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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
CENTRO DE CIÊNCIAS MATEMÁTICAS E DA NATUREZA
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA
HIDROGEOQUÍMICA E MODELO HIDROGEOLÓGICO DAS ÁGUAS
SUBTERRÂNEAS NO BAIXO CURSO DO RIO MACAÉ, MUNICÍPIO DE MACAÉ-RJ
ELISA DE SOUZA BENTO
ORIENTADOR: PROF. GERSON CARDOSO DA SILVA JUNIOR
RIO DE JANEIRO
2006
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i
ELISA DE SOUZA BENTO
HIDROGEOQUÍMICA E MODELO HIDROGEOLÓGICO DAS ÁGUAS
SUBTERRÂNEAS NO BAIXO CURSO DO RIO MACAÉ, MUNICÍPIO DE MACAÉ-RJ
Dissertação de Mestrado submetida ao Corpo Docente do
Programa de Pós-Graduação em Geologia da Universidade
Federal do Rio de Janeiro como requisito obrigatório à
obtenção do grau de Mestre em Ciências.
Área de Concentração: Geologia de Engenharia e Ambiental
com Ênfase em Hidrogeologia.
ORIENTADOR: PROF. GERSON CARDOSO DA SILVA JUNIOR
Rio de Janeiro
2006
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ii
HIDROGEOQUÍMICA E MODELO HIDROGEOLÓGICO DAS ÁGUAS
SUBTERRÂNEAS NO BAIXO CURSO DO RIO MACAÉ, MUNICÍPIO DE MACAÉ-RJ
ELISA DE SOUZA BENTO
DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO PROGRAMA DE PÓS-
GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
COMO REQUISITO OBRIGATÓRIO À OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM
CIÊNCIAS.
ORIENTADOR: PROF. GERSON CARDOSO DA SILVA JÚNIOR
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: GEOLOGIA DE ENGENHARIA E AMBIENTAL
ÊNFASE EM HIDROGEOLOGIA
Aprovada por:
____________________________________________
Professor Gerson Cardoso da Silva Junior, D.Sc. (UFRJ)
____________________________________________
Professor Chang Hung Kiang, D.Sc. (UNESP)
____________________________________________
Professor Cláudio Limeira Mello, D.Sc. (UFRJ)
____________________________________________
Emmanoel Vieira da Silva Filho, D.Sc. (UFF)
Rio de Janeiro
Agosto/ 2006
iii
FICHA CATALOGRÁFICA
Bento, Elisa de Souza
Hidrogeoquímica e Modelo Hidrogeológico das Águas Subterrâneas no Baixo Curso do Rio
Macaé, Município de Macaé-RJ. Elisa de Souza Bento. Rio de Janeiro: UFRJ/ CCMN/
Instituto de Geociências, 2006, 180p.
(Instituto de Geociências – UFRJ, M.Sc., Programa de Pós-Graduação em Geologia, 2006).
Dissertação – Universidade Federal do Rio de Janeiro, CCMN, Instituto de Geociências,
2006.
1. Hidrogeoquímica
2. Aqüíferos Aluvionares
iv
Aprende – humildemente.
Ensina – praticando.
Administra – educando.
Obedece – prestativo.
Ama – edificando.
Teme – a ti mesmo.
Sofre – aproveitando.
Fala – construindo.
Ouve – sem malícia.
Ajuda – elevando.
Ampara – levantando.
Passa – servindo.
Ora – serenamente.
Pede – com juízo.
Espera – trabalhando.
Crê – agindo.
Confia – vigiando.
Recebe – distribuindo.
Atende – com gentileza.
Coopera – sem apego.
Socorre – melhorando.
Examina – salvando.
Esclarece – respeitoso.
Semeia – sem aflição.
Estuda – aperfeiçoando.
Caminha – com todos.
Avança – auxiliando.
Age – no bem geral.
Corrige – com bondade.
Perdoa – sempre.
Imperativos Cristãos
Francisco Cândido Xavier – pelo Espírito André Luiz
v
Aos meus pais Germano e Denise por minha vida,
meu lar e minha educação. Por tanto amor e pelo apoio
incondicional à realização de meus sonhos profissionais.
Á minha tia e mãe de coração Maria Alice Mirilli
por seu carinho, seus conselhos, sua torcida e seu exemplo
de força. Que a realização de meu sonho seja a certeza de
sua vitória, pois devo a ela muito do que sou.
vi
AGRADECIMENTOS
A Deus, que me deu a vida e que permitiu mais esta jornada de aprendizado e evolução
constantes.
Aos meus pais Germano e Denise pelo amor, educação, incentivo e dedicação de toda a
vida, e pelo apoio financeiro, sem o qual não teria chegado aonde cheguei.
Aos meus irmãos Carolina, Daniela e Alan, que partilharam minhas aflições, meu mau
humor, minhas alegrias e me apoiaram e torceram por mim durante toda essa caminhada. E ao
meu sobrinho João Pedro que, no auge dos seus 6 anos, muitas vezes foi o único capaz de me
mostrar que era hora de relaxar e brincar, literalmente, como uma criança para só então poder
recomeçar com mais força, alegria e perseverança.
As minhas avós Maria Thereza e Maria Clara (in memorian) pelo amor e paciência com
que cuidaram de mim desde minha infância. Em especial a minha avó Denise que até hoje me
prova a cada dia que sempre vale a pena lutar para aprender e se superar, e que a força e a
alegria de viver só dependem de nosso coração e de nossa visão positiva em relação à vida.
Gratidão eterna a Rodrigo Fernandes Silva que me aturou nos momentos de desespero,
me ajudou em questões computacionais, me incentivou no dia a dia com seu positivismo e
confiança, e me apoiou em todos os momentos, por mais difíceis que fossem para nós. Sem
seu afeto e sua presença consoladora o caminho seria bem mais difícil.
Ao meu orientador o professor Gerson Cardoso da Silva Jr. pela oportunidade de
aprender mais a cada dia e pela confiança depositada em minha capacidade profissional.
Ao Departamento de Geologia da UFRJ e ao setor de Geologia de Engenharia e
Ambiental: professores e funcionários; em especial a professora Helena Polivanov pelas
dúvidas esclarecidas e sugestões.
Ao Programa de Pós-Graduação em Geologia pelo apoio administrativo e financeiro
através da verba PROAP – CAPES.
A Hidrogeóloga Ana Beatriz Barreto, uma grande incentivadora, pelo apoio logístico e
dúvidas esclarecidas.
A minha grande amiga e irmã de alma Giselle Ramalho Barbosa que passou junto a
mim os melhores e piores momentos desta caminhada. Nossas experiências, encontros e
vii
desencontros da vida profissional e pessoal neste período valeram mais que toda uma vida.
Obrigada pelo ombro amigo e pelos momentos inesquecíveis.
Aos grandes amigos Felipe Fonseca e Josiane Damázio, fundamentais nos momentos de
desânimo, com sua alegria e exemplo de luta por seus ideais. Sempre conseguiram me
arrancar sorrisos preciosos me dando o ânimo para recomeçar.
Aos amigos do laboratório de Hidrogeologia da UFRJ: Alexandre Cruz, por termos
caminhado lado a lado no mestrado, crescendo juntos e partilhando conhecimentos, alegria e
também decepções; Rosemari Fabianovicz, por sua amizade, serenidade, carinho e seu
exemplo de seriedade e profissionalismo; as meninas Luana Lima, Ana Carolina Lisboa e
Gislaine Almeida, pelo apoio na parte de laboratório, pela ajuda nos pequenos e grandes
detalhes da tese e por toda alegria e risadas dadas ao longo destes anos; Juliana Menezes,
Rodrigo Stutz, Cauê Bielchowski, Ana Luíza Vettorazzi e Cynthia Augusto pelos
conhecimentos partilhados e pela descontração; e Vinícius Seabra por sua grande paciência e
bom humor em ensinar e ajudar na confecção dos mapas.
Ao apoio técnico do DRM através dos setores de Hidrogeologia, Geoprocessamento,
Ambiental e Cartografia. Em especial ao amigo Luís Gomes pela realização do
georreferenciamento para o nivelamento dos poços e Francisco Dourado pela ajuda na
confecção dos mapas. À Kátia Mansur e ao Aderson Marques pelo apoio técnico e financeiro.
Ao Wilson da SERLA pelo apoio nos trabalhos de campo.
À Lídia Motta e Marilene Ramos da Fundação Getúlio Vargas pelo apoio logístico de
campo, e presteza na resolução de problemas.
À Usina Termelétrica Norte Fluminense, em especial a Cláudia Dias, pela rápida
disponibilização dos dados solicitados.
Seria impossível descrever todos que me ajudaram de maneira direta ou indireta, e que
tiveram um papel importante e indispensável em minha caminhada pessoal e profissional. A
estes não citados, porém jamais esquecidos, o meu muito obrigado por fazerem parte de
minha vida.
viii
RESUMO DA DISSERTAÇÃO APRESENTADA AO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
GEOLOGIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO REQUISITO PARCIAL
NECESSÁRIO À OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS (M.Sc.).
HIDROGEOQUÍMICA E MODELO HIDROGEOLÓGICO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS
NO BAIXO CURSO DO RIO MACAÉ, MUNICÍPIO DE MACAÉ-RJ
ELISA DE SOUZA BENTO
AGOSTO/2006
ORIENTADOR: PROFº. GERSON CARDOSO DA SILVA Jr
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: GEOLOGIA DE ENGENHARIA E AMBIENTAL
ÊNFASE EM HIDROGEOLOGIA
A presente dissertação teve como objetivo caracterizar e modelar o comportamento
hidrogeoquímico das águas subterrâneas do aqüífero aluvionar do rio Macaé, Bacia
Hidrográfica do rio Macaé. Foram realizadas medições mensais dos parâmetros físico-
químicos pH, temperatura e condutividade elétrica em 23 piezômetros e 20 poços cadastrados
(poços cacimba e poços tubulares rasos), além de amostragem de água em 36 destes poços.
Em seguida as águas subterrâneas foram classificadas quanto ao tipo hidroquímico; avaliadas
em relação à qualidade; e também foram determinadas as espécies químicas dominantes e os
índices de saturação dos minerais. Um modelo hidrogeoquímico foi desenvolvido com o
intuito de simular o processo de evolução química das águas, marcado pela salinização
ocorrida em alguns destes poços situados próximos ao litoral. Os resultados indicam que as
águas dos piezômetros são, predominantemente, bicarbonatadas magnesianas e sulfatadas
magnesianas, e as águas dos poços cadastrados cloretadas sódicas e bicarbonatadas sódicas a
cálcicas; que diversos parâmetros encontram-se em inconformidade com a regulamentação
CONAMA 357/05, com destaque para o alumínio, ferro e manganês; e que a água subterrânea
local é quimicamente jovem, não equilibrada com as litologias que ocorrem na área. O
modelo hidrogeoquímico revelou semelhanças de composição química da água dos poços
cadastrados com as águas do rio Macaé, exceto para os íons Na e Cl, que sofrem influência de
aerossóis marinhos e da evaporação do rio Macaé após períodos de cheia. Com os resultados
obtidos, foi possível qualificar os recursos hídricos subterrâneos disponíveis no depósito
aluvionar do rio Macaé, que se mostram muitas vezes como opção para o precário sistema de
abastecimento urbano encontrado em alguns setores mais carentes da região.
ix
ABSTRACT OF THESIS PRESENTED TO THE GEOLOGY GRADUATE PROGRAMME OF THE
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO AS A PARTIAL FULFILLMENT OF THE
REQUIREMENTS FOR THE DEGREE OF MASTER OF SCIENCE (M. Sc.)
HYDROGEOCHEMISTRY AND HYDROGEOLOGICAL MODELING OF AN ALLUVIAL
AQUIFER IN MACAÉ RIVER LOWER COURSE, MACAÉ CITY - RIO DE JANEIRO
STATE
ELISA DE SOUZA BENTO
AGOSTO/ 2006
THESIS SUPERVISOR: PROF. GERSON CARDOSO DA SILVA Jr
CONCENTRATION AREA: ENGINEERING AND ENVIRONMENTAL GEOLOGY,
EMPHASIS IN HYDROGEOLOGY
The objective of this thesis is to characterize and modelling the hydrogeochemical behavior
from alluvial aquifer’s groundwater in Macaé River, Macaé River basin in Northern Rio de
Janeiro State. Monthly measurements of physical-chemical parameters such as pH,
temperature and electrical conductivity were taken from 23 piezometers and 20 registered
wells, as well as water samples from 36 of these wells. After that, they were classified as to
their hydrochemical type; evaluated regarding their quality; and verified as to dominant
chemical species and mineral saturation indices. A hydrogeochemical model was developed
with the intention of simulating the chemical evolution of groundwater, marked by a
salinization process occurring in some of those wells situated next to the ocean coast. Results
indicate that piezometers’ waters are mostly magnesium-bicarbonate and magnesium-sulfate
types, and registered wells’ waters are mostly sodium-chloride and sodium to chloride-
bicarbonate types; that several parameters are in disagreement to the CONAMA 357/05
resolution, especially regarding to aluminum, iron and manganese; and that registered wells’
waters are chemically young, unbalanced with the local lithologies. The hydrogeochemical
model revealed similarities regarding to chemical composition of waters from the registered
wells and Macaé River’s waters, with the exception of sodium and chloride, which suffer the
influence of sea aerosols and Macaé River’s evaporation after flood periods. It was possible,
with the results obtained, to evaluate the qualify the available groundwater resources at Macaé
River’s alluvial deposits, which are, in many cases, an option to the problematic urban
supplying system present in some of the region’s most impoverished sectors.
x
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Diagrama de Piper com a definição dos tipos hidroquímicos.................................22
Figura 2 – Subdivisões do triângulo maior do diagrama de Piper (Piper, 1953). ....................22
Figura 3 – Exemplo do diagrama semi-logarítmico de Schoeller (Bento, 2003).....................23
Figura 4 – Mapa hidroquímico de isovalores de condutividade elétrica (valores em mS/cm).
As cores mais escuras indicam uma maior condutividade. Fonte: Bento, 2003. .....................
24
Figura 5 – Divisão de Macrorregiões Ambientais, destacando em vermelho a área aproximada
da bacia do rio Macaé, pertencente a MRA-5. .........................................................................28
Figura 6 – Mapa de localização do baixo curso do rio Macaé. O contorno em vermelho indica
aproximadamente a área efetivamente abrangida pela dissertação. .........................................30
Figura 7 – Mapa geológico da Bacia do rio Macaé..................................................................34
Figura 8 – Distribuição anual da temperatura média na bacia hidrográfica do rio Macaé
(FIDES, série SIPE, 1978)........................................................................................................35
Figura 9 – Distribuição anual da precipitação na bacia hidrográfica do Rio Macaé (FIDES,
série SIPE, 1978)......................................................................................................................35
Figura 10 - Mapa de relevo do baixo curso do rio Macaé (modificado de Luz, 2003)............37
Figura 11 - Gráfico de variação dos níveis d’água para os diferentes setores. Modificado de
Barbosa, 2005...........................................................................................................................
42
Figura 12 – Mapa potenciométrico do baixo curso do rio Macaé, em maio de 2005.
Modificado de Barbosa e Silva Jr.(2005).................................................................................45
Figura 13 – Gráfico mostrando a curva de rebaixamento versus tempo. Fonte: Barbosa e
Silva Jr.(2005). .........................................................................................................................
46
Figura 14 – Perfuração por trado manual (FGV, 2004). ..........................................................49
Figura 15 – Esquematização dos piezômetros instalados (FGV, 2004)...................................49
xi
Figura 16 – Localização dos piezômetros e poços cadastrados monitorados na bacia do rio
Macaé. ......................................................................................................................................53
Figura 17 – Nivelamento dos piezômetros e poços cadastrados. .............................................54
Figura 18 – Medida in situ dos parâmetros temperatura, pH e condutividade elétrica em
piezômetro instalado.................................................................................................................55
Figura 19 – Uso do aparelho fotômetro para determinação de ânions das amostras de água dos
poços cadastrados no laboratório experimental de hidrogeologia da UFRJ.............................61
Figura 20 – Mapa de condutividade elétrica para a área de estudo (valores em mS/cm). As
linhas com cores mais escuras indicam uma maior condutividade. .........................................
69
Figura 21 – Distribuição dos valores de eletroneutralidade das amostras de água dos
piezômetros analisadas no laboratório Hidroquímica Engenharia e Laboratórios Ltda...........70
Figura 22 – Distribuição dos valores de eletroneutralidade das amostras de água dos poços
cadastrados analisadas no LAMIN/CPRM e no Laboratório Experimental de Hidrogeologia
da UFRJ....................................................................................................................................70
Figura 23 – Gráficos das relações entre a condutividade elétrica de campo e o somatório de
cátions e ânions em meq/L para os piezômetros analisados.....................................................71
Figura 24 – Gráficos das relações entre a condutividade elétrica de campo e o somatório de
cátions e ânions em meq/L para os poços cadastrados analisados. ..........................................
72
Figura 25 – Diagrama de Piper ilustrando as composições químicas das águas do rio Macaé e
das águas subterrâneas da bacia. ..............................................................................................
75
Figura 26 – Mapa dos tipos hidroquímicos das águas da Bacia Hidrográfica do rio Macaé. ..77
Figura 27 – Precariedade das condições sanitárias e de instalação de um poço-cacimba
cadastrado, com vedação ineficiente e por vezes livre acesso de animais ao poço..................79
Figura 28 – Diagrama logarítmico para o comportamento hidrogeoquímico dos piezômetros.
Nota-se o comportamento homogêneo para a maioria dos íons...............................................
80
xii
Figura 29 – Diagrama logarítmico para o comportamento hidrogeoquímico dos poços
cadastrados.. .............................................................................................................................81
Figura 30 – Relação iônica rCl
-
/rNa
+
para os poços cadastrados. A linha vermelha tracejada
indica a relação iônica rCl
-
/rNa
+
da água do mar. ....................................................................84
Figura 31 – Relação iônica rCl
-
/rHCO
3
-
para os piezômetros. A linha vermelha tracejada
superior indica a relação iônica rCl
-
/rHCO
3
-
média da água do mar. A linha vermelha inferior
indica a relação iônica rCl
-
/r HCO
3
-
média das águas continentais..........................................84
Figura 32 – Relação iônica rCl
-
/rHCO
3
-
para os poços cadastrados. A linha vermelha tracejada
superior indica a relação iônica rCl
-
/rHCO
3
-
média da água do mar. A linha vermelha inferior
indica a relação iônica rCl
-
/rHCO
3
-
média das águas continentais...........................................85
Figura 33: Índice de saturação de minerais carbonáticos para os piezômetros do grupo 2.
Nota-se que o mineral siderita encontra-se saturado nos poços Pz 2 e Pz 42. .........................87
Figura 34: Índice de saturação de minerais carbonáticos para os poços cadastrados...............87
Figura 35: Índice de saturação de minerais sulfatados para os piezômetros do grupo 1..........88
Figura 36: Índice de saturação de minerais sulfatados para os poços cadastrados...................88
Figura 37: Índice de saturação de minerais de ferro para os poços cadastrados. .....................89
Figura 38 – Diagrama comparando a composição média das águas dos poços cadastrados e do
rio Macaé com os resultados da simulação MIX 1...................................................................
94
xiii
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Classificação das águas segundo a dureza em mg/L de CaCO
3
Fonte: Logan (apud
Santos, 1997). ...........................................................................................................................10
Quadro 2 - Classificação das águas segundo a dureza em mg/L de CaCO
3
Fonte: Custodio e
Llamas (1983)...........................................................................................................................10
Quadro 3: Características principais de cada área do diagrama de Piper (Piper, 1953)...........23
Quadro 4 – Faixa de valores de condutividade hidráulica para materiais inconsolidados
(modificado de Feitosa e Manoel Filho, 1997).........................................................................44
Quadro 5 – Valores de condutividade hidráulica obtidos através de ensaios do tipo slug test,
com auxílio do software Aquifer Test
TM
, através do método de Hvorslev. Fonte: Brabosa,
2005a. .......................................................................................................................................46
Quadro 6 – Características litológico-construtivas dos piezômetros........................................51
Quadro 7 – Poços cadastrados monitorados na Bacia do rio Macaé........................................52
Quadro 8 – Piezômetros amostrados na primeira campanha de análise química da água
subterrânea................................................................................................................................
57
Quadro 9 – Parâmetros físico-químicos e metodologia de análise para a primeira campanha de
amostragem de água realizada nos piezômetros da bacia do rio Macaé. .................................
59
Quadro 10 – Poços cadastrados amostrados na segunda campanha de análise de água
subterrânea na Bacia do rio Macaé...........................................................................................60
Quadro 11 – Parâmetros físico-químicos e metodologia de análise para a campanha de
amostragem de água realizada nos poços cadastrados na bacia do rio Macaé.........................60
Quadro 12 – Síntese dos métodos utilizados para análises com kits fotométricos...................62
Quadro 13 – Valores médios dos parâmetros físico-químicos monitorados nas águas
subterrânea da Bacia do rio Macaé...........................................................................................66
xiv
Quadro 14 – Resultados das análises químicas nas águas subterrâneas dos poços da bacia do
rio Macaé. Valores expressos em mg/L. ..................................................................................74
Quadro 15 – Parâmetros químicos e biológicos das águas dos piezômetros comparados aos
limites estabelecidos pelo CONAMA 357/05 para águas doces classe 1.................................76
Quadro 16 – Parâmetros das águas dos poços cadastrados comparados aos limites
estabelecidos pelo CONAMA 357/05 para águas doces classe 1. ...........................................78
Quadro 17: Razões Iônicas para as águas da bacia hidrográfica do rio Macaé........................83
xv
SUMÁRIO
RESUMO viii
ABSTRACT ix
LISTA DE FIGURAS ...........................................................................................................................................x
LISTA DE QUADROS ......................................................................................................................................xiii
1 – INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................... 1
1.1– ANTECEDENTES E JUSTIFICATIVAS .............................................................................................................. 1
1.2 – OBJETIVOS.................................................................................................................................................. 2
2 – INVESTIGAÇÃO HIDROGEOQUÍMICA EM AQUÍFEROS COSTEIROS.......................................... 4
2.1 – HIDROGEOLOGIA DE ZONAS COSTEIRAS...................................................................................................... 4
2.2 – INVESTIGAÇÃO HIDROGEÓLOGICA ............................................................................................................. 6
2.3 – HIDROGEOQUÍMICA .................................................................................................................................... 7
2.3.1 – Propriedades Físico-Químicas..........................................................................................................8
2.3.2 – Constituintes iônicos principais.......................................................................................................12
2.3.2.1 – Cátions........................................................................................................................................................13
2.3.2.2 – Ânions ........................................................................................................................................................15
2.3.3 – Constituintes iônicos secundários....................................................................................................16
2.3.4 – Razões iônicas..................................................................................................................................18
2.3.5 – Análise química da água..................................................................................................................20
2.3.5.1 – Cálculo do erro da análise ..........................................................................................................................20
2.3.5.2 – Representação gráfica das características químicas da água.......................................................................21
2.3.6 – Processamento Hidrogeoquímico: caracterização e modelagem....................................................24
2.3.6.1 – Programa PHREEQC .................................................................................................................................25
3 - CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA ................................................................................................................ 27
3.1 – A BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MACAÉ .................................................................................................. 27
3.2– LOCALIZAÇÃO E ACESSOS DA ÁREA DE ESTUDO........................................................................................ 29
3.3 – GEOLOGIA ................................................................................................................................................ 31
3.3.1 – Contexto Geológico Regional..........................................................................................................31
xvi
3.3.2 – Contexto geológico da área de estudo.............................................................................................31
3.4 – ASPECTOS FISIOGRÁFICOS........................................................................................................................ 33
3.4.1- Clima.................................................................................................................................................33
3.4.2 - Relevo e Declividade ........................................................................................................................36
3.5 – UNIDADES E USO DOS SOLOS ................................................................................................................... 38
3.6 – CARACTERIZAÇÃO HIDROGEOLÓGICA ...................................................................................................... 40
3.6.1 – Monitoramento dos níveis piezométricos.........................................................................................41
3.6.2 – Condutividade Hidráulica................................................................................................................43
4 – MATERIAIS E MÉTODOS......................................................................................................................... 48
4.1 – LEVANTAMENTOS BÁSICOS...................................................................................................................... 48
4.2 – INSTALAÇÃO DA REDE PIEZOMÉTRICA ..................................................................................................... 48
4.3 – CADASTRO DE PONTOS PARA CAPTAÇÃO DE ÁGUA SUBTERRÂNEA ...........................................................50
4. 4 – NIVELAMENTO DOS PIEZÔMETROS E POÇOS CADASTRADOS ...................................................................54
4.5– AMOSTRAGEM DE ÁGUA SUBTERRÂNEA ................................................................................................... 54
4.5.1 – Amostragem in situ e Medição de Parâmetros Físico-Químicos.....................................................55
4.6 – ANÁLISES QUÍMICAS ................................................................................................................................ 56
4.6.1 – Primeira Campanha de Amostragem de Água – Análises Químicas Realizadas apenas em
Laboratório Externo ....................................................................................................................................
57
4.6.2 – Segunda Campanha de Amostragem de Água – Análises Químicas Realizadas em Laboratório
Externo e no Laboratório de Hidrogeologia da UFRJ................................................................................
59
4.7 – PROCESSAMENTO HIDROGEOQUÍMICO: CARACTERIZAÇÃO E MODELAGEM ............................................. 63
5 – RESULTADOS E DISCUSSÕES................................................................................................................. 65
5.1 – GEOQUÍMICA DA ÁGUA SUBTERRÂNEA.................................................................................................... 65
5.1.1 – pH, Temperatura e Condutividade Elétrica Medidos em Campo....................................................65
5.1.2 – Caracterização Química..................................................................................................................70
5.1.2.1 – Cálculo do Erro das Análises......................................................................................................................70
5.1.2.2 – Classificação das Águas .............................................................................................................................73
5.1.2.3 – Razões Iônicas............................................................................................................................................81
5.2 – MODELAGEM HIDROGEOQUÍMICA ............................................................................................................ 85
xvii
5.2.1 – Distribuição das Espécies Químicas na Bacia Hidrográfica do rio Mac....................................85
5.2.2 – Índices de Saturação dos Pontos de Água da Bacia Hidrográfica do rio Macaé............................86
5.2.3 – Discussão sobre os Resultados de Índices de Saturação e Cálculos de Especiação Obtidos com o
Programa PHREEQC..................................................................................................................................
89
5.2.4 – Modelagem com o Programa PHREEQC........................................................................................92
5.2.5 – Modelagem Inversa com o Programa PHREEQC...........................................................................95
6 – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES.................................................................................................... 96
7 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................................... 100
1
1 – INTRODUÇÃO
1.1– ANTECEDENTES E JUSTIFICATIVAS
O Brasil, como um país de formação colonial, tem sua ocupação territorial no sentido
geral da zona costeira para o interior, fato este observado pelo significativo adensamento
populacional no litoral. Segundo Moraes (1995), atualmente cerca de 1/5 da população
brasileira vive à beira mar, o que corresponde a um contingente de cerca de 38 milhões de
habitantes, com densidade demográfica em torno de 100 habitantes por km
2
. Na verdade,
tomando os espaços imediatamente contíguos à costa, temos mais da metade da população
nacional habitando a menos de 200 quilômetros de distância da orla marítima.
Atividades com alto potencial de risco ambiental, como complexos químicos,
petroquímicos, metalmecânicos e agroindustriais, também tendem a se concentrar na zona
costeira brasileira, devido à proximidade com zonas portuárias, que facilitam o escoamento
marítimo destes produtos.
Essa crescente urbanização tem ameaçado a saúde pública e a qualidade ambiental das
regiões, devido ao despejo irregular de lixo e esgoto in natura, que acabam indo para rios,
lagoas e praias, causando dessa forma, a poluição das águas costeiras e comprometendo o
setor de abastecimento público de água.
O estado do Rio de Janeiro tem bons exemplos da necessidade da inclusão das águas
subterrâneas no planejamento do abastecimento público de água em nosso país. De modo
geral, as cidades deste estado são servidas por sistemas de captação de águas superficiais, que
vêm tornando-se defasados com o crescimento populacional e o desenvolvimento industrial,
além de sofrerem reflexos da sazonalidade. Tais sistemas sofrem ainda constante ameaça de
poluição causada por esgotos urbanos, resíduos industriais e agroquímicos, além de estarem
sujeitos a deteriorações dos ecossistemas. Como conseqüência do exposto, as águas
subterrâneas se tornam, em muitos casos, uma alternativa ao abastecimento, merecendo do
governo e da sociedade atenção no que se refere ao planejamento, uso e proteção desses
importantes recursos. Na prática, muito ainda deve ser realizado para que se tenha um
conhecimento minimamente razoável para coadjuvar a implementação de políticas públicas
que favoreçam um aproveitamento mais racional dos recursos hídricos no estado do Rio de
2
Janeiro. Para tal, é necessário que se conheça a distribuição quantitativa e qualitativa das
águas subterrâneas no subsolo fluminense.
O presente trabalho está inserido no projeto “Pesquisa de Águas Subterrâneas na Bacia
Hidrográfica do Rio Macaé”, que conta com parcerias da Usina Termelétrica Norte
Fluminense (UTE Norte Fluminense), Departamento de Recursos Minerais do Estado do Rio
de Janeiro (DRM/ RJ), Fundação Getúlio Vargas (FGV), Empresa Ecologus Engenharia
Consultiva e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Este projeto faz parte das
medidas compensatórias para Licenciamento Ambiental das empresas El Paso e Macaé
Merchant, que têm projetos de implantação de UTE’s em andamento naquela região (uma
usina cada empresa). A usina Norte Fluminense, da Macaé Merchant, já está em operação,
embora ainda não a plena capacidade de geração. Essas exigências estão dentro da Lei n º
6.938/81 que institui a Política Nacional de Meio Ambiente, destacando-se o Art. 9º, incisos
III e IV, que tratam da avaliação de impactos ambientais, do licenciamento e da revisão de
atividades efetivas ou potencialmente poluidoras (CPRH – Companhia de Pesquisa de
Recursos Hídricos). A unidade básica de estudo neste projeto foi a Bacia Hidrográfica do Rio
Macaé, onde as duas usinas termelétricas foram instaladas. Este projeto de mestrado foi
realizado, mais especificamente, dentro da área da UTE Norte Fluminense, no baixo curso do
Rio Macaé.
1.2 – O
BJETIVOS
Na bacia do rio Macaé, área objeto do presente estudo, os recursos hídricos como um
todo sofrem os impactos da corrente implantação das Usinas Termelétricas (UTE’s) previstas
nos Planos de Expansão da capacidade de geração de energia elétrica no país, haja vista o
grande consumo de água previsto por este tipo de empreendimento e a natural escassez
provocada pelos fatores anteriormente descritos. Em particular, as águas subterrâneas
representam uma alternativa natural para complementar às necessidades hídricas, uma vez que
nas áreas periféricas do município de Macaé é comum a perfuração de poços tubulares rasos e
do tipo cacimba para o abastecimento de água das populações carentes.
Diante deste quadro, faz-se necessária à realização de estudos que proporcionarão o
conhecimento hidrogeológico básico do aqüífero aluvionar do baixo curso do rio Macaé, que
permitirá a gestão adequada deste aqüífero.
3
A Hidrogeoquímica fornece informações valiosas sobre o funcionamento de sistemas
aqüíferos, através de ferramentas simples que facilitam a compreensão das características de
fluxo, relações hidrogeológicas entre as diversas unidades geológicas, além de prover dados
relativos à qualidade da água subterrânea.
A idéia central do trabalho, portanto, compreende a caracterização e modelagem
hidrogeoquímica como principal passo para a conceitualização do comportamento
hidrogeológico local (subsídios ao modelo de circulação subterrânea, avaliação da
vulnerabilidade dos aqüíferos, etc.), com contribuição dos estudos hidrodinâmicos, que foram
realizados no âmbito da dissertação de mestrado de Giselle Barbosa, do Departamento de
Geologia da UFRJ, apresentada em agosto de 2005 (Barbosa, 2005).
Para se alcançar o objetivo principal desta dissertação, foram estabelecidos os objetivos
específicos a seguir descritos:
- obtenção de parâmetros físicos para caracterização geológica do aqüífero a ser
estudado, tais como obtenção de perfil litológico local, obtido através de campanhas
geofísicas e sondagens em poços;
- caracterização hidrodinâmica do aluvião estudado através do monitoramento das
variações de nível d`água, da determinação da condutividade hidráulica dos horizontes
investigados, e obtenção da transmissividade do aqüífero por meio de ensaio de bombeamento
realizado em conjunto com Barbosa (op cit.), no âmbito de sua dissertação de mestrado;
- caracterização dos parâmetros físico-químicos da água subterrânea estudada através do
monitoramento mensal in situ dos parâmetros temperatura, pH e condutividade elétrica em
todos os poços;
- classificação hidroquímica das águas subterrâneas da bacia do rio Macaé a partir de
análises químicas dos elementos maiores e representação em gráficos tais como os de Piper e
Schoeller, onde serão definidos os padrões hidrogeoquímicos desta água subterrânea;
- realização de modelagem hidrogeoquímica utilizando o software de especiação
PHREEQC Interactive 2.12.5 (Parkhurst e Appelo, 2005) com o intuito de definir os
processos hidrogeoquímicos responsáveis pela composição destas águas.
4
2 – INVESTIGAÇÃO HIDROGEOQUÍMICA EM AQUÍFEROS COSTEIROS
2.1 – HIDROGEOLOGIA DE ZONAS COSTEIRAS
As zonas costeiras são normalmente as mais populosas dos continentes em todo o
mundo. A disponibilidade de terras planas, facilidade de transporte marinho, bons solos, e a
alta produtividade de matéria orgânica explicam este fato. Contudo, a demanda por água doce
facilmente excede as reservas disponíveis em áreas que não são diretamente abastecidas por
rios e períodos de falta d`água são comuns (Custodio e Bruggeman, 1987).
Das diversas definições para zona costeira, em todas, ela compreende uma faixa de terra
seca e o espaço oceânico adjacente, na qual a parte terrestre e seus recursos afetam
diretamente a ecologia do espaço oceânico e vice-versa. Assim, zona costeira é uma faixa de
largura variável que bordeja os continentes, tendo limites geográficos imprecisos. Esses
limites têm sido definidos de acordo com a extensão das atividades do homem, baseadas nas
terras que possuem uma influência mensurável na química da água do mar e/ou na ecologia
da vida marinha.
Os critérios político-administrativos consideram zona costeira tendo como base os
aspectos físicos e seus recursos ambientais, e para fins de gerenciamento a faixa marítima
(faixa que dista 12 milhas marítimas das linhas de base estabelecidas de acordo com a
Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, compreendendo a totalidade do Mar
Territorial), e a faixa terrestre que é formada pelos municípios que sofrem influência direta
dos fenômenos ocorrentes na zona costeira como explicitado no Plano Nacional de
Gerenciamento Costeiro II (Ambiente Brasil, 1997).
Por sofrerem intensa ocupação humana, mesmo apresentando ambientes deposicionais
dinamicamente instáveis e ecossistemas frágeis, as áreas costeiras costumam receber todo o
tipo de obras e intervenções de engenharia com potencial para alterar ou mesmo extinguir o
equilíbrio natural destas regiões.
Um impacto representativo e verificado na área onde foi desenvolvida esta dissertação é
a ocupação populacional de áreas periodicamente inundadas, bem como a secagem e
drenagem de áreas naturalmente alagadiças para a proteção de tais assentamentos.
As zonas costeiras do litoral leste brasileiro são caracterizadas por cadeias montanhosas
em contato direto com o oceano, intercaladas a extensas áreas de sedimentação quaternária,
5
formando planícies litorâneas arenosas que podem ser correlacionadas com as
desembocaduras dos principais rios que deságuam no Oceano Atlântico (Weber, 2001). A
Zona Costeira Brasileira, que compreende uma faixa de 8.698 km de extensão e largura
variável, contempla um conjunto de ecossistemas contíguos sobre uma área de
aproximadamente 388 mil km². Abrange uma parte terrestre, com um conjunto de municípios
selecionados segundo critérios específicos, e uma área marinha, que corresponde ao mar
territorial brasileiro, com largura de 12 milhas náuticas a partir da linha de costa.
O estado do Rio de Janeiro possui uma linha de costa com 850 km de extensão e área de
influência marinha de cerca de 18.292 km
2
(quase metade da área do estado, um os maiores
índices entre as unidades da federação brasileira), que abriga uma população residente de 10,7
milhões de habitantes, sendo considerada, de toda a costa brasileira, a mais afetada pela
presença humana (Censo 1991, apud Weber, 2001).
As águas costeiras sofrem influência direta do aporte de água doce, sedimentos e
poluição oriunda do continente. São caracterizadas hidrogeologicamente pelo contato da água
doce dos aqüíferos com a água salgada do mar. Em regiões costeiras a água salgada, devido a
sua maior densidade, forma uma cunha penetrando pela parte inferior da região de água doce.
A maior carga hidráulica da água doce e o contínuo escoamento para o mar conseguem
manter a posição de cunha salina em equilíbrio. Porém a explotação de água subterrânea
reduz a carga de água doce e a sua descarga para o mar, podendo, dessa forma, a cunha salina
avançar e atingir poços, salinizando todo o aqüífero (Feitosa e Manoel Filho, 1997). A esse
fenômeno dá-se o nome de “intrusão marinha”, muitas vezes confundida com a cunha salina.
A interface entre a água doce e a água salgada é chamada de zona de mescla, de difusão
ou de transição. Na zona de mescla, os fluidos originais mostram suas propriedades químicas
e hidráulicas com intensidade variável, e sua espessura depende da difusividade e da
dispersividade do meio, bem como das características do movimento.
Fetter (1994) descreve a intrusão salina como resultado da penetração de água marinha
nos aqüíferos, causado pela ação antrópica, quando há divergência na descarga da água doce
que antes ocorria no mar.
A intrusão salina pode ocorrer de forma passiva ou ativa. Quando parte da água doce é
extraída do aqüífero, mas o gradiente hidráulico no aqüífero continua sendo positivo em
direção ao mar, fala-se em intrusão salina passiva. Na intrusão salina ativa, o fluxo de água
6
doce ocorre no sentido mar-continente. Isso ocorre devido a sobreexplotação de aqüíferos
costeiros, que cria um cone de depressão profundo.
O próprio rio pode ter a sua massa de água salinizada por efeitos relacionados a
variações de maré e de padrões de fluxo hidrodinâmico. Este fenômeno, também conhecido
pelos hidrólogos de águas superficiais como intrusão salina, pode influenciar em alguns casos
a salinidade dos aqüíferos adjacentes aos rios (ribeiras), o que é avaliado no presente trabalho.
Campanhas de medição de níveis de água, temperatura e salinidade realizadas pela empresa
Hidrotécnica Serviço de Hidrologia de Macaé Ltda (Amaral, 2003), constataram intrusão
salina no trecho estuarino do rio Macaé até uma distância de 13,1 km a jusante da BR-101.
Este quadro configura um comprometimento da qualidade da água do rio Macaé
segundo suas características ambientais naturais e para seus diversos usos pela população.
Supõe-se que essa concentração salina dos corpos de água superficiais cause impacto
significativo, tal como salinização, nas águas subterrâneas adjacentes.
2.2 – INVESTIGAÇÃO HIDROGEÓLOGICA
Pesquisas hidrogeológicas que visam à caracterização do regime de fluxo e da qualidade
química das águas para estudos ambientais ou de outra natureza são longas e onerosas, uma
vez que possuem uma fase de caracterização extensa e “imprecisa”, pois requerem uma série
de interpretações e inferências, usualmente pouco abrangentes e que demandam elevado custo
de realização.
Em linhas gerais, há dois grandes grupos de estudos hidrogeológicos que se diferenciam
com base em suas finalidades: os estudos para a explotação, destinados ao abastecimento de
núcleos urbanos ou de sistemas fabris, além de seu uso na irrigação; e os estudos ambientais,
que visam à caracterização e detalhamento do ambiente subsuperficial para solução de
problemas hidrogeológicos, como a exemplo da salinização, fuga d`água em barragens e
estudo de contaminações.
Entende-se por estudo hidrogeológico ambiental, todo estudo com a finalidade de
caracterizar um aqüífero com vistas a alguma aplicação ou uso ambiental, sem que,
necessariamente, se deseje explotar seu recurso. Os problemas originados de ações antrópicas
no meio físico normalmente requerem estudos ambientais como parte de suas soluções.
Fenômenos de percolação de água sob barragens, enchentes, salinização de poços e
7
contaminação de mananciais subterrâneos ou superficiais são exemplos de aplicações para tais
estudos ambientais.
Esta dissertação tratará destes estudos, descrevendo, obedecendo e adequando-se,
quando necessário, aos passos fundamentais a caracterização deste sítio, a fim de avaliar o
possível impacto por ele sofrido, devido a alguns fatores acima descritos, tais como, ação
antrópica, efeitos sazonais (enchentes no rio Macaé) e salinização dos poços.
2.3 – HIDROGEOQUÍMICA
Do ponto de vista hidrogeológico, a qualidade da água é tão importante quanto o
aspecto quantitativo. O estudo hidrogeoquímico tem por finalidade identificar e quantificar as
principais propriedades e constituintes químicos das águas subterrâneas, procurando
estabelecer uma relação com o meio físico, como os materiais formadores de rochas e solos,
isto é, materiais geológicos.
A qualidade da água é definida por sua composição e pelo conhecimento dos efeitos que
seus constituintes podem causar ao homem, meio ambiente ou atividade na qual é utilizada.
Diversos fatores intrínsecos e extrínsecos podem influir na qualidade das águas subterrâneas.
Em princípio, a água subterrânea tende a aumentar concentrações de substâncias dissolvidas à
medida que percola os diferentes aqüíferos. No entanto, muitos outros fatores tais como
clima, composição da água de recarga, tempo de contato água/meio físico, entre outros,
podem interferir na qualidade dessas águas (Santos, 1997).
A água é o solvente mais abundante, sendo capaz de incorporar grandes quantidades de
substâncias ao entrar em contato com minerais constituintes dos solos e rochas nos quais
circula. Por ser quimicamente muito ativa, tem grande facilidade de dissolver e reagir com
outras substâncias orgânicas ou inorgânicas.
As substâncias dissolvidas podem estar sob forma molecular ou iônica, porém, nas
águas subterrâneas, esta última é a predominante. Ao lixiviar os solos e as rochas, a água
enriquece-se em sais minerais em solução, provenientes da dissolução dos minerais. Estas
reações são favorecidas pelas baixas velocidades de circulação das águas subterrâneas e pela
sua facilidade de dissolver CO
2
ao percolar o solo não saturado (Santos, op cit.). Por estas
razões, as águas subterrâneas têm concentrações de sais superiores às das águas superficiais
em geral.
8
Íons como Ca
+2
, Na
+
, Mg
+2
e K
+
estão ligados fracamente à estrutura silicatada, de
forma que são facilmente incorporados na composição química da água. Este processo de
diluição é influenciado pelo pH (quanto mais ácido for o ambiente, mais rápida será sua
diluição), temperatura e pelo grau de saturação de cada elemento. Os produtos dessa
dissolução podem reagir entre si formando compostos insolúveis, principalmente argilas, que
ficam na água em estado coloidal, tendendo a fixar de forma irreversível o íon potássio, o que
explica os baixos teores de K
+
encontrados nas águas subterrâneas, em geral.
Sedimentos granulares resistentes são formados por materiais que não se dissolveram
durante os processos que lhe deram origem. Trata-se, portanto, de materiais de baixíssima
solubilidade, como o quartzo, zircão, etc., e/ou materiais menos solúveis, onde o processo de
hidrólise não se completou, como a exemplo de alguns silicatos resistentes ou algumas micas.
As rochas derivadas destes sedimentos, como arenitos e cascalhos, por exemplo, são
parcialmente ou totalmente cimentadas por materiais que apresentam um certo grau de
solubilidade. Os sais provenientes destas rochas, normalmente, são oriundos deste cimento,
que muitas vezes é o carbonato de cálcio. A água subterrânea, em contato com estas rochas,
tem uma composição similar à do material que causa a cimentação ou da água original que
participou da sua formação (Santos, op cit.).
Sedimentos químicos por precipitação, representados principalmente por calcários e
dolomitas, são rochas muito solúveis em presença de água com elevado teor de CO
2
e
produzem, devido a sua composição, os íons HCO
3
-
, Mg
+2
e Ca
+2
.
2.3.1 – Propriedades Físico-Químicas
A seguir serão descritas as principais propriedades físico-químicas da água, baseadas
nas descrições de Santos (1997). As propriedades físico-químicas da água são importantes na
definição do comportamento e condições das águas subterrâneas, permitindo, através da
sistematização e análise dos dados, importantes inferências sobre seu funcionamento.
Temperatura: A variação anual de temperatura das águas subterrâneas é em geral
baixa, cerca de 1 a 2ºC e independe da temperatura atmosférica, com exceção de aqüíferos
freáticos pouco profundos, onde a temperatura é pouco superior à da superfície. Já em
profundidade, depende do grau geotérmico, variando em média 1ºC a cada 30 m, podendo
9
ainda sofrer maiores variações provocadas por vulcanismo, decaimento radioativo, gêiseres,
etc.
Em geral, a temperatura das águas subterrâneas reflete a temperatura média anual ou a
temperatura da formação, no caso de uma circulação mais profunda. Uma variação
significativa da temperatura ao longo do ano pode representar uma água jovem, com pequeno
tempo de residência e provavelmente mais vulnerável à contaminação. Uma temperatura mais
constante ao longo do ano representa uma água com circulação mais lenta e mais profunda.
Sólidos em suspensão: Corresponde a carga sólida em suspensão (silte, argila, matéria
orgânica) depois de seca e pesada, sendo medida em termos de mg/L. A carga sólida em
suspensão pode ser separada por simples filtração. As águas subterrâneas, na sua maioria,
praticamente não possuem sólidos em suspensão, excetuando-se as águas que circulam em
aqüíferos cárstico-fissurais ou em poços mal desenvolvidos com produção de argila, silte, e
areias.
Condutividade elétrica: A condutividade elétrica (CE), também chamada de
condutância específica, é uma medida indireta do total de sólidos dissolvidos (TDS) de uma
amostra de água, diretamente ligada com o teor de sais dissolvidos sob a forma de íons, que
permite à água conduzir corrente elétrica. A condutividade não especifica uma medida
qualitativa, pois depende de todos os íons presentes na solução. As soluções de íons
inorgânicos tais como os ânions Cl
-
, SO
4
-2
e NO
3
-
e os cátions Ca
+
, Na
+
e Cu são boas
condutoras de corrente elétrica, já as soluções orgânicas tais como as que contêm fenóis,
álcoois e óleos são más condutoras de corrente.
A condutância específica é definida como o inverso da resistência específica de um
eletrólito em Siemens por centímetro (S/cm) a uma temperatura padrão de 25
o
C, sendo
normalmente utilizado seus submúltiplos μS= 10
-6
S e mS = 10
-3
S.
Dureza: É definida como o poder de consumo de sabão por determinada área ou a
capacidade da água neutralizar o sabão pelo efeito do cálcio, magnésio ou outros elementos
como Fe, Mn, Cu, Ba, etc. Em geral usa-se o teor de cálcio e magnésio de uma água, expresso
10
em teores de carbonato de cálcio, para definir a dureza que pode ser expressa como dureza
temporária, dureza permanente e dureza total.
A dureza total de uma solução é dada pela equação 2.0:
Dureza (ppm CaCO
3
) = 100 [Mg (ppm) + Ca(ppm)] (2.0)
24 40
Os quadros a seguir mostram as classificações da água quanto à dureza, com base em
duas referências distintas: Logan (apud Santos, 1997) e Custódio e Llamas (1983).
Quadro 1 - Classificação das águas segundo a dureza em mg/L de CaCO
3
Fonte: Logan (apud Santos, 1997).
Tipos de Dureza Teor de CaCO
3
(mg/L)
Mole 0 – 100
Intermediária 100 – 200
Dura > 200
Quadro 2 - Classificação das águas segundo a dureza em mg/L de CaCO
3
Fonte: Custodio e Llamas (1983).
Tipos de Dureza Teor de CaCO
3
(mg/L)
Branda 0 - 50
Pouco Dura 50 -100
Dura 100 - 200
Muito Dura > 200 até a saturação
pH (- log [H
+
]): É definido como a medida da concentração hidrogeniônica da água ou
solução, sendo controlado pelas reações químicas e pelo equilíbrio entre os íons presentes,
conforme as equações a seguir:
H
2
0
H
+
+ OH
-
(2.1)
=
+
OH
OHH
Keq
2
.
. (2.2)
= OHpH
2
log ou
pH
H
+
=10 (2.3)
11
O pH é essencialmente uma função do gás carbônico dissolvido e da alcalinidade da
água. Varia de 1 a 14, sendo neutro com o valor 7, ácido com valores inferiores a 7 e alcalino
ou básico com valores superiores a 7.
A maioria das águas naturais tem seu pH controlado pelo sistema carbonato, quando o
CO
2
atmosférico entra em contato com a água e se dissolve até atingir o equilíbrio. O ácido
carbônico (H
2
CO
3
), os íons bicarbonato (HCO
3
-
) e carbonato (CO
3
-2
) são espécies envolvidas
no equilíbrio do sistema carbonato e suas relações são dependentes da variação da solução. A
reação de dissolução do dióxido de carbono na água é a mais importante no estabelecimento
do pH e é representada em três fases a seguir:
CO
2
(aq.) +
H
2
O =
H
2
CO
3
(2.4)
H
2
CO
3
(aq.) +
H
+
+
HCO
3
-
(2.5)
HCO
3
-
+
H
+
=
H
2
CO
3
(2.6)
As duas últimas reações produzem H
+
, logo vão influenciar no pH da água. A maioria
das águas subterrâneas tem pH entre 5,5 e 8,5. Em casos excepcionais pode variar entre 3 e
11. O pH pode ser medido com o peagâmetro portátil (precisão 0,1 a 0,2) ou
colorimetricamente no local da coleta da amostra (precisão 0,5), que é muitas vezes
insuficiente para a pesquisa. Os valores de pH determinados em laboratórios apresentam
alteração em seu valores, em geral mais altos do que a realidade em função de fugas de gases,
oxidações e/ou reduções e variações de temperatura a que estão sujeitas as amostras de água
durante a sua coleta, armazenamento e transporte.
Alcalinidade: É definida como equilíbrio carbonático ou simplesmente como a
capacidade de uma determinada água neutralizar ácidos, em outras palavras é a quantidade de
substâncias presentes na água e que atuam como tampão. É uma conseqüência direta da
presença e/ou da ausência de carbonatos e bicarbonatos, conforme ilustrado na equação 2.7.
São geralmente expressas em graus franceses (°F) ou em mg/L de CaCO
3
-
.
[Alcalinidade] = [HCO3-] + 2.[CO32-] + [OH-] - [H+] (2.7)
12
Em águas subterrâneas a alcalinidade é devida principalmente aos carbonatos e
bicarbonatos e, secundariamente, aos íons hidróxidos, silicatos, boratos, fosfatos e amônia.
Alcalinidade total é a soma da alcalinidade produzida por todos estes íons presentes numa
água. Águas que percolam rochas calcárias (calcita = CaCO3) geralmente possuem
alcalinidade elevada. Granitos e gnaisses possuem poucos minerais que contribuem para a
alcalinidade das águas subterrâneas. A alcalinidade total de uma água é expressa em mg/l de
CaCO
3
(miligramas por litro de carbonato de cálcio).
A alcalinidade pode ser determinada por:
- Titulação Alcalimétrica TA = OH
-
+ CO
3
-2
- Titulação Alcalimétrica Completa TAC = OH
-
+ CO
3
-2
+ HCO
3
-
Sólidos Totais Dissolvidos (TSD): é o peso total dos constituintes minerais presentes
na água, por unidade de volume. Representa a concentração de todo o material dissolvido na
água, seja ou não volátil. Comumente os sólidos totais dissolvidos são um pouco superior ao
resíduo seco, em função do HCO
3
-
, que em altas temperaturas, maiores que 100°C, se
decompõe em parte como CO
3
-2
e em parte como CO
2
, que se volatiliza e evapora da amostra.
A medida dos sólidos totais dissolvidos (TSD) é aproximadamente igual ao resíduo seco (RS)
mais 1/2 HCO
3
-
em mg/L, conforme a equação 2.7:
TSD
RS +
1
/
2
HCO
3
-
(2.4)
Na maioria das águas subterrâneas naturais, a condutividade elétrica da água
multiplicada por um fator, que varia entre 0,55 e 0,75, gera uma boa estimativa dos sólidos
totais dissolvidos na água. Para as águas salinas, o fator é comumente maior que 0,75, porém
para as águas ácidas pode ser menor que 0,55. Nas águas dos oceanos, o TSD varia em torno
de 35.000 mg/L.
2.3.2 – Constituintes iônicos principais
Nas águas subterrâneas, a grande maioria das substâncias dissolvidas encontra-se no
estado iônico. Alguns destes constituintes iônicos estão presentes em quase todas as águas
subterrâneas e a sua soma representa a quase totalidade dos íons presentes. A breve descrição
13
das principais características desses íons é feita a seguir, baseada fundamentalmente em
Custodio e Llamas (1983) e Santos (1997).
2.3.2.1 – Cátions
Sódio (Na
+
): o sódio é um dos metais alcalinos mais importantes e abundantes nas
águas subterrâneas. Sua presença se deve principalmente à ampla distribuição nos minerais-
fontes; baixa estabilidade química dos minerais que o contém; solubilidade elevada e difícil
precipitação da maioria dos seus compostos químicos em solução. Ocorre principalmente sob
a forma de cloretos nas águas subterrâneas e seus minerais-fontes em rochas ígneas são
essencialmente os feldspatos plagioclásios, feldspatóides (nefelina e sodalita), anfibólios e
piroxênios. O sódio é o principal responsável pelo aumento constante da salinidade das águas
naturais do ponto de vista catiônico. Há, em geral, um aumento gradativo dos teores de sódio
das águas subterrâneas a partir da zona de recarga do aqüífero em direção às suas porções
mais confinadas ou dos seus exutórios. A concentração do sódio varia, em geral, entre 0,1 e
100 mg/L nas águas subterrâneas e entre 1 e 150 mg/L em águas naturais doces, atingindo
entre 10.000 e 13.000 mg/L nas águas do oceano Atlântico, em média, e podendo chegar a
100.000 mg/L nas salmouras naturais.
Potássio (K
+
): O potássio pertence ao mesmo grupo de metais alcalinos do sódio, mas
nem por isso seu comportamento no processo de solubilidade são parecidos. Ele ocorre em
pequenas quantidades nas águas subterrâneas e, geralmente, suas concentrações são 1/10 da
quantidade de sódio. Esse baixo valor é explicado pela fixação irreversível que o íon sofre
pelas argilas as quais ficam na água em estado coloidal, e por sua participação intensa nos
processos de troca iônica.
O potássio é oriundo da decomposição do ortoclásio e de outros silicatos (micas, argilas,
etc), da dissolução de sais potássicos naturais (silvinita, carnalita) em pequenas quantidades
da água de chuva ou ainda da contaminação industrial, mineira e agrícola (Custodio e Llamas,
1983).
Nas águas meteóricas os teores de potássio estão geralmente no intervalo de 0,1 a
4mg/L, enquanto que as águas do Oceano Atlântico apresentam valores médios de 400 mg/L.
Os teores de potássio nas águas subterrâneas são inferiores a 10 mg/L, sendo mais freqüentes
valores entre 1 e 5 mg/L (Santos, 1997).
14
Cálcio (Ca
+2
): o cálcio é o elemento mais abundante existente na maioria das águas e
rochas do planeta Terra. Os sais de cálcio possuem moderada a elevada solubilidade, sendo
muito comum precipitar como carbonato de cálcio (CaCO
3
). É um dos principais constituintes
da água e o principal responsável pela dureza. Apresenta-se, em geral, sob a forma de
bicarbonato e raramente como carbonato.
A dissolução de calcários, dolomitas, gesso e anidrita, bem como o ataque de feldspatos
e outros silicatos cálcicos e a concentração de água de chuva, são os principais responsáveis
pela presença do cálcio (Ca
+2
), de acordo com Custodio e Llamas (op cit.).
As ocorrências de bicarbonatos, sulfatos e cloretos influenciam fortemente as
concentrações de cálcio nas águas. A solubilidade do bicarbonato de cálcio (CaCO
3
) aumenta
em presença de sais de Na
+
e K
+
. Nas águas meteóricas os teores de cálcio variam no intervalo
0,1 a 10 mg/L e nas águas do oceano Atlântico os valores oscilam em torno de 480 mg/L. Nas
águas subterrâneas, os teores de cálcio variam, em geral, entre 10 e 100 mg/L (modificado de
Santos, op cit.).
Magnésio (Mg
+2
): O magnésio se dissolve mais lentamente que o cálcio, porém é mais
solúvel e tende a permanecer em solução quando o cálcio já se precipitou e é também afetado
pela troca iônica (Custodio e Llamas, 1983). Quando em solução, tem a tendência de nela
permanecer, daí o enriquecimento dos seus sais nas águas dos oceanos. Os minerais-fontes de
magnésio mais freqüentes são: magnesita, biotita, granada, hornblenda, clorita, alanita e
olivina. O magnésio ocorre principalmente em rochas carbonatadas. Juntamente com o cálcio
é o responsável pela dureza e produz gosto salobro nas águas. Ocorre sob a forma geral de
bicarbonato.
As águas meteóricas apresentam teores de magnésio entre 0,4 e 1 ,6 mg/L e a água do
oceano Atlântico tem valor médio de aproximadamente 1410 mg/L. As águas subterrâneas
apresentam teores mais freqüentes de magnésio no intervalo de 1 a 40 mg/L (modificado de
Santos, 1997).
Ferro (Fe): O ferro pode estar presente com baixos teores (<0,3 mg/L) em quase todas
as águas. Ocorre principalmente sob a forma Fe
+2
(hidróxido ferroso), e é instável na presença
do oxigênio do ar, mudando para o estado férrico (Fe
³+
), que é insolúvel e se precipita,
tingindo fortemente a água.
As concentrações de ferro variam entre 0 e 10 ppm, não ultrapassando 0,5 ppm em
águas aeradas. Com o pH entre 5 e 8, raras vezes chega a 50 ppm. Em águas muito ácidas
15
pode chegar a 100 ppm, ocorrendo o oposto nas com altos valores de pH. Nas rochas
cristalinas, ígneas e metamórficas, o ferro (Fe) ocorre em olivinas, piroxênios, anfibólios,
granadas, micas, piritas, magnetitas e hematitas (Tubbs, 1994).
2.3.2.2 – Ânions
Cloreto (Cl
-
): está presente em todas as águas naturais, com valores situados entre 10 e
250 mg/L nas águas doces. O cloreto, em geral, é muito solúvel e muito estável em solução,
logo, dificilmente precipita. Não oxida e nem se reduz em águas naturais.
As rochas ígneas são pobres em cloretos. A alta solubilidade e o lento movimento das
águas no aqüífero vão provocando aumentos gradativos e constantes dos teores de cloretos
nas águas subterrâneas na direção do fluxo.
As águas subterrâneas apresentam geralmente teores de cloretos inferiores a 100 mg/L.
Já nas águas dos mares são abundantes com valores entre 18.000 e 21.000 mg/L, podendo
chegar a 220.000 mg/L nas salmouras naturais (saturação). O cloreto é um bom indicador de
poluição para aterros sanitários e lixões.
Sulfato (SO
4
-2
): Os sulfatos (SO
4
-2
) são sais moderadamente solúveis ou muito solúveis,
exceto os sulfatos de estrôncio (SrSO
4
) e os de bário (BaSO
4
). Em água doce, o sulfato de
cálcio (CaSO
4
) satura a 1.500 mg/L e pode chegar até 7.200 mg/L em águas salinas. Em meio
redutor, com muita matéria orgânica, pode sofrer uma redução bacteriana a S ou S
-2
, porém
em geral é estável (Santos, op cit.).
Os íons sulfato nas águas que percolam rochas cristalinas têm sua origem ligada à
lixiviação de terrenos formados em ambientes com índices de aridez elevados; à oxidação de
enxofre presente nas rochas ígneas e metamórficas; e ainda a atividades urbanas, industriais e
agrícolas (Custodio e Llamas, 1983).
O teor de sulfato no Oceano Atlântico se apresenta em valores médios de 2.810 mg/L.
As águas subterrâneas apresentam, geralmente, teores de sulfatos inferiores a 100 mg/L,
principalmente, na forma de SO
4
-2
e H SO
4
-
. Segundo Hem (1985), esse último predomina nas
águas muito ácidas, com pH < 2, devido à dissociação incompleta do ácido sulfúrico.
Bicarbonatos (HCO
3
-
) e Carbonatos (CO
3
-2
): Sua ocorrência em aqüíferos cristalinos
está relacionada à dissolução de CO
2
atmosférico ou do solo, e à hidrólise de silicatos, em
presença do CO
2
(Custodio e Llamas, op cit.).
16
O bicarbonato (HCO
3
-
) não se oxida nem se reduz em águas naturais, porém pode
precipitar com muita facilidade como bicarbonato de cálcio (CaCO
3
). Varia entre 50 e 350
mg/L em águas doces, podendo chegar a 800 mg/L, enquanto que na água do mar possui
teores de 100 mg/L.
A quantidade relativa de íons carbonato (CO
3
-2
) é função do pH e do conteúdo de gás
carbônico. Em águas naturais doces, a quantidade de carbonato será muito baixa em
comparação com a de bicarbonato. Se o pH for maior 8,3 pode haver quantidades expressivas
(Custodio e Llamas, op cit.), mas seu teor só excederá o bicarbonato em condições de pH
maior ou igual a 10.
Nitrato (NO
3
-
): ocorre em geral com pequeno teor. É muito móvel e pode ser removido
das camadas superiores do solo para a água (Bower, apud Santos, 1997).
O nitrato representa o estágio final da oxidação da matéria orgânica e teores acima de 5
mg/L podem ser indicativos de contaminação da água subterrânea por atividade humana
(esgotos, fossas sépticas, depósitos de lixo, cemitérios, adubos nitrogenados, resíduos de
animais etc.). Os resíduos de produtos protéicos provenientes de esgotos, fezes, etc. são ricos
em nitrogênio e se decompõem em nitratos na presença de oxigênio, de acordo com o ciclo do
nitrogênio (nitrogênio orgânico, amônia, nitrito e nitrato). A presença de nitrito (NO
2
-
) na
água subterrânea é um indicativo de poluição recente.
As águas subterrâneas apresentam geralmente teores de nitrato no intervalo de 0,1 a 10
mg/L, porém em águas poluídas os teores podem chegar a 1000 mg/L. A água do mar possui
em torno de 1 mg/L (modificado de Santos, 1997).
2.3.3 – Constituintes iônicos secundários
Os constituintes iônicos secundários estão presentes na água subterrânea em
concentrações abaixo de 1% em relação aos constituintes iônicos principais, porém alguns são
freqüentemente encontrados nas águas subterrâneas como a exemplo do boro, brometos e
sílica. A seguir são descritos os constituintes iônicos secundários mais relevantes neste
trabalho, baseado na descrição de Santos (1997).
Alumínio (Al): O alumínio é um elemento muito difícil de estar em solução e é
fortemente retido pelas argilas (Custodio e Llamas, 1983). É encontrado, principalmente, nos
17
alumino-silicatos tais como: feldspatos, micas, anfibólios, assim como em óxidos e hidróxidos
de alumínio (exemplo: gibsita).
Nas águas subterrâneas as fontes de alumínio mais importantes são as argilas e as
espécies iônicas freqüentemente encontradas, dependendo do pH das águas são (Fenzl, 1988):
- pH 4,0: Al
+3
;
- 4,5 pH 6,5: complexos polimerizados de hidróxidos de alumínio. Nessa faixa de pH
a presença de ácido silícico acelera os processos de polimerização;
- pH > 7: Al(OH)
4
-
.
Fosfato (PO
4
-3
): segundo Mathess e Harvey (apud; Santos 1997), devido à ação dos
microrganismos, a concentração de fosfato tende a ser baixa, <0,5 mg/L, em águas naturais.
Valores acima de 1,0 mg/L, geralmente, são indicativos de águas poluídas. O fósforo por via
antropogênica pode ser acrescido às águas subterrâneas por derivados de detergentes,
efluentes domésticos, inseticidas e pesticidas. A presença de Ca
+2
limita a concentração do
fosfato e a ocorrência do CO
2
dissolvido, a favorece. O fosfato apresenta uma nítida tendência
para formar compostos com vários íons e correlações fortes com os minerais de argila. Sua
concentração varia geralmente entre 0,01 e 1 mg/L, podendo chegar a 10 mg/L.
Manganês (Mn): o manganês assemelha-se ao ferro quimicamente e na sua ocorrência
nas águas subterrâneas. É menos abundante que o ferro nas rochas, conseqüentemente, sua
presença nas águas naturais é menos comum e a sua concentração, em geral, é muito menor
que a do ferro. Ocorre principalmente sob a forma de Mn
+2
podendo também ocorrer na forma
de Mn
+3
.
Encontra-se muitas vezes incorporado a certos minerais (biotita, hornblenda) nas
posições de outros íons de mesma carga e de tamanho semelhante como, por exemplo, o ferro.
Os íons mais comuns nas águas naturais são (Fenzl, op cit.):
- Mn
+2
em águas com um pH em torno de 7
- MnHCO
3
+
em águas com altas concentrações de bicarbonato
- MnSO
4
em águas com teores de sulfato acima de 1000mg/L
O manganês, no estado Mn
+2
, é instável em presença do ar, mudando para o estado
MnO
2
quando a água que o contém é exposta ao ar, pois oxida-se facilmente. O manganês,
freqüentemente, está presente com baixos teores, < 0,2 mg/L, em quase todas as águas
naturais.
18
Sílica (SiO
2
): o silício, embora seja o elemento mais largamente encontrado nas rochas,
não ocorre em quantidades significativas nas águas subterrâneas. Aparece freqüentemente sob
a forma de partículas coloidais (SiO
4
H
4
), devido principalmente a sua alta estabilidade
química na maioria dos minerais, além da baixa solubilidade dos compostos que forma no
intemperismo das rochas. A combinação do oxigênio com o silício forma o óxido chamado
sílica (SiO
2
). O intemperismo de minerais de argila e os feldspatos constituem as principais
fontes de sílica para as águas subterrâneas. Uma outra importante fonte de liberação do silício
é o quartzo (SiO
2
), que é um dos mais resistentes minerais ao ataque físico-químico. Teores
de 20 mg/L, nas águas subterrâneas, não são raros. Nos oceanos, os teores de sílica (SiO
2
)
variam entre 1 e 30 mg/L. Nas águas bicarbonatadas sódicas, os teores de sílica podem chegar
a 100 mg/L.
Fluoreto (F
-
): freqüentemente são encontrados em pequenas concentrações nas águas
subterrâneas. A principal fonte de fluoretos em rochas ígneas é a fluorita. Possui solubilidade
limitada e pouco contribui para a alcalinidade da água, pois se hidrolisa rapidamente.
Freqüentemente, ocorre com concentrações entre 0,1 e 1,5 mg/L nas águas naturais,
podendo chegar, às vezes, até 10 mg/L e, raramente, a 50 mg/L em águas muito sódicas com
pouco cálcio. Nas águas dos oceanos, seus valores estão situados entre 0,6 a 0,7 mg/L. Em
regiões áridas os fluoretos podem aparecer com quantidades elevadas. A presença do cálcio
limita a concentração do flúor (Custodio e Llamas, 1983).
2.3.4 – Razões iônicas
As razões iônicas são as relações entre os íons dissolvidos em uma água. Estas relações
podem indicar um certo relacionamento com o litotipo do qual a água se origina, indicar a
ação de fenômenos modificadores ou indicar uma característica específica da água
considerada. Pode-se estabelecer vários tipos de razões cujo objetivo é função do problema a
estudar. É comum designar estas razões com o nome de índices hidrogeoquímicos
(modificado de Santos, 1997).
As razões iônicas mais freqüentemente utilizadas no estudo hidrogeoquímico, segundo
Custodio e Llamas (1983), são descritas a seguir e seus valores são expressos em meq/L,
como indica o símbolo (r).
19
Razão rMg
+2
/rCa
+2
- nas águas continentais, esta razão varia entre 0,3 e 1,5. Os valores
próximos de 1 indicam uma provável influência de terrenos dolomíticos ou com serpentina, e
valores superiores a 1 sugerem, em geral, relações com litotipos ricos em silicatos
magnesianos, como gabros e basaltos. Entretanto, quando ocorre precipitação de CaCO
3
em
uma água, a razão rMg
+2
/rCa
+2
aumenta sem que seja indicação dos litotipos percolados. No
caso da dissolução do calcário, ocorre uma diminuição desta razão.
A água do mar tem razão rMg
+2
/rCa
+2
em torno de 5 e, por isso, as águas que circulam
em litologias de origem marinha ou que tenham sofrido mistura com a água do mar têm
também esta razão elevada. O aumento do conteúdo de cloretos e da razão rMg
+2
/rCa
+2
pode
ser um bom indício de contaminação por água de origem marinha.
Nos processos de troca iônica que produzam abrandamento da água, o Ca
+2
se fixa mais
do que o Mg
+2
, e conseqüentemente, haverá um aumento da razão rMg
+2
/rCa
+2
na água.
Porém, esta regra não é geral, pois o processo depende dos teores iniciais destes íons.
Razão rK
+
/rNa
+
- nas águas doces, esta razão pode variar entre 0,001 e 1, sendo mais
freqüente entre 0,004 e 0,3 (Schoeller, 1955), enquanto que, para a água do mar, fica no
intervalo de 0,02 a 0,025. Devido à fixação preferencial de K
+
no terreno, esta razão é menor
na água que na rocha mãe, e é tanto menor quanto mais concentrada em sais for a água. Os
trabalhos realizados na ilha vulcânica de Lanzarote (Custodio, 1965) indicam uma tendência a
decrescer a razão rK
+
/rNa
+
conforme aumenta a salinidade. No geral, esta razão tende a
diminuir, conforme aumenta a salinidade. Se existem aportes artificiais de K
+
, pode-se seguir
sua diminuição no sentido do fluxo e então esta relação pode ser interessante.
Razão rCl
-
/rHCO
3
-
- como o conteúdo em HCO
3
-
é relativamente constante nas águas
subterrâneas, esta razão serve para acompanhar o processo de concentração de sais no sentido
do fluxo subterrâneo. Ainda que essa concentração faça crescer ligeiramente o denominador,
um aumento na razão rCl
-
/rHCO
3
-
indica um avanço no processo de concentração.
Se existirem fenômenos de redução de sulfatos ou aportes exteriores de CO
2
, pode haver
aumento do conteúdo em HCO
3
-
e, neste caso, não convém utilizar esta razão se não forem
tomadas as devidas precauções. A precipitação de CaCO
3
também pode influir nesta razão.
Razão rCl
-
/rHCO
3
-
- é muito útil para caracterizar a intrusão marinha, já que as águas
continentais têm normalmente valores entre 0,1 e 5 e na água do mar os valores variam entre
20 e 50. Se o aumento de cloretos é devido à concentração de sais nas zonas de recarga, a
20
razão rCl
-
/rHCO
3
-
cresce muito menos para igual aumento de cloretos quando ocorre uma
intrusão marinha (modificado de Santos, op cit.).
2.3.5 – Análise química da água
A realização de análises químicas das águas subterrâneas in situ, ou em laboratório, são
essenciais para a caracterização hidrogeoquímica do aqüífero. Para tal, existem uma série de
análises e metodologias, cujos resultados podem ser demonstrados através de tabelas,
gráficos, diagramas, etc.
2.3.5.1 – Cálculo do erro da análise
Numa caracterização hidroquímica é de extrema importância se avaliar a confiabilidade
das informações fornecidas pelos laboratórios a respeito das amostras analisadas. Para tal, se
avalia o erro da análise através do cálculo do balanço iônico, onde numa mesma amostra, a
concentração total de cátions deve ser aproximadamente igual a concentração total de ânions.
(Santos, 1997).
A qualidade de uma análise química pode ser classificada a partir do cálculo da
Eletroneutralidade (E.N.), (Appelo e Postma, 1993):
anicat
anicat
NE
Σ
+
Σ
ΣΣ
= 100.(%).
(2.8)
onde: Σcat – Somatório de cátions em meq/L
Σ
ani – Somatório de ânions em meq/L.
Em geral, os erros analíticos considerados permissíveis apresentam valores entre 5-10%.
O erro analítico de uma amostra está intimamente ligado à concentração iônica da mesma,
onde amostras com baixa concentração iônica, como as tratadas nesta dissertação, podem
apresentar resultados menos precisos, enquanto que amostras com alta concentração iônica
não admitem erros elevados. De toda forma, é necessário salientar que mesmo em amostras
muito concentradas é possível se ter erros médios, uma vez que se faz necessário a diluição
das mesmas para sua análise em laboratório.
21
2.3.5.2 – Representação gráfica das características químicas da água
O estudo de análises químicas pode ser simplificado e facilitado com a utilização de
diagramas, hidrogramas e mapas hidroquímicos. As representações gráficas servem para
destacar relações entre íons de uma mesma amostra, entre amostras de diferentes áreas ou
amostras de épocas diferentes. A seguir serão mostrados os diagramas e as formas gráficas de
apresentação e estudo dos resultados de análises químicas, mais usualmente utilizados e que
serão utilizados no escopo deste estudo.
Diagrama Triangular de Piper: o diagrama de Piper (figura 1) é utilizado,
freqüentemente, quando se trabalha com grande número de análises químicas de água,
servindo para classificar e comparar os distintos grupos de águas quanto aos íons dominantes.
Para representação no diagrama, os valores obtidos em meq/L são transformados em
percentagem total de cátions e ânions, separadamente (modificado de Santos, 1997).
O diagrama é um método que trabalha com 6 variáveis em meq/L, três catiônicas
(Na
+
+K
+
, Mg
+2
e Ca
+2
) e outras três aniônicas (HCO
3
-2
+CO
3
-2
, SO
4
-2
e Cl
-
) e foi proposto por
Piper em 1944.
Os triângulos menores (figura 1), divididos em 100 partes iguais, servem para a
representação referente aos constituintes dissolvidos na água, e assim é possível classificá-la
segundo o par iônico predominante. A terceira representação (intersecção das plotagens dos
cátions e dos ânions) é realizada no triângulo maior (figura 2), sendo possível verificar as
características químicas da água, descritas no quadro 3.
22
Figura 1 – Diagrama de Piper com a definição dos tipos hidroquímicos.
Figura 2 – Subdivisões do triângulo maior do diagrama de Piper (Piper, 1953).
23
Quadro 3: Características principais de cada área do diagrama de Piper (Piper, 1953).
Área no diagrama Características Principais
1
Alcalinos terrosos excedem os alcalinos
2
Alcalinos excedem os alcalinos terrosos
3
Ácidos fracos excedem ácidos fortes
4
Ácidos fortes excedem ácidos fracos
5
Dureza de carbonatos excede 50%
6
Dureza não-carbonatada excede 50%
7
Alcalinidade não-carbonatada excede 50%. Águas do mar e
muitas águas salgadas são representadas nessa área
8
Alcalinidade de carbonatos ultrapassam 50%
9
Nenhum par de ânion-cátion excede 50%.
Diagrama Semi-logarítmico de Schoeller: as concentrações, em meq/L, da amostra
são representadas em papel semi-logarítmico. Esta forma de apresentação dos dados
hidroquímicos é bastante flexível e permite aumentar ou reduzir o número de elementos
representados, de acordo com as necessidades e os objetivos da interpretação, conforme se
observa na figura 3 (modificado de Santos, 1997).
Figura 3 – Exemplo do diagrama semi-logarítmico de Schoeller (Bento, 2003).
Mapas Hidroquímicos: na hidroquímica, normalmente, os resultados são apresentados
sob a forma de mapas de isovalores. Estes mapas caracterizam-se pela presença de isolinhas
que correspondem a linhas de mesmo teor do background acrescido de alguns desvios
padrões, dependendo da amplitude da população analisada. Permitem, no caso de água
subterrânea, a visualização rápida das variações espaciais das características químicas de um
24
aqüífero. Alguns exemplos de mapas de isovalores usualmente utilizados são os mapas de
isovalores de pH e condutividade elétrica, como o ilustrado na figura 4. Outros mapas
hidroquímicos consistem em representar sobre um mapa geológico ou topográfico, gráficos,
símbolos ou figuras que representem a composição química da água.
Figura 4 – Mapa hidroquímico de isovalores de condutividade elétrica (valores em mS/cm). As cores mais
escuras indicam uma maior condutividade. Fonte: Bento, 2003.
2.3.6 – Processamento Hidrogeoquímico: caracterização e modelagem
Para a avaliação dos processos que influenciam na evolução hidrogeoquímica de um
determinado sistema aqüífero há várias abordagens metodológicas, mas segue-se usualmente
uma seqüência semelhante, incluindo alguns passos prévios que se iniciam com a
caracterização hidrogeoquímica da água, objeto da descrição nos itens anteriores. Segue-se o
cálculo das possíveis espécies químicas dissolvidas na água, dos índices de saturação relativos
às espécies minerais mais importantes e à pressão parcial de CO
2
. Posteriormente, com a
observação conjunta das características funcionais do aqüífero, o resultado da caracterização
química e o cálculo do balanço de massas e pressões parciais de CO
2
, obtém-se uma idéia
consistente da evolução hidrogeoquímica das águas subterrâneas do sistema, a partir da qual
se pode elaborar o modelo evolutivo local (Braga, 2003).
25
Modelos geoquímicos são ferramentas que tem como objetivo caracterizar os processos
geoquímicos ocorrentes em determinado ambiente. Esses modelos podem ser utilizados para
uma grande variedade de propósitos, incluindo a determinação de reações geoquímicas que
predominam em um determinado sistema, a quantificação da extensão em que essas reações
ocorrem, além de estimativas da taxas de fluxo de água subterrânea (Parkhurst e Plummer,
1993).
Em geral, os modelos geoquímicos podem ser divididos de acordo com seus níveis de
complexidade. Modelos de solubilidade–especiação não contêm informações temporais nem
espaciais. Outros modelos simulam a trajetória da reação em sucessivos passos em resposta ao
fluxo de energia e de massa. Alguma informação de caráter temporal é incluída na reação,
mas nenhuma informação espacial é adicionada. Existem ainda os modelos que incluem as
informações temporais e espaciais nas reações químicas: são os modelos de transporte de
massa reativo.
A complexidade desse tipo de modelo é desejável para as aplicações ambientais, mas o
seu uso é muito dispendioso e difícil (Zhu e Anderson, 2002).
Para facilitar a execução de cálculos hidrogeoquímicos e para uma rápida avaliação das
reações químicas ao longo das linhas de fluxo em um sistema aqüífero, tem sido desenvolvida
nos últimos anos uma série de códigos computacionais, como a exemplo do programa
PHREEQC (Parkhurst e Appelo, 2005), desenvolvido inicialmente no âmbito do Serviço
Geológico dos Estados Unidos (USGS) e utilizado para modelagem nesta dissertação.
2.3.6.1 – Programa PHREEQC
O programa PHREEQC (op cit.) pertence à última geração destes programas
computacionais de modelagem, incorporando uma interface gráfica em ambiente Windows
escrito em linguagem C++. Seu objetivo é permitir a modelagem hidroquímica de um
determinado sistema para determinação do tipo e proporções relativas de substâncias que
interferem nas reações químicas. Está baseado em um modelo de associações iônicas em meio
aquoso, sendo capaz de realizar, dentre outras tarefas, o
cálculo de especiação e índices de
saturação
; cálculos de transporte advectivo e de evolução geoquímica em tubos de fluxo;
trocas iônicas e reações de complexação em superfície; reações cinéticas;
mescla de soluções;
e
modelagem inversa, na qual se calculam as transferências minerais e de gases que
26
respondem às diferenças entre as águas, considerando algumas restrições. Em negrito constam
as capacidades do programa utilizadas no presente trabalho.
Os modelos de especiação-solubilidade que serão aqui abordados elucidam questões tais
como quais as concentrações, as atividades iônicas e espécies moleculares em solução aquosa,
e quais são os estados de saturação para os respectivos sistemas e, portanto a direção das
reações que podem ocorrer em direção do equilíbrio. Lidam com sistemas fechados, estáticos,
como os de recipientes de laboratório. No entanto, esses modelos também servem como base
para os modelos de caminhos de reação (reaction path models) e para os modelos de
transporte reativo.
27
3 - CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA
3.1 – A BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MACAÉ
O estado do Rio de Janeiro foi dividido, pelo Decreto Estadual 26058 de 14 de março de
2000, em sete Macrorregiões Ambientais (MRAs), as quais constituem unidades de
planejamento e intervenção da gestão ambiental, consideradas basicamente as grandes bacias
hidrográficas existentes, uma vez que, entre outros aspectos, suas fronteiras (divisores de
água) são naturais e, em geral, percebidas com facilidade.
Entende-se por bacia hidrográfica uma área topográfica drenada por um curso d’água ou
por um sistema interligado de cursos d’ água, onde toda a vazão efluente descarrega em uma
única saída.
A bacia hidrográfica do rio Macaé está inserida na MRA-5 (figura 5), que abrange a
bacia do rio Macaé e a drenagem das lagoas de Imboassica, Feia e diversas bacias menores
situadas até o limite da bacia do rio Paraíba do Sul. Está situada no Litoral Norte Fluminense
e compreende uma área de drenagem de cerca de 1.765 km
2
, abrangendo duas zonas
cartográficas ou fusos (zona 23 e zona 24). Tem como limites: a norte, em parte, a bacia do
rio Macabu; a sul, a bacia do rio São João; a oeste, a bacia do rio Macacu; e, a leste, o Oceano
Atlântico. Esta engloba grande parte do município de Macaé (cerca de 1448 km
2
), e parcelas
dos municípios de Nova Friburgo (142 km
2
), Casimiro de Abreu (83 km
2
), Rio das Ostras (11
km
2
), Conceição de Macabu (70 km
2
) e Carapebus (11 km
2
) (Hora e Teuber, 2001).
O rio Macaé nasce a uma altitude aproximada de 1560 m, na Serra de Macaé de Cima,
próximo ao Pico do Tinguá, em Nova Friburgo. Seu curso desenvolve-se no sentido oeste-
leste por cerca de 136 km até desaguar no Oceano Atlântico junto à cidade de Macaé.
Atravessa três municípios: Nova Friburgo, Casimiro de Abreu e Macaé. Na cidade de Macaé
o rio passa pelos bairros da Aroeira, Malvinas, Botafogo, Centro e Distrito da Barra de
Macaé, e logo depois desemboca no Oceano Atlântico, através de um pontal próximo ao
mercado de peixe de Macaé.
Os cursos superior e médio do rio Macaé se desenvolvem de forma sinuosa, sobre leito
rochoso e acidentado, percorrendo cerca de 72 km até atingir a planície aluvionar da bacia. O
Departamento Nacional de Obras e Saneamento – DNOS efetuou obras de dragagem,
retificação e alargamento de calha por cerca de 26 km, ao longo do baixo curso do rio Macaé,
28
que apresenta leito arenoso, com margens de pouca sobrelevação com relação ao nível médio
das águas, tendo perdido suas curvas e meandros originais devido às obras realizadas, com
pastagens secas e culturas tomando o lugar dos antigos mangues.
Figura 5 – Divisão de Macrorregiões Ambientais, destacando em vermelho a área aproximada da bacia do rio
Macaé, pertencente a MRA-5.
Essas intervenções acarretaram na diminuição da incidência de malária, bem como na
diminuição do pescado, devido à redução dos locais naturais de postura, e também no
desaparecimento de áreas de várzeas com vegetação natural. Assim, atualmente, o canal do
rio Macaé se encontra sem vegetação ripária significativa, o que facilita a ocorrência de
deslizamentos e processos erosivos das margens artificiais durante a época das cheias
oriundas de chuvas intensas (Costa e Teuber, 2001).
O rio Macaé tem como principais afluentes, pela margem direita os rios Bonito,
Purgatório e Pedrinhas; os córregos Abacaxi e Carão, o rio Teimoso, os córregos Roça Velha
e Belarmino e o rio Três Pontes; e, pela margem esquerda, os rios Sana, Atalaia, São
Domingos, Santa Bárbara, Ouro, São Pedro e Jurumirim, e os córregos Jenipapo,
Guanandirana e Sabiá. Nas proximidades da foz, junto ao oceano, o rio possui uma vazão
média estimada em 30 metros cúbicos por segundo.
29
Os estudos batimétricos e topobatimétricos realizados na ocasião da instalação da UTE
Norte Fluminense (Amaral, 2003) mostram o rio Macaé com uma largura entre 40 e 50 m a
montante da confluência com o rio São Pedro, com um aumento para, em média, 80 m de
largura a jusante da confluência. Os levantamentos topobatimétricos apresentam pequenas
variações de profundidade para o rio Macaé, sendo verificada uma profundidade média de 2m
antes da confluência com o rio São Pedro e de aproximadamente 4m após esta. No rio São
Pedro a profundidade é de aproximadamente 2 m.
O estudo geofísico realizado pela empresa Chamonix – Consultoria e Serviços de
Geofísica Ltda, no âmbito do projeto “Pesquisa de Água Subterrânea na Bacia Hidrográfica
do Rio Macaé”, que proporcionou parte do apoio logístico a essa dissertação, mostrou
resultados que indicam uma espessura de até 42 metros para o aqüífero aluvionar estudado. É
importante mencionar que não foram realizadas perfurações de poços a profundidade de 42
metros, não sendo, dessa forma, verificada a confiabilidade desse dado.
3.2– LOCALIZAÇÃO E ACESSOS DA ÁREA DE ESTUDO
A região do baixo curso do rio Macaé situa-se entre as coordenadas 22º15’ e 22º24’ de
latitude sul e 41º40’ e 42º00’ de longitude oeste. Abrange uma área total aproximada de 662
km
2
, inserida em sua maior parte na folha Macaé-Cabiúnas e uma pequena parcela nas folhas
Conceição de Macabu e Carapebus, escala 1:50.000, do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística. A área efetivamente estudada corresponde somente ao aluvião do rio Macaé, que
tem aproximadamente 160 km
2
de área (Figura 6).
O município de Macaé, cuja sede está localizada na foz do rio homônimo, pertence à
Região Norte Fluminense e faz divisa com as cidades de Quissamã, Carapebus, Conceição de
Macabu, a norte; Rio das Ostras e Casimiro de Abreu, a sul; Trajano de Moraes e Nova
Friburgo, a oeste; e com o Oceano Atlântico, a leste. O município tem uma área total de
1.219,8 km
2
, correspondentes a 12,5% da área da Região Norte Fluminense.
A região tem como principal via de acesso, a partir da capital, a rodovia BR 101, que
corta transversalmente o setor sul da área. As ligações da sede municipal são feitas por duas
rodovias e uma ferrovia. Destaca-se por sua importância a RJ 106 (Rodovia Amaral Peixoto),
que percorre todo o litoral, de Rio das Ostras a Carapebus, atravessando o centro da cidade. A
RJ-168 corta o município de leste a oeste, acessando a BR-101, que alcança Conceição de
30
Macabu, a norte, e Rio das Ostras, a sul. Com apenas um pequeno trecho asfaltado, a RJ-162
tem um traçado pelo interior, alcançando Trajano de Morais, a norte e Casimiro de Abreu, a
sul. Já a ferrovia, que liga o Estado do Rio de Janeiro ao Espírito Santo, é usada quase que
exclusivamente para transporte de cargas.
Figura 6 – Mapa de localização do baixo curso do rio Macaé. O contorno em vermelho indica
aproximadamente a área efetivamente abrangida pela dissertação.
Macaé também conta com um aeroporto para a operação de aviões de médio porte e
helicópteros, com tráfego muito intenso devido às atividades de exploração e produção de
petróleo. Tem ainda o porto de Imbetiba, que atende embarcações de cabotagem de pequeno
porte e embarcações pesqueiras, sendo esta, outra importante atividade econômica do
município.
31
3.3 – GEOLOGIA
3.3.1 – Contexto Geológico Regional
O território fluminense encontra-se inserido no segmento central da Faixa Ribeira, onde
esta constitui uma entidade geotectônica do Neoproterozóico (Silva e Cunha, 2001). Sua
extensão é de mais de 1.400 km ao longo da costa atlântica brasileira.
Durante a Orogênese Brasiliana, sedimentos marinhos com idades entre 1.000 – 700 Ma
e embasamento com mais de 1.800 Ma foram dobrados e cisalhados, devido a um
metamorfismo intenso associado com magmatismo. Após os eventos brasilianos, houve a
quebra do Gondwana e formação do oceano Atlântico, o que acarretou na reativação da Faixa
Ribeira. Este evento é caracterizado por intrusões de diques de diabásio, bem como pela
formação da Serra do Mar.
Heilbron et al. (2000) subdividiram o segmento central da Faixa Ribeira em quatro
domínios tectono-estratigráficos, ficando a região da bacia hidrográfica do rio Macaé inserida
no denominado Terreno Oriental (ou Costeiro ou da Serra do Mar), caracterizado pela
presença de paragnaisses, gnaisses granitóides e granitos.
A longo dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, a linha de costa apresenta tendência
geral NE, paralela às direções estruturais pré-cambrianas. O rio Macaé acompanha essas
direções estruturais, apresentando tendência geral NE/SW nos trechos mais longos, tendo um
caráter leste-oeste na sua porção inferior até seu encontro com o rio São Pedro, passando a
apresentar uma deflexão NW/SE, perpendicular à direção principal (Mohriak e Barros, 1990).
3.3.2 – Contexto geológico da área de estudo
O mapa geológico (Figura 7) apresenta as unidades de mapeamento geológico
estabelecidas durante a execução do Projeto Carta Geológica do Estado do Rio de Janeiro, na
escala 1:50.000, executado pelo DRM-RJ (1981). Assim, segundo o contexto regional
descrito anteriormente, a geologia da bacia hidrográfica do baixo curso do rio Macaé, pode
ser assim resumida:
32
Unidade Desengano – rochas ígneas metamorfisadas, caracterizadas por microclina
gnaisses, de cor esbranquiçada a acinzentada, exibindo textura porfiroblástica. Os
porfiroblastos de microclina variam em média de 1,5 a 4cm de eixo maior, podendo chegar a
20cm na localidade-tipo (folha Trajano de Morais). É comum a presença de biotita-granada
gnaisses com porfiroblastos de plagioclásio de até 2cm de eixo maior, em matriz quartzo-
feldspática.
Unidade São Fidélis - gnaisses bandados, classificados como biotita-plagioclásio
gnaisses, granada-biotita-plagioclásio gnaisses e silimanita-granada-biotita-plagioclásio-
ortoclásio gnaisses. Segundo Fonseca (1998), esta unidade corresponde a uma seqüência
metassedimentar, dominantemente pelítica, de grau forte, que ocorre na costa leste do estado
do Rio de Janeiro, no qual coexistem rochas brasilianas (metassedimentos de alto grau) e pré-
brasilianas (facoidais e subfacoidais da cidade do Rio de Janeiro). Grande parte desta unidade
encontra-se coberta por depósitos aluvionares do Quaternário. Os gnaisses apresentam-se com
coloração cinza-clara e granulação variável e, sob o ponto de vista petrográfico, aparecem
com duas gerações de plagioclásio andesina, sendo uma de cristais de quartzo e aglomerados
de palhetas finas de biotita vermelha, ortoclásio pertítico, passando a microclina nas zonas de
maior tensão, almandina, cristais de silimanita, apresentando mais raramente, hornblenda.
Unidade Região dos Lagos – tem como característica presença de gnaisses graníticos e
granodioríticos, além de migmatitos homogêneos e heterogêneos. Silva e Cunha (2001)
descrevem, para esta unidade, foliações com mergulhos fracos, ora para nordeste, ora para
sudeste, e forte e persistente lineação de estiramento, com indicação de transporte para
noroeste. Segundo Luz (2003), tem como área de maior ocorrência o sul do rio Macaé,
formando costões rochosos quando alcançam a orla litorânea. Petrograficamente, há
ocorrência de cristais de microclina e de oligoclásio em uma textura granoblástica
inequigranular, com grãos anedrais médios de quartzo e palhetas de biotita (Mello, 1996).
Unidade Italva - representada por gnaisses tonalíticos (bandados ou fitados), de
coloração cinza média, granulação fina e textura granoblástica equigranular, migmatitos, além
de mármores calcíticos. Ocorrem em uma estreita faixa de 1 km de largura no quadrante NW
da folha Macaé, nas proximidades da localidade de Córrego do Ouro.
Granito Sana – rocha leucocrática, com coloração cinza clara esbranquiçada a branca,
granulação fina a média, textura microfanerítica, com biotita e muscovita.
33
Ferreira (1999) individualizou os sedimentos quaternários em aluvionares, flúvio-
lagunares e marinhos. Estes últimos aparecem dispostos em cordões de alinhamento paralelo à
linha da costa de direção geral NE/SW.
Sedimentos aluvionares - areia fina a média de cor esbranquiçada, bem drenada nas
áreas próximas a serra. Devido à diminuição da energia das correntes e das inundações, estes
sedimentos tornam-se mais finos nas proximidades da foz do rio Macaé e São Pedro.
Sedimentos flúvio-lagunares - sedimentos argilo-arenosos e argilosos orgânicos, mal
drenados e parcialmente alagáveis, correspondendo a paleolagunas colmatadas.
Sedimentos marinhos - sedimentos arenosos de granulometria fina a média e cor
geralmente branca em superfície, bem selecionados e bem drenados. Morfologicamente são
praias quaternárias pleistocênicas, referentes aos depósitos mais internos e extensos, e as
praias atuais holocênicas, que correspondem aos depósitos externos e estreitos.
3.4 – ASPECTOS FISIOGRÁFICOS
3.4.1- Clima
Na bacia hidrográfica do rio Macaé as variações climáticas ocorrem em decorrência da
altitude, disposição do relevo da bacia de drenagem e pela presença do Oceano Atlântico, que
funciona como um poderoso regulador térmico, contribuindo para a elevada umidade do ar
com média variando em torno de 81% (CIDE, 1998). Também concorre para os altos índices
pluviométricos que são encontrados nas zonas mais interiores, abrigadas dos ventos e
representadas pelas baixadas de sopé, contrafortes e escarpa da Serra do Mar.
No verão, há o predomínio de massa de ar equatorial continental, e durante o restante do
ano, de massa de ar tropical atlântica, sendo freqüente a passagem de frentes polares,
sobretudo na primavera.
Segundo a classificação de Gaussen, a região apresenta caráter tropical subquente e
subseco, com estação seca muito curta de 1 a 2 meses, onde a temperatura média anual fica
em torno de 22ºC (Figura 8), com amplitude térmica variando de 25ºC no verão, caindo para
19ºC no inverno.
34
Figura 7 – Mapa geológico da Bacia do rio Macaé.
35
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Temperatura (ºC)
Figura 8 – Distribuição anual da temperatura média na bacia hidrográfica do rio Macaé (FIDES, série SIPE,
1978).
De acordo com as isotermas anuais, as temperaturas são superiores a 22ºC na maior
parte da área, em altitudes inferiores a 200 m, correspondendo, dessa forma, às unidades
geomorfológicas representadas pelas planícies aluviais, flúvio-lagunares e costeira e pelo
domínio suave colinoso, de colinas dissecadas e de colinas isoladas. Temperaturas entre 19ºC
e 22ºC são encontradas em altitudes entre 200 e 500 m e caracterizam os maciços costeiros e
as escarpas serranas dissecadas (Barbosa, 2005).
Quanto à distribuição espacial da pluviosidade, as isoietas anuais indicam pluviosidade
entre 1.000 e 1.500 mm. As chuvas têm média de 65-70% dos totais anuais nos meses de
primavera-verão e, apesar de não exceder 190 mm/mês, tem os meses de dezembro e janeiro
como os mais chuvosos. O período mais seco ocorre no inverno, com valores de 60 mm/mês
(Figura 9). A evaporação média anual é de 1.137,8 mm, tendo valores mais elevados nos
meses de agosto e janeiro e menos elevados em dezembro e junho (CIDE, 1998).
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Ago
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Out
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Dez
Meses
Precipitação (mm)
Figura 9 – Distribuição anual da precipitação na bacia hidrográfica do Rio Macaé (FIDES, série SIPE, 1978).
36
3.4.2 - Relevo e Declividade
Em sua classificação de Domínios Geomorfológicos de Macaé, Dantas (2001a)
subdividiu as unidades geomorfológicas com base no agrupamento dos relevos de agradação e
dos relevos de degradação. Tendo como base esta classificação, Luz (2003), em seu mapa de
relevo da zona costeira de Macaé (Figura 10), individualizou as planícies aluviais, planícies
flúvio-lagunares e planície costeira como relevos de agradação, onde predominam os
processos deposicionais. Nos relevos de degradação, com predomínio de processos erosivos
(denudacionais), foram individualizados o domínio suave colinoso, domínio colinoso,
domínio de colinas dissecadas e domínio de colinas isoladas, bem como os alinhamentos
serranos isolados (maciços costeiros) e escarpas serranas dissecadas.
As planícies aluviais correspondem às formas de agradação de áreas continentais e são
representadas pelo alto curso dos rios Macaé e São Pedro, que depositam no baixo curso do
rio Macaé sedimentos aluviais argilo-arenosos e silto-argilosos, bem como sedimentos
coluviais holocênicos. São caracterizados por superfícies sub-horizontais, com gradientes
extremamente suaves convergentes em direção aos canais principais.
As planícies flúvio-lagunares representam os depósitos holocênicos constituídos de
sedimentos sílticos e/ou areno-argilosos ricos em matéria orgânica, que preenchem o curso
inferior do rio Macaé. Apresentam-se como superfícies planas de interface entre ambientes
deposicionais continentais e lagunares, muito mal drenados, com lençol freático sub-aflorante.
As planícies costeiras são superfícies deposicionais de baixo gradiente, representadas
por microrrelevos ondulados, com amplitudes topográficas inferiores a 20 m, formadas por
sedimentos arenosos de origem marinha de diferentes idades quaternárias. São terrenos bem
drenados, com drenagem paralela que acompanha as depressões intercordões.
O domínio suave colinoso tem como característica a expressiva sedimentação de
colúvio nas vertentes convexas com topos arredondados ou alongados, desenvolvendo-se
sobre litologias das unidades Região dos Lagos e São Fidélis. Mostra altitudes inferiores a
50m, com gradientes muito suaves. A drenagem tem densidade entre baixa e média, com
padrão variando de dendrítico, treliça ou retangular.
37
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Lg. Cabiúnas
Lg. Imboassica
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Base Cartográfica
Usina Termoelétrica
Aeroporto
Rodovia Federal
Rio
Subdistrito
Distrito
0
12 Km
Datum Horizonta: SAD69
Escala: 1:100000
Fonte: Base cartográfica (IBGE, 1:50000)
Placie costeira
Legenda
Apc
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Ddcl
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Planície flúvio-lagunar Domínio de colinas isoladas
Domínio de colinas Dissecadas
Domínio colinoso
Escarpa serrana degradada
Macos costeirosPlanície aluvial
Domínio suave colinoso
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195000 220000
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Figura 10 - Mapa de relevo do baixo curso do rio Macaé (modificado de Luz, 2003).
38
O domínio de colinas isoladas compreende as formas de relevo residuais, com vertentes
convexas de topos arredondados ou alongados, com altitudes inferiores a 100m e gradientes
suaves, associados à sedimentação de colúvios. São remanescentes do afogamento
generalizado do relevo produzido pela sedimentação flúvio-marinha que caracteriza as
baixadas litorâneas, e ocorrem sobre litologias da unidade São Fidélis. Tem densidade de
drenagem muito baixa, com padrão de drenagem dendrítico e drenagem imperfeita nos fundos
de vales afogados.
Os maciços costeiros são formas de relevo residuais, alinhados na direção WSW-ENE
como a Serra do Segredo, Serra do Pote e a Serra das Pedrinhas, tendo vertentes retilíneas a
côncavas e escarpadas e topos de cristas alinhados, aguçados ou levemente arredondados.
Desenvolvem-se sobre litologias da unidade Região dos Lagos. Topografia superior a 200 m
com gradientes médios a elevados e sedimentação de colúvios e depósitos de tálus,
remanescentes do afogamento generalizado do relevo produzido pela sedimentação flúvio-
marinha que caracteriza as baixadas litorâneas. Apresenta densidade de drenagem baixa, com
padrão variando de dendrítico a treliça ou retangular, e fragmentos de mata atlântica de porte
arbóreo com indivíduos atingindo até 15m de altura.
A escarpa serrana dissecada caracteriza-se por relevo montanhoso muito acidentado,
com escarpas bastante dissecadas por erosão e/ou abatimento tectônico, com altitudes
inferiores a 500 m e gradientes elevados. Apresenta vertentes retilíneas a côncavas, com
feições escarpadas e recuadas sobre litologias das unidades Italva e São Fidélis. A densidade
de drenagem é alta a muito alta e padrão variando de paralelo a dendrítico, ou treliça a
retangular.
3.5 – UNIDADES E USO DOS SOLOS
Com base no Mapa de Solos do Estado do Rio de Janeiro, elaborado por Carvalho et al.
(2000 apud Luz, 2003), no âmbito do Projeto Rio de Janeiro, e seguindo a nova terminologia
da Embrapa (1999), as principais classes de solos encontradas na região do baixo curso do rio
Macaé pertencem aos latossolos, argissolos, espodossolos, gleissolos, neossolos flúvicos,
organossolos e neossolos quartzarênicos.
Os latossolos são solos não hidromórficos, com avançado estágio de intemperização,
observado pela alteração completa ou quase completa dos minerais primários menos
39
resistentes ao intemperismo, resultado de enérgicas transformações no material constitutivo.
Bem desenvolvidos, tendem a ser muito profundos, friáveis e porosos, o que acarreta em
elevada permeabilidade e ótima drenagem. Costumam estar relacionados a relevo plano e
suave ondulado, correspondendo em geral aos depósitos de tálus e colúvio da serra, podendo
também ocorrer em áreas mais íngremes com relevo montanhoso. São empregados mais
comumente para pastagens, com uso agrícola limitado, devido a sua baixa fertilidade natural.
Os argissolos compreendem a classe de solos minerais, não hidromórficos, com
horizonte A moderado e horizonte B textural, ou seja, neste ocorre acúmulo de argila
proveniente do horizonte A. Geralmente profundo, poroso, sem problemas de drenagem e
aeração, são bastante suscetíveis à erosão. São solos de saturação muito baixa, fortemente a
extremamente ácidos, com argila de atividade baixa. Ocorre associado a relevo ondulado e
montanhoso. Tem sua utilização para pastagem, sendo o uso agrícola limitado pela baixa
fertilidade.
Os espodossolos são solos minerais hidromórficos, geralmente arenosos e de espessura
variável. Estão relacionados aos sedimentos areno-quartzosos oriundos da acumulação
marinha, ao longo do Holoceno. São encontrados ao longo das planícies costeiras, nas áreas
de ocorrência dos cordões arenosos. São solos mal drenados, acarretando em baixa fertilidade
para uso agrícola.
Os gleissolos são solos hidromórficos, relativamente recentes e, portanto, pouco
evoluídos, originados de depósitos orgânicos e de sedimentos aluviais argilo-siltosos, do
Holoceno. Argilosos e ricos em matéria orgânica, possuem cor variando de preto a diversos
tons de cinza, podendo ter em seu horizonte C um ambiente redutor. Apresentam pouca
profundidade e permanente ou periódica saturação por água, correspondendo às áreas com
tendência a inundação. Estão associados a solos aluviais e/ou orgânicos, nas várzeas dos
principais rios, ocorrendo, na área em questão, junto às planícies flúvio-lagunares. São
utilizados para pastagem.
Os neossolos quartzarênicos são solos profundos, pouco evoluídos e que apresentam
grande resistência ao intemperismo, relacionada a sua constituição essencialmente quartzosa.
São solos bem drenados, de baixa fertilidade natural, com horizonte A moderado ou A fraco.
São observados na planície costeira, associados aos cordões arenosos e relacionados aos
espodossolos, sob vegetação de restinga de porte arbóreo-arbustivo.
40
Os neossolos flúvicos são solos pouco desenvolvidos, não hidromórficos e provenientes
de depósitos fluviais recentes do Holoceno, dispostos em camadas de composição
granulométrica heterogênea. São moderadamente a imperfeitamente drenados, e ácidos a
moderadamente ácidos. Ocorrem nas várzeas dos rios, sendo, dessa forma, encontrados junto
às coberturas aluvionares das planícies de inundação e terraços areno-argilosos. São voltados
para uso agrícola.
Os organossolos correspondem a solos hidromórficos, pouco evoluídos, de coloração
escura originados de acumulações de material vegetal em grau variável de decomposição,
acumulados sobre sedimentos flúvio-lacustres, ao longo do Holoceno. Apresentam camadas
de constituição orgânica nos 40 cm superficiais. São solos mal drenados, desenvolvidos em
condições de permanente encharcamento, com o lençol freático aflorante durante grande parte
do ano. Ocorrem em locais deprimidos da planície flúvio-lagunar, como no baixo curso do rio
Macaé. São utilizados para pastagem.
3.6 – CARACTERIZAÇÃO HIDROGEOLÓGICA
Barbosa e Silva Jr. (2005) definiram que a hidrogeologia da área é composta por um
sistema aqüífero fraturado e pelo sistema aqüífero intergranular. O sistema aqüífero fraturado
é caracterizado pelas rochas cristalinas que compõem o embasamento da bacia hidrográfica.
Sua capacidade de armazenamento de água subterrânea está diretamente relacionada ao seu
grau de fraturamento e de intemperismo. A recarga deste aqüífero pode ser proveniente de
precipitações nas cabeceiras da bacia hidrográfica, onde as rochas do embasamento cristalino
estão aflorantes ou pelos aqüíferos intergranulares através da infiltração direta. Normalmente
tem um caráter semiconfinado, em particular quando recoberto pela unidade intergranular.
O sistema aqüífero intergranular é representado pelos sedimentos aluvionares dos rios
Macaé e São Pedro e eventualmente pelas coberturas residuais e coluvionares sobre o
embasamento cristalino. Segundo as informações verbais obtidas durante o cadastramento de
poços e segundo descrições dos perfis construtivos dos poços tubulares profundos, é o
principal fornecedor de água subterrânea, armazenada em materiais de permeabilidade
variável. Estes aqüíferos caracterizam-se por serem livres e sua área de recarga corresponde a
toda sua área de ocorrência.
41
Buscando caracterizar hidrodinamicamente o aluvião estudado, Barbosa e Silva Jr. (op.
cit), monitoraram as variações de nível d’água nos poços cadastrados e piezômetros
instalados. Realizaram também ensaios para determinação da condutividade hidráulica dos
horizontes investigados, e ensaio de bombeamento para obtenção da condutividade hidráulica
do horizonte ensaiado e da transmissividade do aqüífero.
A caracterização hidrogeológica da área de estudo, descrita a seguir, é baseada em parte
no trabalho de Barbosa e Silva Jr. (2005), no qual esta autora tomou parte ativa.
3.6.1 – Monitoramento dos níveis piezométricos
Visando facilitar a interpretação dos dados, Barbosa e Silva Jr. (2005) dividiram os
piezômetros em 3 setores (figura 11). Os piezômetros Pz 01, Pz 03, Pz 04, Pz 18, Pz 26, Pz
29, Pz 30, Pz 41 e Pz 42 foram agrupados no setor 1. Os piezômetros Pz 06, Pz 07, Pz 12, Pz
13, Pz 44 e Pz 45 ficaram no setor 2. Os piezômetros Pz 02, Pz 14, Pz 15, Pz 25, Pz 27 e Pz
40 foram agrupados no setor 3. Os piezômetros Pz 28 e Pz 33 não entraram na análise, por se
encontrarem praticamente isolados na margem direita do rio Macaé.
Em geral, os gráficos de variação do nível d’água mostraram comportamentos
semelhantes, indicando uma possível continuidade lateral das camadas onde os piezômetros
foram instalados. A exceção é para o gráfico do setor 2, onde as curvas dos piezômetros
apresentaram comportamentos bem diferenciados, sugerindo não haver conexão hidráulica
entre estes pontos. Segundo Barbosa e Silva Jr. (op cit.), este fato pode ser justificado pela
localização dos piezômetros, pois estes foram instalados na região serrana da área de estudo, o
que poderia acarretar no isolamento dos piezômetros. Devido à presença de morros entre eles,
teria se formado uma barreira hidráulica, que impossibilitaria a continuidade lateral do
aqüífero nessa região.
As análises dos mapas potenciométricos produzidos para os diversos meses, mostraram
a descarga do aqüífero na direção geral da foz do rio Macaé, conforme ilustrado para o mês de
maio de 2005 (Figura 12). A potenciometria mostra uma ampla relação entre os mananciais
subterrâneos e superficiais, sendo o aqüífero nitidamente de regime efluente nos canais
fluviais.
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Meses monitorados
Valor de carga total (m)
Pz 02
Pz 14
Pz 15
Pz 25
Pz 27
Pz 40
Figura 11 - Gráfico de variação dos níveis d’água para os diferentes setores. Nos setores 1 e 3 os piezômetros
monitorados mostram comportamentos semelhantes, sugerindo uma possível conexão hidráulica entre estes
pontos. No setor 2, os piezômetros monitorados mostram comportamentos diferenciados, sugerindo não haver
conexão hidráulica entre estes pontos. Modificado de Barbosa, 2005.
Os altos topográficos funcionam como áreas de recarga do aqüífero, e a sua descarga é
direcionada aos canais principais dos rios São Pedro e Macaé. Os gradientes hidráulicos
apresentam-se relativamente menores nas áreas de descarga, valores da ordem de 10
-3
cm/s,
com valores em torno de 10
-2
a 10
-3
cm/s nas áreas de recarga.
1
2
3
43
O nível médio de profundidade do nível d’água na área varia de 1,98 m a 0,86 m. As
cotas piezométricas na área têm valores médios que variam de 27,18 a 0,76 metros. Esses
dados indicam a grande variabilidade de cotas do aqüífero livre na área, algumas praticamente
ao nível do mar, e a pouca profundidade do nível d’água em certos locais, indicando sua
tendência em aflorar quando da estação de chuvas.
3.6.2 – Condutividade Hidráulica
Com o intuito de estabelecer a condutividade hidráulica do aqüífero em questão,
Barbosa e Silva Jr. (2005) realizaram quatro tipos de ensaios de permeabilidade na área
estudada. Pelo método dos anéis concêntricos e pelo método open end hole, os ensaios foram
efetuados na zona não saturada, com o objetivo de se obter a condutividade hidráulica vertical
dos materiais testados. Com a realização dos ensaios do tipo slug test e o ensaio de
bombeamento, buscou-se a obtenção de dados de condutividade hidráulica horizontal do meio
saturado.
Barbosa e Silva Jr. (op cit.) realizaram 13 ensaios de permeabilidade in situ na zona não
saturada pelo método de anéis concêntricos, com o objetivo de obter a condutividade
hidráulica vertical dos diferentes tipos de solos e coberturas argilosas que ocorrem na área.
Os valores de permeabilidade obtidos para os ensaios superficiais (anéis concêntricos)
são da ordem de 10
-9
a 10
-8
cm/s. Segundo o quadro 4, a condutividade hidráulica para
materiais finos está na faixa de valores de 10
-9
a 10
-6
cm/s. Considerando que a condutividade
hidráulica vertical geralmente apresenta valores mais baixos que a horizontal, os resultados
obtidos mostraram-se coerentes. Porém, aconselha-se certas precauções na utilização dos
valores obtidos, uma vez que a metodologia aplicada pode apresentar inconsistências e os
resultados são de confiabilidade duvidosa devido ao longo tempo de resposta e o pequeno
tempo de duração do ensaio.
Para as profundidades de 50 a 100 cm, os resultados apresentaram valores entre 10
-5
e
10
-4
cm/s. Os valores obtidos mostram-se coerentes com os esperados mostrados no quadro 5,
até mesmo para a fração areia média, com valor na ordem de 10
-4
cm/s, como nos pontos 2 e 9
dos ensaios a 100 cm de profundidade. Segundo Barbosa e Silva Jr. (op cit.), este valor
mostra-se muito próximo ao esperado, e pode ser justificado pela presença de material
argiloso em profundidade inferior à do ensaio.
44
Quadro 4 – Faixa de valores de condutividade hidráulica para materiais inconsolidados (modificado de Feitosa
e Manoel Filho, 1997).
Material
Condutividade Hidráulica
(cm/s)
Argila 10
-9
- 10
-6
Silte; Silte arenoso 10
-6
- 10
-4
Areia argilosa 10
-6
- 10
-4
Areia siltosa; Areia fina 10
-5
- 10
-3
Areia bem distribuída 10
-3
- 10
-1
Cascalho bem distribuído 10
-2
- 10
-0
No quadro 5, Barbosa e Silva Jr. (2005) sintetizaram os valores de condutividades
hidráulicas obtidos, que foram da ordem de 10
-3
a 10
-4
cm/s para os horizontes ensaiados. A
incoerência nos casos dos Pz 14 e Pz 25, que tenderia a valores maiores que os obtidos,
devido ao material testado (areia média), é por ela justificada pela instalação parcial do filtro
no nível d’água, não possibilitando, dessa forma, o ensaio em um metro de material saturado.
Os valores obtidos para os demais horizontes ensaiados mostram-se coerentes com o
esperado. A condutividade hidráulica média para o horizonte argila escura é de 1,20 x 10
-3
cm/s, 4,99 x 10
-4
cm/s para a camada de argila arenosa, 1,85 x 10
-3
cm/s para as areias médias
e 4,40 x 10
–3
cm/s para as areias argilosas.
Esses valores mostram-se coerentes com os esperados para os horizontes argila arenosa
e areia argilosa. Porém apresentam incoerência nas camadas de argilas escuras e areias médias
ensaiadas, onde as argilas escuras mostram-se mais condutivas hidraulicamente. De acordo
com as investigações geofísicas, esse fato pode ser justificado pela extensa continuidade
lateral da camada argila escura quando comparada à presença local do material arenoso
médio, sendo este normalmente encontrado junto aos rios Macaé e São Pedro (Barbosa e Silva
Jr., op cit.).
45
Mapa Potenciométrico do Fluxo subterrâneo
Depósito Aluvionar - Baixo Macaé, Março de 2005
MAPA POTENCIOMÉTRICO DO FLUXO SUBTERRÂNEO
Depósito Aluvionar - Baixo Macaé, Março de 2005
7534000
7532000
7530000
7528000
7526000
7524000
7522000
198000 200000 202000 204000 206000 208000 210000 212000 214000 216000 218000
N
CAC 20
Legenda
Linha de Fluxo
Curva de Nível
Poço de
Monitoramento
0
5000
10000
15000
Pz 28
Pz 02
PTR 35
PTR 34
PTR 28
PTR 24
PTR 29
PTR 27
PTR 33
CAC 32
CAC 44
CAC 43
CAC 26
CAC 20
CAC 19
CAC 25
CAC 39
CAC 18
Figura 12 – Mapa potenciométrico do baixo curso do rio Macaé, em maio de 2005. Modificado de Barbosa e Silva Jr.(2005).
46
Quadro 5 – Valores de condutividade hidráulica obtidos através de ensaios do tipo slug test, com auxílio do
software Aquifer Test
TM
, através do método de Hvorslev. Fonte: Brabosa, 2005a.
Piezômetro K (cm/s) Horizonte ensaiado
Pz 02 1,89 x 10
-3
Argila escura
Pz 06 5,07 x 10
-4
Argila escura
Pz 12 2,90 x 10
-4
Argila arenosa
Pz 14 2,07 x 10
-3
Areia média
Pz 18 3,85 x 10
-3
Areia argilosa
Pz 25 1,63 x 10
-3
Areia média
Pz 29 4,94 x 10
-3
Areia argilosa
Pz 42 7,08 x 10
-3
Argila arenosa
O gráfico de rebaixamento do nível d’água (metros) em relação ao tempo (minutos),
retirado de Barbosa e Silva Jr. (2005), mostra uma curva com um início sugerindo um regime
transitório, tendendo ao regime permanente com a continuação do bombeamento (figura 13).
Porém, a partir de 120 minutos de bombeamento, a curva sofre uma inflexão brusca, o que
para Barbosa e Silva Jr. (op cit.) sugere a presença de barreira hidráulica, ou pode ser
explicado por problemas construtivos, ou pela exaustão da bomba, por tratar-se de poço
caseiro, instalado por perfurador local, e por ser a bomba de baixa potência (1/2 CV).
Utilizou-se o próprio raio do poço como distância ao poço bombeado, o que torna menos
confiáveis os resultados obtidos e não permite o cálculo do coeficiente de armazenamento.
Figura 13 – Gráfico mostrando a curva de rebaixamento versus tempo. Fonte: Barbosa e Silva Jr.(2005).
47
Aqüíferos são considerados bons quando sua transmissividade tem valores entre 300 e
500 m
2
/dia, ruins quando seus valores são inferiores a 300 m
2
/dia e ótimos quando apresentam
valores superiores a 1.000 m
2
/dia (Custodio e Llamas, 1983). Devido à formação aqüífera
estudada, de constituição basicamente argilo-arenosa, esses dados tornam-se coerentes,
mostrando um aqüífero com transmissividade muito inferior a 300 m
2
/dia. Sendo assim, o
aqüífero estudado apresenta baixíssima capacidade em transmitir água, quando explotado.
Por tratar-se de aqüífero livre, a porosidade efetiva representa o coeficiente de
armazenamento do aqüífero. Portanto, o valor de coeficiente de armazenamento para o
aqüífero é de 0,07, valor médio de porosidade efetiva em materiais argilo-arenosos.
A condutividade hidráulica do material ensaiado mostra valor na ordem de 10
-3
cm/s.
Este valor é coerente aos valores obtidos para os horizontes testados com o ensaio do tipo slug
test. Assim, pode-se dizer que a área apresenta uma condutividade hidráulica homogênea,
com valores semelhantes em toda a sua extensão (Barbosa e Silva Jr., 2005).
Portanto, os valores de transmissividade, condutividade hidráulica e coeficiente de
armazenamento obtidos indicam um baixo potencial de explotação para o aqüífero aluvionar
do baixo curso do rio Macaé. Por outro lado, esses valores mostram uma baixa
vulnerabilidade à contaminação para o referido aqüífero.
48
4 – MATERIAIS E MÉTODOS
O presente estudo foi dividido em 4 etapas principais: 1) levantamentos e integração de
dados básicos (item 4.1); 2) Implantação da rede de monitoramento e levantamento
topográfico (itens 4.2 a 4.4); 3) aquisição de dados (itens 4.5 e 4.6); e 4) tratamento de dados
e obtenção de resultados (item 4.7).
4.1 – LEVANTAMENTOS BÁSICOS
Devido à escassez inicial de dados geológicos e hidrogeológicos disponíveis na área de
estudo, fez-se necessário um extenso programa de levantamentos básicos. Este programa
incluiu um inventário de dados históricos, que compreendeu a leitura de relatórios técnicos e a
análise de mapas geológicos antigos, fotografias aéreas e perfis de sondagem disponíveis.
Posteriormente, etapas de campo para reconhecimento foram realizadas.
Os dados pertinentes aos aspectos fisiográficos, geológicos e hidrogeológicos da área de
estudo foram obtidos através de revisão bibliográfica junto às bibliotecas da UFRJ e do
DRM/RJ, da análise dos relatórios de atividades emitidos pela Empresa Ecologus Engenharia
Consultiva, da consulta de documentos em órgãos estaduais e municipais (Secretaria de
Agricultura, de Obras e Meio Ambiente de Macaé), além de pesquisa na Internet.
Os mapas geológico e topográfico foram desenvolvidos pelo DRM/RJ com base nas
folhas Macaé-Cabiúnas, Conceição de Macabu e Carapebus, de 1982, escala 1:50.000, do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
4.2 – INSTALAÇÃO DA REDE PIEZOMÉTRICA
A rede de monitoramento implantada consiste de 45 piezômetros perfurados nos
sedimentos aluvionares dos rios Macaé e São Pedro, no âmbito do Projeto “Pesquisa de Água
Subterrânea na Bacia Hidrográfica do rio Macaé”, com profundidades médias de 1 a 5 metros.
Dos 45 piezômetros instalados pelo projeto, apenas 32 encontram-se dentro da área de estudo.
No entanto, compõem a malha final de monitoramento mensal 23 piezômetros, haja vista que
49
alguns foram derrubados pelo gado ou maquinário das fazendas e outros foram instalados em
locais de difícil acesso, sobretudo em períodos de chuvas torrenciais.
Para melhor identificação e compatibilidade de dados nos 2 trabalhos foi mantida a
seqüência de instalação dos 45 piezômetros, e com isso a identificação desses 23 piezômetros
não é seqüencial.
Para a perfuração destes poços foi contratada a empresa Geométrica Consultoria Ltda.
As perfurações foram efetuadas por trado manual de 4” (Figura 14), em diâmetros de 4” e os
piezômetros instalados com revestimentos e filtros de PVC geomecânico da marca Vlaper
com diâmetro de 2”, tendo os filtros ranhuras de 0,50 mm, selo de bentonita (Compactolite®)
e em sua parte superior luvas, cap´s e tampas plásticas com vedação em borrachas (Figura
15). Na parte inferior de todos os poços, consta seção filtrante com 1 m de extensão.
Externamente tem-se tubos em PVC com diâmetro de 6” em uma base de 1 m
2
. Foi feito o uso
de bailer (amostradores descartáveis) no desenvolvimento dos piezômetros.
Figura 14 – Perfuração por trado manual (FGV, 2004).
Figura 15 – Esquematização dos piezômetros instalados (FGV, 2004).
50
No quadro 6 são mostradas as características de cada piezômetro monitorado, com a
descrição das camadas litológicas onde foram instalados.
4.3 – CADASTRO DE PONTOS PARA CAPTAÇÃO DE ÁGUA SUBTERRÂNEA
O cadastro de pontos d’água ocorreu no período de agosto de 2004 a janeiro de 2005,
utilizando as técnicas usuais de inventário, baseadas no preenchimento de uma ficha técnica,
onde são discriminados campos como: identificação e localização; dados construtivos; e,
quando possível, dados hidráulicos e de bombeamento. Nas campanhas de campo as
coordenadas geográficas tiveram o seu posicionamento georreferenciado através da utilização
de GPS da marca Garmin®.
Foram cadastrados 48 poços de naturezas diversas, cobrindo principalmente a parte
inferior do rio Macaé, após sua confluência com o rio São Pedro. Neste cadastro constam 22
captações de água subterrânea através de poços tubulares rasos (PTR), e 26 aproveitam a água
subterrânea através de poços escavados (cacimbas - CAC), com profundidades que variam de
3 m a 24 m. A escassez de poços tubulares profundos é explicada ora pela proximidade do rio
Macaé, que leva os usuários à captação direta desse manancial, ora pelas características
geológicas e hidrogeológicas da região, que favorecem a construção de poços rasos.
As técnicas empregadas na construção dos poços tubulares rasos (que chegam a 24 m de
profundidade) são aquelas a trado ou com “jato d’água”. Estes são normalmente revestidos
com tubos de PVC, como aqueles utilizados em redes de esgoto, com diâmetro variando de
100 mm a 150 mm, furados ou com ranhuras para permitir a passagem de água.
Os poços escavados são perfurados manualmente e não apresentam revestimento ou são
revestidos com manilhas de concreto. Suas profundidades variam de 3 m a 11 m.
Dos 48 poços cadastrados, foram selecionados 20 poços, apresentados no quadro 7 a
seguir, para o monitoramento mensal, segundo sua localização e riqueza de informações, uma
vez que a malha de poços ficou densa e com grande proximidade entre eles. Foi dada
prioridade àqueles situados no aluvião do rio Macaé e selecionados alguns daqueles
perfurados no solo residual do embasamento cristalino.
51
Quadro 6 – Características litológico-construtivas dos piezômetros.
Pz UTM N UTM E Cota (m) Profundidade (m) Horizonte geológico
1
7533705 203975 9 2,90 argila escura
2
7532168 203381 11 3,20 0,00 a 3,20 - argila escura
0,00 a 3,05 - argila escura
3
7533701 205070 13 3,55
3,05 a 3,55 - areia argilosa
0,00 a 2,63 - argila escura
4
7534652 204933 14 3,28
2,63 a 3,28 - areia argilosa
6
7537560 196700 21 3,10 argila escura
0,00 a 1,12 - argila escura
7
7537432 196979 20 2,92
1,12 a 2,92 - areia fina
0,00 a 2,10 - areia fina
12
7535110 195991 21 3,07
2,10 a 3,07 - argila arenosa
13
7536811 194146 20 3,60 argila escura
14
7532565 200872 13 2,40 areia média
15
7530751 194860 18 1,95 argila escura
0,00 a 1,00 - argila arenosa
18
7538859 199494 20 1,69
1,00 a 1,69 - areia argilosa
25
7528012 192683 19 2,73 areia média
0 a 1,50 - argila escura
26
7534362 204159 16 3,00
1,50 a 3,00 - areia argilosa
27
7533515 202207 18 1,67 argila escura
28
7531536 203708 8 3,20 argila escura
0,00 a 1,83 - argila escura
29
7533327 204627 19 4,19
1,83 a 4,19 - areia argilosa
0,00 a 0,78 - areia fina
30
7536602 203725 18 3,35
0,78 3,35 - areia argilosa
0,00 a 1,62 - areia argilosa
33
7528332 194455 16 2,12
1,62 a 2,12 - areia média
0,00 a 1,24 - argila escura
40
7532224 198249 13 3,04
1,24 a 3,04 - areia argilosa
41
7534815 206127 15 3,60 argila escura
0,00 a 1,97 - areia argilosa
42
7534249 205945 12 3,57
1,97 a 3,57 - argila arenosa
44
7535386 196099 21 1,75 areia argilosa
45
7537024 197072 21 1,15 argila escura
52
Quadro 7 – Poços cadastrados monitorados na Bacia do rio Macaé
Cadastro Hidrogeológico
Ponto UTM N UTM E Tipo de Poço Cota (m) Profund. (m)
BRM 12 7535434 211804 Cacimba 0.34 3.10
BRM 14 7535916 212259 Cacimba 0.56 4.00
BRM 15 7534253 211986 Poço Tubular Raso 0.51 23.50
BRM 16 7533409 212003 Cacimba 0.15 3.00
BRM 19 7525931 211207 Cacimba 0.58 6.00
BRM 20 7526311 211470 Cacimba 0.30 5.15
BRM 23 7527210 210150 Poço Tubular Raso 0.30 21.00
BRM 24 7527017 209916 Poço Tubular Raso 0.39 12.00
BRM 25 7527602 210699 Cacimba 0.32 3.00
BRM 26 7528191 210220 Cacimba 0.20 8.00
BRM 27 7528325 209308 Poço Tubular Raso 0.20 12.00
BRM 29 7526504 210305 Poço Tubular Raso 0.37 15.00
BRM 32 7531885 210833 Cacimba 0.27 5.00
BRM 33 7530777 209651 Poço Tubular Raso 0.36 10.40
BRM 34 7531723 208582 Poço Tubular Raso 0.10 4.00
BRM 35 7532132 208494 Poço Tubular Raso 0.71 18.00
BRM 38 7531302 212744 Cacimba 0.37 11.00
BRM 39 7530867 213253 Cacimba 0.42 8.00
BRM 43 7529498 210989 Cacimba 0.49 3.18
BRM 44 7530168 214578 Cacimba 0.61 6.00
A figura 16 ilustra a localização dos piezômetros e poços cadastrados na Bacia do rio
Macaé.
53
Figura 16 – Localização dos piezômetros e poços cadastrados monitorados na bacia do rio Macaé.
54
4. 4 – NIVELAMENTO DOS PIEZÔMETROS E POÇOS CADASTRADOS
O nivelamento dos piezômetros e poços cadastrados foi realizado empregando-se um
par de GPS da marca Trimble e modelo Geoexplorer®3 (Figura 17).
As coordenadas altimétricas obtidas por GPS no modo diferencial foram pós-
processadas com a finalidade de atingir precisão sub-métrica. Assim, pode-se estabelecer de
forma correta o nível d’água e a profundidade dos piezômetros e poços cadastrados em
relação à superfície do terreno, adequando esses dados à elaboração do mapa potenciométrico.
Figura 17 – Nivelamento dos piezômetros e poços cadastrados.
4.5– AMOSTRAGEM DE ÁGUA SUBTERRÂNEA
Buscando caracterizar os parâmetros físico-químicos das águas subterrâneas da área
estudada foi realizado, junto às campanhas de monitoramento de níveis d’água, o
monitoramento mensal da temperatura, pH e condutividade elétrica das águas dos
piezômetros e poços cadastrados na bacia do rio Macaé (figura 18).
55
Figura 18 – Medida in situ dos parâmetros temperatura, pH e condutividade elétrica em piezômetro instalado.
Esse monitoramento iniciou-se no mês de agosto e novembro de 2004, e teve
continuidade com o acompanhamento mensal de janeiro a junho de 2005, mais os meses de
agosto e dezembro de 2005, para os piezômetros instalados. Já os poços cadastrados foram
monitorados de março a junho de 2005, mais os meses de agosto e dezembro de 2005,
acompanhando o período de monitoramento dos piezômetros instalados.
A falta de continuidade nos meses monitorados se deu por problemas operacionais e de
logística (falta de veículo e verba para realização do campo), assim como por problemas de
deslocamento até os poços em eventos de chuva forte, que tornavam o acesso a estes
impossível, como o ocorrido nos meses de julho de 2004 e outubro de 2005. As planilhas
referentes ao monitoramento dos poços se encontram no Anexo 1.
Devido a alguns detalhes operacionais tais como disponibilidade de transporte adequado
à execução do trabalho, condições de deslocamento e acesso impossibilitados em alguns
poços em períodos chuvosos, entre outros, as medidas não foram efetuadas em alguns meses,
como a exemplo do mês de julho de 2005.
4.5.1 – Amostragem in situ e Medição de Parâmetros Físico-Químicos
pH: o monitoramento do parâmetro pH é uma forma de avaliar a concentração do íon
H
+
dissolvido nas águas subterrâneas, o que reflete a dinâmica natural entre os ácidos e as
bases. Em geral, esses valores de concentração se encontram entre 4 e 9, ocorrendo valores
extremos quando um dos dois se mostra dominante.
56
O pH das amostras de água foi obtido através do pH - Metro digital da marca
ANALION® modelo PM-602, com faixa de medição de 0 a 14 e precisão de ± 0,01. A
calibração do aparelho com as soluções-tampão de pH=4,01, pH=6,86 e pH=10,00 é
necessária antes de serem efetuadas as leituras. Não há necessidade de preparação da amostra
e a leitura pode ser feita diretamente na mesma.
Temperatura: o parâmetro temperatura das águas subterrâneas reflete a temperatura
média anual ou a temperatura da formação, no caso de uma circulação mais profunda. A
temperatura das águas tem que ser obtida o mais rápido possível após a retirada da amostra do
poço. As medidas de temperatura das águas dos poços coletadas em campo foram realizadas
com um termômetro digital da marca ALA®, graduado nas escalas Celsius e Fahrenheit com
faixa de medição de 1 a 112ºC.
Condutividade elétrica: a condutividade elétrica (CE) é uma medida indireta do total
de sólidos dissolvidos (TDS) de uma amostra de água. Ao medir-se a condutividade é
necessário fazer a compensação da temperatura visto que a condutividade da solução varia
com a temperatura. Para tal, estabeleceu-se a temperatura de referência de 25
o
C, conforme
normatização ASTM (ASTM D1125 – 95). As medições de condutividade elétrica in situ
foram obtidas com o aparelho digital da marca ANALION®, modelo C 702, com 3 escalas de
medições, precisão de cerca de 1% e ajuste automático de temperatura para faixas entre 0 e
80ºC com faixa de referência para 25ºC.
Faz-se necessário o ajuste do condutivímetro com uma solução padrão de 1,41 mS/cm
antes de serem realizadas as medidas. Não existe necessidade de preparação da amostra para a
realização da leitura dos valores, que é realizada diretamente na amostra.
4.6 – ANÁLISES QUÍMICAS
Para a caracterização hidroquímica das águas subterrâneas da bacia hidrográfica do rio
Macaé foram realizadas duas campanhas distintas de análise química desta água. A primeira
campanha contemplou os piezômetros instalados, e a segunda, realizada posteriormente
devido a aspectos operacionais, foi realizada para amostragem das águas dos poços
cadastrados na bacia.
57
4.6.1 – Primeira Campanha de Amostragem de Água – Análises Químicas Realizadas
apenas em Laboratório Externo
Na primeira campanha foram selecionados 22 piezômetros, referenciados no quadro 8,
distribuídos ao longo do principal depósito aluvionar da bacia do rio Macaé, com o objetivo
de determinar os parâmetros bacteriológicos e físico-químicos da água subterrânea. Em razão
da grande extensão de área a ser percorrida, a campanha foi realizada em três dias, entre 9 e
11 de novembro de 2004. A metodologia empregada na amostragem e acondicionamento das
amostras seguiu as normas técnicas preconizadas pela FEEMA e ABNT. As amostras foram
entregues ao final de cada dia a técnicos da empresa Hidroquímica Engenharia e Laboratórios,
para que fossem transportadas ao Rio de Janeiro e analisadas. Em razão da época em que foi
executada a amostragem, início da estação chuvosa, alguns poços foram encontrados em
condições de alagamento.
Quadro 8 – Piezômetros amostrados na primeira campanha de análise química da água subterrânea
Pz UTM N UTM E Cota (m) Profundidade (m)
1
7533705 203975 9 2,90
2
7532168 203381 11 3,20
3
7533701 205070 13 3,55
4
7534652 204933 14 3,28
6
7537560 196700 21 3,10
7
7537432 196979 20 2,92
12
7535110 195991 21 3,07
13
7536811 194146 20 3,60
15
7530751 194860 18 1,95
18
7538859 199494 20 1,69
25
7528012 192683 19 2,73
26
7534362 204159 16 3,00
27
7533515 202207 18 1,67
28
7531536 203708 8 3,20
29
7533327 204627 19 4,19
30
7536602 203725 18 3,35
33
7528332 194455 16 2,12
40
7532224 198249 13 3,04
41
7534815 206127 15 3,60
42
7534249 205945 12 3,57
44
7535386 196099 21 1,75
45
7537024 197072 21 1,15
A cada poço, utilizando-se bailer (amostrador), coletou-se em frascos plásticos duas
amostras de um litro cada, 1 litro para análise dos metais (Na, K, Ca, Mg, Mn e Fe) e 1 litro
58
para a análise de ânions (Cl
-
, F
-
, PO
4
-
, NO
3
-
e SO
4
-
), além de SiO
2
. Os frascos foram
identificadas com o número do poço, data e hora de amostragem. A preservação das amostras
de metais se deu por acidificação com HNO
3
no campo, logo após a coleta, para que o pH se
mantivesse abaixo de 2,0. Posteriormente, foram acondicionadas em recipiente refrigerado, e
enviadas ao laboratório para análise de sua composição química. Após cada amostragem o
equipamento era descontaminado com água destilada para que se pudesse amostrar outro
poço.
Como não foi possível obter uma medida direta de HCO
3
-
, ela foi calculada através do
valor de alcalinidade total, uma vez que tais valores podem ser considerados equivalentes em
águas onde o pH não ultrapasse o valor de 8,3, conforme observado nestas amostras.
No entanto, a alcalinidade total em laboratório foi calculada em razão de CaCO
3
e, para
considerar como alcalinidade em HCO
3
-
, foi necessário multiplicar os valores de alcalinidade
total em CaCO
3
por 1,22 (devido ao peso molecular e valência do HCO
3
-
e do CaCO
3
) para se
obter o valor correto de alcalinidade equivalente ao valor de HCO
3
-
.
Os parâmetros físico-químicos avaliados nas amostras coletadas, bem como a
metodologia de análise dos mesmos se encontra no quadro 9. Os laudos correspondentes
emitidos pela empresa Hidroquímica Engenharia Laboratórios Ltda. se encontram no Anexo 2
– Laudos Físico-Químicos e Bacteriológicos.
Como pode ser observado a partir no Anexo 2, além dos parâmetros de potabilidade,
físico-químicos e bacteriológicos, foram também analisadas as concentrações de nitritos,
nitratos e amônia, nutrientes estes relacionados à contaminação orgânica devido ao uso
predominantemente rural da área estudada. Os parâmetros físico-químicos analisados foram
os usuais neste tipo de estudo.
A análise química das águas do rio Macaé foi cedida pela Usina Termelétrica Norte
Fluminense para fins de comparação com a química das águas dos poços. O laudo das
análises realizada pela empresa Hidroquímica Engenharia Laboratórios Ltda encontra-se no
Anexo 2, junto aos laudos químicos das amostras de água dos piezômetros.
59
Quadro 9 – Parâmetros físico-químicos e metodologia de análise para a primeira campanha de amostragem de
água realizada nos piezômetros da bacia do rio Macaé.
Parâmetros Amostrados
Padrão
de
Qualidade
Unid. Método Limite de detecção
Óleos e Graxas (Solúveis em Éter) V.A - MF 412 V.A
Resíduo Filtrável Total - RFT 500 mg/L SM 2540 0,1
Condutividade - μmho.cm
-1
SM 2510 1
pH à 25 º C 6 A 9 - SM 4500 0,1
Temperatura - ºC SM 2550 0,1
Dureza Total em CaCO
3
- mg /L SM 2340 1
Cálcio em CaCO
3
- mg /L SM 3500B 1
Magnésio em CaCO
3
- mg/L SM 3500B 1
Ferro Total em Fe
+2+3
- mg/L SM 3500 0,1
Sódio Total em Na - mg/L SM 3500 0,1
Potássio Total em K - mg/L SM 3500B 0,1
Manganês Total em Mn 0,1 mg/L MF 464 0,1
Amônia em NH
3
0,02 mg/L SM 4500 0,02
Nitrogênio de Nitritos em N 1,0 mg/L SM 4500 0,01
Nitrogênio de Nitratos em N 10,0 mg/L SM 4500 0,01
Alcalinidade Total em CaCO
3
- mg/L SM 2320 1
Alcalinidade de Hidróxidos em CaCO
3
- mg/L SM 2320 -
Alcalinidade de Carbonatos em CaCO
3
- mg/L SM 2320 -
Alcalinidade de Bicarbonatos em CaCO
3
- mg/L SM 2320 1
Cloretos em Cl
-
250 mg/L SM 4500 1
Sulfatos em SO
4
250 mg/L MF 431 R1 1
Sílica Solúvel em SiO
2
- mg/L SM 4500C 0,1
Fosfatos em P 0,025 mg/L SM 4500C 0,025
Fluoretos em F
-
1,4 mg/L MF 410 0,2
* PADRÃO DE QUALIDADE: Classe 2 RESOLUÇÃO CONAMA 20 DE 18 DE JUNHO DE 1986
S.M. - Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater – 20
th
Edition - 1998
M.F. – Métodos FEEMA (Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente).
4.6.2 – Segunda Campanha de Amostragem de Água – Análises Químicas Realizadas em
Laboratório Externo e no Laboratório de Hidrogeologia da UFRJ
Na segunda campanha foram selecionados 14 poços cadastrados, distribuídos ao longo
do principal depósito aluvionar da bacia do rio Macaé, com o objetivo de determinar a
química da água subterrânea. Em razão da extensão de área a ser percorrida, a campanha foi
realizada em dois dias, entre 12 e 14 de dezembro de 2005. A metodologia empregada na
amostragem e acondicionamento das amostras seguiu as normas técnicas preconizadas pela
ABNT.
Durante a amostragem foram monitorados os parâmetros de temperatura, pH e
condutividade elétrica, conforme recomendado. A relação de poços amostrados se encontra no
quadro 10.
60
A cada poço, utilizando-se bailer, coletou-se em frascos plásticos duas amostras de um
litro cada, 1 litro para análise dos metais, além de NH
4
+
, e 1 litro para a análise de ânions (Cl
-
,
F
-
, PO
4
-
, NO
3
-
, e SO
4
-
). Os frascos foram identificadas com o número do poço, data e hora de
amostragem. A preservação das amostras de metais se deu por acidificação com HNO
3
no
campo, logo após a coleta, para que o pH se mantivesse abaixo de 2,0.
Posteriormente, foram acondicionadas em recipiente refrigerado, e parte delas enviadas
ao Laboratório de Análises Minerais – LAMIN (CPRM) para que fossem analisados os metais
presentes na água. Os parâmetros físico-químicos avaliados nas amostras coletadas, bem
como a metodologia de análise dos mesmos se encontra no quadro 11.
Quadro 10 – Poços cadastrados amostrados na segunda campanha de análise de água subterrânea na Bacia do
rio Macaé.
Ponto UTM N UTM E Tipo de Poço
BRM 12 7535434 211804 Cacimba
BRM 14 7535916 212259 Cacimba
BRM 15 7534253 211986 PTR
BRM 16 7533409 212003 Cacimba
BRM 19 7525931 211207 Cacimba
BRM 20 7526311 211470 Cacimba
BRM 23 7527210 210150 PTR
BRM 26 7528191 210220 Cacimba
BRM 29 7526504 210305 PTR
BRM 32 7531885 210833 Cacimba
BRM 33 7530777 209651 PTR
BRM 34 7531723 208582 PTR
BRM 39 7530867 213253 Cacimba
BRM 44 7530168 214578 Cacimba
Quadro 11 – Parâmetros físico-químicos e metodologia de análise para a campanha de amostragem de água
realizada nos poços cadastrados na bacia do rio Macaé.
Elementos Unidade Limite Método
Al mg/L 0,1 ICP-OES
Ca mg/L 0,01 ICP-OES
Fe mg/L 0,004 ICP-OES
Mg mg/L 0,01 ICP-OES
Mn mg/L 0,001 ICP-OES
Si mg/L 0,01 ICP-OES
Na mg/L 0,1 AA
K mg/L 0,1 AA
AA – Espectrofotometria de absorção atômica.
ICP-OES – Espectrometria de Emissão Óptica em Plasma com Acoplamento Indutivo.
61
Como não foi possível obter uma medida direta de HCO
3
-
, ela foi calculada através do
valor de alcalinidade total, uma vez que tais valores podem ser considerados equivalentes em
águas onde o pH não ultrapasse o valor de 8,3, conforme observado nestas amostras. A
alcalinidade expressa em CaCO
3
foi obtida através do Titulador Digital Modelo 16900 do
fabricante HACH com o range de 10 a 4000 mg/l (Método Fenolftaleína).
A análise de ânions foi feita no laboratório experimental de hidrogeologia da UFRJ,
através de Kits fotométricos para os parâmetros Cl
-
, F
-
, PO
4
-
, NO
3
-
, e SO
4
-
,
além de NH
4
+
,
com
o Fotômetro modelo V-2000 do fabricante CHEMetrics, Inc (figura 19). O equipamento
possibilita ao usuário cerca de 50 análises de água pré – programados para uso em conjunto
com as ampolas Vacu-Vials, que são ampolas de Preenchimento Automático para Análises
Fotométricas. Para estes métodos pré-programados o aparelho fornece leitura direta dos
resultados de teste na unidade de medida programada (por exemplo, ppm). A metodologia de
análise para cada parâmetro é a seguir descrita e têm seus ranges sintetizados no quadro 12.
Figura 19 – Uso do aparelho fotômetro para determinação de ânions das amostras de água dos poços
cadastrados no laboratório experimental de hidrogeologia da UFRJ.
Sulfato - O teste emprega o método turbitimétrico. O íon sulfato reage com o cloreto de
bário em meio acidificado para formar uma suspensão de sulfato de bário com cristais de
tamanho uniforme. A turbidez resultante é proporcional à concentração de sulfato na amostra.
Os resultados são expressos em ppm(mg/L) de SO
4
2-
.
62
Fluoreto - O método de teste do fluoreto é baseado na reação entre o fluoreto e um
pigmento vermelho-zircônio. A perda de cor resultante da reação do fluoreto com o pigmento
é proporcional à concentração de fluoreto. Os resultados são expressos em ppm (mg/l) F
-
.
Amônia - O método empregado utiliza a “nesslerização” direta em solução fortemente
alcalina, onde a amônia reage com o reagente Nessler (K
2
HgI
4
) para produzir um complexo
amarelado com intensidade de cor em proporção direta com a concentração de amônia. Os
resultados são expressos em ppm (mg/l) NH
3
– N.
Fosfato - O método de teste emprega a química do ácido molibdovanadofosfórico. Em
solução acidificada o orto-fosfato reage com o molibdato de amônia e o vanadato de amônia
para produzir um complexo de cor amarela cuja intensidade de cor está em proporção direta
com a concentração de fosfato. Resultados obtidos em ppm.
Nitrato - O teste emprega o método da redução do cádmio. O nitrato é reduzido ao
nitrito na presença do cádmio. Em solução acidificada, o nitrato reage com uma amina
aromática primária produzindo uma tintura altamente colorida. A coloração rosa-alaranjada
resultante é proporcional à concentração do nitrato. Os resultados são obtidos em ppm.
Cloreto - O método do teste emprega a química do tiocianato férrico. O cloreto reage
com o tiocianato de mercúrio para liberar o íon do tiocianato. O íon férrico reage com o íon
do tiocianato para produzir um complexo marrom-alaranjado do tiocianato, proporcional à
concentração do cloreto.Os resultados são expressos em ppm.
Quadro 12 – Síntese dos métodos utilizados para análises com kits fotométricos.
Parâmetro Comprimento de Onda (nm) Range(ppm) Método
Amônia
420 0,50-7,00 Nesslerização Direta
Fluoreto
580 0,30-2,00 SPANDS
Fosfato
420 5,0-40,0 Ácido molibdovanadofosfórico
Sulfato
420 8,0-100,0 Turbidimétrico
Nitrato
520 0,20-1,50 Redução de Cádmio
Cloreto
420 2,5-40,0 Tiocianato Férrico
63
4.7 – PROCESSAMENTO HIDROGEOQUÍMICO: CARACTERIZAÇÃO E MODELAGEM
Na modelagem hidrogeoquímica foi realizada a caracterização termodinâmica com a
especiação química das amostras de água subterrânea e obtenção dos índices de saturação dos
minerais em solução. Além disso, elaborou-se um modelo de simulação para intrusão de
cunha salina nos poços locados mais proximamente à porção litorânea da área de estudo e
também uma avaliação da evolução química das águas do aqüífero aluvial raso.
Para a realização dos cálculos de especiação, solubilidade e a modelagem utilizou-se o
programa PHREEQC 2.12.5 (Parkhurst e Appelo, 2005). Com os resultados, foi possível
levantar algumas hipóteses do comportamento e funcionamento hidrogeoquímico das águas
subterrâneas. Os resultados desses cálculos se dão em função não apenas dos constituintes da
amostra, mas também do banco de dados do próprio programa. Optou-se por tratar
separadamente cada tipo de poço (piezômetros, poços cacimba e poços tubulares rasos)
devido as suas diferenças construtivas, de profundidade e de localização, usando-se amostras
representativas de cada tipo de ponto de água, levando em conta os índices químicos e
termodinâmicos (concentração de constituintes e índices de saturação). Posteriormente,
tentou-se integrar os resultados de toda a bacia, com litologias e tipos hidroquímicos
diferenciados.
Os valores de distribuição das espécies foram calculados pelo mesmo programa e
tiveram seus valores transformados para porcentagens com o intuito de facilitar as análises de
distribuição das espécies. Os 3 tipos de poços presentes na área – piezômetros (poços rasos),
cacimbas (poços rasos) e poços tubulares rasos (mais profundos) - localizam-se próximos uns
dos outros e apresentaram uma distribuição de espécies muito similar. As espécies das águas
dos poços rasos e dos poços profundos sugerem conexão entre as águas desses aqüíferos. Em
seguida foi realizada uma análise da distribuição das espécies calculadas nas substâncias de
maior interesse.
Seguiu-se a elaboração de um modelo hidrogeoquímico para a área de estudo, que teve
por finalidade simular a composição de uma mescla ideal de água do mar (solução 1) com a
água dos piezômetros (solução 2) e compará-la a água dos poços cadastrados que apresentam
indícios de salinização pela água do mar através do rio Macaé – módulo MIX do PHREEQC.
Para a determinação da proporção de cada solução na mescla foram utilizados os dados
originais da composição química do mar (solução 1) e a média dos valores das análises
64
químicas obtidos para todos os piezômetros, na simulação da solução 2. Para a comparação
com a mescla simulada foram escolhidos um poço do tipo cacimba e um poço tubular raso,
que melhor representassem a média do caráter químico de cada um desses grupos de poços.
Também se realizou outro tipo de modelagem na qual buscou-se obter a
compatibilidade termodinâmica entre as águas do rio Macaé e as águas a jusante da área de
estudo no aluvião, que seriam diluídas pela água do rio, com o módulo INVERSE do
PHREEQC. A solução 1 representou a química das águas do rio Macaé e a solução 2 a
composição do poço cadastrado mais representativo. O estudo da interação entre estes
extremos levou em conta a hipótese de que as águas do rio são resultantes do eflúvio do
aqüífero e que o rio, por sua vez, transborda e alimenta o aqüífero raso.
65
5 – RESULTADOS E DISCUSSÕES
5.1 – GEOQUÍMICA DA ÁGUA SUBTERRÂNEA
A caracterização das águas subterrâneas do baixo curso do rio Macaé permitiu definir as
fácies geoquímicas bem como os processos reinantes que determinam a situação
hidrogeológica local, com seus condicionantes e particularidades.
Um modelo hidrogeoquímico foi elaborado com base na caracterização geoquímica
básica, a partir de pressupostos razoáveis do funcionamento hidrogeológico dos aqüíferos
aluvionares e circunvizinhos do baixo curso do rio Macaé. Os resultados são apresentados a
seguir.
5.1.1 – pH, Temperatura e Condutividade Elétrica Medidos em Campo
Durante os procedimentos de amostragem de água subterrânea foram monitorados em
campo os parâmetros pH, temperatura e condutividade elétrica. Os valores médios dos
parâmetros monitorados são apresentados no quadro 13, a seguir, os quais forneceram
informações relevantes a respeito das características físico-químicas das águas subterrâneas
na área de estudo.
O valor médio de pH encontrado para as águas subterrâneas da bacia hidrográfica do rio
Macaé foi de 5,76. Os valores de pH para os piezômetros variam entre 5,03 (Pz 33) e 6,44 (Pz
02), e para os poços cadastrados entre 3,93 no poço CAC 39, e 7,21 no poço CAC 20. Esses
valores são um pouco mais ácidos do que era inicialmente esperado, mas uma análise
detalhada da situação indica que os aqüíferos locais são rasos, situados em zona originalmente
brejosa, rica em matéria orgânica, o que pode explicar tais valores.
A temperatura das águas subterrâneas reflete a temperatura média anual ou a
temperatura da formação, no caso de uma circulação mais profunda. Uma temperatura que se
mostra mais constante ao longo do ano representaria uma água com circulação mais lenta e
mais profunda, enquanto que uma variação significativa da temperatura ao longo do ano pode
representar uma água jovem, com pequeno tempo de residência e provavelmente mais
vulnerável à contaminação.
66
Quadro 13 – Valores médios dos parâmetros físico-químicos monitorados nas águas subterrânea da Bacia do
rio Macaé.
Parâmetros físico-químicos das águas subterrâneas da Bacia do rio Macaé
Poço UTM N UTM E T (ºC) pH CE (mS/cm)
Pz 01 7533705 203975 24.4 5.99 0.5
Pz 02 7532168 203381 25.1 6.44 0.36
Pz 03 7533701 205070 24.3 5.19 0.28
Pz 04 7534652 204933 25.2 5.43 0.13
Pz 06 7537560 196700 25.0 5.93 0.15
Pz 07 7537432 196979 24.2 5.96 0.15
Pz 12 7535110 195991 25.1 5.28 0.28
Pz 13 7536811 194146 24.9 6.31 0.13
Pz 14 7532565 200872 24.6 5.69 0.19
Pz 15 7530751 194860 24.3 5.87 0.12
Pz 18 7538859 199494 24.8 5.82 0.23
Pz 25 7528012 192683 24.7 5.87 0.44
Pz 26 7534362 204159 25.2 6.18 0.17
Pz 27 7533515 202207 25.7 5.56 0.19
Pz 28 7531536 203708 24.6 5.84 0.42
Pz 29 7533327 204627 25.2 6.41 0.61
Pz 30 7536602 203725 24.4 6.38 0.19
Pz 33 7528332 194455 24.9 5.03 0.25
Pz 40 7532224 198249 26.2 5.53 0.29
Pz 41 7534815 206127 25.7 6.15 0.17
Pz 42 7534249 205945 24.5 6.22 1.1
Pz 44 7535386 196099 23.9 5.62 0.18
Pz 45 7537024 197072 24.1 5.51 0.13
CAC 12 7535434 211804 25.2 5.33 0.18
CAC 14 7535916 212259 25.5 4.95 0.14
PTR 15 7534253 211986 25.1 5.58 0.52
CAC 16 7533409 212003 23.8 5.61 0.18
CAC 19 7525931 211207 24.5 5.44 0.45
CAC 20 7526311 211470 24.7 7.21 0.59
PTR 23 7527210 210150 25.8 6.16 0.37
PTR 24 7527017 209916 24.4 5.75 0.23
PTR 25 7527602 210699 24.5 6.07 0.3
CAC 26 7528191 210220 25.6 5.24 0.39
PTR 27 7528325 209308 25.7 4.26 1.61
PTR 29 7526504 210305 25.6 4.60 0.16
CAC 32 7531885 210833 25 6.39 0.3
PTR 33 7530777 209651 25.3 6.58 0.59
PTR 34 7531723 208582 24.7 5.23 1.3
PTR 35 7532132 208494 24.4 6.68 0.83
PTR 38 7531302 212744 24.7 5.53 1.66
CAC 39 7530867 213253 24.4 3.93 0.91
PTR 43 7529498 210989 26.6 6.13 1.48
CAC 44 7530168 214578 25 6.96 0.76
O valor médio de temperatura para todas as águas subterrâneas locais é de 24,9
o
C. O
valor médio para as águas provenientes dos piezômetros é quase o mesmo, de 24,8
o
C,
alcançando a maior amplitude de grau geotérmico (6,1
o
C) no piezômetro Pz 13 com um
máximo de 28,5
o
C no mês de março 2005, e valor mínimo de 22,4
o
C em agosto de 2004 e
67
2005. A menor amplitude de variação para esses poços foi a de 1,2
o
C no Pz 7,
desconsiderando-se a variação de 0,6
o
C no Pz 40 devido a sua escassez de medidas. Já para os
poços cadastrados a maior amplitude de grau geotérmico foi de 3,7
o
C tanto para os poços
cacimba CAC 14 e CAC16, quanto para o poço tubular raso PTR 25, mostrando que não há
grandes diferenças de temperatura em relação a profundidade dos poços. A menor amplitude
de variação para esses poços foi a de 1,4
o
C no CAC 26 e 0,5
o
C no PTR 15, desconsiderando-
se a variação nula no PTR 35, devido à escassez de medidas.
Nota-se que, embora as diferenças entre os pontos extremos medidos sejam
consideráveis, não há um trend de variação definido, considerando-se a posição geográfica e,
sobretudo, a profundidade do local de medição. De acordo com as tabelas de parâmetros
físico-químicos monitorados em anexo (Anexo 1), pode-se observar para os poços
cadastrados que, tanto em pequenas profundidades como a mais de 12 m, a temperatura da
água subterrânea varia de 22°C a quase 29°C. Esse dado é pouco esclarecedor e pode indicar
o efeito de variações sazonais pela rápida circulação das águas, aliado a caminhos
preferenciais verticais que permitam uma rápida infiltração da água. Nota-se que a maioria
dos valores medidos estão acima da média anual da temperatura do ar na região, de cerca de
22°C, segundo os dados de Luz (2003). Isto poderia indicar uma insolação prévia à entrada da
água de recarga, indicativa de efeitos evaporativos.
O valor médio de condutividade elétrica observado para todas as águas subterrâneas
locais foi de 0,46 mS/cm. Os valores médios para os piezômetros variaram de 0,12 mS/cm no
PZ 15, a 1,1 mS/cm no PZ 42, que corresponderiam a águas de salinidade baixa a alta. Para os
poços cadastrados, foram observados valores de 0,14 mS/cm a 1,66 mS/cm, nos poços CAC
14 e PTR 38, respectivamente, que também corresponderiam a águas de salinidade baixa a
alta. No entanto a análise apenas dos resultados da condutividade elétrica, sem o parâmetro
STD (sólidos totais dissolvidos) pode induzir erros na avaliação da salinidade das águas. Os
valores mais altos encontrados para alguns dos poços cadastrados podem estar relacionados
também a sua locação em terrenos quaternários que compreendem coberturas aluvionares,
flúvio-lagunares e marinhas. Duas possibilidades podem ser aventadas para explicar a maior
salinidade e conseqüente aumento da condutividade elétrica em alguns dos poços (PTR 27,
PTR 38 e PTR 43; em menor escala o PTR 34, PTR 35 e Pz 42): 1) contato com os
sedimentos de origem marinha que, por razões de baixa permeabilidade e/ou presença de
zonas estagnadas, possam manter elevada salinidade em certos locais; 2) efeitos evaporativos
68
associados a águas superficiais empoçadas – eventualmente em cheias do próprio rio Macaé -
ou mesmo ação antrópica.
Com base nos valores obtidos em campo e laboratório, foi elaborado um mapa de
isovalores de condutividade elétrica (figura 20), utilizando o software Arcview 9 da ESRI,
onde observamos que as áreas mais condutivas são as mais próximas ao litoral da cidade de
Macaé e ao rio Macaé, a SE da área de estudo, o que poderia demonstrar um processo de
salinização das águas subterrâneas locais. Esta influência é diretamente observada nas épocas
de chuvas fortes, quando o rio Macaé transborda deixando inundada extensa área de sua
planície de inundação. O trabalho de Amaral (2003), onde são modelados os efeitos de
oscilação de maré na salinidade da foz e baixo curso do rio Macaé, apresenta perfis de
salinidade que mostram a relativamente pequena, porém ainda atuante, presença de cunha
salina no rio, mesmo em pontos próximos ao PTR 43. Esses resultados, porém, dificilmente
podem ser correlacionados com os valores encontrados nos piezômetros, que são bem
maiores.
Em contrapartida, as áreas de menor condutividade elétrica coincidem com áreas de
domínios colinosos, de acordo com o mapa de relevo de Luz (2003), que correspondem aos
altos topográficos definidos por Barbosa e Silva Jr. (2005) como locais onde a água
subterrânea sofre maior influência da água da chuva, e que funcionam como áreas de recarga
do aqüífero, com descarga direcionada aos canais principais dos rios São Pedro e Macaé.
69
Figura 20 – Mapa de condutividade elétrica para a área de estudo (valores em mS/cm). As linhas com cores mais escuras indicam uma maior condutividade. Na
porção sudeste do mapa destacam-se os maiores valores de condutividade coincidindo com a proximidade à linha de costa da cidade de Macaé.
70
5.1.2 – Caracterização Química
5.1.2.1 – Cálculo do Erro das Análises
Nos cálculos de eletroneutralidade para as amostras analisadas, foram obtidos erros
iônicos superiores a 10% em 7 das 22 amostras para os piezômetros, com 6 delas
apresentando concentrações de cátions maiores que as de ânions, conforme ilustrado na figura
21. Para os poços cadastrados foram obtidos erros iônicos superiores a 10% em 5 das 14
amostras analisadas, sendo que, 3 delas apresentaram as concentrações de cátions maiores que
as de ânions, conforme ilustrado na figura 22.
1
2
3
6
13
15
18
25
28
29
30
41
42
44
45
33
27
26
12
7
4
40
-40.0
-30.0
-20.0
-10.0
0.0
10.0
20.0
30.0
40.0
50.0
60.0
Eletroneutralidade (%)
Figura 21 – Distribuição dos valores de eletroneutralidade das amostras de água dos piezômetros analisadas no
laboratório Hidroquímica Engenharia e Laboratórios Ltda.
CAC 12
CAC 14
PTR 15
CAC 19
CAC 26
PTR 29
CAC 32
PTR 33
CAC 44
CAC 39
PTR 34
PTR 23
CAC 20
CAC 16
-40.0
-30.0
-20.0
-10.0
0.0
10.0
20.0
30.0
40.0
50.0
60.0
Eletroneutralidade (%)
Figura 22 – Distribuição dos valores de eletroneutralidade das amostras de água dos poços cadastrados
analisadas no LAMIN/CPRM e no Laboratório Experimental de Hidrogeologia da UFRJ.
71
A condutividade elétrica da água pode influenciar o erro analítico. Para condutividades
entre a 0,2 e 0,5 mS/cm, como as apresentadas pela maioria das amostras deste estudo,
Custódio e Llamas (1983) consideram aceitável um erro analítico de 8% a 10%. Appelo e
Postma (1993), sugerem a avaliação do erro analítico através da utilização do gráfico de
condutividade elétrica de campo versus o somatório de cátions e ânions (figuras 23 e 24).
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
0 250 500 750 1000 1250
CE (µS/cm)
Soma Cátions (meq/L)
0
2
4
6
8
10
12
14
0 250 500 750 1000 1250
CE (µS/cm)
Soma Ânions (meq/L)
Figura 23 – Gráficos das relações entre a condutividade elétrica de campo e o somatório de cátions e ânions em
meq/L para os piezômetros analisados. A reta ilustra a relação ideal de
cátions/anions (meq/L) = 0,009 x
condutividade elétrica (µS/cm).
72
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
0 100 200 300 400 500 600 700 800
CE (µS/cm)
Soma Cátions (meq/L)
0
1
2
3
4
5
6
7
8
0 100 200 300 400 500 600 700 800
CE (µS/cm)
Soma Ânions (meq/L)
Figura 24 – Gráficos das relações entre a condutividade elétrica de campo e o somatório de cátions e ânions em
meq/L para os poços cadastrados analisados. A reta ilustra a relação ideal de
cátions/anions (meq/L) = 0,009
x condutividade elétrica (µS/cm).
A reta no gráfico acima representa a relação ideal Σcátions/ânions (meq/L) = 0,009 x
condutividade elétrica (mS/cm). Nota-se que no gráfico Σânions vs. Condutividade Elétrica,
as amostras estão mais próximas desta reta da relação ideal, enquanto que, no gráfico Σcátions
vs. Condutividade Elétrica, as amostras estão bem mais dispersas, sobretudo nas amostras
referentes aos piezômetros. Isso indicaria que os maiores valores de erros analíticos estão
associados aos cátions, o que se pode dever à ocorrência de processos de precipitação de
metais durante o transporte ou armazenamento das amostras. Outra hipótese seria a
acidificação prévia à filtração, que solubilizaria material particulado, incluindo colódides.
73
5.1.2.2 – Classificação das Águas
O estudo e visualização dos resultados de análises químicas (Quadro 14) podem ser
simplificados com a utilização de gráficos e diagramas, como o Diagrama Triangular de
Piper, que serve para classificar e comparar os distintos grupos de água quanto aos íons
dominantes. No Diagrama de Piper das águas subterrâneas da bacia hidrográfica do rio Macaé
(piezômetros, poços cacimba e poços tubulares rasos), pode-se observar composição
hidroquímica distinta para os 3 conjuntos de poços analisados (figura 25).
A análise no Diagrama de Piper para os piezômetros mostra, de uma maneira geral, uma
tendência à fácies sulfatada magnesiana (piezômetros Pz 1, Pz 25, Pz 27 e Pz 28) a cálcica
(piezômetro Pz 3) ou bicarbonatada magnesiana (piezômetros Pz 2, Pz 12, Pz 15 e Pz 29). Os
piezômetros Pz 4, Pz 18, Pz 33, Pz 42 e Pz 45 possuem água do tipo sulfatada sem cátion
predominante. Nos piezômetros Pz 13, Pz 30 e Pz 44 as águas são do tipo bicarbonatada sem
ânion predominante.
Ocorrem alguns poços sem tipo hidroquímico predominante, como os piezômetros Pz 6,
Pz 26, Pz 40 e Pz 41, e um poço, o Pz 07, com água cloretada magnesiana.
A análise dos resultados do Diagrama de Piper para as águas dos poços cadastrados
(poços cacimba e poços tubulares rasos) mostra, de uma maneira geral, uma tendência à fácies
cloretada sódica (CAC 12, CAC 14, PTR 15, CAC 16, PTR 23 e CAC 39), sendo que no poço
CAC 19 a água é do tipo cloretada sem cátion predominante. Outra tendência é a fácies
bicarbonatada representada pela água bicarbonatada sódica no PTR 33 e cálcica no poço CAC
44, sendo a água do poço CAC 20 do tipo bicarbonatada sem cátion dominante.
As águas dos poços PTR 29 e PTR 34 podem ser classificadas, respectivamente, como
sulfatada sódica e sulfatada sem cátion predominante. Ocorrem alguns poços sem tipo
hidroquímico predominante, como os poços CAC 26 e CAC 32.
As águas do rio Macaé mostraram fácies hidroquímica mista, com uma pequena
tendência a um caráter mais magnesiano, assim como ocorre com os piezômetros.
74
Quadro 14 – Resultados das análises químicas nas águas subterrâneas dos poços da bacia do rio Macaé. Valores expressos em mg/L.
Poço Na
K
Mg Ca Mn Fe NH4 F Cl SO4 NO3 HCO3 P SIO2
PZ 1 11 3 90 70 10.4 33.5 7 0.2 12 160 0.01 34.16 0.1 15
PZ 2 14 3 40 50 0.38 20 5.6 0.2 25 10 0.01 61 0.21 13
PZ 3 10 3 10 30 0.57 0.82 0.1 0.2 10 40 0.07 24.4 0.025 6
PZ 4 15 1.4 8 4 0.1 0.55 0.1 0.2 10 30 0.01 7.32 0.025 1
PZ 6 15 10 10 20 0.31 0.1 0.26 0.2 25 30 0.11 12.2 0.05 6
PZ 7 10 1 20 10 0.1 9 0.02 0.2 250 250 10 36.6 1.4 0.025
PZ 12 8 5 10 10 0.1 2.1 0.1 0.2 10 1 0.1 30.5 0.15 4
PZ 13 10 5 10 10 0.1 1.7 0.19 0.2 2 1 0.01 48.8 0.11 4
PZ 15 6 1.3 16 8 0.1 0.69 1.2 1.4 5 10 0.62 24.4 0.025 5
PZ 18 10 6 4 6 5.3 15 0.19 0.2 5 50 0.01 36.6 0.025 2.2
PZ 25 10 10 40 30 0.19 1.45 0.1 0.2 8 60 2.18 39.04 0.06 5
PZ 26 6 0.7 10 30 0.66 1.6 0.47 0.2 9 20 0.01 36.6 0.025 1.3
PZ 27 8 2 30 20 0.25 0.2 1.4 0.2 5 60 0.03 4.88 0.025 6
PZ 28 10 3 60 20 0.34 8.6 0.1 0.2 6 80 0.01 36.6 0.07 12
PZ 29 8 4 100 150 0.87 1.69 3.7 0.2 15 120 0.03 207.4 0.07 15
PZ 30 20 3 10 20 0.1 1.1 0.1 0.2 10 20 0.01 48.8 0.05 12
PZ 33 30 9 20 50 1.15 0.1 0.1 0.2 8 80 0.01 0 0.025 6
PZ 40 12 6 30 40 0.53 2 4.6 0.2 19 25 0.1 43.92 0.04 8
PZ 41 10 2 30 10 0.1 6.8 0.1 1.4 10 23 0.01 36.6 0.09 3
PZ 42 50 20 60 100 1.43 30 0.45 0.2 60 250 0.01 73.2 0.025 8
PZ 44 10 1 10 20 0.1 1.29 0.1 0.2 2 10 0.2 36.6 0.05 4
PZ 45 10 1.1 10 10 0.1 2.31 0.1 0.2 3 30 0.01 14.64 0.06 6
CAC 12 25.9 5.3 4.29 3.86 0.003 0.102 0.2 0.1 36.9
13.2
4.5 13.054 0 8.1
CAC 14 10 2.2 1.79 3.36 0.018 0.07 0 0.1 15.3
5.3
1.5 9.15 0.065 3.2
PTR 15 57 5.5 16.8 11.1 0.062 0.06 0 0.1 129.6
6.1
0.5 15.494 0 22.8
CAC 16 16.2 3 2.99 4.21 0.017 0,003 0 0.1 19.8
8.1
0.5 16.958 0.163 5.4
CAC 19 31.4 23.6 10.11 16.47 0.131 0.065 0.2 0.1 69.3
24.6
9 13.664 0.62 5.5
CAC 20 24.1 9.7 10.86 40 0.004 0.022 0.2 0.1 25.2
59.6
3 138.104 0 8.3
PTR 23 35.4 5.3 6.4 5.48 0.002 0.006 0 0.3 45.9
10.5
1 48.19 0 41.5
CAC 26 16.3 14.5 4.58 12.34 0.093 6.864 1.6 0 38.7
62.6
2.5 43.188 7,076 8.5
PTR 29 11 8 1.97 3.69 0.078 0.55 0.7 0 16.2
26.5
1 2.44 1,304 4.2
CAC 32 18.5 7.3 1.18 0.42 10.94 28.07 0 0.2 25.2
18.1
11 48.678 0 7.3
PTR 33 51.4 9.6 13.99 12.76 0.228 0.074 0.1 0.4 45.9
6.7
5.5 125.416 0.783 27.6
PTR 34 28.5 8 13.51 16.71 1.581 0.198 0.3 0 21.6
108.2
1.5 7.808 1,728 4
CAC 39 133 9.9 17.84 35.32 1.576 0.134 0 0.1 141.3
33.4
22 0 0 3.9
CAC 44 36 7.1 7.61 120 0.005 0.011 1.5 0.2 42.3
55.9
14 242.78 0 5.9
75
Figura 25 – Diagrama de Piper ilustrando as composições químicas das águas do rio Macaé e das águas
subterrâneas da bacia.
O mapa dos tipos hidroquímicos, com os Diagramas de Stiff para as águas subterrâneas
da bacia hidrográfica do rio Macaé (figura 26) ilustra bem as diferenças de composição das
águas dos distintos tipos de captação. É nítido o caráter mais sulfatado das águas dos
piezômetros concentrados na parte central do aluvião do rio Macaé. Já os poços cadastrados
mostram em sua maioria composição mais cloretada, o que seria explicado pela proximidade
com a costa que causaria salinização destas águas.
Outra hipótese para a maior salinidade destas águas é que estas se encontram em
drenagens mais interiores e preservadas, que segundo Martin et. al. (1997) são áreas de
antigos pãntanos, ricas em sais e matéria orgânica, o que acarretaria no fenômeno de redução
de sulfato, explicando os baixos teores de sulfato nas águas destes poços.
Os parâmetros ferro total e manganês total para os piezômetros se encontraram acima
do limite estabelecido pelo CONAMA 357/05 para corpos hídricos de classe 1 (Anexo 2) em
vários piezômetros, como pode ser observado à partir da tabela de resultados das análises
76
químicas das águas subterrâneas (quadro 14) e do quadro 15. Como resumido no quadro 15,
apenas o piezômetro Pz 6 possui o teor de ferro total abaixo do limite. Quanto ao manganês
total, mais da metade dos piezômetros está acima do limite tolerável. Os altos teores destes
elementos são comuns neste tipo de ambiente geológico (depósitos aluvionares em regiões
tropicais).
Os resultados bacteriológicos mostraram a presença de coliformes fecais e totais acima
dos limites do CONAMA 357/05 para corpos hídricos Classe 1 (Anexo 2). Como observado
no quadro 15, os piezômetros Pz 3, Pz 29, Pz 40, Pz 42, Pz 44 e Pz 45 apresentaram
contaminação bacteriológica acima do permitido pelo CONAMA.
Quadro 15 – Parâmetros químicos e biológicos das águas dos piezômetros comparados aos limites
estabelecidos pelo CONAMA 357/05 para águas doces classe 1.
Parâmetros Colif. Totais Colif.Fecais Fe Total
Mn
Total
Limite
Classe 1
1000 em
100 ml
200 em
100 ml
0,30mg/l 0,10mg/l
Pz 1 11 2 33,50 10,40
Pz 2 30 7 20,00 0,38
Pz 3 2200 70 0,82 0,57
Pz 4 110 <2 0,55 < 0,1
Pz 6 <2 <2 < 0,1 0,31
Pz 7 <2 <2 9,00 0,10
Pz 12 220 <2 2,10 < 0,1
Pz 13 30 <2 1,70 < 0,1
Pz 15 700 <2 0,69 < 0,1
Pz 18 500 50 15,00 5,30
Pz 25 240 22 1,45 0,19
Pz 26 8 2 1,60 0,66
Pz 27 300 17 0,20 0,25
Pz 28 80 <2 8,60 < 0,1
Pz 29 600 500 1,69 0,87
Pz 30 300 14 1,10 < 0,1
Pz 33 110 23 0,10 1,15
Pz 40 1600 220 2,00 0,53
Pz 41 80 22 6,80 < 0,1
Pz 42 9000 500 30,00 1,43
Pz 44 1300 110 1,29 < 0,1
Pz 45 1600 30 2,31 < 0,1
Dentro do padrão
77
Figura 26 – Mapa dos tipos hidroquímicos das águas da Bacia Hidrográfica do rio Macaé.
78
Os outros parâmetros físico-químicos se encontram dentro dos padrões de qualidade.
Nota-se a ocorrência de valores altos de cloreto em alguns poços, mas estes resultados podem
estar influenciados pela grande quantidade de material em suspensão no interior dos mesmos.
O parâmetro manganês total para os poços cadastrados se encontra acima do limite do
Conselho Nacional de Meio Ambiente - CONAMA 357/05 (Anexo 2) em vários poços, como
pode ser observado no quadro 16. Os poços CAC 26 e CAC 32 possuem teor de ferro total
acima do limite. Quanto ao alumínio, mais da metade dos poços está acima do limite
tolerável. Os altos teores destes elementos são comuns neste tipo de ambiente geológico
(depósitos aluvionares).
Os valores de nitrato se encontram acima dos valores limites do CONAMA nos poços
tipo cacimba CAC 32, CAC 39 e CAC 44. O nitrato representa o estágio final da oxidação da
matéria orgânica e teores acima de 5 mg/L, como os encontrados nestes poços, podem ser
indicativos de contaminação da água subterrânea por atividade humana (esgotos, fossas
sépticas, depósitos de lixo, cemitérios, adubos nitrogenados, resíduos de animais etc.). Isso se
justificaria facilmente pelas precárias condições sanitárias de alguns destes poços instalados
junto à criação de animais, destacando que muitos deles sequer possui um sistema de
“vedação” eficiente, ficando exposto a qualquer tipo de detritos e sujeira (figura 27). Os
outros parâmetros físico-químicos se encontram dentro dos padrões de qualidade.
Quadro 16 – Parâmetros das águas dos poços cadastrados comparados aos limites estabelecidos pelo
CONAMA 357/05 para águas doces classe 1.
Parâmetros
Fe
2+
(mg/L)
Mn total
(mg/L)
NH
4
+
(mg/L)
NO
3
-
(mg/L)
F
-
(mg/L)
Al total
(mg/L)
Limite classe 1 0,30 0,10 3,7 (pH7,5) 10.00 1,40 0,10
CAC 12
0,102 0,003 0,2 4,5 0,1
0,2
CAC 14
0,07 0,018 0 1,5 0,1
0,3
PTR 15
0,06 0,062 0 0,5 0,1 <0,1
CAC 16
<0,004 0,017 0 0,5 0,1 <0,1
CAC 19
0,065
0,131 0,2 9 0,1 0,3
CAC 20
0,022 0,004 0,2 3 0,1 <0,1
PTR 23
0,006 0,002 0 1 0,3 <0,1
CAC 26
6,864 0,093 1,6 2,5 0 10,8
PTR 29
0,55 0,078 0,7 1 0
0,2
CAC 32
28,07 10,94 0 11 0,2 27,2
PTR 33
0,074
0,228 0,1 5,5 0,4 <0,1
PTR 34
0,198
1,581 0,3 1,5 0 0,3
CAC 39
0,134
1,576 0 22 0,1 6,6
CAC 44
0,011 0,005 1,5
14 0,2 <0,1
Valores acima do limite
79
Os Diagramas Logarítmicos de Schoeller (figura 28 e 29) mostram o comportamento
hidrogeoquímico dos piezômetros e dos poços cadastrados, respectivamente. Nota-se nítida
diferença de comportamento para os 2 gráficos, ilustrando as diferenças de posicionamento
geográfico entre ambos. Para os piezômetros, a maior parte dos valores para os íons cloreto e
sódio se encontram entre 5 e 30 mg/L, enquanto que para os poços cadastrados esses valores
se concentram entre 10 e 100 mg/L, mostrando o caráter mais salino destas águas, justificado
por sua localização próxima ao litoral.
Figura 27 – Precariedade das condições sanitárias e de instalação de um poço-cacimba cadastrado, com
vedação ineficiente e por vezes livre acesso de animais ao poço.
No diagrama referente aos piezômetros a grande variação nas concentrações do íon
sulfato, sobretudo para os piezômetros Pz 12 e Pz 13, poderia ser explicada pelo fenômeno da
redução de sulfato. A importância da redução de sulfato em sistemas aqüíferos depende da
disponibilidade de matéria orgânica e do suprimento de sulfato e obedece à reação (Appelo e
Postma, 1993):
2CH
2
O + SO
4
-2
2HCO
3
-
+ H
2
S
Onde: CH
2
O, é usado para representar simplificadamente a matéria orgânica.
Nas áreas de planícies fluviais de Macaé, os solos são formados pela deposição de
sedimentos aluvionares, apresentando textura argilosa-orgânica. Aliado a isso, as lagoas de
Imboacica, Cabiúnas e Comprida seriam importantes fontes de carbono, onde uma
80
considerável parcela do carbono orgânico dissolvido (COD), acumulado no sedimento, seria
oriundo das restingas. Isso explicaria os teores de carbono orgânicos que facilitariam a
ocorrência do fenômeno de redução de sulfato.
Na figura 23, o Diagrama Logarítmico de Schoeller para os poços cadastrados revela
um comportamento bem mais homogêneo para todos íons, com exceção dos íons cálcio e
sulfato, destacando o poço CAC 32 com valores de cálcio bem abaixo da média. O poço
tubular raso PTR 34 possui valor muito elevado para o íon sulfato, o que poderia ser
explicado pelo uso de enxofre como insumo agrícola para correção de solos e adubo para
plantações, e também para recuperação de capim das pastagens, atividades desenvolvidas na
área onde este poço está locado.
Figura 28 – Diagrama logarítmico para o comportamento hidrogeoquímico dos piezômetros. Nota-se o
comportamento homogêneo para a maioria dos íons, com exceção do íon sulfato para os piezômetros Pz 12 e Pz
13 e o íon cloreto para o piezômetro Pz 7 de fácies cloretada.
81
Figura 29 – Diagrama logarítmico para o comportamento hidrogeoquímico dos poços cadastrados: grupo 1
poços cacimba e grupo 2 – poços tubulares rasos. Nota-se o comportamento bem mais homogêneo para todos
íons, com exceção do íon cálcio para o poço CAC 32 de fácies mista e caráter mais sódico.
5.1.2.3 – Razões Iônicas
Algumas das razões mais amplamente utilizadas em estudos hidrogeoquímicos são
bastante relevantes para este estudo, tais como as razões rMg
+2
/rCa
+2
, rK
+
/rNa
+
, rNa/rCl
-
e
rHCO
3
-
/rCl
-
, que nos reportam processos importantes na composição e dinâmica
hidrogeoquímica locais. No quadro 17 são ilustrados os valores destas razões encontradas
para os poços na área de estudo, em comparação aos valores reportados na literatura por
Schoeller (1955 e 1962), Custodio e Llamas (1983) e Hem (1985).
Para melhor análise destas relações, foi adotado o critério de localização geográfica que
separa os poços cadastrados (cacimbas e poços tubulares) dos piezômetros, devido à
proximidade dos poços cadastrados do litoral.
A média da razão
rMg
+2
/rCa
+2
para as águas dos piezômetros é de 1,89, mostrando que
estas águas têm relação com litotipos ricos em silicatos magnesianos, corroborando com a
classificação das fácies hidroquímicas, que apontou caráter nitidamente magnesiano para os
tipos sulfatados, bicarbonatados e cloretados.
A Unidade Italva apresenta corpos de mármore calcítico na sua composição, e estão
presentes na área da bacia hidrográfica do rio Macaé. Três dos poços que apresentaram os
82
valores mais altos para essa razão se encontram nesta unidade. O restante das amostras teria
relação com litotipos ricos em silicatos magnesianos, como biotita encontrada nos gnaisses
das Unidades Desengano, São Fidélis e Região dos Lagos, e da hornblenda encontrada nos
gnaisses da Unidade São Fidélis.
Os poços cadastrados obtiveram razão
rMg
+2
/rCa
+2
média de 1,28 e 1,69 para os poços
cacimba e os poços tubulares rasos respectivamente, mostrando a mesma relação com
litotipos ricos em silicatos magnesianos, que seriam provenientes dos gnaisses com biotita das
Unidades Região dos Lagos e São Fidélis, tendo os últimos, também, hornblenda em sua
composição.
Porém, se estiver ocorrendo precipitação de CaCO
3
, a razão aumenta sem que isso
indique de fato que tipo de terreno foi atravessado. O aumento da razão talvez ocorra devido
aos processos de troca iônica que produzem abrandamento da água, pelo fato do Ca
+2
fixar-se
mais que o Mg
+2
.
Os valores de 0,20, 0,22 e 0,17 da razão
rK
+
/rNa
+
para piezômetros, cacimbas e poços
tubulares rasos caracterizam estas águas como doce, não demonstrando diferenças
significativas para qualquer grupo de poços.
A razão
rCl
-
/rNa
+
mostra diferença de quantidade do denominador em relação ao
numerador. As rochas ígneas não liberam cloreto, fato que justificaria os valores dessa razão
para os piezômetros (2,51), cacimbas (1,12) e poços tubulares rasos (1,12), apontando para
águas que circulam em rochas cristalinas.
A figura 30 ilustra a relação iônica
rCl
-
/rNa
+
para os poços cadastrados. A maioria dos
poços cadastrados, assim como ocorre com os piezômetros, encontra-se acima do trend
assumido pela razão molar
rCl
-
/rNa
+
da água do mar (rNa = 0,87 x rCl). Isto indica que a
relação
rCl
-
/rNa
+
é menor nas águas da área estudada que na água do mar, indicando um
enriquecimento relativo em sódio.
83
Quadro 17: Razões Iônicas para as águas da bacia hidrográfica do rio Macaé
Médias
Razão Iônica
Variações
Teóricas
Significado
Piezômetros CAC PTR
0,25-0,33
-água de circulação em rocha com composição
granítica
0,33-1,5
-águas continentais
>0,9
-contato com água do mar ou fluxo através de
rocha básica
possível influência de terrenos dolomíticos
>1
-relações com litotipos ricos em silicatos
magnesianos
rMg
+2
/rCa
+2
±5
-água do mar
1,89 1,28
1,69
0,02-0,025
-água do mar
0,09-0,6
-água de circulação em rocha com composição
granítica
rK
+
/rNa
+
0,004-0,28 - “água doce”
0,20
0,22 0,17
= 0,876
-água do mar
substituição de Na
+
por Ca
+2
e Mg
+2
<0,876 -precipitação de sais de Na
+
rNa
-
/rCl
+
>0,876
-fluxo através de rochas cristalinas ou
vulcânicas
2,51
1,12 1,34
0,5
-fluxo normal para rochas cristalinas
0,1-5
-águas continentais
rCl
-
/rHCO
3
-
233 -água do mar
1,30 2,39 6.57
84
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
1.2
1.4
1.6
1.8
2
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2
rCl (meq/L)
rNa (meq/L)
Figura 30 – Relação iônica rCl
-
/rNa
+
para os poços cadastrados. A linha vermelha tracejada indica a relação
iônica rCl
-
/rNa
+
da água do mar.
A relação iônica rCl
-
/rHCO
-
3
para os piezômetros, ilustrada na figura 31, mostra que
essas águas têm composição de caráter continental uma vez que se encontram abaixo do trend
das águas continentais (trend inferior). Para os poços cadastrados, a relação iônica rCl
-
/rHCO
-
3
, ilustrada na figura 32, mostra que essas águas têm composição continental à intermediária
entre as águas continentais (trend inferior) e a água do mar (trend tracejado superior), muito
embora a média de 3,38 nos indique caráter unicamente continental para estas águas.
0
0.5
1
1.5
2
2.5
3
3.5
4
0 0.25 0.5 0.75 1 1.25 1.5
rHCO3 (meq/L)
rCl (meq/L)
Figura 31 – Relação iônica rCl
-
/rHCO
3
-
para os piezômetros. A linha vermelha tracejada superior indica a
relação iônica rCl
-
/rHCO
3
-
média da água do mar. A linha vermelha inferior indica a relação iônica rCl
-
/r
HCO
3
-
média das águas continentais.
85
0
0.5
1
1.5
2
2.5
3
3.5
4
0 0.25 0.5 0.75 1 1.25 1.5 1.75 2 2.25 2.5
rHCO3 (meq/L)
rCl (meq/L)
Figura 32 – Relação iônica rCl
-
/rHCO
3
-
para os poços cadastrados. A linha vermelha tracejada superior indica
a relação iônica rCl
-
/rHCO
3
-
média da água do mar. A linha vermelha inferior indica a relação iônica
rCl
-
/rHCO
3
-
média das águas continentais.
5.2 – MODELAGEM HIDROGEOQUÍMICA
5.2.1 – Distribuição das Espécies Químicas na Bacia Hidrográfica do rio Macaé
A especiação é a distribuição de espécies aquosas no equilíbrio entre íons livres, pares
de íons e complexos iônicos (parte integrante da distribuição de fases, transferência de massa,
e cálculo de caminho da reação). A especiação significa, portanto a forma química do
elemento (por exemplo, o estado de oxidação de um metal, se ele está complexado ou livre).
É, portanto, de grande importância na tentativa de compreensão dos processos que ocorrem
nos sistemas hidrogeológicos e que resultam nas águas observadas.
Obviamente, a especiação realizada com o modelo geoquímico está condicionada pela
base termodinâmica e algoritmo empregado no modelo, no caso o PHREEQC, bem como pela
qualidade da análise química utilizada, o que faz com que seus resultados sejam hipóteses que
muitas vezes não representam fielmente a realidade.
Portanto, a discussão sobre a especiação dos componentes maiores nos piezômetros e
poços cadastrados (poços cacimba e poços tubulares rasos) será realizada de maneira sucinta
pela similaridade nos resultados, embora algumas espécies demonstrem diferentes
percentagens para cada um dos grupos individualizados.
86
Para os piezômetros, as espécies presentes em maior quantidade são compostas pelos
íons fundamentais: carbono, magnésio, cálcio, cloreto, sulfato, sódio, potássio e silício. O
nitrato, íon secundário, também aparece nesses poços, embora dentro dos limites
estabelecidos pelo CONAMA para águas de Classe 1. O ferro e o manganês aparecem num
percentual pequeno, como normalmente acontece, por se tratar de elementos secundários e
traços. Entretanto, em muitas amostras, eles ultrapassaram o limite estabelecido pelo
CONAMA 357/05.
Para os poços cadastrados (CAC e PTR), as espécies presentes em maior quantidade são
compostas pelos íons fundamentais: carbono, sódio, cloreto, cálcio, magnésio, sulfato,
potássio e silício. O nitrato, íon secundário, também aparece nesses poços devido ao elevado
teor que apresentam nos poços do tipo cacimba, muitas vezes acima dos limites estabelecidos
pelo CONAMA. O alumínio, o ferro e o manganês, embora apareçam num percentual
pequeno para estes poços ultrapassaram, em muitos poços, o limite estabelecido pelo
CONAMA.
5.2.2 – Índices de Saturação dos Pontos de Água da Bacia Hidrográfica do rio Macaé
O índice de saturação de cada fase mineral foi calculado pelo programa PHREEQC, e
está exposto no Anexo 3. A análise do índice de saturação se deu, então, a partir dos cálculos
gerados pelo programa, permitindo formular hipóteses sobre o comportamento
hidrogeoquímico das rochas da região onde está inserida a área de estudo.
Devido ao elevado número de amostras analisadas, para os piezômetros eles foram
divididos em 2 grupos: grupo 1 – poços locados nos sedimentos quaternários do aluvião; e
grupo 2 – poços locados no solo residual do embasamento cristalino.
Minerais carbonáticos
Para os grupos dos piezômetros, todos os minerais carbonáticos se encontram
subsaturados em solução (IS<0), exceto para os poços Pz 2 e Pz 42, onde observamos uma
pequena saturação no mineral siderita. Há uma tendência dos minerais no poço Pz 29 estarem
menos subsaturados, como mostrado na figura 33.
87
Nos poços cadastrados (cacimbas e poços tubulares rasos) todos os minerais
carbonáticos se encontram subsaturados em solução (IS<0), exceto para o poço CAC 39 onde
não foram detectados minerais carbonáticos. Há uma tendência dos minerais nos poços PTR
33, CAC 20 e CAC 44 estarem menos subsaturados e, neste último poço, a calcita se encontra
em equilíbrio como mostrado na figura 34.
-8.00
-7.00
-6.00
-5.00
-4.00
-3.00
-2.00
-1.00
0.00
1.00
PZ-01 PZ-02 PZ-03 PZ-15 PZ-25 PZ-27 PZ-28 PZ-29 PZ-33 PZ-40 PZ-42
Indice de Saturação
Aragonita
Calcita
Dolomita
Rodocrosita
Siderita
Figura 33: Índice de saturação de minerais carbonáticos para os piezômetros do grupo 2. Nota-se que o
mineral siderita encontra-se saturado nos poços Pz 2 e Pz 42.
-12.00
-10.00
-8.00
-6.00
-4.00
-2.00
0.00
2.00
CAC-12 CAC-14 CA C-16 CAC-19 CA C-20 CA C-39 CAC-44 PTR-15 PTR-23 PTR-29 PTR-33 PTR-34
Indice de Saturação
Aragonita
Calcita
Dolomita
Rodocrosita
Siderita
Figura 34: Índice de saturação de minerais carbonáticos para os poços cadastrados.
Minerais sulfatados
Para os grupos 1 e 2 dos piezômetros, os minerais sulfatados se encontram também
subsaturados, como é apresentado na figura 35. Para os poços cadastrados, todos minerais se
encontram também subsaturados, exceto o mineral barita que se encontra saturado em alguns
poços, conforme apresentado na figura 36.
88
-4.00
-3.50
-3.00
-2.50
-2.00
-1.50
-1.00
-0.50
0.00
PZ - 01 PZ - 02 PZ - 03 PZ - 15 PZ - 25 PZ - 27 PZ - 28 PZ - 29 PZ - 33 PZ - 40 PZ - 42
Indice de Saturação
Anidrita
Gesso
Figura 35: Índice de saturação de minerais sulfatados para os piezômetros do grupo 1.
-5.00
-4.00
-3.00
-2.00
-1.00
0.00
1.00
CAC-12 CAC-14 CA C-16 CA C-19 CAC-20 CAC-39 CA C-44 PTR-15 PTR-23 PTR-29 PTR-33 PTR-34
Indice de Saturação
Anidrita
Barita
Celestita
Gesso
Figura 36:
Índice de saturação de minerais sulfatados para os poços cadastrados.
Minerais de Ferro
Os 3 tipos de pontos de captação de água (Pz, CAC e PTR) se encontram supersaturados
para os minerais goetita, hematita, magnetita e Fe(OH)
2
, conforme ilustrado na figura 37, para
os poços cadastrados. Para os piezômetros do grupo 1, os poços cacimba e os poços tubulares
rasos, o Fe(OH)
3
amorfo e a siderita apresentam índices de saturações muito próximos,
estando subsaturados. O Fe(OH)
3
amorfo se mostra estável para os piezômetros do grupo 2, e
saturado no CAC 20. Verifica-se, quanto aos minerais de ferro, que as águas do aqüífero
encontram-se saturadas, o que é típico de águas que percolam materiais lateríticos resultantes
da alteração de materiais cristalinos, como é o caso de alguns poços da área de estudo.
89
-10.00
-5.00
0.00
5.00
10.00
15.00
20.00
CAC-12 CA C-14 CA C-16 CAC-19 CAC-20 CAC-39 CAC-44 PTR-15 PTR-23 PTR-29 PTR-33 PTR-34
Indice de Saturação
Fe(OH)3(a)
Fe(OH)2.7C10.3
Goetita
Hematita
Magnetita
Siderita
Figura 37: Índice de saturação de minerais de ferro para os poços cadastrados, ilustrando a condição de
saturação dos minerais de ferro observada na maioria dos poços da área de estudo.
Minerais de Alumínio
Os piezômetros não tiveram o parâmetro alumínio analisado, de maneira que não foram
calculados os índices de saturação deste elemento nestes poços. Nos poços CAC 16, CAC 20,
CAC 44, PTR 15, PTR 23 e PTR 33, o alumínio apresentou concentração inferior ao limite de
detecção do método analítico. Nos poços cacimba, o Al(OH)
3
, a albita, anortita e a ilita
encontram-se subsaturadas nas águas subterrâneas. A gibsita, a mica potássica e a caulinita se
encontram supersaturadas em quase todos os poços. O CAC 39, a exemplo dos minerais de
ferro, está subsaturado em todos os minerais de alumínio. O poço PTR 29 apresentou
subsaturação para todos os outros minerais, com exceção do mineral caulinita. O poço PTR
34 encontra-se subsaturado nos minerais albita e anortita, alcançando equilíbrio com Al(OH)
3
amorfo.
5.2.3 – Discussão sobre os Resultados de Índices de Saturação e Cálculos de Especiação
Obtidos com o Programa PHREEQC
É possível observar a partir dos gráficos que, de uma forma geral, todos os pontos de
água observados apresentam semelhança nos índices de saturação, exceto para os minerais
sulfatados, em que os poços cacimba e tubulares rasos se assemelham na saturação dos
minerais anidrita, barita, celestita e gesso, mas mostram diferenças significativas em relação
aos piezômetros do grupo 1 e do grupo 2, que não apresentam os minerais barita e celestita na
composição de suas águas.
90
Quanto aos minerais carbonatados, os piezômetros, poços cacimba e poços tubulares
rasos mostram comportamento bastante semelhante, com subsaturação em todos os minerais
presentes (aragonita, calcita, dolomita, rodocrosita e siderita) para quase todos os poços, com
exceção do PZ 2, que se mostra saturado em siderita, e o CAC 44, que atingiu o equilíbrio
para a calcita. Os poços PZ 29, CAC 20, CAC 44 e PTR 23 se encontram menos subsaturados
em relação aos demais, no entanto não foi possível estabelecer nenhuma correlação entre eles
uma vez que não se encontram locados na mesma litologia, nem possuem profundidades
semelhantes, já que o PTR 23 é mais profundo que os demais.
Observou-se que para todos os poços a dolomita foi o mineral mais subsaturado. Em
verdade, quando o índice de saturação é muito negativo, o mineral pode na realidade nem
existir na solução na prática, sendo calculado pelo programa a partir dos dados
termodinâmicos de sua base de dados, como um resultado residual das interações
matemáticas. Desse modo, deve-se interpretar os resultados buscando analisar com mais
detalhes os minerais que apresentam índices mais próximos do equilíbrio, pois são os que
compõem, segundo os cálculos do PHREEQC, efetivamente o equilíbrio da solução.
Para os minerais sulfatados há semelhanças entre os poços cacimba e tubulares rasos
(poços cadastrados) que se encontram mais próximos entre si e geograficamente perto do
litoral. Estes se apresentam subsaturados para todos os minerais, com exceção do mineral
barita, que se encontra em situação de saturação nos poços CAC 12, CAC 19, PTR 23 e PTR
34. Os piezômetros Pz 12, Pz 13 e Pz 15 apresentam uma subsaturação da ordem de -3,5 a -5,
mostrando maior solubilidade que os demais piezômetros em relação ao sulfato.
Os minerais de ferro apresentam comportamento semelhante em todos os grupos de
poços, com elevada saturação em hematita e magnetita na maioria dos piezômetros e nos
poços cadastrados CAC 40, CAC 44, PTR 33 e PTR 34. Siderita e Fe(OH)
3
amorfo são
subsaturados em todos os poços. Destaca-se o poço CAC 39 que se encontra subsaturado para
todos os minerais.
O alumínio só foi analisado para os poços cacimba e tubulares rasos. Os minerais
gibsita, mica potássica e caulinita se encontram supersaturados para quase todos os poços,
com exceção do poço CAC 39 que, a exemplo dos minerais de ferro, também se encontra
subsaturado para todos os minerais de alumínio. Isto poderia indicar que a água deste poço
seria a de maior poder solvente entre os demais poços analisados.
91
Os poços CAC 12, CAC 19 e PTR 34 seriam os poços com águas de menor poder
dissolvente dentre todos os outros, uma vez que se encontram saturados para diversos
minerais.
Comparando os poços rasos (piezômetros e cacimbas) e os mais profundos (poços
tubulares rasos) do ponto de vista dos índices de saturação dos minerais, é possível constatar
que:
a calcita, ao contrário dos poços profundos, apresenta-se subsaturada (IS<0) para os
poços rasos. A calcita é um dos minerais mais comuns e disseminados pela crosta
terrestre. A aragonita também aparece no índice de saturação, sendo um mineral muito
menos comum que a calcita. A rodocrosita não é um mineral de ocorrência comum,
logo o fato de aparecer nos cálculos do PHREEQC não significa dizer que realmente
esteja presente na bacia. Porém, o manganês ultrapassou até mesmo o limite do
CONAMA 357/05, ou seja, a fonte do manganês pode ser a rodocrosita, que está
presente nos materiais geológicos regionais com certa freqüência;
os minerais de ferro apresentam tendência à precipitação, tanto nos poços rasos como
nos profundos. A hematita e a magnetita (óxidos de ferro) obtiveram índice de
saturação mais elevado em todos os poços, independente de suas profundidades. A
hematita e a magnetita podem ter sua fonte nos granitos presentes na região de estudo.
A goetita (óxido de ferro hidratado), mineral associado ao quartzo por alteração de
sulfetos como pirita, também aparece precipitada. Outro mineral que também apareceu
dentro dos óxidos de ferro, foi hidróxido de ferro amorfo, que está associado a alguns
minerais que ocorrem na calha do rio Macaé, como a magnetita e hornblenda;
quanto aos minerais sulfatados, a barita (sulfato de bário), que descontando o erro,
esteve próximo do equilíbrio nos poços cacimba e poços tubulares rasos, foi o único
que apresentou tendência à precipitação. Na descrição geológica da área, os minerais
sulfatados não são citados, mas diversas águas, principalmente as provenientes dos
piezômetros da parte central do aluvião, foram classificadas como sulfatadas. As
fontes de sulfato podem vir dos sedimentos quaternários ricos em matéria orgânica e
também, eventualmente, ocorrer através da presença de minerais acessórios;
os minerais de alumínio e alumino-silicatos, analisados apenas para os poços cacimba
e poços tubulares rasos, se apresentam com comportamentos semelhantes,
independentes da profundidade dos poços que tiveram suas águas analisadas. O
92
alumínio se apresenta nos poços CAC 12 e CAC 14, locados sob o solo residual da
Unidade São Fidélis; nos poços CAC 19 e PTR 29, instalados no solo residual das
rochas da Unidade Região dos Lagos; e nos poços CAC 39 e PTR 34, ambos nos
sedimentos quaternários do aluvião. As duas primeiras unidades são formadas por
gnaisses ricos em minerais que possuem alumínio em sua composição, como a
microclina, biotita, silimanita, almandina, hornblenda e minerais do grupo dos
plagioclásios. Nas Unidades de Sedimentos Quaternários (Q) o feldspato potássico se
encontra bem distribuído. Diversos minerais que aparecem nos gráficos de alumínio
não são citados na descrição da geologia da área, o que leva a crer, de acordo com os
dados do PHREEQC, que o mapeamento mais detalhado possa revelar a existência de
novos minerais ou também que haja necessidade de trabalhar com outro banco de
dados do programa, já que este é um importante fator limitador das inferências
geoquímicas.
A análise comparativa dos índices de saturação de acordo com a profundidade dos
poços indicou que a semelhança entre os poços se dá muito mais pelo posicionamento
geográfico (entre os poços e em relação ao litoral), do que pelas diferenças de profundidade
dessas águas.
Os índices de saturação das águas dos poços na bacia hidrográfica do rio Macaé
sugerem a ocorrência de águas subterrâneas com forte poder de dissolução, pouco
mineralizadas. Minerais de ferro apresentam-se saturados em solução, o que é esperado para
as condições da área em questão.
Os resultados indicam que a água subterrânea local é quimicamente jovem, não
equilibrada com as litologias que ocorrem na área, resultado esse esperado em função das
características geológicas e hidrogeológicas locais.
5.2.4 – Modelagem com o Programa PHREEQC
A proporção de cada solução na mescla foi obtida com base na concentração de cloretos
(íon conservativo), da composição hidroquímica média das águas do aqüífero. Determinadas
as proporções das soluções 1 (água do mar) e 2 (piezômetros), a solução resultante (MIX 1)
foi comparada à composição química média das águas dos poços cadastrados. Considerando
93
48,09 mg/L como a média do teor de Cl
-
nos poços cadastrados, 25.500 mg/L o teor de cloreto
nas águas do mar, e 23,14 mg/L o teor nos piezômetros, temos:
25.500(x) + 23,14(100-x) = 48,09
x = 0,1%
Portanto, a proporção da solução 1 (mar) na mescla é de 0,1% e da solução 2
(piezômetros), é de 99,9%. A solução resultante (MIX 1) foi comparada à composição
química das águas de um poço cacimba (CAC 12) e de um poço tubular raso (PTR 23) que
melhor representam a química de seu grupo de poços. Os resultados foram comparados
também com a química das águas do rio Macaé com o intuito de estabelecer possíveis
interações que influenciem o caráter químico das águas destes poços, pois ocorrem sucessivos
eventos de cheia do rio Macaé que provocam a inundação da planície aluvionar atingindo
muitos poços.
A figura 38 ilustra a comparação entre a química do MIX 1, das águas do rio Macaé e
dos poços cadastrados escolhidos para a simulação.
O resultados obtidos na modelagem hidrogeoquímica se mostraram semelhantes para as
os 2 grupos de poços cadastrados analisados (CAC e PTR), conforme observado na figura 38.
Nota-se, nos três gráficos, que a mescla MIX 1 não possui um bom ajuste à composição
química destas águas. A concentração de cálcio, magnésio, sulfato e bicarbonato é maior nas
águas simuladas que nas águas representantes do aqüífero, e a de sódio e cloreto é menor.
Ao comparar-se a composição das águas dos poços cadastrados com as águas do rio
Macaé nota-se um bom ajuste dos íons magnésio, cálcio, sulfato, e bicarbonato (para as águas
dos poços cadastrados) que de certa forma explicaria os teores tão distintos destes poços em
relação à mescla (MIX 1). As águas dos poços cadastrados (cacimbas e poços tubulares rasos)
podem estar sofrendo um processo de diluição pelas águas do rio Macaé nos períodos de cheia
do rio, que tornam os poços cadastrados menos enriquecidos destes íons em relação aos
piezômetros que compõem a mescla e que, em sua maioria, não estão tão expostos às
enchentes provocadas pela água da chuva e pela subida do nível do rio.
94
0
10
20
30
40
50
60
70
Mg Ca Na Cl SO4 HCO3
Concentração (mg/L)
MIX 1 CAC 12 PTR 23 Rio Macaé
Figura 38 – Diagrama comparando a composição média das águas dos poços cadastrados e do rio Macaé com
os resultados da simulação MIX 1.
Outra explicação para a menor concentração de SO
4
2-
nas águas dos poços estudados é a
possível ocorrência da redução de sulfato, identificada na caracterização química e que não
foi levada em conta na preparação da mescla.
O enriquecimento de Mg
2+
no MIX 1 pode se dever a uma contribuição importante de
minerais de magnésio encontrados nos solos residuais dos gnaisses das Unidades São Fidélis e
Desengano, sobre os quais muitos piezômetros estão instalados, e de minerais de argila de
composição magnesiana nos piezômetros instalados no aluvião.
O desvio do valor do íon HCO
3
-
para o poço tubular raso PTR 23 se mostra anômalo,
podendo ser fruto de um erro analítico, uma vez que a média de bicarbonato para esses poços
é de 18,5 mg/L, não refletindo a realidade química das águas dos poços tubulares rasos em
relação a este íon.
Os elevados teores de sódio e cloreto nas águas dos poços podem ser explicados pela
ação de aerossóis marinhos através do seu fallout (deposição seca) ou arrastados pela água da
chuva, uma vez que estes poços se encontram próximos à linha de costa onde há visível
influência marinha. Uma pequena contribuição para estes íons poderia ser originada a partir
da evaporação das águas do rio Macaé após os períodos de cheia que provocaria a
concentração destes íons.
Outra hipótese aventada para explicar os elevadores teores de cloreto seria a locação
destes poços em drenagens mais antigas e preservadas, em locais pantanosos que seriam ricos
95
em sais. Em menor escala, teríamos influência do sal usado para a alimentar o gado nestas
águas, uma vez que estas áreas possuem como principal atividade econômica a pecuária.
5.2.5 – Modelagem Inversa com o Programa PHREEQC
Para modelagem inversa do PHREEQC, foi adotada como solução 1 a água do rio
Macaé e como solução 2 o poço cadastrado CAC 12, que seria o mais representativo das
interações termodinâmicas buscadas. Neste modelo tentou-se simular o efeito evaporativo das
águas do rio Macaé em mistura com as águas do aqüífero após os períodos de cheia, que
resultaria no enriquecimento de alguns íons supra citados nas águas dos poços cadastrados,
sobretudo nas cacimbas, por sua menor profundidade.
Quatro modelos foram sugeridos pelo programa, no entanto nenhum deles foi
satisfatório quanto à simulação pretendida. O modelo com menor margem de erro (cerca de
13,8%) sugere a precipitação do íon sódio e a transferência das fases dolomita e halita.
A própria grande dificuldade em se encontrar modelos termodinamicamente viáveis
provê um insight sobre a fragilidade da hipótese inicial de trabalho. Provavelmente, efeitos
mais complexos e de mais difícil ordenamento e quantificação respondem pelas características
químicas apresentadas pelos aqüíferos rasos em contato com o rio Macaé. A importância dos
episódios de cheia nas características químicas do aqüífero raso parece, portanto, reduzida, o
que não é de surpreender dada a efemeridade e ocorrência esparsa, fugaz.
96
6 – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
A caracterização das águas subterrâneas do baixo curso do rio Macaé permitiu definir as
fácies geoquímicas bem como os processos reinantes que determinam a situação
hidrogeológica local, com seus condicionantes e particularidades.
O valor médio de pH encontrado para as águas subterrâneas da bacia hidrográfica do rio
Macaé (5,76) foi um pouco mais ácido do que inicialmente esperado, mas se mostra
condizente com a situação dos aqüíferos locais, que são rasos, e situados em zona
originalmente brejosa e rica em matéria orgânica.
O valor médio de temperatura para todas as águas subterrâneas locais é de 24,9
o
C. A
diferença de amplitude térmica semelhante para os poços cadastrados mostra que não há
grandes diferenças de temperatura em relação à profundidade dos poços. Embora haja
diferença entre os extremos de temperatura medidos, não há um trend de variação definido,
considerando-se a posição geográfica ou profundidade do local de medição. Isto poderia
indicar o efeito de variações sazonais pela rápida circulação das águas, aliado a caminhos
preferenciais verticais que permitam uma rápida infiltração da água. Os valores medidos
acima da média de temperatura para região seriam fruto de insolação prévia à entrada da água
de recarga, indicativa de efeitos evaporativos.
O valor médio de condutividade elétrica observado para todas as águas subterrâneas
locais foi de 0,46 mS/cm, o corresponderia a águas de salinidade baixa a alta. As áreas com
água subterrânea mais condutiva são as mais próximas ao litoral da cidade de Macaé e ao
baixo curso do rio, o que poderia demonstrar um processo de salinização das águas
subterrâneas locais. Os picos de condutividade elétrica e salinidade para alguns dos poços
cadastrados teriam sua explicação no contato com os sedimentos de origem marinha que, por
razões de baixa permeabilidade e/ou presença de zonas estagnadas, possam manter elevada
salinidade em certos locais; e aos efeitos evaporativos associados a águas superficiais
empoçadas – eventualmente em cheias do próprio rio Macaé - ou mesmo ação antrópica.
As áreas de menor condutividade elétrica são as de domínios colinosos, que
correspondem aos altos topográficos onde a água subterrânea sofre maior influência da água
da chuva, e que funcionam como áreas de recarga do aqüífero, com descarga direcionada aos
canais principais dos rios São Pedro e Macaé.
97
Os resultados de caracterização das fácies hidrogeoquímicas permitiu que fossem
definidas 3 fácies hidroquímicas principais, a saber: 1) fácies bicarbonatada, encontrada
predominantemente nas áreas de recarga do aqüífero; 2) fácies sulfata, predominante nos
poços localizados na área central do aluvião do rio Macaé; e 3) fácies cloretada, observada
nos poços mais próximos ao litoral, em drenagens mais interiores, em ambientes pantanosos e
ricos em sais e em matéria orgânica.
As águas dos piezômetros são, predominantemente, bicarbonatadas magnesianas e
sulfatadas magnesianas, e as águas dos poços cadastrados bicarbonatadas sódicas a cálcicas e
cloretadas sódicas, refletindo influência marinha nestas águas. Alguns parâmetros químicos
encontram-se em inconformidade com a regulamentação CONAMA 357/05 para todos os
poços, com destaque para o alumínio, ferro e manganês para corpos hídricos de classe 1. Os
altos teores de manganês e alumínio seriam comuns neste tipo de ambiente geológico
(depósitos aluvionares em regiões tropicais).
Os valores de nitrato acima dos limites estabelecidos pela resolução CONAMA 357/05
(Classe 1) nos poços tipo cacimba podem ser indicativos de contaminação da água
subterrânea por atividade humana (esgotos, fossas sépticas, depósitos de lixo, cemitérios,
adubos nitrogenados, resíduos de animais etc.), sobretudo pelas precárias condições sanitárias
de alguns destes poços.
Os Diagramas Logarítmicos de Schoeller ilustraram comportamento hidrogeoquímico
distinto para os piezômetros, e os poços cadastrados. Os valores mais altos dos íons cloreto e
sódio para os poços cadastrados mostram o caráter mais marinho destas águas, justificado por
sua localização próxima ao litoral.
O processo de redução de sulfato foi bem ilustrado no Diagrama de Schoeller referente
aos piezômetros, pela grande variação nas concentrações deste íon, e poderia ser explicada
pelos solos das planícies fluviais de Macaé, que são formados pela deposição de sedimentos
aluvionares, apresentando textura argilosa-orgânica e altos teores de carbono orgânico, que
facilitariam a ocorrência deste fenômeno.
Os valores da razão rMg
+2
/rCa
+2
para as águas dos piezômetros e poços cadastrados
mostraram que estas águas têm relação com litotipos ricos em silicatos magnesianos,
provenientes dos litotipos nos quais estão instalados. Os valores da razão rK
+
/rNa
+
para
piezômetros, cacimbas e poços tubulares rasos caracterizam estas águas como doces. A
relação iônica rCl
-
/rNa
+
se mostrou maior nas águas da área estudada que na água do mar,
98
indicando um enriquecimento relativo em sódio. A relação iônica rCl
-
/rHCO
-
3
para os
piezômetros mostra que essas águas têm composição de caráter continental, uma vez que se
encontram dentro do trend das águas continentais. Para os poços cadastrados, esta relação
iônica mostra águas de composição continental a intermediária entre as águas continentais e a
água do mar, muito embora a média de 3,38 nos indique caráter mais próximo ao continental
para estas águas.
A distribuição semelhante entre as espécies químicas, calculadas pelo programa
PHREEQC, entre os piezômetros e os poços cadastrados, sugere conexão entre as águas
desses aqüíferos, o que é observado em estudos hidrodinâmicos nesta área.
Os índices de saturação das águas da bacia hidrográfica do rio Macaé sugerem a
ocorrência de águas subterrâneas com forte poder de dissolução e pouco mineralizadas.
Alguns minerais de ferro apresentaram-se saturados em solução, o que é esperado para as
condições da área em questão. A análise comparativa dos índices de saturação de acordo com
a profundidade dos poços indicou que a semelhança entre os poços se dá muito mais pelo
posicionamento geográfico (entre os poços e em relação ao litoral) do que pelas diferenças de
profundidade dessas águas.
Os resultados indicam que a água subterrânea local é quimicamente jovem, não
equilibrada com as litologias que ocorrem na área, resultado esse esperado em função das
características geológicas e hidrogeológicas locais.
O modelo hidrogeoquímico de mescla se mostrou semelhante para os 2 tipos de poços
cadastrados analisados (poços cacimbas e poços tubulares rasos) e foi importante para
confirmar a influência de processos como a dissolução das águas do aqüífero pelas águas do
rio Macaé durante os eventos de cheia, que diminuem a concentração de alguns íons como
magnésio, cálcio, sulfato, e bicarbonato nestas águas. Outra explicação para a menor
concentração de SO
4
2-
nas águas dos poços estudados seria o fenômeno de redução de sulfato,
identificado na caracterização química e que não foi levado em conta na preparação da
mescla.
O enriquecimento dos íons sódio e cloreto do aqüífero raso em relação às águas do rio
Macaé, no modelo de mescla (MIX), indicam a possível ocorrência de aerossóis marinhos
agindo sobre as águas destes poços, uma vez que eles encontram próximos à linha de costa
onde há visível influência marinha. Outra pequena contribuição para o enriquecimento dos
íons Na e Cl poderia ser explicada a partir da evaporação das águas do rio Macaé após os
99
períodos de cheia, que provocariam a concentração destes íons. Um modelo inverso foi
elaborado na tentativa de comprovar esta hipótese, e no entanto, os resultados foram pouco
esclarecedores e contraditórios. Os elevadores teores de cloreto também seriam explicados
pelos sedimentos pantanosos ricos em sais e pelo sal usado para alimentação do gado.
Para a continuidade do estudo recomenda-se a realização de mapeamento geológico
detalhado, com dados petrográficos e químicos dos materiais do substrato, para melhor avaliar
esse efeito nas águas da bacia hidrográfica do rio Macaé, já que o poder atenuador do meio
depende diretamente de suas características geológicas, e essas foram descritas apenas
qualitativamente na área de estudo até o presente momento.
Faz-se necessária a realização de campanhas periódicas de amostragens e análises
químicas, para acompanhamento da evolução da composição química das águas subterrâneas
da área.
Para um melhor refinamento do modelo hidrogeoquímico das águas da área de estudo,
recomenda-se considerar uma gama maior de processos geoquímicos atuantes, além de mais
campanhas de análises químicas, físicas e mineralógicas no solo e nas águas subterrâneas.
Dentre tais parâmetros, destaca-se a necessidade da determinação do pH e Eh (potencial
redox) dos solos, uma vez que a variação de pH pode influir na capacidade de troca catiônica
dos elementos, além de ocasionar precipitação ou dissolução de compostos no solo, e o Eh
influi em reações de oxidação e redução com bactérias no solo.
Realização de estudos isotópicos, com o uso de isótopos ambientais de O, C e H, para
melhor avaliar as características geoquímicas, estimativas de recarga e tempo de residência da
água subterrânea nos aqüíferos estudados.
Repassar esses resultados para o governo local, pois medidas simples de gestão podem
ser tomadas pela administração pública, para garantir o uso seguro e otimizado dos recursos
hídricos superficiais e subterrâneos.
100
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ANEXO 1
PLANILHAS COM OS DADOS DE MONITORAMENTO DOS
PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS NOS PONTOS D`ÁGUA DA
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MACAÉ
Pz UTM N UTM E ago_04 nov_04 jan_05 fev_05 mar_05 abr_05 mai_05 jun_05 ago_05 dez_05
1 7533705 203975 23.3 24.4 25.3 25.2 25.4 25.8 24.7 24.1 23.3 22.3
2 7532168 203381 24.3 25.2 26.2 26.1 21.8 27.5 26.3 25.2 24.3 23.8
3 7533701 205070 23 24.3 24.7 25.2 25.5 25.2 23.8 23
4 7534652 204933 24.1 25.4 25.3 26.1 26.1 26.2 25.2 24.9 24.1 25
6 7537560 196700 23.6 25.2 27.3 26.6 23.2 25.5 24.7 23.6 25
7 7537432 196979 23.7 24.2 23.8 24.9 24.7 23.7
12 7535110 195991 23.5 24.8 27 26.8 26.5 25.6 24.7 23.5 24.1
13 7536811 194146 22.4 25.6 28.2 28.5 24.8 23.1 22.4 24.3
14 7532565 200872 23.2 25.4 25.5 26.2 25.1 23.8 23.2
15 7530751 194860 23.1 24.2 24.5 25 25.8 24.8 23.1 24.1
18 7538859 199494 22.8 24.8 26.6 26.6 25.1 26.4 24.7 23.6 22.8 24.3
25 7528012 192683 23.8 24 24.3 24.8 25.3 25.3 25.6 25.3 23.8 24.3
26 7534362 204159 24.5 24.6 25.6 27.0 25.7 26.5 25.2 25 24.5 23.6
27 7533515 202207 25.3 25.8 25.9 26.5 25.5 25.3
28 7531536 203708 23.1 24.3 25.9 26.3 26.3 24.8 24 23.1 23.3
29 7533327 204627 24.1 25.2 26.1 26.2 25.7 25.3 24.1
30 7536602 203725 22.4 24.5 25.5 26.9 27.1 23.4 25 24 22.4 23.1
33 7528332 194455 23.8 25.1 26.0 24.7
40 7532224 198249 26.1 26.6 26
41 7534815 206127 24.7 25.4 26.2 26.3 27 27.7 26.7 23.6 24.7 24.6
42 7534249 205945 22.7 23.9 25.9 25.8 26.4 26.8 25.3 24 22.7 21.2
44 7535386 196099 21.3 25.1 26.7 26.2 24.4 22.4 21.3
45 7537024 197072 22.5 23.8 25.6 25.4 25.1 23.9 22.5
Temperatura das águas subterrâneas monitoradas nos piezômetros da Bacia do rio Macaé (
o
C)
Pz UTM N UTM E ago_04 nov_04 jan_05 fev_05 mar_05 abr_05 mai_05 jun_05 ago_05 dez_05
1 7533705 203975 6.02 6.03 5.94 5.95 5.92 5.95 5.95 6.09 6.02 6
2 7532168 203381 6.26 6.23 6.67 6.78 6.88 6.67 6.09 6.27 6.26 6.25
3 7533701 205070 5.07 5.25 5.46 4.98 5.3 erro 5.23 5.07
4 7534652 204933 7.74 5.52 4.84 4.63 4.68 4.9 4.74 4.82 7.74 4.67
6 7537560 196700 6.39 5.34 5.99 5.87 5.92 5.58 5.82 6.39 6.08
7 7537432 196979 5.62 6.16 6.09 6 6.26 5.62
12 7535110 195991 4.42 6.22 5.49 5.82 5.44 5.67 4.6 4.42 5.48
13 7536811 194146 6.1 6.31 7.13 6.28 6.02 6.25 6.1 6.26
14 7532565 200872 5.85 5.03 5.47 5.89 5.92 5.85 5.85
15 7530751 194860 5.82 6 5.84 5.84 5.8 5.68 5.82 6.17
18 7538859 199494 5.88 6.12 5.61 5.60 5.65 5.84 5.77 5.92 5.88 5.95
25 7528012 192683 5.94 5.72 5.99 5.75 5.9 5.84 5.75 5.87 5.94 5.97
26 7534362 204159 5.69 6.19 6.52 6.58 6.2 6.24 6.34 6.05 5.69 6.26
27 7533515 202207 5.53 5.44 5.78 5.48 5.59 5.53
28 7531536 203708 5.88 5.67 5.59 5.76 5.76 5.64 5.75 5.88 6.67
29 7533327 204627 6.2 6.29 6.57 6.37 6.38 6.88 6.2
30 7536602 203725 6.27 6.38 6.58 6.51 6.4 6.82 5.97 6.51 6.27 6.12
33 7528332 194455 4.18 4.99 5.05 5.89
40 7532224 198249 5.64 5.43 5.53
41 7534815 206127 6.02 6.03 6.10 6.67 6.18 6.17 6.01 6.16 6.02 6.18
42 7534249 205945 6.26 6.26 6.23 6.21 6.18 6.21 6.13 6.28 6.26 6.19
44 7535386 196099 5.56 6.11 5.51 5.45 5.29 5.88 5.56
45 7537024 197072 5.44 5.71 5.44 5.33 5.64 5.59 5.44
Valores de pH das águas subterrâneas monitorados nos piezômetros da Bacia do rio Macaé
Pz UTM N UTM E ago_04 nov_04 jan_05 fev_05 mar_05 abr_05 mai_05 jun_05 ago_05 dez_05
1 7533705 203975 0.44 0.58 0.61 0.51 0.55 0.52 0.4 0.43 0.44 0.56
2 7532168 203381 0.29 0.37 0.58 0.40 0.31 0.33 0.37 0.3 0.29 0.34
3 7533701 205070 0.3 0.18 0.31 0.29 0.29 0.28 0.28 0.3
4 7534652 204933 0.15 0.13 0.14 0.14 0.14 0.13 0.13 0.11 0.15 0.07
6 7537560 196700 0.21 0.17 0.15 0.14 0.15 0.11 0.13 0.21 0.12
7 7537432 196979 0.16 0.14 0.14 0.13 0.14 0.16
12 7535110 195991 0.33 0.12 0.34 0.29 0.29 0.29 0.24 0.33 0.3
13 7536811 194146 0.16 0.11 0.14 0.12 0.12 0.14 0.16 0.08
14 7532565 200872 0.22 0.13 0.20 0.16 0.2 0.19 0.22
15 7530751 194860 0.15 0.1 0.12 0.12 0.12 0.12 0.15 0.09
18 7538859 199494 0.15 0.24 0.13 0.15 0.13 0.16 0.14 0.14 0.15 0.95
25 7528012 192683 0.5 0.29 0.49 0.47 0.46 0.45 0.42 0.45 0.5 0.38
26 7534362 204159 0.14 0.15 0.21 0.27 0.18 0.19 0.14 0.13 0.14 0.13
27 7533515 202207 0.2 0.19 0.18 0.2 0.2 0.2
28 7531536 203708 0.43 0.3 0.38 0.36 0.35 0.4 0.39 0.43 0.76
29 7533327 204627 1.29 0.64 0.15 0.35 0.29 0.3 1.29
30 7536602 203725 0.19 0.16 0.22 0.23 0.21 0.2 0.18 0.18 0.19 0.15
33 7528332 194455 0.35 0.41 0.18 0.08
40 7532224 198249 0.29 0.35 0.23
41 7534815 206127 0.17 0.15 0.18 0.18 0.17 0.16 0.16 0.15 0.17 0.17
42 7534249 205945 1.1 1.16 1.17 1.25 1.12 1.11 1.07 1.12 1.1 0.85
44 7535386 196099 0.3 0.11 0.16 0.13 0.11 0.15 0.3
45 7537024 197072 0.15 0.1 0.14 0.13 0.11 0.13 0.15
Condutividades elétricas das águas subterrâneas monitoradas nos piezômetros da Bacia do rio Macaé (mS/cm)
Ponto UTM N UTM E mar_05 abr_05 mai_05 jun_05 ago_05 dez_05
CAC 12 7535434 211804 26.5 25.6 24.9 24.3 24.9
CAC 14 7535916 212259 27.5 25.8 25.2 23.8 25.2
PTR 15 7534253 211986 25.2 25 25.4 24.9 25
CAC 16 7533409 212003 25.7 24.4 23.1 22 23.8
CAC 19 7525931 211207 23.6 25.5 24.3 24.2 24.7
CAC 20 7526311 211470 25.6 25.7 25.2 24.3 23.3 24.2
PTR 23 7527210 210150 27.9 25.2 26.1 25.1 24.7
PTR 24 7527017 209916 25.4 24.4 24.2 23.8 24.2
PTR 25 7527602 210699 26.8 24.4 23.9 23.1 24.4
CAC 26 7528191 210220 26.4 26 25.4 25.1 25
PTR 27 7528325 209308 28.1 25.3 24.6 24.7
PTR 29 7526504 210305 27.2 26.3 24.2 24.5
CAC 32 7531885 210833 26.4 25.7 24.4 23.5 24.9
PTR 33 7530777 209651 26 25.9 26.4 25.6 24.1 24
PTR 34 7531723 208582 26.1 25.1 24.7 23.6 24.2
PTR 35 7532132 208494 24.4 24.4 24.4
PTR 38 7531302 212744 25.7 25 24.4 23.5
CAC 39 7530867 213253 25.3 25.1 24.2 23.2 24.1
PTR 43 7529498 210989 26.5 24 25 23.9 23.4
CAC 44 7530168 214578 26.7 25.5 24.7 23.9 24.3
Temperaturas das águas subterrâneas monitoradas nos poços cadastrados na Bacia do rio Macaé (
o
C)
Ponto UTM N UTM E mar_05 abr_05 mai_05 jun_05 ago_05 dez_05
CAC 12 7535434 211804 5.8 5.13 5.32 5.27 5.14
CAC 14 7535916 212259 3.47 5.24 5.27 5.46 5.31
PTR 15 7534253 211986 5.49 5.51 5.57 5.64 5.7
CAC 16 7533409 212003 5.57 5.57 5.71 5.62 5.57
CAC 19 7525931 211207 5.44 5.36 5.6 5.41 5.4
CAC 20 7526311 211470 7.01 7.28 7.08 7.5 7.33 7.05
PTR 23 7527210 210150 6.09 6.04 6.31 6.19 6.19
PTR 24 7527017 209916 5.54 5.58 5.85 5.77 6.03
PTR 25 7527602 210699 6.19 5.84 6.09 6 6.21
CAC 26 7528191 210220 5.42 5.15 5.05 4.61 5.96
PTR 27 7528325 209308 4.19 4.39 4.25 4.21
PTR 29 7526504 210305 4.67 4.38 4.41 4.92
CAC 32 7531885 210833 6.1 6.23 6.81 6.4 6.41
PTR 33 7530777 209651 6.6 6.41 6.5 6.7 6.61 6.64
PTR 34 7531723 208582 4.45 5.18 5.43 5.21 5.88
PTR 35 7532132 208494 6.59 6.77 6.69
PTR 38 7531302 212744 5.09 5.2 6.25 5.58
CAC 39 7530867 213253 4.06 3.86 3.97 3.87 3.91
PTR 43 7529498 210989 6.01 6.58 5.98 6.25 5.83
CAC 44 7530168 214578 6.97 6.8 7.15 6.93 6.93
Valores de pH das águas subterrâneas monitorados nos poços cadastrados na Bacia do rio Macaé
Ponto UTM N UTM E mar_05 abr_05 mai_05 jun_05 ago_05 dez_05
CAC 12 7535434 211804 0.22 0.16 0.14 0.2 0.18
CAC 14 7535916 212259 0.17 0.13 0.18 0.16 0.08
PTR 15 7534253 211986 0.6 0.39 0.45 0.71 0.46
CAC 16 7533409 212003 0.2 0.17 0.19 0.21 0.12
CAC 19 7525931 211207 0.42 0.43 0.44 0.47 0.5
CAC 20 7526311 211470 0.57 0.57 0.64 0.62 0.63 0.52
PTR 23 7527210 210150 0.35 0.37 0.33 0.46 0.33
PTR 24 7527017 209916 0.2 0.21 0.22 0.24 0.26
PTR 25 7527602 210699 0.29 0.3 0.3 0.32 0.28
CAC 26 7528191 210220 0.37 0.4 0.43 0.46 0.27
PTR 27 7528325 209308 1.57 1.6 2.15 1.11
PTR 29 7526504 210305 0.17 0.15 0.17 0.14
CAC 32 7531885 210833 0.28 0.29 0.33 0.33 0.25
PTR 33 7530777 209651 0.57 0.83 0.6 0.59 0.59 0.35
PTR 34 7531723 208582 1.56 1.68 1.36 1.61 0.29
PTR 35 7532132 208494 0.77 0.82 0.9
PTR 38 7531302 212744 1.38 1.44 1.81 2.03
CAC 39 7530867 213253 1.03 0.86 0.95 0.96 0.74
PTR 43 7529498 210989 0.85 1.62 1.39 1.81 1.71
CAC 44 7530168 214578 0.76 0.76 0.85 0.86 0.59
Condutividades elétricas das águas subterrâneas monitoradas nos poços cadastrados na Bacia do rio Macaé
ANEXO 2
CONAMA 357/2005 – Águas Doces (Classe 1)
CONAMA 357/05
Seção II
Das Águas Doces
Art. 14. As águas doces de classe 1 observarão as seguintes condições e padrões:
I - condições de qualidade de água:
a) não verificação de efeito tóxico crônico a organismos, de acordo com os critérios
estabelecidos pelo órgão ambiental competente, ou, na sua ausência, por instituições nacionais
ou internacionais renomadas, comprovado pela realização de ensaio ecotoxicológico
padronizado ou outro método cientificamente reconhecido.
b) materiais flutuantes, inclusive espumas não naturais: virtualmente ausentes;
c) óleos e graxas: virtualmente ausentes;
d) substâncias que comuniquem gosto ou odor: virtualmente ausentes;
e) corantes provenientes de fontes antrópicas: virtualmente ausentes;
f) resíduos sólidos objetáveis: virtualmente ausentes;
g) coliformes termotolerantes: para o uso de recreação de contato primário deverão ser
obedecidos os padrões de qualidade de balneabilidade, previstos na Resolução CONAMA no
274, de 2000. Para os demais usos, não deverá ser excedido um limite de 200 coliformes
termotolerantes por 100 mililitros em 80% ou mais, de pelo menos 6 amostras, coletadas
durante o período de um ano, com freqüência bimestral. A E. Coli poderá ser determinada em
substituição ao parâmetro coliformes termotolerantes de acordo com limites estabelecidos
pelo órgão ambiental competente;
h) DBO 5 dias a 20°C até 3 mg/L O
2
;
i) OD, em qualquer amostra, não inferior a 6 mg/L O
2
;
j) turbidez até 40 unidades nefelométrica de turbidez (UNT);
l) cor verdadeira: nível de cor natural do corpo de água em mg Pt/L; e
m) pH: 6,0 a 9,0.
II - Padrões de qualidade de água:
CLASSE 1 -ÁGUAS DOCES
PADRÕES
PARÂMETROS VALOR MÁXIMO
Clorofila a 10 μg/L
Densidade de cianobactérias 20.000 cel/mL ou 2 mm
3
/L
Sólidos dissolvidos totais 500 mg/L
PARÂMETROS INORGÂNICOS VALOR MÁXIMO
Alumínio dissolvido 0,1 mg/L Al
Antimônio 0,005mg/L Sb
Arsênio total -0,01 mg/L As
Bário total 0,7 mg/L Ba
Berílio total -0,04 mg/L Be
Boro total 0,5 mg/L B
Cádmio total -0,001 mg/L Cd
Chumbo total -0,01mg/L Pb
Cianeto livre 0,005 mg/L CN
Cloreto total 250 mg/L Cl
Cloro residual total (combinado + livre) -0,01 mg/L Cl
Cobalto total 0,05 mg/L Co
Cobre dissolvido 0,009 mg/L Cu
Cromo total 0,05 mg/L Cr
Ferro dissolvido -0,3 mg/L Fe
Fluoreto total 1,4 mg/L F
Fósforo total (ambiente lêntico) 0,020 mg/L P
Fósforo total (ambiente intermediário, com tempo de residência entre 2 e
40 dias, e tributários diretos de ambiente lêntico)
0,025 mg/L P
Fósforo total (ambiente lótico e tributários de ambientes intermediários) 0,1 mg/L P
Lítio total 2,5 mg/L Li
Manganês total 0,1 mg/L Mn
Mercúrio total 0,0002 mg/L Hg
Níquel total 0,025 mg/L Ni
Nitrato 10,0 mg/L N
Nitrito 1,0 mg/L N
Nitrogênio amoniacal total
3,7mg/L N, para pH 7,5
2,0 mg/L N, para 7,5 < pH 8,0
1,0 mg/L N, para 8,0 < pH 8,5
0,5 mg/L N, para pH > 8,5
Prata total 0,01 mg/L Ag
Selênio total 0,01 mg/L Se
Sulfato total 250 mg/L SO
4
Sulfeto (H
2
S não dissociado) 0,002 mg/L S
Urânio total 0,02 mg/L U
Vanádio total 0,1 mg/L V
Zinco total 0,18 mg/L Zn
ANEXO 3
ÍNDICES DE SATURAÇÃO MINERAL PARA AS ÁGUAS DOS POÇOS
DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MACAÉ
Minerais PZ-01 PZ-02 PZ-03 PZ-04 PZ-06 PZ-07 PZ-12 PZ-13 PZ-15 PZ-18 PZ-25
Aragonita
-2.31 -1.89 -3.43 -4.50 -3.79 -2.99 -2.79 -2.49 -3.23 -3.07 -2.82
Calcita
-2.16 -1.74 -3.29 -4.36 -3.65 -2.85 -2.65 -2.35 -3.08 -2.93 -2.67
Dolomita
-3.88 -3.23 -6.72 -8.07 -7.25 -5.06 -4.95 -4.34 -5.53 -5.69 -4.89
Rodocrosita
-0.49 -1.38 -2.51 -3.75 -2.95 -2.65 -2.45 -2.16 -2.78 -0.48 -2.37
Siderita
-0.23 0.09 -2.60 -2.96 -3.99 -0.65 -1.08 -0.88 -1.90 -1.30 -1.74
Anidrita
-1.79 -2.97 -2.45 -3.36 -2.72 -2.32 -4.74 -4.74 -3.57 -2.99 -2.38
Gesso
-1.57 -2.75 -2.23 -3.14 -2.50 -2.10 -4.52 -4.53 -3.34 -2.77 -2.16
Fe(OH)3(a)
0.69 1.14 -3.15 -2.45 -4.06 0.47 0.21 0.40 -0.95 -0.28 -1.55
Fe(OH)2.7C10.3
5.75 6.25 2.13 2.75 1.31 5.90 5.20 5.15 4.02 4.65 3.56
Goetita
6.56 7.04 2.71 3.45 1.84 6.34 6.09 6.31 4.91 5.60 4.31
Hematita
15.12 16.09 7.43 8.91 5.68 14.68 14.20 14.63 11.83 13.21 10.62
Magnetita
15.93 17.17 5.18 7.12 2.45 15.14 14.35 14.89 11.02 12.97 9.50
Siderita
-0.23 0.09 -2.60 -2.96 -3.99 -0.65 -1.08 -0.88 -1.90 -1.30 -1.74
Minerais PZ-26 PZ-28 PZ-29 PZ-30 PZ-33 PZ-40 PZ-41 PZ-42 PZ-44 PZ-45
Aragonita
-2.31 -3.09 -0.93 -2.17 -2.67 -2.95 -1.62 -2.54 -3.65
Calcita
-2.16 -2.95 -0.79 -2.02 -2.53 -2.81 -1.48 -2.39 -3.51
Dolomita
-4.46 -5.08 -1.40 -4.01 -4.83 -4.79 -2.85 -4.74 -6.69
Rodocrosita
-1.32 -2.22 -0.58 -2.13 -1.92 -2.61 -0.83 -2.50 -3.30
Siderita
-1.19 -1.06 -0.54 -1.05 -1.59 -0.73 0.24 -1.34 -1.89
Anidrita
-2.73 -2.48 -1.65 -2.90 -2.03 -2.61 -3.19 -1.46 -3.17 -2.99
Gesso
-2.51 -2.26 -1.43 -2.68 -1.80 -2.40 -2.97 -1.23 -2.95 -2.77
Fe(OH)3(a)
-0.03 -0.93 0.12 0.36 -7.62 -1.58 0.12 1.28 -0.34 -1.31
Fe(OH)2.7C10.3
4.16 5.13 5.31 -2.05 3.66 5.17 6.48 4.48 3.68
Goetita
5.85 4.94 6.01 6.24 -1.77 4.35 6.03 7.13 5.56 4.54
Hematita
13.70 11.88 14.04 14.48 -1.54 10.71 14.07 16.26 13.12 11.08
Magnetita
11.43 14.03 14.62 -7.20 9.67 14.33 17.41 12.84 10.20
Siderita
-1.19 -1.06 -0.54 -1.05 -1.59 -0.73 0.24 -1.34 -1.89
Índices de Saturação Mineral para as Águas dos Piezômetros na Bacia Hidrográfica do rio Macaé
CarbonatoSulfat
o
Ferro
Índices de Saturação Mineral para as Águas dos Piezômetros na Bacia Hidrográfica do rio Macaé
CarbonatoSulfat
o
Ferro
Minerais CAC-12 CAC-14 CAC-16 CAC-19 CAC-20 CAC-39 CAC-44 PTR-15 PTR-23 PTR-29 PTR-33 PTR-34
Aragonita
-4.65 -4.67 -4.07 -3.81 -0.80 -0.27 -3.61 -2.91 -5.54 -1.73 -3.70
Calcita
-4.51 -4.53 -3.92 -3.67 -0.66 -0.12 -3.47 -2.77 -5.40 -1.59 -3.56
Dolomita
-8.63 -8.99 -7.67 -7.20 -1.55 -1.10 -6.41 -5.12 -10.73 -2.80 -6.87
Rodocrosita
-5.11 -4.29 -3.81 -3.26 -2.22 -2.09 -3.22 -3.71 -4.56 -0.88 -2.07
Siderita
-3.83 -3.95 -4.82 -3.82 -1.85 -2.05 -3.48 -3.49 -3.97 -1.64 -3.23
Anidrita
-3.73 -4.12 -3.86 -2.92 -2.22 -2.65 -1.90 -3.71 -3.70 -3.42 -3.61 -2.32
Barita
0.00 -1.09 -0.66 0.14 -0.13 -0.03 -0.57 -0.18 0.04 -0.19 -1.09 0.32
Celestita
-3.65 -4.23 -3.89 -3.07 -2.42 -2.76 -2.20 -3.58 -3.45 -3.62 -3.63 -2.57
Gesso
-3.51 -3.90 -3.64 -2.70 -2.00 -2.43 -1.68 -3.49 -3.48 -3.20 -3.39 -2.10
Fe(OH)3(a)
-4.34 -3.95 -4.59 -3.80 0.48 -8.02 -0.21 -2.93 -2.45 -4.27 -0.11 -1.93
Fe(OH)2.7C10.3
1.15 1.37 0.68 1.69 5.34 -1.99 4.75 2.55 2.75 1.18 4.95 3.27
Goetita
1.55 1.95 1.26 2.08 6.34 -2.16 5.66 2.96 3.43 1.60 5.74 3.94
Hematita
5.11 5.90 4.52 6.17 14.69 -2.31 13.32 7.94 8.86 5.21 13.49 9.88
Magnetita
1.79 2.81 0.50 3.13 14.26 -8.09 12.34 5.47 6.38 2.18 12.88 8.22
Siderita
-3.83 -3.95 -4.82 -3.82 -1.85 -2.05 -3.48 -3.49 -3.97 -1.64 -3.23
Al(OH)3(a)
-1.59 -0.90 -0.82 -3.27 -1.77 0.00
Albita
-5.10 -5.88 -4.51 -8.20 -7.01 -3.85
Anortita
-8.91 -8.02 -6.62 -14.50 -10.52 -4.48
Gibsita
1.10 1.79 1.87 -0.57 0.92 2.70
Ilita
-2.10 -2.09 -0.18 -8.05 -4.06 1.29
Mica Potássica
4.37 4.99 7.06 -2.51 2.65 8.95
Caulinita
3.12 3.66 4.31 -0.81 2.00 5.57
Alumínio
Índices de Saturação Mineral para as Águas dos Poços Cadastrados na Bacia Hidrográfica do rio Macaé
CarbonatoSulfatoFerro
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