Download PDF
ads:
MAGALI SOARES DOS SANTOS POZZA
ANÁLISE DA VARIABILIDADE GENÉTICA,
SUSCEPTIBILIDADE A CONDIÇÕES DO TRATO
GASTROINTESTINAL E FERMENTAÇÃO DE
OLIGOFRUTOSE, INULINA E GOMA ACÁCIA POR
ISOLADOS DE LACTOBACILOS
Londrina
2006
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
M
AGALI SOARES DOS SANTOS POZZA
ANÁLISE DA VARIABILIDADE GENÉTICA,
SUSCEPTIBILIDADE A CONDIÇÕES DO TRATO
GASTROINTESTINAL E FERMENTAÇÃO DE
OLIGOFRUTOSE, INULINA E GOMA ACÁCIA POR
ISOLADOS DE LACTOBACILOS
Tese apresentada ao Programa de Mestrado e
Doutorado em Ciência de Alimentos da
Universidade Estadual de Londrina, como requisito
parcial à obtenção do título de Doutor em Ciência
de Alimentos
Orientadora: Prof. Lúcia Helena da Silva
Miglioranza
Londrina
2006
ads:
MAGALI SOARES DOS SANTOS POZZA
ANÁLISE DA VARIABILIDADE GENÉTICA,
SUSCEPTIBILIDADE A CONDIÇÕES DO TRATO
GASTROINTESTINAL E FERMENTAÇÃO DE
OLIGOFRUTOSE, INULINA E GOMA ACÁCIA POR
ISOLADOS DE LACTOBACILOS
BANCA EXAMINDORA
__________________________________________
Lúcia Helena da Silva Miglioranza
__________________________________________
Lúcio Alberto Forti Antunes
__________________________________________
Sandra Garcia
__________________________________________
Raúl Jorge Hernan Castro Gómez
__________________________________________
Sueli Mayume Obara Dói
Londrina, 04 de julho de 2006.
DEDICATÓRIA
A Deus. Ao meu marido Paulo Cesar Pozza pelo amor,
sacrifício e compreensão. Ao meu filho Pedro, minha vida.
Aos meus pais João Batista dos Santos e Marlene Soares
dos Santos pelo incentivo, pelas oportunidades oferecidas e
pela companhia em Londrina, eternamente grata. Às minhas
irmãs Roberta, Renata e sobrinhos Bruno, Gabriel e
Marcela. Às minhas avós Laurinda Figueira Soares (in
memorian) e Maria das Dores dos Santos.
AGRADECIMENTOS
À Universidade Estadual de Londrina, por intermédio do Departamento de Tecnologia
de Alimentos e Medicamentos, pela oportunidade de realização do curso.
À professora Lúcia Helena da Silva Miglioranza pela orientação e amizade.
Ao professor José Eduardo Garcia pelos ensinamentos e apoio durante o
desenvolvimento deste trabalho.
À professora Sandra Garcia pelas sugestões e amizade.
À estudante Roberta Merguizo pela amizade e auxílio na condução do experimento.
Á secretária da pós-graduação Sandra Rezende pela ajuda e amizade.
A todos os funcionários e técnicos do Laboratório de Tecnologia de Alimentos e
Medicamentos, em especial à Patrícia e Berenice.
Ao professor Antônio Policarpo da UNIOESTE, pela ajuda nas análises estatísticas.
Ao Sr. Edgar Netzel e Rosecler Baron do UNILAB – Marechal Cândido Rondon, pelo
auxílio no antibiograma.
À amiga Luciana Rennó pelo grande incentivo.
Aos amigos da Pós-graduação Laisiane da Nóbrega, Luciana Mikito, Vanessa,
Caroline, Mírian, Marly, Cláudio, Cristiane, Fabíola, Simone, Ricardo, Leia, Elvis, Viviane e
Daniele (Genética), Luciene (Veterinária) e Flávio (Biotecnologia).
A todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho.
Deixe o alimento ser teu remédio e o remédio ser teu
alimento.”
Hipócrates, 2500 anos atrás.
POZZA, M.S.S. Análise da variabilidade genética, susceptibilidade a condições do trato
gastrointestinal e fermentação de oligofrutose, inulina e goma acácia por isolados de
lactobacilos. 2006. 104f. Tese (Doutorado em Ciência e Tecnologia de Alimentos e
Medicamentos) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2006.
RESUMO
O Experimento I foi conduzido para comparar características fenotípicas e genéticas de
lactobacilos isolados de fezes de crianças. Para identificação molecular, utilizou-se o RAPD
(polimorfismo de DNA amplificado ao acaso). Foram isoladas 75 colônias, sendo pré-
selecionados 30 isolados. Na análise de RAPD, verificou-se que os isolados agruparam-se em
quatro clusters, sendo em um deles encontrada alta similaridade. O Experimento 2 foi
conduzido para avaliar “in vitro” a capacidade de resistência dos 30 isolados a condições
específicas do trato gastrointestinal, como resistência aos sais biliares, a acidez e tolerância ao
fenol. Para fins comparativos, duas bactérias probióticas comerciais foram submetidas aos
mesmos testes. Foram selecionados oito isolados resistentes aos sais biliares e que
apresentaram comportamento diferenciado com relação a tolerância à acidez e fenol,
entretanto todos os isolados cresceram na presença de uma concentração de 0,3 % de fenol.
O Experimento 3 teve como objetivo verificar a fermentação de oligossacarídeos como
também a resistência destas cepas a alguns antibióticos comumente utilizados em humanos.
Neste experimento, foi utilizado o caldo MRS, substituindo-se a glicose por 1% de
oligofrutose, inulina ou goma acácia. Para o antibiograma, empregou-se o método de difusão
em placa. Os resultados obtidos evidenciaram que todas as cepas foram capazes de fermentar
oligofrutose, inulina ou goma acácia em caldo MRS, permitindo a utilização em produtos
simbióticos. Seis cepas foram sensíveis ao cloranfenicol e a tetraciclina e todos os isolados
foram resistentes a estreptomicina, porém não foi determinado se tal resistência era intrínseca
ou adquirida.
POZZA, M.S.S. Genetic variability of Isolated Lactobacillus spp , their susceptibility to
the Gastrointestinal conditions; oligofructose, inulin and acacia gum fermentation. 2006.
104f. Tese (Doutorado em Ciência e Tecnologia de Alimentos e Medicamentos) –
Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2006.
ABSTRACT
Three assays were carried out for this study. The aim of the first assay was to compare by
genetic and phenotypic parameter the Lactobacillus strains isolated from infant feces. The
RAPD (Randomly Amplified Polymorphic DNA) technique was applied for molecular
identification among seventy isolated colonies, and eight isolates were pre-selected. The
RAPD technique results demonstrated that the strains grouped into four clusters, and a high
similarity was verified in one of these clusters. The second assay was carried out to evaluate
“in vitro”, the resistance of 30 strains to the specific gastrointestinal tract barriers, like bile
salts, acidity and phenol tolerance. Two commercial probiotic bacteria were also compared in
the same stress conditions. Eight strains were selected for bile salts resistance; however they
demonstrated different levels of phenol and acidity tolerance, but they were able to grow in
0.3% phenol. The aim of the third assay was to verify the oligossacharides fermentation by
eigth selected strains, as well as the resistance of these strains to antibiotics commonly used in
humans. In this experiment, was used MRS medium, substituting the glucose by 1% of
oligofructose, inulin or acacia gum. For the antibiogram, diffusion test was used. The obtained
results evidenced that all strains were able to use oligofructose, inulin or acacia gum in MRS
broth, allowing the use of those in symbiotic products. Six strains were chloramphenicol and
tetracycline sensitive and all isolated were resistant to streptomycin, however it was not
determined if these characteristics were intrinsic or acquired.
LISTA DE TABELAS
Capítulo 1
Tabela 1: Reagentes do coquetel para amplificação do DNA (quantidade para uma
reação) ................................................................................................................... 23
Tabela 2: Fermentação de carboidratos para caracterização dos isolados de lactobacilos ..... 26
Tabela 3: Crescimento dos isolados em leite desnatado reconstituído a 10% (LDR) em
diferentes temperaturas de incubação.................................................................... 27
Tabela 4: Identificação provável dos isolados segundo a Tabela de identificação API e
Manual de Bergey (1986)...................................................................................... 27
Tabela 5: Dados de similaridade genética entre os isolados ................................................... 29
Capítulo 2
Tabela 1: Resistência aos sais biliares dos isolados após crescimento em cultivos com
0,3% de Oxgall ...................................................................................................... 47
Tabela 2: Valores de médios de absorbância a 620 nm dos isolados selecionados após 10
horas de incubação à 37º em meio contendo 0,3% de sais biliares....................... 48
Tabela 3: Crescimento dos isolados expostos ao ácido clorídrico (HCl 0,1 N) por até 3
horas. .................................................................................................................... 54
Tabela 4: Valores determinados de pH e porcentagem de acidez dos isolados cultivados
em leite desnatado reconstituído (LDR) 10%, sem e com adição de 0,3% de
fenol, incubados por 3 dias a 35ºC ........................................................................ 57
Capítulo 3
Tabela 1: Contagem dos isolados em caldo MRS acrescido de 1% de oligofrutose, inulina
ou goma acácia no Tempo 0 horas ........................................................................ 74
Tabela 2: Contagem dos isolados em caldo MRS acrescido de 1% de oligofrutose, inulina
ou goma acácia no Tempo 24 horas ...................................................................... 75
Tabela 3: Valores, expressos em log, dos plaqueamentos nos tempos 0 e 24 horas (T0 -
T24) utilizando diferentes oligossacarídeos.......................................................... 75
Tabela 4: Diâmetro do halo de inibição resultante da sensibilidade dos isolados a
diferentes antibióticos (mm).................................................................................. 78
LISTA DE FIGURAS
Capítulo 1
Figura 1: Foto da coloração de Gram do isolado L25............................................................. 25
Figura 2: Dendograma de similaridade genética..................................................................... 31
Figura 3: Polimorfismo de DNA amplificado ao acaso – RAPD de 33 isolados de
Lactobacillus ssp empregando o primer X9............................................................. 32
Capítulo 2
Figura 1: Curva de crescimento do isolado L24 em caldo MRS normal e MRS contendo
0,3 % de Oxgall ........................................................................................................ 49
Figura 2: Curva de crescimento do isolado L4 em caldo MRS normal e MRS contendo
0,3 % de Oxgall ........................................................................................................ 49
Figura 3: Curva de crescimento do isolado L22 em caldo MRS normal e MRS contendo
0,3 % de Oxgall ........................................................................................................ 50
Figura 4: Curva de crescimento do isolado L19 em caldo MRS normal e MRS contendo
0,3 % de Oxgall ........................................................................................................ 50
Figura 5: Curva de crescimento do isolado L23 em caldo MRS normal e MRS contendo
0,3 % de Oxgall ........................................................................................................ 51
Figura 6: Curva de crescimento do isolado L5 em caldo MRS normal e MRS contendo
0,3 % de Oxgall ........................................................................................................ 51
Figura 7: Curva de crescimento do isolado L20 em caldo MRS normal e MRS contendo
0,3 % de Oxgall ........................................................................................................ 52
Figura 8: Curva de crescimento do isolado L12 em caldo MRS normal e MRS contendo
0,3 % de Oxgall ........................................................................................................ 52
Capítulo 3
Figura 1: Antibiograma dos isolados selecionados L24, L5, L12, L23 e L22 ........................ 79
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 ......................................................................................................................... 11
ISOLAMENTO DE LACTOBACILLUS SSP: MÉTODOS BIOQUÍMICOS E
MOLECULARES................................................................................................... 12
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 13
2 MATERIAL E MÉTODOS ......................................................................................................... 20
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................................... 25
4 CONCLUSÃO .......................................................................................................................... 35
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................... 36
CAPÍTULO 2 ........................................................................................................................ 41
SUSCEPTIBILIDADE “IN VITRO” À ACIDEZ, SAIS BILIARES E FENOL DE
LACTOBACILOS ISOLADOS DE FEZES DE CRIANÇAS............................ 42
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 43
2 MATERIAL E MÉTODOS ......................................................................................................... 45
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................................... 47
4 CONCLUSÃO .......................................................................................................................... 59
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................... 60
CAPÍTULO 3 ......................................................................................................................... 63
UTILIZAÇÃO DE PREBIÓTICOS POR ISOLADOS DE LACTOBACILOS E
RESISTÊNCIA A ANTIBIÓTICOS DA TERAPIA HUMANA ....................... 64
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 65
2 M
ATERIAL E MÉTODOS ......................................................................................................... 73
3 R
ESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................................... 74
4 CONCLUSÃO .......................................................................................................................... 82
REFERENCIAS ...................................................................................................................... 83
ANEXOS................................................................................................................................. 88
ANEXO 1: CAPÍTULO 1.............................................................................................................. 89
ANEXO 2: CAPÍTULO 2.............................................................................................................. 100
- 11 –
11
CAPÍTULO 1
- 12 –
12
ISOLAMENTO DE LACTOBACILLUS ssp: MÉTODOS BIOQUÍMICOS E
MOLECULARES
RESUMO
Este capítulo aborda o isolamento e identificação de lactobacilos por meio de métodos
bioquímicos e moleculares analisando a variabilidade genética intraespecífica e variação
interespecífica dos isolados com a finalidade de identificar bandas de RAPD que
caracterizem as diferentes espécies. Verificou-se que os isolados agruparam-se em quatro
clusters, sendo em um deles observada alta similaridade o que corrobora com os testes
bioquímicos.
Palavras chave: identificação genética, microflora intestinal, RAPD.
SEARCHING FOR LACTOBACILLUS SSP USING BIOCHEMICAL AND
MOLECULAR TECHNIQUES.
ABSTRACT
This research applied biochemical and molecular techniques for identification of
Lactobacillus recovered from human feces. Among the isolated strains, it was analyzed the
genetic variability, either intra-specific as well as inter-specifically, to identify characteristic
bands by RAPD. The strains were grouped into four clusters, and a high similarity was
verified in one of these clusters, agreeing with the biochemical tests.
Key words: intestinal microflora, genetic identification, RAPD.
- 13 –
13
1 INTRODUÇÃO
O trato gastrointestinal do ser humano consiste em boca, cavidade oral,
esôfago, estômago, intestino delgado e intestino grosso. O intestino grosso pode ser dividido
anatomicamente, em regiões distintas: o ceco, o cólon ascendente, transverso, descendente e
sigmoidal. Os alimentos não digeridos e não absorvidos provenientes do intestino delgado
passam pelo intestino grosso antes de serem eliminados do organismo. As substâncias
produzidas pelo hospedeiro, incluindo glicoproteínas da mucina, células epiteliais esfoliadas e
secreções pancreáticas também são importantes substratos (MACFARLANE, ALLISON e
GIBSON, 1988); sendo o cólon humano considerado o maior sítio de absorção de água e sais
minerais (SULLIVAN, 1996).
Entretanto, outra característica metabólica extremamente importante é
mediada pelas bactérias intestinais (FOOKS et al., 1999). A microbiota gastrointestinal pode
ser considerada como um órgão do corpo humano que é rapidamente renovável e
metabolicamente adaptável (MACKIE; SGHIR; GASKINS, 1999).
Em comparação com outras regiões do trato gastrointestinal, o intestino
grosso humano é complexo, densamente colonizado tendo uma ecologia microbiana altamente
diversificada. Os números bacterianos nesta região são de 10
11
-10
12
por grama do conteúdo
intestinal (CUMMINGS; MACFARLANE, 1991), sendo capaz de responder a variações
anatômicas e fisicoquímicas.
Dentre as vantagens associadas à microbiota intestinal podemos citar:
manutenção da homeostase intestinal, prevenção da colonização de patógenos, metabolismo
de procarcinogênicos, estimulação da imunidade intestinal, redução de distensão gasosa,
melhora da produção de energia (geração de ácidos graxos de cadeia curta), metabolismo de
materiais xenobióticos, redução da translocação de patógenos, produção de vitaminas,
redução dos níveis de lipídeos sangüíneos, melhora da motilidade intestinal e produção de
enzimas digestíveis (GIBSON; WILLIAMS, 1999).
A microflora do trato gastrointestinal humano compreende cerca de 400
diferentes espécies bacterianas, embora cerca de 30-40 gêneros estejam relacionados com
99% da microflora. Estas bactérias podem ser divididas em 3 categorias: a) microrganismos
que estão presentes quase sempre em altas contagens, como por exemplo, Bacteroides e
Bifidobacterium, b) microrganismos que fazem parte da microflora, porém estão presentes em
menores proporções, por exemplo, Enterobacteriaceae, Lactobacillus e Streptococcus c)
microrganismos presentes em menores números e que são originados de outras regiões do
- 14 –
14
corpo, como Staphylococcus e Haemophilus ou do ambiente, como Bacillus e
Corynebacterium (SULLIVAN,1996).
O número de bactérias lácticas no estômago é menor que 3 log ufc/g, no íleo
2-5 log ufc/g e no cólon 4-9 log ufc/g. (ERKKILA; PETAJA, 2000).
Embora lactobacilos e bifidobactérias tenham sido isolados de todas as
porções do trato gastrointestinal, o íleo terminal e o cólon, respectivamente, parecem ser os
sítios preferenciais de colonização destas bactérias. (CHARTERIS; KELLY; MORELLI,
1998).
Arhné et al (2005) verificaram que a freqüência de lactobacilos nas amostras
de fezes de 120 crianças foi de 21% para crianças com uma semana de idade, 45% aos 6
meses de idade, 17% aos 12 meses, aumentando para 31% aos 18 meses de idade. As espécies
mais comumente encontradas foram: nos primeiros dois meses, L. rhamnosus e L. gasseri
além de L. fermentum e L. crispatus e, aos seis meses, L. paracasei, L. plantarum, L.
fermentum, L. gaserri, L. reuteri e L. delbrueckii.
Os ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) são os principais produtos da
fermentação no intestino grosso. Eles são os ânions predominantes no cólon, sendo que
acetato, propionato e butirato produzidos perfazem 85-95% dos AGCC totais em toda região
colônica. Embora os produtos da proteólise intestinal sejam considerados tóxicos à saúde
humana, os produtos da fermentação de carboidratos, (os AGCC) podem, algumas vezes,
contribuir positivamente na digestão e metabolismo do hospedeiro, além de atenuar os efeitos
dos produtos gerados pela degradação das proteínas (MACFARLANE; MACFARLANE,
1997).
Probióticos
Visando potencializar o efeito da microbiota benéfica no intestino, a
produção de alimentos e produtos dietéticos contendo Lactobacillus e Bifidobacterium, tem
aumentado significativamente nos últimos anos, sendo muitas vezes estes produtos
probióticos denominados alimentos funcionais. O termo alimento funcional originou-se no
Japão em 1980, sendo referente a alimentos que contém, em concentrações adequadas, a
combinação de componentes os quais afetam determinadas funções no organismo resultando
em efeitos celulares e fisiológicos positivos (ROBERFROID, 1996).
A palavra probiótico foi inicialmente usada por Parker (1974), para descrever
organismos e substâncias que contribuem para o balanço microbiano no intestino. Havenaar e
- 15 –
15
Huis In´t Veld (1992) definiram probiótico como “microrganismos viáveis (bactérias ácido
lácticas e outras bactérias ou leveduras empregadas na forma liofilizada ou em produtos
fermentados) que exibem efeitos benéficos na saúde do hospedeiro através da melhora das
propriedades de sua microflora selvagem.
Dentre os efeitos observados devido à colonização das bactérias probióticas
no intestino podem ser citados: redução dos efeitos adversos observados na intolerância à
lactose, controle das infecções intestinais, supressão do câncer, diminuição da concentração
de colesterol e, consequentemente, menor incidência de doenças coronárias, melhor digestão,
efeitos nutricionais e estimulação do sistema imune (FOOKS et al., 1999)
As espécies mais freqüentemente empregadas na produção de produtos
lácteos probióticos são de origem intestinal humana, pois geralmente são mais adequadas às
necessidades fisiológicas do hospedeiro e podem mais facilmente colonizar seu intestino do
que cepas selvagens ou cepas provenientes do cólon de outros animais (GOMES;
MALCATA, 1999).
As bactérias probióticas devem ser capazes de resistir a um baixo pH e
sobreviver à acidez gástrica, tolerar concentrações de sais biliares presentes no trato intestinal,
além de possuírem capacidade de adesão às células da mucosa intestinal, proporcionando
desta forma, benefícios clínicos (MACFARLANE; CUMMINGS,1999).
Vários estudos “in vitro” estimam a sobrevivência de bactérias ingeridas em
relação ao trânsito através do trato gastrointestinal. Charteris, Kelly e Morelli (1998)
verificaram que a máxima taxa de sobrevivência de bifidobactéria tem sido estimada em torno
de 30%. Os autores também constataram que a presença de proteínas do leite, isoladas ou em
combinação, exercem efeitos benéficos em relação à tolerância ao suco gástrico para algumas
cepas como L. casei e L. plantarum.
Os casos de perda de viabilidade em produtos lácteos são mais comumente
relacionados com Bifidobacterium spp e L. acidophilus, freqüentemente durante a estocagem
refrigerada e em baixo pH, refletindo a necessidade de cuidados no critério de seleção das
cepas (GOMES; MALCATA, 1999).
Dentre os microrganismos que podem ser usados em produtos probióticos
podemos citar os Lactobacillus. Como exemplo, temos os L. acidophilus, L. casei, L.
johnsonii e bifidobactérias como Bifidobacterium bifidum e Bifidobacterium longum
(SANDERS, 1999), sendo que a dosagem efetiva de L acidophilus necessária para exercer
efeito benéfico no hospedeiro situa entre 10
7
-10
9
ufc/dia. E, segundo Gomes e Malcata
(1999), no momento do consumo, estes bioprodutos fermentados devem conter no mínimo
- 16 –
16
10
6
ufc/ml, pois a dosagem terapêutica é considerada como sendo entre 10
8
- 10
9
células
viáveis, o que é garantido através do consumo de 100g do produto contendo entre10
6
-10
7
ufc/dia.
Existem situações nas quais a viabilidade não é necessária para a atividade
probiótica, tais como digestão da lactose, modulação da atividade do sistema imune e efeito
anti-hipertensivo. Nestes casos, os efeitos benéficos à saúde têm sido atribuído à células não
viáveis ou seus componentes, atividades enzimáticas ou produtos da fermentação
(VINDEROLA; REINHEIMER, 2003).
Cebeci e Gürakan (2003) verificaram que cepas de L. plantarum também
apresentam algumas propriedades importantes com grande potencial para serem utilizadas
como probióticos, como a capacidade de adesão às células gastrointestinais, resistência à
acidez, ao suco gástrico e a alguns antibióticos, além de produzirem plantaricina, uma
substância antimicrobiana efetiva em relação a certos patógenos.
Johansson, Molin e Jeppsson (1993) isolaram e caracterizaram 250 cepas
provenientes da mucosa do cólon de 75 indivíduos e forneceram o probiótico à base de
lactobacilos para voluntários, e constataram que somente cinco cepas persistiram no jejuno e
cólon 11 dias após o término da administração. Nesse estudo as bactérias mais comumente
encontradas foram L. plantarum (85%), L. rhamnosus (23%) e L. reuteri (23%).
L. rhamnosus and L. plantarum toleram pH mais baixos do que outras
bactérias, e esta propriedade as tornam adequadas para serem usadas como alimentos
funcionais, possibilitando maior vida de prateleira do que quando comparadas às outras
bactérias. Ashenafi e Busse (1989) desenvolveram um produto à base de soja inoculado com 1
× 10
6
células de L. plantarum e constataram sua eficiência em relação à eliminação de altas
concentrações de Enterobacteriaceae, enterococos e Staphylococcus aureus.
Polimorfismo de DNA amplificado ao acaso
O gênero Lactobacillus compreende cerca de 60 espécies e subespécies,
sendo sua taxonomia considerada difícil devido a ampla heterogeneidade das espécies
(NIGATU et al., 2001). A caracterização genética e a manipulação de lactobacilos são
essenciais para definir sua contribuição na microbiota intestinal e explorar potencialmente
qualquer propriedade benéfica, pois considerando o enorme significado econômico dos
lactobacilos, este é pouco caracterizado quando comparado a outros microrganismos
considerados importantes industrialmente (KLAENHAMMER, 1998).
- 17 –
17
A taxonomia bacteriana clássica é baseada em características morfológicas e
fisiológicas, que incluem composição da parede celular, ácidos graxos celulares e outras
características da célula. As características moleculares tornaram-se importante ferramenta
taxonômica, tais como a % G+C do DNA, sendo que o gênero Lactobacillus possui G+C
entre 33 e 55%; propriedades eletroforéticas dos produtos de gene, hibridização DNA:DNA e
seqüência do RNA ribossomal (STILES; HOLZAPFEL, 1997).
Porém, atualmente, a taxonomia não é somente baseada em critérios
fisiológicos como temperatura de crescimento, resistência a diferentes concentrações de NaCl,
a antibióticos ou reações de fermentação, sendo também baseada em características
genotípicas e fenotípicas reveladas à nível molecular. A taxonomia polifásica é a combinação
de várias destas técnicas sendo capaz de diferenciar espécies que são fenotipicamente muito
similares, mas genotipicamente diferentes (KLEIN et al.,1998).
Os referidos autores verificaram que a maioria das culturas usadas em
produtos probióticos não possuem a designação apropriada de espécie, o que ocorre com os
gêneros Lactobacillus e Bifidobacterium, pois a maioria das bactérias definidas como L.
acidophilus pertencem às espécies L. johnsonii ou L. gasseri. Como conseqüência, a
taxonomia (incluindo identificação e classificação) é essencial para garantir a qualidade
estabelecida por leis governamentais e pelo consumidor.
Uma variedade de métodos em biologia molecular estão sendo recentemente
empregados para identificação de espécies probióticas de Lactobacillus, incluindo perfil de
plasmídeos, o RAPD (polimorfismo de DNA amplificado ao acaso) e DNA fingerprinting ou
pulseld-field eletroforese (PFGE), sendo os dois últimos métodos mais amplamente usados
para discriminação entre cepas (KLAENHAMMER, 1998).
Na reação de polimerase em cadeia (PCR), a enzima polimerase replica
seqüências de DNA a partir de um par de pequenos fragmentos iniciadores (primers) que
flanqueiam a região que se deseja amplificar. A amplificação desta seqüência em progressão
geométrica, torna possível sua visualização em gel de eletroforese em forma de bandas de
DNA (MULLINS, FERRE e GIBBS, 1994).
No inicio da década de 90 foi proposta uma alternativa para contornar o
problema do conhecimento prévio da seqüência de DNA flanqueadora do fragmento que se
desejava amplificar, possibilitando a utilização da técnica em organismos onde nenhum
conhecimento prévio da seqüência de DNA existia. Neste caso, utiliza-se apenas um primer,
mais curto (10 a 15 bases). A amplificação ao acaso é função da probabilidade de, após a
desnaturação da fita dupla de DNA, existir no genoma uma seqüência complementar ao
- 18 –
18
primer em uma das fitas, e, a uma distância que possa ser percorrida pela polimerase, uma
outra seqüência complementar ao primer na fita oposta. Portanto, esta reação ocorre devido ao
anelamento do primer único em pontos próximos do genoma, delimitando a região que será
amplificada (FERREIRA; GRATTAPAGLIA, 1996).
Os polimorfismos, provenientes de deleções ou inserções, visualizados em
gel de agarose, são denominados marcadores de RAPDs. Estes marcadores são dominantes,
pois são identificados com a presença de um fragmento específico de DNA amplificado de
um genótipo comparada com a ausência do mesmo fragmento de outro genótipo (presença
versus ausência de bandas), os quais são herdados de forma mendeliana (FERREIRA;
GRATTAPAGLIA, 1996).
Dentre as vantagens do uso de RAPD quando comparado a outros métodos
pode-se citar: grupos universais de primers podem ser usados na análise genômica de uma
ampla variedade de espécies; não há necessidade de trabalho preliminar como isolamento de
sonda de DNA clonado, preparação de filtros para hibridização ou sequenciamento de
nucleotídeos e cada marcador de RAPD é equivalente a uma seqüência de sitio alvo
(WILLIAMS et al., 1990). Entretanto deve-se tomar cuidado para se obter resultados
reprodutíveis (BJORKROTH; RIDELL; KORKEALA, 1996).
Reações de polimorfismo de DNA amplificado ao acaso (RAPD) e reação de
polimerase em cadeia (PCR) são técnicas que têm sido empregadas com sucesso para
identificar muitos microrganismos até o nível de estirpe. Em lactobacilos esta técnica é
empregada para distinção principalmente entre espécies de L. acidophilus, L. crispatus, L.
amylovorus, L. gallinarum, L. gasseri e L. johnsonii (KHALED et al., 1997).
Pesquisas que viabilizem a identificação de bactérias láticas (BAL) tornam-
se necessárias devido a diversidade de aplicação tecnológica de tais bactérias, principalmente
os lactobacilos. Segundo Quere, Deschamps e Uraci (1997) a identificação precisa de
bactérias é ambígua e complicada quando se utilizam métodos fenotípicos como fermentação
de carboidratos, devido ao aumento no número de espécies de BAL que variam nestes
caracteres.
Reuter, Kelin e Goldberg (2002), estudando Lactobacillus e Bifidobacterium
nos últimos 30 anos, compararam bactérias pertencentes aos grupos L. acidophilus , L. casei e
L. reuteri /L. fermentum provenientes de alimentos e de produtos farmacêuticos com espécies
obtidas de banco de culturas. Os autores observaram que os critérios fenotípicos permitiram
identificação do gênero e, na maioria dos casos, identificação correta das espécies. Entretanto,
- 19 –
19
resultados contraditórios foram observados e para confirmar identificações duvidosas ou
caracterizar cepas dentro das espécies, RADP foi considerado um método eficiente.
Torriane et al. (2001) avaliaram 30 cepas de lactobacilos utilizando nove
primers e verificaram que RAPD e RFLP (polimorfismo no comprimento de fragmentos de
restrição) foram métodos eficientes em discriminar espécies fenotipicamente relacionadas
como L. plantarum, L. paraplantarum e L. pentosus, pois métodos para identificação e
caracterização de cepas pertencentes ao grupo de L. plantarum são de grande interesse na
indústria de alimentos e outros campos da microbiologia. Todas as cepas testadas, com
exceção de uma delas, foram agrupadas segundo suas espécies. Para a diferenciação de
espécie, houve concordância entre estas metodologias, indicando que ambas mostraram ser
poderosas e seguras, permitindo a distribuição de novos isolados destas espécies. Quando
estudadas para caracterização intra-específica, ambas metodologias permitiram distinguir a
maioria das cepas estudadas.
Devido ao fato de que os lactobacilos isolados do trato gastrointestinal não
mostrarem freqüentemente conformidade com a classificação taxonômica baseada em
caracteres fisiológicos e bioquímicos, alternativas para se caracterizar cepas de lactobacilos de
tal origem tornam-se necessárias (KHALED et al., 1997). Desta forma, a tecnologia de RAPD
foi utilizada neste estudo para diferenciar a heterogeneidade genética entre os lactobacilos
provenientes do trato gastrointestinal humano.
O objetivo do presente trabalho foi isolar lactobacilos de fezes humanas e
identificá-los por meio de métodos bioquímicos e moleculares.
- 20 –
20
2 MATERIAL E MÉTODOS
O presente trabalho foi conduzido nos Laboratórios de Tecnologia de
Alimentos e no Laboratório de Genética Molecular do Departamento de Bioquímica e
Biotecnologia, ambos da Universidade Estadual de Londrina.
Microrganismos:
Os isolados foram obtidos de fezes de crianças de ambos os sexos, com até
um ano de idade, durante os meses de novembro e dezembro de 2004 da creche da
Universidade Estadual de Londrina.
Isolamento de Lactobacillus ssp
Foram coletadas amostras de fezes de seis crianças utilizando a técnica de
swab (KONEMAN et al, 1997). O swab foi colocado em 10 ml de caldo Rogosa (LBS) e
incubado a 37ºC por 24 horas. Para o isolamento foi utilizado o ágar MRS (de Man, Rogosa e
Sharpe, 1960), pH 5,4 adicionado de acetato (1,5%) e púrpura de bromocresol (0,045%) com
incubação a 37ºC (LABORATÓRIO, 1981).
As colônias que mostraram características típicas de Lactobacillus ssp, foram
transferidas com alça de platina para tubos contendo caldo MRS (37ºC por 24 horas). Após
turvação do meio os isolados foram submetidos ao teste de coloração de Gram e de esporos e
ao teste de catalase. (HARRIGAN e MCCANCE, 1976). A produção de catalase foi
verificada pela adição de uma gota de peróxido de hidrogênio a 3% em uma lâmina onde
misturou-se o inóculo, observando-se a efervescência. As colônias Gram positivas em forma
de bastonetes e catalase negativas foram cultivadas em caldo MRS modificado (contendo 5%
de glicose e isento de extrato de carne) e incubadas a 37ºC, por 24 horas, em tubos de cultura
contendo um tubo de Durhan invertidos, para verificar a produção de gás. Na coloração de
esporos utilizou-se o corante verde malaquita.
A capacidade dos isolados crescerem em diferentes temperaturas foi
avaliada, utilizando-se culturas ativas inoculadas na proporção de 1% em tubos contendo 5 ml
de LDR (Leite Desnatado Reconstituído) à 10% e incubadas a 15ºC por 3 e 10 dias, a 37ºC
- 21 –
21
por dois dias e 45ºC por três dias. O crescimento foi observado pela formação do coágulo no
leite no tempo indicado.
Verificou-se a capacidade das culturas em fermentar vários carboidratos,
sendo o caldo MRS modificado, omitindo-se o extrato de carne e adicionado-se 2% do
carboidrato teste (dextrose, frutose, galactose, lactose, maltose, manose, ramnose, sacarose,
sorbitol e xilose). Os carboidratos foram esterilizados separadamente do meio, sendo as
soluções vaporizadas por 20 minutos durante três dias consecutivos. Como indicador utilizou-
se 0,004% de púrpura de bromocresol. Após inoculação das culturas com alça de platina, os
tubos foram incubados a 37ºC por 48 horas. A leitura foi interpretada pela mudança da
coloração do indicador de azul para amarelo, o que indicava resultado positivo (DAVIS,
1955).
Análise de variabilidade genética
Linhagens de Lactobacillus usadas na análise de RAPD
As linhagens de lactobacilos utilizadas para fins comparativos, consideradas
como padrões, foram obtidas do Banco de Culturas (ver detalhes no anexo, com os
respectivos códigos) do Ital (Instituto de Tecnologia de Alimentos- Campinas SP) e são
provenientes do Banco de Culturas da Coréia: Lactobacillus acidophilus (KCTC 3111),
Lactobacillus casei (KCTC 1121), Lactobacillus rhamnosus (KCTC 3237/ ATCC 7469),
Lactobacillus johnsoni (KCTC 3138/ ATCC 332), e Lactobacillus paracasei (KCTC 3510);
da Fiocruz (Fundação Osvaldo Cruz -RJ): Lactobacillus brevis (00221/ATCC 367),
Lactobacillus fermentum (00225/ATCC 9338) e Lactobacillus plantarum (00007/ ATCC
8014) e cedidas pela Christian Hansen: Lactobacillus acidophilus (La-5
TM
) e Lactobacillus
casei (Lc-01
TM
), em envelopes de cultura comercial probiótica liofilizada e Danisco:
Lactobacillus helveticus. Todas as linhagens utilizadas, com exceção das cepas da Chr.
Hansen que eram liofilizadas, foram repicadas e mantidas em caldo MRS e armazenadas a –
20ºC, para serem posteriormente descongeladas e reativadas.
Isolamento de DNA
O DNA proveniente de isolados de Lactobacillus ssp foi extraído de acordo
com a metodologia de Luchansky, Tennant e Klaenhammer (1991) modificada. Após três
- 22 –
22
ativações consecutivas os isolados foram inoculados em 100 ml de caldo MRS por 24 horas.
Após a centrifugação por 10 minutos a 5000 rpm e duas lavagens em solução tampão TES (50
mM NaCl, 30 mM Tris, pH 8,0 e 5mM de
EDTA), as células foram ressuspensas em 0,5 ml
de tampão de lise (50 mM Tris, pH 8,0, 1 mM
EDTA, 20% de sacarose) contendo 4,0 µg/ml
de mutanolisina, 20 µg/ml de lisozima e RNAse (44µl/18 ml de tampão). As amostras foram
incubadas à 37ºC por 45 minutos.
As amostras foram então tratadas com 200 µl de SDS 20% incubadas à 65ºC,
até tornarem-se claras e menos viscosas (± 2 horas). Após homogeneização em vortex, foi
adicionado 20µl/amostra de proteinase K, seguida de outra homogeneização e incubação a
65ºC por 15 minutos. As amostras foram tratadas com extração por fenol-clorofórmio: fenol
(700µl/amostra) por duas vezes e clorofórmio (500µl/amostra). O DNA foi preciptado em
etanol (95 e 70%), seguido da adição de álcool 70%. As amostras permaneceram em estufa a
37ºC por ± 1 hora. Posteriormente adicionou-se 250µl/ de tampão TE (10mM Tris pH 8,0 e 1
mM de EDTA), sendo o DNA mantido a 37ºC por uma noite.
Quantificação do DNA
Para a quantificação do DNA dos isolados, foi feita a análise comparativa
das amostras coradas com brometo de etídio em géis de agarose. A técnica consiste na
utilização de uma seqüência ascendente de concentrações de solução-padrão de DNA
pipetadas lado a lado em gel de agarose, sendo utilizado neste experimento as concentrações
de 2,5 ng; 5,0 ng; 10 ng e 15 ng , à qual se comparou a uma amostra de concentração
desconhecida de DNA, neste caso, as amostras de DNA dos isolados. A observação da
imagem digitalizada do mesmo gel, proporcionou uma estimativa aproximada da
concentração de DNA das soluções testadas (FERREIRA; GRATTAPAGLIA, 1996).
Primers testados
As seqüências de DNA foram amplificadas com primers produzidos pela
Operon Tecnologies, Alameda, USA. Os primers testados foram: W5, X4, W2, W4, W20,
W11, W19, X3, X5, X9, X13, X14, X12, W14, W6, X9, sendo que nos seis últimos
obtiveram-se os melhores resultados de amplificação. Nas reações de amplificação, o volume
total foi de 10µl e os reagentes estão listados na Tabela 1.
- 23 –
23
Tabela 1: Reagentes do coquetel para amplificação do DNA (quantidade para uma reação).
Reagentes
Volume (µl)
Água “ Milli-Q” esterilizada
5,3 µl
Tampão 10x
1,0 µl
MgCl2 (1,5mM)
0,5 µl
DNTPs (0,4 mM de cada nucleotídeo)
1,0 µl
Primer (10pmol)
1,0 µl
Taq DNA polimerase (1U)
0,2 µl
Amplificação do DNA (RAPD)
Para amplificação do DNA utilizou-se o termociclador , sendo cada reação
submetida a 40 ciclos após desnaturação inicial a 92ºC de 3 minutos. Cada ciclo se constituiu
de 40 segundos a 92ºC, 1 minuto de 30 segundos a 40ºC e 2 minutos a 72ºC. Os ciclos foram
seguidos de uma extensão final de 5 minutos a 72ºC e 10 minutos a 10ºC (FERREIRA;
GRATTAPAGLIA, 1996).
Análise de Polimorfismo
Os produtos amplificados foram separados por eletroforese em gel de
agarose 2% , utilizando tampão de corrida TBE (Tris base, ácido bórico, EDTA 0,5M pH 8,0),
2 µl de tampão de carregamento e corados por brometo de etídio. O tempo de corrida
eletroforética foi de três horas a uma tensão de 70V. Os fragmentos amplificados e separados
por eletroforese foram comparados com aqueles do DNA de tamanho molecular conhecido,
(“1 Kb Plus DNA Ladder”), evidenciados sob luz UV (SAMBROOK et al., 1989) e
documentados em um fotodocumentador. Cada isolado foi analisado quanto à presença e
ausência de produtos de amplificação.
Análise Estatística
A análise de RAPD foi determinada por comparação dos perfis
eletroforéticos do DNA amplificado dos indivíduos analisados, com cada um dos primers. Os
- 24 –
24
dados obtidos por amplificação ao acaso de DNA (RAPD) foram analisados pelo programa
computacional NTSYS. PC (Numerical Taxonomy and Multivariate Analysis System)
(ROHLF, 1987). Os dados introduzidos na forma de variáveis binárias, ou seja, o número 1
significa a presença de banda e o número 0 a ausência. Desta forma, o programa construiu
uma matriz de similaridade utilizando-se o coeficiente de Jaccard (SNEATH; SOKAL, 1973).
O valor do coeficiente de similaridade (J) foi calculado pela fórmula: J= a /a + b + c, onde “a”
corresponde ao número de concordâncias positivas e, “b” e “c” correspondem ao número de
discordâncias. Os dados da matriz de similaridade foram então utilizados pelo programa para
construção do dendograma pelo método UPGMA “Unweighted Pair-Group Method With
Arithmetical Averages”.
- 25 –
25
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Isolamento de Lactobacillus ssp
As 75 colônias isoladas apresentaram-se como Gram positivas, sendo a
maioria bacilos (cocobacilos, bacilos longos e finos) e raramente cocos. A predominância de
bastonetes Gram positivos confirmou a eficácia do meio de cultura utilizado, o LBS. Foram
pré-selecionados 30 isolados, cuja morfologia era de bacilos isolados ou em fileiras, catalase
negativos, não produziram gás em caldo MRS modificado e que não produziam esporos.
Na Figura 1 pode-se observar o isolado L25 que apresenta como
característica morfológica a presença de bastonetes longos.
Figura 1: Foto da coloração de Gram do isolado L25.
- 26 –
26
Estes isolados foram submetidos aos testes bioquímicos de identificação. No
teste de fermentação de carboidratos (Tabela 2) observaram-se variações nas capacidades
fermentativas dos isolados.
Tabela 2: Fermentação de carboidratos para caracterização dos isolados de lactobacilos.
Isolados Dextros
e
Frutose Galactos
e
Lactose Maltose Manose Ramnos
e
Sacarose Sorbitol Xilose
L1 + + + ( ) + + ( ) ( ) + -
L2 + + + + + + ( ) + - -
L3 + + + + + + ( ) + - -
L4 + + + + + + ( ) + - -
L5
+ + + + + + ( ) + - -
L6
+ + + + + + ( ) + - -
L7 + + + + + + ( ) + - -
L8 + + + + + + ( ) + - -
L9 + + + + + + ( ) + - -
L10 + + + + + + ( ) + - -
L11 + + + + + + ( ) + # -
L12 + + + + + + - - - -
L13 + + + + + + - - - -
L14 + + + + + + - - - -
L15 + + + + + + - - - -
L16 + + + + + + - + - -
L17 + + + + + + - + - -
L18 + + + + + + - # # -
L19 + + + + + + - + + -
L20 + + + + + + - + + -
L21 + + + + + + # + + #
L22 + + + + + + # + + #
L23 + + + + + ( ) # + + -
L24 + + + + + + - + + -
L25 + + + # + + # + + -
L26 + + + ( ) + + ( ) + + -
L27 + + ( ) ( ) + + ( ) + + -
L28 + + + + + + ( ) + + -
L29 + + + + + + + + + ( )
L30 + + + + + + ( ) + + -
+ = reação positiva
- = reação negativa
( ) = reação lenta
# = fraca
Os resultados de crescimento em diferentes temperaturas de incubação estão
na Tabela 3. Os isolados L4 e L5 cresceram a 37ºC e 45ºC, porém não a 15ºC. Estes
resultados estão compatíveis com os critérios estabelecidos inicialmente por Orla Jensen
(1919) e posteriormente por Sharpe (1962) e Manual de Bergey (1986). O não crescimento a
15ºC constitui o critério mais útil para classificação de L. acidophilus, enquanto que o
crescimento a 45ºC não permite tal diferenciação. Entretanto, espécies de lactobacilos
isoladas de fezes, como L casei, L. brevis e L. plantarum crescem a 15ºC.
- 27 –
27
Tabela 3: Crescimento dos isolados em leite desnatado reconstituído (LDR) a 10% em
diferentes temperaturas de incubação.
Isolado 37ºC/ 48 horas 45ºC/3 dias 15ºC/ 3 dias 15ºC/15 dias
L4 + + - -
L5 + + - -
L12 + + - *
L19 + - - *
L20 + - - *
L22 + - - *
L23 + - - *
L24 + - - *
* coágulo fraco
Xanthopoulos et al. (2000) avaliaram o crescimento de lactobacilos em LDR
10% incubados a 30º, 37º e 40º C por 24 horas e verificaram melhor crescimento dos isolados
a 37º e 40ºC, sendo que o pH do leite foi menor do que 5,0 para a maioria das culturas, sendo
considerado uma importante característica para a produção de leite fermentado.
De acordo com a Tabela de Identificação do API e Manual de Bergey (1986),
os isolados poderiam ser correspondentes às bactérias descritas na Tabela 4.
Tabela 4: Identificação provável dos isolados segundo a Tabela de Identificação API e
Manual de Bergey (1986).
Isolado Espécie provável Isolado Espécie provável
L1 L. gasseri L16 L.reuteri/L. fermentum
L2 L. fermentum L17 L.reuteri/L. fermentum
L3 L. fermentum L18 Nd
L4 L. acidophilus L19 L. casei/L. plantarum
L5 L. acidophilus L20 L. casei/L. plantarum
L6 L.reuteri L21 L. plantarum
L7 L.reuteri L22 L.. plantarum/ L. paracasei
L8 L.reuteri L23* L. brevis
L9 L.reuteri L24 L. salivarius/ L. plantarum/
L. casei
L10 L.reuteri L25 L. casei
L11 L.reuteri L26 L. casei
L12 L casei L27 L. brevis
L13 L.reuteri/ L casei L28 L. acidophilus /L.
salivarius
L14 L.reuteri/ L casei L29 L. rhamnosus/ L. salivarius
L15 L.reuteri/ L casei L30 L. salivarius/L. acidophilus
Nd: não determinado; * porém sorbitol +
- 28 –
28
Em função dos resultados apresentados nas Tabelas 3 e 4, podemos concluir
que os isolados selecionados apresentaram diferenças no perfil bioquímico e no
comportamento frente às temperaturas de crescimento. Pela interpretação dos resultados de
assimilação de carboidratos (Tabela 2) e aplicando-se a Tabelas de Identificação do API e do
Manual de Bergey, os isolados poderiam ser pertencentes às espécies L.reuteri, L. gasseri, L.
casei, L. plantarum, L. fermentum, L. salivarius, L. rhamnosus, L. brevis e L. paracasei. Em
relação à temperatura de crescimento (Tabela 3) os isolados L4 e L5 poderiam pertencer ao
grupo L. acidophilus.
Análise de variabilidade genética
Na análise de marcadores RAPD, a técnica demonstrou a existência de
diferenças genéticas entre os isolados. Dentre os 16 primers utilizados, seis (OPW 14 e 16,
OPX 9, 12, 13 e 14) proporcionaram eficiência na amplificação das amostras, gerando um
total de 110 bandas polimórficas, demonstrando 100% de polimorfismo. Os primers
selecionados geraram um número apreciável de bandas, onde apenas as bandas mais intensas
foram analisadas.
As bandas geradas foram analisadas e uma matriz correspondente à
distribuição das mesmas foi construída como descrito em Material e Métodos. Estas bandas
foram utilizadas para a construção de uma matriz de similaridade representada na Tabela 5. A
partir dos valores de similaridade genética obteve-se um filograma utilizando-se o algoritmo
UPGMA como metodologia de agrupamento.
- 29 –
29
Tabela 5: Dados de similaridade genética entre os isolados.
Isolado Lp Lai Lac Lb Lr Lh Lf Lcc Lci Lpl Lj
L2
0,21276 0,13043 0,15217 0,08000 0,26190 0,15384 0,15384 0,30434 0,30232 0,18750 0,20454
L22
0,24074 0,12727 0,14545 0,18518 0,14545 0,12903 0,25000 0,14754 0,22222 0,19642 0,18867
L1
0,18000 0,17391 0,14583 0,14285 0,14583 0,14814 0,24000 0,24000 0,18367 0,07272 0,14583
L3
0,22917 0,12500 0,19565 0,07692 0,27906 0,19231 0,19231 0,31914 0,28889 0,20408 0,19565
L4
0,22222 0,13636 0,13333 0,06122 0,30769 0,18367 0,13725 0,28888 0,22727 0,17021 0,21428
L5
0,18750 0,13043 0,17777 0,05882 0,26190 0,20000 0,15384 0,33333 0,27272 0,21276 0,20454
L8
0,18750 0,13043 0,17777 0,05882 0,26190 0,20000 0,15384 0,33333 0,27272 0,21276 0,20454
L6
0,18750 0,13043 0,17777 0,05882 0,26190 0,20000 0,15384 0,33333 0,27272 0,21276 0,20454
L7 0,18750 0,13043 0,17777 0,05882 0,26190 0,20000 0,15384 0,33333 0,27272 0,21276 0,20454
L9 0,18750 0,15550 0,17777 0,08000 0,29268 0,20000 0,15384 0,33333 0,27272 0,18750 0,23355
L10 0,11111 0,09756 0,12195 0,02173 0,17948 0,10417 0,12765 0,23255 0,22500 0,16279 0,15000
L11 0,22727 0,19512 0,11111 0,08510 0,31578 0,23913 0,14000 0,29545 0,23255 0,17391 0,25000
L12 0,20930 0,17500 0,06667 0,06521 0,20000 0,14583 0,10000 0,22222 0,18604 0,15556 0,09090
L13 0,17777 0,17073 0,06521 0,06382 0,19512 0,16666 0,07690 0,24444 0,18181 0,20454 0,13953
L14 0,20930 0,14634 0,06667 0,08880 0,23077 0,12244 0,10000 0,22222 0,21428 0,15556 0,09090
L15 0,17777 0,14285 0,06522 0,06382 0,22500 0,16667 0,05660 0,21739 0,18181 0,20454 0,11363
L18 0,18000 0,17391 0,2222 0,19148 0,22222 0,16981 0,26530 0,34782 0,23404 0,22916 0,17021
L17 0,17647 0,17021 0,19149 0,21276 0,24444 0,23529 0,23529 0,18867 0,18000 0,17647 0,12000
L19 0,14583 0,11111 0,18604 0,01960 0,10869 0,11538 0,16000 0,20833 0,17391 0,17021 0,13333
L20 0,11111 0,12500 0,17948 0,02173 0,12195 0,10417 0,08163 0,20454 0,13953 0,13636 0,15000
L21 0,20402 0,17391 0,12245 0,14285 0,19565 0,16981 0,19231 0,29166 0,11538 0,15686 0,17021
L23 0,08620 0,09430 0,15686 0,15384 0,15686 0,13793 0,11864 0,15789 0,19230 0,18867 0,22916
L24 0,11864 0,12962 0,21568 0,16666 0,16981 0,15000 0,16949 0,16949 0,16071 0,17857 0,21568
L25 0,20000 0,17021 0,19148 0,16326 0,14285 0,18867 0,23529 0,28571 0,13461 0,17647 0,19148
L28 0,20833 0,15217 0,14893 0,10000 0,10204 0,19607 0,24489 0,15094 0,14000 0,18367 0,08000
L26 0,22641 0,13207 0,19607 0,24000 0,17307 0,25925 0,17241 0,19298 0,12280 0,20370 0,19607
L27 0,07273 0,05882 0,14583 0,12000 0,10000 0,12727 0,08771 0,12727 0,09434 0,20408 0,17021
L29 0,27083 0,14285 0,14000 0,26086 0,18750 0,20754 0,16363 0,12280 0,13207 0,15094 0,14000
L30 0,13953 0,15789 0,07143 0,24324 0,12500 0,18181 0,18181 0,13043 0,11627 0,19512 0,15384
Lai 0,17500
Lci 0,34883
Lp (L. paracasei), Lai (L. acidophilus), Lac (L. acidophilus), Lb (L. brevis), Lr (L. reuteri), Lh (L. helveticus), Lf
(L. fermentum), Lcc (L. casei) Lci (L. casei), Lpl (L. plantarum) e Lj (L johnsoni).
A porcentagem de similaridade entre as cepas padrões da Chr. Hansen e
ITAL de L. acidophilus foi considerada baixa, sendo de 17,5% e entre os padrões de L. casei
foi de 34,8%.
Sánchez et al. (2006) avaliaram 136 estirpes de lactobacilos isolados de
queijos através de RAPD e verificaram similaridade de 60,65% entre as cepas de L.
plantarum, evidenciando alta diversidade genética, considerando-as selvagens. A diversidade
genética de L. paracasei subsp. paracasei foi demonstrada não somente pelo número de
genótipos obtidos como também pelo baixo nível de similaridade. Os autores também
constataram a separação de dois padrões de L. curvatus em dois clusters diferentes.
A metodologia de RAPD para caracterização de cepas de lactobacilos
isoladas do trato intestinal humano é considerada uma alternativa complementar aos métodos
tradicionais de sistemática, sendo encontrada, neste experimento, uma boa correlação em
ambas metodologias pois o dendrograma obtido (Figura 2) demonstrou a separação clara de
- 30 –
30
quatro grupos distintos, sendo um deles formado pelas espécies padrão L. paracasei, L.
plantarum, L. acidophilus (ITAL), L. casei (Chr. Hansen- Lc 01
TM
), L. rhamnosus e L. casei
(ITAL), possuindo características comuns, pois possivelmente algumas cepas foram
selecionadas para serem metabolicamente ativas no trato gastrointestinal. Estes resultados
evidenciaram que RAPD foi capaz de diferenciar diversas espécies de lactobacilos, pois
apresentaram baixa similaridade, apesar dos dois padrões de L. casei estarem neste mesmo
cluster.
O outro grupo, apresentando baixa variabilidade, foi formado pelos isolados
L2, L3, L4, L5, L6, L7, L8, L9, L10, L11, L12, L13, L14 e L15. Estes resultados estão de
acordo com a Tabela 4 de identificação bioquímica, pois alguns destes isolados seriam da
mesma espécie (L. reuteri), sendo os isolados L5, L6 e L8 100% similares, embora L5 tenha
sido anteriormente classificado L. acidophilus. No terceiro grupo pode-se observar claramente
que alguns isolados como L22, L23, L24, L27, L19 e L20 estão todos dentro do mesmo
cluster com similaridade em torno de 27%, sendo que alguns destes isolados foram
posteriormente selecionados (capítulos 2 e 3), pois possuem em comum, a tolerância aos sais
biliares, condições ácidas e ao fenol. O quarto grupo, contendo os padrões L. fermentum, L.
acidophilus (Chr. Hansen – La-5
TM
) e L. helveticus apresentaram também alto polimorfismo.
A Figura 3 mostra o eletroforograma, onde observa-se um grande número de
bandas polimórficas, provenientes da amplificação com o primer X9.
- 31 –
31
Figura 2: Dendograma de similaridade genética obtido empregando-se coeficiente de Jaccard
e método UPGMA para os isolados de lactobacilos, utilizando os dados obtidos
pela técnica de RAPD. Seqüência: L2, L3, L5, L8, L6, L7, L9, L11, L4, L10,
L12, L13, L15, L14, L. paracasei, L. plantarum, L. acidophilus Ital, L. casei (Chr.
Hansen- Lc 01
TM
), L. reuteri, L. casei- ITAL, L22, L23, L24, L27, L19, L20, L1,
L21, L25, L18, L. fermentum, L17, L. acidophilus (Chr. Hansen- La -5
TM
), L.
helveticus, L28, L30, L26, L29, L. brevis e L. johnsoni.
- 32 –
32
Figura 3: Polimorfismo de DNA amplificado ao acaso – RAPD de 33 isolados de
Lactobacillus ssp empregando o primer X9 , linha 2 a 36. Isolados L2, L22, L1,
L3, L4, L5, L8, L6, L7, L9, L10, L11, L12, L13, L14, L15, controle, 1 Kb, L18,
L17, L19, L20, L21, L23, L24, L25, L28, L26, L27, L29, L30, L. paracasei, L.
acidophilus (ITAL), L. acidophilus (Chr.Hansen La-5
TM
), L. brevis. O padrão de
massa molecular (linha 1 e 19) 100 pb ladder (Invitrogen Life Techologies.
Eletroforese em gel de agarose a 2% corada com brometo de etídio).
Nigatu et al. (2001) testaram um total de 41 cepas de lactobacilos, incluindo
àquelas consideradas referências, e verificaram que todas as cepas de L. plantarum foram
claramente discriminadas a 72% de similaridade através de RAPD. As subespécies de L. casei
também foram agrupadas separadamente e parecem ter mais bandas em comum com o mesmo
peso molecular com cepas de outras espécies do que entre elas. Os resultados deste estudo
mostraram que o procedimento de RAPD é capaz de separar espécies distintas e relacionadas
em vários níveis de similaridade.
Khaled et al. (1997) avaliaram 88 cepas de lactobacilos através de RAPD
isoladas de bancos de cultura e algumas delas provenientes do trato gastrointestinal de ratos e
verificaram que algumas cepas eram similares a L. salivarius, L. brevis e L. fermentum. Os
autores constataram também grandes distâncias genéticas entre as cepas de L. acidophilus .
- 33 –
33
Klein et al. (1998) identificaram lactobacilos isolados de humanos, aves e
bovinos e constataram que esta metodologia é adequada para diferenciação entre espécies do
grupo acidophilus (L. acidophilus, L. gasseri, L. johnsoni e L. amylovorus), pois cada espécie
apresentou um padrão específico de banda.
Ahrné et al. (2006) identificaram lactobacilos provenientes de fezes de
crianças com uma, duas, quatro e oito semanas de idade e aos 6, 12 e 18 meses através de
RAPD. Os autores consideraram que quando os isolados da mesma criança mostravam o
mesmo perfil de bandas na análise de RAPD, estes eram considerados pertencentes a mesma
espécie. Foram identificadas as seguintes espécies de lactobacilos: L. rhamnosus, L.
paracasei, L. gasseri, L. fermentum, L. reuteri , L. plantarum , L. delbrueckii e L. salivarius.
Martín, Langa e Riviriego (2003) isolaram bactérias lácticas do leite materno
e pele de oito mães voluntárias e também das fezes e cavidade oral dos bebês e verificaram
um mesmo perfil entre os isolados dentro de cada par (mãe e bebê) através de RAPD nos três
primers testados, sendo identificados como L. gasseri. As demais bactérias em forma de
bastonetes com perfil diferente de bandas foram identificadas como L. fermentum .
Dal Bello e Hertel (2006) compararam a presença de espécies de lactobacilos
nas fezes e cavidade oral de humanos através de RAPD e constataram que a composição das
espécies era característica cada indivíduo e que algumas espécies idênticas ocorriam em
ambos habitats como L. gasseri, L. sakei, L. vaginalis e grupo L. casei exibindo o mesmo
perfil de RAPD. Verificaram também que cepas da mesma espécie isoladas de diferentes
indivíduos mostraram diferentes perfis de RAPD. Os autores concluíram que RAPD foi
considerada uma técnica apropriada para tipificação molecular de lactobacilos do grupo L.
acidophilus além de L. plantarum e L. rhamnosus.
Drake et al. (1996) utilizaram um único primer para diferenciar 16 cepas de
L. helveticus. Devido ao fato de tratar-se de bactérias da mesma espécie, algumas bandas
similares foram observadas em todas as linhas. Os autores ressaltaram que a identificação e
purificação das bandas consideradas únicas dentro de cada amostra, poderia ser usado para
identificação direta de cada estirpe. Primers específicos poderiam ser gerados para amplificar
as bandas únicas ou uso de marcadores em cada estirpe.
Richard et al. (2001) compararam através de semi-RADP, método que utiliza
dois primers consistindo parte do gene que codifica a enzima malolática (específica para
identificação de bactérias lácticas) e ainda também uma seqüência arbitrária; cepas de L.
rhamnosus isoladas de saliva de crianças com cepas consideradas referência (banco de
- 34 –
34
culturas ATCC). Foram encontrados diferentes perfis dentro das cepas estudadas gerando
padrões genômicos adequados para caracterização de espécies.
Por outro lado, Nishitani et al. (2004) avaliaram por meio de RAPD 45
lactobacilos isolados de fezes humanas e de produtos fermentados e verificaram resultados
conflitantes quando confrontados com identificação por PCR quando tratavam-se de espécies
relacionadas com L. plantarum como L. paraplantarum e L. pentosus. Os autores agruparam
estes isolados em 4 clusters A, B, C e D e constataram além da baixa similaridade entre eles,
que era de 40%, estes clusters não eram espécie específico. Entretanto, 10 dos 14 isolados de
humanos foram incluídos no mesmo cluster e oito isolados mostravam baixa similaridade com
qualquer um dos demais clusters, concluindo que RAPD é uma ferramenta útil para distinguir
espécies relacionadas de lactobacilos.
- 35 –
35
4 CONCLUSÃO
Os isolados foram agrupados em quatro clusters, sendo que em um deles,
formado pelas cepas L2, L3, L4, L5, L6, L7, L8, L9, L10, L11, L12, L13, L14 e L15,
verificou-se alta similaridade havendo correlação com os dados bioquímicos. Os isolados
padrões também apresentaram alto polimorfismo.
- 36 –
36
REFERÊNCIAS
AHRNÉ, S.; LONNERMARK, E.; WOLD, A.E.; ABERG, N.; HESSELMAR, B.;
SAAALMAN, R.; STRANNEGARD, I.; MOLIN, G.; ADLERBERTH, I. Lactobacilli in the
intestinal microbiota in Swedish infants. Microbes and Infection, Paris, 2006. (no prelo).
ASHENAFI, M.; BUSSE, M. Inhibitory effect of Lactobacillus plantarum on Salmonella
infantis, Enterobacter aerogens and Escherichia coli during Tempeh fermentation. Journal
of Food Protection, Iowa, v. 52, p. 169–172, 1989.
BERGEY, D.H.; SNEATH, P.H.A.; MAIN, S.N.; SHARPE, M.E.; HOLT J.G. Bergey’s
Manual of systematic bacteriology. Baltimore: Williams e Wilkins, 1986. 1599 p.
BJORKROTH, J., RIDELL, J.; KORKEALA, H. Characterization of Lactobacillus sake
strains associating in production of ropy slime by randomly polymorphic DNA (RAPD) and
pulseld-field electroforesis (PFGE). International Journal of Food Microbiology,
Amsterdam, v. 31, p.59-68, 1996.
CHARTERIS, W.P.; KELLY, P. M.; MORELLI, L. Development and application of an in
vitro methodology to determine the transit tolerance of potentially probiotic Lactobacillus and
Bifidobacterium species in the upper human gastrointestinal tract. Journal of Applied
Microbiology, Oxford, v. 84, p.759-768, 1998.
CEBICI, A.; GÜRAKAN, C. Properties of potencial probiotic Lactobacillus plantarum
strains. Food Microbiology, London, v. 20, p.511-518, 2003.
DAL BELLO, F.; HERTEL, C. Oral cavity as natural reservoir for intestinal Lactobacilli.
Systematic and Applied Microbiology, Stuttgart, 2006.(no prelo).
DE MAN, J.C.; ROGOSA, M.; SHARPE, M.E. A medium for the cultivation of lactobacilli.
J. Applied Bacteriology, Oxford, v. 23, nº 1, p. 130-135, 1960.
DAVIS, G.H. The classification of lactobacilli from the human mouth. Journal of General
Microbiology, London, v.13, p.481-93, 1955.
DRAKE, M.A.; SMALL, C.L.; SPENCE, K.D.; SWANSON, B.G. Differentiation of
Lactobacillus helveticus using molecular typing methods. Food Research International,
Barking, GB, v. 29, n: 5-6, p. 451-456, 1996.
- 37 –
37
ERKKILA, S.; PETAJA, E. Screening of commercial meat starter cultures at low pH and in
the presence of bile salts for potential probiotic use. Meat Science, Barking, GB, v.55, p. 297-
300, 2000.
FERREIRA, M.E.; GRATTAPAGLIA, D. Introdução ao uso de marcadores moleculares
em análise genética. 2. ed. Brasília: EMBRAPA-CENARGEN, 1996. 220p.
FOOKS, L.J.; FULLER, R.; GLENN, R.; GIBSON, G.R. Prebiotics, probiotics and human
gut microbiology. International Dairy Journal , Barking, GB,v.9, n.1, p.53-61, 1999.
GIBSON, G.R.; WILLIANS, C.M. Gut fermentation and health advantagens: myth or reality?
British Journal of Nutrition, Cambridge, v.81, p.83-94, 1999.
GOMES, A.M.P.; MALCATA, X. Bifidobacterium ssp. and Lactobacillus acidophilus:
biological, biochemical, technological and therapeutical properties relevant for use as
probiotics. Trends in Food Science and Technology, Cambridge,v.10, p.139-157, 1999.
HAVENAAR, R.; HUIS IN´T VELD, J.H.J. Probiotics; a general review In: Wood, B. (Ed)
The Lactic acid Bacteria in Health and Disease. Barking:Elsevier, 1992. 151-170.
HARRIGAN, W.F.; McCANCE, M.E. Laboratory methods in food and dairy
microbiology. London:Academic Press, 1976. 452p.
JOHANSSON, M.L.; MOLIN, G.; JEPPSSON, B. Administration of different Lactobacillus
strains in fermented oatmeal soup: In vivo colonization of human intestinal mucosa and effect
on the indigenous flora. Applied and Environmental Microbiology, Washington,v. 59, p.
15–20, 1993.
KLAENMHEMMER, T.R. Functional activities of lactobacillus probiotics: genetic mandate.
International Dairy Journal, Barking, v. 8, p.497-505, 1998.
KLEIN, G.; PACK, A.; BONAPARTE, C.; REUTER, G. Taxomony and physiology of
probiotic lactic acid bacteria. International Journal of Food Microbiology, Amsterdam, v.
41, p.103-125, 1998.
KHALED, A.D.D.; NEILAN, B.A.; HERIKSSON, A.; CONWAY, P.L. Identification and
phylogenetic analysis of Lactobacillus using multiplex RAPD-PCR. FEMS Microbiology
Letters, Amsterdam, v. 153, p. 191-197, 1997.
- 38 –
38
KONEMAN, E.; ALLENS, S.; DOWELL, V. Color atlas and textbook of diagnostic
microbiology. 5. ed. Nova York: Lippincott, 1997. 321 p.
LABORATÓRIO NACIONAL DE REFERÊNCIA ANIMAL. Métodos Analíticos Oficiais
para Controle de Produtos de Origem Animal e seus ingredientes. Brasília, 1981. v. 1.
LUCHANSKY, J. B.; TENNANT, M. C.; KLAENHAMMER, T. R. Molecular cloning and
DNA polymorphisms in Lactobacillus acidophilus and L. gasseri. Journal of Dairy Science,
Champaign, Ill, v. 74, p. 3293-3302, 1991.
MACFARLANE, G.T.; ALLISON, C.; GIBSON, S.A.W. Comparation of fermentation
reactions in different regions of the human colon. Journal Applied Bacteriology, Oxford, v.
67, p.525-527, 1988.
MACFARLANE, G.T.; MACFARLANE, S. Human colonic microbiota: ecology, physiology
and metabolic potential of intestinal bacteria. Scandinavian Journal of Gastroenterology.,
Olso, v. 222 (Suppl.), p.3-9,1997.
MACFARLANE, G.T.; CUMMINGS, J.H. Probiotics and prebiotics: can regulating the
activities of intestinal bacteria benefit health? British Medical Journal, London, v. 318,
p.999-1003. 1999.
MACKIE, R. I.; SGHIR, A.; GASKINS, H. R. Developmental microbial ecology of neonatal
gastrointestinal tract. American Journal of Clinical Nutrition, New York, v. 69 (suppl),
p.1035s-1045s, 1999.
MARTÍN, R.; LANGA, S.; REVIRIEGO, C. Human milk is a source of lactic acid bacteria
for the infant gut. Journal of Pediatrics, Sait Louis, Mo, v. 143, p.754-758, 2003.
MULLINS, K.B; FERRE F.; GIBBS; R.A. The polymerase chain reaction (Hardcover).
New York:Springer-Verlag, 1994, 550p.
NIGATU, A.; ARHNÉ, S.; MOLIN, G. Randomly amplified polymorphic DNA (RAPD) for
the distinction of Lactobacillus species. Antonie van Leeuwenhoek, Ámsterdam, v. 79, p.1-
6, 2001.
NISHITANI, Y.; SASAKI, E.; FUJISAWA, T.; OSAWA, R. Genotypic analises of
Lactobacilli with a range of tannase activities isolated from human feces and fermented food.
Systematic and Applied Microbilogy, Stuttgart, v. 27, p. 109-117, 2004.
- 39 –
39
ORLA JENSEN, S. La classification des bacteries lactiques. Les Ulis, Fr, v. 4, p.468-47,
1919.
PARKER, R. B. Probiotics, the other half of the antibiotics story. Animal Nutrition and
Health, v. 29, p.4-8. 1974.
QUERE, F.; DESCHAMPS, A.; URDACI, M.C. DNA probe and PCR-specific reaction for
Lactobacillus plantarum. Journal of Applied Microbiology, Oxford, v. 82, p. 783-790,
1997.
REUTER, G.; KELIN, G.; GOLDBERG, M. Identification of probiotic cultures in food
samples. Food Research International, Barking, v. 35, p. 117-124, 2002.
RICHARD, B.; GROISILLIER, A.; BADET, C.; DORIGNAC, G.; LONVAUD-FUNEL, A.
Identification of salivary Lactobacillus rhamnosus species by DNA profiling and a sepecific
probe. Research Microbiology, Amsterdam, v. 152, p. 157-165, 2001.
ROBERFROID, M.D. Funcional effects of food components and the gastrointestinal system:
chicory fructooligossacharides. Nutrition Reviews , New York,v.54, p. s38-s42, 1996.
ROHLF, F. J. NTSYS, P.C. Micro-computer programs for numerical taxonomy and
multivariate analysis. American Statistician, Washington,v.41, p.330, 1987.
SAMBROOK, J.; FRISTSCH, E.F.; MANIATS, T. Molecular cloning: a laboratory manual.
2
th
ed. New York:Cold Spring Harbor Laboratory Press; Cold Spring Harbor, 1989.
SÁNCHEZ, I.; SESENÃ, S.; POVEDA, J.; CABEZAS, L.; PALOP, L. Phenotypic and
genotypic characterization of lactobacilli isolated from Spanish goat cheese. International
Journal of Food Microbiology, Amsterdan, 2006. (no prelo).
SANDERS, M.E. Probiotics. Food Technology, Chicago, v. 53, p. 67-75, 1999.
SHARPE, E.M. Taxonomy of the lactobacilli. Dairy Science Abstracts, Farnham Royal, GB,
v. 24, n.3,109-19, 1962.
SNEATH, P.H.A.; SOKAL, R.R. (Eds.). Numerical Taxonomy. San Francisco: Freeman,
1973.
- 40 –
40
STILES, M.E.; HOLZAPFEL, W.H. Lactic acid bacteria of foods and their current taxonomy.
International Journal of Food Microbiology, Amsterdam, v. 36, p.1-29, 1997.
SULLIVAN, M. G. Metabolism of bifidogenic factors by gut flora: a overview. Bulletin/
International Dairy Federation, Brussels,. p. 23-29. 1996.
TORRIANI, S.; CLEMENTI, F.; VANCANNEYT, HOSTE, B.; DELLAGLIO, F.;
KERSTERS, K. Differentiation of Lactobacillus plantarum, L. pentosus and L.
paraplantarum species by RAPD-PCR and AFLP. Systematic and Applied Microbiology,
Stuttgart, v. 24, p.554-560, 2001.
VINDEROLA, C.G.; REINHEIMER, J.A. Lactic acid starter and probiotic bacteria: a
comparative “ in vitro” study of probiotic characteristics and biological barrier resistence.
Food Research International, Barking, v. 36, p.895-904, 2003.
WILLIAMS, J. G. K.; KUBELIK, A., R.; LIVAK, K. ; RAFALSKI, J.A.; TINGEY, S.
DNA polymorphims amplified by arbitrary primers are useful as genetics markers. Nucleic
Acids Research, Oxford, v. 18, n. 22, 6531-6535, 1990.
XANTHOPOULOS, V.; LITOPOULOU-TANETAKI, E.; TZANETAKIS, N.
Characterization of Lactobacillus isolates from infant faeces as dietary adjuncts. Food
Microbiology, London, v. 17, p.205-215. 2000.
- 41 –
41
CAPITULO 2
- 42 –
42
SUSCEPTIBILIDADE “ IN VITRO” À ACIDEZ, SAIS BILIARES E FENOL DE
LACTOBACILOS ISOLADOS DE FEZES DE CRIANÇAS.
RESUMO
Foi realizado um experimento em que 30 cepas de lactobacilos, isoladas de fezes de crianças
com até um ano de idade, foram avaliadas “in vitro” na sua capacidade de resistir a condições
específicas do trato gastrointestinal, como resistência aos sais biliares (Oxgall), a acidez e
tolerância à concentração de 0,3% de fenol. Cepas de L. casei (Lc 01
TM
) e L. acidophilus (La-
05
TM
) foram incluídas como controle. Observou-se que oito isolados possuem as
propriedades desejáveis para sobreviverem às condições do trato gastrointestinal e se
caracterizaram como promissoras para serem usadas como probiótico.
Palavras chave: L. casei, L. acidophilus , trato gastrointestinal, propriedades probióticas.
ISOLATED Lactobacillus STRAINS: SUSCEPTIBILITY TO THE
GASTROINTESTINAL CONDITIONS AND ANTIBIOTICS RESISTANCE “IN
VITRO”.
ABSTRACT
An assay was carried out screening 30 strains of Lactobacillus from infants (below one year
old), feces and it was evaluated the bacterial resistance to the bile salts (Oxgall), acidity, and
0.3% phenol concentration. L. casei (Lc 01
TM
) e L. acidophilus (La-05
TM
) commercial strains
were used as control. The results indicated that eight of the investigated strains were able to
survive under gastrointestinal stress condition, allowing their use as probiotics.
Key words: gastrointestinal tract, L. casei, L. acidophilus, probiotic properties.
- 43 –
43
1 INTRODUÇÃO
Os probióticos, conhecidos como microrganismos viáveis comumente
adicionados aos alimentos, são normalmente administrados oralmente, principalmente em
produtos lácteos (HAMILTON; SHAH; WINKLER, 1999). Para os probióticos utilizados
desta forma, é importante a sua sobrevivência durante o trânsito através do trato
gastrointestinal, o que implica na habilidade destes microrganismos em sobreviverem à acidez
do estômago e à bile, para que possam exercer seus efeitos benéficos no hospedeiro
(COLLINS; THORNTON; O’ SULLIVAN, 1998).
Os microrganismos ingeridos juntamente com o alimento iniciam sua
trajetória no trato intestinal através da boca, sendo expostos durante seu trânsito a sucessivos
fatores estressantes que influenciarão a sua sobrevivência. Logo no início, deverão resistir às
enzimas da cavidade oral, entre elas a lisozima. Posteriormente, outro ambiente hostil, é o
estômago, sendo considerado que o tempo de entrada e liberação do estômago é de
aproximadamente 90 minutos (BERRADA; LEMELAND; LAROCH, 1991).
A sobrevivência das bactérias ao suco gástrico depende da sua habilidade em
tolerar o baixo pH. O pH do ácido clorídrico secretado no estômago é de 0,9, que em presença
de alimento aumenta para 3,0 (ERKKILA; PETAJA, 2000).
Cerca de 2,5 litros de suco gástrico com pH de aproximadamente 2,0 são
secretados por dia no estômago causando a destruição da maioria dos microrganismos. Neste
sentido, a resistência ao trânsito gástrico em humanos é um importante critério de seleção para
microrganismos probióticos, sendo considerado que a habilidade de uma bactéria probiótica
sobreviver a passagem através do estômago é variável e estirpe-dependente (CHARTERIS;
KELLY; MORELLI, 1998).
A bile, secretada no fígado e lançada no intestino delgado, reduz a
sobrevivência das bactérias por destruir sua membrana celular, cujos principais componentes
são os lipídeos e ácidos graxos (GILLILAND; SPECK, 1987). A taxa de secreção pelo fígado
e a concentração da bile depende, principalmente, do tipo de alimento consumido
(LANKAPUTHRA; SHAH, 1995) e, segundo Conway, Gorbach e Golden (1987), a
concentração de bile no trato gastrointestinal humano, em um determinado momento, é
variável e difícil de predizer.
Os sais biliares são sintetizados no fígado a partir do colesterol, armazenados
na vesícula biliar, e liberados no duodeno após a ingestão de alimentos gordurosos, tendo
- 44 –
44
função detergente (ERKKILA; PETAJA, 2000). Entretanto, alguns microrganismos são
capazes de reduzir este efeito detergente pela habilidade de hidrolisar sais biliares e diminuir
sua solubilidade, através da enzima sais biliares hidrolase (BSH). A atividade BSH tem sido
encontrada em muitos gêneros, incluindo Lactobacillus. A resistência aos sais biliares varia
muito entre as espécies de Lactobacillus e também entre as cepas, sendo este mecanismo
ainda desconhecido (PENNACHIA et al., 2004).
Não existe correlação entre o potencial da bactéria desconjugar sais biliares e
sua habilidade em resistir ao efeito da bile, sendo que ainda não está clara a função fisiológica
desta atividade hidrolítica. Por outro lado, a reabsorção de sais biliares primários/secundários
na circulação entero-hepática é reduzida após sua desconjugação. E, devido ao fato de que o
aumento na concentração de ácido biliar pode afetar a carcinogênese no intestino grosso, a
discussão sobre os riscos e benefícios da desconjugação de sais biliares na saúde, em
humanos, permanece contraditória (HALLER; COLBUS; GANZLE, 2001).
Além dos sais biliares, existe no intestino a presença de compostos tóxicos
como por exemplo, o fenol. Este composto é produzido pela microbiota intestinal pois, como
esta é composta por diferentes espécies bacterianas, há a conversão de várias substâncias em
produtos tanto benéficos como nocivos ao hospedeiro (MITSUOKA, 1996). Bactérias
intestinais como as enterobactérias, peptostreptococos, clostrídios e eubactérias produzem
urease, que hidrolisa a uréia em substâncias potencialmente tóxicas como amônia, fenóis,
aminas farmacologicamente ativas e indol, que normalmente são detoxificadas no fígado
antes da excreção nas fezes e urina (RASIC; KURMANN, 1983).
Diante disto, o objetivo do presente trabalho foi selecionar, através de testes
“in vitro” que simulam as condições do trato gastrointestinal, alguns isolados com
características probióticas.
- 45 –
45
2 MATERIAL E MÉTODOS
O presente trabalho foi conduzido no Laboratório de Tecnologia de
Alimentos da Universidade Estadual de Londrina e no Laboratório de Microbiologia e
Bioquímica da Universidade Estadual do Oeste do Paraná.
Microrganismos:
Os isolados foram obtidos de fezes de crianças de ambos os sexos da creche
da Universidade Estadual de Londrina, com até um ano de idade, durante os meses de
novembro e dezembro de 2004.
Estes isolados foram testados quanto à resistência aos sais biliares, tolerância
às condições ácidas e fenol.
Manutenção dos isolados:
Todos os isolados, com exceção das cepas da Chr. Hansen que eram
liofilizadas, foram repicados em mantidos em caldo MRS adicionado de glicerol e
armazenados a –20ºC para serem oportunamente descongelados e reativados.
Reativação:
A reativação dos isolados foi realizada a partir de 1% (v/v) das culturas
congeladas, inoculadas em caldo MRS e posteriormente incubadas a 37ºC durante 24 horas.
Este procedimento foi repetido três vezes.
Determinação de resistência aos sais biliares:
Para determinação da resistência aos sais biliares, após três reativações em
caldo MRS, os isolados foram inoculados na proporção de 1% (v/v), em caldo MRS e em
caldo MRS adicionado de 0,3% de bile (Oxgall). Procedeu-se a determinação da absorbância
do cultivo em espectrofotômetro a 620 nm, nos tempos 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 10, 12, 15, 18, 21 e
24 horas. Foram feitas também as contagens dos isolados submetidos aos tratamentos com e
- 46 –
46
sem Oxgall, através do plaqueamento em profundidade em ágar MRS, nos tempos 0 e 24
horas (GILLILAND; STALEY; BUSH, 1984).
As bactérias consideradas resistentes à bile foram selecionadas para os testes
a seguir e comparadas com cepas padrão de L. casei (Lc 01
TM
) e L. acidophilus (La-05
TM
).
Tolerância às condições ácidas:
Foi realizado um experimento em esquema fatorial 3X4, sendo os fatores
representados pelo pH (caldo MRS ajustado para pH 2,0; 3,0 e 6,5 através da adição de HCl)
e pelo tempo. Determinou-se a contagem das células viáveis através do plaqueamento em ágar
MRS incubados 37ºC por 2 a 3 dias, nos tempos 0, 1, 2 e 3 horas (LIN ; CHEN, 2000).
Determinação de tolerância ao fenol:
A tolerância ao fenol foi verificada inoculando-se 1% v/v da cultura ativa em
100 ml leite desnatado reconstituído (LDR) a 10%, contendo 0,3% de fenol, sendo feitas
determinações de pH e acidez titulável (LABORATÓRIO, 1981). O delineamento
experimental foi o de blocos ao acaso, sendo a unidade experimental representada pelos
isolados, e três repetições.
Os dados obtidos foram analisados por intermédio do Sistema de Análises
Estatísticas – SAEG, UFV (1999). Os tratamentos foram comparados pelo teste Student
Neuman Keuls a 5 % de probabilidade, sendo feitas análises de regressão nos diferentes
tempos para os dados provenientes da tolerância a condições ácidas.
- 47 –
47
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os 30 isolados pré-selecionados foram testados para verificar sua resistência
a bile. Os resultados de crescimento, em logaritmo das ufc/ml, estão apresentados na Tabela
1. Segundo Gilliland, Staley e Bush (1984), para uma bactéria ser considerada resistente à
bile, esta deverá atingir o valor 0,3 de absorbância após 6 horas de incubação. Comparando-se
os resultados de crescimento (Tabela 1) com os de absorbância obtidos (Tabela 2), verificou-
se que os isolados L4, L24, L20, L23, L19, L22 poderiam ser classificados como resistentes,
apesar de apresentarem valores de absorbância maiores que 0,3 somente após 10 horas de
incubação.
Tabela 1: Resistência aos sais biliares dos isolados após crescimento em cultivos com 0,3%
de Oxgall.
MRS
Normal
MRS +
Oxgall
Isolado Tempo 0 Tempo 24 Crescimento Tempo 0 Tempo 24 Crescimento
L1 6,63 8,56 1,93 6,51 6,70 0,19
L2 6,58 8,79 2,21 6,35 7,14 0,79
L3 6,48 8,85 2,37 6,50 6,35 -0,15
L4 7,40 9,12 1,72 6,88 8,74 1,86
L5 6,82 9,07 2,25 6,77 7,67 0,90
L6 6,52 8,71 2,19 6,22 6,42 0,20
L7 6,60 8,64 2,04 6,54 6,27 -0,27
L8 6,38 8,77 2,39 6,18 6,10 -0,08
L9 6,50 8,93 2,43 6,60 6,68 0,08
L10 6,69 8,97 2,28 6,49 6,51 0,02
L11 6,61 8,81 2,20 6,47 6,72 0,25
L12 6,51 8,56 2,05 6,50 6,99 0,49
L13 6,60 8,82 2,22 6,47 6,41 -0,06
L14 6,83 8,91 2,08 6,77 6,56 -0,21
L15 6,81 8,69 1,88 6,69 6,59 -0,10
L16 6,46 8,42 1,96 6,11 5,61 -0,50
L17 6,64 8,89 2,25 6,61 1,75 -4,86
L18 7,12 9,20 2,08 5,00 3,48 -1,52
L19 7,31 8,52 1,21 7,15 8,15 1,00
L20 7,30 9,12 1,82 7,06 8,57 1,51
L21 7,31 8,90 1,59 5,08 4,95 -0,13
L22 7,35 8,83 1,48 7,10 8,08 0,98
L23 7,22 8,88 1,66 7,07 8,28 1,21
L24 7,25 9,20 1,95 7,17 8,68 1,51
L25 7,47 9,38 1,91 4,93 5,19 0,26
L26 8,67 8,48 0,19 6,18 5,77 -0,41
- 48 –
48
L27 6,87 8,68 1,81 6,43 6,49 0,06
L28 6,80 9,11 2,31 6,66 7,43 0,77
L29 6,87 8,80 1,93 6,46 6,27 -0,19
L30 6,71 8,76 2,05 6,72 6,45 -0,27
Resultados médios com valores expressos em Logarítmos do número de unidades formadoras de colônias
(UFC/ml).
Crescimento= log
10
(população final) - log
10
(população inicial)
Tabela 2: Valores médios de absorbância a 620 nm dos isolados selecionados após 10 horas
de incubação à 37ºC em meio MRS contendo 0,3% de sais biliares.
Cepas Caldo MRS controle Caldo MRS + 0,3% de Oxgall
L4 2,081 1,690
L24 2,260 1,793
L20 2,215 1,644
L23 2,092 0,932
L19 2,102 1,775
L22 2,236 1,674
De acordo com os resultados obtidos, pode-se classificar as bactérias
isoladas, segundo Deschamps et al., (apud SARON 2003), em quatro grupos diferentes, o
primeiro grupo é representado pelas culturas resistentes, ou seja, aquelas que apresentam um
rápido crescimento em meio contendo Oxgall, como os isolados L24, L4, L22, L19, L23, L5 e
L20. As Figuras 1 a 7, apresentadas a seguir, representam o comportamento destes isolados
em meio MRS contendo o agente inibidor, Oxgall, na concentração de 0,3%.
- 49 –
49
0,000
0,500
1,000
1,500
2,000
2,500
3,000
024681012141618202224
Tempo (hs)
Abs 620 nm
L24 normal
L24 Oxgall
Figura 1: Curva de crescimento do isolado L24 em caldo MRS normal e MRS contendo
0,3% de Oxgall
0,000
0,500
1,000
1,500
2,000
2,500
3,000
024681012141618202224
Tempo (hs)
Abs 620 nm
L4 normal
L4 Oxgall
Figura 2: Curva de crescimento do isolado L4 em caldo MRS normal e MRS contendo 0,3%
de Oxgall.
- 50 –
50
0,000
0,500
1,000
1,500
2,000
2,500
3,000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24
Tempo (hs)
Abs 620 nm
L22 normal
L22 Oxgall
Figura 3: Curva de crescimento do isolado L22 em caldo MRS normal e MRS contendo
0,3% de Oxgall.
0,000
0,500
1,000
1,500
2,000
2,500
3,000
0 2 4 6 8 1012141618202224
Tempo (hs)
Abs 620 nm
L19 normal
L19 Oxgall
Figura 4: Curva de crescimento do isolado L19 em caldo MRS normal e MRS contendo
0,3% de Oxgall.
- 51 –
51
0,000
0,500
1,000
1,500
2,000
2,500
3,000
024681012141618202224
Tempo (hs)
Abs 620 n
m
L23 normal
L23 Oxgall
Figura 5: Curva de crescimento do isolado L23 em caldo MRS normal e MRS contendo
0,3% de Oxgall.
0,000
0,500
1,000
1,500
2,000
2,500
3,000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24
Tempo (hs)
Abs 620 nm
L5 normal
L5 Oxgall
Figura 6: Curva de crescimento do isolado L5 em caldo MRS normal e MRS contendo 0,3%
de Oxgall.
- 52 –
52
0,000
0,500
1,000
1,500
2,000
2,500
3,000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24
Tempo (hs)
Abs 620 nm
L20 normal
L20 Oxgall
Figura 7: Curva de crescimento do isolado L20 em caldo MRS normal e MRS contendo
0,3% de Oxgall.
Verificou-se que as curvas de crescimento mostraram-se semelhantes, com
aumento nos valores de absorbância somente após as 10 horas de incubação, exceto o isolado
L5 que obteve no tempo 10 horas o valor em d.o. de 0,208 e após mais duas horas de
incubação este valor aumentou para 0,434 .
As culturas tolerantes são aquelas que não se desenvolvem rapidamente em
meio MRS contendo bile, como o isolado L12. A Figura 8 representa a curva de crescimento
do isolado selecionado L12 que apresentou valor de densidade óptica de 0,426 após 15 horas
de incubação.
0,000
0,500
1,000
1,500
2,000
2,500
3,000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24
Tempo (hs)
Abs 620 nm
L12 normal
L12 Oxgall
Figura 8: Curva de crescimento do isolado L12 em caldo MRS normal e MRS contendo
0,3% de Oxgall.
- 53 –
53
As culturas pouco tolerantes são consideradas aquelas que somente
sobrevivem na presença de sais biliares como os isolados L1, L25, L29, L21, L7, L10, L9,
L26, L15, L2, L11, L13, L14, L3, L27 e culturas sensíveis, que não crescem e se degradam na
presença de sais biliares, como os isolados L8, L17, L30 e L16.
A tolerância diferenciada de lactobacilos na presença de sais biliares foi
também constatado por Gardiner et al. (2002) que avaliaram a tolerância de L. fermentum e L.
rhamnosus em diferentes concentrações de Oxgall (0,0; 0,15; 0,3; 0,5; 0,8 e 1,0%) e
verificaram que a viabilidade de ambos não foi reduzida nas concentrações de 0,3 e 0,5 % de
Oxgall, concluindo que tais bactérias poderiam ser consideradas tolerantes a bile, uma vez que
a concentração de 0,3% é considerada fisiologicamente relevante.
Entretanto, Gilliland, Staley e Bush (1984) compararam a habilidade de sete
cepas de lactobacilos em crescer em MRS, com e sem 0,3% de Oxgall, e verificaram que
quando comparadas com o caldo controle, o Oxgall mostrou-se inibitório para todas elas,
selecionando apenas três cepas.
Garcia (1999) observou que das 21 cepas pré-selecionadas, ou seja, 52% das
culturas apresentaram absorbância, em comprimento de onda de 620 nm, maior que 0,3 após
6 horas de incubação, obtendo os valores de densidade óptica que variaram entre 0,6435 a
1,2522 para os isolados considerados mais resistentes.
Os resultados de resistência à acidez dos isolados selecionados estão na
Tabela 3. Foram observadas interações significativas entre pH e tempo, sendo que os
coeficientes de variação oscilaram entre 3,33 e 9,96.
Verificou-se que no tempo 0 não houve diferença significativa nas
contagens, pelo teste de SNK (P<0,05), entre diferentes valores de pH estudados; entretanto
os isolados L4, L12, L19, e L23 apresentaram as contagens em pH 2,0 menores e
estatisticamente diferentes em relação às observadas em pH 3,0 e controle; sendo estes dois
valores de pH estatisticamente semelhantes, exceto o isolado L22, que apresentou médias
semelhantes em pH 2,0 e 3,0.
Após 1 hora de incubação, constatou-se diferença nas médias obtidas em pH
2,0 em relação ao pH 3,0 e controle, exceto para os isolados L22 e L. casei, cujas contagens
diferiram estatisticamente nos três valores de pH. Nos tempos 2 e 3 horas, verificou-se que as
contagens diferiram estatisticamente em pH 2,0; 3,0 e controle em todos os isolados, exceto
L20 e L23 que obtiveram médias estatisticamente semelhantes entre pH 3,0 e controle, sendo,
portanto os isolados que apresentaram menor influência do baixo pH (pH 3,0) nas contagens.
- 54 –
54
Tabela 3: Crescimento (log ufc/ml) dos isolados expostos ao ácido clorídrico (HCl 0,1 N) por
até 3 horas.
Isolado Tempo (hs)
0 1 2 3
L4 Controle
6,88 ± 0,14
a
6,95± 0,04
a
7,11 ±0,16
a
7,46± 0,10
a
L4 pH 2,0
6,30 ±0,20
b
3,78 ±0,01
b
0,00 ±0,00
c
0,00 ±0,00
c
L4 pH 3,0
6,84 ±0,11
a
6,85 ±0,15
a
6,44 ±0,31
b
6,28 ±0,22
b
L5 Controle
6,95 ±0,06
a
6,90 ±0,10
a
7,11 ±0,08
a
7,54 ±0,12
a
L5 pH 2,0
6,47 ±0,65
a
0,00 ±0,00
b
0,00 ±0,00
c
0,00 ±0,00
c
L5 pH 3,0
6,87 ±0,06
a
6,73 ±0,21
a
6,08 ±1,00
b
5,39 ±1,09
b
L12 Controle
6,59 ±0,08
a
6,71 ±0,15
a
6,73 ±0,11
a
7,35 ±0,31
a
L12 pH 2,0
5,28 ±1,11
b
4,88 ±0,05
b
0,00 ±0,00
c
0,00 ±0,00
c
L12 pH 3,0
6,41 ±0,15
a
6,27 ±0,41
a
4,5 ±1,17
b
5,05 ±0,02
b
L19 Controle
7,26 ±0,17
a
7,30 ±0,20
a
7,43 ±0,17
a
7,45 ±0,12
a
L19 pH 2,0
6,39 ±0,53
b
0,00 ±0,00
b
0,00 ±0,00
c
0,00 ±0,00
c
L19 pH 3,0
7,16 ±0,13
a
7,14 ±0,15
a
6,36 ±0,40
b
5,87 ±0,01
b
L20 Controle
7,22 ±0,38
a
7,21 ±0,33
a
7,31 ±0,33
a
7,38 ±0,35
a
L20 pH 2,0
6,55 ±0,09
a
4,45 ±0,03
b
3,04 ±0,02
b
0,00 ±0,00
b
L20 pH 3,0
7,17 ±0,41
a
6,97 ±0,64
a
6,86 ±0,78
a
6,84 ±0,81
a
L22 Controle
7,36 ±0,25
a
7,33 ±0,20
a
7,36 ±0,22
a
7,49 ±0,26
a
L22 pH 2,0
6,21 ±0,40
b
4,63 ±0,01
c
2,34 ±0,01
c
0,00 ±0,00
c
L22 pH 3,0
6,25 ±0,55
b
6,23 ±0,63
b
6,05 ±0,36
b
6,01 ±0,38
b
L23 Controle
6,99 ±0,07
a
7,18 ±0,06
a
7,22 ±0,05
a
7,38 ±0,10
a
L23 pH 2,0
6,14 ±1,24
b
0,00 ±0,00
b
0,00 ±0,00
b
0,00 ±0,00
b
L23 pH 3,0
7,04 ±0,04
a
7,04 ±0,05
a
7,33 ±0,56
a
6,89 ±0,32
a
L24 Controle
7,25 ±0,17
a
7,29 ±0,20
a
7,33 ±0,14
a
7,51 ±0,28
a
L24 pH 2,0
7,17 ±0,15
a
0,00 ±0,00
b
0,00 ±0,00
b
0,00 ±0,00
c
L24 pH 3,0
7,00 ±0,09
a
7,17 ±0,09
a
7,26 ±0,18
a
7,09 ±0,39
b
L.casei Controle
7,23 ±0,31
a
7,26 ±0,23
a
7,32 ±0,28
a
7,42 ±0,27
a
L. casei pH 2,0
7,08 ±0,42
a
1,81 ±0,01
c
0,00 ±0,00
b
0,00 ±0,00
c
L. casei pH 3,0
7,15 ±0,41
a
6,18 ±0,06
b
6,30± 0,01
c
6,80± 0,04
b
*Valores médios provenientes de 3 repetições, expressos em Log (UFC/ml).
Médias seguidas pela mesma letra, nas colunas, não diferem entre si pelo teste de Student Neuman Keuls a 5%
de probabilidade.
Os isolados que apresentaram maior resistência em pH 2,0 foram L20 e L22,
que perderam a viabilidade somente após 3 horas de incubação.
Succi et al. (2005) testaram 63 cepas de L. rhamnosus em relação a sua
habilidade em crescer em baixos valores de pH, sendo utilizado ácido clorídrico ou a
combinação de ácido láctico e clorídrico com diferentes porcentagens de sais biliares (1,0; 1,5
e 2,0%). Dentre os isolados estudados, somente três cepas mostraram maior crescimento em
tais condições. Observaram também redução de 2 a 3 ciclos log após 2 ou 4 horas de
incubação em pH 3,0 e, em pH 2,0, ocorreu diminuição entre 6 a 8 ciclos log . Entretanto,
- 55 –
55
quando o pH foi ajustado para 7,0 e adicionou-se 2,0% de sais biliares, observaram melhor
sobrevivência para a maioria das cepas testadas, concluindo que os microrganismos foram
mais afetados pela faixa de pH, que pela exposição a diferentes concentrações de sais biliares.
Chou e Weimer (1999) isolaram e caracterizaram cepas de L. acidophilus
ajustando o pH do meio MRS para 4,0; 5,0; 6,0 ou 7,0 acrescentando 0,3% de ácido
glicócolico, glicodesoxicólico, taurocólico ou oxgall .Os autores observaram que em pH 4,0
todos os isolados testados foram inibidos nos ácido glicocólico e oxgall, enquanto que após 24
horas de incubação a maioria das cepas cresceu em pH 5,0 ou 7,0 em presença dos sais
biliares.
Neumann e Ferreira (1995) avaliando três cepas de lactobacilos isoladas de
humanos verificaram sensibilidade após 24 horas em presença de suco gástrico artificial, pois
após 3 horas as contagens obtidas, em log, foram de 1,74; 2,37 e 3,22. Oxgall a 0,3% pareceu
ser inibitório para as três culturas, atingindo absorbância maior que 0,3 somente após 8 horas
de incubação. Os autores ressaltam tais isolados poderiam ser resistentes “in vivo” visto que
este experimento não permitiu a recirculação dos sais biliares, que remove os sais
desconjugados do trato intestinal humano que possui efeito mais inibitório do que os
conjugados.
Ronka et al. (2003) utilizaram duas cepas de L. brevis e avaliaram o efeito do
baixo pH, por meio da adição de ácido clorídrico e também a suplementação de 0,3% de
Oxgall ao caldo MRS. Os autores verificaram que ambas as cepas mantiveram sua viabilidade
no caldo em pH 4,0, entretanto, quando houve diminuição do pH para 2,0, houve uma redução
de 2 a 7 ciclos log no número de células viáveis após 3 horas de incubação. Em presença de
bile as contagens obtidas para o tempo 0 foram de 4,88 X 10
7
e 3,45 X 10
7
e no tempo 24
horas 1,22 X 10
7
e 3,60 X 10
7
, portanto, L. brevis poderia ser suplementado em iogurte ou
outro produto lácteo.
Xanthopoulos, Litopoulo-Tanetaki e Tzanetakis (2000) determinaram a
resistência de lactobacilos isolados de recém-nascido a condições de baixo pH, utilizando-se
solução tampão salina (PBS) ajustada para pH 3,0 e a sais biliares (0,15 e 0,50 %). A
viabilidade da maioria das bactérias diminuiu rapidamente após 2 horas sob condições ácidas,
sendo L. reuteri considerado menos resistente, apresentando contagem em log, de 1,70 e L.
paracasei subsp. paracasei a cepa mais resistente apresentando contagens de 9,69. Na
presença de Oxgall, ocorreram variações entre os isolados com relação ao crescimento, as
cepas mais resistentes, após 24 horas foram L. paracasei e L. rhamnosus, que apresentaram as
contagens médias de 7,93 e 8,96, respectivamente.
- 56 –
56
Gupta, Mital e Garg (1996) caracterizaram cepas de Lactobacillus
acidophilus para serem usadas como adjunto dietético e verificaram que na concentração de
0,3% de Oxgall, três cepas foram completamente inibidas, enquanto outras exibiram 44 a 82%
de inibição e que nenhum isolado cresceu em pH 2,0 quando ácido clorídrico era adicionado
ao caldo MRS; dados semelhantes também foram obtidos por Hood e Zottola (1988).
Entretanto, Conway, Gorbach e Golden (1987) observaram melhor taxa de sobrevivência de
L. acidophilus quando comparada a L. bulgaricus e S. thermophilus, em baixo pH.
Saron (2003) avaliou a resistência de Lactobacillus acidophilus La-5 às
condições de acidez (pH 2,5) no meio MRS adicionado de ácido clorídrico, com e sem a
suplementação de 2% lactulose e verificou que a sobrevivência de tal bactéria se manteve
praticamente igual em MRS com e sem suplementação durante as 3 horas de observação. O
número inicial de La-5 foi de 10
8
UFC/ml, reduzindo-se para 10
7
UFC/ml após 1 hora e 10
6
UFC/ml após 2 horas, sendo que, após 3 horas de incubação manteve-se em 10
6
UFC/ml. A
taxa de sobrevivência do L. acidophilus demonstrou que esta cultura é bastante resistente às
condições de acidez em pH 2,5. A resistência à concentração de 0,3% de sais biliares também
foi testada, sendo constatado que tal resistência aumentou com a presença de lactulose no
meio.
Suscovic et al. (1997) encontraram alta tolerância de L. acidophilus a pH 3,0.
Conway et al (1987) também observaram melhor taxa de sobrevivência de L. acidophilus
quando comparada a L. bulgaricus e S. thermophilus em baixo pH.
Haller, Colbus e Ganzle (2001) verificaram o efeito da fase de crescimento
de L. sakei no seu potencial para tolerar condições ácidas e bile. No início da fase exponencial
de crescimento (5-8 horas) o efeito bactericida do ácido clorídrico em combinação com o
ácido cólico foi máximo (redução > 5 log ), sendo que a tolerância foi aumentada (redução de
2,8 log) no final da fase exponencial (12 horas). A melhor tolerância (redução de 1,4 log) foi
evidenciada no final da fase exponencial (24 horas). No final da fase estacionária (48 horas) o
número de bactérias tolerantes (redução de 1,5 log) permaneceu similar quando comparada
com a fase estacionária, embora densidade celular tenha diminuindo de 8,1 para 7,4 log,
sugerindo que a fase de crescimento da bactéria afeta sua tolerância.
Pennachia et al. (2004) isolaram e identificaram 150 cepas de lactobacilos
verificaram que somente 27 cepas cresceram em presença de 0,3% de sais biliares e pH 2,5
(PBS) sendo completamente inibidas com o aumento do tempo de incubação.
Mainville, Arcand e Farnwoth (2005) estudaram o comportamento de
algumas cepas probióticas e verificaram que apesar de Lactobacillus GG apresentar redução
- 57 –
57
de 2 ciclos log após 15 minutos em pH 2,0 (utilização de ácido clorídrico); esta cepa pode
alcançar o cólon em número suficiente para apresentar efeitos benéficos a saúde e que,
somente bactérias altamente resistentes a condições ácidas sobreviveriam. Portanto, ao se
empregar critérios convencionais de exclusão, muitas cepas poderiam ser descartadas, apesar
de possuírem propriedades desejáveis à manutenção da saúde.
A baixa sobrevivência de cepas probióticas em condições que simulem a
passagem através do trato gastrointestinal segundo Erkkila e Petaja (2000), depende da estirpe
utilizada, sendo desta forma, necessário uma adequada seleção das cepas na elaboração de
produtos lácteos probióticos (VINDEROLA; REINHEIRMER, 2003).
Os isolados selecionados foram testados para verificar sua tolerância ao
fenol. Os resultados estão apresentados na Tabela 4.
Tabela 4: Valores determinados de pH e porcentagem de acidez dos isolados cultivados em
LDR (Leite Desnatado Reconstituído) a 10%, sem e com adição de 0,3% de fenol,
incubados por 3 dias a 35ºC.
Isolados pH controle pH com fenol % de Acidez
Controle
% de Acidez
com fenol
% Redução
L4
4,84±0,04 5,86±0,02 0,570±0,02 0,284±0,02
c
50,17
L5
4,66±0,12 5,49±0,16 0,624±0,09 0,348±0,06
c
44,23
L12
4,63±0,19 5,16±0,18 0,670±0,09 0,481±0,04
b
28,20
L19
5,17±0,35 5,73±0,13 0,407±0,08 0,304±0,03
c
25,31
L20
4,62±0,02 5,72±0,21 0,648±0,07 0,293±0,05
c
54,78
L22
5,20± 0,45 5,60±0,15 0,422± 0,11 0,321±0,04
c
23,93
L23
4,80±0,29 5,63±0,32 0,559±0,15 0,338±0,05
c
39,53
L24
5,25±0,48 5,95±0,10 0,396±0,12 0,268±0,04
c
32,32
L casei
3,87±0,20 5,91±0,49 1,163±0,15 0,294±0,08
c
74,72
L. acidophilus
3,54±0,05 4,04±0,07 1,749±0,19 1,039±0,07
a
40,59
*Valores médios provenientes de 3 repetições.
% Redução= % de acidez sem fenol - % de acidez com fenol/ % de acidez sem fenol.
Médias seguidas pela mesma letra, nas colunas, não diferem entre si pelo teste de Student Neuman Keuls a 5%
de probabilidade.
Os isolados L19, L22 e L24 apresentaram uma baixa acidificação do leite
durante o período de incubação, sendo encontrados os valores de pH de 5,17; 5,20 e 5,25,
respectivamente. Entretanto estes isolados apresentaram menor porcentagem de redução de
- 58 –
58
acidez. Estes valores de pH estão abaixo do considerado desejado a um produto fermentado,
pois de acordo com Ronka et al. (2003) este deverá oscilar entre 4,4 a 4,6. Da mesma forma,
Arici et al. (2004) verificaram que os valores de pH do leite, de cepas de lactobacilos
provenientes de crianças, foram menores que 5,50. Os isolados de mais acidificaram o leite
foram L5, L12 e L20.
Houve diferença significativa entre os diferentes isolados com relação à
acidez em presença de fenol pelo teste de SNK a 5 % de probabilidade. L. acidophilus e o
isolado L12 obtiveram maiores valores de acidez, sendo estes estatisticamente diferentes entre
si e também diferentes das demais bactérias, que apresentaram valores médios de acidez
estatisticamente semelhantes. Entretanto, deve-se ressaltar que todas os isolados cresceram na
presença de uma concentração de 0,3 % de fenol. PAULO (1991) verificou tolerância à
concentração de 0,3% de fenol e completa inibição de lactobacilos em presença de 0,5% deste
inibidor. Xanthopoulos, Litopoulo-Tanetaki e Tzanetakis (2000) verificaram um efeito
bacteriostático sobre lactobacilos, em presença de 0,4% de fenol.
- 59 –
59
4 CONCLUSÃO
Os oito isolados selecionados, L4, L5, L12, L19, L20, L22, L23 e L24,
apresentaram potencial de uso como probiótico, em função do comportamento demonstrado
sob condições ácidas, utilizando-se ácido clorídrico e presença de sais biliares, por meio da
adição de Oxgall ao meio MRS sendo também capazes de crescer na presença de fenol.
- 60 –
60
REFERÊNCIAS
ARICI, M.; BILGIN, B.; SAGDIG, O.; OZDEMIR, C. Some characteristics of Lactobacillus
isolates from infant faeces. Food Microbiology, London, v. 21, p. 19-24, 2004.
BERRADA, N.; LEMELAND, J.F.; LAROCH, G. Bifidobacterium from fermented milks:
survival during gastric transit. Journal of Dairy Science, Champaign, Ill, v. 74, p. 409-413,
1991.
CHARTERIS, W.P.; KELLY, P. M.; MORELLI, L. Development and application of an in
vitro methodology to determine the transit tolerance of potentially probiotic Lactobacillus and
Bifidobacterium species in the upper human gastrointestinal tract. Journal of Applied
Microbiology, Oxford, v. 84, p.759-768, 1998.
CHOU, L.; WEIMER, B. Isolation and characterization of acid- and bile-tolerant isolates
from strains of Lactobacillus acidophilus. Journal of Dairy Science, Champaign, Ill, v. 82,
p.23-31, 1999.
COLLINS, J.K.; THORNTON, G.; O’SULLIVAN, G. Selection of probiotic strains for
human applications. International Dairy Journal, Barking, v. 8, p. 487-490, 1998.
CONWAY, P.L.; GORBACH, S.L.; GOLDEN, B.R. Survival of lactic acid bacteria in the
human stomach and adhesion to intestinal cells. Journal of Dairy Science, Champaign, Ill, v.
70, p.1-12. 1987.
ERKKILA, S.; PETAJA, E. Screening of commercial meat starter cultures at low pH and in
the presence of bile salts for potential probiotic use. Meat Science, Barking, v.55, p.297-300,
2000.
GARCIA, S. Isolamento e caracterização de bactérias lácticas para uso como probiótico.
1999. 156 p. Tese (Doutorado em Tecnologia de Alimentos e Medicamentos) - Universidade
Estadual de Londrina, Londrina.
GARDINER, G.E.; HEINEMANN, C.; BAROJA, M.L.; BRUCE, A.W.; DEE, B.;
MADRENAS, J.; REID, G. Oral administration of the probiotic combination Lactobacillus
rhamnosus GR-1 and L. fermentum RC-14 for human intestinal applications. International
Dairy Journal, Barking, v.12, p. 191-196, 2002.
GILLILAND, S.E.; STALEY, T.E.; BUSH, L.J. Importance of bile tolerance of Lactobacillus
acidophilus used as a dietary adjunct. Journal Dairy Science, Champaign Ill, v. 67, p.3045-
3051, 1984.
- 61 –
61
GILLILAND, S.E.; SPECK, M.L. Deconjugation of bile acids by intestinal lactobacilli.
Applied and Environmental Microbiology, Washington, v. 33, p. 15-18, 1987.
GUPTA, P.K.; MITAL, B. K.; GARG, S. K. Characterization of Lactobacillus acidophilus
strains for use as dietary adjunct. International Journal of Food Microbiology,
Amsterdam, v. 29, p.105-109. 1996.
HALLER, D.; COLBUS, H.; GANZLE, M.G. Metabolic and functional properties of lactic
acid bacteria in the gastrointestinal ecosystem: a comparativa in vitro study between bacteria
of intestinal and fermented food origin. Systematic and Applied Microbiology, Stuttgart, v.
24, p.218-226, 2001.
HAMILTON, J.M.M.; SHAH, S.; WINKLER, J.T. Public health issues arising from
microbiological and labeling quality of foods and supplements containing probiotic
microorganisms. Public Health and Nutrition, v. 2, n.2, p. 223-229. 1999.
HOOD, S.K.; ZOTTOLA, S.A. Effect of low pH on the abiliy of Lactobacillus acidophilus to
survive and adhere to human intestinal cells. Journal of Food Science, Chicago, v. 53, p.
1514-1516, 1988.
LABORATÓRIO NACIONAL DE REFERÊNCIA ANIMAL. Métodos Analíticos Oficiais
para Controle de Produtos de Origem Animal e seus ingredientes. Brasília, 1981. v. 1.
LANKAPUTHRA, W.E.V.; SHAH, N.P. Survival of Lactobacillus acidophilus and
Bifidobacterium ssp in the presence of acid and bile salts. Cultured Dairy Products Journal,
Washington, v.30, p.2-7, 1995.
LIN, M.; CHEN, T. Reduction of cholesterol by Lactobacillus acidophilus in culture broth.
Journal of Food and Drug Analysis, v. 8, p. 97-102, 2000.
MAINVILLE, I.; ARCAND, Y.; FARNWORTH, E.R. A dynamic model that simulates the
human upper gastrointestinal tract for the study of probiotics. International Journal of Food
Microbiology, Amsterdam, v. 99, p.287-296, 2005.
MITSUOKA, T. Intestinal flora and human health. Asia Pacific Journal of Clinical
Nutrition, v 1, p.2-9, 1996.
NEUMANN, E.; FERREIRA, C.L.L.F. Lactobacillus acidophilus as a dietary adjunct: “in
vitro” susceptibility to gastric juice, bile salts, lysozyme and chemotherapeutic agents.
Revista de Microbiologia, São Paulo, v. 26 , p. 59-65, 1995.
- 62 –
62
PAULO, E.M. Isolamento e caracterização de Lactobacillus acidophilus de fezes de
suínos para uso como probiótico. 1991. 73 p. Tese (Mestrado em Microbiologia Agrícola) -
Universidade Federal de Viçosa, Viçosa.
PENNACHIA, C.; ERCOLINI, D.; BLAIOTTA, G.; PEPE, O.; MAURIELLO, G.;
VILLANI, F. Selection of lactobacillus strains from fermented sausages for their potential
use as probiotic. Meat Science, Barking, v. 67, p.309-317, 2004.
RASIC, J.L.; KURMANN, J.A. Bifidobacteria and their role. Basel: Birkhauser Verlag,
1983. 295 p.
RONKA, E.; MALINEN, E.; SAARELA, M.; RINTA-KOSKI, M.; AARNIKUNNAS, J.;
PALVA, A. Probiotic and milk technological properties of Lactobacillus brevis.
International Journal of Food Microbiology, Amsterdam, v.83, p.63-74. 2003.
SARON, M.L.G. Aproveitamento do permeado de soro de leite bovino através de
transformações da lactose em lactulose e como ingrediente para meios de cultura de
bactérias probióticas. 2003. 107 p. Tese (Mestrado em Alimentos e Nutrição) - Universidade
de Campinas, Campinas.
SUCCI, M.; TREMONTE, P.; REALE, A.; SORRENTINO, E.; GRAZIA, L.; PACIFICO, S.;
COPPOLA, R. Bile salts and acid tolerance of Lactobacillus rhamnosus strains isolated from
Parmigiano Reggiano cheese. FEMS Microbiology Letters, Amsterdam, v. 244, p. 129-137,
2005.
SUSCOVIC, J., BRKIC, B., MATOSIC, S., MARIC, V. Lactobacillus acidophilus M92 as
potential probiotic strain. Milchwissenschaft, München, v. 52, p.430-435.1997.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA – UFV. Manual de utilização do programa
SAEG (Sistema para Analises Estatísticas e Genéticas). Viçosa: Imprensa Universitária, p.
1999. 59 p.
VINDEROLA, C.G; REINHEIMER, J.A. Lactic acid starter and probiotic bacteria: a
comparative “ in vitro” study of probiotic characteristics and biological barrier resistence.
Food Research International, Barking, v. 36, p.895-904, 2003.
XANTHOPOULOS, V.; LITOPOULOU-TANETAKI, E.; TZANETAKIS, N.
Characterization of Lactobacillus isolates from infant faeces as dietary adjuncts. Food
Microbiology, London, v.17, p.205-215, 2000.
- 63 –
63
CAPITULO 3
- 64 –
64
UTILIZAÇÃO DE PREBIÓTICOS POR ISOLADOS DE LACTOBACILOS E SUA
RESISTÊNCIA A ANTIBIÓTICOS DA TERAPIA HUMANA
RESUMO
O presente trabalho teve como objetivo verificar a fermentação de oligossacarídeos por
lactobacilos isolados e previamente selecionados como também a resistência destes isolados a
alguns antibióticos comumente utilizados em humanos. Foi utilizado o caldo MRS isento de
glicose e extrato de carne adicionado de 1% de oligofrutose, inulina ou goma acácia. Para o
antibiograma, empregou-se o método de difusão em placa. Os resultados obtidos
evidenciaram que todas cepas foram capazes de utilizar os substratos testados. Os isolados
foram resistentes a eritromicina, porém não se determinou se esta característica era intrínseca
ou adquirida.
Palavras-chave: goma acácia, inulina, microflora intestinal, oligofrutose.
ISOLATED Lactobacillus spp RESISTANCE TO ANTIBIOTICS FROM THE
HUMAN THERAPY, AND THE USE OF PREBIOTICS BY THOSE STRAINS
ABSTRACT
The aim of the present work was to verify the oligosaccharides fermentation by eight selected
strains, isolated from infant feces, as well as the resistance of those strains to antibiotics
commonly used in humans. MRS medium was used in this experiment, substituting the
glucose by 1% of oligofructose, inulin or acacia gum. For the antibiogram, it was used the
disk diffusion method. The obtained results evidenced that all strains were able to metabolize
the substrates evaluated. All the isolated ones were resistant to streptomycin, however it was
not determined the plasmids presence for the verification of the resistance transmission.
Key words: Acacia gum, intestinal microflora, inulin, oligofrutose.
- 65 –
65
1 INTRODUÇÃO
Prebióticos e Simbióticos
As bactérias láticas, tais como os lactobacilos, são pertencentes ao grupo das
bactérias benéficas, e atualmente existe um interesse na manutenção da predominância destes
gêneros na microbiota intestinal humana. Em conseqüência, os probióticos têm sido usados
para esta finalidade. No entanto, estas mudanças podem ser transientes e a implantação destas
bactérias torna-se limitada (GORBACH; GOLDIN, 1992); frente a estas dificuldades
introduziu-se o conceito de prebióticos.
Tem sido sugerido que a habilidade das bactérias probióticas em utilizar
oligossacarídeos pode ser uma importante característica, devido à disponibilidade destes
carboidratos, uma vez que os mesmos não são metabolizados e absorvidos no intestino
delgado, influenciando assim no estabelecimento da microflora no cólon (MACFARLANE;
CUMMINGS,1999).
Os prebióticos são similares a outros carboidratos que alcançam o ceco,
como polissacarídeos não amiláceos, álcoois de açúcares e amido resistente, que são
substratos para a fermentação. Eles diferem no efeito seletivo exercido na microflora e em seu
potencial de causar flatulência (CUMMINGS e MACFARLANE, 2001).
Devido ao fato de que tais carboidratos são utilizados por somente algumas
cepas específicas de Lactobacillus e Bifidobacterium, dietas contendo os então denominados
substratos prebióticos poderiam favorecer tais bactérias.
Prebióticos têm sido definidos como ingredientes alimentares não
digestíveis, que afetam beneficamente o hospedeiro por estimular seletivamente o crescimento
e/ou atividade de um número limitado de bactérias no cólon. Entretanto, para um ingrediente
ser classificado como prebiótico, o mesmo não deverá ser hidrolisado ou absorvido no
intestino grosso, ser substrato seletivo para uma ou um número limitado de bactérias
benéficas comensais no cólon, as quais são estimuladas a crescer e/ou são metabolicamente
ativadas; sendo desta forma capazes de alterar a flora no cólon a favor de uma composição
saudável e induzir efeitos no lúmen ou sistêmicos que são benéficos para a saúde do
hospedeiro (GIBSON; ROBERFROID, 1995).
Entretanto, os prebióticos, segundo Ouwehand et al (2005), também podem
ser indicados para promover a saúde no intestino delgado. Neste local, a comunidade
- 66 –
66
microbiana é pequena em termos numéricos e apresenta menor diversidade quando
comparada ao cólon, sendo assim, diferentes prebióticos que são úteis no cólon poderiam ser
usados. O trato urogenital também pode ser considerado um novo alvo para os prebióticos,
pois abriga uma microbiota diversificada que também está sujeita a distúrbios. Ainda segundo
o referido autor, diferentes estágios da vida requerem variados tipos de prebióticos para
promover a saúde.
Os ingredientes alimentares que atendem a esses requerimentos são
principalmente os frutooligossacarídeos (FOS) e inulina, além de galactooligossacarídeo
(GOS), lactulose, isomalto-oligossacarídeo, xilo-oligossacarídeo, gentio-oligossacarídeos e
oligossacarídeos.
Vários oligossacarídeos aumentam a multiplicação de células epiteliais,
refletindo num aumento da área de superfície do ceco e massa do intestino delgado, ceco e
cólon. Orban, Patterson e Sutton (1997) verificaram que há uma correlação inversa entre o pH
do conteúdo intestinal e peso do ceco, área de superfície e profundidade de cripta do ceco,
sendo estas mudanças morfológicas favoráveis à absorção de nutrientes. Os oligossacarídeos
aumentam a absorção mineral havendo também uma relação inversa entre absorção mineral e
o pH.
As bactérias intestinais capazes de crescer na presença de carboidratos são
espécies sacarolíticas pertencentes aos gêneros Bifidobacterium, Eubacterium, Lactobacillus e
Clostridium. Entretanto, devido à extrema complexidade do ecossistema do intestino, vários
grupos de bactérias são incapazes de degradar polímeros de carboidratos diretamente, porém
bactérias sacarolíticas são rapidamente adaptadas para crescer em carboidratos complexos,
devido à sua habilidade em produzir uma variedade de polihidrolases e glicosidases
(SALYERS; LEEDLE, 1983). Embora algumas bactérias no cólon possam sintetizar
diferentes tipos de enzimas sacarolíticas, o metabolismo de carboidratos é provavelmente
dependente da cooperação de diferentes enzimas e várias espécies bacterianas fazem parte
deste processo (GIBSON; ROBERFROID, 1995).
Os mecanismos pelos quais os oligossacarídeos prebióticos são seletivamente
metabolizados pela microflora benéfica ainda não são adequadamente entendidos. Parece
haver dois mecanismos no metabolismo de prebióticos. O mais bem conhecido é estas
bactérias possuírem exoglicosidases. Tais enzimas atuariam pela hidrólise de
monossacarídeos a partir da extremidade não redutora da molécula do oligossacarídeo, sendo
então captados pela célula. Este mecanismo parece ocorrer em B. infantis, que possui
atividade β - frutofuranosidase (GIBSON; ROBERFROID, 1995).
- 67 –
67
O outro mecanismo alternativo parece ser a captação de moléculas intactas
de oligossacarídeos seguido pelo metabolismo intracelular, existindo algumas evidências de
que este mecanismo ocorre em algumas espécies. Entretanto, o entendimento de como
ocorrem estes dois mecanismos “in vivo” precisa ser melhor elucidado (RASTALL et al.,
2005).
As análises de carboidratos mostram clara diferença na maneira de
degradação entre as bactérias, pois cada uma utiliza os oligossacarídeos inulina e oligofrutose
por uma via específica, evidenciando que as enzimas são constitutivas. Não se sabe, porém, se
são específicas para cada substrato; pois as cepas mostram similar modo de utilização, sendo
os oligossacarídeos menores os mais rapidamente utilizados (HATERMINK et al., 1997).
Estuda-se também, a possibilidade de manipulação da microflora pelo uso de
simbióticos, que são probióticos e prebióticos usados em combinação. Os microrganismos
vivos (probióticos) podem ser usados em combinação com substratos específicos
(prebióticos), como por exemplo, o fornecimento de frutoligossacarídeo com bifidobactérias e
lactitol com lactobacilos, sendo que esta combinação pode melhorar a sobrevivência das
bactérias probióticas devido ao fato de que seu substrato específico está prontamente
disponível para sua utilização, resultando em vantagens para o hospedeiro, proporcionada pela
colonização destas bactérias (COLLINS; GIBSON, 1999).
Desta forma, o fornecimento de simbióticos afeta beneficamente a saúde do
hospedeiro aumentando a sobrevivência e implantação de microrganismos vivos
(suplementados na dieta) no trato gastrointestinal, através da estimulação seletiva do
crescimento e/ou pela ativação do metabolismo de um ou um número limitado de bactérias
promotoras da saúde melhorando o bem estar no hospedeiro (GIBSON; ROBERFROID,
1995).
Lactobacillus e Bifidobacterium estão entre as bactérias encontradas na
microflora do cólon que exercem efeitos benéficos no hospedeiro, e a administração de
oligossacarídeos não digeríveis como rafinose, frutoligossacarídeos, galactosillactose,
isomaltoligossacarídeo transgalactosil oligossacarídeos (TOS) são responsáveis por aumentos
nas contagens destes microrganismos no intestino (GIBSON; ROBERFROID, 1995).
A administração de bifidobactéria e FOS tem mostrado resultados
promissores na diminuição no número de criptas anormais, embora não exista uma relação
clara entre a presença destas criptas e o número de bifidobactérias e microrganismos
produtores de toxinas (WALKER; DUFFY, 1998).
- 68 –
68
Um grupo específico de oligossacarídeos que tem atraído interesse comercial
como prebiótico são os frutoligossacarídeos (FOS), que são uma série de unidades de frutose
unidas por ligações à molécula de frutose da sacarose, podendo ainda ser produzidos via
hidrólise da inulina ou via transfrutosilação da sacarose, sendo também encontrados em
muitos cereais, incluindo cevada, trigo e centeio (SULLIVAN, 1996).
Outro prebiótico é a inulina, que é um polissacarídeo não amiláceo que
consiste em cadeias de unidades de frutose unidas por ligações β (2 1) e que
freqüentemente terminam com uma única molécula de glicose, ocorrendo naturalmente como
carboidrato de reserva em muitas espécies de plantas. Estudos “in vitro” e “in vivo”
utilizando-se animais e humanos comprovam que a inulina pode ser considerada um
prebiótico com fator bifidogênico, pois estimula seletivamente o crescimento de bactérias
como Bifidobacterium, Lactobacillus e Bacteroides em detrimento de microrganismos
potencialmente patogênicos como E. coli e clostrídeos (HAVENAAR et al., 1999).
As plantas comestíveis com maior quantidade de inulina incluem a cebola,
chicória, alho–poró, alho e trigo. Recentemente, o interesse neste oligossacarideo tem
aumentado devido às suas propriedades funcionais como substituto de gordura, seu poder
adoçante, propriedades das fibras solúveis e como intensificador da saúde do trato
gastrointestinal (ROBERFROID e DELENNE, 1998).
Causey et al. (2000) avaliaram a administração diária de 20 gr de inulina para
12 homens com moderada hipercolesterolemia durante três semanas e observaram uma maior
flatulência, como resultado da maior fermentação microbiana, além de redução nos níveis de
triglicerídeos séricos, entretanto, o peso das fezes e pH , trânsito intestinal e níveis de glicose
sanguíneos não foram afetados pelo tratamento.
De acordo com Roberfroid (2000) para justificar as alegações de redução de
risco de doenças, a maioria das informações disponíveis necessitam serem confirmadas em
humanos através de estudos envolvendo nutrição.
Oligofrutose é o nome comum dado apenas a oligômeros de frutose que são
compostos de 1-kestose (GF
2
), nistose (Gf
3
)e frutofuranosil nistose (GF
4
), em que as
unidades de frutosil (F) são ligadas na posição β 1-2, da sacarose, o que os distingue de outros
oligômeros (PASSOS; PARK, 2000).
A utilização de oligofrutose quando fornecida a humanos em baixas
dosagens (5 g/dia) quando comparada ao placebo (sacarose) foi avaliada por Rao (2001)
sendo constatado diferenças significativas nas contagens de bifidobactérias, anaeróbios totais
e bacteróides. Verificou-se maiores contagens no grupo que recebeu oligossacarídeo com
- 69 –
69
diminuição de coliformes; entretanto não houve diferença nas contagens de aeróbios totais.
Entretanto, Wang e Gibson (1993) encontraram um aumento no crescimento de E. coli na
presença de oligofrutose.
A utilização de carboidratos no cólon resulta na produção de acetato,
propionato e butirato na proporção de 55:20:15. Entretanto, Sghir, Chow e Mackie (1998)
verificaram que o crescimento em cultura contínua com inóculo proveniente de fezes
humanas, utilizando-se FOS como única fonte de carbono e energia, a produção foi quase que
exclusivamente de acetato e lactato, deduzindo que esta cultura poderia consistir basicamente
de bifidobactérias e/ou lactobacilos, os quais produzem preferencialmente estes ácidos
orgânicos.
Neste mesmo experimento, verificou-se somente uma pequena modificação
nas contagens de bifidobactérias devido ao fato de que o pH da cultura contínua ter variado
entre 5,2 e 5,5, pois o pH para o ótimo crescimento destas bactérias deve oscilar entre 6,5 e
7,0, sendo, portanto, incapazes de crescerem em pH menor que 5,0. Bacteróides e
bifidobactérias não foram detectadas três dias após o início do experimento, e lactobacilos
(42% da população total) e provavelmente outras bactérias láticas tornaram-se predominantes.
Entretanto, sob condições controladas, as bifidobactérias crescem mais rapidamente do que
lactobacilos.
McBain e Macfarlane (2001) verificaram que a fermentação de inulina e
GOS, em cultura contínua, ocorre principalmente no cólon proximal, sendo associado com a
estimulação na população de lactobacilos (cerca de 10 vezes) ocorrendo um menor aumento
de bifidobactérias. Entretanto, os níveis populacionais de peptostreptococci, enterococcci e
Clostridium perfringens também aumentaram. A utilização destes carboidratos estava
associada com a síntese de nitroredutase e azoredutase e redução enzimática de α -
glucosidase e β-glucuronidase.
O efeito bifidogênico da inulina não foi comprovado por Tuohy et al (2001)
que verificaram apenas um pequeno aumento na população de bifidobactérias e lactobacilos
quando este prebiótico foi fornecido a humanos durante 14 dias.
Um outro substrato com potencial de uso como prebiótico é a goma acácia,
também conhecida como goma arábica, é originária do exudato da árvore acácia, sendo
comumente usada como aditivo em alimentos. É definida pela farmacopéia como: “exudado
gomoso, que ocorre naturalmente, obtido pela incisão de troncos e galhos da Acácia Senegal e
outras espécies de Acácia de origem africana”.
- 70 –
70
Historicamente a goma acácia foi primeiramente usada pelos egípcios há
mais 4000 anos atrás como adesivo para pigmentos minerais nas pinturas, cosméticos, tinta
para escrever e nos panos utilizados como envoltórios no processo de mumificação. No uso
terapêutico era empregada para aliviar irritações tópicas e proteger nos casos superficiais de
escoriações, queimaduras e ulcerações (CAIUS; RADHA, 1942). Atualmente ela é
amplamente usada na indústria de alimentos, produtos farmacêuticos, cosméticos, explosivos,
têxteis e nos processos de microencapsulação (Sánchez et al., 2002) de culturas probióticas
visando a proteção destas bactérias durante secagem, armazenamento e trânsito gástrico
(DESMOND et al., 2002).
Existem cerca de 700 tipos de Acácia, das quais poucas produzem gomas em
volumes de interesse industrial. Após a colheita, a goma acácia é purificada por simples
processo físico de centrifugação e filtração, sem que haja qualquer modificação química ou
enzimática; após é esterilizada para garantir padrão microbiológico e finalmente obtém-se,
através de processo de secagem por atomização (“spray-drying”) um produto em pó ou
granulado altamente hidrossolúvel (CNI, 2000).
A goma acácia compreende uma cadeia altamente ramificada de polímeros
de galactanos, com cadeias de galactose e/ou arabinose, possivelmente terminadas por
resíduos de ramnose ou ácido glucurônico. Ela não é digerida no intestino delgado sendo,
portanto, um substrato potencial para microflora do cólon. Esta goma parece ser altamente
fermentada in vivo em humanos e ratos, e in vitro usando flora fecal de humanos e suínos.
Entretanto, em alguns trabalhos observa-se baixa concentração de ácidos graxos voláteis
quando fornecida a ratos. Estas diferenças podem ser devido à composição bioquímica das
gomas e/ou tempo de administração (MICHEL et al., 1998). Tem sido sugerido que a
adaptação da atividade de fermentação ocorre quando a duração da administração da goma é
prolongada. (WYATT; BAYLISS; HOLCROFT, 1987).
Resistência bacteriana a antibióticos
Os critérios a serem levados em consideração para a seleção de
microrganismos probióticos, segundo Saarela et al. (2000), incluem segurança, funcionalidade
e aspectos tecnológicos. Em relação aos aspectos relacionados à segurança, estes incluem as
seguintes especificações:
- as estirpes para uso humano devem ser preferencialmente de mesma origem;
- estas devem ser isoladas do trato gastrointestinal de pessoas saudáveis;
- 71 –
71
- não devem possuir histórico de patogenicidade;
- não deverão estar associadas a doenças como endocardite infecciosa ou a desordens
do trato gastrointestinal;
- não devem desconjugar sais biliares (a desconjugação ou desidroxilação pode ser
negativa no intestino delgado);
- não devem carrear genes transmissíveis de resistência a antibióticos, havendo a
necessidade de testar cada estirpe.
Recentemente, tem sido dado ênfase ao alimento como sendo um veículo que
pode carrrear genes de resistência a antibióticos. Em geral, acredita-se que culturas starter
possuem potencial para servirem como reservatório de tais genes com risco de transferência
para bactérias patogênicas (BOWER e DAESCHEL, 1999).
Os lactobacilos são comuns em alimentos e são membros da microflora
residente do trato gastrointestinal de humanos e de animais. Devido a sua ampla distribuição,
são consideradas bactérias comensais e podem funcionar como um vetor de disseminação de
resistência a antibióticos via cadeia alimentar para o consumidor (GEVERS; HUYS;
SWINGS, 2003).
Quando uma determinada espécie de microrganismo é inicialmente sensível
a um agente antimicrobiano, esta, pode adquirir resistência através de mutação espontânea ou
através da aquisição de material genético a partir de bactérias resistentes pela transformação,
transdução ou conjugação (TAN; TILLETT; McKAY, 2000).
De acordo com Zhou et al. (2005) muitas bactérias lácticas (LAB) são
resistentes a antibióticos e esta resistência é freqüentemente intrínseca e não transmissível.
Entretanto, algumas LAB que podem possuir genes de resistência codificados por plasmídeos
como estirpes de L. fermentum, L. plantarum e L. reuteri. A transmissão de genes de
resistência para espécies patogênicas ou potencialmente patogênicas no intestino deverá ser
um critério levado em consideração na seleção e segurança de estirpes probióticas. Por outro
lado, a resistência intrínseca de estirpes probióticas pode beneficiar pacientes cuja microbiota
intestinal normal tenha sido desbalanceada ou drasticamente reduzida devido à administração
de vários agentes antimicrobianos.
Entretanto, mudanças drásticas podem afetar a microflora intestinal normal
pela administração de antibióticos terapêuticos, sendo o balanço microbiano alterado. Estas
cepas de lactobacilos resistentes podem proteger efetivamente o equilíbrio natural da
microflora intestinal durante e após a terapia com antibióticos, caso os isolados sejam
comprovadamente resistentes. As cepas também podem ser úteis na produção de produtos
- 72 –
72
lácteos caso os antibióticos estejam presentes no leite, devido ao uso como promotor de
crescimento ou na terapia de animais domésticos (XANTHOPOULOS; LITOPOULOU-
TZANETAKI ; TZANETAKIS, 2000).
O objetivo deste trabalho foi verificar se os isolados selecionados, L4, L5,
L12, L19, L20, L22, L23 e L24 utilizam alguns substratos considerados prebióticos como
oligofrutose, inulina e goma acácia, assim como determinar sua resistência aos antibióticos
normalmente usados na terapia humana.
- 73 –
73
2 MATERIAL E MÉTODOS
O presente trabalho foi conduzido no Laboratório de Tecnologia de
Alimentos e no Laboratório de Microbiologia e Bioquímica, da Universidade Estadual de
Londrina e da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, respectivamente. Os isolados
testados foram selecionados de acordo com a capacidade de resistir à presença de sais biliares,
acidez e fenol.
Crescimento “in vitro” de isolados de Lactobacillus spp em inulina, oligofrutose e goma
acácia
Neste experimento, foi utilizado o caldo MRS isento de glicose e extrato de
carne adicionado de 1% de oligofrutose, inulina ou goma arábica. A oligofrutose e inulina são
fabricadas pela Orafti (nome comercial Raftilose ® e Raftiline ®) sendo obtidas
industrialmente por extração com água quente das raízes de chicória frescas. A goma arábica
(Fibregum ®) foi gentilmente doada pela empresa Colloides Naturels Brasil. O caldo foi
distribuído em tubos de ensaio contendo tubos de Durhan invertidos sendo esterilizados a
121ºC por 15 minutos. As culturas a serem testadas foram anteriormente estriadas em ágar
MRS e as colônias isoladas diluídas em água estéril para obtenção de uma suspensão
homogênea. À partir desta solução, os tubos contendo os prebióticos foram inoculados a 1%
(v/v), sendo incubados a 37ºC por 24 horas (HATERMINK et al., 1997 e GARCIA, 1999).
As amostras foram plaqueadas em ágar MRS logo após a inoculação nos respectivos caldos e
também posteriormente ao período de incubação.
Antibiograma
Os isolados foram confrontados com antibióticos comumente utilizados na
terapia em humanos, sendo utilizada a cultura comercial probiótica liofilizada de L.
acidophilus (La-5
TM
) como padrão. Empregou-se o método de difusão em placa, onde após
ativação das culturas foram feitas estrias em ágar MRS, sendo as células removidas da
superfície com solução salina. As suspensões celulares (0,5 na escala McFarland) foram
inoculadas em ágar MRS, sendo adicionado os discos impregnados com os seguintes
antibióticos: penicilina G (10UI), tetraciclina (30 mcg), eritromicina (15 mcg), cloranfenicol
(30 mcg), estreptomicina (10 mcg). Consultou-se a tabela “Laborclin” ® para a interpretação
do halo de inibição, sendo que os testes foram realizados em triplicatas.
- 74 –
74
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Crescimento “in vitro” de isolados de Lactobacillus spp em inulina, oligofrutose e goma
acácia
Os resultados dos plaqueamentos em ágar MRS dos oito isolados
selecionados nos substratos prebióticos no tempo 0, logo após a inoculação, e no tempo 24
horas estão na Tabela 1 e 2. A Tabela 3 mostra os resultados (em delta) decorrentes deste
intervalo avaliado.
Tabela 1: Contagem dos isolados em caldo MRS acrescido de 1% de oligofrutose, inulina ou
goma acácia no Tempo 0.
Prebióticos
Isolados MRS normal MRS +
oligofrutose
MRS + inulina MRS + Goma
acácia
L4 5,81 5,69 5,78 5,68
L5 5,99 5,97 5,99 5,87
L12 6,89 6,79 6,72 6,71
L22 6,66 6,65 6,55 6,65
L19 5,82 5,95 6,02 5,96
L20 5,46 5,40 5,37 5,29
L23 6,05 5,99 6,04 5,98
L24 5,60 5,58 5,65 5,70
Valores expressos em Log (UFC/ml).
- 75 –
75
Tabela 2: Contagem dos isolados em caldo MRS acrescido de 1% de oligofrutose, inulina ou
goma acácia no Tempo 24 horas.
Prebióticos
Isolados MRS normal MRS +
oligofrutose
MRS + inulina MRS + Goma
acácia
L4 8,87 8,46 8,50 8,48
L5 8,97 8,54 8,56 8,84
L12 8,91 8,47 8,60 8,60
L22 8,73 8,73 8,66 8,35
L19 9,57 8,80 8,72 8,49
L20 8,56 8,63 8,63 8,41
L23 9,14 8,48 8,48 8,24
L24 9,76 8,81 8,75 8,32
Valores expressos em Log (UFC/ml).
Tabela 3: Valores, expressos em log, dos plaqueamentos nos tempos 0 e 24 horas (T0 - T24)
utilizando diferentes oligossacarídeos.
Isolado MRS normal MRS +
oligofrutose
MRS + inulina MRS + Goma
acácia
L5 2,98
a
2,57
b
2,57
b
2,66
b
L19 4,11
a
3,23
b
3,26
b
3,12
b
L20 3,77
a
2,84
b
2,72
b c
2,53
c
L22 2,07
a
2,07
a
2,11
a
1,69
b
L23 3,08
a
2,49
b
2,44
b
2,26
b
L24 4,15
a
3,23
b
3,10
b
2,60
c
Médias seguidas pela mesma letra, nas linhas, não diferem entre si pelo teste de Student Neuman Keuls a 5% de
probabilidade.
Através dos resultados obtidos, verificou-se que todos os isolados
apresentaram crescimento nos caldos analisados sem produzir gás.
Houve diferença significativa entre os diferentes isolados com relação a
utilização dos substratos avaliados. Os isolados que apresentaram maior crescimento no caldo
controle foram L5, L19, L20, L23 e L24. Para o isolado L24 os tratamentos, inulina e
oligofrutose, não diferiram estatisticamente. Verificou-se resultado semelhante para o isolado
- 76 –
76
L20, entretanto, as médias para inulina e goma acácia foram estatisticamente semelhantes.
Para o isolado L22 os tratamentos não diferiram estatisticamente, exceto o tratamento goma
acácia.
Bagatini (2002) avaliando o crescimento de L. acidophilus em caldo MRS
acrescido de Raftilose (oligofrutose), após 24 horas de incubação, obteve uma maior
contagem, que foi de 1,0 X10
9
ufc/ml, quando comparado aos isolados testados neste
experimento.
Mitchel et al. (1998) avaliaram a fermentabilidade in vitro de goma acácia
sendo utilizada fezes de voluntários humanos saudáveis adicionada de duas fontes de goma
acácia além de frutoligossacarídeos. Os autores constataram que a contagem de bactérias
lácticas aumentou 6,75 vezes, sendo que Lactobacillus ssp apresentou um aumento de 1,8
ciclos logarítmos em pH 6,5 e o número de clostrídios diminuiu (pH 5,8) quando comparado
ao controle.
Ainda segundo os referidos autores, o crescimento de bactérias lácticas foi
favorecido pelo aumento de 1,2 ciclos logarítmos quando foi adicionado FOS, ocorrendo um
aumento similar em Lactobacillus ssp. Observou-se variação na produção de butirato, com
efeito butirogênico de uma das fontes de goma em pH 5,8; sendo que o pH afetou a produção
de butirato somente em presença de FOS, uma vez que este substrato pode ser fermentado por
Bifidobacterium sp, Lactobacillus sp Streptococcus sp, Bacteroides sp, Clostridium sp e
algumas enterobactérias. Em condições ácidas, o desenvolvimento das bactérias lácticas
poderia ser favorecido permitindo estes microrganismos competir com outros fermentadores
de FOS.
Bourquin, Titgemeyer e Faltey (1996) também verificaram que goma acácia
foi extensivamente fermentada “in vitro” por bactérias provenientes de três amostras fecais e
que a produção de ácidos graxos voláteis foi maior neste substrato, quando comparado à
pectina de citrus.
Fooks e Gibson (2002) constataram o crescimento de L. plantarum, L.
pentosus, L reuteri e L. acidophilus em caldo MRS adicionado de 1% de oligofrutose, XOS,
lactulose, lactitol, amido e dextrano, sendo verificado o crescimento através de densidade
óptica por 24 horas. Os autores observaram que a maior taxa de crescimento foi obtida
quando o meio continha glicose como fonte de carbono e energia, oligofrutose, xilo
oligossacarídeos (XOS) e sua combinação, sendo estes fermentados preferencialmente em
relação aos demais substratos. Verificou-se que L. plantarum cresceu mais rapidamente
- 77 –
77
quando comparado às outras espécies de lactobacilos, independente da fonte de carboidrato
utilizada.
Brink et al. (2003) avaliaram a densidade óptica, após 24 horas, de estirpes
probióticas de lactobacilos que cresceram em raftilose, raftiline e synergy 1 (inulina +
oligofrutose) e verificaram que o melhor substrato foi a combinação de ambos
oligossacarídeos. Entretanto, ao comparamos inulina e oligofrutose foram obtidos os
seguintes valores, em d.o.: L. plantarum (0,058 e 0,048); L. casei 241 (1,287 e 1,033) e L.
pentaceus (1,077 e 0,942) que portanto, cresceram melhor em inulina e L. curvatus (0,918 e
0,922) e L. casei (1,029 e 1,70) cresceram melhor em raftilose.
O estudo do crescimento de lactobacilos na presença de inulina foi verificado
em um sistema simulador do ecossistema microbiano humano (SHIME), adicionando-se 2,5
g do prebiótico. Houve aumento na concentração de lactobacilos e de bifidobactérias no cólon
na primeira semana, sendo estes valores significativos somente após a segunda semana. A
população de lactobacilos foi equivalente a 1,5 ciclo logarítmo mais alta no cólon ascendente
e transversal, quando comparada ao inicio do experimento. Ao se comparar a adição de
inulina ao tratamento controle, foram obtidos os maiores valores, em logarítmo, para o
tratamento contendo inulina no cólon transverso (6,91) quando comparado ao controle que
foi de 6,48. (WIELE ; BOON; POSSEMIERS, 2004).
Antibiograma
Verificou-se, de acordo com a Tabela 4, sensibilidade de todos os isolados ao
cloranfenicol e a tetraciclina (exceto L20 e L24) e resistência à estreptomicina, exceto a
estirpe padrão (L. acidophilus) que se mostrou sensível aos cinco antibióticos testados.
- 78 –
78
Tabela 4: Diâmetro do halo de inibição resultante da sensibilidade dos isolados a diferentes
antibióticos (mm).
Isolado Antibiótico
Penicilina
(10UI)
Tetraciclina
(30 mcg)
Eritromicina
(15 mcg)
Cloranfenicol
(30 mcg)
Estreptomicina
(10 mcg)
L4
34,0 ± 0,0
S
33,0 ±2,0
S
12,0 ± 0,0
R
30,0 ± 1,0
S
8,0 ± 2,51
R
L5
33,0 ± 2,30
S
35,0 ±1,0
S
10,0 ± 0,57
R
30,0 ±0,0
S
7,0 ± 1,15
R
L12
27,0 ± 1,52
I
36,0 ± 0,57
S
12,0 ± 0,57
R
28,0 ±1,73
S
7,0 ± 0,0
R
L19
23,0 ±2,30
I
23,0 ± 3,05
S
35,0± 2,51
S
34,0 ±1,52
S
6,0 ±1,0
R
L20
17,0 ± 5,77
R
17,0 ±3,6
I
35,0 ± 1,0
S
34,0 ±3,21
S
6,0 ±1,0
R
L22
25,0 ± 2,3
I
19,0 ± 3,05
S
36,0 ± 1,73
S
33,0 ± 1,15
S
6,0 ± 1,0
R
L23
22,0 ±3,46
I
19,0 ± 2,64
S
35,0 ± 0,57
S
30,0 ± 1,0
S
6,0 ± 1,0
R
L24
20,0 ± 1,73
I
17,0 ± 1,0
I
34,0 ± 2,0
S
31,0 ± 3,46
S
6,0 ± 0,0
R
L. acidophilus
29,0 ± 3,00
S
27,0 ± 1,15
S
63,0 ± 4,16
S
41,0 ± 9,01
S
23,0 ± 3,05
S
S- sensível I- Intermediário R- Resistente
Na foto1 está representado o antibiograma dos isolados L24, L5, L12, L23 e
L22.
- 79 –
79
Figura 1: Antibiograma dos isolados selecionados L24, L5, L12, L23 e L22.
Resultados similares foram obtidos por Paulo (1991) e por Neumann e
Ferreira (1995), que constataram sensibilidade dos lactobacilos isolados ao cloranfenicol.
Cebici e Gurakan (2003) também verificaram que isolados de L. plantarum variaram com
relação à sensibilidade ou resistência aos antibióticos testados, sendo a maioria das estirpes
consideradas de sensibilidade intermediária a penicilina, resistentes a tetraciclina e sensíveis a
eritromicina.
Ronka, Malinen e Saarela (2003) testaram a susceptibilidade de duas estirpes
de L. brevis a antibióticos, constatando que ambas foram resistentes à penicilina e sensíveis ao
cloranfenicol, eritromicina e tetraciclina.
Arici et al. (2004) também constataram a resistência dos lactobacilos
isolados de fezes de crianças à estreptomicina e sensibilidade ao cloranfenicol, eritromicina,
penicilina G e tetraciclina.
Xanthopoulos, Litopoulo-Tanetaki e Tzanetakis (2000) constataram que as
estirpes de lactobacilos isoladas de crianças foram sensíveis à maioria dos antibióticos
testados, como cloranfenicol, eritromicina, penicilina G e tetraciclina; embora as dosagens
- 80 –
80
dos antibióticos avaliados tenham sido maiores em relação àquelas utilizadas neste
experimento.
A determinação da resistência ou susceptibilidade de estirpes de lactobacilos
a antibióticos é importante, pois, estirpes que mostram resistência a um antibiótico específico,
podem ser fornecidas juntamente com este antibiótico durante uma reposição de flora,
permitindo a obtenção mais rápida de resultados.
Entretanto, segundo Gevers, Geert e Swings (2003), estirpes de lactobacilos
que tenham genes de resistência, podem funcionar como vetores para a disseminação destes
genes via cadeia alimentar para o consumidor. Os referidos autores verificaram que de 14
estirpes de lactobacilos isoladas de salsicha que continham o gene de resistência à tetraciclina
tet (M), sete isolados foram capazes de transmitir, in vitro, via conjugação, esta resistência
para Enterococcus faecalis e Lactococcus lactis subsp. lactis, não sendo evidenciado esta
transferência para Staphylococcus aureus, concluindo que lactobacilos isolados de produtos
contendo carne poderiam se tornar reservatório de tais genes disseminado-os para outras
bactérias lácticas. Embora os plasmídios sejam muito comuns em lactobacilos existem poucos
dados na literatura sobre sua transferência via conjugação.
Zhou et al. (2005) testaram as seguintes estirpes probióticas L. rhamnosus
HN001 e HN067, L. acidophilus HN017 e B. lactis HN019 com relação à susceptibilidade a
vários antibióticos e presença de plasmídeos e verificaram que tais bactérias foram
susceptíveis aos antibióticos β lactâmicos (penicilina, ampicilina e cefalotin) antibióticos de
espectro Gram positivo (eritromicina e novobiocina) e de amplo espectro (cloranfenicol,
rifampicina, espinomicina e tetraciclina) e resistentes a antibióticos de espectro gram negativo
(ácido fusídico, ácido nalidíxo e polimixina B), aos aminoglicosídicos (gentamicina,
canamicina, neomicina e estreptomicina) e a vancomicina. Constatou-se ainda a ausência de
plasmídio nas bactérias testadas, inclusive em Lactobacillus GG, usada como referência.
A ausência de plasmídios em L. rhamnosus GG também foi observada por
Tynkkynen, Savindra e Varmanen (1998) que também verificaram este microrganismo não
foi capaz de transmitir genes de resistência a vancomicina (van) para Enterococcus faecalis e
E. faecium. Os autores ressaltam ainda que muitas espécies de lactobacilos que possuem
resistência intrínseca a vancomicina são utilizadas há muito tempo na indústria e podem ser
consideradas seguras, como por exemplo, L. rhamnosus e L. casei, que são intrinsicamente
resistentes a vancomicina, consideradas seguras, não havendo indícios de transferência de
resistência para outras bactérias.
- 81 –
81
Danielsen e Wind (2003) avaliaram a susceptibilidade de 62 estirpes de
lactobacilos a 25 agentes antimicrobianos e concluíram que o nível de susceptibilidade a estas
substâncias é espécie dependendente.
Kastner et al. (artigo no prelo) avaliaram a resistência de 200 cepas
probióticas e culturas “starters” como Lactobacillus (74 amostras), Staphylococcus (33
amostras), Bifidobacterium (6 amostras), Pediococcus (5 amostras) e lactococci e
streptococci (82 amostras) a 20 antibióticos. Vinte e sete isolados exibiram resistência; sendo
que em um isolado foi verificada a resistência a 15 antibióticos (L. reuteri SD 2112), porém a
média do número de resistência fenotípica das 74 amostras de lactobacilos foi de 5-6,
incluindo ambos tipos de resistência, intrínseca e adquirida. Foram encontrados também genes
de resistência à tetraciclina em cinco estirpes de Staphylococcus, sendo estas usadas como
cultura starter para carne, além de culturas probióticas como B. lactis DSM 10140 e L. reuteri
SD 2112 (gene presente no plasmídio) e resistência a lincosamida em L. reuteri SD2112.
- 82 –
82
4 CONCLUSÃO
Os isolados testados podem ser usados em produtos simbióticos contendo
oligofrutose, inulina ou goma arábica, pois são capazes de utilizar estes substratos. Todos os
isolados foram resistentes ao antibiótico estreptomicina, entretanto não se determinou a
presença de plasmídeos para a verificação da transmissão desta resistência.
- 83 –
83
REFERENCIAS
ARICI, M.; BILGIN, B.; SAGDIG, O.; OZDEMIR, C. Some characteristics of Lactobacillus
isolates from infant faeces. Food Microbiology, London, v. 21, p. 19-24, 2004.
BAGATINI, L. Desenvolvimento de um suplemento alimentar geriátrico. 2002. 66p. Tese
(Mestrado em Tecnologia de Alimentos e Medicamentos) - Universidade Estadual de
Londrina, Londrina.
BOURQUIN, L.D.; TITGEMEYER, E.; FAHEY, G. Fermentation of various dietary fiber
sources by human fecal bacteria. Nutrition Research, Tarrytown, Ny, US, v. 16, n.7, p.1119-
1131, 1996.
BOWER, C.K. e DAESCHEL, M.A. Resistance responses of microorganisms in food
environments. International Journal of Food Microbiology, Amsterdam, v.50, p. 33-44,
1999.
BRINK, M.; FRASER, T.; TODOROV, S.D.; VAZ-VELHO, M.; SENEKAL, M.; DICKS,
L.M.T.. A combined use of probiotics and prebiotics in a soymilk based food supplement
aimed at improving the gastrointestinal flora of children with HIV aids. Eletronic Journal of
Environmental Agricultural and Food Chemistry, v. 2, n. 4, p. 504-509, 2003.
CAIUS, J.F.; RADNA, K.S. The gum arabic of the bazaars and shops of Bombay. Journal of
Bombay Natural of Story Society, v. 41, p. 261-271, 1942.
CAUSEY, J.L.; FEIRTAG, J.M.; GALLATUR, D.D.; TUNGLAND, B.C.; SLAVIN, J.L.
Effects of dietary inulin on serum lipids, blood glicose and the gastrointestinal in
hypercholesterolemic men. Nutrition Research, Tarrytown, Ny, US, v. 20, n.2, p. 191-201,
2000.
CEBICI, A.; GÜRAKAN, C. Properties of potencial probiotic Lactobacillus plantarum
strains. Food Microbiology, London, v. 20, p.511-518, 2003.
COLLOIDES NATURELS INTERNATIONAL Fibregum: Uma fibra dietética solúvel. São
Paulo:Colloides Naturels Brasil Comercial, 2000. 13p.
COLLINS, M.D.; GIBSON, G. Probiotics, prebiotics and symbiotics: approaches for
modulating the microbial ecology of the gut. American Journal of Clinical Nutrition, New
York, v. 69 (suppl), p. 1052S-7S, 1999.
- 84 –
84
CUMMINGS, J.H.; MACFARLANE, G.T. A review the control and consequences of
bacterial fermentation in the human colon. Journal of Applied Bacteriology, Oxford, v.70,
p. 443-459, 2001.
DANIELSEN, M.; WIND, A. Susceptibility of Lactobacillus ssp. to antimicrobial agents.
International Food Microbiology, Amsterdam, v. 82, p. 1-11, 2003.
DESMOND, C.; ROSS, R.P.; O´CALLAGHAN, E.; FITZGERALD, G.; SANTON, C.
Improved survival of L. paracasei NFBC 338 in spray-dried powders containing gum acacia.
Journal of Applied Microbiology, Oxford, v. 93, p. 1003-1011, 2002.
FOOKS, L.J.; GIBSON, G.R. In vitro investigations of the effect of probiotics and prebiotics
on selected human intestinal pathogens. FEMS Microbiology Ecology, Amsterdam, v. 39, p.
67-75, 2002.
GARCIA, S. Isolamento e caracterização de bactérias lácticas para uso como probiótico.
1999. 156 p. Tese (Doutorado em Tecnologia de Alimentos e Medicamentos) - Universidade
Estadual de Londrina, Londrina..
GEVERS, D.; GEERT, H.; SWINGS, J. In vitro conjugal transfer of tetracycline resistence
from Lactobacillus isolates to other gram-positive bacteria. FEMS Microbiology Letters,
Amsterdam, 225, p. 125-130, 2003.
GIBSON, G.R.; ROBERFROID, M.B. Dietary modulation of the human colonic microbiota:
introducing the concepts of prebiotics. The Journal of Nutrition, Philadelphia, v.125, n.6,
p.1401-1412, 1995.
GORBACH, S.L.; GOLDIN, B.R. Nutrition and the gastrointestinal microflora. Nutrition
Reviews, New York, v. 50, p.378-381, 1992.
HATERMINK, R.; VAN LAERE; K.M.J.; ROMBOUTS, F.M. Growth of enterobacteria on
fructo-oligosacharides. Journal of Applied Microbiology, Oxford, v. 83, p. 367-374, 1997.
HAVENAAR, R.; BONNIN-MAROL, S.; VAN DOKKUM, W.; PETITET, S.;
SCHAAFSMA, G. Inulin: fermentation and microbial ecology in the intestinal tract. Food
Research International, Barking, v. 15, n. 1, p. 109-120, 1999.
KASTNER, S.; PERRETEN, V.; BLEULER, H.; HUNGENSCHIMIDT, G.; LACROIX, C.;
MEILE, L. Antibiotic susceptibility patterns and resistance genes of starter cultures and
probiotic bacteria. Systematic and Applied Microbiology, Stuttgart. 2006. (no prelo).
- 85 –
85
LABORCLIN. Testes de susceptibilidade a Antibacterianos: Antibiograma. Pinhais,
Paraná: [s.n., 19--]
MACFARLANE, G.T.; CUMMINGS, J.H. Probiotics and prebiotics: can regulating the
activities of intestinal bacteria benefit health? British Medical Journal, London,v. 318,
p.999-1003. 1999.
MCBAIN, A.J.; MACFARLANE, G.T. Modulation of genotoxic enzyme activities by non-
digestible oligossacharide metabolism in in-vitro human gut bacterial ecosytems. Journal of
the Society for General Microbiology, v. 50, p.833-842, 2001.
MICHEL, C.; KRAVTCHENKO, T.P.; DAVID, A. In vitro prebiotic effects of Acacia gums
onto the human intestinal microbiotia depends on both botanical origin and environmental pH.
Anaerobe, v. 4, p.257-266, 1998.
NEUMANN, E.; FERREIRA, C.L.L.F. Lactobacillus acidophilus as a dietary adjunct: “in
vitro” susceptibility to gastric juice, bile salts, lysozyme and chemotherapeutic agents.
Revista de Microbiologia, São Paulo,v. 26, n.1, p. 59-65, 1995.
ORBAN, J. I.; PATTERSON, J. A.; SUTTON, A., L. Effect of sucrose thermal
oligossacharide caramel, dietary vitamin-mineral level and brooding temperature on growth
and intestinal bacterial population of broiler chickens. Poultry Science, Champaign, Ill, v. 76,
n.3, p. 482-490, 1997.
OUWEHAND, A.C.; DERRIEN, M.; de VOS, W.; TIIHONEM, K.; RAUTONEN, N.
Prebiotics and other microbial substrates for gut functionality. Current Opinion in
Biotechology, London, v.16, p. 212-217, 2005.
PAULO, E.M. Isolamento e caracterização de Lactobacillus acidophilus de fezes de
suínos para uso como probiótico. 1991. 73 p. Tese (Mestrado em Microbiologia Agrícola).
Universidade Federal de Viçosa, Viçosa.
PASSOS, L.M.L.; PARK, Y.K. Frutooligossacarídeos:implicações na saúde humana e
utilização em alimentos. Ciência Rural, Santa Maria, v.33, n.2, p. 385-390, 2000.
RAO, A.V. The probiotic properties of oligofructose at low intake levels. Nutrition
Research, Torrytown, Ny, US, v. 21, p. 843-848, 2001.
- 86 –
86
RASTALL, R.A.; GIBSON, G.R.; GILL, S.H.; GUARNER, F.; KLAENHAMMER, T.R.;
POT, B.; REID, G.; ROWLAND, I.R.; SANDERS, M.E. Modulation of the microbial
ecology of the human colon by probiotics, prebiotics and symbiotics to enhance human
health: an overview of enabling science and potential applications. FEMS Microbiology
Ecology, Amsterdan, v. 52, p. 145-152, 2005.
RONKA, E.; MALINEN, E.; SAARELA, M. Probiotic and milk technological properties of
Lactobacillus brevis. International Journal of Food Microbiology, Amsterdam, v. 83, p.63-
74, 2003.
ROBERFROID, M.B.; DELENNE, N.M. Dietary fructans. Annual Review of Nutrition,
Palo Alto, Calif., v. 18, p. 17-43, 1998.
ROBERFROID, M. Prebiotics and Probiotics: are they functional foods? The American
Journal of Clinical Nutrition, New York, v.71, n.6, 2000.
SAARELA, M.; MOGENSEN, G.; FONDÉN, R.; MATTO, J.; MATTILA-SANDHOLM, T.
Probiotic bacteria: safety, functional and technological properties. Journal of Biotechnology,
Amsterdam, v.84, p. 197-215, 2000.
SALYERS, A.A.; LEEDLE, J.A.Z. Carbohydrate utilization in the human colon. In: Hentges,
D.J. (Ed.) Human intestinal microflora in health and disease. London:Academic Press,
1983.
SÁNCHEZ, C.; RENARD, D.; ROBERT, P.; SCHIMITT, C.; LEFEBVRE, J. Structure and
rheological properties of acacia gum dispersions. Food Hydrocolloids, Oxford, v. 16, p. 257-
267, 2002.
SGHIR, A, CHOW, J. M.; MACKIE, R. I. Continuous culture selection of bifidobacteria and
lactobacilli from human faecal samples using fructooligossacharides as selective substrate.
Journal of Applied Microbiology, Oxford, v.85, p. 769-777, 1998.
SULLIVAN, M. G. Metabolism of bifidogenic factors by gut flora – na overview. Bulletin of
the International Dairy Federation, Brussels, . p. 23-29, 1996.
TAN, YU-TING; TILLETT, D.; McKAY, I.A. Molecular strategies for overcoming antibiotic
resistence in bacteria. Molecular Medicine Today, v.6, p. 309-341, 2000.
- 87 –
87
TYNKKYNEN, S.; KAVINDRA, V.S.; VARMANEN, P. Vancomycin resistence factor of
Lactobacillus rhamnosus GG in relation to enterococcal vancomycyn resistence (van) genes.
International Journal of Food Microbiology, Amsterdam, v. 41, p. 195-204, 1998.
TUOHY, K.M.; FINLAY, R.K.; WYNNE, A.G.; GIBSON, G.R. A human volunteer study on
the prebiotic effects of HP-Inulin- faecal bacteria enumerated using fluorescent in situ
hybridization. Anaerobe, v.7, p.113 - 118, 2001.
WALKER, W. A.; DUFFY, L.C. Diet and bacterial colonization: role of probiotics and.
prebiotics. Journal Nutrition Biochem., v.9, p. 668-675, 1998.
WANG, X.; GIBSON, G.R. Effects of the in vitro fermentation of oligofructose and inulin by
bacteria growing in the human large intestine. Journal of Applied Bacteriology, Oxford, v.
75, p. 373-389,1993.
WIELE, T.V.; BOON, N.E.; POSSEMIERS, S. Prebiotic effects of chicory inulin in the
simulator of the human intestinal ecosystem. FEMS Microbiology Ecology, Amsterdam, v.
51, p. 143-153, 2004.
WYATT, G.M.; BAYLISS, C.E.; HOLCROFT. J.D. A change in human faecal flora in
response to inclusion of gum Arabic in the diet. British Journal of Nutrition, Cambridge,
v.117, p.1556-1561, 1987.
XANTHOPOULOS, V.; LITOPOULOU-TANETAKI, E.; TZANETAKIS, N.
Characterization of Lactobacillus isolates from infant faeces as dietary adjuncts. Food
Microbiology, London, v. 17, p.205-215, 2000.
ZHOU, J.S.; PILLIDGE, C.J.; GOPAL, P.K.; GILL, H.S. Antibiotic susceptibility profiles of
new probiotic Lactobacillus and Bifidobacterium strains. International Journal of Food
Microbiology, Amsterdam, v. 98, p.211-217, 2005.
- 88 –
88
ANEXOS
- 89 –
89
A
NEXO 1:
C
APÍTULO 1
- 90 –
90
Product Description
Before submitting an order you will be asked to read and accept the terms and conditions
of ATCC's Material Transfer Agreement or, in certain cases, an MTA specified by the
depositing institution.
Customers in Europe, Australia, Hong Kong, India, Japan, Korea, New Zealand,
Singapore and Taiwan, R.O.C. must contact a local distributor for pricing information
and to place an order for ATCC cultures and products.
Bacteria
ATCC
®
Number:
7469™
Preceptrol
®
Culture
Organism:
Lactobacillus rhamnosus (Hansen) Collins et al.; deposited as
Lactobacillus casei (Orla-Jensen) Holland
Designations:
[BUCSAV 227; M. Rogosa V300; M.E.
Sharpe H2; NCDO 243; NCIB 6375; NCIB
8010; NCTC 6375; NRC 488; P.A. Hansen
300; R.P. Tittsler 300]
Depositor: FM Strong
Biosafety Level: 1 Shipped:
freeze-
dried
Growth
Conditions:
ATCC medium 416: Lactobacilli MRS broth
Temperature: 37.0C
Permits/Forms:
In addition to the MTA mentioned above, other ATCC and/or regulatory
permits may be required for the transfer of this ATCC material. Anyone
purchasing ATCC material is ultimately responsible for obtaining the
permits. Please click here for information regarding the specific
requirements for shipment to your location.
Related Products
Cross
References:
GenBank: AF192553: Lactobacillus rhamnosus dlt operon, complete
sequence.
GenBank: L08854: Lactobacillus casei valyl-tRNA synthetase gene,
complete cds.
GenBank: J05221: L.carei folylpoly-gamma-glutamate synthetase gene,
complete cds.
GenBank: AF323539: Lactobacillus rhamnosus strain ATCC 7469
glycosyltransferase gene, partial cds.
GenBank: AF323528: Lactobacillus rhamnosus strain ATCC 7469 priming
glycosyltransferase gene, partial cds.
GenBank: U43894
: Lactobacillus casei dlt operon DltA, DltB, and DltC
genes, complete cds, and DltD gene, partial cds.
GenBank: M83993
: Lactobacillus casei D-alanine-activating enzyme gene,
complete cds and a potential basic membrane protein (involved in D-ala-
LTA bios
y
nthesis
)
g
ene
,
5' end.
- 91 –
91
GenBank: AF015453: Lactobacillus rhamnosus 6-phospho-beta-
glucosidase homolog gene, partial cds; GNTR transcriptional regulator
homolog and surface located protein genes, complete cds.
Type Strain: yes [8852] [11168] [36887]
Comments:
respiratory physiology [8192]
extraction of acidic metabolites [9675]
pyruvate utilization [8287]
Applications:
produces folate transport protein [689]
assay of folic acid [21480] [21498] [45889] [92289] [92291]
assay of niacinamide (nicotinamide)
assay of riboflavin (vitamin B2)
References:
689: Henderson GB, et al. Kinetic evidence for two interconvertible forms
of the folate transport protein from Lactobacillus casei. J. Bacteriol. 163:
1147-1152, 1985. PubMed: 3928596
5417: Colwell RR, Liston J . Taxonomic relationships among the
pseudomonads. J. Bacteriol. 82: 1-14, 1961. PubMed: 13694873
5552: Biochem. J. 69: 403, 1958.
5561: Biochim. Biophys. Acta 54: 614, 1961.
5562: Biochim. Biophys. Acta 59: 273, 1962.
5570: Biochim. Biophys. Acta 71: 454, 1963.
5713: Ikawa M. Nature of the lipids of some lactic acid bacteria. J.
Bacteriol. 85: 772-781, 1963. PubMed: 14044942
5748: Sharpe ME. A serological classification of lactobacilli. J. Gen.
Microbiol. 12: 107-122, 1955. PubMed: 14354139
5749: Davis GH. The classification of Lactobacilli from the human mouth.
J. Gen. Microbiol. 13: 481-493, 1955. PubMed: 13278499
.
- 92 –
92
Product Description
Before submitting an order you will be asked to read and accept the terms and conditions
of ATCC's Material Transfer Agreement or, in certain cases, an MTA specified by the
depositing institution.
Customers in Europe, Australia, Hong Kong, India, Japan, Korea, New Zealand,
Singapore and Taiwan, R.O.C. must contact a local distributor for pricing information
and to place an order for ATCC cultures and products.
Bacteria
ATCC
®
Number:
367™
Organism:
Lactobacillus brevis (Orla-Jensen) Bergey et al.; deposited as Lactobacillus
pentoaceticus Fred et al.
Designations:
[118-8; BUCSAV 252; NCDO 477; NCIB 8169;
NCIB 947; NCTC 947]
Depositor: EB Fred
Biosafety Level: 1 Shipped: freeze-dried
Growth
Conditions:
ATCC medium 416: Lactobacilli MRS broth
Temperature: 30.0C
Permits/Forms:
In addition to the MTA mentioned above, other ATCC and/or regulatory
permits may be required for the transfer of this ATCC material. Anyone
purchasing ATCC material is ultimately responsible for obtaining the
permits. Please click here for information regarding the specific
requirements for shipment to your location.
Related Products
Comments: This is an original strain of L. pentoaceticus
Applications:
assay of cytosine [46017
]
assay of uracil [46017
]
References:
5730: Fred EB, et al. Acid fermentation of xylose. J. Biol. Chem. 39: 347-
384, 1919.
5731: J. Biol. Chem. 42: 175, 1920.
5748: Sharpe ME. A serological classification of lactobacilli. J. Gen.
Microbiol. 12: 107-122, 1955. PubMed: 14354139
5749: Davis GH. The classification of Lactobacilli from the human mouth.
J. Gen. Microbiol. 13: 481-493, 1955. PubMed: 13278499
6072: J. Appl. Bacteriol. 18: 274, 1955.
6413: Davis JG. A comparison on the growth activating effects on
Streptococcus and Lactobacillus of various yeast preparations. J. Pathol.
Bacteriol. 45: 367-376, 1937.
8185: Can. J. Microbiol. 11: 319-324, 1965.
46017: Merrifield RB, Dunn MS . Microbiological determination of
cytosine, uracil and thymine. Arch. Biochem. 16: 339-341, 1948.
Notices and Disclaimers
- 93 –
93
ATCC products are intended for laboratory research purposes only. They are not intended for
use in humans. While ATCC uses reasonable efforts to include accurate and up-to-date
information on this site, ATCC makes no warranties or representations as to its accuracy.
Citations from scientific literature and patents are provided for informational purposes only.
ATCC does not warrant that such information has been confirmed to be accurate. All prices
are listed in U.S. dollars and are subject to change without notice. A discount off the current
list price will be applied to most cultures for nonprofit institutions in the United States and
Canada. Cultures that are ordered as test tubes or flasks will carry an additional laboratory fee.
Fees for permits, shipping, and handling may apply.
- 94 –
94
Product Description
Before submitting an order you will be asked to read and accept the terms and conditions
of ATCC's Material Transfer Agreement or, in certain cases, an MTA specified by the
depositing institution.
Customers in Europe, Australia, Hong Kong, India, Japan, Korea, New Zealand,
Singapore and Taiwan, R.O.C. must contact a local distributor for pricing information
and to place an order for ATCC cultures and products.
Bacteria
ATCC
®
Number:
9338™
Preceptrol
®
Culture
Organism: Lactobacillus fermentum Beijerinck
Designations:
36 [BUCSAV 233; NCDO 215; NCIB
6991; NCIB 8028; NCTC 6991]
Depositor: HP Sarett History:
ATCC<<--HP Sarett
<<--W. Peterson
Biosafety Level: 1 Shipped: freeze-dried
Growth
Conditions:
ATCC medium 416: Lactobacilli MRS broth
Temperature: 37.0C
Permits/Forms:
In addition to the MTA mentioned above, other ATCC and/or regulatory
permits may be required for the transfer of this ATCC material. Anyone
purchasing ATCC material is ultimately responsible for obtaining the
permits. Please click here for information regarding the specific
requirements for shipment to your location.
Related Products
Cross
References:
GenBank: X74860
: L.fermentum repA and repB genes.
Applications:
assay of alanine (L-alanine) [58585]
assay of histidine (L-histidine) [45889] [58585]
assay of pyrithiamine [58733
]
assay of thiamine (vitamin B1) [45889] [58585]
5617: Appl. Microbiol. 1: 311, 1959.
5748: Sharpe ME. A serological classification of lactobacilli. J. Gen.
Microbiol. 12: 107-122, 1955. PubMed: 14354139
5749: Davis GH. The classification of Lactobacilli from the human mouth.
J. Gen. Microbiol. 13: 481-493, 1955. PubMed: 13278499
6072: J. Appl. Bacteriol. 18: 274, 1955.
6125: J. Biol. Chem. 155: 153, 1944.
References: 6175: Arch. Biochem. 16: 357-360, 1948.
6770: Zentralbl. Bakteriol., II Abt. 111: 250, 1958.
45889: Girdwood RH. The microbiological assay of vitamins and amino
acids. J. Med. Lab. Technol. 20: 26-33
,
1963. PubMed: 13948188
- 95 –
95
58585: Stiles HR, et al.. Fermentation products of certain mannitol-forming
bacteria. J. Biol. Chem. 64: 643-654, 1925.
58733: Hagedorn H, Schmidt OR . Die Wirkung des antivitamins
Pyrithiamin auf den Stoffwechsel der thiaminautotrophen Serratia
marcescens. Arch. Microbiol. 103: 83-88, 1975. PubMed: 1100010
Notices and Disclaimers ATCC products are intended for laboratory
research purposes only. They are not intended for use in humans.
While ATCC uses reasonable efforts to include accurate and up-to-date
information on this site, ATCC makes no warranties or representations as
to its accuracy. Citations from scientific literature and patents are
provided for informational purposes only. ATCC does not warrant that
such information has been confirmed to be accurate. All prices are
listed in U.S. dollars and are subject to change without notice. A discount
off the current list price will be applied to most cultures for nonprofit
institutions in the United States and Canada. Cultures that are ordered as
test tubes or flasks will carry an additional laboratory fee. Fees for
permits, shipping, and handling may apply.
Bacteria
ATCC
®
Number:
335™
- 96 –
96
Organism:
Lactobacillus paracasei subsp. paracasei Collins et al.; deposited as
Lactobacillus casei (Orla-Jensen) Hansen and Lessel
Designations:
[NCDO 242; NCIB 4113;
epsilon]
Depositor: LA Rogers History:
ATCC<<--LA Rogers <<--
Fender
Biosafety Level
: 1 Shipped: freeze-dried
Growth
Conditions:
ATCC medium 416:
Lactobacilli MRS broth
Temperature: 37.0C
Permits/Forms:
In addition to the MTA mentioned above, other ATCC and/or regulatory
permits may be required for the transfer of this ATCC material. Anyone
purchasing ATCC material is ultimately responsible for obtaining the
permits. Please click here for information regarding the specific
requirements for shipment to your location.
Related Products
Applications:
assay of thymine
assay of uracil
References:
46017: Merrifield RB, Dunn MS . Microbiological determination of
cytosine, uracil and thymine. Arch. Biochem. 16: 339-341, 1948.
- 97 –
97
Product Description
Before submitting an order you will be asked to read and accept the terms and conditions
of ATCC's Material Transfer Agreement or, in certain cases, an MTA specified by the
depositing institution.
Customers in Europe, Australia, Hong Kong, India, Japan, Korea, New Zealand,
Singapore and Taiwan, R.O.C. must contact a local distributor for pricing information
and to place an order for ATCC cultures and products.
Bacteria
ATCC
®
Number:
8014™
Organism:
Lactobacillus plantarum (Orla-Jensen) Bergey et al.; deposited as
Lactobacillus arabinosus Fred et al.
Designations:
17-5 [BUCSAV 217; BUCSAV 449; Glaxo 664;
ICPB 2080; NCDO 82; NCIB 6376; NCIB 8014;
NCIB 8030]
Depositor: E McCoy
Biosafety Level: 1 Shipped:
freeze-
dried
Growth
Conditions:
ATCC medium 416: Lactobacilli MRS broth
Temperature: 37.0C
Permits/Forms:
In addition to the MTA mentioned above, other ATCC and/or regulatory
permits may be required for the transfer of this ATCC material. Anyone
purchasing ATCC material is ultimately responsible for obtaining the
permits. Please click here for information regarding the specific
requirements for shipment to your location.
Related Products
Cross
References:
GenBank: X62346
: L.plantarum plasmid 8014-2 DNA (from Bc1I to
HincII site).
GenBank: AF189765: Lactobacillus plantarum alpha-galactosidase (melA)
gene, complete cds.
GenBank: U97139: Lactobacillus plantarum 16S/23S ribosomal RNA large
intergenic spacer region, tRNA-Ile and tRNA-Ala genes, complete
sequence.
GenBank: X99978: Lactobacillus plantarum citrulline biosynthetic gene
cluster (carAB operon and argC, J, B, D, F-ccl operon) and usg and dsg
partial sequences.
Comments:
each NCIB culture from a different depositor
bacteriophage host
accumulation of biotin [6553]
D-biotin conversion and metabolism [10275] [34645] [58634]
biotin transport and accumulation [11064] [34646]
formation of acetylmethylcarbinol [7469]
effect of pantothenate derivatives on growth and coenzyme-A synthesis
[7301]
sulfur nutrition
[
6175
]
[
7482
]
- 98 –
98
nitrate reduction [6263]
effect of oleic acid on free biotin uptake [7553]
ribitol-5-phosphate dehydrogenase [7316]
synthesis of ribitol teichoic acids [10745]
energy-producing pathways [7540] [10737]
DNA base composition (45.1 moles % GC) [9315]
Applications:
produces lactic acid from coconut water [58392]
assay of amino acids [6665]
assay of biotin [92233]
assay of calcium pantothenate [21607] [92233]
assay of niacinamide (nicotinamide) [21610
]
assay of nicotinic acid (niacin) [5216
] [21480] [21610]
assay of pantothenic acid [21480]
assay of tryptophan (L-tryptophan)
metabolizes mevalonic acid [7531]
produces lactic acid (lactate) [58392]
quality control strain [92408]
References:
5216: AACC. Niacin--microbiological method. St. Paul, MN: AACC
International; AACC Method 86-51, 1999.
6175: Arch. Biochem. 16: 357-360, 1948.
6263: Costilow RN, Humphreys TW . Nitrate reduction by certain strains
of Lactobacillus plantarum. Science 121: 168, 1955. PubMed: 13225760
6553: Lichstein HC, Waller JR . Factors affecting the accumulation of
biotin by Lactobacillus arabinosus. J. Bacteriol. 81: 65-69, 1961. PubMed:
13761907
6665: AOAC International. Amino acids in vitamin preparations.
Gaithersburg, MD: AOAC International; AOAC "Official Methods of
Analysis of the AOAC International" 960.47.
7301: Pierpoint WS, et al. The effect of some pantothenate derivatives on
growth and coenzyme-A synthesis in bacteria. Biochem. J. 61: 190-197,
1955. PubMed: 13260197
7316: Biochim. Biophys. Acta 67: 525-530, 1963.
7469: Moat AG, Lichstein HC . Factors affecting the formation of
acetylmethylcarbinol by lactobacillus arabinosus. J. Bacteriol. 66: 324-327,
1953. PubMed: 13096481
7482: Shiota T, Clark FM . Studies on the sulfur nutrition of Lactobacillus
arabinosus. J. Bacteriol. 70: 339-344, 1955. PubMed: 13263295
7531: Durr IF, Shwayri AN . Metabolism of mevalonic acid by
Lactobacillus plantarum . J. Bacteriol. 88: 361-366, 1964. PubMed:
14203352
7540: Oxenburgh MS, Snoswell AM . Use of molar growth yields for the
evaluation of energy-producing pathways in Lactobacillus plantarum. J.
Bacteriol. 89: 913-914, 1965. PubMed: 14273684
7553: Waller JR, Lichstein HC . Cell permeability: a factor in the biotin-
oleate relationship in Lactobacillus arabinosus. II. Effect of oleic acid and
other surfactants on free biotin uptake. J. Bacteriol. 93: 151-155, 1967.
PubMed: 6020402
9315: Miller A, et al. Deoxyribonucleic acid base composition of
lactobacilli determined b
y
thermal denaturation. J. Bacteriol. 102: 278-280
,
- 99 –
99
1970. PubMed: 5437728
10275: Birnbaum J, Lichstein HC . Conversion of D-
b
iotin to biotin
vitamers by Lactobacillus arabinosus. J. Bacteriol. 89: 1035-1040, 1965.
PubMed: 14276092
10737: Strittmatter CF. Electron transport to oxygen in lactobacilli. J. Biol.
Chem. 234: 2789-2793, 1959. PubMed: 13856390
10745: Glaser L. The synthesis of teichoic acids. II. Polyribitol phosphate.
J. Biol. Chem. 239: 3178-3186, 1964. PubMed: 14245358
11064: Waller JR, Lichstein HC . Biotin transport and accumulation by
cells of Lactobacillus plantarum. I. General properties of the system. J.
Bacteriol. 90: 843-852, 1965. PubMed: 5847805
21480: AOAC International. Vitamin assays, microbiological method.
Gaithersburg, MD: AOAC International; AOAC "Official Methods of
Analysis of the AOAC International" 960.46.
21607: U.S. Pharmacopeia. General Chapters: <91> CALCIUM
PANTOTHENATE ASSAY. Rockville, MD: U.S. Pharmacopeia; USP
USP28-nf23, 2005.
21610: U.S. Pharmacopeia. General Chapter: <441> NIACIN OR
NIACINAMIDE ASSAY. Rockville, MD: U.S. Pharmacopeia; USP
USP28-NF23, 2005.
27858: Bringel F, et al. Arginine biosynthesis and regulation in
Lactobacillus plantarum: the carA gene and the argCJBDF cluster are
divergently transcribed. J. Bacteriol. 179: 2697-2706, 1997. PubMed:
9098069
28052: Mayo B, et al. Cloning and characterization of cspL and cspP, two
cold-inducible genes from Lactobacillus plantarum. J. Bacteriol. 179: 3039-
3042, 1997. PubMed: 9139925
34645: Birnbaum J, Lichstein HC . Metabolism of biotin and analogues of
biotin by microorganisms. 3. Degradation of oxybiotin and desthiobiotin by
Lactobacillus plantarum. J. Bacteriol. 92: 921-924, 1966. PubMed:
5926759
34646: Waller JR, Lichstein HC . Biotin transport and accumulation by
cells of Lactobacillus plantarum. II. Kinetics of the system. J. Bacteriol. 90:
853-856, 1965. PubMed: 5847806
58392: Bartido SM, et al.. Lactic acid fermentation of concentrated coconut
water. Proc. Asia-Pacific Biotechnol. Congr. 1986: 93-99, 1986.
58634: Birnbaum J, Lichstein HC . Metabolism of biotin and analogues of
biotin by microorganisms. II. Further studies on the conversion of D-
b
iotin
to biotin vitamers by Lactobacillus plantarum. J. Bacteriol. 92: 913-920,
1966. PubMed: 5926758
92233: Dietary Supplements: Oil-and Water-Soluble Vitamins with
Minerals Tablets. Rockville, MD: U.S. Pharmacopeia; USP USP28-NF23,
2005.
92408: Applied Biosystems MicroSeq Food Panel #1. Applied Biosystems
ABI; MicroSeq
- 100 –
100
A
NEXO 2:
C
APÍTULO 2
- 101 –
101
Isolado Equação meio MRS normal Equação MRS + Oxgall
L4 y= - 0,00036x
3
+ 0,0072x
2
+ 0,1390x –
0,1919 R
2
= 0,94
y= -0,00067 x
3
+ 0,0210x
2
– 0,0137x –
0,0240 R
2
= 0,95
L5 y= 0,00019x
3
– 0,01509x
2
+ 0,3401x-
0,3421 R
2
=
y= -0,0005488x
3
+ 0,02194 x
2
0,1436x + 0,1875 R
2
= 0,96
L12 y= 0,000224x
3
– 0,0151x
2
+ 0,3236x -
0,3357 R
2
= 0,98
y= -0,00011 x
3
+ 0,0061x
2
– 0,03577x +
0,0576 R
2
= 0,98
L19 y= - 0,0050x
3
+ 0,01186 x
2
+ 0,1045 x –
0,1715 R
2
= 0,96
y= -0,00068x
3
+ 0,02068x
2
- 0,005186x
-0,0466 R
2
= 0,95
L20 y= - 0,00058x
3
+ 0,0147 x
2
+ 0,0911x-
0,1737 R
2
= 0,95
y= - 0,000645x
3
+ 0,02039x
2
– 0,0131x
– 0,0243 R
2
= 0,96
L22 y= - 0,00045x
3
+ 0,0090x
2
+ 0,1532 x –
0,2127 R
2
= 0,95
y= - 0,00066x
3
+ 0,02060 x
2
– 0,0130x
– 0,02763 R
2
= 0,95
L23 y= - 0,000489x
3
+0,0119x
2
+ 0,1031x –
0,1614 R
2
= 0,95
y= - 0,0064x
3
+ 0,02178x
2
- 0,06463x +
0,0430 R
2
= 0,98
L24 y= - 0,00048x
3
+ 0,0107x
2
+ 0,1312x –
0,1959 R
2
= 0,94
y= - 0,00063x
3
+ 0,01902x
2
+
0,006856x – 0,04748 R
2
= 0,95
Equações de regressão das curvas de crescimento (ufc/ml) dos isolados selecionados cultivados em meio MRS
normal e MRS contendo 0,3% de Oxgall.
Isolados pH 2,0 pH 3,0 Controle
L12 Y= 5,651-2,0693x
R
2
= 0,80
Y= 6,434-0,5843x
R
2
= 0,47
Y= 6,498+ 0,231x
R
2
= 0,60
L4 Y= 5,9200-2,2263x
R
2
=0,90
Y= 6,9120-0,2080x
R
2
= 0,60
Y= 6,818+ 0,188x
R
2
= 0,75
L19 Y= 4,447-1,914x
R
2
=0,60
Y= 7,331-0,465x
R
2
=0,81
Não foi possivel
ajustar equação
L20 Y= 6,666-2,1020x
R
2
= 0,98
Não foi possível
ajustar equação
Não foi possível
ajustar equação
L22 Y= 6,435-2,0900x
R
2
= 0,99
Não foi possível
ajustar equação
Não foi possível
ajustar equação
L23 Y= 4,301-1,839x
R
2
0,58
Não foi possível
ajustar equação
Y= 7,0116+0,120x
R
2
= 0,79
L23 Y= 5,024-2,149x
R
2
= 0,60
Não foi possível
ajustar equação
Não foi possível
ajustar equação
L5 Y= 4,5296-1,937x
R
2
= 0,59
Y= 7,0286-0,508x
R
2
= 0,45
Y= 6,8323 + 0,1956x
R
2
= 0,70
L. casei
Y= 5,678-2,300x
R
2
0,79
Não foi possível
ajustar equação
Não foi possível
ajustar equação
1. Anova não significativo a 5% de probabilidade.
Equações de regressão das curvas de crescimento (log ufc/ml) dos isolados expostos ao ácido clorídrico (HCl 0,1
N) por até 3 horas.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo