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Universidade do Extremo Sul Catarinense
Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais
AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DE ROCHAS DE ARENITO
COMO MEIO FILTRANTE EM FILTROS ANAERÓBIOS PARA
TRATAMENTO DE CHORUME
Everson Casagrande
Dissertação apresentada ao Programa
de Pós-Graduação em Ciências
Ambientais da Universidade do Extremo
Sul Catarinense para obtenção do Grau
de Mestre em Ciências Ambientais.
Orientador:
Prof. Dr. Ednilson Viana
Criciúma
2006
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i
AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DE ROCHAS DE ARENITO
COMO MEIO FILTRANTE EM FILTROS ANAERÓBIOS PARA
TRATAMENTO DE CHORUME
Everson Casagrande
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Ciências Ambientais
da Universidade do Extremo Sul
Catarinense para obtenção do Título de
Mestre em Ciências Ambientais.
Área de Concentração:
Ecologia e Gestão de Ambientes Alterados
Orientador:
Prof. Dr. Ednilson Viana
Criciúma
2006
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ii
Se as coisas são inatingíveis...ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos, se não fora
A presença distante das estrelas!
Mário Quintana
iii
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. Ednilson, pela orientação e grande amizade;
À minha companheira Simoni, meu amor para toda a vida;
Aos meus filhos, por serem filhos de verdade;
Aos meus pais, pelo incentivo incessante;
Aos professores, por saberem dividir os seus conhecimentos;
À Vivian, secretária do curso de Ciências Ambientais, pela presteza;
À CAPES pela concessão da bolsa, no período de março de 2004 a janeiro
de 2005;
Aos colegas de turma, pelo exemplo de querer aprender e ensinar cada vez
mais.
iv
RESUMO
Dentre todas as formas de destinação final adequada dos resíduos sólidos
domiciliares, o aterro sanitário é a alternativa mais utilizada no Brasil. Considerando
a quantidade de lixiviado produzido e os custos de seu tratamento, este trabalho
buscou uma alternativa de tratamento primário utilizando rochas de arenito como
meio filtrante em filtros anaeróbios, em comparação com filtros anaeróbios com leito
filtrante de rochas de diabásio, costumeiramente utilizados. O experimento foi
realizado no Núcleo de Pesquisa em Resíduos Sólidos (NRESOL) da UNESC em
Criciúma SC onde foram montados 8 reatores de PVC com 0,30 m de diâmetro,
sendo 4 com leito filtrante com rochas de diabásio e 4 com leito filtrante de rochas
de arenito. O tempo para formação dos biofilmes foi de 67 dias e os tempos de
detenção utilizados no experimento foram de 16, 30, 44 e 63 dias. Os resultados
mostraram uma eficiência na remoção de DQO em torno de 82%, com um tempo
de detenção ótimo próximo de 30 dias e uma redução significativa de Nitrogênio
Total, em torno de 19% e de Ferro Total, em torno de 28%, ambos para um tempo
de detenção ótimo de 16 dias. Com relação à remoção de manganês, o sistema
não mostrou redução significativa, sendo que o pH permaneceu praticamente
estável durante todo o período de experimento, não havendo variações
significativas. O filtro anaeróbio com leito filtrante de rochas de arenito mostrou-se
uma boa alternativa para tratamento primário do lixiviado de aterros sanitários,
sendo inclusive um atrativo econômico, pois apresentou alta eficiência, com Tempo
de Detenção Hidráulica (TDH) relativamente baixo.
v
ABSTRACT
Among all forms of adequate final destination of the home solid residues, the
sanitary embankment is the more used alternative in Brazil. By considering the
amount of leachate produced and the costs of its treatment, this work looked for an
alternative of primary treatment using sandstone rocks as setting filtering in
anaerobic filters, in comparison with anaerobic filters with setting filtering of diabase
rocks, commonly used. The experiment was accomplished in the Núcleo de
Pesquisa em Resíduos Sólidos (NRESOL) of UNESC in Criciúma - SC where 8
reactors of PVC with 0,30 m of diameter were assembled, being 4 with setting
filtering with diabase rocks and 4 with setting filtering of sandstone rocks. The time
for formation of the biofilms was 67 days and the time of detention used in the
experiment was of 16, 30, 44 and 63 days. The results showed around 82% of
efficiency in the removal of COD, with a great time of detention close to 30 days and
a significant reduction of Total Nitrogen, around 19%, and around 28% of Total Iron,
both for a great time of detention of 16 days. Regarding the removal of manganese,
the system did not show significant reduction, and the pH was practically stable
during the whole experiment period, not having significant variations. The anaerobic
filter with setting filtering of sandstone rocks was shown as good alternative for
primary treatment of the leachate of sanitary embankments, being in addition an
economical attraction, because showed high efficiency, with Time of Hydraulic
(THD) Detention relatively low.
vi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Evolução da destinação final dos resíduos no Brasil................................. 5
Figura 2 Representação do método da trincheira ou vala....................................... 7
Figura 3 - Representação do método da rampa ......................................................... 8
Figura 4 Representação do método da área ........................................................... 8
Figura 5 - Detalhe de uma brita de diabásio semelhante a utilizada no reator........ 18
Figura 6 - Esquema que representa o fluxo de carbono durante a decomposição
anaeróbia da matéria orgânica complexa à metano......................................... 19
Figura 7 - Representação esquemática para o arranjo bacteriano anaeróbico típico
............................................................................................................................ 21
Figura 8 - Representação esquemática de retenção de biomassa por adesão....... 22
Figura 9 - Representação esquemática da retenção intersticial de biomassa
bacteriana anaeróbia. ........................................................................................ 22
Figura 10 - Detalhe de uma brita de arenito semelhante a utilizada no reator ........ 24
Figura 11 - Mapa geral tectônico da parte meridional de Santa Catarina, indicando a
localização de jazidas de arenito botucatu........................................................ 26
Figura 12 - Esquema do reator montado para análise da eficiência da rocha de
arenito no tratamento primário de chorume...................................................... 29
Figura 13 - Detalhe da fixação dos reatores à parede.............................................. 30
Figura 14 - Detalhe da bancada de madeira para apoio dos reatores..................... 31
Figura 15 Visão dos reatores montados no NRESOL........................................... 31
Figura 16 - Detalhe do sistema de alívio de pressão................................................ 33
Figura 17 - Variação da DQO em função do TDH considerados no experimento... 40
Figura 18 - Variação do pH em função do TDH considerados no experimento....... 42
Figura 19 - Variação do Ferro Total em função do TDH considerados nos
experimentos...................................................................................................... 44
Figura 20 - Variação do Manganês em relação ao TDH considerado no
experimento. ...................................................................................................... 46
Figura 21 - Variação da remoção de Nitrogênio Total em relação ao TDH
considerados no experimento. .......................................................................... 48
vii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Composição percentual dos resíduos sólidos gerados em diferentes
localidades, no mundo......................................................................................... 3
Tabela 2 - Variação da composição do chorume em Aterros Sanitários ................. 10
Tabela 3 - Cargas Orgânicas Volumétricas e Taxas de Aplicação Superficial,
aplicadas nos reatores em função do Tempo de Detenção Hidráulica utilizado.
............................................................................................................................ 37
Tabela 4 - Caracterização do lixiviado utilizado para formação do biofilme para
DQO, pH, Ferro Total, Nitrogênio Total e Manganês. ...................................... 38
Tabela 5 - Valores dos parâmetros do lixiviado bruto do aterro sanitário de
Urussanga.......................................................................................................... 38
Tabela 6 - Valores médios de DQO nos diversos TDH para os leitos filtrantes de
Arenito e de Diabásio......................................................................................... 39
Tabela 7 - Valores de pH médio por leito filtrante e média global............................ 41
Tabela 8 - Conteúdo de Ferro Total, para os diferentes leitos filtrantes.................. 43
Tabela 9 - Tabela de remoção de Manganês, em percentual.................................. 45
Tabela 10 - Tabela de remoção de Nitrogênio Total, em percentual. ...................... 48
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Exemplos de tratamentos de efluentes líquidos utilizados no Brasil. .... 13
Quadro 2 - Exemplos de espécies de bactérias anaeróbias presentes nos
tratamentos de rejeitos por biodigestão anaeróbia........................................... 20
Quadro 3 Características das rochas de arenito e diabásio.................................. 27
ix
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
ABRELPE Associação Brasileira de Resíduos Sólidos
AGV Ácidos graxos voláteis
COT Carga Orgânica Total
EPAGRI Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina
ETE Estação de Tratamento de Esgotos
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IPAT Instituto de Pesquisas Ambientais e Tecnológicas
NBR Normas Brasileiras Regulamentares
PET Politereftalato de etileno
PNSB Plano Nacional de Saneamento Básico
PVC Policloreto de vinila
RAFA Reator anaeróbio de Fluxo Ascendente
RSU Resíduos Sólidos Urbanos
SST Sólidos Suspensos Totais
TDH Tempo de Detenção Hidráulica
x
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO / FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.................................................... 1
1.1 Conceitos ........................................................................................................... 1
1.2 Destinação final dos resíduos sólidos urbanos................................................. 4
1.3 Composição do chorume................................................................................... 9
1.4 Tratamento de chorume.................................................................................. 12
1.5 Filtros anaeróbios ............................................................................................ 17
1.6 Características do arenito botucatu................................................................. 23
2 OBJETIVOS GERAL E ESPECÍFICOS ................................................................. 28
2.1. Objetivos específicos...................................................................................... 28
3 MATERIAIS E MÉTODOS...................................................................................... 29
3.1 Montagem dos reatores................................................................................... 29
3.2 Formação dos biofilmes................................................................................... 33
3.3 Partida dos reatores ........................................................................................ 34
3.4 Análise e tratamento dos dados...................................................................... 35
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO.............................................................................. 37
4.1 Caracterização inicial do efluente ................................................................... 37
4.2 Eficiência de Remoção.................................................................................... 38
4.2.1 DQO Demanda Química de Oxigênio................................................... 38
4.2.2 pH.............................................................................................................. 41
4.2.3 Ferro Total................................................................................................. 42
4.2.4 Manganês ................................................................................................. 44
4.2.5 Nitrogênio Total......................................................................................... 47
5 CONCLUSÕES....................................................................................................... 50
6 REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 52
7 ANEXOS ................................................................................................................. 58
Anexo 1 - Quadro de todos os resultados obtidos nas análises dos parâmetros
pesquisados........................................................................................................... 58
APÊNDICES .............................................................................................................. 59
1
1 INTRODUÇÃO / FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
1.1 Conceitos
Um dos grandes problemas ambientais que desafiam os pesquisadores de
todo o mundo desde o século passado é a destinação final adequada do lixo
produzido pela humanidade. Mas, o que é lixo?
Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT (1987),
denomina-se lixo os restos das atividades humanas, considerados pelos geradores
como inúteis, indesejáveis ou descartáveis. Normalmente apresentam-se sob
estado sólido, semi-sólido ou semi-líquido (com conteúdo líquido insuficiente para
que este possa fluir livremente).
Segundo Jardim (1995), lixo são os restos das atividades humanas,
considerados pelos geradores como inúteis, indesejáveis ou descartáveis.
Sob a ótica econômica, que é a aceitação mais comum, lixo é definido como
uma matéria sem valor. Seus valores de uso e de troca são nulos ou negativos para
seu detentor ou proprietário. Ou seja, uma matéria constitui-se em um resíduo
sempre que o seu responsável necessita pagar para se desfazer dela (BIDONE,
2001).
O Programa de Administração e Gerenciamento de Resíduos Sólidos
GERESOL, da Universidade Federal de Minas Gerais cita que, numa visão
simplista, lixo pode ser considerado aquele produto inservível que resulta de
alguma atividade humana e considera ainda que lixo pode ser produto de qualquer
ação viva. Em todas as situações analisadas, o que há de comum é o conceito de
que lixo é algo negativo.
A Campanha de Educação Ambiental “Recicle o lixo nosso de cada dia”, do
Tribunal Regional do Trabalho da 14ª Região ensina que lixo é basicamente todo e
qualquer resíduo sólido proveniente das atividades humanas ou gerado pela
natureza em aglomerações urbanas. No entanto o conceito atual de lixo é aquilo
que ninguém quer ou que não tem valor comercial. Neste caso, pouca coisa jogada
fora pode ser chamada de lixo.
Segundo Rêgo et al. (2002), o conceito popular de lixo, em uma população de
mulheres residentes na periferia de Salvador, foi definido em função da sua
utilidade, da sua disposição final e da relação do mesmo com a saúde (se causa
2
doenças ou não). A definição mais utilizada pelas mulheres foi de que ”lixo é tudo
aquilo que não serve para ser utilizado”. Alguns produtos classificados como lixo
eram também considerados aproveitáveis ou recicláveis pelas entrevistadas. Elas
demonstram uma escala de valorização dos produtos, considerando que aquilo que
é lixo para algumas pessoas pode ser considerado de grande utilidade para outras”.
Assim, o que é velho, mas pode ser útil, não é classificado como lixo, como por
exemplo, mobiliário.
Além de ser o resultado de atividades da comunidade e/ou restos das
atividades humanas, pode-se então complementar afirmando que, lixo é tudo aquilo
que não tem condições de ser reaproveitado e/ou reciclado. Incluem-se aqui as
fraldas descartáveis, papel higiênico usado, papéis de bala e chocolate,
absorventes higiênicos, embalagens de biscoitos, entre outros. Sob esta ótica, um
resíduo se torna lixo com base na cultura de um povo, na classe econômica, no
emocional, na situação econômica, dentre outros fatores.
Esta visão do lixo do ponto de vista da reciclabilidade é importante, pois muito
do que se descarta como lixo é matéria-prima que pode ser utilizada para outras
finalidades, como o papel, plástico, vidro, metal e matéria orgânica, é o que mostra
a Tabela 1.
3
Tabela 1 - Composição percentual dos resíduos sólidos gerados em diferentes
localidades, no mundo.
Constituinte
(% peso)
Porto
Alegre
(1994)¹
Botucatu
(2000)²
São
Carlos
(1989)³
Rio de
Janeiro
(2000)
4
Davis,
EUA
(1990)
5
Osaka
Japão
(1989)
6
Matéria
Orgânica
58,60 74,11 56,70 51,27 6,40 11,70
Papel e
Papelão
21,30 7,61 21,30 19,77 41,00 35,70
Plástico 8,40 8,41 8,50 17,61 10,70 20,30
Vidro 1,30 1,99 1,40 3,22 5,80 7,10
Metais 4,40 3,86 5,40 2,66 7,90 5,30
Outros 6,00 4,02 6,70 5,47 28,20 19,90
Fonte: ¹ FLECK (2003); ²OLIVEIRA & PASQUAL (2000); ³MANDELLI et al. (1991);
4
LIMA & SURLIUGA (2000);
5
TCHOBANOGLOUS et al (1993);
6
YOSHIDA (1995)
apud REICHERT (1999)
Observa-se, pela Tabela 1, que aproximadamente metade do que é produzido
como resíduos domiciliares é composto de matéria orgânica, que pode ser tratado
em leiras de compostagem e reaproveitado como adubo, sem agredir a natureza e
ainda produzindo um componente benéfico para as plantas. Além disso,
aproximadamente 30% dos resíduos domiciliares pode ser reciclado para produção
de novos materiais ou reutilizado em outras finalidades dentro do consumo
humano.
O aproveitamento de materiais reciclados tem um impacto muito grande na
conservação dos recursos naturais. Com a reciclagem de papéis e papelões,
milhões de árvores deixarão de ser derrubadas. A recuperação de metais, ferro,
alumínio, zinco, bronze entre outros, evita a exploração de milhões de toneladas de
minérios, contribuindo para o desenvolvimento de novas tecnologias de exploração,
menos agressivas ao meio ambiente. Da mesma forma, a reciclagem do plástico
evita a extração de petróleo, considerado um recurso natural não renovável.
De forma abrangente, o processo da reciclagem significa alterar o ciclo, ou dar
novo ciclo de vida a algo que já existe. É importante interpretar o conceito de
4
reciclagem (renovar o ciclo) como a reutilização de materiais descartados a fim de
aumentar a sua vida útil, para reduzir a extração de recursos naturais. A reciclagem
é uma das soluções para minimizar impactos ambientais causados pela grande
quantidade de lixo produzido pela humanidade, assim como a redução na produção
de lixo, que é o primeiro passo dentre as medidas para se amenizar os problemas
ambientais causados pelos resíduos sólidos.
Uma das alternativas para incrementar o reaproveitamento e reciclagem de
“lixo” é a coleta seletiva, a qual consiste na separação de materiais recicláveis
(plásticos, papéis, metais, matéria orgânica (sobras de alimentos, podas de árvores,
etc), outros), na própria fonte geradora e transportados de forma diferenciada.
Estes materiais são vendidos às indústrias recicladoras ou aos sucateiros (JARDIM
& WELLS, 1995; FUNASA, 2004).
1.2 Destinação final dos resíduos sólidos urbanos
O problema do lixo vem se agravando na grande maioria dos países e,
particularmente, em conseqüência do acentuado crescimento demográfico dos
centros urbanos, principalmente nas regiões ou áreas metropolitanas. Além disso, a
criação ou mudança de hábitos pela população, a melhoria do nível econômico, o
desenvolvimento industrial dentre uma série de outros fatores, contribuem para o
aumento da produção de resíduos e conseqüentemente das suas implicações.
Os avanços da medicina, da tecnologia, da agricultura e da indústria e o
crescimento das cidades, entre outros, criaram condições para um crescimento
extraordinário da população no mundo, que pode chegar a 8 bilhões de habitantes
nos próximos 30 anos. Esse crescimento populacional exorbitante não é diferente,
inclusive no Brasil, pois tinha-se em 1970, 70 milhões de habitantes e têve-se
aproximadamente 180 milhões em 2004 (IBGE, 2004).
Este aumento extraordinário da população, principalmente urbana, e do
desenvolvimento industrial, acompanhados de outros fatores, trás consigo, além de
outros problemas, um aumento também enorme do consumo e, conseqüentemente,
do volume de resíduos a serem descartados. Esse aumento passou a constituir-se
em um sério problema com relação ao tratamento e o destino final adequado dessa
grande quantidade de resíduos.
A Figura 1 apresenta a evolução da destinação final dos resíduos sólidos
domiciliares no Brasil, a partir de 1991 até o ano 2000, baseados nos dados da
5
Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB). Observa-se pela Figura 1 que o
aumento da quantidade de resíduos acentuou-se a partir de meados da década de
1990, quando houve uma redução nos índices inflacionários e um aumento do
consumo por parte da população. De modo geral houve uma melhoria nos cuidados
relativos ao tratamento e destino final dos resíduos sólidos, representado pela
redução da quantidade de resíduos depositados em lixões e um aumento de aterros
controlados e sanitários, além de um pequeno crescimento de outros tipos de
tratamento, como a separação para reciclagem de materiais, compostagem da
matéria orgânica e a incineração de resíduos perigosos.
Figura 1 - Evolução da destinação final dos resíduos no Brasil
Fonte: Jucá (2003)
Cada cidadão brasileiro produz diariamente, em média, 500 g de resíduos
sólidos, sendo que nas grandes cidades este valor sobe para 700 a 900 g. Na
cidade de Porto Alegre, por exemplo, a geração de resíduos domiciliares cresceu
na ordem de 15% ao ano, nos últimos 4 anos (REICHERT, 1999), sobrecarregando
os sistemas de destinação final, como os aterros sanitários e agravando o uso de
sistemas inadequados como lixões ou aterros controlados.
Segundo estudo da Associação Brasileira de Resíduos Sólidos (ABRELPE)
denominado Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2003, são gerados
diariamente no país 161.827 toneladas de resíduos sólidos urbanos. Destes,
segundo a Pesquisa da ABRELPE (2004), 36,18% vão para aterro sanitário,
37,03% vão para aterro controlado 21,20% vão para lixão a céu aberto e o restante
6
tem outros tipos de destinação. Apesar da redução do uso de métodos
inadequados como os lixões e aterros controlados, um dado preocupante do estudo
é que 59,51 % dos resíduos gerados são ainda descartados em tais métodos, sem
a devida proteção de fundo.
Segundo a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (2000), a destinação
final dos resíduos sólidos urbanos apresenta as seguintes características, em
ocorrências de destinação final por número de municípios: Vazadouros e lixões a
céu aberto: 6.056; Aterros controlados: 1.868; Aterros sanitários: 1452 e outras
destinações 1.991. Neste contexto, sabe-se que diversos fatores contribuem para o
uso de métodos inadequados ou pouco adequados, como é o caso dos lixões e
aterros controlados. Assim, a falta de vontade política ou de visão ambiental pelos
governos municipais agrava esta situação, assim como a escassez de recursos
financeiros e recursos humanos pouco especializados para tratar da questão. Neste
modo, o estudo de soluções tecnológicas que associem simplicidade operacional e
baixo custo, embasadas em procedimentos científicos constituem-se em uma
necessidade (COUTO et al, 2004).
Quando se trata de métodos de disposição adequada, no mundo inteiro, com
algumas poucas exceções, os aterros sanitários representam a principal destinação
final dos resíduos sólidos, apesar dos esforços em se reduzir, reutilizar e reciclar.
Apesar da contradição, em vários países, o aterro sanitário tem sido a mais
importante meta a alcançar, com vistas a um tratamento adequado dos resíduos.
No Brasil já existe um número significativo de aterros sanitários principalmente nas
regiões Sul e Sudeste.
Por outro lado, quanto maiores são as exigências técnicas, menores serão as
possibilidades para que um pequeno município as atenda integralmente,
transformando o que poderia ser um aterro sanitário viável em um sistema
desordenado de produção de resíduos (CALÇAS et al, 2001). Esta situação fica
ainda mais grave quando se considera que aproximadamente 50% dos resíduos
domiciliares são constituídos por matéria orgânica, responsável direta pela
formação do chorume.
O aterro sanitário é um processo utilizado para disposição de resíduos no
solo. Particularmente os resíduos domiciliares, que fundamentado em critérios de
engenharia e normas operacionais específicas, permite uma confinação segura, em
termos de controle da poluição ambiental e proteção ao meio ambiente.
7
Os aterros sanitários podem ser divididos em três métodos: de valas ou
trincheiras escavadas, da área e da depressão.
O método da trincheira consiste na abertura de valas, onde o lixo é disposto,
compactado e posteriormente coberto com solo (Figura 2). É a técnica mais
apropriada para terrenos que sejam planos ou pouco inclinados e onde o lençol
freático esteja situado uma profundidade maior em relação à superfície.
Figura 2 Representação do método da trincheira ou vala
Fonte: D’Almeida & Vilhena (2000)
O método da rampa, conhecido também como método da escavação
progressiva, é fundamentado na escavação da rampa, onde o lixo é disposto e
compactado pelo trator e posteriormente coberto com solo (Figura 3). É empregado
em áreas de meia encosta, onde o solo natural ofereça boas condições para ser
escavado e, de preferência, possa ser utilizado como material de cobertura. A
permeabilidade do solo e a profundidade do lençol freático definirão o uso desta
técnica.
8
Figura 3 - Representação do método da rampa
Fonte: D’Almeida & Vilhena (2000)
O método da área é empregado geralmente em locais de topografia plana e
lençol freático não muito profundo. É uma técnica adequada para zonas baixas,
onde dificilmente o solo do local poderá ser utilizado como cobertura (Figura 4).
Figura 4 Representação do método da área
Fonte: D’Almeida & Vilhena (2000)
Para implantação de um aterro sanitário busca-se identificar áreas que
possibilitem, entre outras exigências, menor potencial para geração de impactos
ambientais, ou seja, estar fora de áreas de restrição ambiental, aqüíferos menos
9
permeáveis, solos mais espessos e menos sujeitos aos processos de erosão e
escorregamentos, declividade apropriada e distância de habitações, cursos d’água
e redes de alta tensão, maior vida útil do empreendimento, para uma maior
capacidade de recebimento de resíduos e baixos custos de instalação e operação
do aterro, menores gastos com infra-estrutura, menor distância entre a zona urbana
geradora dos resíduos e disponibilidade de material de empréstimo.
Os impactos ambientais potenciais de um aterro são múltiplos e podem ser
classificados em impactos diretos e indiretos.
Os impactos diretos são: as emissões líquidas (chorume), as emissões
gasosas, a poluição sonora ou os ruídos do funcionamento das máquinas, a poeira
e o impacto sobre a paisagem. Os impactos indiretos são o tráfego dos veículos
transportadores e os problemas sanitários.
Dos impactos citados, a produção de chorume pode ser considerada o mais
problemático em função da sua composição ser extremamente variável e do grande
volume produzido diariamente e por vários anos, o que requer medidas específicas
de tratamento de modo a reduzir o seu potencial poluidor na natureza.
1.3 Composição do chorume
Dependendo da idade, natureza dos resíduos e até mesmo das variáveis
hidrometeorológicas da área de influência do aterro, o percolado ou chorume como
é denominado, podem variar em composição, concentração e quantidade. Desta
forma, é importante o desenvolvimento de técnicas de drenagem e de tratamento
apropriadas para cada região (CAPELO NETO & CASTRO, 2004), pois em regiões
com maior pluviosidade deve-se atentar para o dimensionamento da tubulação de
drenagem, enquanto que em regiões onde se faz muito frio, com temperaturas
negativas, não é aconselhável o tratamento em lagoas, por exemplo.
A decomposição dos resíduos orgânicos, a água das chuvas, o escoamento
superficial, as águas subterrâneas e de fontes presentes nos locais de disposição
dos resíduos sólidos vão gerar grandes quantidades de chorume, líquido altamente
poluente devido principalmente à elevada presença de matéria orgânica
biodegradável e metais pesados em sua constituição (Tabela 2).
10
Tabela 2 - Variação da composição do chorume em Aterros Sanitários
Elemento Analisado Valores Obtidos
pH 4,5 9
Sólidos Totais (mg/L) 20000 60000
MATÉRIA ORGÂNICA (mg/L)
Carbono Orgânico Total 30 29000
DBO
5
20 57000
DQO 140 152000
DBO
5
/DQO 0,02 0,80
Nitrogênio Orgânico 14 2500
MACROCOMPONENTES INORGÂNICOS (mg/L)
Fósforo Total 0,1 –23
Cloretos 150 4500
Sulfatos 8 7750
HCO
3
-
610 7320
Sódio 70 7700
Potássio 50 3700
Nitrogênio Amoniacal 50 –2200
Cálcio 10 7200
Magnésio 30 15000
Ferro 3 5500
Manganês 0,03 1400
Sílica 4 70
ELEMENTOS TRAÇOS INORGÂNICOS (mg/L)
Arsênico 0,01 1
Cádmio 0,0001 0,4
Cromo 0,02 1,5
Cobalto 0,005 1,5
Cobre 0,005 10
Chumbo 0,001 5
Mercúrio 0,00005 0,16
Fonte: Pacheco (2004)
11
A composição química do chorume varia de acordo com a idade do aterro e
dos eventos que ocorreram antes da amostragem do mesmo. Por exemplo, se o
chorume é coletado durante a fase ácida, o pH será baixo, porém parâmetros como
Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO
5
), Carga Orgânica Total (COT), Demanda
Química de Oxigênio (DQO), nutrientes e metais pesados deverão ser altos.
Contudo durante a fase metanogênica o pH varia entre 6,5 e 7,5 e os valores de
DBO
5
, COT, DQO e nutrientes serão significativamente menores.
O chorume pode ser definido como a fase líquida da massa de lixo aterrada,
que percola através desta removendo materiais dissolvidos ou suspensos.
De uma maneira simples, o volume de lixiviado gerado em um aterro de
resíduos sólidos depende de dois fatores:
- volumes de água que ingressam agregados aos resíduos sólidos como
umidade;
- volumes de água trocados entre o aterro e o ambiente externo.
Pouco se conhece acerca da qualidade do chorume proveniente dos aterros
sanitários existentes no Brasil. Na realidade, poucos sistemas de disposição de lixo
podem ser denominados como aterros sanitários, prevalecendo os conhecidos
“lixões” ou quando muito, aterros controlados. Este fato, aliado à falta de pesquisas
mais profundas sobre o tema no Brasil, implica no desconhecimento das
características qualitativas médias do chorume advindo dos sistemas típicos de
disposição de lixo doméstico existentes. Características estas, associadas também
ao tipo de lixo doméstico gerado no País (CINTRA et al, 2002).
A produção de chorume é diretamente proporcional à quantidade de chuvas,
sendo assim, nas regiões sul, sudeste e centro-oeste, especificamente no verão, a
quantidade produzida é muito maior, pois chove mais que em outras épocas do
ano. No norte e nordeste à época do ano considerada como inverno, o aumento na
quantidade de chuvas implica em um aumento na produção de chorume.
Os tipos, quantidades e taxas de produção de contaminantes do chorume de
resíduos sólidos domésticos são influenciados por vários fatores, incluindo tipo e
composição do lixo, densidade, seqüência de disposição, profundidade, umidade,
temperatura, tempo e pré-tratamento. A quantificação mais precisa desses
parâmetros e seu impacto é complexa devido a heterogeneidade do lixo encontrado
nos aterros. Os mecanismos e o alcance desses contaminantes liberados, assim
como suas concentrações, não são de fácil previsão. Portanto, é de extrema
importância a aquisição e análise de dados de diferentes aterros, para que tais
12
experiências possam ser aplicadas a novas situações para conhecimento dos
dados (CINTRA et al, 2002).
Segundo MENDEZ et al (1988) apud LEMA et al (1988) a composição dos
lixiviados está intimamente ligada à quantidade de chorume produzida e varia tanto
de aterro para aterro quanto sazonalmente.
Os fatores que governam a composição do lixiviado incluem o tamanho das
partículas, grau de compactação e composição dos resíduos sólidos, a hidrografia
do local, o clima e a idade da célula. Apesar da interação destes fatores resultar na
variabilidade da composição do lixiviado, o fato de toda matéria orgânica dos
resíduos sofrer degradação anaeróbia parcial ou total, significa que todo lixiviado
contém produtos intermediários deste processo, em conjunto com outros materiais
solúveis (REICHERT, 2000).
Mesmo após a sua finalização de uso, o aterro continua a produzir chorume
por cerca de 50 anos (AL-MUZAINI et al (1995), apud BRITO-PELEGRINI et al,
2005), o que caracteriza uma situação preocupante o seu tratamento, mesmo nos
aterros sanitários, tidos como os melhores métodos de disposição final dos
resíduos sólidos domiciliares. Para resolver esta situação, utilizam-se métodos de
tratamento, que incluem tanto tratamentos aeróbios quanto anaeróbios.
1.4 Tratamento de chorume
O tratamento do chorume, por sua vez, representa um grande desafio, tendo
em vista a variação de suas características em função da heterogeneidade dos
resíduos dispostos e da idade do aterro. A complexidade do chorume torna difícil a
determinação de técnicas efetivas de tratamento e não necessariamente a técnica
adotada para determinado aterro será aplicável a outros. Uma vez que são
desconhecidas as identidades dos compostos presentes no chorume, não há como
prever com certeza se este tratamento será efetivo.
Devido à cadeia de constituintes existentes no chorume e as variações
quantitativas sazonais e cronológicas (pelo aumento da área exposta), não se deve
considerar uma solução única de processo para seu tratamento (HAMADA &
MATSUNAGA, 2000).
Os processos anaeróbios têm se mostrado eficientes na remoção de metais
pesados na forma de sulfetos, além de reduções significativas de DQO. Estes
processos também são mais eficientes no tratamento de chorume novo. Apesar
13
disto, podem ser obtidos resultados que sejam suficientes para assegurar um
tratamento adequado ao chorume em aterros sanitários (FERREIRA et al, 2001),
uma vez que suas características se alteram em função das características dos
resíduos dispostos no aterro, e principalmente com a idade deste.
No Brasil são utilizados diversos métodos para tratamento de chorume. O
Quadro 1, fornece diversos exemplos de tratamentos primários, tais como: lagoa
anaeróbia, digestor anaeróbio, tanques de polimento, tanque Inhoff, reator
anaeróbio, poço anaeróbio, filtro anaeróbio e fossa séptica.
Quadro 1 - Exemplos de tratamentos de efluentes líquidos utilizados no Brasil
Cidade Tipo de destinação final Quantidade
(tonelada/dia)
Tratamento de chorume
Recife - PE Aterro Controlado da
Muribeca
2.800 Recirculação de chorume,
lagoa anaeróbia, lagoas
facultativas, sistema
bioquímico.
Caruaru - PE Aterro Sanitário de
Caruaru
200 Digestor anaeróbio e um
charco artificial
Manaus - PA Aterro Sanitário de Manaus
1.125 Recirculação de chorume e
biorremediação
Belém - AM Aterro Sanitário de Belém 1.024 Recirculação de chorume e
biorremediação
Rio de Janeiro -
RJ
Aterro Controlado de
Gramacho
7.026 Tanques de polimento e
sistemas de nanofiltração
Fortaleza - CE Aterro Sanitário de Calcaia 3.500 Lagoas anaeróbias e
facultativas
Extrema - MG Aterro Sanitário de
Extrema
80
Lagoas anaeróbias em série,
facultativa e de maturação
Paracatu MG Aterro Sanitário de
Paracatu
26 Uma lagoa anaeróbia seguida
por uma facultativa
Contagem - MG Aterro Sanitário de
Perobas
214 Tanque Inhoff seguido de filtro
biológico
Ipatinga - MG Aterro Sanitário de Ipatinga
150 Reator anaeróbio, lagoa de
estabilização, aerador de
cascata e lagoa de maturação.
Uberlândia - MG Aterro Sanitário de
Uberlândia
120 Grades, retentor de óleo e
desarenador, Reator Anaeróbio
de Fluxo Ascendente (RAFA) e
filtro biológico.
14
Quadro 1 Continuação
Cidade Tipo de destinação final Quantidade
(tonelada/dia)
Tratamento do chorume
Três Corações -
MG
Aterro Sanitário de Três
Corações
30 Uma lagoa anaeróbia seguida
por um filtro anaeróbio e uma
lagoa facultativa
Biguaçu - SC Aterro Sanitário da
Formaco
11.500 a 14.500
Poço anaeróbio, reator UASB
(Upflow Anaerobic Sludge
Blanket Reactors), lagoas
anaeróbia, facultativa e de
maturação
Belo Horizonte -
MG
Aterro Remediado de BH 4.139 Recirculação de chorume.
Excedente tratado na ETE do
município
Porto Alegre - RS Aterro Sanitário da
Extrema
200 Filtro anaeróbio, lagoa de
aeração, transporte para
tratamento em Estação de
Tratamento de Esgotos (ETE).
Porto Alegre - RS Aterro Sanitário
Metropolitano Santa Tecla
1.300 Filtro anaeróbio, lagoa
anaeróbia, lagoa aerada, duas
lagoas facultativas, filtro de
areia
Itaquaquecetuba -
SP
Aterro Sanitário de
Itaquaquecetuba
650 Não tem tratamento, o
chorume é tratado na ETE do
município.
Mauá - SP Aterro Sanitário de Mauá 2.000 3 reatores e 2 lagoas com
agitador (aerador)
São Paulo - SP Aterro Sanitário São João Tratamento na Companhia de
Saneamento Básico do Estado
de São Paulo (SABESP) em
ETE
Santo André - SP Aterro Sanitário de Santo
André
700 a 750 Uma lagoa anaeróbia e uma
facultativa com aerador
Salvador - BA Aterro Sanitário
Metropolitano
2.500
Tratamento no CETREL
(CETREL S/A - Empresa de
Proteção Ambiental do Pólo
Petroquímico de Camaçari
BA)
Palmas - TO Aterro Sanitário 120 Sistema de lagoas anaeróbia,
facultativa e de maturação.
Araguaína - TO Aterro Sanitário 160 Fossas sépticas e valas de
infiltração
15
Quadro 1 Continuação
Cidade Tipo de destinação final Quantidade
(tonelada/dia)
Tratamento de chorume
Guarai - TO Aterro Sanitário 40 Duas lagoas anaeróbias
João Pessoa - PB
Aterro Controlado do
Roger
870 Digestor anaeróbio seguido de
fitorremediação
Fonte: Jucá (2003)
O sistema de lodo ativado, descrito no Quadro 1, pode ser definido como um
processo no qual uma cultura homogênea de microorganismos, em contato com o
efluente e na presença de oxigênio, tem a capacidade de estabilizar e remover a
matéria orgânica biodegradável. Este sistema é utilizado como pré-tratamento de
processos de osmose inversa ou na seqüência de outros tratamentos.
O tratamento por lagoas aeradas é recomendado quando existem grandes
áreas de terra disponíveis, sendo um processo de elevada eficiência, baixo custo
de instalação e manutenção e de operação fácil e econômica. Este tipo de
tratamento apresenta ainda a vantagem de ser pouco sensível a oscilações de
sobrecarga orgânica, permitindo alta eficiência na remoção de DBO, podendo
chegar a mais de 90% (FERREIRA et al, 2001). No entanto dependendo da
potência de aeração instalada haverá, com o tempo, uma deposição de sólidos no
fundo da lagoa, reduzindo a eficiência e necessitando de drenagem ou instalação
de decantador secundário para evitar o alto teor de sólidos no efluente final.
O tratamento por filtro biológico, por sua vez, permite o contato direto do
substrato com o ar atmosférico e com os microorganismos que se desenvolvem
aderidos à superfície do meio poroso. Na quase totalidade dos processos
existentes, o meio poroso é mantido sob total imersão pelo fluxo hidráulico,
caracterizando-os como reatores trifásicos compostos por: fase sólida, fase líquida
e fase gasosa. O filtro tem uma eficiência de remoção média de 19%
(CHERNICHARO, 1997). Este tipo de tratamento é sensível a agentes tóxicos
presentes no efluente, podendo prejudicar sua eficiência.
Nas lagoas anaeróbias, a degradação da matéria orgânica ocorre na ausência
de oxigênio. A profundidade destas lagoas está na faixa de 2,0 a 4,0 m e podem
ocupar áreas menores do que as lagoas aeróbias ou facultativas. Operam sem
muitos cuidados e, em geral, a remoção de DBO nas lagoas anaeróbias fica em
torno de 50% (FERREIRA et al, 2001). As lagoas anaeróbias podem ser eficientes
16
sistemas para reduzir a carga orgânica de etapas subseqüentes de tratamento de
chorume.
Processos de separação com membranas são conhecidos como
microfiltração, ultrafiltração, nanofiltração e osmose inversa, que podem ser
entendidos como uma extensão dos processos de filtração clássica que utilizam, na
seqüência anterior, meios filtrantes (membranas) cada vez mais fechados, ou seja,
com poros cada vez mais fechados.
Os wetlands são ecossistemas artificiais construídos com diferentes
tecnologias, utilizando os princípios básicos de modificação da qualidade da água
dos “banhados” naturais. A ação depuradora destes sistemas é devido à: absorção
de partículas pelo sistema radicular das plantas; absorção de nutrientes e metais
pelas plantas; pela ação de microorganismos ligados a rizosfera; pelo transporte de
oxigênio para a rizosfera. O fenômeno da evapotranspiração contribui para a
redução do volume produzido. Dentre as principais vantagens destes sistemas
pode-se citar: baixo custo de implantação; alta eficiência de melhoria dos
parâmetros que caracterizam os recursos hídricos e alta produção de biomassa que
pode ser utilizada na produção de ração animal, energia e biofertilizantes.
Em função da alta concentração de matéria orgânica e a presença de metais
pesados, o tratamento do chorume pelos métodos acima descritos, requer um pré-
tratamento ou tratamento primário. A aplicação de processo biológico anaeróbio ao
tratamento dos lixiviados brutos é, do ponto de vista técnico econômico,
procedimento consagrado, por prover remoções de matéria orgânica na ordem de
80% ou superiores sem custo operacional (FLECK, 2003).
Dentre os métodos descritos destacam-se os filtros anaeróbios, que resistem
bem as variações do afluente e propiciam boa estabilidade deste, com baixa perda
dos sólidos biológicos, propiciando grande liberdade de projeto, além de que não
necessitam de inoculo para a partida e tem construção e operação muito simples
(CHERNICHARO, 2001).
Uma outra vantagem dos processos anaeróbios é que eles têm uma baixa
produção de lodo, cerca de 5 a 10 vezes inferior ao que ocorre em processos
aeróbios, não há consumo de energia elétrica, tem baixa demanda de área,
reduzindo os custos de implantação, produzem metano, um gás combustível de alto
poder calorífico e ainda é possível a preservação da biomassa (colônias de
bactérias anaeróbias) sem alimentação por vários meses, pois as colônias de
17
bactérias entram num estado de endogenia, sendo reativadas a partir de novas
contribuições.
Um outro tipo de tratamento para o chorume é a sua recirculação na área já
aterrada, uma vez que propicia a atenuação de constituintes pela atividade
biológica e por reações físico químicas que ocorrem no interior do aterro.
1.5 Filtros anaeróbios
O filtro anaeróbio constitui-se em uma unidade de crescimento aderido em
que o reator abriga um meio suporte, cujas unidades contém superfície para o
crescimento de colônias de bactérias anaeróbias e facultativas. Sendo tal meio
atravessado pelo efluente a tratar, há um íntimo contato entre o líquido e os filmes
microbiológicos aderidos e intersticiais, havendo então adsorção e posterior
metabolismo da matéria orgânica solúvel e particulada presente na água residuária,
que é convertida a produtos intermediários e a metano e gás carbônico.
Em aterros sanitários, os filtros anaeróbios de base têm sido usados como
tratamento primário do chorume para redução da DBO
5
, DQO, pH, coliformes fecais
e metais pesados. Cabe salientar que o tratamento de lixiviado em filtro anaeróbio
não permite atingir os padrões para emissão do efluente, necessitando-se de
tratamento oxidativo aeróbio subseqüente (FLECK et al, 2002).
Geralmente a camada suporte utilizada nos filtros anaeróbios é de brita de
diabásio. O diabásio é uma rocha intrusiva de composição básica, coloração preta
ou esverdeada (Figura 5), solidificada em subsuperfície, composta por cristais de
feldspatos e minerais máficos (plagioclásio e pirogênio), que ocorre sob forma de
dique ou sill.
18
Figura 5 - Detalhe de uma brita de diabásio semelhante a utilizada no reator
As principais finalidades da camada (ou meio) suporte são: permitir o acúmulo
de grande quantidade de biomassa, com o conseqüente aumento do tempo de
retenção celular, melhorar o contato entre os constituintes do despejo afluente e os
sólidos biológicos contidos no reator, atuar como barreira física, evitando que os
sólidos sejam carreados para fora do sistema de tratamento e ajudar a
uniformização do escoamento no reator (CHERNICHARO, 2001).
O sistema de filtros anaeróbios tem sido muito utilizado como camada
drenante em aterros sanitários. Nos filtros anaeróbios os compostos solúveis
contidos no efluente entram em contato com a biomassa, difundindo-se através das
superfícies do biofilme ou do lodo granular, sendo então, convertidos em produtos
intermediários e finais, especificamente metano e gás carbônico (Figura 6).
19
ORGÂNICOS COMPLEXOS
(carboidratos, proteínas, lipídeos)
Bactérias Fermentativas
(Hidrólise)
ORGÂNICOS SIMPLES
(açucares, aminoácidos e peptídeos)
Bactérias Fermentativas
(Acidogênese)
ÁCIDOS ORGÂNICOS
(Propionato, Butirato, etc).
Bactérias Acetogênicas
(Acetogênese)
Bactérias acetogênicas produtoras de Hidrogênio
H
2
+ CO
2
Bactérias acetogênicas consumidoras de Hidrogênio
Acetato
Bactérias Metanogênicas
(Metanogênese)
Metanogênicas Metanogênicas
Hidrogenotróficas CH
4
+ CO
2
Acetoclásticas
Figura 6 - Esquema que representa o fluxo de carbono durante a decomposição
anaeróbia da matéria orgânica complexa à metano
Fonte: Chernicharo (1997)
A natureza da gênese do metano em etapas, a partir de compostos orgânicos
complexos, como visto na Figura 6, mostra a importância das interações
microbianas que buscam evitar o acúmulo de ácidos orgânicos e álcoois no meio
em fermentação. Deste processo participam vários tipos de bactérias, como mostra
o Quadro 2.
20
Quadro 2 - Exemplos de espécies de bactérias anaeróbias presentes nos
tratamentos de rejeitos por biodigestão anaeróbia
ETAPAS DA
BIODIGESTÃO
ANAERÓBIA
ESPÉCIES BACTERIANAS
Hidrólise e Acidogênese Clostridios, Acetivibrio cellulolyticus, Bacteróides
succinogenes, Butyrivibrio fibrisolvens, Eubacterium
cellulosolvens, Bacillus sp, Selenomonas sp,
Megasphaera sp, Lachnospira multiparus,
Peptococcus anaerobicus, Bifidobacterium sp,
Staphylococcus sp
Acetogênese Syntrophomonas wolinii, S. wolfei, Syntrophus
buswellii, Clostridium bryantii, Acetobacterium
woddii, várias espécies de bactérias redutoras do íon
sulfato Desulfovibrio sp, Desulfotomaculum sp
Metanogênese
Acetoclástica
Methanosarcina sp e Methanothrix sp
Metanogênese
Hidrogenotrófica
Methanobacterium sp, Methanobrevibacter sp,
Methanospirillum sp
Fonte: Zehnder (1988)
É importante ressaltar que os organismos envolvidos na biodigestão
anaeróbia apresentam um elevado grau de especialização metabólica. A eficiência
do processo anaeróbio depende, portanto, das interações positivas entre as
diversas espécies bacterianas, com diferentes capacidades degenerativas.
Os intermediários metabólicos de um grupo de bactérias durante a
biodigestão podem servir como nutrientes ao crescimento de outras espécies.
Assim observa-se a ocorrência de várias reações de degradação dos compostos
orgânicos e a dependência das mesmas da presença do hidrogênio formado no
sistema.
A remoção do hidrogênio nos sistemas anaeróbios é feita pela ação de
bactérias anaeróbias hidrogenotróficas, representadas por espécies de
metanobactérias e de redutoras do íon sulfato. A cooperação entre as bactérias
21
produtoras e consumidoras de hidrogênio, sob condições anaeróbias é denominada
“transferência de hidrogênio entre espécies” (VAZOLLER, 1996).
A degradação dos compostos orgânicos é feita por bactérias, que existem
numa ampla faixa de tamanhos, formas e fases de crescimento, individualmente ou
agregadas em várias microestruturas. A formação de uma estrutura particular de
células agregadas depende de diversos fatores incluindo a faixa de tamanho das
células dentro da população e a localização de cada célula individual em relação às
outras e ao meio de crescimento.
Figura 7 - Representação esquemática para o arranjo bacteriano anaeróbico típico
Fonte: Chernicharo (1997) apud Guiot et al (1992)
A passagem da água residuária através do leito de material de suporte faz
com que as unidades desse material apresentem filmes bacterianos especializados
aderidos as suas superfícies, além de biomassa bacteriana dispersa retida nos
interstícios do meio. A retenção de biomassa por adesão dá-se pela extraordinária
capacidade das bactérias de aderirem-se às superfícies livres imersas em sistemas
aquosos que apresentem condições para o crescimento de tais organismos, como
presença de nutrientes e compostos carbonáceos e ausência de compostos
inibidores e tóxicos (Figura 8). Outro tipo de retenção de biomassa bacteriana ativa
ocorre nos interstícios ou vazios do reator: a retenção intersticial (Figura 9).
22
Biofilme aderido
Meio suporte
Figura 8 - Representação esquemática de retenção de biomassa por adesão
Fonte: Chernicharo (1997)
Retenção intersticial
Figura 9 - Representação esquemática da retenção intersticial de biomassa
bacteriana anaeróbia
Fonte: Chernicharo (1997)
A retenção intersticial trata-se de um crescimento disperso que mantém-se no
leito devido ao efeito de “filtragem” da massa bacteriana, que evita que a mesma
seja lavada pelo fluxo de água residuária que atravessa o filtro (FLECK, 2002).
Em pesquisa realizada Fleck (2002), demonstrou que a utilização de filtro
anaeróbio de brita como unidades biológicas primárias para o tratamento de
lixiviados brutos de aterro sanitário teve ótimos resultados na remoção média de
DBO
5
e DQO. O autor utilizou 8 reatores plásticos idênticos para simular em
laboratório os reatores anaeróbios (2 para cada tempo de detenção). Os tempos de
detenção utilizados foram de 14, 28, 56 e 91 dias. Em todos os reatores obteve-se
remoções globais de DBO
5
e DQO superiores a 60%, sendo as máximas 82,16 e
76,83%, respectivamente.
23
Verificou-se ainda pelos estudos de Fleck (2002), que nas condições
experimentais os reatores operando com tempo de detenção hidráulica (TDH) de 56
dias e cargas orgânicas aplicadas médias de 0,039 kg DBO
5
/(m
3
. d) e 0,073 kg
DBO
5
/(m
3
.d), produziram os melhores resultados, apresentando médias de
remoção de DBO
5
e DQO de 79,09% e 72,57%. O meio suporte utilizado neste
estudo foram pedras britadas n° 5.
Schafer et al (1986) apud Qasim & Chiang (1994) utilizaram um filtro
anaeróbio de fluxo ascendente com meio suporte com índice de vazios de 95% e
área superficial de 114,8 m²/m³ para tratamento de lixiviado com 38.500 mg DBO
5
/L
e 60.000 mg DQO/L. Usando TDH superiores a 4,9 d (média 7,4 d) e carga
aplicada de 7,1 kg DBO
5
/ (m³.d) obtiveram-se remoções de DBO
5
e Sólidos
Suspensos Totais (SST) de 95% e elevados rebaixamentos nas concentrações de
metais.
Os microorganismos, tanto em meio anaeróbio como aeróbio, atuam no
sentido da retirada de grandes quantidades de espécies químicas, como metais, no
seio da fase líquida. Esse papel é muito mais efetivo em sistemas de crescimento
aderido do que em crescimento suspenso (TAVARES & SILVA, 2001).
1.6 Características do arenito botucatu
Vários tipos de materiais têm sido utilizados como meio filtrante em reatores
biológicos, incluindo: quartzo, blocos cerâmicos, conchas de ostras e de mexilhões,
calcário, anéis plásticos, cilindros vazados, blocos modulares de PVC, granito,
esferas de polietileno, bambu (ANDRADE NETO, 1997), além da brita, utilizada por
Fleck et al (2002), tem-se como meio filtrante as rochas de arenito, com
características importantes para serem utilizadas no tratamento anaeróbio do
chorume e que se encontram largamente distribuídas pelo Brasil, compondo a
formação geológica denominada de Arenito Botucatu.
O nome Botucatu foi introduzido na literatura geológica da bacia do Paraná
por Campos (1889), denominando de grés Botucatu os arenitos que constituem a
serra de mesmo nome no estado de São Paulo. Litologicamente, a formação
Botucatu consiste de arenitos avermelhados, finos a médios, normalmente
bimodais, quartzosos, friáveis, grãos foscos e geralmente bem arredondados. A
estratificação cruzada, planar e acanalada de grande porte é uma característica
marcante da formação Botucatu. As características litológicas e sedimentares da
24
unidade indicam deposição eólica em ambiente desértico, com desenvolvimento de
rios meandrantes e pequenas lagoas, sob condições climáticas oxidantes
(SCHOBBENHAUS, 1984).
Os arenitos são constituídos mineralogicamente por grãos de quartzo de
granulação fina a média, bem arredondados, com coloração variando do branco
(amarelo claro) ao vermelho (tijolo), cimentados por sílica microcristalina
(calcedônia) como mostra a Figura 10.
Figura 10 - Detalhe de uma brita de arenito semelhante a utilizada no reator
A extração de rochas de arenito Botucatu é comum, principalmente nos
estados do Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa
Catarina e Rio Grande do Sul, além da Argentina, Paraguai e Uruguai. Nestes
locais tais pedras são utilizadas como meio-fio, calçamento, calçadas e pedras de
alicerce de pequenas construções, sendo conhecida também nestas utilizações
como pedra grés.
A região de São Carlos SP vem utilizando arenitos silicificados da Formação
Botucatu a mais de 100 anos, com muita eficiência e principalmente com custos
inferiores quando comparados às extrações de outros tipos de rochas. O arenito
25
Botucatu silicificado da região de São Carlos caracteriza-se como material de
construção de boa qualidade e alta durabilidade. O arenito tem excelente qualidade
e durabilidade em pisos externos tanto na forma de placas como em blocos sendo
ideal para obras residenciais e calçamentos de vias públicas (PARAGUASSU,
1993).
O Arenito Botucatu, constituído por arenito como o próprio nome diz, tem
aproximadamente 190 milhões de anos, idade do Triássico Superior ao Jurássico
Inferior, e é formado por grãos de grande homogeneidade, havendo pouco material
fino (matriz) entre os mesmos. Isto confere alta porosidade e alta permeabilidade
(meioambiente, 2004).
Os arenitos silicificados sobressaem na topografia na forma de escarpas
subverticais, com alturas variando de 5 a 20 metros. Em alguns locais ele se
encontra coberto por pequenas espessuras ou até mesmo com ausência de estéril,
o que facilita grandemente a extração.
Os arenitos também apresentam estratificação sub-horizontal, cujas
espessuras se constituem em fator determinante quanto ao tipo de utilização. A
presença de falhas e diaclasamentos, com espaçamentos geralmente superiores a
um metro, faz com que as dimensões tantos dos blocos quanto das lajes, após seu
reaparelhamento sejam adequados para uso em obras civis.
Na região sul de Santa Catarina, o arenito botucatu está presente em quase
todos os municípios que fazem divisas com as encostas da Serra Geral, entre
outros, pode-se citar: Praia Grande, São João do Sul, Santa Rosa do Sul, Sombrio,
Jacinto Machado, Timbé do Sul, Meleiro, Morro Grande, Nova Veneza, Siderópolis,
Lauro Muller e Orleans, como pode se observar na Figura 11.
26
Figura 11 - Mapa geral tectônico da parte meridional de Santa Catarina, indicando a
localização de jazidas de arenito botucatu
Fonte: Putzer (1952)
27
Considerando todas as características descritas acima, o arenito atende aos
principais requisitos desejáveis para materiais suporte de filtros anaeróbios que
são: ser estruturalmente resistente, ser biológica e quimicamente inerte, ser
suficientemente leve, possuir grande área específica, possuir porosidade elevada,
possibilitar a colonização acelerada dos microorganismos, apresentar formato não
achatado ou liso e preço reduzido.
Por outro lado, tem-se que a porosidade dos substratos auxilia na adesão da
microbiota responsável pela degradação da matéria orgânica do chorume nos filtros
anaeróbios. Isto implica que materiais como as rochas de arenito Botucatu,
abundantes em quase todo o Brasil, encontradas nas bacias sedimentares
(CHIOSSI, 1975), podem se constituir em um substrato de alta qualidade e baixo
custo, e que devido a sua distribuição, poderia ser utilizado por muitas
municipalidades no tratamento de chorume.
O Quadro 3 apresenta os valores de absorção de água aparente, porosidade
aparente e massa específica aparente das rochas de arenito e diabásio, onde fica
evidente a maior porosidade e permeabilidade da rochas de arenito, qualificando-a
para servir como leito filtrante de filtros anaeróbios.
Quadro 3 Características das rochas de arenito e diabásio
Arenito Diabásio
Absorção de água aparente (%) 7,91 0,01
Porosidade Aparente (%) 16,38 0,87
Massa específica aparente (kg/m³) 2200,00 2900,00
Nas minerações de rochas de arenito as sobras são utilizadas para aterro de
terrenos ou abandonadas nos próprios locais da extração sem haver um fim mais
nobre. Considerando este aspecto, o potencial uso da rocha de arenito pelas suas
características e os benefícios para o tratamento primário de chorume, é que se
propôs este projeto de pesquisa, buscando uma resposta científica para o seguinte
problema de pesquisa: Qual é a eficiência propiciada pelas rochas de arenito
Botucatu quando utilizadas como meio filtrante em filtros anaeróbios para
tratamento primário de chorume, comparado ao meio filtrante de brita de rochas de
diabásio?
28
2 OBJETIVOS GERAL E ESPECÍFICOS
O objetivo geral deste trabalho é o de avaliar a eficiência oferecida pelas
rochas de arenito botucatu quando utilizadas como meio filtrante em filtros
anaeróbios para tratamento primário de chorume.
2.1. Objetivos específicos
O desenvolvimento deste trabalho envolve os seguintes objetivos específicos:
- Identificar quais os melhores tempos de detenção a serem aplicados para
obter-se melhores rendimentos dos filtros anaeróbios no tratamento primário de
chorume;
- Identificar os graus de remoção dos poluentes em cada um dos parâmetros
analisados.
29
3 MATERIAIS E MÉTODOS
A avaliação da eficiência propiciada pelas rochas de arenito como meio
filtrante no tratamento primário de chorume, em comparação com a brita de rocha
de diabásio envolveu um conjunto de etapas consecutivas tais como: Montagem
dos reatores; Formação dos biofilmes; Partida dos reatores e Análise e tratamento
dos dados.
3.1 Montagem dos reatores
Os reatores utilizados neste trabalho foram dimensionados com base no
método descrito por Fleck (2002). Assim, foram montados no Núcleo de Pesquisa
em Resíduos Sólidos (NRESOL) da Unesc 8 reatores circulares idênticos, com 1,10
m de altura e diâmetro interno de 0,30 m, como mostra a Figura 12.
Mangueira de PVC
Tampão hermeticamente fechado (cap)
Sistema
de alívio
de pressão
Leito filtrante (arenito ou diabásio + chorume)
Chorume
Tubo de PVC Ø 300 mm
Torneira
Tampão hermeticamente fechado (cap)
Figura 12 - Esquema do reator montado para análise da eficiência da rocha de
arenito no tratamento primário de chorume
30
Para a montagem dos reatores foram utilizadas 8 barras iguais de tubos de
PVC de 1,10 m, com diâmetro interno de 0,30 m, além de 8 caps (tampões) de PVC
para as vedações superiores e 8 caps (tampões) de PVC para as vedações
inferiores.
Os reatores foram numerados de 1 a 8, sendo que os reatores com leito
filtrante de rochas de arenito referiram-se aos de números 1, 3, 5 e 7. Os reatores
com leito filtrante com brita (diabásio) foram numerados como 2, 4, 6 e 8.
Os reatores foram afixados em uma parede de alvenaria com 1,80 m de altura
através de fitas de aço sendo fixados com parafusos e buchas e apoiados sobre
uma bancada de madeira a 0,50 m do solo (Figura 13).
Figura 13 - Detalhe da fixação dos reatores à parede
A bancada, acima mencionada, foi montada com tábuas de madeira com 0,30
m de largura e 0,03 m de espessura, apoiada sob pontaletes de madeira a uma
altura de 0,50 m do piso (Figura 14).
31
Figura 14 - Detalhe da bancada de madeira para apoio dos reatores
Como o espaço físico que continha os reatores era aberto (Figura 15), a
temperatura da sala é equivalente à temperatura ambiente externa.
Figura 15 Visão dos reatores montados no NRESOL
32
A altura útil de cada reator foi de 1,05 m, com volume total de 74,22 litros.
A quantidade de brita (diabásio) ou de rochas de arenito, para preencher
completamente cada reator foi de 0,07422 m³, totalizando assim 0,29688 m³ de
cada tipo de rocha.
Os reatores foram montados um a um, encaixando-se o cap na parte inferior e
vedando-o com silicone para evitar possíveis vazamentos. Após serem vedados, os
8 reatores ficaram durante 7 dias completamente cheios de água para verificar se
não havia vazamentos. Nesta etapa os reatores 2 e 8 apresentaram vazamentos,
sendo necessário o seu esvaziamento completo para que se pudesse refazer a
impermeabilização com silicone.
Os reatores foram cheios novamente e os mesmos reatores apresentaram
vazamento. Então, buscou-se utilizar um outro tipo de vedação para o material em
questão (PVC), ou seja, fibrar os caps inferiores à barra de PVC, o que deveria
garantir a impermeabilização.
Após a fibragem dos caps, os reatores foram novamente cheios com água e
desta vez foram detectados vazamento nas torneiras dos reatores 2 e 6. As duas
torneiras foram vedadas com a massa de endurecimento rápido “Poxilina”, sendo
que a alternativa de impermeabilização mostrou-se eficiente, e não foram
verificados outros vazamentos.
Os leitos filtrantes a serem utilizados foram brita (diabásio) nº 5 (ABNT, 1997)
e rochas de arenito (pedra grês) com dimensões semelhantes à brita nº 5.
As rochas de arenito foram doadas pela Prefeitura Municipal de Jacinto
Machado - SC, as quais são originárias de uma das diversas pedreiras deste tipo
de material existente no município. As pedras de brita (diabásio) foram adquiridas
junto a uma empresa de materiais de construção e são originárias de uma pedreira
localizada no município de Maracajá - SC. As rochas de diabásio são as rochas
comumente utilizadas em construção civil quando da construção de filtros
anaeróbios para tratamento de esgotos domiciliares.
O enchimento dos reatores com as pedras de brita (diabásio) e rochas de
arenito foi realizado manualmente e em seguida foi adicionado chorume aos
reatores até a altura de 1,05 m, onde foram colocados os caps com cola de cano na
parte superior e vedados com silicone.
Em todos os caps da parte superior dos reatores, foi feito um furo com
diâmetro de ¼”. No furo existente no cap superior foi adaptada uma mangueira de
PVC com diâmetro de ¼”, cuja extremidade oposta está mergulhada em uma
33
garrafa de PET de 2 litros contendo lixiviado (Figura 16). Esta mangueira permite a
equalização das pressões interna e externa.
Figura 16 - Detalhe do sistema de alívio de pressão
Cada reator possui uma torneira de PVC instalada em sua porção inferior, a
20 centímetros do fundo para a retirada do efluente tratado.
Para a formação dos leitos filtrantes quatro reatores foram preenchidos com
pedras de brita (diabásio) e 4 reatores foram preenchidos com rochas de arenito.
3.2 Formação dos biofilmes
O processo de formação de biofilmes nos leitos dos reatores foi conduzido da
seguinte forma: durante 67 dias os 8 reatores permaneceram hermeticamente
fechados e completamente cheios de lixiviado proveniente do aterro sanitário de
Urussanga - SC.
Ao final de 67 dias observou-se a formação de espessos filmes negros
viscosos envolvendo as unidades do meio suporte, indicando que o processo de
formação dos biofilmes estava completo.
34
Segundo Fleck (2002) “o processo de formação de biofilme no meio suporte e
aclimatação dos 14 reatores foi executado em duas etapas: (1) durante 58 dias
permaneceram hermeticamente fechados, repletos de lixiviado proveniente do
Aterro Sanitário Extrema, sendo (2) os conteúdos substituídos por lixiviado bruto
proveniente do Aterro Sanitário Santa Tecla, permanecendo repletos desse durante
os 54 dias que precederam a data de início do período de pesquisa propriamente
dito. Observou-se, depois de decorrido o período total de 112 dias, a formação de
espessos filmes negros viscosos envolvendo as unidades de meio suporte”.
O lixiviado coletado para ser utilizado na formação dos biofilmes foi analisado
com relação aos seguintes parâmetros de interesse: pH, DBO, DQO, Ferro Total,
Manganês e Nitrogênio Total antes de ser depositado nos reatores.
3.3 Partida dos reatores
A partida dos reatores ocorreu com o preenchimento destes com lixiviado
bruto proveniente do aterro sanitário de Urussanga SC, após os 67 dias de
formação do biofilme com o primeiro lixiviado utilizado.
O lixiviado foi coletado por intermédio de uma bomba submersa, diretamente
do tanque de homogeneização de chorume do aterro, acondicionado e transportado
até o NRESOL em tambores de PVC de 200 litros, fechados com tampa. O efluente
foi adicionado aos reatores por intermédio de baldes, até o seu enchimento total.
As cargas iniciais permaneceram nos reatores até completarem seus
respectivos tempos de detenção hidráulica, sendo então as respectivas frações
volumétricas retiradas para análise e substituídas por iguais volumes de lixiviado
bruto.
Para a análise da eficiência da rocha de arenito como leito filtrante de filtros
anaeróbios, foram estabelecidas coletas, com base na metodologia de Fleck
(2002), em quatro tempos de detenção.
O sistema experimental operou com 5 diferentes tempos de detenção
hidráulica, 0, 16, 30, 44 e 63 dias, cada qual aplicado ao conjunto dos 8 reatores.
A retirada de efluente do reator para as análises necessárias cria um vácuo no
interior deste, promovendo um deslocamento de líquido do interior da garrafa PET
para o interior do reator por diferença de pressão. Ao mesmo tempo em que o
lixiviado é sugado, é feito o enchimento da garrafa com líxiviado proveniente da
35
caixa d’água, utilizada para armazenamento do lixiviado a ser utilizado no
experimento.
Ao longo de todo o experimento manteve-se a homogeneidade da
alimentação dos reatores uma vez que todos receberam lixiviado equalizado de um
mesmo recipiente distribuidor, ou seja, uma caixa d’água de PVC com volume de
500 litros.
Para o lixiviado bruto utilizado foram analisados os mesmos parâmetros
daqueles investigados no lixiviado para formação do biofilme, ou seja: pH, DBO
5
,
DQO, Ferro Total, Manganês e Nitrogênio Total.
Em função das limitações financeiras e o interesse do pesquisador a pesquisa
limitou-se na análise dos seguintes parâmetros: pH, DBO
5
, DQO, Ferro Total,
Nitrogênio Total e Manganês.
3.4 Análise e tratamento dos dados
As amostras para análises foram retiradas diretamente das torneiras
existentes nos reatores. Em cada um dos reatores houve remoção de 2 litros de
chorume para análise a cada intervalo do tempo de detenção determinado e a
reintrodução do mesmo volume.
Os resultados das análises das primeiras amostras deram indícios que o valor
real do parâmetro DBO
5
poderia ser maior que o indicado, devido a interferência
causada no procedimento analítico pela presença de cloretos na amostra. Em
função desta anomalia o parâmetro DBO
5
deixou de ser analisado.
As análises de DBO
5
, DQO e pH, foram realizadas no Laboratório de Análises
FísicoQuímicas do Instituto de Pesquisas Ambientais e Tecnológicas IPAT, da
Universidade do Extremo Sul Catarinense UNESC. As análises de Ferro Total,
Nitrogênio Total e Manganês foram realizadas no laboratório da Estação
Experimental da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa
Catarina Epagri em Urussanga SC.
O método analítico utilizado para determinação do pH foi o potenciométrico,
onde após a calibração do aparelho lê-se diretamente no potenciômetro o pH da
amostra.
O método analítico utilizado para a determinação da DQO foi o do refluxo
aberto. No método Padrão Refluxo Aberto, a amostra é submetida a refluxo com
quantidade conhecida de dicromato de potássio (K
2
Cr
2
O
7
) e ácido sulfúrico (H
2
SO
4
).
36
O excesso de dicromato é titulado com sulfato ferroso amoniacal
(Fe(NH
4
)
2
(SO
4
)
2
.6H
2
O). A medida do consumo de oxigênio ocorrido durante a
oxidação química da matéria orgânica é proporcional ao dicromato consumido
(VERÓL, 2005).
Para a análise de Ferro Total foi utilizado o método colorimétrico da
ortofenantrolina, normatizado pela NBR13934, com o título Água Determinação do
Ferro.
Para a determinação do Nitrogênio Total foi utilizado o método do destilador
Kjeldahl e o método utilizado para análise de Manganês foi colorimétrico.
As análises de absorção de água aparente, massa específica aparente e
porosidade das rochas de arenito e diabásio foram realizadas no Laboratório de
Materiais da Construção Civil LMCC, da Universidade Federal de Santa Catarina
e os ensaios são normatizados pela NBR 12766 com o título Determinação da
massa específica aparente, porosidade aparente e absorção de água aparente.
O sistema foi montado conforme descrito anteriormente e sua operação foi
iniciada em 10/03/2005, com o enchimento dos reatores para formação dos
biofilmes. Após 67 dias, em 16/05/2005, os reatores foram totalmente esvaziados e
enchidos novamente com o lixiviado. A primeira retirada de amostras para análise
foi realizada com tempo de detenção de 16 dias e ocorreu em 01/06/2005. A
segunda retirada de amostras foi realizada com tempo de detenção de 30 dias e
ocorreu no dia 15/06/2005. A terceira retirada foi realizada com tempo de detenção
de 44 dias e ocorreu em 29/06/2005 e a quarta retirada ocorreu em 18/07/2005 com
um tempo de detenção de 63 dias.
A análise de variância foi realizada com o programa SAEG (Sistema para
Análise Estatística). O modelo adotado foi de experimento em fatorial (2 leitos
filtrantes x 5 tempos de detenção com 4 repetições) completamente casualisado.
Sempre que o fator ou a interação se mostrou significativa ao nível de significância
de 5 %, procedeu-se a comparação entre as médias por meio do teste de Tukey
com nível de significância de 5 %.
37
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados aqui apresentados referem-se às etapas de caracterização
inicial do efluente e avaliação da eficiência de remoção oferecida pela pedra de
arenito em comparação com a pedra de diabásio.
4.1 Caracterização inicial do efluente
As unidades experimentais (8 reatores) trabalharam com Cargas Orgânicas
Volumétricas e Taxas de Aplicação Superficial idênticas para cada Tempo de
Detenção Hidráulica (TDH). A Tabela 3 apresenta as cargas orgânicas volumétricas
e superficiais utilizadas para os reatores em estudo.
Tabela 3 - Cargas Orgânicas Volumétricas e Taxas de Aplicação Superficial,
aplicadas nos reatores em função do Tempo de Detenção Hidráulica utilizado
Tempo de Detenção
Hidráulica (dias)
Carga Orgânica
Volumétrica
(Kg DQO/m³.dia)
Taxa de Aplicação
Superficial (m³/m².dia)
16 0,4742 0,0656
30 0,2529 0,0350
44 0,1724 0,0238
63 0,1204 0,0167
Tendo em vista a homogeneidade do afluente aplicado aos reatores, aqueles
que operaram com idêntico TDH, por receberem iguais volumes de afluente a cada
aplicação receberam também iguais cargas orgânicas.
A Tabela 4 apresenta a caracterização inicial do efluente aplicado aos
reatores para formação do biofilme. Tal efluente permaneceu no interior dos
reatores por 67 dias.
38
Tabela 4 - Caracterização do lixiviado utilizado para formação do biofilme para
DQO, pH, Ferro Total, Nitrogênio Total e Manganês
PARÂMETROS
DQO
(mg/L)
pH Ferro Total
(mg/L)
Nitrogênio Total
(mg/L)
Manganês
(mg/L)
4.665,60 6,90 64,80 276,30 2,47
No dia “zero” os reatores foram esvaziados e novamente cheios com o
efluente originário do Aterro Sanitário de Urussanga. A Tabela 5 mostra a
caracterização do lixiviado que será o ponto de partida para as análises de
eficiência dos reatores.
Tabela 5 - Valores dos parâmetros do lixiviado bruto do aterro sanitário de
Urussanga
PARÂMETROS
DQO
(mg/L)
pH Ferro Total
(mg/L)
Nitrogênio Total
(mg/L)
Manganês
(mg/L)
7.586,60 7,20 4,52 703,13 2,06
4.2 Eficiência de Remoção
A eficiência de remoção refere-se aos parâmetros DQO, Ferro Total,
Nitrogênio Total e Manganês. Foi também observado a variação do pH.
4.2.1 DQO Demanda Química de Oxigênio
A Demanda Química de Oxigênio é um teste amplamente utilizado para
avaliar a carga poluidora de efluentes domésticos e industriais, que é dada pela
quantidade total de oxigênio necessária para a oxidação da matéria orgânica a
dióxido de carbono e água.
39
A Tabela 6 apresenta os valores médios de DQO nos diversos TDH para os
leitos filtrantes de Arenito e de Diabásio, onde se observa que para o leito filtrante
de Arenito as médias de DQO apresentam diferenças significativas para THD de
até 30 dias, enquanto que para o leito filtrante de rocha de Diabásio as diferenças
foram significativas para TDH de até 44 dias. A comparação entre os diferentes
leitos filtrantes no mesmo TDH, mostra que as diferenças foram significativas
somente para os tempos de 16 e 30 dias, com maiores reduções observadas no
leito filtrante de rocha de arenito, como ilustra a Figura 17.
Tabela 6 - Valores médios de DQO nos diversos TDH para os leitos filtrantes de
Arenito e de Diabásio
Reatores com Leito Filtrante
de Rochas de Arenito
Reatores com Leito Filtrante de
Rochas de Diabásio
Data
TDH
(em dias)
DQO (mg/L)
1, 2
(%) DQO (mg/L)
1, 2
(%)
16/05 zero 7.586,60 Aa 100,00 7.586,60 Aa 100,00
01/06 16 3.255,87 Bb 43,00 3.800,10 Ba 50,09
15/06 30 1.359,00 Cb 17,92 2.170,00 Ca 28,60
29/06 44 1.127,87 Ca 14,87 1.178,00 Da 15,53
18/07 63 1.073,60 Ca 14,14 1.051,00 Da 13,85
1
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula não diferem entre os TDH ao
nível de significância de 5% pelo teste de Tukey
2
Médias seguidas pela mesma letra minúscula não diferem entre os leitos
filtrantes ao nível de significância de 5% pelo teste de Tukey
40
Figura 17 - Variação da DQO em função do TDH considerados no experimento
Verifica-se, portanto, que para o filtro anaeróbio com leito filtrante de rocha de
arenito, o tempo de detenção hidráulica (TDH) de 30 dias foi o que teve uma melhor
eficiência de remoção de DQO, com uma redução em torno de 82%. Nos TDH
maiores que 30 dias a redução foi mínima, dando a entender que não há alterações
significativas na eficiência com o aumento do TDH. Se compararmos com os
resultados de Fleck (2002), os reatores operando com tempo de detenção
hidráulica (TDH) de 56 dias produziram os melhores resultados, apresentando
médias de remoção de DQO de 72,57%. O meio suporte utilizado no estudo foram
pedras britadas n° 5.
Verificou-se ainda que, para o filtro anaeróbio com leito filtrante de rochas de
diabásio o tempo de detenção hidráulica (TDH) que obteve melhor redução da DQO
foi o de 44 dias, com redução em torno de 84%.
Pelos resultados descritos acima, pode-se afirmar que o filtro anaeróbio com
leito filtrante de rochas de arenito apresentou melhor eficiência na remoção da DQO
para os TDH de 16 e 30 dias.
Como o custo da construção de um filtro anaeróbio é diretamente proporcional
ao seu TDH, pode-se afirmar que o filtro anaeróbio com leito filtrante de rochas de
arenito é mais viável economicamente, para eficiência de remoção de até 80% de
DQO, que o filtro anaeróbio com leito filtrante de rochas de diabásio.
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
0 16 30 44 63
TDH (dias)
DQO (mg/L)
Arenito
Diabasio
41
4.2.2 pH
O pH é uma medida da concentração de íons hidrônio (H
+
) em uma solução,
sendo expresso como o co-logarítmo da atividade dos íons H
+
, dado em uma
escala de 0 a 14. É um importante parâmetro de acompanhamento do processo de
decomposição dos resíduos sólidos urbanos, indicando a evolução da degradação
microbiológica da matéria orgânica e a evolução global do processo de
estabilização da massa de resíduos (CASTILHOS JÚNIOR, 2003).
A Tabela 7 apresenta os resultados médios de pH por leito filtrante e a média
total. Os valores de pH, medidos nos filtros anaeróbios com leito filtrante com
rochas de arenito, mantiveram-se relativamente constantes, com valores médios
entre 7,20 e 7,40 como mostra a Figura 18. Os valores de pH, medidos nos filtros
anaeróbios com leitos filtrantes com rochas de diabásio, mantiveram-se
relativamente constantes, com valores médios entre 7,19 e 7,41.
Tabela 7 - Valores de pH médio por leito filtrante e média global
Leito Filtrante Data
TDH
(em dias)
Arenito Diabásio Media
1
16/05 Zero 7,20 7,20 7,20 B
01/06 16 7,30 7,30 7,30 A
15/06 30 7,30 7,29 7,30 A
29/06 44 7,30 7,38 7,34 A
18/07 63 7,33 7,38 7,35 A
1
Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre os TDH ao nível de
significância de 5% pelo teste de Tukey
42
Figura 18 - Variação do pH em função do TDH considerados no experimento
Pela análise de variância observou-se que não existem diferenças
significativas ao nível de significância de 5 % entre os leitos filtrantes. Comparando-
se os diversos TDH, observou-se uma diferença significativa no pH entre o TDH de
zero dias dos demais, não havendo diferenças a partir de TDH de 16 dias.
Nos processos de decomposição anaeróbia, em decorrência das reações de
hidrólise, há grande produção de substâncias de caráter ácido, o que tende a baixar
o valor do pH de acordo com a capacidade tamponante do meio. Tal capacidade
tamponante é resultado da alcalinidade, que pode ser entendida como o conteúdo
total de substâncias que ao reagirem com os íons H
+
excedentes, mantém o pH
inalterado.
4.2.3 Ferro Total
O ferro é freqüentemente encontrado com elevados níveis de concentração
em águas de poços. Nas águas superficiais, o nível de ferro aumenta nas estações
chuvosas, devido ao carreamento de solos e a ocorrência de processos de erosão
nas margens. Também é importante a contribuição devida a lixões e vazamentos
de chorume de aterros mal operados, além de efluentes de indústrias metalúrgicas.
7,1
7,15
7,2
7,25
7,3
7,35
7,4
0 16 30 44 63
TDH (dias)
pH
Arenito
Diabasio
43
O ferro, apesar de não se constituir em um elemento tóxico, traz diversos
problemas para o abastecimento público de água, além de constituir um padrão de
potabilidade da água, tendo sido estabelecida na Portaria 518 do Ministério da
Saúde a concentração limite de 0,3 mg/L. Pela Legislação Ambiental de Santa
Catarina, (DECRETO 14.250, de 5 junho de 1981), os efluentes só poderão ser
lançados, direta ou indiretamente, nos corpos d’água interiores, lagunas, estuários
e a beira mar com a concentração máxima de ferro de 15,0 mg/L.
A Tabela 8 apresenta os resultados de remoção de Ferro Total, pela média
dos resultados dos reatores, em percentuais, por tempo de detenção hidráulica
(TDH), onde se nota que não foram observadas diferenças significativas entre os
leitos filtrantes. Com relação aos TDH observou-se oscilação dos valores de ferro
total de 4,52 mg/L no TDH zero diminuindo para 3,26 no TDH 16 dias, e
posteriormente estes valores se elevam para 3,84 no TDH 30 dias, atingindo 4,25
mg/L no TDH de 44 dias e caindo para 3,89 mg/L no TDH de 63 dias (Figura 19).
Tabela 8 - Conteúdo de Ferro Total, para os diferentes leitos filtrantes
Leito filtrante de rocha
de arenito
Leito filtrante de rocha
de diabásio
Média Data
TDH
Dias
Ferro total
mg/L
% Ferro total
mg/L
% Ferro total
1
mg/L
%
16/05 zero 4,52 100,00 4,52 100,00 4,52 A 100,00
01/06 16 3,26 72,07 3,26 72,02 3,26 D 72,12
15/06 30 3,82 84,40 3,86 85,34 3,84 C 84,96
29/06 44 4,20 95,92 4,29 94,91 4,25 B 93,92
18/07 63 3,81 84,29 3,98 88,11 3,89 C 86,17
1
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula não diferem entre os TDH ao nível
de significância de 5% pelo teste de Tukey
44
Figura 19 - Variação do Ferro Total em função do TDH considerados nos
experimentos
Pelos resultados descritos acima, pode-se afirmar que os filtros anaeróbios
com leito filtrante com rochas de arenito e os filtros anaeróbios com leito filtrante
com rochas de diabásio tiveram eficiência significativa na remoção de Ferro Total.
Qualquer evento inibitório ou endógeno que possa levar ao descolamento do
meio suporte e inserção no meio líquido introduzirá neste último, grande carga
orgânica, possivelmente elevando sua demanda de oxigênio bem como as
concentrações de metais e outras espécies não degradáveis sujeitas à sorção
biológica. Durante a realização do experimento não foi detectado nenhum tipo de
evento adverso, mas esta pode ser uma explicação para os resultados negativos
obtidos na remoção do Ferro Total durante o experimento. Uma outra alternativa
para os resultados obtidos pode ter sido o método utilizado para realização das
análises de Ferro Total, pois o método colorimétrico não é totalmente confiável e
pode ter apresentado resultados diferentes da realidade.
4.2.4 Manganês
A suscetibilidade individual aos efeitos tóxicos pela exposição ao manganês é
bastante variável. A concentração mínima que produz efeitos adversos está entre 2
e 5 mg/m³. A inalação de grandes doses resulta em necroses pulmonares
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
5
0 16 30 44 63
TDH (dias)
Fe (mg/L)
Arenito
Diabasio
45
localizadas e efeitos crônicos são observados em trabalhadores de mineração e
processamento de minério de manganês, fundição e indústrias de bateria tipo
“célula seca” e soldas. O distúrbio é caracterizado por manifestações psicológicas e
neurológicas, atuando no sistema nervoso central e afetando a função
neurotransmissora.
Pela Legislação Ambiental de Santa Catarina (DECRETO 14.250, de 5 junho
de 1981), os efluentes só poderão ser lançados, direta ou indiretamente, nos corpos
d’água interiores, lagunas, estuários e a beira mar com a concentração máxima de
Manganês de 1,0 mg/L.
A Tabela 9 apresenta os resultados de remoção de Manganês, pela média
dos resultados dos reatores, em percentuais, por tempo de detenção hidráulica
(TDH), onde se observa um comportamento diferenciado para os leitos filtrantes.
Nos reatores com leito filtrante de rochas de arenito, as médias de teores de
Manganês apresentaram valores significativamente menores com TDH de 16 e 30
dias, não diferindo nos demais tempos. Nos reatores com leito filtrante de diabásio
somente foram significativas às diferenças entre as médias para os tempos de zero
dias e 63 dias (Figura 20).
Tabela 9 - Tabela de remoção de Manganês, em percentual
Data TDH
(em dias)
Reatores com leito filtrante
com rochas de arenito
Reatores com leito filtrante
com rochas de diabásio
Manganês
1, 2
Média (mg/L)
(%) Manganês
1, 2
Média (mg/L)
(%)
16/05 zero 2,06 Aa 100,00 2,06 Aa 100,00
01/06 16 1,84 Ba 89,57 1,88 ABa 91,26
15/06 30 1,75 Ba 84,83 1,75 ABa 84,83
29/06 44 2,01 Aa 97,82 1,83 ABa 88,84
18/07 63 2,20 Aa 106,79 1,52 Bb 73,91
1
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula não diferem entre os TDH ao
nível de significância de 5% pelo teste de Tukey
2
Médias seguidas pela mesma letra minúscula não diferem entre os leitos
filtrantes ao nível de significância de 5% pelo teste de Tukey
46
Figura 20 - Variação do Manganês em relação ao TDH considerado no
experimento.
Comparando-se entre os leitos filtrantes (diabásio e arenito) observa-se que
somente no TDH de 63 dias a comparação dos resultados mostra que os mesmos
são significativamente diferentes, a 5%.
Qualquer evento inibitório ou endógeno que possa levar ao descolamento do
meio suporte e inserção no meio líquido introduzirá neste último, grande carga
orgânica, possivelmente elevando sua demanda de oxigênio bem como as
concentrações de metais e outras espécies não degradáveis sujeitas à sorção
biológica. Durante a realização experimento não foi detectado nenhum tipo de
evento adverso, mas esta pode ser uma explicação para os resultados obtidos na
remoção do Manganês nos filtros com leito filtrante com pedras de arenito durante o
experimento. Uma outra alternativa para os resultados obtidos pode ter sido o
método utilizado para realização das análises de Manganês, pois o método
colorimétrico não é totalmente confiável e pode ter apresentado resultados
diferentes da realidade.
0
0,5
1
1,5
2
2,5
0 16 30 44 63
TDH (dias)
Mn (mg/L)
Arenito
Diabasio
47
4.2.5 Nitrogênio Total
Os compostos de nitrogênio são nutrientes para processos biológicos. Eles
são tidos como macronutrientes, pois depois do carbono, o nitrogênio é o elemento
exigido em maior quantidade pelas células vivas. Quando descarregados nas águas
naturais conjuntamente com o fósforo e outros nutrientes presentes nos despejos, o
nitrogênio provoca o enriquecimento do meio tornando-o mais fértil e possibilitando
o crescimento em maior extensão dos seres vivos que os utilizam, especialmente
as algas, o que é chamado de eutrofização.
Quando as descargas de nutrientes são muito fortes, dá-se o florescimento
muito intenso de gêneros que predominam em cada situação em particular. Estas
grandes concentrações de algas podem trazer prejuízos aos usos que se possa
fazer dessas águas, prejudicando seriamente o abastecimento público ou causando
poluição por morte e decomposição.
Pela Legislação Ambiental de Santa Catarina (DECRETO 14.250, de 5 junho
de 1981), os efluentes só poderão ser lançados, direta ou indiretamente, nos corpos
d’água interiores, lagunas, estuários e a beira mar com a concentração máxima de
Nitrogênio Total de 10,0 mg/L.
A Tabela 10 apresenta os resultados de remoção de Nitrogênio Total, pela
média dos resultados dos reatores, em percentuais, por tempo de detenção
hidráulica (TDH), onde se observa que nos reatores com leito filtrante de rocha de
arenito, os valores de N total para TDH de 16 dias foram significativamente
menores que o inicial, não diferindo estatisticamente para os demais TDH (Figura
21). Já para os reatores com rochas de diabásio não foi constatada diferença
significativa entre os valores de Nitrogênio total nos diversos TDH.
48
Tabela 10 - Tabela de remoção de Nitrogênio Total, em percentual
Data
TDH
(em dias)
Reatores com leito filtrante
com rochas de arenito
Reatores com leito filtrante
com rochas de diabásio
Nitrogênio
Total Média
(mg/L)
(%) Nitrogênio
Total
Média (mg/L)
(%)
16/05 zero 703,13 Aa 100,00 703,13 Aa 100,00
01/06 16 567,57 Bb 80,72 699,76 Aa 99,52
15/06 30 569,20 Bb 80,96 675,05 Aa 96,01
29/06 44 570,66 Bb 81,16 700,35 Aa 99,61
18/07 63 570,66 Bb 81,16 708,99 Aa 100,83
1
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula não diferem entre os TDH ao
nível de significância de 5% pelo teste de Tukey
2
Médias seguidas pela mesma letra minúscula não diferem entre os leitos
filtrantes ao nível de significância de 5% pelo teste de Tukey
Figura 21 - Variação da remoção de Nitrogênio Total em relação ao TDH
considerados no experimento
0
100
200
300
400
500
600
700
800
0 16 30 44 63
TDH (dias)
N (mg/L)
Arenito
Diabasio
4
9
Comparando-se os valores entre os leitos filtrantes, observa-se diferenças
significativas nos valores de N total com menores valores observados nos filtros
constituídos por rochas de arenito.
Verifica-se, portanto, que, para o filtro anaeróbio com leito filtrante de rocha de
arenito, o tempo de detenção hidráulica (TDH) de 16 dias foi o que teve uma melhor
eficiência de remoção de Nitrogênio Total, com uma redução de 19,28%. Nos TDH
maiores que 16 dias não houve redução significativa, dando a entender que não há
ganhos significativos com o aumento do TDH.
Pelos resultados descritos acima, pode-se afirmar que o filtro anaeróbio com
leito filtrante de rochas de arenito teve sua melhor eficiência na remoção de
Nitrogênio Total no TDH de 16 dias e uma maior eficiência na remoção de
Nitrogênio Total que o filtro anaeróbio com leito filtrante com rochas de diabásio.
50
5 CONCLUSÕES
O trabalho desenvolvido permite concluir que:
A aplicação de filtros anaeróbios com leito filtrante de rochas de arenito é uma
alternativa viável para tratamento primário de chorume de aterros sanitários.
O meio filtrante com rochas de arenito é mais eficiente em relação ao meio
filtrante com rochas de diabásio para o Tempo de Detenção Hidráulica (TDH) de 30
dias no tratamento primário de chorume.
O meio filtrante com rochas de arenito permitiu uma redução significativa de
DQO e de Nitrogênio Total em um TDH menor do que aquele observado para o
meio filtrante de rochas de diabásio.
Quando considerados TDH de 63 dias, as eficiências de remoção para Ferro
Total e DQO foram semelhantes nos dois leitos filtrantes estudados.
A pequena variação no pH demonstrou que o sistema utilizando rochas de
arenito como leito filtrante permaneceu em equilíbrio quanto à população de
bactérias metanogênicas e quanto as condições ambientais no interior dos reatores.
Mesmo com os melhores TDH, para todos os parâmetros, exceto Ferro, o
efluente, pós-tratamento primário, está fora dos limites de emissão exigidos pelo
Decreto nº 14.250/81, necessitando assim de tratamento complementar.
51
RECOMENDAÇÕES
Com base nos resultados obtidos neste trabalho algumas recomendações
futuras podem ser elencadas, como a realização de novos experimentos com
diferentes concentrações de DQO, para melhor conhecimento dos desempenhos
dos reatores e com diferentes temperaturas ambiente, simulando outras regiões do
País, com diferentes médias anuais de temperaturas. Além disso, seria importante
a realização de outros experimentos para conhecimento da eficiência de remoção
em diversas alturas do corpo do reator.
52
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58
7 ANEXOS
Anexo 1 - Quadro de todos os resultados obtidos nas análises dos parâmetros
pesquisados.
Leito
Filtrante
Tempo de
Detenção
Repetições
DQO
(mg/L)
pH Ferro
Total
(mg/L)
Nitrogênio
Total
(mg/L)
Manganês
(mg/L)
1 1 1 7586,6 7,20 4,52 703,13 2,06
1 1 2 7586,6 7,20 4,52 703,13 2,06
1 1 3 7586,6 7,20 4,52 703,13 2,06
1 1 4 7586,6 7,20 4,52 703,13 2,06
1 2 1 3055,4 7,30 3,65 569,20 2,09
1 2 2 3169,9 7,30 3,10 591,52 1,81
1 2 3 3399,1 7,30 2,98 580,36 1,67
1 2 4 3399,1 7,30 3,30 529,20 1,81
1 3 1 1666,0 7,35 3,47 558,04 1,81
1 3 2 1315,0 7,22 3,98 569,20 1,81
1 3 3 1315,0 7,35 3,94 569,20 1,56
1 3 4 1140,0 7,28 3,87 580,36 1,81
1 4 1 1141,4 7,30 4,14 564,89 2,06
1 4 2 1156,8 7,30 4,26 576,42 1,81
1 4 3 1087,4 7,30 4,18 576,42 1,95
1 4 4 1125,9 7,30 4,22 564,89 2,24
1 5 1 1052,3 7,30 3,94 564,89 2,23
1 5 2 1061,7 7,30 3,87 576,42 2,38
1 5 3 1099,7 7,40 3,76 576,42 2,38
1 5 4 1080,7 7,30 3,67 564,89 1,81
2 1 1 7586,6 7,20 4,52 703,13 2,06
2 1 2 7586,6 7,20 4,52 703,13 2,06
2 1 3 7586,6 7,20 4,52 703,13 2,06
2 1 4 7586,6 7,20 4,52 703,13 2,06
2 2 1 3437,3 7,30 3,30 703,13 1,81
2 2 2 3895,6 7,30 3,41 680,81 2,09
2 2 3 4201,1 7,30 2,82 703,13 1,67
2 2 4 3666,4 7,30 3,49 691,97 1,95
2 3 1 2017,0 7,41 3,79 669,65 1,81
2 3 2 2104,0 7,31 3,75 669,65 1,56
2 3 3 2367,0 7,19 3,83 680,81 1,81
2 3 4 2192,0 7,26 4,06 680,10 1,81
2 4 1 1218,5 7,40 4,18 703,23 1,67
2 4 2 1156,8 7,30 4,38 703,23 2,06
2 4 3 1187,6 7,40 4,26 691,70 2,06
2 4 4 1149,1 7,40 4,34 703,23 1,53
2 5 1 1066,5 7,30 3,79 691,70 1,38
2 5 2 1042,8 7,40 4,02 714,76 2,09
2 5 3 1038,1 7,40 4,06 691,70 1,24
2 5 4 1057,0 7,40 4,06 737,81 1,38
Leito Filtrante 1: Rochas de arenito botucatú
Leito Filtrante 2: Rochas de diabásio
Tempo de detenção 1: 16 dias
Tempo de detenção 2: 30 dias
Tempo de detenção 3: 44 dias
Tempo de detenção 4: 63 dias
59
APÊNDICES
Apêndice A Artigo submetido à Revista Engenharia Sanitária e Ambiental.
60
----- Original Message -----
From: "Tirza Lima Sobrinho" <tirza.lima@abes-dn.org.br>
Sent: Thursday, April 06, 2006 4:12 PM
Subject: REVISTA ENGENHARIA SANITARIA E AMBIENTAL
Prezados autores,
No dia 29 de março de 2006, acusamos o recebimento da
contribuição técnica
"AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DE ROCHAS DE ARENITO COMO MEIO
FILTRANTE EM FILTROS ANAERÓBIOS PARA TRATAMENTO DE
CHORUME", cujo registro é ABES 037/06.
Assim que o Conselho Técnico-Científico da ABES emitir seu
parecer, entraremos em contato.
Agradecendo pelo envio da contribuição, subscrevemo-nos
Atenciosamente,
ABES/PUBLICAÇÕES
61
AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DE ROCHAS DE ARENITO
COMO MEIO FILTRANTE EM FILTROS ANAERÓBIOS
PARA TRATAMENTO DE CHORUME
EVALUATION OF THE EFFICIENCY OF SANDSTONE
ROCKS AS SETTING FILTERING IN ANAEROBIC
FILTERS FOR LEACHATE TREATMENT
Everson Casagrande
Engenheiro Sanitarista e Mestre em Ciências Ambientais pela Universidade do
Extremo Sul Catarinense (Unesc)
Ednilson Viana
Biólogo, Doutor em Engenharia Hidráulica e Saneamento pela Escola de Engenharia
de São Carlos/USP, Professor/pesquisador no Mestrado em Ciências Ambientais da
Unesc
Álvaro José Back
Engenheiro Agrônomo, Doutor em Engenharia de Recursos Hídricos e Saneamento
Ambiental pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (IPH/URGS), Professor
do Mestrado em Ciências Ambientais da Unesc
Endereço para correspondência:
Everson Casagrande - Rua Sebastião José Lemos, 241, Bairro Cidade Alta
88.900-000 Araranguá SC - Tel: (48) 35243828
E-mail: [email protected].br
RESUMO
Dentre todas as formas de destinação final adequada dos resíduos sólidos
domiciliares, o aterro sanitário é a alternativa mais utilizada no Brasil. Considerando
a quantidade de lixiviado produzido e os seus custos de tratamento, este trabalho
buscou uma alternativa de tratamento primário utilizando rochas de arenito como
meio filtrante em filtros anaeróbios, em comparação com filtros anaeróbios com leito
filtrante de rochas de diabásio, costumeiramente utilizados. O experimento foi
realizado no Núcleo de Pesquisa em Resíduos Sólidos (NRESOL) da UNESC em
Criciúma SC onde foram montados 8 reatores de PVC com 0,30 m de diâmetro,
sendo 4 com leito filtrante com rochas de diabásio e 4 com leito filtrante de rochas de
arenito. O tempo para formação dos biofilmes foi de 67 dias e os tempos de detenção
utilizados no experimento foram de 16, 30, 44 e 63 dias. Os resultados mostraram
uma eficiência na remoção de DQO em torno de 82%, com um tempo de detenção
ótimo próximo de 30 dias. Para o Nitrogênio Total e Ferro Total a redução foi
significativa no tempo de detenção de 16 dias, ficando em torno de 19% e 28%,
62
respectivamente. Com relação à remoção de manganês, o sistema não mostrou
redução significativa, sendo que o pH permaneceu praticamente estável durante todo
o período de experimento. O filtro anaeróbio com leito filtrante de rochas de arenito
mostrou-se uma boa alternativa para tratamento primário do lixiviado de aterros
sanitários, sendo inclusive um atrativo econômico, pois apresentou alta eficiência,
com Tempo de Detenção Hidráulica (TDH) relativamente baixo.
PALAVRAS-CHAVE: Resíduos sólidos, chorume, filtro anaeróbio.
ABSTRACT
Among all forms of adequate final destination of the home solid residues, the
sanitary embankment is the more used alternative in Brazil. By considering the
amount of leachate produced and the costs of its treatment, this work looked for an
alternative of primary treatment using sandstone rocks as setting filtering in
anaerobic filters, in comparison with anaerobic filters with setting filtering of diabase
rocks, commonly used. The experiment was accomplished in the Núcleo de Pesquisa
em Resíduos Sólidos (NRESOL) of UNESC in Criciúma - SC where 8 reactors of
PVC with 0,30 m of diameter were assembled, being 4 with setting filtering with
diabase rocks and 4 with setting filtering of sandstone rocks. The time for formation
of the biofilms was 67 days and the time of detention used in the experiment was of
16, 30, 44 and 63 days. The results showed around 82% of efficiency in the removal
of COD, with a great time of detention close to 30 days and a significant reduction of
Total Nitrogen, around 19%, and around 28% of Total Iron, both for a great time of
detention of 16 days. Regarding the removal of manganese, the system did not show
significant reduction, and the pH was practically stable during the whole experiment
period, not having significant variations. The anaerobic filter with setting filtering of
sandstone rocks was shown as good alternative for primary treatment of the leachate
of sanitary embankments, being in addition an economical attraction, because
showed high efficiency, with Time of Hydraulic (THD) Detention relatively low.
KEYWORDS: Solid residues, leachate, anaerobic filters.
INTRODUÇÃO
Um dos grandes problemas ambientais que desafiam os pesquisadores de
todo o mundo desde o século passado é a destinação final adequada do lixo
produzido pela humanidade.
O aterro sanitário é o processo de disposição final adequado de resíduos
sólidos domésticos mais utilizado no Brasil (ABRELPE, 2004). Mesmo assim os
impactos potenciais de um aterro são múltiplos e podem ser classificados em
impactos diretos e indiretos. Os impactos diretos são: as emissões líquidas
(chorume), as emissões gasosas, a poluição sonora ou os ruídos do funcionamento
das máquinas, a poeira e o impacto sobre a paisagem. Os impactos indiretos são o
tráfego dos veículos transportadores e os problemas sanitários.
63
Dos impactos citados, a produção de chorume pode ser considerada o mais
problemático em função da sua composição ser extremamente variável e do grande
volume produzido diariamente e por um longo período.
Aproximadamente metade do que é produzido como resíduos sólidos
domiciliares é composto de matéria orgânica (Jardim e Wells, 1995), que no seu
processo de degradação gera um líquido altamente poluente denominado chorume.
Devido as suas características o chorume apresenta grandes riscos de
contaminação do solo, das águas subterrâneas e das águas superficiais, com sérias
conseqüências para a saúde pública.
Mesmo após a sua finalização de uso, um aterro continua a produzir chorume
por cerca de 50 anos (Brito-Pelegrini et al, 2005), o que caracteriza uma situação
preocupante o seu tratamento, mesmo nos aterros sanitários, tidos como os melhores
métodos de disposição final dos resíduos sólidos domiciliares.
Dependendo da idade, natureza dos resíduos e até mesmo das variáveis
hidrometeorológicas da área de influência do aterro, o percolado ou chorume como é
denominado, pode variar em composição, concentração e quantidade. Desta forma, é
importante o desenvolvimento de técnicas de drenagem e de tratamento apropriadas
para cada região (Capelo Neto e Castro, 2005).
Devido à cadeia de constituintes existentes no chorume e as variações
quantitativas sazonais e cronológicas (pelo aumento da área exposta), não se deve
considerar uma solução única de processo para o seu tratamento (Hamada e
Matsunaga, 2000).
Os processos anaeróbios têm se mostrado eficientes na remoção de metais
pesados na forma de sulfetos, além de reduções significativas de DQO. Estes
processos também são mais eficientes no tratamento de chorume novo e podem ser
obtidos resultados que sejam suficientes para assegurar um tratamento adequado ao
chorume em aterros sanitários (Ferreira et al, 2001).
No Brasil são utilizados diversos métodos para tratamento de chorume, onde
citam-se como tratamentos primários a lagoa anaeróbia, o digestor anaeróbio, os
tanques de polimento, o tanque Inhoff, o reator anaeróbio, o poço anaeróbio, o filtro
anaeróbio e fossa séptica. Dentre estes, destacam-se os filtros anaeróbios, que
resistem bem às variações do afluente e propiciam boa estabilidade deste, com baixa
perda dos sólidos biológicos, propiciando grande liberdade de projeto, além de que
não necessitam de inóculo para a partida e tem construção e operação muito simples
(Chernicharo, 2001).
O filtro anaeróbio constitui-se em uma unidade de crescimento aderido em
que o reator abriga um meio suporte, cujas unidades contém superfície para o
crescimento de colônias de bactérias anaeróbias e facultativas. Sendo tal meio
atravessado pelo efluente, há um íntimo contato entre o líquido e os filmes
microbiológicos aderidos e intersticiais, havendo então adsorção e posterior
metabolismo da matéria orgânica solúvel e particulada presente na água residuária,
que é convertida a produtos intermediários e a metano e gás carbônico.
Em aterros sanitários, os filtros anaeróbios de base têm sido usados como
tratamento primário do chorume para redução da DBO
5
, DQO, pH, coliformes fecais
e metais pesados, utilizando geralmente como camada suporte brita de diabásio.
Cabe salientar que o tratamento de lixiviado em filtro anaeróbio não permite atingir
os padrões para emissão do efluente, necessitando-se de tratamento oxidativo aeróbio
subseqüente (Fleck et al, 2002).
64
As principais finalidades da camada (ou meio) suporte nos filtros anaeróbio
são: permitir o acúmulo de grande quantidade de biomassa com o conseqüente
aumento do tempo de retenção celular; melhorar o contato entre os constituintes do
despejo afluente e os sólidos biológicos contidos no reator; atuar como barreira
física, evitando que os sólidos sejam carreados para fora do sistema de tratamento e
ajudar a uniformização do escoamento no reator (Chernicharo, 2001).
Fleck et al, (2002), demonstrou que a utilização de filtro anaeróbio de brita
como unidades biológicas primárias para o tratamento de lixiviados brutos de aterro
sanitário teve ótimos resultados na remoção média de DBO
5
e DQO. O autor utilizou
8 reatores plásticos idênticos para simular em laboratório os reatores anaeróbios (2
para cada tempo de detenção). Os tempos de detenção utilizados foram de 14, 28, 56
e 91 dias. Em todos os reatores obtiveram-se remoções globais de DBO
5
e DQO
superiores a 60%, sendo as máximas 82,16% e 76,83%, respectivamente. O meio
suporte utilizado neste estudo foram pedras britadas nº 5.
Schafer et al. (1986) apud Qasim e Chiang (1994) utilizaram um filtro
anaeróbio de fluxo ascendente com meio suporte com índice de vazios de 95% e área
superficial de 114,8 m²/m³ para tratamento de lixiviado com 38.500 mg DBO
5
/L e
60.000 mg DQO/L. Usando TDH superiores a 4,9 d (média 7,4 d) e carga aplicada
de 7,1 kg DBO
5
/ (m³.d) obtiveram-se remoções de DBO
5
e Sólidos Suspensos Totais
(SST) de 95% e elevados rebaixamentos nas concentrações de metais.
Devido às suas características, a rocha de arenito atende aos principais
requisitos desejáveis para materiais suporte de filtros anaeróbios que são: ser
estruturalmente resistente, ser biológica e quimicamente inerte, ser suficientemente
leve, possuir grande área específica, possuir porosidade elevada, possibilitar a
colonização acelerada dos microorganismos, apresentar formato não achatado ou liso
e preço reduzido.
Nas minerações de rochas de arenito as sobras são utilizadas para aterro de
terrenos ou abandonadas nos próprios locais da extração sem haver um fim mais
nobre. Considerando tais aspectos, que apontam para o potencial uso da rocha de
arenito para o tratamento primário de chorume, este projeto de pesquisa buscou uma
resposta científica para o seguinte problema de pesquisa: Qual é a eficiência
propiciada pelas rochas de arenito Botucatu quando utilizadas como meio filtrante
em filtros anaeróbios para o tratamento primário de chorume, comparado ao meio
filtrante de brita de rochas de diabásio?
METODOLOGIA
Neste trabalho foram utilizados 8 reatores circulares idênticos, com 1,10 m de
altura e diâmetro interno de 0,30 m, como mostra a Figura 1. Os reatores foram
dimensionados com base no método descrito por Fleck et al (2002) e montados no
Núcleo de Pesquisa em Resíduos Sólidos (NRESOL) da Unesc.
65
Mangueira de PVC
Tampão hermeticamente fechado (cap)
Sistema
de alívio
de pressão
Leito filtrante (arenito ou diabásio + chorume)
Chorume
Tubo de PVC Ø 300 mm
Torneira
Tampão hermeticamente fechado (cap)
Figura 22 - Esquema do reator montado para análise da eficiência da rocha de arenito
no tratamento primário de chorume.
Para a montagem dos reatores foram utilizadas 8 barras iguais de tubos de
PVC de 1,10 m, com diâmetro interno de 0,30 m, além de 8 caps (tampões) de PVC
para as vedações superiores e 8 caps (tampões) de PVC para as vedações inferiores.
Os reatores foram numerados de 1 a 8, sendo que os reatores com leito
filtrante de rochas de arenito referiram-se aos de números 1, 3, 5 e 7. Os reatores com
leito filtrante com brita (diabásio) foram numerados como 2, 4, 6 e 8.
A altura útil de cada reator foi de 1,05 m, com volume total de 74,22 litro e a
quantidade de brita (diabásio) ou de rochas de arenito para preencher completamente
cada reator foi de 0,07422 m³, totalizando assim 0,29688 m³ de cada tipo de rocha.
Os leitos filtrantes a serem utilizados foram brita (diabásio) nº 5 (ABNT, 1997) e
rochas de arenito (pedra grês) com dimensões semelhantes à brita nº 5.
As rochas de arenito foram doadas pela Prefeitura Municipal de Jacinto
Machado - SC, as quais são originárias de uma das diversas pedreiras deste tipo de
material existente no município. As pedras de brita (diabásio) foram adquiridas junto
a uma empresa de materiais de construção e são originárias de uma pedreira
localizada no município de Maracajá - SC.
Na parte superior de todos os caps dos reatores foi feito um furo com
diâmetro de ¼”. A este furo foi adaptada uma mangueira de PVC com diâmetro de
¼” para equalização das pressões interna e externa, cuja extremidade oposta está
mergulhada em uma garrafa de PET de 2 litros contendo lixiviado (Figura 1).
O processo de formação de biofilmes nos leitos dos reatores foi conduzido da
seguinte forma: durante 67 dias, a partir de 10/03/2005, os 8 reatores permaneceram
hermeticamente fechados e completamente cheios de lixiviado proveniente do aterro
sanitário de Urussanga - SC. No final destes 67 dias observou-se a formação de
espessos filmes negros viscosos envolvendo as unidades do meio suporte, indicando
que o processo de formação dos biofilmes estava completo.
66
A partida dos reatores ocorreu em 16/05/2005, com o preenchimento destes
com lixiviado bruto, também proveniente do aterro sanitário de Urussanga SC e ali
permanecendo até completarem os seus respectivos tempos de detenção hidráulica,
sendo então as respectivas frações volumétricas retiradas para análise e substituídas
por iguais volumes de lixiviado bruto. Neste aspecto o sistema experimental operou
com 5 diferentes tempos de detenção hidráulica, 0, 16, 30, 44 e 63 dias, cada qual
aplicado ao conjunto dos 8 reatores.
Ao longo de todo o experimento manteve-se a homogeneidade da
alimentação dos reatores, uma vez que todos receberam lixiviado equalizado de um
mesmo recipiente distribuidor, ou seja, uma caixa d’água de PVC com volume de
500 litros.
As análises de DQO e pH foram realizadas no Laboratório de Análises
FísicoQuímicas do Instituto de Pesquisas Ambientais e Tecnológicas IPAT, da
Universidade do Extremo Sul Catarinense UNESC. As análises de Ferro Total,
Nitrogênio Total e Manganês foram realizadas no laboratório da Estação
Experimental da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa
Catarina Epagri, em Urussanga SC.
As análises de massa específica aparente, porosidade aparente e absorção de
água aparente das rochas de arenito e diabásio foram realizadas no Laboratório de
Materiais da Construção Civil LMCC, da Universidade Federal de Santa Catarina,
cujos ensaios são normatizados pela NBR 12766 que trata da “Determinação da
massa específica aparente, porosidade aparente e absorção de água aparente”.
A primeira retirada de amostras para análise foi realizada com tempo de
detenção de 16 dias, a segunda com tempo de detenção de 30 dias, a terceira retirada
foi realizada com tempo de detenção de 44 dias e a quarta retirada ocorreu com um
tempo de detenção de 63 dias.
Para verificar se havia variação significativa entre os resultados obtidos para
a rocha de arenito e a rocha de diabásio, os dados obtidos foram submetidos à análise
de variância, realizada com o programa SAEG (Sistema para Análise Estatística). O
modelo adotado foi de experimento em fatorial (2 leitos filtrantes x 5 tempos de
detenção com 4 repetições) completamente casualisado. Sempre que o fator ou a
interação se mostrou significativa ao nível de significância de 5 %, procedeu-se a
comparação entre as médias por meio do teste de Tukey com nível de significância
de 5 %.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As unidades experimentais (8 reatores) trabalharam com Cargas Orgânicas
Volumétricas e Taxas de Aplicação Superficial idênticas para cada Tempo de
Detenção Hidráulica (TDH). A Tabela 1 apresenta as cargas orgânicas volumétricas
e superficiais utilizadas para os reatores em estudo.
67
Tabela 1 - Cargas Orgânicas Volumétricas e Taxas de Aplicação Superficial,
aplicadas nos reatores em função do Tempo de Detenção Hidráulica utilizado.
Tempo de Detenção
Hidráulica (dias)
Carga Orgânica
Volumétrica
(Kg DQO/m³.dia)
Taxa de Aplicação
Superficial (m³/m².dia)
16 0,4742 0,0656
30 0,2529 0,0350
44 0,1724 0,0238
63 0,1204 0,0167
A Tabela 2 apresenta a caracterização inicial do efluente aplicado aos reatores
para formação do biofilme. Tal efluente permaneceu no interior dos reatores por 67
dias.
Tabela 2 - Caracterização do lixiviado utilizado para formação do biofilme
para DQO, pH, Ferro Total, Nitrogênio Total e Manganês.
PARÂMETROS
DQO
(mg/L)
pH Ferro Total
(mg/L)
NitrogênioTotal
(mg/L)
Manganês
(mg/L)
4.665,6 6,9 64,8 276,3 2,47
No dia “zero” os reatores foram esvaziados e novamente cheios com o
efluente originário do Aterro Sanitário de Urussanga. A Tabela 3 mostra a
caracterização do lixiviado que será o ponto de partida para as análises de eficiência
dos reatores.
Tabela 3 - Valores dos parâmetros do lixiviado bruto do aterro sanitário de
Urussanga.
PARÂMETROS
DQO
(mg/L)
pH Ferro Total
(mg/L)
Nitrogênio Total
(mg/L)
Manganês
(mg/L)
7.586,6 7,20 4,52 703,13 2,06
Eficiências de Remoção
DQO Demanda Química de Oxigênio
A Tabela 4 apresenta os valores médios de DQO nos diversos TDH para os
leitos filtrantes de Arenito e de Diabásio, onde se observa que para o leito filtrante de
Arenito as médias de DQO apresentam diferenças significativas para THD de até 30
68
dias, enquanto que para o leito filtrante de rocha de Diabásio as diferenças foram
significativas para TDH de até 44 dias. A comparação entre os diferentes leitos
filtrantes no mesmo TDH, mostra que as diferenças foram significativas somente
para os tempos de 16 e 30 dias, com maiores reduções observadas no leito filtrante
de rocha de arenito, como ilustra a Figura 2.
Tabela 4 - Valores médios de DQO nos diversos TDH para os leitos filtrantes
de Arenito e de Diabásio.
Reatores com Leito Filtrante
de Rochas de Arenito
Reatores com Leito Filtrante
de Rochas de Diabásio
Data TDH
(em dias)
DQO (mg/L)
1, 2
(%) DQO (mg/L)
1, 2
(%)
16/05 zero 7.586,60 Aa 100,00 7.586,60 Aa 100,00
01/06 16 3.255,87 Bb 43,00 3.800,10 Ba 50,09
15/06 30 1.359,00 Cb 17,92 2.170,00 Ca 28,60
29/06 44 1.127,87 Ca 14,87 1.178,00 Da 15,53
18/07 63 1.073,60 Ca 14,14 1.051,00 Da 13,85
1
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula não diferem entre os TDH ao
nível de significância de 5% pelo teste de Tukey
2
Médias seguidas pela mesma letra minúscula não diferem entre os leitos
filtrantes ao nível de significância de 5% pelo teste de Tukey
Figura 2 - Variação da DQO em função do TDH considerados no
experimento.
Verifica-se, portanto, que para o filtro anaeróbio com leito filtrante de rocha
de arenito o tempo de detenção hidráulica (TDH) de 30 dias foi o que teve uma
melhor eficiência de remoção de DQO, com uma redução em torno de 82%. Nos
TDH maiores que 30 dias a redução foi mínima, mostrando que não há alterações
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
0 16 30 44 63
TDH (dias)
DQO (mg/L)
Arenito
Diabasio
69
significativas na eficiência com o aumento do TDH. Comparando-se com os
resultados de Fleck et al (2002), os reatores operando com tempo de detenção
hidráulica (TDH) de 56 dias produziram os melhores resultados, apresentando
médias de remoção de DQO de 72,57%. O meio suporte utilizado em tal estudo
foram pedras britadas n° 5.
Verificou-se ainda que, para o filtro anaeróbio com leito filtrante de rochas de
diabásio o tempo de detenção hidráulica (TDH) que obteve melhor redução da DQO
foi o de 44 dias, com redução em torno de 84%.
Pelos resultados descritos acima, pode-se afirmar que o filtro anaeróbio com
leito filtrante de rochas de arenito apresentou melhor eficiência na remoção da DQO
para os TDH de 16 e 30 dias.
Como o custo da construção de um filtro anaeróbio é diretamente
proporcional ao seu TDH, pode-se afirmar que a utilização de um filtro anaeróbio
com leito filtrante de rochas de arenito pode ser mais viável economicamente, para
eficiência de remoção de até 80% de DQO, que o filtro anaeróbio com leito filtrante
de rochas de diabásio.
pH
O pH é uma medida da concentração de íons hidrônio (H
+
) em uma solução,
sendo expresso como o co-logarítmo da atividade dos íons H
+
, dado em uma escala
de 0 a 14. É um importante parâmetro de acompanhamento do processo de
decomposição dos resíduos sólidos urbanos, indicando a evolução da degradação
microbiológica da matéria orgânica e a evolução global do processo de estabilização
da massa de resíduos (Castilhos Júnior, 2003).
A Tabela 5 apresenta os resultados médios de pH por leito filtrante e a média
total. Os valores de pH medidos nos filtros anaeróbios com leito filtrante com rochas
de arenito mantiveram-se relativamente constantes, com valores médios entre 7,20 e
7,40, como mostra a Figura 3. Os valores de pH, medidos nos filtros anaeróbios com
leitos filtrantes com rochas de diabásio mantiveram-se relativamente constantes, com
valores médios entre 7,19 e 7,41.
Tabela 5 - Valores de pH médio por leito filtrante e média global.
Leito Filtrante Data TDH
(em dias)
Arenito Diabásio Média
1
16/05 Zero 7,20 7,20 7,20 B
01/06 16 7,30 7,30 7,30 A
15/06 30 7,30 7,29 7,30 A
29/06 44 7,30 7,38 7,34 A
18/07 63 7,33 7,38 7,35 A
1
Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre os TDH ao nível de
significância de 5% pelo teste de Tukey
70
Figura 3 - Variação do pH em função do TDH considerados no experimento.
Pela análise de variância observou-se que não existem diferenças
significativas ao nível de significância de 5 % entre os leitos filtrantes. Comparando-
se os diversos TDH, observou-se uma diferença significativa no pH entre o TDH de
zero dias, dos demais, não havendo diferenças a partir de TDH de 16 dias.
Ferro Total
A Tabela 6 apresenta os resultados de remoção de Ferro Total pela média dos
resultados dos reatores em percentuais, por tempo de detenção hidráulica (TDH),
onde se nota que não foram observadas diferenças significativas entre os leitos
filtrantes. Com relação aos TDH observou-se oscilação dos valores de ferro total de
4,52 mg/L no TDH zero diminuindo para 3,26 no TDH 16 dias, e posteriormente
estes valores se elevam para 3,84 no TDH 30 dias, atingindo 4,25 mg/L no TDH de
44 dias e caindo para 3,89 mg/L no TDH de 63 dias (Figura 4).
Tabela 6 - Conteúdo de Ferro Total, para os diferentes leitos filtrantes.
Leito filtrante de
rocha de arenito
Leito filtrante de
rocha de diabásio
Média Data
TDH
(dias)
Ferro total
mg/L
% Ferro total
mg/L
% Ferro total
1
mg/L
%
16/05 zero 4,52 100,00
4,52 100,00
4,52 A 100,00
01/06 16 3,26 72,07 3,26 72,02
3,26 D 72,12
15/06 30 3,82 84,40 3,86 85,34
3,84 C 84,96
29/06 44 4,20 95,92 4,29 94,91
4,25 B 93,92
18/07 63 3,81 84,29 3,98 88,11
3,89 C 86,17
7,1
7,15
7,2
7,25
7,3
7,35
7,4
0 16 30 44 63
TDH (dias)
pH
Arenito
Diabasio
71
1
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula não diferem entre os TDH ao
nível de significância de 5% pelo teste de Tukey
Figura 4 - Variação do Ferro Total em função do TDH considerados nos
experimentos.
Pelos resultados descritos acima, pode-se afirmar que os filtros anaeróbios
com leito filtrante com rochas de arenito e os filtros anaeróbios com leito filtrante
com rochas de diabásio tiveram eficiência significativa na remoção de Ferro Total.
Pela Legislação Ambiental de Santa Catarina, (DECRETO 14.250, de 5 junho
de 1981), os efluentes só poderão ser lançados, direta ou indiretamente nos corpos
d’água interiores, lagunas, estuários e a beira mar com a concentração máxima de
ferro de 15,0 mg/L.
Manganês
A Tabela 7 apresenta os resultados de remoção de Manganês, pela média dos
resultados dos reatores em percentuais, por tempo de detenção hidráulica (TDH),
onde se observa um comportamento diferenciado para os leitos filtrantes. Nos
reatores com leito filtrante de rochas de arenito as médias de teores de Manganês
apresentaram valores significativamente menores, com TDH de 16 e 30 dias, não
diferindo nos demais tempos. Nos reatores com leito filtrante de diabásio somente
foram significativas as diferenças entre as médias para os tempos de zero dias e 63
dias (Figura 5).
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
5
0 16 30 44 63
TDH (dias)
Fe (mg/L)
Arenito
Diabasio
72
Tabela 7 - Tabela de remoção de Manganês, em percentual.
Data
TDH
(em dias)
Reatores com leito filtrante
com rochas de arenito
Reatores com leito filtrante com
rochas de diabásio
Manganês
1, 2
Média (mg/L)
(%) Manganês
1, 2
Média (mg/L)
(%)
16/05
zero 2,06 Aa 100,00 2,06 Aa 100,00
01/06
16 1,84 Ba 89,57 1,88 ABa 91,26
15/06
30 1,75 Ba 84,83 1,75 ABa 84,83
29/06
44 2,01 Aa 97,82 1,83 ABa 88,84
18/07
63 2,20 Aa 106,79 1,52 Bb 73,91
1
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula não diferem entre os TDH ao
nível de significância de 5% pelo teste de Tukey
2
Médias seguidas pela mesma letra minúscula não diferem entre os leitos
filtrantes ao nível de significância de 5% pelo teste de Tukey
Comparando-se entre os leitos filtrantes (diabásio e arenito) observa-se
que somente no TDH de 63 dias a comparação dos resultados mostra que os mesmos
são significativamente diferentes, a 5%.
Figura 5 - Variação do Manganês em relação ao TDH considerado no
experimento.
Pela Legislação Ambiental de Santa Catarina (DECRETO 14.250, de 5 de
junho de 1981), os efluentes só poderão ser lançados, direta ou indiretamente, nos
corpos d’água interiores, lagunas, estuários e a beira mar com a concentração
máxima de Manganês de 1,0 mg/L.
0
0,5
1
1,5
2
2,5
0 16 30 44 63
TDH (dias)
Mn (mg/L)
Arenito
Diabasio
73
Nitrogênio Total
A Tabela 8 apresenta os resultados de remoção de Nitrogênio Total, pela
média dos resultados dos reatores, em percentuais, por tempo de detenção hidráulica
(TDH), onde se observa que nos reatores com leito filtrante de rocha de arenito os
valores de N total para TDH de 16 dias foram significativamente menores que o
inicial, não diferindo estatisticamente para os demais TDH (Figura 6). Já para os
reatores com rochas de diabásio não foi constatada diferença significativa entre os
valores de Nitrogênio total nos diversos TDH.
Tabela 8 - Tabela de remoção de Nitrogênio Total, em percentual.
Data
TDH
(em dias)
Reatores com leito filtrante
com rochas de arenito
Reatores com leito filtrante
com rochas de diabásio
Nitrogênio
Total Média
(mg/L)
(%) Nitrogênio Total
Média (mg/L)
(%)
16/05 zero 703,13 Aa 100,00 703,13 Aa 100,00
01/06 16 567,57 Bb 80,72 699,76 Aa 99,52
15/06 30 569,20 Bb 80,96 675,05 Aa 96,01
29/06 44 570,66 Bb 81,16 700,35 Aa 99,61
18/07 63 570,66 Bb 81,16 708,99 Aa 100,83
1
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula não diferem entre os TDH ao
nível de significância de 5% pelo teste de Tukey
2
Médias seguidas pela mesma letra minúscula não diferem entre os leitos
filtrantes ao nível de significância de 5% pelo teste de Tukey
Figura 6 - Variação da remoção de Nitrogênio Total em relação ao TDH
considerados no experimento.
0
100
200
300
400
500
600
700
800
0 16 30 44 63
TDH (dias)
N (mg/L)
Arenito
Diabasio
74
Comparando-se os valores entre os leitos filtrantes, observam-se diferenças
significativas nos valores de N total com menores valores observados nos filtros
constituídos por rochas de arenito.
Verifica-se, portanto, que, para o filtro anaeróbio com leito filtrante de rocha
de arenito, o tempo de detenção hidráulica (TDH) de 16 dias foi o que teve uma
melhor eficiência de remoção de Nitrogênio Total, com uma redução de 19,28%. Nos
TDH maiores que 16 dias não houve redução significativa, dando a entender que não
há ganhos significativos com o aumento do TDH.
Pelos resultados descritos acima, pode-se afirmar que o filtro anaeróbio com
leito filtrante de rochas de arenito teve sua melhor eficiência na remoção de
Nitrogênio Total no TDH de 16 dias e uma maior eficiência na remoção de
Nitrogênio Total que o filtro anaeróbio com leito filtrante com rochas de diabásio.
Pela Legislação Ambiental de Santa Catarina (DECRETO 14.250, de 5 junho
de 1981), os efluentes só poderão ser lançados, direta ou indiretamente, nos corpos
d’água interiores, lagunas, estuários e a beira mar com a concentração máxima de
Nitrogênio Total de 10,0 mg/L.
CONCLUSÕES
A aplicação de filtros anaeróbios com leito filtrante de rochas de arenito é
uma alternativa viável para tratamento primário de chorume de aterros sanitários.
O meio filtrante com rochas de arenito é mais eficiente em relação ao meio
filtrante com rochas de diabásio para o Tempo de Detenção Hidráulica (TDH) de 30
dias no tratamento primário de chorume.
O meio filtrante com rochas de arenito permitiu uma redução significativa de
DQO e de Nitrogênio Total em um TDH menor do que aquele observado para o meio
filtrante de rochas de diabásio.
Quando considerados TDH de 63 dias, as eficiências de remoção para Ferro
Total e DQO foram semelhantes nos dois leitos filtrantes estudados.
A pequena variação no pH demonstrou que o sistema utilizando rochas de
arenito como leito filtrante permaneceu em equilíbrio quanto a população de
bactérias metanogênicas e quanto as condições ambientais no interior dos reatores.
Mesmo com os melhores TDH, para todos os parâmetros, exceto Ferro, o
efluente, pós-tratamento primário, está fora dos limites de emissão exigidos pelo
Decreto nº 14.250/81, necessitando assim de tratamento complementar.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a CAPES pela concessão da bolsa de mestrado e a
UNESC e ao NRESOL por viabilizar as condições para e realização deste estudo.
75
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