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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
ANÁLISE CRÍTICA DOS PRODUTOS DE MOBILIDADE SENTADA - CADEIRAS
DE RODAS - UTILIZADOS POR CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM
PARALISIA CEREBRAL EM NATAL/RN E OUTROS MUNICÍPIOS DO RIO
GRANDE DO NORTE
por
CLÁUDIA REGINA CABRAL GALVÃO
GRADUADA EM TERAPIA OCUPACIONAL, UNIFOR, 1994.
TESE SUBMETIDA AO PROGRAMA DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE COMO PARTE DOS
REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE
MESTRE EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
AGOSTO, 2006
© 2006 CLÁUDIA REGINA CABRAL GALVÃO
TODOS DIREITOS RESERVADOS.
O autor aqui designado concede ao Programa de Engenharia de Produção da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte permissão para reproduzir, distribuir, comunicar ao público,
em papel ou meio eletrônico, esta obra, no todo ou em parte, nos termos da Lei.
Assinatura do Autor: ___________________________________________
APROVADO POR:
_______________________________________________________________
Prof. Reidson Pereira Gouvinhas, PhD – Orientador, Presidente
_______________________________________________________________
Prof. Francisco Ricardo Lins Vieira de Melo, Dr., Membro Examinador
_______________________________________________________________
Prof. Eduardo Romeiro Filho, Dr., Membro Examinador Externo
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ii
Divisão de Serviços Técnicos
Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede
Galvão, Cláudia Regina Cabral.
Análise crítica dos produtos de mobilidade sentada – cadeiras de
rodas – utilizados por crianças e adolescentes com paralisia cerebral em
Natal/RN e outros municípios do Rio Grande do Norte / Cláudia Regina
Cabral Galvão. – Natal, RN, 2006.
100 f.
Orientador : Reidson Pereira Gouvinhas.
Tese (Mestrado) Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Centro de Tecnologia. Programa de Pós-Graduação de Engenharia de
Produção.
1. Engenharia de produção – Tese. 2. Cadeira de rodas – Tese. 3.
Design do produto – Tese. 4. Tecnologia assistiva – Tese. 5. Paralisia
cerebral – Tese. I. Gouvinhas, Reidson Pereira. II. Título.
RN/UF/BCZM CDU 658.5(043.2)
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iii
CURRICULUM VITAE RESUMIDO
Cláudia Regina Cabral Galvão, graduada em
Terapia Ocupacional pela Universidade de
Fortaleza - UNIFOR, em 1994.2. É Pós-
graduada em Saúde Pública pela UNAERP/SP
e em Tecnologia Assistiva - Ajudas Técnicas e
Acessibilidade para Pessoas com Deficiência
pela Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais FCMMG/MG. Em 2002, foi
estagiária do Center for Assistive Technology – CAT Clinic da Universidade de
Pittsburgh/PA na área de Seating. Durante o Mestrado em Ciências em Engenharia de
Produção publicou cinco artigos, sendo um de nível internacional, além de ser uma das
autoras do livro Terapia Ocupacional - Fundamentação & Prática, da Editora Guanabara
Koogan, e co-autora de 12 capítulos. Proferiu palestras sobre Tecnologia Assistiva no
Congresso Norte-Nordeste de Terapia Ocupacional CONNTO/CE e sobre Paralisia
Cerebral pelo Seminário de Reabilitação do Centro de Reabilitação Infantil do
Estado/RN. Atualmente é Terapeuta Ocupacional do Centro de Reabilitação Infantil
CRI/RN e da Clínica Redori e pesquisadora do Laboratório de Acessibilidade Integrada
– LAI/UFRN o qual foi uma das autoras intelectuais do projeto, apoiado pela FINEP e
aprovado no Edital CTInfra 02/2003.
LIVRO/ CAPÍTULOS PUBLICADOS DURANTE O PROGRAMA EM
ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
CAVALCANTI, Alessandra; GALVÃO, Cláudia. Terapia Ocupacional -
Fundamentação & Prática. Editora Guanabara Koogan. Rio de Janeiro, a ser lançado em
novembro de 2006. Participação nos capítulos:
GALVÃO, Cláudia Regina Cabral; SOUZA, Alessandra Cavalcanti de Albuquerque.
Capítulo 06: Trabalho em Equipe.
GALVÃO, Cláudia Regina Cabral; SOUZA, Alessandra Cavalcanti de Albuquerque.
Sub. capítulo 9.3: Avaliação da Recreação e Lazer
DORNELAS, Ângela; GALVÃO, Cláudia Regina Cabral; SOUZA, Alessandra
Cavalcanti de Albuquerque. Capítulo 10.3: Avaliação das Habilidades Psicossociais e
Componentes Psicológicos.
iv
GALVÃO, Cláudia Regina Cabral; SOUZA, Alessandra Cavalcanti de Albuquerque.
Capítulo 11: Avaliação dos Contextos.
ARAÚJO, Antonia Edda; GALVÃO, Cláudia Regina Cabral. Capítulo 35: Desordens
Neuromotoras.
GALVÃO, Cláudia Regina Cabral; SOUZA, Alessandra Cavalcanti de Albuquerque.
Capítulo 44: Adaptação Ambiental e Doméstica
GALVÃO, Cláudia Regina Cabral; SOUZA, Alessandra Cavalcanti de Albuquerque;
MIRANDA, Sylvia G. Scarpone de. Capítulo 45: Mobilidade
GALVÃO, Cláudia Regina Cabral; SOUZA, Alessandra Cavalcanti de Albuquerque;
RODRIGUES; Adriana Maria Valladão Novais. Capítulo 46: Órteses e Próteses.
CAMPOS, Maria Alice Alvarenga Duarte; GALVÃO, Cláudia Regina Cabral; SOUZA,
Alessandra Cavalcanti de Albuquerque. Capítulo 47: Cadeira de Rodas e Sistemas de
Adequação Postural.
CAVENAGHI, Carlos Eduardo; GALVÃO, Cláudia Regina Cabral; MOREIRA, Carla
Simone; SOUZA, Alessandra Cavalcanti de Albuquerque. Capítulo 50: Adaptação
Veicular.
GALVÃO, Cláudia Regina Cabral; SOUZA, Alessandra Cavalcanti de Albuquerque.
QUEIROZ, Mônica Estuque Garcia. Capítulo 55: Home Care.
ARTIGOS PUBLICADOS DURANTE O PROGRAMA DE ENGENHARIA DE
PRODUÇÃO
CALADO, Giordana C.; ELALI, Gleice Virgínia M. A.; QUEIROZ, Tatiana;
GALVÃO, Cláudia Regina C.; GOUVINHAS, Reidson Pereira; GUERRA, Ricardo;
SOUZA, Alessandra Cavalcanti de Albuquerque; DUTRA, Fabíola C. Merlin; SOUSA
FILHO, Aureliano. Atuação e comunicação interdisciplinar como chave para a
acessibilidade: a proposta do LAI-UFRN. In: Seminário Acessibilidade no Cotidiano,
2004, Rio de Janeiro. Anais do Seminário Acessibilidade no Cotidiano. Rio de Janeiro:
PROARQ, 2004. v. 1. p. 1-1.
v
CALADO, Giordana Chaves; SOUZA, Alessandra Cavalcanti de Albuquerque;
DUTRA, Fabíola Canal Merlin; ELALI, Gleice Azambuja; GALVÃO, Cláudia Regina
Cabral; GOUVINHAS, Reidson Pereira; MELLO, Maria Aparecida Ferreira de. O
Papel da Gestão do Desenvolvimento de Produtos na Escola: A Inclusão Social do
Portador de Necessidades Especiais. Publicação em anais do V CBGDP Congresso
Brasileiro de Gestão do Produto. Curitiba/PR, 2005
GALVÃO, Cláudia Regina Cabral; GOUVINHAS, Reidson Pereira. Análise Crítica
dos Diversos Tipos de Cadeira de Rodas para Pessoas com Paralisia Cerebral de idade
entre 0-19 anos na Região Metropolitana de Natal/RN. Anais do V CBGDP Congresso
Brasileiro de Gestão do Produto. Curitiba/PR, 2005.
CALADO, Giordana Chaves; SOUZA, Alessandra Cavalcanti de Albuquerque;
DUTRA, Fabíola Canal Merlin; ELALI, Gleice Azambuja; GALVÃO, Cláudia Regina
Cabral; GOUVINHAS, Reidson Pereira. Acessibilidade no Meio Urbano. Apresentação
e publicação em anais no International Congresso in Environmental Planning and
Manangent. Brasília/DF. Set/2005.
GALVÃO, Cláudia Regina Cabral; MELO, Francisco Ricardo Lins Vieira de. Educação
Inclusiva: Adaptando o Mobiliário Escolar para um Aluno com Paralisia Cerebral em
uma Escola Regular: Aspectos a Serem Considerados. Apresentação e publicação em
anais do I Seminário Nacional sobre Educação e Inclusão Social de pessoas com
necessidades especiais. Universidade Federal do Rio Grande do Norte, UFRN. Natal,
2004.
vi
“Ao Deus que habita em mim”.
vii
AGRADECIMENTOS
A Deus por tudo que acontece em minha vida.
A toda a minha família que sempre esteve ao meu lado, me apoiando em todos os
projetos, com palavras de incentivo e incessantes orações, em especial a meus pais Regina e
Fred.
Ao professor Reidson por toda paciência em esperar por este momento, pela sua
disponibilidade e por sempre acreditar em nós da Terapia Ocupacional.
A Alessandra, que por muitos anos dividiu diversos momentos especiais comigo,
trabalhando com muita dedicação e esforço para que pudéssemos concretizar os nossos
projetos e saborearmos os frutos (bem próximos de serem colhidos), agradeço sua amizade e
por todo apoio a este trabalho.
A todos os meus amigos que sempre torceram para que eu pudesse retornar as
atividades sociais, em especial a Ana, Fabiola e Giordana.
Ao Alexandre pela disponibilidade e ajuda de última hora.
A minha amiga Maricel Ribeiro por ter aberto todos os caminhos.
A Talita minha sobrinha/princesa pela dedicação. E a tio Inácio pela leitura do texto.
A todos da Ortotec por toda colaboração para execução da pesquisa, em especial a
Marijara, Ubirajara, Carlos e Sr.Moura e a todos os pacientes e familiares que lá estiveram e
participaram da pesquisa.
A Patrícia e Nogueira pela liberação do trabalho, por toda compreensão e ajuda; e a
todos do Centro de Reabilitação Infantil.
A profa Evânia, profa Isabel e ao prof. Paulo Roberto pelas revisões metodológica e
estatística.
A Cleide da secretaria do PEP pela disponibilidade em sempre nos ajudar.
A todos os professores da Banca pela contribuição para o enriquecimento do trabalho.
E a todos que compõem o PEP / UFRN – Programa de Engenharia de Produção, meus
sinceros agradecimentos pela oportunidade cedida.
viii
Resumo da Tese apresentada à UFRN/PEP como parte dos requisitos necessários para a
obtenção do grau de Mestre em Ciências em Engenharia de Produção.
ANÁLISE CRÍTICA DOS PRODUTOS DE MOBILIDADE SENTADA - CADEIRAS
DE RODAS - UTILIZADOS POR CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM
PARALISIA CEREBRAL EM NATAL/RN E OUTROS MUNICÍPIOS DO RIO
GRANDE DO NORTE
CLÁUDIA REGINA CABRAL GALVÃO
Agosto/2006
Orientador: Reidson Pereira Gouvinhas
Curso: Mestrado em Ciências em Engenharia de Produção
Esse trabalho objetivou realizar uma análise crítica dos equipamentos de mobilidade
sentada, cadeira de rodas, utilizados por crianças/adolescentes com idade entre 0-18 anos, de
Natal/RN e de outros municípios do Estado do Rio Grande do Norte, com diagnóstico de
paralisia cerebral, tetraparética, não deambuladoras. O estudo se caracterizou como descritivo,
pois contemplou o delineamento das condições individuais das crianças/adolescentes
investigadas e do ambiente onde habitam; e da avaliação das condições dos equipamentos de
mobilidade sentada, carrinho ou cadeira de rodas, por eles utilizados. Para sua realização,
foram selecionados 33 indivíduos que nos últimos 3 anos, receberam uma cadeira de rodas
adaptada, prescrita por profissionais da saúde, especialistas em tecnologia assistiva. Como
instrumento de investigação foi aplicado um formulário, respondido por telefone pelos
pais/responsáveis desses usuários. Os resultados obtidos apresentaram que todos os
equipamentos em uso tinham assento e encosto anatômico e sistema tilt de inclinação, e
mesmo assim, a maioria sofreu pequenos ajustes individuais realizados no ato de recebimento
da cadeira, de forma a se adequar às características dos usuários. Das cadeiras de rodas
atualmente utilizadas pela população do estudo, 58% foram recebidas através de programas de
concessão de órtese do governo. Do ponto de vista dos entrevistados, 97% estão satisfeitos
com os equipamentos e relataram como principais pontos positivos do uso do equipamento, o
auxílio à locomoção (97%), o conforto (82%) e uma boa postura (82%). Aspectos
relacionados à manutenção, ao tempo de uso e às atividades desenvolvidas foram relatados
pelos usuários e também são descritos nos resultados. Portanto, conclui-se que a realização de
uma adequada prescrição da cadeira de rodas; o conhecimento atualizado sobre os
equipamentos do mercado; a identificação da necessidade de ajustes individuais; o apropriado
aproveitamento dos recursos particulares ou dos programas de concessão de órteses para a
compra dos equipamentos e o estabelecimento de parcerias com os fabricantes, usuários e
seus familiares são primordiais para que o equipamento selecionado atenda as necessidades
dos usuários.
Palavras-chave: Cadeira de Rodas, Design do Produto, Paralisia Cerebral, Tecnologia
Assistiva.
ix
Abstract of Master Thesis presented to UFRN/PEP as fullfilment of requirements to the
degree of Master of Science in Production Engineering
CRITICAL ANALYSIS ON MOBILITY SEATING PRODUCTS, WHEELCHAIRS,
USED BY CHILDREN AND ADOLESCENTS DIAGNOSED WITH CEREBRAL
PALSY FROM NATAL/RN AND OTHER CITIES IN THE STATE OF RIO GRANDE
DO NORTE.
August/2006
Thesis Supervisor: Reidson Pereira Gouvinhas
Program: Master of Science in Production Engineering
The objective of this work is to critically analyze the seated mobility adaptive equipment,
wheelchair, used by non-ambulatory children/adolescents diagnosed with cerebral palsy of the
quadriplegy type with ages in between 0-18 years old in the municipal city of Natal/RN and
of other ones in the state of Rio Grande do Norte. This study is characterized as descriptive as
it took into consideration the individualized conditions of each child/adolescent and of their
home environment, and also evaluates the condition of the used seated mobility devices such
as wheelchairs or strollers. Thirty three (33) subjects which had a wheelchair prescribed by a
healthcare professional specialist in adaptive equipment within the past 3 years were selected.
A questionnaire was applied through a phone with the patient’s primary care giver or parents.
The results obtained showed that all the equipment being used had an anatomical seat and
back and the tilt system mechanism and even though most of the patients required small
individual adjustments upon receiving the wheelchair in order to accommodate to the patients
characteristics. From the point of view of the caregiver/parents interviewed, 97% described
satisfied with the equipment and report assistance with mobility (97%), comfort (82%) and
good posture (82%) as the main positive aspects from the equipment. The results also describe
the aspects related to the maintenance, time used and activities developed that were reported
by the patients. The conclusion therefore is that in order to select the equipment to meet the
needs of the consumer it is necessary that: an appropriate wheelchair prescription takes place,
the up-to-date knowledge of equipment available in the market, the appropriate use of the
resources from the concession programs of the government that purchase equipment and the
establishment of link in between the manufacturers, patients and the caregivers.
Key-words: Cerebral Palsy, Product Design, Wheelchair, Assistive Technology.
x
SUMÁRIO
Capítulo 1 - Introdução ........................................................................................... Pág
1.1 Contextualização do Problema ................................................................... 1
1.2 Objetivo Geral ............................................................................................ 3
1.3 Objetivos Específicos ................................................................................. 3
1.4 Relevância.................................................................................................... 4
1.5 Estrutura da Dissertação.............................................................................. 4
Capítulo 2 - A Paralisia Cerebral e o Produto Cadeira de Rodas..........................
6
2.1 Prevalência das Deficiências....................................................................... 6
2.2 Paralisia Cerebral........................................................................................ 8
2.2.1 Complicações Clínicas................................................................ 9
2.2.2 Aspectos Posturais...................................................................... 10
2.3 Histórico do Desenvolvimento dos Dispositivos de Mobilidade Sentada.
12
2.3.1 O Desenvolvimento de Sistemas Especiais de Assento - Clínica
de Seating...............................................................................................
16
2.4 O Design do Produto ..................................................................................
18
2.4.1 Requisitos de Projeto – Cadeira de Rodas....................................
19
2.4.2 Ações de Manejo e Controle e Ações de Percepção.....................
22
2.5 Partes de uma Cadeira e o Processo de Escolha..........................................
24
Capítulo 3 - Metodologia da Pesquisa.......................................................................
28
3.1 Estudo Exploratório.................................................................................... 28
3.2 Estudo Descritivo ....................................................................................... 29
3.3 Área de Abrangência................................................................................... 29
3.4 Tamanho da População ............................................................................... 30
3.5 Coleta de Dados........................................................................................... 30
3.6 Formulário................................................................................................... 31
3.7 Aplicação do Formulário............................................................................. 32
3.8 Análise e Interpretação dos Dados.............................................................. 33
3.9 Considerações Éticas................................................................................... 33
3.10 Limitações do Trabalho ............................................................................ 33
xi
Capítulo 4 – Resultados da Pesquisa de Campo.......................................................
34
4.1 Validação da Pesquisa................................................................................. 34
4.1.1 Perfil dos Entrevistados................................................................ 34
4.2 Análise Descritiva....................................................................................... 35
4.2.1 Condições Individuais - Identificação das Crianças e
Adolescentes......................................................................................
35
4.2.1.1 Sexo das crianças/adolescentes...................................... 35
4.2.1.2 Nível de comprometimento............................................ 36
4.2.1.3 Execução das atividades de vida diária......................... 36
4.2.1.4 Presença ou não dos movimentos: controle cervical,
controle de tronco e função dos membros superiores (MMSS).
36
4.2.1.5 Faixa etária das crianças/adolescentes........................... 38
4.2.1.6 Peso (Kg) das crianças/adolescentes.............................. 38
4.2.1.7 Altura(m) das crianças/adolescentes.............................. 39
4.2.1.8 Freqüência à escola........................................................ 40
4.2.2 Identificação dos Ambientes......................................................... 41
4.2.2.1 Acesso aos cômodos da casa.......................................... 41
4.2.2.2Modificação arquitetônica em algum ambiente com o
uso da cadeira.........................................................................
42
4.2.2.3 Condições da rua onde residem..................................... 43
4.2.2.4 Acessibilidade às instalações da escola........................ 44
4.2.3 Avaliação das Condições de Seating.......................................... 45
4.2.3.1 Origem dos encaminhamentos:..................................... 45
4.2.3.2 Quanto ao município de origem..................................... 46
4.2.3.3 Número de aquisições.................................................... 47
4.2.4 Quanto ao Uso do Equipamento Anterior:.................................... 48
4.2.4.1 Tipo de equipamento anterior: ...................................... 48
4.2.4.3 Por quanto tempo usou o equipamento anterior? .......... 49
4.2.4.4 Idade da primeira aquisição.......................................... 50
4.2.4.5 Queixa principal do equipamento anterior .................... 51
4.2.4.6 Para quais atividades utilizava o equipamento
anterior? ......................................................................
52
xii
4.2.5 Equipamento Anterior x Atual..................................................... 52
4.2.5.1 Forma de aquisição ....................................................... 52
4.2.5.2 Recebeu orientação especializada................................. 55
4.2.5.3 Especificar qual orientação .......................................... 56
4.2.5.4 Quanto a adaptação dos equipamentos .......................... 57
4.2.5.5 Horas de permanência por dia utilizando a cadeira de
rodas...........................................................................................
57
4.2.6 Avaliação do Equipamento Atual................................................. 58
4.2.6.1 Modelos do equipamento atual utilizado....................... 58
4.2.6.2 Ajustes da cadeira prescritos logo após nova aquisição. 62
4.2.6.3 Metas para aquisição do novo sistema seating e os
objetivos alcançados..................................................................
63
4.2.6.4 Tipo de transporte utilizado pelas crianças/
adolescentes...............................................................................
64
4.2.6.5 Quanto a problemas apresentados na cadeira................ 65
4.2.6.6 Grau de satisfação dos usuários com a cadeira de rodas
atual............................................................................................
66
4.2.6.7 Modificações que os pais/entrevistados gostariam que
fossem feitas na cadeira.............................................................
67
4.2.6.8 Concordância dos pais/entrevistados quanto ao valor
da cadeira...................................................................................
68
4.2.6.9 O uso da cadeira atual e o aumento das atividades
sociais.........................................................................................
68
4.2.6.10 Tempo (em meses) de espera para o recebimento da
cadeira de rodas..........................................................................
69
Capítulo 5 – Conclusões e Recomendações ..............................................................
70
5.1 Conclusões da Pesquisa Bibliográfica e de Campo..................................... 70
5.2 Metodologia da Pesquisa ........................................................................... 71
5.3 Análise crítica do trabalho........................................................................... 72
5.4 Limitações do trabalho................................................................................ 74
5.5 Considerações finais e sugestões ................................................................ 75
xiii
LISTA DE TABELAS
Tabela 2.1 - Distribuição percentual dos casos de deficiência, por Grande Regiões,
segundo o tipo de deficiência - 2000 ...........................................................................
7
Tabela 4.1 – Distribuição da renda e plano de saúde dos entrevistados....................... 35
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 – Má condição do sentar no dia-a-dia sem suporte adequado ................... 9
Figura 2.2 – Criança sentada na cadeira de rodas utilizando acessórios para suporte
lateral de tronco e quadril, e apoio de cabeça; abdutor de membros
inferiores, além de um cinto peitoral..........................................................
12
Figura 2.3 - Registro de pintura de um idoso numa cadeira de rodas datado de 525
d.c ..............................................................................................................
13
Figura 2.4 - Cadeira de rodas com apoio de pés para o Rei Phillip II......................... 13
Figura 2.5 - Séc. XVIII - Cadeira de rodas reclinável com apoio de pés ajustável, e
rodas dianteiras largas e uma única traseira............................................
14
Figura 2.6 - Cadeira de rodas em palha da Índia.......................................................... 15
Figura 2.7 - Cadeira de rodas HC Jennings de 1933 - Los Angeles............................ 15
Figura 2.8 – Partes que compõe uma cadeira de rodas: encosto (1), apoio de
braço(2), assento(3), roda dianteira(4), apoio e pé(5), estrutura(6), roda
traseira (7) e aro propulsor (8).................................................................
25
Figura 2.9 – (A) Sistema Tilt acionado – (B)Cadeira com Recline........................... 26
Figura 4.1 – Sexo das crianças/adolescentes comparado com dados do IBGE........... 35
Figura 4.2 – Presença ou não dos movimentos de controle cervical, controle de
tronco e função de MMSS.......................................................................
37
Figura 4.3 – Idade das crianças/adolescentes.............................................................. 38
Figura 4.4 – Peso (Kg) da crianças/adolescentes........................................................ 39
Figura 4.5 - Altura (m) das crianças/adolescentes....................................................... 39
Figura 4.6 – Freqüência regular das crianças/adolescentes à escola............................ 40
Figura 4.7 –Livre circulação da cadeira de rodas dentro de casa................................. 42
Figura 4.8 – Realização ou não de reformas e modificações arquitetônica em
ambientes...................................................................................................
43
xiv
Figura 4.9– Condição das ruas onde as crianças/adolescentes residem.......................
43
Figura 4.10 - Acessibilidade à escola...........................................................................
45
Figura 4.11 - Origem dos encaminhamentos dos entrevistados...................................
45
Figura 4.12 – Município onde entrevistados residem .................................................
46
Figura 4.13 – Número de aquisições de cadeiras de rodas adaptadas..........................
47
Figura 4.14 - Tipo de equipamento anterior.................................................................
48
Figura 4.15 – Tempo de utilização do equipamento anterior.......................................
49
Figura 4.16- Idade da primeira aquisição de um equipamento....................................
50
Figura 4.17 – Queixa principal do equipamento anterior............................................
51
Figura 4.18 – Objetivos da utilização da cadeira de rodas anterior ............................
52
Figura 4.19 - Forma de aquisição da cadeira de rodas anterior...................................
53
Figura 4.20 – Recebimento de orientação especializada .............................................
55
Figura 4.21 – Especificação do tipo de orientação para aquisição do equipamento
anterior...................................................................................................
56
Figura 4.22 – Comparação entre os equipamentos quanto à adaptação.......................
57
Figura 4.23 – Horas de permanência utilizando o equipamento..................................
58
Figura 4.24 - Modelo dos equipamentos utilizados (Modelos A,B,C D) ...................
59
Figuras 4.25 A e B – Vista frontal (A) e lateral (B) da Cadeira Modelo “A”..............
60
Figuras 4.26 A e B - Vista frontal (A) e lateral (B) Cadeira Modelo “B”...................
60
Figuras 4.27 A e B – Vista frontal (A) e lateral (B) Cadeira de rodas Modelo “C”....
61
Figuras 4.28 A e B – Vista frontal (A) e lateral (B) Cadeira de rodas modelo “D” ...
62
Figura 4.29 – Ajustes prescritos logo após a nova aquisição ......................................
63
Figura 4.30 – Metas programadas pelos usuários e objetivos alcançados com a
cadeira atual..............................................................................................
63
Figura 4.31 - Tipo de transporte utilizado pela crianças/adolescentes.........................
65
Figura 4.32 – Problemas apresentados na cadeira.......................................................
65
Figura 4.33 – Grau de satisfação com o uso da cadeira de rodas atual........................
66
Figura 4.34 - Modificações que os entrevistados gostariam que fossem feitas na
cadeira....................................................................................................
67
Figura 4.35 Concordância dos pais/entrevistados quanto ao valor da cadeira............ 68
Figura 4.36 - Aumento das Atividades Sociais ...........................................................
69
Figura 4.37 - Tempo (em meses) de espera para o recebimento da cadeira de rodas..
69
xv
NOMENCLATURA
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas
AVD- Atividade da vida diária
AVP- Atividade de vida prática
CAT - Center for Assistive Technology
CIF- Classificação Internacional de Saúde
CORDE – Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência
CRI – Centro de Reabilitação Infantil
IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
INMETRO- Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
MMSS – Membros Superiores
MMII – Membros Inferiores
OPAS – Organização Panamericana de Saúde
OMS – Organização Mundial de Saúde
PA- Pennsylvania State
PC – Paralisia Cerebral
PPD - Programa de Apoio à Pessoa com Deficiência
RN- Estado do Rio Grande do Norte
SNC – Sistema Nervoso Central
SUS - Sistema Único de Saúde
SMASH - Secretaria Municipal de Assistência Social e Habitação
SETHAS - Secretaria de Estado do Trabalho, da Habitação e da Assistência Social
1
Capítulo 1
Introdução
Esta dissertação tem como objetivo identificar se os produtos nacionais de
mobilidade sentada, cadeira de rodas, estão atendendo as necessidades dos usuários com
paralisia cerebral do tipo tetraparética, provenientes de Natal/RN e outros municípios
vizinhos do Estado do Rio Grande do Norte.
Com intuito de melhorar a compreensão acerca do tema, neste capítulo será
apresentada uma contextualização do problema acerca da paralisia cerebral (PC)
relacionando a importância do uso da cadeira de rodas, como recurso de tecnologia
assistiva para auxiliar a mobilidade sentada. Os objetivos da pesquisa, sua relevância
acadêmica e prática, além de toda estruturação da dissertação, também serão discorridos e
apresentados a seguir.
1.1 Contextualização do Problema
A paralisia cerebral é uma lesão de alguma(s) parte(s) do cérebro, que pode ocorrer
durante a gestação, no parto, após o nascimento, ou ainda no processo de amadurecimento
do cérebro da criança. É provocada pela falta de oxigenação das células cerebrais e
dependendo do local no cérebro onde ocorre a lesão, e da quantidade de células atingidas,
diferentes partes do corpo podem ser afetadas alterando o tônus muscular, a postura,
provocando dificuldades funcionais dos movimentos. Ainda, podem gerar movimentos
involuntários, alterações do equilíbrio, da fala, da visão, da audição e até mesmo o
comprometimento mental (Ferraretto & Souza, 2001).
Dentre as manifestações clínicas da paralisia cerebral, o tipo tetraparética é a forma
mais grave e decorre do comprometimento motor de todos os segmentos corporais com a
2
ausência ou déficit do controle cervical e de tronco, e da função dos membros superiores e
inferiores. Assim, esses indivíduos com PC, precisam ser assistidos por dispositivos
especiais de mobilidade sentada, como uma cadeira de rodas adaptada, de forma a auxiliar
a locomoção, a manutenção da postura sentada, o conforto e a potencializar a função
motora remanescente (Bordoni et al., 2006).
A cadeira de rodas e os carrinhos adaptados são produtos geralmente
comercializados em lojas ortopédicas adquiridos de forma convencional, muitas vezes
adquiridos sem indicação terapêutica. A demora para aquisição desses equipamentos ou
sua aquisição tardia pelos mais diversos motivos, pode trazer prejuízos tais como a
estruturação de deformidades corporais, privações sociais, e outras restrições às pessoas
que dependem destes sistemas para se locomoverem.
O tema desta dissertação surgiu da necessidade crescente de se identificar como as
crianças e adolescentes com seqüelas neurológicas decorrentes da paralisia cerebral, que
não deambulam (andam), estavam se locomovendo, considerando que era sempre
observado um grande número delas carregadas no colo por seus pais.
Na paralisia cerebral uma boa postura e o conforto podem garantir o sentar durante
o dia inteiro, mas estes, são muitas vezes influenciados pela presença de reflexos,
espasticidade, presença de deformidades, decorrentes da lesão que ocorreu do sistema
nervoso central (SNC).
Embora uma cadeira de rodas ainda carregue consigo o estigma de aleijão, doença e
incapacidade, atualmente, discussões na sociedade, leis de proteção, promoção de
acessibilidade ambiental, tem gradativamente despertado novos conceitos de participação
na comunidade, cumprimento de papéis, e acerca dos direitos das pessoas com deficiência.
Por isso, a conscientização da importância da necessidade da adequação postural
precoce, está relacionada à formação e treinamento dos profissionais da área para que
recomendem os familiares que procurem os serviços especializados em tecnologia
assistiva.
Os dispositivos de tecnologia assistiva são definidos como “qualquer item, peça de
equipamento ou sistema de produto adquirido comercialmente numa prateleira, modificado
ou feito artesanalmente que é usado para aumentar, manter ou melhorar a capacidade
funcional dos indivíduos com deficiência” (Public Law (PL)100-407, The Technical
Assistance to the States Act in United States apud Cook & Hussey, 2002 p.5).
3
Os serviços da clínica de adequação da postura sentada, também conhecida como
clínica de seating, fazem parte de uma das áreas da tecnologia assistiva.
Além do entendimento técnico para desenvolver a adequação postural em cadeira
de rodas, o profissional desta área deve ter conhecimento sobre as especificações dos
diversos produtos do mercado, forma de prescrição dos equipamentos, evitando assim,
equívocos em suas indicações. E ainda, pode estar relacionado às políticas governamentais
e aos programas de concessão de órteses, para que sejam eficazes no atendimento das
necessidades dos usuários, de modo a se evitar prejuízos corporais e da postura,
decorrentes do mau posicionamento.
Em uma breve observação registrada anteriormente a este trabalho, Galvão &
Gouvinhas (2005), constataram que diversas crianças com diagnóstico de paralisia cerebral
do tipo tetraparética, de Natal/RN e de outros municípios do Estado do Rio Grande do
Norte (RN), com idade média de 8 anos, eram carregadas no colo de seus familiares ao se
locomoverem e não possuíam equipamentos adaptados. Assim, a partir daí, equipamentos
foram prescritos e recebidos para que pudessem ser acompanhados o seu uso
posteriormente, conforme os objetivos deste estudo.
1.2 Objetivo Geral
Investigar se os produtos nacionais de mobilidade sentada, cadeira de rodas, estão
atendendo as necessidades dos usuários com paralisia cerebral com idade entre 0-18 anos
provenientes de Natal/RN e de outros municípios do Estado do Rio Grande do Norte.
1.3 Objetivos Específicos
- Caracterizar o perfil dos entrevistados;
- Identificar os usuários de cadeira de rodas, idade, sexo, peso, altura e quadro
motor;
- Investigar os tipos de cadeiras de rodas utilizadas para locomoção dos indivíduos
com paralisia cerebral e classificar os modelos dos equipamentos; o número, a forma de
aquisição das cadeiras, e o tempo de uso;
- Mapear as condições de seating (adequação postural sentada), verificando as
condições posturais relativos à estabilidade, o conforto, a tolerância ao sentar,
4
considerando também os aspectos físico-motores, o nível de atenção, a comunicação, e a
influência da cadeira de rodas na participação social;
- Descrever as principais modificações e ajustes feitos nos equipamentos;
- Sugerir o perfil de uma cadeira adaptável às condições dos investigados.
1.4 Relevância
Do ponto de vista acadêmico este estudo visa contribuir com a elaboração de
instrumentos de avaliação relacionado às cadeiras de rodas; com a geração de dados e
informações que auxiliem os estudos do perfil populacional acerca da paralisia cerebral; e
contribuir com modelos de tomada de decisão para o atendimento das necessidades
assistenciais, principalmente a voltada para o recebimento de aparelhos de tecnologia
assistiva.
Como relevância prática o estudo objetiva contribuir com o estudo dos
equipamentos nacionais, cadeira de rodas, que assistem as crianças e os adolescentes com
paralisia cerebral; contribuir com informações e com o aumento do nível de conhecimento
dos usuários em relação aos benefícios do uso de uma cadeira de rodas apropriada;
contribuir para o enfoque da importância da formação de novos profissionais na área de
tecnologia assistiva, especializados na clínica de adequação postural sentada, também
chamada clínica de seating.
Ainda, como relevância prática, objetiva-se participar do processo de inovação e de
revisão da fabricação dos produtos nacionais, de forma a melhorar a qualidade dos
equipamentos de mobilidade sentada; aumentar o conhecimento sobre a realidade dos
deficientes e seus programas de assistência no Brasil; inserir o profissional especialista em
Tecnologia Assistiva nos Programas de Concessão de Órteses dos Governos e, contribuir
para melhorar a qualidade de vida das pessoas com paralisia cerebral.
1.5 Estrutura da Dissertação
Essa dissertação está estruturada em cinco capítulos, descritos concisa a seguir:
O Capítulo 1 apresenta uma breve introdução ao assunto, contextualizando o tema
da problemática do estudo; seus objetivos geral e específico; a relevância da pesquisa e sua
estruturação.
5
Um levantamento bibliográfico apresentado no Capítulo 2 traz a fundamentação
teórica como base de sustentação para o desenvolvimento de toda a dissertação,
alicerçando conceitualmente a pesquisa realizada.
Este capítulo apresenta alguns dados da prevalência das deficiências descritos pela
Organização Mundial de Saúde (OPAS/OMS, 2003) e Censo Demográfico de 2000 do
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (Corde, 2000). Também evidencia os
aspectos clínicos e posturais da paralisia cerebral e o uso da tecnologia assistiva e traz um
breve histórico dos dispositivos de mobilidade sentada.
Ainda como fundamentação teórica, no Capítulo 2 são definidos o conceito de
design do produto e descritos os requisitos de um projeto, necessários para concepção e
materialização final de um produto; bem como são apresentadas as ações de manejo e as
ações de percepção para o manuseio e compreensão das informações dos produtos, fazendo
um paralelo com a idealização do produto - cadeiras de rodas. Por fim, são descritas as
partes de uma cadeira de rodas e como se dá seu processo de escolha.
A metodologia utilizada na pesquisa para o desenvolvimento da dissertação é
detalhada no Capitulo 3, ressaltando o tipo de pesquisa, instrumento utilizado, população-
alvo e suas delimitações.
No Capitulo 4 estão descritos e discutidos os resultados da pesquisa, com a
apresentação da análise e interpretação dos dados coletados.
As conclusões estão apresentadas no Capitulo 5, bem como as recomendações para
outros futuros trabalhos; e são seguidos das referências bibliográficas e dos anexos.
6
Capítulo 2
A Paralisia Cerebral e o Produto Cadeira de Rodas
Este capítulo apresenta conceitos referentes à prevalência de deficiências,
incapacidades e desvantagens descritas no Censo Demográfico de 2000, contextualizando
o percentual atribuído às deficiências físicas e, enfocando a situação no Estado do Rio
Grande do Norte. Assim, direciona considerações para um tipo de deficiência física – a
paralisia cerebral, apontando seus aspectos clínicos e evidenciando a importância da
aplicação de tecnologia assistiva para manter a qualidade de vida desses indivíduos.
Neste sentido, se faz uma revisão histórica sobre o dispositivo, cadeira de rodas, um
dos equipamentos assistivos mais indicados e usados pelas pessoas acometidas por
paralisia cerebral, em especial o tipo tetraparética, e se delineia as recomendações a
respeito dos aspectos posturais que devem ser levados em consideração ao indicar o
equipamento.
Também são apresentados, os conceitos de design, e dos requisitos de projeto para
o planejamento e a materialização final de um produto; seguidos da descrição das ações de
manejo e controle, e das ações de percepção, relacionadas ao manuseio do produto. Por
fim, são descritas as partes de uma cadeira de rodas e como se dá o seu processo de
escolha.
2.1 Prevalência das Deficiências
Pela Organização Mundial de Saúde (OPAS/OMS, 2003, p.23) a deficiência é
conceituada como “problemas nas funções ou nas estruturas do corpo como um desvio
significativo ou uma perda”, onde se entende como funções “as funções fisiológicas dos
sistemas do corpo” e estruturas como “as partes anatômicas do corpo como órgãos,
membros e seus componentes”.
7
A OPAS/OMS estima que 10% da população mundial tenha algum tipo de
deficiência. As causas são variadas, mas cita-se que as principais em todo o mundo são
acidentes em geral, acidentes de trânsito, doenças incapacitantes e mutilações (Alvarenga,
2002).
Estes mesmos dados são apresentados no Brasil pelo Censo Demográfico de 2000
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística- IBGE - (CORDE, 2004) que revelam
14,5% da população brasileira, ou seja, 24,5 milhões de pessoas apresentam algum tipo de
deficiência. Destaca-se que, destas, 4,1% possuem deficiência física (Tabela 2.1).
Tabela 2.1 - Distribuição percentual dos casos de deficiência, por Grande Regiões, segundo o tipo
de deficiência - 2000
Tipo de deficiência Distribuição percentual dos casos de deficiência (%)
Tipo de
Deficiência
Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste
Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
Deficiência Mental
Permanente
8,3 6,6 7,4 9,4 8,0 8,4
Deficiência Física 4,1 3,6 3,5 4,6 4,5 4,4
Deficiência Motora 22,9 19,8 22,6 23,9 23,7 20,2
Deficiência Visual 48,1 55,2 49,9 45,6 45,0 50,7
Deficiência Auditiva 16,7 14,8 16,7 16,4 18,7 16,7
Nota: As pessoas com mais de um tipo de deficiência foram incluídas em cada uma das categorias
corres
p
ondentes.
Fonte: CORDE / IBGE, Censo Demográfico 2000
Há de se ressaltar que o maior percentual de deficiência relatado pelo Censo
2000/IBGE foi na região Nordeste com 16,8%, onde o Estado do Rio Grande do Norte
obteve o segundo percentual de deficiência em relação a outros Estados (CORDE,2000).
Assim, os dados estatísticos publicados pelo Censo 2000/IBGE demonstram
números diferentes do estimado pela OPAS/OMS, indicando uma realidade brasileira
acima da estatística mundial.
Estes dados estatísticos possuem uma importância na dinâmica de assistência
oferecida pelo Governo. Uma vez ciente da alta taxa de prevalência das deficiências em
cada região é possível planejar e estruturar medidas preventivas e de caráter reabilitador
voltado para uma população alvo.
8
2.2 Paralisia Cerebral
A paralisia cerebral constitui uma das deficiências que compõe o Censo
2000/IBGE. Pode ser definida como a mais comum causa de disfunção na infância,
atingindo 1,5 a 2,5 indivíduos a cada 1000 nascidos vivos (Gianni, 2005). Pode ser
caracterizada por alterações de tônus muscular, postura e movimentos atípicos,
acompanhados por desordens cognitivas, sensoriais e da própria coordenação.
Para Gianni (2005, p.13) paralisia cerebral é “um grupo não progressivo, mas
freqüentemente mutável de distúrbios motores, especialmente do tônus e da postura,
secundária a lesão do sistema nervoso central em desenvolvimento, ou seja, desde a fase
embrionária até 2 anos de vida extra-uterina”. Assim, a PC é categorizada por suas
alterações motoras que variam de acordo com a área de lesão do cérebro.
Os tipos clínicos relacionados com a área do SNC lesada são: espástica (lesão do
sistema piramidal), discinética ou extrapiramidal (lesão dos núcleos da base), atáxica
(lesão do cerebelo ou vias cerebelares) e mista (lesão simultânea dos sistemas piramidal,
extrapiramidal e cerebelar) (Gianni, 2005).
Especialmente, na PC espástica, a característica marcante é de hipertonia muscular
ou espasticidade, com atraso nas aquisições motoras e persistência dos reflexos primitivos
(Gianni, 2005). Ainda, pode-se categorizar a PC pelo comprometimento motor e
distribuição topográfica deste.
Segundo Hoare & Imms (2004, p.390) a espasticidade pode ser definida como
“uma desordem motora caracterizada pelo aumento da velocidade-dependente do reflexo
de estiramento tônico (tônus muscular) com exagerado alongamento tendinoso (reflexo de
estiramento fásico) resultando em hiperexcitabilidade do reflexo de estiramento”.
Tem-se, portanto, as formas tetraparética, diparética e hemiparética. As duas
últimas não apresentam grande comprometimento motor global do indivíduo, uma vez
acometem respectivamente os membros inferiores em maiores proporções e o hemicorpo
(membro superior e inferior de um mesmo lado). A forma tetraparética é considerada de
maior gravidade, uma vez que compromete o controle de todos os segmentos corporais,
isto é; o indivíduo não apresenta controle dos membros superiores e inferiores, como
também existe um déficit motor do controle de cabeça/pescoço e tronco.
9
Lima & Fonseca (2004) registram que déficits cognitivos também podem ocorrer
em mais da metade dos casos de PC, assim como as alterações visuais do tipo estrabismo,
nistagmo e baixa visão não são raras. Para Teixeira et.al (2003) cegueira e déficits
auditivos são casos isolados. E a presença de distúrbios convulsivos é relatada como
comuns em quase metade das crianças com PC por Neistadt & Crepeau (2002).
2.2.1 Complicações Clínicas
As complicações clínicas que recebem maior destaque são as que caracterizam o
quadro de PC tetraparética. Nele é possível encontrar encurtamentos musculares e
contraturas que podem contribuir para o surgimento de deformidades decorrentes de um
desequilíbrio próprio do sistema músculo-esquelético originado da lesão do SNC ou de
inadequações posturais, como por exemplo, a manutenção incorreta do sentar, que é
assumida no dia-a-dia de cada um (Figura 2.1).
Figura 2.1 – Má condição do sentar no dia-a-dia sem suporte adequado.
Fonte: Pesquisador
10
As deformidades musculoesqueléticas podem ser fixas ou dinâmicas. As mais
relatadas são as da coluna, do tipo escoliose; e nos membros inferiores, a flexão do quadril
com luxação ou subluxação deste. Também se encontram comumente tornozelos valgos e
pés eqüinos. Nos membros superiores são freqüentes a flexão do cotovelo, punho, dedos e
o polegar em adução. As deformidades fixas são aquelas não corrigíveis por manipulação,
enquanto as que podem ser modificadas e corrigidas pelo posicionamento ou durante um
movimento são chamadas de deformidade dinâmica (Lima & Fonseca, 2004).
Outra complicação clínica constante é a presença dos reflexos primitivos
exacerbados e da espasticidade. A espasticidade é característica na paralisia cerebral e
contribui para o surgimento de movimentos lentos, em bloco, que exige esforço excessivo
durante a execução de atividades funcionais e significativas para o indivíduo (Neistadt &
Crepeau, 2002).
A contração muscular anormal por desequilíbrio entre a musculatura agonista e
antagonista também compõe o quadro de complicações clínicas de um indivíduo com PC
tetraparética espástica. Os reflexos levam a dificuldades para mudanças de posição e
manutenção da estabilidade corporal em diversas posturas. Podem resultar em
encurtamentos musculares, contraturas e contribuir para o desenvolvimento de
deformidades esqueléticas (Hoare & Imms, 2004). Para cada movimento o músculo
responsável pela contração é chamado músculo agonista, e a outra musculatura (pelo
menos dois músculos) que distende para realização do movimento, é o antagonista; ambos
devem ser coordenados para evitar movimentos bruscos (Becker, 2000).
Muitas crianças com paralisia cerebral devido à lesão neurológica têm dificuldade
para alimentar-se desde o nascimento pela anormalidade motora oral e deficiência na
coordenação para deglutir. O pescoço em flexão ou extensão durante a alimentação, pode
gerar episódios de aspiração (Larnert & Ekberg, 1995) e alterar as funções motoras orais,
do aparelho digestivo e respiratório (Neistain & Crepeau, 2002; Brien & Tsurimi, 1983).
Ainda, déficits perceptivos e cognitivos variados; e os distúrbios da fala e da linguagem
decorrentes de alterações motoras e dos centros nervosos responsáveis por esta função, e
complementam o quadro de complicações clínicas comumente descritos como
características da PC tetraparética.
2.2.2 Aspectos Posturais
11
Decorrente das complicações de ordem sensório-motora, os aspectos posturais
assumidos pelos indivíduos com PC tetraparética refletem em diversas possibilidades de
inadequações da manutenção da dinâmica corporal; isto é, há dificuldades em assumir
posturas, em especial a sentada, na qual são desenvolvidas a maioria das atividades
funcionais exercidas no dia-a-dia das pessoas.
O posicionamento correto de indivíduos que possuem um desequilíbrio muscular
decorrente de lesão do SNC influenciados pela espasticidade, é uma das medidas para
combater a essa alteração. Nos casos de um desequilíbrio intenso há uma predisposição
maior ao aparecimento de determinadas deformidades e prejuízo da função. Assim, é
indicado então recorrer a equipamentos de auxílio, conhecidos como dispositivos de
tecnologia assistiva, a exemplo cadeira de rodas, cadeira de posicionamento escolar,
órteses, entre outros (Casalis, 1990; Cook & Hussey, 2002).
A aplicabilidade destes dispositivos altera a ação motora influenciada pela
espasticidade, pelo desequilíbrio muscular e pelos reflexos primitivos. O uso de um
dispositivo de mobilidade sentada, uma cadeira de rodas, está diretamente relacionado com
a estabilidade da pelve que é considerada biomecanicamente a base que sustenta os outros
segmentos corporais; isto é, através de um correto sentar é possível mudar a estabilização
de tronco e membros.
Engström (2002) fundamenta os princípios mecânicos da estrutura óssea do corpo
humano, onde descreve que os pés e as pernas (membros inferiores) influenciam
indiretamente a pelve, enquanto o quadril influencia diretamente a pelve, da mesma forma
que o sacro.
E Cook & Hussey (2002) acrescenta a estes princípios outras fundamentações
relacionadas ao controle da postura sentada e gerenciamento de deformidades. Segundo o
autor (p.178):
alguns indivíduos tem incapacidade moderada e requerem somente um suporte
mínimo, enquanto outros indivíduos têm grave incapacidade física e requerem
um extensivo suporte postural. Os componentes que garantem o sistema de
adequação postural podem fornecer suporte ao corpo sendo eles, alinhamento,
normalização de tônus, prevenção de deformidades e aumento de movimento
(Figura 2.2).
Contradizendo o conceito de que a adequação postural está vinculada ao
posicionamento de quadril, joelho e pé em ângulos de 90º-90º-90º, os estudiosos mais
referendados atualmente (Cooper, 1998; Cook & Hussey, 2002; Engström, 2002)
12
estabelecem que nos casos em que há perda da função, por ausência do controle muscular
secundária a lesão no cérebro imaturo, a adequação postural é concebida essencialmente
pelo posicionamento correto da pelve. E acrescentam que este deve ser de forma
confortável, sem implicar no uso de forças de caráter corretivo; isto é, a adequação postural
deve respeitar as deformidades esqueléticas em geral e promover de forma segura a
manutenção da postura; isto pode ser comprovado através de relatos dos usuários na
prática clínica, pois a tentativa de correção da postura em muitos casos geram o abandono
do equipamento.
Figura 2.2 – Criança sentada na cadeira de rodas utilizando acessórios para suporte lateral de
tronco e quadril, e apoio de cabeça; abdutor de membros inferiores, além do cinto peitoral.
Fonte: Pesquisador
13
Um sentar adequado, portanto é aquele que inicialmente estabiliza a pelve,
conseqüentemente acomoda deformidades existentes e, para alcançar conforto e fornecer
segurança, utiliza componentes (acessórios) que auxiliam na manutenção desta
estabilização, como por exemplo, a simples colocação de um cinto pélvico de segurança.
Historicamente os componentes ou acessórios de uma cadeira de rodas foram
aprimorados e se desenvolveram seguindo uma necessidade gradual dos diversos usuários
ao longo dos tempos.
2.3 Histórico do Desenvolvimento dos Dispositivos de Mobilidade
Sentada
Segundo Cooper (1998), os primeiros registros sobre dispositivo de mobilidade
sentada são apontados como sendo os escritos em uma pedra, do século VI, de um
sarcófago chinês, sobre supostamente uma cadeira de rodas, que é ilustrada na Figura 2.3.
Na Idade Média, os europeus utilizaram carrinho de mão como macas. No
Renascimento, cadeiras com rodas dianteiras, conhecidas como rolling chair, foram
desenvolvidas e tinham apoio de braços acolchoados e reclinação para trás para permitir o
descanso na própria casa das pessoas com problemas para locomoção.
Figura 2.3 - Registro de pintura de um idoso numa cadeira de rodas datado de 525 d.c
Fonte: Sawatzky, 2002
Uma cadeira de rodas mais elaborada, ilustrada na Figura 2.4, com estofamento em
pêlo de cavalo e com encosto e apoio de pés, foi concebida para o rei Phillip II da Espanha
14
no século XVI, em virtude de sua doença, hoje conhecida como gota (Doença reumática na
“forma de artrite que causa episódios súbitos e graves de dor, sensibilidade, rubor, calor e
tumefação das articulações”- Sociedade Brasileira de Reumatologia, p.02).
Figura 2.4 - Cadeira de rodas com apoio de pés para o Rei Phillip II.
Fonte: Sawatzky, 2002
Após o século XVIII, as cadeiras de rodas começaram a ganhar nova configuração,
passando a ser desenhada com apoio de braços, rodas largas de madeira na frente, e uma
única roda pequena na traseira para manter o equilíbrio. As cadeiras eram ornamentadas,
possuíam excessivo peso, eram difíceis de movimentar e assim permitiam pouca
independência de seus usuário. Na Figura 2.5 percebe-se a configuração deste tipo de
cadeira, onde se destaca o design das rodas – duas dianteiras e uma única traseira
(antitombo).
Figura 2.5 - Séc. XVIII - Cadeira de rodas reclinável com apoio de pés ajustável,
e rodas dianteiras largas e uma única traseira.
Fonte: Sawatzky, 2002
15
Somente após a Guerra Civil dos EUA, quando milhares de pessoas foram
amputadas, e necessitavam de dispositivo de auxílio para se locomover, as cadeiras de
rodas com assento e encosto tiveram seu peso reduzido e utilizaram modernas rodas de
ferro.
O desenvolvimento das cadeiras de rodas mostrou novos avanços após a I Guerra
Mundial, quando os países apresentavam um saldo final de inúmeros deficientes físicos
jovens e que não possuíam um meio de manter a mobilidade independente. Os jovens
deficientes físicos eram resignados em cadeiras, conhecida como cadeira de rodas em
palha da Índia, que conforme se pode verificar na Figura 2.6, não possuíam nenhuma
vantagem com relação à mobilidade com independência. Assim, o governo britânico,
preocupado com a qualidade de vida de milhares de jovens veteranos deficientes físicos,
desenvolveu uma cadeira que através de um botão acionava um sistema de propulsão. A
cadeira fabricada para os veteranos deficientes físicos tinha a atual configuração de um
triciclo motorizado, e na época foi distribuído pela Cruz Vermelha.
Figura 2.6 - Cadeira de rodas em palha da Índia.
Fonte: Sawatzky, 2002
No mesmo período, o americano Herbert Everest, foi acometido por uma doença e
ficou paraplégico. A necessidade de ter mobilidade associada a conforto e segurança
levou-o a desenvolver com a ajuda de alguns amigos e do engenheiro Jennings a cadeira de
rodas com assento sling, dobrável, em metal leve, com aro de propulsão fixo atrás e rodas
pequenas na frente. Surgia a E&J Company, atualmente uma das mais renomadas
indústrias do ramo de produção de cadeira de rodas. No desenvolvimento deste produto,
este foi o marco histórico, desde 1932 quando a cadeira foi concebida até os dias atuais a
16
indústria E&J Company produz, e o fato representou o nascimento da cadeira de rodas
moderna, ilustrada na Figura 2.7.
Figura 2.7 - Cadeira de rodas HC Jennings de 1933 - Los Angeles.
Fonte: Sawatzky, 2002
A II Guerra Mundial contribuiu também para o desenvolvimento de cadeira de
rodas. Novamente o número de jovens veteranos com deficiência física levou à concepção
de dispositivo de mobilidade sentada; entretanto, não só para a mobilidade, mas para a
promoção de inserção social através de exercícios e atividades recreacionais, era a
concepção da cadeira de rodas esportiva.
Em 1948 surgiram os jogos e as competições internacionais para deficientes
veteranos e com a popularidade das cadeiras esportivas as paraolimpíadas em 1964
aconteceram, e posteriormente as competições em maratona com cadeiras de rodas em
1975. Nos anos seguintes os progressos continuaram ocorrendo e envolviam melhora do
equipamento, treino e nutrição dos atletas e conseqüentemente quebra de recordes.
Performance, durabilidade, conforto e estética eram fatores importantes no design final de
uma cadeira de rodas.
2.3.1 O Desenvolvimento de Sistemas Especiais de Assento - Clínica de Seating
O desenvolvimento dos sistemas especializados de assento, combinando
travesseiros e tecidos para aliviar superfícies de pressão e a posterior utilização de espumas
foram registrados nos anos 50; final dos anos 70 e início dos anos 80, através do
desenvolvimento de técnicas de suporte corporal (Cooper, 1998).
17
O primeiro sistema especial de assento desenhado para crianças com déficit
neuromotor foi o “Mulholland and Gunnell Systems”, elaborado por uma fisioterapeuta
especializada no atendimento de crianças com paralisia cerebral. A combinação de
posicionamento em carrinhos e cadeiras com o posicionamento adaptado através de
mobiliário escolar também começaram a ser desenvolvida nos meados dos anos 60.
O primeiro serviço de seating - adequação postural em cadeira de rodas, foi o
antigo Ontário Crippled Children´s Center em Toronto, que era direcionado a atender
crianças com talidomida, quando o governo Canadense idealizou a criação de quatro
centros com fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e engenheiros que trabalhando juntos
as crianças e familiares, aplicavam conhecimento de tecnologia assistiva no processo de
reabilitação.
As estruturas das cadeiras eram feitas em madeira com espuma, metal e, quando
ocasionalmente o material plástico foi utilizado como base do assento, os custos das
cadeiras foram reduzidos. Gradativamente foi introduzido o suporte de cabeça e apoios de
pés como recursos de adaptação visando melhor acomodação no sistema e os produtos
foram sendo modelados por estofadores visando um produto final esteticamente agradável,
e com um sistema de entrega da confecção aos usuários em alguns meses. O governo
concedia alguns desses produtos e outros eram pagos pelos próprios usuários. Dificuldades
em relação à viabilidade dos investimentos fizeram com que não ocorressem novos
investimentos até que o Programa de Engenharia de Reabilitação da Universidade de
Tennessee, Memphis, criou a primeira clínica que utilizava assentos modulares (Cooper,
1998).
As clínicas de seating iniciaram o trabalho de medição de pessoas e de reprodução
do efeito da ação da gravidade na postura, proporcionando a elaboração do conhecimento
dos múltiplos ajustes de profundidade, altura, e largura dos assentos. Houve a introdução
de simuladores e a possibilidade de mensuração do ângulo encosto/assento nos sistemas tilt
e ou de inclinação apenas do encosto com o recline.
Atualmente médicos e pesquisadores trabalham juntos para transformar em
funcional as necessidades físicas e ambientais dos consumidores com soluções técnicas.
O desenvolvimento histórico do design das cadeiras de rodas embora tenha sido
lento e seguindo a necessidade de cada época apresentam acelerados avanços ocorridos nos
últimos anos com a aplicação de tecnologia, materiais diferenciados e a qualidade dos
18
equipamentos; e ainda assim, muitos usuários permanecem fazendo uso de cadeira de
rodas tradicionais, modelo padrão.
Nos últimos 15 a 20 anos tem-se verificado uma considerável aplicação de
Tecnologia Assistiva para auxiliar as pessoas com deficiência (Cook & Hussey, 2002),
principalmente em novos projetos de cadeira de rodas com controles, design, suspensão,
assentos, e acessórios que auxiliam os usuários em sua locomoção e maior facilidade para
execução das atividades rotineiras.
E assim, o homem vive como parte de um sistema e está sempre voltado para
satisfazer suas necessidades, originadas de alguma carência, que ele buscará atender ao ter
interrompido o seu estado de equilíbrio por esta necessidade. O trabalho é o processo
transformador do meio, no qual uma idéia se transforma em objetos de uso para satisfação
dessas necessidades. Essas necessidades ao serem satisfeitas, entram num processo de
utilização que se manifestam como valores de uso; e por fim, os objetos, vão satisfazendo a
necessidade de materialização, através do trabalho, com os seus produtos (Löbach, 2000).
A utilização de uma cadeira de rodas na paralisia cerebral é uma necessidade
advinda das alterações sensório-motoras ocorridas pela lesão do SNC. O sistema de
adequação postural sentada pela utilização de um sistema de assento e encosto, também
conhecido como sistema de seating, é indicado para auxiliar a mobilidade, pois possui
diversas particularidades, que vão de encontro às necessidades físico-motoras-funcionais
desses indivíduos com PC. Pode-se, portanto, pontuar acerca de como esses produtos irão
atender essas necessidades específicas de um grupo.
O design dos produtos é a ferramenta utilizada para melhorar a qualidade dos
objetos em geral. O design desses produtos que vão atender as necessidades das pessoas
com deficiência é também chamado design social (Gomes Filho, 2003). As novas
tendências das escolas de design social, cujas atividades são voltadas para os problemas
dessa ordem, apresentam o produto, como a forma de resolvê-lo e tem como objetivo,
melhorar as condições de vida desses grupos sociais determinados (Löbach, 2000).
2.4 O Design do Produto
O design de um produto “é o processo de adaptação do ambiente artificial às
necessidades físicas e psíquicas dos homens na sociedade” (Löbach, 2000, p.13). É o
mesmo que “projeto” e “plano”, e é uma importante ferramenta para melhorar o padrão de
19
qualidade dos produtos, pois possibilita a concepção, inovação, o desenvolvimento
tecnológico e a elaboração de objetos.
A capacidade de melhorar um produto depende de um bom design industrial, seja
ele do design técnico ou social. Assim, ao falar dos equipamentos de mobilidade sentada,
cadeira de rodas, todos esses produtos merecerão mais atenção no design industrial. Para
isso, o designer técnico está voltado aos aspectos técnico-construtivos e técnico-produtivos
da configuração do produto e o designer social, entre outros, tem o problema social como
ponto de partida dos estudos e “o produto uma forma de resolver esse problema
social”(Lobäch, 2000, p.201)
Para o design industrial as funções dos produtos industriais são ditas como função
prática, estética e simbólica. A função prática é todo o aspecto fisiológico do uso, com o
objetivo de satisfazer as necessidades físicas do homem e manter a sua saúde física;
estando esta, relacionada à função estética. Já a função estética é a que promove o bem-
estar e identifica o usuário com o produto em seu uso, ela é supervalorizada em nossa
sociedade; e por fim, a função simbólica que é derivada da função estética do produto, e
possibilita ao homem fazer associações a experiências passadas, se manifestando por
elementos estéticos como as cores e as formas.
Portanto, ao pensar numa cadeira de rodas do ponto de vista prático, ela irá manter
a postura sentada, suportar o peso e possibilitar locomoção, além de permitir liberdade de
movimento. Quanto à função estética sua aparência tem que ser agradável, design moderno
rompendo estigmas acerca deste produto; e para a função simbólica ela deve repercutir em
experiências positivas associando-a ao conforto, agilidade e interação social.
Gomes Filho (2003) apresenta os requisitos de projetos como fatores ergonômicos
básicos, que apontam as diversas qualidades desejadas para materialização de um produto.
Esses requisitos então, serão brevemente descritos e associados os seus efeitos sobre as
cadeiras de rodas.
2.4.1 Requisitos de Projeto – Cadeira de Rodas
Os requisitos de projeto “são as qualidades desejadas, a priori para a materialização
de um produto final. Abrange sua concepção, as fases do desenvolvimento de projeto e
eventualmente alcança até sua fabricação ou confecção (p.28)”. Assim, uma cadeira de
rodas em sua fase de concepção tem como fatores iniciais a serem considerados, as
20
medidas antropométricas de uma dada população, a definição do modelo (por exemplo, se
adulto ou infantil), e/ou o material a ser utilizado em assento, encosto e acessórios.
Os requisitos de concepção de uma cadeira de rodas agregam a tarefa, a segurança,
o conforto, o estereótipo, os envoltórios de alcance físico, a postura, a aplicação de força e
os materiais.
- Tarefa:
Uma tarefa “é um conjunto de ações humanas que torna possível um sistema atingir
um objetivo (...), é o que faz funcionar o sistema para se atingir um resultado pretendido”.
A utilização de uma cadeira de rodas em sua maneira mais elementar é para adquirir
mobilidade, seja ela de forma independente quando o próprio usuário interage com o
objeto, ou de forma dependente quando uma terceira pessoa é quem conduz o sistema
composto de usuário/cadeira.
Além da função básica de fornecer mobilidade, uma cadeira de rodas pode também
ser associada ao objetivo de adequação postural; isto é, de promover acomodação e
manutenção da postura sentada. Particularmente os usuários com PC tetraparética são
dependentes de terceiros para alcançar a mobilidade e, atribuem como tarefa ao dispositivo
- cadeira de rodas a característica principal de promover e garantir a adequação da postura
sentada, sendo portanto, a função de mobilidade agregada secundariamente.
Ir e vir em uma cadeira concebida para os usuários com disfunções do tipo PC,
constitui para a família, especialmente para aqueles que se tornam cuidadores diretos
destes, essencialmente importante sua realização através de um dispositivo de assistência,
para facilitar o transporte e a locomoção; pois ao longo dos anos, esses cuidadores têm o
risco de desenvolver algum tipo de dor musculoesquelética, conseqüente a carregar suas
crianças no colo com idade acima de 4 anos sem a utilização de dispositivos (Sandres &
Morse, 2005).
- Segurança
A segurança “é a utilização segura e confiável dos objetos em relação às suas
características funcionais, operacionais, perceptíveis, de montagem, de fixação,
sustentação e outras, fundamentalmente, contra riscos e acidentes eventuais que possam
envolver o usuário ou grupos de usuários”.
21
Esse item é particularmente importante quando se determinam os requisitos do
projeto. Envolve o planejamento sobre a condução da cadeira, o cuidado contra falhas ou
defeitos mecânicos especialmente na concepção da estrutura da cadeira, do sistema de
inclinação simultâneo do assento/encosto (sistema tilt), e sistema de freios. No
planejamento do percurso do usuário, cadeiras planejadas com pneus maciços, não serão
recomendadas para uso em terrenos acidentados. A durabilidade e resistência das partes e
estrutura da cadeira e resistência ao peso do usuário são fatores diretamente ligados a
segurança do equipamento, e devem ser previstos no projeto.
- Conforto
Outro item, requisito do projeto, é o conforto, que no geral é a “condição de
comodidade e bem-estar” (p.29).
Para as cadeiras concebidas para clientela alvo deste estudo, uma adequada
adaptação para o usuário, do encosto e assento da cadeira, garante nível de conforto
satisfatório ao usuário (Engström,2002), pois o desconforto é determinante de condições de
fadiga, deformidade, complicações de ordem fisiológica (respiratória e digestiva).
- Estereótipo
A informação de que a cadeira de rodas implica em deficiência é um estereótipo
popular de onde se atribui que são as “práticas de uso consagradas” (p.30). O estereótipo
popular também fornece a referência de uma cadeira ter quatro rodas, as dianteiras sendo
menores; suporte para apoio de pés e braços tradicionalmente mantidos nos modelos
(padrão) de fabricação. O novo design das cadeiras mais modernas propõe a transmissão da
imagem de produtos dinâmicos, alegres e coloridos, leves, rompendo as barreiras e
estigmas quanto a utilização desses produtos.
- Envoltório de Alcance Físico
O envoltório de alcance físico é definido “como o volume espacial em que devem
estar contidos, e ao alcance do usuário, os instrumentos de ação, essenciais ao
funcionamento do produto agregado ao conceito de conforto, de maneira que se evite que
os movimentos executados pelo usuário o obriguem a despender energias desnecessárias
ou esforços extenuantes”(p.31). Na relação entre o usuário e o produto, o alcance dos
acionadores dos comandos de uma cadeira de rodas por alavancas, pedais, botões, de
peças como os freios ou do sistema tilt, deve permitir seu acesso sem grande esforço, o
22
tamanho de toda sua estrutura deve ser planejado para permitir acesso às portas, elevadores
e ambientes em geral.
- Postura
A postura “é a organização dos segmentos corporais no espaço” (p.32). A leitura da
ergonomia da cadeira de rodas considera o projeto dessa cadeira como estudo ergonômico
complexo, baseado em dados antropométricos e fisiológicos que obedecem as leis da
Física e Biomecânica, para então definir o tipo de assento e encosto e demais necessidades
que o produto deverá atender.
A postura está relacionada ao conforto, segurança e acomodação ao objeto. Uma
má postura resulta em fadiga, sobrecargas e até mesmo posteriores deformidades da coluna
e encurtamentos, portanto a postura do individuo deve estar associada a suas
características.
Estudos sobre a antropometria internacional são adotados na produção de cadeira
de rodas nacionais, pois inexistem dados antropométricos da população brasileira (Becker,
2000), ou normas da ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas para produção de
cadeiras de rodas no Brasil, sendo a maioria das cadeiras de rodas fabricadas de modo
industrial com moldes pré-fabricados que seguem padrões de medidas internacionais, para
atender a população infantil e adulta, sobretudo na produção industrial seriada em média e
alta escala.
Atualmente o governo federal solicitou ao Inmetro- Instituto Nacional de
Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial, que formatasse a qualidade e a
padronização na produção nacional de cadeira de rodas através do desenvolvimento do
programa de avaliação da conformidade das cadeiras de rodas. Os trabalhos já foram
iniciados e está prevista a publicação para consulta pública em outubro e a publicação da
portaria para o início de 2007.
- Aplicação de Força
A força é um dos requisitos do projeto definida como a “ energia física ou esforço
necessário para fazer alguma coisa (...), são resultados de contrações musculares” (p.32).
Considera-se o esforço necessário para conduzir a cadeira de rodas, seu peso, condições do
solo, o tamanho da cadeira (infantil ou adulto), o potencial do usuário, e para quais
atividades ele fará uso tais como atividades domésticas, em competição ou em atividades
externas e por quanto tempo irá utilizá-la.
23
- Materiais
A escolha do material influencia na questão da segurança, conforto, durabilidade,
peso do equipamento, esforço do usuário em movimentá-lo. O material pode ser definido
como “pertencente a matéria, qualquer substância sólida, líquida, ou gasosa (...) como todo
e qualquer componente do objeto” (p.33). Quanto ao material, as cadeiras podem ser em
titânio, fibra de carbono, pneus com borrachas especiais, entre outros; dependem da
combinação entre design, ergonomia e avaliação tecnológica do projeto do produto.
Após a descrição dos requisitos de projeto, os conceitos das ações e manejo serão
descritos como referencial do repertório dos designers e projetistas.
2.4.2 Ações de Manejo e Controle e Ações de Percepção
Manejo “pode ser definido como um ato ou uma ação física que se relaciona com o
manuseio ou operacionalidade de qualquer produto, por parte do usuário ou operador
através de seu corpo ou partes de seu corpo (cabeça, boca, braços-mãos, pernas-pés,
etc)(...). Associada ao manejo existe também, predominantemente, a ação de controle, pois
como se pode constatar, dificilmente se maneja alguma coisa sem uma determinada ação
de controle por parte do usuário”(p.33-34).
Portanto, as ações de manejo e controle vão depender de cinco conceitos básicos: as
características do usuário, ou seja, raça e seu biótipo (classificação antropométrica), sexo
(homens possuem 25% de força física a mais que as mulheres), faixa etária (e sua
diversidade entre as idades), grau de instrução (capacidade intelectual, cognitiva,
psicológica e emocional em lidar com os produtos); além dos atributos do usuário
(habilidades, força); do nível de qualidade dos manejos e controles (que varia com a
situação de trabalho); atributos dos manejos e controles (de baixíssima à altíssima
exigência); e dos elementos físico de manejo (conceitos projetuais para concepção e
projeto dos dispositivos).
E ainda, as ações de manejo também estão relacionadas ao manuseio operacional, a
limpeza, a manutenção, o arranjo espacial, e são inerentes às cadeiras de rodas.
- Manuseio Operacional
O manuseio operacional são ações de manejo na manipulação de produtos e são
relacionadas ao ato de pegar, movimentar, por em funcionamento ou parar um objeto.
24
Aspectos relacionados às cadeiras de rodas terão relação com manoplas de guia e de freio,
aros de propulsão que devem ser de fácil manuseio.
- Limpeza
A limpeza “é um aspecto desejável em qualquer objeto, para efeito de proteção ao
usuário, em oposição a sujeira por razoes de higiene, saúde e até de segurança, em
determinadas situações”(p38). Na cadeira de rodas, facilitar a limpeza do estofamento, e a
lubrificação do sistema de engrenagem das rodas; auxilia na conservação do produto de
modo a não interferir em sua vida útil e no seu funcionamento.
- Manutenção
Ainda como ações de manejo, a manutenção é a “execução de serviços de reparo de
qualquer natureza eventualmente necessários para consertar alguma coisa ou conservar o
adequado funcionamento do objeto”(p.39). Identificar as partes que quebrem, enguicem,
necessitem ajuste, troca ou substituições ligadas ao tempo, freqüência de uso, cuidados
normais podem auxiliar a substituí-las para melhorar o processo de fabricação.
- Arranjo Espacial
E por fim às ações de manejo, o arranjo espacial é definido como melhor
organização dos elementos físicos de um objeto. Refere-se a “busca da melhor distribuição
relativa dos componentes (peças, equipamentos, mobiliário, (....) )” (p.39). Na cadeira de
rodas está relacionado ao posicionamento de alavancas, cabos e freios, além de suas
próprias dimensões. A não obediência dos critérios pode acarretar em problemas de uso, de
operacionalidade, de percepção ou até mesmo de acessibilidade.
No que tange as ações de percepção, têm-se as informações em geral captadas, num
sentido amplo. A compreensão da informação tem relação direta com sua qualidade de
apresentação visual, auditiva, tátil, cinestésica e de vibração emitidas pela relação usuário e
produto, onde elas agem sobre os canais sensoriais do indivíduo e ao serem captadas e
interpretadas pelo cérebro, vão responder para que seja tomada uma determinada decisão.
Para uma cadeira de rodas, a percepção visual também relaciona-se ao tratamento
cromático do produto, identificação da marca do fabricante e acerca do modelo. O tipo de
estofamento é traduzido como informações táteis. A capacidade de se perceber ruídos, ou
surgimento de sons estridentes-irritantes estão relacionados à percepção auditiva; e a
sensação percebida ao se fazer uma curva ou se aumentar a velocidade, é conhecida como
25
percepção cinestésica. E para finalizar, a compreensão da informação pelo o impacto de
trepidação, gerado por uma cadeira ao andar em um terreno irregular, por exemplo, é
entendida como informação da vibração.
2.5 Partes de uma Cadeira e o Processo de Escolha
Ainda como fundamentação teórica, aspectos relacionados ao processo de escolha e
entendimento das propriedades de uma cadeira de rodas, serão apresentados como de
grande importância para o embasamento deste estudo.
As cadeiras podem ser didaticamente classificadas em manual, motorizada,
especializada e esportiva/recreacional (Cooper, 1999). Os tipos de cadeira de rodas
dependem do tipo de material que ela é feito, da indicação de uso e da empresa que fabrica.
Uma cadeira de rodas é composta por uma estrutura básica cujas partes são: o
assento, o encosto, a estrutura tubular, as rodas dianteiras, as rodas traseiras e aro
propulsor, os apoios de pés, os apoios de braços, ilustradas na Figura 2.8. Possui uma base
móvel que pode ser acionada manualmente ou por sistema motorizado, acoplada numa
estrutura em monobloco ou em “X” que permite o seu fechamento.
O sistema de assento de uma cadeira pode variar em largura e profundidade, cujas
medidas das cadeiras de rodas existentes no mercado, são fornecidas aos usuários através
de catálogos, de acordo com as características dos modelos e dos fabricantes. A superfície
do assento também pode variar ao ter acoplado em sua estrutura, almofadas em módulos
do tipo assento reto ou anatômico (contornado) advinda da própria fábrica; ou ter
adicionado ao seu sistema, a utilização de um dos diferentes tipos de almofadas (em gel,
água, espuma, ar) adquiridas comercialmente.
26
Figura 2.8 – Partes que compõe uma cadeira de rodas: encosto (1), apoio de braço(2), assento(3), roda
dianteira(4), apoio e pé(5), estrutura(6), roda traseira (7), aro propulsor (8)
Fonte: Campos, Cavalcanti e Galvão, 2006.
O encosto de uma cadeira de rodas é encontrado em alturas diversas e é selecionado
dependendo da agilidade ou dependência motora do usuário.Varia também em diversos
tecidos e almofadas.
Algumas cadeiras apresentam em seu modelo, possibilidades de variações de
postura através do sistema de inclinação do assento e encosto. Para o plano de inclinação
do assento e encosto simultâneos, chamado de sistema tilt (Figura 2.9A) e quando a
cadeira, apenas reclina o encosto para trás, é chamado recline (Figura 2.9B) (Cook &
Hussey, 2002).
Os suportes do apoio dos braços podem ser fixos, escamoteáveis ou removíveis.
Alguns modelos de cadeira permitem ajustes em altura. O apoio para os pés pode ser uma
peça única ou duas placas (uma para cada pé). Algumas cadeiras permitem a sua elevação
e possuem correia ou suporte para as panturrilhas.
27
Figura 2.9 – (A) Sistema Tilt acionado – (B)Cadeira com Recline
Fonte: Pesquisador
As rodas podem ser em diâmetro 20”, 22”, 24” e 26”, com aros comuns, reforçados
ou sem aros. O diâmetro e a localização da roda são de acordo com a habilidade de
propulsão do usuário, e dependem da precisão do sistema de rolamento. Os pneus maciços
são duráveis e de fácil manutenção, porém indicados para uso em ambientes internos, e ou
pneus pneumáticos embora necessitem de maior manutenção, permitem melhor
desempenho em terrenos irregulares (Bergen, 1998).
Os acessórios para as cadeiras são adicionados ao sistema de acordo com a
necessidade individual do usuário. São eles: apoio de cabeça, cintos (de modelos e
tamanhos diversos), apoios laterais de tronco, entre outros.
Becker (2000) apresenta que o desejo do usuário não consiste em ter um sistema
autônomo, mas que permita o usuário interagir melhor com a cadeira de rodas. Ou seja, a
escolha da cadeira de rodas sustenta as atividades de trabalho e de vida diária e para a
seleção de uma cadeira, numa avaliação, o terapeuta deve considerar quais serão os
benefícios do uso da tecnologia assistiva (Cook & Hussey, 2002).
Portanto, na indicação das cadeiras de rodas deverão ser avaliadas as condições
médicas (ortopédicas e fisiológicas), funcionais, aspectos pessoais e sociais. Esses,
envolvem as expectativas da família e amigos; a identificação do tipo de seguro ou recurso
financeiro disponível para aquisição do produto; o conhecimento do que é necessário para
melhorar a independência com a utilização da cadeira; se há planos freqüentes de viagem
para o usuário; quais as possibilidade para romper as barreiras arquitetônicas e como serão
28
feitas as modificações na casa, escola e demais ambientes utilizados (Cooper, 1998;
Chaves, 2003).
A questão do sistema de transporte também deve ser discutida como aspecto crucial
e a necessidade de mudança prove de discussões originadas pelo usuário, seu cuidador e
envolvem ações enérgicas dos serviços, profissionais da saúde e de programas
governamentais (Cox, 2003).
Enfim, a indicação e escolha deste produto – cadeira de rodas, deve selecionar o
equipamento mais apropriado, potencializar os benefícios do sistema para o usuário,
acoplar os componentes apropriados, planejar as modificações necessárias, montar e rever
o sistema, providenciar reparos e periodicamente reavaliar o grau de integração do
sistema inicial na vida do usuário para buscar garantir ao usuário, o bom desempenho
funcional do produto (Chaves, 2003).
29
Capítulo 3
Metodologia da Pesquisa
Com base nos objetivos do estudo, a metodologia utilizada foi a pesquisa descritiva
e exploratória, cujo foco principal foi descrever as características de uma determinada
população e estabelecer relações entre as variáveis investigadas, além de levantar opiniões
e atitudes da população estudada (Gil, 2002).
O estudo teve também a intenção de “obter o primeiro contato com a situação a ser
pesquisada ou um melhor conhecimento sobre o objeto em estudo levantado” (Samara &
Barros, 1997, p. 24). Assim, foi feita uma revisão da literatura, retrospectiva dos últimos
oito anos, nas bases de pesquisas, buscando-se ampliar o conteúdo abordado.
O problema foco desta pesquisa foi analisado de forma quantitativa e qualitativa, a
fim de conhecer o estilo de vida, o comportamento, o perfil e as opiniões dos entrevistados
que compuseram a população-alvo.
Com base nos procedimentos técnicos utilizados, a pesquisa foi categorizada por
um grupo de delineamento cujos dados são fornecidos por pessoas, denominado
levantamento, que se apresenta com a característica de interrogação direta das pessoas.
A escolha da população alvo foi aleatória e por conveniência, tendo como critérios
para a seleção dos elementos que constituiu a população, a facilidade de acesso a esses
elementos.
3.1 Estudo Exploratório
Um estudo exploratório foi realizado sobre o assunto relacionado com a
problemática da pesquisa, embasando os instrumentos de investigação, estruturando as
variáveis da pesquisa e promovendo um maior conhecimento teórico sobre o tema de
30
forma a proporcionar subsídios para o seu desenvolvimento e obtenção dos resultados (Gil,
2002). Em pesquisa bibliográfica de livros, teses, sites, periódicos nacionais e
internacionais, além de anais de congressos, foram utilizadas as palavras chaves: cadeira de
rodas, adequação postural, paralisia cerebral, terapia ocupacional e design de produtos para
localização do tema abordado nesta dissertação.
3.2 Estudo Descritivo
A pesquisa com crianças e adolescentes com paralisia cerebral foi idealizada para
identificar se os equipamentos de mobilidade sentada, cadeira de rodas, estão atendendo as
necessidades desses usuários.
O estudo se caracterizou como descritivo, pois buscou delinear as condições
individuais de pessoas com paralisia cerebral do tipo tetraparética, não deambuladoras e
estabelecer relações entre as variáveis investigadas, enfocando o tipo de equipamento de
mobilidade sentada (carrinho ou cadeira de rodas) utilizado para manter a postura sentada e
para locomoção.
Mediante o uso de técnicas padronizadas para a coleta de dados, através de
entrevista, investigou-se com os pais/responsáveis pelas crianças/adolescentes, os aspectos
relacionados às particularidades do equipamento de mobilidade utilizado, e a
caracterização de seus usuários. O estudo descritivo também retratou parte do atual
processo de aquisição do equipamento no Estado do Rio Grande do Norte.
3.3 Área de Abrangência
Foram selecionados os usuários com diagnóstico de paralisia cerebral do tipo
tetraparética, na faixa etária compreendida entre 0-18 anos, que não deambulavam (não
andavam) e que dependiam de um sistema de mobilidade sentada do tipo carrinho ou
cadeira de rodas para manter a postura sentada e para facilitar a locomoção, procedentes da
Cidade de Natal e de outros municípios pertencentes ao Estado do Rio Grande do Norte.
Esses indivíduos procuraram o serviço do Centro de Reabilitação Infantil – CRI/RN ou da
oficina ortopédica Ortotec nos últimos 3 anos (2003-2006) para avaliação e prescrição de
um equipamento de mobilidade sentada, e especificamente receberam uma cadeira de
rodas adaptada, indicada por profissional da área de saúde, especialista em tecnologia
assistiva.
31
A seleção da população alvo no CRI/RN e na oficina Ortotec se deu pela facilidade
da pesquisadora em acompanhar as prescrições e entrega dos equipamentos aos usuários.
3.4 Tamanho da População
Inicialmente foram selecionadas 55 crianças/adolescentes obedecendo aos critérios
de inclusão na pesquisa. Todos foram catalogados para a realização posterior da entrevista
com os pais/responsáveis pelas crianças/adolescentes, uma vez que a aplicação do
instrumento de investigação seria executada por telefone.
A opção em aplicar o formulário por telefone visou facilitar o acesso às
informações referentes ao problema investigado, devido à maioria dos indivíduos que
compunha a população do estudo, residir em bairros periféricos e em outros municípios, e
por estes apresentarem dificuldades para o deslocamento para a concretização do estudo.
Entretanto, parte dos registros telefônicos haviam sido desligados ou tinham um
segundo dono, sendo o estabelecimento do contato concretizado com apenas 33 indivíduos.
Portanto, este foi definido como o total da população alvo para este estudo.
3.5 Coleta de Dados
A coleta de dados procedeu-se através de técnicas de interrogação.
A técnica de interrogação selecionada foi o formulário que teve sua aplicação
efetivada por telefone, onde as perguntas eram enunciadas pelo pesquisador e as respostas
do entrevistado também por ele registradas.
O formulário “pode ser definido como a técnica de coleta de dados em que o
pesquisador formula as questões previamente elaboradas e anota as respostas” (Gil, 2002,
p.115). A seleção por uso de técnica de interrogação procedeu-se para subsidiar a
obtenção de dados a partir do ponto de vista dos pesquisados.
Durante a aplicação do formulário teve-se a preocupação de formular as perguntas
diretas ao entrevistado exatamente como estavam redigidas, sendo repetidas quando não
eram compreendidas, evitando-se fornecer explicações pessoais.
O formulário foi aplicado aos pais/responsáveis pelas crianças/adolescentes,
usuários de cadeira de rodas, após explicação dos objetivos da pesquisa e consentimento
para participação dos mesmos. A resposta dos entrevistados foi considerada como opinião
32
e resposta dos usuários, uma vez que os mesmos têm um comprometimento da fala e/ou
nível cognitivo, que os impossibilitam responder o formulário.
A coleta de dados procedeu-se no período de 25 de abril a 26 de maio de 2006 com
aplicação do formulário aos 33 entrevistados. Foram coletados dados referentes à última
cadeira que eles faziam uso antes da aquisição da cadeira atual (no questionário chamado
de equipamento anterior); dados das respostas da cadeira atualmente utilizada (chamado de
equipamento atual); e, analisados os resultados da investigação de forma separada e
comparativa
.
3.6 Formulário
O formulário continha questões preferencialmente fechadas, que visaram a
investigação ampla do problema proposto. Foi aplicado por entrevista estruturada, que é
aquela que “se desenvolve a partir de relação fixa de perguntas” (Gil, 2002, p. 117).
As questões elaboradas eram diretas (por exemplo, “Quais modificações você
gostaria que fossem feitas na cadeira?”), com respostas para marcação previamente
formuladas. Essas questões foram definidas a partir das recomendações investigativas
descritas por Cooper (1998) e do formulário de investigação utilizado para prescrição de
cadeira de rodas no Center for Assistive Technology- CAT Clinic da Universidade de
Pittsburgh/PA.
O formulário era composto de quatro partes, separadas por blocos temáticos:
aspectos individuais das crianças e adolescentes (questões de número 1.1 a 1.18); avaliação
das condições de seating/equipamentos de mobilidade sentada (questões de número 2.1 a
2.45); identificação dos ambientes (questões de número 3.1 a 3.6); e sobre o perfil dos
entrevistados (questões de número 4.1 a 4.4).
A divisão do formulário em quatro partes se deu de forma a possibilitar a análise de
dados que posteriormente alcançassem o entendimento de quais os aspectos positivos
oferecidos pelos produtos utilizados, a fim de fazer um comparativo entre eles e identificar
um perfil característico dos seus usuários (Anexo II).
A primeira parte do formulário o bloco temático continha questões referentes ao
perfil do usuário de cadeira de rodas como os dados pessoais, o município de procedência,
o sexo, a idade, o peso, a sua altura; e acerca das condições individuais como o nível de
comprometimento motor, presença de deformidades, função de membros superiores, visão
33
e audição, uso de dispositivos auxiliares (órteses), presença de distúrbios associados e
sobre a realização de tratamento.
A segunda parte do bloco temático é composta pela avaliação das condições de
seating, ou seja, dos equipamentos de mobilidade sentada, investigando o número de
avaliações e de equipamentos (cadeira de rodas ou carrinhos) já utilizados pelos usuários,
qual o tipo e as características deste, a quantidade de horas de uso por dia, os ajustes e
modificações realizados, vantagem e desvantagem do produto, e as queixas principais. E
questões acerca do valor do produto e nível de satisfação do usuário, bem como quanto à
idade e a forma de aquisição do equipamento.
A terceira parte caracterizou-se pela investigação das condições arquitetônicas e
ambientais do ponto de vista do entrevistado, referente à acessibilidade do usuário na
cadeira de rodas no ambiente residencial, na rua onde mora e no ambiente escolar.
A quarta e última parte coletou dados do perfil dos entrevistados (pais/ responsáveis
pelos usuários de cadeira de rodas investigados) como a renda familiar, o nível de
escolaridade e o estado civil.
3.7 Aplicação do Formulário
O formulário foi aplicado pelo pesquisador junto aos pais/responsáveis pelos usuários,
por telefone, no período equivalente entre os meses de abril e maio de 2006.
Para garantir uma melhor adaptação a realidade da pesquisada, realizou-se um pré-teste
com indivíduos pertencentes ao grupo que se pretendia estudar, para verificação antecipada
da clareza e precisão dos termos empregados, a quantidade de perguntas, a forma dessas
perguntas e a ordem das mesmas.
O pré-teste foi realizado com 5% dos entrevistados, e durante sua aplicação tornou-se
possível delimitar o tempo de execução da entrevista por telefone. Também identificou-se
a necessidade de modificações no formulário inicial, incluindo e excluindo alguns itens
perguntados, além de alterações no layout da folha para facilitar a análise posterior de
dados pelo próprio pesquisador.
Um novo modelo de formulário foi idealizado para a aplicação (Anexo II).
34
3.8 Análise e Interpretação dos Dados
Segundo Gil (2002, p.125) “o processo de análise dos dados envolve diversos
procedimentos: codificação das respostas, tabulação dos dados e cálculos estatísticos”.
Concomitante ao processo de análise dos dados, procedeu-se a interpretação dos dados
colhidos, buscando estabelecer ligações entre os resultados obtidos com os conceitos
percebidos na revisão bibliográfica e com os estudos realizados anteriormente.
O procedimento utilizado para tabulação foi eletrônico e a análise dos dados feita
por cálculos estatísticos. Os resultados foram agrupados por categorias e apresentados por
gráficos e tabelas.
3.9 Considerações Éticas
Antes de ser iniciada a entrevista para ser respondido o formulário, cada
participante da pesquisa era informado dos objetivos do estudo e consentia aprovação
verbal para sua participação.
Para formalização da autorização dos participantes no estudo, um termo de
consentimento escrito, foi elaborado para o registro documental na pesquisa. Este termo foi
endereçado por correio aos pais/responsáveis, com envelopes de resposta, devidamente
selados, para facilitar o retorno deste documento à pesquisadora (Anexo I).
3.10 Limitações do Trabalho
As limitações iniciais do estudo foram referentes às dificuldades para a aquisição
do equipamento. Um grande número dos entrevistados dependeu da aquisição das cadeiras
de rodas através dos Programas de Concessão de Órteses do Governo (Estadual e
Municipal), em processos muitas vezes de média e longa duração (tempo variando entre 1
e 3 anos).
Dificuldades de transporte e locomoção para os usuários entrevistados quanto ao
acesso a meios de transporte públicos adaptados impossibilitaram um contato mais
próximo pela entrevista face a face, sendo adicionado a limitações de ordem financeira da
pesquisa, que também repercutiram na impossibilidade de telegrafar os outros usuários
previamente selecionados para que estes possíveis entrevistados retornassem o contato e
pudessem então, atualizar seu registro telefônico e participar da pesquisa.
34
Capítulo 4
Resultados da Pesquisa de Campo
O propósito deste capítulo é apresentar os dados encontrados na pesquisa de campo
e realizar análise descritiva (tabelas e figuras) das variáveis em estudo.
A seguir serão discutidos os resultados encontrado com base no formulário
aplicado, apresentado pelos seguintes blocos temáticos: perfil dos entrevistados,
identificação das condições individuais das crianças e adolescentes e dos ambientes,
avaliação das condições de seating (condições dos equipamentos de mobilidade sentada),
avaliação do equipamento utilizado anteriormente e do equipamento atual.
4.1 Validação da Pesquisa
Nesta seção serão analisados os seguintes aspectos: nível de escolaridade, estado
civil e renda familiar dos pais/responsáveis pelas crianças/adolescentes entrevistados; e se
os usuários com PC possuem plano de saúde.
4.1.1 Perfil dos Entrevistados
O nível de escolaridade predominante, encontrado entre os pais/responsáveis pelas
crianças/ adolescentes, foi para 66,6% dos entrevistados, o ensino médio ou superior
(incompleto ou completo) (ver Anexo III, Figura 1). Assim, em geral, os entrevistados
possuem um bom nível de escolaridade para responder as perguntas formuladas neste
trabalho.
O bom nível de escolaridade, quando associado às questões que envolvem o
equipamento cadeira de rodas, é importante para facilitar a boa compreensão das
informações do manual de instrução dos produtos, e, para que o usuário lide de forma mais
35
adequada com as propriedades desses produtos, principalmente os de maior sofisticação
tecnológica (Gomes Filho,2003).
A maioria dos pais entrevistados (72,7%) são casados(a) (conforme Figura 2 do
Anexo III ). A renda familiar é relativamente baixa, de até 3 salários mínimos para 54,5%
das famílias entrevistadas (Figura 3, Anexo III) e aproximadamente metade das
crianças/adolescentes possui plano de saúde particular, pago por seus pais/responsáveis.
A Tabela 4.1 mostra que o fato de possuir plano de saúde está associado à renda
familiar, pois, 73% dos usuários que possuem plano de saúde, tem renda acima de 3
salários mínimos e 77% dos que não possui plano de saúde, tem renda abaixo de 3 salários
mínimo.
Tabela 4.1 – Distribuição da renda e plano de saúde dos entrevistados
Plano de saúde
Renda (salários
mínimos) Sim Não
Total
Até 3 4 (27%) 14 (77%) 18
Mais de 3 11 (73%) 2 (11%) 13
Sem resposta 0 (0%) 2 (11%) 2
Total 15 (100%) 18 (100%) 33
4.2 Análise Descritiva
4.2.1 Condições Individuais - Identificação das Crianças e Adolescentes
4.2.1.1 Sexo das crianças/adolescentes
A Figura 4.1 apresenta o sexo das crianças/adolescentes com paralisia cerebral que
participaram da pesquisa:
53,60%
46,40%
48,50%
51,50%
Feminino M asculino
Dados IBGE
Dados Pesquisa
Figura 4.1 – Sexo das crianças/adolescentes comparado com dados do IBGE
36
A Figura 4.1 mostra que aproximadamente metade dos usuários é do sexo
masculino e outra metade do sexo feminino o que corrobora com as informações do último
CENSO 2000 (IBGE apud CORDE, 2000) que apresenta as pessoas com deficiência
distribuídas em 46,4% do sexo masculino e 53,6 % do sexo feminino.
4.2.1.2 Nível de comprometimento
Todas as crianças/adolescentes que fizeram parte da pesquisa têm o diagnóstico de
paralisia cerebral do tipo tetraparética. Segundo Gianni (2005) são os casos mais graves,
pelo comprometimento motor dos membros superiores e inferiores de forma simétrica,
influenciados pelos padrões anormais de movimento, aumento do tônus muscular,
decorrentes de uma lesão ocorrida no Sistema Nervoso Central - SNC (não-progressiva)
num cérebro ainda imaturo.
4.2.1.3 Execução das atividades de vida diária
Todas as crianças/adolescentes entrevistados são dependentes de terceiros para
realização das atividades de vida diária: alimentação, higiene, vestuário, locomoção e
comunicação pelo seu comprometimento motor decorrente da lesão do SNC.
4.2.1.4 Presença ou não dos movimentos: controle cervical, controle de tronco e
função dos membros superiores (MMSS)
Para efeitos desta pesquisa foi definido o controle dos movimentos do tipo precário,
como aquele em que os entrevistados apresentassem déficit motor para sustentação do
controle cervical, controle de tronco ou para função manual, impossibilitando-o de se
manter contra a força da gravidade por muito tempo, ou seja, quando ele fosse insuficiente
para realizar suas funções. E a resposta “sim” para o movimento completo e “não” para a
ausência dos respectivos movimentos.
A Figura 4.2 mostra a respostas dos entrevistados quanto à precariedade, presença
ou não dos movimentos de controle cervical, controle de tronco e função de membros
superiores (MMSS) das crianças/adolescentes:
37
33,30%
12,10%
54,40%
69,70%
0%
30,30%
93,90%
0%
6,10%
Não Sim Precário
Cervical
Tronco
MMSS
Figura 4.2 – Presença ou não dos movimentos de controle cervical, controle de tronco e função de MMSS
Quanto aos membros superiores, em relação às condições funcionais, somente 6,1%
conseguem uma função manual precária, que equivale, por exemplo, a segurar um biscoito
ou algum brinquedo próximo a ele, ou apontar objetos; e 93,9% não possui função manual
alguma.
Os resultados também apontam que 87,8% dos entrevistados não possuem controle
cervical completo e todos os investigados, apresentam o comprometimento do controle de
tronco. Esses dados justificam a importância de se intervir terapeuticamente, utilizando a
cadeira de rodas adaptada como recurso de tecnologia assistiva para facilitar a locomoção,
auxiliar a manutenção da postura sentada e promover o conforto.
Segundo Campos, Galvão & Souza (2006), nas lesões do SNC, quando as crianças
não desenvolvem as habilidades posturais dentro do tempo considerado normal pela escala
de desenvolvimento, ou seja, aquisição das etapas motoras como rolar, sentar, andar é
indicada a avaliação para prescrição de sistema especial de assento com a finalidade de
posicioná-la adequadamente e possibilitar o uso funcional das mãos. Esses equipamentos
devem ter propriedades específicas para atender as inúmeras especificações motoras
decorrentes da paralisia cerebral. E assim, esses dados serão válidos para justificar a
necessidade de um equipamento com sistema anatômico do assento e encosto, com sistema
tilt de inclinação e que possua o acessório apoio de cabeça e cinto peitoral.
38
4.2.1.5 Faixa etária das crianças/adolescentes
A Figura 4.3 mostra a idade das crianças/adolescentes pesquisados distribuída por
faixa etária:
No de obs
3,0%
15,2%
21,2% 21,2%
12,1%
9,1%
6,1%
12,1%
0
1
2
3
4
5
6
7
8
0 a 2 3 a 4 5 a 6 7 a 8 9 a 10 11 a 12 13 a 14 15 a 16 17 a 18
Figura 4.3 – Idade das crianças/adolescentes
A distribuição da faixa etária das crianças e adolescentes variou entre 2-18 anos,
sendo 42,4% destas distribuídas nas faixas etária entre 5 e 8 anos. A idade média das
crianças/adolescentes é de 8 anos e 7 meses.
4.2.1.6 Peso (Kg) da criança/adolescente
A Figura 4.4 apresenta a distribuição do peso das crianças/adolescentes
participantes da pesquisa:
39
No de obs
3,0%
57,6%
27,3%
6,1% 6,1%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
Até 10 11 a 20 21 a 30 31 a 40 Mais de 40
Figura 4.4 – Peso (Kg) das crianças/adolescentes
Observa-se na Figura 4.4 que 57,4% das crianças/adolescentes possui de 11-20Kg,
seguido de 27,3% com peso de 21-30kg. O peso do usuário está diretamente relacionado à
estabilidade do equipamento, e ao fator segurança do produto, quando associado à
resistência das partes e estrutura da cadeira conforme referenciado no capitulo 2 (Gomes
Filho, 2003). Portanto, dependendo do peso do usuário, será determinada pelo terapeuta a
escolha do tipo de equipamento, seguindo as orientações dos fabricantes.
4.2.1.7 Altura(m) das crianças/adolescentes
A Figura 4.5 mostra o resultado da altura(m) das crianças/adolescentes:
No de obs
9,1%
54,5%
15,2%
21,2%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
Menos de 1 De 1 a 1,3 De 1,31 a 1,6 Não sabe
Figura 4.5 - Altura (m) das crianças/adolescentes
40
A Figura 4.5 mostra a altura das crianças/adolescentes predominante (54,5%) foi na
faixa entre 1-1,30(m). Esta altura está diretamente relacionada com a necessidade ou não
de ajustes no equipamento no que tange a profundidade do assento e altura do encosto.
A exemplo do ajuste para o assento, na população alvo deste estudo, 36% teve que
realizar em suas cadeiras de rodas, uma modificação (temporária) para reduzir a
profundidade do mesmo (em torno de 2,5 a 5cm) (conforme Figura 4.29). Isto é feito
através da fixação de uma peça no encosto para sua anteriorização, de forma a permitir que
a criança/adolescente permaneça confortável neste aspecto em sua cadeira.
4.2.1.8 Freqüência à escola
A Figura 4.6 mostra o índice de freqüência à escola pelas crianças/adolescentes
participantes da pesquisa:
No de obs
30,3%
69,7%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
30
Sim Não
Figura 4.6 – Freqüência regular das crianças/adolescentes à escola
Segundo os pais/responsáveis entrevistados, somente 30,3% das crianças/
adolescentes, estão freqüentando regularmente a escola, enquanto a maioria, ou seja,
69,7% não tem acesso à educação.
Correlacionando à estatística brasileira, foi encontrado nessa pesquisa, um índice de
freqüentadores da escola, bem inferior às estatísticas, que por sua vez, já tem a menor taxa
de freqüência escolar observada entre as pessoas que tinham alguma deficiência física
permanente com apenas 61,0% (IBGE, 2003 apud CORDE, 2004).
41
A discrepância com os dados do IBGE pode estar relacionada entre outros fatores,
ao fato desse estudo ser composto apenas de indivíduos com paralisia cerebral do tipo
tetraparética e por este diagnóstico apresentar um maior comprometimento clínico e motor
desses indivíduos, quando comparado com outras deficiências. Tal comprometimento
resulta em uma restrição ainda maior quanto ao acesso à educação, uma vez que essas
crianças apresentam níveis de alterações neurológicas que muitas vezes as impossibilitam
de participarem das atividades comuns do processo de aprendizagem, dentro da nossa atual
realidade.
Tal fato além de poder ser adicionado a essas limitações pode estar atribuído
também, à possibilidade de um despreparo da sociedade, à presença de barreiras
arquitetônicas, dificuldades de transporte e locomoção e, muitas vezes, até mesmo ao
próprio preconceito, que quase impossibilita a permanência dessas crianças/adolescentes
na escola (Alvarenga, 2002).
É preciso, além de mudanças em aspectos arquitetônicos (guias rebaixadas,
corrimãos, calçadas conservadas, portas largas, banheiros adaptados), do treinamento
profissional na área de educação especial, que haja uma política com eficientes programas
voltados para o deficiente. E assim, evitar que o deficiente físico seja privado de freqüentar
a escola, implicando em cadeia, na dificuldade de encontrar oportunidades futuras de
trabalho, decorrente de sua baixa escolaridade (Alvarenga, 2002).
4.2.2 Identificação dos Ambientes
4.2.2.1 Acesso aos cômodos da casa
Em relação ao acesso aos cômodos da casa, a Figura 4.7 mostra os dados coletados
quanto à permissão do livre circulação da cadeira de rodas dentro de casa.
De acordo com os entrevistados (pais/responsáveis) foi encontrado que 87,9% das
crianças/adolescentes residem em domicílios que permitem a livre circulação das cadeiras
de rodas em seus cômodos. Porém, do total dos pesquisados 12,1% relataram estar
impossibilitados de transitar em suas cadeiras dentro de casa, por motivos variados,
inclusive decorrentes de limitações de espaço.
42
No de obs
87,9%
12,1%
0
3
6
9
12
15
18
21
24
27
30
33
36
39
42
Sim Não
Figura 4.7 –Livre circulação da cadeira de rodas dentro de casa
Cooper (1998) sugere que ao se avaliar o uso ou a indicação de uma cadeira de
rodas, questões relacionadas a como serão previstas as modificações no ambiente da casa
ou da escola (quando necessárias) para utilização do equipamento, devem receber uma
atenção especial, de modo a viabilizar a usabilidade do equipamento com o livre acesso do
usuário, principalmente aos ambientes familiares.
Essa inacessibilidade encontrada na pesquisa é de fundamental importância ser
revista na investigação, pois restringe o usuário em relação à utilização da cadeira durante
a maior parte do tempo de sua rotina, podendo assim, haver importantes perdas futuras,
inclusive de ordem postural facilitando o aparecimento de deformidades, além de ocorrer
também a redução do nível de atenção, do conforto e limitações da locomoção.
Portanto, no uso de uma cadeira de rodas, ao serem detectados problemas quanto à
acessibilidade, o terapeuta deverá dispensar uma atenção especial para a busca de
alternativas de modo a viabilizar o uso da cadeira dentro do ambiente domiciliar para
facilitar as atividades da vida diária e demais aspectos discutidos, do contrário este uso
poderá ficar restrito.
4.2.2.2 Modificação arquitetônica em algum ambiente com o uso da cadeira
A Figura 4.8 apresenta os resultados quanto à realização ou não de modificações
em algum ambiente (doméstico ou escolar, interno ou externo), de modo a facilitar a
acessibilidade através dos benefícios de reformas e/ou modificações arquitetônicas:
43
No de obs
45,5%
54,5%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
Sim Não
Figura 4.8 – Realização de reformas e modificações arquitetônicas em ambientes
As mudanças arquitetônicas foram relatadas como necessárias por 45,5% dos
entrevistados. Essas foram realizadas em diferentes proporções tais como: construção de
rampas, alargamento de portas, mudança residencial para novo imóvel de modo a permitir
o trânsito da cadeira de rodas nos ambientes mais familiares utilizados. Ainda assim, foram
encontradas crianças/adolescentes (6,1%) que a entrada da casa não permitia o acesso da
cadeira, inviabilizando o seu uso no domicílio (Figura 11, Anexo III).
4.2.2.3 Condições das ruas onde residem
A Figura 4.9 mostra as condições de acesso às ruas onde residem as
crianças/adolescentes pesquisados, conforme as informações obtidas dos entrevistados:
No de obs
51,5%
30,3%
18,2%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
Calçamento Asfalto Não pavimentada
Figura 4.9– Condições das ruas onde as crianças/adolescentes residem
44
As condições das ruas do local onde as crianças/adolescentes dos pesquisados
residem são de difícil acesso para a maioria dos entrevistados: 51,4% usuários ruas de tipo
calçamento; seguido de 30,3% com ruas de asfalto, e 18,2% que moram em ruas não
pavimentados (de areia).
A maioria desses indivíduos se desloca em seu bairro para casa de parentes e
vizinhos, e necessitariam de ruas, guias e passeios acessíveis ou de uma mudança no
sistema de rodas das cadeiras.
As dificuldades relatadas quanto ao acesso a ambientes mais próximos da
residência dos entrevistados são decorrentes do impacto dos pneus das rodas dianteiras
(maciços) das cadeiras, que ao andarem em terrenos acidentados, ficam impossibilitados de
seguir o trajeto, pois os pneus maciços foram feitos para superfícies planas, e de ambientes
internos.
De acordo com os resultados, quanto ao produto, conforme referido no Capitulo 2,
esses itens se relacionam a implicações no manuseio operacional, na segurança, na
aplicação de força e na manutenção do produto. Se houvesse a possibilidade de mudança
no projeto da cadeira ou de oferta dos fabricantes de um acessório opcional ao consumidor,
ou seja, a colocação de pneus infláveis nas 4 rodas, isso auxiliaria a locomoção dos
usuários também nesses tipos de terrenos arenoso e/ou irregulares; permitindo assim, uma
maior mobilidade na própria comunidade, uma vez que as ruas não são acessíveis,
atribuindo-se assim, uma nova característica ao produto.
4.2.2.4 Acessibilidade às instalações da escola
A Figura 4.10 mostra aspectos relacionados à acessibilidade à escola. Das
crianças/adolescentes que freqüentavam a escola regularmente (30,3%); apenas 6,1% dos
entrevistados (pais/responsáveis), consideram a escola “não-acessível”.
45
No de obs
24,2%
6,1%
69,7%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
Sim Não Não aplic
Figura 4.10 - Acessibilidade à escola
4.2.3 Avaliação das Condições de Seating
4.2.3.1 Origem dos encaminhamentos
A Figura 4.11 apresenta a origem dos encaminhamentos referente à aquisição da
atual cadeira de rodas utilizada:
No de obs
15,2%
84,8%
0
3
6
9
12
15
18
21
24
27
30
33
36
Centro Reabilitação Oficina
Figura 4.11 - Origem dos encaminhamentos dos entrevistados
46
Do total dos pesquisados, 84,8% das cadeiras de rodas foram recebidas pelos
usuários através da oficina ortopédica, o que facilitou a conferência das cadeiras no seu
recebimento e a confecção dos pequenos ajustes individualizados para 81,8% das cadeiras
entregues (conforme Figura 14 do Anexo III). Os ajustes individuais geralmente são
indicados para melhor adaptação do usuário ao equipamento, de forma a muitas vezes
promover maior conforto e controle postural na utilização do equipamento.
Na oficina ortopédica os ajustes individualizados das cadeiras de rodas foram
facilitados pela disponibilidade dessa oficina, em ter um profissional da área de tecnologia
assistiva presente no local no ato da entrega para conferir os equipamentos.
4.2.3.2 Quanto ao município de origem
A Figura 4.12 apresenta os resultados quanto ao município de origem dos
entrevistados:
No de obs
39,4%
42,4%
18,2%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
Parnamirim Natal Outros
Figura 4.12– Município onde os entrevistados residem
A população entrevistada advém dos municípios de Natal (42,4%), Parnamirim
(39,4%) e de outros municípios (18,2%) como, por exemplo, das cidades citadas como
Caicó e São Miguel.
Grande parte dos encaminhamentos é decorrente dos Programas de Concessão de
Órteses desses municípios, atualmente mais atuantes das Cidades do Natal e Parnamirim.
47
4.2.3.3 Número de aquisições
A Figura 4.13 apresenta o número total de aquisições de cadeira de rodas adaptadas
das crianças/adolescentes:
No de obs
42,4%
27,3%
21,2%
6,1%
3,0%
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
Figura 4.13 – Número de aquisições de cadeiras de rodas adaptadas
A cadeira de rodas adaptada relacionada neste estudo se refere às adaptações feitas
por profissionais especializados em adequação postural pela clínica de seating da área de
tecnologia assistiva, ou as originais de fábrica; portanto, desconsidera-se o uso de
almofadas e travesseiros, muitas vezes, feitas por usuários de cadeira de rodas de forma
aleatória.
Na Figura 4.13 observa-se o número de aquisições de cadeiras pelos usuários,
relacionado à última aquisição, onde a maioria dos entrevistados, 42,4% das
crianças/adolescentes, fazia uso pela primeira vez de uma cadeira de rodas adaptada. Este
número é seguido por 27,3% de crianças/adolescentes, que estava fazendo a primeira
substituição do equipamento adaptado e 21, 2% em uma terceira aquisição.
Campos, Cavalcanti e Galvão(2006) apresentam a discussão sobre a preocupação
com a intervenção precoce para aquisição de um sistema de adequação postural na
paralisia cerebral. “A indicação de um equipamento do tipo cadeira de rodas adaptada, vêm
sendo pontuada em pesquisas como a idade ideal a partir de 6 meses (Cristarella,1975;
Pain, 2000), 24 meses (Aldersea,1999), 30 meses (Turner, 2000) ou 3 anos (Cox, 2003) de
vida”. Portanto, tendo na população estudada uma idade média de 8 anos e 7 meses, pode-
48
se constatar uma situação de aquisição relativamente tardia das cadeiras de rodas para
essas crianças/adolescentes, e os motivos para não aquisição dos equipamentos envolve
principalmente questões de ordem financeira para 27% das crianças/adolescentes
(conforme resultados na Figura 13 do Anexo III).
4.2.4 Quanto ao Uso do Equipamento Anterior:
4.2.4.1 Tipo de equipamento anterior:
A Figura 4.14 mostra o tipo de equipamento anterior à última aquisição utilizado:
No of obs
30,3%
33,3%
18,2%
3,0%
15,2%
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
Carro Bebê P/ excepc Cad adapt Cad rodas Nenhum
Figura 4.14 - Tipo de equipamento anterior
Os equipamentos relatados como de uso anterior à última aquisição, sejam eles
adaptados ou não, foram descritos pelos entrevistados na ocasião da avaliação da seguinte
forma: 33,3% carrinhos do modelo para excepcionais, 30,3% carrinhos de bebê (normal),
18,2% cadeiras adaptadas e 3% cadeiras de rodas comum (tecido em lona e tamanho
adulto). Dos entrevistados, 15,2% crianças/adolescentes não possuíam nenhum tipo de
equipamento para locomoção, ou seja, eram carregadas no colo por seus pais/responsáveis.
Um alto número de parentes, principalmente mães, tem o risco de desenvolver
algum tipo de dor musculoesquelética, conseqüente a carregar seus filhos com idade acima
de 4 anos no colo. Sandres & Morse (2005) descrevem relatos de dores nas costas,
pescoço, braços e ombros. Porém, fatores psicológicos como a necessidade de proteger a
criança, não ter suficiente tempo para si, e acreditar que carregar a criança é uma
necessidade física exigida, é um tema a ser mais discutido.
49
Acredita-se que no Nordeste do Brasil, haja uma resistência cultural sobre a
aquisição precoce das cadeiras de rodas pelos pais/responsáveis das crianças com paralisia
cerebral. Existe a “crença” de que “as pessoas irão ficar olhando” e que o uso da cadeira de
rodas irá representar a sentença de que “seu filho nunca mais irá andar”.
E assim, elas carregam suas crianças por anos (Galvão & Gouvinhas, 2005) até que
não possam mais suportar o peso e então, recorrem a uma cadeira de rodas. Muitas vezes
suas crianças já apresentam deformidades importantes estruturadas, decorrentes da lesão
do SNC, ou não conseguem mais aceitar manter-se sentadas nos equipamentos.
A intervenção precoce, portanto, com a introdução de um carrinho de bebê
adaptado ou uma cadeira de rodas a partir dos primeiros anos de vida é primordial para
evitar esses problemas. Ela poderá ser conquistada através da conscientização dos
pais/responsáveis a respeito da importância do bom posicionamento e dos benefícios
futuros advindos do uso destes equipamentos. Portanto, também é de responsabilidade do
profissional de reabilitação fazê-la; adicionada ao direcionamento para se criar condições
de alcance para os modernos equipamentos de mobilidade existentes no mercado, do ponto
de vista político (programas de concessão de equipamentos do governo) ou financeiro
(movimentação para abertura de créditos), modificando assim, a realidade da população
mais carente que necessita desses equipamentos.
4.2.4.3 Por quanto tempo usou o equipamento anterior?
A Figura 4.15 apresenta o tempo de utilização do equipamento anterior a última
aquisição:
No de obs
6,1%
15,2%
27,3%
18,2%
3,0%
15,2% 15,2%
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Menos de 1 1 2 3 4 5 Não aplic
Figura 4.15 – Tempo de utilização do equipamento anterior
50
A literatura traz registros sobre a resistência da cadeira manual com 200.000 ciclos
e 60.000 freios em declive, obtidos em testes realizados em laboratórios para aprovação do
produto para o mercado, ou seja, o aproximado equivalente a cinco anos de uso da cadeira
(Cooper, 1998). Geralmente estes testes de laboratório seguem o mesmo processo de
testagem para todas as cadeiras, porém as situações de testagem são diferentes da realidade
do usuário e dificulta a análise de resistência da cadeira de rodas (Schmeler, 2003).
O tempo em geral, de uso equivalente a utilização do equipamento anterior foi de 2
anos para 27,3%, seguido de 3 anos para 18,2% dos entrevistados. Embora o tempo de uso
variasse, não se tem como estabelecer o tempo de vida útil desses equipamentos. Pode-se
dizer que o tempo médio de uso encontrado na pesquisa foi de aproximadamente 2,6 anos,
relativamente satisfatório de acordo com a literatura; porém, a troca ou substituição dos
equipamentos pode ser atribuída a diversos fatores, conforme a Figura 4.17.
4.2.4.4 Idade da primeira aquisição
A Figura 4.16 apresenta a idade da primeira aquisição de um equipamento:
No de obs
30,3%
6,1%
12,1% 12,1%
6,1%
18,2%
15,2%
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
Menos de 1 12345 ou maisNão se aplic
Figura 4.16- Idade da primeira aquisição de um equipamento
Para estes resultados, observa-se que a idade da aquisição de um primeiro
equipamento que prevaleceu na pesquisa, foi para 30,3% das crianças/adolescentes, menos
de 1 ano de idade; seguido de 18,2% dos indivíduos, que adquiriram seu primeiro
equipamento após os 5 anos de idade. É importante ressaltar nesta aquisição anterior ao
51
equipamento atual utilizado, que somente 18,2% do total dos equipamentos eram
adaptados de fábrica (Figura 14, Anexo III).
Na população estudada, os distúrbios associados como a presença dos reflexos,
disfagias e problemas respiratórios foram identificados para 21% das
crianças/adolescentes. A aquisição de um produto de adequação postural sentada
apropriado tem seus benefícios secundários a manutenção da postura, ou seja, para
estabilização dos reflexos; e nos casos de disfagia, auxiliando-se o posicionamento correto
para a alimentação, através da manutenção da posição correta/ereta da cabeça, pode-se
prevenir, possíveis infecções respiratórias do tipo pneumonia.
4.2.4.5 Queixa principal do equipamento anterior
A Figura 4.17 mostra os resultados sobre a queixa principal quanto ao uso do
equipamento anterior, apresentada por seus usuários:
39%
12%
58%
39%
3%
6%
33%
15% 15%
Tamanho
peq
Tamanho
grande
s cond
posturais
Ausência
de conforto
Machuca Muito
profundo
Conserv
precária
Outros Não aplica
Figura 4.17 – Queixa principal do equipamento anterior (mais de uma resposta)
Observa-se na Figura acima, com maior clareza através dos resultados, que a
necessidade de aquisição de um novo sistema de cadeira de rodas, pode ser também
atribuída às queixas de má condições posturais de 58% das crianças/adolescentes, seguida
do tamanho pequeno e ausência de conforto para 39% da população estudada, além de
33% de queixa para o estado de conservação dos equipamentos.
52
4.2.4.6 Para quais atividades utilizava o equipamento anterior?
A Figura 4.18 apresenta os itens mais citados equivalentes às atividades e objetivos
das crianças/adolescentes, em relação ao uso do equipamento anterior:
64%
9%
39%
33%
42%
12%
21%
24%
12%
3%
64%
6%
12%
Locomoção
Escola
Alimentação
Lazer
Social
Cont motor
Mais conforto
Mais atenção
Comunicação
Brincar
Postura
Outros
Não aplic
Figura 4.18 – Objetivos da utilização da cadeira de rodas anterior
Os resultados da Figura 4.18 mostram que as crianças/adolescentes utilizavam o
equipamento principalmente para sua locomoção e postura (64%), seguido de 42% que a
utilizava para realização de atividades de caráter social e 39% para alimentação, mesmo
muitas vezes em condições precárias.
4.2.5 Equipamento Anterior x Atual
4.2.5.1 Forma de aquisição
A Figura 4.19 traz um comparativo entre a forma de aquisição dos produtos
anteriores e a forma de aquisição do equipamento atual, conforme resultados dos
entrevistados:
53
EQ_ANT
EQ_ATUAL
No de obs
36,4%
45,5%
3,0%
15,2%
15,2%
27,3%
15,2%
42,4%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
Doação Rec próprio SUS SETHAS Não aplic
Figura 4.19 - Forma de aquisição da cadeira de rodas anterior
Observa-se que os indivíduos dessa população não têm boas condições financeiras
(são de baixa renda familiar), o que os fazem dependentes dos programas de concessão de
órteses e próteses da Secretaria Estadual de Saúde; da Secretaria Municipal de Assistência
Social e Habitação - SMASH; ou da Secretaria de Estado do Trabalho, da Habitação e da
Assistência Social - SETHAS, que entregaram juntos 57,6% dos equipamentos atualmente
pesquisados, sendo todos atendidos de acordo com o detalhamento das prescrições
terapêuticas, conforme dados da pesquisa.
Quanto à forma de aquisição do equipamento anterior, 45,5% dos usuários
adquiriram suas cadeiras de rodas com recursos próprios e somente 3% através de
Programas do Governo. Vale salientar que os equipamentos anteriores adquiridos, a
maioria não era adaptado.
Quanto à aquisição do equipamento atual, 57,6% receberam suas cadeiras de rodas
através de Programas do Governo; sendo 42,4% concedido pelas SMASH / SETHAS, e
15,2% através do SUS; e apenas 27,3% a compram com recursos próprios.
54
Para adquirir um equipamento de tecnologia assistiva, uma cadeira de rodas, o
usuário deve portar os documentos de identidade, comprovante de endereço e cadastro de
pessoa física, além de uma prescrição do equipamento feita pelo médico ou terapeuta.
Na aquisição da cadeira rodas através SMASH é realizada uma entrevista social e
visita domiciliar comprobatória da situação de carência do usuário para então, ser
autorizada a concessão do equipamento e os procedimentos de compra por concorrência de
orçamentos entre as lojas do ramo e posterior entrega aos usuários. A verba é proveniente
do PPD - Programa de Apoio à Pessoa com Deficiência.
Na SETHAS é feito um cadastro do usuário, os processos são individuais e
coordenados pelo Serviço Social. De acordo com a disponibilidade de verbas do Governo
do Estado/RN são feitas as aquisições dos equipamentos prescritos pelos profissionais
(médico ou terapeuta) a serem posteriormente entregues aos usuários.
Na Secretaria Estadual de Saúde o usuário também realiza um cadastro e protocola
sua solicitação, independente de sua condição social. De acordo com o volume de
equipamentos solicitados, são realizadas licitações (semestrais ou anuais) onde as empresas
vencedoras, entregam gradativamente os produtos cotados. Mensalmente no programa é
prestado conta da verba recebida do SUS- Sistema Único de Saúde pelo Governo Federal,
previamente planejada através da PPI – Programação Pactuada e Integrada, do Ministério
da Saúde, que destina recursos às prefeituras para aquisição de órteses e próteses.
Os resultados mostram as mudanças ocorridas no Sistema através do
aproveitamento adequado de recursos oriundos do SUS para os setores de concessão de
órteses e próteses do Estado do Rio Grande Norte, através do entendimento por parte dos
gestores desses programas, quanto à importância da concessão de equipamentos de melhor
qualidade e que atendesse a real necessidade desses usuários com paralisia cerebral.
Estes dados comprovam que além dos usuários em geral e oficinas ortopédicas,
estarem mais conscientes dos cuidados para a aquisição de uma cadeira de rodas; houve
algumas mudanças nos sistemas de concessão de órteses e próteses do governo, que
atualmente atribuem a aquisição do equipamento a uma avaliação terapêutica específica
para concedê-los.
Embora, especificamente, este processo esteja ocorrendo no Estado/RN por
iniciativa da própria oficina ortopédica (responsável pela entrega dos equipamentos da
55
licitação), que devido a sua conscientização acerca problemática desses indivíduos com
paralisia cerebral, facilitou o processo de concessão dos equipamentos “adequados e
adaptados”, ao levar os gestores dos recursos públicos a considerarem de grande
importância, o uso de equipamentos adequados, que atendam as necessidades específicas
dos usuários, estabelecendo portanto, uma parceria oficina-governo-terapeuta.
Assim, esses dados retratam parte de um trabalho que modificou, nessa gestão, o
sistema de entrega das cadeiras de rodas, e é resultado da parceria entre terapeutas, oficina
ortopédica e gestores administrativos do Governo, para otimizar o aproveitamento dos
recursos públicos, uma vez que o investimento com a adequação postural pode prevenir ou
adiar o aparecimento de deformidades, reduzindo assim, a necessidade de intervenções
cirúrgicas ortopédicas de correção, além de melhorar as condições respiratórias e
digestivas dessas crianças/adolescente, e possibilitar melhores condições de locomoção e
interação social promovendo uma maior qualidade de vida do usuário e sua família.
4.2.5.2 Recebeu orientação especializada
A Figura 4.20 mostra o recebimento de orientação especializada para aquisição dos
equipamentos anteriores e atuais.
EQ_ANT
EQ_ATUAL
No de obs
18,2%
66,7%
15,2%
100,0%
0
3
6
9
12
15
18
21
24
27
30
33
36
Sim Não Não aplic
Figura 4.20 – Recebimento de orientação especializada
56
Para aquisição do equipamento anterior, 18,2% tiveram orientação de um
profissional da área de saúde, quanto a escolha do equipamento ideal para atender as
necessidades específicas das crianças/adolescentes; enquanto na aquisição do equipamento
atual, todos da amostra, foram avaliados e orientados para a nova aquisição das cadeiras.
4.2.5.3 Especificar qual orientação
A Figura 4.21 apresenta especificações sobre o tipo de orientação recebida para
aquisição das cadeiras de rodas anterior e atualmente utilizadas, fazendo um comparativo
entre as duas aquisições:
EQ_ANT
EQ_ATUAL
No de obs
24,2%
15,2%
12,1%
18,2%
3,0%
27,3%
93,9%
6,1%
0
3
6
9
12
15
18
21
24
27
30
33
Loja Terapeuta Amigo Op própria Médico Não aplic
Figura 4.21 – Especificação do tipo de orientação para aquisição do equipamento anterior
Tradicionalmente através da experiência prática do autor, os usuários de cadeira de
rodas costumavam passar por vitrines de lojas que vendiam cadeira de rodas e comprá-las
sem nenhum tipo de orientação terapêutica. Dos entrevistados, para a compra do
equipamento anterior, 24,2% das crianças/adolescentes fizeram a aquisições com
vendedores de loja orientando sobre os equipamentos, somente 18,3% tiveram orientação
especializada (com profissional da saúde) e 18% compraram seu equipamento por opinião
própria. Em relação à cadeira de rodas atual, todos os entrevistados passaram por uma
avaliação terapêutica onde é feito todo o processo de avaliação físico-funcional, medição
57
antropométrica, coleta de dados sobre as necessidades individuais e nível de atividade por
ele exercida; apresentação das possibilidades/opções dos equipamentos no mercado, para
que então, em conjunto com o usuário e seus familiares, o equipamento fosse prescrito.
Esse diferencial no serviço resultou em 97% dos usuários satisfeitos com seus produtos
(ver Figura 4.36).
4.2.5.4 Quanto à adaptação dos equipamentos
A Figura 4.22 apresenta os resultados comparativos quanto aos equipamentos a
serem adaptados de fábrica:
EQ_ANT
EQ_ATUAL
No de obs
21,2%
63,6%
15,2%
100,0%
0
3
6
9
12
15
18
21
24
27
30
33
36
Sim Não Não aplic
Figura 4.22 – Comparação entre os equipamentos quanto à adaptação
Dos entrevistados que possuíam cadeira de rodas anteriormente, 21,2% tinham suas
cadeiras adaptados de fábrica, pois a maioria não teve orientação terapêutica para
aquisição, enquanto todas as cadeiras atualmente utilizadas, possuem adaptações do tipo
módulos anatômicos, sistema tilt. Essas adaptações vão dar maior suporte às
crianças/adolescentes com PC principalmente pela ausência do controle cervical e de
tronco, além de garantir maior conforto e estabilidade.
4.2.5.5 Horas de permanência por dia utilizando a cadeira de rodas
Uma cadeira de rodas geralmente é utilizada em média 16 horas por dia em 365
dias por ano (Cooper, 1998). A Figura 4.23 apresenta os resultados dos entrevistados:
58
No de obs
18,2%
24,2%
15,2%
9,1%
18,2%
15,2%
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
Até 1 2 a 3 4 a 5 6 a 7 8 ou mais Não aplic
No de obs
3,0%
6,1%
18,2%
21,2%
12,1%
39,4%
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
Menos de 1 1 a 2 3 a 4 5 a 6 7 a 8 mais de 8
Equipamento Anterior Equipamento Atual
Figura 4.23 – horas de permanência utilizando o equipamento
Ao comparar o uso do equipamento anterior com o uso do atual, prescrito por
terapeuta, observa-se que o tempo de permanência na cadeira de rodas atual é de 8 horas
ou mais para a maioria dos entrevistados (39,4%), enquanto que esse tempo só é relatado
por 18,2% dos entrevistados ao referir-se ao equipamento anterior. Pode-se observar que o
tempo de permanência na cadeira aumenta quando utiliza o equipamento atual com os
devidos ajustes e adaptações.
Um dos impedimentos ou limitações relatados pelos entrevistados, quanto à
variação do tempo de tolerância para permanecer mais na cadeira de rodas, se dá para a
necessidade de variar a postura de 48,5% dos usuários. Isto se dá, como um fator real para
essas crianças/adolescentes com paralisia cerebral, pois as mesmas ao permanecerem
sentadas horas seguidas numa cadeira e necessitarão de intervalos de repouso com a
variação das posturas auxiliada pelos seus pais/responsáveis (conforme Figura 18 do
Anexo III).
4.2.6 Avaliação do Equipamento Atual
4.2.6.1 Modelos do equipamento atual utilizado
Geralmente os modelos das cadeiras variam de acordo com as suas propriedades, o
seu tamanho ou o fabricante; sendo encontrados neste estudo, quatro modelos de cadeira de
rodas diferentes.
59
A Figura 4.24 apresenta o modelo dos e quipamentos atualmente utilizados:
No de obs
24,2%
51,5%
18,2%
6,1%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
Modelo A
Modelo B
Modelo C
Modelo D
Figura 4.24 - Modelo dos equipamentos utilizados (Modelos A, B, C, D)
A Figura acima apresenta os resultados obtidos na população pesquisada neste
estudo. Foram encontrados 51,5% de usuários da cadeira de rodas do modelo B, 24% do
modelo A, 18,2% do modelo C e 6,1% do modelo D.
Todas as cadeiras de rodas recebidas e atualmente utilizadas eram adaptadas de
fábrica, possuíam assento e encosto anatômico e sistema tilt de inclinação (Figura 16,
Anexo III).
As especificações dos modelos serão descritas a seguir, de acordo com as
informações oferecidas por seus fabricantes aos usuários através dos catálogos, como
forma de caracterizar os produtos encontrados na população pesquisada.
O Modelo A utilizado por 24% dos usuários, conforme descrito pelo fabricante tem
assento e encosto anatômico recoberto em tecido automotivo; inclinação 0° a 30° do
sistema assento e encosto com graduador para orientar o sistema tilt; é desmontável e
adaptável ao assento do veiculo. Possui cinto de segurança peitoral; apoio de braços
removíveis e reguláveis em altura; apoio para os pés removíveis, regulável em altura e
profundidade e com faixa de segurança; acionamento de freios por pedal; apoio de cabeça
60
regulável em altura; eixo de desmontagem rápida nas rodas dianteiras. É indicado para
usuários dependentes de terceiros para sua locomoção, com peso até 30kg; e tem as opções
de largura do assento nos tamanhos 30 cm e 36 cm e opcionais de cores (Figuras 4.25 A e
B).
Figuras 4.25 A e B – Vista frontal (A) e lateral (B) da Cadeira Modelo “A”
Fonte: Pesquisador
O Modelo B é do mesmo fabricante que o Modelo A e difere somente no ângulo de
inclinação de 3° a 33°, e nas rodas traseiras com pneus infláveis. É indicado para usuários
até 50 kg e nos tamanhos 36 e 40cm (Figuras 4.26 A e B).
A
B
Figuras 4.26 A e B – Vista frontal (A) e lateral (B) da Cadeira Modelo “B”
Fonte: Pesquisador
A
B
61
O Modelo C é de um segundo fabricante, feito em alumínio temperado, estrutura
em “X, estofamento acolchoado em nylon, rodas traseiras infláveis, dianteiras maciças,
sistema quick-release (de desmontagem nas qua tro rodas), pedal removível, duas posições
de regulagem do sistema de gravidade/ tilt, freios bilaterais, apoio de braços
escamoteáveis, assento com almofada modulada de alta densidade acolchoada, aros em
alumínio, suporte de apoio de cabeça, cinto de segurança (figuras 4.27 A e B).
Figuras 4.27 A e B– Vista frontal (A) e Lateral (B) da Cadeira de rodas Modelo “C”
Fonte: Pesquisador
O Modelo D é um modelo da mesma fábrica que o modelo C, a cadeira tem
estrutura em monobloco rígida em alumínio, sistema de inclinação tilt, apoio de braços
removíveis, rodas traseiras com pneus com câmera ou do tipo anti-furo, rodas dianteiras
maciças, sistema de eixo quick-release de rápida montagem e desmontagem, capas em
tecido poliéster, espuma alveolar de alta memória, coberta com couro sintético protetor
impermeabilizado, mesa tipo bandeja em fórmica com sistema de regulagem, cinto peitoral
em 4 pontos e cinto pélvico, e contensões laterais planos ou conformados ajustáveis ao
crescimento do usuário para laterais de tronco, quadril e pernas (Figuras 4.28 A e B).
Cada equipamento acima descrito tem suas propriedades conforme foram
idealizadas por seus fabricantes com os requisitos do projeto, para atender uma
determinada demanda (indivíduos com lesões do SNC).
A
B
62
Figuras 4.28 A e B – Vista frontal (A) e lateral (B) da cadeira de rodas modelo “D”
Fonte: Pesquisador
Embora todos eles tenham assento anatômico, sistema tilt de inclinação e uma série
de acessórios originais de fábrica, 81,8% das cadeiras atualmente utilizadas sofreram
algum tipo de ajuste, para que fossem atendidas as necessidades individuais e específicas
de cada entrevistado, devido às variadas alterações clinicas decorrentes da PC (conforme
Figura 14, Anexo III).
4.2.6.2 Ajustes da cadeira prescritos logo após nova aquisição
Após o recebimento das cadeiras na própria loja ortopédica, alguns ajustes
individuais foram prescritos pela terapeuta que acompanhou as crianças/adolescentes na
aquisição e entrega dos equipamentos.
Esta etapa faz parte do processo de ajuste individual do equipamento que é
necessário para a completa adaptação do usuário. Para 64% dos usuários foram
confeccionadas mesas recortadas (do tipo bandeja) com encaixe para cadeira de rodas e
52% foram feitas confecções de cinto pélvico. O apoio de pés de 42% dos usuários teve a
necessidade de ajustes como a confecção de uma almofada para o suporte, ou substituição
da peça do suporte para os pés. Ainda, 36% dos usuários modificaram o sistema de assento
(com ajuste na profundidade) e 36% a regulagem dos apoios de braços; e 33% tiveram seu
cinto peitoral recortado e outros 33% o apoio de cabeça regulado em altura ou
profundidade.
A
B
63
A Figura 4.29 apresenta os ajustes da cadeira mais indicados após a nova aquisição:
64%
36% 36%
42%
33%
52%
12% 12%
33%
18% 18%
Mesa Assento Braço Pés Peitoral Pélvico Tronco Correia Ap
cabeça
Outros Nenhum
Figura 4.29 – Ajustes prescritos logo após a nova aquisição
4.2.6.3 Metas para aquisição do novo sistema seating e os objetivos alcançados
A Figura 4.30 apresenta as metas que os usuários previam ao adquirir a nova
cadeira de rodas e os objetivos alcançados após uso dos equipamentos:
64
85%
82% 82%
64%
55%
48%
45%
42%
21%
97%
82% 82%
73%
70%
67%
61%
55%
39%
Locomoç ã o C on f or t o B oa Post ur a A t en ç ã o A t . S ociais Fac A limen t Comun icaç ã o Con t M ot or B r in car
Metas previstas
Objetivos alcançados com a cadeira
atual
Figura 4.30 – Metas programadas pelos usuários e objetivos alcançados com a cadeira atual
As metas planejadas pelos usuários ao idealizarem um sistema seating em todos os
itens avaliados foram alcançadas com a obtenção dos equipamentos. Para a maioria dos
entrevistados o equipamento tem atendido as crianças/adolescentes em sua locomoção
(97%), conforto (82%), boa postura (82%).
A literatura traz estes itens como objetivos principais na indicação das cadeiras de
rodas. Campos, Galvão & Souza (2006) desc revem que o uso das cadeiras de rodas
objetiva “maximizar a função através de esta bilidade, alinhamento e conforto na postura
sentada” (p. do livro a ser editado).
Também foram citados os benefícios positivos no auxilio para aumentar a atenção
(73%) e as atividades sociais (70%), além da facilitação para a alimentação (67%).
Schmeler (2003) apresenta que os aspectos relacionados à biomecânica do sentar
envolvem as considerações médicas (condições ortopédicas e fisiológicas), considerações
funcionais (quanto ao aumento do nível do controle motor e do nível de atenção); e as
considerações pessoais e sociais (como a participação na comunidade). E Flaviano et al.
(2005) trazem a importância do posicionamento para evitar disfunções alimentares que
podem levar a quadros de infecções importantes no aparelho respiratório, como
pneumonias, que podem comprometer o desenvolvimento dessas crianças.
65
Portanto, as cadeiras de rodas utilizadas estão atendendo as metas/objetivos dos
usuários, que são compatíveis com as recomendações da literatura.
4.2.6.4 Tipo de transporte utilizado pelas crianças/adolescentes
O meio de transporte mais utilizado foi o carro por 84,8% das
crianças/adolescentes, também considerando que muitos fazem uso de veículos de
parentes, vizinhos ou de aluguel (táxi).
A Figura 4.31 mostra o meio de tr ansporte mais utilizado pelas
crianças/adolescentes.
No de obs
84,8%
15,2%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
30
Carro Coletivo adaptado Colet. não adaptado
Figura 4.31 - Tipo de transporte utilizado pelas crianças/adolescentes
Nenhum dos pais/entrevistados relatou fazer uso de transporte coletivo adaptado,
mostrando assim, que os municípios ainda não oferecem este serviço usualmente a esta
população. O transporte coletivo não adaptado é utilizado por 15,2% dos entrevistados sem
que façam uso da cadeira de rodas, devido às dificuldades de acessibilidade.
4.2.6.5 Quanto a problemas apresentados na cadeira
A Figura 4.32 mostra os problemas mais co muns relacionados à utilização das
cadeiras:
66
36%
27%
12%
9%
27%
Não aplic Apoio pé Tilt Cinto Outros
Figura 4.32 – Problemas apresentados na cadeira
Não foi encontrada nenhuma queixa por 36% dos pais/entrevistados, relacionado a
problemas ocorridos com a cadeira de rodas quanto a sua manutenção. Os problemas
apresentados estão associados a necessidade de substituição da peça do suporte para o
apoio dos pés por 27% dos pais/entrevistados e outros problemas de ordem variada (27%)
do tipo: aparecimento de ferrugem nos parafusos ou aros, quebra de manopla de guia,
problemas com cintos e a resistência dos velcros, e emperramento de peças da cadeira.
4.2.6.6 Grau de satisfação dos entrevistados com a cadeira de rodas atual
A Figura 4.33 apresenta o grau de satisfação dos entrevistados com o uso da cadeira
de rodas atual:
67
No de obs
54,5%
42,4%
3,0%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
Muito satisfeito Satisfeito Pouco satisfeito
Figura 4.33 – Grau de satisfação com o uso da cadeira de rodas atual
Quanto a opinião dos entrevistados em relação ao nível de satisfação dos usuários
para com os seus equipamentos, 97% dos entrevistados estão satisfeitos com seus
equipamentos, sendo 54,5% estão muito satisfeitos e 42,4% apenas satisfeitos.
Os fatores que fazem os entrevistados se sentirem desta forma (Figuras 21-23,
Anexo III) são para 48,5% dos usuários (de acordo com o total da população estudada), o
atendimento de todas as necessidades idealizadas, implícitas ao uso da cadeira.
4.2.6.7 Modificações que os pais/responsáveis entrevistados gostariam que fossem
feitas na cadeira
Os participantes deste estudo, após o uso do equipamento por alguns por meses ou
já há alguns anos (Figura 15, An exo III), sugeriram para os fabricantes, algumas mudanças
nos equipamentos, conforme resultados da Figura 4.34.
68
9%
21%
12%
15% 15%
33%
21%
Roda diant Apoio pé Apoio
cabeça
Sist
desmontável
Estofado Outros Nenhuma
Figura 4.34 - Modificações que os entrevistados gostariam que fossem feitas na cadeira
Para 21% foi sugerida mudança do apoio de pés das cadeiras, pois este suporte em
algumas marcas das cadeiras são de plástico e quebram com freqüência durante o
manuseio do equipamento. E, para 33% entrevistados, foram sugeridas mudanças variadas
na cadeira, tais como: no sistema de freios; confecção de capa protetora para o estofado;
mudanças no cinto, cavalo abdutor e nos suportes laterais da cadeira.
4.2.6.8 Concordância dos pais/entrevistados quanto ao valor da cadeira
A Figura 4.35 apresenta a concordância ou não dos pais/entrevistados quanto ao
valor da cadeira:
69
No de obs
36,4%
63,6%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
26
Sim Não
Figura 4.35 – Concordância dos pais/entrevistados quanto ao valor da cadeira
Outro aspecto do produto pelos pais/entrevistados tem relação com o valor de
mercado dos produtos. Atualmente as cadeiras de rodas da qualidade estudada, custam em
torno de R$ 2.200-2.500 reais (aproximadame nte U$ 1.000-1200 dólares). A metade dos
entrevistados discordam do valor da cadeira (57,5%) por motivos variados, e sugerem
valores que variam entre menos 500 a 1999 reais (Figura 25, Anexo III).
4.2.6.9 O uso da cadeira atual e o aumento das atividades sociais
Para 67% dos entrevistados as atividades sociais com a aquisição do equipamento
adaptado, aumentaram consideravelmente a participação das crianças/adolescentes para
freqüentar casa de parentes, igreja, festas e até mesmo ir à escola.
E assim, uma cadeira de rodas quando prescrita adequadamente e bem ajustada às
necessidades de seu usuário, traz imensuráveis benefícios nos diversos aspectos de sua
rotina e na execução das atividades de vida diária.
A Figura 4.36 mostra o uso da cadeira atual e a relação com o aumento das
atividades sociais:
70
67%
33%
Sim Não
Figura 4.36 - Aumento das Atividades Sociais
4.2.6.10 Tempo (em meses) de espera para o recebimento da cadeira de rodas
A Figura 4.37 apresenta o tempo (em meses) de espera para o recebimento da
cadeira de rodas (particular ou através dos programas de concessão):
No de obs
36,4%
12,1% 12,1%
6,1%
15,2%
6,1%
12,1%
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
1 a 2 3 a 4 5 a 6 7 a 8 9 a 10 11 a 12 acima de 12 Não sabe
Figura 4.37 - Tempo (em meses) de espera para o recebimento da cadeira de rodas
Os resultados encontrados quanto ao tempo de espera para o recebimento das
cadeiras de rodas mostram uma relativa rapidez em recebê-la após passar pelo processo de
avaliação e prescrição terapêutica para aquisição do equipamento. Isto se dá não apenas em
aquisições particulares, mas feitas através dos programas de concessão do governo
(municipal/estadual). Desconsidera-se que 27,3% dos usuários já haviam tentado adquirir
um equipamento anteriormente sem sucesso (Figura 27, Anexo III).
70
Capítulo 5
Conclusões e Recomendações
Neste capítulo é apresentado o fechamento conclusivo de todo o trabalho, bem como
as recomendações, de acordo com os resultados encontrados na população estudada, acerca
do uso de cadeira de rodas dos indivíduos com paralisia cerebral.
Uma síntese dos principais pontos de cada capítulo da Tese é inicialmente descrita,
juntamente com a avaliação do trabalho de forma comparativa entre os objetivos
estabelecidos e os resultados encontrados. As limitações do estudo e o direcionamento para
futuras pesquisas serão também brevemente discorridas.
5.1 Pesquisa Bibliográfica
A compreensão acerca da paralisia cerebral, ou seja, da lesão ocorrida no cérebro
ainda imaturo decorrente da falta de oxigenação, é essencial para o entendimento das
alterações motoras do tônus muscular e dos órgãos sensoriais, e estão também relacionadas
às alterações na manutenção da postura, da visão, da fala, muitas vezes influenciados pela
presença dos reflexos primitivos exacerbados, espasticidade e por movimentos
involuntários.
Em sua forma mais grave, a paralisia cerebral do tipo tetraparética compromete o
controle dos membros superiores e inferiores, e, o controle cervical e de tronco; e impedem
o indivíduo se manter sustentado nas diversas posturas assumidas no dia-a-dia. Assim, para
manter a estabilidade postural, o conforto, e auxiliar a locomoção, é indicado um
equipamento assistivo de mobilidade sentada, ou seja, um carrinho ou cadeira de rodas.
71
Historicamente as cadeiras de rodas são utilizadas desde o século VI, porém com o
aumento do número de veteranos de guerras seqüelados e após a fundação da primeira
fábrica de cadeira de rodas, em 1934, novas necessidades quanto à modernização dos
produtos, contribuíram para a evolução dessa indústria nos últimos 50 anos. Aliados à
prática de esporte e à criação da clínica de seating têm-se então, um novo conceito de
cadeiras de rodas, principalmente os advindos da ciência da Tecnologia Assistiva nos
últimos 20 anos.
O conhecimento das partes de uma cadeira e do processo de seleção e escolha deve
ser de domínio do profissional de saúde que trabalha no processo de reabilitação. Esse
conhecimento é acrescido ao entendimento de uma avaliação física; à compreensão das
atividades desenvolvidas pelo indivíduo que fará o uso da cadeira; sistema de transporte
utilizado; de forma que a escolha do equipamento atenda às expectativas dos usuários nos
aspectos físico, psicológico e sociais, e assim, potencialize a máxima capacidade funcional
desses indivíduos.
A utilização do design como importante ferramenta para melhorar a qualidade
desses produtos, desde sua concepção até a elaboração dos objetos, traz também novos
conceitos do design, que vão atender as necessidades das pessoas com deficiência. Esse
design é também chamado design social.
Na elaboração de um produto final, se planeja através dos requisitos de um projeto,
as diversas qualidades desejadas para a materialização do mesmo. E, o retorno quanto à
usabilidade desses produtos por parte do consumidor é coletado como resultado das ações
de manejo e de percepção observadas neste processo.
Assim, uma breve revisão dos tópicos da literatura pesquisada é necessária para se
ter subsídios para elaboração do instrumento de avaliação e para programação da
metodologia da execução da pesquisa, que serão então, descritos a seguir.
5.2 Metodologia da Pesquisa
A metodologia utilizada foi uma pesquisa descritiva e exploratória, tendo por foco
de estudo descrever as características da população com paralisia cerebral e dos
72
equipamentos - cadeiras de rodas por eles utilizados; estabelecer relações entre as variáveis
investigadas, além de levantar opiniões e atitudes da população estudada.
Os indivíduos definidos como população alvo, foram 33 indivíduos, que atendiam
os critérios de inclusão, previamente estabelecidos: a) diagnóstico de paralisia cerebral do
tipo tetraparética; b) faixa etária compreendida entre 0-18 anos; c) não deambuladores e
que dependiam de um sistema de mobilidade sentada do tipo carrinho ou cadeira de rodas
para manter a postura sentada e facilitar a locomoção; d) procedentes da Cidade de Natal e
de outros municípios pertencentes ao Estado do Rio Grande do Norte; e) ter recebido
equipamentos indicado por profissional da área de saúde, especialista em tecnologia
assistiva, nos últimos 3 anos (2003-2006). A escolha da população alvo foi aleatória e por
conveniência, tendo como critérios para a seleção de seus elementos, a facilidade de acesso
a eles em uma oficina ortopédica ou no Centro de Reabilitação Infantil.
O formulário de investigação era composto de quatro partes, separadas por blocos
temáticos: aspectos individuais das crianças e adolescentes; avaliação das condições de
seating/equipamentos de mobilidade sentada; identificação dos ambientes; e sobre o perfil
dos entrevistados, de modo a coletar os dados pertinentes a esta investigação.
E assim, essas considerações metodológicas contribuíram para planejamento e
execução prática do estudo que levaram o pesquisador aos resultados encontrados na
pesquisa.
5.3 Análise crítica do trabalho
Para delinear uma conclusão, estabeleceu-se um paralelo entre os objetivos da
pesquisa e os resultados da investigação mais relevantes, e concluiu-se:
Para investigar se os produtos nacionais – cadeira de rodas, utilizados pelas
crianças/adolescentes com paralisia cerebral, atendiam as necessidades de seus usuários,
utilizou-se da coleta de dados relativos a seus usuários e seus equipamentos (cadeira de
rodas). Quanto aos equipamentos atualmente utilizados, todos foram prescritos por
profissionais da área de seating, sendo encontrados 4 modelos de cadeira de rodas
diferentes, originadas de dois fabricantes. Todas possuem o sistema tilt de inclinação, e o
assento/encosto anatômico originais de fábrica; embora, ainda assim, 82% das cadeiras
73
fizeram pequenos ajustes individuais, para a total adequação das medidas às
especificidades do quadro motor da criança/adolescente. Pode-se comparar com o tipo de
equipamento utilizado anteriormente onde somente 18,2% era adaptado e somente 15,2%
foi prescrito por um terapeuta.
E assim, 97% dos entrevistados relatam estar satisfeito (42,2%) ou muito satisfeito
(54,5%) com os equipamentos atuais, pois todas as metas por eles programadas na ocasião
da prescrição foram atingidas com a utilização do produto, em destaque a locomoção, o
conforto e a boa postura, o aumento do nível de atenção e das atividades sociais e a
facilidade para alimentação.
Desta forma, pôde-se concluir que um detalhamento para a prescrição e mais, o
ajuste da cadeira oferecido após o seu recebimento, decorrentes da oportunidade de se ter
estabelecido uma parceria entre oficina ortopédica e o profissional da tecnologia assistiva
(terapeuta ocupacional), repercutiu diretamente no grau de satisfação do equipamento
devido a esta realidade. Porém, isto só é estabelecido em alguns serviços mais
privilegiados, embora atualmente sejam maiores as facilidades de acesso à realidade
investigada, por um pequeno aumento no número de profissionais envolvidos nesse
trabalho. Ressalta-se a importância de que os ajustes das cadeiras de rodas, também devem
ser feitos periodicamente para todos os usuários de cadeia de rodas, através de
reavaliações, num processo bastante dinâmico.
Dentro dos objetivos específicos investigados, a identificação dos usuários aponta
para uma população uniforme, sem grandes variações no que está relacionado ao peso/
altura (crianças/adolescentes compatíveis com 3 primeiras curvas do crescimento-
Marcondes, 1982), sexo (metade do sexo masculino e outra metade do sexo feminino), e
idade variando entre 5 e 8 anos (idade média de 8 anos e 7 meses). Essas variáveis
delineiam apenas o perfil das crianças/adolescentes investigadas e influenciaram apenas na
compreensão das possibilidades de equipamentos selecionados para escolha e relação da
cadeira quanto ao tamanho das cadeiras e possíveis necessidades de ajustes.
Os dispositivos de tecnologia assistiva - cadeira de rodas, possuem especificações
técnicas exemplificadas no Capitulo 4 e são indicados de acordo com uma serie de critérios
já discutidos no Capitulo 2. Enfatiza-se desta forma, os seus objetivos de uso para
promover o conforto, a estabilidade, e um sentar adequado obtido através do alinhamento
postural originado pelo posicionamento da pelve e acomodação das demais extremidades
do corpo. Os resultados apresentam ainda, que quanto ao equipamento atual 39,4% dos
74
usuários, passam mais de oito horas por dia em sua cadeira de rodas (aumento de 20% em
relação ao uso do equipamento anterior); portanto, o foco principal para manutenção da
postura então, será o indivíduo estar bem sentado e muitas vezes, nos casos mais graves na
paralisia cerebral, isso vai depender dessa acomodação de deformidades corporais
existentes.
Daí, a necessidade então, de um trabalho preventivo para qualificação de mais
profissionais na área de tecnologia assistiva, reestruturação das políticas de concessão de
órteses em diversas regiões do Estado e conscientização dos usuários sobre os aspectos
físicos, decorrentes do correto ou inapropriado posicionamento sentado e da importância
da conscientização do bom posicionamento e do uso correto do equipamento.
E por fim, foi encontrado também, a necessidade de pequenos ajustes de
manutenção nos equipamentos atuais relacionado a acessórios como cintos, apoio de pés,
mas nada que venha trazer prejuízos aos usuários. É indicado portanto, reavaliações
periódicas dos usuários e suas cadeiras para o acompanhamento do uso.
As sugestões idealizadas pelos usuários de mudança para o equipamento, que foram
observadas, são de um equipamento com diferente material para o apoio de pés (de maior
durabilidade), uma cadeira com sistema desmontável de maior praticidade e tamanho e a
opção de acoplar ao assento e encosto, uma capa protetora para o estofado.
5.4 Limitações do trabalho
Uma das limitações encontradas no estudo foi acerca do número de entrevistados
relacionando ao equipamento utilizado. Embora tivesse sido encontrado 4 tipos diferentes,
não houve dados suficientes para a realização de uma análise comparativa entre cada
equipamento, referente as suas condições de manutenção, benefícios, satisfação.
As limitações encontradas na pesquisa também se referem às insuficientes
informações coletadas a respeito dos equipamentos utilizados anteriormente à última
aquisição, uma vez que muitos usuários faziam uso de carrinhos de bebê comum ou não
tinham nenhum tipo de equipamento, impossibilitando uma análise comparativa mais
detalhada para diferenciar acerca da evolução ou não dos equipamentos e sobre o
atendimento das necessidades desses indivíduos.
75
Um outro ponto limitante foi a não observação investigativa in loco, como por
exemplo, sendo realizada no próprio domicílio do usuário, dando assim, a oportunidade de
se observar maiores detalhes na investigação.
Outro aspecto foi a ausência de instrumentos de investigação padronizados,
validados para o Brasil, que trate sobre a análise do grau de satisfação dos usuários de
cadeira de rodas.
5.5 Considerações finais e Recomendações
As considerações finais relacionadas ao estudo trazem a necessidade de um
equipamento prescrito de forma adequada e selecionado conforme uma série de fatores
inerentes à prescrição e o estilo de vida do usuário; além de sistemas de concessão de
órteses do Governo bastante efetivos e conscientes quanto a qualidade dos produtos
entregues. Portanto, é de maior aproveitamento os recursos investidos nos equipamentos,
cadeira de rodas adaptadas, pois repercute nos benefícios diretos (conforto, boa postura,
locomoção) e indiretos (prevenção de infecções respiratórias, disfagias, estruturação de
deformidades). Para aceitação do equipamento adequadamente prescrito que atenda as
necessidades do usuário, é preciso o estabelecimento de parcerias entre terapeuta, usuário,
fabricantes e familiares.
Especificamente quanto ao produto cadeira de rodas, recomenda-se que sejam
concluídas em caráter de prioridade a Normatização para as Cadeiras de Rodas pelo
Inmetro e ABNT, para que haja avaliação das cadeiras, quanto às conformidades do
projeto, ao exame sistemático do grau de atendimento por parte de um produto sejam
efetivadas.
Um produto certificado depende dessas normas, regras de certificação, auditores e
laboratórios capacitados, regras de acreditação, fiscalização para a organização da
certificação e de ensaios em laboratórios (Schemeler, 2006). Os benefícios vão repercutir
numa concorrência justa, no estimulo à melhoria continuada da qualidade dos produtos, na
proteção ao mercado interno, e na proteção ao consumidor e conseqüentemente maiores
possibilidades de atender as necessidades de seus usuários.
76
Para o Design Social que tem como ponto de partida dos estudos, o problema
social, esta pesquisa poderá contribuir para o aprimoramento dos produtos – cadeiras de
rodas - resultante da comunicação do pesquisador com os fabricantes das cadeiras aqui
investigadas. Isto será possível através da apresentação dos resultados do estudo aos
referidos fabricantes, como um feedback dos usuários, de forma a possibilitar com a sua
aceitação, maiores ajustes ou uma melhor adaptação dos novos e futuros produtos
projetados e desenvolvidos para os usuários.
O designer terá, portanto, um retorno desses usuários investigados, acerca do
atendimento ou não de suas necessidades e expectativas em relação às cadeiras de rodas
utilizadas, em sua função simbólica, prática, estética; permitindo então, cada vez mais que
a qualidade desejada seja estabelecida e concretizada nos produtos e os seus efeitos sobre
elas (cadeiras de rodas) e usuários, possam ser associados e descritos. E assim, se permitirá
um aumento da qualidade de vida dessas crianças/adolescentes com paralisia cerebral,
facilitando a integração desses usuários de cadeira de rodas em um número de atividades
cotidianas cada vez maior, com mais conforto, possibilidades de ajuste e de adequação
postural.
77
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81
ANEXOS
82
ANEXO I
Termo de Consentimento dos Pais para Realização da Pesquisa
Eu, ___________________________________________________________________
portador (a) do RG nº ____________________________ residente à rua
______________________________________________________________ autorizo a
minha participação e do meu filho___________________________________
_________________, para publicação dos resultados da entrevista realizada pela aluna
Cláudia Galvão referente a coleta de dados da pesquisa de mestrado sobre a Análise
Critica dos Produtos de Mobilidade Sentada – Cadeira de Rodas- Utilizados por
Indivíduos com Paralisia Cerebral, bem como a publicação dos dados em eventos
científicos e acadêmicos, estando ciente que esta pesquisa faz parte do Programa de
Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte – PEP/UFRN, sob orientação da Prof. Reidson Pereira Gouvinhas.
Natal, 01 de abril de 2006
___________________________________
Assinatura da mãe ou responsável
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – UFRN
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO – PEP
83
ANEXO II
Esta pesquisa tem por objetivo conhecer os equipamentos – carrinhos e cadeiras de
rodas – utilizados por pessoas com paralisia cerebral 0-18 anos em Natal e Região
Metropolitana. O intuito deste diagnóstico é meramente para fins acadêmico.
1. Identificação das Condições Individuais
Data:___/___/_____
1.1. Origem do encaminhamento:
A- Oficina B- Centro de Reabilitação
1.2. Município:
A- Natal B- Parnamirim C- Outros
1.3. Sexo:
A- Feminino B- Masculino
1.4. Peso:
A- < 10kg B- 11-20kg C- 21-30kg D- 31- 40kg E- > 41kg
1.5. Altura:
A- <1.00m B- 1-1.30m C- 1.31-1.60m D- Não sabe
1.6 Idade:
A- 0-2 anos B- 3-4anos C- 5-6anos D- 7-8 anos E- 9-10anos
F- 11-12anos G- 13-14 anos H- 15-16 anos I- 17-18 anos
1.7 Nível de comprometimento: A- PC hemiparético B- PC Tetraparético C- PC diparético
1.8 Deformidades estruturadas importantes: A- Sim B- Não Especificar:_________________
1.9 Presença de encurtamentos dos membros: A-Sim B-Não Especificar: _______________
1.10. Execução das atividades de vida diária: A- dependente B- Independente
1.11 Controle cervical: A- precário B- sim C- não
1.12 Controle de tronco: A- precário B- sim C- não
1.13 Função MMSS: A- precária B-não C- sim
1.14 Dispositivos Auxiliares: A- sim B- não Especificar:______________________
1.15 Visão: A- normal B- subnormal C- cegueira
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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO – PEP
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1.16 Audição A- normal B- perda parcial C- DA
1.17. Distúrbios associados: A- respiratório B- disfágico C-dermatológico
D- reflexos E-não se aplica
1.18. Faz tratamento de reabilitação: A- sim B- não Especificar:_________________
2. Avaliação das Condições de Seating (assento e encosto)
2.1. Número de avaliação postural de cadeira de rodas anteriores à ultima cadeira adquirida:
A- 1ª avaliação B- 2ª avaliação
2.2. Tipo de equipamento anterior:
A- carro de bebê B- carro modelo para excepcionais C- cadeira adaptada
D- cad.rodas comum E- nenhum
2.3. Tipo equipamento recebido:
A- star baby (Modelo A) B- star juvenil (Modelo B)
C- conforma (Modelo C) D- reateam (Modelo D)
2.4. Número de aquisições:
A- 1ª B- 2ª C-3ª D- 4ª E- 5ª F- 6ª
EQUIPAMENTO ANTERIOR
2.5. Por quanto tempo usou o equipamento anterior?
A- < 1ano B- 1 ano C- 2 anos D- 3 anos E- 4 anos F- 5anos G- não se aplica
2.6. Idade da primeira aquisição:
A- < 1ano B- 1 ano C- 2 anos D- 3 anos E- 4 anos F- 5anos ou mais G- não se aplica
2.7. Se não tinha equipamento anterior, por quê?
A- não se aplica B- falta de informação C- questões financeiras
D- questões culturais E- - esperando cr SUS
2.8. Queixa principal do equipamento anterior?
A- Peso elevado B- tamanho pequeno C- tamanho grande D- má condições posturais
E- ausência de conforto F- machuca G- muito profundo H- conservação precária
I- outros J- não se aplica
2.9. Forma de aquisição do produto anterior:
A- doação B-compra com recursos próprios C- SUS D- SETHAS E- não se aplica
2.10. Recebeu orientação especializada para aquisição anterior?
A- sim B-não C- não se aplica
2.11. Especificar qual orientação:
A- loja B- terapeuta C- amigo D- opinião própria E- médico F- não se aplica
2.12. Este equipamento era adaptado? A- sim B- não C-não se aplica
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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO – PEP
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2.13. Propriedades de fábrica:
A-apenas módulo anatômico B-módulo anatômico e sistema tilt
C-recliner D- não era adaptado
2.14. Quantas horas permanecia utilizando o equipamento?
A- até 1h B- 2-3h C- 4-5h D- 6-7h E- 8h ou mais F- não se aplica
2.15. Para quais objetivos o utilizava?
A- locomoção B- uso na escola C- facilitar alimentação D- ativ.lazer
E- ativ.sociais F- controle motor G- Ĺ conforto H- Ĺ n.atenção
I- comunicação J- brincar L-manter postura sentada M-outros N-não se aplica
EQUIPAMENTO ATUAL
2.16. Forma de aquisição da cadeira atual:
A- doação B- compra com recursos próprios C-SUS
D- SETHAS Natal E- SETHAS Parnamirim
2.17. Recebeu orientação especializada para aquisição atual?
A-sim B- não
2.18. Especificar orientação:
A-loja B -terapeuta C- amigo D- opinião própria E- médico
2.19. Quais foram as metas para aquisição do novo sistema de seating?
A- locomoção B- facilitar alimentação C- ativ.sociais D- controle motor
E- Ĺ conforto F- Ĺ n.atenção G- brincar H-boa postura sentada I- comunicação
J- ativ.lazer L- sair do colo M- uso na escola N- outras
2.20. Este equipamento atual é adaptado? A-sim B-não
2.21. Propriedades de Fábrica :
A-módulos anatômicos B- módulo anatômico e sistema tilt C- recliner
2.22. Quantas horas geralmente permanece na cadeira:
A-< de 1h B- 1- 2 h C- 3- 4h D- 5-6h E-7-8h F->8h G- não utiliza
2.23. O que foi ajustado?
A- confeccionado mesa B- reduzida profundidade do assento
C- ajuste apoio de braços D- almofada do apoio de pés
E- mudança ou recorte do cinto peitoral F- acréscimo de cinto pélvico
G- acréscimo de laterais de tronco H- mudança na fixação da correia superior do cinto
I- modificação apoio de cabeça J- outros L- nenhum ajuste
2.24. Qual origem das adaptações?
A-originais de fábrica B-confeccionada em oficina ortopédica
2.25. Há quanto tempo faz uso desse novo sistema de cadeira/carrinho?
A- < 1ano B- 1ano C- 2 anos D- 3 anos
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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO – PEP
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2.26. Para quais objetivos utiliza a cadeira de rodas?
A- locomoção B- facilitar alimentação C- ativ.sociais D- controle motor
E- Ĺ conforto F- Ĺ n.atenção G- brincar H- boa postura sentado
I- Ĺ comunicação J- viagens L- Ĺ autonomia M- Ĺ qualidade de vida
N- Ĺ auto-estima para usar c.rodas O- Ĺtolerância para o sentar P- segurança Q- outros
2.27. Quais as queixas principais do equipamento atual:
A- peso elevado B- tamanho pequeno C- tamanho grande D- má condição postural
E- dificuldade para o transporte F-estado de conservação precário G- desconforto
H- roda dianteira I- estofado sem capa protetora J- outros L- nenhuma
2.28. O que impede/limita a tolerância do usuário em permanecer na cadeira? _____________
A- cça não quer B- família C- calor D- falta ajustar
E- necessidade de mudar a postura F- Não se aplica
2.29. Que tipo de Transporte utiliza:
A - carro B- T. coletivo adaptado C- T.coletivo não adaptado D- outros
2.30. Tem dificuldades de acesso aos meios de transporte ao sair com a cadeira de rodas?
A- sim B-não
2.31. Em relação ao produto, quais expectativas foram atendidas?
A- permite diversos ajustes B- estética agradável C-durabilidade D- fácil desmontar
E- fácil limpar F- é segura G- outros
2.32. A cadeira já apresentou algum problema? ___________________
A- não se aplica B- quebrou apoio de pé C- quebrou tilt
D- problemas com cintos E- outros
2.33. O que mais influencia aspectos físico-motor do usuário a manter a postura sentado?
A- tônus B- movimentos involuntários C- deformidades D- problemas respiratórios
E- obesidade F- outros G- não se aplica
2.34. Qual sua satisfação com o uso da cadeira de rodas atual?
A- muito satisfeito B- satisfeito C-pouco satisfeito D- insatisfeito
2.35. O que o faz sentir dessa forma? ____________________
A- atende todas as necessidades B-é seguro C- auxilia locomoção
D- falta ajustes E- estética F- outros
2.36. Qual aspecto do aparelho mais lhe agrada? _______________
A- postura B- conforto C- estética D- tudo E- outros
2.37. Qual a principal vantagem desse produto? ________________
A- locomoção B- tilt C- Postura D- segurança E- sair do colo F- Outras
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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO – PEP
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2.38. Quais modificações você gostaria que fossem feitas na cadeira? ______________
A-roda dianteira B-apoio de pé C-apoio de cabeça D-sistema desmontável
E-estofado F-outros G-nenhuma
2.39. Com o uso do equipamento as atividades sociais do usuário aumentaram? A- sim B- não
2.40. Você já sofreu preconceito na rua por causa da utilização da cadeira de rodas?
A- sim B- não
2.41. Você concorda com o valor dessa cadeira? A- sim B- não
2.42. Que valor estaria disposto a pagar?
A- não se aplica B- <500 C- 500-999 D- 1000-1499 E-1500-1999
F- não tem condições de pagar
2.43. Você leu as instruções do manual do produto?
A- sim B- não C-não recebeu
2.44. Já havia tentado adquirir outro equipamento sem sucesso? A-sim B- não
2.45. Tempo de espera para o recebimento da cadeira:
A- 1-2 meses B- 3-4 meses C- 5-6 meses D- 7-8 meses E- 9-10 meses
F-11-12 meses G- acima de 1 ano H- não sabe informar
3. Condições dos Ambientes
3.13. Casa permite circular cadeira de rodas? A-sim B-não
3.14 Entrada acessível? A-sim B-não
3.15. Rua: A- rua de calçamento B- rua de asfalto C- rua não pavimentada
3.16. Freqüenta escola? A-sim B-não
3.17 Escola é acessível? A-sim B-não C- não se aplica
3.18. Com o uso da cadeira foi feito alguma modificação arquitetônica em algum ambiente?
A-sim B-não Especificar____________________________
4. Dados dos Entrevistados
4.1 Nível de escolaridade da mãe:
A- 1º grau incompleto B- 1º grau completo C- 2º grau incompleto D- 2º grau completo
E- superior incompleto F- superior completo G- não respondeu
4.2 Estado civil dos pais: A- casados B- solteiros C- separados D- viúva G- não respondeu
4.3 Renda familiar: A- até1sm B- 2-3sm C- 4-5sm D- 6-7sm E- 8-9sm F- não tem
4.4 Tem plano de saúde (criança/adolescente): A-sim B-não
Nome: _____________________________________________ Acompanhante: _____________
Endereço: _____________________________________________ Telefone: __________________
Terapeuta: __________________ Instituição: ___________________________
88
Anexo III
Gráficos de Algumas Variáveis
No de obs
9,1%
18,2%
24,2%
21,2%
3,0%
18,2%
6,1%
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
Fund I Fund C Méd I Méd C Sup I Sup C Não resp
Figura 1 - Nível de escolaridade dos pais/responsáveis entrevistados
No de obs
72,7%
6,1%
9,1%
6,1% 6,1%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
26
Casados Solteiros Separados Viúvo(a) Não resp
Figura 2 - Estado civil dos pais/responsáveis entrevistados
89
No de obs
21,2%
33,3%
27,3%
6,1% 6,1% 6,1%
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
Até 1 2 a 3 4 a 5 6 a 7 8 a 9 Não tem
Figura.3 - Renda familiar (em salários mínimos) das famílias entrevistadas
No de obs
45,5%
54,5%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
Sim Não
Figura 4 - Assistência por plano de saúde (particular)
90
DEFORM
ENCURT
No de obs
39,4%
60,6%
45,5%
54,5%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
Sim Não
Figura 5 – Presença de deformidades estruturadas importantes da coluna e presença de
encurtamentos dos membros
No de obs
21,2%
78,8%
0
3
6
9
12
15
18
21
24
27
30
33
Sim Não
Figura 6 - Uso de Dispositivos Auxiliares
No de obs
78,8%
21,2%
0
3
6
9
12
15
18
21
24
27
30
33
Sim Não
Figura 7 – Freqüenta algum tratamento de reabilitação
91
No de obs
60,6%
33,3%
6,1%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
Normal Subnormal Cegueira
Figura 8 – Desenvolvimento da visão das criançasadolescentes
No de obs
93,9%
6,1%
0
4
8
12
16
20
24
28
32
36
40
44
48
52
56
Normal Perda parcial
Figura 9 – Situação da audição das crianças/adolescentes
92
21% 21%
3%
27%
52%
Respiratório Disfágico Dermatológico Reflexos Não aplic
Figura 10 - Distúrbios associados diagnosticados nas crianças/adolescentes (mais de uma resposta)
No of obs
93,9%
6,1%
0
4
8
12
16
20
24
28
32
36
Sim Não
Figura 11 – Quanto à acessibilidade da entrada na residência
93
No de obs
72,7%
27,3%
0
3
6
9
12
15
18
21
24
27
1ª Avaliação 2ª Avaliação
Figura 12 - Número de avaliações posturais realizadas para aquisição do equipamento
85%
15%
27%
6%
3%
Não se aplica Falta de
informão
Questões
financeiras
Questões
culturais
Esperando SUS
Figura 13 – Motivo de não ter adquirido equipamento adaptado anteriormente
94
No de obs
18,2%
81,8%
0
3
6
9
12
15
18
21
24
27
30
33
36
Fábrica Oficina
Figura 14 - Origem das adaptações da cadeira atual
No de obs
48,5%
18,2%
21,2%
12,1%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
Menos de 1 1 2 3
Figura 15 – Tempo (em anos) de uso da cadeira de rodas atual
95
EQ_ANT
EQ_ATUAL
No de obs
3,0%
15,2%
81,8%
100,0%
0
3
6
9
12
15
18
21
24
27
30
33
36
Assento anatômico
S. Anatômico/Tilt
Recliner
Não aplic
Figura 16 – Tipos de adaptações originais de fábrica: comparação entre os equipamentos utilizados
18%
94%
85%
88%
61%
58%
Div. Ajustes Estética Durabilidade Fácil desm Fácil limpeza É seguro
Figura 17 - Expectativas atendidas em relação ao produto
96
No de obs
9,1%
3,0%
15,2%
9,1%
48,5%
15,2%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
Cça não quer Família Calor Falta ajuste Mudar postura Não aplic
Figura 18 - Impedimentos/limitações quanto à tolerância do usuário em permanecer na cadeira
No of obs
42,4%
57,6%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
Sim Não
Figura 19 – Existência de dificuldades de acesso aos meios de transporte ao sair com a cadeira de rodas
97
36%
27%
15%
18%
3%
9%
21%
Tônus Mov
involuntário
Deformidades Prob Respirat. Obesidade Outros Não aplic
Figura 20 - Fatores que mais influenciam aspectos físico-motor do usuários a manterem a postura sentada
No de obs
48,5%
6,1%
21,2%
12,1%
3,0%
9,1%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
Atende necessidades
É seguro
Locomoção
Falta ajuste
Estética
Outros
Figura 21– Fatores principais que fazem os pais/entrevistados sentirem-se satisfeitos
98
No de obs
36,4%
12,1%
27,3%
6,1%
12,1%
6,1%
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
Locomoção Tilt Postura Segurança Sair do colo Outras
Figura 22 - Principal vantagem do produto
No de obs
15,2%
36,4%
12,1%
30,3%
6,1%
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
Postura Conforto Estética Tudo Outros
Figura 23 - Aspecto do aparelho mais agrada
99
No de obs
6,1%
93,9%
0
4
8
12
16
20
24
28
32
36
Sim Não
Figura 24 – Existência de preconceito na rua por causa da utilização da cadeira de rodas
No de obs
36,4%
3,0%
30,3%
21,2%
3,0%
6,1%
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
Não aplic Menos de 500 500 a 999 1000 a 1499 1500 a 1999 S/ condições
Figura 25 – Valor que os pais estariam disposto a pagar
100
No de obs
69,7%
24,2%
6,1%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
Sim Não Não recebeu
Figura 26 – Quanto à realização de leitura das instruções do manual do produto
No de obs
27,3%
72,7%
0
3
6
9
12
15
18
21
24
27
Sim Não
Figura 27 – Quanto à existência de tentativa de adquirir outro equipamento sem sucesso
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