obra dos “nativos”, do comércio e da subordinação financeira de Moçambique à
metrópole. Nessa perspectiva da política e administração colonial, as autoridades
locais africanas foram também instrumentalizadas: deviam, sobretudo, obedecer
às autoridades portuguesas nas acções de policiamento, recenseamento,
recrutamento da mão-de obra, assim como na colecta de receitas monetárias e
em produtos.
Assim, em 1930, a 23 de Abril, é aprovado o Código Administrativo da Colónia de
Moçambique. O código tem uma secção dedicada às autoridades indígenas cujo
lugar é o de subordinação. Elas são instrumentalizadas pelo Estado colonial,
como estipula o art. 99 do Código: "entende-se por divisão indígena um
agrupamento de povoações obedecendo a um chefe indígena, quando essa
relação de obediência seja comfirmada pela tradição e à autoridade administrativa
[colonial] convenha mantê-la", , apud Castiano et al. (2005:17).
No sistema educativo, entre 1929 e 1930, surgiram leis e regulamento que
tentavam organizar o ensino indígena, nomeadamente programas para o ensino
primário rudimentar, para as escolas de artes e ofícios, escolas de habilitações de
professores indígenas. Por exemplo, o inspector da Instrução Pública, Mário
Teixeira Malheiros assina o Regulamento da Escola de Habilitações de
Professores Indígenas, que é publicado a 28 de Janeiro de 1930 pela Direcçãp
dos Serviços da Administração Civil. O referido regulamento fornece, por um lado,
um quadro jurídico para a formação de professores que ministravam o ensino
primário rudimentar aos indígenas da Colónia de Moçambique e, por outro,
estabelece as disciplinas para preparação dos professores. Fixava o tempo
lectivo, o perfil dos candidatos. Regulava o tipo de docentes, as tarefas do director
da escola, os orgãos administrativos, assim como o tipo de livros de registo que a
escola deveria ter para efeitos de controle financeiro, orçamental e o registo da
frequência dos alunos e professores.
As disciplinas fixadas foram, nomeadamente Língua Portuguesa, Aritmética,
Sistema Métrica e Geometria, Geografia Geral, principalmente da África,
Cosmografia e Corografia de Portugal, História da Civilização e História de
Portugal e História de Moçambique, Educação Cívica, Agricultura e Higiene,
Ciências, Físico-Químicas e Naturais relacionadas com a Higiene e Agricultura,
Desenho, Trabalhos Manuais, Educação Física Música e Pedagogia.