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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO
EM
DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: DESENVOLVIMENTO REGIONAL
PROGRAMA REGIONAL DE DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE
A CONTRIBUIÇÃO DO TURISMO PARA O DESENVOLVIMENTO SOCIAL E
ECONÔMICO DE SERGIPE: O CASO DE ARACAJU E CANINDÉ DE SÃO
FRANCISCO
Autora: Sandra Daniela França de Almeida Oliveira
Orientadora: Prof. Dra. Rivanda Meira Teixeira
ABRIL - 2005
São Cristóvão – Sergipe
Brasil
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO
EM
DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: DESENVOLVIMENTO REGIONAL
PROGRAMA REGIONAL DE DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE
A CONTRIBUIÇÃO DO TURISMO PARA O DESENVOLVIMENTO SOCIAL E
ECONÔMICO DE SERGIPE: O CASO DE ARACAJU E CANINDÉ DE SÃO
FRANCISCO
Dissertação de Mestrado apresentada ao Núcleo de Pós-Graduação
em Desenvolvimento e Meio Ambiente da Universidade Federal de
Sergipe, como parte dos requisitos exigidos para a obtenção do
título de Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente.
Autora: Sandra Daniela França de Almeida Oliveira
Orientadora: Prof. Dra. Rivanda Meira Teixeira
ABRIL - 2005
São Cristóvão – Sergipe
Brasil
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO
EM
DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: DESENVOLVIMENTO REGIONAL
PROGRAMA REGIONAL DE DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE
A CONTRIBUIÇÃO DO TURISMO PARA O DESENVOLVIMENTO SOCIAL E
ECONÔMICO DE SERGIPE: O CASO DE ARACAJU E CANINDÉ DE SÃO
FRANCISCO
Dissertação de Mestrado defendida por Sandra Daniela França de Almeida Oliveira e
aprovada em 15 de abril de 2005 pela banca examinadora constituída pelos doutores:
________________________________________________
Profª. Drª. Rivanda Meira Teixeira
Universidade Federal do Paraná
________________________________________________
Prof. Dr. Reynaldo Rubem Ferreira Júnior
Universidade Federal de Alagoas
________________________________________________
Profª. Drª. Jenny Dantas Barbosa
Universidade Federal de Sergipe
Este exemplar corresponde à versão final da Dissertação de Mestrado em Desenvolvimento
e Meio Ambiente.
________________________________________________
Profª. Drª. Rivanda Meira Teixeira
Universidade Federal do Paraná
É concedida ao Núcleo responsável pelo Mestrado em Desenvolvimento e Meio
Ambiente da Universidade Federal de Sergipe permissão para disponibilizar,
reproduzir cópias desta dissertação e emprestar ou vender tais cópias.
________________________________________________
Sandra Daniela França de Almeida Oliveira
Universidade Federal de Sergipe
________________________________________________
Profª. Drª. Rivanda Meira Teixeira
Universidade Federal do Paraná
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a duas pessoas muito importantes para mim
À Professora Dra. Rivanda Meira Teixeira, minha orientadora, pelo apoio
incondicional e as palavras de incentivo sempre presentes na trajetória de minha vida
acadêmica desde a época da graduação.
Ao meu avô José Bernardino de Oliveira, exemplo de força de vontade e ânsia de
viver, que no auge dos seus 94 anos ainda cuidava de mim... E ainda continua cuidando em
algum lugar do cosmo.
(...) a desigualdade e a exclusão são elementos de insustentabilidade.
Com desigualdade e exclusão não poderá haver sustentabilidade. Não
poderá haver internalização de dimensão ambiental porque, quanto mais
pobre, mais excluída a população, mais pressão sobre os recursos
ambientais ela vai exercer, porque é o que esta aí. Então, uma relação
direta entre pobreza e degradação ambiental, desigualdade e
exclusão.(RAMALHO FILHO, 2000, p.416).
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, criador do céu e da terra, por ter me concedido mais esse desejo.
A minha orientadora, Profª. Drª. Rivanda Meira Teixeira, que foi a incentivadora deste
Mestrado e que com sua sabedoria e competência sempre norteou meus passos. Sou grata
por toda a confiança em mim depositada.
Aos Professores do curso de Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente da
Universidade Federal de Sergipe, pelas reflexões e contribuições feitas a minha formação
acadêmica.
Aos Professores da banca examinadora, Professora Drª. Jenny Dantas Barbosa e
Professor Dr. Reynaldo Rubem Ferreira Júnior pelos comentários, observações e
recomendações feitas a este trabalho.
A Administradora e amiga Rubia Ribeiro pelo inestimável auxílio na coleta de dados, pois
sua colaboração foi fundamental para a conclusão deste estudo.
Aos gestores dos órgãos públicos e empresas privadas de Canindé de São Francisco e
Aracaju por todas as informações cedidas para a elaboração desta pesquisa.
A Professora Ana Lúcia Borges pela amizade e pela caprichosa revisão de português e
elaboração do abstract.
Ao meu marido Alexandre e aos meus filhos Isadora, Isabela e Daniel por entenderem a
necessidade dos inúmeros momentos de ausência de nosso lar.
Aos meus pais Daniel e Adeilde e meus irmãos Solange e Silvio pelos auxílios e
incentivos constantes e incansáveis.
A todos que colaboraram direta e indiretamente para que esta Dissertação fosse concluída.
MUITO OBRIGADA! Sandra Daniela
RESUMO
A importância social e econômica da atividade turística é incontestável. Na literatura, este
fato é ratificado e há unanimidade entre os estudiosos de que o fomento à atividade
turística, acompanhado de princípios de sustentabilidade, traz amplos benefícios para todos
os envolvidos além de exercer efeitos em outros setores econômicos. Tendo em vista a
relevância do tema, este estudo tem o intuito de analisar a contribuição da atividade
turística em termos socioeconômicos para o Estado de Sergipe sob a ótica dos gestores
públicos e privados além de conhecer a percepção dos gestores das empresas turísticas
privadas em relação à atuação dos órgãos públicos. Para sua consecução, foi realizada
pesquisa bibliográfica, documental além de pesquisa de campo, mediante a realização de
entrevistas pessoais com auxílio de questionários semi-estruturados. A coleta de dados
primários foi realizada com gestores de empresas turísticas particulares dos municípios de
Canindé de São Francisco e Aracaju, secretários municipais e com gestores públicos da
SETUR e ADEMA. Os principais resultados deste estudo indicam que predominam as
Micro e Pequenas Empresas (MPE’s) em todos os segmentos turísticos e os investimentos
privados são direcionados à melhoria das instalações físicas dos estabelecimentos.
Observa-se em Canindé de São Francisco uma precária infra-estrutura de acesso e apoio ao
turismo, ratificada pelos empresários locais. A média da faixa salarial em Canindé é
inferior a verificada em Aracaju cujo valor total pago em salários varia entre um e três
salários mínimos. As empresas turísticas de Canindé não utilizam serviços terceirizados e a
contratação de serviços temporários na alta estação, que ocorre em mais da metade das
empresas canindeenses, corresponde a dois ou três empregos por empresa. Em Aracaju
ocorre o contrário, as empresas terceirizam vários serviços e realizam poucos contratos
temporários. Os gestores das empresas turísticas particulares, em sua maioria, não
consideram que os órgãos públicos incentivam ou divulgam o município de forma efetiva e
planejada, tão pouco cooperam com a atividade particular. Todavia, todos os empresários
de ambos os municípios consideram que o turismo traz benefícios para os municípios e não
provoca nenhum inconveniente, ao contrário, influencia positivamente a melhoria do nível
e qualidade de vida dos residentes, e são unânimes em acreditar que o turismo tanto em
Canindé de São Francisco quanto em Aracaju vai melhorar. Constatou-se que para haver
sustentabilidade na atividade turística sergipana é necessário que haja planejamento e
ações conjuntas que envolvam a iniciativa privada, o setor público e a comunidade. A
efetivação do diálogo entre este tripé é que possibilitará a realização de ações conjuntas no
alcance de objetivos comuns e estabelecimento de políticas públicas duradouras.
Palavras-Chave: Segmentos turísticos, Empregos e Investimentos.
ABSTRACT
The social and economic importance of the tourist activity is a fact. In literature, such a
fact is confirmed and there is unanimity among the studious people that the tourist activity,
together with sustained principles, brings enormous benefits to all of the people involved in
it, besides affecting other economic sectors. Considering the importance of this theme, the
present study has the purpose of analysing the contribution of the tourist activity in its
socioeconomic aspects to the state of Sergipe under the view of its public and private
managers, besides knowing the perception of the managers of private tourist companies
towards the performance of public segments. To make it, a bibliographical and
documentary research was carried out, besides the field research, by means of personal
interviews together with semi-structured questionnaires. The primary data which was
collected was obtained with the managers of private tourist companies of Canindé de São
Francisco and Aracaju, municipal secretaries and public managers of SETUR and
ADEMA. The main results of this study show that the Micro and Small Companies
(MSC’s) prevail in all the tourist segments and that the private investments are directed to
the improvement of the physical installations of the establishments. In Canindé de São
Francisco there is a poor infrastructure of access and support to tourism, which was
confirmed by the enterpreneurs. The average salary in Canindé is inferior to the one
verified in Aracaju, whose total value paid in salaries varies between one and three
minimum wages. The tourist companies in Canindé do not outsource their services and the
hiring of temporary services at high season, which occurs in more than half of the
companies in Canindé, corresponds to two or three jobs by company. In Aracaju, it is quite
the reverse, the companies outsource many of their services and have few temporary
contracts. Most of the managers of the private tourist companies agree that the public
segments do not give an incentive, make their municipalities known in an effective and
planned way or cooperate with the private initiatives. However, all the enterpreneurs of
both places agree that tourism brings benefits to the municipalities and does not cause them
any trouble; on the contrary, it positively influences the amelioration of the level and
quality of life of the people living in the areas and are unanimous to say that tourism will
get better in Canindé and Aracaju as well. It can be said that, in order to sustain the tourist
activity in Sergipe, it is necessary to have planning and joint actions which involve the
private initiative, public segments and the community. The effectiveness of the dialog
among these three segments will make the accomplishment of joint actions to reach
common goals and the establishment of lasting public policies possible.
Key words: Tourist segments, Jobs, Investments.
SUMÁRIO
Página
LISTA DE SIGLAS ............................................................................................... xii
LISTA DE ILUSTRAÇÕES ................................................................................. xiv
LISTA DE TABELAS ........................................................................................... xvi
LISTA DE QUADROS ..........................................................................................
xvii
CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................ 19
1.1 JUSTIFICATIVA ...............................................................................................
19
1.2 SITUAÇÃO PROBLEMÁTICA E PROBLEMA .............................................
20
1.3 OBJETIVOS ...................................................................................................... 21
1.3.1 Objetivo geral ................................................................................................. 22
1.3.2 Objetivos específicos ...................................................................................... 22
CAPÍTULO 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..............................................
25
2.1 MEIO AMBIENTE, TURISMO E DESENVOLVIMENTO ...........................
25
2.2 TURISMO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ................................
27
2.3 O TURISMO E A SUA IMPORTÂNCIA ECONÔMICA E SOCIAL .............
32
2.4 IMPACTOS SOCIOECONÔMICOS DO TURISMO ......................................
36
2.5 ESTADO DA ARTE ..........................................................................................
44
CAPÍTULO 3 METODOLOGIA .........................................................................
51
3.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO ................................................................
51
3.2 QUESTÕES DE PESQUISA .............................................................................
52
3.3 DEFINIÇÃO DOS TERMOS E VARIÁVEIS ..................................................
53
3.4 DETERMINAÇÃO DO UNIVERSO E AMOSTRA ........................................
55
3.5 MÉTODOS E INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS .........................
58
3.6 TRATAMENTO DOS DADOS ........................................................................ 61
CAPÍTULO 4 OS MUNICÍPIOS DE CANINDÉ DE SÃO FRANCISCO E
ARACAJU E SEUS ASPECTOS TURÍSTICOS E SOCIOECONÔMICOS ..
64
4.1 LOCALIZAÇÃO ............................................................................................. 64
4.2 ATRATIVOS NATURAIS E TURÍSTICOS ................................................. 65
4.3 POPULAÇÃO .................................................................................................. 66
4.4 ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO MUNICIPAL (IDH-M) ..... 68
4.5 EDUCAÇÃO ..................................................................................................... 70
4.6 ECONOMIA E RENDA ....................................................................................
72
4.7 INFRA-ESTRUTURA BÁSICA .......................................................................
73
4.8 SAÚDE .............................................................................................................. 74
4.9 SETOR PRIMÁRIO .......................................................................................... 74
4.10 SETOR SECUNDÁRIO ..................................................................................
75
4.11 SETOR TERCIÁRIO .......................................................................................
75
CAPÍTULO 5 CARACTERÍSTICAS DAS EMPRESAS TURÍSTICAS DOS
MUNICÍPIOS DE CANINDÉ DE SÃO FRANCISCO E ARACAJU ..............
78
5.1 EMPRESAS TURÍSTICAS DO SETOR PRIVADO ....................................... 78
5.2 EMPRESAS PÚBLICAS ENVOLVIDAS COM O SETOR TURÍSTICO
DOS MUNICÍPIOS .................................................................................................
88
CAPÍTULO 6 EMPREGOS GERADOS E SALÁRIOS PAGOS PELAS
EMPRESAS TURÍSTICAS SERGIPANAS ........................................................
95
6.1 ASPECTOS GERAIS DA EVOLUÇÃO DAS EMPRESAS E EMPREGOS
TURÍSTICOS ...........................................................................................................
95
6.2 EMPREGOS GERADOS E SALÁRIOS PAGOS NAS EMPRESAS
TURÍSTICAS POR SEGMENTO DE ATUAÇÃO ................................................
98
6.2.1 Empregos gerados por função e faixa salarial no segmento hospedagem ......
98
6.2.2 Empregos gerados por função e faixa salarial no segmento alimentação .......
100
6.2.3 Empregos gerados por função e faixa salarial no segmento agências de
viagem ......................................................................................................................
102
6.2.4 Terceirização dos serviços ..............................................................................
105
6.2.5. Empregos temporários ................................................................................... 106
6.2.6 Empregos informais ........................................................................................
107
CAPÍTULO 7 INVESTIMENTOS PÚBLICOS E PRIVADOS
REALIZADOS NA INFRA-ESTRUTURA TURÍSTICA DOS
MUNICÍPIOS DE CANINDÉ DE SÃO FRANCISCO E ARACAJU ..............
110
7. 1 INVESTIMENTOS PRIVADOS ......................................................................
110
7.1.2 Tempo da realização de reformas/ampliações nos estabelecimentos ......... 110
7.1.3 Intenção em realizar outros investimentos ................................................... 114
7.1.4 Maiores clientes e ações para atraí-los ......................................................... 115
7.2 INVESTIMENTOS PÚBLICOS REALIZADOS NO SETOR TURÍSTICO ...
118
7.3 CONDIÇÕES ATUAIS DA INFRA-ESTRUTURA DE APOIO TURÍSTICA
124
CAPÍTULO 8 ATUAÇÃO DO PODER PÚBLICO E PERSPECTIVAS DO
TURISMO: PERCEPÇÃO DOS GESTORES ...................................................
128
8.1 PERCEPÇÃO DOS GESTORES DAS EMPRESAS TURÍSTICAS
PARTICULARES ACERCA DA ATUAÇÃO DOS ÓRGÃOS PÚBLICOS .........
128
8.1.1 Incentivo ao turismo ...................................................................................... 128
8.1.2 Divulgação dos municípios ............................................................................ 130
8.1.3 Avaliação dos investimentos públicos em infra-estrutura .............................. 131
8.1.4 Cooperação dos órgãos públicos com as empresas turísticas particulares .. 134
8.1.5 Influência do turismo na melhoria da qualidade de vida dos munícipes .... 136
8.2 PERSPECTIVAS ACERCA DA CONTRIBUIÇÃO DO TURISMO PARA
OS MUNICÍPIOS ....................................................................................................
139
8.2.1 Fluxo turístico nos municípios ...................................................................... 139
8.2.2 Percepção acerca dos benefícios advindos do turismo para o município .. 140
8.2.3 Problemas/inconvenientes causados pelo turismo nos municípios ............. 141
8.2.4 Expectativas em relação ao turismo ............................................................. 142
CAPÍTULO 9 CONCLUSÕES E SUGESTÕES .................................................
146
9.1 RESPOSTA ÀS QUESTÕES DE PESQUISA ..................................................
146
9.2 CONCLUSÕES E SUGESTÕES ...................................................................... 155
9.3 SUGESTÕES PARA FUTUROS ESTUDOS ...................................................
158
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................
160
APÊNDICE A Questionário para as empresas privadas de Aracaju e Canindé
de São Francisco ......................................................................................................
169
APÊNDICE B – Questionário para Secretaria de Turismo ....................................
171
APÊNDICE C – Questionário para Secretaria de Finanças ................................... 173
APÊNDICE D Questionário para ADEMA (Aracaju) e para Secretaria de
Planejamento, Desenvolvimento e Meio Ambiente de Canindé ..............................
174
APÊNDICE EQuestionário para Secretaria de Planejamento de Aracaju e para
Secretaria de Obras, Viação Pública e Saneamento de Canindé ..............................
175
LISTA DE SIGLAS
ABRASEL/SE
Associação Brasileira de Restaurantes e Empresas de
Entretenimento - Sergipe
ADEMA
Administração Estadual do Meio Ambiente
BID
Banco Interamericano de Desenvolvimento
BNDES
Banco Nacional de Desenvolvimento
CODEVASF
Companhia de Desenvolvimento do Vale São Francisco
CGC
Cadastro Geral de Contribuintes
CHESF
Companhia Hidrelétrica do São Francisco
CNPq
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
DER
Departamento de Estradas e Rodagens
DESO
Companhia de Saneamento de Sergipe
EJA
Ensino de Jovens e Adultos
EMBRATUR
Instituto Brasileiro de Turismo
EMDAGRO
Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe
EMSETUR
Empresa Sergipana de Turismo
EMSURB
Empresa Municipal de Serviços Urbanos
FIBGE
Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
FIPE/USP
Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da Universidade de
São Paulo
FJP
Fundação João Pinheiro
IBGE
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IDH-M
Índice de Desenvolvimento Humano Municipal
INCRA
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
IPEA
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
MAX
Museu Arqueológico de Xingó
MPE’s
Micro e Pequenas Empresas
MTE
Ministério do Trabalho e Emprego
OMT
Organização Mundial do Turismo
PACS
Programa de Agentes Comunitários de Saúde
PEA
População Economicamente Ativa
PIB
Produto Interno Bruto
PIS
Programa de Integração Social
PLANTUR
Plano Nacional de Turismo
PMIs
Pequenas e Médias Indústrias
PNMT
Programa Nacional de Municipalização do Turismo
PNT
Política Nacional de Turismo
PNUD
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
PRODER
Programa de Emprego e Renda
PRODETUR-CE
Programa de Ação para o Desenvolvimento do Turismo no Ceará
PRODETUR/SE
Programa de Ação para o Desenvolvimento do Turismo em Sergipe
PRODETUR-NE
Programa de Desenvolvimento do Turismo do Nordeste
PROJEL
Planejamento, Organização e Pesquisas Ltda.
PSF
Programa de Saúde da Família
RAIS
Relação Anual de Informações Sociais
SEBRAE
Serviço de Apoio a Pequena e Média Empresa
SEFAZ
Secretaria da Fazenda
SETUR
Secretaria de Turismo
SUDENE
Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste
TEF
Transferência Eletrônica de Fundos
UHE
Usina Hidrelétrica
WTTC
Conselho Mundial de Viagens e Turismo
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 3.1 Síntese das Etapas e Procedimentos Metodológicos Utilizados ...........
62
Figura 4.1
Localização dos Municípios de Canindé de São Francisco e Aracaju
no Estado de Sergipe ............................................................................
65
Figura 5.1 Porte das Empresas Turísticas de Canindé de São Francisco ...............
79
Figura 5.2
Estabelecimento Considerado Turístico nos Folders que Divulgam o
Município de Canindé de São Francisco Nov./2003.............................
85
Figura 5.3
Estabelecimento Considerado Turístico nos Folders que Divulgam o
Município de Canindé de São Francisco Mar./2005 ............................
85
Figura 5.4
Estabelecimentos do Segmento Alimentação que não Apresentam
Mínimas Condições de Atender ao Turista Nov./2003.........................
86
Figura 5.5
Estabelecimentos do Segmento Alimentação que não Apresentam
Mínimas Condições de Atender ao Turista Mar./2005..........................
86
Figura 5.6
Tempo de Atividade das Empresas Turísticas do Município de
Canindé de São Francisco .....................................................................
86
Figura 5.7
Segmentos de Atividades Turísticas em Canindé de São
Francisco...............................................................................................
87
Figura 5.8
Grau de Profissionalização das Empresas Turísticas de Canindé de
São Francisco ........................................................................................
87
Figura 6.1
Número de Empregos Gerados nas Empresas Turísticas do
Município de Canindé de São Francisco ..............................................
99
Figura 6.2
Valor em Salários Mínimos Pagos por Segmento Turístico em
Canindé de São Francisco .....................................................................
104
Figura 6.3
Mão-de-obra Empregada por Segmentos em Canindé de São
Francisco ...............................................................................................
105
Figura 6.4
Utilização de Mão-de-obra Terceirizada em Canindé de São
Francisco ...............................................................................................
106
Figura 6.5
Contratação de Mão-de-obra Temporária em Canindé de São
Francisco ...............................................................................................
106
Figura 6.6
Quantidade de Contratos Temporários na Alta Estação em Canindé
de São Francisco ...................................................................................
107
Figura 7.1
Investimentos Particulares Realizados nas Empresas Turísticas de
Canindé de São Francisco .....................................................................
110
Figura 7.2
Tempo em que Aconteceram as Reformas/Ampliações nas Empresas
Canindeenses ........................................................................................
111
Figura 7.3
Investimentos Particulares Realizados nas Empresas Turísticas de
Aracaju ..................................................................................................
112
Figura 7.4
Tempo em que Aconteceram as Reformas/Ampliações nas Empresas
Aracajuanas ..........................................................................................
113
Figura 7.5
Intenção em Realizar Investimentos e Melhorias a Curto ou Longo
Prazo Pelos Gestores de Canindé de São Francisco
...............................................................................................................
114
Figura 7.6
Intenção em Realizar Investimentos e Melhorias a Curto ou Longo
Prazo Pelos Gestores de Aracaju ..........................................................
115
Figura 7.7 Maiores Clientes das Empresas Turísticas Aracajuanas .......................
117
Figura 7.8
Gastos com Investimentos Públicos em 2000, 2001 e 2002 em
Canindé de São Francisco .....................................................................
123
Figura 7.9 Acesso ao Município de Canindé pela BR 101 ....................................
124
Figura 7.10 Placa de Boas Vindas ao Município de Canindé de São Francisco.......
125
Figura 7.11 Placas de Sinalização e Estradas em Canindé de São Francisco ..........
125
Figura 8.1
Incentivo do Turismo pelos Órgãos Públicos em Canindé de São
Francisco ...............................................................................................
128
Figura 8.2 Incentivo do Turismo pelos Órgãos Públicos em Aracaju ...................
129
Figura 8.3 Divulgação do Município pelos Órgãos Públicos em Canindé ............
130
Figura 8.4 Divulgação do Município pelos Órgãos Públicos em Aracaju .............
131
Figura 8.5
Melhorias Realizadas pelos Órgãos Públicos em Infra-estrutura em
Canindé .................................................................................................
131
Figura 8.6
Melhorias Realizadas pelos Órgãos Públicos em Infra-estrutura em
Aracaju ..................................................................................................
132
Figura 8.7 Investimentos dos Órgãos Públicos em Infra-estrutura em Canindé ....
133
Figura 8.8
Placas de Sinalização Turística Indicando o Acesso ao Passeio de
Catamarã Feitas por Iniciativa Particular em Canindé - Novembro de
2003 ......................................................................................................
133
Figura 8.9
Placas de Sinalização Turística Indicando o Acesso ao Passeio de
Catamarã Feitas por Iniciativa Particular em Canindé Março de
2005 ......................................................................................................
134
Figura 8.10 Investimentos dos Órgãos Públicos em Infra-estrutura em Aracaju ....
134
Figura 8.11
Cooperação dos Órgãos Públicos com as Empresas Turísticas
Particulares de Canindé ........................................................................
135
Figura 8.12
Cooperação dos Órgãos Públicos com as Empresas Turísticas
Particulares de Aracaju .........................................................................
135
Figura 8.13
Influência do Turismo na Elevação do Nível e da Qualidade de Vida
da População de Canindé ......................................................................
137
Figura 8.14 Fluxo Turístico no Município de Canindé de São Francisco ...............
139
Figura 8.15
Problemas / Inconvenientes da Atividade Turística no Município de
Canindé de São Francisco .....................................................................
141
Figura 8.16 Problemas/Inconvenientes do Turismo no Município de Aracaju .......
142
LISTA DE TABELAS
Tabela 2.1 Principais Destinos Turísticos para 2020 .............................................
37
Tabela 2.2 Chegada de Turistas 2000-2010 .......................................................... 38
Tabela 2.3 Arrecadação Tributária de Turismo em Sergipe ..................................
43
Tabela 4.1
Índice de Desenvolvimento Humano Municipal Total, Longevidade,
Educação e Renda ................................................................................
68
Tabela 4.2
Evolução das Matrículas nas Escolas Estaduais, Municipais e
Privadas dos Municípios de Canindé de São Francisco e Aracaju
2000/2003 ............................................................................................
70
Tabela 4.3
População de Dez Anos ou Mais por Condição de Atividade em
Canindé de São Francisco e Aracaju ...................................................
72
Tabela 4.4
Setor Primário nos Municípios de Aracaju e Canindé de São Francis
co ..........................................................................................................
75
Tabela 4.5
Setor Secundário nos Municípios de Aracaju e Canindé de São
Francisco ..............................................................................................
75
Tabela 5.1
Número de Empresas Turísticas por Segmento de Atuação em
31/12/2003 ...........................................................................................
81
Tabela 6.1
Número de Estabelecimentos e Empregados por Atividade Turística
– 2003 .................................................................................................
95
Tabela 6.2
Evolução do Número de Empresas e Empregos Turísticos em
Sergipe – 2001 e 2003 ........................................................................
96
Tabela 6.3
Mão-de-obra Empregada em Setores de Atividade Turística no
Brasil –1999-2002 ..............................................................................
97
Tabela 6.4
Mão-de-obra Empregada por Segmento e por Gênero em Sergipe
2003 .....................................................................................................
97
Tabela 6.5
Número de Estabelecimentos, Empregos e Salários Pagos pelo
Segmento Hospedagem – 2003 ..........................................................
98
Tabela 6.6
Quantidade de Empregos Gerados por Funções e Faixa Salarial
Pagos pelo Segmento Hospedagem em Aracaju .................................
99
Tabela 6.7
Quantidade de Empregos Gerados por Funções, Faixa Salarial e
Valores Monetários Pagos pelo Segmento Hospedagem em Canindé
de São Francisco ..................................................................................
100
Tabela 6.8
Número de Estabelecimentos, Empregos e Salários Pagos pelo
Segmento Alimentação – 2003 ............................................................
101
Tabela 6.9
Quantidade de Empregos Gerados por Funções, Faixa Salarial e
Valores Monetários Pagos pelo Segmento Alimentação em Aracaju .
101
Tabela 6.10
Quantidade de Empregos Gerados por Funções, Faixa Salarial e
Valores Monetários Pagos pelo Segmento Alimentação em Canindé
de São Francisco .................................................................................
102
Tabela 6.11
Número de Estabelecimentos, Empregos e Salários Pagos nas
Agências de Viagem – 2003 ...............................................................
102
Tabela 6.12
Quantidade de Empregos Gerados por Funções, Faixa Salarial e
Valores Monetários Pagos pelo Segmento Agência de Turismo em
Aracaju ...............................................................................................
103
Tabela 6.13
Quantidade de Empregos Gerados por Funções, Faixa Salarial e
Valores Monetários Pagos pelo Segmento Agência de Turismo e
Transporte Náutico em Canindé de São Francisco ..............................
104
Tabela 7.1 Ações Promovidas Pelos Gestores das Empresas de Canindé de São
Francisco para Atrair o Turista/Cliente ................................................
116
Tabela 7.2
Ações Promovidas Pelos Gestores das Empresas de Aracaju para
Atrair o Turista/Cliente ........................................................................
118
Tabela 7.3 Aplicações em Turismo por Agente Financeiro 2002/2003 ................
119
Tabela 7.4 Investimentos em Infra-estrutura 2003 – Brasil ...................................
119
Tabela 7.5
Investimentos em Infra-estrutura Relatados pelo Secretario de Obras
do Município de Canindé de São Francisco em Novembro de 2003 ...
121
Tabela 7.6
Gastos com Investimentos Públicos em 2000, 2001 e 2002 em
Canindé de São Francisco ...................................................................
123
LISTA DE QUADROS
Quadro 3.1 Variáveis e Indicadores do Estudo ....................................................
54
Quadro 3.2 Empresas Pesquisadas por Setor em Canindé de São Francisco .......
56
Quadro 3.3 Órgãos Públicos Pesquisados em Canindé de São Francisco ............
56
Quadro 3.4 Empresas Privadas Pesquisadas em Aracaju .....................................
57
Quadro 3.5 Órgãos Públicos Pesquisados em Aracaju .........................................
58
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
1 INTRODUÇÃO
O turismo é considerado um dos principais segmentos econômicos seja em âmbito
mundial ou nacional. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Turismo (EMBRATUR,
2002), apenas no Brasil, o segmento corresponde a 7% do Produto Interno Bruto (PIB),
movimenta 52 setores da economia gerando um faturamento de US$ 25,8 bilhões, através
das viagens de 45 milhões de brasileiros e 5,3 milhões de turistas estrangeiros que visitam
o país, e emprega seis milhões de pessoas.
É incontestável a importância da atividade turística, sendo mister aprofundar as
questões ligadas aos impactos que esta pode gerar. Tais impactos podem ser classificados
em socioeconômicos, culturais e ambientais e têm conotações tanto positivas quanto
negativas. O foco deste estudo restringiu-se à importância socioeconômica da atividade na
localidade receptora.
O volume de atendimento da demanda turística concentra-se na capital do Estado e
opera com o turismo litorâneo deixando quase inexplorado os atrativos do interior,
excetuando-se a região de Xingó, que com suas belezas naturais vem atraindo e encantando
os turistas que visitam Sergipe. Aracaju e Canindé de São Francisco foram escolhidos
como sujeito de estudo e operacionalização dos objetivos da pesquisa porque são os
municípios mais representativos em termos de demanda turística no estado de Sergipe.
O município de Canindé de São Francisco localiza-se no semi-árido sergipano e é
considerado um pólo com elevado potencial turístico no Estado de Sergipe, em função da
proximidade de atrativos como o Canyon do Rio São Francisco, o Vale dos Mestres, a
trilha da gruta de Angicos e a Hidrelétrica de Xingó, que gera 25% da energia consumida
no Nordeste. O município de Aracaju é a capital do Estado de Sergipe e como tal recebe o
maior fluxo turístico, representado principalmente pelo turismo de negócios.
1.1 JUSTIFICATIVA
O turismo é considerado uma alternativa para o desenvolvimento de municípios
nordestinos e especialmente do semi-árido. Morato (2003, p.4) informa que “no semi-
árido, a pobreza e a baixa qualidade de vida se caracterizam como um dos maiores
problemas pela falta de emprego e renda”. Afirma também que o turismo surge como uma
alternativa de desenvolvimento socioeconômico para os municípios situados no semi-árido.
Todavia, a autora considera que as pesquisas desenvolvidas sobre a atividade turística
concentram-se na capital do Estado ou em suas proximidades e que poucos estudos
investigam o desenvolvimento do turismo no semi-árido.
Sendo assim, um estudo dessa natureza possibilita um maior conhecimento da
importância da atividade para as localidades estudadas, bem como do significado desta
enquanto propulsora do desenvolvimento local, o que poderia fornecer subsídios para
discussão das políticas públicas direcionadas ao turismo e do modo de gestão do processo
envolvendo todos os atores sociais.
Além disso, é necessária a realização de estudos mais específicos sobre o mercado
de trabalho e a geração de empregos no setor de serviços turísticos. Identificou-se alguns
trabalhos que investigaram as questões relativas ao emprego, geração de renda e mercado
de trabalho; todavia, os mesmos retrataram de forma global todos os setores econômicos.
De fato, os estudos relacionados ao turismo investigam principalmente a potencialidade do
núcleo receptor em termos de atrativos naturais, culturais ou históricos ou ainda questões
relacionadas com demanda e capacitação da força de trabalho. O aspecto econômico do
turismo e a capacidade da atividade em reduzir desigualdades sociais por absorver mão-de-
obra local, necessitam de mais atenção.
1.2 SITUAÇÃO PROBLEMÁTICA E PROBLEMA
Diversos autores (CORIOLANO, 1998; LAGE; MILONE, 2001; NUNES, 2003;
TEIXEIRA, 1999) defendem o desenvolvimento da atividade turística, pois a mesma
contribui com a entrada de divisas e geração de empregos diretos, indiretos e induzidos,
favorecendo a balança de pagamentos, contribuindo com o Produto Interno Bruto (PIB),
com o aumento e distribuição da renda, sendo também considerada como “motor” da
atividade empresarial.
Várias atividades empresariais surgem para atender à demanda de turistas que
desejam consumir e, conseqüentemente, realizar gastos que darão origem aos impostos
beneficiando os demais setores da economia e a própria comunidade local. Partindo dessas
considerações, é imperativo compreender a contribuição econômica da atividade turística
como instrumento de crescimento e desenvolvimento das localidades receptoras para
inclusive possibilitar a adequação da oferta à demanda. Outro ponto importante é o
entendimento da relação entre a atividade turística e o consumo do meio ambiente, o modo
como é concebido, planejado e gerido pelos atores sociais o que possibilitará a condução
da atividade de forma sustentável.
Este estudo procurará investigar a contribuição da atividade turística nos
municípios de Aracaju e Canindé de São Francisco além de identificar o ponto de vista dos
empresários locais em relação ao turismo e a atuação do poder público em benefício da
atividade.
A atividade turística é amplamente propalada na literatura como dinamizadora da
economia e indutora do desenvolvimento das comunidades receptoras. Sendo assim
pretende-se investigar se tal comportamento corresponde à realidade sergipana, logo a
questão cerne deste estudo pode ser traduzida da seguinte forma:
Qual a contribuição da atividade turística em termos sociais e econômicos para
os municípios de Canindé de São Francisco e Aracaju na visão dos empresários e
gestores públicos?
Para responder a este questionamento serão delineados, a seguir, os objetivos gerais
e os objetivos específicos da pesquisa.
1.3 OBJETIVOS
De acordo com Vergara (1998), objetivo é um resultado a alcançar e se alcançado
dará resposta ao problema de pesquisa. Para Richardson (1999, p.62 e 63), os objetivos
gerais "definem, de modo geral, o que se pretende alcançar com a realização da pesquisa" e
objetivos específicos “definem etapas que devem ser cumpridas para alcançar o objetivo
geral". A seguir são apresentados o objetivo geral e os objetivos específicos desta pesquisa.
1.3.1 Objetivo geral
Analisar a contribuição da atividade turística em termos socioeconômicos para o
Estado de Sergipe sob a ótica dos gestores públicos e privados além de conhecer a
percepção dos gestores das empresas turísticas privadas em relação à atuação dos órgãos
públicos.
1.3.2 Objetivos específicos
Realizar o diagnóstico socioeconômico dos municípios de Aracaju e
Canindé de São Francisco;
Apresentar as características das empresas turísticas existentes nos
municípios de Aracaju e Canindé de São Francisco;
Estimar os empregos gerados e os salários pagos pelas empresas turísticas
nestes municípios;
Verificar os investimentos públicos e privados realizados na infra-estrutura
turística nestes municípios;
Conhecer a percepção dos gestores das empresas turísticas privadas acerca
da atuação dos órgãos públicos nos municípios de Aracaju e Canindé de São
Francisco;
Conhecer as perspectivas dos gestores das empresas turísticas públicas e
privadas com relação ao turismo em Canindé de São Francisco e Aracaju.
Este estudo é composto por nove capítulos. No primeiro capítulo são expostos o
tema foco da pesquisa, os motivos de sua escolha, a questão cerne de investigação, o
objetivo geral e os objetivos específicos do estudo. O segundo capítulo apresenta a revisão
da literatura a que se teve acesso, com o intuito de subsidiar as análises posteriores e
evidenciar o cenário atual de conhecimento acerca do setor turístico, bem como apresentar
o posicionamento de diversos estudiosos.
O terceiro capítulo foi destinado para o estabelecimento da metodologia que guiou
a pesquisa, bem como dos métodos e instrumentos que foram utilizados para a coleta e
tratamento dos dados.
As características dos municípios sujeitos de investigação Aracaju e Canindé de
São Francisco e os aspectos socioeconômicos destes municípios, são apresentados no
quarto capítulo. No quinto capítulo apresenta-se as características das empresas turísticas
dos municípios estudados. O capítulo seis apresenta os empregos gerados pelas empresas
turísticas privadas em Aracaju e Canindé de São Francisco, ao passo que o sétimo capítulo
trata dos investimentos públicos e privados realizados na atividade turística nos
municípios.
O capítulo oito apresenta a percepção dos gestores das empresas particulares acerca
da atuação do poder público e as perspectivas em relação ao turismo, ao passo que as
conclusões e considerações finais do estudo, bem como algumas sugestões, o expostas
no capítulo nove.
CAPÍTULO 2
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O relacionamento sociedade versus natureza e o entendimento dos termos
desenvolvimento e sustentabilidade, além do estabelecimento de recortes na literatura
sobre as correntes que defendem ou não a atividade turística como alternativa de
desenvolvimento socioeconômico são os principais tópicos de reflexão neste capítulo.
O estudo da temática proposta exige também uma visão panorâmica do cenário
atual do turismo, e para tal, é necessário conhecer na literatura o posicionamento de alguns
estudiosos. Para ratificar tais posicionamentos apresenta-se dados quantitativos e
resultados econômicos proporcionados pela atividade turística. Inicialmente procura-se
estabelecer a relação entre meio ambiente, turismo e desenvolvimento e as possibilidades
de haver ou não sustentabilidade. Expõe-se também a importância social e econômica da
atividade turística em termos gerais, sendo ilustrada com os resultados socioeconômicos
obtidos pelo setor em âmbito mundial, na realidade brasileira, no contexto nordestino e
sergipano.
Em seguida apresenta-se estudos empíricos realizados sobre o objeto de estudo. É
interessante ressaltar que alguns destes estudos tiveram como foco os municípios do semi-
árido sergipano, os quais contribuirão com subsídios valiosos para a consecução dos
objetivos propostos por esta pesquisa.
2.1 MEIO AMBIENTE, TURISMO E DESENVOLVIMENTO
O estudo da temática proposta demanda uma visão do turismo enfatizando a relação
homem-homem sem deixar de privilegiar a relação homem-natureza tendo em vista que
este (o homem) é elemento constituinte da mesma. O Homo Sapiens intitulou-se “superior”
entre os seres viventes no planeta Terra e essa postura é apoiada por centenas de anos de
cultura ocidental que reforçam suas idéias. Para o homem moderno, a natureza não tem
alma (COIMBRA, 2002).
Quando o homem - inserido num contexto sócio-político e ideológico - começou a
“pensar” a natureza, automaticamente colocou-se fora dela e passou a manipulá-la. Assim,
a natureza deixou de ser natural sendo conceituada segundo a sua cultura e utilizada para
usufruto e proveito seu e de seus semelhantes. Kesselring (1992, p.35) afirma que
“ocupando e explorando a natureza na prática, o homem moderno está vivendo como se
não fizesse parte dela, mesmo que as fronteiras entre natureza e técnica estejam abaladas”.
Confirma, pois a tese de que “o homem está fora da natureza, ao menos quanto à própria
autoconsciência”.
A cisão conceitual entre mente e matéria ocorre a partir do consenso das colocações
de René Descartes quando no século XVII, baseou sua concepção da natureza dividida
entre esses dois domínios independentes e separados. (CAPRA, 2002).
Para Coimbra (2002, p. 208-209) “tudo o que compõe o meio ambiente tem um
vínculo entre si e tem a ver com o todo. É que se verifica a relação ambiental”. O autor
vai mais além ao afirmar que “o fundamento-relacional que une o homem e a natureza é a
influência recíproca que um exerce sobre o outro, ora como sujeito, ora como termo (ou
objeto)”. Capra (2002, p.82) afirma “nós fazemos parte do universo, pertencemos ao
universo e nele estamos em casa; e a percepção desse pertencer, desse fazer parte, pode dar
um profundo sentido à nossa vida”.
A compreensão da relação entre sociedade e natureza “desenvolvida até o século
XIX, vinculada ao processo capitalista, considerava-a como pólos excludentes, tendo
subjacente a concepção de uma natureza objeto, fonte ilimitada de recursos à disposição do
homem”. (BERNARDES; FERREIRA, 2003, p.17). Bernardes e Ferreira (2003, p. 28),
afirmam também que a exploração das riquezas da Terra, sob a forma capitalista afeta
diretamente o meio ambiente, provocando impactos negativos irreversíveis ou de difícil
recuperação e que tais riscos se expandem em quase todas as dimensões da vida humana,
sendo necessário rever a forma de atuação sobre o meio natural e as próprias relações
sociais bem como questionar os hábitos de consumo e as formas de produção material.
Na atividade turística, a natureza é ao mesmo tempo sujeito e objeto de consumo.
“A ação do homem sobre a natureza é ditada pelas razões que o próprio homem vem
criando ao longo de sua história” (COIMBRA, 2002, p. 210). Gonçalves (1998, p. 22)
complementa:
O estabelecimento de uma outra relação, mais harmônica, dos homens com a
natureza [...] vincula-se, ou não, ao estabelecimento da harmonia nas relações
dos homens entre si? Em caso negativo, constata-se, no mínimo, uma
incoerência, pois sendo o homem também natureza, do reino animal, por que não
estaríamos submetidos às leis da harmonia entre nós?
Dois enfoques principais devem ser analisados na bibliografia relacionada ao
turismo: a produção e o consumo (RODRIGUES, 2001). Para esta autora, a análise
separada de cada um destes enfoques é muito freqüente nos estudos realizados, sejam eles
acadêmicos ou não, apesar de que os mesmos não podem ser analisados de forma
desvinculada, tendo em vista a relação de interdependência entre ambos. A relação do
homem com a natureza intermediada pelo turismo deixa transparecer uma idéia romântica
de contemplação ou veneração por paisagens e destinações que servem ao objetivo de
proporcionar momentos de lazer, de descanso e diversão ou, vista por outro ângulo (dos
que comercializam esses momentos), como uma forma de gerar riquezas explorando e
intervindo em destinações, modificando seu meio físico e interferindo na cultura de seus
habitantes. Na essência, o turismo toma a natureza como objeto de consumo inserido no
contexto de exploração, do lucro e da exclusão.
Quando a natureza é objeto de consumo pelo turismo, o que deve ser pensado é a
forma como a atividade é conduzida e planejada e de que maneira contribui para o
desenvolvimento econômico e social das destinações. Destarte, tendo em vista a ampla
divulgação de que o turismo gera divisas e renda, não é de estranhar como afirma
Gonçalves (1998, p. 113) que “o ecológico fique subordinado ao econômico numa
sociedade onde a generalização das relações mercantis é a tônica”.
2.2 TURISMO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Com o intuito de embasar discussões futuras, apresenta-se a seguir alguns conceitos
de desenvolvimento, desenvolvimento sustentável, sustentabilidade e desenvolvimento
local, sob a ótica de diversos estudiosos, que darão sustentáculo a correlações com a
atividade turística como alternativa de desenvolvimento socioeconômico. Ferreira (1998, p.
143) afirma que o “modelo de desenvolvimento predominante na América Latina não é
sustentável, ecológica, social ou economicamente, graças aos seus efeitos destrutivos sobre
os sistemas naturais e sobre a sociedade”.
Para Cavalcanti (1999, p.38), “a noção de desenvolvimento sustentável representa
uma alternativa ao conceito de crescimento econômico, indicando que, sem a natureza,
nada pode ser produzido de forma sólida”. Cavalcanti (1999) também afirma
Certamente, para engajar todos os setores da sociedade na perseguição de um
tipo de desenvolvimento sustentável, eqüitativo, economicamente eficiente e
politicamente viável, pelo menos três parâmetros deveriam ser considerados para
fins de reforma institucional: educação, gestão participativa e diálogo de
stakeholders ou partes envolvidas. (CAVALCANTI, 1999, p.37).
Coriolano (1998, p.73) concorda com o conceito apresentado pela Organização
Mundial do Turismo (OMT), no qual o desenvolvimento sustentável é aquele que “atende
às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras
atenderem as suas próprias necessidades”. Esta autora defende o conceito de
sustentabilidade e mesmo concordando que as atividades econômicas têm sido
degradadoras entende que é necessário utilizar tecnologias de reposição, proteção e
conservação do meio natural.
Para Rosnay (2001, p.498), somente um desenvolvimento durável pode permitir um
“crescimento organizado, utilizando recursos naturais, mas encontrando também os meios
para reciclá-los, a fim de conservar esse ecocapital necessário ao desenvolvimento da
vida”. De acordo com Magalhães (1998, p. 418), “todos são favoráveis ao
desenvolvimento sustentável, mas pouco se aprendeu sobre como promovê-lo e,
particularmente, como introduzi-lo em nível do planejamento nacional, regional ou local”.
Ferreira (1998, p.106) complementa
Independentemente do fato de que alguns setores (majoritários) usem a
expressão desenvolvimento sustentável e outros rejeitem-na, todos concordam
que o Brasil precisa crescer. Desse modo, esboça-se uma outra perspectiva no
debate, sobre quais atores seriam os principais responsáveis pela busca de um
estilo de desenvolvimento socialmente justo e ecologicamente sustentável: os
atores estatais, a sociedade civil, o mercado?
Por sua vez, Rodrigues (2001) é terminantemente contra o conceito de
desenvolvimento sustentável, pois considera que a atividade turística traz em seu âmago
características de outras atividades econômicas onde o que prevalece é a questão do
retorno econômico e na qual a questão da sustentabilidade é relegada, embora existam
leis que regulamentam a proteção ao meio ambiente.
No tocante a sustentabilidade da região foco deste estudo, Magalhães (1998, p.423)
afirma que
(...) as condições de sustentabilidade atual da região nordestina são pouco
satisfatórias. Do ponto de vista econômico, a economia do interior é altamente
vulnerável às crises climáticas. Mesmo em tempos normais, não gera renda
suficiente para sustentar sua população. Em nível microeconômico, muitos
empreendimentos sobrevivem à custa de subsídios governamentais.
Este autor afirma ainda que no tocante ao aspecto social, os indicadores são
dramáticos, ao desvendar as condições de pobreza da maioria da população. As “migrações
rurais-urbanas e inter-regionais indicam que a região não oferece condições de
sustentabilidade social. (...). Globalmente, as condições do desenvolvimento atual do
Nordeste não são de sustentabilidade”. (MAGALHÃES, 1998, p. 423)
Para Almeida (2002, p.76) “a sustentabilidade exige uma postura preventiva, que
identifique tudo que um empreendimento pode fazer de positivo para ser maximizado – e
de negativo – para ser minimizado”. O autor entende que os avanços tecnológicos tornaram
cada vez mais curto o tempo para que um impacto sobre o meio ambiente e sobre a
sociedade seja plenamente sentido”. Segundo Boff (1995 apud KRAUSE, 1999, p.17),
Além de fundador, a sustentabilidade é um conceito que integra e unifica.
Produz, desta forma, um impacto devastador sobre a noção tradicional de
progresso, infinito e linear, bem como apaga a cosmovisão dualista que separa o
homem da natureza, o mundo material do espiritual, a natureza da cultura, a
razão da emoção, Deus do mundo.
Cavalcanti (1999, p. 25) entende que (...) “a política de desenvolvimento, na
montagem de uma sociedade sustentável, não pode desprezar as relações entre o homem e
a natureza que ditam o que é possível em face do que é desejável”. Viola (1996 apud
CAVALCANTI, 1999, p. 28) ratifica e complementa que em uma sociedade sustentável, o
progresso deve ser apreendido pela qualidade de vida representada pelos indicadores de
saúde, longevidade, maturidade psicológica, educação, saneamento, espírito de
comunidade, lazer gozado de modo inteligente e não pelo simples consumo material.
O papel dos gestores públicos é ressaltado por Cavalcanti (1999) quando este
afirma que uma política comprometida com a sustentabilidade tem que desencorajar o que
causa ameaças à saúde de longo prazo do ecossistema e à base biofísica da economia,
devendo impulsionar o que é desejado, a exemplo do emprego, bem-estar, um ambiente
limpo, uma paisagem bela, segurança pessoal e um uso balanceado dos recursos naturais
entre outros. Mamede (2002, p.25) afirma que uma das competências dos gestores públicos
é o incentivo a atividade turística
[...] dão-se a União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios dois
caminhos: (1) promover e (2) incentivar o turismo. Não se tratam de alternativas,
mas de vias cujo percurso deve ser seguido. Administradores públicos e
legisladores não devem incentivar o turismo, como devem estimulá-lo. Para
tanto, podem até mesmo fazer a exploração direta da atividade, utilizando-se da
licença inscrita no art.173, caput, da Constituição Federal, por relevante interesse
coletivo.
Continuando, Cavalcanti (1999) assegura que
A política de governo para a sustentabilidade deve conter medidas para estimular
aqueles setores que efetivamente adicionem valor, contribuindo menos para a
depleção e degradação. Claro, a identificação de tais setores exige mais
investigação, porém uma possibilidade existe, por exemplo, com respeito ao
ecoturismo (que também gera emprego), desde que cuidados adequados sejam
tomados no que toca ao meio ambiente (e à cultura local), para que se evitem
situações como a que se pode encontrar (...) em muitas partes do Brasil.
(CAVALCANTI, 1999, p. 35)
Por outro lado, para Rodrigues (2001, p.74), considerar a atividade turística como
sustentável “é apenas desviar os termos da questão sem analisar a complexidade de uma
atividade econômica que tem por base o consumo de paisagens naturais exóticas ou a
história passada”. Continuando, a autora afirma (2001, p.175)
Coloco-me entre os que não acreditam no desenvolvimento sustentável tal como
é entendido em suas diferentes definições, as quais enfatizam apenas a dimensão
econômica. Penso que os próprios termos desenvolvimento e sustentabilidade
são contraditórios entre si. Uma atividade econômica não pode ser portadora da
potencialidade de sustentabilidade, mesmo que tenha a idéia de que a atividade
turística seja apenas consumo contemplativo’ da paisagem pois, o que está em
questão não é a capacidade humana de pensar, mas os lucros e as divisas obtidas
pelas atividades econômicas presentes também no turismo.
Segundo Pinheiro (1995, p.20), a “função precípua do desenvolvimento sustentável
é equacionar vocações às melhores oportunidades econômicas e sociais em harmonia com
o meio ambiente”.
Coriolano (2001, p.136) apresenta o conceito de desenvolvimento local:
Trata-se de um tipo de desenvolvimento que não é medido apenas em termos do
aumento de produção de capital, do PIB, mas em decorrência da redução do
desperdício econômico, do incremento da confiança local aos seus próprios
meios de trabalho, da integração de comportamentos individuais nos objetivos
comuns da comunidade local.
O planejamento e gestão da atividade turística por todos os atores envolvidos,
ordenando as ações do homem no meio ambiente, possibilitará o alcance de metas para
tornar a sociedade receptora sustentável. Essa afirmação advém do entendimento que a
conservação do meio ambiente não pode ser dissociada do crescimento econômico e da
melhoria da qualidade de vida, especialmente no semi-árido onde os índices
socioeconômicos falam por si. A atividade turística surgiria para esta região como uma
alternativa de desenvolvimento.
Neste contexto, salienta-se o papel da administração pública local, especialmente o
dos planejadores da atividade os quais deveriam em primeiro lugar traçar planos e
diretrizes que representassem os anseios e necessidades dos residentes, dos trabalhadores e
empresários, de forma que estes fossem efetivamente inseridos e beneficiados. Para
Coriolano (1998, p. 13) “Essas diretrizes, [...] deverão redirecionar os recursos, numa
abrangência que beneficie as pessoas e os lugares. O turismo em si oferece oportunidades
para que isso se realize. Tudo vai depender de quem planejar e executar os programas”.
A promoção do turismo sustentável aliado ao planejamento e gestão dos
empreendimentos turísticos pode gerar renda para a sociedade receptora por meios de
empregos diretos, indiretos ou induzidos além de contribuir para a conservação dos
recursos naturais.
O planejamento acima sugerido deve ser realizado de forma sistêmica envolvendo
os atores sociais para possibilitar que os objetivos pretendidos e os ganhos possam ser
disseminados para todos os envolvidos. Deve ser um processo de ganha-ganha: a região
deve ser beneficiada com a entrada de divisas que deveriam ser revertidas em melhorias, os
empresários teriam suas atividades aquecidas, os turistas teriam suas expectativas
satisfeitas, a comunidade se beneficiaria direta ou indiretamente com os efeitos
multiplicadores disseminados na economia o que seria o início de um processo de melhoria
na qualidade de vida e por fim a sociedade estabeleceria uma relação de crescimento mais
sustentável com o meio ambiente.
2.3 O TURISMO E A SUA IMPORTÂNCIA ECONÔMICA E SOCIAL
Segundo Lage e Milone (2001), a atividade turística, independente do local onde
ocorra, irá gerar impactos econômicos, os quais podem ser classificados em diretos,
indiretos e induzidos. Os autores também relatam os impactos positivos e negativos da
atividade turística, a saber:
A) Impactos positivos:
aumento da renda do lugar visitado devido à entrada de divisas, sendo de grande
importância para o crescimento econômico dos países em desenvolvimento;
estímulos a investimentos e geração de empregos, pois “um de cada 15
trabalhadores tem emprego em atividades turísticas diretas e indiretas, somando em nível
mundial mais de 250 milhões de pessoas” (LAGE; MILONE, 2001, p.130);
forma de redistribuição de riquezas e efeitos multiplicadores do turismo.
B) Impactos negativos:
pressão inflacionária, pois a alta dos preços atinge os bens e serviços de primeira
necessidade, como alimentação, habitação e transporte e isso prejudica a população
residente;
a grande dependência com relação ao turismo, pois a destinação fica vulnerável às
flutuações sazonais determinadas por fatores internos ou externos;
os custos sociais e ambientais, como a devastação de recursos naturais e culturais;
as prioridades dos investimentos, pois outros setores como educação, saúde,
transporte e moradia podem ser relegados para segundo plano, fato que será prejudicial
para os nativos.
O analista Frank M. Go (apud TRIGO, 2002, p. 16), apresenta uma definição de
turismo, que pela sua abrangência se adequa aos objetivos desse estudo
O turismo pode ser definido como o movimento de indivíduos e grupos de uma
localização geográfica para outra por prazer e/ou negócios, sempre em caráter
temporário; o atendimento das necessidades dos viajantes seja em trânsito ou no
destino; e os impactos econômicos, sociocultural e ecológico que tanto os
turistas como o setor turístico provocam nas áreas de destino. Essa definição
implica que o turismo deve ser visto como: a) uma indústria composta por
atrações, transportes, facilitadores/serviços em geral, informações e promoção;
[...]. Nesse sentido, o turismo pode atuar como peça importante em um contexto
maior de planejamento ambiental e auxiliar a qualidade de vida, especialmente
no nível local.
Para Lage e Milone (2001), a indústria do turismo deve ser utilizada de forma
crescente pelos países em desenvolvimento, pois permite:
crescimento econômico, ao passo que colabora de forma significativa com a criação
de empregos, aumento de renda e geração de divisas, e
desenvolvimento econômico, ao diminuir as diferenças regionais e melhorar a
qualidade de vida de populações de regiões atrasadas, pela execução de obras de infra-
estrutura, incluindo transporte, saneamento, energia, etc.
Teixeira (1999, p. 44) discorre sobre a importância econômica da atividade ao
afirmar que “ao adquirir um pacote de viagem, o turista ativa todo um sistema econômico
de prestação de serviços e aquisição de bens.” Para Teixeira (1999, p. 46), “a dispersão dos
efeitos econômicos do turismo ocorre com tal amplitude e intensidade que se torna difícil
definir o seu alcance e, [...] até mesmo identificar a própria composição do setor
econômico englobado pela atividade turística.”
Por ser de natureza terciária, o turismo une, segundo Teixeira (1999, p.40), “numa
grande teia, pessoas, que, na maioria das vezes, nem se conhecem pessoalmente, para
prestar ao viajante os serviços requeridos para atendimento dos seus desejos e
necessidades”.
O turismo afeta diretamente 52 segmentos da economia. Milone e Milone (2000,
p.371) enumeram alguns:
É de consenso geral que um número muito grande de setores da economia é
diretamente afetado pelo turismo; por exemplo os transportes, a construção civil,
as indústrias de equipamentos em geral, as comunicações, a energia, o
saneamento, o abastecimento de água, a educação, a saúde, a cultura, a
recreação, os alimentos, as bebidas e muitos outros.
O crescimento da atividade turística proporciona uma participação cada vez mais
expressiva na economia mundial. A entrada de divisas é um fator de grande importância
para o crescimento econômico dos países em desenvolvimento, bem como a geração de
empregos diretos e indiretos que esta atividade econômica proporciona. Esta visão é
compartilhada por Coriolano (1998) e esta vai mais além quando faz alusão à Política
Nacional de Turismo (PNT), que considera a atividade capaz de produzir o
desenvolvimento sustentável de áreas com destacado patrimônio ambiental e inserir o país
no contexto global. Outra diretriz da PNT, além da geração de emprego e renda é
promover a diminuição das desigualdades regionais e integrar ao mercado de trabalho um
contingente populacional de baixa qualificação profissional.
Afirma Coriolano (1998, p.147) que os benefícios econômicos do turismo deixados
nas comunidades devem possibilitar a elevação do nível e da qualidade de vida dos
residentes, levando ao desenvolvimento local, o qual segundo esta autora, não implica
apenas a redução para escala local, implica sobretudo a participação nas rendas geradas no
local, a abertura às mudanças tecnológicas e a melhoria das atividades produtivas.”
Com relação aos empregos diretos e indiretos no setor de serviço, Trigo (2002, p.
12) assegura que tais atividades servem de maneira direta ou indireta ao lazer e ao turismo;
todavia, considera ser muito difícil identificar as origens e os destinos de todo o capital
envolvido com os gastos desses serviços e produtos destinados aos aspectos lúdicos ou
prazerosos de bilhões de pessoas em todo o mundo”. Trigo (2002) também afirma ser
inquestionável que este setor tem uma participação “bastante prioritária na construção do
Produto Interno Bruto (PIB) de vários países [...] além de oferecer postos de trabalho cada
vez mais exigentes em termos de habilidades profissionais”.
Para Coriolano (1998, p.69), o turismo é visto como um instrumento de
desenvolvimento econômico, social e cultural e não como um “eventual e improvisado
expediente de exploração de atividades esporádicas desse setor”, desta forma requer
profissionalismo, capacitação de mão-de-obra e elaboração de projetos arrojados.
Luchiari (2001, p.124) entende que a mão-de-obra que produz os bens, os imóveis,
a infra-estrutura e oferece os serviços e os espetáculos mais variados “é sujeito
fundamental das cidades turísticas”. Segundo a OMT (apud LUCHIARI, 2001, p. 124), de
modo geral
O setor turístico utiliza-se de um número elevado de trabalhadores em tempo
parcial ou temporário, com contratos de trabalho precários ou mesmo sem
contratos, com uma grande utilização de mão-de-obra feminina, infantil ou
jovem, com baixa qualificação, e em grande número de trabalhadores
clandestinos. Ainda segundo a OMT, o grau de sindicalização desse setor é
muito inferior ao de outros setores econômicos.
De acordo com Luchiari (2001), a urbanização turística traz consigo um
crescimento acelerado da produção e da força de trabalho, porém tal crescimento não é
impulsionado pela inserção da população residente e sim pela intensificação dos fluxos
migratórios. A mão-de-obra concentra-se na infra-estrutura turística ou na infra-estrutura
urbana, promovendo empregos para uma mão-de-obra qualificada vinda de fora, e sazonal,
com contratos de trabalho precários para os nativos.
Esta realidade deve ser modificada tendo em vista que “[...] é inconcebível alguém
fazer um planejamento em lazer ou turismo e o pensar na formação da mão-de-obra
especializada que vai trabalhar na área. Os investimentos são muito elevados, os riscos são
consideráveis e [...] o atendimento pessoal é fundamental” (TRIGO, 2002, p.17).
Talavera (2001, p. 162) apresenta seu ponto de vista complementando o exposto:
Em condições favoráveis, a geração de empregos afeta tanto os que se somam à
oferta de lugares de hospedagem e sua manutenção, como os que tratam de
satisfazer a demanda de necessidades básicas no espaço turístico (saúde e
alimentação), atividades lúdico-educacionais (oficinas de artesanato, culinárias,
agrícolas, etc.) e atividades na natureza (guias, guardas, operários de manutenção
e outros), além de muitos outros indiretamente associados, e não
necessariamente residentes na área, que podem ser desde aqueles que se dedicam
ao transporte de pessoas e mercadorias, até pedreiros e pessoal cujo trabalho se
relaciona à restauração de imóveis.
Em relação aos empregos indiretos, Talavera (2001) destaca o papel feminino nestes
postos de trabalho informal e chama a atenção para o fato de que, em muitos casos, as
mulheres aparecem quer como proprietárias, quer como assalariadas dos negócios
relacionados à hospedagem.
Outra forma de retorno positivo que provem da atividade turística é a arrecadação de
tributos para o município, o Estado e a Federação. No âmbito municipal, o
redirecionamento de tais recursos para a comunidade deve possibilitar melhorias nas
condições de vida dos residentes. No entanto, este discurso pode não retratar a realidade
brasileira, pois como afirma Barreto (2001, p.28)
Os governos, sejam municipais, estaduais ou nacionais, ganham com o turismo
na forma de impostos e, sabe-se, em nosso continente a evasão de impostos
chega a 50% e há muitas isenções concedidas a empresas multinacionais a fim de
que se instalem em determinados locais. Portanto, o dinheiro que entra por
conceito de turismo fica, em sua maior parte, com os prestadores de serviços
turísticos, sem ser redistribuído eqüitativamente pela sociedade e deixando muito
pouco aos cofres públicos.
Notadamente, a questão dos impostos no Brasil é muito delicada: as altas cargas
tributárias são responsáveis por despesas onerosas que quando não levam o empresário à
falência, o impingem à sonegação. Aliado a este fato observa-se na atividade turística uma
parcela elevada de atividades informais que, por conseguinte, não contribuem com a
arrecadação tributária das localidades receptoras.
2.4 IMPACTOS SOCIOECONÔMICOS DO TURISMO
Para Teixeira (1999), não basta apenas citar qualitativamente a importância da
atividade turística como mobilizadora de recursos e geradora de riquezas, sendo também
necessário apresentar uma expressão numérica e historicamente constatada. Destarte, serão
apresentados a seguir os resultados econômicos e sociais do turismo no mundo, no Brasil,
na realidade nordestina e no âmbito do Estado de Sergipe.
A) Impactos Socioeconômicos do Turismo no Mundo
A Organização Mundial de Turismo (OMT), estimou que em 1994, um total de 183
milhões de pessoas no mundo teria trabalhado com turismo, um em cada nove
trabalhadores. Segundo Lage e Milone (2000, p.119), "comenta-se que a cada dez
segundos é criado um novo emprego na indústria mundial de viagens".
De acordo com dados do Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC), até o
ano 2005 o setor será responsável por cerca de 12% do PIB mundial. A evolução do
Turismo mundial pode ser analisada com base no seu desempenho: em 1999, houve
faturamento de US$ 4,5 trilhões, entraram nos cofres públicos US$ 792,4 bilhões em
impostos arrecadados, o número de turistas que desembarcou nos aeroportos foi de 656,9
milhões, com geração de 192 milhões de empregos e US$ 455,5 bilhões de ingressos de
divisas. As receitas diretas obtidas em 2000 atingiram o valor de US$ 477,9 bilhões e uma
taxa média anual de crescimento de 5,03%. O gasto per capita passou de US$ 586,28, em
1990, para US$ 691,94, em 2000.
Em 2001 houve uma pequena queda nas receitas diretas do turismo mundial, pois, o
valor para esse ano segundo o Anuário Estatístico da Embratur (2003) foi U$ 472 bilhões
e, por conseguinte com taxa de crescimento negativa (-1,2%) em relação ao ano anterior.
As receitas diretas voltaram a crescer (
+
2,3%) em 2002, atingindo o valor de U$ 483
bilhões.
A OMT estimou também que, no ano 2000, cerca de 660 milhões de turistas se
deslocariam de um país para o outro. O dado oficial superou as expectativas, pois, no
citado ano, 697,3 milhões de pessoas desembarcaram em alguma parte do mundo. A
Tabela a seguir apresenta as projeções que identificam os possíveis destinos turísticos para
o ano de 2020:
TABELA 2.1 Principais Destinos Turísticos para 2020
PAÍSES ENTRADAS PREVISTAS DE TURISTAS
(milhões)
TAXA DE CRESCIMENTO AO
ANO
China
137,1 8,0%
EUA
102,4 3,5%
França
93,3 1,8%
Espanha
71,0 2,4%
China (1)
59,3 7,3%
Itália
52,9 2,2%
Inglaterra
52,8 3,0%
México
48,9 3,6%
Rússia
47,1 6,7%
Rep. Tcheca
44,0 4,0%
Fonte: OMT, 2000. Nota (1) Inclui Hong Kong.
Segundo Milone e Milone (2000), a taxa de crescimento para a década de
2000/2010 deverá permanecer em 3,5% o que irá gerar um volume de 937 milhões de
chegadas internacionais de turistas em 2010, e representar um crescimento de 100% na
citada década. A receita do turismo receptivo mundial deverá gerar US$ 1,4 trilhão em
2010. Algumas projeções podem ser visualizadas na Tabela 2.2:
TABELA 2.2 Chegada de Turistas 2000 - 2010
CHEGADA INTERNACIONAL DE
TURISTAS
REGIÃO
TAXA DE CRESCIMENTO
ANUAL
2000 - 2010
2000 2010
África
4,0% 24.300.000 36.000.000
América
3,5% 146.700.000 206.000.000
Ásia Oriental / Pacífico
6,5% 101.000.000 190.000.000
Europa
2,5% 372.000.000 476.000.000
Oriente Médio
2,5% 18.000.000 22.000.000
Ásia do Sul
6,5% 5.800.000 10.4000.000
Fonte: OMT, 2000.
B) Impactos Socioeconômicos do Turismo no Brasil
De acordo com Carvalho (apud CORDEIRO, 2001, p. 53), o turismo no Brasil era
tratado com amadorismo e o havia preocupação política de incentivo. a partir dos
anos 90, a indústria do turismo passou a ser considerada pelo governo como setor
estratégico. Com base em Antunes (2003), nos últimos dez anos, ingressaram no país 105
grupos hoteleiros internacionais e dezesseis aeroportos foram reformados.
Informações da EMBRATUR (2002c) demonstram a importância da atividade
turística para o Brasil: em 2000, geraram-se US$ 9,3 bilhões de receitas diretas com os
deslocamentos de 52 milhões de viajantes domésticos, os cofres públicos arrecadaram US$
7 bilhões de receita de impostos diretos e indiretos e mantiveram-se seis milhões de postos
de trabalho no país. Ao passo que a vinda de 5,3 milhões de turistas estrangeiros refletiu-se
no ingresso de US$ 4,2 bilhões de divisas. A iniciativa privada será responsável por
investimentos da ordem de US$ 6 bilhões nos próximos anos, na construção de hotéis,
resorts e pousadas. Estes empreendimentos acrescentarão 140 mil empregos diretos e 420
mil indiretos ao mercado de trabalho. De acordo com Carvalho (2000, p.207), o turismo
nacional "congrega mais de um milhão de empresas e emprega cerca de dez milhões de
trabalhadores direta ou indiretamente".
O artigo intitulado "Plano de turismo pretende gerar 1,2 milhão de empregos”
(2003), informa que o governo federal lançou em 29/04/2003, o novo Plano Nacional de
Turismo, que fixa diretrizes e programas a serem implantados até 2007. Sua elaboração
contou com a participação dos governos federal, estaduais e municipais, organizações não
governamentais, iniciativa privada e universidades. Constitui-se em um conjunto de
produtos e serviços que permite a participação efetiva do País no cenário turístico mundial
e a expansão no mercado interno, por meio de programas de financiamentos e capacitação
de mão-de-obra, contribuindo para a geração de emprego e distribuição de renda, redução
das desigualdades sociais e regionais e equilíbrio da balança de pagamentos.
A meta é gerar 1,2 milhão de novos empregos no setor, ampliar em 30% a oferta de
produtos turísticos para comercialização e a geração de 8 bilhões de dólares em divisas,
além de aumentar para sessenta milhões de desembarques os vôos domésticos e nove
milhões de turistas estrangeiros no Brasil em 2007, número expressivamente superior aos
3,8 milhões de turistas que desembarcaram em 2002 (PLANO DE..., 2003).
De acordo com Talento (2003), o atual ministro do Turismo, Walfrido dos Mares
Guia, afirmou que o governo federal pretende gastar US$ 40 milhões nos próximos anos
para promover o país no exterior, atrair nove milhões de turistas que trariam cerca de US$
8 bilhões ao Brasil, e que cada US$ 1 bilhão faturado pelo setor significa 55 mil empregos
diretos e 120 mil empregos indiretos.
Contrariando Milone e Milone (2000), que projetam uma taxa de crescimento de
3,5%, o Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC) prevê, de acordo com Barros
(2000), que até o ano de 2010 o turismo no Brasil deverá crescer entre 2% e 5% e cerca de
1,5 milhões de novos postos de trabalho deverão surgir como resultado da implementação
da indústria de viagens e turismo, incluindo vários setores relacionados direta ou
indiretamente com o segmento.
As participações relativas das regiões no fluxo monetário de receitas do Turismo
Doméstico são as seguintes: Norte (4,0%); Nordeste (33,1%); Sudeste (40,8%); Sul
(16,6%); e Centro-Oeste (5,5%). Aplicando-se esses percentuais sobre o montante do PIB
direto do turismo estimado do País, ter-se-ia os seguintes montantes de produto turístico
por região: Norte (R$ 1,181 bilhões); Nordeste (R$ 9,773 bilhões); Sudeste (R$ 12,046
bilhões); Sul (R$ 4,901 bilhões); e Centro-Oeste (R$ 1,624 bilhões). Por outro lado,
segundo as Contas Nacionais da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(FIBGE), os PIB’s de cada região em 2001 foram os seguintes: Norte (R$ 53,5 bilhões);
Nordeste (R$ 154,7 bilhões); Sudeste (R$ 687,4 bilhões); Sul (R$ 209,4 bilhões) e Centro-
Oeste (R$ 76,0 bilhões), conforme EMBRATUR (2002).
Todavia, os resultados preliminares do balanço do turismo no Brasil no ano de 2002
não foram positivos. O número de turistas estrangeiros foi de 3,8 milhões, 20% a menos do
que foi registrado em 2001. Um milhão de pessoas deixou de visitar o país e este perdeu
colocação no ranking mundial da OMT, passando de 29º colocado, em 1998, para 34º
lugar, em 2002 (ANTUNES, 2003).
C) Impactos Socioeconômicos do Turismo no Nordeste e em Sergipe
A região Nordeste ocupa 18,27% do território brasileiro, com uma área de
1.561.177,8 km². Deste total, 962.857,3 km² situam-se no Polígono das Secas que abrange
oito Estados nordestinos - o Maranhão é a única exceção. O Semi-Árido ocupa 841.260,9
km² de área no Nordeste e outros 54.670,4 Km² em Minas Gerais e caracteriza-se por
apresentar reservas insuficientes de água em seus mananciais (SUDENE, 2003).
O Banco do Nordeste (2003), registra que a região Nordeste possui temperaturas
médias anuais de cerca de 27 graus Celsius, tornando-a favorável ao desenvolvimento do
turismo. Seus nove estados compreendem uma população de 47 milhões de habitantes,
cerca de 30% do total da população brasileira. Possui uma economia diversificada, com
69,3% da atividade produtiva no setor de serviços, 18,4% no setor industrial e 12,3% na
agricultura. Entre os principais setores econômicos destacam-se o turismo, a agricultura
irrigada, a produção de grãos, a pecuária (bovinos, ovinos e caprinos), aqüicultura e a
produção de açúcar e cacau.
Ainda abordando a questão, o Programa de Desenvolvimento do Turismo do
Nordeste PRODETUR/NE representa de acordo com o Banco do Nordeste (2003), "a
convergência de idéias e ações para a realização de investimentos na infra-estrutura
turística de todos os estados do Nordeste do Brasil". O Programa mobilizou, na primeira
etapa, recursos superiores a US$ 800 milhões, aplicados em mais de quinhentos projetos,
como aeroportos, rodovias, patrimônio histórico, saneamento básico e proteção ambiental,
que facilitou o acesso de visitantes e investidores aos principais destinos turísticos da
Região. Os investimentos realizados contemplaram sete aeroportos, construção e
recuperação de 934 km de rodovias, 945 mil habitantes assistidos com serviços de
saneamento básico, recuperação de 723.921 de patrimônio histórico, preservação de
70.400 hectares de meio ambiente e capacitação de 135 órgãos de governo responsáveis
pela gestão da atividade turística nos estados (BANCO DO NORDESTE DO BRASIL,
2003).
De acordo o artigo "Indústria do turismo nordestina quer de volta o viajante
europeu" (2003), o secretário executivo da Comissão de Turismo Integrado do Nordeste,
Roberto Pereira, informa que a indústria do turismo no Nordeste tem como objetivo
aumentar o número de turistas estrangeiros entre 7% e 8%. Tal conquista significará um
aumento semelhante no valor deixado pelos turistas, que em 2002 foi de US$ 1,4 bilhão.
Segundo o secretário, o Nordeste representa 14% do total do turismo nacional e 33% da
demanda turística internacional no país, o valor gasto por dia por turista estrangeiro passou
de US$ 81,21 para US$ 86,17, em 2002; entretanto, em relação ao ano anterior, o aumento
do turismo internacional para o Nordeste foi inexpressivo, de 1.180.000 para 1,2 milhão.
Coriolano (1998, p. 10), ao analisar os prováveis motivos pelos quais o Brasil não
faz parte dos principais destinos do turismo mundial, faz a seguinte assertiva, ressaltando
as belezas brasileiras e destacando entre estas a região do semi-árido nordestino:
Apesar de possuir as regiões mais ricas em biodiversidade do planeta como a
Amazônia e o Pantanal; de reunir uma portentosa coleção de praias; de oferecer
clima tropical com sol o ano inteiro; conquanto possua lugares belíssimos, [...] e
muitos pontos pitorescos, como as belezas do sertão semi-árido nordestino;
embora contando com tudo isso, o Brasil ainda não conseguiu apresentar uma
imagem turística sustentável e condizente com seu potencial. (grifo nosso)
O Estado de Sergipe possui localização privilegiada. Situado entre dois grandes
mercados receptores do Nordeste - Bahia e Pernambuco e vizinho de Alagoas, se estende
por 21.994 Km², desde o sertão até o Oceano Atlântico. É dividido em 75 municípios,
distribuídos por 13 microrregiões derivadas de três mesorregiões geográficas e com área
total de 22.050 km², que representa 0,26% da área do país e 1,41% da região Nordeste.
Sergipe possui cerca de 163 km de costa litorânea e suas praias constituem os
principais atrativos naturais seguida das cidades históricas de Laranjeiras e São Cristóvão -
a quarta cidade mais antiga do Brasil - com destaque para a arquitetura colonial e festivais
culturais. Sua oferta turística é representada por praias, rios, manguezais, canyon, parques,
eventos culturais, cidades históricas e monumentos. No interior do estado são oferecidas
várias opções, a exemplo da Bica dos Pintos, em São Cristóvão, as fontes hidrominerais,
em Salgado, bem como o Canyon de Xingó no município de Canindé de São Francisco, no
sertão sergipano.
Segundo pesquisa FIPE/EMBRATUR (2002), a atividade é responsável pela
geração direta de 2,0% do PIB do País, desconsiderada a sua contribuição para a Formação
Bruta de Capital. O PIB turístico da região Nordeste, embora relativamente próximo ao
montante obtido pela região Sudeste, destaca-se em termos relativos, representando quase
6,5% do PIB total da região, enquanto que para a região Sudeste esta contribuição é de
apenas 1,8%.
De acordo com Pio (2000), as Micro e Pequenas Empresas (MPE's) representam
99% dos estabelecimentos nordestinos e empregam 73% da mão-de-obra do setor de
serviços. No Estado de Sergipe estas constituem mais de 99% dos empreendimentos do
setor de serviços e mobilizam 89% da mão-de-obra, sendo responsáveis por significativa
parcela dos impostos recolhidos e dos salários pagos.
Em Sergipe, os investimentos oriundos do PRODETUR/NE totalizaram US$ 19,2
milhões. Foram destinados à ampliação e modernização do Aeroporto Santa Maria,
tornando-o de categoria internacional; revitalização do Centro Histórico de Aracaju;
construção da rodovia Linha Verde (SE-100) e infra-estrutura em vários bairros da capital.
No Estado foi implantado o Pólo Costa dos Coqueirais, contemplando onze municípios,
onde vivem, aproximadamente, oitocentos mil habitantes (BANCO DO NORDESTE,
2003).
De acordo com o Banco do Nordeste (2003), as oportunidades de investimentos no
setor turístico encontram-se nos seguintes itens: hotéis, pousadas, estâncias hidrominerais,
"spa's", esportes náuticos, bares e restaurantes, transportadoras turísticas e outros serviços
de entretenimento e diversões. Segundo o Ministério dos Transportes, o Estado contava,
em 1997, com 303 km de malha ferroviária que tem como principais eixos as interligações
para Recife e Salvador, sendo utilizada para o transporte de cargas, porém apresentando
boas oportunidades para a criação de roteiros turísticos.
Com base em informações da EMBRATUR (2002), dos turistas que chegaram ao
Estado de Sergipe no ano 2000, a maioria residia na própria região; os demais vieram da
região Sudeste, Centro-Oeste e Sul. Em relação ao turista estrangeiro, a Europa é o maior
emissor, seguido pela América do Norte.
Barbosa e Teixeira (1999) consideram que o turismo é uma das alternativas viáveis
para o desenvolvimento do Estado. Em seu estudo realizado com quatrocentos turistas, as
autoras constataram que a maioria é oriunda da região Nordeste, principalmente do Estado
da Bahia, seguido pela região Sudeste. Nota-se que tais resultados continuam atuais, tendo
em vista que são os mesmos divulgados pela EMBRATUR, em 2002. Os turistas eram na
maioria homens entre 36 e cinqüenta anos, casados, com nível superior, permanecem cerca
de três dias, possuíam renda superior a quinze salários mínimos, gastavam em média entre
R$ 360,00 e R$ 900,00 na viagem e apresentaram gasto médio diário de R$ 53,35 por
pessoa, sendo o motivo principal da viagem os negócios.
Segundo dados do Banco do Nordeste (2002), o Estado de Sergipe possuía em 2000
um PIB de US$ 4,6 bilhões e crescimento de 21,65% de 1993 a 1998 e o turismo é citado
entre as principais atividades econômicas do estado. Os impostos arrecadados oriundos da
atividade turística podem ser visualizados na Tabela 2.3. Estes valores foram calculados
por Andrade (1997) em sua Dissertação de Mestrado:
TABELA 2.3 Arrecadação Tributária do Turismo em Sergipe
ARRECADAÇÃO TRIBUTÁRIA DO TURISMO EM SERGIPE
ANO ARRECADAÇÃO (R$1,00)
1990
238,513
1991
271,880
1992
231,725
1993
270,850
1994
285,594
1995
294,349
1996
303,381
1997
206,892
1998
269,361
Fonte: Andrade (1997).
O setor público, através do PRODETUR/NE investiu no Estado para melhorar sua
infra-estrutura turística. O Aeroporto Santa Maria foi ampliado, ocorreu a revitalização do
Centro histórico, a construção da Linha Verde ligando Sergipe à Bahia, saneamento básico
e proteção ambiental, que facilitam o acesso de visitantes e investidores. Segundo a
EMBRATUR (2002c), os investimentos realizados pelo PRODETUR NE I no município
de Aracaju, foram, no período de 1994/2001, na ordem de R$ 43.333.626.
De acordo com pesquisa realizada pela equipe técnica da
UNITUR/PRODETUR/SE intitulada “A evolução recente da hotelaria sergipana” (2002, p.
4) houve um “incremento substancial em relação à oferta de hospedagem em Sergipe entre
1997 e 2002”. No entanto, a taxa de crescimento anual no período considerado (2,62%) é
inferior às apresentadas nos períodos de 85/90 (13,38%) e 91/96 (4,21%). Este fato indica,
segundo o citado estudo, uma tendência de estabilização do número de unidades
habitacionais ofertadas na capital, a qual concentra cerca de 73% das mesmas.
Outra conclusão da pesquisa desenvolvida pela UNITUR/PRODETUR/SE (2002)
diz respeito ao fluxo de hóspedes que, no período analisado, foi acrescido em 66%; no
entanto, a taxa de crescimento anual no Estado (10%) é inferior à taxa verificada no
Nordeste (12%). Dois indicadores foram considerados positivos: a permanência média dos
hóspedes com um acréscimo anual de 7,24%, e o número de pernoites (14%), pois um
período longo de estadia implica na maior utilização dos serviços, quantidade de diárias
vendidas e conseqüentemente de gastos realizados. Certamente há impacto positivo sobre a
economia do Estado e setores diretamente relacionados com o segmento hoteleiro, de
transportes e alimentação, infere a pesquisa.
2.5 ESTADO DA ARTE
Alguns estudos relativos ao foco desta pesquisa foram identificados e merecem
destaque. O estudo/diagnóstico intitulado “Pesquisa sobre o impacto socioeconômico do
turismo na Grande Natal”, realizado pelo Serviço de Apoio a Pequena e Média Empresa
(SEBRAE/RN, 1996), constatou que a geração de empregos, em decorrência da expansão
das atividades turísticas é incontestável, entretanto nota-se grande influência da
informalidade quanto aos recursos humanos que trabalham no setor e os meios de
hospedagem são os grandes empregadores.
O estudo realizado pelo Programa de Ação para o Desenvolvimento de Turismo no
Ceará (PRODETUR-CE), intitulado, “Impactos de Gastos Turísticos sobre Produto,
Renda e Emprego no Setor de Insumo Produto Estadual” (2000), objetivou quantificar
os efeitos de alguns projetos ligados ao turismo e gastos efetuados pelos turistas sobre a
renda, o produto e o emprego da economia cearense e constatou que os impactos advindos
dos gastos turísticos são tão significativos que o setor público deveria atuar na eliminação
dos entraves e fomentar os investimentos privados, intensificando a oferta e a demanda
turística.
O estudo de Oliveira Júnior et al. (2002), sob título “O turismo de aventura como
aporte ao desenvolvimento socioeconômico: Estudo de caso Brotas/SP”, que
objetivou estimar os valores monetários gerados durante o decorrer do ano de 1999, e em
especial durante os feriados de Carnaval e Páscoa, provenientes do turismo de aventura na
promoção do desenvolvimento socioeconômico do município de Brotas, SP. Um dos
resultados do estudo é a constatação do incremento de novos negócios e a constatação de
que a infra-estrutura precária desencadeou alguns problemas em relação aos serviços de
hospedagem, alimentação, entretenimento, infra-estrutura urbana e impactos ambientais
como o acúmulo de lixo na natureza.
Alguns estudos tratam do município de Canindé de São Francisco a exemplo da
pesquisa intitulada "Diagnóstico socioeconômico do município de Canindé de São
Francisco" foi realizada pelo SEBRAE/SE (1998), e concluída em junho de 1998. O
objetivo do trabalho foi compilar e analisar informações reunindo-as em um acervo
expressos em estudos de oportunidade de negócios, destinados a orientação de empresários
estabelecidos nos municípios, e de futuros empreendedores, que poderão utilizá-lo como
instrumento gerencial.
A Dissertação de Mestrado de Santos (1999), intitulada “Análise do potencial
turístico da região de Xingó: uma proposta de desenvolvimento” teve como objetivo
geral levantar, analisar e hierarquizar o potencial turístico da região Xingó, através do
inventário dos atrativos naturais, históricos e culturais, das facilidades turísticas e da infra-
estrutura.
O documento concebido por Barbosa e Melo (2000), intitulado "Cenários de
Turismo, Comércio e Serviços dos Municípios de Canindé de São Francisco e Poço
Redondo" buscou traçar o cenário das atividades de comércio, serviço e turismo dos
municípios de Canindé do São Francisco e Poço Redondo, com o objetivo de subsidiar os
estudos de pré-viabilidade para a construção do Canal de Xingó.
Identificou-se também alguns estudos realizados em municípios do semi-árido
sergipano a exemplo da Dissertação de Mestrado de Vieira (2000) intitulada “Turismo
como alternativa de desenvolvimento no município de Poço Redondo” no qual o autor
constatou que o município de Poço Redondo não tem condições mínimas de equipamentos
e serviços para o desenvolvimento da atividade turística nem é beneficiado pelas políticas
públicas que visam o desenvolvimento da prática turística regional, apesar de ser entendido
como uma atividade que possibilitaria o crescimento socioeconômico do município.
A Dissertação de Mestrado de Lima (2002) intitulada “A dinâmica
socioeconômica e as perspectivas de turismo no município de Própria/SE”, cujos
resultados apontam que o município não oferece de modo satisfatório os mínimos
equipamentos e serviços para atender à demanda turística, entretanto a atividade turística
poderá contribuir para desencadear alguns processos no desenvolvimento social e
econômico, divulgar os atrativos de Própria e possibilitar novas oportunidades de
intercâmbio cultural.
Estudos com abrangência estadual buscando analisar os investimentos públicos em
turismo também foram identificados, a exemplo da Dissertação de Mestrado de Alexandre
(2003) sob o título “Políticas públicas de turismo nos municípios ribeirinhos do São
Francisco sergipano: avaliação do PRODETUR NE/ I” na qual a autora citou como
pontos positivos o incremento no volume de turistas no período de 1995-2000; incremento
na oferta de meios de hospedagem e aumento na oferta de empregos, e como aspectos
negativos afirmou que não houve uma consolidação das ações de investimento em obras,
mostrando uma fragilidade na proposta dos investimentos, conseqüentemente, no
desenvolvimento sustentável de tais ações. O estudo mostrou, segundo a autora, que os
investimentos feitos pelo PROETUR/NE I não contribuíram para o desenvolvimento do
turismo na região, nem tiveram impactos econômicos significativos.
Ribeiro (2003) defendeu monografia de graduação cujo título foi “Avaliação da
eficiência dos investimentos públicos em turismo em Sergipe: o PRODETUR/ SE I
(1995-2002)”, objetivando avaliar a eficácia do programa frente ao desenvolvimento do
setor turístico em Sergipe, confrontando os investimentos feitos no Estado e no Nordeste
em relação à variação do fluxo turístico observado. O autor concluiu que os investimentos
foram pouco influentes em Sergipe, não sendo capaz de interferir o crescimento do setor
tendo em vista que não houve correlação direta entre os valores investidos em infra-
estrutura e a variação do fluxo turístico.
O SEBRAE/SE publicou em dezembro de 2002 a pesquisa intitulada “Perfil de
Bares e Restaurantes do Corredor Turístico de Sergipe” realizada em parceria com a
Associação Brasileira de Restaurantes e Empresas de Entretenimento, seção Sergipe
(ABRASEL/SE). O objetivo da pesquisa foi retratar o perfil operacional destes
estabelecimentos e também se propôs a realizar a aferição contínua da qualidade dos
serviços oferecidos pelas empresas ao turista/cliente, suas dificuldades e carências, bem
como dinamizar o setor. Um dos resultados da pesquisa é a conclusão de que o setor
analisado encontra-se em expansão.
A Dissertação de Mestrado defendida por Morato (2003), intitulada “Gestão
municipal para o desenvolvimento dos municípios turísticos do semi-árido sergipano”
concluiu que nos oito municípios estudados existem apenas ações pontuais na promoção da
atividade turística, mas não foram identificadas estratégias e políticas efetivas para o
desenvolvimento do turismo de forma que este se revele uma atividade socioeconômica
sustentável e que desenvolva o município e que a atividade turística caminha a passos
lentos tendo em vista que a realidade encontrada é diferente do discurso dos gestores que
visualizam- na como solucionadora dos problemas socioeconômicos locais.
“Turismo e desenvolvimento Local” é o titulo do trabalho de Andrade (2003a)
que teve como objetivo apresentar as principais discussões teóricas sobre a contribuição da
atividade turística no desenvolvimento local. No capitulo três, o autor, baseado na
literatura apresenta o paralelo entre desenvolvimento do turismo e desenvolvimento
turístico, discorre sobre o conceito de sustentabilidade no turismo e sobre cadeia produtiva
no turismo.
Outro trabalho de Andrade (2003b) intitulado “Cenários de desenvolvimento
sustentável da atividade turística do município de Aracaju” pretendeu definir cenários
para a atividade turística no município de Aracaju e para tal considerou os seguintes
aspectos: caracterização do turismo enquanto atividade definida historicamente, definição
de conceitos norteadores de uma política de turismo baseada em princípios de
sustentabilidade e competitividade e por fim analisou a situação da atividade turística no
município de Aracaju além de sua situação no mercado de turismo brasileiro.
No tocante a cadeia produtiva do turismo em Aracaju, o autor aponta
reivindicações destas empresas em relação à atuação do setor público nos três níveis de
governo além de considerar a sustentabilidade como a principal premissa para o
desenvolvimento turístico do município. Finalizando, o autor sugere um conjunto de
intervenções prioritárias para o desenvolvimento turístico da cidade, subdivididas em
intervenções físicas e institucionais.
A tese de Doutorado de Coriolano (2004) intitulada “Turismo, territórios e
sujeitos nos discursos e práticas políticas” teve como objeto de análise os discursos e
práticas políticas do turismo no Ceará nas três últimas décadas. Um dos objetivos
específicos do estudo foi verificar a contribuição dessa atividade ao desenvolvimento
regional, sobretudo aos pequenos núcleos receptores de turismo. Segundo a autora os
discursos e práticas políticas dos governos e dos grandes empresários são diferentes dos
discursos dos pequenos empreendedores e da comunidade, pois tem focos de interesses
específicos. Se para os primeiros o centro é a acumulação de capital, para os outros o
enfoque é humanitarista baseado na solidariedade entre povos e lugares.
O estudo de Araújo (2003) intitulado “Demanda de mão-de-obra e capacitação
profissional no turismo em Sergipe: o caso das agências de viagem” teve como objetivo
analisar a demanda de mão-de-obra e a capacitação profissional nas agências de viagem e
turismo em Aracaju.
O estudo de Faria (2003) “Demanda e capacitação da mão-de-obra no setor
hoteleiro em Aracajuteve como objetivo identificar e analisar a demanda de mão-de-
obra e as necessidades de capacitação profissional do setor hoteleiro sergipano. A autora
concluiu que existe escassez de mão-de-obra capacitada no Estado e os entrevistados
apontaram como maiores obstáculos para o desenvolvimento do turismo em Sergipe a
divulgação ineficiente, a infra-estrutura precária e a falta de comprometimento do governo
estadual com ações que desenvolvam a atividade turística.
O estudo de Teixeira e Santos (2003) “Demanda de mão-de-obra e capacitação
profissional no turismo em Sergipe: o caso dos bares e restaurantes” investigou a
demanda de mão-de-obra e capacitação dos bares e restaurantes turísticos no estado de
Sergipe. As autoras concluíram que os trabalhadores dos empreendimentos em Aracaju não
estão capacitados adequadamente, são na maioria, mal remunerados e que os níveis baixos
de motivação e a alta insatisfação são grandes empecilhos na melhoria dos serviços.
Concluíram também que investir em treinamento e na qualificação dos profissionais é ação
fundamental para que a realidade seja alterada.
Pode-se observar nos estudos supra apresentados o interesse dos pesquisadores em
estudar a importância da atividade turística para o desenvolvimento econômico e social das
localidades onde o mesmo ocorre. Dentre tais estudos merecem destaque especial os
desenvolvidos nos municípios do Estado de Sergipe, especialmente em Canindé de São
Francisco e Aracaju.
CAPÍTULO 3
METODOLOGIA
3 METODOLOGIA
Neste capítulo, apresenta-se a metodologia que foi utilizada para a consecução dos
objetivos do estudo. Segundo Campomar (1991, p.95), a metodologia, ou método
científico, "assume grande importância nas pesquisas acadêmicas e sem ela os resultados
das investigações seriam de difícil aceitação" ao passo que o método científico da pesquisa
social empírica possibilita a realização de levantamentos, "observação e experimento,
fornecendo conhecimento sobre opiniões, atitudes, crenças e percepções dos indivíduos,
sejam eles agentes ou pacientes do processo”. São apresentados, portanto, a caracterização
deste estudo, as questões de pesquisa que o nortearam, a definição das variáveis utilizadas
na pesquisa, bem como a determinação do universo e amostra, esclarecimentos acerca da
utilização do instrumento de coleta de dados e os procedimentos estatísticos e analíticos
que foram utilizados no tratamento dos mesmos.
3.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO
Este estudo, em função de seus objetivos, pode ser caracterizado quanto aos fins
como estudo exploratório e descritivo. Exploratório, pois abordou um tema com pouco
conhecimento acumulado e sistematizado e descritivo, pois fez a descrição de diversas
variáveis, além de estabelecer relação entre elas. Quanto aos meios de investigação a
pesquisa foi bibliográfica, documental e foi realizada pesquisa de campo, por meio da
coleta de dados primários através da realização de entrevistas com o subsídio de
questionário semi-estruturado (VERGARA, 1998).
A justificativa da utilização destes métodos será apresentada a seguir:
É considerada bibliográfica, pois buscou-se conhecer as diferentes contribuições
científicas sobre o assunto por meio de material publicado em livros, artigos científicos,
revistas, internet, além de estudos realizados por pesquisadores sergipanos, sendo possível
conhecer resultados obtidos através de pesquisas realizadas nos municípios do semi-árido e
nos próprios municípios objetos de estudo, os quais forneceram resultados empíricos e o
delineamento do cenário existente;
A investigação foi documental por coletar dados secundários disponíveis em
relatórios oficiais referentes ao objeto de estudo, em órgãos públicos dos municípios, dados
estes relativos a evolução socioeconômica do município, e dados específicos do setor
turístico, a exemplo de uma série histórica dos empregos gerados e valores dos salários
pagos por cada atividade;
E foi baseada em dados primários, pois foram coletados diretamente através de
pesquisa de campo, mediante a realização de entrevistas com aplicação de questionário
composto por perguntas abertas e fechadas, aos gestores das empresas turísticas privadas
dos municípios e aos representantes dos órgãos públicos procurando obter dados
quantitativos e, principalmente, conhecer a percepção dos mesmos em relação ao turismo e
aos investimentos realizados pelos empresários e pelos órgãos públicos.
3.2 QUESTÕES DE PESQUISA
Com o intuito de alcançar os objetivos propostos neste estudo, foram elaboradas as
seguintes questões de pesquisa:
Como se apresentam os indicadores sociais e econômicos dos municípios de
Canindé de São Francisco e Aracaju?
Quais as características das empresas turísticas existentes nestes municípios?
Qual a quantidade e tipos de empregos formais, terceirizados e temporários gerados
nas empresas turísticas privadas sergipanas?
Qual a média dos salários pagos por segmento de atuação das empresas turísticas
sergipanas?
Quais os investimentos privados realizados pelos gestores das empresas turísticas
de Canindé de São Francisco e Aracaju?
Quais os investimentos públicos realizados na infra-estrutura turística dos
municípios estudados?
Qual a percepção dos gestores das empresas turísticas dos municípios de Canindé
de São Francisco e Aracaju acerca da atuação dos órgãos públicos em prol do turismo?
Quais as perspectivas dos gestores das empresas turísticas dos municípios de
Canindé de São Francisco e Aracaju com relação ao turismo?
3.3 DEFINIÇÃO DOS TERMOS E VARIÁVEIS
Para Richardson.(1999, p. 65), variável é um conceito que assume valores
numéricos, em caso de variáveis quantitativas, ou que pode ser classificado em duas ou
mais categorias, em caso de ser variáveis de atributos”. De acordo com Vergara (1998), um
mesmo termo pode ter significados diferentes, logo é necessário que o autor do projeto
alerte o leitor para como determinado termo deve ser entendido em seu trabalho. Nesta
pesquisa foram estudadas as variáveis: “Indicadores socioeconômicos”, “Empresas
turísticas”, “Investimentos públicos e privados”, “Percepção acerca da atuação dos
órgãos públicos” e “Perspectivas em relação ao Turismo no município”.
As variáveis também devem ser operacionalizadas, o que segundo Gil (1999, p.
88), consiste em um processo que sofre uma variável (ou um conceito) a fim de se
encontrar os correlatos empíricos que possibilitem sua mensuração ou classificação”. A
seguir serão apresentadas conceitualmente as variáveis e dimensões envolvidas na pesquisa
para que seja possível mensurá-las:
Indicadores socioeconômicos: refere-se aos índices relativos a população, Índice
de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M), educação, economia e renda, Infra-
estrutura básica, saúde e saneamento básico nos municípios, além de retratar os setores
primário, secundário e terciário dos municípios estudados.
Empresas turísticas: refere-se ao conjunto de edificações, instalações e serviços
indispensáveis ao desenvolvimento da atividade turística. As variáveis analisadas foram as
empresas turísticas privadas dos municípios de Canindé de São Francisco e Aracaju
representadas por:
Meios de hospedagem: hotéis e pousadas turísticas
Meios de Alimentação: bares e restaurantes turísticos
Agências de viagens, serviços de excursão e recreação local
Transportadoras turísticas: catamarã (apenas em Canindé de São Francisco)
Empregos: significa postos de trabalho. Ocupação de serviço privado relacionado
às empresas turísticas dos municípios de Canindé de São Francisco e Aracaju.
Salário: é a remuneração paga pelo exercício de uma atividade profissional de
vínculo formal, nas empresas privadas do setor turístico dos municípios estudados. O
indicador foi o salário mínimo vigente no período da coleta de dados em março de 2005
(R$260,00).
Investimentos públicos e privados: refere-se a reformas, ampliação ou construção
de novos equipamentos turísticos nos municípios, realizados através da iniciativa pública
ou privada.
Percepção acerca da atuação dos órgãos públicos: refere-se ao ponto de vista
dos empresários locais acerca da atuação dos órgãos públicos municipais ligados ao
turismo em termos de apoio, incentivos e investimentos em infra-estrutura;
Perspectivas em relação ao Turismo no município: refere-se à postura otimista
ou pessimista dos empresários locais em relação ao futuro da atividade no município.
As variáveis e indicadores do estudo podem ser melhor visualizados no Quadro 3.1:
VARIÁVEIS INDICADORES
Indicadores socioeconômicos
IDH- M – longevidade, educação e renda
População
Educação
Economia e Renda
Infra-estrutura básica
Setores Primário, Secundário e Terciário
Empresas turísticas
Segmento de atuação
Número de funcionários
Cargos existentes
Salários pagos
Ampliação das instalações da empresa
Reforma nas instalações da empresa
Construção/aquisição de novos equipamentos
turísticos
Empregos Número de empregos formais
Empregos gerados por função
Terceirização
Empregos informais
Empregos temporários
Continua...
Continuação Quadro 3.1
Salários
Faixa salarial
Investimentos privados Tempo da realização do investimento
Tipos de investimentos realizados
Intenção em realizar investimentos futuros
Investimentos públicos Tipos de investimentos em infra-estrutura
Valores gastos pelo poder público
Percepção acerca da atuação dos
órgãos públicos
Incentivo ao turismo
Divulgação do município
Avaliação dos investimentos públicos
Cooperação com as empresas turísticas
Perspectivas em relação ao Turismo
Otimismo/pessimismo em relação ao crescimento
do turismo
Benefícios advindos do turismo
Inconvenientes/Problemas do turismo
Influências na qualidade de vida dos residentes
QUADRO 3.1 Variáveis e Indicadores do Estudo
3.4 DETERMINAÇÃO DO UNIVERSO E AMOSTRA
Vergara (1998, p. 50) define universo como “um conjunto de elementos que
possuem as características que serão objeto de estudo” e amostra como sendo “uma parte
do universo escolhida segundo algum critério de representatividade”. Neste estudo, o
universo da pesquisa envolveu empresas públicas e privadas relacionadas à atividade
turística dos municípios de Canindé de São Francisco e Aracaju.
Mattar (1996) considera que a escolha do processo de amostragem deve levar em
conta o tipo de pesquisa, a acessibilidade aos elementos da população, a representatividade
desejada, a disponibilidade de tempo, recursos financeiros e humanos entre outros. Neste
estudo, no município de Canindé de São Francisco a amostra da empresas turísticas
privadas coincidiu com o universo sendo considerada censitária. Desta forma, foram
coletadas informações nas dez empresas apresentadas no Quadro 3.2, mediante realização
de entrevistas com empresários com o intuito de obter dados primários sobre dados
turísticos no município de Canindé de São Francisco. Todos os gestores das empresas
listadas foram entrevistados em novembro de 2003, a exceção do gestor do Hotel Águas de
Xingó que por ter iniciado suas atividades em fevereiro de 2005, foi entrevistado no
segundo momento da pesquisa de campo ocorrido em março de 2005.
MUNICÍPIO SEGMENTO UNIVERSO AMOSTRAL* PREVISTO
REALIZADO
Hotéis
Xingó Parque Hotel (Catamarã
Pomonga)
China Hotel
Canindé Hotel
Águas de Xingó
X
X
X
X
X
X
X
X
Restaurantes e
Bares
Restaurante Karrancas
Restaurante Mandacaru
Restaurante Hot Stop
Churrascaria Tô a Toa
X
X
X
X
X
X
X
X
CANINDÉ DE
SÃO
FRANCISCO
Agências de
Turismo
M TUR (Catamarã Cotinguiba)
CANISTUR
X
X
X
X
QUADRO 3.2 Empresas Pesquisadas por Setor em Canindé de São Francisco
*Todas as empresas relacionadas com a atividade turística
Como já foi mencionado anteriormente, a pesquisa de campo no município de
Canindé de São Francisco ocorreu em dois momentos. O primeiro momento foi em
novembro de 2003 ocasião em que foram entrevistados quatro secretários municipais que
tiveram seus mandatos encerrados em 31 de dezembro de 2004. Com a nova administração
municipal empossada em 01 de janeiro de 2005, todos os gestores municipais foram
substituídos, dessa forma, no segundo momento da pesquisa de campo em Canindé de São
Francisco, foi realizada mais uma entrevista como pode ser visto no Quadro 3.4. Todas as
entrevistas previstas foram realizadas.
ÓRGAOS PÚBLICOS PRIMEIRO MOMENTO
(2003)
SEGUNDO MOMENTO
(2005)
Departamento de Turismo* Sr. João Apolônio Beserra Sr. José Pedro Gomes
Secretaria de Finanças Sr. José Valmir dos Passos
---------
Secretaria de Obras, Viação Pública e Saneamento
Sr. Pedro Alves Feitosa ---------
Departamento de Meio Ambiente Sra. Steila Chaves ---------
QUADRO 3.3 Órgãos Públicos Pesquisados em Canindé de São Francisco
*Atualmente denominada Secretaria de Comunicação, Cultura e Turismo
A pesquisa realizada no município de Aracaju utilizou amostra não
probabilística intencional ou por julgamento. Mattar enumera quatro razões para a
utilização deste tipo de amostragem. Dentre estas, duas justificam tal escolha nesta
pesquisa: i) “quando se trata de pesquisa exploratória, em que o objetivo principal é ganhar
conhecimento sobre o assunto e não as informações obtidas serem ou não representativas
da população”; ii) quando houver escassez de tempo ou recursos financeiros, materiais e
humanos (MATTAR, 1999, p. 270-271). Segundo Mattar (1999, p. 268-271), a
amostragem não probabilística é “aquela em que a seleção dos elementos da população
para compor a amostra depende, ao menos em parte, do julgamento do pesquisador ou do
entrevistador no campo”. A estratégia segundo este autor é escolher “casos julgados como
típicos da população em que o pesquisador está interessado, supondo-se que os erros de
julgamento na seleção tenderão a contrabalançar-se”.
Com base no exposto, foram selecionadas no município de Aracaju 15 empresas
turísticas (Quadro 3.4), representando as cinco mais expressivas dos segmentos de
hospedagem, alimentação e agências de turismo. As entrevistas realizadas com os gestores
de tais empresas possibilitaram as análises qualitativas para alcançar os objetivos propostos
neste estudo. Todas as entrevistas previstas foram realizadas.
MUNICÍPIO
SEGMENTO AMOSTRA
Hotéis/Pousadas
Hotel Terra do Sol – Sra. Telma Rios Pimentel - Proprietária
Jatobá Praia Hotel – Sr. Carlos Henrique – Gerente
Hotel Delmar – Sr. Miguel Francisco – Gerente
Hotel Algas Marinhas Sr. Manoel Lisboa Proprietário e Diretor da
ABIH nacional para pequenos hotéis
Hotel Beira Mar – Sr. Sergio Araújo - Gerente
Restaurantes e
Bares
Amanda Bar – Sr.Emanuel Silva de Oliveira – Gerente
Restaurante e Casa de Forró Cariri Sr. José Amilton Santana
Proprietário
Restaurante O Miguel – Sr. Newton Carvalho – Gerente
Bar e Restaurante Parati Sra. Mônica Mambrine Schneider
Proprietária
Bar e Restaurante Casquinha de Caranguejo Sr. Cícero Alves
Tobias de Oliveira - Gerente
ARACAJU
Agências de
Turismo
Nativa Turismo – Sra. Josi Andrade- Supervisora
Orion Consultoria Turística – Sr. Adailton González – Proprietário
Pontal Turismo – Sra. Rosângela Santos Ribeiro – Gerente
Propagtur Sr. Lúcio Flávio Miranda da Rocha Supervisor de
marketing
Young Tour Agência de Viagem – Sr. Derival Santos - Gerente.
QUADRO 3.4 Empresas privadas pesquisadas em Aracaju
Em Aracaju, a amostra dos entrevistados do setor público seguiu o mesmo critério
que o definido para Canindé de São Francisco, ou seja, órgãos públicos diretamente
relacionados com a atividade turística. Desta forma foram entrevistados os seguintes
gestores públicos em Aracaju conforme o Quadro 3.5:
ÓRGÃOS PÚBLICOS PESQUISADOS EM ARACAJU PREVISTO REALIZADO
Secretaria de Finanças - Diretor de
Administração Tributária
Sr. Altamirando
Fausto Dória Junior
X X
Secretaria de Turismo - Coordenadora
Especial de Desenvolvimento do
Produto Turístico
Sra. Silvia Oliveira X X
FUNCAJU Sra. Tanit Bezerra X
Administração Estadual do Meio
Ambiente (ADEMA)
Dra. Gleide Neide X X
Secretaria de Planejamento Dra. Maria Lucia de
Oliveira Falcón
X X
QUADRO 3.5 Órgãos Públicos Pesquisados em Aracaju
3.5 MÉTODOS E INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS
Neste estudo, para sua consecução, realizou-se pesquisa bibliográfica e documental,
além de pesquisa de campo, para a coleta de dados primários, através de entrevista com o
auxílio de questionário semi-estruturado. Utilizou-se também observação direta, não
estruturada, não disfarçada, com a utilização de câmera fotográfica, com o intuito
específico de registrar aspectos da infra-estrutura turística dos municípios.
Para Gil (1999) a observação desempenha um papel imprescindível no processo de
pesquisa e é na fase de coleta de dados que seu papel se torna mais evidente. Segundo este
autor é necessário um mínimo de controle na obtenção dos dados, seguido de um processo
de análise e interpretação, o que confere a sistematização e o controle requeridos pelos
procedimentos científicos.
A pesquisa bibliográfica é, segundo Vergara (1998, p.48), “o estudo sistematizado
desenvolvido com base em material publicado em livros, revistas, jornais, redes
eletrônicas, isto é, material acessível ao blico em geral”. Godoy (1995) concorda com
Gil (1999, p. 66), ao afirmar que a pesquisa documental “vale-se de materiais que não
receberam ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo
com os objetivos da pesquisa”. A vantagem na utilização da pesquisa documental reside no
fato de que as mesmas constituem, segundo Godoy (1995, p.22), "uma fonte não-reativa,
as informações nelas contidas permanecem as mesmas após longos períodos de tempo”.
Outra vantagem é ser uma "fonte natural de informações à medida que, por terem origem
num determinado contexto histórico, econômico e social, retratam e fornecem dados sobre
esse mesmo contexto".
Segundo Gil (1999, p.120), a entrevista estruturada “desenvolve-se a partir de uma
relação fixa de perguntas, cuja ordem e redação permanece invariável para todos os
entrevistados [...]”. Foi utilizado questionário, pois de acordo com Richardson e cols.
(1999, p.189), este instrumento “cumpre pelo menos duas funções: descrever as
características e medir determinadas variáveis de um grupo social”.
Neste estudo utilizou-se também o método do estudo de caso ao analisar
especificamente os municípios de Canindé de São Francisco e Aracaju, pois segundo
Campomar (1991) o estudo de caso é um método de pesquisa social empírica que
investiga-se o fenômeno dentro do seu contexto de vida real, onde as fronteiras não são
bem definidas e múltiplas fontes de evidência são usadas. Godoy (1995) afirma que o
estudo de caso produz relatórios com estilo mais informal, narrativo, geralmente com
tratamento estatístico não-sofisticado.
Campomar (1991, p.96) afirma que "para qualquer tipo de estudo em
desenvolvimento poderão ser utilizados métodos quantitativos ou qualitativos". Afirma
também que nos métodos qualitativos as possíveis inferências não são estatísticas e o
investigador procura fazer análises em profundidades, buscando obter a percepção dos
sujeitos pesquisados. Desta forma buscou-se neste estudo, identificar no discurso dos
entrevistados, os investimentos realizados em âmbito particular e público na infra-estrutura
das empresas turísticas dos municípios, bem como demais informações que vieram a
responder as questões de pesquisa anteriormente propostas.
A seguir são apresentados os procedimentos que foram adotados para a coleta dos
dados nos seguintes aspectos:
a) Realizar a análise dos indicadores socioeconômicos dos municípios de Canindé
de São Francisco e Aracaju desenvolveu-se:
Pesquisa bibliográfica, através da revisão na literatura disponível, a exemplo de
livros, artigos, monografias e dissertações, com o intuito de correlacionar os resultados
obtidos pelos pesquisadores e dar suporte às análises;
Pesquisa documental em relatórios de órgãos governamentais, estatísticas,
informações disponíveis em secretarias estaduais e municipais, a exemplo das Secretarias
de Turismo (SETUR), Secretaria da Fazenda (SEFAZ), Secretaria de Finanças e Secretaria
de Planejamento para conhecer os indicadores socioeconômicos dos municípios baseado
em dados históricos.
b) Identificar a infra-estrutura turística existente nos municípios de Canindé de
São Francisco e Aracaju foram consultados e analisados:
Dissertações de Mestrado e relatórios de pesquisa. Tais trabalhos nortearam o
presente estudo no sentido de possibilitar uma comparação entre os empreendimentos
atuais e os existentes anteriormente, o que embasou análises sobre acréscimo/decréscimos
de empresas, reformas ou melhorias na infra-estrutura turística do município, quantidade e
tipos de empregos gerados por segmento de atividade e salários pagos por setor;
Pesquisa documental no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no
Serviço de Apoio a Pequena e Média Empresa (SEBRAE) e na Secretaria de Turismo dos
municípios;
Visitas aos municípios estudados para identificar as empresas turísticas locais bem
como a infra-estrutura turística nos municípios.
c) Conhecer os investimentos públicos e privados realizados na infra-estrutura
turística dos municípios de Canindé de São Francisco e Aracaju foram feitas:
Pesquisa documental nos relatórios do PRODETUR I;
Entrevistas com gestores públicos e empresários dos diversos segmentos turísticos
dos municípios utilizando questionário semi-estruturado composto por perguntas abertas e
fechadas;
Registros fotográficos nos municípios estudados.
d) Identificação dos empregos existentes no município, relacionados com o setor
turístico e os valores dos salários pagos por empresas privadas do setor turístico dos
municípios de Canindé de São Francisco e de Aracaju foram realizadas mediante:
Coleta de dados primários para o município de Canindé, através de entrevistas com
o auxílio de roteiro semi-estruturado com os gestores públicos e com os responsáveis pelos
empreendimentos turísticos.
Em Aracaju foram utilizados dados secundários dos estudos de Faria (2003),
Araújo (2003) e Teixeira e Santos (2003), além de pesquisa documental, na Secretaria de
Turismo, Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), SEBRAE, EMBRATUR e IBGE,
seguida de preenchimento de tabelas antecipadamente desenvolvidas para este fim.
e) Percepção dos gestores de empresas privadas acerca da atuação dos órgãos
públicos foi conhecida através de:
Coleta de dados primários, utilizando entrevistas com o auxílio de roteiro semi-
estruturado com os responsáveis pelos empreendimentos turísticos mais relevantes nos dois
municípios.
f) Perspectivas dos gestores das empresas turísticas em relação ao turismo foram
conhecidas mediante:
Coleta de dados primários, por meio entrevistas com o auxílio de roteiro semi-
estruturado com os responsáveis pelos empreendimentos turísticos mais relevantes nos dois
municípios.
3.6 TRATAMENTO DOS DADOS
De acordo com Gil (1999, p.185), “não existem normas que indiquem os
procedimentos a serem adotados no processo de interpretação dos dados”. Para este autor,
na literatura existem recomendações acerca de cuidados que devem ser tomados para que a
interpretação dos dados não comprometa a pesquisa. Os dados obtidos neste estudo foram
tratados de forma quantitativa e qualitativa. Para Richardson. (1999, p. 90), a pesquisa
qualitativa pode ser caracterizada como “a tentativa de uma compreensão detalhada dos
significados e características situacionais apresentados pelos entrevistados [...]”. As
informações obtidas neste estudo foram analisadas para possibilitar o entendimento do
contexto das localidades. a pesquisa quantitativa, segundo Richardson. (1999, p. 70),
“caracteriza-se pelo emprego da quantificação tanto nas modalidades de coleta de
informações, quanto no tratamento delas por meio de técnicas estatísticas [...]”.
Este estudo apresentou valores numéricos absolutos, valores monetários e
percentuais. Tais dados foram tabulados e apresentados por meio de tabelas e gráficos do
programa Excel. Os dados obtidos pelo estudo receberam tratamento estatístico antes de
serem submetidos a interpretações e análises. Segundo Gil (1999, p. 172) a análise
estatística deve ser conduzida em dois níveis: “a descrição dos dados e a avaliação das
generalizações obtidas a partir desses dados”. Para finalizar este capítulo apresenta-se
(Figura 3.1) uma síntese das etapas, fases e procedimentos metodológicos utilizados no
transcurso deste estudo:
FIGURA 3.1 Síntese das Etapas e Procedimentos Metodológicos Utilizados
Definição dos objetivos
Formulação das questões de pesquisa
Definição das variáveis e indicadores
Determinação dos métodos e cnicas de coleta de dados
Determinação da população, do tamanho da amostra e do processo de amostragem
Planejamento da coleta de dados primários e secundários
Planejamento do tipo de tratamento dos dados a serem coletados
Coleta de dados secundários
Coleta de dados primários
Execução da pesquisa
Tratamento estatístico
Análise quantitativa
Análise qualitativa
Dados obtidos
Processamento e Análise
Discussão
Conclusões
Apresentação dos Resultados
ETAPAS E FASES DA METODOLOGIA
CAPÍTULO 4
OS MUNICÍPIOS DE CANINDÉ DE SÃO FRANCISCO E
ARACAJU E SEUS ASPECTOS TURÍSTICOS E
SOCIOECONÔMICOS
4 OS MUNICÍPIOS DE CANINDÉ DE SÃO FRANCISCO E ARACAJU
E SEUS ASPECTOS TURÍSTICOS E SOCIOECONÔMICOS
Este capítulo apresenta os municípios objeto do estudo, seus principais aspectos
turísticos e os seus indicadores socioeconômicos realizando correlações com os índices
apresentados em âmbito estadual, regional e nacional. Para alcançar tal intuito, são
analisados os dados do Anuário Estatístico de Sergipe (1999), Indicadores Sociais
Municipais (2000), dados do Censo Demográfico (2000), do Cadastro Industrial de Sergipe
(2001) além do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M), divulgado
através do Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil (2003).
4.1. LOCALIZAÇÃO
Canindé de São Francisco está localizada no semi-árido, região noroeste do Estado
de Sergipe, é banhada pelo Rio São Francisco e faz limite com os estados de Alagoas e
Bahia. O município possui Altitude de 68 m acima do nível do mar, Latitude 09º 30' 15'',
Longitude 37º 47' 45'' e está distante 160 Km, em linha reta, da capital do Estado. A
distância da Capital é de 213 Km, com acesso através das rodovias BR-101/SE-206. Sua
área total é de 908,2 Km².
Aracaju é uma cidade litorânea da região Leste e é a capital do Estado de Sergipe.
Faz limite com os municípios de Nossa Senhora do Socorro, Barra dos Coqueiros, São
Cristóvão e com o Oceano Atlântico. O município possui Altitude de 4 m acima do nível
do mar, Latitude 10° 54’ 15’’ e Longitude 37°02’40’’. Sua área total é de 181,8 Km².
A Figura 4.1 ilustra a localização dos municípios no Estado de Sergipe.
FIGURA 4.1 Localização dos Municípios de Canindé de São Francisco e Aracaju no
Estado de Sergipe
4.2 ATRATIVOS NATURAIS E TURÍSTICOS
O município de Canindé de São Francisco possui diversos atrativos naturais, a
exemplo de rios, lagos, quedas d’água e caminhos pitorescos e atrativos artificiais,
representados por museu, Igrejas e a Usina Hidrelétrica de Xingó. São considerados
atrativos naturais: o Canyon de Xingó; o Vale dos Mestres; a Trilha da Grota de Angicos; a
Prainha; várias praias fluviais; o Lago de Xingó; o Sítio Arqueológico do Vale dos
Mestres; o Sítio Arqueológico do Justino; o Sítio Arqueológico do Letreiro; Ninhal das
Garças (segundo informações da coordenadora do Departamento de Meio Ambiente este
atrativo foi alvo de um incêndio que além de retirar-lhe a beleza, comprometeu a
reprodução das aves); cachoeiras; a Ilha da Espera e o Riacho do Talhado.
Os atrativos turísticos artificiais encontrados no município de Canindé de São
Francisco são: o Ecomuseu que funciona no Hotel Xingó; o Projeto Irrigação Califórnia; a
Usina Hidrelétrica de Xingó, localizada no rio São Francisco, entre as cidades de Canindé
de São Francisco (SE) e Piranhas (AL), é a maior hidrelétrica brasileira e a maior do
Nordeste; o Dique II, obra de engenharia construída em rocha de granito, com
aproximadamente 800 metros de extensão; o Dique III, obra de engenharia construída em
rocha de granito, localizada próxima ao Dique II; o passeio de Catamarã até Paulo Afonso;
Aracaju
Canindé do São Francisco

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o Museu Arqueológico de Xingó (MAX), inaugurado em 25 de abril de 2000, que conta
com um acervo arqueológico de 55 mil peças, esqueletos humanos, utensílios e registros
gráficos, referentes aos aspectos da cultura do homem que, como revelaram as pesquisas,
se encontra na região pelo menos nove mil anos. Anexo ao MAX, funciona um
completo laboratório de pesquisas arqueológicas e finalmente, o Perímetro Irrigado
Califórnia, subdividido em 333 lotes que utiliza nas áreas irrigáveis a tecnologia de
irrigação por aspersão.
O município de Aracaju possui como atrativos naturais as praias de Aruana,
Robalo, Náufragos, Refúgio, Mosqueiro, Coroa do Meio, Atalaia e praia dos Artistas entre
outras. Os atrativos artificiais do município de Aracaju são: Parque da Sementeira mais
conhecido como Parque Augusto Franco, funciona todos os dias das 06:00 às 18:00 horas.
Foi criado em 1980 e foi revitalizado em 2004. Possui uma área de 363.442m² com campo
de futebol, parque infantil, pista para caminhadas e passeios de bicicleta, lago, restaurante
e área para piquenique. Como equipamentos básicos, a população tem à disposição
churrasqueiras, banheiros equipados com chuveiros e pedalinhos. (PARQUE DA..., 2004)
Outros atrativos são: o calçadão da 13 de julho, a Orla de Atalaia com uma fonte
luminosa, o oceanário em forma de tartaruga, composto por vinte aquários que mostram a
flora e fauna marítima e fluvial do estado; o Centro Histórico de Aracaju, recentemente
revitalizado que possui: casarões da época da construção da cidade, os mercados Antônio
Franco (1926) e Thales Ferraz (1949), o mercado municipal Albano Franco, a Praça Fausto
Cardoso, o Parque Teófilo Dantas, o Palácio Olímpio Campos, o Centro de Turismo, o
Museu de Artesanato, a Ponte do Imperador (inaugurada em 11 de janeiro de 1860) e a
Catedral Metropolitana.
4.3 POPULAÇÃO
O município de Canindé de São Francisco possui, segundo o Censo 2000, 17.754
habitantes, sendo que 50,52% (8.970) são homens e 49,48% (8.784) mulheres. Destes,
52,40% (9.303) encontram-se na zona urbana e 47,60% (8.451) na zona rural. Aracaju,
segundo o Censo 2000, possui 461.534 habitantes, sendo que 46,78% (215.887) são
homens e 53,22 % (245.647) mulheres, sendo um município 100% urbano.
O grau de urbanização do município de Canindé de São Francisco encontra-se
aquém das taxas apresentadas em Sergipe, no Nordeste e no Brasil, respectivamente
71,36%, 69,04% e 81,23%, ao passo que o município de Aracaju encontra-se além das
demais taxas comparativas, pois é totalmente urbano.
O número de unidades domiciliares particulares permanentes em Canindé de São
Francisco é de 3.868 unidades, com 3.159 chefes de família do sexo masculino e 709
famílias chefiadas por mulheres. Em Aracaju, o mero de unidades domiciliares
particulares permanentes é 116.689 unidades, com 75.446 chefes de família do sexo
masculino e 41.243 famílias chefiadas por mulheres. Analisando esses valores, observa-se
que o município de Canindé possui 81,67% dos domicílios chefiados por homens, valor
superior ao da capital que corresponde a 64,66% do total. Por outro lado, em Aracaju
observa-se que um percentual de 35,34% dos domicílios são chefiados por mulheres, o que
significa quase o dobro do que foi encontrado em Canindé (18,33%).
As taxas de crescimento médio da população de Canindé de São Francisco e de
Aracaju são respectivamente 5,02 % ao ano e 1,55 % ao ano com esperança de vida ao
nascer em Canindé de São Francisco de 60 anos e em Aracaju 68,7 anos. A taxa de
mortalidade infantil é de 77,6 para cada mil nascimentos em Canindé de São Francisco e
de 42,9 para cada mil nascimentos vivos em Aracaju. (CENSO 2000)
Comparativamente com os valores apresentados pela capital do Estado Aracaju,
observa-se um acelerado crescimento da população de Canindé de São Francisco que a
taxa média de crescimento na capital é de apenas 1,55% indicando uma tendência ao
controle da natalidade. As taxas de mortalidade infantil e a esperança de vida ao nascer
estão aquém das apresentadas pela capital: 42,9 p/mil e 68,7 anos, respectivamente.
Comparando-se os municípios, pode-se concluir que na população de Canindé o número de
nascimentos é maior, porém a mortalidade e a esperança de vida indicadores negativos
também são elevadas o que pode indicar a necessidade de maior atenção quanto à saúde e
saneamento básico.
A densidade demográfica em Canindé de São Francisco é de 19,62 hab/km² e em
Aracaju 2.535,19 hab/ km² (BNDES, 2003; IBGE, 2000). Com relação à distribuição da
população por grupos de idades nos municípios de Canindé de São Francisco e Aracaju,
pode-se constatar que os municípios possuem uma população jovem, pois 83,1% dos
habitantes de Canindé (14.751) possuem até 39 anos de idade e em Aracaju esse número
corresponde a 74,94% (345.869) dos residentes.
Um dado curioso diz respeito ao percentual de pessoas com mais de sessenta anos
de idade 5,00% em Canindé e 7,01% em Aracaju ratificando a expectativa de vida ao
nascer nos municípios, respectivamente 60 anos e 68,7 anos de idade. De acordo com o
Censo 2000, 78,89% (14.005) dos munícipes de Canindé são pardos e a religião
predominante é a católica, professada por 85,27% (15.138) da população. O mesmo
acontece em Aracaju com predominância de pardos (55,97% - 258.318 pessoas) e religião
católica (77,37%), professada por 357.089 aracajuanos.
4.4 ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO MUNICIPAL (IDH-M)
O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) é considerado o
indicador mais adequado para avaliar as condições de núcleos sociais menores. O Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), utilizou os dados do questionário do Censo 2000
para o cálculo do índice, que é composto pelos subíndices longevidade, educação e renda.
O subíndice longevidade sintetiza as condições de saúde e salubridade locais,
representando a esperança de vida ao nascer, ou seja, o número médio de anos que uma
pessoa nascida no município deve viver. O subíndice educação considera a taxa de
alfabetização de pessoas acima de 15 anos de idade e a taxa bruta de freqüência à escola,
pretendendo aferir a parcela da população local que vai à escola em comparação à
população local em idade escolar. Para avaliar o subíndice renda, o critério utilizado é a
renda municipal per capita. A Tabela 4.1 apresenta a evolução dos índices entre os anos de
1991 e 2000 nos municípios de Canindé de São Francisco, em Aracaju, no Estado de
Sergipe e no Brasil.
TABELA 4.1 Índice de Desenvolvimento Humano Municipal Total, Longevidade,
Educação e Renda
CANINDÉ ARACAJU SERGIPE BRASIL IDH-M
1991
2000
1991
2000
1991
2000
1991
2000
Total (média)
0,452
0,580
0,733
0,794
0,597
0,682
0,696
0,766
Longevidade
0,468
0,584
0,666
0,729
0,580
0,651
0,662
0,727
Educação
0,416
0,628
0,832
0,901
0,630
0,771
0,745
0,849
Renda
0,472
0,572
0,702
0,752
0,582
0,624
0,681
0,723
Fonte: PNUD/IPEA/FJP - Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, 2003.
O índice varia de 0 (nenhum desenvolvimento humano) a 1 (desenvolvimento
humano total). Países com IDH a 0,499 têm desenvolvimento humano considerado
baixo; os países com índices entre 0,500 e 0,799 são considerados de médio
desenvolvimento humano; países com IDH maior que 0,800 têm desenvolvimento humano
considerado alto (PNUD/IPEA/FJP, 2003).
O município de Canindé apresenta o índice total de 0,580 estando, portanto,
classificado como município com médio desenvolvimento humano, por sua vez Aracaju
apresenta o índice de 0,794 estando também classificado com médio desenvolvimento
humano. Como pode ser visualizado na Tabela 6.1, o IDH-M total do município sofreu
uma variação positiva no ano de 2000 de 28,3% em relação ao ano de 1991; porém, mesmo
com essa evolução encontra-se abaixo da média de todos os setenta e cinco municípios
sergipanos que corresponde a 0,682, ocupando a 64° posição, e da média brasileira 0,766,
ocupando entre os 5.561 municípios brasileiros a 4992° posição. Encontra-se, todavia,
acima da média dos municípios com menos de 50 mil habitantes, que apresentaram
variação no período de 15,9%, ao passo que Canindé variou 28,3%.
O comportamento do índice em Aracaju ocorre de maneira semelhante já que o
IDH-M total do município sofreu uma variação positiva no ano de 2000 de 8,3% em
relação ao ano de 1991; levando-o a destacar-se, ocupando a posição no Estado, e na
média brasileira, ocupando a 708° posição. Encontra-se, porém, abaixo da média dos
municípios entre 50.000 e 500.000 habitantes que cresceram 11,2% no mesmo período.
Analisando os subíndices, observa-se que entre os anos de 1991-2000 houve uma
evolução positiva no município de Canindé de São Francisco com crescimento de 24,8%
em relação à longevidade e de 51% e 21,2% nos subíndices educação e renda,
respectivamente. Em Aracaju observa-se que entre os anos de 1991-2000 houve uma
evolução positiva no município com crescimento de 9,4% em relação à longevidade e de
8,3% e 7,1% nos subíndices educação e renda, respectivamente. Observa-se que em
Canindé de São Francisco o subíndice de maior representatividade é educação, ao passo
que em Aracaju o destaque é para o subíndice longevidade.
De acordo com o Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil (2003), ao longo do
período de 1990 - 2000, a dimensão educação foi a que mais se desenvolveu em 83% dos
municípios brasileiros. Na média das 5.507 cidades, o subíndice educação cresceu 25%,
longevidade 12% e renda 11%. O IDH-M médio das cidades com menos de 50 mil
moradores cresceu de 0,603 para 0,693, o que é importante tendo em vista que abrigam
62,2 milhões de pessoas, representando 36% da população do país (PNUD/IPEA/FJP,
2003).
4.5 EDUCAÇÃO
No município de Canindé existem 58 estabelecimentos de ensino que, segundo
Morato (2003), não ofertam cursos profissionalizantes, nem de nível médio, porém,
encontra-se em andamento uma parceria entre a Secretaria de Educação e o SEBRAE para
o desenvolvimento de programas de capacitação em artesanato e comidas típicas. As
escolas municipais oferecem a pré-escola (26), classes de alfabetização, ensino
fundamental (31), ensino médio (1) e ensino de Jovens e adultos.
Em Aracaju existem 451 estabelecimentos de ensino que ofertam cursos de pré-
escola (147 escolas), classes de alfabetização, ensino fundamental (187 escolas), ensino
médio (50 escolas), ensino de Jovens e adultos e cursos profissionalizantes. (CENSO
EDUCACIONAL, 2003). Na Tabela 5.2 observa-se a evolução das matrículas nas escolas
municipais nos últimos três anos:
TABELA 4.2 Evolução das Matrículas nas Escolas Estaduais, Municipais e Privadas
do Município de Canindé de São Francisco e Aracaju – 2000/2003
ANOS
CANINDÉ DE SÃO
FANCISCO
ARACAJU
VARIAÇÃO %
2002-2003
ENSINO
2000
2001
2002
2003
2000 2001 2002 2003 CSF ARACAJU
Pré-escola
870 1046
950 1537
15743
17059
16950
15840
61,79 -7,00
Classe de
Alfabetização
333 453 511 11 2894 1619 1411 1124 -
4.545,45
25,53
Ensino Fundamental
5983
5956
6161
6154
96401
92508
88923
83888
-0,11 6,00
Ensino de Jovens e
Adultos (EJA)
- 169 405 739 18201
16528
19090
18759
82,47 1,76
Fonte: Censo Escolar 2000-2003; INEP 2004.
Nota-se em Canindé de São Francisco expressiva redução de matrículas no ano de
2003 na Classe de Alfabetização e crescimento significativo nas modalidades de Pré-
Escola e Ensino de Jovens e Adultos (EJA). Em Aracaju observa-se comportamento oposto
que houve uma pequena redução na pré-escola, ao passo que as demais modalidades
apresentaram crescimento, destacando-se a classe de alfabetização. Os motivos das
variações nas matrículas não serão explicados, pois não se constitui objeto de pesquisa
deste estudo.
O maior desafio do município de Canindé de São Francisco é a evasão escolar, que
ocorre principalmente na zona rural e nas áreas de assentamento. A rede municipal conta
com 167 docentes, sendo que 75% estão lotados no ensino fundamental e 25% na pré-
escola. Apenas 15% dos professores do município possuem ensino superior. A Secretaria
de Educação pretende reverter tal situação com programas de incentivo aos professores
para a realização de cursos de graduação e fornecendo treinamento em práticas
pedagógicas e incorporação nas disciplinas de educação ambiental (MORATO, 2003).
Analisando a questão sob uma ótica mais específica, dentre os 3.868 chefes de
famílias do município de Canindé de São Francisco, 1.869 (48,32%) não possuem
instrução ou freqüentaram a escola por menos de um ano durante toda a vida. Apenas 46
chefes de famílias (1,19%) possuem mais de doze anos de estudos. Em Aracaju, entre os
116.689 chefes de famílias, 12.854 (11,02%) não possuem instrução ou freqüentaram a
escola por menos de um ano durante toda a vida, ao passo que 18.055 chefes de famílias
(15,47 %) possuem mais de doze anos de estudos. (CENSO 2000).
Em Canindé de São Francisco, a população analfabeta com mais de 10 anos de
idade representa 40,28% (5.159 pessoas) da população total com mais de dez anos de idade
(12.809). Este dado é preocupante, pois está muito acima da taxa estadual (25,16%) e
nacional (13,63%) e demonstra que, mesmo com o crescimento apresentado pelo subíndice
educação do IDH-M, a situação do município é bastante crítica. Em Aracaju, a população
analfabeta com mais de 10 anos de idade representa 9,49% (36.027 pessoas) da população
total com mais de dez anos de idade (379.614 pessoas), o que mostra a situação favorável
do município quando comparado com os percentuais do Estado e do País.
4.6 ECONOMIA E RENDA
Segundo o BNDES (2003), o valor do Produto Interno Bruto (PIB) do município de
Canindé de São Francisco corresponde a R$ 48,94 milhões, ao passo que o PIB per capita é
da ordem de R$3.371,88, superior 48,69% ao valor estadual (R$2.267,65), fato que pode
ser explicado pela presença no município da maior hidrelétrica brasileira e maior do
Nordeste, a Usina Hidrelétrica de Xingó. No município de Aracaju, o valor do Produto
Interno Bruto (PIB) corresponde a R$ 2,23 bilhões, ao passo que o PIB per capita é da
ordem de R$ 5.200,51, superior 129,33% ao valor estadual. A Tabela 4.3 apresenta a
população de dez anos ou mais de idade por condição de atividade.
TABELA 4.3 População de Dez Anos ou Mais por Condição de Atividade em Canindé
de São Francisco e Aracaju
HOMENS MULHERES TOTAL
MUNICÍPIO
CONDIÇÃO
Valor
Absoluto
Valor
Relativo
Valor
Absoluto
Valor
Relativo
Valor
Absoluto
Valor
Relativo
Economicamente
Ativas
4.247 65,48 2.086 33,00 6.333 49,44
Não-
Economicamente
Ativas
2.239 34,52 4.237 67,00 6.476 50,56
CANINDÉ DE
SÃO FRANCISCO
TOTAL 6.486 100,00 6.323 100,00 12.809 100,00
HOMENS MULHERES TOTAL
MUNICÍPIO
CONDIÇÃO
Valor
Absoluto
Valor
Relativo
Valor
Absoluto
Valor
Relativo
Valor
Absoluto
Valor
Relativo
Economicamente
Ativas
113.611 65,17 97.769 47,62 211.380 55,68
Não-
Economicamente
Ativas
60.720 34,83 107.541 52,38 168.261 44,32
ARACAJU
TOTAL 174.331 100,00 205.310 100,00 379.641 100,00
Fonte: Censo, 2000.
O valor do rendimento médio dos responsáveis pelos domicílios particulares
permanentes em Canindé de São Francisco era, no ano 2000, de R$ 334,00, sendo que os
homens percebiam R$ 346,00 e as mulheres R$ 280,00. Em Aracaju o valor do rendimento
médio dos responsáveis pelos domicílios particulares permanentes era, no ano 2000, de R$
947,00, sendo que os homens percebiam R$ 1.091,00 e as mulheres R$ 670,00 (CENSO,
2000).
4.7 INFRA-ESTRUTURA BÁSICA
Dos 3.868 domicílios permanentes particulares do município de Canindé de São
Francisco, 54,29% (2.100) estão na zona urbana, ao passo que 45,71% localizam-se na
zona rural (1.768). A rede geral abastece 74,12% do total de residências, enquanto as
demais obtém a água de outras formas
1
. Em Aracaju, 100% estão na zona urbana e a rede
geral abastece 95,70% do total de residências. (CENSO, 2000; BNDES, 2003).
Segundo Morato (2003, p.237), 80,00% dos domicílios em Canindé de São
Francisco possuem energia elétrica e “algumas propriedades utilizam energia solar”. A
rede geral de esgoto sanitário atende a 38,52% dos domicílios permanentes particulares
(1.490), entretanto, 24,1%, ou seja, 932 residências não possuem instalação sanitária. Os
37,38% restantes (1.446) utilizam-se de outros destinos
2
(CENSO, 2000).
O lixo é coletado em 64,79% (2.506) do total de domicílios permanentes
particulares e, na zona urbana, 90,24% das residências são beneficiadas, porém, nos
35,21% das residências restantes recebe outro destino
3
. Segundo Morato (2003, p. 238), o
Secretário de Obras de Canindé de São Francisco afirma que o lixo, após a coleta
domiciliar, “é enterrado em trincheiras” e não há no município nenhum programa de
reciclagem. Em Aracaju, o lixo é coletado em 95,95% (111.962) do total de domicílios
permanentes particulares (116.689). (CENSO, 2000).
Entre os anos de 1991-2000, em Canindé de São Francisco a proporção de
domicílios particulares permanentes contemplados com um serviço adequado de
saneamento sofreu uma representativa variação positiva de 416,4%, passando de 7,3% em
1999 para 37,7% em 2000. Outro importante indicador é a considerável redução (-202,1%)
de domicílio sem rede geral, esgotamento sanitário e coleta de lixo, tendo em vista que no
ano de 1991 representavam 56,8% e em 2000 este número foi reduzido para 18,8%.
(CENSO 2000).
1
Através de poços ou nascentes, reservatórios, água de chuva, carro-pipa, ou nascente fora do terreno no qual
a residência está localizada.
2
Fossas sépticas, vala, rio ou outro escoadouro.
3
O lixo pode ser queimado ou enterrado, jogado em terreno baldio, logradouro ou rio.
Em Aracaju os números também são satisfatórios. Entre os anos de 1991-2000,
houve variação positiva (24,96%) na proporção de domicílios particulares permanentes no
aspecto saneamento adequado, da mesma forma que houve elevada redução (-371,43%) no
percentual de domicílios com saneamento inadequado, que em 1999 havia 6,6% e em
2000 o percentual era de apenas 1,4% . (CENSO 2000).
4.8 SAÚDE
O município de Canindé de São Francisco possui nove postos de atendimento de
saúde e um hospital com apenas 35 leitos, sendo oito destinados à pediatria e cinco
obstétricos. O Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS), havia cadastrado em
junho de 2000, 93,39% da população do município, cobrindo 16.580 pessoas. Este
programa foi o maior responsável pela diminuição da mortalidade infantil, cobertura
vacinal, identificação e tratamento dos desnutridos. o Programa de Saúde da Família
(PSF) é composto por sete equipes incluindo médicos, enfermeiros e dentistas (MORATO,
2003). O município de Aracaju contava em 2002 com 194 estabelecimentos de saúde
sendo 144 estabelecimentos privados e cinqüenta públicos, perfazendo um total de 2.491
leitos. (IBGE, 2002).
4.9 SETOR PRIMÁRIO
Segundo o BNDES (2003), a agropecuária representa em Canindé de São Francisco
e Aracaju, 15,2% e 0,1% da economia do município respectivamente. No município de
Canindé de São Francisco os rebanhos mais representativos são constituídos por galos,
frangos e pintos, seguidos por bovinos, galinhas e ovinos. Ao passo que em Aracaju a
exploração agrícola se através de pequenas e médias propriedades. A Tabela 4.4 ilustra
as principais culturas e rebanhos dos municípios:
TABELA 4.4 Setor Primário nos Municípios de Aracaju e Canindé de São Francisco
MUNICÍPIO (%) PRINCIPAIS
CULTURAS
QUANTIDADE
PRINCIPAIS
REBANHOS
N° DE
CABEÇAS
ARACAJU
0,1%
Banana
Coco-da-
baía
Manga
Feijão
Mandioca
Milho
61 mil cachos
3.520 mil
frutos
120 mil frutos
1 tonelada
74 toneladas
3 toneladas
galos, frangos
codornas
galinhas
bovinos
Eqüinos
93.560
3.040
2.470
780
510
CANINDÉ DE SÃO
FRANCISCO
15,2%
Banana
Coco-da-
baía
Mandioca
Feijão
Milho
Tomate
Batata-doce
Melancia
Amendoim
459 mil cachos
30 mil frutos
1.440 toneladas
681 toneladas
210 toneladas
30 toneladas
27 toneladas
80 toneladas
2 toneladas
galos, frangos
bovinos
galinhas
ovinos
vacas ordenhadas
36.800
18.500
8.750
6.830
3.880
Fonte: BNDES (2003); IBGE (2002).
4.10 SETOR SECUNDÁRIO
O Setor Secundário em Canindé de São Francisco corresponde a 81,50% da
economia local, ao passo que em Aracaju este setor representa 27,70% da economia.
(BNDES, 2003). De acordo com o Cadastro Industrial de Sergipe (2001), os maiores
empregadores do setor secundário em Canindé de São Francisco eram a Construtora
Odebrecht (46,09%) seguida da Indústria de Laticínios Xingó Ltda (36,17%). Aracaju
possui 462 empresas com um total de 14.266 empregos diretos. A Tabela 4.5 ilustra o
exposto:
TABELA 4.5 Setor Secundário nos Municípios de Aracaju e Canindé de São
Francisco
MUNICÍPIO
REPRESENTATIVIDADE DO SETOR
SECUNDÁRIO NA ECONOMIA DOS
MUNICÍPIOS (%)
QUANTIDADE
DE
EMPRESAS
QUANTIDADE DE
EMPREGOS GERADOS
ARACAJU
27,70% 462 14.266
CANINDÉ DE SÃO
FRANCISCO
81,50%
13
141
Fonte: BNDES (2003); Cadastro Industrial de Sergipe (2001).
4.11 SETOR TERCIÁRIO
O Setor de Serviços em Canindé de São Francisco representa 3,4% da economia do
município e em Aracaju este percentual é de 72,20% (BNDES, 2003). O comércio
atacadista do município de Canindé de São Francisco era representado, em 1998, por
apenas um estabelecimento do ramo de bebidas que empregava cinco pessoas. Já o
comércio varejista contava com 83 estabelecimentos, que empregavam o total de 163.
Observa-se que as atividades relacionadas a Artigos de Vestuário, Artigos de Armarinhos e
Mercadorias em Geral eram as mais representativas, em 1998, no segmento comércio
varejista.
O setor de serviços em Canindé de São Francisco era representado, em 1998, por 78
estabelecimentos que geravam 327 empregos. O setor terciário, no ano de 1998, era o que
mais gerava empregos no município com as atividades de hospedagem e alimentação
representando 64,1% do total de estabelecimentos prestadores de serviços, empregando
59,3% das pessoas ocupadas em tal atividade. O turismo faz parte deste setor, porém, não
foram identificados relatórios nos órgãos públicos ou privados que possuíssem
informações relativas ao número de empregos turísticos, geração de salários e tributos
oriundos exclusivamente de empresas relacionadas com a atividade turística, sendo
necessária uma investigação mais detalhada, pois nem todos os cinqüenta estabelecimentos
de hospedagem e alimentação do município são considerados como parte da infra-estrutura
turística do município.
Segundo o SEBRAE (1998), existiam em Canindé, no ano de 1998, 24 empresas
prestadoras de serviços, sendo 22 classificadas como microempresas e duas de médio
porte. Estas empresas representavam 6,69% do total de empresas formais do município que
totalizavam 359 estabelecimentos. A pesquisa informa ainda que os estabelecimentos
informais - os que são não possuem registro no Cadastro Geral de Contribuintes (CGC) do
Ministério da Fazenda - são em maior número, representando 64,37% dos
estabelecimentos dos segmentos Comércio, Indústria e Prestação de Serviços no
município. A pesquisa informa que os proprietários atuam de forma marginal em
decorrência dos encargos e impostos elevados, custo do registro e burocracia. Sendo assim,
54 prestadoras de serviços são informais; portanto, a quantidade de pessoas empregadas
não é de conhecimento dos órgãos oficiais, logo, não entram nas estatísticas de
desempregos, IDH-M, RAIS, entre outros.
CAPÍTULO 5
CARACTERÍSTICAS DAS EMPRESAS TURÍSTICAS DOS
MUNICÍPIOS DE CANINDÉ DE SÃO FRANCISCO E
ARACAJU
5 CARACTERÍSTICAS DAS EMPRESAS TURÍSTICAS DOS
MUNICÍPIOS DE CANINDÉ DE SÃO FRANCISCO E ARACAJU
Este capítulo apresenta as características das empresas turísticas dos setores público
e privado constituintes dos segmentos turísticos dos municípios de Canindé de São
Francisco e Aracaju.
5.1 EMPRESAS TURÍSTICAS DO SETOR PRIVADO
É importante fazer algumas ressalvas para a adequada compreensão das análises
que serão apresentadas e dos resultados encontrados no setor privado em Canindé de São
Francisco:
O Hotel Xingó possui em suas instalações o Restaurante Maria Bonita, e o
Catamarã Pomonga também é de sua propriedade;
O Restaurante e Pousada Mandacarú situam-se em um mesmo prédio e pertencem a
um único proprietário. O restaurante funciona no andar térreo, ao passo que a
Pousada no andar superior.
A princípio, dezessete empresas apontadas como turísticas pela Prefeitura
Municipal de Canindé e por Santos (1999), faziam parte da amostra deste estudo. Em
virtude do que foi mencionado e com a preocupação em não duplicar dados e,
conseqüentemente, comprometer as análises, o “Hotel Xingó, o Restaurante Maria Bonita e
Catamarã Pomonga” foram agrupados e computados uma única vez, logo, a amostra
passará de dezessete para dez empreendimentos turísticos.
Sendo assim, na apresentação de alguns resultados quantitativos poderá ocorrer a
separação das atividades dos estabelecimentos anteriormente citados por segmento de
atuação e o valor absoluto somará onze estabelecimentos. a exposição dos resultados
qualitativos será realizada de forma agregada por estabelecimento, pois representará a
opinião de um mesmo proprietário (que possui mais de uma empresa), logo, o valor
absoluto somará dez respondentes.
Para complementar alguns aspectos relacionados às empresas turísticas aracajuanas
dos segmentos bares e restaurantes, hospedagem e agências de viagem e turismo, foram
utilizados dados secundários de diversas fontes e de modo especial de três estudos atuais e
de grande relevância, pois cada um deles estudou em profundidade amostras significativas
dos citados segmentos. São eles Araújo (2003), Faria (2003) e Teixeira e Santos (2003).
Araújo (2003) teve como objetivo analisar a demanda de mão-de-obra e a
capacitação profissional nas agências de viagem e turismo em Aracaju. O estudo de Faria
(2003) teve como objetivo identificar e analisar a demanda de mão-de-obra e as
necessidades de capacitação profissional do setor hoteleiro sergipano. O estudo de Teixeira
e Santos (2003) investigou a demanda de mão-de-obra e capacitação dos bares e
restaurantes turísticos no Estado de Sergipe.
A classificação das empresas turísticas de Aracaju e Canindé obedeceu ao critério
definido pelo Serviço de Apoio a Pequena e Média Empresa (SEBRAE) que classifica as
empresas prestadoras de serviços segundo o porte, de acordo com a quantidade de
funcionários, da seguinte forma: microempresas, até nove pessoas ocupadas; pequena
empresa, de dez a 49 pessoas ocupadas; média empresa de cinqüenta a 99 pessoas
empregadas, e grande empresa acima de cem pessoas ocupadas.
Desta forma, em Canindé, todas as seis empresas dos segmentos agências de
turismo e alimentação e três empresas do segmento hospedagem, perfazendo um total de
nove estabelecimentos, são classificadas como pequenas empresas e apenas uma empresa
de segmento hospedagem é do tipo média empresa. Logo, 90,0% das empresas turísticas
pesquisadas são classificadas como Micro e Pequenas Empresas (MPE’s), conforme
observa-se na Figura 5.1:
10,00%
90,00%
PEQUENA
EM PRESA
M ÉDIA
EM PRESA
FIGURA 5.1 Porte das Empresas Turísticas de Canindé
Fonte: Pesquisa de Campo, 2003 e 2005.
As Micro e Pequenas Empresas (MPE’s) também predominam entre as empresas
turísticas aracajuanas. No estudo de Araújo (2003) foi considerada uma amostra de 35
agências pesquisadas. 83,0% das agências de viagem e turismo aracajuanas pesquisadas
são classificadas como microempresa. (ARAÚJO, 2003, p. 45).
Sergipe conta com 140 estabelecimentos de hospedagem, entre hotéis (68) e
pousadas (72), perfazendo um total de 7.041 leitos. A oferta de leitos foi ampliada com a
implantação de dois hotéis de bandeira internacional, o Quality (Atlântica-Choice) e o Íbis
(Accord) direcionados para executivos e participantes de eventos. (REVISTA SERGIPE...,
2004, p. 11). Entre 1989 e 1998, o número de hotéis e pousadas em Aracaju cresceu cerca
de 400%, passando de oito para 43 estabelecimentos.(PRODETUR, 2002); Entre 1997 e
2002 houve acréscimo de aproximadamente 15% na oferta de meios de hospedagem em
Sergipe e fluxo de hóspedes aumentou 66% (EMSETUR, 1999); Aracaju concentra 73%
das Unidades Hoteleiras do Estado de Sergipe (PRODETUR, 2002).
A grande maioria (91,6%) da hotelaria sergipana é composta principalmente por
micro e pequenas empresas (FARIA, 2003); Os empreendimentos hoteleiros sergipanos de
pequeno porte são recentes (75%) e tem estrutura organizacional muito simples sendo em
grande parte (73,3%) empresas familiares (TEIXEIRA E MORRISON, 2003); Segundo
Faria (2003) quase metade dos meios de hospedagem aracajuanos pesquisados (47,2%)
possui até dez funcionários e podem ser classificados como empresas de pequeno porte.
Segundo Teixeira e Santos (2003) 73,4% dos bares e restaurantes aracajuanos
pesquisados são classificados como pequenas empresas, pois segundo as autoras
predominam entre as empresas pesquisadas as que empregam até 20 funcionários. Estes
resultados, se comparados com o estudo de Farias e Teixeira (2001), que constatou que
entre as indústrias localizadas no Vale do São Francisco, 90,3% delas são Pequenas e
Médias Indústrias (PMI’s) e com o estudo de Pio (2000), que informa que no ano de 1998,
no Estado de Sergipe e no Nordeste, o número de MPE’s correspondia respectivamente a
98,13% e 98,06% do total de estabelecimentos, pode-se constatar a predominância deste
porte entre os estabelecimentos nordestinos e sua importância na absorção de mão-de-obra.
Os percentuais especificamente das empresas relacionadas com a atividade turística podem
também ser verificados no estudo do SEBRAE/RN (1996), que constatou que 94,7% das
empresas turísticas pesquisadas eram MPE’s.
O Estado de Sergipe contava em 2003 com 779 estabelecimentos turísticos
distribuídos nos segmentos hospedagem, alimentação e agências de viagem, conforme
pode ser observado na Tabela 5.1 a qual ainda apresenta os valores respectivos para a
região Nordeste e para o Brasil.
Tabela 5.1 Número de Empresas Turísticas por Segmento de Atuação em 31/12/2003
UF Hospedagem Alimentação Agências de Viagem Total
Brasil
19572 107144 7833 134549
Nordeste
4043 12648 1282 17973
Sergipe
140 586 53 779
Fonte MTE/RAIS – 2003.
No município de Aracaju, no ano de 2003, os estudos de Teixeira e Santos (2003),
Faria (2003) e Araújo (2003) pesquisaram 121 estabelecimentos turísticos dos três
segmentos de interesse e o município de Canindé de São Francisco possui dez
estabelecimentos turísticos particulares distribuídos nos segmentos de alimentação,
hospedagem, agência de turismo e transporte náutico.
A) Segmento de alimentação
O segmento de alimentação em Canindé de São Francisco é composto por quatro
estabelecimentos. Tais estabelecimentos oferecem almoço selfservice ou churrasco, jantar
e, ocasionalmente, café da manhã. Outros produtos oferecidos são: sanduíches, pizzas e
petiscos. Um estabelecimento que se destaca por sua localização, organização e estrutura é
o Bar e Restaurante Karrancas, que possui capacidade para atender trezentas pessoas e
oferece pratos da culinária regional, a exemplo de bode, galinha de capoeira, pitus e peixes,
servidos a la carte ou buffet para grupos. Segundo Teixeira e Araújo (2003) não foi
possível identificar exatamente qual o número exato de bares e restaurantes na cidade de
Aracaju, dessa forma o estudo utilizou uma amostra não-probabilística por julgamento e
estudou cinqüenta bares e restaurantes turísticos localizados em Aracaju.
Além dos serviços tradicionalmente oferecidos pelos bares e restaurantes
aracajuanos para atrair seus clientes, estão entrega em domicílio (30,0%), música ao vivo
(38,0%), playground (12,0%) e transporte para os clientes (6%).(TEIXEIRA E SANTOS,
2003). O estudo de Andrade (2002) concluiu que em relação ao perfil dos bares e
restaurantes aracajuanos predominam as barracas; os bares e barracas têm capacidade de
atendimento entre 51 e 150 pessoas e os restaurantes entre 151 e 300; as barracas
funcionam nos finais de semana, enquanto os bares e restaurantes praticamente todos os
dias.
B) Segmento de hospedagem
O segmento de hospedagem em Canindé de São Francisco é representado por
quatro estabelecimentos. O destaque deste segmento é o Xingó Parque Hotel, que tem
classificação quatro estrelas e oferece aos hóspedes: heliporto, pista de cooper,
playground, piscinas com cascatas e bar molhado, bares, restaurantes, Minimuseu do
Cangaço, sala de jogos, cinema, videogames, centro de convenções e mirante com vista
para a Hidrelétrica de Xingó. Os apartamentos possuem TV, antena parabólica, canais de
som estéreo, frigobar, telefonia DDD e DDI, ar condicionado, cofres individuais e ducha
quente com aquecimento central. O hotel oferece também room service 24 horas por dia,
serviços de fax e xerox, check-in e check-out informatizados, lavanderia, seguranças e
estacionamento. Existe também a Pousada Mandacaru, situada no andar superior do
Restaurante Mandacaru, que dispõe de seis unidades habitacionais.
Foi recentemente inaugurado no município (fevereiro de 2005) mais um
estabelecimento hoteleiro denominado “Hotel Águas de Xingó”, localizado em frente à
Prainha e que dispõe de trinta apartamentos perfazendo um total de 69 leitos. A estrutura
física do hotel era o antigo alojamento da Companhia Hidrelétrica do São Francisco
(CHESF), tendo sido reformada e adaptada desde o ano de 1999. Os produtos vendidos
pelo hotel além das diárias, são alimentos e bebidas.
O hotel Águas de Xingó tem projeto de ampliação e no prazo de dois anos pretende
aumentar sua capacidade para sessenta apartamentos, além da construção de um centro de
convenções e espaço para boite itinerante. Atualmente encontra-se em construção duas
piscinas para adultos e crianças, um palco para shows e uma loja de artesanatos que será
cedida para expor peças de artesões locais (a pedido do atual secretário de comunicação,
cultura e turismo do município).
Em 2003, a cidade de Aracaju já contava com 68 hotéis e pousadas além de mais 13
hotéis e pousadas que utilizam diárias fracionadas, perfazendo um total de 81
estabelecimentos de hospedagem (FARIA, 2003). Desse total, uma amostra de 36 hotéis e
pousadas foram pesquisados. Segundo Faria (2003) entre os hotéis e pousadas aracajuanos
83% oferecem estacionamento, enquanto 50% disponibilizam a seus hospedes internet,
piscina e bar. Em 44,4% dos estabelecimentos existe restaurante e em 36,1% salas de
reunião.
C) Segmento de agências de turismo e transporte náutico
A priori, a amostra do estudo em Canindé de São Francisco compreendia quatro
agências de turismo que haviam sido identificadas em fontes secundárias: MTUR,
Canistur, Xingótur e Velho Chico. Entretanto, verificou-se que a empresa Xingótur
localiza-se no município alagoano de Piranhas e a empresa Velho Chico encerrou suas
atividades, logo, foram excluídas do estudo.
Durante a realização da pesquisa de campo no município de Canindé, apurou-se a
existência de mais uma agência; entretanto, constatou-se através de observação direta que
no local havia pessoas que realizavam serviços de moto-táxi, sendo, portanto, excluída do
estudo. Destarte, compõem o segmento de agências de turismo dois estabelecimentos que,
além de oferecer pacotes e roteiros turísticos, realizam o turismo receptivo, transporte
terrestre e náutico.
A MTUR é a empresa responsável pelas embarcações Catamarã Cotinguiba,
Escuna Maria Bonita e duas lanchas. O Catamarã Cotinguiba funciona de terça a domingo,
dispõe de serviço de bordo, som ambiente, piscina natural e hidromassagem. Com
capacidade para cinqüenta pessoas, realiza um percurso pelo lago de Xingó com duração
de três horas e uma parada de 15 minutos, ao final do percurso, para que o turista mergulhe
em um local denominado “Paraíso do Talhado”.
A Escuna Maria Bonita funciona aos sábados, domingos e feriados, tem capacidade
para cento e trinta passageiros, é dividida em três ambientes, inclui serviço de bordo,
música ambiente, informações prestadas por um guia que acompanha o passeio e barzinhos
personalizados. São dois os roteiros ofertados: ‘Karrancas / Paraíso do Talhado’ e ‘Xingó /
Paulo Afonso’. O Catamarã Pomonga faz o percurso na parte baixa do rio São Francisco.
Possui capacidade para 45 passageiros e oferece os mesmos serviços do Catamarã
Cotinguiba.
Araújo (2003) informa que existem 51 agências de viagem e turismo localizadas no
município de Aracaju e dentre estas, quatro são operadoras de viagem (...) As demais o
empresas voltadas para a locação de ônibus, realizando, portanto fretamentos para
pequenas excursões locais organizadas por pessoas físicas que desenvolvem o chamado
turismo popular denominado ‘Domingueiro’. (ARAÚJO, 2003, p. 19); A amostra deste
estudo foi composta por 35 empresas.
Os principais serviços vendidos pelas agências de viagem e turismo aracajuanas são
passagens áreas, pacotes turísticos, cruzeiros marítimos e aluguel de automóvel. Outros
serviços oferecidos que se destacam por realizar um atendimento diferenciado e
conseqüentemente conseguem atrair um maior número de clientes são: entrega de
passagens em domicílio, realização de fretamentos, passeios ferroviários, aluguel de
ônibus, intercâmbios culturais e locação de celulares em viagens internacionais.
(ARAÚJO, 2003, p. 34-37). Além disso, 49,0% das agências de viagem aracajuanas
oferecem serviços receptivos aos turistas que visitam o Estado de Sergipe. (ARAÚJO,
2003, p. 36).
Por meio de observação direta pôde-se constatar que alguns empreendimentos
considerados turísticos por órgãos oficiais, a exemplo da Prefeitura do município de
Canindé de São Francisco e inclusive divulgados em folders (Figura 5.2 e 5.3), não
apresentam condições adequadas para recepcionar e atender adequadamente a turistas mais
exigentes conforme seta indicativa, além disso, um deles encontra-se a venda.
FIGURA 5.2 Estabelecimento Considerado Turístico nos Folders que
Divulgam o Município Nov/2003
Fonte: Autora. Pesquisa de Campo, 2003.
FIGURA 5.3 Estabelecimento Considerado Turístico nos Folders que Divulgam o
Município Mar/2005
Fonte: Silvio França. Pesquisa de Campo, 2005.
Observa-se que o citado estabelecimento ainda encontra-se a venda (conforme seta
indicativa) e mantêm a mesma aparência de 16 meses atrás. As imagens a seguir
apresentam estabelecimentos do segmento alimentação que não possuíam em nov/2003
condições de atender ao turista menos exigente (Figuras 5.4). No segundo momento da
pesquisa de campo constatou-se por meio de registro fotográfico que os quatro
estabelecimentos (pequenos bares e restaurantes) não mais estão em funcionamento
conforme Figura 5.5.
FIGURA 5.4 Estabelecimentos do Segmento Alimentação que Não Apresentam
Mínimas Condições de Atender ao Turista Nov/2003
Fonte: Autora. Pesquisa de Campo, 2003.
FIGURA 5.5 Estabelecimentos do Segmento Alimentação que Não Apresentam Mínimas
Condições de Atender ao Turista Mar/2005
Fonte: Autora. Pesquisa de Campo, 2005.
Com relação ao tempo de atividade, as empresas turísticas pesquisadas em Canindé
de São Francisco (Figura 5.6) podem ser consideradas jovens, pois, observa-se que 50,0%
desenvolvem suas atividades entre cinco e oito anos. É importante ressaltar que a cidade de
Canindé também é jovem, pois com o início das atividades da UHE de Xingó, foi
transferida para o local atual há 17 anos.
10,00%
20,00%
50,00%
20,00%
MENOS DE 1
1-3 ANOS
5-8 ANOS
12-16 ANOS
FIGURA 5.6 Tempo de Atividade das Empresas Turísticas do Município de Canindé
de São Francisco
Fonte: Pesquisa de Campo, 2003 e 2005.
A maioria (75,0%) dos hotéis e pousadas pesquisados em Aracaju é jovem com
cerca de treze anos de funcionamento (FARIA, 2003); Segundo Teixeira e Santos (2003)
86,0% dos bares e restaurantes aracajuanos pesquisados começaram a funcionar a partir de
1990. Da mesma forma 82,8% das agências de viagem aracajuanas iniciaram suas
atividades a partir de 1990, sendo consideradas muito jovens, com pouco mais de dez anos
de funcionamento. (ARAÚJO, 2003, p. 32-33).
Em Canindé de São Francisco, os segmentos de alimentação e hospedagem são os
mais representativos, tendo em vista que englobam 80,0% das empresas turísticas do
município, conforme pode-se observar na Figura 5.7.
40,00%
40,00%
20,00%
ALIM ENTAÇÃO
HOSPEDAGEM
AGÊNCIA DE
VIAGEM
FIGURA 5.7 Segmentos de Atividades Turísticas em Canindé de São Francisco
Fonte: Pesquisa de Campo, 2003 e 2005.
Em Aracaju, com base nos estudos de Teixeira e Santos (2003), Faria (2003) e
Araújo (2003), pode-se afirmar que o segmento de alimentação é o que quantitativamente
predomina no município de Aracaju. De forma semelhante, o estudo do SEBRAE/RN
(1996) constatou que 74,4% das empresas pesquisadas em Natal compreendem
estabelecimentos dos segmentos Hospedagem e Alimentação.
Em Canindé de São Francisco apenas 27,27% das empresas pesquisadas envolvem
familiares (Figura 5.8) nas áreas administrativas ou operacionais.
27,27%
72,73%
SIM
O
FIGURA 5.8 Grau de Profissionalização das Empresas Turísticas de Canindé de São
Francisco
Fonte: Pesquisa de Campo, 2003 e 2005.
em 74,0% das agências aracajuanas pesquisadas por Araújo (2003) ocorre a
presença de familiares ocupando cargos de direção, gerência, agentes de viagem, auxiliar
administrativo, promotor de vendas e motorista (ARAÚJO, 2003, p. 42). Em 68% dos
bares e restaurantes de Aracaju participação familiar seja na condução ou
operacionalização do negócio (TEIXEIRA E SANTOS, 2003).
A participação familiar tamm é predominante entre as empresas de hospedagem
aracajuanas. 58,3% dos gestores de hotéis e pousadas pesquisados por Faria (2003, p. 59-
60) possuem parentes envolvidos na área administrativa, ocupando cargos de gerência,
diretoria, superintendência, administração e direção, ou nas atividades de recepcionistas,
cozinheiros, copeiros, camareiras e serviços gerais.
5.2 EMPRESAS PÚBLICAS ENVOLVIDAS COM O SETOR TURÍSTICO DOS
MUNICÍPIOS
No município de Aracaju foram entrevistados os gestores dos seguintes órgãos
públicos: Secretaria de Finanças, Secretaria de Planejamento, Coordenadora do produto
turístico e ADEMA. No primeiro momento da pesquisa de campo em Canindé de São
Francisco, pesquisou-se no âmbito público, os seguintes órgãos públicos: Coordenadoria
de Turismo, Coordenadoria de Meio Ambiente, Secretaria de Finanças, Secretaria de
Obras, Viação Pública e Saneamento e a representante máxima do município, a prefeita,
que segundo Morato (2003, p. 145), era a “única ordenadora de despesas”.
Não existia em novembro de 2003 (primeiro momento da pesquisa de campo) em
Canindé uma Secretaria de Turismo e sim um Departamento de Turismo, coordenado pelo
Sr. João Apolônio Bezerra, que ocupava o cargo desde julho/2003, portanto apenas
quatro meses da ocasião da primeiro momento da pesquisa. A Secretaria de Finanças
possuía como Secretário o Sr. José Valmir Passos, que também havia assumido o cargo
três meses (em agosto/2003). A Secretaria de Obras, Viação Pública e Saneamento em
Canindé de São Francisco era dirigida pelo Sr. Pedro Alves Feitosa, o qual ocupava o
cargo um ano e meio (desde nov/2003) até o primeiro momento da pesquisa. Tempo
semelhante de atuação possuía a Coordenadora do Departamento de Meio Ambiente, Sra.
Steila Chaves, também ocupando o cargo há um ano e meio (nov/2003).
No segundo momento da pesquisa de campo em Canindé de São Francisco (março
de 2005), foi constatado que após o período eleitoral tomou posse uma nova gestão em
01/01/2005 com mudança em toda a estrutura de cargos e dirigentes, logo o município
possui novo prefeito e todos os secretários anteriormente entrevistados foram substituídos.
O município conta atualmente com uma Secretaria denominada “Secretaria de
Comunicação, Cultura e Turismo”, cujo secretário Sr. José Pedro Gomes foi entrevistado
no dia 03 de março de 2005, logo ocupa o cargo há dois meses. No tocante a divulgação do
município de Canindé, o Secretario de Comunicação, Cultura e Turismo afirma
Nós estamos participando de todos os projetos do governo estadual. Estamos
levantando a voz. Vamos participar da Caravana de Sergipe que vai percorrer
dez capitais do Brasil divulgando o produto. Vai ser o primeiro investimento
feito durante todos esses anos.
Vamos oferecer novos produtos, quem faz turismo ecológico não se encaixa
nesse perfil (do passeio de catamarã). Quer é colocar o na trilha. Nós temos
tecnologia para mostrar (Usina de Xingó), arqueologia (Museu). Primeiro vamos
investir nos bairros pobres. Estamos fazendo a identificação de todos os esgotos
a céu aberto. Vamos também duplicar a avenida principal. Vamos investir em
mel de abelha e em polpa de fruta. Temos cadastrado 168 artesões que estão
com suas atividades regularizadas. Vamos abrir duas lojas de artesanato. Essa é
prioridade básica. As duas lojas que existem em Canindé vendem produtos de
outros locais a exemplo de Caruaru.
A Coordenadora do Produto Turístico em Aracaju afirma que a divulgação do
Estado é feita pela Secretaria de Turismo da seguinte forma: participando de Feiras
Promocionais nos principais pólos emissores de turistas para o Estado (Bahia,
Pernambuco, Alagoas, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Brasília, Goiânia e Rio
Grande do Sul), além de organizar workshops e rodadas de negócios em parceria com
hotéis e agentes de receptivos, bem como promoção de Noite Junina de Sergipe e Cafés de
Negócios com Seminário de Capacitação para profissionais do setor e realização de
Fampress (jornalistas de turismo).
Os gestores entrevistados no município de Canindé de São Francisco em novembro
de 2003, ao serem questionados sobre os benefícios (impactos positivos) ou inconvenientes
(impactos negativos) advindos da atividade turística no município, foram unânimes em
afirmar que o Turismo impacta positivamente no município de Canindé, justificando-se por
meio das seguintes verbalizações:
Os benefícios residem no aumento nas vendas do comércio, empregos,
intercâmbio cultural, geração de emprego e circulação de dinheiro. (Secretário de
Finanças – nov. de 2003)
Produção de renda e projetos de investimentos na cidade. (Secretário de Obras
nov. de 2003)
Renda, Desenvolvimento sustentável e melhoria da qualidade de vida.
(Coordenadora de Meio Ambiente – nov. de 2003)
O turismo vai limpar a imagem que a mídia inventou da cidade. (Coordenador de
Turismo – nov. de 2003)
Vamos criar empregos diretos e indiretos. Vamos abrir oito restaurantes. Nós
identificamos mulheres que são excelentes cozinheiras, mas que são
extremamente pobres. Vamos também investir em esportes radicais que também
vai criar empregos diretos. (Secretário de Comunicação, Cultura e Turismo
março de 2005).
Em Aracaju, os gestores públicos acreditam que a geração de emprego e renda é o
principal beneficio, como pode ser visto nas verbalizações a seguir:
Retorno financeiro que faz com que esses recursos sejam reaplicados dentro do
município, além de aumentar a auto-estima do aracajuano. (Diretor de
Administração Tributária – março de 2005)
Geração de emprego e renda e divulgação dos produtos e serviços locais.
(Diretora da ADEMA – março de 2005)
Geração de emprego e renda. (Secretária de Planejamento – março de 2005)
No tocante aos impactos negativos da atividade turística, os gestores públicos de
Canindé de São Francisco em novembro de 2003 divergiam de opiniões: o Secretário de
finanças não considerava que existia algum inconveniente provocado pela atividade, o
Secretário de Obras considerava que “os prós superavam os contras”. O Diretor de
Turismo e a Diretora de Meio Ambiente (até mesmo por sua visão mais ampla diante da
problemática), apontavam como principal impacto negativo “a falta de conscientização por
parte de alguns turistas ao realizarem o turismo predatório”.
O atual Secretário de Comunicação, Cultura e Turismo de Canindé de São
Francisco entende que os impactos negativos advindos da atividade turística não afetam o
município de Canindé e afirma “sabemos que tem a prostituição, mas Canindé de São
Francisco não prioriza o corpo e sim a natureza. Canindé não se encaixa nesse perfil”.
Segundo os gestores públicos aracajuanos
Quando mal planejado. Aqui não existe um programa efetivo de turismo, não
uma ligação entre os órgãos, estão trabalhando separados. (Diretor de
Administração Tributária – março de 2005) (grifo nosso)
Aumento dos custos dos serviços e produtos (Diretora da ADEMA março de
2005)
Não. (Secretária de Planejamento – março de 2005)
Os gestores públicos canindeenses em novembro de 2003 eram unânimes em
afirmar que o turismo em Canindé iria melhorar. O secretário de finanças justificava sua
afirmação pela “existência de projetos a serem desenvolvidos”, ao passo que o Diretor de
Turismo considerava que “Canindé era vocacionada para o turismo, e ele [o turismo] iria
transformar o município para melhor”.
O atual Secretário de Comunicação, Cultura e Turismo de Canindé de São
Francisco, também é otimista e afirma:
Vai melhorar. Existia por iniciativa privada. A tendência agora que tem o apoio
do governo municipal, eu tenho certeza que vai deslanchar. Estamos procurando
mudar a denominação da rota Aracaju Xingó para Aracaju Canindé. Pois
falta de identidade. Não se fala em Canindé. Não é o momento de pedir ao turista
para parar na cidade. Primeiro temos que investir em infra-estrutura. (grifo
nosso)
Também otimismo entre os gestores aracajuanos como pode visto nas
verbalizações a seguir.
Melhorar. A infraestrutura da cidade está muito melhor, os eventos estão sendo
mais divulgados nacionalmente e preocupação dos órgãos em promover
treinamento de mão-de-obra e financiamento. (Diretor de Administração
Tributária – março de 2005)
Melhorar. Ampliação de cursos na área de hotelaria, turismo e atendimento ao
público. Investimentos em infra-estrutura (hotéis, ampliação da pista do
aeroporto, saneamento e outros). (Diretora da ADEMA – março de 2005)
Melhorar. A cidade está investindo em planejamento urbano, ambiental (Projeto
Orla de Gerenciamento Costeiro), saneamento, recuperação do patrimônio
histórico - Colina do Santo Antonio, Ponte do Imperador, Farol Antigo, Prédio
Alfândega (museu da cidade), etc. (Secretária de Planejamento – março de
2005).
Segundo os gestores públicos de Canindé de São Francisco entrevistados em 2003,
o incremento da atividade iria influenciar na elevação do nível e na qualidade de vida da
população local. O Secretário de Finanças complementava: “Sim, uma vez que em toda
parte do Brasil e do mundo tem sido uma realidade”. O Diretor de Turismo também
mostrava-se otimista, todavia, entendia que “é preciso antes qualificar o pessoal daqui para
então absorver a demanda”.
Segundo o Secretario de Comunicação, Cultura e Turismo a melhoria da qualidade
de vida da população local é um objetivo a ser alcançado como pode ser verificado em sua
verbalização
A Idéia é essa. Nós temos um alto índice de analfabetismo e de doenças tudo isso
relacionado com a falta de dinheiro. Às vezes um indivíduo acha que doente e
está é tendo uma vertigem causada pela fome. (março de 2005)
O atual Secretário de Comunicação, Cultura e Turismo de Canindé de São
Francisco, afirma que a sua preocupação no momento é de implantar uma consciência
entre os canindeenses. Segundo suas palavras
A população de Canindé saltou de 5.000 para 25.000 a 28.000 habitantes. Um
crescimento absurdo. Não é natural. São pessoas que vem de fora, famílias
inteiras se mudaram para lá. Há mais de 3.200 famílias entre assentados e
acampados. Houve um prejuízo cultural muito grande quando instalaram cerca
de cinco a seis mil peões que construíram a usina perto de Canindé. Nasceram
muitas crianças em Canindé sem pai. (março de 2005)
De acordo com o secretário é preciso antes de qualquer ão ou investimento
melhorar a auto-estima da população. Segundo o mesmo “a cidade sofre um estigma de ser
violenta, as pessoas tem vergonha de dizer que são de Canindé. Por isso vamos iniciar uma
campanha no dia 18 de março (2005) denominada Canindeense com muito orgulho. É uma
campanha local para os nativos, para levantar a auto-estima da população”.
No município de Aracaju, o Diretor de Administração Tributária acredita que o
turismo em Aracaju vai melhorar, pois com o incremento da atividade aumenta o número
de empregos, aumentando a renda da população local e incrementando a economia local.
Já a Diretora da ADEMA afirma que “a proposta do turismo seja ele ecológico, de eventos,
gastronômico ou outro se bem planejado e envolvido a população local certamente elevará
o nível de renda e da qualidade de vida da população sergipana” e a Secretária de
Planejamento também afirma que sim, todavia ressalva “se for bem planejado, valorizando
nossa cultura e patrimônio ambiental / histórico”.
CAPÍTILO 6
EMPREGOS GERADOS E SALÁRIOS PAGOS PELAS
EMRESAS TURÍSTICAS SERGIPANAS
6 EMPREGOS GERADOS E SALÁRIOS PAGOS PELAS EMRESAS
TURÍSTICAS SERGIPANAS
Este capítulo refere-se aos empregos gerados pelas empresas turísticas nas
localidades estudadas procurando demonstrar, por segmento de atividade, a quantidade de
empregos fixos, temporários e terceirizados gerados, as funções ocupadas e mensurar os
salários pagos. No município de Aracaju buscou-se agregar informações dos estudos de
Faria (2003), Araújo (2003) e Teixeira e Santos (2003) que estudaram a demanda e
capacitação da mão-de-obra nos segmentos de hospedagem, agência de viagem e
alimentação respectivamente, fornecendo informações relevantes acerca das empresas
turísticas aracajuanas.
6.1 ASPECTOS GERAIS DA EVOLUCAO DAS EMPRESAS E EMPREGOS
TURISTICOS
A Tabela 6.1 apresenta a quantidade de empresas e empregos gerados nos três
segmentos estudados em âmbito nacional, regional e estadual. Observa-se que Sergipe
contribui com pouco menos de 0,7% da mão-de-obra empregada nestes segmentos em
relação ao total empregada no Brasil e com 4,58% em relação ao total empregada no
Nordeste.
TABELA 6.1 Número de Estabelecimentos e Empregados por Atividade Turística -
2003
UF Hospedagem Alimentação Agências de Viagem
Total
EmpresasEmpregados
Empresas
Empregados
Empresas
Empregados
EmpresasEmpregados
Brasil
19572 204206 107144
692101 7833 37167 134549
933474
Nordeste
4043 46463 12648 89876 1282 5111 17973 141450
Sergipe
140 1644 586 4623 53 218 779 6485
Fonte: MTE/RAIS, 2003.
Em Sergipe, de acordo com dados do II Relatório de Capacitação do projeto Costa
dos Coqueirais (2001), a hotelaria e a área de alimentos e bebidas empregou em 2000 um
total de 5.921 pessoas em Sergipe. De acordo com dados do Anuário Estatístico da
Embratur (2004) os segmentos de hospedagem e alimentação empregaram juntos em 2001
e 2003, respectivamente 5.222 pessoas e 6.267 pessoas, conforme Tabela 6.2. Estes dados
demonstram que houve um incremento de 5,84% no número de empregos turísticos nestes
segmentos no período de 2000 a 2003.
TABELA 6.2 Evolução do Número de Empresas e Empregos Turísticos em Sergipe –
2001 e 2003
Segmento 2001 2003 Variação%(2001-2003)
Empresas
Empregados
Empresas
Empregados
Empresas
Empregados
Hospedagem
124 1727 140 1644 12,90 -4,81
Alimentação
518 3495 586 4623 13,13 32,27
Agê
ncias de Viagem
47 378 53 218 12,77 -42,33
Total
689 5600
779 6485
13,06 15,80
Fonte: MTE/RAIS 2001 dados preliminares e MTE/RAIS 2003 – Elaboração nossa.
Pode-se observar na Tabela 6.2 que o número de empresas turísticas em Sergipe
nos segmentos estudados (hospedagem, alimentação e agências de viagem) corresponde
em 2003 a 779 estabelecimentos e empregam juntas 6.485 pessoas. A análise desta Tabela
fornece várias informações relevantes:
Pode-se verificar que houve uma variação positiva no total de empresas turísticas
(13,06%) e no total de pessoas empregadas (15,80%) entre 2001 e 2003 em
Sergipe;
O segmento alimentação foi o que apresentou maior crescimento tanto no número
de empresas (13,13%) quanto no número de pessoas empregadas (32,27%);
Todos os segmentos apresentaram variação semelhante no crescimento do número
de empresas, entretanto observa-se que houve redução no número de pessoas
empregadas nos segmentos hospedagem e agência de viagem sendo que este último
apresentou uma significativa redução (42,33%) no período analisado.
No tocante aos empregos gerados pela atividade turística, observa-se que o Brasil
apresentou crescimento no período de 1999 a 2002. De acordo com a Tabela 6.3 todos os
segmentos analisados apresentaram variação positiva com crescimento no número de
empregos gerados ano após ano, com pequena queda (-1,80%) apenas no segmento
hospedagem entre 2001 e 2002.
TABELA 6.3 Mão-de-obra Empregada em Setores de Atividade Turística no Brasil
1999-2002
Segmento 1999 2000 2001 2002 Variação%(1999-2002)
Hospedagem
190742
197309
208455
204696
7,32
Alimentação
542077
580495
622426
669584
23,52
Agências de Viagem
32165
33749
34203
34745
8,02
Total
764984
811553
865084
909025
18,83
Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego – EMBRATUR, 2004.
O segmento Alimentação é o maior empregador entre os segmentos turísticos
considerados, sendo o responsável por 71,29% da mão-de-obra empregada nas empresas
turísticas sergipanas conforme a Tabela 6.4. Observa-se também que os segmentos
alimentação e hospedagem concentram juntas 96,64% do total das pessoas empregadas.
TABELA 6.4 Mão-de-obra Empregada por Segmento e por Gênero em Sergipe - 2003
Segmento Masculino
Feminino
Total
Hospedagem
837 807 1644
Alimentação
2684 1939
4623
Agência de Viagem
108 110 218
Total
3629 2856 6485
Fonte
:
EMBRATUR, 2004.
Nota-se também que nos segmentos hospedagem e agência de viagem o número de
empregados dos sexos masculino e feminino equipara-se ao passo que no segmento
alimentação predominam os do sexo masculino.
Em Aracaju os estudos de Faria (2003), Araújo (2003) e Barbosa e Santos (2003)
identificaram 1.122 empregos gerados pelas empresas turísticas aracajuanas pesquisadas,
sendo que o segmento hospedagem foi quantitativamente mais representativo empregando
656 pessoas. De acordo com os dados coletados na pesquisa de campo, as empresas
turísticas particulares do município de Canindé geram 113 empregos diretos e formais, os
quais representam 1,78% da População Economicamente Ativa (PEA) do município que
corresponde, segundo o Censo 2000, a 6.333 pessoas. As funções exercidas, a quantidade
de pessoas ocupadas e os salários pagos por segmento de atividade são apresentados de
forma fragmentada para uma melhor compreensão.
6.2 EMPREGOS GERADOS E SALÁRIOS PAGOS NAS EMPRESAS
TURÍSTICAS POR SEGMENTO DE ATUAÇÃO
6.2.1 Empregos gerados por função e faixa salarial no segmento hospedagem
O segmento hospedagem emprega em Sergipe 1.644 pessoas distribuídas em 140
estabelecimentos. Verifica-se de acordo com a Tabela 6.5 que 80,17% destes empregados
recebem de um a três salários mínimos por mês.
TABELA 6.5 Número de Estabelecimentos, Empregos e Salários Pagos pelo
Segmento Hospedagem - 2003
UF N. de Estabelecimentos
N. de Empregados
De 1 a 3 SM
Brasil
19572 204206 165884
Nordeste
4043 46463 37726
Sergipe
140 1644 1318
Fonte
:
MTE/RAIS – 2003.
Em Aracaju, nos 36 hotéis e pousadas pesquisados por Faria (2003), 54,7% dos
funcionários recebiam até dois salários mínimos. Os maitres (83,3%), gerentes (75,0%),
contadores (40,0%) e porteiros (17,4%) recebiam acima de três salários mínimos devido
aos acréscimos salariais resultantes do trabalho noturno. Nestas empresas ocorre a
multifuncionalidade principalmente entre as unidades hoteleiras de pequeno porte, com o
intuito de aproveitar melhor as horas de trabalho dos funcionários, torná-los polivalente,
reduzir o quadro de empregados e diminuir os custos das empresas (FARIA, 2003). A
quantidade de empregos gerados por funções dos 656 empregados no segmento
hospedagem pesquisados por Faria (2003) em Aracaju podem ser visualizados na Tabela
6.6:
TABELA 6.6 Quantidade de Empregos Gerados por Funções e Faixa Salarial Pagos
pelo Segmento Hospedagem em Aracaju
FUNÇÃO
TOTAL
* 1 SM
DE 1 A 2
SM
DE 2 A 3
SM
ACIMA DE 3
SM
NÃO
RESPONDEU
Gerente 40 0 1 4 30 5
Pessoal de Escritório 45 0 9 36 0 0
Recepcionista 115 4 65 46 0 0
Telefonista 8 3 5 0 0 0
Cozinheiro 61 12 29 20 0 0
Copeiro 35 8 23 4 0 0
Garçom 65 3 35 27 0 0
Maitre
6 0 0 1 5 0
Porteiro 23 0 19 0 4 0
Serviços gerais 59 19 40 0 0 0
Manutenção 29 2 12 15 0 0
Camareira 122 28 94 0 0 0
Lavadeira 38 10 28 0 0 0
Contador 10 2 2 1 4 1
TOTAL
656 91 362 154 43 6
Fonte: Adaptado de Faria (2003)
*Não foram computados os empregados terceirizados
A Figura 6.1 apresenta ilustrativamente a quantidade de empregos por segmento.
Nota-se que o segmento Hospedagem é o maior empregador do município de Canindé.
12,39%
69,91%
17,70%
ALIM ENTAÇÃO
HOSPEDAGEM
AGÊNCIA DE
VIAGEM
FIGURA 6.1 Número de Empregos Gerados nas Empresas Turísticas do Município
de Canindé de São Francisco
Fonte: Pesquisa de Campo, 2003 e 2005.
Resultado semelhante foi obtido no estudo do SEBRAE/RN (1996), onde o
segmento Hospedagem igualmente era o mais representativo na Grande Natal. A
quantidade de empregos gerados por funções, a faixa salarial e o valor monetário pago aos
79 empregados no segmento hospedagem em Canindé de São Francisco podem ser
visualizados na Tabela 6.7:
TABELA 6.7 Quantidade de Empregos Gerados por Funções, Faixa Salarial e
Valores Monetários Pagos pelo Segmento Hospedagem em Canindé de São Francisco
FUNÇÕES
QUANTIDADE DE FUNCIONÁRIOS
FAIXA SALARIAL
VALOR EM R$**
Diretores* 4 0 0,00
Controller
2 3 1560,00
Supervisor Geral 1 2,5 650,00
Reserva 1 1,5 390,00
Chefe de Fila 1 2,5 650,00
Garçom 7 1,5 2730,00
Encarregado de Manutenção
1 2,5 650,00
Jardineiros I 5 1 1300,00
Jardineiros II 1 1,5 390,00
Governança 9 1,5 3510,00
Recepcionistas 5 1,5 1950,00
Administração 5 2,5 3250,00
Transporte 2 1,5 780,00
Cozinheiro I 5 1,5 1950,00
Cozinheiros II 2 2 1040,00
Portaria 6 1 1560,00
Manutenção 2 1 520,00
Chefe de Cozinha 1 2,5 650,00
Catamarã 3 1,5 1170,00
Gerente I 1 3 780,00
Gerencia Operacional 1 2,5 650,00
Lavanderia 2 1 520,00
Recepcionista 2 1 520,00
Lavadeira 1 1 260,00
Arrumadeira 4 1 1040,00
Auxiliar Administrativo 1 1 260,00
Recepcionista I 2 1 520,00
Recepcionista II 1 1,5 390,00
Serviços Gerais 1 1 260,00
TOTAL DE FUNCINÁRIOS 79
TOTAL DOS SALÁRIOS EM R$ 29900,00
* Pró-labore
** Valores atualizados para o salário pago em março de 2005, correspondente a R$260,00.
Fonte: Pesquisa de Campo, 2003 e 2005.
6.2.2 Empregos gerados por função e faixa salarial no segmento alimentação
De acordo com a Tabela a seguir, as 586 empresas do segmento alimentação que
atuam em Sergipe, empregam 4.623 funcionários e dentre estes, 70,11% recebem de um a
três salários mínimos por mês.
TABELA 6.8 Número de Estabelecimentos, Empregos e Salários Pagos pelo
Segmento Alimentação - 2003
UF N. de Estabelecimentos
N. de EmpregadosDe 1 a 3 SM
Brasil
107144 692101 600205
Nordeste
12648 89876 72963
Sergipe
586 4623 3241
Fonte: MTE/RAIS – 2003.
Em Aracaju, segundo Teixeira e Santos (2003) pode chegar a vinte o número de
empregados operacionais (74,0%) no segmento bares e restaurantes aracajuanos na baixa
estação. Segundo as autoras o cozinheiro, o chefe de cozinha, o maitre e o pessoal de
escritório possuem rendimentos maiores por ocuparem cargos de maior qualificação e
demandarem maior volume de trabalho.
As autoras afirmam que os bares e restaurantes aracajuanos oferecem além do
salário, uma comissão sobre as vendas, principalmente para a função de garçom e em
menor grau ao cozinheiro. A quantidade de empregos gerados por funções dos 314
empregados fixos na amostra do segmento alimentação pesquisado por Teixeira e Santos
(2003) em Aracaju podem ser visualizados na Tabela 6.9:
TABELA 6.9 Quantidade de Empregos Gerados por Funções e Faixa Salarial Pagos
pelo Segmento Alimentação em Aracaju
FUNÇÃO 1SM
DE 1 A 2 SM DE 2 A 3 SM ACIMA DE 3 SM
TOTAL**
Garçom 7 24 9 6 46
Maitre 0 2 5 5 12
Cozinheiro 0 28 11 6 45
Ajudante de cozinha 15 27 1 0 43
Chefe de cozinha 0 4 6 5 15
Gerente 0 3 10 15 28
Pessoal de escritório 0 10 4 2 16
Serviços gerais 17 17 0 0 34
Outros* 30 34 8 3 75
TOTAL 69 149 54 42 314
Fonte
:
Adaptado de Teixeira e Santos (2003)
*Inclui barman, contador, pizzaiolo, recepcionista, vigia e pessoal de manutenção.
** Não foram computados os empregados terceirizados
Em Canindé de São Francisco, o segmento Alimentação emprega 14 pessoas, paga
o montante de R$ 4.160,00 e a média da faixa salarial corresponde a 1,14 salário mínimo,
conforme a Tabela 6.10:
TABELA 6.10 Quantidade de Empregos Gerados por Funções, Faixa Salarial e
Valores Monetários Pagos pelo Segmento Alimentação em Canindé de São Francisco
FUNÇÕES QUANTIDADE
FAIXA
SALARIAL*
VALOR EM
R$
Garçonete 1 1 260,00
Cozinheiro 2 1 520,00
Auxiliar de Cozinha 4 1 1040,00
Garçom 2 1 520,00
Manutenção (Mecânico) 1 3 780,00
Vigia 1 1 260,00
Cozinheiro 1 1 260,00
Garçom 1 1 260,00
Cozinheiro 1 1 260,00
TOTAL DE
FUNCIONÁRIOS
14
TOTAL DOS SALÁRIOS EM R$
4160,00
* Valores atualizados para março de 2005 correspondente a R$ 260,00.
Fonte: Pesquisa de Campo, 2003.
6.2.3 Empregos gerados por função e faixa salarial no segmento agências de viagem
Até o ano de 2000 as agências de viagem de Sergipe geraram 387 empregos. (II
RELATÓRIO DE CAPACITAÇÃO..., 2001). Segundo o Anuário Estatístico da
EMBRATUR (2004) havia em Sergipe no ano de 2003 o total de 218 empregos gerados
em 53 estabelecimentos (Tabela 6.11). De acordo com estes dados houve uma redução de
43,67% no número de empregos nas agências de viagem sergipanas.
TABELA 6. 11 Número de Estabelecimentos, Empregos e Salários Pagos nas
Agências de Viagem - 2003
UF Agências de Viagem
N. de Estabelecimentos
N. de Empregados
De 1 a 3 SM
Brasil
7833 37167 23647
Nordeste
1282 5111 3837
Sergipe
53 218 147
Fonte
:
MTE/RAIS-2003.
Observa-se também que 67,43% dos empregados das agências de viagem
sergipanas recebem como remuneração mensal de um a três salários mínimos. Em Aracaju,
as 35 agências pesquisadas por Araújo (2003) empregam juntas 277 pessoas (incluindo os
empregos terceirizados), o que equivale a uma média de aproximadamente oito empregos
diretos por empresa. Em 73,0% das agências pesquisadas, a maioria dos funcionários
ocupam funções operacionais desempenhando os cargos de agentes de viagem, atendente,
auxiliar de escritório, serviços gerais, office-boy, motorista e estagiário. (ARAÚJO, 2003,
p. 44).
Segundo Araújo (2003, p.60) os salários pagos pelas agências aracajuanas
concentram-se na faixa de um a três salários mínimos, conforme Tabela 6.12. Depois dos
sócios e gerentes, os agentes de viagens são os profissionais que tem maior remuneração,
na faixa de dois a três salários mínimos, no entanto um número expressivo de profissionais
a exemplo dos cargos de serviços gerais, office-boy e motorista recebem um salário
mínimo. Observa-se haver a multifuncionalidade nas agências aracajuanas e este fato
retrata a grande variação salarial em vários cargos. Os agentes de viagem, por exemplo,
além de vendedores também realizam atendimento aos clientes.(ARAÚJO, 2003, p. 61).
TABELA 6.12 Quantidade de Empregos Gerados por Funções e Faixa Salarial Pagos
pelo Segmento Agência de Viagem e Turismo em Aracaju
FUNÇÃO TOTAL*
1
SM
DE 1 A 2
SM
DE 2 A 3
SM
ACIMA DE 3
SM
Sócio gerente 35 0 2 9 24
Agente de Viagem 35 3 10 21 1
Atendentes 18 0 14 4 0
Auxiliar de Escritório 14 5 5 4 0
Serviços Gerais 13 10 3 0 0
Office boy
13 13 0 0 0
Motorista 15 7 8 0 0
Estagiários 5 3 2 0 0
Contador 4 0 0 2 2
TOTAL 152 41 44 40 27
*Não foram computados os funcionários terceirizados
Fonte
:
Adaptado de Araújo (2003)
No município de Canindé de São Francisco, os salários pagos pelo segmento
agência de turismo para os vinte colaboradores, somam R$ 7.566,00 e a média da faixa
salarial corresponde a 1,46 salário mínimo, conforme Tabela 6.13:
TABELA 6.13 Quantidade de Empregos Gerados por Funções, Faixa Salarial e
Valores Monetários Pagos pelo Segmento Agência de Turismo e Transporte Náutico
em Canindé de São Francisco
FUNÇÕES QUANTIDADE
FAIXA SALARIAL
VALOR EM R$***
Diretoria* 2 0 0,00
Guias de Turismo** 6 1 1560,00
Piloto de Barco** 1 1 260,00
Recepcionista 1 1 260,00
Gerente 1 5 1300,00
Encarregado 1 2,5 650,00
Marinheiros 3 1,5 1170,00
Mestre 2 1,8 936,00
Mecânico 2 2 1040,00
Piloto de Barco 1 1,5 390,00
TOTAL DE FUNCIONÁRIOS
20
TOTAL DOS SALÁRIOS EM R$
7566,00
* Pró-labore
**Salário + comissão
*** Valores atualizados para março de 2005, correspondente a R$ 260,00.
Fonte: Pesquisa de Campo, 2003.
O valor monetário total pago pelas empresas pesquisadas em Canindé corresponde
a R$ 41.626,00, e a média salarial para todas as empresas encontra-se na faixa de 1,14 a
1,46 salário mínimo, conforme Figura 6.2:
1,46
1,14
1,46
AGÊNCIAS DE
VIAGEM
ALIM ENTAÇÃO
HOSPEDAGEM
FIGURA 6.2 Valor em Salários Mínimos Pagos por Segmento Turístico em Canindé
de São Francisco
Fonte: Pesquisa de Campo, 2003 e 2005.
O estudo do SEBRAE/RN (1996) concluiu que as remunerações pagas pela
atividade turística na Grande Natal encontram-se acima das remunerações pagas pelas
demais atividades econômicas daquele Estado, embora seja comum o pagamento de salário
mínimo e até abaixo do mínimo. De maneira semelhante, segundo o estudo de Barbosa e
Melo (2000), no cadastro geral de 1996, os serviços de alojamento e alimentação em
Canindé e Poço Redondo apareciam como os maiores empregadores, seguidos do
comércio, ocupando, em conjunto, 194 pessoas em cinqüenta estabelecimentos (hotéis e
pousadas, restaurantes, bares e lanchonetes).
Assim sendo, pôde-se constatar através dos dados obtidos que o maior empregador
entre as empresas turísticas particulares do município de Canindé de São Francisco (Figura
6.3) é o segmento de Hospedagem, que emprega 69,91% da mão-de-obra direta e
formalmente relacionada à atividade.
17,70%
12,39%
69,91%
AGÊNCIAS DE
VIAGEM
ALIMENTAÇÃO
HOSPEDAGEM
FIGURA 6.3 Mão-de-Obra Empregada por Segmento em Canindé de São Francisco
Fonte: Pesquisa de Campo, 2003 e 2005.
Como resultado da pesquisa de Teixeira, Castelar e Soares (2000), constatou-se que
52,05% dos gastos dos turistas no Ceará recaem sobre hospedagem e alimentação. Este
dado reforça a importância destes segmentos no desenvolvimento da atividade turística.
6.2.4 Terceirização dos serviços
Em Aracaju 91,7% dos estabelecimentos hoteleiros pesquisados por Faria (2003)
existe a contratação de serviços terceirizados principalmente para os cargos de contador e
advogado e para os serviços de agência de receptivo, restaurante, lavanderia, locadora de
veículos, loja de souvenir, cabeleireiro, dedetização e manutenção de equipamentos e
instalações.
Segundo Teixeira e Santos (2003) não é usual a utilização de serviços de terceiros
pelos bares e restaurantes pesquisados, pois apenas 28,0% contratam tais serviços. Apenas
14,0% dos bares e restaurantes aracajuanos pesquisados contratam serviços terceirizados
na baixa estação, ao passo que apenas 22,0% contratam serviços terceirizados na alta
estação. Os serviços mais requisitados o contadores, manutenção, segurança, entrega em
domicílio e musical.
O percentual de 89,0% das agências pesquisadas por Araújo (2003, p. 61)
contratam mão-de-obra terceirizada. Contadores, motoristas, office-boy, seguranças e guias
de turismo são os profissionais mais procurados por estas empresas. Dentre as empresas
pesquisadas em Canindé, constatou-se que 81,82% o utilizam mão-de-obra terceirizada,
conforme a Figura 6.4.
18,18%
81,82%
SIM
NÃO
FIGURA 6.4 Utilização de Mão-de-Obra Terceirizada em Canindé de São Francisco
Fonte: Pesquisa de Campo, 2003 e 2005.
6.2.5 Empregos temporários
Em Aracaju, quando ocorre contratação de serviços temporários no segmento
alimentação, estes são para as funções de cozinheiro, camareira e serviços gerais (FARIA,
2003). Em Canindé de São Francisco, nos períodos de alta estação, entre os meses de
dezembro a fevereiro, 91,67% dos gestores entrevistados afirmaram realizar contratos de
empregos temporários (Figura 6.5) para possibilitar um melhor atendimento à demanda de
turistas que tende a aumentar nestes períodos.
8,33%
91,67%
SIM
NÃO
FIGURA 6.5 Contratação de Mão-de-Obra Temporária em Canindé de São
Francisco
Fonte: Pesquisa de Campo, 2003 e 2005.
Em Aracaju, 61,1% dos gestores do segmento hoteleiro entrevistados por Faria
(2003) consideram seus quadros de funcionários satisfatórios e, por isso, o vêem
necessidade de contratação de mão-de-obra temporária. Em 74,0% das empresas
pesquisadas por Araújo (2003, p.66) não havia pretensão de contratar novos funcionários.
66,7% dos entrevistados no estudo de Faria (2003) também não pretendiam ampliar seu
quadro de empregados com a contratação de graduados e o percentual era bem mais alto
entre os bares e restaurantes, pois 82,0% não pretendiam contratar pessoas com formação
universitária. (TEIXEIRA e SANTOS, 2003).
Dentre os 91,67% gestores de Canindé de São Francisco que afirmam contratar
mão de obra temporária, 63,64% necessitam apenas de dois a três novos funcionários,
como pode ser visualizado na Figura 6.6. Estas pessoas são alocadas nas atividades de
auxiliar de cozinha, garçom e guia turístico. Apenas o gestor do hotel de grande porte do
município afirmou contratar funcionários “para todos os setores dependendo da
necessidade”; todavia, não soube informar com exatidão a quantidade de contratações para
cada função.
9,09%
27,27%
63,64%
2 A 3
8
NÃO ESPECIFICOU
A QUANTIDADE
FIGURA 6.6 Quantidade de Contratos Temporários na Alta Estação em Canindé de
São Francisco
Fonte: Pesquisa de Campo, 2003 e 2005.
6.2.6 Empregos informais
Não foi possível obter dados oficiais sobre a geração de empregos informais ligados
a atividade turística nos municípios de Aracaju e Canindé de São Francisco, pois os órgãos
ligados à atividade não possuem registros e desconhecem tal valor. No município de
Brotas/SP, segundo conclusões do estudo de Oliveira et al (2002), a partir do incremento
da atividade turística foram criados quinhentos empregos diretos e 15% dos empregos do
município têm ligação com o turismo. O estudo desenvolvido pelo SEBRAE/RN (1996)
confirmou que a geração de empregos, em decorrência da expansão das atividades
turísticas na Grande Natal é incontestável, entretanto, nota-se grande influência da
informalidade quanto aos recursos humanos que trabalham no setor.
CAPÍTULO 7
INVESTIMENTOS PÚBLICOS E PRIVADOS REALIZADOS
NA INFRA-ESTRUTURA TURÍSTICA DOS MUNICÍPIOS
DE CANINDÉ DE SÃO FRANCISCO E ARACAJU
7 INVESTIMENTOS PÚBLICOS E PRIVADOS REALIZADOS NA
INFRA-ESTRUTURA TURÍSTICA DOS MUNICÍPIOS DE CANINDÉ
DE SÃO FRANCISCO E ARACAJU
Este capítulo apresenta os investimentos públicos e privados realizados pelas
empresas relacionadas à atividade turística dos municípios de Canindé de São Francisco e
Aracaju, procurando mensurar os valores gastos e os tipos de investimentos realizados. O
termo ‘Investimento’ refere-se a ações ou melhorias promovidas pelo Poder Público e
iniciativa privada para alterar a infraestrutura básica e de apoio, com vistas a oferecer
condições de um melhor funcionamento para as atividades turísticas.
7. 1 INVESTIMENTOS PRIVADOS
A seguir serão relatados os vários tipos de investimentos privados realizados pelos
gestores das empresas turísticas dos municípios de Canindé de São Francisco e Aracaju em
seus estabelecimentos.
7.1.2 Tempo da Realização de Reformas/Ampliações nos Estabelecimentos
O significativo percentual de 91,67% dos gestores das empresas particulares do
município de Canindé, afirmam que realizaram reformas e melhorias nos estabelecimentos
menos de um ano, sendo que 27,27% destes estão atualmente passando por reformas.
As figuras 7.1 e 7.2 permitem uma melhor visualização:
8,33%
91,67%
SIM
NÃO
FIGURA 7.1 Investimentos Particulares Realizados nas Empresas Turísticas de
Canindé de São Francisco
Fonte: Pesquisa de Campo, 2003 e 2005.
27,27%
27,27%
45,45%
HÁ 1 ANO
HÁ 6 MESES
ATUALMENTE
FIGURA 7.2 Tempo em que Aconteceram as Reformas/Ampliações
Fonte: Pesquisa de Campo, 2003 e 2005.
Os investimentos realizados pelas empresas turísticas de Canindé são quase que
totalmente direcionados à melhoria da estrutura física do estabelecimento. Foram citados:
ampliação da cozinha;
revestimento de paredes do restaurante com azulejos;
pinturas e decoração do ambiente;
ampliação da área física do restaurante com conseqüente ampliação da capacidade
de atendimento;
construção de flutuante;
troca e manutenção do telhado de palhas;
aquisição de novos equipamentos náuticos.
Nota-se que Alimentação é o segmento que mais investe em reformas /ampliações.
A totalidade das empresas pesquisadas considera as melhorias necessárias e pretende
realizá-las sempre que houver necessidade. Um dos gestores afirmou realizar melhorias
sucessivas no estabelecimento desde o início de suas atividades e um dos hotéis tem planos
de ampliação para dobrar sua capacidade de atendimento nos próximos dois anos. Os
gestores que ainda o realizaram melhorias ou modificações na estrutura física da
empresa justificam a falta de recursos financeiros disponíveis para tal.
Entre as empresas turísticas aracajuanas, um elevado percentual de 86,67% afirma
realizar investimentos freqüentes e contínuos nos estabelecimentos, conforme Figura 7.3
86,67%
13,33%
SIM
NÃO
FIGURA 7.3 Investimentos Particulares Realizados nas Empresas Turísticas de
Aracaju
Fonte: Pesquisa de Campo, 2005.
Os depoimentos a seguir ilustram os diversos motivos para a realização de tais
investimentos
Necessidade de crescimento e melhoria de qualidade na prestação dos serviços.
Necessidade de expansão, demanda crescente, e aposta no crescimento do fluxo
turístico.
Além desses foi citado o aumento da demanda.
Necessidade de modernização da infra-estrutura para atender o aumento das
vendas.
Os clientes estão mais exigentes, então é preciso adequar as condições das
dependências às novas exigências.
No tocante ao tempo em que aconteceram as reformas/ampliações nos
estabelecimentos aracajuanos, observa-se de acordo com a Figura 7.4 que 66,67%
investem constantemente ou realizaram reformas/ampliações menos de um ano, como
pode ser visualizado na Figura 7.4.
13,33%
13,33%
6,67%
20,00%
6,67%
6,67%
6,67%
26,67%
O HOUVE
CONSTANTEMENTE
ATUALMENTE
6 MESES
1 ANO
2 ANOS
3 ANOS
5 ANOS
FIGURA 7.4 Tempo em que Aconteceram as Reformas/Ampliações nas Empresas
Aracajuanas
Fonte: Pesquisa de Campo, 2005.
A justificativa para os freqüentes investimentos são de acordo com as palavras dos
empresários
As reformas são diárias. Quando não são físicas, são de pessoal.
Constantemente há ampliações e reformas. Não pára, estou sempre fazendo algo.
Contrariamente, o estudo de Farias e Teixeira (2001, p.104) constatou que as
empresas do ramo alimentício do setor primário, apesar de serem responsáveis por mais de
60% das MPI’s da região estudada (Vale do São Francisco), são as que apresentaram
menores perspectivas de crescimento quando o fator ampliações físicas foi utilizado como
indicador.
O estudo realizado por Farias e Teixeira (2001, p. 103) com as Micro e Pequenas
Indústrias (MPI’s) do Vale do São Francisco Sergipano constatou que 51,6% delas
investiram na ampliação das instalações físicas, o que foi considerado um indicador de
crescimento, sinalizando a pretensão de crescimento das mesmas e uma postura positiva
em relação ao futuro. Tal estudo, apesar de retratar aspectos do setor primário da
economia, apresenta-se de grande importância para realizar correlações mesmo sabendo-
se que o turismo faz parte do setor terciário pois entende-se que ambos analisaram
empresas localizadas geograficamente no sertão sergipano e pela influência que a atividade
turística comprovadamente exerce em todos os setores econômicos.
7.1.3 Intenção em Realizar Outros Investimentos
É notória a preocupação dos empresários de Canindé de São Francisco com a
estrutura física da empresa para proporcionar mais conforto ao cliente e para aumentar sua
capacidade de atendimento. 83,33% dos gestores de empresas particulares em Canindé de
São Francisco desejam continuar investindo na melhoria do empreendimento (Figura 7.5).
Contudo, tais investimentos restringem-se a suprir necessidades imediatas e são orientados
para a demanda. A exceção ocorre em apenas um estabelecimento do segmento hoteleiro
que pretende dobrar sua capacidade de atendimento no prazo de dois anos.
83,33%
16,67%
SIM
NÃO SABE OU NÃO
RESPONDEU
FIGURA 7.5 Intenção em Realizar Investimentos e Melhorias a Curto ou Longo
Prazo Pelos Gestores de Canindé de São Francisco
Fonte: Pesquisa de Campo, 2003 e 2005.
Em Aracaju observa-se que metade dos entrevistados pretende continuar investindo
em seus estabelecimentos (Figura 7.6) com intenção de ampliação, reformas e
principalmente tendo em vista a satisfação e bem estar dos clientes.
Ampliação da cozinha, agora no inverno.
Abertura de novas lojas.
Sempre que for preciso para se manter atualizado e satisfazer o hóspede.
50,00% 50,00%
SIM NÃO
FIGURA 7.6 Intenção em Realizar Investimentos e Melhorias a Curto ou Longo
Prazo Pelos Gestores de Aracaju
Fonte: Pesquisa de Campo, 2005.
Entre os gestores que não pretendem realizar investimentos a curto ou médio prazo
nos estabelecimentos, justificam a falta de espaço físico ou ainda um certo pessimismo em
relação ao futuro do turismo:
Pretendo modernizar mais. Crescer pra que? Numa cidade que não cresce no
turismo. (dono de restaurante aracajuano)
Há planos de melhorar o conforto, mas a área não permite expansão.
Complementando estas informações com os estudos que pesquisaram uma amostra
mais representativa destes segmentos, verificou-se que entre os empresários da hotelaria
aracajuana, 58,3% desejam ampliar seus negócios (FARIA, 2003); 51,0% das agências de
viagem e turismo fazem planos de crescimento de seus empreendimentos (ARAÚJO, 2003,
p.46) e segundo Teixeira e Santos (2003) 54,0% dos empresários dos bares e restaurantes
possuem planos de ampliação ou expansão de seus negócios. Segundo as autoras entre os
que responderam negativamente um certo pessimismo e descrédito no turismo e no
próprio potencial do negócio.
7.1.4 Maiores Clientes e Ações para Atraí-los
Todos os gestores das empresas particulares pesquisadas em Canindé de São
Francisco afirmam que os turistas são seus maiores clientes. Dentre as ações assinaladas
pelos gestores na atração do turista (Tabela 7.1), pode-se constatar que 39,13% das ações
desenvolvidas concentram-se em realizar um bom atendimento (17,39%) e
divulgação/publicidade (21,74%). A única empresa de grande porte do município de
Canindé afirma participar de workshops, feiras, eventos e realizar visitas às agências e
operadoras em todo o território nacional.
TABELA 7.1 Ações Promovidas Pelos Gestores das Empresas de Canindé de São
Francisco para Atrair o Turista/Cliente
AÇÕES V A *
V R
Bom atendimento/serviço 4 17,39%
Folders / Folheteria 2 8,70%
Cartões de visita 2 8,70%
Divulgação / Publicidade 5 21,74%
Preço competitivo 1 4,35%
Pacotes promocionais 1 4,35%
Participação em feiras 1 4,35%
Workshops 1 4,35%
Visitas às operadoras e Agências de todo o país
2 8,70%
Propaganda FM Xingó 2 8,70%
Anúncio em lista telefônica 1 4,35%
Placas 1 4,35%
TOTAL
23 100,00%
* A questão admitiu mais de uma resposta.
Fonte: Pesquisa de Campo, 2003 e 2005.
Um dos gestores entrevistados em Canindé afirmou investir na mão-de-obra jovem
do município, facultando a entrada ao mercado de trabalho através do primeiro emprego,
destacando que realiza treinamento interno para prestar um bom atendimento. É importante
ressaltar que uma das respostas quase unânimes entre os entrevistados foi a prestação de
um bom atendimento ao turista com o intuito de que este realize a propaganda “boca a
boca”. Nota-se também que as empresas de maior porte e melhor estruturadas do
município de Canindé são as que efetivamente cruzam as fronteiras municipais e até
estaduais, conseguindo, efetivamente, divulgar e tornar conhecida a empresa e,
conseqüentemente, atrair turistas.
No município de Aracaju acontece o inverso que 60% dos entrevistados afirmam
que a comunidade local são seus maiores clientes. Dentre as 15 empresas turísticas
pesquisadas, cinco pertencentes ao segmento de hospedagem e apenas uma agência de
viagem possuem como clientes principais os turistas, ou seja, os bares e restaurantes
turísticos do município de Aracaju atendem principalmente a população local e as agências
de viagem realizam principalmente turismo emissivo. Um proprietário de restaurante
aracajuano afirmou “Atendo principalmente famílias. Turista é conseqüência”.
40,00%
60,00%
TURISTAS
COMUNIDADE
LOCAL
Figura 7.7 Maiores Clientes das Empresas Turísticas Aracajuanas
Fonte: Pesquisa de Campo, 2005.
Segundo Teixeira e Santos (2003) os gestores dos bares e restaurantes turísticos
aracajuanos afirmam que a participação de turistas é sempre pequena independente de ser
alta ou baixa estação e que seus maiores clientes são a comunidade local. Diversas ações
são promovidas pelos empresários aracajuanos para divulgação de suas empresas e
conseqüente atração de clientes. As ações mais utilizadas são mala direta, telemarketing,
internet, participações em feiras, congressos, workshops, convenções, visitas locais, uso de
folheteria e folders em hotéis. A Tabela 7.2 apresenta o leque de medidas empreendidas:
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo