Download PDF
ads:
FABIANE ARAGÃO RODRIGUES
ALTERAÇÃO TESTICULAR, EPIDIDIMÀRIA E DO LIQUIDO
CEFALORRAQUIDIANO DE CÃES (Canis familiaris) (LINNAEUS, 1758)
NATURALMENTE INFECTADOS POR Leishmania (Leishmania) chagasi
PROVENIENTES DA REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE
RECIFE
2006
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO
DEPARTAMENTO DE MEDICINA VETERINÁRIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA VETERINÁRIA
FABIANE ARAGÃO RODRIGUES
ALTERAÇÃO TESTICULAR, EPIDIDIMÀRIA E DO LIQUIDO
CEFALORRAQUIDIANO DE CÃES (Canis familiaris) (LINNAEUS, 1758)
NATURALMENTE INFECTADOS POR Leishmania (Leishmania) chagasi
PROVENIENTES DA REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação
em Ciência Veterinária da Universidade Federal Rural
de Pernambuco - UFRPE, como parte dos requisitos
para obtenção do grau de Mestre em Ciência
Veterinária.
Orientador: Prof. Dr. Leucio Câmara Alves
RECIFE
2006
ads:
ALTERAÇÃO TESTICULAR, EPIDIDIMÀRIA E DO LIQUIDO
CEFALORRAQUIDIANO DE CÃES (Canis familiaris) (LINNAEUS, 1758)
NATURALMENTE INFECTADOS POR Leishmania (Leishmania) chagasi
PROVENIENTES DA REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE.
FABIANE ARAGÃO RODRIGUES
Dissertação defendida e aprovada pela Banca Examinadora:
ORIENTADOR:
________________________________
Prof. Dr.Leucio Câmara Alves
EXAMINADORES: ______________________________
Dr. Yara de Miranda Gomes
______________________________
Prof. Dr. Marcelo Moraes Valença
______________________________________
Prof. Dr.Valdemiro Amaro da Silva Júnior
RECIFE
2006
Ficha catalográfica
Setor de Processos Técnicos da Biblioteca Central – UFRPE
CDD 636. 708 969 364
1 . Parasitologia Veterinária
2 . Neurologia
3 . Patologia
4 . Proteína
5 . Leishmaniose visceral canina
6 . Anticorpos anti-Leishmania chagasi
7 . Liquido cefalorraquidiano
8 . Clínica médica
9 . Veterinária
10 . Pernambuco
I . Alves, Leucio Câmara
II . Alteração testicular e do líquido cefalorraquidianode cães (Canis familiaris)
(Linnaeus, 1758) natural mente infectados por Leishmania (Leishmania) chagasi
provenientes da Região Metropolitana do Recife
R696a Rodrigues, Fabiane Aragão
Alteração testicular, epididimária e do líquido
cefalorraquidiano de cães (Canis familiaris) (Linnaeus,
1758) naturalmente infectados por Leishmania
(Leishmania) chagasi provenientes da Região
Metropolitana do Recife /Fabiane Aragão Rodrigues. -
2006.
90 f.
Orientador : Prof. Dr. Leucio Câmara Alves
Dissertação (Mestrado em Ciência Veterinária)
Departamento de Medicina Veterinária - UFRPE
Inclui anexo e bibliografia.
“Somos o que fazemos, mas somos, principalmente, o que fazemos para mudar o
que somos.”
(
Eduardo Galeno
)
A minha mãe Maria José Aragão pelo exemplo de mulher, pela garra,
o profissionalismo e, principalmente, pelo amor e esforços a mim
dedicados, não só a minha vida acadêmica, como pessoal.
Ao meu pai José Luiz Rodrigues pelos bons conselhos nas horas
certas e pela força
Vocês sempre serão meu porto seguro!
AGRADECIMENTOS
A Deus que sempre esteve presente em minha vida me guiando e iluminando meu caminho
principalmente nesse momento tão especial.
Ao meu querido irmão Rodrigo que sempre me deu força.
Ao meu noivo Reidson Marcio pela ajuda, apoio e paciência nos momentos mais críticos ao
longo da realização deste trabalho.
Ao Prof. Dr. Leucio Câmara Alves, meu orientador, por ter acreditado em mim e sempre ter
me apoiado nos momentos mais difíceis ao longo dessa jornada. Pelos ensinamentos, pela
participação ativa neste trabalho, pelo incentivo e pela amizade.
A Profa. Dra. Maria Aparecida da Gloria Faustino, pessoa pela qual tenho muita admiração,
pelas orientações e ensinamentos.
Aos Profs. Drs. Frederico Celso Lyra Maia, Valdemiro Amaro da Silva nior e Maria
Madalena Pessoa Guerra, pela essencial colaboração na realização e interpretação dos
exames histopatologicos e reprodutivos.
A todos do Laboratório de imunológia do Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães/ Fiocruz,
em especial à Dra. Yara de Miranda Gomes, Rodrigo Alves, Milena Paiva e Mineo pela
colaboração de grande valor para a realização dos exames sorológicos, parte fundamental
deste trabalho.
Ao Centro de Vigilância Ambiental da Prefeitura do Recife, em especial a João Alves,
Geraldo Vieira, Sandra Araújo e aos funcionários do canil, pelos animais cedidos para
realização do experimento e pela ajuda com os mesmos.
Às amigas Bárbara, Paola, Éricka e Ana Maria pela disposição em vários momentos
precisos e preciosos na realização deste trabalho. Sem essa equipe nada teria saído do
papel.
Aos colegas do curso de Pós-graduação, Andréa Paiva, Carlos Alberto, Erica Morais
Fabiani Guido, Graziele, Juliana Pinto, Rivanilson, Manoel, Manuela, Mariana, Sildivane e
Wagner por todos momentos que passamos juntos.
A todos os amigos do Laboratório de Doenças Parasitárias do Departamento de Medicina
Veterinária da UFRPE, em especial Alessandra Ribeiro, Daliane, Débora, Edileuza,
Geovania, Márcia Paula, Marilene, Verdiane e Guiomar.
A Ana Katarina e Tuzinha pela ajuda na busca pelas referencias no COMUT e
normalização das mesmas, respectivamente.
Toda a minha gratidão a todos que direta ou indiretamente contribuíram para realização
deste trabalho.
RESUMO
A leishmaniose visceral canina (LVC) ou calazar é uma doença sistêmica causada pelo
protozoário da espécie Leishmania (Leishmania) chagasi. Sua transmissão realiza-se por
insetos hematófagos da espécie Lutzomyia longipalpis, considerado vetor ativo da doença
no Brasil. Este trabalho teve como propósito relatar as alterações testiculares e do líquido
cefalorraquidiano (LCR), bem como, analisar as proteínas do soro e do LCR de cães com
infecção natural provenientes da Região Metropolitana do Recife. As alterações testiculares
foram evidenciadas em um animal que não fecundava nenhuma fêmea há mais de 12
meses. O resultado do exame histopatológico evidenciou degeneração testicular e
epididimite multifocal e intesticial linfoplasmocitária discreta, sem presença de
espermatozóide no lúmen. Para pesquisa de anticorpos anti-Leishmania (Leishmania)
chagasi, tanto no soro quanto no LCR foram utilizados 29 animais sendo 21 pertencentes
ao grupo infectados (GI) e oito ao grupo controle (GC). Os resultados revelaram que 42,8%
(9/21) dos animais do GI foram positivos para presença de anticorpo anti-Leishmania
(Leishmania) chagasi no LCR. Após a mensuração da proteína serica e liquórica dos
animais do GI, 85,7% (18/21) apresentaram a proteína serica elevada, e 16,7% (3/21)
apresentaram a proteína liquórica elevada com médias de 8,34±1,07 e 17,09±16,03,
respectivamente. Os resultados aqui obtidos sugerem que cães com histórico de
infertilidade proveniente de áreas endêmicas devem ser investigados para LVC. Por outro
lado, a possível lesão na barreira hematoencefálica e/ou a produção de imunoglobulina no
LCR pode ser responsável pela presença de anticorpos anti Leishmania (L) chagasi, assim
como a elevação da proteína liquórica. Não obstante a hiperproteinemia é resultante da
estimulação policlonal após o contato com Leishmania (Leishmania) chagasi.
ABSTRACT
Canine visceral leishmaniasis (CVL) also now as kalazar is a systemic disease caused by
the protozoan from the Leishmania (Leishmania) chagasi genus.Its transmission occurs
through hematophagus insects from the Lutzomyia longipalpis genus, considered active
vectors in Brazil. This work aimed to present not only the testicular and Cerebrospinal
Fluid (CSF) changes but also evaluate sera proteins in naturally infected dogs from the
Região Metropolitana do Recife. Testicular changes were observed in an animal that could
not fertilize a female for over 12 months. Results from the histopathological exams
evidenced testicular degeneration and discreet lymphoplasmocytic multifocal intesticial
epididimitis with sperms absence at the lumen. To search for anti-Leishmania (Leishmania)
chagasi antibodies in sera and CFS, 29 animals were used where 21 belonged to the
infected group (IG) and eight to the control group (CG). Results revealed that 42.8% (9/21)
of the IG were positive for anti-Leishmania (Leishmania) chagasi antibody. Following sera
and liquor protein measurement 85.7% (18/21) presented hyperproteinemia and 16.7%
(3/21) presented increase of CFS protein level with means ranging from 8.34±1.07 and
17.09±16.03, respectively. These results suggests that dogs with history of infertility
coming from endemic areas must be investigated for CVL. On the other hand, the possible
lesion on blood-brain barrier and/or immuneglobulins production at CFS may be
responsible for the presence of antibodies anti Leishmania (L) chagasi, as well as the
increase on liquor protein. Still, hyperproteinemia is a result of policlonal stimulation
following contact with Leishmania (Leishmania) chagasi.
INDICE DE ILUSTRAÇÂO
Página
CAPITULO 1
3. ORQUITE E EPIDIDIMITE EM CÃO COM INFECÇÃO NATURAL POR Leishmania
(Leishmania) chagasi - RELATO DE CASO
FIGURA 1 Fotomicrografia da cauda do espermatozóide fortemente
enrolada (seta esquerda) e cabeça destacada (seta direita). 40 X 20
FIGURA 2 Fotomicrografia do infiltrado mononuclear linfoplasmocitário
no intertúbulo. 40 X 20
FIGURA 3 Fotomicrografia do processo degenerativo caracterizado pela
redução do epitélio. 40 X 20
FIGURA 4 Fotomicrografia da célula de Leydig apresentando excesso de
lipofuscina em seu interior. 100X 20
FIGURA 5 Fotomicrografia do lúmem da calda do epidídimo direito apresentando
azospermia. 10X 21
INDICE DE TABELA
Página
CAPITULO 3
5. AVALIAÇÃO DA PROTEÍNA TOTAL DO SORO E DO LÍQUIDO
CEFALORRAQUIDIANO (LCR) DE CÃES NATURALMENTE INFECTADOS POR
Leishmania (Leishmania) chagasi
Tabela 1- Média e desvio padrão dos níveis séricos em g/dl de proteína total,albumina,
globulina e da relação A: G no soro dos animais do GI e do GC. Recife, 2006 44
SUMÀRIO
1-INTRODUÇÃO GERAL 01
1.1- Leishmaniose visceral 01
1.2- Aspectos clínicos 02
1.3- Alterações no Sistema Genital na Leishmaniose Visceral Canina 03
1.4- Alterações no Liquido Cefalorraquidiano (LCR) na Leishmaniose Visceral
Canina 03
1.5- Alterações na Proteína Serica na Leishmaniose Visceral Canina 05
1.6- Referências 05
2. OBJETIVOS 12
2.1- Geral 12
2.2-Específicos 12
CAPÍTULO 1 13
3. ORQUITE E EPIDIDIMITE EM CÃO COM INFECÇÃO NATURAL POR Leishmania
(Leishmania) chagasi - RELATO DE CASO
Resumo 14
3.1- Introdução 15
3.2- Relato do Caso 16
3 2.1- Descrição do paciente 16
3.2.2- Exame clínico 17
3.2.3- Exame parasitológico 17
3.2.4- Colheita do sangue para sorologia 17
3.2.5- Exame andrológico 18
3.2.6- Teste de imunoadsorção enzimática (ELISA) 18
3.2.7- Exame anatomo patológico 18
3.3.-Discussão 19
3.4- Referências 23
CAPÍTULO 2 27
4. ANTICORPOS ANTI-Leishmania (Leishmania) chagasi
(CUNHA & CHAGAS, 1937) EM LIQUIDO CEFALORRAQUIDIANO DE CÃES
(Canis familiaris)( LINNAEUS, 1758) COM INFECÇÃO NATURAL
Resumo 28
4.1- Introdução 29
4. 2- Material e Métodos 30
4.2.1- Animais 30
4.2.2- Exame clínico 30
4.2.3- Colheita do material destinado ao exame parasitológico 31
4.2.3.1- Biopsia de medula óssea 31
4.2.4- Colheita do material destinado ao teste sorológico 31
4.2.5- Formação do grupo experimental 31
4.2.6- Colheita do Liquido Cefalorraquidiano (LCR) 32
4.2.7- Teste sorológico 32
4.3. Resultados e discussão 33
4.4- Conclusão 34
4.5- Referências 34
CAPÍTULO 3 38
5. AVALIAÇÃO DA PROTEÍNA TOTAL DO SORO E DO LÍQUIDO
CEFALORRAQUIDIANO (LCR) DE CÃES NATURALMENTE INFECTADOS POR
Leishmania (Leishmania) chagasi
Resumo 39
. 5.1- Introdução 40
.5.2- Material e Métodos 41
.5.2.1-Animais 41
5.2.2- Colheita do soro 42
5.2.3- Colheita do Liquido Cefalorraquidiano (LCR) 42
5.2.4- Determinação da proteína total do LCR e do soro 43
5.2.5- Análise Estatística 43
5.3- Resultado e discussão 44
5.4- Conclusão 48
5.5- Referências 49
6. CONCLUSÕES GERAIS 55
7- REFERÊNCIAS 56
8- ANEXOS 69
1
1. INTRODUÇÃO GERAL
1.1. Leishmaniose Visceral
Atualmente a Leishmaniose visceral (LV) encontra-se entre as seis endemias
consideradas prioritárias no mundo (WHO, 2002). No Brasil, a Leishmania
(Leishmania) chagasi tem sido o agente responsável pela infecção, sendo transmitido ao
homem pelo flebotomíneo Lutzomyia longipalpis (ALVES e BEVILACQUA, 2004).
Desta forma, a ocorrência da doença em uma determinada área depende
basicamente da presença do vetor susceptível e de um hospedeiro/reservatório
igualmente susceptível (GONTIJO e MELO, 2004).
Apesar da LV ocorrer de forma endêmica em áreas suburbanas e urbanas
(BRASIL, 2003) de vários Estados do Brasil como Roraima, Pará, Tocantins, Minas
Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e todos os
estados do Nordeste (SANTA ROSA e OLIVEIRA, 1997), no passado a enfermidade
era considerada doença exclusivamente de ambientes rurais.
Entre os hospedeiros silvestres susceptíveis, raposas e masurpiais são os
animais incriminados na cadeia epidemiológica.
No ambiente doméstico, segundo Gontijo e Melo (2004), o cão desempenha
um importante papel na cadeia de transmissão, em virtude destes apresentarem uma
maior quantidade de parasitos na pele do que o homem, fato que favorece a infecção
dos vetores (SANTA ROSA e OLIVEIRA, 1997) e sua transmissão para população
canina e humana.
2
As diferentes taxas de prevalência da enfermidade na população canina refletem
a imunocompetência do hospedeiro vertebrado (FEITOSA et al., 2000) frente ao desafio
infectante. Sendo assim atualmente, considera-se a Leishmaniose Visceral Canina
(LVC) como uma enfermidade imunomediada, onde a presença da resposta humoral
está associada à doença clínica, enquanto que a resposta celular tem sido observada em
animais assintomáticos (MORENO et al., 1999).
Como conseqüência deste status imunológico, os animais que não forem
eficazes na geração da resposta imune, ocorre a disseminação dos parasitos na pele e
posteriormente para diferentes órgãos e tecidos, causando uma doença sistêmica.
1.2. Aspectos Clínicos
Segundo, Feitosa e colaboradores (2000), a leishmaniose causa doença
sistêmica e pode manifestar-se de três meses a alguns anos após a infecção por
Leishmania sp., e sua gravidade depende da imunocompetência do hospedeiro
vertebrado. Clinicamente, os animais podem ser classificados de acordo com a
evolução da doença em assintomáticos, oligossintomáticos e polissintomáticos
(BRASIL, 2004).
De um modo geral os animais podem desenvolver dermatopatias, caracterizada
principalmente por alopecia local ou generalizada e presença de ulceras cutâneas
(ALVES e FAUSTINO, 2005).
Entre as alterações sistêmicas, destacam-se a hepatoespelenomegalia, e sinais de
deposição de imunocomplexos nos olhos, representado por ceratoconjutivite seca,
3
ceratite ulcerativa e corioretinite (BRITO, 2004), problemas articulares como a
poliartrite autoimune, (DENEROLLE, 1996), além de disfunção cardio-respiratória e
digestiva (RIBEIRO, 2005; BARROIUM-MELO et al, 2005) entre outros tem sido
observados.
1.3. Alterações no Sistema Genital na Leishmaniose Visceral Canina
O envolvimento do trato genital e a infecção por Leishmania sp, tem sido
descrito na doença cutânea (DINIZ, 2005), notadamente na espécie humana (CASTRO
et al., 1987; CABELLO et al., 2002).
Contudo Martinez-Garcia et al., (1996) e Kovalenko et al. (1994) observaram
alterações testiculares em infecções naturais ou experimentais por Leishmania donovani
no homem e em animais de laboratório respectivamente.
Na espécie canina, presença de formas amastigotas de Leishmania sp foi descrita
no testículo e epididimo em cães com infecção natural (POUL, 1949; DIAZ, 1982)
Segundo Diniz (2005), a intensidade de inflamação e a quantidade de formas
amastigotas encontrada nos epidídimos, glande e prepúcio são diretamente
proporcionais ao aparecimento dos sinais clínicos em cães com infecção natural por
Leishmania sp.
1.4. Alterações no Líquido Cefalorraquidiano (LCR) na Leishmaniose Visceral
Canina
O LCR é responsável por proteger, sustentar e nutrir o cérebro e a medula
espinal (FERNANDES, 1990). Sua produção é realizada no plexo coróide por um
4
processo de filtração e secreção ativa, com sua absorção ocorrendo nas vilosidades no
seio venoso cerebral, pelas vênulas no espaço subaracnóide e pelos vasos linfáticos ao
redor da medula espinal (WHEELER e SHARP, 1999).
Inúmeros quadros mórbidos podem causar alterações no quor, particularmente
linfossarcomas, processos inflamatórios crônicos, degenerativos e infecciosos causados
por vírus, bactérias, fungos, e protozoários (CORNELIUS ,1958).
Prasad e Sen (1996) relataram a presença de formas amastigotas de Leishmania
donovani em pacientes humanos e em animais infectados, bem como processos
inflamatórios no plexo coróide e meninges (VIÑUELAS et al. 2001).
No que concerne à infecção por Leishmania sp, Prasad e Sen (1996) e Viñuelas
et al. (2001) observaram formas amastigotas de Leishmania donovani no plexo coróide
com alteração do conteúdo liquórico em pacientes humanos e animais com infecção
natural respectivamente.
Segundo Viñuelas et al. (2001), sinais de envolvimentos neurológicos na
leishmaniose visceral canina estão associados à presença de inflamação crônica das
meninges, infiltração por linfócitos e células plasmáticas, e imunoglobulinas (LIMA et
al., 2003).
Por outro lado Garcia-Alonso et al.(1996), observaram que a deposição de
proteínas de alto peso molecular, como as imunoglobulinas, no plexo coróide em cães
com infecção natural por Leishmania infantum pode predispor ao aparecimento de
doença degenerativa e depósito de substancias.
5
1.5 Alterações na Proteína Serica na Leishmaniose Visceral Canina
As proteínas são fundamentais, no que diz respeito à estrutura e função, para
qualquer célula que faça parte do organismo de qualquer ser vivo e a maioria delas são
sintetizada no fígado (COLES, 1984).
O aumento de proteína plasmática tem sido observado em animais com LVC
(MENDONÇA, 1996, YKEDA et al., 2003). Este aumento está relacionado com a
evolução da infecção, número de parasitos inoculados e a via de inoculação (ROSSAN e
STAUBER, 1959). Além disso, a hiperproteinemia plasmática tem sido verificada,
particularmente, nos estágios finais da doença (HERNANDEZ-RODRIGUEZ et al.,
1987; RAMOS et al., 1994).
Como resultado, ocorre uma a hipergamaglobulinemia como conseqüência da
produção de anticorpos, e inversão da relação Albumina: Globulina (A:G) em
decorrência das alterações hepáticas (FERRER, 1992; KONTOS e KOUTINAS, 1993).
1.6 REFERÊNCIAS
ALVES, W.A.; BEVILACQUA, P.D. Reflexões sobre a qualidade do diagnóstico da
leishmaniose visceral canina em inquérito epidemiológicos: o caso da epidemia de Belo
Horizonte, Minas Gerais, Brasil, 1993-1997. Caderno de Saúde Pública, Rio de
Janeiro. v. 20, n. 1, p. 259-265, jan/fev, 2004
ALVES, L. C.; FAUSTINO, M. A. G. Leishmaniose visceral canina. Manual da
Schering-Plough, 2005, 14p.
6
BRASIL. MINISTÈRIO DA SAUDE. Manual de vigilância e controle da
leishmaniose visceral. Brasília, DF, 2003. 120p.
BRASIL. MINISTÈRIO DA SAUDE. Manual de vigilância e controle da
leishmaniose visceral. Brasília, DF, 2004. 120p.
BARROUIN-MELO, Stella Maria et al. Can spleen aspirations be safely used for the
parasitological diagnosis of canine visceral leishmaniosis? A study on assymptomatic
and polysymptomatic animals. The Veterinary Journal, London, v. 171, n. 2, p.331-
339, 2006.
BRITO, F. L. C. Alterações oculares e análise do humor aquoso de cães (Canis
familiaris Linnaeus, 1758) infectados naturalmente por Leishmania chagasi (Cunha
& Chagas, 1937). 2004. 862 f. Dissertação (Mestrado em Ciência Veterinária) –
Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife.
CABELLO,I.;CARABALLO,A.;MILLÁN,Y. Leishmaniasis in the genital area. Revista do
Instituto Tropical de São Paolo,v.44,n.2, p. 105-107, 2002.
CASTRO, C.A.; HIDALGO, H.H; SOLANO,A.E.;COTO,C.F. Leishmaniasis of the
genital organs. Medicine Cutan Ibero Latin American, v.15,p.145-150, 1987.
7
COLES, E. H. Fluido cerebrospinal. Patologia clínica veterinária, 3. ed. Rio de
Janeiro: Manole, 1984. p. 367-381.
CORNELIUS, C.D. Canine cerebrospinal fluid. California Veterinarian, San
Francisco, v. 12, n. 2, p. 18-20, 1958.
DENEROLLE, P H. Leishmaniose canine: difficultes du diagnostic et du traitement
(125 cas). Pratique Medicale et Chirurgicale de L'animal de Compagnie, Paris, v.
31, n. 2, p.137-145, 1996.
DIAZ, M. P.; ARRIBAS, J. L. G.; GARCIA, E. G. Lesiones testiculares y epididimarias
em la leishmaniasis visceral canina, de presentyacion natural. Higia Pecoris, v. 4, n. 10,
p. 05-25, 1982.
DINIZ, S.A. Lesões genitais associadas à leishmaniose visceral e identificação
Leishmania sp no sêmen de cães infectados naturalmente. 2005. 39f. Dissertação
(Mestrado m Medicina Veterinária) - Universidade Federal de Minas Gerais, Belo
Horizonte.
FEITOSA, M. M.et al. Aspectos clínicos de cães com leishmaniose visceral no
município de Araçatuba – São Paulo (Brasil). Clínica Veterinária, São Paulo, v. 28, p.
36-42, 2000.
8
FERNANDES, R. W. Determinação dos valores liquóricos normais de glicose, proteína,
globulina, uréia creatina fosfoquinase (CK), aspartato aminotrasferase (AST), leucócitos
e da coloração, turbidêz e coagulabilidade em cães sadios. Brazilian Journal of
Veterinary Research Animal Science, São Paulo, v. 27, n. 2, p. 209-216, 1990.
FERRER, L. Leishmaniasis. In: KIRK, R.W.; BONAGURA, J.D. KIRK’s Current
Veterinary Therapy XI, Philadelphia: W.B. Saunders, 1992. p. 266-270.
GÁRCIA-ALONSO, M. et al., Presence of antibodies in the aqueous humor and
cerebrospinal fluid during Leishmania infection in dogs. Pathological features at the
central nervous system. Parasite immunology, Oxford, v. 18, p. 539-546, 1996.
GONTIJO, C. M. F.; MELO, M. N. Leishmaniose visceral no Brasil: quadro atual,
desafios e perspectivas. Revista Brasileira de Epidemiologia, São Paulo, v. 7, n. 3, p
338-349, 2004.
HERNANDEZ-RODRIGUEZ, S.; GOMES-NIETO, C.; MARTINEZ-GOMEZ, F.
Aspectos clínicos de la leishmaniosis canina. Revista Ibérica de Parasitologia,
Granada, p. 61-66, 1987. Edição especial.
KONTOS, V. J.; KOUTINAS, A. F. Old world canine leishmaniasis: small animal
practice, Philadelphia, v.15, n.7, p.949-959, 1993.
9
KOVALENKO, F. P; LYSENKO, A. I. A.; LAVDOVSKAIA, M. V. The host-
opportunistic protozoa system. The dissemination of Leishmania infantum infection in
naturally susceptible laboratory animals subjected to drug-induced immunosuppression
Parazitologiia, Leningrad, v.28, n.4, p. 293-297, July/Aug1994.
LIMA, V. M. F. et al. Anti-Leishmania antibodies in cerebrospinal fluid from dogs with
visceral Leishmaniasis. Brazilian Journal of Medical and Biological Research,
Ribeirão Preto, v. 36, n. 4, p. 485-489, 2003.
MARTINEZ-GARCIA, F. et al. Protozoan infections in the male genital tract. Journal
of Urology, Baltimore, v.156, n. 2, p. 340-349, Aug. 1996.
MENDONÇA. I. L. Avaliação do uso da eletroforese em acetato celulose como
método auxiliar no diagnóstico da leishmaniose visceral canina. 1997. 41f.
Dissertação (Mestrado em Ciência Veterinária) - Universidade Federal Rural de
Pernambuco, Recife.
MORENO, J.; NIETO, J.; CHAMIZO, C. The immuni response and PBMC subscts
canine visceral leishmaniasis before, and after, chemotherapy. Veterinary
immunopathology, Amsterdam, v. 71, n. 3/4, p. 181-195, Nov. 1999.
10
POUL, .J. Diagnostic de la leishmaniose canine par la recherche des Leishmania dans le
mucus nasal et dans le testicule. Archives Institute Pasteur Algery, Alger, v. 27, p.
315-316, 1949.
PRASAD, L.S.N.; SEN, S. Migration of Leishmania donovani amastigotes in the
cerebrospinal fluid. American Journal of Tropical Medicine and Hygiene, Baltimore,
v. 55, n. 6, p. 652-654, 1996.
RAMOS, G. P.; RANGEL FILHO, F.B.; BOTELHO, G.P. Valores bioquímicos séricos
de cães portadores de leishmaniose visceral. Revista Brasileira de Medicina
Veterinária, Rio de Janeiro, v. 16, n. 5, p. 192-196, 1994.
RIBEIRO, V.M. Leishmaniose Visceral canina. Leishmune, Manual Técnico. 52p 2005.
ROSSAN, N. R.; STAUBER, A. L. The serum proteins of animals infected with Leishmania
donovani. Journal of Parasitology, v. 45, n. 50, p. 50, 1959. Suplemento
SLAPPENDEL, R. J.; FERRER, L. Leishmaniasis. In: GREENE, C.E. Clinical
microbiology and infectious diseases of the dog and cat. Philadelphia: W.B.
Saunders, 1990. p.450-458.
11
SANTA ROSA, C. A.; OLIVEIRA, I. C. S. Leishmaniose visceral: breve revisão sobre
uma zoonose reemergente. Clínica Veterinária, São Paulo, ano 2, n. 11, p. 24-28,
nov/dez, 1997.
VIÑUELAS, J. et al. Meningeal leishmaniosis induced by Leishmania infantum in
naturally infected dogs. Veterinary Parasitology, Amsterdam, v.101, p. 23-27, 2001.
YKEDA, F. A. et al. Perfil hematológico de cães naturalmente infectados por
Leishmania chagasi no município de Araçatuba-SP: um estudo retrospectivo de 191
casos. Revista Clinica Veterinária, São Paulo, ano 8, n. 47, p. 42-48, set/out. 2003.
WHEELER, S.J.; SHARP, N.J. Anatomia functional. In: ______.Small animal spinal
disorders. São Paulo: Manole, 1999. p. 10
WORD HEALTH ORGANIZATION - WHO. Urbanization: an increasing risk factor
for leishmaniasis. Weekly Epidemiological Record, Geneva, v. 77, n. 44, p. 365-372,
2002.
12
2- OBJETIVOS
2.1- GERAL
Avaliar a alteração testicular, epididimaria e do líquido cefalorraquidiano de
cães (Canis familiaris) (Linnaeus, 1758) naturalmente infectados por Leishmania
(Leishmania) chagasi provenientes da Região Metropolitana do Recife.
2.2- ESPECÍFICOS
Relatar a orquite e epididimite em cão infectado naturalmente com
Leishmania (Leishmania) chagasi.
Detectar a presença de anticorpos anti-Leishmania (Leishmania) chagasi
no líquido cefalorraquidiano (LCR) de cães naturalmente infectados.
Avaliação das proteínas do líquido cefalorraquidiano e do soro de cães
com diagnóstico positivo para LVC na Região Metropolitana do Recife.
13
CAPÍTULO 1
ORQUITE E EPIDIDIMITE EM CÃO COM INFECÇÃO NATURAL POR
Leishmania (Leishmania) chagasi (CUNHA & CHAGAS, 1937)
RELATO DE CASO
14
ORQUITE E EPIDIDIMITE EM CÃO COM INFECÇÃO NATURAL POR
Leishmania (Leishmania) chagasi (CUNHA & CHAGAS, 1937)
RELATO DE CASO
RESUMO
Leishmaniose visceral canina (LVC), é uma doença com envolvimento sistêmico
em que o desenvolvimento da sintomatologia clinica de uma parcela dos cães infectados
depende de sua competência imunológica. Contudo infecções por protozoários no trato
genital masculino são raras. O objetivo deste trabalho foi relatar as alterações
testiculares em um cão infectado naturalmente por Leishmania chagasi proveniente do
município de Paulista-PE. Os resultados demonstraram a presença de epididimite
multifocal e intersticial linfoplasmocitária discreta com ausência de espermatozóides.
Com base nos resultados obtidos, sugere-se que cães com histórico de infertilidade
proveniente de áreas endêmicas devem ser investigados para LVC.
ORQUITIS AND EPIDIDIMITIS IN DOGS WITH NATURAL INFECTION BY
Leishmania (Leishmania) chagasi (CUNHA & CHAGAS, 1937)
CASE REPORT
ABSTRACT
Canine Viceral Leishmaniasis (CVL) is a disease with systemic involvement, which
depends on immunological response from the affected animals so that only part of
infected dogs develops clinical illness. However, infections promoted by protozoan on
genital system male are unusual. The aim of this work was to present the testicular
alterations in a dog naturally infected by Leishmania chagasi deriving from Paulista-PE
district. The results showed an evident multifocal epididimitis and lymphoplasmocytic
intesticial with sperms absence at the lumen. Based on the results it is concluded that
dogs with infertility precedent coming from endemic areas must be investigated for
CVL.
15
1. INTRODUÇÃO
Dentre os sinais sugestivos da leishmaniose visceral canina (LVC) ou calazar
canino, se destacam as dermatopatias, que em geral estão presentes no focinho, nas
orelhas e nas extremidades. Onicogrifose, conjuntivite, febre irregular, apatia, epistaxe,
emagrecimento, hepatoesplenomegalia, ascite, edema das extremidades e paresia dos
posteriores (MARZOCHI et al., 1985; RAMOS et al., 1994) são outros sinais que têm
sido relatados em cães provenientes de áreas endêmicas.
A LVC é considerada doença imunomediada com formação de imunocomplexos
circulantes como conseqüência de vasculite, uveíte, glomerulonefrite e artrite (PINELLI
et al., 1994). Porém pode ocorrer, na dependência da resposta imunológica, apenas uma
parcela dos cães infectados desenvolve doença clínica (MARZOCHI et al. 1985;
MORENO et al., 1999). Assim, os cães podem ser agrupados em três categorias:
assintomáticos, oligossintomáticos e polissintomáticos, em função dos sinais clínicos
apresentados (SANTA ROSA e OLIVEIRA, 1997).
Após a infecção, ocorre multiplicação do parasito no sítio de inoculação, e se o
hospedeiro não gerar uma resposta imune eficaz, destruição dos macrófagos
infectados, e desta forma a infecção é debelada. Do contrario, os parasitos disseminam-
se na pele para posteriormente migrarem para diferentes órgãos e tecidos, tais como
medula óssea, baço, gado (LOSOS, 1986; STRAUSS e BANETH, 2001; FERRER,
2002; BRASIL, 2003), coração, pulmão, intestino e rins (MANGOUD et al. (1997);
MANGOUD et al. (1998); KOVALENKO et al. (1994).
16
Infecções por protozoários no trato genital masculino são raras, no entanto,
Leishmania donovani têm sido vinculada à disfunções testiculares no homem
(MARTINEZ-GARCIA et al., 1996) e em hamster submetido a infecção experimental
(KOVALENKO et al. 1994).
No que se refere a LVC, há relatos da presença de formas amastigotas de
Leishmania sp no testículo e epididimo em animais com infecção natural (POUL, 1949;
DIAZ, 1982; DINIZ, 2005).
O presente trabalho teve como objetivo descrever os achados histopatológicos da
orquite e epididimite em cão com infecção natural por Leishmania (Leishmania)
chagasi.
2. RELATO DO CASO
2.1 DESCRIÇÃO DO PACIENTE
Um cão, da raça Fila Brasileiro, macho, com idade de quatro anos, proveniente
do município de Paulista, localizado no litoral norte do Estado de Pernambuco (Latitude
07º56'27" Sul e longitude 34° 52' 23” Oeste), foi encaminhado pelo médico veterinário
ao hospital veterinário da Universidade Federal Rural de Pernambuco, com a finalidade
de realizar o exame sorológico para LVC. Durante o exame clínico o proprietário
relatou que o animal era reprodutor e não fecundava nenhuma mea mais de 12
meses, sendo então decidido a realização do exame andrológico.
17
2.2 EXAME CLÍNICO
O exame clínico constituiu, inicialmente, de anamnese com obtenção de dados
referentes ao estado geral do animal, sexo, idade, porte, evolução do processo, local de
procedência e possíveis condutas terapêuticas efetuadas anteriormente. O exame físico
constituiu na avaliação do animal, para identificação de alterações orgânicas,
observando-se a existência de sinais sugestivos de LVC.
2.3 EXAME PARASITOLÓGICO
O exame parasitológico foi realizado por biópsia de medula óssea na crista do
osso externo, utilizando-se seringa
1
e agulha
2
descartáveis. Do material puncionado
foram realizados esfregaços em lâminas de vidro para microscopia, fixados e corados
pelo método de coloração rápida Panótico
3
e examinados em microscópio óptico com
objetiva de 100x no Laboratório de Doenças Parasitárias dos Animais Domésticos do
Departamento de Medicina Veterinária da Universidade Federal Rural de Pernambuco
para pesquisa de Leishmania L chagasi.
2.4 COLHEITA DE SANGUE PARA SOROLOGIA
1
Seringa
descartável de 20ml, Becton Dickson
2
Agulha
descartável de 40x12, Becton Dickson
3
solução Corante para Hematologia Panótico rápido-LB Laborclin
4
Seringa
descartável de 5ml, Becton Dickson
5
Agulha
descartável de 25x7, Becton Dickson
18
A amostra de sangue foi colhida por venopunção da veia cefálica, com seringa
4
e
agulha
5
descartáveis. Ato contínuo, o material foi transferido para um tubo de ensaio
estéril, para posterior obtenção do soro, que foi acondicionado em recipiente de vidr
o
e armazenado a uma temperatura de –20ºC.
2.5 EXAME ANDROLÓGICO
O exame constituiu-se palpação dos testiculos e epididimos objetivando avaliar
tamanho, simetria e consistência. Em seguida foi procedida a colheita do sêmen para
posterior analise, acompanhado do exame ultra-sonográfico com o aparelho Pie Medical
dos testículos para avaliar a ecogenicidade do parênquima testicular do animal.
2.6 TESTE DE IMUNOADSORÇÃO ENZIMÁTICA (ELISA)
Foi utilizado Kit para o diagnóstico da leishmaniose visceral canina ELISA -
Biogene (Lote 003-1/04). O teste Elisa foi realizado no Laboratório de Doenças
Parasitárias da Universidade Federal Rural de Pernambuco.
2.7 EXAME ANÁTOMO-PATOLÓGICO
Após o diagnóstico sorológico positivo para LVC, o animal foi encaminhado
pelo médico veterinário para eutanásia, seguindo a sugestão da Organização Mundial de
Saúde (WHO, 2002). Após os procedimentos de eutanasia foi realizado o exame
macroscópico e posterior coleta de fragmentos testiculares. Após a necropsia foi
realizada punção da cauda do epidídimo direito com seringa
4
e agulha
5
descartáveis,
19
visando avaliar microscopicamente seu conteúdo, visto que a quantidade colhida
anteriormente não foi suficiente para analise, em seguida foi retirado fragmentos do
testículo direito e acondicionados em formalina tamponada 10%, sendo processada de
acordo com as técnicas de rotina para inclusão em parafina pela técnica da
hematoxilina-eosina (H.E.) (LUNA, 1968) para posterior exame histopatológico.
3. DISCUSSÂO
Não foram evidenciadas formas amastigotas de Leishmania (L.) chagasi na
biópsia de medula óssea. Contudo o resultado do teste sorológico evidenciou presença
de anticorpos circulantes anti-Leishmania (L.) chagasi, apresentando densidade ótica
(D O) de 0, 210 (Cut-off= 0,127).
Segundo Sundar (2002), a razão para negatividade do teste parasitológico deve-
se à sensibilidade da biópsia de medula óssea.
Com relação ao teste sorológico, a utilização do teste Elisa no diagnóstico da
LVC tem sido apontada como teste seguro, notadamente quando se utiliza a porção
carboxi-terminal da proteína recombinante HSP-70 de Leishmania chagasi, como
antígeno para o ELISA, o qual tem demonstrado identificação específica e precoce da
infecção em cães (ANDRADE et al., 1998)
No exame andrológico foi observado que os testículos direito e esquerdo
apresentavam tamanho e consistência normais, porém no ato da palpação, a cauda do
epidídimo do testículo direito encontrava-se mais consistente.
20
O exame ultra-sonografico revelou que o parênquima testicular (direito e
esquerdo), possuía média ecogenicidade. A estrutura morfológica dos testículos
encontrava-se com aparência normal no que diz respeito à separação entre o
compartimento intersticial e tubular. Todavia, a cauda do epidídimo direito apresentou
aumento de ecogenicidade.
Microscopicamente, o conteúdo espermático apresentava-se com 24,35% de
células normais, 62,61% de células com cauda de espermatozóide fortemente enrolada,
7,83% de caudas dobradas, além de 5,21% de cabeças destacadas (FIGURA 1).
Kristin (2003) afirma que cães com boa fertilidade não apresentam mais que
20% de espermatozoides anormais.
Ao exame histopatológico, do testículo direito, foi evidenciado discreto
infiltrado mononuclear linfoplasmocitário no intertúbulo (FIGURA 2).
Figura 1
- Fotomicrografia da cauda do
espermatozóide fortemente enrolada
(seta esquerda) e cabeça destacada (seta
Figura 2
- Fotomicrografia do infiltrado
mononuclear linfoplasmocitário no
intertúbulo. 40 X
21
O processo degenerativo foi caracterizado pela redução na altura do epitélio,
como também pela formação de aglomerados de células sinciciais em diferentes
estágios de necrose e apoptose (FIGURA 3), corroborando com Diaz et al. (1982), que
também evidenciaram infiltrado inflamatório e degeneração nos animais com LVC.
As células de Leydig possuíam excesso de lipofuscina, compatível com início de
degeneração gordurosa (FIGURA 4). Ressalta-se ainda que foi observado epididimite
multifocal e intersticial linfoplasmocitária discreta. O lúmem da calda do epididimo
direito não possuía espermatozóides (FIGURA 5) e o epitélio limitante tinha
característica normal apresentando infiltração linfocitária.
Figura 3
- Fotomicrografia do processo
degenerativo caracterizado pela redução do
epitélio. 40 X
Figura 4
-
Fotomicrografia da célula de Leydig
apresentando excesso de lipofuscina em seu
i
nterior. 100X
22
Estes achados são compatíveis com os observados por Gonzalez et al. (1983)
que encontraram degeneração testicular crônica em hamsters infectados
experimentalmente com Leishmania donovani, tendo observado atrofia testicular
progressiva, com células espermatogênicas dos túbulos seminíferos com degeneração
vacuolar e diminuição do número de espermatozóides, bem como, infiltrado
linfoplasmocitário com macrófagos contendo L. donovani no espaço intertubular.
No estudo em questão, não foram evidenciadas formas amastigotas de
Leishmania sp. em macrófagos no testículo, contrapondo com os achados de Poul,
(1949), Diaz (1982) e Diniz (2005), que encontraram formas amastigotas em testiculo e
epididimo de cães infectados naturalmente.
Em virtude de ser um único caso, novos estudos deverão ser realizados para
avaliar a freqüência desses achados em animais com LVC.
Com base nos resultados encontrados sugere-se que cães com histórico de
infertilidade proveniente de áreas endêmicas devem ser investigados para LVC.
Figura 5
-
Fotomicrografia do
lúmem da calda do epidídimo
direito apresentando
azospermia. 10X
23
4. REFERÊNCIAS
ANDRADE, P. P.et al. Assessment of a recombinant Leishmania HSP70 ELISA for the
serodiagnosis of canine visceral leishmaniasis. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz,
Rio de Janeiro, v. 93, n.2, p. 217, 1998. Suplemento
BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de vigilância e controle da leishmaniose
visceral. Brasília, DF. 2003. 120 p.
DIAZ, M. P.; ARRIBAS, J. L. G.; GARCIA, E. G. Lesiones testiculares y epididimarias
em la leishmaniasis visceral canina, de presentyacion natural. Higia Pecoris, v. 4, n. 10,
p. 05-25, 1982.
DINIZ, S. A. Lesões genitais associadas à leishmaniose visceral e identificação
Leishmania sp no sêmen de cães infectados naturalmente. 2005. 39f. Dissertação
(Mestrado m Medicina Veterinária) - Universidade Federal de Minas Gerais, Belo
Horizonte.
FERRER, L. Canine leishmaniasis: evaluation of the immunocompromised patient. In:
WORD SMALL ANIMAL VETERINARY ASSOCIATION CONGRESS, 27., 2002,
Granada. Anais eletrônico... Granada, 2002. Disponível em: <hhttp:://
www.avepa.org/granada2002>. Acesso em: 24 fev. 2005.
24
GONZALEZ, J. L. et al. Testicular amyloidosis in hamsters experimentally infected
with Leishmania donovani. Parasitology Today, Amsterdam, v. 12, n. 10, p. 412,
Oct.1983.
KOVALENKO, F. P; LYSENKO, A. I. A.; LAVDOVSKAIA, M. V. The host-
opportunistic protozoa system. The dissemination of Leishmania infantum infection in
naturally susceptible laboratory animals subjected to drug-induced immunosuppression
Parazitologiia, Leningrad, v.28, n.4, p. 293-297, July/Aug 1994.
KRISTIN, L. H. Sistema reprodutor. In: ROSE, E. R; DENNY, J. M. Atlas de citologia
de cães e gatos. São Paulo: Roca, 2003. cap. 11, p. 233-264
LOSOS, G. J. Infectious tropical discases of domestic animals. International
Development Research Center, Ottawa, 1986. 938 p.
LUNA, L. G. Routine staining procedeures. In: LUNA, L. G. Manual of Histologic
Staining Methods of the Armed Forcs Institute of Pathology. 3.ed. New York:
McGrow-Hill, 1968. p. 72-240.
MANGOUD AM, RAMADAN ME, MORSY TA, et al. Histopathological studies of
Syrian golden hamsters experimentally infected with Leishmania d. infantum.
Journal of Egyptian Society of Parasitology, Cairo., v. 27, n. 3. p. 689-702, Dec. 1997.
25
MANGOUD AM, MORSY TA, RAMADAN ME, et al. The pathology of the heart and
lung in Syrian golden hamsters experimentally infected with Leishmania d. infantum on
top of pre-existing Schistosoma mansoni infection. Journal of Egyptian Society of
Parasitology, Cairo.v. 28, n. 2, p. 395-402, Aug. 1998.
MARTINEZ-GARCIA, F. et al. Protozoan infections in the male genital tract. Journal
of Urology, v.156, n. 2, p. 340-349, Aug. 1996.
MARZOCHI, M. C. A. et al. Leishmaniose visceral canina no Rio de Janeiro, Brasil.
Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 1, n. 4, p. 432-446, out/dez.1985.
MORENO, J.; NIETO, J.; CHAMIZO, C. The immuni response and PBMC subscts
canine visceral leishmaniasis before, and after, chemotherapy. Veterinary
immunopathology, Amsterdam, v. 71, n. 3/4, p. 181-195, nov. 1999.
PINELLI, E. et al. Cellular and humoral immune responses in dogs experimentally and
naturally infected with Leishmania infantum. Infection and immunity, Washington, v.
62, p. 229-235, 1994.
POUL.J. Diagnostic de la leishmaniose canine par la recherche des Leishmania dans le
mucus nasal et dans le testicule. Archives Institute Pasteur Algery, Alger, v. 27, p.
315-316, 1949.
26
RAMOS, G. P.; RANGEL FILHO, F.B.; BOTELHO, G.P. Valores bioquímicos séricos
de cães portadores de leishmaniose visceral. Revista Brasileira de Medicina
Veterinária, Rio de Janeiro, v. 16, n. 5, p. 192-196, 1994.
SANTA ROSA, C.A.; OLIVEIRA, I. C. S. Leishmaniose visceral: breve revisão sobre
uma zoonose reemergente. Clínica Veterinária, São Paulo, ano 2, n. 11, p. 24-28,
nov/dez, 1997.
STRAUSS-AYALI, D.; BAENETH, G. Canine visceral leishmaniasis. In:
CARMICHAEL, L. (Ed.). Recent advances in canine infectious diseases. New York:
International Veterinary Information Service, 2001. Disponível em: <http://
www.ivis.org/sdvances/infect_DIS_ Carmichael/banth/chapter_frm.asp>. Acesso em:
25 maio 2006.
SUNDAR, S.; RAI, M. Laboratory Diagnosis of Visceral Leishmaniasis. Clinical and
Diagnostic Laboratory Immunology, Washington. v. 9, n. 5, p.951-958, 2002
WORD HEALTH ORGANIZATION - WHO. Urbanization: an increasing risk factor
for leishmaniasis. Weekly Epidemiological Record, Geneva, v. 77, n. 44, p. 365-372,
2002.
27
CAPITULO 2
ANTICORPOS ANTI-Leishmania (Leishmania) chagasi
(CUNHA & CHAGAS, 1937) EM LÌQUIDO CEFALORRAQUIDIANO DE CÃES
(Canis familiaris) (LINNAEUS, 1758) COM INFECÇÃO NATURAL
28
ANTICORPOS ANTI-Leishmania (Leishmania) chagasi
(CUNHA & CHAGAS, 1937) EM LIQUIDO CEFALORRAQUIDIANO DE CÃES
(Canis familiaris)( LINNAEUS, 1758) COM INFECÇÃO NATURAL
RESUMO
Apesar de o cérebro ser dotado de uma proteção imunológica, a presença de formas
amastigotas tem sido relatada neste sitio em pacientes humanos e em animais infectados
com Leishmania donovani. O objetivo deste trabalho foi relatar a presença de anticorpos
anti- Leishmania (Leishmania) chagasi em cães infectados naturalmente. A presença
dos mesmos no LCR pode sugerir a existência de lesão na barreira hematoencefálica.
ANTI-Leishmania (Leishmania) chagasi (CUNHA & CHAGAS, 1937)
ANTIBODIES IN CEREBROSPINAL FLUID IN NATURALLY INFECTED
DOG
ABSTRACT
Human and animal brains possess a great immunological protection, nonetheless,
amastigots forms have been related under Leishmania donovani infection. The aim of
this work was to present the existence of antibodies anti-Leishmania (Leishmania)
chagasi in dogs naturally infected. The presence of these antibodies in Cerebrospinal
Fluid (CSF) suggests that there is lesion on blood-brain barrier.
29
1. INTRODUÇÃO
No Brasil a leishmaniose visceral (LV) ou calazar, é uma antropozoonose
causada pelo protozoário Leishmania (Leishmania) chagasi, transmitido por insetos
flebotomíneos do gênero Lutzomyia sp. tendo no ambiente silvestre as raposas e
masurpiais, como reservatórios e no meio urbano o cão (SANTA ROSA e OLIVEIRA.,
1997; FEITOSA et al., 2000).
A infecção por Leishmania sp, usualmente causa doença sistêmica de evolução
crônica, podendo manifestar-se de três meses a alguns anos após a infecção, e a sua
gravidade depende da imunocompetência do hospedeiro vertebrado (FEITOSA et al.,
2000).
Após a infecção, os parasitos disseminam-se na pele e posteriormente alcançam
diferentes órgãos e tecidos, tais como medula óssea, baço, fígado, coração, pulmão,
intestino e rins, (LOSOS, 1986; FERRER, 2002; MANGOUD et al 1997;
KOVALENKO et al. 1994) causando uma doença sistêmica.
Apesar do tecido nervoso do SNC ser dotado de uma proteção imunológica
privilegiada (ABREU-SILVA et al., 2003) a presença de formas amastigotas tem sido
relatada em quor cefalorraquidiano (LCR) de pacientes humanos e em animais
infectados com Leishmania donovani (PRASAD e SEN, 1996).
Alterações no LCR (LIMA et al., 2003) e a presença de processos inflamatórios
no plexo coróide (NIETO et al, 1996) e meninges (PRASAD e SEN, 1996; VIÑUELAS
et al. 2001) têm sido reportada em paciente humanos e cães com infecção natural por
Leishmania donovani e Leishmania infantum, respectivamente.
30
Não obstante, Garcia-Alonso e colaboradores (1996) e Lima e colaboradores
(2003) observaram a presença de imunoglobulinas da classe G (IgG) anti- Leishmania
sp em LCR de cães com infecção natural.
O presente trabalho teve como objetivo detectar a presença de anticorpos anti-
Leishmania (L.) chagasi em LCR de cães infectados naturalmente.
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1 ANIMAIS
Foram utilizados 29 cães de raça, sexo e idades variadas procedentes da Região
Metropolitana do Recife. A amostra foi escolhida por conveniência não probabilística,
de acordo com Costa Neto (1977), no período de julho de 2004 a abril de 2005.
2.2 EXAME CLÍNICO
Inicialmente foi realizado anamnese, com obtenção de dados referentes ao
estado geral, raça, sexo, idade, porte e evolução do processo bem como dados
referentes ao proprietário e ao animal. O exame físico, para observação da existência ou
não de sinais sugestivos de leishmaniose visceral canina, de acordo com Ferrer, e
colaboradores (1999) e Ferrer (2002), constou principalmente da inspeção da pele e
fâneros, além da palpação abdominal e dos gânglios linfáticos
31
2.3 COLHEITA DO MATERIAL DESTINADO AO EXAME
PARASITOLÓGICO
2.3.1 BIOPSIA DE MEDULA ÓSSEA
A biópsia de medula óssea foi realizada por punção medular no manúbrio do
osso externo, utilizando-se seringas
1
e agulhas
2
descartáveis. Do material puncionado
foram realizados esfregaços que após secagem foram fixados, corados e examinados
como foi descrito anteriormente.
2.4 COLHEITA DO MATERIAL DESTINADO AO TESTE SOROLÓGICO
De cada animal foram colhidos aproximadamente 10 mililitros (ml) de sangue
por venopunção da veia cefálica, com seringa
3
e agulha
4
descartáveis. O material foi
transferido para tubos estéreis sem anticoagulante para obtenção do soro, o qual foi
acondicionado em tubos de polipropileno
(Eppendorf) com capacidade para 1,5 ml.
2.5 FORMAÇÃO DOS GRUPOS EXPERIMENTAIS
Após os exames clínicos, sorológicos e parasitológicos, os animais foram
divididos em grupos experimentais, a saber: Grupo Infectado (GI), formado por 21
animais atendidos no Hospital Veterinário da UFRPE com sorologia positiva ao teste
ELISA e/ou exame parasitológico positivo para Leishmania (L) chagasi, independente
1
Seringa
descartável de 20ml, Becton Dickson
2
Agulha
descartável de 40x12, Becton Dickson
3
Seringa
descartável de 5ml, Becton Dickson
4
Agulha
descartável de 25x7, Becton Dickson
5
Agulha
descartável de 25x8, Becton Dickson
32
de sinais clínicos; e Grupo Controle (GC), formado por oito animais provenientes do
Centro de Vigilância Ambiental da Cidade do Recife-PE, com sorologia negativa ao
teste ELISA e exame parasitológico negativo para Leishmania (l.) chagasi, sem sinais
clínicos da doença.
2.6 COLHEITA DO LIQUIDO CEFALORRAQUIDIANO (LCR)
O LCR foi colhido segundo a técnica descrita por Wright (1978). Para tanto o
animal foi colocado em decúbito lateral, com a cabeça formando um ângulo de 90° com
a coluna cervical e o espaço entre a protuberância occipital e a ponta crânio dorsal da
vértebra C2. A colheita foi realizada com auxílio de agulha
5
estéril no espaço mediano.
Após a visibililização do LCR no cabo da agulha, o mesmo foi colhido por gotejamento
em tubos de polipropileno
6
com capacidade para 1,5 ml.
2.7 TESTE SOROLÓGICO
Foi utlizado o kit EIE-Leishmaniose Canina Bio-Manguinhos
para realização
dos testes sorológicos tanto para o soro como para o LCR. As diluições utilizadas nos
testes foram 1:100 e 1:2 com o Kit Elisa horseradish peroxidase (Sigma, St. Louis, MO,
USA) (GARCIA-ALONSO et al.,1996) para o soro e LCR respectivamente. A leitura
foi realizada em um leitor de ELISA com densidade óptica de 450 nanômetros, no
Centro de Pesquisa Ageu Magalhães/Fundação Osvaldo Cruz.
33
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados dos testes sorológicos do LCR, com o kit EIE-Leishmaniose
Canina Bio-Manguinhos,
revelaram que 42,8% (9/21) dos animais do GI foram
positivos para presença de anticorpo anti-Leishmania (Leishmania) chagasi.
Estes resultados são inferiores aqueles observados por Garcia-Alonso e
colaboradores (1996) e Lima e colaboradores (2003), que detectaram a presença de
anticorpos anti-Leishmania sp em LCR de 61,5% e 46,6% dos cães com infecção
natural respectivamente utilizando o kit Elisa Sigma.
A presença de anticorpos específicos em LCR de cães com LVC tem sido pouco
descrita na literatura. Entretanto, sua presença sugere lesão ao nível da membrana
semipermeável formada por endotélio vascular e células ependimais altas do plexo
coróide que protegem o sistema nervoso central (SNC).
Abreu-Silva e colaboradores (2003) e Vries e colaboradores (1997), asseguram
que vários patogenos podem atravessar a barreira hematoencefálica e causar lesões.
Entre as possíveis vias de entrada no sistema nervosos central, Toumanen (1996)
destaca a invasão direta dos patogenos nas células epiteliais, passagem dos
microorganismos entre as células da referida barreira, ou ainda transporte através da
barreira dentro de leucócitos infectados.
Vale salientar que dos animais do GI, 38% (8/21) foram positivos para presença
de anticorpo anti-Leishmania (Leishmania) chagasi, tanto no soro quanto no LCR, e
34
que 4,7% (1/21) foi positivo apenas no LCR. Contudo nenhum dos animais estudados
apresentava sinais de envolvimento neurológico.
Furmaga-Jablosnka (1987) assegura que a presença de IgG no LCR pode ser
resultante do aumento das Imunoglobulinas no soro ou produção local no LCR em
estados patológicos.
A presença de anticorpos no LCR e ausência do soro de animais com infecção
natural, pode estar relacionada a fatores ligados á exaustão da resposta imune,
notadamente aqueles relacionados com linfócitos T e CD4, reações falso negativas
também têm sido demonstradas (BRITO, 2004).
Por outro lado, sinais neurológicos não têm sido reportados com freqüência na
literatura. Novos estudos deverão ser realizados para avaliar melhor a presença de
anticorpos no LCR e sua repercussão em cães de áreas endêmicas.
4. CONCLUSÃO
A presença de anticorpos anti-Leishmania (L) chagasi, pode sugerir a existência
de lesão na barreira hematoencefálica e/ou produção local no LCR.
5. REFERÊNCIAS
ABREU-SILVA, A.L.; CALABRESE, K. S.; TEDESCO, R. C. et al. Central nervous
system involviment in experimental infectio wiht Leishmania (Leishmania)
amazonensis. American Journal of Tropical Medicine and Hygiene, Baltimore, v.
68, n.6, p. 661-665, 2003.
35
BRITO, F. L. C. Alterações oculares e análise do humor aquoso de cães (Canis
familiaris Linnaeus, 1758) infectados naturalmente por Leishmania chagasi (Cunha
& Chagas, 1937). 2004. 862 f. Dissertação (Mestrado em Ciência Veterinária) –
Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife.
COSTA NETO, P. L. O. Estatística. São Paulo: Edgard Blücher, 1977. 264p.
FEITOSA, M. M.et al. Aspectos clínicos de cães com leishmaniose visceral no
município de Araçatuba – São Paulo (Brasil). Revista Clínica Veterinária, São Paulo,
v. 28, p. 36-42, 2000.
FERRER, L. Clinical aspects of canine leishmaniasis. In: Killick-Kendrick.R
Canine leishmaniasis: an update. PROCEEDINGS OF THE INTERNATIONAL
CANINE LEISHMANIASIS FORUM, Barcelona, p. 6-10, jan.1999.
FERRER, L. Canine leishmaniasis: evaluation of the immunocompromised patient. In:
WORD SMALL ANIMAL VETERINARY ASSOCIATION CONGRESS, 27., 2002,
Granada. Anais eletrônico... Granada, 2002. Disponível em: <hhttp:://
www.avepa.org/granada2002>. Acesso em: 24 fev. 2005.
FURMAGA-JABLONSKA W. IgG, IgM and IgA levels in the cerebrospinal fluid of
children with congenital toxoplasmosis
.
Pediatria Polska, Warszawa, v. 62, n. 7, p.
469-475, july. 1987.
GÁRCIA-ALONSO, M. et al., Presence of antibodies in the aqueous humor and
cerebrospinal fluid during Leishmania infection in dogs. Pathological features at the
central nervous system. Parasite immunology, Oxford, v. 18, p. 539-546, 1996.
36
KOVALENKO, F. P; LYSENKO, A. I. A.; LAVDOVSKAIA, M. V. The host-
opportunistic protozoa system. The dissemination of Leishmania infantum infection in
naturally susceptible laboratory animals subjected to drug-induced immunosuppression
Parazitologiia, Leningrad, v.28, n.4, p. 293-297, july/aug 1994.
LIMA, V. M. F. et al. Anti-Leishmania antibodies in cerebrospinal fluid from dogs with
visceral Leishmaniasis. Brazilian Journal of Medical and Biological Research,
Ribeirão Preto, v. 36, n. 4, p. 485-489, 2003.
LOSOS, G. J. Infectious tropical discases of domestic animals. International
Development Research Center, Ottawa, 1986, 938 p.
MANGOUD AM, RAMADAN ME, MORSY TA, et al. Histopathological studies of
Syrian golden hamsters experimentally infected with Leishmania d. infantum.
Journal of Egyptian Society of Parasitology, Cairo., v. 27, n. 3. p. 689-702, Dec.
1997.
NIETO, C. G. et al., Detection of Leishmania infantum amastigotes in canine choroid
plexus. Veterinary Record, Amsterdam, v. 139, p. 346-347, 1996.
PRASAD, L.S.N.; SEN, S. Migration of Leishmania donovani amastigotes in the
cerebrospinal fluid. American Journal of Tropical Medicine and Hygiene, Baltimore,
v. 55, n. 6, p. 652-654, 1996.
37
SANTA ROSA, C.A.; OLIVEIRA, I. C. S. Leishmaniose visceral: breve revisão sobre
uma zoonose reemergente. Revista Clínica veterinária, São Paulo, ano 2, n. 11, p. 24-
28, nov/dez, 1997.
TOUMANEN, E. Entry of pathogens into the central nervous system. FEMS
Microbiologyl Reviews, Amsterdam, v.18, p. 289–299, 1996.
VIÑUELAS, J. et al. Meningeal leishmaniosis induced by Leishmania infantum in
naturally infected dogs. Veterinary Parasitology, Amsterdam, v.101, p. 23-27, 2001
VRIES, H. E. et al. The blood-brain barrier in neuroinflammatory diseases.
Pharmacology Reviews, v. 49, p.143–155, 1997.
WRIGHT, J.A. Evaluation of cerebrospinal fluid in the dog. Veterinary Record,
London, v. 103, n. 3, p. 48-51, 1978.
38
CAPÍTULO 3
AVALIAÇÃO DA PROTEÍNA TOTAL DO SORO E DO LÍQUIDO
CEFALORRAQUIDIANO (LCR) DE CÃES NATURALMENTE INFECTADOS
POR Leishmania (Leishmania) chagasi
39
AVALIAÇÃO DA PROTEÍNA TOTAL DO SORO E DO LÍQUIDO
CEFALORRAQUIDIANO (LCR) DE CÃES NATURALMENTE INFECTADOS
POR Leishmania (Leishmania) chagasi
RESUMO
O aumento de proteína plasmática total, vem sendo comumente observado na LVC,
nesses casos a hiperglobulinemia seguido de hipoalbuminemia é relatada como
conseqüência da produção de anticorpos e alterações renais e hepáticas. Com base na
escassez de dados na literatura correlacionando as proteínas do soro e do líquido
cefalorraquidiano em cães com calazar, este trabalho teve por objetivo mensurar a
proteína total serica e do LCR de cães naturalmente infectados por Leishmania (L.)
chagasi. Após a mensuração da proteína sérica e liquórica dos animais infectados
naturalmente, 85,7% (18/21) apresentaram hiperproteinemia, e 16,7% (3/21)
apresentaram o nível de proteína elevado do LCR com médias de 8,34±1,07 e
17,09±16,03, respectivamente.
EVALUATION OF SERIC AND CEREBROSPINAL FLUID PROTEINS IN
NATURALLY Leishmania (Leishmania) chagasi INFECTED DOG
ABSTRACT
The increase of total plasmatic protein has been commonly observed in CVL. In these
cases the hyperglobulinemia followed by hypoalbumunemia is alleged to be a
consequence of the production of antibodies renal and hepatic alterations. Based on the
scarce data correlating seric and cerebrospinal fluid proteins in dogs with kalazar
disease, this work aimed to measure both, the total seric protein and CSF protein from
dogs naturally infected by Leishmania (L.) chagasi. Following sera and liquor protein
measurement 85.7% (18/21) presented hyperproteinemia and 16.7% (3/21) presented
increase of CFS protein level with means ranging from 8.34±1,07 and 17.09±16.03,
respectively.
40
1. INTRODUÇÃO
As proteínas são compostos indispensáveis à vida, representando a base da
estrutura de células, tecidos e óros. Funcionam como catalisadores enzimáticos nas
reações bioquímicas, carreadores de muitos constituintes do plasma e na defesa
orgânica como anticorpos (JAIN, 1993; KANEKO et al., 1989).
A maioria das proteínas são sintetizadas no fígado a partir de aminoácidos obtidos
após a quebra e absorção intestinal (COLES, 1984; KERR, 2003).
Com relação às proteínas sericas, as globulinas e as albuminas são as principais
frações, sendo as albuminas, responsáveis por cerca de 35 a 60% das proteínas séricas
totais (COLES, 1984; BUSH et al., 2004).
Sendo assim, os valores normais da proteína sérica total e albumina em cães
variam de 5,4 a 7,8 g/dl, e 2,5 a 40g/dl respectivamente (KANEKO et al., 1989; KERR,
2003; BUSH, 2004).
Com relação às globulinas, são produzidas pelos plasmócitos em resposta à
estimulação antigênica, com sua concentração variando de 2,5 a 4,5g/dl, (COLES, 1984;
BUSH, 2004).
No que concerne à proteína total presente no líquido cefalorraquidiano (LCR) sua
concentração varia de 10 a 40mg/dl (COLES, 1984; FERNANDES, 1990; CHRISMAN,
1992; BRAUND, 1994; MEINKOTH e CRYSTAL, 1998). Contudo, De Lahunta (1983)
assegura que a maior parte da proteína é composta de albumina.
41
Estudos envolvendo alteração do perfil eletroforético e a infecção por Leishmania
(Leishmania) chagasi têm sido reportada por Rey (2001), observando
hipergamaglobulinemia e alteração na relação albumina/globulina.
Em cães, Medonça (1997) observou que o nível de gamaglobulina mostrou-se
elevado com diminuição dos valores de albumina nos animais com infecção natural por
Leishmania sp.
Por outro lado, Lima e colaboradores (2003) relataram a presença de anticorpos
anti-Leishmania em LCR de animais positivos para LVC com conseqüente alterações do
líquido cefalorraquidiano (LCR).
Devido à escassez de dados na literatura correlacionando leishmaniose e
alterações no LCR, este trabalho teve como objetivo, mensurar a proteína total sérica e
liquorica de cães naturalmente infectados por Leishmania (L.) chagasi.
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1 ANIMAIS
Foram utilizados 21 cães de raça, sexo e idades variados, positivos ao teste ELISA
e/ou exame parasitológico positivo para Leishmania (L.) chagasi, independente de sinais
clínicos sugestivos da doença, denominados de Grupo Infectado (GI), procedente da
Região Metropolitana do Recife, atendidos no Hospital Veterinário da Universidade
Federal Rural de Pernambuco e o Grupo Controle (GC), formado por oito animais
provenientes do Centro de Vigilância Ambiental da Cidade do Recife-PE, com sorologia
negativa ao teste ELISA e exame parasitológico negativo para Leishmania (L.) chagasi, e
42
sem sinais clínicos da doença. A amostragem utilizada foi por conveniência não
probabilística, de acordo com Costa Neto (1977).
2.2 COLHEITA DO SORO
Foram colhidos aproximadamente 10 ml de sangue através da venopunção da veia
cefálica, com seringa
1
e agulha
2
descartáveis e transferidos imediatamente para tubos de
ensaio estéreis, sem anticoagulante, e mantidos inclinados até a completa retração do
coágulo para obtenção do soro, o qual foi transferido para tubos de polipropileno
armazenado à temperatura de –20°C.
2.3 COLHEITA DO LÍQUIDO CEFALORRAQUIDIANO (LCR)
O LCR foi colhido segundo a técnica descrita por Wright (1978). Para tanto o
animal foi colocado em decúbito lateral, com a cabeça formando um ângulo de 90° com
a coluna cervical e o espaço entre a protuberância occipital e a ponta crânio dorsal da
vértebra C2. A colheita foi realizada com auxílio de agulha
3
estéril no espaço mediano.
Após a visiblilização do LCR no cabo da agulha, o mesmo foi colhido por gotejamento
em tubos de polipropileno
6
com capacidade para 1,5 ml.
43
2.4 DETERMINAÇÃO DA PROTEÍNA TOTAL E ALBUMINA NO SORO E
PROTEÍNA NO LCR
A mensuração da proteína total sérica e da albumina foi realizada através de Kits
comerciais
4
utilizando a metodologia calorimétrica. A leitura foi realizada em
espectrofotômetro digital
2
em densidade óptica de 450.
A determinação da proteína total do LCR foi realizada pela técnica do ácido
sulfossalicílico 3% e padrões de proteína com concentração de 20mg/dl, 40mg/dl e
80mg/dl, de acordo com Sarmento e colaboradores (2002). A leitura foi realizada no
mesmo aparelho citado anteriormente, em densidade óptica de 420.
2.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Para análise dos resultados foram utilizados os testes t-Student para as
variáveis proteínas sérica, albumina, globulina e a relação A:G, precedidas do teste
de normalidade, bem como o teste não paramétrico de Mann-Whitney para avaliar as
alterações da proteína liquórica. O nível de significância utilizado nas decisões dos
testes estatísticos foi de 5%. Os dados foram digitados em planilha Excel e o
1
Seringa
descartável de 20ml, Becton Dickson
2
Agulha
descartável de 40x12, Becton Dickson
3
Agulha
descartável de 25 x8, Becton Dickson
4
Kit para dosagem de Proteína Total e Albumina , Doles
5
Spectro UV-VISRS
44
programa utilizado para a obtenção dos cálculos estatísticos foi Minitab Release 14,1
Estatistical Software.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Analisando-se os dados referentes às dosagens séricas de proteína total, albumina
e globulinas (Tabela 1), constatou-se que o valor médio da proteína total e das globulinas
nos animais do GI, encontram-se acima dos valores referenciais de Bush (2004). Contudo
os valores relativos à albumina e a relação Albumina:Globulina (A:G) estava abaixo
daqueles referenciais.
Tabela 1-Média e desvio padrão dos níveis séricos em g/dl de proteína total, albumina,
globulina e da relação A: G no soro dos animais do GI e do GC. Recife, 2006
VARIÁVEIS GI GC
VALORES
REFERÊNCIAIS*
Proteína total 8,34 ± 1,07 5,91 ± 1,82 5,5-7,5 g/dL
Albumina 1,69 ± 0,41 1,53 ± 0,31 2,5-4,0 g /dL
Globulina 6,65 ±1,26 4,38 ± 1,84 2,5-4,5 g /dL
Relação A:G 4,26 ± 1,60 2,98 ± 1,54 0,5-1,3 g /dL
* Bush (2004)
45
Os valores para proteínas totais, albumina, alfa, beta e gamaglobulinas em cães
adultos saudáveis estão bem caracterizados (BARSANTI et al., 1977; KEAY, 1982;
HARRUS, 1996), para várias enfermidades infecciosas e parasitárias no cão, incluindo
a LVC (MENDONÇA, 1997).
Contudo a sua variação pode ser decorrente da idade, estado nutricional e
fisiológico, gestação, lactação, perda de líquidos, além dos processos infecciosos
(KANEKO, 1989)
Segundo Bush (2004), o aumento da proteína total está relacionado a vários
fatores como desidratação, concentração aumentada de globulinas, devido à inflamação
aguda, subaguda ou crônica, doenças hepáticas e/ou renais, distúrbio auto-imunes,
doenças virais, além de infecções por fungos e protozoários.
Sendo assim a hiperproteinemia aqui encontrada pode ser resultante da
hiperglobulinemia, devido a uma ativação policlonal de células B e a produção de
anticorpos (FERRER, 1992; LOPES et al., 1996; CIARAMELLA et al., 1997;
KOUTINAS et al., 1999).
Desta forma fica claro que os valores aumentados das globulinas aqui
encontrados são resultantes da resposta na atividade das células T, particularmente os
linfócitos T auxiliar 2 (Th2) que elicitam a imunidade humoral (BIAZZONO, 2003).
Os dados de hiperproteinemia e hiperglobulinemia aqui encontrada são
concordantes com os achados de Ferrer (1992), Ciaramella e colaboradores (1997) e
Koutinas e colaboradores (1999), que observaram a hiperproteinemia por
46
hiperglobulinemia em animais com LVC, particularmente nos estágios finais da doença.
(HERNANDEZ-RODRIGUEZ et al., 1987; RAMOS et al., 1994)
Com relação à diminuição de albumina aqui observada, deve-se levar em
consideração que em virtude da lesão hepática, devido à disseminação dos parasitos no
fígado na LVC, possa ocorrer redução na sua produção, o que reflete diretamente nos
índices sericos.
Vale a pena lembrar que a determinação da proteína sérica total ou albumina
isolada, podem refletir em um achado clínico sem muito valor, em virtude de que a
alteração de uma das frações pode refletir diretamente no aumento ou diminuição de
outra fração, como observado por Mendonça (1997) na LVC.
Entretanto, a diminuição desta proteína ocorreu tanto no grupo infectado quanto
no controle. Outros fatores relacionados com perdas renais e diminuição na ingestão
protéica devem ser levados em consideração para o entendimento melhor dessas
alterações.
Com base nos resultados da relação albumina/globulina (A/G), pôde-se
constatar uma diminuição da relação A:G.
A avaliação da relação albumina/globulina auxilia na orientação diagnóstica,
nos quadros de aumento das imunoglobulinas, como na gamopatia observada por Font
e colaboradores (1994) no calazar canino.
Analisando-se os dados referentes às dosagens de proteína total no LCR
constatou-se que o valor médio da proteína total liquórica nos animais do GI, encontra-
se acima, enquanto que no GC estavam abaixo dos valores referenciados por Meinkoth
47
e Crystal (1998) que é 10 a 25 mg/dL, apresentando médias 17,09 ± 16,03 e 1,92 ±
0,38, respectivamente.
Analisando-se individualmente as proteínas liquórica do GI, observou-se que
37,5% (9/21) estavam abaixo do normal, sem significado cliníco-patológico, 45,83%
(9/21) estavam dentro da normalidade, porém, 16,7% (3/21) apresentaram concentrações
acima do considerado normal, o que sugere alteração na permeabilidade da barreira
hemato-encefálica do plexo coróide (LAHUNTA, 1983; DUNKAN, 1987).
A análise estatística revelou não existir diferença siguinificativa (p >0,05) nos
níveis protéicos do soro e do LCR tanto nos animais do GI, como nos do GC.
Segundo Gerber e colaboradores (1994), a concentração de proteínas do LCR é
definida pela interação entre o fluxo molecular e o fluxo do LCR, e o nível normal de
proteína no LCR aumenta do espaço ventricular para o lombar. O transporte difusão-
dependente de proteínas do cérebro para o LCR e do sangue para o LCR segue as leis da
difusão de acordo com o tamanho da molécula, o que é a causa da seletividade da função
das barreiras hemato-encefálica (BHE) e hemato-liquórica (BHL), as quais representam
interface entre o sistema vascular e o compartimento extracelular do sistema nervoso
central (SNC), o sistema vascular e o espaço do LCR, respectivamente.
Segundo, Gárcia-Alonso e colaboradores (1996) e Nieto e colaboradores (1996), a
ação dos antígenos de Leishmania sp e imunoglobulinas no plexo coróide, pode gerar
como conseqüência uma reação inflamatória no local.
Sperhacke e colaboradores (2004) citam que, nas infecções agudas, os leucócitos
migram para o LCR e para o tecido nervoso, as BHE e BHL se tornam permeáveis para
48
albumina e outras grandes moléculas, como conseqüência pode aumentar a resistência de
saída do fluxo do LCR no espaço subaracnóideo, tendendo a diminuir o fluxo do LCR e
aumentar a concentração protéica do LCR.
Vale salientar ainda que nos animais do GC a concentração protéica esteve abaixo
daqueles valores referenciais.
É importante lembrar que ocorre variação da concentração protéica de acordo com
o local da punção (GAMA et al., 2005), assim como na dependência da idade e estado
patológico (SPERHACKE et al., 2004).
4. CONCLUSÕES
A determinação da proteina sérica de cães com infecção natural por Leishmania
(L.) chagasi deve ser cuidadosamente avaliada, levando-se em consideração os problemas
renais além da diminuição na ingestão protéica.
Nos cães com infecção natural por Leishmania (L.) chagasi, a elevação da
proteína liquórica pode ser decorrente da alteração da permeabilidade da barreira
hematoencefálica, ou do aumento na síntese de imunoglobulina intratecal.
49
5. REFERÊNCIAS
BARSANTI, J.A. et al. Analysis of serum proteins, using agarose electrophoresis in
normal dogs and in dogs naturally infected with Dirofilaria immitis. American Journal
of Veterinary Research, Chicago v.38, n.7, p.1055-1058, 1977.
BIAZZONO, L. Avaliação da reação de hipersensibilidade tardia à leishmania e
das subclasses de imunoglobulinas IgG1 e IgG2 em cães de região endêmica para
leishmaniose visceral. 2003. Tese (Doutorado em Clínica Veterinária) – Universidade
de São Paulo, São Paulo.
BRAUND, K. G. Diagnostic techniques. In: ______. Clinical syndromes in veterinary
neurology. Santa Louis: Mosby, 1994. p. 333-421.
BUSH, B. M. Nutrientes e metabólitos In: ______.Interpretação de resultados
laboratoriais para clínicos de pequenos animais. São Paulo: Roca, 2004. cap. 5, p.
180-183.
CHRISMAN, C. L. Cerebrospinal fluid analysis. Veterinary Clinics of North
America: Small Animal Practice, Philadelphia, 1992. v. 22, p. 781-810.
50
CIARAMELLA, P. et al., A retrospective clinical study of canine leishmaniosis in 150
dogs naturally infected by Leishmania infantun. Veterinary Record, London, v. 141, n.
21, p. 539-543, Nov. 1997.
COLES, E. H. Fluido cerebrospinal. In: ______.Patologia clínica veterinária, 3. ed. Rio
de Janeiro: Manole, 1984. p. 367-381.
COSTA NETO, P. L. O. Estatística. São Paulo: Edgard Blücher, 1977. 264p.
De LAHUNTA, A. Veterinary neuroanotomy and clinical neurology. 2. ed.
Philadelphia: W.B. Saunders Company, 1983. 261p.
DUNCAN, J. R. et al. Laboratory examinations.In: OLIVER, J.E.; HOERLEIN, B.F.
MAYHEW, I.G. Veterinary Neurology, Philadelphia: W.B. Saunders Company, 1987,
p. 57-64.
FERNANDES, R. W. Determinação dos valores liquóricos normais de glicose, proteína,
globulina, uréia creatina fosfoquinase (CK), aspartato aminotrasferase (AST), leucócitos
e da coloração, turbidêz e coagulabilidade em cães sadios. Brazilian Journal of
Veterinary Research Animal Science, São Paulo, v. 27, n. 2, p. 209-216, 1990.
FERRER, L. Leishmaniasis. In: KIRK, R.W.; BONAGURA, J.D. KIRK’s Current
Veterinary Therapy 11., Philadelphia: W.B. Saunders, 1992. p. 266-270.
51
FONT A; CLOSA, J. M.; MASCORT, J. Monoclonal gammopathy in a dog with visceral
leishmaniasis. Journal of Veterinary International Medicine, Lawrence, v. 8, n. 3, p.
233-235, May/Jun. 1994.
GAMA, F. G. V. et al. Caracteres físico-químicos e citológicos do liquor de cães em
diferentes fases da cinomose. Ciência Rural. Santa Maria, v.35, n.3, p. 596-601
May/June 2005.
GÁRCIA-ALONSO, M. et al. Presence of antibodies in the aqueous humor and
cerebrospinal fluid during Leishmania infection in dogs. Pathological features at the
central nervous system. Parasite immunology, Oxford, v. 18, p. 539-546, 1996.
GERBER J. et al.. Lumbar and ventricular CSF protein, leukocytes, and lactate in
suspected bacterial CNS infections. Neurology, Paris, v. 5, p. 1710-1714, 1998.
HARRUS, S. et al. Serum protein alterations in canine ehrlichiosis. Veterinary
Parasitology, Amsterdam, v.66, p.241-249, 1996
HERNANDEZ-RODRIGUEZ, S.; GOMES-NIETO, C.; MARTINEZ-GOMES, F.
Aspectos clínicos de la leishmnaiosis canina. Revista Ibérica de Parasitologia,
Granada, v. Extraordinário, p. 61-66, 1987.
52
JAIN, N.C. Essentials of veterinary hematology. Philadelphia: Lea & Febiger, 1993.
p.349-380.
KANEKO, J.J. et al. Clinical biochemistry of domestic animals. 5.ed. New York:
Academic, 1989. p 932.
KEAY, G. Serum protein values from clinically normal cats and dogs determined by
agarose gel electrophoresis. Research in Veterinary Science, London, v.33, n.3, p.343-
346, 1982.
KERR, M. G. Proteínas plasmáticas. Exames laboratoriais em medicina veterinária:
bioquímica clinica e hematologia. 2 ed. São Paulo: Roca, 2003. cap. 4, p. 87.
KOUTINAS, A. F. et al. Clinical considerations on canine visceral leishmaniosis in
Greece: a retrospective study of 158 cases (1989-1996). Journal of the America
Animal Hospital Association, Lakenwood, v. 35, n. 5, p. 376-383, Sept./Out. 1999.
LOPES, S. T. A. et al. Patologia clínica veterinária. Santa Maria: Universidade Federal
de Santa Maria, 1996. 172 p. Apostila.
LIMA, V. M. F. et al. Anti-Leishmania antibodies in cerebrospinal fluid from dogs with
visceral Leishmaniasis. Brazilian Journal of Medical and Biological Research,
Ribeirão Preto, v. 36, n. 4, p. 485-489, 2003.
53
MEINKOTH, J. H.; CRYSTAL, M. A. Cerebrospinal fluid analysis In: COWELL, R. L.
et al. Diagnostic Cytology and Hematology of the Dog and the Cat. 2. ed. Saint
Louis; Mosby, 1998. p. 41-125.
MENDONÇA. I. L. Avaliação do uso da eletroforese em acetato celulose como
método auxiliar no diagnóstico da leishmaniose visceral canina. 1997. 41f.
Dissertação (Mestrado em Ciência Veterinária) - Universidade Federal Rural de
Pernambuco, Recife.
NIETO, C. G. et al. Detection of Leishmania infantum amastigotes in canine choroid
plexus. Veterinary Record, Amsterdam, v. 139, p. 346-347, 1996.
RAMOS, G. P.; RANGEL FILHO, F.B.; BOTELHO, G.P. Valores bioquímicos séricos
de cães portadores de leishmaniose visceral. Revista Brasileira de Medicina
Veterinária, Rio de Janeiro, v. 16, n. 5, p. 192-196, 1994
REY, L. Parasitologia. 3. ed., Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2001.cap. 19, p.253-
256.
54
SARMENTO, L. V. C. et al. Mielografia de cães sadios com o meio de contraste
ioversol. Resultados liquóricos e anátomo- histopatológico. Ciência Rural, Santa
Maria, v. 32, n. 3, p. 427-432, 2002
SPERHACKE, R. D. et al. Detection of Mycobacterium tuberculosis by a polymerase
chain reaction colorimetric dot-blot assay. International Journal of Tuberculosis and
Lung Diseases, Paris, v. 8, p.312-317, 2004
55
6. CONCLUSÕES GERAIS
1- Com base nos resultados encontrados sugere-se que cães com histórico de
infertilidade proveniente de áreas endêmicas devem ser investigados para LVC.
2- A presença de anticorpos anti-Leishmania (L) chagasi, pode sugerir a
existência de lesão na barreira hematoencefálica e/ou produção local no LCR
3- A determinação da proteína sérica de cães com infecção natural por
Leishmania (L.) chagasi deve ser cuidadosamente avaliada, levando-se em consideração
os problemas renais além da diminuição na ingestão protéica.
4- Nos cães com infecção natural por Leishmania (L.) chagasi, a elevação da
proteína liquorica pode ser decorrente da alteração da permeabilidade da barreira
hematoencefálica, ou do aumento na síntese de imunoglobulina intratecal.
56
7- REFERÊNCIAS
ABREU-SILVA, A.L.; CALABRESE, K. S.; TEDESCO, R. C. et al. Central nervous
system involviment in experimental infectio wiht Leishmania (Leishmania)
amazonensis. American Journal of Tropical Medicine and Hygiene, Baltimore, v.
68, n.6, p. 661-665, 2003.
ANDRADE, P. P.et al. Assessment of a recombinant Leishmania HSP70 ELISA for the
serodiagnosis of canine visceral leishmaniasis. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz,
Rio de Janeiro, v. 93, n.2, p. 217, 1998. Suplemento
ALVES, W.A.; BEVILACQUA, P.D. Reflexões sobre a qualidade do diagnóstico da
leishmaniose visceral canina em inquérito epidemiológicos: o caso da epidemia de Belo
Horizonte, Minas Gerais, Brasil, 1993-1997. Caderno de Saúde Pública, Rio de
Janeiro. v. 20, n. 1, p. 259-265, jan/fev, 2004
ALVES, L. C.; FAUSTINO, M. A. G. Leishmaniose visceral canina. Manual da
Schering-Plough, 2005, 14p.
BARROUIN-MELO, Stella Maria et al. Can spleen aspirations be safely used for the
parasitological diagnosis of canine visceral leishmaniosis? A study on assymptomatic
and polysymptomatic animals. The Veterinary Journal, London, v. 171, n. 2, p.331-
339, 2006.
57
BARSANTI, J.A. et al. Analysis of serum proteins, using agarose electrophoresis in
normal dogs and in dogs naturally infected with Dirofilaria immitis. American Journal
of Veterinary Research, Chicago v.38, n.7, p.1055-1058, 1977.
BIAZZONO, L. Avaliação da reação de hipersensibilidade tardia à leishmania e
das subclasses de imunoglobulinas IgG1 e IgG2 em cães de região endêmica para
leishmaniose visceral. 2003. Tese (Doutorado em Clínica Veterinária) – Universidade
de São Paulo, São Paulo.
BRASIL. MINISTÈRIO DA SAUDE. Manual de vigilância e controle da
leishmaniose visceral. Brasília, DF, 2003. 120p.
BRASIL. MINISTÈRIO DA SAUDE. Manual de vigilância e controle da
leishmaniose visceral. Brasília, DF, 2004. 120p.
BRAUND, K. G. Diagnostic techniques. In: ______. Clinical syndromes in veterinary
neurology. Santa Louis: Mosby, 1994. p. 333-421.
BRITO, F. L. C. Alterações oculares e análise do humor aquoso de cães (Canis
familiaris Linnaeus, 1758) infectados naturalmente por Leishmania chagasi (Cunha
& Chagas, 1937). 2004. 862 f. Dissertação (Mestrado em Ciência Veterinária) –
Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife.
58
BUSH, B. M. Nutrientes e metabólitos In: ______.Interpretação de resultados
laboratoriais para clínicos de pequenos animais. São Paulo: Roca, 2004. cap. 5, p.
180-183.
CABELLO,I.; CARABALLO,A.; MILLÁN,Y. Leishmaniasis in the genital area. Revista do
Instituto Tropical de São Paolo,v.44,n.2, p. 105-107, 2002.
CASTRO, C.A.; HIDALGO, H.H; SOLANO,A.E.;COTO,C.F. Leishmaniasis of the
genital organs. Medicine Cutan Ibero Latin American, v.15,p.145-150, 1987.
CIARAMELLA, P. et al., A retrospective clinical study of canine leishmaniosis in 150
dogs naturally infected by Leishmania infantun. Veterinary Record, London, v. 141, n.
21, p. 539-543, Nov. 1997.
CHRISMAN, C. L. Cerebrospinal fluid analysis. Veterinary Clinics of North
America: Small Animal Practice, Philadelphia, 1992. v. 22, p. 781-810.
COLES, E. H. Fluido cerebrospinal. Patologia clínica veterinária, 3. ed. Rio de
Janeiro: Manole, 1984. p. 367-381.
CORNELIUS, C.D. Canine cerebrospinal fluid. California Veterinarian, San
Francisco, v. 12, n. 2, p. 18-20, 1958.
59
COSTA NETO, P. L. O. Estatística. São Paulo: Edgard Blücher, 1977. 264p.
De LAHUNTA, A. Veterinary neuroanotomy and clinical neurology. 2. ed.
Philadelphia: W.B. Saunders Company, 1983. 261p.
DENEROLLE, P H. Leishmaniose canine: difficultes du diagnostic et du traitement
(125 cas). Pratique Medicale et Chirurgicale de L'animal de Compagnie, Paris, v.
31, n. 2, p.137-145, 1996.
DIAZ, M. P.; ARRIBAS, J. L. G.; GARCIA, E. G. Lesiones testiculares y epididimarias
em la leishmaniasis visceral canina, de presentyacion natural. Higia Pecoris, v. 4, n. 10,
p. 05-25, 1982.
DINIZ, S.A. Lesões genitais associadas à leishmaniose visceral e identificação
Leishmania sp no sêmen de cães infectados naturalmente. 2005. 39f. Dissertação
(Mestrado m Medicina Veterinária) - Universidade Federal de Minas Gerais, Belo
Horizonte.
DUNCAN, J. R. et al. Laboratory examinations.In: OLIVER, J.E.; HOERLEIN, B.F.
MAYHEW, I.G. Veterinary Neurology, Philadelphia: W.B. Saunders Company, 1987,
p. 57-64.
60
FEITOSA, M. M.et al. Aspectos clínicos de cães com leishmaniose visceral no
município de Araçatuba – São Paulo (Brasil). Clínica Veterinária, São Paulo, v. 28, p.
36-42, 2000.
FERNANDES, R. W. Determinação dos valores liquóricos normais de glicose, proteína,
globulina, uréia creatina fosfoquinase (CK), aspartato aminotrasferase (AST), leucócitos
e da coloração, turbidêz e coagulabilidade em cães sadios. Brazilian Journal of
Veterinary Research Animal Science, São Paulo, v. 27, n. 2, p. 209-216, 1990.
FERRER, L. Leishmaniasis. In: KIRK, R.W.; BONAGURA, J.D. KIRK’s Current
Veterinary Therapy XI, Philadelphia: W.B. Saunders, 1992. p. 266-270.
FERRER, L. Clinical aspects of canine leishmaniasis. In: Killick-Kendrick.R
Canine leishmaniasis: an update. PROCEEDINGS OF THE INTERNATIONAL
CANINE LEISHMANIASIS FORUM, Barcelona, p. 6-10, jan.1999.
FERRER, L. Canine leishmaniasis: evaluation of the immunocompromised patient. In:
WORD SMALL ANIMAL VETERUNARY ASSOCIATION CONGRESS, 27., 2002,
Granada. Anais eletrônico... Granada, 2002. Disponível em: <hhttp:://
www.avepa.org/granada2002>. Acesso em: 24 fev. 2005.
61
FONT A; CLOSA, J. M.; MASCORT, J. Monoclonal gammopathy in a dog with visceral
leishmaniasis. Journal of Veterinary International Medicine, Lawrence, v. 8, n. 3, p. 233-235,
May/Jun. 1994.
FURMAGA-JABLONSKA W. IgG, IgM and IgA levels in the cerebrospinal fluid of children
with congenital toxoplasmosis
.
Pediatria Polska, Warszawa, v. 62, n. 7, p. 469-475, july. 1987.
GAMA, F. G. V. et al. Caracteres físico-químicos e citológicos do liquor de cães em
diferentes fases da cinomose. Ciência Rural. Santa Maria, v.35, n.3, p. 596-601
May/June 2005.
GÁRCIA-ALONSO, M. et al., Presence of antibodies in the aqueous humor and
cerebrospinal fluid during Leishmania infection in dogs. Pathological features at the
central nervous system. Parasite immunology, Oxford, v. 18, p. 539-546, 1996.
GERBER J. et al.. Lumbar and ventricular CSF protein, leukocytes, and lactate in
suspected bacterial CNS infections. Neurology, Paris, v. 5, p. 1710-1714, 1998.
GONTIJO, C. M. F.; MELO, M. N. Leishmaniose visceral no Brasil: quadro atual,
desafios e perspectivas. Revista Brasileira de Epidemiologia, São Paulo, v. 7, n. 3, p
338-349, 2004.
62
GONZALEZ, J. L. et al. Testicular amyloidosis in hamsters experimentally infected with
Leishmania donovani. Parasitology Today, Amsterdam, v. 12, n. 10, p. 412, Oct.1983.
HARRUS, S. et al. Serum protein alterations in canine ehrlichiosis. Veterinary
Parasitology, Amsterdam, v.66, p.241-249, 1996
HERNANDEZ-RODRIGUEZ, S.; GOMES-NIETO, C.; MARTINEZ-GOMEZ, F.
Aspectos clínicos de la leishmaniosis canina. Revista Ibérica de Parasitologia,
Granada, p. 61-66, 1987. Edição especial.
JAIN, N.C. Essentials of veterinary hematology. Philadelphia: Lea & Febiger, 1993.
p.349-380.
KANEKO, J.J. et al. Clinical biochemistry of domestic animals. 5.ed. New York:
Academic, 1989. p 932.
KEAY, G. Serum protein values from clinically normal cats and dogs determined by
agarose gel electrophoresis. Research in Veterinary Science, London, v.33, n.3, p.343-
346, 1982.
KERR, M. G. Proteínas plasmáticas. Exames laboratoriais em medicina veterinária:
bioquímica clinica e hematologia. 2 ed. São Paulo: Roca, 2003. cap. 4, p. 87.
63
KONTOS, V. J.; KOUTINAS, A. F. Old world canine leishmaniasis: small animal
practice, Philadelphia, v.15, n.7, p.949-959, 1993.
KOUTINAS, A. F. et al. Clinical considerations on canine visceral leishmaniosis in
Greece: a retrospective study of 158 cases (1989-1996). Journal of the America
Animal Hospital Association, Lakenwood, v. 35, n. 5, p. 376-383, Sept./Out. 1999.
KOVALENKO, F. P; LYSENKO, A. I. A.; LAVDOVSKAIA, M. V. The host-
opportunistic protozoa system. The dissemination of Leishmania infantum infection in
naturally susceptible laboratory animals subjected to drug-induced immunosuppression
Parazitologiia, Leningrad, v.28, n.4, p. 293-297, July/Aug1994.
KRISTIN, L. H. Sistema reprodutor. In: ROSE, E. R; DENNY, J. M. Atlas de citologia
de cães e gatos. São Paulo: Roca, 2003. cap. 11, p. 233-264
LIMA, V. M. F. et al. Anti-Leishmania antibodies in cerebrospinal fluid from dogs with
visceral Leishmaniasis. Brazilian Journal of Medical and Biological Research,
Ribeirão Preto, v. 36, n. 4, p. 485-489, 2003.
LOPES, S. T. A. et al. Patologia clínica veterinária. Santa Maria: Universidade Federal
de Santa Maria, 1996. 172 p. Apostila.
64
LOSOS, G. J. Infectious tropical discases of domestic animals. International
Development Research Center, Ottawa, 1986. 938 p.
LUNA, L. G. Routine staining procedeures. In: LUNA, L. G. Manual of Histologic
Staining Methods of the Armed Forcs Institute of Pathology. 3.ed. New York:
McGrow-Hill, 1968. p. 72-240.
MANGOUD AM, RAMADAN ME, MORSY TA, et al. Histopathological studies of
Syrian golden hamsters experimentally infected with Leishmania d. infantum.
Journal of Egyptian Society of Parasitology, Cairo., v. 27, n. 3. p. 689-702, Dec. 1997.
MANGOUD AM, MORSY TA, RAMADAN ME, et al. The pathology of the heart and
lung in Syrian golden hamsters experimentally infected with Leishmania d. infantum on
top of pre-existing Schistosoma mansoni infection. Journal of Egyptian Society of
Parasitology, Cairo.v. 28, n. 2, p. 395-402, Aug. 1998.
MARZOCHI, M. C. A. et al. Leishmaniose visceral canina no Rio de Janeiro, Brasil.
Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 1, n. 4, p. 432-446, out/dez.1985.
MARTINEZ-GARCIA, F. et al. Protozoan infections in the male genital tract. Journal
of Urology, Baltimore, v.156, n. 2, p. 340-349, Aug. 1996.
65
MEINKOTH, J. H.; CRYSTAL, M. A. Cerebrospinal fluid analysis In: COWELL, R. L.
et al. Diagnostic Cytology and Hematology of the Dog and the Cat. 2. ed. Saint
Louis; Mosby, 1998. p. 41-125.
MENDONÇA. I. L. Avaliação do uso da eletroforese em acetato celulose como
método auxiliar no diagnóstico da leishmaniose visceral canina. 1997. 41f.
Dissertação (Mestrado em Ciência Veterinária) - Universidade Federal Rural de
Pernambuco, Recife.
MORENO, J.; NIETO, J.; CHAMIZO, C. The immuni response and PBMC subscts
canine visceral leishmaniasis before, and after, chemotherapy. Veterinary
immunopathology, Amsterdam, v. 71, n. 3/4, p. 181-195, Nov. 1999.
NIETO, C. G. et al. Detection of Leishmania infantum amastigotes in canine choroid
plexus. Veterinary Record, Amsterdam, v. 139, p. 346-347, 1996.
PINELLI, E. et al. Cellular and humoral immune responses in dogs experimentally and
naturally infected with Leishmania infantum. Infection and immunity, Washington, v.
62, p. 229-235, 1994.
66
POUL, .J. Diagnostic de la leishmaniose canine par la recherche des Leishmania dans le
mucus nasal et dans le testicule. Archives Institute Pasteur Algery, Alger, v. 27, p.
315-316, 1949.
PRASAD, L.S.N.; SEN, S. Migration of Leishmania donovani amastigotes in the
cerebrospinal fluid. American Journal of Tropical Medicine and Hygiene, Baltimore,
v. 55, n. 6, p. 652-654, 1996.
RAMOS, G. P.; RANGEL FILHO, F.B.; BOTELHO, G.P. Valores bioquímicos séricos
de cães portadores de leishmaniose visceral. Revista Brasileira de Medicina
Veterinária, Rio de Janeiro, v. 16, n. 5, p. 192-196, 1994.
REY, L. Parasitologia. 3. ed., Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2001.cap. 19, p.253-
256.
RIBEIRO, V.M. Leishmaniose Visceral canina. Leishmune, Manual Técnico. 52p 2005.
ROSSAN, N. R.; STAUBER, A. L. The serum proteins of animals infected with Leishmania
donovani. Journal of Parasitology, v. 45, n. 50, p. 50, 1959. Suplemento
SLAPPENDEL, R. J.; FERRER, L. Leishmaniasis. In: GREENE, C.E. Clinical
microbiology and infectious diseases of the dog and cat. Philadelphia: W.B.
Saunders, 1990. p.450-458.
67
SANTA ROSA, C. A.; OLIVEIRA, I. C. S. Leishmaniose visceral: breve revisão sobre
uma zoonose reemergente. Clínica Veterinária, São Paulo, ano 2, n. 11, p. 24-28,
nov/dez, 1997.
SARMENTO, L. V. C. et al. Mielografia de cães sadios com o meio de contraste
ioversol. Resultados liquóricos e anátomo- histopatológico. Ciência Rural, Santa
Maria, v. 32, n. 3, p. 427-432, 2002
SPERHACKE, R. D. et al. Detection of Mycobacterium tuberculosis by a polymerase
chain reaction colorimetric dot-blot assay. International Journal of Tuberculosis and
Lung Diseases, Paris, v. 8, p.312-317, 2004
STRAUSS-AYALI, D.; BAENETH, G. Canine visceral leishmaniasis. In:
CARMICHAEL, L. (Ed.). Recent advances in canine infectious diseases. New York:
International Veterinary Information Service, 2001. Disponível em: <http://
www.ivis.org/sdvances/infect_DIS_ Carmichael/banth/chapter_frm.asp>. Acesso em:
25 maio 2006.
SUNDAR, S.; RAI, M. Laboratory Diagnosis of Visceral Leishmaniasis. Clinical and
Diagnostic Laboratory Immunology, Washington. v. 9, n. 5, p.951-958, 2002.
TOUMANEN, E. Entry of pathogens into the central nervous system. FEMS
Microbiologyl Reviews, Amsterdam, v.18, p. 289–299, 1996.
68
VIÑUELAS, J. et al. Meningeal leishmaniosis induced by Leishmania infantum in
naturally infected dogs. Veterinary Parasitology, Amsterdam, v.101, p. 23-27, 2001
VRIES, H. E. et al. The blood-brain barrier in neuroinflammatory diseases.
Pharmacology Reviews, v. 49, p.143–155, 1997.
WHEELER, S.J.; SHARP, N.J. Anatomia functional. In: ______.Small animal spinal
disorders. São Paulo: Manole, 1999. p. 10
WORD HEALTH ORGANIZATION - WHO. Urbanization: an increasing risk factor
for leishmaniasis. Weekly Epidemiological Record, Geneva, v. 77, n. 44, p. 365-372,
2002.
YKEDA, F. A. et al. Perfil hematológico de cães naturalmente infectados por
Leishmania chagasi no município de Araçatuba-SP: um estudo retrospectivo de 191
casos. Revista Clinica Veterinária, São Paulo, ano 8, n. 47, p. 42-48, set/out. 2003.
69
ANEXOS
70
Anexo 2 - Valores Protéicos do Grupo Controle (GC)
VALORES DE REFERÊNCIA
AMOSTRA
*5,7-7,7 (g/dl)
*2,0-4,0 (g/dl)
*2,0-4,5 (g/dl)
*0,5-1,3 (g/dl)
**10-25 (mg/dl)
ANIMAL
PARASIT
ELISA-SORO
PT-SORO ALBUMINA GLOBULINA Rel. A:G PT-LCR ELISA-LCR
C5 negativo negativo 6,429 1,349 5,08 3,766 1,74 negativo
C6 negativo negativo 6,674 1,911 4,763 2,492 1,66 negativo
C7 negativo negativo 8,392 1,542 6,85 4,442 2,42 negativo
C8 negativo negativo 5,889 1,477 4,412 2,987 2,04 negativo
C9 negativo negativo 3,1 1,365 1,735 1,271 1,51 negativo
C10 negativo negativo 7,68 1,156 6,524 5,644 2,57 negativo
M 5,919 1,536 4,383 2,983 1,928
DP 1,829 0,316 1,843 1,542 0,382
* Bush (2004)
BAIXO NORMAL ALTO
**Meinkoth e Crystal (1998)
71
Anexo 3 - Valores Protéicos do Grupo Infectado (GI)
VALORES DE REFERÊNCIA
AMOSTRA
*5,7-7,7 (g/dl) *2,0-4,0 (g/dl) *2,0-4,5 (g/dl) *0,5-1,3 (g/dl) **10-25 (mg/dl)
ANIMAL PARASIT ELISA-SORO
PT-SORO ALBUMINA GLOBULINA Rel. A:G PT-LCR ELISA-LCR
L1 positivo positivo 7,803 1,728 6,075 3,516 10,79 negativo
L2 negativo positivo 8,22 1,744 6,476 3,713 17,04 positivo
L3 negativo positivo 8 1,761 6,239 3,543 16,31 positivo
L4 positivo positivo 7,868 2,074 5,794 2,794 7,54 positivo
L5 negativo positivo 6,282 1,328 4,954 3,73 19,48 negativo
L6 negativo positivo 10,846 1,547 9,299 6,011 78,5 positivo
L7 positivo negativo 8,711 1,909 6,802 3,563 8,84 negativo
L8 positivo positivo 8,539 1,152 7,387 6,412 11,2 negativo
L9 positivo negativo 7,803 1,843 5,96 3,234 35,97 negativo
L10 positivo negativo 7,828 1,283 6,545 5,101 28,54 negativo
L11 negativo positivo 9,423 1,267 8,156 6,437 7,99 positivo
L12 positivo positivo 9,447 2,304 7,143 3,1 17,66 positivo
L13 negativo positivo 8,098 1,497 6,601 4,409 9,11 positivo
L14 positivo positivo 7,754 1,81 5,944 3,284 8,87 negativo
L15 positivo positivo 6,699 2,403 4,296 1,788 18,22 negativo
L16 positivo negativo 7,092 2,419 4,673 1,932 6,06 negativo
L17 negativo positivo 8,343 2,156 6,187 2,87 8,1 negativo
L18 positivo negativo 8,785 1,542 7,243 4,697 20,07 negativo
L19 positivo positivo 9,766 1,108 8,658 7,814 6,96 positivo
L20 positivo negativo 8,171 1,172 6,999 5,972 14,99 positivo
L21 positivo positivo 9,766 1,493 8,273 5,541 6,74 negativo
M
8,345 1,692 6,653 4,260 17,094
D
1,078 0,410 1,265 1,607 16,031
* Bush (2004)
BAIXO NORMAL ALTO
**Meinkoth e Crystal (1998)
72
Anexo 4- Gráficos do Teste de Normalidade do Grupo Infectado (GI)
73
Anexo 5- Gráficos do Teste de Normalidade do Grupo Controle (GC)
74
Proteína
Albumina
Teste-t: duas amostras presumindo variâncias equivalentes
Teste-t: duas amostras presumindo variâncias equivalentes
Variável 1 Variável 2
Variável 1 Variável 2
Média 8,344952381
5,91875
Média
1,692380952
1,535625
Variância 1,161401148
3,345749357
Variância
0,168349748
0,099914268
Observações 21
8
Observações
21
8
Variância agrupada 1,727713646 Variância agrupada
0,150607216
Hipótese da diferença de média
0 Hipótese da diferença de média
0
gl 27 gl
27
Stat t 4,442697922 Stat t
0,972202633
P(T<=t) uni-caudal 6,80299E-05 P(T<=t) uni-caudal
0,169789771
t crítico uni-caudal 1,703288035 t crítico uni-caudal
1,703288035
P(T<=t) bi-caudal 0,00013606 P(T<=t) bi-caudal
0,339579542
t crítico bi-caudal 2,051829142 t crítico bi-caudal
2,051829142
Globulina
A:G
Teste-t: duas amostras presumindo variâncias equivalentes
Teste-t: duas amostras presumindo variâncias equivalentes
Variável 1 Variável 2
Variável 1 Variável 2
Média 6,652571429
4,383125
Média
4,260092308
2,983496919
Variância 1,601260657
3,395388125
Variância
2,583159595
2,376937179
Observações 21
8
Observações
21
Variância agrupada 2,066404815 Variância agrupada
2,529694524
Hipótese da diferença de média
0 Hipótese da diferença de média
0
gl 27 gl
27
Stat t 3,799862439 Stat t
1,931856542
P(T<=t) uni-caudal 0,000374844 P(T<=t) uni-caudal
0,031967292
t crítico uni-caudal 1,703288035 t crítico uni-caudal
1,703288035
P(T<=t) bi-caudal 0,000749689 P(T<=t) bi-caudal
0,063934584
t crítico bi-caudal 2,051829142 t crítico bi-caudal
2,051829142
Anexo 6
-
Teste T das Proteínas Sericas
75
Proteína
Teste-t: duas amostras presumindo variâncias equivalentes
Variável 1 Variável 2
Média 17,09428571 1,9275
Variância 256,9943057 0,145621429
Observações 21 8
Variância agrupada 190,4039061
Hipótese da diferença de média 0
gl 27
Stat t 2,645521321
P(T<=t) uni-caudal 0,0067163
t crítico uni-caudal 1,703288035
P(T<=t) bi-caudal 0,013432601
t crítico bi-caudal 2,051829142
TESTE
Mann-Whitney
n1 8
n2 21
N=n1+n2 29
R1 36
R2 399
m1 168
Ho Ñ há difer/grupos
mi(u) 84
sigma(u) 20,4939015
zcal 4,09878031
p-value 2,0778E-05
Anexo 7
-
Teste T e
Mann
-
Whitney
da Proteína Liquórica
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo