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CLÁUDIO DE LIMA YAMANE
EXTRAÇÃO DE CATARATA PELA TÉCNICA DE FACOEMULSIFICAÇÃO E
IMPLANTE DE LENTE INTRA-OCULAR DE CÂMARA POSTERIOR EM
PACIENTES COM UVEÍTE
Dissertação apresentada ao Curso de Pós-
Graduação em Ciências Médicas da Universidade
Federal Fluminense para obtenção do título de
Mestre.
Coordenador: Raul Nunes Galvarro Vianna
Co-orientador: Gilberto Perez Cardoso
Niterói, RJ – Brasil
2006
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EXTRAÇÃO DE CATARATA PELA TÉCNICA DE FACOEMULSIFICAÇÃO E
IMPLANTE DE LENTE INTRA-OCULAR DE CÂMARA POSTERIOR EM
PACIENTES COM UVEÍTE
CLÁUDIO DE LIMA YAMANE
Dissertação apresentada ao Curso de Pós-
Graduação (Mestrado) em Ciências Médicas da
Universidade Federal Fluminense para obtenção
do título de Mestre.
Niterói, RJ – Brasil
2006
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Yamane, Cláudio de Lima
Extração de catarata pela técnica de facoemulsificação e implante de lente
intra-ocular de câmara posterior em pacientes com uveíte. Niterói, RJ, UFF, 2006.
p. 83
Dissertação (Mestrado em Ciências Médicas) – Universidade Federal
Fluminense
1. Catarata. 2. Facectomia. 3. Facoemulsificação. 4. Uveíte. I- Universidade Federal
Fluminense. II- Títulos
CDD 000
CLÁUDIO DE LIMA YAMANE
EXTRAÇÃO DE CATARATA PELA TÉCNICA DE FACOEMULSIFICAÇÃO E
IMPLANTE DE LENTE INTRA-OCULAR DE CÂMARA POSTERIOR EM
PACIENTES COM UVEÍTE
Dissertação apresentada ao Curso de Pós-
Graduação em Ciências Médicas da Universidade
Federal Fluminense para obtenção do título de
Mestre.
Aprovada em _____ / _____ / _____
BANCA EXAMINADORA
____________________________________________________________________________
Prof. Dr. Marcelo Palis Ventura – Presidente da Banca Examinadora (UFF)
____________________________________________________________________________
Prof. Dr. Guilherme Herzog Filho – Universidade Federal Fluminense (UFF)
____________________________________________________________________________
Prof. Dr. Walter Yuikihiko Takahashi- Universidade de São Paulo (USP)
DEDICATÓRIA:
Aos meus familiares.
AGRADECIMENTOS:
Ao Professor Raul Nunes Galvarro Vianna, Professor Adjunto da Disciplina de Oftamologia
da Faculdade de Medicina da Universidade Federal Fluminense, pela oportunidade oferecida
no desenvolvimento deste trabalho.
Ao Professor Gilberto Perez Cardoso, Coordenador do Programa de Pós-Graduação
(Mestrado), em Ciências Médicas da Universidade Federal Fluminense pela sua co-orientação.
Ao Professor Jean Deschênes, Chefe do Serviço de Uveíte e Imunologia Ocular da
Universidade McGill, por sua gentileza em autorizar o estudo de prontuários de sua instituição
para a realização deste estudo.
Ao Professor Miguel Burnier, Chefe do Serviço de Oftalmologia da Universidade McGill por
me receber de portas abertas em seu departamento oferecendo todo o apoio necessário para a
realização deste trabalho.
Ao Professor Maurício Perez, Mestre em Saúde Pública e Professor Assistente de
Epidemiologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, pela árdua tarefa de contribuir com
a análise estatística deste estudo.
Ao Professor Riuitiro Yamane, Professor Titular de Oftalmologia da Universidade Estadual do
Rio de Janeiro, pelas sucessivas orientações durante todas as etapas deste trabalho.
SUMÁRIO:
LISTA DE TABELAS
LISTA DE GRÁFICOS
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS.
RESUMO
ABSTRACT
1.0 INTRODUÇÃO 01
2.0 OBJETIVOS 02
3.0 REVISÃO DE LITERATURA 03
3.1 UVEÍTE 03
3.1.1 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DAS UVEÍTES 05
3.2 CATARATA 28
3.3 CIRURGIA DE CATARATA 29
3.4 CIRURGIA DE CATARATA EM PACIENTES COM UVEÍTE 32
3.5 LENTES INTRA-OCULARES 36
4.0 MATERIAL E MÉTODO 39
5.0 RESULTADOS 41
6.0 DISCUSSÃO 46
7.0 CONCLUSÃO 55
8.0 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 56
9.0 APÊNDICES E ANEXOS 62
LISTA DE TABELAS
Tabela 01: Classificação Etiológica das uveítes agrupadas de acordo com a
Classificação Anatômica das Uveítes (Nussemblatt, 1996)
63
Tabela 02: Graduação da Celularidade de Câmara Anterior seguindo os critérios
de Schlaegel, Hogan e Nussenblat (Nussemblatt, 1996)
65
Tabela 03: Graduação da Celularidade de Câmara Anterior (SUN) 66
Tabela 04: Número total de pacientes e olhos 67
Tabela 05: Sexo dos pacientes 68
Tabela 06: Classificação Anatômica das Uveítes na Amostra 69
Tabela 07: Classificação Etiológica das Uveítes na Amostra 70
Tabela 08: Casos com Dois Tipos Etiológocos de Uveíte no Mesmo Paciente 71
Tabela 09: Materiais e Modelos das Lentes Intra-Oculares da Amostra 72
Tabela 10: Número de Olhos Submetidos à Implantes de Lente Intra-Ocular por
Materiais Diferentes de Lente Intra-Ocular
73
Tabela 11: Número de olhos com AV 20/40 durante Análise do Período Médio
de Acompanhamento Pós-Operatório
74
Tabela 12: Número de olhos com Piora da Acuidade Visual Durante Análise do
Período Médio de Acompanhamento Pós-operatório
75
Tabela 13: Alterações Pré-operatórias da Amostra 76
Tabela 14: Alterações Peroperatórias da Amostra 77
Tabela 15: Alterações Pós-operatórias da Amostra 78
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 01: Médias da Acuidade Visual Pré-operatória, do Período Médio Pós-
operatório e da Última Consulta Pós-operatório
79
Gráfico 02: Curva de Kaplan de Recorrência da Uveíte 80
Gráfico 03: Curva de Kaplan do Edema Macular Cistóide 81
Gráfico 04: Curva de Kaplan de Membrana Epirretiniana 82
Gráfico 05: Curva de Kaplan de Opacidade de Cápsula Posterior 83
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS:
AC Antes de Cristo
AIDS Do inglês: Acquired immunodeficiency syndrome
APL Ausência de percepção luminosa
AV Acuidade visual
D Dioptrias
DC Depois de Cristo
EMC Edema macular cistóide
HIV Do inglês: Human immunodeficiency virus
HLA-B27 Do inglês: Human leukocyte antigen molecules
HSM-PMMA Polimetilmetacrilato modificado com superfície heparinizada
LASER Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation
LIO Lente intra-ocular
MER Membrana epirretiniana
ml Mililítros
mm Milímetros
MM Movimento de mãos
Nd:YAG Do inglês: Frequency-doubled neodymium:yttrium-aluminium-garnet
OCP Opacidade de cápsula posterior
PL Percepção luminosa
PMMA Polimetilmetacrilato
SPSS Do inglês: Statitical Package for the Social Science
SUN Do inglês: Standardization of uveitis nomenclature
RESUMO
Este estudo descreve os resultados da cirurgia de catarata pela técnica de
facoemulsificação e implante de lente intra-ocular de câmara posterior no saco capsular em
pacientes com uveíte. Foi realizado um estudo retrospectivo através da análise de prontuários
de 189 pacientes (242 olhos) com uveíte que foram submetidos a cirurgia de catarata pela
técnica de facoemulsificação no Setor de Uveítes e Imunologia Ocular do Royal Victoria
Hospital, McGill University Health Centre, Montreal, Quebec, Canadá. Os dados foram
coletados em fichas protocoladas com informação sobre o número do prontuário, nome do
paciente, sexo, idade, classificação da uveíte, descrição cirúrgica e exames pré e pós
operatórios. Os exames pré e pós operatórios continham informações sobre a data do exame, a
melhor acuidade visual corrigida, o exame biomicroscópico, a pressão intra-ocular, os
procedimentos realizados e o tratamento em uso. Os dados foram transferidos para o
Statistical Package for the Social Science (SPSS) e posteriormente foi realizada uma análise
uni e bivariada. Curvas de Kaplan-Meier também foram realizadas para avaliar a freqüência
das complicações durante o seguimento dos pacientes. A média de acompanhamento pós-
operatório foi de 46,8 ± 31,2 meses. A média da acuidade visual pré-operatória encontrada foi
de 20/100 e a média de acuidade visual pós-operatória encontrada foi de 20/40. Encontramos
145 olhos (59,5%) com acuidade visual melhor ou igual a 20/40 e 26 olhos com piora da
acuidade visual. A complicação peroperatória mais encontrada foi a rotura de cápsula
posterior com perda vítrea observada em 7 olhos (3% do total de olhos). A recorrência da
uveíte foi a complicação pós-operatória mais freqüente, sendo observada em 73 olhos
(30,16%). Outras complicações pós-operatórias observadas foram a atrofia iriana (28,51%),
hipertensão intra-ocular (28,09%), membrana epirretiniana (26,44%), opacidade de cápsula
posterior (19,00%), edema macular cistóide (13,63%), hipotonia ocular (12,80%), atrofia do
disco óptico (8,67%) e sinéquias posteriores (6,61%). Concluímos que a cirurgia de catarata
pela técnica de facoemulsificação e implante de lente intra-ocular de câmara posterior é
considerada segura em pacientes com uveíte. Observamos um prognóstico visual de sucesso
no período de acompanhamento pós-operatório, apesar da prevalência de recorrência da
uveíte, opacidade de cápsula posterior e alterações maculares.
ABSTRACT
This study reports outcomes of phacoemulsification cataract extraction and posterior chamber
intraocular lens implantation within the capsular bag in patients with uveitis. We
retrospectively reviewed the charts of 189 patients (242 eyes) with uveitis who underwent
phacoemulsification cataract extraction at the Uveitis and Ocular Imunology Unit from the
McGill University Health Centre. Average follow-up was 46 ± 31,2 months. Average
preoperative visual acuity was 20/100 and average postoperative visual acuity was 20/40.
Hundred and forty-six eyes (59,9%) attained visual acuity better than 20/40. Visual loss
ocurred in 26 eyes. The most common peroperative complication was posterior capsule
rupture with vitreous loss seen in 7 eyes (3%). Recurrence of uveitis was the most common
postoperative complication seen in 73 eyes (30,16%). Other postoperative complication
included iris atrophy (28,51%), ocular hypertension (28,09%), epirretinal membrane
(26,44%), posterior capsule opacification (198,00%), cystoid macular edema (13,63%), ocular
hypotony (12,80%), optic disc atrophy (8,67%) and posterior synechie (6,61%). We concluded
that phacoemulsification cataract extraction with posterior chamber lens implantation is safe in
patients with uveitis. Successful visual results are observed in long-term follow-up despite the
prevalence of recorrence of uveitis, posterior capsule opacification and macular abnormalities.
1.0 INTRODUÇÃO:
O desenvolvimento de catarata em pacientes com uveíte é comum. A prática da
cirurgia de catarata com implante de lente intra-ocular (LIO) de câmara posterior nestes
pacientes tem sido geralmente aceita como segura e como opção terapêutica efetiva. A prática
da cirurgia de catarata pela técnica de extracapsular já foi bem documentada.
1
Autores
mostram que a cirurgia de catarata pela técnica de facoemulsificação pode induzir menos
processo inflamatório do que pela técnica extracapsular em pacientes sem uveíte, entretanto,
esta técnica foi pouco utilizada em pacientes com uveíte (Estefanous et al, 2001).
2
No único artigo que avalia os resultados da cirurgia da catarata pela técnica de
facoemulsificação em pacientes com uveítes, Estefanous et al (2001) analisaram a melhor
acuidade visual corrigida, a acuidade visual melhor ou igual a 20/40, e complicações tais como
a opacidade de cápsula posterior, a recorrência da uveíte, o edema macular cistóide, a
membrana epirretiniana e as sinéquias posteriores. Outras complicações observadas neste
estudo foram a formação de fibrina na cápsula anterior, a neovascularização do disco óptico, o
glaucoma neovascular e a hipotonia ocular. Complicações não observadas neste estudo foram
hifema, opacidade vítrea, formação de grumos fibrinosos ao redor da lente intra-ocular,
deslocamento da lente e necessidade de explante da lente.
2
As complicações descritas acima são, algumas vezes, resultados de inflamação e
podem ocorrer menos freqüentemente em pacientes submetidos a facoemulsificação.
Entretanto, um grupo bem maior de pacientes com uveíte deve ser estudado para realizar
qualquer análise significativa.
2
2
2.0 OBJETIVOS:
1- Descrever as complicações per-operatórias da cirurgia de catarata pela técnica de
facoemulsificação em pacientes com uveíte.
2- Descrever as complicações pós-operatórias da cirurgia de catarata pela técnica de
facoemulsificação em pacientes com uveíte.
3- Mostrar os resultados pós-operatórios de acuidade visual, recorrência da uveíte, edema
macular cistóide, membrana epirretiniana e opacidade de cápsula posterior.
3
3.0 REVISÃO DE LITERATURA
3.1 UVEÍTE:
A camada média do olho, ou uveal, é formada pela coróide, corpo ciliar e íris.
3-5
Pela sua constituição e função é altamente suscetível à inflamação.
5, 6
A uveíte compreende um grande número de doenças inflamatórias intra-oculares de
diversas causas que afetam não só o trato uveal, mas também outros tecidos oculares (retina,
nervo óptico, esclera, vítreo e cristalino).
7, 8
O diagnóstico diferencial das uveites é extenso, muito variável, muda com o tempo,
influenciado por um enorme número de fatores, incluindo fatores genéticos, étnicos,
geográficos, fatores ambientais, critérios diagnósticos e padrões de referência.
7-9
As uveítes podem ser classificadas de acordo com diferentes critérios, tais como:
anatômicos, histológicos, clínicos e etiológicos. Para isso é fundamental, além de um exame
clínico cuidadoso, uma anamnese criteriosa.
3
Anatomicamente, as uveítes podem ser divididas em anteriores, intermediárias,
posteriores e pan-uveítes. As uveítes classificadas como anteriores são caracterizadas por
acometer predominantemente o segmento anterior do olho, afetando a íris e o corpo ciliar.
Uveítes intermediárias acometem primariamente o vítreo e a retina periférica. Uveítes
posteriores acometem a retina e a coróide. Panuveítes apresentam envolvimento difuso e
acometem toda a úvea.
3, 10
Histologicamente, as uveítes podem ser divididas pelo tipo de processo inflamatório
em granulomatosas e não-granulomatosas. O exame ocular permite oportunidade única de
determinar o tipo de infiltrado de células inflamatórias através dos aspectos dos precipitados
ceráticos sem necessidade de biópsia para análise histológica. Os precipitados ceráticos
ocorrem em casos de uveíte anterior, quando conglomerados de células inflamatórias aderem
4
ao endotélio corneano. As uveítes não-granulomatosas apresentam-se como uveíte anterior
com precipitados ceráticos finos, ausência de nódulo iriano, menos sinéquias posteriores e
pouco ou nenhum envolvimento vítreo. Uveítes granulomatosas apresentam precipitados
ceráticos grandes e densos, em sebo de carneiro, nódulos irianos mesodérmicos (de Busacca)
e/ou ectodérmicos (de Koeppe), sinéquias posteriores importantes e opacificações vítreas
densas.
3, 10
Clinicamente as uveítes podem ser agudas ou crônicas e uni ou bilaterais. Uveítes
agudas geralmente iniciam-se abruptamente e duram no máximo seis semanas e uveítes
crônicas iniciam-se insidiosamente e duram mais do que seis semanas. Apesar de um olho
poder ser afetado primeiro, a maioria das uveítes afetam ambos os olhos em um prazo de
alguns meses.
3, 10
As uveítes também podem ser divididas conforme a sua etiologia. Em muitos casos a
uveíte não é uma doença ocular primaria, mas reflete o envolvimento ocular de muitas
doenças sistêmicas.
7
A classificação etiológica abre o leque dos diagnósticos diferenciais das
uveítes.
3
Nussemblatt apresenta os diagnósticos diferenciais etiológicos das uveítes dentro da
classificação anatômica (tabela 01).
3
5
3.1.1 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DAS UVEÍTES:
Os sintomas oculares mais comuns das uveítes são dor, fotofobia, lacrimejamento,
embaçamento visual e moscas volantes.
3, 11-15
Os sintomas oculares variam de acordo com o tipo de inflamação e com as estruturas
oculares envolvidas.
3
A dor ocular ocorre freqüentemente nas fases agudas das iridociclites associadas às
uveítes anteriores, posteriores ou difusas e geralmente é secundária a espasmo ciliar. O corpo
ciliar é inervado pelo nervo trigêmio, e a dor pode se irradiar por toda a área de distribuição
desse nervo, incluindo a região periorbital e o próprio olho. A inflamação provocadora do
espasmo pode ocorrer no corpo ciliar ou em outros sítios: uma inflamação da córnea, da
esclera ou da íris pode causar um reflexo axonal retrógrado com vasodilatação e edema do
corpo ciliar. A cicloplegia paralisa o corpo ciliar, o que tende a aliviar a dor.
11, 15, 16
A fotofobia, ou dor, causada pela exposição à luz, deve ser diferenciada do
ofuscamento ou desconforto provocado pela luz. A fotofobia ocorre na ceratite, irite e
iridociclite e, assim como a dor, surge em conseqüência do espasmo ciliar. A irritação nervosa
ocorre por meio de um reflexo axoanal e pela movimentação da íris e do corpo ciliar na
constrição pupilar induzida pela luz. Por essa razão, a fotofobia também pode ser aliviada com
a ciclopegia.
11, 15, 16
O lacrimejamento pode ocorrer como resultado da irritação do nervo trigêmio.
11, 15
O embaçamento visual pode ser provocado pela turvação dos meios (córnea, humor
aquoso, cristalino e corpo vítreo) ou por alterações da retina e/ou do nervo óptico. São
freqüentes também as queixas de moscas volantes (escotomas positivos) associados à
presenças de células e precipitados no corpo vítreo posterior.
11
Exame externo:
Pálpebras:
Na pele palpebral podemos observar nódulos relacionados a uveítes granulomatosas
e/ou vitiligo geralmente à uveítes uveomeníngeas.
11
6
Cílios:
Pode ocorrer uma despigmentação dos cílios e supercílios, denominada poliose, nas
síndromes uveomeníngeas (oftalmia simpática, síndrome de Vogt-Koyanagi Harada e uveítes
ligadas ao cristalino).
11
Pode ocorrer queda total ou parcial dos cílios ou supercílios, denominadas de madarose
na doença de Hansen, principalmente na forma virchowiana.
3
Conjuntiva:
A injeção conjuntival é um sinal comum na inflamação anterior aguda, mas é raro na
uveíte posterior crônica. Geralmente manisfesta-se como hiperemia uniforme e restrita na
região perilímbica e representa a inflamação do corpo ciliar.
3
A injeção conjuntival da uveíte pode afastar conjuntivite devido à ausência de
envolvimento da conjuntiva forniceal e palpebral. Entretanto a esclerite a a episclerite pode
ocorrer em conjunto com alguns tipos de inflamação intra-ocular. A injeção profunda dos
vasos esclerais e a dor severa diferenciam a esclerite verdadeira de uma inflamação mais
superficial. A esclerite associada à uveíte pode ser nodular e confinada a uma área do globo.
3
A congestão ocular pode apresentar uma hiperemia restrita à região perilimbica
(injeção ciliar) ou como uma hiperemia difusa, dependendo da gravidade da uveíte. O uso da
fenilefrina tópica ajuda na diferenciação, pois tende a aliviar a hiperemia conjuntival, mas não
a hiperemia ciliar mais profunda.
11
Na conjuntiva também podemos encontrar nódulos presentes na sarcoidose e na
doença de Hansen.
11
Pupila:
A avaliação pupilar geralmente é difícil em pacientes com uveíte pela presença de
sinéquias e uso crônico de cicloplégicos.
3
Na ausência de sinéquias geralmente ocorre miose na irite. A irritação iriana resulta na
liberação de prostaglandinas e miose.
15, 17
O reflexo axonal causada pela irratação das
terminações do nervo trigêmio em qualquer parte do olho pode geral uma vasodilatação iriana
antidrômica com conseqüente constrição pupilar.
15, 18
7
Na conjuntivite a pupila não muda de tamanho e no glaucoma agudo, a pupila
encontra-se dilatada.
11, 15
Pressão intra-ocular:
Tanto o aumento quando a baixa da pressão intra-ocular pode resultar da inflamação
intra-ocular.
3
As iridociclites levam, freqüentemente,a uma moderada baixa da pressão intra-ocular,
embora às vezes ocorram quedas maiores que devem ser observadas com a mesmo cuidado
que se dedica às elevações da pressão intra-ocular.
11
Essa hipotensão resulta, provavelmente,
da infiltração do corpo ciliar por células inflamatórias, com redução da secreção do humor
aquoso.
19
A liberação de prostaglandinas também pode ter sua importância.
20
Às vezes, entretanto, a pressão intra-ocular pode estar elevada em conseqüência da
inflamação na área da malha trabecular ou de bloqueio do seio camerular por células ou
resíduos inflamatórios.
21
O glaucoma também pode ser provocado por sinéquias anteriores
periféricas, cicatrização do trabeculado e edema do corpo ciliar com bloqueio pupilar
subseqüente.
22
Em um grande número de vezes, entretanto, o glaucoma pode ser provocado
pelo uso frequente de corticosteróides, podendo ocorrer logo após o início da terapia ou
tardiamente, meses ou anos depois.
23
Córnea:
Nos processos inflamatórios da úvea, o edema de córnea resulta principalmente do
aumento da pressão intra-ocular e do desequilíbrio do complexo endotélio-parenquimatoso. O
aumento da pressão intra-ocular leva a um edema difuso da córnea, enquanto que o
desequilíbrio endotélio-parenquimatoso pode levar a um edema difuso ou setorial. Na
presença de edema setorial, observam-se geralmente, na porção endotelial correspondente ao
edema, precipitados ceráticos tipo mutton-fat.
11
Na ceratite disciforme do herpes zoster oftálmico, ocorrem, freqüentemente,
precipitados ceráticos e dobras de Descemet.
11
8
As dobras de Descemet são vistas à biomicroscopia como duas linhas brilhantes,
geralmente tortuosas, separadas por um espaço escuro. Ocorrem na presença de hipotensão
intra-ocular.
11
Precipitados ceráticos:
Os precipitados ceráticos são os achados corneanos mais comuns nas uveítes.
3
São pequenos agregados de células inflamatórias depositadas na superfície endotelial
da córnea a partir do humor aquoso. Os precipitados ceráticos são geralmente encontrados na
porção inferior da córnea, numa formação vertical (linha de Turk) ou numa formação
triangular de base inferior (triângulo de Arlt). A localização inferior dos precipitados ceráticos
resulta da corrente de convecção na câmara anterior que sobe ao longo da íris quente e desce
ao longo da córnea fria.
15
As células que se precipitam são as mesmas encontradas no humor aquoso. Portanto,
células inflamatórias crônicas como macrófagos, linfócitos e células do plasma, predominam
sobre os leucócitos polimorfonucleares.
15, 24
Os precipitados ceráticos pequenos do tipo branco são formados por neutrófilos,
linfócitos e em alguns casos por eosinófilos. Geralmente mantém um aspecto morfológico
constante ao longo da evolução da doenças sem apresentar coalescência e fagocitose dos
pigmentos. Localizam-se preferencialmente na metade inferior da córnea e caracterizam as
iridociclites não granulomatosas.
11, 15
Os precipitados ceráticos grandes, semelhantes a gotas de cera, são chamados de
gordurosos ou mutton-fat e geralmente representam agregados de células epitelióides e
macrófagos mononucleares de cerca de um milímetro de diâmetro.
15
Têm tendência a
coalescer e assumir tamanhos variados e alteração da cor devido à impregnação por
pigmentos. Embora muitos precipitados ceráticos possam desaparecer sem deixar seqüelas,
pode ocorrer uma descompensação transitória da córnea. O endotélio pode apresentar aspecto
semelhante a guttata (pseudogutatta), geralmente devido ao edema das células endoteliais,
podendo ocorrer lesão permanente, com opacificação do endotélio e vascularização da
córnea.
25
A membrana de Descemet pode cobrir velhos precipitados ceráticos, dando uma
9
aparência vítrea ou de fantasmas às células. Os precipitados ceráticos tipo mutton-fat são
característicos das iridociclites granulomatosas.
15
Os depósitos de fibrina, que podem ocorrer isoladamente ou junto com os precipitados
ceráticos, são freqüentes na fase inicial de qualquer processo inflamatório uveal,
caracterizando-se por finos depósitos de diferentes formas, geralmente disseminados pelo
endotélio, mas podendo apresentar também uma localização preferencial na metade inferior da
córnea. Os depósitos de fibrina associados a precipitados ceráticos do tipo branco são achados
típicos da iridociclite heterocrômica de Fuchs.
11, 15
Ceratopatia em faixa:
As iridociclites crônicas de longa, especialmente em crianças, podem levar à
ceratopatia em faixa, caracterizada pela deposição de cálcio na membrana de Bowman. Inicia-
se a ceratopatia em faixa geralmente nas extremidades horizontais da córnea, deixando livre
uma pequena área na periferia. A margem límbica é mais proeminente, com afilamento
progressivo da lesão em direção a córnea. Buracos redondos escuros dentro da lesão dão-lhe a
aparência de “queijo suíço”. A ceratopatia em faixa deve ser diferenciada do anel de Vogt e da
degeneração esferóide. Ocasionalmente, a ceratopatia em faixa pode, de maneira atípica,
iniciar-se no centro da córnea. Raramente, forma um padrão reticular lembrando a distrofia em
lattice da córnea, sendo chamada de degeneração reticular superficial de Koby.
15
Ceratites:
A córnea pode apresentar alterações, específicas ou não, associadas à inflamação
uveal, que são, às vezes, causas primárias dessa inflamação e , em outras, secundárias a ela.
11
Na tuberculose, é frequente a presença de lesões corneanas precedendo a inflamação
uveal, com um quadro típico de ceratite parenquimatosa com infiltração vascular, geralmente
unilateral e setorial, acometendo preferencialmente o quadrante temporal inferior. Ocorre
geralmente, a formação de uma opacidade nodular, densa, como um abscesso, em forma de
anel. Quadro semelhante pode ser encontrado na sífilis. Na tuberculose, entretanto, a resolução
do processo é mais lenta e menos completa, deixando uma cicatriz setorial densa.
11
10
Na doença de Hansen, a inflamação da córnea pode ocorrer como ceratite puntata
superficial ou ceratite intersticial. A ceratite superficial começa no quadrante temporal
superior como diminutas opacidades brancas próximo ao limbo. Essas opacidades, formadas
por bacilos de Mycobacterium leprae, circundados por um infiltrado de polimorfonucleares,
assemelham-se a pós de giz e situam-se no epitélio e no estroma superficial. Não se coram
com fluoresceína e são assintomáticas. Podem se disseminar inferior e centralmente e
coalescer com o tempo, formando uma opacidade difusa. Mais raramente, podem se tornar
vascularizadas ou levar a uma inflamação do estroma profundo. A ceratite intersticial ocorre
em aproximadamente 6% dos casos, em fases tardias da doença. Apresenta-se como infiltrado
e vascularização profunda da córnea que se inicia na periferia, propagando-se em direção ao
centro. Geralmente é bilateral e acomete preferencialmente o quadrante temporal superior. Em
contraste à ceratite intersticial da sífilis, a vascularização é escassa e tardia.
11
O herpes zoster e o herpes simplex produzem uma ceratite que geralmente precede a
inflamação da úvea anterior. O herpes simples pode produzir uma ceratite puntata superficial,
na forma de lesões estreladas, úlceras dendríticas ou geográficas. Algumas vezes, os defeitos
epiteliais persistem ou recorrem (úlceras pós-infecciosas ou meta-herpéticas), apresentando-se
como úlceras dendríticas, redondas ou ovais, com margens sinuosas, acinzentadas, que não se
coram com rosa bengala. O estroma corneano também pode ser acometido de várias maneiras:
com predominância de edema, infiltração branda e uveíte (edema disciforme); com
predominância de infiltração e necrose (ceratite parenquimatosa necrosante); com infiltração,
edema e vascularização, sem úlcera (ceratite intersticial) e com predominância de
acometimento endotelial (endotelite). A ceratite disciforme ocorre quando o edema disciforme
é acompanhado por infiltração, sob uma lesão dendrítica ou sob epitélio intacto.
11
As complicações corneanas no herpes zoster ocorrem em cerca de 40% dos casos,
podendo assumir várias formas, mas apresentando-se mais comumente como ceratite puntata
ou lesões dendríticas. As lesões dendríticas não são escavadas e, sim, elevadas, com células
edemaciadas e um aspecto de placas brancacentas. Em contraste ao padrão delicado das lesões
do herpes simples, os dendritos do zoster são mais grosseiros e em forma de medusa; coram-se
irregularmente com fluoresceína, mas coram-se bem com rosa bengala. A ceratite puntata
aparece como lesões múltiplas periféricas, focais e elevadas que se coram com rosa bengala.
Essas lesões podem evoluir para a formação de dendritos e , tanto a ceratite puntata quanto os
11
dendritos podem levar a formação de infiltrados no estroma superficial. Também podem
ocorrer a ceratite disciforme, os infiltrados anulares e a ceratite intersticial necrosante.
11
Endoteliopatia auto-imune:
Foram descritos casos de endoteliopatia auto-imune em pacientes com uveíte
intermediária, tanto na fase de atividade como na fase de remissão. O aspecto biomicroscópico
é semelhante ao da linha de rejeição endotelial migratória (linha de Khodadoust) observada
nas reações de rejeição a transplante de córnea. Quando observadas em olhos sem outras
alterações, essa linha é denominada endoteliopatia auto-imune. Apresenta-se como uma área
linear de destruição das células endoteliais na periferia da córnea, com edema de estroma na
área correspondente e discreta reação de câmara anterior. Na porção não edemaciada da
córnea podem ser observados finos precipitadas ceráticos, também dispostos linearmente. A
lesão responde bem ao uso de corticosteróides, podendo, no entanto, haver formação de
nubéculas na região da córnea acometida, se o tratamento não for instituído precocemente.
11
Câmara anterior:
A câmara anterior é facilmente examinada através de biomicroscopia pela lâmpada de
fenda em busca de sinais inflamatórios oculares. Como as células inflamatórias, normalmente,
não estão presentes no humor aquoso, a presença de celularidade ou proteínas (flares) na
câmara anterior evidenciam atividade inflamatória na íris e/ou corpo ciliar.
3
O humor aquoso é uma solução coloidal, obecedendo a leis físico-químicas específicas
que determinam o efeito Tyndall e a corrente térmica de convecção. O humor aquoso normal é
opticamente vazio à biomicroscopia. O efeito Tyndall ocorre em conseqüência da difração da
luz por partículas suspensas na solução coloidal. Estas partículas podem ser células, proteínas
ou a associação de ambos. A corrente térmica de convecção é verificada pelo movimento de
partículas que sobem ao longo da íris (mais quente) e descem ao longo da córnea (mais fria).
11
Com um certa freqüência, pacientes com irite recorrente buscam ajuda com queixa de
dor, mas devido a ausência de celularidade ou flare ao exame, a eles é explicado que não há
12
uveite. Para espanto do oftalmologista, o paciente retorna no dia seguinte com irite bem
estabelecida. A explicação para isso é que quando inicia-se a inflamação na íris e no corpo
ciliar, e somente quando há suficiente células inflamatórias acumulando-se nestes tecidos é
que estas extravasam para o humor aquoso tornando-se visíveis. Por isso, a análise da
inflamação da câmara anterior é útil, mas é uma medida indireta da reação inflamatória da íris
e do corpo ciliar.
3
Células:
A celularidade da câmara anterior é composta primariamente de linfócitos na maioria
dos episódios de uveíte anterior, mas um número significativo de neutrófilos pode estar
presente inicialmente no curso da doença. Celularidade de câmara anterior é melhor observada
posicionando a lâmpada de fenda obliquamente através do olho e focando atrás da córnea. As
células são vistas como pequenos pontos branco na área da luz difratada. Existe uma variação
considerável entre os oftalmologistas em classificar o número de células. Como a celularidade
representa um índice de atividade, mas não uma medida direta da inflamação ativa, não
acreditamos que o sistema de classificação discrimine pequenas variações.
Existem três estabelecidos sistemas para quantificar celularidade: Hogan, Schlaegel e
Nussemblatt.
3, 24, 26
Além destes, o SUN (the standardization of uveitis nomenclature working
group) também padronizou uma forma de quantificar celularidade em estudos cientificos sobre
uveíte (tabelas 02 e 03).
27
Flare:
O flare é visto como uma turvação na área da luz difratada, provocado pela presença
de exsudato ou transudato protéico (efeito Tyndal).
24, 26, 28
O flare é graduado de acordo com os critérios de Hogan. Zero significa ausência
completa; 1+ significa flare leve (pouco detectável); 2+ significa flare moderado (detalhes
irianos e cristalinianos perceptíveis); 3+ flare marcado (detalhes irianos e cristalinianos não
perceptíveis); 4+ significa flare intenso (humor aquoso coagulado e fixo com fibrinas).
24
13
O aumento do conteúdo protéico na câmara anterior decorre da ruptura da barreira
hemato-aquosa e não é um indicativo de inflamação ativa. Há 07gramas de proteína/100ml de
sangue, mas apenas 11miligramas de proteína/100ml de aquoso. Para quantificá-lo, a luz da
lâmpada de fenda é regulada em sua intensidade máxima, usando-se a fenda de 1 x 1mm e
direcionando-se o raio de luz em ângulo oblíquo ao ângulo iriano.
3
Um flare discreto é considerado dentro da normalidade. Na iridociclite crônica inativa,
às vezes, um flare de 3+ pode persistir devido ao dano permanente da barreira hemato-aquosa.
Medicação não reverterá esse flare intenso. Mantendo a celularidade abaixo de duas a três
cruzes e sem outros sinais de atividade inflamatória, geralmente é melhor interromper o
tratamento.
15
Hipópio:
O hipópio é uma coleção brancacenta, localizada inferiormente na câmara anterior,
resultante de um aumento exagerado da permeabilidade da barreira hemato-aquosa. Pode ser
infeccioso, não infeccioso e tumoral.
29
O hipópio não-infeccioso é o mais freqüentemente observado, caracterizando-se pela
ausência de elementos bacterianos ou fúngicos, sendo formado por polimorfonucleares,
linfócitos, plasmócitos, macrófagos e fibrina. É encontrado nas uveítes endógenas como
Behçet, doença de Reiter, doença de Hansen e uveítes ligadas ao cristalino.
29
O hipópio tumoral apresenta, caracteristicamente, baixa mobilidade e irregularidade no
nível superior. É frequente no retinoblastoma, na leucemia e nos tumores metastáticos. Seu
achado indica, de modo quase definitivo, a presença de tumor.
11
O hipópio é definido estritamente como acumulo de pus inferiormente na câmara
anterior resultante de infecção supurativa. Entretanto o hipópio pode não ser gerado por
processo infeccioso e nem estar restrito às 6h na câmara anterior.
29
O hipópio pode resultar de processo inflamatório, infeccioso ou maligno, e também de
ceratite. Tem valor como sinal clínico por ocorrer junto a determinadas condições específicas
permitindo seu diagnóstico e tratamento.
29
14
O hipópio puramente inflamatório não contém migroorganismos e o hipópio associado
a tumores contém muitas células neoplásicas sendo denominado em alguns casos como
pseudo-hipópio.
29
Durante a fase exsudativa da inflamação, a câmara anterior pode apresentar-se com
flares (proteínas serosas), exsudato fibrinoso (“plástic”), ou exsudato purulento (hipópio).
29
Tanto na inflamação quanto na infecção intra-ocular, o hipópio consiste de debris
teciduais e produtos inflamatórios da produção e recrutamento de leucócitos.
29
Hifema:
O hifema é uma coleção de sangue depositada na porção inferior da câmara anterior e,
em alguns casos, preechendo-a completamente. Embora a maioria dos casos ocorra em
conseqüência de trauma, o hifema pode ocorrer na gonorréia e na uveíte herpética.
11
Íris:
A íris pode apresentar nas uveítes, alterações vasculares, do estroma ou da sua porção
ectodérmica.
11
Tumefação da íris:
Por sua característica histológica, a íris, caracteristicamente, apresenta enorme
capacidade de aumento da sua espessura, podendo estar tumefeita nas fases agudas das
iridociclites.
11
Hiperemia ou congestão vascular iriana:
Nos processos inflamatórios agudos, com envolvimento do trato uveal anterior, os
vasos radiais do estroma iriano tornam-se mais bem visualizados, principalmente nas íris de
cor clara e nas regiões menos espessadas das íris de cor escura. Esses vasos desaparecem com
a melhora do processo inflamatório e devem ser diferenciados de neovasos.
11
15
Atrofia e despimentação da íris:
Nas uveítes anteriores, podem ocorrer alterações importantes do estroma,dos vasos e
do epitélio pigmentário da íris, com formação de áreas de atrofia e despigmentação, setoriais
ou difusas, que podem assumir formas características em alguns casos.
11
Nos casos de herpes simplex e herpes zoster há alguma despigmentação focal, com
atrofia do estroma, formando lesões de aspecto numular. Na ciclite heterocrômica de Fuchs, a
atrofia ocorre, inicialmente, na camada epitelial da porção pupilar da íris, acometendo, ao
longo do processo inflamatório, o estroma e o epitélio. Difusamente, causando uma
despigmentação de toda a íris, que se torna homogeneamente mais clara no olho acometido.
11
Na doença de Hansen, a atrofia da íris ocorre em conseqüência de alterações nervosas
e pode, às vezes, ser de proporções tais que simule um quadro de aniridia.
11
Nódulos irianos:
As lesões de aspecto nodular do estroma ou do epitélio iriano são designadas
indistintamente como nódulos, independente de serem apenas lesões análogas aos precipitados
ceráticos, formadas por depósitos de células do humor aquoso, ou de representarem focos
inflamatórios verdadeiros sobre a íris ou em seu interior. Segundo Busacca, o termo
eflorescência deveria ser usado para designar genericamente essas lesões, que seriam
divididas, segundo suas características biomicroscópicas e histológicas, em nódulos
verdadeiros, pápulas ( ou nódulos efêmeros) e pérolas.
11
Nódulos irianos verdadeiros:
São estruturas infiltrativas e destrutivas, geralmente localizadas no estroma e no
epitélio da íris.
11
Os nódulos epiteliais da margem pupilar são formações arredondadas que podem
também ser observadas em porções mais distais da porção pupilar da íris. Podem assumir
aspecto globoso, formando saliência na câmara anterior e , às vezes, na câmara posterior,
16
levando em alguns casos, à formação de sinéquias posteriores. Histologicamente, consistem,
inicialmente, de aglomerados de células da camada epitelial da íris , apresentando, com
evolução do processo, infiltração linfocitária. Esses nódulos deixam caracteristicamente, ao
desaparecer, áreas de atrofia iriana.
11
Os nódulos mesodérmicos são formações de aspecto bizarro, de coloração branco-
amarelada, variando com a fase evolutiva da doença. Distribuem-se de maneira heterogênea
por toda a íris e caracterizam-se por sua tendência a infiltração e destruição, deixando
pequenas áreas atróficas no estroma iriano. São encontrados nas iridociclites granulomatosas
graves, como, por exemplo, nas síndromes uveomeníngeas. Os nódulos mesodérmicos podem
ser divididos em específicos, metastáticos e especiais. Os específicos têm aspecto de
determinadas etiologias, apresentando, em geral, aspecto grande, globoso, com vasos irianos
em sua superfície ou em seu interior. Nessa categoria, encontram-se os nódulos da
tuberculose, doença de Hansen, sarcoidose, sífilis e lupus. Os nódulos metastáticos
assemelham-se aos específicos, porém são mais volumosos e deixam áreas de atrofia iriana
maiores. Os nódulos especiais são aqueles encontrados nas facomatoses e os do tipo
congênito. Estes últimos geralmente apresentam-se como saliências do estroma, com aspecto
de mamilo, sem ligação com qualquer processo patológico.
11
Pápulas (ou nódulos efêmeros)
São eflorescências infiltrativas e não destrutivas que se localizam na superfície da íris,
consistindo de depósitos exsudativos derivados principalmente do tecido iriano infiltrado.
11
Os nódulos de Busacca (ou pápulas floconosas) são nódulos efêmeros do estroma que
se apresentam como pequenas massas brancas, semelhantes a flocos de neve, espalhando-se
pela superfície da íris. Têm vida curta e raramente deixam seqüela.
11
Os nódulos de Koeppe são nódulos efêmeros de epitélio, acometendo a porção pupilar
da íris. São em tudo semelhantes aos de Busacca e não levam à formação de sinéquias
posteriores.
11
17
Pérolas:
São lesões diminutas, em forma de grãos brancos, disseminadas por toda a íris, mas
localizando-se preferencialmente nas criptas e nas pseudocriptas irianas. São patognomônicos
da doença de Hansen, encontradas, na maioria das vezes, nos casos da forma virchowiana.
Correspondem, histologicamente, a acúmulos de bacilos ou a material dos mesmos.
11
Sinéquias:
Sinéquias são aderências entre a íris e o cristalóide anterior, a córnea ou o trabeculado
escleral, e nas afacias, com a membrana hialóide anterior, a cápsula posterior do cristalino ou a
face anterior de lentes intra-oculares. Isto resulta da inflamação da íris com formação de
exsudatos e a presença de fibrina no humor aquoso.
11
Em fases mais tardias do processo inflamatório, a organização fibroblástica torna as
aderências impossíveis de serem rompidas farmacologicamente.
15
Em algumas uveítes, ditas brancas ou frias, o processo inflamatório não produz
exsudação e, tipicamente, não leva freqüentemente à formação de sinéquias, como é o caso da
iridociclite não-granulomatosa observada em alguns processos viróticos, da leptospirose, da
doença de Kawasaki, da ciclite heterocrômicas de Fuchs e artrite reumatóide juvenil.
11
As sinéquias podem ser classificadas de acordo com sua localização em anteriores
(periféricas ou não), posteriores ou gônio-sinéquias.
11
Sinéquias posteriores:
Resultam da aderência da face posterior da íris com o cristalino, a cápsula anterior do
cristalino, a face anterior das lentes intra-oculares, a cápsula posterior do cristalino ou a
membrana hialóide anterior. A sinéquia é denominada de marginal epitelial quando a
aderência se restringe ao contato entre a porção epitelial da zona pupilar da íris com o
cristalino. Quando a aderência abrange também a porção mesodérmica da zona pupilar da íris,
a sinéquia é dita posterior marginal total. As sínfises iridocristalinianas ocorrem quando há
formação de superfícies de aderências maiores, e são chamadas de parciais quando apenas a
18
zona pupilar da íris é envolvida, e totais quando há envolvimento também da zona ciliar. As
sínfises ocorrem nos casos de inflamações mais intensas da íris, como nas iridociclites
granulomatosas graves, nas síndromes uveomeníngeas e na sarcoidose.
11
Quando as sinéquias posteriores são formadas nos 360graus do orifício pupilar, ocorre
seclusão pupilar que, por sua vez, pode levar à formação de “íris bombée”, quando a íris se
apresenta projetando-se em direção a córnea, em conseqüência do bloqueio da passagem do
humor aquoso da câmara posterior para a câmara anterior. Nestes casos, por sua vez , a
organização dos exsudatos na margem pupilar, com a formação de um tecido vascularizado. A
seclusão pupilar acompanhada de tecido organizado na área pupilar é denominada oclusão
pupilar. Os quadros de “íris bombée”, com ou sem oclusão pupilar, predispõem à formação de
sinéquias anteriores por promoverem o contato entre a íris e a córnea.
11
Sinéquias anteriores:
As sinéquias anteriores, formadas pela aderência entre a face anterior da íris e a face
posterior da córnea, podem ocorrer em conseqüência de situações de câmara anterior rasa
provocadas por seclusão pupilar ou por sinéquias posteriores. São ditas simples, quando a
aderência envolve apenas uma pequena parte da íris e da córnea. Já as sinéquias anteriores
periféricas caracterizam-se pela aderência de toda a orla de Fuchs à face posterior da periferia
da córnea. As sinéquias anteriores periféricas podem estar associadas às gônio-sinéquias,
formando um obstáculo à circulação normal do humor aquoso e levando a hipertensão intra-
ocular.
11
Gônio-sinéquias:
As gônio-sinéquias são formadas por aderências entre a raiz da íris e a parede externa
do seio camerular. Podem ser do tipo colunar, quando são separadas por áreas livres de
sinéquias, e coalescentes, quando a aderência entre a raiz da íris e a parede externa do seio
camerular é total.
11
19
Membrana pupilar:
No exame da pupila, pode ser observada membrana ou traves membranosas ocluindo
parcial ou totalmente o orifício pupilar. Deve-se, nesses casos, fazer a distinção entre as
membranas de natureza congênita e as inflamatórias. A membrana pupilar congênita (porção
anterior da túnica vasculosa lentis) normalmente desaparece por volta da 28ª semana de
gestação. Embora seja muito comum a observação de resquícios da membrana pupilar
congênita em indivíduos normais. A persistência anormal dessa membrana, especialmente
com assimetria entre os dois olhos, pode ocorrer em casos de toxoplasmose congênita,
rubéola, citomegalovirus e herpes simplex.
11
Nas uveítes anteriores não-granulomatosas de evolução crônica, pode ocorrer a
formação de membrana de crescimento lento que ocupa toda a área pupilar (diafragma
iridolenticular). As membranas pupilares inflamatórias são especialmente observadas nas
síndromes HLA-B27 e nos casos freqüentes de processos inflamatórios após implante de
lentes intra-oculares.
11
Neovasos e corpúsculos de Russell
A neovascularização da íris pode ocorrer em uveítes de longa duração, podendo levar à
formação de sinéquias.
15
Nas irites crônicas, o ingurgitamento dos vasos normais em
conseqüência do processo inflamatório pode levar à observação de vasos proeminentes na íris
clinicamente semelhantes a neovasos. Tanto os neovasos quanto os vasos normais congestos
apresentam extravasamento na angiofluoresceinografia e podem desaparecer com a terapia
anti-inflamatória.
15, 30
Os neovasos, no entanto, seguem um padrão de ramificação aleatório,
enquanto que os vasos irianos normais apresentam uma orientação radial.
11
Em casos de irite crônica, pequenas manchas brilhantes na superfície da íris podem
representar corpúsculos de Russell.
15, 31
Os corpúsculos de Russell são células do plasma
modificadas, com depósitos eosinofílicos no citoplasma, que podem se apresentar como
grumos (forma morular), como estruturas globulares isoladas ou como estruturas cristalinas. O
núcleo geralmente aparece como um anel excêntrico ou desaparece. O material eosinofílico
dos corpúsculos de Russell parece ser formado por imunoglobulinas que se tornaram
20
espessadas, dificultando sua eliminação pelas células plasmáticas (células plasmáticas
constipadas).
11, 15
Seio camerular:
De modo geral, o seio camerular não apresenta alterações nas uveítes, exceto em
algumas situações especiais e nas iridociclites de longa duração, em que pode haver a
formação de gônio-sinéquias. As gônio-sinéquias freqüentemente levam ao glaucoma,
complicação frequente e grave das uveítes. Impõem-se, nesses casos, um exame cuidadoso do
seio camerular, avaliando-se a presença de gônio-sinéquias ou neovascularização.
11
Em algumas uveítes, como, por exemplo, na sarcoidose, é comum o achado de
precipitados ceráticos nessa região. Na ciclite heterocrômica de Fuchs pode haver formação de
neovasos no seio camerular.
11
Em casos de uveíte unilateral, o exame do seio camerular pode revelar um corpo
estranho oculto ou tumor do corpo ciliar.
11
Cristalino:
As iridociclites crônicas ou agudas recorrentes provocam alterações metabólicas
importantes no cristalino que podem levar ao aparecimento de catarata, inicialmente cortical e
subcapsular posterior,que, em fases mais tardias, pode evoluir para uma catarata total. O uso
de corticosteróide atua como agravante deste processo, parecendo não haver relação
significativa entre a dose de corticosteródes utilizada e o início da catarata: algumas pessoas
desenvolvem catarata após um período relativamente curto de tratamento, enquanto que outros
parecem ser resistentes e nunca desenvolver catarata.
32
A catarata, é na maioria das vezes,
acompanhada de sinéquias posteriores, sínfise iridocristaliniana e aderências mais rígidas do
ligamento hialóideo-capsular. Algumas uveítes, no entanto, como a ciclite heterocrômicas de
Fuchs e alguns casos de uveíte intermediária, posterior e difusa, apresentam catarata sem
formação de sinéquias.
11, 15, 33
É freqüente a formação de depósitos de fibrina, de forma variada, sobre a cristalóide
anterior que, segundo Busacca, são indicadores de atividade da uveíte. Em alguns casos de
21
iridociclite, pode aparecer uma membrana fibrosa epilenticular que simula uma catarata,
embora o cristalino permaneça transparente sob ela.
15
O cristalino pode apresentar depósitos de grumos de pigmentos, como seqüela de
sinéquias posteriores e formações leitosas na cristalóide anterior, semelhantes às observadas
no glaucoma agudo, nas uveites associadas à hipertensão intra-ocular grave , após a
normalização da pressão.
11
Corpo Vítreo:
O corpo vítreo é freqüentemente envolvido nas uveítes e as alterações encontradas
refletem o grau e, até um certo ponto, a localização e o caráter inflamatório do trato uveal.
3
Na
presença de inflamação, o corpo vítreo pode ser invadido por células inflamatórias, hemácias,
proteínas e outras células, causando grau variável de opacificação. As alterações observadas
na biomicroscopia e na oftalmoscopia dependem da quantidade e do tipo de exsudação.
11
O corpo vítreo, da mesma forma que a câmara anterior, pode apresentar células e flare
ao exame biomicroscópico, que são, no entanto, mais difíceis de se avaliar ali, pois, além do
corpo vítreo ocupar um volume maior que o aquoso, essas alterações podem estar localizadas
em uma determinada região apenas.
3, 11
O corpo vítreo pode apresentar infiltração celular e exsudação protéica na ausência de
uma causa reconhecida, configurando o quadro de vitreíte idiopática. O diagnóstico é de
exclusão, devendo-se ter especial cuidado na investigação de linfomas intra-oculares e
algumas entidades infecciosas que podem produzir apenas uma inflamação vítrea discreta,
como endoftalmite metastática e infecção fúngica. A vitreíte idiopática é uma entidade rara,
geralmente bilateral que responde mal ao uso de corticosteróides e geralmente apresenta
recorrência após a vitrectomia. A maioria dos casos é acompanhada de edema macular cistóide
e, às vezes, de descolamento do corpo vítreo posterior. Exames anatomopatológicos realizados
com material obtido de vitrectomia não foram capazes de detectar presença de nenhum agente
etiológico. Têm ainda sido descritos, com freqüência, casos de vitreíte primária idiopática em
pacientes portadores de AIDS com lesões cicatrizadas de citomegalovirus.
11
Salvo os casos de vitreíte primária, menos freqüentes, o flare e as células do corpo
vítreo são geralmente secundários à inflamação da coróide, nervo óptico, retina ou corpo
22
ciliar. A densidade de células do corpo vítreo anterior deve ser estimada e comparada com a
da câmara anterior, na tentativa de se determinar de onde as células vêm, utilizando-se a
lâmpada de fenda com abertura da fenda luminosa de 1 x 1mm. Na irite, a maior parte das
células vem da íris e encontra-se em frente ao cristalino e ao diafragma iriano; na iridociclite,
a densidade de células anterior e posterior ao cristalino é a mesma e, na ciclite e nas uveítes
posteriores e difusas, a maioria das células encontra-se atrás do cristalino e no corpo vítreo.
Entretanto, deve-se ter em mente que a localização das células no corpo vítreo varia em função
não apenas da doença, mas também de sua gravidade. Na uveíte intermediária, por exemplo,
as células, geralmente encontradas no corpo vítreo anterior, podem, nos casos mais graves,
apresentar-se em grande número também no corpo vítreo posterior.
11
Pacientes com uveíte crônica, especialmente em casos de artrite juvenil, sarcoidose e
tumor do corpo ciliar (dictioma), podem apresentar formação de uma membrana ciclítica, que
se estende a partir do corpo ciliar e cobre a superfície posterior da lente. Uma membrana
ciclítica exercendo pressão sobre o corpo ciliar pode provocar seu descolamento que, por sua
vez, pode levar a hipotonia e phthisis. Em olhos afácicos, algumas membranas ciclíticas
podem ser bem seccionadas com yag laser, eliminando assim a tração sobre o corpo ciliar.
11
Também a estrutura do corpo vítreo pode ser alterada na presença de inflamação,
dando origem a lacunas, degenerações fibrilares e áreas de descolamento. O descolamento do
corpo vítreo anterior, menos freqüente que o posterior, pode ser total ou parcial (zonular ou
patelar). Quando há aumento do peso especifico do corpo vítreo anterior, por células,
exsudatos, pigmentos ou hemorragia, pode ocorrer uma inversão do canal de Cloquet, que
passa assumir um sentido ascendente, caracterizando o fenômeno de Busacca. O descolamento
do corpo vítreo posterior, com ou sem colapso, embora seja um achado comum em pacientes
idosos sem outras alterações, pode ocorrer em conseqüência de processos inflamatórios. No
descolamento sem colapso, a estrutura arquitetônica do corpo vítreo é mantida, e a membrana
hialóidea posterior permanece concêntrica à membrana limitante interna da retina. No
descolamento com colapso, há uma liquefação ou sinérese do corpo vítreo, que se apresenta
retraído, com alteração de sua estrutura original. O descolamento tracional parcial do corpo
vítreo pode estar associado à formação de edema macular cistóide e buraco macular.
11
Oftalmoscopicamente, todas as opacidades do corpo vítreo, exceto pigmentos e
hemácias, têm cor brancacenta quando refletem a luz e aparecem escuras, quando vistas por
23
retroiluminação contra o fundo do olho e o disco óptico. Essas opacidades são mais bem
examinadas pelo exame biomicroscópico e, embora no exame biomicroscópico de rotina
apenas três ou quatro milímetros de corpo vítreo anterior sejam visibilizados, com o uso de
uma lente pré-corneana ou corneana, todo o corpo vítreo pode ser examinado. Hogan, Kimura
e Thygeson (1959) propuseram uma classificação das opacidades do corpo vítreo, conforme
são vistas no exame oftalmoscópico e biomicroscópico, com e sem lentes de contato.
11
A densidade de células no corpo vítreo é mais bem estimada que contada, devido à
dificuldade de se limitar a profunidade do campo de contagem e porque, no corpo vítreo, as
células e o flare podem ser alterações restritas a uma região apenas. Por essa razão, autores
como Nussemblatt et al. (1996) propuseram uma avaliação da atividade inflamatória do corpo
vítreo baseada na turvação (haze) observada à oftalmoscopia. Esta é resultante tanto da
infiltração celular quanto da exsudação protéica. Recentemente, Nussemblatt et al. (1985)
elaboraram uma classificação do haze vítreo, baseada no exame com oftalmoscópio binocular
indireto. Neste tipo de avaliação, entretanto, é importante considerar quaisquer alterações de
transparência dos meios oculares, mesmo as não localizadas no corpo vítreo, podem contribuir
na formação do haze. Isto ocorre, por exemplo, na presença de catarata, opacificação corneana
ou inflamação importante do segmento anterior. Pode ainda haver turvação do corpo vítreo na
ausência de processo inflamatório ativo, como ocorre nos casos de descolamento do corpo
vítreo posterior com opacificação da membrana hialóide posterior. Desse modo, toda tentativa
de classificação de haze vítreo por meio de oftalmoscopia binocular indireta deve ser
complementada pela avaliação biomicroscópica do segmento anterior e posterior do olho, este
último com auxílio de lentes de pólo posterior, de contato ou não. No estudo de celularidade
vítrea, propõe-se o uso da classificação de Kimura et al. (1959) que, embora originalmente
desenvolvida para o exame biomicroscópico com lente de Hruby, pode ser também aplicada
no exame com lente de Volk de 78D, utilizando-se fenda luminosa de 1 x 1 milimetros.
11
Em muitas doenças, como na sarcoidose, uveíte intermediária, linfoma, retinoblastoma
e candidíase, as células vítreas tendem a se agregar, formando os chamados snowballs,
geralmente encontrados na porção inferior da base do corpo vítreo, próximos à superfície
retiniana. Na toxocaríase e no retinoblastoma, observam-se massas brancas, localizadas na
região retrolenticular e, na cisticercose, o próprio cisticerco pode ser encontrado na cavidade
vítrea.
11
24
No exame biomicroscópico, o corpo vítreo posterior pode se apresentar com resíduos
inflamatórios, geralmente pigmentados, formando grumos, maiores que as células individuais
e tomando, às vezes, o aspecto cilíndrico transparente (cilindros vítreos). Os exsudatos e os
precipitados, análogos aos precipitados ceráticos no endotélio corneano, podem ocorrer na
membrana hialóide posterior ou na superfície retiniana, especialmente nos casos de
coriorretinites focais, como, por exemplo, na toxoplasmose. Nas uveítes posteriores e nas
intermediárias, podem ainda ser observadas traves e membranas que, em alguns casos,
tracionam a retina, levando a hemorragias e ao descolamento.
11
Retina, coróide e vasos:
Todo paciente com uveíte anterior ou posterior deve ser submetido ao mapeamento do
fundo de olho, considerando-se o risco de negligenciar focos de inflamação posteriores,
diagnosticando-se erroneamente a uveíte como uma iridociclite pura. A oftalmoscopia
binocular indireta é a técnica de eleição, permitindo definir a extensão e a localização
topográfica dos focos inflamatórios. O exame é, no entanto, limitado no que diz respeito à
definição da profundidade relativa das lesões, assim como na avaliação de edema macular. Por
essa razão, faz-se necessária a complementação do exame por meio da biomicroscopia de
fundo de olho com lente pré-corneana ou corneana.
3, 11
O sistema de divisão do fundo de olho em zonas, proposto por Holland, Buhles et al.
(1989), facilita e padroniza a descrição e a localização topográfica das lesões observadas
durante a oftalmoscopia binocular indireta.
3, 11
Os focos de inflamação posteriores ativos apresentam-se como lesões brancas,
protrusas, com margens borradas e edema perilesional e, às vezes, pequenas hemorragias.
Essas lesões envolvem primariamente a retina ou a coróide, mas geralmente acometem ambas
as estruturas no curso de sua evolução. Nesses casos, as lesões que acometem primariamente a
coróide são denominadas de coriorretinites e, caracteristicamente, apresentam menor
comprometimento do corpo vítreo que as lesões primárias da retina, as retinocoroidites. São
exemplos de coriorretinite a histoplasmose, a sífilis, a tuberculose, a candidíase e a uveíte por
esquistossomose. Apresentam-se como retinocoroidites a toxoplasmose, a rubéola, a retinite
por citomegalovirus, a toxocaríase e o herpes. Embora menos comum, existem os casos em
25
que apenas a retina ou a coróide são acometidos. Os focos de inflamação de retina e coróide
podem ser classificados como focais, difusos ou satélites a uma lesão cicatrizada, superficiais
ou profundos. Esses focos vão se tornando amarelados e com margens mais nítidas, à medida
que o processo inflamatório regride, até que, posteriormente, numa fase já cicatricial,
apresentam-se , na maioria das vezes, planos, amarelados, com margens bem definidas e
comumente impregnados de pigmento.
11
Em todos os casos de uveíte, a mácula deve ser cuidadosamente avaliada quanto à
presença de edema, particularmente o edema macular cistóide, frequente nos casos de uveíte
intermediária, doença de Behçet, coriorretinopatia de Birdshot e epiteliopatias em geral. Deve-
se suspeitar de edema macular sempre que a acuidade visual estiver diminuída, ainda que o
edema não seja evidente ao exame do pólo posterior. Nesses casos, a angiofluoresceinografia é
útil na confirmação do edema. Na maioria das vezes, no entanto, o exame clínico com lente
pré-corneana ou corneana, costuma ser suficiente. As lente corneanas são as mais adequadas
para o diagnóstico de edema macular cistóide. Quando ocorre coalescência dos cistos, o
edema macular cistóide pode evoluir para formação de cisto ou buraco macular. Em alguns
casos, pode ocorrer formação de membranas neovasculares subretinianas e membranas
epirretinianas que distorcem a mácula. Ambas as complicações são atualmente passíveis de
tratamento por meio de vitrectomia, o que aumenta a importância do diagnóstico correto.
3, 11
Nos processos inflamatórios mais graves do segmento posterior, podem ocorrer
descolamentos de retina, regmatogênicos ou não. Os descolamentos regmatogênicos aparecem
nos casos em que há formação de traves vítreas, com tração e ruptura da retina, geralmente em
região próxima do foco inflamatório. Podem ser observadas rupturas sem descolamento,
impondo-se, nesses casos, o fechamento cirúrgico imediato da rotura. Os descolamentos não
regmatogênicos são descolamentos serosos, encontrados nas alterações de epitélio pigmentário
da retina, como na epiteliopatia pigmentar placóide multifocal posterior aguda , na coroidite
serpiginosa e nas síndromes uveomeningeas. Nas uveítes difusas, caracteristicamente, o
descolamento evolui para formação de grandes bolsões que se apresentam com aspecto leitoso
e mobilidade reduzida, diferente do que é observado nos descolamentos regmatogênicos.
Esses bolsões podem ser observados na efusão uveal, nas síndromes uveomeníngeas, na
retinopatia gravídica e nos tumores primários e secundários da coróide.
11
26
O espaço subretiniano pode ser infiltrado por líquido, bem como por células gliais e
pelo epitélio pigmentário retiniano que proliferam em conseqüência de inflamação. Essas
áreas de infiltração aparecem como placas de tecido branco-amarelado e são comumente
denominadas de fibrose subretiniana. O processo inflamatório estimula o crescimento de
fibroblastos e a metaplasia das células de Muller e das do epitélio pigmentário. Esse tecido,
associado a traves vítreas e membranas epirretinianas, leva à tração e distorção da retina.
3, 11
Os vasos retinianos podem estar alterados tanto nas uveítes posteriores e
intermediárias, quanto nas anteriores. As alterações mais graves, no entanto, são observadas
na doença de Behçet, na uveíte intermediária, na sarcoidose, na necrose retiniana aguda e nas
uveítes posteriores de modo geral.
3
As vasculites podem ser primárias ou secundárias a outras
uveítes. As arterites segmentares, consideradas no passado, como características da
tuberculose, são mais freqüentemente associadas, atualmente, à uveíte por toxoplasmose.
Caracterizam-se pela deposição de imunocomplexos, que se apresentam como pequenos
pontos brancos, semelhantes a pérolas, ao longo de um segmento de parede arterial,
geralmente situado entre o foco inflamatório e o disco óptico.
11
O embainhamento vascular, que pode ser observado em todo fundo de olho, no curso
de uma inflamação ativa, resulta do acúmulo de células inflamatórias ao redor dos vasos e é
freqüentemente acompanhado de estreitamento e oclusão vascular. Quando restrito aos vasos
da periferia, o embainhamento pode ser pouco evidente e passar desapercebido ao exame
menos cuidadoso.
3
As arterites são encontradas com freqüência na sífilis, necrose retiniana
aguda e neurorretinite subaguda unilateral difusa, enquanto que as alterações venulares são
mais comuns na doença de Eales, uveíte intermediária, tuberculose e doença de Behçet. As
vasculites, bem como as lesões profundas da coróide e da retina, são mais bem examinadas
com utilização de filtro red free.
11
Com freqüência, as vasculites são acompanhadas de hemorragias retinianas e
exsudatos algodonosos, provavelmente relacionados à isquemia retiniana secundária à
inflamação. Adcionalmente, em alguns tipos de retinite, podem ser observados infiltrados
celulares retinianos que se apresentam como manchas brancas semelhantes aos exsudatos
algodonosos, mas localizados mais profundamente e com edema retiniano circunjacente.
11
27
Nervo óptico:
O nervo óptico pode ser sítio de inflamação primária ou secundária a uveítes
anteriores, posteriores, intermediárias ou difusas. Em qualquer uma dessas situações , o disco
óptico pode apresentar edema, hiperemia, neovascularização e células inflamatórias pré-
discais.
11
As neurorretinites são processos caracterizados pela presença de lesões focais
justadiscais, observadas na toxoplasmose, na tuberculose e nas retinites por citomegalovirus.
11
Corpo ciliar:
As membranas cicliticas se formam entre os processos ciliares e ocorrem nos casos de
uveíte de longa duração. Podem levar ao descolamento da retina e do corpo ciliar com
conseqüente hipotonia ocular e phthisis bulbi.
11, 15
A cicloscopia, embora não seja um exame comumente utilizado, pode demonstrar
nódulos branco-acinzentados e espessamento da raiz da íris e dos processos ciliares na
sarcoidose. A oftalmoscopia binocular indireta com depressão escleral permite o exame da
pars plana, importante nos casos de uveíte intermediária.
11, 15, 34
28
3.2 CATARATA:
O cristalino é uma lente transparente e biconvexa, cuja função é manter sua própria
transparência, refratar a luz e fornecer acomodação. A lente não tem suprimento sanguíneo ou
inervação depois do seu desenvolvimento fetal e depende totalmente do humor aquoso para
suprir suas necessidades metabólicas. A lente repousa posteriormente a íris e anterior ao corpo
vítreo. É suspensa em sua posição pelas zônulas de Zinn, que são fibras aderidas ao corpo
ciliar. A lente é composta de cápsula, epitélio, córtex e núcleo.
35, 36
Qualquer insulto ao cristalino , seja metabólico, nutricional, inflamatório, químico,
mecânico, elétrico, ou por irradiação pode resultar em uma descompensação do equilíbrio
metabólico do cristalino, levando a sua perda de transparência denominada catarata.
37
A catarata é a principal causa de cegueira reversível em todo o mundo. O mesmo
acontece no Brasil.
38
A cirurgia de catarata é muito frequente, sendo a cirurgia mais realizada anualmente
nos Estados Unidos em pacientes acima de sessenta e cinco anos de idade.
39
Uma explosão tecnológica envolveu a cirurgia de catarata com técnicas microscópicas
e principalmente com o advento da correção de grau da ametropia subsequente com lentes
intra-oculares seguras e confortáveis, que revolucionaram a recuperação visual pós-operatória,
tornando-a excepcionalmente boa.
40
29
3.3 CIRURGIA DE CATARATA:
A história escrita da cirurgia da catarata ultrapassa 20 séculos. As primeiras escritas
(Celsus, 25 AC – 50 DC) referem que físicos (Philoxenes, 300 DC) daquele período
realizavam tratamento cirúrgico de catarata, mas registros e descrições sobre as técnicas
utilizadas foram perdidos.
41
Físicos observaram o reflexo pupilar branco causado pela catarata madura e deduziram
que esta anormalidade branca era uma “sufusão” uma “hypochyma”, uma coagulação do
humor aquoso atrás da íris (Celsus, 30 DC). O termo “catarata” foi introduzido por
Constantinus Africanus (DC 1018), um monge e oculista árabe. Ele traduziu o termo árabe
“sufusão” para o latin “cataracta” com significado de “algo colocado atrás de alguma coisa” e
“cascata d`água” .
42
Os primeiros cirurgiões que praticaram a arte do couching (expressão; exprimir) não
tinham idéia de que a obstrução que eles tentavam remover de trás da íris era a lente humana.
Somente no século 16 Antoine maître-Jan e Michel Pierre Brisseau (1708) identificaram
através de autópsia que a catarata era realmente a própria lente cristaliniana.
41
Por mais de 20 séculos, couching foi o primeiro método para deslocar a catarata para
longe da pupila. A primeira descrição escrita do couching veio de Susruta (também soletrado
Sushruta), um cirurgião indiano (600 AC): Ele (o cirurgião) riscava o olho (lente) com a ponta
de uma lanceta que era embibida em cânhamo (um marcador para determinar a profundidade
em que a lanceta seria inserida no olho). Se o paciente reconhecer formas, a lanceta é
lentamente retirada e colocado manteiga derretida sobre o olho.
43
Daviel (1696-1762), iniciou a revolução cirúrgica descrevendo um método planejado
de retirada da catarata do olho. Em 1763, ele publicou os detalhes da cirurgia de extração
extracapsular da catarata, porém não teve boa aceitação na época.
44
Entre 1753 e 1862, três indivíduos mudaram o rumo da cirurgia da catarata. Pierre-
Francois-Benezet Pamard mudou a incisão cirúrgica para a parte superior do olho; o paciente
deitava-se em decúbito dorsal e o cirurgia operava contra a cabeça do paciente. Carl Hilmy
melhorou a abordagem cirúrgica introduzindo o uso de midriáticos. Albert Mooren adicionou
a realização da iridectomia para evitar o bloqueio pupilar.
19
30
Daviel e Samuel Sharp (1753) descreveram uma cirurgia em que se retirava o
cristalino inteiro do olho com a cápsula íntegra, a extração intracapsular da catarata.
41
T. Krawawicz (1961) introduziu a crioextração, onde uma sonda poderia ser congelada
na superfície do cristalino provocando sua aderência e propiciando sua remoção. A
crioextração revolucionou a extração intracapsular da catarata.
45
A cirurgia intracapsular da catarata permaneceu no seu apogeu até o início dos anos
70. O principal fator que motivou o fim do seu sucesso foi do desenvolvimento da lente intra-
ocular e para sua implantação era necessário manter um suporte, ou seja, a própria cápsula
cristaliniana. Outros fatores que motivaram o desenvolvimento da técnica de extração
extracapsular da catarata foram a necessidade de uma incisão menor e de menor incidência de
complicações pós-operatórias.
44
Wetzig provou que complicações pós operatórias como descolamento de retina e
edema macular cistóide poderiam ser reduzidas mantendo a cápsula posterior intacta.
46
Charles Kelman (1967) mudou dramaticamente o rumo da cirurgia de catarata
introduzindo a facoemulsificação da catarata.
47
Com a idéia de realizar a cirurgia da catarata
por uma pequena incisão, pesquisou e idealizou vários instrumentos para quebrar a catarata
dentro do olho; com a impossibilidade da realização do procedimento com estes intrumentos,
chegou a conclusão que a catarata somente poderia ser quebrada mecanicamente por um
instrumento que tivesse uma velocidade muito alta, e que com isto quebrasse a catarata sem
empurrá-la, movimentá-la, ou vibrá-la no olho; concluiu então que a velocidade necessária
para essa função seria a ultra-sônica. A partir de um aparelho para remoção de tártaro dentário
movido com ultra-som, idealizou o primeiro aparelho de facoemulsificação.
40, 48
Inicialmente a facoemulsificação era muito dispendiosa, os aparelhos ainda
rudimentares, as indicações da cirurgia ainda restritas e as complicações cirúrgicas
principalmente corneanas presentes (KELMAN, 1973); além disto grandes avanços na cirurgia
extracapsular programada foram surgindo, com técnicas microcirúrgicas, suturas mais finas, e
implantes intraoculares confiáveis.
40, 49
Por isto, até o final da década de 80, a cirurgia
extracapsular programada com implante de lente intra-ocular de câmara posterior era a escolha
da grande maioria dos cirurgiões norme-americanos (LEAMING, 1994).
50
No Brasil, apesar dos bons resultados reportados com a facoemulsificação (AGUIAR
et al, 1980), mesmo os pioneiros na técnica em nosso meio passaram a utilizar
31
preferencialmente a cirurgia extracapsular programada na maioria dos seus casos (AGUIAR et
al, 1981).
40, 51, 52
A partir do início da década de 90, com o desenvolvimento de aparelhos mais
acessíveis e mais precisos, com o aparecimento de técnicas de facoemulsificação do núcleo
endocapsular, e com o surgimento de lentes intra-oculares confiáveis para incisões pequenas,
iniciou-se uma forte tendência para a facoemulsificação “in situ” com implante de lentes intra-
oculares através de incisões pequenas, sendo atualmente o método cirúrgico de eleição para a
maioria dos cirurgiões norte-americanos (LEAMING, 1994). No Brasil, esta técnica
atualmente apresenta uma tendência forte para se tornar a de eleição para a maioria dos
cirurgiões.
40, 50
32
3.4 CIRURGIA DE CATARATA EM PACIENTES COM UVEÍTE:
A catarata é uma complicação frequente da uveíte resultante tanto da reação
inflamatória quanto do uso de esteróides.
53
Sua extração é geralmente indicada tanto para
reabilitação visual quanto para permitir o manejo da uveíte no segmento posterior.
1
Durante as duas últimas décadas, o implante de LIO de câmara posterior tem sido
questionado em pacientes com uveíte, mas com o aperfeiçoamento da técnica de extração
extracapsular, desenvolvimento da qualidade e desenho das lentes intra-oculares e
desenvolvimento da técnica de colocação da lente in the bag verificamos cada vez mais sua
aceitação.
54-56
Porém ainda há resistência na implantação de lentes intra-oculares em casos de
artrite juvenil crônica e uveíte facoanafilática.
53, 55
O controle da reação inflamatória intra-ocular por pelo menos oito semanas antes da
cirurgia de catarata é recomendado e oferece maior probabilidade de um resultado visual
favorável.
55-58
Krishna et al (1998) estudaram retrospectivamente o acompanhamento prolongado de
pacientes com uveíte que foram submetidos a cirurgia de extração extracapsular de catarata e
implante de LIO de câmara posterior. Avaliaram 36 olhos e concluíram que pacientes tratados
com cirurgia de extração extracapsular de catarata com implante de LIO podem ter um
resultado visual com sucesso mesmo depois de um longo período de acompanhamento, apesar
da prevalência de opacidade de cápsula posterior e anormalidades maculares como edema
macular cistóide e membrana epirretiniana.
1
Okhravi et al (1999) estudaram o resultado da cirurgia da catarata em pacientes com
uveíte. Analisaram 76 pacientes (90 olhos). Concluíram que a cirurgia da catarata em olhos
com uveíte geralmente apresentam uma melhora visual na grande maioria dos casos.
Verificaram que a uveíte pós-operatória severa foi a complicação pós-operatória mais
frequente e associada a um risco significativo de edema macular nos casos de uveíte anterior.
Nos casos de uveíte posterior, o resultado visual pobre após a cirurgia era geralmente devido
as condições limitadoras de visão pré-operatórias.
54
Holland et al (1999) descreveram a colocação intencional das hastes da LIO no sulco
ciliar de pacientes com uveíte, que apresentavam alto risco pós-operatório de sinéquias
posteriores ou de deslocamento da lente. Estudaram retrospectivamente 12 pacientes (16
33
olhos) e concluíram que esta técnica pode ser útil em reduzir a formação de sinéquias
posteriores pós-operatórias em pacientes com uveítes sem aumentar o risco de outras
complicações pós-operatórias.
59
Pivetti-Pezzi et al (1999) estudaram se a cirurgia de catarata com implante de LIO em
pacientes com uveíte anterior interfere no curso natural da doença ocular. Avaliaram
prospectivamente 24 pacientes, dentre eles 12 com iridociclite heterocrômica de Fuchs e 12
com outros tipos de uveíte anterior. Verificaram que a cirurgia de catarata com implante de
LIO não influenciaram negativamente o curso natural da uveíte em pacientes com iridociclite
heterocrômica de Fuchs. Verificaram também que o tempo cirúrgico correto, a seleção
adequada dos casos e da terapia anti-inflamatória pode promover resultados similares no grupo
de pacientes com outros tipos de uveítes anteriores.
53
Estafanous et al (2001) estudaram o resultado da cirurgia de extração de catarata pela
técnica da facoemulsificação com implante de lente intra-ocular de câmara posterior no saco
capsular de pacientes com uveíte. Analisaram retrospectivamente 32 pacientes (39 olhos) entre
1990 e 1998. Concluíram que a cirurgia da catarata pela técnica da facoemulsificação com
implante de LIO é segura em pacientes com uveíte. Verificaram também que a incidência do
edema macular cistóide, membrana epirretiniana, da recorrência da uveíte e de sinéquias
posteriores foi menor do que nos casos reportados previamente com a técnica de extração
extracapsular.
2
BenEzra & Cohen (2000) estudaram o resultado visual da cirurgia de catarata em olho
de crianças com uveíte crônica e a viabilidade de implante de LIO nestes casos. Analisaram
retrospectivamente 17 crianças (20 olhos). Verificaram que a cirurgia de catarata em olhos de
crianças com uveíte pode ser benéfica. O implante da LIO é preferível em relação as lentes de
contato em crianças que necessitam de cirurgia em apenas um dos olhos. Em crianças com
uveíte relacionada a artrite reumatóide juvenil, a acuidade visual final permanece reservado
devido a ambliopia irreversível e ao curso pós-operatório mais complicado. Pare estes casos,
uma abordagem diferente e uma melhor técnica cirúrgica são necessários.
60
Kim et al (2002) estudaram um caso de paciente com doença de Behçet com
exacerbação da doença e opacificação da lente intra-ocular acrílica hidrofílica quatro meses
depois da cirurgia de catarata. Verificaram que uveíte de recorrência apesar da medicação
máxima tolerável e opacidade da lente intra-ocular associada a opacidade vítrea exigiram a
34
necessidade de troca da lente intra-ocular e vitrectomia via pars plana. Depois do
procedimento o olho tornou-se calmo, entretanto a acuidade visual permaneceu em 20/200
devido a obliteração de vasos retinianos.
61
Ganesh et al (2004) estudaram o resultado da cirurgia de catarata pela técnica de
facoemulsificação com implante de LIO de câmara posterior de diferentes biomateriais em
olhos com pars planitis. Analisaram retrospectivamente 86 pacientes (100 olhos) com pars
planitis que foram submetidos a facoemulsificação e implante de lente intra-ocular entre
janeiro de 1997 e abril de 2003. Os olhos foram divididos em três grupos de acordo com o
tipo de material da LIO. Primeiro grupo (polimetilmetracrilato) com 32 olhos; segundo grupo
(polimetilmetacrilato modificada com superfície heparinizada) com 39 olhos; terceiro grupo
(acrílico) com 29 olhos. Concluíram que a cirurgia de catarata com implante de lente intra-
ocular em olhos com uveíte é segura e evolui com bom resultado visual na maioria dos casos.
Os fatores para o sucesso cirúrgico foram o controle da inflamação, a cirurgia meticulosa, o
implante da lente intra-ocular no saco capsular e o cuidado pós-operatório rigoroso.
62
Ganesh et al (2004) estudaram o resultado da cirurgia de catarata em pacientes com
síndrome de Vogt-Koyanagi-Harada. Analisaram retrospectivamente 39 pacientes com Vogt-
Koyanagi-Harada que foram operados de catarata pela técnica de extração extracapsular ou
pela facoemulsificação entre 1985 e 2001. Verificaram que a cirurgia da catarata em pacientes
com Vogt-Koyanagi-Harada pode ser segura se houver um bom controle pré e pós-operatório
da inflamação, planejamento cirúrgico cuidadoso, e técnica cirúrgica meticulosa. Verificaram
também que o resultado visual final depende das complicações do segmento posterior
causadas pela síndrome.
63
Ganesh et al (2004) estudaram o resultado da cirurgia de catarata em pacientes com
oftalmia simpática. Analisaram retrospectivamente 18 olhos com oftamia simpática, dos quais
três foram operados pela técnica extracapsular com implante de lente intra-ocular e 06 sem
implante de lente e 09 foram operados pela técnica de facoemulsificação e implante de lente
intra-ocular. Verificaram que a extração da catarata em pacientes com oftalmia simpática pode
ser segura com o controle pré e pós-cirúrgico da inflamação, planejamento cirúrgico
cuidadoso, e técnica cirúrgica meticulosa. O resultado visual, entretanto, depende do
comprometimento da doença no segmento posterior.
64
35
Androudi et al (2005) estudaram o resultado da combinação entre a facoemulsificação
e da vitrectomia via pars plana para restabelecer a acuidade visual em pacientes com catarata e
envolvimento do segmento posterior secundário a uveíte crônica. Analisaram
retrospectivamente 34 pacientes (36 olhos) com envolvimento do seguimento posterior
secundário a uveíte crônica que foram submetidos a cirurgia de catarata combinada com a
vitrectomia via pars plana entre 1998 e 2002. Concluíram que a combinação entre as duas
técnicas cirúrgicas para a remoção da catarata e do vítreo patológico em olhos com uveíte
crônica válida. Apesar de o exato papel da vitrectomia em pacientes com uveíte permanecer
indeterminado, a combinação cirúrgica obteve sucesso em restaurar uma visão aproveitável na
maioria dos casos.
65
36
3.5 LENTES INTRA-OCULARES:
Os pacientes com uveíte que eram submetidos à cirurgia de catarata, tanto pela técnica
intracapsular quanto pela extracapsular eram deixados afácicos. As lentes intra-oculares eram
contra-indicadas porque elas desencadeavam grande resposta inflamatória em olhos de alto
risco.
66
Foster et al (1989) descreveram uma série de 32 casos de olhos que foram submetidos
à cirurgia extracapsular com implante de LIO de polimetilmetacrilato em câmara posterior.
Concluíram que o controle absoluto da inflamação peri-operatória era crucial para o sucesso.
A remoção completa dos restos corticais da lente e o implante da lente dentro do saco capsular
também eram importantes.
56
Majima et al (1996) verificaram que a implantação da LIO desencadeia uma série de
reações incluindo respostas inflamatórias e de corpo estranho, além das cascatas do
completemento e da coagulação. Isto leva a aderência celular na superfície anterior da lente e a
proliferação de células epiteliais do cristalino, resultando em opacidade da cápsula posterior e
fimose da cápsula anterior.
67
A biocompatibilidade das lentes intra-oculares e sua capacidade de permaneceram
inertes e minimizar reações é muito importante. Muitos estudos analizaram a
biocompatibilidade das lentes intra-oculares em olhos de baixo risco de acordo com suas
propriedades de superfície (hidrofílica e hidrofóbica) e material (polimetilmetacrilato, acrílico,
silicone e hidrogel).
30, 67-71
Porém, poucos estudos analizaram olhos de alto risco.
72
Hollick et al (1999) compararam o resultado visual, taxas de capsulotomia (Nd:YAG)
E percentuais de opacidades de cápsula posterior vistos em implantes de lentes intra-oculares
de polimetilmetacrilato, silicone e acrílico após três anos de cirurgia. Analisaram 90 olhos
submetidos a cirurgia de catarata pela técnica extracapsular. Verificaram que lentes intra-
oculares de polimetilmetacrilato apresentavam uma menor freqüência de opacidade de cápsula
posterior e também menor necessidade de capsulotomia por YAG laser.
73
Foster et al (1999) estudaram uma série de casos de pacientes com uveíte e catarata
que foram submetidos a extração da catarata com implante de LIO de câmara posterior e que
num segundo momento foram submetidos ao explante das lentes devido ao dano intra-ocular
progressivo pela reação inflamatória. Analisaram restrospectivamente 19 pacientes que
37
sofreram o explante da lente. Verificaram que o implante da LIO participa do plano de
reabilitação visual em pacientes com uveíte e catarata, mas o implante a lente intra-ocular não
é sempre interessante para o paciente quando se observa um acompanhamento pós-operatório
prolongado. A remoção da LIO pode resgatar uma visão útil para os pacientes que continuam
a exibir complicações secundárias a uveíte após a cirurgia de catarata com implante de lente
intra-ocular, garantindo evitar danos irreversíveis à mácula e ao nervo óptico.
74
Rauz et al (2000) estudaram os vários tipos de lentes intra-oculares dobráveis de
câmara posterior após cirurgia de catarata pela técnica de facoemulsificação em pacientes com
uveíte. Analisaram prospectivamente 49 pacientes (60 olhos) com vários tipos de uveíte.
Foram utilizadas lentes acrílicas, de silicone e hidrogel. Verificaram que o uso de lentes intra-
oculares dobráveis em olhos com uveíte é seguro, mas o biomaterial ótimo ainda não foi
encontrado.
66
Hayashi et al (2001) avaliaram a progressão da opacidade de cápsula posterior após
implante de lentes intra-oculares de polimetilmetacrilato, silicone e acrílica. Analisaram 300
olhos e concluíram que o grau de opacidade de cápsula posterior após implante de LIO de
polimetilmetacrilato progride significativamente com o tempo, enquanto a progressão após o
implante de lente de silicone ou acrílica é lenta. Além disso, a extensão da opacidade de
cápsula posterior em olhos com implante de lentes de polimetilmetacrilato é maior do que de
silicone ou acrílica resultando em perda mais acentuada da acuidade visual.
75
Abela-Formanek et al (2002) compararam o curso da inflamação após cirurgia de
catarata de pequena incisão e implante de LIO de três tipos em olhos com uveíte. Analisaram
74 olhos com uveíte e catarata e tiveram como controle 68 olhos com catarata e sem uveíte.
Todos os olhos foram submetidos a técnica de facoemulsificação com implante de LIO. Foram
utilizados três tipos de lentes: acrílica dobrável hidrofílica (Hydroview, Bousch& Lomb),
hidrofóbica acrílica (AcrySof, Alcon) ou de silicone (CeeOn 911, Pharmacia). Verificaram
que não houve diferenças inflamatórias significativas após a implantação dos três tipos de
lentes. Apesar de valores absolutos na contagem de células e flare em olhos com uveítes serem
maiores do que no controle devido ao dano à barreira hemato-aquosa, a recuperação da
barreira foi similar entre os dois grupos. As mudanças na barreira hemato-aquosa indicam que
o implante da LIO dobrável é segura em olhos com uveíte.
76
38
Abela-Formanek et al (2002) estudaram a biocompatibilidade uveal e capsular de
lentes intra-oculares acrílicas hidrofílicas, acrílicas hidrofóbicas e de silicone em olhos com
uveíte. Analisaram prospectivamente 72 olhos com uveíte e 68 olhos controle que foram
submetidos a cirurgia de catarata pela técnica de facoemulsificacão. Utilizaram as lentes
acrílicas hidrofílicas dobráveis (Hydroview, Bausch & Lomb), a acrílica hidrofóbica
(AcrySof, Alcon) e a siliconada (CeeOn 911, Pharmacia). Verificaram que a
biocompatibilidade das lentes intra-oculares é inversamente proporcional a inflamação. O
material acrílico hidrofílico apresenta boa biocompatibilidade uveal, porém
biocompatibilidade capsular ruim. O material acrílico hidrofóbico apresenta compatibilidade
uveal menor, porém melhor capsular. A lente siliconada apresentou uma maior contagem de
pequenas células e uma opacidade de cápsula posterior mais severa. Apesar das diferenças
entre a biocompatibilidade das lentes intra-oculares, todos os pacientes se beneficiaram da
cirurgia.
77
Alio et al (2002) estudaram os resultados pós-operatórios de olhos com uveíte
submetidos à facoemulsificação com implante de LIO de câmara posterior. Realizaram um
estudo multicêntrico prospectivo randomizado comparando 140 olhos com uveíte submetidos
à cirurgia de catarata pela técnica de facoemulsificação. Foram utilizados quatro tipos de
lentes: acrílica hidrofóbica, silicone, polimetilmetacrilato e polimetilmetacrilato modificada
com superfície heparinizada. Verificaram que a facoemulsificação com implante de LIO em
olhos com uveíte selecionados é segura e eficaz. A LIO acrílica mostrou melhor resultado
visual e menores taxas de complicação do que os outros tipos de lente.
78
39
4.0 MATERIAL E MÉTODO:
Foi realizado um estudo retrospectivo através de análise de prontuários em Setembro
de 2003 no Setor de Uveíte e Imunologia Ocular da Universidade McGill em Montreal,
Canadá.
Os dados foram coletados em fichas protocoladas com informação sobre o número do
prontuário, nome do paciente, sexo, idade, classificação da uveíte, descrição cirúrgica, exames
pré e pós operatórios. Os exames pré e pós operatórios continham informações sobre a data do
exame, acuidade visual, pressão intra-ocular, exame biomicroscópico, procedimentos
realizados e tratamento em uso. Caracterizamos como critério de inclusão, todos os
prontuários de pacientes com uveíte submetidos a cirurgia de catarata. Definimos como
critérios de exclusão: prontuários com dados incompletos e prontuários de pacientes com
uveíte submetidos à cirurgia de catarata pela técnica extracapsular.
As variáveis do exame biomicroscópico foram conjuntiva (presença de bolha
conjuntival), córnea (presença de qualquer tipo de alteração; edema; cicatriz; ceratopatia em
faixa; ceratopatia bolhosa; neovasos corneanos; perfuração corneana; e transplante de córnea),
câmara anterior (celularidade, flare, hipópio, hifema, fibrina e vítreo na câmara anterior), íris
(sinéquias posteriores, sinéquias anteriores, atrofia iriana, rubeosis iridis e iridectomia
periférica), cápsula cristaliniana (opacidade de cápsula posterior, opacidade de cápsula
anterior, presença de cápsulotomia, presença de restos corticais), LIO ( presença da LIO,
deslocamento da LIO, captura da LIO, pigmento na LIO, fibrina na LIO e membrana ciclítica),
fundo de olho (visibilidade), vítreo ( celularidade no vítreo anterior, celularidade vítrea,
turvação vítrea e hemorragia vítrea) , retina (edema macular cistóide, membrana epirretiniana,
buraco macular, descolamento de retina e descolamento de coróide) e disco óptico (edema e
atrofia).
40
No acompanhamento pós-operatório, foram registradas a primeira consulta pós-
operatória que ocorria no primeiro dia após a cirurgia e a última consulta de acompanhamento
de cada paciente. Além disso, foram colhidas todas as consultas intermediárias do pós-
operatório em que ocorria alguma alteração do exame do paciente.
Os procedimentos analisados foram capsulotomia, trabeculectomia, implante de
válvula de Ahmed, transplante de córnea, retinopexia, vitrectomia, remoção de membrana,
evisceração e enucleação.
Os dados foram transferidos para o Statitical Package for the Social Science (SPSS
versão 11) e posteriormente foi realizada uma análise univariada e bivariada para
selecionarmos quais as variáveis independentes que melhor se correlacionam com o evento
final (eficácia da cirúrgia).
De acordo com o the standardization of uveitis nomenclature (SUN) working group,
utilizamos a acuidade visual como variável mais importante para análise de acompanhamento
a longo prazo em pacientes com uveíte; classificamos as uveítes anatômicamente em
anteriores, intermediárias, posteriores e difusas (ou panuveítes); definimos recorrência da
uveíte como episódios repetidos separados por períodos de inativade sem tratamento por
período maior ou igual a três meses; e hipertensão intra-ocular como duas medidas de pressão
intra-ocular maiores ou iguais a 21mmHg ou uma maior do que 30mmHg.
27
Hipotonia ocular
foi definida como pressão intra-ocular menor do que 6,5 mmHg.
79
Na análise da acuidade visual, foi utilizado o padrão da tabela de Snellen. Seguindo os
critérios de Holladay (2004), consideramos todos os casos de acuidade visual de conta-dedos
como acuidade visual de 20/2000, todos os casos de acuidade visual de movimento de mão
como acuidade visual de 20/20000. Excluímos da análise uni ou bivariada da acuidade visual
todos os casos de percepção luminosa e ausência de percepção luminosa.
80
Foram descritas todas as alterações biomicroscópicas que ocorreram durante o período
per e pós-operatórios.
Foram demonstrados os resultados pré e pós-operatórios de acuidade visual através de
tabela. Também foram descritos, ao longo do tempo de acompanhamento pós-operatório,
através de curva de sobrevida de Kaplan-Meier: a recorrência da uveíte, o edema macular
cistóide, a membrana epirretiniana e a opacidade de cápsula posterior .
41
5.0 RESULTADOS
Foram estudados 189 pacientes (242 olhos) com média de idade de 51,7 ± 15,8 anos
(mediana de 52,4 anos; idade mínima de 15,5 e máxima de 85,6). Foram encontrados 80
(80/189 = 42,3%) pacientes do sexo masculino e 109 (57,7%) do feminino (tabelas 04 e 05).
O tempo médio de acompanhamento entre a cirurgia e a última consulta foi de 3,9 ±
2,6 anos (mediana de 3,4 anos).
Quanto à classificação anatômica das uveítes, verificamos 165 casos de uveíte anterior,
17 de intermediária, 17 de posterior e 43 de difusa (tabela 06).
Quanto à classificação etiológica das uveítes, verificamos um total de 248 casos,
ocorrendo dois tipos etiológicos diferentes no mesmo paciente em 06 casos. As etiologias se
distribuíram da seguinte maneira: idiopática (105 casos), iridociclite heterocrômica de Fuchs
(34 casos), herpes simplex (18 casos), sarcoidose (14 casos), pars planitis (10 casos), artrite
reumatóide juvenil (10 casos), esclerose múltipla (06 casos), citomegalovírus (06 casos),
espondilite anquilosante (05 casos), doença de Behçet (05 casos), coroidite multifocal (04
casos), coroidite multifocal com panuveíte (04 casos), coriorretinopatia de Birdshot (três
casos), síndrome de Vogt-Koyanagi-Harada (três casos), artrite psoriática (dois casos), doença
de Crohn (dois casos), retinocoroidite por toxoplasmose (dois casos), tuberculose (dois casos),
HIV (dois casos), necrose retiniana aguda (dois casos), herpes zoster (um caso), síndrome de
Reiter (um caso), granulomatose de Wegener (um caso), coroidite serpiginosa (um caso),
oftalmia simpática (um caso), síndrome de Posner-Schlossman (um caso), glaucoma facolítico
(um caso), doença de Eales (um caso), lupus eritematoso sistêmico (um caso). Dos 06 casos
com dois tipos etiológicos de uveíte, temos um de iridociclite heterocrômica de Fuchs
associado a síndrome de Posner-Schlossman, dois casos de iridociclite heterocrômica de Fuchs
associado a coroidite multifocal com panuveíte, dois casos de retinite por citomegalovírus
42
associado ao HIV e um caso de doença de Behçet associado a ceratouveíte por herpes simplex
(tabelas 07 e 08).
Quanto as lentes intra-oculares, verificamos lentes de três materiais e 14 modelos
diferentes. Os três materiais utilizados foram o polimetilmetacrilato (PMMA), o PMMA
modificado com superfície heparinizada (HSM-PMMA) e o acrílico. Os modelos de PMMA
são 720A (Pharmacia) ; 6741B (Bausch & Lomb), 8191B (Bausch & Lomb), 8190B (Bausch
& Lomb), U85JS (Bausch & Lomb), MC50BD (Alcon), MZ20BD (Alcon), MZ40BD
(Alcon); os modelos de HSM-PMMA são 722C (Pharmacia), 809C (Pharmacia), 812C
(Pharmacia); e os modelos de acrílico são MA30BA (Alcon), MA60BM (Alcon), SA60AT
(Alcon) (tabela 09).
Dos 242 olhos submetidos a cirurgia de catarata pela técnica de facoemulsificação em
pacientes com uveíte, verificamos 223 olhos com implante da lente intra-ocular e 19 sem seu
implante.
Dos 223 olhos em que houve implante de LIO, obtivemos 141 com lente de PMMA,
60 com acrílica e 22 com heparinizada (HSM-PMMA). Dos casos com implante da LIO, 219
evoluíram no período pós-operatório sem necessidade de seu explante e 04 evoluíram com
necessidade de explante. Estes olhos explantados tiveram como etiologias associadas a uveíte
idiopática (03 olhos) e a pars planitis (um olho), todos foram do sexo feminino (tabela 10).
Dos olhos em que não houve implante da LIO, as etiologias associadas foram uveíte
idiopática (08 olhos), artrite reumatóide juvenil (05 olhos), doença de Behçet (dois olhos),
sarcoidose (um olho), necrose retiniana aguda (um olho), citomegalovirus associado ao HIV
(um olho) e oftalmia simpática (um olho). Destes, 17 evoluiram sem complicações
peroperatórias e dois evoluíram com complicações peroperatórias. As causas para o não
implante da lente intra-ocular foram: uveíte severa (10 olhos), artrite reumatóide juvenil (05
olhos), complicação peroperatória (dois olhos), edema de córnea pré-operatório (um olho) e
objetivo cirúrgico apenas para observação do fundo de olho (um olho).
A acuidade visual média do pré-operatório foi de 20/100, da última consulta de
acompanhamento pós-operatório foi de 20/40 e do tempo médio de acompanhamento pós-
operatório foi de 20/40. Isto resulta em uma melhora da acuidade visual de 05 linhas de
Snellen (gráfico 01).
43
Observamos que 146 olhos alcançaram acuidade visual melhor ou igual a 20/40
quando avaliamos a última consulta de acompanhamento pós-operatório e 145 (59,90%)
quando avaliamos o tempo médio de acompanhamento pós-operatório (tabela 11).
Encontramos 20 olhos (8,8%), que evoluíram com baixa da acuidade visual durante o
acompanhamento pós-operatório quando comparamos a consulta pré-operatória com a última
consulta de acompanhamento pós-operatório num total de 226 dos 242 olhos. Destes, 16 olhos
foram excluídos da análise devido a acuidade visual de amaurose ou percepção luminosa; e 26
olhos (11,4%) evoluíram com baixa da acuidade visual quando comparamos a consulta pré-
operatória com o tempo médio de acompanhamento pós-operatório num total de 228 dos 242
olhos. Destes, 14 olhos foram excluídos da análise devido a acuidade visual de amaurose ou
percepção luminosa (tabela 12).
No pré-operatório verificamos:
1- Na conjuntiva: 07 casos de bolhas filtrantes.
2- Na córnea: 22 casos de alterações corneanas, um caso de edema corneano crônico, 14 casos
de cicatrizes corneanas e 08 casos de ceratopatia em faixa.
3- Na câmara anterior: não verificamos alterações, exceto celularidade e flare.
4- Na íris: 93 casos de sinéquias posteriores, 03 casos de sinéquias anteriores, 47 casos de
atrofia iriana, 19 casos de iridectomias periféricas e 04 casos de rubeosis iridis.
5- Na cápsula cristaliniana: dois casos de opacidade de cápsula posterior e dois casos de
opacidade de cápsula anterior.
6- No vítreo: três casos de opacidade vítrea.
7- No segmento posterior: 27 casos de edema macular cistóide, 28 casos de membrana
epirretiniana., 04 casos de edema do disco óptico e 05 casos de disco óptico atrófico.
(tabela 13)
44
Encontramos 14 casos com complicações peroperatórias, dentre ele um caso de lente
intra-ocular no sulco capsular, 04 casos de lente intra-ocular no sulco e rotura de cápsula
posterior, 05 casos de lente intra-ocular no sulco capsular, rotura de cápsula posterior e perda
vítrea, dois casos de rotura de cápsula posterior e perda vítrea, um caso de lente intra-ocular na
câmara anterior, rotura de cápsula posterior e perda vítrea e um caso de restos corticais e
hemorragia expulsiva (tabela 14).
No pós-operatório, verificamos (tabela 15):
1- Pressão intra-ocular: 68 casos de hipertensão intra-ocular e 31 casos de hipotensão intra-
ocular.
2- Recorrência da uveíte: 73 casos.
3- Na conjuntiva: 14 casos de bolhas filtrantes.
4- Na córnea: 27 casos de alterações corneanas. Dentre as alterações corneanas, observamos
05 casos de edemas corneanos crônicos, 15 casos de cicatrizes corneanas, 08 casos de
ceratopatia em faixa, 03 casos de ceratopatia bolhosa, 05 casos de neovasos corneanos, um
caso de perfuração corneana, dois casos de transplantes corneanos.
5- Na câmara anterior: dois casos de hipópio, três casos de hifema, 09 casos de fibrina e três
casos de vítreo na câmara anterior.
6- Na íris: 16 casos de sinéquias posteriores, 03 casos de sinéquias anteriores, 69 casos de
atrofia iriana, 30 casos de iridectomia periférica e 09 casos de rubeosis iridis.
7- Na cápsula cristaliniana: 46 casos de opacidade de cápsula posterior, 02 casos de opacidade
de cápsula anterior, 64 casos de capsulotomias, dois casos de restos corticais.
8- Na lente intra-ocular: 19 casos de ausência de implante da lente intra-ocular, 04 casos de
necessidade de explante da lente intra-ocular, três casos de depósitos na lente intra-ocular, três
casos de deslocamento da lente intra-ocular e dois casos de captura da lente intra-ocular.
9- No vítreo: 16 casos de opacidade vítrea e 03 casos de hemorragia vítrea.
10- No segmento posterior: 33 casos de edema macular cistóide, 64 casos de membrana
epirretiniana, 03 casos de buraco macular, um caso de descolamento de retina, um caso de
descolamento de coróide, três casos de edema de disco óptico, 21 casos de atrofia do disco
óptico.
45
Dos procedimentos cirúrgicos realizados, verificamos 64 olhos submetidos a
cápsulotomia posterior por Nd:Yag laser; 14 a trabeculectomia; 09 a vitrectomia total; 08 a
vitrectomia anterior; 06 a válvula de Ahmed; dois a evisceração; um a retinopexia; e um a
enucleação.
As curvas de sobrevida (Kaplan-Meier) relacionadas a recorrência da uveíte, edema
macular cistóide, membrana epirretinianae e opacidade de cápsula posterior estão apresentadas
nos gráficos 02, 03, 04 e 05.
Quando analisamos a curva de sobrevida da recorrência da uveíte ao longo do período
de acompanhamento pós-operatório, verificamos que existe uma progressão gradual dos casos
de recorrência da uveíte partir do 5º mês de acompanhamento pós-operatório extendendo-se
até o 60º mês, e a partir daí verificamos uma estabilização. Na curva se sobrevida do edema
macular cistóide ao longo do período de acompanhamento pós-operatório, verificamos que
existe uma progressão acentuada dos casos de edema macular cistóide a partir da 20º mês até o
60º mês e a partir daí verificamos uma estabilização. Na curva de sobrevida da membrana
epirretiniana ao longo do período de acompanhamento pós-operatório, verificamos que existe
uma progressão gradual a partir do 20º mês até o 60º mês de acompanhamento pós-operatório.
Na análise da opacidade de cápsula posterior ao longo do período de acompanhamento pós-
operatório, verificamos que a partir do 5º mês existe um aumento de 20% no número de casos
com opacidade de cápsula posterior. Do 5º mês até o 50º mês existe uma progressão mais lenta
do desenvolvimento de opacidade de cápsula posterior e a partir daí verificamos uma
estabilização.
46
6.0 DISCUSSÃO:
O nosso objetivo neste trabalho foi descrever os resultados da cirurgia de extração de
catarata através da técnica de facoemulsificação e implante de LIO de câmara posterior em
pacientes com uveíte. Por isso, para tornar o estudo viável, buscamos um desenho de pesquisa
restrospectivo, o estudo bidirecional. Isto permitiu que conseguíssemos uma amostra
numericamente significativa. Além disso, foi necessário que realizássemos uma padronização
do tempo de acompanhamento pós-operatório, por isso traçamos uma média do tempo de
acompanhamento pós-operatório para a realização das análises da curva de Kaplan-Meier e
para a análise entre duas variáveis.. Os estudos anteriores de Krishna et al (1998), Pivetti-
Pezzi et al (1999) e Estefanous et al (2001) seguiram um desenho epidemiológico
retrospectivo conforme nosso estudo, exceto Okhravi et al. (1999), que realizou um estudo
prospectivo.
1, 2, 53, 54
Nossa amostra foi de 189 pacientes (242 olhos). Krishna et al. (1998), em estudo
retrospectivo, analisaram amostra de 28 pacientes (36 olhos) com uveíte submetidos a cirurgia
de catarata pela técnica de extração extracapsular.
1
Pivetti-Pezzi et al (1999), em estudo
retrospectivo, apresentou uma amostra de 24 (24 olhos) pacientes com uveíte anterior
submetidos a cirurgia de extração extracapsular de catarata.
53
Okhravi et al. (1999), num
estudo prospectivo, apresentaram uma amostra de 76 pacientes (90 olhos) submetidos a
cirurgia de catarata pela técnica de extração extracapsular de catarata ou pela técnica de
facoemulsificação.
54
Estefanous et al (2001), em estudo retrospectivo, apresentou uma amostra
de 32 pacientes (39 olhos) com uveíte submetidos a cirurgia de catarata pela técnica de
facoemulsificação em implante de lente intra-ocular de câmara posterior.
2
Comparando nossa
amostra com estudos anteriores, pudemos perceber que conseguimos um número bastante
significativo, principalmente por estarmos analisando apenas as cirurgias através da técnica de
facoemulsificação.
47
A média de idade de nosso estudo foi de 51,7 ± 15,8 anos (mediana de 52,4 anos; idade
mínima de 15,5 e máxima de 85,6). Krishna et al (1998) não avaliaram a média de idade de
seus pacientes.
1
Pivetti-Pezzi et al (1999) encontraram uma média de idade de 44,2 ± 18,33
anos, variando dos 14 aos 80 anos de idade.
53
Okhravi et al. (1999) obtiveram idade variando
dos 13 aos 96 anos de idade (média de 50 e mediana de 48).
54
Estefanous et al (2001)
encontraram uma média de idade de 50 ± 13 anos.
2
A média de idade que encontramos está
compatível com a média de idade da literatura.
Verificamos 80 pacientes (42,3%) do sexo masculino e 109 (57,7%) do feminino.
Krishna et al (1998) encontraram 15 (53,57%) pacientes do sexo feminino e 13 (46,43%) do
sexo masculino.
1
Pivetti-Pezzi et al (1999) encontraram no grupo de pacientes com iridociclite
heterocrômica de Fuchs, 07 (58,33%) homens e 05 (41,67%) mulheres e no grupo de paciente
com outros tipos de uveítes anteriores, 04 (33,33%) homens e 08 (66,67%) mulheres.
53
Okhravi et al. (1999) encontraram 52% dos pacientes do sexo feminino e 48% do masculino.
54
Estefanous et al (2001), verificaram 10 (31,25%) pacientes do sexo masculino (13 olhos) e 22
(68,75%) do sexo feminino (26 olhos).
2
O número de indivíduos do sexo masculino e do sexo
feminino de nosso estudo está compatível com a literatura, onde geralmente encontramos o
sexo feminino predominando, numericamente ,ligeiramente sobre o sexo masculino.
O tempo médio de acompanhamento, que encontramos, entre a data da cirurgia e a
última consulta pós-operatória foi de 3,9 ± 2,6 anos (mediana 3,4 anos). Todos os pacientes
foram avaliados no primeiro dia de pós-operatório e posteriormente em intervalos de tempo
irregulares conforme a orientação médica oftalmológica e conforme as queixas clínicas dos
pacientes que surgissem ao longo do tempo. Documentamos apenas as consultas em que
houve alguma modificação do exame oftalmológico do paciente desde o último dia pré-
operatório até o último dia de acompanhamento pós-operatório realizado até setembro de
2003, quando todos os dados foram colhidos retrospectivamente. O Tempo médio de
acompanhamento pós-operatório foi importante para aumentar a confiabilidade de análise
bivariadas, a realização das curvas de Kaplan-Meier e para padronização de informações de
acordo com o The standardization of uveitis nomenclature (SUN) working group.
27
Krishna et
al (1998) obtiveram um período médio de acompanhamento de 81,4 meses (variando de 6 a
127 meses).
1
Pivetti-Pezzi et al (1999) verificaram um período de acompanhamento para os
paciente com iridociclite heterocrômica de Fuchs variando entre 12 e 63 meses e para os
48
pacientes com outros tipos de uveítes anteriores entre também entre 12 e 63 meses.
53
Okhravi
et al. (1999) mostraram um tempo médio de acompanhamento pós-operatório de 305 dias,
variando de 08 até 806 dias.
54
Estefanous et al (2001) apresentaram um tempo médio de
acompanhamento de 20 meses (variando de 03 até 63 meses).
2
Comparando com a literatura,
percebemos que nosso tempo médio de acompanhamento pós-operatório foi bastante
significativo.
Quanto a classificação anatômica dos tipos de uveíte, encontramos 165 (68,18%) olhos
com uveíte anterior, 17 (7%) com intermediária, 17 (7%) com posterior e 43 (17,76%) com
difusa. Krishna et al (1998) encontraram 15 olhos com uveíte anterior e 21 olhos com uveíte
anterior e posterior.
1
Pivetti-Pezzi et al (1999) estudaram apenas olhos com uveíte anterior.
53
Okhravi et al. (1999) verificaram que dos 90 olhos estudados, 53 apresentavam uveíte anterior
e 37 uveíte posterior.
54
Estefanous et al (2001) encontraram uveíte anterior em 12 olhos
(31%), uveíte posterior em 07 olhos (18%) e uveíte anterior e posterior nos olhos
remanescentes.
2
A análise da classificação anatômica dos vários tipos de uveíte ficou
prejudicada pelos diferentes sistemas de classificação adotados em cada trabalho. O The SUN
(Standardization of uveitis nomencluature) Working Group Anatomic Classification of Uveitis
preconiza que as uveítes sejam classificadas em uveítes anterior, intermediária, posterior e
panuveíte de acordo com o sítio primário de inflamação.
27
Apesar desta tentativa de
padronização ter sido publicada em 2005, nosso trabalho, mesmo tendo seus dados colhidos
previamente, seguiu suas recomendações.
Quanto a classificação etiológica das uveítes, os três tipos mais freqüentes que
encontramos foram uveíte idiopática (105 casos; 42,33 % dos casos), iridociclite
heterocrômica de Fuchs (34 casos; 13,70 % dos casos) e uveíte por herpes simplex (18 casos;
07,25 % dos casos). Krishna et al (1998) encontraram 12 casos de uveíte idiopática, 07 casos
de sarcoidose, 05 casos de sífilis, 04 casos de iridociclite heterocrômica de Fuchs, 02 casos de
espondilite anquilosante, 02 casos de artrite reumatóide, 01 caso de Crohn, 01 caso de
toxoplasmose, 01 caso de herpes zoster e 01 caso de pars planitis.
1
Okhravi et al. (1999)
verificaram 24 % (de 90 casos) associados a doenças sistêmicas, sendo as duas mais
freqüentes a sarcoidose com 05 casos e a doença de Behçet com 04 casos.
54
Estefanous et al
(2001) encontraram 15 olhos com uveíte idiopática, 10 olhos com sarcoidose, 04 olhos com
pars planitis, dois olhos com retinite por citomegalovírus, dois olhos com iridociclite
49
heterocrômica de Fuchs, dois olhos com sífilis, um olho com tuberculose, um olho com Crohn,
um olho associado ao HLA-B27 negativo e um olho com necrose retiniana aguda.
2
Em todos
os casos descritos previamente na literatura, a uveíte idiopática foi a mais preponderante,
sendo compatível também com nosso estudo.
Dos nossos 242 casos de cirurgia de catarata pela técnica de facoemulsificação em
pacientes com uveíte, verificamos 223 casos com implante da LIO e 19 casos sem seu
implante.
Dos 223 olhos em que houve implante de LIO, obtivemos 141 (63,22%) olhos com
lente de polimetilmetacrilato (PMMA) 60 (26,90%) com acrílica, e 22 (09,86%) com lente de
polimetilmetacrilato modificada com superfície heparinizada (HSM-PMMA). Krishna et al
(1998) utilizaram dois tipos de materiais para lentes intra-oculares: lente de
polimetilmetacrilato isolado em 26 olhos e lente de polimetilmetacrilato associado a alças de
prolene em 10 olhos. Pivetti-Pezzi et al (1999) utilizaram apenas lentes intra-oculares de
polimetilmetacrilato modificado de superfície heparinizada. Okhravi et al. (1999) utilizaram
apenas lentes intra-oculares de polimetilmetacrilato em todos os casos. Estefanous et al (2001)
utilizaram apenas lentes acrílicas em todos os casos. Rauz et al (2000) estudaram os vários
tipos de lentes intra-oculares dobráveis de câmara posterior após cirurgia de catarata pela
técnica de facoemulsificação em pacientes com uveíte. Analisaram prospectivamente 49
pacientes (60 olhos) com vários tipos de uveíte. Foram utilizadas lentes acrílicas, de silicone e
hidrogel. Verificaram que o uso de lentes intra-oculares dobráveis em olhos com uveíte é
seguro, mas o biomaterial ótimo ainda não foi encontrado.
66
Hayashi et al (2001) avaliaram a
progressão da opacidade de cápsula posterior após implante de lentes intra-oculares de
polimetilmetacrilato, silicone e acrílica. Analisaram 300 olhos e concluíram que o grau de
opacidade de cápsula posterior após implante de LIO de polimetilmetacrilato progride
significativamente com o tempo, enquanto a progressão após o implante de lente de silicone
ou acrílica é lenta. Além disso, a extensão da opacidade de cápsula posterior em olhos com
implante de lentes de polimetilmetacrilato é maior do que de silicone ou acrílica resultando em
perda mais acentuada da acuidade visual.
75
Alió et al (2002) estudaram os resultados pós-
operatórios de olhos com uveíte submetidos a facoemulsificação com implante de LIO de
câmara posterior. Realizaram um estudo multicêntrico prospectivo randomizado comparando
140 olhos com uveíte submetidos a cirurgia de catarata pela técnica de facoemulsificação.
50
Foram utilizados quatro tipos de lentes: acrílica hidrofóbica, silicone, polimetilmetacrilato e
polimetilmetacrilato modificada com superfície heparinizada. Verificaram que a
facoemulsificação com implante de LIO em olhos com uveíte selecionados é segura e eficaz.
A LIO acrílica mostrou melhor resultado visual e menores taxas de complicação do que os
outros tipos de lente.
78
Comparando com a literatura, percebemos que a maioria dos trabalhos , com desenho
metodológico semelhante ao nosso, utiliza apenas um tipo de LIO, contrastando com nosso
estudo, que apresenta amostra com três materiais diferentes de lentes intra-oculares.
Dos casos com implante da lente intra-ocular, 219 evoluíram no período pós-operatório
sem necessidade de seu explante e 04 evoluíram com necessidade de explante. Estes casos
explantados tiveram como etiologias associadas a uveíte idiopática (03 casos) e a pars planitis
(um caso), todos foram do sexo feminino. Foster et al (1999) estudaram uma série de casos de
pacientes com uveíte e catarata que foram submetidos a extração da catarata com implante de
lente intra-ocular de câmara posterior e que num segundo momento foram submetidos ao
explante das lentes devido ao dano intra-ocular progressivo pela reação inflamatória.
Analisaram restrospectivamente 19 pacientes que sofreram o explante da lente. Verificaram
que o implante da LIO participa do plano de reabilitação visual em pacientes com uveíte e
catarata, mas o implante da LIO não é sempre interessante para o paciente quando se observa
um acompanhamento pós-operatório prolongado. A remoção da LIO pode resgatar uma visão
útil para os pacientes que continuam a exibir complicações secundárias a uveíte após a cirurgia
de catarata com implante de LIO, garantindo evitar danos irreversíveis à mácula e ao nervo
óptico.
74
Em nosso estudo, dos casos em que não houve implante da LIO, as etiologias
associadas foram uveíte idiopática (08 olhos), Artrite Reumatóide Juvenil (05 olhos), Doença
de Behçet (dois olhos), Sarcoidose (um olho), Necrose Retiniana Aguda (um olho),
Citomegalovirus associado ao HIV (um olho) e Oftalmia Simpática (um olho). Destes, 17
evoluiram sem complicações peroperatórias e dois evoluíram com complicações
peroperatórias. As causas para o não implante da LIO foram: uveíte severa (10 olhos), Artrite
Reumatóide Juvenil (05 olhos), complicação peroperatória (dois olhos), edema de córnea pré-
operatório (um olho) e objetivo cirúrgico apenas para observação do fundo de olho (um olho).
51
Não encontramos na literatura estudos que citassem, como objetivo, as causas de não implante
de LIO em pacientes com uveíte submetidos a cirurgia de catarata.
Na análise do número de olhos com melhora da acuidade visual, verificamos que, dos
242 olhos estudados para avaliação da acuidade visual durante o período médio de
acompanhamento pós-operatório, 14 olhos foram excluídos. Esta exclusão foi devido a
impossibilidade de comparação da acuidade visual pré-operatória com a acuidade visual do
período médio pós-operatório de acuidades visuais de percepção luminosa e ausência de
percepção luminosa (amaurose). Assim, encontramos que, dos 228 olhos incluídos, 202
(88,60%) apresentaram melhora da acuidade visual e 26 (11,40%) apresentaram manutenção
ou piora da acuidade visual. Krishna et al (1998) verificaram uma melhora da acuidade visual
em 97% dos olhos.
1
Okhravi et al. (1999) verificaram uma melhora da acuidade visual em
96% dos olhos com uveíte anterior e em 81% dos olhos com uveíte posterior.
54
Estefanous et
al (2001) verificaram uma melhora da acuidade visual em 95% dos olhos.
2
Nosso estudo mostrou que da amostra de 242 olhos, o número de olhos com acuidade
visual melhor ou igual a 20/40 foi de 145 (59,9%),com acuidade visual entre 20/40 e 20/2000
foi de 82 (33,9%) e com acuidade visual de movimento de mãos, percepção luminosa e
ausência de percepção luminosa foi de 15 (06,20%). Dentro do grupo de olhos com ausência
de percepção luminosa, estão dois olhos eviscerados e um olho enucleado.
Verificamos uma melhora de 05 linhas de Snellen, quando comparamos a média das
acuidades visuais pré-operatórias com a média das acuidades visuais do período médio pós-
operatório. Krishna et al (1998) encontraram uma melhora de 7,5 linhas de Snellen.
1
Estefanous et al (2001) encontraram uma melhora de 4 ± 3 linhas de Snellen.
2
A melhora de
acuidade visual em linhas de Snellen de nosso trabalho é estatisticamente significativa
(p<0,0001), além disso está compatível com a literatura.
As alterações pré-operatórias mais freqüentes foram: sinéquias posteriores (93 olhos),
atrofia iriana (47 olhos), membrana epirretiniana (28 olhos) e edema macular cistóide (27
olhos) (tabela 13).
Observamos em nosso estudo que dos 242 olhos operados, 14 (5,78%) evoluiram com
complicações peroperatórias. Dos olhos complicados, 05 apresentaram (35,71%) rotura de
cápsula posterior, perda vítrea e LIO no sulco capsular; 04, (28,57%) rotura de cápsula
posterior e LIO no sulco capsular; dois (14,28%), rotura de cápsula posterior e perda vítrea
52
sem implante de LIO; um (07,14%), rotura de cápsula posterior, perda vítrea e implante de
LIO na câmara anterior; um (07,14%), implante de LIO no sulco capsular; e um (07,14%),
permanência de restos corticais no saco capsular e hemorragia expulsiva (tabela14). Krishna et
al (1998) não descreveram as complicações peroperatórias de seus pacientes.
1
Pivetti-Pezzi et
al (1999) não observaram complicações peroperatórias nos dois grupos estudados (grupo um:
iridociclite heterocrômica de Fuchs e grupo dois: outros tipos de uveítes anteriores).
53
Okhravi
et al. (1999) observaram complicações em 10, dos 90 olhos operados. Dois casos apresentaram
rotura de cápsula posterior isolada, um apresentou rotura de cápsula posterior associado a
perda vítrea, um de herniação vítrea sem rotura da cápsula posterior. Outras complicações
encontradas foram três casos de hifema , um caso de prolapso iriano, um caso de laceração
corneana e um caso de restos corticais no saco capsular.
54
Estefanous et al (2001) observaram
apenas uma complicação peroperatória nos 39 olhos estudados. Essa foi uma rotura de cápsula
posterior com implante de LIO no sulco capsular.
2
Provavelmente, devido ao tamanho da
amostra de nosso estudo, obtivemos um maior número de complicações peroperatórias.
As complicações pós-operatórias mais freqüentes que encontramos em nosso estudo
foram recorrência da uveíte (73 olhos; 30,16%), atrofia iriana (69 olhos; 28,51%), hipertensão
intra-ocular (28,09%), membrana epirretiniana (64 olhos; 26,44%), opacidade de cápsula
posterior do cristalino (46; 19,00%) e edema macular cistóide (33; 13,63%) (tabela 15).
Krishna et al (1998) observaram as seguintes complicações pós-operatórias: opacidade de
cápsula posterior (58%), edema macular cistóide (56%), membrana epirretiniana (56%),
recorrência da uveíte (53%), hipertensão intra-ocular (25%), opacidade vítrea (19,44%),
depósitos na lente intra-ocular (19,44%), sinéquias posteriores (13,88%), uveíte crônica
(11,11%), hipotonia ocular (11,11%), deslocamento da LIO (8,33%), captura da LIO (5,55%),
hemorragia vítrea (5,55%), rubeosis iridis (5,55%), hifema (5,55%), descolamento tracional de
retina (2,77%), sinéquias anteriores (2,77%) e vazamento da ferida cirúrgica (2,77%).
Estefanous et al (2001) encontraram em 39 olhos, as seguintes complicações pós-operatórias:
opacidade de cápsula posterior (61,53%), recorrência da uveíte (41%), edema macular cistóide
(33,33%), membrana epirretiniana (15,38%), fibrina na cápsula anterior (7,69%), sinéquias
posteriores (7,69%), hipertensão intra-ocular (2,56%) e hipotonia (2,56%).
As complicações pós-operatórias não encontradas em estudos anteriores foram: atrofia
iriana, atrofia do disco óptico, cicatrizes corneanas, fibrina na câmara anterior, ceratopatia em
53
faixa, edema corneano crônico, neovasos corneanos, necessidade de explante da lente intra-
ocular, ceratopatia bolhosa, vítreo na câmara anterior, buraco macular, edema do disco óptico,
pthisis bulbi, necessidade de transplante de córnea, hipópio, opacidade de cápsula anterior,
restos corticais, necessidade de evisceração, descolamento de coróide e necessidade de
enucleação.
Na análise da curva de sobrevida, nosso estudo mostrou que 50% dos casos
desenvolvem recorrência da uveíte no 60º mês de acompanhamento pós-operatório.
Estefanous et al (2001) apresenta 50% dos casos desenvolvendo uveíte no 22º mês de
acompanhamento pós-operatório.
2
Concluímos que nosso estudo mostrou um processo de
recorrência da uveíte bem mais lento do que o de Estefanous. Comparativamente, verificamos
que, este estudo e o estudo de Estefanous et al (2001), ambos mostram uma progressão muito
lenta do número de casos de edema macular cistóide até o 20º mês de acompanhamento pós-
operatório, porém nosso estudo mostra, que a partir do 20º mês existe uma acentuada
progressão dos casos de edema macular cistóide até o 60º mês.
2
Quando comparamos a curva
de sobrevida de membrana epirretiniana, verificamos que ambos estudos mostram uma
progressão muito lenta do número de casos até o 12º mês de acompanhamento pós-operatório,
com a progressão verificada por Estefanous et al (2001) um pouco mais acentuada.
2
Entretanto, nosso estudo verificou que a partir do 20º mês de acompanhamento pós-operatório
a progressão torna-se bastante acentuada até o 60º mês. Nosso estudo mostra que 50% dos
casos desenvolvem opacidade de cápsula posterior no 40º mês de acompanhamento pós-
operatório. O estudo de Estefanous et al (2001) mostra que 50% dos casos de opacidade de
cápsula posterior ocorrem no 8º mês.
2
Concluímos que nosso estudo mostrou um tempo para
ocorrência de opacidade de cápsula posterior muito mais prolongado do que o mostrado por
Estefanous. Acreditamos que a progressão mais lenta das curvas de sobrevida do nosso estudo
deve-se a uma amostra numericamente mais significativa.
Nosso trabalho apresentou alguns pontos positivos. O primeiro deles se refere ao
tamanho da amostra. Nenhum dos trabalhos anteriormente referidos apresentou uma amostra
tão significativa de olhos com uveíte submetidos a cirurgia de catarata quanto este. O segundo
ponto positivo se refere a utilização apenas da técnica de facoemulsificação, pois os trabalhos
de Krishna et al (1998), Pivetti-Pezzi et al (1999) e Okhravi et al. (1999) mostram resultados
da cirurgia de catarata pela técnica de extração extracapsular ou pela mistura das técnicas de
54
extração extracapsular e de facoemulsificação. Apenas Estefanous et al (2001) utilizaram
apenas a facoemulsificação, porém analisaram apenas 39 olhos, deixando muitas respostas a
serem dadas à futuros trabalhos. O terceiro ponto positivo foi a possibilidade de descrever
complicações pós-operatórias relacionadas a cirurgia de catarata pela técnica de
facoemulsificação em pacientes com uveíte que ainda não foram descritas em estudos
semelhantes.
Dentre as limitações deste trabalho, destacamos a impossibilidade de um
acompanhamento pós-operatório em períodos regulares. Isto tornou inviável uma análise
comparativa de alterações pós-operatórias em períodos de tempo (recentes, intermediários e
tardios).
Nosso estudo mostra que a cirurgia de catarata pela técnica de facoemulsificação com
implante de lente intra-ocular de câmara posterior é considerada segura e eficaz. Entretanto,
devemos ponderar restrições para o implante da lente intra-ocular durante o planejamento
cirúrgico. E nos casos de implante de lente intra-ocular, durante o acompanhamento pós-
operatório, devemos ponderar a possibilidade da necessidade de um explante.
55
7.0 CONCLUSÃO
1- As complicações peroperatórias, em ordem de freqüência, foram: lente intra-ocular
no sulco capsular associado a rotura de cápsula posterior e perda vítrea; lente intra-ocular no
sulco capsular associado a rotura de cápsula posterior sem perda vítrea; rotura de cápsula
posterior e perda vítrea; lente intra-ocular no sulco capsular; lente intra-ocular de câmara
anterior, rotura de cápsula posterior e perda vítrea; e persistência de restos corticais associado
a hemorragia expulsiva.
2- As complicações pós-operatórias encontradas foram: recorrência da uveíte, atrofia
iriana, hipertensão intra-ocular, membrana epirretiniana, opacidade de cápsula posterior,
edema macular cistóide, hipotensão intra-ocular, atrofia do disco óptico, sinéquias posteriores,
opacidade vítrea, cicatrizes corneanas, fibrina na câmara anterior, rubeosis iridis, ceratopatia
em faixa, edema corneano crônico, neovasos corneanos, explante da lente intra-ocular,
ceratopatia bolhosa, hifema, vítreo na câmara anterior, sinéquias anteriores, depósito na lente
intra-ocular, deslocamento da lente intra-ocular, hemorragia vítrea, buraco macular, edema do
disco óptico, phthisis bulbi, córnea transplantada, hipópio, opacidade de cápsula anterior,
restos corticais, captura da lente intra-ocular, necessidade de evisceração ocular, perfuração
corneana, descolamento de retina, descolamento de coróide e necessidade de enucleação.
3- Quanto aos resultados pós-operatórios de acuidade visual, recorrência da uveíte,
edema macular cistóide, membrana epirretinianan e opacidade da cápsula posterior,
verificamos:
3.1- Melhora da média da acuidade visual em cinco linhas de Snellen quando
comparada com a média da acuidade visual pré-operatória.
3.2- Curvas de Kaplan-Meier para recorrência da uveíte, edema macular cistóide,
membrana epirretiniana e opacidade de cápsula posterior mostrando uma progressão lenta de
evolução.
56
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9.0 APÊNDICES E ANEXOS
63
Tabela 01: Classificação Etiológica das uveítes agrupadas de acordo com a Classificação
Anatômica das Uveítes (Nussemblatt, 1996)
Classificação Etiológica das Uveítes
Etiologia
Uveíte Anterior
Idiopática
Espondilite Anquilosante
Síndrome de Reiter
Doença Inflamatória Intestinal
Artrite Psoriática
Doença de Behçet
Doença associado ao HLA-B27
Artrite Reumatóide Juvenil
Iridociclite Heterocrômica de Fuchs
Sarcoidose
Sífilis
Crise Glaucomatociclítica
Síndromes Mascaradas
Uveíte Intermediária
Sarcoidose
Doença Inflamatória Intestinal
Esclerose Múltipla
Pars Planitis
Uveíte Posterior
Retinite Focal
Toxoplasmose
Oncocercose
Cisticercose
Síndromes Mascaradas
Retinite Multifocal
Sífilis
Herpes simplex
Citomegalovírus
Sarcoidose
Candidíase
Meningococo
Síndromes Mascaradas
Coroidite Focal
Toxocaríase
Tuberculose
Nocardiose
Síndromes Mascaradas
Coroidite Multifocal
Histoplasmose
Oftalmia Simpática
64
Síndrome de Vogt-Koyanagi-Harada
Sarcoidose
Coroidite Serpiginosa
Coriorretinopatia de Birdshot
Síndromes Mascaradas
Panuveítes
Sífilis
Sarcoidose
Síndrome de Vogt-Koyanagi-Harada
Endoftalmite
Doença de Behçet
65
Tabela 02: Graduação da Celularidade de Câmara Anterior seguindo os critérios de
Schlaegel, Hogan e Nussenblat (Nussemblatt, 1996)
Critérios de classificação Graduação de
Celularidadae
Celularidade
Schlaegel
- -
½ Raros
- -
- -
1 Ocasionais
1 ½ 2 - 7
2 8 - 15
2 ½ 16 - 30
3 Demais para contar
3 ½ Demais para contar
4 Demais para contar
Hogan
0 0
Raras 1 - 2
Ocasionais 3 - 7
- -
1 + 7 - 10
1 - 2 + 10 - 15
2 + 15 - 20
- -
3 + 20 - 50
- -
4 + > 50
Nussenblatt
0 0
Traços 1 - 5
1 + 6 - 15
- -
2 + 16 - 25
- -
3 + 26 - 50
- -
4 + > 50
66
Tabela 03: Graduação da Celularidade de Câmara Anterior (SUN)
Graduação
0
0.5 +
1 +
2 +
3 +
4 +
Celularidade
< 1
1 - 5
6 - 15
16 - 25
26 - 50
> 50
The Standardization of Uveitis Nomenclature (SUN) Working Group
Graduação
0
0.5 +
1 +
2 +
3 +
4 +
Celularidade
< 1
1 - 5
6 - 15
16 - 25
26 - 50
> 50
The Standardization of Uveitis Nomenclature (SUN) Working Group
67
Tabela 04: Número total de pacientes e olhos
`
Número total de pacientes Número total de olhos
189 242
68
Tabela 05: Sexo dos pacientes
Sexo Número de pacientes % de pacientes
Masculino 80 42,30 %
Feminino 109 57,70 %
Total 189 100 %
69
Tabela 06: Classificação Anatômica das Uveítes na Amostra
Classificação anatômica Número de olhos % de olhos
Uveíte anterior 165 68,19%
Uveíte intermediária 17 07,02%
Uveíte posterior 17 07,02%
Uveíte difusa 43 17,77%
70
Tabela 07: Classificação Etiológica das Uveítes na Amostra
Classificação etiológica Número de olhos % de olhos
Idiopática 105 42,49%
Iridociclite Heterocrômica de Fuchs 34 13,70%
Herpes simplex 18 07,25%
Sarcoidose 14 05,64%
Pars planitis
10 04,03%
Artrite Reumatóide Juvenil 10 04,03%
Esclerose Múltipla 06 02,41%
Citomegalovírus 06 02,41%
Espondilite Anquilosante 05 02,41%
Doença de Behçet 05 02,41%
Coroidite Multifocal 04 01,61%
Coroidite Multifocal com Panuveíte 04 01,61%
Coriorretinopatia de Birdshot 03 01,20%
Síndrome de Vogt-Koyanagi-Harada 03 01,20%
Artrite Psoriática 02 00,80%
Doença de Crohn 02 00,80%
Retinocoroidite por toxoplasmose 02 00,80%
Tuberculose 02 00,80%
HIV 02 00,80%
Necrose Retiniana Aguda 02 00,80%
Herpes Zoster 01 00,40%
Síndrome de Reiter 01 00,40%
Granulomatose de Wegener 01 00,40%
Coroidite Serpiginosa 01 00,40%
Oftalmia Simpática 01 00,40%
Síndrome de Posner-Schlossman 01 00,40%
Glaucoma Facolítico 01 00,40%
Doença de Eales 01 00,40%
Lupus Eritematoso Sistêmico 01 00,40%
71
Tabela 08: Casos com Dois Tipos Etiológicos de Uveíte no Mesmo Paciente
Etiologia Número de casos
Iridociclite heterocrômica de Fuchs +
Coroidite multifocal com panuveíte
2
Retinite por citomegalovírus + HIV 2
Iridociclite heterocrômica de Fuchs +
Síndrome de Posner-Schlossman
1
Doença de Behçet + Ceratouveíte por
herpes simplex
1
72
Tabela 09: Materiais e Modelos das Lentes Intra-Oculares da Amostra
Materiais Modelos
Polimetilmetacrilato
720A (Pharmacia);
6741B (Bausch & Lomb),
8191B (Bausch & Lomb),
8190B (Bausch & Lomb),
U85JS (Bausch & Lomb),
MC50BD (Alcon),
MZ20BD (Alcon),
MZ40BD (Alcon);
Polimetilmetacrilato com
superfície modificada
heparinizada
722C (Pharmacia),
809C (Pharmacia),
812C (Pharmacia);
Acrílico
MA30BA (Alcon)
MA60BM (Alcon)
SA60AT (Alcon)
73
Tabela 10: Número de Olhos Submetidos à Implantes de Lente Intra-Ocular por
Materiais Diferentes de Lente Intra-Ocular
Material da LIO
a
Número de olhos
Lente de PMMA
b
141 olhos
Lente Acrílica 60 olhos
Lente de HSM-PMMA
c
22 olhos
Total de olhos com implante de LIO 223 olhos
a: LIO – Lente Intra-ocular
b: PMMA – Polimetilmetacrilato
c: Polimetilmetacrilato modificado com superfície heparinizada
74
Tabela 11: Número de Olhos com AV 20/40 durante Análise do Período Médio de
Acompanhamento Pós-Operatório
Acuidade Visual (AV) Olhos % olhos
AV 20/40 145 59,90%
AV entre 20/40 e 20/2000 (MM
a
) 82 33,90%
AV de MM (20/2000), PL
b
(20/20000) e APL
c
15 06,20%
a: MM = Movimento de mãos
b: PL = Percepção luminosa
c: APL = Ausência de percepção luminosa
75
Tabela 12: Número de olhos com Piora da Acuidade Visual Durante Análise do Período
Médio de Acompanhamento Pós-operatório
Total de olhos estudados 242
Olhos incluídos 228 202 olhos (88,60%)
(melhora ou manutenção da AV)
26 olhos (11,40%)
(piora da AV)
Olhos excluídos 14 PL
a
e APL
b
a: PL = Percepção luminosa
b: APL = Ausência de percepção luminosa
76
Tabela 13: Alterações Pré-operatórias da Amostra
Alterações Pré-operatórias Nº de
Alterações
% de
Alterações
Sinéquias posteriores 93 38,43%
Atrofia iriana 47 19,42%
Membrana epirretiniana 28 11,57%
Edema macular cistóide 27 11,15%
Cicatrizes corneanas 14 05,78%
Ceratopatia em faixa 08 03,30%
Atrofia de disco óptico 05 02,06%
Rubeosis iridis 04 01,65%
Edema de disco óptico 04 01,65%
Sinéquias anteriores 03 01,24%
Opacidade vítrea 03 01.24%
Opacidade de cápsula posterior 02 00,82%
Opacidade de cápsula anterior 02 00,82%
Edema corneano crônico 01 00,41%
77
Tabela 14: Alterações Peroperatórias da Amostra
Alterações Peroperatórioas Número de casos
Lente intra-ocular no sulco capsular 01
Lente intra-ocular no sulco e rotura de cápsula posterior 04
Lente intra-ocular no sulco capsular, rotura de cápsula posterior e
perda vítrea
05
Rotura de cápsula posterior e perda vítrea 02
Lente intra-ocular na câmara anterior, rotura de cápsula posterior e
perda vítrea
01
Restos corticais e hemorragia expulsiva 01
78
Tabela 15: Alterações Pós-operatórias da Amostra
Alterações Pós-operatórias Nº de Alterações % de Alterações
Recorrência da uveíte 73 30,16%
Atrofia iriana 69 28,51%
Hipertensão intra-ocular 68 28,09%
Membrana epirretiniana 64 26,44%
Opacidade de cápsula posterior 46 19,00%
Edema macular cistóide 33 13,63%
Hipotensão intra-ocular 31 12,80%
Atrofia de disco óptico 21 08,67%
Sinéquias posteriores 16 06,61%
Opacidade vítrea 16 06,61%
Cicatrizes corneanas 15 06,19%
Fibrina na câmara anterior 09 03,72%
Rubeosis iridis 09 03,72%
Ceratopatia em faixa 08 03,30%
Edema corneano crônico 05 02,06%
Neovasos corneanos 05 02,06%
Explante da LIO
a
04 01,65%
Ceratopatia bolhosa 03 01,24%
Hifema 03 01,24%
Vítreo na câmara anterior 03 01,24%
Sinéquias anteriores 03 01,24%
Depósito na LIO
a
03 01,24%
Deslocamento da LIO
a
03 01,24%
Hemorragia vítrea 03 01,24%
Buraco macular 03 01,24%
Edema de disco óptico 03 01,24%
Phthisis bulbi 03 01,24%
Córnea transplantada 02 00,82%
Hipópio 02 00,82%
Opacidade de cápsula anterior 02 00,82%
Restos corticais 02 00,82%
Captura da LIO
a
02 00,82%
Olho eviscerado 02 00,82%
Perfuração corneana 01 00,41%
Descolamento de retina 01 00,41%
Descolamento de coróide 01 00,41%
Olho enucleado 01 00,41%
a: LIO – Lente Intra-ocular
79
Gráfico 01: Médias da Acuidade Visual Pré-operatória, do Período Médio Pós-
operatório e da Última Consulta Pós-operatório
20/100
20/80
20/70
20/60
20/50
20/40
20/30
20/25
20/20
20/200
(20/100)
(20/100)
(20/40)
(20/40)
(20/40)
(20/40)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
20/100
20/80
20/70
20/60
20/50
20/40
20/30
20/25
20/20
20/200
(20/100)
(20/100)
(20/40)
(20/40)
(20/40)
(20/40)
48,9
83,6 83,6
20/100
20/80
20/70
20/60
20/50
20/40
20/30
20/25
20/20
20/200
(20/100)
(20/100)
(20/40)
(20/40)
(20/40)
(20/40)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
20/100
20/80
20/70
20/60
20/50
20/40
20/30
20/25
20/20
20/200
(20/100)
(20/100)
(20/40)
(20/40)
(20/40)
(20/40)
48,9
83,6 83,6
Média da Acuidade Visual Pré-operatóriaMédia da Acuidade Visual Pré-operatória
Média da Acuidade Visual do período médio pós-operatórioMédia da Acuidade Visual do período médio pós-operatório
Média da Acuidade Visual da última consulta pós-operatórioMédia da Acuidade Visual da última consulta pós-operatório
80
Gráfico 02: Curva de Kaplan-Meier de Recorrência da Uveíte
Tempo p/reativação da uveíte (meses)
806040200
% Sem recorrência
1,0
,9
,8
,7
,6
,5
,4
Curva de Sobrevida
Tempo p/reativação da uveíte (meses)
806040200
% Sem recorrência
1,0
,9
,8
,7
,6
,5
,4
Curva de Sobrevida
806040200
% Sem recorrência
1,0
,9
,8
,7
,6
,5
,4
Curva de Sobrevida
806040200
% Sem recorrência
1,0
,9
,8
,7
,6
,5
,4
Curva de Sobrevida
Tempo para reativação da uveíte (meses)
81
Gráfico 03: Curva de Kaplan-Meier do Edema Macular Cistóide
8
0
6040200
% Sem Edema Macular Cistóide
1,0
,9
,8
,7
,6
,5
,4
,3
Curva de Sobrevida
8
0
6040200
% Sem Edema Macular Cistóide
1,0
,9
,8
,7
,6
,5
,4
,3
Curva de Sobrevida
8
0
6040200
% Sem Edema Macular Cistóide
1,0
,9
,8
,7
,6
,5
,4
,3
Curva de Sobrevida
8
0
6040200
% Sem Edema Macular Cistóide
1,0
,9
,8
,7
,6
,5
,4
,3
Curva de Sobrevida
806040200
% Sem Edema Macular Cistóide
1,0
,9
,8
,7
,6
,5
,4
,3
Curva de Sobrevida
806040200
% Sem Edema Macular Cistóide
1,0
,9
,8
,7
,6
,5
,4
,3
Curva de Sobrevida
Tempo para Edema Macular Cistóide (meses)
82
Gráfico 04: Curva de Kaplan-Meier de Membrana Epirretiniana
806040200
% Sem MER
1,0
,8
,6
,4
,2
0,0
Curva de Sobrevida
806040200
% Sem MER
1,0
,8
,6
,4
,2
0,0
Curva de Sobrevida
Tempo para Membrana Epirretiniana (meses)
83
Gráfico 05: Curva de Kaplan-Meier de Opacidade de Cápsula Posterior
806040200
% Sem OCP
1,0
,8
,6
,4
,2
0,0
Curva de Sobrevida
806040200
% Sem OCP
1,0
,8
,6
,4
,2
0,0
Curva de Sobrevida
Tempo para Ocorrência de Opacidade de Cápsula Posterior (meses)
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