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UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA
FACULDADE DE GESTÃO E NECIOS
MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO
ALIANÇAS ESTRAGICAS NO VAREJO:
UM ESTUDO DE CASO COMPARATIVO ENTRE
AS REDES DE PAPELARIA E FARMÁCIA
VAINE FERMOSELI VILGA
ORIENTADOR: PROF. DR. OSVALDO ELIAS FARAH
Piracicaba, SP.
Outubro, 2006
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ii
UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA
FACULDADE DE GESTÃO E NECIOS
MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO
ALIANÇAS ESTRAGICAS NO VAREJO:
UM ESTUDO DE CASO COMPARATIVO ENTRE
AS REDES DE PAPELARIA E FARMÁCIA
VAINE FERMOSELI VILGA
ORIENTADOR: PROF. DR. OSVALDO ELIAS FARAH
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado
Profissional em Administração, da Faculdade
de Gestão e Necios da Universidade
Metodista de Piracicaba, como parte dos
requisitos para obtenção do Título de Mestre
em Administração.
Piracicaba
Outubro, 2006
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iii
VILGA, Vaine Fermoseli
Alianças estratégicas no varejo: um estudo de caso comparativo entre as redes
de papelaria e farmácia / Vaine Fermoseli Vilga. Piracicaba, SP, 2006.
Orientador: Prof. Dr. Osvaldo Elias Farah
Dissertação (Mestrado) Mestrado Profissional em Administração Faculdade de
Gestão e Negócios Universidade Metodista de Piracicaba.
1. Alianças Estratégicas. 2. Microempresa. 3. Varejo. I. Farah, Osvaldo Elias. II.
Universidade Metodista de Piracicaba. III. Título.
iv
Vaine Fermoseli Vilga
ALIANÇAS ESTRAGICAS NO VAREJO: UM ESTUDO DE CASO
COMPARATIVO ENTRE AS REDES DE PAPELARIA E FARMÁCIA
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado
Profissional em Administração, da Faculdade
de Gestão e Necios da Universidade
Metodista de Piracicaba, como parte dos
requisitos para obtenção do Título de Mestre
em Administração.
Data da defesa: 04/10/2006
Banca Examinadora:
Prof. Dr. Osvaldo Elias Farah (orientador)
Faculdade de Gestão de Negócios Universidade Metodista de Piracicaba
Profa. Dra. Dalila Alves Correa
Faculdade de Gestão de Negócios Universidade Metodista de Piracicaba
Profa. Dra. Jouliana Jordan Nohara
Universidade Nove de Julho
Data de Aprovação:
Prof. Dr. Osvaldo Elias Farah (orientador)
Profa. Dra. Jouliana Jordan Nohara
Profa. Dra. Dalila Alves Correa
Faculdade de Gestão e Negócios
Universidade Metodista de Piracicaba
2006
v
Dedico esta obra a minha família e amigos que tanto
me apoiaram durante toda a trajetória. À Milena, pela
paciência, ajuda e companheirismo; aos meus pais
Waldemar e Marilaura pelo apoio concedido em todos
os momentos.
vi
AGRADECIMENTOS
Agrado a Deus por me permitir mais esta conquista e por ampliar meus
sonhos.
Agrado ao meu orientador Prof. Dr. Osvaldo Elias Farah pela atenção
concedida no decorrer da elaboração do presente trabalho.
Ao Coordenador do curso de mestrado, Prof. Dr. Antonio Carlos Giuliani e a
todos os professores do mestrado, especialmente ao Prof. Mário Sacomano
Neto.
Aos meus amigos que me apoiaram e auxiliaram direta ou indiretamente.
Aos empresários pela pronta colaboração no fornecimento de informações para
que a pesquisa fosse concluída.
À Rose pelo auxílio estatístico oferecido.
Ao Nilmar da Rede Brasil Escolar pelas informações e autorizações concedidas
para que a pesquisa fosse realizada.
Aos colegas mestrandos da UNIMEP que me ajudaram na realização deste
trabalho.
vii
Sempre dou graças a [meu] Deus a vosso respeito, a
propósito da sua graça, que vos foi dada em Cristo
Jesus; porque em tudo, fostes enriquecidos nele, em
toda a palavra e em todo conhecimento.
1Coríntios 1:4-5
viii
RESUMO
O objetivo deste estudo é verificar as vantagens competitivas que se pode observar em
pequenas papelarias quando elas ingressam em uma rede de empresas e comparar tais
vantagens com as adquiridas por empresas participantes de redes de farmácias. Quanto ao
problema da pesquisa, o estudo aborda a participação associativista como uma das
possibilidades das pequenas empresas sobreviverem mais tempo no mercado, bem como
alcançarem melhorias estratégico-administrativas em seus empreendimentos. A
metodologia utilizada foi a revisão bibliográfica e a pesquisa de campo qualitativa e
quantitativa. Inicialmente, o estudo pesquisou os benefícios adquiridos por pequenos
empresários ao entrarem em uma rede de papelarias, mostrando que os ganhos alcançados
não ficaram restritos apenas à área de compras junto aos fornecedores, estendendo-se a
outros aspectos não menos importantes dentro de uma empresa. Logo depois, comparou-
se estes ganhos com aqueles percebidos em quatro redes de farmácias do interior do
estado de São Paulo. O setor de varejo farmautico foi escolhido como base comparativa
devido à cultura associativista do segmento e da história das redes de empresas na
farmácias. A comparação mostrou que apesar da rede de papelarias e das redes de
farmácias terem observado benefícios semelhantes, alguns aspectos foram melhores
percebidos em uma ou outra rede, havendo espo para que sejam criadas redes
multisetoriais (de setores diferentes) ou novas formas de associativismo que tragam ainda
mais vantagem competitiva aos participantes.
Palavras-chave: Alianças Estratégicas. Redes Horizontais de Cooperação. Papelarias.
Farmácias.
ix
ABSTRACT
The aim of this survey is to check the competitive advantages that small stationer shops
observed upon starting a chain of organizations and to compare such advantages with the
ones acquired by small organizations of drugstore chains. Concerning the problem of this
research, the survey deals with the associated partnership as one of the possibilities for
the small organizations to survive for more time in the market, as well as to achieve
administrative strategic improvements in their business. The approach utilized for this
survey was the bibliographic review and the field exploration, being this one, both in
qualitative and quantitative terms. At first, the survey researched the benefits acquired by
small entrepreneurs upon starting a stationer shops chain, showing that the profits which
were achieved were not restrictive to the purchase area and suppliers, but extending to
other aspects not less important in an organization. After, we compared this profit to the
ones realized in four drugstore chains in the interior of Sao Paulo, where the
pharmaceutical retail sector was chosen as a kind of comparative basis due to the
associated culture of this segment and the history of drugstore chains. This comparison
survey showed that although the stationer shops and drugstore chains have observed
similar benefits, some aspects were better observed in one or other chains, showing a gap,
where multisector chains or new forms of partnership could be created in order to bring
even more competitive advantage to the participants.
Key Words: Strategical Alliances. Horizontal chains of cooperation. Stationer Shops.
Drugstores.
x
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Motivos, Benefícios e Malefícios das Alianças Estratégicas........................10
Quadro 2 Inter-relações Empresariais e Vantagem Competitiva..................................17
Quadro 3 Comparação Segundo o IAD.........................................................................32
Quadro 4 Comparação entre Redes de Cooperação e Outras Alianças Estratégicas....34
Quadro 5 Características, Dificuldades, Benefícios e Ações Fundamentais das Centrais
de Compras.....................................................................................42
Quadro 6 Classificação das Empresas Segundo o Número de Funcionários................44
Quadro 7 Classificação das Empresas Segundo o Faturamento Bruto Anual...............45
Quadro 8 Especificidades das Pequenas Empresas.......................................................47
Quadro 9 Causas das Dificuldades e Razões para o Fechamento das Empresas..........52
Quadro 10 Mudanças Propostas para as MPE.................................................................56
Quadro 11 Mix de Produtos Vendidos nas Papelarias....................................................69
Quadro 12 Serviços Oferecidos nas Papelarias...............................................................70
Quadro 13 Diferenças entre Atuão Varejista Tradicional e Corporativa.....................71
Quadro 14 Principais Problemas Enfrentados nas Papelarias.........................................73
Quadro 15 Pesquisa Enviada aos Associados da Rede Brasil Escolar............................83
Quadro 16 Frequência de Respostas da Questão 2..........................................................84
Quadro 17 Frequência de Respostas da Questão 3..........................................................84
Quadro 18 Formulário de Pesquisa sobre Redes de Farmácias.......................................88
Quadro 19 Resultado da Pesquisa nas Redes de Farmácias............................................89
Quadro 20 Comparação Referente a Pros de Compra.................................................90
Quadro 21 Comparação Referente a Prazos de Compra.................................................90
Quadro 22- Comparação Referente à Troca de Experiências entre Associados................91
Quadro 23 Comparação Referente à Capacitação Através de Treinamentos..................91
Quadro 24 Comparação Referente ao Uso de uma Marca Mais Forte............................92
Quadro 25 Comparação Referente ao Uso de Campanhas de Marketing.......................93
Quadro 26 Comparação Referente ao Uso de Serviços de Assessoria............................93
Quadro 27 Comparação Referente ao Nível Competitivo no Mercado..........................94
Quadro 28 Resumo das Comparões Feitas..................................................................95
xi
LISTA DE GFICOS
Gráfico 1 Porcentagem de MPEs que Fecham de Acordo com seu Tempo de Vida......51
xii
LISTA DE SIGLAS
MPE Micro e Pequenas Empresas
AE Aliança Estratégica
APL Arranjo Produtivo Local
ADEJ Agência de Desenvolvimento de Jundiaí e Região
IAD Instituto Alemão para o Desenvolvimento
SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
SIMPLES Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das
Microempresas e Empresas de Pequeno Porte
FIESP Federação das Instrias do Estado de São Paulo
FECOMÉRCIO Federação do Comércio
FACESP Federação das Associões Comerciais do Estado de São Paulo
PGD Programa Gerador de Dados
CNPJ Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica
ABRASCE Associação Brasileira de Shopping Centers
RBE Rede Brasil Escolar
xiii
SUMÁRIO
RESUMO.........................................................................................................................viii
ABSTRACT.......................................................................................................................ix
LISTA DE QUADROS......................................................................................................x
LISTA DE GFICOS....................................................................................................xi
LISTA DE SIGLAS..........................................................................................................xii
1 INTRODUÇÃO...........................................................................................................01
1.1 Problema.......................................................................................................................03
1.2 Objetivo........................................................................................................................03
1.3 Objetivos Secundários..................................................................................................04
1.4 Hipóteses......................................................................................................................04
1.5 Justificativa...................................................................................................................05
2 ALIANÇAS ESTRAGICAS
.................................................................................06
2.1 Introdução.....................................................................................................................06
2.2 Definição de Alianças Estratégicas..............................................................................07
2.3 Maneiras de Segmentação das Alianças Estratégicas..................................................08
2.4 Motivos, Benefícios e Malefícios das Alianças Estratégicas.......................................10
2.5 Fatores para o Sucesso de uma Aliança Estratégica.....................................................13
2.6 Vantagem Competitiva e Aliança Estratégica..............................................................15
2.7 Tipos de Aliança Estratégica........................................................................................18
2.7.1 Joint ventures.................................................................................................18
2.7.2 Cluster e Arranjo Produtivo Local (APL).....................................................18
2.7.3 Franquia (Franchising)..................................................................................20
2.7.4 Incubadora.....................................................................................................23
2.7.5 Rede de empresas..........................................................................................26
2.7.5.1 Conceitos........................................................................................26
2.7.5.2 Diferenças entre redes e outras alianças estratégicas......................27
2.7.5.3 Tipos de redes de empresas............................................................29
2.7.5.4 As redes horizontais de cooperação (redes cooperativas)..............31
2.7.5.5 Como as redes cooperativas obtêm vantagem competitiva............35
2.7.5.6 Problemas que podem surgir nas redes cooperativas......................36
xiv
2.7.5.7 Os consórcios das redes cooperativas.............................................38
2.7.5.8 As centrais de compra das redes cooperativas................................39
3 MICROEMPRESA....................................................................................................43
3.1 Introdução.....................................................................................................................43
3.2 Conceito de Micro e Pequena Empresa (MPE)............................................................44
3.3 Características Gerais das MPEs..................................................................................46
3.4 Importância Sócio-econômica das MPEs.....................................................................49
3.5 Mortalidade e Redes de Cooperação nas MPEs...........................................................51
3.6 Perspectivas para as MPEs...........................................................................................55
4 VAREJO......................................................................................................................58
4.1 Definição do Conceito e Características Gerais...........................................................58
4.2 Conceituação Contemporânea do Varejo.....................................................................61
4.3 As Novas Tendências para o Varejo............................................................................62
4.4 O Setor de Varejo de Papelarias...................................................................................67
4.5 A Rede Brasil Escolar..................................................................................................76
5 PESQUISA DE CAMPO...........................................................................................81
5.1 Procedimentos Metodológicos.....................................................................................81
5.1.1 Tipo de Pesquisa............................................................................................81
5.1.2 Coleta de Dados.............................................................................................82
5.1.3 Universo e Amostra.......................................................................................84
5.2 Análise dos Resultados.................................................................................................84
5.2.1 Análise dos resultados nas papelarias da Rede Brasil Escolar......................84
5.2.2 Análise dos resultados entre redes de papelaria e redes de farmácia............87
5.3 Resultados, Literatura e Objetivo Específico...............................................................95
5.4 Considerões sobre os Resultados..............................................................................97
5.5 Limitões do Estudo...................................................................................................99
5.6 Sugestões para Trabalhos Futuros..............................................................................100
REFERÊNCIAS BIBLIOGFICAS.......................................................................102
1
1 INTRODUÇÃO
Atualmente, o mundo assiste a uma série de transformões
econômicas, políticas, sociais, tecnológicas e culturais. Com a queda das barreiras
protecionistas, os mercados estão sendo abertos, ocorrendo uma livre circulação de
produtos, pessoas, capital e tecnologia. Os avanços tecnológicos estão trazendo muitas
inovões em todos os setores, e hábitos que já poderiam ser considerados tradicionais
passam por um processo de modificação, atualização ou substituição total (FRANÇA;
SIQUEIRA, 1997). Assim, estas características fazem com que as firmas se recriem
constantemente para obter sucesso competitivo; e as que deixam de fazê-lo se arriscam ao
fracasso (HITT et al., 2003).
No Brasil, a abertura da economia no início da década de 1990 fez com
que a concorrência aumentasse substancialmente, pois as empresas nacionais passaram a
concorrer diretamente com empresas estrangeiras. Com isso, as micro e pequenas
empresas (MPE) passaram a ter que enfrentar duas frentes poderosas: as grandes
empresas que sempre tiveram ganhos comparativos de escala; e os produtos importados
de qualidade a pros acessíveis. Ou seja, segundo Daft (1999), as pequenas empresas
que já tinham que lidar com as grandes organizações bem estabelecidas, também foram
afetadas pela competição global cada vez mais acirrada que trazia rápidas e constantes
mudanças ambientais, processuais e tecnológicas às quais elas deveriam se adaptar.
Estes fatores comprometeram a sobrevivência de muitas organizações
brasileiras obrigando-as a reestruturarem-se para continuarem competitivas. Algumas
destas reestruturações pareceram ser contraditórias, pois levaram pequenas empresas
concorrentes a tornarem-se parceiras. Até então, os concorrentes eram vistos pela
2
maioria das empresas como uma ameaça” (PORTER, 1989, p. 187), mas empresas que
disputavam o mesmo mercado e eram tidas como adversárias que deveriam ser
eliminadas, passaram a ser vistas como possíveis parceiras que facilitariam o alcance de
objetivos comuns. Ou seja, segundo Daft (2002), as empresas perceberam que podiam
colaborar e competir ao mesmo tempo.
Para conseguirem sobreviver e buscando benefícios mútuos, um número
crescente de empresas no Brasil, comou a estabelecer múltiplas alianças de diferentes
tipos, unindo-se em redes (PITASSI; MACEDO SOARES, 2002). Em pesquisa da
Deloitte (2002), as alianças estratégicas foram apontadas como um dos fatores mais
críticos para o crescimento das pequenas e médias empresas que operam no Brasil.
Assim, a arquitetura em rede exemplifica um traço fundamental do comportamento
corporativo recente: ao mobilizar capacidades e recursos para operar em um ambiente
concorrencial profundamente redesenhado, as empresas estariam buscando paralelamente
ativar e manter canais de relacionamento mais eficazes com outras empresas do seu
campo organizacional, com a finalidade de assegurarem a sua própria sobrevivência ou
incrementar a sua competitividade (BRONZO; HONORIO, 2005, p. 7 apud DI
MAGGIO; POWELL, 1983; NOHRIA, 1992; PORTER, 1998; RING, 1997). Isso fez
com que a imagem de empresas isoladas competindo no mercado de forma atostica
passasse a não ser a mais adequada (GULATI et al., 2000). Ou seja,
A pequena empresa, operando de modo individualizado, não pode mais
servir como um modelo empresarial para o futuro. Ela deve além de
manter os fatores de sucesso experimentados e utilizados até agora, dar
um salto de qualidade equipando-se em um sistema local aberto, para
investir em velocidade e responsividade, inserindo-se em redes
relacionais (LUCHI, 2001, p. 12).
Este novo ambiente baseado em rápidas mudanças e necessidades
constantes de adaptação trouxe muitas incertezas e receios para os pequenos
empreendedores, mas, por outro lado, também trouxe oportunidades para uma reavaliação
das configurões administrativas que eles utilizavam, culminando numa nova forma das
empresas organizarem-se em conjunto, através da soma de esforços. Segundo Souza
(1995), esta configuração das MPE baseada na cooperação não vai fazer com que os
problemas delas desaparam, mas é uma forma delas superarem as restrições financeiras
e econômicas a que estão submetidas.
3
Levando-se em conta estes argumentos que dizem respeito à forma
como as MPE estão se organizando em redes, são propostos, a seguir, os problemas deste
trabalho.
1.1 Problema
Apesar da importância atribuída às MPEs, este segmento enfrenta
muitos problemas: falta de capital de giro, mão-de-obra pouco qualificada, dificuldade de
acesso ao crédito, ausência de planejamento e estratégia, dificuldade na conquista e
seleção de clientes, baixa maturidade organizacional, pobreza de recursos para negociar
melhores pros e prazos junto aos fornecedores, e falta de conhecimentos gerenciais. Isto
faz com elas tenham maiores dificuldades para serem competitivas num mercado em que
as grandes empresas e as importações baratas trazem diversos desafios.
Diante desse cenário, verifica-se a necessidade de um amplo processo
de reestruturão e inovação dos processos de gestão destas organizões, para que elas
sobrevivam por mais tempo no mercado, contribuindo mais solidamente com a economia
e a sociedade brasileiras. A configuração em rede apresenta-se como uma possível forma
de garantir a sobrevivência destas empresas por mais tempo no mercado, bem como
proporcionar melhorias de caráter estratégico-administrativo aos pequenos
empreendedores. Diante disto, as questões que norteiam esta pesquisa são:
Quais são as percepções das empresas associadas quanto aos benefícios
propiciados pela rede de papelarias?; e
Esses benefícios são diferentes dos obtidos por empresas participantes
de redes de farmácias?
1.2 Objetivo
Este estudo tem como objetivo principal verificar as vantagens
competitivas que pequenas papelarias observaram ao ingressarem em uma rede de
empresas e comparar tais vantagens com as adquiridas pelos participantes de quatro redes
de pequenas farmácias do interior do estado de São Paulo.
4
1.3 Objetivos Secundários
Descrever o setor papeleiro varejista;
analisar os possíveis ganhos de: poder de barganha,
aprendizado, venda, e acesso a assessorias gratuitas obtidos
pelos participantes de uma rede de empresas;
avaliar, através de uma comparação com o resultado das
redes de farmácias, quais variáveis podem ser melhor
trabalhadas pela rede de papelarias para que seus
participantes tenham mais benefícios; e
relacionar a pesquisa feita com a bibliografia estudada.
1.4 Hipóteses:
A partir do problema e dos objetivos do trabalho, foram formuladas as
seguintes hipóteses:
Hipótese 1. Participar de uma rede melhora o poder de barganha das
papelarias quanto a conseguirem melhores pros e prazos junto aos
fornecedores.
Hipótese 2. As papelarias conseguem obter um maior aprendizado sobre o
ramo em que atuam quando estão associadas em rede.
Hipótese 3. Participar de uma rede melhora a capacitação profissional de
proprietários e funcionários.
Hipótese 4. Obtém-se um maior volume de vendas quando as papelarias se
encontram associadas em rede.
Hipótese 5. As redes de farmácias oferecem aos seus associados mais
benefícios do que a rede de papelarias.
5
1.5 Justificativa
A justificativa deste estudo verifica-se porque as MPEs correspondem
por 99% do total das empresas brasileiras, tendo grande importância sócio-econômica
para o país, já que são grandes geradoras de renda e absorvedoras de mão-de-obra
(CÂNDIDO; ABREU, 2000; CHER, 1990; CUNHA, 2002). De 1995 a 2000, por
exemplo, as grandes empresas criaram 88.100 empregos (RAIS, 2001), enquanto que as
MPEs criaram 1,9 milhão de empregos (CUNHA, 2002). As pequenas empresas também
contam com atributos como a flexibilidade e a rapidez de adaptação às mudanças,
contribuindo para o bem-estar econômico da nação (LA ROVERE, 1999;
LONGENECKER et. al., 1998). No entanto, apesar desta grande importância sócio-
econômica das MPEs brasileiras, vê-se que elas não conseguem contribuir com o país
com todo este potencial, já que existe uma alta taxa de mortalidade das mesmas: 60%
delas fecham suas portas antes de completarem cinco anos de existência (__SEBRAE,
2003).
Justifica-se também pela expectativa de que quando se unem em rede,
as pequenas empresas podem alcançar vantagens competitivas que ajudam a fortalecer as
suas posições no mercado, indicando uma alternativa para a sobrevivência dos pequenos
empreendimentos. Ou seja, a relevância deste trabalho também se encontra na
contribuição com a pesquisa relacionada às pequenas empresas, com o objetivo de trazer
à tona uma discussão sobre a formação de alianças estratégicas através de redes
cooperativas de empresas.
O fenômeno das redes de empresas tem despertado grande interesse na
comunidade acadêmica e nos meios empresariais, circunstância que é visível na
popularidade crescente das alianças estratégicas. As alianças estratégicas ou outras formas
de cooperão parecem, cada vez mais, ser uma opção recorrente, situação que acaba por
se refletir num número cada vez maior de estudos sobre o tema. Assim, este estudo
propiciará um aumento do conhecimento sobre um tema ainda recente, contribuindo com
uma pequena parcela para a pesquisa cientifica sobre redes de empresas.
6
2 ALIANÇAS ESTRAGICAS
2.1 Introdução
A concorrência mundial crescente vem levando muitas empresas a
buscarem novas soluções para os seus problemas. No entanto, muitas das soluções
encontradas para garantir o crescimento das empresas são muito difíceis de serem
implementadas pelas firmas de forma individual. Altos custos; falta de conhecimento
sobre determinada tecnologia; baixo poder de negociação; etc. são apenas alguns dos
fatores que limitam a atuação das empresas em suas tomadas de decisão.
Assim, ao perceberem que há, de fato, uma lacuna entre aquilo que
gostariam de fazer e o que concretamente poderiam fazer, as empresas vão entendendo a
necessidade de somarem forças como forma para otimizarem seus recursos,
conhecimentos e potencialidades, e que uma das maneiras de fazer isso seria agregando
esforços com as organizações afins (NOLETO, 2000).
É preciso reconhecer, primeiramente, que o estabelecimento de
vínculos por parte de uma organização apresenta motivões das mais
variadas: serviços, produtos físicos, acesso a recursos financeiros,
tecnologia, aprendizagem, desenvolvimento de competências, entre
outros. As instituições afetam, fundamentalmente por sua presença e
pela direção das suas decisões, a maneira através da qual os agentes
econômicos irão procurar satisfazer racionalmente todos esses
objetivos imediatos, a partir de interações estratégicas com outros
agentes, sejam estes indivíduos, empresas, instituições governamentais,
sindicatos patronais e de trabalhadores, escolas técnicas, câmaras de
comércio, entidades certificadoras, entre outros (BRONZO;
HONÓRIO, 2005, p.3).
7
Yoshino (1996) confirma que neste novo cenário, as empresas precisam
se tornar flexíveis, rápidas e ágeis, e as alianças estratégicas constituem a rota mais direta
para essas qualidades.
2.2 Definição de Alianças Estratégicas
Segundo Oliveira; Oliveira (2005, p. 154) a palavra aliança na língua
hebraica vem da raiz da palavra que significa cortar. Aliança era um acordo total entre
duas partes, que estabeleciam entre si promessas e obrigões. Estes autores dizem que
as alianças eram levadas tão a sério pelos povos antigos que muitas delas eram feitas com
sangue, onde as pessoas cortavam os próprios punhos ou mãos, para que o sangue de
ambos se misturasse, e fosse firmado a aliança entre eles. Depois de feito isso, as pessoas
(ou povos) aliançadas faziam com que a cicatriz se formasse em lugar bem visível, para
que pudessem mostrar a outra parte através de um aceno com as mãos.
Hoje em dia, a palavra aliança continua em uso, sendo vista no meio
empresarial através do termo aliança estratégica. Nos diversos autores que estudaram o
termo aliança estratégica” não existe um consenso quanto a sua definição. Por isso,
como constata Root (1998), as generalizões, por vezes abstratas, são bastante habituais.
Faulkner; Rond (2000 apud Rubel, 2002) definem que o termo aliança, em algum
momento do passado, significava uma relação particular bem determinada entre as
empresas, mas hoje está sendo utilizado como um termo guarda-chuva” para caracterizar
uma vasta gama de relacionamentos entre empresas. Por isso, far-se-á uma descrição de
algumas diferenças existentes na classificação de alianças estratégicas, extraindo-se
uma linha comum que será seguida por este trabalho.
Teece (1992) comenta que as alianças estratégicas (AE) se configuram
quando acordos entre dois ou mais parceiros os levam a buscar algum objetivo comum,
através da união das suas capacidades e recursos, sendo direcionados por algum tipo de
coordenação. Ou seja, uma aliança estratégica implicaria numa coordenação das
atividades estratégicas e operacionais das partes envolvidas, havendo ou não participação
acionária entre elas. Esta coordenação pode ser exemplificada por esforços conjuntos na
área de marketing, transferência de tecnologias e atividades conjuntas de Pesquisa e
Desenvolvimento (P&D). Compactuando com esta definição, Dessauge; Garret (1995),
Garai (1999) e Yoshino; Rangan (1995) acrescentam que as fusões e aquisições não
8
podem ser classificadas como tipos de aliança estratégica, pois nestas formas há perda de
autonomia de pelo menos uma das partes envolvidas, e essa independência é uma pré-
condição para a caracterização de uma AE. Lorange; Roos (1996) não excluem as fusões
e aquisições dos tipos de AE, somando a elas: as joint ventures (que, juntamente com os
licenciamentos e as franquias, são excluídas por Yoshino; Rangan), os empreendimentos
cooperativos formais e os empreendimentos cooperativos informais. Hagedoorn; Narula
(1996) também separam as formas de aliança estratégica em duas vertentes: AEs que
envolvem participação acionária (como as joint venture) e aquelas que não envolvem
participação acionária, sendo baseadas apenas em contratos entre os parceiros.
Lewis (1992, p. 18) define quais são estes possíveis parceiros dizendo
que as alianças proporcionam oportunidades únicas para o desenvolvimento de força
com um conjunto excepcionalmente amplo de parceiros, inclusive clientes, fornecedores,
concorrentes, distribuidores, universidades e empresas de outras naturezas.
Assim, vê-se que existem muitas maneiras de caracterizar uma aliança
estratégica, havendo consenso apenas no que diz respeito à união de esforços para se
atingir um objetivo estratégico comum (AAKER, 1995; JOHANSON; MATTSON,
1988). Neste trabalho será utilizada uma abordagem mais simplificada do termo aliança
estratégica”. Tal abordagem segue as definições complementares dos três autores abaixo:
Hitt et al. (2003, p.362) definem as alianças estratégicas como parcerias
entre firmas, em que seus recursos, capacidades e competências essenciais são
combinados para perseguirem interesses mútuos ao projetar, manufaturar e distribuir bens
ou serviços. Wright (2000, p.145) define AE como parcerias em que duas ou mais
empresas realizam um projeto específico ou cooperam em determinada área de negócios.
Para Thompson Jr. (2002, p.222) alianças estratégicas são acordos de cooperão entre
empresas que vão além dos negócios normais de empresa para empresa, mas que não
chegam a ser fusões.
2.3 Maneiras de Segmentação das Alianças Estratégicas
Várias são as maneiras de segmentação que definem as alianças
estratégicas. Dependendo da variável tomada como referência, percebe-se uma maneira
diferente de classificar estas alianças. Tomando-se como base os parceiros que se unem,
divide-se as AE em horizontais ou verticais. Segundo Lorange; Roos (1996) alianças
9
estratégicas verticais são formadas entre firmas de diferentes etapas da cadeia com o
objetivo de criar valor para as duas partes envolvidas (alianças entre fornecedores e
produtores, distribuidores e fabricantes, etc). Já as alianças estratégicas horizontais são
formadas entre parceiros da mesma etapa da cadeia (por exemplo, acordos de marketing
para desenvolvimento conjunto de produtos entre concorrentes). Assim, firmas
competidoras formariam alianças horizontais para comercializarem em conjunto seus
bens e serviços.
Se a análise for baseada na relação de capital firmada entre os
participantes da aliança estratégica, percebe-se uma segmentação em: joint ventures,
alianças estratégicas acionárias ou alianças sem participação acionária. Hitt et al.(2003, p.
364) faz uma explanação sobre esta forma de classificação comentando que:
as joint ventures são AEs que surgem quando duas ou mais
firmas criam uma companhia independente, combinando
parte de seus ativos (comumente as empresas formadoras da
joint venture possuem porcentual igual na sociedade;
firmando tal aliança para a troca de conhecimento tácito,
visando o alcance de benefícios no longo prazo);
as alianças estratégicas acionárias ocorrem quando os sócios
possuem diferentes porcentagens de capital social em um
novo empreendimento, sendo eficientes para a transferência
de know how entre as firmas porque estão mais próximas do
controle hierárquico das mesmas (exemplos desta forma de
aliança estratégica podem ser vistos em muitos investimentos
diretos e externos); e
as alianças sem participação acionária são aquelas formadas
através de acordos contratuais realizados para que uma
companhia forneça, produza ou distribua os bens e serviços
de uma firma, sem haver compartilhamento do capital social,
havendo menos formalização e compromisso entre os
participantes (consórcios, relões cooperativas e redes são
exemplos das alianças sem participação acionária).
10
Assim, vê-se que, dependendo da variável utilizada como ponto de
referência para a classificação da aliança estratégica, muda-se a maneira de conceituá-la.
Ou seja, o esforço de se tentar abranger todas as possibilidades de alianças estratégicas é
muito difícil, pois sempre existirão maneiras diferentes para a sua conceituação, fazendo
com que tipologias definidas de AE sejam simplificações da ampla diversidade do termo.
2.4 Motivos, Benefícios e Malefícios das Alianças Estratégicas
Vários motivos levam as empresas a formarem alianças estratégicas. No
Quadro 1 estão apresentados alguns deles:
Quadro 1: Motivos para as Empresas Formarem Alianças Estratégicas
Motivo Como ocorre
- Tirar proveito de uma nova oportunidade
de mercado existente, trazendo aumento
de competitividade;
- Combinando-se habilidades, capacidades
e recursos complementares de
empresas diferentes;
- Regular os pros de determinados
produtos/serviços, evitando uma
competição destrutiva no que diz
respeito ao preço;
- Empresas pré-estipulam os seus pros e
os preços dos concorrentes tirando o
incentivo de uma guerra de pros
como forma de conquistar o cliente;
- Recuperação de mercado após uma
estratégia bem sucedida de um
concorrente;
- Empresas unem forças para neutralizar
uma ação de um concorrente comum;
- Compartilhar os riscos causados pelas
incertezas quanto ao futuro de
determinado produto ou mercado.
- Empresas unem forças para desenvolver
produtos de interesse mútuo que ainda
não têm uma clara definição quanto a
sua aplicabilidade ou necessidade;
- Melhorar o desempenho de cada empresa
individualmente.
- Analisam-se os objetivos comuns das
firmas, unindo-se esforços para atingí-
los.
Fonte: adaptado de Hitt et al. (2003, p. 368-377).
11
Existem, de acordo com Thompson Jr. (2002, p.222) três motivos pelos
quais uma empresa busca uma aliança estratégica:
buscar economias de escala
1
na produção ou comercialização
(segundo Porter (1986, p. 118) compradores de volumes
pequenos tem menor poder para demandar concessões de
pro, absorção do custo de fretes e outras considerões
especiais);
desenvolver, através da parceria, habilidade técnicas de
produção; e
obter acessos a mercados que possam apresentar barreiras à
entrada.
Vários autores (Amato Neto, 2000; Baptista, 2004; Dunning, 1998;
Hall, 1990; Las Casas, 2000; Lewis, 1992; Wright, 2000) também mostram as
expectativas das firmas quando elas decidem participar de uma aliança estratégica:
possibilidade de se obter custos burocráticos mais baixos,
pois as operões continuam independentes;
aferir economias de escala para compra e venda, exercendo
uma pressão maior no mercado, aumentando a força
competitiva em benefício do cliente;
conseguir um status de cliente de maior porte;
ter acesso e controle a novos canais de comercialização;
usufruir de melhores técnicas de marketing (como o
marketing compartilhado) e comunicação;
compartilhar riscos, incertezas e despesas relacionados aos
investimentos para a pesquisa e o desenvolvimento de novos
serviços, produtos ou tecnologias;
________________________________________________________________________
¹ Redução de custos unitários decorrente de um aumento no volume (escala) de produção/compra,
seja de uma empresa, setor, região ou país (SANDRONI, 1996).
12
ter acesso fácil e rápido a informação e conhecimento,
combinando competências e utilizando know how de outras
empresas (tecnologias emergentes);
compartilhar de infra-estruturas comuns (como a utilização de
equipamentos e instalações físicas em conjunto);
oferecer uma linha de produtos de qualidade superior e mais
diversificada;
ter acesso à assessoria grátis em diversos segmentos
(financeiro, marketing, jurídico, administrativo, treinamento
de profissionais, etc) feita por centrais de serviços disponíveis
a todos os aliançados;
facilitação ao crédito;
superação de possíveis barreiras à entrada; e
obter mais força, para atuar nos mercados internacionais.
Lorange; Ross (1996, p.22), definindo as perspectivas das empresas que
decidem participar de uma aliança estratégica, pronunciam:
Essas empresas não estão necessariamente à procura de em solução
rápida para a sua escassez de recursos, nem impacientes em suas ações.
As alianças estratégicas requerem, como tipicamente se admite, um
ponto de vista a longo prazo; uma disposição de investir-se em
relacionamento. As AEs devem ser vistas como meio e fim, não como
fim em si mesma. Essas alianças devem proporcionar aos parceiros
maior probabilidade de sucesso em um contexto competitivo do que se
entrassem sozinhas em um empreendimento.
Assim, percebe-se que as alianças estratégicas são feitas pelas empresas
que buscam trazer benefícios para si que ficariam muito difíceis de serem alcançados se
elas se comportassem e tomassem suas decisões de forma individual no mercado.
Osland; Yaprak (1995) complementam essa argumentação articulando
que o maior benefício de alianças estratégicas advém do fato delas permitirem aos
parceiros aprender uns com os outros novos conceitos na área de estrutura organizacional,
melhorar suas estratégias de marketing, assimilarem novas formas de cultura
organizacional, além de desenvolver novas tecnologias.
13
Wright (2000, p. 146) aponta outros benefícios da formação de AEs,
mas também traz alguns malefícios da participação das firmas em alianças:
As alianças estratégicas têm duas principais vantagens. Em primeiro
lugar, em virtude de a empresa permanecer separada e independente, há
pouco aumento nos custos burocráticos e de coordenação. Em segundo
lugar, cada empresa pode beneficiar-se da aliança estratégica sem arcar
com todos os custos e riscos de explorar sozinha novas oportunidades
de negócio. Por outro lado, a principal desvantagem da formação de
uma aliança estratégica é que um parceiro pode oferecer mais do que
recebe. Ou seja, alguns parceiros da aliança possuem menos
conhecimento ou menos tecnologia avançada que os outros e podem no
futuro, utilizar as tecnologias e os conhecimentos recentemente
adquiridos para compensar diretamente seus parceiros mais avançados.
Outro malefício das AE é que as relões entre as empresas
participantes podem se tornar conflitantes se não houver uma relação de cooperão entre
elas. Isso acontece porque muitas alianças são formadas entre firmas concorrentes, e
qualquer sinal de que uma empresa está tirando mais proveito da aliança do que outra
pode desencadear um processo conflituoso.
Porter (1989, p. 303-307) consegue resumir estes malefícios ao expor
que as AE (ou inter-relões empresariais) trazem problemas (custos) aos seus
participantes, pois exigem que as firmas modifiquem de algum modo seu comportamento.
Tais custos são os de: coordenação (tempo, pessoas e recursos necessários para a
coordenação de problemas comuns dos atores), compromisso (o compartilhamento das
informões nem sempre ocorre de forma igual pelos vários participantes) e
inflexibilidade (dificuldades dos atores para responderem a movimentos competitivos que
acontecem fora da inter-relação; além das dificuldades possíveis para se sair (barreira de
saída) de uma AE fortemente formalizada).
2.5 Fatores para o Sucesso de uma Aliança Estratégica
Como visto anteriormente, as alianças estratégicas podem trazer
conflitos entre os atores da mesma. Tais desentendimentos são perigosos, pois podem
levar a aliança a se fragmentar, fazendo com que a soma de esforços das empresas percam
o seu real potencial ou, em casos mais extremos, podem levar a AE à uma extinção
14
prematura. Por isso, existem alguns fatores que colaboram para que uma aliança
estratégica seja bem sucedida no mercado.
De acordo com Kanter (1988); e Kotabe; Helsen (2000, p. 299), os
fatores que condicionam o sucesso de uma AE são:
uma escolha adequada do parceiro que deve ter excelência
individual e valor a compartilhar;
uma explicação clara dos objetivos da AE a todos os
interessados em participar da mesma, desde o início da
formação da aliança;
uma superação de diferenças culturais;
uma abordagem incremental e um compromisso da alta
administração das empresas com a AE;
uma formalização contratual da aliança;
flexibilização da AE, para ela ir se moldando àquilo que os
participantes buscam;
criação (e não apenas troca) de valor conjunto; e
um espírito de cooperação mútua entre as partes envolvidas
(os objetivos do todo levarão a conquista dos objetivos
individuais).
Já Lewis (1992, p. 5) diz que uma cooperão bem sucedida se apóia
na confiança e na compreensão mútuas, que somente se desenvolvem através de esforços
ao longo do tempo. Perrow (1992) e Sabel (1991) reforçam tal argumentação
descrevendo que a confiança não é algo intencionalmente criado, mas gerado e
encorajado por um contexto adequado que estimule tal comportamento. Um ambiente de
confiança propicia uma solução de problemas de forma mais eficiente, pois as
informões e o know how são trocados mais livremente. Assim, a gestão de alianças
deve começar com o claro conhecimento dos desafios e tarefas envolvidos. Dentre eles
estão a gestão do fluxo de informões, o aprendizado organizacional e a transformação
cultural (YOSHINO, 1996, p. 24). A gestão de uma AE implica em lidar com o
constante trade off entre cooperação e competição (KHANNA et al., 1998). Os
15
concorrentes podem defrontar-se com a incerteza quanto às intenções da outra empresa,
mas a comunicação do compromisso que elas têm umas com as outras reduz esta
incerteza, evitando um estado de guerra (conflito) (PORTER 1986, p. 108).
Segundo Zenger; Lazzarini (2002), as firmas em aliança devem buscar
um balanceamento entre os benefícios advindos das ligações fortes com os parceiros, e
as vantagens proporcionadas pelas ligões fracas (autonomia ao longo do tempo),
ajustando a todo o momento as forças destas relações. Ou seja, através de um constante
processo de ajustes, as alianças estratégicas vão indo ao encontro às expectativas dos
atores participantes, se fortalecendo na medida em que a confiança entre os atores vai
sendo percebida como fundamental, sendo estimulada a ser praticada.
2.6 Vantagem Competitiva e Aliança Estratégica
Antes de estabelecer-se a relação entre vantagem competitiva e aliança
estratégica, faz-se necessário uma definição do que seria uma vantagem competitiva.
Vantagem competitiva é aquele algo mais que identifica os produtos e
serviços e os mercados para os quais a empresa está, efetivamente,
capacitada a atuar de forma diferenciada. É o que faz o mercado
comprar os produtos e serviços de uma empresa em detrimento de seus
concorrentes (OLIVEIRA, 2001, p. 223).
Porter (1986, p. 50-53, 1989, p. 11-14, 1999, p. 85) comenta que para
conquistar uma vantagem competitiva, a empresa precisa desempenhar suas atividades
(cadeia de valor) a um custo inferior ou de modo a conquistar alguma diferenciação em
relação aos concorrentes. O custo mais baixo produz retornos para a firma acima da
média em seu segmento, enquanto que o produto ou serviço (entrega, marketing, etc)
diferenciado cria algo considerado único pelo mercado (e este beneficio único justifica o
pro que ele é cobrado), isolando a firma, momentaneamente, contra a rivalidade
competitiva. Se o custo mais baixo ou a diferenciação for atingido em apenas um
segmento particular da firma (e não em todos os produtos ou em todos os mercados da
firma), a vantagem competitiva é conseguida pelo enfoque (foco).
Numa outra visão, Oliveira (2001, p. 228-229) diz que a vantagem
competitiva pode ser externa ou interna. Ela é externa quando se baseia nos diferenciais
16
do produto que representam valor ao cliente, seja pela diminuição de seus custos, seja
pelo melhor atendimento das necessidades do comprador; e é interna quando se baseia em
custos de produção, administração, ou gestão menores do que os dos concorrentes. Tais
vantagens são fundadas em um conjunto de habilidades, know-how, fatores de
experiência, capacidade de inovação, entendimento do mercado e sistemas de distribuição
de informões que os concorrentes não podem consolidar, superar ou imitar
(competências essenciais).
Fazendo uma ligação entre os conceitos de vantagem competitiva e
aliança estratégica, verifica-se a assertiva de Gulati (1998, p. 293) apud Trocolli; Macedo
(2003, p. 183) que afirma que nem sempre uma aliança é estratégica, só merecendo tal
qualificação quando estabelecida com vistas à manutenção ou a criação de vantagem
competitiva”. Band (1997, p. 122) reforça tal argumento argumentando que as alianças
formadas permitem que as partes envolvidas estabeleçam e sustentem uma vantagem
competitiva em relação a entidades semelhantes que não participam desta composição.
Ballou (2001) também compactua desta idéia quando profere que a obtenção de uma
vantagem competitiva é um dos benefícios alcançados pelas firmas que participam de
uma AE.
Porter (1989, p. 292) também contribui com o tema articulando:
(....) aumentando a vantagem competitiva a ser ganha pelas empresas
capazes de identificar e explorar inter-relões entre negócios distintos,
porém relacionados. Essas inter-relões são (....) oportunidades
tangíveis para a redução dos custos ou para aumentar a diferenciação
(....). Além disso, a busca de inter-relões por alguns concorrentes está
compelindo outros a fazerem o mesmo ou arriscarem perder sua
posição competitiva .
Apesar de Porter concentrar seu estudo nas indústrias, pode-se fazer
uma generalização para os outros setores da economia das vantagens competitivas obtidas
pelas alianças interempresariais (inter-relões
2
). O Quadro 2 traz um resumo destas
vantagens.
2
As inter-relações citadas aqui dizem respeito às inter-relações entre unidades empresariais em
indústrias diferentes (PORTER, 1989, p. 293).
17
Quadro 2 Inter-relações Empresariais e Vantagem Competitiva
Tipo de
Inter-relação
Fonte de Inter-relação Formas de
Compartilhamento
Vantagem Competitiva
Potencial
Inter-relação de
Mercado
Comprador Comum;
Canal Comum;
Mercado Geográfico
Comum.
Marca, Publicidade e
Promoção
Compartilhadas
Departamento de MKT
Compartilhado
Escritórios de vendas ou
força de vendas
compartilhadas
Rede de serviço
compartilhada
Custos de Publicidade e
Promoção reduzidos;
Imagem reforçada;
Presgio na compra de
espaço de publicidade.
Custo reduzido de pesquisa
de mercado;
Despesas gerais de MKT
reduzidas.
Vendedores de melhor
qualidade;
Melhor acesso ao
comprador.
Custos de serviço menores;
Serviço mais sofisticado
por uma maior densidade
de locais de serviço.
Inter-relação de
Aquisão
Insumos (produtos)
adquiridos/comprados
Aquisição conjunta de
insumos (produtos)
comuns
Custos reduzidos de
insumos (produtos);
Melhor qualidade dos
insumos (produtos)
Melhor serviço da parte
dos vendedores em
termos de resposta,
manutenção de estoque.
Inter-relação
Tecnológica
Tecnologia comum de
produtos;
Tecnologia comum de
processos;
Um produto incorporado a
outro;
Interface entre produtos
Desenvolvimento de
tecnologia
compartilhada
Custos reduzidos de
projeto do produto ou do
processo;
Massa crítica maior em
P&D, ou a habilidade
para atrair pessoas
melhores aprimora a
inovação de produtos ou
projetos;
Acentuação da
diferenciação decorrente
da transferência de
desenvolvimentos entre
área de produtos.
Inter-relação de
Produção
Localização comum de
matérias-primas;
Processo de
fabricação/montagem
parecidos;
Procedimentos de testes de
qualidade similares;
Necessidade comum suporte
Instalações
compartilhadas para
produção de
componentes
Custos de componentes
reduzidos;
Melhor tecnologia de
produção melhora
qualidade.
Fonte: Adaptado de Porter (1989, p. 310-321)
18
2.7 Tipos de Aliança Estratégica
Muitas são as maneiras das empresas se unirem em alianças
estratégicas. Para haver uma contextualização do tema, serão apresentadas as formas mais
comuns de organizações interempresariais.
2.7.1 Joint ventures
De acordo com Grandori; Soda (1995), duas ou mais firmas que
conduzam as suas atividades e sua criação de forma conjunta através da propriedade e
gestão de uma terceira firma (que necessitava de mecanismos de coordenação,
comunicação, negociação, etc) caracterizam as joint ventures. Bateman; Snell (1998)
dizem que a joint venture é uma associação jurídica interfirmas, com compromissos
mútuos, entre os quais o de disponibilizar recursos para ter acesso a tecnologias muito
caras ou de difícil obtenção para as firmas individualmente.
Nesta forma de aliança estratégica existe o compartilhamento da
propriedade (Ativo) das partes envolvidas. Daft (1999) reforça esta característica
descrevendo que uma AE de investimento direto no qual uma empresa compartilha custos
e riscos com outra empresa para construir instalações de manufatura, desenvolver novos
produtos ou montar uma rede de distribuição e vendas, caracteriza uma joint venture.
Como esta forma de AE resulta na criação de uma nova empresa,
relativamente independente de suas formadoras, apesar das primeiras manterem certo
controle, as joint ventures acontecem, predominantemente, entre empresas de maior porte.
2.7.2 Cluster e Arranjo Produtivo Local (APL)
Normalmente, o termo cluster vem acompanhado pela palavra
industrial, já que este tipo de aliança estratégica é típico dos setores industriais. Barboza
(1998) confirma esta afirmação quando prega que o conceito de cluster é aplicado mais
diretamente a fenômenos de aglomeração de empresas industriais.
19
Para Amato Neto (2000, p. 80) quando existe um grupo de empresas
que produz produtos similares em uma mesma região constitui-se um cluster. Souza
(2003, p. 15) complementa esta conceituação dizendo que:
O cluster, por vezes denominado aglomeração industrial, pode ser
considerado como uma reunião de empresas, mais comumente de
pequeno e médio porte, que se encontram num mesmo local,
apresentando elevado nível de entrosamento e afinidade. Enfim, o
cluster seria um aglomerado de atividades produtivas afins, inseridas
em determinado espaço geográfico, constituído de firmas autônomas e
articuladas, sendo estas apoiadas em outras instituições mantenedoras
de suporte de recursos humanos, financeiros, tecnológicos, de infra-
estrutura, e outros fatores que assegurem suas necessidades.
Como o cluster industrial é formado por firmas que estão
geograficamente próximas, existem algumas características regionais que permitem a
formação desta forma de aliança estratégica. Barboza (1998) afirma que: a mesma
dotão de recursos naturais (utilização da mesma matéria-prima); a similaridade da
capacidade de operação/produção; o acesso (necessidade) da mesma base tecnológica; e a
afinidade setorial de seus produtos facilitam a formação dos clusters.
É interessante notar que a concentração geográfica de empresas de
determinado setor (que viabiliza o cluster) faz com que haja a atração de outros agentes
para o local. Assim, fornecedores de matéria-prima e componentes; trabalhadores com
habilidades específicas; e especialistas em assuntos técnicos (contábeis, financeiros,
aduaneiros, etc.) acabam por migrar para a região onde houve a formação do cluster, já
que encontram ali um mercado cheio de oportunidades a serem exploradas (GARCEZ,
2000). Esta atração de agentes é perceptível no exemplo apontado por Casaroto; Pires
(2001, p. 21):
Uma região voltada a produtos agroindustriais, por exemplo, também
produz equipamentos para agroindústria, tem produção agrícola
avançada, tecnologia em toda a cadeia, turismo vocacionado e feiras
internacionais dos produtos da região, parques temáticos, etc.
Para Porter (1998) e Schimitz (1997), a concentração empresarial em
cluster traz ganho de eficiência coletiva entendida como vantagem competitiva derivada
das economias externas locais e da ação conjunta. Ou seja, para estes autores, o conjunto
20
de elementos locais produz ganhos de competitividade para as firmas no interior dos
distritos o que não seria possível para uma empresa conseguí-los individualmente.
As empresas continuam disputando o mesmo mercado, mas cooperam
em aspectos que trazem ganhos mútuos, como, por exemplo,
participação em feiras, consórcios de exportação, compartilhamento de
frete para comercialização, tratamento de matéria-prima e obtenção de
recursos humanos altamente especializados (PORTER, 1998 apud
SOUZA, 2003, p. 19 ).
É interessante notar que, no Brasil, os clusters vêm sendo chamados de
Arranjos Produtivos Locais (APL). Segundo o SEBRAE (2006a), Arranjos Produtivos
são aglomerões de empresas localizadas em um mesmo território, que apresentam
especialização produtiva e mantêm algum vínculo de articulação, interação, cooperão e
aprendizagem entre si e com outros atores locais tais como governo, associões
empresariais, instituições de crédito, ensino e pesquisa.
APL significa Arranjo Produtivo Local e é a expressão que vem
substituindo o termo em inglêscluster. Ambos significam uma
concentração local ou regional de atividades econômicas geralmente
industriais. A força econômica, a competitividade e a capacidade de
geração de emprego e renda dos APL está justamente na sinergia
decorrente das diferentes formas de integração entre empresas do APL
(AGÊNCIA DE DESENVOLVIMENTO DE JUNDIAÍ E REGIÃO -
ADEJ, 2005).
Machado (2005) reforça esta comparação proferindo que
O femeno da concentração de empresas recebeu uma série de
denominões com pequenas diferenças entre elas. É o caso do Arranjo
Produtivo Local e cluster. Arranjo Produtivo Local pode ser definido
como uma concentração de empresas em determinado setor, incluindo
fornecedores de insumos e serviços com alguma interação entre os
agentes econômicos. O conceito de cluster, popularizado por Porter,
também pode ser definido da mesma forma.
2.7.3 Franquia (Franchising)
Segundo Martins (1997), franquia ou franchising é uma relação que
consiste na concessão de marcas de produtos/serviços (já devidamente registrados) que
são conhecidas e aceitas pelo público devido a sua qualidade, pro, etc. Esta concessão é
21
feita pelo franqueador (detentor da marca) ao franqueado, sendo também disponibilizado
a este último informões sobre o modo de gerenciar o negócio. Schneider et. al.(1991)
corrobora com esta definição comentando que franquia é uma concessão dada a alguém
por uma empresa para comercializar seus produtos/serviços, sendo cobrada uma taxa de
franquia
3
por esta concessão, fazendo com que a pessoa que adquiriu a franquia
(franqueado) seja dona do seu próprio negócio, mas, ao mesmo tempo, contando com
toda a experiência do franqueador. Ou seja, as franquias envolvem uma relação de
interdependência entre o franqueado e o franqueador, sendo que o franqueador fornece
um sistema operacional segundo o seu formato de negócio (tal como o conhecimento e
aprendizado), bem como um sistema de apoio que atua no sentido de fornecer os recursos
para o franqueado (FOSTER, 1995).
Nas franquias, existe uma clara separação dos papéis do franqueador e
do franqueado. Segundo Gelman (1990) e Leite; Carvalho (1998), o franqueador tem os
seguintes papéis: a) desenvolver e testar na prática o conceito do negócio; b) estabelecer
métodos e procedimentos que pautarão o funcionamento da franquia, treinando o
franqueado para que ele siga (rigorosamente) os padrões estabelecidos; c) prestar a todos
os franqueados serviços de assistência e orientação, transferindo-lhes todo o know-how de
que necessitam para a implantação e operação da franquia; d) manter uma equipe voltada
a desenvolver os produtos e a gestão que permitam o crescimento da franquia; e) fazer a
supervisão de todas as unidades franqueadas para que nenhum problema individualizado
afete os outros franqueados que detêm a marca da franquia; e f) garantir a total qualidade
do produto/serviço vendido. Já ao franqueado, cabem as seguintes responsabilidades: a)
pagar todas as taxas estipuladas em contrato; b) operar e administrar a franquia de acordo
com as normas ditadas pelo franqueador; e c) contratar e administrar os recursos humanos
necessários.
________________________________________________________________________
3
Além da taxa de franquia ou taxa de adesão, o franqueado paga ao franqueador as seguintes
taxas: a) taxa de royalties (pagamentos periódicos ao franqueador para remunerar a
tecnologia/assessoria que este presta ao franqueado, normalmente feito como uma porcentagem
sobre o faturamento da franquia estipulado em contrato; b) taxa de propaganda e promoção
(pagamento periódico ao franqueador para a formação de um fundo cujo objetivo é o de servir ao
fomento comercial da franquia pela divulgação de sua marca, produtos e conceitos, e fomento da
própria rede de franquias, principalmente através de propaganda, publicidade e outros meios de
divulgação); c) taxa de serviço (valor cobrado pelo franqueador para a realização de serviços
extras, já que os serviços normais são remunerados pelos royalties; e d) taxa de compras (é
cobrado por alguns franqueadores pelo uso de sua estrutura de compras) (SEBRAE, 2006b).
22
Assim, uma importante disposição que o franqueado precisa cultivar é a
de seguir as regras, pois estará adentrando em um sistema que já foi concebido e,
portanto, encontra-se pronto para ser aplicado de maneira clara e definida, sem muitas
alterões ou adaptações ao jeito do franqueado (ABF, 2005). Ou seja, o franqueador é
aquele que conhece e dirige o negócio, enquanto que o franqueado demonstra disciplina,
obedecendo as normas gerencias do negócio (MENDEZ; LEHNISCH, 1991)
No Brasil, as franquias encontram respaldo legal na Lei 8.955, de
14/02/94. Apesar de terem custos operacionais altos (com todas as taxas existentes) e
nenhuma autonomia gerencial do franqueado, existem muitas vantagens de se participar
de uma franquia (FOSTER, 1995; MAURO, 1994; MENDELSOHN, 1994; SEBRAE,
2006b):
produto/serviço: produtos ou serviços já desenvolvidos,
testados e implementados no mercado que possuem uma
marca de boa aceitação;
localização da franquia: o franqueador oferece consultoria
para escolha do local e arranjo físico da empresa, havendo,
por isso, menor possibilidade de erros. Também existe uma
consultoria relacionada à arquitetura da construção para que
ela seja um diferencial da franquia, bem como uma definição
de layout padronizado que caracterizam as empresas desta
franquia;
análise de mercado: o franqueador garante uma marca
experimentada e com aceitação de mercado, bem como
fornece uma consultoria para pesquisa e conhecimento do
mercado específico, abrangendo as seguintes análises: área de
atuação do produto ou serviço, público potencial,
concorrentes, fornecedores, preços e comercialização,
propaganda, publicidade, promoções e planejamento de
marketing;
administração de pessoal: treinamento de funcionários e do
franqueador para que haja uma padronização de atendimento
aos clientes, criando uma identificação deles com a franquia.
23
suprimentos e máquinas: fornece consultoria para especificar
material, máquinas e equipamentos e administrar a relação
comercial com fornecedores;
finanças: há consultoria em administração financeira,
incluindo aspectos legais e jurídicos;
inovação: à medida que os franqueadores aperfeiçoam seus
sistemas comerciais, eles compartilham as inovões com
seus franqueados; e
marketing: através do pagamento de uma taxa mensal,
financia-se continuamente campanhas nacionais ou regionais,
trazendo uma maior visibilidade da maracá.
Assim, a compra de uma marca conhecida pelo franqueado (Mc
Donalds, Wizard, Casa do Pão de Queijo, Blockbuster, etc.) faz com que ele tenha a
vantagem de trabalhar com um produto/serviço reconhecido e de confiança no mercado
que compensam as taxas que ele paga para a utilização desta marca. Estes benefícios
também são vistos na administração da franquia que, apesar de não permitir alguma
decisão independente do franqueado, fica facilitada pela experiência e pelas consultorias
oferecidas pelo franqueador.
2.7.4 Incubadora
Amato Neto (2000) define as Incubadoras de empresas como arranjos
empresariais com instalões e infra-estruturas compartilhadas com o objetivo de unir
empresas e instituições de apoio (universidades, institutos de pesquisa, órgãos
governamentais, financiadores, entre outros).
Castellar (2001) diz que as Incubadoras são instituições ligadas a
universidades, órgãos governamentais ou institutos de pesquisas que oferecem espo
físico, suporte técnico e consultoria para formação de novas empresas, em troca de uma
taxa.
Arruda (1998) pronuncia que as incubadoras de empresas são um
mecanismo de fomento industrial que se materializa através de um espo físico para
abrigar empresas por tempo limitado, utilizando equipamentos e infra-estrutura de
24
serviços de forma compartilhada e com baixos custos para a instalação de empresas de
base tecnológica ou tradicional, dispondo de uma equipe técnica gerencial capacitada para
dar suporte de consultoria às empresas.
Assim, resumidamente, as incubadoras são locais que abrigam várias
empresas de diferentes setores, disponibilizando gratuitamente a elas, por determinado
período de tempo, as instalações físicas necessárias para o desenvolvimento de suas
atividades, bem como assessorias relacionadas aos negócios. Muitas das empresas que
estão em incubadoras desenvolvem produtos e serviços inovadores, havendo a
necessidade do intercâmbio com instituições de apoio (principalmente, apoio técnico de
pesquisas).
De acordo com o SEBRAE (2006c), existem quatro fases (modalidades)
em uma Incubadora: a) empresa pré-incubada (acontece no período de tempo no qual o
empreendedor finaliza sua idéia para a definição do empreendimento, utilizando,
enquanto isto, todos os serviços da Incubadora); b) empresa incubada (acontece quando a
empresa já é residente da Incubadora); c) empresa graduada (empreendimento que
alcançou desenvolvimento suficiente, habilitando-se a entrar no mercado); d) empresa
associada (empreendimento incubado à distancia). Castellar (2001) diz que, em média, as
empresas ficam na estrutura por cerca de três anos antes de serem lançadas no mercado.
Empresas de uma Incubadora são MPEs que estão iniciando suas
atividades e recebem apoio da Incubadora até que estejam prontas para entrarem
competitivamente no mercado. Nelas, as empresas recebem consultorias e assessorias em
gestão empresarial, gestão tecnológica, comercialização de produtos e serviços,
contabilidade, marketing, assistência jurídica, captação de recursos, contratos com
financiadores, engenharia de produção e propriedade intelectual, etc e desta forma elas se
capacitam para entrar de forma competitiva no mercado, transformando-se em potenciais
geradoras de emprego e renda (BERMUDEZ, 2005; ___FORMAÇÃO..., 2002).
Além de contribuírem para a solução de dificuldades relativas à
capacidade gerencial dos empresários e à incorporão de tecnologia aos produtos e
processos da empresa, as Incubadoras podem minimizar efeitos de outros problemas. Isso
porque maximizam a utilização dos recursos humanos, financeiros e materiais de que
dispõem os micro e pequenos empresários, contribuindo para a sobrevivência das
empresas que passam pelo processo de incubação (BRASIL; OLIVEIRA, 2002).
25
No Brasil, existem três tipos de Incubadoras de empresas: a) de base
tecnológica (abrigam empresas cujos produtos, processos ou serviços são gerados a partir
de resultados de pesquisas aplicadas, nos quais a tecnologia representa alto valor
agregado); b) de setores tradicionais (empresas que utilizam tecnologia largamente
difundida, mas querem agregar valor ao seu produto, processo ou serviço por meio de um
incremento em seu nível tecnológico); e c) mistas (reúnem empresas de base tecnológica
e de setores tradicionais) (SEBRAE, 2006c).
Segundo Vedovello (2000), os benefícios de se participar de uma
Incubadora são os seguintes: a) espo físico compartilhado (sala de reunião, área para
demonstração de produto, instalões laboratoriais, bibliotecas, etc.); b) consultorias e
assessorias em gestão tecnológica, comercialização, marketing, jurídica, capacitação de
recursos; c) cursos de capacitação e treinamento; d) acesso a laboratórios especializados
nas universidades e instituições que desenvolvam atividades tecnológicas; e e) prestígio
da instituição a que estão associadas, na hora em que apresentam o produto ao mercado.
As incubadoras apresentam envolvimento com cinco grupos de
interesse: a) Universidades e institutos de pesquisa; b) empresários e acadêmico-
empresários (que exploram os resultados de suas atividades de pesquisa numa base
comercial); c) agentes financeiros (vislumbrando rápidos retornos financeiros
proporcionados por empresas de base tecnológica); d) agências de desenvolvimento e
governo; e e) grandes empresas (através do fornecimento de bens e equipamentos para a
empresa incubada ou adquirindo produtos e serviços inovadores gerados)
(VEDOVELLO, 2000).
Apesar das vantagens apresentadas, alguns problemas podem ser vistos
nas incubadoras, o que dificulta a sua maior difusão no Brasil: a) limitação do tipo de
empresa a ser abrigada (as empresas candidatas são, em princípio, voltadas a atividades
de pesquisa e desenvolvimento (P&D) de bens e serviços feitos com grande inovação
tecnológica); e b) falta de compartilhamento de informões dos institutos de apoio,
deixando as empresas incubadas como ilhas isoladas (SCHEEL, 2002; VEDOVELLO,
2000).
26
2.7.5 Redes de empresas
2.7.5.1 Conceitos
Por serem o foco deste trabalho, as redes de empresas terão um estudo
mais aprofundado do que as outras formas de AE.
O termo rede” é muito abrangente e subjetivo, sendo utilizado em
diversas ocasiões e contextos diferentes. Por isso é muito difícil achar um consenso na
caracterização do termo.
Segundo Powell; Smith-Doer (1994) apud Sacomano Neto (2004)
existem duas abordagens para o estudo das redes: a) redes como forma de governança; e
b) redes como forma analítica. Enquanto que na primeira visão as redes são vistas como
uma forma de governar as relões entre os atores econômicos; na outra elas são
estudadas de acordo com as relações dentro da firma ou no ambiente externo das
organizações. As redes como forma de governança podem ser caracterizadas como uma
coleção de atores que perseguem repetidas trocas através da cooperação produtiva ou
tecnológica para responder às demandas do ambiente, havendo um acesso mais rápido a
recursos e know-how que não podem ser produzidos internamente. Já a abordagem
analítica tenta compreender a maneira como as empresas se unem e como estas relões
facilitam o cotidiano das mesmas, ou seja, ela estuda as conexões das empresas e como
os recursos tangíveis e intangíveis e as relações de autoridade fluem nesta configuração.
A formação e o desenvolvimento de redes de empresas vêm ganhando
importância não apenas para as economias de vários países industrializados, como Itália,
Japão e Alemanha, mas também para os países emergentes, como é o caso do México,
Chile, Argentina e o Brasil (AMATO NETO, 2000; BRIDGEWATER; EGAN, 2002).
No Brasil, este tipo de inter-relação empresarial vem ganhando muito
destaque, principalmente, entre as micro e pequenas empresas. Segundo Casaroto; Pires
(2001, p. 41), se as pequenas empresas puderem agregar vantagens de grandes empresas,
em funções como logística, marca ou tecnologia, elas terão grandes chances de
competição. E é exatamente isso que as redes de empresas proporcionam.
Segundo Amato Neto (2000, p. 46) uma rede de empresas constitui-se
em uma maneira de regular a interdependência de sistemas complementares tais como o
27
de produção, pesquisa, vendas, compras, finanças, etc. e isso é diferente de reuní-los sob
uma única empresa. Já Ribaut et al. (1995) fazem uma referência simplista, mas bastante
esclarecedora, ao conceito de redes, relacionando-o ao agrupamento de empresas com o
objetivo principal de fortalecer as atividades de cada um dos participantes deste tipo de
aliança estratégica, sem que, necessariamente, tenham los financeiros entre si. Jarillo
(1998) diz que as redes são arranjos entre distintas, mas relacionadas firmas, que
possuem uma coordenação de suas atividades econômicas baseada no alcance de
objetivos comuns que seriam mais difíceis de serem atingidos fora do ambiente da rede.
2.7.5.2 Diferenças entre redes e outras alianças estratégicas
Em diversos autores, os termos rede” e aliança estratégica” são
utilizados alternativamente, referindo-se, muitas vezes, ao mesmo tipo de organização
interempresarial. No entanto, apesar das redes serem corretamente classificadas como
alianças, estes termos não podem ser considerados sinônimos, pois as alianças, por sua
vez, não compreendem apenas as redes.
As principais características que distinguem as redes das outras formas
de aliança estratégica, segundo Lagemann (2004, p. 13-14), são:
tamanho: enquanto que as alianças são formadas por um
mínimo de duas empresas, as redes são formadas por um
número maior de empresas, com um mínimo de três
participantes. O próprio termo rede insinua a existência de
um grupo maior de conexões entre as empresas;
objetivos dos parceiros: tanto as redes como as alianças são
formadas pelos mais variados objetivos, podendo um objetivo
para a rede ser o mesmo que o de uma aliança. No entanto, as
redes são formadas, predominantemente, quando o número
maior de empresas facilita o alcance dos objetivos em
comum;
contribuições dos parceiros: a diferença que melhor distingue
as redes das alianças refere-se ao tipo de contribuição dos
28
parceiros. No caso das redes, os parceiros contribuem com o
mesmo tipo de recurso, como conhecimento, especialização,
volume de compras, volume de produção, entre outros. Nas
demais formas de aliança estratégica, cada parceiro pode
contribuir com recursos diferentes, como, por exemplo, uma
aliança de acesso a mercado, onde um dos parceiros possui o
produto e o outro o canal de distribuição já estabelecido;
papel de órgãos governamentais e instituições de ensino: nas
redes, o papel dessas instituições é predominantemente de
apoio, fornecendo crédito ou auxílio gerencial, sem ser
considerado como um parceiro. Porém, existem casos de
alianças estratégicas onde essas instituições possuem papel
principal; e
proximidade entre parceiros: nas redes, enfatiza-se a
formação de senso de grupo e a maior proximidade entre os
parceiros, utilizando-se jargões como o todo é maior do que
a soma das partes.
Human; Provan (1997) também especificam diferenças das redes para
as outras formas de aliança estratégica:
nas redes, mesmo trabalhando em atividades conjuntas, as
empresas mantém-se independentes. Já em outras formas de
AE isso não ocorre;
nas redes, os objetivos comuns são perseguidos pelo esforço
de muitos participantes, enquanto que em outras formas de
AE, os atores são de números bem mais reduzidos;
em muitas redes as inter-relões são coordenadas pelas
próprias firmas da rede, e os mecanismos de coordenação são
geralmente pouco formais. Em outras formas de AE, a
coordenação é exercida por meio de contratos formais; e
um dos critérios para a participação em uma rede, muitas
vezes, é a proximidade geográfica pela qual os participantes
29
tentam alcançar objetivos comuns. Já em outras formas de
AE, esta proximidade não é necessária.
Ou seja, uma rede sempre é considerada uma aliança estratégica, mas
nem toda aliança estratégica é uma rede. Para Torres (2002), as redes de empresas
constituem um tipo de colaboração onde empresas com objetivos comuns concordam em
trabalhar juntas, para trocar idéias, conhecimentos e tecnologias em certas áreas, mas
mantém sua autonomia em outras áreas. Porém se ocorrer cooperação entre duas ou mais
firmas, havendo troca de recursos para melhorar as competências organizacionais das
mesmas e, acima de tudo, se a rede servir para definir questões estratégicas das mesmas,
as redes de empresas podem ser consideradas uma forma de aliança estratégica.
2.7.5.3 Tipos de redes de empresas
Conforme Caglio (1998) apud Balestrin; Vargas (2003, p. 3) e Oliver;
Ebers (1998), os estudos sobre as redes de empresas se deram pelas seguintes correntes
teóricas: a) teoria da economia industrial, que utilizou os custos de produção (economias
de escala, de especialização, etc.) para mostrar a eficiência das redes; b) teoria das
estratégias interorganizacionais, que visualizou as redes de empresas como formadoras de
vantagem competitiva; c) teoria da dependência de recursos, que mostrou que a
necessidade de buscar recursos complementares fez com que as empresas se unissem em
rede; d) teoria da rede social, que percebeu que a posição dos participantes da rede
determina e influencia as inter-relações dos participantes; e) teoria dos custos de
transação, que salientou que as redes diminuem incertezas e compartilham os riscos entre
os participantes, além de reduzir a ineficiência nas transões, trazendo diminuição de
custos; f) teoria institucional, que evidenciou que as firmas buscavam ganhar legitimidade
junto ao seu ambiente institucional quando integravam redes de empresas; e g) teorias
críticas e radicais, que questionaram a eficiência das redes de empresas. Ou seja, as
correntes teóricas foram se complementando paulatinamente, fazendo com que as
características das redes de empresas fossem se definindo, permitindo uma caracterização
dos tipos de redes de empresas existentes.
Baseando-se em duas variáveis (elos gerenciais e grau de formalização),
Marcon; Moinet (2000) apresentam uma forma de classificar as redes de empresas. Para
30
eles, elas podem ser segmentadas em: verticais ou horizontais (variável elo gerencial),
formais ou informais (variável grau de formalizão). As redes de empresas verticais são
semelhantes às estabelecidas entre matriz e filial, num ambiente em que a filial possui
pouca autonomia jurídica e administrativa. Nessa dimensão encaixa-se a noção de
empresa em rede”, onde as parcerias são firmadas para que haja uma aproximação
geográfica com os clientes, ou seja, pelo motivo da dispersão espacial. Grandes redes de
distribuição alimentar, por exemplo, adotam esta aliança para conseguirem ampliar seus
donios territoriais através de alianças. Já as redes horizontais ocorrem entre empresas
que se unem para coordenar conjuntamente certas atividades especificas (ões de
marketing, desenvolvimento de produtos, etc), mantendo a independência gerencial de
cada uma delas. Tal modelo tem um caráter de cooperação entre os participantes,
propiciando um aprendizado por meio da troca de experiências entre eles. Assim, os
atores concorrentes escolhem cooperar dentro de certo limite para tirarem proveito desta
relação sem privar a liberdade de ação estratégica de cada participante. Os consórcios de
compra, redes de colaboração, alianças tecnológicas, etc. fazem parte destas redes de
empresas. Na dimensão do grau de formalização, as redes formais são aquelas baseadas
em termos contratuais que estabelecem as regras de conduta entre os participantes,
enquanto que as redes informais são feitas sem qualquer tipo de contrato que estabela
as regras da parceria, baseando-se na confiança dos atores que acabam por criar um
ambiente com uma cultura de cooperação e auxílio entre os atores (a troca de experiências
e informões passa a ser fundamental nesta aliança).
Casaroto; Pires (2001), argumentando sobre a união de pequenas
empresas, agrupam as diversas maneiras de redes existentes, em dois tipos: a) rede top
down; e b) rede flexível de empresas. A rede top down acontece quando uma grande
empresa coordena sua cadeia de fornecedores e subfornecedores em vários níveis,
fazendo com que o fornecedor fique altamente dependente das estratégias da empresa
mãe, tendo pouca flexibilidade e poder de influência nos destinos da rede. Este tipo de
rede aproxima-se da definição de rede vertical proposta por Marcon; Moinet (2000),
sendo muito visto na instria automobilística (onde existem as grandes montadoras que
coordenam sua cadeia de fornecedores de peças). Já as redes flexíveis de empresas
aproximam-se das redes horizontais citadas acima, pois são aquelas que acontecem
quando as empresas de um mesmo segmento unem-se através de um consórcio com o
objetivo de juntar esforços em funções em que se necessita de uma escala maior e maior
31
capacidade inovativa. Neste tipo de rede, a cooperação das empresas supera a rivalidade
entre concorrentes (já que as empresas são de um mesmo segmento), havendo o abandono
do individualismo e das expressões do tipo cada um por si e todos contra todos para
aceitar-se o concorrente como um parceiro.
As reflexões apresentadas neste trabalho dizem respeito às redes
horizontais de cooperação ou redes flexíveis de empresas (que são aquelas existentes
entre concorrentes que cooperam para a obtenção de objetivos comuns, firmando suas
inter-relões na confiança e cooperação entre os participantes); a rede estudada nesta
pesquisa encontra-se neste segmento. Assim, a partir dos próximos itens desta
dissertação, toda vez que o termo rede” for utilizado, ele estará se referindo às redes
horizontais de cooperação (ou redes cooperativas).
2.7.5.4 As redes horizontais de cooperação (redes cooperativas)
As redes horizontais de cooperão ou redes cooperativas são aquelas
formadas entre empresas concorrentes de um mesmo setor que buscam atingir objetivos
comuns através da união de seus esforços.
Segundo Hooley et al. (2005), as redes cooperativas ou redes de
colaboração surgem por meio de um agrupamento formal ou informal de empresas
autônomas, com o objetivo de realizar atividades comuns, permitindo que elas se
concentrem apenas em suas atividades principais (core business). Burt (1992) argumenta
que estas relões cooperativas também são entendidas como strong ties, pois baseiam-se
em normas de confiança, contratos de longo prazo e na previsibilidade das relões.
Para Las Casas (2000) estas redes reúnem empresas em uma entidade
juridicamente estabelecida, mantendo, no entanto, a independência de cada participante.
Desta forma, elas têm total autonomia para tomarem suas decisões de forma individual,
mas alcançam benefícios que não encontrariam caso não se unissem com as firmas
parceiras.
Como o próprio nome sugere, nas redes cooperativas a cooperão entre
as empresas participantes é o eixo central da aliança entre elas. Segundo Casaroto; Pires
(2001, p. 39), o IAD (Instituto Alemão para o Desenvolvimento) elaborou uma descrição
32
de quais são as características que se deve encontrar nas empresas para haver a
cooperação entre elas, conforme explicitado no Quadro 3:
Quadro 3 Cooperação segundo o IAD
Cooperação não demanda:
- União de todos atrás de uma liderança;
- Uma ação totalmente sincronizada em conjunto;
- Ausência de conflitos entre parceiros;
- Negação de interesses divergentes.
Cooperação necessita de:
- Troca de informões entre várias empresas;
- Estabelecimento de um intercâmbio de idéias;
- Desenvolvimento de visão estratégica;
- Definição de áreas de atuação;
- Análise conjunta dos problemas e solução em comum;
- Definição das contribuições dos parceiros
Fonte: elaborado pelo autor. Adaptado de Stamer et. al., 1997.
No Brasil existem muitos casos de formação de redes cooperativas. Os
setores de varejo farmacêutico (Redes Farmáxima, Multidrogas, Farmavip, Netfarma,
etc.), autopeças (Rede Tem Peças), material de construção (Rede Construlider), papelaria
(Rede Brasil Escolar), etc. são apenas alguns exemplos desta organização
interempresarial. Cada rede de colaboração possui suas especificidades, mas algumas
características são comuns em todas elas: a) apesar da burocracia baixa, para fazer parte
de uma rede horizontal a empresa precisa passar por uma avaliação da administração
(consórcio) da rede, na qual serão analisados a história desta empresa, seu tamanho, sua
relação com os fornecedores, etc.; b) existem critérios de seleção (tempo de
funcionamento, receita mensal mínima, distância nima (em quilômetros) para outros
sócios da mesma rede, histórico de ser uma empresa que honra seus compromissos em
dia, etc.) para se conquistar a permissão para participar da rede; c) para ter acesso aos
serviços da rede cada empresa participante paga uma taxa mensal à mesma (esta taxa não
pode ser comparada aos royalties pagos numa franquia, pois são de montante bem mais
baixo do que este); d) para sair da rede, a burocracia e os custos são baixos; e) a rede
33
contrata empresas terceirizadas (como as centrais de compras), conhecidas como
consórcios, segundo Casaroto; Pires (2001), para realizarem serviços para todos os
participantes da aliança estratégica; e f) os participantes mantêm total autonomia
administrativa, tomando decisões conforme aquilo que acham melhor para os seus
estabelecimentos.
Assim, percebe-se que existem características pontuais que distinguem
as redes de cooperão das outras formas de aliança estratégica citadas neste trabalho. O
Quadro 4 mostra quais são estas diferenças.
34
Quadro 4: Comparação entre Redes de Cooperação e outras Alianças Estratégicas
Redes Horizontais de Cooperação
Joint Venture
- nas Joint Ventures há predominância de grandes empresas, enquanto que nas redes,
as MPE também participam;
- nas Joint Ventures cria-se uma outra empresa, a partir de empresas distintas, havendo
intersão do Ativo das empresas-mãe, enquanto que nas redes cada empresa atua
autonomamente;
- muitas empresas fazem parte de uma rede, enquanto que nas Joint Ventures este
numero é sempre pequeno;
- nas Joint Ventures há uma formalização grande da coordenação, enquanto que nas
redes esta formalização é baixa.
Cluster e APL
- há formação de redes em todos os Segmentos econômicos, enquanto que o cluster é,
predominantemente, industrial;
- no cluster há uma atração de agentes complementares para a região onde houve a sua
formação, enquanto que nas redes os fornecedores, trabalhadores especializados e
técnicos não são atraídos;
- no cluster há uma total concentração geográfica dos participantes, enquanto que nas
redes esta concentração não é tão grande.
Franquia
- nas redes há independência dos participantes, enquanto que nas franquias, o
franqueador toma as decisões, limitando a administração do franqueado;
- o custo e a burocracia para uma empresa fazer parte de uma rede são baixos,
enquanto que nas franquias paga-se uma taxa alta para a concessão da utilização da
marca, bem como a burocracia é elevada;
Incubadora
- as Incubadoras acolhem empresas de setores econômicos diferentes, enquanto que
nas redes, os participantes são do mesmo setor (concorrentes);
- nas Incubadoras há o compartilhamento da mesma infra-estrutura básica (espaço
físico), enquanto que nas redes cada participante tem o seu próprio ponto de venda;
- as instituições de apoio têm papel central nas Incubadoras, enquanto que nas redes
elas não são parceiras centrais;
- existe um tempo limite para estar em uma Incubadora, enquanto que nas redes as
empresas permanecem associadas por quanto tempo quiserem;
- nas redes as empresas buscam um mesmo objetivo, enquanto que nas Incubadoras
cada empresa traça seu objetivo individual;
- as Incubadoras são formadas por empresas de cunho tecnológico, enquanto que nas
redes qualquer tipo de empresa pode criar uma associação.
Fonte: elaborado pelo autor
35
2.7.5.5 Como as redes cooperativas obtêm vantagem competitiva
Já foi visto no capítulo anterior que as alianças estratégicas trazem
vantagem competitiva aos seus participantes. Por isso, estes benefícios também são
alcançados pelas empresas participantes de redes cooperativas, mas alguns deles são mais
característicos deste tipo de inter-relação empresarial.
Segundo Haley (1997, p. 592), as redes podem contribuir para manter
um ambiente que protege as competências centrais e a vantagem competitiva das
empresas. Casaroto; Pires (2001, p. 47) afirmam que as redes de empresas e as relões
sólidas e de longo prazo podem conferir um suporte estratégico e operativo que permite a
conquista de vantagens competitivas às empresas. Bronzo; Honório (2005, p. 8) reforçam
esta idéia dizendo
As empresas que entram em um circuito relacional e encontram-se
inseridas em uma estrutura em rede, sejam elas pequenas, médias ou
grandes empresas, tenderão a se especializar em atividades para as
quais suas capacidades e competências ofereçam alguma vantagem
comparativa diante de seus concorrentes diretos ou potenciais.
As origens para a obtenção destas vantagens competitivas foram
descritas por Ebers; Jarillo (1998):
aprendizado mútuo: trará melhor suporte para o
desenvolvimento de produtos;
co-especialidade: devido à soma de esforços entre as firmas,
elas tornam-se lucrativas em novos nichos de mercado;
melhor fluxo de informação: trará uma coordenação melhor
do fluxo de recursos, reduzindo a incerteza nas relões que é
responsável por boa parte dos custos de transão (segundo
Nohria (1992), as redes permitem um acesso rápido a
recursos e know how que não podem ser produzidos
internamente de forma individual); e
economias de escala: resultantes de investimentos, compras e
vendas em conjunto.
36
De acordo com Kotler (1998), Las Casas (2000) e Puga (2000), os
principais benefícios de se fazer parte de uma rede horizontal de cooperão são:
acesso ao crédito e à capacitação gerencial;
redução de custos com o aumento do poder de barganha;
divisão de riscos;
valorização da marca e possibilidade de marketing
compartilhado;
acesso a treinamentos para funcionários e gestores;
preservação da individualidade das empresas;
acesso a novos mercados e tecnologias; e
troca de informações e experiências entre os participantes.
Ou seja, quando as empresas se unem nas redes, os benefícios não ficam
restritos apenas ao melhor poder de barganha (já que juntas conseguem comprar um
volume de produtos dos fornecedores muito maior do que quando compram
individualmente). O aspecto cooperativo destas redes faz com que a troca de informões
entre empresas que trabalham no mesmo segmento econômico fortaleça as suas posições
de mercado, já que elas conseguem acompanhar e implementar mudanças que deram
certo em outras empresas participantes da rede. A maneira de pensar e agir
cooperativamente traz uma união de esforços que beneficia todos os participantes da rede,
pois eles conseguem superar os obstáculos através da ajuda mútua, bem como planejam o
futuro da rede de forma mais profissional e consistente.
Nessa nova óptica, a empresa não necessita ter de fazer uma escolha
estratégica única entre liderança de custos ou diferenciação, como
afirma Porter, mas pode garantir vantagens competitivas oriundas de
ambas as opções estratégicas por ele propostas (CASAROTO; PIRES,
2001, p. 31).
2.7.5.6 Problemas que podem surgir nas redes cooperativas
Hage; Alter (1997) comentam que a coordenação das redes torna-se
mais complexa, em função da autonomia dos membros e da complexidade dos processos
decisórios. Assim, segundo Uzzi (1997), quando uma firma estiver muito embutida
37
(overembedded) numa rede, o acesso desta a novas oportunidades e informões torna-se
paradoxalmente mais complexo, pois as mesmas relões fortes e coesas que levam uma
organização a se diferenciar de outras no campo competitivo, podem reduzir a rede de
relões, fazendo com que a adaptação à dinâmica ambiental torne-se mais difícil, já que
ela começa a restringir a amplitude da busca de informação. Ou seja, para Burt (1992), a
maior coesão e densidade de relacionamento entre os participantes da rede permitem a
troca de informões refinadas, reciprocidade, normas cooperativas, entre outras;
entretanto, estas relões fortes e duradouras podem dificultar o acesso desses atores a
novas informações que circulam fora daquele ambiente restrito.
Os participantes das redes de empresas devem, então, tirar o máximo de
proveito dos benefícios causados pela maior facilidade do fluxo da informação, sem se
acomodar apenas com estas fontes de informação. Na era da informação, os dados
relevantes devem ser buscados continuamente e em vários canais ao mesmo tempo, não
havendo espos para limitões delas. Caso contrário, as redes podem abrir brechas para
que outras firmas e organizações as superem, através do aproveitamento de oportunidades
percebidas por informões diferentes daquelas geradas dentro de uma rede de empresas.
O compartilhamento das informações também pode trazer problemas
individuais para a empresa, caso ela não selecione qual informação pode estar passando
ao seu parceiro da rede, pois este também não deixa de ser seu concorrente. Porter (1986,
p. 113) esclarece esta questão articulando que:
(....) a informação é crucial tanto para movimentos ofensivos quanto
para defensivos. Às vezes, o fornecimento seletivo de informação pode
servir a propósitos muito úteis (....) na comunicação do compromisso
(....), mas muitas vezes a informação quanto a planos ou intenções pode
tornar mais fácil para os concorrentes a formulação de sua estratégia
(....) Assim, a revelação seletiva de informões sobre si mesma é um
recurso de extrema importância para a empresa (....). A revelação de
qualquer informação deve ser feita apenas como uma parte integrante
da estratégia competitiva.
Ou seja, a informação imperfeita sobre o potencial do parceiro aumenta
os riscos da empresa se expor a um comportamento oportunista do parceiro da rede
(GULATI, 1999).
Segundo o BNDES (2000), outro problema que pode surgir nas redes é
não pensar nas centrais de compras como figuras tributárias, fazendo com que o
38
fornecedor tenha que emitir uma nota fiscal para cada participante da rede, bem como
entregar os produtos em cada empresa. Conforme este estudo, muitas redes tiveram seus
números de associados reduzidos devido a este problema, já que os fornecedores não
conseguiam se adequar, de forma lucrativa, a estas necessidades das empresas associadas
da rede.
2.7.5.7 Os consórcios das redes cooperativas
De acordo com Casaroto; Pires (2001), as empresas participantes de
uma rede cooperativa unem-se por um consórcio, que seria uma terceira empresa criada
pelos consorciados para administrar os interesses dos mesmos. Ou seja, quando as
empresas concorrentes decidem cooperarem entre si, elas não têm como coordenar suas
atividades conjuntas; por isso, elas criam uma terceira empresa totalmente independente
para cuidar da administração dos interesses mútuos dos participantes, fazendo com que o
consórcio simule a administração de uma grande empresa, mantendo a flexibilidade de
atendimento dos pedidos diferenciados dos vários participantes da rede. Assim, quando
há a formação da rede
(...) é necessária a institucionalização de instrumentos que assumam
parcialmente funções de gerência e que tenham condição de manter um
estoque de informações que, na maioria das vezes, não pode ser
realizado ou mantido pela empresa isoladamente (CASAROTO;
PIRES, 2001, p. 49).
Conforme estes autores, os consórcios, normalmente, são empresas
privadas de serviços, mas empresas mercantis e até instituições podem assumir o papel de
um consórcio, desde que ele sempre represente a concentração e a solução de problemas
comuns às empresas, espelhando esta realidade.
Para a configuração de tais consórcios são necessários poucos
profissionais, porém estes devem ter grande capacidade técnica e relacional, além de
conhecerem muito intimamente as empresas participantes do consórcio, seu ambiente de
ação e o mercado de produtos, tecnologia e serviços relacionados. Casaroto; Pires (2001)
dizem que o essencial na determinação do consórcio é a existência de forte aliança entre
39
empresas e instituições diretamente interessadas em sua criação, que, conjuntamente,
determinarão quais objetivos este instrumento terá e quais os tipos de atividade deverá
desenvolver.
A abrangência dos consórcios se dá em muitos níveis (fabricação do
produto, valorização do produto, valorização da marca, desenvolvimento de produtos,
comercialização, exportação, padrão de qualidade, obtenção de crédito e capacitação
profissional) e os principais serviços que prestam são:
divulgar informões recolhidas no ambiente de atuação das
empresas associadas, indicando novas oportunidades a serem
exploradas;
fazer pesquisas de mercado;
promover a campanha de marketing dos participantes da rede;
oferecer serviços financeiros aos consorciados (descobrir e
encaminhar a fontes de financiamento; elaborar projetos
financeiros, etc.);
organizar a participação das empresas associadas em feiras
nacionais e internacionais;
oferecer consultorias para sanar problemas comuns ou
específicos dos participantes (contábil, jurídica, em comércio
exterior, etc.);
organizar projetos da rede; e
promover convenções e meetings entre os participantes da
rede e com atores representativos (fornecedores, governo,
entre outros) para haver uma troca de experiências adquiridas
e para discutir-se as tendências e expectativas futuras.
2.7.5.8 As centrais de compra das redes cooperativas
Uma das maiores dificuldades dos micro e pequenos empresários é a
falta de poder que eles têm para negociar com seus fornecedores, já que, isoladamente, os
pequenos empreendimentos não conseguem comprar em quantidade suficiente que lhes
garantam pros mais baixos e melhores prazos de pagamento.
40
Segundo Martinelli; Almeida (1998), a dinâmica do poder e da
dependência são fatores importantes que determinam a performance em uma negociação.
Eles contam que os poderes podem ser divididos de acordo com a origem dos mesmos: a)
os poderes pessoais são aqueles natos, presentes em qualquer situação, independente do
papel desempenhado, dos conhecimentos e das habilidades, presentes na essência de cada
negociador; e b) os poderes circunstanciais estão relacionados à situação, momento,
influência do meio ou tipo de negociação específica, onde o ambiente age como
influenciador da negociação.
Estes autores pregam que a negociação deve ser feita por profissionais
que conham as artimanhas de todo o processo de fechamento de um negócio, não
havendo espo para negociadores amadores. Isto se deve ao fato de que existem
variáveis na negociação que são melhores elaboradas por pessoas que tenham experiência
no assunto. O tempo, ou melhor, o limite do tempo é uma dessas variáveis, já que as
concessões feitas em uma negociação geralmente acontecem próximas dos prazos finais,
ou seja, quanto mais uma parte souber estimar o prazo-limite do oponente maior será o
seu poder na negociação. A outra variável é a informação e se refere ao efeito de
informar-se acerca de alguém ou de algo como forma de ajudar a avaliação de uma
realidade para, a partir disso, serem tomadas as decisões.
Segundo Hiroshi (2000), para que o modelo de redes cooperativas possa
se tornar mais competitivo, as empresas devem buscar a profissionalização das operões,
que ocorre por meio de informatização, diversificação do mix de produtos e alianças
estratégicas com fornecedores. Nestas relações com os fornecedores, Parente (2000)
aponta três tipos possíveis de organização de compras: a) organização de compras
centralizadas (as decisões são tomadas em um escritório central, havendo vantagens nos
descontos dos fornecedores, melhor integração de esforços e maior controle sobre a
gestão de produtos. As desvantagens são menores agilidade, flexibilidade e adequação às
necessidades peculiares de cada loja. Segundo o autor, a compra centralizada seria
especialmente adequada quando as lojas estão geograficamente próximas, e quando as
unidades são de pequeno porte); b) organização de compras descentralizadas (as decisões
são tomadas em cada loja individualmente. Esse tipo de organização é praticado quando
as lojas estão geograficamente dispersas e quando as lojas alcançam volumes de vendas e
compras expressivos); e c) organização de compras semi-descentralizadas (incorpora as
vantagens das duas anteriores, pois envolve a negociação centralizada dos produtos mais
41
importantes com as decisões descentralizadas quanto ao complemento do mix de produtos
e a definição dos volumes de compras).
Hiroshi (2000), citando como exemplo os pequenos supermercados,
aponta que uma das melhores estratégias apontadas e defendidas para as pequenas
empresas é a formação de redes de compras ou centrais de compras, nas quais as lojas se
unificam para aumentar o poder de negociação junto à indústria fornecedora. Hamel et al.
(1989), Jarillo (1998) e Rodrigues (2001) complementam esta visão argumentando que a
formação de centrais de compras tem sido um modelo muito interessante, uma forma
moderna, estratégica e inovadora de se fazer negócios, já que fortalece as alianças com os
fornecedores na busca de melhores resultados e vendas.
As centrais de compras das redes cooperativas normalmente são
empresas terceirizadas pelos próprios associados da rede (ou a própria entidade
representativa do consórcio), tendo como trabalho principal a negociação de produtos,
pros, prazos e entrega junto aos fornecedores dos participantes da rede, que trazem
compras em larga escala, com pros menores, ajudando na diminuição do nível de
estoque geral das empresas, desobrigando-as de comprar individualmente em larga escala,
com o conseente custo do armazenamento (CASAROTO; PIRES, 2001). Como a
atividade das centrais de compra se concentra na negociação, elas podem contar com
profissionais especializados que conseguem tirar o máximo de proveito da roda de
negócios. Assim,
Por meio das centrais de compras as empresas de pequeno e médio
porte podem ter suas compras efetuadas por compradores profissionais
que desenvolvem, exclusivamente, esta atividade, utilizando o processo
especializado de compras. Como vantagens dessas centrais, pode-se
citar: a redução dos preços de compra, devido ao volume elevado e ao
poder de barganha que a central possui, e que, isoladamente, as
empresas não teriam, além da ampliação dos prazos de pagamento. Isso
leva as empresas associadas aumentarem suas margens operacionais e,
por conseqüência, serem competitivas no mercado (CHAVEZ, 2002,
p.135).
Outra característica das redes cooperativas é que o associado não é
obrigado a comprar os produtos nas empresas com os quais a central de compras
negociou, podendo comprar de outros fornecedores quando assim o quiser. Desta forma,
cada loja tem liberdade de pesquisar e negociar individualmente com qualquer fornecedor
que lhe convenha, fazendo com que as compras tenham os benefícios da organização
42
semi-descentralizada apontada por Parente (2000). Isto é importante porque muitas vezes
o associado precisa repor (emergencialmente) poucas unidades de mercadorias do seu
estoque, não havendo a necessidade de se esperar pelos resultados obtidos pela central de
compras (durante as negociações) para que ele efetue a compra.
O sistema combina a vantagem da centralização de grandes volumes
com a agilidade da descentralização para atender eficazmente as
necessidades e peculiaridades do mercado local de cada loja
(MORGADO; GONÇALVES, 1999, p. 150).
No Quadro 5 estão as características gerais das centrais de compras das
redes cooperativas, tendo como base um estudo feito no setor supermercadista.
Quadro 5: Características, Dificuldades, Benefícios e Ações Fundamentais das
Centrais de Compras
Características
Gerais
Dificuldades Benefícios Ações
Fundamentais
Formada por
pequenos
supermercados
independentes
Ampliar o foco: não
apenas compras
Compartilhamento de
custos, troca de
experiências
Defender (presidente
da central) os
interesses dos
associados
Idade: média de 3
anos
Adaptar o mix de
produtos às
necessidades de cada
associado
Redução no custo do
frete e nos preços dos
serviços
Contratar
profissionais
exclusivos para
gerenciar as centrais
Empresas que se
uniram para comprar,
essencialmente,
produtos básicos, mas
ampliaram as
atividades
Bi-tributação e taxa
elevada de
contribuição para
empresas menores
Preço mais
competitivo, ampliação
do mix e aumento das
vendas
Adotar ferramentas
tecnológicas para
agilizar processos de
pedidos
Crescimento lento Padronizar as lojas Aumento de linha de
crédito
Ampliar a
comunicação entre os
associados
Amadurecimento
Contínuo
Interesses conflitantes
dos associados,
legislação do
presidente em causa
própria e falta de
confiança
Possibilidade de
melhorar o treinamento
e crescimento dos
profissionais da
empresa
Estimular que os
associados tenham
cultura empresarial
semelhante e
objetivos definidos
Objetivo central de
sobreviver em um
ambiente competitivo
Dificuldade de acesso
direto ás grandes
indústrias
Vantagens na
negociação
Ampliar o conceito de
central de compras
para central de
marketing
Fonte: GHISI et al. (2003) com base nas informações obtidas em Lukianocenko (2001) e Martinelli (2000).
43
3 MICROEMPRESA
3.1 Introdução
A importância sócio-econômica das micro e pequenas empresas (MPE)
no cenário brasileiro cresceu muito nas últimas décadas. Segundo Longenecker et al.
(1998), a participação das pequenas empresas na economia veio diminuindo durante
muitas décadas e, somente após os anos 70, ela voltou a crescer. Isto aconteceu porque as
grandes empresas passaram a enxugar suas estruturas e as pequenas empresas começaram
a aumentar sua participação na economia. Tal argumentação é apoiada por Daft (1999, p.
3):
As maiores empresas não podem mais dominar o seu setor dentro de um
ambiente de rápidas mudanças no mercado global. As empresas
precisam reduzir os custos, freqüentemente utilizando o trabalho de
empresas menores ou freelancers e direcionar seus recursos para a
atividade principal vendendo todas as operações não essenciais.
Atualmente,
as MPE têm importante papel na estabilidade e mobilidade social,
atuando como um colchão entre as tecnologias e estratégias de
terceirização adotadas pelas grandes empresas e a necessidade dos
cidadãos buscarem no trabalho sua ocupação, renda, cidadania e auto-
estima (___SEBRAE, 2004c, p.5).
Ou seja, apesar de nominalmente serem reconhecidas como pequenas,
as empresas menores são muito grandes no que tange a sua relevância e importância para
44
a sociedade e economia brasileiras, havendo uma necessidade delas serem compreendidas
em suas particularidades.
No entanto,
(...) se observarmos a literatura existente sobre pequenas empresas e o
discurso da maioria dos pequenos empresários, fatalmente chegaremos à
lamentável conclusão de que a pequena empresa é entendida como uma
grande empresa que ainda não cresceu. (NAKAMURA, 1999, p. 34).
Assim, devido a sua relevância e as suas particularidades, as MPE
devem ser entendidas como possuidoras de uma dimensão particular e diferente das
grandes organizações e, por esta razão, torna-se necessário estudar um enfoque
diferenciado de gestão para estas empresas (LEONE, 1999).
3.2 Conceito de Micro e Pequena Empresa (MPE)
Existem duas formas clássicas de classificação do porte das empresas
brasileiras. Uma pelo modelo utilizado pelo SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às
Micro e Pequenas Empresas) e outra pela legislação tributária brasileira.
O SEBRAE adota o critério estabelecido pelo IBGE (Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística), classificando as empresas segundo o número de funcionários
que possuem. O quadro 6 mostra o critério adotado pelo SEBRAE para classificação das
empresas:
Quadro 6: Classificação das Empresas Segundo o Número de Funcionários
Porte Número de Empregados por Tipo de Empresa
Instria Comércio e Serviços
Microempresa até 19 funcionários até 09 funcionários
Pequena Empresa de 20 a 99 funcionários De 10 a 49
funcionários
Fonte: SEBRAE, 2004b.
45
O Governo Federal, para fins de tributação e vigência do SIMPLES
4
(Sistema
Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e Empresas de
Pequeno Porte), classifica as empresas considerando o faturamento bruto anual delas, de
acordo com a Lei Federal nº 9.841, de 05/10/99, que aprovou o novo Estatuto da
Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte. Nessa lei, no Decreto 5.028/2004,
encontram-se os limites de faturamento de cada tipo de empresa, conforme mostra o
Quadro 7.
Quadro 7: Classificação das Empresas Segundo o Faturamento Bruto Anual
Porte Faturamento Bruto Anual
Microempresa até R$ 433.755,14/ano
Pequena Empresa de R$ 433.755,15/ano
Até R$ 2.133.222,00/ano
Fonte: SEBRAE, 2004b.
Neste estudo será utilizada a classificação baseada nos critérios do SEBRAE,
pois as informões que embasam este capítulo foram tiradas das pesquisas realizadas
pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas e IBGE.
________________________________________________________________________
4
O SIMPLES está em vigor desde 1.º de janeiro de 1997, instituído pela Lei nº 9.317, de 5 de
dezembro de 1996. Ele consiste no pagamento unificado dos seguintes impostos e contribuições:
IRPJ, PIS, COFINS, CSLL, INSS Patronal e IPI (se for contribuinte do IPI).
O imposto simplificado a ser recolhido pela empresa tem como base de cálculo a receita bruta
mensal, sobre a qual é aplicado um percentual, que varia de 3% a 8%, conforme a receita anual da
empresa, e mais 0,5% se a empresa for contribuinte do IPI. Assim, o SIMPLES veio para tentar
suavizar a tributação das microempresas e empresas de pequeno porte e tentar tornar menos
complexo o pagamento de tributos. Fonte: http://www.sebrae.com.br/
46
3.3 Características Gerais das MPEs
Em uma pesquisa do IBGE (2003) foram apresentadas as principais
características das micro e pequenas empresas, conforme demonstração abaixo:
baixa intensidade de capital;
altas taxas de natalidade e de mortalidade (demografia
elevada);
forte presença de proprietários, sócios e membros da família
como mão-de-obra ocupada nos negócios;
poder decisório centralizado;
estreito vínculo entre os proprietários e as empresas, não se
distinguindo, principalmente em termos contábeis e
financeiros, pessoa física e jurídica;
registros contábeis pouco adequados;
contratão direta de mão-de-obra;
utilização de mão-de-obra não qualificada ou
semiqualificada; e
maior dificuldade de acesso ao financiamento de capital de
giro.
Leone (1999) também faz uma relação das principais características das
MPE, de acordo com o Quadro 8:
47
Quadro 8: Especificidades das Pequenas Empresas
Organizacionais Decisionais Individuais
- pobreza de recursos;
- geso centralizada;
- situação extra-organizacional
incontrovel;
- fraca maturidade
organizacional;
- fraqueza das partes no mercado;
- estrutura simples e leve;
- ausência do planejamento
formal;
- fraca especialização;
- estratégia intuitiva e pouco
formalizada;
- sistema de informações simples.
- tomada de decisão intuitiva;
- horizonte temporal de curto
prazo;
- inexistência de dados
quantitativos;
- alto grau de autonomia
decisional;
- racionalidade econômica,
política e familiar.
- onipotência do proprietário-
dirigente;
- identidade entre pessoa
física e pessoa jurídica;
- dependência diante de certos
empregados;
- influência pessoal do
proprietário-dirigente;
- simbiose entre patrimônio
social e patrimônio
pessoal;
- propriedade dos capitais;
- propensão a riscos
calculados.
Fonte: Elaborado pelo autor. Adaptado de Leone (1999, p. 94)
Como visto, as micro e pequenas empresas possuem administração
centralizada e uma estrutura muito simples que necessita de quantidades menores de
unidades ou funções administrativas. A satisfação dos familiares, empregados e
proprietário é melhor atendida quando não existe uma estrutura funcional sofisticada.
Leone (1999) aponta que a fluidez das informões está diretamente associada às
estruturas adotadas pelas pequenas e médias empresas: a inexistência de níveis
hierárquicos intermediários permite o contato direto com e entre os empregados, o que
facilita o desenvolvimento de informões importantes (a utilização de nomes pessoais e
o tratamento informal ilustram essa realidade). Essa aproximação ajuda a formação e a
evolução de forte cultura organizacional na empresa, a medida que cada um possa
progredir com esse crescimento.
A globalização e ou aumento da concorrência também permite às
empresas de pequeno porte a vantagem de se flexibilizarem e
fornecerem respostas mais rápidas que as grandes empresas com
economia de escala (DAFT, 1999, p. 103).
48
Assim, a flexibilidade das MPE e sua capacidade de adaptação a
ambientes incertos (em constante mutação) facilitam a gestão destas empresas num
mundo altamente seletivo e concorrido. A agilidade com que elas reagem às mudanças
indica sua propensão de ganhar novas experiências e conquistar oportunidades. A
estrutura mais enxuta das MPEs em relação às grandes empresas permite que as
informões circulem mais rapidamente, agilizando o processo de tomada de decisão. Ou
seja, as MPEs possuem uma estrutura baseada em características que lhes dariam algumas
vantagens sobre as grandes empresas, caso elas fossem exploradas da maneira correta.
No entanto, a falta de profissionalismo impulsiona o sócio-gerente da
empresa a tomar decisões individualmente, principalmente por tais decisões poderem
gerar muitas perdas. Leone (1999) esclarece que para o dirigente, é preferível agir só e
guiado mais pela sua sensibilidade do que pelos meios técnicos de administração
fornecidos pela ciência às empresas dotadas de uma organização administrativa
sofisticada. Como o processo decisório é realizado por uma única pessoa, as atitudes
tomadas são relacionadas diretamente à cadeia de valores do sócio-gerente, ou seja, passa
a vigorar o perfil do dono. O dirigente se recusa a delegar funções, principalmente por
não ter formalizado esses procedimentos. Fortemente envolvido no seu negócio, a direção
do dono é pessoal e efetiva, exercendo seu poder de gestão e de controle de maneira que
os objetivos da empresa sejam determinados pelos seus próprios objetivos.
Com isso, o proprietário tem como objetivo em sua empresa, sua
aspiração pessoal, tornando-a eficaz, quando ele consegue vê-la prosperar
financeiramente. Pode-se dizer que a Pessoa Jurídica (empresa) é substituída pela Pessoa
Física do proprietário em muitas situões, traduzindo uma identidade total entre as duas.
Se a vida pessoal do proprietário vai bem, o necio é favorecido; caso contrário, fatores
particulares podem afetar negativamente.
Assim, aquilo que poderia trazer benefícios frente às grandes empresas
acaba sendo desperdiçado pela forma amadora como o proprietário administra a sua
empresa.
As pequenas empresas operam no mesmo ambiente que as grandes
empresas bem-estabelecidas e são afetadas pelas mesmas mudanças
drásticas: competição global cada vez mais acirrada, rápidas mudanças
tecnológicas, ambientes em constante mudança, a necessidade de fazer
mais com menos e novos desafios com origem nas mudanças
demográficas na população e na força de trabalho. Algumas vezes, as
49
pequenas empresas estão em melhores condições de sobreviver ao caos,
por causa de sua flexibilidade e agilidade. Entretanto muitos
empreendedores estão tão concentrados na operação do dia-a-dia que
não têm uma perspectiva a longo prazo, necessária ao crescimento
contínuo (DAFT, 1999, p. 115).
3.4 Importância Sócio-econômica das MPEs
Cher (1990) ressalta a importância socioeconômica das MPEs, dizendo
que elas têm papel fundamental: na geração de riqueza, absorção de mão-de-obra,
flexibilidade locacional que colabora com a interiorização do desenvolvimento, caráter
majoritariamente nacional e uma maior capacidade de reação ao mercado em relação às
grandes empresas.
De acordo com Segenberger et al. (1991), o aumento da importância
econômica das pequenas empresas se deu após as mudanças no ambiente empresarial,
refletidas na turbulência do mercado internacional, na instabilidade da demanda, e na
alteração das necessidades dos consumidores. Essas transformões tornaram as grandes
unidades de produção defasadas e não lucrativas, enquanto as pequenas empresas, com
suas estruturas mais flexíveis, tiveram melhores condições para crescerem.
Segundo La Rovere (1999), as micro e pequenas empresas vêm sendo
há muito tempo alvo de atenção de analistas econômicos devido ao seu potencial de
geração de renda e de emprego. No pós-fordismo, esta atenção se intensifica na medida
em que os atributos de flexibilidade e rapidez de adaptação às demandas do mercado
características de muitas MPEs são valorizados.
As MPEs são fontes geradoras de emprego e renda, sendo consideradas
o motor do desenvolvimento econômico de uma sociedade, uma vez
que, por uma questão natural, os seus negócios tendem ao crescimento,
são estimuladores de competência e como conseqüência, produzem
grandes trocas nos participantes dos mercados e na política de preços e
são permanentes fontes de inovação, já que sua necessidade de
descobrir e desenvolver novas oportunidades em mercados que se
encontram estancados obriga estas empresas a terem a inovação como
uma prática constante, como uma condição imprescindível para a
obtenção das devidas condições para a competitividade (CÂNDIDO;
ABREU, 2000, p. 2).
Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), no
Brasil existem 4,6 milhões de empresas, sendo que, desse total, 99% são micro e
50
pequenas empresas. Os pequenos negócios (formais e informais) também respondem por
mais de dois terços das ocupões do setor privado (___SEBRAE, 2004d). Dados
retirados de uma pesquisa do SEBRAE-SP (2006) apontam que as micro e pequenas
empresas têm papel diferenciado na economia e na sociedade: elas são responsáveis por
20% de tudo que é produzido (PIB); empregam 56% das pessoas com carteira assinada;
detêm 28% do faturamento do setor privado; e ainda respondem por 2,0% do valor total
das exportações brasileiras. Longenecker et al. (1998, p. 34) discutem a sua contribuição
econômica para a nação:
Como parte da comunidade empresarial, as pequenas empresas
contribuem inquestionavelmente para o bem-estar econômico da nação.
Elas produzem uma parte substancial do total de bens e serviços.
Assim, sua contribuição econômica é similar àquela das grandes
empresas. As pequenas empresas, no entanto, possuem algumas
qualidades que as tornam mais do que versões em miniaturas das
grandes corporações. Elas oferecem contribuições excepcionais, na
medida em que fornecem novos empregos, introduzem inovões,
estimulam a competição, auxiliam as grandes empresas e produzem
bens e serviços com eficiência.
A própria existência de um grande número de MPEs na economia leva a
uma menor concentração de mercado, induzindo uma melhor distribuição de renda. Ou
seja, uma estrutura de mercado menos concentrada permite maior dinamismo, além de
proporcionar a redução dos problemas inflacionários decorrentes da existência dos
oligopólios com grande poder sobre o estabelecimento de pros no mercado
(KRUGLIANSKAS, 1996).
De acordo com dados da RAIS (2001), de 1995 a 2000, as empresas de
100 ou mais funcionários criaram apenas 88.100 empregos. No mesmo período, as
empresas de até 99 funcionários (micro e pequenas empresas) criaram 1,9 milhão de
empregos (CUNHA, 2002).
A importância sócio-econômica das MPE é refletida na escolha
estratégica do governo que, através de programas de incentivo às pequenas empresas,
modificou a forma de organização da produção, do emprego e do trabalho. Tais
incentivos também são refletidos nos constantes (e cada vez mais freentes) programas
de financiamento voltados para as MPEs (microcrédito) que têm como finalidade destinar
recursos financeiros para que este segmento possa acompanhar as transformões do
mercado (WOODWORTH, 2000). Para Pinheiro (1996), os programas de apoio às micro
51
e pequenas empresas visam oportunidades de auto-emprego, transferência de iniciativas
informais para o setor formal da economia e redução da pobreza através da geração de
novas fontes de renda.
Para Motta (2000), os aspectos econômicos e sociais das MPEs são
complementares, pois, à medida que as pequenas empresas se adequaram às mudanças do
ambiente, crescendo no mercado, as políticas governamentais perceberam a importância
desse segmento, adotando políticas de incentivo para o seu desenvolvimento.
3.5 Mortalidade e Redes de Cooperação nas MPEs
Apesar de toda a importância atribuída para as micro e pequenas
empresas, esse segmento tem uma alta taxa de mortalidade que traz grandes prejuízos
financeiros e sociais ao país. Conforme pesquisa realizada pelo Sebrae em 2003 (Gráfico
1), 31% desses estabelecimentos fecham as suas portas antes de completarem 1 ano de
vida e 60% antes de atingirem 5 anos de existência, minimizando o real potencial sócio-
econômico das MPE brasileiras.
Apesar do panorama positivamente expansionista das micro e pequenas
empresas no Brasil, há ainda uma taxa de mortalidade elevada dos
pequenos empreendimentos, principalmente nos seus primeiros anos de
vida. Neste sentido, maiores esforços são necessários para a
manutenção das micro e pequenas empresas no mercado, pois é
significativa a sua contribuição, especialmente no que diz respeito a
uma maior distribuição de renda (LABES; RODRIGUES, 1999, p. 8).
Gráfico 1: Porcentagem de MPEs que Fecham de Acordo com seu Tempo de Vida
Fonte: SEBRAE, 2003
32%
31%
44%
37%
56%
49%
63%
53%
71%
60%
0%
80%
Empr. com
1 ano
Empr. com
2 anos
Empr. com
3 anos
Empr. com
4 anos
Empr. com
5 anos
Estudo anterior
Estudo atual
52
Numa outra pesquisa do SEBRAE (2004), muitos fatores foram
responsabilizados pelos micros e pequenos empreendedores como causadores do
fechamento precoce dos seus estabelecimentos (Quadro 9). Alguns desses fatores não
podem ser controlados pelos gestores desses empreendimentos (recessão econômica, falta
de crédito banrio, carga tributária elevada, etc). No entanto, outros são totalmente
administráveis pelos empreendedores (falta de capital de giro, problemas financeiros,
local inadequado, falta de conhecimentos gerenciais, etc).
Quadro 9: Causas das Dificuldades e Razões para o Fechamento das Empresas
Percentual de
Categorias Ranking Dificuldades/Razões Empresários que
Responderam
Falta de capital de giro 42%
Falhas Problemas financeiros 21%
Gerenciais Ponto/local inadequado 8%
Falta de conhecimentos gerenciais 7%
Total: 78%
Causas Falta de clientes 25%
Econômicas Maus pagadores 16%
Conjunturais Recessão econômica no país 14%
Total: 55%
Logística 12º Instalões inadequadas 3%
Operacional 11º Falta de mão-de-obra qualificada 5%
Total: 8%
Poticas Falta de crédito banrio 14%
Públicas e 10º Problemas com a fiscalização 6%
arcabouço 13º Carga tributária elevada 1%
legal Outra razão 14%
Total: 35%
Obs: A queso admitia respostas múltiplas
Fonte: SEBRAE/2004a
Assim, muitos micros e pequenos estabelecimentos têm uma baixa
longevidade no mercado por uma falha administrativa do próprio proprietário. Segundo
Mayer (2004), o brasileiro tem no seu perfil a maioria das características necessárias para
abrir um negócio: coragem, disposição, persistência e dinamismo, mas falta a ele
desenvolver capacidades que são importantes ao gestor, tais como: liderança da equipe,
planejamento, capacidade de controle, de avaliação, de tomada de decisão, quando as
coisas estão complicadas ou problemáticas, e de inovação, de pensar novas soluções e
53
estratégias para surpreender mercados. O aprendizado formal é necessário, também, para
despertar os talentos que muitas vezes ele tem incorporado e não aplica.
Este cenário de mortalidade nos permite levantar dois pressupostos
básicos. O primeiro é de que micros e pequenas empresas bem
sucedidas empregam com maior ênfase certos princípios e instrumentos
da administração. O segundo é de que, ao contrário, empresas pouco
competitivas ou mal-sucedidas desconhecem ou empregam-nos
inadequadamente (LABES; RODRIGUES, 1999, p. 8).
Matias; Lopes Júnior (2002) apud Renisk (1990) o principal ponto fraco
das pequenas empresas é a má administração responsável por mais de 90% dos
fracassos. Segundo estes autores, o fato da administrão das pequenas empresas estar nas
mãos de poucas pessoas, e estas, por sua vez, desconhecerem os princípios de
administração e seus instrumentos básicos de gestão, causam a sua morte”.
Embora algumas empresas grandes tenham um gerenciamento fraco, a
pequena empresa parece extremamente vulnerável a essa fraqueza. A
ineficiência gerencial existe em dezenas (ou até centenas) de milhares
de empresas pequenas. Muitas empresas pequenas são marginais ou
não-lucrativas, lutando para sobreviver a cada dia ou mês. Na melhor
das hipóteses, rendem apenas uma quantia insignificante para seus
proprietários. A razão para sua condição fica imediatamente
evidenciada para alguém que examina suas operações. Eles levam
suas empresas, mas é exagero dizer que estas são gerenciadas
(LONGENECKER et al., 1998, p. 420).
Segundo Leone (1999), as pequenas empresas são caracterizadas por
um nível de maturidade organizacional muito baixo. Ou seja, os processos de
planejamento e de controle são, geralmente, pouco formalizados e quantificados,
caracterizando, assim, o perfil do dirigente mais como um estrategista que corre riscos do
que como o de um administrador-gestionário que procura aplicar uma estratégia
minimizando os riscos.
Dessa forma, as próprias decisões do microempresário acabam levando
seu estabelecimento ao fechamento precoce. Os erros administrativos que ele comete têm
grande relação com o fraco desempenho que sua empresa alcança. Para Drucker (1991), o
pequeno empresário chega a relegar a necessidade de reflexão e planejamento, tentando
administrar intuitivamente, quando a própria análise da empresa exige análises
constantes.
54
Tanto as grandes quanto as pequenas empresas exigem um processo
gerencial para dirigir e coordenar as atividades de trabalho. Se esse
processo de dirigir e coordenar for bem executado, contribui para a
produtividade e lucratividade, qualquer que seja o tamanho dos
negócios (LONGENECKER et al., 1998, p. 419).
Ou seja, conforme Morris (1991), apesar da alta mortalidade das MPEs,
a maioria delas poderia sobreviver se fizesse uma preparação adequada, planejando
antecipadamente com base em conhecimento ao invés de fantasia (ou seja, administrando
a empresa e não levando a empresa). Resnik (1990) salienta que a boa administração é
responsável pelo sucesso da pequena empresa e que esta administração eficiente pode ser
aprendida.
No entanto, devido às características das MPEs (baixa intensidade de
capital e mão-de-obra pouco qualificada), esta administração mais profissional se torna
muito difícil, pois muitos pequenos empresários (que são aqueles que realmente tomam as
decisões administrativas) não têm conhecimentos gerenciais sólidos para garantirem esta
administração. Isoladamente, as MPEs não têm condições financeiras de investirem em
treinamentos gerenciais para melhorarem a maneira como administram seus
estabelecimentos. Além disso,
A complexidade das empresas modernas, fruto do elevado nível de
competitividade e de avanços tecnológicos recentes, provocou um
aumento considerável na quantidade e complexidade das decisões
administrativas. Princípios tradicionais de administração hoje são
insuficientes para resolver os problemas de decisão com que os
administradores defrontam (CASAROTO; PIRES, 2001, p. 88).
Assim, neste contexto, a participação em redes de cooperação aparece
como uma possibilidade destas empresas alcançarem níveis administrativos mais
profissionais, no qual o empreendedor toma as rédeas da administração da empresa,
planejando, antecipando e investindo com base em informões adquiridas e não através
de devaneios e fantasias. Mitra (2000) diz que técnicas administrativas modernas e
competitivas podem ser alcançadas pelas pequenas empresas com sinergias derivadas das
cooperações produtivas e de aprendizagem (entre as firmas) baseadas em confiança,
franqueza, reciprocidade e voluntarismo. Além disso, como já foi visto, as redes
possibilitam acesso a treinamentos para os funcionários e assessorias gratuitas que
auxiliam o pequeno empresário na tomada de decisões (as assessorias administrativas
abordam questões como disposição do layout, manutenção de estoque, marketing, entre
55
outros). Além disto, as redes contam com profissionais terceirizados experientes (das
centrais de compras) na área de negociação e administração, trabalhando como aliados na
luta contra a falta (e a obsolescência) de conhecimentos técnicos gerenciais. Ou seja:
A pequena empresa, operando de modo individualizado, não pode mais
servir como um modelo empresarial para o futuro. Ela deve além de
manter os fatores de sucesso experimentados e utilizados até agora, dar
um salto de qualidade equipando-se em um sistema local aberto, para
investir em velocidade e responsividade, inserindo-se em redes
relacionais (LUCHI, 2001, p. 12).
Assim, num mundo globalizado e altamente competitivo como o atual,
só o associativismo e a união são o caminho para as pequenas empresas conseguirem
força competitiva” (CASAROTO; PIRES, 2001, p. 14).
3.6 Perspectivas para as MPEs
Conforme Gasques (2005), devido à importância das MPE no Brasil,
várias propostas de mudanças na Lei das microempresas são feitas todos os anos tentando
dinamizar este segmento. Uma das mais recentes está sendo chamada de Mobilização
pela Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas que foi lançada no interior do Estado de
São Paulo, tendo como organizadores a Frente Empresarial Paulista (formada pelo
Sebrae-SP, pela Fiesp Federação das Instrias do Estado de São Paulo, Fecomércio
Federação do Comércio, Faesp Associação dos Sindicatos de Agricultores, e Facesp
Federação das Associões Comerciais do Estado de São Paulo). Este projeto tenta trazer
mais incentivos aos microempreendedores, para que eles consigam permanecer mais
tempo no mercado, conforme o Quadro 10:
56
Quadro 10: Mudanças Propostas para as MPE
Item Como funciona hoje Proposta de
funcionamento
Benefícios
gerados às MPEs
pela proposta
SIMPLES
Abrange apenas os
impostos federais.
Abranger as três
esferas do Poder
Público.
Uniformização do
sistema legal e
facilitação do
cumprimento das
obrigões.
Conceito de
MPE
ME: Receita Bruta Anual
até R$ 120 mil;
EPP: Receita Bruta Anual
até R$ 1,2 milhão
ME: Receita Bruta
Anual até R$ 480 mil;
EPP: Receita Bruta
Anual até R$ 3,6
milhões.
Incentivo para o
crescimento
destas empresas.
Burocracia
- Inscrição em mais de 10
órgãos oficiais diferentes e
apresentação de mais de 90
documentos para a abertura
da empresa;
- Pagamento de taxas no
fechamento da empresa;
- Não é permitida uma
suspensão temporária das
atividades, sem
recolhimento de
obrigões.
- Unificação de
cadastros no CNPJ
(Cadastro Nacional de
Pessoa Jurídica);
- MPE sem
movimento há mais
de 3 anos podem
encerrar suas
atividades sem pagar
taxas;
- Permissão de
suspensão temporária.
Menor burocracia
Sistema
Tributário
Ao ultrapassar a Receita
Bruta Anual de R$ 1,2
milhão, as empresas
migram, sem escalas, para
o lucro presumido.
Acrescentar faixas de
cobrança de base de
cálculo de impostos,
acompanhando o
crescimento gradual
da empresa.
O sistema
tributário
progressivo e
linear incentiva o
crescimento
destas empresas.
Exportação
As empresas optantes do
SIMPLES são tributadas
sobre sua receita, inclusive
nos contratos feitos com
outros países.
Não haver incidência
de impostos sobre as
receitas de
exportações.
Aumento das
vendas
provenientes das
exportações.
Política de
inovação
tecnológica
Não existe. Destinar 20% dos
recursos de tecnologia
de todos os órgãos e
entidades para as
MPE.
Novas formas de
financiamento
para as MPE
investirem em
inovação
tecnológica.
Fonte: Elaborado pelo autor. Adaptado de Gasques, V. (2005).
57
Tais movimentos em prol de uma maior dinamização das MPEs
conseguem trazer bons resultados. A diminuição da burocratização na abertura de uma
empresa já está acontecendo. Segundo Finetto (2005), desde agosto de 2005, abrir uma
empresa no Estado de São Paulo ficou mais fácil, pois houve a implantação de um
cadastro único para as empresas. Ou seja, devido a uma ação conjunta entre a Secretaria
da Fazenda paulista e a Receita Federal foi criado um Programa Gerador de Dados (PGD)
que tornou obrigatório o registro da empresa apenas na Receita Federal (antes o registro
era feito nas duas instituições, havendo dois números de inscrição (um federal e outro
estadual) que demoravam mais tempo para serem liberados), fazendo com que o mesmo
número de CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica) seja identificado tanto na esfera
federal como na estadual, “cancelando uma etapa do processo.
58
4 VAREJO
4.1 Definição do Conceito e Características Gerais
Levy; Weitz (2000) argumentam que o varejo engloba o conjunto de
ões de negócios que adicionam valor a produtos e serviços ofertados aos consumidores
finais para uso pessoal ou familiar.
De acordo com Machado (1997, p. 27), o varejo é uma atividade de
compra de mercadorias para atender ao consumidor final, havendo ainda a prestação de
serviços de natureza complementar realizada no ato da transação. Assim, é interessante
notar que o varejo não está restrito apenas à venda de produtos. Vários autores concordam
com a idéia de que o varejo envolve também a venda de serviços, como a estadia em um
hotel, aulas em uma academia de ginástica, atendimento em uma clínica medica, etc.
Berman; Evans (1998) e Kotler (1998) corroboram com esta maneira de entender o
varejo, pois eles definem o termo como atividades prestadas ao consumidor final, para
que ele usufrua individualmente ou em conjunto-família, ou seja, atividades de venda de
bens ou serviços feitas diretamente aos consumidores finais para uso pessoal.
Em contraposição aos comerciantes varejistas, existem os atacadistas. A
distinção entre os dois se dá na clientela que possuem: enquanto os varejistas vendem
para consumidores finais, atendendo necessidades pessoais; os atacadistas vendem para
clientes institucionais que adquirem as mercadorias (em grande quantidade) para revendê-
las ou para utili-las como insumo em suas atividade empresariais (PARENTE, 200).
Para Levy; Weitz (2000), algumas das principais funções do varejo são:
fornecer variedade de produtos e serviços; dividir lotes grandes em pequenas quantidades,
59
manter estoques para que os produtos estejam disponíveis quando os consumidores os
quiserem, fornecer serviços que facilitem a compra e o uso dos produtos pelos clientes,
etc.
Conforme Santos; Costa (2002), o varejo integra funções clássicas de
operão comercial: procura e seleção de produtos, aquisição, distribuição,
comercialização e entrega, sendo um tradicional absorvedor de mão-de-obra,
historicamente menos qualificada que a empregada no setor industrial.
Para estas autoras, existe forte suscetibilidade do varejo à política
econômica, já que o volume de vendas do varejo tem uma resposta rápida às mudanças na
conjuntura macroeconômica e nos indicadores mais diretos de renda dos consumidores.
Assim, o desempenho dos diversos segmentos do comércio varejista encontra-se entre os
primeiros e mais importantes sinais de aumento ou redução das atividades econômicas de
um país (BNDES, 2000b, p. 1). Esta confirmação se dá por outro estudo do BNDES
(1998) que afirma que o varejo por estar na ponta da cadeia produtiva é o primeiro a
sentir os efeitos do aumento ou redução das atividades econômicas de um país.
O setor sempre foi caracterizado pela capacidade de se autofinanciar,
tendo em vista o fato de vender à vista e pagar a prazo, sendo, portanto, relevante a
velocidade do giro das mercadorias e o volume de vendas (SANTOS; COSTA, 2002).
No Brasil, após a estabilização econômica alcançada na década de 90, a
grande maioria das empresas de varejo passou a oferecer algum tipo de financiamento ao
cliente final, uma vez que os juros cobrados ao consumidor excedem, em muito, a taxa de
inflação e os juros praticados no mercado. Esta venda financiada, ao mesmo tempo em
que potencializa negócios e diferencia serviços prestados, requer empresas capitalizadas
em bases sólidas, devido ao risco de inadimplência (BNDES, 1998).
Segundo estudos do BNDES (1996; 1998) as principais características
do setor varejista brasileiro são:
absorvedor de mão-de-obra, historicamente menos
qualificada que a empregada no setor industrial,
caracterizando-se pela alta rotatividade do emprego;
alta sazonalidade da demanda, tendo efeitos refletidos nas
estratégias (de marketing) das empresas;
60
necessidade de giro rápido dos produtos;
forte suscetibilidade à política econômica, ou seja, o volume
de vendas responde de maneira relativamente rápida às
mudanças na conjuntura macroeconômica e nos indicadores
mais diretos de renda dos consumidores;
processos não otimizados herdados de períodos de alta
inflação (até o início da década de 90), fazendo com que as
empresas não procurassem competir com base em estratégias
articuladas voltadas para a redução de pros e custos, já que
as remarcações constantes de pro garantiam lucratividade
financeira;
alta concentração regional: as maiores empresas e seus
fornecedores estão na região Sudeste e Sul, com exceção para
fornecedores de eletrônicos;
a atividade comercial varejista é concentrada nas regiões
metropolitanas que respondem por 80% das receitas das
empresas. As regiões metropolitanas de São Paulo e do Rio
de Janeiro representam 36,1% do total de receita gerada;
baixo relacionamento na cadeia de fornecimento, ficando
muito restrito ao âmbito comercial (negociões de pro e
formas de pagamento);
precário fluxo de mercadorias entre fornecedor e varejista,
com ausência de padronização na paletização, embalagens
inadequadas, falta de planejamento de entrega, etc;
disparidades acentuadas entre o padrão de gestão das
empresas, predominando a gestão familiar;
disparidade de qualidade entre padrões de controle interno
(principalmente em estoques e compras);
informalidade e falta de informatização nas operões; e
indefinição de foco do negócio.
61
4.2 Conceituação Contemporânea do Varejo
De acordo com o BNDES (2000a, p. 2), a segmentação do varejo lojista
pode considerar, dentre outras, diversas variáveis, tais como: produto vendido,
especialização, atendimento, serviços agregados, pro, proximidade do consumidor, mix
de mercadorias e número de itens. Assim, há o costume de se referir ao setor de comércio
varejista como:
especializado (linhas de produtos específicos) X não
especializado (extensa gama de produtos, podendo abranger
itens alimentícios, eletrodomésticos, artigos de cama, mesa e
banho, produtos de primeira necessidade, etc);
alimentos X não alimentos;
seleção assistida (balconistas e vendedores auxiliam a compra
dos consumidores) X auto-serviço (o cliente escolhe, pega e
leva ao caixa o produto que quer comprar); e
convencional (amplo sortimento e grandes volumes por
produtos) X de desconto (estratégia de pros baixos e ênfase
em produtos sazonais).
Dentro destas diversas possibilidades de classificar o varejo, este
trabalho abordará o varejo especializado, pois o objeto de estudo do mesmo encontra-se
neste segmento varejista.
Segundo o BNDES (2000), no Brasil, as lojas especializadas constituem
o maior número de lojas brasileiras (aproximadamente 400 mil), e, em geral, são
pequenos estabelecimentos, tanto em termos de vendas, como em número de empregados,
localizados em centros comerciais de rua ou shopping centers. A atuação delas é mais
local (enquanto que as cadeias de médio porte têm atuação mais regionalizada, e poucas
cadeias maiores atuam em âmbito nacional) e estas lojas dedicam-se à venda de linhas de
produtos específicos, oferecendo uma grande variedade de itens, tendo como
característica marcante o atendimento personalizado, por meio de vendedores ou
balconistas, que orientam, sugerem o produto, e realizam toda a operação, até a extração
do documento de venda e a embalagem das compras efetuadas.
62
As lojas especializadas são, usualmente, de propriedade familiar,
gerenciadas com técnicas elementares, comumente coerentes com o baixo nível de
complexidade de suas atividades. Algumas habilidades, como a longa experiência no
negócio, e o senso comum, predominante na gerência de lojas, asseguram a sua
sobrevivência.
A Abrasce - Associação Brasileira de Shopping Centers (2002), com a
finalidade de verificar, na prática, como se organiza o comércio varejista brasileiro, divide
as lojas especializadas em:
lojas de conveniência: lojas do ramo alimentício, cujos
alimentos adquiridos não são destinados para consumo no
local de compra, além de farmácias, armarinhos e outras;
lojas de vestuário: englobam todas as lojas que vendem
artigos de vestuário, acessórios e correlatos, como lingeries,
meias e tecidos;
lojas de artigos para o lar: englobam as lojas que vendem
produtos relacionados com a montagem e decoração da casa;
lojas de artigos diversos: englobam artigos dos mais variados
ramos; e
lojas de alimentação: englobam as lojas de alimentação para
consumo imediato no local de compra, tais como
restaurantes, fast-foods, sorveterias e cafés.
4.3 As Novas Tendências para o Varejo
No Brasil, a década de 90 deparou-se com uma grande transformação
no setor varejista, principalmente após os investimentos diretos feitos por grandes
multinacionais do varejo. Isto trouxe uma nova dinâmica do setor, trazendo novas formas
de negociação com os fornecedores, de tratamento com o consumidor, maior concorrência
e, por fim, uma nova maneira de se administrar o negócio.
Segundo Figueiredo et. al. (2003), a década de 90 foi marcada pelo
aumento da competição varejista advindo do desregramento, da abertura econômica, do
63
crescente investimento estrangeiro e da concentração do segmento após diversas fusões e
aquisições. Tal visão é reforçada pelo BNDES (1996) que diz que nesta década
aconteceram várias mudanças que impactaram o varejo, como a liberação das
importões (abertura econômica), o aumento da concorrência interna e a estabilidade da
economia brasileira. A entrada de participantes externos e o conseente transplante de
conceitos mais modernos de operacionalidade, impôs a necessidade de profundas
transformões para a maior parte das empresas varejistas nacionais, pois os ganhos
advindos do lucro financeiro (decorrente de uma constante remarcação de pros em
épocas de alta inflação) desapareceram quando o Brasil passou a conviver coma a
estabilidade da moeda. Muitas empresas tradicionais (Casa Centro, Mappin, Mesbla, etc)
não conseguiram se adaptar a esta nova configuração do setor, havendo o registro de
muitos casos de falência e concordata.
Assim, neste novo ambiente formado, as empresas precisaram adotar
medidas para aumentar a eficiência operacional e manter a rentabilidade das vendas
(BNDES, 1998). Estas transformões implementadas seguiram um padrão dentro do
setor varejista:
a) Fase de entrada da nova instituição: novo varejista entra no mercado
com despesas operacionais mais baixas e margens brutas mais baixas;
b) Fase de tarding up: a reação da concorrência acaba levando a
necessidade de diferenciação para essa instituição varejista (....) agrega
serviços (....) e promove um aprimoramento da instituição; c) Fase de
venerabilidade: eventualmente a instituição torna-se vulnerável a outro
varejista que tenha uma idéia brilhante e implante seu necio com
custos mais baixos e margens melhores (LEWISON; DELOZIER,
1982, p. 85).
Ou seja, a crescente competição em mercados cada vez mais
segmentados, a exigência de pros mais baixos, as mudanças constantes do
comportamento dos consumidores, as constantes inovações tecnológicas, e a maior
pressão sobre as margens de lucro dos produtos fizeram com que os varejistas entrassem
em um ritmo intenso de transformões (FIGUEIREDO et. al., 2003; PARENTE, 2000).
Atento às exigências do consumidor e ao aumento da concorrência
extra-preço, o varejo brasileiro segue uma tendência mundial:
transferência do poder na cadeia produtiva, da indústria para o varejo e
deste para o consumidor final (___BNDES, 1998, p. 1).
64
A disputa pelo consumidor, cada vez mais exigente e informado, que
tem à sua disposição uma oferta crescente de artigos e que apresenta diferentes perfis e
hábitos, está gerando uma multiplicação de estratégias no varejo Assim, tanto em nível
mundial quanto nacional, a intensa concorrência tem levado a redefinições de cada tipo
de loja ou serviço oferecido, cada um ampliando suas atividades ou dedicando-se a nichos
específicos de mercado (SANTOS; COSTA, 2002).
Estas autoras ainda comentam que as vantagens competitivas possíveis
de serem obtidas parecem estar cada vez mais centradas na eficiência da estrutura de
custos, na qualidade, no atendimento e nos serviços oferecidos, já que quanto ao
sortimento de produtos e ao nível de pros existe uma tendência deles serem muito
parecidos entre os lojistas. Tal argumento é corroborado por Santos; Gimenes (2002, p.
6):
A busca de maior eficiência operacional e de melhorias na gestão das
empresas, de forma a capacitá-las a obterem vantagens comparativas
mais sustentáveis está cada vez mais centrada na estrutura de custos,
qualidade e atendimento do que em sortimento e preços, que tendem a
ser muito parecidos.
Assim, evidencia-se a necessidade de ões voltadas à melhoria dos
serviços e do atendimento prestados, que podem significar muito para o consumidor em
termos de percepção da qualidade e do valor atribuído à relação custo/benefício da
compra. Tais ões vão desde medidas simples, óbvias e de custo reduzido, até serviços
mais complexos e de maior custo. Alguns exemplos destas melhorias são: limpeza e
organização da loja, empacotador, etiqueta de preços nos produtos, folhetos de ofertas e
promoções, tempo de entrega em domicílio, máquinas de cheques/leitor ótico,
estacionamento, horários especiais, serviços periféricos como revelação de filmes e
locação de vídeos, entre outros. Além disso, é cada vez mais necessário investimento em
treinamento de pessoal, em tecnologia de informação e automação comercial (controle
global de estoques, troca de dados automática entre fornecedores, clientes e parceiros
financeiros, telecomunicações, coleta de dados no local de vendas, etc.) e em agilidade
nos processos de distribuição e comercialização (SANTOS; COSTA, 2002).
Parente (2000) também contribui com o tema, apontando as várias
tendências do setor varejista para as próximas décadas: parcerias e alianças com
fornecedores, fortalecendo as suas relões e trazendo benefícios aos dois lados;
65
valorização dos recursos humanos da empresa, com maior profissionalização de gestores
e funcionários; maior foco no cliente e no marketing de relacionamento; e expansão do
varejo sem loja, através de catálogos, televisão e internet.
Santos; Costa (2002) e o estudo do BNDES (1996) fazem um resumo
das tendências verificadas para o setor varejista:
aumento do grau de exigência do consumidor;
aumento da concorrência;
valorização da cadeia de suprimentos (supply chain), baseada
no estabelecimento de parcerias entre fornecedores,
atacadistas, distribuidores e varejistas, otimizando a operão
total com benefícios para todos; redução de estoques,
liberação de espos para vendas, e maximização e
racionalização de serviços de transporte;
padronização de procedimentos de operação entre
fornecedores e clientes;
avanço da tecnologia da informação e da automação
comercial: controle global de estoques, troca de dados
automática entre fornecedores, clientes e parceiros
financeiros, telecomunicações, coleta de dados no local de
vendas, etc.;
melhorias nos processos de distribuição e comercialização
reposicionamento estratégico e foco em negócios centrais;
crescimento de canais alternativos de vendas, havendo
ampliação do volume de operões sem representar grandes
inversões em ativo fixo, minimizando esforços de compra dos
clientes;
diferenciação baseada em qualidade e criatividade nos
serviços e atendimento ao consumidor, passando a ser mais
valorizados o conforto, a facilidade de acesso, a higiene e a
limpeza; e
66
ênfase em melhor gestão empresarial, fazendo com que
conceitos como os de fidelização de clientes e do valor
atribuído pelos consumidores à relação custo-benefício” da
compra sejam mais explorados pelos integrantes do setor;
valorização dos funcionários, capacitando-os com
treinamentos (o histórico de alto turn over (troca de
funcionários) tem levado algumas empresas a procurarem
manter seu pessoal por mais tempo, especialmente os que já
receberam treinamentos, e a colocar em prática experiências
centradas na premiação de grupos ou pessoas de destaque,
oferecimento de bolsas de estudo, etc, com vistas a diminuir a
rotatividade característica do setor); e
mudança de enfoque: lucro operacional toma o lugar do lucro
financeiro, fazendo necessária uma retomada dos
instrumentos de planejamento.
Faz-se interessante notar que tais tendências também estão presentes no
microvarejo. Segundo estudos da Abras/ACNielsen (2000), as pequenas empresas
varejistas têm potencial para crescer através de ganhos com a produtividade ou com a
conquista de diferenciais. Para terem sucesso, elas precisam profissionalizar mais a
maneira como administram seus negócios, tendo como foco os seguintes alvos: motivar
os funcionários, ganhando diferenciais de atendimento; trabalhar melhor junto a
vizinhança; definir melhor seu nicho de atuação; deixar de lado um gerenciamento
amador baseado em heranças familiares, passando para uma gestão profissional; e
desenvolver clubes de compras, adquirindo produtos em maior escala, com melhores
pros e prazos. O BNDES (2000) corrobora com esta opinião, afirmando que os
pequenos varejistas deverão se basear em duas estratégias para permanecerem no
mercado: a) o associativismo (que traz melhores negociões feitas por profissionais
especializados; expande o foco de atuão (campanhas de marketing, marca própria,
assessoria juridica e contábil, treinamento de funcionários); padroniza as lojas sócias
(layout, uniforme, sacolas, etc), aumentando a identidade com os consumidores; e
centraliza a distribuição de produtos); e b) a eficiência administrativa e operacional.
67
4.4 O Setor de Varejo de Papelarias
O setor brasileiro de papelaria é muito grande, sendo composto por
diversas empresas em todo o território nacional. No entanto, poucas são as informões
disponíveis sobre o setor, dificultando uma análise mais aprofundada sobre o segmento de
varejo das papelarias.
Comentar sobre o mercado de papelaria no Brasil não é tarefa fácil, pois
os poucos dados disponíveis do setor, dificultam este trabalho e esta falta de informação é
também, uma das principais dificuldades enfrentadas pelos agentes que atuam neste
segmento. Os fornecedores deste ramo dispõem de poucos dados e informões sobre:
número de papelarias existentes nos diversos mercados, faturamento do segmento,
número de funcionários que o setor emprega, perfil das lojas, vendas por região,
participação de cada produto ou de linhas de produtos em relação ao faturamento,
abertura ou fechamento de empresas, entre outras (PAUL; TOMIO, 2004, p.10).
De acordo com Paul; Tomio (2004), 62,7% do mercado é dominado por
micro e pequenas papelarias onde trabalham até 10 pessoas; 22,5% do mercado é
composto por papelarias de tamanho médio (11 a 25 funcionários); e 14,8% das
papelarias possuem grande porte (acima de 26 funcionários). As micro e pequenas
papelarias são normalmente gerenciadas pelo proprietário, tendo como público
preferencial as pessoas da vizinhança. As médias empresas têm uma abrangência
territorial maior, bem como uma estrutura organizacional melhor definida. Já as grandes
papelarias concentram-se nas grandes cidades e têm uma maior variabilidade de produtos
(mix de produtos) para oferecer aos seus clientes, chegando até a fazer a distribuição de
alguns produtos para as papelarias menores.
A partir da década de 1990, as papelarias passaram a se transformar e a
evoluir, principalmente, para poderem enfrentar o aumento da concorrência. Assim, elas
deixaram de ser apenas comerciantes de produtos de papel e escrita para poderem se
adequar às novas necessidades dos consumidores.
(...) a papelaria é um segmento tradicional do comércio, que vem
passando por grandes e rápidas mudanças, nos últimos anos, exigidas
pela própria dinâmica do mercado (....) levando os empreendimentos do
68
ramo a oferecerem mercadorias e serviços complementares aos
tradicionais, destacando-se os suprimentos para informática e os
serviços de fotocópia (___SEBRAE/MG, 2005, p. 35).
Para Paul; Tomio (2004), as principais mudanças ocorridas nas
papelarias foram:
inovação de produtos;
a distribuição deixou de ser feita pelos grandes distribuidores,
ficando nas mãos das pequenas empresas fabricantes que
ingressaram no mercado;
informatização das lojas, trazendo maior agilidade no
atendimento e melhor controle administrativo;
transformação das empresas em lojas de auto-serviço, dando
maior liberdade para os consumidores escolherem os
produtos que querem, como ocorre nos supermercados;
apoio promocional dos fornecedores no ponto de venda das
papelarias;
ampliação do mix de produtos (presentes, embalagens,
suprimentos de informática, artigos para festas, revistas,
jornais, guloseimas, brinquedos, etc.). Tais produtos trazem
uma maior diferenciação e permitem margem de lucro maior
no negócio; e
oferecimento de serviços aos clientes (fotocópias,
encadernação, plastificação de documentos, etc.) como forma
de atrair uma maior clientela para a papelaria.
Os Quadros 11 e 12 mostram a variabilidade de produtos e serviços que
vem sendo explorados pelas papelarias atualmente.
69
Quadro 11: Mix de Produtos Vendidos nas Papelarias
Fonte: Associação Nacional de Papelarias Brasil Escolar, 2002a, p. 2.
Porcentagem das
papelarias que
comercializam o
produto
Descrição da Linha de Produtos
97,80%
Artigos para escritórios:
almofadas para carimbo, bobinas para fax,
bobina para cupom fiscal, formulários connuos, papéis para impressora,
papéis especiais para impressão, blocos de recibos comerciais, notas
promissórias, livros ata, livros de caix
a, canetas, pincéis atômicos, caixas
para correspondência, quadro branco, pincéis para quadro branco,
envelopes, grampeadores, perfuradores, pastas AZ, caixas de arquivo
morto, clips, grampos, formulários padronizados (folha de pagamento,
INSS, rescisão de contrato de traba
lho, etc), fitas adesivas, fitas de
empacotamento, guilhotinas, porta-carimbos, etiquetas auto-adesivas, etc.
95,50%
Materiais escolares: lápis, canetas, borrachas, réguas, lápis-de-
cor, giz de
cera, cadernos universitários, pastas,
tintas guache, lapiseiras, fitas
adesivas, tesouras, agendas, porta-
lápis, blocos para desenho, compassos,
esquadros, transferidores, cadernetas, papéis escolares, cadernos, folhas
de papel A4, lancheiras, mochilas, etc.
93,30%
Suprimentos para informática: disquetes, discos de zip
, cds graváveis, cds
regraváveis, fitas para impressoras, cartuchos de tinta para impressão,
toner para impressoras, filmes para fax, fitas dat, pequenos acessórios
para informática (mouses, teclados, filtros para proteção de telas, discos
de limpeza de drives, apoios ergonométricos), calculadoras, etc.
64,50% Presentes de época, presentes em geral
64,50% Artigos para embalagem
60,00% Brinquedos
57,80% Livros didáticos: livros didáticos, livros paradidáticos, dicionários,
gramáticas, etc.
51,20% Artigos para desenho técnico e linha artística
46,70% Fichas e cartões para telefone
40,10% Artigos para festas
35,50% Balas e chocolates
22,30% Artigos de bijuteria
20,50% Livraria completa
20,00% Artigos para decoração (quadros etc)
17,80% CD´s de música, discos e fitas
15,60% Softwares (jogos, dicionários eletrônicos)
15,60% Móveis para escritório
13,30% Material de limpeza
6,70% Hardware (computadores, impressoras)
6,70% Jornais e revistas
6,70% Comércio em geral
9,00% Outros
70
Quadro 12: Serviços Oferecidos nas Papelarias
Porcentagem das
papelarias que
oferecem o
serviço
Descrição do Serviço
68,90% Fotocópias
57,80% Encadernação em espiral
53,40% Plastificação
51,20% Serviço de entrega de mercadorias
40,10% Serviços de fax para terceiros
31,10% Cópias coloridas
24,40% Serviços de correio para ECT
24,40% Carimbos
22,30% Equipe de telemarketing
20,20% Impressões de cartões de visitas (PVC, jato de tinta)
17,80% Reprodução gráfica em grandes quantidades
17,80% Digitação de textos (currículos, etc).
13,30% Encadernação em capa dura
8,90% Cópias de engenharia (plantas etc)
4,40% Plotagem em papel
2,30% Plotagem em vinil
2,30% Placas, faixas, cartazes.
2,30% Internet
2,20% Editoração gráfica
2,20% Representação comercial
2,20% Revelação de fotos
Fonte: Associação Nacional de Papelarias Brasil Escolar, 2002a, p. 3.
Assim percebe-se que: material escolar, artigos de escritório,
suprimentos de informática, fotocópias, encadernação e plastificação de documentos são
os principais produtos/serviços vendidos em uma papelaria. No entanto, devido à alta
sazonalidade que acontece no setor, tais produtos/serviços não são uniformemente
vendidos em todos os meses do ano. Nos meses de janeiro a março existe um grande
aumento na demanda dos artigos das papelarias devido ao início das aulas escolares. Tal
crescimento é tão significativo que todas as papelarias devem fazer um planejamento
voltado exclusivamente para a volta às aulas, para que o lojista consiga atender a todos os
clientes satisfatoriamente. Passado este primeiro trimestre, as vendas comam a se
equivaler entre os diversos produtos/serviços.
O segmento de papelaria apresenta um incremento expressivo de
demanda entre os meses de janeiro a março, em decorrência da volta às
aulas. (....) Após esse período, o volume comercializado não será
71
majoritariamente do setor escolar, mas do segmento de material de
escritório, além de outros produtos de menor sazonalidade.
(___SEBRAE/MG, 2005, p. 35).
Como trabalham com diversos produtos e serviços, as papelarias podem
explorar dois tipos diferentes de clientes preferenciais (nichos), atuando no varejo
tradicional ou no varejo corporativo. No varejo tradicional, o público-alvo é composto das
pessoas comuns que vão até as lojas e compram seus produtos; enquanto que no varejo
corporativo, os principais clientes são pessoas jurídicas (comércio, indústria, serviços,
órgãos públicos e o terceiro setor composto por ONGs, clubes filantrópicos, igrejas,
centros comunitários, etc.) que compram em maior quantidade (principalmente, materiais
de escritório) e exigem a entrega em seus próprios estabelecimentos. Neste segundo caso,
as margens de lucro são mais reduzidas, já que a compra em maior quantidade traz
descontos para a empresa compradora. As principais diferenças de atuação nestes dois
nichos podem ser vistas no Quadro 13.
Quadro 13: Diferenças entre Atuação Varejista Tradicional e Corporativa
Atuação Varejista Tradicional Atuação Corporativa
Consumidor vai até a loja O lojista vai ao encontro do comprador
O mercado alvo é mais abrangente (alunos,
professores, profissionais liberais, aposentados, donas
de casa, etc.)
Público mais definido, (indústrias, comércios,
prestadores de serviços e órgãos governamentais)
Maior lucratividade nas vendas Menor lucratividade nas vendas
Maior número de funcionários para atendimento Menor número de pessoas
Mão-de-obra direcionada ao ponto-de-venda Mão-de-obra direcionada às televendas.
Grande diversificação do mix de produtos. Alto grau de especialização.
Concorrentes possuem atuação reativa. Concorrentes possuem atuação proativa.
Pequeno investimento em infra-estrutura para abertura
de uma loja.
Grande investimento em infra-estrutura (e-
commerce, central telefônica, carro de entregas,
etc.)
Publicidade e propaganda de massa. Publicidade e propaganda direcionada.
A localização deve estar próxima do cliente alvo A localização deve atender à necessidades de
logística.
Pequenas variações.Crescimento moderado da
empresa, porém, constante.
Grandes variações. Crescimentos bruscos, em
função da possibilidade de grandes vendas.
Produtividade por funcionário é menor Maior produtividade por funcionário
Custos fixos maiores Custos fixos menores
Menor giro dos estoques Alto giro dos estoques
Concorrentes locais Concorrentes intermunicipais e interestaduais
Custos operacionais são altos. Custos operacionais baixos.
Fonte: Paul; Tomio, 2004, p. 16.
Segundo Paul; Tomio (2004), em cidades com população acima de
100.000 habitantes há uma tendência das papelarias se especializarem em determinadas
72
linhas de produtos (papelaria com grandes coleções de cartão; papelaria com todos os
equipamentos de informática, papelarias voltadas a material de pintura, etc.), fazendo com
que as lojas comercializem poucos tipos de produtos diferentes (menos de 3.000 itens, em
alguns casos). Em cidades interioranas com baixo número populacional, as papelarias
tendem a diversificar mais as opções de produtos/serviços disponíveis, chegando a
comercializarem mais de 23.000 itens diferentes. Em ambos os tipos de loja existem
dificuldades que devem ser cuidadosamente analisadas: nas lojas especialistas há o
problema de se conseguir um destaque no segmento em que ela quer se especializar,
sendo difícil tornar-se uma referência (a dificuldade é o desenvolvimento de estratégias
que tornem tangíveis ao mercado esses fatores de diferenciação, ou seja, o difícil é fazer
com que algo considerado uma commodities seja percebido como diferenciado); e nas
lojas que diversificam existe uma dificuldade de controlar os estoques, o que pode trazer
falta de capital de giro para novas compras (quando houver excesso de compras e muitos
itens continuarem parados no estoque) ou falta de mercadorias para disponibilizar ao
cliente (quando houver baixo volume de compra e, conseentemente, uma quantidade
insuficiente de determinado item). As principais dificuldades vivenciadas pelos donos de
papelaria estão listadas no Quadro 14.
73
Quadro 14: Principais Problemas Enfrentados nas Papelarias
Fonte: Associação Nacional de Papelarias Brasil Escolar, 2002b.
Porcentagem
dos
empresários
que enfrentam
o problema
Descrição do Problema
Área Administrativa
40,0% Falta de pessoal mais qualificado para níveis de gerência e administração
33,3% Dificuldade para analisar a conjuntura, num horizonte de, pelo menos, 12
meses.
28,9% Dificuldades variadas para estabelecer padrões mais eficazes de gestão
Área Tributária e Jurídica
68,90% Peso excessivo da carga tributária
46,70% A legislação tributária inadequada à realidade em que vivemos
44,40% A sonegação de concorrentes, inviabilizando os nossos preços de
comercialização.
24,40% Falta de conhecimento para acompanhar, com eficiência, a contabilidade.
Treinamento de Pessoal
62,2% Dificuldades na contratação de pessoal qualificado
33,3% Dificuldades na contratação de pessoas capazes de absorver novos
conhecimentos
31,1% Dificuldades em arranjo de tempo e conciliar horário para treinamento
Compra de Mercadorias
51,1% Controle de estoque inadequado, gerando falhas no planejamento de
compras.
46,7% Dificuldades variadas na obtenção de bons preços e prazos de compra
40,0% Falta de parcerias realmente confiável
40,0% Dificuldade em efetuar compras dentro das expectativas (just-in-time, etc.).
Relação com o Mercado
71,1% Custo elevado da propaganda
40,0% Falta de alguém que possa fazer asrelões públicas da loja
31,1% Não há percentual estabelecido para investir em propaganda
Área Financeira
68,6% Aumento de inadimplência dos clientes
62,5% Falta de capital de giro
43,8% Elevado custo de dinheiro
Venda de Mercadorias
66,7% Dificuldade em manter a equipe efetivamente disponível para vender
64,4% Dificuldades variadas para oferecer preços realmente competitivos
35,6% Desconhecer o cliente e suas reais necessidades
74
A estes problemas, pode-se somar a dificuldade que os empresários
novos no ramo de papelaria sofrem junto aos fornecedores:
O empreendedor em início de necio pode encontrar dificuldades na
negociação de preços com as indústrias e distribuidoras de material de
papelaria e informática, o que compromete sua capacidade de ser
competitivo em relação ao quesito preço (....). Algumas fábricas [até]
fixam cotas mínimas para o fornecimento dos produtos.
(___SEBRAE/MG, 2005, p. 35 e p. 37)
Ou seja, as papelarias passam pelos mesmos problemas que afetam as
micro e pequenas empresas brasileiras (já que a maioria delas é de pequeno porte), tais
como: falta de gerenciamento profissional, inadimplência alta, etc.; bem como têm que
enfrentar obstáculos característicos do setor varejista (baixo relacionamento com
fornecedores, suscetibilidade à política econômica do país, mão-de-obra pouco
qualificada, dificuldade no controle de estoques, etc.).
A concorrência do setor mostra-se forte, sendo acirrada, tanto pelas
papelarias e distribuidoras do setor, como também pelas empresas de outras atividades
comerciais. O material escolar, especificamente, tem enfrentado, nos últimos anos, novos
concorrentes no mercado: os magazines e os supermercados. Já na área de suprimentos de
informática existe a tradicional concorrência das casas especializadas, mas também
aparece a concorrência informal do chamado empresário de fronteira”, que são aqueles
produtos que disputam livremente o mercado sem o recolhimento dos devidos impostos
(PAUL; TOMIO, 2004). O e-commerce (a venda pela internet) também tem crescido
anualmente, afetando as vendas de livros das papelarias, já que alguns sites oferecem
pros muito competitivos e difíceis de serem acompanhados. Ou seja, o empreendedor
deve estar atento à concorrência de empresas que fornecem produtos similares e/ou
substitutos. Nestas categorias incluem-se as lojas de materiais para informática, as
grandes lojas de departamento, dentre outros (___SEBRAE/MG, 2005, p. 35).
No entanto, apesar das dificuldades encontradas e da enorme
concorrência praticada, as papelarias têm um futuro promissor, já que a demanda pelos
artigos vendidos nestes empreendimentos está em alta. Conforme Paul; Tomio (2004), a
preocupação crescente com a educação (mostrada tanto pelos governos como pelas
próprias pessoas) e o aumento da utilização de equipamentos de informática nas empresas
fazem com que as papelarias tenham boas possibilidades de crescerem, sendo que,
75
aquelas que forem mais bem administradas, poderão aproveitar estas oportunidades
apresentadas pelo mercado. Estes autores argumentam que o setor de papelarias não ficou
imune ao ciclo de mudanças que ocorreram no país na década de 90, fazendo com que
papelarias tradicionais centenárias não resistissem a elas, enquanto que novas papelarias
que iniciaram suas atividades com uma mentalidade mais pró-ativa e profissional
começaram a ganhar mercado.
As características que devem estar presentes numa papelaria para que
ela encontre uma vantagem competitiva num mercado tão saturado são as seguintes
(PAUL; TOMIO, 2004):
volume de vendas: grandes escalas de venda têm como
conseência menores custos para a empresa e isto pode
gerar menores pros de venda para conquistar o consumidor;
localização: estar próximo ao público-alvo e dar facilidade de
acesso, estacionamento, segurança e entrega grátis;
pedidos menores e maior freência: traz menos estoques e
agilizam os procedimentos da papelaria;
promoções periódicas;
facilidade de pagamento aos clientes;
flexibilização nas negociações com os clientes, tratando cada
negócio como único e personalizado;
recursos humanos: funcionários competentes, educados,
confiáveis, responsáveis, comunicativos, pacientes, etc.
podem ganhar a fidelidade do cliente num mercado tão
competitivo e com tão poucos diferenciais entre as lojas;
imagem: criar uma boa imagem, que transmita qualidade,
seriedade, ética, bons serviços, ou seja, que transmita
segurança aos clientes fará da papelaria um referencial de
qualidade, atraindo cada vez mais clientes; e
redes de negócios: participar de uma rede traz ganhos para a
papelaria. Tais ganhos são: poder de barganha; ões de
publicidade e propaganda, já que a marca é a mesma;
76
promoções conjuntas; participação em feiras e congressos do
ramo papeleiro; etc.
Assim, o sucesso de uma papelaria (como de qualquer outra empresa) não será
somente obra da sorte, mas sim, construído com: esforço, dedicação, conhecimentos,
capacidade de assumir riscos, abertura à inovação, inconformismo, confiança,
planejamento, ambição, ética, humildade para aprender e muito trabalho.
4.5 A Rede Brasil Escolar
A Brasil Escolar é uma Rede Nacional de Papelarias que iniciou suas
atividades em 12/09/1990 com 37 empresários do ramo. Constituída para ser um
passaporte à sobrevivência dos lojistas num mercado globalizado e cheio de grandes
compradores, a rede, atualmente, congrega 556 pequenas e médias papelarias em 26
Estados da Federação e faturamento conjunto de R$ 616,3 milhões em 2004 (PAUL,
2006, em fase de elaboração
5
), tornando-se a maior rede independente de papelarias da
América Latina. Os objetivos da rede podem ser simplificados em três frentes:
comprar, em conjunto, pelos melhores pros diretamente dos
fabricantes, obtendo assim as mesmas vantagens dos grandes
compradores;
aprender e ensinar (técnicas comerciais e administrativas)
mútua e reciprocamente; e
evoluir em conjunto, formando um time forte e sempre
convergente.
________________________________________________________________________
5
O setor de papelarias, de autoria de Nilmar Paul, a ser editada em parceria com o Sebrae, 2006.
77
A Rede Brasil Escolar (RBE) possui um sistema de protão territorial,
ou seja, aceita a admissão de um único associado a cada 100 mil habitantes/cidade. Por
isso, apenas associa-se à rede, empresas convergentes que primam por oferecer aos seus
clientes o tratamento exigido do associado e que atendem aos seguintes requisitos
básicos: ter um passado ético que inspire confiança; e ter a empresa legalmente
constituída e operando há mais de dois anos, num espo superior a 75 m
2
e com
faturamento superior a R$ 20 mil/mês.
Os principais serviços oferecidos aos associados da RBE são: a)
Orientões Comerciais (análises de conjuntura, pesquisas, indicadores do segmento)
ões voltadas a encontrar pontos de sinergia entre fornecedores e papelarias, onde todos
possam obter benefícios e trocar informões; e: fazer pesquisas que apontam os
principais problemas que afetam o setor; manter um cadastro para indicações de bons
representantes, e desenvolver campanhas para baixar impostos. Este serviço também cria
oportunidades para os lojistas apresentarem suas dificuldades em relação a determinados
produtos e/ou fornecedores, buscando melhorias no ponto de vendas, bem como
diminuem os erros dos empresários, pois trazem dicas dos principais acertos de uma
papelaria em determinada região; b) Oficina de Criação Publicitária (marketing e
propaganda conjunta, peças publicitárias) - é a responsável por todos os materiais
promocionais da Rede Brasil Escolar, sendo através dela que os associados tiram dúvidas
sobre as campanhas e solicitam materiais que ajudam na divulgação de sua papelaria. Este
serviço surgiu da dificuldade do associado em gerir a área de propaganda, principalmente
no tocante à comunicação visual e a criação de modelos de anúncios eficazes, capazes de
aumentar as vendas. Assim, mensalmente, são enviados cerca de 30 sugestões de
propaganda, como out-door, faixas, planfletos, anúncios para rádio e jornal, bandeirolas,
banners, etc, com 60 dias de antecedência da data comemorativa, para que o empresário
de papelaria possa produzir as peças gráficas, programar os textos para o rádio ou veicular
a campanha nos out-doors de sua cidade. Nestas ferramentas de marketing também
existem ganhos provenientes de: marca própria, linhas de produto/serviço, e sugestão de
padronização de layout da loja, uniforme e sacolas (PAUL, 2006, op. cit.); c) Consultoria
de Procedimentos: Assessoria Jurídica e Contábil disponível a todos os associados; d)
Assessoria de Imprensa - responsável por todas as publicações em revistas, jornais, TV e
rádio, em relação às partes institucional e promocional de toda a rede, sendo o principal
meio de ligação dos associados com o mercado e seus consumidores (só no ano de 2003
78
foram publicadas mais de 400 páginas em jornais e revistas que falavam da Brasil
Escolar); e) Encontros Nacionais semestrais, onde se discutem os principais problemas do
setor (problemas que afetam o setor papeleiro, treinamento de funcionários, equilíbrio
financeiro, propaganda, mercado corporativo, etc) e são feitas trocas de experiências entre
os associados, apresentões de novos fornecedores e indicações de representantes
comerciais. Além disso, os fornecedores podem ministrar treinamento, cursos e palestras
aos associados; f) Encontros Regionais e Locais (formados por associados próximos) para
troca de experiências e treinamentos de lojistas e fornecedores com um mercado mais
parecido, possibilitando também uma maior aproximação do fabricante com o seu agente
distribuidor; e g) Compra Conjunta, operacionalizada pela central de compras.
No nascimento da rede (uma sugestão do comerciante Bernardo de
Oliveira, de Jaboatão (PE), que, em encontros e feiras do setor defendia a criação de uma
central de compras) houve a implantação de um centro de informação de pros que, três
anos depois, transformou-se numa central de compras.
A central de compras é uma empresa prestadora de serviços exclusiva
dos associados da Brasil Escolar. Ela não compra nada, mas realiza rodas de negócios e
estimula o interesse de fornecedores, que são atraídos pelo grande volume em negociação.
Assim os fornecedores oferecem produto de qualidade a pros baixos, com bons prazos
para pagamento e rapidez na entrega, comprometendo-se a faturar e entregar o pedido na
loja do associado comprador. Este mecanismo evita a necessidade de armazenar
mercadorias, havendo economia em pessoal, seguros e impostos. O resultado da
negociação é repassado a todos os associados, e estes podem ou não efetuar a compra,
dependendo da necessidade de cada um.
A central de compras trabalha na conquista de vantagens de
fornecedores em matéria de pros, qualidade, prazos de pagamento e entrega,
disponibilizando estas importantes informões para o associado através de um site com
permissão de entrada restrita aos participantes da RBE. Desse modo, ela orienta a tomada
de decisão do associado, formulando estratégias e diretrizes aos associados. Além disto,
esta central também conta com um mecanismo de venda de produtos (sobras de estoque)
entre os associados, bem como conta com um fórum que serve de troca de informões e
esclarecimentos de dúvidas.
Assim, a central de compras permite que uma pequena papelaria compre
suas mercadorias em condições de igualdade com grandes distribuidores e redes de
79
supermercado. Desta forma, elas podem oferecer produtos de qualidade e pros
competitivos aos seus clientes (os descontos conseguidos pelas rodas de negociação
chegam a 15%, enquanto que uma papelaria negociando diretamente com os fornecedores
consegue no máximo 5% de desconto. Tais descontos permitem aos associados da Brasil
Escolar repassarem descontos consideráveis aos seus clientes).
A cooperão (estratégia cooperativa), em nome das necessidades
mútuas, é o grande objetivo comum. Por isso, os associados comunicam à central de
compras suas expectativas e suposições evitando assim cenário para conflitos posteriores.
Por vezes, até fazem concessões de seus objetivos individuais, caso contrário, não
poderiam se unir para atingir um resultado mais proveitoso para todos. Isso gera um
ambiente de confiança e as informões são repassadas a todos os membros em qualquer
situação. É por esta razão que os associados se habituaram a comunicar à central de
compras, até mesmo quando não há interesse numa compra específica, por haver
encontrado preço melhor, ou por o produto em análise não encontrar mercado em sua
região, etc. Afinal, é missão de todos fortalecer a posição competitiva e que de cada um
deve brotar informações, propostas e oportunidades que beneficiem todos os demais
associados.
Toda essa estrutura oferecida aos participantes da Rede Brasil Escolar é
mantida pelos próprios associados que pagam uma mensalidade de R$ 128,00 (valor
cobrado em 2005) para ter acesso a todas essas informões e serviços (esse valor mensal
não inclui as informões da central de compras. Para o acesso aos resultados das rodas
de negócios, o associado deve pagar uma taxa mensal que varia de R$ 50,00 a R$ 200,00,
dependendo da metragem (tamanho) da papelaria).
De acordo com Paul (2006, op. cit.), juridicamente, a Brasil Escolar é
formada por duas empresas Ltdas, uma de caráter estratégico-administrativo (consórcio) e
outra de caráter comercial (central de compras) que presta serviços para todos os
associados da RBE, composta de 65 sócios-cotistas que são empresários de papelaria.
O consórcio responsável pela administração da rede possui uma
estrutura administrativa prática, enxuta e funcional. Na sede, localizada na cidade de
Blumenau/SC, está o presidente e uma gerência operacional que são responsáveis pelas
estratégias de expansão da rede, orientões comerciais, programação e realização dos
encontros nacionais, supervisão da assessoria contábil e jurídica, direcionamento das
atividades da assessoria de imprensa e da oficina de criação publicitária.
80
Já na central de compras, localizada em São Paulo e responsável pela
área comercial e de negociões com fornecedores, existem 3 diretores (Comercial,
Administrativo e Financeiro) responsáveis pela gestão da empresa, 1 Gerente Comercial
para negociação com fornecedores, 1 Coordenador de Marketing e 1 Conselho Fiscal que
fiscaliza as contas. Além disso, existe a estrutura operacional que contém os atendentes
de telemarketing, o pessoal da equipe administrativa (faturamento, financeiros, vendas,
etc) (PAUL, 2006, em fase de elaboração
6
).
Assim, esta forma inovadora e cooperativa de agir e pensar
(convergência de objetivos priorizando o ganho da rede em detrimento de ganhos
individuais; e distribuição generalizada de informões importantes) tem permitido o
crescimento dos participantes da RBE, mesmo diante de tamanha crise que afeta o
segmento. Em 2002, a Brasil Escolar faturou R$ 487,1 milhões (alta de 17,4% em relação
a 2001), o que representa 20% das vendas de materiais de papelaria no país. O
pioneirismo da Brasil Escolar já estimulou o surgimento de: outras centrais de compra no
Brasil em outros setores; e da Argentina Escolar, uma rede similar que garantiu a
sobrevivência das pequenas papelarias argentinas durante a última crise vivida pelo país
vizinho (VOLTOLINI, 2002).
________________________________________________________________________
6
O setor de papelarias, de autoria de Nilmar Paul, a ser editada em parceria com o Sebrae, 2006.
81
5 PESQUISA DE CAMPO
5.1 Procedimentos Metodológicos
5.1.1 Tipo de pesquisa
Este trabalho está estruturado em quatro etapas: revisão bibliográfica,
pesquisa de campo, análise dos resultados e comparação dos resultados.
Na pesquisa bibliográfica foram utilizados livros, revistas de
administração, teses e dissertões, anais de congressos e pesquisas em sites para se
levantar um referencial teórico que sustentasse o trabalho.
Na segunda etapa foi realizada uma pesquisa de campo junto a
papelarias associadas à Rede Brasil Escolar. Assim, as fontes dos dados utilizados na
pesquisa foram de origem primária, ou seja, foram colhidas diretamente do universo
pesquisado (MALHORTA, 2001). De acordo com Capomar (1991), no Brasil tem sido
dada grande ênfase à produção de dissertações e teses que desenvolvam pesquisa de
campo, pois há carência de conhecimentos sobre a conjuntura brasileira. Na análise dos
resultados, os dados foram analisados através de estudos de proporções (porcentagens)
para as respostas dadas a cada questão do instrumento de coleta de dados, tendo um
caráter qualitativo.
Após esta análise inicial, utilizou-se uma metodologia de múltiplos
casos, quando fez-se uma comparação dos resultados obtidos na pesquisa realizada, com
os resultados tirados do trabalho de Kinouchi (2005) sobre o estudo de caso em redes de
farmácias do Estado de São Paulo (fonte secundária). Ela foi feita na perspectiva
quantitativa que, segundo Sâmara; Barros (2002, p.30) preocupa-se em quantificar os
82
fenômenos estudados, partindo da elaboração de amostras da população, a fim de
extrapolar os resultados obtidos na amostra em estudo para determinadas populões.
A hipótese de comparação entre os resultados das duas pesquisas foi
avaliada por meio de testes de homogeneidade, validados, estatisticamente, pelo teste
Mantel-Haenszel (WOOLSON, 1987), ou seja, o teste em questão mostrará se
porcentagens numericamente diferentes (2% e 3,4% ou 45% e 54%, por exemplo) podem
ser consideradas estatisticamente equivalentes.
Conforme Bressan (2000), o estudo de caso tem uma forte orientação para a
elaboração de teses e dissertões na área da Administração, sendo que as evidências dos
casos múltiplos (mais de um estudo de caso) são reconhecidas como mais fortes do que as
evidências de casos únicos.
Para Yin (2005, p. 105-107), as evidências para um estudo de caso podem vir
de seis fontes distintas, a saber: documentos; registros em arquivos; entrevistas;
observação direta; observação participante; e artefatos físicos. O autor cita vários
documentos que podem ser fontes importantes de informação em um estudo de caso:
correspondências, agendas e documentos escritos sobre eventos em geral; relatórios
administrativos ou contábeis ou outros documentos de controle interno; recortes de
jornais e outros artigos publicados na dia. A comparação dos dados entre estas duas
pesquisas também baseou-se numa metodologia qualitativa que, de acordo com Sâmara;
Barros (2002), utiliza métodos bastante amplos e versáteis, compreendendo o
levantamento de fontes secundárias, levantamento de experiências, estudos de casos
selecionados e observação informal.
5.1.2 Coleta de dados
Esta etapa foi realizada por uma pesquisa enviada por e-mail e através
do telefone (quando o entrevistado não respondia ao e-mail), aplicada pelo próprio
pesquisador. O questionário estruturado contendo três questões fechadas para serem
respondidas pelos associados encontra-se no Quadro 15. Ele foi baseado no formulário
feito por Kinouchi (2005) (já que houve uma comparação com os resultados obtidos
naquela pesquisa), contendo adaptações que o tornaram adequado ao setor de papelarias.
83
Quadro 15 Pesquisa Enviada aos Associados da Rede Brasil Escolar
PESQUISA
Caro associado, após responder esse questionário, favor remetê-lo para:
vainefvilga@terra.com.br
Atenção: este formulário é totalmente sigiloso.
Atenção: o nome da sua empresa e o seu e-mail não aparecerão em nenhum momento da
pesquisa.
QUESTÃ0 001
Em que ano vo entrou na Rede Brasil Escolar ?
QUESTÃ0 002
Escreva ao lado das 7 afirmações abaixo uma das seguintes opções: Concordo Totalmente (CT);
Concordo Parcialmente (CP); Não Concordo Nem Discordo (NCD); Discordo Parcialmente
(DP); ou Discordo Totalmente (DT), de acordo com a sua opinião em cada queso apresentada.
Obs: por favor, dê sua opino em todas as 7 afirmações apresentadas abaixo:
Na sua opinião, entrar na Rede Brasil Escolar permitiu a sua empresa...
1- ...comprar com melhores descontos dos fornecedores -->
2- ...comprar com melhores prazos dos fornecedores -->
3- ...aprender com a troca de experiências entre os associados -->
4- ...capacitar proprietários e funcionários através de treinamentos -->
5- ...usufruir de uma marca (da rede) mais forte no mercado -->
6- ...usufruir de campanhas de marketing que ajudam a aumentar as vendas -->
7- ...usufruir de serviços de assessoria oferecidos pela central -->
QUESTÃ0 003
Escreva: Concordo Totalmente (CT); Concordo Parcialmente (CP); Não Concordo Nem
Discordo (NCD); Discordo Parcialmente (DP); ou Discordo Totalmente (DT), de acordo com a
sua opinião para a afirmação abaixo:
1- De um modo geral, participar em uma associação melhorou meu nível competitivo no
mercado
-->
Muito obrigado pela sua colaboração atenciosamente: Vaine Fermoseli Vilga
84
5.1.3 Universo e amostra
Os dados da pesquisa consistiram de uma amostra, definida de forma
probabistica, a partir da população alvo de 85 papelarias do Estado de São Paulo
participantes da Rede Brasil Escolar. A amostra foi delineada pelo método de
amostragem aleatória múltipla. Inicialmente, uma amostra piloto de 20 papelarias foi
determinada de forma aleatória, da qual foram conseguidas 13 respostas. A análise desta
amostra piloto orientou a definição de um tamanho de amostra definitivo (N) que satisfez
os critérios estatísticos de margem de erro (10%) e nível de confiança para as estimativas
de interesse. Assim, das 85 papelarias constantes no universo da pesquisa, determinou-se
uma amostra de 45 papelarias aleatórias que foram entrevistas.
5.2 Análise dos Resultados
5.2.1 Análise dos resultados nas papelarias da Rede Brasil Escolar
Após as respostas dos associados da Rede Brasil Escolar, obteve-se os
seguintes resultados de proporções apresentados nos Quadros 16 e 17:
Quadro 16 Frequência de Respostas da Questão 2
Na sua opinião entrar na Rede Brasil Escolar
permitiu a sua empresa...
CT
CP
NCD
DP
DT
1-...Comprar com melhores descontos dos fornecedores. 42,22%55,56%2,22% 0% 0%
2-...Comprar com melhores prazos dos fornecedores. 33,33%46,67%8,89% 8,89% 2,22%
3-...Aprender com a troca de experiências com associados. 66,66%15,16%11,12% 0% 6,66%
4-...Capacitar propritários/funcionários com treinamentos. 20% 24,45%13,33%8,89%33,33%
5-...Usufruir de uma marca (da rede) mais forte. 40% 24,45%13,33%2,22% 20%
6-...Usufruir campanhas MKT que ajudam a vender mais. 31,12% 40% 13,33%2,22%13,33%
7-...Usufruir serviços assessoria oferecidos pela central. 24,45%24,45%26,66%4,44% 20%
Quadro 17 Frequência de Respostas da Questão 3
Opinião dos associados da Rede Brasil Escolar para a afirmação...
CT
CP
NCD
DP
DT
... De um modo geral, participar de uma associação melhorou 62,23% 33,33%2,22%2,22%0%
seu nível competitivo frente ao mercado.
85
Nota-se que para o setor de compras, os ganhos relacionados a
descontos e prazos, após o ingresso dos participantes na rede, são bem perceptíveis. Na
opinião de 42,22% dos entrevistados houve uma concordância total com a afirmação de
ganhos relacionados a pros e, para a mesma questão, 55,56% dos entrevistados
concordaram parcialmente. É interessante notar que nenhum entrevistado discordou que
participar da Brasil Escolar traz melhoras relacionadas ao pro de compra junto aos
fornecedores. Com relação aos prazos de pagamento, 33,33% concordaram totalmente e
46,67% concordaram parcialmente que a participação na RBE trouxe maiores e melhores
prazos de pagamento das mercadorias compradas. Apenas 8,89% discordaram
parcialmente e 2,22% discordaram totalmente da mesma afirmação. Assim, apesar de
ainda existir a possibilidade de melhoras mais acentuadas (já que 55,56% e 46,67% dos
entrevistados nas respostas 1 e 2, respectivamente, concordaram apenas parcialmente com
as questões), a participação das papelarias na rede em questão trouxe ganhos reais de
poder de barganha junto aos fornecedores. Em razão destes resultados a hipótese 1
Participar de uma rede melhora o poder de barganha das papelarias quanto a
conseguirem melhores pros e prazos junto aos fornecedores apresenta fortes indícios
de ser confirmada.
Dos 88,88% dos entrevistados que opinaram sobre o ganho de
aprendizado relacionado com a troca de experiências entre os associados da rede, 66,66%
concordaram totalmente, 15,16% concordaram parcialmente e 6,66% discordaram
totalmente da afirmação. Ou seja, a participação na RBE está trazendo aprendizado em
grupo, fazendo com que a ação conjunta de troca de informões e conhecimentos dos
associados da rede permita que os seus participantes ajudem-se mutuamente na resolução
de problemas comuns, conquistando, com isso, diferenciais de mercado através dos
serviços oferecidos aos seus clientes. Assim, percebe-se que houve alta percepção entre
os entrevistados dos ganhos obtidos pelos empresários advindos das trocas de
informões entre eles, o que permite afirmar que a segunda hipótese As papelarias
conseguem obter um maior aprendizado sobre o ramo em que atuam quando estão
associadas em rede” apresenta fortes indícios de ser confirmada.
Já os ganhos adquiridos com a capacitação de proprietários e
funcionários através de treinamentos oferecidos pela rede não foram sentidos pela grande
maioria dos entrevistados. Dos 86,67% dos associados com opinião formada sobre esta
questão, um pouco mais da metade concordou totalmente (20%) ou parcialmente
86
(24,45%) com os ganhos percebidos, enquanto que 8,89% discordaram parcialmente e
33,33% discordaram totalmente (o mais alto índice de discordância total entre todas as
respostas). Ou seja, a participação na RBE está trazendo aprendizado através de
treinamentos apenas a uma pequena parcela dos entrevistados. Durante as entrevistas
realizadas por telefone, muitos alegaram que a distância (já que os treinamentos são
realizados na capital paulista) era o maior empecilho para que eles participassem dos
treinamentos, limitando o benefício potencial que eles poderiam alcançar com tais cursos
oferecidos pela RBE. Pelos resultados alcançados, a hipótese 3 Participar de uma rede
melhora a capacitação profissional de proprietários e funcionários apresenta fortes
indícios de ser rejeitada.
Com respeito à área de marketing e vendas, participar da Rede Brasil
Escolar trouxe benefícios limitados aos associados. Fazer uso de uma marca mais forte no
mercado teve uma concordância de 64,45% dos entrevistados, sendo que deste percentual,
40% concordaram totalmente e 24,45% concordaram parcialmente. Já a discordância para
esta questão também foi maciçamente observada: 2,22% parcialmente e 20% totalmente.
Esta alta discordância (a segunda maior entre todas as questões) não foi uma surpresa, já
que os participantes da rede não são obrigados a utilizar o nome Brasil Escolar em suas
papelarias. Desta forma, muitos lojistas preferiram manter o nome que já utilizavam em
seus estabelecimentos (antes da entrada na rede), pois eles já eram conhecidos e tinham
boa credibilidade em suas cidades. Com relão ao uso de campanhas de marketing
(desenvolvidos pela rede) que ajudariam a aumentar as vendas, obteve-se os seguintes
resultados: 31,12% concordaram totalmente, 40% concordaram parcialmente, 13,33% não
tinham uma opinião clara sobre o assunto, 2,22% discordaram parcialmente e 13,33%
discordaram totalmente. Assim, apesar de não haver uma grande discordância geral para
esta questão, 40% dos entrevistados que perceberam melhoras relacionadas ao aumento
das vendas advindos de campanhas de marketing tiveram a impressão que ainda havia
espo para que novas melhorias fossem apresentadas. Ou seja, como a hipótese 4
Obtém-se um maior volume de vendas quando as papelarias se encontram associadas em
rede” não pode ser totalmente confirmada, conclui-se que a mesma apresenta fortes
indícios de ser rejeitada.
Na opinião dos entrevistados, a utilização de serviços de assessoria foi o
item com menor porcentagem de respostas, já que 26,66% dos entrevistados não tiveram
uma opinião formada sobre a questão. Daqueles que responderam, a concordância total e
87
parcial tiveram a mesma porcentagem (24,45%), enquanto que 4,44% discordaram
parcialmente e 20% discordaram totalmente. Esta considerável porcentagem de
discordância também era esperada, já que muitos associados já contavam com serviços de
assessoria terceirizados antes de participarem da rede, preferindo manter os mesmos
profissionais que eles já confiavam ao invés de buscarem os disponibilizados pela Rede
Brasil Escolar.
Para finalizar a análise da Rede Brasil Escolar como um todo, percebe-
se que além de trazer alguns benefícios em áreas específicas, ela traz níveis de
competitividade mais altos aos seus participantes, já que 95,56% dos entrevistados
concordaram total (62,33%) ou parcialmente (33,33%) com a questão, e apenas 2,22%
deles discordaram parcialmente da mesma. Esta opinião dos associados mostrou que o
seu ingresso na rede está trazendo benefícios que eles poderiam não estar atingindo se
continuassem administrando suas papelarias forma totalmente independente no mercado.
Como visto no Quadro 16, estes ganhos competitivos citados no Quadro 17 estiveram
dispersos em vários setores dentro da empresa, fazendo com elas se tornassem mais
competitivas por estarem tendo ações coletivas dentro da RBE.
5.2.2 Análise dos resultados entre redes de papelarias e redes de farmácias
Para validar-se ou rejeitar-se a hipótese 5 deste estudo, fez-se uma
comparação de resultados entre a Rede Brasil Escolar e quatro redes de farmácias do
interior do estado de São Paulo: Multidrogas, Netfarma, Farmáxima e Farmavip.
A escolha do varejo farmautico para a análise comparativa com o
setor de papelaria, se deu por dois motivos principais: a tradição do setor farmacêutico em
alianças estratégicas do tipo rede de empresas (não é comum observar farmácias que
funcionem independentemente no mercado, tanto que, atualmente, existem 25 redes
diferentes de farmácia em todo o território nacional) (KINOUCHI, 2005); e a história do
setor farmacêutico neste tipo de associação (desde 1993 existem redes de farmácia por
todo o Brasil).
Segundo Kinouchi (2005), a Rede Multidrogas foi a primeira rede de
varejo farmacêutico brasileira. Fundada em 1994, na região de São José do Rio Preto,
hoje conta com 83 pontos de venda. A Rede Netfarma surgiu em São José do Rio Pardo,
88
em 1995. Iniciou suas operões com 20 sócios fundadores, e se espalhou por 13 cidades.
Já a Rede Farmáxima foi inaugurada em 1995 na cidade de Campinas com apenas 8
sócios fundadores. Hoje, expandiu-se para outras cidades e conta com 45 pontos de
venda. Em 1997, a Rede Farmavip foi fundada na região de Piracicaba e, atualmente,
conta com 35 pontos de venda.
Entre as farmácias, foram pesquisadas 134 lojas (amostra) de um total
de 184 estabelecimentos (universo). O Quadro 18 mostra o formulário de pesquisa
utilizado por Kinouchi em sua pesquisa no setor varejista farmacêutico e o Quadro 19 traz
os resultados obtidos na mesma.
Quadro 18 Formulário de Pesquisa sobre Redes de Farmácias
Fonte: Adaptado de Kinouchi (2005, p. 60)
FORMULÁRIO - PESQUISA ASSOCIATIVISTA
QUESTÃO 001
Em que ano você entrou na associação? (Digite-o no campo verde ao lado --->
QUESTÃO 002
Qual era o seu faturamento naquela época? (Digite-o no campo verde ao lado --->
QUESTÃO 003
Qual é o seu faturamento atual? (Digite-o no campo verde ao lado --->
QUESTÃO 004
Faça um X na resposta que melhor traduz a sua opinião ---->
Concordo Totalmente
Concordo Parcialmente
o Concordo Nem Discordo
Discordo Parcialmente
Discordo Totalmente
Na sua opinião, participar de uma associação permite...
... comprar com melhores descontos dos fornecedores -->
... comprar com melhores prazos dos fornecedores -->
... aprender com a troca de experiências entre os associados -->
... capacitar proprietários e funcionários através de treinamentos -->
... usufruir de uma marca (de rede) mais forte no mercado -->
usufruir de campanhas de marketing que ajudem a aumentar as vendas -->
... usufruir de serviços de assessoria oferecidos pela central -->
... melhorar o atendimento através de parcerias c/ associados locais -->
QUESTÃO 005
Na sua opinião, de um modo geral, participar em uma associação melhorou seu nível competitivo frente ao mercado?
Faça um "X" no quadrado verde que melhor traduz sua opinião
Concordo
Concordo Nem Concordo Discordo Discordo
Totalmente
ParcialmenteNem Discordo ParcialmenteTotalmente
------------------>
QUESTÃO 006
Na sua opinião, de um modo geral, participar em uma associação melhorou sua visão de necios no ramo de varejo farmacêutico?
Faça um "X" no quadrado verde que melhor traduz sua opinião
Concordo
Concordo Nem Concordo Discordo Discordo
Totalmente
ParcialmenteNem Discordo ParcialmenteTotalmente
------------------>
89
Quadro 19 Resultados da Pesquisa nas Redes de Farmácias
Fonte: Adaptado de Kinouchi (2005, p. 65)
Com os resultados das duas pesquisas (papelarias e farmácias), fez-se
uma comparação estatística através do teste Mantel-Haenszel para verificar
homogeneidade (semelhanças e diferenças) das respostas de ambas. Nesta etapa,
simplificou-se as respostas dadas pelos entrevistados em dois grupos: concordo e
discordo. Ou seja, as respostas dadas como Concordo Totalmente” e Concordo
Parcialmente” foram unificadas no grupo Concordo e as respostas dadas como
Discordo Totalmente” e Discordo Parcialmente” foram colocadas no grupo Discordo;
já as respostas dadas Nem Concordo Nem Discordo foram retiradas. Desta forma
considerou-se apenas o espo amostral restrito de concordantes e discordantes (sem levar
em consideração os que não tiveram uma destas respostas). Isto simplificou a análise
comparativa entre os dois ramos varejistas, facilitando a verificação da hipótese 5 deste
estudo.
Foram feitas comparões entre os dois estudos em oito questões e os
resultados do teste Mantel-Haenszel (considerando 5% de signifincia para o teste)
estão apresentados nos Quadros 20, 21, 22, 23, 24, 25, 26 e 27. Nestes Quadros, as
respostas aparecem primeiramente em valores absolutos (quantidade de lojas que
responderam às questões) e depois em valores percentuais (considerando-se apenas as
duas respostas (Concordo (C) e Discordo (D)).
Queso 004: Entrar na Rede de Farmácias permitiu
Redes de Farmácias
a sua empresa...
CT
CP
NCND
DP
DT
1- ...Maior desconto Fornecedores 36% 47% 0% 9% 9%
2- ...Maior Prazo de Compra 28% 47% 6% 11% 9%
3- ...Aprender com a Troca de Experiências entre Associados 87% 9% 2% 2% 0%
4- ...Capacitar Funcionários através de Treinamento 79% 17% 4% 0% 0%
5- ...Usufruir Marca da Rede mais forte 85% 15% 0% 0% 0%
6- ...Usufruir Campanhas MKT que ajudam a aumentar vendas 81% 19% 0% 0% 0%
7- ...Usufruir Serviços de Assessoria Gratuitos
34%
51%
4%
6%
4%
Queso 005: Participar em uma associação de Farcias
Redes de Farmácias
CT
CP
NCND
DP
DT
...melhorou seu nível competitivo no mercado 74% 26% 0% 0% 0%
90
Quadro 20 Comparação Referente a Pros de Compra
Na sua opinião entrar na Rede
Papelarias
Farmácias
permitiu a sua empresa...
C
D
C
D
1-...Comprar com melhores descontos dos fornecedores. 44 0 110 24
100% 0% 82,08%17,92%
P-value do Teste Mantel-Haenszel = 0,0026
Percebe-se pelo Quadro 20, que as porcentagens diferem bastante, tanto
para concordantes quanto para discordantes nos dois tipos de varejo. Mesmo assim,
precisa-se verificar se estas diferenças são estatisticamente significantes e, para isso,
utilizou-se o teste de hipóteses de Mantel-Haenszel. Utilizando-se o software SAS
obteve-se p-valor=0,0026 e, considerando-se 5% de nível de significância para o teste,
percebem-se evidências para rejeitar a hitese de igualdade entre as proporções de
concordantes (ou discordantes) para farmácias e papelarias. Assim, pode-se dizer que
farmácias e papelarias respondem de forma diferente à questão acima. Desta forma,
constata-se pelo Quadro 20 que as papelarias concordam mais com terem obtido maior
desconto por parte dos fornecedores depois entrarem em uma rede do que as farmácias.
Em contrapartida as farmácias discordam mais.
Quadro 21 Comparação Referente a Prazos de Compra
Na sua opinião entrar na Rede
Papelarias
Farmácias
permitiu a sua empresa...
C
D
C
D
2-...Comprar com melhores prazos dos fornecedores. 36 5 100 26
87,80%13,20%79,36%20,64%
P-value do Teste Mantel-Haenszel = 0,2287
Visualiza-se no Quadro 21 que as porcentagens das respostas obtidas
nas papelarias e nas farmácias são bem próximas. No entanto, é necessário medir-se se tal
proximidade percentual é estatisticamente significante. Por isso, utilizou-se o teste de
hipóteses de Mantel-Haenszel, e através do software SAS obteve-se p-valor=0,2287.
Como foi considerado o mesmo nível de significância para o teste (5%), evidenciam-se
motivos para não rejeitar-se a hipótese de igualdade entre as proporções de concordantes
(ou discordantes) para farmácias e papelarias. Ou seja, apesar das porcentagens obtidas
nas respostas das papelarias e farmácias serem diferentes, elas são estatisticamente iguais.
91
Assim, pode-se dizer que tanto farmácias como papelarias respondem igualmente à
questão acima, constatando-se que as farmácias e papelarias concordam (ou discordam)
na mesma proporção sobre a questão de terem obtido maior prazo de compra depois
entrarem em uma rede, não havendo entre os entrevistados dos dois varejos uma
percepção de que na rede de papelarias há mais benefícios referentes a prazos de
pagamentos junto aos fornecedores do que nas redes de farmácias (e vice-versa).
Quadro 22 Comparação Referente à Troca de Experiências entre Associados
Na sua opinião entrar na Rede
Papelarias
Farmácias
permitiu a sua empresa...
C
D
C
D
3-...Aprender com a troca de experiências entre os associados. 37 3 128 3
92,50%7,50% 97,70% 2,30%
P-value do Teste Mantel-Haenszel = 0,1181
Como havia ocorrido na pergunta anterior, no Quadro 22 as
porcentagens das respostas obtidas nas papelarias e nas farmácias são bem próximas e
esta proximidade faz com que não haja evidências para rejeitar-se a hipótese de igualdade
entre as proporções de concordantes (ou discordantes) para os dois tipos de varejo, já que
o p-valor foi de 0,1181 (ou seja, maior do que os 5% de significância do teste). Assim,
apesar das porcentagens obtidas nas respostas das papelarias e farmácias serem diferentes,
elas são estatisticamente iguais. Por isso, pode-se dizer que tanto farmácias como
papelarias respondem igualmente à questão acima, constatando-se que as farmácias e
papelarias concordam (ou discordam) na mesma proporção sobre a questão de terem
obtido ganho com troca de experiências junto aos associados, não havendo entre os
entrevistados dos dois varejos uma percepção de que na rede de papelarias há mais
benefícios referentes a troca de experiências com os outros associados do que nas redes
de farmácias (e vice-versa).
Quadro 23 Comparação Referente à Capacitação Através de Treinamentos
Na sua opinião entrar na Rede
Papelarias
Farmácias
permitiu a sua empresa...
C
D
C
D
4-...Capacitar propritários e funcionários através de treinamentos. 20 19 129 0
51,28%48,72%100% 0%
P-value do Teste Mantel-Haenszel < 0,0001
92
Percebe-se pelo Quadro 23, que as porcentagens diferem bastante, tanto
para concordantes quanto para discordantes nos dois tipos de varejo. Mesmo assim,
precisa-se verificar se estas diferenças são estatisticamente significantes e, para isso,
utilizou-se o teste de hipóteses de Mantel-Haenszel. Utilizando-se o software SAS
obteve-se p-valor <0,0001 e, considerando-se 5% de nível de signifincia para o teste,
percebem-se evidências para rejeitar a hitese de igualdade entre as proporções de
concordantes (ou discordantes) para farmácias e papelarias. Assim, pode-se dizer que
farmácias e papelarias respondem de forma diferente à questão acima. Desta forma,
constata-se pelo Quadro 23 que as farmácias concordam mais com terem obtido
capacitação de proprietários e funcionários através de treinamentos quando entraram na
rede do que os entrevistados das papelarias. Em contrapartida as papelarias discordam
mais.
Quadro 24 Comparação Referente ao Uso de uma Marca Mais Forte
Na sua opinião entrar na Rede
Papelarias
Farmácias
permitiu a sua empresa...
C
D
C
D
5-...Usufruir de uma marca (da rede) mais forte. 29 10 134 0
74,35%25,65%100% 0%
P-value do Teste Mantel-Haenszel < 0,0001
De acordo com o Quadro 24, também visualiza-se que as porcentagens
diferem bastante, tanto para concordantes quanto para discordantes nos dois tipos de
varejo. Mesmo assim, é necessário checar se estas diferenças são estatisticamente
significantes e, para isso, utilizou-se o teste de hipóteses de Mantel-Haenszel. Exatamente
como na pergunta anterior, obteve-se p-valor <0,0001 e, considerando-se 5% de nível de
significância para o teste, percebem-se evidências para rejeitar a hipótese de igualdade
entre as proporções de concordantes (ou discordantes) para farmácias e papelarias. Assim,
pode-se dizer que farmácias e papelarias respondem de forma diferente à questão acima.
Desta forma, constata-se pelo Quadro 24 que as farmácias concordam mais com a
afirmação que diz que elas puderam usufruir de uma marca mais forte no mercado quando
entraram para a rede do que os entrevistados das papelarias. Em contrapartida as
papelarias discordam mais. Tal resultado não é uma surpresa, já que nas redes de
farmácias, os associados são obrigados a utilizar o nome da rede em sua fachada
(enquanto que nas papelarias o uso do nome da rede não é obrigatório), fazendo com que
93
houvesse uma a identificação mais fácil da marca junto aos consumidores, deixando-os
mais seguros em fazer negócio com as farmácias das redes do que quando elas
trabalhavam isoladamente no mercado.
Quadro 25 Comparação Referente ao Uso de Campanhas de Marketing
Na sua opinião entrar na Rede
Papelarias
Farmácias
permitiu a sua empresa...
C
D
C
D
6-...Usufruir campanhas marketing que ajudam aumentar vendas. 32 7 134 0
82,05%17,95%100% 0%
P-value do Teste Mantel-Haenszel < 0,0001
Como na pergunta anterior, o Quadro 25 mostra porcentagens bastante
diferentes para concordantes e discordantes nos dois tipos de varejo. Após a análise pelo
teste de hipóteses de Mantel-Haenszel constatou-se um p-valor < 0,001, trazendo
evidências para se rejeitar a hipótese de igualdade entre as proporções de concordantes
(ou discordantes) para farmácias e papelarias. Assim, pode-se dizer que farmácias e
papelarias respondem de forma diferente à questão acima. Desta forma, constata-se pelo
Quadro 25 que as farmácias concordam mais com a afirmação que diz que elas puderam
fazer uso de campanhas de marketing que ajudaram a aumentar as vendas quando
entraram para a rede do que os entrevistados das papelarias. Em contrapartida as
papelarias discordam mais. Ou seja, os anúncios conjuntos na mídia e as outras formas de
marketing desenvolvidas nas redes de farmácias trouxeram mais benefícios aos
associados destas redes do que aqueles desenvolvidos na Rede Brasil Escolar, segundo os
entrevistados.
Quadro 26 Comparação Referente ao Uso de Serviços de Assessoria
Na sua opinião entrar na Rede
Papelarias
Farmácias
permitiu a sua empresa...
C
D
C
D
7-...Usufruir de serviços de assessoria oferecidos pela central. 22 11 115 14
66,66%33,33%89,15%10,85%
P-value do Teste Mantel-Haenszel = 0,0015
Observa-se no Quadro 26 que as porcentagens diferem bastante, tanto
para concordantes quanto para discordantes nos dois tipos de varejo. Utilizando-se do
94
teste de hiteses de Mantel-Haenszel, obteve-se p-valor=0,0015 e, considerando-se 5%
de nível de signifincia para o teste, percebem-se evidências para rejeitar a hipótese de
igualdade entre as proporções de concordantes (ou discordantes) para farmácias e
papelarias. Assim, pode-se dizer que farmácias e papelarias respondem de forma diferente
à questão acima. Desta forma, constata-se pelo Quadro 26 que as farmácias concordam
mais com a afirmação que diz que elas puderam usufruir de serviços de assessoria quando
entraram para a rede do que os entrevistados das papelarias. Em contrapartida as
papelarias discordam mais.
Quadro 27 Comparação Referente ao Nível Competitivo no Mercado
Participar em uma associação de rede de empresas
Papelarias
Farmácias
C
D
C
D
8- ...melhorou seu nível competitivo no mercado 43 1 134 0
97,27%2,73% 100% 0%
P-value do Teste Mantel-Haenszel = 0,0810
Percebe-se no Quadro 27 que as porcentagens das respostas obtidas nas
papelarias e nas farmácias são bem próximas. No entanto, é necessário medir-se se tal
proximidade percentual é estatisticamente significante. Por isso, utilizando-se do teste de
hipóteses de Mantel-Haenszel, e através do software SAS obteve-se p-valor=0,0810.
Como foi considerado o mesmo nível de significância para o teste (5%), evidenciam-se
motivos para não rejeitar-se a hipótese de igualdade entre as proporções de concordantes
(ou discordantes) para farmácias e papelarias. Ou seja, apesar das porcentagens obtidas
nas respostas das papelarias e farmácias serem diferentes, elas são estatisticamente iguais.
Assim, pode-se dizer que tanto farmácias como papelarias respondem igualmente à
questão acima, constatando-se que as farmácias e papelarias concordam (ou discordam)
na mesma proporção sobre a questão de terem obtido melhor nível competitivo depois
entrarem em uma rede, não havendo entre os entrevistados dos dois varejos uma
percepção de que na rede de papelarias há mais benefícios referentes ao nível competitivo
do que nas redes de farmácias (e vice-versa).
Resumindo-se as comparões feitas nas oito questões anteriores,
apresenta-se o Quadro 28:
95
Quadro 28 Resumo das Comparações Feitas
diferenças estatísticas
Quem visualizou
Questão
nas respostas?
maiores benefícios?
1- Preço de Compra Sim Papelarias
2- Prazo de Pagamento Não Benefícios Iguais
3- Troca de Experiências Não Benefícios Iguais
4- Treinamentos Sim Farmácias
5- Marca mais Forte Sim Farmácias
6- Campanhas de Marketing Sim Farmácias
7- Assessorias Sim Farmácias
8- Nível Competitivo Não Benefícios Iguais
Através do Quadro 28, observa-se que em três respostas (prazo de
pagamento, troca de experiências e nível competitivo) os associados entrevistados da
Rede Brasil Escolar e os associados das quatro redes de farmácias perceberam os mesmos
benefícios após a entrada nas respectivas redes (ou seja, nem papelarias nem farmácias
observaram benefícios (ou malefícios) maiores em relação ao outro varejo). Em uma
resposta (preço de compra), as papelarias entrevistadas sentem-se mais beneficiadas do
que as farmácias; e em quatro respostas (treinamentos, marca mais forte, campanhas de
marketing e assessoria) as farmácias sentem-se mais beneficiadas do que as papelarias.
Assim, a hipótese 5 As redes de farmácias oferecem aos seus
associados mais benefícios do que a rede de papelarias apresenta fortes indícios de ser
confirmada, já que as farmácias associadas entrevistadas sentiram-se mais beneficiadas
em relação às papelarias em quatro questões respondidas, enquanto que as papelarias
achavam-se com mais benefícios do que as farmácias em apenas uma questão respondida.
5.3 Resultados, Literatura e Objetivo Específico
Segundo Kotler (1998), Las Casas (2000) e Puga (2000), os principais
benefícios alcançados por empresas que se unem em rede são: acesso ao crédito e à
capacitação gerencial; redução de custos com o aumento do poder de barganha; divisão de
riscos; valorização da marca e possibilidade de marketing compartilhado; acesso a
treinamentos para funcionários e gestores; preservação da individualidade das empresas;
acesso a novos mercados e tecnologias; e troca de informações e experiências entre os
participantes.
96
Após a análise qualitativa deste estudo percebeu-se que os associados
da Rede Brasil Escolar alcançaram muitos destes benefícios citados. Por exemplo, no
setor responsável pelo relacionamento com os fornecedores, os entrevistados perceberam
melhoras de pros e prazos dos pagamentos das mercadorias compradas, reforçando o
argumento de Chavez (2002, p. 135):
por meio das centrais de compras as empresas de pequeno e médio
porte podem ter suas compras efetuadas por compradores profissionais
que desenvolvem, exclusivamente, esta atividade, utilizando o processo
especializado de compras. Como vantagens dessas centrais, pode-se
citar: a redução dos preços de compra, devido ao volume elevado e ao
poder de barganha que a central possui, e que, isoladamente, as
empresas não teriam, além da ampliação dos prazos de pagamento. Isso
leva as empresas associadas aumentarem suas margens operacionais e,
por conseqüência, serem competitivas no mercado.
Hiroshi (2000) também já havia argumentado sobre o assunto quando
apontou que uma das melhores estratégias apontadas e defendidas para as pequenas
empresas era a formação de redes de compras ou centrais de compras, nas quais as lojas
se unificavam para aumentar o poder de negociação junto à indústria fornecedora.
Baseando-se a análise nos ganhos advindos com a troca de experiências
entre os associados também percebe-se que a RBE tem propiciado ganhos neste aspecto.
Como foi comentado por Burt (1992), as relações cooperativas são entendidas como
strong ties, pois baseiam-se em normas de confiança, contratos de longo prazo e na
previsibilidade das relões. Ou seja, os associados da Brasil Escolar estão dispostos a
trocarem experiências entre si, pois confiam uns nos outros e visualizam a possibilidade
de crescimento gerencial baseado nesta cooperação. Conforme apontado por Casaroto;
Pires (2001, p. 39), a cooperação tem que ser o eixo central de qualquer rede cooperativa
e ela só ocorre de fato quando as empresas envolvidas trocam informões, estabelecem
um intercâmbio de idéias, definem as contribuições de cada participante, e analisam em
conjunto os problemas na busca de soluções comuns.
De acordo com Casaroto; Pires (2001), a abrangência de serviços
disponibilizados pelos consórcios (administração) de uma rede se dá em muitos níveis
(fabricação do produto, valorização do produto, valorização da marca, desenvolvimento
de produtos, comercialização, exportão, padrão de qualidade, obtenção de crédito e
capacitação profissional). Estes serviços puderam ser observados na Rede Brasil Escolar,
apesar de alguns deles não atingirem o nível de ganho esperado pelos entrevistados (ou
97
não serem utilizados pelos participantes da rede). Assim, a rede estudada oferece
capacitação aos funcionários e proprietários através de treinamentos, bem como
disponibiliza serviços de assessoria gratuitos, mas tais elementos não têm sido bem
utilizados pelos associados, fazendo com que eles percam oportunidades de se
aperfeiçoarem em outros segmentos. Isto também acontece com a não utilização (por
alguns associados) da marca da RBE em seus estabelecimentos, apesar da
disponibilização oferecida pelo consórcio. O caso das redes de farmácias exemplificam
bem isto, pois o marketing e a marca são muito utilizados pelos associados, trazendo uma
maior identificação com o público consumidor que se sente mais seguro em fazer negócio
em empresas padronizadas e confiáveis.
Finalizando esta análise, busca-se uma consonância dos resultados
alcançados no estudo com o objetivo principal do estudo que é verificar as vantagens
competitivas que pequenas papelarias observaram ao ingressarem em uma rede de
empresas. Conforme Bronzo; Honório (2005, p. 8)
As empresas que entram em um circuito relacional e encontram-se
inseridas em uma estrutura em rede, sejam elas pequenas, médias ou
grandes empresas, tenderão a se especializar em atividades para as
quais suas capacidades e competências ofereçam alguma vantagem
comparativa diante de seus concorrentes diretos ou potenciais.
Quando Ebers; Jarillo (1998) expõem as origens que levam as empresas
unidas em rede a alcançarem vantagens competitivas (aprendizado mútuo, co-
especialidade, melhor fluxo de informação, e economias de escala), eles permitem que
seja mostrado, através do resultado da pesquisa feita na Rede Brasil Escolar, que os
benefícios que os entrevistados observaram trazem a eles vantagem competitiva frente aos
concorrentes que trabalham de forma independente no mercado. Por isso, quase que a
totalidade dos associados que responderam ao questionário afirmam que o seu nível
competitivo aumentou quando eles associaram-se em rede.
5.4 Considerações sobre os Resultados
Em um cenário de grande padronização de pros e atendimento, bem
como de maior exigência dos consumidores dos pequenos varejos independentes,
98
qualquer pequeno benefício alcançado pode ser um diferencial importante para o sucesso
de uma empresa no mercado. Tal estudo permitiu identificar que a participação de
papelarias em alianças estratégicas do tipo rede de empresas pode ser uma alternativa para
estes pequenos e micro empresários sobreviverem em um ambiente altamente
competitivo, pois permite a eles alcançarem vantagens competitivas (custos mais baixos,
atendimento mais profissional, maior visualização e confiança percebida pelos clientes,
suporte técnico profissional e especializado, etc.), que ajudam-nos a fortalecerem suas
posições no mercado. Na Rede Brasil Escolar, poucos entrevistados discordaram parcial
ou totalmente dos benefícios propostos pela rede. Assim, apesar de ainda existirem muitas
áreas administradas pela rede em que os benefícios estão longe daqueles propostos, vê-se
que os associados da RBE estão percebendo melhorias em diversos segmentos de suas
papelarias, mesmo que tais benefícios ainda não atendam totalmente as suas expectativas.
Os ganhos obtidos com um volume maior de compra normalmente aparecem
prioritariamente na mente de pesquisadores e empresários que se permitem fazer parte de
uma rede de empresas com concorrentes diretos. No entanto, conforme visto, os ganhos
vão muito além de prazos e descontos conseguidos junto a fornecedores, estendendo-se
para outros segmentos dentro da empresa que também colaboram com a melhoria da
posição desta no mercado. Tais benefícios traduzem-se em uma concordância maciça dos
associados da Brasil Escolar na questão que abordava uma melhora do nível competitivo
após a entrada dos mesmos na rede em questão.
Fazendo-se uma comparação entre as redes de dois segmentos varejistas
diferentes (papelarias e farmácias), vê-se que os participantes das mesmas estão
percebendo melhorias em diversos segmentos de suas empresas. No entanto, apesar de
muitas percepções de benefícios terem sido homogêneas, cada rede comparada conseguiu
melhorias mais perceptíveis aos entrevistados em determinados segmentos. Isto traz a
possibilidade de haver uma troca de informões e conhecimentos entre redes de setores
diferentes, pois assim o modo como uma rede alcançou ganhos expressivos em
determinada área pode ser levado a outras redes de setores diferentes que têm dificuldades
neste mesmo assunto, e vice-versa. Ou seja, as redes de setores diferentes podem pensar
em trocar experiências entre elas como forma de garantir novas vantagens competitivas.
Assim, a cooperação deixaria de acontecer apenas entre concorrentes de um mesmo setor,
estendendo-se também para setores econômicos distintos que buscam objetivos comuns.
99
As fronteiras para a cooperão das empresas ainda podem ser
largamente expandidas. À medida que os associados vão perdendo o medo de associarem-
se, visualizando que a confiança empregada gera benefícios reais, novos espos e
oportunidades são abertos para uma cooperação cada vez mais ampla, sólida e
profissional. Em alguns países, já existe inclusive uma rede de redes de empresa
(chamada de Federação). Segundo Souza (2004), na França existem dois exemplos destas
redes multisetoriais: a Federação Leclerc e a Enseigne du Commerce Associee. Na
primeira são 536 lojas associadas que incluem hipermercados e lojas especializadas,
enquanto que na outra são 19.000 lojas e 15.700 associados divididos em vários setores
(alimentação, turismo, bricolage e jardinagem, jogos e puericultura, fotótica, perfumaria,
artigos esportivos, dentre outros).
No Brasil, em 2002, também houve a formão de uma Federação
quando fez-se uma fusão de três redes (Rede Pague Menos, Rede Nota 10 e Rede Super
Show) em uma: a Rede Aval. Ela uniu lojas que atuavam em vários setores
(supermercado, ougue, padaria, restaurante, loja de conveniência e pousada), mas durou
apenas três meses. Apesar desta tentativa frustrada, ela deve ser cada vez mais visualizada
como uma possibilidade para as redes, já que a fragmentação do mercado em inúmeras
redes independentes traz desperdícios derivados do menor poder de barganha e da menor
viabilidade de realização de projetos que tragam benefícios reais. Os desafios da
formação de uma Federação no Brasil são grandes e esbarram, principalmente, na
heterogeneidade dos possíveis associados. No entanto, a sua formação também aparece
como uma possível alternativa que poderá promover a expansão das atividades das micro
e pequenas empresas.
5.5 Limitações do Estudo
No início deste estudo, pretendia-se trabalhar com um erro estatístico de
5%. Porém, em função da quantidade de respostas que obter-se-ia na pesquisa de campo,
optou-se por um erro (maior) de 10%, ampliando a limitação do estudo.
Ao alterar o questionário para se mensurar os resultados sobre a
hipótese 5 As redes de farmácias oferecem aos seus associados mais benefícios do que a
rede de papelarias, hipótese esta que permitia a comparação entre o segmento
100
farmacêutico e papeleiro, algumas respostas ficaram de fora para alguns itens, o que
alterou os resultados, porém sem comprometer o objetivo principal.
Considerando o universo das micro e pequenas empresas e das redes de
empresa existentes no Brasil, este estudo torna-se insuficiente para definir um modelo
para o setor, apresentando-se apenas como uma alternativa a ser levada em consideração.
O presente trabalho teve a perspectiva de contribuir com o desenvolvimento das MPE,
apresentando uma nova opção estratégica para as mesmas, mas o aprofundamento através
de outros estudos, de caráter descritivo, com uma amostra maior de casos, se faz essencial
para uma avaliação mais científica do êxito de experiências de redes como estratégias de
colaboração.
5.6 Sugestões para Trabalhos Futuros
Após a conclusão deste estudo, inúmeras questões continuam em aberto.
Inicialmente, fica como sugestão a aplicação de estudos similares na mesma rede
estudada, mas em estados diferentes, pois isto mostraria se uma rede com abrangência
nacional (como a Rede Brasil Escolar) consegue manter seu padrão de excelência em
todos os locais onde está presente e quais são os motivos responsáveis por possíveis
diferenças visualizadas.
Também seria interessante conseguir a opinião de ex-associados de
redes de empresas que abandonaram o associativismo. Os motivos apresentados por estes
empresários poderiam contribuir com novas sugestões para que as redes de empresas
melhorassem a sua performance continuamente.
Uma análise da propensão de associados de redes de um mesmo setor
unirem-se a associados de redes de outros segmentos também é uma sugestão de
pesquisa, pois isto traria subsídios para que as redes existentes começassem a encarar esta
possibilidade como algo real ou ainda utópico.
Uma inquietação ainda permanece firme no final deste trabalho,
incitando uma questão que merece um profundo estudo futuro.
A existência de várias redes de farmácias impõe um nível de
competitividade entre as mesmas, até na busca de novos associados o que faz com que
101
cada uma procure oferecer mais vantagens que a outra o que não pode ser percebido em
uma rede ainda monopolista” que é o caso do ramo papeleiro com a Rede Brasil Escolar.
Tal questão está em aberto àqueles que possam respondê-la no futuro.
Assim, o desafio está lançado na busca de uma resposta a esta intrigante questão.
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