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José Celso Cunha Guerra Pinto Coelho
Papel da colonoscopia com
magnificação de imagem associada à
cromoscopia no diagnóstico
diferencial entre lesões neoplásicas e
não-neoplásicas do intestino grosso.
Dissertação apresentada à Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo
para obtenção do título de Mestre em
Ciências
Área de concentração: Cirurgia do
aparelho digestivo
Orientadora:
Profa. Dra. Angelita Habr-Gama
São Paulo
2005
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“ Não acredito nem um pouco no acaso. Tudo tem
que ser pensado. Se eu acreditasse nisso, não me
prepararia tanto.”
Bernardo Rocha Azevedo, técnico da Seleção Brasileira Maculina de Voleibol.
À minha família;
Renata, Rafael e Guilherme, motivo de orgulho,
fonte de estímulo e razão do meu esforço.
Agradecimentos
À minha orientadora Profa. Dra. Angelita Habr-Gama, pela confiança
e apoio. Exemplo de amor e dedicação constantes à medicina, aos
pacientes, aos colegas e aos alunos. Foi realmente uma honra ter partilhado
de sua convivência e sabedoria durante toda a pós-graduação.
Ao Prof. Dr. Joaquim Gama-Rodrigues, pela amizade,
oportunidade, gentileza e confiança para realizar este projeto.
Ao Prof. José Rafael Guerra Pinto Coelho, meu pai. Maior amigo,
apoiador e incentivador de todos os grandes desafios da minha vida.
Exemplo de dedicação aos princípios éticos, à família, à medicina e
atualmente à causa pública da saúde, que vem defendendo com honra e
dignidade em seu segundo mandato no parlamento federal.
Ao Dr. Sérgio Eduardo Alonso Araújo pelo desprendimento e ajuda
inesgotáveis, desde a elaboração até a conclusão do projeto, com revisões,
sugestões e estímulos constantes.
Ao Prof. Dr. Elvio Carlos Moreira pela análise estatística, revisões,
conselhos e sabedoria.
À Dra. Daniela Savi, pela cuidadosa análise histopatológica.
Á Profa. Flávia Elisa Guerra Pinto Coelho Völker, pela cuidadosa
revisão da língua portuguesa em todo o manuscrito.
Aos colegas do Instituto de Cirurgia e Gastroenterologia Professor
José Guerra Pinto Coelho, pela oportunidade de desenvolver este projeto,
em especial aos Drs. Wallace Ceotto Mathias e Benito Pio Vitório
Ceccato Jr., pelo apoio e incentivo.
Aos colegas do Serviço de Endoscopia Digestiva do Hospital Mater
Dei: Drs. Geraldo Ferreira Lima Jr., Luiz Cláudio Miranda da Rocha e
José Vieira de Figueiredo Filho, pela amizade e apoio durante minhas
inúmeras viagens à São Paulo.
À Srta. Graziele Kelly Amaral, pelo brilhante trabalho de secretaria
em todas as etapas da confecção do manuscrito.
Às secretárias da Pós-Graduação Myrtes Freire de Lima Graça,
Fabiana Soares Bispo e Vilma de Jesus Libério, pela delicadeza e ajuda.
Sumário
Listas de tabelas
Listas de figuras
Resumo
Summary
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 01
2 OBJETIVO ................................................................................................ 06
3 SUBSÍDIOS DA LITERATURA ................................................................. 07
3.1 Importância do câncer colorretal ........................................................... 07
3.2 Carcinogênese colorretal ....................................................................... 09
3.3 Adenoma plano ...................................................................................... 12
3.4 Câncer de novo ......................................................................................18
3.5 Adenoma misto (serrilhado) ................................................................... 21
3.6 A cromoscopia como método auxiliar da colonoscopia no diagnóstico de
lesões colo-retais .................................................................................. 22
3.7 Colonoscopia com magnificação de imagem ........................................ 27
4 CASUÍSTICA E MÉTODO ....................................................................... 36
4.1 Casuística ............................................................................................. 36
4.2 Método ................................................................................................... 37
4.2.1 Técnica da colonoscopia com magnificação de imagem (CM) .......... 39
4.2.2 Avaliação endoscópica das lesões .................................................... 41
4.2.3 Excisão das lesões ............................................................................ 45
4.2.4 Análise Histopatológica ...................................................................... 46
4.2.5 Análise estatística ............................................................................... 49
5 RESULTADOS ......................................................................................... 50
6 DISCUSSÃO ............................................................................................. 58
7 CONCLUSÂO............................................................................................ 69
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................... 70
9 ANEXO ..................................................................................................... 95
Lista de tabelas
Tabela 1 - Distribuição das lesões de acordo com a localização no intestino
grosso ...................................................................................... 50
Tabela 2 - Distribuição morfológica das lesões ......................................... 51
Tabela 3 - Distribuição das lesões e por tamanho .................................... 51
Tabela 4 - Distribuição das lesões de acordo com o padrão de criptas
identificado a CM (Kudo, 1993) ............................................... 52
Tabela 5 - Distribuição das lesões de acordo com o diagnóstico
histopatológico ......................................................................... 54
Tabela 6 - Tipo de adenomas à histopatologia........................................... 54
Tabela 7 - Correlação entre o diagnóstico endoscópico e o histopatológico
.................................................................................................. 56
Tabela 8 - Correlação entre o diagnóstico endoscópico (CM) e o
histopatológico de lesões maiores do que 5 mm ..................... 56
Tabela 9 - Correlação entre o diagnóstico endoscópico e o histopatológico
de lesões menores do que 5 mm ............................................. 57
Tabela 10 - Correlação entre o diagnóstico histopatológico e a CM de lesões
Planas ...................................................................................... 57
Tabela 11 - Correlação entre o diagnóstico histopatológico e a CM de lesões
Polipóides.. ...............................................................................57
Tabela 12 - Quadro comparativo com a acurácia global entre CC e CM .... 66
Lista de figuras
Figura 1 - Aspecto endoscópico de lesão séssil (Is) adenomatosa antes e
após a cromoscopia com índigo-carmim à 1% ........................... 24
Figura 2 - Aspecto endoscópico de lesão plana (IIb) antes e após a
crosmoscopia com índigo-carmim à 1% ..................................... 24
Figura 3 - Aspecto endoscópico de lesão plana (IIb), antes e após a
cromoscopia com índigo-carmim à 1%......................................... 24
Figura 4 - Classificação dos padrões de criptas conforme Kudo................. 30
Figura 5 - Classificação morfológica da Sociedade Japonesa .................... 42
Figura 6 - Aspecto endoscópico de lesão plana (IIb), 10 mm de diâmetro,
antes e após a cromoscopia com índigo-carmim 1% e
magnificação (200X)..................................................................... 43
Figura 7 - Aspecto endoscópico de lesão plana (IIa), após cromoscopia com
índigo-carmim 1% e magnificação (200X).................................... 43
Figura 8 - Aspecto endoscópico de lesão plana (IIa), após cromoscopia com
índigo-carmim 1% e magnificação (200X)................................... 44
Figura 9 - Aspecto endoscópico de lesão séssil (Is), com depressão central,
após cromoscopia com índigo-carmim 1% e magnificação (200X)..44
Figura 10 - Aspecto endoscópico de lesão pediculada (Ip).......................... 44
Figura 11 - Aspecto endoscópico de mucosectomia de lesão plana LST com
20 mm de extensão................................................................... 45
Figura 12 - Aspecto endoscópico de lesão plana (IIa+IIc), 5 mm de diâmetro,
antes e após cromoscopia com índigo-carmim 1% e magnificação
(200X). Padrão de criptas IIs....................................................... 52
Figura 13 - Aspecto endoscópico de lesão séssil (Is), 5 mm de diâmetro,
antes e após a cromoscopia com índigo-carmim 1% e
magnificação (200X). Padrão de criptas IIIL............................... 53
Figura 14 - Aspecto endoscópico de lesão séssil (Is), 10 mm de diâmetro,
após a cromoscopia com índigo-carmim 1% e magnificação
(200X). Padrão de criptas IIIL..................................................... 53
Figura 15 - Aspecto endoscópico de lesão pediculada (Ip), 20 mm de
diâmetro, antes e após a cromoscopia com índigo-carmim 1% e
magnificação (200X). Padrão de criptas misto IIIL+V................ 55
Resumo
Coelho, J. C. C. G. P. Papel da colonoscopia com magnificação de
imagem associada à cromoscopia no diagnóstico diferencial entre lesões
neoplásicas e não neoplásicas do intestino grosso.
São Paulo, 2005. Tese (Mestrado) – Faculdade de Medicina, Universidade
de São Paulo.
O Câncer colorretal (CCR) é um problema de saúde importante
devido a sua incidência e mortalidade elevadas. Melhores chances de cura
ocorrem quando há o diagnóstico precoce da doença, o que acontece na
minoria dos casos, embora o CCR apresente uma lesão precursora benigna
- o pólipo adenomatoso - e a sua identificação e remoção reduz a
mortalidade pela doença. O rastreamento e o diagnóstico precoce são a
principal estratégia para diminuir a mortalidade por CCR. A colonoscopia
convencional (CC) contitui o melhor método para o diagnóstico precoce do
CCR e para diagnóstico e tratamento das lesões precursoras. Entretanto a
CC apresenta taxas de falha de detecção não desprezíveis. A colonoscopia
com magnificação de imagem (CM) vem sendo utilizada com o intuito de
melhorar a performance da CC. A sua principal vantagem é a possibilidade
de diferenciar lesões neoplásicas de não-neoplásicas, de maneira que
apenas lesões neoplásicas seriam retiradas, diminuindo custos e riscos
relacionados ao rastreamento por colonoscopia. O objetivo deste estudo é
determinar a acurácia da CM para o diagnóstico diferencial entre lesões
neoplásicas e não-neoplásicas do intestino grosso por meio da comparação
entre o diagnóstico endoscópico e o fornecido pelo exame histopatológico
convencional. Entre abril de 2002 e outubro de 2003, cento e vinte pacientes
foram incluídos no estudo, tendo-se encontrado duzentas lesões. Todas as
lesões foram classificadas endoscopicamente através da CM com alta
magnificação (até 200X) associada a cromoscopia com índigo-carmim, para
determinação do padrão de abertura das criptas de acordo com a
classificação proposta por Kudo, e em seguida excisadas ou biopsiadas para
estudo histopatológico. Dos 120 pacientes, 65 (54,2%) eram mulheres. A
média de idade foi de 58,8 anos. Cento e trinta e sete lesões (68,5%)
localizavam-se no cólon esquerdo e no reto. Cento e dezessete lesões
(58,5%) apresentavam aspecto morfológico séssil e 64 (32%) eram planas.
136 (68%) apresentavam diâmetro menor ou igual à 5 mm. O diagnóstico
endoscópico à CM foi de lesão não-neoplásica em 125 lesões (62,5%) e de
lesão neoplásica em 75 lesões (37,5%). Entretanto, o diagnóstico
histopatológico foi de 106 (53%) lesões não-neoplásicas e 94 (47%)
neoplásicas. Das 94 lesões diagnosticadas à histopatologia como
neoplásicas, 31 (33%) apresentaram padrão misto (hiperplásico e
adenomatoso). A acurácia da determinação do diagnóstico diferencial
endoscópico em relação à histopatologia entre lesões neoplásicas e não-
neoplásicas foi de 78,5%. A diferença da CM em relação ao exame
histopatológico foi estatisticamente significativa (p<0,0001). Conclui-se que,
no atual estágio de desenvolvimento, a CM, pela sua acurácia, não permite
excluir o exame histopatológico para o diagnóstico diferencial entre as
lesões neoplásicas e não-neoplásicas do intestino grosso.
Summary
Coelho, J. C. C. G. P. Assessment of magnifying colonoscopy with
chromoscopy in the differential diagnosis of neoplastic and non-neoplastic
lesions of the large bowel.
São Paulo, 2005. Tese (Mestrado) – Faculdade de Medicina, Universidade
de São Paulo.
Colorectal cancer (CRC) remains a major health problem due to its
high incidence and mortality. Better chances of cure occur with early
diagnosis, but this is not common for the majority of cases. CRC has an
identifiable benign precursor and its detection and removal prevents deaths
for the disease. Screening and early diagnosis are the main strategies to
reduce CRC mortality. Conventional colonoscopy (CC) represents the best
method for early diagnosis of CRC and for diagnosis and treatment of
precursor lesions. Nevertheless CC has miss rates well known for the
diagnosis of polyps and cancer. Magnifying colonoscopy (MC) has been
used with the purpose of increasing the performance of CC. Its main
advantage remains on the possibility of differentiating neoplastic from non-
neoplastic lesions through magnified view of intestinal opening of bowel
crypts, in order to prevent resection of non-neoplastic lesions, and this
capability may reduce costs and risks related to endoscopic resections. The
aim of this study was to evaluate the accuracy of magnified observation of pit
pattern in polypoids and flat colorectal lesions during MC with cromoscopy in
relation to histopathologic diagnosis of colorectal neoplastic and non-
neoplastic lesions. From April 2002 to October 2003, 120 patients were
included in the study and 200 lesions were detected. Endoscopic diagnosis
was obtained for all lesions through magnified (up to 200X) observation of
intestinal crypt opening and pit pattern was determined according to Kudo’s
classification. All lesions were excised or biopsied. Sixty five (54.2%) patients
were women. Mean age was 58.8 years. 137 (68.5%) lesions were located at
the left colon and rectum. 117 (58,5%) lesions had sessile morphologic
aspect and 64 (32%) were flat. 136 (68%) had diameter under 5 mm. 125
lesions (62.5%) were MC classified as non-neoplastic and 75 (37,5%) as
neoplastic lesions. 106 (53%) were histopathologically classified as non-
neoplastic and 94 (47%) as neoplastic lesions. 31 (33%) of the 94 lesions
classified histopathologicaly as neoplastic were mixed adenomas. The
accuracy of MC in the differentiantion of neoplastic from non-neoplastic
lesions in relation to histopathology was 78.5% and difference was
statistically significant (p<0,0001). The conclusion of the study is that MC
cannot replace histopathological examination for the differential diagnosis
between neoplastic and non-neoplastic lesions of the large bowel.
1
1. Introdução
O Câncer Colorretal (CCR) permanece como um problema de saúde
significativo devido a sua alta incidência, gravidade e pela tendência em ser
diagnosticado em estágio avançado (Thompson et al., 1980). É a terceira
neoplasia maligna mais letal (Shike et al., 1990), e representa, nos Estados
Unidos, a lesão maligna mais freqüente do trato gastrointestinal (Hurstone et
al., 2002) a despeito de a maioria dos casos de CCR e das mortes a ele
relacionadas serem evitáveis através de métodos apropriados de
rastreamento (Rex et al., 2000).
A lesão precursora do CCR é o pólipo adenomatoso (Morson et al.,
1976), que freqüentemente tem crescimento lento, com potencial de
malignização proporcional ao tamanho ao componente viloso e ao grau de
displasia.
A colonoscopia convencional (CC) representa o método padrão ouro
para o diagnóstico do CCR e para a detecção e ressecção endoscópica das
lesões precursoras (Habr-Gama et al., 1977; Rex et al., 2000). A
polipectomia endoscópica dos pólipos adenomatosos reduz a mortalidade
por câncer colorretal (Winawer et al., 1993). A CC é recomendada como
método de rastreamento de escolha para a população com idade superior a
50 anos e para toda a população de maior risco para o CCR (Rex et al.,
2000).
2
Apesar da importância da CC na detecção das lesões benignas ou
malignas, reconhece-se que pode haver falha de até 27% na detecção dos
adenomas diminutos (Rex et al., 1997).
A descrição de lesões diminutas como o adenoma plano por Muto et al,
em 1985, e por vários outros pesquisadores japoneses (AdachiI et al., 2000;
Mitooka et al., 1995;Watanabe et al., 1996) e ocidentais (Rubio et al., 1996;
Jaramillo et al., 1995; Torres Neto, 1999; Alves, 2000; Torres Neto, 2001;
Lambert;Chavaillon, 2002), a prevalência de displasia de alto grau para
essas lesões, que tem sido demonstrada como significativamente superior à
observada em lesões polipóides do mesmo tamanho, e o conhecimento de
que a não-detecção de lesões precursoras do CCR pode ocorrer com
freqüência significativa durante a CC apontam para a necessidade de
incremento da sensibilidade da colonoscopia, em especial quando realizada
em situações de rastreamento. A associação da cromoscopia à colonoscopia
e a técnica da colonoscopia com magnificação de imagem (CM) vêm sendo
desenvolvidas para melhorar a acurácia do método para o diagnóstico
qualitativo e quantitativo de lesões colorretais diminutas (Kim;Fleischer,
1997; Kato et al., 2001; Kiesslich et al., 2001; Fujii et al., 2001).
Segundo Lambert;Rey (2001) estudos da microestrutura da superfície
mucosa em seres humanos começaram nas doenças do estômago. A adição
de um zoom ótico à extremidade do fibroscópio teve início há mais de duas
décadas, e o primeiro relato para estudo da mucosa colônica foi publicado
em 1978 (Tada et al, 1978).
3
O desenvolvimento dos endoscópios com alta resolução,
acompanhados de zoom e mecanismos de controle mais eficientes, deu
origem ao colonoscópio com capacidade de aumentar a imagem em até
duzentas vezes. Esse colonoscópio representou um avanço no estudo das
alterações na mucosa colônica, permitindo a observação do tamanho e do
arranjo dos orifícios de abertura luminal das criptas de Lieberkhün e sua
classificação no que se convencionou chamar de padrões de criptas (Kudo
et al, 1994).
Em um curto período de tempo, ambicionou-se alcançar a biópsia
virtual, por meio de uma dedução confiável sobre a natureza histológica das
lesões, se não-neoplásicas ou neoplásicas (incluindo-se o câncer colorretal),
realizável ainda durante o exame endoscópico e antes da ressecção da
lesão (Kudo et al., 1994; Lambert;Rey., 2001). De posse dessa informação,
habitualmente conferida somente após avaliação histopatológica, o
endoscopista estaria mais preparado a optar pela ressecção endoscópica
das lesões classificadas como neoplásicas, desde que em condições
adequadas à ressecção endoscópica, bem como para decidir pela não
excisão das lesões não-neoplásicas, reduzindo custos e riscos associados a
tratamento endoscópico desnecessário (Kudo et al., 1995; Togashi et al.,
1999, Kato et al., 2001).
As experiências sobre a correlação entre o diagnóstico endoscópico
durante a CM, obtido pela análise dos padrões de criptas e o diagnóstico
histopatológico, iniciaram-se no Japão, sob a liderança de Kudo et al. (1994).
Vários outros pesquisadores, em sua maioria japoneses, confirmaram os
4
seus resultados, embora na maioria deles não tenha sido realizada a
avaliação histológica rotineira de todas as lesões, especialmente daquelas
apontadas como não-neoplásicas à inspecção endoscópica (Togashi et al,
1999; Kato et al., 2001; Tung et al., 2001; Hurlstone et al, 2002).
Por outro lado, experiências independentes, realizadas por autores
ocidentais e em nosso meio, empregando a CC com cromoscopia (Torres
Neto, 1999), o colonoscópio de alta resolução (Axelrad, 1996) ou a CM (35X)
(Araújo, 2002) não puderam verificar incremento importante na acurácia do
diagnóstico diferencial entre lesões colorretais neoplásicas e não-
neoplásicas. À exceção da experiência publicada por autores japoneses, a
experiência em nosso meio com a CM empregada com o objetivo de
proceder ao diagnóstico diferencial endoscópico entre lesões neoplásicas e
não-neoplásicas é escassa e não subsidia o entendimento oriental sobre a
importância desse expediente.
Até o momento, não existem critérios endoscópicos amplamente
aceitos pelos especialistas do ocidente para o diagnóstico diferencial entre
pólipos e lesões planas neoplásicas e não-neoplásicas. O padrão-ouro para
o diagnóstico das lesões colorretais permanece sendo o estudo
histopatológico. Essa dificuldade na aceitação e universalização de
conceitos endoscópicos resulta em grande parte da significativa carência de
experiências similares à realizada por pesquisadores japoneses na Europa e
nos Estados Unidos, mas sobretudo em nosso meio.
O objetivo do presente estudo é avaliar a acurácia da CM de alta
magnificação para o diagnóstico diferencial entre lesões neoplásicas e não-
5
neoplásicas do intestino grosso através da comparação entre o diagnóstico
endoscópico e o fornecido pelo exame histopatológico convencional em um
grupo de pacientes examinados em seqüência.
6
2. Objetivo
Avaliar a acurácia da observação do padrão de abertura de criptas de
lesões colorretais planas e polipóides durante a colonoscopia com
cromoscopia e alta magnificação de imagem (até 200X) em relação ao
exame histopatológico no diagnóstico diferencial entre lesões neoplásicas e
não-neoplásicas do intestino grosso em um grupo de pacientes
consecutivamente examinados.
7
3. Subsídios da literatura
3.1 Importância do câncer colorretal
O CCR é a terceira causa de morte por neoplasia no mundo, bem como
no Brasil (Shike et al., 1990, Brasil, 2002). É a principal causa de morte por
câncer no Reino Unido, e a maioria dos casos ocorre em países
desenvolvidos, com taxas de incidência que podem variar de 10 a 20 vezes.
As mais altas taxas (25-35 por 100.000 habitantes) aparecem na América do
Norte, Europa Ocidental e Austrália e as menores taxas (1-3 por 100.000
habitantes), na Índia. Nos países desenvolvidos, é a segunda neoplasia
maligna mais freqüente e, nos países em desenvolvimento, a oitava (Shike
et al., 1990).
A incidência do CCR no Brasil, é maior nas regiões sudeste e sul,
particularmente nos estados de São Paulo e Rio Grande do Sul. A análise da
mortalidade por CCR entre 1979 e 1998 indica que houve aumento de 65%
entre os homens e de 61% entre as mulheres. Na região sudeste, representa
a segunda maior causa de morte por câncer entre mulheres (Brasil, 2002).
O CCR é uma doença com evolução geralmente silenciosa cujos sinais
e sintomas são discretos na fase inicial e só são perceptíveis quando a
doença já atingiu um estado avançado. Aproximadamente 65% dos
pacientes apresentam doença avançada ao diagnóstico (Simmang et al.,
1999). O CCR precoce, em que a invasão se restringe à submucosa,
apresenta os melhores índices de sobrevida, chegando a 97,6%, mas o seu
8
diagnóstico não é comum, atingindo uma incidência de aproximadamente
19% em série recente (Smith et al., 1999).
A taxa de cura cirúrgica dos pacientes com CCR tem mudado pouco
nas últimas décadas, tendo variado de 30 a 50% em diferentes centros
(Morson et al., 1976), podendo chegar, entretanto, a 70% nos centros em
que há especialistas colorretais. A terapia adjuvante tem demonstrado
melhora apenas modesta na sobrevida dos pacientes com CCR avançado
(Swedish Rectal Cancer Trial, 1997).
Contudo o CCR é uma doença prevenível e com evolução lenta, que
resulta de uma acumulação passo a passo de mutações genéticas por um
período de 10 a 20 anos (Dove-Ewin; Thomas, 2001). O conhecimento de
modelos genéticos de desenvolvimento do CCR certamente trará avanços
no futuro, com a identificação de pacientes de alto risco e com o
desenvolvimento de terapias que inibam ou interrompam a evolução dos
tumores. Estudos sobre medidas que atuam nos fatores ambientais,
principalmente os dietéticos, e os sobre quimioprevenção que estão em
andamento também poderão diminuir a incidência da doença.
Os programas de rastreamento endoscópico para pacientes de risco
aumentado representam fator importante para diminuir a mortalidade por
CCR, pois a grande maioria ou talvez a totalidade dos tumores se origina de
uma lesão precursora benigna e de crescimento lento, e a sua retirada evita
a progressão para o câncer (Winawer et al., 1993; Rex et al., 2000).
9
3.2 Carcinogênese colorretal
Existem vários fatores envolvidos na gênese do CCR, como fatores
exógenos (ambientais, dieta e estilo de vida) e hereditários (Bettarello et al,
1980).
forte evidência da influência de fatores ambientais no CCR. Vários
estudos epidemiológicos demonstram que o risco de câncer em migrantes
de áreas de baixo risco para áreas de alto risco aumenta ao nível do risco de
seu novo país na próxima geração e que esse aumento ainda poderia
ocorrer em até uma década apenas. Além disso, as taxas crescentes de
incidência do CCR em países em desenvolvimento nas últimas décadas
provavelmente são o resultado de mudanças de fatores exógenos como a
dieta e o estilo de vida.
O tipo histológico do CCR é na sua quase totalidade o adenocarcinoma.
O adenocarcinoma é constituído por células originadas do epitélio intestinal,
onde, a partir de um único clone, ocorreu o acúmulo de mutações genéticas.
A carcinogênese do epitélio colônico ocorre com a acumulação
gradativa de múltiplas mutações somáticas, que transformam um enterócito
normal em um câncer invasivo. Lesões ambientais causadas pela exposição
a carcinógenos podem desencadear essas mutações. As mutações
envolvem a ativação de proto-oncogens (k-ras, c-myc), mutações nos genes
supressores tumorais (APC, p53) e nos genes reparadores de DNA (hMLH1
e hMSH2), o que resulta em perda de suas funções (Dove-Ewin; Thomas,
2001).
10
As mais precoces mudanças fenotípicas na seqüência podem ser vistas
nos focos de criptas aberrantes (Bird, 1987), que são lesões pré-malignas e
no pólipo adenomatoso colorretal.
Estima-se que, em até 75% dos casos, o CCR pode ser classificado
como esporádico, de caráter não familiar e resultante da ação cumulativa de
agentes carcinógenos sobre a mucosa colorretal. Essa modalidade de CCR
atinge os indivíduos mais comumente após os 60 anos e ocorre sem
associação com outros familiares afetados. Em 6 a 7% dos casos o CCR
tem caráter hereditário, estando associado à síndrome adenomatosa
familiar, ou à síndrome do câncer colorretal hereditário sem polipose.
Apesar do conhecimento de que a prevalência do CCR é muito menor
do que a prevalência dos pólipos adenomatosos, ou seja, de que a maioria
dos adenomas colorretais não se transformará em CCR, é amplamente
aceito que a grande maioria dos casos de CCR se origina a partir de pólipos
adenomatosos pré-existentes (Morson, 1968; Muto et al. 1975, Morson,
1976; Habr-Gama et al., 1977; Hill et al 1978). As principais evidências
indiretas relacionadas à sequência de transformação do adenoma em
carcinoma são:
- a prevalência do carcinoma do intestino grosso segue a distribuição
geográfica dos adenomas.
- o potencial de degeneração maligna de um adenoma aumenta com o
tamanho e o seu grau de displasia.
- focos residuais de adenomas são encontrados contíguos a espécimes de
CCR em ate 27 % dos casos (Morson, 1976).
11
- os casos de CCR ocorrem em uma faixa etária média superior em
aproximadamente 5 anos à dos adenomas.
- aproximadamente um terço dos espécimes cirúrgicos de CCR, apresentam
um ou mais pólipos adenomatosos.
- a retirada dos pólipos adenomatosos através da polipectomia endoscópica
reduz em até 90% a incidência de CCR (Winawer et al, 1993).
12
3.3 Adenoma Plano
O adenoma plano foi primeiramente descrito por Muto et al. (1985). No
estudo, foram apresentadas 33 lesões colorretais com diâmetro inferior a 10
mm, cujo aspecto endoscópico era séssil, com elevação discreta em relação
à mucosa adjacente. Todas as lesões eram, à histopatologia, adenomas
tubulares, nos quais o componente adenomatoso apresentava a espessura
de, no máximo, o dobro da mucosa adjacente, sendo então chamadas de
adenomas planos pelos autores. Os autores relataram 42% de displasia
acentuada nessas lesões. Devido à dificuldade diagnóstica dessas lesões
pelo seu aspecto endoscópico plano, pelo tamanho diminuto e também pela
tendência provável de esses adenomas planos rapidamente se tornarem
carcinomas invasores, os autores advertiram sobre a necessidade de se
reconhecer essas lesões durante os exames de colonoscopia.
Vários estudos japoneses e ocidentais se seguiram após a publicação
pioneira de Muto et al. (1985), com resultados bastante díspares.
Wolber; Owen (1991), em estudo realizado no Canadá com 29
adenomas planos, encontraram displasia de alto grau em 41% dos casos.
Outro estudo prospectivo, realizado no Japão com 31 adenomas planos,
observou displasia acentuada em 13 adenomas (48,1%) (Karita et al., 1993).
Matsumoto et al. (1995) encontrou displasia de alto grau em 20 % de 74
adenomas planos.
Estudo epidemiológico sobre o adenoma plano realizado nos Estados
Unidos, sugere que ele não seria tão incomum como se supunha
13
anteriormente à publicação de Muto et al. (1985) e que a prevalência
atingiria até 12% da população com idade média de 61 anos. Essa
prevalência seria similar à esperada para adenomas polipóides em pacientes
da mesma idade, mas esse mesmo estudo indica ser improvável encontrar
índices de 40 % de displasia de alto grau em adenomas planos (Lanspa et
al., 1992).
Por outro lado, estudo do The National Polyp WorkGroup dos Estados
Unidos (O’Brien et al., 1990), com 3371 adenomas de 1867 pacientes
demonstrou a prevalência de apenas 1,1% de displasia de alto grau em
adenomas menores do que 10 mm de diâmetro.
Estudo realizado com 109 adenomas planos na Suécia mostrou a
prevalência de 12% de displasia de alto grau nessas lesões, mas os
adenomas planos com depressão central apresentariam 43% de displasia de
alto grau, sugerindo ser esse o principal marcador endoscópico para
displasia de alto grau (Jaramillo et al., 1995)
O próprio grupo de Muto, em estudo posterior, relatou que muitas das
elevações planas diminutas na verdade são lesões não-neoplásicas e o
diagnóstico de adenoma plano só deve ser feito através do estudo
histopatológico. As elevações planas não-neoplásicas mostram baixo grau
de displasia, o que explicaria os diversos estudos com taxas baixas de
displasia de alto grau para essas lesões. Segundo os autores, as elevações
planas com diâmetro maior ou igual a 6 mm apresentam proporções mais
altas de adenomas, ao contrário de lesões com diâmetro menor do que 5
mm, que seriam, em sua maioria, lesões não-neoplásicas, com baixo grau
14
de displasia (Watanabe et al., 1993). Outro estudo do mesmo grupo de
Muto, com 236 adenomas planos, mostrou a presença de displasia de alto
grau em 11,8% dos casos e indicou que a depressão central nessas lesões
estaria relacionada mais comumente a displasia de alto grau (Adachi et al.,
2000).
Apesar de existirem evidências da prevalência elevada de displasia de
alto grau nos adenomas planos, a possibilidade de haver discrepância no
diagnóstico histopatológico, inclusive de terminologia, é conhecida e pode
ser significativa, mesmo entre patologistas experientes em diagnóstico de
lesões colorretais, assim como no diagnóstico do câncer precoce (Uno et al.,
1994; Rubio et al., 1996; Rex et al, 1999; Jensen et al., 1999).
Estudo realizado por Schlemper et al. (1998) sobre as diferenças entre
critérios diagnósticos utilizados por patologistas japoneses e ocidentais
apresentou resultados impressionantes. Houve discrepância no diagnóstico
definitivo de carcinoma feito em 20 % dos casos por patologistas ocidentais
e, em 64 %, por patologistas japoneses, com concordância final, para
câncer, após tomada de opinião da maioria dos patologistas ocidentais e
japoneses, em apenas 9 de 20 lesões. As características nucleares e
glandulares foram os principais critérios utilizados pelos patologistas
japoneses e a invasão da submucosa, o principal critério utilizado por
patologistas ocidentais. De acordo com a Organização Mundial de Saúde,
(Jass et al.,1990) só será considerado câncer quando já houver invasão da
camada muscular da mucosa no caso do intestino grosso e do reto, uma vez
15
que o risco de metástases é nulo quando não há invasão da submucosa, ao
contrário do câncer gástrico, em que o risco é de 2 a 4% nessas situações.
Os patologistas ocidentais restringiriam o termo “carcinoma” para
quando houver invasão da submucosa para evitar o excesso de tratamento
cirúrgico para lesões em que a ressecção endoscópica seria suficiente,
embora, patogeneticamente, as características de invasão carcinomatosa
tenham sido adquiridas no estágio intramucoso. Os autores concluem
dizendo que, do ponto de vista morfológico, o termo “carcinoma mucoso”
poderia ser utilizado, mas enfatizando que o tratamento endoscópico seria
suficiente nesses casos.
Essa dificuldade de padronização do diagnóstico torna os estudos
epidemiológicos e os estudos de recorrência do adenoma ou do câncer
menos confiáveis, dificultando enormemente a comparação dos resultados
dos estudos ocidentais com os dos japoneses. Esforços no sentido da
uniformização de terminologias entre os patologistas, endoscopistas e
cirurgiões ocidentais e japoneses têm sido feitos recentemente, como a
classificação de Viena de 1998 e a classificação endoscópica de Paris, em
2002, para lesões neoplásicas superficiais do cólon, esôfago e estômago.
De acordo com essas classificações de consenso, o termo adenoma e
displasia seriam substituídos por neoplasia intra-epitelial. Haveria três
subdivisões com graduações de não invasiva de baixo grau, não invasiva de
alto grau e câncer com invasão da lâmina própria.
Com relação à prevalência dessas lesões, Rubio et al. (1995)
realizaram pesquisa para comparar a prevalência de adenomas planos com
16
displasia de alto grau na população japonesa em relação à população sueca.
Estudaram 237 adenomas planos detectados em 109 pacientes
provenientes do Karolinska Hospital (Suécia), 137 provenientes da Tokyo
Medical and Dental University e 41 do Câncer Institute (Japão), todos
analisados por apenas um patologista com treinamento em patologia no
ocidente e na Ásia. Encontraram a freqüência de displasia de alto grau em
14,7%, 56,9% e 56,1% respectivamente e concluíram ser seguro afirmar que
a proporção de lesões com displasia de alto grau e com adenocarcinoma é
maior no Japão do que na Suécia. Não é conhecido o motivo para essa
diferença. Por outro lado, estudo prospectivo realizado em Leeds, na
Inglaterra, por colonoscopista europeu treinado no Japão, resultou no
achado de 36% de adenomas planos entre 321 adenomas encontrados em
1000 colonoscopias consecutivas e, em 31 adenomas (10%), havia displasia
de alto grau (Rembacken et al., 2000).
Com relação aos aspectos genéticos, a incidência de mutação do proto
oncogen K-ras é de 23% nos adenomas planos, 67% nos adenomas
polipóides e de 76% nos cânceres, sugerindo que a seqüência adenoma-
carcinoma dos adenomas planos, seria diferente em relação aos adenomas
polipóides e que mudanças genéticas podem ser heterogêneas na
carcinogênse colorretal (Yamagata et al., 1994; Watanabe et al., 2000). Não
existe diferença significativa com relação às taxas de mutação do gen
supressor tumoral p53 (Watanabe et al., 2000).
Os fatores de risco para o aparecimento do adenoma plano são
desconhecidos, assim como a história natural da sua evolução. Pode-se
17
inferir que os adenomas planos com depressão central são maiores em
tamanho e que apresentam uma incidência significativamente maior de
degeneração maligna do que os adenomas planos sem depressão central
(Adachi et al., 2000).
18
3.4 Câncer de novo
A partir do trabalho pioneiro de Muto et al. (1985), sobre a descrição do
adenoma plano e da incidência elevada de displasia de alto grau nessas
lesões, comparativamente maior do que em lesões polipóides com diâmetro
semelhante, iniciou-se especulação a respeito da gênese de novo para o
CCR, como alternativa à seqüência clássica adenoma-carcinoma.
Na verdade, evidência direta e definitiva para a seqüência adenoma-
carcinoma é de difícil obtenção, pois a polipectomia endoscópica interrompe
a evolução dos pólipos adenomatosos diagnosticados.
Os pólipos de pacientes com retocolite ulcerativa com mais de 10 anos
de evolução, evidenciados durante colonoscopia de controle, são em sua
maioria morfologicamente planos (Jaramillo et al., 1996), e os cânceres
encontrados nesses pacientes parecem se desenvolver a partir de mucosa
displásica plana (Riddell, 1984).
Estudo sobre a carcinogênese colorretal experimental com 1,2-
Dimethylhydrazine em ratos, realizado por Maskens (1976), demonstrou que,
em 238 adenocarcinomas diagnosticados, nenhuma seqüência adenoma-
carcinoma pode ser demonstrada. Pories et al. (1993) relataram que, em
estudos de carcinogênse colorretal com ratos, podem ocorrer tumores
polipóides, apesar de os adenomas serem pouco freqüentes e muitos dos
CCR não apresentarem componente adenomatoso.
Acredita-se que os focos de criptas aberrantes descritos por Bird
(1987), induzidos em ratos por injeções de azoxymethano e posteriormente
19
identificados e descritos em humanos, representam a alteração morfológica
mais precoce do processo neoplásico (Pretlow et al, 1991). Foram
observados mais focos de criptas aberrantes na mucosa de pacientes com
CCR do que na mucosa de pacientes sem CCR em autópsias (Pretlow et al,
1991).
O fato de muitos CCR serem deprimidos e não apresentarem
morfologia polipóide (Kudo et al., 1995) e de apenas 27% dos
adenocarcinomas apresentarem tecido adenomatoso contíguo (Morson,
1976), levou vários patologistas e endoscopistas japoneses a postularem a
via de novo como a principal na carcinogênse colorretal (Kudo et al., 1995;
Kuramoto;Oohara, 1989; Wada et al., 1996) e mesmo em nosso meio
(Parada et al, 1999).
Kuramoto;Oohara (1989), afirmaram que 91,9% dos CCR se originam
de mucosa sem componente adenomatoso, apesar de apenas 22 (59,5%)
apresentareminvasão da submucosa, entre 37 lesões planas estudadas. Em
15 lesões (40,5%), o adenocarcinoma seria limitado apenas à mucosa.
Ueta et al., 2000, descreveram um caso de CCR com invasão
subserosa localizado no ceco, com apenas 4 mm de diâmetro na superfície
e 10 mm na submucosa e muscular própria.
As lesões planas e deprimidas apresentariam as maiores taxas de
invasão da submucosa, chegando a 50% com o diâmetro variando entre 6 e
10mm (Kudo et al, 1995).
Entretanto Muto et al. (1997), em revisão histórica sobre a
carcinogênese colorretal, relataram que obviamente o carcinoma que se
20
origina em um adenoma plano pode ser postulado como carcinoma que se
desenvolveu de novo, porque são mínimas as chances de haver algum
tecido adenomatoso coexistente em uma lesão plana e diminuta, mas até
que uma alteração genética específica para o carcinoma de novo seja
detectada, esta via da carcinogênese seria apenas uma entidade imaginária.
Uma explicação possível para o que parece ser o câncer de novo é que
todas as alterações genéticas podem acontecer rapidamente, sem
possibilidade de que mudanças morfológicas ocorram como na seqüência
adenoma-carcinoma.
Smyrk;Lynch (1997), em editorial, discordaram frontalmente do termo
de novo como uma via da carcinogêse, o que invalidaria a seqüência
adenoma-carcinoma. O adenoma seria uma coleção de criptas displásicas e
a sequência displasia-carcinoma talvez fosse a melhor definição do processo
de carcinogênse. As mudanças moleculares e suas seqüelas histológicas
podem formar uma lesão polipóide ou plana, uma lesão grande ou pequena,
uma lesão de progressão rápida ou lenta. Concluiram que o termo de novo é
apenas uma discordância semântica.
21
3.5 Adenoma misto (serrilhado)
Os adenomas mistos representam combinações de lesões
hiperplásicas e adenomatosas. Todas as lesões apresentam lumens em
“dente de serra”, como os pólipos hiperplásicos e células displásicas com
núcleo hipercromático, polimorfismo nuclear, aumento na proporção nuclear-
citoplasmática e estratificação semelhantes às do adenoma. São também
denominados como adenomas serrilhados (Rosai., 2004).
Não está claro se estas lesões se desenvolvem a partir de pólipos
hiperplásicos que adquirem características displásicas ou se já se iniciam
com estas características histológicas peculiares (Rubio et al., 2002). Sua
característica mais importante é que elas podem conter áreas de displasia
severa, carcinoma in situ ou até mesmo carcinoma invasivo (Urbanski et al.,
1984). Há quem acredite que possam representar uma via de carcinogênese
própria, distinta da tradicional seqüência adenoma-carcinoma (Lambert et
al., 2001; Rubio et al., 2002). A displasia severa, quando presente, está
tipicamente localizada na parte basal da lesão, em contraste com a maioria
dos adenomas que, quando apresentam displasia severa, tem-na localizada
superficialmente (Fenoglio-Preiser, 1988).
A diferenciação endoscópica dessas lesões é difícil e a colonoscopia
com magnificação de imagem pode ser uma ferramenta útil no diagnóstico
diferencial com pólipos hiperplásicos (Morita et al., 2001; Lambert et al.,
2001).
22
3.6 A cromoscopia como método auxiliar da colonoscopia no
diagnóstico de lesões colo-retais
A cromoscopia refere-se ao uso de compostos químicos, como
corantes e/ou agentes de contraste para realçar alterações sutis do epitélio
gastrointestinal.
A utilização da cromoscopia durante o exame de colonoscopia tem por
objetivo diminuir as taxas de não-detecção de lesões colorretais,
particularmente das lesões diminutas e os adenomas planos. Também a
possibilidade de se prever o diagnóstico histopatológico das lesões do
intestino grosso a partir da observação detalhada da mucosa por
colonoscopia tanto em aparelhos de fibroendoscopia, vídeocolonoscopia
convencional, de alta resolução e com magnificação de imagem (CM),
levaram os colonoscopistas a aplicar técnicas de cromoscopia.
Os corantes podem ser instilados diretamente sobre a lesão
identificada, com o objetivo de realçá-la (Tada et al., 1976), através de
cateteres apropriados ou até mesmo pela simples injeção por seringa
através do canal operador do colonoscópio. Mitooka et al. (1992)
desenvolveram um método de cromoscopia no qual o corante (índigo
carmim) era adicionado em cápsulas ao preparo intestinal dos pacientes
antes da realização da colonoscopia.
23
Os corantes empregados podem ser divididos em três categorias (Kim;
Fleischer, 1997; Araújo, 2002):
1. Corantes absortivos ou vitais: são absorvidos seletivamente pela
superfície mucosa ao penetrarem no interior da célula epitelial e ao se
ligarem a constituintes celulares específicos. São exemplos de corantes
absortivos o lugol, o azul de metileno e o cresil-violeta;
2. Corantes reativos: são os corantes que sofrem reações químicas na
presença de produtos celulares. O vermelho congo muda de vermelho para
azul ou preto quando o pH é inferior a 3;
3. Corantes de contraste: não são absorvidos pelo epitélio e realçam o
micro-relevo da superfície epitelial por simples deposição ou acúmulo em
suas depressões. O principal corante empregado no cólon é o índigo-carmim
que é derivado do índigo (pigmento azul vegetal) e do carmim (corante
vermelho purificado), extraído dos ovos de um inseto (Coccus cacti) tropical
(Torres Neto, 1999).
A cromoscopia de contraste através do índigo-carmim é um avanço
fundamental para a detecção e caracterização de pólipos e lesões plano -
elevadas diminutas e a possibilidade de diferenciação entre pequenas
lesões neoplásicas e lesões hiperplásicas (não-neoplásicas), fazendo com
que apenas as lesões neoplásicas sejam ressecadas, reduzindo assim
custos, tempo dos exames colonoscópicos e diminuindo as complicações
relacionadas às biópsias. A cromoscopia vem sendo empregada tanto
24
quando se utilizam colonoscópios convencionais ou aparelhos de alta
resolução de magnificação de imagens.
Figura 1. Aspecto endoscópico de lesão séssil (Is) adenomatosa antes e após
a cromoscopia com índigo-carmim à 1%.
Figura 2. Aspecto endoscópico de lesão plana (IIb) antes e após a
crosmoscopia com índigo-carmim à 1%
Figura 3. Aspecto endoscópico de lesão plana (IIb), antes e após a
cromoscopia com índigo-carmim à 1%.
25
George et al. (1994) apresentaram estudo com o uso do índigo-carmim
em sigmoidoscopias de rastreamento em 41 pacientes e relataram acerto de
apenas 50,6% em prever a histopatologia das lesões com menos do que 5
mm de diâmetro. Concluíram, nesse estudo, que o índigo-carmim com a
endoscocopia não é seguro para prever a histopatologia das lesões.
Jaramillo et al. (1995) detectaram 109 lesões colo-retais planas
neoplásicas em 55 de 232 pacientes estudados através do uso de um
colonoscópio de alta resolução associado à solução de índigo-carmim a
0,5%. Os autores relatam que as características endoscópicas das lesões
diminutas neoplásicas e não-neoplásicas são as mesmas, exceto por leve
vermelhidão da mucosa. Adenomas mistos (serrilhados) foram encontrados
em 9% das lesões neoplásicas planas. E, ao contrário de estudos anteriores,
em sua maioria japoneses, nesse estudo, a taxa de lesões com displasia de
alto grau e de câncer foi menor nos pólipos planos neoplásicos do que nos
pólipos sésseis e pediculados.
Axelrad et al. (1996) utilizaram colonoscópio de alta resolução
associado ao indigo-carmim em 58 lesões e encontraram 96% de acurácia
diagnóstica para lesões adenomatosas e 88% para lesões hiperplásicas. O
mesmo grupo da Georgetown University (Washington, EUA) publicou estudo
com um colonoscópio de alta resolução e outro com magnificação de 1,5 X,
associados ao índigo-carmim em 24 pacientes, quando se encontraram 55
lesões. A acurácia global do estudo para diferenciar lesões adenomatosas
de não adenomatosas foi de 82%. (Axelrad et al., 1996).
26
Em nosso meio, Torres Neto (1999) avaliou os resultados da
colonoscopia convencional utilizando o índigo-carmim a 0,5% para o
diagnóstico diferencial de lesões neoplásicas e não-neoplásicas em 49
lesões planas e plano-elevadas e obteve acurácia global de 83,7%.
Nakao et al. (2002) utilizaram colonoscópio convencional com índigo-
carmim a 1% em 133 lesões encontradas em 53 pacientes. Os resultados
mostraram acurácia de 65,1% no diagnóstico de lesões neoplásicas e
levaram os autores a concluir que a colonoscopia convencional associada à
cromoscopia com índigo-carmim não é método confiável no diagnóstico
diferencial endoscópico do tipo histológico das lesões colônicas.
Averbach et al. (2003) utilizaram colonoscópio de alta resolução
associada à cromoscopia com índigo carmim em 74 lesões polipóides
encontradas em 54 pacientes e encontraram acurácia global do método de
79,7%, concluindo que deve haver cautela na aplicação clínica da
cromoscopia com colonoscópio de alta resolução.
27
3.7 Colonoscopia com magnificação de imagem
A superfície da mucosa colônica aparenta um aspecto granular e é
dividida pelos sulcos inonimados em áreas colônicas. Esse aspecto granular
é resultado da presença dos orifícios de abertura das criptas de Lieberkuhn
(do inglês, pit), as quais são as glândulas intestinais e são circunscritas
pelos sulcos inonimados. O diâmetro de abertura de cada orifício é de 40 a
50 µm e existem de 40 a 60 orifícios em cada área colônica (Tada-Kawai,
1986).
Nós não podemos observar as áreas colônicas através da CC devido
às limitações do sistema óptico. Com a adição de um contraste azul como o
índigo-carmim ou o azul de metileno pelo canal operador do colonoscópio
(cromoscopia), os sulcos inonimados podem ser visualizados. Entretanto os
orifícios de abertura das criptas não são detectados à CC, mesmo com a
cromoscopia (Tada-Kawai, 1986).
dois tipos de colonoscópios com magnificação de imagem
disponíveis. O primeiro tipo tem um sistema ajustável de foco por meio do
qual se obtém não apenas a imagem convencional mas também uma
ampliada na qual a superfície mucosa é magnificada em 10 a 35 vezes. O
outro tipo apresenta dois sistemas óticos controlados no comando do
colonoscópio, um é o convencional e o outro apresenta ultra-magnificação
de até 170 vezes (Fleischer, 1999).
28
A resolução de uma imagem endoscópica é uma qualidade distinta da
magnificação. Os colonoscópios de alta resolução aumentam a habilidade
em discriminar detalhes. Se um colonoscópio com resolução padrão varia de
100.000 a 200.000 pixels, os aparelhos com alta resolução apresentam mais
de 410.000 pixels.
Os primeiros relatos do uso de fibrocolonoscópio com magnificação de
imagem foram feitos no Japão por Tada et al., (1978). Foi utilizado um
aparelho com capacidade de magnificação da imagem em até 10 vezes
quando associado a cromoscopia com azul de metileno (0,2 a 1%). Os
autores descreveram as alterações mucosas dos orifícios de abertura de
criptas em 104 lesões polipóides e as dividiram em seis categorias: o padrão
de criptas do tipo circular esteve mais comumente relacionado à
histopatologia hiperplásica; o padrão com sulcos esteve associado à
histopatologia adenomatosa e o padrão irregular de criptas, ao câncer
avançado. O câncer precoce estaria associado tanto a padrões de sulcos
como ao irregular.
Em 1980, Nishizawa et al. apresentaram estudo com fibrocolonoscópio
com capacidade de magnificação de 30 vezes associado à cromoscopia com
azul de metileno a 0,3% em 28 pacientes. Relataram os resultados tanto em
lesões polipóides, como em mucosa colorretal considerada normal e
também os da observação com o microscópio de dissecção
(estereomicroscópio) da mucosa colorretal vizinha a carcinomas presentes
em espécimes cirúrgicos. Concluíram que as alterações do padrão de criptas
29
descobertas pela CM apresentavam alta correlação com os achados com o
microscópio de dissecção.
Também Thompson et Enterline (1981) apresentaram estudo com
microscópio de dissecção com magnificação de até 30 vezes, tendo utilizado
o azul trypan a 1% como agente de contraste. Foram avaliadas 187 lesões
colônicas e foram utilizados 5 critérios para a presença ou ausência de
adenoma, tipo do adenoma presente, presença de displasia ou carcinoma in
situ e presença de carcinoma invasivo. Ao exame histopatológico,
encontrou-se uma acurácia de 94% em distinguir lesões não adenomatosas
de lesões adenomatosas. O estudo sugere que a arquitetura macroscópica
de várias lesões é única e que isso poderia ser utilizado para o diagnóstico e
aplicado à colonoscopia com magnificação de imagem.
De todas as classificações endoscópicas, para caracterização
macroscópica das lesões colorretais a de maior aceitação, foi a proposta por
Kudo (1993). Segundo Kudo, o padrão de criptas do tipo I (normal ou
arredondado) é observado não somente em áreas da mucosa livres de
doença, mas também na mucosa que recobre tumores submucosos, como
lipomas ou leiomiomas e em pólipos inflamatórios. O padrão de criptas do
tipo II (estrelado) é característico de pólipos hiperplásicos. O padrão de
criptas do tipo IIIL (tubular grande) está mais freqüentemente associado a
lesões neoplásicas (adenomas) protusas. O padrão de criptas do tipo IIIS
(tubular pequeno) está associado a lesões neoplásicas deprimidas. O
padrão IV está mais freqüentemente associado a adenomas com histologia
envolvendo componente viloso ou mesmo casos de carcinoma intramucoso.
30
O padrão de criptas do tipo V (irregular ou desestruturado), segundo
Kudo(1993), está quase sempre associado a neoplasias, em especial com
invasão da submucosa. A classificação de Kudo está representada na figura
4.
Figura 4: Classificação dos padrões de criptas conforme Kudo (1993).
Reproduzido com permissão de Kudo S. Early Colorectal Cancer. Tokyo,
Igaku-Shoin, 1996.
I
Padrão normal da mucosa, com criptas
arredondadas de 0,07 0,02 mm. Não se
observa desarranjo estrutural (amorfismo
negativo).
II
Criptas um pouco maiores (0,09 0,02 nm)
com configuração regular e formato
estrelado ou papilar. É o padrão de cripta
básico das lesões hiperplásicas.
IIIs
Criptas tubulares ou arredondadas, menores
que as normais (0,03 0,01 mm),sendo padrão
de cripta básico das neoplasias deprimidas.
Associa-se freqüentemente ao tipo V em
lesões cancerosas.
IIIL
Criptas tubulares ou arredondadas maiores
que as normais (0,22 0,09). É o padrão básico
dos adenomas protrusos.
IV
Criptas tortuosas ramificadas ou gyrus-like,
com tamanho de 0,93 0,32 mm. Observadas
em lesões polipóides tipo Ip, Isp e Is. Uma
estrutura em coral com aparência "felpuda"
é típica de adenoma viloso.
V
Padrão de criptas com superfície irregular e
desarranjo estrutural, sendo o padrão básico
do câncer submucoso e avançado.
31
Kudo et al. (1994) apresentaram estudo com 14023 pacientes
submetidos a colonoscopia entre 1987 e 1993, quando foram realizadas
4329 polipectomias, 1413 mucosectomias e 237 ressecções cirúrgicas. As
lesões foram observadas em CM (60X) e estereomicroscopia (60X). As
criptas com padrão regular circular (tipo I) foram diagnosticadas como
normais em 100% das vezes. As lesões com padrão de abertura circular
com diâmetro pequeno de abertura das criptas (tipo IIIs) apresentaram em
72% das vezes diagnóstico limítrofe como malignas e, em 28%, como
adenocarcinomas. As lesões com padrão de criptas do tipo estrelar (tipo II)
foram diagnosticadas como hiperplásicas ou, em alguns casos, como
adenomas mistos serrilhados. Todas as lesões com padrão de criptas do
tipo tubular grande (tipo IIIL) ou ramificado (tipo IV) foram diagnosticadas
como adenomas. Todas as lesões com padrão de criptas irregular ou
desestruturado (tipo V) eram adenocarcinomas, segundo os autores.
Kudo et al. (1996) correlacionaram 2050 lesões colorretais
diagnosticadas por CM, estereomicroscopia e histopatologia e classificaram-
nas de acordo com o padrão de abertura das glândulas. Foi utilizado
colonoscópio com magnificação de 100 vezes e a acurácia para o
diagnóstico da CM, comparado à estereomicroscopia para 1387 lesões foi
de 81,5%. Entretanto, apesar da afirmação dos autores de que é possível o
diagnóstico diferencial das lesões neoplásicas das não-neoplásicas, essas
lesões não foram incluídas na casuística, não sendo possível saber a
acurácia da CM para esse fim, uma vez que não sabemos os resultados do
exame histopatológico, que é o padrão-ouro para tal.
32
Togashi et al. (1999) publicaram estudo com 1280 pacientes, no qual
foram analisados 923 pólipos com CM de até 100 vezes, cromoscopia com
índigo-carmim a 0,2% e cresil-violeta a critério do examinador, para avaliar a
eficácia da CM para o diagnóstico diferencial de lesões neoplásicas e não-
neoplásicas do intestino grosso. Em 42 lesões analisadas pela CM, o padrão
de criptas não pôde ser definido. As lesões foram classificadas
endoscopicamente como não-neoplásicas quando o padrão das criptas foi
dos tipos I e II, conforme a classificação de Kudo (1993) e, como
neoplásicas, quando o padrão de criptas foi dos tipos III, IV e V. A acurácia
para o diagnóstico diferencial entre lesões neoplásicas e não-neoplásicas foi
de 88,4%. Em 23 lesões que foram diagnosticadas como não-neoplásicas
endoscopicamente, o diagnóstico histopatológico foi de adenoma com
displasia leve. Nesse estudo, os autores relatam que as lesões com aspecto
endoscópico de não-neoplásicas (pálidas, sésseis e com tamanho menor do
que 5 mm) à observação regular foram excluídas do estudo e não foram
coradas e nem avaliadas à magnificação. Os autores pensam que, se essas
lesões não tivessem sido excluídas do estudo, os resultados seriam
melhores.
Tung et al. (2001) apresentaram estudo semelhante com o objetivo de
diferenciar lesões colorretais neoplásicas de lesões não-neoplásicas através
da CM com até 100 vezes, associada à cromoscopia com índigo-carmim à 2
%. Foram incluídos 141 pacientes consecutivos, cujas lesões, 175 no total,
foram excisadas e analisadas. A acurácia global do estudo foi de 80,1% para
o diagnóstico diferencial entre lesões neoplásicas e não-neoplásicas. Os
33
autores concluem que a análise do padrão de abertura das criptas através
da CM e cromoscopia é uma ferramenta útil, mas que, no estágio atual de
desenvolvimento a técnica, não pode substituir a histopatologia.
Kato et al. (2001) realizaram estudo retrospectivo com 4445 pacientes,
CM com até 100 vezes e cromoscopia com índigo carmim a 0,2%. Foi
avaliada a acurácia para lesões não-neoplásicas e o padrão de criptas dos
tipos I e II de Kudo (1993); a acurácia para o diagnóstico de adenoma e os
padrões III e IV e da associação entre o padrão V e o diagnóstico de
adenocarcinoma. Durante esse estudo, 3438 lesões foram excisadas e
submetidas a análise histopatológica. Os autores descrevem que as lesões
com características claramente não-neoplásicas não foram coradas e
magnificadas, tendo sido excluídas do estudo. A acurácia global para a
determinação da histopatologia a partir do padrão de criptas foi de 93%.
Contudo, verificou-se que, para as lesões dos tipos I e II (não-
neoplásicas), com relação ao diagnóstico histopatológico, a acurácia foi de
apenas 75%. Ou seja, 25% das lesões classificadas à CM como não-
neoplásicas, na verdade eram neoplásicas. Os autores argumentam que, se
as lesões claramente não-neoplásicas excluídas do estudo houvessem sido
submetidas à cromoscopia associada à CM, excisadas e posteriormente
submetidas a análise histopatológica tivessem sido contabilizadas, os
resultados poderiam ser melhores.
Kudo et al. (2001), em revisão sobre o assunto, relataram que em
12104 lesões, 726 foram classificadas à CM como lesões não-neoplásicas;
porém em 29% dessas lesões, o diagnóstico histopatológico foi de adenoma.
34
Konishi et al. (2003) compararam a CC e a CM para o diagnóstico de lesões
colorretais em estudo prospectivo, randomizado, com 660 pacientes. A
magnificação foi de até 100 vezes nesse estudo e foi utilizado o índigo-
carmim a 2% como corante. O estudo apresenta uma acurácia global de
92% para a CM e, de 68%, para a CC para o diagnóstico diferencial das
lesões não-neoplásicas das neoplásicas. Contudo, quando se observam as
lesões com até 5 mm, a acurácia da CM diminui para 88%. Os autores
concluem que, a não ser que o diagnóstico diferencial seja perfeito para as
lesões colorretais, a colonoscopia com magnificação de imagens será de
utilidade limitada, pois algumas lesões neoplásicas não serão tratadas
adequadamente.
Recentemente, o grupo de Kudo publicou estudo que concluiu que,
para endoscopistas experientes, a concordância intra e inter-observador é
boa para a CM associada à cromoscopia para o diagnóstico endoscópico de
lesões colorretais, quando se utiliza a classificação de abertura de criptas
proposta por Kudo, sendo a acurácia para o padrão do tipo II (não-
neoplásico) de 95,5% em relação ao diagnóstico histopatológico (Huang et
al., 2004). Entretanto, nesse estudo bem como de outros autores japoneses
(Kato et al., 2001; Togashi et al, 1999), as lesões que claramente ao
diagnóstico endoscópico apresentavam padrão tipo I e II (não-neoplásicas),
não foram ressecadas ou biopsiadas para estudo histo-patológico. Para
Kudo e seus colaboradores, mesmo as pequenas lesões protusas do tipo IIIL
(neoplásicas), por apresentarem baixo potencial de degeneração maligna,
não deveriam também ser ressecadas, mas apenas seguidas em exames
35
colonoscópicos de controle. Naquele estudo (Huang et al., 2004) tampouco
havia diagnóstico histopatológico para todas as outras lesões, tendo havido
apenas como objetivo a concordância ou não com o diagnóstico
endoscópico entre os participantes do estudo (Huang et al., 2004).
36
4. Casuística e método
4.1 Casuística
O projeto foi executado no Serviço de Endoscopia Digestiva do Instituto
de Cirurgia e Gastroenterologia Professor José Guerra Pinto Coelho, em
Belo Horizonte, Minas Gerais.
Foram realizadas, seqüencialmente, 526 colonoscopias no período de
abril de 2002 a outubro de 2003. Para constituir a presente casuística de 120
pacientes, seguiram-se os critérios de inclusão:
1. idade para ambos sexos igual ou maior do que 40 anos;
2. indicação do exame colonoscópico a critério do médico do paciente;
3. presença de pólipos no exame colonoscópico.
Houve critérios de exclusão na seqüência dos exames, tendo-se
afastado pacientes com:
1. vigência de terapia anticoagulante ou antiagregante plaquetária;
2. condições inadequadas de preparo intestinal;
3. presença de doença inflamatória intestinal;
4. impossibilidade de realizar a colonoscopia completa;
Dentre os exames realizados, foram encontradas lesões polipóides e
não polipóides em 120 pacientes, totalizando 200 lesões.
37
4.2 Método
Todos os pacientes foram submetidos à consulta médica anterior à
realização dos exames, pelo autor, com a finalidade de prestar
esclarecimentos sobre o exame e para identificar potenciais contra-
indicações clínicas para a realização do procedimento.
O preparo intestinal empregado foi com o Polietilenoglicol 4000 (PEG
4000), conforme descrito por Cotton; Williams (1996).
A indicação de antibioticoprofilaxia atendeu às orientações publicadas
pela American Society for Gastrointestinal Endoscopy (ASGE, 1995).
Todos os exames de videocolonoscopia foram realizados pelo autor,
que foi o único examinador, em condições eletivas, em regime ambulatorial.
Foi realizada sedação consciente por médico anestesiologista, sob
monitorização contínua por oximetria de pulso, pressão arterial não invasiva
e eletrocardiograma contínuo, de acordo com as normas vigentes do
Conselho Federal de Medicina para realização de procedimentos
endoscópicos em nível ambulatorial.
A posição inicial do paciente empregada para a realização dos exames
foi o decúbito lateral esquerdo. Em alguns casos, foi também empregado o
decúbito dorsal ou decúbito lateral direito, de acordo com as dificuldades
técnicas encontradas para a progressão do aparelho.
A técnica empregada para a realização do exame colonoscópico foi a
de Kudo (1996), que é a técnica padronizada no serviço.
38
Para a sedação, foi empregada a combinação de midazolan, diprivan e
fentanil, administrados por via endovenosa nas doses de 0,05 mg/kg, 0,5 a
1,2 mg/kg e 0,005 mg/kg, respectivamente. Foi utilizada suplementação de
oxigênio por cateter nasal de rotina, na dose de 3 litros por minuto. Todos os
pacientes permaneceram em sala de recuperação pós-anestésica, em
repouso, sob observação médica e de enfermagem por aproximadamente 60
minutos, antes de serem liberados para retorno ao domicílio, sob
acompanhamento responsável, com orientações médicas por escrito e com
telefones de contato para casos de intercorrências (CFM 1670/03).
39
4.2.1 Técnica da colonoscopia com magnificação de imagem
(CM).
Para a realização da CM, foi empregado o vídeocolonoscópio de alta
resolução com magnificação de imagem Fujinon (Fuji Photo-Optical Co. Ltd.,
Saitama, Japão) série 450, tubo de inserção EC 450ZH CM, processadora
de imagens EVE Sigma 400, fonte de luz com lâmpada de xenônio de 300W
e monitor de vídeo colorido com tela de 20” Sony PVM 20N6U(Sony
Corporation, Tóquio, Japão) com resolução de 700 linhas horizontais.
Esse equipamento dispõe de alta resolução - 410.000 pixels -
(Jaramillo et al., 1995; Axelrad et al., 1996) e proporciona magnificação
óptica progressiva de até 100x, associada à magnificação digital de 2x,
acionadas pelo examinador. Com o uso combinado da magnificação óptica e
digital, é possível obter magnificação total de 200x.
Durante a CM, após a identificação de lesão na mucosa colorretal, o
muco intestinal que recobre a lesão era removido com jato frontal de solução
de N-acetilcisteína a 2%. Era, então, realizada a cromoscopia com a
administração de índigo-carmim a 1%, injetado por meio de seringa
conectada diretamente ao canal de jato frontal do aparelho. O tamanho da
lesão era estimado pelo tamanho de uma pinça de biópsia aberta. Após
adequada distribuição do contraste sobre a lesão identificada, a
magnificação de imagem era acionada pelo examinador até o limite de 200x.
40
O padrão de criptas era avaliado e registrado. Para a determinação do
padrão de criptas, empregou-se a classificação proposta por Kudo (1993).
Toda lesão identidificada com exceção de uma, foi ressecada.
Foi estudada a correlação entre o diagnóstico endoscópico à
magnificação de imagem e o diagnóstico histopatológico ou,
especificamente, a acurácia da avaliação do padrão de criptas à
magnificação para o diagnóstico diferencial entre lesões neoplásicas e não-
neoplásicas. Avaliou-se a acurácia da associação entre padrões de criptas
dos tipos I e II à histologia não-neoplásica e os padrões de criptas tipos III,
IV e V à histologia neoplásica.
41
4.2.2 Avaliação endoscópica das lesões
Todas as lesões identificadas à CM foram caracterizadas no que se
refere à localização, tamanho, e aspecto endoscópico.
Com relação à localização das lesões, ela foi determinada pela
avaliação conjunta da resposta no monitor à palpação da parede abdominal
durante o exame, pelo comprimento inserido do tubo, pelo aspecto
endoscópico do cólon e pela visualização da luz do equipamento.
Para estimativa do tamanho das lesões, foi empregada mais
freqüentemente a comparação durante o exame endoscópico com a
extremidade do fórceps de biópsia utilizado ou por medida direta do
espécime, logo após a ressecção endoscópica.
Com relação à avaliação macroscópica das lesões, utilizou-se a
classificação macroscópica do carcinoma colorretal precoce proposta pela
Sociedade Japonesa para pesquisa do Câncer Colorretal, reproduzida pela
figura 5.
42
Ip
PEDICULADA
Is
SÉSSIL
Isp
SUBPEDICULADA
IIa
PLANO-ELEVADA
IIa + IIc
PLANO-ELEVADA COM DEPRESSÃO
IIb
PLANA
IIc
PLANO-DEPRIMIDA
IIc + IIa
PLANO-DEPRIMIDA COM BORDAS ELEVADAS
Figura 5: Classificação morfológica da Sociedade Japonesa para Pesquisa do
Câncer Colorretal (1994)
Para a definição das lesões planas, foram utilizados os mesmos
critérios endoscópicos, adotados por Alves (2000):
1. lesões plano-elevadas são as que se projetam menos do que 3 mm
para a luz, com plena insuflação do cólon. Suas dimensões em
superfície são muito superiores à sua projeção para a luz (IIa). Podem
se apresentar com forma mista com depressão (IIa+IIc).
43
2. lesões superficiais planas são as que não apresentam elevação ou
depressão,apenas alteração de cor e de textura da mucosa(IIb).
3. lesões deprimidas apresentam área deprimida, podendo conter
alteração de cor e de textura da mucosa (IIc).
4. lesões de espalhamento lateral apresentam crescimento lateral, com
superfície lisa ou granulosa (III).
Figura 6. Aspecto endoscópico de lesão plana (IIb), 10 mm de diâmetro, antes
e após a cromoscopia com índigo-carmim 1% e magnificação (200X).
Figura 7. Aspecto endoscópico de lesão plana (IIa), após cromoscopia com
índigo-carmim 1% e magnificação (200X).
44
Figura 8. Aspecto endoscópico de lesão plana (IIa), após cromoscopia com
índigo-carmim 1% e magnificação (200X).
Figura 9. Aspecto endoscópico de lesão séssil (Is), com depressão central,
após cromoscopia com índigo-carmim 1% e magnificação (200X).
Figura 10. Aspecto endoscópico de lesão pediculada (Ip).
45
4.2.3 Excisão das lesões
A escolha da técnica para exérese da lesão ficou a cargo do autor, de
acordo com a morfologia das lesões assim como posição do aparelho e
dificuldades esperadas conforme o com o grau de dificuldade de cada lesão.
Para as lesões polipóides pediculadas, a polipectomia foi realizada com
alça diatérmica preferencialmente.
Para as lesões polipóides sésseis com até 5 mm de diâmetro, a excisão
foi realizada preferencialmente com alça de polipectomia a frio (Tappero et
al., 1992), com pinça tipo hot biopsy (Habr-Gama et al., 1977; Nahas et al.,
1999; Williams, 1991) e a excisão com fórceps de biópsia a frio.
Para as lesões não-polipóides, a ressecção preferencial foi pela técnica
da mucosectomia, através de injeção submucosa de solução fisiológica
anteriormente a ressecção com alça diatérmica. Em alguns casos, foi
utilizada pinça tipo hot biopsy e fórceps de biópsia a frio.
Figura 11. Aspecto endoscópico de mucosectomia de lesão plana LST com
20 mm de extensão
46
4.2.4 Análise histopatológica
Após a ressecção endoscópica, todas as lesões ou seus fragmentos
foram submetidos a fixação em solução de formaldeído a 10% e à avaliação
histopatológica convencional com hematoxilina e eosina. O diagnóstico
histopatológico das lesões bem como a determinação do grau de displasia
dos adenomas e o diagnóstico de adenocarcinoma (invasão por células
neoplásicas através da muscular da mucosa, para a submucosa),
obedeceram aos critérios estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde
(Jass et al., 1990; Hamilton; Aaltonen, 2000).
O exame histopatológico foi realizado em cinco laboratórios de
Anatomia-Patológica de Belo Horizonte (MG), por dez médicos patologistas,
todos com título de especialista pela Sociedade Brasileira de Patologia, três
deles com títulos de mestrado, um com pós-doutorado e seis deles
professores universitários.
Posteriormente, todas as lâminas foram examinadas por um único
patologista, que utilizou sempre os mesmos critérios de avaliação
histopatológica e não foi informado sobre diagnóstico endoscópico antes de
sua análise.
47
As lesões foram classificadas como adenomas (tubulares, vilotubulares
e vilosos), pólipos hiperplásicos, mistos, de acordo com os critérios
seguintes:
1 - As lesões hiperplásicas eram constituídas por glândulas alongadas com
pregas intraluminais em aspecto de “dente de serra” e apresentavam
núcleos pequenos, sem atipias, localizados na região basal das células e o
citoplasma continha abundante mucina.
2 - As lesões mistas, hiperplásicas e adenomatosas mostravam aspecto
proeminente de “dente de serra” e atipias celulares semelhantes às do
adenoma.
3 - O adenoma tubular mantinha a arquitetura original das criptas, mas havia
epitélio displásico. Os adenomas vilosos apresentavam delicadas papilas de
córion da lâmina própria revestidas por uma camada de epitélio displásico.
Os adenomas vilotubulares eram aqueles que mostravam uma mistura dos
padrões tubular e viloso, sendo que o componente viloso deveria estar
presente em 20 a 79% da lesão.
Os adenomas foram ainda divididos em três categorias: os que
apresentavam displasia de baixo grau, os que apresentavam displasia de
alto grau e os que apresentavam carcinoma invasor.
A displasia de baixo grau consiste em epitélio estratificado displásico
que ainda mantém a forma colunar das células. Os núcleos são ovalados,
48
estratificados, mas estão restritos à região basal das células. A displasia de
alto grau ocorre quando o núcleo localiza-se até a superfície do epitélio,
havendo, também, perda da forma colunar das células que se tornam mais
arredondadas, com pleomorfismo nuclear e perda de polaridade. Não é
observada invasão da membrana basal. O diagnóstico de adenoma
contendo carcinoma é dado quando há invasão da muscular da mucosa da
parede colônica ou da submucosa do pedículo do adenoma.
As atipias nucleares foram também graduadas em leves, moderadas e
acentuadas, sendo essas últimas equivalentes a carcinoma in situ.
Para a classificação, foi sempre considerado o grau mais alto de
displasia presente na lesão.
49
4.2.5 Análise estatística
Os valores da sensibilidade, especificidade, acurácia e de predição da
colonoscopia com magnificação de imagem foram avaliados tendo, como
padrão-ouro, os resultados dos exames histopatológicos. Os resultados de
ambos os testes, classificando os pólipos e pacientes como negativos e
positivos, foram testados numa tabela de contingência (2X2), para
determinação dos índices de sensibilidade e especificidade, de acordo com
a descrição de Buck & Gart (1966). Os valores de predição foram calculados
como recomenda Vecchio (1966).
As diferenças das freqüências da sensibilidade e especificidade
observadas em cada teste foram analisadas pelo teste do Qui-quadrado (χ2)
descrito por Snedecor & Cochran (1976).
Para aceitar a hipótese da existência de diferenças entre os métodos
de diagnóstico, fixou-se o nível de significância estatística em ( p<0,05).
50
5. Resultados
Foram identificadas 200 lesões em 120 pacientes examinados.
Dos 120 pacientes incluídos no estudo, em relação ao sexo, 65 (54,2%)
eram mulheres e 55, (45,8%) homens. Para o estudo, foram identificadas e
excisadas 199 lesões. Apenas uma lesão tipo LST (lateral spreading tumor)
foi considerada inadequada à ressecção endoscópica e foram realizadas
biópsias.
A idade dos pacientes variou de 40 a 79 anos. A média foi de 58,8 anos
(desvio-padrão de 10,56 anos).
A distribuição das lesões de acordo com a sua localização encontra-se
na tabela 1.
Tabela 1. Distribuição das lesões de acordo com a localização no
intestino grosso.
Localização N (%)
Ceco 18 9,0
cólon ascendente 16 8,0
cólon transverso 29 14,5
cólon descendente 30 15,0
Sigmóide 56 28,0
Reto 51 25,5
Total 200 100.00
51
Quanto ao aspecto endoscópico das lesões encontradas, a sua distribuição
morfológica foi a sumarizada na tabela 2.
Tabela 2. Distribuição morfológica das lesões.
Aspecto Morfológico N (%)
Plano 64 32,0
Séssil 117 58,5
pediculado 19 9,5
Total 200 100.00
Com relação ao tamanho, as lesões se distribuíram de acordo com a que
figura na tabela 3.
Das 200 lesões identificadas neste estudo, 125 (62,5%) foram
classificadas como não-neoplásicas (padrões de criptas dos tipos I ou II,
Kudo 1993) à avaliação durante a colonoscopia com magnificação de
Tabela 3. Distribuição das lesões e por tamanho
Tamanho (mm) Total
5mm 136
> 5 mm 64
Total 200
52
imagem. As 75 (37,5%) lesões restantes foram classificadas como
neoplásicas (padrão de criptas III, IV e V, Kudo 1993).
A distribuição das lesões de acordo com o padrão de criptas
predominante identificado à CM figura na tabela 4.
Tabela 4. Distribuição das lesões de acordo com o padrão de criptas
identificado a CM (Kudo, 1993)
Padrão de Criptas N (%)
I e II 125 62,5
III, IV e V 75 37,5
Total 200 100
Figura 12. Aspecto endoscópico de lesão plana (IIa+IIc), 5 mm de diâmetro,
antes e após cromoscopia com índigo-carmim 1% e magnificação (200X).
Padrão de criptas IIIs.
53
Figura 13. Aspecto endoscópico de lesão séssil (Is), 5 mm de diâmetro, antes
e após a cromoscopia com índigo-carmim 1% e magnificação (200X). Padrão
de criptas IIIL.
Figura 14. Aspecto endoscópico de lesão séssil (Is), 10 mm de diâmetro, após
a cromoscopia com índigo-carmim 1% e magnificação (200X). Padrão de
criptas IIIL
Para 26 (13%) lesões, mais de um padrão de criptas foi observado
durante a magnificação de imagem. Em 18 (9,0%) lesões, padrões de criptas
não-neoplásicas (tipos I e II) foram identificados em associação com padrão
de criptas de lesão neoplásica (III) e elas foram classificadas como
neoplásicas. Em 12 lesões houve associações de lesões com mais de um
padrão neoplásico. O diagnóstico histopatológico das lesões encontra-se
sumarizado na tabela 5.
54
Tabela 5. Distribuição das lesões de acordo com o diagnóstico
histopatológico
Diagnóstico N (%)
Não neoplásico 106 53,0
Neoplásico 94 47,0
Total 200 100
Das 94 lesões diagnosticadas histopatologicamente como neoplásicas,
93 eram adenomas e uma era um adenoma com focos de adenocarcinoma.
Também havia 3 lesões adenomatosas com displasia de alto grau (3,2%)
Havia 31 lesões mistas (padrão hiperplásico e adenomatoso, ou serrilhado),
o que corresponde a 33% das lesões neoplásicas, conforme resumido na
tabela 6.
Tabela 6. Tipo de adenomas à histopatologia
Tipos Número (%)
Adenomas com displasia de baixo grau 59 62,8
Adenomas mistos/serrilhado 31 33,0
Adenomas com displasia de alto grau 3 3,2
Adenoma com adenocarcinoma 1 1,0
Total 94 100,0
O único caso diagnosticado como adenocarcinoma, tratava-se de um
pólipo pediculado de sigmóide, com 20 mm de diâmetro e que foi
classificado à CM como padrão de criptas combinado dos tipos IIIL e V
(Kudo 1993). O exame histopatológico demonstrou adenoma túbulo-viloso,
com displasia de alto grau e focos de adenocarcinoma.
55
Figura 15. Aspecto endoscópico de lesão pediculada (Ip), 20 mm de diâmetro,
antes e após a cromoscopia com índigo-carmim 1% e magnificação (200X).
Padrão de criptas misto IIIL+V
Um adenoma com displasia de alto grau localizava-se no sigmóide e
era uma lesão plana com espalhamento lateral com 20 mm de diâmetro. Foi
diagnosticado à CM como padrão de criptas combinado dos tipos III L e II.
Outro adenoma com displasia de alto grau era uma lesão pediculada,
localizada no sigmóide, com 16 mm de diâmetro. A CM a classificou como
padrão de criptas IV. A outra lesão adenomatosa com displasia de alto grau
também estava localizada no sigmóide, era plana, apresentava apenas 5
mm de diâmetro e foi classificada à CM como padrão combinado dos tipos
IIIL e IIIS.
A acurácia da CM em relação ao exame histopatológico foi de 78,5%. A
especificidade foi de 88,6 %. A sensibilidade foi de 67%. O valor preditivo
positivo foi de 84%. O valor preditivo negativo foi de 75,2%. A distribuição é
a sumarizada na tabela 7.
56
Tabela 7. Correlação entre o diagnóstico endoscópico e o histopatológico
Histopatologia
Neoplásica Não-Neoplásica Total
Neoplásica
63 12 75
Magnificação
Não-Neoplásica
31 94 125
Total 94 106 200
Valor Qui-quadrado= 65,95 (p< 0,0001) ODDS Ratio= 15,9
Esses resultados demonstram que a diferença entre a avaliação pela
CM em relação ao exame histopatológico foi estatisticamente significativa no
nível de (p<0,0001).
Com relação ao tamanho das lesões, não houve diferença
estatisticamente significativa de acurácia da CM em relação ao exame
histopatológico. Tabelas 8 e 9
Tabela 8. Correlação entre o diagnóstico endoscópico (CM) e o
histopatológico de lesões maiores do que 5 mm.
Histopatologia
Neoplásica Não-Neoplásica Total
Neoplásica
36 5
41
CM lesões
> 5 mm
Não-Neoplásica
9 14
23
Total
45 19 64
Acurácia: 78,12%
Valor do qui-quadrado= 0,00 (p< 0,9934606)
57
Tabela 9. Correlação entre o diagnóstico endoscópico e o histopatológico
de lesões menores do que 5 mm.
Histopatologia
Neoplásica Não-Neoplásica Total
Neoplásica
26 8 34
CM lesões
5 mm
Não-Neoplásica
20 82 102
Total
46 90 136
Acurácia: 79,41%
Valor do qui-quadrado= 0,00 (p<0,9722044)
O aspecto morfológico das lesões também não apresentou diferença
estatisticamente significativa da acurácia da CM em relação ao exame
histopatológico. Tabelas 10 e 11.
Tabela 10. Correlação entre o diagnóstico histopatológico e a CM de
lesões planas
Histopatologia
Neoplásica Não-Neoplásica Total
Neoplásica
16 3
19
CM
lesões
planas
Não-Neoplásica
6 39
45
Total
22 42 64
Acurácia: 85,93%
Valor do qui-quadrado= 0,03 (p<0,8720280)
Tabela 11. Correlação entre o diagnóstico histopatológico e a CM de lesões
polipóides
Histopatologia
Neoplásica Não-Neoplásica Total
Neoplásica
47 9
56
CM lesões
polipóides
Não-Neoplásica
23 57
80
Total
70 66 136
Acurácia: 76,47%
Valor do qui-quadrado= 0,01 (p<0,9378099)
58
6. Discussão
O CCR por causa da tendência de diagnóstico em estágios mais
avançados, permanece como problema de saúde significativo, devido à sua
alta incidência e gravidade, na maioria dos casos (Thompson et al., 1980). É
a terceira neoplasia maligna mais letal do mundo (Shike et al., 1990), e
representa a lesão maligna mais freqüente do trato gastrointestinal
(Hurstone et al., 2002).
No Brasil, a incidência do CCR é maior, como ocorre de uma maneira
geral no mundo, nas regiões mais desenvolvidas, particularmente nos
estados do sudeste e sul, com aumento crescente e consistente dos índices
de mortalidade em ambos os sexos nas ultimas décadas. Isso tem motivado
discussões entre a classe médica e autoridades de saúde pública do país
sobre a importância da doença e da necessidade de conscientização da
população sobre o problema e métodos de rastreamento disponíveis, com
vistas à diminuição dos índices de mortalidade. Foi criada, para este fim uma
associação (Abrapreci), no ano de 2004.
O CCR, contudo, é uma doença prevenível, que habitualmente se
desenvolve a partir de uma lesão precursora benigna e de crescimento lento
que é o pólipo adenomatoso (Morson et al., 1976). Apesar da existência de
relatos na literatura acerca da presença de carcinomas de novo, pequenos,
planos e sem tecido adenomatoso adjacente, a grande maioria dos trabalhos
relata a seqüência adenoma-carcinoma como a principal via da
59
carcinogênse colorretal. Portanto, a procura de lesões precursoras é o foco
de prevenção e de redução da mortalidade por CCR.
A colonoscopia representa o método diagnóstico considerado como
padrão- ouro para o diagnóstico do CCR em todas as suas fases de
evolução bem como para sua prevenção, posto que possibilita a ressecção
endoscópica das lesões precursoras (Habr-Gama et al., 1977; Habr-Gama et
al., 1983; Rex et al., 2000). A polipectomia endoscópica das lesões
adenomatosas precursoras reduz a mortalidade por CCR , para a população
rastreada por colonoscopia em até 90% (Winawer et al., 1993), o que é
importante evidência da veracidade da seqüência adenoma-carcinoma. A
colonoscopia, além da pesquisa de sangue oculto nas fezes, constitui o
melhor método de rastreamento do CCR.
Por rastreamento entende-se o programa de aplicação eficiente de
provas relativamente simples e pouco onerosas a uma grande população de
indivíduos assintomáticos, visando identificar aqueles com maior
possibilidade de ter câncer, ou seja, é a procura de CCR precoce e
adenomas em pessoas assintomáticas (HABR-GAMA et al., 1983; REX et
al., 2000).
O CCR apresenta vários fatores que o tornam ideal para o
rastreamento:
- É um câncer comum e grave.
- Normalmente apresenta uma lesão precursora identificável de crescimento
lento, que é o adenoma, e a sua retirada evita a progressão para o câncer.
60
- Acredita-se que o CCR, uma vez estabelecido, avança relativamente
devagar do estágio em que ele é curável por cirurgia, para os estágios em
que não o é.
- Os testes de prevenção recomendáveis estão largamente disponíveis (REX
et al., 2000).
O objetivo do rastreamento do CCR não é diagnosticar mais adenomas
ou câncer, e sim diminuir a mortalidade por CCR na população alvo
rastreada em relação a uma população-controle não rastreada.
Todas as estratégias de rastreamento, incluindo a pesquisa anual de
sangue oculto nas fezes, sigmoidoscopia de rastreamento a cada 5 anos,
enema opaco com duplo contraste a cada 5 a 10 anos e colonoscopia a
cada 10 anos mostraram um claro benefício e são efetivas para diminuição
da mortalidade pelo CCR (SIMMANG et al., 1999).
Apesar do reconhecimento da importância da colonoscopia
convencional, pode haver falhas em até 27 % na detecção de lesões
adenomatosas pequenas, mesmo quando realizada por colonoscopistas
experientes.
REX et al. (1997) realizaram um estudo prospectivo incluindo 183
pacientes que, após serem submetidos ao primeiro exame de colonoscopia,
foram sorteados para serem submetidos a um novo exame de acordo com
quatro probabilidades: mesma posição e mesmo examinador; mesma
posição e examinador diferente; outra posição e mesmo examinador e outra
posição e examinador diferente. Os resultados mostraram uma taxa global
de não-detecção de adenomas de 24% e de 27% para os menores do que 5
61
mm. Os pacientes com dois ou mais adenomas identificados ao primeiro
exame tiveram probabilidade cerca de três vezes maior de abrigar lesões
não identificadas em relação aos pacientes sem nenhum ou um adenoma ao
primeiro exame. Nesse estudo não houve alteração significativa para
posição do paciente e para o examinador.
Além dos adenomas, há diversos relatos de CCR que não foram
diagnosticados ao exame colonoscópico, particularmente os do cólon direito
(Gorski et al., 1999; Haseman et al., 1997).
Com o intuito de melhorar os índices de não-detecção de lesões
colorretais, particularmente das lesões pequenas e os adenomas planos,
alguns autores têm recomendado a utilização de técnicas de coloração da
mucosa através de corantes (cromoscopia) e equipamentos endoscópicos
de alta resolução (CC) e com magnificação de imagem (CM).
A colonoscopia com magnificação de imagem associada à cromoscopia
visa observar, com maior clareza de detalhes, a superfície mucosa do cólon
e do reto, através de um sistema ótico e eletrônico, com a ampliação da
imagem obtida pelo videocolonoscópio. Desta forma os orifícios de abertura
das criptas de Lieberkuhn podem ser analisados com maior precisão do que
com os aparelhos de alta resolução. O aspecto macroscópico do padrão de
abertura das criptas, tanto da mucosa colônica normal quanto das lesões
colorretais, é distinto, e isso possibilitaria predizer com acurácia maior a
natureza histológica das lesões encontradas.
Algumas classificações macroscópicas para as lesões foram criadas,
mas a proposta por Kudo et al (1994) tornou-se a mais conhecida. Várias
62
publicações sobre assunto foram feitas, a grande maioria por autores
japoneses, nos quais se relacionam os achados endoscópicos aos
histopatológicos tanto com a CC quanto com a CM, com índices bastante
variáveis de acurácia diagnóstica. Apesar disto, vários autores na literatura,
principalmente japoneses, advogam pela validade dos achados
macroscópicos no diagnóstico preditivo das lesões colorretais. Mesmo as
pequenas lesões tidas endoscopicamente como neoplásicas (IIIL), mas com
possibilidades remotas de malignização poderiam não ser retiradas e
apenas acompanhadas em colonoscopias de seguimento (Huang at al.,
2004).
Todos esses avanços da tecnologia teriam por objetivo possibilitar a
previsão do o diagnóstico histológico das lesões já durante o exame
colonoscópico e evitar, assim, ressecção desnecessária, propiciando, por
isso, melhor tratamento seletivo. As lesões classificadas como neoplásicas
seriam retiradas endoscopicamente ou através de cirurgia. A principal
utilidade desse método seria a diminuição de custos e de potenciais
complicações relacionados à ressecção desnecessária de lesões não-
neoplásicas, sem possibilidade de degeneração maligna.
A casuística do nosso estudo foi constituída por pacientes que
correspondem ao espectro clínico do CCR, por apresentarem risco habitual
para o aparecimento da doença. A idade média foi de 58,8 anos. A maior
parte das lesões localizava-se no cólon esquerdo (43%) e no reto (25,5%).
Quanto ao aspecto morfológico, a maioria das lesões eram sésseis (58%) e
planas (32,5%). Cento e trinta e quatro lesões apresentaram diâmetro menor
63
ou igual a 5 mm e sessenta e seis apresentaram diâmetro maior do que 5
mm.
Antes de realizar o presente estudo, o autor realizou exames através da
CM em 100 lesões, para adquirir experiência com o método. Togashi et al
(1999) relataram que haveria uma curva de aprendizado para o exame de
200 lesões. Mas estudo de Tung et al (2001), com 175 lesões, mostrou que
não há diferença estatisticamente significativa para se determinar a acurácia
da CM em relação ao exame histopatológico entre as primeiras 50 lesões e
as últimas 75 lesões. Houve melhora na especificidade, embora tal achado
não tenha sido estatisticamente significativa.
No presente estudo, com o intuito de se eliminar o viés inter-
observador, todas as lâminas foram revisadas por um único patologista que
não sabia qual havia sido o diagnóstico endoscópico.
No presente estudo, a acurácia da CM em relação a histopatologia no
diagnóstico diferencial entre lesões neoplásicas e não-neoplásicas foi de
78,5%. A especificidade foi de 88,6% e a sensibilidade, de 67%. O valor
preditivo positivo foi de 84% e o preditivo negativo foi de 75,2%. Esse
resultado demonstra que a técnica da CM precisa ser aprimorada, pois a
baixa acurácia não está ocorrendo ao acaso. A intensidade do risco de se
diagnosticar pela CM falsos-positivos e falsos-negativos é elevada em
relação ao exame histopatológico, se levarmos em consideração apenas os
aspectos endoscópicos das lesões colorretais.
O tamanho e o aspecto morfológico endoscópico das lesões não
apresentou diferença estatisticamente significativa da acurácia da CM em
64
relação ao exame histopatológico. Esses dados são importantes e estão de
acordo com os resultados obtidos por Tung et al (2001). Durante o exame
de colonoscopia, o examinador é fortemente influenciado pelo tamanho e
aspecto morfológico das lesões. A principal aplicação da CM é para as
lesões pequenas, cuja análise do padrão de abertura das criptas poderia ser
importante para o diagnóstico e para a tomada de decisão.
Deve-se ressaltar que, em alguns estudos com CM de autores
japoneses (Kato et al., 2001; Togashi et al, 1999), foram desprezadas as
lesões cujo diagnóstico, de acordo com a experiência dos mesmos,
claramente seria de lesões não-neoplásicas. Essas lesões não foram
classificadas endoscopicamente e não foram retiradas para estudo
histopatológico. Esses autores afirmam que, se tais lesões, que seriam
claramente não-neoplásicas, fossem incluídas nos estudos, os resultados
que obteriam seriam ainda melhores. De acordo com os resultados do
presente estudo, não é possível validar tais afirmações, pois só saberíamos
o verdadeiro índice de acerto se todas as lesões houvessem sido retiradas e
examinadas por anátomo-patologista. Pensamos que, se todas as lesões
encontradas fossem incluídas, como fizemos em nosso estudo, os
resultados de acurácia, sensibilidade e especificidade seriam certamente
inferiores. A prática relatada por esses autores de não retirada das lesões
que à visão de alta resolução ou mesmo à CM são diagnosticadas como
não-neoplásicas, não parece ser a conduta que deva ser recomendada,
mesmo com resultados de acurácia mais altos relatados pela literatura.
65
Os resultados quanto à acurácia relatados na literatura utilizando seja
CC com cromoscopia ou com a CM e cromoscopia são variáveis. Com CM e
aumento de 100X, houve índices de 66% (Almeida et al., 2003) a 92%
(Konishi et al., 2003).
Chama a atenção que, no presente estudo, utilizamos CM com
aumento de 200X e nosso resultado não difere do de outros autores que
utilizaram magnificação de 100X, ou é significativamente menor do que
Konishi et al (2003), utilizando CM de 100X. Deve-se interrogar sobre a
vantagem de utilizar aumento de 200X em relação ao de 100X, que implica
custos mais elevados do equipamento. Vale ressaltar, também, que outros
autores, usando apenas a CC associada à cromoscopia tiveram acurácia
com valores semelhantes aos obtidos por mim e por outros autores
utilizando CM de 100X. Esse fato leva a interrogar sobre a real vantagem do
emprego rotineiro da CM, mesmo para lesões pequenas. Os resultados são
inconclusivos e estão resumidos na tabela 12.
66
Tabela 12: Quadro comparativo com a acurácia global entre CC e CM com
cromoscopia e a histopatologia no diagnóstico diferencial entre lesões não-
neoplásicas e neoplásicas. Relatos da literatura.
Autor/ano Lesões (N) CC/CM Acurácia
AXELRAD et al. (1996) 55 CM 1,5x 82,0%
TOGASHI et al. (1999) 923 CM 100x 88,4%
TORRES-NETO (1999) 49 CC 83,7%
TUNG et al. (2001) 175 CM 100X 80,1%
KATO et al. (2001) 3438 CM 100X 75,0%
ARAÚJO (2002) 65 CM 50X 83,1%
NAKAO et al. (2002) 126 CC 65,1%
ALMEIDA et al. (2003) 45 CM 100X 66,6%
AVERBACH et al. (2003) 74 CC 79,7%
KONISHI et al. (2003) 219 CM 100X 92,0%
COELHO (2005) 200 CM 200X 78,5%
Recente estudo do grupo de Kudo relata que lesões neoplásicas
pequenas, mas com baixo potencial de malignidade (tipo IIIL), poderiam não
ser ressecadas, mas seguidas por colonoscopias periódicas (Huang et al.,
2004). Discordamos dessa recomendação, uma vez que a retirada dessas
pequenas lesões apresenta índice muito baixo de complicações e, em caso
de diagnóstico histopatológico de lesões não-neoplásicas, poder-se-ia
prescindir de tais exames de seguimento ou espaçá-los, diminuindo custos e
riscos, o que também deve ser um dos objetivos de qualquer programa de
prevenção do CCR.
67
Aproximadamente 70% das lesões pequenas, com diâmetro menor do
que 5 mm são adenomas. As lesões podem crescer ou permanecer
pequenas. Os fatores de crescimento e de degeneração não são totalmente
conhecidos e são multisequenciais. É aceito que todos os pólipos
encontrados em um exame de colonoscopia devam ser retirados (Waye J.,
1992). Apenas em alguns pacientes que apresentam múltiplos pólipos retais
diminutos, cuja retirada é muito trabalhosa e os pacientes que, devido à
comorbidades clínicas, apresentam riscos potenciais de complicações como
os relacionados à sedação prolongada e ao sangramento, poder-se-ia
utilizar apenas a CM para o diagnóstico e para escolha da melhor conduta
para as lesões encontradas. É necessário, nesses casos, uma boa relação
médico-paciente, que subsidie as decisões que porventura devam ser
tomadas.
Por fim, as estratégias de rastreamento do CCR que visam diminuir a
mortalidade pela doença colocam a colonoscopia associada à histopatologia
como padrão-ouro para o diagnóstico das lesões colorretais. O Colégio
Americano de Gastroenterologia recomenda a colonoscopia como principal
estratégia de rastreamento, mesmo para pacientes de risco baixo ou normal
para CCR a partir da idade de 50 anos (Rex et al., 2000). O encontro ou não
de adenomas durante o exame é que ditará a frequência do seguimento a
ser recomendado. Em caso da ausência de lesões neoplásicas ou da
presença apenas de lesões não-neoplásicas, o controle endoscópico pode
ser feito a cada 10 anos. Com os resultados obtidos no presente trabalho,
concluímos que a colonoscopia com magnificação de imagem não contribuiu
68
para o aumento da acurácia para diagnóstico diferencial entre lesões
neoplásicas e não-neoplásicas do intestino grosso em relação aos
resultados obtidos por outros autores que utilizaram CC e cromoscopia.
69
7. Conclusões
De acordo com os resultados e as condições do estudo, pode-se concluir
que:
1 – A acurácia de 78,5% não foi superior à obtida com a colonoscopia
convencional e a cromoscopia por outros autores.
2 – Não podemos recomendar a exclusão do exame histopatológico para o
diagnóstico diferencial entre lesões neoplásicas e não-neoplásicas do
intestino grosso com base só nos achados da colonoscopia com
magnificação de imagem associada à cromoscopia.
70
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