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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO
EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: DESENVOLVIMENTO REGIONAL
PROGRAMA REGIONAL DE DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE
AMBIENTE URBANO, QUALIDADE DE VIDA E (IN)SUSTENTABILIDADE
EM CIDADES LOCAIS: NOSSA SENHORA DA GLÓRIA/SE
Autora: Tânia Santos de Jesus
Orientadora: Profª. Dra. Rosemeri Melo e Souza
FEVEREIRO - 2006
São Cristóvão Sergipe
Brasil
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ii
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO
EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: DESENVOLVIMENTO REGIONAL
PROGRAMA REGIONAL DE DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE
AMBIENTE URBANO, QUALIDADE DE VIDA E (IN)SUSTENTABILIDADE
EM CIDADES LOCAIS: NOSSA SENHORA DA GLÓRIA/SE
Dissertação de Mestrado apresentada ao Núcleo de Pós-Graduação
em Desenvolvimento e Meio Ambiente da Universidade Federal de
Sergipe, como parte dos requisitos exigidos para a obtenção do
título de Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente.
Autora: Tânia Santos de Jesus
Orientadora: Profª. Dra. Rosemeri Melo e Souza
FEVEREIRO - 2006
São Cristóvão Sergipe
Brasil
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Jesus, Tânia Santos de
J58a Ambiente urbano, qualidade de vida e (in)sustentabilidade em
cidades locais : Nossa Senhora da Glória/SE / Tânia Santos de Jesus.
- São Cristóvão, 2006.
150f. : il.
Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente) -
Núcleo de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente,
Programa Regional de Desenvolvimento e Meio Ambiente, Pró-Reitoria
de Pós-Graduação e Pesquisa, Universidade Federal de Sergipe, 2006.
Orientador: Profª. Dra. Rosemeri Melo e Souza.
1. Sustentabilidade urbana. 2. Meio ambiente urbano. 3. Qualidade
de vida. 4. Indicadores socioambientais. 5. Município de Nossa Senhora
da Glória, SE. I. Título.
CDU 504:711.435(813.7Nossa Senhora da Glória)
iii
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO
EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: DESENVOLVIMENTO REGIONAL
PROGRAMA REGIONAL DE DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE
AMBIENTE URBANO, QUALIDADE DE VIDA E (IN)SUSTENTABILIDADE
EM CIDADES LOCAIS: NOSSA SENHORA DA GLÓRIA/SE
Dissertação de Mestrado defendida por Tânia Santos de Jesus e aprovada em 20 de
fevereiro de 2006, pela banca examinadora constituída pelos doutores:
Profª. Dra. Rosemeri Melo e Souza
Universidade Federal de Sergipe
Profª. Dra. Sueli Corrêa de Faria
Universidade Católica de Brasília
Profª. Dra. Maria Augusta Mundim Vargas
Universidade Federal de Sergipe
iv
Este exemplar corresponde à versão final da Dissertação de Mestrado em Desenvolvimento
e Meio Ambiente.
________________________________________________
Profª. Dra. Rosemeri Melo e Souza
Universidade Federal de Sergipe
v
É concedida ao Núcleo responsável pelo Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente
da Universidade Federal de Sergipe permissão para disponibilizar, reproduzir cópias desta
dissertação e emprestar ou vender tais cópias.
________________________________________________
Tânia Santos de Jesus
Universidade Federal de Sergipe
________________________________________________
Profª. Dra. Rosemeri Melo e Souza
Universidade Federal de Sergipe
vi
À minha mãe, Maria Marta dos Santos,
pela sua coragem, força, dedicação
incondicional e por ter me educado
através de um conjunto de princípios sem
os quais não valeria a pena viver.
vii
AGRADECIMENTOS
Com tua mão oh, Meu Senhor, seguras a minha. Eu não dou um passo só, sem o teu apoio,
sem o teu amparo... Através do Espírito Santo, És a Brisa suave que me conduz aos meus
ideais. Se cheguei até aqui, é porque estavas a me guiar.
A Vós, ao Filho e à Minha Mãe, Maria,
toda Honra e Glória desta conquista!
Deus faz-se presente em nossa vida através das pessoas que nos cercam.
Agradecendo-lhe por tantas dádivas, ao término desta empreitada, quero externar meus
agradecimentos àqueles que tão despretenciosamente contribuíram, direta ou indiretamente
para a concretização deste trabalho. Se porventura, algum dos meus colaboradores não for
mencionado, perdoe-me antecipadamente o deslize.
À Profª. Dra. Rosemeri Melo e Souza, pelas valiosas orientações, que tanto
contribuíram para a realização desta dissertação.
Aos meus pais, Maria Marta dos Santos e Raimundo de Jesus, meus irmãos, Telma,
Selma, Alex e Genilde. Aos meus sobrinhos, Thomas, Tamyres e João Marcos e aos
demais familiares.
Agradeço especialmente à CAPES, pela ajuda financeira prestada por meio da bolsa
de mestrado.
Aos Professores Doutores Roberto Rodrigues de Souza e José Wellington Carvalho
Vilar, pelas contribuições dadas na qualificação.
À Carina Santos de Souza, Cleide Aparecida F. Belchior, Denise Maria dos Santos,
Acácia Santos de Souza e Gildete Ferreira Santos, irmãs do coração, obrigada pelo
incentivo e pela certeza de refúgio certo nas horas mais incertas da vida.
À Profª Dra. Sueli Corrêa de Faria e à Profª Dra. Maria Augusta Mundim Vargas,
por terem aceito o convite para compor a banca examinadora deste trabalho.
Ao amigo Anselmo de Souza Pinheiro, pelo incentivo na fase que antecedeu a
seleção do mestrado; mais que amigo, você é um irmão.
viii
À amiga Ronise, meu muitíssimo obrigada, pela salutar companhia ao longo desses
dois anos. Com você pude trocar idéias, dividir as angústias e quero, agora, compartilhar as
alegrias da vitória. Agradeço também ao Prof. Dr. Alceu Pedrotti.
Aos colegas e amigos da Turma 2004, em especial à Vânia, Augusto, Givaldo,
Nilton, Aline e Jorge Sotero.
À toda a equipe de funcionários do NESA, pela prontidão no atendimento e pela a
amizade, principalmente às secretárias Aline, Najó, Srª. Julieta, sem esquecer de Dayane e
do Sr. Hélio.Também ao Sr. Almir , Sr. Amaral e Silvânia, funcionários da UFS.
Ao Sr. Cícero Alves dos Santos (Artesão “Veio”) pelas informações e disposição
com que sempre nos atendeu.
À Liziane Salomão, pela contribuição na construção dos slaides.
À Marcleide, pela companhia e ajuda durante o trabalho de campo.
Aos colegas e amigos já Mestres: Silvia, Míriam e Ana Paula. À Anízia e Flávia,
não só o meu muito obrigada, mas também os meus sinceros votos de Boa Sorte, nesta
nova fase da vida de vocês.
Aos funcionários dos órgãos governamentais que contribuiram com informações e a
todos que, direta ou indiretamente, colaboraram para a concretização deste trabalho.
ix
RESUMO
Por ser ambiente construído, a cidade envolve o fluxo de capital imobilizado no
espaço através de equipamentos físicos utilizados para a produção e o consumo, a exemplo
de ruas, edifícios, sistema de esgoto. Nela, o ambiente natural pode ser transformado em
áreas residenciais, de lazer, industriais e de comércio. O surgimento e/ou expansão de
cidades sem um adequado planejamento, principalmente no que se refere à infra-estrutura
pode refletir em problemas futuros, podendo interferir tanto na qualidade de vida dos
moradores, quanto na qualidade ambiental. Devido às intensas mudanças provocadas pela
ação humana no ecossistema urbano, este apresenta características e funcionamento cada
vez mais distintos dos sistemas naturais. A busca por um novo padrão de desenvolvimento
visando a garantia de capital natural para as futuras gerações trouxe à discussão o tema da
sustentabilidade. Nesse sentido, a sustentabilidade urbana tem constituído num dos maiores
desafios da atualidade, em virtude dos diversos problemas ambientais verificados nas
cidades. Essa pesquisa baseia-se no pressuposto de que as condições básicas na cidade de
Nossa Senhora da Glória/SE não revelam um desenvolvimento sustentável e que as
políticas públicas podem contribuir neste sentido à reorientação na perspectiva da
sustentabilidade urbana. Objetivou-se neste trabalho analisar os diferentes aspectos do
desenvolvimento na área urbana de Nossa Senhora da Glória/SE, com base em indicadores
socioambientais em busca dos fatores que podem estar interferindo na sustentabilidade do
desenvolvimento da cidade, bem como relacionar as principais medidas a serem adotadas
no campo das políticas públicas rumo à sustentabilidade urbana. Os indicadores para este
estudo foram: resíduos sólidos, saneamento básico, infra-estrutura, bem-estar coletivo,
habitação, saúde pública, educação pública, trabalho e renda. Foi adotada uma metodologia
com base no conceito de indicadores de sustentabilidade, utilizando as seguintes
ferramentas: revisão bibliográfica; trabalho de campo com registros fotográficos;
entrevistas junto à população local, órgãos e entidades públicas; aplicação de questionários
aos moradores; tratamento estatístico, análise e discussão dos dados obtidos. Pretende-se
contribuir com o presente trabalho na adoção de uma nova postura por parte da população
local e seus governantes com relação ao desenvolvimento. A utilização de indicadores
socioambientais constitui uma abordagem metodológica que propicia a compreensão dos
processos espaciais urbanos, neste trabalho o uso desta ferramenta possibilitou a
constatação de que a segregação socioespacial analisada enquanto indissociável da
degradação do meio ambiente verificada principalmente na periferia da cidade contribui
para o seu fraco grau de sustentabilidade, influenciando na qualidade de vida dos seus
moradores.
Palavras-Chave: Sustentabilidade urbana; Qualidade de vida; Indicadores sócio-
ambientais.
x
ABSTRACT
Being a built-up environment, the city involves the flow of immobilized capital in
the space through physical equipments which are used in the production and consumption
such as streets, buildings and sewer system. In the city, the natural environment can be
transformed into residential, leisure, industrial and commercial areas. The appearance
and/or expansion of cities without adequate planning, mainly relating to infrastructure can
reflect in future problems that may interfere both in the quality of life of the inhabitants
and in the environment quality. Due to the intense changes provoked by human action, the
urban ecosystem has shown more and more distinct characteristics and working from the
natural systems.The search for a new development standard in order to guarantee natural
capital for future generations has brought to discussion the theme of sustainability. In this
sense, the urban sustainability has been one of the biggest challenges of present time
because of several environmental problems in the cities. This research is based on the
rationale that the basic conditions in the city of Nossa Senhora da Glória/SE do not reveal a
sustainable development and that public policies can lead to a perspective of reaching
urban sustainability. The objective of this work is to analyse the different aspects of the
development in Nossa Senhora da Glória/SE urban area, based on socioenvironmental
indicators in attempt of identifying which factors can be interfering in the city sustainable
development, as well as point to the main measures to be adopted in the field of public
policies aiming at urban sustainability. The indicators considered were: solid wastes, basic
sanitation, infrastructure, collective well-being, housing, public health, public education,
work and income. It was adopted a methodology based on the concept of sustainability,
using the following tools: bibliographical revision; fieldwork with photographic registers;
interviews with the local inhabitants, and with public agencies and entities; application of
questionnaires with the inhabitants; statistical treatment, analysis and discussion of the
data collected. The intention of this work is to contribute to the adoption of a new attitude
by local population and its governments relating to development. The use of
socioenvironmental indicators constitutes a methodological approach that provides the
comprehension of urban space processes. In this work, the use of this tool made possible
the verification that socioespacial segregation analysed together with environment
degradation specially in the outskirts, contributes to its weak degree of sustainability,
influencing the inhabitants quality of life.
Key words: Urban Sustainability; Quality of life ; Socioenvironmental Indicators.
xi
SUMÁRIO
RESUMO...................................................................................................................................
ix
ABSTRACT................................................................................................................................
x
NOMENCLATURA......................................................................................................................
xiii
LISTA DE FIGURAS....................................................................................................................
xiv
LISTA DE TABELAS...................................................................................................................
xvi
LISTA DE QUADROS..................................................................................................................
xvii
1
INTRODUÇÃO 18
1.1
INTRODUÇÃO................................................................................................................................
19
1.2
JUSTIFICATIVA..............................................................................................................................
21
1.3
DEFINIÇÃO DA PROBLEMÁTICA ........................................................................................
22
1.4
OBJETIVOS................................................................................................................................ 24
1.4.1 Objetivo Geral.................................................................................................................... 24
1.4.2 Objetivos Específicos.........................................................................................................
24
1.5
QUESTÃO DE PESQUISA.........................................................................................................
24
1.6
APRESENTAÇÃO...................................................................................................................... 25
2
DESENVOLVIMENTO, MEIO AMBIENTE E QUALIDADE DE VIDA URBANA
26
2.1
DESENVOLVIMENTO, MEIO AMBIENTE E QUALIDADE DE VIDA URBANA.............
27
2.2
CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS SOBRE DESENVOLVIMENTO .....................................
27
2.3
SUSTENTABILIDADE ............................................................................................................. 32
2.3.1 Sustentabilidade urbana..................................................................................................... 34
2.3.2 Indicadores de sustentabilidade........................................................................................ 36
2.4
QUALIDADE DE VIDA.............................................................................................................
45
2.4.1 Ambiente urbano, qualidade de vida e saúde.................................................................... 46
3
NOSSA SENHORA DA GLÓRIA EM FOCO
49
3.1
LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA...............................................................................................
50
3.2
SOCIEDADE E AMBIENTE NO MUNICÍPIO.........................................................................
51
3.2.1 Aspectos históricos............................................................................................................
51
3.2.2 Aspectos geoambientais....................................................................................................
53
3.2.3 Aspectos demográficos..................................................................................................... 55
3.2.4 Aspectos socioeconômicos e culturais..............................................................................
57
3.3
A CIDADE DE NOSSA SENHORA DA GLÓRIA....................................................................
59
xi
i
4
O PERCURSO DA PESQUISA 63
4.1
CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO..........................................................................................
64
4.2
MÉTODO UTILIZADO..............................................................................................................
64
4.3
PROCEDIMENTOS DE PESQUISA..........................................................................................
65
4.3.1 Estudos preliminares.........................................................................................................
65
4.3.2 Definição e seleção dos indicadores................................................................................. 66
4.3.3 Temas, parâmetros e indicadores no contexto da pesquisa.............................................. 69
4.3.4 Definição da amostra........................................................................................................ 73
4.3.5 Elaboração do questionário...............................................................................................
74
4.3.6 Trabalho de campo............................................................................................................
75
4.3.7 Tabulação dos dados coletados.........................................................................................
75
4.3.8 Análise das informações................................................................................................... 75
5
GESTÃO AMBIENTAL SUSTENTÁVEL DE COMUNIDADES LOCAIS 81
5.1
AMBIENTE URBANO............................................................................................................... 82
5.2
AS RELAÇÕES SOCIOAMBIENTAIS E A DEGRADAÇÃO AMBIENTAL LOCAL..........
88
5.3
IMPACTOS AMBIENTAIS VERSUS QUALIDADE DE VIDA...............................................
95
5.4
GESTÃO URBANA E QUALIDADE DE VIDA DAS FAMÍLIAS..........................................
99
5.4.1 Qualidade de Vida das Famílias....................................................................................... 103
5.5
A SUSTENTABILIDADE LOCAL É POSSÍVEL?................................................................... 118
5.6
NOSSA SENHORA DA GLÓRIA, TENDÊNCIA À (IN)SUSTENTABILIDADE................ 119
6
CONSIDERAÇÕES FINAIS 126
6.1
POLÍTICAS PÚBLICAS X SEGREGAÇÃO SOCIOESPACIAL URBANA EM NOSSA
SENHORA DA GLÓRIA/SE......................................................................................................
127
6.2
GESTÃO MUNICIPAL E RESPONSABILIDADE AMBIENTAL.......................................... 129
6.3
DESENVOLVIMENTO, PRESERVAÇÃO AMBIENTAL E QUALIDADE DE VIDA DOS
MORADORES DE NOSSA SENHORA DA GLÓRIA/SE........................................................
131
6.4
ESTRATÉGIAS DE AÇÃO PARA A SUSTENTABILIDADE LOCAL .................................
132
6.4.1 Temas indicadores de pressão............................................................................................
132
6.4.2 Temas indicadores de estado..............................................................................................
133
6.4.3 Temas indicadores de resposta...........................................................................................
134
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 136
ANEXOS.............................................................................................................................................
144
xiii
NOMENCLATURA
Abreviaturas
D.E.R
Departamento de Estradas de Rodagens
P-E-I/E-R
Modelo Pressão-Estado-Impacto/Efeito-Resposta
P-E-R
Pressão-Estado-Resposta
SM
Salário mínimo
Siglas
ANAMMA
Associação Nacional de Municípios e Meio Ambiente
BANESE
Banco do Estado de Sergipe
BIM
Base de Informações Municipais
CMMAD
Comissão Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento
CONAMA
Conselho Nacional de Meio Ambiente
CNUMAD
Conferência da Terra
DESO
Companhia de Saneamento de Sergipe
ECO 92
Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
ENERGIPE
Empresa Energética de Sergipe
IBAMA
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
IBGE
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IDH
Índice de Desenvolvimento Humano
OCDE
Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico
ODM
Objetivos de Desenvolvimento do Milênio
OMS
Organização Mundial de Saúde
ONU
Organização das Nações Unidas
PETI
Programa de Erradicação do trabalho Infantil
PNMA
Política Nacional do Meio Ambiente
PNUD
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
PNUMA
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
SEPLANTEC
Secretaria de Estado do Planejamento e da Ciência e Tecnologia
SPSS
Statistical Package for Social Science
SUPES
Superintendência de Estudos e Pesquisas
SUS
Serviço Único de Saúde
USF
Unidade de Saúde da Família
xiv
LISTA DE FIGURAS
Figura
Página
2.1
Modelo P-E-R............................................................................................................
41
3.1
Localização de Nossa Senhora da Glória na Microrregião Sergipana do
Sertão do São Francisco e na Mesorregião do Sertão Sergipano...................
50
3.2 Localização da sede municipal de Nossa Senhora da GlóriaSE...................
51
3.3 Evolução da População Urbana de Nossa Senhora da GlóriaSE................. 55
3.4 Espacialização da Feira de Nossa Senhora da GlóriaSE..............................
60
3.5 Feira de Glória, Nossa Senhora da GlóriaSE............................................
60
4.1 Planta da Cidade de Nossa Senhora da GlóriaSE (Abril/2000)................... 73
5.1 Fotos dos padrões de habitação em alguns bairros da cidade (jan./05)..........
83
5.2
Fotos de lixo e fezes de animais jogadas nas ruas do Loteamento Cohab e
Bairro Nossa Senhora de Lourdes (maio/2005).............................................
91
5.3 Foto de habitações em áreas inadequadas (nov./2005).................................. 92
5.4 Fotos de catadores no lixão (nov./2005).........................................................
93
5.5
Fotos de catadores saindo do lixão e fotos de lixos depositados no fundo
das residências (fev./2005).............................................................................
93
5.6
Fotos da Praça Filemon Bezerra Lemos antes da poda (jan. 2005) e depois
de ser podada (out. 2005)...............................................................................
94
5.7
Fotos do lixão da cidade de Nossa Senhora da Glória–SE (dez/2005 e
out./2005)........................................................................................................
98
5.8 Fatores atribuídos pelos entrevistados à falta de qualidade de vida...............
103
5.9
Fatores atribuídos pelos entrevistados à falta de qualidade de vida, por
bairro...............................................................................................................
104
5.10 Cidade de Nossa Senhora da Glória-SE, Procedência dos entrevistados.......
104
5.11 Cidade de Nossa Senhora da GlóriaSE, Renda familiar média (2005)........
107
5.12 e 5.13
Fotos da f
orma de descarte das águas servidas na cidade de Nossa
Senhora da GlóriaSE (nov./2005).................................................................
110
5.14 Deposição final do lixo da cidade em lixão a céu aberto (nov./2005)............
111
xv
5.15 Fatores atribuídos pelos moradores à qualidade de vida................................
116
5.16 Fatores atribuídos pelos moradores à qualidade de vida, por bairro..............
117
5.17 Cidade de Nossa Senhora da GlóriaSE, Opções Religiosas.........................
118
5.18
Foto de pessoas usando sobrinha para se protegerem do sol intenso
(maio/2005) na cidade de Nossa Senhora da Glória/SE.................................
123
xvii
LISTA DE TABELAS
Tabela
Página
3.1
População residente, taxa de crescimento taxa de urbanização e
densidade demográfica 1970 – 2000......................................................
56
3.2 Produção agrícola municipal dos principais produtos em 2003............. 57
4.1 Atributos do Índice de Habitabilidade....................................................
80
5.1
Cidade de Nossa Senhora da GlóriaSE, Forma de descarte das águas
servidas....................................................................................................
111
5.2
Cidade de Nossa Senhora da GlóriaSE, Representação domiciliar por
bairro.......................................................................................................
112
5.3 Distribuição de cômodos por domicílios e moradores por cômodos......
113
5.4
Nossa Senhora da GlóriaSE, Condições de habitabilidade
(2005)......................................................................................................
113
xviii
LISTA DE QUADROS
Quadro
Página
2.1 Principais critérios de seleção para a definição de indicadores..............
40
3.1 Produção de leite de vaca 2001 – 2003...................................................
57
3.2 Efetivo dos rebanhos apresentado pelo município no ano de 2003........
58
3.3
Estabelecimentos de ensino de acordo com o grau de ensino,
dependência administrativa e localização...............................................
58
3.4
Estabelecimentos de saúde por espécie presentes no município em
2003.........................................................................................................
59
3.5
Estabelecimentos de saúde públicos por espécie presentes no
município em 2003..................................................................................
59
3.6
Rodovias de acesso à sede do município, distância em relação à
capital do Estado e aos municípios vizinhos..........................................
61
3.7 Nossa Senhora da Glória–SE Terminais telefônicos (1990 2002).. 62
4.1 Distribuição das temáticas de acordo com o Modelo P.E.R...................
67
4.2 Conjunto de temas com respectivos parâmetros e indicadores...............
68
4.3
Temas, parâmetros, indicadores e graus da sustentabilidade
adotados.................................................................................................
76
5.1
Nossa Senhora da GlóriaSE Nº de ruas pavimentadas por bairro
(2005)......................................................................................................
86
5.2
Cidade de Nossa Senhora da GlóriaSE Renda média familiar por
bairro (2005)...........................................................................................
106
5.3
Cidade de Nossa Senhora da GlóriaSE Ligações de água na sede
municipal por classe de consumidor (até nov/2005)...............................
109
5.4
Cidade de Nossa Senhora da GlóriaSE Estabelecimentos de ensino
na sede municipal (2005).......................................................................
115
5.5
Nossa Senhora da GlóriaSE Escolaridade dos moradores, segundo
o sexo (2005)...........................................................................................
116
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
19
Capítulo 1 Introdução
1.1 INTRODUÇÃO
O acelerado processo de crescimento demográfico, conjugado à crescente
urbanização que se processa muitas vezes de forma desordenada, intensificando o
desmatamento e ocasionando a transformação do meio ambiente natural, faz emergirem
indagações acerca do esgotamento dos recursos naturais.
Os fatores acima mencionados, quando aliados à concentração e à desigualdade de
renda, potencializam as conseqüências, podendo resultar em degradação ambiental,
distúrbios e inseguranças sociais, precárias condições de habitação, insuficiência na oferta
de infra-estrutura e serviços urbanos adequados, comprometendo a qualidade de vida das
populações. Tal situação gerou questionamentos quanto aos modelos de desenvolvimento
adotados pelos países.
No cenário internacional, acontece no ano de 1972, em Estocolmo, a primeira
Conferência Mundial das Nações Unidas abordando em seu escopo o meio ambiente,
passando a "questão ambiental" a ser discutida a nível mundial. A partir de então, os
aspectos globais dessa questão passam a ser considerados, e nos diversos países é discutido
o risco para a humanidade quanto à ameaça do esgotamento dos recursos do planeta,
decorrente do modelo de desenvolvimento adotado, sem um planejamento do uso dos
recursos naturais. Surge daí o conceito de "ecodesenvolvimento”.
Para Leff (2001, p. 15) a crise ambiental pôs em questão os paradigmas teóricos que
corroboraram o crescimento econômico, negando a natureza. Desse modo, no atual
momento histórico, faz-se necessária a revisão de antigos e a adoção de novos conceitos, o
questionamento das políticas desenvolvidas e a relação homem/natureza.
Somam-se a essas preocupações a pobreza e a exclusão social, pois, no Brasil, o
processo de urbanização, intensificado após a Revolução Industrial, é responsável não só
por desequilíbrios ambientais, como também pelo surgimento de grandes cidades, em que
boa parte de seus habitantes vivem em condições sub-humanas. Considerando a qualidade
de vida nessas cidades, a situação é alarmante. A falta de saneamento básico e a violência
constituem problemas comuns. O cidadão urbano brasileiro convive com e sofre as
20
Capítulo 1 Introdução
conseqüências da miséria, da degradação ambiental, assim como do desperdício de recursos
naturais.
Pensar o desenvolvimento sustentável requer, além da adoção de novos padrões de
produção e consumo, um novo olhar acerca de valores éticos, morais e da cidadania. Nesse
sentido, a busca da existência harmoniosa com outras populações e outros ecossistemas
passa a ser não só uma necessidade material, mas também ética, e, sua viabilidade deve ser
avaliada, medida e analisada com todo o ferramental de que se dispõem. Dentre eles, os
indicadores ambientais.
Para Amaral (2002), um indicador constitui-se num valor derivado de parâmetros,
que pode ser usado para medida ou comparação de condições reais - Indicadores
Descritivos com as condições de referência, representados por Indicadores Normativos.
Como os indicadores devem ser apurados em relação aos dados disponíveis, esta
pesquisa ressalta a importância do saber local, dada a articulação cada vez mais intensa
entre saber e poder, bem como sua influência no crescimento local, num mundo
globalizado.
Nesse sentido, a Agenda 21 (CNUMAD, 1992), no seu capítulo 28 - ao recomendar
que os governos nacionais reconheçam formalmente a autonomia das cidades, assim como
das comunidades e áreas metropolitanas, para que possam adquirir e gerir os recursos
necessários à implementação de suas estratégias de desenvolvimento sobre os respectivos
territórios reconhece a importância das autoridades locais no processo de
desenvolvimento sustentável (Barbieri, 1997).
O campo empírico desta pesquisa é a área urbana do Município de Nossa Senhora
da Glória/SE, localizado na região semi-árida sergipana, que ocupa uma posição de
destaque nessa região. O recorte temporal do estudo compreende o período de 2000 a 2005.
O município de Nossa Senhora da Glória/SE apresenta uma densidade demográfica
de 36,10 hab/km
2
. Sua taxa de urbanização é igual a 63,68% e seu Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH) é 0,417 (IBGE, 2000; Alvorada, 2004).
21
Capítulo 1 Introdução
1.2 JUSTIFICATIVA
Nas últimas décadas, o Nordeste apresentou elevadas taxas de crescimento,
comparáveis às do Brasil. Entretanto, ele padece ainda de sérias vulnerabilidades, sendo
elas de natureza econômico-social, geoambiental, científico-tecnológica e político-
institucional. Geoambientalmente, se destacam as vulnerabilidades climáticas do semi-
árido.
De acordo com Perlman (1991, apud Menezes 1996), os assentamentos humanos
vêm passando por quatro transformações de caráter global. A primeira é a crescente
urbanização; a segunda, é que o crescimento urbano se faz muito mais intenso nos países
em desenvolvimento, enquanto que nos países industrializados há uma estabilização ou até
mesmo uma diminuição do crescimento populacional das cidades; a terceira é o acelerado
surgimento de “cidades informais”, em áreas periféricas e/ou ambientalmente frágeis (tais
como aterros, lixões, mangues, áreas mananciais, etc.); e a quarta e última transformação
diz respeito ao tamanho das cidades, que estão se tornando megalópoles.
Dentre os motivos que levaram à escolha do tema desta dissertação está o fato de
que, no Brasil, apesar da Constituição de 1988, no artigo quinto do capítulo I, resguardar o
direito à vida, assim como dedicar todo o Capítulo II aos Direitos Sociais, muitas injustiças
e descasos ocorrem, principalmente, com a classe de menor poder aquisitivo, em especial
nas grandes cidades (Brasil, 1998).
A Agenda 21 (CNUMAD, 1992), em seu Capítulo 40, trata da importância da
informação na tomada de decisões, recomendando a redução das diferenças com relação
aos dados e o aperfeiçoamento da disponibilidade da informação, destacando aí a adoção
de indicadores.
Em setembro de 2000, durante a Cúpula do Milênio, promovida pela Organização
das Nações Unidas (ONU), em Nova York, com a participação de líderes de 189 países, foi
elaborada a “Declaração do Milênio” (Brasil, 2004). Esse documento tem por finalidade
comprometer os países membros com a eliminação da extrema pobreza e a fome do planeta
até 2015. Para isso, propõe oito objetivos - denominados “Objetivos de Desenvolvimento
22
Capítulo 1 Introdução
do Milênio” (ODM) - a serem alcançados pelo cumprimento de dezoito metas, que podem
ser acompanhadas por meio de um conjunto de 48 indicadores.
O Relatório Nacional de Acompanhamento dos Objetivos de Desenvolvimento do
Milênio (ODM), publicado em setembro de 2004, aponta entre outras informações que: o
Brasil ainda apresenta um número elevado de pessoas em extrema pobreza; apesar do
aumento da participação dos mais pobres na renda, as desigualdades permanecem; mais de
um milhão de crianças apresentam déficit de peso; a fome no Brasil é um reflexo das
desigualdades de acesso aos alimentos e não da sua indisponibilidade; o ensino médio não
é para todos; apenas um terço do esgoto coletado no Brasil recebe tratamento; 41% das
moradias urbanas são inadequadas e, seis milhões de brasileiros vivem em favelas ou em
outras formas de assentamentos precários (Brasil, 2004).
Segundo Besserman (2003), quando as agressões à natureza adquiriram expressão
regional, exerceram uma maior influência tanto na economia como na qualidade de vida
das populações.
Os indicadores são ferramentas que possibilitam a construção e o uso de
informações que proporcionam uma avaliação qualitativa e quantitativa do estado e da
tendência do fenômeno.
O estudo de uma realidade local com o apoio de indicadores socioambientais
favorece a análise de sua sustentabilidade, uma vez que para a seleção/e ou criação de
indicadores se faz necessário conhecer previamente o município, suas características
econômicas, sociais, espaciais, ambientais e culturais.
1.3 DEFINIÇÃO DA PROBLEMÁTICA
Este trabalho foi realizado na cidade de Nossa Senhora da Glória, também
chamada de “capital do sertão”, devido à sua importância econômica. A escolha dessa
cidade se deu em função do Município de Nossa Senhora da Glória, para a micro-região
sergipana do Sertão do São Francisco, encontrar-se em processo de expansão,
23
Capítulo 1 Introdução
especialmente em função do dinamismo da atividade comercial, e exercer forte atração e
influência nos municípios em seu entorno.
Nossa Senhora da Glória é considerada uma cidade local, tendo em vista que é
comercialmente dinâmica. Possui uma feira na qual são comercializados diversos tipos de
produtos: alimentícios, de vestuário, agrícolas, dentre outros. Esse mercado periódico lhe
confere uma posição de destaque na região, sendo responsável por um grande fluxo de
pessoas e uma oferta significativa de bens e serviços diversos.
De acordo com Santos (2005), as “cidades locais” é um fenômeno urbano que
merece interesse tanto quanto as cidades grandes, para esse autor:
“A cidade local é a dimensão mínima a partir da qual
as aglomerações deixam de servir às necessidades da
atividade primária para servir às necessidades
inadiáveis da população, com verdadeira
especialização do espaço.” (Santos, 2005 p. 87).
Essas cidades apresentam uma maior autonomia e têem por base atender às
necessidades da população em relação a bens e serviços, em outras palavras: surgem para
atender às necessidades locais. Elas dispõem de uma atividade polarizante e seu
crescimento econômico é criado com base na economia local (Santos, 1980).
Na pesquisa, o desenvolvimento da cidade em estudo será considerado sustentável
se, em seu processo, for capaz de manter a saúde do sistema ambiental, evitando a
degradação e reduzindo a desigualdade social, provendo a seus habitantes um ambiente
saudável.
24
Capítulo 1 Introdução
1.4 OBJETIVOS
1.4.1 Objetivo geral
Analisar indicadores socioambientais em busca dos fatores que podem estar
interferindo na (in)sustentabilidade do desenvolvimento urbano em Nossa Senhora da
Glória/SE.
1.4.2 Objetivos específicos
§ Levantar aspectos condicionantes da qualidade de vida dos moradores do
município de Nossa Senhora da Glória;
§ Verificar a infra-estrutura na área urbana do município de Nossa Senhora da
Glória em termos de saúde, educação e saneamento básico;
§ Analisar as perspectivas propícias ao desenvolvimento sustentável da cidade
de Nossa Senhora da Glória.
1.5 QUESTÃO DE PESQUISA
A pesquisa foi orientada pelas seguintes questões:
a) Em que medida a segregação socioespacial e a degradação ambiental na área
urbana do município de Nossa Senhora da Glória estão associadas à atuação das
esferas do poder público?
b) Estará o município de Nossa Senhora da Glória cumprindo com as suas
responsabilidades ambientais?
c) Estará o desenvolvimento da cidade de Nossa Senhora da Glória contribuindo
para uma melhoria da qualidade de vida dos seus moradores?
25
Capítulo 1 Introdução
1.6 APRESENTAÇÃO
Este estudo foi estruturado em seis capítulos. O primeiro é composto pela
introdução, na qual é explicitado o tema central da pesquisa, os motivos que levaram à sua
escolha, os objetivos geral e específicos, bem como as questões de pesquisa.
No segundo capítulo é feita a revisão da literatura dos temas que embasam este
estudo: desenvolvimento sustentável, sustentabilidade urbana, indicadores de
sustentabilidade, qualidade de vida.
O terceiro capítulo traz a caracterização da área estudada, a partir de um resgate
histórico.
No quarto capítulo é apresentado o percurso da pesquisa, destacando-se o método
utilizado. São também explicitados os instrumentos usados para a coleta de dados, assim
como os meios utilizados para tratamento dos dados e informações.
No quinto capítulo, mediante a discussão dos dados é feita uma explanação sobre o
ambiente urbano de Nossa Senhora da Glória, apresentando os aspectos e fatores que
contribuem para a degradação local. Por meio de uma análise da relação entre a gestão
urbana e a qualidade de vida, são apresentados alguns condicionantes da qualidade de vida
dos moradores, bem como apresentada a tendência da sustentabilidade do seu
desenvolvimento.
Por fim, o sexto e último capítulo, traz as considerações finais, bem como algumas
estratégias de ação para a sustentabilidade local. Finalizando, são feitas indicações para
estudos futuros.
CAPÍTULO 2
DESENVOLVIMENTO, MEIO AMBIENTE E
QUALIDADE DE VIDA URBANA
Capítulo 2 Desenvolvimento, Meio Ambiente e Qualidade de Vida Urbana
27
2.1 DESENVOLVIMENTO, MEIO AMBIENTE E QUALIDADE DE
VIDA URBANA
Conforme salienta Mota (1999), o meio ambiente tanto pode influenciar o processo
de urbanização como ter suas características alteradas face às modificações impostas por
esse processo. Nesse sentido, devido à crescente concentração populacional que vem
ocorrendo nas áreas urbanas, as condições ambientais aí existentes exigem que sejam
tomadas decisões urgentes, no sentido de torná-las ambientalmente sustentáveis.
A Revolução Industrial ampliou a capacidade do homem modificar o ambiente. A
partir dela, um grande número de substâncias químicas tem sido lançado nos ecossistemas
aquáticos, terrestres e na atmosfera. Como conseqüência, distúrbios ambientais passam a
afetar a vida do planeta, quantitativa e qualitativamente (Morandi, 2002).
De acordo com Franco (2002), o desenvolvimento implica em uma mudança social
com alteração dos capitais humanos e sociais, devendo tais alterações garantir uma
congruência com o meio, bem como com a conservação “da adaptação”. Caso contrário,
não será desenvolvimento.
2.2 – CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS SOBRE DESENVOLVIMENTO
Segundo Foladori (2001), durante os anos 60 e 70 do século XX, muitos
movimentos ambientalistas se propagam (Greenpeace, Verdes da Alemanha, Os Amigos da
Terra, entre outros), tornando-se alguns deles fortes organizações. O foco da atenção
quanto à causa da crise ambiental é mudado com a publicação do livro “Population,
resources environment”, de Ehrlich e Ehrlich (1972), passando a se dirigir ao crescimento
populacional.
Também nesse ano, numa crítica iniciada dentro do próprio sistema capitalista,
Meadows e outros estudiosos, ao publicarem o livro, “Os Limites do Crescimento”,
primeiro informe do Clube de Roma, chamam a atenção para a possibilidade de se atingir,
nos cem anos seguintes, o limite possível, caso se continue com os mesmos padrões de
Capítulo 2 Desenvolvimento, Meio Ambiente e Qualidade de Vida Urbana
28
crescimento populacional, depredação dos recursos e poluição. Tal relatório coloca como
alternativa, um crescimento zero (Foladori, 2001).
Em 1972, realiza-se em Estocolmo, a I Conferência das Nações Unidas sobre
Desenvolvimento e Meio Ambiente Humano, solicitada pela Suécia à ONU, em 1969,
durante a XXIII Assembléia Geral, tendo sua aceitabilidade em função do desastre
ecológico ocorrido na Baía de Minamata, no Japão, onde o mercúrio lançado ao mar por
empresas locais levou milhares de pessoas à morte (Barbieri, 1997).
Essa conferência enfatiza aspectos técnicos da contaminação ambiental, em virtude
da acelerada industrialização e urbanização, além de relacionar crescimento populacional
ao esgotamento de recursos naturais (Ferreira, 1998 p. 81), motivo pelo qual vários países
do Terceiro Mundo se mantiveram hostis à sua agenda, inclusive o Brasil, que vivia os seus
anos de “milagre econômico” na época das reuniões de preparação dessa conferência,
graças à intensificação do processo de industrialização, posicionando-se de forma
divergente das propostas dominantes, uma vez que defendia que os países do Primeiro
Mundo deveriam se responsabilizar pela recuperação dos desequilíbrios ambientais
(Herculano, 1992).
De acordo com Ferreira (1998) a perspectiva brasileira pode ser vista sob três
pontos: primeiro, o Brasil posicionou-se contra o sacrifício do crescimento econômico em
favor de uma pureza maior do ambiente, sem deixar de reconhecer a poluição ambiental,
que cada vez se fazia mais crescente, enfatizou que a purificação deveria ser assumida, não
pelos países do Terceiro Mundo, mas pelos do Primeiro; segundo, o Brasil opunha-se às
medidas de controle populacional, uma vez que não relacionava a questão de esgotamento
dos recursos ao crescimento populacional; e, em terceiro lugar, o Brasil defendeu a
soberania nacional.
Dessa forma, constata-se uma forte contradição: os países pobres buscam o
desenvolvimento, enquanto os ricos tentam manter o controle da produção e da explosão
demográfica. Em suma, a Conferência realizada em Estocolmo via a solução dos problemas
ambientais no suprimento de recursos técnicos e financeiros nos países do Terceiro Mundo,
Capítulo 2 Desenvolvimento, Meio Ambiente e Qualidade de Vida Urbana
29
e no controle do crescimento populacional nesses países, como também na adoção, por
parte dos países do Primeiro Mundo, de tecnologias limpas (Foladori, 2001).
Resulta da Conferência de Estocolmo a criação do PNUMA (Programa das Nações
Unidas para o Meio Ambiente) e da CMMAD (Comissão Mundial para o Meio Ambiente e
Desenvolvimento), também conhecida como Comissão Brundtland, criada em 1983, por
solicitação da Assembléia Geral das Nações Unidas. Essa comissão era constituída por um
grupo independente de 21 países-membros da ONU (Herculano, 1992).
A partir da criação da CMMAD, a questão ambiental passa a ser discutida em nível
regional e setorial. Na América Latina, vários modelos alternativos de desenvolvimento são
apresentados pela Comissão Bariloche, a qual defendia que a qualidade de vida deveria ser
o objetivo do desenvolvimento. Tal comissão adota ações tidas como contraditórias face ao
processo capitalista de produção da época (Foladori, 2001).
Durante a década de 1980 é buscado um consenso internacional sobre a gravidade
dos problemas ambientais. Em 1987, a Comissão Mundial Sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento publica o Relatório Brundtland ou “Nosso Futuro Comum”, resultado de
cinco anos de pesquisa sobre a situação de degradação ambiental e econômica do planeta,
definindo o desenvolvimento sustentável como “o que atende as necessidades do presente
de maneira igualitária, sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem
as suas próprias necessidades”. Esse documento vê a pobreza como uma das causas dos
problemas ambientais e o crescimento econômico como condição necessária para a sua
erradicação (Foladori, 2001; Barbieri,1997).
Segundo Herculano (1992), o relatório Brundtland em suas propostas e análise
pressupõe ser possível crescer economicamente e conservar o ambiente. Em suma, o
referido documento preconizava a melhoria das relações econômicas internacionais por
meio da cooperação entre os países, dando origem ao multilateralismo baseado na estreita
relação entre comércio internacional, meio ambiente e crescimento econômico global
(Barbieri, 1997).
Capítulo 2 Desenvolvimento, Meio Ambiente e Qualidade de Vida Urbana
30
A problemática ambiental constitui-se em assunto que vem sendo discutido também
em conferências que abordam outros temas. Em 1994, na Conferência sobre População, no
Cairo, e na Conferência sobre a Mulher, na China; em 1995, na conferência realizada em
Copenhage, que abordava o Desenvolvimento Social (Ferreira, 1998).
Nos últimos anos, os problemas ambientais globais têm sido cada vez mais alvo de
discussão, dada a sua intensificação, o que requer emergência de soluções, principalmente
no que se refere aos problemas ecológicos.
Com destaque, em 1992, acontece no Brasil um evento de caráter
intergovernamental, reunindo representantes de diversos países, aglutinando diferentes
atores sociais, constituindo-se na maior reunião de Conferência das Nações Unidas sobre
Meio Ambiente e Desenvolvimento, popularmente denominada ECO 92.
Dada a quantidade de entidades e pessoas participantes e o número de documentos
elaborados, pode-se perceber a conscientização a nível mundial quanto a necessidade da
adoção de um novo modelo de desenvolvimento, socialmente justo e ecologicamente
sustentável, em detrimento ao modelo atual da época, no qual a natureza era sacrificada em
favor da produção de riqueza, especialmente para as classes de maior poder aquisitivo e
países com forte grau de tecnologia.
Durante o Fórum Global, diversos tratados foram elaborados, entre eles: o Tratado
sobre a Questão Urbana, o Tratado sobre Educação Ambiental e o Tratado sobre
População, Meio Ambiente e Desenvolvimento.
Conforme salienta Ferreira (1998), apesar da questão ambiental ter sido abordada
de forma descritiva, tratando de alguns aspectos do desenvolvimento e da preservação
ambiental de forma desarticulada, o Fórum Global tinha objetivos bem definidos, entre
eles: Primeiramente o fórum serviria para a confraternização de ecologistas de todos os
países; um segundo objetivo, era que os problemas globais e o vínculo entre
desenvolvimento, qualidade ambiental e pobreza, alcançassem um “patamar qualificável”,
o que foi atingido; como terceiro objetivo, almejava-se que alguns rumos da Conferência
Capítulo 2 Desenvolvimento, Meio Ambiente e Qualidade de Vida Urbana
31
Oficial fossem modificados no Fórum Global, já que este se constituía na expressão
política da sociedade civil organizada.
A autora supra citada, vê como contribuição relevante desses movimentos sociais,
provenientes da questão ecológica, a emergência da importância do significado da
cidadania, favorecendo uma identidade que aos poucos vai nos libertando da consciência
fragmentária imposta pelo regime autoritário e pela situação subalterna dos atores sociais.
Do exposto, o desenvolvimento sustentável surge da necessidade de soluções para
os problemas globais, constituindo-se numa nova visão dos problemas ambientais, na
medida que associa aos mesmos, as dimensões: sociais, políticas e culturais, não limitando-
os aos seus aspectos físicos e biológicos, abordando assim, questões como pobreza e
exclusão social (Barbieri 1997).
A Agenda 21, transformada pela ONU em Programa 21, tem por finalidade atingir
os objetivos do desenvolvimento sustentável, consolida diversos documentos, elaborados
sob a esfera da ONU, abordando diversas questões sobre desenvolvimento e meio
ambiente, contribui na orientação das nações para adoção de um nova concepção de
sociedade. É considerada o maior resultado da Eco/92 em prol do desenvolvimento
sustentável, contém princípios, diretrizes e estratégias que norteiam e orientam ações nas
instâncias municipal, estadual e nacional, possibilitando uma descentralização e ao mesmo
tempo o convergimento de vontades e medidas em busca de uma sociedade mais justa,
reforçando a cidadania e a participação democrática, instituindo um desenvolvimento sem
degradação ambiental, favorecendo a melhores condições de vida da população (Ribeiro,
1998).
Capítulo 2 Desenvolvimento, Meio Ambiente e Qualidade de Vida Urbana
32
2.3 SUSTENTABILIDADE
A sustentabilidade, tema que tem sido bastante discutido nos meios
governamentais, acadêmicos e científicos começou a ser focalizada em meados da década
de 1980 e desde então vem sendo freqüentemente empregada, assumindo dimensões
econômicas, sociais e ambientais, buscando embasar uma nova forma de desenvolvimento.
A definição mais difundida e que se constitui em um marco na discussão sobre
sustentabilidade, é a encontrada no Relatório Brundtland (“Nosso Futuro Comum”) que
institui: “desenvolvimento sustentável significa atender às necessidades do presente, sem
comprometer a capacidade das gerações futuras de atender suas próprias necessidades”
(Comissão Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento CMMAD, 1988). Esse
conceito tanto estimula a integração quanto a eqüidade.
Barbieri (1997) ressalta que o referido relatório enfatiza quatro pontos que devem
ser considerados no entendimento da sustentabilidade: interligação dos desgastes do meio
ambiente, influência dos padrões de desenvolvimento econômico sobre o meio ambiente; e
interligação entre problemas ambientais, econômicos, fatores sociais e políticos.
Conforme salienta o mesmo autor, em 1991 é publicado o documento “Cuidando do
Planeta Terra”, que expõe três objetivos básicos da Estratégia Mundial de Conservação,
enfatizando a relação de interdependência entre economia e desenvolvimento:
§ Desenvolvimento sustentável, para sustentação dos ecossistemas e da qualidade
de vida;
§ Economia sustentável, para conservação da biodiversidade;
§ Uso sustentável, respeitando a capacidade de reprodução dos recursos
renováveis.
Capítulo 2 Desenvolvimento, Meio Ambiente e Qualidade de Vida Urbana
33
O novo modelo de desenvolvimento exige que sejam revistos os critérios que
nortearam o desenvolvimento anterior. Conforme Sachs (1993), no planejamento do
desenvolvimento é preciso considerar, simultaneamente, as seguintes dimensões da
sustentabilidade:
§ Sustentabilidade social: baseada na visão de uma sociedade boa, tem como
finalidade a melhoria das condições de vida da população, bem como a
eqüidade dos direitos, além da redução das diferenças entre os padrões de vida
dos ricos e dos pobres;
§ Sustentabilidade econômica, se dá através da alocação e gerenciamento
eficiente dos recursos, devendo ser mais avaliada sob critérios macrossociais, ao
invés do microempresarial, além dos fluxos contínuos de investimentos
públicos e privados;
§ Sustentabilidade ecológica, que pode ser melhorada através de medidas de
intensificação de pesquisas com vistas a adoção de tecnologias limpas, de modo
a otimizar a utilização dos recursos em favor do desenvolvimento urbano, rural
e industrial, como também através de medidas que estabeleçam regras para uma
adequada proteção ambiental;
§ Sustentabilidade espacial, direcionada para o equilíbrio da configuração rural-
urbana, assim como uma melhor distribuição do território, no que se refere à
economia e assentamentos humanos, atentando para a concentração excessiva
das áreas metropolitanas;
§ Sustentabilidade cultural, buscando concepções endógenas de desenvolvimento,
entendendo ecodesenvolvimento como conjunto de soluções que considera as
peculiaridades locais, culturais e ecossistêmicas.
Capítulo 2 Desenvolvimento, Meio Ambiente e Qualidade de Vida Urbana
34
Para Guimarães, citado por Barbieri (1997), a sustentabilidade possui as seguintes
dimensões:
§ Sustentabilidade ecológica, busca manter os recursos naturais necessários à
atividade produtiva, constitui-se assim na base física do desenvolvimento;
§ Sustentabilidade ambiental, consiste na capacidade de recuperação da natureza
decorrente das atividades antrópicas;
§ Sustentabilidade social, objetiva a solução de problemas de desigualdades e
exclusão social, melhorando dessa forma a qualidade de vida da população;
§ Sustentabilidade política, incorpora as pessoas nos processos de
desenvolvimento, promovendo a cidadania.
Segundo Capra (2001), de acordo com o pensamento sistêmico, as “soluções
sustentáveis” são a única forma de solução possível para os problemas globais que se
apresentam em nosso tempo. Para ele, o conceito de sustentabilidade adquiriu importância
no movimento ecológico e o grande desafio constitui-se na criação de comunidades
sustentáveis, ou seja, ambientes sociais e culturais nos quais as chances das gerações
posteriores terem um ambiente saudável e suas necessidades satisfeitas não sejam
diminuídas, ao tempo que também satisfazemos as nossas necessidades e aspirações.
2.3.1 Sustentabilidade urbana
Os diversos problemas ambientais verificados nas cidades tornam os centos urbanos
interesse de vários estudiosos, constituindo-se as questões urbanas numa preocupação
dentre as mais diversas escalas de poder, tanto a nível municipal, quanto estadual e
nacional, chegando até a discussões mundiais, tornando a busca pela sustentabilidade
urbana num dos maiores desafios da atualidade.
Capítulo 2 Desenvolvimento, Meio Ambiente e Qualidade de Vida Urbana
35
A sustentabilidade urbana vem sendo debatida desde a Conferência das Nações
Unidas Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, sendo tal noção associada ao
desenvolvimento e às políticas urbanas.
De acordo com Vitte (2002), no novo paradigma ecológico, que se contrapõe ao
planejamento urbano do paradigma em declínio, a questão social, que antes legitimava a
base dos discursos e ações, cedeu espaço ao discurso do desenvolvimento sustentável e da
sustentabilidade urbana. Segundo ela, a ação coletiva passa a se constituir não a nível
territorial e sim em caráter global, neste sentido a formação de identidades coletivas, bem
como a garantia de direitos e deveres é pensada em caráter mundial.
Para Schussel (2004), nas cidades a operacionalização do desenvolvimento
sustentável se dá em função das dimensões da sustentabilidade: sustentabilidade forte”,
relacionada aos imputs, não admitindo a possibilidade de compensação de um recurso não-
renovável pelo aumento de outro. Sustentabilidade fraca”, relacionada aos outputs,
permitem a possibilidade do capital artificial substituir o capital natural.
Segundo Garcias (2001), a degradação urbana reflete diretamente na saúde de sua
população, nesse sentido, o planejamento urbano deve atentar para a sustentabilidade
ambiental da cidade.
Tomando-se por referência os países com economia avançada, reinvidicações em
defesa do quadro de vida e da proteção ambiental começaram a fazer parte da agenda
urbana a partir dos anos 70 (Topalov, 1991).
Conforme salienta (Bezerra e Fernandes, 2000), duas noções-chave a serem
consideradas no estudo de cidades sustentáveis é a sustentabilidade ampliada, que diz
respeito à sinergia entre as dimensões ambiental, social e econômica, e a noção de
sustentabilidade progressiva, através da qual a sustentabilidade é vista como um processo.
Na análise de Vitte (2002), apesar do desenvolvimento urbano sustentável ser
considerado como uma utopia e/ou como marketing na disputa entre lugares, um aspecto
positivo a ser considerado é a autonomia e a possibilidade de participação de diferentes
Capítulo 2 Desenvolvimento, Meio Ambiente e Qualidade de Vida Urbana
36
matizes ideológicas nas novas formas de gestão incorporada pela idéia de sustentabilidade.
Aqui (são considerados também os custos sociais desse crescimento) o desenvolvimento
não é visto apenas como crescimento, mais como eqüidade e justiça social.
Para Costa citado por Vitte (2002), ainda que a sustentabilidade urbana apresente
uma certa emancipação das idéias ambientais levando a perspectiva de discursos e projetos
de transformação política, abrindo espaço para a discussão a nível local de prática de
gestão, muitas vezes seu discurso pode favorecer a manutenção de uma determinada ordem
social injusta.
Conforme Acselrad (1999), o debate sobre desenvolvimento econômico foi
“esverdeado”, mais apesar de reorientar processos decisórios manteve a indefinição de
conceitos e discursos. Segundo ele, há muitas matrizes discursivas associadas à noção de
sustentabilidade urbana.
2.3.2 – Indicadores de sustentabilidade
A busca mundial por um novo modelo de desenvolvimento trouxe à tona a
necessidade de ferramentas capazes de avaliar os impactos e consequências do modelo de
desenvolvimento para o meio ambiente. A utilização de indicadores ambientais ocorreu em
função do desenvolvimento sustentável disseminado na década de 1980, tendo seu marco
decisivo na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento e Meio Ambiente,
realizada em 1992, quando os resultados dessa conferência apontam para a necessidade de
se desenvolver e aplicar métodos que determinem o estado do ambiente e o monitoramento
de suas mudanças em níveis locais, regionais, nacionais e globais.
Historicamente, o desenvolvimento de indicadores ambientais se deu em três fases,
de acordo com as visões paradigmáticas: a primeira baseada na escola dominante, liderada
por Descartes, em seu Discurso do Método, que propunha: “dividir para conhecer”
(Bollmann, 2001). Essa fase caracteriza-se pela ausência da ação conjunta na resolução dos
problemas. Cada uma das ciências buscava a descrição dos fenômenos naturais com seus
próprios métodos, originando a departamentalização do conhecimento. Nessa fase surgem
Capítulo 2 Desenvolvimento, Meio Ambiente e Qualidade de Vida Urbana
37
os indicadores primários, consistindo em medidas de grandeza tidas como importantes na
descrição do objeto, baseando-se principalmente em variáveis.
Na segunda fase, surgem os indicadores secundários, consistindo em estrutura de
agregação de diferentes variáveis, provenientes da busca de uma análise sistêmica da
realidade. A descrição das partes, característica do modelo reducionista junta-se ao
conceito integrativo do método holístico (Bollmann, 2001).
Os indicadores do tipo multinível possibilitam uma análise multidimensional dos
resultados, dando origem a uma terceira fase, onde a unidimensionalidade das fases
anteriores cede lugar à multidimensionalidade. Essa tipologia foi estabelecida pela Unesco,
em 1987 (Bollmann, 2001).
Iniciativas pioneiras no desenvolvimento de indicadores foram desenvolvidas pelo
governo holandês e por agências governamentais do Canadá.
Devido ao processo de produção e avaliação de indicadores ter evoluído bastante
com relação à inserção nos processos participativos de decisão, o número de usuários dessa
ferramenta é cada vez maior e diversificado. Porém, tanto no Brasil como em outros países,
a definição de indicadores de sustentabilidade ainda encontra-se em processo inicial.
Para Garcias (2001), indicador é entendido como a informação que explica o
atributo, o qual permite qualificar as condições dos serviços a serem analisados.
De acordo com (IBAMA/GTZ, 2001, apud Melo e Souza, 2003), indicadores são
considerados variáveis ou agrupamentos destas, devendo ser perfeitamente identificáveis,
possibilitando a caracterização qualitativa ou quantitativa de um tema relevante,
possibilitando a percepção de tendência de fenômenos.
Santos (2004) entende indicadores como parâmetros ou funções resultantes destes,
capazes de descrever um estado ou uma resposta dos fenômenos que acontecem num meio.
Capítulo 2 Desenvolvimento, Meio Ambiente e Qualidade de Vida Urbana
38
A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) considera
indicador como um parâmetro ou valor derivado de outros parâmetros que informam um
fenômeno, tendo um significado que vai além das propriedades diretamente associadas ao
valor do parâmetro.
A mais importante característica do indicador, quando comparado com outras
ferramentas que tratam de informação, é a sua relevância para a política e para o processo
de tomada de decisão, pois constitui-se em ferramenta de grande eficácia no tratamento das
informações, uma vez que possibilita a sintetização e transmissão destas, de modo bastante
significativo. Os indicadores mais desejados são os que simplificam as informações
relevantes, tornando mais aparentes certos fenômenos que ocorrem na realidade, aspecto
este de fundamental importância na Gestão Ambiental (Gallopin, apud Vanbellen, 2002).
Segundo este autor, os indicadores de sustentabilidade podem ser considerados como
principais componentes da avaliação do progresso do desenvolvimento sustentável.
A elaboração de indicadores tem seu uso recomendado em dois capítulos da Agenda
21: No Cap. 8, ao ser criticada a forma dissociada de formulação de políticas públicas de
alguns países, quando estes ao formularem suas políticas não abrangem de maneira geral os
aspectos econômicos, sociais e ambientais, dificultando assim o desenvolvimento, bem
como sua sustentabilidade. No cap. 40 ao instituir: “É necessário desenvolver indicadores
do desenvolvimento sustentável para apoiar as decisões em todos os níveis e planos de
decisões”.
Do exposto conclui-se que a Agenda 21 reconhece ser os indicadores um
instrumento que possibilita a reorientação das tomadas de decisões, e de orientar as
políticas públicas, proporcionando, assim, uma integração entre meio ambiente e
desenvolvimento (Barbieri, 1997).
A proposição de um único conjunto de indicadores para avaliar qualquer sistema,
não é conveniente, já que os indicadores serão diferentes segundo a sustentabilidade que se
deseja avaliar e conforme parâmetros e descritores definidos. Neste sentido, não há
indicadores universais, os mesmos podem variar segundo o problema ou objetivo da análise
a qual se destina.
Capítulo 2 Desenvolvimento, Meio Ambiente e Qualidade de Vida Urbana
39
Não é possível o desenvolvimento de um indicador global de sustentabilidade, por
isso é necessário buscar no tempo a evolução da sustentabilidade dos sistemas. É
necessário que se defina um esquema para a construção de indicadores de sustentabilidade,
em qualquer tipo de sistema, seja ele agregado ou não, posto que as categorias de análises
são aspectos significativos do sistema para análise da sustentabilidade (Camino & Muller
2004). Segundo esses autores, é importante que se defina os elementos de cada categoria,
assim como os descritores e indicadores para cada elemento de cada uma das categorias.
Esses descritores dependerão do nível de agregação do sistema em análise.
Conforme Camino & Muller (2004), devemos definir um ou vários indicadores para
cada descritor. Os descritores referem-se às características significativas de um
determinado elemento, conforme os principais atributos de sustentabilidade do sistema em
estudo. A medida do efeito da operação do sistema sobre o descritor é obtida através do
indicador. Se o efeito sobre o descritor é positivo, o sistema é sustentável, se negativo o
sistema não é sustentável.
Na estruturação de indicadores é fator primordial que se tenha claro os objetivos
desejados, uma vez que essa estruturação depende da análise de tais objetivos (Garcias,
2001).
Os indicadores de sustentabilidade são importantes à estruturação e
homogeneização do processo de elaboração de informações, dada a sua capacidade de
proporcionar a conexão entre aspectos ambientais, econômicos e sociais, possibilitando
dessa forma a formulação, a avaliação e a melhoria de políticas ambientais. O processo de
construção desses indicadores envolve uma série de decisões, além de uma visão integrada
do mundo, podendo sua ação de avaliação ser: global, regional ou nacional.
Vários são os critérios a serem considerados na definição de um indicador. Os
principais deles são apresentados no Quadro 2.1.
Capítulo 2 Desenvolvimento, Meio Ambiente e Qualidade de Vida Urbana
40
QUADRO 2.1 - Principais critérios de seleção para a definição de indicadores
CONFIABILIDADE DOS
DADOS
RELAÇÃO COM OS
PROBLEMAS
UTILIDADE PARA O
USUÁRIO
§ Validade Científica
§ Medição
§ Representatividade
§ Conveniência de Escalas
§ Aplicabilidade
§ Não Redundância
§ Disponibilidade § Cobertura Geográfica § Compreensão e
Interpretação
§ Qualidade § Sensibilidade à Mudanças
§ Valor de Referência
§
Custo e Eficiência para
Obtenção
§ Especificidade § Retrospectivo e Preditivo
§ Séries Temporais
§ Acessibilidade
§ Conexão § Comparabilidade
§ Oportunidade
Fonte: WINOGRAD, 1996
Dentre os critérios acima deve-se destacar a confiabilidade dos dados, a sua
representatividade, ou seja, se o mesmo faz sentido na explicação do problema, assim como
a sua utilidade.
Com relação às principais características dos indicadores pode-se destacar: ser de
fácil medição; tangíveis; ser aplicáveis sobre uma larga faixa de diferentes ecossistemas,
sistemas econômicos e sociais, adequados ao sistema de análise; representativos da
sustentabilidade do sistema em análise. Melo e Souza (2003), com base em diversos
autores, argumenta que indicadores de sustentabilidade devem apresentar as seguintes
características:
ü Relevância: devem referir-se a determinados aspectos que realmente precisem
ser conhecidos.
ü Fácil compreensão: sua compreensão deve ser entendida não apenas pelos
formuladores de políticas e cientistas, é preciso que sejam entendidos também
pela população em geral.
ü Confiabilidade: a informação obtida por meio de um indicador deve ser passível
de verificação mediante testes de validação. Não devendo, tal resultado, estar
distante da realidade.
Capítulo 2 Desenvolvimento, Meio Ambiente e Qualidade de Vida Urbana
41
ü Ser baseado em dados acessíveis: as informações para sua construção devem ser
acessíveis, de modo que não retarde o processo de tomada de decisão.
Existem vários modelos de “representação” de conjuntos de indicadores, após a
sistematização das informações. O modelo “Pressão-Estado-Resposta” (P-E-R) foi
desenvolvido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)
em 1993. Dada a facilidade de uso, simplicidade, possibilidade de aplicação a diferentes
níveis, escalas e atividades humanas, esse modelo é amplamente utilizado, sendo aceito em
nível mundial. O modelo possibilita a realização de uma progressão causal, partindo das
pressões exercidas pelas ações humanas sobre o meio ambiente, levando à alteração do
estado do mesmo. A sociedade responde a essas modificações por meio de decisões
políticas, adoção de programas e ações diversas. Ver Figura 2.1.
Informação
Informação
Respostas Sociais
(Decisões e Ações)
Respostas Sociais (Decisões e Ações)
FIGURA 2.1 Modelo P-E-R.
Fonte: OCDE (1993)
PRESSÕES
SOBRE O AMBIENTE
ESTADO
DO AMBIENTE
RESPOSTAS
DA SOCIEDADE
Atividades
Humanas
Energia
Transporte
Indústria
Agricultura
Outros
Ambiente e
Recursos Naturais
Ar
Água
Solo
Recursos Biológicos
Agentes
Econômicos e
Ambientais
Ecossistemas
Empresas
Internacionais
Instituições
Políticas e
Econômicas
Pressão
Pressão
Capítulo 2 Desenvolvimento, Meio Ambiente e Qualidade de Vida Urbana
42
Com a finalidade de ampliar o tipo e a natureza das relações entre sociedade e meio
ambiente, foi introduzida a categoria Impacto/Efeito no modelo P-E-R, surgindo assim o
modelo Pressão-Estado-Impacto/Efeito-Resposta (P-E-I/E-R). Esse modelo se baseia em
cinco grupos de indicadores: o primeiro tem a finalidade de observar as causas dos
problemas ambientais, o segundo diz respeito à qualidade do meio ambiente mediante
efeito das ações antrópicas, o terceiro observa o impacto da atividade humana sobre o meio
ambiente, e vice-versa, o quarto grupo corresponde às ações que devem partir da sociedade
para melhoria do meio ambiente, o quinto e último grupo é composto por indicadores
prospectivos que se relacionam com os progressos necessários para a sustentabilidade.
O modelo Pressão-Estado-Impacto/Efeito-Resposta (P-E-I/E-R) apresenta as
seguintes categorias:
§ Pressão: diz respeito à pressão sobre o meio ambiente em conseqüência das
interações sociedade-natureza. Podem ser diretas, a exemplo: emissões de gases
no meio ambiente, aumento da população, ou indiretas, como por exemplo, os
processos naturais que podem adicionar pressões ao meio ambiente.
§ Estado: refere-se às condições do estado que conduz as pressões sobre o meio
ambiente, levando a um determinado estado do ambiente físico, químico,
biológico, assim com as condições do ecossistema.
§ Impactos: relaciona a causa das pressões e o estado do meio ambiente aos
efeitos e impactos das interações sociedade-natureza. Exemplo dos principais
tipos de impactos dessa categoria são os impactos e/ou efeitos sobre as funções
ecológicas, os ecossistemas, bem como os recursos e impactos sobre a
sociedade.
§ Respostas: Dizem respeito às ações geradas pela sociedade com objetivo de
minimizar seus impactos sobre o meio ambiente.
Capítulo 2 Desenvolvimento, Meio Ambiente e Qualidade de Vida Urbana
43
§ Indicadores Prospectivos: Buscam prevenir e antecipar o intercâmbio de
possíveis maneiras de ajudar a identificar as prováveis pressões, estado, efeito,
impactos e respostas em função de cenários alternativos.
Di Pace Crojethovich (1999, apud Melo e Souza, 2003) propõe os seguintes
indicadores de sustentabilidade socioambiental:
§ Indicadores holísticos: referem-se aos danos provocados em escala regional ou
global, provenientes de atividades espacialmente localizadas. Um exemplo deste
tipo de indicador é o nível de contaminação das águas subterrâneas de uma
bacia hiodrográfica ocasionado pela infiltração e percolação no solo, bem como
nas camadas rochosas de resíduos de lixo depositados em uma lixeira.
§ Indicadores distributivos: visam a mensuração e o alcance distributivo de
elementos ou componentes que exercem função específica ou influenciam
diretamente o funcionamento dos sistemas.
§ Indicadores projetivos: através destes indicadores a potencialidade de
ocorrência de fenômenos e processos são realçadas, monitorando assim os
sistemas ambientais. Constitui-se exemplo deste tipo de indicador a
potencialidade de reuso e de reciclagem de seus resíduos por parte de uma
indústria, diminuindo assim os impactos do ambiente.
§ Indicadores de incerteza e risco: explicitam a probabilidade e a vulnerabilidade
de riscos ocasionados por sua existência.
§ Indicadores de gestão e controle: diferenciam-se dos indicadores de resposta por
tentar demonstrar o impacto através da implementação de medidas efetivas,
destacando-se a participação popular.
A preocupação quanto à mensuração da qualidade de vida, vem levando várias
entidades, tanto nos países desenvolvidos como nos subdesenvolvidos, a buscarem o
Capítulo 2 Desenvolvimento, Meio Ambiente e Qualidade de Vida Urbana
44
desenvolvimento de indicadores para diversas áreas, como saúde, educação, habitação,
trabalho, etc.
Dentre as instituições internacionais que se preocupam com o desenvolvimento de
indicadores de qualidade de vida, destaca-se a Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico - OCDE.
Com relação à sustentabilidade urbana, em 1996, foi criado o Programa de
Indicadores Urbanos que faz parte de um programa de Indicadores de Moradia
desenvolvido em encontros promovidos pela Comissão de Assentamentos Humanos da
Unesco, o Programa Habitat e o Banco Mundial. O Programa Habitat implementou um
programa de indicadores Urbanos para a produção de informações e indicadores sobre
condições e tendências do meio urbano.
Para a Conferência Habitat II, realizada em Instambul, no ano de 1996, foi
desenvolvido um conjunto de 40 indicadores formando o primeiro conjunto de Indicadores
Urbanos Globais, que proporcionou a obtenção de dados de 237 cidades ao redor do mundo
(Franca, 2001).
Após a Habitat II, percebeu-se a necessidade de se desenvolver um sistema de
indicadores que representasse um conjunto mínimo de dados e informações para
monitoramento das mudanças nas condições dos assentamentos humanos no período após a
conferência. Foi solicitado ao HABITAT que desenvolvesse tal sistema. Assim, foram
desenvolvidos 23 indicadores-chave de importância para a avaliação de políticas - e nove
listas de dados qualitativos ou check lists para avaliação de temas que apresentam difícil
mensuração quantitativa formando um sistema para o monitoramento da performance e
tendências em 20 áreas-chave selecionadas da Agenda Habitat ( Franca, 2001).
No que se refere à saúde ambiental, foi realizada em agosto de 1998, a Oficina de
Indicadores de Saúde e Monitoramento Ambiental, ocasião onde foram discutidos aspectos
teóricos-conceituais sobre indicadores de saúde e ambiente, bem como a urgência de seu
desenvolvimento.
Capítulo 2 Desenvolvimento, Meio Ambiente e Qualidade de Vida Urbana
45
Conforme salienta Santos (2004), os indicadores possibilitam a avaliação e a
comparação de territórios de diferentes dimensões e de várias complexidades.
Na sistematização da apresentação das disciplinas faz-se necessário considerar entre
outros níveis, o das temáticas e o dos temas. O tema diz respeito a determinada matéria
com conceitos e métodos próprios, podendo ser dividido em subtemas. Também pode-se
ter temas derivados, formados por um conjunto de informações de outros temas (Santos,
2004).
2.4 QUALIDADE DE VIDA
A percepção e conscientização da degradação tanto do meio ambiente quanto da
vida, tem levado a um constante debate acerca da qualidade de vida. Esta por sua vez
engloba uma multiplicidade de componentes, envolvendo em seu conceito diversos
aspectos com uma forte interligação, são eles: materiais e imateriais; objetivos e
subjetivos; individuais e coletivos.
Conceituar qualidade de vida não é tarefa fácil, dada a multiplicidade de
componentes. O conceito envolve aspectos: materiais, ligados à satisfação das
necessidades básicas do ser humano (condições de: habitação, abastecimento de água,
condições do sistema de saúde); imateriais, ligados ao ambiente, ao patrimônio cultural, ao
bem estar, a segurança e a participação; objetivos apreendidos através da definição de
indicadores de natureza quantitativa; e subjetivos, sendo estes relacionados com a
percepção individual da qualidade de vida, diferindo de acordo com a classe social e do
bem-estar das pessoas. Envolve também aspectos individuais condição econômica,
pessoal e familiar dos indivíduos, além de relações pessoais e coletivos, mais
relacionados aos serviços básicos e aos serviços públicos.
Qualidade de vida é aqui referenciada com base no conceito elaborado por
Herculano (1998), pressupondo condições econômicas, ambientais, cientifico-culturais,
cientificamente construídas, necessárias à realização das potencialidades dos indivíduos,
incluindo a acessibilidade a bens e serviços, alimentos saudáveis, disponibilidade de
Capítulo 2 Desenvolvimento, Meio Ambiente e Qualidade de Vida Urbana
46
espaços naturais amenos urbanos, além da existência de mecanismos de participação e
influência nas decisões coletivas.
De acordo com Dawsey (2001), a qualidade de vida varia de cultura para cultura,
ou seja, ela expressa-se de acordo com a cultura. Nesse sentido para uma qualidade de vida
sustentável faz-se necessário considerar a cultura como um dos aspectos qualitativos da
qualidade de vida, sendo a cultura aqui entendida como caracterização sócio-histórica e
ambiental da comunidade em estudo.
O tema qualidade de vida deve ser pensado com base na realidade do presente,
servindo-se dos ensinamentos do passado, em prol de uma prospectiva futura, devendo esta
ser analisada englobando tanto os aspectos materiais quanto os imateriais.
Conforme Moreira (2001), na análise da qualidade de vida não se deve
desconsiderar as experiências verificadas por estudiosos no passado, pois a qualidade de
vida é um tema bastante antigo. Outro aspecto importante é que devemos estar abertos a
mudança de percepções, pensamentos e valores para que se possa ver a realidade de uma
nova forma, sem moldá-la às nossas expectativas e experiências.
De acordo com Forattini (2004), a qualidade de vida coletiva pode resultar de
condições desenvolvidas na sociedade, tais como as condições ambientais e estruturais da
cidade.
2.4.1 – Ambiente urbano, qualidade de vida e saúde
O comportamento do homem frente ao seu meio ambiente é de extrema
importância, uma vez que o equilíbrio fundamental à vida depende do ambiente.
De acordo com Mota (1999), o ambiente urbano é constituído pelos sistemas
“natural” meio físico e biológico e o “antrópico”, que engloba o homem e suas
atividades, sendo este último, responsável por grande parte das alterações irreversíveis no
ambiente.
Capítulo 2 Desenvolvimento, Meio Ambiente e Qualidade de Vida Urbana
47
Por ser ambiente construído, a cidade envolve o fluxo de capital imobilizado no
espaço por meio de equipamentos físicos utilizados para a produção e o consumo, a
exemplo de ruas, edifícios, sistema de esgoto, etc. (Smolka, 1993). Nela, o ambiente
natural pode ser transformado em áreas residenciais, de lazer, industriais e de comércio.
Dessa forma, o crescimento de cidades sem um adequado planejamento, principalmente no
que se refere à infra-estrutura, pode refletir em problemas futuros, e interferir na qualidade
de vida dos moradores.
O acelerado crescimento populacional, exercendo pressões sobre os recursos
naturais, faz parte de um conjunto de problemas que afeta significativamente todo o
mundo, podendo ser melhor visualizado no ambiente urbano, com destaque para os
problemas que a ausência de saneamento traz para a saúde da população. Esses problemas
refletem negativamente na qualidade de vida dos citadinos e são resultantes do crescimento
desproporcional de uma parcela da população que não possui acessibilidade plena aos
recursos e serviços públicos. Conforme ressalta Navarro at al. (2002, p. 43): “no Brasil
urbano, cerca de 20 milhões de pessoas não têm acesso a água tratada, 75 milhões não
dispõem de serviços de esgoto e 60 milhões não são atendidos por coleta de lixo.”
Segundo Barbosa (1995), no entendimento da qualidade de vida de determinada
população deve-se observar sua forma de articulação política, assim como seu acesso a
bens e serviços num contexto socioambiental, incluindo as condições de moradia,
alimentação, salários, lazer, dentre outras.
Ao estudar qualidade de vida, não se pode esquecer o ser humano e sua
corporeidade condicionante de sua presença participativa e significante no mundo em que
habita, bem como a sua motricidade, uma vez que esta “propicia a consciência”, como
salienta (Moreira, 2001, p. 24).
O homem é um ser biológico e culturalmente inteligente, mas ao desenvolver
tecnologia e cultura inibiu consideravelmente sua natureza intuitiva, dessa forma destrói
cada vez mais o seu habitat tendo como conseqüência o comprometimento de sua
sobrevivência (Scarlato, 1992).
Capítulo 2 Desenvolvimento, Meio Ambiente e Qualidade de Vida Urbana
48
Por ser ele elemento do ecossistema urbano, a poluição resultante das atividades
humanas realizadas de forma desordenada nesse meio o afeta, causando-lhe prejuízos à
saúde. Conforme salienta Ribeiro (1998), a saúde humana é influenciada pela saúde
ambiental, neste sentido é essencial a existência de ambientes saudáveis para uma melhor
qualidade de vida.
Através da adoção consciente de alguns princípios elementares de comportamento
em relação ao ambiente poderá ser alterada significativamente a atual tendência de
comprometimento da qualidade de vida.
Para a conservação e a manutenção da saúde humana são essenciais cuidados
preventivos tais como: acesso a alimentos, água, saneamento, educação, condições de
trabalho e habitação. Nesse sentido, não é coerente pensar em qualidade de vida de uma
população sem levar em consideração a acessibilidade dos moradores à água com boas
condições de potabilidade, tratamento dos resíduos sólidos e líquidos, bem como um
destino final adequado para os mesmos, boas condições de transporte e moradia.
CAPÍTULO 3
NOSSA SENHORA DA GLÓRIA EM FOCO
Capítulo 3 Nossa Senhora da Glória em Foco
50
3.1 LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA
A pesquisa foi realizada na área urbana do município de Nossa Senhora da
Glória/SE, localizado na região semi-árida do Estado de Sergipe. Pertencente à
Microrregião Sergipana do Sertão do São Francisco e à Mesorregião do Sertão Sergipano
(Figura 3.1), possui ao todo 62 povoados, além de sua sede, que representa 2,7% da área
do Estado de Sergipe.
FIGURA 3.1 Localização de Nossa Senhora da Glória/SE na Microrregião Sergipana do
Sertão do São Francisco e na Mesorregião do Sertão Sergipano
Fonte: Atlas de Sergipe, 1982.
Capítulo 3 Nossa Senhora da Glória em Foco
51
O município de Nossa Senhora da Glória/SE possui uma área de 756,49km
2
(IBGE,
2005). Localiza-se na zona oeste de Sergipe a uma distância rodoviária de 126 km de
Aracaju, distando 86 km em linha reta. Sua localização pode ser observada na Figura 3.2.
FIGURA 3.2 Localização da sede municipal de Nossa Senhora da Glória/SE
3.2 SOCIEDADE E AMBIENTE NO MUNICÍPIO
3.2.1 Aspectos históricos
Nossa Senhora da Glória/SE surgiu com o povoamento de terras pertencentes ao
município de Gararu, no povoado denominado “Boca da Mata”. Essas terras pertenciam a
Tomé da Rocha Malheiros desde o princípio do século XVII, ocorrendo a sua penetração
no período do ciclo da economia pastoril.
Capítulo 3 Nossa Senhora da Glória em Foco
52
Apresentava uma vegetação muito alta e densa, onde os viajantes temiam passar à
noite, permanecendo ali, na “Boca da Mata” (como a denominavam) até o dia seguinte. Seu
primeiro núcleo populacional foi originado em função dos tangedores de gados, que ali
pastoreavam seu rebanho. A primeira casa construída pertencia ao Senhor Xixiu (IBGE,
1959; Santana, 2002).
A Lei estadual nº 835, de 06 de fevereiro de 1922, dá início à evolução política do
povoado, elevando-o a sede do 2º Distrito de Paz do município de Gararu, com a
denominação de Nossa Senhora da Glória. O povoado permaneceu nessa condição até
1928, quando foi desmembrado do município de Gararu (IBGE, 1959).
O Município de Nossa Senhora da Glória foi criado pela Lei nº 1.014, de 26 de
setembro de 1928, tendo sua sede na vila de Nossa Senhora da Glória. Foi instalado em 1º
de janeiro de 1929, juntamente com o termo jurídico, na ocasião da posse do 1º prefeito, o
Sr. José Francisco de Souza (IBGE, 1959).
Nos anos seguintes, Nossa Senhora da Glória sofreu prejuízos devido aos grupos de
“cangaceiros” de Virgulino Ferreira - o “Lampião”, que juntamente com as secas, levaram
o município à estagnação, devido à forte migração de sertanejos. Seu progresso também foi
influenciado negativamente devido à sua localização e aos longos períodos de estiagem,
pois possui 745,40km
2
situados na área do Polígono das Secas
1
. Somente após o advento
da rodovia que liga a sede municipal à cidade de Nossa Senhora das Dores é que se
concretizou o seu progresso (Sergipe. SUPES, 2004).
O Decreto-Lei estadual nº 69, de 29 de março de 1938, eleva a Vila de Nossa
Senhora da Glória à categoria de cidade, sede do município com mesma denominação
(IBGE, 1959).
Em 1953, devido à criação e desmembramento do município de Monte Alegre de
Sergipe, por força da Lei estadual n° 525-A, de 25 de novembro daquele ano, o município
perdeu parte do seu território. A Lei nº 823, de 24 de julho 1957, aprovou o novo código de
1
O Polígono das Secas foi delimitado em 1936, pela Lei 175 e revisado em 1951. Compreende as áreas
sujeitas repetidamente aos efeitos das secas. Sergipe é um dos oito estados nordestinos abrangidos.
Capítulo 3 Nossa Senhora da Glória em Foco
53
Organização Jurídica do Estado, estabelecendo as novas comarcas de Nossa Senhora da
Glória e de Monte Alegre de Sergipe (IBGE, 1959). Em decorrência desse fato, nessa
época há um decréscimo no número de habitantes, pois um razoável contingente
populacional passou a fazer parte do município de Monte Alegre.
3.2.2 Aspectos geoambientais
A sede municipal fica localizada na parte leste do município, a uma altitude de
300m, com as seguintes coordenadas geográficas: latitude S: 10º 12’ 59” e longitude W:
37º 25’ 09” (Sergipe. SUPES, 2004).
O município de Nossa Senhora da Glória limita-se ao Norte com os municípios de
Monte Alegre e Porto da Folha, ao Sul com Nossa Senhora Aparecida, Carira e São Miguel
do Aleixo, ao Leste com os municípios de Gararu, Graccho Cardoso e Feira Nova e ao
Oeste com os municípios de Carira e o Estado da Bahia (SEBRAE, 2001).
De acordo com a Lei nº 554, de 6 de fevereiro de 1954, os limites municipais são:
Com o município de Monte Alegre de Sergipe: começa com um marco às nascentes
do rio Sergipe, na lagoa das Areias; daí em linha reta às cabeceiras do rio Capivara; daí
desce este rio até um marco à margem direita do rio Capivara à E. do lugar Santo Antônio.
Com o município de Gararú: do marco da margem direita do rio Capivara à Leste
do lugar Santo Antônio, em linha reta a um marco a Oeste do lugar Malhadas, daí em linha
reta a um marco a Leste do lugar Telhado, daí em linha reta a um marco a Oeste da fazenda
Samambaia; daí em linha reta às nascentes do riacho Sovela, na lagoa do Mandacaru.
Com o município de Tamanduá (Graccho Cardoso): começa no marco situado no
lugar Pedra do Mocó; daí em linha reta até as nascentes do riacho Sovela, na lagoa de
Mandacarú.
Capítulo 3 Nossa Senhora da Glória em Foco
54
Com o município de Ribeirópolis: limita-se pelo rio Sergipe desde o marco no
ponto em que ele é atravessado pela estrada Real que vai a Nossa Senhora da Glória, até
um marco ao Sul da fazenda Angico.
Com o município de Carira: limita-se pelo rio Sergipe, desde o marco a L. da
fazenda Angico até o marco na Lagoa das Areias, às nascentes do rio Sergipe.
Nossa Senhora da Glória possui um clima megatérmico semi-árido, com pequeno
ou nenhum excesso de água. A média anual é de 702,4 mm e a temperatura média anual é
de 24,2 °C. O período mais chuvoso vai de março a agosto (SEBRAE, 2001).
A vegetação predominante no município é a caatinga. A cobertura vegetal nativa é
formada por caatinga de porco, aroeira, barriguda, umbuzeiro, ipê, angico, xerófitas como
mandacaru, palma, entre outras. Uma considerável parte dessa vegetação foi substituída
por capim e outras forrageiras exóticas (SEBRAE, 2001).
O solo é uma associação do podizólico vermelho, amarelo equivalente eutrófico, de
média fertilidade e profundidades variando entre 0,30m a 1,60m, apresentando uma
topografia variando de ligeiramente plano a suavemente ondulado. Também apresenta
solos litólicos eutróficos e planosol (Sergipe. SEPLANTEC, 1997; SEBRAE, 2001).
Quanto à geomorfologia, apresenta relevo dissecado dos tipos Colina e Tabular.
Superfície Pediplanada. Aprofundamento de drenagem com variação de muito fraca a
fraca, com extensão máxima das formas igual a 1750m. No que se refere à geologia,
apresenta complexo cristalino, proterozóico e rochas granitóides (Sergipe. SEPLANTEC,
1997).
De acordo com Sergipe.SEPLANTEC (1997), as terras do município possuem
aptidão agrícola boa, regular e restrita para pastagem natural; aptidão regular para lavouras
e pastagem plantada e não possuem aptidão para silvicultura.
No tocante à hidrografia, tem como mananciais o rio Sergipe (que divide o
município com os municípios de Carira e Nossa Senhora Aparecida), o riacho Capivara
Capítulo 3 Nossa Senhora da Glória em Foco
55
(que divide o município com o município de Monte Alegre), o Córrego São Francisco e a
bacia do rio São Francisco, sendo esse o maior manancial de águas superficiais existente,
apresentando uma área de 670,31 Km
2
. (Sergipe. SEPALNTEC, 1997; SEBRAE, 2001;
Sergipe. SUPES, 2004).
3.2.3 Aspectos demográficos
No Brasil, ao longo dos anos, houve um forte fluxo campo/cidade. Em Sergipe, os
centros regionais acolheram nos últimos anos um forte contingente vindo da zona rural dos
municípios. Nossa Senhora da Glória/SE não foge a essa realidade, atraindo população não
só da zona rural do seu município, mais também de municípios circunvizinhos e outros
povoados do seu entorno. Na Figura 3.3 pode-se verificar a evolução da população urbana
nos últimos quarenta anos.
FIGURA 3.3 Evolução da População Urbana de Nossa Senhora da Glória/SE
(1970 2000)
Fonte: Sergipe.SEPLANTEC (1997);
IBGE Censo Demográfico, 2000
Capítulo 3 Nossa Senhora da Glória em Foco
56
O município de Nossa Senhora da Glória apresentava em 2002, uma população total
de 26.910 habitantes, sendo que apenas 9.773 deles viviam na zona rural (IBGE, 2000). A
população estimada em 01/07/05 para o ano de 2005 foi de 29.060 habitantes (IBGE,
2005).
Mostra-se, na Tabela 3.1 o crescimento da população do município, no período de
1970 a 2000.
Tabela 3.1 População residente, taxa de crescimento taxa de urbanização e densidade
demográfica 1970 - 2000
População residente Taxa de
crescimento
Taxa de
urbanização
Densidade
demográfica
Ano Total Urbana Rural % % hab/km²
1970 13.716 3.004 10.712 - 21,91 18,40
1980 20.422 8.043 12.379 4,07 39,39 27,40
1991 23.479 13.676 9.803 1,27 58,25 31,50
2000 26.910 17.137 9.773 1,5 63,68 36,10
Fonte: IBGE Censo Demográfico, 2000.
Sergipe. SEPLANTEC, 1997.
Sergipe. SUPES, 2003a.
A região semi-árida nordestina, além de apresentar reservas insuficientes de água
em seus mananciais é a área mais duramente atingida pelas estiagens prolongadas. Nossa
Senhora da Glória foi um dos 22 municípios sergipanos que, no início dos anos 70, sofreu
com o flagelo das secas. A “Seca do Nordeste” como é conhecida, contribuiu para o êxodo
rural.
De acordo com Pinto (1997), no período de 1970 a 1980 vários municípios
sergipanos, principalmente os que integram a zona do sertão e a zona de transição do
agreste apresentaram uma considerável variação relativa da população urbana.
Capítulo 3 Nossa Senhora da Glória em Foco
57
3.2.4 Aspectos socioeconômicos e culturais
O município de Nossa Senhora da Glória constitui-se num centro regional que
exerce forte atração e influência sobre os municípios do seu entorno, pertencentes à
Microrregião.
Suas principais atividades econômicas são a agricultura e a agropecuária. Seus
principais produtos agrícolas são: feijão; mandioca e milho, cujos rendimentos podem ser
consultados na Tabela 3.2.
Tabela 3.2 Produção agrícola municipal dos principais produtos em 2003
Principais
produtos agrícolas
Área
plantada
(ha)
Área colhida
(ha)
Produção
obtida
(t)
Rendimento
médio
(kg/ha)
Valor
(1000 R$)
Fava (em grãos) 40 40 8 200 9
Feijão (em grãos) 2.580 1.580 656 415 645
Mandioca 30 30 360 12.000 100
Milho (em grãos) 8.00 4.000 4.000 1.000 1.224
Fonte: IBGE. Produção Agrícola Municipal, 2003
O município apresenta atividades econômicas baseadas também na criação de
bovinos, constituindo-se a agropecuária um sustentáculo de sua economia, com destaque
para a produção de leite e seus derivados. No do Quadro 3.1, pode-se verificar um forte
aumento no valor obtido com a produção de leite no município, no ano de 2003, em relação
a 2001.
QUADRO 3.1 Produção de leite de vaca (2001 2003)
Produção de leite de vaca
ANO Vacas ordenhadas Quantidade
(Mil litros)
Valor
(Reais)
2001 6.500 4.950 1.950.000
2003 7.200 10.800 4.320.000
Fonte: IBGE. Pesquisa da Pecuária, 2003
Sergipe. SUPES, 2003b.
Capítulo 3 Nossa Senhora da Glória em Foco
58
O Quadro 3.2 detalha o efetivo de rebanhos apresentado pelo município, no ano de
2003.
QUADRO 3.2 Efetivo dos rebanhos apresentado pelo município no ano de 2003
Efetivo dos rebanhos no ano de 2003
Bovinos 28.000
Suínos 10.430
Eqüinos 2.000
Asininos 260
Muares 145
Ovinos 14.000
Caprinos 630
Galinhas 22.300
Galos, frangas,
frangos e pintos
101.000
Fonte: IBGE. Pesquisa da Pecuária Municipal, 2003
Quanto à educação, de acordo com dados da Secretaria Estadual de Educação
contidos em Sergipe.SUPES (2004), no ano de 2003 o município dispunha de 59
estabelecimentos de ensino, conforme disposto no Quadro 3.3.
QUADRO 3.3 Estabelecimentos de ensino de acordo com o grau de ensino,
dependência administrativa e localização.
Dependência administrativa Localização
Grau de ensino
Total
Federal
Estadual
Municipal
Particular Zona
Urbana
Zona
Rural
Ensino
fundamental
57 - 4 50 3 11 46
Ensino médio 2 - 1 - 1 2 -
Fonte: Sergipe. SUPES, 2004.
No que tange à saúde, a comunidade e os visitantes podem contar com o hospital
regional administrado por um consórcio, que dispõe de 70 leitos. No que se refere à
organização hospitalar, no ano de 2003 existiam 17 estabelecimentos de saúde no
município, conforme disposto no Quadro 3.4.
Capítulo 3 Nossa Senhora da Glória em Foco
59
QUADRO 3.4 Estabelecimentos de saúde por espécie presentes no município em 2003.
Total Posto de
saúde
Centro de
saúde
Laboratórios
Clínicas Unidade
de saúde
2
Hospital
3
Outros
17 6 1 2 2 4 1 1
Fonte: Sergipe. . SUPES, 2004.
A nível público a organização hospitalar era a disposta no Quadro 3.5.
QUADRO 3.5 Estabelecimentos de saúde públicos por espécie presentes no município
em 2003
Total Posto de
saúde
Centro de
saúde
Laboratórios
Clínicas Unidade
de saúde
Hospital Outros
11 6 1 - - 4 - -
Fonte: Sergipe. SUPES, 2004
3.3 A CIDADE DE NOSSA SENHORA DA GLÓRIA
A cidade Nossa Senhora da Glória possuía uma população de 17.137, em 2000
(IBGE, 2000) e apresenta um forte dinamismo comercial, especialmente em função de sua
feira (Figura 3.4), que acontece aos sábados nas principais ruas do centro da cidade,
proporcionando ao município uma posição de destaque na região. Para esse comércio
convergem compradores dos municípios não apenas do seu entorno, mas também de outros
Estados, a exemplo da Bahia, Alagoas e Pernambuco. A feira confere a Nossa Senhora da
Glória uma posição de centralidade em relação às cidades vizinhas, visto que atrai um
enorme fluxo de pessoas do sertão sergipano, com sua oferta diversificada de bens e
serviços; característicos de uma “cidade local”, no sentido definido por Santos (2005).
2
Inclusive maternidade
3
Inclusive unidade mista
Capítulo 3 Nossa Senhora da Glória em Foco
60
FIGURA 3.4 Espacialização da Feira de Nossa Senhora da Glória.
Fonte: Base cartográfica: Companhia de Saneamento de
Sergipe (DESO)
Elaboração: Edson Magalhães Bastos Júnior, 2003.
Nossa Senhora da Glória é considerada como a “Princesa do Sertão”. Sua feira a
transformou numa cidade bastante atrativa, sendo responsável pelo seu crescimento e
expansão, principalmente no que se refere à geração de renda.
Na “Feira de Glória” (Figura 3.5), como é denominada, os camponeses podem
comercializar seus excedentes. Ela é também de grande importância para comerciantes e/ou
atravessadores. Ali são comercializados diversos tipos de produtos: agrícolas, alimentícios,
de vestuário, com destaque para a venda de cereais, como milho e feijão, realizada nos
armazéns.
FIGURA 3.5 “Feira de Glória (Nossa Senhora da Glória/SE)
Fonte: Trabalho de campo, 2004
Capítulo 3 Nossa Senhora da Glória em Foco
61
No comércio, localizado principalmente na Av. Lourival Batista, Ruas Pedro
Feitosa, Aloísio Vilas-Boas, Ulisses Oliveira, na Praça Getúlio Vargas e no Calçadão, são
encontradas lojas de móveis e eletrodomésticos, tecidos e confecções, sapatarias,
supermercados, material de construção, além de farmácias e produtos para agropecuária. A
maioria dos órgãos públicos localiza-se no centro da cidade.
Outro serviço responsável pela atração de contingente populacional para a cidade é
o de saúde. Nossa Senhora da Glória recebe diariamente várias pessoas de outros
municípios e seus povoados, que chegam a ela em busca de assistência médica. Para o
atendimento dessa demanda, a cidade conta com o Hospital Regional “Governador João
Alves Filho de Nossa Senhora da Glória/SE”, administrado por um consórcio, que dispõe
de 51 leitos e um efetivo de 18 médicos e 4 USF (Unidade de Saúde da Família): USF
Eribaldo Vieira de Santana, USF do Bairro Brasília II, USF Maria Conceição Silva e USF
Erivaldo Alves Oliveira, dispondo de um médico em cada uma.
No que se refere a transporte, Nossa Senhora da Glória não dispõe de serviço
público de transporte urbano. Para se locomoverem dentro da cidade os moradores fazem o
percurso a pé, utilizam veículo próprio ou o serviço de moto-táxi.
De acordo com dados do Departamento de Estradas de Rodagens - D.E.R.,
disponíveis em Sergipe.SEPLANTEC (1997), o acesso a Aracaju e a outros municípios se
dá através de transportes rodoviários, pelas vias de acesso relacionadas no Quadro 3.6.
QUADRO 3.6 Rodovias de acesso à sede do município, distância em relação à capital
do Estado e aos municípios vizinhos.
Município Via de acesso
Aracaju
Feira Nova
Graccho Cardoso
N. S. Aparecida
SE 206, BR-101 e 235
SE 206
SE 206 e SE 104
SE 116
Fonte: Sergipe. SEPLANTEC, 1997
A cidade conta com uma agência da Empresa de Correios e Telégrafos e quatro
agências bancárias (Banco do Brasil, Banco do Estado de Sergipe BANESE, Banco do
Nordeste e Banco Bradesco).
Capítulo 3 Nossa Senhora da Glória em Foco
62
Com relação ao serviço de telefonia, devido à inacessibilidade de dados, o
Quadro 3.7 relaciona informações referentes ao serviço nos anos 1990 e 2002 disponíveis
em (Sergipe.SUPES, 2003b).
QUADRO 3.7 Nossa Senhora da Glória Terminais telefônicos (1990 2002)
Terminais Telefônicos 1990 2002 Var.%
Total em Serviços 376
1.717
356,64
Assinantes 352
1.568
345,45
Uso Público 24
149
520,83
Fonte: Sergipe.SUPES, 2003b
As festas religiosas mais importantes da cidade são: a Festa da Padroeira Nossa
Senhora da Glória, festejada todo dia 15 de agosto, a Festa de Reis, dia 06 de janeiro.
Outras festas de importância são a Exposição de Gado e a Vaquejada, ambas no mês de
setembro.
CAPÍTULO 4
O PERCURSO DA PESQUISA
Capítulo 4 O Percurso da Pesquisa
64
4.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO
Essa pesquisa é um estudo de caso com caráter descritivo e enfoque analítico,
apresentando natureza quali-quantitativa, que através de uma abordagem interdisciplinar,
com base nas dimensões da sustentabilidade e mediante análise de indicadores
socioambientais de qualidade de vida urbana, buscou os fatores que poderiam estar
interferindo na (in)sustentabilidade do desenvolvimento local da cidade de Nossa Senhora
da Glória/SE, bem como analisou as condições de vida de seus moradores. Utilizou
também de suportes teóricos presentes no Estatuto da Cidade, Agenda 21 e a Agenda
Marrom.
O estudo relaciona diversos temas, com vistas à obtenção das características da
população e do desenvolvimento da cidade, o que a caracteriza a pesquisa como descritiva.
De acordo com Gil (1995), podem ser classificadas como exploratórias as pesquisas
que estudam sexo, procedência, nível de escolaridade, condições de habitabilidade, índice
de criminalidade, nível de atendimento de órgãos públicos.
4.2 MÉTODO UTILIZADO
Nessa pesquisa foi utilizado o “método observacional” tendo como estratégia de
pesquisa o estudo de caso, entendido por Yin (2001) como uma investigação empírica que
favorece um melhor entendimento dos fenômenos em seus diferentes aspectos.
Conforme salienta o referido autor, num estudo de caso o pesquisador não precisa
ficar limitado ao uso de uma única fonte de evidência. Dessa forma, utilizamos diversas
fontes, fazendo uma convergência dessas por meio da triangulação dos dados que foram
obtidos em pesquisa documental; pesquisa bibliográfica; entrevistas estruturadas,
observação direta; além de registros fotográficos.
Capítulo 4 O Percurso da Pesquisa
65
4.3 PROCEDIMENTOS DE PESQUISA
A ênfase temporal da pesquisa é colocada no período de 2000 a 2005, em virtude
dos dados disponibilizados no último Censo Demográfico. Entretanto, para uma
abordagem dos aspectos evolutivos do município, foram utilizados dados de anos
anteriores.
4.3.1 Estudos preliminares
Nesta fase, foram desenvolvidas as seguintes atividades:
Pesquisa bibliográfica
Resgate bibliográfico com leitura, fichamento e análise de livros, teses,
dissertações, monografias e artigos sobre temas tais como: Concepções de natureza,
Desenvolvimento sustentável, Sustentabilidade urbana, Indicadores, Qualidade de vida,
Cidades e Meio ambiente urbano.
Visitas ao campo de estudo para reconhecimento da área e verificação do cenário atual
com vistas a embasar a seleção dos indicadores
Na etapa inicial do trabalho de campo, foram realizadas duas visitas à cidade de
Nossa Senhora da Glória, para visualização da sua configuração socioambiental; A
primeira delas foi realizada em 08/05/04, um sábado, dia em que acontece a feira local,
para verificação da dinâmica das atividades comerciais, na ocasião foram visitados três
bairros Brasília, Centro e Nova Divinéia e feitos registros fotográficos. Na segunda
visita, ocorrida em novembro de 2004, foi efetuado o pré-teste do questionário.
A prova preliminar do questionário teve por finalidade verificar a adequação do
instrumento de pesquisa à análise pretendida, bem como garantir uma maior confiabilidade
do instrumento e constou da aplicação de 01 questionário em 11 domicílios de cada um dos
9 bairros da cidade, perfazendo um total de 99 questionários.
Capítulo 4 O Percurso da Pesquisa
66
Após análise das respostas obtidas e das dificuldades relatadas pelos entrevistados,
foi verificado o que poderia ser melhorado no questionário, aumentando a sua adequação
como instrumento de coleta de dados, sendo constatada a necessidade de reformulação de
algumas perguntas e inclusão de outras.
Visita a órgãos e entidades para coleta de dados secundários
Visita aos órgãos: Companhia de Saneamento de Sergipe (DESO), Empresa
Energética de Sergipe (ENERGIPE), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
Prefeitura Municipal de Nossa Senhora da Glória, Secretarias Estaduais e Municipais de
Educação, Segurança, Saúde e Planejamento, onde foram coletados os dados secundários
que subsidiaram a seleção dos indicadores do estudo e posterior análise, através de
entrevistas não estruturadas.
4.3.2 Definição e seleção dos indicadores
Nessa etapa, foi efetuado um amplo estudo com análise dos materiais provenientes
do trabalho de campo preliminar e das informações obtidas junto aos órgãos visitados, para
possibilitar a seleção dos temas e indicadores que pudessem fornecer informações que
expressassem, de maneira clara e precisa, os principais problemas socioambientais da
cidade de Nossa Senhora da Glória/SE, impostos pela sua dinâmica de transformação, e
que também ajudassem a interpretar as implicações “de tal dinâmica” na qualidade de vida
dos moradores dessa cidade.
Conforme salienta Santos (2004), os indicadores devem possibilitar a geração de
modelos que representem a realidade estudada. Nesse sentido, quando da interpretação dos
resultados de alguns dos indicadores dos temas desse trabalho, a mesma foi feita com base
no modelo Pressão, Estado e Resposta (P-E-R), desenvolvido pela OECD, em 1993, que
trabalha com a seguinte tipologia de indicadores:
§ Indicadores de Pressão: estão relacionados às pressões exercidas pela sociedade
sobre o ambiente .
Capítulo 4 O Percurso da Pesquisa
67
§ Indicadores de Estado: referem-se ao estado do ambiente em decorrência das
pressões e respostas exercidas pela sociedade.
§ Indicadores de Resposta: dizem respeito às ações da sociedade em resposta às
modificações de Estado, em forma de decisões políticas (ambientais, econômicas
ou setoriais), adoções de programas, bem como ações diversas a fim de prevenir,
reverter ou mitigar efeitos negativos da pressão antrópica sobre o meio ambiente.
Para se alcançar os objetivos da pesquisa os indicadores foram agrupados em temas
e adaptados ao Modelo P.E.R (Pressão, Estado e Resposta), conforme Quadro 4.1.
QUADRO 4.1 Distribuição dos temas de acordo com o Modelo P.E.R
Pressão Estado Resposta
Resíduos sólidos
Água e Esgoto
Infra-estrutura e Bem-
estar
coletivo
Habitação
Arborização
Saúde pública
Educação pública
Temas
Trabalho e Renda
Fonte: Adaptado de OECD, 1993.
Capítulo 4 O Percurso da Pesquisa
68
No intuito de alcançar os objetivos propostos, foram selecionados, para a análise de
cada tema, os seguintes parâmetros e indicadores (Quadro 4.2).
QUADRO 4.2 Conjunto de temas com respectivos parâmetros e indicadores
Temas Parâmetros Indicadores
Resíduos sólidos
urbanos
Existência de coleta; freqüência
da coleta; área de deposição do
lixo urbano
Nº de dias; existência de aterro sanitário,
% de entevistados satisfeitos com a coleta.
Número de domicílios com água
tratada
% de domicílios ligados à rede de água
tratada; % de domicílios com instalações
hidráulicas completa.
Esgotamento sanitário
% de domicílios ligados a rede de esgoto;
% de domicílios com dejetos descartados
através de galeria e/ou fossa; % de ruas
com rede de esgoto.
Água e Esgoto
Rede de captação pluvial
% de domicílios em rua com “boca de
lobo”.
Condições de circulação
Nº de ruas pavimentadas; % de domicílios
em ruas pavimentadas.
Condições de comunicação
% de entrevistados que responderam ser a
quantidade de telefones públicos suficiente
para atender à população; % de
entrevistados que responderam estarem os
telefones públicos funcionando e em bom
estado de conservação.
Condições de segurança pública
% de entrevistados que responderam que
quando solicitado o serviço de polícia
presta atendimento; % de entrevistados que
informaram ser o tempo de atendimento do
serviço de polícia inferior a 30 minutos;
classificação do serviço de polícia.
Infra-estrutura e
Bem-estar
coletivo
Serviços Públicos % de domicílios ligados à rede de energia
elétrica; % de domicílios com problema de
falta de água.
Saúde Pública Saúde
% de domicílios com crianças que
tomaram todas as vacinas; nº de leitos por
1000
habitantes; % de pessoas que
informaram ser o nº de médicos suficiente
para atender à população; qualidade do
atendimento dos hospitais e dos postos de
saúde; % de entrevistados usuários do SUS
(Sistema Único de Saúde).
Continua...
Capítulo 4 O Percurso da Pesquisa
69
QUADRO 4.2 Conjunto de temas com respectivos parâmetros e indicadores
(Continuação)
Temas Parâmetros Indicadores
Educação Pública
Escolarização básica
Taxa de alfabetização da população,
de
acordo com o Censo 2000; escolarização
básica; nº de estabelecimentos de educaçã
o
na área urbana; % de responsáveis pela
família que se dizem analfabetos; % de
responsáveis pela família com 1º Grau
completo; condições de infra-
estrutura das
escolas; qualidade do ensino; suficiência
do nº de professores; dificuldade de
matrícula, distr
ibuição e qualidade da
merenda escolar.
Habitação
Condições de habitabilidade
% de domicílios próprios; % de domicílios
de alvenaria;
% de domicílios com
instalações sanitárias internas;
% de
domicílios com energia elétrica e água
tratada, % de domicí
lios em ruas
pavimentadas; nº de cômodos e de bens de
consumo por domicílio; % de domicílios
com saneamento básico.
Trabalho e Renda
Renda familiar média
% de moradores trabalhando em atividade
formal; tipo de profissões; % de
responsáveis pela família
aposentados; %
de famílias visitadas que recebem auxílio
do governo; renda média da família ao
mês.
Dada à forte interdenpendência dos temas abordados, no momento da interpretação
dos dados foi efetuado o cruzamento de alguns desses indicadores.
4.3.3 Temas, parâmetros e indicadores no contexto da pesquisa
Resíduos Sólidos Urbanos a acessibilidade ao serviço de coleta de lixo, além de
trazer significativa melhoria para a qualidade ambiental, é um requisito fundamental no
que se refere à proteção da saúde da população, uma vez que favorece a redução de vetores
e, conseqüentemente das doenças por eles causadas. A existência de coleta periódica de
lixo, bem como o tratamento e destinação adequada do mesmo, são essenciais para a
manutenção da saúde e da qualidade ambiental.
Capítulo 4 O Percurso da Pesquisa
70
Por meio dos indicadores desse tema buscou-se analisar as condições de
acessibilidade a esse serviço nos bairros da cidade em estudo, uma vez que o atendimento
de forma diferenciada retrata a exclusão de determinados segmentos da sociedade.
Água e Esgoto para composição desse tema foram analisados aspectos
socioambientais dos bairros em estudo, por meio dos parâmetros: Número de domicílios
com água tratada; Esgotamento sanitário e Rede de captação pluvial. O acesso aos serviços
de água tratada possibilita a melhoria das condições de saúde e higiene, constituindo-se
uma necessidade básica. A existência de esgotamento sanitário para destinação apropriada
dos resíduos, além de ser fundamental para a proteção da saúde dos moradores, contribui
para a diminuição da poluição ambiental e dificulta o surgimento de doenças cutâneas,
verminoses, micoses, dentre outras. A dotação de rede de captação pluvial possibilita a
solução para problemas de alagamentos, enchentes, que dificultam e até impedem a
circulação em determinadas áreas das cidades nas quais inexiste um sistema de captação
pluvial.
Essas informações foram analisadas de modo inferencial, a partir das respostas dos
moradores aos questionários e também mediante informações dos órgãos competentes.
Infra-estrutura e Bem-Estar Coletivo esse tema foi utilizado com a finalidade de
verificar as condições de circulação, comunicação e segurança dos bairros da cidade em
estudo, através dos indicadores:
Número e condições de espaços públicos a ausência de parques, praças e espaços
culturais constitui um desrespeito para com o cidadão, uma vez que ele contribui com o
pagamento de impostos. Esses espaços são fundamentais para o lazer, sociabilização e
bem-estar coletivo.
Número de ruas pavimentadas favorece as condições de circulação e acessibilidade
(moradores, carro coletor de lixo, correio, ambulâncias, serviços de entrega), além da
valorização imobiliária.
Capítulo 4 O Percurso da Pesquisa
71
Disponibilidade de serviços públicos tais como: energia elétrica, telefones, bancos e
correios, além de contribuir para uma melhoria da qualidade de vida, proporcionam a
inserção social.
Tempo de atendimento e qualidade do serviço de polícia - através desse indicador
efetuou-se uma avaliação da qualidade da segurança pública nos bairros da cidade.
Saúde Pública através desse tema foram averiguadas as condições e a
acessibilidade aos serviços de saúde, os quais são de vital importância para a população,
por meio dos seguintes parâmetros e indicadores:
Número de postos de atendimento e número de médicos disponíveis através das
informações coletadas analisou-se a cobertura e a qualidade desse serviço; a suficiência do
nº de médicos para atendimento da população; a qualidade do atendimento nos postos e
hospitais da cidade; leitos por mil habitantes; a distribuição gratuita de remédios.
Cobertura vacinal a vacinação é um dos fatores que mais contribui para a melhoria
da saúde pública, visto que previne uma série de doenças. Através desse indicador buscou-
se analisar o percentual de domicílio em que as crianças estavam com a vacinação
atualizada.
Educação Pública utiliza-se esse tema para a verificação da escolarização básica
da população, do atendimento, do número de escolas da rede pública, das condições de
infra-estrutura das escolas públicas, taxa de alfabetização. Analisou-se ainda a qualidade do
ensino, a suficiência do nº de professores e o fornecimento e a qualidade da merenda
escolar.
A educação formal é imprescindível para o desenvolvimento de um povo. É através
dela que se conquista a cidadania. A aquisição de conhecimentos e um maior grau de
estudo desperta e forma a consciência crítica em relação aos direitos e deveres de cada
cidadão, pois pode participar ativamente e cobrar políticas públicas eficientes.
Capítulo 4 O Percurso da Pesquisa
72
Através da educação formal pode-se discutir conceitos fundamentais que propiciarão
mudanças de atitudes nos indivíduos em sua relação com a sociedade por meio de práticas
coletivas, bem como em sua relação com o meio ambiente. O acesso à educação
proporciona maiores possibilidades de conquistas profissionais, tendo em vista que na
sociedade atual a qualificação tornou-se uma exigência.
Arborização O estudo desse tema, de seus parâmetros e indicadores é de suma
importância, uma vez que a arborização urbana implica não apenas em aspectos
paisagísticos, mais numa gama de fatores preponderantes para o meio ambiente e saúde da
população, tais como: menores índices de poluição do ar (doenças respiratórias), topoclima
(maior evapotranspiração, amenização da temperatura, aumento da pluviosidade), conforto
e lazer, utilização de espécies da região (espécies adaptadas que precisam ser valorizadas e
preservadas). A análise foi realizada através de visualização e registros fotográficos.
Habitação sendo o direito à moradia garantido por lei, esse tema tem como escopo
o dimensionamento das condições de habitabilidade. Seus parâmetros/indicadores
constaram de informações sobre os tipos de habitações, condições do imóvel, materiais
utilizados na construção, número de cômodos e de membros residentes; domicílios com
instalações sanitárias internas; número de bens de consumo por domicílio; domicílios com
energia elétrica e água potável, domicílios com saneamento básico, além de habitações em
ruas pavimentadas.
Trabalho e Renda - o trabalho é o pressuposto básico para a dinamização da
economia, pois é através da renda que a população terá acesso a determinados bens e
serviços que garantam a sua sobrevivência e qualidade de vida. Esse tema teve por
finalidade a avaliação das condições econômicas da população mediante a quantificação de
dados relativos à renda média da família, tais como: % de moradores trabalhando em
atividade formal; tipos de profissão; % de responsáveis pela família aposentados; % de
famílias visitadas que recebem auxílio do governo; renda média da família ao mês.
Capítulo 4 O Percurso da Pesquisa
73
4.3.4 Definição da amostra
Definiu-se como universo dessa pesquisa o total de 3.691 domicílios
particulares permanentes da cidade de Nossa Senhora da Glória/SE (IBGE- BIM, 2001),
representando assim um universo finito. Foram aplicados 189 questionários junto a 21
unidades domiciliares de cada um dos 9 bairros, a saber: Brasília, Centro, Cohab, Lindo
Horizonte, Loteamento Cohab, Nossa Senhora de Lourdes, Nova Brasília, Nova
Divinéia, Nova Esperança. O equivalente a uma amostra de 5% desse universo. A
escolha dos domicílios pesquisados foi feita de maneira aleatória (alternada).
No intuito de efetivar uma análise intra-urbana, dada à elevada heterogeneidade
no uso e ocupação do solo, bem como a diversidade funcional, tão características dos
centros urbanos, optou-se por dividir a cidade em setores, obtendo-se assim uma
desagregação espacial que favoreceu uma análise mais detalhada da qualidade de vida,
principalmente no que se refere à efetivação de políticas públicas a nível territorial. Para
tanto, foi utilizada a delimitação estabelecida pela Companhia de Abastecimento de
Água do Estado de Sergipe (DESO) em 2000, Figura 4.1.
FIGURA 4.1 Planta da Cidade de Nossa Senhora da Glória/SE
Fonte: Companhia de Saneamento de Sergipe (DESO), 2000
Capítulo 4 O Percurso da Pesquisa
74
4.3.5 Elaboração do questionário
Nesta pesquisa optou-se por um questionário (Anexo A) composto de perguntas
fechadas e abertas, que abrangeram todos os indicadores socioambientais sobre os quais se
decidiu coletar informações (resíduos sólidos, água e esgoto, infra-estrutura e bem-estar
coletivo, saúde pública, educação pública, arborização, habitação, trabalho e renda), bem
como informações sobre a qualidade de vida pessoal e, ainda, a qualidade de vida no local
de residência dos moradores entrevistados.
No que se refere à sustentabilidade, as questões foram analisadas pelos
parâmetros/indicadores e agrupadas por tema.
Com relação à sustentabilidade social, foram levantadas questões acerca da
classificação e atendimento dos postos de saúde, suficiência do número de postos de saúde
e do número de médicos para atendimento da população, leitos por 1000 habitantes,
condições de infra-estrutura e equipamentos dos postos, qualidade de atendimento nos
postos e hospitais, quantidade de praças existentes na cidade, qualidade do serviço da
polícia e condições de infra-estrutura das escolas, participação de atividades sociais e/ou
comunitárias.
A respeito da sustentabilidade econômica, foram averiguadas as condições de
habitabilidade, renda média familiar, existência de instalações sanitárias, tipos de utensílios
que a família dispõe, além da incidência de pessoas ligadas à rede formal de trabalho.
No tocante à sustentabilidade ambiental, as questões se referiram a existência de
coleta de lixo, bem como sua deposição e tipo de transporte, existência de rede de
distribuição de água tratada, condições de arborização (pela verificação visual e registros
fotográficos) e existência de rede de esgoto.
Para as sustentabilidades cultural e política foram levantadas questões sobre
existência de espaços culturais na cidade, opção religiosa, escolaridade da população,
escolaridade dos responsáveis pelas famílias.
Capítulo 4 O Percurso da Pesquisa
75
Com relação à qualidade de vida, dada à multidimensionalidade do seu conceito,
foram elaboradas questões que abordassem aspectos: individuais e coletivos; materiais (de
natureza física e infra-estrutural) e imateriais; objetivos (obtidos concomitantemente com
as questões formuladas para os diversos indicadores) e subjetivos (através de questões
específicas envolvendo o grau de satisfação do entrevistado em relação ao seu quadro de
vida, investigando-se, dessa forma, sua percepção sobre o conceito de qualidade de vida).
4.3.6 Trabalho de campo
No período de dezembro/2004 a maio/2005, o questionário (Anexo A) foi aplicado
em 189 domicílios da sede municipal de Nossa Senhora da Glória. Durante as visitas,
foram realizadas observações diretas e feitos registros fotográficos.
4.3.7 Tabulação dos dados coletados
Na tabulação dos questionários foi utilizado o software SPSS (Statistical Package
for Social Science), versão 8.0, programa destinado à tabulação de dados em pesquisas
sociais. Como suporte, utilizou-se também o programa Excel 2000, devido à necessidade
de análise de mais de um campo de informação ao mesmo tempo.
4.3.8 Análise das informações
As informações foram analisadas em função da sustentabilidade, por meio dos
parâmetros e indicadores qualitativos e quantitativos. Para a aferição do grau de
sustentabilidade, foram priorizados alguns parâmetros e indicadores. Em seguida foram
definidos os graus de sustentabilidade (Baixo, Fraco, Médio e Forte), com base no conceito
de sustentabilidade forte e sustentabilidade fraca”, bem como os respectivos parâmetros
para cada grau, conforme (Quadro 4.3), que relaciona os parâmetros e indicadores
quantitativos.
Capítulo 4 O Percurso da Pesquisa
76
QUADRO 4.3 Temas, parâmetros, indicadores e graus de sustentabilidade adotados
Graus da Sustentabilidade
Temas Parâmetros Indicadores
Baixo Fraco Médio Forte
Resíduos
sólidos
urbanos
Área de
deposição do
lixo urbano
Aterro sanitário
Lixão
Aterro
sanitário
% de domicílios
ligados à rede
de água tratada
< 25%
> 25%e < 50%
> 50% e < 75%
> 75%
Número de
domicílios com
água tratada
% de domicílios
com instalações
hidráulicas
completa
< 25%
> 25%e < 50%
> 50% e < 75%
> 75%
% de domicílios
com dejetos
descartados
através de
galeria ou fossa
< 25%
> 25%e < 50%
> 50% e < 75%
> 75%
Esgotamento
sanitário
% de domicílios
com águas
servidas
descartadas
através de rede
de esgoto
< 25%
> 25%e < 50%
> 50% e < 75%
> 75%
Água e
Esgoto
Rede de
captação
pluvial
% de domicílios
em rua com
“boca de lobo”
< 25%
> 25%e < 50%
> 50% e < 75%
> 75%
Infra-estrutura
e Bem-estar
coletivo
Condições de
circulação
% de domicílios
em ruas
pavimentadas
< 25%
> 25%e < 50%
> 50% e < 75%
> 75%
Continua...
Capítulo 4 O Percurso da Pesquisa
77
QUADRO 4.3 Temas, parâmetros, indicadores e graus de sustentabilidade adotados
Graus da Sustentabilidade
Temas Parâmetros Indicadores
Baixo Fraco Médio Forte
% de
entrevistados que
responderam ser
a quantidade de
telefones
públicos
suficiente para
atender à
população;
< 25%
> 25%e < 50%
> 50% e < 75%
> 75%
Condições de
comunicação
% de
entrevistados que
responderam
estarem os
telefones
públicos
funcionando e
em bom estado
de conservação
< 25%
> 25%e < 50%
> 50% e < 75%
> 75%
% de
entrevistados que
responderam que
quando
solicitado, o
serviço de polícia
presta
atendimento
< 25%
> 25%e < 50%
> 50% e < 75%
> 75%
Condições de
segurança
pública
% de
entrevistados que
informaram ser o
tempo de
atendimento do
serviço de polícia
inferior a 30
minutos
< 25%
> 25%e < 50%
> 50% e < 75%
> 75%
% de domicílios
ligados à rede de
energia elétrica
< 25%
> 25%e < 50%
> 50% e < 75%
> 75%
Infra-estrutura
e Bem-estar
coletivo
Serviços
Públicos
% de domicílios
com problema de
falta de água
> 75%
> 50% e < 75%
> 25% e < 50%
< 25%
Número de
Leitos por 1000
habitantes
< 25%
> 25%e < 50%
> 50% e < 75%
> 75%
Saúde pública
Saúde
% de domicílios
com crianças que
tomaram todas as
vacinas
< 25%
> 25%e < 50%
> 50% e < 75%
> 75%
Capítulo 4 O Percurso da Pesquisa
78
QUADRO 4.3 Temas, parâmetros, indicadores e graus de sustentabilidade adotados
(Continuação)
Graus da Sustentabilidade
Temas Parâmetros Indicadores
Baixo Fraco Médio Forte
Saúde
pública
Saúde
% de pessoas
que informaram
ser o nº de
médicos
suficiente para
atender à
população
< 25%
> 25%e < 50%
> 50% e < 75%
> 75%
Taxa total de
alfabetização da
população, de
acordo com o
Censo 2000
< 25%
> 25%e < 50%
> 50% e < 75%
> 75%
% de
responsáveis
pela família que
se dizem
analfabetos
> 75%
> 50% e < 75%
> 25% e < 50%
< 25%
Educação
pública
Escolarização
básica
% de
respoinsáveis
pela família com
1° Grau
completo
< 25%
> 25%e < 50%
> 50% e < 75%
> 75%
% de domicílios
próprios
< 25%
> 25%e < 50%
> 50% e < 75%
> 75%
% de domicílios
de alvenaria
< 25%
> 25%e < 50%
> 50% e < 75%
> 75%
Habitação
Condições de
habitabilidade
% de domicílios
com instalações
sanitárias
internas
< 25%
> 25%e < 50%
> 50% e < 75%
> 75%
% de moradores
trabalhando em
atividade formal
< 25%
> 25%e < 50%
> 50% e < 75%
> 75%
% de chefes de
família
aposentados
< 25%
> 25%e < 50%
> 50% e < 75%
> 75%
Trabalho e
Renda
Renda familiar
média
Renda média da
família ao mês
< 1 SM > 1 e < 2
SM
> 2 e < 3
SM
> 3 SM
Capítulo 4 O Percurso da Pesquisa
79
Os indicadores, com valores de parâmetro inferiores a 25%, foram classificados
como de baixo grau de sustentabilidade. Aqueles com valores menores ou iguais a 25% e
menores que 50%, foram considerados como de fraco grau de sustentabilidade. Os
indicadores com valores percentuais entre 50% e 75%, foram classificados como de média
sustentabilidade. Como indicadores de forte grau de susatentabilidade foram considerados
aqueles com valores superiores a 75%.
As exceções foram para os indicadores: aterro sanitário, para o qual foram
considerados apenas dois graus de sustentabilidade: a existência de aterro sanitário como
parâmetro para o grau de forte sustentabilidade e a existência de lixão, condicionante do
baixo grau de sustentabilidade; renda média da família ao mês, para o qual foram
considerados os seguintes valores: menor que 1 SM, baixa sustentabilidade, maior ou igual
a 1 e menor ou igual a 2 SM, fraco grau de sustentabilidade; maior que 2 e menor ou igual
a 3 SM, média sustentabilidade. Acima de 3 SM foram considerados de forte grau de
sustentabilidade; os indicadores: percentual de domicílios com problema de falta de água e
percentual de responsáveis pela família que se dizem analfabetos, foram classificados
como de baixo grau de sustentabilidade, se maior que 75%; de fraca sustentabilidade, se
maior ou igual a 50% e menor ou igual a 75%; de média sustentabilidade, se maior ou
igual a 25% e menor que 50; de forte grau de sustentabilidade, se menor que 25%.
A análise do grau de sustentabilidade aferido para cada tema encontra-se no Anexo
B. O grau aferido para a cidade encontra-se no capítulo 5.0.
Também foi realizada análise qualitativa a partir de registros fotográficos, feitos
durante o trabalho de campo com utilização de câmera fotográfica digital. Quando não
houver registro de créditos na legenda das fotografias, as mesmas foram de autoria da
própria autora.
Os aspectos (objetivos e subjetivos) referentes à adequação domiciliar foram
apurados de forma nominal binária ou seja: presença/ausência e ordenados na Tabela
4.1. Em seguida, foram somados os atributos presentes em cada domicílio, de modo a se
chegar à construção do índice de habitabilidade da cidade de Nossa Senhora da Glória.
Capítulo 4 O Percurso da Pesquisa
80
Tabela 4.1 Atributos do Índice de Habitabilidade
Nº dos fatores Critérios empregados
1 Domicílio construído em alvenaria e coberto com telha
2 Domicílio com 04 cômodos ou mais, ou seja, cômodos separados por
função (quarto, sala, banheiro e cozinha)
3 Domicílio com água encanada
4 Domicílio com luz elétrica
5 Domicílio com fossa e/ou ligação de esgoto sanitário
6 Estado de conservação do domicílio (rebocado e caiado; e com piso
em revestimento cerâmico)
7 Domicílio com instalações sanitárias internas
8 Domicílio em rua pavimentada
Fonte: Melo & Souza, 2003 (adaptado)
Após a definição dos atributos do Índice de Habitabilidade, foi elaborada uma
escala nominal de agregação dos atributos aferidos em cada domicílio, tendo por base
aquela estabelecida em Melo & Souza (2003). Essa escala considera quatro valores (0 a 3),
correspondentes aos respectivos níveis de habitabilidade: PRECÁRIO (0 a 2 atributos);
RAZOÁVEL (3 a 4 atributos); ADEQUADO (5 a 6 atributos) e SATISFATÓRIO (7 a 8
atributos).
Os quadros que não possuem registro de fonte foram criados pela autora.
O bairro Novo Horizonte é classificado pela DESO como Lindo Horizonte.
CAPÍTULO 5
AMBIENTE URBANO E (IN)SUSTENTABILIDADE
Capítulo 5 Ambiente Urbano e (In)sustentabilidade
82
5.1 AMBIENTE URBANO
O espaço urbano, simultaneamente fragmentado e articulado, mesmo quando
transformado, é resultante de diferentes usos da terra, sendo ao mesmo tempo reflexo e
condicionante social (Corrêa, 1999).
Entendemos nesta pesquisa espaço urbano como sendo um espaço não homogênio,
com configuração proveniente das relações espaciais de produção e que congrega uma
multiplicidade de modos de vida, atos e relações. Com base em (Carlos 1999 & Corrêa,
1999).
Ao ser reproduzido o espaço reproduz conflitos, dada a sua produção contraditória
envolvendo por um lado a socialização no processo de produção e por outro, a apropriação
privada, uma vez que o mesmo é produzido pela sociedade. Essa produção é baseada num
processo desigual e repleto de lutas e conflitos, enquanto o capital tem na valorização o
objetivo da sua reprodução, a sociedade anseia por melhores condições de vida.
Conforme salienta Carlos (1999), a terra, seja como meio de produção, como
moradia ou lazer, constitui-se um bem necessário à manutenção da vida humana, entretanto
tem sua acessibilidade cada vez mais segregada.
As áreas residenciais segregadas características do espaço das cidades capitalistas
decorrem da hierarquização dos grupos sociais dentro do espaço territorial em função da
menor capacidade de acesso a áreas mais nobres da cidade e por conseqüência, mais bem
equipadas. Essas áreas são fundamentais para continuidade do sistema capitalista, a
medida que são de grande importância para a manutenção da reprodução das relações de
produção, sendo os bairros os locais onde se reproduzem os vários grupos sociais (Corrêa,
1999).
De acordo com França & Falcón (2005), a segregação pode se dar por duas formas:
a auto-segregação - efetivada pelas pessoas com maior poder aquisitivo que se isolam do
restante da população, morando em condomínios fechados, com melhor infra-estrutura e
Capítulo 5 Ambiente Urbano e (In)sustentabilidade
83
segurança e a segregação imposta, vivenciada pelas pessoas pobres que, devido às baixas
condições financeiras não podem adquirir uma moradia nas melhores áreas nem arcar com
as tachas e impostos da cidade, são levadas a viverem nas periferias, onde muitas vezes as
condições são impróprias a vida humana, ficando essa população à margem da cidade
legal.
Na cidade de Nossa Senhora da Glória, a segregação que se faz presente é a
imposta, podendo ser percebida mais nitidamente nos bairros Nossa Senhora de Lourdes,
Conjunto e Loteamento Cohab, principalmente no que se refere ao padrão de moradia e
acessibilidade a equipamentos coletivos. Na referida cidade ainda não há condomínios
fechados, mas no bairro Nova Divinéia os altos muros das residências já evidenciam o
início da auto-segregação, conforme pode ser verificado na Figura 5.1.
FIGURA 5.1 Fotos dos padrões de habitação em alguns bairros da cidade (jan./05)
Capítulo 5 Ambiente Urbano e (In)sustentabilidade
84
As melhores áreas da cidade, principalmente aquelas dotadas de melhor infra-
estrutura e com maior número de equipamentos coletivos cabem aos proprietários
fundiários e aos promotores imobiliários.
O Bairro Nova Divinéia é uma área da cidade que se encontra em expansão,
possuindo ainda alguns terrenos vazios que provavelmente serão usados pelo jogo dos
proprietários imobiliários. Seu crescimento tem se evidenciado na última década. 71,4%
dos entrevistados declararam residirem nesse bairro ente 1 a 10 anos. Nele os padrões das
residências já começam a se destacar dos demais bairros da cidade, nos quais, devido ao
baixo poder aquisitivo da população, o padrão habitacional é uniforme, com exceção para
os bairros: Nossa Senhora de Lourdes, Conjunto e Loteamento Cohab.
A maior parte dos migrantes que chegam a esse bairro são provenientes de outras
cidades (33,3%), fato esse que justifica o mesmo ser considerado como o bairro nobre da
cidade, enquanto que no Conjunto e Loteamento Cohab os migrantes em sua maioria
(47,6% e 33,3%) respectivamente, vieram da zona rural de outro município.
Conforme Garcias (2001), o fato da existência e distribuição física de determinado tipo
de serviço na área urbana não significa que todos tenham acesso a esse serviço, podendo
essa inacessibilidade ser proveniente de fatores econômicos, sociais, culturais, dentre
outros.
De acordo com Carlos (1999), a desigualdade social produz a desigualdade
espacial. A cidade é construída e reproduzida de forma desigual, o que pode ser notado
através do seu uso desigual. A segregação pode ser notada também na sua forma
arquitetônica que exclui, separa, expulsa. Isso implica afirmar que: dentro da lógica
capitalista, ao mesmo tempo em que são disponibilizados equipamentos coletivos e
ofertados serviços públicos, sociabilizando a vida urbana, cresce também o número de
indivíduos que não têm acesso a esses bens e serviços públicos.
Capítulo 5 Ambiente Urbano e (In)sustentabilidade
85
O homem vale de acordo com o local no qual está localizado no território. E terá
seu valor seja como produtor, consumidor, enfim, enquanto cidadão, independente da sua
condição humana, mudado para melhor ou pior de acordo com a acessibilidade (Lambert,
2000).
A acessibilidade aos bens e serviços requeridos para uma vida com um mínimo de
dignidade deve se dar de forma igualitária para todos os indivíduos, garantido-lhes, assim
sua condição de cidadão. A intensidade da cidadania é influenciada pela localização
territorial onde o indivíduo se localiza, ou seja:
“Enquanto um lugar vem a ser condição de sua
pobreza, um outro lugar poderia, no mesmo momento
histórico, facilitar o acesso àqueles bens e serviços que
lhes são teoricamente devidos, mas que de fato lhe
faltam” (Lambert, 2000 p. 81).
Na área urbana analisada foram verificadas disparidades confirmando a exclusão
socioespacial de uma parcela da população que não usufrui satisfatoriamente dos
benefícios proporcionados pela urbanização. A diferenciação de acesso é nitidamente
visível nas áreas periféricas da cidade principalmente ao que se refere a infra-estrutura e
saneamento básico, refletindo a falta de compromisso das autoridades políticas para com
essa parcela da população, indo na contra-mão do que estabelece o Estatuto da Cidade no
Artigo 2º, que institui as diretrizes gerais das políticas urbana, a qual “tem por objetivo
ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana”,
assegurando a todos os citadinos, através do (Parágrafo I) a “garantia do direito a cidades
sustentáveis, entendido como o direito à terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental,
à infra-estrutura urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para
as presentes e futuras gerações”.
No tocante à pavimentação, nem todos os bairros usufrui desse serviço. Sua
distribuição se dá de maneira diferenciada, sendo os bairros periféricos os que apresentam
o menor número de ruas sem pavimentação, conforme pode ser verificado no Quadro 5.1.
Capítulo 5 Ambiente Urbano e (In)sustentabilidade
86
QUADRO 5.1 Nossa Senhora da Glória/SE Nº de ruas pavimentadas por
bairro (2005)
Bairros Nº de Ruas
Pavimentadas
Brasília 07
Centro 36
Cohab 05
Lindo Horizonte 15
Loteamento Cohab
4
-
Nova Brasília 17
Nova Divinéia 08
Nova Esperança 12
Nossa Senhora de
Lourdes
01
Fonte: Prefeitura Municipal de Nossa Senhora da Glória/SE
Embora a Prefeitura não tenha fornecido dados sobre o Loteamento Cohab, por
meio do trabalho de campo foi constatado que esse bairro não possui nenhuma rua
pavimentada. Também foi verificado que no bairro Nossa Senhora de Lourdes existem
mais de uma rua pavimentada (Rua Fortaleza, Rua Maravilha, Rua Palestina, Rua Nossa
Senhora da Conceição), ao contrário do que foi informado.
Corrêa (1999) argumenta que nas grandes cidades o conjunto de distintos modos de
utilização do espaço originam, conforme a finalidade a que se destinam, áreas residenciais,
de lazer, de serviços e gestão e principalmente o centro da cidade, dando origem à
organização espacial da cidade. Esta por sua vez, tem suas diversas áreas integradas
através das relações espaciais, tendo o centro como núcleo dessa articulação social. No
sistema capitalista essas relações envolvem dentre outros fatores, a circulação de decisões
e investimento de capital.
Conforme salienta (Corrêa, 1999, p. 38), na área central da cidade estão localizadas
as principais atividades comerciais, assim como os terminais de transportes inter-regionais
e intra-urbanos. Devido a sua verticalização, essa área se destaca na paisagem da cidade.
4
O Loteamento Cohab não foi considerado como bairro pela Prefeitura.
Capítulo 5 Ambiente Urbano e (In)sustentabilidade
87
O avanço dos núcleos urbanos foi em decorrência do crescimento do comércio.
Nestes lugares as pessoas convivem comprando, vendendo e/ou trocando experiências. De
fato, o comércio influencia na formação das cidades e também no estabelecimento das
desigualdades.
Vale destacar que o comércio local foi bastante apontado como o propiciador do
crescimento e pela dinamicidade da cidade em estudo, entretant,o o mesmo apresentou
uma baixa participação enquanto fonte de rendimento para a população da cidade. O que
nos remete a questionar a acessibilidade dos moradores enquanto consumidores e/ou
trabalhadores desse comércio local. O que nos leva a buscar respaldo nas palavras de
(Santos, 1980, p. 23).
A capacidade de demanda de uma população e a
oferta de uma cidade dependem não apenas das
virtualidades da cidade, isto é, de sua capacidade
potencial em termos de criação de bens e serviços mas,
igualmente do poder de compra da população, de sua
propensão a adquirir e dos meios oferecidos a esta
população para se relacionar com os fornecedores de
bens e serviços”.
De fato, na nossa sociedade é imprescindível ter uma renda, para que se possa ter
um padrão de consumo condizente. Como os níveis de renda apresentados na cidade são
baixíssimos e considerando o subemprego e o desemprego verificados não é difícil de se
imaginar a dificuldade que essas pessoas encontram em se inserir nesse comércio.
A guisa de conclusões, o espaço urbano de Nossa Senhora da Glória é o resultado
das demandas por alguns serviços, principalmente os oferecidos durante a feira, a qual
conferiu à cidade o poder de centralização frente a outras cidades dos municípios vizinhos.
Apresenta-se como um campo de lutas, bastante segregado, fruto do crescimento da cidade
sem uma base estrutural adequada, possuindo uma infra-estrutura deficitária incapaz de
atender aos anseios de melhoria de vida dos seus moradores e dos que a ela chegam.
Capítulo 5 Ambiente Urbano e (In)sustentabilidade
88
5.2 AS RELAÇÕES SOCIOAMBIENTAIS E A DEGRADAÇÃO AMBIENTAL
LOCAL
A degradação sociambiental é um dos aspectos do processo de construção do
espaço urbano, dessa forma um estudo da problemática ambiental das cidades deve levar
em consideração embates sociais que se configuram na formação desse espaço,
principalmente ao que se refere à lógica da sua produção, uma vez que o ambiental não
envolve apenas o natural.
Uma análise significativa do espaço requer o estudo do mesmo através de sua
estrutura, ou seja, da organização espacial atual concomitantemente com a sua formação,
abordando assim aspectos da trajetória de sua construção.
De acordo com Ramos (2002), o espaço urbano faz parte das diversas realidades
(histórica, econômica, social e política) do processo de produção capitalista em sua forma
mais ampla, envolvendo tanto a estrutura quanto os meios de produção nos diversos
estágios do referido processo.
Para Trindade Júnior (2001), ele resulta tanto da força da estrutura que estabelece a
forma de produção, quanto da ação dos agentes locais, na medida em que estes direcionam
alianças de interesses de alguns estratos ou determinados grupos sociais.
Por conseguinte, a organização espacial urbana é reflexo da distribuição espacial
das atividades e respectivas materializações criadas pelas funções e formas espaciais
produzidas pelos processos sociais. Essas formas espaciais são viabilizadas ao longo do
tempo pelos agentes modeladores que estabelecem a localização e re-localização da
população citadina, ou seja, pelos processos espaciais, os quais não são excludentes entre
si, ao contrário, são complementares um do outro. Valendo o mesmo para as formas
espaciais (Corrêa, 1999).
Capítulo 5 Ambiente Urbano e (In)sustentabilidade
89
Os processos sociais e suas respectivas formas são: “centralização e área central;
descentralização e núcleos secundários; coesão e áreas especializadas; segregação e áreas
sociais; dinâmica espacial da segregação; inércia e áreas cristalizadas” (Corrêa, 1999, p.
37).
A acumulação de capital e a reprodução social são exemplos desses processos e têm
como principal local de ocorrência as cidades capitalistas. Nestas, a organização espacial
urbana de forma desigual e mutável é resultado dos processos sociais (Corrêa, 1999).
A segregação socioespacial, também conhecida como exclusão social, é um
fenômeno proveniente das relações estabelecidas no processo capitalista, que geram uma
desigualdade de acesso aos meios de produção, e também do capital social (Ramos, 2002).
Na sociedade capitalista os conflitos entre indivíduos e usos são orientados pelo
mercado, principal mediador das relações, cujos mecanismos estabelecerão através da
possibilidade de pagamento do preço da terra, o acesso à propriedade privada, limitando as
escolhas e condições de vida da população (Carlos, 1999).
Cada lugar tem suas especificidades constituídas através de um processo contínuo e
dialético envolvendo diferentes agentes. Nesse sentido, conforme salienta Corrêa (1999),
as cidades são feitas e refeitas por estratégias e ações dos modeladores do espaço urbano.
Segundo o autor supra, os agentes modeladores do espaço urbano são:
§ Os proprietários dos meios de produção, sobretudo os grandes industriais - que
constituem-se em grandes consumidores de espaços. Tornando-se assim a terra
urbana a finalidade de suporte físico, apresentando os requisitos locacionais
inerentes às atividades;
§ Os proprietários fundiários - que devido ao seu interesse num maior lucro sobre
suas propriedades, buscam o valor de troca da terra, relegando a segundo plano
o valor de uso da mesma, convertendo assim, a terra rural em área urbana;
Capítulo 5 Ambiente Urbano e (In)sustentabilidade
90
§ Os promotores imobiliários - que atuam de modo desigual sobre o espaço,
originando e reforçando a segregação residencial característica das cidades
capitalistas;
§ O Estado, que mesmo podendo atuar como grande industrial, proprietário
fundiário e/ou promotor imobiliários tem um poder de ação;
§ Os grupos sociais excluídos, que por não ter as mesmas condições financeiras
dos outros grupos modeladores do espaço urbano, procuram desenvolver seu
próprio espaço numa forma de resistência e sobrevivência em terrenos que não
servem para os fins dos outros agentes de produção.
A desigualdade social produz a desigualdade espacial. A cidade é construída e
reproduzida de forma desigual, o que pode ser notado através do seu uso desigual. A
segregação pode ser notada também na sua forma arquitetônica que exclui, separa, expulsa
(Carlos, 1999).
Na cidade de Nossa Senhora da Glória existem três pontos distintos que revelam o
diferente acesso a espacialização, refletindo assim a segregação. São eles: Bairro Cohab,
Loteamento Cohab e Bairro Nossa Senhora de Lourdes.
No processo de entendimento da produção do espaço faz-se também necessária a
compreensão do modo de vida da população, ou seja, seu modo de pensar, produzir, sentir,
bem como os relacionamentos sociais, culturais, políticos, jurídicos e ideológicos (Carlos
1999).
Mesmo havendo um freqüente serviço de coleta de lixo na cidade, sendo
confirmado sua existência por 100% dos entrevistados, 58,2% destes informaram que a
vizinhança joga lixo indevidamente nas ruas e em terrenos baldios. Essa prática é mais
freqüente no Loteamento Cohab e no Bairro Nossa Senhora de Lourdes, sendo que neste
último além do lixo, um outro problema é a freqüente presença de dejetos de animais
espalhados nas ruas, conforme pode ser observado na Figura 5.2.
Capítulo 5 Ambiente Urbano e (In)sustentabilidade
91
FIGURA 5.2 Fotos de lixo e fezes de animais jogadas nas ruas do Loteamento Cohab e
Bairro Nossa Senhora de Lourdes (maio/2005)
As necessidades humanas podem ser refletidas também na paisagem. Neste sentido
estudá-la é de fundamental importância para se compreender a realidade. Sua análise deve
considerar o movimento escondido por trás do estático, abordando as relações necessárias
para a reprodução da vida do indivíduo enquanto ser social. Apesar de ter aparência única,
sua apreensão se dá de forma distinta pelos indivíduos, dependendo de suas visões, de seus
interesses e de suas concepções (Callai, 2000).
Para a referida autora, a paisagem reflete processos sociais, assim como processos
da natureza. Através da paisagem são retratadas tanto a história da população que vive em
determinado local, quanto a disposição de recursos naturais, além da forma de utilização de
tais recursos. Dessa forma a degradação ambiental reflete a relação dos grupos sociais que
ocupam o território da cidade com a natureza.
O processo de construção do espaço se dá paralelamente ao processo de construção
da própria sociedade. Por ser o espaço construído ao longo da vida das pessoas, o mesmo é
resultante da história das pessoas e dos grupos sociais que o habitam, considerando as
relações existentes entre as pessoas e grupos e daquelas com a natureza. É resultante
também das formas de trabalho, de produção e do modo de lazer (Callai, 2000).
Capítulo 5 Ambiente Urbano e (In)sustentabilidade
92
De acordo com Bitoun (2003), existe uma relação entre desigualdade social e
degradação ambiental. De fato, durante a pesquisa de campo ficou evidente a forte relação
entre esses processos.
A falta de condições para possuir uma moradia dentro da cidade legal pode levar a
população a ocupar áreas de risco, consideradas ambientalmente frágeis, causando a
degradação ambiental. Em Nossa Senhora da Glória, não é diferente, algumas pessoas por
não terem renda suficiente, conseqüentemente não têm condições de escolher uma melhor
opção quanto ao local de moradia, só lhes sobrando as áreas inadequadas e inóspitas,
conforme pode ser observado na Figura 5.3.
FIGURA 5.3 Foto de habitações em áreas inadequadas (nov./2005)
Outro problema verificado na cidade é que a falta de oportunidades de emprego
conjugada à falta de renda está levando alguns moradores a buscarem outras alternativas
para obter o sustento da família. Essas pessoas tendo às vezes consciência do risco que
estão correndo quanto ao contágio de doenças, deixam o medo de lado e impulsionados
pelas necessidades, arriscam a própria vida com naturalidade.
No bairro Nossa Senhora de Lourdes, por exemplo, uma família sobrevive da
catação de lixo, tanto o casal quanto os cinco filhos, todos menores de idade trabalham
catando lixo no lixão. Visualmente foi constatado que outras famílias também sobrevivem
dessa prática, só que não informaram, talvez por constrangimento da sua situação. Figura
5.4.
Capítulo 5 Ambiente Urbano e (In)sustentabilidade
93
FIGURA 5.4 Fotos de catadores no lixão (nov./2005).
Foi verificado que os catadores trazem o lixo em carroças e os depositam nos
quintais de suas residências para posterior separação e até mesmo para uso próprio, como
foi relatado por uma moradora, também catadora, que pegou um liquidificador no lixão e
faz uso do mesmo no preparo da alimentação de suas crianças. Práticas como essa pode
resultar em graves problemas para a saúde dos moradores, como provocar a degradação
ambiental (Figura 5.5.)
FIGURA 5.5 Fotos de catadores saindo do lixão e fotos de lixos depositados no fundo
das residências (fev./2005)
Segundo Garcias (2001), a degradação urbana reflete diretamente na saúde de sua
população, neste sentido, o planejamento urbano deve atentar para a sustentabilidade
ambiental da cidade.
Capítulo 5 Ambiente Urbano e (In)sustentabilidade
94
Entretanto em Nossa Senhora da Glória não é só a população que causa a
degradação, ela é também resultado de ações tomadas pelos dirigentes de órgãos públicos.
A exemplo, podemos citar os esgotos domésticos e urbanos que são jogados diretamente
nos córregos da cidade, mesmo sendo o saneamento de responsabilidade do governo. Vale
salientar que tal procedimento, no Brasil, é responsável pelo maior percentual de poluição
dos rios (Ribeiro, 1998).
Outro exemplo de degradação e de falta de controle dos órgãos ambientais quanto
aos impactos provocados por atividades de responsabilidade do governo, conforme ressalta
Ribeiro (1998), são os lixões onde são despejados os resíduos pela prefeitura e queimados
a céu aberto, provocando entre outros problemas, prejuízos à saúde da população.
Mesmo só existindo nove praças em toda a cidade, algumas delas servem de pasto
para os animais e em outras, como é o caso da praça localizada na frente da Prefeitura
Municipal, o verde das árvores foi substituído, sendo representado agora apenas na
alvenaria, conforme pode ser observado na Figura 5.6.
FIGURA 5.6 Fotos da Praça Filemon Bezerra Lemos, antes da poda (jan. 2005) e
depois de ser podada (nov./2005)
De acordo com (Carlos, 1999), a realidade espacial num determinado momento do
processo pode ser expressa pela paisagem, uma vez que esta é resultante do processo de
construção do espaço. Dessa forma, a paisagem urbana á a expressão imediata da forma de
manifestação do momento atual revelando a vida cotidiana, sendo ao mesmo tempo
Capítulo 5 Ambiente Urbano e (In)sustentabilidade
95
impregnada de dimensões de tempos anteriores. Assim, a paisagem presente em Nossa
Senhora da Glória revela o cenário no qual diversos atores sociais anseiam por melhores
condições de salário, saúde, lazer, etc.
De acordo com Spósito (2003), o ambiental é resultante das diversas relações
estabelecidas entre as dinâmicas e os processos naturais e sociais, sendo submetido tanto à
escala de tempo da natureza quanto à da sociedade. Dessa forma deve-se levar em
consideração a capacidade de reabsorção da natureza como o tempo de regeneração da
mesma.
Conforme salienta Spósito (2003), a qualidade ambiental é favorecida pela
articulação entre o tempo da natureza e o da sociedade, nesse sentido acreditamos que a
degradação socioambiental pode ser diminuída na medida em que as cidades forem
construídas deixando de lado a lógica incremental, se estabelecendo através de bases
estruturais que possibilitem o seu crescimento futuro, disponibilizando para todos os
citadinos, em igual proporção, uma adequada infra-estrutura de serviços e de apoio. O que
pode ser conseguido através das políticas públicas, uma vez que a questão ambiental dos
centros urbanos expressa os embates entre o social e o político, conforme salienta a autora
supra citada.
5.3 IMPACTOS AMBIENTAIS VERSUS QUALIDADE DE VIDA
Ao surgirem e se consolidarem, as sociedades ocasionaram impactos ambientais,
visto que tal consolidação sempre se deu mediante uma forma própria de transformação da
natureza de acordo com o tempo histórico. Nesse sentido, a cidade, dada a sua disposição
de interferir em todos os ecossistemas é tida como o ponto culminante das relações sociais
(Mello, 1995).
Impacto ambiental é definido pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente
(CONAMA) como qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do
meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das
atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: a saúde, a segurança e o bem-
Capítulo 5 Ambiente Urbano e (In)sustentabilidade
96
estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e
sanitárias do meio ambiente; a qualidade dos recursos ambientais (Artigo 1º da Resolução
CONAMA nº001, 1986).
Conforme salienta Brilhante (1999), os impactos podem ter efeito positivo ou
negativo. Os ambientais podem ser diretos ou indiretos; ser de curta ou longa duração;
cumulativos; reversíveis ou irreversíveis; naturais e antropogênicos, podendo ir de escala
local à global.
Os impactos ambientais diretos ou primários dizem respeito aos provenientes da
ação direta da natureza ou do homem sobre um atributo ou elemento ambiental. Esses
impactos podem originar outros como conseqüência, denominados impactos indiretos ou
secundários. Estes, são mais difíceis de serem estimados (Brilhante, 1999).
De acordo com Coelho (2002), os impactos são decorrentes das transformações
tanto da natureza física quanto da sociedade e constitui-se ao mesmo tempo em produto e
processo dessas transformações. Conforme a mesma autora, os novos efeitos provocados
pelos efeitos dos impactos afetarão de forma diferenciada os membros das distintas classes
sociais, no que diz respeito às suas condições de vida.
Com o objetivo de satisfazer suas necessidades, o homem provoca alterações no
ambiente, essas alterações tem sido intensificadas com o processo de urbanização,
causando assim diversos impactos ao meio ambiente, principalmente no tocante a poluição.
Poluição ambiental pode ser definida como qualquer alteração das características de
um ambiente (água, ar ou solo), tornando-o impróprio ao homem e às demais formas de
vida que o habitem, ou prejudiquem os usos definidos para o mesmo (Mota, 1999).
De acordo com Ribeiro (1998), as atividades humanas provocam impactos
ambientais em maior ou menor intensidade, dependendo tal grau do contexto demográfico
em que se processam as atividades, bem como das medidas preventivas e corretivas.
Capítulo 5 Ambiente Urbano e (In)sustentabilidade
97
A cidade é considerada por alguns autores como um sistema aberto, composto pelo
meio físico e biológico, como também pelo homem e suas atividades. Nela a ação
antrópica introduzida no ambiente de forma rápida dificulta muitas vezes a recuperação da
natureza, provocando em alguns casos, prejuízos irreversíveis ao meio ambiente (Mota,
1999).
De acordo com o autor supra citado, entre os principais impactos do processo de
urbanização estão: a grande derrubada de árvores dando origem ao desmatamento, sem
uma política de arborização, trazendo como conseqüência a aridez e a alteração no
microclima das cidades em virtude da forte impermeabilização; a terraplanagem, que
alterou a topografia e a erosão ocasionada pelo desmatamento de solos frágeis.
Na cidade de Nossa Senhora da Glória um dos problemas encontrados e que requer
cuidados no que diz respeito à provocação de impacto negativo são os resíduos sólidos de
produção regular que devem ser analisados sob dois aspectos: coleta/transporte e
destinação final.
No que se refere ao serviço de coleta, o mesmo apresenta-se de forma bastante
regular com uma periodicidade de 6 dias na semana, de modo que 89,4% da população
entrevistada se dizem satisfeita com tal serviço. Entretanto, a forma como o mesmo é
transportado, através de caminhão ou trator (dependendo do bairro) representa riscos tanto
à saúde da população quanto ao ambiente. Outro problema que deve ser levado em
consideração é o fato do mesmo ser despejado num lixão a céu aberto, a uma distância de
3Km da cidade, conforme informado pela Prefeitura Municipal. Essa deposição
inadequada pode acarretar em impactos negativos à saúde dos citadinos em decorrência
principalmente da poluição do ar (Figura 5.7.)
Capítulo 5 Ambiente Urbano e (In)sustentabilidade
98
FIGURA 5.7 Fotos do lixão da cidade de Nossa Senhora da Glória/SE (dez/2005 e
out./2005)
Existe uma discussão em torno do conceito de risco. Para Brilhante (1999), a
adoção da noção de probabilidade foi um aspecto comum entre os vários conceitos. Neste
trabalho, risco é entendido como a possibilidade de danos à saúde ou ao ambiente, uma vez
que o risco traz sempre um efeito negativo, conforme salienta o referido autor.
A falta de rede de esgoto é outro fator de poluição do ambiente urbano da cidade
em estudo, que pode se converter em problemas à saúde de seus habitantes.
Nas cidades, vários são os tipos de poluição e impactos provocados ao ambiente,
entre eles: poluição provocada pelos esgotos in natura que são lançados nos rios e córregos,
podendo contaminar a zona litorânea e as praias; assoreamento de rios e bacias; aumento
do solo impermebilizado, alterando assim o processo de alimentação das águas
subterrâneas e superficiais; acumulação de resíduos sólidos, em decorrência da ausência de
Capítulo 5 Ambiente Urbano e (In)sustentabilidade
99
serviços regulares de coleta de lixo, etc. Neste sentido, buscamos respaldo nas palavras de
Coelho (2002, p. 165): “O conhecimento e a mensuração de impactos e condições de vida
são essenciais para imprimir uma nova direção ao desenvolvimento municipal/local”.
De fato, pois impactos ambientais e condições de vida estão intimamente ligados,
uma vez que boa parte desses impactos provocam problemas à saúde e à qualidade de vida
urbana.
5.4 GESTÃO URBANA E QUALIDADE DE VIDA DAS FAMÍLIAS
A intensa urbanização verificada nos últimos anos tem exigido cada vez mais uma
eficiente gestão dos centros urbanos, dado o complexo embricamento de contrastes e
dificuldades processadas nestes centros. Dessa forma, a gestão urbana pode constituir-se
numa alternativa de revertimento de desigualdades e injustiças evidenciadas no
capitalismo, pois a medida que cresce a economia brasileira, tende a aumentar a
desigualdade e o número de cidadãos excluídos.
Existe uma intrínseca relação entre gestão urbana e qualidade de vida nas cidades,
uma vez que os reflexos das ações tomadas pelos gestores públicos incidem sobre a vida
das pessoas. No modelo sócio-econômico capitalista, pouco tem se verificado a melhoria
das condições de vida da população brasileira, pois o que mais tem se evidenciado é o
crescimento e não o desenvolvimento de algumas cidades. Nossa Senhora da Glória/SE
não foge a essa realidade e, conforme infere-se dos dados coletados, vem apresentando um
crescimento que parece não se traduzir em melhorias das condições de vida de seus
habitantes, no que se refere à saúde, ao trabalho, à educação, assim como à
disponibilização de serviços e equipamentos coletivos.
De acordo com Cavalcante (1998), a decadência da qualidade de vida é o resultado
do desenvolvimento que evidencia os aspectos quantitativos em detrimento dos
qualitativos, a medida que dá mais valor ao ter do que ao ser. Esse modelo de
desenvolvimento é considerado ambientalmente degradante, indo em sentido contrário do
Capítulo 5 Ambiente Urbano e (In)sustentabilidade
100
projeto proposto por Sachs (1993), quando das estratégias para o Século XXI, no sentido
de se compatibilizar o desenvolvimento com o meio ambiente.
O conhecimento das necessidades e aspirações da população local é de fundamental
importância para o alcance de uma gestão pública eficaz, o que pode ser conseguido por
meio da participação da comunidade nas decisões.
Um importante avanço em termos de gestão urbana foi a aprovação da Lei 10.257,
de 10 de julho de 2001 “Estatuto da Cidade”, pois estabelece várias diretrizes para a
efetivação da gestão urbana democrática. No Art. 2
o
, ao tratar da política urbana, esse
documento destaca que a gestão urbana democrática deve se dar “por meio da participação
da população e de associações representativas dos vários segmentos da comunidade na
formulação, execução e acompanhamento de planos, programas e projetos de
desenvolvimento urbano” (Parágrafo II). Num capítulo dedicado à gestão democrática da
cidade, estabelece as formas pelas quais deve se dar essa gestão, enfatizando os
mecanismos que devem garantir o interesse público, o acesso à informação e o controle
social sobre os processos decisórios das políticas, bem como dos recursos públicos
despendidos pelo Poder Público municipal.
Os municípios têm sido impulsionados a assumir o papel empreendedor, de modo a
criar novas formas de suprir as demandas sociais locais por recursos nessa instância, uma
vez que a administração local tem ganho espaço na política nacional. Nesse sentido, um
importante passo para a consolidação do planejamento, no nível local, são os Planos
Diretores de Desenvolvimento Urbano, exigidos para cidades com mais de 20 mil
habitantes, e os Planos Plurianuais.
O Plano Diretor é um importante instrumento para nortear o desenvolvimento e a
expansão urbana, uma vez que estabelece os requisitos a serem considerados na ordenação
da cidade, de modo a assegurar a expressão da função social da propriedade urbana,
devendo ser formulado em um processo de planejamento municipal participativo
permanente, garantindo assim a gestão democrática da cidade.
Capítulo 5 Ambiente Urbano e (In)sustentabilidade
101
Nossa Senhora da Glória/SE, mesmo possuindo 26.910 habitantes (IBGE, Censo
2000), não possui um Plano Diretor em vigor. Dessa forma, a cidade se expande sem levar
em consideração as exigências fundamentais de ordenação, comprometendo o atendimento
das necessidades dos cidadãos quanto à qualidade de vida, à justiça social e ao
desenvolvimento das atividades econômicas, como estabelece o Art. 39 do Estatuto da
Cidade.
Conforme salienta Rossi (2003), para o alcance da qualidade de vida torna-se
necessário que a prática da gestão urbana contemple o planejamento integral. Segundo essa
autora, a qualidade de vida sofre os efeitos da densidade urbana, no que se refere ao
tamanho, forma e padrão da urbanização, devendo tal conceito ser utilizado na análise da
ocupação do solo de modo sustentável. A densidade urbana deve ser utilizada como
indicador no processo e na gestão dos assentamentos humanos. Segundo a autora, essa
densidade representa a Densidade Demográfica
5
ou a Densidade Habitacional
6
.
Apesar da progressiva autonomia local, vários municípios de pequeno e médio
portes, em virtude da reduzida capacidade de dirigir, controlar e regular a ocupação do
solo, ainda apresentam dificuldades quanto ao planejamento e a gestão participativa
territorial e urbana, o que limita a implementação de políticas urbanas socialmente justas.
O planejamento urbano deve visar a ordenação do espaço físico e a provisão dos
elementos essenciais às necessidades humanas, garantindo assim um meio ambiente em
condições de proporcionar uma qualidade de vida indispensável a seus habitantes, atuais e
futuros. Neste sentido, Mota (1999), ressalta que para proporcionar aos habitantes das
cidades uma mínima condição de vida é importante o crescimento de toda a infra-estrutura
urbana paralelamente ao aumento da população e ampliação das cidades.
De acordo com o Estatuto da Cidade, são instrumentos do planejamento municipal:
plano diretor; disciplina do parcelamento, do uso e da ocupação do solo; zoneamento
ambiental; plano plurianual; diretrizes orçamentárias e orçamento anual; gestão
5
Densidade Demográfica: Número total da população urbana, expressa em habitantes, por unidade de terra
urbana.
6
Densidade Habitacional: Número total de habitações por unidade de terra ocupada.
Capítulo 5 Ambiente Urbano e (In)sustentabilidade
102
orçamentária participativa; planos, programas e projetos setoriais; planos de
desenvolvimento econômico e social.
De acordo com Rossi (2003), apesar das diretrizes bem definidas e coerentes das
políticas habitacional e urbana, faz-se necessário que o discurso se converta em ações, pois
a situação de violência e as condições de renda que impossibilitam uma vida com
qualidade e a construção da cidadania clamam por soluções que remetam à
sustentabilidade urbana, o que pode ser conseguido mediante a aplicação dos instrumentos
de gestão urbana pelos administradores municipais.
Na gestão municipal, a avaliação dos resultados e o acompanhamento da evolução
da qualidade de vida devem ser feitas através de avaliações objetivas, no sentido de se
estabelecerem prioridades e metas a serem atingidas. Nesse sentido, os indicadores são
ferramentas importantes para a viabilização de informações.
Lima (2004, p. 44) entende a formatação do conceito de qualidade de vida como a
satisfação do indivíduo quanto a valores individuais e societários, tanto materiais (recursos
econômicos, condições de habitação, emprego, saúde e educação) quanto recursos e
valores imateriais, como aqueles vinculados a ideologia, política, relacionamento humano
e relações de trabalho, cultura, religião, etc.
A análise dos indicadores propostos neste estudo possibilitou a constatação de
alguns condicionantes da qualidade de vida da população da Cidade de Nossa Senhora da
Glória conforme detalhado no item a seguir.
Capítulo 5 Ambiente Urbano e (In)sustentabilidade
103
5.4.1 Qualidade de Vida das Famílias
No tocante à percepção dos moradores sobre a qualidade de vida, mais da metade
dos entrevistados (108) afirmaram não ter uma vida com qualidade e, ao serem
questionados sobre o que lhes faltava para que a vida tivesse qualidade, dentre os motivos
alegados, a falta de trabalho foi apontada por 84 entrevistados, ficando em primeiro lugar
dentre os fatores apresentados, conforme pode ser observado na Figura 5.8.
Cidade de Nossa Senhora da Glória/SE -
Fatores atribuídos pelos entrevistados à falta
de qualidade de vida (2005)
84
11
41
15
11
Falta de trabalho
Falta de lazer
Falta de renda
Falta de saúde
Outros
FIGURA 5.8 Fatores atribuídos pelos entrevistados à falta de qualidade de vida
Fonte: Pesquisa de Campo, 2004/2005.
O único bairro no qual a falta de qualidade de vida não foi atribuída à falta de
trabalho foi o Centro. Neste, a Saúde foi apontada como motivo da falta de qualidade de
vida dos moradores. No Loteamento Cohab e no Bairro Nossa Senhora de Lourdes, a falta
de trabalho alcançou os maiores valores, conforme pode ser observado na Figura 5.9.
Capítulo 5 Ambiente Urbano e (In)sustentabilidade
104
0
2
4
6
8
10
12
14
16
Centro
Cohab
Brasília
Lindo
Horizonte
Loteamento
Cohab
Nova Brasília
Nova Divinéia
Nova
Esperança
N. Senhora de
Lourdes
Freqüência
Falta de trabalho
Falta de lazer
Falta de renda
Falta de saúde
Outros
Cidade de Nossa Senhora da Glória/SE -
Fatores atribuídos pelos entrevistados à falta
de qualidade de vida, por bairro (2005)
FIGURA 5.9 Fatores atribuídos pelos entrevistados à falta de qualidade de vida,
por bairro
Fonte: Pesquisa de Campo, 2004/2005.
De acordo com os dados da pesquisa de campo, apenas 25,3% dos entrevistados
nasceram na Sede Municipal de Nossa Senhora da Glória. O restante é proveniente da zona
rural do próprio município (21,7%), zona rural de outros municípios (29,1%), outras
cidades (16,9%) e até mesmo de outros Estados (7,0%), o que revela a atração exercida
pela cidade dentro de sua microrregião. Essa configuração pode ser visualizada na Figura
5.10.
Cidade de Nossa Senhora da Glória/SE - Procedência
dos entrevistados (2005)
25%
22%
29%
17%
7%
Nasceu na cidade
Zona rural
Zona rural de outro município
Outra cidade
Outro Estado
FIGURA 5.10 - Cidade de Nossa Senhora da Glória/SE, Procedência dos entrevistados.
Fonte: Pesquisa de Campo, 2004/2005.
Capítulo 5 Ambiente Urbano e (In)sustentabilidade
105
Vários dos migrantes que chegaram a Nossa Senhora da Glória tinham a esperança
de encontrar nela oportunidades que lhes possibilitassem uma melhor condição de vida,
mais ao contrário do esperado, depararam-se com a realidade do desemprego. Dos
entrevistados que a ela se dirigiram (21,2%), o fizeram em busca de trabalho, mais a
realidade encontrada na cidade parece não ter correspondido aos seus anseios.
Dentre as profissões dos entrevistados, a que mais se verificou foi a de agricultor,
sendo que o percentual de agricultores proprietários de terra é inferior ao dos sem terra.
Estes, por sua vez, são pessoas que “trabalham alugados”, ou seja, vendem sua força de
trabalho ao dia em terras de outras pessoas. No nível dos bairros, as profissões que
mais se destacaram foram: Autônomo, nos bairros: Centro, Nova Divinéia, Nova
Esperança e Brasília; e Agricultor, nos bairros: Nossa Senhora de Lourdes, Novo
Horizonte, Nova Brasília, Conjunto Cohab e Loteamento Cohab.
Um fato que chamou a atenção é que 24,9% dos moradores dos domicílios visitados
têm na agricultura sua fonte de rendimento, o que requer uma análise cuidadosa, por se
tratar de uma cidade que é considerada a “capital do sertão”. Outro aspecto interessante e
que merece destaque na análise do fato anterior é que, no município, grande área de terras
está voltada exclusivamente para a pecuária e os longos períodos de estiagem, verificados
nessa microrregião do sertão sergipano, não têm favorecido a produção agrícola.
A renda da maioria dos moradores de Nossa Senhora da Glória é baixa. Mesmo
aqueles chefes de família que estão trabalhando experimentam muita dificuldade em
conseguir suprir as despesas, o que leva a se questionar como estarão passando aqueles que
se encontram desempregados.
Em conseqüência, o poder aquisitivo da população é baixo, sendo que em alguns
bairros, os níveis de renda apresentados são baixíssimos, justificando assim a dificuldade
de aquisição de diversos eletrodomésticos por parte desses moradores. A renda média
familiar por bairro pode ser observada no Quadro 5.2.
Capítulo 5 Ambiente Urbano e (In)sustentabilidade
106
QUADRO 5.2 Cidade de Nossa Senhora da Glória/SE Renda média
familiar por bairro (2005)
Bairros Menos de 1 SM De 1 a 2 SM De 2 a 3 SM De 3 a 4 SM Acima de 4 SM
Brasília 28,6% 57,1% 4,8% - 9,5%
Centro 4,8% 52,4% 28,6% 4,8% 9,5%
Cohab 57,1% 42,9% - - -
Lindo Horizonte 14,3% 76,2% 4,8% 4,8% -
Loteamento Cohab 57,1% 42,9 - - -
Nova Brasília 38,1% 42,9% 9,5% 4,8% 4,8%
Nova Divinéia 14,3% 52,4% 9,5% 14,3% 9,5%
Nova Esperança 14,3% 57,1% 14,3% - 14,3%
Nossa Senhora de
Lourdes
52,4% 42,9% 4,8% - -
Fonte: Pesquisa de campo, 2004/2005.
A renda é um fator crucial da exclusão. Três dos nove bairros pesquisados - Cohab,
Loteamento Cohab e Nossa Senhora de Lourdes - apresentam os padrões de renda mais
baixos da cidade.
A falta de emprego e a baixa renda levam boa parte da população a depender quase
que totalmente de programas assistenciais do Estado, o que não sana o problema, servindo
apenas de paliativo.
Na sociedade capitalista, o trabalho é um dos requisitos básicos para a dinamização
da economia, pois é através da renda que a população terá condições de arcar com as taxas
cobradas por determinados bens e serviços presentes nas cidades e que favorecem uma
maior qualidade de vida, como por exemplo, água potável, energia elétrica e transporte.
Além da possibilidade de aquisição desses serviços, o salário deveria primeiramente
garantir ao responsável pela família, condições de saldar as despesas básicas, tais como
alimentação, vestuário, remédios, etc.
Na cidade em análise, apesar da ajuda dada pelo Governo em termos de políticas
compensatórias, através de programas como o Bolsa Família, uma parcela da população
vive em condições precárias. Mais de um terço das famílias sobrevivem com menos de um
salário mínimo, conforme pode ser observado na Figura 5.11.
Capítulo 5 Ambiente Urbano e (In)sustentabilidade
107
FIGURA 5.11Cidade de Nossa Senhora da GlóriaSE, Renda familiar média (2005)
Fonte: Pesquisa de campo, 2005
A composição da renda familiar varia em função do número de pessoas que
trabalham, na residência. Também está inserida no seu valor total a renda das pessoas
aposentadas. Vale ressaltar que 18% dos responsáveis pelas famílias visitadas são
aposentados.
Um fator que pode estar contribuindo para a baixa renda verificada na cidade é o
fato de quase um quarto dos chefes de família (24,9%) terem na agricultura suas fontes de
rendimentos. Sendo que 11,1% trabalham em terras de terceiros. Um outro agravante que
deve ser considerado é a baixa escolaridade apresentada, não só pelos responsáveis das
famílias, mais também pela maioria dos moradores.
Nem toda a população tem acesso aos benefícios da urbanização, como seria de
direito, principalmente no que se refere à infra-estrutura, tão necessária à qualidade de
vida, pois os problemas ambientais ocasionados pela forma desigual como se dá sua
distribuição, afetam também a população, de modo desigual.
Nos bairros onde reside a população mais carente, foi verificada uma maior
deficiência na oferta de equipamentos públicos, bem como de áreas verdes e de espaços
Cidade de Nossa Senhora da Glória/SE - Renda
Familiar Média (2005)
31%
53%
8%
3%
5%
Menos de 1 SM
De 1 a 2 SM
> 2 e <= 3 SM
> 3 e <= 4SM
Acima de 4 SM
Capítulo 5 Ambiente Urbano e (In)sustentabilidade
108
destinados ao lazer. Quanto a esse último, Lambert (2000) enfatiza: o direito ao lazer tem
se afastado da população com menor poder aquisitivo. Os espaços públicos, característicos
da cidade, vêm se tornando privatizados. Dessa forma, o lazer da cidade é cada vez mais
disponibilizado àqueles que têm condições de pagar.
Mello (1995, p. 193) assinala que os espaços públicos “são valores culturais que
influem, consciente ou inconscientemente, na interação da população com seu entorno, nas
suas ações e reações e mesmo na melhoria de sua qualidade de vida”.
A falta de espaços destinados ao lazer, conjugada ao grande número de jovens em
idade escolar fora da sala de aula, pode estar contribuindo para a degradação
socioambiental que se processa nos bairros de população mais carente, principalmente no
Loteamento Cohab, pois sem ir a escola o jovem fica ocioso. Segundo informações dos
entrevistados, vários jovens desse bairro são usuários de drogas.
Poucas são as opções de lazer, e os espaços culturais na cidade analisada. Foi
constatado que os espaços de lazer são conjugados com os espaços vivenciais, como praças
e campo de futebol, e que assistir TV é a forma de lazer mais efetivada pela maioria dos
entrevistados.
Um serviço que foi alvo de muitas críticas e reclamações por parte da população
local foi o de saúde. 87,3% dos entrevistados informaram ser o número de médicos
insuficiente para o atendimento da população, fato este muito grave, se considerado que a
cidade recebe uma grande demanda desse serviço, vinda de outras localidades; detendo
dessa forma, a maior parte da responsabilidade pelos atendimentos médicos da
microrregião. Outro fator agravante é que 87,8% das famílias visitadas dependem
unicamente do SUS (Serviço Único de Saúde) o que já era de se esperar devido às baixas
faixas salariais apresentadas pela população ficando assim, à mercê das ações desse
sistema. Conforme relato dos entrevistados, para se conseguir uma consulta, a pessoa tem
que dormir na fila e, quando consegue a marcação, só é atendida no final da manhã ou à
tarde.
Capítulo 5 Ambiente Urbano e (In)sustentabilidade
109
Com relação ao serviço de abastecimento de água, o Quadro 5.3, informa o número
de ligações na sede municipal até o mês de novembro de 2005.
QUADRO 5.3 Cidade de Nossa Senhora da Glória/SE - Ligações de água na sede
municípal por classe de consumidor (até nov/2005)
Ligações de água por classe de consumidor
Ano
Total
Residencial Industrial Comercial Poderes Públicos Rural
2005
5.922 5.586 4 250 82 -
Fonte: DESO (2005)
Nos últimos anos, houve uma expansão nos serviços de fornecimento de energia
elétrica e abastecimento de água no município. Na área urbana, o percentual de
atendimento nas unidades domiciliares visitadas foi de 98,9% para o serviço de energia
elétrica e 95,8% para o de abastecimento de água. Sendo que este último, apesar de seu alto
percentual de atendimento, se dá de forma diferenciada em termos de acessibilidade, bem
como de eficácia.
O abastecimento de água é bastante irregular, constituindo-se num dos maiores
problemas enfrentados pela comunidade. A falta de água é constante, principalmente nos
bairros periféricos. Em algumas ruas do Loteamento Cohab, por exemplo, a água só chega
às residências durante a madrugada e em poucas horas torna a faltar, obrigando os
moradores a passarem o dia inteiro sem água nas torneiras, além de terem que permanecer
acordados até altas horas da noite, pois 57,1% dos domicílios visitados nesse bairro não
possuem reservatório. A realidade não é muito diferente no restante da cidade, onde 74,6%
dos entrevistados afirmaram a existência de problemas de falta de água.
É a população mais carente que sofre mais intensamente os transtornos da falta
d’água, pois as condições financeiras dificultam a aquisição de reservatórios. Dentre os
domicílios visitados, apenas 59,3% possuem esse recurso.
Tanto o fornecimento de energia quanto o abastecimento de água são de
fundamental importância numa comunidade. Através da energia elétrica a população pode
utilizar eletrodomésticos, a exemplo de televisão e rádio, e se manter informada com
Capítulo 5 Ambiente Urbano e (In)sustentabilidade
110
relação ao mundo. Por sua vez, a água tratada reduz a possibilidade de doenças causadas
por verminoses.
No tocante à rede de esgoto, conforme informações prestadas pela DESO, o
município não dispõe de sistema de coleta e tratamento de efluentes de esgoto, sendo os
mesmos lançados numa rede de coleta de águas fluviais, que os transporta e lança, sem
tratamento, nos córregos periféricos da cidade. Entretanto, durante a aplicação dos
questionários ficou constatado que os moradores confundem rede de esgoto com drenagem
pluvial.
A carência na rede de esgoto leva os moradores a buscar outras alternativas para a
destinação final dos dejetos. Em alguns bairros, apenas os dejetos sanitários são lançados
nas fossas ou galerias, enquanto os demais são lançados diretamente nas ruas, conforme
ilustram as Figuras 5.12. e 5.13. No Loteamento Cohab, até mesmo os dejetos são jogados
em terrenos baldios, principalmente no que fica no fundo da Igreja.
FIGURAS 5.12 e 5.13 Fotos da forma de descarte das águas servidas na cidade de Nossa
Senhora da Glória/SE (nov./2005)
A existência de esgotamento sanitário é de grande relevância para a saúde da
população como também para a qualidade ambiental.
A Tabela 5.1 traz expressas as formas pelas quais as águas servidas são descartadas
na cidade.
Capítulo 5 Ambiente Urbano e (In)sustentabilidade
111
TABELA 5.1 - Cidade de Nossa Senhora da Glória/SE, forma de descarte das águas
servidas.
Fonte: Pesquisa de campo, 2004/2005
Com relação à limpeza pública, de acordo com Sergipe.SEPLANTEC (1997) e
informações fornecidas pela Prefeitura Municipal, a cidade possui serviço de limpeza
urbana, consistindo em varrição e coleta, efetuado diariamente através de caminhão e
trator, tendo como destino final um depósito a céu aberto, conforme ilustra a Figura 5.14.
FIGURA 5.14 Deposição final do lixo da cidade em lixão a céu aberto
(nov./2005)
A deposição do lixo em local impróprio pode trazer danos à saúde dos moradores,
principalmente para a parcela da população cujas residências se localizam mais próximas
ao lixão, como é o caso dos moradores do Bairro Novo Horizonte.
No tocante aos domicílios, a representação domiciliar dessa pesquisa foi composta
por um total de 189 domicílios, sendo visitados 21 domicílios em cada um dos nove bairros
Forma de descarte Freqüência Percentual (%)
Valeta 66 34,9
Meio da rua 53 28,0
Canto da rua 22 11,6
Outro 48 25,5
Total 189 100,0
Capítulo 5 Ambiente Urbano e (In)sustentabilidade
112
da cidade, representando um universo de 864 pessoas, distribuídas em 1.095 cômodos,
perfazendo uma média de 5,8 cômodos por domicílio; 4,6 pessoas por domicílio e 0,8
pessoas por cômodo. Na Tabela 5.2 está presente a representação domiciliar por bairro.
TABELA 5.2 Cidade de Nossa Senhora da Glória/SE, Representação domiciliar por
bairro
Bairro
Nº de
domicílios
visitados
Nº de
cômodos
Nº de pessoas
nos
domicílios
Média de
pessoas
por
domicílio
Média de
cômodos
por
domicílio
Média de
pessoas
por
cômodo
Centro 21 135 84 4,0 6,8 0,62
Cohab 21 99 107 5,1 4,7 1,1
Brasília 21 129 94 4,5 6,1 0,7
Lindo Horizonte 21 131 93 4,4 6,2 0,7
Loteamento Cohab 21 93 110 5,2 4,4 1,2
Nova Brasília 21 136 102 4,8 6,5 0,7
Nova Divinéia 21 148 91 4,3 7,0 0,6
Nova Esperança 21 126 97 4,6 6,0 0,8
Nossa Senhora de
Lourdes
21 98 86 4,1 4,7 0,9
Fonte: Pesquisa de Campo, 2004/2005
De acordo com os dados apresentados, conclui-se que na área urbana de Nossa
Senhora da Glória, os domicílios não são superpopulacionados, não havendo carência
quanto ao número de cômodos por habitação, tendo-se por base uma casa composta por 05
cômodos, a saber: sala, cozinha, banheiro e dois quartos.
Os dados retratam ainda que nos bairros, geralmente, os domicílios têm acima de
03 cômodos, sendo habitados em sua maioria por 04 moradores, conforme pode-se
perceber mais detalhadamente na Tabela 5.3.
Capítulo 5 Ambiente Urbano e (In)sustentabilidade
113
TABELA 5.3Distribuição de cômodos por domicílio e moradores por cômodo
Bairro
Nº de cômodos
que obteve maior
percentual
Percentual
(%)
Nº de moradores por
domicílio que obteve
maior percentual
Percentual
(%)
Centro 05 23,8 03 38,1
Cohab 04 38,1 05 28,6
Brasília 07 33,3 04 e 05 23,8
Lindo Horizonte 06 47,6 04 33,3
Loteamento Cohab 04 33,3 03 28,6
Nova Brasília 07 28,6 04 42,9
Nova Divinéia 07 28,6 04 38,1
Nova Esperança 08 23,8 03 28,6
Nossa Senhora de
Lourdes
05 33,3 04 38,1
Fonte: Pesquisa de Campo, 2004/2005
No tocante à situação das moradias, infere-se dos dados obtidos que a falta da casa
própria é um dos problemas que vem sendo sanado na cidade em estudo, pois a maioria das
famílias visitadas residem em domicílios próprios, atingindo um percentual de 83,1%.
A Tabela 5.4 retrata o resultado da aferição das condições de habitabilidade dos
domicílios visitados e a base do Índice de Habitabilidade.
TABELA 5.4 Nossa Senhora da Glória/SE - Condições de habitabilidade (2005)
Conceitos Critérios
Verificados
Número de
Domicílios
Valor
Escalar
Domicílios
(%)
PRECÁRIO 0 a 2 2 0/25 1,1
RAZOÁVEL 3 a 4 9 1/50 4,8
ADEQUADO 5 a 6 56 2/75 29,6
SATISFATÓRIO 7 a 8 122 3/100 64,5
TOTAL
189 100
Fonte: Melo & Souza, 2003 (adaptado)
Pesquisa de Campo, 2004/2005.
Esse índice tem por finalidade a mensuração da acessibilidade a moradias
favoráveis ao bem-estar, que propiciem condições de habitabilidade adequadas a uma vida
humana saudável.
Capítulo 5 Ambiente Urbano e (In)sustentabilidade
114
O Índice de Habitabilidade apresenta uma variação de 0 a 100 (valores escalares de
0 a 3) e foi obtido mediante a seguinte fórmula: I= 189/4=47,3 onde dividiu-se o somatório
dos valores proporcionais pelo total de valores escalares.
O referido índice foi elaborado mediante a aferição dos critérios: domicílio com 04
cômodos ou mais, ou seja, cômodos separados por função (quarto, sala, banheiro e
cozinha), em rua pavimentada, com água encanada, com luz elétrica, com fossa e/ou
ligação de esgoto sanitário, com instalações sanitárias internas, construído em alvenaria e
coberto com telha, estado de conservação do domicílio (rebocado e caiado; com piso em
revestimento cerâmico).
Pode-se perceber, através do índice encontrado para o período concernente à
pesquisa de campo, que estão ocorrendo avanços em direção a melhores condições de
habitabilidade. Entre os domicílios visitados, apenas 1,1% estavam desprovidos das
mínimas condições materiais necessárias a um digno habitar.
No que se refere às instalações sanitárias, a quase totalidade dos domicílios possui
banheiro (97,3%). Os bairros que apresentaram domicílios sem instalações sanitárias
foram: Cohab (4,8%); Loteamento Cohab (4,8%) e Nossa Senhora de Lourdes (14,3%).
Em 76,7% dos domicílios visitados, as instalações sanitárias são internas, enquanto em
20,6% elas são externas. O bairro Cohab possui 95,5% de domicílios com instalações
sanitárias internas. Por sua vez, Nossa Senhora de Lourdes é o bairro que apresentou os
piores resultados: 14,3% dos domicílios visitados não possuem instalações sanitárias e em
52,4% as mesmas são externas. As instalações sanitárias dentro do domicílio representam
uma maior comodidade para o morador.
Com relação aos bens de consumo disponíveis nos domicílios visitados, os dados
revelaram a presença de televisão na quase totalidade dos domicílios (94,7%).
Liquidificador foi outro bem de consumo com presença significativa (76,2%). Em poucos
domicílios existe a presença de computador. A esse respeito vale salientar que, dentre os
entrevistados, apenas 2,6% possuem acesso à internet. No mundo globalizado essa
ferramenta é importante e vem ganhando cada vez mais espaço no meio escolar. Nesse
sentido, os moradores dessa cidade estão em desvantagem em relação a outras localidades.
Capítulo 5 Ambiente Urbano e (In)sustentabilidade
115
Vale dizer também que o serviço de telefonia na cidade é considerado deficitário
pelos entrevistados. Mais da metade destes (101) não consideram a quantidade de telefones
públicos suficiente para atender à população. De acordo com 69,8% dos respondentes, os
mesmos não funcionam e estão em mal estado de conservação e, por mais que
reivindiquem consertos, não têm seus apelos atendidos pelos responsáveis por esse serviço.
Devido à baixa renda, a maior parte da população não possui acesso a linhas fixas, ficando
totalmente dependente dos telefones públicos, o que requer uma maior oferta e qualidade
dos aparelhos telefônicos, ao contrário do que se verifica, de modo a oferecer maior
comodidade à população.
No que tange a educação, no ano de 2005, a sede municipal possuía os
estabelecimentos constantes no Quadro 5.4, no qual estão presentes também o total de
matrículas por grau de ensino e por dependência administrativa.
QUADRO 5.4 Cidade de Nossa Senhora da GlóriaSE, Estabelecimentos de ensino
na sede municipal (2005)
Dependência administrativa
Grau de ensino
Total
Federal Estadual Municipal Particular
Ensino fundamental 12 - 4 4 4
Total de Matrícula Inicial
4.863 - 1.685 2.482 696
Ensino médio 4 - 1 - 3
Total de Matrícula Final 1.069 - 955 - 114
Fonte: Pesquisa de campo (Secretaria Estadual de Educação)
Como pode ser observado no quadro acima, o Estado e o Município são
responsáveis pela maioria das matrículas no Ensino Fundamental, correspondendo a 34,6%
e 51,0%, respectivamente. Entretanto, apresentam um número de estabelecimentos ainda
reduzido, se comparado com o total de matrículas e considerando-se a renda dos moradores
entrevistados. No que tange ao ensino médio o problema parece maior, posto que a cidade
apresenta um considerável número de jovens em idade correspondente a essa faixa escolar
e vários deles encontram-se fora da sala de aula. Nesse sentido, infere-se das entrevistas
que o reduzido número de estabelecimentos públicos com oferta para esse nível de ensino
pode estar contribuindo para o quadro atual.
Capítulo 5 Ambiente Urbano e (In)sustentabilidade
116
Com relação ao gênero, em 70,9% dos domicílios pesquisados o responsável pela
família é do sexo masculino. O bairro Centro é o único em que a maioria dos responsáveis
(52,4%) são mulheres. Se for levado em consideração que estas apresentam uma maior
escolaridade, conforme pode ser observado no Quadro 5.5 podere-se deduzir que ainda há
uma discriminação quanto ao sexo feminino em termos de acessibilidade ao mercado de
trabalho.
QUADRO 5.5 Nossa Senhora da Glória/SE Escolaridade dos moradores, segundo
o sexo (2005).
Escolaridade Sexo masculino Sexo feminino Total
Analfabeto 71 57 128
Pré-Escolar a Alfabetização 33 27 60
1ª a 4ª Série 148 129 277
5ª a 8ª Série 86 110 196
1º Grau Completo 5 4 9
2º Grau Incompleto 21 42 63
2º Grau Completo 26 33 59
Nível Superior Incompleto
-
3 3
Nível Superior Completo
-
1 1
Pós-graduação
-
1 1
Fonte: Pesquisa de campo, 2004/2005
Com relação aos 81 entrevistados que informaram possuir uma vida com qualidade,
33 atribuíram a qualidade da vida à saúde, ficando o trabalho em segundo lugar, tendo sido
mencionado por 16 moradores, conforme ilustrado na Figura 5.15.
Cidade de Nossa Senhora da Gria/SE -
Fatores atribuídos pelos moradores à qualidade de vida (2005)
33
16
7
7
7
7
20
Saúde
Trabalho
Habitação
Tem o que necessita
Tem o pão de cada dia
Tem o que quer
Outros
FIGURA 5.15 – Fatores atribuídos pelos moradores à qualidade de vida.
Fonte: Pesquisa de Campo, 2004/2005.
Capítulo 5 Ambiente Urbano e (In)sustentabilidade
117
Entre os bairros, a qualidade de vida só não foi atribuída à saúde no Loteamento
Cohab. Esse bairro apresentou o menor número de entrevistados apenas 4 que
afirmaram ter uma vida com qualidade. Nele, ela foi atribuída aos entrevistados possuírem:
“o pão de cada dia”. Através da figura 5.16, pode-se perceber melhor os fatores aferidos à
qualidade de vida entre os moradores dos bairros visitados.
Cidade de Nossa Senhora da Glória/SE - Motivo pelo qual o entrevistado
tem uma vida com qualidade, por bairro (2005)
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
Centro
Cohab
Brasília
Lindo Horizonte
Loteamento Cohab
Nova Brasília
Nova Divinéia
Nova Esperança
Nossa Senhora de
Lourdes
Freqüência
Saúde
Trabalho
Habitação
Tem o que necessita
Tem o pão de cada dia
Tem o que quer
FIGURA 5.16 – Fatores atribuídos pelos moradores à qualidade de vida, por bairro.
Fonte: Pesquisa de Campo, 2004/2005.
Como pode se perceber, o trabalho e a saúde são importantes fatores que
influenciam na qualidade de vida das pessoas. Entretanto, em Nossa Senhora da Glória,
falta trabalho e a população não está satisfeita com os serviços de saúde.
A população gloriense é constituída por pessoas muito religiosas, predominando na
cidade o catolicismo, apesar da pluralidade de religiões verificada entre os moradores,
conforme consta na Figura 5.17.
Capítulo 5 Ambiente Urbano e (In)sustentabilidade
118
Cidade de Nossa Senhora da Glória/SE
Opções Religiosas (2005)
80,4%
1,1%
5,8%
2,1%
10,6%
Sem Crença Formal
Católicos
Espírita
Evangélicos
Testemunha de Jeová
FIGURA 5.17Cidade de Nossa Senhora da GlóriaSE, Opções religiosas.
Fonte: Pesquisa de campo, 2004/2005.
O papel da Igreja católica na cidade é muito importante, devido às suas práticas
sociais, principalmente nas épocas do flagelo da seca, vivenciadas pelos citadinos mais
intensamente na década de 1970.
5.5 A SUSTENTABILIDADE LOCAL É POSSÍVEL?
Ainda não há um consenso sobre o desenvolvimento sustentável. No arcabouço da
discussão sobre o modelo ideal de desenvolvimento, acredita-se que ele deva visar a
melhoria das condições de vida da população, sem que essa melhoria justifique o
esgotamento dos recursos naturais. Desse modo, entende-se o desenvolvimento sustentável
como um processo, que carece do comprometimento de todos com a presente e as
próximas gerações.
Por serem as cidades consideradas as principais geradoras da crise ambiental, a
sustentabilidade urbana é vista como a base para o alcance do desenvolvimento
sustentável. De acordo com Lima (2004), uma cidade que funciona de modo sustentável é
aquela que possibilita a toda a população, indistintamente, uma qualidade de vida de forma
a apoiar as trajetórias individuais e coletivas.
Capítulo 5 Ambiente Urbano e (In)sustentabilidade
119
Acredita-se ser a sustentabilidade urbana possível. No entanto, deve-se estar atento
para o fato de que o efetivo desenvolvimento sustentável não só envolve a sustentabilidade
ecológica, viabilidade econômica e eqüidade social, mas requer uma integração real das
dimensões ecológica, econômica e social, não sendo condição satisfatória a consideração
apenas de uma ou a combinação de duas dessas dimensões em detrimento de outra, pois é
essencial que exista uma integração real entre essas três dimensões (Schussel, 2004).
Os resultados da análise dos diversos indicadores da sustentabilidade urbana são
apresentados no item a seguir.
5.6 NOSSA SENHORA DA GLÓRIA - TENDÊNCIA À (IN)SUSTENTABILIDADE
De acordo com Serafy (1999), a sustentabilidade é um tema que vem sendo
bastante utilizado em vários contextos, sendo alvo de diversos interesses. Porém, o autor
ressaltando dois de seus múltiplos aspectos, enfatiza que o grau de sustentabilidade que se
está buscando depende do objetivo que se deseja sustentar. Dessa forma, tem-se a
sustentabilidade fraca, relacionada a ações que permitem a substituição do capital natural, e
sustentabilidade forte, aquela que mantém o estoque do capital natural, visto que esses
recursos são indispensáveis.
A fim de alcançar o objetivo deste estudo, foram estabelecidos os seguintes graus
de sustentabilidade: baixa, fraca, média e forte.
Após a aferição da sustentabilidade, apresentada com detalhes no Anexo B,
conclui-se que a cidade de Nossa Senhora da Glória apresenta uma fraca sustentabilidade.
A seguir, são apresentados os condicionantes e potencializadores que contribuíram para o
grau aferido.
Capítulo 5 Ambiente Urbano e (In)sustentabilidade
120
Resíduos Sólidos Urbanos
O tema resíduos sólidos apresentou uma baixa sustentabilidade, tendo como fator
condicionante a área de deposição. Mesmo havendo uma freqüente coleta, os resíduos
sólidos produzidos na cidade são jogados a céu aberto em um lixão próximo à cidade. A
forma de transporte também é outro agravante, uma vez que se dá através de caminhão sem
contêiner.
Além das agressões ao meio ambiente, a falta de uma deposição adequada dos
resíduos sólidos, como aterro sanitário, pode colocar em risco a saúde da população.
Água e Esgoto
No que se refere ao tema água e esgoto, o mesmo foi considerado de fraca
sustentabilidade, tendo como principal condicionante a inexistência de rede de esgoto na
cidade, não sendo feito nenhum tipo de tratamento dos resíduos líquidos, provocando a
poluição e contaminação dos córregos da cidade.
Infra-estrutura e Bem-estar Coletivo
A infra-estrutura e o bem-estar, na cidade em estudo, apresentaram sustentabilidade
média. Apesar de ter um alto número de domicílios ligados à rede de energia elétrica e o
serviço de polícia prestar o atendimento quando solicitado, contribuindo assim para uma
maior sustentabilidade, o elevado número de domicílios com problemas de falta de água
(74,6%), a insuficiência na quantidade e o mau estado de conservação dos aparelhos
telefônicos, bem como o tempo que o serviço de polícia demora para atendimento ao
chamado foram condicionantes ao grau de sustentabilidade média.
A falta de água é um sério problema, pois reflete diretamente na qualidade de vida
da população.
Capítulo 5 Ambiente Urbano e (In)sustentabilidade
121
Saúde Pública
Com relação à saúde pública, a mesma possui baixa sustentabilidade. Foi
constatado que um elevado percentual (91,4%), dentre os domicílios com crianças, têm a
vacinação atualizada, contribuindo dessa forma para a prevenção de doenças. Entretanto,
esse fato faz emergirem indagações se realmente constitui um hábito preventivo, ou o
cumprimento de um requisito para ser usuário dos programas governamentais, visto que
evidenciou-se na pesquisa uma grande quantidade de entrevistados que são atendidos pelo
Bolsa-escola, Bolsa-família, PETI (Programa de Erradicação do trabalho Infantil), Pró-
leite, Fome Zero, CartãoCidadão e Cartão Alimentação.
Dentre os condicionantes para o baixo grau de sustentabilidade da saúde pública
foram considerados: a insuficiência quanto ao número de médicos para o atendimento da
população, considerada por 87,3% dos entrevistados. Essa informação foi aferida mediante
as respostas dos entrevistados aos questionários; a falta de qualidade quanto ao
atendimento no hospital da cidade, informada por mais da metade dos entrevistados
(52,4%), e quanto ao serviço de distribuição de remédios, tida por 40,7% como ineficiente;
O reduzido número de postos de saúde na cidade (04), sendo disponibilizados apenas um
médico para atendimento em cada um, tendo por base a alta demanda pelo serviço, bem
como a discriminação quanto a marcação de consultas, pois foi relatado por alguns
entrevistados que os parentes e amigos dos profissionais que trabalham nesses
estabelecimentos de saúde têm preferência, conseguindo rápida marcação, enquanto o
restante dos moradores tem que dormir na fila para arriscar conseguir uma ficha.
Outro agravante para a saúde publica na cidade foi a baixa taxa de leitos por 1000
habitantes (1,75) para o ano de 2005, em comparação com os parâmetros da Organização
Mundial de Saúde (OMS), que recomenda 4,5 por mil habitantes. Essa taxa foi calculada
tendo por base o número total de leitos na cidade (51) em relação à população estimada
pelo IBGE para o município em 2005 (29.062 habitantes).
Alguns fatores que merecem destaque é que de modo geral, a infra-estrutura dos
postos de saúde foi classificada como boa por 67,2% dos entrevistados e, segundo 58,8%
destes, os equipamentos encontrados nos postos apresentam boas condições.
Capítulo 5 Ambiente Urbano e (In)sustentabilidade
122
Escolarização Pública
No tocante à escolarização básica, essa temática apresentou fraca sustentabilidade,
visto que a taxa total de alfabetização da população do município no ano de 2000 foi de
68,7%, de acordo com o (IBGE, Censo 2000). Essa informação é em relação ao município,
em virtude da falta de viabilização de dados para a área urbana.
Dentre os domicílios visitados, 31,2% dos responsáveis pela família se dizem
analfabetos; apenas 2,6% dos responsáveis possuem o 1º Grau Completo. Outro
condicionante para a fraca sustentabilidade foi o fato de na cidade só existir um
estabelecimento de ensino público que oferece o 2º Grau, uma vez que a renda familiar
média verificada na maioria dos domicílios visitados oferece poucas possibilidades de
algum morador freqüentar escola particular. No ano de 2005, o único colégio estadual com
oferta para o ensino médio foi responsável por 89,3% das matrículas. Essa ínfima oferta
em termos de estabelecimentos para esse grau de ensino, pode ocasionar a dificuldade de
se conseguir vaga, podendo estar contribuindo para que a população não dê continuidade
aos estudos, visto que apenas 6,3% dos responsáveis pelas famílias visitadas possuem o 2º
Grau Completo. A realidade não é muito diferente para os demais moradores dos
domicílios visitados, apenas 5,43% possuem essa escolaridade. No que tange ao ensino
Fundamental foi constatada uma forte pressão na rede pública. A mesma foi responsável
por 85,69% das matrículas em 2005.
Com relação à infra-estrutura das escolas públicas, 64,0% dos entrevistados a
consideraram como boa e 9,0% como ótima; de acordo com informações de 150
entrevistados, as escolas fornecem merenda escolar e 118 desses a classificaram como de
boa qualidade. No tocante a qualidade do ensino dessas escolas, 60,8% dos entrevistados a
consideraram como boa, e 12,7% a classificaram como ótima. 132 respondentes
informaram que o número de professores é suficiente para atendimento da demanda
estudantil. Esses foram alguns fatores que podem contribuir para a sustentabilidade e que
merecem destaque.
Através da educação pode-se despertar no homem uma consciência quanto ao
desenvolvimento sustentável, bem como um espírito de compreensão e responsabilidade
Capítulo 5 Ambiente Urbano e (In)sustentabilidade
123
recíprocas, podendo ele repassar os conhecimentos aprendidos para a sua comunidade, e
juntos, buscarem soluções para os problemas ambientais locais, contribuindo assim para a
preservação ambiental.
Habitação
A habitação na cidade de Nossa Senhora da Glória apresentou um forte grau de
sustentabilidade. Dentre todos os temas estudados, este foi o único em que todos os
parâmetros e indicadores analisados apresentaram os valores satisfatórios, potencializando
dessa forma o forte grau de sustentabilidade alcançado.
Cobertura Vegetal
No que se refere à arborização, um forte agravante para a baixa sustentabilidade
apresentada por essa variável foi o fato de que a Praça Filemon Bezerra Lemos, antiga
Getúlio Vargas, que detinha a maior área verde presente na cidade (2.550m
2
), teve a copa
de suas árvores totalmente podada. A ausência de uma adequada área verde, tanto influi
negativamente na qualidade ambiental, quanto na saúde da população.
A falta de arborização aliada ao forte clima da região faz com que as pessoas
tenham que andar de sombrinha ou guarda-chuvas, para se protegerem do sol intenso que
assola a cidade, conforme ilustrado na Figura 5.18. A forte irradiação solar pode expor a
população a uma maior incidência de câncer de pele.
FIGURA 5.18 – Foto de pessoas usando sobrinha para se protegerem do sol
intenso (maio./2005) na cidade de Nossa Senhora da Glória/SE.
Capítulo 5 Ambiente Urbano e (In)sustentabilidade
124
Trabalho e Renda
Com relação a esse tema, o baixo percentual de moradores trabalhando em
atividade formal (7,7%), bem como a baixa renda média da família (de 01 a 2 SM) ao mês,
foram fortes condicionantes para o grau de baixa sustentabilidade da mesma.
A renda é necessária para uma boa qualidade de vida, visto que ela proporciona a
aquisição de bens e serviços, que representam maior conforto. Ela é também necessária
para a inserção na sociedade.
Assim como a renda, o trabalho é de grande importância para a qualidade de vida, é
através dele que a maior parte das pessoas tem acesso à renda.
No tocante à situação empregatícia dos moradores dos domicílios visitados, quase
1/4 encontram-se desempregados e 21,8% trabalham sem carteira assinada. Destes, apenas
0,9% trabalham por contrato na Prefeitura da cidade, o restante (20,9%), desenvolvem
atividades informais, o que é preocupante, pois tais cidadãos estão sujeitos a várias formas
de exploração, à medida que não têm seus direitos assegurados pelas leis trabalhistas, uma
vez que não possuem carteira assinada e conseqüentemente não recolhem à previdência, o
que lhe possibilitaria uma aposentadoria futura por tempo de serviço.
Esse fato se reverterá em problemas futuros para a cidade, influenciando
negativamente na sua sustentabilidade, tendo por base que com o passar do tempo, as
condições físicas dessas pessoas, impostas pela idade, não lhes permitirão a continuidade
de suas atividades. Dito de outro modo: a força braçal enfraquece com a idade,
conseqüentemente a cidade tenderá a perder renda, o que representa uma tendência
insustentável.
A área urbana de Nossa Senhora da Glória é marcada pela segregação e exclusão.
Os resultados da pesquisa demonstraram a necessidade de ações no tocante a políticas
públicas que favoreçam a reversão dessas questões, assim como do atual quadro de
Capítulo 5 Ambiente Urbano e (In)sustentabilidade
125
degradação socioambiental observado, pois caso seja mantido, a tendência da cidade é a
completa insustentabilidade.
Para uma cidade sustentável é necessário a adoção de ações que contemplem os
recursos socioambientais. O alcance da sustentabilidade da cidade exige também que sejam
deixados de lado a tomada de soluções imediatistas e que sejam transpostos os
individualismos das partes que a governam
De acordo com Neumann (2003), para o alcance da sustentabilidade da cidade a
mesma deve ser vista como uma malha englobando diversos fatores de ordem econômica,
cultural e sociambiental.
Para o revertimento do quadro atual, em prol da sustentabilidade, deve-se haver
uma maior integração entre planejamento e gestão, uma vez que a sustentabilidade é mais
um processo do que um estado. Através da integração entre fatores ambientais econômicos
e sociais, deve-se gerenciar levando em consideração os novos marcos da gestão urbana,
tendo a ação local como foco.
Dessa forma, mesmo tendo uma administração setorizada, as diversas políticas, seja
de saúde, educação, econômica, ainda que provenham de fontes distintas de recursos,
devem convergir a um objetivo comum à sustentabilidade da cidade, tendo como meta a
satisfação do cidadão.
Acredita-se ainda que, para a reversão desse quadro de degradação socioambiental
verificado na cidade em estudo, além da adoção de formas sustentáveis de desenvolvimento
é necessário um compromisso mútuo entre poder público e sociedade civil. Nesse sentido, é
preciso desenvolver na comunidade o interesse pela preservação ambiental, o que só será
conseguido através de informações, de conhecimento, engajamento e participação.
CAPÍTULO 6
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Capítulo 6 Considerações Finais
127
6.1 POLÍTICAS PÚBLICAS X SEGREGAÇÃO SOCIOESPACIAL
URBANA EM NOSSA SENHORA DA GLÓRIA/SE
Ramos (2002) salienta que as políticas urbanas locais atingem aspectos distintos
interligados a uma totalidade social, conferindo-lhe significado, podendo ser verificadas
através da conexão entre os níveis econômico, político e social. Desse modo, tais políticas
comportam, além dos meios de reprodução da vida do trabalhador (geralmente de
competência municipal), as infra-estruturas urbanas, os meios de comunicação e
transporte, bem como os equipamentos e serviços coletivos.
Ainda de acordo com o pensamento da autora supracitada, na sociedade atual, a
relação entre capital e trabalho influencia o poder local ao longo do seu processo de
desenvolvimento, pois todo o espaço urbano se faz presente em diversas realidades do
processo ampliado de produção capitalista, participando principalmente no processo de
reprodução da força do trabalho no que diz respeito à luta por equipamentos e serviços
coletivos, de competência dos organismos do Estado na esfera local, constituindo-se tal
luta em conflito entre gestores públicos e os trabalhadores pertencentes às camadas mais
pobres da população, que tanto necessitam desses meios.
Boa parte dos centros urbanos brasileiros é palco das mais diversas desigualdades
sociais. As condições precárias a que está submetida à população que reside nessas cidades
destacam a premente necessidade de ações governamentais no que concerne à efetivação
de políticas públicas que representem respostas plausíveis para a reversão do quadro de
segregação socioespacial, nesses centros.
À luz do exposto, ressaltamos que o poder local não deve ser considerado apenas
como governo municipal, pois conforme salienta a autora, no território da cidade se
estabelecem várias relações sociais conflituosas e de caráter contraditório. Destacamos
ainda que o município tem sua força de ação limitada, necessitando portanto, da ação das
outras duas esferas do poder.
Capítulo 6 Considerações Finais
128
Os resultados obtidos neste trabalho retratam que a segregação socioespacial
analisada enquanto indissociável da degradação do meio ambiente verificada
principalmente na periferia da cidade de Nossa Senhora da Glória/SE, contribui para o seu
fraco grau de sustentabilidade.
Ao serem questionados se Nossa Senhora da Glória/SE era uma cidade boa para se
viver, 76,7% dos entrevistados responderam que sim. Entre esses respondentes, o motivo
mais alegado foi o fato da cidade ser tranqüila. Entretanto, a tranqüilidade não é igual em
todos os bairros.
No que diz respeito à segurança, nem todos os bairros possuem o mesmo
tratamento por parte do serviço de polícia. No Loteamento Cohab, por exemplo, esse
serviço é bastante discriminador, tanto no tratamento dos moradores quanto ao tempo para
atendimento ao chamado. Por outro lado, o serviço de coleta de lixo não é feito de forma
igualitária em toda a cidade.
Sem acesso à renda, vivendo de subempregos, uma considerável parcela da
população é excluída, vivendo em situações precárias. Essas situações, aliadas ao baixo
nível de escolaridade da população, têm levado à degradação do meio ambiente urbano de
Nossa Senhora da Glória. Dessa forma, lixo espalhado por ruas e terrenos baldios, falta de
arborização, esgotos escorrendo a céu aberto, são alguns dos aspectos que indicam que a
qualidade de vida está intimamente ligada à questão da problemática ambiental.
Essa segregação nos faz questionar quanto à existência de eficazes políticas
públicas, que se traduzam num maior comprometimento entre poder público e sociedade,
voltadas para a possibilidade de melhores condições de vida em toda a cidade e não apenas
em parte desta, pois todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente saudável, bem
como ter condições de suprir suas necessidades básicas, independendo de sua situação
financeira.
Capítulo 6 Considerações Finais
129
6.2 – GESTÃO MUNICIPAL E RESPONSABILIDADE AMBIENTAL
Dentre as dimensões da sustentabilidade analisadas para esta cidade, a dimensão
ambiental foi a que apresentou os piores resultados, sendo classificada como de baixa
sustentabilidade, fato este muito preocupante visto que a qualidade ambiental é uma
condição necessária à vida, e o direito da população a um ambiente saudável é garantido
por lei.
Tendo por base que a problemática ambiental está intimamente relacionada aos
diversos aspectos da cidade, ligando assim a gestão ambiental à gestão urbana, e
considerando que nas últimas décadas, a gestão ambiental tem ganhado espaço nas
prefeituras, indagamos que a questão ambiental na cidade em estudo requer uma maior
atenção por parte dos seus governantes, pois o município é também responsável pela
política ambiental.
A esse respeito vale salientar que as discussões acerca das responsabilidades em
termos ambientais na esfera dos municípios têm sido ampliadas no Brasil. Um importante
marco neste sentido, foi o poder atribuído aos municípios através da Política Nacional do
Meio Ambiente (PNMA), instituída pela Lei 6.938/81, que introduziu o conceito do
Sistema Nacional de Meio Ambiente, instituindo a descentralização, estabelecendo três
níveis de atuação: federal, estadual e municipal. Tendo como missão a promoção do
fortalecimento institucional municipal quanto a elaboração de normas ambientais para a
defesa do meio ambiente, de modo a garantir a preservação, melhoria e recuperação da
qualidade ambiental favorável à vida (IBAMA, 1995; Philippi Jr., 1999; IBGE, 2002-
Perfil dos municípios brasileiros, 2001).
Com vistas ao alcance desse objetivo, os municípios devem fazer uso, dentre outros
documentos, do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e do Relatório de Impacto Ambiental
(RIMA), exigidos para o licenciamento e revisão de atividades consideradas como
poluidoras; do Zoneamento Ambiental; assim como dos Cadastros Técnicos e Relatórios
de Qualidade Ambiental, etc. (IBAMA, 1995).
Capítulo 6 Considerações Finais
130
Com a criação da ANAMMA Associação Nacional de Municípios e Meio
Ambiente, implantada em dezembro de 1998, que tem por objetivo promover a articulação
política entre os municípios, fomentando a instalação de órgãos ambientais locais, dando
apoio e subsídio a tais órgãos no que se refere à estruturação institucional e a capacitação
técnica de seus funcionários, o município tem a oportunidade de ter registradas as
experiências de trocas de informações entre os demais.
Através da promoção da participação municipal nos Conselhos Estaduais de Meio
Ambiente, essa associação intensifica o envolvimento dos municípios na execução da
política ambiental brasileira, fortalecendo o poder local no que se refere às ações
ambientais.
Em suma, o poder local, no que se refere às decisões pertinentes às questões
ambientais foi ampliado pela Constituição Federal de 1988, que reforçou a
responsabilidade desse poder quanto à busca de soluções para as questões ambientais e
promoveu também uma reforma tributária visando o fortalecimento financeiro dos
municípios. Cabe a estes assumirem a responsabilidade e estruturar-se adequadamente de
modo a favorecer a eficaz gestão ambiental tanto nos aspectos técnicos, quanto
tecnológicos e operacionais, de maneira a propiciar adequadas condições para a proteção, e
recuperação da qualidade ambiental, pois o controle da qualidade do ar, das águas, do uso e
ocupação do solo, bem como dos diversos tipos de resíduos sólidos produzidos são de sua
competência, assim como a promoção e manutenção de parques, áreas verdes, áreas de
proteção ambiental, etc.
Conforme salienta Caroni et al. (1999), para o desenvolvimento da competência
licenciatória, o município deve ter implementado e em funcionamento, um conselho de
meio ambiente estruturado com técnicos capacitados e com a participação da comunidade,
na falta de uma secretaria de meio ambiente. Em Nossa Senhora da Glória inexistem tais
órgãos, não havendo nenhum departamento relacionado ao meio ambiente, conforme
informações obtidas junto ao atual secretário da agricultura do município: “as licenças
ambientais são concedidas pela Secretaria de Obras, Urbanismo, Transporte e Energia”.
Capítulo 6 Considerações Finais
131
Mesmo levando em consideração que, na prática, a gestão municipal ainda encontra
algumas dificuldades em termos de articulação política e autonomia, principalmente em
termos de recursos financeiros, ressaltamos que os problemas ambientais não devem ser
esquecidos por essas dificuldades, pois a preocupação com o meio ambiente não deve se
restringir às fronteiras administrativas.
Dessa forma, o município de Nossa Senhora da Glória deve implantar ações
gerenciais, sobretudo nos campos da (Educação, Cultura, Saúde e Geração de Emprego e
Renda), a fim de promover uma relação interativa e institucional com a comunidade local,
levando à minimização dos efeitos da sustentabilidade pouco efetiva, verificada na cidade
em foco.
6.3 DESENVOLVIMENTO, PRESERVAÇÃO AMBIENTAL E QUALIDADE DE
VIDA DOS MORADORES DE NOSSA SENHORA DA GLÓRIA/SE
Do exposto, salientamos que a estruturação do referido município deve ser
adequada ao favorecimento da eficaz gestão ambiental, de maneira a propiciar melhores
condições para a proteção, e recuperação da qualidade ambiental, contribuindo assim para
que seus habitantes possuam uma melhor qualidade de vida, colaborando para um
desenvolvimento que respeite os limites ambientais.
Para que se estabeleça a preservação ambiental nessa cidade, é imprescindível a
participação da comunidade, o que requer conhecimento, engajamento e informação, por
parte desta. Desse modo, a agenda 21 é uma ferramenta de grande importância no sentido
de conduzir a sociedade, de forma participativa, rumo ao desenvolvimento sustentável,
uma vez que foi constatado que a cidade não possui essa agenda, então seria adequada a
construção da mesma, através da participação da comunidade local, discutindo assim os
interesses comuns.
Um outro passo no sentido da adoção de mecanismos participativos de gestão
local seria a atualização do plano diretor, dando espaço para a participação da comunidade
se pronunciar e decidir conjuntamente com o poder público o futuro da cidade, visto que a
Capítulo 6 Considerações Finais
132
falta de um planejamento que norteie a expansão urbana dificulta a adoção de planos
ambientais.
Ao longo desse estudo evidenciou-se que o processo de desenvolvimento da cidade
de Nossa Senhora da Glória não tem se estabelecido com a devida preocupação por parte
de seus governantes no que diz respeito à manutenção da saúde de seu sistema ambiental,
também não tem evitado a degradação. No que diz respeito à redução da desigualdade
social, ainda resta muito a ser feito em termos de políticas públicas e ações de cidadania.
Com base no exposto, são sugeridas a seguir, algumas estratégias de ação
favorecedoras da sustentabilidade local.
6.4 - ESTRATÉGIAS DE AÇÃO PARA A SUSTENTABILIDADE LOCAL
6.4.1 - Temas indicadores de pressão
Os indicadores que compõem os temas resíduos sólidos e esgoto exercem forte
pressão sobre o meio ambiente. Os resíduos sólidos constituem-se numa das principais
degradação do ambiente, potencializando ameaças à saúde da população, dessa forma, são
portanto, de grande importância no estudo da qualidade de vida.
Conforme salienta Schalch (1995), os resíduos sólidos classificam-se em: urbanos
(englobam o lixo domiciliar, o comercial, resíduos decorrentes de serviços como feiras
livres e poda de árvores, além dos provenientes da varrição das ruas da cidade); industriais,
tóxicos e perigosos; de serviços de saúde; radioativos e agrícolas.
Os métodos mais utilizados para tratamento dos resíduos sólidos, considerados
adequados sob os aspectos sanitários e ecológicos são: aterro sanitário, compostagem e
incineração. Sugerimos a implantação de aterro sanitário na cidade em estudo, pois é o
método mais econômico, dentre os apresentados, bem como o mais difundido
mundialmente, sendo uma técnica que disponibiliza os resíduos sólidos urbanos no solo
Capítulo 6 Considerações Finais
133
sem causar danos ou riscos à saúde pública nem à segurança, além de possibilitar a redução
de impactos ambientais.
No tocante aos temas água e esgoto, a falta de eficácia quanto aos aspectos que
compõem esses serviços, a saber: abastecimento de água, coleta e tratamento dos esgotos;
e drenagem, podem submeter a população a doenças como: febre amarela, malária,
esquistossomose, leptospirose, doenças de pele, teníases, etc.
A falta de esgotamento sanitário para tratamento adequado dos resíduos líquidos
gerados, além da possibilidade de danos à saúde humana pode comprometer a qualidade
ambiental, contaminando as águas dos rios que banham a cidade.
Diante do exposto, buscamos respaldo nas palavras de Ribeiro (1998), no sentido
de que faz-se necessária a integração das diversas políticas: de saneamento, de recursos
hídricos, de meio ambiente, urbanística, além do uso e ocupação do solo. Os planos de
desenvolvimento urbano devem considerar os aspectos relativos ao escoamento das águas
pluviais, favorecendo a minimização de ocorrências de alagamentos, devem ainda
controlar o excesso de impermeabilização da cidade, de modo a possibilitar a retenção de
forma natural.
6.4.2 - Temas indicadores de estado
Os indicadores dos temas de estado dizem respeito às condições atuais do ambiente
frente às pressões recebidas do meio antrópico. Neste trabalho, os temas infra-estrutura e
bem-estar coletivo; habitação e arborização, retratam o estado atual da cidade de Nossa
Senhora da Glória, face ao processo de urbanização.
Um grave problema visualizado na área de estudo foi a falta de arborização. A
cidade possui elevadas temperaturas, em decorrência de sua localização no semi-árido
nordestino. Apesar do exposto, verificou-se que a mesma apresenta uma forte tendência à
impermeabilização nas praças, avenidas, ruas e calçadas. A amenização desse problema
poderia se dá através da adoção de áreas verdes arborizadas, que contribuiriam para uma
maior qualidade do ar respirado pelas pessoas.
Capítulo 6 Considerações Finais
134
No que diz respeito à infra-estrutura e bem-estar, foi verificado que a falta de
praças no Loteamento Cohab pode estar contribuindo para a marginalização presente neste
bairro.
Por seu turno, a habitação é um bem necessário à qualidade de vida. Entretanto,
devido à possibilidade de ser tratada através do aspecto financeiro e econômico é
condicionada ao mercado imobiliário, fato esse que dificulta a igualdade da condição de
acessibilidade a esse bem. Dessa forma, as pessoas com menor poder aquisitivo ficam à
mercê do Estado, no que diz respeito à aquisição da casa própria, e na falta de políticas
adequadas que favoreçam a aquisição, essas pessoas procurarão outras alternativas de
moradia, o que pode levar a degradação ambiental da cidade.
Na cidade de Nossa Senhora da Glória, apesar do elevado percentual de domicílios
próprios (83,1%), verificou-se a existência de moradias em áreas impróprias para a
habitação. Diante do exposto, a adequada gestão ambiental de ocupações territoriais deve
ser a principal preocupação do poder público, uma vez que este é responsável pela
regulação do uso e ocupação do solo.
6.4.3 - Temas indicadores de resposta
De acordo com Santos (2004), os indicadores de resposta dizem respeito às ações
da sociedade, bem como dos agentes responsáveis pelo estado em que o meio se encontra.
Entre as iniciativas que se constituem respostas quanto ao tema habitação, estão
sendo desenvolvidos os projetos: Casas para pessoas de baixa renda e Casa para todos.
Na cidade em análise a sustentabilidade deve ser almejada considerando os
aspectos econômicos e sociais, através de um efetivo planejamento que dê suporte ao
crescimento da malha urbana de maneira inclusiva, ou seja, promovendo o acesso aos bens,
serviços e equipamentos urbanos às novas localidades resultantes da ampliação do tecido
urbano, conforme preconiza Veiga ( 2005).
Capítulo 6 Considerações Finais
135
Alguns dos desafios a serem superados é a baixa renda e o grande número de
atividade informal. Nesse sentido, devem ser implementadas políticas voltadas para a
geração de emprego e renda. Dito de outra forma, é necessário solucionar problemas
relativos a emprego, desemprego e renda, pois só desse modo o cidadão poderá pagar as
taxas públicas cobradas pelos serviços concernentes ao espaço urbano adequadamente
estruturado pelos padrões técnicos, assim como manter as despesas com alimentação,
saúde, educação, transporte e lazer.
Vale ressaltar que para a sustentabilidade e conseqüente melhoria da qualidade de
vida da população, faz-se necessário a ampliação na infra-estrutura e equipamentos,
principalmente ao que diz respeito à rede de esgoto; destinação final do lixo doméstico;
drenagem urbana; tratamento de esgoto e paisagismo. Também deve ser promovidos
investimentos nas áreas de saúde e educação.
De acordo com Maglio (1995), no Brasil, os problemas ambientais urbanos são
decorrentes da pobreza das cidades ou provenientes da concentração de atividades
econômicas como a indústria nas áreas urbanas, no caso de Nossa Senhora da Glória/SE,
os problemas ambientais estão mais relacionados à pobreza da população. Neste sentido,
uma forma de se conseguir recursos para a instalação e manutenção do sistema urbano
público é através de investimentos na própria cidade, levando assim à geração de riqueza e
melhores condições financeiras da população local.
Não se pretende com esta pesquisa esgotar as discussões acerca das questões aqui
discutidas. Dessa forma, estudos que possam retomar a discussão ora realizada, visando o
aprofundamento analítico destas e de outras questões e conflitos processados no ambiente
urbano das cidades locais, não são apenas úteis, mas necessários.
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ANEXOS
ANEXO A
145
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
NÚCLEO DE ESTUDOS DO SEMI-ÁRIDO NESA
QUESTIONÁRIO APLICADO À COMUNIDADE COMO INSTRUMENTO DE
LEVANTAMENTO DE DADOS PARA PESQUISA DE DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE
QUESTIONÁRIO _______
A ser respondido por morador (a) adulto (a) de domicílio urbano.
Pesquisador(a): _______________________________________________________________ Data de Aplicação: __/___/___
Bairro: _________________________________________________________ Setor: _______________________________
Rua: ___________________________________________________________________________________________________
1 COMPOSIÇÃO E PERFIL FAMILIAR
1.1-Tempo que mora em Nossa Senhora da Glória _________
1.2-Tempo de residência na casa ________
1.3-Moradia anterior: ( )
Zona rural ( ) Zona rural de outro município. Especifique _____________________________________
( ) Outro bairro da cidade. Especifique_____________________________ ( ) Outro cidade. Especifique________________________________
( ) Outro Estado. Especifique______________________________
1.4-Por que escolheu esta cidade para morar? ( ) Família ( ) Trabalho ( ) Educação ( ) Saúde ( ) Nascimento
( ) Outro. Especifique _______________________________________. ( ) Diversos
1.5-Informações sobre o grupo familiar:
PESSOAS QUE MORAM NA
RESIDÊNCIA
ENTREVISTADO
RESP.
PELA
FAMÍLIA
IDADE
SEXO
ESCOLARIDADE
(SÉRIE E GRAU)
AINDA
ESTUDA
TRABALHA
TRAB. C/ CART.
ASSINADA
TEMPO DE
DESEMPREGO
PROFISSÃO
APOSENTADO
( ) Masc. ( ) Fem.
(X)
SIM NÃO SIM NÃO SIM NÃO
SIM NÃO
GRAU DE PARENTESCO
EM RELAÇÃO ÀO ENTREVISTADO (A)
1.6 - Renda média da família: ( ) Menos de 1 SM ( ) De 1 a 2 SM ( ) De 2 a 3 SM ( ) De 3 a 4 SM ( ) Acima de 4 SM
1.7 - A família recebe algum tipo de auxílio do governo? ( ) Sim. Qual?_______________________________________________ ( ) Não
2 CARACTERÍSTICAS DA HABITAÇÃO
2.1-Número de cômodos ________
2.2-Imóvel: ( ) Próprio ( ) Alugado ( ) Cedido ( ) Ocupação irregular. Especifique__________________________________
2.3-Tipo de parede: ( ) Tijolo ( ) Madeira ( )Taipa ( ) Outra. Especifique _________________________________________
2.4-Revestimento da parede: ( ) Só rebocada ( ) Rebocada e caiada ( ) Sem revestimento ( ) Outro. Especifique__________________
2.5-Cobertura do imóvel: ( ) Telha ( ) Palha ( ) Madeira ( ) Laje ( ) Outra. Especifique___________________________________
2.6-Tipo de piso: ( ) Revestimento cerâmico ( ) Cimento ( ) Tijolo ( ) Outro. Especifique _________________________________
2.7-Tem energia elétrica ligada na casa? ( ) Sim ( ) Não
2.8-Instalações hidráulicas: ( ) Inst. completa com reservatório ( ) Inst. incompleta sem reservatório ( ) Outra. Especifique_____________
ANEXO A
146
3 RESÍDUOS SÓLIDOS
3.1-Há coleta de lixo nesse bairro? ( ) Sim. Número de vezes por semana _________ ( ) Não
3.2-Tipo de transporte coletor: ( ) Carroça ( ) Caminhão ( ) Carro coletor ( ) Trator ( ) Outro. Especifique _________________
3.3-Caso não, o que faz com o lixo? ( ) Joga no rio ( ) Enterra ( )Joga em terreno baldio ( ) Queima ( ) Outro. Especifique __________
3.4-Mesmo havendo coleta de lixo existem pessoas que jogam o lixo na rua ou em terreno baldio? ( ) Sim ( ) Não ( ) Não sabe informar
3.5-Qual o seu grau de satisfação quanto ao serviço de coleta de lixo? ( ) Muito satisfeito ( ) Satisfeito ( ) Pouco satisfeito
4 INFRA-ESTRUTURA E BEM-ESTAR
4.1-Qual a quantidade de praças existentes no bairro: ( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ou mais ( ) Não sabe informar
4.2-Qual a quantidade de espaços culturais existentes no bairro: ( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ou mais ( ) Não sabe informa
4.3-Quais as atividades de lazer dessa família? _____________________________________________________________________________
4.4-Você tem acesso à internet? ( ) Sim ( ) Não Caso SIM, onde? _______________________
4.5-Você Lê jornal? ( ) Sim ( ) Não Quantas vezes na semana? ___________________________
4.6-É praticante de alguma religião? ( ) Sim ( ) Não Qual? ________________________
4.7-Nessa família alguém participa de atividades sociais e/ou comunitárias? ( ) Sim ( ) Não Quais? ______________________________
4.8-A quantidade dos telefones públicos nesse bairro é suficiente para atender à população? ( ) Sim ( ) Não
4.9-Os telefones públicos funcionam e estão em bom estado de conservação? ( ) Sim ( ) Não
4.10-As mais freqüentes ocorrências nesse bairro são: ( ) Roubo ( ) Brigas ( ) Estúpro ( ) Assassinato
( ) Outro. Especifique ____________________
4.11-Quando solicitado, o serviço de policia presta o atendimento? ( ) Sim ( ) Não ( ) Não sabe informar
4.12-Caso SIM, quanto tempo demora para atender ao chamado? ( ) Menos de 5 minutos ( ) De 5 a 10 minutos ( ) De 11a 20 minutos
( ) De 21 a 30 minutos ( ) Mais de 30 minutos.
4.13-Classifique o serviço de polícia desta cidade: ( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Ruim ( ) Péssimo ( ) Não sabe informar
4.14-A cidade de Nossa Senhora da Glória é boa para se viver ( ) Sim ( ) Não Por que? __________________________________________
,
4.15-Você tem uma vida com qualidade? ( ) Sim Por quê? __________________________________________________________________
4.16-Caso NÃO, o que lhe falta para ter uma vida com qualidade? ( ) Trabalho ( ) Habitação ( ) Renda ( ) Saúde ( )
Educação ( ) Lazer ( ) Outro. Especifique _____________________________________
4.17-Aspectos da rua ( ) Rua calçada ( ) Rua sem calçamento
5 SANEAMENTO
5.1-Existe rede de distribuição de água tratada? ( ) Sim ( ) Não
5.2-Caso SIM, as instalações hidráulicas são: ( ) Completa com reservatório ( ) incompleta sem reservatório ( ) Outra. Especifique ______
5.3-Existe rede de esgoto na rua? ( ) Sim ( ) Não
5.4-Classifique o serviço de fornecimento de água neste bairro: ( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Ruim ( ) Péssimo
5.5-Quando chove a água fica empossada? ( ) Sim ( ) Não
5.6-Qual o destino dos dejetos: ( ) Fossa ( ) Galerias ( ) Outro. Qual? ______________________________________
5.7-Instalações Sanitárias (Banheiro): ( ) Externo ( ) Interno ( ) Não tem
5.8-Drenagem pluvial: ( ) Rua com galeria pluvial ( ) Rua sem galeria pluvial
5.9-Rua com águas servidas veiculadas através de: ( ) Valeta ( ) Meio da rua ( ) Outro. Qual? __________________________
5.10-Existe problema de falta de água neste bairro? ( ) Sim ( ) Não
6 SAÚDE PÚBLICA
6.1-Essa família utiliza o atendimento do SUS ou tem convênio médico particular? ( ) SUS ( ) Convênio
6.2-Se há crianças na casa, elas tomaram todas as vacinas? ( ) Sim ( ) Não ( ) Não sabe informa
6.3-Existe posto de saúde nesse bairro? ( ) Sim. Informe o nome? _______________________________________________________ ( ) Não
6.4-Classifique a infra-estrutura do posto de saúde desse bairro: ( ) Ótima ( ) Boa ( ) Ruim ( ) Péssima
6.5-Classifique as condições dos equipamentos do posto de saúde desse bairro: ( ) Ótima ( ) Boa ( ) Ruim ( ) Péssima
ANEXO A
147
6.6-Há distribuição gratuita de remédios no posto de saúde desse bairro? ( ) Sim ( ) Não
6.7-O posto de saúde desse bairro distribui os remédios solicitados na receita ( ) Sim ( ) Não ( ) Parcialmente
6.8-Classifique a distribuição de remédios no posto de saúde desse bairro: ( ) Ótima ( ) Boa ( ) Ruim ( ) Péssima
6.9-Você já utilizou o serviço do posto de saúde desse bairro? ( ) Sim ( ) Não
6.10-Caso SIM, como foi o atendimento? ( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Ruim ( ) Péssimo
6.11-Você já utilizou o serviço do posto de saúde de outro bairro? ( ) Sim ( ) Não. Qual o posto e o bairro? __________________________
6.12-Classifique o atendimento desse posto de saúde: ( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Ruim ( ) Péssimo
6.13-Classifique a infra-estrutura desse posto de saúde: ( ) Ótima ( ) Boa ( ) Ruim ( ) Péssima
6.14-Classifique as condições dos equipamentos desse posto de saúde: ( ) Ótima ( ) Boa ( ) Ruim ( ) Péssima
6.15-Há distribuição gratuita de remédios nesse posto de saúde? ( ) Sim ( ) Não
6.16-Esse posto de saúde distribui os remédios solicitados na receita ( ) Sim ( ) Não ( ) Parcialmente
6.17-Classifique a distribuição de remédios nesse posto de saúde: ( ) Ótima ( ) Boa ( ) Ruim ( ) Péssima
6.18-Você já utilizou o serviço de saúde de algum hospital da cidade? ( ) Sim ( ) Não
6.19-Caso SIM, classifique a qualidade do atendimento. ( ) Ótima ( ) Boa ( ) Ruim ( ) Péssima ( ) Não sabe informa
6.20-O número de médicos é suficiente para atender a população? ( ) Sim ( ) Não ( ) Não sabe informa
6.21-Qual a incidência de doenças:
a) Criança: ( ) Diarréia ( ) Verminoses ( ) Infecção respiratória ( ) Outra. Qual?_________________________________
b) Jovens: ( ) Diarréia ( ) Verminoses ( ) Infecção respiratória ( ) Outra. Qual?_________________________________
c) Adultos: ( ) Diarréia ( ) Verminoses ( ) Infecção respiratória ( ) Outra. Qual?_________________________________
d) Idosos: ( ) Diarréia ( ) Verminoses ( ) Infecção respiratória ( ) Outra. Qual?_________________________________
7 EDUCAÇÃO
7.1-Existe alguma escola pública nesse bairro? ( ) Sim ( ) Não ( ) Não sabe informar
7.2-Classifique as condições de infra-estrutura das escolas públicas da cidade: ( ) Ótima ( ) Boa ( ) Ruim ( ) Péssima
7.3-Na época de matricula há dificuldade de conseguir vaga? ( ) Sim ( ) Não ( ) Não sabe informar
7.4-As escolas da cidade fornecem merenda escolar? ( ) Sim ( ) Não ( ) Não sabe informar
7.5-A merenda oferecida tem boa qualidade? ( ) Sim ( ) Não
7.6-O número de professores é suficiente? ( ) Sim ( ) Não
7.7-Classifique a qualidade do ensino das escolas públicas da cidade: ( ) Ótima ( ) Boa ( ) Ruim ( ) Péssima
7.8-Onde estudam os jovens com mais de 15 anos ? ( ) Em Nossa Senhora da Glória ( ) Em outra cidade. Especifique _________
Que curso fazem: ( ) Ensino Médio Científico ( ) Ensino Médio Profissionalizante ( ) Supletivo ( ) Outro. Qual? ____________________
8 UTENSÍLIOS
8.1-Quais os utensílios que a família dispõe?
( ) Automóvel ( ) Tv por assinatura ( ) Televisão
( ) Computador ( ) Antena parabólica ( ) Aparelho de som
( ) Aparelho de ar condicionado ( ) Máquina de lavar roupa ( ) Rádio
( ) DVD ( ) Geladeira ou freezer ( ) Vídeo cassete
( ) Telefone residencial ( ) Liquidificador ( ) Ferro elétrico
ANEXO B
148
Temas, parâmetros, indicadores e graus de sustentabilidade adotados
GRAUS DA SUSTENTABILIDADE
Temas Parâmetros Indicadores
BAIXO
FRACO MÉDIO FORTE
Resíduos sólidos
urbanos
Área de deposição do
lixo urbano
Aterro sanitário
% de domicílios
ligados à rede de água
tratada
Número de domicílios
com água tratada
% de domicílios com
instalações hidráulicas
completa
% de domicílios com
dejetos descartados
através de galeria ou
fossa
Esgotamento sanitário
% de ruas com rede de
esgoto
Água e Esgoto
Rede de captação pluvial
% de domicílios em
rua com “boca de
lobo”
Condições de circulação
% de domicílios em
ruas pavimentadas
Infra-estrutura e
Bem-estar
coletivo
Condições de
comunicação
% de entrevistados
que responderam ser a
quantidade de
telefones públicos
suficiente para atender
à população
Continua...
ANEXO B
149
Temas, parâmetros, indicadores e graus de sustentabilidade adotados (Continuação)
GRAUS DA SUSTENTABILIDADE
Temas Parâmetros Indicadores
BAIXO FRACO MÉDIO FORTE
Condições de
comunicação
% de entrevistados
que responderam
estarem os telefones
públicos funcionando
e em bom estado de
conservação
% de entrevistados
que responderam que
quando solicitado o
serviço de polícia
presta atendimento
Condições de segurança
pública
% de entrevistados
que informaram ser o
tempo de atendimento
do serviço de polícia
inferior a 30 minutos
% de domicílios
ligados à rede de
energia elétrica
Infra-estrutura e
Bem-estar
coletivo
Serviços Públicos
% de domicílios com
problema de falta de
água
Leitos por 1000
habitantes
% de domicílios com
crianças que tomaram
todas as vacinas
Saúde pública
Saúde
% de pessoas que
informaram ser o nº de
médicos suficiente
para atender à
população
Continua...
ANEXO B
150
Temas, parâmetros, indicadores e graus de sustentabilidade adotados (Continuação)
GRAUS DA SUSTENTABILIDADE
Temas Parâmetros Indicadores
BAIXO FRACO MÉDIO FORTE
Taxa total de
alfabetização da
população, de acordo
com o Censo 2000
% de responsáveis
pela família que se
dizem analfabetos
Educação Pública
Escolarização básica
% de responsáveis
pela família com 1º
Grau completo
% de domicílios
próprios
% de domicílios de
alvenaria
Habitação
Condições de
habitabilidade
% de domicílios com
instalações sanitárias
internas
% de moradores
trabalhando em
atividade formal
Trabalho e Renda
Renda familiar média
Renda média da
família ao mês
FONTE: Trabalho de Campo 2004 2005
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