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havia concurso para professor de primeiras letras, chamava-o para
participar como membro da banca examinadora.
As intrigas políticas eram matérias constantes nos periódicos
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existentes na província. Em muitos momentos, havia um jornal oficial e o
outro de oposição ao governo. As maiores críticas que apareciam nesses
jornais ao presidente Coutinho eram, como afirmei anteriormente, oriundas
de pessoas filiadas ao mesmo partido dele – o Conservador. Muitas vezes,
as defesas a Coutinho eram feitas por membros do partido opositor, ou seja,
pelos liberais:
O periódico Conservador tem por vezes procurado ferir a
reputação administrativa de S. Exª. o Sr. Dr. Coutinho, atual
Presidente desta Província, com artigos e motejos sem
dúvida impróprios da imparcialidade que deve seguir um
escritor ilustrado, que se preza de honesto; a reputação
porém de S. Exª. como Presidente acha-se tão bem firmada; e
colocada sobre bases tão sólidas, que tudo quanto o
contemporâneo e seus adeptos possam dizer contra S. Exª.
serão de certo – clamores sem eco. Se nos guiássemos pelo
mesquinho espírito de vingança, talvez por motivos pessoais,
nos devêssemos também declarar inimigos da Administração
de S. Exª., e não obstante nossa humilde posição,
procurássemos fazer-lhe a guerra: felizmente nossos
sentimentos são outros, e temos por princípio – dar a Deus o
que é de Deus e a César o que é de César.
A presidência do Exmo. Snr. Dr. João José Coutinho tem
sido de muita vantagem à Província; porque S. Exª. como é
inegável, só tem procurado melhorar o seu estado material:
contra fatos não há argumentos: a província vê-se hoje
desafrontada da enorme dívida que sobre ela pesava há
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A imprensa jornalística aparece em Santa Catarina em 1831 com a publicação do jornal “O
Catharinense”, de propriedade de Jerônimo Coelho, o primeiro jornal impresso na Província. Na mesma
tipografia surgiram vários outros periódicos, como o Expositor, o Benfazejo, além de uma série de
folhetos e panfletos literários, religiosos e políticos, que concorriam para a difusão das novas idéias.
Porém, pouco duraram estas publicações e, ao que tudo indica, somente em 1845 surgiu, com o Relator
Catharinense, novo órgão da imprensa, seguido, no ano de 1849, do Conciliador, editado por Emílio
Grain, defensor do Partido Judeu.
Entre 1850 e 1860
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apareceram as seguintes publicações: em 1850, o Novo Íris, que em 1852 passou a
chamar-se O Conservador; em 1852, o Correio Catharinense, de tendência liberal; em 1855, também
liberal, O Mensageiro, permanecendo até 1857; no ano seguinte, 1856, surgia O Argos, dirigido por
J.J.Lopes, que teve vida longa. Órgão conservador, em 1861 passou a ser editado diariamente de modo
pioneiro. Em 1858, surgem o Cruzeiro de Sul, de tendência liberal, e o Botafogo e o Santelmo, ambos de
tendência conservadora.