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escrevem, “é uma faca de dois gumes, e é provável que seja
utilizado conforme a lei do menor esforço, isto é, simplesmente para
satisfazer a curiosidade do público”. Mas o maior perigo é talvez a
invasão do cinema “pelos dramas da literatura e outras tentativas de
teatralização na tela. Utilizado desse modo, o som destruirá a arte
da montagem, elemento fundamental do cinema. Pois toda adição
de som a frações de montagem intensificará ainda mais essas
frações, e isso inegavelmente em detrimento da montagem, que
produz seu efeito não por fragmentos, mas, acima de tudo, juntando
ponta com ponta esses fragmentos. (MARTIN, 1990:109).
Verificamos, com isso, que as evoluções tecnológicas dentro da área da
comunicação e seus procedimentos inovadores sempre foram recebidos com
certo receio entre os profissionais e críticos da área. Com o cinema não poderia
ter sido diferente, porém a aceitação do público é que ditará a permanência e
efetivação desses processos inovadores, pois não podemos esquecer que, acima
de tudo, os fatores comerciais prevalecem dentro das produções midiáticas com
finalidades de produção e consumo massificado.
A manifestação de Eisenstein, Pudovkin e Alexandrov, conforme
mencionamos anteriormente, retrata essa preocupação com o futuro das
produções cinematográficas diante desse novo paradigma, e demonstra de
maneira bem contundente a antecipação desses cineastas, no que se tornou uma
das formas mais praticadas no cinema, ou seja, as adaptações narrativas. No
manifesto de 1928, os cineastas expressam suas preocupações com a invasão do
cinema “pelos dramas da literatura e outras tentativas de teatralização na tela”,
exatamente como observamos hoje em dia, com grande parte das produções
audiovisuais revisitando os conteúdos literários, o que justamente acabou se
tornando o foco de nosso trabalho.
Ao longo da evolução das produções cinematográficas, a qual resultará
como geratriz de boa parte das produções audiovisuais contemporâneas,