Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA
Programa de Pós
-
graduação em Agricultura Tropical
QUALIDADE E QUEBRA TÉCNICA DE MILHO
ARMAZENADO EM DIFERENTES AMBIENTES
LYS SUYÊNE BARCO HERNANDES SERAPHIM
Engenhei
ra Agrônoma
Orientadora: Profª. Dra. MARIA CRISTINA
DE FIGUEIREDO E
ALBUQUERQUE
Co
-
orientadora: Dra. MARIA APARECIDA BRAGA CANEPPELE
Dissertação apresentada à Faculdade de
Agronomia e Medicina Veterinária da
Universidade Federal de Mato Grosso, para
ob
tenção do título de Mestre em Agricultura
Tropical.
C U I A B Á
MT
2006
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
2
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA
Programa de Pós
-
graduação em Agricultura Tropical
CERTIFICADO DE APROVAÇÃO
Título:
QUALIDADE E QUEBRA TÉCNICA DE MILHO ARMAZENADO EM
DIFERENTES AMBIENTES
Autora:
LYS SUYÊNE BARCO HERNANDES SERAPHIM
Orientadora:
Dra. MARIA CRISTINA
DE FIGUEIREDO E ALBUQUERQUE
Aprovada em 14 de setembro de 2006.
Comissão Examinadora:
______________________________
Prof. Drª Maria Cristina de Figueiredo e Albuquerque
(FAMEVUFMT) (Orientadora)
______________________________
Prof. Drª Maria Aparecida Braga Caneppele
(FAMEV/UFMT) (Co
-
orientadora)
_______________________________
Prof. Dr.Daniel Cassetari Neto
(FAME
V/UFMT)
_______________________________
Prof. Dr. Adriano Divino Lima Afonso
(UNIOESTE/PR)
ads:
3
Ao meu esposo Seraphim porque este trabalho foi feito
nas horas que ficam depois das horas do dia, roubando
tempo do convívio, do descanso e da família. Meu
imenso agradecimento por acreditar que era possível e
caminhar ao meu lado.
Aos meus filhos, Vinícius, Brunno e Nicolle pelas
ausências que o trabalho exigiu, pela colaboração e,
principalmente, para que possam aprender a perder
sem se sentirem derrotado
s. Q
ue toda derrota lhes
façam mais guerreiros. Porque parte de nós é o que
temos...
Mas a outra parte é sonho.
À minha mãe pela companhia e dedicação
constante porque sei
que estaremos sempre juntas,
unidas por um infinito e eterno amor. E
ao meu pai, qu
e
partiu deixando um enorme vazio, mas a lembrança de
sua voz amiga, de seu sorriso, de seu abraço,
realimenta o amor que jamais se apagará do meu
coração.
Aos meus irmãos e cunhadas, Sérgio, Sueli, Júnior,
Vera e Suellen e as minhas sobrinhas Lívia, Cami
lla e
Laís, pela união e presença constante em minha vida.
O amor é a origem, o centro e o destino de todos nós.
E é na família que concentramos todo nosso amor.
DEDICO
4
AGRADECIMENTOS
Ao Programa de Pós–graduação em Agricultura Tropical da
FAMEV/UFMT,
por tornar possível a realização de um curso de mestrado no
estado de Mato Grosso;
Ao Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso INDEA/MT,
pelo consentimento de afastamento parcial para a realização do curso e
liberação da Divisão de Revisão da Classificação para a realização das
análises;
À professora Drª. Maria Cristina de Figueiredo e Albuquerque, pela
confiança, amizade e principalmente pela sabedoria, capacidade de
trabalho, entusiasmo e dedicação ao ensino e pesquisa;
À Drª. Maria Aparecida Braga Caneppele pela amizade, disposição
em ajudar, incentivo e acompanhamento deste trabalho;
Ao professor Dr. Eugênio Nilmar dos Santos e à Fazenda Filadélfia,
pela disponibilização do milho para pesquisa;
Aos professores Drª. Leimi Kobayasti e Dr. Daniel
Cassetari Neto pela
orientação dos trabalhos no Laboratório de Fitopatologia, pelas correções e
participação das bancas de qualificação e defesa;
Ao professor Sebastião Carneiro Guimarães pelo incentivo e
sugestões;
Ao professor Dr. Carlos Caneppele pela contribuição e participação
na banca de qualificação;
Ao professor Dr. Adriano Divino Lima Afonso, cuja presença na banca
de defesa muito contribuiu para o resultado final des
t
e trabalho;
Aos técnicos dos Laboratórios de Sementes e de Fitopatologia da
Unive
rsidade Federal de Mato Grosso, em especial a Sidnéia e Arlindo, sem
os quais seria muito difícil a realização das análises;
Às assistentes em administração, Maria Minervina de Souza e Denise
Aparecida de Arruda Alves, pela paciência, atenção e dedicação;
Aos colegas do curso de mestrado pelo incentivo, a agradável
convivência e amizade;
5
Aos colegas de trabalho, Jussara Santiago Figueira, Vicente Mamede
de Arruda, Roberto Luiz Corrêa da Costa e Firmina Marcimina da Silva, por
terem proporcionado condições para ausentar de minhas atividades durante
o curso.
6
QUALIDADE E QUEBRA TÉCNICA DE MILHO ARMAZENADO EM
DIFERENTES AMBIENTES
RESUMO
O presente trabalho objetivou avaliar as características físicas e
qualitativas de grãos de milho armazenados em diferentes condições
ambientais, avaliar as perdas e definir o índice de quebra técnica em função
do ambiente e do tempo de armazenagem. Foram utilizados grãos de milho
colhidos em junho e julho/2004, no município de Campo Verde-MT. Depois
de embalado em sacos de papel Kraft duplo, com capacidade de 10kg, o
produto foi armazenado em ambiente natural e câmara refrigerada. No início
e a cada dois meses de armazenamento, cada embalagem foi pesada e
realizada análises de teor de água, germinação, condutividade elétri
ca,
presença de insetos, sanidade, classificação e análise química para definir a
qualidade do produto. O delineamento estatístico foi
inteiramente
casualizado, em esquema fatorial 2 x 7 (ambientes x períodos de
armazenamento)
com quatro repetições. Os teores de água dos grãos
ficaram abaixo do teor máximo admitido pela classificação oficial que é de
14,5%. O total de grãos avariados aumentou de 8,66% no início do
armazenamento para 13,95%, no ambiente natural e para 11,32%, na
câmara refrigerada. A mudança do tipo ocorreu no sexto e oitavo mês de
armazenamento, no ambiente natural e câmara refrigerada,
respectivamente, passando de tipo 1 para 2, sendo o defeito fermentados
até ¼ o que mais contribuiu para a alteração do tipo do produto. As
características físicas e qualitativas foram
melhores
preservadas na câmara
refrigerada. A quebra técnica apurada nos doze meses de armazenamento
foi de 3,08% para o ambiente natural e de 2,10% para o milho armazenado
em câmara refrigerada, equivalendo a 0,26% e 0,18% ao m
ês,
respectivamente.
Palavras
-
chave
:
grãos,
classificação
, perda de peso, armazenamento.
7
QUALITY AND DRY MATTER LOSS OF CORN STORED IN DIFFERENT
ENVIRONMENTS
ABSTRACT
This work's objective was to evaluate the physical and
qualitative characteristics of corn grain stored under different environment
conditions, evaluate losses, and define a dry matter loss index based on
storage time and environment. Corn grain harvested in June and July 2004,
in the city of Campo Verde, MT, were used in the research
. After packaged in
10kg capacity double-walled Kraft paper bags, the product was stored at
room condition or in a refrigerated chamber. At the onset of the experiment
and at every two months of storage, each package was weighed and
analyses were performed
for water content, germination, electric conductivity,
presence of insects, health, classification, and chemical composition in order
to define product quality. A completely randomized statistical design was
adopted, in a 2 × 7 factorial arrangement
(envi
ronments × storage periods),
with four replicates. The water contents
in the grain
were below the maximum
content admitted by the official classification, i.e., 14.5%. The damaged grain
total increased from 8.66% at the beginning of storage to 13.95% under
room
condition, and to 11.32% in the refrigerated chamber. Changes in grain type
occurred in the sixth and eighth months of storage at room condition and in
the refrigerated chamber, respectively, going from type 1 to type 2. The
"fermented to ¼" defect contributed the most to produce product-
type
changes. Physical and qualitative characteristics were
best
preserved in the
refrigerated chamber. The dry matter losses verified throughout the twelve
months of storage were 3.08% at room condition and 2.10% for corn stored
in the refrigerated chamber, being equivalent to 0.26% and 0.18% per month,
respectively.
Keywords:
grain, classification
, weight loss, storage.
8
LISTA DE FIGURAS
Página
1
Locais de armazenamento: ambiente natural e câmara refrigerada .
....
28
2 Fluxograma da metodologia utilizada ....................................................
29
3 Germinador, regulado para manter a temperatura em 25
2ºC, por
sete dias ............................................................................
...................
31
4 Leitura da germinação aos quatro dias, da amostra armazenada em
ambiente natural, no mês de fevereiro de 2005....................................
31
5 Separação dos insetos e larvas com a utilização de peneiras ..............
32
6 Corte transversal do milho para observar a presença de ovos, pupas
e insetos adultos ..................................................................................
33
7 Grãos de milho incubados em papel de filtro (Blotter test) ...................
34
8 Fluxograma dos procedimentos de classificação de milho ...................
35
9 Defeitos dos grãos ou pedaços de grãos de milho conforme Portaria
nº 11 de 12 de abril de 1996 ................................................................
36
10 Te
mperatura e umidade relativa média mensal do ambiente natural
e câmara refrigerada, durante o período de armazenamento .............
40
11
Germinação de grãos de milho armazenados em ambiente natural e
câmara refrigerada, por 12 meses ....................
...................................
43
12
Condutividade elétrica da solução contendo grãos de milho
armazenados em ambiente natural e câmara refrigerada ..................
46
13 Infestação externa de grãos de milho armazenados em amb
iente
natural e câmara refrigerada, por 12 meses .......................................
48
14 Número médio de insetos, por espécie, em grãos de milho
armazenados em ambiente natural e câmara refrigerada, por 12
meses ...............
...................................................................................
50
15 Infestação interna de grãos de milho armazenados em ambiente
natural e câmara refrigerada, por 12 meses .......................................
51
9
16 Grãos de milho contaminados por fungos dos gêneros
Aspergillu
s e
Penicillium
no início, no quarto mês e no oitavo mês de
armazenamento ..................................................................................
54
17
Percentuais de matérias estranhas e
impurezas dos grãos de milho
armazenados em ambiente natural e câmara refrigerada ..................
57
18
Percentuais de fragmentos dos grãos de milho armazenados em
ambiente natural e câmara refrigerada, durante 12 meses ................
58
19
Percentu
ais de grãos de milho ardidos armazenados em ambiente
natural e câmara refrigerada, por 12 meses ........................................
59
20
Percentuais de grãos de milho fermentados até ¼ armazenados em
ambiente natural e câmara refrigerada, por 12 me
ses ......................
61
21
Percentuais de grãos de milho carunchados armazenados em
ambiente natural e câmara refrigerada, por 12 meses ........................
62
22
Total de grãos de milho avariados armazenados em ambiente
na
tural e câmara refrigerada, por 12 meses .......................................
64
23
Percentual de proteínas de grãos de milho armazenados em
ambiente natural e câmara refrigerada, por 12 meses .......................
65
24
Efeito do tempo de armazenam
ento sobre o percentual de fibras
grãos de milho armazenados em ambiente natural e câmara
refrigerada ............................................................................................
68
10
LISTA DE TABELAS
Página
1 dias de germinação, con
dutividade e teor de água de grãos de
milho armazenados, durante 12 meses, em ambiente natural e
câmara refrigerada ................................................................................
42
2 Número médio de insetos e infestação interna em grãos
de milho
armazenados em ambiente natural e câmara refrigerada, por 12
meses ....................................................................................................
47
3 Espécies de insetos encontrados durante o período de
armazenament
o no ambiente natural (AN) e na câmara refrigerada
(CR) .......................................................................................................
49
4 Percentagem de fungos observados em grãos de milho
armazenados, dura
nte 12 meses, em ambiente natural e câmara
refrigerada ...........................................................................................
52
5 Resultados médios da classificação de grãos de milho armazenados,
durante 12 meses, em ambiente
natural (AN) e câmara refrigerada
(CR) ......................................................................................................
56
6 Resultados de proteína, extrato etéreo, matéria seca e fibras de grãos
de milho armazenados em ambiente natu
ral e mara refrigerada,
durante 12 meses ................................................................................
66
7 Massa e quebra técnica mensal do milho armazenados, durante 12
meses, em ambiente natural e câmara refrigerada ...............
..............
69
11
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO
................................................................
.......................
13
2
REVISÃO DE LITERATUR
A
................................
................................
.
16
2.1
Armazenamento e Qualidade de Grãos
................................................
16
2.2
Quebra Técnica
................................
................................
.....................
18
2.3
Deterioração dos Grãos
................................
................................
.........
19
2.4
Influência da Temperatura e Umidade no Armazenamento de Grãos
..
21
2.5
Presença de Insetos e Microrganismos nos Grãos
...............................
23
3
MATERIAL E MÉTODOS
................................................................
......
27
3.1
Descrição das Análises
................................
................................
.........
30
3.1.1
Teor de água
................................................................
.......................
30
3.1.2
Germinação
................................
................................
.........................
30
3.1.3
Condutividade elétrica
................................
................................
.........
31
3.1.4
Presen
ça de insetos
............................................................................
32
3.1.4.1
Infestação externa
............................................................................
32
3.1.4.2
Infestação interna
................................
................................
.............
32
3.1.5
Presença de fungos
............................................................................
33
3.1.6
Classificação
................................................................
.......................
34
3.1.7
Análise química
................................................................
...................
37
3.1.7.1
Determinação da proteína bruta
................................
......................
37
3.1.7.2
Determinação de extrato etéreo
................................
.......................
38
3.1.7.3
Determinaçã
o de fibra bruta
................................
.............................
38
3.1.7.4
Determinação de matéria seca
........................................................
38
3.2
Massa Seca Inicial e Final
................................
................................
.....
38
3.3
Delineamento Estatístico
................................................................
.......
39
4
RESULTADOS E DISCUSS
ÃO
............................................................
40
4.1
Temperatura e Umidade
........................................................................
40
4.2
Teor de Água
................................
................................
.........................
41
4.3
Germinação
................................................................
...........................
43
4.4
Condutividade Elétrica
................................................................
...........
45
4.5
Presença de Insetos
................................................................
..............
46
12
4.5.1
Infestação externa
................................................................
...............
46
4.5.2
Infesta
ção interna
................................................................................
51
4.6
Presença de Fungos
................................................................
..............
52
4.7
Classificação de Grãos
................................................................
..........
55
4.8
Análise Química
................................
................................
.....................
64
4.9
Massa Seca Inicial e Final
................................
................................
.....
68
5
CONSIDERAÇÕES FINAIS
................................................................
..
71
6
CONCLUSÕES
................................................................
......................
73
7
REFERÊNCIAS BIBLIOGR
ÁFICAS
................................
.....................
74
APÊNDICE
....................................................................................................
81
ANEXO ........
................................
................................
................................
.
84
13
1
INTRODUÇÃO
A maior fonte de alimento, tanto para seres humanos como para os
animais, é constituída pelos cereais. Aproximadamente 90% dos grãos
produzidos para consumo provêm dos cereais, predominando o trigo, o
milho e o arroz, que representam a base da alimentação da maioria dos
povos (Faroni, 1992).
Atualmente, a qualidade dos grãos e subprodutos agrícolas tem se
destacado, tanto para a comercialização interna como para exportação. O
armazenamento de um produto agrícola tem como pressuposto básico a
guarda e conservação dos produtos armazenados. Entretanto, perdas
poderão ocorrer durante a permanência do produto no armazém,
ocasionadas por insetos, fungos, roedores, pássaros e a própria respiração
da massa de grãos. Esses fatores podem depreciar o produto por provocar a
presença de fragmentos de insetos nos subprodutos alimentares,
deterioração da massa de grãos, contaminação fúngica, presença de
micotoxinas, além dos efeitos na saúde humana e animal e dificuldade para
exportação de produtos e subprodutos.
O índice de perda considerado pela FAO para o arroz em casca é de
10% da disponibilidade; para o trigo em grão é de 5%; para o milho em grão
é de 10%; e para o feijão em grão é de 3% (IBGE, 2004). Considerando que
a estimativa de safra de milho do Brasil para 2006 deva ficar entre 41 e 42
milhões de tonelada, segundo CONAB (2006) e IBGE (2006),
respectivamente, as perdas devem chegar a 4,2 milhões de toneladas.
14
O sistema de produção agrícola brasileira apresenta elevados índices
de perdas causadas por danos físicos durante as operações de colheita,
transporte, secagem e armazenamento ou por agentes biológicos. As perdas
na armazenagem decorrem, em geral, da insuficiência estrutural ou
inadequação da rede de armazenagem, bem como do baixo nível de
qualificação da mão-
de
-obra que opera os secadores, as câmaras de
expurgo, os aeradores e outros equipamentos de recepção, movimentação e
conservação dos produtos nas unidades arm
azenadoras.
No armazenamento de grãos podem ocorrer perdas físicas e perdas
qualitativas. As perdas físicas expressam-se pela redução de massa dos
estoques, principalmente em razão do ataque de insetos, e pela perda da
umidade dos grãos. Tanto as perdas f
ísicas como as de qualidade dos grãos
estão associadas ao tempo de existência dos estoques e às condições de
armazenamento
dos mesmos. A redução de massa ocorre efetivamente
durante o armazenamento, mas não existem, no Brasil, normas ou
regulamentação sobre quebra técnica, talvez por indefinição quanto à
mesma, fundamentada tecnicamente em pesquisas.
Considerando a importância da cultura de milho na alimentação
humana e animal, seu potencial de exportação e a extensão do território
brasileiro, com regiões de climas diferenciados, bem como a diversidade da
rede armazenadora brasileira, verifica-se que existe uma lacuna a ser
preenchida por pesquisas científicas objetivando a identificação e
quantificação das perdas que ocorrem durante o armazenamento.
O estudo das características físicas e qualitativas do grão, além das
condições de armazenamento permitirá a adoção de taxas de desconto reais
mais justas, proporcionando benefícios econômicos aos usuários, a melhoria
do serviço de armazenamento e redução dos custos finais do produto ao
consumidor (
Faroni et al.,
2005).
A definição de um índice de Quebra Técnica específico para cada
produto considerando as condições tropicais evitaria grande parte das
demandas judiciais e estabeleceria parâmetros de controle de qualidade do
produto de forma mais técnica, melhorando o sistema de armazenamento.
15
O presente trabalho objetivou avaliar as características físicas e
qualitativas de grãos de milho armazenados em duas condições de
ambiente, avaliar as possíveis perdas e defi
nir o índice de quebra técnica em
função do ambiente e do tempo de armazenagem.
16
2
REVISÃO DE LITERATURA
2.1
Armazenamento e Qualidade de Grãos
Grande parte da produção de grãos é armazenada durante
determinado período. Esse fato é importante, pois com o armazenamento
adequado dos produtos agrícolas, evitam-se perdas e preservam-se suas
qualidades, além de suprir as demandas durante a entressafra e de permitir
aguardar variações de preços melhores (Sauer, 1992).
Os grãos armazenados constituem um ecossistema em que
mudanças quantitativas e qualitativas podem ocorrer como resultantes da
interação entre variáveis físicas, químicas e biológicas. O objetivo real do
armazenamento é manter as características que os grãos possuem
imediatamente após o pré-
proc
essamento, tais como a viabilidade de
sementes, a qualidade de moagem e as propriedades nutritivas (Brooker et
al., 1992). Os grãos assumem a condição de matéria-prima e a
armazenagem deve ser incorporada no conceito da cadeia produtiva dos
mesmos, adotando medidas para permitir produtos com qualidade
(Caneppele, 2003).
Os produtos agrícolas possuem características biológicas, físicas e
químicas próprias de cada espécie e cultivar. Essas características básicas
definem o padrão qualitativo do produto que deverá ser mantido e que
representará a predisposição de aproveitamento para o fim a que se destina
(Finck, 1997).
17
Desde a maturidade fisiológica dos grãos e sementes ocorrida no
campo, os processos de deterioração tornam
-
se ativos e inicia
-
se a perda de
qua
lidade. Mesmo sob as melhores condições de armazenamento, a
qualidade dos grãos o pode ser melhorada, mas apenas mantida (Silva,
1995) e essa qualidade uma vez perdida é irrecuperável (Lazzari, 2001).
Os grãos, depois de colhidos, continuam a viver e, como todos os
organismos vivos, respiram. O processo respiratório é acompanhado pelo
consumo das substâncias de reserva, e os principais fatores que alteram a
intensidade do processo respiratório são a temperatura, teor de água das
sementes e os fungos na massa de sementes (Puzzi, 1989). Além desses
fatores, a concentração de dióxido de carbono e oxigênio no ar intersticial,
as características do grão, a presença de insetos e ácaros, as condições do
clima e a estrutura do grão são considerados como os fatores mais
importantes que afetam a conservação dos grãos durante o armazenamento
(Sinha, 1973).
O armazenamento prolongado das sementes de milho pode ser
prejudicial a sua qualidade, pois inicia um processo degenerativo que leva à
perda da sua viabilidade (Lin
, 1988).
Andrade et al.
(2003), acompanhando a
qualidade de sementes de milho armazenadas por meio de testes de
germinação, massa específica, condutividade elétrica e teor de água,
constataram que a qualidade física e fisiológica das sementes foi afetada
p
elo período de armazenagem.
A germinação dos grãos pode ser utilizada como parâmetro para
determinar a qualidade fisiológica dos grãos, pois os danos causados no
processo de deterioração incluem a perda de germinação, além, da
descoloração, aumento do teor
de ácidos graxos e degradação da qualidade
nutritiva (Silva, 1995).
A qualidade de um grão pode ser melhor definida como a medida de
adaptabilidade do grão para o fim a que se destina (Jackson, 1995). Esse
autor cita que os resultados das pesquisas têm aumentado os
conhecimentos sobre as características que
mais
se ajustam aos diferentes
usos de industrialização.
18
2.2
Quebra Técnica
Existem diversas definições para o termo “Quebra Técnica”. O termo
pode restringir-se apenas à perda de peso do produto durante o
armazenamento, devido unicamente ao processo respiratório da massa de
grãos e dos microorganismos nela presentes. No entanto, a quebra técnica
pode ser definida como o somatório de diversas perdas unitárias ou redução
da massa de grãos ao longo das etapas de processamento e
armazenamento do produto (Afonso et al., 2005).
Durante o processo de armazenamento, os grãos sofrem perdas de
massa seca em razão de sua movimentação, do processo biológico da
respiração e de infestação por pragas. Segundo Celaro et al
.
(1979),
denomina
-se a essa perda de massa seca, de quebra técnica. Além dessa
quebra técnica, ocorre a redução de massa seca devido a secagem natural,
decorrente da perda de água e a redução das qualidades física, sanitária e
nutricional dos grãos.
Até 1992 praticava-se em todo o país a aplicação de um desconto
devido a quebra técnica e secagem natural de até 0,3% da massa
armazenada, ao mês, independente do tipo, características físicas, grau de
infestação e condições climáticas locais. Em 01/07/1992, a
Companhia
Nacional de Abastecimento
CONAB instituiu o programa de “Quebra Zero”,
utilizando o artifício de pagar uma sobretaxa para compensar as perdas de
massa. Essa sobretaxa está prevista no parágrafo único do artigo 37 do
Decreto 1.102, de 21/11/1903: "podem os armazéns gerais se obrigarem,
por convenção com os depositantes e mediante a especificação prévia de
uma taxa, indenizar os prejuízos acontecidos à mercadoria por avarias,
vícios intrínsecos, falta de acondicionamento e mesmo casos de força
maior". Essa indenização diz respeito às perdas ocorridas durante o período
de armazenagem, não incluindo o processamento.
Desde então, a CONAB estabeleceu que todo armazém, para receber
estoques oficiais vinculados à Política de Garantia de Preços Mínimos -
PGPM, deve previamente assinar o chamado "Contrato de Depósito e de
19
Prestação de Serviços Correlatos Quebra Zero". Com base nesse
contrato, mediante o recebimento da sobretaxa, o agente armazenador se
obriga a indenizar o depositante pelas perdas de qualquer natureza
(inclusive as quebras técnicas e as de massa por redução de umidade),
avarias, depreciações ocorridas ao produto e os eventos não-
acobertados
pela apólice de seguro do depositante.
Essa sobretaxa é paga pelo depositante, ao armazenador, an
tecipada
e quinzenalmente, para ter a garantia da integridade quali-quantitativa do
produto entregue para armazenagem. Para arroz, milho, feijão, sorgo, soja e
trigo a sobretaxa equivale a 0,15% do preço de mercado do produto.
2.3
Deterioração dos Grãos
O processo de deterioração dos grãos durante o período de
armazenamento não se limita apenas à ação danosa do processo
respiratório. Diferentes fatores abióticos e bióticos estão freqüentemente
envolvidos em diferentes combinações nos processos deteriorativos.
Os
fatores mais importantes que afetam os grãos durante o armazenamento
são: temperatura, teor de água, concentração de dióxido de carbono e
oxigênio no ar intersticial, características do grão, presença de
microrganismos, insetos, ácaros, condições do clima, tempo de
armazenagem e a estrutura do grão (Sinha, 1973; Merch e Gomes, 1982;
Finck, 1997). Assim, os grãos, ao serem atacados, sofrem alterações na sua
qualidade como: redução do poder germinativo, desenvolvimento de mofo,
descoloração, aquecimento e
mudanças químicas deteriorativas.
A velocidade da deterioração depende das condições de ambiente
anteriores à colheita, dos danos mecânicos durante a colheita e
beneficiamento e das condições de armazenamento. Dependendo dessas
condições, um lote perderá s
ua qualidade com maior ou menor intensidade.
Para a manutenção da qualidade inicial dos grãos de milho, algumas
características devem ser consideradas. Finck (1997) descreve essas
características sobre três aspectos: biológicos, físicos e químicos.
20
As características biológicas a serem preservadas relacionam-se aos
aspectos anatômicos, morfológicos, fisiológicos e organolépticos do milho.
Dessa forma, considera-se grão sadio o grão bem formado, sem alteração
no pericarpo, endosperma e embrião, apresentando normalidade para as
funções biofisiológicas como respiração, germinação e higroscopia própria
do material biológico, bem como coloração, odor e sabor próprio da espécie
gerada.
As características físicas dizem respeito aos aspectos que envolvem
as interações do material biológico com relação às forças físicas, tais como:
condutividade térmica e elétrica, equilíbrio higroscópio, grau de dureza do
endosperma, tamanho do grão, ângulo de repouso, fluidez e porosidade
natural da massa de grãos, peso específico e
volumétrico que nas condições
normais apontam para certa condição qualitativa do milho.
As características químicas referem-se à composição carbo-
lipo
-
protéica do milho, fibras, vitaminas e sais minerais nas proporções
específicas de cada espécie.
A qualidade fisiológica das sementes entra num processo irreversível
de deterioração a partir da maturidade fisiológica, sendo a perda de
viabilidade uma de suas conseqüências. Membranas mal estruturadas,
desorganizadas e danificadas por insetos, mecanicamente e/ou por ação do
armazenamento prolongado estão, geralmente, associados ao processo de
deterioração da semente e, portanto, reduzindo o valor do vigor da semente
(Vieira e Krzyzanowski, 1999).
Sementes de milho de alta qualidade inicial foram as que
apresent
aram maior vigor, ao final de 20 meses de armazenamento, em
relação ao lote que apresentou qualidade inicial inferior. Porém, a partir do
décimo segundo mês de armazenamento, independente da embalagem
utilizada ou do teor de água, as sementes começaram a apresentar queda
acentuada de germinação (Freitas et al., 1992).
Em grãos de arroz em casca, o armazenamento prolongado, acima
de seis meses, aumentou a percentagem de grãos quebrados (Pereira et al.,
1997). Para grãos de arroz armazenados polidos, verificou-se que o período
21
de armazenagem não deve ultrapassar a 270 dias, visando maior número de
grãos inteiros e permitindo uma boa classificação do produto em tipo
(Pereira et al., 1998).
A deterioração de sementes pode ser detectada nos seus
estádios
iniciais
pela atividade de enzimas associadas com a degradação e oxidação
de substâncias de reservas bem como a síntese de novas substâncias. A
perda de sólidos solúveis, por exemplo, decresce com o aumento do tempo
de armazenamento, bem como o percentual de defeitos encontrados na
amostra, podendo alterar o tipo do arroz (Parizzi et al., 1992). Podem ser
observadas também, mudanças nos padrões isoenzimáticos da peroxidase
com o aumento do tempo de envelhecimento acelerado das sementes
(Spinola et al., 2000).
2.4
Infl
uência da Temperatura e Umidade no Armazenamento de
Grãos
A temperatura e umidade são os fatores que mais afetam a perda de
massa seca e qualidade dos grãos e sementes A taxa de deterioração
depende da atividade das variáveis bióticas que é afetada, princi
palmente,
pela interação desses fatores (Embrapa, 2002).
O teor de água dos produtos agrícolas exerce grande influência na
manutenção da qualidade desses, ao longo do período de armazenamento.
Os grãos de cereais, de oleaginosas e de outras culturas têm na
tureza
higroscópica, isto é, de acordo com as condições de temperatura e umidade
relativa do ar ambiente onde se encontra o produto, pode perder (dessorção)
ou ganhar água (adsorção) (Faroni, 1992).
O processo respiratório da massa de grãos durante o armaz
enamento
produz calor e a taxa de respiração é influenciada pela temperatura e teor de
água dos grãos. Esses dois fatores influenciam, também, nas trocas que
ocorrem na composição química depreciando a qualidade do produto (Hall,
1957; Finck, 1997).
Grãos
de trigo armazenados com teor de água superior a 13,5%
apresentam perdas significativas de massa específica aparente associada à
22
redução do conteúdo de gordura bruta, que são conseqüências de intenso
processo respiratório (Freitas et al., 1998). Sementes de milho,
armazenadas em silos, apresentaram maior perda de qualidade na
superfície superior do silo devido aos maiores gradientes de temperatura e
umidade relativa impostos às sementes durante o armazenamento (Andrade
et al., 2003).
Entre os diversos fatores, o teor de água dos grãos constitui a
principal condição para determinar o tempo de armazenamento. Para grãos
de milho, o teor de água ideal para armazenagem garantida por um ano
deve ser de 13%, devendo ser reduzida para 11% a fim de garantir o
armaze
namento por cinco anos (Merch e Gomes, 1982).
Freitas et al. (1998), estudando o efeito do nível de umidade sobre a
deterioração de trigo durante o período de armazenamento verificaram
intenso processo respiratório em grãos de trigo armazenados com teor de
água inadequado com conseqüente perda de gordura bruta e peso
específico. Em sementes de café (
Coffea arabica
L.), as reduções do teor de
água até 10% e da temperatura até 10ºC foram favoráveis à manutenção da
qualidade fisiológica (Gentil et al., 2001).
A tendência de decréscimo na germinação de milho a partir de 90
dias após o armazenamento foi explicada por Guarçoni et al. (2001) como
conseqüência do processo degenerativo que as sementes sofreram nas
condições ambientais adversas, como umidade relativa e temperaturas
desfavoráveis, ocorridas durante o armazenamento.
Grãos de cereais são, geralmente, boas fontes de tiamina, niacina,
piridoxina, inositol, biotina e a vitamina E contêm significativa quantidade de
ácido pantotênico. indicações de que significativas perdas de tiamina
podem ocorrer durante a armazenagem, e a extensão dessas perdas
depende, consideravelmente, do tempo e temperatura de armazenagem e
do teor de água. Alta temperatura e elevado teor de água aceleram a taxa de
destruição de tiami
na (Pomeranz, 1992).
23
2.5
Presença de Insetos e Microrganismos nos Grãos
Os principais agentes causadores de redução na quantidade e
qualidade dos grãos armazenados são insetos, fungos, pássaros e roedores,
bem como a respiração, que, em menor escala, pode con
tribuir para a perda
de matéria seca durante a armazenagem (Silva et al., 1992).
O processo de respiração envolve a liberação de energia, por
oxidação de carboidratos e outros componentes orgânicos. Quando o
processo de respiração ocorre rapidamente e prod
uz mais calor do que pode
ser dissipado, a temperatura do produto armazenado sobe, e aumentam as
chances de desenvolvimento de fungos (Silva et al., 1992).
Atividades como o recebimento, secagem, armazenamento e
manuseio de cargas ou lotes de grãos feitas em condições inadequadas
oferecem aos insetos, fungos e ácaros, a possibilidade de infestarem e
infectarem o produto causando problemas na sua industrialização e
comercialização (Sauer, 1992; Lazzari, 1997; Lazzari e Lazzari, 2002).
A ação contínua de pragas e patógenos, além dos prejuízos
ocasionados pela redução da massa seca, depreciam o valor comercial do
produto, reduz seu valor nutricional, e favorece a deterioração e a
contaminação com micotoxinas do produto armazenado (Garcia et al., 2000).
Dentre as diferentes ordens em que os insetos são agrupados, duas
dessas se destacam como de maior importância para os insetos de grãos
armazenados: Coleoptera e Lepdoptera. Dentre as espécies mais nocivas
aos grãos armazenados o Sitophilus zeamais é a que causa maiores danos
em milho (Garcia et al., 2000).
Em condições climáticas tropicais, os insetos assumem particular
importância como pragas dos grãos armazenados, pelo fato da massa de
grãos constituir-se em ambiente ideal para seu desenvolvimento. Os insetos
ca
usam diminuição do valor nutricional, desvalorização do produto,
diminuição do grau de higiene, redução de massa, e promovem o
aquecimento da massa de grãos no local da infestação. Isso pode contribuir
para aumento da atividade respiratória da massa de grãos, proporcionando
24
maior consumo de matéria seca e, conseqüentemente, rápida deterioração
do produto (Faroni, 1992).
Os insetos isolados ou associados a fungos provocam danos
qualitativos e quantitativos ao grão de milho armazenado e aos subprodutos.
Atui
e Lazzari (1998) observaram que, quanto maior é a infestação no grão,
mais elevado se o número de fragmentos no produto final. Quando os
insetos quebram o alimento em pequenos pedaços, introduzem
microrganismos, além de elevar os níveis de temperatura e
umidade (Faroni,
1992).
As pragas dos grãos armazenados retiram dos alimentos a água
necessária para os processos vitais. Por esse motivo, o teor de água dos
grãos torna-se um fator crítico para a sobrevivência do inseto em qualquer
estádio do ciclo evolutivo, independente da temperatura do ambiente. Até
certo ponto, o teor de água elevado favorece o rápido aumento da população
daquelas pragas. Grãos com teores de água abaixo de 9% não oferecem
condições para a multiplicação da maioria dos insetos que atacam os grãos
armazenados (Garcia et al., 2000). Sinha (1973) cita que o teor de água
menor que 10% limita o desenvolvimento da maioria dos insetos de grãos
armazenados e a maioria dos insetos de armazenamento não se
desenvolve
em temperaturas menores que 15
o
C.
Avaliar as perdas de qualidade decorrentes de infestações de insetos
e fungos não é tarefa fácil devido às limitações inerentes ao processo de se
levantar os dados, além da influência dos fatores bióticos e abióticos que
afetam a ecologia do armazenamen
to (Caneppele e Caneppele, 2004).
O estabelecimento do nível de dano econômico para pragas de grãos
armazenados é limitado pela dificuldade na determinação do nível de
infestação, pois os principais insetos-pragas passam a maior parte do seu
ciclo de vida no interior do grão. Inspeções visuais podem mostrar os grãos
aparentemente em boas condições, entretanto, podem conter infestações
internas suficientes para inviabilizar sua utilização (Caneppele e Caneppele,
2003).
25
Na avaliação da flutuação populacional dos insetos, do teor de água,
da infestação interna e da germinação em conseqüência de diferentes níveis
de infestação, Caneppele (2003) verificou que à medida que ocorreu
aumento da população de insetos, aumentou o teor de água das sementes
conforme seu nível de infestação. Após 150 dias de armazenamento o teor
de água que era inicialmente de 10% foi para 14% (5 insetos/frasco), 20%
(15 insetos/frasco) e 24% (50 insetos/frasco).
As mesmas condições de armazenamento que permitem a
manutenção da qualidade dos grãos podem, também, favorecer a
sobrevivência de muitos fungos.
Os fungos presentes nas sementes armazenadas podem ser divididos
em dois grupos: de campo e de armazenamento. O primeiro invade as
sementes ainda no campo, requerendo para seu crescimento u
midade
relativa em torno de 90–95%. Os mais comuns são:
Alternaria
,
Cladosporium
,
Fusarium
e
Helminthosporium
(Carvalho e Nakagawa, 2000).
Os fungos de armazenamento, por sua vez, podem ter origem no próprio
campo ou podem ser adquiridos na fase de pós-
col
heita, através de
contaminações nas etapas de transporte, beneficiamento, tratamentos e nas
embalagens (Machado, 1999). Porém, são capazes de sobreviver em
ambiente com baixa umidade, proliferando em sucessão aos fungos de
campo e causando a deterioração das sementes Os fungos de
armazenamento mais freqüentes geralmente são
Aspergillus
spp. e
Penicillium
spp (Carvalho e Nakagawa, 2000).
Fungos de armazenamento são sensíveis às mudanças de
temperatura. Quando a temperatura estiver abaixo de 12
15
o
C o seu
des
envolvimento é bastante reduzido com exceção do
Penicillium
spp.
(L
a
zzari, 1997).
Os principais danos causados pela invasão dos fungos de
armazenamento são: perda do poder germinativo, descoloração, aumento do
teor de ácidos graxos dos grãos, degradação das qualidades nutritivas e
odor de mofado ou azedo e podem apresentar sinais de mofo ou bolor
(Silva, 1995
; Lazzari, 1997).
26
Em espaço relativamente curto de tempo, certos fungos produtores de
micotoxinas podem infectar sementes e grãos e causarem graves
co
nseqüências àqueles que consumirem o produto ou subproduto
(Christensen e Kaufmann, 1969). Os níveis de contaminação por aflatoxinas
podem aumentar muito após a colheita se houver demora em secar o
produto.
Penicillium verrucosum e Aspergillus ochraceus são produtores de
ocratoxina A e essa toxina é produzida durante o armazenamento de grãos
quando
os teores de água estão relativamente altos (16% ou mais) (Sauer,
1992; Lazzari, 1997).
Dentre os fungos associados às sementes de milho,
Fusarium
moniliforme
J. Sheld (Fusarium verticillioides Sacc.) destaca-se pela
freqüência e altas
percentagens
com que ocorre. Na conservação de
sementes de milho em câmara fria por 12 meses,
percebeu
-se que
a
sobrevivência de Fusarium moniliforme foi bastante favorecida, em rel
ação
ao armazenamento em ambiente não controlado (Tanaka, 2001).
Avaliando a microflora fúngica de sementes de milho em ambientes
de armazenamento, Tanaka et al. (2001) constataram o decréscimo da
sobrevivência de F moniliforme em condições de ambiente não controlado
em comparação à câmara fria. Entretanto, Aspergillus e Penicillium tiveram
suas incidências aumentadas ao longo do período, principalmente em
ambiente não controlado.
27
3
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado nos Laboratórios de Sementes, de
Fitopatologia e do Núcleo de Tecnologia em Armazenagem da Faculdade de
Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade Federal de Mato Grosso,
no Núcleo de Laboratórios da EMPAER-MT e na Divisão de Revisão da
Classificação do INDEA-MT no período de outubro de 2004 a outubro de
2005.
Foram utilizados grãos de milho (Zea mays L.), do grupo semi-
duro,
colhidos em junho e julho/2004, procedentes da Fazenda Filadélfia,
localizada no município de Campo Verde-MT. Antes do início do trabalho, o
milh
o passou por secagem e armazenagem por três meses na própria
fazenda
. O produto foi encaminhado para Cuiabá-MT, embalado em sacos
de papel Kraft duplo, com capacidade de 10kg do produto
e armazenado em
duas condições
:
ambiente natural (tratamento 1) e em mara refrigerada
(tratamento 2), durante o período de outubro de 2004 à outubro de 2005
(Figura 1).
28
FIGURA 1.
Locais
de armazenamento: ambiente natural e câmara refrigerada.
No início e a cada dois meses de armazenamento, foi determinada
a
massa de grãos de cada embalagem e realizadas análises de teor de água,
germinação, condutividade elétrica, presença de insetos, sanidade,
classificação de grãos e análise química. Para a realização da classificação
foram determinados os percentuais de matérias estranhas e impurezas;
fragmentos; grãos ardidos, brotados e mofados; grãos fermentados até ¼;
quebrados; carunchados; chochos e prejudicados por diferentes causas
(Figura 2).
Durante o período de armazenamento foram realizados os
tratamentos fitos
sanitários conforme as recomendações dos fabricantes para
os produtos armazenados: expurgo com fosfeto de alumínio utilizando duas
pastilhas de 3g.m
-3
, pulverização com pirimifós-metílico na dosagem de
0,5mL diluído em 50mL de água para cada m
2
de superfície de embalagem.
Foi realizado um expurgo no início do armazenamento nos dois ambientes e,
durante o armazenamento foram realizados mais dois expurgos seguidos de
pulverizações no ambiente natural nos meses de dezembro/2004 e
maio/2005.
29
FIGURA 2.
Fluxo
grama da metodologia utilizada.
A temperatura e umidade relativa do ar ambiente foram registradas
durante o armazenamento por meio de termohigrômetro e termômetro de
30
máxima e mínima. A temperatura média foi calculada utilizando a fórmula T
m
= (T
8
+ 2xT
20
+ T
mín
+ T
máx
)/5, onde T
8
é a temperatura às 8 horas, T
20
é a
temperatura às 20 horas, T
mín
é a temperatura mínima do dia e T
máx
é a
temperatura máxima do dia.
A temperatura média no período foi de 27,3ºC e 17,0ºC e a umidade
relativa média de 67,4% e 73,3%, no ambiente natural e câmara refrigerada,
respectivamente.
3.1
Descrição das Análises
Para cada coleta foram separadas quatro embalagens que
constituíram as repetições por época de armazenamento, para cada
ambiente. Após a pesagem das embalagens, os grãos foram
homogeneizados e divididos para obtenção das
subamostras
para as
respectivas análises (Figura 2).
3.1.1
Teor de água
O teor de água foi determinado com três subamostras de 5g em
estufa a 105 ± 3ºC, durante 24 horas (Brasil, 1992) e o resultado foi
expres
so em percentagem em base úmida.
3.1.2
Germinação
O teste de germinação foi realizado com quatro subamostras de 50
sementes em substrato de papel na forma de rolo, umedecido com volume
de água equivalente a 2,5 vezes a massa do papel seco. Os rolos de papel
per
maneceram no germinador, regulado para manter a temperatura em 25
2ºC, por sete dias. Foram realizadas duas contagens, sendo a primeira após
quatro dias e a segunda, aos sete dias após a semeadura (Brasil, 1992). Os
resultados foram expressos em percentagem de plântulas normais (1
a
e 2
a
contagens) e percentagem de plântulas anormais, de sementes duras e de
sementes mortas (2
a
contagem) (Figuras 3 e 4).
31
FIGURA 3. Germinador, regulado para manter a temperatura em 25
2ºC,
por sete dias.
FIGURA 4.
Leitura da germinação aos quatro dias, da amostra armazenada
em ambiente natural
,
no mês de fevereiro de 2005.
3.1.3
Condutividade elétrica
Foram utilizadas quatro
subamostras de
50 grãos, que foram pesadas
e colocadas para embeber em copos plásticos com capaci
dade
de 200mL,
32
contendo 75mL de água deionizada. As subamostras foram acondicionadas
em mara à temperatura de 25
o
C durante 24 horas. Após esse período, a
condutividade foi medida e o resultado expresso em
mol/g/cm.
3.1.4
Presença de insetos
3.1.4.1
Infestação exter
na
A infestação foi determinada em duas
subamostras
de 500g, que
foram peneiradas em um conjunto de peneiras de malhas de 2, 18, 20 e 30
correspondendo a 0,68; 1,0; 0,84 e 0,60mm de diâmetro respectivamente
(Caneppele, 2003) (Figura 5). Os insetos e larvas, vivos e mortos, foram
separados, identificados e contados. A quantidade de insetos vivos e mortos
foi representada pelo somatório de todas as espécies encontradas nas
amostras e o resultado apresentado em percentagem.
FIGURA 5.
Separação dos insetos
e larvas com a utilização de peneiras.
3.1.4.2
Infestação interna
Foram utilizadas duas subamostras de 100 grãos, imersas em água
por 24 horas. Após esse período, os grãos foram examinados
individualmente, verificando se os mesmos apresentavam danos externos
caus
ados por insetos e, seccionando
-
os transversal e longitudinalmente para
se observar internamente a presença de ovos, pupas e insetos adultos
(Brasil, 1992) (Figura 6).
33
FIGURA 6. Corte transversal do milho para observar a presença de ovos,
pupas e inset
os adultos.
3.1.5
Presença de fungos
A detecção fúngica foi realizada pelo método de incubação em papel
de filtro (Blotter Neergaard (1985), com modificações), com restrição
hídrica. Foram utilizadas quatro subamostras de 50 grãos, colocados de
forma eqüidistante, em placa de Petri, contendo duas folhas de papel de
filtro umedecidas com solução de manitol, com potencial hídrico de
0,8MPa (Figura 7).
Em seguida, as placas foram incubadas em temperatura de 20
o
C
2
o
C e fotoperíodo de 12 horas sob luz fluorescente branca de 40W
posicionada a 40cm acima das placas, por sete dias. Após esse período,
realizou
-se a identificação dos gêneros com o auxílio do microscópio
estereoscópio e, quando necessário, no microscópio biológico.
34
FIGURA 7.
Grãos de milho incubad
os em papel de filtro (Blotter test).
3.1.6
Classificação
A classificação foi realizada com base no Padrão de Qualidade do
Ministério da Agricultura para grãos de milho, estabelecido pela Portaria
845 de 08/11/1976 e Portaria nº 11 de 12/04/1996 (Brasil, 197
6; 1996).
Foram utilizadas duas amostras de 1kg, homogeneizadas e divididas
para se obter uma
subamostra
de trabalho de 250g de cada. Essas
amostras de trabalho foram peneiradas utilizando peneira de crivo circular de
5mm de diâmetro, para a separação das impurezas, matérias estranhas e
fragmentos (Figura 8).
As impurezas e matérias estranhas que ficaram retidas na peneira
foram retiradas e juntadas às impurezas e matérias estranhas que passaram
pela peneira.
Os grãos ou pedaços de grãos de milho que passaram pela peneira
foram separados daqueles que apresentavam defeitos para serem
agregados aos demais defeitos encontrados no restante da amostra. As
matérias estranhas, impurezas e fragmentos foram separados, pesados
e foi
calculada a percentagem para cada variável. A soma das duas variáveis foi
utilizada para fazer o enquadramento em tipo (Anexo A).
35
FIGURA 8.
Fluxograma dos procedimentos de classificação de milho.
36
FIGURA 9. Defeitos dos grãos ou pedaços de grãos de milho conforme
Portaria nº 11 de
12 de abril de 1996.
Para reduzir a interferência da opinião do classificador, no presente
experimento, sobre o enquadramento em ardidos ou fermentados até ¼ ,
todas as amostras foram classificadas pela mesma pessoa.
Para a determinação do grupo e classe foi utilizada uma subamostra
de 100g, isenta de grãos quebrados (Figura 8). Depois essa porção foi
37
incorporada ao restante da subamostra para a separação dos grãos
avariados em: mofados, ardidos e brotados, quebrados, chochos e imaturos,
carunchados, fermentados a¼ e prejudicados por diferentes causas. Os
defeitos foram pesados isoladamente e anotados no laudo. As massas
obtidas para cada defeito foram transformadas em
percentagem.
Os defeitos dos grãos
ou pedaços de grãos
de milho foram separados
obede
cendo aos conceitos para cada defeito contido na Portaria nº 11 de 12
de abril de 1996 do Ministério da Agricultura, do Abastecimento e da
Reforma Agrária (Anexo B) (Figura 9).
Para efeito de análise estatística, considerou-se a média das
percentagens em cada defeito das duas classificações. A análise foi feita
considerando cada defeito isoladamente além do tipo do produto.
3.1.7
Análise química
Para a realização da análise química foi encaminhada uma amostra
de 500g por repetição, para o Laboratório da EMPAER MT, onde foram
determinados os teores de proteína, extrato etéreo, fibra e a massa da
matéria seca com base nos Métodos Analíticos de Controle de Alimentos
para uso Animal (ANFAR, 1992). As amostras foram trituradas em moinho
elétrico, homogeneizadas e divididas em duas subamostras para cada
determinação.
3.1.7.1
Determinação da proteína bruta
A proteína bruta foi calculada a partir da determinação do nitrogênio
total pelo método Kjeldahl, utilizando o processo semimicro Kjedahl, em
duas subamostras de 0,2g do produto moído e seco (ANFAR, 1992;
Silva,
2002).
Admitindo
-se que a proteína tem em média 16% de sua massa em
nitrogênio, calculou-se a proteína bruta utilizando o fator de correção 6,25
sendo seu resultado expresso em percentagem:
% Proteína Bruta = % N x
6,25
38
3.1.7.2
Determinação de extrato etéreo
A extração de gordura bruta foi baseada na extração da fração
gordurosa e demais substâncias solúveis por meio de arraste por solvente.
Foram pesadas, para cada amostra encaminhada, duas subamostras de 2g,
transferidas
para cartucho extrator preparado com papel de filtro e secas a
105
o
C por duas horas. Os cartuchos, após secagem, foram introduzidos no
extrator do tipo Goldfisch (ANFAR, 1992). O resultado foi expresso em
percentagem.
3.1.7.3
Determinação de fibra bruta
Baseada
na determinação do resíduo orgânico insolúvel da amostra,
após digestão ácida e outra alcalina e o resultado foi expresso em
percentagem (ANFAR, 1992).
3.1.7.4
Determinação de matéria seca
A matéria seca foi determinada utilizando-se duas
subamostras
de
aproximad
amente 2g, a temperatura de 105ºC, em estufa com circulação
forçada. Os resultados foram expressos em g.kg
-1
(ANFAR, 1992).
3.2
Massa Seca Inicial e Final
Cada embalagem foi pesada no início e a cada dois meses de
armazenamento. Para calcular a diferença de massa seca (quebra técnica),
descontou
-se a água presente no produto considerando o teor de água do
produto no período avaliado, conforme a equação:
MS = P
-
(P * U)_
100
Onde: MS = massa seca total do produto (g);
P = massa d
o produto (g);
U = teor de água do produto (%)
39
3.3
Delineamento Estatístico
O delineamento estatístico foi o inteiramente casualizado, em
esquema fatorial 2 X 7, sendo dois ambientes (ambiente natural e câmara
refrigerada) e sete períodos de armazenamento (zero, dois, quatro, seis,
oito, dez e doze meses), com quatro repetições. Para fins de análise
estatística utilizou-se o Programa de Análise Estatística e Genética (SAEG).
Os dados foram submetidos aos testes de Lilliefors (5%), para verificar se
os
valores seguiram a distribuição normal, e de Cochran (5%), para verificar a
homogeneidade de variâncias. A comparação das médias foi realizada pelo
teste de Scott e Knott a 5% de probabilidade, para verificar diferenças entre
tratamentos. Os dados de in
festação interna e mofados foram transformados
em raiz (x + 0,5), para a análise estatística. O efeito do tempo foi verificado
por análise de regressão.
40
4
RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1
Temperatura e Umidade
As variações mensais de temperatura e umidade relativa podem ser
visualizadas na Figura 10.
FIGURA 10. Temperatura e umidade relativa média mensal do ambiente
natural e câmara refrigerada, durante o período de
armazenamento.
41
As médias mensais de temperatura foram maiores no ambiente
natural, enquanto que, a umidade relativa apresentou médias mensais
maiores na câmara refrigerada.
Verifica
-se que as variações foram
pequenas na câmara refrigerada, de 15,0ºC a 18,4ºC na temperatura, com
média mensal de 17,0ºC e valores mais altos e mais baixos nos meses de
maio e novembro, respectivamente. Também as flutuações na umidade
relativa na câmara refrigerada foram pequenas; a média mensal foi 73,3%
sendo que a maior média foi no mês de outubro e a menor no mês de
novembro.
No ambiente natural, as variações de temperatura foram de 23,9ºC a
28,9ºC, com média mensal de 27,3ºC sendo que o mês de julho apresentou
a temperatura mais baixa e o mês de outubro a mais alta. A umidade relativa
variou de 40,1% a 80,0% nos meses de agosto e janeiro, respectivamente,
aprese
ntando média mensal de 67,4%. Os dados médios de temperatura e
umidade relativa dos dois ambientes de armazenamentos encontram-se no
Apêndice A.
4.2
Teor de Água
Os resultados do teor de água nos grãos durante o período de
armazenamento encontram-se na Tabela 1. De forma geral, o teor de água
foi menor no ambiente natural que na câmara refrigerada. Essa diferença foi
maior no final do armazenamento quando o teor de água dos grãos
armazenados em câmara refrigerada foi 19% maior que o teor de água dos
grãos armazenados em ambiente natural. Faroni et al. (2005) também
verificaram que houve maior redução do teor de água dos grãos de milho
nas temperaturas mais elevadas, após 180 dias de armazenamento.
A diferença de comportamento dos grãos, nos dois ambientes, pode
ser entendida pelas variações de temperatura e de umidade relativa dos
ambientes de armazenamento (Figura 10). A permeabilidade da embalagem
ao vapor d’água e as propriedades higroscópicas do grão, com certeza
favoreceram as alterações do teor de água do produto durante o
armazenamento. Nos meses de junho, agosto e outubro de 2005
42
observaram
-
se
os menores teores de água, no ambiente natural coincidindo
com as menores médias mensais de umidade relativa, que chegou a 40,1%
em agosto de 2005, nesse ambiente (
Figura 10).
TABELA 1.
Médias de germinação, condutividade elétrica e teor de água de grãos de
milho armazenados durante 12 meses em ambiente natural e câmara
refrigerada.
Teor de água (%)
Germinação (%)
Condutividade elétrica
(
mol/g/cm)
Mês
P
Ambient
e
natural
Câmara
refrigerada
Ambiente
natural
Câmara
refrigerada
Ambiente
natural
Câmara
refrigerada
out/04
0
10,64
Aa
10,64
Ab
55,63
Aa
55,63
Aa
22,49
Ac
22,49
Ac
dez/04
2
10,35
Ba
11,25
Aa
50,38
Bb
55,13
Aa
21,31
Ac
20,91
Ac
fev/05
4
9,21
Ab
9,22
Ad
5
0,25
Ab
54,00
Aa
23,07
Ac
21,21
Ac
abr/05
6
10,60
Aa
10,64
Ab
45,38
Bc
53,88
Aa
26,70
Ab
23,83
Ac
jun/05
8
9,39
Bb
9,81
Ac
43,88
Bc
53,75
Aa
25,82
Ab
25,62
Ab
ago/05
10
9,06
Bb
9,93
Ac
33,50
Bd
53,63
Aa
31,47
Aa
29,18
Aa
out/05
12
9,47
Bb
11,25
Aa
31,0
0
Bd
52,75
Aa
32,95
Aa
29,45
Aa
C.V.%
2,31
6,36
9,97
Médias seguidas das mesmas letras maiúsculas nas linhas e minúsculas nas colunas, para a mesma
variável, não diferem entre si pelo teste de Scott e Knott, a 5%de probabilidade. P = período em
meses.
O
bserva
-se que o aumento da infestação de insetos e a incidência de
fungos no ambiente natural (Tabela 2) não foram suficientes para aumentar
o teor de água dos grãos nesse ambiente, como verificado por Matioli (1978)
em grãos de milho, onde o incremento no teor de água foi influenciado pela
infestação e pelo período de armazenamento, nos tratamentos com maior
população de insetos. Provavelmente, os tratamentos fitossanitários,
dispensados ao produto tão logo identificada a presença de insetos vivos,
neste experimento, não tenha permitido que os mesmos tivessem
43
incremento de sua atividade e conseqüente aumento da deterioração do
produto.
Os teores de água nos dois ambientes, durante todo o período
avaliado, ficaram sempre abaixo do teor ximo admitido pela c
lassificação
oficial que é de 14,5%. Esses valores também foram menores que os citados
por Weber (1995) para climas tropicais, onde não se recomenda a
armazenagem de grãos com teores de água acima de 12 ou 13%. Merch e
Gomes (1982) também recomendam teores de água abaixo de 13% para
armazenamento seguro, por um ano.
4.3
Germinação
As percentagens de germinação dos grãos de milho armazenados em
ambiente natural e mara refrigerada, durante 12 meses, encontram-se na
Tabela 1.
No ambiente natural ocorreu decrésc
imo na germinação a partir do
segundo mês de armazenamento enquanto que na câmara refrigerada não
se verificaram diferenças estatísticas nos diferentes períodos, mantendo-
se
as percentagens de germinação durante o armazenamento. A queda na
percentagem de germinação pode ser explicada por uma equação de
segundo grau (Figura 11).
FIGURA 11. Germinação de grãos de milho armazenados em ambiente
natural e câmara refrigerada, por 12 meses.
44
Somente no início e aos quatro meses de armazenamento que as
percentage
ns de germinação nos grãos armazenados no ambiente natural
foram iguais às dos grãos armazenados em mara refrigerada. Mesmo
assim, aos quatro meses, a velgcidade desse processo nos grãos
armazenados em ambiente natural foi menor do que a observada nos gr
ãos
armazenados em câmara refrigerada, onde as percentagens de germinação
na primeira leitura do teste foram de 44 e 46%, respectivamente (Apêndice
C). Nos demais meses, a germinação no ambiente natural foi menor do que
a observada na câmara refrigerada.
A
maior infestação de insetos nos grãos
armazenados em ambiente natural provavelmente colaborou para a redução
da germinação nesse ambiente (Tabela 2). Os resultados obtidos neste
trabalho concordam com os dados de Matioli e Almeida (1979) e Caneppele
(2003
), que observaram que o percentual de germinação dos grãos de milho
decresce com o aumento da infestação e
d
o período de armazenamento.
Os resultados indicam a melhor conservação do potencial fisiológico
dos grãos em ambientes com temperaturas mais baixas.
Puzzi (1989) afirma
que em temperaturas mais baixas, os grãos podem ser armazenados com
maior segurança do que em climas mais quentes. Lin (1988) observou que a
germinação das sementes de milho decresceu com o período de
armazenamento e Campos (2001) verificou redução na germinação dos
grãos de milho durante o tempo de armazenamento em todos os
tratamentos conduzidos em ambiente não controlado.
No segundo mês de armazenamento houve diferença da germinação
entre os ambientes, que não foi verificada no quarto mês. Provavelmente
porque, no segundo mês de armazenamento, as embalagens retiradas do
ambiente natural para análise, apresentaram alta infestação localizada de
Sitophilus zeamais, podendo ser responsável pela maior redução da
germinação nesse período.
A partir do sexto mês de armazenamento observa-se que as médias
de germinação apresentaram diferenças estatísticas, entre os dois
ambientes considerados, até o final do período avaliado. Aos 12 meses de
armazenamento a percentagem de germinação na câmara f
ria foi 70% maior
45
que o percentual observado no ambiente natural, definindo a tendência mais
acentuada de decréscimo da germinação com o tempo de armazenamento
no ambiente natural.
O processo degenerativo que os grãos sofrem nas condições
ambientais adversas, como umidade relativa e temperaturas menos
favoráveis e a infestação de insetos, ocorridas no ambiente natural, pode
explicar essa tendência mais acentuada de decréscimo da germinação, com
o armazenamento nesse ambiente.
4.4
Condutividade Elétrica
Na Tabela 1 encontram-se os resultados da condutividade elétrica
dos grãos de milho armazenados durante doze meses, em ambiente natural
e câmara refrigerada, onde se verifica que não houve diferença estatística
entre os valores de condutividade elétrica nos dois ambientes no mesmo
período de armazenamento.
Esses resultados discordam dos verificados por Faroni et al. (2005)
que observaram que grãos tratados com inseticida e armazenados por 120
dias sob temperatura de 20ºC apresentaram menor condutividade que os
grãos não tratados e armazenados, pelo mesmo período, sob temperatura
de 40ºC. Observaram, ainda, que quanto maior a temperatura e o período de
armazenamento, maior a condutividade elétrica da solução que continha os
grãos. O processo de deterioração dos grãos aumenta a permeabilidade da
membrana celular permitindo a lixiviação de eletrólitos do interior das células
para o meio, gerando maiores condutividades elétricas.
Verifica
-se aumento da condutividade elétrica, nos dois ambientes,
em função do tempo. A condutividade elétrica passou de 22,49
mol/g/cm
no início do armazenamento, para 32,95 e 29,45 mol/g/cm, no final do
armazenamento, para o ambiente natural e câmara refrigerada,
respectivamente, o que representa aumento de 46% para o ambiente natural
e 3
1% para o armazenamento em câmara refrigerada.
A análise de regressão entre o tempo de armazenamento e a
condutividade elétrica da solução que continha os grãos de milho indica
46
efeito do tempo de armazenamento sobre a condutividade, expressa por
uma equação de regressão quadrática e a tendência de aumento dos
valores de condutividade com o armazenamento
(Figura 12).
FIGURA 12-
.
Condutividade elétrica da solução contendo grãos de milho
armazenados em ambiente natural e câmara refrigerada.
4.5
Presença de In
setos
4.5.1
Infestação externa
O número dio de insetos observados encontra-
se
na Tabela 2.
Verifica
-se que houve diferença significativa nesse número entre os dois
ambientes a partir de quatro meses de armazenamento. Desde o início do
armazenamento o número de insetos aumentou significativamente nos dois
ambientes.
Entretanto, nos grãos de milho armazenados em ambiente
natural (temperatura média de 27ºC e umidade relativa média de 67%) o
acréscimo foi de 25,9 vezes em relação à infestação externa inicial enqua
nto
que para os grãos armazenados em ambiente com temperatura controlada
(temperatura dia de 17ºC e umidade relativa média de 73%) este
acréscimo foi de 10 vezes, no período de 12 meses.
No ambiente natural a infestação, no quarto s de armazenamento,
foi 2,09 vezes maior que no milho armazenado em câmara refrigerada e no
47
décimo segundo mês de armazenamento, foi 2,59 vezes maior que no milho
armazenado em câmara refrigerada.
Pela análise de infestação externa verificou-se que a maioria dos
insetos e larvas encontrados nas amostras estavam mortos, provavelmente,
devido aos tratamentos fitossanitários realizados, visando a manutenção da
qualidade do produto.
No segundo mês de armazenamento houve infestação localizada nos
grãos das embalagens retiradas do ambiente natural, que se encontravam
na parte superior da pilha, com grande incidência de
Sitophilus zeamais
,
mas que não afetou todo o produto armazenado devido ao tratamento
fitossanitário. Por essa razão, esse período foi desconsiderado na análise
dos res
ultados, pois não reflete o que ocorreu com o restante dos grãos.
TABELA 2
. Número médio de insetos e infestação interna em grãos de milho
armazenados em ambiente natural e câmara refrigerada, por 12 meses.
Infestação Externa (nº.)
In
festação Interna (%)
Mês
Período
(meses)
Ambiente
Natural
Câmara
Refrigerada
Ambiente Natural
Câmara
Refrigerada
out/04
0
2,00
Ad
2,00
Ac
1,13(1,26)
Ab
1,13(1,26)
Aa
fev/05
4
14,63
Ac
7,00
Bb
2,13(1,59)
Ab
1,25(1,32)
Aa
abr/05
6
24,50
Ab
10,38
Bb
2,25(1,63)
Ab
1,38(1,36
)
Aa
jun/05
8
24,88
Ab
10,38
Bb
2,38(1,68)
Ab
1,38(1,36)
Aa
ago/05
10
27,88
Ab
19,63
Ba
2,63(1,74)
Ab
1,63(1,45)
Aa
out/05
12
51,75
Aa
20,00
Ba
4,25(2,16)
Aa
1,88(1,52)
Ba
C.V %
26,42
16,65
Médias seguidas das mesmas letras maiúsculas nas linhas e minúsculas nas colunas, para a mesma
variável, não diferem entre si pelo teste de Scott e Knott, a 5%de probabilidade.
Os valores de infestação interna foram transformados em 5,0x e esses valores encontram-
se
entre parênteses. As comparaçõ
es das médias foram feitas com base nos dados transformados
.
A maior incidência de insetos que ocorreu no ambiente natural foi
devido à temperatura mais alta, em média 27,3ºC (Figura 10). Em
48
temperaturas entre 27º e 30ºC e 70-90% de umidade relativa os índices de
incremento de algumas pragas de grãos armazenados são muito elevados
(Guedes, 1991) e o tempo médio necessário para que ocorra uma geração
decresce diretamente com a temperatura sendo de quase seis meses, a
18ºC
,
e não chega a dois meses, a 35ºC (
Faroni, 1992).
A variação da infestação externa segue tendência de uma curva
quadrática (Figura 13), indicando elevação dessa infestação com o tempo de
armazenamento.
FIGURA 13.
Infestação externa de grãos de milho armazenados em
ambiente natural e câm
ara refrigerada, por 12 meses.
O número total de insetos observado durante o armazenamento,
encontra
-
se na Tabela 3. No início do armazenamento detectou
-
se apenas a
presença de Sitophilus zeamais (Coleoptera-Curculionidae) nos dois
ambientes e a partir do segundo mês ocorreu o aparecimento das demais
espécies.
Sitophilus zeamais e Tribolium castaneum foram as espécies que
mais ocorreram no ambiente natural correspondendo a 23,7 e 16,3% dos
insetos encontrados, respectivamente, seguidas de Cryptolestes ferr
ugineus
com 5,8%. As demais espécies apresentaram ocorrência inferior a 5%
.
Na
câmara refrigerada Sitophilus zeamais foi a espécie que mais se destacou
49
representando 30,6% do total dos insetos encontrados nesse ambiente. As
demais espécies apresentaram oco
rrência inferior a 5%.
TABELA 3. Espécies dos insetos encontrados durante o período de armazenamento
no ambiente natural (AN) e na câmara refrigerada (CR).
AN
CR
Ordem
Família
Espécies
%
%
Coleoptera
Curculonidae
Sitophilus zeamais
(Motsch.)
2
76
23,7
170
30,6
Cucujidae
Cryptolestes
ferrugineus
(Stephens)
68
5,8
22
4,0
Cryptolestes
pusillus
(Schoenherr)
16
1,4
7
1,3
Ahasverus advena
(Waltl)
18
1,6
9
1,6
Tenebrionidae
Tribolium castaneum
(Herbst)
190
16,3
23
4,2
Silvanidae
Oryzaephilus
surinamensis
(L.)
55
4,7
19
3,4
Lepidoptera
Pyralidae
Plodia interpunctella
(Hubner)
19
1,6
2
0,4
Hymenoptera
Betylidae
17
1,5
7
1,3
Outros
Larvas
506
43,4
295
53,2
Total de Insetos
1165
100
555
100
O total de insetos considerado é a soma de todos os insetos encontrados nas repetições nos meses
avaliados, excluindo os resultados do segundo mês.
AN= Ambiente Natural CR= Câmara Refrigerada
Na Figura 14 observam
-
se os dados médios de insetos, por espécie e
período de armazenamento, além da temperatura e umidade relativa, nos
dois ambientes. Verificou-se que, no ambiente natural, o número médio de
Sitophilus zeamais cresceu até o mês de junho/05, quando ocorreu a maior
incidência da espécie, reduzindo no mês de agosto/05 e se mantendo no
mês de dezembro/05. Nesse período também, a umidade relativa começou a
reduzir atingindo menor valor no mês de agosto/05. Para o
Tribolium
castaneum
a maior ocorrência foi no final do armazenamento.
50
Na câmara refrigerada, onde a umidade relativa não teve grandes
variações, o número médio de Sitophilus zeamais apresentou aumento a
partir de fevereiro/05, mantendo-se estável a agosto/05 e aumentando
novamente em dezembro/05.
FIGURA 14.
Número médio de insetos, por espécie, em grãos de milho
armazenados em ambiente natural e câmara refrigerada, por
12 meses.
51
4.5.2
Infestação interna
As médias da infestação interna entre os ambientes diferiram
estatisticamente no décimo segundo mês de armazenamento, quando a
infestação interna no milho armazenado em ambiente natural foi 2,26 vezes
maior que no milho armazenado em câmara refrigerada (Tabela 2). O menor
percentual de infestação interna na câmara refrigerada deve-se às
condições de temperatura desse ambiente que limitam o desenvolvimento
dos insetos
como observado também por Faroni (1992).
Não ocorreram diferenças na infestação interna dos grãos de milho
durante período de armazenamento, em câmara refrigerada, enquanto que,
no ambiente natural, ocorreu aumento dessa infestação somente no décimo
segund
o mês de armazenamento. O efeito do tempo de armazenamento
sobre a infestação interna é observada na Figura 15 onde se verifica a
tendência, mais acentuada, de aumento da mesma com o tempo de
armazenamento, no ambiente natural.
FIGURA 15. Infestação interna de grãos de milho armazenados em
ambiente natural e câmara refrigerada, por 12 meses.
52
4.6
Presença de Fungos
Na Tabela 4 verifica-se a infestação fúngica dos grãos de milho
observada no período de armazenamento.
Durante esse período constatou-se o aparecimento de fungos dos
gêneros Aspergillus
,
Penicillium
e
Fusarium
, que são os mais comuns na
deterioração de milho a campo, no armazenamento e em seus subprodutos
(Atui e Lazzari, 1998).
TABELA 4.
Percentagem de fungos observados em grãos de milho armaz
enados,
durante 12 meses, em ambiente natural e câmara refrigerada.
Aspergillus
(%)
Penicillium
(%)
Fusarium
(%)
Mês
Período
(meses)
Ambiente
natural
Câmara
refrigerada
Ambiente
natural
Câmara
refrigerada
Ambiente
natural
Câmara
refrigerada
out/04
0 5
9,00
Ad
59,00
Ac
55,25
Ad
55,25
Ad
5,75
Ac
5,75
Ab
dez/04
2
65,00
Ac
34,25
Be
72,25
Ab
76,88
Ab
8,50
Ab
6,25
Ab
fev/05
4
73,38
Ab
68,63
Ab
49,50
Ad
50,13
Ad
18,50
Aa
9,75
Ba
abr/05
6
82,25
Aa
63,50
Bc
23,88
Be
71,13
Ac
2,88
Bd
9,25
Aa
jun/05
8
41,00
Be
76,88
Aa
63,88
Bc
88,25
Aa
6,00
Bc
9,63
Aa
ago/05
10
54,88
Ad
28,75
Be
89,38
Aa
79,38
Bb
5,25
Ac
4,50
Ab
out/05
12
39,50
Be
53,00
Ad
77,50
Bb
94,75
Aa
1,88
Bd
8,00
Aa
C.V.%
8,43
7,14
24,64
Médias seguidas das mesmas letras maiúsculas nas linhas e minúsculas nas colunas, para a mesma
variável, não diferem entre si pelo teste de Scott e Knott, a 5%de probabilidade.
Os fungos dos gêneros
Aspergillus
e
Penicillium
foram os mais
abundantes tanto na câmara refrigerada como no ambiente natural. Houve
ocorrê
ncia de
Aspergillus
spp. nos grãos nas duas condições de
armazenamento durante todo o período de armazenamento. A incidência, no
entanto, reduziu 33% no ambiente natural ao final do tempo de
armazenamento e diminuiu 10%, no mesmo período, nos grãos
53
armazen
ados em câmara refrigerada. Contudo, houve variações desse
fungo ao longo do armazenamento nos dois ambientes.
No ambiente natural, a maior incidência ocorreu no sexto mês de
armazenamento atingindo 82% dos grãos e, na câmara refrigerada, a maior
incidênc
ia foi no oitavo mês atingindo, aproximadamente, 77% de incidência.
Tal fato, provavelmente, resultou do comportamento das espécies de
Aspergillus
presentes nos grãos, uma vez que existem variações entre as
espécies quanto ao período de sobrevivência, em função do teor de água
dos grãos e da umidade relativa do ar (Lal e Kapoor, 1979).
Penicillium
spp.,
classificada
tradicionalmente como fungos de
armazenamento, assim como
Aspergillus
spp., também apresentou aumento
da incidência em função do tempo de armazenamento nos dois ambientes
(Tabela 4). Em câmara refrigerada esse aumento foi mais acentuado,
atingindo 71,5% aos 12 meses de armazenamento, enquanto que no
ambiente natural a maior incidência ocorreu no décimo mês de
armazenamento, aumentando 61,8% em re
lação à incidência inicial.
A partir do sexto mês de armazenamento observou-se diferença na
incidência de
Penicillium
spp. entre os ambientes de armazenamento para o
mesmo período, sendo que, ao final do período avaliado, a incidência do
fungo no milho armazenado em câmara refrigerada foi 22% maior que a
incidência no milho armazenado em ambiente natural.
Tanaka et al.
(2001) também constataram aumento das percentagens
de incidência de
Penicillium
spp. em função do tempo de armazenamento,
contudo, o aumento foi menos acentuado em câmara fria, provavelmente
devido a menor umidade relativa (40%) utilizada na câmara fria no
experimento
realizado por esses pesquisadores
.
Verificou
-se, contudo, a despeito da percentagem de grãos com
presença dos fungos dos gêne
ros
Aspergillus
e
Penicillium
, que a
severidade com que os grãos foram afetados diminuiu nos dois ambientes. A
partir do quarto mês de armazenamento, verificou-se que, independente da
percentagem de incidência de
Aspergillus
e
Penicillium
, o inóculo em cad
a
grão reduziu (Figura 16).
54
Fusarium verticillioides
(
F. moniliforme
), considerado fungo de campo,
foi detectado até o final do período, nas duas condições de armazenamento.
No entanto, na condição do ambiente natural a sobrevivência apresentou
decréscimo
de 67%, enquanto que na câmara refrigerada, a incidência inicial
de 5,75%, passou para 8%.
início do armazenamento 4 meses 8 meses
FIGURA 16.
Grãos de milho contaminados por fungos dos gêneros
Aspergillus
e
Penicillium
no início, no quarto e no oitavo mês
de armazenamento.
No quarto s de armazenamento ocorreu aumento de
aproximadamente 3,22 vezes em relação à incidência inicial de
Fusarium
verticillioides
, no ambiente natural e de 1,7 vezes no milho armazenado em
câmara refrigerada, provavelmente devido ao aumento da umidade relativa
no período de janeiro a março de 2005, principalmente no ambiente natural
(Figura 10).
A podridão causada por
Fusarium
spp. é grandemente favorecida
pel
o excesso de chuvas e o desenvolvimento da doença nas espigas é
paralisado quando o teor de água dos grãos atinge 18 a 19% (Fernandes e
Oliveira, 2000), no entanto, o tempo de sobrevivência desse fungo está
diretamente relacionado com as condições de ambiente de armazenamento
(Lai e Kapoor, 1979).
Oliveira et al. (1997) e Tanaka et al. (2001) observaram,
armazenando sementes secas de milho em ambiente sem refrigeração, a
redução da incidência de Fusarium verticillioides. Em câmara refrigerada, no
55
entanto, observaram que a sobrevivência do fungo foi favorecida. Tanaka
(2001) encontrou resultados semelhantes, e relata que a sobrevivência de
Fusarium verticillioides nas sementes de milho conservadas durante doze
meses em câmara fria foi bastante favorecida, em relação ao
armazenamento em ambiente o controlado. Em condição ambiente, ao
final de 12 meses de armazenamento, lotes com incidência inicial de 28, 34
e 59% apresentaram incidência de 2, 4 e 5%, respectivamente; enquanto
que na câmara fria, as incidências encontradas nos mesmos lotes foram de
25, 30 e 58%.
O efeito do período de armazenamento dos grãos sobre a incidência
dos fungos
Aspergillus
,
Penicillium
e
Fusarium
no armazenamento, não foi
determinado nem por equação linear nem de segundo grau
.
P
rovave
lmente
o comportamento das diferentes espécies e as variações de umidade
relativa e teor de água nos grãos interferiram, de forma mais efetiva, na
sobrevivência dos fungos que o tempo de armazenamento.
4.7
Classificação de Grãos
Na Tabela 5 são apresentados os resultados referentes à
classificação dos grãos. O enquadramento em tipo do milho é feito
considerando valores percentuais de tolerância para matérias estranhas,
impurezas e fragmentos, total de avariados e máximo de ardidos, brotados e
mofados (Brasil, 1976). Para a análise dos resultados, os defeitos foram
discutidos individualmente.
As impurezas são os detritos do próprio produto que vazam pela
peneira de crivo circular de 5mm ou aquelas, como pedaços de sabugo e
palha, que ficam retidas na peneira. As matérias estranhas são os grãos ou
sementes de outras espécies, bem como detritos vegetais, sujidade e corpos
estranhos de qualquer natureza, não oriundos do produto. Os fragmentos
são os grãos ou pedaços de grãos sadios que vazam na peneira de crivo
circ
ular de 5mm de diâmetro (Brasil, 1996).
56
TABELA 5. Resultados médios da classificação de grãos de milho armazenados, durante 12 meses, em ambiente natural (AN) e
câmara refrigerada (CR).
Matéria estranha e impurezas (%)
Fragmentos (%)
Ardidos e brotados (%)
Mofados (%)
Mês
Período
(meses)
AN
CR
AN
CR
AN
CR
AN
CR
out/04
0
0,30
Ab
0,30
Aa
0,85
Ab
0,85
Ab
0,51
Ab
0,51
Ab
0,00(0,70)
Aa
0,00(0,70)
Aa
dez/04
2
0,23
Ab
0,31
Aa
0,94
Ab
0,87
Ab
0,67
Ab
0,52
Ab
0,06(0,75)
Aa
0,15(0,80)
Aa
fev/05
4
0,36
Aa
0,3
2
Aa
0,95
Ab
0,86
Ab
0,68
Ab
0,60
Ab
0,10(0,77)
Aa
0,12(0,79)
Aa
abr/05
6
0,36
Aa
0,33
Aa
0,99
Ab
0,87
Bb
0,80
Aa
0,74
Aa
0,17(0,80)
Aa
0,21(0,84)
Aa
jun/05
8
0,38
Aa
0,34
Aa
1,06
Aa
0,98
Aa
0,94
Aa
0,75
Aa
0,09(0,76)
Ba
0,31(0,90)
Aa
ago/05
10
0,39
Aa
0,35
Aa
1,16
Aa
1,04
Ba
0,97
Aa
0,76
Ba
0,07(0,75)
Aa
0,16(0,81)
Aa
out/05
12
0,39
Aa
0,38
Aa
1,16
Aa
1,08
Aa
0,95
Aa
0,72
Ba
0,13(0,79)
Aa
0,22(0,84)
Aa
C.V. %
11,72
8,40
18,73
10,15
Fermentados até ¼ (%)
Carunchados (%)
Quebrados
(%)
Total de grãos avariados (%)
Tipo
Mês
Período
(meses)
AN
CR
AN
CR
AN
CR
AN
CR
AN
CR
out/04
0
2,04
Ac
2,04
Ac
1,06
Ac
1,06
Ab
4,46
Aa
4,46
Aa
8,66
Ae
8,66
Ad
1 1
dez/04
2
3,62
Ab
3,51
Ab
1,73
Ab
1,08
Ab
4,12
Aa
4,08
Aa
10,59
Ad
9,68
Bc
1 1
fev/05
4
3,85
Ab
4,18
Aa
1
,74
Ab
1,18
Bb
4,08
Aa
3,88
Aa
10,71
Ad
10,22
Ab
1 1
abr/05
6
4,00
Ab
4,18
Aa
1,75
Ab
1,21
Bb
4,01
Aa
4,09
Aa
11,07
Ac
10,68
Ab
2 1
jun/05
8
4,02
Ab
4,19
Aa
1,92
Ab
1,18
Bb
4,15
Aa
4,15
Aa
11,46
Ac
11,14
Aa
2 2
ago/05
10
5,70
Aa
4,27
Ba
2,24
Aa
1,60
Ba
3,64
Ba
4,16
Aa
12,92
Ab
11,18
Ba
2 2
out/05
12
5,96
Aa
4,31
Ba
2,39
Aa
1,65
Ba
4,22
Aa
4,15
Aa
13,95
Aa
11,32
Ba
2 2
C.V. %
9,62
19,40
8,29
4,18
Médias seguidas das mesmas letras maiúsculas nas linhas e minúsculas nas colunas, para a mesma variável, não diferem entre si pelo teste de Scott e Knott, a 5%
de probabilidade. Os valores de grãos mofados foram transformados em 5,0x e esses valores encontram-se entre parênteses. As comparações das médias
foram feitas com base nos dados tr
ansformados.
57
Analisando os dados de matérias estranhas e impurezas, observou
-
se
que o houve variação significativa entre os dois ambientes em nenhum
período do armazenamento. No ambiente natural, a partir de quatro meses
de armazenamento, houve aumento desses valores. Esse aumento, no
entanto, não foi suficiente para alterar o tipo do produto (Apêndice B e Anexo
A). Resultados diferentes foram observados por Finck (1997), que verificou
diferenças entre os teores de impurezas alterando o tipo do produto,
contudo, essa diferença foi atribuída à transilagem e por o ter sido
realizada a operação de limpeza após a operação de
secagem.
A tendência do aumento de matérias estranhas e impurezas com o
tempo de armazenamento foi expressa por uma equação quadrática (Figura
17).
FIGURA 17. Percentuais de matérias estranhas e impurezas dos grãos de
milho armazenados em ambiente natural e câmara refrigerada.
Os percentuais de fragmentos observados indicam que houve
aumento significativo durante o armazenamento, no
s dois ambientes, a partir
do sexto mês. No sexto e décimo mês de armazenamento houve diferenças
significativas entre as médias dos dois ambientes (Tabela 5). As diferenças
observadas podem ser decorrentes da presença de insetos e da
suscetibilidade dos gr
ãos à quebra.
58
A variação dos percentuais de fragmentos contribuiu para a mudança
do tipo do produto, no ambiente natural, a partir do décimo s de
armazenamento, tendo em vista que esse defeito, somado às matérias
estranhas e impurezas, é o que possui o menor limite de tolerância para o
enquadramento em tipo. O mesmo o ocorreu na câmara refrigerada,
ficando muito próximo os valores do limite de mudança de
tipo,
que é de
1,50% para o tipo 1 (Apêndice B e Anexo A).
Constatou
-se, pela análise de regressão, que existe relação entre o
tempo de armazenamento e a percentagem de fragmentos, que foi expressa
por uma equação de segundo grau (Figura 18).
FIGURA 18.
Percentuais de fragmentos dos grãos de milho armazenados
em ambiente natural e câmara refrigerada,
durante 12 meses.
Os defeitos ardidos, brotados e mofados, somados, também são
considerados na definição do tipo. O defeito brotado o foi verificado,
isoladamente, em nenhuma amostra analisada. Quando esse defeito
ocorreu, o grão também se apresentava
ardido, sendo enquadrado, devido a
hierarquia de defeitos considerada na classificação, como ardido.
Verificou
-se que o percentual de grãos ardidos apresentou diferenças
significativas entre os ambientes somente no décimo mês de
59
armazenamento. As maiores variações de ardidos ocorreram nos grãos
armazenados em ambiente natural, possivelmente em decorrência das
temperaturas mais elevadas nesse ambiente.
A partir do sexto mês de armazenamento houve aumento de grãos
ardidos nos dois ambientes. Na câmara refrigerada esse aumento, no final
do armazenamento, foi de 41% em relação ao percentual inicial de grãos
ardidos enquanto que, no ambiente natural, esse aumento foi de 86%
(Tabela 5).
Pela análise de regressão verificou-se a tendência, expressa em uma
equação quadrática, do aumento do percentual de grãos ardidos com o
tempo de armazenamento (Figura 19).
FIGURA 19. Percentuais de grãos de milho ardidos armazenados em
ambiente natural e câmara refrigerada, por 12 meses.
Para a percentagem de grãos mofados, ve
rificou
-se diferença
significativa entre os ambientes apenas no oitavo s de armazenamento,
quando o milho armazenado na câmara refrigerada apresentou o percentual
de grãos mofados de 0,31% e no ambiente natural de 0,09%.
60
Não houve variações significativas nos percentuais de grãos mofados
durante o armazenamento (Tabela 5), nos dois ambientes avaliados,
provavelmente devido ao teor de água dos grãos que se apresentou durante
todo o período de armazenamento, abaixo de 11,5%, o que é considerado
seguro para o armazenamento de milho, cujo teor de água máximo admitido
pela legislação é de 14,5% (Brasil, 1976).
Detectou
-se diferenças nos percentuais de grãos fermentados até ¼
entre os ambientes, apenas a partir do décimo mês de armazenamento.
Com 12 meses de armazenamento, o milho armazenado em ambiente
natural apresentou 38% mais grãos fermentados até ¼ que o milho
armazenado em câmara refrigerada (Tabela 5).
Tanto no ambiente natural como na câmara refrigerada, os grãos de
milho apresentaram aumento de grãos f
ermentados até ¼ durante o período
de armazenamento. Esse aumento foi mais intenso no ambiente natural,
variando de 2,04% no início do armazenamento, para 5,96% no final do
período avaliado e na câmara fria de 2,04% para 4,31%.
Observa
-se que, tanto no ambiente natural como na câmara
refrigerada, houve inicialmente um incremento significativo de grãos
fermentados até ¼ e que, posteriormente, não houve diferença significativa
até o décimo mês no ambiente natural, onde passou a apresentar elevação.
Na mara fria, no entanto, os percentuais de grãos fermentados a¼ não
variaram após o segundo mês.
Verificou
-se, também, que esse defeito foi o que apresentou maiores
variações ao longo do armazenamento, contribuindo de forma mais efetiva
para a alteração do enquadramento final do produto em tipo. A análise de
regressão evidencia que a interação do tempo e do ambiente de
armazenamento foi altamente positiva. Na Figura 20 observa-se a tendência
de aumento de grãos de milho fermentados até ¼ com o período de
armaze
namento, expresso em equações de regressão de segundo grau.
Existem controvérsias a respeito do enquadramento correto desse
defeito entre classificadores devido à dificuldade de quantificar corretamente
o que representa um quarto do grão com alteração da c
oloração
61
característica, havendo, muitas vezes, confusão com o defeito ardido.
Passar a considerar grãos ou pedaços de grãos que perdem sua coloração
característica, independente da extensão do dano, como ardidos, evitaria
enquadramentos inadequados.
F
IGURA 20.
Percentuais de grãos de milho fermentados até ¼ armazenados
em ambiente natural e câmara refrigerada, por 12 meses.
Quanto aos grãos quebrados, na Tabela 5, verifica-se que houve
diferença significativa desse defeito entre o milho armazenado na câmara
refrigerada e no ambiente natural, no décimo mês de armazenamento,
quando o percentual de grãos quebrados foi 12,5% menor no ambiente
natural em relação à câmara refrigerada.
Essa redução, provavelmente, é devido a mudança de
enquadramento que os grãos podem sofrer quando apresentam mais de um
defeito, devendo ser enquadrado no defeito de maior gravidade. Ou seja, se
o grão apresenta-se apenas quebrado, seconsiderado como quebrado,
contudo, se
ele,
além de estar quebrado estiver com alteração da coloração
até ¼ do grão, será considerado fermentado a¼. Provavelmente, parte
dos grãos quebrados passou a ser enquadrado como fermentados a¼,
pois no décimo mês houve aumento desse defeito. Campos (2001)
62
encontrou resultados semelhantes, em grãos de milho, depois de
submetidos a diferentes temperaturas de secagem e armazenado em silos
metálicos por 180 dias.
Houve diferença significativa do percentual de grãos carunchados,
entre os ambientes, durante o armazenamento (Tabela 6), verificada a partir
de quatro meses de armazenamento, sendo que na câmara refrigerada a
presença de grãos carunchados foi menor que no ambiente natural,
confirmando os resultados observados na infestação externa e interna.
No ambiente natural verificou-se aumento do percentual de grãos
carunchados a partir do segundo mês de armazenamento, apresentando um
aumento de 2,25 vezes no final do armazenamento em relação ao início. Na
câmara refrigerada o aumento foi verificado somente a partir do décimo mês
de armazenamento sendo de 1,55 vezes em relação ao início do
armazenamento. Finck (1997) observou índice maior de grãos carunchados
no final do experimento, trabalhando também com milho semiduro.
Pela análise de regressão ficou evidenciado o efeito do tempo de
armazenamento sobre o percentual de grãos carunchados, expresso pelas
equações de regressão quadráticas (Figura 21).
FIGURA 21. Percentuais de grãos de milho carunchados armazenados em
ambiente natural e câmara refrigerada, por 12 meses.
63
Não se verificou efeito do tempo de armazenamento sobre os
percentuais de grãos quebrados. Alves et al. (2001) e Campos (2001),
avaliando a suscetibilidade à quebra, concluíram que essa depende do teor
de água e da temperatura de secagem, do teor de água no momento da
colheita, da dureza dos grãos, do genótipo do produto e da presença de
grãos trincados. Portanto, como as condições de colheita e secagem do
milho avaliado neste experimento foram favoráveis, não ocorreu incremento
de grãos quebrados durante o armazenamento.
O total de grãos avariados é o somatório de todos os defeitos
apresentados, excluindo os percentuais de matérias estranhas, impurezas e
fragmentos. Verificou
-
se diferença entre os ambientes no segundo, décimo e
décimo segundo mês de armazenamento, sendo
que,
no final, o ambie
nte
natural apresentou 23% mais grãos avariados que o milho armazenado em
câmara refrigerada.
Observa
-se na Tabela 5 que houve aumento significativo do total de
grãos avariados, a partir do segundo mês de armazenamento, nos dois
ambientes, com variação de 8,66% de grãos avariados no inicio para
13,95%, no ambiente natural e para 11,32% na câmara refrigerada, no final
do armazenamento.
Esse incremento do índice de grãos avariados entre o início e o final
do armazenamento, nos dois ambientes, confirma o efeito do tempo de
armazenamento sobre a deterioração dos grãos (Figura 22).
Esses resultados confirmam o encontrado por Finck (1997) que,
comparando os percentuais de grãos avariados encontrados na recepção e
na expedição, observou que o índice de avariados na expedição foi maior
que na recepção.
A mudança do tipo ocorreu, no ambiente natural, no sexto mês de
armazenamento, enquanto que, para o milho armazenado em câmara
refrigerada, essa mudança, aconteceu no oitavo s, passando de tipo 1
para 2.
64
FIGURA
22.
Total de grãos de milho avariados armazenados em ambiente
natural e câmara refrigerada, por 12 meses.
4.8
Análise Química
Os teores médios de proteína, extrato etéreo, matéria seca e fibras
dos grãos de milho armazenados em ambiente natural e em câmara
re
frigerada, por
doze meses, estão apresentados na Tabela 6.
Não ocorreram diferenças significativas dos teores de proteína
dos
grãos entre os ambientes durante o armazenamento. Contudo, observou-
se
redução significativa dos teores de proteína durante o arma
zenamento
de,
aproximadamente,
14,5%, nos dois ambientes. Os insetos consomem pouca
proteína e essa é decomposta, juntamente com os carboidratos e gorduras,
durante o processo respiratório o que pode explicar a redução dos teores de
proteína.
Matioli (1978) verificou aumento do teor de nitrogênio total com o
aumento do nível de infestação em grãos de milho. Provavelmente, não se
verificou o mesmo
neste
experimento por não se ter permitido o
desenvolvimento dos insetos, devido aos tratamentos fitossanitários
realizados.
Houve tendência de decréscimo do teor de proteína com o tempo de
armazenamento, expressa por equações
lineares (
Figura 23).
65
FIGURA 23. Percentual de proteínas de grãos de milho armazenados em
ambiente natural e câmara refrigerada, por 12 mes
es.
O teor de extrato etéreo o apresentou variações significativas entre
os ambientes e entre os períodos de armazenamento (Tabela 6). Matioli
(1978) também observou que o período de armazenamento o afetou o
teor de substâncias graxas do grão de milho armazenado. Contudo, Freitas
et al. (1998) verificaram redução do conteúdo de gordura, em grãos de trigo
armazenados, em conseqüência de intenso processo respiratório. Como
neste experimento os teores de água dos grãos estavam baixos tornando o
processo respiratório mais lento, não houve variações no teor de extrato
etéreo no período de armazenamento.
Houve variações significativas entre as médias de matéria seca
durante o armazenamento nos dois ambientes (Tabela 6). No ambiente
natural, houve aumento do valor de matéria seca do início para o final do
armazenamento de 0,8%, enquanto que, na câmara refrigerada, o valor de
matéria seca no final do armazenamento foi estatisticamente igual ao do
início e, no oitavo mês, apresentou aumento de 1,5% em relação ao
valor de
matéria seca inicial.
Entre os ambientes, ocorreu diferença significativa no sexto e décimo
segundo mês de armazenamento (Tabela 6).
66
TABELA 6. Resultados de proteína, extrato etéreo, matéria seca e fibras de grãos de milho armazenados em ambiente natural e
câmara refrigerada, durante 12 meses.
Proteína (%)
Extrato Etéreo (%)
Matéria Seca (g.kg
-1
)
Fibras (%)
Mês
Período
(meses)
Ambiente
Natural
Câmara
Refrigerada
Ambiente
Natural
Câmara
Refrigerada
Ambiente
Natural
Câmara
Refrigerada
Ambiente
Natural
Câmara
Refrigerada
out/04
0
8,01
Aa
8,01
Aa
4,47
Aa
4,47
Aa
904,26
Ac
904,26
Ac
2,27
Ac
2,27
Ab
dez/04
2
7,98
Aa
7,99
Aa
4,26
Aa
4,43
Aa
912,15
Ab
909,38
Ab
2,36
Ac
2,35
Ab
fev/05
4
7,74
Aa
7,62
Aa
4,24
Aa
4,32
Aa
906,65
Ac
904,43
Ac
2,33
Ac
2,45
Ab
abr/05
6
7,35
Ab
7,58
Aa
4,02
Aa
4,24
Aa
899,93
Bd
907,18
Ac
2,38
Ac
2,59
Ab
jun/05 8
7,20
Ab
7,20
Ab
3,98
Aa
4,12
Aa
915,86
Ab
911,22
Ab
2,75
Ab
2,84
Aa
ago/05
10
7,32
Ab
7,20
Ab
3,97
Aa
4,18
Aa
922,69
Aa
918,19
Aa
3,13
Aa
3,23
Aa
out/05
12
6,85
Ab
6,85
Ab
3,95
Aa
3,97
Aa
911,66
Ab
901,36
Bc
3,09
Aa
2,98
Aa
C.V. %
5,60
12,85
0,41
9,07
Médias seguidas das mesmas letras maiúsculas nas linhas e minúsculas nas colunas, para o mesmo parâmetro, não diferem entre si pelo teste de Scott e Knott, a
5% de probabilidade.
67
A matéria seca está diretamente relacionada com o teor de água nos
grãos no momento da análise que, por sua vez, é influenciado pela
temperatura ambiente e umidade relativa no local de armazenamento.
Verifica
-se que o maior valor de matéria seca foi observado no décimo mês
de armazenamento, no ambiente natural, coincidindo com o mês de menor
umidade relativa e, conseqüente diminuição do teor de água dos grãos
(Tabela 1 e Apêndice A).
Não foram observadas diferenças significativas nos percentuais de
fibras entre ambientes de armazenamento, para o mesmo período (Tabela
6). Contudo, houve aumento dos teores de fibras a partir do sexto mês, nos
dois ambientes de armazenamento, sendo que o percentual de fibras que no
início do armazenamento era de 2,27% atingiu, aos doze meses de
armazenamento, 3,09% no ambiente natural e 2,98% na câmara refrigerada.
Resultados semelhantes foram observados por Souza et al. (1999 e
2002) que apesar de verificarem aumento de fibra bruta em conseqüência do
aumento
do nível de carunchamento durante o armazenamento de milho,
não encontraram diferenças entre os tratamentos para o mesmo período de
armazenamento.
Houve tendência de aumento do percentual de fibras dos grãos de
milho com o tempo de armazenamento, expressa por uma equação
quadrática (Figura 24).
68
FIGURA 24.
Efeito do tempo de armazenamento sobre o percentual de
fibras de grãos de milho armazenados em ambiente natural e
câmara refrigerada.
4.9
Massa Seca Inicial e Final
Os resultados da massa seca total do milho armazenado em
ambiente natural e câmara refrigerada, durante 12 meses de
armazenamento, encontram
-
se na Tabela 7.
Realizou
-se a pesagem do produto em cada período em que se
realizaram as avaliações de qualidade e se calculou a diferença de massa
seca entre o início e o final do armazenamento e a taxa de perda de massa
seca mensal, para os dois ambientes de armazenamento. Dos resultados
das pesagens foi descontada a água presente na amostra considerando-
se
o teor de água do produto no período avalia
do.
Observa
-se que a diferença de massa seca do milho armazenado em
ambiente natural (275,36g) foi maior que em câmara refrigerada (187,66g),
provavelmente devido às maiores temperaturas do ambiente natural, que
afetam a intensidade do processo respiratório, da infestação de insetos e da
presença de fungos que definiram uma menor qualidade final do produto
armazenado nesse ambiente.
69
TABELA 7. Massa seca total e taxa mensal de quebra técnica de grãos de milho
armazenados, durante 12 meses, em ambiente natural e câmara
refrigerada.
Ambiente Natural
Câmara Refrigerada
Mês
Período
(meses)
Massa seca
(g)
Taxa
Mensal
(%)
Massa seca
(g)
Taxa
Mensal (%)
out/04
0
8.936,00
0
8.936,00
0
dez/04
2
8.883,21
0,30
8.902,25
0,19
fev/05 4
8.838,25
0,25
8.867,77
0,19
abr/05
6
8.795,45
0,24
8.849,01
0,11
jun/05
8
8.760,68
0,20
8.812,51
0,21
ago/05
10
8.712,70
0,27
8.773,81
0,22
out/05
12
8.660,64
0,30
8.748,34
0,15
g
275,36
-
187,60
-
Diferença
%
3,08
-
2,10
-
Taxa Mensal
-
0,26
-
0,18
As maiores taxas de quebra técnica no ambiente natural ocorreram
aos dois, dez e doze meses de armazenamento e coincidem com os
períodos de maiores variações do total de grãos avariados, 1,93; 1,46 e
1,03, respectivamente (Tabela 5).
Na câmara refrigerada, a maior variação no total de avariados (1,02),
ocorreu no segundo mês de armazenamento, reduzindo nos meses
subseqüentes até o décimo mês, quando voltou a subir.
Verifica
-se, pelo comportamento da variação do total de grãos
avariados e quebra técnica mensal, nos dois ambientes, que nos dois
primeiros meses de armazenamento a perda de massa seca é mais intensa,
diminuindo e voltando a se intensificar, após o décimo mês no ambiente
natural e décimo segundo mês, na câmara refrigerada.
Como a variação do percentual de grãos
fermenta
dos
também foi
mais intensa nos dois primeiros meses de
armazenamento, isso
indica que a
70
variação da quebra técnica pode estar relacionada com os fatores que
definem a qualidade do produto.
A quebra técnica apurada nos doze meses de armazenamento foi de
3,
08% para o ambiente natural e de 2,10% para o milho armazenado em
câmara refrigerada, o que equivale a aproximadamente, 0,26% e 0,18% ao
mês, respectivamente. Esses percentuais de quebra técnica são menores do
que é praticado no país, que é de 0,3% ao mês.
71
5
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Temperaturas médias de 27ºC foram favoráveis ao desenvolvimento
de insetos e colaboraram para a redução da germinação e também os
ambientes com temperaturas mais baixas proporcionaram melhor
conservação dos grãos.
Fungos
dos gêneros Aspergillus e Penicillium foram os fungos mais
abundantes no armazenamento de milho.
Fusarium verticillioides
apresentou
maior sobrevivência em temperaturas médias de 17ºC.
O percentual de fragmentos contribuiu para a mudança do tipo do
produto
de forma mais intensa no ambiente natural e o aumento dos grãos
ardidos, também, foi maior nesse ambiente.
Os grãos fermentados até ¼ foi o defeito que contribuiu de forma
mais efetiva para a alteração do enquadramento final do produto em tipo. As
controv
érsias a respeito do enquadramento correto desse defeito devido à
dificuldade de se quantificar corretamente o que representa um quarto do
grão com alteração da coloração característica, provoca confusão com o
defeito ardido. Passar a considerar grãos ou pedaços de grãos que perdem
sua coloração característica, independente da extensão do dano, como
ardidos, evitaria enquadramentos inadequados.
O aumento do total de avariados foi maior no ambiente natural
proporcionando alteração do tipo do produto mais rápida nesse ambiente.
Essa variação do tipo indica a deterioração dos grãos.
72
O percentual de fibras dos grãos de milho aumentou com o tempo de
armazenamento.
Ocorreu variação de quebra técnica entre os ambientes estudados.
73
6
CONCLUSÕES
As
características físicas e qualitativas de grãos de milho
foram
melhores preservadas
na câmara refrigerada.
A quebra técnica apurada nos 12 meses de armazenamento é de
3,08% para o ambiente natural e de 2,10% para o milho armazenado em
câmara refrigerada, o que equivale a aproximadamente, 0,26% e 0,18% ao
mês, respectivamente.
Os percentuais de quebra técnica são menores do que é praticado no
país, que é de 0,3% ao mês.
74
7
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVES, M. W.; FARONI, L. R. D.; CORRÊA, P. C.; QUEIROZ, D. M.;
TEIXEIRA, M. M. Influência dos teores de umidade de colheita na qualidade
do milho (Zea mays L.) durante o armazenamento.
Revista Brasileira de
Armazenamento
, Viçosa, v.26, n.2, p.71
-
84, 2001.
ANDRADE, E. T.; COUTO, S. M.; QUEIROZ, D. M.; FARONI, L. R. D.;
PEIXOTO, B.A. Qualidade de sementes de milho armazenadas em silo
metálico cilíndrico. Revista Brasileira de Armazenamento, Viçosa, v.28,
n.2, p. 23
-
30, 2003.
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS FABRICANTES DE RAÇÕES.
Métodos
analíticos de controle de alimentos para uso animal. São Paulo: Anfar,
1992, 208p.
ATUI, M. B.; LAZZARI, F.A. Monitoramento de fungos em milho em grãos,
grits e fubá.
Revista Instituto Adolfo Lutz,
IAL, São Paulo, v. 57, n.1, p. 57
-
63, 1998.
BRASIL. Ministério da Agricultura.
Portaria 845, de 8 de novembro de
1976.
Brasília, 1976.
BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Regras para análise
de sementes.
Brasília: Secretaria Nacional de Defesa Agropecuária.
Departamento Nacional de Defesa Vegetal. Coordenação de Laboratóri
o
Vegetal, 1992. 365p.
75
BRASIL. Ministério da Agricultura. Portaria 11, de 12 de abril de 1996.
Brasília, 1996.
BROOKER, D.B.; BAKKER-ARKEMA, F.W.; HALL, C.W.
Drying and
storage of grains and oilseeds. New York: Van Nostrand Reinhold, 1992.
450p.
CAMP
OS, M.G.
Avaliação da quebra cnica e da qualidade do milho a
granel, em função da temperatura de secagem e do tempo de
armazenamento
. 2001. 103p. Tese (Doutorado em Engenharia Agrícola) -
Universidade Federal de Viçosa, Viçosa
-
MG,
2001.
CANEPPELE, C.; CANEPPELE, M.A.B. Monitoramento de insetos em
produtos armazenados.
Grãos Brasil
, Maringá, ano II, n.8, p. 04
-
07, 2003.
CANEPPELE, M.A.B.
Monitoramento da qualidade do grão de milho,
Zea
mays
L., armazenamento e processamento
. 2003. 131p. Tese (Doutorado
em Ciências) Setor de Ciências Biológicas, Universidade Federal do
Paraná, Curitiba, 2003.
CANEPPELE, M.A.B; CANEPPELE, C. Detecção de insetos e fungos em
grãos de milho e subprodutos.
Grãos Brasil
, Maringá, ano III, n.13, p. 08-
11,
2004.
CARVALHO, N.M.; NAKAGAWA, J.
Sementes:
ciência, tecnologia e
produção
.
3 ed. Campinas: Fundação Cargill. 2000. 424p.
CELARO, J.C.; FINAMOR de OLIVEIRA, R.; FRANCO, J.B.R.
Quebra
técnica de grãos armazenados a meio ambiente. Porto Alegre: CESA,
1979.
7p.
CHRISTENSEN, C.M.; KAUFMANN. Grain storage. Minneapolis: University
of Minesota Press.
1969. 138p.
CONAB. Oitavo levantamento de avaliação da safra 2005/2006: julho/06.
Companhia Nacional de Abastecmento
, on
-
line, Brasília, 2006. Disponível:
http://www.conab.gov.br/download/safra/boletim_safra.pdf
. Consultado em
25 de julho de 2006.
76
EMBRAPA. Recomendações da Comissão Centro-Sul Brasileira de
Pesquisa de Trigo para Mato Grosso do Sul
-
2002.
Embra
pa Agropecuária
Oeste
-
Dourados, 2002. 79p.
FARONI, L.R.A. Manejo das pragas dos grãos armazenados e sua influência
na qualidade do produto final. Revista Brasileira de Armazenamento
,
Viçosa, v.17, n.1, p. 36
-
42, 1992.
FARONI, L.R.A.; BARBOSA, G.N.O.; SARTORI, M.A.; CARDOSO, F.S.;
ALENCAR, E.R. Avaliação qualitativa e quantitativa do milho em diferentes
condições de armazenamento. Engenharia na Agricultura, Viçosa, v.13,
n.3, p.193
-
201, 2005.
FERNANDES, T.F.; OLIVEIRA, E. Principais doenças na cultura d
o
milho
. Sete Lagoas: EMPRAPA, CNPMS, circular técnica n. 26, 2000, 80p.
FINCK, C. Indicadores de qualidade e quantidade na recepção do milho
(Zea mays
L.)
grupos mole e semiduro e sua evolução no período de
armazenamento
. 1997. 128p. Dissertação (Mestrado em Ciências) Setor
de Ciências Agrárias. Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 1997.
FREITAS, G. B.; SILVA, R. F.; ARAÚJO, E. F.; REIS, F. P. Influência da
condição de armazenamento na qualidade de sementes de milho.
Revista
Brasileira de Armazena
mento
, Viçosa, v.17, n.2, p.20
-
26, 1992.
FREITAS, T. S.; KRABBE, E. L.; PENZ NIOR, A. M.; KESSLER, A. M.
Efeito do nível de umidade sobre a deterioração de trigo durante o
armazenamento. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE
ZOOTECNIA, 35, 1998,
Botucatu,
Anais ...
, Botucatu, v.1, 1998. p. 264
-
266.
GARCIA, M. J. D. M.; FERREIRA, W. A.; BIAGGIONI, M. A. M.; ALMEIDA,
A. M. Desenvolvimento de insetos em milho armazenado em sistema
vedado.
Arquivos do Instituto Biológico, on-line, São Paulo, v. 67, n
.1,
2000. Disponível:
:
http://www.biologico.br/arquivos/v.67_1/desenvolv de
insetos em mi.htm
Consultado em 29 de maio de 2004.
GENTIL, D. F. O.; SILVA, W. R.; MIRANDA, D. M. Grau de umidade e
temperatura na conservação de sementes de café.
Bragantia
, Campinas,
v.60, n.1, p. 53-
64, 2001.
77
GENTIL, D. F.O. Conservação de sementes de Myrciaria dúbia (H.B.K.)
McVaugh
. 2003. 41p.Tese (Doutorado em Fitotecnia) Escola Superior de
Agricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba, 2003.
GUARÇONI, R. C.; DURÃES, F. O. M.; MAGALHÃES, P. C.; SILVA, R. F.
Efeito do armazenamento na qualidade fisiológica das sementes de
populações de milho cultivadas sob estresses hídrico e mineral.
Pesquis
a
Agropecuária Brasileira
, Brasília, v.36, n.12, p.1479
-
1484, 2001.
GUEDES, R.N.C. Manejo integrado para a proteção de grãos armazenados
contra insetos. Revista Brasileira de Armazenamento, Viçosa, v. 15/16,
n.1/2, p.3
-
47, 1991.
HALL, C.W. Drying farm cr
ops
. Ann Arbor, Michigan: Edwards Brothers,
1957, 336p.
IBGE.
Indicadores Agropecuáros 1996 2003. Estudos e pesquisas:
informação econômica
.
n.3, Rio de Janeiro: 2004. 68p.
IBGE. Perspectivas para safra de 2006.
Instituto Brasileiro de Geografia e
Esta
tística
, on-line, Rio de Janeiro, 2006. Disponível:
http://www.ibge.gov.
br/home/estatistica/indicadores/agropecuaria/lspa/prognostico122005.pdf
.
Consultado em 25 de julho de 2006.
JACKSON, D.S. Introduction to corn quality. Corn Characteristics. Neb
Guide G92-
1115
-A, Lincoln, Nebraska: Institute of Agricultural and Natural
Resources, Unisersity of Nebraska, 1995, 6p.
LAL, S.P.; KAPOOR, J.N. Succession of fungi in wheat and maize during
storage.
Indian Phytopathology,
New Delhi, v.32, p.101
-
104, 1979.
LAZZARI, F.A. Umidade, fungos e micotoxinas na qualidade de
sementes, grãos e rações
. Curitiba: Ed. do Autor, 1997. 140p.
LAZZARI, F.A. Exigências de qualidade do milho para moagem, rações e
silagem.
Granos,
Ano VI, n. XXVII, p. 42
-
48, 2001.
78
LAZZARI, F.A.; LAZZARI, S.M.N. Manejo integrado de fungos e insetos em
grãos e subprodutos.
Grãos Brasil,
Maringá, ano I, n.3, p.30, 2002.
LIN, S.S. Efeito do período de armazenamento na lixiviação eletrolítica dos
solutos celulares e qualidade fisiológica da semente de milho (Zea mays L.)
e feijão (Phaseolus vulgaris L.). Revista Brasileira de Sementes,
Brasília,
v.10, n. 3, p. 59
-
67, 1988.
MACHADO, J.C.
Manej
o sanitário de sementes no controle de doenças
.
Lavras: UFLA/FAEPE, 1999. 78p.
MATIOLI, J.C.; ALMEIDA, A.A.de. Efeito da infestação do Sitophilus oryzae
(L. 1763) sobre a germinação de sementes de milho armazenado.
Revista
Brasileira de Armazenamento
, Viç
osa, v.4, n. 1, p. 15
-
27, 1979.
MATIOLI, J.C.
Efeitos da intensidade da população de
Sitophilus oryzae
(Linné, 1763) (Coleóptera, Curculionidae) e do período de
armazenamento sobre diferentes variedades de milho. 1978. 178p.
Dissertação (Mestrado em Ciências Biológicas) Setor de Ciências
Biológicas, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 1978.
MERCH, R.F.; GOMES, N.K. Beneficiamento e armazenamento de grãos.
Porto Alegre: Companhia Estadual de Silos e Armazéns CESA, 1982,
104p.
OLIVEIRA, J.A.; VIEIRA, M.G.G.C.; VON PINHO, E.V.R.; CARVALHO,
M.L.M. Comportamento de sementes de milho tratadas com fungicidas antes
e após o armazenamento convencional. Revista Brasileira de Sementes,
Brasília, v.19, n.2, p. 208
-
213, 1997.
PARIZZI, F. C.; MOREIRA, S. M. C.; CRUZ, R.; SOARES, N. F. F. Avaliação
da qualidade do arroz polido durante o armazenamento. Revista Brasileira
de Armazenamento
, Viçosa, v.17, n.1, p.27
-
35, 1992.
PEREIRA, J.; CRUZ, R.; SOARES, N. F. F; SOARES, P. C. Comparação
entre o rendimento do grão de arroz com casca e armazenado polido.
Revista Brasileira de Armazenamento
, Viçosa, v.22, n.2, p. 12
-
15, 1997.
79
PEREIRA, J.; CRUZ, R.; SOARES, N. F. F; SOARES, P. C. Efeito da
armazenagem sobre o beneficiamento do arroz (Oryza sativa
L.).
Revista
Brasi
leira de Armazenamento
, Viçosa, v.23, n.1, p. 28
-
32, 1998.
POMERANZ, Y. Biochemical, functional, and nutritive changes during
storage. In: SAUER, D.B. (Ed.). Storage of cereal grains and their
products
. 4. ed. St. Paul: American Association Cereal Chemistry, 1992. p.
55
-
118.
PUZZI, D. Abastecimento e armazenagem de grãos
.
Campinas: Instituto
Campineiro de Ensino Agrícola, 1989, 603p.
SAUER, D.B. Storage of cereal grains and their products. Fourth Edition,
St. Paul, MN: AACC, 1992.
615p.
SILVA, D.J; QUEIROZ, A.C.
Análise de alimentos
métodos químicos e
biológicos.
Viçosa: UFV, 2002. 235p.
SILVA, J.S.; DONZELES, S.M.L.; AFONSO, A.D.L. Qualidade dos grãos.
Engenharia na Agricultura
, Viçosa, v.2, n.6, p.1
-
30, 1992.
SILVA, J. S.
Pré
-processamento de produtos agrícolas
. Juiz de Fora:
Instituto Maria, 1995.
509p.
SINHA, R.N.; MUIR, W.E. Grain storage: part of a system. Westport: AVI
Publishing Company, 1973.
481p.
SOUZA, A.V.C.; LOPES, D.C.; SANTOS, J.P. Composição química do milho
em diferentes níveis de carunchamento. In: REUNIÃO ANUAL DA
SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 37, 2000, Viçosa.
Anais ...
.
Viçosa : UFV, v. 1, 2002. p. 2216
-
2220.
SOUZA, A.V.C.; LOPES, D.C.; SANTOS, J.P.; DONZELE, J. L.; OLIVEIRA,
R.F.M.; APOLÔNIO, L.R. Alterações na composiçã
o química do milho devido
ao carunchamento. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE
ZOOTECNIA, 36, 1999, Porto Alegre - RS. Anais .... Porto Alegre : UFRGS-
Faculdade de Agronomia, 1999. v. 1. p. 212
-
212.
80
SPINOLA, M. C. M.; CÍCERO, S. M.; MELO M. Alterações bioquímicas e
fisiológicas em sementes de milho causadas pelo envelhecimento acelerado.
Scientia Agrícola
, Piracicaba, v.57, n.2, p.263
-
270, 2000.
TANAKA, M.A. S. Sobrevivência de Fusarium moniliforme em sementes de
milho mantidas em duas condições de armazenamento.
Fitopatologia
Brasileira,
Brasília, v. 26, n. 1, p. 60
-
64. 2001.
TANAKA, M. A. S.; MAEDA, J. A.; PLAZAS, I. H. A. Z. Microflora fúngica de
sementes de milho em ambientes de armazenamento. Scientia Agrícola,
Piracicaba, v.58, n.3, p. 50
1-
508, 2001.
VIEIRA, R. D.; KRZYZANOWSKI, F. C. Teste de condutividade elétrica. In:
KRZYZANOWSKI, F. C.; VIEIRA, R. D.; FRANÇA, J. B. (Ed.). Vigor de
sementes:
conceitos e testes
. Londrina: ABRATES. 1999. Capítulo 4, 218p.
WEBER, E.A. Armazenagem agríc
ola
. Porto Alegre: Kepler Weber
Industrial, 1995. 400p.
81
APÊNDICE A Médias mensais de temperatura e umidade relativa durante
o período de armazenamento de grãos de milho.
Ambiente Natural
Câmara Refrigerada
Mês
Temperatura
(ºC)
Umidade
Relativa (%)
Temperatura
(ºC)
Umidade
Relativa (%)
out
-
04
28,9
62,9
16,5
77,1
nov
-
04
27,5
73,6
15,0
69,7
dez
-
04
28,2
71,7
15,6
72,1
jan
-
05
27,5
80,0
17,5
72,2
fev
-
05
27,7
75,9
16,5
72,7
mar
-
05
27,3
79,0
16,5
73,5
abr
-
05
26,9
75,4
17,8
72,8
mai
-
05
27,0
68,1
18,4
71,5
jun
-
05
24,5
66,1
17,9
73,8
jul
-
05
23,9
55,1
17,4
72,0
ago
-
05
28,2
40,1
17,0
75,8
set
-
05
28,2
59,9
18,1
72,6
out
-
05
28,7
68,1
16,5
77,1
Média
27,3
67,4
17,0
73,3
82
APÊNDICE B
Resultados da classificação de grãos de milho armazenados
em ambient
e natural e câmara refrigerada por doze meses.
83
APÊNDICE C Percentagens de germinação de grãos de milho
armazenados em ambiente natural e câmara refrigerada
por doze meses.
Ambiente Natural
Câmara Refrigerada
Meses
Primeira leitura
(%)
Segunda
lei
tura (%)
Primeira leitura
(%)
Segunda leitura
(%)
0
48,00
7,63
48,00
7,63
2
41,75
8,63
48,25
6,88
4
44,00
6,25
46,13
7,88
6
36,75
8,63
46,38
7,50
8
25,75
18,13
44,13
9,63
10
15,75
17,75
43,88
9,75
12
13,75
17,25
33,75
19,00
84
ANEXO A
PORTARIA Nº
845 DE 8 DE NOVEMBRO DE 1976
PORTARIA Nº 845 DE 8 DE NOVEMBRO DE 1976
O MINISTRO DE ESTADO DA
AGRICULTURA, USANDO DA ATRIBUIÇÃO
QUE LHE CONFERE O ARTIGO 39,
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, ÍTEM VIII,
DO DECRETO-LEI 200, DE 25 DE
FEVEREIRO DE 1967 E TE
NDO EM VISTA O
DISPOSTO NO ARTIGO 1º, DO DECRETO
Nº 69.502, DE 05 DE FEVEREIRO DE 1971.
RESOLVE:
Art. 1º - Aprovar as especificações em anexo, para a
padronização, classificação e comercialização interna do Milho.
Art. 2º
-
Esta Portaria entrará em vig
or na data de sua publicação,
revogando a Portaria nº 391 de 19 de junho de 1975.
ALYSSON PAULINELLI
Especificações para a padronização, classificação e comercialização interna
do milho (Zea mays L.) aprovadas pela Portaria Ministerial 845 de 8 de
novembro de 1976, em observância ao disposto no Artigo 39 Ministério da
Agricultura, item VIII, do Decreto-Lei 200, de 25 de fevereiro de 1976 e
tendo em vista o disposto no artigo 1º do decreto nº 69.502, de 5 de
novembro de 1971.
85
DA PADRONIZAÇÃ
O
Art. - O milho sob a forma de grãos, destinado a comercialização
interna, será classificado em grupos, classes e tipos, segundo consistência,
coloração e qualidade.
DOS GRUPOS
Art. - O milho segundo sua consistência será classificado em 4
(qu
atro) grupos:
a) DURO - quanto apresentar o mínimo de 95% (noventa e cinco por cento),
em peso, com as características de duro;
b) MOLE - quanto apresentar o mínimo de 90% (noventa por cento), em
peso, com as características de mole;
c) SEMI-
DURO
- quanto apresentar o mínimo de 75% (setenta e cinco por
cento), em peso, de consistência semidura, intermediária entre duro e mole;
d) MISTURADO - quando não estiver compreendido nos grupos anteriores,
especificando
-
se no Certificado de Classificação as percentage
ns da mistura
de outros grupos.
DAS CLASSES
Art. - O milho segundo sua coloração, será ordenado em 3 (três)
classes:
1) AMARELO - constituído de milho que contenha no mínimo 95%
(noventa e cinco por cento), em peso, de grãos amarelos, amarelo pálido
e/ou amarelo/alaranjados. Os grãos de milho amarelos com ligeira coloração
vermelha ou rósea no pericarpo, serão considerados amarelos, não afetando
a classificação;
2) BRANCO - constituído de milho que contenha no mínimo 95%
(noventa e cinco por cento), em peso, de grãos brancos. Os grãos de milho
branco com ligeira coloração rósea, marfim e/ou palha, serão considerados
como milho branco, não afetando a classificação;
86
3) MESCLADO - constituído de milho que não se enquadre nas
exigências das classes de milho branco e amarelo, mencionando-se no
“Certificado de Classificação” a percentagem das classes que o compõem.
DOS TIPOS
Art. 4º - O milho, segundo a sua qualidade, será classificado em 3
(três) tipos:
Tipo 1 - Constituído de milho seco, são, de grãos regulares e com umidade
máxima de 14,5%.
Tolerância: máximo de 1,5% de matérias estranhas, impurezas e
fragmentos; 11% de grãos avariados, com o máximo de 3% de grãos ardidos
e brotados (percentagem em peso);
Tipo 2 - Constituído de milho seco, são, de grãos regulares e com umidade
máxima de 14,5%.
Tolerância: máximo de 2% de matérias estranhas e impurezas e fragmentos;
18% de grãos avariados, com o máximo de 6% de grãos ardidos e brotados
(percentagem em peso). Tipo
Tipo 3 - Constituído de milho seco, são, de grãos regulares e com umidade
máxima de 14,5%.
Tolerância: máximo de 3% de matérias estranhas, impurezas e fragmentos;
27% de grãos avariados, com o máximo de 10% de grãos ardidos e brotados
(percentagem em peso).
ABAIXO DO PADRÃO
Art. 5º
-
O
milho que pelas suas características não se enquadrar em
nenhum dos tipos descritos no artigo 4º, será classificado como Abaixo do
Padrão, desde que se apresente em bom estado de conservação.
Parágrafo - O milho assim classificado poderá, conforme
o caso, ser submetido a rebeneficiamento, para efeito de se enquadrar num
dos tipos do artigo 4º.
Parágrafo 2º
-
Deverão constar no Certificado de
Classificação os motivos que darão lugar à denominação de Abaixo do
Padrão.
87
DESCLASSIFICADO
Art. 6º
-
Será de
sclassificado todo o milho que apresente:
a) mau estado de conservação;
b) aspecto generalizado de mofo ou fermentação;
c) sementes de mamona ou outras que possam ser prejudiciais à utilização
normal do produto;
d) odor estranho, de qualquer natureza, impróprio ao produto, prejudicial à
sua utilização normal.
Parágrafo Único - serão declarados no Certificado de
Classificação, os motivos que deram lugar à desclassificação.
DA AMOSTRAGEM
Art. 7º
-
A retirada ou extração de amostra, será feita de acordo com
a
regulamentação em vigor e do seguinte modo:
1. nos lotes de milho ensacado, far-
se
a retirada de amostra por furação
ou calagem, no mínimo em 10% (dez por cento) sendo os sacos escolhidos
ao acaso, sempre representando a expressão média do lote e num
a
proporção mínima de 30 (trinta) gramas de cada saco;
2. a amostra de milho armazenado a granel, será extraída nas seguintes
proporções:
a) se a quantidade for inferior a 100 (cem) toneladas, far-
se
uma retirada
de 20 (vinte) quilogramas; b) b) b)
b) quantidade superior a 100 (cem) toneladas, far-
se
uma retirada de 15
(quinze) quilogramas para cada série de 100 (cem) toneladas ou fração.
3. As amostras assim extraídas serão homogeneizadas, reduzidas e
divididas em 3 (três) ou mais partes, com o peso de um quilograma para
cada parte, devidamente identificadas, destinando-se 2 (duas) vias ao
classificador e 1 (uma) ao interessado, sendo fornecida ainda, quando
solicitada, 1 (uma) via ao comprador ou armazenador.
Parágrafo Único - O excedente da amostra deve ser
devolvido ao proprietário do produto.
DA EMBALAGEM, DO ARMAZENAMENTO E DO TRANSPORTE
Art. 8º - O milho quando não comercializado a granel, deve ser
acondicionado em sacos de aniagem ou similar, limpos, resistentes e com
peso e tamanho uniforme.
88
Art. 9º
-
Os estabelecimentos destinados ao armazenamento do milho
e os meios para seu transporte, deverão oferecer segurança e condições
técnicas imprescindíveis à sua perfeita conservação, respeitadas as
exigências da regulamentação específica.
DOS CER
TIFICADOS DE CLASSIFICAÇÃO
Art. 10º - Os Certificados de Classificados, serão emitidos pelos
órgãos oficiais de Classificação, devidamente credenciados pelo Órgão
Técnico competente do Ministério da Agricultura.
Parágrafo Único - Deverá constar do Certificado de
Classificação:
a) nome do interessado;
b) nome do destinatário;
c) natureza do produto;
d) natureza da embalagem;
e) quantidade de volume;
f) pesos brutos e líquido;
g) declaração da safra (ano agrícola);
h) grupo, classe e tipo
i) procedência e d
estino
Art. 11
-
Quando no milho for verificado a presença de carunchos e/ou
demais insetos vivos, prejudiciais ao produto, deverá constar,
obrigatoriamente, no Certificado de Classificação, a observação “insetos
vivos”.
DAS FRAUDES
Art. 12 - Será considerado “fraude” toda alteração dolosa de qualquer
ordem ou natureza, praticada não na classificação, acondicionamento e
no arquivamento das amostras, como também no documento da qualidade
do milho.
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 13 - As bases ou normas e os termos usados nas presentes
especificações, assim como as características relacionadas com a qualidade
do milho, deverão ser observadas e interpretadas do seguinte modo:
89
Grãos ardidos - São os grãos ou pedaços de grãos que perderem a
coloração ou cor car
acterística, por ação do calor e umidade ou fermentação
em mais de ¼ (um quarto) do tamanho do grão.
Grãos avariados - São considerados os grãos ou pedaços de grãos, grãos
chochos, imaturos, os atacados por animais roedores e parasitas, os
fermentados até ¼ (um quarto) do tamanho do grão, bem como os
prejudicados por diferentes causas.
Grãos brotados - Sãos os grãos ou pedaços de grãos que apresentarem
germinação visível.
Grãos carunchados -
Sãos os grãos ou pedaços de grãos furados ou
infestados por ins
etos vivos ou mortos.
Grãos chochos - Sãos os grãos enrugados “por deficiência de
desenvolvimento”.
Grãos quebrados
-
Sãos os pedaços de grãos sadios, que ficarem retidos na
peneira de crivos circulares de 5 mm (cinco milímetros) de diâmetro ou
12/64.
Grãos regulares - Sãos os grãos normalmente desenvolvidos que
apresentam boas condições de maturidade e conservação.
Impurezas
-
São consideradas as do próprio produto, bem como os grãos ou
fragmentos de grãos que vazarem numa peneira de crivos circulares de 5
mm (cinco milímetros) de diâmetro ou 12/64.
Matérias estranhas - São consideradas os grãos ou sementes de outras
espécies, bem como os detritos vegetais, sujidades e corpos estranhos de
qualquer natureza, não oriundos do produto.
Milho duro - É o que apresente quanto à sua constituição, uma quantidade
de endosperma córneo maior que amiláceo (farináceo), oferecendo forte
resistência ao corte e exibindo, ao ser cortado aspecto vítreo. Quanto a
forma, é o que se apresenta predominantemente ovalado e com a coroa
convexa e lisa, característica do Zea Mays indentata.
Milho mole - É o que se apresenta, quanto a sua constituição, uma
quantidade de endosperma amiláceo (farináceo), maior que a do córneo,
tornando a coroa acentuadamente clara e oferecendo menor resistência ao
corte. Quanto a forma, é predominantemente dentado e com a coroa
apresentando uma contração ou depressão característica de Zea Mays
indentata.
Milho semiduro - É o que possui as características intermediárias entre o
mole e o duro, ou seja constituído de grãos que, quanto a conformação,
90
apresentem
-se levemente dentados, incluindo os grãos ovalados com ligeira
depressão na coroa (coroa branca).
Percentagem
-
É determinada com relação ao peso da amostra original.
Peso da amostra - Os dados para a determinação da qualidade dos grãos,
serão colhidos em amostras homogeneizadas de 250 (duzentas e cinqüenta)
gramas.
Qualidade
- Será apurada mediante a verificação do teor da umidade, de
percentagem de grãos defeituosos, matérias estranhas e impurezas, e
respeitadas as tolerâncias admitidas na classificação para a determinação
dos tipos.
Umidade
- Será feita sobre amostra em seu estado original, determinada em
estufa de ar a temperatura de 100 a 110°C, aque alcance peso constante
ou em aparelho
que de resultado equivalente.
Parágrafo único - As determinações de grupo, classe, tipo,
grãos quebrados, avariados e/ou carunchados, ardidos e brotados serão
feitas, depois de terem sido separadas da amostra original, toda matéria
estranha é impureza.
Art. 14 - O milho de outras espécies ou mutações varietais, será
classificado com base nas presentes especificações.
Art. 15 - O Certificado de Classificação será válido pelo prazo de 90
(noventa) dias, contados da data da sua emissão.
Art. 16 - Os casos omissos serão resolvidos pelo Órgão Técnico
competente do Ministério da Agricultura.
QUADRO SINÓTICO PARA A CLASSIFICAÇÃO DO MILHO
A) DOS GRUPOS
Grupo
8
Tolerâncias
Mínimo de grãos com as
características de consistência do
Grupo
9
Percentagem em
peso
Máximo
s de grãos de
outros grupos
Duro
955
5% de s.duro e/ou mole
Mole
90%
10% de s.duro e/ou duro
Semiduro
75%
25% de duro e/ou mole
Misturado
Especificar as percentagens de outros grupos
91
B) DAS CLASSES
Classes
Tolerâncias
Mínimo de grãos com as
carac
terísticas de coloração da classe
(Percentagem em peso)
Máximo de grãos de
outras classes
Amarelo
95% de grãos amarelos e/ou
amarelo/alaranjados
5%
Branco
95% de grãos brancos
5%
Mesclado
Especificar as percentagens de outras
classes
C) DOS TIPOS
Tolerancias máximas
(Percentagem em peso)
Avariados
Umidade
Matérias estranhas impurezas e
fragmentos
Total
Máximo de
Ard., Brot. e
Mof.
Tipo 1
14,5%
1,5%
11%
3%
Tipo 2
14,5%
2,0%
18%
6%
Tipo 3
14,5%
3,0%
27%
10%
* A.P.
14,5%
(a serem especi
ficadas em cada caso)
Obsevação: ABAIXO DO PADRÃO (AP): Quando exceder os limites
máximos de tolerância de defeitos estabelecidos para o tipo 3.
92
ANEXO B
PORTARIA N.º 11, DE 12 DE ABRIL DE 1996.
PORTARIA Nº 11, DE 12 DE ABRIL DE 1996
O SECRETÁRIO DE DESENVOLVIMENTO RURAL DO MINISTÉRIO DA
AGRICULTURA, DO ABASTECIMENTO E da REFORMA AGRÁRIA, no uso
de suas atribuições que lhe confere o artigo 42, item VII, do Regimento
interno, aprovado pela portaria Ministerial 787, de 15 de dezembro de
1975 e no D
ecreto nº82.110 de 14 de agosto de 1978, e
Considerando a importância da atualização e adequação da
Portaria 845 de 08 de novembro de 1976, no que se refere a conceitos e
critérios para a classificação do Milho;
Considerando a necessidade premente de uniformização dos
procedimentos para a classificação do produto em âmbito nacional, resolve:
Art. - Definir os conceitos relativos ao grão de milho que seja
considerado como mofado, fermentado até ¼, fragmento e prejudicado por
diferentes causas, omitidos na Portaria 845/76 e de especial importância
na determinação da qualidade do produto.
Art. - Aprovar os critérios e os procedimentos em anexo para a
classificação do milho.
Art. - Estabelecer que para efeito de classificação oficial ser
ex
clusivamente observados os parâmetros, critérios e procedimentos
previstos na Norma de Identidade e Qualidade o produto e nesta Portaria
complementar.
Parágrafo único: os critérios e procedimentos estabelecidos nesta
Portaria deverão ser utilizados em caráter temporário, até a conclusão dos
trabalhos de reformulação do padrão vigente
93
Art. - os casos omissos serão resolvidos pelo Secretário de
Desenvolvimento Rural.
Art. 5º
-
Esta portaria entra em vigor na data de sua publicação.
Murilo Xavier Flores
ANEXO
Critérios para a classificação do Milho:
1
- Grupo: considerar para enquadramento os critérios estabelecidos na
PMA 845; em caso de dúvida utilizar o desenho elucidativo resultante dos
trabalhos de uniformização.
2
- Ardido: considerar como ardido o grão fermentado em mais de ¼ de sua
área total, observando
-
se ainda os seguintes critérios:
2.1
- para mensuração visual da área atingida considerar como mais de do
grão fermentado ou ardido, o grão alterado em sua cor ou visivelmente
fermentado em to
da área do germe e mais qualquer parte do endosperma.
2.2
- serão considerados como ardidos devido a semelhança de aspecto, os
grãos queimados” ou sejam, aqueles que apresentam alteração na
coloração normal por ação de altas temperaturas dos secadores.
3
- Fermentado até ¼: considerar como fermentado até ¼, o grão que
apresentar pontos de coloração escura, de qualquer tamanho, desde que
sejam visíveis a olho nu, em até ¼ da área do grão.
Observação: ¼ de área do grão de milho corresponde aproximadamente a
área do germe:
3.1
- procedimento: acrescentar no laudo a expressão “fermentado até ¼
no campo destinado aos defeitos leves; proceder a separação dos grão
94
defeituosos, pesar, determinar o porcentual e em seguida, antes do uso da
tabela de tolerância, juntá-lo ao total de avariados, para enquadramento e
tipificação.
4
- Mofados: considerar como mofado o grão inteiro ou quebrado que
apresentar no todo ou em parte , fungo (bolor), visível a olho nu.
4.1
- Procedimento; acrescentar no laudo a expressão “mofadono campo
destinado aos defeitos graves; proceder a separação dos grãos mofados,
pesar, determinar o percentual e anotá-lo no laudo; em seguida, juntar o
porcentual encontrado ao total de ardidos e brotados, para efeito de
enquadramento e tip
ificação.
5
- Choco ou Imaturo: considerar como choco ou imaturo, o grão desprovido
de massa interna, enrijecido e que se apresenta enrugado por
desenvolvimento fisiológico incompleto.
5.1
-
Observação; excluir do defeito os grãos pequenos e os de endo
sperma
córneo (pontas de espiga).
6
- Quebrado; considerar como quebrado os pedaços de grãos sadios que
ficarem retidos na peneira de crivos circulares de 5 mm de diâmetro ou
12/64 polegada, bem como, o grão sadio no qual faltam pequena lascas.
7
- Fragmento: considerar como fragmento, os grãos ou pedaços de grãos
sadios que vazarem na peneira de crivo de 5 mm de diâmetro ou 12/64
polegadas.
7.1
- Procedimento; acrescentar no laudo a expressão “fragmentos”, separar
o defeito, isolando-o da matéria estranha e impureza; pesar, determinar o
percentual e anotá-lo no laudo; em seguida, juntar o pocentual de matérias
estranhas e impurezas somar, para efeito de enquadramento e tipificação.
95
8
- Prejudicado por diferentes causas: considerar como defeituoso o g
rão
inteiro ou quebrado que apresentar alterações no tegumento ou massa do
grão em função de causas mecânicas, físicas ou biológicas.
8.2
- Observação: considerar como prejudicado por diferentes causas os
grãos danificados por roedores e parasitas, entre
outros; os grãos “trincados”
e os que apresentam “risca branca (ataque de Fusarium) não serão
considerados como defeito.
9
- Insetos vivos/sementes tóxicas: proceder a desclassificação temporária,
até o beneficio ou expungo, de todo o milho que for encontrado com insetos
vivos ou na presença de bagas de mamona ou outras sementes tóxicas.
(Ofs. nºs 10 e 11/96)
This document was created with Win2PDF available at http://www.win2pdf.com.
The unregistered version of Win2PDF is for evaluation or non-commercial use only.
This page will not be added after purchasing Win2PDF.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo