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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
“Júlio de Mesquita Filho”
Departamento de Física e Química
Campus de Ilha Solteira, Sp.
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Caracterização de Sistemas Vítreos
Baseados no Formador B
2
O
3
e P
2
O
5
Dopados com
CeO
2
Vabson Guimarães Borges
Ilha Solteira – SP
2006
Dissertação apresentada como
requisito parcial para a obtenção
do grau de Mestre pelo programa
de Pós-Graduação em Ciência dos
Materiais da Universidade
Estadual Paulista.
Área de concentração: Física da
matéria condensada
Orientador: Victor Ciro Solano
Reynoso
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ii
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS ................................................................................................. iv
LISTA DE TABELAS ................................................................................................ xi
1.1 – Introdução ...................................................................................................... 19
1.2 – O Cério Metálico. .......................................................................................... 20
1.3 – Ocorrência do elemento................................................................................ 21
1.4 – O Óxido de Cério .......................................................................................... 22
1.5- Aplicações Gerais ........................................................................................... 22
1.6 – Aplicações do CeO
2
em Vidros. .................................................................. 23
1.6.1 – Propriedades do Cério nos vidros. ........................................................... 23
1.7 – Configuração Eletrônica dos íons de Cério ................................................ 24
1.7.1 Configuração dos elétrons num átomo. ..................................................... 24
1.7.2 – Configuração eletrônica do Ce.................................................................. 26
1.7.3 – Configuração eletrônica do íon Ce
3+
e Ce
4+
. ........................................... 27
1.8 - Absorção de radiação nos vidros ................................................................ 28
1.9 - Caracterização óptica dos íons das terras raras......................................... 30
1.10 - Luminescência e fluorescência................................................................... 32
1.10.1 – O fundamento quântico da regra de Stokes: ......................................... 34
3.4.1 – Obtenção do vidro BBKC (B
2
O
3
-BaO-K
2
O-CeO
2
). ................................... 66
3.5 – Processo de preparação das amostras para a caracterização.................. 70
3.7 - Técnicas de caracterização utilizadas......................................................... 72
3.7.1- Calorimetria diferencial de varredura (DSC). ............................................. 72
3.10 – Espectroscopia no UV – Visível. ................................................................ 81
3.15 – Espectroscopia no infravermelho (FTIR)................................................... 87
4 – Resultados e discussões................................................................................. 90
4.1.2 – Medidas no UV-Vis. .................................................................................... 91
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iii
4.1.6 – Medidas UV-Vis........................................................................................... 96
4.2 – Sistema P
2
O
5
– Na
2
O – PbO –ZnO – CeO
2
(VCKT). ................................... 103
4.2.1 - Medidas de Absorção na Região UV-Vis................................................. 103
4.2.3 - Medidas de infravermelho (FTIR). ............................................................ 107
4.3 – Vidro fosfato (PCNL) 50P
2
O
5
– 10CdO – 36Na
2
O – 04La
2
O
3
– xCeO
2
...... 111
4.3.1 – Medidas de UV – Visível........................................................................... 111
4.4 – Banda proibida e energia da cauda. .......................................................... 113
4.5 – Medidas de Infravermelho (FTIR). ............................................................. 114
4.6 – Medidas Térmicas (DSC)............................................................................. 116
4.7 Cinética de Cristalização dos vidros fosfatos PNCL dopados com
concentrações de 20mg de CeO
2
........................................................................ 120
4.7.1 – Vidro dopado com 26 mg de CeO
2
. ......................................................... 124
4.7.2 – Cinética de cristalização do vidro dopado com 26 mg de CeO
2
........... 127
4.7.2.1 – Para as amostras com tamanho de partícula entre [45µm a 63µm] .. 127
4.7.2.2 – Para as amostras com tamanho de partícula entre [75µm a 106µm] 132
4.7.3 – Cinética de Cristalização para o vidro dopado com 60 mg de CeO
2
.... 136
4.7.3.1 – P ara as amostras com tamanho de partícula < 38 µm ...................... 136
4.8 – Deconvolução dos espectros UV de absorção dos íons Ce
3+
e Ce
4+
...... 140
4.8.1 – Deconvolução nos vidros Boratos BBKC. ............................................ 141
4.8.2 – Deconvolução vidros Fosfatos VCKT..................................................... 142
4.8.3 – Deconvolução vidros Fosfatos PNCL..................................................... 143
Conclusões ........................................................................................................... 148
5.1 Medidas de Absorção óptica UV-Vis............................................................. 149
5.2 – Medidas de Infravermelho .......................................................................... 150
5.3 Nas Medidas Térmicas................................................................................... 151
Referências ........................................................................................................... 152
iv
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 –Metal Cério descoberto em 1803
4
......................................................... 21
Figura 2 - Distribuição eletrônica do elemento químico Cério (Z = 58) ............. 26
Figura 3 - Distribuição dos spins na subcamada f do Cério............................... 27
Figura 4 - Níveis de energia do íon Ce
3+
.............................................................. 28
Figura 5 - Absorção de um fóton através de uma excitação eletrônica da banda
de valência para a banda de condução. ............................................................... 33
Figura 6 - Definição de temperatura de transição vítrea
g
T
. Variação do volume
específico
f
V
com a temperatura (
l
: líquido;
ls
: líquido superesfriado ........ 44
Figura 7 - Influência da taxa de resfriamento U sobre a posição do ponto de
transição T
g
, considerando U
1
< U
2
< U
3
21
........................................................... 45
Figura 8 Diagrama esquemático da separação de fase abaixo as temperatura
de líquidus, em um sistema binário A-B: 1- curva de líquidus, 2 temperatura
crítica, 3 linha binodal, 4 linha espinodal, 5 decomposição espinodal, 6
nucleação e separação de fases separadas.
25
.................................................... 52
Figura 9 – Dependência da energia livre, G, sobre as composições em sistemas
binários A -B para a temperatura T
1
.
25
................................................................ 52
Figura 10 Mudança na energia livre
G
associado com o decaimento da
composição X
25
...................................................................................................... 53
Figura 11 Mudança na energia livre
G
associado com o decaimento da
composição Y
25
...................................................................................................... 53
Figura 12 Desenvolvimento do perfil de concentração durante o crescimento
de uma fase nucleada: A Momento do aparecimento de uma flutuação em
concentração
25
. B- No processo de separação. C – No equilíbrio. .................. 54
v
Figura 13 Desenvolvimento do perfil de concentração durante o processo de
maturação Ostwaldian
25
........................................................................................ 55
Figura 14 - Estruturas na forma de anéis boroxol, que são possíveis nos vidros
baseados em boratos............................................................................................. 59
Figura 15 - Estruturas básicas possíveis nos vidros baseados em boratos
32
.. 60
Figura 16 – Tipos mais comuns de grupamentos fosfatos, onde (a): ortofosfato;
(b): pirofosfato; (c): metafosfato linear e (d): metafosfato cíclico...................... 62
Figura 17- Estrutura tetragonal vidro fosfato....................................................... 63
Figura 18 – Ilustração do processo de fusão das matrizes vítreas................... 65
Figura 19– Matriz fosfato VCKT............................................................................. 68
Figura 20– Vidro fosfato PNCL com 5mol% de La
2
O
3
......................................... 70
Figura 21– Processo de preparação das amostras ............................................. 71
Figura 22 - Esquema para descrever passos estudados nos sistemas vítreos
................................................................................................................................. 72
Figura 23- Diagrama esquemático do compartimento da amostra na análise por
DSC.......................................................................................................................... 73
Figura 24– Curva calorimétrica característica de análise de DSC ..................... 74
Figura 25 – Pico de cristalização numa curva de DTA........................................ 77
Figura 26 – Gráfico de transmitância no UV-VIS..................................................... 81
Figura 27 - Diagrama de densidade de estado para três sistemas diferentes em
(a) cristalino, em (b) vidros, filmes assoprados, em (c) filme evaporado.......... 82
Figura 28 – Coeficiente de absorção em função de energia............................... 83
Figura 29 – Ajuste da energia de separação óptica............................................. 85
Figura 30 – Ajuste da energia da banda da cauda............................................... 86
Figura 31– Espectro de transmitância no infravermelho .................................... 88
vi
Figura 32 - Espectro de transmitância dos vidros boratos dopados com 92,8
mg de CeO
2
............................................................................................................. 91
Figura 33 Banda proibida e energia da cauda dos vidros boratos dopados
com 92,8 mg de CeO2 ............................................................................................ 92
Figura 34 Medidas de Infravermelho de lâminas dos vidros boratos sem
irradiar ..................................................................................................................... 94
Figura 35 Espectros infravermelho das diferentes composições dos vidros
boratos .................................................................................................................... 95
Figura 36 Uv-vis lâmina do vidro BBKC irradiado ............................................... 96
Figura 37 Medidas de Infravermelho de lâminas dos vidros irradiados do
sistema BBKC......................................................................................................... 98
Figura 38 Espectros infravermelho de diferentes composições dopados com
92,8 mg de CeO
2
irradiados com raios x. ........................................................... 99
Figura 39 - Medidas de Infravermelho dos vidros sem irradiar e irradiado do
vidro BBKC I ......................................................................................................... 100
Figura 40 - Medidas de Infravermelho dos vidros sem irradiar e irradiado do
vidro BBKC II ........................................................................................................ 100
Figura 41 Medidas de Infravermelho dos vidros sem irradiar e irradiado do
vidro BBKC III ....................................................................................................... 101
Figura 42 - Medidas de Infravermelho dos vidros sem irradiar e irradiado do
vidro BBKC IV ....................................................................................................... 101
Figura 43 Medidas de Infravermelho dos vidros sem irradiar e irradiado do
vidro BBKC V ........................................................................................................ 102
Figura 44 - Medidas de Infravermelho dos vidros sem irradiar e irradiado do
vidro BBKC VI ....................................................................................................... 103
vii
Figura 45 Espectros de absorção em função da variação da quantidade do
dopante CeO
2
........................................................................................................ 104
Figura 46 - Refletância especular na região UV-Vis .......................................... 105
Figura 47 - Banda proibida e energia da cauda dos vidros fosfatos dopados
com diversas concentrações de CeO
2
................................................................ 106
Figura 48- Espectro infravermelho da matriz fosfato utilizado na dopagem com
CeO
2
....................................................................................................................... 107
Figura 49- Gráfico da Transmissão do infravermelho variando a quantidade do
dopante CeO
2
........................................................................................................ 108
Figura 50 Medidas Transmitância UV-visivel e infravermelho para os vidros
irradiados com 0,5% de CeO
2.
............................................................................ 109
Figura 51 – Medidas de infravermelho do vidro fosfato VCKT......................... 110
Figura 52 Medidas de Transmitância para os vidros irradiados dopados com
0,5% de CeO
2
........................................................................................................ 110
Figura 53 - Medidas de Transmitância para os vidros irradiados dopados com
0,5% de CeO
2
........................................................................................................ 111
Figura54 – UV-viz. Conjunto vítreo variando quantidade de dopante CeO
2
.... 112
Figura 55 Medida de Uv-viz vidro PNCL dopado com diferentes quantidades
de CeO
2
.................................................................................................................. 113
Figura 56 - Gráfico da energia da cauda em função da concentração do
dopante e da Energia da banda proibida pela concentração de dopante. ..... 114
Figura 57 – Gráfico infravermelho conjunto vítreo PNCL ................................. 115
Figura 58 - Variando quantidade de dopante CeO2com 10ºC........................... 117
Figura 59 - Variando quantidade de dopante CeO
2
com temperatura 10ºC/min.,
temperatura de Tg pela quantidade de dopante CeO
2
. ..................................... 119
viii
Figura 60 – Parâmetro de estabilidade dos vidros dopados com diferentes
concentrações de cério........................................................................................ 120
Figura 61 - Vidro PNCL 20mg CeO2 partículas ≤38 .......................................... 121
Figura 62 - Vidro PNCL 20mg CeO
2
partícula 38, temperatura Tg pela taxa
de aquecimento. ................................................................................................... 121
Figura 63 - Gráfico da energia de ativação para o conjunto vítreo dopado com
20mg CeO
2
medidas DSC com partículas
38µm............................................ 123
Figura 64 - Índice de Avrami para a fração de cristalização obtida em 436
o
C
calculado com diferentes taxas para o pico 1 ................................................... 123
Figura 65 Índice de Avrami para a fração de cristalização obtida em 461
o
C
calculado com diferentes taxas para o pico 2 ................................................... 124
Figura 66 - Vidro PNCL 26mg CeO
2
variando tamanho do grão....................... 125
Figura 67 - Vidro PNCL 26mg CeO2 variando tamanho do grão, temperatura de
Tg pelo tamanho do grão..................................................................................... 126
Figura 68 - Vidro PNCL 26mg CeO2 variando tamanho do grão, taxa de inicio
de cristalização pelo tamanho do grão............................................................... 127
Figura 69- Vidro PNCL 26mg CeO
2
para partículas entre 45 < x < 63
µ
µµ
µ
m....... 128
Figura 70 - Vidro PNCL 26mg CeO2, grão 45 < x < 63
µ
µµ
µ
m, temperatura de Tg
pela taxa de aquecimento. ................................................................................... 129
Figura 71 - Gráfico da energia de ativação para o conjunto vítreo dopado com
26mg CeO
2
com tamanho de grãos variando entre 45 e 63µm......................... 130
Figura 72 Índice de Avrami para a fração de cristalização obtida em 452
o
C
calculado com diferentes taxas para o pico 1 ................................................... 131
Figura 73 Índice de Avrami para a fração de cristalização obtida em 474
o
C
calculado com diferentes taxas para o pico 2 ................................................... 131
ix
Figura 74 - Vidro PNCL 26mg CeO2 grão 75 < x < 106
µ
µµ
µ
m ............................ 132
Figura 75 - Vidro PNCL 26mg CeO
2
grão 75 < x < 106
µ
µµ
µ
m, temperatura de Tg
pela taxa de aquecimento. ................................................................................... 133
Figura 76 - Gráfico da energia de ativação para o conjunto vítreo dopado com
26mg CeO
2
com tamanho de partículas variando entre 75 e 106µm................ 134
Figura 77 Índice de Avrami para a fração de cristalização obtida em 474
o
C
calculado com diferentes taxas para o pico 1 ................................................... 135
Figura 78 Índice de Avrami para a fração de cristalização obtida em 496
o
C
calculado com diferentes taxas para o pico 2 ................................................... 135
Figura 79 - Vidro PNCL 60mg CeO
2
partícula ≤ 38 ............................................ 136
Figura 80 - Vidro PNCL 60mg CeO
2
partículas x 38, temperatura de Tg pela
taxa de aquecimento. ........................................................................................... 137
Figura 81 - Gráfico da energia de ativação para o conjunto vítreo dopado com
60mg CeO
2
com tamanho de partículas x ≤ 38. ................................................. 138
Figura 82 Fração de cristalização do vidro PNCL pico 1 com 60mg CeO
2
em
função do tempo................................................................................................... 138
Figura 83 Fração de cristalização do vidro PNCL pico 2 com 60mg CeO
2
em
função do tempo................................................................................................... 139
Figura 84 Índice de Avrami para a fração de cristalização obtida em 470
o
C
calculado com diferentes taxas para o pico 1 ................................................... 139
Figura 85 Índice de Avrami para a fração de cristalização obtida em 470
o
C
calculado com diferentes taxas para o pico 2. .................................................. 140
Figura 86 – Deconvolução para vidro BBKC 4................................................... 142
Figura 87 – Deconvolução do vidro VCKT 30mg CeO
2
..................................... 143
Figura 88 – Deconvolução do vidro PNCL 20mg CeO
2
..................................... 144
x
Figura 89 – Deconvolução do vidro PNCL 23mg CeO
2
..................................... 145
Figura 90 – Deconvolução do vidro PNCL 26mg CeO
2
..................................... 146
xi
LISTA DE TABELAS
Tabela I – Distribuição eletrônica dos elementos químicos. .............................. 25
Tabela II – Níveis de estado dos átomos e dos seus estados excitados........... 25
Tabela III – Cério Metálico e iônico
8
...................................................................... 28
Tabela IV – Procedência dos principais componentes utilizados nas
preparações das amostras vítreas do vidro borato BBCK. ................................ 61
Tabela V – Composição do vidro Borato (BBKC) ................................................ 66
Tabela VI – Procedência dos principais componentes utilizados nas
preparações das amostras vítreas do vidro fosfato VCKT. ................................ 67
Tabela VII – Composição do vidro Fosfato ( VCKT ) ........................................... 67
Tabela VIII – Procedência dos principais componentes utilizados nas
preparações das amostras vítreas do vidro fosfato PNCL ................................. 69
Tabela IX - Composição do vidro fosfato (PNCL) ................................................ 69
Tabela X – Variação de dopante CeO
2
.................................................................. 70
Tabela XI - Correlações estabelecidas entre o índice de Avrami e fatores que
indicam o mecanismo de separação de fases. .................................................... 80
Tabela XII - Correlações estabelecidas entre o índice de Avrami e fatores que
indicam o mecanismo de separação de fases. .................................................... 80
Tabela XIII – Medidas de infravermelho das diferentes composições dos vidros
boratos .................................................................................................................... 95
Tabela XIV – Absorção infravermelho (cm
-1
) das amostras em pó do vidro
PNCL para várias concentrações de CeO
2
......................................................... 116
Tabela XV - Variando quantidade de dopante CeO
2
com temperatura 10ºC/min.
............................................................................................................................... 118
xii
Tabela XVI - Vidro PNCL 20mg CeO
2
– partícula x ≤ 38..................................... 122
Tabela XVII - Vidro PNCL 26mg CeO2 variando tamanho de partícula. ........... 125
Tabela XVIII - Vidro PNCL 26mg CeO2 grão 45 < x < 63
µ
µµ
µ
m ........................... 128
Tabela XIX - Vidro PNCL 26mg CeO2 grão 75 < x < 106
µ
µµ
µ
m .......................... 133
Tabela XX - Vidro PNCL 60mg CeO
2
grão x ≤ 38 ............................................... 137
Tabela XXI - Vidro BBKC IV ................................................................................ 142
Tabela XXII - Vidro VCKT 30mg CeO
2
................................................................ 143
Tabela XXIII – Vidro PNCL 20mg CeO2 ............................................................... 144
Tabela XXIV – Vidro PNCL 23mg CeO
2
............................................................... 145
Tabela XXV – Vidro PNCL 26mg CeO2................................................................ 146
xiii
A minha esposa Christianne Vieira
Guimarães e aos meus pais Vilson Alves
Borges e Elteni Guimarães Borges. Que
jamais deixaram de incentivar com seu
apoio irrestrito. Que demonstraram que
amar é ter a certeza do outro, mesmo
estando ausente. Que sempre souberam
que é mais importante ser um homem de
valor do que ser um homem de sucesso.
xiv
AGRADECIMENTOS
Ao Professor Victor Ciro por sua dedicação como orientador; com quem
aprendi que a disciplina é a parte mais importante do êxito.
Aos Professores, Doutora Darcy Hiroe Fujii Kanda, Doutor Eudes Borges de
Araújo, Doutor João Carlos Silos Morais, Doutor José Antônio Malmonge, Doutor
Luiz Francisco Malmonge, Doutor Victor Ciro Solano Reynoso, Doutor Carlos Alberto
Picon, Doutor Cláudio Luiz Carvalho, Doutor Edinilton Morais Cavalcante, Doutor
Haroldo Naoyuki Nagashima, Doutor Hermes Adolfo de Aquino, Doutor Jean
Richard Dasnoy Marinho, Doutor João Manoel Marques Cordeiro, Doutora .Lizete
Maria Orquiza de Carvalho, Doutora.Maria Ângela de Morais Cordeiro, Doutor Mário
Susumo Haga, Doutor Newton Luiz Dias Filho, Doutor Walter Katsumi Sakamoto,
Doutor Washington Luiz Pacheco de Carvalho e Doutor Laércio Caetano, do
Departamento de Física e Química desta unidade, pelo apoio e amizade.
Aos servidores, Mário, Nancy de Fátima Villela Torres, Rosimary Galana
Gerlin, Elza Coletti dos Santos, Adelaide Amaral dos Santos Passipieri, Maria de
Fátima Sabino, Onilda de Oliveira Akasaki, João Josué Barbosa, Cleide Maria da
Silva Ferreira, Neide Aparecida Palombo da Silva, Terezinha Alves de Souza,
Gilberto Antonio Brito e Erlon Batista Nogueira, pela atenção e atendimento de
sempre.
xv
Aos amigos e colegas de curso, Michela, Erick, Renata, Giovana, Nilcynéia,
Reginaldo Naves, Cleber, Alailson, William, Elio, Raphael, Egiane, Patrini, Gilson,
Luciene, Ana Paula, Fernanda, Denise, Fabiane, Leandro, Geovanna, Nair, Patrícia,
Reginaldo Mendonça, Sílvia, Cristiano, Salmo, pela feliz convivência.
Aos amigos e colegas de república, Edilton Furquin, Rudi Solano, Salmo,
Célio Ignácio, Antonio Rafael, Joelson, Tércio, Carlos Eduardo, Marcos Anselmo,
João Pires, Luiz Henrique, Francisco, Moisés, Bacus, Fábio, pelo companheirismo
nestes anos.
Ao colega Renato pelo incondicional apoio e acima de tudo pela grande
amizade de longas datas.
As minhas filhas Nayara e Janaina, meu irmão Robson Guimarães Borges,
sua esposa, minhas sobrinhas Thays e Mirelle, meus avós, meus tios, tias, primos,
primas, demais amigos, que sempre estiveram ao meu lado.
A mãe e o padrasto da minha esposa, Selma Vieira Guimarães e Vitor
Bernardes da Silva pela confiança e apoio prestados.
Ao professor Doutor Raul F. Cuevas pelo apoio nas irradiações das amostras
com raio X.
Ao CPMG Colégio da Policia Militar de Rio Verde Goiás À FESURV -
Universidade de Rio Verde – ao Colégio Quasar –- pela compreensão e incentivo.
16
Resumo
Neste trabalho, foram sintetizados vidros boratos e fosfatos dopados com diferentes
concentrações de CeO
2
dos sistemas B
2
O
3
BaO K
2
O CeO
2
(BBKC), P
2
O
5
Na
2
O – PbO –ZnO CeO
2
(VCKT) e P
2
O
5
Na
2
O CdO –La
2
O
3
CeO
2
(PNCL). A
pesquisa das propriedades das transições 4f 5d dos íons Ce
3+
e transferência de
carga (CT) dos íons Ce
4+
do cério nos vidros são de fundamental interesse pratico
devido a que são utilizados numa ampla faixa de aplicações.
Utilizando equipamentos disponíveis nos nossos laboratórios obtivemos os
resultados das medidas de caracterização feitos com espectroscopia no
infravermelho (FTIR), espectroscopia no UV-visível e calorimetria diferencial de
varredura (DSC) nas matrizes boratos e fosfatos. Apresentamos alguns resultados
das medidas realizadas após a irradiação de alguns vidros boratos e fosfatos com
raios X. Os vidros boratos irradiados não apresentaram bandas. Os fosfatos se
apresentam com duas bandas largas na região visível. A irradiação com raios x
induz modificações na transparência dos vidros e desloca a borda de absorção
As composições das matrizes vítreas foram escolhidas tentando ajustar as
composições a ter uma transparência dentro da região de medidas do espectrômetro
Uv-Vis. (190nm -1100nm) para poder estudar as bandas dos íons de cério.
Observamos nos vidros boratos e fosfatos a banda ultravioleta devido às transições
4f – 5d dos íons Ce
3+
e de transferência de carga dos íons Ce
4+
. As medidas
térmicas dos vidros fosfatos indicam que a temperatura de transição trea sofre
modificações com a quantidade de dopante colocada no vidro.
A caracterização feita neste trabalho é o inicio de uma serie de futuras
pesquisas com aplicações de interesse nos vidros boratos e fosfatos que tem boa
transmitância na região UV que é um requisito especial para a observação das
transições 4f 5d e de transferência e carga, sendo portanto, atrativos candidatos
potenciais para aplicações na óptica e para a dopagem com terras raras.
17
ABSTRACT
In this work, glasses of borate and phosphate were synthesized and doped
with different concentrations of CeO
2
and denominated B
2
O
3
- BaO - K
2
O - CeO
2
(BBKC), P
2
O
5
Na
2
O – PbO ZnO – CeO
2
(VCKT) and P
2
O
5
Na
2
O – CdO –La
2
O
3
CeO
2
(PNCL). In these glasses, the transitions 4f - 5d of the Ce
3+
ions and charge
transference (CT) of the Ce
4+
ions are most important properties due a large range of
applications.
Fourier Transform Infra Red Spectroscopy, UV-VIS Spectroscopy and
Differential Scanning Calorimetry DSC has been used for characterize the material
explained above. Some glasses, borate and phosphate, were submitted to X-ray
radiation and it was observed that this kind of radiation may induce modification in
the glass transparence and in the absorption shift edge.
The vitreous matrix composition was chose with the aim to adjust the transparency in
the range of UV-VIS (190nm -1100nm) and study the energy band of ion cerium. We
observed in the borate and phosphate glass that the UV band is due the 4f 5d
transition of the Ce
3+
ion and the charge transference is due to the Ce
4+
ion. The
thermal measurements of the phosphate glasses show that the vitreous transition
temperature present modifications dependent of doping amount.
The methodology applied in this work is the onset of future research using this
kind of Borate and phosphate glass. Both glasses present a really good
transmittance in the UV region that is a special property for study the transitions 4f
5d and charge transference. Thus, those glasses are powerful candidates for optical
applications and to receive rare earth dopant.
18
Capítulo I
Neste capítulo faremos um breve comentário sobre a descoberta do elemento
cério, e a sua ocorrência. Discutiremos as aplicações do óxido de cério tanto no
setor comercial bem como em vidros servindo como um material dopante. Será
abordada, sobre a configuração eletrônica dos íons de cério (Ce
3+
e Ce
4+
), a
absorção de radiação nos vidros contendo óxido de cério e faremos também um
breve comentário sobre a importância do estudo dos vidros dopados com Cério.
19
1.1 – Introdução
Os materiais vítreos têm uma característica extremamente interessante: seja
qual for a nossa necessidade, quase sempre temos a possibilidade de vir a utilizá-los
nos mais diferentes contextos. Basta, para isto, olharmos ao nosso redor para
verificarmos quão grande é a sua onipresença. Certamente, e até por isso, muitas
vezes os vidros passam completamente despercebidos, uma vez que, naturalmente,
fazem parte do nosso cotidiano. Muito desta situação vem do fato de que os vidros
são materiais conhecidos bastante tempo. Alguns estudiosos chegam mesmo a
dizer que, provavelmente, estão entre os materiais mais antigos feitos pelo homem,
sendo utilizados desde o início dos primeiros registros históricos
4
.
Dentro da pesquisa em materiais existe o campo de estudo dos cristais
naturais e o estudo para imitar e obter estes em laboratório (chamados cristais
sintéticos). Muitos desses produtos são produzidos na forma de materiais mono
cristalinos crescidos em laboratórios para aplicações tecnológicas e com propósitos
industriais. Um exemplo são os cristais de ítrio e alumínio (YAG) que atualmente é
utilizado pela indústria do Laser como irradiadores; outro exemplo é cristal
chamado Peroviskita ítrio alumínio (YAP) para uso na microscopia eletrônica.
O que tem de comum estes materiais é que são coloridos por diferentes
dopantes. Os dopantes freqüentemente incluem elementos de terras raras que são
comumente conhecidas como membros da série dos lantanídeos. As
surpreendentes propriedades dos elementos de terras raras podem ser utilizadas
para produzir várias cores principalmente na produção de cristais coloridos e que
são chamados de pedras preciosas.
As terras raras
4
(ou metais de terras raras) incluem lantânio (La), cério (Ce),
praseodímio (Pr), neodímio (Nd), prometeu (Pm), samário (Sm), európio (Eu),
gadolínio (Gd), térbio (Tb), disprósio (Dy), hólmio (Ho), érbio (Er), túlio (Tm), Itérbio
(Yb), e lutécio (Lu) (elementos de números atômicos de 57 até 71). Ítrio (Y, número
atômico 39) e escândio (Sc, número atômico 21) são também incluídos no grupo de
terras raras de metais de transição.
Materiais dopados com terras raras exibem espectros na região UV-VIS-NIR
1
com uma grande quantidade de linhas estreitas de absorção e emissão. A razão
para isto é que: os elementos de metais de transição, terras raras, e actinídeos
(algumas vezes referidos como elementos de transição) com camadas eletrônicas
20
parcialmente preenchidas formam compostos estáveis e únicos. As camadas de
elétrons d e f parcialmente preenchidas, dão lugar a transições estreitas localizadas
em espectros de comprimentos de onda desde a região do infravermelho longínquo
ao ultravioleta e proporcionam a base para a tecnologia óptica na qual a luz interage
de forma dinâmica com o material que contém esses íons.
As terras raras usualmente existem como cátions trivalentes
4
(Ce
3+
) e tem a
configuração eletrônica
2
4f
n
com n= 1 (Ce
3+
) a 14 (Lu
3+
). As camadas f são
incompletas e por este motivo as transições eletrônicas ocorrem. As transições
eletrônicas dentro das camadas f são responsáveis pelas linhas estreitas de
absorção e emissão.
Estas transições não perturbadas acontecem porque a camada f dos íons
lantanídeos é protegida pelos orbitais das camadas 5s e 5p. Então os elétrons 4f
não participam na substancia hipotética da ligação química com outros átomos e ou
moléculas. Este tipo de comportamento só é achado nas Terras raras.
As terras raras aumentam as propriedades de muitos materiais que podem
ser utilizados para fabricar ressonadores laser, irradiadores, etc. O espectro de
absorção e fluorescência
3
exibidas por essas substãncia, são diretamente
correlacionadas às camadas 4f parcialmente preenchidas os quais dão lugar a
espectros de transições eletrônicas localizadas.
1.2 – O Cério Metálico.
Este elemento como parte dos metais de transição chamados de terras raras
foi isolado pela primeira vez por Mosander
4
em 1925, ao reduzir cloreto de cério com
sódio. Devemos notar que aqui o termo "cério" deve ser encarado num sentido
amplo, uma vez que o material isolado por Mosander
4
continha outras terras raras
que ainda não haviam sido isoladas ou identificadas. Nos anos subseqüentes,
muitos outros investigadores isolaram cério metálico através de uma técnica de
redução metalotérmica. No entanto, em 1875, é que Hillebrand e Norton
prepararam cério por eletrólise de cloretos fundidos.
21
Figura 1 –Metal Cério descoberto em 1803
4
Hoje em dia estes são os dois métodos mais importantes de preparação de
cério metálico. De um modo geral, a técnica metalotérmica é usada para produzir o
metal com elevado grau de pureza, enquanto o método eletrolítico se emprega na
preparação de ligas metálicas, à base de cério, de interesse comercial.
A descoberta da transformação eletrônica no cério metálico, onde alguns
elétrons da camada 4f são transferidos para o nível de valência, é relativamente
recente. A transformação do cério, onde se uma variação de volume de cerca de
10%, foi observada por Bridgman em 1948, recorrendo a altas pressões, e por
Trombe e Föex , que utilizaram baixas temperaturas.
Estudos posteriores revelaram que apesar desta alteração de volume, o rio
mantinha a sua estrutura inalterada. Zachariasen (1949) e Pauling (1950) sugeriram
que a valência do cério metálico varia entre de 3 e 4 quando comprimido ou
arrefecido.
Atualmente a investigação, experimental e teórica, continua a dedicar-se ao
estudo do cério metálico, tentando compreender o seu comportamento eletrônico,
nas várias modificações polimórficas.
1.3 – Ocorrência do elemento
O cério é o elemento mais abundante do grupo das terras raras. É o vigésimo
oitavo elemento
5
mais abundante na litosfera. O mineral mais importante que contém
cério é a alanite, também conhecida por ortite, embora sejam igualmente
importantes a bastnasite, a cerite e a monasite. A alanite é um silicato que contém
terras raras, alumínio, cálcio e ferro, encontrando-se distribuída pelos Estados
Unidos, Alemanha, Groenlândia, Madagascar, ex-URSS e Escandinávia. A
22
bastnasite é essencialmente um fluocarbonato de terras raras, sendo a segunda
fonte comercial mais importante de cério, e outras terras raras "leves". O maior
depósito de bastnasite encontra-se no sul da Califórnia. A cerite é um silicato de
cálcio-ferro-terras raras, encontrando-se principalmente na Suécia. No entanto, o
é suficientemente abundante para ser aproveitado para a extração de cério. A
monasite, a principal fonte de cério, é um fosfato contendo tório e outras terras raras
"leves". Os mais importantes depósitos estão localizados na Florida e em Idaho-
Montana Estados Unidos, encontrando-se também na Austrália, Brasil, Índia e
África do Sul.
1.4 – O Óxido de Cério
O cério (como óxido) foi descoberto em 1803 simultânea e
independentemente por Klaproth por Berzelius e Hisinger. Foi batizado de "céria" por
estes dois últimos investigadores em honra ao recém descoberto asteróide Ceres.
No entanto, 36 anos mais tarde, Mosander mostrou que o óxido isolado por
aqueles cientistas era composto por pelo menos dois óxidos distintos, sendo um
deles a céria e o outro a lantana, que posteriormente poderia revelar uma mistura de
lantana, praseodímio e neodímio.
1.5- Aplicações Gerais
Comercialmente, o dióxido de cério (CeO
2
) é o composto mais importante.
Existem, todavia, muitas outras aplicações de misturas de cério com lantânio,
neodímio e outras terras raras. Estas misturas podem ser usadas na forma de ligas
metálicas, misturadas com óxidos e haletos, por exemplo:
A forma mais comum das ligas de cério-terras raras é constituída por 50% de
Ce, 25% de La, 18% de Nd, 5% de Pr e 2% de outras terras raras. É
produzida em quantidades da ordem da tonelada pela eletrólise de sais
fundidos (uma mistura de cloretos anidros de terras raras extraídos da
monasite
5
e bastnasite, principais fontes do neodímio). Pequenas adições
destas ligas aumentam a maleabilidade do ferro, a resistência mecânica a
elevadas temperaturas de alumínio e de ligas de magnésio, melhoram a
resistência à oxidação do níquel e ainda a dureza do cobre, diminuindo
também a condutividade elétrica deste último. Uma mistura de 30% de ferro
23
com 70% da liga de cério é vulgarmente utilizado como pedra de isqueiros. As
propriedades necessárias para esta aplicação são principalmente devidas ao
cério.
A mistura de óxido de cério com terras raras serve como catalisador no
processo de separação (cracking) do petróleo
4
, em materiais de polimento,
como agentes impermeabilizantes e ainda como fungicidas na indústria têxtil.
O óxido de cério é utilizado no polimento óptico de alta precisão, sendo
mesmo superior ao óxido de ferro tradicionalmente usado neste processo. É
especialmente usado na produção de tubos de televisão a cores, onde o fluxo
de elétrons poderia destruir a qualidade da cor da imagem.
O dióxido de cério é também utilizado em revestimentos cerâmicos, em
óxidos refratários, condensadores e semicondutores e para produzir vidros
fotocrômicos. Outra aplicação devido à sua baixa secção eficaz nuclear, o
dióxido de cério é usado como diluente em óxidos de urânio, plutônio e tório.
1.6 – Aplicações do CeO
2
em Vidros.
É utilizado principalmente na fabricação de vidros especiais.
Devido ao seu poder oxidante, o cério é utilizado em vidros que tenham de
ser expostos à radiação alfa, gama ou X.
Vidros com propriedades especiais na absorção e transmissão da luz são
produzidos para diversas aplicações como:
- Vidros com alta transmitância como super-estratos de células fotovoltaicas
6
.
- Utilizados na blindagem de naves espaciais. (atua como estabilizador).
- Como catalisador para fluorescência de outros íons.
1.6.1 – Propriedades do Cério nos vidros.
a) As propriedades especiais que possuem os vidros dopados com cério são
devidas a que na estrutura dos vidros o cério se coloca principalmente no
estado de oxidação Ce
3+
.
b) Os vidros com cério encontram aplicações para dispositivos fotovoltaicos,
desde que o estado de oxidação seja Ce
3+
e não mude devido à alta absorção
da radiação ultravioleta para Ce
4+
.
24
c) Em outro tipo de aplicações é desejável que devido à exposição da luz o Ce
3+
mude para Ce
4+
transformando-se desta forma num vidro com propriedades
fotocrômicas.
d) As matrizes devem ser transparentes na região do espectro ultravioleta para a
completa pesquisa do íon Ce
3+
.
e) Os vidros que contém Ce
3+
geralmente exibem forte absorção ótica
7
e
fluorescência no UV próximo e/ou visível e infravermelho médio.
1.7 – Configuração Eletrônica dos íons de Cério
De acordo com o exposto acima o entendimento das propriedades eletrônicas
dos íons de cério são de grande importância. Neste tópico vamos tentar explicar
qualitativamente estas propriedades.
O Ce
3+
cério trivalente (estado 4f
1
) apresenta transições permitidas entre os
estados 4f e 5d da configuração eletrônica. A separação de energia entre o mais
baixo nível 5d ao nível 4f é muito comprida
8
. Devido a esta grande energia de
separação o decaimento não radiativo é pouco provável. A configuração eletrônica
dos íons de Cério pode ser entendida partindo da configuração eletrônica num
átomo, para isso vamos a formular os princípios utilizados para o preenchimento dos
níveis de energia dos elétrons num átomo qualquer.
1.7.1 Configuração dos elétrons num átomo.
Em um átomo a configuração dos elétrons nos diferentes orbitais está
baseada na classificação dos elementos. Os elétrons da camada externa é muito
importante no aspecto da estrutura atômica, pois, as propriedades físico-químico do
átomo depende fortemente do número de elétrons e dos estados permitidos. A
periodicidade das propriedades dos elementos está baseada na periodicidade da
configuração das camadas eletrônica, de modo que os átomos agrupados no
sistema periódico podem diferir no número de seus elétrons, mas suas camadas
eletrônicas manifestarão a similaridade completa. A estabilidade máxima
9
, isto é, a
energia mínima das diferentes configurações pode ser conseguida de modo que as
órbitas sejam preenchidas gradativamente à medida que a energia aumenta.
Mas, de acordo com o princípio de exclusão de Pauli dois elétrons com o
mesmo spin não podem ocupar o mesmo estado quântico ao mesmo tempo. Se os
25
elétrons aparecerem em órbitas degeneradas (órbitas de igual n tem igual energia),
eles não induzem emparelhamento em uma única órbita até que todas as órbitas
desse nível fiquem ocupadas por elétrons impares com spin paralelo.
Com a ajuda destes critérios podemos determinar a configuração dos elétrons
de um elemento em seu estado elevado. Como mencionado acima, dois elétrons
em um átomo devem diferir ao menos em um dos números quânticos n, l, m, s.
Tabela I
– Distribuição eletrônica dos elementos químicos.
Tabela II – Níveis de estado dos átomos e dos seus estados excitados
26
Assim, se dois números quânticos n, l, m são iguais, a diferença deve estar
nos spins (como mostra a tabela I).
Podemos observar que a tabela (II) introduz a notação de Paschen’s (dando a
distribuição dos elétrons em diferentes níveis de energia), e a notação de Russel-
Saunders (descrição dos níveis de estado dos átomos e dos seus estados
excitados).
1.7.2 – Configuração eletrônica do Ce.
De acordo com os critérios acima podemos estabelecer facilmente a
distribuição dos elétrons nas camadas do Ce. O elemento químico Cério tem
numero atômico Z = 58 e sua distribuição eletrônica é apresentada na figura 2.
Figura 2 - Distribuição eletrônica do elemento químico Cério (Z = 58)
Devido da interação coulombiana residual (originada pela interação entre
elétrons da mesma camada interação elétron-elétron), a energia dos elétrons de
átomos de muitos elétrons depende dos números quânticos L e S (números
quânticos relacionados respectivamente com o momento angular orbital total
L
e o
momento angular de spin total
S
dos elétrons opticamente ativos). Assim, elétrons
em estados com os mesmos números quânticos n e l com diferentes L e S não têm
a mesma energia. Estados com menor energia correspondem a valores maiores de
L e S.
De acordo com a interação spin-orbita (interação que acopla o momento
angular de spin com o momento angular orbital), a energia dos elétrons de átomos
de muitos elétrons depende do número quântico J (número quântico relacionado
27
com o momento angular total
10
' ' '
J L S
= +
dos elétrons opticamente ativos). Estados
com menor energia correspondem a valores de maiores J, no caso de buracos, e
valores menores de J, no caso de elétrons.
Temos então o chamado acoplamento LS ou acoplamento Russell-
Saunders
11
, em que estados de menor energia correspondem a:
Valores maiores de S;
Valores maiores de L;
Valores maiores de J, no caso de buracos, e valores menores de J, no caso
de elétrons.
1.7.3 – Configuração eletrônica do íon Ce
3+
e Ce
4+
.
Quando um átomo de Cério perde dois elétrons da subcamada 6s e um dos
elétrons da subcamada 4f, forma-se o íon Ce
3+
, com 1 elétron opticamente ativo, que
deve ser distribuído segundo as regras de acoplamento Russel – Saunders acima.
Iniciamos colocando elétrons com spin para cima do maior m para o menor e
depois com spin para baixo até completar os orbitais.
Figura 3 - Distribuição dos spins na subcamada f do Cério
Conforme se percebe na figura 3 o maior S será então
m x
1
2
á
S =
, com
2 1 2
S
+ =
estados
11
; o maior L vale
L
=
, que na representação SPDFG
corresponde a letra F e o maior
7
1
3
2 2
máx
J L S= + = + =
, enquanto o menor
5
1
min 3
2 2
J = =
.
Na nomenclatura
2 1s
J
L
+
o estado fundamental e os estados excitados do íon Ce
3+
estão na figura 4.
28
Figura 4 - Níveis de energia do íon Ce
3+
De acordo com a tabela (III) podemos observar as transições que ocorrem no
íon Ce
3+
e também sua banda de absorção que ocorre aproximadamente em 290nm.
Tabela III – Cério Metálico e iônico
8
Elemento
Estrutura
Cristalina
Banda
Absorção
(nm)
CeO
2
CFC
Ce
3+
CFC 290
Ce
4+
CFC 260
1.8 - Absorção de radiação nos vidros
Como estamos estudando o CeO
2
na forma dos íons Ce
3+
e Ce
4+
as quais na
dopagem podem existir nos vidros, este como qualquer outro material transparente
à luz, interage com esta e as suas propriedades de transmissão, reflexão e absorção
estão sujeitas à teoria clássica de interação da luz com a matéria.
A teoria da dispersão clássica interpreta absorção como um termo de
ressonância do momento do dipolo elétrico. Quando a radiação atravessa o meio
óptico como o vidro, os elétrons, ou moléculas, excitados pela onda luminosa
acompanham as oscilações do campo eletromagnético da luz com oscilações
harmônicas com a mesma freqüência entorno das suas posições de equilíbrio. A
energia que eles recebem é proporcional à freqüência da radiação incidente.
Uma explicação qualitativa do fundamento da absorção da radiação nos
vidros parte da idéia que, em geral, tem que ser considerados todas as possíveis
interações da luz com o sólido, isto leva a uma formulação de uma função de onda
29
dos átomos e define todos os estados de energia dos átomos que o governados
pelas transições dos elétrons. Considerando em conta uma molécula, a função de
onda molecular é complexa, nesse caso a energia total interna da molécula,
i
E
contém as seguintes partes:
i e r
E E E E W
υ
= + + +
(1.1)
onde
e
E
é a energia do elétron,
E
υ
é a energia do movimento vibracional,
r
E
é a energia do movimento rotacional, e
W é a energia da interação,
onde:
e r
E E E
υ
(1.2)
Um átomo, ou molécula, pode assim emitir, ou absorver, fótons de energia
o qual,
h
υ
, é igual à diferença entre os níveis de energia. Para a molécula, por
exemplo, quando ocorre uma transição ou absorção da luz no estado E’ ao estado
E’’, a diferença de energia absorvida ou emitida é:
'' ' ( '' ' ) ( '' ' ) ( '' ' )
e e r r
h E E E E E E E E
υ υ
υ
= = + +
(1.3)
Assim teremos o espectro eletrônico, o espectro vibracional, o espectro
rotacional, e a combinações dos três.
Transições eletrônicas são caracterizadas pela radiação ou absorção na
região ultravioleta e visível do espectro. As energias são da ordem de eV.
A transição vibracional na região infravermelho médio. As energias são da
ordem de meV.
A transição rotacional na região do infravermelho distante do espectro e nas
regiões de ondas longas. De energias ainda menores que as vibracionais.
Tomando em conta a distinção da faixa de energia medida. É claro que a absorção
dos vidros na região ultravioleta visível é energeticamente maior da ordem de eV e
unicamente os elétrons e buracos o os que podem sofrer transições dipolares. A
energia da luz na região do infravermelho devido a sua baixa energia, unicamente
30
excitam os estados vibracionais e rotacionais das moléculas que são da ordem de
meV.
A região UV-Vis é de grande importância para o caso dos íons de terras raras
e no caso dos íons de Cério deste trabalho que tem as suas energias de absorção e
emissão nesta região a qual proporciona algumas propriedades características aos
vidros hospedeiros.
Então, de acordo com a configuração dos elétrons em torno do núcleo, todos
os átomos ou íons, podem ser classificados nos seguintes grupos:
(a) As órbitas dos átomos nos quais estão cheios de elétrons. Estes átomos não
formam combinações, nem causam coloração (absorção de bandas). O grupo
inclui gases raros: hélio, neônio, argônio, criptônio, e xenônio;
(b) Átomos cujas camadas exteriores estão incompletas. Eles formam
combinações dos sais deles, porém, são incolores
11
: bário, estrôncio, etc;
(c) Átomos com duas camadas incompletas. O grupo inclui elementos de
transição como níquel, manganês, ferro, cobalto, cromo, etc. Estes íons são
coloridos e manifestam absorção na região óptica do espectro.
(d) Átomos com três camadas incompletas. Transições dos elétrons podem
ocorrer nas órbitas internas de energias as quais não são excitados pelas
forças devido aos átomos vizinhos, e a absorção cobre uma gama muito
estreita de energias. Este grupo inclui átomos de terras raras.
1.9 - Caracterização óptica dos íons das terras raras.
Uma das dificuldades básicas no estudo da teoria do espectro de absorção
dos íons dos metais de transição e das terras raras nos vidros é o fato que estes
íons estão presentes em diferentes estados de valência e de coordenação. Para
estudar o espectro energético dos íons de terras raras temos vários modelos, entre
esses, a Teoria de Jud Offelt amplamente utilizado em cristais e vidros dopados com
terras raras de Nd, Er, Pr, etc. Esta teoria permite avaliar e calcular todos os
parâmetros e energias das transições dipolares que ocorrem.
31
1.9.1 – Caso dos íons de Ce
Neste caso devido à ocorrência de dois estados de valência dos íons de Ce
afeta as propriedades de absorção desses íons. A capacidade de doar elétrons do
estado de mais baixa energia facilita a excitação de um elétron das camadas do
estado 4f ao estado 5d. Por sua vez a capacidade ou habilidade de aceitar íons de
mais alta valência favorece a transferência de carga (CT) dos íons ligandos aos íons
de terras raras. Como resultado de isto, as duas transições 4f - 5d dos íons de mais
baixa valência e transferência de carga dos íons de mais alta valência são
deslocados a baixa energia dentro da faixa medível por espectrofotômetros
convencionais da região UV comparados com íons de outras terras raras que não
são afins de reduzir ou oxidar respectivamente.
As transições 4f 5d e absorção de transferência de carga (CT) são
transições permitidas. Estes têm altas intensidades e são sensíveis ao tipo de vidro
hospedeiro. Os espectros de absorção são resolvidos em seus componentes pelo
método de separação de bandas. As propriedades das transições 4f 5d e CT são
discutidos qualitativamente em dependência do tipo de íon e da composição da
matriz vítrea
12
.
1.9.2 – A separação das bandas de absorção
.
As bandas separadas do espectro de absorção de ambas as transições
permitidas 4f 5d e CT e possuem alto coeficiente de extinção devido ao campo
cristalino nos sólidos daí a degenerescência dos orbitais 5d em íons livres. As
bandas 4f 5d tem larguras moderadas (2000 a 5000 cm
-1
), e por sua vez as
transições CT o encontradas a produzir bandas alargadas de (8000
a
12 000 cm
-1
).
Em vidros fluoro-fosfatos
42
, alguns íons de metais de transição dão duas
bandas largas de transferência de carga na região UV e UV profundo 35000
60000 cm
-1
. De acordo às características das transições 4f – 5d e CT como
também de acordo com as propriedades de doador e admissão do elétron nos íons
de terras raras. Muitas das bandas intensas de absorção 4f 5d dos íons Ce
3+
,
Eu
2+
, Tb
3+
assim como de CT do Ce
4+
, Eu
3+
, e Tb
4+
são esperados aparecer nos
espectros ultravioleta desses vidros.
Sobre a base dessas suposições, a separação de bandas pode ser feita
utilizando curvas gaussianas para todas as bandas. Ao menos 6 bandas são
32
necessárias para a separação. De acordo à interpretação do espectro do Ce
3+
nos
vidro e água as bandas na faixa de 30000 – 50000 cm
-1
são atribuídos as transições
4f 5d, indicando total separação das transições dos estados excitados 5d (
2
D). A
banda na energia mais alta ao redor de 52000 cm
-1
é acenada as transições 4f – 6s.
Pelo menos duas bandas largas ao lado das seis bandas mais estreitas de
Ce
3+
são exigidas para uma análise das bandas. Estas bandas largas indicam as
transições de CT dos íons Ce
4+
. Isto porque as bandas do Ce
4+
são cobertas pelas
bandas Ce
3+
. Os seus parâmetros não estão bem determinados e deste modo pode
ser feita apenas uma estimativa.
1.9.3 – Caracterização e apresentação das bandas separadas
Cinco bandas 4f – 5d são encontrados para o Ce
3+
indicando total levantamento da
degenerescência dos orbitais 5d. Esses resultados são consistentes com a absorção
do Ce
4+
em outros sistemas vítreos.
A total separação dos orbitais 5d no caso dos íons trivalentes de Ce indica
baixa simetria cúbica, confirmado por medidas de espectroscopia Mossbauer
13
. As
linhas da espectroscopia de fluorescência e simulações por dinâmica molecular
mostram que os íons trivalentes de terras raras possuem baixa simetria em vidros
óxidos e vidros fluoretos. Ainda que medidas da espectroscopia de ressonância de
spin eletrônico tem provado que a simetria axial para os íons trivalentes de terras
raras não existe em esses vidros.
Os íons Ce
4+
de mais alta valência produzem bandas largas de transferência
de carga dos oxigênios e fluoretos aos íons de terras raras. No caso do Ce
4+
dois
bandas são encontradas. As propriedades das bandas do Ce
4+
podem ser
unicamente estimadas numa ampla faixa devido a que estes são abafadas ou
cobertas pelas bandas intensas 4f 5d dos íons Ce
3+
. É impossível preparar vidros
com unicamente íons Ce
4+
.
1.10 - Luminescência e fluorescência.
Alguns materiais são capazes de absorver energia e depois re-emitir luz
visível este fenômeno é conhecido como luminescência. Os fótons de luz emitida
são gerados a partir de transições eletrônicas no sólido. absorção de energia
quando um elétron é promovido para um estado de energia excitado; emissão de
33
luz visível quando o elétron decai para um estado de menor energia e se está na
faixa de energias 1,8eV < h
ν
< 3,1eV.
Figura 5 - Absorção de um fóton através de uma excitação eletrônica da banda de valência
para a banda de condução.
A energia absorvida pode ser suprida mediante a excitação da amostra na
forma de radiação eletromagnética de maior energia causando transições da
banda de valência para a banda de condução, ver a figura 5, a excitação pode
ser com:
Laser,
Luz ultravioleta,
Elétrons de alta energia,
Raios x , ou
Outras fontes como através de energia calorífica, mecânica ou química.
Além disso, a luminescência é classificada de acordo com a magnitude do
tempo de retardo entre os eventos de absorção e re-emissão. Em dependência dos
íons que estamos estudando para o caso dos vidros a fotoluminescência é
produzida excitando com luz visível num certo comprimento de onda e com
ultravioleta.
A Fluorescência é uma forma de fotoluminescência em que a emissão de luz
desaparece tão logo cessa a absorção da radiação excitadora. Em geral a
34
fluorescência é o mesmo que a fotoluminescência a diferença está em que o
processo luminescente é denominado de fluorescência porque ocorre muito mais
rápido, quer dizer o tempo de vida da excitação é mais curto da ordem de 10
-8
s.
A fotoluminescência é produzida excitando com uma determinada linha de
radiação eletromagnética
14
da região visível ou ultravioleta do espectro e se
subordina a regra de Stokes: a longitude da onda da fotoluminescência é geralmente
maior que a longitude de onda da luz excitada.
1.10.1 – O fundamento quântico da regra de Stokes:
Ao ser absorvido um fóton de luz excitada de energia h
ν
, surge um fóton de
energia h
ν
1µm
menor que h
ν
. a energia restante:
1
m
W h h
µ
ν ν
=
(1.4)
se inverte em distintos processos, a exceção da luminescência. Geralmente W > 0
e
ν
1µm
<
ν
, ou quer dizer,
λ
lum
>
λ
de acordo com a regra de Stokes.
Mas, as vezes se observa a radiação luminescente anti-Stokes que se
subordina a condição contraria à regra de Stokes:
λ
lum
<
λ
. Isto ocorre naqueles
casos em que a energia h
ν
do fóton da radiação excitada soma-se a uma parte
determinada da energia do movimento térmico das partículas da substancia
luminescente:
1 m
h h akT
µ
υ υ
= +
(1.5)
onde a é um fator que depende da natureza da substancia luminescente; k é a
constante de Boltzmann e T a temperatura absoluta.
35
1.11 – Justificativa deste Trabalho.
A pesquisa das propriedades das transições 4f 5d e transferência de carga
(CT) dos íons de Ce são de fundamental interesse pratico. As transições 4f 5d e
CT são utilizados numa ampla faixa de aplicações. Por exemplo, devido a sua alta
intensidade de absorção e comparativamente baixa energia das transições 4f 5d
dos íons Ce
3+
e outros de terras raras, são íons interessantes para utilizá-lo através
do efeito de rotação de Faraday. As propriedades luminescentes de cério, európio
e itérbio são de pratica importância em dispositivos cintiladores. Recentemente, uma
fosforescência muito longa desses íons depois de serem irradiados com alta energia
tem recebido muita atenção. A capacidade de foto oxidação desses íons é
responsável por seu crescente interesse em redes de Bragg e o efeito do “persistent
spectral hole burning”. Estes dois efeitos são a base de novos elementos fotônicos.
Temos ainda estudos em vidros contendo Ce para geração do segundo harmônico
15
.
A sensibilidade das transições 4f 5d e transições de CT permite o uso do
cério, e da mesma família, Európio e Itérbio como indicadores na pesquisa de
estruturas. Ambas as capacidades de mudanças nos seus estados de oxidação e
redução e as intensas transições 4f 5d e CT permite o uso dos íons de cério,
európio e itérbio como indicadores do exame da formação dos centros de defeitos
em vidros produzidos pela irradiação. As propriedades de absorção e de
transferência de carga das transições 4f 5d dos íons de terras raras, Ce, Eu, Tb
podem ser estudados em diferentes tipos de vidros. Várias condições de fusão,
irradiação com raios x, podem ser empregados para estudar as mudanças de
valência desses íons. Neste trabalho, pretendemos sintetizar vidros boratos e
fosfatos dopá-los com os íons de Cério e caracterizá-los através de algumas
técnicas experimentais disponíveis nos nossos laboratórios como Uv-Vis,
Infravermelho e propriedades térmicas através da técnica da calorimetria diferencial
de varredura. Através das medidas pretendemos observar o que ocorre com as
matrizes hospedeiras propostas dopadas com diferentes concentrações de Cério.
As composições das matrizes vítreas foram escolhidas tentando ajustar as
composições a ter uma transparência dentro da região de medidas do espectrômetro
Uv-Vis.
Este estudo fundamental é a base para futuras pesquisas com aplicações de
interesse nos vidros boratos e fosfatos que tem boa transmitância na região UV que
36
é um requisito especial para a observação das transições 4f 5d e CT, portanto,
são atrativos candidatos potenciais para a óptica e para a dopagem de terras raras
em elementos fotônicos.
37
Capitulo II
Neste capitulo o apresentados de forma resumida um breve histórico, aspectos
da teoria de formação dos vidros, uma breve discussão sobre a transição trea, os
fenômenos de nucleação (homogênea e heterogênea) e crescimento de cristais (e
seus modelos clássicos). Um breve resumo da teoria de formação vítrea, uma
revisão dos principais conceitos relacionados com os vidros óxidos em geral.
38
2.1 Breve Histórico do vidro
2.1.1 – Os vidros na antiguidade:
O termo vidro, do Latim vitrum, faz referência a este material como um dos mais
antigos conhecidos pelo homem. Quanto a sua descoberta existem certas
discordâncias, pelo fato dos pesquisadores e historiadores não disporem de
informações concretas de onde surgiu este material. Entre os levantamentos
históricos consta a existência de uma receita que pertenceu à antiga biblioteca do rei
assírio Assurbanipal (669-626 AC), a qual descrevia a seguinte instrução: “Tome 60
partes de areia, 180 partes de cinzas de algas marinhas e cinco partes de cal. Assim
você obterá um vidro
16
”.
Na pré-história um vidro de origem vulcânica natural, denominado obsidiana,
foi utilizado na fabricação de facas, pontas de lanças dentre outros. A afirmação que
os vidros eram usados há pelo menos 3000 A.C. pode ser feita com a descoberta de
objetos de vidro nas necrópoles egípcias, e na mesopotâmia vidros e peças treas
que consistiam basicamente de SiO
2
, foram descobertos por volta de 4500 A.C.
combinações para formação de vidros e artefatos que são semelhantes a
trabalhadas pelas industrias vidreiras da atualidade.
Calcula se que no período compreendido entre 27 AC e 14 DC na região da
Síria e Fenícia teria sido inventado o método de se fazer objetos de vidro com o
sopro utilizando um longo e fino tubo de metal que permaneceu ao longo de muitos
séculos como o método de se fazer vidro. (método do sopro). Nesse período um
grande desenvolvimento da indústria vidreira se deu por volta 13 A.C. no Egito.
2.2 – Os Vidros na idade média
Com base nos métodos conhecidos a arte em se fazer vidros espalhou se
pela pérsia e oriente com o domínio de técnicas que foi superado pelos
venezianos que desenvolveram em suas oficinas os processos dos artistas gregos,
provocando uma grande evolução nesse ramo da indústria
17
. Nesta etapa já se
substitui as algas marinhas contendo sódio por plantas terrestres contendo potássio.
A publicação de Néri em Pisa em 1612 intitulado como “Arte Vitraria” aponta
um levantamento completo de todos os conhecimentos adquiridos até aquela época
na arte em se fazer vidro, sendo este trabalho traduzido em muitas línguas e assim
39
trazendo informações as regiões que ainda não dominavam as técnicas de se fazer
vidros. Essas técnicas foram se aperfeiçoando cada vez mais, com uma importante
exemplificação; “Vidros de Cristal” foram conseguidos com um brilho muito atrativo
para a época, esse brilho foi obtido pela alta concentração de chumbo, trabalho que
viria ser patenteado em 1674 pelo inglês George Ravenscroft (1618-1681). O
primeiro decreto de controle sobre a arte de fazer vidro surgiu na França que
conferiu todos os direitos aos italianos. Pelo final do XVII uma grande revolução
industrial tomou toda a região da França, o resultado dessa revolução foi a
substituição de técnicas e de reagentes.
2.3 O desenvolvimento Tecnológico dos vidros na época
moderna.
Com as necessidades das aplicações tecnológicas e de melhoramento da
produção dos vidros, teve seus avanços nos estudos dos vidros voltados para a
óptica. Surgiu um melhor esclarecimento das propriedades químicas e físicas. No fim
do século XVII Guinard na suíça introduziu a agitação das massa fundida na
manufatura do material, de forma a produzir uma boa homogeneidade do vidro. A
introdução de novos óxidos na produção de vidros com destaque para B
2
O
3
, P
2
O
5
deu uma grande diversificação na indústria em pesquisas tecnológicas, com uma
contribuição do alemão Otto Schott (1851-1935) em estudos de propriedades ópticas
e térmicas em vidros
18,
19
.
Numerosos avanços tecnológicos, principalmente no campo da óptica, foram
obtidos com o auxilio de Ernst Abbe (1840-1905), professor da universidade de Jena
e de Carl
20
uma outra grande contribuição para a produção em massa de vidros foi
dada por Friedrich Siemens, com a invenção do tanque de fundição.
Foi observado um progresso espetacular num período de 10 anos a partir de
1875 com a produção de novos vidros e estudos das propriedades químicas e físicas
destes e um domínio por Zeiss no campo da óptica e microscópios. A primeira
guerra mundial serve como marco na história, também para apontar que a partir
dessa época Parra-Mantois na França, Chance Brothersna Grã-Bretanha e Bauch e
Lomb nos Estados Unidos criaram e montaram uma cooperativa industrial neste
setor.
40
Os contínuos estudos sobre os vidros, levaram para defini-lo como lido
não cristalino, desprovido de periodicidade de longo alcance, e seguiram se os
estudos destinados ao estudo da fase vítrea do material, (material super resfriado).
O período que se segue após a segunda guerra mundial é compreendido como o
período de verdadeira interação entre a pesquisa cientifica e interação tecnológica
na fabricação de vidros.
2.4 – Os Vidros no Brasil
“A Invasão Holandesa” trouxe para o Brasil os primeiros artesões, que em
Olinda e Recife produziram vidros com perfeição invejável para janelas, copos,
dentre outros artefatos. Produção essa que teve um declínio com a expulsão dos
holandeses, e retomou novamente uma ascensão com a chegada da Corte
portuguesa em 1808, nessa nova etapa na fabricação de vidros a produção local
seguia os passos portugueses.
No fim do século XVII na capital do império e das muitas oficinas de vidros
surge então a primeira indústria, a qual chamava “Real Fábrica de vidros da Marinha
Grande”, conseguindo atingir um renome internacional. Expansão internacional que
trouxe também para o Brasil
17
a indústria européia logo após a abertura dos portos
do Brasil as nações amigas, enviou ao Brasil um carregamento que chegou ao Rio
de Janeiro com caixas de cervejas de origem alemã importadas da Inglaterra. Com
isso iniciou no Brasil o habito de se beber cerveja contidas em garrafas. A primeira
cervejaria brasileira foi fundada em 1834 no Rio de Janeiro, e obteve um grande
sucesso, o qual despertou interesse na produção local de cerveja, uma outra grande
contribuição para o desenvolvimento do comércio de vidro foi a produção de
perfumes. Durante todo o século XIX os brasileiros importavam vidros, mas sempre
com interesse em fabricá-los aqui, o português Francisco Inácio de Siqueira Nobre
em 1810 obteve a carta régia autorizando ele a instalar sua fabrica de vidros na
Bahia. Passando por dificuldades chegou a ter suas instalações destruídas na época
da independência.
Mediante uma nova concessão em 1825, Francisco relança sua fábrica com o
nome de “Real Fábrica de Vidros”
Em 1839 e 1847 surgem novas fábricas de vidros
consolidando a produção e intensificando o consumo de vidro no Brasil. Em 1880 e
1902 surgem as Fábricas de “Vidros e Cristais do Brasil” e “Fratelli Vita”.
41
No século XX ocorreu um enorme crescimento na industrialização do vidro no
país, uma grande contribuição se deu com a fundação da Companhia Industrial de
São Paulo e Rio (Cisper) e da Vidraria Santa Marina, a atividade com maquinas
automáticas na indústria permitiu um salto na produção de 20 mil unidades
produzidas em 1900 para 460 mil unidades em 1921.
O desenvolvimento da indústria vidreira no Brasil possibilitou o crescimento
das indústrias alimentícias, farmacêuticas, cosméticos, lentes oftálmicas e outros
dos diversos segmentos do mercado.
Atualmente, temos diversos grupos de pesquisas que surgiram nas
universidades e os centros de pesquisa, consolida-se hoje tendo uma comunidade
científica bastante atuante nas pesquisa de vidros com diversas propriedades
21
.
2.5 – Definição dos Vidros.
Um dos primeiros trabalhos na procura do entendimento da estrutura dos
vidros em 1921 foi apresentado por Lebedev, a Hipótese do Cristalino a qual
afirmava que o vidro era um fundido comum consistindo de cristais, altamente
dispersos”.
Essa afirmação não levava em conta os resultados obtidos pela difração
de raios X, portanto essa hipótese não é mais considerada para discutir as
estruturas dos vidros, no entanto a Hipótese do Cristalino foi amplamente discutida
por vários anos.
A afirmação deve ser francamente admitido que não conhecemos
praticamente nada sobre o arranjo atômico dos vidros”, feita no artigo The Atomic
Arrangement in Glass (O Arranjo Atômico em Vidros) publicado por Zacharisen
22
,
que firmou ainda a base conceitual para a formação de vidro por fusão/resfriamento
e que “o arranjo atômico em vidros era caracterizado por uma rede tridimensional
estendida, a qual apresentava ausência de simetria e periodicidade” e que “as forças
interatômicas eram comparáveis àquelas do cristal correspondente”, sendo colocado
nesse mesmo trabalho que a base de diferenciação de um vidro para um cristal seria
a presença ou ausência de periodicidade.
As definições mais comuns para os vidros encontradas na literatura são:
(a) Um material amorfo que apresenta o fenômeno da transição vítrea.
42
(b) É um material não cristalino obtido pelo resfriamento rápido de um liquido
altamente fundido; esta definição operacional restringe o termo vidro a produtos
obtidos pelo resfriamento de um líquido.
(c) Existem outros métodos tais como deposição vapor, sol gel, dentre outros, que
permitem obter vidros de alta qualidade e homogêneos que dos métodos tradicionais
de fusão. Isto leva a outra definição operacional do vidro que poderia ser assim
resumida: “vidro é um produto inorgânico obtido, que atinge por resfriamento uma
condição rígida, sem que ocorra cristalização”.
(d) A definição estrutural leva a dizer que um vidro é um sólido não-cristalino”; esta
definição estrutural faz com que os termos sólidos não-cristalinos, sólidos amorfos e
vidros sejam sinônimos.
No entanto, nenhuma das definições acima é completamente satisfatória. A
estrutural, aparentemente simples, é geral demais. Uma definição mais aceita e
adequada poderia ser:
“O vidro é um sólido amorfo com ausência completa de ordem de longo alcance e
periodicidade, exibindo uma região de temperatura de transição vítrea”.
De acordo com esta definição o estado vítreo é uma forma de matéria que
preserva a estrutura básica de um cristal, mas estas estruturas não se repetem
periodicamente, mas de forma aleatória. A outra característica fundamental é possuir
a propriedade de temperatura de transição vítrea. Embora o vidro seja, de fato, um
sólido não-cristalino, nem todos os lidos não-cristalinos são vidros. Sólidos
amorfos a exemplo do gel, que às vezes pode ser transformado em vidro por
tratamento térmico adequado.
2.6 – Aspectos fenomenológicos da formação dos vidros.
Tradicionalmente é aceito no modelo de formação dos vidros a partir do
método de fusão que para produzir um vidro temos que esfriar o líquido
superaquecido, suficientemente rápido, de modo que não haja tempo de ocorrer a
cristalização
23
. Este processo leva a considerar que quando a temperatura diminui,
temos um aumento contínuo da viscosidade
η
resultando no congelamento
progressivo do líquido até à sua solidificação final.
Durante este processo a massa fundida ao solidificar pode ter dois
comportamentos, passar ao estado cristalino ou passar ao estado vítreo. A
43
passagem ao estado vítreo ocorre numa temperatura denominada de transição
vítrea
22
g
T
. Para obter-se um vidro busca-se evitar que a massa fundida cristalize,
neste ponto é muito importante considerar a taxa de esfriamento da massa fundida.
2.7 – A Temperatura de Transição vítrea. (
g
T
)
Na análise fenomenológica, nos atentamos a analisar o líquido sendo
resfriado abaixo de sua temperatura liquida (T
m
), a massa atravessa uma região de
equilíbrio metaestável definida como situação de equilíbrio termodinâmico durante
este processo de resfriamento o liquido pode vir a cristalizar-se, processo que pode
ser entendido como de organização das pequenas unidades estruturais. Para que
ocorra essa cristalização ou organização estrutural é necessário um tempo maior no
processo de resfriamento, portanto na formação do vidro é necessário um processo
rápido de resfriamento, essa rapidez no resfriamento é para evitar a organização
estrutural
24
.
Para melhor entender esse processo é conveniente analisar a evolução de
variaveis termodinâmicas como o volume específico ou calor especifico do material.
No caso do volume específico
V
em função da temperatura
T
, observamos na
figura 6
como o volume específico
V
de uma substância varia com a
temperatura
T
.
Começando com um quido a uma temperatura elevada, no ponto de fusão
T
m
os componentes da substancia estão no estado líquido estável,
l
. Durante o
processo de esfriamento observa-se a diminuição de
V
.
A diminuição da temperatura provoca a diminuição do volume especifico e no
subsequente esfriamento em temperaturas bem caracterisiticas um dos dois
fenômenos independentes podem pode ocorrer:
44
Figura 6 - Definição de temperatura de transição vítrea
g
T
. Variação do volume específico
f
V
com a temperatura (
l
: líquido;
ls
: líquido superesfriado
(a) . Quando se atinge a temperatura Tc o líquido cristaliza-se e aparece uma
brusca queda do volume especifico quer dizer a descontinuidade
f
V
aparece.
Neste caso, ao se completar a cristalização, à medida que o calor é retirado do
material, o sólido resultante contrai-se novamente, na subsequente diminuição da
temperatura tornando a variação do volume especifico menor do que no estado
líquido – cerca de
3
1
/
.
(b) . O líquido não cristaliza e continua esfriando com a diminuição do volume
e com o aumento da viscosidade do quido. A diminuição da temperatura continua
provocando a contração do líquido superesfriado, até uma certa temperatura
g
T
, a
partir daí o líquido solidifica-se rapidamente e o coeficiente angular da curva
decresce para se aproximar ou se igualar ao do sólido cristalizado. A viscosidade
η
do líquido aumenta continuamente, à medida que a temperatura diminui, e a
passagem por
g
T
corresponde a uma viscosidade de aproximadamente 10
12
Poise
18
. A temperatura de transição vítrea pode ser entendida como a menor
temperatura onde ainda se observa movimento molecular estrutural. Essa mudança
na curva de esfriamento marca a passagem do líquido superesfriado ao estado
vitreo
24
.
45
2.8 – O intervalo de transição vítrea.
É observado que a posição da temperatura de transição vítrea
g
T
não é fixa
como por exemplo, a temperaura de fusão
m
T
, esse varia com a taxa de
resfriamento. O resfriamento rápido tem o efeito de deslocar o valor de
g
T
para
temperaturas maiores, como pode ser observado pela figura 7. O contrário acontece
quando se esfria lentamente. Por esta razão é preferível substituir a temperatura
g
T
por um intervalo de transição vítrea ou de transformação vítrea
[
]
g
T
, onde o limite
inferior e o superior são definidos respectivamente pelas taxas mais baixa
24
e mais
alta do resfriamento usado.
[T
g
]
T
g3
T
g1
β
2
β
3
β
1
Temperatura
T
f
Volume Específico
T
g2
Figura 7 - Influência da taxa de resfriamento U sobre a posição do ponto de transição T
g
,
considerando U
1
< U
2
< U
3
22
Mas, devemos observar quando na determinação dos valores de T
g
devido ao
fato de existir um intervalo de valores, a sua determinação pode estar influenciada
pela historia térmica do vidro, quer dizer, a forma como foi esfriada e tratada
temicamente. Então quando é medido utilizando uma determinada técnica
experimental os valores obtidos não necessariamente serão iguais, mas devem ser
próximos. Então quando se fala no valor de T
g
, para ser rigoroso, é necessário
indicar o método usado e as condições em que foi obtido.
46
2.9 Cinética de Formação dos vidros
No decorrer do processo de fusão quando as matérias primas encontram se
no estado fundido, esta tem grande semelhança com um liquido. No entanto de
acordo com a taxa de resfriamento essa massa fundida pode trilhar diferentes
caminhos na formação de sua estrutura interna, processo esse de resfriamento que
está diretamente relacionado com a organização das cadeias estruturais dos vidros.
Um exemplo claro desse processo de formação do vidro esta ilustrado na figura 6,
que faz relação à variação do volume específico em função da temperatura,
definindo como um volume maior em altas temperaturas, e a diminuição do volume
na medida em que se resfria o liquido obtendo-se uma certa organização das
cadeias.
A capacidade do material na formação dos vidros pode ser relacionada com a
disposição deste em sofrer ou não cristalização durante o resfriamento da massa
fundida. Assim, a cristalização esta diretamente relacionada com a combinação dos
processos de nucleação e crescimento durante o processo de esfriamento. Este
processo é subdividido em etapas. A nucleação é um primeiro estágio. Quando se
inicia o processo de formação dos núcleos, estes se orientam e seguem o segundo
processo que é o crescimento dos cristais. No entanto, apesar de serem processos
distintos isso não impede que mesmo com a presença de crescimento de cristais,
não possa estar ocorrendo simultaneamente a nucleação
25
. Isso é observado na
maioria dos processos.
No contexto da cristalização quando se tem um estágio inicial de nucleação e
formação de cristais muito pequenos, não faz com que esse material deixe de ser
um vidro. Com isso, a junção da taxa de resfriamento agrupada as velocidades de
nucleação e crescimento é que determinam se o vidro é ou não formado.
Associando estas colocações ao exposto acima é que podem ser entendidas as
taxas de resfriamento.
A cristalização pode ainda ser impedida quando uma massa fundida
apresentar uma alta viscosidade na temperatura de fusão, fator que é extremamente
necessário para a formação do vidro.
O processo de nucleação e cristalização explicado acima se refere quando a
massa fundida esfria para formar o vidro ou não. Dentro deste contexto existem
teorias para formação do vidro. A seguir faremos a abordagem da teoria clássica de
47
nucleação e crescimento ou aquela chamada de teoria cinética de formação dos
vidros
24
.
2.9.1 – Nucleação
A taxa de formação de núcleos de acordo com Turnbull
26
pode ser,
expressado como:
*
'
" e e
A
N w
G
KT KT
I n v
=
(2.1)
onde I é o número de estados nucleados formados em uma unidade de
volume por unidade de tempo; O termo
T
wN
A
K
*
e
da a probabilidade de ocorrência
de um núcleo de tamanho supercrítico (estável) na temperatura T, e o termo
'
K
e
G
T
é a taxa da mudança da estrutura do material durante a nucleação, estes incluem
processos de difusão e de reorientação de moléculas onde
'
G
é a mudança na
energia livre (entalpia) envolvida em superar a barreira cinética de nucleação. De
acordo com isto:
'
t
t
H
G T S T
T
=
(2.2)
Onde:
t
H
= é a mudança na entalpia associada com a fusão.
T
s
= é a temperatura de fusão.
S
= é a entropia de cristalização.
Os demais termos que caracterizam a taxa de nucleação são:
n” = é o número de átomos por unidade de volume.
v = é a freqüência de vibração dos átomos no limite entre os cleos e
líquido.
N
A
= é o número de Avogadro.
T = é a temperatura.
48
K = constante de Boltzmann.
w* = Barreira de energia de nucleação dada pela relação:
3 2
2
'
*
m
V
w
G
κσ
=
.
Onde
κ
é uma constante numérica que depende da forma geométrica da
nucleação (para formação de núcleos esféricos
16 / 3
κ π
=
).
'
σ
= é a energia livre interfacial, no limite entre uma fase e outra no líquido;
G
= é a mudança da energia livre ou entalpia durante a passagem do
liquido para cristal em uma temperatura T.
V
m
= é o volume de um átomo gramo do cristal.
Para a taxa de nucleação na temperatura T nós temos a seguinte relação explicita:
3 2 2
2 2
'
'
" xp exp
K K
A m t
t
N K V T
G
I n ve
T H T T
σ
=
(2.3)
Com a diminuição da temperatura o segundo termo exponencial torna-se
gradativamente dominante e com adicional baixa da temperatura a taxa diminui
26
.
A temperatura na qual a taxa de nucleação é máxima depende de
'.
G
se
0
'
=
t
T
G
, a taxa de nucleação alcança a temperatura máxima em
3
t
T
T
=
, e com alto
valor de
'
G
, e este valor se aproxima do valor da temperatura de fusão T
t
.
2.9.2 – Crescimento
Depois que se tem formado os núcleos estáveis a taxa do seu crescimento
dependerá da mobilidade dos átomos que se difundem na vizinhança e na superfície
dos núcleos. Então, novas ligações serão formadas dependendo da estrutura
cristalina ou vítrea que está sendo crescida.
A taxa de crescimento deste modo é proporcional à diferença entre as freqüências
de transições de liquido - cristal e cristal - liquido
26
,
siis
vv
e
, onde:
T
G
is
vv
K
"
e
=
(2.4)
T
GG
si
vv
K
"
e
+
=
(2.5)
49
e é a taxa de crescimento de cristais é então dada pela relação
)e1(e)(
"
00
KT
G
KT
G
siis
vavvaU
==
(2.6)
onde a
0
é a dimensão da molécula. O crescimento de um cristal de um material
complexo é influenciado pela taxa de difusão de distancias relativamente grandes
para sua superfície. Por outro lado, a taxa de nucleação é influenciada pela energia
de ativação associado com as estruturas de curto alcance.
Para os materiais simples Turnbull e Cohen
26
postularam que a energia de
ativação que controla a taxa de crescimento dos cristais equivale à energia de
ativação do fluxo viscoso. Substituindo isto na equação acima, obtemos:
=
T
G
A
aN
Tf
U
K
2
0
e1
3
K
ηπ
, (2.7)
onde f é um fator entre 0 e 1 (igual para o mero de pontos da superfície de um
cristal com o qual a molécula se liga)
Se o esfriamento do material fundido é para produzir um vidro, as taxas de
nucleação e cristalização não devem exceder certos valores. Se na temperatura T é
a temperatura do super-resfriamento no qual a taxa é I = 1 [cm
-3
.s
-1
] então forma
vidro de acordo com Turnbull e Cohen.
(a) não é qualquer taxa de nucleação que tem o valor I = 1 [cm
-3
. s
-1
] na temperatura
T abaixo do ponto de fusão T
t
(b) na temperatura T a taxa de crescimento de cristais é menor que 10
-5
átomos por
segundos.
2.10 – A condição para a formação dos vidros.
Como estamos interessados em formar vidros, substituindo I = 1 [cm
-3
.s
-1
] na
equação (2.7), obtemos:
2
1
2
23
)')"ln(K(
'
'
=
GvnTH
VKN
T
T
t
mA
t
σ
(2.8)
Para certo número de materiais o calor de cristalização
26
,
t
H
, é proporcional à
temperatura de fusão:
tt
TH K
β
=
, (2.9)
50
onde:
β
se aproxima de 1. Substituindo na equação (2.8) e introduzindo o valor da
energia superficial:
3/22/1
mA
t
VN
H
=
α
σ
(2.10)
(onde α é igual 1/3), obtemos:
2
1
3
')"ln('K
K
'
=
GvnT
TK
T
T
t
t
βσ
(2.11)
A equação (2.11) indica que:
Se
0'
=
G
e os núcleos são esféricos
26
(
3/16
π
=
K
) e com n=10
23
[átomos/cm
3
] , para a freqüência
][10
112
= sv
, nós podemos escrever:
2
1
3
'80.3
16'
=
T
T
T
T
t
t
βα
π
(2.12)
Se
9.0
3/1
αβ
, um valor pode ser encontrado para T satisfazendo a equação
(2.12).
Os matérias puros cristalinos não manifestam usualmente
1/ 3
αβ
maior
que 0.5.
Se
5.0
3/1
=
αβ
, e aplicando a equação (2.10) obtemos:
2/1
'K80.3
K2
'
=
GT
T
T
T
t
t
π
(2.12)
Para I não exceder 1 [cm
-3
.s
-1
] para alguma temperatura abaixo de T
t
, a condição
TG K40'
deve ser satisfeita.
Para a máxima taxa de crescimento de cristais com 0.1 [cm
-3
.s
-1
] o valor
máximo admissível de
' e "
G G
deverão ser igual a 20 KT
t
. Este modelo justifica a
formação dos vidros partindo da taxa de esfriamento.
Na prática ocorre que os vidros podem ser preparados ajustando a
estequiometria dos compostos formadores e depois da fusão
26
não é preciso realizar
o esfriamento rápido, pois independente desta o vidro é formado. Mas, ainda assim o
modelo justifica este processo pelo aumento grande da viscosidade da massa
fundida.
51
2.11 – Separação de fases vítreas.
Num sistema vítreo multicomponente, podem ser formadas estruturas básicas
diversas. Devido à existência de grande quantidade de materiais capazes de formar
vidros durante o esfriamento, estes podem formar grupos estruturais diferentes. No
estado vítreo podemos ter estruturas semelhantes ou parcialmente diferentes entre
as mesmas.
Com o auxilio das técnicas de analise microestrutural tem sido descobertas
nos vidros algumas características semelhantes aos líquidos imiscíveis, portanto, a
separação de fases em muitos casos pode ser observada.
Na seção anterior foi abordada a teoria cinética de formação dos vidros, quer
dizer, as condições na qual a massa fundida formará vidro ou não.
Se o esfriamento produz agrupamentos estruturais de uma fase mais estável,
de rias dimensões, mas de variável composição, então poderá ocorrer em geral
uma separação de fase dentro de uma faixa de temperatura. Também poderá
ocorrer a nucleação e crescimento de uma fase vítrea separada ou a nucleação e
crescimento de micro cristais. Então, em geral, um tratamento térmico dentro de uma
região de temperaturas fará o crescimento em fases separadas.
No caso mais simples, a separação metaestável abaixo da temperatura de
líquidos pode proceder por dois caminhos, de acordo com Cahn, Charles, e Hilliard
27, 28, 29
. Vamos primeiro considerar o diagrama de um sistema binário A - B
representado na figura 8.
52
Figura 8 – Diagrama esquemático da separação de fase abaixo as temperatura de
líquidus, em um sistema binário A-B: 1- curva de quidus, 2 temperatura crítica, 3 linha
binodal, 4 linha espinodal, 5 decomposição espinodal, 6nucleação e separação de fases
separadas.
26
Definindo uma região de miscibilidade limitada. Para a temperatura t
1
, pode
ser expresso de acordo com a dependência da energia livre G
30
, sobre a
composição por uma curva apresentada na figura 9. Temos dois casos:
Figura 9 Dependência da energia livre, G, sobre as composições em sistemas binários A -B
para a temperatura T
1
.
26
53
a) Decomposição Espinodal. Assumindo que o sistema mais estável é o sistema
com mais baixa energia livre, então, considerando nesta temperatura duas fases de
composições dadas nos pontos a e b; o caminho pelo qual o sistema entra neste
estado esta em dependência da composição inicial do sistema. Se o sistema x
desde a temperatura líquidus é sujeito a um resfriamento brusco até a temperatura
t
1
, a decomposição da fase b para a é iniciada de forma que faz uma mudança
continua de composição; por sua vez a decomposição é ligada ao decréscimo da
energia livre,
G
, decomposição para fase 1 de 1’ conforme ilustra a figura 9 e a sua
variação da energia livre na figura 10.
Figura 10 Mudança na energia livre
G
associado com o decaimento da composição
X
26
Figura 11 – Mudança na energia livre
G
associado com o decaimento da composição
Y
26
Um processo contínuo deste tipo é chamado processo espinodal. Este
manifesta uma estrutura consistente de duas fases vítreas continuas
interpenetrantes. Ver parte inferior da figura 8.
De acordo com a teoria de Cahn
9
, a decomposição espinodal acontece
quando:
0
2
2
<
c
G
(2.13)
A região da decomposição espinodal é dividida por uma linha espinodal separando a
região instável da região metaestável. Na curva, este ponto de separação quer dizer
que:
0
2
2
=
c
G
(2.14)
54
b) Nucleação de fases separadas. Alguns casos o diferentes, se a composição
inicial está na região onde a curva da energia livre é convexa, como mostra a figura
9. Para o sistema de composição y, a decomposição da fase 2’ para a fase 2, pode
ser acompanhada por um incremento na energia livre,
'G
, como visualizado na
figura 11. Assim não é um processo espontâneo. Logo, esta região é chamada de
metaestável.
Quando os agrupamentos estruturais atingem certo raio crítico, dependendo
sobre os valores da energia livre interfacial, tornam-se núcleos de uma nova fase, e
podem crescer para formar um sistema dispersivo. Estas são chamadas partículas
dispersas de forma discreta no interior da segunda fase contínua. Para a região de
metaestabilidade é claro que:
0
2
2
>
c
G
(2.15)
As fronteiras entre os dois mecanismos de separação são marcadas por um ponto
de inflexão k, l sobre a linha espinodal. Na região contornada pela linha espinodal a
separação da fase é afetada espinodalmente e, nucleacionalmente na região entre
as linhas espinodal e binodal por ocorrência da nova fase.
A subida do perfil de concentração no contorno entre as duas fases criadas é
esquematizado na figura 12.
Figura 12 – Desenvolvimento do perfil de concentração durante o crescimento de uma fase
nucleada: A – Momento do aparecimento de uma flutuação em concentração
26
. B- No
processo de separação. C – No equilíbrio.
c) Coalescência. Para alcançar um alto grau de continuidade das fases separadas
pode ocorrer através de uma gradual coalescência que consiste na precipitação de
núcleos ou pequenas concentrações da fase separada. Isto ocorre depois do estado
55
inicial de separação, durante o processo de tratamento térmico, o sistema se esforça
para reduzir a área destas superfícies interfaciais, pelo aumento das superfícies
separadas.
Além do processo de coalescência (crescimento competitivo) e do movimento
Browniano, no fluido viscoso este processo pode ser chamado de processo
Ostwaldian de maturação, o qual ocorre acima da região de solubilidade das micro
regiões pequenas e longas de separação. As regiões pequenas, tão pequenas que
possuem certo valor de raio menor que o raio critico r*, têm uma tendência a
dissolver-se, e os íons se difundirão para uma grande região (a mais estável) a qual
logo aumentará.
31
A figura 13 mostra uma representação esquemática
31
do desenvolvimento do perfil
de concentração durante o processo Ostwaldian de maturação.
Figura 13 Desenvolvimento do perfil de concentração durante o processo de maturação
Ostwaldian
26
Se r<r*, e se a concentração sobre a superfície da fase separada de raio r é
maior que a concentração da fase da matriz, a nova fase separada poderá se
dissolver na matriz. A figura 13 traz o desenvolvimento do perfil de
concentração durante o processo denominado de Ostwaldian.
Se a concentração sobre a superfície de fase separada de raios r é igual a
concentração da matriz. Temos então o caso de um equilíbrio de duas
concentrações.
Se r>r*, e a concentração sobre a superfície da fase separada de raio r é
menor que a concentração da matriz, a fase separada é capaz de crescer.
Num grande número de casos de sistemas vítreos, estes processos foram
observados. Os processos descritos acima, de separação de fases de uma fase
56
vítrea para outra tem contribuindo para a solução de um bom número de problemas
relacionados com a estrutura do sistema vítreo.
26
d) A cristalização dos vidros. Dependendo da composição, da história térmica do
vidro e principalmente da temperatura de tratamento térmico podemos induzir a
partir destes processos de separação de fases vítreas e cristalização do vidro.
Podemos dizer em geral, que os problemas discutidos relacionados com a
nucleação e crescimento de fases separadas são de grande complexidade. Quando
ocorre separação de fases pelo tratamento térmico pode também ocorrer a
nucleação e crescimento de cristais, no seio da matriz vítrea. A descrição dos
processos de nucleação e crescimento pode ser feita a partir da teoria de formação
dos vidros utilizando a teoria clássica.
Para que ocorra o processo de cristalização é preciso delimitar claramente a
região de temperaturas de transformação. Isto nos vidros pode ser determinado
fazendo a análise das medidas térmicas. Finalmente quando o vidro passa de uma
fase liquida (vidro fundido) a uma fase sólida (vidro esfriado) ou vice versa. Este
sofre um processo único que é chamado de história térmica. A história térmica nos
processos de aquecimento, esfriamento e tratamento térmico dos vidros, tem grande
influência nas propriedades físicas e químicas, porém estruturais e
consequentemente influencia as suas propriedades.
57
Capitulo III
Neste capitulo são descritos os procedimentos para a preparação dos sistemas
vítreos B
2
O
3
BaO K
2
O CeO
2
(BBKC), P
2
O
5
Na
2
O PbO –ZnO CeO
2
(VCKT) e P
2
O
5
Na
2
O CdO –La
2
O
3
CeO
2
(PNCL). Abordaremos a escolha dos
componentes da matriz vítrea e a metodologia dos procedimentos experimentais
para a preparação das amostras e para a realização das medidas de caracterização.
Seguidamente, faremos uma descrição das técnicas experimentais de
caracterização utilizadas nesse trabalho.
58
3.1 – Experimental: Materiais e métodos
3.1.1 – Escolha das matrizes vítreas.
Neste trabalho foram escolhidas três matrizes vítreas para serem dopadas
com óxido de cério, entre elas destacamos as matrizes baseados no formador B
2
O
3
(vidros boratos)o sistema vítreo escolhido foi: B
2
O
3
-BaO-K
2
O-CeO
2
(BBKC) e
baseado no formador P
2
O
5
(vidros fosfatos) a escolha foi sintetizar dois sistemas:
P
2
O
5
Na
2
O PbO –ZnO CeO
2
(VCKT) e P
2
O
5
Na
2
O CdO –La
2
O
3
CeO
2
(PNCL).
3.1.2 – Vidros Boratos:
Como o sistema que estudamos contém como formador de rede o óxido de boro,
faremos uma breve explicação das propriedades do boro para formar os vidros.
3.1.2.1 Estruturas Boratos:
Os compostos boratos constituem sais normalmente gerados a partir de
ácido bórico ou ácidos polibóricos Os vidros boratos são produzidos principalmente
por ácido bórico ou ácido polibóricos com N combinações diferentes. e podem
conter, por exemplo, cátions Al
3+
, Fe
3+
e Mn
3+
em combinação com cátions
bivalentes de pequeno raio iônico.
Os boratos anidros são insolúveis em água e frequentemente também em
ácidos, fusíveis a alta temperatura e podem atingir dureza superior a 7. Os boratos
com Na e Ca e hidroxilas e/ou água são normalmente solúveis e de dureza baixa.
Os boratos possuem propriedades cristaloquímicas similares às dos silicatos e dos
fluoretos de Al, pois podem se polimerizar, formando cadeias, camadas ou grupos
múltiplos isolados, e por isto são de grande interesse para o mineralogista. Isto se
deve ao fato do íon B
3+
, ser muito pequeno e coordenar três O
=
em sua configuração
estável. Como a carga do cátion central é 3 e existem três vizinhos bivalentes, a
força de ligação B-O vai ser igual à unidade, portanto exatamente a metade da
energia de ligação do íons oxigênio. Isto permite que um único O seja compartilhado
por dois B ligando assim os triângulos da unidade fundamental dos boratos.
59
É possível preparar uma estrutura tridimensional constituída exclusivamente
de triângulos BO
3
, gerando a fórmula B
2
O
3
, todavia esta apresenta baixa
estabilidade e se desintegra rapidamente, produzindo vidro. Devido a este fato e a
tendência de formar redes de triângulos BO
3
, algo desordenado, o boro
32
é utilizado
na fabricação de vidros como um "formador de rede", sendo usado na preparação de
vidros especiais de baixa densidade e elevada transparência.
No vidro de B
2
O
3
a coordenação do oxigênio em torno de cada boro é três, e
a unidade estrutural básica é o triângulo BO
3
. Acredita-se que o boro (B) esteja
ligeiramente acima do plano dos três oxigênios. Muitos pesquisadores atribuem que
a unidade estrutural é baseada em grupos boroxol. A figura 15 ilustra a rede de
vidros B
2
O
3
com as unidades básicas do grupo boroxol (BO
3
).
Figura 14 -
Estruturas na forma de anéis boroxol, que são possíveis nos vidros baseados
em boratos
33
.
O argumento forte da formação dos vidros baseados em anéis boroxol tem
sido derivado de medidas de espectro Raman do óxido B
2
O
3
. Tem se mostrado que
o equilíbrio dos triângulos boroxol BO
3/2
deslocam-se para a direita com o
incremento da temperatura. A natureza das ligações dos anéis boroxol é que estes
com sua configuração de conexões triangulares no vidro borato fazem com que a
estrutura não seja muito gida. Desta forma com o aumento da temperatura estes
vidros podem ter propriedades de transporte alto, valores semelhantes às estruturas
de líquidos
33
.
O íon boro é trivalente positivo e é um formador de vidro. A introdução de um
óxido modificador em vidros de óxido de boro traz aproximadamente duas
possibilidades:
(I) Podem criar oxigênios não ligados na rede.
(II) Converter o boro de um estado de coordenação 3 (“estado B
3
”) para um estado
de coordenação 4 (“estado B
4
”), dando origem a uma estrutura básica tetraédrica
3
.
No grupo BO
3
, os oxigênios estão completamente ligados, portanto, uma
carga negativa para cada oxigênio, satisfazendo as três cargas positivas do íon
60
boro. Após a conversão de B
3
para B
4
, isso gera uma carga negativa do grupo [BO
4
]
-
, fazendo com que este fique disponível para uma ligação com outros íons positivos.
Figura 15 - Estruturas básicas possíveis nos vidros baseados em boratos
33
.
3.1.2.2 – Matriz borato, B
2
O
3
– BaO – K
2
O – CeO
2
(BBKC)
Vidros boratos são de bastante interesse pelo fato de sua temperatura de
fusão ser menor que a dos vidros silicatos, a qual o torna mais acessível em
diversas técnicas experimentais
34
.
A presença do óxido formador da rede vítrea, o clássico B
2
O
3
como o óxido de
bário BaO, são a base para formar bons vidros ópticos. A inclusão do óxido de
potássio K
2
O, pode ajudar na quebra das ligações do B
2
O
3
e ao mesmo tempo
permitir o ambiente apropriado para os íons de Ce
3+
.
Desta forma o sistema escolhido para esta pesquisa é apropriado e obtém-se
um vidro multicomponente que irá possuir as características apropriadas para a
dopagem com o Ce.
Conhecendo um pouco mais sobre os componentes que potencialmente irão
formar o vidro. A tabela 4 ilustra os compostos utilizados para a preparação dos
vidros. Vejamos algumas das características destes óxidos na formação do sistema
em estudo.
O óxido de boro B
2
O
3
34
. O óxido B
2
O
3
é um excelente formador de vidro, a
estrutura dos vidros boratos é baseada nas unidades triangulares BO
3
, e
também unidades BO
4
. É sempre utilizado junto com outros componentes para
formar os vidros e tem propriedade de redução do coeficiente de expansão
térmica, reduz a viscosidade em altas temperaturas e aumenta esta em baixa
temperatura.
Este composto depois de atingir o ponto de fusão acima de
1000
o
C torna-se vidro a partir do resfriamento e é muito difícil obtê-lo na forma
cristalina. Pelo fato dele ser higroscópico não é muito utilizado sozinho e sim
incorporado junto com outros óxidos em diversos vidros tanto nas aplicações
61
industriais como especiais. O B
2
O
3
, incorporado nos vidros reduz o coeficiente
de expansão térmica, reduz a viscosidade em alta temperatura e aumenta a
mesma em baixa temperatura
34
.
O óxido de bário BaO
34
, Este composto nos vidros atua como modificador de
rede dependendo da composição. Melhora a resistência química do vidro e
geralmente reduz sua solubilidade, aumenta o índice de refração e geralmente
é utilizado em vidros ópticos para ajudar a estabilizar a rede vítrea.
Carbonato de Potássio (K
2
CO
3
)
14
: O carbonato também atua na rede cristalina
como modificador vítreo na forma de óxido de potássio (K
2
O). Ao possuir um
raio iônico maior o K pode permitir abrir mais a rede do B
2
O
3
Óxido de Cério: Terra rara utilizada como dopante na matriz vítrea.
Tabela IV – Procedência dos principais componentes utilizados nas preparações das amostras
vítreas do vidro borato BBCK.
Produto
Fórmula
molecular
Procedência
Grau de
pureza (%)
Óxido de Boro B
2
O
3
Vetec (P.A.) 99,5
Óxido de Bário BaO Vetec (P.A.) 99
Carbonato de
Potássio
K
2
CO
3
Casa americana
(P.A.)
99
Óxido de Cério CeO
2
Alfa Aesar (P.A.) 99,5
3.1.3 – Vidros Fosfatos:
3.1.3.1 Estrutura dos Fosfatos (P
2
O
5
)
A estrutura do P
2
O
5
foi estudada inicialmente por medidas de espectroscopia
Raman, feitas por Bobovich, em 1961
35
, e confirmadas por Galeener em 1979
36
. A
presença de pontes de P-O-P e da ligação de P = O, indicando a possibilidade de
interconexão dos tetraedros PO
4
, através de três de seus vértices
24
, evidenciou a
existência de redes tridimensionais. A introdução de cátions alcalinos provoca
despolimerização das cadeias do vidro e diminuição da ordem da ligação P=O, cuja
banda sofre um deslocamento da ordem de 225cm
-1
. A estrutura de um vidro fosfato
multicomponente pode conter desde metafosfatos tridimensionais até unidades
lineares de cadeias curtas, dependendo da quantidade e natureza dos componentes
62
modificadores, M
2
O e MO
37
. De acordo com a razão molar R=M
2
O/P
2
O
5
, as
cadeias podem ser divididas em polifosfato (1<R<3), metafosfato (R=1) e ultrafosfato
(0<R<1)
38
. As composições binárias mais estudadas contem cátions alcalinos e
alcalinos terrosos, tais como Na
+
, Li
+
, K
+
, Ca
2+
, Ba
2+
, sendo que um dos primeiros a
ser estudado, descrito desde 1834 foi o polimetafosfato de sódio vítreo conhecido
como sal de Graham. Vidros fosfatos ternários, contendo formadores adicionais,
podem exibir redes mistas, apresentando grande melhoria na estabilidade química.
São dotados, ainda, de importantes propriedades eletrônicas, ópticas e térmicas. Os
vidros fosfatos apresentam valores elevados de expansão térmica e baixas
temperaturas de fusão, quando comparados com os vidros silicatos e boratos.
Figura 16 Tipos mais comuns de grupamentos fosfatos, onde (a): ortofosfato; (b): pirofosfato;
(c): metafosfato linear e (d): metafosfato cíclico.
Os sistemas ternários mais comuns são os dos tipos P
2
O
5
M
2
O Mx (M =
metal alcalino, ferro ou cobre e X = haleto)
37
, que apresentam condutividade iônica,
e K
2
O – M
2
O
3
P
2
O
5
, caracterizados por grande durabilidade química e altos
coeficientes de expansão térmica
39
.
63
Assim como os vidros boratos, os vidros fosfatos
18
são de pequena
importância comercial, pois reagem fácil com a atmosfera do meio ambiente.
Entretanto, as soluções destes vidros são importantes por causa da habilidade
complexa das longas ligações do fósforo.
A estrutura básica dos vidros fosfatos são ligações tetraédricas fósforo –
oxigênio. Assim a estrutura
40
do vidro P
2
O
5
, é uma rede tridimensional de tetraedros
fósforo – oxigênio como mostra a figura 17.
Oxigênio
Fósforo
Figura 17- Estrutura tetragonal vidro fosfato
3.2 - Procedimento Experimental: Preparação dos vidros
3.2.1 - Descrição do processo de fusão
Escolhidos os compostos precursores dos vidros de uma certa composição o
processo de obtenção do vidro segue o seguinte roteiro geral:
É feito a pesagem dos compostos segundo a estequiometria; e totalmente misturado
para homogeneização e depois a compactação no cadinho de platina.
O cadinho usado no laboratório tem uma abertura menor (diâmetro) do que a
altura do mesmo. O volume da massa colocada no cadinho é menor que a
capacidade total do volume do mesmo, para que possa suportar o processo de
aquecimento dos reagentes, sem ocorrer derramamento, os reagentes o
colocados no forno logo após este ser ligado, para que haja prazo suficiente durante
o aquecimento para que a reação (fusão) ocorra e assim a liberação dos gases,
formados com o aquecimento dos reagentes..
64
O forno segue o seguinte cronograma de aquecimento: sobe da temperatura
ambiente até 600ºC em 60 minutos na taxa de 10º C/min. Esse cuidado em manter o
forno na temperatura de 600°C em 60 minutos é especialmente necessário devido a
evaporação de água e gases que se decompõem nesse intervalo de temperatura.
Seguidamente o forno prossegue o aquecimento de 600 até 1200ºC com a taxa de
10º C/min, o qual ocorre em 60 minutos, posteriormente nessa temperatura
permanece por mais 120 minutos, para que ocorra a fusão e homogeneização
completa do vidro. Faz se necessário durante este estágio final da fusão, um
pequeno agito no cadinho, na forma circular, contendo a massa fundida, para que
ocorra melhor homogeneidade na formação do vidro. Observamos que na
temperatura de 1200º C a massa fundida fica totalmente no estado liquido mantendo
pouca viscosidade.
3.2.2 - Esfriamento e Moldagem
Depois de cumprida a etapa de fusão o vidro é despejado do cadinho e
moldado. No processo de despejar no molde, ainda na forma liquida é agitado
novamente na forma circular agora para esfriar e atingir um estágio de maior
viscosidade. Só então, este liquido é despejado sobre um molde de aço previamente
preparado aquecido a uma temperatura de aproximadamente 200ºC, para evitar que
o vidro obtenha trincas na sua moldagem. Após esta moldagem é imediatamente
levado a um outro forno na temperatura próxima a transição vítrea (Tg), para o
recozimento. Utilizamos um outro forno elétrico de resistência previamente aquecido
próximo da temperatura do tratamento térmico (próximo da temperatura de transição
vítrea de cada vidro), que no seu interior contem uma placa de cerâmica.
O processo de retirada do forno de fusão, despejo na chapa, moldagem e
levar ao forno de recozimento deve ser o mais rápido, pois, na demora pode ocorrer
que o vidro moldado sofra choque térmico, motivo pelo qual venha apresentar
trincas ou quebraduras pelas tensões internas criadas no esfriamento. A seqüência
na figura 18 ilustra os processos seguidos.
65
(a)Forno elétrico para a fundição do vidro (b)Cadinho contendo a massa vítrea
(c) Vertimento da massa fundida (d)Vidro sendo levado para o recozimento
Figura 18 – Ilustração do processo de fusão das matrizes vítreas
3.3 – Limpeza do cadinho
Após a passagem do liquido fundido do cadinho para o molde, o restante do
vidro (massa fundida) solidifica-se no cadinho. A limpeza do cadinho de platina é
feita mergulhando-o numa solução de ácido nítrico (HNO
3
) diluído em água, na
proporção de 20 ml de água para 1 ml de ácido nítrico, onde permanece mergulhado
por um período de 6 horas, ate que esteja livre de material solidificado em seu
interior. Posteriormente o cadinho é lavado com água deionizada e secado em uma
estufa a 100
0
C.
66
3.4 - Composição escolhida dos Vidros boratos e Fosfatos
.
3.4.1 – Obtenção do vidro BBKC (B
2
O
3
-BaO-K
2
O-CeO
2
).
O vidro BBKC foi produzido a partir da mistura dos seguintes compostos:
óxido de Boro (B
2
O
3
), óxido de rio (BaO), Carbonato de Potássio (K
2
O) e óxido
de Cério (CeO
2
), conforme a tabela (v). Os componentes Óxido de Bário e Óxido de
Potássio foram variando sua massa, dando origem assim na série vítrea BBKC.
Tabela V – Composição do vidro Borato (BBKC)
Vidro B
2
O
3
Mol (%)
BaO
Mol (%)
K
2
O
Mol (%)
CeO
2
Mol (%)
Matriz 65,0 24,5 10 0,0
Vidro 1 65,0 29,5 5 0,5
Vidro 2 65,0 24,5 10 0,5
Vidro 3 65,0 19,5 15 0,5
Vidro 4 65,0 14,5 20 0,5
Vidro 5 65,0 9,5 25 0,5
Vidro 6 65,0 4,5 30 0,5
Os compostos precursores são devidamente pesados e misturados e
colocados num cadinho de platina. Esta mistura foi levada ao forno elétrico com a
taxa de aquecimento inicial de 70ºC com uma rampa de aquecimento de 10ºC /min.
até 600ºC permanecendo nesta temperatura por 1 hora para o desprendimento de
gases formados, em seguida sua temperatura novamente foi elevada na mesma
rampa de aquecimento de 10ºC/min. até 1200ºC ficando nesta temperatura por mais
5 horas para sua fusão. Após a fusão, o liquido foi despejado sobre um molde de
aço e depois levado imediatamente a outro forno elétrico a 400
o
C para
recozimento por cinco horas. Após estes processos os vidros foram preparados na
forma de pó e lâminas para as diferentes medidas experimentais.
3.4.2 Obtenção do vidro fosfato (P
2
O
5
–Na
2
O–PbO–ZnO–CeO
2
)
VCKT
Esta matriz foi produzida a partir da mistura dos seguintes compostos:
Pentóxido de Fósforo (P
2
O
5
), óxido de Sódio (NaO), óxido de Chumbo (PbO), óxido
de Zinco (ZnO) e óxido de Cério (CeO
2
).
67
Conhecendo um pouco mais sobre os componentes que potencialmente irão
formar o vidro. A tabela (VI) ilustra os compostos utilizados para a preparação dos
vidros.
Tabela VI – Procedência dos principais componentes utilizados nas preparações das amostras
vítreas do vidro fosfato VCKT.
Produto
Fórmula molecular
Procedência
Grau de pureza
(%)
Pentóxido de
Fósforo
P
2
O
5
Vetec (P.A.) 98
Óxido de Sódio NaO Caal Reagentes 99
Óxido de Chumbo PbO Reagentes Analiticos 99
Óxido de Zinco ZnO Caal Reagentes 99
Óxido de Cério CeO
2
Alfa Aesar (P.A.) 99,5
Para preparar os vidros dopados, encolhemos apenas uma composição do
sistema VCKT e esta foi dopada com diferentes concentrações de CeO
2
.
Esta mistura foi levada ao forno em cadinho de platina com a taxa de
aquecimento inicial de 70ºC com uma rampa de aquecimento de 10ºC /min. até
600ºC permanecendo nesta temperatura por 2 horas para o desprendimento de
gases formados, em seguida sua temperatura novamente foi elevada na mesma
rampa de aquecimento de 10ºC/min. a 1100ºC ficando nesta temperatura por 2
Tabela VII – Composição do vidro Fosfato ( VCKT )
Vidros
P
2
O
5
(peso %)
Na
2
O
(peso %)
ZnO
(peso %)
PbO
(peso %)
CeO
2
(peso %)
Matriz 50,0 27,3 16,0 6,2 -
Vidro I 50,0 27,3 16,0 6,2 0,50
Vidro II 50,0 27,3 16,0 6,2 0,45
Vidro III 50,0 27,3 16,0 6,2 0,375
Vidro IV 50,0 27,3 16,0 6,2 0,30
Vidro V 50,0 27,3 16,0 6,2 0,225
Vidro VI 50,0 27,3 16,0 6,2 0,15
Vidro VII 50,0 27,3 16,0 6,2 0,075
Vidro VIII 50,0 27,3 16,0 6,2 0,05
Vidro IX 50,0 27,3 16,0 6,2 0,025
Vidro X 50,0 27,3 16,0 6,2 0,005
68
horas, e finalizando a temperatura foi elevada novamente com uma rampa de
10ºC/min. até atingir a temperatura de 1200ºC para sua fusão total. Foi observado
visualmente que este vidro teve seu processo de fusão iniciado aproximadamente a
990ºC. Todos os vidros foram preparados conforme as composições da tabela
(VII).
O vidro obteve uma boa transparência visível de acordo com a figura 19.
Figura 19– Matriz fosfato VCKT
3.4.3 – Obtençao do vidro fosfato (P
2
O
5
–Na
2
O–CdO–La
2
O
3
–CeO
2
)
PNCL.
Esta matriz foi produzida a partir da mistura dos seguintes compostos:
Pentóxido de Fósforo (P
2
O
5
), óxido de Sódio (NaO), óxido de Cádmio (CdO), óxido
de Lantânio (La
2
O
3
) e óxido de Cério (CeO
2
).
Óxido de Cádmio:
O óxido de Cádmio age na rede cristalina como
intermediário, podendo atuar como modificador ou formador vítreo, no caso desta
matriz, atua como modificador
34
, devido a que introduzimos pouca quantidade molar.
Óxido de Lantânio:
O La
2
O
3
aumenta a resistência mecânica do vidro, Este é um
outro composto de terras raras que em vidros atua principalmente para melhorar
a qualidade óptica dos vidros devido a isso são usados para a produção de
vidros ópticos especiais, tais como: Vidro absorvente de radiação infravermelha.
Assim como o óxido de Cádmio o óxido de Lantânio também age na rede
cristalina como intermediário, no caso desta matriz, atua como modificador de
rede
34
.
A tabela (VIII) ilustra os compostos utilizados para a preparação dos vidros.
69
Tabela VIII – Procedência dos principais componentes utilizados nas preparações das
amostras vítreas do vidro fosfato PNCL
Produto
Fórmula molecular
Procedência
Grau
de
pureza
(%)
Pentóxido de Fósforo P
2
O
5
Vetec (P.A.)
98
Óxido de Sódio NaO Vetec (P.A.) 99
Óxido de Cádmio CdO Alfa Aesar (P.A.)
99,5
Óxido de Lantânio La
2
O
3
Alfa Aesar (P.A.)
99,9
Óxido de Cério CeO
2
Alfa Aesar (P.A.)
99,5
Preparamos vidros de várias composições introduzindo 0,05% em peso de
CeO
2
. a partir da mistura dos compostos variando o Na
2
O e La
2
O
3
para uma mesma
quantidade de dopante de acordo com a tabela (IX).
Tabela IX - Composição do vidro fosfato (PNCL)
Vidros
P
2
O
5
CdO Na
2
O La
2
O
3
CeO
2
Matriz 50% 10% 40% 0% 0,05%
Vidro 1 50% 10% 39% 1% 0,05%
Vidro 2 50% 10% 38% 2% 0,05%
Vidro 3 50% 10% 37% 3% 0,05%
Vidro 4 50% 10% 36% 4% 0,05%
Vidro 5 50% 10% 35% 5% 0,05%
Os óxidos formadores do vidro PNCL foram pesados, em seguida esta
mistura foi levada ao forno com a temperatura inicial de 70ºC e aquecido com uma
taxa de 10ºC /min. até 600ºC permanecendo nesta temperatura pôr 1 hora para o
desprendimento de gases e água; seguidamente aquecidos na mesma rampa de
10ºC/min até 1300ºC ficando nesta temperatura por 1 hora.
Os vidros 1 e 2 apresentaram alto índice higroscópico, vidros feitos com
quantidade superior a 5 mol% em peso de La
2
O
3
não apresentou homogeneidade e
cristalizava logo após o vertimento, como mostra a figura 20:
70
Figura 20– Vidro fosfato PNCL com 5mol% de La
2
O
3
Dos vidros PNCL produzidos escolhemos o “vidro 4”, pois foi o que
apresentou maior estabilidade e transparência vítrea. Logo em seguida fizemos uma
variação com a dopagem de CeO
2
como é mostrado na tabela (X).
3.5 – Processo de preparação das amostras para a caracterização.
Após os processos de fusão e recozimento dos vidros foram preparadas
amostras na forma de laminas em torno de 0,5mm com espessura; foram polidas
ambas as faces com lixas de diferentes tamanhos de grãos partindo dos números
500, 600, 800 e 1000, e posteriormente polidas com pasta de óxido de Cério o qual
possuia partículas de 0,2 µm. Este polimento garante uma boa qualidade para as
medidas.
Outro conjunto de amostras foi triturado em um almofariz de ágata obtendo
pós de diversos tamanhos de partículas as quais o utilizadas nas medidas de
Infravermelho e DSC. Alguns passos seguidos estão ilustrados na figura 21.
Tabela X – Variação de dopante CeO
2
Vidros PNCL (La
2
O
3
4mol%)
CeO
2
(Peso mg)
Matriz 0
Vidro 1 1
Vidro 2 10
Vidro 3
15
Vidro 4
30
Vidro 5 45
Vidro 6 60
Vidro 7 90
71
(a) Máquina para efetuar o corte do vidro (b) Almofariz utilizado para transformar o vidro
em pó
(c)Peneiras para separação das partículas (d)Máquina utilizada para o polimento óptico
das lâminas.
Figura 21– Processo de preparação das amostras
3.6 Fluxograma dos procedimentos para preparação e
caracterização dos vidros
.
Na figura 22 esta esquematizado de forma geral os procedimentos seguidos para a
fusão e preparação das amostras para diferentes medidas.
72
Figura 22 - Esquema para descrever passos estudados nos sistemas vítreos
3.7 - Técnicas de caracterização utilizadas.
3.7.1- Calorimetria diferencial de varredura (DSC).
Na técnica de DSC, que normalmente é empregada como um método de
análise térmica quantitativa, o analisador térmico registra na curva calorimétrica a
73
variação de fluxo de calor associado a uma mudança térmica da amostra, em função
da temperatura. O princípio da análise pela técnica de DSC, quando a amostra é
aquecida, ocorre a variação de propriedade comparada, durante o processo, com
uma referência inerte (padrão), apresentando alteração térmica entre a amostra e a
referência. Este fluxo diferencial de calor é registrado em função da faixa de
temperatura em que houve a mudança térmica na amostra. Na curva calorimétrica a
área que poderá resultar desta mudança térmica é diretamente proporcional à
entalpia ( conteúdo de calor por unidade de massa (J/g.K ou W/g)) da transição ou
da reação apresentada pela amostra.
Os equipamentos de DSC fabricados pela TA Instruments e pela Mettler tem
o principio de operação diferente para controlar o fluxo de calor. A figura 23 mostra o
esquema da cápsula da amostra e da referência com sua resistências de
aquecimentos e os sensores de temperatura ou fluxo.
A figura 24 apresenta uma curva termocalorimétrica típica de DSC. Para o
caso de materiais vítreos ou polímeros. Nas curvas se apresenta um primeiro evento
endotérmico assinalado a temperatura de transição vítrea. O próximo evento
exotérmico que caracteriza a cristalização e em mais altas temperaturas um evento
endotérmico que caracteriza a fusão do material.
Pode ser ainda calculado a partir das curvas calorimétricas de DSC, dos
picos de cristalização e/ou de fusão as áreas correspondentes sabendo que estas
dão uma medida direta da entalpia associada a cada uma destas transições.
Figura 23- Diagrama esquemático do compartimento da amostra na análise
por DSC
41
74
Figura 24– Curva calorimétrica característica de análise de DSC
Neste trabalho, para a caracterização dos vidros usando a calorimetria
diferencial de varredura (DSC), um pedaço de cada amostra com aproximadamente
0,6 cm x 2 cm x 0,4 cm foi moído em almofariz de ágata e peneirado através de
peneiras com 0,038mm, 0,045, 0,063, 0,075 e 0,106 mm de granulação, até
obtermos aproximadamente 2,5 gramas de de vidro. Em seguida pesados 15mg
de vidro em uma balança de precisão e levados para a caracterização.
Para esta medida foi utilizado um equipamento de DSC 2920 da TA
Instruments que mede até no máximo 600ºC e com precisão de ± 1 ºC, pertencente
ao Departamento de Física e Química desta Universidade.
3.8 – Avaliação da energia de ativação e freqüência pelo método de
Cheng
Das medidas de DSC podem ser determinados os parâmetros da cinética de
cristalização dos vidros. A seguir faremos uma breve explicação para avaliação da
75
energia de ativação pelo método de análise da derivada das curvas DSC, Método
denominado derivative differential thermal analysis” (DDTA) desenvolvido por
Kangguo Cheng
42
(o texto abaixo foi extraído do artigo)
A
transformação isotérmica em vidros pode ser descrita pela equação de (JMA)
43
como:
1 exp[ ( ) ]
n
x kt
=
(3.1)
onde x é a fração de cristalização; n é o índice de Avrami
43
; k é a taxa constante de
reação. A fração de cristalização esta relacionada com a energia de ativação, E, e o
fator
ν
νν
ν
da freqüência dependente da temperatura onde R é a constante dos gases
através da relação tipo de Arrhenius:
exp
E
k
RT
ν
=
(3.2)
Aplicando logaritmo natural à relação (1) e reorganizando temos:
ln[ ln(1 )] (ln ln )
x n k t
= +
(3.3)
A equação anterior levada a um gráfico de
ln[ ln(1 )]
x
vs
ln
t
espera-se ser linear e
fornece os valores de n e de k. Utilizando o logaritmo natural a equação pode ser
reescrita:
ln ln
E
k
RT
ν
=
(3.4)
Graficando
ln
k
vs.
1
T
para diferentes taxas de temperatura é esperado que
seja também um gráfico linear, destes gráficos, o valor de E e
ν
podem ser obtidos
pelo método isotérmico.
Aplicando a equação de Johnson – Mehl – Avrami para a transição não
isotérmica dos vidros, contudo, precisamos observar a dependência de k no tempo
t, assim:
76
0
1 exp ( )
n
t
x k t dt
=
(3.5)
Em uma determinada temperatura, T
f
, a taxa de cristalização
dx
dt
de um vidro,
alcança o ponto máximo, assim:
2
2
0
f
d x
T T
dt
= =
(3.6)
Pegando a segunda derivada da equação (5) e combinando com a equação
(3.6), pode-se finalmente derivar uma expressão relacionando os parâmetros
cinéticos de cristalização dos vidros na temperatura, T
f
, e a taxa de aquecimento,
β
:
2
ln ln ln
f
f
T
E E
RT R
ν
β
= +
(3.7)
Baseado no fato que durante a realização da medida DTA ou DSC com a taxa
constante de aquecimento
β
, a temperatura T, esta relacionado com o tempo, t, por:
dT dt
β
=
(3.8)
Assim um gráfico de
2
ln
f
T
β
vs
1
f
T
será linear e a energia de ativação, E, e o fator
freqüência,
ν
, poderá ser facilmente determinado.
O significado da temperatura T
f
e a sua determinação podem ser entendidos
fazendo a análise do processo de cristalização.
A temperatura T
f
. No tempo de duração entre t + dt, a temperatura do
material de referência aumenta de T para T + dT. Correspondentemente a
temperatura da amostra vítrea aumenta de T +
T para T +
T + d
T, como mostra
a figura 25.
77
Figura 25 – Pico de cristalização numa curva de DTA
Supondo que a fração de cristalização do vidro ao tempo t é x, t + dt é x + dx,
respectivamente. Escrevemos a conservação de energia:
(
)
(
)
1
g c
C x dx d T C x dx d T h dx
+ + + =
(3.9)
Onde C
g
, é a capacidade calorífica molar do vidro base, C
c
e a capacidade calorífica
molar do vidro cristalizado, h é a mudança molar da entalpia na transição do vidro
cristal.
O termo hdx na parte direita da equação, representa a geração do calor
devido à cristalização do vidro na quantidade dx.
A soma do lado esquerdo da equação é o calor total requerido para causar
um aumento da temperatura de h
T para a fração de cristalização, (x + dx), e
o vidro restante [ 1 – (x + dx)].
Reorganizando a equação (9) temos:
(
)
( )
g c g
C C C x dx d T h dx
+ + =
(3.10)
Para a maioria dos sistemas vítreos, a diferença entre as capacidades caloríficas do
vidro e do cristal C
g
e C
c
é muito pequena e, sendo que a fração de cristalização x é
menor ou igual a 1, o termo
(
)
(
)
c g
C C x dx
+
<< C
g
pode ser desprezado na
equação (3.10). Chegamos assim a:
78
ou
g
C
g
h
C d T h dx dx d T
= =
(3.11)
Derivando a equação (3.11) em respeito ao tempo t, temos:
3.8.1 – A taxa da fração cristalizada.
g g
C C
dx d t d T
dt h dt h dT
β
= =
(3.12)
2
2 2 2
2 2 2
g g
C C
d x d T d T
dt h dt h dT
β
= =
(3.13)
A equação (3.12) indica que a taxa de cristalização
dx
dt
é proporcional a
d T
dT
que
representa a inclinação da curvas de cristalização no DTA. Correspondentemente, a
equação (3.13) indica que a taxa da fração de cristalização
dx
dt
, alcança o seu
máximo no ponto de inflexão da curva, na temperatura T=T
f
na curva de
cristalização. Agora esta claro que a temperatura T
f
na equação (3.7), é justamente
o ponto da temperatura de inflexão na curva do DTA (final do texto extraído). Ou no
pico DDTA.(Derivada da curva de cristalização do DTA)
O método explicado acima permite avaliar a freqüência de salto dos átomos
no processo de crescimento e da energia de ativação do mesmo. Entretanto
utilizamos a equação de Avrami para determinação do parâmetro n que descreve o
mecanismo de cristalização.
3.9 – Determinação do índice de Avrami (n).
As medidas experimentais de DSC ou DTA na realidade são medidas não
isotérmicas devido a que é realizado utilizada uma determinada taxa de
aquecimento. A relação proposta no modelo JMA é estritamente válida para
transformações que ocorrem isotermicamente e ainda suposto que é formada uma
única fase nesse processo.
Baseado no conceito do deslocamento do pico máximo de cristalização com
a variação da taxa de aquecimento nas medidas DSC ou DTA pode ser feita uma
análise que é chamada pseudo-isotérmica. Para isto são utilizadas nas medidas não
isotérmicas as frações de volume cristalizadas e as áreas normalizadas dos picos de
79
cristalização. Neste caso para adequar ao método isotérmico é suposto que nas
medidas DSC ou DTA com diferentes taxas de aquecimento a fração de cristalização
será sempre a mesma quando o pico de cristalização seja máximo.
Dentre os vários métodos idealizados para avaliar os parâmetros cinéticos da
cristalização temos o de Ozawa
44
, que introduz na relação (3.1)
1 exp[ ( ) ]
n
x kt
=
de JMA a dependência da temperatura com a taxa de aquecimento
43
. Esta é escrita
como
39
:
o
T T t
α
= +
(3.14)
de onde
o
T T
t
α
=
.
T
o
é a temperatura inicial da transformação, α é a taxa de aquecimento e t o tempo
de aquecimento.
Colocando o valor do tempo na relação de JMA e aplicando duas vezes
consecutivas o logaritmo natural temos a relação de Ozawa
44
:
[
]
ln[ ln(1 )] ln ( ln
o
x n k T T n
α
=
(3.15)
Observamos que num gráfico de
ln[ ln(1 )]
x
vs
ln
α
os dados escalam a uma
relação linear. Da inclinação ou coeficiente angular pode ser avaliado o índice de
Avrami
43
.
O índice de Avrami pode ser relacionado com muitos processos que ocorrem
relacionados com a interface, difusão, geometria das partículas, etc que reagem as
velocidades das transformações de fases. Para um melhor entendimento temos a
tabela (XI) e (XII) que apresenta algumas correlações estabelecidas entre o índice
de Avrami e fatores que indicam o mecanismo de separação de fases e como a
morfologia das partículas cristalizadas para as diferentes condições de
transformação.
80
Tabela XI - Correlações estabelecidas entre o índice de Avrami e fatores que indicam o
mecanismo de separação de fases
45
.
Crescimento controlado pela interface
Condições de transformação Valor do Índice de Avrami (n)
Com taxa de nucleação crescente >4
Com taxa de nucleação constante 4
Com taxa de nucleação decrescente 3 – 4
Com taxa zero de nucleação
(saturação dos sítios de nucleação
3
Crescimento controlado pela difusão
Condições de Transformação
Valor do Índice de Avrami (n)
Com taxa de nucleação crescente >2.5
Com taxa de nucleação constante 2.5
Com taxa de nucleação decrescente 1.5 – 2.5
Com taxa zero de nucleação
(saturação dos sítios de nucleação
5
Alargamento de cilindros longos e
crescimento de formas volumosas
1 – 1.5
Alargamento de grandes placas
0.5
Tabela XII - Correlações estabelecidas entre o índice de Avrami e fatores que indicam o
mecanismo de separação de fases
46
.
Mecanismo de Cristalização Valor do Incide de
Avrami(n)
Cristalização com numero constante de núcleos
Crescimento tridimensional de cristais 3
Crescimento bidimensional de cristais 2
Crescimento unidimensional de cristais 1
Cristalização com incremento do numero de
núcleos
Valor do Incide de
Avrami(n)
Crescimento tridimensional de cristais 4
Crescimento bidimensional de cristais 3
Crescimento unidimensional de cristais 2
Crescimento superficial 1
81
3.10 – Espectroscopia no UV – Visível.
As medidas de Uv visível foram feitas utilizando um espectrofotômetro Cary
Varian 50 conc, na faixa de 200nm até 1100nm.
Normalmente as transições eletrônicas estão situadas na região do
ultravioleta ao visível e parte da região do infravermelho próximo. Esta técnica
permite analisar a transmissão, absorção ou reflexão da luz em função do
comprimento de onda, e posteriormente avaliar alguns parâmetros ópticos dos vidros
como os índices de refração, a largura da banda proibida do vidro e possíveis
bandas de absorção devido a geração de centros de cor, e outros
47
.
3.11 – Banda proibida e energia da cauda dos vidros
Quando se trata de vidros e matérias amorfos de modo geral, as bandas
contêm uma densidade de estados eletrônicos que possibilitam as transições
eletrônicas. As medidas da borda de absorção fornecem ou dão uma idéia das
transições eletrônicas entre pares de estados.
Estas medidas fornecem informações qualitativas de três tipos de transições
que acontecem, transições banda-banda, cauda-banda e gap - banda. A figura 27
Figura 26 – Gráfico de transmitância no UV-VIS
82
ilustra o diagrama de densidade de estados para três sistemas, em (a) é observado
o que acontece para o material na sua forma cristalina, em (b) na forma de um filme
fino produzido por assopramento de um vidro e em (c) um filme fino evaporado. A
teoria mostra que o filme e o vidro apresentam caudas no interior do gap, os
especialistas apontam que quanto maior a cauda maior será a densidade de defeitos
presentes no material
47
.
Pode se dizer então que as bandas de valência e de condução em alguns materiais
de acordo com os modelos amorfos, apresentam “caudas”, as quais são chamadas
de estados localizados. Pode se distinguir faixas
E
c
entre (i) E
c
e E
a
e faixas
E
v
entre (ii) E
B
e E
v
, onde os estados localizados são devido a perdas de ordens de
longo alcance da estrutura ou mesmo defeitos na estrutura do material.
As energias E
c
e E
v
separam as faixas de energias onde se apresentam os
estados localizados e os não localizados (estendidos).
Figura 27 - Diagrama de densidade de estado para três sistemas diferentes em (a) cristalino,
em (b) vidros, filmes assoprados, em (c) filme evaporado.
Podemos distinguir três regiões para o coeficiente de absorção, como
mostrado na figura 27. Na parte inferior o coeficiente de absorção α está entre 0,1 e
10 cm
-1
a absorção está relacionada com as transições de estados no Gap para
estados nas bandas ou vice versa. O comportamento do coeficiente α neste caso
não assume uma forma funcional, mas depende fortemente do tipo de material e das
características internas de cada amostra.
83
Na outra região os coeficientes de absorção
)(
ω
α
da absorção óptica próxima
da borda de absorção, digamos para α entre 10 e 10
3
cm
-1
, em muitos materiais
amorfos mostram uma dependência exponencial com a energia do fóton
)(
ω
, e
obedecem a uma relação empírica descoberta por Urbach
48
E
e
=
ω
αωα
0
)(
(3.16)
onde:
0
α
é uma constante;
E é assumido, ser no modelo de Davis-Mott, como a
largura das caudas das bandas dos estados localizados;
ω
é a freqüência angular de
radiação;
é
π
2
h
onde: h é a constante de Planck.
Figura 28 – Coeficiente de absorção em função de energia
.
Esta relação foi primeiramente proposta para descrever a borda de absorção
em cristais, no entanto, esta relação é valida para muitos vidros na faixa baixa da
borda de absorção.
Na parte superior da curva, para α acima de 10
3
cm
-1
, para valores altos da
absorção, foi proposta outra relação por Tauc et. Al
40
e deduzida de maneira mais
geral por Davis e Mott
49
.
n
gap
E
A
)()( =
ω
ω
ωα
(3.17)
84
Para o caso de vidros A pode ser escrito como:
Ecn
A
=
0
0
4
πσ
(3.18)
onde os símbolos das duas equações 3.16 e 3.17 são:
-
)(
ω
α
é a absorção a freqüência
ω
- n, é uma constante que pode assumir valores 2, 3,
1
2
e
3
2
dependendo da
natureza das transições ópticas que por suas vez são responsáveis pela absorção.
-
gap
E
é a energia de separação óptica dos níveis “(Gap)”
-
0
σ
é a condutividade elétrica em
0
1
=
T
.
- n
0
é o índice de refração
- c a velocidade da luz.
É importante ressaltar que as densidades de estados e as bordas das bandas
E
c
e E
v
são funções lineares da energia, isto é:
N(E
c
) = N(E
v
) (3.19)
e
E
c
– E
A
= E
B
- E
v
=
E
(3.20)
onde:
E
é a largura da cauda dos estados localizados no Gap.
Para muitos vidros e materiais amorfos a equação 3.18
com n = 2 é
estabelecida para representar os resultados experimentais e este caso é aplicado a
transições indiretas; esta dependência funcional é explicada pela verificação de que
nos materiais amorfos não vale a regra de seleção da conservação do momento
cristalino quando se assume bandas parabólicas.
3.12 Avaliação Experimental da Energia de Separação entre as
Bandas de Valência e de Condução (“gap óptico”).
Para os sistemas vítreos obtidos neste trabalho, obteve-se os valores do
coeficiente de absorção α pelas medidas da espectrocopia UV-Vis e após a
85
conversão dos comprimentos de onda em energia (E) em eV, construímos os
gráficos de (αE)
2
1
em função da energia. É ajustado linearmente a região de forte
absorção do vidro onde a interseção da linha ajustada no eixo das abscissas (E),
o valor da energia de separação óptica dos vidros. A figura 29 ilustra a extrapolação
para ajuste dos valores no gráfico.
3,10 3,15 3,20 3,25 3,30 3,35 3,40 3,45 3,50 3,55 3,60 3,65 3,70 3,75
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
(
α
α
α
α
E)
1/2
Energia [eV]
E
g
= 3,29 eV
Figura 29 – Ajuste da energia de separação óptica
3.13 – Avaliação da Energia da Cauda das Bandas
Dos mesmos espectros UV-Vis obtemos o gráfico ln α em função da energia
eV obtivemos os valores das energias das bandas da Cauda de Urbach
48
para as
composições estudadas.
Como assinalado, o valor da cauda é relacionado com a densidade dos
estados localizados na região da separação das bandas e da uma idéia quantitativa
da quantidade de defeitos nos vidros. Valor que obtido através da extrapolação de
uma reta na região de forte absorção até o eixo de energia, conforme apresentado
na figura 30.
As medidas Uv- Vis além de possibilitar o cálculo da energia da banda
proibida e da energia da cauda, para o estudo dos íons de Ce permite realizar as
86
medidas das bandas de absorção dos íons de Cério que estão principalmente
localizadas na região ultravioleta. As bandas se apresentam misturadas. Neste caso
podemos utilizar um método de separação de bandas.
3,10 3,15 3,20 3,25 3,30 3,35 3,40 3,45 3,50 3,55 3,60 3,65 3,70 3,75
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
2,0
2,2
2,4
2,6
2,8
3,0
3,2
3,4
3,6
3,8
4,0
4,2
4,4
E= 0,1354 eV
Ln(
α
α
α
α
)
Energia [eV]
Figura 30 – Ajuste da energia da banda da cauda
3.14 – Separação das bandas dos íons de Cério.
Cada banda separada é caracterizada pelo pico centrado numa freqüência
ν
p
(número de onda), a largura média (FWHM) e a intensidade
50
. O coeficiente de
extinção molar é calculado das intensidades dos picos no ponto do número de onda
ν
p
por:
3
1
10
A
A
N
d N
ε
=
(3.21)
Onde N
A
é o numero de Avogadro, d espessura da amostra, N a densidade de íons
e A absorbância ou densidade óptica definida como:
87
lg
o
I
A
I
=
(3.22)
A força do oscilador F
o
é determinada integrando a intensidade da banda por
Carnall
51
.
2
2
2.303
( )
o
A
mc
F e v dv
N
e
π
=
(3.23)
Onde m é a massa do elétron, c a velocidade da luz, e a carga do elétron e v o
número de onda. Os parâmetros característicos v
p
, FWHM, e F
o
das bandas podem
ser calculadas.
A posição média da transição 4f 5d são iguais à media das energias dos orbitais
5d caracterizado por um baricentro dado por:
( )
( )
pi i
i
b
i
i
v A v dv
v
A v dv
=
(3.24)
No caso da absorção dos íons Ce
3+
o parâmetro de força do campo ligante é
próximo de 10 Dq e comparável em vários tipos de vidros. Este não pode ser
extraído do espectro devido à diferente forma de separação em vidros diferentes. O
número de onda dos picos das bandas 4f 5d e da CT nos vidros fosfatos podem
apenas ser comparados com outros trabalhos
3.15 – Espectroscopia no infravermelho (FTIR).
A espectroscopia estuda a interação da radiação eletromagnética com a
matéria, sendo um dos seu principais objetivos o estudo dos níveis de energia de
átomos ou moléculas. Normalmente, as transições são situadas na região
ultravioleta ou visível, as vibracionais na região do infravermelho e as rotacionais na
região de microondas e, em casos particulares, também na região do infravermelho
longínquo
52
.
A condição para que ocorra absorção da radiação infravermelha é que haja
variação do momento de dipolo elétrico da molécula como conseqüência do seu
88
movimento vibracional ou rotacional (o momento de dipolo é determinado pela
magnitude da diferença de carga e a distância entre dois centros de carga).
Somente nessas circunstâncias, o campo elétrico alternante da radiação incidente
interage com a molécula originando os espectros. De outra forma, pode-se dizer que
o espectro de absorção no infravermelho tem origem quando a radiação
eletromagnética incidente tem uma componente com a freqüência correspondente a
uma transição entre dois níveis vibracionais
53
.
A vibração dos átomos no interior de uma molécula apresenta energia
coerente com a região do espectro eletromagnético correspondente ao infravermelho
(100 a 10000cm
-1
).
Para a espectroscopia infravermelho de pó, um pedaço de cada amostra com
aproximadamente 0,4cm x 2cm x 0,5 cm, foi moído em almofariz de ágata e
peneirado através de uma peneira de 0,045mm de granulação, até obtermos 3,0 mg
de pó de vidro. A seguir, a amostra em pó foi triturada novamente, junto com KBr em
almofariz de ágata e colocada no pastilhador na proporção de 1mg de de vidro
para cada 200mg de Kbr.
Figura 31– Espectro de transmitância no infravermelho
Para realização das medidas utilizamos um espectrômetro FT-IR Nexus 670
Nicolet com transformada de Fourier que mede na região do infravermelho próximo e
89
médio (4000 cm-1 até 400 cm-1)
54
como mostra o espectro de infravermelho na
figura 31.
90
Capitulo IV
4 – Resultados e discussões.
Neste capitulo será apresentado os resultados das medidas de caracterização feitos
com espectroscopia no infravermelho (FTIR), espectroscopia no UV-visível e
calorimetria diferencial de varredura (DSC) nas matrizes boratos e fosfatos e
apresentaremos alguns resultados das medidas realizadas após a irradiação de
alguns vidros boratos e fosfatos com raios X.
91
4.1 – Sistema B
2
O
3
– BaO – K
2
O – CeO
2
(BBKC)
4.1.2 – Medidas no UV-Vis.
Na figura 32 está o gráfico das medidas de absorção em função da variação
do K2O e BaO todas elas dopadas com 92,8 mg de CeO2. Esta molaridade equivale
a 92,8 mg do CeO2 colocadas em cada matriz correspondente.
200 400 600 800 1000
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Matriz
Vidro I
Vidro II
Vidro III
Vidro IV
Vidro V
Vidro VI
Transmitância [%]
Comprimento de onda [nm]
Figura 32 - Espectro de transmitância dos vidros boratos dopados com 92,8 mg de CeO
2
Para propósitos apenas de comparação, da figura 32, observamos que a
absorção do vidro sem dopar (matriz) de composição 60B
2
O
3
–24,5 BaO 10K
2
O
vidro II ocorre desde os 400 nm até 200 nm com uma pequena banda formada com
pico em 335 nm. A borda de absorção deste vidro tem uma queda não acentuada
sugerindo que na região entre os 300 nm e 200 nm pode ainda existir bandas de
absorção devido aos estados localizados ou defeitos existentes na matriz. Os outros
espectros correspondem aos vidros com diferentes concentrações de K
2
O conforme
a tabela (V) na página 66 do capítulo III. O efeito de adicionar o CeO
2
nesses vidros
induz o deslocamento da borda de absorção para acima entre 300 400 nm e induz
igualmente o aumento da transparência do vidro. Por exemplo, a matriz de
composição acima referida possui transparência na região visível e infravermelho
92
próxima aproximadamente de 75% desde os 400nm até o extremo da medida em
1100nm. O vidro dopado com CeO
2
correspondente a esta matriz possui a
composição 60B
2
O
3
24,5 BaO 10K
2
O 0,5 CeO
2
, no gráfico é o vidro II. A
transparência está perto dos 95% na mesma região visível e infravermelho próximo.
É observado em geral que a mudança da borda de absorção e a
transparência nos vidros o também influenciadas pela composição da matriz. O
K
2
O, como modificador de rede vítrea e ao ser um íon grande, pode aumentar as
distâncias de ligação e a criação de grande quantidade de oxigênios não ligados.
O efeito do deslocamento da borda de absorção destes vidros indica a
influencia dos íons de CeO
2
, que é função da quantidade molar o qual é colocado na
matriz vítrea abaixando o valor da banda proibida dos vidros.
4.1.3 Energia da Banda proibida e Energia da Cauda.
4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
65 B
2
O
3
- (35 - x)BaO - x K
2
O
K
2
O [mol%]
Banda Proibida [eV]
0,16
0,18
0,20
0,22
0,24
0,26
0,28
0,30
0,32
0,34
Energia da cauda
E [eV]
Figura 33 Banda proibida e energia da cauda dos vidros boratos dopados com 92,8 mg de
CeO2
Na avaliação da banda proibida deste sistema dopado com 92,8 mg de CeO
2
,
figura 33, observamos que os valores da banda proibida destes vidros aumentam
levemente desde aproximadamente 2,75 eV até acima de 3,5 eV conforme
aumenta a quantidade molar do K
2
O.
93
Por sua vez a avaliação da energia da cauda relacionada com os estados
localizados tem valores grandes da faixa próxima de 200 meV indicando a grande
quantidade de estados localizados. Este valor é mínimo para o vidro com 10 mol%
de K
2
O.
Como já foi assinalado, o fato de deslocar a borda de absorção dos vidros
com a dopagem com CeO
2
influência os valores da sua banda proibida a serem
menores quando comparadas com a correspondente matriz sem dopar da mesma
composição. Portanto, o aumento com a composição do K
2
O dos valores da banda
proibida é devido, principalmente, ao grande aumento da quantidade dos íons de
potássio e a diminuição do BaO dos vidros.
As variações nos valores das energias da cauda indicam que temos variações nas
estruturas dos vidros. Estes valores podem estar sendo influenciado pelos íons de
Ce nos vidros.
4.1.4 – Medidas no Infravermelho
O corte da absorção na região do infravermelho destes vidros pode ser estimado na
região de 3000 cm
-1
a 2750 cm
-1
conforme as composições dos vidros na figura 34.
As medidas de lâminas das diferentes composições indicam que a borda de
absorção na região do infravermelho foi influenciada pela existência de bandas de
absorção aproximadamente centradas em 3500nm relacionadas com a existência
de ligações OH nos vidros. A quantidade destas ligações pode ser qualitativamente
relacionada com a profundidade das bandas. O vidro V com 25mol% de K
2
O é
aquele com menos profundidade das bandas. As outras bandas mudam em
profundidade de forma não linear conforme aumenta a quantidade molar do K
2
O.
Os vidros boratos são conhecidos por absorver grande quantidade de íons
hidroxilas OH. Sabedores disto foram utilizados, aproximadamente, as mesmas
condições de fusão para todas as composições e, nas medidas de infravermelho
para propósitos de comparação, foram utilizadas amostras de lâminas dos vidros de
aproximadamente a mesma espessura.
Este resultado pode estar indicando que é devido à influencia da composição
destes vidros ou apenas às suas propriedades higroscópicas durante a fusão na
atmosfera oxidante do forno. Estes vidros podem ainda ser melhorados, enquanto a
diminuição das bandas das hidroxilas utilizando outros métodos de fusão.
94
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
0
20
40
60
80
100
Vidro II
Vidro I
Vidro VI
Vidro IV
Vidro III
Vidro V
Transmitância [%]
mero de onda (cm
-1
)
Figura 34 – Medidas de Infravermelho de lâminas dos vidros boratos sem irradiar
Na figura 35, estão os resultados das medidas do infravermelho de lâminas
dos vidros dopados com CeO
2
de todas as composições preparadas. Em geral as
bandas de absorção se apresentam muito semelhantes, característicos de vidros
boratos, onde as bandas alargadas podem conter vários tipos de vibrações das
estruturas de ligações B-O, conforme a tabela (XIII ). Foi observado que o aumento
da composição do K
2
O induz a definição de formação de um ombro em 1238 cm
-1
a
partir do vidro II que contém 10 mol% de K
2
O com o aumento a 15, 20 25 e 30 mol
% esta banda é melhor definida. Ocorre uma definição das bandas de forma
semelhante na região de 522 cm
-1
. Fica claro que a introdução de maior quantidade
de íons de potássio nos vidros modifica as estruturas destes vidros. É difícil observar
a influência dos íons de Ce nos vidros.
95
1800 1600 1400 1200 1000 800 600
522[cm
-1
]
1443[cm
-1
]
1487[cm
-1
]
1315[cm
-1
]
706[cm
-1
]
963[cm
-1
]
1238[cm
-1
]
1387[cm
-1
]
1637[cm
-1
]
Vidro II
Vidro III
Vidro I
Vidro IV
Vidro V
Vidro VI
Transmitância [u.a]
Número de onda (cm
-1
)
Figura 35 – Espectros infravermelho das diferentes composições dos vidros boratos
Tabela XIII – Medidas de infravermelho das diferentes composições dos vidros boratos
Região de
Localização
cm
-1
Bandas
Formadas
cm
-1
Grupos atribuídos
1500 – 1200
1387 e
1315
Vibrações de estiramento das ligações B – O das
unidades triangulares BO
3
1100 – 900 963
Vibrações de estiramento assimétricas V
as
(B-O), das
unidades BO
4
850 – 600 706
Vibrações auxiliares de deformação
δ
(B-O-B) e/ou
δ
(O-B-O) dentro das unidades estruturais complexas
compostas de triângulos (BO
3
) e de anéis contendo
um ou dois (BO
4
).
96
4.1.5 Irradiação com raios X.
Para a irradiação com raio X, foi utilizado equipamento de Fluorescência de
raios – X modelo Rigaku. Este equipamento pertence ao Laboratório do Ciclo
Integrado do Quartzo do Departamento de Materiais da Faculdade de Engenharia
Mecânica da Unicamp.
Amostras destes vidros nas diferentes composições foram submetidas a
irradiação para estudar a influência da irradiação com raios X. Inicialmente os vidros
foram medidos na região UV-Vis e infravermelho e examinados visualmente antes
da irradiação. Posteriormente a este processo, os mesmos vidros foram examinados
visualmente não sendo detectadas diferenças e foram submetidas as mesmas
medidas espectroscópicas. Os resultados são apresentados adiante.
4.1.6 – Medidas UV-Vis.
A figura 36 mostra a variação do K
2
O e BaO no vidro borato irradiado. Como
podemos observar um corte na absorção do vidro aproximadamente entre
358nme 390nm para os vidros dopados com óxido de cério e irradiados com raio X.
200 300 400 500 600 700 800 900 1000
0
20
40
60
80
100
Transmitancia [%]
comprimento de onda [nm]
Vidro I
Vidro II
Vidro III
Vidro IV
Vidro V
Vidro VI
Matriz
Figura 36 Uv-vis lâmina do vidro BBKC irradiado
97
Foi observado nas medidas modificações da borda de absorção destes
vidros. A borda de absorção para estes vidros começa acima de 400nm a diferença
dos vidros sem irradiar. Também não é observado o aparecimento de bandas.
Entretanto, devido a irradiação e modificação da borda de absorção a transparência
dos vidros na região visível e infravermelho próximo foi modificada. Por exemplo, o
vidro da composição 10 mol% de K
2
O que tinha transparência de 95% foi modificada
para aproximadamente 90%. A mesma tendência é observada nos vidros das
outras composições sendo o maior afetado a composição com 15mol% de K
2
O que
ficou menos transparente da ordem de 65% na região do infravermelho próximo até
60% na região visível. A diminuição da transparência dos vidros está relacionada
com a criação de grande quantidade de defeitos devido à irradiação. Possivelmente
foi modificado os valores da Cauda de Urbach
48
e os valore da banda proibida dos
vidros.
O papel protetor do Ce nestes vidros pode ser avaliado para esse caso ser
mais eficiente no vidro de composição 20 mol% de K
2
O que na figura 36 é
observado que não foi grandemente modificado o seu espectro de transmitância
devido à irradiação. Para as outras composições o Ce não consegue cumprir o seu
papel de protetor de irradiação.
4.1.7 – Medidas do infravermelho.
Na figura 37 estão as medidas no infravermelho de lâminas polidas. Não
ocorrem bandas na região entre 3500 e 3000 cm
-1
devido à existência de ligações
hidroxilas OH
-
com os íons metálicos, conforme foi assinalado. Em geral é
observado que a borda de absorção na região do infravermelho é igualmente
modificada para números de onda maiores de 4000 cm
-1
de acordo com a
semelhança das medidas Uv-Vis destes vidros.
Observa-se que com o aumento da quantidade molar do K
2
O o vidro absorve
mais OH de formas diferentes (não linear). Os mesmos vidros (na figura 38)
irradiados aparecem com diferenças de absorção nesta região para cada vidro
respectivamente.
98
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
Vidro VI
Vidro V
Vidro IV
Vidro II
Vidro I
Vidro III
Transmitância (a.u.)
Número de onda (cm
-1
)
Figura 37 – Medidas de Infravermelho de lâminas dos vidros irradiados do sistema BBKC.
No caso da composição de 25 mol% de K
2
O (vidro V) observa-se o aumento
das ligações de hidroxila; e por sua vez a composição de 30 K
2
O mol% (vidro VI)
acontece o contrário. Podemos observar que as amostras irradiadas se apresentam,
em alguns, casos mais transparentes que as não irradiadas nesta região. Estes fatos
levam a interpretar que nos vidros a irradiação muda as ligações estruturais
eliminando as hidroxilas OH ou favorecendo-as. Estes resultados correlacionam-se
com as medidas Uv-Vis.
No caso das bandas de absorção para as amostras de pó, indicam que não
temos aparentemente modificações na forma e na posição das bandas, à exceção
da composição do vidro VI com 30 mol% de K
2
O onde se observa a definição de três
bandas na região de 900 cm
-1
a 1100 cm
-1
. Como foi assinalada esta região
corresponde as estruturas dos anéis boroxol contendo estruturas BO
4
. Pode ser que
a irradiação induz a modificação nas ligações destas estruturas. Neste caso pode
99
ser a eliminação das hidroxilas observadas nas medidas das lâminas para esta
composição. Outras possíveis modificações não podem ser observadas.
1800 1600 1400 1200 1000 800 600 400
522cm
-1
865cm
-1
1443cm
-1
1487cm
-1
1637cm
-1
706cm
-1
939cm
-1
990cm
-1
1060cm
-1
1315cm
-1
1239cm
-1
1387cm
-1
Vidro I
Vidro II
Vidro III
Vidro IV
Vidro V
Vidro VI
Transmitância [u.a]
Número de onda (cm
-1
)
Figura 38 Espectros infravermelho de diferentes composições dopados com 92,8 mg de
CeO
2
irradiados com raios x.
Contudo podemos observar modificações na transmitância fazendo a
comparação das bandas do infravermelho dos vidros irradiados e sem irradiar
conforme ilustram as figuras 39, 40, 41, 42, 43 e 44.
100
2000 1800 1600 1400 1200 1000 800 600 400
0
20
40
60
80
100
Transmitância (%)
Número de ondas (cm
-1
)
BBKC I Nat. [5% K
2
O - 29,5% B
a
O]
BBKC I Irrad. [5% K
2
O - 29,5% B
a
O]
Figura 39 - Medidas de Infravermelho dos vidros sem irradiar e irradiado do vidro BBKC I
2000 1800 1600 1400 1200 1000 800 600 400
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Transmitância (%)
Número de onda (cm
-1
)
BBKC II Nat. [10% K
2
O - 24,5% B
a
O]
BBKC II Irrad. [10% K
2
O - 24,5% B
a
O]
Figura 40 - Medidas de Infravermelho dos vidros sem irradiar e irradiado do vidro BBKC II
101
2000 1800 1600 1400 1200 1000 800 600 400
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Transmitância (%)
Número de onda (cm
-1
)
BBKC III Nat. [15% K
2
O - 19,5% B
a
O]
BBKC III Irrad. [15% K
2
O - 19,5% B
a
O]
Figura 41 – Medidas de Infravermelho dos vidros sem irradiar e irradiado do vidro BBKC III
2000 1800 1600 1400 1200 1000 800 600 400
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Transmitância (%)
Número de onda (cm
-1
)
BBKC IV Nat. [20% K
2
O - 14,5% B
a
O]
BBKC IV Irrad. [20% K
2
O - 14,5% B
a
O]
Figura 42 - Medidas de Infravermelho dos vidros sem irradiar e irradiado do vidro BBKC IV
102
De acordo com as figuras 39, 40, 41, 42, 43 e 44 podemos observar que a
irradiação induz na região de 1200cm
-1
a 1500cm
-1
e 1000cm
-1
a 500cm
-1
do
espectro infravermelho a variação da intensidade das bandas. Isto pode ser
interpretado como a variação da quantidade de ligações das moléculas relacionadas
a essas bandas.
Em vidros boratos e silicatos foi observado a formação de bandas em torno
de aproximadamente 1450cm
-1
devido a ligações K-O do potássio oxigênio.
Em todos os vidros são observadas estas bandas. Para o vidro com 5mol%
de K
2
O é observada uma leve mudança; para 9,5 e 14,5 mol% de K
2
O a
intensidade das bandas dos vidros irradiados aumentam apreciavelmente; para 19,5
e 24,5 mol% K
2
O é observado o estreitamento destas bandas e finalmente para
29,5 mol% de K
2
O a intensidade das bandas aumentam para o vidro irradiado
definindo a resolução de bandas em 953cm
-1
e 1000cm
-1
.
2000 1800 1600 1400 1200 1000 800 600 400
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Transmitância (%)
Número de onda (cm
-1
)
BBKC V Nat. [25% K
2
O - 9,5% B
a
O]
BBKC V Irrad. [25% K
2
O - 9,5% B
a
O]
Figura 43 – Medidas de Infravermelho dos vidros sem irradiar e irradiado do vidro BBKC V
103
2000 1800 1600 1400 1200 1000 800 600
400
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Transmitância (%)
Número de onda (cm
-1
)
BBKC VI Nat. [30% K
2
O - 4,5% B
a
O]
BBKC VI Irrad. [30% K
2
O - 4,5% B
a
O]
Figura 44 - Medidas de Infravermelho dos vidros sem irradiar e irradiado do vidro BBKC VI
4.2 – Sistema P
2
O
5
– Na
2
O – PbO –ZnO – CeO
2
(VCKT).
4.2.1 - Medidas de Absorção na Região UV-Vis.
Na figura 45, estão as medidas de absorção do vidro fosfato dopado com
diferentes concentrações de CeO
2
. É observada a formação paulatina das bandas
de absorção devido ao Ce3+ em entorno de 290 a 300nm. O aumento da
concentração do Ce
3+
induz o aumento da profundidade da banda e o deslocamento
da borda de absorção para comprimentos de onda maiores. Esta matriz indica que a
saturação da banda acontece para acima de 90mg de CeO
2
. É sabido por diferentes
trabalhos que a borda de absorção com vidros dopados com CeO
2
sofre um forte
deslocamento conforme aumenta a quantidade de CeO
2
no vidro.
104
250 300 350 400 450 500 550 600
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
Cério 100mg
Cério 90mg
Cério 75mg
Cério 60mg
Cério 45mg
Cério 30mg
Cério 15mg
Cério 10mg
Cério 5mg
Cério 1mg
Absorção [u.a.]
Comprimento de onda [nm]
Figura 45 Espectros de absorção em função da variação da quantidade do dopante
CeO
2
Este deslocamento é devido a que a concentração da quantidade molar de
CeO
2
induz no vidro o deslocamento das suas banda de absorção do Ce
3+
e Ce
4+
,
portanto na saturação ainda influência na absorção do vidro levando ao
deslocamento da borda de absorção. Uma melhor explicação para este
deslocamento, é que, devido ao aumento da concentração de CeO
2
durante o
processo de fusão em atmosfera oxidante (como foi destes vidros) ocorre com
grande probabilidade dois estados de oxidação Ce
3+
e Ce
4+
. Neste caso a
evidência de formação do íon C
4+
pode ser encontrada na devonvolução das bandas
de absorção desses vidros ilustrado mais adiante. É importante assinalar que a
formação de íons Ce
4+
é fortemente influenciada pela atmosfera de fusão,
principalmente são formados quando a fusão foi realizada em atmosfera oxidante.
Segundo estudos espectroscópicos, os picos de absorção na região entre 192
nm até 290 nm, são assinaladas a transições 4f 5d do íon Ce
3+
e a transições
dipolares elétricas 4f 5d do mesmo. Para o vidro fosfato em estudo observamos
105
que aparece uma banda larga com pico em torno de 305 nm que podemos assinalar
a esta mesma transição no nosso sistema vítreo dopado.
200 300 400 500 600 700 800 900 1000
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
100mg
90mg
75mg
60mg
45mg
30mg
15mg
10mg
5mg
1mg
% R
Comprimento de onda (nm)
Figura 46 - Refletância especular na região UV-Vis
Uma melhor explicação do deslocamento da borda de absorção dos vidros
dopados é que a absorção da transição do estado 4f -> 5d do Ce
3+
, os orbitais 5d
são expostos a uma significativa interação com os orbitais dos átomos e íons que o
rodeiam, como conseqüência disto o espectro ultravioleta visível é sensivelmente
influenciado pela composição do vidro II. No deslocamento da absorção nos vidros
fosfatos a densidade eletrônica é transferida para os íons ativos dos oxigênios
ligantes.
O espectro de refletância dos vidros da figura 46 indica que os vidros na
região visível e infravermelho próximo são transparentes e estáveis. A diferente
concentração do CeO
2
apenas introduz pequenas variações da refletância. Mas em
geral para cada composição é constante. Da região visível para ultravioleta nota-se o
106
aumento da refletância. Delimitar a borda da absorção dos vidros no em torno entre
350nm e 400 nm. Na região ultravioleta o aumento da refletância dos vidros está
correlacionado com a existência das bandas do Ce
3+
.
4.2.2 – Banda proibida e Energia da Cauda.
A energia da banda proibida dos vidros é calculada de forma semelhante ao sistema
borato. Neste caso o resultado dos cálculos está graficado em função da
concentração do CeO
2
como pode ser observado na figura 47.
-10 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
2,0
2,2
2,4
2,6
2,8
3,0
3,2
3,4
3,6
Concentração de rio (mg)
Banda Proibida [eV]
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0,45
0,50
0,55
0,60
0,65
0,70
0,75
Energias da cauda
E [eV]
Figura 47 - Banda proibida e energia da cauda dos vidros fosfatos dopados com diversas
concentrações de CeO
2
.
Foi observado um aumento não linear da energia da banda proibida conforme
aumenta a quantidade de CeO
2
. De fato, estes resultados indicam modificações
estruturais nos vidros quando incrementadas as quantidades de dopantes. As
energias da cauda
E
seguem uma tendência inversa. A diminuição indica que
neste sistema vítreo a introdução de maior quantidade de CeO
2
pode levar a uma
rápida cristalização devido a que o CeO
2
tende a favorecer a cristalização do vidro.
107
4.2.3 - Medidas de infravermelho (FTIR).
A medida do infravermelho de do vidro fosfato sem dopagem com CeO
2
é
mostrada na figura 48. É observadas as bandas de absorção principalmente devido
as ligações P – O de diferentes estruturas existentes no vidro.
1600 1400 1200 1000 800 600 400
30
60
(P - O)
(P - O)
(P - O)
(P - O)
(P - O)
(PO
2
)
(P - O)
(PO
2
)
Transmitância [%]
mero de Onda (cm
-1
)
Figura 48- Espectro infravermelho da matriz fosfato utilizado na dopagem com CeO
2
De acordo com estudos anteriores
8
as bandas de absorção ao redor de 1282-
1205 cm
-1
são assinaladas ligações duplas P=O de cadeias poliméricas fosfatos.
Bandas relacionadas a oxigênios não ligados (NBO) estão em torno de 1150-1050
cm
-1
e entre 950 e 900 cm
-1
. Bandas de absorção devido a vibrações P-O-P
(bending vibration) estão entre 800-720 cm
-1
. As bandas abaixo de 600 cm
-1
são
devido a vibrações P-O-P (bending vibration) de unidades PO
4
.
Destes estudos, podemos inferir que a nossa matriz fosfato apresenta
bandas em 1180 cm
-1
aproximadamente que, assinalamos para as vibrações duplas
P=O; em 1100 cm
-1
, 950 cm
-1
e 900 cm
-1
que, podemos assinalar para as vibrações
108
dos oxigênios não ligados (NBO). A banda em 740 cm
-1
para a vibração da ligação
P-O-P, chamada também de oxigênios ligados. A banda em torno de 550 as ligações
P-O das estruturas PO
4
.
2800 2600 2400 2200 2000 1800 1600 1400
5mg
90mg
30mg
75mg
Matriz
10mg
45mg
15mg
100mg
60mg
1mg
3,8
3,5
4,1
6,2
7,1
5,0
4,5
5,5
Wavelength (
µ
µµ
µ
m)
Transimtance [a.u.]
Wavenumber (cm
-1
)
Figura 49- Gráfico da Transmissão do infravermelho variando a quantidade do dopante CeO
2
A figura 49 ilustra as medidas de infravermelho de lâminas de vidros dopados
com diferentes concentrações de CeO
2
. Destacamos que nesta região o aumento da
concentração de CeO
2
leva à definição de bandas. Estas são mostradas na figura
49 pelas linhas verticais tracejadas. Neste sistema vítreo podemos extrair as
bandas devido ao Ce. Em cristais a absorção na região de 4µm a 6µm
correspondem a transições
2
F
5/2
->
2
F
7/2
do Ce
3+ 26
. A banda definida em 5µm pode
ser associada à transição entre
2
F
5/2
->
2
F
7/2
do mais baixo nível Starck cristalino.
Transições do estado
fundamental ao terceiro nível de
2
F
7/2
ocorrem
aproximadamente entre 4.1µm a 4.4µm.
4.2.4 – Vidros irradiados com raios X
Na figura 50, o espectro mostra uma medida de Uv-vis na região de 190 até
1100nm para lâminas retiradas do vidro irradiado e sem irradiar onde observamos a
109
formação de duas bandas na região de 498 e 709nm, respectivamente. Observamos
também um deslocamento de aproximadamente 45nm da banda de absorção na
amostra natural em relação à amostra irradiada.
200 400 600 800 1000
0
20
40
60
80
100
709nm
498nm
Transmitancia [%]
Comprimento de onda (nm)
Vidro VCKT natural
Vidro VCKT irradiado
Figura 50 – Medidas Transmitância UV-visivel e infravermelho para os vidros
irradiados com 0,5% de CeO
2
.
Na figura 51 estão as medidas de infravermelho dos mesmos vidros. A
semelhança do sistema borato não é observada mudança na posição das bandas
apenas nas intensidades, sendo esta maior para todas as bandas. As bandas
observadas nessa região estão aproximadamente nas posições de: 1177cm
-1
,
1098cm
-1
, 1023cm
-1
, 978cm
-1
, 899cm
-1
734cm
-1
e 556cm
-1
associadas a ligações
do fósforo com os oxigênios.
Um conjunto de amostras destes vidros dopados com 92,8 mg de CeO
2
foram
submetidos à irradiação com diferentes tempos de exposição e diferentes doses. Os
resultados estão na figura 52. Observamos que o vidro sem dopar é mais
transparente; o vidro dopado diminui sua transmitância e desloca a borda de
absorção para comprimentos de onda maiores entorno de 280nm região de
absorção do Ce
3+
.
110
1600 1400 1200 1000 800 600 400
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
556cm
-1
734cm
-1
899cm
-1
978cm
-1
1023cm
-1
1098cm
-1
1177cm
-1
Transmitância [%]
mero de onda (cm
-1
)
Pó VCKT Natural
Pó VCKT Irradiado
Figura 51 – Medidas de infravermelho do vidro fosfato VCKT
300 400 500 600 700 800 900 1000
0
20
40
60
80
100
Comprimento de onda (nm)
Vidro sem irradiar sem CeO
2
Vidro sem irradiar com CeO
2
Irrad. + CeO
2
1h30min 30kv
Irrad. + CeO
2
1h 30kv
Transmitância [%]
Figura 52 – Medidas de Transmitância para os vidros irradiados dopados com 0,5% de CeO
2
111
300 400 500 600 700 800 900 1000
0
20
40
60
80
100
Vidro sem irradiar sem CeO
2
Vidro sem irradiar com CeO
2
Irrad. + CeO
2
15min 40kv
Irrad. + CeO
2
30min 40kv
Irrad. + CeO
2
3h 40kv
Irrad. + CeO
2
2h 40kv
Transmitância [%]
Comprimento de onda (nm)
Figura 53 - Medidas de Transmitância para os vidros irradiados dopados com 0,5% de CeO
2
Na figura 53 os vidros irradiados diminuem ainda mais a transmitância e
desloca igualmente a sua borda de absorção para acima de 350 nm. Isto indica que
a irradiação produz nos vidros o aumento dos defeitos que pode ser a formação de
complexos estruturais com cargas livres e são centrados nas bandas de 500nm e
710nm que leva por sua vez ao deslocamento da borda. Este processo
possivelmente é acompanhado da formação de estruturas e/o cátions ionizados com
cargas não ligadas que produzem as bandas.
4.3 – Vidro fosfato (PCNL) 50P
2
O
5
– 10CdO – 36Na
2
O – 04La
2
O
3
xCeO
2
4.3.1 – Medidas de UV – Visível.
A semelhança do vidro VCKT dopado com diferentes concentrações de CeO
2
foi observado que nesse sistema vítreo conseguimos que a borda de absorção da
112
matriz PCNL seja transparente na região de interesse. Na figura 54 estão graficados
os vidros deste sistema dopados com diferentes concentrações de CeO
2
.
Observamos a formação de bandas de absorção do Ce
3+
para os diferentes
vidros. A transparência dos vidros na região visível e infravermelho próximo é não
linear, sofrendo variações, assim como o deslocamento da sua borda de absorção.
200 400 600 800 1000
0
20
40
60
80
100
Transmitância [%]
Comprimento de onda [nm]
1mg CeO2
10mg CeO2
15mg CeO2
30mg CeO2
45 mg CeO2
60mg CeO2
75mg CeO2
90mg CeO2
Figura54 – UV-viz. Conjunto vítreo variando quantidade de dopante CeO
2
Na figura 55 foi graficada apenas a região de 200 nm até 350 nm para colocar
em destaque a formação das bandas de absorção devido ao CeO
2
nestes vidros.
Observamos que aparecem 3 bandas largas posicionadas em 300nm, 250nm e 200
nm respectivamente. Pelo exposto no capitulo 3 estas bandas tem que ser
separadas para observar as possíveis transições que ocorrem nestes vidros.
113
200 225 250 275 300
0
2
4
6
8
10
12
CeO
2
26mg
CeO
2
23mg
CeO
2
20mg
210 240 270 300 330 360 390
-10
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
%T
Wavelength (nm)
CeO2 20mg
CeO2 23mg
CeO2 26mg
%T
Comprimento de onda (nm)
Figura 55 – Medida de Uv-viz vidro PNCL dopado com diferentes quantidades de CeO
2
.
4.4 – Banda proibida e energia da cauda.
A forma da variação da energia da banda proibida e da energia da cauda,
vidros em função da concentração de CeO
2
, está na figura 56. Observamos que
existem variações no aumento e diminuição destes parâmetros com a concentração
do CeO
2
. É observado um incremento da banda proibida ate próximo de 3,7 eV para
23 mg de CeO
2
nos vidros dai para maiores concentrações a tendência é diminuir
até próximo de 2,7 eV para 90 mg de CeO
2
.
No caso da energia da cauda observamos que a matriz hospedeira (sem
dopar) possui o valor maior da energia da cauda da ordem de 170 meV. Com a
subseqüente dopagem com CeO
2
diminuem para valores pequenos, ou seja, um
pouco acima de 20meV e a tendência é variar muito até 30 mg de CeO
2
com valor
um pouco acima de 40meV. O valor maior é obtido para 45 mg de CeO
2
com valor
da cauda um pouco acima de 50 meV. Dai, a energia da cauda para maiores
concentrações de CeO
2
diminuem para próximo dos valores de 20 e 30 meV.
Novamente a interpretação deste resultado indica que a introdução dos
dopantes ao diminuir a energia da cauda leva a modificação na estrutura,
114
possivelmente criando ou produzindo inomogeneidades nos vidros. Estas podem
ser próximas de processos de separação de fases nos vidros.
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
0,14
0,16
0,18
Concentração de Cério (mg)
Energia da Cauda
E [eV]
2,0
2,2
2,4
2,6
2,8
3,0
3,2
3,4
3,6
3,8
4,0
Energia da Banda Proibida [eV]
Figura 56 - Gráfico da energia da cauda em função da concentração do dopante e da Energia
da banda proibida pela concentração de dopante.
4.5 – Medidas de Infravermelho (FTIR).
O espectro de infravermelho do vidro PNCL (50P
2
O
5
–10CdO 36Na
2
O
4La
2
O
3
xCeO
2
), na escala de freqüência entre 400 e 1400 cm
-1
é mostrada na
figura 57.
A tendência de formação das bandas conforme a quantidade de dopante
ilustra como estes mexem com a estrutura do vidro. Ainda que não sejam
observadas modificações substanciais das posições das bandas, observamos que
as intensidades se apresentam diferentes na região de 1300, 1100, 100 e 870 cm
-1
.
As características do espectro do vidro PNCL são o estiramento da vibração
da ligação dupla de oxigênios
ν
(P=O)
55
aproximadamente em 1250 cm
-1
, a ligação
de estiramento ( stretching ) simétrico PO
2
ocorrem aproximadamente em 1080cm
-1
os grupos P O
-
em aproximadamente 1182 cm
-1
e 948 cm
-1
, [10,22] as vibrações
assimétricas dos grupos P O P em 871cm
-1
, também as vibrações simétricas
115
dos grupos P – O – P em aproximadamente 719 cm
-1
e 774 cm
-1
e as vibrações
de torção (bending) (
δ
) de ligações P O
55
em aproximadamente 470 cm
-1
e 560
cm
-1
.
1400 1300 1200 1100 1000 900 800 700 600 500 400
P - O
-
ν
(P=O)
ν
s
(PO
2
)
P - O
-
ν
as
(P - O - P)
ν
s
(P - O - P)
δ
(P - O)
Matriz
10mg
20mg
23mg
26mg
30mg
45mg
60mg
75mg
90mg
Transmitância (u.a.)
Número de onda (cm
-1
)
Figura 57 – Gráfico infravermelho conjunto vítreo PNCL
Este resultado pode ser interpretado no sentido que a matriz e aquele vidro
com 10 mg de CeO
2
as bandas posicionadas em 1300 assinaladas as ligações
duplas de fósforo oxigênio, o modificadas na sua intensidade. A introdução de
maior quantidade de dopante leva a modificar as bandas na região entre 1050 e
1200 cm
-1
e 980 relacionadas com os oxigênios não ligados, e abaixo de 1000 com
as bandas relacionadas com as vibrações assimétricas do fósforo oxigênio.
As possíveis bandas de absorção dos diferentes modos relacionados com as
ligações fósforo oxigênio observadas estão na tabela (XIV)
55
.
116
Tabela XIV Absorção infravermelho (cm
-1
) das amostras em pó do vidro PNCL para várias
concentrações de CeO
2
CeO
2
(mg)
0 10 20 23 26 30 45 60 75 90
ν(P = O)
1251
1251 - - 1251 1251 1251 1251 1251 1251
νPO
-
1182
1182 1182 1182 1182 1182 1182 1182 1182 1182
948 948 948 948 948 948 948 948 948 948
ν
s
(PO
2
)
1084
1083 - - 1079 1073 1081 1083 1087 1083
ν
as
(P-O-P)
871 875 853 863 864 867 878 870 881 873
ν
s
(P-O-P)
721 715 719 709 713 719 719 713 723 720
775 773 774 775 772 775 773 775 774 773
δ (P-O)
469 467 457 466 468 473 473 470 479 475
Atribuição
535 536 562 569 566 564 552 566 555 560
4.6 – Medidas Térmicas (DSC)
Foram submetidas às medidas de calorimetria diferencial de varredura DSC
amostras do sistema PCNL da composição 50P
2
O
5
10CdO 36Na
2
O 4La
2
O
3
adicionando diferentes quantidades em peso do CeO
2
para propósitos de estudar as
suas propriedades térmicas.
Observamos na figura 58 que todos os espectros medidos com taxa de
10
o
C/min apresentam variações devido as diferentes concentrações de CeO
2
. Os
parâmetros térmicos extraídos das medidas DSC estão na tabela (XV). Parâmetros
sensíveis à estrutura, como a transição vítrea, inicio da cristalização, apresentam
variações. Os parâmetros tabelados como pico1 e pico 2 são apenas aqueles
valores extraídos diretamente dos gráficos. As curvas de cristalização (processos
exotérmicos) indicam um e dois processos de cristalização como observados nas
medidas.
O comportamento das curvas DSC indica que a dopagem influencia
grandemente a estrutura do vidro. Observando a medida DSC para o vidro matriz
sem dopar temos o valor de Tg=352
o
C e o inicio de cristalização próximo de 442
o
C,
apresentando, possivelmente, dois processos de cristalização. Os vidros dopados se
apresentam com valores acima ou abaixo destes valores.
117
275 300 325 350 375 400 425 450 475 500
Matriz
10mg
20mg
23mg
26mg
45mg
60mg
75mg
90mg
Fluxo de Calor [u.a.]
Temperatura (
0
C)
Figura 58 - Variando quantidade de dopante CeO2com 10ºC
Na figura 58 observamos as posições dos picos de cristalização indicando
que a cristalização em cada vidro dopado é diferenciada um com o outro. Alguns
apresentam com mais clareza dois processo de cristalização, como aqueles com 10,
23 e 26mg de Cério, os outros com 20, 75 e 90mg com possivelmente um único
processo.
118
A variação da temperatura de transição vítrea com a composição do CeO
2
está na figura 59. Observamos a tendência de um leve aumento da Tg conforme
aumenta a concentração do CeO
2
com mínimo para 20 mg de CeO2 e ligeiro
aumento com 25 mg de CeO2. Este resultado confirma que os íons de Cério mexem
com a estrutura do vidro matriz conforme a quantidade de CeO
2
.
Tabela XV - Variando quantidade de dopante CeO
2
com temperatura 10ºC/min.
CeO
2
(mg) Tg T
x
T
x
- T
g
Pico 1 Pico 2
10
354,75 423,31 68,56 - 455,60
20
337,45 428,55 91,1 - 453,57
23
349,83 438,65 88,82 - 463,58
26
355,72 447,22 91,5 465,32 477,86
45
353,66 430,98 77,32 - 457,98
60
360,60 443,59 82,99 - 473,29
75
354,77 434,71 79,94 - 459,80
90
354,36 435,06 80,7 - 460,47
Matriz
352,00 441,91 89,91 462,94 478,70
119
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
300
305
310
315
320
325
330
335
340
345
350
355
360
365
370
375
380
385
390
395
400
Temperatura Tg (
0
C)
Quantidade de dopante CeO
2
(mg)
Figura 59 - Variando quantidade de dopante CeO
2
com temperatura 10ºC/min., temperatura de
Tg pela quantidade de dopante CeO
2
.
Os valores de início da temperatura de cristalização (T
x
) sofrem variações,
não apresentando uma linearidade. Um critério de estabilidade dos vidros pode ser
qualitativamente estabelecido através da diferença T
x
– T
g
como mostrados na
tabela (XV). Esses dados levados a um gráfico de T
x
T
g
vs xCeO
2
indica como a
estabilidade dos vidros é afetada de acordo com a concentração do dopante. Neste
sentido podemos observar na figura 60 que o vidro dopado com 10mg de CeO
2
tem
a menor diferença, indicando que, possivelmente, seja o menos estável. Para as
composições 20, 23 e 26 mg aparentemente a estabilidade da matriz não foi afetada
para as outras composições são ligeiramente menores quando comparadas com a
da matriz (sem dopar).
120
0 20 40 60 80 100
50
55
60
65
70
75
80
85
90
95
100
105
110
115
120
T
x
-T
g
[
0
C]
Concentração CeO
2
[mg]
Figura 60 Parâmetro de estabilidade dos vidros dopados com diferentes concentrações de
cério
4.7 Cinética de Cristalização dos vidros fosfatos PNCL dopados
com concentrações de 20mg de CeO
2
.
Como foi explicado no capitulo III, vamos utilizar o método de DDTA para
fazer a análise da cinética de cristalização.
As medidas DSC foram feitas com amostras trituradas com tamanho de
partículas menores que 38µm e realizadas com diferentes taxas de aquecimento.
É observado na figura 61 o comportamento característico das medidas de DSC
quando submetidos à taxas crescentes de aquecimento, onde temos o
deslocamento dos picos de cristalização. Os valores dos parâmetros extraído das
medidas estão na tabela (XVI).
Observamos que os valores dos picos tabelados o apenas os valores dos
pontos máximos da curva de cristalização. Mais para frente todas as curvas de
cristalização são separadas em dois picos utilizando o método de Cheng.
Por outro lado, é interessante observar o comportamento da temperatura de
transição vítrea com a taxa de aquecimento. Este resultado esta na figura 62.
121
275 300 325 350 375 400 425 450 475 500 525 550
15
0
C
12,5
0
C
10
0
C
7,5
0
C
5,0
0
C
2,5
0
C
Fluxo de Calor (u.a.)
Temperatura ºC
Figura 61 - Vidro PNCL 20mg CeO2 partículas ≤38
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
330
332
334
336
338
340
342
344
346
348
350
352
Temperatura Tg (
0
C)
Taxa de Aquecimento (
0
C/min.)
Figura 62 - Vidro PNCL 20mg CeO
2
– partícula ≤ 38, temperatura Tg pela taxa de aquecimento.
122
Tabela XVI - Vidro PNCL 20mg CeO
2
– partícula x ≤ 38
Taxa de aquecimento
(
0
C)
Tg
T
x
(inicio
cristalização)
Pico 1 Pico 2
2,5
332,12 408,53 - 429,50
5,0
344,08 422,19 - 445,37
7,5
345,61 426,33 - 454,21
10
337,26 439,15 - 453,57
12,5
349,74 433,54 - 468,65
15
350,32 432,84 455,67 473,39
Observamos a tendência de aumento da temperatura da transição vítrea com a taxa
de aquecimento.
Isto indica que as amostras trituradas com esse tamanho de partícula
absorvem rapidamente calor durante a medida, fazendo com que tenha tratamento
térmico. Isto leva as modificações da T
g
, possivelmente, dentro do intervalo de
transformação.
Na figura 63 estão os gráficos dos valores dos picos separados levados a
uma análise pelo método de Cheng utilizando um gráfico do logaritmo da razão da
temperatura derivada com a taxa de aquecimento versus o inverso dessa
temperatura. Analise da reta leva a obter os valores de E
1
= 227kJ/mol e da
freqüência
ν
Tp1 = 2,10 x 10
16
/s
para o primeiro processo de cristalização; para o
segundo processo obtivemos E
2
= 165 kJ/mol com freqüência
ν
Tp2 = 2,18 x 10
11
/s. Estes
valores são normalmente encontrados em vidros fosfatos.
Os valores avaliados para os índices de Avrami estão nas figuras 64 e 65.
Observamos que os dados tendem a ser lineares como previsto no método de
Ozawa. Os valores extraídos são: para o primeiro processo n
1
= 0,98 e para o
segundo processo n
2
= 1,9.
123
1,34 1,36 1,38 1,40 1,42 1,44 1,46
10,5
11,0
11,5
12,0
12,5
ln(Tp
1
2
/
φ
) (K.min)
1000/Tp (K
-1
)
Pico 1 (E=227 kJ.mol
-1
)
Pico 2 (E=165 kJ.mol
-1
)
Ajuste linear
Figura 63 - Gráfico da energia de ativação para o conjunto vítreo dopado com 20mg CeO
2
medidas DSC com partículas
38µm.
0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2 2,4 2,6 2,8 3,0
-1,6
-1,4
-1,2
-1,0
-0,8
-0,6
-0,4
-0,2
0,0
0,2
0,4
ln[-ln(1-x)]
ln[
α
αα
α
]
Indice de Avrami n = 0,98
Figura 64 - Índice de Avrami para a fração de cristalização obtida em 436
o
C calculado com
diferentes taxas para o pico 1
124
O significado do primeiro parâmetro indica que existe um crescimento na
superfície; com nucleação decrescente formando possivelmente partículas
alargadas. O segundo caso é semelhante. Pelos valores obtidos, ambos os
processos do índice de Avrami (n) indicam processos controlados pela difusão dos
íons.
1,6 1,8 2,0 2,2 2,4 2,6 2,8
-1,5
-1,0
-0,5
0,0
0,5
ln[-ln(1-x)]
ln[
α
αα
α
]
Indice de Avrami n = 1,9
Figura 65 Índice de Avrami para a fração de cristalização obtida em 461
o
C calculado com
diferentes taxas para o pico 2
4.7.1 – Vidro dopado com 26 mg de CeO
2
.
Para essa concentração de dopantes as medidas de DSC foram realizadas
com taxa de aquecimento de 10
0
C/min em função do tamanho das partículas,
conforme ilustra a figura 66. Para tamanho de partículas acima de 75 µm,
observamos um único processo de cristalização. Para tamanho de partículas
menores que esse valor as curvas exotérmicas se apresentam com dois processos
de cristalização.
125
O resultado das medidas com diferentes tamanhos de partículas para esta
composição indica a grande influência da matriz com este parâmetro. Os processos
de cristalização são aparentemente diferentes.
275 300 325 350 375 400 425 450 475 500 525 550
x < ou = 38
µ
m
38 < x < 45
µ
m
45 < x < 63
µ
m
63 < x < 75
µ
m
75 < x < 106
µ
m
x > 106
µ
m
Bloco com 15mg
Fluxo de Calor (u.a.)
Temperatura (
0
C)
Figura 66 - Vidro PNCL 26mg CeO
2
variando tamanho do grão
Na tabela (XVII) estão colocados os parâmetros extraído das curvas de
cristalização. É interessante observar a variação da temperatura de transição vítrea
Tabela XVII - Vidro PNCL 26mg CeO2 variando tamanho de partícula.
Tamanho do
grão
(µ
µµ
µm)
Tg
T
x
(inicio
cristalização)
Pico 1 Pico 2
x < 38 353,76 446,07 460,80 475,91
38 < x < 45 353,41 439,81 459,04 477,16
45 < x < 63 354,00 440,30 459,61 478,21
63 < x < 75 354,19 444,16 468,93 484,84
75 < x < 106 358,40 458,64 - 498,48
x > 106 357,51 469,36 - 504,12
Bloco com 15mg 360,89 501,70 - 544,44
126
com o tamanho da partícula. Esta variação é observada na figura 67. É claro a
variação do Tg com o aumento do tamanho de partícula. Novamente, esta
propriedade sensível à microestrutura do vidro indica que o processo de cristalização
é dependente do tamanho da partícula submetida ao aquecimento.
35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95 100 105 110
353,1
353,4
353,7
354,0
354,3
354,6
354,9
355,2
355,5
355,8
356,1
356,4
356,7
357,0
357,3
357,6
357,9
358,2
358,5
358,8
Temperatura Tg (
0
C)
Tamanho do grão (
µ
m)
Figura 67 - Vidro PNCL 26mg CeO2 variando tamanho do grão, temperatura de Tg pelo
tamanho do grão.
Na figura 66 observamos que o bloco de vidro apresenta o inicio da
cristalização T
x
numa temperatura mais elevada próximo de 500
0
C. Por sua vez,
os dados extraídos do T
x
da tabela (XVII) para as amostras em estão graficados
na figura 68. Os valores de Tx ocorrem em temperaturas menores conforme é menor
o tamanho de partícula.
Uma possível explicação deste fato é que as amostras moídas, ou seja, na
forma de pó, possuem grande quantidade de partículas e devido a que as partículas
individuais absorvem rapidamente o calor, o inicio da cristalização é abaixada para
temperaturas menores da forma de acordo com a figura 68.
127
35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95 100 105 110
438
440
442
444
446
448
450
452
454
456
458
460
Inicio da cristalização T
x
(
0
C)
Tamanho da particula (
µ
µµ
µ
m)
Figura 68 - Vidro PNCL 26mg CeO2 variando tamanho do grão, taxa de inicio de cristalização
pelo tamanho do grão.
4.7.2 – Cinética de cristalização do vidro dopado com 26 mg de CeO
2
A seguir, faremos o estudo da cinética de cristalização para o vidro dopado
com 26 mg de CeO
2
. O procedimento foi triturar as amostras na forma de pó e
utilizando as peneiras obtivemos diferentes tamanhos de partículas. Separamos em
dois grupos: entre 45µm a 63µm de tamanho e outro entre 75µm a 106 µm de
tamanho.
4.7.2.1 – Para as amostras com tamanho de partícula entre [45µm a 63µm]
As medidas com diferentes taxas de aquecimento estão ilustradas na figura
69.
São observados os eventos endotérmicos da transição vítrea e, aparentemente,
a formação de dois eventos de cristalização.
128
300 325 350 375 400 425 450 475 500 525 550
15
0
C
12,5
0
C
10
0
C
7,5
0
C
5,0
0
C
2,5
0
C
Fluxo de Calor (u.a.)
Temperatura (
0
C)
Figura 69- Vidro PNCL 26mg CeO
2
para partículas entre 45 < x < 63µ
µµ
µm
Na tabela (XVIII) estão os valores dos parâmetros extraídos das medidas. Na
figura 70 estão graficados os dados da temperatura de transição vítrea. A
semelhança das amostras dopadas com 20 mg de CeO
2
se observa igualmente
variação nos valores conforme a taxa de aquecimento apresentando-se ser quase
linear com o aumento da taxa de aquecimento.
Tabela XVIII - Vidro PNCL 26mg CeO2 grão 45 < x < 63µ
µµ
µm
Taxa de
Aquecimento
(
0
C/min.)
Tg
(
o
C)
Pico 1
(
o
C)
inicio da
cristalização
(T
x
o
C)
Pico 2
(
o
C)
2,5 346,73 - 418,73 441,31
5,0 347,90 448,23 428,24 457,90
7,5 352,34 450,33 433,30 469,20
10 354,58 462,81 438,35 476,11
12,5 357,02 468,15 441,79 481,25
15 356,70 470,87 443,22 484,30
129
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
345
346
347
348
349
350
351
352
353
354
355
356
357
358
Temperatura Tg (
0
C)
Taxa de Aquecimento (
0
C/min.)
Figura 70 - Vidro PNCL 26mg CeO2, grão 45 < x < 63µ
µµ
µm, temperatura de Tg pela taxa de
aquecimento.
Este resultado indica que o processo de medida para este tamanho de
partículas das amostras, no aquecimento, influencia os processos de
transformação destes vidros, dai a variação do T
g
.
Na figura 71 estão os gráficos os dados dos valores dos picos separados
levados a uma analise pelo método DDTA de Cheng. Analise da reta leva a obter os
valores de E
1
= 191kJ/mol e da freqüência
ν
Tp1 = 2,63 x 10
13
/s para o primeiro processo
de cristalização; para o segundo processo obtivemos E
2
= 157 kJ/mol com
freqüência
ν
Tp2 = 3,75 x 10
10
/s.
Os valores avaliados para os índices de Avrami estão nas figuras 72 e 73.
Observamos que os dados mostram-se lineares como previsto no método de
Ozawa. Os valores extraídos são: para o primeiro processo n
1
= 2,75 e para o
segundo processo n
2
= 3,92
130
1,30 1,35 1,40 1,45
10,5
11,0
11,5
12,0
12,5
ln(Tp1
2
/
φ
) (K.min)
1000/Tp (K
-1
)
Pico 1 (E=191 kJ.mol
-1
)
Pico 2 (E=157 kJ.mol
-1
)
Ajuste linear
Figura 71 - Gráfico da energia de ativação para o conjunto vítreo dopado com 26mg CeO
2
com
tamanho de grãos variando entre 45 e 63µm.
O significado do índice de Avrami para o primeiro processo de cristalização
indica que existe uma taxa de nucleação decrescente ou de taxa zero (saturação
dos sítios de nucleação) se for pelo mecanismo da interface. O segundo caso, pode
ser com taxa de nucleação decrescente. Pelos valores obtidos, ambos os processos
do índice de Avrami (
n
) indicam processos controlados pela interface.
131
1,6 1,8 2,0 2,2 2,4 2,6 2,8
-3,0
-2,5
-2,0
-1,5
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
ln[-ln(1-x)]
ln[
α
αα
α
]
Índice de Avrami n = 2,75
Figura 72 Índice de Avrami para a fração de cristalização obtida em 452
o
C calculado com
diferentes taxas para o pico 1
1,6 1,8 2,0 2,2 2,4 2,6 2,8
-4
-3
-2
-1
0
1
2
ln[-ln(1-x)]
ln[
α
αα
α
]
Índice de Avrami n = 3,92
Figura 73 Índice de Avrami para a fração de cristalização obtida em 474
o
C calculado com
diferentes taxas para o pico 2
132
4.7.2.2 – Para as amostras com tamanho de partícula entre [75µm a 106µm]
Para este tamanho de partículas as medidas indicam que, possivelmente,
acontece um único processo de cristalização. Na tabela (XIX) estão extraídos
unicamente o valor pico de cada curva exotérmica experimental este é denominado
na tabela de pico 2.
Entretanto, pela análise DDTA é observado que ocorrem dois processos de
cristalização. Os valores da temperatura de transição vítrea igualmente se
apresentam variar quase linearmente com a taxa de aquecimento conforme a figura
75.
300 350 400 450 500 550
15
0
C
12,5
0
C
10
0
C
7,5
0
C
5,0
0
C
2,5
0
C
Fluxo de Calor (u.a.)
Temperatura (
0
C)
Figura 74 - Vidro PNCL 26mg CeO2 grão 75 < x < 106 µ
µµ
µm
133
Tabela XIX - Vidro PNCL 26mg CeO2 grão 75 < x < 106 µ
µµ
µm
Taxa de aquecimento
(
0
C)
Tg Pico 1
Tx (inicio
cristalização)
Pico 2
2,5 349,47 - 436,17 466,79
5,0 352,29 - 454,22 481,82
7,5 356,71 - 474,96 490,13
10 357,84 - 471,74 497,55
12,5 358,76 - 472,60 501,71
15 360,03 - 482,61 507,74
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
348
349
350
351
352
353
354
355
356
357
358
359
360
361
Temperatura Tg (
0
C)
Taxa de Aquecimento (
0
C/min.)
Figura 75 - Vidro PNCL 26mg CeO
2
grão 75 < x < 106 µ
µµ
µm, temperatura de Tg pela taxa de
aquecimento.
Na figura 76 esta o gráfico dos valores dos picos separados levados a uma
analise pelo método DDTA de Cheng. Analise da reta leva a obter os valores de E
1
=
289kJ/mol e da freqüência
ν
Tp1 = 1,37 x 10
20
/s para o primeiro processo de cristalização;
para o segundo processo obtivemos E
2
= 212 kJ/mol com freqüência
ν
Tp2 = 1,40 x10
13
/s.
134
Os valores avaliados para os índices de Avrami estão nas figuras 77 e 78.
Observamos que os dados escalam a serem lineares como previsto no método de
Ozawa. Os valores extraídos são: para o primeiro processo n
1
= 1,45 e para o
segundo processo n
2
= 3,44
O significado do primeiro parâmetro indica que existe um crescimento na
superfície; com nucleação decrescente formando, possivelmente, partículas
alargadas. O mecanismo de nucleação, neste caso, possivelmente é controlado pela
difusão. O segundo caso, pelo valor obtido, indica que, possivelmente, temos que o
mecanismo de nucleação é através da interface com taxa de nucleação constante e
decrescente.
1,28 1,30 1,32 1,34 1,36 1,38
10,5
11,0
11,5
12,0
12,5
ln(Tp
1
2
/
φ
) (K.min)
1000/Tp (K
-1
)
Pico 1 (E=289 kJ.mol
-1
)
Pico 2 (E=212 kJ.mol
-1
)
Ajuste linear
Figura 76 - Gráfico da energia de ativação para o conjunto vítreo dopado com 26mg CeO
2
com
tamanho de partículas variando entre 75 e 106µm.
135
0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2 2,4 2,6 2,8 3,0
-2,0
-1,5
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
ln[
α
αα
α
]
Índice de Avrami n = 1,45
ln[-ln(1-x)]
Figura 77 Índice de Avrami para a fração de cristalização obtida em 474
o
C calculado com
diferentes taxas para o pico 1
2,0 2,1 2,2 2,3 2,4 2,5 2,6 2,7 2,8
-2,5
-2,0
-1,5
-1,0
-0,5
0,0
0,5
ln[-ln(1-x)]
ln[
α
αα
α
]
Indice de Avrami n = 3,44
Figura 78 Índice de Avrami para a fração de cristalização obtida em 496
o
C calculado com
diferentes taxas para o pico 2
136
4.7.3 Cinética de Cristalização para o vidro dopado com 60 mg de
CeO
2
.
4.7.3.1 – P ara as amostras com tamanho de partícula < 38 µm
As medidas DSC para este tamanho de partículas estão na figura 79. A
variação com a taxa de aquecimento é observada sendo diferente quando
comparados com as amostras medidas de menor concentração do CeO
2
. Os
resultados extraídos das medidas estão na tabela (XX). O gráfico da variação da
temperatura de transição vítrea na figura 80 foi observado sendo quase linear com a
taxa de aquecimento. Este resultado confirma novamente a influência do tamanho
de partícula para esta concentração.
275 300 325 350 375 400 425 450 475 500 525 550
15
0
C
12,5
0
C
10
0
C
7,5
0
C
5,0
0
C
2,5
0
C
Fluxo de Calor (u.a.)
Temperatura (
0
C)
Figura 79 - Vidro PNCL 60mg CeO
2
partícula ≤ 38
Na figura 81 estão os gráficos dos dados dos valores para os picos separados
levados a uma análise pelo todo DDTA de Cheng. A análise da reta leva a obter
os valores de E
1
= 84,41kJ/mol e da freqüência
ν
Tp1 = 1,37 x 10
20
/s para o primeiro
processo de cristalização; para o segundo processo obtivemos E
2
= 63,62 kJ/mol
com freqüência
ν
Tp2 = 1,40 x10
13
/s. Nas figuras 82 e 83 estão a evolução das frações
137
cristalizadas dos picos separados em função do tempo e em função da taxa de
aquecimento.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
300
305
310
315
320
325
330
335
340
345
350
355
360
365
370
375
380
385
390
395
400
Temperatura Tg (
0
C)
Taxa de Aquecimento (
0
C/min.)
Figura 80 - Vidro PNCL 60mg CeO
2
partículas x 38, temperatura de Tg pela taxa de
aquecimento.
Tabela XX - Vidro PNCL 60mg CeO
2
grão x ≤ 38
Taxa de aquecimento
(ºC/min)
T
g
Pico 1
T
x
(inicio da
cristalização)
Pico 2
2,5 337,94
- 416,13 434,77
5,0 354,16
- 432,58 457,89
7,5 358,75
457,21 442,24 468,61
10 348,65
- 423,27 443,15
12,5 363,17
468,45 446,95 480,27
15 364,33
472,35 440,21 485,62
138
2,05 2,10 2,15 2,20 2,25 2,30 2,35
9,5
10,0
10,5
11,0
11,5
Pico 1 (E=84,41 kJ.mol
-1
)
Pico 2 (E=63,62 kJ.mol
-1
)
Ajuste linear
ln(Tp1
2
/
φ
) (K.min)
1000/Tp (K
-1
)
Figura 81 - Gráfico da energia de ativação para o conjunto vítreo dopado com 60mg CeO
2
com
tamanho de partículas x ≤ 38.
0 2 4 6 8 10 12 14 16
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Taxa 15 °C/min.
Taxa 12,5 °C/min.
Taxa 10 °C/min.
Taxa 7,5 °C/min.
Taxa 5 °C/min.
Taxa 2,5 °C/min.
Fração Cristalização [x]
Tempo [min.]
Figura 82 – Fração de cristalização do vidro PNCL pico 1 com 60mg CeO
2
em função do tempo
139
0 2 4 6 8
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Taxa 15 °C/min.
Taxa 10 °C/min.
Taxa 12,5 °C/min.
Taxa 7,5 °C/min.
Taxa 5 °C/min.
Fração de Cristalização [x]
Tempo [min.]
Figura 83 – Fração de cristalização do vidro PNCL pico 2 com 60mg CeO
2
em função do tempo
0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2 2,4 2,6
-4,5
-4,0
-3,5
-3,0
-2,5
-2,0
-1,5
-1,0
-0,5
0,0
Indice de Avrami n = 2,31
Ln[-Ln(1-x)]
Ln(
α
)
Figura 84 Índice de Avrami para a fração de cristalização obtida em 470
o
C calculado com
diferentes taxas para o pico 1
140
Os valores avaliados para os índices de Avrami estão nas figuras 84 e 85.
Observamos que os dados mostram-se lineares como previsto no método de
Ozawa. Os valores extraídos são: para o primeiro processo n
1
= 2,35 e para o
segundo processo n
2
= 5,95
1,6 1,8 2,0 2,2 2,4 2,6 2,8
-5
-4
-3
-2
-1
0
1
Indice de Avrami n = 5,95
Ln[-Ln(1-x)]
Ln(
α
)
Figura 85 Índice de Avrami para a fração de cristalização obtida em 470
o
C calculado com
diferentes taxas para o pico 2.
O significado do primeiro parâmetro indica que o mecanismo pode ser
controlado pela difusão e com taxa de nucleação decrescente. O segundo caso pelo
alto valor obtido indica que possivelmente temos a saturação das regiões de
nucleação igualmente controladas pela difusão.
4.8 Deconvolução dos espectros UV de absorção dos íons Ce
3+
e
Ce
4+
Para efeitos de comparação nas diferentes matrizes vítreas fizemos a
deconvolução das bandas de absorção utilizando a metodologia já explicada no
capitulo III utilizando funções gaussianas.
Em muitos vidros fundidos pela técnica convencional no ar os íons trivalentes
de terras raras são estáveis e podem se fixar numa matriz trea. Mas, ainda, devido
141
a sua estrutura eletrônica os íons de rio podem existir em diferentes estados de
valência.
A habilidade doadora dos íons de mais baixa valência facilita a excitação de
um elétron da camada 4f à camada 5d, por outro lado, a habilidade de aceitar
elétrons de íons de alta valência favorece a transferência de carga (CT) dos ligandos
aos íons de terras raras.
Assim os íons Ce
3+
servem como doadores de elétrons devido a que possui
um elétron acima da camada preenchida 5p. Portanto, a condição de atmosfera
redutora não necessariamente leva à formação de íons Ce
4+
. As condições de fusão
em atmosfera oxidante assim como a irradiação com raios X ou ultravioleta permite a
oxidação a Ce
4+
.
De acordo com estes fatos precisamos saber o comportamento dos sistemas
vítreos preparados para esta dissertação. Todos os vidros foram preparados em
atmosfera oxidante, portanto, espera-se que os nossos vidros tenham na sua
estrutura a ocorrência dos dois tipos de íons Ce
3+
e Ce
4+
. Este fato é importante
devido a que a ocorrência de dois estados de valência no caso do cério afeta as
propriedades de absorção desses íons.
4.8.1 – Deconvolução nos vidros Boratos BBKC.
Foi possível fazer uma melhor deconvolução para o vidro da composição
BBKC-4 dopado com 92,8 mg de CeO
2
. Para as outras composições os resultados
não são satisfatórios para esta quantidade de dopantes pois a borda de absorção do
vidro deslocou-se para comprimentos de onda menores levando ao abafamento
das bandas. O resultado da deconvolução para o vidro BBKC-4 está na figura 86,
Observamos três bandas na região do ajuste mais uma que inicia perto de 30000
cm
-1
. A análise leva a interpretação de que as três bandas mais intensas são
mostradas as transições 3f-4d dos íons Ce
3+
. A banda mais larga e menos intensa
as transições de transferência de carga dos íons Ce
4+
. Os dados dos picos estão na
tabela (XXI).
142
20000 22000 24000 26000 28000 30000 32000
Coeficiente de absorção [u.a.]
mero de onda [cm
-1
]
Figura 86 – Deconvolução para vidro BBKC 4
4.8.2 – Deconvolução vidros Fosfatos VCKT
.
A semelhança da matriz borato para este tipo de vidro, ilustramos na figura
87. A deconvolução das bandas dopadas com 30mg de CeO
2
. Para esta
composição foi observado três picos devido as transições do Ce
3+
e um pico de Ce
4+
das transições de transferência de carga. Os valores dos parâmetros estão na tabela
(XXII).
Tabela XXI - Vidro BBKC IV
Transição Íon Posição Pico
Largura Área Altura
4f – 5d
2
F –
2
D (cm
-1
) (cm
-1
)
Ce
3+
28078 1742,6 51872 23,75
Ce
3+
30084 1049,8 23191 17,626
Transfer. Carga
Ce
4+
26670 3395,5 37390 8,7858
143
25000 30000 35000 40000
Coeficiente de absorção [u.a.]
mero de onda [cm
-1
]
Figura 87 – Deconvolução do vidro VCKT 30mg CeO
2
4.8.3 – Deconvolução vidros Fosfatos PNCL
A absorção do vidro é melhor deconvoluido neste sistema vítreo. As 5
bandas possíveis das transições 4f 5d dos íons Ce
3+
estão presentes. As duas
bandas dos íons Ce
4+
que correspondem à transferência de carga igualmente.
Foram feitas a deconvolução para as três concentrações, com 20 mg, 23mg e 26 mg
do CeO
2
ilustradas nas figuras 88, 89, e 90. Todos os valores dos parâmetros estão
nas tabelas (XXIII), (XXIV), e (XXV) correspondentes.
Tabela XXII - Vidro VCKT 30mg CeO
2
Transição Íon Posição Pico
Largura Área Altura
4f – 5d
2
F –
2
D (cm
-1
) (cm
-1
)
Ce
3+
33624 3643,4 37909 8,3019
Ce
3+
38503 1641,7 23513 11,428
Ce
3+
37265 3063,3 33871 8,822
Transfer. Carga
Ce
4+
32775 1618,2 7200,6 3,5504
144
Tabela XXIII – Vidro PNCL 20mg CeO2
Transição Íon Posição Pico
Largura Área Altura
4f – 5d
2
F –
2
D (cm
-1
) (cm
-1
)
Ce
3+
33622 2342,6 28434 9,6845
Ce
3+
37093 2246,1 12393 4,4024
Ce
3+
39203 2158,9 12124 4,4809
Ce
3+
40717 2119,5 8943,4 3,3668
Ce
3+
43399 2497,6 11697 3,7368
Transfer. Carga
Ce
4+
35606 1352,2 2539,2 1,4983
Ce
4+
42343 3128,1 9579,2 2,4434
30000 32500 35000 37500 40000 42500 45000 47500
Coeficiente de absoão [u.a.]
número de onda [cm
-1
]
Figura 88 – Deconvolução do vidro PNCL 20mg CeO
2
145
30000 32500 35000 37500 40000 42500 45000
47500
Coeficiente de absorção [u.a.]
número de onda [cm
-1
]
Figura 89 – Deconvolução do vidro PNCL 23mg CeO
2
A razão para observar melhor as bandas dos íons de Cério nesta matriz é que
podemos dizer que possui uma melhor transparência na região ultravioleta
permitindo definir melhor as bandas de absorção. Desta forma podemos comprovar
que desde que as transições 4f 5d dos íons de Ce o permitidas nos vidros tem
sido observadas que são sensíveis ao tipo de matriz vítrea hospedeira.
Tabela XXIV – Vidro PNCL 23mg CeO
2
Transição Íon Posição Pico
Largura Área Altura
4f – 5d
2
F –
2
D (cm
-1
) (cm
-1
)
Ce
3+
33521 2213,8 29318 10,566
Ce
3+
36739 2705,5 15533 4,5809
Ce
3+
38931 2415,9 11025 3,641
Ce
3+
40756 2173,1 11124 4,0844
Ce
3+
43151 2436,8 18771 6,1461
Transfer. Carga
Ce
4+
35338 1606,0 2866,3 01,424
Ce
4+
40169 9780,8 3092,4 2,5236
146
30000 32500 35000 37500 40000 42500 45000
47500
Coeficiente de absorção [u.a.]
número de onda [cm
-1
]
Figura 90 – Deconvolução do vidro PNCL 26mg CeO
2
A dependência do tipo de matriz vítrea em relação as bandas de absorção
dos íons de cério pode ainda ser estudado considerando-se outras propriedades da
matriz vítrea. Duffy
56
tem estudado as bandas do Ce
3+
em dependência do
conteúdo de dio num vidro borato e num vidro fosfato. Tem comparado a
basicidade óptica determinado das bandas dos íons de Ce
3+
com a basicidade óptica
determinada pelos íons Pb
2+
, ele encontrou que a basicidade óptica do vidro mexe
Tabela XXV – Vidro PNCL 26mg CeO2
Transição Íon Posição Pico Largura Área Altura
4f – 5d
2
F –
2
D (cm
-1
)
(cm
-1
)
Ce
3+
33569 2261,7 33905 11,961
Ce
3+
37750 2403,5 14791 4,9102
Ce
3+
39590 2323,7 11296 3,8788
Ce
3+
40546 2242,8 10017 3,5636
Ce
3+
43413 2786,8 15745 4,5079
Transfer. Carga
Ce
4+
42606 2928,8 11483 3,1283
Ce
4+
35852 1917,7 08420 3,5033
147
com as propriedades dos íons de cério. Estudos nessa direção deverão ser
continuados.
148
Capítulo V
Conclusões
Preparamos vidros dos sistemas B
2
O
3
BaO – K
2
O – CeO
2
(BBKC), P
2
O
5
Na
2
O
PbO –ZnO CeO
2
(VCKT) e P
2
O
5
– Na
2
O – CdO –La
2
O
3
– CeO
2
(PNCL) de
diferentes composições. Abordamos a escolha dos componentes da matriz vítrea e
a metodologia dos procedimentos experimentais para a preparação das amostras e
para a realização das medidas de caracterização os resultados foram vidros
dopados homogêneos e com boa transparência. A pesquisa das propriedades das
transições 4f 5d e transferência de carga (CT) dos íons de Ce o de fundamental
interesse prático, pois são utilizados numa ampla faixa de aplicações. Podemos tirar
do estudo destes sistemas vítreos as seguintes conclusões.
149
5.1 Medidas de Absorção óptica UV-Vis
As medidas de absorção óptica mostraram que estes vidros transmitem muito
bem desde a região do uv-visível com corte da absorção em 200 nm
aproximadamente até o infravermelho próximo com corte em 3600 nm.
As principais conclusões são as seguintes:
Para o vidro borato, sistema B
2
O
3
BaO K
2
O CeO
2
(BBKC) devido a que
todas as composições estudadas desses vidros foram dopados com 92,8 mg
de CeO
2
, a borda da absorção desloca acima de 300nm apresentando muito
levemente as bandas de Cério no ultravioleta. Observamos que o valor da
banda proibida aumenta com a quantidade molar de potássio e os valores das
energias da cauda variam de forma não linear. As bandas dos íons de Ce
melhor resolvidas foram encontros na composição 60B
2
O
3
14,5BaO
20K
2
O o,5CeO
2
(BBKC) onde apresentou três picos de transições 4f 5d
relacionados com o Ce
3+
e um pico relacionado com o Ce
4+
de transferência
de carga (CT).
O efeito da irradiação foi apenas deslocar a borda de absorção para acima de
350 nm em todos os vidros e na sua transmitância na região visível. Este
resultado indicou que a irradiação aumentou a quantidade de defeitos nos vidros.
Para o vidro fosfato VCKT foi estudado apenas uma única composição
50P
2
O
5
–27Na
2
O–6,2PbO–16ZnO–xCeO
2
dopados com diferentes
concentrações de Cério. Observamos a formação paulatina das bandas de
absorção na região ultravioleta devido as transições dos íons de cério. Estas
bandas são formadas paulatinamente conforme foi aumentando a
concentração de CeO
2
, os picos melhores resolvidos foram com 30mg de
CeO2 onde na deconvolução das bandas onde apresentou três picos de
transições 4f 5d relacionados com o Ce
3+
e um pico relacionado com o Ce
4+
de transferência de carga (CT).
Para irradiar utilizamos vidros dopados com 0,5%mol de CeO
2
, este vidro sem
irradiar apresenta a borda de absorção entre 300 a 350nm quando irradiados
com diferentes potências e tempos apresentam duas bandas alargadas na região
visível e a sua borda de absorção desloca acima de 400nm, indicando que estes
vidros são facilmente modificados pela irradiação com raio X.
150
Para o vidro fosfato PNCL 50P
2
O
5
36Na
2
O 10CdO 04La
2
O
3
xCeO
2
foi
dopado com diferentes concentrações de CeO
2
e a semelhança dos vidros
VCKT o incremento da dopagem revelou bandas na região do ultravioleta
visível devido aos íons de Cério. Foi observado o deslocamento da borda de
absorção e a transparência com a variação da quantidade de CeO
2
colocada
nos vidros. Este vidro não foi submetido a irradiação.
A deconvolução das bandas pra 20, 23 e 26mg de cério revelou a existência das
cinco transições 4f – 5d de íons de Ce
3+
e as duas permitidas de Ce
4+
de
transferência de carga (CT). Este sistema se apresentou com melhor qualidade
para fazer estudos posteriores.
5.2 – Medidas de Infravermelho
A técnica de espectroscopia no infravermelho revelou os possíveis modos
vibracionais relacionados à estrutura dos vidros. Os principais resultados são:
Para o vidro borato. Nas amostras de laminas conforme varia a composição
de K
2
O foi observado bandas de hidroxilas (OH) na região de 3500cm
-1
. As
medidas de infravermelho para as diferentes composições sem
apresentaram sem grandes variações. Os espectros revelaram que a maioria
das bandas formadas, nas medidas, são devido às ligações de B O. As
bandas revelaram a existência de estruturas complexas de anéis boroxol
dando lugar à formação de possíveis estruturas complexas nos vidros. A
formação de oxigênio não ligados e outros. Observamos as bandas de
ligações de B-O nas diferentes configurações de grupos referentes ao BO
3
,
BO
4
.
Para o vidro fosfato VCKT. Observamos nas amostras de lâminas, na região
de 2800 a 1400cm
-1
, a formação de bandas que foram interpretadas devido a
absorção das transições
2 2
5 2 7 2
F F
do Ce
3+
. As bandas o melhores
reveladas com o aumento gradual da concentração de Cério. As medidas de
revelaram a existência das principais bandas devido as ligações P O de
diferentes estruturas existentes no vidro. Nas medidas dos vidros irradiados
estas bandas não foram modificadas apenas na sua transmitância.
151
Para o vidro fosfato PNCL. As medidas de infravermelho de pó com diferentes
concentrações de Cério, revelaram pouco ou quase nenhuma modificação
visual das posições das bandas, e estas é atribuída principalmente a ligações
das diferentes estruturas de P – O.
5.3 Nas Medidas Térmicas
Foram analisadas algumas composições das matrizes fosfato do sistema
PNCL para observar as suas propriedades térmicas e da cinética de cristalização.
Em todos os vidros estudados verificamos que a temperatura de transição vítrea é
dependente da quantidade de dopante CeO
2
colocada nos vidros. Foi verificada
também que nas amostras medidas com diferentes tamanhos de partículas de uma
dada composição de dopante. A T
g
igualmente vária, nas medidas realizadas com
diferentes taxas de aquecimento é observado efeito semelhante. A nossa
interpretação leva a inferir que o CeO
2
colocado nos vidros modifica as estruturas
dos vidros. Sabemos que este tipo de composto colocado em grandes quantidades
desestabiliza a matriz levando rapidamente à cristalização. Estes resultados estão
ainda em aberto para uma adequada interpretação.
Para o vidro fosfato PNCL. Foram estudados vidros dopados com 20, 23 e
26mg de Cério com diferentes tamanhos de partículas. E observado que quando
aumenta a quantidade de dopante CeO
2
diminui a diferença Tx Tg indicando que
afeta a estabildade dos vidros com a concentração do dopante. Os valores das
energias de ativação calculadas são semelhantes a outros tipos de vidros fosfatos
da ordem de 100 a 300 kJ/mol. Os índices de Avrami indicam que nesses vidros o
mecanismo de cristalização de nucleação e decrescente e controlados pela difusão.
152
Sugestões para Trabalhos Futuros
O desenvolvimento deste trabalho permitiu abrir algumas linhas de pesquisa,
relacionadas com a preparação dos vidros dopados com terras raras.
Os vidros boratos foram dopados com 92,8 mg de CeO
2.
Observamos o
deslocamento das bandas fora da região das bandas UV dos vidros. Neste caso
precisamos modificar a composição do K
2
O para menores valores e dopar com
menos quantidades molares de CeO
2
.
Estudar outras composições do vidro fosfato VCKT para melhorar a estabilidade
térmica desta matriz mantendo a sua boa transparência na região UV-Vis.
Um próximo passo é fazer em todos os vidros boratos e fosfatos as medidas de
fotoluminescência para estudar nas diferentes composições a emissão das
bandas dos íons de cério.
Fazer um estudo mais sistemático da irradiação destes vidros com luz ultravioleta
e raios X.
Fazer estudos de polarização eletrotérmica visando uma possível geração do
segundo harmônico dos vidros.
153
Referências
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2
ZnO
Na
2
O e TeO
2
Nb
2
O
5
Bi
2
O
3
para dispositivos ópticos nas janelas de 1,3
µ
m e
1,5
µ
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12 - H. Ebendor and Heidepriem, D. Ehrt / Optical Materials 15 (2000) 7-25
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