RESUMO
O presente estudo tem como tema, as ações sócio-educativas que os Assistentes Sociais
realizam no seu trabalho profissional com famílias. Partimos da revisão sobre o Serviço
Social, enquanto profissão inscrita na divisão sócio-técnica do trabalho, que se desenvolve
dirigindo aos usuários uma ação sócio-educativa. Considerando que o Serviço Social tem a
família como objeto de intervenção ao longo de sua trajetória, introduzimos o debate sobre a
mesma que perpassa a profissão e, apontamos que a longa tradição no trato com elas e o
aprofundamento do debate teórico-metodológico e ético-político desencadeado nas últimas
décadas não significou uma ação à altura das exigências colocadas aos Assistentes Sociais.
Desse modo, a partir da produção de Gramsci destacamos a discussão sobre a educação ao
nível molecular e coletivo, como sendo uma referência compatível com o atual projeto ético-
político-profissional, a fim de avançar no processo de ruptura com uma vertente
conservadora. Neste estudo, objetivamos identificar o que são e como estão sendo
desenvolvidas as ações sócio-educativas no trabalho profissional dos Assistentes Sociais com
famílias; bem como analisar a apropriação/debate das ações sócio-educativas no trabalho
profissional dos Assistentes Sociais com famílias e qual a orientação teórico-metodológica e
ético-política deste contexto. Para a realização do estudo adotamos a pesquisa bibliográfica,
enquanto procedimento metodológico. Para tanto, construímos um instrumento de modo a
coletar e armazenar os dados dos artigos de anais dos eventos científicos do Serviço Social no
Brasil, realizados entre 1998 e 2003 – que apresentem relatos de experiências sobre o
desenvolvimento de ações sócio-educativas e o trabalho profissional com famílias. Entre os
principais resultados identificamos que as ações sócio-educativas dos Assistentes Sociais com
famílias são entendidas como um processo contínuo e permanente, nos quais os usuários dos
serviços constróem uma consciência crítica sobre si mesmo e sobre a realidade, para nela
atuarem de forma transformadora. Neste contexto, encontramos ações profissionais voltadas à
construção de uma prática de caráter educativo-político, buscando a democratização e a
formação de uma consciência crítica para as famílias. Todavia, a maioria dos trabalhos,
demonstra que as ações ainda têm um caráter de repasse de informações e estão centrados na
busca isolada de solução dos problemas de ordem interna, comportamental, psicológica,
moral e/ou material da família. Com isso, os Assistentes Sociais empreendem uma ação
contrária à direção social hegemônica da profissão, que defende um projeto coletivo. Nesta
perspectiva, os Assistentes Sociais têm assumido na direção de suas ações sócio-educativas a
tendência familista da política social, solicitando maior autonomia e iniciativa do grupo
familiar nos problemas que são expressões das contradições sociais. Por isso, a profissão pode
estar contribuindo para que as famílias continuem sendo “anteparo social” diante do vazio
institucional das políticas públicas que asseguram a reprodução social. Neste quadro, situamos
a contribuição do pensamento gramsciano, como pressuposto para o estabelecimento de novas
relações sociais, tendo a ação educativa molecular e coletiva como instrumento que possibilite
aos usuários a consciência das contradições, sendo primeiro passo da construção de uma
contra-hegemonia e para fortalecer sua organização política.
Palavras-chaves: ações sócio-educativas, família, Serviço Social.