81
estatuto de leis, as palavras só tomam parte na
experiência ou têm experiência concreta por meio de
suas manifestações. (SANTAELLA,2001a, p. 262).
Embora o texto lingüístico parta, de acordo com a sua fragmentação, de
um simbolismo, de uma regra convencionada nas características do
alfabeto, nem sempre a mensagem que se forma é denotativa. Ao
pensarmos em peças publicitárias de automóveis, o sentido de
determinado texto lingüístico se forma a partir de uma semiose
complexa, em que é possível chegar a inúmeros interpretantes a partir
da confluência entre imagem e texto, sendo que o texto lingüístico pode
direcionar, muito possivelmente, a interpretantes conotativos gerados a
partir da própria cultura. Segundo Carvalho (2003, p. 106),
o texto publicitário, qualquer que seja a mensagem
implícita, é o testemunho de uma sociedade de consumo
e conduz a uma representação da cultura a que pertence,
permitindo estabelecer uma relação pessoal com a
realidade particular.
Carvalho (2003) coloca ainda que a publicidade trabalha com
conotações culturais, icônicas, indiciais e simbólicas
18
, tanto associadas
à imagem, como ao texto, ou ainda no conjunto de imagem e texto.
18
No que Peirce (1975) classificou em sua Teoria Geral dos Signos como “Uma
Segunda Tricotomia dos Signos” houve a inserção de uma classificação significativa
dos signos, tida inclusive, como básica para o entendimento do tema; trata-se da
classificação de Ícone, Índice (ou Indicador) e Símbolo. Por Ícone entende-se o signo
que pode representar o objeto principalmente por similaridade, independentemente do
seu modo de ser. O Índice pode ser entendido como um signo fortemente associado
ao interpretante. Quando pensamos em Índice, ou seja, quando nos comunicamos por
meio de signos indicadores, levamos muito em conta nossas experiências, a forma
individual de interpretação, e tentamos nos fazer entender por meio da experiência do
outro. Ao mencionarmos o último elemento triádico - o símbolo -, verificamos que não
existe uma ligação direta e semelhança entre signo e objeto, pois é construído por
meio de convenção ou regra; em outras palavras o símbolo deve gerar sempre o
mesmo interpretante, visto que se trata de uma lei ou regularidade, e seu significado
é ampliado por meio do uso e da experiência. Tais entendimentos são necessários,
visto que essa relação triádica ainda será mencionada em outros pontos da
dissertação.