si mesmo, não se apresenta como meio, ou ponto de partida, para outras garantias e
oportunidade de conquista de direitos sociais.
Uma questão essencial a avaliar, entretanto, é o valor monetário dos
recursos, no caso do Programa “Renda-Cidadã”, assim como dos alimentos da cesta
básica e no Programa “Apoio à Família”. Eles são considerados, pelas próprias
famílias, a rigor, indispensáveis para seu sustento cotidiano, dada a gravidade da
situação de pobreza e miséria, e seu montante, aparentemente irrisório, é
significativo em relação à renda da maioria. É claro, entretanto, que, concedidos
neste patamar baixo, influenciam, superficialmente, as condições de vida das
famílias. Em conseqüência disso, a preferência por um ou outro programa é
secundária, sendo ambas, formas de buscar alternativas para melhoria e
complementação da renda familiar.
Em termos da verificação das hipóteses levantadas, inicialmente neste
estudo, pôde-se compreender que as famílias retornam à procura de atendimento na
SAS, após serem desligadas dos programas sociais, basicamente, devido ao fato de
não ter se produzido alterações significativas e permanentes em suas condições de
vida, durante o período de dois anos estabelecido para permanência nos programas.
Em muitos casos de famílias que não retornaram ao atendimento, verificou-se
que foram inseridas em outros programas sociais como, por exemplo, Bolsa-Família,
Bolsa-Escola, Frente de Trabalho e até mesmo reinseridas no Programa de Apoio à
Família.
A insuficiência do recurso fornecido, tanto em espécie quanto no caso da
transferência de renda e a relação de dependência gerada pelos próprios programas
e pelos técnicos que os operacionalizam, também foram fatores constatados, pela
realização dos grupos com as famílias e das entrevistas com as profissionais.
Quanto à preferência entre os dois programas, verificou-se que, na verdade,
não é feito esclarecimento sobre a diferença dos benefícios e exigências existentes
entre eles, nem é dada oportunidade de escolha aos usuários, pois são os técnicos
que decidem sobre o direcionamento. Acomodam-se, então, as famílias nos
programas a elas designados, tendo em vista principalmente suas necessidades,
pobreza e condições de vida, a serem atendidas “pelo menos” mediante um deles.
Quando perguntadas, entretanto, as participantes manifestam preferências,
conforme deixam transparecer muitos depoimentos. No caso da Cesta Básica, são
lembradas como vantagens diferençadas: oferecer mais coisas do que se pode