
20
]
)
c
MONOSSACARÍDEOS (mol%)
Gal
d
Angal
e
Glc
f
ECW
24,0 30,7 +29,0 63,9 36,1 -
h
F1 0,82 24,0 -
g
94,9 3,6 1,5
F2
0,75 25,4 +36,0
96,9 1,5 1,5
a
em relação a massa submetida a extração aquosa (E. denticulatum 7,5 g e F. lumbricalis
63,0 g);
b
segundo DODGSON e PRICE (1961), expresso como NaSO
3
;
c
rotação óptica
específica dos polissacarídeos dissolvidos em água (0,2g%);
d
galactose;
e
3,6-
anidrogalactose;
f
glucose;
g
não determinado,
h
não detectado.
- precipitação com etanol (3 volumes);
- diálise e liofilização.
Alga moída
sobrenadante
resíduo
ECW, F1, F2
- extração aquosa (1,5 g%, 15h, 25°C);
- centrifugação
96
A composição monossacarídica das frações ECW, F1 e F2 foi determinada
utilizando-se um método hidrolítico específico para galactanas sulfatadas,
denominado hidrólise redutiva, a qual preserva as unidades de 3,6-anidrogalactose,
uma vez que tais unidades se mostram lábeis a condições fortemente ácidas
(STEVENSON; FURNEAUX, 1991; FALSHAW; FURNEAUX, 1994).
Análise por CLG então revelou que todas as frações eram compostas
majoritariamente por galactose (63,9 96,9 mol%) e 3,6-anidrogalactose (1,5 – 36,1
mol%), como mostrado na TABELA 18. Ainda, unidades de glucose foram
detectadas nas frações F1 e F2 (TABELA 18), sendo a presença deste
monossacarídeo atribuída a uma contaminação por amido das florídeas, o
polissacarídeo de reserva das algas vermelhas. O teor de glucose contaminante
nestas frações se revelou mais elevado (33,5 e 17,8 mol%), quando estas frações
foram hidrolisadas sob condições mais fortes (TFA 2M).
Esta contaminação em frações polissacarídicas obtidas a partir da alga F.
lumbricalis é relatada na literatura (KNUTSEN; GRASDALEN, 1987; TRUUS et al.,
1997) e provavelmente se deve ao fato das plantas terem sido coletadas no mês de
setembro, outono no hemisfério norte, época em que o acúmulo desta glucana no
tecido vegetal é alto (KNUTSEN; GRASDALEN, 1987). Possivelmente, a ausência
de glucose na fração ECW possa ter a mesma explicação, assim a alga E.
denticulatum, provavelmente tenha sido coletada em um período do ano onde o
acúmulo do amido é baixo (inverno, primavera) e desta maneira, os teores de
galactose e de seu derivado 3,6-anidro podem ter encoberto o possível teor de
glucose presente.
Xilose foi identificada por AGUILAN et al. (2003) e 6-O-metil galactose e 2-O-
metil 3,6-anidrogalactose por TRUUS et al. (1997) entre os produtos de hidrólise dos
polissacarídeos isolados de E. denticulatum e de F. lumbricalis, respectivamente,
porém tais monossacarídeos não foram aqui encontrados entre os componentes
destes polímeros.
As frações ECW, F1 e F2 também se mostraram ricas em grupos sulfato (30,7
- 24,0%) e apresentaram valores positivos de rotação óptica específica, sugerindo
que estas frações fossem compostas por galactanas sulfatadas do tipo carragenana
(TABELA 18).
97
4.2.1.1. DETERMINAÇÃO DA ESTRUTURA QUÍMICA DE ECW
A fração ECW foi submetida a análise de RMN de C
13
visando elucidar sua
estrutura química fina. O espectro obtido para esta fração (FIGURA 31) apresentou
um grande número de sinais, sendo possível identificar na região anomérica (110
90 ppm) quatro picos de absorção, atribuídos ao C-1 das unidades de β-D-
galactopiranose 4-sulfato (104,5 e 102,0 ppm), quando glicosidicamente ligadas a
unidades de α-D-galactopiranose 2,6-dissulfato (98,1 ppm) e de 3,6-anidro-α-D-
galactopiranose 2-sulfato (91,8 ppm), respectivamente (TABELA 19).
No espectro de RMN de H
1
desta fração, também foram identificados os
sinais atribuídos aos H-1 destas mesmas unidades monossacarídicas em 4,67, 5,51
e 5,30 ppm, respectivamente (FIGURA 31).
Estes assinalamentos estão de acordo com os relatados na literatura para
nu- e iota-carragenana, onde os sinais em 104,5 e 98,1 ppm e 4,67 e 5,51 ppm são
referentes ao dissacarídeo repetitivo constituinte da primeira estrutura citada e os
sinais em 102,0 e 91,8 ppm e 4,67 e 5,30 ppm ao da segunda estrutura citada
(STORTZ; CEREZO, 1993; FALSHAW et al., 1996; VAN DE VELDE et al., 2002;
AGUILAN et al., 2003) como mostrado na FIGURA 31 e na TABELA 19.
A TABELA 19 apresenta o completo assinalamento para os demais carbonos
de cada unidade monossacarídica constituinte desta estrutura, o qual se mostra de
acordo com aqueles apresentados por outros autores (STORTZ; CEREZO, 1994;
FALSHAW et al., 1996; VAN DE VELDE et al., 2002).
A identificação destes dois padrões em uma mesma estrutura polissacarídica
se deve ao fato, conhecido, da nu-carragenana ser o precursor biológico da iota-
carragenana (REES, 1969; GREER; YAPHE, 1984).
98
FIGURA 31 ESTRUTURA QUÍMICA (A) E ESPECTROS DE RMN* DE H
1
(B) E C
13
(C)
DA CARRAGENANA CONSTITUINTE DA FRAÇÃO ECW.
as letras correspondem as unidades identificadas: A, A’ - β-D-galactopiranose 4-sulfato, B -
α-D-galactopiranose 2,6-dissulfato, C - 3,6-anidro-α-D-galactopiranose 2-sulfato; os números
correspondem aos carbonos ou prótons identificados; * experimento realizado à 70 °C com
os polissacarídeos dissolvidos em D
2
O.
O
OH
OSO
3
-
O
O
OH
O
OSO
3
-
OH
OSO
3
-
O
O
OH
OSO
3
-
O
OH
O
OSO
3
-
O
.
CH
3
A
B
A
C
B1
C1
A1, A’1
A1
A’1
B1
C1
B)
C)
A)
ppm
99
TABELA 19 - ASSINALAMENTOS QUÍMICOS DE RMN DE C
13
DAS FRAÇÕES ECW
(NU/IOTA-CARRAGENANA) E ECWTA (IOTA-CARRAGENANA).
FRAÇÃO UNIDADE DISSACARÍDICA ASSINALAMENTOS (ppm)*
C-1 C-2 C-3 C-4 C-5 C-6
ECW
3-O-β
ββ
β-D-Galp-4-S
a
104,5 69,9 79,7 70,9 74,6 61,1
4-O-α
αα
α-D-Galp-2,6-S
b
98,1 76,2 68,1 -
d
68,1 67,7
3-O-β
ββ
β-D-Galp-4-S
102,0 69,1 76,6 72,0 74,6 61,1
4-O-3,6-An-α
αα
α-D-Galp-2-S
c
91,8 74,8 77,6 78,1 76,8 69,6
ECWTA
3-O-β
ββ
β-D-Galp-4-S
102,2 69,4 76,8 72,1 74,8 61,3
4-O-3,6-An-α
αα
α-D-Galp-2-S
92,0 74,9 77,8 78,2 77,1 69,7
* de acordo com STORTZ; CEREZO, 1994; FALSHAW et al., 1996; VAN DE VELDE et al.,
2002;
a
3-O-substituída-β-D-galactopiranose-4-sulfato;
b
4-O-substituída-α-D-
galactopiranose-2,6-dissulfato;
c
4-O-substituída-3,6-anidro-α-D-galactopiranose-2-sulfato;
d
não determinado.
Visando-se confirmar o padrão estrutural acima relatado, a fração ECW foi
submetida a tratamento alcalino (NaOH 1M; 8C; 0,5h). Nestas condições as
unidades de galactose 2,6-dissulfato são convertidas a unidades de 3,6-
anidrogalactose 2-sulfato, simplificando, desta maneira, a estrutura do
polissacarídeo presente na fração submetida a este tratamento (ECWTA).
A fração modificada ECWTA (80% de rendimento) apresentou-se, desta
maneira, composta por galactose e 3,6-anidrogalactose em percentagens
praticamente equimolares (51,0 e 49,0 mol%, respectivamente – TABELA 20) e
ainda altamente sulfatada (24,3% - TABELA 20).
100
TABELA 20 - RENDIMENTO, ANÁLISES E COMPOSIÇÃO MONOSSACARÍDICA DAS
FRAÇÕES ECW E ECWTA.
FRAÇÃO RENDIMENTO
(%)
a
SULFATO
(%)
b
[α
αα
α
D
20
]
)
c
MONOSSACARÍDEOS (mol%)
Gal
d
Angal
e
ECW
- 30,7 +29,0 63,9 36,1
ECWTA
80,0 24,3 +16,5
51,0 49,0
a
em relação a massa submetida a tratamento alcalino (100 mg);
b
segundo DODGSON;
PRICE (1961), expresso como NaSO
3
;
c
rotação óptica específica dos polissacarídeos
dissolvidos em água (0,2g%);
d
galactose;
e
3,6-anidrogalactose.
O espectro de RMN de C
13
obtido para esta fração quando comparado ao da
fração nativa (ECW), mostrou-se, como esperado, mais simples (FIGURA 32), com
apenas 12 picos de absorção típicos para uma iota-carragenana (VAN DE VELDE et
al., 2002; AGUILAN et al., 2003). Na região anomérica, somente dois sinais se
mostram presentes, em 102,2 e 92,0 ppm (TABELA 19), os quais foram atribuídos
ao C-1 das unidades de β-D-galactopiranose 4-sulfato glicosidicamente ligadas a
unidades de 3,6-anidro-α-D-galactopiranose 2-sulfato, respectivamente (STORTZ;
CEREZO, 1994; FALSHAW et al., 1996; VAN DE VELDE et al., 2002). Da mesma
forma no espectro de RMN de H
1
somente os sinais em 4,66 e 5,30 ppm (FIGURA
32) referentes aos prótons anoméricos destas mesmas unidades (FALSHAW et al.,
1996) foram identificados.
O completo assinalamento deste polissacarídeo modificado, de acordo com a
literatura (STORTZ; CEREZO, 1994; FALSHAW et al., 1996; VAN DE VELDE et al.,
2002) é apresentado na TABELA 19.
101
FIGURA 32 - ESTRUTURA QUÍMICA (A) E ESPECTROS DE RMN* DE H
1
(B) E C
13
(C)
DA CARRAGENANA CONSTITUINTE DA FRAÇÃO ECWTA.
as letras A e B referem-se as unidades de β-D-galactopiranose 4-sulfato e 3,6-anidro-α-D-
galactopiranose 2-sulfato, respectivamente; os números referem-se aos carbonos ou
prótons identificados; * experimentos realizado à 70°C com os polissacarídeos dissolvidos
em D
2
O.
O
O
OH
OSO
3
-
O
OH
O
OSO
3
-
O
.
O
O
OSO
3
-
O
O
OH
OSO
3
-
O
OH
CH
3
A
A
B
B
A)
B)
C)
B-1
A-1
A-1
B-1
ppm
102
Análises mediante cromatografia de exclusão estérica acoplada a detectores
de espalhamento de luz e índice de refração (HPSEC-MALLS) mostraram que
ambas as frações, ECW e ECWTA possuíam um caráter homogêneo, compostas
majoritariamente por um polímero de elevada massa molecular, o qual apresentou
um pico de eluição em aproximadamente 37,5 minutos (FIGURA 33).
FIGURA 33 - PERFIL CROMATOGRÁFICO APRESENTADO PELAS FRAÇÕES ECW (A)
E ECWTA (B) MEDIANTE ANÁLISE POR HPSEC-MALLS.
detector 11 (vermelho): espalhamento de luz, detector auxiliar 1 (azul): índice de refração; *
experimento realizado com os polissacarídeos dissolvidos em solução de nitrito contendo
azida sódica.
Visando obter maiores detalhes quanto à estrutura química fina destes
polissacarídeos, as frações ECW e ECWTA foram submetidas à análise de
metilação (CIUCANU; KEREK, 1984). A composição monossacarídica dos produtos
parcialmente metilados foi determinada por hidrólise redutiva e CG-EM, através de
seus tempos de retenção e perfis característicos de fragmentação.
Um mesmo padrão de substituição foi evidenciado para ECW e ECWTA, uma
vez que os mesmos derivados foram encontrados no produto de hidrólise de ambas
as frações, porém em percentagens distintas (TABELA 21).
A) B)
103
TABELA 21 ANÁLISE DE METILAÇÃO DAS FRAÇÕES NATIVA ECW E MODIFICADA
ECWTA.
FRAÇÃO COMPOSIÇÃO MONOSSACARÍDICA (mol%)
2,6-MeGal
1
6-MeGal
2
3-MeGal
3
2-MeGal
4
AnGal
5
ECW
46,9
2,3
10,3
5,1
35,4
ECWTA
46,8 0,8 1,3 2,8 48,3
ligação deduzida
(3) (3) ou (4)
(4) (3) ou (4)
(4)
1
2,6-di-O-metil galactose;
2
6-O-metil galactose;
3
3-O-metil galactose;
4
2-O-metil galactose;
5
3,6-anidrogalactose.
Os derivados parcialmente metilados mais abundantes obtidos para a fração
ECW foram 2,6-di-O-metil galactose (46,9 mol%), 3,6-anidrogalactose (35,4 mol%) e
3-O-metil galactose (10,3 mol% - TABELA 21). Estes derivados originaram-se a
partir das unidades de galactose 4-sulfato, 3,6-anidrogalactose 2-sulfato e galactose
2,6-dissulfato, respectivamente, presentes no polissacarídeo nativo (FIGURA 34).
Estas percentagens somadas mostram que 93% da estrutura do
polissacarídeo constituinte da fração ECW, representa uma típica nu/iota-
carragenana híbrida (TABELA 21). Porém 7% da estrutura é representada por
unidades não usuais, uma vez que os derivados 6-O-metil e 2-O-metil galactose
foram identificadas sob baixas percentagens (2,3 e 5,1 mol%, respectivamente
TABELA 21) e podem sugerir a presença de unidades de galactose 2,4-dissulfato
(ou alternativamente galactose 2,3-dissulfato) e galactose 3,6-dissulfato (ou
alternativamente galactose 4,6-dissulfato), como mostrado na FIGURA 35.
Esta última unidade de galactose dissulfatada já havia sido relatada
anteriormente na literatura (AGUILAN et al., 2003) e juntamente com outras refletiam
diferentes padrões de sulfatação para esta mesma carragenana (ANDERSON et al.,
1973; AGUILAN et al., 2003).
Ainda, baseado nas percentagens detectadas de 3,6-anidrogalactose e de 3-
O-metil galactose, pôde-se afirmar que aproximadamente 71% da estrutura do
polissacarídeo (ou 72% como determinado pela composição monossacarídica) se
encontra como iota-carragenana e aproximadamente 21% como a precursora, nu-
carragenana.
104
Estes valores se aproximaram da percentagem obtida mediante integração
dos prótons anómericos referentes às unidades de β-D-galactopiranose 4-sulfato, α-
D-galactopiranose 2,6-dissulfato e 3,6-anidro-α-D-galactopiranose 2-sulfato,
presentes no espectro de RMN de H
1
desta fração (FIGURA 31), onde estabeleceu-
se que 30% do polímero era nu- enquanto que 70% era iota-carragenana.
Para ECWTA, entretanto, somente 2,6-di-O-metil galactose (46,8 mol%) e 3,6-
anidrogalactose (48,3 mol%) apresentaram percentagens expressivas (TABELA 21).
Estes valores, quando comparados àqueles da fração nativa, refletem a ciclização
das unidades de galactose 2,6-dissulfato à 3,6-anidrogalactose 2-sulfato, como
conseqüência do tratamento alcalino.
Baseado na percentagem detectada de 2,6-di-O-metil galactose pôde-se
afirmar que aproximadamente 94% da estrutura do polissacarídeo presente na
fração ECWTA se encontra como iota-carragenana.
A manutenção dos teores de 3,6-anidrogalactose nos polissacarídeos antes e
após metilação (TABELAS 20 e 21) mostra que este processo não causou ciclização
das unidades precursoras e desta maneira não alterou a estrutura original
apresentada pelas moléculas.
Ainda, a identificação do derivado 3-O-metil galactose (1,3 mol%) na fração
modificada (TABELA 21), indica que o processo de ciclização não ocorreu
completamente, restando ainda no polissacarídeo algumas unidades de galactose
2,6-dissulfato, cuja ocorrência, muito baixa, não permite sua detecção mediante
análise de RMN de C
13
ou H
1
(FIGURA 32). Este fenômeno também é observado
para as unidades presentes no polissacarídeo nativo e tratado, que originaram os
derivados 6-O-metil e 2-O-metil galactose, detectados na fração ECWTA sob as
percentagens de 0,8 e 2,8 mol%, respectivamente (TABELA 20).
A não detecção destas unidades por RMN de C
13
ou H
1
, pode explicar a
diferença encontrada entre a percentagem estrutural estabelecida para o
polissacarídeo da fração ECW, determinada mediante integração dos prótons
anoméricos e análise de metilação.
1
05
FIGURA 34 UNIDADES MONOSSACARÍDICAS PARCIALMENTE METILADAS
OBTIDAS A PARTIR DAS FRAÇÕES ECW (NU/IOTA-CARRAGENANA) E ECWTA (IOTA-
CARRAGENANA).
O
OH
OSO
3
-
OH
O
OH
O
O
OSO
3
-
OH
OSO
3
-
CH
3
O
O
OSO
3
-
O
CH
3
O
OCH
3
OH
HO
OCH
3
OH
O
OH
H
3
CO
OH
OH
O
OH
O
metilação
H
+
Total
metilação
H
+
Total
metilação
H
+
Total
~ OH,H
~ OH,H
~ OH,H
3)-
β
ββ
β
-D-galactopiranose 4-sulfato-(1
4)-
α
αα
α
-D-galactopiranose 2,6-dissulfato-(1
4)-3,6-anidro-
α
αα
α
-D-galactopiranose 2-sulfato-(1
2,6-di-O-metil galactose (nu/iota-)
3-O-metil galactose (nu-)
3,6-anidrogalactose (iota-)
106
FIGURA 35 - UNIDADES MONOSSACARÍDICAS NÃO USUAIS PRESENTES NOS
POLISSACARÍDEOS DAS FRAÇÕES ECW (NU/IOTA-CARRAGENANA) E ECWTA
(IOTA-CARRAGENANA).
O
OSO
3
-
OSO
3
-
OH
O
OH
O
OH
OH
HO
OCH
3
O
O
OSO
3
-
-O
3
SO
OH
CH
3
O
OH
OSO
3
-
OH
O
OSO
3
-
O
OCH
3
OH
HO
OH
O
O
OH
-O
3
SO
OSO
3
-
CH
3
~
OH, H
~
OH, H
6-O-metil galactose
2-O-metil galactose
3)-
β
ββ
β
-D-galactopiranose 2,4-dissulfato-(1
4)-
α
αα
α
-D-galactopiranose 2,3-dissulfato-(1
3)-
β
ββ
β
-D-galactopiranose 4,6-dissulfato-(1
4)-α
αα
α-D-galactopiranose 3,6-dissulfato-(1
107
As frações ECW e ECWTA foram submetidas a análises de infravermelho. Os
espectros de FT-IR obtidos para ambas se mostraram extremamente similares,
porém um aumento nos picos de absorção em 928,7 e 805,1 cm
-1
, pôde ser
observado no espectro da fração modificada (FIGURA 36).
Estes picos correspondem ao anel 3,6-anidro e ao grupo sulfato ligado ao
carbono 2 da unidade de 3,6-anidrogalactose, respectivamente (BELLION et al.,
1984; SANTOS, 1989; AGUILAN et al., 2003; PRADO-FERNÁNDEZ et al., 2003),
como mostrado na TABELA 22.
O aumento observado nestes picos, em ECW-TA, reflete a conversão das
unidades de galactose 2,6-dissulfato, presentes no polissacarídeo nativo, para 3,6-
anidrogalactose 2-sulfato como resultado do tratamento alcalino. Ainda nestes
espectros, os sinais em 867 e 830 cm
-1
, atribuídos aos carbonos 6 e 2 sulfatados do
precursor (nu-carragenana), não foram observados, apesar da fração ECW conter
10 % de unidades de galactose 2,6-dissulfato, como determinado pelas análises de
metilação (TABELA 21).
FIGURA 36 - ESPECTRO DE FT-IR DAS FRAÇÕES ECW E ECWTA.
700750800850900950100010501100115012001250130013501400
comprimento de onda cm
-1
ECW
ECWTA
1255.0
928.7
850.5
805.1
108
TABELA 22 - PICOS DE ABSORÇÃO OBSERVADOS NOS ESPECTROS DE FT-IR DAS
FRAÇÕES ECW E ECWTA E SEUS GRUPOS FUNCIONAIS CORRESPONDENTES.
COMPRIMENTO DE ONDA (cm
-1
)
GRUPO FUNCIONAL
1255,0
O=S=O (sulfato total)
928,7 C-O-C (3,6 anidrogalactose)
850,5
C-O-SO
4
(em O axial de C secundário C-4 da Gal)
805,1
C-O-SO
4
(em O axial de C secundário da 3,6 Angal)
* de acordo com BELLION et al., 1983; CHOPIN, et al., 1999; PRADO-FERNÁNDEZ et al.,
2003.
Desta maneira, a carragenana isolada e caracterizada aqui, a partir da alga E.
denticulatum, apresenta-se estruturalmente distinta daquelas extraídas da mesma
fonte e caracterizadas previamente por outros autores (ANDERSON et al., 1973;
SANTOS, 1989; AGUILAN et al., 2003).
4.2.1.2. DETERMINAÇÃO DA ESTRUTURA QUÍMICA DE F1 E F2
As frações F1 e F2 foram submetidas à análise de RMN de C
13
visando
elucidar a estrutura química fina de seus polissacarídeos constituintes. Os espectros
de RMN de C
13
obtidos para estas frações apresentaram baixa resolução, como
mostrado na FIGURA 37. Na região anomérica dos espectros de ambas as frações,
somente dois sinais foram passíveis de identificação, em 104,3 104,4 ppm,
atribuídos ao C-1 de unidades de β-D-galactopiranose e 99,7 99,7 ppm atribuídos
as unidades de α-D-glucopiranose (GREER; YAPHE, 1984; KNUTSEN;
GRASDALEN, 1987; VAN DE VELDE et al., 2002).
A identificação das unidades de α-D-glucopiranose nos espectros de F1 e F2,
confirmou o caráter heterogêneo destas frações, devido à contaminação por amido
das florídeas como inicialmente proposto, mediante análise da composição
monossacarídica.
109
Visando-se purificar as frações F1 e F2, ambas foram submetidas a
precipitação fracionada com KCl. Este processo baseia na propriedade apresentada
pelas carragenanas de geleificarem na presença de cátions, como o íon potássio, a
qual é dependente do teor de unidades de 3,6-anidrogalactose e de grupos sulfato
presente na molécula (CEREZO, 1967; NOSEDA, 1994; USOV, 1998).
Carragenanas com maiores teores de 3,6-anidrogalactose e menores de sulfato
tendem a geleificar em menores concentrações de potássio.
Para tanto, a fração F1 foi ressolubilizada em água e tratada com soluções de
concentrações crescentes de KCl (0,15; 0,3; 0,6; 1,0; 1,5 e 2M). Após a adição de
cada concentração do sal a solução foi centrifugada, os precipitados dialisados
exaustivamente contra água destilada e o sobrenadante submetido a um novo passo
de precipitação. Desta maneira sete sub-frações foram obtidas a partir de F1
(TABELA 23).
TABELA 23 - RENDIMENTO, TEOR DE SULFATO E COMPOSIÇÃO
MONOSSACARÍDICA DAS SUB-FRAÇÕES OBTIDAS A PARTIR DE F1 E F2 MEDIANTE
TRATAMENTO COM KCl.
FRAÇÃO [KCl]
(M)
RENDIMENTO
(%)
SULFATO
(%)
c
MONOSSACARÍDEO (mol%)
Gal
d
Angal
e
Glc
f
F1
- 0,82
a
24,0 94,9 3,6 1,5
F1A
0,0 - 0,15 2,5
b
15,4 71,1 0,0 28,9
F1B
0,15 - 0,3 2,0 16,8 90,0 5,7 4,3
F1C
0,3 - 0,6 1,75 15,8 89,5 4,5 6,0
F1D
0,6 - 1,0 2,25 14,1 86,2 7,6 6,3
F1E
1,0 - 1,5 1,75 16,0 84,2 2,1 13,7
F1F
1,5 - 2,0 - 5,6 76,9 9,0 14,2
FS2
solúvel em 2M 59,2 26,2 85,9 4,2 9,9
F2
- 0,75
a
25,4 96,9 1,5 1,5
F2A
0,0-2,0 4,25
b
14,0 42,1 4,6 53,3
F2S2
Solúvel em 2M 85,1 30,2
86,5 6,8 6,6
a
em relação a massa algal inicialmente submetida a extração;
b
em relação a massa de
polissacarídeo submetida a precipitação fracionada com KCl;
c
segundo DODGSON e
PRICE (1961), expresso como NaSO
3
;
d
galactose;
e
3,6-anidrogalactose;
f
glucose.
110
FIGURA 37 - ESPECTROS DE RMN DE C
13
* OBTIDOS A PARTIR DAS
CARRAGENANAS CONSTITUINTES DAS FRAÇÕES F1 (1) E F2 (2).
as letras referem-se as unidades de β-D-galactopiranose (A) e α-D-glucopiranose (B); os
números referem-se aos carbonos identificados; * experimento realizado à 70 °C com os
polissacarídeos dissolvidos em D
2
O.
A-1
B-1
A-1
B-1
1)
2)
111
A sub-fração que apresentou maior rendimento foi aquela que continha os
polissacarídeos que permaneceram solúveis em KCl 2M (FS2 TABELA 23), todas
as demais frações obtidas sob concentrações inferiores de KCl apresentaram
rendimentos desprezíveis. Baseado nisto a fração F2 foi diretamente submetida a
tratamento com KCl 2M, obtendo-se desta maneira a fração F2S2 com 85% de
rendimento (TABELA 23).
Todas as sub-frações obtidas, de maneira similar às frações de origem,
apresentaram a mesma composição monossacarídica: 3,6-anidrogalactose (0,0
9,0 mol%), galactose (71,1 – 94,9 mol%) e glucose (1,5 28,9 mol%). Grupos
sulfato também foram detectados em todas as frações (5,6 – 26,2% - TABELA 23).
As duas sub-frações de maiores rendimentos obtidas FS2 e F2S2 foram
submetidas a análise por HPSEC-MALLS. Os cromatogramas obtidos mostraram
que ambas as frações eram majoritariamente compostas por um polímero de
elevada massa molecular, o qual apresentou tempo médio de eluição de
aproximadamente 40 minutos (FIGURA 38). A fração FS2 mostrou, ainda por esta
análise, um caráter heterogêneo, uma vez que polímeros de baixa massa molecular
foram detectados. A fração F2S2, entretanto, mostrou um caráter homogêneo,
refletindo assim a eficiência do processo de purificação por precipitação com KCl, o
qual também se refletiu mediante análise de composição monossacarídica das sub-
frações, uma vez que, como mostrado na TABELA 23, as frações precipitadas com
0,15 e 2,0M concentram a maior parte da glucose contaminante (28,9 e 14,2 mol%).
Quando submetidas a análises de RMN de C
13
as sub-frações FS2 e F2S2
geraram espectros de resolução superior àqueles obtidos para as frações F1 e F2
(FIGURA 39).
Na região anomérica do espectro da fração FS2 estão presentes os sinais em
104,5, 104,4, 97,5 e 95,8 ppm (TABELA 24). Na mesma região do espectro da
fração F2S2 estão presentes sinais semelhantes, localizados em 104,4 e 102,2 ppm
(TABELA 24). Nos espectros de ambas as frações ainda estão presentes os sinais
em 69,1, 67,9, 67,1 e 61,1 ppm (FS2) e 69,1, 67,8, 67,0 e 61,0 ppm (F2S2).
112
FIGURA 38 – CROMATOGRAMA DE HPSEC-MALLS APRESENTADO PELAS FRAÇÕES
FS2 (A) E F2S2 (B).
detector 11 (vermelho): espalhamento de luz, detector auxiliar 1 (azul): índice de refração; *
experimento realizado com os polissacarídeos dissolvidos em solução de nitrito contendo
azida sódica.
Os sinais em 104,5 e 104,4 ppm (FS2), foram assinalados como C-1 das
unidades de β-D-galactopiranose e de β-D-galactopiranose 4-sulfato, constituintes
dos dissacarídeos repetitivos da gamma- e da mu-carragenana, respectivamente
(GREER; YAPHE, 1984; KNUTSEN; GRASDALEN, 1987; VAN DE VELDE et al.,
2002, 2004). Em F2S2, o sinal em 104,4 ppm provavelmente corresponde a
sobreposição dos C-1 das mesmas unidades, acima mencionadas.
Já o sinais em 97,5 e 95,8 ppm foram atribuídos ao C-1 das unidades de α-D-
galactopiranose 6-sulfato constituinte dos dissacarídeos repetitivos da mu- e da
gamma-carragenana, respectivamente (GREER; YAPHE, 1984; KNUTSEN;
GRASDALEN, 1987; VAN DE VELDE et al., 2002, 2004).
O sinal em 102,2 ppm, observado na fração F2S2, por sua vez, se mostrou
referente a sobreposição dos carbonos 1 das unidades de β-D-galactopiranose
(beta-) e de β-D-galactopiranose 4-sulfato (kappa-carragenana - GREER; YAPHE,
1984; KNUTSEN; GRASDALEN, 1987; VAN DE VELDE et al., 2002, 2004).
A)
B)
113
Ainda os sinais em 67,9 e 67,8 ppm foram atribuídos ao carbono 6 sulfatado
das unidades de α-D-galactopiranose 6-sulfato da gamma- enquanto os sinais em
67,1 e 67,0 ppm ao da mu-carragenana (GREER; YAPHE, 1984; VAN DE VELDE et
al., 2002, 2004). Por fim os sinais em 69,1 e 61,0 ppm eram referentes ao C-6 das
unidades de 3,6-anidro-α-D-galactopiranose pertencentes tanto a kappa como a
beta-carragenana (GREER; YAPHE, 1984; VAN DE VELDE et al., 2002, 2004).
Estes assinalamentos se mostraram coerentes com o padrão de absorção de
uma kappa-carragenana parcialmente dessulfatada, onde estruturas ciclizadas
(kappa/beta-) ocorrem juntamente com estruturas precursoras (mu/gamma-), como
mostra a FIGURA 40, descrita na literatura (GREER; YAPHE, 1984; KNUTSEN;
GRASDALEN, 1987; KNUTSEN et al., 1990; TRUUS et al., 1997).
O sinal observado em 100,6 ppm, no espectro da fração FS2, referente ao C-
1 das unidades de α-D-glucopiranose, indica que nela ainda esta presente o amido
das florídeas (KNUTSEN; GRASDALEN, 1987; VAN DE VELDE et al., 2002).
TABELA 24 - ASSINALAMENTOS QUÍMICOS DE RMN DE C
13
DAS FRAÇÕES NATIVAS
F1 E F2 E SOLÚVEIS EM KCl 2M FS2 E F2S2.
CARBONO
UNIDADE
ASSINALAMENTOS (ppm)
F1 FS2 F2 F2S2
ESTRUTURA*
C-1 β-D-Galp
1
104,3 104,5 104,4 104,4 Gamma-
C-1 β-D-Galp 4S
2
104,4 104,4 Mu-
C-1 β-D-Galp (4S)
102,2 Kappa-/Beta-
C-1 α-D-Glcp
3
99,7 100,6 99,7 Amido
C-1 α-D-Galp 6S
4
97,5 Mu-
C-1 α-D-Galp 6S
95,8 Gamma-
C-6 3,6-An-α-D-Galp
5
69,1 69,1 Beta-/Kappa-
C-6 α-D-Galp 6S
67,9 67,8 Gamma-
C-6 α-D-Galp 6S
67,1 67,0 Mu-
C-6 α-D-Galp
61,1 61,0
1
β-D-galactopiranose;
2
β-D-galactopiranose 4-sulfato;
3
α-D-glucopiranose;
4
α-D-
galactopiranose 6-sulfato;
5
3,6-anidro-α-D-galactopiranose; * segundo GREER e YAPHE
(1984); KNUTSEN e GRASDALEN (1987); VAN DE VELDE et al. (2002, 2004).
114
FIGURA 39 - ESPECTROS DE RMN DE C
13
* OBTIDOS A PARTIR DAS FRAÇÕES FS2
(1) E F2S2 (2).
A: unidades 3-O-substituidas; B: unidades 4-O-substituidas; Os carbonos de cada estrutura
são identificados como µ-A
n
e µ-B
n
para mu-; κ-A
n
e κ-B
n
para kappa-; γ-A
n
e γ-B
n
para
gamma- e β-A
n
e β-B
n
para beta-carragenana; * experimento realizado à 70°C com os
polissacarídeos dissolvidos em D
2
O.
O
OH
OSO
3
-
O
O
OH
O
OH
OH
OSO
3
-
O
H
CH
3
O
OH
OH
O
O
OH
O
OH
OH
OSO
3
-
O
H
CH
3
O
O
OH
OSO
3
-
O
OH
O
OH
O
.
CH
3
O
O
OH
OH
O
OH
O
OH
O
.
CH
3
µ
µµ
µ
-
γ
γγ
γ
-
A
A
B
B
κ
κκ
κ
-
β
ββ
β
-
A
A
B
B
1)
2)
γ
γγ
γ
-B1
C-1 amido
γ
γγ
γ/µ
µµ
µ-B6
µ
µµ
µ-B1
µ
µµ
µ
-A1
γ
γγ
γ
-A1
γ
γγ
γ
/
µ
µµ
µ
/
κ
κκ
κ
/
β
ββ
β
-A6
γ
γγ
γ/µ
µµ
µ/κ
κκ
κ/β
ββ
β-A6
γ
γγ
γ
/
µ
µµ
µ
-A1
γ
γγ
γ/µ
µµ
µ-B6
κ
κκ
κ
/
β
ββ
β
-
A1
γ
γγ
γ
/
µ
µµ
µ
/
κ
κκ
κ
/
β
ββ
β
-
A6
γ
γγ
γ/µ
µµ
µ/κ
κκ
κ/β
ββ
β-A6
[j1] Comentário:
A: unidades
3-O-substituidas, B: unidades 4-O-
substituidas. Os carbonos de cada
estrutura são identificados .........
115
FIGURA 40 - ESTRUTURA APRESENTADA PELA MU/KAPPA- (A) E BETA/GAMMA-
CARRAGENANA (B).
Para confirmar a estrutura acima proposta, a fração FS2 foi submetida a
tratamento alcalino (NaOH 1M; 80°C; 1,5h) visando-se obter uma fração
quimicamente modificada (FS2TA), mediante a conversão das unidades de
galactose 6-sulfato para 3,6-anidrogalactose.
A fração FS2TA (75% de rendimento), mostrou-se composta por galactose
(53,7 mol%) e 3,6-anidrogalactose (35,3 mol%) e ainda sulfatada (15,1%).
O espectro de RMN de C
13
desta fração apresentou-se, quando comparado
ao da fração nativa, mais simples (FIGURA 41), devido à inexistência dos sinais
referentes às estruturas precursoras e somente contendo os picos de absorção
típicos da estrutura de uma kappa/beta-carragenana (GREER; YAPHE, 1984;
KNUTSEN; GRASDALEN, 1987; KNUTSEN et al., 1990; TRUUS et al., 1997).
O tratamento alcalino, portanto, eliminou os sinais em 104,5, 104,4, 97,5 e
95,8 ppm presentes na fração nativa, sendo observados na fração modificada os
O
OH
OSO
3
-
O
O
OH
O
OH
OH
OSO
3
-
O
O
OH
OSO
3
-
O
OH
O
OH
O
.
CH
3
O
OH
OH
O
O
OH
O
OH
OH
OSO
3
-
O
O
OH
OH
O
OH
O
OH
O
.
CH
3
A)
B)
mu-
carragenana
gamma- carragenana
kappa-carragenana
beta-carragenana
116
sinais em 102,2, 95,0 e 94,3 ppm (FIGURA 41). Ainda, os sinais em 67,9 e 67,1 ppm
também foram eliminados pelo tratamento alcalino (FIGURA 41).
Os sinais em 102,2 e 95,0 ppm, bem como os sinais em 102,2 e 94,3 ppm, se
mostraram de acordo com os valores relatados na literatura para os carbonos
anoméricos das unidades dissacarídicas repetitivas da kappa- [3)-β-D-
galactopiranose 4-sulfato-(14)-3,6-anidro-α-D-galactopiranose-(1] e beta-
carragenana [3)-β-D-galactopiranose-(14)-3,6-anidro-α-D-galactopiranose-(1],
respectivamente (GREER; YAPHE, 1984; KNUTSEN; GRASDALEN, 1987; VAN DE
VELDE et al., 2002, 2004).
Os sinais em 73,8 e 66,2 ppm observados no espectro da fração modificada,
e atribuídos ao C-4 sulfatado da unidade de β-D-galactopiranose 4-sulfato e ao C-4
livre da β-D-galactopiranose (GREER; YAPHE, 1984; KNUTSEN; GRASDALEN,
1987; VAN DE VELDE et al., 2002, 2004), respectivamente encontrados na kappa- e
na beta-carragenana, já se mostravam presentes na fração nativa (73,4 e 66,2 ppm)
e confirmaram a estrutura proposta para os polissacarídeos constituintes das frações
FS2 e FS2TA (TABELA 25). O assinalamento completo da kappa/beta-carragenana
constituinte da fração FS2TA é mostrado na TABELA 25.
Analisando-se ainda os sinais anoméricos referentes às unidades de 3,6-
anidro-α-D-galactopiranose pertencentes a kappa- e a beta-carragenana nos
espectros de RMN de C
13
da fração modificada FS2TA, foi possível observar uma
sutil diferença entre suas intensidades (FIGURA 41). Assim estes sinais foram
integrados e mostraram que o teor de unidades de 3,6-anidrogalactose pertencentes
a beta- era pouco maior que o teor de unidades pertencentes a kappa-carragenana
(1,18:1,0). Esta mesma proporção foi observada entre os derivados 2,6-di-O-metil
galactose (54,0 mol%) e 2,4,6-tri-O-metil galactose (46,0 mol%), provenientes das
unidades de β-D-galactose 4-sulfato (mu/kappa-) e galactose (gamma/beta-
carragenana), obtidos a partir da análise de metilação da fração FS2 (1,17:1,0).
Desta maneira, a furcelarana caracterizada aqui, obtida a partir da alga F.
lumbricalis, é estruturalmente distinta daquela extraída da mesma fonte e
caracterizadas previamente por outros autores (TRUUS et al., 1997; KNUTSEN;
GRASDALEN, 1987; KNUTSEN; GRASDALEN, 1992; KNUTSEN et al., 1992).
117
FIGURA 41 - ESPECTROS DE RMN DE C
13
* OBTIDOS A PARTIR DAS FRAÇÕES FS2
(1) E FS2TA (2).
A: unidades 3-O-substituidas; B: unidades 4-O-substituidas; os carbonos de cada estrutura
são identificados como µ-A
n
e µ-B
n
para mu-; κ-A
n
e κ-B
n
para kappa-; γ-A
n
e γ-B
n
para
gamma- e β-A
n
e β-B
n
para beta-carragenana; * experimento realizado à 70°C com os
polissacarídeos dissolvidos em D
2
O.
κ
κκ
κ
/
β
ββ
β
-A1
κ
κκ
κ-B1
β
ββ
β
-B1
β
ββ
β
-A3
κ
κκ
κ/β
ββ
β-B3
κ
κκ
κ
-A3
κ
κκ
κ
-A4
β
ββ
β-A5
κ
κκ
κ
/
β
ββ
β
-B2
κ
κκ
κ/β
ββ
β-A2
κ
κκ
κ/β
ββ
β-B6
β
ββ
β
-A4
κ
κκ
κ
/
β
ββ
β
-A6
κ
κκ
κ
/
β
ββ
β
-B4
κ
κκ
κ/β
ββ
β-B5
κ
κκ
κ-A5
γ
γγ
γ-B1
C-1 amido
γ
γγ
γ
-B6
µ
µµ
µ
-B1
µ
µµ
µ-A1
γ
γγ
γ-A1
µ
µµ
µ
-B6
β
ββ
β
-A4
κ
κκ
κ
/
β
ββ
β
-A6
κ
κκ
κ
-A4
O
O
OH
OH
O
OH
O
OH
O
.
O
OH
O
O
O
OH
OSO
3
-
O
OH
CH
3
κ
κκ
κ-A
β
ββ
β-A
κ
κκ
κ-B
β
ββ
β-B
1)
2)
[j2] Comentário:
A: unidades
3-O-substituidas, B: unidades 4-O-
substituidas. Os carbonos de cada
estrutura são identificados .........
118
TABELA 25 - ASSINALAMENTOS QUÍMICOS DE RMN DE C
13
DA FRAÇÃO NATIVA FS2
E QUIMICAMENTE MODIFICADA FS2TA.
CARBONO
UNIDADE
ASSINALAMENTOS (ppm)
FS2 FS2TA
ESTRUTURA
C-1 β-D-Galp
1
104,5 Gamma-
C-1 β-D-Galp 4S
2
104,4 Mu-
C-1 β-D-Galp (4S)
102,2 Beta-/Kappa-
C-1 α-D-Glcp
3
100,6 Amido
C-1 α-D-Galp 6S
4
97,5 Mu-
C-1 α-D-Galp 6S
95,8 Gamma-
C-1 3,6-An-α-D-Galp
5
95,0 Kappa-
C-1 3,6-An-α-D-Galp
94,3 Beta-
C-3 β-D-Galp
80,1 Beta-
C-3 3,6-An-α-D-Galp
79,1 Beta-/Kappa-
C-3 β-D-Galp 4S
78,9 Kappa-
C-4 3,6-An-α-D-Galp
77,7 Beta-/Kappa-
C-5 3,6-An-α-D-Galp
76,5 Beta-/Kappa-
C-5 β-D-Galp
74,9 Beta-
C-5 β-D-Galp 4S
74,5 Kappa-
C-4 β-D-Galp 4S
73,4 73,8 Kappa-
C-2 3,6-An-α-D-Galp
69,9 Beta-/Kappa-
C-2 β-D-Galp (4S)
69,2 Beta-/Kappa-
C-6 3,6-An-α-D-Galp
69,2 Beta-/Kappa-
C-6 β-D-Galp 6S
67,9 Gamma-
C-6 β-D-Galp 6S
67,1 Mu-
C-4 β-D-Galp
66,2 66,2 Beta-
C-6 β-D-Galp (4S)
61,1 60,9
Beta-/Kappa-
1
β-D-galactopiranose;
2
β-D-galactopiranose 4-sulfato;
3
α-D-glucopiranose;
4
α-D-
galactopiranose 6-sulfato;
5
3,6-anidro-α-D-galactopiranose.
* segundo GREER e YAPHE (1984); KNUTSEN e GRASDALEN (1987); VAN DE VELDE et
al. (2002, 2004).
119
4.2.2. ESTUDO CINÉTICO DA REAÇÃO DE CICLIZAÇÃO NOS
POLISSACARÍDEOS ECW E FS2
Uma vez elucidada a estrutura química fina das carragenanas constituintes
das frações ECW e FS2, obtidas a partir das algas Eucheuma denticulatum e
Furcellaria lumbricalis, estas foram utilizadas como modelos no estudo da cinética
química da reação de ciclização.
A carragenana constituinte da fração ECW foi utilizada para estudar o
comportamento da reação de ciclização em unidades de α-D-galactopiranose 2,6-
dissulfato ligadas a unidades de β-D-galactopiranose 4-sulfato (nu-carragenana),
enquanto que a carragenana da fração FS2, em unidades de α-D-galactopiranose 6-
sulfato ligadas a unidades de β-D-galactopiranose e β-D-galactopiranose 4-sulfato
(mu/gamma-carragenana).
Para este objetivo, as frações foram submetidas a tratamento alcalino
analítico. Assim, hidróxido de sódio (3M) foi adicionado a cada amostra
polissacarídica, previamente solubilizada em água e reduzida com NaBH
4
por 14
horas. Estas soluções foram então incubadas sob uma determinada temperatura
enquanto alíquotas eram retiradas em intervalos regulares de tempo, como descrito
por CIANCIA et al. (1993). Este experimento foi realizado diversas vezes, sempre
nas mesmas condições, porém variando-se a temperatura de incubação (40, 50, 60,
70 e 80°C).
Nestas condições as unidades precursoras de galactose 6-sulfato (em FS2) e
2,6-dissulfato (em ECW) foram convertidas a unidades de 3,6-anidrogalactose e 3,6-
anidrogalactose 2-sulfato, respectivamente. O teor destas unidades
monossacarídicas, presentes em cada alíquota, foi dosado através do método
colorimétrico do resorcinol (YAPHE; ARSENAULT, 1965), sendo possível assim
observar um aumento no teor do anidro-açúcar presente na amostra com o decorrer
do tempo até atingir valores constantes (FIGURA 42).
FIGURA 42 – TRATAMENTO ALCALINO DAS FRAÇÕES ECW (A) E FS2 (B).
120
* experimento realizado à 70 °C para ambas as frações.
Com os valores de absorbância obtidos a partir do acompanhamento do
tratamento alcalino, aplicados a rmula ln(A
0
-A
/A
t
-A
), foi possível calcular a
constante de velocidade da reação (k) e o tempo de meia-vida (t
½
) para cada
polissacarídeo, sob cada diferente temperatura de incubação estudada, como
mostrado na TABELA 26. Ambas as frações estudadas apresentaram aumento
gradativo na velocidade da reação e diminuição no tempo de meia-vida, em função
do aumento da temperatura de incubação (TABELA 26, FIGURAS 43 e 44).
A velocidade de ciclização das unidades de α-D-galactopiranose 2,6-dissulfato
presentes na nu-carragenana (ECW) foi determinada sob as temperaturas de 40, 50,
0,23
0,24
0,25
0,26
0,27
0 10 20 30 40
Abs (555nm)
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0 40 80 120 160 200 240
tempo (min)
Abs (555nm)
A)
B)
121
60 e 70 °C (FIGURA 43), mostrando-se, porém extremamente rápida para ser
determinada a 80 °C (TABELA 26). A velocidade de ciclização das unidades de α-D-
galactopiranose 6-sulfato presentes na mu/gamma-carragenana (FS2), por sua vez,
mostrou-se mais lenta, sendo assim determinada sob as temperaturas de 60, 70 e
80 °C (FIGURA 44, TABELA 26).
FIGURA 43 - DETERMINAÇÃO DA VELOCIDADE DA REAÇÃO DE CICLIZAÇÃO PARA
A NU-CARRAGENANA (ECW) A DIFERENTES TEMPERATURAS.
FIGURA 44 - DETERMINAÇÃO DA VELOCIDADE DA REAÇÃO DE CICLIZAÇÃO PARA
A MU/GAMMA-CARRAGENANA (FS2) A DIFERENTES TEMPERATURAS.
0 20 40 60 80 100 120
tempo (min)
ln (A
o
-A
oo
/A
t
-A
oo
)
1,0
2,0
3,0
4,0
70°C 60°C 50°C
40°C
122
Como mostrado na TABELA 26, quando comparadas sob as temperaturas de
60 e 70 °C, a velocidade de reação em ECW (21x10
-4
e 77x10
-4
s
-1
,
respectivamente) se mostrou cerca de 7 e 13 vezes mas rápida do que em FS2
(4x10
-4
e 6x10
-4
s
-1
).
Esta diferença, observada entre as duas frações, esta diretamente
relacionada ao padrão de sulfatação encontrado em cada uma das estruturas
estudadas, uma vez que como mencionado anteriormente, em ECW todas as
unidades de β-D-galactopiranose apresentam-se sulfatadas em carbono 4 (nu-
carragenana), enquanto que em FS2 somente 54% destas unidades apresentam
sulfatação no referido carbono (mu/gamma-carragenana).
0 20 40 60 80 100 120
tempo (min)
ln (Ao-Aoo /At-Aoo )
60°C
70°C80°C
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
123
Como previamente determinado, a presença de grupos sulfato esterificando o
carbono 4 da unidade β acelera a velocidade da reação de ciclização nas mu-/nu-
carragenanas (NOSEDA; CEREZO, 1994). Este efeito acelerador pode ser explicado
124
pelas possibilidades de interação entre o grupo sulfato em carbono 4 e os grupos
sulfato em carbono 2 e 6 da unidade α, o que desestabiliza a conformação
4
C
1
apresentada por esta última unidade, facilitando sua mudança conformacional para
1
C
4
, passo necessário no processo de conversão das unidades precursoras para
3,6-anidrogalactose (NOSEDA; CEREZO, 1994).
Em FS2, o menor teor de sulfatação na unidade β e a completa ausência de
sulfatação no carbono 2 da unidade α, explica a maior lentidão na velocidade da
reação de ciclização observada neste polissacarídeo em relação a ECW. Por este
motivo, a velocidade da reação em ECW, que apresenta completa sulfatação em
carbono 2 da unidade α, se mostrou cerca de 4,5 e 6 vezes mais rápida do que em
1C
3
(CIANCIA et al., 1993), 25 e 50 vezes mais do que na PC75 (NOSEDA et al.,
2000) e 160 e 210 vezes mais do que em 1T
2
(CIANCIA et al., 1993), previamente
estudadas e relatadas na literatura, sob as mesmas temperaturas de análise, 60 e
70 °C (TABELA 26).
A explicação para tais valores reside, da mesma maneira, no padrão de
sulfatação das unidades β e α observado entre as diferentes galactanas que
constituem cada uma das frações. Enquanto 1C
3
é composta por uma mistura de nu-
e mu-carragenana (CIANCIA et al., 1993), PC75 contém uma porfirana (NOSEDA et
al., 2000) e 1T
2
uma lambda-carragenana (CIANCIA et al., 1993).
A velocidade da reação de ciclização determinada para ECW se mostrou
superior a observada para 1C
3
, e esta superior a determinada para FS2 (TABELA
25). Isto pode ser explicado através do fato de que na nu-carragenana pura presente
em ECW, todos os carbonos 2 se apresentam sulfatados, enquanto que em 1C
3
estes mesmos carbonos podem também apresentar hidroxilas livres e em FS2 todos
os carbonos 2 possuem hidroxilas livres.
Estudos prévios tem mostrado que a interação repulsiva entre as cargas
negativas formadas a partir das hidroxilas livres em C-2 e C-3, é a força que dirige a
mudança conformacional de
4
C
1
para
1
C
4
do anel piranosídico durante a ciclização
alcalina (PERCIVAL, 1949; TURVEY, 1965). Desta maneira a velocidade de
ciclização tende a ser mais rápida naquelas estruturas onde o carbono 2 se
apresenta sulfatado, ou seja, na nu-carragenana, uma vez que a hidroxila livre em
carbono 2, por apresentar um maior caráter ácido (SUGIHARA, 1953; LENZ, 1960),
125
ioniza-se primeiro e tende a estabilizar a hidroxila ciclizante em C-3 (VIANA et al.,
2004).
Por esta razão a presença conjunta da mu- com a nu-carragenana em 1C
3
foi
responsável por reduzir a velocidade em relação a ECW, uma vez que o primeiro
polissacarídeo não apresenta sulfatação no carbono 2 das unidades α, mas a
completa sulfatação em carbono 4 das unidades β, garantiu que ainda assim, fosse
maior em relação a FS2.
A fração FS2, por sua vez, mostrou-se cerca de 4 vezes mais acelerada do
que a PC75 (NOSEDA et al., 2000) e 23 e 16 do que a 1T
2
(CIANCIA et al., 1993),
sob as temperaturas de análise de 60 e 70 °C (TABELA 26).
A porfirana PC75, não apresenta sulfatação na unidade β e somente
sulfatação em C-6 na unidade α, por isso se mostrou mais lenta que ECW e que
FS2.
Ainda, o fato da lambda-carragenana apresentar a mais baixa velocidade de
ciclização, entre todos os polissacarídeos estudados, se deve a distribuição de
grupos sulfato ao redor da hidroxila livre em carbono 3 da unidade α, o que acaba
por proteger esta hidroxila da ionização, etapa primordial no processo de ciclização,
reduzindo assim a velocidade (CIANCIA et al., 1993). Soma-se a isto ainda a
presença do grupo sulfato esterificando o carbono 2 na unidade β, o qual forma uma
ponte de hidrogênio com a hidroxila em carbono 3 da unidade vizinha, dificultando
sua ionização e assim retardando a reação de ciclização (CIANCIA et al., 1993).
4.2.2.1. OBTENÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DOS OLIGOSSACARÍDEOS DE F2S2
126
Uma vez determinada a velocidade da reação de ciclização na mu/gamma-
carragenana FS2, surgiu o interesse em estudar a cinética da reação de ciclização
das unidades de α-D-galactopiranose 6-sulfato ligadas a unidades de β-D-
galactopiranose 4-sulfato (mu-carragenana), separadamente das unidades de α-D-
galactopiranose 6-sulfato ligadas a unidades de β-D-galactopiranose (gamma-
carragenana), visando-se avaliar a participação de cada modelo estrutural no
comportamento cinético apresentado pelo polissacarídeo híbrido.
Para tanto, a fração F2S2, cujas análises mostraram tratar-se de uma
carragenana estruturalmente semelhante a FS2, foi submetida à hidrólise redutiva
parcial (USOV; ELASHIVILI, 1991) visando obter oligossacarídeos representativos
das estruturas de mu- e de gamma-carragenana. Por esta metodologia, as
condições hidrolíticas geradas são capazes de romper somente as ligações 3,6-
anidrogalactosídicas preservando as demais ligações, obtendo-se desta maneira,
oligossacarídeos contendo 3,6-anidrogalactitol como unidade terminal.
Desta maneira o polissacarídeo F2S2 (em sua forma nativa) foi inicialmente
dissolvido em água e após adição do agente redutor 4-MMB e do ácido (TFA 2M), a
mistura foi mantida sob a temperatura de 65°C durante 8 horas. Após diálise (em
membrana de 2.000 Da) e liofilização, foi obtida uma fração parcialmente
depolimerizada, a qual foi denominada F2S2hp. Quando submetida à análise de
composição monossacarídica, esta fração rendeu os monossacarídeos galactose
(81,8 mol%), 3,6-anidrogalactose (7,8 mol%) e glucose (10,4 mol%). As
percentagens obtidas se mostraram similares à obtida para a fração F2S2 (TABELA
27), sugerindo desta maneira que o processo hidrolítico não promoveu degradação
de unidades monossacarídicas.
Análise de RMN de C
13
desta fração originou um espectro (FIGURA 45)
melhor definido que o obtido para a fração original (FIGURA 39). Na região
anomérica deste espectro foi possível identificar seis sinais (localizados) em 104,3,
103,1, 102,2, 100,0, 97,4 e 95,4 ppm (FIGURA 45). O sinal em 104,3 ppm refere-se
aos C-1 sobrepostos das unidades de β-D-galactopiranose 4-sulfato ou β-D-
galactopiranose glicosilando unidades de α-D-galactopiranose 6-sulfato, cujos sinais
anoméricos são observados em 97,4 ppm, quando pertencente ao dissacarídeo da
mu-carragenana e em 95,4 ppm, quando pertencente ao dissacarídeo da gamma-
127
carragenana, respectivamente (TABELA 27 GREER; YAPHE, 1984; KNUTSEN;
GRASDALEN, 1987; VAN DE VELDE et al. 2002, 2004). Os sinais referentes às
unidades precursoras não eram observados no espectro da fração F2S2 (FIGURA
39).
Como mostrado na TABELA 27, o sinal em 103,1 ppm, por sua vez é
referente às unidades de β-D-galactopiranose 4-sulfato ou β-D-galactopiranose
glicosilando unidades de 3,6-anidro-D-galactitol, cujo sinal de C-1 localiza-se em
62,7 ppm, por tratar-se de um carbono primário (GREER; YAPHE, 1984; KNUTSEN;
GRASDALEN, 1987; VAN DE VELDE et al. 2002, 2004). Este sinal em 62,7 ppm não
era observado no espectro da fração nativa.
A presença do sinal em 102,2 ppm, referente às unidades de β-D-
galactopiranose 4-sulfato ou β-D-galactopiranose ligadas a unidades de 3,6-anidro-
α-D-galactopiranose (TABELA 28 GREER; YAPHE, 1984; KNUTSEN;
GRASDALEN, 1987; VAN DE VELDE et al. 2002, 2004), sugere que nem todas as
ligações 3,6-anidrogalactosidicas foram hidrolisadas durante o processo de hidrólise
parcial. Porém, não foi observado neste espectro qualquer sinal passível de
atribuição a unidades de 3,6-anidrogalactopiranose (FIGURA 45). Por fim, o sinal
localizado em 100,0 ppm é referente ao C-1 das unidades de α-D-glucopiranose,
pertencentes ao amido das florídeas, como mostra a TABELA 28 (KNUTSEN;
GRASDALEN, 1987).
Em seguida, a fração F2S2hp foi submetida a cromatografia de troca-iônica
em coluna de DEAE-Sepharose CL6B, utilizando água destilada e concentrações
crescentes de NaCl (0,1; 0,25; 0,5 e 1,0 M) como eluentes, visando purificar e
fracionar os fragmentos produzidos na hidrólise parcial. Após diálise exaustiva contra
água destilada (em membrana de 2.000 Da) e liofilização, cinco sub-frações foram
obtidas e denominadas FA (%), FB (3,7 %), FC (5,3 %), FD ( 6,3 %) e FE ( 11,1 %),
como mostrado na TABELA 27.
Todas as sub-frações se mostraram compostas por galactose (12,4 90,4
mol%), 3,6-anidrogalactose (2,3 – 15,5 mol%) e glucose (6,8 – 84,7 mol% - TABELA
27).
TABELA 27 - RENDIMENTO E COMPOSIÇÃO MONOSSACARÍDICA DAS SUB-
FRAÇÕES OBTIDAS A PARTIR DE F2S2 (FA – FE).
128
FRAÇÃO [KCl]
(M)
RENDIMENTO
(%)
MONOSSACARÍDEO (mol%)
c
Gal
1
AnGal
2
Glc
3
F2S2
-
86,5
6,8
6,6
F2S2hp
65,0
a
81,8 7,8 10,4
FA
-* -
b
12,4 2,3 84,7
FB
0 – 0,1 3,7 68,1 15,5 16,4
FC
0,1 – 0,25 5,3 75,7 13,0 11,3
FD
0,25 – 0,5 6,3 88,8 2,4 8,8
FE
0,5 – 1,0 11,1
90,4 2,8 6,8
* fração obtida utilizando-se H
2
O como eluente;
a
relativo a massa polissacarídica submetida
a hidrólise redutiva parcial (240 mg),
b
relativo a massa submetida a cromatografia de troca-
iônica (190 mg);
c
de acordo com STEVENSON e FURNEAUX (1991) e FALSHAW e
FURNEAUX (1994);
1
galactose;
2
3,6-anidrogalactose;
3
glucose.
TABELA 28 - ASSINALAMENTOS QUÍMICOS DE RMN DE C
13
DAS SUB-FRAÇÕES
OBTIDAS A PARTIR DE F2S2 POR CROMATOGRAFIA DE TROCA IÔNICA.
CARBONO ASSINALAMENTOS DE C
13
(ppm)*
F2S2hp FB FC FD FE
ESTRUTURA
C1 β-D-Galp (4S)
1
104,3
104,3
104,3
104,4
104,3
Mu-/gamma-
C1 β-D-Galp (4S)
a
103,1 103,0 103,1 103,2 Kappa-/beta-
C1 β-D-Galp (4S)
b
102,2 102,3 102,5 Kappa-/beta-
C1 α-D-Glcp
2
100,0 100,0 100,6 100,5 Amido
C1 α-D-Galp 6S
3
97,4 97,3 97,3 97,2 97,2 Mu-
C1 α-D-Galp 6S
95,4 95,2 95,4 95,5 95,5 Gamma-
C1 3,6-D-GalOH
4
62,7 62,6 62,7 62,7 62,9
Kappa-/beta-
1
β-D-galactopiranose ou β-D-galactopiranose 4-sulfato;
2
α-D-glucopiranose;
3
α-D-
galactopiranose 6-sulfato;
4
3,6-anidro-D-galactitol;
a
β-D-galactopiranose ou β-D-
galactopiranose 4-sulfato ligado ao 3,6-anidro-D-galactitol;
b
β-D-galactopiranose ou β-D-
galactopiranose 4-sulfato ligado a 3,6-anidro-α-D-galactopiranose; * segundo GREER e
YAPHE (1984); KNUTSEN e GRASDALEN (1987); VAN DE VELDE et al. (2002, 2004).
FIGURA 45 - ESPECTRO DE RMN DE C
13
DA FRAÇÃO F2S2hp.
129
A: unidades 3-O-substituidas, B: unidades 4-O-substituidas; os carbonos de cada estrutura
são identificados como µ-A
n
e µ-B
n
para mu-; κ-A
n
e κ-B
n
para kappa-; γ-A
n
e γ-B
n
para
gamma- e β-A
n
e β-B
n
para beta-carragenana;
a
β-D-galactopiranose ou β-D-galactopiranose
4-sulfato ligado ao 3,6-anidro-D-galactitol; * experimento realizado à 30°C com os
polissacarídeos dissolvidos em D
2
O.
As cinco sub-frações foram submetidas a análise de RMN de C
13
. FA,
apresentou um espectro onde seis sinais de elevada intensidade foram observados
(FIGURA 46). O sinal anomérico em 100,0 ppm, se mostrava presente na fração
O
OH
OSO
3
-
O
O
OH
O
OH
OH
OSO
3
-
O
H
CH
3
O
O
OH
OSO
3
-
O
OH
O
OH
O
.
CH
3
O
OH
OH
O
O
OH
O
OH
OH
OSO
3
-
O
H
CH
3
O
O
OH
OH
O
OH
O
OH
O
.
CH
3
µ
µµ
µ
κ
κκ
κ
γ
γγ
γ
β
ββ
β
A
A
A
A
B
B
B
B
γ
γγ
γ
/
µ
µµ
µ
-A1
µ
µµ
µ
-B1
γ
γγ
γ
-B1
C-1 amido
κ
κκ
κ
-A4
β
ββ
β
-A4
κ
κκ
κ
/
β
ββ
β
-B1OH
κ
κκ
κ
/
β
ββ
β
-A1
a
κ
κκ
κ
/
β
ββ
β
-A1
[j3] Comentário:
A: unidades
3-O-substituidas, B: unidades 4-O-
substituidas. Os carbonos de cada
estrutura são identificados .........
130
F2S2hp e foi atribuído ao carbono 1 das unidades de β-D-glucopiranose (KNUTSEN;
GRASDALEN, 1987), enquanto o sinal em 77,3 ppm ao carbono 4 substituído
glicosidicamente, desta mesma unidade (FIGURA 46, TABELA 29). Estes resultados
demonstram que nesta sub-fração concentrou-se o amido das florídeas. A
composição monossacarídica desta fração é coerente com esta afirmação uma vez
que 84,7 mol% é composto de glucose (TABELA 27).
FIGURA 46 - ESPECTRO DE RMN DE C
13
* DA FRAÇÃO FA.
as letras correspondem aos carbonos identificados; *experimento realizado à 30°C com os
polissacarídeos dissolvidos em D
2
O.
TABELA 29 - ASSINALAMENTOS QUÍMICOS* DE RMN DE C
13
DAS UNIDADES DE α
αα
α-D-
GLUCOPIRANOSE (AMIDO DAS FLORÍDEAS) NA SUB-FRAÇÃO FA.
C-1
C-2
C-3
C-4
C-5
C-6
100,0
71,9
73,8
77,3
71,6
60,9
* de acordo com KNUTSEN e GRASDALEN (1987).
Os espectros de RMN de C
13
obtidos para as demais sub-frações (FB, FC, FD
e FE), se mostraram semelhantes ao obtido para a fração F2S2hp (FIGURAS 45 e
47). Como mostrado na TABELA 29, o sinal referente ao C-1 das unidades de 3,6-
C-1
C-4
C-3
C-2
C-5
C-6
131
anidro-D-galactitol (62,6 62,9 ppm) foi observado nas quatro sub-frações, e
apresentou maior intensidade em FB e menor intensidade em FE (FIGURA 47), de
maneira coerente com a concentração salina necessária para promover sua eluição
da coluna de troca-iônica, mostrando que a massa molecular dos oligossacarídeos
aumenta entre as frações.
Na região anomérica dos espectros foram identificados os sinais referentes
aos C-1 das unidades de β-D-galactopiranose e de α-D-galactopiranose 6-sulfato
constituintes do dissacarídeo repetitivo da gamma-carragenana em 104,4-3 e 95,5-2
ppm (TABELA 27) e das unidades de β-D-galactopiranose 4-sulfato e de α-D-
galactopiranose 6-sulfato constituintes do dissacarídeo repetitivo da mu-carragenana
em 104,3-2 e 97,4-2 ppm, respectivamente (TABELA 27 - GREER; YAPHE, 1984;
KNUTSEN; GRASDALEN, 1987; VAN DE VELDE et al., 2002, 2004). Ainda, o sinal
referente ao C-1 das unidades de β-D-galactopiranose e de β-D-galactopiranose 4-
sulfato ligadas ao 3,6-anidro-D-galactitol, estava presente nas sub-frações FB, FC e
FD, em torno de 103,1 ppm (TABELA 27), enquanto que o sinal referente ao C-1
destas mesmas unidades ligadas a 3,6-anidro-α-D-galactopiranose (102,3-5 ppm) foi
observado somente em FC e FD (TABELA 27).
A presença dos sinais em 104,4, 103,0, 97,3, 95,3 e 62,6 ppm (este último em
elevada intensidade), bem como a ausência do sinal em torno de 102,0 ppm na sub-
fração FB (FIGURA 47, TABELA 28) permitem afirmar que esta fração se encontra
constituída por uma mistura de oligossacarídeos com baixo grau de polimerização.
Dissacarídeos alditois: carrabiitol [β-D-galactopiranose-(14)-3,6-anidro-D-galactitol]
e carrabiitol 4-sulfato [β-D-galactopiranose 4-sulfato-(14)-3,6-anidro-D-galactitol],
assim como tetrassacarídeos alditois contendo unidades precursoras.
O conjunto de sinais anoméricos presentes em FE, bem como a baissima
intensidade do sinal em 62,9 ppm (FIGURA 47, TABELA 28) permitem dizer que
nesta sub-fração se encontram presentes oligossacarídeos de elevada massa
molecular (ou polissacarídeos despolimerizados), constituídos por estruturas
referentes a mu- e gamma-carragenana.
Por fim, a presença do mesmo grupo de sinais anoméricos nas sub-frações,
FC e FD (FIGURA 47, TABELA 28) sugerem que seus oligossacarídeos constituintes
apresentam estruturas extremamente semelhantes. Estruturas referentes a mu- e
132
gamma-carragenana ocorrem juntamente com estruturas de kappa e beta-
carragenana, estas últimas em menor proporção , sendo em media, os
oligossacarídeos de FC menores que os FD, como sugerem as intensidades dos
sinais em 62,7 ppm.
Com a finalidade de se confirmar às estruturas acima propostas, parte das
sub-frações FC, FD e FE foram então submetidas a tratamento alcalino (NaOH 1M;
80°C; 1,5h). As sub-frações modificadas FC-TA, FD-TA e FE-TA, obtidas após
tratamento alcalino, apresentaram, da mesma forma que as nativas, espectros de
RMN de C
13
muito similares (FIGURA 48), onde os sinais referentes às estruturas
precursoras mu- e gamma-carragenana estavam ausentes, contendo somente os
sinais referentes as estruturas de kappa- e beta-carragenana. O tratamento alcalino,
portanto, eliminou os sinais em 104,4-3, 97,3-2 e 95,5-4 ppm, referentes as
estruturas precursoras, presentes nas sub-frações nativas, sendo observados nas
modificadas somente os sinais em 102,1-0, 94,2 e 93,9 ppm, referentes as
estruturas ciclizadas (TABELA 30).
Os sinais em 102,0 e 94,2 ppm, bem como os sinais em 102,0 e 93,9 ppm,
são atribuídos aos carbonos anoméricos das unidades dissacarídicas repetitivas da
kappa- e beta-carragenana, respectivamente (GREER; YAPHE, 1984; KNUTSEN;
GRASDALEN, 1987; VAN DE VELDE et al., 2002, 2004).
FIGURA 47 - ESPECTROS DE RMN DE C
13
DAS SUB-FRAÇÕES FB, FC, FD E FE.
FB)
κ
κκ
κ
/
β
ββ
β
-B1OH
γ
γγ
γ
-B1
µ
µµ
µ
-B1
κ
κκ
κ
/
β
ββ
β
-A1
γ
γγ
γ
/
µ
µµ
µ
-A1
133
TABELA 30 - ASSINALAMENTOS QUÍMICOS DE RMN DE C
13
DAS SUB-FRAÇÕES FC-
TA, FD-TA E FE-TA.
134
C-1
ASSINALAMENTOS DE C
13
(ppm)
FC-TA FD-TA FE-TA
ESTRUTURA
β-D-Galp (4S)
1
102,0 102,1 102,1 Kappa-/beta-
3,6-α-D-Gal
2
94,2 94,2 94,2 Kappa-
3,6-α-D-Gal
93,9 93,9 93,9
Beta-
1
β-D-galactopiranose e β-D-galactopiranose 4-sulfato;
2
3,6-anidro-α-D-galactopiranose; *
segundo GREER e YAPHE (1984); KNUTSEN e GRASDALEN (1987); VAN DE VELDE et
al. (2002, 2004).
Desta maneira conclui-se que a partir da fração F2S2 não foi possível isolar
nenhum oligossacarídeos representativo de uma única estrutura de carragenana, ou
seja, todas as sub-frações obtidas continham tanto unidades precursoras que
originaram kappa- como beta-carragenana. Sugerindo, assim que nos
polissacarídeos da alga vermelha Furcellaria lumbricalis as estruturas de kappa- e
beta-carragenana, bem como seus precursores mu- e gamma-, ocorrem
aleatoriamente distribuídas e não organizadas em blocos.
Analisando-se porém os sinais anoméricos referentes as unidades de 3,6-
anidro-α-D-galactopiranose pertencentes a kappa- e a beta-carragenana nos
espectros de RMN de C
13
das frações modificadas FC-TA, FD-TA e FE-TA foi
possível observar uma sutil diferença entre suas intensidades (FIGURA 48). Assim,
estes sinais foram integrados e mostraram que o teor de unidades de 3,6-anidro-α-
D-galactopiranose pertencentes a beta-carragenana era maior na fração FC-TA (1,53
unidades para cada 1,0 unidade pertencente a kappa-carragenana), do que em FD-
TA (1,18 unidades para cada 1,0 unidade pertencente a kappa-carragenana) e em
FE-TA (1,15 unidades para cada 1,0 unidade pertencente a kappa-carragenana -
FIGURA 49).
FIGURA 48 - ESPECTROS DE RMN DE C
13
DAS SUB-FRAÇÕES FC-TA, FD-TA E FE-TA.
FC-TA)
κ
κκ
κ/β
ββ
β-A1
β
ββ
β-B1
κ
κκ
κ-B1
135
FIGURA 49 INTEGRAÇÃO DOS CARBONOS ANOMÉRICOS DAS UNIDADES DE 3,6-
ANIDRO-α
αα
α-D-GALACTOPIRANOSE PERTENCENTES A KAPPA- E A BETA-
CARRAGENANA EM FC-TA (A), FD-TA (B) E FE-TA (C).
136
as letras gregas correspondem a kappa (κ) e beta-carragenana (β); * experimento realizado
à 30°C com os polissacarídeos dissolvidos em D
2
O.
4.2.2.2 ESTUDO CINÉTICO DA REAÇÃO DE CICLIZAÇÃO NOS
OLIGOSSACARÍDEOS F-C E F-D
Uma vez determinada a estrutura dos oligossacarídeos presentes nas sub-
frações FC e FD, estas foram escolhidas para serem utilizadas como modelo no
estudo de cinética da reação de ciclização, baseado no fato da primeira apresentar
um maior caráter de gamma-carragenana enquanto a segunda de mu-carragenana.
Os oligossacarídeos FC e FD foram então submetidos a tratamento alcalino
analítico. Os experimentos foram realizados nas mesmas condições que as
utilizadas para os polissacarídeos ECW e F2S, porém somente sob as temperaturas
de 70 e 80°C.
1,0 : 1,53
1,0 : 1,18 1,0 : 1,14
ppm
A)
B) C)
κ
κκ
κ
-
β
ββ
β
-
κ
κκ
κ
-
β
ββ
β
-
κ
κκ
κ-
β
ββ
β
-
137
Como mostrado na TABELA 31 e na FIGURA 50, estas sub-frações também
apresentaram aumento gradativo na velocidade da reação e diminuição no tempo de
meia-vida, em função do aumento na temperatura de incubação.
FIGURA 50 TRATAMENTO ALCALINO NAS CARRAGENANAS DAS FRAÇÕES FC E
FD, SOB DIFERENTES TEMPERATURAS.
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
2,0
0 10 20 30 40 50 60 70 80
tempo (min)
ln(A
o
-A
oo
/A
t
-A
oo
)
Quando comparadas a 70 e 80 °C, a velocidade de reação determinada para
FC (2,0x10
-4
e 6,0x10
-4
s
-1
, respectivamente) se mostrou cerca de 4,0 e 3,3 vezes
mais lenta do que a determinada para FD (8,0x10
-4
e 19,0x10
-4
s
-1
- TABELA 31).
A diferença observada na cinética de ciclização entre estes oligossacarídeos,
da mesma forma que para os polissacarídeos, esta relacionada ao padrão de
sulfatação de cada estrutura. O oligossacarídeo FC, o qual apresenta um caráter
gamma maior que o da fração FD, não sofre o efeito acelerador do grupo sulfato em
C-4 das unidades de β-galactopiranose. Desta forma apresenta uma cinética
semelhante a da porfirana PC75. Já o oligossacarídeo FD, que apresenta um caráter
mu- ligeiramente maior, sofre o efeito acelerador do grupo sulfato, tendo assim um
comportamento semelhante as carragenanas 1C
3
e ECW.
FC 70°C
FC 80°C
FD 70°C
FD 80°C
138
A velocidade em FD se mostrou ainda superior a determinada para o
polissacarídeo FS2 (1,4 vezes), porém inferior a determinada para ECW (9,7 vezes)
e para a mistura mu/nu-carragenana (1,6 vezes - CIANCIA et al., 1993), quando
analisadas sob a temperatura de 70 °C (TABELA 31). Por sua vez, a velocidade de
FC se mostrou cerca de 3,8 vezes mais lenta que a fração FS2, quando analisadas,
também, sob a temperatura de 70 °C (TABELA 31).
O fato da velocidade da reação de ciclização na fração FS2 encontrar-se
intermediária àquelas determinadas para as frações FC e FD (FIGURA 51), sugere
que o caráter híbrido do polissacarídeo lhe confere uma cinética dupla, onde cada
diferente padrão estrutural presente apresenta uma cinética própria, mais acelerada
para mu- e mais lenta para gamma-carragenana, que em conjunto resultam em uma
terceira de comportamento intermediário.
Por fim, as diferenças observadas entre as velocidades de ciclização nas sub-
frações FC e FD se devem unicamente às diferenças observadas em relação ao
padrão estrutural presente em cada uma e não ao fato de tratarem-se de
oligossacarídeos de massas moleculares distintas, uma vez que como verificado
previamente, oligossacarídeos obtidos a partir de auto-hidrólise de lambda-
carragenana, não mostraram diferenças consideráveis em suas cinéticas quando
comparadas a porfirana PC75 (NOSEDA et al., 2000).
FIGURA 51 - DETERMINAÇÃO DA VELOCIDADE DA REAÇÃO DE CICLIZAÇÃO NAS
CARRAGENANAS DAS FRAÇÕES FS2, FC E FD A 70 °C.
139
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
2,0
0 20 40 60 80
tempo (min)
ln (A
o
-A
oo
/A
t
-A
oo
)
FC
FS2
FD
123
TABELA 26 - VELOCIDADE DE REAÇÃO (K) E TEMPO DE MEIA VIDA (T
½
) PARA AS CARRAGENANAS CONSTITUINTES DAS
FRAÇÕES ECW E FS2 EM 1M DE NaOH, SOB DIFERENTES TEMPERATURAS, COMPARADAS COM OUTRAS GALACTANAS
SULFATADAS, PREVIAMENTE ESTUDADAS.
TEMPERATURA
C)
k (x10
4
s
-1
)
ECW
1C
3
a
FS2 PC75
b
1T
2
a
t
½
(minutos)
ECW 1C
3
a
FS2 PC75
b
1T
2
a
ν- ν-/µ- µ/γ-
porfirana
λ-
ν- ν-/µ- µ/γ-
porfirana
λ-
40
2,0 - - - - 69,4 - - - -
50
7,0 2,3 - - 0,04 15,8 49,9 - - 3000
60
21,0 4,8 4,0 1,0 0,14 5,4 24,0 36,3 139,0 850
70
77,0 13,0 6,0 1,5 0,35 1,5 9,0 20,1 77,0 320
80
- 26,0 14,0 4,9 0,67
- 4,5 8,1 23,0 170
a
1C
3
: parcialmente ciclizada mu/nu-carragenana e 1T
2
: lambda-carragenana (CIANCIA et al., 1993).
b
PC75: porfirana (NOSEDA et al., 2000).
140
TABELA 31 - VELOCIDADE DE REAÇÃO (k) E TEMPO DE MEIA VIDA (T
½
) PARA OS OLIGOSSACARÍDEOS CONSTITUINTES DAS
FRAÇÕES FC E FD EM 1M DE NaOH, SOB DIFERENTES TEMPERATURAS, COMPARADOS A OUTRAS GALACTANAS SULFATADAS.
TEMP.
C)
K (x10
4
s
-1
)
ECW
1C
3
a
FD
FS2 FC PC75
b
1T
2
a
t
½
(minutos)
ECW 1C
3
a
FD FS2 FC PC75
b
1T
2
a
ν- ν-/µ- µ- µ/γ- γ-
porfirana
λ-
ν- ν-/µ- µ- µ/γ- γ-
porfirana
λ-
40
2,0 - - - - - - 69,4 - - - - - -
50
7,0 2,3 - - - - 0,04 15,8 49,9 - - - - 3000
60
21,0 4,8 - 4,0 - 1,0 0,14 5,4 24,0 36,3 - 139,0 850
70
77,0 13,0 8,0 6,0 2,0 1,5 0,35 1,5 9,0 14,6 20,1 76,7 77,0 320
80
- 26,0 19,0 14,0 6,0 4,9 0,67
- 4,5 6,2 8,1 20,7 23,0 170
a
1C
3
: mu-/nu-carragenana parcialmente ciclizada e 1T
2
: lambda-carragenana (CIANCIA et al., 1993).
b
PC75: porfirana (NOSEDA et al., 2000).
141
6.0. CONCLUSÕES
1 - A partir das algas vermelhas Galaxaura marginata, G. obtusata, Tricleocarpa
cylindrica, T. fragilis, Scinaia halliae (Ordem Nemaliales) e Palmaria palmata (Ordem
Palmariales) mediante extração aquosa à quente e tratamento com Cetavlon, foram
obtidos dois grupos de polissacarídicas: um solúvel e outro insolúvel em Cetavlon;
2 - Análises químicas e espectroscópicas dos polissacarídeos solúveis permitiram
caracteriza-los como β-D-xilanas lineares com ligações glicosídicas 13 e 14,
encontradas sempre na relação molar de 1:5 entre os representantes da ordem
Nemaliales e de 1:2 para o representante da ordem Palmariales;
3 - Os polissacarídeos insolúveis (precipitados com Cetavlon) isolados das algas G.
marginata e T. cylindrica (Nemaliales) foram caracterizados, mediante análises
químicas e espectroscópicas, como xilomananas sulfatadas dotadas de uma cadeia
principal formada por unidades de α-D-manopiranose 3-O-ligadas, esterificada por
grupos sulfato em carbonos 2 e/ou 4 e glicosilada por unidades de 4-O-metil β-D-
xilopiranose e β-D-xilopiranose em carbono 4;
5 - A partir da alga vermelha Eucheuma denticulatum (Ordem Gigartinales, Família
Solieriaceae) foi isolada uma galactana sulfatada (ECW) do tipo nu/iota-carragenana
pura, onde a forma ciclizada (iota-) representou 70% do polissacarídeo;
6 A partir da alga vermelha Furcellaria lumbricalis (Ordem Gigartinales, Família
Furcellariaceae) foram obtidas duas frações polissacarídicas (FS2 e F2S2),
contendo uma kappa-carragenana parcialmente dessulfatada, correspondente a
uma mu/gamma-carragenana;
7 - A nu/iota-carragenana (ECW), utilizada no estudo de cinética da reação de
ciclização, apresentou a 60 e 70 °C, uma velocidade cerca de 7 e 13 vezes mas
rápida do que a mu/gamma-carragenana (FS2). Esta diferença se mostrou
142
diretamente relacionada ao teor de grupos sulfato esterificando os C-4 das unidades
de β-D-galactopiranose em cada uma das estruturas estudadas e ao efeito
acelerador apresentado por este padrão de sulfatação;
8 - A velocidade de ciclização determinada para a nu-carragenana ECW foi 4,5 e 6,0
vezes superior à determinada para a mistura nu/mu-carragenana 1C
3
(CIANCIA et
al., 1993), diferença esta atribuída a presença de sulfato em C-2 da unidade
precursora;
9 - A fração F2S2, submetida à hidrólise redutiva parcial, originou cinco sub-frações
oligossacarídicas (FA - FE). Análises espectroscópicas das sub-frações FC e FD
mostraram que o teor de unidades de 3,6-anidro-α-D-galactopiranose pertencentes a
beta-carragenana era maior na primeira do que na segunda sub-fração. Quando
comparadas a 70 e 80 °C, as velocidades de reação determinadas para FC se
mostraram cerca de 4,0 e 3,3 vezes mais lentas do que as calculadas para FD,
sendo influenciadas pelo menor teor de grupos sulfato em C-4 na primeira. A
velocidade em FD foi 1,4 vezes superior a determinada para FS2, a 70 °C, e 9,7
vezes inferior a determinada para ECW, enquanto que FC, se mostrou 3,8 vezes
mais lenta que FS2, na mesma temperatura, confirmando o efeito acelerador da
reação do grupo sulfato em C-4 nas unidades de β-D-galactopiranose.
143
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ADAMS, N.M.; FURNEAUX, R.H.; MILLER, I.J. WHITEHOUSE, L.A. Xylan from
Leptosarca simplex and carrageenans from Iridaea, Cenacrum and Nemastoma
species from the subantarctic islands of New Zealand. Bot. Mar., 31: 9-14, 1988.
AGUILAN J.T., BROOM J.E., HEMMINGSON J.A., DAYNT F.M., MONTAÑO M.N.E.,
DANCEL M.C.A., NIÑONUEVO M.R.; FURNEAUX R.H. Structural analysis of
carrageenan from farmed varieties of Philippine seaweed. Bot. Mar., 46: 179-192,
2003.
ANDERSON, N.S.; DOLAN, T.C.S.; LAWSON, C.J; PENMAN, A.; REES, D.A.
Carrageenans. Part 5. The masked repeating structure of kappa- and mu-
carrageenans. Carbohydr. Res., 7: 468-473, 1968.
ANDERSON, N.S.; DOLAN, T.C.S.; REES, D.A. Carrageenans. Part VII.
Polysaccharides from Eucheuma spinosum and Eucheuma cottonii. The Covalent
Structure of ι-Carrageenan. J. Chem. Soc., 19: 2173-2176, 1973.
ANDERSON, N.S.; REES, D.A. Porphyran: a polysaccharide with a masked
repeating structure. J. Chem. Soc.: 5880-5887, 1965.
ANONYMOUS. Monograph Nr. 1. Carrageenan. FMC corporation, Marine colloids
Division, p. 6, 1977.
ASPINALL, G.O. Polysaccharides, First edition. Pergamon Press, New York.
228pp, 1970.
ASPINALL, G.O. The Polysaccharides, Vol. 2, Academic Press, New York. pp 195-
285, 1983.
144
BALDAN, B.; ANDOLFO, P.; CULOSO, F.; TRIPODI, G.; MARIANI, P.
Polysaccharide localization in the cell wall of Porphyra leucosticta (Bangiophyceae,
Rhodophyta) during the life cycle. Bot. Mar., 38: 31-36, 1995.
BELLION, C.; BRIGAND, G.; PROME, J.C; BOCIEK, D.W.S. Identification et
caractérisation des précurseurs biologiques des carraghénanes par spectroscopie de
R.M.N.-
13
C. Carbohydr. Res., 119: 31-48, 1983.
BRASCH, D.J.; CHANG, H.M.; CHUAH, C.T.; MELTON, L.D. The galactan sulfate
from the edible, red alga Porphyra columbina. Carbohydr. Res., 97: 113-125, 1981.
CARLUCCI, M.J.; PUJOL, C.A.; CIANCIA, M.; NOSEDA, M.D.; MATULEWICZ, M.C.;
DAMONTE, E.B.; CEREZO, A.S. Antiherpetic and anticoagulant properties of
carrageenans from the red seaweed Gigartina skottisbergii and their cyclized
derivatives: correlation between structure and biological activity. Int. J. Biol.
Macromol., 20: 97-105, 1997.
CEREZO, A.S.; LEZEROVICH, A.; LABRIOLA, R. A xylan from the red seaweed
Chaetangium fastigiatum. Carbohydr. Res., 19: 289-296, 1971.
CEREZO, A.S. The carrageenan system of Gigartina skottsbergii S. et G. Part I.
Studies on a fraction of kappa-carrageenan. J. Chem. Soc. Sect. C. Org. Chem.:
992-997, 1967.
CEREZO, A.S. The fine structure of Chaetangium fastigiatum xylan: studies of the
sequence and configuration of the (13)-linkages. Carbohydr. Res., 22: 209-211,
1972.
CHOPIN, T.; KERIN, B.F.; MAZEROLLE, R. Phycocolloid chemistry as a taxonomic
indicator of phylogeny in the Gigartinales, Rhodophyceae. Phycol. Res. 47 (3): 167-
188, 1999.
145
CIANCIA, M. Estudio de los carragenanos de plantas cistocarpicas del alga roja
Gigartina skottsbergii. Tesis de doutorado. Departamento de Química Orgánica,
Universidad de Buenos Aires, 307p., 1994.
CIANCIA, M.; NOSEDA, M.D.; MATULEWICZ, M.C.; CEREZO, A.S. Alkali-
modification of carrageenans: mechanism and kinetics in the kappa/iota, mu/nu and
lambda-series. Carbohydr. Polym., 20: 95-98, 1993.
CIUCANU, I.; KEREK, F. A simple and rapid method for the permethylation of
carbohydrates. Carbohydr. Res., 131: 209-217, 1984.
CHIOVITTI, A.; BACIC, A.; CRAIK, D.J.; KRAFT, G.T.; LIAO, M.L. A nearly idealized
6’-O-methylated ι-carrageenan from the Australian red algae Claviclonium ovatum
(Acrotylaceae, Gigartinales). Carbohydr. Res., 339: 1459-1466, 2004.
CHIOVITTI, A.; BACIC, A.; CRAIK, D.J.; MUNRO, S.L.A.; KRAFT, G.T.; LIAO, M.L.
Cell-wall polysaccharides from Australian red algae of the family Solieriaceae
(Gigartinales, Rhodophyta): novel, highly pyruvated carrageenans from the genus
Callophycus. Carbohydr. Res., 299: 229-243, 1997.
CHOPIN, T.; KERIN, B.F.; MAZEROLLE. Gigartinales symposium. Phycocolloid
chemistry as a taxonomic indicator of phylogeny in the Gigartinales, Rhodophyceae:
A review and current developments using Fourier transform infrared diffuse
reflectance spectroscopy. Phycol. Res., 47: 167-188, 1999.
COLE, K.M.; SHEATH, R.G. Biology of the red algae. Cambridge University Press,
Cambridge, 517pp, 1990.
CRAIGIE, J. S. Cell walls. In COLE, K.M.; SHEATH, R.G. Biology of the red algae.
Cambridge University Press, Cambridge, pp 221-257, 1990.
CROWE, J.; CROWE, L.; CARPENTER, J.; WISTROM, C. Stabilization of dry
phospholipid bilayers and proteins by sugars. Biochem. J., 242: 1-10, 1987.
146
DENIAUD, E.; QUEMENER, B.; FLEURENCE, J. LAHAYE, M. Structural studies of
the mixed-linked β-(13)/β-(14)-D-xylans from the cell wall of Palmaria palmata
(Rhodophyta). Int. J. Biol. Macromol., 33: 9-18, 2003.
DE RUITER, G.A.; RUDOLPH, B. Carrageenan biotechnology. Trends in Food
Science & Technology, 8: 389-395, 1997.
DININNO, V.; MCCANDLESS, E.L.; BELL, R.A. Pyruvic acid derivative of a
carrageenan from a marine red algae (Petrocelis species). Carbohydr. Res., 71: C1-
C4, 1979.
DOGSON, K.S.; PRICE, R.G. A note on the determination of the ester sulphate
content of sulphated polysaccharides. Biochem. J., 84: 106-110, 1962.
DOLAN, T.C.S.; REES, D.A. The carrageenans. Part 2. The positions of the
glycosidic linkages and the sulphate esters in lambda-carrageenan. J. Chem. Soc.:
3534-3539, 1965.
DUBOIS, M.K.; GILLES, K.A.; HAMILTON, J.K.; REBERS, P.A.; SMITH, F.
Colorimetric method for determination of sugars and related substances. Anal.
Chem., 28: 350-356, 1956.
DUCKWORTH, M; YAPHE, W. The structure of agar. Part I. Fractionation of a
complex mixture of polysaccharides. Carbohydr. Res., 16: 189-197, 1971.
ERREA, M.I.; MATULEWICZ, M.C. Unusual structures in the polysaccharides from
the red seaweed Pterocladiella capillacea (Gelidiaceae, Gelidiales). Carbohydr.
Res., 338: 943-953, 2003.
ESTEVEZ, J.M.; CIANCIA, M.; CEREZO, A. The system of low-molecular-weight
carrageenans and agaroids from the room-temperature-extracted fraction of
Kappaphycus alvarezii. Carbohydr. Res., 325: 287-299, 2000.
147
ESTEVEZ, J.M.; CIANCIA, M.; CEREZO, A. DL-Galactans hybrids and agarans from
gametophytes of the red seaweed Gymnogongrus torulosus. Carbohydr. Res., 331:
27-41, 2001.
FALSHAW, R.; FURNEAUX, R.H. Carrageenan from the tetrasporic stage of
Gigartina decipiens (Gigartinaceae, Rhodophyta). Carbohydr. Res., 252: 171-182,
1994.
FALSHAW, R.; FURNEAUX, R.H.; STEVENSON, D.E. Agars from nine species of
red seaweed in the genus Curdiea (Gracilariaceae, Rhodophyta). Carbohydr. Res.,
308: 107-115, 1998.
FALSHAW, R.; FURNEAUX, R.H.; WONG, H. Analysis of pyruvylated β-carrageenan
by 2D NMR spectroscopy and reductive partial hydrolysis. Carbohydr. Res., 338:
1403-1414, 2003.
FARIA, P.C. Estrutra química de carragenanas e galactanas híbridas D/L
isoladas de Gymnogongrus griffithsiae (Gigartinales, Rhodophyta). Dissertação
de Mestrado, Departamento de Bioquímica, Universidade Federal do Paraná, 96p,
2001
FURNEAUX, R.H.; STEVENSON, T.T. The xylogalactan sulfate from Chondria
macrocarpa (Ceramiales, Rhodophyta). Hydrobiologia 204/205: 615-620, 1990.
FURNEAUX, R.H.; MILLER, I.J. Isolation and
13
C-NMR spectral study of the water
soluble polysaccharides from four South African red algae. Bot. Mar., 29: 3-10, 1986.
GRAHAM, L.E.; WILCOX, L.W. Algae. First edition. Prentice-Hall, Inc. Upper Saddle
River. 640pp, 2000.
GREER, C.W.; YAPHE, W. Characterization of hybrid (Beta-Kappa-Gamma)
carrageenan from Eucheuma gelatinae J. Agardh. (Rhodophyta, Sollieriaceae) using
148
carrageenases, infrared and
13
C nuclear magnetic resonance spectroscopy. Bot.
Mar., 27: 473-478, 1984.
GRETZ, M.R.; ARONSON, J.M.; SOMMERFELD, M.R. Cellulose in the cell wall of
the Bangiophyceae (Rhodophyta). Science, 207: 779-780, 1980.
HAWORTH, W.N. A new method of preparing alkylated sugars. J. Chem. Soc.: 8-16,
1915.
HAINES,H.H.; MATULEWICZ, M.C.; CEREZO, A.S. sulfated galactans from the red
seaweed Nothogenia fastigiata (Nemaliales, Rhodophyta). Hydrobiologia, 204/205:
637-643, 1990.
JANSSON, P.; KENNE, L.; LIEDRGREN, H.; LINDEBERG, B.; JÖNNGREN, J. A
pratical guide to the metylation analysis of carbohydrates. Chem. Commun., 8: 1-71,
1976.
JEREZ, J.R.; MATSUHIRO, B.; URZÚA, C.C. Chemical modifications of the xylan
from Palmaria decipiens. Carbohydr. Polym., 32: 155-159, 1997.
KANDLER, O.; HOPF, H. Occurrence, metabolism and function of oligosaccharides.
In STUMPF, P.K.; CONN, E.E. (eds). The biochemistry of plants a
comprehensive treatise – Carbohydrates: structure and function, New York:
Academic Press, v.3: 221-226, 1980.
KARSTEN,U.; WEST, J.A.; ZUCCARELLO, G.C.; NIXDORF, O.; BARROW, K.D.;
KING, R.J. Low molecular weight carbohydrate patterns in the Bangiophyceae
(RHODOPHYTA). J. Phycol., 35: 967-976, 1999.
KATZENELLENBOGEN, E.; KOCHAROVA, N.A.; ZATONSKY, G.V.; KÜBLER-
KIELB, J.; GAMIAN, A.; SHASHKOV, A.S.; KNIREL, Y.A.; ROMANOWSKA, E.
Structural and serological studies on Hafnia alvei O-specific polysaccharide of α-D-
149
mannan type isolated from the lipopolysaccharide of strain PCM 1223. FEMS
Immunology and Medical Microbiology, 30: 223-227, 2001.
KLOAREG, B.; QUATRANO, R.S. Structure of the cell walls of marine algae and
ecophysiological functions of the matrix polysaccharides. Oceanogr. Mar. Biol.
Annual Review, 26: 259-315, 1988.
KNUTSEN, S.H.; GRASDALEN, H. Characterization of water-extractable
polysaccharides from Norwegian Furcellaria lumbricalis (Huds.) Lamour.
(Gigartinales, Rhodophyceae) by IR and NMR Spectroscopy. Bot. Mar., 30: 497-505,
1987.
KNUTSEN, S.H.; MYLABODSKY, D.E.; GRASDALEN, H. Characterization of
carrageenan fractions from Norwegian Furcellaria lumbricalis (Huds.) Lamour. By 1H-
nmr spectroscopy. Carbohydr. Res., 206: 367-372, 1990.
KNUTSEN, S.H.; MYLABODSKY, D.E.; LARSEN, B.; USOV, A.I. A modified system
of nomenclature for red algal galactans. Bot. Mar., 37: 163-169, 1994.
KOLENDER, A.A.; MATULEWICZ, M.C.; CEREZO, A.S. Structural analysis of
antiviral sulfated α-D(13)-linked mannans. Carbohydr. Res., 273: 179-185, 1995.
KOLENDER, A.A.; PUJOL, C.A.; DAMONTE, E.B.; MATULEWICZ, M.C.; CEREZO,
A.S. The system of sulfated α-(13)-linked D-mannans from the red seaweed
Nothogenia fastigiata: Structures, antiherpetic and anticoagulant properties.
Carbohydr. Res., 304: 53-60, 1997.
KOVAC, P.; HIRSCH, J.; SHASHKOV A.S.; USOV, A.I.; YAROSTKY, S.V.
13
C-nmr
spectra of xylo-oligosaccharides and their application to the elucidation of xylan
structures. Carbohydr. Res., 85, 177-185, 1980.
150
LAHAYE, M.; MICHEL, C.; BARRY, J.L. Chemical, physicochemical and in-vitro
fermentation characteristics of dietary fibres from Palmaria palmata (L.) Kuntze.
Food Chemistry, 47, 29-36, 1993.
LAHAYE, M.; RONDEAU-MOURO, C.; DENIAUD, E.; BULÉON, A. Solid-state
13
C
spectroscopy studies of xylans in the cell wall of Palmaria palmata (L. Kuntze,
Rhodophyta). Carbohydr. Res., 338, 1559-1569, 2003.
LAWSON, C.J.; REES, D.A. An enzyme for the metabolic control of polysaccharide
conformation and function. Nature, 227: 392-393, 1970.
LEE, R.E. Phycology, Second edition. Cambridge University Press, Cambridge.
645pp, 1989.
LENZ, R.W. Distribution of methoxyl groups in the methylation of the monosodio
derivatives of methyl α-D-glucopiranoside and cellulose. J. Am. Chem. Soc., 82:
182-186, 1960.
LOBBAN, C.S.; HARRISON, P.J. Seaweed ecology and physiology. First edition.
Cambridge University Press, Cambridge. 366pp, 1994.
LOWRY, O.L.; ROSEBROUGH, N.J.; FARR, .L.A.; RANDALL, K.L. Protein
measurement with the folin phenol reagent. J. Biol. Chem., 193: 265-275, 1951.
MATULEWICZ, M.C.; CEREZO, A.S
2
. Alkali-soluble polysaccharides from
Chaetangium fastigiatum: structure of a xylan. Phytochem., 26: 1033-1035, 1987.
MATULEWICZ, M.C.; CEREZO, A.S, JARRET, R.M.; SYN, N. High resolution
13
C-
nmr spectroscopy of “mixed linkage xylans”. Int. J. Biol. Macromol., 14: 29-32,
1992.
151
MATULEWICZ, M.C.; CEREZO, A.S
1
Water-soluble sulfated polysaccharides from
the red seaweed Chaetangium fastigiatum. Analysis of the system and the structure
of the α-D-(13)-linked mannans. Carbohydr. Polym., 7: 121-132, 1987.
MATULEWICZ, M.C.; HAINES, H.H.; CEREZO, A.S. Sulphated xylogalactans from
Nothogenia fastigiata. Phytochem., 36: 97-103, 1994.
McCANDLESS, E.L.; CRAIGIE, J.S. Sulfated polysaccharides in red and brown
algae. Annual Ver. Plant Physiology, 30: 41-53, 1979.
MILLER, I.J. The chemotaxonomic significance of the water-soluble red algal
polysaccharides. Recent. Devel. In Phytochem., 1: 531-565, 1996.
MOLLION, J.; MOREAU, S.; CHRISTIAEN, D. Isolation of a new type of carrageenan
from Rissoella verruculosa (Bert.) J. Ag. (Rhodophyta, Gigartinales). Bot. Mar., 29:
549-552, 1986.
MORRICE, L.M.; McLEAN, M.W. LONG, W.F.; WILLIAMSON, F.B. Porphyran
primary structure: An investigation using β-agarase I from Pseudomonas atlantica
and
13
C-NMR spectroscopy. European Journal of Biochemistry, 133: 673-684,
1983.
MU, X.; RIDING, R. Skeletal ultrastructure of the calcified red alga Galaxaura
oblongata, Hainan Island, China. Review of Palaeobotany and Palynology, 104:
205-212, 1999.
MUKAI, L.S.; CRAIGIE, J.S.; BROWN, R.G. Chemical composition and structure of
the cell walls of the conchocelis and thallus phases of Porphyra tenera
(Rhodophyceae). J. Phycol., 17: 192-198, 1981.
NAGASAWA, K.; INOUE, Y.; TOKUYASU, T. An improved method for the
preparation of the chondroitin by solvolitic desulfation of chondroitin sulfates. J. Biol.
Chem., 86: 1323-1327, 1979.
152
NERINCKX, W.; BROBERG, A.; DUUS, J.O.; NTARIMA, P.; PAROLIS, L.A.S.;
PARILIS, H.; CLAEYSSENS, M. Hydrolysis of Nothogenia erinacea xylan by
xylanases from families 10 and 11. Carbohydr. Res., 339: 1047-1060, 2004.
NOSEDA, M.D.; CEREZO, A.S. Alkali modification of carrageenans-II. The
cyclization of model compounds containing non-sulfated β-D-galactose units.
Carbohydr. Polym., 26: 1-3, 1995.
NOSEDA, M.D. Polissacarídeos sulfatados isolados da fase tetrasporofítica de
Gigartina skottisbergii (Rhodophyta, Gigartinales). Tese de doutorado,
Departamento de Bioquímica, Universidade Federal do Paraná. 173p, 1994.
NOSEDA, M.D., VIANA, A.G., DUARTE, M.E.R.; CEREZO, A.S. Alkali modification
of carrageenans. Part IV. Porphyrans as model compounds. Carbohydr. Polym., 42:
301-305, 2000.
NUNN, J.R.; PAROLIS, H.; RUSSEL, I. Polysaccharides of red alga Chaetangium
erinaceum. Part I. Isolation and characterization of the water-soluble xylan.
Carbohydr. Res., 26: 169-180, 1973.
OKAZAKI, M.; ICHIKAWA, K.; FURUYA, K. Studies on the calcium carbonate
deposition of algae IV. Initial calcification site calcareous red algae Galaxaura
fastigiata Decaisne. Bot. Mar., 25: 511-517, 1982.
O’NEILL, A.N. Derivatives of 4-O-β-D-galactopyranosyl-3,6-anhydro-D-galactose from
kappa-carrageenin. J. Am. Chem. Soc., 77: 6324-6326, 1955.
PAINTER, T.J., in ASPINALL, G.O. (Ed.) The Polysaccharides, Vol. 2, Academic
Press, New York. pp 195-285, 1983.
PARK, J.T.; JOHNSON, M.J. A Submicrodetermination of glucose. J. Biol. Chem.,
181, 1949.
153
PENNAN, A.; REES, D.A. Carrageenans. Part 9. Methylation analysis of galactan
sulphates from Furcellaria fastigiata, Gigartina canaliculata, Gigartina chamissoi,
Gigartina atropurpurea, Ahnfeltia durvillaei, Gymnogongrus furcellatus, Eucheuma
isiforme, Eucheuma uncinatum, Aghardiella tenera, Pachymenia hymantophora and
Gloiopeltis cervicornis. Structure of xi-carrageenan. J. Chem. Soc. Perkin Trans. 1:
2182-2187, 1973.
PERCIVAL, E.J.V. Carbohydrate sulfates. Quart. Rev. 3: 369-384, 1949.
PRADO-FERNÁNDEZ, J.; RODRÍGUEZ-VÁSQUEZ, J.A.; TOJO, E.; ANDRADE,
J.M. Quantitation of κ-, ι- and λ-carrageenans by mid-infrared spectroscopy and PLS
regression. Analytica Chemica Acta, 480: 23-37, 2003.
RAVEN, P.H.; EVERT, R.F.; EICHHORN, S.E. Biologia Vegetal, Quinta edição.
Guanabara/Koogan, Rio de Janeiro. p 248-259, 1996.
REES, D.A. Structure, conformation and mechanism in the formation of
polysaccharide gels and networks. Adv. Carbohydr. Chem., 24: 267-332, 1965.
SANTOS, G.A. Carrageenans of species of Eucheuma J. Agardh and Kappaphycus
Doty (Solieriaceae, Rhodophyta). Aquatic Botany, 36: 55-67, 1989.
SOUTH, G.R.; WHITTICK, A. Introduction to Phycology, First publication.
Blackwell Scientific Publications, Oxford. 341pp, 1987.
STANCIOFF, D.J.; STANLEY, N.F. Infrared and chemical studies on algal
polysaccharides. Proc. Int. Seaweed Symp. 6: 595-609, 1969.
STEVENSON, T.T.; FURNEAUX, R.H. Chemical methods for the analysis of sulfated
galactans from red algae. Carbohydr. Res., 210: 277-298, 1991.
154
STORTZ, C.A.; BACON, B.E.; CHERNIAK, R.; CEREZO, A.S. High-field NMR
spectrocopy of cystocarpic and tetrasporic carrageenans from Iridaea undulosa.
Carbohydr. Res., 261: 317-326, 1994.
STORTZ, C.A.; CASES, M.R.; CEREZO, A.S. The system of agaroids and
carrageenans from the soluble fraction of the tetrasporic stage of the red seaweed
Iridea undulosa. Carbohydr. Res. 34 (1-2): 61-65, 1997.
STORTZ, C.A.; CEREZO, A.S. Novel findings in carrageenans, agarans and “hybrid”
red seaweed galactans. Curr. Topics Phytochem., 4: 121-134, 2000.
STORTZ, C.A.; CEREZO, A.S. The system of carrageenans from cystocarpic and
tetrasporic stages from Iridaea undulosa: fractionation with potassium chloride and
methylation analysis of the fractions. Carbohydr. Res., 242: 217-227, 1993.
SUGIHARA, J.M. Relative reactivities of hydroxyl groups of carbohydrates. Adv.
Carbohydr. Chem., 8: 1-44, 1953.
TAKANO, R.; HAYASHI, K.; HARA, S.; HIRASE, S. Funoran from red seaweed,
Gloiopeltis complanata: polysaccharides with sulphated agarose structure and their
precursor structure. Carbohydr. Polym, 35: 81-87, 1994.
TAKANO, R.; SHIOMOTO, K.; KAMEI, K.; HARA, S.; HIRASE, S. Occurrence of
carrageenan structure in an agar from the red seaweed Digenea simplex (Wulfen) C.
Agardh (Rhodomelaceae, Ceramiales) with a short review of carrageenan-
agarocolloid hybrid in the Florideophycidae. Bot. Mar., 46: 142-150, 2003.
TAKANO, R.; YOKOI, T.; KAMEI, K.; HARA, S.; HIRASE, S. Coexistence of agaroid
and carrageenan structures in a polysaccharide from the red seaweed Rhodomela
larise (Turner) C. Ag. Bot. Mar., 42: 183-188, 1999.
TURVEY, J.R. sulfates of the simple sugars. Adv. Carbohydr. Chem., 20: 183-218,
1965.
155
TURVEY, J.R.; WILLIAMS, E.L. The structure of some xylans from red algae.
Phytochem., 9: 2383-2388, 1970.
TRUSS, K.; VAHER, M.; USOV, A.I.; PEHK, T.; KOLLIST, A. Gelling galactans from
the red algal community of Furcellaria lumbricalis and Coccotylus truncatus (the
Baltic Sea, Estonia): a structure-properties study. Int. Biol. Macromol., 21: 89-96,
1997.
USOV, A.I.; ADAMYANTS, K.S.; YAROTSKY, S.V.; ANOSHINA, A.A.;
KOCHETKOV, N.K. The isolation of a sulphated mannan and a neutral xylan from
the red seaweed Nemalion vermiculare Sur. Carbohydr. Res., 26: 282-283, 1973.
USOV, A.I.; BILAN, M.I.; SHASHKOV, A.S. Structure of a sulfated xylogalactan from
the calcareous red alga Corallina pilulifera P. et R. (Rhodophyta, Corallinaceae).
Carbohydr. Res., 303: 93-102, 1997.
USOV, A.I.; DOBKINA, I.M. Polysaccharides of algae. XXXVIII. Polysaccharide
composition of the red seaweed Liagora sp. And the structure of sulfated
xylomannan. Bioorg. Khim. 14: 642-651, 1988.
USOV, A. I.; ELASHVILI, Y.A. Polysaccharides of Algae: 44. Investigation of Sulfated
Galactan from Laurencia nipponica Yamada (Rhodophyta, Rhodomelaceae) Using
Partial Reductive Hydrolysis. Bot. Mar., 34: 553-560, 1991.
USOV, A.I.; IVANOVA, E.G. Polysaccharides of Algae XXXVII: Characterization of
Hybrid Structure of Substituted Agarose from Polysiphonia morrowii (Rhodophyta,
Rhodomelaceae) Using β-Agarase and
13
C-NMR Spectroscopy. Bot. Mar., 30: 365-
370, 1987.
USOV, A.I. NMR Spectroscopy of Red Seaweed Polysaccharides: Agars,
Carrageenans and Xylans. Bot. Mar., 27: 189-202, 1984.
156
USOV, A.I. Structural analysis of red Seaweed galactans of agar and carrageenan
groups. Food Hydrocolloids, 12: 301-308, 1998.
USOV, A.I.; YAROTSKII, S.V.; ESTEVEZ, M.L. Polysaccharides of algae. XXXII.
Polysaccharides of the red seaweed Galaxaura squalida Kjellm. Zh. Obshch.
Khim.7: 1261-1270, 1981.
USOV, A.I.; YAROTSKII, S.V. Polysaccharides of algae. XXI. Alkaline degradation of
sulfated mannan from the red alga Nemalion vermiculare Sur. Bioorg. Khim. 1: 919-
922.
USOV, A.I.; YAROTSKII, S.V.; SHASHKOV, A.S. 13C-NMR spectroscopy of red
algal galactans. Biolpolymers, 19: 977-990, 1980.
VAN DE VELDE, F.; KNUTSEN, S.H.; USOV, A.I.; ROLLEMA, H.S.; CEREZO, A.S.
1
H and
13
C high resolution NMR spectroscopy of carrageenans: application in
research and industry. Trends in Food Science & Technology, 13: 73-92, 2002.
VAN DE VELDE, F.; PEREIRA, L.; ROLLEMA, H.S. The revised NMR chemical shift
data of carrageenans. Carbohydr. Res., 339: 2309-2313, 2004.
VAN DEN HOEK, C.; MANN, D.G.; JAHNS, H.M. ALGAE, An introduction to
phycology, First edition. Cambridge University Press, Cambridge. 627pp, 1989.
VIANA, A.G. Estudo de uma porfirana com estrutura não usual obtida da alga
vermelha Porphyra columbina Montagne (Bangiales, Rhodophyta). Dissertação
de Mestrado. Departamento de Bioquímica, Universidade Federal do Parana. 97p,
2000.
VIANA, A.G.; NOSEDA, M.D.; DUARTE, M.E.R.; CEREZO, A.S. Alkali modification
of carrageenans. Part V. The iota-nu hybrid carrageenan from Eucheuma
denticulatum and its cyclization to iota-carrageenan. Carbohydr. Polym., 58: 455-
460, 2004.
157
VILLARROEL, L.H.; ZANLUNGO, A.B. Structural studies on the porphyran from
Porphyra columbina (Montagne). Carbohydr. Res., 88: 139-145, 1981.
WHISTLER, R.L.; DURSO, D.F. Chromatographic separation of sugars on charcoal.
J. Am. Chem. Soc., 72: 677-679, 1950.
WONG, K.F.; CRAIGIE, J.C. Sulfohydrolase Activity and Carrageenan Biosynthesis
in Chondrus crispus (Rhodophyceae). Plant. Physiol., 61: 663-666, 1978.
YAPHE, W. Colorimetric determination of 3,6-anhydrogalactose and galactose in
marine algal polysaccharides. Anal. Chem., 32: 1327-1330, 1960.
YAPHE, W.; ARSENAULT, G.P. Improved resorcinol reagent for determination of
fructose and 3,6-anhydrogalactose in polysaccharides. Anal. Biochem., 13: 143-
148, 1965.
ZABLACKIS, E.; SANTOS, G.A. The carrageenan of Catenella nipae Zanard., a
marine red alga. Bot. Mar.., 29: 319-322, 1986.
ZIBETTI, R.G.M. Determinação da estrutura química de galactanas híbridas D/L
isoladas da alga vermelha Cryptonemia crenulata (Cryptonemiales,
Rhodophyta). Dissertação de Mestrado. Departamento de Bioquímica, Universidade
Federal do Parana. 68p, 2000.
ZINOUN, M.; DIOURIS, M.; POTIN, P.; FLOC’H, J.Y.; DESLANDES, E. Evidence of
Sulfohydrolase Activity in the Red Alga Calliblepharis jubata. Bot. Mar., 40: 49-53,
1997.
RESUMO
O componente amorfo constituinte da parede celular da maior parte das algas
vermelhas é freqüentemente composto por galactanas sulfatadas, porém xilanas,
mananas sulfatadas e xilomananas sulfatadas também têm sido encontradas nas
ordens Nemaliales e Palmariales. Neste trabalho estudou-se os polissacadeos
solúveis em água isolados das algas vermelhas Galaxaura marginata, G. obtusata,
Tricleocarpa cylindrica, T. fragilis, Scinaia halliae (Nemaliales) e Palmaria palmata
(Palmariales). Mediante extração aquosa a 80 °C, seguida por tratamento com
Cetavlon e precipitação com etanol, foram obtidos dois grupos de polissacarídeos:
um neutro (frações GMs, GOs, TCs, TFs, SHs e PPs) e outro sulfatado (frações
GMp, GOp, TCp, TFp, SHp e PPp). Os polissacarídeos neutros apresentaram
atividade óptica negativa e se mostraram ricos em unidades de xilose. Análises de
RMN de
1
H,
13
C e HMQC revelaram tratar-se de β-D-xilanas lineares glicosiladas em
C-3 e C-4 na proporção de 1:5 (para Nemaliales) e 1:2 (para Palmariales), como
verificado por análises de metilação e integração dos prótons anoméricos. Os
polissacarídeos presentes nas frações sulfatadas apresentaram atividade óptica
positiva e elevados teores de manose, xilose e 4-O-metil xilose. As xilomananas
sulfatadas GMp e TFp renderam após fracionamento as sub-frações homogêneas
GMp-B, TFp-B e TFp-C, cujas análises de metilação e RMN de
13
C, de suas formas
nativas e modificadas, evidenciaram como cadeia principal uma α-D-manana 3-
glicosilada, sulfatada em C-2 e/ou C-4 e glicosilada em C-4. Estes resultados
mostram que as algas vermelhas estudadas biossintetizam dois polímeros distintos
como polissacarídeos solúveis. A reação de ciclização, formação de unidades de
3,6-anidrogalactose a partir de unidades precursoras de galactose 6-sulfato ou 2,6-
dissulfato, tem sido estudada em diferentes tipos de galactanas sulfatadas e neste
trabalho nas carragenanas isoladas das algas Eucheuma denticulatum e Furcellaria
lumbricalis, mediante extração aquosa a temperatura ambiente, contidas nas frações
ECW, F1 e F2. Análises de metilação, FT-IR e RMN de
13
C e
1
H revelaram que a
galactana homogênea ECW era uma parcialmente ciclizada nu-carragenana. As
galactanas homogêneas FS2 e F2S2, obtidas após purificação de F1 e F2, foram
caracterizadas por metilação e RMN de
13
C como uma mu/gamma-carragenana. A
nu/iota-carragenana ECW, quando submetida a tratamento alcalino, apresentou uma
velocidade de ciclização, a 60 e 70 °C, cerca de 7 e 13 vezes mas rápida do que a
obtida para a mu/gamma-carragenana FS2. A fração F2S2, após hidrólise redutiva
parcial, originou os oligossacarídeos FC (de elevado caráter gamma-) e FD (de
elevado caráter mu-). Quando comparadas a 70 e 80 °C, a velocidade de reação em
FC se mostrou cerca de 4,0 e 3,3 vezes mais lenta do em FD. A velocidade em FD
se mostrou 1,4 vezes superior a determinada para FS2 e 9,7 vezes inferior a
determinada para ECW, a 70 °C, enquanto que FC, se mostrou 3,8 vezes mais lenta
que FS2, sob a mesma temperatura. As diferenças observadas entre as velocidades
nas diferentes frações relacionam-se ao padrão de sulfatação presente em cada
galactana estudada. O fato da velocidade em FS2 ser intermediária as de FC e FD,
sugere que o caráter híbrido do polissacarídeo lhe confere uma cinética dupla, onde
cada padrão estrutural (mu- e gamma-carragenana) apresenta uma cinética própria
que em conjunto, resulta noutra intermediária.
ABSTRACT
The cell-wall in the division Rhodophyta is frequently constituted by sulfated
galactans, however neutral xylans, sulfated mannans and sulfated xylomannans
have been extracted from red algae belonging to the order Nemaliales and
Palmariales. Here were studied the water soluble polysaccharides from the
seaweeds Galaxaura marginata, G. obtusata, Tricleocarpa cylindrica, T. fragilis,
Scinaia halliae (Nemaliales) e Palmaria palmata (Palmariales). By extraction with
water at 80
o
C, followed by Cetavlon treatment and ethanol precipitation, were
obtained two kinds of polysaccharides: one neutral (GMs, GOs, TCs, TFs, SHs and
PPs fractions) and other sulfated (GMp, GOp, TCp, TFp, SHp and PPp fractions).
The first ones polysaccharides showed negative optical rotation and xylose as
majority residue. The
1
H,
13
C and HMQC NMR analyses showed that these
polysaccharides were a linear (13)- and (14)-linked β-D-xylan on the ratio 1:5 (to
Nemaliales) and 1:2 (to Palmariales), as confirmed by methylation and integration
analysis. The last ones polysaccharides showed positive optical rotation and
mannose, xylose and 4-O-methyl xylose as majority residues. The homogeneous
sulfated xylomannans GMp-B, TFp-B e TFp-C, obtained after GMs and TFs
fractionation, had a 3-linked α-D-mannan as main chain, sulfated at C-2 and/or C-4
and xylosilated at C-4, as showed the
13
C NMR and methylation analysis of its native
and modified forms. These results shows that the studied red seaweeds produce two
differents polymers as soluble polysaccharides. The cyclization reaction, formation of
the 3,6-anhydrogalactose units from precursor units (galactose 6 or 2,6 sulfated), has
been studied in differents seaweed polysaccharides and in these work in the
carrageenans isolated from Eucheuma denticulatum and Furcellaria lumbricalis by
extraction with water at room temperature, contained in the fractions ECW, F1 and
F2. Methylation, FT-IR,
1
H and
13
C-NMR analysis showed that the homogeneous
galactan from ECW was a partially cyclized nu-carrageenan. The homogeneous
galactans FS2 and F2S2, obtained after F1 and F2 purification, was characterized by
methylation and
13
C-NMR analysis as a mu/gamma-carrageenan. The nu/iota
carrageenan ECW showed, at 60 and 70 °C, a rate constant 7 and 13 times faster
than the mu/gamma-carrageenan FS2. The fraction F2S2 yielded, after reductive
partial hydrolysis, the oligosaccharides FC (major gamma- character) and FD (major
mu-character). When analyzed at 70 and 80 °C, the rate constant of FC was 4 and
3,3 times lower than FD. The rate constant of FD was 1,4 times faster than FS2 and
9,7 times lower than ECW, at 70 °C, while FC was 3,8 times lower than FS2, at the
same temperature. The viewed differences between the rate constants were related
to the sulfatation pattern of the each carrageenan. And the fact of rate constant in
FS2 to be between FC e FD, suggest that the hybrid character of these
polysaccharide produce a double kinetic, where each structural pattern (mu- and
gamma-carrageenan) show a own kinetic, that in joint result in a intermediary other
one.
Alkali modification of carrageenans. Part V. The iota–nu hybrid
carrageenan from Eucheuma denticulatum and its cyclization
to iota-carrageenan
*
Adriano G. Viana
a
, Miguel D. Noseda
a,
*
,1
, Maria Euge
ˆ
nia R. Duarte
a
, Alberto S. Cerezo
b,
*
,2
a
Departamento de Bioquı
´
mica e Biologia Molecular, Universidade Federal do Parana
´
. P.O. Box 19046, CEP 81531-990 Curitiba, Parana
´
, Brasil
b
Departamento de Quı
´
mica Orga
´
nica (CIHIDECAR-CONICET), Facultad de Ciencias Exactas y Naturales, Pabello
´
n 2, Ciudad Universita
´
ria,
1428, Buenos Aires, Argentina
Received 6 May 2004; revised 20 July 2004; accepted 9 August 2004
Abstract
A homogeneous iota/nu-hybrid carrageenan (71% iota- and 21% nu-) isolated from Eucheuma denticulatum was used as a model
compound to study the cyclization reaction of a-
D-galactose 2,6-disulfate units to 3,6-anhydro-a-D-galactose 2-sulfate. The rate of
cyclization, at 70 8C, of this carrageenan is about 50 times faster than that of a porphyran (non-sulfated b-
D-galactose linked to a-L-galactose
6-sulfate) and 210 times faster when compared with a lambda-carrageenan (2-sulfated b-
D-units linked to a-D-galactose 2,6-disulfate). The
use of this model compound confirms the previous hypothesis of the accelerating effect of the b-
D-4-sulfate group as well as suggests the
influence of the 2-sulfate of the a-
D-galactose units on the
4
C
1
/
1
C
4
chair forms interchange. The easy of cyclization indicates that to
produce commercial iota-carrageenans milder alkaline treatments could be used, avoiding degradation and increasing the gel strength.
q 2004 Elsevier Ltd. All rights reserved.
Keywords: Alkaline treatment; Cyclization rate; Iota-carrageenan; Eucheuma denticulatum
1. Introduction
Formation of 3,6-anhydro-a-
D-galactopyranose units
from a-
D-galactopyranose 6-sulfate residues by alkaline
treatment is an important and well-known reaction under-
gone by carrageenans (Percival, 1949; Turvey, 1965). We
have studied the kinetics of this reaction in lambda- and
kappa/iota-carrageenans (Ciancia, Noseda, Matulewicz, &
Cerezo, 1993), lambda-derived oligosaccharides (Noseda
and Cerezo, 1995) and porphyrans (Noseda, Viana, Duarte,
& Cerezo, 2000). These works show the influence that the
sulfate groups have on the cyclization rates. The presence of
sulfate at C-2 of b-
D-galactose unit as in lambda-
carrageenans has a decelerating effect, whereas at C-4 as
in carrageenans of the kappa family accelerates the
cyclization reaction. Fig. 1 shows the disaccharide repeating
units of the before mentioned polysaccharides.
In this paper we extended these studies to an iota-
carrageenan that was extracted from the commercially
cultivated algae Eucheuma denticulatum. Alkaline extrac-
tion of this red seaweed is commonly used for the industrial
production of the gel forming polysaccharide iota-carra-
geenan (Van de Velde, Knutsen, Usov, Rollema, & Cerezo,
2002; Aguilan et al., 2003). Nevertheless, in spite of the
high commercial value of the seaweed and of its
polysaccharide, detailed studies have not been carried out
on the structure of the biosynthesized carrageenan and on
the best conditions for the alkaline cyclization of its
‘precursor units’ to produce a ‘nearly pure’ iota-carragee-
nan. Thus, in this paper the iota/nu hybrid carrageenan
extracted from the seaweed with water at room temperature
was worked out with modern techniques and used
0144-8617/$ - see front matter q 2004 Elsevier Ltd. All rights reserved.
doi:10.1016/j.carbpol.2004.08.006
Carbohydrate Polymers 58 (2004) 455–460
www.elsevier.com/locate/carbpol
*
For Part IV, see Noseda et al. (2000).
* Corresponding authors. Tel.: C55-413611663; fax: C55-412662042.
E-mail addresses: [email protected] (M.D. Noseda), [email protected].
uba.ar (A.S. Cerezo).
1
Research member of the National Research Council of Brazil (CNPq).
2
Research member of the National Research Council of Argentina
(CONICET). Tel./fax: C54-11-45763346.
as a model compound to study the kinetics of the cyclization
of the (1/4)-linked a-
D-galactopyranose 2,6-disulfate
units to (1/4)-linked 3,6-anhydro-a-
D-galactopyranose 2-
sulfate residues, in a ‘pure’ nu-structure and to determine its
rate constant and half-life.
2. Material and methods
2.1. Material
Commercial samples of E. denticulatum (N.L. Burman)
F.S. Collins & Hervy from Philippines were obtained from
Gelymar S.A. (Puerto Montt, Chile).
2.2. Extraction of polysaccharides
The milled seaweed was extracted with water (5 g% w/v)
at room temperature (25 8C), with mechanical stirring, for
14 h. The residue was removed by centrifugation and the
supernatant was poured into ethanol (three volumes)
yielding the polysaccharide fraction ECW. This fraction
was purified by redissolution in water, dialysis, centrifu-
gation and lyophilization (yield 24%).
2.3. Alkaline treatment
The analytical alkaline treatment was carried out as
described by Ciancia et al. (1993). 3 M sodium hydroxide
(1 ml) was added to the sample (4 mg), previously dissolved
in water (2 ml) and reduced with sodium borohydride
(10% w/w), reaching the final concentration of M sodium
hydroxide. This solution was then heated at 40, 50, 60 and
70 8C. Samples were taken at regular intervals, the reaction
stopped by cooling in an ice bath and neutralized with M
hydrochloric acid. 3,6-anhydrogalactose content was deter-
mined by resorcinol method (Yaphe, 1960). From these
results, the rate constants and half-life were determined at
each temperature. The preparative alkaline treatment of
ECW was carried out at 80 8C in M sodium hydroxide. After
0.5 h of treatment the solution was cooled, neutralized,
dialyzed and freeze-dried rendering the alkali-modified
polysaccharide ECW-m (yield 80%).
Fig. 1. Disaccharide repetitive structures of carrageenans.
A.G. Viana et al. / Carbohydrate Polymers 58 (2004) 455–460456
2.4. Chemical analyses
The monosaccharide composition of ECW and ECW-m
was determined after reductive hydrolysis (Stevenson &
Furneaux, 1991; Falshaw & Furneaux, 1994) by GC. The
sulfate content was determined as described by Dodgson
and Price (1962).
2.5. Optical rotation analysis
Optical rotation of aqueous solution of polysaccharide
samples (0.2%), were measured at 20 8C, using a 10 cm cell
and sodium D line (589.3 nm) with a Rudolph Autopol III
automatic polarimeter.
2.6. Fourier-transform infrared analysis (FT-IR)
The FTIR spectra of KBr pellets of polysaccharides
(2/100 mg KBr) were recorded in a Perkin–Elmer Series
2000 FTIR spectrophotometer (eight scans, at a resolution
of 4 cm
K1
) scanning between 4000 and 400 cm
K1
.
2.7. Methylation analysis
Methylation analysis was carried out by the method of
Ciucanu and Kerek (1984) on the triethylammonium salts of
the carrageenans (Stortz & Cerezo, 1993) using methyl iodide.
The permethylated polysaccharides were hydrolyzed follow-
ing the reductive hydrolysis procedure (Stevenson & Furneaux,
1991; Falshaw & Furneaux, 1994) and analyzed by GC and
GC-MS as partially methylated alditol acetates. Iota- and nu-
structure percentages were calculated from the amount of 3,6-
anhydrogalactose and 3-O-methyl galactose, respectively, in
ECW and from 2,6-di-O-methyl galactose (iota-) in ECW-m.
2.8. Gas chromatography (GC) and gas chromatography-
mass spectrometry (GC-MS) analysis
GC analyses were carried out with a HP-5890 gas
chromatograph equipped with a flame ionization detector
(FID), using a fused silica capillary column (30 m!
0.25 mm) coated with DB-225. Chromatography was run
isothermically at 210 8C. Both injector and FID temperature
were at 250 8C. Nitrogen was used as carrier gas at a flow
rate of 1 ml/min and a split ratio of 100:1. GC-MS analyses
were performed using a Varian 3300 chromatograph and a
Finnigan Mat ITD spectrometer. The chromatograph was
programmed to run at 50 8C for 1 min, then 50–220 8Cat
40 8C/min. Helium was used as the carrier gas at 1 ml/min.
2.9. Nuclear magnetic resonance spectroscopy (NMR)
analysis
For NMR spectroscopic analysis the lyophilized sample
was dissolved in D
2
O (20 mg/0.6 ml). The NMR spectrum
of the solution was recorded at 70 8C using a Bruker Avance
DRX400 NMR spectrometer.
13
C NMR spectra of ECW and
ECW-m were obtained using a multinuclear inverse
detection 5 mm probe. Chemical shifts are expressed in
ppm using acetone as internal standard at 30.2 ppm.
2.10. High-pressure size-exclusion chromatography
(HPSEC) analysis
HPSEC analysis was carried out with a 2 mg/ml solution of
polysaccharide, using a multidetection equipment with a
Waters 2410 differential refractometer (RI) and a Wyatt
Technology Dawn F multiangle laser light scattering
(MALLS) detector adapted on-line. Four Waters Ultra-
hydrogel 2000/500/250/120 columns were connected in series
and coupled to the multidetection equipment. A 0.1 M NaNO
3
solution, containing NaN
3
(0.5 g/l), was used as eluent.
3. Results
The seaweed was extracted with water at room
temperature and the polysaccharide was recovered by
precipitation with ethanol and purified by redissolution
and dialysis. The polysaccharide fraction (ECW), homo-
geneous as determined by HPSEC-MALLS, was obtained
with 24% yield, containing 30.7% of sulfate (2.2 mol of
sulfate every disaccharide unit), galactose and 3,6-anhydro-
galactose as monosaccharide constituents (Table 1).
Table 1
Yield, analysis and monosaccharide compositions of native and permethylated ECW and ECW-m
Sample Yield
a
(%) [a]
D
20
(8)SO
3
Na (%) Monosaccharide (mol%) Methylation analysis (mol%)
AnGal
b
Gal
c
2,6-MGal
d
6-MGal
e
3-MGal
f
2-MGal
g
AnGal
ECW 24 C29.0 30.7 36.1 63.9 46.9 2.3 10.3 5.1 35.4
ECW-m 80 C16.5 24.3 49.0 51.0 46.8 0.8 1.3 2.8 48.3
a
Related to milled seaweed submitted to extraction (ECW) and polysaccharide mass initially submitted to preparative alkaline treatment (ECW-m).
b
3,6-Anhydrogalactose.
c
Galactose.
d
2,6-Di-O-methyl galactose.
e
6-O-Methyl galactose.
f
3-O-Methyl galactose.
g
2-O-Methyl galactose.
A.G. Viana et al. / Carbohydrate Polymers 58 (2004) 455–460 457
This product was submitted to a preparative alkaline
treatment for 0.5 h, giving a homogeneous fraction ECW-
m, with 80% yield and 24.3% of sulfate. Its
13
C NMR
spectrum (Fig. 2b) showed 12 absorption peaks typical of an
iota-carrageenan (Usov & Shashkov, 1985) different from
the original one (ECW, Fig. 2a), in which this pattern of
absorption was shown together with a minor one of a nu-
carrageenan (Stortz, Bacon, Cherniak, & Cerezo, 1994).
Both FTIR spectra were very similar, with an increase in
the absorptions at 928.7 and 805.1 cm
K1
in the alkali-
treated derivative corresponding to the 3,6-anhydro ring and
sulfate linked to C-2 of 3,6-anhydrogalactose, respectively
(Bellion, Brigand, Prone, & Bociek, 1983; Prado-Ferna
´
ndez,
Rodrı
´
guez-Va
´
squez, Tojo, & Andrade, 2003). No signals
corresponding to nu-carrageenan (absorptions of equatorial
and primary sulfate groups) were detected in the spectrum of
the original product in spite of the 10.3% of 2,6-disulfated
a-
D-galactopyranosyl units, determined by methylation
analysis (Table 1). Comparison of the percentages of
3,6-anhydrogalactose in the original and methylated
products indicates that no cyclization was produced during
the methylation. Methylation analysis of both, original and
alkali-treated products (ECW and ECW-m) also indicate the
presence of 46.9–46.8% of 2,6-di-O-methyl galactose and
35.4 and 48.3%, respectively, of 3,6-anhydrogalactose
(Table 1), showing that the original one contained about
71% of iota-structure (compositional analysis showed 72%
of iota-structure, Table 1) together with approximately 21%
of nu-backbone while the treated one contained 94% of
iota-structure. The alkaline derivative showed together with
the increase in 3,6-anhydrogalactose, indicative of the
cyclization of the 4-linked 2,6-disulfated a-
D-galactose
units into the 2-sulfate 3,6-anhydrogalactose, traces of
3-O-methyl galactose (1.3%), compatible with a slightly
incomplete cyclization (Table 1). Small amounts of
6-o-methyl galactose (2.3–0.8%) and 2-O-methyl galactose
(5.1–2.8%) detected for both fractions could suggest the
presence of unusual units such as 3-linked 2,4-disulfate b-
D-
galactose (alternatively 4-linked 2,3-disulfate a-
D-galactose
residues) and 4-linked 3,6-disulfate a-
D-galactose (alter-
natively 3-linked 4,6-disulfate b-
D-galactose), respectively.
The cyclization reaction of ECW follows, as the previous
ones (Ciancia et al., 1993), a pseudo first-order kinetics as
determined by the plot ln (A
o
KA
f
)/(A
t
KA
f
) as a function
of time (Fig. 3). Table 2 shows the rate constant and half-life
for ECW in M sodium hydroxide, at different temperatures,
compared with those previously reported for different
carrageenans (Ciancia et al.), carrageenan derivatives
(Noseda & Cerezo, 1995) and porphyran (Noseda et al.,
2000). The cyclization was too fast to be measured at 80 8C.
At 60 and 70 8C(Table 2) the reaction constants are about
25 and 50 times higher than that of porphyran PC75, an
agaran without sulfation on the b-
D-unit and 6-sulfation on
the a-
L-residue. Table 2 also shows that the cyclization of
ECW is about 160–210 times faster than that of a lambda-
carrageenan (1T
2
) with non-sulfated and 2-sulfated b-D-
units and 2,6-disulfated a-
D-residues (Ciancia et al.).
Fig. 2.
13
C NMR spectra of partially cyclized nu-carrageenan (ECW) before (a) and after (b) alkaline treatment (ECW-m).
Fig. 3. Determination of the rate constants of the cyclization reaction for
nu-carrageenan ECW, at 40, 50, 60 and 70 8C.
A.G. Viana et al. / Carbohydrate Polymers 58 (2004) 455–460458
4. Discusio
´
n
The carrageenan from E. denticulatum (former E.
spinosum) was studied firstly by Anderson, Dolan, and
Rees (1973). They obtained, by hot water extraction, an iota/
nu-hybrid carrageenan (using the current nomenclature)
with about 8–9% of precursor, 2,6-disulfate a-
D-galactose
units and small amounts (6 and 4%, respectively) of non-
sulfated (1/3)- and (1/4)-linked residues.
The carrageenan from E. denticulatum has become most
valuable to industry since it produces a ‘nearly ideal’ iota-
carrageenan upon alkali modification, and the seaweed is
now currently farmed in the Philippines and other countries
of the Far East. Its high commercial value has promoted
studies on the alkali-treated modification (Santos, 1989;
Aguilan et al., 2003) but they did not deepen into the
structure of the original product.
Thus, extraction of the seaweed with water at 115–120 8C
gave a polysaccharide (40–50% yield), which was worked out
through its alkali-treated derivative (Aguilan et al., 2003).
This alkaline-modified product contains not only galactose
and 3,6-anhydrogalactose but also a small amount of xylose,
which is not usual in carrageenans. Methylation analysis
showed the expected iota-structural units but also small
amounts of 3,6-anhydrogalactose, (1/4) linked a-
D-galac-
tose, a disulfated unit and non-reducing end-chain galactose.
As the carrageenans are non-branched linear polysaccharides
the last residue (3.5%), indicating a molecular weight about
4.6 kDa, suggests degradation during the extraction or the
alkaline treatment of the original carrageenan.
The extraction of the carrageenan from E. denticulatum
was carried out different from previous works this time at
room temperature on the basis that the distribution of the
precursor unit in the carrageenan molecules would produce,
even if with lower yield, a sample with higher amounts of
2,6-disulfate a-
D-galactopyranosyl units and, as a conse-
quence, higher solubility.
The product obtained was 92% an iota/nu-hybrid
carrageenan with approximately 21% of nu-structure (see
Experimental) and only 7% of ‘unusual units’. Thus, it was a
good natural model to study the cyclization rate of the 2,6-di-
O-sulfated a-
D-galactopyranosyl units linked to b-D-galac-
tose 4-sulfate residues. The cyclization of the nu-structure in
the carrageenan from E. denticulatum was the fastest
determined (Table 2). Comparison of its rate constant with
that obtained in the cyclization of 1C
3
(the nearest value,
Table 2) is not straightforward due to the structural
complexity of 1C
3
(it contains non-sulfated and 4-sulfated
b-
D-units together with 6- and 2,6-sulfated a-D-residues
(Ciancia et al., 1993)) but a rough appreciation of the data
(Table 2) suggests that the cyclization of a ‘pure’
mu-carrageenan should be slower than that of a ‘pure’
nu-carrageenan. This difference could be rationalized
supposing that the ionization of the C-3–OH in the a-units
(the repulsive interaction between the negative charges in the
C-2 and C-3 groups of the pyranose cycle is the driven force
for the exchange of the
4
C
1
/
1
C
4
chair forms, for the
mechanism of the alkaline cyclization, see refs. Percival,
1949; Turvey, 1965) could be suppressed more efficiently by
the C-2 hydroxide anion (C-2–O
K
) in a mu-carrageenan (the
C-2 hydroxyl of the same unit would ionize first due to its
higher acidity (Lenz, 1960; Sugihara, 1953)) than by the C-2
sulfate anion (C-2–O–SO
3
K
) in a nu-carrageenan, consider-
ing that this last group would situate the negative charge
farther apart.
The extraction from E. denticulatum of an iota/nu-hybrid
carrageenan with a higher percentage of nu-precursor units,
and therefore more adequate for the kinetic studies, by
choosing the conditions of the extractions exemplify the
importance of this step in the study of the structurally
dispersed polysaccharides. Alkaline extractions of seaweeds
producing carrageenans of the kappa family must be avoided,
even at room temperature, as the products obtained could be
different of the native ones. The ease with which the
cyclization reaction takes place in the carrageenans of the
kappa family (this paper and Ciancia et al., 1993) indicates
that the alkaline treatments used industrially to increase the
gelling properties of crude carrageenans could be carried out
under milder conditions giving products with lower degra-
dation and, consequently, higher gel strengths.
Acknowledgements
The authors are indebted to Mr Jaime Zamorano from
Gelymar S.A. for the algal material. The work was
Table 2
Cyclization reactions for nu-carrageenan ECW in M NaOH, at different temperatures
Temperature (8C) Rate constant k (10
4
s
K1
)t
½
(min)
ECW 1C
3
a
PC75
b
1T
2
a
ECW 1C
3
PC75 1T
2
40 2.0 69.4
50 7.0 2.3 0.04 15.8 49.9 3000
60 21.0 4.8 1.0 0.14 5.4 24.0 139.0 850
70 77.0 13.0 1.5 0.35 1.5 9.0 77.0 320
80 26.0 4.9 0.67 4.5 23.0 170
90 59.0 11.0 1.11 2.0 10.5 130
a
1C
3
: Partially cyclized mu/nu-carrageenan and 1T
2
: lambda-carrageenan (Ciancia et al., 1993).
b
PC75: Porphyran (Noseda et al., 2000).
A.G. Viana et al. / Carbohydrate Polymers 58 (2004) 455–460 459
supported by grants from Pronex-Carboidratos (CNPq),
CONICET and University of Buenos Aires. One of the
authors (AGV) also acknowledges the financial support
from CNPq (PhD fellowship).
References
Aguilan, J. T., Broom, J. E., Hemmingson, J. A., Dayrit, F. M., Montan
˜
o,
M. N. E., Dancel, M. C. A., Nin
˜
onuevo, M. R., & Furneaux, R. H.
(2003). Structural analysis of carrageenan from farmed varieties of
Philippine seaweed. Botanica Marina, 46, 179–192.
Anderson, N. S., Dolan, T. C. S., & Rees, D. A. (1973). Carrageenans. Part
VII. Polysaccharides from Eucheuma spinosum and Eucheuma cottonii.
The covalent structure of i-carrageenan. Journal of Chemical Society,
19, 2173–2176.
Bellion, C., Brigand, G., Prome, J. C., & Bociek, D. W. S. (1983).
Identification et caracte
´
risation des pre
´
curseurs biologiques des
carraghe
´
nanes par spectroscopie de R.M.N.-
13
C. Carbohydrate
Research, 119, 31–48.
Ciancia, M., Noseda, M. D., Matulewicz, M. C., & Cerezo, A. S. (1993).
Alkali-modification of carrageenans: mechanism and kinetics in the
kappa/iota, mu/nu and lambda-series. Carbohydrate Polymers, 20,
95–98.
Ciucanu, I., & Kerek, F. (1984). A simple and rapid method for the perme-
thylation of carbohydrates. Carbohydrate Research, 131, 209–217.
Dodgson, K. S., & Price, R. G. (1962). A note on the determination of the
sulphate ester of sulphated polysaccharide. Biochemical Journal, 84,
106–110.
Falshaw, R., & Furneaux, R. H. (1994). Carrageenan from the tetrasporic
stage of Gigartina decipiens (Gigartinaceae Rhodophyta). Carbo-
hydrate Research, 252, 171–182.
Lenz, R. W. (1960). Distribution of methoxyl groups in the methylation of
the monosodio derivative of methyl alfa-
D-glucopyranose and cellulose.
Journal of American Chemical Society, 82, 182–186.
Noseda, M. D., & Cerezo, A. S. (1995). Alkali modification of
carrageenans-II. The cyclization of model compounds containing
non-sulfated b-
D-galactose units. Carbohydrate Polymers, 26, 1–3.
Noseda, M. D., Viana, A. G., Duarte, M. E. R., & Cerezo, A. S. (2000).
Alkali modification of carrageenans. Part IV. Porphyrans as model
compounds. Carbohydrate Polymers, 42, 301–305.
Percival, E. J. V. (1949). Carbohydrate sulfates. Quarterly Reviews, 3,
369–384.
Prado-Ferna
´
ndez, J., Rodrı
´
guez-Va
´
squez, J. A., Tojo, E., & Andrade, J. M.
(2003). Quantitation of k-, i- and l-carrageenans by mid-infrared
spectroscopy and PLS regression. Analytica Chimica Acta, 480, 23–37.
Santos, G. A. (1989). Carrageenans of species of Eucheuma J. Agardh and
Kappaphycus Doty (Solieriaceae, Rhodophyta). Aquatic Botany, 36,
55–67.
Stevenson, T. T., & Furneaux, R. H. (1991). Chemical methods for the
analysis of sulfated galactans from red algae. Carbohydrate Research,
210, 277–298.
Stortz, C. A., Bacon, C. F., Cherniak, R., & Cerezo, A. S. (1994). High field
NMR spectroscopy of cystocarpic and tetrasporic carrageenans from
Iridaea undulosa. Carbohydrate Research, 261, 317–326.
Stortz, C. A., & Cerezo, A. S. (1993). The system of carrageenans from
cystocarpic and tetrasporic stages from Iridaea undulosa: fractionation
with potassium chloride and methylation analysis of the fractions.
Carbohydrate Research, 242, 217–227.
Sugihara, M. J. (1953). Relative reactivities of hydroxyl groups in
carbohydrates. Advances in Carbohydrate Chemistry, 8, 1–44.
Turvey, J. R. (1965). Sulfates of the simple sugars. Advances in
Carbohydrate Chemistry, 20, 183–218.
Usov, A., & Shashkov, A. S. (1985). Polysaccharides of algae. 34. Detection
of iota-carrageenan in Phyllophora brodiaei (Turn.) J.Ag. (Rhodophyta)
using
13
C-NMR spectroscopy. Botanica Marina, 28, 367–373.
Van de Velde, F., Knutsen, S. H., Usov, A. I., Rollema, H. S., & Cerezo,
A. S. (2002).
1
H and
13
C high resolution NMR spectroscopy of
carrageenans: application in research and industry. Trends in Food and
Technology, 13, 73–92.
Yaphe, W. (1960). Colorimetric determination of 3,6-anhydrogalactose and
galactose in marine algal polysaccharides. Analytical Chemistry, 32,
1327–1330.
A.G. Viana et al. / Carbohydrate Polymers 58 (2004) 455–460460
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo