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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DA SEMENTE DE CANOLA,
EXTRUSADA OU NÃO, PARA LEITÕES EM FASE DE
CRECHE
Autora: Carina Scherer
Orientador: Prof. Dr. Antonio Claudio Furlan
Dissertação apresentada, como parte das exigências
para obtenção do título de MESTRE EM
ZOOTECNIA, no Programa de Pós-Graduação em
Zootecnia da Universidade Estadual de Maringá -
Área de concentração Produção Animal.
MARINGÁ
Estado do Paraná
fevereiro - 2006
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DA SEMENTE DE CANOLA,
EXTRUSADA OU NÃO, PARA LEITÕES EM FASE DE
CRECHE
Autora: Carina Scherer
Orientador: Prof. Dr. Antonio Claudio Furlan
Dissertação apresentada, como parte das exigências
para obtenção do título de MESTRE EM
ZOOTECNIA, no Programa de Pós-Graduação em
Zootecnia da Universidade Estadual de Maringá -
Área de concentração Produção Animal.
MARINGÁ
Estado do Paraná
Fevereiro – 2006
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ii
“Eu poderia falar todas as línguas
que são faladas na Terra e até no céu,
mas, se não tivesse amor,
as minhas palavras seriam como o som de um gongo
ou como o barulho de um sino.
Poderia ter o dom de anunciar mensagens de Deus,
ter todo o conhecimento,
entender todos os segredos e ter tanta fé,
que até poderia tirar as montanhas do seu lugar,
mas, se não tivesse amor, eu não seria nada.
Poderia dar tudo o que tenho
e até mesmo entregar o meu corpo para ser queimado,
mas, se eu não tivesse amor,
isso não me adiantaria nada.”
1 Coríntios 13: 1-3
iii
Aos
meus pais, Werner e Marli,
que tanto se esforçam para contribuir
com a minha formação pessoal e profissional
Ao
meu irmão, Fábio,
pelo carinho
Ao
meu noivo, Leonardo,
pelo companheirismo, incentivo e paciência
DEDICO
iv
AGRADECIMENTOS
A Deus, quem me deu o dom da vida e me acompanha em todos os momentos.
À Universidade Estadual de Maringá, pela oportunidade de realizar este estudo.
À Cooperativa dos Cafeicultores e Agropecuaristas de Maringá (COCAMAR), por
gentilmente ceder a semente de canola utilizada nos experimentos.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela
bolsa de estudos concedida.
Ao orientador e amigo, Prof. Dr. Antonio Claudio Furlan, pela dedicação e paciência
na realização deste trabalho.
Ao Prof. Dr. Ivan Moreira, pela co-orientação, amizade e ensinamentos que foram de
grande importância para que este trabalho fosse realizado.
Ao Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, a todos os professores, pelos
ensinamentos, em especial ao Prof. Dr. Elias Nunes Martins, pela disposição e auxílio na
conclusão deste trabalho.
Aos amigos, Marcos, Ângela, Diovani e Arlei pelo companheirismo e trocas de
experiências que contribuíram para a realização deste trabalho.
v
Aos alunos do Curso de Graduação em Zootecnia, Juliana, Vivian e Nikychiella. Ao
estagiário Paulo, ao bolsista Leandro (Perdigão), ao Fábio, e aos demais colegas do
Programa de Pós Graduação em Zootecnia, pelo auxílio na realização dos experimentos.
Aos funcionários da Fazenda Experimental de Iguatemi, em especial ao João, Mauro
e Toninho pela ajuda dedicada no Setor de Suinocultura e na Fábrica de Ração.
Às funcionárias do Laboratório de Nutrição Animal, Dilma, Cleusa e Creusa, pelo
auxílio na realização das análises químicas.
Ao Sr. Valmir e D. Neli, pela hospitalidade quando cheguei em Maringá.
Às ex-companheiras de república, Denise e Graziela, pela convivência e paciência em
me orientar nos momentos de dúvidas.
Ao Sr. Rocha e D. Ilvanir, pela confiança e incentivo aos estudos.
A todos que colaboraram direta ou indiretamente na realização de meus estudos e
contribuíram para a realização deste trabalho.
vi
BIOGRAFIA
CARINA SCHERER, filha de Werner Nicolau Scherer e Marli Bade Scherer, nasceu
em Marechal Cândido Rondon, Paraná, em 09 de Setembro de 1980.
Em 12 de Fevereiro de 2004, graduou-se em Zootecnia pela Universidade Estadual do
Oeste do Paraná, Campus de Marechal Cândido Rondon.
Em Fevereiro de 2004, iniciou o Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, em nível
de Mestrado, área de concentração Produção Animal, na Universidade Estadual de
Maringá, realizando estudos na área de nutrição de suínos.
Em 07 de Fevereiro de 2006, submeteu-se à banca para defesa da Dissertação de
Mestrado.
vii
ÍNDICE
Página
ÍNDICE DE TABELAS...................................................................................................
viii
I – INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 1
CITAÇÃO BIBLIOGRÁFICA.................................................................................... 7
II - AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DA SEMENTE DE CANOLA,
EXTRUSADA OU NÃO, PARA LEITÕES EM FASE DE
CRECHE.................................................................................................................... 9
RESUMO..................................................................................................................... 9
ABSTRACT................................................................................................................ 10
INTRODUÇÃO........................................................................................................... 11
MATERIAL E MÉTODOS......................................................................................... 14
RESULTADOS E DISCUSSÕES............................................................................... 23
CONCLUSÕES........................................................................................................... 33
CITAÇÃO BIBLIOGRÁFICA.................................................................................... 34
viii
ÍNDICE DE TABELAS
Página
Tabela 1 - Composição centesimal e química da ração referência.................................... 15
Tabela 2 - Composição centesimal e química das rações experimentais.......................... 19
Tabela 3 - Teores de matéria seca, proteína bruta, extrato etéreo, matéria orgânica,
cálcio, fósforo total e energia bruta da semente de canola integral moída
(SCI) e da semente de canola extrusada (SCE), com base na matéria seca..... 23
Tabela 4 - Coeficiente de digestibilidade aparente da matéria seca (CDMS), proteína
bruta (CDPB), extrato etéreo (CDEE), matéria orgânica (CDMO), energia
bruta (CDEB) e respectivos erros-padrão, para a semente de canola integral
moída (SCI) e semente de canola extrusada (SCE), com base na matéria
seca.................................................................................................................. 25
Tabela 5 - Teores de matéria seca digestível (MSD), proteína digestível (PD), extrato
etéreo digestível (EED), matéria orgânica digestível (MOD) e energia
digestível (ED) da semente de canola integral moída (SCI) e da semente de
canola extrusada (SCE), com base na matéria seca......................................... 27
Tabela 6 - Consumo diário de ração (CDR), ganho de peso diário (GPD), conversão
alimentar (CA) e respectivos erros-padrão, para leitões em fase de creche,
alimentados com rações contendo níveis crescentes de inclusão de semente
de canola integral moída (SCI) ou semente de canola extrusada (SCE)......... 28
Tabela 7 - Concentração de nitrogênio da uréia plasmática (NUP) das rações
experimentais contendo semente de canola integral moída (SCI) ou semente
de canola extrusada (SCE), no dia 0 e no 28º dia de experimento.................. 29
Tabela 8 - Diâmetro geométrico médio (DGM) das partículas das rações experimentais
contendo semente de canola integral moída (SCI) ou semente de canola
extrusada (SCE)............................................................................................... 30
ix
Tabela 9 - Custo do quilograma de ração, custo de ração por quilograma de peso vivo
ganho (CR) dos leitões, índice de eficiência econômica (IEE) e índice de
custo (IC)......................................................................................................... 31
I - INTRODUÇÃO
A suinocultura é uma atividade que, mesmo passando por diversas crises, ocorridas
devido aos altos custos de produção e problemas sanitários, vem tornando-se um setor de
grande importância na pecuária brasileira com grandes perspectivas de expansão.
Entretanto, um dos principais fatores responsáveis pelos elevados custos na produção de
suínos é a alimentação, sendo o milho e o farelo de soja os alimentos mais utilizados nas
rações.
Desta forma, o alto custo destes alimentos vêm gerando interesses em buscar fontes
alternativas de energia e proteína para suprirem as necessidades orgânicas desses animais,
reduzindo assim os custos das rações, já que esta representa de 70 a 80% dos custos na
suinocultura.
O farelo de soja é o alimento mais utilizado como fonte de proteína nas dietas dos
suínos estando presente na proporção de 25 a 30%, sendo responsável pelo fornecimento de
cerca de 70% da proteína bruta exigida por estes animais. Uma opção de substituição ao
farelo de soja é a canola, que possui elevado teor de proteína bruta, e seu estudo, como um
alimento alternativo, poderá resultar como substituto, senão total, pelo menos parcial, do
farelo de soja (Scapinello et al., 1996a), pois, segundo Sanches (1997), a proteína da canola
2
apresenta valor biológico elevado, constituindo-se uma boa fonte protéica para as rações
animais.
A semente de canola não é habitualmente utilizada como alimento destinado aos
animais, entretanto, algumas pesquisas mostram alto teor de proteína na semente de canola,
permitindo sua utilização nas rações, em substituição ao farelo de soja. Murakami et al.
(1997), avaliando a composição química da semente de canola, encontraram 23,61% de PB,
6,01% de FB, 31,2% de EE e 1,51% de Lis. Valores próximos foram encontrados por
D’Oliveira (1995), sendo de 24,9%, 8,6%, 37,6% e 1,94% para PB, FB, EE e Lis,
respectivamente.
A canola é uma oleaginosa desenvolvida geneticamente a partir da colza (Brassica
napus), que possui baixos teores de ácido erúcico e glicosinolatos, a qual há cerca de 30
anos passou a ser uma cultura rentável no Canadá e em alguns países da Europa, sendo o
primeiro, um dos maiores produtores mundiais. No Brasil, o cultivo desta cultura ainda é
restrito, tendo seu início há pouco mais de uma década, sendo a região sul a mais
promissora, pois apresenta as condições ideais para o florescimento da canola durante o
inverno. Esta oleaginosa é uma cultura alternativa de inverno, que se adequou bem às
nossas condições climáticas e constitui uma fonte protéica promissora (Nerilo, 1995).
A canola é a terceira oleaginosa mais importante no agronegócio mundial. No Brasil,
chegou ainda em 1974 e lentamente vem conquistando espaço na rotação de culturas de
inverno. Somente no período de 2002/2003, a produção cresceu 42%, passando de 14.633
para 20.826 toneladas. Em 2004, a área plantada foi de 15 mil hectares, com uma produção
estimada em 18.000 toneladas (Agronline, 2004).
O plantio da canola constitui uma das melhores alternativas para a diversificação de
cultivos de inverno, seu cultivo reduz a ocorrência de doenças, contribuindo para que o
3
trigo semeado no inverno seguinte produza mais, tenha maior qualidade e menor custo de
produção (Tomm, 2000).
O farelo da semente, subproduto da extração do óleo de canola, já vem sendo muito
utilizado em experimentos na substituição ao farelo de soja. Segundo Castell & Cliplef
(1993), citados por Marangoni (1995), o perfil de aminoácidos é comparado
favoravelmente ao do farelo de soja. Embora apresente conteúdo de lisina em torno de
2,04%, teor menor do que no farelo de soja, o nível de metionina e cistina é relativamente
alto. Assim, o farelo de canola é considerado uma boa fonte de aminoácidos sulfurados.
Porém, sua limitação na formulação de rações para suínos e aves se deve à presença de
glicosinolatos, os quais aparentemente não são tóxicos. Entretanto, os produtos de sua
hidrólise, pela ação da enzima mirosinase, são tóxicos.
Moreira et al. (1993) avaliando níveis de inclusão de 6, 12 e 18% de farelo de canola
em rações à base de milho e soja para suínos durante a fase de crescimento, concluíram que
o farelo de canola pode ser incluído até ao nível de 18% nas rações sem prejuízo ao
desempenho dos animais.
Entretanto, o maior obstáculo para a utilização do farelo de canola é o menor teor de
energia em relação à soja, a qual possui de 15% a 20% a mais de energia digestível. A
semente integral, por sua vez, possui alto teor de óleo, cerca de 36 a 40%, de excelente
qualidade, com mais de 60% de ácidos graxos monoinsaturados e menos de 7% de ácidos
graxos saturados, consistindo em uma fonte de energia que diminui a necessidade da adição
de óleo às rações. Bertol et al. (2001), sugeriram que a utilização da semente integral de
oleaginosas proporciona maior teor de energia, o que facilita a formulação de dietas com
altos níveis de energia, necessárias aos leitões após o desmame.
4
A semente de canola possui energia bruta de 5.475 kcal/Kg, a qual é superior ao
farelo de canola, que possui 4.215 Kcal/kg, valor este similar ao do farelo de soja
(Scapinello et al, 1996a).
Segundo Sanches (1997) a canola apresenta teores elevados de ácidos graxos
insaturados e os teores de ácido erúcico não apresentam mais problemas porque são
controlados através do melhoramento genético das plantas. A autora ainda cita que a grande
importância dos ácidos graxos está fundamentalmente relacionada com o fato de servirem
como a principal e mais efetiva fonte de energia para os animais.
De acordo com Bertol et al. (2001), a qualidade da dieta fornecida aos leitões é muito
importante, pois é necessário que a mesma tenha alta digestibilidade e alta concentração de
nutrientes. Uma das alternativas utilizadas em busca da melhoria da qualidade da ração é o
processamento dos alimentos, que, segundo Moreira (1993), melhora a digestibilidade e a
disponibilidade dos nutrientes, como o aumento do teor de energia digestível, de energia
metabolizável, dos aminoácidos disponíveis, entre outros nutrientes digestíveis.
Diversos tratamentos químicos e físicos, como a extrusão e a peletização, são
utilizados no processamento de rações, com o objetivo de incrementar a eficiência de sua
utilização, aproveitando melhor o potencial do animal (Amaral, 2002).
Moreira (1993), avaliando o uso de milho e soja integral processados a calor na
alimentação de leitões, chegou à conclusão de que a utilização da soja integral,
adequadamente extrusada em rações de leitões, propiciou respostas semelhantes às rações
contendo farelo de soja + óleo, assim como a substituição de 50% do milho comum por
milho pré-cozido ou milho extrusado propiciou melhoria no consumo de ração e ganho de
peso dos leitões.
5
Avaliando a substituição parcial do farelo de soja por soja integral extrusada na dieta
de leitões desmamados, Bertol et al. (2001) obtiveram melhora no desempenho dos leitões
na fase inicial após o desmame.
A extrusão consiste em um processo de cozimento à alta pressão, umidade e
temperatura, em um curto período de tempo. Durante o processo de extrusão ocorre a
desnaturação protéica, um conjunto de alterações na conformação da molécula, provocando
modificações relacionadas à tecnologia de alimentos. A proteína desnaturada é mais
sensível à hidrólise pelas enzimas proteolíticas e, em muitos casos a sua digestibilidade e
utilização aumentam (Araújo et al., 1999, citados por Amaral, 2002).
A utilização da pressão na extrusão faz com que este processo apresente algumas
vantagens em relação a outros métodos de processamento dos alimentos, como a inibição
dos fatores antinutricionais, minimização das reações de Maillard, devido ao curto tempo
de retenção dentro da extrusora, aumento na digestibilidade do óleo, por tornar-se mais
disponível para os animais e ainda, a diminuição das perdas de vitaminas, principalmente as
lipossolúveis (Bataglia, 1990; Neto, 1992; Sakomura, 1996).
Além da possibilidade de melhorias no valor nutritivo, por meio de modernas técnicas
de processamento, a diminuição dos níveis de glicosinolato, ácido erúcico e fibra bruta em
novas variedades de canola pesquisadas, aumentam a viabilidade de seu uso, em níveis
cada vez maiores, em substituição ao farelo de soja (Scapinello et al., 1996b).
Poucas pesquisas sobre a avaliação nutritiva da semente de canola extrusada foram
conduzidas com suínos. Entretanto, os resultados até agora demonstrados com a utilização
do farelo de canola e com outros alimentos na forma extrusada, demonstram grandes
possibilidades de sua utilização em substituição, no mínimo parcial, ao farelo de soja.
6
Em razão da cultura da canola ter sido introduzida recentemente no Brasil, existem
poucas informações disponíveis sobre a utilização da semente de canola, processada ou
não, em rações de suínos, tornando-se necessária a realização de pesquisas para determinar
a composição química e o valor energético deste alimento, bem como avaliar a viabilidade
de sua utilização como fonte protéica nas dietas destes animais.
O objetivo deste trabalho foi determinar, por meio de ensaio de digestibilidade, o
valor nutritivo da semente de canola e verificar os efeitos da inclusão da semente de canola
extrusada ou não sobre o desempenho de leitões na fase de creche.
7
CITAÇÃO BIBLIOGRÁFICA
AMARAL, C. M. C. Extrusão e peletização de ração completa: efeitos no desempenho,
na digestibilidade e no desenvolvimento das câmaras gástricas de cabritos saanen.
Jaboticabal, 2002. Dissertação (Mestrado – Produção Animal) – Universidade Estadual
Paulista – Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias.
BATAGLIA, A. M. A extrusão no preparo de alimentos para animais. In: SIMPÓSIO DO
COLÉGIO BRASILEIRO DE NUTRIÇÃO ANIMAL, 3, 1990, Campinas. Anais...
1990. p. 73-82.
BERTOL, T. M.; MORAES, N.; FRANKE, M. R. Substituição parcial do farelo de soja por
soja integral extrusada na dieta de leitões desmamados. Revista da Sociedade Brasileira
de Zootecnia, v.30, n.3, p. 744-52, 2001.
D’OLIVEIRA, P. S. Efeito da substituição do farelo de soja pelo farelo de canola em
dietas para novilhas nelore em confinamento. Maringá, 1995. 61p. Dissertação
(Mestrado) – Universidade Estadual de Maringá.
MARANGONI, I. Utilização do farelo de canola (Brassica napus) na alimentação de
suínos na fase de crescimento e terminação. Maringá, 1995. 42p. Dissertação
(Mestrado) – Universidade Estadual de Maringá.
MOREIRA, I. Valor nutritivo e utilização de milho e soja integral processados a calor
na alimentação de leitões. Viçosa, 1993. 145p. Tese (Doutorado) – Universidade
Federal de Viçosa.
MOREIRA, I. et al. Utilização do farelo de canola na alimentação de suínos na fase de
crescimento. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE VETERINÁRIOS
ESPECIALISTAS EM SUÍNOS, 6, 1993, Goiânia. Anais... Goiânia: ABRAVES, 1993,
p.143.
MURAKAMI, A. E. et al. Composição química e valor energético da semente e do farelo
de canola para aves. Revista da Sociedade Brasileira de Zootecnia, v.26, n.5, p.959-61,
1997.
NERILO, N. Disponibilidade de metionina e cistina da semente e do farelo de canola
para aves. Maringá: UEM, 1995, 33p. Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual
de Maringá, Departamento de Zootecnia, 1995.
NETO, G. Soja integral na alimentação de aves e suínos. Suinocultura Industrial, n.988,
p.4-15, 1992.
Produtores gaúchos iniciam a colheita da canola. 25/10/2004. Disponível em
http://www.agronline.com.br/agronoticias/noticia.php?id=831. Acesso em: 10 de
outubro de 2005.
SAKOMURA, N. K. Estudo do valor nutricional das sojas integrais processadas e de
sua utilização na alimentação de frangos e poedeiras. Jaboticabal, 1996. 178p. Tese
8
(Livre - Docência em Avicultura) - Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias,
Universidade Estadual Paulista.
SANCHES, S. Ácidos graxos em três gerações de sementes de canola (Brassica napus
L.) nas variedades CTC-4 e ICIOLA-4 e de oito variedades de canola produzidas
no PR. Maringá: UEM, 1997, 47p. Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual de
Maringá, Departamento de Química, 1997.
SCAPINELLO, C. et al. Utilização do farelo de canola em substituição parcial e total da
proteína bruta do farelo de soja em rações para coelhos em crescimento. Revista da
Sociedade Brasileira de Zootecnia, v.25, n.6, p.1103-14, 1996a.
SCAPINELLO, C. et al. Valor nutritivo do farelo e da semente de canola para coelhos em
crescimento. Revista da Sociedade Brasileira de Zootecnia, v.25, n.6, p.1115-23, 1996b.
TOMM, G. O. Situação atual e perspectivas da canola no Brasil. Passo Fundo: Embrapa
Trigo, 2000. 2 p.html. 4 ilust. (Embrapa Trigo. Comunicado Técnico Online, 58).
Disponível em: http://www.cnpt.embrapa.br/biblio/p_co58.htm. Acesso em: 12 de
Junho de 2005.
9
II - AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DA SEMENTE DE CANOLA EXTRUSADA OU
NÃO, PARA LEITÕES NA FASE DE CRECHE
RESUMO – Foram realizados dois experimentos para avaliar a utilização da semente
de canola extrusada ou não, na alimentação de leitões em fase de creche. No ensaio de
digestibilidade foram utilizados 15 leitões cruzados, machos, castrados, com peso vivo
médio inicial de 19,79±1,43kg, alojados em gaiolas de metabolismo, distribuídos em um
delineamento inteiramente casualizado, com três tratamentos, cinco repetições, sendo um
animal por unidade experimental. Os alimentos testados foram a semente de canola integral
moída (SCI) e a semente de canola extrusada (SCE), que substituíram em 20% a ração
referência. O CDMS, CDPB, CDEE, CDMO e CDEB dos alimentos foram,
respectivamente, 65,43; 69,65; 74,71; 65,98 e 62,82% para a SCI e 79,39; 69,57; 92,85;
80,47 e 81,67 para a SCE. Os valores de MSD, PD, EED, MOD e ED dos alimentos foram,
respectivamente, 62,32; 14,98; 30,50; 63,83% e 4.197 kcal/kg para a SCI, e 76,34; 21,34;
35,27; 78,20% e 5.234 kcal/kg para a SCE. No experimento de desempenho foram
utilizados 56 leitões cruzados, 50% machos e 50% fêmeas, com peso vivo médio inicial de
15,03±1,8kg, distribuídos em um delineamento inteiramente casualizado, com sete
tratamentos, quatro repetições e dois animais por unidade experimental. Os tratamentos
consistiram em uma ração testemunha e outras seis rações com inclusão de 6; 12 e 18% de
SCI ou SCE. Não foram observadas diferenças (P>0,05) no desempenho dos leitões,
entretanto, ocorreu redução linear (P<0,05) no consumo de ração e no custo da ração por
quilograma de peso vivo ganho para as rações contendo SCI e SCE, à medida que o nível
de inclusão destes alimentos aumentou. A semente de canola, na forma extrusada ou não,
pode ser incluída na ração de leitões em fase de creche em até 18%, sem prejudicar o
desempenho. A inclusão de 18% da SCE proporcionou menores custos por quilograma de
leitão produzido.
Palavras-chave: digestibilidade, desempenho, suíno, valores energéticos
10
NUTRITIONAL EVALUATION OF EXTRUDED AND NON-EXTRUDED
CANOLA SEED FOR NURSERY PIGLETS
ABSTRACT – Two experiments were carried out to evaluate extruded and non-
extruded canola seed for nursery piglets. For the digestibility trial, fifteen crossbred
barrows with initial average body weight of 19.79±1,43kg were allocated in metabolism
cages, in a completely randomized design with three treatments and five replications, being
one animal per experimental unit. There were evaluated non-extruded canola seed (NECS)
and extruded canola seed (ECS), which had replaced 20% of the basal diet. The
digestibility coefficients of dry matter (DM), crude protein (CP), ether extract (EE), organic
matter (OM) and gross energy (GE) were, respectively, 65.43; 69.65; 74.71; 65.98 and
62.82% for NECS and 79.39; 69.57; 92.85; 80.47 and 81.67% for ECS. The values of DM
digestibility, digestible protein, EE digestibility, OM digestibility and digestible energy, on
dry matter basis, were, respectively, 62.32; 14.98; 30.50; 63.83% and 4.197 kcal/kg for
NECS, and 76.34; 21.34; 35.27; 78.20% and 5.234 kcal/kg for ECS. For the performance
trial, fifty-six crossbred piglets were used, 50% male and 50% female, with initial average
body weight of 15,03±1,8kg. Piglets were divided into seven treatments in a completely
randomized design, with four replications and two animals per experimental unit.
Treatments were consisted of a control diet and six diets with 6, 12 and 18% of NECS or
ECS inclusion. No differences (P>0,05) were found for animal performance, however there
was a linear decrease (P<0,05) in feed intake and diet cost per kilogram of weight gain for
diets with NECS and ECS, while increasing the inclusion level. Canola seed, extruded or
not, can be included in diets of nursery piglets up to 18% without performance damage.
Including 18% of ECS promoted smaller cost per kilogram of animal.
Key Words: digestibility, performance, swine, energy values
11
INTRODUÇÃO
A alimentação é responsável por cerca de 70 a 80% dos custos na produção de suínos,
sendo o milho e o farelo de soja os alimentos mais utilizados nas rações. Porém, o alto
custo destes alimentos vem gerando interesses em buscar fontes alternativas de energia e
proteína para suprirem as necessidades orgânicas desses animais, reduzindo assim o custo
da ração, já que esta representa a maior parte dos gastos em uma produção de suínos.
Uma opção de substituição ao farelo de soja é a canola, que segundo Sanches (1997),
possui alto teor de proteína de valor biológico elevado, constituindo-se em boa fonte
protéica para as rações animais. Murakami et al. (1997), avaliando a composição química
da semente de canola, encontraram 23,61% de PB, 6,01% de FB, 31,2% de EE e 1,51% de
Lis. Valores próximos foram encontrados por D’Oliveira (1995), sendo de 24,9%, 8,6%,
37,6% e 1,94% para PB, FB, EE e Lis, respectivamente.
O farelo da semente, subproduto da extração do óleo de canola, já vem sendo muito
utilizado em experimentos na substituição ao farelo de soja e, de acordo com Castell &
Cliplef (1993), citados por Marangoni (1995), o perfil de aminoácidos é comparado
favoravelmente ao do farelo de soja. De acordo com estes autores o farelo de soja possui
maior conteúdo de lisina, mas em compensação, o nível de metionina e cistina é
relativamente alto no farelo de canola, considerado então como boa fonte de aminoácidos
sulfurados. Moreira et al. (1993) avaliando níveis de inclusão de 6, 12 e 18% de farelo de
canola em rações à base de milho e soja para suínos durante a fase de crescimento,
concluíram que o farelo de canola pode ser incluído até o nível de 18% nas rações sem
prejuízo ao desempenho dos animais.
12
Entretanto, o maior obstáculo para a utilização do farelo de canola é o menor teor de
energia em relação à soja, a qual possui de 15% a 20% a mais de energia digestível. A
semente integral, por sua vez, possui alto teor de óleo, cerca de 36 a 40%, de excelente
qualidade pela composição de ácidos graxos, com mais de 60% de monoinsaturados e
menos de 7% de saturados, consistindo em uma fonte de energia que diminui a necessidade
da adição de óleo às rações. A semente de canola possui energia bruta de 5.475 kcal/Kg, a
qual é superior ao farelo de canola, que possui 4.215 Kcal/kg, valor este similar ao do
farelo de soja (Scapinello et al., 1996).
De acordo com Bertol et al. (2001), a qualidade da dieta fornecida aos leitões é muito
importante, pois é necessário que a mesma apresente alta digestibilidade e alta
concentração de nutrientes. Uma das alternativas utilizadas em busca da melhoria da
qualidade da ração é o processamento dos alimentos, que, segundo Moreira (1993),
melhora a digestibilidade e a disponibilidade dos nutrientes, como o aumento do teor de
energia digestível, de energia metabolizável, dos aminoácidos disponíveis, entre outros
nutrientes digestíveis.
Diversos tratamentos químicos e físicos, como a extrusão e a peletização, são
utilizados no processamento de rações, com o objetivo de incrementar a eficiência de sua
utilização, aproveitando melhor o potencial do animal (Amaral, 2002), porém, poucas
pesquisas sobre a avaliação nutritiva da semente de canola extrusada foram conduzidas com
suínos, tornando-se necessária a realização de trabalhos voltados à determinação da
composição química e do valor energético deste alimento, processado ou não, bem como
avaliar a viabilidade de sua utilização como fonte protéica nas dietas destes animais.
13
O objetivo deste trabalho foi determinar, por meio de ensaio de digestibilidade, o
valor nutritivo da semente de canola e verificar os efeitos da inclusão da semente de canola
extrusada ou não sobre o desempenho de leitões na fase de creche.
14
MATERIAL E MÉTODOS
Foram conduzidos dois experimentos no Setor de Suinocultura da Fazenda
Experimental de Iguatemi (FEI), pertencente ao Centro de Ciências Agrárias da
Universidade Estadual de Maringá (CCA/UEM).
No ensaio de digestibilidade, realizado no período de 1º de outubro a 14 de outubro
de 2004, foram utilizados 15 leitões mestiços (Landrace x Large White x Duroc), machos,
castrados, com 19,79 ± 1,43 kg de peso vivo médio inicial.
Os animais foram alojados em gaiolas de metabolismo semelhantes às descritas por
Pekas (1968). O período experimental teve a duração de cinco dias de adaptação às gaiolas
e rações experimentais, e cinco dias de coleta de fezes e urina. O delineamento
experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, totalizando três tratamentos, cinco
repetições, sendo a unidade experimental constituída por um leitão.
A variedade da canola (Brassica napus) utilizada foi a Hyola 401, cedida pela
Cooperativa dos Cafeicultores e Agropecuaristas de Maringá (COCAMAR), proveniente da
safra produzida em 2004.
O alimento testado foi a semente de canola, na forma extrusada (SCE) e integral
moída (SCI), que substituiu, com base na matéria seca, 20% da ração referência (RR),
resultando em duas rações testes.
A ração referência (Tabela 1) foi formulada de acordo com a composição química e
os valores energéticos dos ingredientes indicados por Rostagno et al. (2000).
15
TABELA 1 - Composição centesimal da ração referência
TABLE 1 – Centesimal composition of basal diet
INGREDIENTES
INGREDIENTS
%
Milho grão
Corn
62,82
Farelo de soja
Soybean meal
29,67
Sal comum
Salt
0,4
Calcário calcítico
Limestone
0,69
Fosfato bicálcico
Dicalcium phosphate
1,76
Suplemento Vitamínico e Mineral
1
Vitamin and mineral premix
1
0,5
Açúcar
Sugar
3,0
Óleo de Soja
Soybean oil
1,09
L-Lisina HCl
L-Lysine HCl
0,07
TOTAL
100
Valores Calculados
Calculated values
Energia digestível, kcal/kg
Digestible energy, kcal/kg
3.400
Lisina total, %
Total lysine, %
1,06
Met + Cis total, %
Total Met + Cys, %
0,63
Cálcio, %
Calcium, %
0,83
Fósforo Disponível, %
Available phosphorus, %
0,43
Proteína Bruta, %
Crude protein, %
18,65
1
Suplemento vitamínico-mineral. Conteúdo por kg de premix: Vit. A: 2.000.000 UI; Vit. D
3
: 400.000 UI; Vit. E: 5.000
UI; Vit. K
3
: 400,0 mg; Vit. B
1
: 400,0 mg; Vit. B
2
: 1200,0 mg; Vit. B
6
: 600,0 mg; Vit. B
12
: 6.000,0 mcg; Ác. Nicotínico:
6.000,0 mg; Ác. Pantotênico: 2.400,0 mg; Biotina: 20,0 mg; Ác. Fólico: 200,0 mg; Selênio: 60,0 mg; Colina: 30,0 g;
Lisina: 234,0 g; Salinomicina: 10.000,0 mg; Antioxidante: 20,0 g; Iodo: 300,0 mg; Cobalto: 200,0 mg; Cobre: 35.000,0
mg; Zinco: 20.000,0 mg; Ferro: 20.000,0 mg; Manganês: 8.000,0 mg; Veículo q.s.p.: 1.000,0 g.
1
Mineral-vitamin supplement. Nutritional levels per kg of premix: Vit. A: 2,000,000 UI; Vit. D
3
: 400,000 UI; Vit. E: 5,000 UI; Vit. K
3
:
400.0 mg; Vit. B
1
: 400.0 mg; Vit. B
2
: 1200.0 mg; Vit. B
6
: 600.0 mg; Vit. B
12
: 6,000.0 mcg; nicotinic acid: 6.000.0 mg;. panthotenic acid:
2,400.0 mg; biotin: 20.0 mg; folic acid: 200.0 mg; seleniun: 60.0 mg; choline: 30.0 g; lysine: 234.0 g; salinomicin: 10,000.0 mg;
antioxidant: 20.0 g; iodine: 300.0 mg; cobalt: 200.0 mg; copper: 35,000.0 mg; zinc: 20,000.0 mg; iron: 20,000.0 mg; manganese:
8,000.0 mg; vehicle q.s.p.: 1,000.0 g.
16
A semente da canola foi primeiramente moída em peneira com malha de 2 mm. Uma
parte foi reservada para ser adicionada desta forma à ração, outra parte foi submetida ao
processamento por extrusão, utilizando uma extrusora Imbra 120 da empresa Imbramac,
com capacidade para 120kg/hora, com temperatura no interior do canhão de 118ºC e
pressão de 1 a 2 atm.
As rações foram fornecidas em duas alimentações diárias, sendo 60% às 08:00 horas e
40% às 16:00 horas. A quantidade total de ração fornecida diariamente foi estabelecida de
acordo com o consumo diário de ração (CDR) dos animais durante a fase de adaptação,
baseado no peso metabólico (kg
0,75
) de cada unidade experimental.
Após cada refeição foi fornecida água no comedouro, na proporção de 3,0 mL/g de
ração, calculada para cada unidade experimental, evitando assim o fornecimento de água
em excesso. Foi utilizado o método de coleta total de fezes, com a adição de 2% de óxido
férrico (Fe
2
O
3
) às rações como marcador do início e fim da coleta de fezes.
As fezes totais produzidas foram coletadas uma vez ao dia, sendo acumuladas em
sacos plásticos e armazenadas em freezer a –18ºC. Após o período de coleta, as fezes foram
homogeneizadas e uma amostra de 20% foi retirada, seca em estufa com ventilação forçada
de ar (55ºC) e moída, para analisar os teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB),
extrato etéreo (EE), matéria orgânica (MO) e energia bruta (EB).
As análises dos alimentos e das fezes foram realizadas no Laboratório de Nutrição
Animal do Departamento de Zootecnia da Universidade Estadual de Maringá (LANA-
DZO/UEM), segundo os procedimentos descritos por Silva & Queiroz (2002). Os teores de
EB foram determinados por meio de calorímetro adiabático (Parr Instrument Co.). As
análises de granulometria das rações foram realizadas seguindo a metodologia descrita por
Zanotto & Bellaver (1996).
17
Os coeficientes de digestibilidade da matéria seca (CDMS), da proteína bruta
(CDPB), do extrato etéreo (CDEE), da matéria orgânica (CDMO) e da energia bruta
(CDEB) dos alimentos, foram calculados considerando o método de coleta total de fezes e
urina, conforme Moreira et al. (1994).
Os teores de matéria seca digestível (MSD), proteína digestível (PD), extrato etéreo
digestível (EED), matéria orgânica digestível (MOD) e energia digestível (ED) dos
alimentos foram calculados utilizando a fórmula proposta por Matterson et al. (1965).
ND = ND (RR) + ND (RT) – ND (RR)
% Substituição
Onde:
ND = Nutriente digestível do alimento teste (SCI ou SCE);
ND (RR) = Nutriente digestível da ração referência;
ND (RT) = Nutriente digestível da ração teste;
% Substituição = Percentual de substituição da RR pelo alimento teste.
Os CDMS, CDPB, CDEE, CDMO e CDEB da semente de canola integral moída e da
semente de canola extrusada foram analisados de acordo com o modelo estatístico:
Y
ij
= μ + T
i
+ e
ij
Onde:
Y
ij
= coeficientes de digestibilidade aparente da matéria seca, da proteína bruta, do
extrato etéreo, da matéria orgânica e da energia bruta observados na unidade
experimental j recebendo o alimento i;
μ = constante geral;
T
i
= efeito do tipo do alimento i, sendo i = 1; 2 (1= semente de canola integral moída e
2 = semente de canola extrusada);
18
e
ij
= erro aleatório associado a cada observação Y
ij
.
No experimento de desempenho dos leitões em fase de creche, realizado no período
de 8 de abril a 6 de maio de 2005, foram utilizados 56 leitões cruzados (Landrace x Large
White x Duroc), sendo metade machos castrados e metade fêmeas, com peso vivo médio
inicial de 15,03 ± 1,8 kg e idade inicial média de 35 dias. Os animais permaneceram no
experimento durante 28 dias, quando apresentaram 35,23 ± 3,8 kg de peso vivo médio.
Os animais foram alojados em creche de alvenaria, coberto com telhas de
fibrocimento, dispostas em três salas, cada uma possuindo dez baias, divididas por um
corredor central. As baias eram do tipo suspensas com piso de plástico, cada uma equipada
com comedouro de cinco bocas, localizado na parte frontal e um bebedouro tipo chupeta na
parte posterior. A medida de cada baia é de 7,6 m
2
, totalizando 3,8m
2
por animal.
Os leitões foram distribuídos em um delineamento inteiramente casualizado, contendo
sete tratamentos, quatro repetições, sendo dois animais por baia, a qual foi considerada uma
unidade experimental. Os animais foram pesados no início e no final do período
experimental de 28 dias.
Os tratamentos experimentais (Tabela 2) consistiram de uma ração testemunha (RT) a
base de milho e farelo de soja, e outras seis rações contendo três níveis (6, 12 e 18%) de
inclusão de semente de canola integral moída ou de semente de canola extrusada. As rações
foram formuladas de acordo com as tabelas de exigências nutricionais propostas por
Rostagno et al. (2000), para leitões em fase de creche. As rações foram isoenergéticas,
isofosfóricas, isocálcicas e isoaminoacídicas para lisina e metionina + cistina.
19
TABELA 2 - Composição percentual e química das rações experimentais
TABLE 2 – Chemical and percentual composition of experimental diets
Níveis de inclusão da semente de canola (%)
Inclusion levels of canola seed (%)
Integral
Non-extruded
Extrusada
Extruded
Ingredientes (kg)
Ingredients (kg)
RT
(CD)
6 12 18 6 12 18
Milho grão (Corn grain) 43,35 48,37 48,10 47,77 49,99 51,34 42,16
Semente de Canola Integral
Moída (
Non-extruded canola seed) - 6,00 12,00 18,00 - - -
Semente de Canola Extrusada
(
Extruded canola seed)
- - - - 6,00 12,00 18,00
Farelo de soja (
Soybean meal) 27,77 26,60 24,55 22,90 26,36 24,00 20,03
Farelo de Trigo (
Wheat bran) 16,80 9,16 6,55 3,70 8,97 6,17 13,48
Óleo de soja (
Soybean oil) 5,50 3,40 2,40 1,30 2,20 - -
Açúcar (
Sugar) 3,00 3,00 3,00 3,00 3,00 3,00 3,00
Fosfato bicálcico (
Dicalcium
p
hosphate)
1,64 1,69 1,70 1,70 1,69 1,70 1,60
Calcário (
Limestone) 0,80 0,75 0,70 0,67 0,75 0,70 0,70
Supl. Vitamínico-Mineral
1
(Min.
and vit. Supplement)
1
0,50 0,50 0,50 0,50 0,50 0,50 0,50
Sal comum (
Salt) 0,40 0,40 0,40 0,40 0,40 0,40 0,40
L-Lisina HCl (
L-Lysine HCl) 0,12 0,09 0,07 0,04 0,10 0,08 0,08
DL-Metionina (
DL-Methionine) 0,028 - - - - - -
BHT 0,015 0,015 0,015 0,015 0,015 0,015 0,015
Tylan 100 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10
TOTAL 100 100 100 100 100 100 100
Valores calculados (Calculated values)
Energia digestível, kcal/kg
Digestible energy, kcal/kg
3.450 3.450 3.450 3.450 3.450 3.450 3.450
Lisina total, %
Total lysine, %
1,08 1,08 1,08 1,08 1,08 1,08 1,08
Met + Cis total, %
Total Met + Cys, %
0,63 0,63 0,63 0,63 0,63 0,63 0,63
Cálcio, %
Calcium, %
0,84 0,84 0,84 0,84 0,84 0,84 0,84
Fósforo Disponível, %
Disponible phosphorus, %
0,44 0,44 0,44 0,44 0,44 0,44 0,44
Proteína Bruta, %
Crude protein, %
19,28 19,28 19,28 19,28 19,28 19,28 19,28
Extrato Etéreo, %
Ether extract, %
7,92 8,1 9,24 10,34 6,92 6,98 9,15
Custo da ração,R$/kg
Diet cost, R$/kg
0,56 0,52 0,50 0,49 0,49 0,45 0,47
1
Suplemento vitamínico-mineral. Conteúdo por kg de ração: Vit. A: 2.000.000 UI; Vit. D
3
: 400.000 UI; Vit. E: 5.000 UI;
Vit. K
3
: 400,0 mg; Vit. B
1
: 400,0 mg; Vit. B
2
: 1200,0 mg; Vit. B
6
: 600,0 mg; Vit. B
12
: 6.000,0 mcg; Ác. Nicotínico:
6.000,0 mg; Ác. Pantotênico: 2.400,0 mg; Biotina: 20,0 mg; Ác. Fólico: 200,0 mg; Selênio: 60,0 mg; Colina: 30,0 g;
Lisina: 234,0 g; Salinomicina: 10.000,0 mg; Antioxidante: 20,0 g; Iodo: 300,0 mg; Cobalto: 200,0 mg; Cobre: 35.000,0
mg; Zinco: 20.000,0 mg; Ferro: 20.000,0 mg; Manganês: 8.000,0 mg; Veículo q.s.p.: 1.000,0 g.
1
Mineral-vitamin supplement. Nutritional levels per kg of diet: Vit. A: 2,000,000 UI; Vit. D
3
: 400,000 UI; Vit. E: 5,000 UI; Vit. K
3
: 400.0
mg; Vit. B
1
: 400.0 mg; Vit. B
2
: 1200.0 mg; Vit. B
6
: 600.0 mg; Vit. B
12
: 6,000.0 mcg; nicotinic acid: 6.000.0 mg;. panthotenic acid:
2,400.0 mg; biotin: 20.0 mg; folic acid: 200.0 mg; seleniun: 60.0 mg; choline: 30.0 g; lysine: 234.0 g; salinomicin: 10,000.0 mg;
antioxidant: 20.0 g; iodine: 300.0 mg; cobalt: 200.0 mg; copper: 35,000.0 mg; zinc: 20,000.0 mg; iron: 20,000.0 mg; manganese:
8,000.0 mg; vehicle q.s.p.: 1,000.0 g.
20
O consumo diário de ração (CDR), ganho de peso diário (GPD) e a conversão
alimentar (CA) foram calculados a partir dos dados de consumo de ração durante o período
experimental.
No início e no fim do experimento foram coletadas amostras de sangue de acordo
com Cai et al. (1994). Cada amostra de sangue foi colocada em tubos contendo heparina, os
quais foram centrifugados e posteriormente retirado o plasma, que foi armazenado em
freezer (-18ºC) para a realização da análise de nitrogênio da uréia plasmática (NUP).
Para verificar a viabilidade econômica da inclusão da semente de canola integral
moída e da semente de canola extrusada às rações, foi determinado, inicialmente, o custo de
ração por quilograma de peso vivo ganho (Yi), segundo Bellaver et al. (1985):
Yi (R$/Kg) = Qi X Pi
Gi
Em que:
Yi = custo da ração por quilograma de peso vivo ganho no i-ésimo tratamento;
Pi = preço por quilograma da ração utilizada no i-ésimo tratamento;
Qi = quantidade de ração consumida no i-ésimo tratamento e
Gi = ganho de peso do i-ésimo tratamento.
Em seguida, foram calculados o Índice de Eficiência Econômica (IEE) e o Índice de
Custo (IC), proposto por Gomes et al. (1991):
IEE (%) = MCe x 100 e IC (%) = CTei x 100
CTei MCe
Em que:
MCe = menor custo da ração por quilograma ganho observado entre os tratamentos
CTei = custo do tratamento i considerado.
21
Os preços dos ingredientes utilizados na elaboração das dietas experimentais foram:
milho grão, R$ 0,21/kg; farelo de soja, R$ 0,52/kg; farelo de trigo R$ 0,36; óleo de soja, R$
2,59/kg; fosfato bicálcico, R$ 1,32/kg; calcário, R$ 0,13/kg; açúcar, R$ 1,00/kg; sal
comum, R$ 0,34/kg; Tylan, 38,4/kg; suplemento mineral e vitamínico inicial R$ 3,47/kg;
L-lisina, R$ 7,06/kg; DL-Metionina, R$ 9,15/kg; BHT, R$ 16,61/kg. O preço da semente
de canola integral moída foi de R$ 0,58/kg e para a semente de canola extrusada foi
estipulado acréscimo de 10% de valor agregado sobre a SCI (R$ 0,64/kg).
O consumo diário de ração (CDR), o ganho diário de peso (GDP), a conversão
alimentar (CA), o NUP e as variáveis econômicas foram analisados utilizando o seguinte
modelo estatístico:
Y
ijkl
= μ + F
i
+ N
j
/F
i
+ b
1
(Pi
ij
- Pi) + e
ijl
Onde:
Y
ijl
= observação l, do nível de inclusão j, referente ao efeito do alimento i;
μ = constante geral;
F
i
= efeito do alimento i, com i = 1; 2 (1 = semente de canola integral moída e 2 =
semente de canola extrusada);
N
j
/F
i
= efeito do nível de inclusão j dentro do alimento i;
b
1
= coeficiente de regressão linear da variável Y em função do peso inicial (Pi) e;
e
ijk
= erro aleatório associado à cada observação Y
ijk..
Os graus de liberdade referentes aos níveis de inclusão da semente de canola,
extrusada ou não, às rações foram desdobrados em polinômios ortogonais.
22
Para comparar a ração testemunha com cada um dos níveis de inclusão de semente de
canola integral moída e semente de canola extrusada, foi utilizado o teste de Dunnett
(P<0,05) (Vieira & Hoffmann, 1989).
23
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os teores de matéria seca, proteína bruta, extrato etéreo, matéria orgânica, cálcio,
fósforo e de energia bruta da semente de canola integral moída e da semente de canola
extrusada podem ser visualizados na Tabela 3.
TABELA 3 – Teores de matéria seca, proteína bruta, extrato etéreo, matéria orgânica,
cálcio, fósforo total e energia bruta da semente de canola integral moída
(SCI) e da semente de canola extrusada (SCE) com base na matéria seca.
TABLE 3 – Values of dry matter, crude protein, ether extract, organic matter, calcium, total phosphorus, and
gross energy of non-extruded canola seed (NECS) and extruded canola seed (ECS) on dry
matter basis
Parâmetros
Parameters
SCI
1
NECS
SCE
1
ECS
Matéria seca, %
Dry matter, %
95,35 96,15
Proteína bruta, %
Crude Protein, %
24,66 27,16
Extrato etéreo, %
Ether extract, %
40,56 37,55
Matéria orgânica, %
Organic matter, %
96,59 97,06
Cálcio, %
Calcium, %
0,37 0,36
Fósforo total, %
Total phosphorus, %
0,57 0,56
Energia bruta, kcal/kg
Gross energy, kcal/kg
6.681 6.677
1
Análises realizadas no LANA – DZO/UEM
1
Analyses performed at LANA-DZO/UEM
Pode-se verificar que a semente de canola integral moída apresentou maiores teores
de extrato etéreo, matéria orgânica e energia bruta, porém apresentou menores teores de
proteína bruta do que a semente de canola extrusada.
Essas variações nos teores de nutrientes que ocorreram entre as sementes de canola
podem ser atribuídas principalmente à perda de umidade e óleo que ocorreu durante o
24
processo de extrusão, o que pode ser observado nos valores de matéria seca e extrato etéreo
das duas canolas avaliadas.
Scapinello et al. (1996) encontraram teor de energia bruta de 5.475 kcal/kg para a
semente de canola, sendo o mesmo inferior ao encontrado neste trabalho, que foi de 6.370
kcal/kg.
Murakami et al. (1997) avaliando a semente de canola para aves, verificaram teores
de 92,04% de MS; 23,61% de PB; 31,20% de EE; 0,36% de Ca; e 0,55% de fósforo. Pode-
se observar que os teores de proteína bruta, cálcio e fósforo foram similares aos
determinados no presente trabalho, enquanto que os teores de extrato etéreo e matéria seca
foram menores. Sorrel & Shurson (1990) citados por D’Oliveira (1995) também
encontraram para a semente de canola teor de MS (93,20%) menor que o encontrado neste
trabalho. Porém, os teores de PB (24,9%), EE (37,6%), Ca (0,45%) e P (0,78%) foram
superiores. Os teores de nutrientes apresentados por Scapinello et al. (1996), de 91,22% de
MS; 22,63% de PB; 0,28% de Cálcio e 0,40% de P, foram inferiores, com exceção ao
extrato etéreo (39,55%).
Essas diferenças na composição podem ser decorrentes da variação entre os cultivares
utilizados nos experimentos. Para a semente de canola extrusada não foram encontrados
valores na literatura que possam ser comparados aos encontrados no presente trabalho.
Na Tabela 4, estão apresentados os coeficientes de digestibilidade aparente da matéria
seca (CDMS), da proteína bruta (CDPB), do extrato etéreo (CDEE), da matéria orgânica
(CDMO) e da energia bruta (CDEB) dos alimentos avaliados e seus respectivos erros
padrão.
25
TABELA 4 – Coeficientes de digestibilidade aparente da matéria seca (CDMS), proteína
bruta (CDPB), extrato etéreo (CDEE), matéria orgânica (CDMO), energia
bruta (CDEB) e respectivos erros-padrão, para a semente de canola integral
moída (SCI) e semente de canola extrusada (SCE), com base na matéria seca
TABLE 4 – Dry mater (DMDC), crude protein (CPDC), ether extract (EEDC), organic matter (OMDC) and
gross energy (GEDC) apparent digestibility coefficients and their rescpective standard errors
for non-extruded canola seed (NECS) and extruded canola seed (ECS) on dry matter basis
Parâmetros
Parameters
SCI
NECS
SCE
ECS
EP
1
SE
CDMS, %
DMDC, %
67,78 ± a
82,43b 2,76
CDPB, %
CPDC, %
69,65a 69,57a 1,04
CDEE, %
EEDC, %
74,71a 92,85b 3,51
CDMO, %
OMDC, %
65,98a 80,47b 2,61
CDEB, %
GEDC, %
62,82a 81,67b 3,33
Médias seguidas de letra diferentes, na mesma linha, diferem significativamente entre si (P<0,05) pelo teste de F.
1
Erro padrão.
Means followed by different letters in the same line are significantly different (P<0,05) by F test.
1
Standard error.
Exceto para o CDPB, os demais coeficientes foram significativamente superiores
(P<0,05) para a semente de canola extrusada. Devido à mudança conformacional na
estrutura da molécula de proteína, que ocorre durante o processo de extrusão era esperado
que houvesse uma melhora significativa na digestibilidade deste nutriente para a semente
de canola extrusada em relação à semente de canola integral moída, pois a proteína fica
mais sensível à hidrólise pelas enzimas proteolíticas e, em muitos casos a sua
digestibilidade e utilização aumentam, entretanto, isso não ocorreu neste experimento.
A melhoria na digestibilidade do CDEB pode ser explicada pelos efeitos benéficos
promovidos pelo processamento por extrusão, que promove transformações físicas
benéficas nos grânulos de amido, provocando uma desorganização estrutural, favorecendo,
conseqüentemente, a ação enzimática (Furlan et al. 2004).
26
Avaliando o milho e o triticale extrusados ou não, Furlan et al. (2004) verificaram que
o processamento por extrusão não trouxe benefício às rações testes contendo triticale,
contudo, os coeficientes de digestibilidade da matéria orgânica e da energia bruta da ração
teste, contendo milho extrusado, foram superiores àquela com milho comum não
processado.
Por outro lado, Thacker & Quiao (2002), avaliaram desempenho, digestibilidade e
características de carcaça com suínos em crescimento e terminação alimentados com dietas
contendo farelo e semente de canola extrusados ou não e não observaram melhoria na
digestibilidade dos nutrientes dos alimentos extrusados em relação aos alimentos não
extrusados, assim como não encontraram diferenças entre os coeficientes de digestibilidade
dos alimentos testados.
Bell et al. (1985) observaram coeficiente de digestibilidade da proteína bruta da
semente de canola pouco inferior ao encontrado no presente trabalho. Utilizando a torta de
canola na alimentação de suínos, Keith & Bell (1991), obtiveram coeficiente de
digestibilidade da proteína bruta de 75% para a semente de canola, valor semelhante àquele
observado por Scapinello et al. (1996), de 72,74%, determinado com coelhos em
crescimento.
Os teores de matéria seca digestível (MSD), proteína digestível (PD), extrato etéreo
digestível (EED), matéria orgânica digestível (MOD) e energia digestível (ED) para leitões
em fase de creche estão apresentados na Tabela 5.
27
TABELA 5 – Teores de matéria seca digestível (MSD), proteína digestível (PD), extrato
etéreo digestível (EED), matéria orgânica digestível (MOD) e energia
digestível (ED) da semente de canola integral moída (SCI) e da semente de
canola extrusada (SCE), com base na matéria seca
TABLE 5 – Values of digestible dry matter (DDM), digestible protein (DP), digestible ether extract (DS),
digestible organic matter (OMD) and digestible energy (DE) of non-extruded canola seed
(NECS) and extruded canola seed (ECS) on dry matter basis
Parâmetros
Parameters
SCI
UCS
SCE
ECS
MSD, %
DDM, %
62,32 76,34
PD, %
DP, %
14,98 21,34
EED, %
DEE, %
30,50 35,27
MOD, %
OMD, %
63,83 78,20
ED, kcal/kg
DE, kcal/kg
4.197 5.234
Pode-se observar que a energia digestível, o extrato etéreo digestível, a matéria
orgânica digestível e a matéria seca digestível da semente de canola extrusada foram
superiores aos valores da semente de canola integral moída, sugerindo que o processamento
por extrusão melhorou a digestibilidade destes nutrientes, contudo não foi eficiente para a
proteína bruta.
Valores superiores de energia digestível e de proteína digestível para a semente de
canola (4.574kcal/kg e 18,05%) foram obtidos com coelhos em crescimento, por Scapinello
et al. (1996). Para frangos de corte, o teor de energia metabolizável de 4.412kcal/kg obtido
por Murakami et al. (1997), para a semente de canola, também foi superior.
Na Tabela 6 estão apresentados os resultados de desempenho dos leitões na fase de
creche. Excluindo a ração testemunha, a análise de regressão mostrou redução linear do
consumo diário de ração (P<0,05) à medida que os níveis de inclusão da semente de canola
extrusada às rações aumentaram. Tal fato pode ser atribuído à piora na palatabilidade da
ração com o aumento nos níveis de inclusão, ou ainda, pela maior adição de farelo de trigo
28
à ração contendo 18% de canola extrusada, o que elevou o teor de fibra bruta da ração, em
relação aos outros níveis de inclusão.
TABELA 6 – Consumo diário de ração (CDR), ganho de peso diário (GPD), conversão
alimentar (CA) e respectivos erros-padrão, para leitões em fase de creche,
alimentados com rações contendo níveis crescentes de inclusão da semente
de canola integral moída (SCI) e da semente de canola extrusada (SCE)
TABLE 6 – Daily feed intake (DFI), daily weight gain (DWG) and feed:gain ratio (F:G) of nursery piglets fed
diets with increasing levels of non-extruded canola seed (NECS) and extruded canola seed (ECS)
Níveis de inclusão da semente de canola (%)
Inlcusion levels of canola seed (%)
SCI
NECS
SCE
ECS
Variáveis
Variables
0 6 12 18
Média
Mean
6 12 18
Média
Mean
EP
1
SE
1
CDR, kg/dia
2
DFI, kg/dia
2
1,43 1,37 1,46 1,42 1,42 1,52 1,35 1,33 1,40 0,024
GPD, kg/dia
DWG, kg/day
0,735 0,692 0,717 0,723 0,711 0,776 0,691 0,721 ,730 0,013
CA
F:G
1,96 1,99 2,03 1,97 2,00 1,97 1,95 1,84 1,92 0,023
1
Erro padrão.
2
Efeito linear (P<0,05) dos níveis de inclusão de SCE (Y = 1,589226 - 0,0160082 X)
1
Standard error.
2
Linear effect (P<0.05) of inclusion for ECS (Y = 1,589226 - 0,0160082 X)
Pelo teste de Dunnet, considerando as variáveis de desempenho, não foram
observadas diferenças (P>0,05) entre a ração testemunha e quaisquer dos níveis de inclusão
da semente de canola extrusada ou não.
Neste experimento, a ausência de diferença com o aumento dos níveis de canola
extrusada nas rações sobre o ganho de peso demonstra a eficiência de utilização deste
alimento pelo animal, pois, mesmo diminuindo o consumo os ganhos foram semelhantes
em todos os tratamentos. Isto confirma o que é verificado em algumas pesquisas, onde o
processamento por extrusão melhora a digestibilidade dos nutrientes do alimento
processado.
Thacker & Quiao (2002), também não observaram diferenças significativas nos dados
de desempenho e de características de carcaça entre os tratamentos contendo semente ou
29
farelo de canola extrusados ou não. Este fato demonstra que a utilização deste
processamento não teve efeito negativo sobre a qualidade dos nutrientes contidos nos
alimentos avaliados pelos autores.
Bertol et al. (2001) observaram que a substituição parcial do farelo de soja pela soja
integral extrusada na dieta de leitões, desmamados aos 21 dias de idade, melhorou o
desempenho dos leitões. Moreira (1993), avaliando o uso de milho e soja integral
processados a calor na alimentação de leitões, concluiu que a utilização da soja integral,
adequadamente extrusada, em rações de leitões, apresentou respostas semelhantes às rações
contendo farelo de soja + óleo, assim como a substituição de 50% do milho comum por
milho pré-cozido ou milho extrusado propiciou melhoria no consumo de ração e ganho de
peso dos leitões.
A concentração de nitrogênio da uréia plasmática (NUP) no plasma sanguíneo dos
leitões, analisados no início e no fim do experimento está apresentada na Tabela 7.
TABELA 7 – Concentração de nitrogênio da uréia plasmática (NUP) das rações
experimentais contendo semente de canola integral moída (SCI) ou
semente de canola extrusada (SCE), no dia 0 e no 28º dia de experimento
TABLE 7 – Plasm urea nitrogen (PUN) concentration of experimental diets containing non-extruded canola
seed (NECS) or extruded canola seed (ECS)on day 0 and on the 28
th
day of experiment
Nível de inclusão da semente de canola (%)
Inclusion level of canola seed (%)
SCI
NECS
SCE
ECS
RT
CD
6 12 18
Média
Mean
6 12 18
Média
Mean
EP
1
SE
1
NUP(mg/dL) dia 0
PUN (mg/dL) day 0
16,44 14,02 15,56 17,54 15,71 15,5 17,24 16,29 16,34 0,48
NUP(mg/dL)dia 28
PUN (mg/dL) day 28
20,59 19,32 17,89 16,98 18,06 19,36 17,52 16,93 17,93 0,45
1
Erro padrão.
1
Standard error.
30
Pelo teste de Dunnett, comparando a concentração de NUP da ração testemunha com
cada um dos níveis de inclusão de semente de canola extrusada ou não, não foram
observadas diferenças significativas (P>0,05) entre estes tratamentos.
De acordo com Coma et al. (1995), a qualidade da proteína é inversamente
proporcional à concentração de NUP. A ausência de diferença (P>0,05) na concentração de
NUP entre todos os tratamentos indica que a qualidade da proteína da semente de canola,
tanto integral quanto extrusada, é semelhante à qualidade da proteína fornecida na ração
testemunha, proveniente do farelo de soja.
Na Tabela 8 está apresentado o diâmetro geométrico médio (DGM) das partículas das
rações de cada tratamento fornecidas aos leitões durante os 28 dias de período
experimental.
TABELA 8 – Diâmetro geométrico médio (DGM) das partículas das rações experimentais
contendo semente de canola integral moída (SCI) ou semente de canola
extrusada (SCE)
TABLE 8 – Particle medium geometric diameter (MGD) of experimental diets containing non-extruded canola seed
(UCS) or extruded canola seed (ECS)
Níveis de inclusão de semente de canola (%)
Inclusion levels of canola seed (%)
SCI
NECS
SCE
ECS
Variáveis
Variables
RT
CD
6% 12% 18% 6% 12% 18%
DGM, μm
MGD,
μ
m
614 572 602 635 644 686 668
Os valores de diâmetro geométrico médio das partículas das rações experimentais que
continham semente de canola extrusada foram maiores do que as que continha semente de
canola integral moída. Segundo Zanotto et al. (1995), a digestibilidade e o desempenho dos
suínos melhoram com a diminuição do DGM das partículas, sendo que os melhores
resultados aparecem quando o DGM situa-se entre 500 e 650 μm.
31
Os maiores diâmetros das rações contendo semente de canola extrusada podem ser
explicados em função de que o processo de extrusão promoveu a formação de grumos, que
embora quebrados, ainda permaneceram de maior tamanho.
O resultado da análise econômica (Tabela 9), considerou o custo da semente de
canola integral a R$ 35,00 a saca de 60 kg e o custo da semente canola extrusada a R$
38,00 a saca de 60 kg.
TABELA 9 - Custo do quilograma de ração, custo de ração por quilograma de peso vivo
ganho (CR) dos leitões, índice de eficiência econômica (IEE) e índice de
custo (IC)
TABLE 9 - Diet cost per kilogram, diet cost per kilogram of piglet liveweight gain (DC), economical
efficiency index (EEI) and cost index (CI)
Níveis de inclusão da semente de canola (%)
Inclusion levels of canola seed (%)
Variáveis
Variables
SCI
NECS
SCE
ECS
EP
1
, %
RT
CD
6 12 18 6 12 18
SE
1
, %
Custo da ração, R$/kg
Diet cost, R$/kg
0,561 0,515 0,501 0,486 0,489 0,450 0,473 -
CR, R$/kg PV ganho
2
DC
, R$/kg BW gain
1,097 1,024 1,02 0,96* 0,96* 0,879* 0,872* 0,018
IEE
EEI
80 85 86 91 91 99 100 -
IC
CI
126 117 117 110 110 101 100 -
1
Erro padrão.
2
Efeito linear (P<0,05) (Y=0,99523 - 0,007555 X)
*Difere da testemunha pelo teste de Dunnett (P<0,05).
1
Standard error.
2
Linear effect (P<0,05) (Y=0,99523 - 0,007555X).
*Differs from control by Dunnett test (P<0,05).
O custo da ração por quilograma de peso vivo ganho reduziu linearmente (P<0,05)
com o aumento da inclusão da semente de canola integral moída e da semente de canola
extrusada.
Aplicando-se o teste de Dunnett para comparar a ração testemunha com cada um dos
níveis de inclusão de semente de canola integral moída ou de semente de canola extrusada,
observou-se menor (P<0,05) custo da ração por quilograma de peso vivo ganho nas rações
32
contendo 18% de semente de canola integral moída e 6, 12 e 18% de semente de canola
extrusada.
Os melhores IEE e IC foram obtidos quando a semente de canola extrusada foi
incluída ao nível de 18% na ração teste.
33
CONCLUSÕES
Nas condições em que os experimentos foram conduzidos, pode-se concluir que:
- a semente de canola integral moída e a semente de canola extrusada apresentam
bons valores nutritivos e conteúdo de energia digestível de 4.197 e 5.234 kcal/kg
na matéria seca, respectivamente;
- a semente de canola integral moída e a semente de canola extrusada podem ser
incluídas nas rações de leitões em fase de creche até o nível de 18% sem
prejudicar o desempenho dos mesmos;
- as rações contendo semente de canola extrusada proporcionaram menores custos
por quilograma de animal produzido, sendo que o nível de 18% de inclusão teve o
menor custo entre todos os tratamentos.
34
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