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Universidade de São Paulo
Faculdade de Saúde Pública
Contribuição da abordagem multicritério na seleção
de alternativas de reúso de água: aplicação em um
caso de irrigação agrícola e paisagística no Distrito
Federal
Regina Coeli Montenegro Generino
Tese apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Saúde Pública para
obtenção do título de Doutor em Saúde
Pública.
Área de Concentração: Saúde Ambiental
Orientadora: Profª. Drª. Adelaide Cássia
Nardocci
São Paulo
2006
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ii
Contribuição da abordagem multicritério na seleção
de alternativas de reúso de água: aplicação em um
caso de irrigação agrícola e paisagística no Distrito
Federal
Regina Coeli Montenegro Generino
Tese apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Saúde Pública da
Faculdade de Saúde Pública da
Universidade de São Paulo para
obtenção do título de Doutor em Saúde
Pública.
Área de Concentração: Saúde Ambiental
Orientadora: Profª. Drª. Adelaide Cássia
Nardocci
São Paulo
2006
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iii
Para fins exclusivamente acadêmicos e científicos autorizo a reprodução total ou
parcial desta tese, por processos fotocopiadores.
Assinatura:
Data:
iv
DEDICATÓRIAS
A Deus, por me criar e pôr em meu
caminho pessoas especiais.
In memoriam de Maria das Dores Montenegro,
minha mãe, por todos os ensinamentos;
pela honradez e pela alegria, muito obrigada,
Minha Mãinha!
A Clodovil Batista Montenegro, meu pai,
ao me fazer crer em mim e em meus ideais.
A Paulo, meu marido: o amor, o apoio,
a cumplicidade em meus projetos.
A minhas filhas Paulinha e Aninha,
no que nos ofertamos de amor, alegria e amizade.
A minhas irmãs, pela amizade.
A meus amigos, pela torcida.
v
AGRADECIMENTOS
Com alegria registro os que me ajudaram na execução desta pesquisa:
Prof.ª Adelaide Cássia Nardocci, na orientação desta tese. Expresso toda
a minha satisfação em haver escolhido uma pessoa que não negou esforços para
ajudar-me em todas as fases da execução. Além de excelente profissional, é ser
humano raro em bondade e honradez.
Professores e colegas do Curso de Doutorado em Saúde Pública.
Diretoria da Companhia de Águas e Esgotos de Brasília CAESB.
Permitiu-me realizar a pesquisa e disponibilizou dados essenciais a seu
desenvolvimento.
Funcionários da CAESB que me ajudaram com dados, particularmente
Klaus Neder, Harada, Raquel, Carlos Eduardo, Mauro Felizatto, Yuri e Joelma.
Prof. Oscar de Moraes Cordeiro Netto, por sugestões no uso do Método
Electre III.
Ademir, Harada, Mônica, Wilma e Martha, colaboradores
imprescindíveis.
Sr. Francisco Ozanan, Chefe do Departamento de Parques e Jardins da
Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (NOVACAP), pelas
informações.
Funcionários da EMATER/DF, pelos dados prestados; sobremaneira a
Lúcio Valadão e João Bernardino Sousa.
Daniella Costa, marca de competência, dedicação e paciência na
elaboração dos mapas.
Reynaldo Lopes, na aplicação do Método ELECTRE III.
Ademílton Pereira Lima, consultor da CAESB, por orientações de como
realizar avaliação econômica das alternativas de reúso de forma simplificada.
Professores da Universidade de São Paulo, por me cederem o competente
material bibliográfico.
Especialistas e agricultores que seriamente participaram dos trabalhos
relacionados ao uso do Método ELECTRE III.
vi
Funcionários das Secretarias de Estado de Saúde e de Meio Ambiente e
Recursos Hídricos do Distrito Federal, pelas informações.
Amigos do IBAMA e da Secretaria de Recursos Hídricos do Ministério
do Meio Ambiente que me apoiaram e anônimos que me levaram a este êxito.
vii
RESUMO
Generino RCM. Contribuição da abordagem multicritério na seleção de
alternativas de reúso de água: aplicação em um caso de irrigação agrícola e
paisagística no Distrito Federal. São Paulo; 2006. [Tese de Doutorado Faculdade
de Saúde Pública da USP].
Objetivo. Examinar a pertinência de utilização de abordagem multicritério como
ferramenta de planejamento em reúso de água. Metodologia. As etapas são: (1)
levantamento bibliográfico; (2) caracterização do Distrito Federal (área de estudo);
(3) definir as áreas passíveis de serem irrigadas com água de reúso por sobreposição
de mapas temáticos; (4) trabalho com decisores; (5) utilização do Método ELECTRE
III; (6) apresentar e discutir resultados; (7) avaliar o trabalho desenvolvido.
Resultados: (1) Os esgotos sanitários tratados de todas as estações de tratamento de
esgotos (ETEs) não apresentaram qualidade satisfatória para irrigação irrestrita.
Sugere-se seu uso na irrigação das grandes culturas do Distrito Federal (DF): milho,
soja, café e trigo; (2) identificaram-se seis alternativas relacionadas às ETEs para se
realizar reúso no Distrito Federal: Brazlândia, Samambaia/Melchior, Gama, Sul,
Planaltina e São Sebastião; (3) as seis alternativas têm capacidade para irrigar todos
os canteiros ornamentais, como também 4.268 ha de áreas agrícolas -
correspondentes a 38% das áreas irrigadas das grandes culturas do DF; (4) Após a
aplicação do Método ELECTRE III, as alternativas mais vantajosas relacionaram-se
às ETEs Sul e Samambaia/Melchior. Conclusões: (1) a implementação do reúso de
água no DF deve ser considerada no gerenciamento dos recursos hídricos; (2) a
abordagem multicritério mostrou-se ferramenta apropriada ao planejamento em
reúso de água; (3) o Método ELECTRE III adequou-se ao problema e foi sensível às
preferências dos decisores.
Descritores: métodos multicritério de auxílio à decisão, Método ELECTRE III,
reúso de água, estações de tratamento de esgotos (ETEs), planejamento ambiental.
SUMMARY
Generino RCM. Contribuição da abordagem multicritério na seleção de
alternativas de reúso de água: aplicação em um caso de irrigação agrícola e
paisagística no Distrito Federal. [The Contribution of the Multi-Criterion Approach
in selecting alternatives for water reuse: its application in a case of farming and
landscape irrigation in the Federal District]. São Paulo (BR); 2006. [PhD Thesis
Faculty of Public Health, São Paulo University].
Objective. To examine the relevance of adopting the multi-criterion approach as a
planning tool when water is reused. Methods. It consisted of the following stages:
(1) a bibliographical survey; (2) description of the Federal District (area under
study); (3) determining the areas liable to irrigation with reused water by overlaying
thematic maps: (4) working with decision makers; (5) applying the ELECTRE III
Method; (6) presenting and discussing results; (7) assessing the work undertaken.
Results: (1)The quality of the sewage treated in all the waste treatment plants
(WTPs) was found to be unsuitable for unrestricted irrigation. It was suggested that
it be reused in irrigating the Federal District´s major crops: maize, soy bean, coffee
and wheat; (2) six alternatives, with regard to waste treatment plants, were identified
for undertaking water reuse in the Federal District: Brazlândia, Samambaia/Melchior,
Gama, Sul, Planaltina and São Sebastião; (3) the six alternatives are capable of
irrigating all public flower beds, as well as 4,268 hectares of farmland - representing
38% of the Federal District´s irrigated lands under major crop cultivation; (4) after
applying the ELECTRE III Method, the most advantageous alternatives were those
related to Sul and Samambaia/Melchior waste treatment plants. Conclusions: (1)
water reuse should be considered in water resources management in the Federal
District; (2) the multi-criterion approach proved to be a suitable tool when planning
water reuse; (3) the ELECTRE III Method was a suitable solution to the problem and
met the requirements of the decision makers.
Key words: Multi-criterion methods to aid decision making, ELECTRE III Method,
water reuse, waste treatment plants, environmental planning.
ix
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
AAE Avaliação Ambiental Estratégica
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
ADASA Agência Reguladora de Águas e Saneamento do Distrito Federal
ANA Agência Nacional de Águas
CAESB Companhia de Saneamento do Distrito Federal
CAGECE Companhia de Água e Esgoto do Ceará
CAGIF Centro de Apoio ao Grande Incapacitado Físico
CF Coliformes Fecais
CIRRA Centro Internacional de Referência em Reúso de Água
CNRH Conselho Nacional de Recursos Hídricos
CNUMAD Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento
COD Carbono Orgânico Dissolvido
CODEPLAN
Companhia de Desenvolvimento do Planalto Central
COT Carbono Orgânico Total
DBO
5,20
Demanda Bioquímica de Oxigênio, medida em 5dias a 20
0
C
DF Distrito Federal
DPJ Departamento de Parques e Jardins
DQO Demanda Química de Oxigênio
ELECTRE Elimination and (et) Choice Translating Reality (Tradução da
Realidade por Eliminação e Escolha)
EMATER Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural
EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
EPA Environmental Protection Agency
ETA Estação de Tratamento de Água
ETE Estação de Tratamento de Esgotos
ETEs Estações de Tratamento de Esgotos
FUNASA Fundação Nacional de Saúde
GDF Governo do Distrito Federal
x
IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IEMA Instituto de Ecologia e Meio Ambiente
INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
INRETS French National Institute for Transport Research
IQA Índice de Qualidade da Água
MEL Magna Engenharia Ltda
NMP Número Mais Provável
NOVACAP Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil
NTK Nitrogênio Total Kjeldahl
OMS Organização Mundial da Saúde
OD Oxigênio Dissolvido
OPAS Organização Pan-Americana de Saúde
PD Programação Dinâmica
PDL Plano Diretor de Água e Esgotos do Distrito Federal
PDOT Plano Diretor de Ordenamento Territorial do Distrito Federal
PL Programação Linear
PNUMA Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
PROSAB Programa de Pesquisa em Saneamento Básico
PT Fósforo Total
RA Região Administrativa
RAFA Reator anaeróbio de fluxo ascendente.
SEDUH Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Habitação
SABESP Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo
SDT Sólidos dissolvidos totais
SEMARH
Secretaria de Meio Ambiente e de Recursos Hídricos do Distrito
Federal
SICAD Sistema Cartográfico do Distrito Federal
SIÁGUA Sinopse do Sistema de Abastecimento de Água do Distrito Federal
SIESG Sinopse do Sistema de Esgotamento Sanitário do Distrito Federal
SILUBESA Simpósio Luso-Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental
xi
SRH Secretaria de Recursos Hídricos
SS Sólidos Suspensos
SST Sólidos Suspensos Totais
UnB Universidade de Brasília
UNICAMP Universidade de Campinas
UNICEF The United Nations Children´s Fund
(Fundo das Nações Unidas para
a Infância)
UNT Unidade Nefelométrica de Turbidez
USP Universidade de São Paulo
UTM Projeção Universal Transversa de Mercator
WHO World Health Organization (Organização Mundial de Saúde)
xii
LISTA DE SÍMBOLOS
> operador de preferência
a, b alternativas
a I b a é indiferente em relação a b, sob o critério i
1
a P b a é fortemente preferível em relação a b, sob o critério i
1
a Q b a é fracamente preferível em relação a b, sob o critério i
1
a S b a desclassifica b
a V b a é tão melhor que b, que b nunca pode ser globalmente melhor
que a
c índice de concordância
o
C grau Celsius
ci
m
(a, b) índice de concordância da ação a em relação à ação b
C(a, b) índice de concordância geral
Cl
2
cloro gasoso
d índice de discordância
di
m
(a,b) índice de discordância da ação a em relação à ação b
E
i
categorias
g
i1
(a) e g
i1
(b) avaliações de a e b sob o critério i
1
hab habitante
i critério
I número de critérios
j alternativa
J número de alternativas
k
K
KT
km
km
2
km
3
L
decisores
número de decisores
potássio total
quilômetro
quilômetro quadrado
quilômetro cúbico
litro
L/s litro por segundo
m
2
metro quadrado
m
3
metro cúbico
m
3
/d metro cúbico por dia
mg/L miligrama por litro
µg/L micrograma por litro
mL mililitro
mm milímetro
N Nitrogênio
p limiar de preferência
p
i
limiar de preferência para o critério i
P Fósforo
pH potencial hidrogeniônico
q limiar de indiferença
q
i
limiar de indiferença, para cada critério i
s segundo
S operador de desclassificação de uma ação à outra
USD dólar dos Estados Unidos da América
v limiar de veto
v
i
limiar de veto para o critério i
X, Y coordenadas
xiv
ÍNDICE
1 INTRODUÇÃO 1
1.1 Objetivos 4
1.1.1 Geral 4
1.1.2 Específicos 4
1.2 Hipóteses 4
1.3 Estrutura da Tese 5
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 6
2.1 Deterioração dos Suprimentos de Água e dos Mananciais: A Crise
da Água
6
2.2 Reúso de Água 8
2.2.1 Experiências no Brasil e no exterior 10
2.2.2 Vantagens e desvantagens do reúso de água 14
2.2.3 Abordagens técnicas no planejamento de sistemas de reúso de água 15
2.2.4 Aspectos de Saúde Pública 17
2.2.5 Aceitação pelo público 19
2.2.6 Aspectos legais, institucionais e normativos 21
2.3 Métodos Multicritério de Auxílio à Decisão 28
2.3.1 Os diversos métodos multicritério 35
2.3.2 A Família ELECTRE 38
2.3.3 Aplicações do Método ELECTRE III nas áreas de recursos hídricos
e de meio ambiente
43
2.3.4 Uso de métodos de auxilio à decisão em reúso de água 44
3 METODOLOGIA 46
3.1 Introdução: Tipo de Estudo e Etapas 46
3.2 Caracterização da Área de Estudo 48
3.3 Definição das alternativas e critérios de reúso 66
3.4 Aplicação do Método ELECTRE III 67
xv
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES 72
4.1 Da caracterização do Distrito Federal 72
4.1.1 Do levantamento de dados das ETEs 73
4.1.2 Da disponibilidade de água de reúso 79
4.2 Da Aplicação do Método ELECTRE III 82
4.2.1 Da definição das alternativas e critérios para o planejamento do
reúso
82
4.2.2 Trabalho com os decisores 93
4.2.3 Da utilização do Método ELECTRE III 102
4.3 Discussão Geral dos Resultados 118
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 120
6 REFERÊNCIAS 124
ANEXOS 137
Anexo I - Formulário utilizado durante as visitas técnicas às ETEs
da CAESB
138
Anexo II - Formulário entregue aos decisores 140
Anexo III - Relação dos decisores convidados 145
Anexo IV - Mapas diversos 148
Anexo V - Resultados da definição dos pesos (memória de cálculo) 152
Anexo VI - Resultados da avaliação dos critérios (memória de
cálculo)
159
Anexo VII - Resultados da aplicação do Método ELECTRE III 170
xvi
LISTA DE TABELAS
Tabela 2.1 Variação de preços da água de reúso e potável em diversos
países
16
Tabela 2.2 Diretrizes da Organização Mundial de Saúde (OMS) para o
reúso de água
23
Tabela 2.3 Diretrizes sugeridas pela EPA para o reúso de água 25
Tabela 2.4 Água de reúso para irrigação: exemplos de diretrizes da
Sicília comparadas com os padrões italianos
26
Tabela 2.5 Diretrizes japonesas para a qualidade de água de reúso 27
Tabela 2.6 Padrões requeridos pela Arábia Saudita para irrigação
irrestrita
27
Tabela 3.1 Regiões e bacias hidrográficas no Distrito Federal 54
Tabela 3.2 Classes geradas no Mapa de Zoneamento Hidrogeológico e
suas características
56
Tabela 3.3 Distribuição de água no Distrito Federal 58
Tabela 3.4 Áreas cultivadas e irrigadas e tipo de irrigação no Distrito
Federal
60
Tabela 3.5
Demandas máximas de água no Distrito Federal: cenários
2010, 2020 e 2030
62
Tabela 3.6 Índices de coleta e de tratamento de esgotos em dezenove
Regiões Administrativas do Distrito Federal
64
Tabela 3.7 Dados sobre as ETEs do Distrito Federal no ano de 2002 65
Tabela 4.1 Valores mínimos e máximos das remoções médias anuais
de DBO
5,20
, DQO, SS, NTK e PT das ETEs do Distrito
Federal período de 2000 a 2002
75
Tabela 4.2 Valores mínimos e máximos das concentrações médias de
DBO
5,20
, DQO,
SS, NTK, PT e CF do efluente tratado das
ETES do Distrito Federal, no período de 2000 a 2002
76
xvii
Tabela 4.3 Enquadramento das ETEs de Brasília, de acordo com a
relação percentual entre as vazões afluentes e efluentes
81
Tabela 4.4 Vazões disponíveis para reúso 81
Tabela 4.5 As alternativas de reúso selecionadas e suas principais
características
84
Tabela 4.6 Principais ETEs do Distrito Federal no sistema de
coordenadas SICAD.
87
Tabela 4.7 Relação dos critérios desconsiderados pelos decisores 95
Tabela 4.8 Relação dos critérios sugeridos pelos decisores do setor de
saúde
99
Tabela 4.9 Relação dos critérios sugeridos pelos decisores dos setores
saneamento, professores universitários e Ministério
Público Federal
100
Tabela 4.10 Resultado da ponderação dos critérios para diversos grupos
de decisores
101
Tabela 4.11 Resultado da avaliação das alternativas para os critérios
acesso à água potável e acesso à coleta de esgotos
103
Tabela 4.12 Resultado da avaliação das alternativas para o critério
ganho econômico
106
Tabela 4.13 Resultado da avaliação das alternativas para o critério área
passível de ser irrigada com água de reúso
107
Tabela 4. 14 Áreas agrícolas irrigáveis totais em cada alternativa 107
Tabela 4. 15 Resultado da avaliação das alternativas para o critério
doenças de veiculação hídrica
109
Tabela 4. 16 Resultado da avaliação das alternativas para o critério
atratividade agrícola, industrial e na pecuária
110
Tabela 4. 17 Resultado da avaliação das alternativas para cada um dos
critérios selecionados para aplicação do Método
ELECTRE III
111
Tabela 4.18 Limiares utilizados na aplicação do Método ELECTRE III 114
Tabela 4. 19 Resultados da aplicação do Método ELECTRE III
116
xviii
Tabela II.1 Relação das alternativas de reúso de água no Distrito
Federal
142
Tabela II.2 Critérios para avaliação das alternativas de reúso de água
no Distrito Federal
143
Tabela II.3 Forma de avaliação das alternativas sob cada critério 143
Tabela II.4 Critérios para avaliação das alternativas de reúso de água
no Distrito Federal
144
Tabela III.1 Relação dos especialistas convidados. 146
Tabela III.2 Relação dos agricultores que participaram do trabalho. 147
Tabela V.1 Resultado da ponderação dos critérios para todos os
decisores.
153
Tabela V.2 Resultado da ponderação dos critérios para os decisores do
setor saúde.
154
Tabela V.3 Resultado da ponderação dos critérios para os decisores do
setor saneamento.
155
Tabela V.4 Resultado da ponderação dos critérios para os decisores do
setor agrícola.
155
Tabela V.5 Resultado da ponderação dos critérios para os decisores do
setor ambiental.
156
Tabela V.6 Resultado da ponderação dos critérios para os decisores do
grupo professores universitários
157
Tabela V.7 Resultado da ponderação dos critérios para os decisores do
Ministério Público Federal.
158
Tabela V.8 Relação dos critérios mais pontuados por todos os
decisores e os seus pesos.
158
Tabela VI.1 Levantamento de preços de adubos 160
Tabela VI.2 Tipos e quantidades de adubos utilizados nos canteiros
ornamentais do Distrito Federal
161
Tabela VI.3 Cálculo da área passível de ser irrigada com água de reúso 162
Tabela VI.4 Quantidade de nutrientes presentes na água de reúso da
ETE Brazlândia.
162
xix
Tabela VI.5 Resultado da avaliação do critério ganho econômico da
alternativa ETE Brazlândia
162
Tabela VI.6 Simulação de preço da água de reúso - ETE Brazlândia 163
Tabela VI.7 Custo de adubo para irrigação dos canteiros ornamentais 163
Tabela VI.8 Ganho econômico da alternativa ETE Sul para a irrigação
dos canteiros ornamentais
164
Tabela VI.9 Cálculo da área agrícola passível de ser irrigada com água
de reúso alternativa ETE Sul
164
Tabela VI.10 Ganho econômico da alternativa ETE Sul para a irrigação
agrícola
165
Tabela VI.11 Simulação de preço da água de reúso - alternativa
ETE Sul
165
Tabela VI. 12 Doenças de veiculação hídrica no Distrito Federal para o
ano 2000 e por Região Administrativa
166
Tabela VI.13 Resultado da avaliação do critério doenças de veiculação
hídrica para todas as alternativas
167
Tabela VI.14 Resultado da avaliação do item a do critério atratividade
agrícola, industrial e na pecuária
167
Tabela VI.15 Resultado da avaliação do item b do critério atratividade
agrícola, industrial e na pecuária
168
Tabela VI.16 Resultado da avaliação do item c do critério atratividade
agrícola, industrial e na pecuária
168
Tabela VI.17 Resultado da avaliação do item d do critério
atratividade agrícola, industrial e na pecuária
169
Tabela VI.18 Resultado da avaliação do critério atratividade agrícola,
industrial e na pecuária
169
Tabela VII.1 Matriz de Concordância Global para todos os decisores. 175
Tabela VII.2 Matriz de Credibilidade para todos os decisores. 175
Tabela VII.3 Matriz Classificatória para todos os decisores 176
Tabela VII.4 Matriz de Concordância Global para os decisores do setor
saúde.
176
Tabela VII.5 Matriz de Credibilidade para os decisores do setor saúde. 177
xx
Tabela VII.6 Matriz Classificatória para os decisores do setor saúde. 177
Tabela VII.7 Matriz de Concordância Global para os decisores do setor
agrícola
178
Tabela VII.8 Matriz de Credibilidade para os decisores do setor agrícola. 178
Tabela VII.9 Matriz Classificatória para os decisores do setor agrícola. 179
Tabela VII.10 Matriz de Concordância Global para os decisores técnicos. 179
Tabela VII.11 Matriz de Credibilidade para os decisores técnicos. 180
Tabela VII.12 Matriz Classificatória para os decisores técnicos. 180
xxi
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 Diagrama para tomada de decisão em análise multicritério 32
Figura 2.2 Relações de preferência estabelecidas a partir de
pseudocritérios
34
Figura 2.3 Variação do índice de concordância 40
Figura 2.4 Variação do índice de discordância. 41
Figura 2.5 Ações de referência (b), critérios (i) e categorias (E) no
ELECTRE TRI.
43
Figura 3.1 Mapa de localização do Distrito Federal no Brasil. 48
Figura 3.2 Mapa de dezenove Regiões Administrativas do Distrito
Federal.
49
Figura 3.3 Evolução do crescimento populacional do Distrito Federal,
período de 1957 a 2000; e projeções dos anos 2010, 2020 e
2030
50
Figura 3.4 Mapa de uso e de ocupação do solo do Distrito Federal. 52
Figura 3.5 Mapa de bacias hidrográficas do Distrito Federal 53
Figura 3.6 Mapa de Zoneamento Hidrogeológico do Distrito Federal. 57
Figura 4.1 Fotografias das ETEs do Distrito Federal, relacionadas às
seis alternativas de reúso de água
85
Figura 4.2 Representação das áreas e alternativas de reúso de água no
Distrito Federal (Mapa de Reúso)
88
Figura 4.3 Representação das alternativas de reúso no Mapa de Bacias
Hidrográficas do Distrito Federal
89
Figura 4.4 Representação das alternativas de reúso no Mapa de Uso e
Ocupação do Solo do Distrito Federal
91
1
1 INTRODUÇÃO
Fatores como o incremento populacional, o não-planejamento do uso do
solo e a escassez dos recursos hídricos, tanto qualitativos como quantitativos, vêm
contribuindo para a utilização de efluentes tratados como fonte de água. Recursos
hídricos naturais são poupados na medida em que são utilizadas fontes de água de
qualidade inferior para atendimento das finalidades que podem prescindir da
potabilidade.
Em regiões onde há problemas com disposição de esgotos ou com
carência de recursos hídricos naturais, os efluentes de sistemas de tratamento têm
sido considerados como uma forma de aumentar a oferta de água (LAVRADOR
FILHO 1987).
O Brasil, apesar de possuir um grande potencial de água doce, tem áreas
onde existe escassez, observada, por exemplo, na região Nordeste, na região
metropolitana de São Paulo e no Distrito Federal. O reúso, como um importante
instrumento no gerenciamento dos recursos hídricos, já possui regulamentações no
Brasil.
A regulamentação da prática do reúso no Brasil ocorreu a partir da
publicação da Resolução nº 54 de 28 de novembro de 2005 do CNRH - Conselho
Nacional de Recursos Hídricos - que estabelece modalidades, diretrizes e critérios
gerais para a prática de reúso direto não potável de água. De acordo com essa
Resolução, o reúso favorece a racionalização e a conservação de recursos hídricos,
conforme princípios estabelecidos na Agenda 21.
A partir dessa institucionalização, o CNRH irá promover debates com
representantes da sociedade de modo a definir diretrizes de qualidade de água de reúso
para setores como indústria, agricultura e aqüicultura.
Além do atendimento a padrões ou diretrizes, é importante que a
implantação de projetos de reúso de água seja feita dentro de um contexto de
planejamento, de modo que não venha a ocorrer de forma desordenada.
2
Para os órgãos de meio ambiente, de recursos hídricos e de saúde, esse
planejamento deve proporcionar elementos de tomada de decisão à aprovação ou não
de projetos de reúso que serão apresentados a essas instituições.
Em geral, o reúso ocorre de forma pontual e não coordenada. Entretanto,
na hipótese de se optar pelo reúso como alternativa de planejamento dos recursos
hídricos, há necessidade de uma ampla avaliação, tendo em vista que envolve uma
grande quantidade de informações e a participação de uma diversidade de atores.
Para esses casos, é necessário promover um planejamento abrangente, de
modo a verificar se a área é adequada ao reúso e a que tipos de reúso, bem como
definir as estratégias de implantação de projetos específicos.
Durante a etapa de planejamento, é imprescindível a participação de
representantes governamentais e da sociedade civil para enriquecer o processo de
tomada de decisão, bem como torná-lo mais democrático e efetivo.
Em realidade, a não-inclusão desses atores nessa etapa não significa que
não influenciarão o processo decisório. No Distrito Federal, por exemplo, foram
relatadas por HARADA (1999) mudanças de configuração e de localização de
empreendimentos na área de saneamento, a partir da pressão realizada por moradores
das comunidades diretamente afetadas. Com essas mudanças, houve atrasos nos
cronogramas das obras e aumento dos seus custos.
Os métodos multicritério de auxílio à decisão, ao explicitar os elementos
importantes no processo de tomada de decisão e ao identificar e considerar a
participação dos diversos atores, têm sido utilizados com sucesso no planejamento de
vários empreendimentos e em atividades nas áreas de meio ambiente e de recursos
hídricos. Há exemplos de utilização desses métodos inclusive durante os processos
de Avaliação Ambiental Estratégia (AAE) de empreendimentos e de atividades.
Mais recentemente, os métodos têm sido utilizados no Brasil. Entretanto,
na Europa e nos Estados Unidos da América são mais largamente usados como
instrumento de tomada de decisão.
3
O planejamento da atividade de reúso de água envolve conflitos de
interesses nas avaliações, causados pela limitação dos recursos naturais, pela
multiplicidade de atores e pela existência de objetivos não quantificáveis. Segundo
BARBOSA (1997), estas são, também, características que indicam a utilização de
métodos multicritério.
Devido à diversidade de tipos de processos de tomada de decisão, foi
desenvolvido grande número de métodos multicritério. Para a escolha do método
multicritério a ser utilizado neste trabalho, consideram-se aspectos como: grande
aplicação nas áreas de meio ambiente e de recursos hídricos; possibilidade de
enumerar, de forma hierárquica decrescente, as alternativas mais vantajosas para a
implementação do reúso de água, disponibilidade de software, utilização de limiares
para comparação mais realista entre duas alternativas e possibilidade de participação
de vários decisores, incorporando os seus posicionamentos para a tomada de decisão.
Considerando esses aspectos, escolheu-se o Método ELECTRE III.
Como estudo de caso para a aplicação do Método ELECTRE III no
planejamento do reúso de água, optou-se pelo Distrito Federal.
O Distrito Federal (DF) apresenta-se, a priori, como uma região propícia
à implementação de programas de reúso, tendo em vista a escassez hídrica aliada à
necessidade crescente de atendimento à população com água para consumo e
produção agrícola. Possui elevado consumo per capita de água e grande volume de
efluentes tratados.
A existência de extensas áreas rurais e grande número de canteiros
ornamentais sugere verificar a possibilidade do reúso para a irrigação agrícola e
paisagística no Distrito Federal.
4
1.1 Objetivos
1.1.1 Geral
Examinar a pertinência de utilização de abordagem multicritério como
ferramenta de planejamento em reúso de água.
1.1.2 Específicos
Identificar e caracterizar os parâmetros relevantes para o planejamento
do reúso
Definir alternativas e critérios para a tomada de decisão no
planejamento do reúso
Aplicar o Método ELECTRE III como referência de uma abordagem
multicritério.
1.2 Hipóteses
Na elaboração deste trabalho foram consideradas estas hipóteses:
O planejamento da atividade de reúso permite sua adequação temporal
e espacial e considera aspectos relacionados ao meio ambiente e à
saúde da população
A estruturação desse planejamento pode envolver a participação de
diversos atores na definição de alternativas de reúso
Os métodos multicritério de auxílio à decisão podem ser utilizados na
priorização das alternativas, para contribuir na implementação de
programas de reúso de água
5
1.3 Estrutura da Tese
Organizou-se o desenvolvimento desta investigação nestes capítulos:
O capítulo 1 trata da introdução, dos objetivos, das hipóteses e da
estrutura da Tese. O capítulo 2, "Revisão Bibliográfica", aborda questões
relacionadas à deterioração dos suprimentos de água e dos mananciais: crise de água;
reúso como alternativa para aumento do suprimento de água; métodos multicritério
de auxílio à decisão. O 2.º capítulo detalha o Método ELECTRE III, o utilizado neste
trabalho.
O capítulo 3 traz a metodologia utilizada, bem como informa sobre o
Distrito Federal, a área de estudo. No capítulo 4 são apresentados resultados e
discussões. O capítulo 5 trata as conclusões da Tese e recomendações para estudos
posteriores.
No capítulo 6 encontram-se as referências empregadas nesta pesquisa.
6
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Deterioração dos Suprimentos de Água e dos Mananciais: A Crise
da Água
O volume de água na Terra é de aproximadamente 1,4 bilhão de km
3
,
dos quais apenas 2,5% são doces. Grande parte da água está na forma de gelo, neve
permanente ou armazenada em aqüíferos de águas subterrâneas profundas. As fontes
de água doce mais acessíveis ao homem encontram-se nas calhas dos rios e nos lagos
e somam cerca de 200.000 km
3
, equivalentes a 0,01% do total disponível no planeta
(PNUMA 2002).
O Brasil apresenta produção hídrica de 168.790 m3/s, cerca de 12% da
água doce mundial. Oitenta por cento desses recursos encontram-se nas unidades
hidrográficas dos rios Amazonas, São Francisco e Paraná (Rebouças 2002). Apesar
da posição de destaque no cenário mundial, o Brasil enfrenta escassez de água em
algumas regiões metropolitanas e na região Nordeste.
A abordagem mais utilizada para avaliar a disponibilidade de água é o
índice de estresse de água, medido como o volume de recursos hídricos renováveis
anuais per capita disponíveis para atender às necessidades nos usos domésticos,
industriais e agrícolas. Abaixo de 1.700 m
3
/per capita/ano os países iniciam a
experiência de estresse hídrico, em que pode haver impedimento do desenvolvimento
e efeitos adversos à saúde humana; abaixo de 1.000 m
3
/per capita/ano ocorre
escassez crônica de água; 100 m
3
/per capita/ano é o menor nível para usos doméstico
e comercial (EPA 2004).
Aproximadamente um terço da população mundial
1
vive em países que
sofrem de estresse hídrico, sendo o consumo de água superior a 10% dos recursos
1
A população mundial atual supera 6,2 bilhões de habitantes, mais do dobro da de 1950. A projeção
para 2050 é uma população entre 7,9 e 10,9 bilhões de habitantes (ENGELMAN e col. 2002 citados
por BRIGHT 2003).
7
renováveis de água doce. Para 2020 prevê-se que o uso de água aumentará em 40% e
que será necessário um adicional de 17% para a produção de alimentos, a fim de
satisfazer o nível da população em crescimento (PNUMA 2002).
Ademais, mais de meio bilhão de habitantes vivem em regiões com seca
crônica. Para 2025, essas projeções são de 2,4 a 3,4 bilhões de habitantes
(ENGELMAN e outros 2002 e HALWEIL 2002 citados por BRIGHT 2003).
No Brasil, Pernambuco, Paraíba e Distrito Federal encontram-se no
patamar de estresse hídrico. Possuem disponibilidade hídrica de respectivamente
1.270, 1.394 e 1.555 m
3
/hab/ano (TUNDISI 2005).
De maneira geral, as medidas adotadas para amenizar o problema de
escassez estão relacionadas à busca de fontes de água distantes dos centros
consumidores. Essa atitude onera a oferta e incentiva o consumo de água. Além
disso, proporciona aumento na quantidade de esgotos gerados, que nem sempre
recebem tratamento adequado. Esses esgotos contribuem com a poluição de águas
superficiais e subterrâneas e podem provocar doenças na população.
Dia a dia, doenças diarréicas provocam a morte de aproximadamente
5.000 crianças no mundo, embora seja do conhecimento das autoridades que água em
quantidade e qualidade suficientes, assim como condições sanitárias adequadas,
podem evitar intensamente esse cenário (WHO e UNICEF 2005).
Mais da metade dos principais rios do mundo encontra-se poluída
(PNUMA 2002). Muitos recebem contribuição de efluentes industriais e são
utilizados no abastecimento humano de água. O tratamento adotado para essas águas,
do tipo convencional, muitas vezes não proporciona níveis de segurança adequados.
Como resultado, aumenta o risco de doenças crônicas provocadas por baixas
concentrações de micropoluentes nas águas de abastecimento.
As Metas da Declaração do Milênio - de acesso à água potável e ao
saneamento básico
2
- prevêem que o investimento necessário de 11,3 bilhões de
2
São metas de redução à metade (até 2015) das pessoas sem água potável e sem saneamento básico.
8
dólares por ano é bem inferior aos benefícios econômicos esperados, que variam de
USD 3 a USD 34 por dólar investido (WHO 2004 citado por WHO e UNICEF
2005). O investimento em saneamento, à parte economicamente rentável, propicia
benefícios diretos à qualidade de vida das comunidades.
Afora os rios, as águas subterrâneas, que seriam reservas para o futuro,
têm sido poluídas e utilizadas além das suas capacidades naturais de recuperação.
A agricultura é responsável por mais de 70% da água doce retirada de
lagos, rios e fontes subterrâneas. A gestão inadequada desses recursos resultou na
salinização de mais ou menos 20% das terras irrigadas do planeta, afetando
anualmente mais de 1,5 milhão de hectares (PNUMA 2002) e reduzindo, de modo
significativo, a produção de cultivos. Os países mais gravemente atingidos
encontram-se, sobretudo, em regiões áridas e semi-áridas.
O elevado crescimento populacional, a rápida urbanização e o
desenvolvimento industrial constituem hoje o maior desafio para atender à demanda
crescente de água para uso doméstico. Esses fatores aumentam a poluição, os custos
de tratamento de água e os riscos à saúde humana (EPA 2004 e PNUMA 2005).
Em países do Oriente Médio e Norte da África, onde as reservas de água
estão/estarão nos níveis de sobrevivência, água de reúso é a única fonte significante e
de baixo custo para a agricultura, indústria e usos urbanos não potáveis (EPA 2004).
Reúso é das primeiras opções de novas fontes de água em regiões onde esse recurso é
escasso (BLUMENTHAL e col. 2000).
2.2 Reúso de Água
O reúso de água é a utilização de águas residuárias tratadas em diversas
atividades. A EPA, Environmental Protection Agency, publicou a EPA/625/R-04/108
- Guidelines for Water Reuse em setembro de 2004, norma que sugere as categorias
de reúso: urbano; industrial; agrícola; ambiental e recreacional; recarga de aqüíferos;
9
aumento do suprimento de água potável (por meio do reúso potável indireto e direto)
(EPA 2004).
Diversos eventos marcaram a evolução do reúso de águas, da
implantação de sistemas de água e esgotos, passando por grandes marcos na história
do esgotamento sanitário, até o uso das águas residuárias (ASANO e LEVINE 1996).
Por exemplo: na clássica Atenas, empregar efluentes sanitários na irrigação era
prática corrente. No extremo Oriente, os dejetos humanos têm sido utilizados há
milênios para o cultivo de peixes e plantas aquáticas (HESPANHOL 1998).
O Estado da Califórnia desenvolveu suas primeiras regulamentações em
1918 (CROOK 1993). Já o primeiro sistema de distribuição de água de reúso foi
instalado no Arizona, em 1926, no Grand Canyon Village, água utilizada para usos
não potáveis, incluindo irrigação paisagística e descarga sanitária (OKUN 1990).
Deve-se considerar água de reúso como elemento importante ao
planejamento e ao gerenciamento dos recursos hídricos. Há que se fazer minucioso
estudo sobre o processo de tratamento escolhido, objetivos a atingir, fatores sociais,
econômicos e principalmente de saúde humana (ESCALERA 1995).
Devido à sua importância na gestão dos recursos hídricos, o reúso de
água está destacado nos Capítulos 18, 21 e 30 da Agenda 21. O Capítulo 18 aborda
reúso como forma de prevenção e controle da poluição de águas e estimula o uso de
efluentes tratados em agricultura, aqüicultura, indústria, etc. O Capítulo 21
apresenta o fortalecimento e a ampliação dos sistemas nacionais de reutilização e
reciclagem de resíduos
3
. O Capítulo 30 estimula o aumento de reutilização e
reciclagem de resíduos, abordando o fortalecimento do papel do comércio e da
indústria (CNUMAD 2000).
As possibilidades de reúso dependem de características, condições e
fatores locais econômicos, sociais e culturais. O uso do esgoto constitui importante
elemento nas políticas e nas estratégias de gestão de recursos hídricos
(HESPANHOL 2001). Deve ser mensurado, cobrado e regulado (OKUN 1990).
3
Conforme este capítulo da Agenda 21, os resíduos abrangem excrementos humanos.
10
Simultaneamente, o reúso pode atingir vários objetivos: ajudar na
conservação de água de qualidade potável por meio da utilização de efluentes
tratados em usos que não requeiram essa qualidade; minimizar possíveis danos ao
meio ambiente devido ao lançamento de efluentes domésticos não tratados, evitando
poluição de águas superficiais, subterrâneas e no solo; auxiliar o desenvolvimento
regional, dada a maior oferta de recursos hídricos - mesmo alternativos, como águas
de reúso. Assim se contribui na melhoria da qualidade de vida da população
(ESCALERA 1995).
Entretanto, há necessidade de proteção à saúde da população, uso de
tecnologia apropriada de tratamento dos efluentes, localização dessas plantas,
gerenciamento do efluente gerado e aceitabilidade do público ( BAHRI 1999).
2.2.1 Experiências no Brasil e no exterior
Por estar sob estresse hídrico, o Distrito Federal justifica a introdução de
práticas de reúso. O fato de existir um período de estiagem prolongado acentua a
escassez de água e gera condições de vazões mínimas extremas, sem ocasionar a
intermitência dos rios. Na realidade, o reúso de água gera ‘tríplice impacto ambiental
positivo’: redução do consumo de água, não-realização do transporte da água do
ponto de captação até os consumidores e não-lançamento dos efluentes nos corpos
receptores (MÁXIMO e SOUZA 2004).
A Universidade de Brasília (UnB) desenvolve pesquisas sobre reúso de
água no Distrito Federal. Para avaliar o potencial do reúso de água em piscicultura,
como pós-tratamento de efluentes de lagoas de estabilização em série, FELIZATTO
(2000) implantou uma unidade-piloto com dois tanques paralelos. Um foi cultivado
com peixes e o outro foi utilizado para controle. Foi explorado o policultivo de
tilápias do Nilo (Oreochoromis niloticus) consorciadas com carpas prateadas
(Hipophthalmychtis molitrix).
11
Os peixes produzidos nesses experimentos foram considerados
adequados para o consumo humano. Quanto à eficiência de tratamento de efluentes
utilizando peixes, foram obtidas remoções de 15% para SST (sólidos suspensos
totais) e 12% para Clorofila-a. Não foi observada remoção de matéria orgânica,
nutrientes e coliformes.
O trabalho desenvolvido por SANTOS (2000) teve o objetivo de avaliar a
qualidade dos efluentes tratados nas estações de tratamento de esgotos (ETEs) do
Distrito Federal, visando à utilização futura dessas águas de reúso de forma
planejada. Os parâmetros considerados foram pH, DBO
5,20
(demanda bioquímica de
oxigênio medida em 5d a 20
0
C), alcalinidade, sólidos suspensos, alumínio solúvel,
amônia e coliforme fecal.
Esses parâmetros foram comparados com padrões e diretrizes utilizados
nos Estados Unidos da América e com as diretrizes estabelecidas pela Organização
Mundial de Saúde - OMS
4
. Como resultado dessa análise, constatou-se que a maioria
desses efluentes seriam inadequados aos vários tipos de reúso de água para os
efluentes tratados das 15 ETEs
5
estudadas. Entretanto, a qualidade para a sua
utilização - no reúso urbano com e sem restrições, no reúso agrícola e no reúso
recreacional - poderia ser facilmente conseguida com um tratamento adicional.
SILVA (2004) investigou o reúso de água na irrigação paisagística. A
pesquisa objetivou avaliar os efeitos sobre o sistema solo-água-planta e o potencial
do tratamento do próprio sistema. Na irrigação se utilizaram efluentes brutos e com
diferentes níveis de tratamento, além da água do lago Paranoá e do sistema público
de abastecimento. A forma tradicional de cultivo (irrigação com água e adubação do
solo) apresentou a pior condição de contaminação da água subterrânea, dadas as altas
concentrações de nitrato. Os resultados mostraram também que as plantas irrigadas
com esgoto apresentaram produtividade superior às irrigadas com água de
abastecimento e do lago Paranoá.
4
Essas diretrizes são apresentadas no item 2.2.6.
5
ETEs estudadas: Sobradinho, Brazlândia, Brasília Sul, Brasília Norte, Torto, Buriti, Samambaia,
Paranoá, Riacho Fundo, Vila Aeronáutica, Alagado, Planaltina, Recanto das Emas, São Sebastião e
Vale do Amanhecer.
12
Experiências em escala real foram desenvolvidas no Posto e Motel
Flamingo (BARBOSA e SOUZA 1999 citado por MÁXIMO e SOUZA 2004) e em
Hospital da Rede Sarah construído às margens do lago Paranoá. Neste caso, o
efluente gerado e tratado é utilizado diretamente nas áreas interna e externa do
hospital, para irrigar áreas verdes e na descarga de vasos sanitários (FELIZZATO
2001).
A primeira tentativa de reúso de água no Distrito Federal ocorreu quando
a CAESB projetou e construiu uma ETA Estação de Tratamento de Água - para
captação, tratamento e distribuição de água do lago Paranoá, corpo receptor dos
esgotos tratados de duas ETEs, constituindo-se um caso de reúso potável indireto. A
população de Paranoá recusou-se a usar essa água, e a ETA teve de ser desativada
(MÁXIMO e SOUZA 2004).
No Brasil existe considerável quantidade de projetos de reúso de água
sendo implementada, embora o reúso na agricultura (de forma não planejada e às
vezes inconsciente) seja realizado em muitas localidades.
Em 1993, a preocupação de algumas indústrias com a escassez de água
fez com que quatro fábricas do Pólo Industrial de Cubatão iniciassem um programa
de reúso da água para refrigeração de seus processos de fabricação (UEHARO 1997).
A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (SABESP)
reutiliza esgoto tratado em suas próprias instalações desde a década de 80. Em 1997
iniciou o fornecimento de esgoto tratado para uso industrial. Atualmente, seis
prefeituras da Região Metropolitana de São Paulo utilizam água reúso para uso
urbano não potável (SABESP 2005).
No Ceará, a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (CAGECE) instituiu
o Programa de Reúso de Efluentes Tratados, já existindo várias iniciativas de reúso
agrícola ou industrial (CAGECE 2003).
Fora do Brasil, o reúso tem sido opção importante para o gerenciamento
dos recursos hídricos locais. Países situados no Norte da África e no Oriente Médio
consideram os esgotos partes integrantes de seus recursos hídricos (HESPANHOL
13
2001). Israel foi o país pioneiro em utilizar água de reúso na irrigação, seguido por
Tunísia, Chipre e Jordânia (ANGELAKIS e BONTOUX 2001). Em Israel, mais de
65% dos esgotos são reutilizados na agricultura. Pretende-se chegar a 90% na
próxima década (FRIEDLER 2001). Com o reúso foi possível ao país ter água para
atender às demandas doméstica, industrial e de irrigação, embora havendo elevado
nível de estresse de água (EPA 2004).
Na Palestina não existe projeto de reúso e o sistema de tratamento de
esgotos é precário. Entretanto, os efluentes brutos estão, algumas vezes, sendo
utilizados na agricultura e na dessedentação de animais (SBEIH 1996).
Na Itália, o interesse pelo reúso começou a crescer durante a década de
80, quando uma importante vazão de efluentes tratados foi disponibilizada e utilizada
na agricultura e na indústria. A situação naquele país pode ser assim resumida: no
Norte e no Centro, o maior interesse da água de reúso é na indústria; no Sul e nas
principais ilhas, o maior interesse da água de reúso é na agricultura, em especial na
irrigação de pomares (BONOMO e col. 1999).
Na Espanha, água de reúso para irrigação é de extrema importância em
muitas partes do país, devido a sérias secas e à falta de reservas de água (SALGOT e
PASCUAL 1996).
A França não utiliza largamente o reúso de água, vez que seus recursos
hídricos atendem à maioria de suas necessidades. Em 1994, porém, um decreto
estabeleceu as bases para o reúso de água na agricultura. Tipos de irrigação e
programas de monitoramento devem ser definidos pelo governo francês (FABY e
col. 1999).
Desde 1968 o Japão vem investindo em projetos de reúso, para
minimizar sua demanda por água e os problemas de disposição dos efluentes. Cerca
de 1% de todo efluente tratado gerado é reutilizado, sobretudo para atender às
demandas urbanas não potáveis como: descarga sanitária, uso industrial e aumento
das vazões de rios (ASANO e col. 1996).
Na Austrália tem aumentado o número de licenças para reúso. Isso pode
14
ser atribuído à política do órgão ambiental de proibir o lançamento de esgotos nos
corpos hídricos e de aumentar o preço da água (EDEN 1996).
Nos Estados Unidos da América, os estados do Arizona, Califórnia,
Colorado, Flórida, Geórgia, Havaí, Massachusetts, Nevada, Nova Jersey, Novo
México, Carolina do Norte, Ohio, Oregon, Texas, Utah, Washington e Wyoming
incentivam o reúso como estratégia de conservação dos recursos hídricos locais (EPA
2004).
2.2.2 Vantagens e desvantagens do reúso de água
O reúso da água pode gerar impactos ambientais relacionados a uso da
terra, vazão do rio, qualidade da água subterrânea, mudanças nas características de
vegetação ou ecossistema induzidas pelas alterações no balanço hídrico da área. As
alterações no uso da terra estão associadas ao aumento da oferta de água, que
também proporciona desenvolvimento de áreas industrial, agrícola e residencial
(EPA 2004).
No caso das indústrias, a utilização da água de reúso tem propiciado
economia no consumo de água e redução no volume de efluentes lançado nos corpos
de água. Essa redução no consumo, à parte proporcionar diminuição dos custos das
empresas, contribui na melhoria da qualidade da água dos corpos receptores e dos
ecossistemas aquáticos. Com o reúso essas indústrias se habilitam a associar suas
imagens às de empresas socialmente responsáveis.
A disponibilidade de água de reúso tem proporcionado também a
instalação de indústrias onde a única fonte de água é uma estação de tratamento de
esgotos.
A água de reúso contribui com o aumento na produtividade das culturas
(BAHRI 1999). Nas áreas áridas possibilita o investimento em agricultura intensiva
(FRIEDLER 2001). A geração de empregos nessas áreas é esperada.
15
Em termos quantitativos, o reúso proporcionou, por exemplo, o
crescimento em cerca de 10%, desde 1976, da cidade de St. Petersburg, Estados
Unidos, sem qualquer aumento da demanda por água potável (OKUN 1990).
SBEIH (1996) apresenta o caso da Palestina, onde o reúso na agricultura,
caso implementado, traria vantagens como: geração de uma área irrigada adicional,
criação de empregos, aumento da quantidade de água para uso doméstico e menor
custo da produção agrícola pela redução ou eliminação de fertilizantes.
Com o reúso pode haver a geração de impactos secundários, que estariam
relacionados com o uso da terra, a vazão do rio e a qualidade da água subterrânea.
Esses impactos negativos devem ser compensados, inclusive monetariamente (EPA
2004).
2.2.3 Abordagens técnicas no planejamento de sistemas de reúso de água
A EPA (2004) considera que essas abordagens incluem: identificação e
caracterização de ofertas e demandas potenciais para água de reúso; tratamento
adequado dessa água para usos pretendidos; armazenamento para adequação às
flutuações de demanda; existência de dispositivos necessários à operação (tais como
sistemas de distribuição e alternativas de abastecimento); identificação dos impactos
potenciais ao meio ambiente; conhecimento, capacidades e habilidades necessárias à
operação e à manutenção de sistemas de reúso de água. A conservação dos registros
de operação desses sistemas é essencial ao monitoramento do programa. Muitas
instalações possuem notificações para condições de emergência.
A composição das águas de reúso deve ser regularmente monitorada para
verificar quanto de nutrientes deve ser adicionado para atender às culturas. Além
disso, devem-se aplicar barreiras múltiplas para que o reúso possa acontecer de forma
segura (BAHRI 1999).
Nos Estados Unidos, o tipo de monitoramento depende de estado para
estado, bem como do tipo de reúso. A Flórida exige o monitoramento on-line da
16
turbidez e do cloro residual para o reúso urbano e na agricultura (para produção de
alimentos). O limite de SST deve ser alcançado antes do processo de desinfecção.
Parâmetros como pH, oxigênio dissolvido (OD), SST, nutrientes e coliformes fecais
(CF) são monitorados em uma freqüência que considera a capacidade do sistema de
reúso (EPA 2004).
Os programas de controle das fontes industriais podem limitar o ingresso
de constituintes químicos capazes de afetar adversamente a qualidade do efluente
tratado (CROOK 1993). Esse monitoramento já é realizado no Distrito Federal,
apesar da contribuição de efluentes industriais no esgoto doméstico ser muito
pequena.
O preço da água de reúso varia enormemente. A Tabela 2.1 apresenta
essa variação em vários países.
Tabela 2.1 Variação de preços da água de reúso e potável em diversos países
Países Preços (USD/m
3
)
Usos residenciais Comerciais e outros Potável
Brasil (a) - (0.16 0.27) (b) -
Japão 0.83 2.99 1.08 a 3.99
México 0.30 0.30 1.40
Tunísia 0.01 0.01 -
Fonte: EPA (2004)
(a) dados da SABESP citados por SEMURA (2005); (b) Cotação do dólar médio
do ano 2005: R$ 2,2857 (Fonte: Diário Oficial da União de 5 de janeiro de 2006)
Apesar da qualidade da água de reúso produzida pela SABESP atender a
usos irrestritos, de acordo com as regulamentações da EPA (2004), seu preço é
inferior àqueles praticados pelo México e Japão. Ressalte-se que os padrões adotados
pelo México, por exemplo, são menos restritivos do que os da Organização Mundial
da Saúde - OMS.
17
2.2.4 Aspectos de Saúde Pública
Os aspectos relacionados com a saúde pública são apontados como
responsáveis por grande parte do sucesso ou fracasso de qualquer programa de reúso
(HESPANHOL e PROST 1994).
Se não gerenciada de forma adequada (EPA 2004), a utilização de água
de reúso na irrigação e em vários usos urbanos pode resultar em exposição humana a
patógenos e a produtos químicos, que têm potencialidade de gerar efeitos adversos à
saúde humana e à qualidade do meio ambiente.
Nos sistemas de reutilização de água na agricultura, os quatro grupos
humanos expostos são: consumidores, trabalhadores agrícolas e suas famílias,
manipuladores de alimento e residentes em zonas vicinais. A proteção desses grupos
depende de quatro medidas integradas: tratamento do efluente, técnica de aplicação
da água de reúso, seleção dos cultivos e controle da exposição humana
(HESPANHOL 1998).
Alguns processos e operações unitárias empregados para tornar efluentes
adequados ao reúso, bem como diretrizes para a concepção de sistemas de
tratamento, são apresentados por MANCUSO (2003).
Os critérios da Califórnia garantem alto grau de segurança, como
almejado pelas autoridades de saúde, que o julgam necessário e apropriado para as
condições de estados ou países onde as bactérias e os vírus são considerados os
agentes patogênicos mais importantes. Para países em desenvolvimento, onde as
infecções parasitárias são endêmicas, as recomendações da OMS são
consideravelmente menos restritivas, sendo principalmente dirigidas para a remoção
de helmintos. Essas remoções podem ser conseguidas com lagoas de estabilização
(CROOK 1993).
A escassez e a baixa qualidade das águas vêm fazendo com que a
avaliação e o gerenciamento dos riscos sejam dois dos principais desafios para o
reúso das águas. A avaliação de riscos pode ser entendida como o conjunto de
18
metodologias que calculam e avaliam a probabilidade de um efeito adverso ser
provocado por um agente (químico, físico ou biológico), por um processo industrial
ou por uma tecnologia ou processo natural que possa prejudicar a saúde humana ou o
ambiente. A definição de efeito adverso é um julgamento de valor, podendo
constituir-se de mortes, doenças, diminuição da qualidade de vida, prejuízos
econômicos, danos ambientais e outros (NARDOCCI 2003).
A avaliação de risco microbiológico é ferramenta útil para verificar os
riscos à saúde associados ao reúso de água. Historicamente, a qualidade
microbiológica do efluente e da água de reúso tem sido baseada em organismos
indicadores. Essa prática tem provado ser efetiva e provavelmente continuará sendo
utilizada (EPA 2004).
Considera-se aceitável 1 (um) caso anual de infecção em cada 10.000
pessoas expostas ao fator de risco. Os helmintos são considerados de mais alto risco,
bactérias e protozoários, de médio risco; e os vírus, de baixo risco (BASTOS 2004).
No entanto, o que é aceitável é provavelmente a variação de acordo com o nível de
infecção endêmica, a importância de outras rotas de transmissão, circunstâncias
econômicas e a perspectiva do regulador (BLUMENTHAL e col. 2000).
SHUVAL e col. (1997) quantificaram o risco anual à saúde para um
indivíduo, resultante do consumo de salada crua irrigada com esgoto tratado com
diferentes níveis de CF. Esses riscos foram comparados com o aceito pela EPA para
contaminação microbiológica em água potável, 10
-4
(risco anual). Por esse estudo
conclui-se que o atendimento aos padrões da OMS propicia um fator de segurança de
1-2 ordens de magnitude superior àquela adotada pela EPA para os padrões
microbiológicos para água potável.
BLUMENTHAL e col. (2000) concordam também que não há
necessidade de mudar as diretrizes da OMS para irrigação irrestrita. Entretanto,
recomendam que, para irrigação restrita, a água de reúso deve conter 10
5
de
coliformes fecais/100mL, se trabalhadores estiverem expostos à aspersão. Caso a
irrigação seja por inundação, ou crianças encontrarem-se expostas, recomendam um
limite de 10
3
de coliformes fecais/100mL. Para ovos de nematóides esses autores
19
recomendam que o valor da OMS deve ser reduzido de 1 ovo/L para 0,1 ovo/L,
quando houver condições favoráveis à sobrevivência desses ovos e quando crianças
encontrarem-se expostas.
A maioria dos padrões, regulamentos e códigos de prática foram
fundamentados em critérios microbiológicos. De maneira geral, não se levam em
conta inter-relações entre patogênicos e hospedeiros ou evidências epidemiológicas.
Devido às barreiras naturais e sociais, tanto pode ocorrer doença como apenas
aparecimento de sintomas ou ausência total de transmissão de doença
(HESPANHOL 2003).
Agricultores que utilizam água de reúso devem seguir códigos de boas
práticas e serem bem informados e treinados, de modo a alcançar alta produção
agrícola sem impactos ambientais adversos (BAHRI 1999).
Nos países em desenvolvimento, o uso de estudos epidemiológicos tem
sido criticado porque algumas populações têm adquirido imunidade a muitas
infecções entéricas (SHELEF 1991 citado por BLUMENTHAL e col. 2000).
2.2.5 Aceitação pelo público
Um dos métodos para se determinar a percepção do público em
programas de reúso é a pesquisa, que apontará se programas de reúso poderão ser
implementados e se terão sucesso no futuro.
As pesquisas apresentadas pela EPA indicam que, pelo menos
intelectualmente, ‘o público’ é receptivo ao reúso. Os resultados dessas pesquisas
permitiram à EPA concluir que a aceitação inicial depende:
da consciência do público quanto a problemas de abastecimento de
água e a percepção de que água de reúso faz parte do esquema geral
de abastecimento de água
20
do conhecimento da qualidade da água de reúso e como será
utilizada
da confiança no gerenciamento local dos serviços públicos e na
aplicação da tecnologia moderna
da certeza de que o reúso envolve mínimo risco à exposição
acidental (EPA 2004).
Em realidade, quando as pessoas percebem que as atuais fontes de
abastecimento de água são inadequadas para atender às futuras demandas, tornam-se
mais favoráveis à utilização de água de reúso para fins potáveis (BAUMANN 1983).
Na agricultura e aqüacultura, a aceitação pública é influenciada por
fatores religiosos e socioculturais (HESPANHOL 2001). Tem evoluído da
repugnância à indisposição e da indiferença à predileção (MARA e CAIRNCROSS
1989).
Pesquisas realizadas sugerem que a maneira como as pessoas reagem à
possibilidade de usar água de reúso está relacionada, entre outros aspectos, a seu grau
de escolaridade, seu conhecimento sobre água de reúso, sua atual fonte de
abastecimento de água e sua crença na ciência e na tecnologia (BAUMANN e
KASPERSON 1974; BRUVOLD 1979 citados por BAUMANN 1983).
Em geral, quanto maior o grau de escolaridade maior a crença na ciência
e na tecnologia, bem como a probabilidade de as pessoas serem receptivas ao reúso
de água. Entre as pessoas pesquisadas, os fatores menos importantes foram o sexo e a
idade. Os homens aceitam um pouco mais o reúso do que as mulheres. Pessoas com
50 anos ou mais são um pouco mais relutantes em beber água de reúso do que as com
menos de 50 anos (BAUMANN 1983).
Nas Américas, África e Europa, por exemplo, existe forte objeção ao uso
de excreta como fertilizante, enquanto que em algumas partes da Ásia, sobretudo
China, Japão e Indonésia, a prática é efetuada de modo regular e é recomendada
economicamente e ambientalmente (HESPANHOL 2001).
21
De acordo com estudo realizado na Califórnia, por BRUVOLD (1974)
citado por BAUMANN (1983), os principais valores que afetam a aceitabilidade do
público são meio ambiente e saúde humana. Raramente mencionaram custo.
O processo de informação e de aceitação pública deve ser iniciado na fase
de planejamento e concluído depois da implantação do projeto (EPA 2004).
Em realidade, nenhum programa de reúso pode ser implementado sem a
aceitação do público. Essa aceitação depende grandemente do uso pretendido, e não
do custo (BAUMANN 1983). Para ASANO e col. (1996), essa aceitação está
relacionada à qualidade da água e à dependência do suplemento de água.
Qualidade na fonte geradora, tratamento do esgoto e confiabilidade no
processo de tratamento são fatores importantes. A água de reúso deve ser clara, sem
cor e sem odor, para ser esteticamente aceita. Aspecto a destacar é que água de reúso
é produto de mercado. Dessa forma deve-se garantir quantidade e qualidade, para os
consumidores ficarem satisfeitos (OKUN 1990).
2.2.6 Aspectos legais, institucionais e normativos
A consideração sobre "gestão de riscos" implica que diretrizes não são
produzidas para serem aplicadas sem crítica em outros países. As diretrizes
estabelecem determinado risco à saúde, de modo a ser possível fornecer uma
referência comum ao estabelecimento de padrões nacionais ou regionais. São
baseadas em pesquisa científica e em estudos epidemiológicos e não devem ser
confundidas com padrões. Padrões são instrumentos legais estabelecidos por países,
pela adaptação das diretrizes às prioridades nacionais e considerando suas condições
ambientais, econômicas, culturais, sociais, tecnológicas e condicionantes políticos e
institucionais (HESPANHOL 2003).
Existem parâmetros específicos na literatura especializada para os
diferentes tipos de água de reúso, o que contribui para uma melhor aceitação social
desse recurso hídrico alternativo (HESPANHOL e PROST 1994). No caso do reúso
22
na irrigação, os regulamentos consideram principalmente a qualidade biológica do
efluente, o tipo de cultura a ser irrigada e os grupos de riscos (SALGOT e
PASCUAL 1996).
Além da qualidade da água de reúso, devem ser consideradas as
concentrações máximas permissíveis no solo para parâmetros orgânicos e
inorgânicos. Essas concentrações são apresentadas por CHANG e col. 1996.
A partir de um estudo realizado com um grupo de especialistas, a OMS
apresentou, em 1989, as diretrizes para uso de esgotos em agricultura e aqüicultura,
com base em processo técnico-científico e na evidência epidemiológica disponível
(WHO 1989). A Tabela 2.2. apresenta-as.
Antes da institucionalização do reúso no Brasil, a Associação Brasileira
de Normas Antes da institucionalização do reúso no Brasil, a Associação Brasileira
de Normas Técnicas (ABNT) já apresentava reúso como forma de redução do
volume de esgoto a ser encaminhado ao sistema de tratamento, com conseqüente
redução no seu custo de implantação e de operação e uma forma de utilização do
esgoto tratado. Nesse sentido informa sobre os usos previstos para o esgoto tratado, o
volume de esgoto a ser reutilizado, o grau de tratamento necessário, o sistema de
armazenamento e de distribuição e a importância do manual de operação e do
treinamento dos responsáveis por esse reúso (ABNT 1997).
23
Tabela 2.2 Diretrizes da Organização Mundial de Saúde para o reúso de água
Categoria
Condições de reúso Grupos de risco Nematodos
intestinais
(1)
Nº ovos/L
(2)
Coliformes fecais
(NMP
(3)
/100mL)
(4)
Tratamento recomendado para atingir
a qualidade microbiológica
A Irrigação de culturas a
serem ingeridas cruas,
campos esportivos, parques
públicos
(5)
Operários,
Consumidores, público
= 1 = 1.000 Lagoas de estabilização em série ou
tratamento equivalente.
B Irrigação de cereais, culturas
industriais, forragem, pastos
e árvores
(6)
Operários = 1 _ Retenção em lagoas de estabilização
por 8 a 10 dias ou remoção equivalente
de helmintos e coliformes fecais.
C Irrigação localizada de
culturas da categoria B, se
não ocorrer exposição de
trabalhadores e do público
Operários _ _ Pré-tratamento requerido pela técnica
de irrigação aplicada, mas não menos
do que tratamento primário.
Fonte: WHO 1989
(1)Ascaris, Trichuris, Necator americans e Ancilostomus duodenalis; (2) Média aritmética durante o período de irrigação; (3) NMP - Número mais
provável; (4) Média geométrica durante o período de irrigação; (5) Um valor diretriz mais restritivo (200 coliformes fecais por 100mL) é apropriado
para gramados públicos com os quais o público tenha contato direto; (6) No caso de árvores frutíferas, a irrigação deve cessar duas semanas antes de
os frutos serem colhidos. Esses não devem ser coletados no chão. Irrigação por sistemas de aspersores não deve ser utilizado.
24
Nos Estados Unidos não há padrões federais disciplinando o reúso de
água; há regulamentações estaduais. A EPA publicou, em 2004, o documento
Guidelines for Water Reuse, que apresenta as diretrizes para reúso de água e examina
as oportunidades de uso de efluentes tratados. Trata-se de uma atualização do
documento publicado em 1992. A Tabela 2.3 apresenta essas diretrizes (EPA 2004).
Na Europa não existe legislação de reúso de água. A única referência a
esse assunto encontra-se na Diretiva Européia de Esgotos (91/271/EEC), que
recomenda o reúso do efluente tratado. Contudo, a maioria dos regulamentos segue
os padrões da OMS, adicionando critérios como nível de tratamento ou limitação de
uso da água de reúso (ANGELAKIS e BONTOUX 2001).
A Espanha propôs um conjunto de padrões físico-químicos e
microbiológicos que se assemelham aos da Califórnia, quando se trata de reúso para
fins irrestritos; e aos da OMS, quando a exposição humana à água de reúso é restrita
(EPA 2004).
A França também adota os padrões da OMS para reúso de água na
agricultura (BONTOUX e COURTOIS 1996).
25
Tabela 2.3 Diretrizes sugeridas pela EPA para o reúso de água
Tipos de reúso Qualidade da água de reúso Distâncias de segurança
(1)
Comentários
Urbano
Agricultura irrestrita
pH = 6 a 9; = 10 mg/L DBO
5,20
;
= 2 UNT
(2)
; CF não detectável
(3)
;
Mínimo de 1 mg/L de cloro (Cl
2
)
residual
(4)
.
15m de poços para
abastecimento de água
potável.
(a) Para o reúso urbano, a água de reúso não deve possuir odor e cor.
(b) Para agricultura irrestrita, altos níveis de nutrientes podem causar efeitos
adversos durante certas fases de crescimento das plantas.
Irrigação com acesso restrito
Alimentos
processados
comercialmente
Agricultura
Não produção de
alimentos
pH = 6 a 9; DBO
5,20
e SST = 30
mg/L; = 200 CF/100mL
(5,6)
;
Mínimo de 1 mg/L Cl
2
residual
(4)
.
- 90m de poços para
abastecimento de água
potável.
- Para reúso na agricultura,
30m de áreas acessíveis ao
público (se spray é
utilizado).
(c) Se a irrigação é feita com o uso de spray, SST < 30 mg/L pode ser necessário;
(d) Para reúso na agricultura, altos níveis de nutrientes podem causar efeitos
adversos durante certas fases de crescimento das plantas;
(e) Para reúso na agricultura (não produção de alimentos):
animais produtores de leite devem ser proibidos de pastar por 15 dias após o
término da irrigação. Um maior nível de desinfecção é requerido se este
período de espera não é seguido (= 14 CF/100mL).
Represas utilizadas para lazer
(pesca, navegação e contato direto
com água de reúso)
pH = 6 a 9; = 10 mg/L DBO
5,20
;
= 2 UNT
(2)
; CF não detectável
(3)
;
Mínimo de 1 mg/L Cl
2
residual
(4)
.
150m de poços para
abastecimento de água
potável, se o fundo do poço,
não é selado.
(f) Decloração pode ser necessária para proteger a vida aquática; (g) Água de reúso
não pode irritar a pele e deve ser clara e sem odor e não deve conter níveis
mensuráveis de patógenos viáveis; (h) Remoção de nutrientes pode ser necessária
para evitar crescimento de algas em represas; (i) O consumo de peixe é permitido.
Represas para compor paisagem
(não é permitido o contato com a
água de reúso)
150m de poços para
abastecimento de água
potável, se o fundo não é
selado.
Ambiental (charco, pântano,
aumento de vazão de rios, etc)
DBO
5,20
e SST = 30 mg/L
= 200 CF/100mL
(5,6)
Mínimo de 1 mg/L Cl
2
residual
(4)
(onde não é permitido o contato
com a água de reúso). -
- Idem f e h; (j) Para reúso ambiental: possibilidade de efeitos no aqüífero deve ser
avaliada e a temperatura da água de reúso não pode afetar adversamente o
ecossistema.
Potável indireto (aumento do
suprimento superficial de água)
Inclui, mas não limita aos
seguintes parâmetros: pH = 6,5
8,5; = 2 UNT
(2)
;
CF não
detectável
(3)
; Mínimo de 1 mg/L
Cl
2
residual
(4)
; = 3mg/L COT
(7)
.
Alcançar os padrões para água
potável.
Depende da localização. (l) O nível de tratamento é específico do lugar e depende de fatores como:
qualidade da água, tempo e distância do ponto de lançamento, diluição e
subseqüente tratamento antes da sua distribuição para usos potáveis; (m) A água de
reúso não deve conter níveis mensuráveis de patógenos viáveis.
Fonte: EPA (2004).
(1) São recomendados para proteger os suprimentos de água potável de contaminação e os seres humanos de riscos desnecessários; (2) Deve ser alcançado antes da desinfecção; (3) O
número de CF não deve exceder a 14/100 mL em nenhuma amostra; (4) O total de cloro residual deve ser atingido após um tempo de contato mínimo de 30 minutos; (5) O número de
CF não deve exceder a 800/100 mL em nenhuma amostra; (6) Monitoramento deve incluir compostos inorgânicos e orgânicos, ou classes de compostos, que são conhecidos ou
suspeitos de serem tóxicos, carcinogênicos, teratogênicos ou mutagênicos e não estão incluídos nos padrões de água potável; (7) Carbono orgânico total COT.
26
Na Itália, a regulamentação para reúso de água na irrigação provém do
Water Protection Act, de 1976. Esses padrões estão apresentados na Tabela 2.4,
juntamente com os da Sicília (BONOMO e col. 1999).
Tabela 2.4 - Água de reúso para irrigação: exemplos de diretrizes da Sicília
comparadas com os padrões italianos
Parâmetros (a) Itália Sicília
pH, unidade - 6,5-8,5
SST (b) 30
SDT - 1000
DBO
5,20
- 40
COD - 160
Cloro residual - -
Compostos orgânicos persistentes[µg/L] Não detectável -
Coliformes fecais [NMP/100mL] 2
(c)
-20 3000
Fonte: Water Protection Act, de 1976 citado por BONOMO e col. 1999
(a) mg/L, exceto quando indicado; (b) valor médio de 7 dias consecutivos; (c)
irrigação irrestrita.
A Tunísia utiliza os padrões da OMS (1989) para água de reúso na
irrigação de campos de golfe. Na agricultura, o reúso é regulado pela Lei de Água de
1975 e pelo Decreto de 1989. Essa lei proíbe o uso de efluente bruto na agricultura. O
decreto admite a irrigação com esgoto proveniente de sistema de tratamento
secundário para todos os tipos de cultivo, exceto vegetais a serem consumidos crus
ou cozidos (EPA 2004).
Israel, África do Sul, Japão e Austrália consideram os padrões da OMS
muito brandos para proteger a saúde humana (ANGELAKIS e BONTOUX 2001). A
Tabela 2.5 apresenta as diretrizes para reúso de água no Japão (ASANO e col. 1996).
27
Tabela 2.5 Diretrizes japonesas para a qualidade de água de reúso
Parâmetros Água de descarga
sanitária
Irrigação
paisagística
Ambiental
Critérios Coliforme [NMP/100mL]
Cloro residual [mg/L]
= 10
Traços
Não
detectável
=0,4
Não
detectável
-
Diretrizes Aparência
Turbidez [UNT]
DBO
5,20
[mg/L]
Odor
pH, unidade
Não desagradável
-
-
Não desagradável
5,8-8,6
Não
desagradável
-
-
Não
desagradável
5,8-8,6
Não
desagradável
= 10
= 10
Não
desagradável
5,8-8,6
Fonte: Japan Sewage Works Association 1993 citado por ASANO e col. 1996
Para que se possa utilizar água de reúso na irrigação irrestrita, na Arábia
Saudita, é necessário passar por tratamento terciário e atender a parâmetros muito
restritivos. A maioria está apresentada na Tabela 2.6 (EPA 2004).
Tabela 2.6 Padrões requeridos pela Arábia Saudita para irrigação irrestrita
Parâmetros
(a)
Concentrações máximas
DBO
5,20
, SST, nitrato
10
Coliformes fecais [NMP/100mL] 2,2
Turbidez [UNT] 1
Alumínio 5
Arsênico, Berílio, Cromo e Chumbo 0,01
Boro 0,5
Cádmio, Molibidênio 0,01
Cloreto 280
Cobre 0,4
Níquel, Selênio 0,02
Óleos e graxas ausentes
Zinco 4
Fonte: EPA (2004)
(a) mg/L, exceto quando indicado
28
Alguns países modificaram os critérios microbiológicos e passaram a
considerar estudos epidemiológicos e condições econômicas locais. Este foi o caso
do México, que introduziu o padrão ovos de nematóides 5 ovos/L . Para irrigação
irrestrita introduziu a média diária de coliformes fecais de 2.000/100mL e a média
mensal de 1.000 coliformes fecais/100mL (BLUMENTHAL e col. 2000).
Os critérios para qualidade de água de reúso relacionam-se ao uso e aos
aspectos estéticos, de proteção à saúde da população, considerações ambientais,
percepção da população ou do usuário, realidades políticas (CROOK 1993),
interesses econômicos, características socioculturais, práticas higiênicas e
desenvolvimento tecnológico (HESPANHOL 2003). Esses critérios variam
significativamente quando se comparam países industrializados a países em
desenvolvimento, tendo em vista fatores como viabilidade econômica, tecnologia
disponível, nível geral da saúde das populações e características políticas e sociais.
Fatores que afetam a qualidade da água de reúso incluem fonte geradora, tratamento
do esgoto, confiabilidade no processo de tratamento, projeto e operação dos sistemas
de distribuição (CROOK 1993).
2.3 Métodos Multicritério de Auxílio à Decisão
O processo de avaliação acontece quando se está na presença de
operações que tenham por resultado a produção de um julgamento de valor ou de
utilidade (BARBIER 1990 citado CORDEIRO NETTO e BARRAQUÉ 1991). É
realizado em três abordagens, envolvendo, em maior ou menor grau, a explicitação
de suas etapas. A primeira etapa do processo, denominada operação de avaliação,
diz respeito aos dados de entrada. A segunda é o julgamento de valor (ou de
utilidades) e a terceira é aquela relacionada às formas de uso do julgamento de
valor. Dessa forma, diz-se que a avaliação é implícita se apenas a terceira etapa é
explícita, enquanto que a avaliação é considerada espontânea quando são explícitos o
julgamento de valor e seus usos. A avaliação é instituída quando todas suas etapas
29
são explícitas, quais sejam:
caracterização de uma realidade inicial;
produção de informações para a avaliação;
explicação dos objetivos da ação a avaliar;
constituição de critérios para o processo de avaliação;
identificação dos papéis dos atores;
caracterização da realidade que se quer alcançar;
emissão do julgamento (CORDEIRO NETTO e BARRAQUÉ 1991).
Os métodos de apoio à decisão são métodos de avaliação instituídos. Têm
como objetivo facilitar o processo de análise de alternativas. Podem envolver a
formulação de um critério único (função-objetivo) ou de vários critérios, para atender
ao interesse de vários atores no processo de tomada de decisão.
As metodologias monocritério são aquelas que têm como princípio a
utilização de apenas um critério para a tomada de decisão. Nesse sentido, aglutinam-
se nesse critério todos os aspectos de interesse, objetivando maximizá-lo ou
minimizá-lo. Essas metodologias podem ser subdivididas basicamente em duas
classes de modelo: otimização e simulação. Os modelos de otimização utilizam
algoritmos matemáticos para identificar os pontos máximos ou mínimos da função-
objetivo. Quando o objetivo não é essencialmente econômico, há dificuldade em se
definir a função-objetivo, assim como quantificá-la. Para simplificar as operações
matemáticas envolvidas procede-se a uma linearização de suas equações de restrição
e da função-objetivo. Exemplos desses modelos são a Programação Linear (PL) e a
Programação Dinâmica (PD).
Os modelos de simulação são expressões matemáticas estruturadas em
seqüência lógica; descrevem a operação do sistema no espaço e no tempo.
Apresentam a operação de um sistema em tempo real. São aplicáveis a sistemas
30
complexos. A solução ótima é encontrada interativamente a partir de várias
simulações (BRAGA e col. 1998). Exemplos da utilização de métodos de otimização
e de simulação para o tratamento de águas residuárias são citados por SOUZA e
FOSTER (1996). As análises de natureza econômico-financeira podem ser feitas por
simulação ou otimização, a depender da possibilidade de se definir (ou não) uma
função-objetivo. Nesse sentido, as análises custo-benefício e custo-efetividade
enquadram-se nessa classificação.
A análise custo-benefício tem como critério a eficiência econômica, em
que custos e benefícios são estimados. Fornece orientação à tomada de decisão
quando há várias alternativas. Avalia o benefício líquido de cada uma em termos
econômicos, a partir da enumeração sistemática dos benefícios e dos custos
associados a cada alternativa. Uma alternativa é preferível à outra quando propicia
benefícios líquidos maiores ou uma relação benefício/custo mais favorável.
Dessa forma, ao analisar o custo-benefício de um projeto, sob o aspecto
econômico, o analista não verifica se o empreendedor ficará em melhor situação se
realizar uma atividade em detrimento de outra, mas sim se a sociedade ficará em
melhor situação com esse projeto. Utiliza então o conceito de eficiência de Pareto: na
implantação do projeto deve haver melhoria na situação de todas as pessoas - um ou
mais membros da sociedade ficarem em melhor situação - porém ninguém deverá
ficar pior do que antes. Devido às variações inerentes ao mercado, a análise custo-
benefício é realizada considerando-se que todas as atividades econômicas são
realizadas em regime de concorrência perfeita (MISHAN 1975).
A análise custo-efetividade tem como critério a eficácia financeira em que
somente os custos são calculados. É um método quantitativo usado para comparar os
custos de uma alternativa, a fim de alcançar os mesmos benefícios ou um dado
objetivo. É utilizada quando não é necessário ou é impraticável considerar o valor
monetário dos benefícios provenientes das alternativas em análise.
Na medicina e na saúde pública emprega-se esse método para avaliar as
conseqüências e os custos nas intervenções para melhorar a saúde da população.
Todavia, considerando-se a existência de problemas com valores intangíveis do
31
ponto de vista econômico - caso dos problemas ambientais - houve necessidade de
utilização de metodologias mais gerais de tomada de decisão que contemplassem
múltiplos objetivos, em detrimento das análises custo-benefício (BRAGA e col.
1998).
Esses métodos, denominados de multicritério, permitem organizar as
informações e o papel de cada participante nas diversas etapas do processo de
decisão (BARBOSA 1997). Consideram a questão da subjetividade e o
reconhecimento da incerteza como inerente ao processo. Permitem incluir aspectos
de difícil mensuração por meio de escalas e medidas adequadas às variáveis
participantes do processo decisório (JARDIM e LANNA 2003). A Figura 2.1 ilustra
a estrutura para a tomada de decisão em análise multicritério ou análise
multiobjetivo.
De acordo com GOICOECHEA e col. (1982), na década de 60 surgiu a
necessidade de contemplar muitos objetivos na estruturação e na solução de
problemas, mas só nos anos 70 surgiu o campo da Pesquisa Operacional denominado
Apoio Multicritério à Decisão. Ressalte-se que a Pesquisa Operacional data da
década de 50, a partir da experiência adquirida na solução de problemas logístico-
militares durante a 2.
a
guerra mundial (GOMES e MOREIRA 1998).
O primeiro registro de utilização de métodos multicritério para um
problema ambiental é de 1973, quando foi utilizado na seleção de alternativas de
manejo de resíduos sólidos nos Estados Unidos (SOUZA e FOSTER 1996).
Os principais elementos para delimitar um problema multiobjetivo e
multidecisor são: alternativas (ou ações) de solução do problema; critérios para
medir quanto foi cumprido de cada objetivo; atores
6
envolvidos nesse processo
rgãos de meio ambiente, saúde pública, saneamento, especialistas, organizações
não governamentais etc.).
6
São grupos de pessoas ou indivíduos que participam do processo decisório.
32
Definição das
características e
necessidades gerais
Formulação das metas e
dos objetivos
Identificação das variáveis
de decisão
Definição das equações e
das formas de
representação do sistema
para a análise multiobjetivo
Definição da alternativa de
intervenção (solução para o
conjunto de funções-
objetivo)
Avaliação das
conseqüências diretas e
indiretas, atuais e futuras
Explicitação das restrições
e limitações
Formulação das funções-
objetivo
Implementação da alternativa
selecionada
A alternativa de
intervenção é aceitável
para o decisor?
Sim
Recursos adicionais
e novas tecnologias
podem ser usados?
O decisor se
dispõe a reavaliar
alguma de suas pre-
ferências?
Redefinição do sistema de
preferência do decisor
Recursos humanos e
financeiros
Aspectos ambientais,
sociais jurídicos,
institucionais e políticos
Fatores tecnológicos
Valores pessoais e sociais
NãoNão
Não
Nenhuma alternativa é viável
Sim
Sim
Figura 2.1 - Diagrama para tomada de decisão em análise multicritério ou análise
multiobjetivo. Fonte: GOICOCHEA e col. (1982)
33
Para representar esses conceitos se adotou esta simbologia:
i = 1,..m,...I. onde I = número de critérios
j = 1,..a,...J. onde J= número de alternativas
k = 1,..x,...K. onde K= número de decisores.
A comparação entre alternativas é realizada a partir de seus próprios
atributos. Nesse caso usam-se critérios para comparar essas alternativas, e o peso
considera a importância que o usuário/decisor atribui ao critério. O peso é um
julgamento de valor e está relacionado com o entendimento que o decisor tem de sua
realidade.
Com o objetivo de considerar a imprecisão, a incerteza e a
indeterminação, além de outras relações de preferência entre ações, utilizam-se, no
caso de muitos métodos multicritério, os limiares p
i
e q
i
(onde 0 = q
i
= p
i
), sendo p
i
o limiar de preferência e q
i
o de indiferença para cada critério i. Quando p
i
e q
i
são
nulos, o critério é chamado de verdadeiro, ou seja, há completa transitividade entre
ações. Para p
i
e q
i
diferentes de zero, o critério passaria a ser denominado de
“pseudocritério” (ROY 1985), porque permite outros tipos de relações de
preferências entre ações.
Para muitos métodos multicritério, pode ser definido, também, outro tipo
de limiar: o de veto v
i
, para cada critério i. Esse limiar indica o nível a partir do qual
uma ação a é tão melhor que uma ação b sob um determinado critério que, mesmo
considerando todos os outros critérios, b nunca poderá ser considerada globalmente
melhor que a.
Supondo duas ações a e b, sendo avaliadas sob o critério i
1
de sentido de
preferência crescente (quanto maior melhor), para o qual se definiram os limiares q
i1
,
p
i1
e v
i1
; supondo que g
i1
(a) e g
i1
(b) sejam, respectivamente, as avaliações de a e b
sob o critério i
1
, com g
i1
(a) > g
i1
(b):
34
se g
i1
(a) - g
i1
(b) = q
i1
, diz-se que “a é indiferente em relação a b,
sob o critério i
1
”, e representa-se a I b (ou seja, o “ganho” entre a e b
não supera o limiar de indiferença);
se g
i1
(a) - g
i1
(b) q
i1
(o “ganho” de a sobre b é maior que o limiar de
indiferença), porém: g
i1
(a) - g
i1
(b) = p
i1
(o “ganho” de a não supera o
limiar de preferência), diz-se que “a é fracamente preferível em
relação a b, sob o critério i
1
”, representa-se a Q b;
se g
i1
(a) - g
i1
(b) p
i1
(o “ganho” de a supera o limiar de preferência),
porém:
g
i1
(a) - g
i1
(b) = v
i1
(o “ganho” de a não supera o limiar de
veto), diz-se que “a é fortemente preferível em relação a b, sob o
critério i
1
”, e representa-se a P b;
se g
i1
(a) - g
i1
(b) v
i1
, (o “ganho” de a supera o limiar de veto), diz-se
que a é tão melhor do que b, que b nunca pode ser globalmente
melhor do que a”, e representa-se a V b.
Quando a Q b, a P b e a V b, diz-se que a > b (a é preferível a b).
Quando, globalmente, a > b ou a I b, diz-se que “a desclassifica b” (representa-se a
S b). A Figura 2.2 ilustra graficamente essas relações.
Em realidade, o valor de q representa o limite da diferença entre os
valores de um critério abaixo do qual duas alternativas são consideradas
equivalentes. O valor de v estabelece o patamar onde duas alternativas não são
passíveis de comparação sob o critério. O valor de p define o quanto uma alternativa
é preferível em relação à outra.
Figura 2.2 - Relações de preferência estabelecidas a partir de pseudocritérios.
Fonte:YU e ROY 1992
35
Uma primeira avaliação que se empreendeu ao iniciar este trabalho
mostrou que seria muito pertinente uma abordagem analítica para a escolha das
alternativas de reúso de água no Distrito Federal, à medida que permitiria explicitar
os critérios adotados pelos decisores e fazer a avaliação final agregadora das
alternativas.
Essa abordagem poderia ser realizada por meio de método multicritério,
tendo em vista que esse processo de tomada de decisão envolve questões técnicas e
ambientais complexas, com múltiplos atores defendendo interesses e objetivos
diversos.
Em realidade, a maior parte das abordagens multicritério exige que os
decisores explicitem suas preferências quanto aos critérios e seus níveis de
importância. Os métodos multicritério têm a vantagem de possibilitar construir
modelos de análise que ordenam alternativas frente a múltiplos critérios tomados
conjuntamente e de explicitar o sistema de valor subjacente a cada ordenação.
2.3.1 Os diversos métodos multicritério
Várias são as tipologias desenvolvidas envolvendo a classificação dos
métodos multicritério. Na classificação adotada por BARBOSA (1997) considera-se
a posição relativa dos papéis do decisor e do analista. Está representada por três
grupos:
Grupo I - Técnicas de geração de soluções dominadas, em que estão
inseridos os métodos que têm como característica a geração de alternativas
previamente à incorporação da estrutura de preferência do decisor. Os Métodos dos
Pesos, das Restrições e o Multiobjetivo Linear são exemplos desse Grupo;
Grupo II - Técnicas com articulação de preferências a priori. Nesse caso,
as alternativas são geradas considerando-se previamente a estrutura de preferência do
decisor. Os Métodos ELECTRE, da Função Utilidade, da Programação por Metas, da
Matriz de Prioridades e da Programação de Compromisso estão inseridos neste
36
Grupo;
Grupo III - Técnicas com articulação progressiva das preferências, em
que a interação entre analista e decisor ocorre durante todo o processo de tomada de
decisão. São exemplos desse Grupo os Métodos da Programação de Compromisso e
dos Passos.
A classificação de VINCKE (1992) considera as relações de preferência
entre as diversas alternativas para solução de um problema. Essa classificação
abrange três grandes famílias de métodos: aditivos, de desclassificação e interativos.
Esquematicamente, os métodos aditivos consideram a agregação de
diferentes critérios em uma única função a ser otimizada, tendo como regra
fundamental a transitividade das preferências (se a é melhor que b e se b é melhor
que e, logo a é melhor que e). A segunda família considera outros tipos de relações
de preferência entre alternativas (como preferências fraca e forte, não-
comparabilidade e indiferença), estabelecendo hierarquia entre ações sob os
diferentes critérios adotados. Os métodos interativos são a mais recente família e se
caracterizam por não considerar a definição prévia do sistema de preferência do
decisor, sendo o mesmo revelado a partir de processos interativos entre decisor e
analista.
Ao se examinarem as classificações adotadas por VINCKE (1992) e
BARBOSA (1997), verifica-se que adotam diversos enfoques, resultando diferentes
tipologias de classificação. Observa-se, no entanto, certa correspondência entre os
métodos de desclassificação e os métodos interativos da classificação de VINCKE
(1992) - respectivamente com os métodos pertencentes aos dos Grupos II e III da
classificação de BARBOSA (1997).
Vários métodos poderiam ser testados para servir de base à avaliação das
melhores alternativas de reúso de água, de modo a ser possível identificar a melhor
estratégia para planejar essa atividade no Distrito Federal.
Em muitos trabalhos elaborados se promoveu a comparação entre
métodos multicritério: GOBETTI (1993), CORDEIRO NETTO e col. (1993) são
37
exemplos. Autores em geral concluem que no âmbito do mesmo grupo de métodos
multicritério não costumam ser significativas as diferenças obtidas na aplicação e no
resultado dos diferentes métodos. De fato, a escolha do método multicritério é fator
menos importante. Decisivo é escolher os critérios e toda a estrutura de preferências
estabelecida (HARADA 1999). Escolher o método multicritério depende do
problema a ser analisado, da familiaridade do analista por determinado método e da
existência dos recursos necessários à sua execução (GENERINO e CORDEIRO
NETTO 1997).
Problemas envolvendo tanto aspectos numéricos como subjetivos
mostraram-se melhor ajustados com o uso dos métodos da família ELECTRE
(HARADA 1999). Desse modo, para desenvolver este trabalho, após levantamento
bibliográfico do assunto e avaliação dos diferentes métodos da família ELECTRE
optou-se pelo ELECTRE III. Essa opção considerou aspectos como: a) a facilidade
em incorporar tanto informações qualitativas quanto quantitativas em seus critérios,
b) a possibilidade de tratar a questão, considerando-se diferentes decisores, c) o fato
de o método ter como resposta uma hierarquia de alternativas e não uma única
“melhor decisão”, d) a explicitação da incerteza associada à avaliação, uma vez que
não há um ordenamento compulsório das alternativas (pode haver empates e não-
comparabilidades).
A utilização do Método ELECTRE III nesta pesquisa se dará a partir da
agregação de diferentes critérios de avaliação, com vistas a se obter uma avaliação
global de uma alternativa de reúso de água no Distrito Federal, comparada a um
conjunto de outras alternativas.
A apresentação dos resultados de forma hierárquica é importante quando
se quer determinar uma estratégia de planejamento de uma atividade, onde,
possivelmente, não se disporá de recursos financeiros necessários para a sua
completa implementação, em um mesmo horizonte de tempo. Selecionar-se-ia,
assim, para um estudo de viabilidade mais aprofundado aquela (ou aquelas)
alternativa(s) que se mostrasse(m) mais bem avaliada(s).
38
2.3.2 A Família ELECTRE
Os métodos ELECTRE
7
foram originalmente desenvolvidos por ROY
(1985) para incorporar à tomada de decisões uma natureza fuzzy (incerteza e
imprecisão). Pertencem à família dos métodos de desclassificação, de acordo com
tipologia de VINCKE (1992).
O Método ELECTRE I sintetiza as relações de preferência para cada
alternativa, produzindo uma relação de desclassificação entre alternativas. Define
dois tipos de gráficos: o de preferência forte e o de preferência fraca. Para se elaborar
o primeiro gráfico são selecionados altos valores de c (índice de concordância)
8
e
baixos valores de d (índice de discordância)
9.
Para o segundo gráfico utiliza-se o
procedimento inverso (DUCKSTEIN e BOGARDI 1988).
O Método ELECTRE II pode ser considerado extensão do ELECTRE I,
vez que utiliza os dois gráficos obtidos no ELECTRE I para realizar uma ordenação
completa das alternativas. Nesse caso se observam o teste de concordância (medida
de concordância) e o teste de não-concordância (medida de discordância). Entretanto,
diferentemente do método ELECTRE I, o decisor define duas relações de
desclassificação extremas: de forte e de fraca afinidades, utilizadas na construção de
dois gráficos necessários à obtenção da classificação das alternativas
(GOICOECHEA e col. 1982).
O gráfico de forte preferência é sempre um subgráfico do de fraca
preferência, mas a distinção entre uma e outra deve ser feita para assegurar a
completa classificação das alternativas (FRICKE e col. 1989), objeto do método
7
ELECTRE - Elimination and (et) Choice Translating Reality (Tradução da Realidade por
Eliminação e Escolha)
8
O índice de concordância de quaisquer das ações a e b é a ponderação do número de critérios para os
quais a ação a é preferível ou indiferente à ação b (DUCKSTEIN e BOGARDI 1988). Os pesos
utilizados para ponderar os diferentes critérios, relacionados ao processo de decisão, expressam a
estrutura de preferência do decisor.
9
Para definir o índice de discordância, compara-se o nível de desconforto para ir de um nível a outro
de um critério, com o desconforto de ir de um nível a um outro, considerando-se um outro critério.
Essas comparações são realizadas num intervalo de uma escala (comum para todos os critérios)
previamente definida pelo decisor.
39
ELECTRE II.
O uso dos métodos multicritério ELECTRE I e II em modelo de
planejamento multiobjetivo para a região metropolitana de São Paulo é apresentado
por BRAGA e col. (1998). Exemplos da utilização do método ELECTRE I na
seleção de processos de tratamento de esgotos são citados por SOUZA e FOSTER
(1996).
O Método ELECTRE III (ROY 1985) baseia-se em comparações entre
alternativas para eliminar as menos vantajosas e indicar as mais preferidas conforme
a maioria dos critérios, sem produzir níveis inaceitáveis de descontentamento em
algum critério julgado importante.
É uma técnica de auxílio multicritério à decisão, de caráter quantitativo,
que classifica, de forma hierarquizada e em ordem decrescente de preferência, as
diversas alternativas para solução de um problema com um decisor. Quando há mais
de um decisor, o método ELECTRE III pode ser utilizado, desde que se adotem
hipóteses referentes ao peso de cada um dos decisores ou à existência de critério ou
função de compromisso (CORDEIRO NETTO e col. 1993). Permite mais de uma
alternativa num mesmo patamar de ordem, tendo em vista a característica da
indiferença (VINCKE 1992). Esse método utiliza tanto dados qualitativos quanto
quantitativos e em diferentes escalas.
O ELECTRE III considera que quando o decisor necessita comparar duas
ações pode reagir por uma destas formas: preferência por uma, indiferença entre elas,
recusa ou incapacidade de compará-las. Essas relações são traduzidas por situações
de preferência, indiferença e incomparabilidade (VINKE 1992). São definidos assim,
neste método, os limiares p, q e v, como já discutido. Ele requer mais parâmetros
para gerar a ordenação dos tópicos. Para cada critério se define um peso e um
sentido de preferência: crescente (quanto maior o valor, melhor a avaliação do
critério) ou decrescente (quanto menor o valor, melhor a avaliação do critério).
A escala de definição dos pesos não é importante no Método ELECTRE
III, pois esses valores são convertidos em seus equivalentes percentuais
40
(referenciados ao somatório total dos pesos) (PIRES e col. 2003).
O início do processo de comparação utilizado por esse método dar-se-á a
partir de cada par de alternativas (a,b), de modo a verificar-se um nível de
credibilidade da afirmação: a é tão bom quanto b (DUCKSTEIN e col. 1994). Dessa
forma calcula-se o índice de concordância ci
m
(a, b) entre alternativas, para se
construir uma matriz para cada critério i
m
(CORDEIRO NETTO e col. 1993). Esse
índice é obtido a partir das relações seguintes, ilustradas na Figura 2.3.
ci
m
(a, b) = 0 se i
m
(a) + p (i
m
(a)) = i
m
(b)
ci
m
(a, b) = 1 se i
m
(a) + q (i
m
(a)) < i
m
(b)
Se i
m
(a) + q (i
m
(a)) < i
m
(b) < i
m
(a) + p(i
m
(a)) ci
m
(a, b) é
linear.
Um índice global de concordância para cada par de ações (a, b) é
calculado a partir de uma média dos índices de concordância para cada critério,
ponderada pelos pesos dos critérios. O resultado dessa fase é uma Matriz de
Concordância Global, que considera comparações entre alternativas (duas a duas) e
pesos dos critérios atribuídos pelos agentes decisores.
Figura 2.3. Variação do índice de concordância. Fonte: SKALKA e col. 1992
41
Para traduzir em que medida o critério i
m
refuta a asserção “a é tão bom
quanto b”, foi definido o índice de discordância di
m
(a,b). A Figura 2.4 apresenta a
variação desse índice, expresso pelas relações abaixo:
di
m
(a,b) = 0 se i
m
(a) + p (i
m
(a)) < i
m
(b)
di
m
(a,b) = 1 se i
m
(a) + v (i
m
(a)) = i
m
(b)
Se i
m
(a) + p(i
m
(a)) < i
m
(b) < i
m
(a) + v(i
m
(a)) di
m
(a, b) é linear
O resultado desta fase é a Matriz de Discordância para cada critério em
questão. Levam em conta apenas comparações entre alternativas (duas a duas).
Figura 2.4 Variação do índice de discordância. Fonte: SKALKA e col. 1992
Os índices de concordância e de discordância combinam-se para definir o
índice de credibilidade, de acordo com procedimento detalhado em CORDEIRO
NETTO e col. (1993). O índice de credibilidade é o próprio índice de concordância
c
im
(a,b), quando nenhum dos índices de discordância d
im
(a,b) para cada critério é
maior que c
im
(a,b). Quando isso acontece, o índice de credibilidade será
progressivamente diminuído, quanto maior o número de critérios em que ocorrerem
discordâncias.
A etapa final do Método ELECTRE III é a produção de uma
hierarquização de alternativas a partir da Matriz de Credibilidade. Nessa etapa, o
42
Método ELECTRE III utiliza os procedimentos de destilação ascendente e
descendente na qualificação das alternativas, como discutido em MAYSTRE e col.
(1994).
De acordo com BORKEN (2005), um só critério de escolha, seja a
maximização de vantagens ou a minimização de desvantagens, é suficiente para
decidir entre dois casos em uma análise multicritério. Uma alternativa será preferível
a uma outra se e apenas se:
existem argumentos suficientes em favor da primeira alternativa em
relação à segunda;
não existem oposições significativas ou veto contra a primeira
alternativa, relativamente à segunda.
O método ELECTRE IV é considerado de estrutura mais simples que os
anteriores. Diferentemente do ELECTRE III, não utiliza pesos para os critérios e
assume que a estrutura de preferência não deve ser baseada no maior ou menor nível
de importância do critério. Neste não existe uma base atribuída a cada critério, nem
noções de concordância e de discordância. Utiliza, como o ELECTRE III, os
pseudocritérios, ou seja, critérios associados a um limiar de preferência estrita e um
limiar de indiferença (MAYSTRE e col. 1994).
O método ELECTRE TRI (ROY 1985; YU e ROY 1992) classifica as
alternativas para solucionar um problema, por meio da comparação de cada ação
potencial com uma referência estável (padrão/ações de referência). Em realidade, as
ações de referência são ações fictícias, definidas para delimitar as diversas
categorias. No caso, cada categoria está limitada inferior e superiormente por duas
ações de referência e cada uma dessas ações serve de limite a duas categorias, uma
superior e outra inferior (YU e ROY 1992 e MAYSTRE e col. 1994).
A Figura 2.5 ilustra graficamente esses processos. Conhecidas as ações
de referência b
0
, b
1
, b
2
, ......, b
h
e os critérios i
1
, i
2
, ....., i
n
, definem-se as categorias
E
1
, E
2
, ....., E
m
. Para um dado critério i
m
, a ação a seria alocada em uma determinada
categoria em função de sua avaliação g
im
(a). Na figura em questão, por exemplo, a
43
ação a sob o critério i
2
aloca-se à categoria E
2
em função de sua avaliação g
j2
(a).
Figura 2.5 - Ações de referência (b), critérios (i) e categorias (E) no
ELECTRE TRI. Fonte: YU e ROY (1992)
2.3.3 Aplicações do Método ELECTRE III nas áreas de recursos hídricos e de
meio ambiente
O Método ELECTRE III, ao incorporar a imprecisão e a incerteza
inerentes ao processo de tomada de decisão, tem larga utilização nas áreas ambiental
e de recursos hídricos. Nestas áreas, os processos de decisão caracterizam-se por
utilizar variada gama de critérios e de decisores. Os critérios muitas vezes se
relacionam a problemas com valores economicamente intangíveis. Logo, nem
sempre são associados às questões custo-benefício e custo-efetividade. Os decisores
pertencem às mais variadas áreas da sociedade como: governo, sociedade civil, setor
empresarial e universidades.
As regulamentações das áreas de meio ambiente e de recursos hídricos
incentivam a participação da sociedade no processo de tomada de decisão de
empreendimentos e atividades. Dessa forma, torna-se imperativa a inserção desses
atores nesse processo.
44
SOUZA e col. (2001) acreditam que técnicas de auxílio à decisão podem
ser utilizadas com sucesso no planejamento ambiental, que envolve aspectos
relacionados a diversos níveis de incerteza e às dificuldades em identificar decisores
e estruturar alternativas. Estas apresentam, muitas vezes, uma combinação de ações
com vários horizontes de planejamento. Essa variada gama de aspectos pode ser
incorporada, por exemplo, no Método ELECTRE III.
O Método ELECTRE III pode contribuir na Avaliação Ambiental
Estratégica (AAE) - que é um tipo de planejamento - e pode ser utilizado quando
existirem dados qualitativos e quantitativos e em diversas unidades. O método
também hierarquiza as alternativas para uma análise quantitativa posterior
(BORKEN 2005). O autor utilizou este método para verificar o desempenho
ambiental de alternativas de transporte na Europa. Ele propõe essa abordagem como
primeira hierarquização de alternativas, no contexto da Avaliação Ambiental
Estratégica. A partir da primeira hierarquização se identificam opções e abordagens
merecedoras de investigações detalhadas.
KANGAS e col. (2001) utilizaram o Método ELECTRE III no processo
de tomada de decisão para o gerenciamento de recursos naturais, baseado em um
processo real de planejamento estratégico de recursos naturais na Finlândia. A
simulação de um processo decisório de escolha de um sítio para se construir uma
barragem na França utilizou o ELECTRE III (CORDEIRO NETTO e col. 1993).
HARADA (1999), SOUZA e col. (2001) e PIRES e col. (2003) realizaram trabalhos
na área de saneamento ambiental com o uso do Método ELECTRE III. GENERINO
e CORDEIRO NETTO (1997) e GENERINO (1999) utilizaram o ELECTRE III na
avaliação de auditorias ambientais em estações de tratamento de efluentes do Distrito
Federal.
2.3.4 Uso de métodos de auxilio à decisão em reúso de água
A maioria dos potenciais programas de reúso envolvem escolhas entre
sistemas com diferentes impactos econômicos e ambientais de vários níveis de
45
importância para muitos segmentos. É necessário então definir o porquê da escolha
de um determinado programa de reúso. As informações utilizadas no processo
servirão de base para o programa de informação do público. Sem essa etapa, os
programas de reúso não serão capazes de resistir a um exame minucioso do público,
e a probabilidade de fracasso aumenta. Somente após se estabelecer o porquê, as
variáveis quem e como poderão ser verdadeiramente determinadas (EPA 2004).
Os métodos de auxílio à decisão facilitam o processo de escolha de
alternativas e foram utilizados por AHMED e col. (2002) e SIPALA e col. (2000) em
casos de reúso de água. AHMED e col. (2002) desenvolveram, no Egito, um sistema
inteligente de apoio à decisão quanto à escolha do melhor esquema para tratamento e
reúso da água de drenagem agrícola. A abordagem foi aplicada em dois estudos de
casos; os resultados indicaram que a metodologia pode ser utilizada como ferramenta
de suporte à decisão para planejamentos integrados e numa maior área geográfica.
SIPALA e col. (2000) desenvolveram um sistema de suporte à decisão que
interage com o usuário para se avaliarem alternativas de tratamento de efluentes e
opções de reúso. O sistema faculta obter as informações necessárias a um estudo de
exeqüibilidade, a partir da alternativa de reúso escolhida. Contém estas informações:
leis e diretrizes internacionais que regulamentam o reúso; qualidade da água de reúso
para cada alternativa; tecnologia necessária para se obter a qualidade requerida para a
água de reúso; custos (inclusive de manutenção e de operação). Avaliações
suplementares, entretanto, devem ser realizadas a partir de considerações locais
como disponibilidade de recursos hídricos e taxas a pagar.
Para a localização dos consumidores de água de reúso, ZANETTI e col.
(2000) traçaram um raio de 6 km em um mapa de uso do solo. O raio tinha como
centro a estação de tratamento de esgoto Po Sangone , ao Norte da Itália, sem haver
justificativas dos autores quanto à escolha desse raio.
Critérios para análise de projetos de reúso na agricultura foram
sistematizados em uma matriz por BIAWAS (1988) citado por HESPANHOL (2002
e 2003).
46
3 METODOLOGIA
3.1 Introdução: Tipo de Estudo e Etapas
Este estudo é analítico-descritivo. Suas etapas de desenvolvimento são:
levantamento bibliográfico
caracterização da área de estudo
definição das alternativas e critérios de reúso
aplicação do Método ELECTRE III
apresentação e discussão dos resultados
avaliação do trabalho desenvolvido
O levantamento bibliográfico, essencial à delimitação do problema e ao
desenvolvimento da fundamentação teórica, compreendeu assuntos relacionados à
crise da água, ao reúso e a métodos multicritério de auxílio à decisão. Foi
apresentado no Capítulo 2.
A caracterização da área de estudo encontra-se no item 3.2 e abrangeu os
temas: condicionantes físicos, bióticos e populacionais; consumo de água, geração e
tratamento de esgotos; e informações do Plano Diretor de Água e Esgotos do DF
(PDL-2000).
Análise de relatórios de monitoramento (período 2000 a 2002),
identificação das vazões de reúso, levantamento das características físico-químicas e
coliformes fecais dos efluentes tratados e visitas técnicas às ETEs constituíram as
etapas para caracterizar as ETEs do Distrito Federal. O resultado dessa etapa
encontra-se no capítulo seguinte.
47
Durante as visitas técnicas se utilizou o formulário (Anexo I). Além dos
dados pessoais do entrevistado, solicitavam-se estas informações:
principais problemas operacionais
existência de dispositivo de medição de vazão:
o entrada do efluente e n.º de medições/d:
o saída do efluente e n.º de medições/d:
vazão do efluente tratado (quando foi determinada e valores
encontrados)
existência (ou não) de contribuição de efluente industrial
local onde se realizam análises físico-químicas e de coliformes
fecais, para se monitorar as ETEs
existência (ou não) da prática do reúso do efluente no interior da
ETE (em caso positivo, informar os locais de utilização)
uso do solo nas imediações da ETE
Para definição das áreas potencialmente mais adequadas à utilização da
água de reúso foram sobrepostos os mapas de Uso e Ocupação do Solo (CAESB e
MEL 2004) e de Zoneamento Hidrogeológico do Distrito Federal (CAMPOS e
FREITAS-SILVA 1998a). Devido à especificidade deste assunto, esta etapa foi
realizada com apoio de uma especialista em geoprocessamento de imagens. O item
3.3 traz detalhes da etapa.
No trabalho com o ELECTRE III considerou-se a participação de
possíveis decisores representantes de instituições e entidades que poderiam inserir-se
num caso real de tomada de decisão quanto ao reúso de água no DF. Fez-se a
aplicação do método ELECTRE III com apoio de especialista. A autora deste
trabalho forneceu os dados de entrada do método.
Encontra-se no item 3.4 um detalhamento da metodologia utilizada para
uso do Método ELECTRE III.
48
3.2 Caracterização da Área de Estudo
O Distrito Federal (DF) localiza-se numa das regiões mais elevadas do
Centro-Oeste brasileiro, o Planalto Central, que tem topografia suave e altitude
máxima de 1.400m. Sua área de 5.789,16 km
2
equivale a 0,06% do território
nacional. Ao Norte e ao Sul é limitado por linhas retas com o Estado de Goiás. A
Oeste limita-se com vários municípios de Goiás; a Leste com Unaí, do Estado de
Minas Gerais, e com Formosa, de Goiás (SEDUH 2000). A Figura 3.1 apresenta sua
localização no território brasileiro. A estrutura político-administrativa do DF
compreende vinte e oito Regiões Administrativas (RAs). As RAs mais importantes
estão na Figura 3.2.
Figura 3.1 - Mapa de localização do Distrito Federal no Brasil. Fonte: CODEPLAN
(1991)
O Distrito Federal apresenta distintas fases na sua evolução demográfica,
particularmente quanto ao ritmo de crescimento da população. Com as obras de
construção de Brasília iniciou-se intenso fluxo migratório, devido à nova frente de
trabalho. Entre 1957 e 1960 registraram-se taxas anuais de crescimento em torno de
120%. Passaram a declinar nos anos subseqüentes (CAESB e MEL, 2004).
49
Figura 3.2 Mapa de dezenove Regiões Administrativas do Distrito Federal. Fonte: CODEPLAN 1991
50
A Figura 3.3 mostra a evolução do crescimento populacional do Distrito
Federal (1957 a 2000) e projeções para os anos de 2010, 2020 e 2030.
0
500
1.000
1.500
2.000
2.500
3.000
3.500
1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020 2030
Tempo / Anos
População / mil habitantes
Figura 3.3 - Evolução do crescimento populacional do Distrito Federal, período de
1957 a 2000; e projeções dos anos 2010, 2020 e 2030. Fontes: Para o período de 1957 a
1991 (dados do IBGE citados por CAESB e MEL 2004). Para o ano 2000 (SEDUH 2002) e
para as projeções de 2010, 2020 e 2030 (CAESB e MEL 2004).
Segundo dados do SEDUH (2002), a população residente no DF, em
2000, era de 2.051.146 habitantes, apresentando crescimento de 3,01% ao ano para o
período de 1996 a 2000. Neste período, as RAs Riacho Fundo e Recanto das Emas
tiveram taxas de crescimento populacional anuais muito elevadas, que foram,
respectivamente, de 17,98% e de 15,92% ano.
Ressalta-se que a taxa de crescimento populacional no Brasil, na década
de 90, foi de 1,63% e com indicação de queda para as décadas seguintes (IBGE
2003). Esse crescimento é ainda elevado. Nos países industrializados, por exemplo, o
crescimento populacional nessa década foi de apenas 0,3% ao ano (SALOMON e
col. 1993).
Desta forma, observa-se que a taxa de crescimento populacional no DF,
apesar de ter declinado desde a sua fundação, ainda é elevada.
O Distrito Federal insere-se integralmente no bioma Cerrado e possui
51
várias unidades de conservação. A criação das primeiras unidades data da
inauguração de Brasília. Em 1960 foi instituído o Parque Nacional de Brasília, a fim
de proteger os mananciais de abastecimento do Plano Piloto (CAESB e MEL 2004).
Brasília possui cerca de 4 milhões de árvores, 50 milhões de m
2
de gramados e 168
mil m
2
de áreas ajardinadas, distribuídas em 884 canteiros ornamentais
(ALENCAR
10
2004).
Os serviços de implantação, manutenção e conservação dessas áreas são
realizados pela Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil NOVACAP,
uma sociedade de economia mista subordinada à Secretaria de Infra-Estrutura e
Obras do Governo do Distrito Federal, que dispõe de tecnologia própria e frota de
máquinas, veículos e equipamentos necessários para executar suas atribuições.
O mapa constante da Figura 3.4 apresenta os atuais usos e ocupações do
solo do DF: agricultura (e áreas com pivô central), reflorestamento, pecuária, espaço
urbano consolidado, loteamento irregular, indústrias/abatedouros, campo
(limpo/sujo/úmido), cerrado (sentido restrito), mata galeria, floresta (cerradão/mata
mesofítica) e lagos/lagoas/reservatórios. A escala de mapeamento é de
1:50.000.Como pode se observar, a agricultura tem uma importância significativa no
DF. Além disso, com o crescimento da população, encontra-se em forte expansão.
Do total da população do DF, 1.961.499 hab encontravam-se em área
urbana (95,63%) e 89.647, em área rural (4,37%). As áreas urbana e rural ocupam,
respectivamente, 4,41% e 95,59% do território. As áreas rurais mais extensas estão
situadas em Planaltina, Paranoá, Sobradinho e Brazlândia (SEDUH 2000).
Em termos de bacia hidrográfica, a que concentra a maior atividade
agrícola é a do Rio Preto. A Figura 3.5 apresenta o mapa de bacias hidrográficas do
Distrito Federal. A atividade industrial não é significativa, sendo a maioria de suas
indústrias de extração mineral, de produtos alimentícios e de bebidas (SEDUH
2000).
10
Alencar FAC. Irrigação de Gramados e Jardins no Distrito Federal. Comunicação Pessoal. Brasília,
2004 Out.
52
Figura 3.4 Mapa de uso e de ocupação do solo do Distrito Federal. Fonte: CAESB e MEL (2004)
53
Figura 3.5 Mapa de bacias hidrográficas do Distrito Federal. Fonte: CAMPOS e FREITAS-SILVA (1998a).
54
De acordo com a classificação de Köppen, o clima do Distrito Federal é
tropical e as precipitações pluviométricas concentram-se no verão. O período mais
chuvoso está entre novembro e janeiro, enquanto o período seco ocorre no inverno,
especialmente nos meses de junho a agosto. De 1990 a 1999, registraram-se as
temperaturas mínimas e máximas absolutas de 7ºC e 33,7ºC (SEDUH 2000).
A precipitação pluviométrica média da região é de 1.443mm e a
evaporação potencial média anual é de 1.768mm (CAESB e MEL 2004). As normais
de umidade relativa do ar, para a Estação Brasília, oscilam entre 50% a 80%,
aproximadamente.
O sistema hidrológico é caracterizado por cursos d’água que apresentam
características típicas de drenagem de área de planalto, onde são freqüentes os
desníveis e os vales encaixados (CAESB e MEL 2004).
A rede de drenagem é predominantemente constituída por cursos d’água
perenes, de pequena vazão, distribuídos em sete bacias hidrográficas: São
Bartolomeu, lago Paranoá, Descoberto, Maranhão, Preto, Corumbá e São Marcos.
Esses rios constituem sub-bacias de três grandes sistemas hidrográficos brasileiros,
conforme a Tabela 3.1.
Tabela 3.1 - Regiões e bacias hidrográficas no Distrito Federal
Região hidrográfica Bacias
Paraná rio Bartolomeu, lago Paranoá, rio Descoberto, rio Corumbá, rio São
Marcos
São Francisco rio Preto
Tocantins rio Maranhão
Fonte: Companhia do Desenvolvimento do Planalto Central CODEPLAN
Diretoria Técnica, citado por SEDUH(2000).
As bacias do rio São Bartolomeu, do rio Preto, do rio Descoberto e do rio
Maranhão drenam cerca de 95% do território. Dessas, a do São Bartolomeu é a
maior, com aproximadamente 50% da área total, equivalente a 2.864,05 km
2
. A bacia
55
do rio Preto ocupa 23% da área total e drena 1.343,75 km
2
; a do Descoberto, com
14% da área total, drena 825,0 km
2
; a do rio Maranhão, com 13% da área, drena
750,0 km
2
(CODEPLAN 1999 citada por CAESB e MEL 2004).
A disponibilidade anual de água no Distrito Federal é de 1.555 m
3
/hab
(TUNDISI 2005), encontrando-se no patamar de estresse hídrico periódico e regular.
O gerenciamento dos recursos hídricos do Distrito Federal é tratado na Lei nº 2.725,
de 13.06.2001, que instituiu a Política de Recursos Hídricos do Distrito Federal e
criou o Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos do Distrito Federal. A
Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos SEMARH é o órgão responsável
pela formulação dessa política. Sua implementação é de competência da Agência
Reguladora de Águas e Saneamento do Distrito Federal ADASA, criada pela Lei
n° 3.365, de 16.06.2004.
Os problemas ambientais mais evidentes no Distrito Federal são:
contaminação das águas provocadas por lançamento de esgotos
domésticos sem tratamento
11
, agrotóxicos usados de modo
inadequado e efluentes de origem animal (suinocultura)
erosão e assoreamento devido a descontrolado desmatamento,
inclusive em áreas de preservação permanente, matas de galeria,
veredas e nascentes (SEDUH 1995)
Esses problemas se traduzem em impactos ambientais, acarretando
impactos econômicos e sociais na região do Distrito Federal.
O Mapa de Zoneamento Hidrogeológico, ou mapa de sensibilidade dos
aqüíferos (CAMPOS e FREITAS-SILVA 1998a), constante da Figura 3.6, trata, de
forma integrada, de questões técnicas relacionadas com a solos, geologia,
hidrogeologia, geomorfologia. Objetiva identificar as áreas onde a vulnerabilidade
natural de contaminação dos aqüíferos pode contribuir no planejamento do uso do
solo (CAMPOS e FREITAS-SILVA 1998b). Esse mapa subdivide-se em quatro
11
Em 1995 não existiam as ETEs Gama e Melchior. Com o funcionamento pleno dessas duas ETEs,
todo o esgoto coletado é tratado (CAESB 2002b).
56
classes de vulnerabilidade: elevada, moderada, mediana e baixa, cujas características
são apresentadas na Tabela 3.2.
Tabela 3.2 Classes geradas no Mapa de Zoneamento Hidrogeológico e suas
características
Classes de
vulnerabilidade à
contaminação
Características
Elevada
Correspondem à região dos aqüíferos com vazões médias
superiores a 12.000 litros por hora e onde a incidência de poços
secos ou com baixa vazão é muito baixa. A forma de relevo
mais comum é caracterizada por uma morfologia plana a
suavemente ondulada, com declividades raramente superiores a
5%. Possui solos bastante permeáveis, que condicionam
excelentes regiões de recarga regionais.
Moderada
Representa áreas com vazões médias entre 7.000 e 12.000 litros
por hora. O número de poços secos já é mais elevado. A
paisagem é geralmente marcada por relevo com declividade
superior a 15% e mais localmente por chapadas rebaixadas. Os
solos são variados, compostos por latossolos espessos ou
cambissolos mais delgados.
Mediana
Compõe os aqüíferos com vazões entre 4.500 e 7.000 litros por
hora associados a pequena incidência de poços secos. Nessa
região pode-se observar relevos movimentados com altas
declividades; em áreas mais restritas há relevos mais planos. Os
solos podem ser diferenciados em dois grupos, sendo em
algumas áreas mais espessos (latossolos argilosos vermelhos) e
noutras mais delgados (cambissolos amarelos).
Baixa
Comporta os aqüíferos com vazões médias inferiores a 4.500
litros por hora. É a região com maior ocorrência de poços
tubulares secos ou com vazões muito limitadas. As coberturas
podem ser marcadas por latossolos argilosos espessos, ou por
cambissolos num relevo moderadamente ondulado.
Fonte: CAMPOS e FREITAS-SILVA 1998b.
57
Figura 3.6 Mapa de Zoneamento Hidrogeológico do Distrito Federal. Fonte: CAMPOS e FREITAS-SILVA 1998a.
58
Embora considerando que a atividade industrial no território não é
significativa, a demanda por recursos hídricos acentuou-se nos últimos anos, devido
ao crescimento substancial da população.
A Tabela 3.3 apresenta a distribuição de água no Distrito Federal.
Tabela 3.3 - Distribuição de água no Distrito Federal
(a)
População Regiões Administrativas
RAs Total
(Nº habitantes)
(b)
Consumo de água per
capita
(c)
(L/hab/dia)
I Brasília 389,71
II Gama 151,90
III Taguatinga 200,54
IV Brazlândia 102,33
V Sobradinho 163,51
VI Planaltina 133,72
VII Paranoá 92,55
VIII Núcleo
Bandeirante
266,65
IX Ceilândia 114,96
X Guará 216,52
XI Cruzeiro 245,61
XII Samambaia 126,04
XIII Santa Maria 121,81
XIV São Sebastião 120,89
XV Recanto das Emas
202,15
XVI Lago Sul 509,39
XVII Riacho Fundo 259,63
XVIII
Lago Norte 381,16
XIX Candangolândia 147,51
Distrito Federal
242.001
143.492
261.144
55.694
118.943
135.045
54.705
37.101
401.780
121.697
66.507
182.709
101.449
51.760
60.031
34.792
24.948
30.933
16.221
2.140.952
192,51
Fonte: CAESB (2002b)
(a) não se encontram disponíveis informações sobre as nove mais novas regiões
administrativas. Essas dezenove RAs, porém, englobam todo o DF; (b) SEDUH
(2002) e (c) Calculado em função dos dados fornecidos pela CAESB (2002b),
referentes a % de atendimento da população do DF com água potável e volume de
água fornecido a essa população (média mensal de 2002). O dado da população
considerado nesse cálculo foi o da SEDUH (2002).
59
A CAESB é a empresa responsável por abastecimento de água e
esgotamento sanitário no Distrito Federal. Os índices de atendimento à população
com serviços de abastecimento de água, coleta e tratamento de esgoto são 92,66%
12
(CAESB 2002b) e 87,29% e 66%
13
(CAESB 2002a).
Para atender a população, por meio da produção, reservação e distribuição
de água potável, essa companhia dispõe de cinco sistemas produtores, oito estações
de tratamento de água e oito unidades de tratamento simplificado. A qualidade dessas
águas varia de muito boa a ótima (Sistema Santa Maria/Torto)
14
a boa e muito boa
(Sistemas Descoberto, Sobradinho/Planaltina e Brazlândia)
15
. A qualidade de água
do Sistema São Sebastião não foi informada (CAESB 2002 b).
Contudo, o Sistema de Abastecimento de Água da CAESB está bastante
próximo de seu limite de atendimento. O Sistema Integrado Rio Descoberto abastece,
atualmente, cerca de 66% da população do Distrito Federal. Os Sistemas de
Sobradinho e Planaltina apresentam déficit. Este último abastece uma região com
baixa disponibilidade hídrica e em franca expansão populacional. O Sistema de
Brazlândia está sobrecarregado. Afora isso, todos os mananciais passíveis de
aproveitamento ficam fora do Distrito Federal (CAESB e MEL 2004). O
abastecimento de água de Paranoá encontra-se no limite de sua capacidade. A
CAESB atualmente elabora projeto para aumentar a capacidade de transferência de
água do Sistema Santa Maria/Torto para o Paranoá CAESB (2002c).
A irrigação apresenta forte expansão e requer elevada quantidade de água.
A área cultivada no Distrito Federal ultrapassa os 120 mil de hectares, dos quais mais
de 17 mil são irrigados. A Tabela 3.4 apresenta as áreas cultivadas e irrigadas, bem
como a respectiva demanda de água dessas atividades.
12
A população total considerada pela CAESB para essa avaliação foi de 2.141.952 de habitantes.
13
Do efluente coletado. Com o pleno funcionamento das ETEs Gama e Melchior, todo esgoto
coletado é tratado.
14
O Índice de Qualidade da Água IQA desse sistema varia de 80 a 100. O IQA considera os
parâmetros coliformes totais, turbidez, cor, amônia, ferro total, cloreto, pH e DQO; e varia de 0 a 100
(águas de qualidade totalmente impróprias a ótimas).
15
O IQA desse sistema varia de 52 a 90.
60
Tabela 3.4 - Áreas cultivadas e irrigadas e tipo de irrigação no Distrito Federal
Tipo de cultura Área cultivada
(ha)
Área irrigada (ha) % área
irrigada
Demanda de água
(L/s) (2)
Tipo de irrigação
Hortaliças
6.785,35
5.420,67
79,89
3.252,40
Localizada, aspersão/sulcos
Frutíferas
2.214,37
650,00
29,35
390,00
Localizada, aspersão
Grandes culturas (1)
112.762,00
11.126,00
9,87
6.675,60
Localizada, pivô central
Total 121.761,72 17.196,67 14,12 10.318,00
Fonte: EMATER(2004a)
(1) Grandes culturas - feijão, milho, soja, café, trigo; (2) segundo CAESB e MEL (2004), no DF a quantidade de água necessária por ha
é 1,2 L/s x ha. Como a irrigação não ocorre nas 24 horas do dia, arbitrou-se o valor de 0,6 L/s x ha.
61
Os canteiros ornamentais, localizados principalmente no Plano Piloto e
nos setores Lago Sul e Lago Norte, são irrigados apenas no período de seca.
Consomem a vazão máxima de 1,68 milhão de litros de água por dia. Destes, cerca
de 1,5 milhão de L/dia provêm de um pequeno manancial de água de excelente
qualidade, o Córrego Acampamento; 0,18 milhão de L/dia são captados de outros
mananciais. Este volume de água é utilizado para irrigar 168.000m
2
de canteiros
ornamentais. Os gramados normalmente não são irrigados, exceto os de palácios e
principais edifícios públicos (ALENCAR 2004). A irrigação de canteiros feita por
caminhões-pipa, que se deslocam de 15 km a 20 km do ponto de captação do córrego
Acampamento. Na irrigação dos jardins do Balão do Aeroporto e de áreas adjacentes
são utilizadas águas do Riacho Vicente Pires, mais próximo desses jardins.
A água subterrânea no Distrito Federal é utilizada em abastecimento
urbano, abastecimento rural (uso doméstico, irrigação, dessedentação animal,
limpeza das instalações), área de serviços (postos de serviços, garagens, oficinas,
escolas, motéis, hotéis e clubes) e indústria. A cidade-satélite São Sebastião é
totalmente abastecida por águas de poços tubulares (CAESB e MEL 2004).
Fatores como crescimento populacional, altos níveis de consumo de água
pela população, baixa disponibilidade de água e rios de pequena vazão são
indicativos da necessidade de aumento da demanda por água no Distrito Federal. O
instrumento que norteia previsões quanto a abastecimento de água no DF é seu Plano
Diretor de Água, Esgotos e Controle de Poluição Hídrica (PLD), concluído em 1990.
Por estar desatualizado, foi revisado. A versão final foi apresentada à sociedade em
2004 (CAESB e MEL 2004).
Esse novo Plano, denominado de PLD 2000, tem como foco estudar e
hierarquizar alternativas de pequeno, médio e grande portes para o futuro
abastecimento de água do DF e suas implicações no esgotamento sanitário. O
horizonte de projeto é o ano de 2030, tendo início em 2000. Engloba os núcleos
urbanos e industriais existentes e projetados no DF. Na sua elaboração foram
consideradas as previsões de expansão segundo o Plano Diretor de Ordenamento
62
Territorial do Distrito Federal - PDOT
16
e os Planos Diretores Locais. Os cenários-
marco do plano são os anos de 2000, 2010, 2020 e 2030. Suas alternativas abrangem
as demandas da Região do Entorno. As projeções de demandas de água foram
definidas a partir das informações dos consumos atuais nas diversas RAs e das
tendências de expansão urbana no Distrito Federal.
Para o cenário de fim de plano (2030) previu-se aproximadamente
3.300.000 habitantes como população urbana a atender, com correspondente
demanda máxima de água de 16.600 L/s (1.382.400 m
3
/dia). As demandas máximas
projetadas nos cenários-marco são apresentadas na Tabela 3.5.
Tabela 3.5 Demandas máximas de água no Distrito Federal: cenários 2010,
2020 e 2030
Tempo / Ano Demanda (L/s)
2010 9.500
2020 13.800
2030 16.600
Fonte: CAESB e MEL (2004)
Do balanço entre a capacidade de suprimento de água e a demanda
projetada no período do Plano Diretor (PDL 2000), concluiu-se que haverá
necessidade de acréscimo de 8.359 L/s de água para atender a demanda até 2030.
Para atendê-la foram analisadas 25 alternativas de captação. A análise considerou o
uso de método multicritério de auxílio à decisão, e os decisores integravam o quadro
técnico e o da alta direção da CAESB. Na alternativa escolhida, a maior oferta de
água provirá do lago Corumbá IV. O empreendimento está sendo construído em
Goiás e dista cerca de 40km do Distrito Federal. Objetiva gerar 127 MW de energia
elétrica, à parte abastecer de água potável o Distrito Federal e seu Entorno. Será
formado pelo represamento do rio Corumbá e águas de rios e ribeirões de Goiás e do
16
O PDOT foi aprovado na Lei Complementar nº 17, de 28.1.1997. Tem como objetivos: realizar o
pleno desenvolvimento das funções sociais da propriedade urbana e rural e o uso socialmente justo e
ecologicamente equilibrado de seu território; preservar e valorizar Brasília como capital da República
e Patrimônio Histórico Nacional e Cultural da Humanidade. Atualmente, está sendo revisado.
63
DF. O rio Alagado (um deles) e vários de seus formadores passam na região do
Distrito Federal e apresentam-se contaminados por efluentes e drenagens.
Apesar das medidas já adotadas e planejadas pela CAESB
17
para conter
os problemas decorrentes do aporte de nutrientes, há grande probabilidade de
ocorrência de eutrofização no lago Corumbá IV, particularmente nos braços Alagado
e Descoberto. Sob menor risco de eutrofização no lago Corumbá IV sobressaem
como mananciais mais favoráveis os braços do rio Areias e do próprio Corumbá.
Conforme a alternativa escolhida, a captação da CAESB dar-se-á no braço do rio
Areias.
As vazões demandadas para irrigação não foram consideradas na
formulação de alternativas para o abastecimento de água do DF. Analisaram-se as
necessidades de água de irrigação para demonstrar que o potencial hídrico
disponível, segundo as alternativas do Plano Diretor, é suficiente apenas para atender
as necessidades da CAESB.
Quanto ao tratamento de esgoto, a CAESB utiliza quinze ETEs,
beneficiando cerca de 66% dos efluentes coletados. Os índices de coleta e de
tratamento por RA são apresentados na Tabela 3.6. Os índices de coleta variam de
36,52% (Lago Norte) a 100% (Cruzeiro). A Tabela 3.7 relaciona as ETEs do DF e
apresenta dados sobre vazão média de projeto, tipo de tratamento, corpo receptor dos
efluentes tratados e bacia hidrográfica.
17
A CAESB implantará tratamentos terciários nas ETEs.
64
Tabela 3.6 - Índices de coleta e de tratamento de esgotos em dezenove Regiões
Administrativas do Distrito Federal
(a)
.
Regiões Administrativas RAs
Índice de coleta
18
(%)
Índice de
tratamento
19
(%)
I Brasília 99,44 100
II Gama 95,65 0 (b)
III Taguatinga 85,91 5 (b)
IV Brazlândia 86,82 100
V Sobradinho 57,64 100
VI Planaltina 52,98 100
VII Paranoá 88,10 100
VIII Núcleo Bandeirante 62,97 100
IX Ceilândia 98,93 0 (b)
X Guará 97,37 100
XI Cruzeiro 100,00 100
XII Samambaia 95,87 100
XIII Santa Maria 90,30 100
XIV São Sebastião 76,98 100
XV Recanto das Emas 87,34 100
XVI Lago Sul 42,23 100
XVII Riacho Fundo 95,77 100
XVIII
Lago Norte 36,52 100
XIX Candangolândia 96,02 100
Total no DF 87,29 66
Fontes: CAESB (2002a)
(a) Os dados das demais RAs não foram encontrados. Entretanto, essas 19 RAs
englobam todo o DF; (b) A partir da plena operação das ETEs Gama e Melchior, o
índice de tratamento passará para 100% (CAESB 2002b).
18
índice de coleta (%) = (população atendida com coleta na RA x 100)/ população total da RA
19
índice de tratamento (%) = volume tratado x 100/ volume coletado (média anual)
65
Tabela 3.7 - Dados sobre as ETEs do Distrito Federal no ano de 2002.
ETEs
Vazão média de
projeto (L/s)
Tipo de tratamento Corpo receptor dos efluentes tratados Bacia Hidrográfica
Sul 1.500 Lodos ativados/remoção nutrientes lago Paranoá braço riacho Fundo lago Paranoá
Norte 911 Lodos ativados/remoção nutrientes lago Paranoá braço rio Bananal lago Paranoá
Brazlândia
(a)
86 Lagoas de estabilização (anaeróbia e
facultativa)
córrego Mato Grande, afluente do rio
Verde/GO
-
Planaltina 256 Reator anaeróbio de fluxo ascendente -
RAFA/lagoas de estabilização (facultativa/alta
taxa/maturação).
ribeirão Mestre d’Armas São Bartolomeu
Vale do
Amanhecer
35 Reator RAFA /lagoas aeradas/lagoa de
maturação.
ribeirão Mestre d’Armas São Bartolomeu
Samambaia 512 Reator RAFA/lagoas de estabilização
(facultativa/alta taxa/maturação).
córrego Gatume/ rio Melchior Corumbá
Santa Maria 154 Reator RAFA/lagoas de alta taxa/disposição
de esgoto no solo.
rio Alagado Corumbá
Alagado 154 Reator RAFA/lagoas de alta taxa/disposição
de esgoto no solo.
rio Alagado Corumbá
São Sebastião
226 Reator RAFA/disposição de esgoto no
solo/lagoas de maturação.
ribeirão Papuda São Bartolomeu
Recanto das
Emas
320 Reator RAFA/lagoas aeradas córrego Vargem da Benção Corumbá
Riacho Fundo
94 Lodos ativados/remoção nutrientes riacho Fundo lago Paranoá
Paranoá 112 Reator RAFA/lagoas de alta taxa/disposição
de esgoto no solo.
rio Paranoá lago Paran
Gama (*) 322 Reator RAFA/lodos ativados/remoção
nutrientes
ribeirão Ponte Alta Corumbá
Melchior (*) 1.469 Reator RAFA/lodos ativados/remoção
nutrientes
rio Melchior Corumbá
Fontes: CAESB 2002d e (*) CAESB e MEL 2004
(a) Efluentes são exportados para o Estado de Goiás.
66
A partir das vazões e tipos de tratamentos apresentados na Tabela 3.7,
observa-se que:
oito ETEs utilizam a lagoa de estabilização como tipo de
tratamento, o que favorece a geração de efluente com qualidade
microbiológica mais adequada
considerando as vazões de projeto, as lagoas de estabilização têm o
potencial de tratar 1.423 L/s, equivalentes a 23% do total;
cinco ETEs possuem tratamento terciário (remoção de nutrientes),
vez que há lançamentos diretos no lago Paranoá ou em rios
existentes a montante dos lagos Paranoá e Corumbá IV
Além das atuais ETEs com processo de remoção de nutrientes, a CAESB
implantará esse nível de tratamento nas ETEs Samambaia, Santa Maria e Alagado,
tendo em vista a implantação do lago Corumbá IV.
Trabalho para avaliar a qualidade de efluentes finais de ETEs, visando à
utilização futura de efluentes tratados em programas de reúso planejado, evidenciou
preliminarmente a possibilidade do reúso de água no DF (SANTOS 2000).
3.3 Definição das Alternativas e Critérios de Reúso
Para se definir as áreas potencialmente mais adequadas à utilização da
água de reúso foram sobrepostos os mapas Uso e Ocupação do Solo (CAESB e MEL
2004) e Zoneamento Hidrogeológico do Distrito Federal (CAMPOS e FREITAS-
SILVA 1998a). Consideradas as características físicas e econômicas locais, assim
como a importância das irrigações agrícola e paisagística, decidiu-se estudar o uso de
água de reúso nessas atividades. Dessa forma, no Mapa Uso e Ocupação do Solo
encontram-se só os usos urbano (áreas consolidadas; não consolidadas) e agrícola.
No Mapa de Zoneamento Hidrogeológico do Distrito Federal (ou Mapa
de Sensibilidade dos Aqüíferos) foram destacadas apenas as vulnerabilidades
67
mediana e baixa, de modo a reduzir os riscos de contaminação dos aqüíferos. Essas
classes de vulnerabilidade já haviam sido utilizadas por ANDRADE (2000) na
identificação de áreas potenciais para serem instalados aterros sanitários no Distrito
Federal. O resultado da sobreposição foi a escolha das melhores áreas para o reúso de
água, na agricultura e na irrigação paisagística.
Para escolher as alternativas foram considerados critérios como
importância agrícola e paisagística para o DF e volume de efluente tratado
(denominado água de reúso). De acordo com HARADA (1999), ressalte-se que caso
haja possibilidade de eliminação inicial de alternativas por prévio conhecimento de
suas desvantagens, poder-se-á dispensar a aplicação de um método específico de pré-
seleção. Essas alternativas tinham como ponto central ETEs anteriormente
selecionadas. Em seguida as ETEs-objeto das alternativas foram alocadas e traçado
um raio de 15km (buffer) em volta delas, a área de influência de cada alternativa.
Avaliação mais apurada do raio a ser utilizado comportaria uma análise
de viabilidade econômica que não é objeto deste trabalho. Ao delimitar as áreas onde
haveria possíveis usuários da água de reúso, GIORDANI (2002) utilizou raios que
variaram de 5km a 15km ao redor de cada ETE. O limite estabelecido neste trabalho
considerou o estudo de viabilidade de reúso do efluente da ETE ABC, em São Paulo,
realizado a pedido da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo
(SABESP). No DF, os caminhões da NOVACAP percorrem 15km a 20km para a
irrigação paisagística (ALENCAR 2004).
A definição dos critérios considerou, entre outros, os dados apresentados
na caracterização do Distrito Federal (item 3.2 desta pesquisa).
3.4 Aplicação do Método ELECTRE III
Após a geração do mapa com a indicação das melhores áreas onde o reúso
pode ocorrer na irrigação agrícola e na paisagística. Definidas as alternativas e
traçadas suas áreas de influência, a autora deste trabalho (denominada analista)
indicou critérios preliminares para avaliar as alternativas e convidou um grupo de
68
decisores (heterogêneo, com diferentes papéis sociais) escolhidos em função da
possibilidade de participarem de um processo real de tomada de decisão quanto a
reúso de água no DF .
O trabalho com os decisores seria realizado em três etapas. A primeira
relacionada à avaliação das escolhas realizadas pela analista quanto a alternativas e
critérios, que poderiam ser desconsiderados e acrescidos. No caso dos critérios, era
também solicitada análise quanto à sua forma de avaliação. Para os critérios
acrescentados solicitar-se-ia indicar sua forma de avaliação. Critérios remanescentes
seriam ponderados. A segunda etapa do trabalho objetivaria consolidar os dados
obtidos (alternativas, critérios e pesos). A apresentação e a avaliação dos resultados
finais do trabalho, que foram gerados a partir do uso do Método ELECTRE III,
comporia a terceira etapa.
Para cada uma das etapas do trabalho com os decisores, previa-se
despender 30 dias. O convite a eles foi por e-mail e telefone. Após o aceite
marcaram-se entrevistas para apresentar-lhes o trabalho. Nas entrevistas foram
entregues: instruções para a primeira etapa do trabalho; mapas (em formato digital),
formulário e os anexos
20
(formato digital e formato impresso). As instruções
informavam sobre: objetivo, metodologia adotada no trabalho e justificativa das
alternativas escolhidas. Os mapas de Uso e Ocupação do Solo e o de Reúso foram
impressos em formato A3 e apresentados durante as entrevistas.
No formulário havia duas seqüências de perguntas antecedidas pelas
informações pessoais do decisor (nome, instituição em que trabalha e profissão). Na
primeira seqüência, cada decisor avaliava o trabalho desenvolvido pela analista ao
indicar alternativas, critérios e forma de avaliação dos critérios. Na segunda, os
decisores foram instruídos a ponderar os critérios, de modo que o somatório fosse 10.
Nesse caso podia ser usado número decimal (uma casa). Caso houvesse inserção de
20
Nesse anexo encontravam-se os dados adicionais sobre as alternativas escolhidas e sobre o DF.
69
critérios, os decisores deveriam também ponderá-los, de modo que o somatório
continuasse sendo 10. Modelo do formulário encaminhado encontra-se no Anexo II.
Escolheu-se essa abordagem por explicitar a importância atribuída por um
decisor a cada critério. Principalmente por impor a todos os decisores estabelecer a
relatividade de cada critério quanto ao grupo de critérios (trade-off).
Foram escolhidos decisores pertencentes a grupos distintos de interesses
que possam participar de um caso real de tomada de decisão quanto à escolha das
melhores alternativas para reúso de água no DF . Os decisores escolhidos foram
divididos em dois grupos: especialistas e agricultores, prováveis usuários diretos de
água de reúso. Os especialistas convidados são técnicos integrantes de instituições
que lidam com as áreas de saúde humana, reúso de água, meio ambiente e
saneamento; e professores universitários com experiência em reúso de água e
métodos multicritério de auxílio à decisão. Os professores fazem parte dos quadros
da Universidade de Brasília e da Universidade de São Paulo. Demais instituições
convidadas:
CAESB e SABESP empresas de saneamento fornecem esgoto
tratado (água de reúso); a participação de técnicos da SABESP trouxe
a experiência deles em fornecimento de esgoto tratado
IBAMA o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis e a SEMARH participam do licenciamento
ambiental no Distrito Federal
FUNASA Fundação Nacional de Saúde e Secretaria de Estado de
Saúde do Distrito Federal: instituições vinculadas à saúde humana e à
ambiental; seus técnicos incorporaram o aspecto saúde ao processo de
tomada de decisão
A relação de todos os decisores convidados encontra-se no Anexo III.
O prazo previsto (30 dias) para finalizar essa etapa estendeu-se a 55 dias,
o que inviabilizou a realização da segunda etapa. Definiram-se então alternativas,
70
critérios e pesos, sem a participação dos decisores. Esses dados foram utilizados no
Método ELECTRE III. A seguir, os pesos atribuídos pelos decisores a todos os
critérios foram somados pela analista. Este valor tornou-se o peso do critério. Os
critérios que tiveram maiores pesos foram selecionados para uso no Método
ELECTRE III.
A escolha dos limiares q, p e v deve ser feita para cada critério e deve
refletir a preferência do decisor. Ideal é ser feita a partir de uma discussão com
diversos decisores. Todavia, considerados tempo e procedimentos necessários à
compreensão desses conceitos pelos entrevistados e a definição dos valores dos
limiares, optou-se por arbitrar valores que poderiam ser aceitos pela maioria dos
decisores que participaram deste trabalho, a juízo da analista. De posse das
alternativas, limiares, critérios e pesos foi aplicado o Método ELECTRE III:
englobando a participação de todos os decisores
com os dados fornecidos pelos agricultores
com os dados apenas dos técnicos
com os dados dos decisores do setor saúde
Na terceira e última fase de trabalho com os decisores fez-se relato sobre
o trabalho desenvolvido e apresentaram-se os resultados em duas tabelas. A primeira
com a relação das alternativas e suas avaliações para os critérios considerados no
trabalho; a segunda com os resultados da aplicação do Método ELECTRE III,
considerando os diversos grupos de decisores. Em seguida foram feitos os
questionamentos abaixo. Ressalte-se que nessa fase o contato com os técnicos foi por
e-mail e telefone. Com agricultores, o contato foi pessoal.
O resultado corresponde à sua expectativa?
Sim Não Em Termos
Justifique se quiser:
71
Os resultados das classificações das alternativas encontram-se
apresentados em forma hierárquica, considerando o posicionamento
dos diversos grupos de decisores. Essa forma de apresentação do
resultado é satisfatória para você?
Sim Não Em Termos
Justifique se quiser:
72
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Este capítulo está estruturado em três partes e se propõe a apresentar e a
discutir os resultados obtidos, a partir da utilização do Método ELECTRE III no
planejamento do reúso de água. Na primeira parte são apresentados e discutidos os
resultados obtidos com a caracterização da área de estudo: o Distrito Federal. A
segunda parte trata da aplicação do Método ELECTRE III e foi subdividida em:
definição das alternativas de reúso, trabalho com decisores e utilização do Método. A
discussão geral dos resultados é a última parte do capítulo.
Informações complementares aos resultados obtidos encontram-se
anexadas no final desta Tese.
4.1 Da caracterização do Distrito Federal
Observou-se, a partir dos dados obtidos no capítulo relacionado à
caracterização da área de estudo:
o Plano Diretor de Água e Recursos Hídricos do Distrito Federal
(PDL-2000) não previu disponibilidades de oferta de água para suprir
as atividades agrícolas. Dessa forma, como já previsto no PDL-2000,
haverá conflito nos usos dos recursos hídricos disponíveis
caso o PDL-2000 houvesse considerado reúso como forma de
aumentar a oferta de água, parte da demanda agrícola poderia ser
suprida com água de reúso e esses conflitos poderiam ser minimizados
a alternativa, identificada no PDL-2000, de se buscar água no Sistema
Corumbá IV trará um aumento no volume de esgotos; implicará, entre
outros fatores, construir mais ETEs, como já previsto no PDL-2000, e
estimulará o consumo de maior volume per capita de água. Este
73
aspecto é particularmente crítico no caso do DF, onde o consumo de
água já é elevado
os mananciais passíveis de aproveitamento estão fora do Distrito
Federal (CAESB e MEL 2004); adotado, o reúso de água poderá
contribuir para:
preservar os recursos hídricos locais
reduzir o consumo de fertilizantes
aumentar a produtividade das culturas, sem aumentar a
demanda por água
criar mais empregos no campo
para as ETEs com tratamento terciário, as águas de reúso poderão ser
provenientes do tratamento secundário, dependendo das exigências
dos órgãos ambientais. Com isso, haveria uma economia de recursos
financeiros, com a não realização do tratamento terciário (economia
na própria ETE), afora economizar recursos ambientais (água, energia,
produtos químicos, geração de lodo e a sua conseqüente disposição
final)
à parte do reúso, importa que o DF invista em programas de educação
ambiental e de racionalização do uso da água, de modo a reduzir o
consumo per capita.
4.1.1 Do levantamento de dados das ETEs
Com relação às ETEs do DF verificou-se que a CAESB as monitora,
sistematicamente, por meio de análises periódicas para efluentes brutos e tratados em
que se analisam: DQO Demanda Química de Oxigênio, DBO
5,20
, SS sólidos
suspensos, NTK - Nitrogênio Total Kjeldahl, PT fósforo total e CF. Os resultados
74
são registrados na Sinopse do Sistema de Esgotamento Sanitário do Distrito Federal
SIESG. A fim de controlar o processo de tratamento, em algumas ETEs se
acrescem parâmetros diferentes dos da SIESG: pH, alcalinidade, turbidez, amônia,
ortofosfato, DBO filtrada, DQO filtrada, alumínio, fósforo total filtrado, nitrogênio
total filtrado, nitrito e nitrato.
Este levantamento teve início com as informações (Tabelas 4.1 e 4.2)
relativas às remoções médias anuais e às concentrações de DBO
5,20
, DQO, SS, NTK,
PT e CF das ETEs do Distrito Federal para o período objeto de estudo (2000 a 2002).
Apesar de não constituírem resultados propriamente ditos, os dados estão neste
capítulo para facilitar a análise. Nestas Tabelas não se apresentam os dados das ETEs
Vila Aeronáutica, Torto e Sobradinho, porque serão desativadas (CAESB e MEL
2004).
Na Tabela 4.1 observa-se que as ETEs Paranoá e São Sebastião
tiveram eficiência média anual de DBO
5,20
inferior a 90%, demonstrando o bom
desempenho dos sistemas implantados. Ressalte-se que em 2000 as medições de CF
eram realizadas apenas na ETE Brazlândia; a partir de 2002 foram incorporadas ao
monitoramento de todas elas.
75
Tabela 4.1 Valores mínimos e máximos das remoções médias anuais de DBO
5,20
,
DQO, SS, NTK e PT das ETEs do Distrito Federal período de 2000 a
2002
ETEs
DBO
5,20
(%)
DQO(%)
SS(%)
NTK(%)
PT(%)
Norte
97 e 98 93 e 95 95 e 97 85 e 73 96 e 98
Sul 98 e 99 93 e 94 97 82 e 85 96
Brazlândia 90(1) 70 e 72 67 e 70 31 e 39 19 e 39
Planaltina 93 e 94 83 e 85 87 e 89 60 e 66 27 e 37
Vale do Amanhecer 90 e 92 85 e 88 90 e 92 57 e 77 20 e 34
Paranoá 83 e 89 69 e 80 70 e 80 50 e 63 26 e 45
Samambaia 91 e 93 75 e 77 75 e 77 55 e 65 13 e 26
Alagado 92 e 95 69 e 86 65 e 87 47 e 74 27 e 36
Santa Maria 91 e 94 59 e 78 49 e 74 40 e 58 21 e 29
São Sebastião 88 e 94 81 e 84 82 e 84 62 e 83 20 e 71
Recanto das Emas 92 e 93 88 e 89 93 e 97 7 e 19 7 e 13
Riacho Fundo 98 e 99 94 e 95 97 e 98 91 e 94 93 e 95
Fontes: CAESB (2001, 2002a)
76
Tabela 4.2 Valores mínimos e máximos das concentrações médias de DBO
5,20
, DQO, SS, NTK, PT e CF do efluente tratado das
ETES do Distrito Federal, no período de 2000 a 2002
ETEs
DBO
5,20
(mg/L)
DQO
(mg/L)
SS
(mg/L)
NTK
(mg/L)
PT
(mg/L)
CF
(mg/L)
Norte
4 – 10
31 - 37
4 - 7
6,0 - 11,7
0,13 - 0,18
6,20E+4 7,80E+4
Sul 4 - 6 35 - 38 7 - 8 6,1 - 8,5 0,27 - 0,32 4,73E+4 9,79E+4
Brazlândia 63 (1)
297 - 316 156 - 185 41,7 - 52,6 6,96 - 8,94 2,92E+5 4,27E+5
Planaltina 43 - 56 166 - 201 53 - 73 26,0 - 32,2 7,00 - 8,98 2,56E+3 (a)
Vale do Amanhecer 39 - 66 124 - 169 38 - 44 17,0 - 33,5 7,09 - 8,67 4,91E+3 (a)
Paranoá 141 - 174 330 - 566 140 - 186 34,2 - 46,8 8,82 - 10,74 1,37E+5 9,22E+5
Samambaia 37 - 46 204 - 238 110 - 120 26,0 - 30,3 7,39 - 9,38 6,53E+2 1,32E+3
Alagado 38 - 48 209 - 381 90 - 198 28,4 - 53,0 9,58 - 10,41 1,90E+5 (a)
Santa Maria 44 - 49 295 - 451 150 - 256 44,8 - 53,0 9,08 - 10,28 4,01E+5 (a)
São Sebastião 31 - 77 127 - 156 58 - 63 11,0 - 26,0 3,00 - 8,11 2,34E+4 (a)
Recanto das Emas 36 - 50 111 - 126 14 - 22 65,0 - 77,0 9,00 - 11,00 4,34E+4 (a)
Riacho Fundo 7 - 11 52 - 64 7 - 13 5,0 - 7,1 0,60 - 0,80 5,53E+4 (a)
Fontes: CAESB (2001; 2002 a)
(a) única medição realizada.
77
Com relação à qualidade do efluente tratado, na Tabela 4.2 se apreende
que a(s) ETE(s):
Norte, Sul e Riacho Fundo têm as menores concentrações de DBO
5,20
e SS
Paranoá apresentou as maiores concentrações de DBO
5,20
Brazlândia, Paranoá, Alagado e Santa Maria têm as maiores
concentrações de SS
Samambaia apresentou um efluente com melhor qualidade
microbiológica (653 coliformes fecais/100mL)
À exceção das ETEs Norte e Sul, as outras apresentaram altos valores de
DBO
5,20
para esgoto bruto. As mais altas concentrações de DBO
5,20
foram
observadas na ETE Paranoá, cujas médias anuais (2000, 2001 e 2002) variaram de
1.024 a 1.299mg/L (CAESB 2001 e 2002a). Os valores de DBO
5,20
podem ser
explicados pelo menor índice per capita de consumo de água (92,55 L/hab/dia) entre
todas as RAs (CAESB 2002b).
A ETE Planaltina obteve remoções de DBO
5,20
superiores a 90%. A
máxima concentração média de DBO
5,20
obtida no período é somente inferior à das
ETEs Brazlândia, Paranoá e São Sebastião. A resposta a esse fato vincula-se também
ao baixo índice per capita de consumo de água observado em Planaltina:
133,72L/hab/dia CAESB (2002b).
Para complementar as informações constantes dos relatórios da CAESB,
foram realizadas visitas técnicas (entre 17.07 e 30.7.2003) a todas as ETEs. Naquela
ocasião, Gama e Melchior encontravam-se em fase final de construção. Em resposta
ao questionário utilizado (Anexo I) há estas informações:
apesar das altas concentrações do efluente bruto das ETEs Paranoá e
Planaltina, não existe reclamação de lançamento de efluentes
industriais na rede; a CAESB monitora o sistema de coleta de
78
efluentes, de modo a evitar o lançamento de contribuições industriais
sem tratamento prévio; em apenas duas ETEs se relataram problemas
de lançamento de efluentes industriais (Riacho Fundo) ou de óleo
proveniente de lava-jatos (São Sebastião)
relativamente aos aspectos operacionais deve-se destacar a influência
de chuvas que provocam aumento de vazão, oscilação de energia,
entupimento de bombas e grande quantidade de pedras no esgoto
quanto ao reúso do efluente tratado, as ETEs Norte e Sul são as que
mais utilizam essa prática; parte do efluente irriga os jardins das
ETEs; outra no processo industrial (lavagem de pisos, quebra de
espuma de bactérias filamentosas, dosagem de produtos químicos,
refrigeração de sopradores, sistemas de flotação e limpeza das
unidades); em todas essas operações, conforme as informações
obtidas, não existe muito contato do operador com as águas de reúso;
para a ETE Norte, a CAESB implantará um sistema de desinfecção
por radiação ultra-violeta, visando ampliar o uso dessas águas; prevê-
se seu uso, inclusive, na descarga de sanitários
a ETE São Sebastião também utiliza parte de seu efluente tratado na
refrigeração de bombas e na irrigação de grama
nesses casos, não se controla o montante usado nessa prática
das catorze ETEs analisadas, cinco possuem dispositivos para
medição da vazão efluente (ETEs Norte, Sul, Paranoá, São Sebastião,
Planaltina e Melchior
21
); a vazão de saída da ETE Riacho Fundo é
medida sistematicamente a partir da determinação do nível do tanque
de aeração que funciona em batelada. As ETEs Planaltina, São
Sebastião e Paranoá não realizam essas medições apesar de possuírem
dispositivos para tal; atualmente, apenas as ETEs Norte e Sul realizam
essas medições; as vazões afluentes só não são determinadas nas
21
Possui Calha Parshall na saída do efluente tratado.
79
ETEs Norte e Sul; a ETE Brazlândia realiza continuamente a medição
dos seus efluentes brutos, mas não possui dispositivo para medir a
vazão dos efluentes tratados; a ETE Gama possui dispositivo para
medição contínua dos seus efluentes brutos; com a implantação do
tratamento terciário na ETE Samambaia, seus efluentes tratados serão
medidos
as ETEs Recanto das Emas, Gama, Planaltina, Norte, Sul e Riacho
Fundo estão equipadas para realizar análises físico-químicas do
efluente; determinações de coliformes fecais são realizadas apenas na
ETE Norte. Determinação de ovos viáveis de nematóides no lodo é
realizada apenas na ETE Norte
em todas as ETEs, a CAESB não faz contagem de ovos viáveis de
nematóides para o efluente; assim sendo, as ETEs que proporcionam
maior segurança quanto à redução desses ovos seriam aquelas que
utilizam lagoas de estabilização como processo de tratamento
as ETEs Gama, Brazlândia, Melchior, Vale do Amanhecer, Planaltina,
Samambaia e Alagado encontram-se implantadas em áreas rurais;
somente as ETEs Norte e Sul estão em áreas estritamente urbanas; as
demais ETEs estão em áreas mistas, onde chácaras e áreas
urbanizadas
As visitas técnicas realizadas nas ETEs do DF contribuíram para o
fornecimento de informações importantes na indicação inicial das alternativas e
critérios de reúso de água. Ressalta-se que o trabalho posterior com o uso de mapas
temáticos consolidou essas indicações.
4.1.2 Da disponibilidade de água de reúso
Para checar a disponibilidade, é imprescindível determinar a vazão do
efluente tratado. Como a maioria das ETEs não dispõe dessa medição, SANTOS
80
(2000) considerou as hipóteses formuladas por GOMES e col. (2000)
22
para estimar
as vazões aqui denominadas disponíveis para reúso. As hipóteses levam em conta o
tipo de tratamento de efluentes e medições anteriormente realizadas.
Na hipótese 1 encontram-se as ETEs com pequenas perdas durante o
processo de tratamento, e a vazão efluente é considerada igual à vazão afluente.
Enquadram-se nessa condição as ETEs Brazlândia, Norte, Sul, Samambaia, Riacho
Fundo e Recanto das Emas.
Na hipótese 2 encontram-se as ETEs onde aproximadamente 60% do
efluente são infiltrados no solo. As ETEs que se enquadram nessa condição dispõem
os esgotos no solo antes de seu lançamento no corpo d’água receptor (ETEs Paranoá,
Alagado, São Sebastião e Santa Maria). A ETE Planaltina, embora não encaminhe
seus efluentes tratados ao solo, enquadra-se nessa hipótese, dadas a infiltração de
esgoto em suas lagoas e as grandes perdas por evaporação, porque as lagoas dessa
ETE têm extensa lâmina de água.
Na hipótese 3 enquadra-se a ETE Vale do Amanhecer, que apresenta as
maiores perdas por evaporação e infiltração no processo de tratamento.
A Tabela 4.3 mostra as ETEs de Brasília enquadradas segundo essas
hipóteses.
Para este trabalho, as ETEs Gama e Melchior foram enquadradas na
hipótese 1, em vista do tipo de tratamento nelas adotado.
Esse enquadramento foi utilizado no cálculo da vazão disponível para
reúso, apresentado na Tabela 4.4, que considerou a média das vazões médias mensais
anuais de efluentes das ETEs, para o período de 2000 a 2002.
22
GOMES JC, Machado AM, Machado BP, Pinto ACT. Estimativa das vazões efluentes das estações
de tratamento de esgotos. (Comunicação pessoal. Brasília: CAESB, 2000)
81
Tabela 4.3 Enquadramento das ETEs de Brasília, de acordo com a relação
percentual entre as vazões afluentes e efluentes
Hipótese 1
(vazão efluente igual à vazão
afluente)
Hipótese 2
(vazão efluente igual a
40% da vazão afluente)
Hipótese 3
(vazão efluente
igual a 30% da
vazão afluente)
Brazlândia, Norte, Sul,
Samambaia, Riacho Fundo e
Recanto das Emas.
Paranoá, Alagado,
São Sebastião, Santa
Maria, Planaltina
Vale do
Amanhecer
Fonte: GOMES e col.(2000) citado por SANTOS (2000)
Tabela 4.4 Vazões disponíveis para reúso
(a)
Vazões disponíveis reúso
Estações
(L/s) (%)
Norte
436,61
18,99
Sul 947,98 41,22
Brazlândia
32,67
1,42
Planaltina
24,54
1,07
Vale do Amanhecer
2,28
0,10
Paranoá
13,03
0,57
Samambaia
161,22
7,01
Melchior (b)
347,22
15,10
Gama (b)
188,35
8,19
Alagado
18,25
0,79
Santa Maria
9,38
0,41
São Sebastião
18,54
0,81
Recanto das Emas
80,16
3,49
Riacho Fundo
19,36
0,84
Total
2.299,60
100,00
Fonte: CAESB (2001, 2002a)
(a) média aritmética das vazões efluentes dos anos 2000, 2001 e 2002;
(b) vazões atuais das ETEs Gama e Melchior. Dados fornecidos por
técnicos da CAESB em setembro/2005.
82
4.2 Da Aplicação do Método ELECTRE III
Esta parte do trabalho compreendeu: definir alternativas e critérios para
planejamento do reúso, trabalho com decisores, utilização do ELECTRE III. A
elaboração do Mapa de Reúso ocorreu na fase de definição das alternativas para o
planejamento do reúso.
4.2.1 Da definição das alternativas e critérios para o planejamento do reúso
A escolha das alternativas é intrínseca ao tipo de decisão tomado no
âmbito do trabalho. Não se busca solução para o produtor individual ou a pequena
comunidade. São alternativas para aproveitamento em escala empresarial. Nesse
sentido consideraram-se, por princípio, as alternativas que se encontram em áreas
agrícolas importantes do DF ou que geram minimamente 7% do esgoto tratado do
DF, de acordo com a Tabela 4.4. Com esse volume mínimo, as escolhas estariam
associadas às ETEs de maior porte.
Na delimitação da área de influência das alternativas considerou-se a
distância atualmente percorrida pelos caminhões da NOVACAP, ao executarem a
irrigação paisagística, que varia de 15 a 20km. Dessa forma, optou-se por escolher o
raio de 15 km. A avaliação precisa do raio a utilizar requer análise de viabilidade
econômica, não-objeto deste trabalho.
Para facilitar o processo de escolha das alternativas utilizou-se o Mapa de
Uso do Solo (Figura 3.4). Traçaram-se raios de 15km ao redor das ETEs cujas RAs
são importantes áreas agrícolas, e nas que geram percentual mínimo de 7% do esgoto
tratado do DF.
As ETEs Planaltina e Brazlândia foram selecionadas por se localizarem
em áreas agrícolas importantes do DF. A ETE São Sebastião foi escolhida pela
proximidade com a bacia do rio Preto, que demanda maior volume de água para
irrigação no DF.
83
A Região Administrativa do Paranoá é também um dos pólos agrícolas do
DF. Entretanto, a ETE Paranoá não foi escolhida porque produz um dos menores
volumes de esgoto tratado; suas áreas agrícolas, que se inserem no raio de 15km,
poderiam ser atendidas pelas ETEs Planaltina e São Sebastião.
As ETEs que geram um volume igual/superior a 7% são:
Samambaia/Melchior, Gama, Norte e Sul. À exceção da ETE Norte, todas foram
escolhidas como alternativas. As ETEs Samambaia e Melchior, por estarem muito
próximas e terem o mesmo portão de acesso, foram consideradas como sendo uma
alternativa.
Ao se traçar o raio de 15km em volta das ETEs Norte e Sul, -se que
ETE Sul e ETE Norte encontram-se bem posicionadas em relação às áreas de
canteiros ornamentais do DF. No entanto, a ETE Sul, além de produzir volume muito
superior de efluentes em relação à ETE Norte, poderia atender a grandes áreas
agrícolas não contempladas noutras alternativas. Desta forma, optou-se por escolher
a ETE Sul como alternativa.
Para as ETEs de menor vazão, considerou-se que soluções locais seriam
mais adequadas.
Não se considerou a qualidade do efluente das ETEs como critério de
escolha das alternativas. Isso ocorreu por dois motivos: a) não existem no Brasil
padrões ou diretrizes a utilizar para diferenciar as alternativas; b) ao se considerarem
as Diretrizes da OMS, os efluentes de todas as ETEs se equivalem, visto que não se
conhecem as concentrações de ovos viáveis de nematóides no esgoto tratado.
Conseqüentemente, o critério qualidade não as diferencia, motivo de sua não-
utilização neste trabalho. Sugere-se utilizar esses efluentes na Categoria C das
Diretrizes da OMS. Para usar esses esgotos em categorias mais exigentes, faz-se
necessário implantar tratamentos complementares e monitorar CF e ovos viáveis de
nematóides, sistematicamente.
Para simplificar o cálculo do volume necessário à irrigação agrícola e à
paisagística, considerou-se que o consumo de água de reúso se daria somente no
84
período da seca (junho a setembro). Caso se opte pela extensão da área a irrigar, a
água de reúso teria de ser armazenada durante os meses em que ocorre precipitação
em níveis superiores às necessidades das culturas.
A Tabela 4.5 apresenta as alternativas escolhidas e suas principais
características. A Figura 4.1 apresenta fotografias dessas alternativas.
Tabela 4.5 - As alternativas de reúso selecionadas e suas principais características
Alternativas Características
ETE Brazlândia
Brazlândia é um dos pólos agrícolas do DF. Há sobrecarga no
sistema de abastecimento de água. A ETE de Brazlândia utiliza
lagoas de estabilização como sistema de tratamento, o que
favorece melhor qualidade microbiológica do efluente tratado.
ETEs Samambaia e
Melchior
Essas ETEs geram grande quantidade de efluentes. A ETE
Samambaia possui também lagoas de estabilização.
ETE Gama
Gera grande volume de efluentes.
ETE Sul Produz grande quantidade de efluentes. Está próxima à maioria
das áreas paisagísticas do Plano Piloto.
ETE Planaltina Planaltina é um dos mais importantes pólos agrícolas do DF e
sazonalmente apresenta déficit de água. O Sistema
Sobradinho/Planaltina abastece região de baixa disponibilidade
hídrica e em franca expansão populacional. O sistema de
tratamento da ETE Planaltina é lagoa de estabilização.
ETE São Sebastião São Sebastião é totalmente abastecida por água de poços tubulares.
Está localizada nas proximidades da bacia hidrográfica do rio
Preto, região agrícola mais importante do DF. O sistema de
tratamento adotado nessa ETE é lagoa de estabilização.
Fonte: CAESB e MEL (2004)
85
ETE BRAZLÂNDIA
ETE SAMAMBAIA
ETE MELCHIOR(*) ETE GAMA(*)
ETE SÃO SEBASTIÃO
ETE PLANALTINA
ETE BRASÍLIA SUL
Figura 4.1 Fotografias das ETEs do Distrito Federal, relacionadas às seis alternativas
de reúso de água. Fontes: http://www. caesb.df.gov.br/sisesg.asp [15 Ago 2005] e
(*) http://www.bvsde.ops-oms.org/bvsaidis/puertorico29/klauspanel.pdf [15 Ago 2005]
86
Na elaboração do Mapa de Reúso foi preciso compatibilizar os dados
digitais dos mapas de Uso e Ocupação do Solo e de Zoneamento Hidrogeológico,
que se encontravam em diferenciadas projeções cartográficas. Optou-se por utilizar o
SICAD (Sistema Cartográfico do Distrito Federal)
23
que, após seu desenvolvimento
pela CODEPLAN (Companhia de Desenvolvimento do Planalto Central), tem sido
amplamente adotado pelas companhias do Governo do Distrito Federal (GDF).
Sendo assim, os pontos de coordenadas das ETEs também passaram por
conversão para o SICAD (Tabela 4.6). Essas coordenadas foram inicialmente
coletadas no portão de acesso de cada uma das ETEs, utilizando-se método de
levantamento absoluto e receptor Garmin modelo 12cx. O aparelho foi configurado
para o sistema UTM e datum Córrego Alegre.
Com todos os dados compatibilizados, iniciaram-se os procedimentos
para geração das informações requeridas. Nesse sentido, foram realizadas operações
lógicas e matemáticas nos mapas escolhidos, com base nas técnicas de
geoprocessamento viabilizadas pelo software ArcGIS 9.
O resultado dessa sobreposição resultou na escolha das melhores áreas
para o reúso de água, de modo a resultar no menor risco aos aqüíferos. Os demais
riscos ambientais deverão ser considerados durante o estudo de viabilidade das
alternativas. Isso porque para se contemplar todos os riscos ambientais envolvidos
em cada uma das alternativas, haveria necessidade de maior número de informações
e conseqüente maior demanda de tempo para as análises.
23
Na década de setenta, a CODEPLAN implementou o SICAD. Na década de noventa, a
CODEPLAN atualizou o mapeamento na escala 1:10.000 utilizando o SICAD, por restituição
aerofotogramétrica. As coordenadas utilizadas foram coordenadas planas UTM, apoiando-se no datum
horizontal Astro-Chuá. No SICAD todo o mapeamento do fuso 22 é referenciado ao fuso 23.
87
Tabela 4.6 Principais ETEs do Distrito Federal no sistema de coordenadas SICAD
ETEs X (m) Y(m)
São Sebastião
205083,118 8239820,556
Paranoá 202466,495 8253347,444
Vale do Amanhecer 214647,556 8264461,334
Planaltina 213949,831 8268278,576
Sobradinho 198473,560 8266581,155
Brazlândia 154860,749 8264240,519
Samambaia e Melchior 162020,738 8242042,706
Sul 188038,512 8246366,254
Alagado 173940,510 8224938,704
Santa Maria 177089,668 8225765,560
Gama 168372,046 8226002,476
Vila Aeronáutica 176839,527 8227790,558
Recanto das Emas 166664,283 8236117,383
Norte 191311,470 8257128,293
Riacho Fundo 176078,217 8240814,375
A partir do mapa gerado (Mapa de Reúso, Figura 4.2), observa-se que nas
áreas rosa o reúso na agricultura pode ser realizado com menor risco aos aqüíferos.
As áreas cinza (hachureada ou não) são passíveis de reúso na irrigação paisagística.
As áreas não coloridas no Mapa de Reúso são aquelas que não são passíveis de reúso
na agricultura e na irrigação paisagística ou que estão relacionadas a outras
atividades.
Utilizando-se o mapa com a representação das bacias hidrográficas do DF
e plotando-se as alternativas (Figura 4.3) observa-se que todas elas encontram-se,
como é sabido, distanciadas da bacia do rio Preto, a que demanda maior volume
dágua para irrigação. Isso ocorre porque as ETEs são construídas onde existe grande
oferta de esgotos sanitários, ou seja, nas áreas urbanas.
88
Figura 4.2 - Representação das áreas e alternativas de reúso de água no Distrito Federal (Mapa de Reúso).
89
Figura 4.3 Representação das alternativas de reúso no Mapa de Bacias Hidrográficas do Distrito Federal
90
Comparando-se o Mapa de Uso e Ocupação do Solo (Figura 4.4), com
alternativas delimitadas, ao Mapa de Reúso (Figura 4.2), observa-se que, devido às
restrições estabelecidas pelo Mapa de Zoneamento Hidrogeológico, as áreas
agrícolas passíveis de receber água de reúso são menores que as atuais. Para melhor
visualização, esses três mapas são apresentados em formato A3, no Anexo IV.
Quanto à escolha dos critérios, partiu-se do pressuposto segundo o qual,
preferencialmente, deveria haver dados por Região Administrativa, de modo a
possibilitar a comparação entre as diversas alternativas. Dados do conjunto do DF,
por serem agregados, não serviriam para serem utilizados na comparação de
alternativas. Para facilitar o trabalho com os decisores, evitou-se utilizar critérios que
pudessem ser avaliados considerando, apenas, avaliações subjetivas, ou também, por
meio de perguntas com respostas do tipo sim e não.
Os critérios inicialmente identificados pela analista foram: ganho
econômico, área passível de ser irrigada com água de reúso, taxa de crescimento
populacional, renda per capita, consumo de água per capita, acesso à água
potável, acesso à coleta de esgotos, doenças de veiculação hídrica, riscos de
contaminação dos agricultores e atratividade agrícola, industrial e na pecuária.
Com esses critérios, a analista procurou identificar, ao menos de forma indireta,
aspectos significativos na implementação do reúso de água.
Para avaliar-se ganho econômico, procurou-se quantificar o ganho
financeiro de cada alternativa a partir da economia de adubo. Dessa forma, seriam
obtidos valores aproximados, em reais, a serem poupados na compra de adubos,
subtraído o custo do tratamento de esgotos.
91
Figura 4.4 Representação das alternativas de reúso no Mapa de Uso e Ocupação do Solo do Distrito Federal.
92
A disponibilidade de área a ser irrigada com água de reúso, ao considerar
a relação entre a presença de áreas agrícolas e paisagística
24
passíveis de serem
irrigadas e a disponibilidade de água de reúso, procurou quantificar e identificar as
alternativas mais vantajosas para a implementação do reúso de água.
Os critérios acesso à coleta de esgotos”, acesso à água potável” e
doenças de veiculação hídrica” objetivaram identificar as RAs, objeto de cada
alternativa, em que a saúde humana estava mais vulnerável. O reúso de água para
essas áreas era menos indicado porque representava mais um fator de risco para a
saúde da população residente.
O critério renda per capita teve como objetivo identificar as Regiões
Administrativas que teriam mais disposição a pagar pela água de reúso, na hipótese
de se investir nessa atividade. “Taxa de crescimento populacional” e “consumo de
água per capita” foram escolhidos para se identificar, embora indiretamente, áreas
que no futuro resultariam em maior demanda por água sendo, portanto mais atrativas
ao reúso de água.
Os critérios riscos de contaminação dos agricultores” e atratividade
agrícola, industrial e na pecuária” têm, respectivamente, como objetivos identificar
as alternativas que apresentariam um maior risco aos agricultores e aquelas que
seriam mais atrativas ao reúso na agricultura, pecuária e indústria. Diferentemente
dos demais critérios, a sua avaliação seria realizada, por meio de perguntas com
respostas do tipo sim e não.
Para os demais critérios, a forma de avaliação consideraria dados oficiais
disponíveis para as RAs atendidas pelas alternativas.
Ressalta-se que as informações para compor a avaliação dos critérios
ganho econômico, área passível de ser irrigada com água de reúso e
atratividade agrícola, industrial e na pecuária- foram obtidas a partir do Mapas de
Reúso (Figura 4.2) e do de Uso e Ocupação do Solo (Figura 4.4).
24
Para o caso da ETE Sul.
93
O trabalho com os mapas contribuiu na delimitação da área de influência
das ETEs e favoreceu o fornecimento de informações georreferenciadas sobre o uso
e ocupação do solo, susceptibilidade de contaminação das águas subterrâneas e, para
o mapa gerado (Mapa de Reúso), a delimitação e a quantificação das áreas agrícolas
passíveis de serem irrigadas com água de reúso.
A sobreposição de mapas mostrou-se adequada à indicação das áreas
passíveis de se efetuar irrigação agrícola e paisagística, com mínimo risco de
contaminação das águas subterrâneas. Constituiu-se em ferramenta de planejamento
para reúso de água. O Mapa de Reúso produzido neste trabalho pode servir de
subsídio à tomada de decisão quanto a projetos de reúso a serem licenciados na
SEMARH e no IBAMA.
4.2.2 Trabalho com os decisores
As entrevistas com os decisores foram iniciadas em 07/07/05 e
concluíram-se em 12/08/2005. O último formulário chegou em 02/09/2005. Foram
entrevistados 21 decisores e recebidos 16 formulários preenchidos (76% do total).
Dos 21 decisores entrevistados, 3 eram agricultores vinculados ao Sindicato dos
Trabalhadores Rurais do DF. Dos 18 técnicos entrevistados, 13 retornaram com o
formulário. Agricultores e um técnico (de saneamento) ponderaram os critérios
durante a entrevista. Neste caso, não houve avaliação do trabalho realizado pela
analista, mas, apenas, ponderação dos critérios. Por e-mail, os demais decisores
enviaram o formulário preenchido.
O tempo despendido em cada entrevista variou de uma a três horas,
porque se apresentou o trabalho, sua metodologia, mapas e formulário. Um decisor
foi entrevistado por telefone, por estar em férias, mas desejar participar do trabalho.
94
A partir das respostas recebidas dos decisores, observa-se que:
houve concordância com as alternativas apresentadas. Apenas 3
decisores informaram que poderiam ser contempladas também as
ETEs Norte (2 decisores) e a Vale do Amanhecer
3 decisores indicaram novos critérios
relativamente aos critérios desconsiderados:
o 11 decisores não concordaram com os critérios apresentados; a
Tabela 4.7 relaciona critérios desconsiderados por decisor; no
caso dos agricultores, os critérios desconsiderados foram
aqueles cuja pontuação foi zero. Não houve explicitação, por
parte dos agricultores, dos motivos da exclusão desses critérios
o 3 decisores desconsideraram o critério “risco de contaminação
dos agricultores". Com exceção do agricultor, que não
ponderou esse critério, os outros 2 decisores ressaltaram a
existência de outros riscos inerentes ao uso de água de reúso.
Um decisor propôs alterar a denominação desse critério para
riscos de contaminação dos produtos agrícolas, pois a maior
preocupação é com a saúde da população que consumirá os
produtos irrigados com água de reúso. Em realidade, o uso da
água de reúso envolve riscos à saúde dos agricultores e da
população usuária dos produtos irrigados. Os cuidados
inerentes ao manuseio e ao consumo de produtos irrigados
deverão constituir-se em condição essencial à utilização da
água de reúso. Dessa forma, decidiu-se excluir esse critério.
Quando da implantação da alternativa, deverão ser
apresentadas as condições necessárias à manipulação da água
de reúso, bem como o tipo de irrigação e de cultura a ser
utilizado, de modo a reduzir os riscos à saúde humana
95
Tabela 4.7 Relação dos critérios desconsiderados pelos decisores
Decisores (por setores) (*)
Saúde Saneamento Agricultores Ambiental Professores Ministério
Público Federal
Critérios desconsiderados
D1
D2
D3 D6 D7 D8 D10 D11 D12 D14 D16
Taxa de crescimento
populacional
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
Renda per capita X X X X X X X
Consumo de água per capita X X X X X
Acesso à água potável X X X
Risco de contaminação dos
agricultores
X X X (b) X
Doenças de veiculação hídrica X X X
Ganho econômico X
Atratividade agrícola,
industrial e pecuária
X
Área passível de ser irrigada
com água de reúso
X (a)
Acesso à coleta de esgotos X X X
(*) D significa decisor; (a) Acredita que essas áreas já estão definidas no Mapa de Reúso; (b) Propõe alterar a denominação deste
critério para Riscos de contaminação dos produtos agrícolas.
96
o 1 decisor (do setor saúde) excluiu o critério ganho
econômico. Segundo ele, se você considerar esse critério não
pode ser desconsiderada a viabilidade econômica do reúso.
Ressalta-se que a análise de viabilidade econômica da água de
reúso não é objeto deste trabalho. Procurou-se apenas
determinar o ganho econômico das alternativas, considerando-
se, apenas, a economia que se faz ao se reduzir o consumo de
adubo
o 9 decisores desconsideraram o critério “taxa de crescimento
populacional e 6 decisores desconsideraram o critério renda
per capita. Um decisor sugeriu agregá-los, mas nada
declarou sobre a forma de avaliação dos critérios, como
solicitado. Outro decisor, informou que o critério taxa de
crescimento não indica muito sobre a população que
população total ou densidade populacional dizem mais
o 1 decisor (do setor saúde) desconsiderou o critério "doenças de
veiculação hídrica"; crê-se que ele confundiu este critério com
a utilização do Mapa de Zoneamento Hidrogeológico, que
trata das classes de vulnerabilidade de aqüíferos; pode-se
constatar em sua justificativa para desconsiderar o critério: no
seu trabalho você diz que as áreas escolhidas têm menor
susceptibilidade à contaminação; por que esse critério seria
importante? não seria melhor você considerar como critério à
susceptibilidade a contaminação?
o 3 decisores desconsideraram os critérios consumo de água
per capita e acesso à água potável; 1 deles sugeriu agregá-
los no critério denominado de “escassez de água”, porém não
disse como avaliá-lo
o apesar de ponderar o critério consumo de água per capita,
um outro decisor informou que a relação água
97
disponível/população indica melhor a facilidade de obtenção
de água
o apenas 1 decisor (do setor saúde) excluiu o critério
atratividade agrícola, industrial e na pecuária. Segundo esse
decisor: por que será atrativo se a água utilizada na irrigação
é normalmente retirada de cursos d’água superficiais e
subterrâneas sem custo? na pecuária, não deveria ser levada
em consideração a saúde animal, se essa água for utilizada na
dessedentação dos mesmos?. Em realidade, o objetivo de se
avaliar esse critério foi considerar que outros atributos as
alternativas poderiam ter, a fim de se tornassem mais atrativas
para o reúso, em relação às demais. Nesse sentido, foram
acrescentadas as atividades pecuária e industrial e amplificado
o uso na agricultura
o apenas 1 decisor (do setor saúde) desconsiderou o critério
“área passível de ser irrigada com água de reúso”; segundo ele,
essas áreas estão no Mapa de Reúso. Embora desconsiderando
o critério, o decisor o ponderou. Teoricamente, áreas passíveis
de reúso estão apresentadas no Mapa de Reúso. Entretanto,
não existe água de reúso suficiente para atender a toda a
demanda
o o critério “acesso à coleta de esgotos foi desconsiderado por
3 decisores: 1 decisor (do grupo dos professores
universitários) sugeriu considerar um fator “disponibilidade de
esgotos, levando-se em consideração quantidade e qualidade
de esgoto tratado. No entanto, não esclareceu como avaliar
esses critérios de forma conjunta
o 1 decisor, apesar de desconsiderar o critério “área passível de
ser irrigada com água de reúso, ponderou-o
98
Os critérios sugeridos pelos decisores encontram-se discriminados e
analisados nas Tabelas 4.8 e 4.9.
Quanto à forma de avaliação dos critérios, apenas dois decisores fizeram
considerações.
o primeiro (do setor saneamento) sugeriu: área passível de ser
irrigada deve ser relacionada com a população (razão entre um e
outro)
o segundo (do setor ambiental) apresentou considerações relativas aos
critérios:
o Ganho econômico - a economia não ficará restrita apenas à
diminuição dos gastos com fertilizantes. Concorda-se com a
opinião do decisor. Muitos são os ganhos que estão
relacionados à utilização de água de reúso, inclusive fatores
cujos custos não se encontram hoje internalizados, como custo
da água e custo ambiental da fabricação de fertilizantes
o Riscos de contaminação dos agricultores e atratividade
agrícola, industrial e na pecuária expõe que a forma de
avaliação não está suficientemente clara; ressalte-se, a
apresentação de todos os critérios e sua forma de avaliação
foram objeto de explanação durante a apresentação do
trabalho; como o tipo de avaliação não é usual, em especial
para esses critérios
25
, crê-se que este fator dificulta seu
entendimento.
25
A avaliação desses critérios é feita a partir das respostas "sim = 1" ou não = 0 ".
99
Tabela 4.8 Relação dos critérios sugeridos pelos decisores do setor de saúde
Setor saúde Critérios sugeridos Análise dos critérios sugeridos
Susceptibilidade à contaminação risco às águas
subterrâneas.
Já considerado na elaboração do Mapa de Reúso.
Disponibilidade das águas superficiais e
subterrâneas das bacias.
Essa informação não se encontra disponível por Região Administrativa.
Identificação dos potenciais contaminantes de risco
à saúde humana
Existência de sistemas de saneamento:
abastecimento de água e coleta de esgoto.
O decisor não apresentou a forma de avaliação desses critérios, conforme
solicitado.
Decisor 1
Vazão disponível para reúso Já considerado no cálculo da área passível de ser irrigada com água de
reúso
Correlacionar o risco de contaminação de pessoas
(adultos e crianças) em contato com jardins e
parques públicos.
A irrigação de jardins e parques públicos não é objeto deste trabalho. Está
prevista a irrigação de áreas agrícolas e dos canteiros ornamentais. Estes
ocorrem nos cruzamentos, onde o acesso de crianças é extremamente
limitado. Os adultos que têm acesso são os trabalhadores da NOVACAP,
responsáveis pela irrigação dos mesmos.
Decisor 2
Ao invés da taxa de crescimento populacional,
deveria correlacionar a influência do aumento
populacional com o aumento da produção agrícola.
Não informou como considerar apenas o fator crescimento populacional
no aumento da produção agrícola.
Decisor 3
Critérios agronômicos, tais como tipo de cultura,
assim como variáveis do próprio sistema de reúso
(questão da salinidade, técnica de irrigação e
peculiaridades do solo).
Apesar de terem sido sugeridos como critérios, não foram ponderados
(como sugerido pelo trabalho). São fatores importantes para serem
considerados quando da implantação de sistemas de reúso de água.
Decisor 4
Risco de salinização do solo.
Apesar de ter sido sugerido como critério, não o ponderou (como sugerido
pelo trabalho). É um fator importante a ser considerado quando da
implantação de sistemas de reúso de água.
100
Tabela 4.9 Relação dos critérios sugeridos pelos decisores dos setores saneamento, professores universitários e Ministério Público
Federal
Setor
saneamento
Critérios sugeridos Análise dos critérios sugeridos
Decisor 5
Acrescentar mais uma atratividade, a aqüícola. A
forma de avaliação não terá nenhuma
diferenciação com esse acréscimo.
O critério atratividade, da forma como foi estruturado, pressupõe a
existência da atividade, como é o caso da industrial, agrícola e pecuária. A
avaliação desse critério considerou o uso dos mapas de Uso e Ocupação do
Solo e de Reúso. A atividade aqüícola não é apresentada no mapa de uso do
solo. A inserção de mais um tipo de atratividade demandaria uma avaliação
específica das áreas disponíveis para essa atividade, o que não foi objeto
deste estudo.
Professor
(Decisor 13)
a) Disponibilidade de água “limpa”;
b) Garantia de oferta de água de reúso;
c) Garantia de consumo;
d) Qualidade de água requerida pelas diversas
culturas;
e) Distância dos consumidores e distribuição
espacial dos empreendimentos agrícolas;
f) Tarifa resultante dos fatores anteriores;
g) Garantia de preservação do solo;
h) Garantia de preservação dos produtos
agrícolas;
i) Geração de empregos;
j) Preservação ambiental (com ênfase nos
recursos hídricos).
São itens que devem ser observados quando da elaboração de projetos
específicos de reúso.
Uso dos córregos existentes na bacia.
Susceptibilidade à contaminação da bacia.
Ministério
Público
Federal
(Decisor 14)
Tipos de culturas existentes na bacia.
O decisor não informou o porquê e a forma de avaliação desse critério.
Ressalta-se que todas as áreas de influência das alternativas, identificadas
pela analista, encontram-se em mais de uma bacia hidrográfica (Figura 4.3).
O decisor não informou a forma de avaliação desse critério.
101
Na apresentação do trabalho, 2 agricultores ponderaram:
1.º) acredita que as pessoas podem usar sem problema o esgoto
tratado (decisor 8)
2.º) gostou do trabalho; nada a acrescentar; acredita poder haver
preconceito das pessoas em consumir os produtos agrícolas e que
agricultores não têm preconceitos em usar água de reúso (decisor 9).
Após o recebimento dos formulários, foram somados todos os pesos para
cada critério e escolhidos os de maiores valores, conforme a metodologia do trabalho
(Capítulo 3). A Tabela 4.10 mostra o resultado dessa operação por grupo de
decisores. Detalhamento sobre os pesos atribuídos pelos decisores, para cada um dos
critérios, encontra-se no Anexo V.
Tabela 4.10 Resultado da ponderação dos critérios para diversos grupos de
decisores
Ponderação dos grupos de decisores
Todos Agricultores Técnicos (*) Saúde
Critérios selecionados
pesos
% pesos
% pesos
% pesos
%
Ganho econômico 27,0
25,3
7,5
29,4
19,5
24,0
4,3
19,1
Área passível de ser
irrigada
23,5
22,0
5,5
21,6
18,0
22,1
4,5
20,0
Acesso à água potável 11,4
10,7
1,5
5,9
9,9
12,2
1,8
8,0
Acesso à coleta de esgotos 11,6
10,9
1,5
5,9
10,1
12,4
4,5
20,0
Doenças de veiculação
hídrica
15,3
14,3
1,5
5,9
13,8
17,0
5,5
24,4
Atratividade agrícola,
industrial e na pecuária
18,0
16,9
8,0
31,4
10,0
12,3
1,9
8,4
(*) todos os decisores (exceto os agricultores)
Dos critérios sugeridos pela analista, “taxa de crescimento populacional,
“renda per capita e “consumo de água per capita obtiveram baixa pontuação e não
foram selecionados para a aplicação no Método ELECTRE III. As pontuações foram,
respectivamente, de 3,1; 4,0 e 9,2.
102
Os critérios sugeridos pelos decisores tiveram pontuações que variaram
de 0,5 a 3,0 e também não foram utilizados no Método. Numa avaliação mais
criteriosa, dever-se-ia fazer uma discussão mais abrangente entre os diferentes
participantes do processo para que todos tivessem a oportunidade de apresentar aos
outros decisores as suas opções de critérios. Nesse caso, outros critérios poderiam ter
sido utilizados e ponderados. Neste caso, a ponderação final poderia ter sido
diferente.
Ressalte-se que a soma das pontuações dos critérios sugeridos pela
analista representou 86% do total. Individualmente, as pontuações variaram de 3,1 a
27,0 para cada um dos critérios. A partir da Tabela 4.10, observa-se que:
o grupo dos técnicos considerou os critériosganho econômico e
área passível de ser irrigada com água de reúso como os mais
importantes, o que reflete a visão econômica desses decisores
o critério atratividade agrícola, industrial e na pecuária foi o
mais pontuado pelos agricultores, ponderação que possivelmente
contribuiu para o critério obter o terceiro lugar na avaliação de
todos os decisores
para os decisores do setor saúde, o critério doenças de veiculação
hídrica foi o melhor pontuado
o resultado da ponderação refletiu as percepções esperadas para os
diferentes decisores, que estão relacionadas aos diferentes papéis
que esses desempenham na sociedade.
4.2.3 Da utilização do Método ELECTRE III
A partir do que se discutiu no item anterior, os critérios a considerar na
avaliação das alternativas são: ganho econômico”, “área passível de ser irrigada
103
com água de reúso”, “acesso à água potável”, “acesso à coleta de esgotos”, “doenças
de veiculação hídrica” e “atratividade agrícola, industrial e na pecuária”.
Para os critérios “acesso à água potável” e “acesso à coleta de esgotos”, a
avaliação é direta. Esses dados (Tabela 4.11) relacionam-se às RAs Brazlândia,
Samambaia, Gama, Brasília, Planaltina e São Sebastião.
Tabela 4. 11 Resultado da avaliação das alternativas para os critérios
acesso à água potável e acesso à coleta de esgotos
Avaliação dos critérios
(*)
Alternativas Acesso à água
potável (% de
atendimento)
Acesso à coleta de
esgotos (% de
atendimento)
Brazlândia 97,96 86,82
Samambaia/Melchior 99,95 95,87
Gama 96,04 95,65
Sul 99,96 99,44
São Sebastião 83,95 76,98
Planaltina 65,72 52,98
Total
Fonte: CAESB (2002b)
(*)Dados levantados nas Regiões Administrativas de Brazlândia, Samam-
baia, Gama, Brasília, São Sebastião e Planaltina.
Para os demais critérios serão resumidamente apresentadas suas formas
de avaliação. No Anexo VI detalham-se as considerações adotadas nas avaliações.
Ganho econômico
Pela complexidade de se contabilizarem os custos ambientais
relacionados a reúso de água, o critério "ganho econômico" ficou restrito (neste caso)
à economia que se faz ao reduzir o uso de adubo nas atividades-objeto de estudo
deste trabalho. Optou-se por considerar o ganho econômico como o ganho financeiro
correspondente à economia de adubo. A abordagem caracteriza-se uma
104
subestimativa, mas, acredita-se, coerente com o tipo de decisão tomada e a fase do
processo decisório, em que se busca hierarquizar, dentre as alternativas de reúso,
quais merecem ser detalhadas para a fase posterior de implementação.
A proposta inicial deste trabalho era que a avaliação desse critério
consideraria o ganho econômico da alternativa, como o valor aproximado, em reais, a
ser poupado com a compra de adubos, já subtraído o custo do tratamento de esgotos.
Este valor seria o de venda do esgoto tratado para fins de reúso.
Após tentativas de estabelecer preço inclusive aplicando-se o valor de
venda da SABESP (SEMURA 2005) - concluiu-se que como melhor opção o
fornecimento (pela CAESB) do efluente tratado, em nível secundário. Efluentes
desta qualidade atendem às Diretrizes da OMS para uso em culturas classificadas
como categoria C. Dessa forma, os agricultores poderiam utilizar esses efluentes nas
grandes culturas do DF (milho, soja, café e trigo). Em situação real, os órgãos
ambientais e de saúde pública poderiam demandar critérios mais exigentes.
Com essa estratégia, a CAESB economizaria recursos financeiros
atualmente despendidos no tratamento terciário, que remove grande percentual dos
nutrientes do esgoto. Em realidade, esse tratamento deixa os efluentes menos
atrativos para a agricultura. Das alternativas selecionadas neste trabalho, aquelas
relacionadas às ETEs Sul, Samambaia, Gama e Melchior possuem tratamento
terciário.
Essa forma de fornecimento da água de reúso seria a mesma já adotada
pela CAESB para o lodo de esgoto gerado nas suas ETEs. Ou seja, há o controle do
uso, inclusive com treinamento dos agricultores que o recebem, no entanto não há
cobrança.
Ressalte-se que o custo médio para o tratamento terciário nas ETEs
Gama, Samambaia, Melchior e Sul é aproximadamente R$ 0,36
26
/m
3
, considerados
26
O valor de R$ 0,36/m
3
, por se constituir dado médio, pode levar a superestimativas ou
subestimativas, caso não seja considerado o custo marginal decrescente.
105
os valores médios da ETE Samambaia (janeiro a junho de 2005
27
). O valor da água
de reúso da SABESB para venda às prefeituras de São Paulo é R$ 0,38/m
3
(SEMURA 2005), mas se a CAESB o cobrasse, ele não seria viável para os
agricultores e a NOVACAP, de acordo com os cálculos apresentados no Anexo VI.
A água de reúso fornecida pela SABESP passa por processo de filtração e
desinfecção posterior ao tratamento secundário nas ETEs (SEMURA 2005). Estudos
específicos detalhados devem preceder a escolha do valor adequado à CAESB e a
possíveis usuários de água de reúso. Simplificando a análise, a CAESB doaria o
esgoto tratado, e os usuários arcariam com o transporte.
Para calcular o ganho econômico da alternativa fez-se inicial
levantamento dos preços de adubos empregados na agricultura do DF, optando-se
pelos de menor preço, segundo valores disponibilizados pela EMATER (2004). A
partir das características qualitativas e quantitativas do esgoto tratado, calculou-se a
quantidade dos nutrientes - nitrogênio, potássio e fósforo - presentes no esgoto. O
resultado apresenta a quantidade de nutrientes a ser fornecida pela água de reúso em
4 meses. Em seguida, calculou-se o preço dos adubos que forneceriam os mesmos
teores de nutrientes presentes na água de reúso. Utilizaram-se os menores preços de
adubos, conforme os dados disponibilizados pela EMATER (2004). O valor
encontrado é a avaliação da alternativa. Por serem de 2004, os dados da EMATER
podem haver subestimado preços e alternativas.
O ganho econômico da alternativa compreendida pela ETE Sul
considerou a economia total na compra de adubo para canteiros ornamentais e
culturas agrícolas. Nos canteiros, o consumo diário de água para irrigação é
10mm/m
2
(ALENCAR 2004). O consumo total de água de reúso em 4 meses seria
201.600 m
3
. O cálculo da quantidade dos nutrientes, necessária para a adubação
desses canteiros, considerou dados da NOVACAP (2003).
27
Esse valor só foi possível ser obtido para a ETE Samambaia, porque se implantou o tratamento
terciário dessa ETE após funcionar com tratamento secundário muitos anos. Como o levantamento
levou em conta apenas dados de uma ETE no período de 6 meses, constitui-se em valor aproximado.
Os dados foram fornecidos por técnico da CAESB (em setembro de 2005).
106
O resultado da avaliação desse critério encontra-se na Tabela 4.12 para
todas as alternativas.
Tabela 4. 12 Resultado da avaliação das alternativas para o critério ganho
econômico
Alternativas
Avaliação do critério
“ganho econômico” (R$)
(a)
Brazlândia 61.100
Samambaia/Melchior 531.000
Gama 158.000
Sul 796.300
(b)
São Sebastião 13.800
Planaltina 35.700
Total 1.595.600
(a)Corresponde ao valor economizado (em reais) com a compra de
adubos, a partir do uso da água de reúso, (b) desse total, R$ 16.300 é
a economia de adubo para os canteiros ornamentais.
Área passível de ser irrigada com água de reúso
Com os dados das vazões de reúso disponíveis (Tabela 4.4) e o consumo
médio de água na agricultura, a partir de dado fornecido por CAESB e MEL
(2004)
28
, calcula-se a área passível de ser irrigada com água de reúso. A Tabela 4.13
mostra a avaliação desse critério para todas as alternativas. No caso da ETE Sul, a
área de 2.338 ha (Tabela 4.13) inclui os 16,80ha de canteiros ornamentais.
28
0,8 L/s.ha ou 829,44 L água/m
2
no ciclo de 4 meses. Este valor foi fornecido por CAESB e MEL
(2004) para irrigação do tipo localizada no DF. Dividiu-se esse valor por dois, pois o sistema não
funciona 24h/dia. Dessa forma, o valor utilizado neste trabalho foi de 0,4 L/s.ha.
107
Tabela 4. 13 Resultado da avaliação das alternativas para o critério
área passível de ser irrigada com água de reúso
Alternativas
Avaliação do critério
área passível de ser irrigada com
água de reúso (ha)
Brazlândia 82
Samambaia/Melchior 1.270
Gama 471
Sul 2.338
São Sebastião 46
Planaltina 61
Total
4.268
Na Tabela 4.13, as áreas são aproximadas, pois o volume de água de
reúso a ser utilizado na irrigação depende do tipo de cultura e do sistema de
produção. As áreas agrícolas irrigáveis totais, por alternativa, foram determinadas a
partir do Mapa de Reúso e se encontram na Tabela 4.14.
Tabela 4.14 Áreas agrícolas irrigáveis totais em cada alternativa
Alternativas Área (ha)
Brazlândia 7.098
Samambaia/Melchior 5.476
Gama 3.600
Sul 3.209
(*)
São Sebastião 652
Planaltina 2.459
Total 22.494
(*) Acrescentando-se os 16,80 ha de canteiros ornamentais, chega-se a 3.226 ha
Para todas as alternativas observa-se diferença entre as áreas apresentadas
nas Tabelas 4.13 e 4.14, porque o volume de esgoto fornecido pelas ETEs não
atenderia à demanda de irrigação. Desse modo é possível inserir outras ETEs em
cada alternativa definida neste trabalho.
108
De todas alternativas, só a ETE Sul seria capaz de suprir maior percentual
da demanda de irrigação: 100% da irrigação paisagística e 72% da demanda agrícola.
Brazlândia, Samambaia/Melchior, Gama, São Sebastião e Planaltina atenderiam,
respectivamente, a 1%, 23%, 13%, 7% e 2% da demanda agrícola. As alternativas
definidas neste trabalho têm potencial para gerar cerca de 1.720 L/s de água de reúso,
correspondentes a 26% da atual demanda de água para as grandes culturas do DF. Na
hipótese de se utilizarem todas as ETEs, o percentual se eleva a 34%. Com água de
reúso na irrigação poupam-se recursos hídricos locais, economizam-se adubos e
aumenta-se a produtividade das culturas.
Doenças de veiculação hídrica
Para avaliar esse critério criou-se um índice que relaciona o número de
casos de doenças de veiculação hídrica para uma população de 100.000 hab. Os
dados populacionais foram por RA. Os casos de doença de veiculação hídrica de
notificação compulsória foram agrupados, mas não se consideraram as
especificidades de cada uma das doenças, como o fazem estatísticas governamentais.
Resultou o índice: número de casos de doenças de veiculação hídrica/100.000 hab
para cada RA.
As doenças selecionadas são transmitidas, dentre outros fatores, por água
contaminada com fezes ou esgotos sanitários, de acordo com classificação de
HELLER (1997), e que são de notificação compulsória. Nesse caso, as doenças
consideradas foram: cólera, febre tifóide, hepatite A, leptospirose e poliomielite. Os
dados para se avaliar esse critério são do SEDUH (2002), à exceção dos da hepatite
A, fornecidos pela Secretaria de Estado Saúde do Distrito Federal (via e-mail), pois o
SEDUH (2002) apresenta os números de casos para todos os tipos de hepatite de
forma agregada. Para compatibilizar os dados de doenças de veiculação hídrica aos
de população, mantiveram-se os dados do mesmo período (ano 2000). O resultado da
avaliação desse critério encontra-se na Tabela 4.15.
109
Tabela 4. 15 Resultado da avaliação das alternativas para o critério
doenças de veiculação hídrica
Alternativas
Avaliação do critério
“doenças de veiculação hídrica”
(nº casos/100.000hab)
(a) (b)
Brazlândia
25
Samambaia/Melchior
10
Gama
33
Sul
6
São Sebastião
9
Planaltina
11
(a) Dados levantados nas Regiões Administrativas de Brazlândia, Samambaia, Gama,
Brasília, São Sebastião e Planaltina; (b) Calculado em função dos dados fornecidos pe-
lo SEDUH(2002) e pela Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal. A popula-
ção para esse cálculo foi obtida de SEDUH (2002).
Atratividade agrícola, industrial e na pecuária
As perguntas a seguir serviram à avaliação deste critério. Para as
respostas "sim" e "não" atribuíram-se, respectivamente, 1 e 0. Os detalhamentos das
respostas às questões encontram-se no Anexo VI. O resultado final da alternativa é
soma das avaliações dos itens a, b, c, d.
a) A alternativa é um pólo agrícola do DF? - A resposta "sim" a essa
questão seria atribuída às alternativas de maiores percentuais de
áreas agrícolas passíveis de irrigadas com água de reúso, de
acordo com os valores da Tabela 4.14. Apenas a alternativa
relacionada à ETE São Sebastião teve resposta "não" (avaliação
zero).
b) No Mapa de Uso e Ocupação do Solo identificam-se indústrias na
alternativa? - Nesta avaliação utilizou-se o traçado das alternativas
(Figura 4.4). A resolução da imagem permite identificar indústrias
110
na escala de 1:50.000. O mapa utilizado mostra as maiores áreas
industriais do DF. A resposta "sim" corresponde às alternativas
em que se observam áreas industriais; só ocorreu nas alternativas
relativas às ETEs Samambaia/Melchior e Gama.
c) A alternativa se constitui em um pólo de pecuária do DF? Nesta
avaliação também se fez uso do Mapa de Uso e Ocupação do Solo
do DF , Figura 4.4. A resposta sim foi dada às alternativas em
que se pode observar áreas utilizadas na pecuária. Ocorre em todas
as alternativas, exceto naquela relacionada à ETE Sul.
d) A alternativa tem o potencial para se tornar grande fornecedora de
água de reúso? - Para avaliação desse item foram calculadas as
vazões de todas as ETEs inseridas por alternativa. As alternativas
relacionadas às ETEs Samambaia/Melchior e Sul têm potencial
para fornecer cerca de 26% e 60%, respectivamente, do volume
de esgoto tratado no DF . Cada uma recebeu um ponto.
A Tabela 4.16 apresenta o resultado da avaliação do critério
"atratividade agrícola, industrial e na pecuária”.
Tabela 4. 16 Resultado da avaliação das alternativas para o critério "atratividade
agrícola, industrial e na pecuária”.
Alternativas
Avaliação do critério
"atratividade agrícola, industrial e na pecuária”
(adimensional)
Brazlândia
2
Samambaia/Melchior
4
Gama
3
Sul
2
São Sebastião
1
Planaltina
2
O resultado da avaliação de todas as alternativas para todos os critérios
encontra-se na Tabela 4.17.
111
Tabela 4. 17 Resultado da avaliação das alternativas para cada um dos critérios selecionados para aplicação do Método ELECTRE III
Avaliação dos critérios
Alternativas
Ganho
econômico
(R$)
(a)
Área passível
de ser irrigada
com água de
reúso (ha)
Acesso à água
potável (% de
atendimento)
(b) (c)
Acesso à coleta
de esgotos (% de
atendimento)
(b) (c)
Doenças de
veiculação hídrica
(nº
casos/100.000hab)
(b)
(d)
Atratividade
agrícola, industrial
e na pecuária
(adimensional)
Brazlândia 61.100
82
97,96
86,82 25 2
Samambaia/Melchior 531.000
1.270
99,95
95,87 10 4
Gama 158.000
471
96,04
95,65 33 3
Sul 796.000
2.338
99,96
99,44 6 2
São Sebastião 13.800
46
83,95
76,98 9 1
Planaltina 35.700
61
65,72
52,98 11 2
Total
1.595.600
4.268
(a) Corresponde ao valor economizado (em reais) com a compra de adubos, a partir do uso da água de reúso, (b) Dados levantados nas
Regiões Administrativas de Brazlândia, Samambaia, Gama, Brasília, São Sebastião e Planaltina, (c) CAESB (2002b), (d) calculado
por dados fornecidos pelo SEDUH(2002) e pela Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal. A população foi obtida de SEDUH
(2002).
112
A partir dos dados da Tabela 4.17, a alternativa relacionada à ETE:
Sul - foi a melhor avaliada para todos critérios, exceto “atratividade
agrícola, industrial e na pecuária”, no qual obteve a terceira
classificação, juntamente com as alternativas ETE Brazlândia e ETE
Planaltina; a alternativa relacionada às ETEs Samambaia/Melchior
obteve a primeira classificação
Samambaia/Melchior - foi a segunda colocada na avaliação dos
critérios "ganho econômico", "área passível de ser irrigada com água
de reúso", "acesso a água potável" e "acesso à coleta de esgotos"
Gama - bem avaliada nos critérios "atratividade agrícola, industrial e
na pecuária" (segundo lugar); "ganho econômico", "área passível de
ser irrigada com água de reúso" e "acesso à coleta de esgotos"
(terceiro lugar); mas pior colocada em "doenças de veiculação
hídrica"
Brazlândia - bem avaliada nos critérios “acesso à água potável” e
“atratividade agrícola, industrial e na pecuária (terceiro lugar); quarto
lugar em "ganho econômico", "área passível de ser irrigada com água
de reúso",” acesso à coleta de esgotos”
São Sebastião - muito bem colocada na avaliação do critério doenças
de veiculação hídrica (segundo lugar), recebeu a pior avaliação em
"ganho econômico" e "área passível de irrigação com água de reúso"
Planaltina - bem posicionada para o critério "atratividade agrícola,
industrial e na pecuária" (terceira colocada); nos critérios acesso à
água potável e acesso à coleta de esgotos recebeu a pior avaliação
Após esta etapa definiram-se os limiares a utilizar na aplicação do
Método ELECTRE III: coeficientes de indiferença que variaram de 2 a 5%; de
113
preferência restrita, que variaram de 20 a 50%; de veto (95 a 100%). Seguem-se os
limiares por critério utilizado no trabalho:
para "ganho econômico" considerou-se como limiar de indiferença
variação de até 2% entre a avaliação de uma alternativa e outra; como
limiar de preferência restrita, variação de 20%, considerando-se
incomparáveis alternativas com diferenças superiores a 95%
para "área passível de ser irrigada" foram arbitrados os valores de q, p
e v, respectivamente 3%, 20% e 97%
para os critérios "acesso à água potável", "acesso à coleta de esgotos"
e "doenças de veiculação hídrica" adotaram-se, para os mesmos
limiares, os valores: q = 5%, p= 30% e v=95%
para "atratividade agrícola, industrial e na pecuária" foram adotados
os limiares q = 5%, p= 50% e v=100%.
Quando a avaliação de um critério possui valores com grande dispersão,
leva à escolha de amplos valores para limiares de preferência e de indiferença. Para
escolher os limiares dos critérios ganho econômico, área passível de ser irrigada
e atratividade agrícola, industrial e na pecuária em que ocorre grande dispersão dos
valores para a avaliação desses critérios - optou-se por utilizar o valor de referência
como sendo a maior avaliação de cada um desses critérios, a fim de proporcionar
maior faixa de valores para os limiares. Para os demais critérios, sem grande
dispersão entre os valores de suas avaliações, o valor de referência foi a diferença
entre o maior e o menor valor das avaliações dos critérios.
A Tabela 4.18 apresenta limiares, valores de referência e sentidos de
preferência utilizados na aplicação Método ELECTRE III.
114
Tabela 4.18 - Limiares utilizados na aplicação do Método ELECTRE III.
Limiares
Critérios
Direção de
preferência
(maior ou menor)
q p v
Valor de
referência
Ganho econômico Maior
(a)
15.920 ou 2% 159.200 ou 20% 756.200 ou 95%
796.000
Área passível de ser irrigada com água de
reúso
Maior 70 ou 3% 467 ou 20% 2.268 ou 97%
2.338
Acesso à água potável
(b)
Maior 1,71 ou 5% 10,27 ou 30% 32,53 ou 95%
34,24
(e)
Acesso à coleta de esgotos
(b)
Maior 2,3 ou 5% 13,94 ou 30% 44,14 ou 95%
46,46
(e)
Doenças de veiculação hídrica
(b,c)
Menor
(d)
1,35 ou 5% 8,1 ou 30% 25,65 ou 95%
27
(e)
Atratividade agrícola, industrial e na
pecuária
Maior
0,2 ou 5% 2 ou 50% 4 ou 100%
4
(a) Quanto maior o valor da avaliação do critério, melhor a alternativa; (b) critérios relacionados à questão da saúde das populações; (c) número de
casos de doenças de veiculação hídrica /100.000 habitantes; (d) quanto menor o valor da avaliação do critério, melhor a alternativa; (e) diferença
entre a maior e a menor avaliação do critério.
115
Conforme se previu na Metodologia (Capítulo 3), aplicou-se o Método
ELECTRE III incluindo os dados:
de todos os decisores;
dos agricultores;
dos técnicos;
dos decisores do setor saúde.
O resultado dessas aplicações encontra-se na Tabela 4.19.
116
Tabela 4. 19 Resultados da aplicação do Método ELECTRE III
Classificação das alternativas Condições de aplicação do Método
ELECTRE III
Todas as alternativas e decisores Sul
Samambaia/
Melchior
Gama Brazlândia/
São Sebastião
Planaltina
Todas as alternativas e apenas os
decisores do Setor Saúde
Sul Samambaia/
Melchior
São Sebastião Brazlândia/
Gama
Planaltina
Todas as alternativas e todos os decisores
técnicos (todos exceto agricultores)
Sul Samambaia/
Melchior
Gama Brazlândia/ São
Sebastião
Planaltina
Todas as alternativas e apenas os
agricultores como decisores
Samambaia/
Melchior e Sul
Gama Brazlândia São Sebastião/
Planaltina
----------
117
A partir dos dados apresentados na Tabela 4.19, observa-se que, após a
aplicação do Método ELECTRE III:
a alternativa relativa à ETE Sul foi a melhor avaliada, seguida da
alternativa relacionada às ETEs Samambaia/Melchior. Esta foi a
segunda classificada em todas aplicações do ELECTRE III, à
exceção da que utilizou dados dos agricultores. Nesse caso, essa
alternativa obteve a primeira colocação juntamente com a ETE
Sul
a terceira colocação ficou dividida entre as ETEs Gama,
Brazlândia e São Sebastião. A ETE Gama obteve segunda
colocação para o grupo de agricultores; essa alternativa havia sido
bem avaliada no critério atratividade agrícola, industrial e na
pecuária, aquele que recebeu a maior ponderação pelo grupo de
agricultores
a alternativa relacionada à ETE Planaltina ficou na pior posição,
mas ficou em quarto lugar (empatada com a ETE São Sebastião)
para o grupo de agricultores. Ressalta-se que a ETE Planaltina foi
bem avaliada no critério atratividade agrícola, industrial e na
pecuária, bem ponderado pelo grupo de agricultores
Observa-se assim que o método multicritério utilizado foi sensível às
diferentes percepções dos decisores. No Anexo VII encontram-se as matrizes de
concordância global, de credibilidade e classificatória, para todas aplicações
do Método ELECTRE III.
Objetivando avaliar o trabalho realizado, os 16 decisores que
contribuíram com dados de entrada para o Método ELECTRE III foram convidados a
responder às seguintes perguntas:
o resultado corresponde à sua expectativa?
a forma de apresentação do resultado é satisfatória para você?
118
Esta etapa do trabalho foi realizada entre 15/01/2006 e 17/02/2006. Dos
16 decisores, 11 responderam (cerca de 69% dos participantes da primeira fase ou
52% do total inicial de decisores entrevistados). Em resposta à primeira pergunta (o
resultado corresponde à sua expectativa?), 9 decisores responderam "sim"; 2
responderam “em termos”. Para a segunda pergunta (a forma de apresentação do
resultado é satisfatória para você?) todos os decisores responderam "sim". Deduziu-
se que embora não tenha havido a segunda etapa de trabalho com os decisores, eles
aceitaram muito bem os resultados.
4.3. Discussão Geral dos Resultados
Apresentam-se em seguida reflexões advindas dos resultados:
o trabalho realizado foi de planejamento do reúso no DF; na hipótese
de implementá-lo, há necessidade de analisar, entre outros, aspectos
não objetivados aqui: logística de distribuição, tipos de culturas e de
sistemas de irrigação, garantia de oferta de água de reúso e garantia de
consumo
a percepção das populações (in)diretamente relacionadas ao reúso e a
disposição da CAESB de fornecer efluente tratado podem constituir
veto ao processo de implementação do reúso de água no Distrito
Federal
a maioria dos decisores respondentes ao formulário não estava
familiarizada com métodos multicritério de auxílio à decisão; isto se
refletiu em contribuições com tais características:
não-ponderação dos critérios sugeridos
critérios desconsiderados, porém ponderados
sugestão de critérios sem informar o modo de
avaliação
119
sugestão de critérios não pertinentes ao trabalho
Os decisores sugeriram critérios sobremaneira importantes à avaliação
de alternativas de reúso, caso houvesse dados por Região Administrativa do Distrito
Federal. Destaque-se, utilizar dados agregados do DF não favorece a diferenciação
das alternativas. A analista teve também dificuldades para definir critérios para
escolher alternativas de reúso de água no DF e que tivessem dados disponibilizados
por RA. À parte as dificuldades, o trabalho desenvolvido com os decisores
possibilitou:
identificar possíveis atores, que poderiam ser chamados para
participar de um processo real de tomada de decisão quanto ao
reúso de água no DF
ponderar critérios, de acordo com as percepções de cada decisor
e grupo de decisores
incorporar ao processo de tomada de decisão os aspectos
econômico, saúde humana e meio ambiente
Considerando-se os resultados obtidos e a avaliação dos decisores no fim do
trabalho, acredita-se que alternativas, critérios, pesos, limiares e a escolha do método
foram adequados ao problema.
120
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Dos resultados obtidos nesta Tese concluiu-se que:
o procedimento metodológico mostrou-se apropriado aos
objetivos do trabalho; iniciando-o com ampla pesquisa
bibliográfica, levantaram-se informações do Distrito Federal e das
ETEs para identificar e caracterizar parâmetros relevantes ao
planejamento de reúso de água; usaram-se mapas e confeccionou-
se o Mapa de Reúso para se definir as áreas do DF mais
apropriadas ao reúso na irrigação agrícola e na paisagística; as
ações com os decisores indicaram alternativas, critérios e pesos
para aplicar-se o Método ELECTRE III
do trabalho desenvolvido, é possível planejar o reúso
considerando áreas mais apropriadas (a partir do uso do Mapa de
Reúso) e vários horizontes temporais. As alternativas resultantes
da aplicação do Método ELECTRE III podem indicar qual
alternativa merece ser detalhada em um estudo de viabilidade
os decisores foram imprescindíveis à identificação de pesos e
critérios para uso no Método ELECTRE III, além de confirmarem
as alternativas previamente identificadas pela analista
o levantamento bibliográfico sobre métodos multicritério apontou
a escolha do Método ELECTRE III como adequado ao tipo de
problema estudado
dos critérios sugeridos pelos decisores, muitos importarão à etapa
posterior a esta pesquisa (elaborar estudos de viabilidade de
projetos de reúso de água); neste caso enquadram-se
investimentos necessários, garantia de oferta e de consumo de
água de reúso (quantidade)
121
o processo de avaliação dos critérios por alternativa deu-se de
forma satisfatória, sem ser preciso presença decisores, porque a
avaliação foi estruturada demandando dados oficiais e cálculos
resultantes em apenas uma avaliação por critério; não houve, pois,
dificuldade de avaliar os critérios para cada alternativa; os valores
obtidos foram utilizados como dados de entrada no Método
ELECTRE III
levantamentos e discussões empreendidos na execução deste
trabalho indicam que a implementação de reúso de água no
Distrito Federal é uma alternativa importante a ser considerada no
gerenciamento dos recursos hídricos da região
dada a escassez hídrica (e outros fatores), acredita-se que o reúso
de água já pode ser iniciado no DF. Nesse sentido, o estudo de
viabilidade deverá verificar - entre outros aspectos - o interesse da
CAESB e dos usuários (NOVACAP e agricultores), a logística de
distribuição, requerimentos dos órgãos de meio ambiente e de
saúde pública e percepções das populações diretamente afetadas
os trabalhos mostram, inequívocamente, o interesse de se utilizar
abordagem multicritério como ferramenta de planejamento em
reúso de água. Com essa abordagem foi possível tratar de forma
analítica um problema complexo. Essa complexidade não está
associada apenas ao número de alternativas e de critérios, mas é
função também da participação dos decisores. Em realidade, a
implementação de projetos de reúso, certamente, demandará a
participação de uma diversidade de atores, o que implicará
situações de decisões sob incerteza e de conflitos de interesses e
de julgamentos de valor
com o planejamento da atividade de reúso no DF, foi possível
identificar as alternativas, em forma hierárquica, onde o reúso
poderia ser implementado. Para hierarquizá-las fez-se uso de
122
critérios que demandaram dados relativos à saúde humana e ao
meio ambiente, entre outros
por ser trabalho de planejamento no âmbito acadêmico, não foi
possível considerar alianças/confrontos entre os atores (analista e
decisores)
a metodologia utilizada pode estender-se a outras regiões; os
critérios deverão seguir especificidades e dados disponíveis do
local
Para o caso de ser aplicada noutras regiões sugere-se que:
o sejam desenvolvidos com mais representantes de cada
instituição diretamente relacionada ao planejamento de
reúso
o haja oportunidade para maior participação de decisores na
definição de alternativas, critérios e pesos. Isto poderia ser
realizado por meio de várias reuniões, de modo a se
aproximar, ao máximo, de uma negociação real
não argumentos que refutem o uso da abordagem multicritério
na seleção de alternativas para o reúso de água
Durante a realização deste trabalho, algumas possibilidades de pesquisa
se apresentaram e não puderam ser desenvolvidas, principalmente pelo escopo que se
desenvolvera. Dessa forma recomenda-se:
realizar estudo para valoração dos custos ambientais envolvidos em
projetos de reúso de água, de modo que a viabilidade econômica do
reúso de água os internalize e não se condicione à mera avaliação do
ganho financeiro; de extrema utilidade, este estudo pode servir para se
estabelecerem futuras tarifas
123
estudar a percepção da população do Distrito Federal quanto ao reúso
de água na agricultura e irrigação paisagística. Ressalta-se que essa é
etapa essencial na implementação de programas de reúso de água.
124
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137
Anexos
138
Anexo I - Formulário utilizado durante as visitas
técnicas às
ETEs da CAESB
139
Nas vistorias às ETEs, observar:
ETE:
Data da vistoria:
Contatos:
Fones:
E-mails:
Principais problemas operacionais
Dispositivo de medição de vazão
Entrada do efluente e número de medições/d:
Saída do efluente e número de medições/d:
Existe contribuição de efluente industrial?
Local onde são realizadas as análises físico-químicas e
bacteriológicas para monitoramento da ETE
Existe reúso do efluente no interior da ETE? Se sim,
informar os locais de utilização.
Vazão efluente já foi determinada? Quando e quais os
valores encontrados?
Uso do solo nas imediações da ETE
140
Anexo II - Formulário entregue aos decisores
141
Processo de escolha de alternativas de reúso de água no Distrito
Federal Instruções
Informações de: _____________________________________________________
Órgão de origem: ____________________________________________________
Profissão: ___________________________________________________________
1) Primeira etapa: definição das alternativas, critérios e forma de avaliação
dos critérios
São 6 as alternativas, que se encontram discriminadas na Tabela II.1. A
relação dos critérios e a forma de avaliá-los, para cada alternativa, encontram-se,
respectivamente, nas Tabelas II.2 e II.3.
A partir das alternativas e critérios apresentados, favor responder:
a) você concorda com as alternativas apresentadas? o Sim o Não
Se não, favor informar:
A(s) alternativa(s) que deverá(ão) ser desconsiderada(s) e por quê?
A(s) alternativa(s) que deverá(ão) ser acrescenta(s) e por quê?
142
b) você concorda com os critérios apresentados? o Sim o Não
Se não, favor informar:
O(s) critério(s) que deverá(ão) ser desconsiderado(s) e por quê?
O(s) critério(s) que deverá(ão) ser acrescentado(s) e por quê?
OBS.: Neste caso, indicar também a forma de avaliação do (s) critério (s)
acrescentado (s).
c) você concorda com a forma de avaliação dos critérios? o Sim o Não
Se não, favor justificar e apresentar a forma que você considera mais apropriada
Tabela II.1 Relação das alternativas de reúso de água no Distrito Federal
Alternativas Alternativas
Nome Nome
1 ETE Brazlândia 4 ETE Sul
2 ETEs Samambaia e Melchior 5 ETE São Sebastião
3 ETE Gama 6 ETE Planaltina
143
Tabela II.2 Critérios para avaliação das alternativas de reúso de água no Distrito
Federal
Critérios
1 Ganho econômico
2 Área passível de ser irrigada com água de reúso
3 Taxa de crescimento populacional
4 Renda per capita
5 Consumo de água per capita
6 Acesso à água potável
7 Acesso à coleta de esgotos
8 Doenças de veiculação hídrica
9 Riscos de contaminação dos agricultores
10 Atratividade agrícola, industrial e na pecuária
Tabela II.3 Forma de avaliação das alternativas sob cada critério
Critérios Forma de avaliação
1 Ganho econômico
Considerará o valor aproximado, em reais, a ser
economizado com a compra de adubos, já subtraído
do custo do tratamento de esgoto.
2 Área passível de ser irrigada
com água de reúso
Para esse cálculo foram utilizadas as seguintes
informações:
- demanda de 1,2 L/s x ha (CAESB e MEL, 2004);
- área agricultável calculada a partir do Mapa de
Reúso;
- disponibilidade de água de reúso em cada
alternativa.
3 Taxa de crescimento
populacional
A partir dos dados governamentais disponíveis por
Região Administrativa onde se encontra inserida cada
alternativa (período 2000 a 2010).
4 Renda per capita
A partir dos dados governamentais disponíveis por
Região Administrativa
5 Consumo de água per
capita
Dados da CAESB, referentes à Região Administrativa
onde se encontra inserida cada alternativa
6 Acesso à água potável
Dados da CAESB, referentes à Região Administrativa
onde se encontra inserida cada alternativa. Percentual
da população abastecida.
7 Acesso à coleta de esgotos
Dados da CAESB, referentes à Região Administrativa
onde se encontra inserida cada alternativa. Percentual
da população atendida.
8 Doenças de veiculação
hídrica
Dados do SEDUH (nº de casos/100.000 hab nas
Regiões Administrativas onde se encontram as
alternativas)
9 Riscos de contaminação dos
agricultores
A partir da resposta a questões, cujas respostas sim e
não equivalem, respectivamente, a um e zero.
10
Atratividade agrícola,
industrial e na pecuária
A partir da resposta a questões, cujas respostas sim e
não equivalem, respectivamente, a um e zero.
144
2) Segunda etapa: definição da importância dos critérios resultantes da
primeira etapa.
Para identificar a importância de cada um dos critérios resultantes da
primeira etapa deste trabalho, você deverá colocar os pesos na terceira coluna da
Tabela II.4. O somatório dos pesos de todos os critérios deverá ser 10. Poderão ser
colocados valores decimais (uma casa).
Tabela II.4 Critérios para avaliação das alternativas de reúso de água no Distrito
Federal
Critérios Pesos (*) soma
deverá ser 10)
1
Ganho econômico
2
Área passível de ser irrigada com água de reúso
3
Taxa de crescimento populacional
4
Renda per capita
5
Consumo de água per capita
6
Acesso à água potável
7
Acesso à coleta de esgotos
8
Doenças de veiculação hídrica
9
Riscos de contaminação dos agricultores
10
Atratividade agrícola, industrial e na pecuária
(*) poderão ser colocados valores decimais (1 casa decimal)
145
Anexo III Relação dos decisores
convidados
146
Tabela III.1 - Relação dos especialistas convidados.
Instituição Nome Título Formação e cargo
Sheila Telles Meyer
Especialista
Engenheira Química - Analista Pericial/Engª Sanitária.
Maria Geraldina Salgado M.Sc. Engenheira Civil - Analista Pericial/Engª Sanitária.
Ministério
Público
Federal
Carine Adriana Câmara
Barbosa
M.Sc. Engenheira Civil
Chefe da Seção de Meio Ambiente da Divisão de Perícias
Externas Ministério Público do Distrito Federal e Territórios
Adriana Araújo Maximiniano
Especialista
Química - Coordenadora de Avaliação e Controle de
Substâncias Químicas
IBAMA
Erani Maurício Bastos Especialista Engenheiro Agrônomo
Técnico do Licenciamento Ambiental do IBAMA/sede
SEMARH/DF
Dálio Ribeiro Mendonça Filho
M.Sc.
Engenheiro Florestal
Antônio Luis Harada
M.Sc.
Engenheiro Civil
CAESB
Mauro Roberto Felizatto M.Sc. Engenheiro Químico
Américo de Oliveira Sampaio
M.Sc.
Engenheiro Civil - Assessor de Desenvolvimento Tecnológico
SABESP
Milton Tomoyuki Tsutiya Doutor Engenheiro Civil
UnB
Oscar de Moraes Cordeiro
Netto
Doutor
Engenheiro Civil Professor da Faculdade de Tecnologia da
Universidade de Brasília
Pedro Mancuso
Doutor
Engenheiro Industrial Professor da Faculdade de Saúde
Pública da Universidade de São Paulo
Ivanildo Hespanhol Doutor Engenheiro Civil Professor da Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo e Diretor do Centro Internacional
de Referência em Reúso de Água (CIRRA)
USP
José Carlos Mierzwa Doutor Engenheiro Químico - Professor da Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo e Coordenador Técnico do CIRRA
147
Tabela III.1 - Relação dos especialistas convidados - Continuação
Instituição Nome Título Formação e cargo
Johnny Ferreira dos Santos
Especialista
Engenheiro Civil- Coordenador Geral de Engenharia
Sanitária do Departamento de Engenharia de Saúde
Pública.
João Marcelo Lopes Siqueira Especialista Engenheiro Civil/Sanitarista.
FUNASA
Fundação Nacional
de Saúde
Andréa Narítza Silva e Silva M.Sc. Engenheira Civil.
Secretaria de
Saúde do Distrito
Federal
Shirley Margareth Buffon da
Silva
M.Sc.
Bióloga Coordenadora do Grupo Técnico do Programa
de Qualidade da Água para Consumo Humano
Tabela III.2 - Relação dos agricultores que participaram do trabalho.
Nome Profissão Local de trabalho Instituição Cargo
Carliene dos Santos
Oliveira
Agricultora
Acampamento de Santarém Área
Rural de Samambaia/DF
Sindicato dos Trabalhadores
Rurais do Distrito Federal
Diretora de
Mulheres
Romilton José Machado
Agricultor
INCRA 7/8 Brazlândia/DF
Sindicato dos Trabalhadores
Rurais do Distrito Federal
Vice-
Presidente
Alflânio Pereira de Jesus
Agricultor
Área de Relevante Interesse
Ecológico (ARIE) de São Sebastião
Sindicato dos Trabalhadores
Rurais do Distrito Federal
Diretor Fiscal
148
Anexo IV Mapas diversos
149
Figura IV.1 Representação das alternativas de reúso no Mapa de Uso e Ocupação do Solo do Distrito Federal.
150
Figura IV.2 Mapa de Zoneamento Hidrogeológico do Distrito Federal. Fonte: CAMPOS e FREITAS-SILVA 1998a.
1
51
Figura IV.3 - Representação das áreas e alternativas de reúso de água no Distrito Federal (Mapa de Reúso).
152
Anexo V Resultados da definição dos pesos
(memória de cálculo)
153
Tabela V.1 Resultado da ponderação dos critérios para todos os decisores.
Critérios inicialmente propostos pela analista
Soma dos pesos
atribuídos por todos
os decisores
Ganho econômico 27,0
Área passível de ser irrigada 23,5
Taxa de crescimento populacional 3,1
Renda per capita 4,0
Consumo de água per capita 9,2
Acesso à água potável 11,4
Acesso à coleta de esgotos 11,6
Doenças de veiculação hídrica 15,3
Riscos de contaminação dos agricultores
(1)
17,1
Atratividade agrícola, industrial e na pecuária 18,0
Relação dos critérios sugeridos pelos decisores
Pesos
(2)
Vulnerabilidade à contaminação - risco às águas
subterrâneas
2,0
Disponibilidade das águas superficiais e subterrâneas das
bacias
2,0
Existência de sistemas de saneamento: abastecimento de
água e coleta de esgotos
1,0
Vazão disponível para reúso 1,0
Identificação dos potenciais contaminantes de risco à
saúde humana
2,0
Fatores sociais (taxa de crescimento populacional e renda) 1,0
Escassez de água (consumo de água per capita e acesso à
água potável)
1,5
Disponibilidade de esgotos (no lugar de coleta de esgotos)
0,5
Riscos à saúde humana (doenças de veiculação hídrica e
risco de contaminação dos agricultores)
3,0
Fatores ambientais 2,0
Investimentos adicionais 1,0
Usos dos córregos existentes na bacia 0,8
Susceptibilidade à contaminação da bacia 1,0
Tipos de culturas existentes na bacia 1,0
(1) Apesar de ter sido ponderado pelos decisores, esse critério foi excluído, tendo em
vista as razões já expostas no Capítulo 4; (2) apenas o decisor que sugeriu o critério o
ponderou.
A seguir é apresentada a avaliação de todos os critérios por tipos de
decisores. Ressalta-se que os decisores foram divididos nos seguintes grupos: setor
154
saúde, Ministério Público Federal, agricultores, setor saneamento, setor ambiental e
professores universitários.
Tabela V.2 - Resultado da ponderação dos critérios para os decisores do setor saúde.
Ponderação dos critérios
Relação dos critérios
Decisores do setor saúde
1 2 3 4
Critérios sugeridos pela analista
ganho econômico 1,0 1,0 1,0 1,3
área passível de ser irrigada 1,0 1,0 0,5 2,0
taxa de crescimento populacional 0,0 0,0 0,5 0,5
renda per capita 0,0 0,5 0,5 0,2
consumo de água per capita 0,0 0,5 0,5 0,7
acesso à água potável 0,0 1,0 0,5 0,3
acesso à coleta de esgotos 0,0 1,0 1,0 2,5
doenças de veiculação hídrica 0,0 2,0 2,0 1,5
riscos de contaminação dos agricultores 0,0 2,0 3,0 0,6
atratividade agrícola, industrial e na pecuária 0,0 1,0 0,5 0,4
Critérios sugeridos pelos decisores
vulnerabilidade à contaminação - risco às águas subterrâneas 2,0
disponibilidade das águas superficiais e subterrâneas das bacias 2,0
existência de sistemas de saneamento: abastecimento de água e
coleta de esgotos 1,0
vazão disponível para reúso 1,0
identificação dos potenciais contaminantes de risco à saúde
humana 2,0
Soma dos pesos de todos os critérios 10,0
10,0
10,0 10,0
155
Tabela V.3 - Resultado da ponderação dos critérios para os decisores do setor
saneamento.
Ponderação dos critérios
Decisores do setor saneamento
Relação dos critérios
5 6 7
Critérios sugeridos pela analista
ganho econômico 1,8 5,0 2,5
área passível de ser irrigada 1,8 1,0 1,5
taxa de crescimento populacional 0,6 0,0 0,0
renda per capita 0,6 1,0 0,0
consumo de água per capita 0,6 0,0 1,0
acesso à água potável 0,5 0,5 1,5
acesso à coleta de esgotos 0,6 0,5 0,0
doenças de veiculação hídrica 0,5 0,5 1,0
riscos de contaminação dos agricultores 1,8 1,0 1,5
atratividade agrícola, industrial e na pecuária 1,2 0,5 1,0
Soma dos pesos de todos os critérios 10,0 10,0 10,0
Tabela V.4 - Resultado da ponderação dos critérios para os decisores do setor
agrícola.
Ponderação dos critérios
Relação dos critérios
Decisores do setor agrícola
8 9 10
Critérios sugeridos pela analista
ganho econômico 2,0 2,5 3,0
área passível de ser irrigada 2,0 1,5 2,0
taxa de crescimento populacional 0,0 0,5 0,0
renda per capita 0,0 0,5 0,1
consumo de água per capita 0,0 1,0 0,9
acesso à água potável 0,0 1,0 0,5
acesso à coleta de esgotos 1,0 0,5 0,0
doenças de veiculação hídrica 0,0 0,5 1,0
riscos de contaminação dos agricultores 0,0 0,5 1,0
atratividade agrícola, industrial e na pecuária 5,0 1,5 1,5
Soma dos pesos de todos os critérios 10,0 10,0 10,0
156
Tabela V.5 - Resultado da ponderação dos critérios para os decisores do setor
ambiental.
Relação dos critérios
Ponderação dos
critérios do setor
ambiental
11
Critérios sugeridos pela analista
ganho econômico 0,0
área passível de ser irrigada 3,0
taxa de crescimento populacional 0,0
renda per capita 0,0
consumo de água per capita 1,0
acesso à água potável 1,0
acesso à coleta de esgotos 1,0
doenças de veiculação hídrica 2,0
riscos de contaminação dos agricultores 1,0
atratividade agrícola, industrial e na pecuária 1,0
Soma dos pesos de todos os critérios 10,0
157
Tabela V.6 - Resultado da ponderação dos critérios para os decisores do grupo
professores universitários.
Relação dos critérios
Ponderação dos
critérios do grupo de
professores
universitários
12 13
Critérios sugeridos pela analista
ganho econômico 0,3 3,0
área passível de ser irrigada 0,5 2,0
taxa de crescimento populacional 0,0 0,3
renda per capita 0,0 0,1
consumo de água per capita 0,0 0,2
acesso à água potável 0,0 1,5
acesso à coleta de esgotos 0,0 0,2
doenças de veiculação hídrica 0,0 0,2
riscos de contaminação dos agricultores 0,0 1,0
atratividade agrícola, industrial e na pecuária 0,2 1,5
Critérios sugeridos pelos decisores
Fatores sociais (taxa de crescimento populacional e renda) 1,0
Escassez de água (consumo de água per capita e acesso à
água potável)
1,5
Disponibilidade de esgotos (no lugar de coleta de esgotos) 0,5
Riscos à saúde humana (doenças de veiculação hídrica e
risco de contaminação dos agricultores)
3,0
Fatores ambientais 2,0
Investimentos adicionais 1,0
Soma dos pesos de todos os critérios 10,0 10,0
158
Tabela V.7 - Resultado da ponderação dos critérios para os decisores do Ministério
Público Federal.
Relação dos critérios
Ponderação dos critérios dos
decisores do Ministério Público
Federal
14 15 16
Critérios sugeridos pela analista
ganho econômico 1,0 0,8 0,8
área passível de ser irrigada 1,5 1,2 1,0
taxa de crescimento populacional 0,0 0,7 0,0
renda per capita 0,0 0,5 0,0
consumo de água per capita 0,8 0,8 1,2
acesso à água potável 0,6 1,0 1,5
acesso à coleta de esgotos 0,7 1,1 1,5
doenças de veiculação hídrica 0,8 1,8 1,5
riscos de contaminação dos agricultores 0,8 1,4 1,5
atratividade agrícola, industrial e na pecuária 1,0 0,7 1,0
Critérios sugeridos pelos decisores
usos dos córregos existentes na bacia 0,8
vulnerabilidade à contaminação da bacia 1,0
tipos de culturas existents na bacia 1,0
Soma dos pesos de todos os critérios 10,0 10,0 10,0
A Tabela V.8 apresenta os critérios que foram melhor pontuados pelos
decisores. Estes foram considerados para aplicação do Método ELECTRE III.
Tabela V.8 Relação dos critérios mais pontuados por todos os decisores e os seus
pesos
Critérios mais pontuados Pesos
Ganho econômico 27,0
Área passível de ser irrigada com água de reúso 23,5
Acesso à água potável 11,4
Acesso à coleta de esgotos 11,6
Doenças de veiculação hídrica 15,3
Atratividade agrícola, industrial e na pecuária 18,0
Soma dos pesos atribuídos pelos decisores 106,8
159
Anexo VI Resultados da avaliação dos critérios
(memória de cálculo)
160
Critério: Ganho Econômico
Devido às suas especificidades, serão apresentadas as memórias de cálculo apenas de duas alternativas (ETEs Brazlândia e
Sul). A alternativa ETE Sul é a única das alternativas onde o reúso ocorreria para as irrigações agrícola e paisagística. A alternativa ETE
Brazlândia, como nas demais, está prevista apenas a irrigação agrícola. Antes da apresentação do resultado da avaliação do critério
econômico para essas duas alternativas, seguem os dados considerados para a escolha dos melhores preços de adubo (Tabelas VI.1 e
VI.2 ). O preço considerado no cálculo foi o da EMATER (2004b). As demais referências da Tabela VI.1 foram utilizadas no cálculo do
percentual de nutrientes por tipo de adubo. Os preços dos adubos encontram-se na Tabela VI.1. O menor preço por quilo de nutriente foi
utilizado no cálculo da economia de adubo para cada alternativa. As memórias de cálculo encontram-se nas Tabelas VI.1 a VI.11.
Tabela VI.1 Levantamento de preços de adubos
Tipos de adubos (1)
% de nutrientes (2),
(3), (4), (5) Quantidade Preço (6) quantidade de nutrientes (kg) Preço por kg de nutriente, em R$
N P
2
0
5
K
2
0 (kg) R$ N P
2
0
5
P K
2
0 K N P
2
05 K
2
0 P K
04-14-08 4 14 8 1000 816,67 40 140 61,13 80 66,38 20,42 5,83 10,21 13,35
12,30
20-00-20 20 - 20 1000 1.029,67 200 - - 200 165,96
5,15 - 5,15 - 6,20
10 -10 -10 10 10 10 1000 964,50 100 100 43,66 100 82,98 9,65 9,65 9,65 22,10
11,63
uréia (7) 45 - - 1000 1.152,33 450 - - - - 2,56 - - - -
sulfato de amônio 21 - - 1000 867,00 210 - - - - 4,13 - - - -
termosfofato Yoorin Master,
em g/kg - 175 - 1000 967,33 - 175 76,41 - - - 5,53 - 12,66
-
sulfato de potássio - - 42 1000 2.560,00 - - 420 348,51
- - 6,10 - 7,35
cloreto de potássio (7) - - 62 1000 1.022,33 - - - 620 514,5 - - 1,65 - 1,99
fosfato natural (20% P
2
0
5
) (7)
- 20 - 1000 656,00 - 200 87,32 - - - 3,28 - 7,51 -
(1) Foram considerados os adubos já usualmente utilizados nas horticulturas do DF, de acordo com EMATER (2004b); (2) (KORNDÖRFER 2001); (3)TAVARES
JÚNIOR e DALTO (2004); (4) BULL e col. (1997); (5)MASCARENHAS e col. (1994); (6)Dado da EMATER (2004b); (7) Menores preços por quilo de nutriente.
161
Tabela VI.2 Tipos e quantidades de adubos utilizados nos canteiros ornamentais do Distrito Federal
Adubos químicos utilizados Área (ha)
Quantidade de adubo necessária (kg)
Total/adubo N P
2
0
5
K
2
0
fosfato natural tem 28% de P
2
0
5
3000 kg/ha 16,8 50400
0
14112
-
adubo 4 - 14 - 8 + Zn 500 kg/ha 8400
336
1176
672
uréia - tem 45% N 10 g/m2 100 kg/ha 1680
756
0
-
cloreto de potássio - 62% K
2
0 15 g/m2 150 kg/ha 2520
0
0
1562
Total de nutrientes
1.092
15.288
(a)
2.234
(b)
Fonte: NOVACAP (2003).
(a) corresponde a 6.675 kg de fósforo total. (b) corresponde a 1.854 kg de potássio total.
162
Memória de cálculo para a ETE Brazlândia
Tabela VI.3 – Cálculo da área passível de ser irrigada com água de reúso
consumo de água/ciclo(L água/m
2
) (a) 414,72
consumo de água por hectare (L/ha/ciclo) 4.147.200,00
consumo de água total/ciclo (L/ciclo) 338.724.000,00
volume de água de reúso por ciclo de 4 meses (m
3
) 338.724,00
volume de água de reúso (4meses) - em litros 338.724.000,00
área a ser irrigada com água reúso (ha) 82
área total - em ha - (mapa de reúso) 7098
% da área total (irrigada com água de reúso) 1
(a) 0,8 L/s.ha ou 829,44 L água/m
2
no ciclo de 4 meses. Este valor foi fornecido por CAESB e MEL
(2004) para irrigação do tipo localizada no DF. Esse valor foi dividido por dois, pois o sistema não
funciona 24h/dia.
Tabela VI.4 Quantidade de nutrientes presentes na água de reúso da ETE
Brazlândia.
Tipo de nutriente Quantidade
TKN (mg/L) -mínimo
41,70
TKN (kg) - total 14.126
PT (mg/L) - mínimo 6,96
PT (kg) - total 2.358
KT (mg/L) - (a) 10,68
KT (kg) - total 3.618
(a) a CAESB não realiza essa determinação. Esse dado foi obtido de SILVA (2004).
Tabela VI.5 Resultado da avaliação do critério ganho econômico da alternativa
ETE Brazlândia
Tipo de nutrientes Quantidade de nutrientes na
água de reúso (kg)
Preço (R$)
TKN 14.126 36.134
PT 2.358 17.769
KT 3.618 7.196
Total 61.100
163
Tabela VI.6 - Simulação de preço da água de reúso - ETE Brazlândia
R$/m
3
Valor a ser pago (R$) para irrigar 82 ha da
alternativa
0,38 (a)
128.715
(a) valor adotado pela SABESP citado por SEMURA (2005)
Observa-se que o valor de R$ 128.715 é superior à economia com a compra de
adubo para a irrigação de 82 ha da alternativa.
Memória de cálculo para a ETE Sul
Adubação de canteiros ornamentais:
Tabela VI.7 Custo de adubo para irrigação dos canteiros ornamentais (*)
Nutrientes Custo (R$)
N
2.795,52
PT 50.129,57
KT 3.689,61
Total 56.614,70
(*) De acordo com EMATER (2004b)
No caso dos canteiros ornamentais, o consumo diário de água para a
irrigação é, segundo ALENCAR (2004), 10mm/m
2
. Desta forma, o consumo total de
água de reúso, no período de 4 meses, seria de 201.600 m
3
para irrigar os 16,80 ha.
164
Tabela VI.8 Ganho econômico da alternativa ETE Sul para a irrigação dos
canteiros ornamentais
Tipo de nutriente Quantidade de nutrientes na
água de reúso
Preço (R$)
(a)
TKN (mg/L) -mínimo
16,60
TKN (kg) 3.346
8.566
PT (mg/L) - mínimo 2,30
PT (kg) 460
3.455
KT (mg/L)
(b)
10,68
KT (kg) - total 2.150
4.279
Total
16.300
(a)EMATER (2004b); (b) a CAESB não realiza essa determinação. Esse dado
foi obtido de SILVA (2004).
Comparando-se a Tabela VI.7 com a VI.8, observa-se que a água de reúso
proporciona uma economia de cerca de 29% na compra de adubo.
Tabela VI.9 – Cálculo da área agrícola passível de ser irrigada com água de reúso
alternativa ETE Sul
água reúso - total (m
3
/4meses) 9.828.688
água de reúso - irrigação paisagística (m
3
/4 meses) 201.600
água de reúso - agricultura (m
3
/4 meses) 9.627.088
consumo de água/ciclo(L água/m
2
) (a) 414,72
consumo de água por hectare (L/ha/ciclo) 4.147.200
área a ser irrigada com água reúso (ha) 2321
área total - em ha - (mapa de reúso) 3209
% da área total (irrigada com água de reúso) 72
(b) 0,8 L/s.ha ou 829,44 L água/m
2
no ciclo de 4 meses. Este valor foi fornecido por CAESB e MEL
(2004) para irrigação do tipo localizada no DF. Esse valor foi dividido por dois, pois o sistema não
funciona 24h/dia.
165
Tabela VI.10 Ganho econômico da alternativa ETE Sul para a irrigação agrícola
Tipo de nutriente Quantidade Preço (R$)
(a)
TKN (mg/L) -mínimo
16,60
TKN (kg) - total 159.809 409.110
PT (mg/L) - mínimo 2,30
PT (kg) - total 22.142 166.286
KT (mg/L) - (b) 10,68
KT (kg) - total 102.817 204.604
Total
780.000
(a)EMATER (2004b); (b) a CAESB não realiza essa determinação. Esse dado
foi obtido de SILVA (2004).
Logo, o ganho econômico total da alternativa ETE Sul é de R$ 796.300.
Tabela VI.11 - Simulação de preço da água de reúso - alternativa ETE Sul
R$/m
3
Valor a ser pago (R$) para irrigar 2321 ha da
alternativa
0,38 (a)
3.658.293
(b) valor adotado pela SABESP citado por SEMURA (2005)
Observa-se que o valor de R$ 3.658.293 é superior à economia com a compra de
adubo para a irrigação de 2.321 ha da alternativa.
166
Critério: Doenças de veiculação hídrica
Os dados para a avaliação desse critério, para todas as alternativas, consideraram as informações apresentadas na Tabela
VI.12. Devido à inexistência de casos de poliomielite no DF, não houve a sua apresentação na tabela a seguir.
Tabela VI. 12 Doenças de veiculação hídrica no Distrito Federal para o ano 2000 e por Região Administrativa
Regiões Administrativas População Ano 2000
(1)
Doenças de veiculação hídrica no DF no ano de 2000
(1)
número de casos
Cólera Febre tifóide
Hepatite A
(2)
Leptospirose Total Total de casos/100mil hab
1
Brasília 198422
0 0 7 4 11 6
2
Gama 130580
0 0 42 1 43 33
3
Taguatinga 243575
0 2 0 3 5 2
4
Brazlândia 52698
0 0 12 1 13 25
5
Sobradinho 128.789
0 1 4 3 8 6
6
Planaltina 147.114
0 0 13 3 16 11
7
Paranoá 54.902
0 0 10 3 13 24
8
Núcleo Bandeirante 36.472
0 0 7 2 9 25
9
Ceilândia 344.039
0 0 11 2 13 4
10
Guará 115.385
0 0 26 2 28 24
11
Cruzeiro 63.883
0 0 0 0 0 0
12
Samambaia 164.319
0 0 14 3 17 10
13
Santa Maria 98.679
0 0 18 1 19 19
14
São Sebastião 64.322
0 0 6 0 6 9
15
Recanto das Emas 93.287
0 0 4 3 7 8
16
Lago Sul 28.137
0 0 3 0 3 11
17
Riacho Fundo 41.404
0 0 3 1 4 10
18
Lago Norte 29.505
0 0 1 2 3 10
19
Candangolândia 15.634
0 0 4 0 4 26
(1) SEDUH 2002; (2) Dado fornecido pela Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal
167
Resultado da avaliação do critério doenças de veiculação hídrica
Tabela VI.13 Resultado da avaliação do critério doenças de veiculação hídrica
para todas as alternativas
Critério “Atratividade agrícola, industrial e na pecuária”
a) A alternativa se constitui em um pólo agrícola do DF?
Tabela VI.14Resultado da avaliação do item a do critério atratividade agrícola,
industrial e na pecuária
Alternativas Área (ha) % do total Avaliação da alternativa
Brazlândia
7.098
31,56
1
Samambaia/Melchior 5.476 24,34 1
Gama 3.600 16,00 1
Sul 3.209 14,27 1
São Sebastião 652 2,90 0
Planaltina 2.459 10,93 1
Total 22.494
Alternativa Região
Administrativa
nº casos de doença de veiculação
hídrica/100.000hab
ETE Brazlândia Brazlândia 25
ETE Samambaia/Melchior Samambaia 10
ETE Gama Gama 33
ETE Sul Brasília 6
ETE São Sebastião São Sebastião 9
168
b) No Mapa de Uso e Ocupação do Solo são identificadas indústrias na alternativa?
Tabela IV.15Resultado da avaliação do item b do critério atratividade agrícola,
industrial e na pecuária
Alternativas Avaliação da alternativa
Brazlândia
0
Samambaia/Melchior 1
Gama 1
Sul 0
São Sebastião 0
Planaltina 0
c) A alternativa se constitui em um pólo de pecuária do DF?
Tabela VI.16Resultado da avaliação do item c do critério atratividade agrícola,
industrial e na pecuária
Alternativas Avaliação da alternativa
Brazlândia
1
Samambaia/Melchior 1
Gama 1
Sul 0
São Sebastião 1
Planaltina 1
169
d) A alternativa tem o potencial de se tornar uma grande fornecedora de água de
reúso?
Tabela VI.17Resultado da avaliação do item d do critério atratividade agrícola,
industrial e na pecuária
Alternativas Vazão de todas as ETEs
(na alternativa), em
m
3
/mês
% do total Avaliação da
alternativa
Brazlândia
84.681,0
1,41
0
Samambaia/Melchior
1.575.843,0 26,22
1
Gama 559.825,2 9,31
0
Sul 3.639.063,0 60,54
1
São Sebastião 81.833,0 1,36
0
Planaltina 69.502,0 1,16
0
Total 6.010.747,2
O resultado final da alternativa corresponde à soma das avaliações nos itens a, b,
c e d. Desta forma, as avaliações variaram de 1 a 4 e se encontram apresentadas na Tabela a
seguir.
Tabela VI.18Resultado da avaliação do critério atratividade agrícola, industrial e na
pecuária
Alternativas Avaliação da alternativa
Brazlândia 2
Samambaia/Melchior 4
Gama 3
Sul 2
São Sebastião 1
Planaltina 2
170
Anexo VII Resultados da aplicação do Método
ELECTRE III
171
Dados de entrada do Método ELECTRE III
Utilizou-se o Método ELECTRE III para os seguintes casos
(considerando todas as alternativas):
com a participação de todos os decisores;
apenas para os agricultores;
apenas para o setor saúde;
apenas para os técnicos (todos menos os agricultores)
Com o objetivo de facilitar o entendimento da aplicação do Método
ELECTRE III, são reapresentadas as Tabelas 4.10, 4.17, 4.18 e 4.19. Em seguida,
nas Tabelas VII.1 a VII.12, são apresentadas as matrizes de concordância global, de
credibilidade e classificatória para todos os casos de aplicação do ELECTRE III.
Tabela 4.10 - Resultado da ponderação dos critérios para diversos grupos de
decisores
Ponderação dos grupos de decisores
Todos Agricultores Técnicos (*) Saúde
Critérios selecionados
pesos
% pesos
% pesos
% pesos
%
Ganho econômico 27,0
25,3
7,5
29,4
19,5
24,0
4,3
19,1
Área passível de ser
irrigada
23,5
22,0
5,5
21,6
18,0
22,1
4,5
20,0
Acesso à água potável 11,4
10,7
1,5
5,9
9,9
12,2
1,8
8,0
Acesso à coleta de esgotos 11,6
10,9
1,5
5,9
10,1
12,4
4,5
20,0
Doenças de veiculação
hídrica
15,3
14,3
1,5
5,9
13,8
17,0
5,5
24,4
Atratividade agrícola,
industrial e na pecuária
18,0
16,9
8,0
31,4
10,0
12,3
1,9
8,4
(*) todos os decisores (exceto os agricultores)
172
Tabela 4. 17 Resultado da avaliação das alternativas para cada um dos critérios selecionados para aplicação do Método ELECTRE III
Avaliação dos critérios
Alternativas
Ganho
econômico
(R$)
(a)
Área passível
de ser irrigada
com água de
reúso (ha)
Acesso à água
potável (% de
atendimento)
(b) (c)
Acesso à coleta
de esgotos (% de
atendimento)
(b) (c)
Doenças de
veiculação hídrica
(nº
casos/100.000hab)
(b)
(d)
Atratividade
agrícola, industrial
e na pecuária
(adimensional)
Brazlândia 61.100
82
97,96 86,82 25 2
Samambaia/Melchior 531.000
1.270
99,95 95,87 10 4
Gama 158.000
471
96,04 95,65 33 3
Sul
796.300
2.338
99,96 99,44 6 2
São Sebastião 13.800
46
83,95 76,98 9 1
Planaltina 35.700
61
65,72 52,98 11 2
Total
1.595.600
4.268
(a) Corresponde ao valor economizado (em reais) com a compra de adubos, a partir do uso da água de reúso, (b) dados das Regiões
Administrativas de Brazlândia, Samambaia, Gama, Brasília, São Sebastião e Planaltina, (c) CAESB (2002b), (d) calculado em função
dos dados fornecidos pelo SEDUH(2002) e pela Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal. A população para esse cálculo foi
obtida de SEDUH (2002).
173
Tabela 4.18 - Limiares utilizados na aplicação do Método ELECTRE III.
Limiares
Critérios
Direção de
preferência
(maior ou menor)
q p v
Valor de
referência
Ganho econômico Maior (a) 15.920 ou 2% 159.200 ou 20% 756.200 ou 95%
796.000
Área passível de ser irrigada com água de
reúso
Maior 70 ou 3% 467 ou 20% 2.268 ou 97%
2.338
Acesso à água potável (b) Maior 1,71 ou 5% 10,27 ou 30% 32,53 ou 95%
34,24
(e)
Acesso à coleta de esgotos (b) Maior 2,3 ou 5% 13,94 ou 30% 44,14 ou 95%
46,46
(e)
Doenças de veiculação hídrica (b,c) Menor (d) 1,35 ou 5% 8,1 ou 30% 25,65 ou 95%
27
(e)
Atratividade agrícola, industrial e na
pecuária
Maior
0,2 ou 5% 2 ou 50% 4 ou 100%
4
(a) Quanto maior o valor da avaliação do critério, melhor a alternativa; (b) critérios relacionados à questão da saúde das populações; (c) número de
casos de doenças de veiculação hídrica /100.000 habitantes; (d) quanto menor o valor da avaliação do critério, melhor a alternativa; (e) diferença
entre a maior e a menor avaliação do critério.
174
Tabela 4.19 - Resultados da aplicação do Método ELECTRE III
Classificação das alternativas Condições de aplicação do Método
ELECTRE III
Todas as alternativas e decisores Sul
Samambaia/
Melchior
Gama Brazlândia/
São Sebastião
Planaltina
Todas as alternativas e apenas os
decisores do Setor Saúde
Sul Samambaia/
Melchior
São Sebastião Brazlândia/
Gama
Planaltina
Todas as alternativas e todos os decisores
técnicos (todos exceto agricultores)
Sul Samambaia/
Melchior
Gama Brazlândia/ São
Sebastião
Planaltina
Todas as alternativas e apenas os
agricultores como decisores
Samambaia/
Melchior e Sul
Gama Brazlândia São Sebastião/
Planaltina
----------
175
UTILIZANDO TODAS AS ALTERNATIVAS E TODOS OS DECISORES:
Tabela VII.1 Matriz de Concordância Global para todos os decisores.
Brazlândia Samambaia/Melchior Gama Sul São Sebastião Planaltina
Brazlândia 1 0,21 0,57 0,28 0,86 0,86
Samambaia/Melchior 1 1 1 0,46 1 1
Gama 0,86 0,31 1 0,34 0,86 0,86
Sul 1 0,89 0,95 1 1 1
São Sebastião 0,72 0,14 0,25 0,23 1 0,94
Planaltina 0,77 0,2 0,36 0,23 0,77 1
Tabela VII.2 Matriz de Credibilidade para todos os decisores.
Brazlândia Samambaia/Melchior Gama Sul São Sebastião Planaltina
Brazlândia 1 0,02 0,57 0 0,86 0,86
Samambaia/Melchior 1 1 1 0,46 1 1
Gama 0,86 0 1 0 0,56 0,86
Sul 1 0,89 0,95 1 1 1
São Sebastião 0,72 0,01 0,25 0,11 1 0,94
Planaltina 0,04 0 0 0 0,77 1
176
Tabela VII.3Matriz Classificatória para todos os decisores.
Brazlândia Samambaia/Melchior Gama Sul São Sebastião Planaltina
Brazlândia 0 0 0 0 0 1
Samambaia/Melchior 1 0 1 0 1 1
Gama 1 0 0 0 0 1
Sul 1 1 1 0 1 1
São Sebastião 0 0 0 0 0 1
Planaltina 0 0 0 0 0 0
UTILIZANDO-SE TODAS AS ALTERNATIVAS E APENAS OS DECISORES DO SETOR DE SAÚDE:
Tabela VII.4 Matriz de Concordância Global para os decisores do setor saúde.
Brazlândia Samambaia/Melchior Gama Sul São Sebastião Planaltina
Brazlândia 1 0,19 0,59 0,18 0,76 0,76
Samambaia/Melchior 1 1 1 0,49 1 1
Gama 0,76 0,32 1 0,32 0,76 0,76
Sul 1 0,95 0,98 1 1 1
São Sebastião 0,72 0,24 0,32 0,25 1 0,97
Planaltina 0,71 0,27 0,38 0,2 0,7 1
177
Tabela VII.5 Matriz de Credibilidade para os decisores do setor saúde.
Brazlândia Samambaia/Melchior Gama Sul São Sebastião Planaltina
Brazlândia 1 0,02 0,59 0 0,76 0,76
Samambaia/Melchior 1 1 1 0,49 1 1
Gama 0,76 0 1 0 0,29 0,64
Sul 1 0,95 0,98 1 1 1
São Sebastião 0,72 0,02 0,32 0,11 1 0,97
Planaltina 0,03 0 0 0 0,7 1
Tabela VII.6 Matriz Classificatória para os decisores do setor saúde.
Brazlândia Samambaia/Melchior Gama Sul São Sebastião Planaltina
Brazlândia 0 0 0 0 0 0
Samambaia/Melchior 1 0 1 0 1 1
Gama 0 0 0 0 0 0
Sul 1 1 1 0 1 1
São Sebastião 0 0 0 0 0 1
Planaltina 0 0 0 0 0 0
178
UTILIZANDO-SE TODAS AS ALTERNATIVAS E APENAS OS AGRICULTORES COMO DECISORES
Tabela VII.7Matriz de Concordância Global para os decisores do setor agrícola.
Brazlândia Samambaia/Melchior Gama Sul São Sebastião
Planaltina
Brazlândia 1 0,19 0,54 0,38 0,94 0,94
Samambaia/Melchior 1 1 1 0,46 1 1
Gama 0,94 0,33 1 0,41 0,94 0,94
Sul 1 0,8 0,91 1 1 1
São Sebastião 0,75 0,06 0,22 0,27 1 0,9
Planaltina 0,86 0,17 0,39 0,34 0,88 1
Tabela VII.8 Matriz de Credibilidade para os decisores do setor agrícola.
Brazlândia Samambaia/Melchior Gama Sul São Sebastião Planaltina
Brazlândia 1 0,02 0,54 0 0,94 0,94
Samambaia/Melchior 1 1 1 0,46 1 1
Gama 0,94 0 1 0,01 0,94 0,94
Sul 1 0,8 0,91 1 1 1
São Sebastião 0,75 0,01 0,22 0,26 1 0,9
Planaltina 0,08 0 0 0 0,88 1
179
Tabela VII.9 Matriz Classificatória para os decisores do setor agrícola.
Brazlândia Samambaia/Melchior Gama Sul São Sebastião Planaltina
Brazlândia 0 0 0 0 1 1
Samambaia/Melchior 1 0 1 0 1 1
Gama 1 0 0 0 1 1
Sul 1 0 1 0 1 1
São Sebastião 0 0 0 0 0 0
Planaltina 0 0 0 0 0 0
UTILIZANDO-SE TODAS AS ALTERNATIVAS E TODOS OS DECISORES TÉCNICOS (TODOS EXCETO
AGRICULTORES):
Tabela VII.10 Matriz de Concordância Global para os decisores técnicos.
Brazlândia Samambaia/Melchior Gama Sul São Sebastião Planaltina
Brazlândia 1 0,21 0,58 0,25 0,83 0,83
Samambaia/Melchior 1 1 1 0,46 1 1
Gama 0,83 0,3 1 0,32 0,83 0,83
Sul 1 0,92 0,96 1 1 1
São Sebastião 0,71 0,17 0,26 0,22 1 0,95
Planaltina 0,74 0,21 0,35 0,2 0,74 1
180
Tabela VII.11 Matriz de Credibilidade para os decisores técnicos.
Brazlândia Samambaia/Melchior Gama Sul São Sebastião Planaltina
Brazlândia 1 0,02 0,58 0 0,83 0,83
Samambaia/Melchior 1 1 1 0,46 1 1
Gama 0,83 0 1 0 0,46 0,83
Sul 1 0,92 0,96 1 1 1
São Sebastião 0,71 0,02 0,26 0,1 1 0,95
Planaltina 0,04 0 0 0 0,74 1
Tabela VII.12 Matriz Classificatória para os decisores técnicos.
Brazlândia Samambaia/Melchior Gama Sul São Sebastião Planaltina
Brazlândia 0 0 0 0 0 0
Samambaia/Melchior 1 0 1 0 1 1
Gama 0 0 0 0 0 0
Sul 1 1 1 0 1 1
São Sebastião 0 0 0 0 0 1
Planaltina 0 0 0 0 0 0
181
Edição do texto:
Prof. Ademir Araújo Filho
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