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O Prof. Mário Schenberg participou ainda ativamente da discussão de
problemas político-econômicos do Brasil entre os quais aqueles ligados aos recursos
energéticos do país, como o petróleo e o urânio.
Nos últimos anos de sua vida, além de ter-se destacado em trabalhos de
História da Ciência, participou da Bienal de Arte em São Paulo, tendo escrito,
inclusive, alguns ensaios sobre arte.
O outro notável brasileiro do grupo do Prof. Wataghin, o Prof. Marcello Damy
de Souza Santos, natural da cidade de Campinas, estado de São Paulo, destacou-
se no cenário nacional e internacional como grande Físico Experimental.
O Prof. Occhialini, visto pelo Prof. Marcello Damy como um dos melhores e
mais criativos físicos experimentais do século XX, trabalhara na Universidade de
Cambridge pesquisando sobre os raios cósmicos, com o físico Patrick Maynard
Satuart Blackett (1897-1974), no aperfeiçoamento da chamada Câmera de Wilson,
para registro fotográfico dos fenômenos da radiação cósmica.
Nessa ocasião, já desenvolviam-se no departamento de Física da
Universidade de São Paulo pesquisas de Física Nuclear de altas energias e os
métodos utilizados eram semelhantes aos utilizados em outras partes do mundo, ou
seja, o desenvolvimento das investigações dependia de aparelhos muitas vezes
construídos no próprio laboratório e de modo artesanal. Para isso, funcionavam ao
lado do laboratório, oficinas onde se desenvolviam técnicas como a de soprar vidro,
além de marcenaria e mecânica.
A partir dessa época, houve um significativo aumento o número de estudantes
e posteriores físicos de destaque, como os professores César Lattes,, Oscar Sala,
José Leite Lopes, Jayme Tiomno, dentre outros.
Em 1941, o grupo chefiado pelo Prof. Occhialini, no qual já se destacavam
César Lattes e Oscar Sala, descobriu pela primeira vez o fenômeno da produção de
mésons
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em grupos simultâneos emitidos em um processo nuclear único. Nos
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Mésons são partículas elementares com massa de repouso entre a do elétron e do próton, instáveis e formadas
em reações nucleares que envolvem energias elevadas. Conhecem-se vários tipos, como o méson µ - menos, de
carga elétrica igual a do elétron, spin ½ e massa 105,66 MeV; o méson p, tripleto com os estados de carga nula,
positiva (igual a do próton) e negativa (igual a do elétron), spin nulo, massa de 135 MeV para o p-zero, 139,6
MeV para o p - menos e o p – mais; o méson K , dubleto com os estados de carga nula e positiva, igual a do
próton, spin nulo, sendo a carga do méson K – mais 494 Mev, a do K – zero 497,8 MeV. Os méson p são
instáveis, sendo que o méson p-zero tem uma vida média de 10
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s e desintegra-se em fótons; os dois outros